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DOI: 10.1590/1413-81232020255.

34942019 1819

Acidentes de trabalho fatais em empresa brasileira de petróleo e

Artigo Article
gás: análise da política de saúde e segurança dos trabalhadores

Work fatalities in a Brazilian oil and gas company: analysis of


workers’ health and safety policy

Hilka Flavia Saldanha Guida (https://orcid.org/0000-0002-0743-7809) 1


Marcelo Gonçalves Figueiredo (https://orcid.org/0000-0001-5612-2929) 2
Élida Azevedo Hennington (https://orcid.org/0000-0001-5280-8827) 1

Abstract This paper aims to discuss the chang- Resumo Este artigo analisa e discute as altera-
es in the safety and health policy (SHP) of an oil ções da política de saúde e segurança (PSS) de
and gas company from the enlarged accident that uma empresa de petróleo e gás brasileira, a partir
occurred in 2001, seeking out to understand the da ocorrência de um acidente ampliado em 2001,
consequences of these changes in the daily activ- buscando compreender as repercussões destas mu-
ity of workers. It is a mixed study employing an danças no dia a dia dos trabalhadores. Trata-se de
epidemiological data triangulation method, doc- pesquisa de método misto com triangulação de in-
umental research, and qualitative approach. The formações epidemiológicas, pesquisa documental
2001 oil platform accident (RJ) was considered e abordagem qualitativa. O acidente com a pla-
a milestone in the process of changes in the com- taforma de petróleo em 2001(RJ) foi considerado
pany’s SHP. Several actions and programs have marco no processo de mudanças na PSS dessa em-
been implemented, and investments in health and presa. Inúmeras ações e programas foram imple-
safety have increased substantially. We identified mentados e os investimentos na área de saúde e
that such initiatives had limited participation by segurança aumentaram substancialmente. Identi-
workers in their planning and elaboration. They ficou-se que tais iniciativas tiveram limitada par-
did not prioritize the most critical problems, and ticipação dos trabalhadores no seu planejamento
emphasis was placed on the establishment of stan- e elaboração, não priorizaram os problemas mais
dards and audits to assess compliance with the críticos e a ênfase se deu na instituição de norma-
prescription. Finally, it was observed that learn- tivas e auditorias para avaliação do cumprimento
ing about severe or fatal occupational accidents do estabelecido na prescrição. Por fim, observou-se
is incipient and unstructured, and the system of que a aprendizagem sobre os acidentes do traba-
1
Escola Nacional de Saúde
Pública, Fundação Oswaldo consequences triggers workers’ fear and insecurity, lho graves ou fatais é incipiente e não estrutura-
Cruz. R. Leopoldo Bulhões blaming, in general, the injured person for the oc- da e que o sistema de consequências acarreta aos
1480, Manguinhos. 21041- currence, without considering the multiple factors trabalhadores medo e insegurança, culpabilizan-
210 Rio de Janeiro RJ
Brasil. hilka.guida@ that influence and condition the accident. do, em geral, o acidentado pela ocorrência, sem
yahoo.com.br Key words Occupational Accidents, Occupation- considerar os múltiplos fatores que influenciam e
2
Engenharia de Produção, al Mortality, Oil and Gas Industry, Occupational condicionam o acidente.
Universidade Federal
Fluminense. R. Passo de Health, Ergology Palavras-chave Acidentes de Trabalho, Morta-
Pátria 156, Campus da Praia lidade Ocupacional, Indústria de Petróleo e Gás,
Vermelha, São Domingos. Saúde do Trabalhador, Ergologia
24210-240 Niterói RJ
Brasil.
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Guida HFS et al.

Introdução uma configuração catastrófica, ocasionando aci-


dentes maiores ou ampliados. Tal linha de argu-
A palavra “acidente” de acordo com o Dicionário mentação converge com a crítica às abordagens
Aurélio1 é um substantivo masculino que signi- atuais de SST que consideram a possibilidade de
fica “acontecimento casual, imprevisto”, sentido eliminação total e irrestrita dos riscos nesses sis-
aceito pelo senso comum. No entanto, o signi- temas. Reitera-se o perigo do trabalho em indús-
ficado do termo em língua portuguesa é inade- trias como a de petróleo e gás, reconhecendo, no
quado para a natureza do evento acidente de tra- entanto, que a existência de riscos não implica na
balho (AT)2. De acordo com a Portaria GM/MS aceitação irrestrita dos mesmos, e sim na indis-
nº 737/2001 os acidentes são compreendidos, em pensabilidade da implementação de tecnologias
maior ou menor grau, como eventos previsíveis e na incorporação de saberes interdisciplinares
e preveníveis3. para reduzi-los, ao máximo possível, nos pro-
Perrow4, ao apontar que o acidente, até cer- cessos produtivos11. Malgrado tal esforço, em tais
to ponto, possui uma previsibilidade, afirma sistemas (sociotécnicos complexos) permanece-
que não necessariamente é possível evitá-lo, mas ria uma margem de incerteza e imprevisibilidade
sim mitigar seus impactos, pois a previsibilidade irredutível, como característica estrutural4.
aparente coloca em xeque todo o sistema socio- Figueiredo et al.12, ao analisarem AT (de tipo
técnico e a tomada de decisão por parte da orga- ampliado) nesta indústria, chamam a atenção
nização. Por sua vez, Lorry5 destaca que “os aci- sobre a existência de uma substancial e perigosa
dentes e os incidentes graves motivam profundas defasagem entre os avanços obtidos no geren-
revisões da concepção da segurança, numerosas ciamento da inovação tecnológica e no geren-
modificações técnicas, ergonômicas e organiza- ciamento de riscos. Para os autores, os avanços
cionais”. tecnológicos verificados ao longo do tempo não
Na área de Saúde e Segurança no Trabalho foram devidamente acompanhados da adoção de
(SST), durante muitos anos e, ainda hoje, em um conjunto de programas ou medidas capazes
visões mais conservadoras, o AT é considerado de lidar de modo eficaz com a dinâmica dos ris-
como obra do azar, sem intencionalidade6, por- cos engendrados pelo funcionamento dos siste-
tanto nada ou pouco poderia ser feito para evitar mas sociotécnicos complexos.
ou minimizar os seus efeitos. É em meio a tal contexto que este artigo apre-
Para Cordeiro et al.7, os ATs são o maior senta e discute as alterações da política de saúde
agravo à saúde dos trabalhadores do nosso país e segurança de uma empresa de petróleo e gás
na atualidade. Constituem tema relevante para brasileira, a partir da ocorrência de um aciden-
diversos setores da nossa sociedade, sobretudo te ampliado em 2001, buscando compreender as
quando se trata da área de saúde pública, tendo repercussões destas mudanças no dia a dia dos
em vista sua alta incidência e os custos sociais e trabalhadores.
financeiros para os acidentados e suas famílias,
para o sistema de saúde, para os empregadores e Divisor de águas: explosão e afundamento
para o Estado6,8,9. de uma plataforma de petróleo em 2001
De acordo com a Política Nacional de Saúde
do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT)10 os O marco na inflexão da PSS da empresa estu-
AT devem ser objeto de ação prioritária do Siste- dada foi o acidente ocorrido em março de 2001
ma Único de Saúde3, sendo de fundamental im- com uma grande plataforma de petróleo, locali-
portância a atuação intersetorial, interdisciplinar, zada no Campo de Roncador, na Bacia de Cam-
visando formas eficazes de enfrentamento deste pos-RJ. No momento do acidente, 175 pessoas en-
problema que mata e lesiona diariamente milha- contravam-se a bordo da embarcação, que possuía
res de trabalhadores brasileiros. tecnologia de ponta, com custo estimado de US$
A necessidade de enfrentamento desse grave 350 milhões, sendo considerada, à época, a maior
problema ganha expressão na indústria de petró- plataforma de produção de petróleo em alto mar.
leo e gás, na qual se insere a empresa em foco, Ocorreram duas grandes explosões que afetaram
na medida em que os processos produtivos ca- uma das colunas desta unidade de produção, cau-
racterísticos de tal indústria são exemplos típicos sando a morte de 11 trabalhadores da equipe de
daquilo que a literatura científica denomina de combate a emergências. Cinco dias depois deu-se
sistema sociotécnico complexo4. Para Perrow4, o naufrágio da instalação em alto mar13.
dadas as características de tais sistemas, múltiplas A despeito dos atributos tecnológicos, é for-
e inesperadas interações de falhas podem assumir çoso salientar, sobretudo quando um acidente
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com tais características encontra-se em discussão, Assim, foi feita uma triangulação dos resul-
que as plataformas petrolíferas são instalações tados do estudo epidemiológico dos ATFs, da
industriais dotadas de processos cuja natureza é pesquisa documental e das entrevistas semiestru-
altamente complexa e perigosa, com a presença turadas de modo a reconstruir e analisar a traje-
de inúmeros riscos à saúde e segurança dos tra- tória da PSS de forma crítica.
balhadores, conforme sinaliza Figueiredo13 com A perspectiva ergológica foi decisiva para a
base em Rundmo14,15. tecitura de nosso referencial teórico-metodológi-
De acordo com a análise13 do relatório da co, em especial, no que tange à compreensão das
Agência Nacional de Petróleo e da Diretoria de situações de trabalho, sempre marcadas por um
Portos e Costas da Marinha do Brasil (2001), componente enigmático e complexo. A Ergologia
concluiu-se que o acidente ocorreu por não con- compreende a atividade humana como um cons-
formidade quanto aos procedimentos operacio- tante debate de normas, que se orienta por valo-
nais, de manutenção e de projeto, sendo aponta- res, na medida em que não se pode, em absoluto,
da a atividade de “operação de esgotamento do desconsiderar que no curso da atividade uma
tanque de drenagem de emergência da coluna instância de cunho valorativo se faz presente, ou
de popa bombordo” como o fator crítico dire- seja, que a atividade é atravessada por valores. E
tamente relacionado às explosões ocorridas na nesse processo somos impelidos a lidar com uma
plataforma. tensão entre os requisitos da dimensão antece-
A partir de então, dado o impacto econômi- dente/prescritiva e as demandas da situação pre-
co, social, político e na imagem da empresa na sente. Contudo, esta lida nunca é inteiramente
mídia, além da pressão proveniente de acionistas, antecipável, previsível, assumindo, nesse sentido,
dos trabalhadores, de órgãos reguladores e de en- um caráter sempre singular, e esse esforço de an-
tidades sindicais, vários esforços, investimentos e tecipação será sempre, de certo modo, em algum
mudanças foram empreendidos para implemen- nível, redefinido, renormatizado, para tornar in-
tação e aperfeiçoamento da sua PSS e do seu sis- telígivel um meio de vida ou de trabalho18:
tema de gestão em SMS, conforme destacado por A abordagem ergológica é então uma antropolo-
Loureiro et al.16. gia, uma concepção do humano como ser de ativida-
de: o que quer dizer, um ser em permanente debate
de normas (renegociações) com seu meio de vida,
Procedimentos teórico-metodológicos para tentar atualizar essas normas, sempre editadas
em uma relativa intemporalidade, e as personalizar,
O presente estudo utilizou método misto, com pois elas se estabilizaram fora de toda consideração
abordagem quanti-qualitativa. Entende-se que de sua singularidade como ser vivo19(p.254).
este conjunto de dados produzidos possui nature- Para acessar o trabalho, inclusive naquilo que
za complementar e possibilita de forma integrada este comporta de complexo e enigmático, o Dis-
e dinâmica compreender a realidade analisada17. positivo Dinâmico de Três Pólos (DD3P) mos-
Foi realizado um estudo epidemiológico des- trou-se uma ferramenta de grande valia. Sobre-
critivo, transversal, a partir de dados dos 222 Aci- tudo, como forma de produção de saberes e de
dentes de Trabalho Fatais (ATFs) ocorridos no aproximação da realidade, buscando acessar/real-
período de 2001 a 2016 na empresa. As principais çar o ponto de vista da atividade por meio da coo-
fontes de informação foram os Relatórios de Sus- peração entre o pólo dos conceitos e o pólo dos
tentatibilidade da Empresa de 2005 a 2016 e, de saberes e valores produzidos a partir da experiên-
forma complementar, outras fontes foram utili- cia dos trabalhadores, investidos na atividade, sob
zadas, como notícias do sindicato e da impren- a mediação do pólo ético-epistêmico, que articula
sa, denominadas neste estudo de outras fontes. os outros dois. Entende-se, assim, o DD3P como
Em seguida foi feita uma pesquisa documental uma ferramenta da Ergologia que nos auxilia na
com foco na análise da PSS da empresa. Foram difícil tarefa de construir espaços dialógicos, de
realizadas ainda 24 entrevistas semiestruturadas interação, de troca de conhecimentos (formais e
com informantes-chave: gestores de Saúde e Se- informais), funcionando como “lugares ou dis-
gurança, trabalhadores terceirizados e próprios positivos onde se possa construir saberes que in-
de unidades operacionais onde ocorreram ATFs tegrem explicitamente as exigências epistemoló-
nos últimos cinco anos, além de representantes gicas ajustadas a essa configuração triangular”20.
das entidades sindicais ligados à Federação Única Este estudo seguiu as recomendações da Re-
dos Petroleiros (FUP) e à Federação Nacional dos solução CNS/MS 466/2012 e possui aprovação
Petroleiros (FNP). do Comitê de Ética da ENSP/FIOCRUZ.
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Guida HFS et al.

A Política de Saúde e Segurança de a última década do século passado as empresas


petrolíferas internacionais vinham buscando im-
A PSS da empresa vem sofrendo alterações ao plantar sistemas de gestão e valorizar os proces-
longo do tempo, seja para adequação aos requi- sos de certificação internacional, de modo a ates-
sitos legais, seja para dar respostas à pressão dos tar e dar visibilidade ao seu compromisso com o
seus públicos de interesse, especialmente após gerenciamento dos riscos em suas atividades:
a ocorrência de eventos graves ou com óbitos A empresa começou um ousado projeto de im-
de trabalhadores. Assim, serão apresentados os plementação de um Sistema Corporativo de Gestão
principais marcos da PSS, buscando tensionar a de SMS. Para assessorar a implementação desse
narrativa documental com os dados dos ATFs, Sistema Corporativo foi elaborado um manual cor-
articulando-os ainda com a perspectiva dos in- porativo de SMS com o enfoque fortemente voltado
terlocutores diretamente envolvidos na imple- ao fator comportamental. O objetivo maior desse
mentação da PSS, de modo a convocar o ponto trabalho foi disseminar em todos os níveis do Sis-
de vista da atividade, a partir do DD3P. tema (...) uma cultura de percepção do risco e de
O primeiro programa após o evento tido proteção da vida (...)24.
como marco na inflexão da PSS foi o PEGASO, Entretanto, a implantação de sistemas de
com investimento inicial de US$ 4 bilhões e que gestão em SMS e certificações não garantem a
teve duplo objetivo: o desenvolvimento de um segurança das unidades, apenas atestam o cum-
programa de gestão de risco, além da transfor- primento ou não dos requisitos estabelecidos por
mação e recuperação da reputação da empresa21. tais regulamentos25. O fiel cumprimento de tais
As ações do PEGASO focaram em projetos de in- requisitos não são garantias da não ocorrência de
tegridade e automação da rede de dutos, redução AT, em especial os graves e complexos. Tampouco
dos resíduos e buscaram uma atuação pró-ativa as baixas estatísticas de AT são prenúncio de con-
na gestão de segurança e meio ambiente: trole total dos riscos nos ambientes de trabalho,
PEGASO que, segundo a Empresa, já alcançou não obstante possam fornecer uma falsa sensação
suas metas: automação de 70% dos dutos priori- de segurança para a organização do trabalho, que
tários, instalação de nove Centros de Defesa Am- é confrontada com a realidade vivenciada pelos
biental, redução de 90% de resíduos existentes, trabalhadores em suas atividades diárias nas uni-
certificação de todas as unidades pelas normas ISO dades operacionais.
14.001 e BS 8.800 ou OSHA 18.00122(p.15). Foi instituído ainda neste período o Proces-
Em 2001, também foi aprovada pela direto- so de Avaliação de Gestão de SMS (PAG-SMS)
ria executiva da empresa estudada a Política Cor- como ferramenta para aferir o grau de aderên-
porativa de Segurança, Meio Ambiente e Saúde cia das suas unidades às Diretrizes de SMS e ao
(PCSMS), explicitada em seu Plano Estratégico Programa de Segurança de Processo (PSP) e, des-
2015. Isto para alcançar o que a empresa deno- de 2002, através do PSP, as diretrizes vêm sendo
minou à epoca “Excelência em SMS” e tornar-se implantadas com suporte de consultoria externa.
referência nessa área em âmbito internacional no Deve-se destacar que o sistema de verificação da
setor de petróleo e gás23. Neste período, todas as aderência às diretrizes corporativas de SMS é
Unidades de Negócios, por determinação da alta único, independente das especificidades de cada
administração, também obtiveram certificações contexto, tais como porte da unidade, condições
relacionadas ao meio ambiente, segurança e saúde operacionais, tipos de processo e grau de matu-
ocupacional: ISO 14001, BS 8800, OSHA 1800124. ridade do sistema de gestão de SST da unidade.
Beltran et al.25 reiteram esta tendência de im- Além disso, não leva em conta diferenças étnicas,
plantação de certificações do sistema OSHA e do culturais, regionais, entre outras, portanto busca
sistema de gestão da ISO levando a um aumento uniformizar práticas sem considerar as múltiplas
substancial da burocracia, com o preenchimen- distinções situacionais.
to de fichas de autoverificação, check lists, dentre Verifica-se que a empresa vai ao mercado vi-
outros documentos. Segundo estes autores, a sando soluções e proposições para a sua PSS, mas
partir do estudo realizado em uma refinaria de não realiza uma reflexão crítica e participativa
petróleo, a implementação destes sistemas de dos seus principais problemas – ao menos não
gestão privilegiou o cumprimento irrestrito da com a profundidade necessária – para, a partir
burocracia institucional e o foco deixou de ser o deles, criar suas estratégias de enfrentamento.
trabalho realizado pelas pessoas. Os trabalhadores identificam que houve mu-
O movimento adotado pela empresa foi for- dança na postura da empresa a partir do acidente
temente influenciado pelo cenário externo. Des- da plataforma, marco deste estudo, e percebem
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em seu dia a dia um maior investimento em SMS. rente na qual cada um se vê na obrigação de se
Entretanto, destacam também aspectos negativos escolher ou escolher orientar sua atividade de tal ou
como a tentativa de se operar toda atividade de tal modo. Afirmar que a atividade de trabalho não
trabalho de forma excessivamente prescritiva, e é senão uma dramatique do uso de si significa ir de
o aumento da burocracia institucional devido à encontro à ideia de que o trabalho é, para a ma-
implementantação do Sistema de Gestão em SST: ioria dos trabalhadores, uma atividade simples de
Hoje parece que cada petroleiro próprio, formal “execução”, que não envolve realmente sua pessoa27.
ou informalmente, fiscaliza algum terceiro, algum De 2002 a 2006, as diretrizes foram imple-
processo, mas perde-se a expertise para a buro- mentadas através do PSP. Os objetivos desta im-
cracia e para os excessos instituídos (Trabalhador plantação foram assegurar uma gestão eficiente
Próprio D). de SMS, controlar ou minimizar os riscos pes-
Para levar a cabo tais mudanças, a empresa soais, ambientais e materiais, alcançar padrões
não envolveu o conjunto dos trabalhadores na internacionais de SMS, e contribuir para a edu-
concepção da sua PSS e sequer houve convoca- cação e a conscientização da força de trabalho em
ção para um melhor entendimento de seus pro- relação à percepção de risco28:
blemas no cotidiano do trabalho. Contudo, face A empresa evoluiu muito após o acidente em
às situações degradadas das instalações e dos fre- si, principalmente em termos de nível de recurso
quentes AT ocorridos, a implantação da PSS era que, o linguajar é único, que a capacidade de reali-
vista como uma esperança de mudança de suas zação era o maior limitador, dinheiro não faltava.
condições de trabalho. E a tendência dos traba- (...) Então assim, tinha recurso, não se modernizou
lhadores, em um primeiro momento, era aderir e tudo que se precisava porque não tinha capacidade
apoiar a adoção de tais medidas, pois vislumbra- de realização, então a empresa tem esse divisor aí
vam que elas poderiam reduzir os AT e os riscos pós (...) O grande mal é porque toda a abundância
aos quais estavam submetidos, remetendo ao que também traz os desperdícios e traz, não necessa-
Schwartz26 discorre acerca das suas dramáticas riamente, o foco naquilo que é necessário, porque
necessidades para viabilizar o trabalho no con- o mais difícil ficou de lado e as prioridades foram
texto de mudanças: dadas naquilo que a capacidade de realização era
A questão da fatalidade, da perda de milhões mais fácil (Gestor B).
ali com a P-36 também, da forma como os compa- Os trabalhadores, lideranças sindicais e os
nheiros vieram a falecer, né, isso mexeu muito com próprios gestores de SST identificam um des-
a força de trabalho e... Principalmente, quem esta- compasso entre o discurso adotado e as práticas
va na ponta comprou a ideia. “Mesmo que esteja implementadas, à medida em que permanece a
vindo corporativamente, isso vai ser bom pra gente, preponderância dos condicionantes da produção
isso vai reduzir acidente”. Naquela máxima assim: em detrimento dos requisitos de segurança; a
“agora, o que vier é bom. O que vier pra evitar os produção é sempre priorizada e a qualquer custo:
acidentes...” – (...) Consciente ou inconscientemen- Como valor mesmo, não. Aí você tem até cam-
te, os que estavam lá na frente, na ponta né, (...), panhas, como, por exemplo, “na dúvida, pare”, é...
como regra, compraram a ideia (Gestor A). “vida em primeiro lugar”, “antes de tudo a vida”,
Os trabalhadores resistem e atuam para tor- né? Até colocam essas frases de efeito, mas na hora
nar o trabalho um meio vivível, através das dra- do dia a dia ali, dependendo da situação, você é
máticas do uso de si por si e toda a mobilização questionado de porquê que tá dando parecer pra
do sujeito diante de um espaço em que confron- parar uma produção, pra parar um equipamento
tam e tensionam normas e valores. Além do uso (...). (Trabalhador Próprio C).
de si por si, o trabalho envolve o uso de si por Vê-se aqui, tal como sublinhado por Figuei-
outrem – neste caso, aquilo que é posto no am- redo e Alvarez29, com base em Schwartz30, como
biente de trabalho, das submissões ao conjunto em determinadas circunstâncias as heterodeter-
de novas normas, padrões, como a implementa- minações dos usos de si pelos outros podem se
ção do sistema de SST –, sendo a arena da ativi- sobrepujar de modo acentuado às autodetermi-
dade um debate constante. Não sendo o trabalho nações dos usos de si por si.
mera execução, mas sim lugar de debate onde o No ano de 2006 a empresa ingressou no Ín-
trabalhador é sempre convocado integralmente dice Dow Jones de Sustentabilidade e foi classifi-
na atividade, há “um espaço de possíveis sempre cada como empresa “Top 5” da Goldman Sachs.
a negociar”19: Tornou-se a primeira empresa latino-americana
Uma dramatique é, portanto, o lugar de uma a integrar o Comitê do Pacto Global das Nações
verdadeira micro-história, essencialmente inapa- Unidas e recebeu o reconhecimento como a se-
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gunda empresa mais sustentável no mercado de A forma que ela, apesar de tecnicamente ela
energia pela Management & Excellence28. Neste não ser desdobrada com ferramentas adequadas,
período, também foram elaboradas e introduzi- mas o norte que ela dá, ela consegue disciplinar as
das novas orientações para contratação de bens e nossas contratadas, consegue disciplinar a nossa
serviços e, a partir de 2007, tornou-se obrigatório força de trabalho. (...) E aí a gente tenta, de algu-
para todas as empresas prestadoras de serviço os ma forma, medir essa aderência e faz alguns erros,
Anexos de SMS. Estes anexos avaliavam o grau digamos assim, técnicos, que são muito grosseiros.
de risco da empresa e estabeleciam exigências Por exemplo, a pesquisa de avaliação de percepção
de SMS que deveriam ser adotadas, e o seu não de segurança era uma forma da gente tentar se en-
cumprimento poderia gerar multas ou o não pa- xergar dentro dessa aderência de política. Como é
gamento da prestação de serviço. A intenção era que eu vou ter essa resposta quando eu obrigo essas
incentivar boas práticas de SST na cadeia produ- pessoas a responder? (Gestor B).
tiva de óleo e gás e avaliar a qualidade e o grau É importante destacar a visão normativa e
da implementação da PCSMS nas prestadoras de prescritiva das regras com foco no indivíduo e
serviço. Entretanto, a priorização das sanções fi- não no processo de trabalho, imputando as fa-
nanceiras abria um flanco para a subnotificação lhas ao trabalhador e com isso dificultando a per-
das ocorrências com os contratados. cepção das falhas sistêmicas, organizacionais ou
Em 2007, a empresa aprovou o programa de processo. A busca incessante para eliminar o
denominado Projeto Excelência em SMS prio- risco da atividade humana impõe o fracasso das
rizando o foco na saúde dos trabalhadores, na políticas de SST, sendo necessário romper com
prevenção dos acidentes, incidentes e desvios e esta visão conservadora, compreendeendo que
na prontidão para o atendimento das situações se o trabalhador é falível, passível de cometer er-
de contingência, a partir das seguintes iniciativas: ros e falhas, as taxas de detectação de anomalias
“Gestão integrada de SMS”; “Eco-eficiência de que ele se mostra capaz de realizar são altissímas,
operações e produtos”; “Prevenção de acidentes, sendo crucial pensar como a prevenção pode in-
incidentes e desvios”; “Saúde dos trabalhadores”; corporar e atuar sobre as consequências do erro
“Prontidão para situações de emergência-con- humano31:
tingência”; e “Minimização de riscos e passivos Se erros são inevitáveis, a prevenção mais efi-
ainda existentes”. caz deve agir em suas consequências e não somente
A partir de 2009 priorizam-se as ações ligadas eliminar erros (...), exigindo a contribuição ativa
à Segurança de Processo (SP), visando atender as dos próprios trabalhadores (...), cujas condições
exigências dos órgãos reguladores e elegendo-se são esclarecidas por conceitos da ação situada
como foco de atuação a identificação dos riscos (...)32(p.569).
no processo e a prevenção das graves ocorrências É necessário reconhecer que somente os
operacionais. procedimentos, normas e prescrições e o saber
Em 2014, as ações são alinhadas ao Programa científico, o que é denominado de “segurança
de Melhoria Contínua (PMC) e à estruturação normatizada”33, apesar de importantes, de seu
das “dez regras de ouro”. As regras de ouro estabe- papel crucial, não são suficientes para eliminar
lecidas envolveram os seguintes temas: Permissão ou minimizar os AT. Faz-se necessário incorpo-
de Trabalho; Isolamento de Energia; Trabalho em rar também a “segurança em ação”, relacionada à
Altura; Espaço Confinado; Atmosfera Explosiva; capacidade dos agentes de dar respostas em tem-
Posicionamento Seguro; Equipamento de Prote- po real às ocorrências por meio da adaptação dos
ção Individual; Atenção às Mudanças; Segurança procedimentos às especificidades da situação, do
no Trânsito e Álcool e Outras Drogas. contexto, resultando na “segurança adaptada”34:
Note-se que houve um grande trabalho de O cotidiano do trabalho é uma confrontação
difusão destas regras para os trabalhadores, sen- entre o que é antecipado pela organização do tra-
do estabelecido como treinamento obrigatório, balho (...), e a atividade, que trata de situações e
passível da aplicação de sanções caso não fosse eventos que não foram previstos em suas singulari-
realizado. Todavia, a própria análise de um gestor dades (...). Nas empresas, a tentativa de antecipa-
questiona este tipo de abordagem, frisando que ção de situações se dá, na maior parte das vezes, por
ela é contraditória ao que a empresa intenciona meio de normas, regras e procedimentos elaborados
propagar, pois a execução de sua PSS permane- por experts e membros da direção. Esse acúmulo de
ce sendo centralizada, de cima para baixo e sem regras, entretanto, não garante que elas serão res-
a participação efetiva dos trabalhadores em sua peitadas pelos trabalhadores e não evita o apareci-
construção, buscando-se de forma impositiva a mento de incidentes (...). A superprocedimentali-
sua adesão: zação (...) pode até mesmo ser contraproducente:
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o excesso de regras de segurança pode gerar inse- Na Figura 1 expressa-se uma síntese da traje-
gurança, impedindo que os trabalhadores criem tória da PSST na empresa de 2001 a 2017.
novas regras adequadas a cada situação32(p.570). Apesar dos investimentos intensificados nas
Em 2016, a PGSMS é novamente revisada e é áreas de SST, de acordo com dados da FUP40,
lançado o Programa “Compromisso com a Vida”, de 1995 a 2015 ocorreram 365 mortes por AT,
que prevê para o período de 2017-2021 a redu- sendo 297 terceirizados e 68 próprios. Constata-
ção de 36% da taxa de acidentados registráveis35, se aí certo paradoxo, pois se de um lado houve
sendo concebido, segundo a empresa, a partir da aumento dos investimentos em SST, por outro
análise dos resultados e avaliações das causas bá- no cotidiano de trabalho ainda são vivenciadas
sicas dos AT ocorridos nos anos precedentes36. Ele inúmeras situações de perigo e observadas mor-
tem como pilares a Obrigação de Fazer, Sistema tes de trabalhadores. Os dados analisados neste
de Consequência, Reforço de Segurança de Pro- estudo corroboram esta análise. Identificou-se a
cesso e Ações Integradas, e uma das ações priori- ocorrência de 222 ATFs (Figura 2), sendo que há
tárias é a implementação das regras de ouro. predominância de AT com terceirizados, perfa-
Destaca-se dentre esses pilares o Sistema de zendo 83,8% (186) e 16,2% atingindo trabalha-
Consequências com o objetivo de responsabilizar dores próprios.
os culpados pelos AT. Para o sindicato, no entan- Ao calcular-se a taxa de mortalidade por AT
to, essa conta recairia exclusivamente sobre os (nº de óbitos por acidentes de trabalho / nº mé-
trabalhadores: dio anual trabalhadores x 100.000 trabalhadores)
Os gerentes da empresa deixaram claro que o por vínculo e ano de ocorrência, identificamos
Sistema de Consequência tem como objetivo pe- taxas mais elevadas nos terceirizados na série
nalizar o trabalhador. (...) A empresa é ineficiente analisada, com pico nos anos de 2004, 2005, 2007
para educar, treinar e qualificar os trabalhadores e 2015 (Figura 3). Identifica-se em média uma
para prevenir acidentes, mas não para punir37. taxa de mortalidade por AT cinco vezes maior
Àquela altura, os princípios da PSS são vol- nos terceirizados quando da comparação com os
tados à força de trabalho da empresa com foco empregados próprios.
no que denominam Fatores Humanos, imputan-
do a eles a responsabilidade no cuidado com a
vida e na promoção de um comportamento éti- Considerações finais
co e seguro36. Com base em tal direcionamento,
é importante sublinhar que colocar a ênfase da Este artigo pretendeu analisar as mudanças
prevenção dos acidentes graves em ações que ocorridas na PSST de uma empresa brasileira
priorizam o comportamento individual, em de- de petróleo e gás, a partir de grave ocorrência de
trimento dos chamados fatores de cunho orga- acidente ampliado em 2001, articulando infor-
nizacional, soa assaz contraditório com as pro- mações qualitativas e quantitativas oriundas de
posições de pesquisadores que há anos mantêm análise documental, de estudo epidemiológico
interlocução no campo da saúde e segurança32,38. descritivo sobre ATFs e de entrevistas semi-es-
O foco nos fatores individuais não é suficien- truturadas.
te para lidar com os elementos que se encontram A opção pelo olhar ergológico permitu com-
na gênese de situações que podem desencadear os preender a situação em foco de forma mais am-
graves acidentes de processo associados à opera- pla possibilitando-nos apreender, em parte, as
ção de sistemas complexos. Entendemos que para tensões entre as dimensões macro e micro do
o desenvolvimento de uma cultura de segurança trabalho em sua vasta complexidadade, riqueza e
é necessário não só investir no conhecimento e múltiplas facetas, além de evidenciar os diversos
mapeamento dos maiores riscos da organização, pontos de vista que influenciam e determinam
mas também realizar abordagens de forma inte- a atividade. Nessa direção, a utilização do DD3P
grada e sistêmica com ações direcionadas para a como ferramenta de análise mostrou-se provi-
dimensão técnica, os sistemas de gestão e os fato- dencial para acessar a atividade, conhecer as ten-
res humanos e organizacionais34. Tal encaminha- sões e os debates de normas e valores aí presentes,
mento seria um dos requisitos incontornáveis assim como as dramáticas dos usos de si suscita-
para se atingir o status de um sistema eficaz de das no desenrolar das situações de trabalho.
gestão da segurança, isto é, aquele que articula Identificou-se que as mudanças na PSS em
experiências passadas, debates atuais e situações geral possuem sensível viés reativo e, não raro,
futuras prováveis para engendrar a capacidade de são impulsionadas pelo forte impacto na ima-
antecipar e prevenir situações de risco39. gem da empresa após a ocorrência de acidentes
1826
Guida HFS et al.

Programa de Programa
Segurança de Compromisso
Processo- PSP Novos com a Vida
Padrões SMS em
Novos Programa Obrigação de
Processo de Corporativos Empreendi­mentos de Melhoria Fazer
Avaliação da (Manual da Projeto Contínua
PEGASO Gestão de Gestão de Estratégico Segurança de (PMC) Sistema de
SMS SMS) Excelência Processo
PEO Regras de Consequência
(PAG-SMS) em SMS
Integração Ouro Reforço de
de SMS Ações Segurança
Políticas e Emergenciais de Processo
Diretrizes Ações
Corporativas Integradas
de SMS

Mortes 18 30 21 19 16 15 9 15 18 7 10 16 13 4 10 16 3 5
Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017*

Figura 1. Evolução da Gestão de SMS.

Notas: Linha representa Taxa de Acidentados Fatais (TAF), atualizada até set/17. (1): Número de Acidentados Fatais (NAF). *Até out/17.
Fonte: Elaboração Própria baseado em Sanches35.

39
36
33 30
30
27
24
21
21 19
18 18 18
18 16 16 16 16 15
15 15 15 15
15 14 14 13 13 13
12
12 10 10
98 8
9 7 7
6
6 4 44
3 3 3 3 3
3 2 2
1 1 1 1 1 1
0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Total Terceirizados Próprios

Figura 2. Número de Fatalidades por ano e vínculo empregatício, período 2001-2016.

graves. Como tais eventos trazem inúmeros pre- no processo de elaboração das normas e proce-
juízos financeiros, além de sanções de orgãos de dimentos (das normatizações), e dos princípios
fiscalização, a empresa se vê impelida a dar res- e práticas em geral, acentua o descompasso entre
postas contundentes e imediatas. a dimensão prescritiva e aquela do efetivamente
Entretanto, nesse movimento de resposta, na- realizado, dificultando o cumprimento das re-
quilo que concerne à implementação da política gras, pois estas reverberariam tal descompasso
e das práticas de SST, tem predominado a ausên- no decurso da atividade.
cia da participação dos protagonistas da ativida- Em suma, compreende-se como de grande
de, os trabalhadores. E este hiato, que se verifica importância a participação dos trabalhadores
1827

Ciência & Saúde Coletiva, 25(5):1819-1828, 2020


12,00

10,21
10,00 9,61 9,48

8,00

6,61
6,00
5,37 5,39
4,52
4,00 3,73 3,963,66 3,60
2,74
2,40 2,47
1,92 2,03
2,00 1,61 1,45 1,70
1,30 1,27 1,45
1,11

0,00 0,00 0,00


0,00
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
TM Terceirizado TM Próprios

Figura 3. Taxa de mortalidade por acidentes de trabalho por ano e vínculo empregatício, período 2004-2016.

nos processos decisórios, considerando a fala, os Colaboradores


saberes, o patrimônio construído e acumulado,
mirando a horizontalização de ações e práticas Os três autores foram responsáveis pela concep-
mais participativas e colaborativas, de modo a ção e desenho do estudo, realizaram as análises e
tornar possível a constribuição efetiva dos prota- interpretação dos dados, bem como elaboraram,
gonistas do trabalho na construção da segurança revisaram e aprovaram a versão final do manus-
industrial e da proteção à saúde. crito.

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