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Dominando os

descritores
do SAEB 2021

Ideia – João Pessoa – 2021


Todos os direitos e responsabilidades sobre os textos são do autor.

Capa/Diagramação: Magno Nicolau

Ilustração da capa (Detalhe)


https://www.istockphoto.com/br/foto/grupo-de-pessoas-ao-redor-da-mesa-com-palavra-
de-m%C3%ADdias-sociais-gm526395427-52745276

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD


P814d Pontes Júnior, José Leandro Gonçalves de.
Dominando os descritores do SAEB 2021 – como trabalhar os descritores
de Língua Portuguesa: para professores do 5º e 9º ano do Ensino
Fundamental / José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior. - João Pessoa:
Ideia, 2021.
61p.

ISBN 978-65-5608-181-6

1. Avaliação da educação básica. 2. Ensino fundamental. 3. Sistema de


Avaliação da Educação Básica – SAEB.3. Descritores – SAEB – língua portuguesa.
4. Brasil. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.
Título.

CDU 37.014.12
Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária Gilvanedja Mendes, CRB 15/810

EDITORA
www.ideiaeditora.com.br
contato@ideiaeditora.com.br
UMA BREVE APRESENTAÇÃO ........................................................................ 6

MATRIZ DE REFERÊNCIA DE LÍNGUA PORTUGUESA DO SAEB: TÓPICOS E


SEUS DESCRITORES – 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL ........................... 7
MATRIZ DE REFERÊNCIA DE LÍNGUA PORTUGUESA DO SAEB: TÓPICOS E
SEUS DESCRITORES – 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL ........................... 9
DEFININDO DESCRITORES ........................................................................... 12
COMPREENDENDO OS DESCRITORES E SUA ABORDAGEM ......................... 12

Tópico I - PROCEDIMENTOS DE LEITURA ..................................................... 13


Tópico II - IMPLICAÇÕES DO SUPORTE, DO GÊNERO E/OU DO ENUNCIADOR
NA COMPREENSÃO DO TEXTO .................................................................... 21
Tópico III - RELAÇÃO ENTRE TEXTOS ........................................................... 25
Tópico IV - COERÊNCIA E COESÃO NO PROCESSAMENTO DO TEXTO .......... 29
Tópico V - RELAÇÕES ENTRE RECURSOS EXPRESSIVOS E EFEITOS DE
SENTIDO ...................................................................................................... 47
TÓPICO VI - VARIAÇÃO LINGUÍSTICA ........................................................... 57

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 61
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior |6

Olá, querido (a) professor (a)!


Este material foi produzido para auxiliar o seu trabalho
pedagógico frente às avaliações do SAEB – Sistema de Avaliação da
Educação Básica, edição 2021.
Considerando a dificuldade apresentada por parte de alguns
amigos professores no entendimento sobre os descritores e na
abordagem dos mesmos em sala de aula, foi que surgiu a
necessidade de produzir um material que facilitasse a atividade
docente.
Este guia busca esclarecer o que os descritores do SAEB
dizem, por meio do tópico “Em miúdos”, busca apresentar os
objetos de conhecimentos envolvidos para o desenvolvimento das
habilidades e o consequente domínio delas por parte dos alunos,
através do tópico “Objeto de conhecimento envolvido” e busca
expor alguns direcionamentos para que você, professor (a), tenha
nortes para um bom trabalho com os descritores em sala de aula.

Pronto para a jornada no Saeb? Sigamos em frente!

Sumário
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I. PROCEDIMENTOS DE LEITURA

D1 Localizar informações explícitas em um texto.


D3 Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.
D4 Inferir uma informação implícita em um texto.
D6 Identificar o tema de um texto.
D11 Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato.

II. IMPLICAÇÕES DO SUPORTE, DO GÊNERO E/OU DO


ENUNCIADOR NA COMPREENSÃO DO TEXTO

D5 Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso


(propagandas, quadrinhos, foto etc.).
D9 Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros.

III. RELAÇÃO ENTRE TEXTOS

D15 Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação


na comparação de textos que tratam do mesmo tema, em
função das condições em que ele foi produzido e daquelas
em que será recebido

Sumário
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IV. COERÊNCIA E COESÃO NO PROCESSAMENTO DO TEXTO


D2 Estabelecer relações entre partes de um texto,
identificando repetições ou substituições que contribuem
para a continuidade de um texto.
D7 Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos
que constroem a narrativa.
D8 Estabelecer relação causa/consequência entre partes e
elementos do texto.
D12 Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no
texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.
V. RELAÇÕES ENTRE RECURSOS EXPRESSIVOS E EFEITOS DE
SENTIDO
D13 Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.
D14 Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da
pontuação e de outras notações.
VI. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
D10 Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o
locutor e o interlocutor de um texto.

Sumário
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I. PROCEDIMENTOS DE LEITURA
D1 Localizar informações explícitas em um texto.
D3 Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.
D4 Inferir uma informação implícita em um texto.
D6 Identificar o tema de um texto.
D14 Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato.
II. IMPLICAÇÕES DO SUPORTE, DO GÊNERO E/OU DO
ENUNCIADOR NA COMPREENSÃO DO TEXTO
D5 Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso
(propagandas, quadrinhos, foto etc.).
D12 Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros.
III. RELAÇÃO ENTRE TEXTOS
D20 Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação
na comparação de textos que tratam do mesmo tema, em
função das condições em que ele foi produzido e daquelas
em que será recebido.
D21 Reconhecer posições distintas entre duas ou mais
opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema.

Sumário
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IV. COERÊNCIA E COESÃO NO PROCESSAMENTO DO TEXTO


D2 Estabelecer relações entre partes de um texto,
identificando repetições ou substituições que contribuem
para a continuidade de um texto.
D7 Identificar a tese de um texto.
D8 Estabelecer relação entre a tese e os argumentos
oferecidos para sustentá-la.
D9 Diferenciar as partes principais das secundárias em um
texto.
D10 Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos
que constroem a narrativa.
D11 Estabelecer relação causa/consequência entre partes e
elementos do texto.
D15 Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no
texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.
V. RELAÇÕES ENTRE RECURSOS EXPRESSIVOS E EFEITOS DE
SENTIDO
D16 Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.
D17 Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da
pontuação e de outras notações.
D18 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de
uma determinada palavra ou expressão.

Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 11

D19 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração


de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.
VI. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
D13 Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o
locutor e o interlocutor de um texto.

Sumário
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Os descritores tratam das habilidades que o discente deve dominar,


em outras palavras, se referem ao ponto de chegada. As habilidades
são operações mentais tais como interpretar, identificar, inferir,
diferenciar, reconhecer etc. que estão em relação com objetos de
conhecimento.

A partir de agora, exporemos com clareza o que cada descritor


solicita, os objetos de conhecimento envolvidos e alguns
direcionamentos pedagógicos para o desenvolvimento das
habilidades. Por haver pequenas diferenças entre as matrizes de
referência de Língua Portuguesa do 5º e do 9º ano (questão de
ordem e inclusão de descritores), identificamos, ao lado de cada
texto do descritor, o ano escolar a que ele se refere.

Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 13

D1 - Localizar informações explícitas em um texto


Em miúdos 5º ANO | 9º ANO

Nesse descritor, o aluno deve identificar informações expressas na


superfície do texto.
Objeto de conhecimento envolvido
Compreensão textual
A compreensão textual trata do entendimento do texto. Na
compreensão, são levantadas questões cujo comando leve o leitor
a buscar informações explicitadas na superfície do texto. Vejamos
o exemplo abaixo:
O mais lento pode vencer a corrida

Quando voava sobre um lago, com muita fome, Garuda, o


pássaro mágico de Vishnu, avistou uma tartaruga. A tartaruga
desviou seu interesse sugerindo-lhe que, antes que a comesse,
deveriam apostar uma corrida para ver quem era mais rápido.
O pássaro concordou e se elevou no ar, pronto para voar.
Enquanto isso, a tartaruga reuniu todas as tartarugas – seus amigos
e parentes – e as dispôs em filas de cem, de mil, de dez mil, de cem
mil, de um milhão e de dez milhões. Dessa forma, cobriram toda a
superfície da região.
Quando estava tudo arranjado, a tartaruga falou:
— Estou pronta para começar. Vossa alteza pode ir pelo ar,
que irei pela água. Vamos ver quem será o ganhador. Se eu perder,
seu prêmio será comer-me.
Garuda voou com todas as forças, mas logo se deteve e
chamou a tartaruga. E por onde que voasse, ela sempre respondia
mais à frente. Voou até mesmo para Himaphan, a grande montanha.

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Por fim, teve de admitir, diante da tartaruga, que tinha sido


derrotado e, desconcertado, voltou para seu lar, a árvore rathal,
para descansar.
Fonte: http://contosencantar.blogspot.com/2010/08/o-mais-lento-pode-
vencer-corrida.html

Com base nas informações explícitas do texto, podem ser


levantadas questões como:
1- De acordo com o texto, qual é o objetivo de Garuda ao perceber
a tartaruga?
2 – O que fez a tartaruga ao ser percebida no lago por Garuda?
3 – Com base no texto, qual é o objetivo da tartaruga ao propor uma
competição com Garuda?
4 – Qual foi a estratégia utilizada pela tartaruga para vencer o
pássaro Garuda?
Alguns direcionamentos
Devem ser ofertados exercícios de compreensão textual. Além
disso, uma boa atividade para desenvolver a habilidade é solicitar
dos alunos que eles mesmos produzam itens de compreensão
textual acerca dos textos lidos, criando questões que podem ser
respondidas a partir da localização de informações explícitas.

D3 - Inferir o sentido de uma palavra ou expressão


5º ANO | 9º ANO
Em miúdos
Nesse descritor, o aluno deve deduzir o significado de uma palavra
ou expressão.

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Objeto de conhecimento envolvido


Inferência
A inferência trata da conclusão de um raciocínio, gerada a partir da
observação de alguns indícios. Dessa forma, o sentido inferido só
pode ser acessado por meio do texto, do que está exposto. É com
base nas informações explícitas e no conhecimento de mundo do
leitor que é possível preencher o sentido de palavras ou expressões.
Mas, além disso, o leitor deve estar atento a algumas pistas textuais
que podem ajudá-lo nessa inferência, como o título do texto e o
assunto do texto. Vejamos o exemplo abaixo:
Tempos de solidariedade: o que fazer pelo próximo durante a
pandemia

Inúmeras iniciativas podem se tornar formas de colaborar com o


próximo nesta fase turbulenta de pandemia do novo coronavírus,
mesmo sem sair de casa. É possível ajudar, por exemplo, o trabalho
de ONGs, campanhas e instituições, além de fazer compras para
vizinhos do grupo de risco, e manter o diálogo virtual com quem
está passando por momentos de ansiedade e tensão. [...]
Fonte: https://parceirosdofuturo.com.br/tempos-de-solidariedade-o-que-
fazer-pelo-proximo-durante-a-pandemia/

Destaquemos a expressão “diálogo virtual” para o exercício de


inferência. Como já dito, o título e o assunto do texto são duas
importantes informações que ajudam na inferência. O texto fala
sobre a importância da colaboração humana em tempos
pandêmicos, em gestos de empatia. O título traz à tona a noção de
solidariedade, da importância da ajuda ao próximo, que vai se
tornar mais clara no texto a partir da exemplificação de formas de
solidariedade. A partir do conhecimento de mundo, isto é,
conhecimento sobre a pandemia de Covid-19, é possível
compreender como a tecnologia se tornou ainda mais presente no
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José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 16

dia a dia das pessoas, como o ambiente virtual se tornou mais


frequentado, tendo em vista a necessidade de distanciamento
social. Algumas palavras do ramo da tecnologia se popularizaram.
Então, com base em todas essas considerações: pistas textuais e
acionamento de conhecimento prévio, exercício que deve ser feito
em sala de aula, é possível chegar à conclusão de que a expressão
“diálogo virtual” se refere à comunicação no espaço digital, da
internet.
Alguns direcionamentos
É preciso promover o exercício de inferência a partir de uma
diversidade de textos. É indispensável acionar os conhecimentos
prévios do aluno acerca do que é tratado no texto e explicitar pistas
textuais que contribuem para a dedução do sentido de palavras ou
expressões.

D4 - Inferir uma informação implícita em um texto


Em miúdos 5º ANO | 9º ANO

Nesse descritor, o aluno deve deduzir informações subentendidas


no texto.
Objeto de conhecimento envolvido
Interpretação textual
A interpretação textual trata do exercício de inferência de
informações. Na interpretação de textos, são levantadas questões
cujo comando leva o leitor a tirar conclusões sobre o que foi
exposto no texto. É com base nas informações explícitas e no
conhecimento de mundo do leitor que é possível chegar a
conclusões sobre o texto. Por exemplo, no conto “O mais lento pode

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vencer a corrida”, visto no D1, é possível inferir uma informação:


para realizar uma tarefa, não basta apenas possuir o “poder”, é
preciso possuir o “saber”. Enquanto Garuda possuía o poder, pois
era um pássaro, candidato potencial para vencer a corrida, a
tartaruga possuía o saber, o que foi suficiente para lhe conceder a
vitória na competição.
Alguns direcionamentos
Devem ser ofertados exercícios de interpretação textual sobre uma
variedade de textos a partir de comandos que levem o leitor a
inferir informações, como: “Diante do que foi exposto, podemos
concluir...”, “Infere-se do texto que...”, “O texto nos permite deduzir
que…”, “Conclui-se do texto que...”, “O texto possibilita o
entendimento de...” etc.
D6 - Identificar o tema de um texto 5º ANO | 9º ANO

Em miúdos
Nesse descritor, o aluno deve reconhecer o assunto principal do
texto.
Objeto de conhecimento envolvido
Assunto principal do texto
O tema trata do assunto principal abordado no texto. Todo texto
possui uma temática central a partir da qual o mesmo se estrutura.
Com base no que é exposto no texto, é possível compreender que
temática está sendo discutida. Além disso, o título do texto é uma
importante pista sobre o tema. Por exemplo, no conto “O mais lento
pode vencer a corrida”, com base no que é exposto no texto (uma
disputa entre o pássaro Garuda e a tartaruga) e com base no título,
que enfatiza a força do mais lento, é possível entender que o texto

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trata sobre o tema: disputa entre competidores desiguais ou ainda


sobre o engano das aparências.
Alguns direcionamentos
Destacar o título do texto como importante informação acerca do
tema. Além disso, é a partir da relação entre as informações ditas
no texto que será possível chegar ao tema.

D11 / D14 - Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato


Em miúdos 5º ANO | 9º ANO

Nesse descritor, o aluno deve diferenciar o que é um


posicionamento sobre um fato do fato em si.
Objeto de conhecimento envolvido
Fato versus opinião
O fato trata de uma informação objetiva, de uma constatação da
realidade, enquanto a opinião trata do posicionamento pessoal
sobre um fato. Por exemplo, segundo a Fifa, o Brasil possui 656
clubes de futebol profissional, isso é um fato. Mas dizer que o Vasco
é o melhor clube brasileiro, é uma opinião.
Para ajudar na identificação de trecho opinativo, é preciso abordar
o estudo dos modalizadores textuais, elementos que atuam como
indicadores do ponto de vista do enunciador. A função
modalizadora se manifesta, sobretudo, por meio de advérbios, dos
modos verbais, dos verbos auxiliares, de estruturas subordinativas
e dos adjetivos. Vejamos alguns tipos de modalizadores.

Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 19

1. Asseverativos: expressam certeza, podendo ser afirmativos (ex.:


sem dúvida, certamente, logicamente, claro, realmente etc.) ou
negativos (ex.: de jeito nenhum, de forma alguma etc.).
No fragmento: “O uso de máscara é recomendado pela secretaria de
saúde enquanto durar a pandemia. Sem dúvidas, usar máscara é
umas das formas de se blindar do vírus. ”, o uso do modalizador
“sem dúvidas” manifesta uma avaliação do enunciador, ao
expressar certeza quanto à eficácia do uso de máscara.
2. Dubitáveis: expressam incerteza, dúvida (ex.: provavelmente,
talvez, possivelmente etc.).
No fragmento: “Paulo estudou os últimos 2 meses para o concurso,
mas não foi aprovado. Talvez, tenha estudado todo esse tempo de
forma errada. ”, o uso do modalizador “talvez” manifesta uma
avaliação do enunciador, ao expressar uma incerteza, uma hipótese
quanto à razão da não aprovação de Paulo no concurso.
3. Deontológicos: expressam imposições, proibições e concessões
(ex.: obrigatoriamente, necessariamente, não pode, pode etc.).
No fragmento: “O uso de máscara segue algumas recomendações.
Não se pode usar essa peça no queixo! ”, o uso do modalizador “Não
se pode” manifesta uma imposição do enunciador, uma proibição.
4. Afetivos: expressam emoções (ex.: felizmente, infelizmente,
espantosamente, francamente, lamentavelmente etc.).
No fragmento: “Paulo foi aprovado no concurso. Felizmente, agora
poderá casar-se.”, o uso do modalizador “felizmente” manifesta
uma avaliação do enunciador, um contentamento acerca da
aprovação de Paulo no concurso e da consequente possibilidade de
seu casamento.

Sumário
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 20

Alguns direcionamentos
A intenção não é abordar o conceito de modalizadores textuais em
sala de aula, mas destacar o efeito de sentido dessas palavras no
texto, como indiciadores de opinião.

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D5 - Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso


(propagandas, quadrinhos, foto etc.)
5º ANO | 9º ANO

Em miúdos
Nesse descritor, o aluno deve interpretar o texto considerando o
emprego da linguagem verbal e da linguagem não verbal na
construção do sentido.
Objeto de conhecimento envolvido
Texto multissemiótico
Um texto pode integrar palavra e imagem, fazendo-se uso da
linguagem verbovisual. Assim sendo, nos referimos ao texto
multissemiótico, como a charge, a história em quadrinhos, a tira etc.
Na interpretação do texto multissemiótico, é preciso relacionar
linguagem verbal e linguagem não verbal. Não se pode interpretar
a palavra isolada da imagem, pois ambos estão em relação para
reforçar um determinado sentido. Então, na leitura desse texto é
preciso levantar questionamentos acerca de como os recursos não
verbais estão em interação com a palavra, que sentido está sendo
enfatizado a partir da relação entre o código verbal e o código não
verbal. Isolar a palavra dos recursos não verbais torna a leitura
incompleta. Vejamos o exemplo a seguir:

Sumário
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 22

Fonte: http://kdimagens.com/imagem/preguica-e-inveja-936

A tirinha em questão é um texto multissemiótico, pois envolve


linguagem verbal e não verbal. Nela é possível verificar o tema da
preguiça e da inveja. Tratemos da análise do texto: o que é dito nas
falas é reforçado pelas imagens. O personagem que está em pé trata
com indignação o personagem que está deitado, concebendo-o
como preguiçoso e isso faz ao ver alguém em situação diferente da
sua. Já o personagem que está deitado, trata o personagem que está
em pé como invejoso por ser questionado pelo mesmo quanto a seu
estado de ociosidade. Além disso, os personagens possuem formas
físicas distintas: enquanto o personagem deitado possui formas
curvilíneas, um corpo robusto, consequente de uma “vida
preguiçosa”, o personagem posicionado em pé possui formas
retilíneas, demarcando sua magreza e remetendo a uma vida de
trabalho, sentido reiterado também pelo machado que carrega.
Também, o emprego da palavra “ocê” marca a identidade do
personagem que está em pé: trata-se de um caipira, do homem do
campo, sujeito conhecido por trabalhar muito.

Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 23

Alguns direcionamentos
Na leitura dos textos multissemióticos, mostrar como o sentido é
construído a partir da interação entre palavra e imagem.
Possibilitar a leitura de uma diversidade de textos a fim de
aprimorar a competência leitora.

D9 / D12 - Identificar a finalidade de textos de diferentes


gêneros
5º ANO | 9º ANO

Em miúdos
Nesse descritor, o aluno deve reconhecer a função social de
diferentes gêneros textuais.
Objeto de conhecimento envolvido
Gênero textual
Todo texto pertence a um gênero textual, isso porque apresenta
determinadas características relativamente estáveis, o que permite
categorizá-lo como pertencente a uma família de textos. O gênero
textual nasce da necessidade de estabelecermos comunicação,
dessa forma, atende a uma função comunicativa, seja a de informar,
persuadir, narrar um acontecimento, instruir etc.
O estudo da função social de gêneros textuais deve contemplar o
tratamento de alguns aspectos: a compreensão sobre a estrutura
que o gênero obedece; a compreensão sobre os aspectos
linguísticos, isto é, de organização do texto; a compreensão sobre a
esfera de circulação do gênero, ou seja, em que espaço da atividade
humana o gênero circula; o suporte a partir do qual o gênero se
materializa e o propósito comunicativo a que o gênero se propõe a
atender. Por exemplo, a bula de remédio é um gênero textual

Sumário
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 24

estruturado em três partes: identificação do medicamento,


informações ao paciente e dizeres legais. Na "identificação", estão
informações sobre a identificação do medicamento e sua
composição; em "informações ao paciente", estão informações
sobre indicações, contraindicações, armazenamento, prazo de
validade, posologia e reações adversas e em "dizeres legais", estão
dados farmacológicos gerais sobre o medicamento. Em relação aos
aspectos linguísticos, é utilizada uma linguagem técnica, com o uso
recorrente de termos farmacológicos, objetiva e por se tratar de um
texto instrucional, há o predomínio do modo imperativo. A bula é
um gênero que circula na esfera de produção e consumo, se
materializa de forma impressa, acompanhando o medicamento na
embalagem ou pode ser encontrada em bulário eletrônico, em sites.
Por fim, a bula atende a função social de orientar as pessoas na
utilização de medicamentos.

Alguns direcionamentos
Promover o estudo sobre a estrutura do gênero textual, o modo
como a linguagem é empregada, a atividade social em que é
utilizado, o suporte em que se manifesta e a ação comunicativa que
realiza.

Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 25

D15 / D20 - Reconhecer diferentes formas de tratar uma


informação na comparação de textos que tratam do mesmo
tema, em função das condições em que ele foi produzido e
daquelas em que será recebido.
5º ANO | 9º ANO

Em miúdos
Nesse descritor, o aluno deve identificar diferentes formas de
tratamento de um assunto a partir da comparação entre textos.
Objeto de conhecimento envolvido
Análise comparativa de textos
A análise comparativa de textos trata de uma estratégia de leitura
cujo objetivo é comparar a linha de discussão empreendida nos
textos. Mesmo tratando do mesmo tema, os textos poderão
pertencer a gêneros textuais diferentes e possuir discussões
complementares ou divergentes acerca de um determinado tema
ou informação. Por exemplo, o tema “violência doméstica” pode ser
a temática de uma notícia e de uma charge. Embora tratem de
violência, as intenções comunicativas são diferentes: na notícia, a
intenção é informar, já na charge, a intenção é emitir uma crítica.
Em textos do mesmo gênero, ao realizar a comparação textual, pode
ser percebida uma relação de complementaridade e defesa da
mesma ideia (ex.: no caso de textos que abordem informações
complementares, seguindo a mesma linha de discussão) ou uma
relação opositiva, de divergência de tratamentos (ex.: no caso de
textos que tragam dados ou informações contraditórias acerca de
um tema).

Sumário
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 26

Alguns direcionamentos
Abordar textos pertencentes a gêneros textuais diferentes, mas que
tratam de um mesmo tema ou informação. Ao realizar a análise
comparativa de textos é preciso considerar alguns aspectos como:
1 - o quanto de informação é trazida nos textos acerca de um tema
ou fato e se essas informações se complementam ou se opõem; 2 -
as funções sociais dos gêneros a que pertencem os textos.

D21 - Reconhecer posições distintas entre duas ou mais


opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema
9º ANO
Em miúdos
Nesse descritor, o aluno deve identificar posicionamentos
diferentes acerca de um mesmo fato ou tema.
Objeto de conhecimento envolvido
Análise comparativa de textos opinativos
A análise comparativa de textos opinativos busca reconhecer os
diferentes posicionamentos acerca de um tema ou fato. As opiniões
a serem comparadas podem estar no mesmo texto ou em textos
diferentes. Como já visto, a opinião trata de uma discussão pessoal,
de um ponto de vista. Vejamos em seguida, por exemplo, opiniões
distintas acerca do tema: armamento da população.
Opinião 1: “[...] É legítimo querer se defender, mas a arma é um
péssimo passo, porque a realidade não é como filme. ” (Antônio
Rangel, sociólogo e coordenador da ONG Viva Rio)
Fonte:
https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/10/21/interna_gerais,3246
41/armamento-de-cidadaos-divide-opinioes-ate-entre-especialistas-em-
tiro.shtml

Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 27

Opinião 2: “[...] Quem faz a sua melhor segurança é você mesmo,


desde que esteja bem preparado. Não se trata de uma apologia ao
armamento da sociedade, mas de um manifesto pelo direito à
defesa. ” (Antônio Costa Júnior – empresário e professor de tiro)
Fonte:
https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/10/21/interna_gerais,3246
41/armamento-de-cidadaos-divide-opinioes-ate-entre-especialistas-em-
tiro.shtml

Nos exemplos, é possível reconhecer opiniões diferentes acerca de


um mesmo tema. Enquanto o sociólogo Antônio Rangel é contra o
armamento da população, o empresário e professor de tiro,
Antônio Costa Júnior, é a favor.
Para o sociólogo, a arma não é o melhor instrumento de defesa,
qualificando-a como “péssimo passo”, ou em outras palavras,
péssima saída, tendo em vista a imprevisibilidade do real: a
realidade é diferente de um filme, tudo pode acontecer. Para o
professor de tiro, o cidadão é o responsável pela sua proteção. Em
sua afirmação, está implícita a questão de uma realidade violenta e
a ineficácia da segurança, dessa forma, o cidadão armado é a
garantia do direito à defesa.
São raciocínios que se contrapõem: na opinião 1, o objetivo é
desconstruir a ideia de relação entre arma e segurança, justificada
pela ideia da imprevisibilidade do real. Na opinião 2, o objetivo é
assinalar a relação entre arma e segurança, justificada na ideia de
direito à defesa.
Ainda podemos destacar o uso de alguns modalizadores textuais:
na opinião 1 – péssimo passo, para expressar a má ideia do uso da
arma como meio de defesa; na opinião 2 - melhor segurança, para
expressar a relação entre arma e defesa.

Sumário
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 28

Alguns direcionamentos
Expor com clareza como os autores das opiniões constroem seus
posicionamentos: descontruindo ideias, reforçando relações,
apresentando justificativas etc. Além disso, promover a
identificação de modalizadores textuais, expressos, sobretudo por
meio de adjetivos e advérbios, tendo em vista que eles atuam como
qualificadores.

Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 29

D2 - Estabelecer relações entre partes de um texto,


identificando repetições ou substituições que contribuem
para a continuidade de um texto

5º ANO | 9º ANO

Em miúdos
Nesse descritor, o aluno deve instituir relações entre partes do
texto a partir da identificação de repetições ou trocas de
palavras/sequências textuais que colaboram para a progressão do
texto.
Objeto de conhecimento envolvido
Coesão textual
A coesão textual é responsável por promover a unidade textual por
meio de elementos linguísticos que atuam na articulação entre as
partes do texto. Na repetição de palavras ou sequências textuais, o
objetivo é reiterar uma ideia, reforçar um sentido. Na substituição,
o objetivo é evitar a repetição desnecessária, possibilitando um
discurso mais fluido.
Na repetição de palavras ou sequências textuais, é preciso destacar
os elementos repetidos e o efeito de sentido proveniente da
repetição. Vejamos o seguinte exemplo:
O político foi encontrado com duzentos milhões de reais na mala.
Duzentos milhões!

Sumário
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 30

Nesse exemplo, a repetição de “duzentos milhões” objetiva


enfatizar o montante de dinheiro encontrado na mala de um
político, assim como cria um efeito de espanto.
Na substituição de palavras ou sequências textuais, é preciso
promover o estudo dos elementos linguísticos que contribuem com
essa tarefa. Vejamos alguns principais.
Substantivos
Ex.: Estão circulando alguns boatos a respeito da vida de Clara na
escola. A jovem é tão calada e tímida! Será que é verdade? (Nesse
exemplo, o substantivo “jovem” substitui a palavra “Clara”,
retomando o seu sentido.)
Adjetivos
Ex.: Clara tirou nota máxima na prova. Esforçada, nunca ficou em
recuperação. (Nesse exemplo, o adjetivo “esforçada” substitui a
palavra “Clara”, retomando o seu sentido.)
Pronomes
Ex.: “Se o diretor é uma espécie de CEO (diretor-executivo) na
escola, é necessário que ele desenvolva habilidades de liderança. ”
Irma Zardoya
(Nesse exemplo, o pronome “ele” substitui a palavra “diretor”,
retomando o seu sentido.)
Advérbios
Ex.: O Brasil e os Estados Unidos são países que conservam um
certo grau de preconceito. Mas lá chega a ser pior que aqui.
(Nesse exemplo, o advérbio “lá” substitui a palavra “Estados
Unidos”, retomando o seu sentido, assim como o advérbio “aqui”
substitui a palavra “Brasil”, retomando o seu sentido.)

Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 31

Alguns direcionamentos
Apresentar os efeitos de sentido provenientes da repetição e da
substituição. Promover o estudo de alguns elementos linguísticos
como substantivos, adjetivos, pronomes e advérbios que
contribuem para a tarefa de substituição de palavras ou sequências
textuais.

D7 / D10 – Identificar o conflito gerador do enredo e os


elementos que constroem a narrativa
5º ANO | 9º ANO

Em miúdos
Nesse descritor, o aluno deve reconhecer o motivo desencadeador
da trama, isto é, o conflito gerador, assim como os demais
elementos que compõem a narrativa como narrador, enredo,
personagens, tempo, espaço, clímax e desfecho.
Objeto de conhecimento envolvido
Texto narrativo
O texto narrativo é uma tipologia textual, cuja finalidade é narrar
um acontecimento. Uma narrativa é composta de vários elementos:
narrador, enredo, personagens, tempo, espaço, clímax e desfecho.
Vamos à definição objetiva dos elementos da narrativa.
Narrador: trata-se da entidade fictícia que conta a história,
podendo se manifestar de três modos principais:
1. Narrador personagem: além de narrar, participa da narrativa
como personagem, contando a história em 1ª pessoa.

Sumário
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 32

2. Narrador observador: narra os acontecimentos, mas sem


participar da narrativa, como se estivesse observando as situações.
É objetivo e imparcial. Conta a história em 3ª pessoa.
3. Narrador onisciente: esse sabe de tudo - conhece toda a história,
os pensamentos, sentimentos e ideias dos personagens, narrando
em 3ª pessoa. Por vezes, para realizar algumas intromissões, utiliza
a 1ª pessoa.
Personagens: referem-se aos elementos que vivenciam a história
como pessoas, animais, objetos personificados, isto é, com
características humanas, ou qualquer ser que age.
Tempo: situa os fatos, definindo a duração das ações.
Espaço: situa os fatos em cenários, quem podem ser físicos ou
sociais.
Enredo: é a trama da narrativa, o encadeamento de situações
vividas por personagens em um determinado tempo e espaço. O
enredo é estruturado da seguinte forma:
1. Conflito gerador: trata-se do motivo desencadeador da trama.
Em outras palavras, trata-se de qualquer elemento da história que
se opõe a outro gerando um problema.
2. Clímax: é o momento decisivo da história, em que as ações
alcançam maior tensão.
3. Desfecho: é o estágio final da narrativa, situação como são
finalizados os conflitos.
Vejamos o exemplo a seguir:

Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 33

Praia quase cancelada


Leandro Júnior

Era 12 de outubro, havia muita alegria entre as crianças. A


ansiedade era grande. Elas iriam pela primeira vez à praia. Na
ocasião, comemorar o dia das crianças. Todos acordaram cedo. Na
verdade, as crianças acordaram ainda mais cedo que seus pais:
Guto e Ana. Prontamente, as comidas começaram a ser embaladas
e as bebidas colocadas na caixa térmica. Mas, de repente, Guto sente
fortes dores em seu estômago. As crianças ouvem seu grito de dor
na garagem e correm até lá. Sem forças e caído no chão, Ana
pergunta a Guto o que ele havia comida na noite passada, mas Guto
não consegue responder. As crianças chorando, correm até a casa
de tio Barnabé, que mora ao lado, para pedir socorro. Guto continua
sentindo dores. É quando sua visão escurece e então desmaia. Ana
se desespera e não consegue controlar toda a tensão do momento:
pensa na iminência de morte. Tio Barnabé chega e, graças a sua
habilidade médica, faz uso de todos os procedimentos e Guto
retoma a consciência. Acordado, relata que havia comido parte do
bolo de chocolate preparado para o lanche do passeio à praia. Ana
já calma, dá um fim ao bolo preparado com tanto esmero e sabor e
desejado pelas crianças. O ocorrido não foi capaz de impedir a
família de ir à praia. As comidas voltaram a ser embaladas, as
bebidas e tudo que ia ser levado. Rapidamente, estavam todos
prontos e seguiram animados à Praia dos sobreviventes.
Identifiquemos, agora, os elementos da narrativa presentes no
texto.
Narrador: trata-se de um narrador onisciente, que conta a história
em 3ª pessoa, conhece todos os fatos e sentimentos dos
personagens.

Sumário
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 34

Personagens: Guto, Ana, as crianças e tio Barnabé.


Tempo: 12 de outubro é a referência temporal.
Espaço: A narrativa é ambientada no espaço da casa,
predominantemente, na garagem.
Conflito gerador: O conflito ocorre quando Guto passa mal,
instaurando um problema.
Clímax: A tensão tem pico quando Guto desmaia.
Desfecho: Guto acorda do desmaio, se recupera do mal-estar e a
família segue à praia.
Alguns direcionamentos
Abordar com destaque a definição de conflito gerador e promover
a localização desse elemento em narrativas, assim como promover
o estudo dos demais elementos e a identificação desses em textos.

D7 - Identificar a tese de um texto 9º ANO

Em miúdos
Nesse descritor, o aluno deve reconhecer a ideia central defendida
no texto.
Objeto de conhecimento envolvido
Tese do texto
A tese trata do ponto de vista defendido no texto acerca de um
assunto e é sustentada por argumentos. É um dos elementos dos
textos argumentativos, família de textos cujo objetivo é defender
uma ideia por meio de argumentos a fim de persuadir o
interlocutor como o artigo de opinião, a carta argumentativa, o

Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 35

editorial, a resenha etc. A tese é uma proposição que, normalmente,


está localizada nos primeiros parágrafos e é seguida dos
argumentos. Mas pode acontecer o movimento inverso: a tese ser
precedida pelos argumentos. Vejamos o texto abaixo.

Celular em sala de aula: uma proibição necessária


Orlando Morando*
Atualmente, um assunto que vem despertando a atenção não só da
comunidade acadêmica, mas da sociedade como um todo é a
proibição do uso de celulares na sala de aula.
A proibição do seu uso em sala de aula é uma medida que se
harmoniza com o ambiente em que o estudante está. A sala de aula
é um local de aprendizagem, onde o discente deve se esforçar ao
máximo para extrair do professor os conhecimentos da matéria.
Nesse contexto, o celular é um aparelho que só vem dificultar a
relação ensino-aprendizagem, visto que atrapalha não só quem
atende, mas todos os que estão ao seu redor.
Um estudo divulgado no mês passado pela London School of
Economics mostrou que alunos de escolas da Inglaterra que
baniram os smartphones melhoraram em até 14% suas notas em
exames de avaliação nacional.
O aumento acontece principalmente entre estudantes com
conceitos mais baixos. Na faixa etária entre 7 e 11 anos, o
banimento ajudou alunos com aproveitamento abaixo de 60% nas
provas. Para o resto, não mudou nada.
Segundo os autores do estudo as distrações atingem todo mundo,
mas são piores em alunos com celulares. E ainda piores naqueles
com notas mais baixas.

Sumário
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 36

O impacto da proibição, diz especialista, é o equivalente a uma hora


a mais de aula por semana. O estudo "Tecnologia, distração e
desempenho de estudantes" foi feito com 130 mil alunos desde
2001, em 91 escolas de quatro cidades.
Por que banir o uso do celular? Porque ter acesso fácil ao celular faz
com o que aluno tenha mais chance de distração, o que pode levar
a notas mais baixas; adolescentes ainda não têm maturidade para
usar nos momentos apropriados; em ambientes liberados, é muito
difícil para o professor monitorar a sala toda; a distração do
smartphone é muito pior do que desenhar no caderno, por
exemplo, porque o aluno entra em um 'universo paralelo'.
Enfim são inúmeras as razões para proibir o uso de celular nas salas
de aula. O Estado São Paulo, mais uma vez, foi pioneiro nesse
assunto e aprovou a lei 12.730 de 2007, de minha autoria, que
proíbe o uso de telefone celular nas escolas.
Segundo a Nielsen Ibope, atualmente 15% dos 68 milhões de
usuários da internet pelo celular no Brasil têm entre 10 e 17 anos,
ou seja, a maioria dos adolescentes. Sendo assim, a fiscalização do
uso do aparelho deve ser feita rigorosamente nas escolas pelos
professores e diretores de ensino. Mas como esses números de
usuários aumentam a cada dia, o momento é de ampliar a
fiscalização e cumprir a Lei.
*Orlando Morando é deputado pelo PSDB e cumpre o quarto
mandato na Assembleia Legislativa
Fonte: https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=365340

No texto “Celular em sala de aula: uma proibição necessária”, está


clara a defesa pelo impedimento do uso de celular em sala de aula
pelos alunos. Essa tese pode verificada no segundo parágrafo por
meio do seguinte enunciado: “A proibição do seu uso em sala de
aula é uma medida que se harmoniza com o ambiente em que o

Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 37

estudante está”. Após a tese, nos parágrafos seguintes, seguem os


argumentos, cujo objetivo é fundamentar a tese. É importante
observar ainda que a partir do título já é possível ter ideia do que
será defendido no texto.
Alguns direcionamentos
Para facilitar a identificação da tese do texto, é preciso responder a
seguinte questão: o que é defendido no texto?
Também direcionar a atenção para o título do texto, pois ele pode
expressar uma percepção e com isso dar pistas acerca da tese
defendida no texto.
Promover o exercício de identificação de teses a partir da leitura de
diversos textos de caráter argumentativo.

D8 / D11 - Estabelecer relação causa/consequência entre


partes e elementos do texto
5º ANO | 9º ANO

Em miúdos
Nesse descritor, o aluno deve estabelecer relação de causa-efeito
entre segmentos do texto.
Objeto de conhecimento envolvido
Relação lógico-discursiva de causa-consequência
A relação lógico-discursiva de causa-consequência se refere a um
tipo de construção em que é apresentado uma relação de causa e
efeito. Tal relação é sinalizada textualmente por conjunções.
A causa expressa o motivo e pode ser introduzida através de
conjunções, como: porque, como, já que, visto que etc. Já a

Sumário
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 38

consequência expressa os efeitos dessa causa e pode ser


introduzida através de conjunções, como: que (precedido de tão,
tal, tanto), de modo que, devido a etc.
Vejamos o exemplo a seguir:
“O homem é tão desrespeitoso com a natureza que o
desaparecimento de diversas espécies da fauna e da flora tornou-
se uma realidade. ”
É possível verificar nesse exemplo a relação de causa-
consequência: o fato do homem ser desrespeitoso com a natureza
(causa) tem promovido uma problemática realidade: o
desaparecimento de espécies da fauna e flora (consequência). Essa
relação lógico-discursiva é marcado textualmente pelas conjunções
“tão...que”.
Alguns direcionamentos
Promover o estudo de elementos coesivos que estabelecem a
relação de causa-consequência e o exercício de identificação em
textos de trechos que manifestem tal relação.

D8 - Estabelecer relação entre a tese e os argumentos


oferecidos para sustentá-la.
9º ANO

Em miúdos
Nesse descritor, o aluno deve relacionar a tese do texto e os
argumentos que a fundamentam.
Objeto de conhecimento envolvido
Tese e argumentos

Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 39

Como visto no descritor D7, a tese é sustentada por argumentos. O


objetivo dos argumentos é embasar o posicionamento manifestado
na tese. Sem eles, a tese se torna uma mera opinião.
Os argumentos podem se manifestar de diversas maneiras, dessa
forma, é preciso contemplar o estudo de estratégias
argumentativas que colaboram para fundamentar a tese do texto.
Vejamos alguns dos principais recursos argumentativos.
1. Exemplificação
A exemplificação permite a inserção de exemplos, validando a tese.
Vejamos o exemplo a seguir.
O uso medicinal da maconha não deve ser objeto de preconceitos
tendo em vista a sua eficácia no tratamento de algumas doenças.
Maria Gabrilli, por exemplo faz uso do Mevatyl, primeiro fármaco
derivado da maconha a ter registro aprovado pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa). Maria Gabrilli ficou tetraplégica
depois de um acidente de carro com o seu namorado. O
medicamento ajuda ela a ter menos espasmos, a dormir melhor e,
principalmente, a aliviar as dores.
Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/vem-ai-a-cannabis-
medicinal/adaptado

Veja como o emprego de exemplificação, a exposição de um caso


concreto de uso de remédio à base de maconha por uma pessoa
com lesão medular, reforça a tese de uso medicinal da maconha.
2. Argumento de autoridade
O argumento de autoridade dá voz a um especialista no assunto
discutido, o que confere credibilidade a tese defendida no texto.
Vejamos o exemplo a seguir, ainda com base na tese de defesa do
uso medicinal da maconha.

Sumário
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 40

[...] Em maio do ano passado, a USP lançou, em parceria com o


laboratório Prati-Donaduzzi, o primeiro extrato da planta
desenvolvido no Brasil. Diferentemente do Mevatyl, indicado para
pacientes com esclerose múltipla, o fitofármaco brasileiro tem
incontáveis aplicações. ‘Produtos à base de cannabis não curam
doenças, mas minimizam seus sintomas. Além disso, potencializam
os efeitos dos remédios de referência e não colocam em risco a vida
do paciente’, afirma o neurocientista Renato Filev, pesquisador do
Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas Psicotrópicas
(Cebrid).
Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/vem-ai-a-cannabis-
medicinal/adaptado

Veja como o emprego da fala do neurocientista, Renato Filev,


confere pertinência à ideia de defesa do uso medicinal da maconha.
Isso, porque Renato Filev é uma autoridade na área de saúde e cuja
fala remete aos benefícios medicinais da maconha.
3. Provas concretas
As provas concretas tratam de informações verídicas, resultado de
estudos ou experiências: dados estatísticos, leis, relatórios e
pesquisas, que validam o ponto de vista defendido no texto.
Vejamos o exemplo a seguir.
Um ano depois do primeiro caso de covid-19 no Brasil, estamos
vivenciando o pior momento de toda a pandemia: unidades de
terapia intensiva lotadas, recorde de mortes dia após dia e baixo
índice de vacinação. Neste momento, a reafirmação de medidas de
prevenção ao vírus ganha relevância. Em tudo o que se pesquisou
até agora, o que se viu realmente funcionando para prevenção são
as medidas de distanciamento social e o uso de máscara de forma
correta”, sinaliza Marcelo Gonçalves, professor da Faculdade de
Medicina da UFRGS.

Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 41

O estudo Social Distancing, Mask Use and the Transmission of


SARS-CoV-2: A Population-Based Case-Control Study,
produzido por pesquisadores da UFRGS, UFPel, UFSCPA e
Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (SMS), foi conduzido
a partir de uma lista cedida pelo SMS com 3.437 pacientes da capital
que testaram positivo para covid-19 entre abril e junho de 2020.
[...]

Os pesquisadores concluíram que o uso de máscaras reduz em 87%


a chance de infecção por SARS-CoV-2. O estudo também mostra que
as pessoas que aderem de forma moderada a intensa ao
distanciamento social têm entre 59% e 75% menos chances de
contrair o vírus.

Fonte: https://www.ufrgs.br/jornal/estudo-comprova-a-eficacia-do-uso-de-
mascara-e-do-distanciamento-social-no-combate-a-pandemia/adaptado

Veja como a inserção do resultado do estudo científico legitima a


tese do texto: a utilização de máscara e o distanciamento social são
formas de se prevenir do Coronavírus.
Alguns direcionamentos
Promover a identificação dos argumentos a partir da leitura de uma
diversidade de textos argumentativos. Além disso, mostrar como
eles dão sustentação à tese do texto.

Sumário
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 42

D9 - Diferenciar as partes principais das secundárias em um


texto
9º ANO
Em miúdos
Nesse descritor, o aluno deve distinguir a informação principal das
informações secundárias em um texto.
Objeto de conhecimento envolvido
Informações principais e secundárias do texto
Por parte principal, entende-se a ideia principal, enquanto por
partes secundárias, entende-se as ideias secundárias. O texto é um
entrelaçamento de ideia principal e ideias secundárias. A ideia
principal trata da mensagem do texto, do que fala o texto, enquanto
as ideias secundárias se referem ao conjunto de informações que
tratam de desenvolver a ideia principal do texto. Vejamos o texto a
seguir.

A sombra do meio-dia
A Sombra do Meio-Dia é o belo título de um romance lançado
recentemente, de autoria do diplomata Sérgio Danese. O livro trata
da glória (efêmera) e da desgraça (duradoura) de um ghost-writer,
ou redator-fantasma – aquele que escreve discursos para outros. A
glória do ghost-writer de Danese adveio do dinheiro e da ascensão
profissional e social que lhe proporcionaram os serviços prestados
ao patrão – um ricaço feito senador e ministro, ilimitado nas
ambições e limitado nos escrúpulos como soem ser as figuras de
sua laia. A desgraça, da sufocação de seu talento literário, ou
daquilo que gostaria que fosse talento literário, posto a serviço de
outrem, e ainda mais um outrem como aquele. As exigências do
patrão, aos poucos, tornam-se acachapantes. Não são apenas
discursos que ele encomenda. É uma carta de amor a uma bela que
Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 43

deseja como amante. Ou um conto, com que acrescentar, às delícias


do dinheiro e do poder, a glória literária. Nosso escritor de aluguel
vai se exaurindo. É a própria personalidade que lhe vai sendo
sugada pelo insaciável senhorio. Na forma de palavras, frases e
parágrafos, é a alma que põe em continuada venda.
Fonte: http://cadernodetorresport.blogspot.com/2013/03/a-sombra-do-meio-
dia.html

Neste texto, é possível entender como parte principal ou


informação principal aquela que trata sobre o enredo do romance
“A sombra do meio-dia”, manifestada no trecho: “O livro trata da
glória (efêmera) e da desgraça (duradoura) de um ghost-writer, ou
redator-fantasma – aquele que escreve discursos para outros”. Já as
partes secundárias ou informações secundárias correspondem aos
detalhes sobre o romance, em outras palavras, à contextualização
discorrida sobre a obra.
Alguns direcionamentos
A ideia principal do texto deve estar contida na resposta da
seguinte pergunta: qual é a mensagem do texto? A partir da relação
entre as diversas informações distribuídas no texto é possível
compreender a ideia principal. Além disso, o título do texto pode
ser uma pista sobre a ideia principal do texto, por cumprir a função
de antecipar informações. Quanto as ideias secundárias, é preciso
responder à pergunta: que informações são usadas para
desenvolver a ideia principal do texto? O conjunto de informações
que contextualiza a ideia principal do texto como dados
estatísticos, exemplos, argumentos de autoridade etc. corresponde,
então, às ideias secundárias.

Sumário
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 44

D12 / D15 - Estabelecer relações lógico-discursivas presentes


no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.
5º ANO | 9º ANO

Em miúdos
Nesse descritor, o aluno deve identificar relações lógico-
discursivas no texto, sinalizadas, textualmente, por conjunções,
advérbios etc.
Objeto de conhecimento envolvido
Relações lógico-discursivas
As relações lógico-discursivas estabelecem nexos semânticos entre
partes do texto, marcados por conectivos (conjunções, advérbios
etc.) formando uma unidade de sentido.
As relações lógico-discursivas promovem as mais variadas
relações: de adição, de explicação, de comparação, de oposição, de
finalidade, de tempo, de condição etc.
1. Adição: introduz ideia de soma.
Conectivos: e, nem, não só, mas também, mas ainda, como, assim
etc.
Exemplo:
Chegamos em casa, tomamos banho e comemos. Como não era
tarde, assistimos ainda ao último episódio da série brasileira “Bom
dia, Verônica”. E que série, que série!
2. Explicação: introduz uma explicação.
Conectivos: isto é, ou seja, a saber, na verdade, porque, que, pois,
etc.

Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 45

Exemplo:
Nessa pandemia, é preciso obedecer ao distanciamento social, isto
é, ao afastamento físico, porque não sabemos quem está portando
o vírus. Vamos nos cuidar!
3. Comparação: introduz uma comparação.
Conectivos: como, igualmente, da mesma forma, assim também, do
mesmo modo, similarmente etc.
Exemplo:
Marina não dirige da mesma forma que Antônio, é mais cautelosa.
Antônio não é atento, passa por cima dos buracos e não sinaliza.
Qualquer dia desses, ele acabará provocando um acidente.
4. Oposição: introduz ideia de contraste.
Conectivos: e, mas, contudo, todavia, entretanto, porém, no
entanto, ainda, assim, senão, etc.
Exemplo:
Estudei muito, mas não fui aprovado no processo seletivo. Maria,
no entanto, mesmo tendo estudado pouco, entrou nas vagas. Como
isso foi possível? Estou decepcionado comigo mesmo.
5. Finalidade: introduz uma intenção.
Conectivos: com o fim de, a fim de, como propósito de, com a
finalidade de, com o intuito de, para que, a fim de que, para, ao
propósito etc.
Exemplo:
A escola adiou a volta às aulas a fim de concluir a reforma do
prédio. Com a reestruturação, a instituição ganhará mais espaço e
possibilitará a realização de eventos de grande porte.

Sumário
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 46

6. Tempo: introduz uma circunstância temporal, um momento.


Conectivos: quando, assim que, desde que, logo que, enquanto, até
que, antes que, depois que etc.
Exemplo:
Vou à sorveteria depois que Pedro sair de lá. Discutimos bastante
e, por isso, não tenho condições de vê-lo em minha frente. Ele me
machucou muito com palavras que nunca esquecerei.
7. Condição: introduz uma condição.
Conectivos: se, caso, ainda que, contanto que etc.
Exemplo: Se utilizarmos máscara, dificilmente seremos infectados
pelo novo Coronavírus. O problema é que as pessoas estão mais
preocupadas com o pequeno incômodo que a máscara produz. Aos
poucos, nos acostumaremos e nem sentiremos mais incômodo.
Alguns direcionamentos
Promover o estudo das relações lógico-discursivas a partir da
identificação de conectivos que marcam tais relações em textos
diversos.

Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 47

D13 / D16 - Identificar efeitos de ironia ou humor em textos


variados 5º ANO | 9º ANO

Em miúdos
Nesse descritor, o aluno deve reconhecer efeitos de sentido de
ironia ou humor em textos diversos.
Objeto de conhecimento envolvido
Efeitos de sentido de ironia e humor
A ironia é uma crítica disfarçada. Ao recorrer à ironia, o objetivo é
afirmar o oposto do que é dito, num jogo de sentido. A ironia pode
se realizar em textos verbais e em textos multissemióticos, como
história em quadrinhos, charge, meme, cartaz publicitário, tira etc.
Imaginemos que em uma conversa, uma das pessoas esteja falando
alto, a ponto do outro sujeito dizer: "Porque não fala mais alto? Lá
do outro bairro ainda não dá para te ouvir". O objetivo do sujeito
que recorre à ironia é dizer ao seu parceiro de fala que o mesmo
está falando alto, mas também é fazer um pedido: o de falar baixo.
Já o humor trata de uma quebra de expectativa. O humor se instala
quando fatos inesperados acontecem, quando algo corriqueiro é
dito de forma exagerada, quando há um trocadilho ou em caso de
ambiguidade, isto é, quando há espaço para dupla interpretação. O
humor pode ser encontrado em textos verbais e em textos
multissemióticos, como história em quadrinhos, charges, memes,
tira, piada, cartum etc. Vejamos o exemplo abaixo.

Sumário
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 48

Fonte: https://www.todoestudo.com.br/portugues/humor

O cartum trata do aumento do preço do combustível e o humor é


produzido a partir de um exagero. É a partir da relação entre o que
é dito e os recursos visuais que é possível entender que o
combustível está encarecido. O preço está tão alto que os
personagens olham para cima, como se estivessem enxergando um
avião. De olhos arregalados e bocas abertas, os personagens
expressam espanto diante da constatação.
Alguns direcionamentos
Promover a identificação dos efeitos de ironia e humor em textos
diversos, assim como a compreensão de como esses efeitos são
gerados.

D14 / D17 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso


da pontuação e de outras notações
5º ANO | 9º ANO

Em miúdos
Nesse descritor, o aluno deve identificar os efeitos de sentido
provocados pelo emprego de sinais de pontuação e outras
notações.

Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 49

Objeto de conhecimento envolvido

Sinais de pontuação e outras notações

Os sinais de pontuação, além de demarcarem unidades de sentido,


garantem expressividade ao texto, provocando efeitos de sentido
diversos. Notações como a caixa alta, o itálico e o negrito também
são recursos utilizados para marcar alguns sentidos. Quando
tratamos dos efeitos de sentido do uso da pontuação, estamos nos
referindo à relação entre semântica e pontuação e ao objetivo
discursivo do falante. Vejamos a seguir, de forma objetiva, como
alguns efeitos de sentido podem ser provocados pelo uso de
determinados sinais de pontuação e outras formas de notação.

1. Ponto ( . )
O ponto é utilizado para encerrar uma declaração, mas também,
pode ser empregado para dar dinamicidade à leitura, efeito de
movimento. Vejamos o exemplo a seguir.

“Era um garoto pobre. Mas tinha vontade de crescer na vida.


Estudou. Subiu. Foi subindo mais. Hoje é juiz do Supremo. ”

Veja como o uso do ponto promove ritmo à leitura. Além de


destacar cada período da vida do sujeito, o ponto gera
dinamicidade, dando ideia de uma vida "corrida", marcada por
ações e diferentes estados.

2. Ponto de exclamação ( ! )
O ponto de exclamação é empregado para assinalar algum estado
emocional como admiração, indignação, medo etc. É comum sua
utilização em história em quadrinhos, charge, tirinha, cartum etc.
para sinalizar o estado de espírito dos personagens. Ainda
utilizando o exemplo do cartum do D16, vejamos o emprego do
ponto de exclamação.

Sumário
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 50

Fonte: https://www.todoestudo.com.br/portugues/humor

O sinal de exclamação reforça, junto aos recursos visuais, o estado


de espanto dos personagens diante da constatação do preço do
combustível. Além disso, o ponto é escrito duas vezes, o que
maximiza a reação de assombro.

Em frases imperativas, usamos o ponto de exclamação para marcar


a fala de ordem, conselho ou pedido.
Ex.: Saia daqui agora mesmo!

Após interjeições, utilizamos o ponto de exclamação para marcar a


expressão de sentimentos e estados de espírito.
Ex.: Ufa! Cheguei a tempo.

3. Reticências ( ... )
Utilizamos as reticências para

- marcar a descontinuação de um pensamento


Ex.: Ana disse que não queria, mas...

- indicar a supressão de partes de um texto


Ex.: [...] tudo o que fazemos (ou deixamos de fazer) tem impacto na
vida de todo mundo e tudo o que as pessoas fazem (ou se privam

Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 51

de fazer) acaba afetando nossas vidas.” (Modernidade Líquida,


Bauman, 2001)

- indicar suspense, hesitação


Ex.: Eu não a abraçava porque... porque... eu tinha vergonha!

- ressaltar uma palavra ou expressão, com finalidade maliciosa ou


irônica.
Ex.: Ana tem um corpo fenomenal...

4. Aspas ( “ ” )
Utilizamos as aspas para

- demarcar citações
Ex.: Sobre o egoísmo, dizia Émile Durkheim: “Nosso egoísmo é, em
grande parte, produto da sociedade”.

- marcar palavras de outras línguas, gírias e expressões populares


Ex.: Ano passado, participamos do “réveillon” carioca.
Alberto é uma pessoa de “cabeça dura”.

- para ressaltar uma palavra ou expressão, com finalidade maliciosa


ou irônica.
Ex.: Se ele fosse “meu”...

5. Outras notações

- Caixa alta
A caixa alta, isto é, a escrita em letras maiúsculas, é um recurso
gráfico utilizado para conferir ênfase a palavras ou expressões.
Empregado com recorrência em títulos. Mas também, pode
significar alguém irritado. Por exemplo, ao mandar a seguinte
mensagem via Whatsapp, "ANA BEATRIZ, já faz 1 hora que ESTOU
ESPERANDO VOCÊ!, o locutor demonstra irritação. O uso da caixa
alta sugere a ideia de que o locutor está gritando.

Sumário
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 52

Ex.: ANA BEATRIZ, já faz 1 hora que estou esperando você!

- Itálico
O efeito de sentido provocado pelo uso do itálico é o de conferir
destaque. Vejamos as situações em que ele é empregado:

1. títulos de produções artísticas, literárias, técnicas e científicas


Ex.: O livro A gramática para concursos públicos é uma obra
indispensável para quem pretende prestar concurso público.

2. Nome de jornais, revistas, programas de rádio e televisão


Ex.: Fantástico é um programa que aborda jornalismo, denúncia,
esporte, humor, dramaturgia, música e ciência.

3. Palavras estrangeiras não aportuguesadas


Ex.: O stress de Paulo é contagioso.

4. Nomes científicos de espécies animais e vegetais


Ex.: Aedes aegypti é a nomenclatura taxonômica do conhecido
mosquito da Dengue.

- Negrito
Recurso empregado para realçar alguma parte do texto.
Normalmente, é utilizado em títulos de obras artísticas, literárias,
técnicas e científicas, mas também para destacar palavras-chave.
Ex.: Nesse semestre, estudaremos fonologia, acentuação gráfica
e ortografia.

Alguns direcionamentos

Promover a identificação dos efeitos de sentido do uso de


pontuação e outras formas de notação em textos diversos para
além do estudo gramatical. Mostrar como esses recursos geram
determinados sentidos, que estão relacionados aos objetivos
discursivos do falante.

Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 53

D18 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de


uma determinada palavra ou expressão.
9º ANO

Em miúdos
Nesse descritor, o aluno deve identificar o sentido provocado pelo
uso de determinada palavra ou expressão.

Objeto de conhecimento envolvido

Figuras de linguagem
As figuras de linguagem consistem em recursos expressivos que
promovem determinados efeitos de sentidos conforme a atitude
criativa que explora aspectos semânticos, fonológicos e sintáxicos.
Determinadas palavras ou expressões passam a apresentar
sentidos diversos, ampliados conforme a intenção comunicativa.
Destacaremos abaixo algumas figuras de linguagens e seus
respectivos efeitos de sentido, decorrentes da escolha de
determinada palavra ou expressão e a estratégia criativa.
1. Hipérbole: expressa um exagero. As expressões são
intencionalmente empregadas para expressar grandeza,
maximizar uma vontade, um sentimento, um estado, uma ação.
Exemplos: Chamei Ana Maria mais de mil vezes.
Paulo chorou um rio de lágrimas.

2. Ironia: pretende afirmar o contrário daquilo que está posto.


Exemplos: André é um ótimo aluno. Só tira zero nas provas.
Sandra cozinha tão bem que nem o seu cachorro come.

Sumário
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 54

3. Eufemismo: consiste em amenizar a gravidade de um fato ou


situação.
Exemplos: Anderson partiu dessa para uma melhor.
Amélia sempre falta com a verdade.

4. Metáfora: trata de efetuar uma comparação implícita.


Exemplos: A razão é a luz na escuridão.
O pavão é um arco-íris de plumas.

5. Sinestesia: expressa uma fusão de sensações relacionadas aos


sentidos (tato, audição, olfato, paladar e visão).
Exemplos: Sua voz soava docemente pelo salão principal (audição
+ paladar)
Dirigiu-me um comentário duro e amargo (tato + paladar)

Alguns direcionamentos
Para a avaliação do Saeb, é menos importante lembrar da
nomenclatura e mais importante entender o efeito de sentido ou a
intenção comunicativa decorrente da escolha de determinada
palavra ou expressão.

Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 55

D19 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração


de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.
9º ANO

Em miúdos
Nesse descritor, o aluno deve identificar o sentido provocado pela
subversão de alguns aspectos na estrutura sintática.
Objeto de conhecimento envolvido

Figuras de linguagem > figuras de sintaxe


As figuras de sintaxe ou figuras de construção, um grupo de figuras
de linguagem, tratam sobre as possibilidades de construção
sintática da oração, relacionadas à repercussão de determinados
sentidos. As figuras de sintaxe operam com a inversão, repetição ou
omissão de termos. Vejamos algumas figuras de sintaxe.
1. Elipse: ocorre quando há omissão de um termo ou expressão.
Exemplo: Fomos ao shopping ontem à noite. Fofocamos, lanchamos
e fizemos compras.
É possível subentender, por meio da flexão dos verbos, que quem
pratica a ação de ir ao shopping, de fofocar, de lanchar e de fazer
compras só pode ser “nós”, um grupo de pessoa, tendo em vista que
os verbos se encontram conjugados na 1ª pessoa do plural – nós,
termo que está omitido.
2. Assíndeto: ocorre quando há a ausência de conectivos.
Exemplo: Acordei, comi, saí, trabalhei, voltei, dormi.
É possível perceber como a ausência de conectivos entre os verbos
de ação expressa uma vida corrida, uma rotina que parece não ter
pausas.

Sumário
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 56

3. Polissíndeto: ocorre quando há a repetição de conectivos.


Exemplo: Pedro não era assim, tão frágil, e bobo, e inocente, e fácil.
Na oração, percebemos a repetição do conectivo “e”, que serve para
enumerar características de Pedro, ao mesmo tempo que confere
ênfase a cada um desses modos de ser do sujeito Pedro.
4. Anáfora: ocorre quando há o uso recorrente de vocábulos ou
expressões em início de versos ou frases.
Exemplos: “Era uma estrela tão alta!/ Era uma estrela tão fria!/ Era
uma estrela sozinha/ Luzindo no fim do dia”. (Manuel Bandeira)
A repetição da expressão “Era uma estrela” dá ênfase à referida
estrela. Não se tratava de qualquer uma. A expressão repetida
singulariza este corpo celeste.
5. Pleonasmo: ocorre quando há a repetição de uma ideia, cujo
objetivo é enfatizá-la.
Exemplo: Arregaçou as mangas e encarou de frente a situação.
A palavra “encarar” traz a ideia de olhar de frente, quando somada
à expressão “de frente”, maximiza-se o modo como foi tratada a
situação por alguém.
Alguns direcionamentos
Para a avaliação do Saeb, é menos importante lembrar da
nomenclatura e mais importante entender o efeito de sentido ou a
intenção comunicativa decorrente da escolha de determinada
construção sintática da oração.

Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 57

D10 / D13 - Identificar as marcas linguísticas que evidenciam


o locutor e o interlocutor de um texto
5º ANO | 9º ANO

Em miúdos
Nesse descritor, o aluno deve reconhecer as pistas linguísticas que
marcam o locutor e o interlocutor de um texto.
Objeto de conhecimento envolvido
Locutor e interlocutor; Variação linguística
O locutor e o interlocutor são considerados elementos da
comunicação. O locutor, também chamado de emissor, se refere
àquele que fala, que comunica uma mensagem. Já o interlocutor,
também chamado de receptor, é o destinatário da mensagem
produzida pelo locutor. No texto, é possível identificar marcas
linguísticas que sugerem o locutor e o interlocutor de um texto.
Essas marcas linguísticas podem ser evidenciadas nos diversos
modos de falar. Essa variação, por sua vez, pode estar relacionada
a diversos fatores como espaço geográfico, sexo, idade, classe
social, escolaridade, grau de formalidade da situação de
comunicação etc. Nesse sentido, estamos falando em variação
linguística.
A variação linguística pode ser percebida no percurso histórico da
língua - variação histórica ou diacrônica.
Palavras e expressões, com o passar do tempo, deixam de ser
usadas dando lugar a outras e isso devido a fatores linguísticos e
extralinguísticos. Um exemplo clássico são as transformações que
já passou a palavra “você”. Inicialmente temos a forma “Vossa
Sumário
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 58

Mercê”, que, devido a influências de alguns fatores, passou a forma


“Vosmecê” e que, devido a influência de outros fatores, passou a
forma “Você”, configuração atual, legitimada pela norma-padrão.
No entanto, é possível verificar em contextos informais, o uso da
abreviação “cê” ou, ainda, “vc”. Essa última, comum em mensagens
trocadas em aplicativos de mensagens instantâneas como o
WhatsApp. Muito do que nossos avós falavam não se fala mais, bem
como muitas expressões que usamos na contemporaneidade serão
taxadas como ultrapassadas daqui a um tempo.
A variação linguística pode ser percebida também por meio dos
diferentes falares que estão relacionados aos diversos espaços
geográficos - variação geográfica ou diatópica.
Esse tipo de variação ocorre no nível do léxico. Por exemplo, temos
vários vocábulos para designar uma mesma coisa, mas também
ocorre no nível fonético, como é o caso da existência dos diversos
sotaques no território brasileiro.
Aipim, mandioca e macaxeira se referem a planta Manihot
Esculenta. A variedade de vocábulo está relacionada à região
geográfica: o termo aipim é mais usado no litoral sul de São Paulo,
litoral do Paraná, parte de Santa Catarina e se espalha no Rio
Grande do Sul. O termo mandioca é mais usado em Minas Gerais,
São Paulo, no norte do Paraná, regiões Norte e Centro-oeste e o
termo macaxeira é mais usado no Nordeste, segundo pesquisa do
Departamento de Estudos da Linguagem da Universidade Federal
de Lavras (DEL/UFLA).
Quanto aos sotaques, estamos nos referindo ao modo como se fala,
isto é, à pronúncia. No Brasil, devido à imigração de povos de
diferentes lugares, há uma diversidade de sotaques como o caipira,
paulista, carioca, gaúcho, mineiro, baiano etc. Cada sotaque
apresenta uma peculiaridade, um traço distintivo, de modo que ao
escutarmos um falante é possível reconhecer de que lugar ele é. Por
Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 59

exemplo, quem pronuncia o S bem chiado, parecendo um X, logo


demonstra ser morador da região metropolitana do Rio de Janeiro.
A região foi sede da corte portuguesa entre 1808 e 1821, dessa
forma, recebeu bastante influência do português de Portugal.
A variação linguística pode ser percebida também por meio da
linguagem peculiar dos diferentes grupos sociais - variação social
ou diatópica.
De acordo com a atividade e/ou nível socioeconômico, os grupos
sociais possuem um linguajar próprio, uma espécie de código que
facilita a comunicação entre os membros e também identifica esses
grupos. Dessa forma, por exemplo, as mães possuem um modo
particular de se expressar, assim como os adolescentes, os idosos,
os médicos, os advogados, os professores etc. É comum a utilização
da palavra “crush” entre os adolescentes contemporâneos quando
se quer referir a alguém com quem está se paquerando ou se tem
atração. No universo jurídico, quando se quer referir a uma decisão
definitiva, a qual não cabe recurso, usa-se o termo “trânsito em
julgado”.
A variação linguística pode ser percebida ainda pelo nível de
formalidade empregado em diferentes contextos de interação -
variação situacional ou diafásica.
Quando um professor está ministrando uma palestra, ele faz uso
da linguagem formal, isto é, da norma-padrão. Já quando esse
mesmo professor está conversando entre amigos, ele tem liberdade
para utilizar uma linguagem mais espontânea, despreocupada com
às regras da norma-padrão, recorrendo a gírias, abreviações na
escrita etc. Nesse caso, é o uso da linguagem informal que se
sobressai.

Sumário
José Leandro Gonçalves de Pontes Júnior | 60

Alguns direcionamentos
Abordar o estudo da variação linguística, com ênfase nas variações
geográfica, social e situacional. Apresentar diferentes textos que
retratem os diversos modos de falar e explicitar a razão de
determinado jeito de falar, que deverá está associado a aspectos
geográficos, sociais ou situacionais.

Sumário
Dominando os descritores do SAEB 2021 | 61

PESTANA, Fernando. A gramática para concursos públicos. 3. ed.


São Paulo: Método, 2018.
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS
ANÍSIO TEIXEIRA (INEP). Matriz de referência de Língua
Portuguesa e Matemática do SAEB. Brasília: MEC, 2020.Disponível
em:
https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/avaliac
oes_e_exames_da_educacao_basica/matriz_de_referencia_de_lingu
a_portuguesa_e_matematica_do_saeb.pdf Acesso em: 30 jun. 2021

Sumário

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