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A missão como obediência, serviço e testemunho

Sandro Lúcio Pereira da Cruz

Por muitos motivos estamos inclinados a pensar “hoje em dia” que a missão
se encerra em grandes movimentos de evangelização na Igreja. Em muitos casos,
sentimos que os argumentos apresentados, não vão até o fundo nem até a essência
da missão. Desta forma a evangelização não progride porque não explicita o
verdadeiro sentido do sair para anunciar, não explicita uma Igreja em estado
permanente de missão. No fundo, se examinarmos atentamente a pratica da missão,
encontraremos diversas contradições no que diz respeito a sua prática.

Acontece que a missão não se desenvolveu de maneira suficiente até agora


para que possamos simplesmente nos determos a grandes encontros missionários.
Nos últimos anos surgiram na Igreja inúmeras iniciativas missionárias muito válidas,
o problema está na execução dessas iniciativas. Sabemos que na atualidade tem
surgido muitos grupos missionários à procura de uma nova atuação cristã. Contudo,
não se pode afirmar que esses ensaios encontraram um jeito novo que corresponda
a uma missão eficaz. Os verdadeiros missionários não precisam relativizar a missão
para realizar suas experiências missionárias.

Missionários autênticos são inspirados pelo Espírito Santo para entender o


Evangelho e aplicar-lhe na evangelização constante como anuncio da boa nova de
Deus, o apoio de membros esclarecidos também devem fornecer as luzes
necessárias e suficientes para um resultado positivo na missão. O concreto da
prática missionária é despertar no coração do povo o desejo de servir e seguir a
Deus, no entanto, uma missão que não é vivenciada com a oração na constância
dos dias, não mostra resultado algum porque fala no ar, para ninguém, repetindo
uma pura letra da Bíblia. Há a necessidade de se rezar para viver o que é
anunciado, prática que na maioria das vezes não acontece. Essa é uma
necessidade de todos os cristãos e principalmente dos missionários. Vivemos em
tempos de extremo relativismo e devemos lutar para que não deixemos que isso
atrapalhe a missão de Jesus continuada pela Igreja que é instrumento universal de
salvação. Precisamos compreender os sinais de Deus nas experiências missionárias
vividas no dia a dia de nossa existência, portanto, voltar às fontes e a tradição da
Igreja é fundamental.

Algumas metodologias de missão ainda são insuficientes, além de serem


colocadas em prática num sentido muito particular e de isolamento. Para a
propagação da fé e a proclamação do Evangelho a todos os povos é preciso
refletirmos, nos libertarmos do isolamento e nos abrirmos a graça de Deus, para
assim, anunciarmos sem nenhum acréscimo o verbo encarnado de Deus. Tendo em
vista a perspectiva missionária, podemos afirmar que na antiga cristandade todas as
terras de um extremo ao outro eram consideradas terras de missão. Por isso, até
hoje, a importância da Igreja em estado permanente de missão.

Para uma paróquia missionária, uma liturgia missionária e uma evangelização


missionária não basta simplesmente o barulho, o ruído, encerrando a missão em um
mero encontro com toda a agitação. Muitos missionários ainda acham que para
renovar e responder aos desafios da época atual, é suficiente rejuvenescer e
modernizar a missão, isto é, o aspecto exterior. Testemunho, sinal, compromisso,
serviço e pobreza são elementos indispensáveis a um bom missionário, fazendo isso
com amor a missão tem um sentido muito maior na vida de quem à pratica.

Precisamos submeter as nossas ações as palavras reveladas por Deus, para


melhor correspondermos à vontade divina e entendermos o que essa vontade
pretende realizar. É nesse sentido que devemos procurar sempre sair da
comodidade, sair do lugar raso da missão e avançar para águas mais profundas. O
problema de hoje consiste em exagerar o que é secundário e diminuir o fator
primordial da missão. É necessário um conhecimento da estrutura da mensagem
evangélica, pois a missão não constitui um tema secundário, mas é o tema
fundamental do qual procede todos os outros, e cuja luz se projeta sobre todos.
Portanto, nessa perspectiva a missão constitui um ponto de partida sério, basta
entendermos como obediência e como serviço iniciado por Jesus, continuado pelos
apóstolos e defendido até hoje pela Igreja. A missão é sempre permanente e deve
ser renovada a cada tempo de geração em geração pelos séculos dos séculos sem
fim.

Como Jesus que veio realizar a missão recebida do Pai de anunciar a Boa
Nova aos pobres, proclamar a remissão aos presos e aos cegos, a recuperação da
vista, para restituir a liberdade dos oprimidos, pregar e expulsar os demônios; assim
o missionário, hoje, assume a luta que Jesus iniciou, contra os poderes do mal que
empobrecem a vida do povo. O missionário autentico deve ser sempre como um
São Francisco Xavier, um São Francisco de Assis, Teresa d´Ávila, João da Cruz,
Madre Teresa de Calcutá e tantos outros que doaram a vida no meio do povo sem
jamais relativizar nem reduzir aquilo que é sagrado, atuando na realidade do hoje da
existência, ensinando a fazer o mesmo que fez Jesus, na realidade muitas vezes
árdua, mas na certeza da proteção e auxilio divino presente no hoje da história.

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