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Adoecimento psíquico na sociedade contemporânea: notas conceituais da teoria da

determinação social do processo saúde-doença

- predomínio da racionalidade biomédica do século XX como guia de conhecimentos e


práticas relacionados ao sofrimento psíquico

- compreensão biologicista dos transtornos mentais como entidades antônomas,


anistóricas e isoladas do contexto sociocultural

- 1950 – produção de psicofármacos impulsionam a dinâmica biologicista por meio da


teoria dos neurotransmissores

- críticas a esse ponto de vista no Brasil fazem surgir a SAÚDE COLETIVA


- problematização do sofrimento psíquico com relação com os processos sociais,
as condições de vida e de trabalho

- Parapelli, Sato e Olivera: duas compreensões distintas da relação saúde-doença e


trabalho
- causa do adoecimento dos trabalhadores deve ser identificada no indivíduo, em
suas características fisiológicas, psíquicas, sociais e em seu contexto de vida
- defende e naturaliza a ideia de que o trabalho produz sofrimento e que isso não
pode ser mudado, é uma determinação inquestionável e intransponível

- a determinação social do processo saúde-doença


- Breiln aponta que as doenças ocorrem no plano coletivo e acrescenta a
necessidade analisar os processos estruturais de cada sociedade, decorrentes de
determinado grau de desenvolvimento das forças produtivas e das relações de
produção
- classes, frações e grupos sociais desenvolvem determinados perfis de
reprodução social que expressam modos particulares de vida (bastante
associados aos perfis epidemiológicos)
- condições de saúde-doença se desenvolvem de acordo com processos críticos
que podem ser benéficos e protetoras (saudáveis) ou destrutivas e deteriorantes
(insalubres) da saúde nos vários âmbitos da vida – trabalho, consumo e
cotidiano, política, ideológico e da relação com o ambiente
- processos críticos protetores: favorecem as defesas e suportes, além de
estimular uma orientação favorável à vida humana
- processos críticos destrutivos: geram privações ou deteriorações da vida
- os processos se desenvolvem no seio de uma formação social específica, sendo
marcados pelas possibilidades reais de cada modo de vida e suas condições
históricas
- no desenvolvimento concreto que o processo pode ser de caráter protetor ou
destrutivo, podendo um mesmo processo desencadear tanto efeitos protetores
quanto destrutivos
- processos protetores e destrutivos estão relacionados de maneira direta e
indireta com a organização do processo de trabalho
- cargas de trabalho:
- elementos do processo de trabalho que interatuam dinamicamente entre
si e com o corpo-psiquismo do trabalhador, gerando desgaste (perda de
capacidade potencial e/ou efetiva corporal ou psíquica)
- podem ser físicas, químicas, biológicas, mecânicas, fisiológicas e
psíquicas
- as cargas são expressões particulares das formas específicas do processo
de produção que ao atuarem sobre o corpo-psiquismo, combinam-se e
potencializam-se umas às outra, tornando-se processos intracorporais e
intrapsíquicos complexos, provocando mudanças fisiológicas
- cargas psíquicas:
- elementos que causam sobrecarga psíquica: tensão prolongada
(atenção permanente, supervisão com pressão, a consciência da
periculosidade do trabalho e os altos ritmos de trabalho
- elementos que causam subcarga: impossibilidade de
desenvolvimento e uso da capacidade psíquica (fragmentação do
trabalho, desqualificação do trabalho advinda da separação entre
concepção e execução, repetitividade, monotonia)

- trabalho, subjetividade e capitalismo


- caráter antológico do trabalho, constituidor do ser social e fundador do gênero
humano
-por meio do trabalho, humano produz os meios necessários para a sua
sobrevivência, ampliando as capacidades humanas de transformação da
natureza e do mundo
- ao transformar o mundo, transformam a si próprios
- o trabalho engedra processos de formação de consciência e da personalidade
- trabalho, personalidade e consciência
- a estrutura da consciência e da personalidade são resultado da relação
entre fatores extrínsecos, as condições materiais de vida e as relações
sociais, e fatores intrínsecos, como os processos biológicos e psíquicos
- a personalidade e a consciência são síntese de aspectos objetivos e
subjetivos
- a personalidade e a consciência são formadas a partir das relações
sociais que o indivíduo estabelece com o mundo, por meio de sua
atividade
- emoções, sentimentos e trabalho
- as emoções e sentimentos se originam na realidade objetiva
- sujeito tem uma atitude emocional em relação aos objetos e fenômenos
do mundo real
- reações emocionais são motivadas por tudo que, direta ou
indiretamente, satisfaz necessidades do indivíduo e que se relaciona com
as exigências sociais
- objetos que permitem a satisfação das necessidades ou
correspondam as exigências sociais = vivência emocional positiva
- o que obstrui a satisfação das necessidades ou não se adequa as
exigências sociais = emoções negativas
- estrutura da consciência, segundo Leontiev
- relação ente significações sociais e sentidos pessoais
- significação é o reflexo generalizado da realidade elaborado pela
humanidade e fixado na forma de conceitos, saberes e saber-fazer
- forma ideal de experiência e da prática social da
humanidade
- homem assimila a experiência humana generalizada
- independe da relação individual com a realidade refletida
- o que uma significação se torna para determinado indivíduo
constitui o sentido subjetivo e individual
- traduz a relação do sujeito com os fenômenos objetivos
conscientizados
- vinculado à sua vida, suas necessidades e interesses
- capitalismo:
- trabalhador é alienado em relação aos meios de trabalho,
perdendo o controle sobre o objeto, os instrumentos e a
organização do trabalho
- o produto e o processo de trabalho aparecem para os agentes
como externo e independente, uma coisa estranha
- produto e processo reificados = aparecem como um poder
superior que controla os agentes
- trabalho não é mais espaço de realização, de finalidade de
existência humana – se torna mero meio de sobrevivência
- sentido do trabalho dos trabalhadores deixa de se localizar neles
mesmos, encontrando-se em algo externo (o salário)
- sentido do trabalho não coincide com a significação objetiva, há
uma cisão entre sentido e significado
- se traduz, na consciência, pela desintegração de sua
estrutura geral
- trabalho perde a sua capacidade realizadora

- capitalismo contemporâneo e acumulação flexível

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