Alpha & Ômega 5 - Burn Bright (Patricia Briggs)

Mais um Projeto Exclusivo das Divas & Lord’s FOREVER
Livro 5
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QueimE Brilhante
Patricia Briggs
Copyright © 2018
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Um conto sem um fim
E ra uma vez uma pequena nascente que, tocada pelo espírito
da Terra, trazia uma dispersão de magia brilhante em sua água

fria e pura. Foi apenas um pouco de magia, mas trouxe coisas
boas para o mundo—minúsculos pedaços de bondade
nasceram dos pequenos pedaços de magia.
Existe um certo tipo de mal que não pode suportar a

felicidade, mesmo as alegrias humildes vividas naquela
primavera.
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Tal mal passou a habitar a primavera, sacrificando as

vítimas daqueles que chegaram em busca do pequeno alívio
que oferecia. Com o tempo, nem mesmo a magia da terra
conseguiu purificar o mal da água, e a pequena magia da

primavera foi transformada em usos mais sombrios.
Assim morreu um pouco da alegria no mundo, e o mal

estava satisfeito por um tempo.
Este mal segurou a primavera agora poluída, de um jeito

ou de outro, por um longo tempo. O tempo mudou, e o mal
mudou com isso, tornou-se mais inteligente em atrair mais a
sua presa. Às vezes era nutrido pela inocência, às vezes pela
magia, ou pela beleza—mas o mal sempre teve a satisfação de
roubar o mundo de qualquer bem que pudesse encontrar.
Tornou-se consciente de alguém que procurava, como a

primavera certa vez, fazer um pouco de bom em um mundo
agora sombrio e escuro. Nas teias do mal vieram sussurros de
um monstro que lutou contra outros monstros. O mal
considerou que não mais de uma refeição do que mil outros
como ele. Mesmo assim, ele não podia, em virtude do que era,
permitir que tal pessoa vivesse. Ele criou uma armadilha para
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capturar alguém que era um herói—pois os heróis são

deliciosos quando caem. Ele criou uma armadilha para
prender um monstro, porque até o mal teme monstros, um
pouco.
Aquele que saltou a armadilha era verdadeiramente um

monstro. Aquele que desencadeou a armadilha um
herói.também era
Mas este também era um artista e não apenas um artista.

O artista que ele era, quando ele encontrou beleza e alegria no
mundo, ele compartilhou para que todos pudessem ver. Um
artista que, como a primavera, havia espalhado pequenos
pedaços de magia e deixado a felicidade onde antes não havia
nada.
Um artista como aquele era um bocado maior que o mal,

mesmo um mal tão antigo e perverso como este, não podia
engolir facilmente.
Muito se perdeu na batalha e custou caro a ambos os

lados. Tanto quanto se sabe, o fogo da batalha ainda arde.
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I sso era ruim. Isso era muito ruim.
Ele correu a toda velocidade, passando por entre as

árvores. Os galhos e as amoreiras se estenderam e extraíram
seu preço em sangue e carne por correrem em tal velocidade
através de seu território. Ele podia sentir o solo absorver seu
sangue e suor—senti-lo mexer com seu sabor. Perigoso.
Alimentar a terra com seu sangue quando ele estava tão
perturbado não era sábio.
Ele quase diminuiu a velocidade dos pés. Ninguém estava

perseguindo-o.
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Embora ninguém soubesse que estava lá. Eles tinham visto

as árvores que tinham obedecido à sua vontade, mas eles não
o tinham visto. As árvores ... ele pode ter que responder a ela
pelas árvores.
Ela disse a ele para correr, e ele fez uma pausa para
chamar as árvores. Não era assim que o acordo deveria
funcionar. Mas ele não podia simplesmente deixá-los levá-la,
não quando estava em seu poder pará-lo.
Pense. Pense. Pense. As palavras eram dele, mas ele as

ouviu na voz dela. Ela tinha trabalhado tão duro para lhe dar
as regras. A primeira regra era pense.
Era curioso que todos acreditassem que ela era a perigosa,

que ela era a louca. Muito engraçado—e seus lábios se
esticaram em um sorriso que só a floresta podia ver. Não foi
diversão que causou seu sorriso selvagem. Não sabia
exatamente o que era essa emoção, embora fosse alimentada
pela raiva, uma fúria tão grande que a terra, despertada pelo
seu sangue, levantou-se impaciente para fazer sua vontade. A
Terra, de todos os elementos, foi a mais difícil de acordar, mas
a mais ávida por violência.
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Ele poderia apenas voltar. Voltar e ensinar-lhes o que eles

vão conseguir por tocar em alguém que ele amava ...
Não.
Sua voz novamente, zumbindo em seus ouvidos com

poder. Ela era sua dominante, embora ele fosse muito mais
velho, muito mais forte. Como tal, ela exercia poder sobre ele,
um poder que ele tinha dado a ela por amor, por desespero,
por desolação. E o acordo deles, seu vínculo de acasalamento
(sua palavra, depois a dele) havia funcionado por um longo
tempo.
Qualquer um que se importasse em olhar ao redor saberia

como o seu poder sobre ele havia funcionado—ainda havia
árvores naquela montanha, e ele podia ouvir o vôo dos
pássaros assustados enquanto corria ao lado deles. Se esse
acordo tivesse falhado, não haveria pássaros nem árvores.
Nada. Seu poder era antigo e faminto.
Mas o acasalamento lhe dera o equilíbrio, lhe dera

segurança. Sua bela companheira lobisomem havia trazido
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amor à sua existência estéril. Quando isso não bastasse, ela

também trouxe ordem ao seu caos.
Ordem ... essa palavra ... Não, ordens era a palavra que
peneirava seus pensamentos agitados. Ela lhe dera ordens para
essa situação.
Ele saltou por cima de uma armadilha com a graça de um

cervo.
Chame o Marrok—ela lhe tinha dito. E também, agora

mesmo inferno. Essa era a tarefa correta. Chame o Marrok para
conseguir ajuda. Mas a razão para a velocidade dele—o seu
agora mesmo inferno—era porque se ele se permitisse
desacelerar, ele se viraria e ...
A montanha gemia sob seus pés. Uma mudança suave que

apenas alguém como ele—ou como seu verdadeiro amor—
sentiria.
Seus passos rápidos ... que tinha abrandado ... retomaram

sua velocidade anterior. Ela estava viva, seu amor, sua
companheira, sua guardiã. Ela estava viva, e então ele tinha
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que chamar o Marrok e não levantar as montanhas ou chamar

as águas.
Hoje não.
Hoje, ele tinha que chamar o Marrok e dizer a ele ... e a

voz de sua companheira soou em sua cabeça como se ela
estivesse correndo ao lado dele.
Eu sei quem é o traidor ...
Charles inclinou a monitor do computador do pai para que ele

estivesse em um ângulo melhor e moveu o teclado até que
parecia certo.
Ele disse ao pai que ele poderia administrar o bando muito

bem de sua própria casa, enquanto Bran estivesse fora, assim
como fizera as últimas dezenas de vezes que Marrok tinha que
sair. Mas desta vez parecia que poderia durar algum tempo, e
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seu pai tinha sido inflexível que era importante manter os

ritmos do bando do mesmo jeito.
Não é que ele não entendeu o raciocínio de seu pai—

alguns dos lobos mais mal-humorados sob o controle de seu
pai não eram exatamente flexíveis quando se tratava de
mudanças—mas a compreensão não tornava mais fácil para
Charles atuar no escritório de seu pai, no território pessoal de
seu pai.
Charles não poderia trabalhar no escritório sem torná-lo

seu próprio—e isso não ia apenas definir a raposa entre as
galinhas quando o pai dele voltasse e tivesse que reverter o
processo. Mas Bran entenderia, como um macho dominante
entende outro.
Charles tinha que admitir, mesmo que apenas para si

mesmo, que ele havia movido as estantes de mogno para o
outro lado da sala e reorganizado os títulos em ordem
alfabética por autor, em vez de por assunto, apenas para mexer
com Bran. Anna, ele pensou, ainda era a única pessoa no
planeta que acreditava honestamente que ele tinha senso de
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humor, então ele tinha certeza que poderia fazer seu pai
acreditar que a reorganização era necessária.
Charles não tinha movido a estante de livros até que Bran

o chamou esta manhã, uma semana depois de ter deixado o
bando à disposição de Charles, para que ele soubesse que seu
negócio inicial estava concluído—e Bran decidira que ele
levaria mais uma semana para viajar.
Charles não se lembrava da última vez que Bran tirara

férias de suas obrigações. Charles não percebeu que o pai era
capaz de tirar férias de suas obrigações. Mas se a reorganização
da vida de Charles não fosse mais essencial, simplesmente
necessária, ele se sentia à vontade para fazer algumas
mudanças para tornar sua vida mais fácil. E então ele
reorganizou o escritório de seu pai para se adequar a ele.
Mesmo na sala redecorada, Charles levou mais tempo do

que o normal para se perder em seu trabalho, seu lobo inquieto
no lugar de poder do pai. Eventualmente, o jogo de caça que
era a finança internacional tornou-se interessante o suficiente
para o Irmão Lobo se distrair.
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Era uma dança complicada, brincar com dinheiro nesse

nível. A batalha agradou ao Irmão Lobo, ainda mais porque
eles eram bons nisso. Irmão Lobo tinha uma tendência à
vaidade.
Finalmente, atraído pela busca sutil de pistas nos dados

eletrônicos em sua tela, ele mergulhou no que seu
companheiro chamou de "espaço financeiro", perseguindo um
boato ligeiramente evasivo, ações surgindo sem motivo
aparente, uma nova empresa buscando financiamento, mas
havia algo que eles não estavam dizendo. Ele não sabia se o
que esta empresa estava escondendo era bom ou ruim. Ele
estava estudando a história de um engenheiro que havia sido
contratado no que parecia ser um salário anormalmente alto
para seu título quando ele foi puxado para fora pelo som da
porta batendo na parede.
Ele olhou para cima, o Irmão Lobo em primeiro lugar

nesta interrupção para sua caça. Não ajudou o seu
temperamento que era a companheira de seu pai que tinha
invadido (o que era agora) seu território sem permissão.
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— Você tem que fazer algo sobre a sua esposa, —Leah

anunciou. Ela não reagiu ao rosnado involuntário em seu tom.
Quando ela falava sobre Anna, era melhor falar baixinho.
Ele não gostava de Leah. Havia muitas pessoas no mundo

das quais ele não gostava—a maioria, até mesmo. Mas Leah
tornara muito fácil não gostar dela.
Quando o pai a trouxe com ele, Charles tinha sido um

animal selvagem, solitária e perdido. Seu pai levara seu irmão
muito mais velho, Samuel, e fora embora por meses. Meio
louco pela tristeza com a morte da mãe de Charles, Bran
provavelmente não tinha sido a melhor pessoa para criar um
filho quando ele estava em casa.
Os tios de Charles e seu avô haviam feito o melhor que

podiam, mas o Irmão Lobo nem sempre estivera tão disposto
a imitar o ser humano como ele é agora. Uma criança
lobisomem nascida em vez de criada, Charles tinha sido (até
onde ele sabia) único. Ninguém, certamente não o povo de sua
mãe, tinha alguma experiência em lidar com o que ele era.
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Uma boa parte do tempo em que Bran se fora, Charles

percorria a floresta em quatro patas, facilmente escapando dos
adultos humanos encarregados de criá-lo. Selvagem e
indisciplinado como ele era, Charles não teve dificuldade em

admitir que seu eu de dez anos de idade não era um enteado
que a maioria das mulheres teria acolhido.
Ainda assim, ele estava com muita fome de atenção, e a

presença de Leah significava que seu pai estava por perto
muito mais. Se Leah fizesse um pouco de esforço, seu eu mais
novo teria se dedicado a ela. Mas Leah, apesar de todas as
outras falhas de personalidade, era profundamente honesta. A
maioria dos lobisomens eram honestos por hábito—que bom
é mentir se as pessoas pudessem dizer que você está mentindo?
Mas Leah era honesta ao núcleo.
Foi provavelmente uma das coisas que permitiu que o lobo

de Bran se acasalasse com ela. Charles podia ver como isso
seria uma característica atraente—mas quando alguém era
mesquinho e pequeno por dentro, talvez fosse melhor ficar
quieto e escondê-lo, honesto ou não, em vez de mostrá-lo para
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o mundo ver. O resultado foi uma animosidade mútua

mantida dentro (principalmente) dos limites da polidez.
Charles a honrou como a esposa de seu pai e companheira

de seu Alfa. Sua cortesia habitual para ele era frágil e enraizada
em seu medo do Irmão Lobo. No entanto, desde que ela era
uma loba dominante, o medo que sentia às vezes a deixava
irritada e estúpida.
Irmão Lobo recuperou seu temperamento mais rápido que

Charles. Ele disse a Charles que Leah estava agitada e um
pouco intimidada, e isso a deixara grosseira. O Irmão
Lobo também não gostava de Leah, mas ele a respeitava mais
do que Charles.
Além do rosnado, ele não respondeu imediatamente ao

seu pedido (ele se recusou a pensar nelas como ordens, ou ele
poderia ter que tomar uma atitude sobre elas que não
envolvesse nada que ela apreciasse). Em vez disso, ele levantou
a mão para pedir-lhe silêncio.
Quando ela deu a ele, ele passou um momento deixando

notas claras sobre o engenheiro suspeito que ele poderia seguir
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mais tarde, bem como destacando algumas outras pistas que

estava investigando. Ele concluiu as outras mudanças que
queria fazer e, em seguida, retirou-se de seus negócios da
maneira mais rápida e completa possível. Leah esperou em

crescente, mas em silenciosa indignação.
Terminando de arrumar suas coisas, ele levantou os olhos

da tela, cruzou os braços sobre o peito e perguntou, no que
achava ser um tom razoável. — O que você quer que eu faça
com minha esposa?
Aparentemente, sua resposta não foi o que Leah estava

procurando, porque sua boca ficou ainda mais apertada, e ela
rosnou: — Ela parece pensar que ela está no comando aqui. O
fato de você ter ficado temporariamente no comando não lhe
permite o direito de me dar ordens.
Que parecia fora do personagem da sua esposa.
Ah, o desprezo pela hierarquia do bando, tradicional ou

não, era típico de sua companheira. Anna não iria, Charles
pensou com afeição, saber a tradição se ela a mordesse no
ouvido. Sua Anna tinha esculpido seu próprio lugar fluido na
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hierarquia do bando—principalmente por ignorar

completamente todas as tradições. No entanto, isso não a
deixou rude.
Nada de bom jamais chegara de enfiar o nariz em negócios

que não tinham nada a ver com ele.
— Anna é Ômega. Ela não precisa obedecer ao Marrok.

—Ele disse a ela. — Eu não sei porque você acha que ela me
obedeceria.
Leah abriu a boca. Fechou. Ela lhe deu um grunhido

exasperado, depois foi embora.
Para uma conversa com a madrasta, ele pensou, no geral

tudo correra muito bem. O fato de ter sido curto era a melhor
parte disso.
Uma das razões pelas quais ele resistiu a se mudar para a

casa de Bran enquanto o Marrok estava fora era porque ele
sabia que Leah estaria atormentando-o o tempo todo. Ele
parou para pensar nisso porque, até o momento, ela não havia
feito isso. Esta foi a primeira vez que ela o interrompeu no
trabalho. Ele se perguntou, enquanto começava a brincar com
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os números na tela à sua frente, o que seu pai havia dito a Leah
que a mantinha fora de seu pêlo com tanta eficiência.
Antes de ser seriamente enterrado nos negócios

novamente, o telefone de Bran tocou.
— Aqui é Charles, —disse ele distraidamente—contanto

que não fosse Leah, ele poderia trabalhar enquanto ele falava.
Houve uma longa pausa, embora ele pudesse ouvir

alguém respirando com dificuldade. Era incomum que Charles
parasse de ler o artigo sobre a promissora empresa de
tecnologia e dedicasse toda a sua atenção ao telefone.
— Aqui é Charles, —disse ele novamente. — Posso

ajudar?
— Okay. —Disse finalmente a voz de um homem. —

Okay. Filho de Bran. Eu lembro. Bran está aí? Eu preciso falar
com o Marrok.
— Bran está fora, —Charles disse a ele. — Eu estou no

comando enquanto ele está fora da cidade. Como posso
ajudá-lo?
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— Bran está fora, —repetiu a voz do homem. Não era

familiar, mas o sotaque era celta. — Charles.
Ele fez uma pausa. — Eu preciso … nós precisamos que você

venha até aqui. Houve um incidente. —E então ele desligou sem
deixar seu nome ou exatamente onde “aqui” era. Quando
Charles tentou ligar de volta, ninguém atendeu ao telefone.
Charles anotou o número e saiu, em busca de sua madrasta.
Ele não reconheceu a voz, e se um dos membros do bando

estivesse em apuros, ele teria sentido isso. Havia outro grupo
de lobos que vivia em Aspen Creek, Montana, embora eles não
fizessem parte do bando do Marrok: os lobos que Bran
considerava muito danificados ou muito perigosos para
funcionar como parte de um bando—nem mesmo o Bando de
Aspen Creek, que estava cheio de lobos danificados e perigosos.
Esses lobos, em sua maioria, pertenciam apenas ao

Marrok. Não é um bando separado, na verdade, mas ligado à
vontade do Marrok e magia por sangue e carne. "Selvagens",
Bran os chamava. Alguns do bando os chamavam de coisas
menos lisonjeiras e possivelmente mais precisas, embora
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ninguém os chamasse de Mortos-Vivos na frente do pai de

Charles.
Os selvagens viviam nas montanhas, separados de todos,

suas casas e territórios protegidos pelo bando porque era do
interesse de todos que ninguém se intrometesse na paz que
poderiam encontrar.
Bran havia lhe dado a lista atual de nomes e um mapa com

os locais marcados. A maioria deles Charles conhecera,
embora houvesse dois lobos que ele conhecia apenas pela
reputação. Os selvagens eram, no todo, perigosos e frágeis.
Bran não permitiu nem levemente que ninguém interagisse
com eles.
A lista não incluía números de telefone.
Ele encontrou Leah com Anna na cozinha de cor de cereja

e aço inoxidável. Anna estava de costas para Leah, cujo rosto
estava vermelho. Sua Anna estava misturando algo—ele podia
sentir o cheiro do chocolate e da laranja—dando a
companheira do Marrok nenhuma atenção. Ele reconheceu a
tática de Anna para lidar com pessoas que ela sentia serem
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muito irracionais para falar sobre qualquer coisa. Ela usou isso
nele com bastante frequência.
Leah era alta, mesmo para a época atual, quando as

mulheres de um metro e meio, um metro e setenta ou um
metro e oitenta eram mais comuns. Ela era várias décadas mais
velha que Charles, e no século XVIII, quando ela nascera, ela
teria parecido uma deusa nórdica gigante. Sua constituição
natural era atlética, um efeito reforçado por uma vida dedicada
a correr na mata. Suas feições eram uniformes e cobertas por
grandes olhos azuis da cor de um lago no verão ao meio-dia.
Sua Anna era, como ela gostava de dizer, entre a média.

Altura média, compilação média, aparência média. Seu cabelo
encaracolado era alguns tons mais escuros e um toque mais de
vermelho que o louro escuro de Leah. Anna considerava o
cabelo dela como sua melhor característica. Charles amava
suas sardas e seus quentes olhos castanhos que brilhavam azuis
quando seu lobo estava perto.
Objetivamente, Leah era muito mais bonita. Mas sua

Anna era real de um jeito que poucas pessoas eram. Ele tentou
explicar essa realidade ao seu pai uma vez, e seu pai finalmente
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balançou a cabeça e disse: " Filho, acho que é uma daquelas

coisas que sua mãe teria entendido sem problemas, e eu nunca
vou entender."
Anna se conectou com o mundo ao seu redor como se ela

instintivamente entendesse a visão de seu avô materno do
mundo: que todas as coisas no mundo são parte de um todo
maior, que prejudicar uma coisa era prejudicar a todos. Ela tinha
coerência com o mundo ao seu redor, enquanto a maioria das
pessoas lutava para estar conectada o mínimo possível, porque
isso era mais seguro. Ele achava que Anna era a pessoa mais
corajosa que ele conhecia.
Ele entendeu que outras pessoas considerariam Leah a

mais bonita das duas. Ele até entendia o porquê. Mas para ele,
Anna era ...
Nossa, disse o Irmão Lobo. Ela é perfeita, nossa alma

gêmea, nossa âncora, a razão pela qual fomos criados.
Para que pudéssemos ser dela. Mas nós temos outros
negócios para atender.
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Ele não sabia quanto tempo durou o silêncio entre as duas

mulheres—não fazia muito tempo desde que Leah saíra de seu
escritório. Escritório do seu pai.
— Leah, —disse ele, porque não havia tempo para entrar

nas águas profundas entre as duas mulheres, mesmo que ele
tivesse sido estúpido o suficiente para querer fazê-lo. — Acabei
de receber um pedido de socorro de um dos selvagens, eu acho.
Você conhece esse número de telefone?
Ele segurou o papel para ela.
Leah demonstrou uma de suas qualidades brilhantes.

Deixou cair qualquer briga que estivesse tentando provocar
com Anna e pegou o papel que ele lhe entregou, deixando de
lado seu assunto pessoal sem hesitação quando o dever
chamou.
— Hester e Jonesy, —disse ela imediatamente. — Eles

vivem no Arsonist Creek cerca de trinta quilômetros. O que ela
disse?
E foi por isso que ele não reconheceu a voz. Jonesy

raramente falava quando sua companheira estava disponível
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para fazê-lo. Hester ... Hester era velha. Nessa categoria de

idade, isso significava que nem ela nem ninguém tinha certeza
de sua idade.
— Jonesy me ligou —disse Charles. — Ele disse que

houve um incidente, e ele queria que eu fosse até eles.
— Houve um incidente? —Leah franziu a testa, olhou por

cima do ombro para a companheira de Charles, e franziu a
testa com mais força. — Hester não é fácil, mesmo para Bran.
A última vez que ele foi lá no outono passado, ela estava lúcida
e parecia gostar de cantar com ele. Mas então ela o rastreou no
meio do caminho de volta para a estrada, e ele teve que ligar
para Jonesy para levá-la de volta para sua casa. Se houve um
incidente, ter um lobo Ômega pode ser uma boa jogada para
todos.
Charles fez uma careta. — Um lobo Ômega nem sempre

é uma coisa boa quando se trata de selvagens.
Inicialmente, Bran tinha estado muito animado sobre o

que Anna poderia fazer por seus selvagens. E ela ajudou alguns
deles. Mas um desastre espetacular que terminou com a morte
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de um selvagem e com três do bando machucados, lhe ensinou

a ser cauteloso. Que o selvagem estava sob uma sentença de
morte antes que Anna tentasse ajudá-lo não a impediu de se
sentir terrível.
Charles não estava disposto a expor Anna a tal trauma

novamente. Ele e seu pai tiveram várias discussões acaloradas
sobre isso recentemente—um argumento que ambos tiveram o
cuidado de evitar de Anna.
— O rastreou? —Anna perguntou, pegando uma colher e

afundando-a em sua tigela.
Leah assentiu. Enquanto o assunto era importante, sua

voz permaneceu profissionalmente rápida. — Ela tomou
forma de lobo e seguiu Bran como se ele fosse uma presa. Ele
disse que não tinha certeza se não deveria ter deixado que ela
o alcançasse. —A voz enérgica de Leah viajou diretamente
sobre o que isso significaria: a morte de Hester. — Mas ela
ficou lúcida durante a maior parte dos dois dias e Jonesy
parecia bem o suficiente. Bran pensou que poderia ter havido
apenas um lobo dominante em seu território que havia
quebrado, então ele deixou assim.
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Ela franziu os lábios e disse: — Você não é seu pai. Hester

pode não estar disposta a deixar você se aproximar dela
sozinha. A menos que você queira colocar Hester no chão,
você deve levar Anna. —Ela viu a hesitação de Charles. — Ao

contrário do selvagem que teve uma reação ruim em relação a
Anna, a personalidade de Hester é muito forte. É o seu lobo
que é o seu problema—não a metade humana. —Ela riu um
pouco com a expressão dele. — Você pode perguntar ao seu
pai, essa foi a avaliação dele.
— Eu posso colocar isso na geladeira —disse Anna

rapidamente, quebrando o conflito que Leah estava prestes a
começar. — Ou outra pessoa pode. Com quanta pressa
estamos?
O problema com o selvagem que Anna tentara ajudar tão

desastrosamente fora que a metade lobo do selvagem era a
parte sensata do par. Quando Anna o mandou para dormir,
tudo o que restou foi o humano louco—que ainda tinha as
presas e a força de um lobisomem.
— Eu não pretendo perder tempo, —disse Charles,

cedendo. — Mas qualquer emergência vai acabar antes que
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possamos chegar lá. Como Leah disse, a casa de Hester fica a

vinte e poucos quilômetros de distância—e a maior parte é um
campo irregular.
— Ok, —disse Anna. Ela pegou a colher com a qual estava

mexendo a massa e a encheu, entregando-a a Charles para
provar enquanto pegava o plástico com a outra mão.
— É a receita da Mercy. —Anna envolveu a tigela com

uma eficiência que desmentia o tom de conversa descontraída
de suas palavras. — Eu também coloquei um pouco de raspa
de casca de laranja. O que você acha?
O chocolate era rico e amargo na matriz de açúcar-

manteiga-e-laranja—uma massa de brownie, pensou, embora
pudesse ser algum tipo de massa de biscoito. Sua irmã adotiva,
Mercy, sempre teve um gênio para assar coisas com chocolate.
Ela também tinha uma habilidade incomum para dirigir Leah
a alturas imprevisíveis de loucura.
Sua Anna estava realmente irritada com Leah se ela foi tão
longe de seu caminho para trazer Mercy. Ele grunhiu e deixou
cair a colher de sopa na máquina de lavar louça.
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Anna podia ler seus grunhidos. — Bom. —Ela colocou a

tigela na geladeira e desligou o forno. — Pronta quando você
estiver.
Leah estava assistindo o desempenho de Anna com olhos

estreitos, mas quando ela falou, foi apenas para dizer: —
Hester tem idade suficiente para que um presente seja uma
garantia muito boa que ela vai tratá-lo como um convidado em
vez de um intruso. Bran geralmente dá frutas porque isso é
uma coisa que eles não podem produzir ou matar. Dê-me um
minuto e vou juntar uma cesta para eles.
Ela saiu da sala apressadamente, presumivelmente para

encontrar uma cesta porque havia muitas frutas no balcão.
Charles conhecia Leah bem o suficiente para saber que o

que quer que Anna tivesse feito para aumentar sua ira não
estava acabado. Leah não soltava uma batalha—mas ela não
iria levantá-la novamente até que a situação com Hester fosse
resolvida.
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Ele olhou para sua companheira. Para o olho destreinado,

ela parecia relaxada e calma. O olho de Charles não era
inexperiente. Ele murmurou: — Problemas?
Sua companheira encostou-se no balcão de granito e

soltou um suspiro que foi apenas meio fingido. Então ela se
endireitou e balançou a cabeça. — É difícil para ela nos ter
aqui. Ela não tem ideia de como me tratar em seu espaço
pessoal. Ela está achando isso incrivelmente frustrante. E você
não ajuda.
Ele levantou uma sobrancelha.
Ela riu apesar de sua tensão. — Não é sua culpa. Você não
faz nada de errado, exceto exalar Charlesness , mas isso é o
suficiente para detoná-la.
Ele não sabia o que Anna queria dizer com

"Charlesness"—ele era quem ele era. Ele não podia ajudar
nisso. Mas não havia dúvida de que sua presença tinha um
efeito sobre Leah.
Exalando a qualidade dele, o poder dele kkkkk

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— Este parecia ser um problema mais específico, —disse

ele.
— Sim. —Anna concordou. — Tag parou enquanto você

estava lutando com rinocerontes no escritório de Bran.
— Eu estava movendo as estantes, —disse ele. — Nenhum

animal africano envolvido.
Ela sorriu para ele brevemente. — Parecia uma luta com

rinoceronte para mim, completo com grunhidos e bufos de
animais. De qualquer forma, ele parou—aparentemente para
nos dizer que ele estava entediado. —Ela hesitou. — Ele veio
no meio de uma discussão que Leah e eu estávamos tendo. Eu
acho que ele tinha outros negócios, mas nós o distraímos.
Anna era um lobo Ômega. Isso significava que qualquer

lobo dominante sentia a necessidade de protegê-la—e esta era
a razão pela qual Leah achava que ela poderia ajudar com
Hester. Se Tag tivesse entrado na sala enquanto Leah e Anna
estavam tendo algum tipo de discussão acalorada ... sim, o
grande lobisomem celta faria tudo o que pudesse para
interrompê-la.
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— Tag sugeriu que nós restabelecêssemos as noites

musicais do Marrok, —Anna disse a ele. — Aparentemente,
elas eram um marco da comunidade antes que o Marrok
permitisse que elas expirassem alguns anos atrás.
— Quase vinte anos atrás, —disse Charles, mais do que

um pouco surpreso. Quem colocou isso na cabeça de Tag?
Certamente havia coisas mais prováveis de se lembrar do que
eventos cobertos em décadas de poeira quando alguém entrava
no meio de uma briga entre duas mulheres. — Mais do que
alguns anos.
— Vinte? —Anna franziu a testa. — Isso não é o que Tag

disse quando ele sugeriu isso.
— O senso de tempo de Tag não é nada em que eu

confiaria muito, —Charles disse a ela secamente. — Pergunte
a ele sobre Waterloo . Ele fala sobre isso como se tivesse
acontecido há uma semana.
A Batalha de Waterloo foi um confronto militar ocorrido a 18 de Junho de 1815 perto de Waterloo,
na atual Bélgica.
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Ela sorriu. — Só se você for o único a dizer a ele que os

franceses perderam a batalha desta vez. Vou sentar á margem
e comer pipoca.
O nome verdadeiro de Tag era Colin Taggart. Ele se

identificava como irlandês, galês ou escocês, dependendo do
dia e do sotaque que estava usando. Ele lutou pelo Pequeno
Imperador durante a Guerra Napoleônica. Tag ainda estava
particularmente preocupado com "os ingleses".
— De qualquer forma, —disse Anna com um olhar para a

porta que Leah tinha usado para sair da cozinha. — Eu pensei
que não seria uma boa coisa instituir mudanças radicais
enquanto Bran está longe. Leah discorda.
Charles piscou para ela. Não era como se a sua Anna

caísse do lado da cautela. Nem Leah era no mínimo musical.
Não estando interessada em qualquer coisa que não estivesse
centrada nela, ela estava mais aliviada do que quase qualquer
um quando eles pararam.
— Leah acha que o bando se beneficiaria de algum tipo de

reunião social além das caçadas lunares, —disse Leah,
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emergindo das profundezas da casa com uma cesta na mão e

uma mordida em sua voz.
— Anna acha que o bando não cairá no desespero e no

tédio se esperarmos até que Bran volte. —Disse sua Anna
suavemente, num tom que ouvira seu pai usar em seus filhos
recalcitrantes. — Ela também acredita que se referir a si
mesma na terceira pessoa é um absurdo.
Charles reprimiu um sorriso. De alguma forma, ele não

achava que um sorriso ajudaria a situação, particularmente
porque ele poderia dizer pela expressão de Leah que ela
reconheceu as origens daquele tom também.
Leah se absteve de fazer uma careta sem palavras. Então

ele carregou a cesta com maçãs, pêssegos, bananas, que de
alguma forma, em suas mãos experientes, assumiram uma
forma artística.
— Aqui, —ela disse a ele, entregando-lhe a cesta. —

Espero que isso ajude. —Apesar da borda em seu tom, ela não
estava mentindo.
Charles assentiu gravemente. — Obrigado.

Livro 5
— Eu não entendo essa mulher, —disse Anna, ficando no

banco do motorista de sua velha caminhonete. Ela finalmente
desistiu de oferecer para deixá-lo dirigir a menos que houvesse
algum motivo real que ela não quisesse ou ele precisasse. —
Por que tudo é uma batalha com ela?
Charles fez um barulho de hmm. Evidentemente, ela iria

gastar todo o vapor acumulado por Leah com ele. Tudo bem.
Ele tinha ombros largos. Ele gostava que ela lhe confiasse seus
segredos—mesmo que esses segredos fossem apenas sobre o
quão frustrante Leah era. Não era um grande segredo,
realmente, mas era dele.
Anna fez uma carranca irritada para ele antes de recuar a

caminhonete cuidadosamente para fora da garagem. Anna
dirigia como uma avó. Ele pensou que era encantador. Assim
como a carranca.
Livro 5
— Não estamos com pressa? —Ela perguntou. — Você

não deveria estar dirigindo?
— O que quer que tenha acontecido já aconteceu, —disse

Charles. — Não devemos perder tempo, mas não acho que dez
minutos, de um jeito ou de outro, farão muita diferença.
— Tudo bem, então —disse ela. — Eu estou indo na

direção certa? Eu estava tão chateada com Leah que eu não
perguntei. Eu não sei onde é Arsonist Creek. Por que eu não
sei onde Arsonist Creek é?
— Este é o caminho, —disse ele. — E as terras do bando

estão cheias de afluentes, riachos e lagos. Não há razão para
você conhecer todos eles—especialmente quando o Arsonist
Creek está em uma parte do nosso território que nós deixamos
os selvagens.
— Okay, —ela disse, então ela ficou quieta. Tentando, ele

pensou, conter sua irritação com Leah. Ela cozinhou um
pouco mais antes de sua frustração borbulhar o suficiente para
ser dada voz.
Livro 5
— É uma boa ideia, —ela disse a ele. — Tag devia ser

capaz de dizer: 'Hey, vamos fazer isso'. E ela deveria dizer: 'Hey,
essa é uma ideia incrivelmente boa, vamos fazer o que você
sugeriu'. E poderia ser apenas muito bom para todos. Em vez

disso, depois que cometi o erro de dizer que parecia divertido,
ela pulou com ‘devemos esperar até que Bran chegue em casa’.
Então ela trocou de lado, ele pensou, seu lobo inteligente.

Ele a viu fazer isso antes. Às vezes com ele. Anna teria
levantado todas as objeções de Leah até que não houvesse
lugar para sua madrasta pular, exceto exatamente onde Anna
queria que ela fosse. Se Leah fosse mais esperta ... mas ela não
era. Como seu pai lhe dissera uma vez, não era justo culpá-la
por ser exatamente o que Bran precisava em uma
companheira. Alguém que seu lobo aceitaria—e o homem não
amaria.
— Eu não posso ver um mundo em que Leah usaria a

palavra 'hey' —disse ele. — Exceto, talvez, se fosse o
Livro 5
homófono 'hay '. E só se ela tivesse um cavalo que ela

precisava alimentar.
Anna soltou o volante e acenou com as mãos. — É um

churrasco, não é um rito de passagem ou uma feira municipal
ou qualquer coisa que exija muita organização. Apenas traga
comida, traga instrumentos se quiser, vamos nos divertir hoje
à noite. Somos um grupo musical aqui. Aproveitando que não
devemos adotar um ato do congresso. —Anna colocou as
mãos de volta no volante cerca de um centésimo de segundo
antes que ele se sentisse compelido a fazer o mesmo.
— Vire aqui, —ele disse a ela. — Em seguida, tome o

desvio como se você estivesse indo até Wilson Gap .
Ele deixou o silêncio fluir entre eles por um momento. O

Irmão Lobo pensou que Anna era totalmente capaz de se dar
bem com Leah se ela quisesse. Ela costumava, na verdade.
Hay significa: hay, e tem pronúncia semelhante com hey.
Wilson Gap, originalmente conhecido como Gregory's Gap, é uma lacuna

de vento na Montanha Blue Ridge, localizada na fronteira do Condado de Loudoun, Virgínia e Jefferson County, West Virginia. A
trilha dos Apalaches atravessa a lacuna.
Livro 5
Leah não era uma exceção ao efeito que um lobo Ômega tinha
ou à amizade sincera de Anna. Se Tag tivesse interrompido
uma briga, era algo que Anna permitira que acontecesse.
O Irmão Lobo não sabia por que ela faria isso, mas
Charles colocaria dois e dois juntos para as duas. Talvez,
pensou ele, não tivesse sido algo que seu pai dissera que
mantivesse Leah fora de seu caminho desde que Bran se fora.
— Você foi provocar briga com Leah para que ela se

esquecesse de me provocar? —Ele perguntou.
Anna ergueu o queixo.
— Obrigado, —disse ele.
— O meu trabalho ... —disse ela e houve um pouco de

severidade em sua voz, — ... é fazer o seu trabalho mais fácil.
Ele pensou sobre a severidade e a ênfase sutil quando ela

disse “o meu trabalho.” Irmão Lobo se mexeu
desconfortavelmente. Em assuntos relativos à felicidade de sua
companheira, o Irmão Lobo, por vezes, tinha insights que
Charles, distraído com coisas humanas, podia ignorar.
Livro 5
Sua Anna, cujo talento para a música tinha queimado tão

intensamente que ela tinha uma bolsa integral na Northwestern
University , deveria estar tocando seu violoncelo em um palco
sob holofotes. Em vez disso, ela estava presa em Aspen Creek,

Montana—onde a coisa mais próxima dos holofotes, a
duzentos quilômetros de distância, era provavelmente a que
ficava no topo de sua caminhonete.
— Você vai procurar terminar seu curso, —disse ele. Ele

pretendia perguntar sobre isso por um tempo. Mas Anna
poderia ser uma pessoa reservada, e ele tentou dar-lhe espaço
para respirar. Foi um equilíbrio difícil entre o desejo por vezes
irresistível do Irmão Lobo de proteger / amar / defender e a
necessidade de Anna de ser ela mesma e não ser subjugada.
Ela não disse nada por um tempo.
A Universidade Northwestern é uma universidade

privada localizada em Evanston, Illinois, Estados Unidos, considerada como uma das mais prestigiosas e importantes do
mundo. Fundada em 1851 para atender alunos do Território do Noroeste, Northwestern conta hoje com uma população
estudantil vinda de mais de 100 países, e oferece diplomas em 190 disciplinas.
Livro 5
— Eu posso obter um bacharelado on-line em teoria

musical, —disse ela finalmente. — Mas estou começando a
pensar que talvez devesse fazer terapia ou aconselhamento.
— Isso é o que você quer?
Ela suspirou um pouco e balançou a cabeça.
— Então por que estamos falando sobre isso?
Ela estava procurando um propósito em sua vida.
Nós, disse o Irmão Lobo. Devemos ser o seu propósito

como ela é o nosso. Então, quando Charles desaprovava a
intolerância do lobo, o Irmão Lobo ofereceu, mas se ela quer
algo mais, precisamos providenciá-lo para ela.
Isso, Charles concordou totalmente.
Ele estava trabalhando com o pai para ver como ele e

Anna poderiam adotar uma criança. Era complicado pelo
perfil baixo que Bran tentava manter para Aspen Creek e para
o bando.
Livro 5
Mas a insatisfação de Anna não era algo que uma criança

pudesse consertar. Ela não era uma pessoa que vivia de outras
pessoas.
— O que você acha da sugestão de Tag? —Perguntou

Anna, mudando de assunto. — Você não acha que seria uma
boa ideia ter algum tipo de confraternização que não seja
apenas o bando, mas toda a comunidade?
— Não tomando o lado de Leah ... —ele começou, mas

teve que rir do olhar que ela deu a ele. — Apenas me ouça,
Anna-meu-amor. As noites musicais eram o centro de uma
batalha entre meu pai e Mercy—e você sabe como Leah se
sente sobre qualquer coisa que tenha a ver com Mercy.
— Eu sei, —disse ela. — Eu até entendo isso, tanto quanto

me dói dizer isso. Bran é engraçado sobre a Mercy. Se você
fosse tão engraçado com Mercy, eu me sentiria do mesmo jeito
que Leah—não importa o quão agradável eu possa achá-la.
— Bran não é engraçado sobre ela, —ele disse a Anna,

sentindo-se desconfortável. — Ele pensa nela como sua filha e
Livro 5
ele não tem outras filhas ainda vivas. Não há nada de estranho
nisso.
— Ou então todo mundo está muito mais feliz

acreditando, —concordou Anna suavemente. — Incluindo
Bran. Nós vamos deixar as coisas assim. Então, as noites
musicais eram uma coisa entre Bran e Mercy?
— Não nesse sentido, —disse Charles, sentindo-se

defensivo porque Anna colocou o dedo em algo que ele estava
ignorando há muito tempo. Ele respirou fundo. — Tudo bem.
Tudo bem. Você pode ter um ponto sobre o meu pai e Mercy.
Ela sorriu, só um pouco.
Ele ergueu as mãos. — OK. Sim. Eu vi isso, é claro que

sim. Como fez Leah. Mas o meu pai nunca se insinuaria para
Mercy. Diga o que quiser sobre ele, mas seu lobo aceitou Leah
como sua companheira, e ele não vai traí-la. E Mercy nunca
viu ele como nada além de uma figura paterna e seu Alfa. Era
disso que ela precisava e foi isso que ele lhe deu. Eu não acho
que a Mercy tenha reconhecido que poderia ser mais do que
isso.
Livro 5
— Sim. —Anna concordou, para seu alívio. — É assim

que eu li seu relacionamento também. —Ela fez uma pausa,
depois disse em voz baixa, com os olhos firmemente na estrada
em frente deles. — Você acha que ela está bem?
— Mercy? — Mercy havia sido sequestrada. Por essa

razão, Bran tinha deixado o bando nas mãos de Charles.
Felizmente, essa situação foi rapidamente resolvida— pelo
menos na parte de Mercy. Ele tinha a sensação de que a
reorganização daquilo estaria desenvolvendo por um longo
tempo.
— Sim, Mercy.
Ele apertou o punho em seu coração. — Se ela não

estivesse, meu pai teria derrubado os demônios das eras para
se vingar. Desde que ele decidiu ir visitar meu irmão na África,
de todos os lugares, e "tirar férias", eu espero que ela esteja
bem. Você poderia ligar para ela.
Anna soltou um suspiro. — Okay. Eu tentei ligar para ela

hoje, mas o seu celular dela não está funcionando, e o telefone
da casa foi atendido por um garoto que disse que ela estava do
Livro 5
lado de fora tentando descobrir como fazer o carro de Christy

funcionar, abre aspas, 'bem o suficiente para fazer Christy ir
embora de novo', fecha aspas. Ele me aconselhou a deixá-la
esfriar por um dia ou dois antes de tentar novamente.
Ele sorriu ironicamente.
— Você conheceu Christy? —Anna balançou a cabeça. —

Quem é ela?
— A ex-esposa de Adam. Linda, frágil, um pouco

desamparada—exatamente o tipo de mulher para a qual a
maioria dos lobos Alfa gravitam. —Ele sorriu um pouco mais
quando Anna soltou um bufo exaltado.
— Eu não sou indefesa, —disse ela. — Nem frágil.
— Não, —ele concordou. — E nem Christy, na verdade.

Agradeço todos os dias que meu pai encontrou Leah como
companheira e não alguém como Christy. Leah é muito mais
simples.
— Eu também não sou bonita, —Anna continuou,

implacável.
Livro 5
— Nisso, —ele disse pacificamente, — acho que teremos

que concordar em discordar.
— Conte-me sobre as noites de música? —Anna

perguntou depois de um momento, embora ele notou com
prazer que seu rosto tinha corado um pouco porque ela teria
ouvido a verdade de suas palavras.
— Mercy e Bran estavam envolvidos em uma disputa

sobre essas noites musicais, —disse Charles. — Você conhece
ela. "Teimosa", nem chega perto.
Anna franziu a testa. — Algo deve ter incomodado ela, no

entanto.
Ele assentiu. — Mercy não gosta de ser o centro das

atenções. Ela é uma musicista aceitável. Ela canta o básico,
mas ela não tem uma voz real, e ela sabia disso. Mas ela era
decente o suficiente no piano.
— Ela me disse que odeia piano, —disse Anna.
— Eu acho que tudo isso foi pego na confusão da briga de

Leah com Mercy, —ele disse a ela. — Leah foi implacável em
atormentar Mercy, contido por duas coisas.
Livro 5
Ele levantou um dedo.
— Meu pai deixou claro que qualquer pessoa que

realmente a machucasse fisicamente responderia a ele. E o pai

adotivo de Mercy, Bryan, era um bastardo assustador quando
ele estava com raiva. Demorou muito para levá-lo lá, porém,
e Leah foi muito cuidadosa para sair da beira disso. Mercy
tornou mais fácil para Leah porque Mercy sempre retaliava—
e as águas turvas que de outra forma mostrariam Leah
claramente culpada.
Anna fez uma careta de simpatia, então ele acrescentou:

— E há isso também—geralmente todo mundo acabava se
sentindo mais triste por quem quer que tenha puxado a ira de
Mercy para baixo sobre suas cabeças do que para a própria
Mercy.
Ela riu. — O ladrão de sapatos. —E ela baixou a voz

conspiratória. — O incidente com o chocolate na Páscoa.
— Exatamente, —disse Charles. — Para ser justo, meu

pai, ele acredita no julgamento pelo fogo. Ninguém nunca
mais será capaz de manobrar Mercy para ser culpada por algo
Livro 5
que não foi culpa dela. Leah ensinou Mercy que a vingança
tem que esperar até o momento certo, mas que a justiça pode
ser satisfeita sem morrer por isso.
— Isso é justo? —Perguntou Anna.
Charles assentiu. — Mercy queria acreditar que o mundo

era um lugar justo—e ela pode se transformar em um coiote
em um mundo cheio de lobisomens e vampiros. Ela não
desistiu dele. Ela teve que aprender a sobreviver—e meu pai
deixou Leah ensiná-la a fazê-lo. Não que Leah soubesse que
ela estava ajudando Mercy. —Ele não tinha certeza absoluta
de que seu pai sabia que ele estava ajudando Mercy.
— O que você fez? —Perguntou ela.
Irmão Lobo queria rolar em sua confiança de que eles não

tinham deixado a sua irmãzinha coiote sozinha para enfrentar
Leah.
— Eu não podia anular a decisão do meu pai, —disse ele.

— Que foi que não interferisse entre Mercy e Leah. Leah, ele
me disse, era sua companheira—e, portanto, dominante para
mim.
Livro 5
— Então, o que você fez? —Ela perguntou novamente.
— Toda vez que havia uma chance de Leah encontrar

Mercy sozinha, sem uma testemunha entre elas, eu estava lá.

—Ele tinha tomado o trabalho—e se seu pai descobrisse
quantos do bando cuidaram de ajudá-lo em sua tarefa
autodeterminada—haveria um acerto de contas. O que ele
tinha feito minou a autoridade de Leah no bando, algo que seu
pai não teria suportado se soubesse. Mas Charles também
aprendeu algo com Mercy—tudo é bom, desde que você não
seja pego.
— Então, como isso se encaixa com as noites musicais? —

Anna perguntou.
— Mercy finalmente descobriu que Bran sabia sobre Leah

e não tinha intenção de interferir. Bryan ...
— Seu pai adotivo.
— Esse é o único, —ele concordou. — Ele me contou

sobre isso porque estava preocupado com o que Mercy faria.
Nós dois sabíamos que ela não apenas deixaria isso em paz.
— Claro que não —concordou Anna.

Livro 5
Charles sorriu. — As noites começaram em algum

momento da década de 1960. Meu pai foi vítima de um livro
de autoajuda que um idiota deu para ele no Natal um ano. Ele
decidiu que o bando ... a cidade precisava de algum tipo de

experiência de união. Ele é um músico—então ele virou-se
para a música. Todas as crianças com mais de cinco anos
teriam um horário rotativo—relacionado com o bando ou não.
Aspen Creek era pequena, mas ainda haveria cinco ou seis
crianças em cada apresentação. Eles seriam seguidos por um
par de voluntários, dispostos ou não, da matilha. E finalmente,
ele terminaria a noite com uma performance própria: música
geralmente, mas às vezes contando histórias. Isso fez valer a
pena para o resto entre os adultos não relacionados a crianças.
Quando Mercy chegou ao bando como um filhote, as noites
eram uma tradição estabelecida. —Ele inclinou um olhar para
sua companheira. — Alguns de nós podem ter sentido que eles
eram uma tradição tediosa.
Anna considerou isso solenemente. — Há muito talento

aqui, sem dúvida. Mas eu tenho feito parte das performances
com as crianças. Poxa, eu sou uma criança em performance.
Livro 5
Aposto que algumas dessas noites foram mais longas do que

outras, especialmente se nenhuma dessas crianças fosse deles.
Charles sorriu. — Mercy pensava assim também. Assim

que chegou aos oito ou nove anos de idade, ela reuniu os
pequenos—os mais jovens, aqueles que não podiam levar uma
melodia em um balde e as crianças que cometeram o erro de
olhar para ela por muito tempo—e os fez fazer uma
'performance especial.'
Ele balançou sua cabeça. — Alguns deles foram realmente

memoráveis. Nem sempre musical, mas memorável. O
primeiro benefício foi que essas noites ficaram muito mais
curtas porque conseguimos sobreviver a maioria das
crianças—e todas aquelas que eram muito ruins—ao mesmo
tempo. Mas depois de um tempo, ela pegou o jeito. Eu acho
que Samuel a ajudou em segredo porque eu reconheci algumas
das músicas como dele. Mas ela começou a competir com Bran
por melhor performance—convidou o público a julgar por si
mesmos. E ele amou.
— Bran?
Livro 5
— Exatamente, apesar de seus defeitos, tem muito pouco

ego. Ele é dominante, não é competitivo.
Anna fez um barulho, então ele teve que se corrigir. —

Tudo bem. Eu concedo isso para você. Ele é competitivo o
suficiente. Deixe-me dizer, então, que ele não acha que precisa
limpar o chão com um grupo de crianças para se sentir um
Alfa. Ele se orgulhava de seus esforços e a encorajava—à sua
maneira. Ele pisca e você sente falta—assim como esta estrada
à nossa esquerda. Vire aqui.
Ela o fez, e a caminhonete parou porque, embora a estrada

estivesse pavimentada, era apenas um pouco. — Então ela
descobriu que Bran sabia sobre os ataques de Leah, —Anna
disse cuidadosamente.
— Certo. Deixe-me apenas dizer que Mercy é infernal com

suas punições. Nunca fique do lado ruim dela. Ela descobrirá
o que mais te irritará.
— O que ela fez?

Livro 5
— Ela tocou o primeiro movimento da Sonata Pathétique

de Beethoven .
— Número oito , —disse Anna. — Opus 13 ?
Ele assentiu. — Durante um ano inteiro, ela tocou em

todas as noites musicais.
— O que há de errado com isso? —Perguntou Anna. — É

uma bela peça.
Charles sorriu. — Você poderia pensar isso. E é isso. Mas

ouço isso em meus pesadelos, e eu imagino que meu pai ouve
isso, também. Você não pode tocar um piano afinado fora de
sintonia, mas essa é a única coisa que ela não fez com aquela
pobre peça de música.
— Cada performance era algo novo. Uma vez ela se

apresentou com uma venda nos olhos. Uma vez ela colocou
Sonata Pathétique de Beethoven – Sonata para piano No. 8 em Dó menor,

Op. 13 , geralmente conhecida como, Sonata Patética, foi publicada em 1799, embora tenha sido escrita no ano anterior,
quando o compositor tinha 28 anos de idade. Beethoven dedicou esta obra ao seu amigo, o Príncipe Karl Lichnowsky.
Livro 5
um metrônomo e não tocou uma vez na velocidade do

metrônomo. Uma vez ela jogou a um quarto de velocidade e
acrescentou os outros dois movimentos. —Ele riu da memória.
— As pessoas achavam que ela tinha terminado, começavam

a bater palmas e ela tocava outra nota. Uma nota muito lenta.
Parecia que duraria para sempre. Mas ela nunca derrubou meu
pai em nada além de raiva queixada. —Ele fechou os olhos,
lembrando, o sorriso se apagando. — Não é frequente meu pai
fazer a coisa errada—e a maioria desses momentos nos últimos
trinta anos tem girado em torno de Mercy.
— Ele é engraçado ao redor dela, —disse Anna,

inexpressiva.
Ele abriu os olhos para lhe dar um olhar penetrante, mas

ela estava prestando muita atenção na estrada. — Sim, —disse
ele. — Engraçado. De qualquer forma, estas foram
performances reais. Os meninos usavam gravatas e camisas
brancas, as meninas usavam vestidos. Para o que seria seu
O metrônomo (metrónomo, em Português Europeu) é um aparelho que através de pulsos

(sonoros) de duração regular, indica um andamento musical.
Livro 5
desempenho final, Mercy veio vestida com jeans cortados e

uma camisa manchada de tinta. A camisa foi impressa com o
Mickey Mouse, dando ao mundo o dedo do meio. —Ele
suspirou.
— O que ele fez?
— Meu pai sabe como lutar sujo, Anna, normalmente só

escolhe não fazer isso. Ele se voltou para a mãe adotiva de
Mercy—um ratinho doce e tímido, que acabara de ser
diagnosticada com alguma doença humana horrível—e a
atacou na frente de todos por não ter visto que Mercy não tinha
roupas adequadas. Ela chorou. Bryan não estava lá—gosto de
pensar que meu pai esqueceu que havia mandado Bryan para
alguma tarefa naquela noite—mas poderia ter planejado suas
ações com bastante antecedência. Mercy não disse nada. Ela
se levantou do banco do piano, pegou Evelyn pela mão e
levou-a para fora da sala.
Anna considerou um momento. — Bran atacou uma

mulher doente que não podia se defender na frente de todo o
bando? Uau.
Livro 5
— Não deixe meu pai te enganar, Anna, —disse ele. —

Quando o empurrão vem, ele é um bastardo malvado.
— O que Mercy fez? —Perguntou Anna. — A Mercy que

eu conheço não teria deixado isso passar.
— Não, —disse ele. — Claro que não. Ela encharcou o

assento do novo Mercedes do meu pai com manteiga de
amendoim e o enganou para sentar nele.
— Hah! —A voz de Anna estava satisfeita. — Bom para

ela. Eu teria pago para ver isso.
Charles se perguntou por que a lembrança o fazia sentir-se

melancólico. Provavelmente porque ele gostava de Evelyn—e
ver seu pai tratando-a brutalmente, mesmo verbalmente, tinha
sido de partir o coração. E ele, como o resto do bando, ficou
parado ali observando-o. Só Mercy desafiara o Marrok.
Ele e o Irmão Lobo admitiram há muito tempo que

tinham errado em não fazer algo também. — A manteiga de
amendoim, —disse Charles, — lembrou ao meu pai que ele
estava lutando com uma criança. Alguém que ele jurou
proteger. E porque ele sentiu que estava perdendo aquela
Livro 5
guerra, ele havia atingido alguém que não podia se defender.

Meu pai não é humilhado com muita frequência, mas Mercy
conseguiu isso dessa vez. Ele levou flores para Evelyn e pediu
desculpas pessoalmente, depois em público. Para ela, para

Bryan, para Mercy também. Depois disso, Mercy tinha vindo
à noite naquela mesma roupa todas as vezes. Ela se sentava ao
piano por cinco minutos com as mãos cruzadas no colo. Meu
pai agradeceria-lhe gravemente por sua performance, ela
curvaria sua cabeça como um guerreiro samurai e eles
terminariam. Durou até que Evelyn morreu—cerca de dois
anos, eu acho—então Mercy sentou-se na plateia e meu pai
parou de pedir-lhe para tocar.
— É por isso que ele terminou as noites? —Anna

perguntou.
Ele balançou sua cabeça. — Foi quando ele a expulsou.
Anna conhecia a história, então ele não a repetiu. Seu

irmão decidira que um shifter coiote de dezesseis anos, Mercy,
poderia ser uma maneira de ele ter filhos que sobrevivessem e
começou a cortejá-la. Bran interveio antes que Samuel
Livro 5
causasse danos irreparáveis a ela—ou a si mesmo. Mas isso

custou a todos de qualquer maneira.
— Nós tivemos mais algumas noites musicais depois que

ela foi morar com sua mãe biológica. No segundo, Bran
concluiu dizendo que eles haviam cumprido seu propósito e
que era hora de seguir em frente.
— Sem Mercy para a batalha, não era mais divertido, —

disse Anna.
— Isso é o que eu penso, —disse Charles. — Ninguém

nunca teve a coragem de perguntar a meu pai.
— Não admira que Leah considere restabelecer essa

tradição uma má notícia, —disse Anna, pensativa. — Talvez
devêssemos fazer deste churrasco um evento único.
— Este evento que Leah acha que você não quer, —disse
Charles, incapaz de esconder sua diversão. — Ela
provavelmente está pronta para fazer uma coisa todos os dias
neste momento.
— Eu não posso cancelar completamente, —Anna disse a

ele depois de um momento. — Se eu mudar de lado
Livro 5
novamente, até a Leah saberá que estou brincando com ela.

Mas acho que posso fazer com que ele faça todo o trabalho
para isso. Eu posso torná-lo tão diferente daquelas noites
quanto possível. Talvez sem crianças. —Ela fez uma pausa. —

Ou se nunca quisermos repeti-lo—apenas crianças.
Anna era muito boa em fazer as pessoas fazerem o que ela

queria. De vez em quando, ela pisava no pé quando o fazia,
porque a deferência instintiva que a maioria dos lobos sentia
pelos mais dominantes estava faltando nela. Ela estava ficando
muito melhor em dançar em torno da coisa da dominância, no
entanto.
Leah não era inteligente, mas ela estava por aqui há muito
tempo. E se ela treinou Mercy, bem, Mercy tinha treinado ela
de volta. Ela poderia ver através do que Anna estava fazendo
por causa disso. Mas se Leah fizesse um barulho, ele cuidaria
disso. Irmão Lobo gostou dessa ideia.
— Pare com isso, —Anna disse com firmeza. — Eu posso

cuidar de mim mesma.
Livro 5
— Claro que você pode, —disse ele, surpreso. — Isso não

significa que eu não posso fazer isso também.
Ela balançou a cabeça para ele, mas ele sabia que ela
estava rindo por dentro, porque o Irmão Lobo lhe disse isso.
— E você diz a todos que não entende as pessoas, —disse

ela.
— Eu não, —ele disse a ela contente. — Eu só entendo

você.
Livro 5
A nna levou a melhor parte de uma hora para dirigir trinta e
dois quilômetros.
Desde que ela se tornou a companheira de Charles, na

maior parte do tempo ela se sentia como se pertencesse aqui,
nos confins de Montana. Então ela ia dar uma volta com
Charles nas montanhas e ser lembrada à força de que ela havia
sido criada em uma cidade.
É verdade que algumas partes de Chicago eram um

deserto por si só, mas mesmo nas áreas ruins, as estradas
podiam ser confiáveis para serem pavimentadas, largas o
suficiente para passar pelo menos um carro, e ela tinha sido
Livro 5
capaz de confiar que não haveria uma maldita árvore

crescendo no meio da estrada, escondida por uma curva
acentuada.
Se ela não estivesse usando o cinto de segurança, ela

poderia ter atravessado o para-brisa. Charles, que não estava,
se preparou um pouco antes dela pisar no freio, e ela se
perguntou, indecisa, se ele sabia sobre a árvore.
— Não, —ele disse, como se ele pudesse ler sua mente. —

Eu só vi isso ao mesmo tempo que você.
— Por que há uma árvore na estrada? —Ela resmungou.
— Essa é uma daquelas perguntas sem uma resposta

correta, certo? Como quando uma mulher pergunta se suas
calças a fazem parecer gorda. —Não havia diversão em sua
voz ou olhos, mas ela sabia que ele sentia tudo do mesmo jeito,
e seus lábios se curvaram em resposta.
Ela contornou a árvore com a caminhonete. — Pelo

menos você não disse: Quando uma mãe árvore e um pai árvore
se amam muito ...'
Livro 5
Charles riu—e ela se sentiu orgulhosa de si mesma, porque

ele não ria muito frequentemente.
— Não venho aqui por cinco ou seis anos, —admitiu ele.

— Não havia uma árvore crescendo aqui então. Mas não é
uma árvore grande, e o álamo pode crescer dois metros ou um
pouco mais por ano.
— Ninguém esteve nessa estrada—e eu uso o termo

livremente—em cinco anos, —disse ela. — Eu pensei que Bran
esteve aqui no outono passado.
— Há outra estrada, —disse ele. — É provável que seja

um pouco melhor na maior parte do caminho, já que é a mais
usada, mas por essa estrada é mais rápido.
— Enquanto não atingirmos nenhuma árvore, —disse ela.
A árvore não era o único obstáculo. Embora a estrada,

aparentemente, não era muito viajada, havia longos trechos
Populus é um gênero ao qual pertencem cerca de 40 espécies arbóreas ou arbustivas da

família Salicaceae, vulgarmente conhecidas como choupos ou álamos. O gênero surge no Cretáceo Inferior, alcançando maior
expressão no Terciário
Livro 5
com buracos profundos. Havia pedras, algumas do tamanho

de seu punho, com pontas afiadas que poderiam estilhaçar um
pneu, algumas do tamanho de uma bola de boliche, que
poderia perfurar o mecanismo na parte de baixo da

caminhonete. Em um par de lugares grama e arbustos
cresceram tanto que ela só podia adivinhar onde ficava a
estrada. Ela desacelerou tanto que achou que eles poderiam
fazer melhor tempo a pé.
— Tire suas rodas dos buracos, —Charles aconselhou-lhe

naquela voz que lhe disse que ele tinha lutado contra essas
palavras por um tempo. — Você pode perder um eixo se o
buraco na estrada ficar muito profundo.
Ela sabia disso. Ela tinha apenas esquecido.
— Esta não é uma estrada, —ela disse indignada, com um

grunhido que ela não pretendia usar. — É só uma trilha através
das rochas e lama.
Mas ela puxou o volante para a esquerda, e a caminhonete

inclinou um pouco quando as rodas subiram ao lado da
estrada. Sua difícil jornada ficou mais instável porque o fundo
Livro 5
dos buracos era muito mais suave do que os lados, mas o

raspar da rocha na parte de baixo da caminhonete aconteceu
com menos frequência.
A estrada ficou mais seca à medida que saía de um

barranco, depois ficou mais úmida quando caiu sobre um
cume na montanha em que eles estavam, até onde Anna sabia,
contornando-a.
Charles ficou em alerta. Lendo sua linguagem corporal,

ela os levou ao ritmo de uma tartaruga para um ponto final
antes de dizer qualquer coisa. Ela não se preocupou em tentar
puxar para o lado porque não havia um lado para o qual se
apoiar, além disso, eles não tinham visto outro carro desde que
ela tinha saído da estrada principal.
Charles estava fora da caminhonete antes dela a parar

completamente. Ela desligou o motor e saiu para se juntar a
ele.
— Hester e Jonesy não dirigem, —disse ele. — Então, por

que estou vendo marcas de pneus novos?
Livro 5
Anna olhou para baixo e lá estavam elas—marcas de

pneus. Ela deveria ter notado.
Ela tentou se redimir. — ATVs , certo? —Os veículos,

raros para os olhos da cidade, eram tão comuns nos campos
acidentados de Montana no verão quanto os snowmobiles no
inverno. — Quadriciclo. —Porque havia velhos ATVs de três
rodas . — Pelo menos dois deles, porque existem dois
tamanhos de pneus.
Charles assentiu.
ATVs (All Terrain Vehicle, veículo de terreno ou quadriciclo (4 rodas)), são

veículos maravilhosos, que nasceram da necessidade do ser humano de adentrar novos terrenos, antes inóspitos. Não
demorou muito para as pessoas os usarem como meio de lazer.
Um snowmobile, também conhecido como um trenó de motor, moto de neve, skimobile,

snowscooter ou snowmachine, é um veículo motorizado projetado para viagens de inverno e recreação na neve. Ele é
projetado para ser operado em neve e gelo e não requer uma estrada ou trilha, mas a maioria é dirigida em terreno aberto ou
trilhas. Snowmobiling é um esporte que muitas pessoas assumiram como um passatempo sério.
ATVs de três rodas: duas atrás e uma na frente, ou duas na frente e uma atrás
Livro 5
— Espere, —ela disse, acenando com a mão com um dedo

estendido. — Espere. Há pelo menos três. Porque esse cara—
ela apontou para um conjunto de marcas onde eles afundaram
no chão, porque as quatro rodas giraram—é mais pesado, sua

moto afunda mais no mesmo tipo de solo. Todos eles vão na
mesma direção.
— Certo, —ele concordou, e esperou.
Ela franziu a testa, olhando para as marcas novamente

para ver o que ela tinha perdido. Mas não importava quão
atentamente ela olhasse em volta, não via marcas de botas ou
fragmentos convenientes de tecido com perfume, latas de
cerveja vazias ou pontas de cigarro que pudessem conter pistas
vitais sobre quem estava viajando por essa estrada antes de
virem para cá.
Ela estreitou os olhos. O que Gibbs veria? Ela pode ter um

pequeno vício em um determinado programa de TV policial.
Thomas Mark Harmon, o Gibbs, Personagem da série de televisão norte-americana NCIS Navy: Criminal
Investigation / NCIS Naval Criminology.
Livro 5
— Tivemos chuva há dois dias, —ele disse a ela antes que

ela pudesse ficar muito frustrada. — Você pode ver que ainda
há um pouco de lama sob as árvores onde o sol não chega.
Estas marcas foram feitas depois que o solo secou, você pode
dizer pela sujeira solta. Espero que isso tenha sido feito hoje.
— E como você recebeu uma ligação hoje, —ela disse, —

é altamente provável que essas marcas e a ligação estejam
relacionadas.
— Isso me levou a procurar razões pelas quais as

impressões podem ser mais recentes, —ele concordou.
Rastrear, ele disse a ela, não era apenas o que seus sentidos lhe
diziam. Também era sobre usar o que ele sabia.
Ele respirou fundo. Ela também fez isso. Ela cheirava os

pinheiros, os abetos e um toque de cedro e água escondida.
Havia um puma por perto. Ela olhou em volta, olhando para
as árvores, mas não conseguiu identificar. Eles eram bons em
se esconder, mas às vezes suas caudas contorciam e
entregavam-os. Hoje não.
Livro 5
Em algum lugar dentro de um quilômetro e meio ou mais,

mas não muito mais perto do que isso, havia um pequeno
grupo de veados de rabo-preto. Ela sentiu o cheiro dos
suspeitos de costume: coelhos, vários pássaros e o que Tag

gostava de chamar de tigres de árvores porque os esquilos eram
corajosos e faziam um grande tumulto quando alguém entrava
em seu território.
Nenhum deles era o que estava fazendo Charles parecer

tão atento.
— O que é isso? —Ela perguntou.
Ele olhou em volta novamente. Respirou novamente.

Então, ele balaçou a sua cabeça. — Eu não sei. Algo.
— Seus sentidos aracnídeos estão formigando, —disse ela.
Ele deu a ela um olhar em branco. Ele tinha estranhas

lacunas culturais, como se houvesse décadas inteiras durante
as quais ele não tinha ligado uma televisão ou conversado com
ninguém. Ela esperava que ele simplesmente não tivesse
Aqui ela se refere aos sentidos de aranha ‘intuição’, do Homem Aranha

Livro 5
prestado atenção, mas o "não falar com ninguém" era uma

possibilidade diferente.
— Intuição, —disse ela. — Seu subconsciente sabe de

alguma coisa que você não pode colocar em palavras ainda.
— Do Homem-Aranha, —disse ele com uma voz tão séria

quanto ele teria usado se estivesse citando Shakespeare.
Ela assentiu.
Ele respirou fundo pela última vez, depois se dirigiu para

o lado do motorista da caminhonete. — Entre. Vou levar
daqui. Meus sentidos de aranha—disse ele, com a voz um
pouco seca nas sílabas estranhas—estão me dizendo que
devemos nos apressar depois de tudo.
— Oh, agradeça aos homenzinhos peludos na lua, —ela

disse sinceramente, subindo com gratidão no banco do
passageiro.
Não era que ela estivesse com medo de matá-los—eles

eram lobisomens, matá-los em um acidente de carro a dez
quilômetros por hora levaria algum tempo. Era que a velha
caminhonete era algo que Charles amava—e toda vez que ela
Livro 5
ouvia o raspar de um galho de árvore na pintura, podia ver

como ele não reagiu.
Mas ela entendeu por que ele preferiu seu ritmo de caracol
e o dano que ela causou a caminhonete dele—ele realmente
não queria chegar ao destino deles.
Quando havia incidentes envolvendo qualquer um dos

selvagens de Bran, geralmente significava que Charles tinha
que matar um dos antigos lobos. Ela sabia, melhor que
ninguém, que seu companheiro estava muito cansado de ser o
Executor de seu pai.
Ela entrou na caminhonete e impulsivamente deslizou

mais, levantou-se e beijou-o na bochecha. Quando ela se
acomodou e colocou o cinto de segurança, ela disse apenas: —
Lembre-se de não dirigir nos buracos.
Livro 5
A última coisa que Charles pensou que faria, a caminho das

montanhas para (provavelmente) matar um dos queridos
selvagens de seu pai, era rir.
Mas a vida com Anna era assim.
Uma vez que ela estava segura em seu assento, ele partiu
para chegar a Hester o mais rápido possível. O crescente
desconforto de seu espírito lobo—algo separado de sua aversão
por matar lobos que precisavam encontrar a morte—subiu sua
nuca e disse que precisavam achar Hester agora.
Ele viajou ao longo da trilha que serpenteava ao redor da

montanha com uma velocidade que poderia ter sido fatal (para
a caminhonete, pelo menos) se ele não tivesse o tempo de
reação de um lobisomem e uma familiaridade com a área.
Anna fazia pequenos sons de vez em quando e mantinha um
aperto de morte na porta que o fez grato pelo aço de Detroit
que segurava firme sob sua mão.
Como ele disse a Anna, fazia alguns anos desde que ele
tinha estado aqui em cima. Assim que Hester e Jonesy se
Livro 5
mudaram para cá, seu pai decretou que esta área estava fora
dos limites para corridas ocasionais. Depois disso, eu só havia
percorrido esse caminho por necessidade. Mas ele esteve aqui
muitas vezes antes disso, na caminhonete que esta substituiu

há quase cinquenta anos atrás. Ele sabia onde a estrada virava
e curvava, embora ele tivesse que manobrar em torno de mais
algumas árvores que não tinham estado aqui na última vez que
ele viajou por essa estrada.
A caminhonete rugiu e rosnou, e ocasionalmente, quando

ele encontrou algum excesso de lama da tempestade, uivou.
Mas ele dirigiu para o topo da serra na borda do vale de Hester
sem entrar em conflito com qualquer coisa maior do que
alguns alevinos de álamo que cedeu sob a pressão de seu pára-
choque.
Ele parou lá no topo da serra, um movimento estratégico.

Ele notou as marcas claras que indicavam que os quadriciclos
haviam saído da trilha. Charles hesitou, mas o caminho que as
outras pessoas tinham tecido através das árvores era muito
Pelo que entendi seriam raízes, porque na pesquisa que fiz sobre ‘avelinos’ é uma designação dada aos peixes recém
saídos do ovos. Então vamos firmes e fortes com as ‘raízes’.
Livro 5
estreito para a caminhonete. Então ele desceu a trilha até o

pequeno vale onde Jonesy e Hester moravam.
Enquanto desciam a trilha em direção a pequena cabana,

Charles notou distraidamente que as janelas eram de vidro
duplo antiquado que eles deveriam substituir com vinil em
breve. Fora isso, a estrutura estava em boa forma. Por tudo o
que havia sido remendado ao longo de anos, a cabana parecia
uma peça inteira. Havia caixas de flores em ambos os lados da
porta, cheias de margaridas amarelas que cresciam selvagens
nas montanhas por aqui. Aquelas não estavam aqui quando
Charles ajudou a colocar os painéis solares na última vez que
ele esteve aqui.
Ele parou a caminhonete e deixou-a no ponto morto por

um momento, descontente com o silêncio. Mas assim que
desligou o motor, a porta da frente da casa se abriu e Jonesy
emergiu.
O companheiro de Hester parecia um retrocesso a uma

época passada, principalmente um efeito de suas roupas feitas
a mão. Seu cabelo cor de pêssego era curto na frente para ficar
Livro 5
fora de seus olhos. Havia algumas folhas e um ou dois galhos

emaranhados em seu comprimento irregular.
Seus pés estavam descalços e manchados de sangue seco,

embora ele andasse de maneira uniforme. Uma vez que
Charles estava olhando para ele, ele notou que havia pequenas
lágrimas na camisa de Jonesy. Ele estava barbeado, com uma
pele que parecia tão suave quanto a de uma mulher. Talvez
ele, como Charles, não tenha muito de uma barba para fazer.
Era impossível ler sua expressão ou sua linguagem

corporal, e isso fez o Irmão Lobo infeliz. Charles saltou para
fora da caminhonete e encontrou Jonesy a meio caminho entre
a caminhonete e a casa. Ele fez um leve gesto com a mão, e
Anna caiu um pouco atrás dele. Ele sabia, sem olhar, que ela
estava de olho nos problemas para que ele pudesse se
concentrar em Jonesy.
Quando na companhia da mulher dinâmica, que era a

companheira do homem Fae, Jonesy não causou muita
impressão em Charles. A cautela da intenção do Irmão Lobo
fez Charles pensar que talvez essa falta de atenção tivesse sido
confinada ao seu eu humano.
Livro 5
— Charles, —disse Jonesy, sua voz sem pressa carregando

um sotaque galês mais forte do que o de Charles, mais forte do
que soava ao telefone. — Diolch . Obrigado por ter vindo.
Ele cheirava como o Fae que ele era, um cheiro tão forte
que o Irmão Lobo não conseguia fazer cara ou coroa em
relação ao seu estado de espírito—não pelo cheiro dele, de
qualquer forma. Sua linguagem corporal era gentil, um efeito
que não prejudicava sua figura esbelta.
Ele era tudo que o Irmão Lobo normalmente protegeria, o

que tornava a reação do lobo de Charles muito mais estranha.
O Irmão Lobo pensou que eles deviam colocar este no chão
para que ele entendesse que eles poderiam matá-lo a qualquer
momento. Charles não conseguia entender por que o Irmão
Lobo achava que Jonesy era uma ameaça, mas ele não
descartava os instintos de seu outro eu. Mesmo que o Irmão
Lobo nunca tivesse reagido a Jonesy antes ... mas então Hester
sempre estivera presente.
Diolch: Galês, significa obrigado.

Livro 5
Hester manteve o Fae na linha, concordou o Irmão

Lobo.
— Croeso , —Charles disse ao companheiro Fae de

Hester. — Não há nenhum custo para nossa ajuda para você
neste dia, —disse ele com cuidado, porque trocar palavras de
agradecimento com os Faes era perigoso. Ter o Fae lhe
devendo um favor era tão perigoso quanto dever ao Fae um
favor. — A minha palavra sobre isso. Esta é minha
companheira, Anna.
Jonesy olhou para o rosto de Anna, desviou o olhar,

depois olhou de volta, apertando os olhos como se ela fosse
brilhante demais para olhar. Então ele deu dois passos rápidos
que o levaram ao seu alcance, e ergueu a mão de repente para
tocar seu rosto com uma mão que tremia. Anna não se moveu.
Charles teve que lutar contra o Irmão Lobo para não

derrubar Jonesy no chão.
Anna podia se proteger—e, além da velocidade, Charles

não viu nada de ameaçador na ação de Jonesy. Ele tinha magia
Croeso: Galês, significa de nada.

Livro 5
suficiente em sua própria linhagem para sentir se o fae tentasse

qualquer coisa com poder.
— Oh, —disse Jonesy, maravilha em sua voz. — Ah, e eu

não ouvi que a companheira do filho do velho era um lobo
Ômega? E todos nós ficamos muito felizes que tal lobo corra
em nossas florestas. —O olhar que ele retornou para Charles
era de pura esperança. — Talvez ela possa ajudar? Hester não
tem sido ela mesma ultimamente.
Jonesy pode não ser um lobo, mas não havia dúvida de

que ele sentia algo de Anna. Charles reviu tudo o que já ouvira
de Jonesy—o que não era muito. Jonesy era ... diferente,
mesmo para um fae. Lento, Charles tinha ouvido falar, mas
observando-o agora, ele poderia dizer que não era isso. Mais
que ele interagia com o mundo um pouco torto de como a
maioria das pessoas fazia.
Anna sorriu para Jonesy e deixou que ele a tocasse. Mas

seus olhos estavam cautelosos. Talvez ela estivesse pegando
um pouco da cautela do Irmão Lobo—ou talvez ela mesma
sentisse algo. Mas esse apelo sincero para a segurança de sua
Livro 5
companheira ... isso era algo que Charles e o Irmão Lobo

compreendiam.
— Ela me salvou, —disse Charles a Jonesy. — Eu não sei

o que ela pode fazer por Hester. Meu pai acha que ela pode ser
de alguma ajuda.
Jonesy franziu a testa. — Eu não sei se Hester precisa ser

salva ...
Charles se adiantou um pouco para se colocar em uma

posição melhor para proteger Anna se ele precisasse. — O que
aconteceu? Por que você me chamou?
Jonesy piscou algumas vezes e deixou a mão cair para

longe de Anna, enquanto ele voltava sua atenção agora vaga
para Charles. — Eu te liguei? Eu liguei para o Marrok, eu
pensei.
— Eu atendi o telefone, —Charles lembrou.
Jonesy franziu a testa. Limpou a garganta e disse: — Você

é Charles. Sim. Está certo. Eu lembro. Por que eu liguei para
você?
Livro 5
Ele estremeceu, como se um vento que Charles não

pudesse sentir soprasse por seus ombros. Ele abaixou a cabeça,
fechou os olhos e disse claramente num sotaque britânico.
— Ela é minha zeladora, você sabe. Hester é.
— Eu não sabia, —disse Anna, colocando uma mão no

braço de Charles para pedir-lhe para deixar o interrogatório
com ela. — O que aconteceu com Hester, Jonesy?
Os olhos de Jonesy se abriram e ele pegou as duas mãos

de Anna.
Perigoso, disse o Irmão Lobo. Ele poderia machucá-la

mesmo que ele não quisesse.
Charles ficou tenso, mas não conseguiu se mexer quando

Anna colocou os dedos nas mãos de Jonesy. O toque pareceu
firmar o companheiro de Hester. Charles podia ver a agilidade
e a inteligência nos olhos do outro homem.
Perigoso, disse o Irmão Lobo, mas em silêncio, como se

não quisesse atrair a atenção de Jonesy.
Livro 5
Perigoso, sussurrou os espíritos nas árvores. Nosso. Perigoso.

Houve um prazer alegre e rancoroso nas vozes dos espíritos
que falavam com Charles—malvados e meio amedrontados.
Charles definitivamente teria uma conversa com seu pai

quando Bran voltasse. Eles teriam que ver quem mais era
muito mais perigoso do que ele já achava que eram. Charles
raramente subestimava as pessoas, mas ele certamente deveria
estar prestando mais atenção a Jonesy do que ele tinha estado.
E assim devia Bran.
— O que aconteceu? —Perguntou Anna, sua voz baixa e

doce. Ela não podia ouvir as vozes de advertência dos
espíritos, mas ela era inteligente sobre as pessoas. Ela sabia
pisar levemente.
— Ouvimos motores, —disse Jonesy depois de uma longa

pausa, como se o que vivesse dentro dele tivesse problemas
com o inglês. — Eles rodaram por toda parte. Eles não
conseguiram nos encontrar, não através do meu glamour, mas
eles não foram embora. Hester mudou para seu lobo, então eu
a segui. No caso de alguém necessitar ser capaz de falar.
Livro 5
Ele hesitou. — Eu pensei que eles eram apenas crianças,

sabe? Nós os pegamos de vez em quando—e geralmente
Hester pode assustá-los sem muita dificuldade. —Então, sua
voz ficou mais leve, quase feminina, quando ele obviamente

imitou alguém. — Um lobo gigante é assustador na floresta. Se as
pessoas têm uma boa maneira de sair, como um veículo motorizado, elas
o fazem. Caso contrário, podemos recuar até o Canadá sem ter que
atravessar a estrada principal. —Ele pigarreou, balançou-se para
trás e para a frente um pouco, depois dobrou os joelhos de
repente, deixando cair trinta centímetros ou sessenta de altura
com o movimento. Ele se equilibrou ligeiramente na ponta dos
pés, o Fae olhando para os olhos de Anna. Ele gentilmente
tirou as mãos dela.
Com uma voz rouca e faminta, ele disse: — Hester disse

para não matar ninguém. —Suas mãos caíram na terra e
cavaram nela. — Essa é a primeira regra, se vamos ficar
aqui. Eu não posso matar ninguém.
E ali estava, revelado, o predador que Irmão Lobo sentiu

desde que saiu do carro.
Livro 5
Anna manteve o olhar de Jonesy tão cuidadosamente

quanto ela segurou as mãos dele. Era algo que outro
lobisomem nunca teria feito. Olhar um estranho nos olhos era
o primeiro hábito que os novos lobos aprenderam a quebrar.
Não importa o quão duro você seja, há outras pessoas que

são mais duras. Até Charles não encontrava os olhos de um
estranho, a menos que ele tivesse uma boa razão—e não havia
um lobisomem fora de sua família imediata que ele tivesse
encontrado que pudesse fazê-lo desviar o olhar. Mas Anna era
um lobo Ômega que podia encontrar os olhos de qualquer um
sem despertar o outro para desafiar, seu olhar quente e
carinhoso, como uma chama de paz em um mundo de guerra.
Sob a simpatia peculiarmente eficaz de Anna, o corpo de

Jonesy relaxou e suas mãos pararam, embora ainda estivesse
agachado em uma posição que seria estranha se alguém menos
gracioso tivesse se mantido assim.
— Essas pessoas não ficaram com medo? —Perguntou

Anna.
Livro 5
Jonesy sacudiu a cabeça. — Havia algo sobre eles que fez

Hester dizer que eles estavam conectados às pessoas que
estavam sobrevoando a gente.
— Sobrevoando vocês? —Anna repetiu.
Ele assentiu com a cabeça, um gesto que começou com a

cabeça, mas continuou com os ombros e viajou pelo corpo até
os joelhos.
— Hester tem estado preocupada ultimamente. —Ele

virou o rosto, afastando-se do olhar de Anna como se isso
exigisse um pouco de esforço. Quando ele se libertou, ele
encontrou os olhos de Charles. — Ela diz que tem havido
muitas coisas voando. Espiando as coisas, observando nossas
florestas.
Talvez fosse pelo Irmão Lobo que vivia dentro dele, ou

que sua mãe tinha sido uma usuária de magia e seu pai tivesse
nascido de uma bruxa, ou simplesmente a iluminação do sol
de verão, mas nos olhos do homem Fae, Charles podia ver
Jonesy revelado pelo que ele era.
Livro 5
O homem exterior era simples e ... doce, e a criatura que

vivia dentro dele não era doce. E que algo dentro de Jonesy era
poderoso, sua magia uma densa bola de energia aprisionada
por dentro. Quanto poder, Charles não conseguia entender.

Muito. O monstro viu Charles olhando e sorriu com um
sorriso sanguinário, embora a expressão ansiosa de Jonesy não
tenha mudado nada.
— Muitas coisas voando? —Perguntou Anna, olhando

para Charles. Ou ela estava alheia ao monstro com quem
falava ou ela não foi afetada por ele. Com Anna era um chute.
— Você não seria capaz de ver este lugar do ar, —Charles

disse a ela. Ele usou suas palavras, seu olhar, para se permitir
deslocar o foco de atenção de Jonesy para Anna—para deixar
cair os olhos de Jonesy. O Irmão Lobo não teve reação a isso
além de alívio. Jonesy seria o problema de seu pai assim que
Bran voltasse. — A cabana está sob o manto da floresta.
Mas, como Hester, Charles ficou incomodado por terem

feito sobrevoos sobre eles. Especialmente, porque se tivesse
sido alguém que estava voando aleatoriamente sobre o
acampamento, eles provavelmente teriam passado por Aspen
Livro 5
Creek também. E Charles teria percebido se houvesse uma

quantidade anormalmente alta de tráfego aéreo sobre a cidade.
Houve uma certa quantidade de tráfico de drogas que

tentava chegar ao Canadá pelas estradas secundárias de
Montana. Às vezes isso gerou alguns voos inesperados em seu
território. Mas Charles acompanhava esse tipo de coisa e não
ouvia nenhuma conversa de seus contatos na DEA desde que
eles arruinaram uma rede de tráfico de drogas em Spokane
dois anos atrás. Havia alguns agricultores de maconha, mas
isso era legal no estado agora—e ninguém estava perseguindo-
os.
— Helicópteros ou aviões? —Perguntou ele a Jonesy.
— Coisas voando, —disse Jonesy, soando estressado. —

Eu não conheço 'helicóptero' ou 'avião'.
Spokane é uma cidade localizada no estado

americano de Washington, no Condado de Spokane. Foi fundada em 1871 e incorporada em 29 de novembro de 1881. Seu
nome original era Spokan Falls.
Livro 5
— Está tudo bem, —disse Anna, e o Irmão Lobo queria

rolar e aproveitar a onda de conforto e tranquilidade que ela
enviou. — Isso está bem.
Ele não achou que ela pretendesse direcioná-lo para ele.

Anna ainda estava trabalhando em controlar esse aspecto de
seus poderes Ômega. Havia momentos em que Charles
precisava que o Irmão Lobo estivesse alerta, especialmente
quando sua companheira estava tão perto de Jonesy.
Quando ela se preocupava com alguém, ela tendia a

acalmá-los, querendo ou não. Mesmo os não-lobos sentiam os
efeitos se chegassem perto demais dela.
O rosto de Jonesy perdeu as linhas que se reuniram em

torno de seus olhos, e o monstro dentro dele ficou menos feroz.
— Há quanto tempo Hester está preocupada com as coisas

voadoras? —Perguntou Charles.
— Uma quinzena, —disse Jonesy. — Não mais do que

isso.
Duas semanas. Aproximadamente o tempo que seu pai

havia partido.
Livro 5
— Então o que aconteceu? —Anna perguntou. — Onde

está Hester?
O rosto de Jonesy ficou de repente torcido e desumano, e

o monstro que vivia dentro do inocente disse em uma voz que
poderia ter vindo da garganta de uma montanha: — NÓS A
DEIXAMOS. PODERÍAMOS TER IMPEDIDO. PARADO TODOS ELES,
E ELA NOS MANDOU EMBORA.
Jonesy caiu de quatro, e Charles pensou que talvez sua

verdadeira forma Fae era algo com quatro patas. No
companheiro de Hester, essa postura era uma posição de força.
Anna estava muito acostumada a viver com monstros para

fazer mais do que recuar no volume de Jonesy, e mesmo isso
tinha sido muito leve. Os espíritos que se aproximavam
lentamente de Anna e Jonesy desapareceram, assustados com
a aparência crua do monstro.
Charles não se mexeu, apesar de sentir as vibrações

daquela voz subindo do chão sob seus pés. Jonesy estava
muito perto de Anna, e até o Irmão Lobo sabia que não era
Livro 5
melhor aumentar o estresse de Jonesy quando ela estava

vulnerável.
— Hester te mandou pra casa? —Perguntou Anna em voz

baixa. — Isso é difícil. Temos que ir ajudá-la, certo? Você tem
que nos dizer o resto, para podermos fazer isso.
E tão rápido quanto veio, a besta deixou o rosto de Jonesy.
Ele balançou a cabeça e levantou-se desajeitadamente.

Quando ele falou, foi meio um sussurro. — Ela disse: 'Vá
para casa, Jonesy. Vá para casa. Ligue para Bran.
Não, ele viajou. Ligue para o número dele e diga para
quem responder para vir aqui. Então você espera por
trás do seu glamour até eles chegarem. Vá, Jonesy'.
Charles sabia, porque Bran lhe dissera, que Hester podia

conversar com seu companheiro quando ela estava em forma
de lobo. O que ele achou mais interessante foram suas
palavras—ele não tinha dúvida de que ele havia dito o que ela
disse palavra por palavra—não soava como um lobo que tinha
ficado selvagem depois que ela matou um monte de intrusos
que invadiram seu território.
Livro 5
— Por que ela não poderia vir? —Perguntou Anna. Ela

ainda estava enviando ondas de conforto, levaria algum tempo
antes que ela pudesse controlá-lo novamente.
Charles tinha aprendido a lidar com isso. Seu poder fazia

o Irmão Lobo descansar, deixando a parte humana dele
completamente no comando. Às vezes era maravilhoso. Às
vezes, como quando ele estava no meio de uma briga, era
muito inconveniente. Mas já não era suficiente para jogá-lo por
um loop. Ele se perguntou se ela estava ajudando o controle de
Jonesy, imaginando o que teria acontecido se Charles tivesse
vindo aqui sem sua companheira.
Jonesy esfregou os braços como se estivesse com frio,

depois deu um passo para mais perto de Anna e relaxou um
pouco. O Irmão Lobo não gostou da mudança na
proximidade. De modo nenhum.
— Ela estava em uma jaula, —disse Jonesy. — Uma

gaiola de ferro e prata. Ela não conseguiu quebrar a prata e eu
não consegui quebrar o ferro. Uma armadilha. Eles não me
viram. —Ele sussurrou. — Ela me mandou para casa.
Livro 5
Jonesy era Fae, e qualquer que fosse o tipo de Fae, era

poderoso. Charles estava disposto a acreditar que, se Jonesy
não quisesse que alguém o visse, eles não seriam capazes. Ele
também acreditava que poderia ter detido o grupo de pessoas

que enjaulou Hester.
— Onde? —Perguntou Charles.
Jonesy apontou para o outro lado do vale. — Lá. Na

montanha. Cerca de três quilômetros daqui em linha reta. —
Ele se virou para olhar para o rosto de Charles, seu próprio
comportamento, uma expressão de tristeza. — Ela disse que
eu deveria esperar aqui porque sob nenhuma circunstância eu
poderia ser capturado.
Ele olhou para eles e disse num sussurro. — Eu poderia

destruí-los, você vê. Mas para fazer isso eu teria que quebrar a
minha palavra.
Perigoso, disse o Irmão Lobo, novamente.
— Nós fizemos um acordo, ela e eu. Um acordo com seu

pai. Uma casa aqui em troca de não usar o meu poder para o
mal.
Livro 5
Então Bran sabia o que Jonesy era. Charles ia conversar

com ele sobre isso. Jonesy baixou a cabeça. — Eu não posso
te ajudar. Eu não posso voltar com você. Se eles a machucaram
... —Ele olhou para cima, e o monstro estava de volta em seus

olhos, — eu mataria tudo no meu caminho da vingança. Não
haveria ninguém que estivesse a salvo de mim.
Anna, a corajosa Anna, estendeu a mão e tocou o rosto de

Jonesy. — Ela não está morta agora, —disse ela. Foi uma
declaração, mas o tom dela fez uma pergunta.
Jonesy sacudiu a cabeça. — Eu saberia. E eles não a

tiraram da nossa floresta. Ainda não.
— Ok, então, —ela disse a ele. — Nós seremos seus

representantes. Se estiver ao nosso alcance, vamos trazê-la de
volta segura. Se não conseguirmos, faremos com que eles se
arrependam do que tentaram aqui.
Jonesy assentiu com a cabeça bruscamente. Ele pegou a

mão de Anna e levou-a aos lábios. Charles viu os olhos do
outro homem e soube que era o monstro que vivia dentro de
Jonesy, que beijou a mão de Anna.
Livro 5
Charles teve que lutar contra o Irmão Lobo para respirar

uniformemente.
— Devemos ir, —disse ele.
Jonesy assentiu. — Eu vou esperar, —disse ele. E Charles

ouviu a promessa em sua voz. — Eu não quero decepcioná-la,
—disse Jonesy honestamente.
Hester, ele quis dizer. Charles entendeu a necessidade de

não desapontar a companheira.
Charles mudou para o corpo do Irmão Lobo. A

caminhonete seria inútil sem estradas através das árvores, e o
Irmão Lobo era mais rápido do que ele quando corria sobre
duas pernas. Doeu, mas ele puxou a mudança o mais rápido
que pôde. E isso significava mais rápido que qualquer outro
lobisomem no mundo. Ele torceu e expandiu para a verdadeira
forma do Irmão Lobo no tempo que levou para respirar fundo.
Não sendo um lobisomem nascido, Anna mudava na

mesma velocidade que a maioria dos lobisomens. Dado que
ela poderia correr em velocidade desumana, mesmo em dois
pés, não valeria a pena para ela tentar.
Livro 5
Anna achou necessário colocar isso em palavras de

qualquer maneira. — Vá, —ela disse a ele. — Vou te seguir.
Mas você será mais rápido. Vá em frente.
Pelas suas contas, havia pelo menos uma hora e meia

desde que Jonesy ligou. Ele não tinha certeza de que a
velocidade que ele tinha sobre ela seria importante, mas ele
não tinha certeza se não seria, também. Ele enfiou as garras na
terra enquanto corria para a floresta.
O Irmão Lobo escolheu seguir a trilha que Jonesy havia

deixado. Charles achava razoável supor que, como a trilha
atravessava a vegetação rasteira e as rochas e outros obstáculos
da floresta em uma linha incomumente reta e não seguia
nenhuma trilha desgastada, era o caminho mais rápido de
Jonesy para casa. O que significava que seria o caminho mais
rápido da casa de Jonesy para onde Hester havia sido tomada.
O Irmão Lobo ficou um pouco chocado com o fato de

Charles ter precisado descobrir algo tão inerentemente óbvio.
A rota direta levou-o através de dois afluentes—ou o

mesmo afluente duas vezes. O primeiro cruzamento era
Livro 5
estreito o suficiente para ele pular, mas o outro, muito largo

para fazer em um único salto, provou ser profundo também.
Profundo e rápido.
Essa travessia o atrasou.
Para compensar isso, ele redobrou a velocidade—e quase

correu direto para a pequena clareira onde Hester e seus
invasores com os quadriciclos estavam encurralados. Ele
conseguiu parar, mas apenas fazendo barulho suficiente que
atraiu a atenção do lobo preso.
A gaiola que a segurava fora colocada o mais longe

possível da borda da floresta. Era construída de placas grossas
de metal com aberturas pequenas e pesadamente gradeadas,
presumivelmente para deixar entrar ar. Se ele estivesse fazendo
uma gaiola para segurar um lobisomem—seria exatamente o
tipo de gaiola que ele escolheria fazer.
A coisa havia sofrido danos consideráveis, assumindo que

os lados da caixa deveriam ser planos. Em todos os lados
Charles podia ver protuberâncias ostensivas, onde alguma
coisa dentro dela as atingiu com força. Através da pequena
Livro 5
abertura de frente para ele, olhos dourados o examinaram sem

favoritismo.
Hester em forma de lobo era, como Anna, negra como

breu, embora os olhos de Anna fossem azuis. Fisicamente, o
lobo de Anna era magro e gracioso. Hester foi feita para a
guerra—embora ele tivesse que confiar na memória. Apenas
uma parte de seu rosto e seus olhos eram claramente visíveis,
o resto dela estava escondido atrás de metal amassado.
Mas ela não precisou de nada além de seus olhos para

comunicar sua fria desaprovação—como uma bibliotecária
pegando o olhar de uma criança fazendo bolas de goma de
mascar. Fazia muito tempo desde que alguém lhe dera um
olhar assim—e ele merecia isso por fazer tanto barulho.
Embora não tivessem atraído a atenção de ninguém,

exceto Hester, o Irmão Lobo foi humilhado. O
descontentamento de Charles foi temperado com diversão e
alívio.
Ele tinha medo que ele chegasse tarde demais. Isso, com
Hester em cativeiro, os homens nos quadriciclos já teriam
Livro 5
saído com ela, apesar da confiança de Jonesy de que ela ainda

estava lá. Esse tipo de operação dependia da velocidade.
Supondo que Hester fosse o alvo, eles já deveriam estar no
próximo país em vez de ficar esperando que os companheiros

de bando de Hester aparecessem e levassem essa batalha para
um nível diferente.
Quando Charles recuou com cuidado para as sombras da

floresta, o vento mudou um pouco e ele sentiu o cheiro de
gasolina. Ele se moveu um pouco mais para o lado e viu
porque eles não eram capazes de sair com Hester.
Os quadriciclos ficaram presos nos álamos que de algum

modo haviam crescido através deles enquanto estavam
estacionados. Um dos veículos estava a um metro e meio ou
dois no ar.
Não foram só os álamos, ele notou quando deu uma

olhada mais de perto. Um abeto havia subido no local e
perfurado o tanque de combustível de um dos veículos,
deixando o cheiro forte de gasolina no ar.
Livro 5
Ele geralmente mantinha seu conhecimento da outra parte

do mundo, o mundo espiritual, o mais fechado que podia. Ele
não podia se dar ao luxo de vagar distraído. Se algo quisesse
sua atenção, ele poderia dar um empurrão—e se houvesse algo

errado lá fora, o Irmão Lobo poderia sentir isso.
Vendo as ações antinaturais das árvores, Charles

instintivamente abriu seus sentidos. A terra tremia de
entusiasmo feliz, como um cachorro cujo dono acabava de
chegar em casa. O poder eriçou o pêlo ao longo das costas e o
Irmão Lobo esqueceu sua humilhação e ficou em alerta,
embora ambos soubessem que aquele que enervara a terra, que
fizera com que as árvores crescessem cem anos em questão de
minutos, estava esperando por eles na cabana de Hester.
Jonesy.
A quantidade de energia que teria sido necessário para

moldar as árvores com esse tipo de velocidade era
impressionante.
Livro 5
Perigoso, Irmão Lobo o lembrou, durante sua irritação

com a urgência, Charles lhe deu isso, fazendo-os perder a pose
na frente de Hester.
Uma vez que ele aceitou o tremor da empolgação da

floresta, outras coisas entraram em foco. Sob o fedor da
gasolina, Charles podia sentir o cheiro da carne e do sangue e
o começo da podridão. Alguém morreu aqui. Ele fechou o
presente de sua mãe porque era muito perturbador.
Em vez disso, ele confiou apenas em si mesmo e no Irmão

Lobo e reavaliou a clareira. Como ele e Anna tinham visto
antes, haviam três quadriciclos. Supondo que um deles
estivesse carregando a gaiola pesada que agora continha
Hester, cada um dos veículos tinha apenas uma pessoa.
Isso significava que os dois homens em couro de

motociclistas—o mais longe possível da gaiola—eram os
únicos entre Hester e a segurança. O Irmão Lobo deslizou
mais baixo em direção ao chão e cuidadosamente começou a
se mover ao redor da clareira com a intenção de se aproximar
e pegá-los de surpresa. Ainda vacilando sob a repreensão de
Hester, o Irmão Lobo ficou em silêncio absoluto.
Livro 5
— Você deveria ligar de novo, —disse o maior dos dois

homens.
Eles falavam em sussurros abafados, como se achassem

que alguém poderia estar ouvindo. Charles pensou nas árvores
que cresciam através de seus quadriciclos e o Irmão Lobo
sorriu. Isso daria a uma pessoa uma pausa, não é? Estar preso
no meio de uma floresta com alguém que poderia fazer isso
seria muito assustador. Se ele fosse um deles, ele estaria se
perguntando o que mais uma pessoa assim poderia fazer.
— O helicóptero está chegando, —respondeu o outro homem

em uma voz suave. — Mas essa clareira não é grande o suficiente
agora, e nossa segunda zona de pouso está longe demais para levarmos o
lobo por todo o caminho. A equipe de extração está vindo para ajudar.
— Eu ouvi tudo isso, também, —disse o homem grande, ele

parecia completamente assustado. — Mas o Boss vai ficar louco
que só temos um e não ambos. Ele queria os dois. Esta e seu companheiro
Fae. Talvez o Boss simplesmente nos deixe aqui para o Marrok nos pegar.
Boss significa chefe

Livro 5
— Edison, vá com calma, cara, —disse o outro homem, sua

voz calma e autoritária. — Nós temos a fêmea que ele queria. Não é
nossa culpa que o macho seja mais poderoso do que nos disseram.
Informação não era a nossa tarefa. A cabeça do outro que vai rolar por
isso.
E o vento mudou de direção apenas o suficiente para

passar por eles, trazendo seu cheiro direto para Charles. Irmão
Lobo levantou suas orelhas com raiva. Estes eram lobisomens.
Lobisomens atacando o bando de Bran em seu território.
Ao longe, Charles ouviu o característico thrum-thrum de

um helicóptero. Ele estava sem tempo.
Se eles tivessem sido humanos, ele teria lidado com eles

de forma diferente. Mas havia apenas uma resposta para os
intrusos lobisomens.
Mesmo assim, foi difícil.
Ele e o Irmão Lobo foram construídos para tornar os lobos

submissos seguros, esse era o propósito deles nesta vida, e o
grande homem era claramente um lobo submisso.
Livro 5
Sob quaisquer outras circunstâncias, ele teria matado o

dominante e dado a um lobo submisso o benefício da dúvida.
Um lobo submisso podia sentir que não tinha escolha a não ser
seguir as ordens que recebia. Mas este se envolveu em um

ataque no território do Marrok. Para isso não poderia haver
perdão.
Taticamente, ele deveria ter levado o outro lobo primeiro,

o mais dominante e, portanto, mais perigoso. Mas o Irmão
Lobo não queria saber nada sobre isso. Eles não podiam salvar
o lobo submisso, mas eles poderiam matá-lo o mais rápido e
limpo possível—ele cuidaria para que ele nunca tivesse a
chance de ter medo.
Silenciosamente, ele os perseguiu, usando a magia do

bando e magia de sua mãe e sua própria habilidade. Quando
ele se lançou para fora das árvores e pousou no grande homem,
os músculos não tiveram a chance de apertar antes que as
presas de Charles rasgassem o tendão e o osso que rachou sob
a pressão de suas mandíbulas.
Enquanto ele estava matando o primeiro homem, o

segundo homem levantou sua arma—uma arma que parecia
Livro 5
errada de alguma forma—com reações rápidas de lobo.

Charles havia considerado o segundo lobisomem em seus
planos, mas calculou que a surpresa de seu ataque lhe daria os
poucos segundos necessários para cuidar do primeiro lobo.
Alguém treinou este soldado para surpresas. Charles não

contava com isso, e isso iria matá-lo.
Irmão Lobo tentou pular de lado, mas ele deixou Charles

saber o que ele já sabia, que não havia um lobisomem no
planeta rápido o suficiente para se esquivar de uma bala. Eles
só podiam esperar que não fosse uma bala de prata ou algo
grande o suficiente para matá-lo de qualquer maneira.
Mas esses homens haviam entrado nesta terra para caçar

lobisomens, caçar Hester. Parecia provável que o que quer que
estivessem usando fosse capaz de cuidar dos lobisomens.
Houve um instante de dor ardente tão grande que causou

um som que vibrou em seus ossos, seguido de silêncio.
Livro 5
C harles acordou com o som de pedra batendo no metal e o
rosnado humano de sua companheira. Assumindo, pelas

palavras que ela estava usando, ela não havia se juntado a ele
no Céu, ele decidiu que não estava morto, embora ele não
pudesse descobrir como tinha sobrevivido.
Ele levantou a cabeça—e não se sentiu de todo agradável.

Mas não havia sangue, então, encolhendo-se contra a dor
espalhada pelo pensamento, ele rolou de pé e viu Anna
batendo na porta da jaula de Hester com uma pedra. Ele
também viu que o homem que havia atirado nele estava muito
morto.
Livro 5
Ele não poderia estar fora por muito tempo porque ele
podia ouvir o helicóptero, muito mais próximo agora, mas
ainda não em cima deles, sobre o canto de Anna. — Quebre.
Quebre. Quebre. Droga. —Ela não estava batendo na jaula em si,

mas no cadeado elegante e resistente na porta.
Um humano não teria tido a chance de abrir aquela

fechadura com uma pedra, mas Anna era um lobisomem. Ele
se levantou, todas as patas, quando a fechadura na porta da
gaiola quebrou.
Ignorando a fraqueza que ameaçava puxá-lo de volta ao

chão, ele trotou instável para o lado de Anna e se colocou entre
Hester e Anna enquanto ela tirava o cadeado do ferrolho,
soltando Hester.
Ele ganhou uma mordida no ombro pelo problema. Não

foi uma mordida desagradável, mas as presas de Hester se
cravaram, motivadas pela raiva de precisar de um resgate.
Hester não era o tipo de lobo que caia no chão e rolava de
barriga em sinal de gratidão.
Livro 5
— Pare com isso, —disse Anna, batendo no nariz de

Hester com força suficiente para que a velha loba soltasse
Charles e rosnasse para sua companheira.
Anna puxou a mão de Hester com um assobio, depois a

sacudiu. A prata no cadeado e da gaiola haviam deixado
bolhas nas mãos dela. Bater em Hester a machucou ainda
mais. Vendo-as, o Irmão Lobo rosnou para Hester e a afastou
para longe de sua Anna com um impulso que o outro lobo
reagiu involuntariamente.
Hester rosnou para ele desta vez, os olhos estreitando-se

furiosamente, agravado por sua reação involuntária ao seu
domínio.
— Charles, —disse Anna. — Por favor. Hester, estamos

tentando ajudá-la. Jonesy nos chamou. Vamos ficar sob as
árvores, onde eles não podem simplesmente atirar em nós do
helicóptero antes de tentarem matar um ao outro, ok? —Ela
olhou para o céu quando o helicóptero voou diretamente sobre
eles, baixo sobre a árvores, mas rápido. — Por que eles estão
apenas pairando em vez de pousar?
Livro 5
Ela tinha perdido o aviso de que a clareira não era grande

o suficiente para o helicóptero aterrissar—provavelmente
porque o pedaço que agora continha os quadriciclos estava
cheio de grandes árvores em vez de uma clareira.
Mas ela tinha um ponto. Charles tinha voado com

helicópteros suficientes para ter uma boa ideia de que tipo de
patos sentados os três eram aqui ao ar livre. Mas o helicóptero
não tinha sequer feito uma pausa enquanto sobrevoava.
Hester olhou para Anna. Charles a viu avaliando os

benefícios de ensinar Anna melhor do que dar-lhe um tapa no
nariz enquanto seu companheiro se distraía observando o
helicóptero.
Charles recuperou sua forma humana antes que Hester

pudesse fazer algo estúpido. Ela gritou e saltou para trás. Ele
não sabia se era a rapidez de sua mudança ou o fato de que ele
estava completamente vestido que a assustara. Nem era algo
que qualquer outro lobo pudesse fazer porque ninguém mais
era um lobisomem nascido em vez de transformado—e
nascido de duas pessoas que carregavam magia em suas veias.
Anna havia dito uma vez que, com sua herança, ele teve sorte
Livro 5
de não ter nascido roxo ou com um chifre de unicórnio, em

vez disso, ele conseguiu mudar em um piscar de olhos e
emergir todo vestido até os sapatos.
Ele decidiu ignorar tanto o sangue escorrendo de seu

ombro quanto o fato de Hester ter pensado em morder sua
companheira. A dor em sua cabeça tinha diminuído, a
mudança acelerou a cura com uma meticulosidade que lhe
disse que o Irmão Lobo havia decidido recorrer ao bando.
Ele franziu a testa para a clareira pensativamente. Pensou

em como o helicóptero agia, procurando alguma coisa ou
alguém, mas voando sobre eles como se não estivessem
interessados em seu povo ou nos lobisomens. Ou como se eles
não os tivessem visto.
— Jonesy colocou um glamour sobre este lugar? —

Perguntou ele a Hester. — E Jonesy poderia esconder sua
cabana deles sem escondê-la de mim e Anna hoje de manhã?
Talvez dificulte a localização do ar?
Hester bufou e deu a ele um rosto: "claro, idiota".

Livro 5
— Então, —Charles continuou, — eles não podem nos

ver, não podem ver um lugar para pousar, não importa o que
seus instrumentos estão dizendo a eles—se estão dizendo
alguma coisa para eles, —Charles disse a Anna. — Nós

ficaremos bem aqui por alguns minutos. Deixe-me fazer uma
busca rápida dos corpos. Eu preciso descobrir o que ele atirou
em mim.
— Isto, —disse Anna, puxando a arma com que ele tinha

sido baleado entre a parte de trás de suas costas e sua cintura.
De perto, parecia um cruzamento entre uma arma e um
Taser .
Ele pegou—ainda havia uma mancha de sangue nela.
Anna olhou para ele com olhos que mudaram de

castanhos para o azul de seu lobo. — Eu o matei, —disse ela,
com a voz rouca. — Ele machucou você.
Taser: Uma arma de eletrochoque é um

dispositivo não-letal capaz de emitir uma descarga elétrica de alta tensão e baixa corrente com o objetivo de provocar dor e
afastar um agressor.
Livro 5
Então ela enxugou as mãos nas pernas da calça jeans, e ele

notou que havia marcas de sangue no tecido que mostravam
que ela tinha feito isso antes.
Ela, mulher e lobo, sabia como matar porque ele a

ensinou. A melhor maneira que ele sabia para proteger sua
companheira era ensiná-la a se proteger. Charles e o Irmão
Lobo, entre eles, haviam matado centenas, se não mais ... mas
Anna não.
Ignorando os corpos que esperavam para serem

revistados, a arma e o helicóptero, que no momento não era
um problema, graças a Jonesy, ele tocou a bochecha de Anna.
Com um esforço, ele deixou Anna e seu lobo ver dentro dele
através de seu vínculo de acasalamento. Ele se deixou
vulnerável a sua companheira, então ela poderia saber que ele
entendia o que suas ações lhe custaram.
— Ele te machucou, —disse ela, e dessa vez os olhos dela

eram castanhos e não o azul do lobo. Ela sorriu, só um pouco
sombria, e disse: — Estes homens vieram ao nosso território e
nos atacaram. —Sua voz se apertou, e ela disse: — Atacou
você. Eu não estou arrependida.
Livro 5
Ela ouviu a mentira em sua própria voz e deu-lhe um

sorriso triste. Essa era a sua Anna, dura até os ossos.
Ele pensou que era uma arma quando o homem a puxou.

Mesmo acordar sem um buraco de bala não era garantia de
que isso não tivesse acontecido. Ele às vezes conseguia curar
uma ferida de bala comum rapidamente.
Mas esta não era uma arma que disparava balas. Ele pegou
e examinou. De perto, o dispositivo parecia mais um Taser
reforçado, mas não havia nenhum tipo de cartucho ou projétil.
— Certo? —Disse Anna. — É estranho. Eu pensei que

poderia ser um Taser—o jeito que você caiu. Uma espécie de
super-carga ou algo assim. Porque um Taser normal não fazia
muito além de deixar um lobisomem irritado. Mas não parece
um Taser—e não havia fios nem nada preso em você.
Ele apontou para o chão e puxou o gatilho—e quase

derrubou a coisa quando ela pegou energia dele e transformou
uma pequena planta em pó. Ele tirou o dedo do gatilho e olhou
para a pequena espetada deixada onde algo afiado o cortara
para disparar a magia. Ele o esfregou algumas vezes porque
Livro 5
havia um ponto entorpecido onde o alfinete havia entrado. Ele

teria se preocupado mais, mas o lugar estava de volta ao
normal.
A arma em si não parecia mais mágica do que antes de ele

puxar o gatilho.
— Magia de sangue, —disse ele a Anna—e Hester, que o

observava com os olhos cuidadosos. — Feitiçaria de um tipo
que nunca vi nem ouvi falar. O pai não estará muito, muito
interessado nisso?
Ele colocou a arma em sua parte inferior das costas, como

Anna tinha feito. A dor persistente que estremeceu através de
suas articulações estava diminuindo o suficiente para não o
atrasar se ele tivesse que se mover rapidamente. A planta
morta o fez se perguntar por que ele estava vivo e chutando—
não que ele estivesse reclamando disso. Talvez tenha algo a ver
com a diferença de tamanho entre ele e a planta. Ou talvez
apenas a quantidade de poder que conseguiu extrair dele—
magia nascida dos dois lados de sua herança parental.
Ele olhou para Hester. — Jonesy está por aqui?

Livro 5
O lobo levantou a cabeça e virou-se até que ela estava de

volta onde ela começou. Ela balançou a cabeça. Isso o
surpreendeu. Quando o helicóptero sobrevoou, ele supôs que
Jonesy os havia seguido. Um glamour tão grande era difícil de

manter a alguns quilômetros de distância ...
Eu lhe disse—perigoso, disse o Irmão Lobo.
— Ele está segurando o glamour sobre nós a partir de sua

cabana? —Perguntou Charles, só para ter certeza.
Ela encolheu os ombros e olhou em volta, como se

dissesse “as evidências apontam que sim.”
Em algum lugar a oeste, o helicóptero finalmente

encontrou um lugar para pousar. A menos que a magia de
Jonesy fosse diferente de outros glamoures que Charles tinha
visto, o inimigo provavelmente seria capaz de seguir qualquer
traço ou GPS que tivesse chegado até aqui, apesar do feitiço
de Jonesy. Somente os Lordes Cinzentos, trabalhando juntos
em grande magia, poderiam confundir tecnologia até que não
funcionasse. Ele considerou o alcance da magia de Jonesy.
Talvez o inimigo deles estivesse usando bruxaria. Embora
Livro 5
feiticeiros e lobisomens fossem inquietos companheiros de

cama, ele tinha provas na estranha arma que um lobisomem
havia usado nele—que seu inimigo estava disposto a misturar
poder.
Em outras circunstâncias, Charles teria esperado o

inimigo encontrá-lo. Mas a estranha arma de magia de sangue
empurrou-o para a cautela. Ele nunca tinha ouvido falar de tal
coisa antes. Ele não enfrentava inimigos sem mais
conhecimento sobre suas capacidades.
Ele fez uma busca superficial dos três cadáveres e

descobriu não mais do que o primeiro cadáver, aquele que
Hester supostamente matou, era humano. Nenhum deles
usava identificação ou tinha pistas úteis como crachás ou
tatuagens fáceis de descobrir. Suas roupas e armas (havia
apenas uma única arma de sangue de bruxa) eram boas, mas
não feitas sob medida.
Teria sido bom se eles pudessem chamar o bando e

conseguir reforços, mas nem ele nem Anna tinham trazido
celulares.
Livro 5
Duas vezes desde que ele e Anna se envolveram com o

governo em Boston, eles tiveram que sair e resgatar agentes
federais que ficaram presos nas montanhas. O primeiro par de
agentes não tinha sido culpa dele, ele e Anna os haviam

encontrado encravados em um afloramento rochoso no
caminho de volta de um passeio a cavalo. Como não havia
nada naquela velha estrada madeireira, exceto por alguns
excursionistas e cavaleiros desde a década de 1960, pensou que
estavam sendo caçados por ele e por Anna. Eles pareciam
adequadamente envergonhados quando os tirou de lá—e não
ficaram surpresos por sua capacidade de levantar a frente de
sua caminhonete, o que confirmou suas suspeitas.
Mas depois deles, ele estava prestando atenção à sua

retaguarda. O segundo par permitiu-lhes descobrir por que os
nativos de Montana não dirigiam em amplos prados e campos
planos nas altas montanhas, a menos que estivessem abaixo de
zero por algumas semanas. Charles conseguiu tirar as
pessoas—mas ele imaginou que o SUV poderia afundar ainda
mais na lama.
Livro 5
Depois disso, porém, Bran estabelecera uma regra de que

qualquer pessoa que fosse para o território de natureza
selvagem não poderia carregar um celular. As pessoas que
perturbavam os lobos especiais de Bran tendiam a não se

arrepender de seus erros. Bran preferiu não matar agentes do
governo involuntariamente.
— Vamos voltar para Jonesy, —disse Charles, quando ele

terminou a busca no último corpo. — Podemos tomar uma
decisão sobre nos escondermos na cabana e pedir reforços ou
simplesmente pegá-lo e ir para a casa do pai.
Estavam quase na metade do caminho de volta para a cabana

de Hester quando o som de um tiro ecoou pelas árvores.
Charles se jogou no chão quando um segundo tiro foi
disparado, notando que Anna e Hester haviam feito o mesmo
sem hesitação. Havia algo estranho sobre o movimento que as
Livro 5
duas fizeram, mas ele se preocuparia com isso depois que ele
cuidasse do perigo imediato.
A audição do Irmão Lobo disse a ele onde a bala atingiu a

árvore atrás de onde eles estavam. Porque ele tinha marcado a
casca em vez de bater no meio, Charles também tinha uma boa
linha de visão da casca quebrada que apontava de onde o tiro
tinha vindo—a favor do vento, motivo pelo qual ele não
cheirara ninguém.
Ele se desfez da arma trabalhada pelas bruxas, deixando-

a no chão. Então ele se levantou e mudou para lobo no mesmo
momento. A próxima vez que ele mudasse, seria mais lento,
mas com a adrenalina em seu sistema, ele ainda foi muito
rápido.
O atirador havia escalado uma árvore para ter a melhor

chance. Mas isso o deixou preso em uma árvore com um
lobisomem indo atrás dele. Não que isso importasse. No que
dizia respeito a Charles, assim que disparou o primeiro tiro,
ele estava morto. A árvore balançou sob seu peso quando
saltou de um galho para outro. O movimento imprevisível
Livro 5
significava que os dois tiros que ele apontava para ele fossem
perdidos—como ele calculou que ela faria.
Ele pareceu mais surpreso do que assustado. Ele

provavelmente pensou que lobisomens não podiam escalar
árvores. Os caçadores diziam o mesmo sobre os ursos
pardos—e isso também estava errado. Um urso poderia subir
tão alto quanto uma árvore iria segurá-lo. O que era bem
verdade para os lobisomens, e o Irmão Lobo podia ser grande,
mas ele era muito menor que um urso pardo.
O atirador era humano, e ele morreu rapidamente, caindo

da árvore para o chão com um estrago da vegetação rasteira.
Da árvore, Charles viu mais duas pessoas, presumivelmente
mais da equipe que os perseguira. Eles estavam tomando
caminhos separados para o lugar onde a mulher estava
atirando.
Separado por não mais que nove metros de floresta, ele

pensou. Apenas um deles olhou para cima, mas pela sua
expressão era óbvio que ele não viu Charles, quase cento e
Livro 5
quarenta quilos de lobisomem, na árvore. As evergreens eram

boas em quebrar formas sólidas. Os dois homens tinham uma
das mãos nos ouvidos numa pose clássica de eu tenho um
dispositivo de comunicação.
Charles caiu no chão muito mais silenciosamente do que

o corpo caído. O Irmão Lobo identificou aquele que parecia
ser o mais perigoso dos dois, e desta vez, Charles decidiu que
seria uma boa ideia matá-lo primeiro.
Sua familiaridade com a configuração da terra—mesmo

que tivesse meio século de idade—permitiu que ele se
aproximasse de seu alvo escolhido de um lado e a favor do
vento. Como os dois antes na clareira, este era um lobisomem.
Ele estava confortável na floresta—ele se movia como alguém
que estava acostumado a lutar em missões.
Ele caiu facilmente, no entanto, o único som foi o ruído

que sua espinha fez entre as presas de Charles.
Evergreen: Folha persistente, folha perene ou perenifólia, em botânica, é um atributo da

folhagem das plantas que mantêm as suas folhas durante todo o ano.
Livro 5
O terceiro, a partir do que os sentidos de Charles agora lhe

disseram, era um da equipe de ataque de três pessoas (assim
como o grupo inicial havia sido feito de três pessoas) havia
encontrado o corpo do atirador. Havia muitas árvores, e a

vegetação rasteira era muito espessa para Charles ver, mas ele
podia ouvi-lo falando em seu microfone de comunicação.
Enquanto ele deslizou pela floresta, aproximando-se do

homem por trás, Charles calculou que haviam decorrido
aproximadamente dois minutos entre o momento em que
ouviu o primeiro tiro. Ele tomou nota da informação que o
homem deu ao seu ... superior? Ou talvez apenas alguém no
helicóptero que Charles pudesse ouvir. O helicóptero ainda
estava no chão, mas, pelo som do motor, estava pronto para
decolar imediatamente.
— Esse é o relatório que ele me deu há alguns

minutos, —disse o homem.
Ele se afastou do atirador morto e estava correndo agora,

uma estrada que foi projetada para levá-lo direto para o
Livro 5
helicóptero. Charles poderia ter dito a ele que teria dificuldade

em atravessar o largo riacho que corria entre ele e seu objetivo.
Não que Charles iria deixá-lo chegar tão longe.
— Dois novos jogadores se juntaram, —disse o

homem, sem fôlego, apesar da velocidade com que corria. —
Um é quase certo de que é Charles Cornick, a menos
que você possa pensar em algum outro índio que
estaria nessas florestas. Minha equipe sumiu. Presumo
que a outra equipe tenha se sumido também. Me pegue.
Nós estamos FUBAR .
Charles podia ouvir a hélice do helicóptero, motores

ronronando. Talvez o homem soubesse do riacho. Havia uma
clareira (Charles tinha certeza) a uns quatrocentos metros de
onde ele estava seguindo o homem.
Era improvável que Charles pudesse abater o helicóptero.

Mas o homem era uma presa fácil.
21 F.U.B.A.R - Fucked Up Beyond All Recognition ‘Fodido além de todo reconhecimento’, é uma expressão para enfatizar o
fato de que não pode haver um limite máximo para ser fodido.
Livro 5
Ele capturaria este aqui, pensou Charles. Este era

humano, não um lobisomem invadindo seu território. O Irmão
Lobo não insistiria em sua morte. Este seria cheio de
informações interessantes. Ele deslizou silenciosamente pela

floresta, ele e o Irmão Lobo em uma caçada.
E então a terra retumbou, e os espíritos da terra se

levantaram com um uivo de raiva e perda. Ao lado de Charles,
um pinheiro mais velho que ele, talvez com dezoito metros de
altura, caiu com um rangido que sacudiu o chão novamente.
Levou um momento para Charles perceber o que havia

acontecido.
Charles entendeu que algumas de suas escolhas acabaram

de ser feitas para ele. O Irmão Lobo não permitiria que
nenhum dos agressores vivesse agora. O ruído de carne
quando o Irmão Lobo atingiu o último de seus inimigos no
chão também deve ter atravessado o dispositivo que o homem
usava porque o helicóptero mudou de direção abruptamente,
o ruído que ele gerou ficou mais suave e desapareceu para o
leste.
Livro 5
O Irmão Lobo deixou cair o corpo, terminou com sua

tarefa. Charles mudou para sua forma humana e franziu a testa
para o homem morto. Ele precisava salvar um deles. Um.
Então ele poderia tê-lo interrogado e descoberto quem estava

enviando equipes com backup de helicóptero para o território
do Marrok.
Mas ele teria que encontrar essa informação em outro

lugar. Dentro dele, o irmão Lobo rosnou, ainda furioso. A
terra se agitou novamente, um pequeno tremor e logo acabou.
Charles respirou fundo e começou a andar de volta.
Anna caiu assim como fez Charles. Ela rastejou até onde ele
jogou a arma de bruxa e a pegou. Era importante tanto como
uma pista quanto como a arma que alguém poderia usar contra
eles—como demonstrado não apenas pelo bom senso, mas
Livro 5
porque Charles a largou antes que ele mudasse para que ele
não fosse aonde suas roupas iam quando ele mudava.
Um rifle soou duas vezes. Ela estava certa de que o som

vinha do mesmo lugar que os tiros iniciais. Charles encontrara
o atirador deles. Um momento depois, ela ouviu um baque
quando algo pesado atingiu o chão com força significativa. Ela
esperava que não fosse Charles.
Mas preocupada ou não, ela continuou se movendo. Uma

vez que a arma estava bem escondida no cós da calça jeans,
ela se arrastou até onde Hester havia caído no abrigo da
vegetação rasteira, onde seu pêlo preto a tornara praticamente
invisível.
— Devemos nos aprofundar nas sombras, —Anna

sussurrou, sua atenção na floresta ao redor deles. Ela podia
ouvir os sons suaves de movimento se aproximando de sua
posição. Ela ainda não era tão boa quanto alguns dos antigos
lobos, mas podia distinguir muito bem a distância e a direção.
Livro 5
O aroma também deveria ser útil, e ela respirou fundo o ar

com cheiro de sangue. Nesse tempo, Anna notou que Hester
não estava apenas quieta—mas também imóvel.
Ela agarrou o lobo por qualquer lugar que pudesse

encontrar e arrastou-a mais para dentro dos arbustos, onde as
folhas lhes davam alguma cobertura contra qualquer franco-
atirador. Anna arrastou Hester para uma cama de folhas
velhas que cheirava a coiote, escondidas contra o vento em
uma rocha do tamanho de uma pequena casa.
Abrigada na saliência da rocha e nos galhos frondosos de

um galho de choupo , Anna procurou a ferida que deixava
Hester inerte e sem resposta. Ela o encontrou, um buraco mais
escuro na escuridão do pêlo preto de Hester, um buraco no
meio de sua testa. Hester não ia sair dessa.
As costelas do lobo se moveram, o ar sibilou, depois

Hester ... o cadáver de Hester, ficou. Um momento depois, a
Populus alba L. é uma espécie de choupos (ou álamos)

Livro 5
terra rolou, a terra deslizou da rocha a partir de cima. Anna

olhou preocupada para a rocha, mas, como um iceberg, tinha
certeza de que a maior parte estava enterrada no subsolo. Se
essa pedra rolasse, seria um sinal que o fim estava próximo e

que em nenhum lugar era seguro.
Anna agachou-se sob a rocha, atingida pela terra e pela

morte do lobo que acabara de conhecer, uma morte que podia
sentir deslizando por Bran e nas amarras do Bando, como a
queimadura gelada de uma sonda dental que deixou a
dormência para trás. Não tão ruim quanto quando um dos
membros do Bando de Marrok morreu, mas era ruim o
suficiente.
Depois de um segundo ofegante, a terra rolou pela

segunda vez, depois se acalmou. Foi uma quietude de espera.
Quase, Anna pensou que podia ver a floresta como seu
companheiro às vezes fazia, viva com os espíritos, todos
observando ... alguma coisa. Esperando.
Ela também esperou. Mas quando nada mais aconteceu,

Anna voltou sua atenção para Hester. Anna encontrou a bala
presa em uma massa de sangue e pêlo atrás do pescoço de
Livro 5
Hester. Ela desembaraçou-o, uma coisa pequena e destroçada.

Ele queimou suas mãos.
Se tivesse sido chumbo, provavelmente teria matado

Hester de qualquer maneira. Os lobisomens eram difíceis de
matar, mas não indestrutíveis.
Anna fechou os dedos ao redor da bala. Uma coisa tão

pequena para acabar com a vida de uma criatura que estava
viva quando o Mayflower zarpou. Poderoso ... feio ... e triste.
Os dedos de sua outra mão foram para o pêlo negro,

acariciando o lobo que não se importaria. Anna podia ouvir os
sons fracos quando os inimigos ao redor dela morreram, e ela
não podia sentir pena deles. Eles foram os únicos que
trouxeram a morte aqui.
Mas a arma escondida na parte de trás de suas costas a fez

se preocupar com seu companheiro. Ela ainda podia ver, no
Mayflower (em português, literalmente "flor de maio") foi o famoso navio que,
em 1620, transportou os chamados Peregrinos, do porto de Southampton, Inglaterra, para o Novo Mundo. Devido a uma série
de problemas no navio, os peregrinos (os primeiros colonos dos EUA) viram-se obrigados a regressar duas vezes, pouco
depois de zarpar, para o consertar.
Livro 5
olho da sua mente, o momento em que ele caiu—e apenas o

vínculo de acasalamento havia atestado que ele ainda estava
vivo. Hester, velha e inteligente, jazia morta ao lado dela. Em
um mundo onde coisas assim aconteciam, Charles também

podia morrer.
Foi apenas cinco ou seis minutos após o último tremor

antes que as folhas rangessem e Charles, em forma humana,
rastejou para o seu abrigo. A luz gotejava timidamente através
do dossel da folhagem acima de suas cabeças e tocava sua
trança e a extremidade de sua bochecha.
Desta vez, a camiseta dele era preta. Normalmente, as

camisas que ele usava quando sua magia o vestia eram
vermelhas. O preto significava que ele sabia sobre Hester,
Anna pensou, ou por causa do estranho conhecimento de sua
morte através dos laços de Bran com o bando ou a estranha
sensação de quietude que se seguiu ao último terremoto.
Terremotos não eram tão comuns aqui como na

Califórnia, mas o coração das Montanhas Rochosas era algo
vivo, e às vezes se movia. Mas o som da terra abaixo dela
parecia mais pessoal do que isso.
Livro 5
— O primeiro tiro atingiu-a na cabeça. —Anna disse a ele,

sua voz soando anormalmente calma para seus próprios
ouvidos. — Ela caiu antes do segundo tiro.
Os olhos de Charles, escuros e líquidos, observaram-na de

perto.
Ela limpou a garganta. Ela era um lobisomem, ela

lembrou a si mesma, alguém que estava acostumada a morte,
a verdadeira companheira de Charles Cornick, filho do
Marrok. Ela entregou a bala a Charles e fingiu que sua mão
não estava tremendo, que sua mão livre não estava enterrada
no pêlo preto e grosso de Hester, agarrando o outro lobo como
se liberá-lo indicava o fim de algo importante.
Sua voz era firme quando ela falou.
— Isso é o que a matou—parece estranho para mim. Não

é como as balas que nós disparamos.
Ela esqueceu de avisá-lo que era prata. Ele assobiou e

soltou a bala, então ele tirou o foco do rosto dela e deixou cair
em sua mão.
Livro 5
Sua pele estava cheia de bolhas, ela notou, seguindo o

olhar dele, mas isso aconteceu quando ela tentava abrir a porta
da gaiola de Hester. Agora, porém, a palma da mão estava
enegrecida e encrostada, escorrendo um líquido claro. Ela não

havia notado a dor até que viu as queimaduras.
Ela se curaria. Ela afastou a palma da mão do olhar de

Charles e escondeu a mão no pêlo de Hester. — Eu peguei a
arma de bruxa, —ela disse a ele. — Antes de perceber que
Hester estava com problemas.
Ele fechou os olhos e respirou profundamente, e

estremeceu com a tristeza que sentia, a emoção sangrando
através de seu vínculo de acasalamento. Charles Cornick era o
filho do Marrok, portador da morte, bicho-papão dos
lobisomens—mas ele não era um monstro. Ele também
lamentou a morte de Hester.
Ele murmurou algo em galês, língua nativa de seu pai, em

seguida, traduziu para ela. — O céu nos mantém longe do
destino que merecemos. —Quando ele abriu os olhos, eles
estavam secos.
Livro 5
Ele tocou o rosto dela com a mão nua e ela pôde respirar
novamente. — Você está ferida?
Sim. Ferida por pensar que ele estava morto, mesmo que
apenas por um momento, quando uma arma mágica o
derrubou. Ferida por matar um estranho. Ferida pela morte de
Hester sem a chance de se defender.
Mas isso não era o que ele estava perguntando. Ela não
achava que isso era o que ele estava perguntando.
— Ninguém atirou em mim, —ela disse a ele, porque essa

era a verdade. — Apenas em Hester. E você?
Ele balançou sua cabeça. — Nem um novo arranhão. —

Ele deu-lhe um olhar investigativo, em seguida, rasgou a parte
de baixo de sua camisa e envolveu-a em torno de sua mão.
Com a pele protegida, ele pegou a bala malformada que ele
havia jogado na vegetação morta que cobria o chão.
Prata não era como chumbo, mas era muito difícil

também. Balas de prata, então, não eram tão letais para
lobisomens quanto a lenda dizia. As feridas que faziam eram
mais como as feridas das flechas do que das balas de chumbo:
Livro 5
um buraco puro e limpo. Os lobisomens, em sua maioria,

curavam como humanos lentamente de tais feridas—mas
enquanto o buraco não estivesse no lugar errado, eles
sobreviveriam.
Bem entre os olhos era o lugar errado. Especialmente

quando a bala inexplicavelmente se comportou mais como
uma bala de chumbo do que uma de prata.
— Isso é de prata, —ela disse a Charles. — Então, por que

como cogumelo?
Não tinha realmente crescido exatamente. Em vez disso,

ele se abriu como uma flor com pétalas afiadas. Mas ela
imaginou que ele entenderia o que ela estava perguntando.
Ele franziu o cenho. — Winchester tinha uma bala

chamada garra preta que se deformava assim. —Ele olhou
para ela. — Quase no tempo que você nasceu. Parecia
aterrorizante, mas não era mais letal do que uma rodada
padrão de ponta oca. Menos letal, na verdade. Mas o aspecto
Winchester Repeating Arms Company é uma proeminente fabricante de armas de repetição fundada por Oliver
Winchester em 1855 em New Haven, Estados Unidos. Atualmente está sediada em Morgan, Utah. É mais conhecida pela
produção do rifle Winchester.
Livro 5
assustador vende para um certo segmento do mercado de

armas. —Ele lançou-lhe um olhar pesaroso. — Quando a bala
foi usada por um famoso serial killer na Flórida, Winchester
decidiu que eles não precisavam desse tipo de notoriedade e o

retiraram do mercado.
Ele olhou para Hester e os fantasmas se moveram em seus

olhos. — Alguém descobriu como usar esse design para fazer
uma bala de prata que se expande. Eu lembro de algo sobre ...
Ele fechou os olhos por um momento.
Um dos problemas que as pessoas cuja idade estava nos

três dígitos era que eles tinham muitas lembranças para
ordenar. Ela notou que às vezes itens importantes não eram
descartados até mais tarde.
Anna não foi prejudicada pelo peso de muitos anos. —

Você se lembra do vampiro em Spokane, aquele que Mercy
lidou há um tempo atrás? Ele não fez munição especial para as
comunidades sobrenaturais? Sua empresa produziu algo
assim? —Ela havia se lembrado da referência à bala dos anos
Livro 5
noventa que havia sido suspensa porque um serial killer a

tornara famosa.
Charles abriu os olhos e sorriu para ela. — Sim. Isso é o

que eu estava procurando. Você é útil para ter por perto.
— O mesmo que você, —ela disse a ele. — E havia alguma

conexão entre aquele vampiro e Gerry Wallace—aquele que
pagou a Leo para fazer lobisomens. —Ela pensou ter dito o
nome de seu primeiro alfa em uma voz firme, mas cada
músculo no corpo de Charles endureceu, e ele rosnou.
— Leo está morto, —ela disse com firmeza. — Mas o

homem do dinheiro, o cara com o dinheiro e algum tipo de
influência política que parece estar à espreita no fundo ...
Charles assentiu. — Porque Gerry não tinha esse tipo de

dinheiro—ou esses tipos de conexões. Gerry usou os pobres
lobos que Leo fez para tentar encontrar drogas que
funcionassem em nós. Essa parte foi tudo Gerry. Mas a pessoa
que sabia que Leo estava tentando manter sua companheira
viva transformando belos homens—e você—e matando os
membros do bando que se opunham, a pessoa que conhecia
Livro 5
Leo e estava disposta a fornecer aos lobos uma pequena

chantagem e dinheiro—aquela pessoa que não encontramos.
Ele é um fantasma—assumindo que ele é a mesma pessoa. Eu
sinto um cheiro dele agora e depois. Ele estava envolvido

naquele grupo de ex-membros da Cantrip que atacaram o
Bando de Columbia Basin . Ele poderia ter sido parte dos
negócios de Boston nos quais nos deparamos no outono
passado.
Ele jogou a bala no ar e pegou, seus olhos eram de um

ouro pálido. E então ele sussurrou pensativamente: — E aqui
está ele de novo, como você o chama? O homem do dinheiro.
Anna olhou para o lobo em que ambos estavam tentando

não pensar muito. Ou que ela estava tentando não pensar
muito, mesmo quando suas mãos tentavam confortar Hester e
ela mesma. — Por que estamos tomando um tempo agora? —
A Bacia de Columbia inclui a porção sudeste da província canadense da Colúmbia

Britânica, a maioria dos estados norte-americanos de Idaho, Oregon e Washington, a parte ocidental de Montana, e pequenas
porções de Nevada, Utah e Wyoming.
Livro 5
Perguntou ela. — Quero dizer, você geralmente não fala

enquanto há coisas para fazer.
Coisas como devolver o corpo de Hester para o seu

companheiro.
— Estou dando tempo a ele, —disse Charles. — A Jonesy.
— Ele sabe que ela se foi, —disse Anna.
Não tinha sido uma pergunta, mas ele assentiu mesmo

assim. — Os terremotos. Aqueles eram ele, eu acho. Devemos
esperar aqui um pouco mais. Velhas criaturas são perigosas
quando estão sofrendo.
Anna assentiu e desembaraçou as mãos do pêlo de Hester.

— Por que eles mataram Hester?
Sua voz soava muito pequena, mas não podia evitá-lo.

Hester não foi a primeira pessoa morta, nem lobisomem
morto, em que ela esteve por perto. Anna tinha matado
alguém hoje. Ela não deveria ter superando a morte até agora?
Ela era um lobisomem, certo? Ela não podia ficar abalada pela
morte de quase estranhos.
Livro 5
Ela limpou a garganta e tentou soar ... inabalável. Ou pelo

menos menos abalada. — Eles tentaram arduamente levá-la
com eles. Por que não esperar para ver se eles poderiam
capturá-la mais tarde?
A pergunta que ele respondeu não foi a que ela havia feito.
— Está tudo bem lamentar Hester. Ela vale o peso da sua
tristeza.
— Eu não a conhecia, —disse Anna. — Como posso ficar

tão triste quando não a conheço? Quero dizer, por que chorar
por ela e não aquele cara que eu matei? Eu não a conhecia
melhor do que a ele.
Charles levantou uma sobrancelha. — Você também não

está de luto por ele? —Ele perguntou com perspicácia. Mas ele
não esperou que ela respondesse sua pergunta.
Ele olhou para Hester, e disse: — Eu não sei por que eles
a mataram. Eu não sei por que eles vieram aqui ou o que eles
queriam. Mas eles estavam procurando por ela, por um
lobisomem feminino. Talvez porque ela era do sexo feminino,
talvez porque ela era Hester, e talvez porque ela e Jonesy
Livro 5
estivessem isolados aqui. Eles sabiam muito, nosso inimigo.

Eles sabiam que Jonesy é Fae, embora eles não tivessem idéia
do quão poderoso ele é. Meu pai estava preocupado com a
ameaça que Hester e Jonesy representavam—talvez ele

devesse estar um pouco preocupado com a vulnerabilidade
deles. Se Jonesy não tivesse nos chamado, demoraria meses
até que alguém aparecesse para ver como estavam.
— Precisamos saber se isso foi um incidente isolado, se foi

dirigido apenas a Hester e Jonesy. Ou se alguém—o homem
do dinheiro, talvez—está apontando para os lobisomens que
vivem em isolamento. —Anna disse, grata por algo para se
concentrar além da lobisomem morta, o homem que ela
matou, e Jonesy, cuja companheira estava morta.
— Sim, —disse Charles gravemente. — Tudo isso. —Ele

franziu a testa. — Eu poderia ter capturado o último. Ele era
humano. Mas o Irmão Lobo ... —Ele olhou para o corpo de
Hester e balançou a cabeça. — O Irmão Lobo achou que era
melhor ter certeza de que todos eles estavam mortos.
Livro 5
Ele ergueu o queixo e olhou em volta, com a cabeça

ligeiramente inclinada, como se pudesse ouvir algo que ela não
ouvia.
— Acho que podemos ir agora. —Charles ajoelhou-se e

levantou o corpo de Hester até que ele a carregou como um
bombeiro . Ele recuou da vegetação rasteira e ficou em pé
assim que pôde. Ele esperou até que Anna estivesse ao lado
dele, então começou a voltar para a cabana.
Seu companheiro era gracioso no terreno íngreme, sem

hesitação quando pisou em mata caída ou ao redor de pedras.
Ele não escorregou, não fez nenhum barulho involuntário,
enquanto carregava a enorme loba velha.
Utilizado pelos bombeiros chamado de “Fireman's Carry”. É uma forma

eficiente de distribuir o peso da vitima possibilitando assim de carregar a pessoa.
Livro 5
Anna fora criada no subúrbio de Chicago . O mais perto

que ela chegou das montanhas eram as colinas em Wisconsin ,
onde ela passara alguns verões em acampamentos no ensino
médio. Em forma de lobo, ela era quase competente. Mas seus

pés humanos gostavam de se enfiar sob as raízes das árvores e
de bater em pedras, especialmente quando ela não conseguia
enxergar, porque as lágrimas estúpidas continuavam jorrando
toda vez que ela deixava seus olhos se demorarem na
lobisomem morta.
— Deveríamos estar preocupados com Jonesy? —

Perguntou Anna. — Quando nos aproximarmos da cabana, eu
quero dizer?
Chicago é a cidade mais populosa do estado de Illinois,

nos Estados Unidos. É a sede do Condado de Cook, o segundo condado mais populoso dos Estados Unidos depois do Condado
de Los Angeles, na Califórnia. Possui menos de 1% de seu território no Condado de DuPage.
O Wisconsin é um dos 50 estados dos Estados Unidos,

localizado na região norte do país. O Wisconsin possui um dos maiores rebanhos de gado bovino do país. O estado é o maior
produtor nacional de queijo e manteiga, e o segundo maior produtor de leite do país
Livro 5
Charles hesitou, depois disse: — Devemos sempre nos

preocupar com alguém tão velho e consumido quanto Jonesy.
Qualquer outro dia, Anna teria perseguido essa falta de

resposta. Mas ela estava se sentindo como se tivesse sido
derrubada e não conseguisse encontrar o equilíbrio, então ela
deixou passar.
Mas ele esclareceu sua resposta de qualquer maneira. —

Você deveria ficar perto. Tanto por mim quanto por você.
Leah estava certa, trazer você foi uma boa ideia. Isso pareceu
ajudar Jonesy.
— Como é isso? —Ela perguntou atrás dele. — Eu notei

isso também. Normalmente, eu só tenho esse tipo de efeito em
lobisomens.
— Não, —disse Charles. — Eu teria dito que você afeta os

lobisomens com mais força. Mas vendo Jonesy com você—
você o afetou tanto quanto você afetou qualquer lobisomem.
Pode ser porque ele é o companheiro de um lobo. Ou alguns
dos Fae são metamorfos …
Livro 5
Anna olhou para a frente para ver o que o distraiu. Eles

tinham acabado de concluir uma subida, e as árvores tinham
diminuído, para que ela pudesse ver o vale com a cabana de
Hester e Jonesy.
As flores alegres que pareciam flores de girassol, que

estavam apenas nas caixas de flores, agora apareceram por
todo o vale, não densamente, como as papoulas no Mágico de
Oz , mas em pequenas manchas aqui e ali. Talvez ela
simplesmente não tivesse notado antes.
— Essas são flores novas? —Ela perguntou.
— Sim.
Elas eram bonitas, reunidas como buquês naturais, não

elegantes o suficiente para serem bonitas, mas um pouco
aconchegantes e charmosos. Caloroso e acolhedor. Elas não
deveriam ter causado o medo em seu estômago.
O Mágico de Oz é um filme americano de 1939, produzido pela Metro-Goldwyn-Mayer. É

baseado no livro infantil homônimo de L. Frank Baum,[6] no qual a garota Dorothy é capturada por um tornado no Kansas e
levada a uma terra fantástica de bruxas, de leões covardes, de espantalhos falantes e de muito mais. Estrelado por Judy
Garland, Frank Morgan, Ray Bolger, Jack Haley, Bert Lahr, Billie Burke e Margaret Hamilton.
Livro 5
A pequena cabana estava quieta. Nenhum Fae de fala

mansa saiu para cumprimentá-los. Charles passou direto da
cabana sem diminuir a velocidade. Ele levou Hester para a
traseira da caminhonete e esperou, sem dizer nada.
Ela deixou cair a tampa da porta traseira, esperando que

ele deixasse o corpo de Hester, depois o empurrasse pelo resto
do caminho. Em vez disso, ele pulou na traseira, em seguida,
colocou o corpo do lobo para baixo como se ela ainda pudesse
se machucar se ele não cuidasse.
Anna colocou os braços ao redor de sua cintura,

observando-o. — Ele também está morto, —disse Anna em
voz baixa. É por isso que esperamos. É por isso que ele não
estava realmente preocupado com Jonesy quando eles estavam
trazendo sua companheira morta de volta para ele.
Charles pulou da caminhonete e pousou levemente ao seu

lado. Quando ele falou, sua voz estava pesada. —
Provavelmente.
E lembrou-se de que seu pai deixara Hester e seu

companheiro nas mãos capazes de Charles. Suas vidas foram
Livro 5
suas para proteger, e Charles levava suas responsabilidades

muito a sério.
Ele caminhou sem pressa para a cabana. Ela notou que ele
não pisou em nenhuma das flores, por isso teve o cuidado de
não fazer isso também.
A porta estava destrancada.
O interior da cabana era limpo e aconchegante. Um par de

cadeiras de balanço perto da lareira, estantes de livros
empilhadas com livros gastos, alguns deles encadernados em
capas de couro, outros modernos. Havia um pequeno tear com
o início de um tecido de apenas alguns centímetros de
comprimento, um verde claro de espuma do mar.
Ela podia sentir o cheiro deles aqui—Hester e Jonesy—

mas os únicos sons eram os que ela e Charles faziam. A casa
parecia vazia, como se ninguém tivesse vivido aqui em muito,
muito tempo. Sem respiração, sem batimentos cardíacos, sem
os pequenos ruídos que vêm com movimento e vida. Essa falta
não a impediu de sentir que ela estava violando o espaço
privado de alguém que ela não conhecia.
Livro 5
O andar principal era um só ambiente, mas havia um sotão

em mais da metade dele. Charles subiu os degraus da parede
que dava acesso ao sotão, mas quando a cabeça dele descobriu
a saliência e ele pôde ver, ele simplesmente balançou a cabeça

e caiu no chão sem se preocupar em usar os degraus na
descida.
— Aqui, —disse Anna. Ela sussurrou porque parecia

apropriado— como se estivessem em uma biblioteca ou jardim
particular, onde o barulho poderia incomodar outra pessoa.
Havia um alçapão no canto da sala mais afastado da porta,

ao lado da porta do banheiro. Estava fechado, mas não em
uma tentativa de escondê-lo.
Charles passou a mão lentamente sobre ele, perto, mas

sem tocar. Procurando, Anna pensou, por uma armadilha,
mágica ou não. Quando terminou, ele abriu a porta e usou um
gancho na parede para mantê-la aberta.
Livro 5
Uma escadaria estreita e sinuosa caiu na escuridão abaixo.

Todos os degraus e longarinas eram esculpidos com animais
fantásticos, a longarina era de pinho e os degraus eram de
madeira clara semelhante com um grão diferente. Era uma

obra de arte.
Não era tão escuro que o lobo de Anna não pudesse ver
enquanto seguia Charles até o porão. Como no andar
principal, havia apenas um quarto no porão, dominado por
uma grande cama no canto. Ela ouviu o som de um fósforo
sendo acendido.
Havia uma lamparina a óleo numa pequena prateleira ao

lado da escada. A iluminação parecia ser um assunto
complicado, mas Charles não teve problemas. Ela supôs que
ele acendera muita lamparina de óleo antes que a eletricidade
se tornasse comum.
A lamparina era mais brilhante do que ela esperava e,

quando Charles a ergueu, ela iluminou o quarto inteiro.
Longarina é: Viga de sustentação em que se apoiam os degraus de uma escada ou uma série de estacas.
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A cama não tinha cabeceira nem plataforma. A colcha era

feita à mão, uma colcha de retalhos antiga, do tipo que os
pioneiros costumavam fazer quando cada pedacinho de tecido
era precioso, então tudo havia sido usado.
De um lado da cama havia uma faixa de terra preta e

profunda que faria Asil, o jardineiro obcecado pelas rosas do
bando, cantarolar de prazer. Ela podia cheirar tanto quanto ver
que misturado no chão havia algumas folhas ainda verdes e
vestígios de flores.
Deitado e meio enterrado no chão entre a cama e o

colchão havia uma espada.
A espada não era uma bonita peça de filme. Foi feita para
matar coisas ao invés de impressionar uma audiência. A
lâmina, curta, larga e em forma de folha, era quase preta, assim
como a guarda cruzada , talvez por causa da idade— mas
Guarda cruzada: em uma espada, o crossguard (em inglês) ou cross-guard,

também conhecido como quillon, é uma barra de metal perpendicular à lâmina, colocada entre a lâmina e o cabo. O crossguard
foi desenvolvido na espada européia por volta do século 10 para a proteção da mão do usuário
Livro 5
parecia que poderia ter sido carbonizada em um fogo muito

quente.
O punho parecia de couro, velho e rachado, como uma

relíquia há muito abandonada. No final do pomo, uma pedra
preciosa grosseira do tamanho de uma noz brilhava, uma coisa
de beleza que contrastava com a cruel ferocidade do resto da
arma. Poderia ser safira, topázio azul ou outra pedra azul
profunda.
Charles abaixou a lamparina e puxou a espada para fora

da terra e do colchão em um movimento cuidadoso, jogando
todas as partículas de material de volta para a colcha. Quando
a soltou, colocou-a de volta, paralelamente à terra, mas a um
palmo de distância, com cuidado para tocar apenas o couro do
cabo. Houve uma solenidade em sua ação que confirmou sua
suspeita.
— Jonesy? —Ela disse. Ao morrer, os corpos de alguns

dos Faes, especialmente os muito antigos, faziam coisas
inesperadas—como tornar-se terra e matéria vegetal.
Charles assentiu.
Livro 5
— Você sabia que ele faria isso? —Perguntou ela. — Você

deu tempo a ele? —Ela não sabia como se sentia sobre isso.
Charles encontrou seu olhar. — Não. Sim. Talvez. Eu

acho que ele esperava que fosse destruído por esta montanha
e, possivelmente, muito mais do que isso—especialmente se
ele tivesse uma audiência. Queria dar-lhe tempo para tomar
uma decisão diferente, manter sua palavra para Hester, que ele
não faria mal a ninguém.
Charles ligou para casa do seu pai pelo telefone da cabana e

organizou uma equipe de limpeza. Ele teve sorte que foi Sage
quem o atendeu: ela era toda negócios, não havia nenhuma das
manobras políticas que Leah era propensa.
Desde que ele estava conversando com Sage, ele podia

observar a sua companheira através da grande janela na sala
principal da cabana. Anna estava encostada na caminonete,
Livro 5
olhando para o presente de despedida de flores de Jonesy, ou

as flores que a terra dera a Jonesy como presente de despedida.
Ela tinha sido ferida e ele não estava falando sobre as

feridas que haviam sido feitas com a prata ou aquelas feitas
com as balas voadoras. Sua companheira foi ferida e, apesar
de todos os seus esforços, ele não foi capaz de detê-lo.
Se ela nunca tivesse se tornado vítima do desespero do

bando de Chicago, quem seria ela? Ela teria encontrado outra
pessoa? Um garoto da idade dela? Doce e forte, cheio de
esperança—sem ter séculos de matança? Ela poderia ter feito
uma casa com outro homem? Ela teria um cachorro, dois gatos
e dois ou três filhos?
A única coisa que ele sabia com certeza era que Anna não
estaria chorando por causa de dois lobisomens mortos, um a
quem ela tentou salvar e outro a quem ela havia matado.
Irmão Lobo bufou com a auto-indulgência de Charles. E

talvez ela estivesse chorando pela morte de outra pessoa
que ela não conseguiu salvar. O luto não é exclusivo dos
lobisomens.
Livro 5
Ainda mais indignado, continuou o Irmão Lobo. Talvez

ela tivesse encontrado um serial killer para se casar,
talvez ela tivesse se casado com uma alma gentil como
ela e sempre se perguntaria por que ela estava tão

entediada. Mas ela não fez. Ela nos encontrou. Ela não
precisa encontrar a mais ninguém.
Charles sentiu o Irmão Lobo se mexer inquieto dentro dele

até encontrar alguma segurança em meio à culpa de Charles.
Ela teria nos encontrado mesmo que nunca tivesse

conhecido Leo ou Justin. Não havia dúvidas no Irmão Lobo.
Ela sempre foi nossa. Ela sempre será nossa.
— Charlie?
A voz de Sage foi uma tentativa de pergunta onde ela tinha

sido toda negócios antes. A mudança trouxe sua atenção de
volta à conversa deles.
— Sim?
— Você já ouviu falar de Bran? Quero dizer, todos nós a

sentimos morrer através dele. Leah pensou que ele ligaria para
Livro 5
casa para ver o que aconteceu, mas ele não ligou. Ela tentou seu
celular, mas foi direto para o correio de voz. Eu sei que ele deve
estar fora do país, mas o telefone dele é um telefone via satélite.
Deveria funcionar onde quer que ele esteja.
Charles franziu a testa. — Nós dois deixamos nossos

celulares em casa. Eles estão no escritório, você pode
verificar para ver se ele ligou.
— Nós sabemos, nós já fizemos isso. E não houve nada. Nós

esperávamos que talvez ele tivesse entrado em contato de outra
maneira.
Se algo tivesse acontecido com seu telefone, Bran poderia

falar com o bando mentalmente. Ele não podia ouvi-los em
troca, mas ainda era uma coisa útil.
— Não. —E não era muito estranho? E muito diferente do

Bran. Quase tão diferente de Bran quanto tirar férias na África.
Sage gritou, então a voz suave de Tag disse: — O que você

fará com o corpo de Hester e o que sobrou de Jonesy ...? Ele era do
tipo que deixaria um corpo.
Livro 5
Charles fez uma pausa. Ele ia levar Hester de volta para

cremação e enterro—o mesmo que para qualquer membro do
bando que não tivesse outra família para tomar decisões por
ela. Tag parecia que conhecia Hester e Jonesy muito melhor

do que Charles, o suficiente para saber o que aconteceria com
o corpo de Jonesy.
— O que você acha que devemos fazer? —Ele perguntou

porque Tag não teria manifestado a questão sem ter uma
opinião.
— O povo de Hester queimava seus mortos com suas casas e

posses—libertando seus espíritos do mundo mortal. —Tag era
celta o suficiente para fazer aquele som poético e teimoso o
suficiente para insistir nisso agora que Charles pedira sua
opinião.
Charles não deveria ter perguntado.
— É alto verão, —disse ele a Tag. — A cabana fica no

meio da floresta. Se começarmos um incêndio aqui, teremos
a floresta inteira em chamas.
Livro 5
Tag fez um som negativo. — Com todo o respeito, —disse

ele. — Mas aquela cabana tinha um aceiro ao redor. Eu limpei
isto esta primavera eu mesmo. Tivemos chuva na semana passada,
então a vegetação está molhada. Se acendermos à noite, podemos

prestar atenção às faíscas perdidas.
Tag tinha sido o contato de Bran com Hester e Jonesy,

Charles percebeu. Bran gostava de fazer isso. Dê aos selvagens
um contato no Bando que não seja ele mesmo, na esperança
de ajudar o selvagem a permanecer estável. Normalmente,
essa outra pessoa era Charles, Leah ou Asil. Se não fosse um
deles, ele deveria pelo menos ter escolhido um lobo mais
estável que Tag, que estava prestes a se tornar um selvagem ...
mas se os dois lobos se conhecessem de um tempo anterior,
faria algum sentido.
Lá fora, Anna tirou o cobertor de emergência da

caminhonete e subiu na traseira da caminhonete. Ela sacudiu
Aceiro, atalhada ou sesmo é o desbaste de um terreno em volta de propriedades, matas e

coivaras, para impedir propagação de incêndios, etc.
Livro 5
o cobertor e então, com um movimento gracioso de seus

pulsos, virou-o para cobrir Hester.
— Ela era velha, —dizia Tag. — E difícil. Ela sobreviveu a

coisas que fariam sua pele vermelha ficar cinza—e ela fez isso com
estilo. Em seus próprios termos. Ela merece o que podemos fazer
por ela.
— Eu concordo, —disse Charles. — Diga a Sage que

mudei de ideia. Ainda vamos reunir todas as coisas aqui
para conferir—mas também será um funeral. Vamos
precisar de comida e bebida. Combustível suficiente para
queimar a casa até o chão.
— Gasolina ou diesel? —Tag perguntou, quando Anna

entrou na sala de estar de Hester.
— Pergunte a Asil. —disse Charles.
— Asil? —Tag disse, em dúvida. — Ele é velho. Mais velho

que eu. O que ele sabe sobre colocar fogo em uma casa?
Sage disse algo que Charles não conseguiu entender.

Livro 5
— Oh, tudo bem, —disse Tag. — Está tudo bem então. Vou
garantir que Asil saiba que ele está encarregado do fogo. Não se
preocupe. Nós vamos organizar isso.
Sage pegou o telefone de volta. — Não se preocupe, —ela

disse secamente. — Leah e eu vamos organizar isso.
Livro 5
O Bando veio de dois e dois, em carros com tração nas quatro
rodas, em motocicletas, ou dirigindo vários ATVs. Tag veio

em sua retroescavadeira .
Primeiro eles recuperaram os corpos dos invasores.

Aqueles foram para a caminhonete de Charles, todos os seis,
enquanto o corpo de Hester foi transferido para a cabana. No
momento em que terminaram, o bando inteiro estava presente.
Retroescavadeira ou Retroescavadora é um trator ou máquina de

terraplenagem equipada com uma pá carregadeira montada na frente e uma pequena concha na traseira do veículo. Diferente
de um trator de pneus, que é usado para puxar cargas a retroescavadeira é empregada nas construções urbanas e rurais.
Livro 5
Charles encarregou Leah de encontrar uma maneira de

recuperar os quadriciclos, agora parte da floresta, fora, saíssem
sem deixar sinais óbvios de que a magia havia sido trabalhada
ali. Era obviamente o trabalho mais difícil e, para sua surpresa,

ela lidou com isso com entusiasmo.
Ele tinha lisonjeado ela, ele percebeu, na frente do bando.

E como resultado, ela nem se ressentiu de ele dar as ordens a
ela. Talvez Anna estivesse certa quando disse que Leah não
era a única razão pela qual ele e sua madrasta tinham
dificuldades um com o outro.
Leah pegou meia dúzia de lobos e, eventualmente, várias

motos-serras. Demorou algumas horas, mas a retroescavadeira
de Tag tinha a gaiola em que Hester estava presa, bem como
um dos quadriciclos. A caminhonete de Leah carregava os
outros três—cortados em pedaços. Mesmo removidos da
floresta, os veículos mutilados eram uma visão estranha.
Pequenos vazamentos metódicos de vários fluidos
testemunharam que eles estavam em funcionamento, mas
todos eles tinham pedaços de árvores recém-cortados que
cresciam através do metal.
Livro 5
Charles não sabia exatamente o que ele faria com eles. O

que ele não ia fazer era colocá-los no quintal do seu pai como
peças de arte—como Sage havia aconselhado.
A sugestão de Tag de descobrir a quem eles pertenciam e

devolvê-los era melhor, embora a maneira como Tag queria
fazer isso parecesse um pouco complicado. E violento.
Irmão Lobo estava de acordo com Tag.
Enquanto a equipe de Leah cuidava dos quadriciclos,

Charles reuniu a maior parte do resto do bando limpando a
área ao redor da cabana de qualquer coisa que pudesse ser
queimada. Ele enviou o resto para encontrar qualquer
evidência da invasão, qualquer coisa que pudesse dar uma
pista sobre quem eram essas pessoas e sobre o que elas
queriam. Eu não esperava que eles encontrassem muita coisa,
as pessoas que mataram hoje pareciam bastante profissionais.
Os profissionais não deixam pistas se puderem evitá-lo.
É por isso que ele ficou surpreso quando Asil voltou quase
imediatamente para informar que havia encontrado
dispositivos eletrônicos de vigilância nas árvores. Charles
Livro 5
pediu a Asil que deixasse os outros lobos na caça de evidências

saberem que deviam procurar por mais equipamentos
eletrônicos. Assim que isso foi feito, Charles retirou Tag de sua
retroescavadeira e recrutou Anna para ajudar os dois.
Ele e Tag, porque sabiam o que estavam vendo quando se

tratava de tecnologia. Anna porque ela o mantinha
equilibrado.
Os acontecimentos do dia—o fato de Hester e Jonesy

terem morrido enquanto estavam sob sua proteção—haviam
deixado o Irmão Lobo fora de si. A maioria do bando o temia,
por um motivo ou outro. Normalmente, não teria sido um
problema, mas agora os outros podiam sentir a raiva do Irmão
Lobo. Seu medo crescente enfureceu mais o Irmão Lobo,
criando um efeito desagradável de bola de neve.
Anna suavizou as emoções de todos, então ela não acabou

matando algum idiota pelo crime de dar um passo na frente do
Irmão Lobo na hora errada. Algum idiota que ele deveria estar
cuidando de seu pai, que não contatou ninguém sobre a morte
de Hester.
Livro 5
Irmão Lobo não gostou que eles não tivessem ouvido falar
de Bran tampouco.
No lado bom, como se viu, nenhum dos equipamentos de

vigilância por bateria ou energia solar que encontraram era
funcional.
— Jonesy provavelmente os eletrocutou, —disse Tag a seis

metros de altura em um pinheiro contorcido, onde usava uma
furadeira movida a bateria para extrair uma câmera de sua
posição na árvore. — Ele deveria ter contado a Hester, mas ele
nem sempre contava tudo a ela. Ele não queria preocupá-la.
Ter um poder divino incrível significava que nada o
preocupava muito, mesmo que devesse.
— Eletrocutou , —disse Charles secamente.
Tag feito um som de estalo com a boca. Ele gostava de

parecer idiota, mesmo na frente de pessoas que sabiam que ele
não era. — Eletrocutou. É por isso que as entranhas estão
todas derretidas e a avançada estação remota de visualização
Nuked em Ingles, significa, explodido, dizimado, destruído, eletrocutado, aniquilado ...

Livro 5
está intacta. A única maneira que posso pensar dele fazendo

isso é uma eletrocução mágica.
Ele conseguiu tirar a câmera da árvore naquele momento

e abriu a caixa. Nenhum dos componentes eletrônicos foi
comprado em loja. Este era um equipamento construído a
partir de componentes por alguém que sabia o que estava
fazendo. Isso significava que alguém, alguma pessoa, havia
tocado o interior com as mãos.
Tag levou a câmera aberta ao nariz para pegar um bom

cheiro, recolocou o invólucro para preservar o cheiro e, em
seguida, jogou-o para baixo.
Charles o pegou, depois demorou um momento para

reabrir a caixa e sentir um bom cheiro da própria câmara
arruinada. Por fora, cheirava apenas a floresta, mas dentro ...
a fraca camada de ozônio de eletrônicos queimados e o cheiro
pungente do homem que a montara.
Ao todo, havia três pessoas que haviam trabalhado na

eletrônica personalizada colocada ao redor da cabana de
Hester. Todos eles humanos—e um deles jazia morto na
Livro 5
caminhonete de Charles. Mas os outros dois ainda estavam à

solta. Ele os reconheceria pelo cheiro quando ele os
encontrasse novamente. O nariz de Tag era muito bom, ele
também os reconheceria. O mesmo aconteceria com Anna.
Mas ele não se incomodou em entregar a ela esta

câmera—ela já tinha recebido o cheiro das três pessoas dos
outros equipamentos que eles haviam encontrado. Se ele
pudesse contar com Tag para que ele soubesse se ele
encontrasse alguém diferente, Charles não teria que fazer com
que o Irmão Lobo checasse cada um deles. Mas Tag era Tag.
Tag se orgulhava de deixar você cair se você se inclinasse
demais para ele.
— Você os conhecia bem o suficiente, —Anna falou para

Tag em uma voz suave. — Hester e Jonesy.
Tag estava pronto para descer, com a tática de Anna, ele

parou, pendurado em um galho, como um macaco de cabelos
laranja de mais de dois metros de altura, balançando
suavemente. Ele acenou com a cabeça ao comentário de Anna
sem olhar para ela.
Livro 5
— Você poderia dizer que eu os conhecia, —disse ele,

baixando a mão para coçar a cabeça, seu corpo tão relaxado
como se estivesse na sala de estar—ou, pensou Charles,
balançando-se a mais de trezentos metros sobre um abismo.

Você não conseguia um lugar permanente no bando de
Marrok se pudesse funcionar adequadamente sozinho.
— Hester melhor do que Jonesy, —Tag disse a Anna. —

Hester e eu fomos amantes alguns séculos atrás. —Ele fez uma
pausa para considerar isso, seu corpo ficou imóvel—então o
balanço tinha sido proposital. — Por fim, —acrescentou ele,
— Mais ou menos alguns séculos, suponho. Ela me jogou de
volta no mar, figurativamente falando e, literalmente, como é
o caso, mas nós ficamos amigos de qualquer maneira,
principalmente porque ela me puxou de lá, então eu não me
afoguei. Então ela encontrou Jonesy.
Ele soltou seu aperto com aparente descuido que, no

entanto, deu-lhe uma descida clara, apesar dos perigos da
proliferação de galhos de árvores e pequenas árvores entre ele
e o chão. Ele pousou suavemente em pé para um homem tão
grande que pulava nove metros de altura, embora desse um
Livro 5
pequeno salto como um ginasta que não tinha conseguido

aterrissar.
Um acidente de posição que deixou Tag na altura dos

olhos de Charles, assim que ele pousou.
O Irmão Lobo achou que seria interessante enfrentar Tag.

Nos olhos dourados de Tag, Charles viu o mesmo desejo. Tag
estava com um pouco de medo dele, Charles sabia disso.
Outros lobos poderiam ter deixado o medo intimidá-los, mas
não Tag. A alegria feroz e o amor da batalha brilhavam através
do elo que eles compartilhavam. Não seria divertido? O lobo
de Tag perguntou, e o Irmão Lobo concordou de bom grado.
Às vezes o Irmão Lobo era tão louco quanto todo o resto

dos lobos no bando de seu pai.
— Em outro momento, —Charles disse a ambos: Tag e ao

Irmão Lobo. — Algum dia, quando não houver trabalho a
fazer.
— Só por diversão, —concordou Tag.
Anna olhou para trás e para frente entre eles e revirou os

olhos.
Livro 5
— Suponho que, desde que Hester se apaixonou por

Jonesy e por mim, ela tinha uma atração por homens
perigosos, —disse Tag a Anna. Ele sorriu, mas havia uma
vantagem nisso que poderia ter algo a ver com a troca com
Charles, ou poderia ter sido dor. Ou ambos. — Jonesy estava
bem naquela época, —disse ele. — Na maioria das vezes.
Principalmente. Quase bom. Mas houve uma briga com alguns
de sua gente, alguns dos quais morreram e não deveriam. Ele
deixou de ser instável às vezes a completamente instável.
Hester cuidou dele.
— Eu pensei que Hester deveria ser instável também, —

disse Anna. — Embora ela parecesse bem afiada hoje.
— Hester é ... era tão estável quanto eu, —Tag disse a ela.
— Bem, não. Mais que eu. —Ele olhou para Charles por um
momento, depois sacudiu a cabeça. Ele inclinou o queixo para
Anna. — Tão sã como você é.
— Ela tentou caçar meu pai na última vez que ele esteve
aqui, —disse Charles secamente. — As pessoas sãs geralmente
não tentam isso.
Livro 5
Tag deu-lhe um olhar agradável sob a testa. — Hester e

Bran, eles fizeram de tudo para fazer Hester parecer mais louca
do que era. Especialmente se Jonesy estava tendo problemas,
mais do que o habitual. Certificando-se de que ninguém além

dele ou de mim viesse até aqui. Mantendo todos cautelosos
com Hester. Como todos os selvagens, eles estavam aqui
sofrendo, e o poder do Marrok impedia que outros Lordes
Cinzentos perturbassem Jonesy. Se Bran os fizesse sair, eles
teriam ficado sozinhos, e isso teria sido desastroso. Para todos.
— Outros Lordes Cinzentos, —disse Charles.
Tag fez um ruído. — Bem. Bem. Ele não era um Lorde

Cinzento, não realmente. Não por causa de sua escolha, de
qualquer maneira. Mas com sua linhagem, não era algo que
ele pudesse se livrar facilmente. E se qualquer um dos Faes
com um pouco de bom senso tivesse falado com Jonesy nos
últimos cinquenta anos, eles o teriam caçado e o matado. Eles
tinham que fazer isso. Eles lidam com seus problemas, assim
como nós.
Livro 5
— Eles teriam feito isso? —Perguntou Anna. — Ou eles

fizeram isso? Você acha que isso foi algo dirigido a Jonesy,
porque um dos fae descobriu que ele estava aqui?
Tag franziu os lábios, mas antes que ele ou Charles

pudessem dizer alguma coisa, Anna já estava sacudindo a
cabeça. — Não. Me desculpe. Essa era uma coisa de
lobisomem—lobisomens trabalhando com humanos e
tecnologia. —Ela apontou para a bolsa de Charles
praticamente quase cheia. — Um Lorde Cinzento não
precisaria da tecnologia para espionar alguém.
— Talvez sim, talvez não, —disse Charles. — É muito

cedo para descartar algo. Não parece ser de onde estamos, mas
isso pode mudar.
— Um Lorde Cinzento poderia colocar todas as câmeras

em seu lugar e eletrocuta-las ele mesmo, só para nos ver correr
como idiotas, —murmurou Tag. — Alguns desses caras são
realmente desequilibrados.
Charles se orgulhava do autocontrole que lhe permitia não

responder à ironia talvez não-intencional naquela declaração.
Livro 5
Seu autocontrole foi ajudado pelo pouco tempo que teve que
permanecer forte porque, de algum lugar fora da vista, Asil
disse: Eu tenho mais aqui para seus técnicos. Está quebrado.
O que você disse sobre o último, Tag? Totalmente quebrado.

Isso também está muito quebrado.
— Chegando. —Tag chamou de volta.
Os três foram em direção a Asil. Desviando-se através de

algum mato, eles encontraram uma nova fissura no solo, com
cerca de um metro de largura, quatro metros e meio de
comprimento e talvez três metros e meio de profundidade.
Provavelmente a fissura foi causada devido a terremotos de
Jonesy. As raízes se estendiam de um lado para o outro, o dano
causado pela óbvia dor violenta. Uma árvore se inclinava
precariamente, sua raiz saindo do lado estável da árvore.
A próxima tempestade ou neve pesada, e cairia, julgou

Charles. Muitas centenas de anos de vida agora estão
morrendo lentamente. Não foi a fatalidade mais antiga hoje,
nem a única árvore caída. Mas Charles estava cansado da
morte e as árvores eram totalmente inocentes.
Livro 5
Irmão Lobo não estava cansado da morte, apenas cansado

das mortes daqueles que haviam pertencido a eles, que eram
deles para proteger. Ele ficaria feliz em matar todos os
responsáveis por este ataque em seu território. Muito feliz.
Anna enfiou a mão sob a camisa de Charles, descendo

pela parte inferior das costas, e deixou os dedos repousarem
contra a pele ali. Irmão Lobo relaxou. Anna fez o Irmão Lobo
mais feliz do que matar seus inimigos faria.
— Não tenho certeza se não teria sido mais inteligente ter

subjugado Jonesy quando ele ficou esquisito, —disse Tag,
pensativo, olhando para o estrago. — Os filhos de Lugh são
muito poderosos para deixá-los correr sem a sensação de que
Deus deu a um ganso . Mas ele era o companheiro de Hester,
e ela não teria sobrevivido à morte dele mais do que ele
sobrevivera à dela. —Na última palavra, ele pulou na fenda.
Charles esperou que Anna desse o salto. Ela não teve

problemas com isso, e ele não esperava, mas algumas coisas
estavam arraigadas. E ele gostava de vê-la se mexer. Ela era
GANSO quer dizer alguém bisbilhoteira, curiosa e nesse caso aqui emprega-se aos filhos de Lugh.
Livro 5
econômica, tanto que era fácil subestimar o quão forte ela era.
Ele gostava disso nela, do jeito que ela poderia passar por
humano. Isso a deixava mais segura.
Enquanto ele pulava, parte dele estava trancada em quão

bem o jeans de Anna mostrava suas curvas musculosas, parte
dele notou que ela ainda tinha aquela arma de bruxa enfiada
no cós da calça jeans, mas a maior parte de sua atenção ainda
estava presa ao diálogo desconexo de Tag. — Filhos de Lugh,
—ele disse.
Havia apenas um Lugh que Tag poderia estar falando

quando se referia a um Fae. Charles conheceu um filho de
Lugh uma vez. Em Boston. Ele preferia que nenhum dos
descendentes do antigo Deus Fae tivesse sido localizado a
mais de mil e seiscentos quilômetros de sua casa.
Ele lamentou a morte de Jonesy, mas a pausa, por menor

que fosse, dava evidência de quanto mais a morte de Hester
poderia ter custado ao seu bando. Pensou no que faria se
alguém matasse sua Anna—e parte dele, Charles e Irmão
Lobo, pensavam menos de Jonesy por não desafiar os desejos
de Hester e devastar o mundo por causa dela.
Livro 5
— Finalmente, crianças. Eu tinha esperança de que vocês

me alcançassem neste século. —A voz de Asil veio de algum
lugar na massa de ramos verdes diretamente acima de suas
cabeças. — Sua lentidão não foi sem benefício, no entanto.

Isso me permitiu no tempo livre para localizar mais três
dispositivos de algum tipo em uma linha direta desta árvore
para esta. Nossos inimigos eram muito diligentes.
Ao longo das próximas horas, se eles não encontrassem todos

os eletrônicos que os invasores haviam deixado,
provavelmente encontrariam tudo dentro de um quilômetro e
meio da casa de Hester. Charles estava, pelo menos,
absolutamente certo de que o bando não deixava nada que os
investigadores humanos pudessem encontrar.
— Você parece estar muito preocupado com autoridades

humanas, —comentou Asil, limpando a sujeira e detritos que
Livro 5
uma tarde de arvorismo tinha deixado em cima dele. — Você

acha que isso pode ser o governo dos EUA que visitou a
cidade?
Sage, que raramente era encontrada longe demais de Asil

se estivesse presente, olhou para Charles, repetindo a pergunta
de Asil sem dizer uma palavra.
— Eu não, —disse Charles. — Pelo menos não

diretamente. Tanto quanto eu posso dizer, o governo está tão
feliz com os lobisomens como sempre foram. Mas um governo
é feito de indivíduos, e há muitos que têm medo de nós, dos
Faes e de todas as outras coisas que eles sabem estar lá fora
durante a noite.
— Você não pode culpá-los, —disse Sage suavemente. —

Eles nos chamam de monstros por uma razão—e lobisomens
são apenas a ponta do iceberg. Eu poderia contar algumas
histórias ...
Sage teve seus próprios pesadelos sofridos nas mãos de

lobisomens. O fato de seu pai ter descoberto sobre ela e a
salvado assim que ouviu não significava que ela amava ser um
Livro 5
lobisomem mais do que a maioria daqueles que tinham sido

transformados contra sua vontade.
Anna—que, até onde Charles podia ver, parecia ter

abraçado seu lobo sem amargura, deu a Sage um olhar
penetrante. — Odiar todos os lobisomens ou Faes faz tanto
sentido quanto odiar todos os seres humanos, —disse ela
suavemente.
Asil sorriu para ela, um sorriso paternal e afetuoso. — Ah,

—ele disse a ela. — Mas você é uma filha da sua geração.
Criada por pessoas que cresceram na década de 1960 e
ensinaram que as pessoas não deveriam ser "julgadas pela cor
de sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter ". Que o perfil por
raça, religião ou espécie é anátema, não importa quão útil.
Se Asil tivesse percebido que sua expressão também era

melancólica, sem dúvida, o velho mouro teria encontrado um
sorriso diferente para Anna.
— Os lobisomens são um pouco mais aterrorizantes do

que um homem negro em um restaurante totalmente branco,
—disse Sage.
Livro 5
Anna franziu o lábio. Seu pai era um advogado liberal de

alto perfil que começou sua prática na defesa dos
manifestantes, o que lhe deu uma certa perspectiva sobre o
assunto.
— Não para alguém criado na ignorância, —disse ela. —

O desconhecido é muito mais assustador do que algo que você
entende, não importa o quão ruim seja.
— Não é o ignorante, —disse Asil suavemente — que

teme a nossa espécie. E seu medo não é infundado. O que você
acha que aconteceria se Bran optasse por assumir o governo?
Sage começou a falar, mas seu rosto ficou vazio, exceto

pelo estreitamento de seus olhos.
Asil assentiu para ela. — Sim, você vê, não é? Nós

ouvimos o tempo todo que os Faes não podiam fazer isso—
eles são muito poucos para todo o seu poder. Armas humanas
avançaram inimaginavelmente desde o meu nascimento.
Eventualmente, em qualquer confronto de força e poder, eles
venceriam uma batalha direta com nenhum de nós no espectro
sobrenaturalmente dotado. Vampiros ... Eu acho que os
Livro 5
vampiros acreditam que eles estão no controle. Aquela aranha

na Europa não podia mais resistir permitindo que o governo
corresse sem escravos involuntários em posições-chave do que
ele poderia resistir … enfiando os dedos na torta nazista em

meados do século passado. Mas se Bran quisesse isso?
Anna, com os olhos brilhantes, ainda estava falando

“espectro sobrenaturalmente dotado” para Charles, quando
Sage murmurou: — Bran é mais sutil que vampiros. Até
mesmo Bonarata. Bran é ... como o irmão mais velho favorito
de todos. É encantador. Ele parece tão inofensivo até que ele
não é. E você sabe que ele realmente se importa.
— Meu pai, —disse Charles secamente. — Ditador solto.
— Bem, sim, —disse Anna, recuperando-se de sua

diversão. — Claro, ele poderia fazer uma boa tentativa. Mas
desde que ele realmente não se importa com quem não fica
peludo com a lua cheia, eu prefiro deixar o governo para os
seres humanos.
— E meu pai também, —concordou Charles.
— Mas se ele quisesse ... —disse Sage, sua voz suave.

Livro 5
— Não, —disse Charles com firmeza. — Não seria tão

fácil quanto Asil faz soar.
— Eu ajudaria, —disse Asil.
Mas a gravidade perdeu o impulso. Anna fez um som

curto.
— Seduza as mulheres, —ela disse, seu sotaque uma cópia

perfeita de Asil. — São as mulheres que comandam tudo, de qualquer
forma. Se a esposa de um homem diz: "faça isso", ele faz. Simples. Se
você quer que um governo faça assim ou assado, tenha suas esposas e
amantes a bordo.
Parecia uma citação. Charles deu a Asil um olhar

interessado.
— Eu estava ensinando Kara sobre sua Guerra

Revolucionária , —disse Asil com dignidade.
A Guerra de Independência dos Estados Unidos, Guerra Revolucionária Americana (1775–1783), Guerra
Americana da Independência, ou simplesmente Guerra Revolucionária nos Estados Unidos, foi um conflito armado entre o
Reino da Grã-Bretanha e as Treze Colônias na América do Norte, que haviam declarado sua independência como os Estados
Unidos da América.
Livro 5
Sage sorriu—ela era uma mulher bonita, mas seu sorriso

transformou seu rosto. Tornou-a menos bonita e mais
acessível. — Ou como a habilidade de Benjamin Franklin
entre os lençóis conseguiu vencer a guerra.
— O que é verdade, —disse Asil.
— Quase verdade, —admoestou Sage. — E, nos tempos

atuais, incrivelmente sexista. Muitas das pessoas no poder são
mulheres. O que você vai fazer, seduzir seus maridos?
Asil sorriu devagar, com os olhos brilhantes. — Você quer

ver?
— Voltando à sua pergunta, crianças, —disse Charles,

deliberadamente usando a palavra que Asil gostava tanto, —
supondo que podemos colocar a dominação do mundo, a
política sexual do século XVII, e o flertar de lado por
enquanto, não, eu não acho que isso é uma operação do
Benjamin Franklin foi um jornalista, editor, autor, filantropo, político, abolicionista, funcionário
público, cientista, diplomata, inventor e enxadrista estadunidense. Foi um dos líderes da Revolução Americana, conhecido
por suas citações e experiências com a eletricidade.
Livro 5
governo. Muito dinheiro em algumas áreas e não o suficiente

em outras. Isso não significa que não há algum fã de glória à
procura por uma chance de mudar o jogo. Eu não quero dar a
ninguém algo que eles possam usar sobre nós.
Ele jogou sua mochila lotada na traseira da caminhonete

mais próxima, e Anna fez o mesmo com a dela. Colocados
para fora a céu aberto, fez uma pilha interessante de várias
maneiras.
Tag apertou os lábios. — Helicóptero. Homens treinados

e lobisomens. Vinte mil dólares em equipamentos. Você está
certo: muito dinheiro para ser casual, mas não o suficiente para
o governo oficial.
Anna ordenou a tecnologia por nariz até que ela teve três
pilhas. — O cara da tecnologia, na primeira, —disse ela,
apontando para uma pilha. — Menina da tecnologia, —foi a
segunda pilha. — O segundo técnico, —foi a terceira pilha. —
Apenas adivinhando, mas pelo desgaste e pelo cheiro dos
gurus da tecnologia, isso foi criado em três ondas.
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Tag assentiu com a cabeça. — Aquele primeiro grupo

esteve aqui no outono passado—você pode ver os efeitos do
inverno—talvez oito meses atrás. O segundo foi posto para
fora na primavera deste ano. O terceiro lote parece novo. Duas

semanas, talvez um mês. Cada conjunto de equipamentos é de
mais alto nível, coisas com efeitos de iluminação. Eu estava
errado por talvez dez mil no custo. —Ele bateu no primeiro
grupo com o dedo. — Os preços diminuíram desde o último
inverno. Alguém gastou trinta mil dólares em tecnologia para
vigiar Hester e Jonesy—que na maioria das vezes não faziam
nada de interessante.
— Aposto que eles queriam saber com o que estavam

lidando, —disse Sage, pensativa. — Quero dizer, eles vieram
aqui especificamente para Hester—aquela maldita gaiola era
para segurar um lobisomem. Talvez estivessem sendo
cuidadosos, tentando se certificar de que sabiam no que
estavam se metendo.
Tag sorriu de repente, mostrando os dentes. — Jonesy. Eu

não peguei até que tudo estivesse definido. —Ele olhou para
Charles. — Você vê o padrão?
Livro 5
Ele viu.
— Jonesy encontrou toda a tecnologia quando foi

montada—provavelmente imediatamente, —disse Charles,

pensando nos espíritos da floresta. Os Faes provavelmente
tinham algum outro nome para eles, interagiam com eles de
alguma outra forma que Charles, mas eles estavam muito
sintonizados com Jonesy e com sua morte para eles não terem
tido algum tipo de contato com ele. — O conjunto mais antigo
foi simplesmente desativado, o poder o destruído com um
golpe cirúrgico.
— Eletrocutado, —disse Tag, estalando os lábios.
— O segundo grupo foi severamente mais danificado, —

disse Charles.
— Duplamente eletrocutado, —disse Tag.
— Isso não é um termo técnico, espero, —murmurou Asil.
— Somente as pessoas tecnicamente mais avançadas

podem usar ‘duplamente eletrocutado’ corretamente, —disse
Anna a Asil. — Você e eu não devemos tentar.
Livro 5
— Na terceira onda, —disse Tag. — Jonesy foi insultado.

Ele era um jogador de xadrez—e esses idiotas haviam usado a
mesma tática três vezes seguidas e esperavam resultados
diferentes. Assim, esta terceira onda de tecnologia não é

apenas eletrocutada ou duplamente eletrocutada, mas na
verdade frita.
— Então, por que ele não contou a Hester sobre eles? —

Perguntou Anna. — Ou ele fez? Ela sabia que eles estavam
sendo vigiados? Por que ela não contou a Bran?
Sombriamente, Sage disse: — As únicas pessoas que

sabem a resposta para isso estão mortas.
Charles se viu considerando a última pergunta. Tag disse

que Hester estava fingindo seus problemas para poder proteger
Jonesy. Ele disse, e Charles concordou com ele, que Bran
provavelmente sabia. Então, por que ela não ligou para o pai
dele sobre os helicópteros que estavam voando sobre eles? Se
ela soubesse que eles tinham pessoas tentando espioná-los?
Mas, como disse Sage, as únicas pessoas que sabiam

estavam mortas. A menos, pensou ele, Hester tinha chamado
Livro 5
seu pai. Ele considerou isso por um momento—e decidiu que,

embora certamente possível, a ideia de que seu pai soubesse
que alguém estava sobrevoando a cabana de Hester e não
alertou o bando trazia consigo algumas possibilidades

desconfortáveis.
O solo ao redor da cabana de madeira estava aberto, onde a

retroescavadeira que Tag trouxe fez o seu trabalho. Após
cuidadosa consideração, as motosserras que haviam cortado
os ATVs foram usadas novamente para cortar uma árvore que
ficava entre a casa e o resto da floresta. Melhor perder uma
árvore centenária que milhares delas.
Eles colocaram Hester na cama ao lado dos restos de seu

companheiro. O quarto era pequeno demais para acomodar o
bando, então eles entraram na cabana em dois e três, enquanto
Livro 5
o vento tocava a música de fundo, com as árvores como

instrumento.
Charles deixou que Leah e Anna ordenassem a confusão

do bando e procurou Asil, que estava a uma pequena distância
de toda a confusão.
— O fogo, —disse Charles — pode ser uma força

purificadora. Mas não é um dos métodos usuais para destruir
a magia Fae.
Asil fez um ruído considerando. — Você acha que existem

artefatos Faes na cabana?
— Eu não senti nada quando Anna e eu estávamos lá mais

cedo, —ele disse ao velho Mouro honestamente. — Mas de
acordo com Tag e com a avaliação independente do Irmão
Lobo, Jonesy era poderoso. Eu acho que ele poderia esconder
seus brinquedos bem o suficiente para não atrair minha
atenção casual.
Asil não disse nada por um momento. — Você acha que

eu poderia encontrá-los?
Livro 5
Charles escolheu suas palavras com cuidado porque a

bajulação não era algo que ele fazia. Anna tinha (muitas vezes)
sugerido como uma boa maneira de obter a cooperação de
Asil—e apontou que a lisonja mais eficaz só dizia a verdade.
Charles decidiu que agora era um momento tão bom como

sempre para testar seu conselho.
— Eu acho que qualquer lobo que sobreviveu tanto quanto

você sobreviveu, pelo menos, tem um bom nariz para a magia
Fae quanto eu. Eu apreciaria se você viesse comigo e me
ajudasse a procurar. Pedi a Anna e a Tag para manterem as
pessoas ocupadas com histórias de Hester, enquanto entramos.
O Mouro bufou. — Você só quer ajuda para procurar

minas terrestres e está procurando a bucha de canhão.
Mas apesar de suas palavras, ele foi com Charles e entrou

na cabana com o pretexto de pagar suas últimas honras. Não
deve demorar muito tempo pensou Charles. Tag podia contar
histórias a noite toda, então eles tinham tempo.
Eles começaram no porão.

Livro 5
Asil parou ao lado da cama e tocou a superfície do

cobertor entre os restos que haviam sido seres esta manhã.
Então ele levantou as duas mãos, com as palmas abertas para
cima e disse:
— Allāhu akbar .
Charles, reconhecendo o sagrado quando o ouviu, em

qualquer língua ou religião, ficou parado, cruzou os braços e
disse sua própria oração, enquanto Asil cruzava as mãos
diante do peito.
A oração de Asil foi suave na maior parte, pontuada por

várias chamadas de "Allāhu akbar". Quando ele terminou, o
Mouro tocou a mão no quadril de Hester, e disse: — Adeus,
formidável senhora.
— Eu pensei que a oração fúnebre era apenas para os

muçulmanos, —disse Charles.
O rosto de Asil se iluminou com um sorriso que ele estava

usando para esconder alguma emoção que ele não queria que
Allahu Akbar é uma expressão em árabe que significa “Alá é Grande” ou "Alá é o Maior", na tradução para o português.
Conhecida em árabe como Takbir ou takbeer, a expressão Allahu Akbar é uma reverência à Deus, bastante utilizada entre os
muçulmanos. Veja mais nesse site: https://www.significados.com.br/allahu-akbar/
Livro 5
Charles visse. — Mas eu sou um muito mau muçulmano—e

Hester era velha. Acreditamos em muitas coisas em uma vida
muito longa. Quem sabe se ela não era muçulmana em seu
coração?
— Você a conhecia? —Charles perguntou.
Asil encolheu os ombros. — Eu sabia sobre ela—a mulher

teimosa que não pertenceria a nenhum bando. Ela matou uma
dúzia de lobos—alguns deles Alfas—antes de deixá-la sozinha.
Eu não a conheci. Bran disse que ela e seu companheiro
queriam ficar isolados, ou eu teria pago meus respeitos. Isso
entristece meu coração quando os grandes morrem. Este
mundo é menos por causa de sua morte.
Ele olhou onde a terra estava na cama. — O Fae? —Ele

disse, como se Charles tivesse feito uma pergunta. — Por ele
estou menos entristecido. Eu nunca o conheci também, mas já
vi muito do que sua espécie causou em negligência. Ele
certamente não era muçulmano, então o Salatul yanazah não
era para ele.
Ṣalāt al-Janāzah é a oração fúnebre islâmica; uma parte do ritual funeral islâmico. A oração é realizada na congregação
para pedir perdão aos falecidos e a todos os muçulmanos mortos.
Livro 5
— E ainda, — disse Charles, cuja oração silenciosa tinha

sido por ambos mortos, — Hester o amava.
Asil deu de ombros. — É impossível explicar o gosto das

mulheres. —Mas seus olhos estavam sóbrios.
A primeira coisa que eles viram foi a espada. Era

obviamente velha e bem usada e de fabricação Fae—a lâmina
era algo diferente de aço. Charles não sentiu nada sobre ela
quando a pegou mais cedo. Ele pegou de novo, prestando
atenção—e ainda não sentiu nada.
— É mágica, —disse Charles a Asil. — Mas eu não posso

sentir isso.
Ele entregou a Asil, que levantou as sobrancelhas. Ele

agarrou-o com as duas mãos e levou-o para cima e ao redor de
um rápido balanço de prática.
— Notável, —disse Asil, soltando a mão esquerda e

fazendo um segundo e mais complexo balanço com uma mão.
— Uma grande arma, —ele pronunciou, quando terminou. —
Tenho certeza que ele matou quase tantos quanto eu. —Ele
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não disse: “Eu também sou uma grande arma” embora Charles
não tenha problema em ouvi-lo.
Asil olhou para a lâmina de perto, deixou cair para uma

posição menos preparada. — Não me parece mágico de forma
alguma, —disse ele. — Mas a coisa mais segura é que é.
— Como você sabe?
— Como você sabe? —Retrucou Asil.
— A lâmina não é de aço. É uma espécie de liga de prata.

—Charles conhecia prata. — Ou uma liga de prata—um
metalúrgico diria que o teor de prata não era alto. Os Faes
gostam de usar prata em suas armas mágicas. Ela detém o
poder melhor do que outros metais.
— Um metalúrgico teria que destruir essa lâmina para

dizer qualquer coisa, —disse Asil com desagrado. — Mas essa
é uma resposta interessante. Eu esperava que você pudesse ter
feito essa suposição porque Jonesy usou isso para se matar. Tal
pessoa nunca morreria por uma lâmina comum. Mas há uma
maneira mais segura de saber se essa lâmina é “A Lâmina.”
Charles podia ouvir a importância na voz de Asil.

Livro 5
Asil virou a lâmina para a luz e moveu-a até que Charles

pudesse ver três runas na lâmina, todas as três juntas, não
maiores que uma impressão digital.
— Esta é a marca do Dark Smith de Drontheim , —disse

Asil, indicando as runas sem tocar a lâmina. — Aquele que
não se incomoda com lâminas sem magia.
Charles olhou ao redor do porão e suspirou. — Nós

teremos que voltar depois de queimar este lugar e procurar por
qualquer coisa que sair ilesa. —Talvez o pai dele estivesse de
volta até lá.
— Provavelmente, —concordou Asil. — Mas não se

desespere, isso é magia difícil, mesmo para os Faes. Eu não
acho que haja uma dúzia desses objetos de poder aqui.
Uma hora depois, Asil não estava tão otimista.
Loan Maclibuin era um lendário ferreiro norueguês. Ele era conhecido como "The
Dark Smith of Drontheim". Ele era o sétimo filho de Windy Cap, rei da Noruega. O "escuro", não se refere à sua magia negra,
mas sim à sua natureza morena
Livro 5
— Pelo menos sabemos que não são os Lordes Cinzentos

que estamos enfrentando, —disse Charles, segurando um
grampo de cabelo quebrado e decorativo que encontrou na
gaveta de Hester.
— Como assim? —Asil estava esvaziando um baú de

cobertores para que eles pudessem usá-lo para armazenar o
que estavam encontrando.
— Se os Faes tivessem alguma ideia de como Jonesy era

um colecionador, eles não teriam se incomodado com
câmeras. Eles teriam derrubado as paredes e tirado tudo que
eles sabiam que estava aqui.
Havia amuletos, xícaras, pedras preciosas, facas, uma

lança, quatro flechas de três regiões diferentes, três tapetes—
dois tapetes simples e um pequeno tapete persa. Havia uma
tigela de ossos e um punhado de itens semelhantes a moedas.
A maioria dos itens continha magia fae, ou similar a magia

fae. Mas a tigela de ossos era de feitiçaria de bruxa e fedia a
magia de sangue assim que Charles a tocou. Havia uma ponta
Livro 5
de flecha que parecia neolítica para Charles—e algo

adormecido dentro dela. Irmão Lobo o advertiu para não
acordá-lo, o que quer que fosse, porque ele cheirava ao mal.
Havia itens poderosos, mas a maioria deles, pelo que

Charles poderia dizer, eram apenas lixo que acabou por conter
uma centelha de alguma coisa. Uma faca de bronze queimava
clara e brilhante com magia, como um poço artesiano. Havia
uma jarra de cerâmica roxa e azul que o fazia querer lavar as
mãos depois de tocá-la.
Muitas das coisas magicamente carregadas que

encontraram eram pedaços quebrados de itens maiores. Às
vezes, Charles podia dizer do que fazia parte—como a tigela
de um tubo de barro ou a língua de uma fivela. Jonesy, ele
pensou, não era muito exigente sobre o que colecionava.
“Acumulador” era provavelmente a palavra certa para isso.
O Neolítico, também conhecido como Idade da Pedra Polida, foi o período da Pré-História que vai
aproximadamente do X milênio a.C., com o início da sedentarização e surgimento da agricultura, ao III milênio a.C., dando
lugar à Idade dos Metais. Não se aplica à pré-história europeia nem americana.
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A busca levou Asil e Charles muito tempo para manter o

que eles estavam fazendo em segredo. Se houvesse alguma
dúvida, isso se dissipou quando Leah abriu a porta e disse:
— Todo mundo sabe o que estão fazendo aí—eu não

contei a eles, Tag o fez. Existe alguma maneira de você se
apressar com isso?
Charles não havia dito a Tag o que eles estavam fazendo,

mas não conseguia lembrar onde Tag estava quando se
aproximou de Asil. Tag, por todo o seu tamanho e cabelo
laranja, podia evitar ser notado se quisesse.
— Não, —disse Asil bruscamente. — Vamos terminar

quando terminarmos.
Asil gostava de Leah consideravelmente menos do que

Charles gostava, e ele só tolerava Charles pelo bem de Anna.
Em sua terceira busca no porão, Charles notou uma

estranheza na terra na cama—uma linha reta onde não deveria
haver uma. Com uma careta, ele soltou um pedaço de papel
dobrado dos restos de Jonesy—uma página arrancada de um
livro.
Livro 5
— O que você tem? —Perguntou Asil do outro lado da

cama.
— Uma página de Simarillion , —disse Charles, abrindo-

a. Através das letras tipográficas do prólogo de Christopher
Tolkien, alguém escreveu com mão trêmula e sem pontuação:
Hester Hester diz que eles estavam perguntando sobre os selvagens que
há um traidor e é um de nós Hester Hester
O nome de Hester, repetido em cada extremidade da

mensagem, estava escrito em traços notavelmente mais suaves
do que o resto. Claro que havia um traidor, pensou Charles.
Como alguém poderia saber sobre a cabana isolada de Hester
se não houvesse um traidor?
— Bem, —disse Asil, que se aproximou para poder ler

sobre o ombro de Charles. — Ele poderia ter sido mais útil. O
traidor é um dos selvagens? Um dos Fae? Um do bando? Pelo
O Silmarillion (The Silmarillion, no original) é uma coletânea de obras literárias de mito-

poesias de J. R. R. Tolkien. Foi editada e publicada postumamente em 1977 por seu filho Christopher Tolkien com a ajuda de
Guy Gavriel Kay, que, mais tarde, tornou-se um notável escritor de fantasia.
Livro 5
menos sabemos que eles estavam procurando por um dos

selvagens. —Ele fez uma pausa. — Ou todos os selvagens.
Uma caçada, disse o Irmão Lobo com uma satisfação

sombria. Hester nos deu uma caçada.
No final, a maioria dos seus achados foi para o baú dos

cobertores. A espada foi enrolada em um dos cobertores
descartados. Não havia como disfarçar o que realmente era,
mas pelo menos ninguém teria mais detalhes. Espadas mágicas
tendem a ter histórias e ser identificáveis para alguém com
motivação suficiente. Dessa forma, tudo que um observador
veria seria ele e Asil com coisas desconhecidas—sem detalhes
que atrairiam alguém (ou algo) que andaria por aí procurando
a fivela prateada do sapato de Asmodeus ou algum absurdo.
Asmodeus (em grego: Ασμοδαίος Asmodaios, em latim: Asmodaeus, Asmodäus, em hebraico: ‫ אשמדאי‬Aschmedai
(Talmud) é um demônio da mitologia do Judaísmo (Livro de Tobias 3, 8, 17).
Livro 5
Charles redobrou o papel e enfiou no bolso de trás da calça

jeans. Eles concordaram que seria melhor não falar com
ninguém, exceto Anna, sobre essa nota. Se houvesse um
traidor, quanto menos dissesse a alguém sobre isso, melhor.
Charles estava razoavelmente seguro de que Asil era

incapaz de trair seu pai. Ajudou que Asil tivesse jurado sua
lealdade a Marrok e Bran (como se fossem duas pessoas
diferentes) assim que ele tinha lido a nota completamente.
Asil fechou a tampa do baú de cobertores e girou o trinco

para que não abrisse quando o carregassem. — Você sabe que
não encontramos tudo.
— Eu sei, —concordou Charles. — Eu também acredito

que nós encontramos tudo o que podíamos encontrar.
Asil sorriu. — Eu não sinto falta de ser o Alfa, —disse ele.

— Especialmente em momentos como esses que eu não me
importo se você é mais dominante nesse grupo do que eu. Isso
significa que não sou responsável pelo que descobrimos e—
mais importante, pelo que não encontramos.
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Irmão Lobo não achou Asil engraçado. — Bom para você,

—disse Charles.
O sorriso de Asil se alargou, embora ele não mostrasse os

dentes. — Jonesy era um colecionador na classe daqueles que
aparecem em reality shows de televisão. Quem sabe há quanto
tempo ele colecionava? Você e eu estaremos aqui ate que o
fogo se apagar—supondo que Bran não esteja de volta, e
provavelmente até mesmo se ele estiver. E nós ainda não
vamos encontrar tudo. E tem também isso. Jonesy, quem quer
que fosse, quando o mundo era jovem, poderia fazer a terra
ouvir seus desejos. Se eu tivesse essa habilidade, esconderia os
prêmios da minha coleção nas profundezas da terra. Você
precisa ter muito cuidado, ou o que você terá é um monte de
caçadores de tesouros fae invadindo a montanha, cavando em
busca por tesouros.
Ele não tinha, Charles pensou, que soar tão feliz com isso.
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A área plana do vale lembrava um estacionamento, mas um
cheio de uma porcentagem extraordinariamente alta de

caminhonetes, SUVs e ATVs—mesmo para Montana. Os três
tratores e a retroescavadeira completaram a imagem.
Talvez, Anna pensou, aproximando-se da caminhonete de

Charles (e mesmo se estivessem casados há algum tempo agora,
ainda era a caminhonete de Charles), um estacionamento de uma
loja de alimentos.
Suas ordens eram levar a caminhonete o mais próximo

possível da porta da frente da cabana, para que Asil e Charles
pudessem carregá-la com o que encontrou na cabana. Ou
Livro 5
havia uma grande quantidade disso, ou era difícil garantir,

porque demoraram muito tempo para terminar.
A caminhonete tinha sido puxada perto de uma trilha para

reduzir a distância que os corpos tinham que ser transportados.
Ela quase pulou e dirigiu, mas quando entrou na cabine, ela
notou que quem tinha jogado os corpos na caminhonete de
Charles não tinha fechado a porta do bagageiro. Mesmo que
tivessem tido uma grande quantidade de problemas para
proteger o que a lona escondia—não funcionou muito bem, já
que tinha uma perna esticada na parte de trás.
Anna teve que desprender parcialmente a lona a fim de

obter a carga macabra e mover os corpos ao redor até que ela
pudesse fechar a porta do bagageiro.
Querido Papai. Ela compôs uma carta mental enquanto

soltava cordas elásticas. A vida em Montana é bem interessante.
Eu matei um homem hoje—foi justificado, na verdade. Mas, por
precaução, você deve conversar com seus amigos e ver se há um bom
Livro 5
advogado criminal em Missoula ou Kalispell , que não se

importaria de representar um lobisomem.
Ela considerou se deveria ou não explicar exatamente o

que estava fazendo naquele momento (movendo os cadáveres
para poder fechar a porta do bagageiro) a seu pai, mesmo em
uma carta imaginária. Ela decidiu que havia algumas coisas
que ele não precisava saber.
Ela puxou a lona para o lado e um cheiro horrivelmente

familiar pegou-a desprevenida. Ela parou tudo e respirou
fundo, sabendo que devia estar enganada. E por um momento
depois disso, ela não conseguia respirar. Uma vez que ela
pudesse respirar novamente, ela puxou a lona um pouco mais
Missoula é uma cidade localizada no estado americano de

Montana, no Condado de Missoula.
Kalispell, fundada em 1891 por James J. Hill, é uma cidade de 14.1

km² localizada no Condado de Flathead, no estado de Montana, Estados Unidos da América. Com uma população estimada
em 18.000 habitantes é a maior cidade e o mais importante centro comercial ao noroeste do estado.
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para que ela pudesse dar uma boa olhada nos rostos dos
mortos.
— Olá, olá, —disse Sage—e Anna pulou.
Isso disse algo sobre o estado de Anna que ela nem tinha
notado Sage se aproximando.
— O que você fez com a sua mão? —Sage perguntou com

uma voz muito mais séria antes que Anna pudesse dizer
qualquer coisa para sua saudação.
Anna olhou fixamente para o invólucro roxo brilhante do

veterinário que envolvia sua mão direita. Charles usara o
tempo entre o momento em que usara o telefone de Jonesy
para pedir ajuda e, quando a ajuda começou a chegar, cerca de
quinze minutos depois, (alguns membros do bando viviam
quase tão remotamente quanto os selvagens) para fazer um
pouco de primeiros socorros.
— Eles atiraram em Hester com uma bala de prata, —ela

conseguiu dizer razoavelmente suave. — Eu segurei isso por
muito tempo quando eu a tirei. Está bem.
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— Eles me mandaram para ver por que você estava

demorando tanto, —disse Sage rapidamente, sentindo, com
sua perceptibilidade habitual, o estado emocional volátil de
Anna e que Anna preferiria não expor isso. Sage era muito boa
em saber exatamente o que dizer e quando deixar as coisas em
paz. — Sua realeza está ficando inquieta. —Embora Sage se
desse bem com Leah, não poupava Leah (ou qualquer outra
pessoa) dos comentários apontados por ela. — Eu acho que
ela só quer saber o que Charles e Asil descobriram, como todo
o resto de nós.
A voz de Sage era linda. Nascida no sul profundo, fluía

como mel em uma dor de garganta, calmante e doce. O resto
de Sage era linda também. Ela era alta, embora não tão alta
quanto Leah, e magra como modelo de passarela. Sage era
engraçada, afiada e calorosa ao mesmo tempo, uma
combinação que a deixava se afastar dizendo coisas que
muitas pessoas estavam pensando—e não se dando mal por
isso.
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Antes que Anna pudesse decidir contar a ela que conhecia

uma das pessoas mortas, Sage contornou a extremidade da
caminhonete e viu o problema inicial de Anna.
— Ah, —disse ela. — Os idiotas que carregaram os corpos

se esqueceram de que você teria que fechar a porta do
bagageiro ou você correrá o risco de deixar pessoas mortas por
todo o caminho para casa? — Ela saltou, sem problemas, e
começou a reorganizar os corpos.
— Algumas pessoas não têm absolutamente nenhum bom

senso, —disse Sage. — E eu incluo Charles nisso. Enviando
você, de todas as pessoas, para lidar com todos os corpos
mortos.
Anna se viu sem palavras. Ainda atordoada pelo ... PTSD

(transtorno de estresse pós-traumático), ela supôs, levou um
momento para perceber que Sage parecia atribuir qualquer
estranheza em sua atitude a todos os cadáveres na parte de trás
do caminhão.
Bem, ela estava certa nisso, só que não era o motivo que
ela pensava. Sage saltou e fechou a porta traseira. Anna se
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remexeu e começou a reaplicar as cordas elásticas, ignorando

a dor em sua mão queimada.
— Oh, eu não faria isso, querida, —disse Sage. — Eles

provavelmente terão que desfazer a lona novamente quando
carregar o que encontraram na cabana de Hester.
Anna soltou as mãos e Sage murmurou para si mesma. —

Não. Deixe isso ... —Ela bufou, balançou a cabeça e
perguntou: — Você está bem, Anna? Há algo que eu possa
fazer?
Anna fez um gesto de desamparo, uma vez que, enquanto

Sage estava movendo os corpos, Anna decidiu que a primeira
pessoa que precisava ouvir que ela conhecia um dos mortos
era seu companheiro. E porque ela não podia dizer a Sage que
ela estava bem. Às vezes, viver com lobisomens era uma
droga—como quando isso tornava poucas mentiras sociais
impossíveis.
Quando ela não respondeu, Sage deu-lhe um sorriso

simpático. — Às vezes me atinge também. —Ela olhou para a
traseira da caminhonete, para a cabana de Hester, depois um
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olhar de relance que pegou o bando. Sage fechou os olhos e

respirou fundo. Quando ela os abriu, ela disse: — O que eu
não daria para viver uma vida normal, sabe? Sem monstros.
Nenhum cadáver. O tipo de vida em que eu poderia ficar

indignada com o fato de um cara ser pago mais do que eu por
fazer o mesmo trabalho. Que uma multa por excesso de
velocidade é suficiente para arruinar todo o meu dia.
Anna começou a concordar, mas depois parou e sacudiu

a cabeça. — Não. Então eu não teria Charles. Ele vale a pena
todo o resto.
— Charlie? —Disse Sage. Ela começou a dizer alguma

coisa, mas ela balançou a cabeça e deu a Anna um sorriso
triste. — Charlie com certeza pensa que o sol nasce e se põe
com você, com certeza.
Mesmo sem contar tudo a Sage, a outra mulher ajudou

Anna a encontrar equilíbrio. Apenas ter alguém lá, alguém que
lembrou a Anna por sua presença que ela não estava em
Chicago e que havia pessoas aqui em quem ela podia confiar
para tê-la de volta.
Livro 5
Então, Anna tinha reconhecido um dos homens mortos.

Isso não era desculpa para quebrar em suor frio na memória.
Ele estava morto, afinal de contas, e as memórias não
poderiam machucá-la, a menos que ela escolhesse deixá-las. E

ela não era vítima de ninguém nos dias de hoje.
Tirando a emoção da descoberta, havia algumas

implicações interessantes sobre ela conhecer um dos homens,
não tinha? Especialmente dada a munição que matou Hester.
— Você está bem? —Sage perguntou. — Existe alguma

coisa que eu possa fazer para ajudar?
Anna deu a ela o que ela esperava que fosse um sorriso

tranquilizador. Ela queria conversar sobre as coisas, mas não
com Sage. Pelo menos não com Sage primeiro. — Você já
ajudou, obrigada. Eu estava apenas tendo um momento—foi
um longo dia. Vamos pegar a caminhonete antes que Leah
tenha um aneurisma.
— Você acha que ela teria? —Perguntou Sage, com

interesse. — Que ela poderia? —Ela fez um barulho feliz. —
Provavelmente não iria matá-la, mas poderia fazê-la esfriar um
Livro 5
pouco seus jatos. Nós poderíamos esperar aqui por mais algum
tempo, você não acha?
— Leah é um lobisomem, —Anna disse secamente. — Eu

acho que ela vai sobreviver a um pouco de frustração. Você
quer carona?
— Não, —disse Sage. — Eu também estou no caminho

para encontrar Tag e ‘certificar-se de que a criança terrível não
tenha esquecido onde colocou o combustível para o fogo’. —O
último foi dito nos acentos inconfundíveis de Asil.
— Eu pensei que Tag estava na cabana contando histórias

sobre Hester, —disse Anna.
Sage concordou. — Assim fez Asil. Mas ele não estava.

Então, eu vou procurá-lo ... —O som de um grande motor
diesel engatando retumbou através do ar.
Sage levantou as mãos. — O que ele pensa que está

fazendo com a retroescavadeira? —Ela pulou na borda da
traseira da caminhonete e equilibrou-se por um momento e
olhou, presumivelmente sobre os carros para onde a
retroescavadeira estava estacionada. Ela balançou a cabeça. —
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Eu não faço ideia. Nenhuma. Aquele homem. Mas eu acho

melhor descobrir. —Ela pulou da traseira da caminhonete e
disparou, presumivelmente em direção à retroescavadeira com
Tag.
Anna dirigiu a caminhonete até a porta da frente da cabana e

pulou para fora. Assim que ela abriu a porta traseira, Asil e
Charles saíram da cabana com suas descobertas.
Entre eles, carregavam um pequeno baú de cedro, cada

um segurando uma das alças de cada lado. Era impossível ver
o quão pesado era o baú—dois lobisomens provavelmente
poderiam passear carregando um Bug VW pelos para-
O Volkswagen Beetle - oficialmente o Volkswagen Type 1 , informalmente em alemão,

o Käfer (que significa "besouro"), em partes do mundo de língua inglesa, o Bug , e conhecido por muitos outros apelidos em
outros idiomas - é de duas portas, carro econômico do motor traseiro, destinado a cinco ocupantes (mais tarde, os besouros
eram restritos a quatro pessoas em alguns países), que foi fabricado e comercializado pela montadora alemã Volkswagen
(VW) de 1938 até 2003.
Livro 5
choques e não mostrar muita tensão. Equilibrada

diagonalmente na parte superior do baú e pendendo para os
lados, havia algo—Anna tinha certeza de que era a espada com
a qual Jonesy havia se matado—enrolada em um cobertor.
Eles gentilmente colocaram o báu no bagageiro. Sage

reorganizou os corpos para que houvesse algum espaço, mas
nem ela nem Anna haviam imaginado um baú inteiro de
cedro. Charles e Asil soltaram a lona o resto do caminho e
rolaram de volta, trabalhando juntos como um time silencioso,
um de cada lado da caminhonete. Eles estavam aparentemente
despreocupados com toda a atenção que estavam recebendo,
mas Anna sabia que eles estavam muito conscientes dos olhos
sobre eles.
Eles devem ter encontrado alguma coisa com magia Fae.

Anna olhou para o bando e viu a mesma percepção nos rostos
ao seu redor: excitação, ganância e, no mais inteligente deles,
preocupação. Só um idiota ficaria empolgado por ter algo que
os Lordes do reino Fae pudessem querer.
Charles pulou na traseira da caminhonete e redistribuiu os

homens mortos novamente para que houvesse espaço para o
Livro 5
baú de cedro. Ele colocou a coisa embrulhada que era quase

certamente uma espada na traseira e pulou de volta para fora.
Anna fechou a porta do bagageiro e ele e Asil baixaram a lona
e a amarraram.
Charles olhou para cima. — Eu não preciso dizer o quanto

perigosa é a carga na parte de trás da caminhonete, —disse ele
para o bando em geral. — Nem Asil nem eu sabemos
exatamente o que encontramos aqui. Vamos pegá-los de volta
e colocá-los no quarto seguro de meu pai, onde ficará até ele
voltar. O Marrok vai descartá-lo como achar melhor.
Depois que ele falou, ele lentamente olhou para a

multidão, encontrando os olhos de cada membro do bando até
que eles desviassem o olhar.
O silêncio pairou poderosamente no ar enquanto o bando

aguardava que Charles dissesse outra coisa. Mas
aparentemente, ele disse tudo o que ele sentiu necessário,
porque ele se manteve calado.
Asil franziu o cenho para ele, limpou a garganta e disse,

com uma voz clara e fria que não continha seu sotaque
Livro 5
habitual: — Não precisamos lembrar a nenhum de vocês o que

aconteceria se os Lordes Cinzentos descobrissem que
encontramos artefatos Faes na casa de Hester. Nós perdemos
dois dos nossos aqui, e se eu estou lendo os sinais

corretamente—e eu sempre leio os sinais corretamente—
estamos prestes a nos encontrar engajados na guerra com um
inimigo desconhecido. Nós não precisamos adicionar uma
batalha com os Lordes Cinzentos em cima disso.
Da parte de trás da multidão, Tag rosnou: — O que ele

quer dizer é, é cale a boca ou alguém vai vir fazer uma visita.
Ele estava furioso—e Anna tinha certeza de que era por

causa da ameaça implícita de Asil que Tag estava com raiva.
Charles, ela pensou, não estava errado em sua avaliação que ele disse
o suficiente.
Esse era o tipo de faísca que fazia com que os lobos

lutassem dentro de seus bandos—e poderia deixá-los com mais
corpos. O trabalho de Anna era impedir as lutas. Por outro
lado, ela era filha de seu pai, e qualquer advogado de direitos
civis no país estaria do lado de Tag nisso.
Livro 5
— Não, —Leah disse claramente. Parecia que todos

estavam prendendo a respiração. Até mesmo Tag parou, com
a boca parcialmente aberta—sem dúvida para dizer algo que
aumentaria a energia feia da clareira.
No silêncio, Leah disse, com uma promessa suave: — Asil

não vai fazer a ninguém visitas sobre este assunto.
Okay, pensou Anna. Dê pontos à mulher pela coragem—

se não por cérebro—para dar diretamente tal parada em Asil.
Especialmente porque Anna sabia, e o bando sabia, que Leah
tinha medo do Mouro.
— Eu não vou permitir isso, —continuou Leah, sem olhar

para Asil. — Não é necessário. Ninguém aqui fará um
movimento que prejudique o nosso bando. Todos nós
conhecemos os perigos de dizer o que Charles encontrou
naquela cabana antes de Bran escolher. Não há necessidade de
ameaças. Ao proteger o bando, protegemos o que é nosso,
somos um só. Asil estava apenas nos avisando do perigo—mas
tenho certeza, —levantou uma sobrancelha e olhou para Asil,
naquele momento tão fria e controlada quanto o Mouro, —
Livro 5
tenho certeza de que ele não iria ameaçar, especialmente

quando não é necessário.
Houve uma pausa longa e embaraçosa.
Então Asil curvou-se formalmente para ela. — Como você

disse, —ele disse em uma voz sedosa.
Leah teve sorte, pensou Anna, que a raiva de Asil era uma coisa
fria, então ele ouviu o argumento de Leah e concordou com ela. Só
um idiota poderia pensar que qualquer um do bando de Bran
iria traí-los, e Asil não era idiota. Ele tinha sido um Alfa há
muito tempo antes de vir para cá, e seu modo de governar
diferia bastante do de Bran.
E ainda havia tensão no ar. Leah não era o único lobo com
medo de Asil. Porque o bando poderia estar cheio de todos os
malucos que Bran não confiava com qualquer outro Alfa, mas
não estava cheio de pessoas estúpidas com desejos de morte—
aqueles terminaram como estes selvagens. Até mesmo Tag
tinha medo de Asil— se ele não tivesse, ele não teria reagido à
ameaça de Asil tão ardentemente.
Livro 5
— Você pode ... —Charles murmurou para Anna sem tirar

os olhos dos dramatis personae , — leve a caminhonete longe
o suficiente da casa que não vai queimar quando acendermos
a cabana de Hester, mas perto o suficiente para que, se alguém

tentar entrar, vamos ver isso?
— Claro, —disse ela. Mais tarde, ela pensou. Haverá tempo

para contar a ele sobre a identidade do homem morto mais tarde,
quando o bando não estiver pronto para acender junto com a casa de
Hester.
Deve ter havido algo em sua voz, porém, porque ele deu-
lhe um olhar penetrante. Ela fingiu não vê-lo e se dirigiu para
a frente da caminhonete.
O bando abriu um caminho para ela enquanto se afastava

lentamente em uma caminhonete cheia de cadáveres, artefatos
Fae, e aquela arma estranha de bruxaria, que ela tirou da calça
jeans e colocou no banco da caminhonete. Ela tentou descobrir
o quão longe era perto o suficiente para fazer as pessoas
Dramatis personæ é uma expressão utilizada para se referir aos personagens principais de uma obra teatral em forma
de lista. Normalmente, os personagens que estão presentes na obra, mas que não aparecem no palco, não são considerados
parte do dramatis personæ.
Livro 5
pensarem que seriam vistas e longe demais caso algo da casa

em chamas explodisse e atravessasse o para-brisa. Era bom ter
algo para se concentrar em vez dos dedos frios de seu passado
que estavam tentando desvendar o núcleo da mulher que ela

se tornou desde que chegou a Aspen Creek, a este grupo, a
Charles.
No final, ela decidiu puxar a caminhonete velha ao lado

do Mercedes SUV muito caro e novo de Asil, argumentando
que ninguém arriscaria o duplo golpe de Charles e Asil—e que
"nada" provavelmente incluía o fogo que estavam prestes a
iniciar.
Uma vez que ela estacionou, ela ficou na cabine, no

entanto. Ela observou Charles dizer alguma coisa para Leah,
observando o bando começar a se mover de forma organizada.
Asil e Tag trabalhando juntos, seu antigo antagonismo ... não
tão esquecido como empurrado para trás deles. Os lobos
poderiam fazer isso, ela tinha notado. Eles eram tanto
criaturas do presente que, enquanto suas metades humanas
permanecessem do lado de fora do quadro, as brigas que
tiveram estavam mortas e enterradas e permaneciam assim.
Livro 5
Do banco do motorista da caminhonete de Charles, Anna

viu Tag entrar na cabana com um dos isqueiros de nariz
comprido mais comumente usados para acender
churrasqueiras do que para acender fogueiras domésticas (ela

esperava fervorosamente). Um momento depois, a luz laranja
brilhou na janela—mais brilhante porque o pôr-do-sol estava
desaparecendo rapidamente na escuridão. Tag saiu pela porta
da frente enquanto as chamas lambiam avidamente a madeira
velha da cabana.
Anna deveria estar lá fora, ela sabia, em vez de se

aconchegar na caminhonete, onde ela poderia tirar o conforto
do cheiro de seu companheiro sem qualquer um dos
inconvenientes de sua presença real. Ele viu demais, ela sabia.
Ela realmente não queria dizer a ele que conhecia um dos

mortos.
long-nosed lighters em inglês - Isqueiro de nariz comprido é um dispositivo portátil usado para
gerar fogo.
Livro 5
Antes de Asil ceder ao impulso para fazer Leah pagar por estar
certa, Charles disse: — Temos que queimar a cabana. —Ele
fez uma pausa: — Alguém pensou em chamar o Serviço
Florestal?
— Eu fiz a ligação antes de virmos aqui, —disse Leah. —

Eu disse a eles que o corpo de bombeiros voluntário de Aspen
Creek havia decidido queimar uma velha cabana que
representava um risco de incêndio. Eles não estavam felizes,
mas é em propriedade privada, e não há uma proibição de
fogueiras ... —alguém disse “ainda”, e ela acenou para o
orador para reconhecer sua precisão—então não havia muito
o que pudessem fazer.
Isso foi inteligente, pensou Charles. E não inteiramente uma

mentira: se eles tivessem um departamento de bombeiros em
Livro 5
Aspen Creek, isso consistiria em membros do bando. Ele só teria

dito a eles que estava queimando uma cabana de propósito.
— Bom, —disse Charles.
Asil acrescentou: — Mesmo se alguém do Serviço

Florestal decidir vir até aqui, eles estarão checando um
incêndio controlado e não corpos. —Ele não disse "boa
menina", isso teria sido demais. Ele não olhou para Leah, mas
deixou que ela ouvisse a aprovação em sua voz. Os ombros de
Leah se suavizaram—o único sinal de que ela sentia prazer
pelo elogio que recebera do Mouro.
Isso, disse Irmão Lobo, era diplomacia.
Asil continuou falando: — Tag—você é o único que

conhecia bem Hester, o único aqui, de qualquer forma. Você
quer ser o portador da tocha?
A pergunta de Asil incitou o bando em ação. Hester e seu

companheiro não eram os primeiros corpos que o bando havia
queimado, embora usualmente usassem um processo de
cremação apropriado. O lugar do portador da tocha era
Livro 5
geralmente apenas um lugar de grande honra—um lobo que

era a testemunha da cremação do corpo.
Mas os lobos que morreram como lobos não poderiam ser

enterrados onde alguém poderia desenterrá-los acreditando
que encontrariam um humano.
O fogo era bom na destruição de provas. Por causa disso,

Charles tinha supervisionado a queima de uma série de casas
ao longo dos anos, mas nunca antes no próprio território do
Marrok. Nunca um funeral formal—embora ele conhecesse os
protocolos.
Asil parecia ter assumido a responsabilidade de se

encarregar da queima, e Charles se contentou em deixá-lo
liberar a tensão assumindo a organização do próprio fogo.
Charles desejou que o fogo fizesse um bom trabalho ao

destruir os artefatos mágicos que ele e Asil não conseguiram
encontrar, pois transformaria o corpo de Hester em cinzas.
Ele nunca havia visto tantas coisas impregnadas de magia

em um só lugar antes. A mistura de magia fez o cabelo na parte
de trás do seu pescoço ficar em pé pior do que no meio de um
Livro 5
aeroporto movimentado. O pensamento daquele baú sentado

em sua caminhonete deixou uma coceira que não podia ser
arranhada entre as omoplatas. O mesmo aconteceu com o
bilhete no bolso.
Anna já deveria ter retornado.
Ele começou a se virar para procurar sua companheira,

mas foi distraído pelo flash de fogo pelo canto dos olhos. Ele
não esperava, com Asil no comando, que eles acendessem a
cabana tão rapidamente.
Tag, cheirando a fumaça, diesel e gasolina, tomou o seu

lugar ao lado de Charles, e Asil se juntou a eles.
— Eu gostava dela, —disse Tag, sem nenhum de seus

dramas habituais.
Charles pensou na maneira como Hester o repreendeu

sem dizer uma palavra de sua gaiola e disse: — Eu também.
Mesmo que eu não a conhecesse bem.
Como os incêndios às vezes faziam, este rugiu em uma

súbita explosão de luz e som. Parecia exatamente certo, um
tributo adequado a uma mulher durona e seu companheiro—
Livro 5
quente, selvagem e poderoso. Leah gritou, e o bando gritou de

volta, respondendo tanto a Leah quanto ao rugido do fogo.
Charles jogou a cabeça para trás e uivou—e o grito do bando
mudou quando os outros lobos responderam da mesma

maneira. Então eles ficaram em silêncio e testemunharam.
Tag havia dito que seu povo queimava seus mortos e

Charles se perguntou quem era o seu povo. Hester era um
nome antigo. Pode até ter sido seu nome de nascimento,
embora as criaturas antigas tendessem a mudar seus nomes de
tempos em tempos.
Seu pai disse que os nomes tinham poder. Os nomes que

haviam pertencido a você por muito tempo tinham mais
poder. Como muitos dos ditos de seu pai, isso era verdade em
diferentes níveis. Tanto a bruxaria quanto a magia Fae
poderiam usar um nome para trabalhar a magia maligna em
alguém. Mas a magia dos nomes ia além disso. Charles
descobrira que seu próprio nome, Charles descobrira que seu
próprio nome, Charles Cornick, filho do Marrok, muitas vezes
lhe salvara de problemas. O medo de seu nome fez com que as
pessoas desistissem da luta antes de começar.
Livro 5
Hester era um nome assim—um nome de poder. Ela tinha

sido uma lenda entre os lobos, sua lenda era mais silenciosa do
que a dos Mouros ou dos Marrok, porque ela preferia assim.
No entanto, seu nome serviu de maneira admirável para

distrair as pessoas do homem perturbado que fora seu
companheiro.
Charles esperava que Jonesy tivesse desfrutado da paz que

ela lhe comprara com o nome dela. — Fique com Deus,
Hester, —Charles sussurrou. — Doces sonhos, Jonesy. Boa
jornada.
No final de sua última palavra, houve um rangido dentro

da cabana e o fogo aumentou, e Charles sentiu o calor subir
em seu rosto e arranhou sua pele com a respiração de ...
alguma coisa.
A correlação não era a origem—não tinha sido o desejo de

Charles que causou a pequena explosão. Asil encontrou seu
olhar (brevemente) e encolheu os ombros. Essa explosão foi
algo que eles perderam em sua busca. A magia dos Fae era
magia elementar, baseada em aspectos da terra, do ar, do fogo
ou da água, e esses mesmos elementos poderiam ter efeitos
Livro 5
imprevisíveis nos artefatos Faes. Ele não tinha esperança de

que o fogo destruiria tudo o que não encontrara. Ele realmente
esperava que eles não tivessem perdido algo que os mataria na
clareira.
Sentiu Anna se aproximar na hora em que Charles estava

pronto para procurá-la. Anna colocou a bochecha contra o
braço de Charles. — Acho que o fogo foi uma boa despedida
para ambos.
Sim, concordou o Irmão Lobo. Mas Charles pensou que

era mais uma declaração de apoio para Anna do que qualquer
opinião real sobre o que eles deveriam fazer com os corpos de
seus caídos. Uma vez que alguém estava morto, o Irmão Lobo
era geralmente pouco sentimental sobre os restos mortais.
Anna deu-lhe um sorrisinho de concordância. Ela também

conhecia o Irmão Lobo.
Seu rosto sob o sorriso estava pálido, os pequenos

músculos de sua mandíbula tensos.
Livro 5
— O que está acontecendo? —Charles perguntou—porque

era óbvio para ele, uma vez que ele prestou atenção, que algo
estava.
Ela enfiou o braço no dele e o levou para longe dos outros.

Então, em uma voz muito baixa, para-não-ser-ouvida, ela disse:
— Eu conheço um dos homens mortos na parte de trás da
caminhonete. —Ela o soltou e deu um passo atrás—e ele não
achou que ela soubesse que fez. Sua voz tremeu um pouco e
ela falou mais rápido. — Eu não sei o nome dele, mas o vi na
casa de Leo. Devemos tirar uma foto dele para o Alfa de
Chicago assim que chegarmos a algum lugar com recepção de
celular.
Leo tinha sido o Alfa que havia governado o primeiro

bando de Anna. Charles o matou por seus crimes. A expressão
de Anna significava que ele não tinha que perguntar se o
homem morto tinha sido um daqueles que abusaram dela por
ordem de Leo.
Charles não estendeu a mão para tocar Anna, não quando

ela tinha acabado de se afastar dele—e não quando havia tais
fantasmas em seus olhos. Ele não podia dizer nada por medo
Livro 5
de que a coisa que ele diria fosse a coisa errada. Ela não
precisava da raiva dele. Ele esperou que ela fizesse algo que lhe
dissesse o que ela precisava dele.
Depois de um momento, ela soltou a respiração e

balançou a cabeça. Ela entrou nele e enroscou o braço direito
em torno do seu esquerdo, apertando o braço dele brevemente
antes que todo o seu corpo se suavizasse contra ele.
Ele aproveitou o momento para olhar em volta, mas

ninguém os estava observando e—se tivessem ouvido o que
Anna dissera, estavam sendo cautelosos. Anna estava em
silêncio, mas eles estavam cercados por lobisomens. Era
improvável que eles tivessem passado completamente
despercebidos ou não tivessem ouvido-os falar.
Anna olhou para o fogo, embora ele não achasse que ela
estivesse realmente olhando para ele. Mas depois de um
tempo, ela disse: — O fogo é algo muito poderoso. Purifica
enquanto destrói—e traz luz à escuridão.
— Sim, —ele concordou.

Livro 5
— Acho que entendo por que algumas culturas queimam

seus mortos, —disse ela. — Ela se sente como uma celebração,
não é? A conflagração final. —Ela fez uma pausa. — Queime
brilhante, Hester. Afugente as sombras, Jonesy. Durma com

os heróis e os santos.
Com a cabana e todas as outras coisas queimando, o

cheiro de carne queimada era muito fraco. Charles apoiou o
queixo no alto da sua cabeça e achou que era a melhor coisa
que, por mais jovem que ela fosse, ela provavelmente não
conseguia distinguir o cheiro do fogo que consumia o corpo de
Hester do cheiro do resto das coisas queimadas.
Ele teria queimado o passado de Anna para ela se

pudesse—mas as memórias não são tão fáceis de queimar
como uma cabana.
Livro 5
Anna e Charles foram embora depois da maioria dos outros.

O fogo ainda estava queimando, então cinco dos lobos
ficaram—e eles permaneceriam lá até a última brasa morrer.
Charles entrou no banco do passageiro, mas antes que

Anna ligasse o carro, ele colocou a mão no braço dela. —
Espere, —ele disse, e tirou um pedaço de papel dobrado do
bolso. — Asil e eu achamos isso no quarto enquanto
procurávamos coisas que poderiam explodir a montanha se ela
pegasse fogo.
Ela se endireitou sobre o assento, mas estava escuro

demais para ler. Antes que ela pudesse ligar a luz da cabine,
Charles iluminou a página com a luz muito mais fraca de seu
celular. Kara trouxe os celulares dos dois com ela. Esconder a
casa de Hester não era mais uma diretiva. Se não conseguissem
encontrar uma casa em chamas, os federais eram bem-vindos
para rastrear seus telefones. Demoraria muito tempo até que
alguém vivesse perto dessa clareira novamente.
Livro 5
Ela leu e absorveu as implicações. Não tinha apenas

pensado que de alguma forma qualquer membro do bando os
trairia? Parecia que talvez estivesse errado.
— Traidor, —ela disse lentamente. — Você sabe como nós

fomos traídos?
— Para começar, —disse Charles. — Alguém disse ao

nosso inimigo onde Hester morava. E, provavelmente, o
momento do ataque significa que eles sabiam que meu pai não
estava aqui. Eu estive pensando em outras coisas também,
desde que encontrei este bilhete. Talvez Gerry Wallace não
tenha saído em busca de alguém para financiar seu complô de
assassinato estranhamente complexo contra meu pai. Talvez
alguém o tenha recrutado. No inverno passado, alguém
introduziu muitas informações sobre o bando de Adam para
os agentes desonestos da CANTRIP.
— Certo, —disse Anna depois de um momento. — Jonesy

deixou isso para você?
Charles assentiu. — Parece que sim. Depois que Hester

morreu.
Livro 5
— Ela podia falar com ele, mente a mente, do jeito que o

Irmão Lobo e eu fazemos? —Anna perguntou.
Charles encolheu os ombros. — Eu não sei, embora Tag

possa. Mas parece que ela tinha algum meio de se comunicar
com ele.
Anna assentiu devagar. — Ela contou a ele um pouco

antes de conseguirem matá-la. Ele tentou nos dizer o que ela
gostaria que soubéssemos.
Ela ligou a caminhonete e ele desligou a luz.
Ainda pensando nas implicações, ela disse: — Você pode

ficar de olho na recepção do telefone? Quero mandar uma foto
do morto para o Alfa de Chicago para ver se eles o reconhecem
também. Talvez eles possam nos dar um nome.
— Tudo bem, —ele concordou.
Eles dirigiram por algum tempo em silêncio. A pista não

melhorava por ser transitada à noite. — Hester sabia, —disse
Anna. — Ela sabia quem era, ou eles achavam que ela sabia.
É por isso que eles a mataram. Então ela não poderia nos dizer.
Livro 5
— Isso é o que eu acho, —concordou Charles.
— É alguém no bando? —O estômago de Anna estava

apertado com o pensamento. Estes eram sua família, tanto

quanto sua família de nascimento tinha sido. Alguns deles
poderiam ser difíceis ou assustadores, mas ainda eram família.
— Ou é um dos selvagens?
— Jonesy foi notavelmente inútil nisso, —disse Charles se

desculpando. — Suponho que 'nós' possa significar os Faes,
mas, nesse contexto, está na fronteira com o improvável e
quase ridículo.
— Está tudo bem, —disse Anna. — Quantos selvagens

tem? Eu sei de três e já ouvi falar de mais alguns.
Bran manteve os selvagens afastados do bando. Parte

disso era que eles eram perigosos e precisavam ficar isolados—
e em parte porque muitos deles eram muito velhos.
Lobisomens muito velhos tendiam a colecionar inimigos. Até
onde ela sabia, apenas o próprio Bran, Leah e Charles
conheciam todos eles. Eles não ficavam completamente
Livro 5
isolados, e alguns deles às vezes se juntavam na caça—mas

ninguém falava sobre eles quando eles faziam.
— Dezoito, —disse Charles. — Agora que Hester e Jonesy

estão mortos.
Ela fez um barulho involuntário de surpresa. — Isso é

muito mais do que eu pensava. Mas ainda é um grupo razoável
de suspeitos. —Ela não queria pensar que era alguém que
conhecia.
Ele assentiu. — Asil sabe—ele estava lá quando encontrei

a nota. Mas eu não quero contar a mais ninguém até sabermos
mais. Aqui.
— O que?
— Há recepção aqui.
Ela parou a caminhonete e carregou a foto e um texto

explicativo. Seu telefone tinha uma lista de contatos que
incluía todos os alfas sob o domínio de Bran, então ela não
precisou pedir a Charles o número.
Livro 5
— Jonesy disse que perguntaram a ela sobre os selvagens,

—disse Anna, uma vez que estavam se movendo novamente.
— Se o agente deles fosse um dos selvagens, por que teriam
que perguntar sobre eles?
Charles grunhiu. Foi o seu grunhido de "Estou intrigado

também". Mas então ele disse: — Nem todos os selvagens se
conhecem. Alguns deles fazem, mas muitos deles são muito
isolados, porque eles querem ser. Ou eles precisam ser. A
maioria dos nossos selvagens mudam seu nome quando eles
vêm aqui, Hester foi uma exceção. No geral, suponho que há
muito conhecimento que nossos selvagens têm que não existe
em nenhum outro lugar do planeta. Eu posso pensar em quatro
coisas, apenas improvisadas, que uma caçada frenética
começaria se alguém soubesse sobre elas.
— Ou talvez seja um item—como todas as coisas que você

trouxe da casa de Jonesy.
Charles assentiu. — Do que encontramos, apenas a

espada realmente atrairia o interesse por si só. —Ele fez um
ruído infeliz. — Também houve algumas outras coisas, eu
Livro 5
acho. Mas mesmo sem eles, toda a coleção representa uma boa
bateria de energia para alguém que sabe como liberar ou usar.
— Talvez Hester soubesse quem ou o que eles estavam

procurando, —disse Anna sobriamente. — Mas ela não pode
nos dizer agora.
— Sim, —disse Charles, muito calmamente. — Sabemos

que eles estavam pedindo informações que eram importantes
o suficiente para intensificar o que antes era um longo jogo.
Sabemos que eles estavam perguntando sobre os selvagens e
eles não sabem disso. Nós vamos descobrir quem é o agente
deles, então vamos usar essa pessoa para caçá-los.
Anna inalou e assentiu. — Sim, —ela disse. — Okay. Sim.
Boyd Hamilton ligou quando eles estavam chegando na casa

de Bran. Mais especificamente, ele ligou para o celular de
Livro 5
Charles. Anna havia lhe enviado a mensagem de texto e a foto

do celular dela.
Anna olhou para o celular de Charles e deu um suspiro de

exasperação. Ela desligou a caminhonete e se virou para o
homem que segurava seu coração.
— Eu sobrevivi, —ela disse com firmeza. — Eu não

preciso ser mimada como se eu fosse uma boneca frágil. Eu
posso falar com Boyd—que nunca me fez mal de qualquer
maneira—e não me transformar em uma poça sem espinha.
Charles olhou para ela. Se fosse qualquer outra pessoa, ela

teria certeza que ele tinha praticado aqueles olhares no
espelho: eles eram muito eficazes para serem naturais. Mas ele
não se preocupava com coisas assim—ele não precisava. Os
assustadores eram fáceis, era os não-assustadores que às vezes
era um problema para ele.
Ela levantou a sobrancelha para mostrar que não estava

impressionada.
Ele quase sorriu, mas ele segurou de volta antes que fosse
mais do que um amolecimento no canto dos olhos. — Talvez
Livro 5
não seja sobre você, —ele disse a ela. — Talvez seja sobre um
homem que não conseguiu protegê-la de Leo quando ele
deveria ter protegido. Se você quiser puni-lo, pode atender meu
celular e fazê-lo contar tudo sobre esse homem morto de quem

ele também não a protegeu.
— Ele não podia fazer nada, —disse ela com veemência,

incapaz de deixar que o ataque a Boyd continuasse sem
defendê-lo. Boyd tinha sido a chave para ela deixar Chicago,
para que ela pudesse encontrar Charles. — Leo era seu Alfa—
e ele mantinha todos sob seu controle. Boyd não era
dominante o suficiente para desafiá-lo ou desobedecer a uma
ordem direta. Boyd protegia as pessoas quando podia. Sem ele,
mais coisas ruins teriam acontecido com pessoas que não
conseguiam se proteger.
— Você realmente acredita nisso, —disse Charles, como

se não acreditasse. — Bom para você. —Ele suspirou, seu
olhar focado em algum lugar na escuridão lá fora. Outro carro
estacionou na calçada do Marrok, os membros do bando
chegando para encontrar os outros. Que eles vieram para cá,
Livro 5
em vez de irem para casa, falava sobre o desconforto que a

morte de Hester causou.
Os lobos que saíram desviaram o olhar da caminhonete de

Charles com cuidado estudado.
Charles falou depois que eles estavam sozinhos na

escuridão novamente. — Às vezes penso que você poderia
estar certa. Mas principalmente, eu acredito que qualquer
dominante digno deva proteger aqueles que não podem.
Espero que seja assim que Boyd olha as coisas também.
Ela, pessoalmente, parou de pensar em seu primeiro

bando há muito tempo. Pelo som disso, ela tinha sido a única.
Ela usou um dos grunhidos de Charles para se expressar.
— Um lobo dominante protege a sua própria vida, Anna,

—Charles disse a ela. — Isso significa que para todos. Se ele
sentia que Leo era demais para ele, Boyd tinha o número de
Bran. Ele poderia ter chamado a qualquer momento.
— Ele não podia desobedecer a Leo, —disse ela

obstinadamente, ela o viu tentar. — Leo proibiu.
Livro 5
— Seu lobo não poderia desobedecer a uma ordem direta,

—concordou Charles, tão suavemente que Anna estremeceu
um pouco, embora ele não estivesse se dirigindo a ela. Ela
conhecia aquele tom suave.
Ele fechou os olhos e respirou fundo. Quando ele falou de

novo, o silêncio da morte estava mais longe, e seus olhos
voltaram ao normal quase negros.
— Somos mais que nossos lobos, Anna, —disse ele. —

Boyd também é um homem e o homem está no comando. Ele
poderia ter desobedecido desligando seu lobo. Teria sido
difícil, mas ele não é um lobo recém-transformado. Ele tem o
controle para fazer isso. Ele simplesmente não tentou.
Ela mordeu o lábio. Isso mudou as coisas? Saber que Boyd

poderia ter intervido mais cedo? Não, ela pensou, com algo
próximo do alívio. Houve coisas que ela poderia ter feito
também, se ela soubesse. Uma das coisas que ela aprendeu ao
ser um lobo no bando de Bran era que toda a habilidade do
mundo não lhe dava nada bom se não soubesse como usá-la.
Livro 5
— Ele sabe melhor agora, —seu companheiro continuou

em um grunhido baixo, como se estivesse seguindo sua
maneira de pensar.
— Charles, —ela perguntou, sinceramente infeliz. Charles

não era exatamente discreto. Estar no bando de Leo tinha
marcado ela, sem dúvida, mas não tinha sido um piquenique
para mais ninguém. Boyd estava tão perto de quebrar quanto
ela, embora não o tivesse visto naquele momento. Boyd não
precisava de seu companheiro forte lhe contasse como ele
tinha falhado em seu bando—ele já acreditava nisso.
— Não eu, —disse Charles. — Foi meu pai. Ele o

educou—depois colocou Boyd no comando do bando. Boyd
não era forte o suficiente para controlar o território, não em
sua condição, especialmente quando o bando estava tão
quebrado. Mas meu pai pensava que Boyd se curaria melhor
se fosse encarregado por um tempo, então meu pai fez
acontecer. —Seu telefone já havia parado de tocar por um
longo tempo. — Como resultado, Boyd se levantou para a
ocasião e meu pai o deixou no comando.
Livro 5
— Isso soa ... estranho, —disse Anna, sentindo-se

desequilibrada. — Bran é tudo sobre o bem de muitos
superando o bem de um.
Charles sorriu sombriamente. — Nós também falhamos

com esse bando. Nós falhamos com você. Meu pai ou eu
deveria ter notado a situação mais cedo. Em retrospecto, nós
dois notamos singularidades que deveríamos ter investigado e
não o fizemos. Em vez de deixar Boyd quebrar sob o peso de
sua incapacidade de proteger seus subordinados de seu alfa,
meu pai o deixou em uma posição onde ele poderia resolver
sua culpa com a ação. Boyd precisava saber que ele poderia
tomar conta de seu bando, que o que ele tinha sido e quem ele
era agora poderia ser diferente, melhor. — Ele franziu os lábios
e disse, pensativo: — Não tenho dúvidas de que Boyd
Hamilton nunca ficara de lado novamente enquanto alguém
estiver sendo ferido.
Claramente, Anna percebeu, isso não impediu que

Charles ficasse muito bravo com ele de qualquer maneira.
— Então, —ele perguntou para Anna, em um tom

repentinamente abrupto, — você vai puni-lo, fazendo-o falar
Livro 5
com você sobre o quanto ele falhou com você? Ou você vai
deixá-lo falar comigo sobre isso?
Ela deu-lhe um olhar astuto. — Qual é melhor para ele?
— Você vai fazê-lo se sentir culpado. Eu só vou deixá-lo

com raiva, —assegurou Charles.
Ela riu—e foi apenas um pouco tensa. Ela deveria insistir,

mas ela realmente não queria ter essa conversa também.
— Tudo bem, —disse ela. — Vá em frente.
E ela o deixou sozinho na caminhonete para fazer a

ligação onde ela não ouviria.
Boyd respondeu assim que Charles ligou de volta para ele.

— Hamilton, —ele disse, sua voz cautelosa.
Livro 5
— Você sabe quem é o nosso cadáver? —Charles

perguntou, observando Anna até que ela fechou a porta da
frente atrás dela.
— Sim, —o tom de Boyd foi rápido e aliviado. Ele não era

estúpido—provavelmente estava esperando que Anna ligasse
de volta, embora ela tenha não usado o celular de Charles. —
O nome dele era Ryan Cable. Antes do ínicio ... quase no alvorecer
dos problemas de Leo, ele trouxe cinco militares para serem
secretamente transformados. Foi altamente implícito, embora
nunca tenha sido diretamente falado, que eles eram das forças
especiais. Apenas o segundo mais antigo—Harvey Adler—além
de mim, Jason e alguns outros sabiam ... —Houve uma pausa.
— Eu penso em os membros do bando lá naquela noite, eu sou o
único que ainda está vivo.
Charles achou que seria um bom momento para retomar

a conversa. Havia algo no tom de Boyd que indicava que ele
teria ficado mais feliz de estar entre os mortos. — Ryan Cable.
— Sinto muito, —disse Boyd, sua voz sem remorso. —

Estou tentando obter os detalhes certos. Foi à muito tempo. Eu
Livro 5
acho que deve ter sido no início dos anos noventa. A Guerra do
Golfo acabara de explodir e o patriotismo era forte em todos nós.
Leo nos disse que havia pessoas no exército que sabiam sobre
lobisomens e que um desses homens pedira ajuda. Leo concordou,

e seu contato nos enviou esses cinco homens para a
Transformação. Estas eram coisas muito secretas, tanto da nossa
parte como da deles.
Irmão Lobo resmungou. Este era exatamente o tipo de

coisa que levou Bran a trazer os lobisomens para o público. A
chantagem era menos útil agora—seja como incentivo ou
como desculpa.
Boyd fez um som de dor. — Acredite em mim, eu sei. Mas

Leo tinha sido um bom Alfa até aquele momento. É só olhar para
trás e ver que ele estava começando a mudar, e esse foi
provavelmente o ponto de virada. Todos nós fizemos coisas contra
as regras de vez em quando. Todos nós. —Boyd incluído, isso
significava. — Leo disse que era para o esforço de guerra, e
poderíamos dizer que ele estava dizendo a verdade.
— Nem todos os cinco conseguiram, —disse Charles.

Livro 5
Seu pai poderia ter mudado cinco humanos e feito eles

sobreviverem, embora ele tenha dito a Charles que ele nunca
faria isso. Forçar alguém na transformação não era ético. Na
maioria das vezes, uma pessoa que não poderia lutar com força
suficiente para sobreviver à transformação não sobreviveria
por muito tempo sendo um lobisomem, também.
— Eu os avisei, —disse Boyd, — mas Harvey foi mais longe.

Ele disse a eles em detalhes gráficos, exatamente o que significava
a transformação de um humano para um lobisomem. Alguns deles
pareciam muito assustados, mas todos eles escolheram ir em
frente. —Ele fez uma pausa. — Eu me pergunto agora o que teria
acontecido se eles tivessem se oposto. Se fosse um segredo, talvez
eles tivessem sido mortos se tentassem sair disso. De qualquer
forma, Cable foi o único que se transformou. Leo e Harvey
entregaram os homens mortos e Cable às pessoas que vieram
procurá-los. Harvey não gostou da aparência dessas pessoas. Eu
lembro disso. Eu não acho que eles eram militares. Leo contou a
Harvey algo que o deixou mais feliz, embora eu não poderia lhe
dizer o que era.
Livro 5
— Você acha que Leo levou um pagamento por isso?
— Eu penso mais do que isso, —disse Boyd. — Nós

passamos os últimos anos revendo os livros antigos. Bran pediu-

nos que procurássemos os nomes das pessoas que pagaram a Leo
pelas coisas que não pudemos verificar que eram despesas
legítimas. Leo recebeu cinquenta mil adiantados e outros vinte
depois que nós entregamos Cable. Em suas anotações, ele reclamou
porque esperava obter mais oitenta mil. Trinta mil por lobisomem
que trnasformamos com sucesso, com um terço adiantado que nos
manteria nos dois sentidos. Enviei os arquivos financeiros e as
entrevistas do bando de tudo o que reunimos sobre o que Leo
estava fazendo para Bran quando ele me pediu—cerca de um mês
atrás.
Houve um pequeno silêncio quando Charles absorveu

mais do que apenas as palavras de Boyd. Seu pai pedira ao
bando de Chicago que lhe enviasse seus arquivos—e essa
informação nunca chegara a Charles, que lidava com todas as
finanças do bando e sempre o fizera—exceto por um período
de seis meses no ano passado, quando Leah assumiu o cargo.
Livro 5
Leah fez com que eles perdessem muito dinheiro. Quase

vinte por cento do seu patrimônio líquido. Levou duas
semanas para recuperá-lo. Não que ele fosse competitivo ou
algo assim.
— Quando seu pai nos pediu para enviar as informações para

ele, —disse Boyd, lendo o silêncio de Charles com bastante
precisão. — Ele disse que estava montando um quebra-cabeça e
que ele daria a você assim que ele tivesse o alvo para apontar. Eu
entendi que ele achava que você ainda estava com raiva de Leo e o
que ele fez com Anna. Bran não queria que você fosse em uma
missão de busca e destruição até ter certeza de que ele tinha tudo
armado.
— Eu vejo, —disse Charles. Se Bran não tivesse dado fatos

reais a Boyd, apenas o suficiente para que Boyd tirasse sua
própria conclusão, Charles tinha certeza de que era a
conclusão errada. Ele se perguntou por que seu pai não queria
mostrar-lhe os livros.
— Eu tentei o celular de Bran antes de ligar para você, —

disse Boyd em tom neutro. — Ele terá esses arquivos.
Livro 5
— O Marrok está longe, —Charles falou. — Essa é uma

informação que você precisa saber e não deve ir além de
você.
— Eu entendi. —Ele fez um som pensativo. — E se eu lhe

enviar por e-mail o arquivo desta transação e toda a informação
bancária que temos sobre ela? —Houve uma pausa. — Então,
enviarei a você toda a bagunça que temos acumulado e, de um dia
para o outro, para você no disco. Se você tem o Cable morto em seu
território, Bran ficou sem tempo para organizar tudo para seu
prazer.
— Eu aprecio isso, —disse Charles porque Boyd estava

certo. Ele procuraria por quem seu pai tinha dado esses
arquivos, de qualquer maneira, porque então ele não precisaria
gastar todo o seu tempo refazendo o trabalho que alguém já
havia feito. Mas se ele não pudesse descobrir quem era, pelo
menos ele poderia olhar.
Em algum lugar naqueles arquivos havia um rastro para o

homem que pagara pela transformação de Ryan Cable. Era
difícil seguir uma trilha financeira tão antiga, mas, se um dos
Livro 5
números da conta correspondesse a uma conta que Charles

tinha em seus arquivos "para vigiar", ele teria um nome.
Alguém estava cuidando de Cable e de seus amigos mortos, e
havia uma boa chance de que fosse a mesma pessoa que pagara
por sua Transformação—ou algum associado próximo.
— Depois que Cable foi transformado, —Boyd continuou,

— quem quer que o dirigisse usava-o como mensageiro. Ele
aparecia, se encontrou com Leo e partiu no dia seguinte. Três ou
quatro vezes por ano. Muitas vezes, eu não precisava procurar em
minha memória por seu nome, mas não com tanta frequência que
eu o conhecia mais do que por um aceno de cabeça. Se tivemos uma
conversa real, não me lembro disso. Posso trocar idéias com alguns
dos outros ex-membros do bando que sobreviveram a Leo e ver se
podemos ter algum tipo de idéia geral de quando ele veio—e talvez
alguém se lembre de um pouco mais sobre ele. No final, Leo
ignorou muito bem os lobos mais submissos. Eles testemunharam
muitas coisas que eles provavelmente deveriam ter escondido
deles.
Livro 5
— Eu ficaria grato por qualquer coisa que você possa

conseguir, —disse Charles.
— Eu não conhecia Hester, —disse Boyd. — Mas eu ouvi

histórias dela. Para ela morrer assim ... vou fazer o que puder.
Charles pegou a arma de bruxa que o deixou inconsciente

no meio de seus inimigos. — Leo já trabalhou com uma
bruxa?
— Não enquanto eu estava no bando, —Boyd respondeu

sem hesitação.
— Ele tinha armas que eram especialmente eficazes

contra outros lobisomens?
— Não, —disse Boyd, embora dessa vez sua resposta fosse

mais lenta, sua voz bruta. — Além de Justin. Mas eu sei sobre a
droga que alguém desenvolveu usando os lobos que Leo havia
transformado e vendido como cobaias.
Charles respirou fundo e forçou o Irmão Lobo a realmente

examinar a situação em que Boyd se encontrara—um desgaste
gradual de todas as regras até que qualquer um naquele bando
Livro 5
pudesse se agarrar ao seu Alfa porque não havia outro lugar

para ir. E o Irmão Lobo ainda achava que Boyd deveria ter
feito mais. O mesmo aconteceu com Boyd, obviamente.
Charles deu-lhe o conforto que ele podia. — Você

aprendeu o que não fazer, —disse ele. — Ensine os outros.
Siga em frente. Voltar para trás não faz bem a ninguém.
— Como está Anna? —Boyd perguntou, e havia fome em

sua voz. Não desejo sexual, mas a necessidade de saber que,
pelo menos, ajudara Anna a sair daquela confusão.
— Ela queria atender a essa ligação, —disse Charles,

divertido.
— Merda, —disse Boyd. Mas então ele riu. — Da próxima

vez, talvez eu ligue para ela no celular dela.
— Ela ficaria feliz em ouvir você, —disse Charles. Ele

olhou para arma de bruxa novamente. — Vou enviar-lhe uma
foto de uma arma de bruxa que foi eficaz o suficiente em
mim. —Ele explicou algo sobre como ele veio para tê-la. —
Talvez um dos seus lobos submissos tenha visto algo que
Livro 5
você não viu. —Leo não via os lobos submissos como uma
ameaça, então ele não prestou atenção ao que eles viram.
— Eu vou verificar, —disse Boyd, parecendo mais com ele

mesmo. — Se eles não sabem, eles podem ter algumas idéias de
onde procurar. —Houve uma pausa. — Eu não me lembro de
nada sobre bruxas neste negócio, no entanto. Mas Harvey ... ele
podia sentir o cheiro de uma bruxa a cem metros de distância. —
Boyd fez uma pausa, depois disse devagar: — A reação de
Harvey naquela noite—quase poderia ser que um deles fosse uma
bruxa.
— Mantenha a arma como informação apenas para o

bando. Eu não quero que todas as bruxas do planeta tentem
descobrir como liquidar lobisomens por diversão e lucro.
— E sobre a morte de Hester e o ataque ao bando do Marrok?
Charles deu uma risada involuntária. — Eu teria mantido

esse segredo secreto se pudesse, mas suspeito que as
pessoas no seu bando estão recebendo ligações de amigos e
Livro 5
conhecidos no momento. É mais difícil manter as coisas em

segredo do que há cinquenta anos.
— Sim, e verdade, —Boyd concordou com o sentimento.

— Falo com você, se eu ouvir alguma coisa interessante.
— Parece bom. —Charles desligou. Ele saiu da

caminhonete, parou e pegou o celular.
— Pai, —disse ele, assim que a secretária eletrônica

atendeu. — Eu não sei qual é o seu jogo, mas deixe-me
expor para você o que aconteceu hoje com todas as
peças importantes que conheço.
Livro 5
A nna entrou na casa de Bran. Ela se sentia nervosa e inquieta.
Ela preferia estar entrando em sua própria casa, para poder

lidar com a agitação de velhas memórias sem testemunhas.
Apesar do adiantado da hora, toda a casa estava viva com a
tagarelice de vozes e o cheiro de fumaça de lenha. Ela sabia,
pelos carros do lado de fora, que todos tinham aparentemente
decidido se reunir na casa do Marrok em vez de irem para casa
dormir, como pessoas sensatas.
Mesmo com um aviso justo, ela quase se virou e saiu de

novo. Apenas o conhecimento de que Charles pensaria que
algo estava errado a manteve de avançar.
Livro 5
Ela se perguntou quantas vezes Bran queria se virar e se

afastar de todos. Se perguntou se isso era o que ele fez.
O pensamento de Bran não voltar, de deixar este bando e

os selvagens—e bem, todos os lobisomens na América do
Norte—nas mãos de Charles era quase o suficiente para
desencadear um ataque de pânico. Claro que ele iria voltar. Ele
era um maníaco pelo controle. Não havia como ele ficar longe
por muito tempo.
Sua casa tranquila esperaria por ela até que ele retornasse.
A casa de Bran estava sempre cheia de pessoas e barulho,

apenas as suítes e o escritório de Bran eram privados. Ela sabia
que na maioria dos bandos, a casa do segundo Alfa era quase
tão movimentada quanto. Mas a maioria do bando, por mais
perigosos que fossem, tinham medo de Charles. Ter uma casa
que era um refúgio em vez de um clube do bando era uma
bênção que ela não tinha apreciado até esta semana.
Ela entrou no grande espaço de reunião cheio de membros

do bando—todos pararam de falar e olharam para ela
enquanto ela entrava. Eles sabiam. Alguém deve ter ouvido
Livro 5
quando ela contou a Charles sobre o lobisomem morto que ela

já conheceu. Eles haviam acrescentado dois e dois e
conseguido quatro de alguma forma—ela podia ver em seus
rostos.
Não havia um lobo aqui, não excluindo Leah, que não se

jogaria entre ela e qualquer um que a machucasse. Alguns
deles eram porque ela era Ômega, mas outra parte era que
eram seus amigos e sua família. Havia compensações por viver
lado a lado com outros lobos.
O problema era que ela não precisava ser resgatada, exceto

talvez deles. A força de sua preocupação, de saber que ela tinha
sido uma vítima, fez com que ela se sentisse novamente como
vítima.
— Ei, Anna, —disse Kara alegremente. Sua socorrista

apareceu da direção da cozinha com um prato cheio de cookies
de manteiga de amendoim. — Leah e eu fizemos cookies.
O rosto da adolescente estava quase inexpressivo, exceto

pela risada irônica em seus olhos. Como o lobisomem mais
jovem do bando, Kara lidava com sua parcela de
Livro 5
superproteção. — Havia um pouco de massa na geladeira, mas

Leah disse que preferia cookies de manteiga de amendoim.
Anna revirou os olhos. Passivo-agressivo não chegava

nem perto de descrever o modus operandi usual de Leah. Ela
se arrependeu do gesto instantaneamente—parcialmente
porque jurou a si mesma que não deixaria Leah levá-la ao seu
nível. Mas principalmente porque, no meio do revirar dos
olhos, Leah virou a esquina para o outro lado da sala e pegou
Anna.
Leah levantou uma sobrancelha superior.
Anna balançou a cabeça para Leah e pegou um dos

cookies do prato porque eles cheiravam bem, ela estava com
fome, e Kara começou a parecer incerta. Kara gostava de
Leah, mas ela não estava inconsciente dos jogos dela. Ela
também sabia que, geralmente, Anna estava mais inclinada a
rir deles do que se sentir ofendida.
Não havia chocolate no cookie, mas era bom de qualquer

maneira. Especialmente desde que toda a coisa do cookie
Livro 5
havia quebrado o modo como cada lobo na sala estava focado

na história de Anna como uma vítima.
— Yum. Obrigada, —Anna disse—e Kara deu um sorriso

aliviado.
Tag surgiu e pegou um cookie do prato de Kara. —

Obrigado, leanbh , vou pegar outro. Seus cookies sempre
merecem uma segunda visita. —Ele foi, Anna pensou,
deliberadamente incerto sobre se seu carinho foi destinado a
Leah ou Kara.
Ele deu uma grande mordida e olhou para Anna. Ele era
mais alto que Charles, que era muito alto e pesava mais do que
o seu companheiro em vinte quilos de músculos—e ainda a
coisa mais impressionante sobre ele era o cabelo dele. Um
laranja brilhante, cobria a cabeça e pendurava quase até a
cintura em fios de dreadlocks . Sua barba era um pouco mais
Significa, baby ou criança, em irlandês

Livro 5
escura e explodia exuberantemente em seu peito em uma

massa que os membros do ZZ Top só podiam invejar.
— Para o registro, —ele disse a ela gentilmente, no tenor

claro que sempre pareceu ruim para tal homem-fera. — Nós
não vamos ficar parados se alguém te machucar.
E então ele desfez toda a boa distração que os cookies de

manteiga de amendoim tinham feito.
Tag acenou com a cabeça para o resto da sala, e houve um

daqueles rosnados baixos que, até ela se tornar um lobisomem,
Anna associava a grupos de homens que assistiam ao seu time
de futebol favorito quando o juiz fazia uma arbitragem ruim.
Sage, empoleirada no encosto do sofá junto à lareira, parou de
comer seu cookie para fazer uma careta.
O apoio silencioso de Sage permitiu que Anna engolisse o

pedaço de cookie em sua boca e dissesse, com sinceridade
ZZ Top é uma banda que mistura blues-rock com southern rock norte-
americana, referida como "That Little Ol' Band from Texas" formada em 1969 em Houston, Texas. Os membros da banda são:
Billy Gibbons, Dusty Hill e Frank Beard. ZZ Top quase sempre aparece em público usando óculos escuros.
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inocente: — Para o registro, Tag. Eu não deixaria nada

acontecer com você também.
Por um momento, a tensão permaneceu. Os olhos de Tag

se arregalaram por um instante, iluminando-se quando seu
lobo considerou se ela o havia insultado. Então ele jogou a
cabeça para trás e riu como um coiote.
Quando a sala explodiu em risos espalhados que tinham

mais a ver com quebrar a tensão do que algo que Anna disse,
ela os considerou pensativamente.
Hester e Jonesy estavam mortos. Todos os atacantes que

haviam pisado no território do bando estavam mortos, mas
esses homens foram apoiados por dinheiro real. Alguém que
poderia adquirir um helicóptero.
E tudo o que este grupo tinha a falar era sobre ela, e o que
tinha acontecido com ela nas mãos de Leo—algo que estava
acabado e finalizado. Ela não tinha certeza do que isso dizia
sobre eles, mas tinha certeza de que queria redirecionar esse
foco.
Livro 5
— Isso não é sobre mim, —disse ela. — Isso é sobre

alguém entrar em nosso território e matar Hester—o que levou
diretamente à morte de seu companheiro. Nós podemos ter
matado aqueles que puseram os pés em nossa terra, mas eles

tiveram muitos problemas tentando pegar Hester. Nós não
matamos todos eles. Nós não sabemos se eles vão voltar.
— Temos que enviar um aviso? —Perguntou Asil. — Para

o bando em geral, mas também para os selvagens—parece que
eles podem ter mirado em Hester porque ela estava isolada.
Asil sabia sobre essa nota. Ele estava encontrando uma

razão para sair e conversar com os selvagens. Ele contornou a
verdade do que sabia com as palavras "poderia" e "parece".
Anna fez uma nota mental para prestar atenção quando Asil
usasse esse tipo de palavras.
— Acho que advertir selvagens é uma boa ideia, —disse

Anna antes que Leah pudesse anular a ideia. — Se estamos
sendo alarmistas, não há mal algum. Se houver um segundo
ataque, estar preparado seria útil. Leah? Você conhece todos
os velhos lobos acomodados nas montanhas—como você acha
que devemos fazer isso?
Livro 5
Leah olhou ao redor da sala e franziu a testa. — Você sabe

que Bran não gostaria de transmitir onde eles vivem e quem
eles são. Muitos deles ainda têm inimigos que adorariam saber
onde encontrá-los quando estão ... menos capazes.
— Charles e eu podemos fazer isso, —disse Anna. — Ele

os conhece.
Leah franziu a testa. — Isso vai demorar vários dias. Eles

estão espalhados por todo o nosso território. Eu acho que nós
precisamos dividir esse trabalho.
— Eu conheço a maioria deles, —disse Asil. — De uma

forma ou de outra. E nenhum deles provavelmente vai querer
me atacar. Anna e Charles podem ter um grupo e você e eu o
outro.
Isso não ia funcionar, pensou Anna. Leah estava com medo

de Asil. Não havia como ela ir com Asil. Ou Charles.
— Três grupos, —disse Leah rapidamente. — Mesmo se

alguns deles atenderem seus telefones, nós os cobriremos mais
rapidamente. —Ela franziu a testa, olhou para Anna e Asil,
então ela sorriu.
Livro 5
Woww, pensou Anna.
— Eles me conhecem e conhecem o Charles. Se eles não

conhecem Anna, eles vão entender quem e o que ela é quando

a conhecerem. Cada um de nós vai pegar um grupo. Anna,
você leva Asil com você, então eu não tenho que explicar para
Bran como eu deixei você sair e se matar. — Leah deu um
sorriso para Anna para mostrar que sabia que Anna podia
cuidar de si mesma. E porque ela estava satisfeita consigo
mesma.
Que Leah estava feliz em mandar Anna com Asil, que não
parou de flertar com Anna porque incomodava Charles, não
significava que sua razão declarada não fosse verdadeira.
— Juste? — Leah olhou em volta até encontrar o homem

quieto sentado em uma cadeira no canto da sala.
Juste nasceu há quatrocentos ou quinhentos anos na

França e tendia a ser reservado. Ele se juntou ao grupo depois
de Anna, aproveitando a oferta de Bran para fornecer lugares
para os lobos europeus que queriam se mudar. Anna não sabia
muito sobre ele porque ele não falava muito—mas ele
Livro 5
sobreviveu séculos vivendo na França sem cair nas garras da

Besta de Gévaudan , então ele deve ser durão.
— Eu posso ir com Charles, —disse Sage—e Leah apenas

aquiesceu.
Anna podia ver os pensamentos percorrendo Leah tão

claramente quanto se estivesse falando em voz alta. Sage e Asil
estavam com alguma coisa acontecendo—algo bastante
particular. E se Leah pudesse mandá-la com Charles enquanto
ela mandava Asil com Anna ... bem. Se algumas faíscas
voassem, não seria culpa dela, não é?
Anna abriu a boca para dizer alguma coisa, qualquer

coisa, embora não soubesse se haveria uma objeção ou apenas
um acordo. Mas Tag falou antes que ela pudesse colocar o pé
na boca—porque qualquer coisa teria sido a coisa errada a
dizer.
A Besta de Gévaudan ou Lycopardus parthenophagus é o nome histórico associado ao lobo

cinzento, cão-lobo ou hiena que aterrorizou a antiga província de Gévaudan, nas montanhas Margeride, no centro-sul do
Reino da França, entre 1764 e 1767.
Livro 5
— Eu vou iniciar a abordagem por telefone, —disse Tag.

— Como não sabemos o que nosso inimigo quer, devemos nos
certificar de que todos os humanos da cidade saibam que
devem ter cuidado e fiquem de olho em estranhos.
Por causa da falta de reação de Leah, Anna tinha certeza

de que Leah não tinha pensado nisso. Lea compartilhava a
indiferença de Bran com os humanos, e ela não fazia a exceção
que ele fazia para aqueles que viviam em sua cidade. Toda
Aspen Creek era preciosa para Bran.
— Devemos manter um membro do bando no posto de

gasolina em volta do relógio, —sugeriu Asil. — Se nossos
inimigos estão dirigindo pela floresta, eles têm que encontrar
combustível em algum lugar. Eu sei que Troy e Eureka estão
ambos a uma distância razoável de viagem, mas mesmo assim,
seria estupidez de nossa parte não vigiar.
— Eu posso fazer o primeiro turno, —disse Peggy.
Todo o bando virou-se para olhar para a pequena pessoa

alegre de cabelos escuros que tinha falado. Peggy tinha uma
companheira humana, seguro de que era a razão que ela pediu
Livro 5
ao Marrok para se mudar para seu bando. Lobisomens

femininos eram relativamente raros, e eles eram mais ou
menos (dependendo de seu bando) esperados para encontrar
um lobisomem macho para acasalar. O ex-Alfa de Peggy

começou a importuná-la e a sua companheira—então ela fez
as malas das duas e se mudou para Aspen Creek. Escolher se
mudar não tinha sido uma grande coisa para elas em termos
de emprego—Peggy podia esculpir lindamente e vender sua
arte online, e sua esposa era uma caminhoneira de longa
distância. — Eu moro em frente ao posto de gasolina, —disse
ela. — Eu conheço todos os carros que param por lá—e eu sou
uma coruja da noite mesmo. Quando Carrie está fora, costumo
dormir durante o dia. Ela não voltará até a próxima semana.
Os caras que trabalham no turno da noite me conhecem, então
eu não vou assustá-los como alguns de vocês iriam.
E o tempo para Anna fazer algo sobre os planos de Leah

não foi notado por ninguém exceto ela.
Livro 5
Charles estava em pé diante da porta da casa de seu pai, a

pistola das bruxas em uma mão e a cesta de frutas que fora
considerada como um presente para Hester na outra. Ele se
concentrou, prometendo ao Irmão Lobo que eles cuidariam
dos negócios, depois recuariam ...
Recuar? O Irmão Lobo não recuava ...
Havia semanas inteiras em que o Irmão Lobo era apenas

uma presença silenciosa. A morte de Hester o aproximou
muito da superfície. O que significava que Charles precisava
guardar seus pensamentos e manter o controle de seu
temperamento.
Acompanhar Anna na paz e tranquilidade da suíte de hóspedes,

ele emendou.
O Irmão Lobo sabia que a palavra inicial de Charles era a

que ele queria dizer, mas ele se permitiu ser pacificado.
Livro 5
Provavelmente porque Charles incluiu Anna na segunda

versão de suas intenções.
Anna estava observando-o enquanto ele passava pela

maior dos três locais de reunião na casa de seu pai, agora cheio
de lobos inquietos. Ela se virou e o seguiu até a cozinha, que
estava desocupada.
Toda a cozinha cheirava a manteiga de amendoim, e havia

formas dos bolinhos na bancada.
— Vamos sair amanhã para avisar todos os selvagens, —

disse Anna, pegando a cesta com uma careta. Ela olhou para
ele por um momento, olhou em volta, depois colocou-a na
superfície plana mais próxima.
Uma boa ideia, ele pensou. Então, por que Anna estava
agindo como se houvesse algo que ele não iria gostar sobre a
situação.
Ela continuou sem pausa, explicando os planos para

apertar as defesas, para garantir que o resto dos que estavam
sob seus cuidados fossem os mais seguros possíveis. Terminou
dizendo: — Tag diz que ele tentará entrar em contato com os
Livro 5
selvagens, mas é improvável que consigamos que mais de um

ou dois deles atendam ao telefone.
Charles assentiu com a cabeça. Ele simpatizava com a

resistência geral que os lobos mais velhos tinham à tecnologia
moderna. Seu pai insistiu que todos tivessem telefones em caso
de emergências. A menos que ele estivesse presente, no
entanto, ele não poderia insistir que seus telefones
respondessem.
E desde que o ponto era para Anna e ele se encontrarem

com todos eles, os poucos selvagens que respondessem a seus
telefones, melhor.
— Dez dias é muito tempo para manter o alerta máximo,

—disse ele.
— Fechando as portas do celeiro depois que as vacas já

estão fora, —concordou Tag, dobrando a esquina. — Mas
seria mais estúpido não fechá-las se ainda tivermos algumas
vacas dentro.
— Às vezes, fico feliz por não saber como funciona sua

mente, —disse Sage, ficando atrás de Tag.
Livro 5
Se ele fosse a equipe de oposição, Charles pensou, ele iria esperar

duas semanas—dois meses, assumindo que o tempo não era um
fator—antes de se mover novamente. Talvez Charles tivesse sorte,
e seu inimigo fosse impaciente, ou o tempo era um fator.
Esperançosamente, em dez dias, seu pai estaria de volta, e

esse seria o problema dele. O traidor seria o problema de seu
pai. E os artefatos atualmente na parte de trás da caminhonete
de Charles seriam o problema de Bran.
Os cadáveres, também em sua caminhonete, ainda

acabariam no prato de Charles, ele tinha certeza.
Figurativamente falando, ele disse ao Irmão Lobo antes que

ele pudesse ter alguma ideia.
— Essa é a arma de bruxa? —Perguntou Tag.
Charles a pegou, e quando Tag se aproximou, ele entregou

a ele.
— Isso é inteligente? —Perguntou Sage.
Tag apontou para a cesta de frutas e apertou o gatilho.

Livro 5
— Possivelmente não, —admitiu Charles tristemente.

Embora nada tivesse acontecido com a cesta de frutas.
Tag retirou a mão do gatilho, segurando a arma pelo cano

e apertou a mão que segurava o gatilho. — Picadas, —disse
ele. — É assim que funciona? Isso não parece fazer muito.
— Você não acha que disparar uma arma sobre a qual você
não sabe nada é um pouco estúpido? —Perguntou Sage.
Com essas palavras, houve uma exclamação aguda, e

Leah correu para a cozinha carregando um prato vazio. Tag
deixou a arma abruptamente no balcão e tentou parecer que
não tinha nada a ver com isso.
Leah bufou, mas em vez de repreender Tag, ela perguntou

a Charles: — Você vai ficar aqui até que todo o bando te siga?
Sem lhe responder, Charles pegou a arma de volta,

franzindo a testa para ela. Ele carregou a cesta para fora e a
colocou na varanda, ciente de que Tag, Sage, Leah e Anna
vinham atrás dele. Ele apontou para a cesta de frutas.
Ele puxou o gatilho. A náusea subiu em seu estômago,

uma sensação de formigamento percorreu seu corpo, e a fruta
Livro 5
e a cesta se dissolveram em uma massa lamacenta de cor cinza

repugnante, pestilenta, deixando o cimento no qual ele estava
ileso.
Todos eles ficaram olhando o resultado por um momento.

Charles esfregou o dedo no gatilho, prestando atenção ao
entorpecimento que desaparecia lentamente.
— O sangue de bruxa é aparentemente necessário, —disse

Leah friamente depois de um momento. — Obrigada por
experimentar na minha cozinha com essa coisa, Tag. Ah, e eu
não estou limpando isso. Venha para a sala de estar quando
terminar.
Ela saiu, parando para recolher os dois pratos restantes

cheios de cookies. Sage e um Tag sorridente e impenitente
seguiram atrás dela. Anna pegou um saco de lixo enquanto
Charles pegava uma pá e um rolo de papel toalha.
— Então, por que não fez isso com você? —Ela perguntou,
sua voz firme quando ela pegou um saco de lixo e abriu-o.
Livro 5
— Eu sou mais resistente do que uma cesta de frutas? —

Sugeriu Charles, indo de volta para fora para trabalhar na
bagunça.
— Muito engraçado, —ela disse em uma voz quebrada

que disse a ele que o humor pode não ter sido a melhor ideia
que ele teve hoje. Ela estendeu a mão e tocou a lama que
cheirava a frutas, putrefação e magia de sangue. Sua mão
tremia.
Oh meu amor, ele pensou. Tranquilamente, ele disse: — Eu

não sei, Anna. —Ela arrancou uma toalha de papel e viu como
ela usava para limpar a mão. — Talvez adicionando a magia
da minha mãe altera o efeito da arma, meu sangue a torna mais
poderosa que o dele. A magia da minha mãe está próxima da
feitiçaria—mas mais sintonizada com a rotação da Terra.
Talvez o sangue dele oferecesse alguma proteção. Não sei
porque. Mas estou vivo e ileso.
Ela respirou fundo. Assentiu. Ela enfiou a toalha de papel

amassada no soco de lixo, depois se inclinou e a abriu ao lado
do degrau, para que ele pudesse empurrar a bagunça no saco.
Livro 5
— O que Boyd tinha a dizer? —Perguntou ela.
— Queremos saber também, —disse claramente a voz de

Leah. — Espere para responder isso até você estar aqui.
— Ela quis dizer 'por favor', —disse Sage alegremente,

quando o Irmão Lobo soltou um grunhido de aborrecimento.
Anna murmurou algo infeliz em voz baixa. Charles não

ouviu tudo, mas sabia que tinha a ver com a falta de
privacidade na casa de seu pai.
— Exatamente, —ele disse a ela.
— O que Boyd tinha a dizer? —Perguntou Leah, logo que ele

e Anna entraram na sala de estar.
Charles olhou ao redor da sala e viu que uns bons dois

terços do bando estavam lá. De seus olhos atentos e dos
reflexos hiperprotetores dos olhos de lobo que ele captou aqui
Livro 5
e ali, percebeu que todos sabiam da conexão do morto com

Anna. Ele não podia vê-la contando, então alguém deve tê-los
escutado. Difícil ficar quieto o suficiente para que qualquer
lobisomem à vista não pudesse ouvi-lo sem tentar.
Então ele contou o que Boyd havia dito a ele. Quando ele
terminou, olhou ao redor da sala e perguntou: — Algum de
vocês sabe o que meu pai fez com os arquivos eletrônicos,
financeiros ou de outra natureza, que Boyd deu a ele?
— Bran ainda os tem, —disse Leah. — Ele os pegou cerca

de um mês atrás. Ele tem trabalhado neles pessoalmente. Ele
me disse que você tinha o suficiente em seus ombros e ele os
entregaria quando fosse a hora certa.
— Tudo bem, —disse ele, em voz baixa.
Seu pai tinha levado os arquivos para trabalhar neles

pessoalmente? O que isso significa? Quando chegar a hora
certa? Seu pai podia fazer uma planilha ou fazer uma pesquisa
na Internet, mas ele não estava no patamar de Charles. Seu pai
tinha se esquecido disso? Isso não soava como o Marrok.
Livro 5
Seu pai havia encontrado algo nos livros que ele não
queria que Charles soubesse? Essa era a razão do porquê Bran
não estava aqui?
Ele não estava na África. A última chamada que Charles

tinha feito, antes de entrar em casa, foi ao seu irmão. Samuel
não tinha ouvido falar de seu pai desde que ele tinha recebido
um telefonema de que tudo estava bem com Mercy. Ele não
sabia que Bran estava indo para a África—e ele não o viu.
Isso significava que Bran havia mentido. Ao telefone,

Charles refletiu, mentir teria sido bastante fácil. Que bom que
Boyd estava enviando os arquivos para Charles, então. Ele
disse ao correio de voz de seu pai sobre isso, então ele saberia
que Charles estava prestes a receber qualquer informação que
os dados guardassem. Se ele realmente não queria que Charles
visse qualquer coisa, ele poderia voltar para casa e lidar com
isso pessoalmente.
Anna trouxe um prato com migalhas e dois cookies de

manteiga de amendoim sobre ele. — Pegue um cookie de
manteiga de amendoim, —ela disse a ele. — Eles estão bons.
Livro 5
Ele olhou para os cookies, ainda perdido tentando seguir

o processo de pensamento bizantino de seu pai com metade
das informações necessárias para chegar a qualquer tipo de
conclusão precisa.
— Eu pensei que você estava fazendo brownies, —disse

ele.
— Brownies? —Disse Tag, distraído de sua conversa

tranquila com um par de outros membros do bando. — Eu
gosto de brownies.
— Eles têm raspa de casca de laranja, —disse Leah a Tag,

e Charles percebeu que ela achava que isso era ruim.
— A receita de Mercy? —Tag disse alegremente. —

Impressionante. Você deve tê-los assados antes de ir, Anna.
Um de seus brownies, e esses reclusos ficarão felizes em sair
de seus esconderijos para ter mais alguns.
— Os brownies podem esperar, —disse Leah com firmeza.

Havia algo em sua voz que disse a Charles que a massa de
brownie estaria no lixo antes de ver um forno.
Livro 5
Se um cachorro fizesse o som que Tag fazia, Charles o

chamaria de choramingar. Mas os olhos de Tag eram
inteligentes e focados em Leah.
Era, pensou Charles, muito fácil cometer o erro de

comprar a aparência alegre e bárbara de Tag e perder o homem
esperto que sabia muito bem cujos brownies ele elogiava—por
causa dos cookies de manteiga de amendoim que Leah
evidentemente havia feito. E, uma vez reconhecendo aquele
homem afiado, seria fácil cometer o erro de pensar que o
bárbaro berserker era um disfarce. Tag era ambos—e isso foi
antes de seu lobo entrar em consideração.
Berserkir foram guerreiros nórdicos ferozes, que estão relacionado a um culto específico ao deus
Odin. Eles despertavam em uma fúria incontrolável antes de qualquer batalha.
Livro 5
— Diga-me como, —Charles disse, —você conseguiu ficar

presa para avisar aos selvagens com Asil? —Anna não podia
ver seu rosto porque ele estava no processo de tirar a camisa

manchada de fuligem, e ela não conseguia ler o tom neutro
dele.
— Não fui eu, —disse ela. — Asil falou apenas no

momento errado e despertou o desejo de Leah para provocar
problemas. É um talento que ele tem. Para seu crédito, ela está
certa, precisamos que todos sejam avisados o mais rápido
possível. Três equipes farão isso melhor que uma.
Charles emergiu, seu rosto tão neutro quanto sua voz. —

Tudo bem.
Anna estremeceu em simpatia quando ele puxou a alça no

final de sua trança, e ela explodiu.
— Eu sei, —disse ela com uma careta. — Eu sei que você

seria mais feliz combinando-me com um lobo diferente. Talvez
Sage venha comigo e Asil vá com você?
Livro 5
Charles considerou sua sugestão de que eles trocassem de

parceiros, mas finalmente sacudiu a cabeça. — Não. Irmão
Lobo não gosta disso, mas é melhor assim. Alguns desses lobos
não ouvem um mensageiro que eles veem como alguém de

nível inferior. —Ele bufou. — Alguns deles também não
ouvem nenhum de nós. Mas se um deles decidir causar
problemas ... Asil é um melhor impedimento do que Sage ou
você. Ninguém em sã consciência atacaria o Mouro.
— Nós contamos a Leah sobre o traidor? Então ela

também pode monitorar as esquisitices? —Perguntou Anna.
— Ou trabalhamos assim, Asil é seu parceiro, então um de nós
em cada grupo sabe o que deve ser observado?
Ele soltou o cabelo, algo que Anna nunca se cansou de

olhar. Não era só que seu cabelo era lindo—embora fosse. Era
a intimidade do momento. Ninguém mais conseguiu ver como
ele era com o cabelo solto.
— Não, —ele disse finalmente. — Asil e você e eu

sabemos disso. É suficiente. Não estou convencido de que
algum dos selvagens seja nosso traidor. Você verá o que quero
dizer quando conhecer mais alguns deles. Não só eles teriam
Livro 5
dificuldade em acumular informações—porque a maioria

deles nunca vê o bando principal. Mas apenas alguns deles são
estáveis o suficiente para esconder mentiras tão grandes sem
trair a si mesmos.
— Ok, —disse Anna. — Hester poderia ter feito isso.

Quantas Hesters existem entre os selvagens de seu pai?
Ele fez uma pausa, levantou uma sobrancelha, e acenou

para ela. — Ponto para você, —disse ele. — E se eu avisar
Leah que temos motivos para acreditar que essas pessoas estão
perguntando sobre os selvagens?
— Você não quer dizer a ela que há um traidor? —

Perguntou Anna.
Ele balançou sua cabeça. — Eu não confio nela para ser

sutil.
Anna riu apesar de tudo. Não, sutil não era algo em que
Leah fosse particularmente boa. — Com quem Leah está indo?
—Ele perguntou.
— Juste, —Anna disse a ele.

Livro 5
Charles grunhiu no que soou para ela como aprovação.
— Ela deu a você e a Sage o que ela achou que seria os

piores para lidar, —disse Anna. — Ela deu a Asil e a mim os

mais quebrados. Ela foi cuidadosa, ela me disse, para se
certificar de que os nossos tem dificuldade em controlar seus
lobos, e não o contrário. Dessa forma, esperamos que Asil não
tenha que matar nenhum deles.
— Ela pegou o mais fácil, —disse Charles, tirando as

botas.
— Não é assim que ela diz isso, mas acho que é assim que
ela vê, —concordou Anna. — Eu devia ter me ôposto quando
ela me emparelhou com Asil? —Ela não tinha planejado
perguntar a ele, mas as palavras saíram de qualquer maneira.
— Eu provavelmente poderia tê-la feito mandar Asil com Sage
se eu quisesse forçá-la.
Os olhos de Charles se iluminaram por um instante, e

embora nenhuma palavra saiu de sua boca, ela ouviu o sim do
Irmão Lobo tão claramente como se ele tivesse falado em seu
ouvido.
Livro 5
— Não, —disse Charles com firmeza. — Ela pode

desfrutar de causar problemas, mas chegou às conclusões
certas. Você estará segura com Asil. Sage estará segura
comigo. Leah estará segura por causa do meu pai, mas Juste
será um bom lembrete.
Ele tirou as roupas limpas. — Do ponto de vista de todos

os selvagens, poderia ter funcionado melhor se você e Leah
tivessem sido emparelhados. Como as coisas estão, teremos
que encontrar uma maneira de ver todos os lobos que Leah e
Juste têm em sua lista. Logisticamente falando, os selvagens
que provavelmente traíram o bando estão no grupo de Leah—
porque são os mais estáveis do bando.
Anna pensou sobre isso. — Eu provavelmente poderia

levá-la a mudar.
Charles sacudiu a cabeça. — Eu não acho que Leah é

dominante o suficiente para fazer os selvagens retrocederem
por conta própria, e seu efeito é muito imprevisível. —Ele deu
a ela um olhar risonho por cima do ombro. — E se Juste e Asil
estiverem em um carro por um dia inteiro, poderemos estar
retirando corpos. Juste tem um problema com o Asil.
Livro 5
— Por quê? —Anna pensou nisso apenas um segundo, e

disse: — Você quer dizer que ele culpa Asil por não matar a
Besta de Gévaudan? —A Besta, Jean Chastell, controlou a maior
parte da Europa Central por séculos. O Mouro havia mantido

Chastell fora da Península Ibérica.
Charles grunhiu em concordância. Evidentemente

terminou com o assunto da tarefa de amanhã, ele disse: — Eu
tentei ligar para meu pai antes de eu entrar. Ele ainda não
atende seu telefone. Deixei uma mensagem de voz
informando-o do que estava acontecendo. Ele teria sentido a
morte de Hester. Se ele não me responde, é porque ele não
quer. Ele não está com o Samuel, eu verifiquei. Então ele tem
outro jogo acontecendo.
Anna chegou à mesma conclusão. — Bastardo, —disse ela

com sentimento.
Isso o fez rir. Ele tocou a bochecha dela e puxou o dedo

para mostrar a sujeira nele. — Quer tomar banho comigo? —
Ele perguntou. O riso não havia desaparecido de seus olhos,
embora seu rosto estivesse sério.
Livro 5
Esta casa, ela pensou, era uma prisão na qual todos sabiam
o que todo mundo estava fazendo. Muitas orelhas afiadas e
narizes mais afiados para manter sua vida privada, privada.
Ela entendeu que Charles não se importava com quem sabia

quando eles faziam amor—o oposto, na verdade.
Mas ele levava em consideração os desejos de Anna. Na

casa do Marrok, eles dormiam lado a lado no quarto de
hóspedes, e tudo o que fariam era dormir. Na maioria dos dias
eles pararam para verificar sua própria casa. Os cavalos
estavam sendo alimentados por outra pessoa, mas precisavam
ser trabalhados. Em geral, eles conseguiram furtivamente ter
uma hora de intimidade para fazer amor—e simplesmente
ficarem sozinhos.
Hoje não tinha sido a maioria dos dias.
Seus olhos estavam cansados, pensou ela, sob o riso. Através

de seu vínculo, ela podia sentir sua tristeza persistente.
Ela se inclinou para frente e levou seu dedo sujo em sua

boca, sentindo todo o seu corpo sacudir de surpresa ... e outra
coisa. O calor aumentou, iluminando seus olhos para ouro.
Livro 5
Sua respiração ficou presa, mas, exceto por aquele único

enrijecimento, ele não se moveu—um gato esperando por sua
presa. Ela deixou que ele sentisse seus dentes enquanto
pensava sobre isso.
Não. Não era sua presa. Companheira de jogos. Amante.

Mas nunca presa.
Seu silêncio não era uma coisa predatória, ele estava

esperando por um convite adequado para tocar. E
aproveitando o começo do jogo.
Ela se inclinou para trás, satisfeita que a resposta dele

estava escorrendo por sua pele. Ela ainda dependia de seu lobo
para ensiná-la a tocar em circunstâncias íntimas, mas ela não
deixava mais que isso a incomodasse—ela e seu lobo eram um
nisso. Ela lambeu os lábios e disse, numa voz que saiu rouca
porque uma boa sedução seduz as duas partes: — Você está,
por acaso, insinuando que eu posso estar suja?
O sorriso que só lhe pertencia deslizou pelo seu rosto e fez

coisas interessantes por dentro. — Quem, eu? — Ele disse, sua
voz pensativa. — Talvez. Mas no caso de você achar que foi
Livro 5
uma queixa ... —Ele se inclinou para frente e a beijou,

tocando-a apenas com os lábios, porque era tudo do que ele
precisava.
Ao contrário de seu movimento inicial no jogo anterior,

seu beijo foi suave como um violoncelo sendo afinado,
insinuando o poder da música, mas embalando os incautos com
sua doçura.
Seu corpo ficou mole, seus lábios pareciam pesados e

supersensíveis quando ela fechou os olhos para se concentrar
em seus sentidos, sobre ele. Ele cheirava a fumaça, almíscar e
hortelã que era um lobisomem, e o cheiro subjacente que era
só dele. Meu. Tudo meu. Toda a sua beleza de corpo e espírito era
dela.
Ele valia a pena enfrentar um pouco de constrangimento.

Seja corajosa, Anna, ela se repreendeu.
Ele se afastou, seus lábios mais quentes do que quando

tocaram os dela pela primeira vez. Ele lhe deu outro sorriso,
cheio de amor e bondade. As pessoas nem sempre notavam o
quão amável seu companheiro era porque ele era astuto assim.
Livro 5
— Eu tenho que me limpar, —disse ele. — E eu preciso

parar com isso antes que nós dois fiquemos mal-humorados.
Quando terminarmos de correr por aí amanhã, devemos parar
em casa. —Onde é privado, e você não ficará desconfortável, foi o

que ele não disse.
"Eu agradeço" era uma palavra frequentemente usada em

cerimônias de casamento tradicionais que Anna não achava
que muitas pessoas entendessem. Eles deveriam vigiar Charles
por alguns dias. Eles poderiam aprender alguma coisa. Charles
era um homem que sabia valorizar o que amava.
Anna sempre foi uma boa aluna. Ela disse: — Você está
tomando de volta o seu convite?
Ele já havia se virado para ir ao banheiro, mas suas

palavras o congelaram no caminho. Ele se virou para olhá-la—
e ela pôde ver o Irmão Lobo espreitando em seus olhos.
— Não, —Ele disse hesitante. Então ele olhou

intencionalmente para a porta da suíte, através da qual era
possível para qualquer um com orelhas de lobisomem ouvir a
Livro 5
conversa de alguns membros do bando que ainda estavam

conversando. — Mas eu não ...
Ela tirou a camisa. Antes de liberá-la sobre a cabeça, mãos

quentes, as mãos quentes dele, estavam soltando a alça do
sutiã.
— Eu sou, —disse ele, encontrando seus olhos quando ela

jogou a camisa no chão, — tudo fora do cavalheirismo.
Ela sorriu para ele quando ele soltou o sutiã em cima de

sua camisa. — Engraçado, —disse ela. — Então eu sou ... —
ela teria dito, exceto que a boca dele em seu seio a distraiu.
Por um momento, ela deixou que ele tomasse a liderança

e fizesse o que ele quisesse, porque ela aprendeu que também
o agradava. Ela deu a ele sua respiração gaguejante, seu
zumbido de aprovação. Ela teve muito cuidado para não
gritar, porque o grito atrairia a atenção das pessoas do outro
lado da porta. Isso atrairia a atenção deles muito em breve, de
qualquer maneira.
Mas ela simplesmente não estava confortável apenas

tomando e não retribuindo. Além disso, seu corpo era adorável
Livro 5
e ela gostava de tocá-lo tanto quanto de ser tocada. Mais.

Então ela se contorceu em cima dele e começou a dar o melhor
que conseguiu. Uma pequena parte dela estava ciente de
quando a tagarelice do lado de fora parou, ondulou com

risadas felizes, depois voltou a tagarelar. Essa parte dela se
contorcia de constrangimento—mas era uma parte muito
pequena dela e facilmente absorvida pelas sensações
emocionais e físicas de fazer amor com seu companheiro.
Um bom tempo depois, mole e sem fôlego, Anna disse: —

Ainda estou suja. Mais suja. Porque ... suor e outras coisas.
Ele soltou uma risada que vibrou através de seu corpo

feliz. — É bom saber. Eu também. —Houve uma breve pausa
e ele disse: — Podemos tomar banho mais tarde. Quando eu
puder me mover.
Ela colocou a cabeça de volta em sua pele suada e

esfumaçada, respirou-o contente e disse: — Ok. Eu posso ir
com isso.
Livro 5
Asil dirigia como se fosse humano, com reflexos humanos. Era

bom, Anna decidiu, não ter que escolher entre dirigir ou viver
com as decisões às vezes repentinas de Charles de dirigir, como
se um acidente não pudesse ferir alguém no carro. Anna podia
relaxar enquanto Asil percorria as quase estradas pelas quais
viajavam.
Desde que eles pegaram a nova Mercedes SUV de Asil,

em vez da caminhonete de Charles, ela também não precisou
estremecer quando o raspar de galhos de árvores ou pedras
contra os lados e a parte de baixo de seu veículo impecável
fazia Asil rosnar. O grunhido era apenas ruído, sem qualquer
paixão por trás disso. Ao contrário de seu marido, Asil não
amava seus carros. Ele os apreciava e cuidava deles
Livro 5
meticulosamente, mas eles eram apenas veículos para levá-lo

de um lugar para outro. Ele gostava mais deles se o fizessem
com estilo e poder, mas não eram nada a que ele estivesse
ligado.
Não que ela não preferisse dirigir no inferno se pudesse

fazê-lo com Charles, mas aceitaria bem onde o encontrasse.
Eles iriam ver Wellesley primeiro, e Anna não poderia

evitar um arrepio de excitação de fã. Wellesley era um artista,
seu artista.
Suas pinturas a óleo ocupavam lugares de honra nas casas

do bando—e parecia que eram apreciadas por outros bandos
quando ela e Charles viajavam. Havia dois em sua sala de estar
que deveriam estar pendurados na National Gallery of Art , em
A National Gallery of Art, e seu anexo

Sculpture Garden, é um museu nacional de arte em Washington, DC, localizado no National Mall, entre a 3rd e a 9th Streets,
na Constitution Avenue NW. Aberto ao público e gratuito, o museu foi criado em 1937 para o povo americano por uma
resolução conjunta do Congresso dos Estados Unidos. Andrew W. Mellon doou uma coleção substancial de arte e fundos para
a construção.
Livro 5
Washington, ou talvez no Metropolitan , certamente não nas

paredes de uma casa modesta nos campos de Montana.
Ele era um artista que deveria ser famoso mundialmente

em vez de um lobisomem famoso. Ela considerou isso um
momento. Talvez ele fosse famoso, mas se fosse assim, estava
sob um nome diferente—porque ela tinha olhado antes, para
ver se ela poderia encontrar o trabalho dele no mundo real.
— Como e ele? —Ela perguntou a Asil porque sabia que

Bran usava Asil para lidar com Wellesley a maior parte do
tempo. Eles se entendiam, e ela percebeu que Wellesley
poderia ser difícil.
Ele olhou para ela como se não pudesse entender de quem

estava falando.
O Metropolitan Museum of Art (em português: Museu Metropolitano de

Arte), conhecido informalmente como The Met, é um museu de arte localizado na cidade de Nova Iorque, Estados Unidos,
sendo um dos mais visitados museus do planeta.
Livro 5
— Wellesley, —ela disse impaciente.
Suas sobrancelhas se ergueram. — Ele é um dos selvagens

de Bran. Isso significa que ele está quebrado.
Ela rosnou para ele, e ele sorriu—e a expressão fez seu

rosto normalmente austero parecer gentil e acessível.
— Eu sinto muito, querida, mas eu não sei como responder

a isso. Ele tem problemas de maneira muito semelhante à
esquizofrenia, mas é mais provável que seja uma interação
danificada com seu lobo. Ele é muito tímido, mas acho que é
um produto de sua condição, e não uma tendência natural. —
Ele fez uma pausa. — Eu posso dizer que você não é sua única
fã. As pessoas continuam tentando me fazer perguntar a ele
sobre como encomendar uma peça. —Ele riu. — Só esta
manhã, Sage pediu a Leah para trocar comigo para que ela
pudesse vir e conhecê-lo.
Quando ela veio para o bando, ela pensou que Sage e Leah
não gostavam uma da outra. Mas ela tinha chegado a entender
que elas eram possivelmente tão próximas de serem amigas
quanto duas mulheres muito dominantes (lobisomens ou não)
Livro 5
poderiam ser. Leah gostava de Sage ativamente e geralmente

se comportava na frente dela. Sage cutucava e rosnava para ela
e sobre ela, mas ela protegia as costas de Leah.
— Então, por que você e eu estamos juntos em vez de Sage

e eu? —Anna perguntou.
— Porque existe a possibilidade distinta de que colocar

Charles e eu juntos no mesmo carro possa fazer o universo
implodir, —disse Asil. — Eu poderia ter dito isso para Leah
quando ela parecia que poderia fazer a mudança. —Ele fez
uma pausa, e disse maliciosamente: — Eu esperei até que
Charles pudesse me ouvir, então eu disse a ela que eu estava
ansioso por um dia inteiro viajando com você.
O primeiro pensamento de Anna foi de surpresa, porque

Charles não bateu o pé no chão e emparelhou Sage e Asil
juntos. Seu segundo pensamento foi que Asil fizera aquele
comentário sugestivo na frente de Sage também.
— Você e Sage não estão saindo? —Ela perguntou.
— Às vezes, —disse Asil. — Atualmente, ela está jogando

duro para conseguir.
Livro 5
Anna deu uma boa olhada em seu rosto para ver se estava
tudo bem se ela pedisse mais detalhes.
— Ela acredita que sou arrogante e a trato como se não

pudesse cuidar de si mesma, —esclareceu ele.
— Ela está certa, —disse Anna.
— Sim. —Ele deu-lhe uma graciosa inclinação de cabeça.

— Ela está. —Ele respirou fundo e deu a Anna um sorriso sem
humor que disse a ela que ele estava mais chateado com isso
do que ele deixava transparecer. — Eu sou velho demais para
mudar quem eu sou—um homem menos arrogante estaria
perdido para a fera que vive dentro de mim. Você não pode
olhar para uma pessoa e dizer: ‘Se eu pudesse mudar isso ou
aquilo, se pudesse escolher o que quero e descartar outras coisas,
poderia amar isso’. Tal amor é pálido e fraco—e está fadado ao
fracasso.
Ela pensou sobre isso. — Eu tentei mudar Charles, —ela

disse em voz baixa. — Eu disse a Bran que parasse de mandá-
lo para matar em missões.
Livro 5
Asil suspirou. — Você é muito sensível a maior parte do

tempo, eu esqueço o quão jovem você é. Isso não estava
mudando Charles, que estava tentando mudar o mundo para
que Charles pudesse sobreviver. Isso é proteger sua

companheira das coisas das quais ele não pode se proteger.
— Talvez Sage esteja tentando salvar você também, —

disse Anna, pensativa. — Salvando você da morte, realmente.
Se você continuar tentando protegê-la quando ela não precisar,
ela pode ter que atirar em você. Sage tem uma mira muito boa.
Asil ficou em silêncio, ele não sorriu em sua tentativa de

humor. Depois de um momento, ele disse: — Vou considerar
isso. Isso não mudará como eu ajo, mas talvez torne seu
argumento menos irritante.
Ela não sabia se ele estava brincando. E estava com medo

de que ele não estivesse.
— Eu posso lhe dizer algumas coisas sobre Wellesley, —

disse Asil, depois que eles viajaram o suficiente para deixar o
assunto de Sage para trás, junto com vários quilômetros de
pistas de terra sinuosas. — Ele pode usar magia—e nem
Livro 5
sempre de propósito. Ele não é uma bruxa— sua magia é mais

próxima da magia de Charles, eu acho. Mas isso é
especialmente bom na magia do bando. Às vezes ele vem para
as caçadas, mas ninguém além de Bran e eu sabemos disso. E

provavelmente Charles. Se Wellesley não quer que você
perceba, ele é difícil de perceber, e você terá dificuldade em
lembrar detalhes sobre ele, exatamente como ele se parece.
Ele fez uma pausa. — Eu sou velho e poderoso, então eu

não tenho tantos problemas. É por essa razão que Bran
começou a me enviar para lidar com ele.
— Então ele poderia vir caçar com o bando, ou ir a Aspen

Springs, e ninguém notaria? —Anna perguntou. Porque era
isso que Asil evitava dizer. — Ele poderia reunir informações
sem que ninguém soubesse.
— Sim, —disse Asil. — Eu conheço alguns outros lobos

que poderiam fazer isso. —Ele fez uma pausa. — Estou
bastante certo de que Bran pode fazer um pouco mais.
Anna assentiu solenemente. Ela pensou que havia uma

razão para que os lobos visitantes parecessem não notar Bran
Livro 5
até que ele chamasse a atenção para si mesmo. Parte disso era
a habilidade dele de esconder a força de sua personalidade,
mas em várias ocasiões, ela jurava que as pessoas
simplesmente não o notavam.
— Ele gosta de cantar, —disse Asil.
— Wellesley? —Ela perguntou. Eles tinham acabado de

falar sobre Bran, mas ela tinha certeza que Asil não se sentiria
compelido a dizer algo que todos sabiam.
Asil assentiu. — Ele é um baixo e geralmente um pouco

plano. Como o Johnny Cash .
— Johnny Cash não era plano, —objetou Anna, tendo se

tornado fã recentemente, para grande diversão de alguns
membros da banda. — Ele apenas cantava melodias de formas
inesperadas—escolhendo outras notas nos acordes do que a
John R. Cash, mais conhecido como Johnny Cash, foi um cantor, compositor, escritor, diretor e ator
norte-americano, conhecido por seus fãs como "O Homem de Preto". É considerado um dos músicos mais influentes do século
XX, e também considerado o "rei da música country" e um ícone desse gênero.
Livro 5
nota que nosso ouvido acha que a melodia provavelmente

deveria carregar.
— Ou o compositor pretendia, —disse Asil.
— Isso reduziu o alcance das músicas, —Anna continuou

obstinadamente. — Mas as fez soar como músicas de Johnny
Cash.
— Sim, —concordou Asil. — Mas você diz isso como se

fosse uma coisa boa.
— Muitas e muitas pessoas concordaram comigo, —disse

ela.
— Filisteus , —proclamou Asil grandiosamente.
— Charles gosta de Johnny Cash, —ela disse a ele.

Charles tinha sido sua porta de entrada para muita música que
ela uma vez descartou como velha ou piegas. Antes de
Charles, seus favoritos habituais para ouvir eram
verdadeiramente os clássicos, de preferência com muito
Os filisteus foram um povo que ocupou a costa sudoeste de Canaã, com seu território nomeado como Filístia em
contextos posteriores. Teoriza-se que eles se originaram entre os "povos do mar". A arqueologia moderna também sugeriu
os primeiros laços culturais com o mundo micênico na Grécia.
Livro 5
violoncelo—ou o que quer que estivesse em dia no rádio. A

vida com Charles abrira sua biblioteca de música
consideravelmente—e ela certa vez se considerara
completamente instruída sobre o assunto.
— Filisteus bárbaros, —corrigiu-se Asil. — Johnny Cash

era um homem sem instrução, à sombra com uma voz
profunda. Você está perdendo tempo com Charles.
— Cash era um tesouro nacional, —ela disse, começando

a se sentir um pouco quente. — Ele pegou música folclórica,
música de igreja e rock, e os fundiu em algo que falou a muitas
pessoas. E eu tenho muita sorte de ter encontrado Charles que
eu devo ter sido abençoado pelos Leprechauns em uma vida
passada.
— Você nunca conheceu um Leprechaun, ou você não

diria isso. —Asil deu um sorriso superior antes de voltar sua
Figura mitológica do folclore da Irlanda, o leprechaun é apresentado como um diminuto

homem, medindo 30 a 50 cm de altura, sempre ocupado a trabalhar num único pé de sapato no meio das folhas de um arbusto
ou "sob uma folha de labaça".
Livro 5
atenção para evitar que o SUV escorregasse da pista quando a

roda direita bateu em um pedaço de terra macia.
— Eu não quero que o traidor seja Wellesley, —Anna

disse a ele.
— Nem eu, chiquita.
Depois de um tempo, durante o qual ela passou a conversa

em sua cabeça, Anna perguntou, desconfiada: — Você gosta
de ouvir Johnny Cash?
— Eu gosto de Dolly Parton , —disse ele. — Agora ali há

uma voz única.
— Não foi isso que eu perguntei, —disse Anna. — Você

gosta de ouvir Johnny Cash?
Asil suspirou e cedeu com tão envergonhado que soube

que não era uma questão importante para ele—não que gostar
Dolly Rebecca Parton Dean, mais conhecida como Dolly Parton é uma atriz, filantropa e
cantora norte-americana, mais conhecida pelo seu trabalho na música country. É considerada um dos maiores nomes na
história da música mundial, sendo eventualmente reconhecida como "Rainha da Música Country"
Livro 5
de Johnny Cash fosse algo para se envergonhar de qualquer

maneira. — Apenas as boas canções. —Ele olhou para ela. —
Se você contar a Charles, eu vou negar.
Ela ergueu as sobrancelhas. — Só se Charles me

perguntar.
O suspiro de Asil, desta vez, estava cheio de tristeza

dramática. — Você será a minha morte, Anna. Minha própria
morte.
E naquele momento ele fez uma curva à direita repentina

para evitar o penhasco. Anna pegou a alça da porta, lembrou
a si mesma que era um lobisomem e que era improvável que
morresse na maioria dos acidentes com veículos
motorizados—especialmente porque a Mercedes de Asil tinha
menos de um ano e estava equipada com todos os tipos de
airbags.
Mas o Mercedes não caiu, apenas seguiu uma trilha muito

íngreme por dezoito metros e virou-se bruscamente para a
direita.
Livro 5
— Parece que o controle de erosão que Bran colocou aqui

durou mais um ano, — disse Asil, como se não tivesse notado
sua reação de pânico. — Até cinco anos atrás, todo verão,
Wellesley tinha que reconstruir aquela estrada, porque a borda

onde acabávamos de virar continuava descendo o penhasco
toda a primavera.
— Você fez isso de propósito, —Anna o acusou.
Ele sorriu mostrando os dentes brancos. — Talvez. Mas

foi divertido, não foi?
Ela bufou para ele e não lhe deu um sorriso em troca, não
importando o quanto ela quisesse.
O grande SUV balançou lentamente na trilha que

terminava ... continuava em uma fenda natural no lado da
montanha que era grande o suficiente para engolir o Mercedes.
Asil parou na abertura e buzinou duas vezes. Ele fez uma
pausa para uma contagem de cinco (porque contou em voz
alta) e acendeu as luzes brilhantes e continuou descendo a
trilha e entrando no coração da montanha.
Livro 5
A escuridão era tão profunda que as luzes do Mercedes de Asil
mal penetravam—ou então não havia nada para ver. Anna viu
um flash de fita reflexiva e o lento progresso de Asil parou.
Quando Anna começou a abrir a porta, Asil sacudiu a

cabeça enquanto desligava o motor. — Espere um momento.
Eles ficaram em silêncio por um tempo, as luzes do carro

desaparecendo. Anna se acostumara a enxergar no escuro, e a
falta de luz começou a fazer com que se sentisse claustrofóbica.
E outros tipos de fobia também.
Finalmente, Anna não aguentou mais o silêncio.

Livro 5
— Então, por que estamos sentados aqui esperando? —

Ela perguntou a ele.
— Porque se sairmos antes que Wellesley reconheça nossa

presença, coisas ruins acontecerão. Wellesley já foi um
sargento de artilharia uma vez.
— Um o quê? —Anna perguntou.
Ele bufou suavemente. — Eu continuo esquecendo o quão

jovem você é. "Sargento de artilharia" significa que ele
explodiu muitas coisas com produtos químicos encontrados
em torno de campos de batalha, fazendas e fábricas do século
XIX. Ele tem todo esse lugar—talvez o lado todo da
montanha—conectado para fazê-lo voar. Ou isso me disse
Bran uma vez.
— Ok, —disse Anna pensativa. — Você está preocupado

com o fato de Leah ter enviado você e eu aqui juntos? Ela
ficaria feliz em nos ver mortos. Você mais do que eu,
geralmente, mas não no momento.
— Nem um pouco, —disse Asil. — Eu não estou

destinado a ser explodido em pedaços por um artista louco e
Livro 5
talentoso. Nenhum artista destruiria de bom grado tal obra de

arte como eu sou.
Houve um clique, então as luzes se acenderam ao redor

deles.
— Agora podemos sair, —disse Asil. O que teria sido mais

reconfortante se ele não tivesse murmurado baixinho: — Eu
acho.
Anna hesitou, mas era improvável que ficar no carro a

protegesse se Wellesley decidisse levá-los para o próximo
reino, então ela saiu. Quando ela fechou a porta, levou seu
tempo olhando em volta.
A entrada era natural, mas o caminho que eles seguiram

se parecia mais com um poço de mina completo com madeiras
raspada-à-mão segurando o teto de terra e os trilhos de trens
desmontado e empilhados ao longo da parede.
O lugar onde eles pararam foi ampliado para acomodar

três carros. No momento, ele continha o Mercedes de Asil, um
Livro 5
Jeep antigo, uma motocicleta e um snowmobile —os dois

últimos ocupando um espaço. O teto diretamente sobre a área
de estacionamento tinha três metros de altura, se tivesse sorte,
e as vigas sustentando gigantescos blocos de concreto que

(esperançosamente) se esforçavam para manter a montanha
fora de suas cabeças.
Uma abertura estreita e irregular bem na frente da

motocicleta chamou a atenção para si mesma, sendo mais
iluminada do que em qualquer outro lugar. Anna seguiu Asil
passando pela moto e entrou na abertura, notando que Asil
parecia completamente relaxado. Se ela estivesse com mais
alguém, ela teria se tranquilizado. Mas Asil passou quase uma
década esperando que Bran o matasse—ele não se importava
tanto com segurança, como ela fazia.
Havia um pequeno patamar logo depois da abertura,

seguido por uma espécie de escada sinuosa. Esta não era uma
obra de arte esculpida à mão como ela tinha visto na casa de
Moto de neve
Livro 5
Hester. Era um túnel redondo, quase vertical, com lados de

terra e pedaços de dois por quatro presos à terra em intervalos
irregulares, mais parecendo uma escada do que uma escadaria,
realmente.
Subir provou ser interessante. Às vezes, as tábuas

trabalhavam como degraus para os pés—e às vezes ela tinha
que abaixar as tábuas acima dela para subir. Cerca de seis
metros de altura, havia muito menos tábuas. Ela teve que pular
e agarrar a que estava acima dela, levantando o queixo até que
ela pudesse jogar uma perna por cima, em seguida, ficar em pé
e fazer tudo de novo.
As tábuas estavam cheias de marcas de garras, e ocorreu-

lhe que isso teria sido uma subida muito mais fácil em sua
forma de lobo. Ela também notou que havia buracos na parede
de terra onde costumavam ficar as tábuas. Era improvável que
uma queda de nove metros a matasse—mas todas as tábuas
que ela pudesse atingir ao descer poderiam fazer o trabalho.
No topo, havia uma lacuna de dois por quatro com uma

distância cerca de duas vezes maior que ela. Asil liderou o
caminho e ele fez o salto com facilidade. Ele ficou na borda no
Livro 5
topo por um momento, bloqueando seu caminho. Então ele

deu um passo para o lado e se curvou, dando-lhe um braço
para agarrar no topo. Ela teve um momento para visualizar-se
pulando alto o suficiente para fazê-lo, mas depois não tendo

como se mover para o lado no topo do salto. Uma infância de
caricaturas de Pernalonga permitiu-lhe imaginar tudo
claramente.
Como era, ela conseguiu o negócio com cerca de metade

da graça de Asil, mesmo com o braço dele. Mas pelo menos
ela não acabou de volta ao fundo.
O buraco através do qual eles emergiram estava

centralizado em uma sala pequena e sem janelas, iluminada
por uma única lâmpada elétrica. O piso era de terra simples e
compacta, exceto pela borda de metal ao redor da borda do
buraco. As paredes da sala eram de concreto mal-acabado. A
única porta era de metal plano sem dobradiças visíveis ou de
qualquer maneira para abri-la do lado deles.
— Se isso é o que é preciso para alcançar as pessoas em

nossa lista, —disse Anna para Asil, — nós vamos fazer isso a
noite toda e mais algumas.
Livro 5
— Wellesley será o mais difícil, —Asil disse a ela. — O

problema dele deixa-o um pouco paranóico. Eu pensei que
deveríamos começar com ele e trabalhar até aquele em que a
única coisa que podemos fazer é colocar um bilhete em uma

caixa de correio e esperar que ele cheque em algum momento
deste mês.
— Lista? —Disse um baixo grave enquanto a porta se

abria.
Asil estava certo. Sua voz soava como a de Johnny Cash,

se Johnny tivesse nascido no Caribe , em vez de no Arkansas .
Ele era um homem negro de estatura média, com uma

constituição de peito largo e dedos grossos e rechonchudos.
Para um lobisomem, seu rosto estava desgastado e sua boca
era suave.
O Caribe, também chamado Caraíbas, é uma região do continente americano

formada pelo Mar do Caribe, suas ilhas e Estados insulares. Também é chamado de Antilhas ou Índias Ocidentais, nome
originado pela crença inicial europeia de que o continente americano fosse a Índia.
Arkansas – na sua forma aportuguesada Arcansas – é um dos 50 estados dos Estados

Unidos, localizado na região sudeste do país. Limita-se ao norte com o Missuri, ao sul com a Luisiana, a leste com o Tennessee,
a oeste com Oklahoma, a sudeste com o Mississípi e a sudoeste com o Texas.
Livro 5
Parecia que ele deveria fazer doces para ganhar a vida, ou

brinquedos de pelúcia, ou alguma outra ocupação impecável.
Ele não parecia um artista, e ele não parecia com alguém que
pudesse ferir uma mosca. Mas tanto quanto ela amava sua
arte, ele ainda era um dos selvagens de Bran—ele era muito
perigoso.
Asil disse: — Lista de selvagens que estamos visitando

hoje.
Wellesley estava olhando para os joelhos de Asil, mas ele

abruptamente balançou a cabeça—um movimento
decididamente canino que envolvia seus ombros. Suas narinas
se alargaram, ele inalou ruidosamente duas vezes. Ele sacudiu
a cabeça, balançando-se nos calcanhares, depois olhou para
Anna com os olhos arregalados.
Quase imediatamente, ele abaixou a cabeça para que seu

olhar batesse em algum lugar perto das botas de Asil. Ela teve
a impressão de que ele queria olhar para qualquer lugar, menos
para ela.
Livro 5
— Desculpe, —ele murmurou. — Eu esqueci minhas

maneiras. Eu normalmente não recebo convidados. Você
gostaria de entrar em minha casa e beber algo ... oh chá,
suponho? Eu também tenho um pouco de chocolate e suco de

laranja.
Ele se afastou da porta e abriu-a um pouco mais,

convidando-os, embora ainda estivesse olhando para qualquer
lugar exceto Anna. Na maior parte, isso era tão
desconcertante—porque quando ele estava olhando para ela,
seus olhos estavam amarelos e desesperados.
Anna podia ver que o espaço de estar além da porta era o

oposto do pequeno e apertado cômodo em que se
encontravam. Havia muita luz, madeiras polidas e espaços
abertos. Ela não conseguia ver nenhuma pintura dentro da
estreita janela visual que a porta lhe dava, mas cheirava a tinta
a óleo e a terebintina .
Terebintina, terebentina ou trementina é um líquido obtido por destilação de resina de coníferas. É um líquido
normalmente incolor, mas pode se apresentar levemente colorido por causa de algumas impurezas, com aroma forte e
penetrante de pinho. É um bom solvente, sendo usado na mistura de tintas, vernizes e polidores.
Livro 5
— Não é necessário, —disse Asil educadamente. Ele não

se colocou exatamente entre ela e Wellesley, mas perto o
suficiente para que todos entendessem que ele considerava
Wellesley uma ameaça para proteger Anna.
— Wellesley, estamos aqui para trazer um aviso. —Ele

contou a Wellesley sobre o ataque a Hester e Jonesy.
Assim que Asil lhe disse que Hester e seu companheiro

estavam mortos, Wellesley fechou a porta de sua casa, como
se para protegê-lo do estrago das palavras que Asil estava
dizendo. O artista se inclinou contra a porta fechada e ouviu
Asil, uma mão sobre sua boca, seus olhos fechados e seu corpo
inteiro tenso.
Anna esperava que houvesse alguma maneira de abrir a

porta deste lado que ela não estava vendo. Talvez ele tivesse
outra entrada?
Quando Asil terminou, Wellesley esperou em silêncio por

um tempo. Quando seu corpo finalmente se acalmou, ele disse
em voz baixa: — Nós fomos traídos.
— Sim, —disse Asil simplesmente.

Livro 5
Anna piscou para ele um momento. E então para

Wellesley. Levou a nota de Jonesy para Anna chegar a essa
conclusão. Talvez ela fosse burra, e todos os outros teria visto
sem o bilhete.
— Não fui eu, —declarou Wellesley claramente. Ele

levantou a cabeça e olhou nos olhos de Asil. — Eu não disse a
ninguém, de forma alguma, que Bran tinha saído. Eu nunca,
até onde sei, falei a uma alma viva que não Bran sobre Hester
ou Jonesy—embora eu os conhecesse muito bem ao mesmo
tempo.
Ele baixou os olhos para longe do lobo mais dominante,

assim que terminou de falar.
A capacidade de Anna de descobrir mentiras era muito

melhor do que quando ela era humana, mas não era como
Charles, que podia senti-las quase antes de serem faladas. Se
ela não soubesse que Charles poderia mentir para Bran ... ela
teria visto a declaração de Wellesley na frente de Asil como
prova positiva de que ele não os havia traído. Complicando as
coisas, as reações de Wellesley tinham ocorrido nos poucos
Livro 5
minutos desde que chegaram. Suas palavras pareciam verdade,

mas ela deixaria Asil fazer essa determinação.
Asil inclinou a cabeça para o outro homem, aceitando sua

declaração. E com isso simplesmente, Wellesley estava limpo.
Anna sentiu uma onda de alívio—o que era ridículo. Ela não
conhecia o homem, ela simplesmente amava o trabalho dele.
Ela se perguntou se eles poderiam fazer todos os selvagens

negarem sua culpabilidade. Isso tornaria o trabalho deles
muito mais fácil. Ela tinha certeza de que Bran poderia fazê-
los fazer isso, mas ela não tinha certeza de que Charles poderia
fazer. Matá-los, sim. Forçá-los a responder perguntas
insultuosas? Talvez não. Se Charles não podia, então ela e Asil
não tinham chance.
Wellesley bateu o pé no chão e limpou a garganta. Não

olhando para Asil com tal intenção que ele poderia ter seus
olhos focados no outro lobo. Os lábios de Asil se curvaram em
um sorriso.
— Não fui eu, —Asil disse a Wellesley claramente,

captando seu olhar relutante e segurando-o em seu olhar com
Livro 5
uma força de vontade que Anna podia sentir, mesmo que não
fosse seu foco.
— Eu nunca iria trair de bom grado a confiança que me

foi dada, —disse Asil. — Eu não disse a ninguém fora do
bando que Bran tinha saído.
Ele hesitou pensativo, ainda segurando Wellesley, fez um

som suave, depois continuou. — Eu não conhecia Hester ou
Jonesy exceto pelas histórias dos outros. Eu nunca conheci
nenhum deles, embora soubesse que eles estavam aqui e
aproximadamente onde eles moravam. Não me lembro o que
eu disse sobre qualquer um deles ou para quem, só que eu não
falaria sobre eles ou em detalhes com ninguém fora deste
bando. Eu não participaria voluntariamente de qualquer
ataque sobre o povo de Bran ou sobre este bando, que agora
chamo de meu. Este ataque foi secreto—e desajeitadamente
feito. Se eu tivesse que fazer algo assim, teria sido muito
melhor planejado. Daqui a cinco anos, Bran ainda estaria
coçando a cabeça e se perguntando o que aconteceu com
Hester e seu companheiro.
Livro 5
Wellesley fez uma careta para Asil, depois desviou os

olhos dos dois.
— Realmente, —disse Anna, divertida apesar de si

mesma. — Essa é a sua defesa? "Se tivesse sido você, você teria
feito isso melhor?"
Asil sorriu para ela. — E o que você ouviu, criança lobo?

Eu estava mentindo?
Anna hesitou, depois encolheu os ombros. — Você

provavelmente poderia me dizer que tinha quatro ases na sua
mão de poker, e eu acreditaria em você mesmo se o ás de
espadas estivesse em minhas mãos. Infelizmente, acho que sua
última declaração é mais persuasiva para mim do que se eu
poderia ou não saber se você estava mentindo.
— Concordo, —disse Wellesley.
Ele estava sendo muito cuidadoso mantendo os olhos

longe de Asil, olhando principalmente para a parede quando
ele falou, mas havia uma diversão confiante em sua voz que
era totalmente estranha com sua postura corporal. — Eu te
desafio a dizer isso a Bran.
Livro 5
— Bran diria isso a ele, —disse Anna com um pequeno

suspiro. — Bran conhece Asil.
Asil olhou para ela. Era um olhar com peso. Tinha-o visto
em Charles antes, mas não em Asil.
Ela ergueu as sobrancelhas, incrédula. — Mesmo? Você

acha que eu poderia me casar com Charles e trair este bando?
A Charles? —E eu não sou um dos selvagens, ela não disse, mas
ela achou muito difícil. Se ela pensasse que era apenas um
show para Wellesley, ela não teria ficado tão chateada. Doeu.
— Eu criei uma bruxa que matou minha companheira, —

ele disse a ela, mortalmente sério. — Eu aprendi a não confiar
em meus instintos sobre essas coisas.
Ali estava, certo?
— Tudo bem, —disse Anna para Asil. — Aqui vai. —Ela

segurou seu olhar, não que o contato visual fosse importante
para um lobo que estava avaliando as declarações de verdade,
a maior parte era o nariz e a audição. Mas parecia ser como
eles estavam fazendo isso, então ela poderia jogar junto.
Livro 5
— Eu não traí esse bando. —Ela pensou sobre os fatores

que falavam de traição e disse: — O inimigo provavelmente
sabe que Bran não está aqui. Eu não discuti a ausência de Bran
com ninguém fora do bando. Eu não falei com ninguém no

bando ou fora dele a respeito de Hester, porque até ontem eu
não fazia ideia de quem ela era ou de onde ela morava. —Ela
estava ficando com raiva, tendo que soletrar as coisas, então a
trouxe de volta para algo simples. — Eu nunca traí
conscientemente o bando, nunca trairia o bando.
— Ninguém no bando sabia de Hester, —disse Asil, com

uma expressão reprimida no rosto.
— Samuel? —Perguntou Anna.
— Oh, provavelmente Samuel sabia, —disse Asil com

desdém. — Mas imaginar Samuel traindo seu pai ou este
bando que já foi seu? Eu não posso conceber que Samuel esteja
fazendo uma coisa dessas.
Anna conhecia Samuel, é claro, mas ele deixou o bando

muito antes de ela entrar. Ela o via de vez em quando, mas ela
Livro 5
não o conhecia bem o suficiente para dizer qualquer coisa

sobre ele. Mas ela confiava no julgamento de Asil.
— Ela não poderia ter feito isso, —disse Wellesley,

acenando com a mão para Anna sem olhar para ela. — Ela
não sabe o suficiente para ter planejado isso. E nenhuma
companheira de Charles poderia ser indigna de confiança—o
Irmão Lobo vê mais claramente que a maioria.
— Concordo, —disse Asil com um suspiro. — Na

verdade, teria sido muito fácil se fosse algum de nós três.
— Quem quer que seja, eles poderiam ensinar os faes sobre

o engano, —disse Wellesley. — Quem quer que seja, viveu
com Bran—e não traiu o fato de que eles são traidores. Eu
nunca menti e, no entanto, traí o Marrok da mesma maneira.
—Ele virou a cabeça de repente e sussurrou algo que ela não
entendeu.
Anna começou a pedir que ele repetisse, mas Asil chamou

sua atenção e balançou a cabeça.
— Eu não posso conceber uma coisa dessas, —disse Asil.

Livro 5
— Gerry Wallace, —disse Anna secamente, — traiu Bran

e todos os seus parentes e raça. —Ela poderia nunca tê-lo
conhecido conscientemente, mas sua traição ainda ecoava
pelo bando em momentos estranhos. — Não vamos

transformar nosso inimigo em alguém que é sobre-humano.
Asil deu-lhe um olhar penetrante.
— Você sabe o que quero dizer, —disse ela, incomodada.

— É claro que somos, todos nós, sobre-humanos, mas dar ao
nosso inimigo mais poder em nossa imaginação não é útil.
— Mesmo assim, seria difícil manter um ato como esse,

—disse Asil. Aparentemente, apesar de Wellesley ter limpado
a si mesmo, eles não iriam deixá-lo saber do bilhete que Jonesy
havia deixado. Seria muito mais fácil manter um segredo de
Bran se você fosse um dos selvagens e não estivesse vivendo
sob seu polegar em uma base diária.
Como Asil havia indicado enquanto eles estavam

dirigindo, Wellesley, com sua habilidade de passar
despercebido, teria sido um candidato razoável para seu
Livro 5
espião. Exceto agora que ela o conheceu, ela tinha certeza de

que ele não tinha o foco.
— Sinto muito, —disse Wellesley. — Estou bem isolado.

Eu não sou de muito ajuda. Me desculpe.
— Talvez, Anna, —sugeriu Asil, sua atenção em seu

anfitrião, — você e eu deveríamos avisar as outras pessoas da
lista.
Anna, que estava perdida em seus pensamentos, olhou

para Asil e depois para Wellesley. O artista estava tremendo
um pouco e o suor escorria em sua testa.
— Oh, fique, —disse Wellesley, em um tom baixo e

cortante que não era nada parecido com a voz que ele estava
usando há pouco. — Isso é mais interessante do que qualquer
coisa que aconteceu há algum tempo.
Anna olhou para Asil, mas ele não a viu. Ele estava
observando Wellesley como um gato observa um rato—mas
mais cauteloso e menos faminto.
— Vamos olhar para os membros mais novos, —disse

Wellesley, parecendo mais com ele mesmo. Ou pelo menos,
Livro 5
mais como ele soou no começo. Ele abriu as mãos e as fechou

algumas vezes enquanto continuava. — Eles teriam que
enganar Bran por um curto período de tempo.
Em outra pessoa, Anna teria tomado isso como uma

ameaça. Mas não acompanhou o que eles estavam falando ou
com o resto de sua linguagem corporal, que tinha sido
submissa a Asil durante todo esse encontro.
— Não é Kara, —disse Anna positivamente.
— Não, —concordou Asil. Anna notou que Asil também

tinha visto aquelas mãos. Ele andou um pouco como se
pensasse, mas o movimento na pequena sala o deixou
diretamente entre Wellesley e Anna. — Ela é um bebê e nós
conhecemos seu passado. Ela não podia mentir para mim,
muito menos para Bran. —Ele fez uma pausa. — E eu tenho
certeza que ela não sabia nada sobre Hester. Não é como se
alguém falasse sobre os selvagens a não ser como um aviso
geral.
Qual era o jogo de Asil aqui? Para ver se Wellesley poderia

apontar um dos outros selvagens?
Livro 5
— Ela poderia ter ouvido alguma coisa, —disse Wellesley,

mas dessa vez foi um sussurro suave, apologético e hesitante.
— As crianças fazem isso. —Ele ainda estava curvado,
olhando para o canto da sala, longe de Asil e Anna.
Wellesley balançou a cabeça violentamente. — Isso é

estúpido, —ele rosnou. — Estúpido. Estúpido. Nós a
vimos quando ela não sabia que estávamos olhando,
não foi? Ela é fraca, ela é uma presa. Nós devíamos
comê-la. Ela teria o mesmo gosto da garota do
Tennessee. Talvez melhor.
Anna olhou para Asil novamente, os olhos arregalados.

Ela esperava ver o mesmo alarme ou confusão que sentia. Ou,
mais provavelmente, raiva—Kara era uma das favoritas de
Asil. Ele estava com raiva o suficiente, ela viu, mas havia
compaixão no rosto do Mouro também.
— Wellesley, —disse Asil, com um comando frio em sua

voz. — Você não vai falar sobre a minha amiguinha dessa
maneira. Eu não gosto disso.
Livro 5
Wellesley rosnou e Asil rosnou de volta. O artista olhou

por cima do ombro com olhos amarelo-lobo. Ele era mais alto
e mais musculoso que o Mouro, mas ele recuou assim que seus
olhos encontraram os de Asil. Ele caiu sobre um joelho, quase

como um homem fazendo uma proposta , seu rosto virou-se
para olhar para o canto mais distante da sala, embora seu
corpo ainda enfrentasse Asil.
Em uma voz suave, ele disse: — Pode ser que alguém

tenha falado na frente dela. Que ela disse a alguém algo que
ela não deveria.
Em sua cabeça, Anna ouviu novamente a voz do monstro

de Wellesley dizendo—como a garota no Tennessee—e
imaginou o que Wellesley havia feito.
— Não é Kara, —disse Asil novamente.
— Se fosse Kara, você poderia entregá-la a mim, —disse

Wellesley em uma voz cantada.
Aqui refere-se quando um homem se ajolha na frente da mulher para lhe propor casamento.
Livro 5
— Você está indo longe demais, —alertou Asil, seu lábio

começando a enrolar.
Anna decidiu que, se alguém não interviesse, haveria

problemas. E não havia ninguém lá além dela. Ela não podia
arriscar acalmá-los com suas habilidades Ômega—havia uma
grande chance de que fosse mais eficaz em Asil do que em
Wellesley. Então ela realmente estaria em um córrego sem
remo.
Ela decidiu tentar distraí-los com palavras. Ou até mesmo

apenas Asil.
Havia algo realmente errado com Wellesley.
Ela teve visões de Jack Nicholson em O Iluminado em

sua cabeça. Leah tinha dito que ela tinha dado a eles o mais
John Joseph "Jack" Nicholson é um ator, cineasta, produtor de cinema e roteirista americano,
considerado, por muitos um dos maiores atores da história. Foi indicado ao Oscar doze vezes, e ganhou o Oscar de melhor ator
por duas: pelos filmes One Flew Over The Cuckoo's Nest e As Good As It Gets.
The Shining (bra: O Iluminado; prt: Shining) é um filme britânico estadunidense de 1980, dos gêneros terror,
drama e suspense, dirigido por Stanley Kubrick, com roteiro de Diane Johnson e do próprio Kubrick baseado no romance
homônimo de Stephen King. ‘Jack Torrance se torna caseiro de inverno do isolado Hotel Overlook, nas montanhas do
Colorado, na esperança de curar seu bloqueio de escritor. Ele se instala com a esposa Wendy e o filho Danny, que é
atormentando por premonições. Jack não consegue escrever e as visões de Danny se tornam mais perturbadoras. O escritor
descobre os segredos sombrios do hotel e começa a se transformar em um maníaco homicida, aterrorizando sua família.’
Livro 5
quebrado dos selvagens, e Asil disse que ele pegou o pior

primeiro. Asil havia dito que a condição de Wellesley era mais
parecida com a esquizofrenia. Ela conhecia uma garota na
faculdade que lidava com esquizofrenia, mas aquela garota

nunca foi assustadora.
Ela não era um lobisomem também, mas ainda assim ...
Ela não sabia como distrair Wellesley, mas Asil era fácil.
— Kara fala com Asil, —disse ela com firmeza, como se

ela não estivesse pisando figurativamente entre dois
lobisomens furiosos. — Ela fala com Leah e um pouco
comigo. Mas com o resto dos lobos, ela é muito cautelosa—e
eu não acho que ela fala com nenhuma das crianças na escola.
Bran continua recebendo cartas de seus professores: ‘Kara é
trabalhadora e inteligente. Estou preocupado que ela não tenha
amigos entre seus pares. Ela não participa de trabalhos em grupo
ou de atividades esportivas externas—e variações disso.’ Leah
faz com que ela escreva uma carta a cada semana para seus
pais, a maioria dos quais tem quatro frases longas porque Bran
impôs essa regra depois que sua primeira carta foi:
Livro 5
‘Querido papai, eu estou viva. Kara’.
Em algum momento durante seu monólogo, Asil se

recompôs. Mais ou menos, pensou Anna.
— Não é Kara, — disse Asil finalmente—e então colocou

um pouco de poder em sua voz e disse: — Fique de pé,
Wellesley. Deixe Kara sozinha. —Ele fez uma pausa. — E é
melhor eu não pegar seu perfume em qualquer lugar perto dela
ou onde ela esteve.
Wellesley sentou-se abruptamente no chão, virando suas

costas na direção deles. Ele assentiu, mostrando que estava
prestando atenção à conversa.
— Tudo bem, —ele concordou, sua voz muito mais

normal do que sua postura. Quase conversando, ele
perguntou: — E quanto a Sherwood? Ele saberia sobre os
selvagens—ele era um por um tempo. Ele saberia sobre a
ausência de Bran porque ele está no bando de Adam agora.
— Sherwood Post, —disse Asil. — Não.

Livro 5
Wellesley olhou para Asil então, um olhar exasperado por

cima do ombro. — Bem, tem que ser alguém. E Sherwood é o
próximo mais novo depois de Kara e Anna.
Para um dos selvagens, Wellesley parecia estar muito bem

versado sobre quem era quem no bando. Não admira que Asil
o tenha colocado no topo de sua lista de suspeitos.
Os olhos do artista estreitaram pensativamente para Asil.

— Você o conheceu antes que as bruxas o agarrassem e
levassem sua perna e suas memórias. Quem era ele?
Asil franziu a testa e sacudiu a cabeça. — Não importa

agora. É altamente improvável que ele se lembre de quem ele
foi uma vez. Não importa o que Bran pense. Mas o núcleo dele
é o mesmo: ele era o campeão dos menos favorecidos. Ele
nunca facilitaria um ataque a alguém vulnerável. Não. Não é
Sherwood. Além disso, ele só sabia que Bran tinha saído
enquanto eles estavam resgatando Mercy. Até onde eu sei,
ninguém que não é bando sabe que Bran ainda não está lá.
Essa conversa foi bem esquisita até mesmo pelos padrões

dos lobisomens. Ela desejou ter agarrado Asil e saído quando
Livro 5
ele sugeriu isso. O eco de "aquela garota no Tennessee"

manteve o cabelo na parte de trás do pescoço em pé e seu lobo
inquieto.
— Tem que ser alguém, —disse Wellesley. Então ele fez

uma pausa. — Talvez não. Que tal algum tipo de spyware
eletrônico? Poderia ser algo plantado na casa do Marrok—ou
mesmo em uma pessoa que não sabia sobre isso. Eu li sobre
coisas que as pessoas engolem, e elas ouvem tudo. —O artista
tinha seu rosto apontado para o canto da sala, então ele não
viu o olhar pensativo de Asil. — Talvez eu tenha lido sobre
isso, —resmungou Wellesley. — Ou talvez alguém tenha feito
isso comigo. Eu esqueçi. Estúpido.
— Não é estúpido, —Asil discordou. — Ainda há uma

proposta de lei no Congresso sugerindo que todos os
lobisomens devem ser implantados com um dispositivo de
rastreamento, mas está parado porque eles não conseguem
encontrar um que sobreviva na transformação, —disse Asil.
Um spyware, em português código espião ou programa espião, consiste em um programa automático de computador
que recolhe informações sobre o usuário, sobre os seus costumes na Internet e transmite essa informação a uma entidade
externa na Internet, sem o conhecimento e consentimento do usuário.
Livro 5
E parte da estranheza de toda essa conversa tinha que ser

o modo como Asil ignorava as ações estranhas de Wellesley e
falava com ele como se estivessem tendo um intercâmbio
normal. Bem, ela poderia fazer isso também se fosse útil.
— Como Charles demonstrou como a tecnologia explode

durante a transformação, —disse Anna. Asil deu-lhe um olhar
interessado.
— Quando trabalhamos com a CANTRIP e o FBI em

Boston, —esclareceu ela. — Charles disse que não achava que
funcionaria e ficou feliz em provar isso.
— Charles é nascido de bruxa, —disse Wellesley com

desdém. — Ele poderia explodir qualquer tecnologia que ele
escolhesse. —Em seguida, com aquela voz estranha, aquela
que tinha falado de matar mulheres jovens, ele disse: — As
bruxas são más.
Anna escolheu continuar seguindo a liderança de Asil e

reagir apenas às coisas normais que Wellesley disse. — Se
ajudar alguém a ser menos paranóico, —ela disse. — Charles
me disse que tinha certeza de que o dispositivo não teria
Livro 5
funcionado mesmo se não o tivesse ajudado. Quanto ao

spyware eletrônico na casa do Marrok, Charles faz uma
varredura para eles duas vezes por semana.
Ela deixou o comentário das bruxas onde estava. Era

verdade. Nessa empresa, não havia lucro em pensar nisso.
— Bastardo paranoico, —disse Asil, com algo que soava

estranhamente como afeição.
— Ele encontra dispositivos de escuta e câmeras de vez em

quando, —ela disse a eles. — Normalmente, durante a
mudança da lua em outubro, quando temos tantos estranhos.
— Os lobisomens trazem dispositivos de espionagem? —

Asil perguntou com um leve interesse.
Anna sacudiu a cabeça. — Não de propósito, não

achamos. Até agora tudo tem sido sobre lobisomens que
admitem o que são para o mundo. Os tipos de coisas que
Charles descobriu foram dispositivos em carros, roupas ou
malas.
— Então, por que o mundo humano não conhece Aspen

Creek? —Perguntou Wellesley.
Livro 5
— Eles conhecem, —Anna disse a ele. — Eles não sabem

sobre o Marrok, nós acreditamos. Mas eles sabem sobre Aspen
Creek desde os anos 1970, pelo menos, provavelmente antes
disso. Um grupo seleto de "eles". Essa foi uma das coisas que
levou Bran a trazer os lobisomens para o campo aberto. Os
segredos só são úteis como alavanca, desde que sejam secretos.
—Essa última frase foi uma citação quase direta de Bran.
— Então, por que nem todo mundo sabe sobre Aspen

Creek? —Wellesley perguntou novamente.
— Bran não quer o comércio turístico, —disse Asil. — E

ele conseguiu convencer as pessoas que sabem que seria ruim
trazê-lo à luz.
— Os monstros precisam de um lugar para correr, —disse

Anna.
Wellesley levantou-se facilmente a seus pés. —

Exatamente, —ele concordou.
— Você fez um ponto válido, Asil, —disse Anna com

firmeza. Ela não tinha certeza se era bom que Wellesley se
levantasse. Seu lobo estava começando a ficar agitado. Que
Livro 5
ponto válido ela estava falando? Ela pegou um aleatoriamente,

recuando vinte minutos de conversa para fazer isso. — Quero
dizer, quando você percebeu que teria feito um trabalho
melhor na bagunça da Hester. Se a intenção era raptar Hester.
— Interessante, —disse Asil. — Que outra intenção eles

poderiam ter tido?
— Eles poderiam tê-la desejado morta—e eles

enlamearam as águas da motivação, o que implica que foi uma
operação maior do que um simples assassinato, —Wellesley
ofereceu. — Ou eles poderiam querer Jonesy morto.
— Ou eles poderiam querer saber onde estão todos os

nossos lobos solitários, nossos poderosos e vulneráveis lobos,
—disse Anna devagar. Eles perguntaram sobre os selvagens, o
bilhete de Jonesy havia dito. Charles havia dito a ela que havia
lobos que tinham conhecimentos perigosos—coisas que outras
pessoas matariam para saber. — Supondo que teríamos que
sair e avisá-los. —Só fazia sentido lógico, contanto que você
soubesse o suficiente sobre como o bando funcionava, como
saber que um telefonema provavelmente não funcionaria com
os selvagens.
Livro 5
— Nós não fomos seguidos, —disse Asil.
— No NCIS , eles usam satélites e podem escolher

indivíduos em movimentos terrestres de tropas de guerrilha, —

disse Anna.
— O que é NCIS? —Perguntou Asil.
— Eles também têm um espectrômetro de massa que pode

olhar para um pedaço de lama de um sapato e dizer a Abby a
rua que ela veio sem erro. E leva apenas cinco minutos, —disse
Wellesley secamente. — Espectrômetros de massa não
funcionam assim.
Aparentemente, Wellesley assistia TV. E sabia o que era

um espectrômetro de massa e como funcionava. Essa conversa
não poderia ficar mais surreal.
A série narra as operações de uma equipe de elite de agentes especiais cuja missão é
investigar qualquer crime que tem um fragmento de evidência ligado ao pessoal da Marinha e dos Fuzileiros Navais,
independentemente da posição ou cargo.
A espectrometria de massas é uma técnica analítica física para detectar e identificar moléculas de
interesse por meio da medição da sua massa e da caracterização de sua estrutura química.
Livro 5
Asil rosnou.
— É um programa de TV, —Anna disse a ele. — Sobre a

Unidade Investigativa Criminal Naval. É uma mistura de

mistério e suspense militar.
— Um programa de TV, —disse Asil, com desdém.
Wellesley sorriu, abaixou a cabeça e levantou uma mão

para um high-five com Anna.
Houve um momento cristalino em que ela entendeu que

isso não era uma boa ideia. Wellesley claramente tinha alguns
problemas. Todos os lobisomens tinham um pouco de
desordem de personalidade múltipla—a metade humana e a
metade lobo às vezes existiam em um estado de conflito.
Charles e Irmão Lobo foram uma demonstração funcional de
quão separados o lobo e o espírito humano poderiam ser. Mas
seu companheiro e seu lobo existiam em harmonia.
O High Five é um gesto, ou cumprimento presente em diversas culturas, muito comum nos
Estados Unidos, que ocorre quando duas pessoas tocam suas mãos.
Livro 5
Wellesley e seu lobo não eram funcionais em tudo. Chegar

perto o suficiente para tocá-lo quando ele passou a última meia
hora alternando entre normal e assustador era estúpido.
E, ainda assim, ela era a companheira de Charles Cornick,

que era o segundo na hierarquia do bando do Marrok. Se ela
deixasse cair aquele gesto amigável, seria uma declaração
suficiente, uma que ela não queria fazer.
Ela deu um passo em torno de Asil e acertou a mão

levantada de Wellesley com a dela.
Anna era um lobisomem. Ela estava trabalhando com

Charles praticamente desde que ele a trouxe para Montana.
Seu tempo de reação era bom, ela era mais rápida que muitos
dos lobos.
E ela não teve tempo de responder quando a mão de

Wellesley se fechou em seu pulso, e ele a derrubou como um
urso pardo, mandando os dois para o chão. Ela bateu no chão
de terra batida sob seu peso não negligenciável. Ele se
envolveu ao redor dela, seu corpo tremendo. Seu estômago
Livro 5
embrulhou com memórias que ela achava que tinham ficado

para trás.
Algo atingiu o chão ao lado de sua orelha, assustando-a de

seu pânico. Ela se virou para ver que Asil havia enterrado uma
faca ... uma espada ... algo com um punho lindamente
projetado no chão. A lâmina era visível apenas cerca de seis
centímetros.
Asil mataria para defendê-la, ela percebeu. Mas

aparentemente ela entendeu muito mais rapidamente do que
ela fez exatamente o que aconteceu—e mais importante, o que
não tinha acontecido.
Wellesley não a atacara ... não pretendia atacá-la, de

qualquer forma. Ele estava tentando chegar o mais perto que
podia, soluçando descontroladamente e murmurando algo em
um idioma que ela não conseguia entender.
— Ômega, —disse Asil em voz baixa, ele se agachou ao

lado dela, seu rosto a poucos centímetros de distância do dela.
— Eu deveria ter impedido você de tocá-lo. Minha esposa, ela
tinha melhor controle do que ela era. Ninguém teria entendido
Livro 5
o que ela era, ou era afetado por ela por um toque casual, a
menos que ela quisesse.
— O que eu faço? —Ela sussurrou, em parte para que ela

não assustasse Wellesley em algo mais violento. Mas
principalmente porque sua garganta estava tão seca de medo e
lembrava do horror que ela não poderia ter feito um som mais
alto se tentasse.
— Fique parada, —disse ele. — Espero que a reação dele

desapareça depois de alguns minutos.
Ela olhou para ele. Ela não ia ser capaz de ficar aqui, com
um estranho em cima dela, por alguns minutos.
Ele viu isso. — Se eu tentar puxá-lo, —ele disse, — não

vai ajudar em nada.
Ela assentiu. Ela entendeu que Wellesley estava recebendo

algum tipo de alívio dela, e ele reagiria mal se alguém tentasse
tirar isso dele. Asil não achava que Wellesley fosse racional o
suficiente para deixá-la ir.
— Okay, —ela disse, tentando não parecer em pânico.

Esperando que Charles não estivesse percebendo isso. Ele não
Livro 5
perceberia se ela conseguisse se manter longe do terror cego.

— Okay.
— O que posso fazer para ajudar? —Perguntou Asil.
— Fale, —ela disse. — Distraia-me.
— Que tal uma história? —Ele estendeu a mão e colocou

a mão no ombro de Wellesley. — Sua companheira morreu e
seu lobo queria morrer com ela. Acontece assim às vezes.
Tanto quanto eu sei, eles estão em guerra desde então, ele e
seu lobo. Cem anos ou mais, eu acho. Como um distúrbio de
personalidade dividida, mas sua outra metade é uma máquina
de matar, e você nunca pode deixar isso assumir.
— A garota do Tennessee? —Anna murmurou, quase

certa de que Wellesley não estava participando da conversa
entre ela e Asil. Ele estava chorando ruidosamente, e era uma
coisa horrível ouvir de um homem adulto. Mas isso a
tranquilizou, porque ele não parecia como ...
Outra pessoa.
Asil assentiu para sua quase pergunta. — Depois do

Tennessee é quando Bran trouxe ele aqui. Na década de 1930,
Livro 5
eu acho. Ele era um artista conhecido sob um nome diferente

quando sua esposa morreu. —O velho lobisomem, cuja
companheira também morreu enquanto ele sobreviveu, fez um
som simpático. Ele bateu de novo em Wellesley, e desta vez

deixou a mão direita no ombro do outro lobisomem.
— Ele tentou manter sua vida, mas um dia acabou saindo.

Deixou seu bando. Deixou sua casa com tudo nela. Um lobo
que estava lá, um membro de seu bando, me disse que era
estranho. Como se uma manhã, logo após o café da manhã,
ele estivesse pronto para comer, decidiu que estava acabado.
Ninguém ouviu falar dele por um tempo. Foi a Depressão, e
viajar nos trens era um modo de vida para muitas pessoas. Não
havia maneira fácil de encontrá-lo.
— Não como agora, —disse Anna. Era difícil tirar as

palavras de sua garganta, mas pelo menos ela não precisava
sussurrar.
— Não como agora, —concordou Asil. — A tecnologia

facilitou muito as coisas—mas também o caso de Wellesley fez
com que Bran decidisse que era importante não perder o
lobisomem se ele pudesse evitar.
Livro 5
— Você estava na Espanha durante os anos de 1930, —

disse Anna. Sua voz estava trêmula. Ela não gostava de soar
assim—o medo era perigoso em torno de lobisomens. Mas
mesmo sabendo que não havia nada sexual sobre o que

Wellesley estava experimentando, ela não podia evitar o suor
frio que escorria pelas costas dela.
Asil fez um som de assentimento.
— Você sabe muito sobre isso para um homem que estava

em outro continente naquela época.
O sorriso de Asil brilhou. — Eu sei tudo que vale a pena

saber, —ele disse a ela. Mas seu rosto ficou pensativo. — Eu
perguntei depois que comecei a visitá-lo. Eu queria saber o
máximo que pudesse, na esperança de poder ajudá-lo. Eu sabia
um pouco antes, claro. Sua história foi amplamente publicada
na época. Acho que parte do que tornou Bran tão duro com os
lobos, agora que o público sabe sobre nós, é que teme que
alguém se lembre da velha história de Wellesley.
— Diga-me? —Ela perguntou.

Livro 5
— Como você disse, —disse Asil, — era mais fácil se

perder e vagar naqueles dias. Muitos homens sem famílias ou
passados perambulavam pela estrada de ferro e pelas estradas
da era da Depressão . Wellesley era apenas mais um deles até

que finalmente perdeu o controle do lobo em uma pequena
cidade com uma população de cerca de quatrocentas pessoas.
Não existe mais, aquela pequena cidade, ou talvez mais
pessoas se lembrariam dessa história. Wellesley às vezes tem
certeza de que havia uma bruxa negra—ou algo parecido com
uma bruxa negra—envolvida. Mas depois disso, havia apenas
Wellesley e alguns corpos: um homem negro em uma cidade
predominantemente branca.
Asil deu um tapinha em Wellesley novamente, mas o

outro lobisomem não pareceu notá-lo. Depois de um
momento, Asil começou a falar novamente.
— Foi quando Bran tomou conhecimento dele. Ele enviou

Charles para matar Wellesley. —Houve uma pausa, e Asil
disse amargamente porque ele não queria respeitar Charles. —
A Grande Depressão, também conhecida como Crise de 1929, foi uma grande depressão econômica que teve início em
1929, e que persistiu ao longo da década de 1930, terminando apenas com a Segunda Guerra Mundial. A Grande Depressão é
considerada o pior e o mais longo período de recessão econômica do século XX.
Livro 5
Eu entendo que ele invadiu aquela prisão onde Wellesley

estava sob uma guarda pesada e partiu com ele. Mas se você
conseguir que o lobo de boca fechada lhe diga como ele fez
isso à vista de dois guardas, deixando uma cela vazia e

trancada atrás deles sem ninguém mais saber, haveria muitas
pessoas que adorariam ouvir essa história.
— Você não pode perguntar a Wellesley? —Anna

perguntou.
Asil sacudiu a cabeça. — Ele não se lembra de nada,

exceto pedaços de pedaços, especialmente—na maior parte
que é seu lobo, de qualquer maneira. Wellesley não tem
memória suficiente para se defender de qualquer coisa que
alguém queira reivindicar sobre aquele dia se alguém for
desenterrar registros de jornais antigos ou um diário de alguém
sobre o assunto.
— Você acha que ele é inocente?
Asil suspirou. — Eu acredito que a verdade é

complicada—e especular sobre as coisas sem fatos adequados
é inútil. Você pode perguntar ao seu companheiro se você está
Livro 5
curiosa. Suas ordens eram matar ou resgatar, dependendo do

que seu julgamento lhe dissesse ser o melhor—e aqui está
nosso Wellesley, seguro, se não sã.
Os soluços de Wellesley estavam se acalmando, mas Anna

estava deliberadamente se concentrando em Asil, então ela
não percebeu logo a diferença nele.
Asil, porém, estava em Wellesley antes que seus dentes

afiados pudessem fazer mais do que arranhar sua clavícula.
Então os dois estavam rolando pela sala enquanto Anna se
levantava. Antes que ela pudesse pular e adicionar seu peso ao
jogo, Asil colocou Wellesley no chão em um movimento
complexo que não permitiu que o lobisomem usasse sua
grande força para se libertar.
E Wellesley—ou o espírito lobo que vivia em Wellesley—

tentou. Seus olhos, aqueles brilhantes olhos dourados de lobo
tão surpreendentes em seu rosto escuro, não viam nada além
de inimigos. Seu rosto, mudando lentamente para lobo, era
selvagem. Suas mandíbulas estalaram e estalaram no ar como
se houvesse alguma maneira de sair dos ossos de seu corpo
Livro 5
para alcançar Asil—mas ele ficaria satisfeito com qualquer

um.
Asil sussurrou para ele em espanhol como se a criatura

louca fosse uma criança. Havia poder em sua voz, a magia de
um lobo muito dominante tentando acalmar Wellesley.
Ela podia sentir o outro homem tentando retornar, mas o

espírito do lobo era dominante também. Asil, ela pensou,
poderia ter dominado o outro lobo, mas ele estava esperando
por Wellesley para controlá-lo ele mesmo. Um lobo tão velho
que ele não poderia se controlar melhor do que isso, ele
precisaria ser morto.
O impulso de acalmar Wellesley, de lhe trazer o alívio que

sua natureza Ômega trazia aos lobos perturbados, era
instintivo e sentia-se desesperadamente necessário. Mas ela se
concentrou e pensou antes de se render àquele desejo.
Ela estava no controle quando ela estendeu seu poder para

fazer o que podia. Ela não teria tentado se fosse Charles
segurando Wellesley, mas era Asil, que tinha sido acasalado
com um lobo Ômega. Ele teve muito tempo para aprender a se
Livro 5
proteger, para ficar alerta, não importando o que seu lobo

sentia dela.
Ela respirou fundo, concentrou-se e se agachou, ficando

meio de pé para o caso de ter que se mexer rapidamente. Ela
colocou a mão na bochecha de Wellesley com pressão
suficiente para que ele tivesse dificuldade de virar a cabeça
para mordê-la.
O lobo encurralado estremeceu ao seu toque.
Asil voltou sua fala para o Inglês, falando com ela na

mesma voz que usava para Wellesley. — Cuidado com o que
você faz, Anna. Suas habilidades permitem que você traga um
grande alívio ao lobo—mas isso tem um custo. Quando você
se afasta, ele tem que assumir o fardo de controlar a besta
novamente—e isso requer muito mais coragem e força do que
fazer isso em primeiro lugar.
— Eu sei, —ela disse simplesmente. — Não vou esquecer

o desastre das experiências de Bran comigo. Mas minha leitura
sobre isso é que não temos outra escolha.
Livro 5
Asil fechou os olhos, abriu-os novamente e assentiu. — Se

você não conseguir consertá-lo, vou mandá-lo para um
descanso final, onde esse fardo não vai mais incomodá-lo.
— Você vai ficar bem quando eu acalmá-lo? —Ela

perguntou, meio que esperando que ele ficasse ofendido, mas
ela havia reconhecido que ele também estava falando de si
mesmo, não apenas de Wellesley, quando ele a avisou dos
possíveis resultados da intromissão dela.
Asil sorriu sombriamente. — Eu não quero matar este, que

lutou muito por um longo tempo. Quem cria tal beleza como
ele é digno de qualquer coisa que podemos fazer para ajudá-
lo.
Não foi um sim. Mas ela pensou que poderia ter uma
solução para isso.
Ela estava praticando usando o que ela era desde que ela
veio para Aspen Creek. Às vezes era difícil encontrar vítimas
... voluntários. Como disse Asil, a maioria dos lobos não se
opunha ao efeito inicial—foi depois que isso tornou difícil.
Kara era sua voluntária mais consistente.
Livro 5
Antes que ela aprendesse a lidar melhor com isso, o que

sua aura Ômega fazia era inundar uma área com uma onda de
paz que enviava o espírito animal do lobisomem despreparado
para dormir. Ela e o único outro Ômega que conhecia

conversavam pela internet (porque ele morava na Itália) e
trazendo Asil, que sabia mais sobre Ômegas do que qualquer
um deles. Eles vinham trabalhando em outras maneiras de
utilizar seu efeito sem deixar que seus amigos caíssem em suas
trilhas. Uma das coisas que eles inventaram foi algo que era
mais ... um convite do que um martelo.
Ela fechou os olhos e visualizou uma pequena e silenciosa

cavidade sob uma velha árvore ao lado de um córrego que
corria rápido e que era o local favorito dela. O som do riacho
correndo nas proximidades, o cheiro de coisas crescentes, a
paz do lugar tomou conta de seu coração.
Por muito tempo, esse método só funcionou com Charles

porque ela podia usar seu vínculo de acasalamento como um
canal. Ela já tinha praticado o suficiente para usar os laços do
bando também, e ultimamente ela estava experimentando
usando apenas o toque. Inesperadamente, isso provou ser mais
Livro 5
poderoso—ou pelo menos diferentemente poderoso—do que

usar o vínculo de acasalamento ou do bando.
Com o contato com a pele, Anna ganhou uma visão que

nunca havia recebido com seu vínculo de acasalamento ou
com os laços do bando: empatia. Ou empatia de algum tipo,
de qualquer forma. Não sentia muito sobre as emoções do
outro lobo. O que ela conseguiu era uma espécie de leitura de
pressão. Ela podia avaliar quanta emoção eles estavam
segurando. Ela aprendeu a trabalhar com isso, a suavizar a
força total do que estava sentindo e depois recuar.
Funcionou melhor com alguns lobos do que com outros,

é claro. Ela não conseguia ler, na maioria das vezes, sobre Bran
ou Asil, e muito menos afetava a quantidade de emoção que
eles estavam sentindo. Kara era sua melhor voluntária. Entre
elas, elas ajustaram o efeito para que Anna pudesse ajudar
Kara a se acalmar—ou persuadir o lobo interior de Kara a um
sono de boa vontade, sem afetar nenhum dos lobos próximos.
Ou, pelo menos, permitindo que os lobos próximos resistissem
ao resto que ela lhes oferecia. Ela planejava tentar isso agora,
então era menos provável que ela afetasse Asil.
Livro 5
Ela não sabia se o seu toque permitiria que ela

influenciasse o lobo de Wellesley, depois de tudo. Mas se não,
ela sempre tinha seu grande martelo para fazê-lo dormir. O
golpe do martelo atingiria Asil também.
— Eu vou tentar pedir a ele para deixar seu lobo dormir,

como eu faço com Kara. Eu não sei se isso afetará você, —
disse ela a Asil. — Eu nunca tentei quando alguém estava
tocando meu voluntário experimental.
Ele riu, só um pouco, como se não estivesse lutando com

outro lobisomem. — Estou preparado, mija . Faça o que você
precisa.
Ela tocou a bochecha de Wellesley e estendeu seu convite

para a paz. Ele alcançou-a imediatamente e—em seguida,
puxou-a para fora de sua floresta para o inferno.
Houve um momento em que ela poderia ter se libertado,

então esse momento se foi e Wellesley estava no comando.
Mais ou menos. A dor a inundou, a dor e a exaustão eram tão
profundos que parecia sem fundo e doía respirar. Ela estava
Em espanhol ‘mi-hija(jo)’, significa minha filha ou meu filho.

Livro 5
perdida nas emoções de Wellesley por um longo, horrível e

interminável tempo.
— Anna? Chiquita ? Fale comigo. —A voz calma de Asil

a aterrou, lembrou-a de que havia uma realidade além da dor
de Wellesley e a trouxe de volta para onde ela poderia ter
perdido a conexão entre ela e o outro lobo, novamente. Ele a
soltou.
Ela respirou fundo, mas ela não tirou a mão de Wellesley.
— Estou bem, —disse ela a Asil. — Mas isso é um pouco

estranho. Tenha paciência comigo e não deixe que ele se
levante.
Ela colocou a outra mão no rosto de Wellesley, respirou

fundo e deixou que ele a levasse de volta à sua prisão. Ela não
se afastou da dor e, quando aceitou, descobriu que podia
separar-se um pouco—e entendeu o que havia acontecido.
Wellesley a convidou para entrar. E o convite dele tinha

poder. Seu poder não era como o de Bran, nem era bruxaria ...
não completamente. Mas também não era bruxaria. Asil disse
Em espanhol, significa menina.

Livro 5
que Wellesley tinha magia mais parecida com a de Charles, e

a magia de Charles geralmente pertencia a sua mãe, uma
curandeira e a filha de um xamã. O poder era mais parecido
com Charles do que com Bran. Mas não era o mesmo que o
do seu companheiro.
O espaço—não era exatamente um lugar—era escuro e

parecia oco em seus ouvidos, como se ela estivesse de alguma
forma fechada. Mas ela não sabia até onde confiar em suas
percepções.
Quando tudo mais falhar, a memória da voz de Charles soou

em seus ouvidos, siga seus instintos. Lobisomens têm bons instintos.
Isso parecia o tipo de lugar onde os instintos seriam mais

úteis do que o intelecto.
Ela atravessou a escuridão e encontrou Wellesley. Não era

como se ela o encontrasse onde ele sempre esteve. Um
momento ele não estava em lugar algum, e no seguinte ele
surgiu, bem perto. Perto o suficiente para que ela desse um
passo para trás, tomando consciência, naquele momento, de
que podia pisar, que ela tinha algo que parecia um corpo físico.
Livro 5
Ela podia perceber Wellesley, o homem, muito

claramente. Mas ela também podia sentir a luta que ele estava
fazendo, sentir seu grande cansaço e sua dor, como se aquelas
coisas fossem parte do que ela estava vendo, tão facilmente

quanto ela podia perceber sua forma exterior.
Ele lutou tanto e estava lutando por muito, muito tempo.

Quase um século de batalha o esgotara no essencial. Ela podia
ver lugares onde ele estava magro, seu corpo se desvanecendo
em manchas cinzentas.
É onde você pode me ver, algo sussurrou em seu ouvido. Lá,

naqueles pontos nus.
E isso não foi assustador. De modo nenhum.
Mas ela seguiu seus instintos e não olhou para trás,

embora os pêlos da nuca dela estivessem erguidos como se
fossem os pêlos de seu lobo. O que quer que estivesse lá atrás,
cheirava mal, rançoso e podre. Em um lugar como esse, às
vezes, perceber as coisas com muita dificuldade lhes dava mais
realidade. E isso não era o instinto falando, era algo que
Charles havia ensinado a ela.
Livro 5
Ela se concentrou em Wellesley. Com o que ele estava

lutando? Porque ela não podia perceber seu lobo em tudo.
Aquela coisa que sussurrou em seu ouvido, não era um lobo.
Ela sabia disso instintivamente quando viu sua luta, embora

não estivesse se mexendo.
Se ele não estivesse lutando contra seu espírito lobo,

apesar da história de Asil, talvez ele estivesse lutando por seu
lobo. Isso foi bom. Assim que aceitou essa ideia, a conexão
com Wellesley aumentou apreciativamente até poder sentir os
ecos de suas emoções. Era uma conexão terrivelmente íntima
ter com alguém que era basicamente um estranho—alguém
que não era seu companheiro.
Ela não encontrou o tipo de tristeza comovente que Asil a

levou a esperar. Havia grande quantidade de desespero. Mas o
desespero não era sinônimo de tristeza ou arrependimento. O
desespero veio da perda de esperança.
Por favor, ele pediu a ela, sua voz vindo, como a voz
daquela coisa maligna tinha, apenas atrás da orelha esquerda.
Livro 5
Por favor nos ajude, Namwign Bea . Estamos

morrendo, curandeira.
O que posso fazer? Ela perguntou a ele, mas ele apenas

repetiu o mesmo pedido, uma e outra vez, como se ele não
pudesse ouvi-la.
Ela estendeu a mão e tocou seu rosto, como ela tinha no

mundo real. Ele não reagiu ao toque dela, nem o tocou para
mudar sua percepção dele ou deste lugar. Ele tinha, ela
pensou, dito a ela o máximo que podia, cabia a ela descobrir
mais.
Ela começou a fazer exatamente isso, deixando a

aparência humana de Wellesley para trás. Ela não podia ouvir
ou cheirar seu lobo, mas o cheiro do mal que tinha sussurrado
atrás de suas costas—era afiado em seu nariz. No começo, ela
tentou evitá-lo, mas quando nada mais chamou sua atenção,
ela seguiu seus sentidos.
Namwign Bea é uma dinvidade da natuerza em forma de criança. Rainha Rainha Mãe é um Namwign Bea - ou um Bosom
Mba - isso se traduz em Inglês como uma Criança de uma Deidade da Natureza. Ela é uma das poucas praticantes de Rainha
Mágica Xamã Lunar da África Ocidental, que trabalha em todo o mundo para curar a Terra e as pessoas.
Livro 5
Com o passar do tempo ou imediatamente (era

frustrantemente difícil dizer), ela encontrou uma floresta de
grossas trepadeiras verdes que estavam tão emaranhadas que
ela não conseguia passar por elas. Quando ela se virou, para
ver se ela poderia contorná-los, elas a rodearam.
Prendendo-a.
Ela engoliu o medo. Asil estava no mundo real, olhando

por ela. E seus laços com seu companheiro eram fortes, mais
forte aqui do que no mundo real, como se tivessem mais
substância aqui. Ela não estava sozinha, não importa o que
seus medos tentavam dizer a ela.
Ela estendeu a mão e tocou o crescimento fibroso. Como

o próprio Wellesley, as plantas pareciam reais sob o toque
dela. Ela não conseguia ver nenhuma estrutura que segurasse
as trepadeiras, elas pareciam estar se segurando no lugar. Pelo
canto do olho, ela podia vê-las se moverem, mas as que
estavam diretamente à sua frente estavam imóveis.
Ela fechou os dedos em torno de uma das trepadeiras. Era

quase tão grande quanto o pulso dela. Experimentalmente, ela
Livro 5
deu um puxão. Deu um pouco e foi respondida por um

movimento mais distante no emaranhado, o som de matéria
vegetal sussurrando enchendo o vazio.
Ela deu um puxão forte, chamando seu lobo para ajudá-la

e colocou seus ombros e quadris no esforço. Relutantemente,
as trepadeiras se deslocaram até que ela vislumbrou um pêlo
dourado.
Ela tentou passar, tocar o pêlo—e furou sua mão, que

ainda doía da bala de prata que matara Hester, sobre um
espinho, desde seu dedinho. As trepadeiras, ela viu, estavam
cobertas de longos e afiados espinhos, embora não tivessem
estado um momento antes.
Ela rosnou e redobrou seus esforços para puxar as

trepadeiras para longe. Suas mãos sangraram até ficarem
escorregadias e deixaram vestígios brilhantes de sangue no
caule das plantas. Onde quer que o sangue dela manchou as
trepadeiras, elas afrouxaram até que ela pudesse, finalmente,
ver a criatura doente e enfurecida presa lá dentro.
Livro 5
O lobo, supostamente a outra metade de Wellesley,

parecia atormentado por pragas. Seu pêlo danificado como por
sarna revelou úlceras supuradas onde os espinhos haviam
cavado. Havia lugares em que a carne do lobo tinha crescido

sobre as trepadeiras que o prenderam, de modo que ele era
parte da estrutura que o mantinha prisioneiro.
Racionalmente, ela tinha certeza de que estava usando

construções para tentar organizar o que sentia através da
magia: sua magia e a magia de Wellesley. Que o que ela viu foi
mais simbólico do que real. Mas talvez não.
Anna era filha de seu pai e seu pai acreditava em

pensamento de ciência e racionalidade. Ela era lobisomem há
anos, e ainda tendia a pensar sobre isso do ponto de vista
científico, como se a licantropia fosse um vírus.
Livro 5
Diante de uma parede de trepadeiras com dentes de urze

tiradas de um conto de fadas de Grimm , ela nunca havia trazido
o que ele era tão claramente e o que ele fazia era magia. Não
era a magia de Arthur C. Clark , onde o entendimento

suficiente poderia transformá-la em uma nova ciência que
poderia ser rotulada e compreendida. Mas um outro
caminho—uma outra forma de poder no universo—mágia. Algo
estranho, quase senciente, que corria com suas próprias
regras—ou nenhuma. Magia real, algo que poderia ser
Urze é o nome comum de diversas plantas da família Ericaceae, particularmente dos

géneros Erica e Calluna. São espontâneas em terrenos pobres em cal e com flores de cores diversas. As espécies existentes
em Portugal são muito comuns e encontram-se em todo o país, mas sobretudo nas montanhas de granito a norte de Portugal
continental. Contudo esta espécie chega até as ilhas da Madeira e do Porto Santo, podendo ai ser encontradas desde a sua
descoberta.
Contos de Grimm é uma coletânea de contos de fadas e outros contos, publicada inicialmente em
1812 por Jacob e Wilhelm Grimm.
Arthur Charles Clarke, mais conhecido como Arthur C. Clarke foi um escritor e inventor britânico
radicado no Sri Lanka, autor de obras de divulgação científica e de ficção científica como o conto The Sentinel, que deu origem
ao filme 2001: Uma Odisséia no Espaço e o premiado Encontro com Rama.
Livro 5
estudado, talvez, mas que nunca assentaria em categorias

perfeitamente explicáveis.
Com isso em mente, ela tentou visualizar uma faca, ou

algo com que ela poderia cortar as trepadeiras. Mas
aparentemente isso não era algo que a magia dela pudesse
fazer. Frustrada, ela chamou seu lobo. Mas descobriu que ela
não podia mudar para seu lobo, não aqui em Wellesley ... o
que? Imaginação? Alma? Prisão.
Mas ela conseguiu ter suas garras na mão. Ela cavou as

trepadeiras, afundando suas garras na superfície da trepadeira.
Querida, disse Asil, você tem certeza que quer sangrá-lo?
Por um instante ela teve um lampejo do mundo real, onde

suas verdadeiras garras haviam afundado na pele de Wellesley.
Horrorizada, ela tirou as garras das trepadeiras. Quase

inadvertidamente, seu olhar encontrou os olhos determinados
do lobo dourado preso. Uma substância cinza e viscosa vazou
pelo exterior verde da planta dos buracos que ela havia cavado
nela. E a substância cheirava terrivelmente nociva.
Livro 5
E ele sussurrou em seus ouvidos. Ele sussurrou coisas

terríveis, o tipo de coisa que soava exatamente como aquelas
trepadeiras cheiravam.
Havia magia naquelas trepadeiras, que ela conhecera. Mas

o que ela não tinha certeza era de quem era a magia. Agora ela
sabia que Asil estava muito errado—isso não era
absolutamente o caso da metade humana e metade do lobo de
Wellesley em desacordo porque a companheira havia morrido.
Isso era uma maldição, algo que alguém fez para eles. O
sangue nas videiras cheirava terrivelmente familiar—Anna
sabia como a magia do sangue cheirava. Na história de Asil,
houve uma menção de uma bruxa negra. Ela agora poderia
informá-lo que o boato era verdadeiro. Definitivamente havia
uma bruxa negra envolvida, alguém poderoso o suficiente para
estabelecer um feitiço de ligação em um lobisomem que
duraria ... não importando quanto tempo isso durasse.
Ela não sabia como ajudá-lo.
Ela poderia acalmar o espírito do lobo de qualquer

lobisomem. Ela aprendeu a mandá-los dormir também por um
Livro 5
tempo. Com a ajuda dela, eles reduziram o número de lobos

recém-transformados que morreram porque não conseguiam
controlar seu lobo no primeiro ano após a transformação.
Mas se ela mandasse esse lobo dormir, não importava o

quanto ele precisasse do resto—e ela poderia dizer que ele
estava tão exausto quanto sua contraparte humana, se não
mais—ele perderia a luta contra os espinhos. Isso era bruxaria,
e ela não sabia nada sobre como quebrar uma gaiola forjada
pela feitiçaria. Mas ela conhecia alguém que sabia mais do que
ela e que tinha seu próprio tipo de magia.
Charles, ela pensou, alcançando-o sem largar as trepadeiras

carnívoras. Charles, eu preciso de você.
Livro 5
— E la nos juntou apenas para ser irritante, —disse Sage a
Charles, não parecendo nem um pouco aborrecida.
Eles levaram seu SUV porque ela se recusou a dirigir sua

caminhonete. Seu SUV era bastante sofisticado para as
estradas irregulares—ela era uma corretora de imóveis,
vendendo os caros sonhos de Montana para pessoas muito
ricas que queriam fugir da cidade. Quando ele disse a ela que
a estrada era muito rústica para seu SUV excessivamente
civilizado, ela riu e disse a ele que preferia substituir seu
veículo do que colocar esses arranhões em sua amada
caminhonete.
Livro 5
Ele preferiria que ela não arranhasse a caminhonete dele

também. Se ela estava planejando fazer isso, então levar seu
carro fazia sentido.
— Leah? —Perguntou Charles, embora soubesse muito

bem de que “ela” Sage estava falando.
Ela assentiu. Ela deu-lhe um olhar com o canto do olho.

— Por que você não parou com isso? Todo mundo sabe que
ela não pode te dar ordens. Ninguém ficaria surpreso—nem
mesmo Leah, eu acho. Então, por que você a deixou fazer isso?
Charles olhou para Sage, avaliando a resposta a ser dada.
Como sua madrasta, ela gostava de usar roupas bonitas.

Parte da razão para isso era o trabalho dela, e parte disso era
que ela os usava como uma armadura. Ela não usava coisas
suaves, cores e tecidos para parecer doce. As roupas que ela
usava davam seu poder visual. Aqui, elas declararam ao
mundo, sou uma mulher forte.
Para ele, elas diziam algo um pouco diferente. Aqui, elas

disseram, está uma mulher que precisa de armadura, um escudo para
se esconder. Aqui está uma mulher que está com medo, mas levanta o
Livro 5
queixo e assobia no escuro. Ele se lembrou de como ela se parecia

quando Bran a trouxe, o olhar em seus olhos era o mesmo
olhar dos olhos de Anna quando eles se conheceram.
— Leah é a companheira de meu pai, —ele disse a Sage.

— Desde que ela não faça nada que prejudique o bando, não
é meu dever me opor.
Sage levantou uma sobrancelha para ele, incrédula, antes

de voltar sua atenção para a estrada. Sage não olhava mais
para ele com medo em seus olhos. Ele gostava dela. Ela era
inteligente, engraçada e sábia. Alguém em quem ele podia
confiar para ter suas costas.
Ele relaxou no assento muito macio e deu a ela toda a sua

verdade, em vez de pedaços como ele poderia ter dado a outro
de seus companheiros de bando.
— Embora Asil e eu não sejamos amigos, ele gosta de

Anna. Ele dará sua vida para que ela esteja segura. Ela também
gosta dele e está confortável em sua companhia.
Livro 5
— Você deixou sua companheira com Asil porque ela

gosta dele? —Sage perguntou maliciosamente. — Charlie, eu
nunca pensaria isso de você.
Ela era a única que o chamava assim. Porque a primeira

vez que ela disse isso, ela estava machucada e com medo.
Quando seu pai o apresentou a ela, ela levantou o rosto para
olhá-lo nos olhos, terror fazendo-a tremer. Então ela disse,
com um desafio sem esperança: — Olá, olá, Charlie.
Ele segurou melhor a porta enquanto ela tirava o carro da

estrada enquanto ele dava a direção. A estrada em que
viajavam tinha capim alto que roçava a parte de baixo de seu
carro. Ele meio que esperava que eles tivessem que correr de
volta em quatro patas.
— Deixei a minha companheira com Asil porque nenhum

deles é capaz de trair uma confiança, —Charles disse a ela. —
E, por mais que ela não goste de mim, ninguém poderia dizer
que Leah trabalha contra o melhor interesse do bando.
Enquanto isso for verdade, vou segui-la enquanto ela seguir
meu pai.
Livro 5
Sage riu quando ele disse isso. — Sim. Todos nós ouvimos
o campo de batalha de sua obediência a Bran. —Ela riu mais
ainda. — Ou Leah. A parte mais engraçada dessa afirmação,
porém, é que você realmente acredita nisso.
Era a verdade, ele pensou, um pouco indignado. Mas ele

raramente discutia com outras pessoas além de seu pai ou
Anna, então ele deixou passar. Ela diminuiu a velocidade,
então ele soltou a porta do carro e cruzou os braços
impassivelmente. Ele manteve sua palavra: Ele seguiria Leah
tanto quanto ele seguia seu pai.
Ela olhou para ele. — Tudo bem, —disse ela. — Eu vou

deixar passar. Aqui está outra pergunta, então. Por que você
trouxe essa coisa?
“Essa coisa” era a arma de bruxa.
— Alguns dos selvagens que vamos visitar têm origens

interessantes, —ele disse a ela. — Todos eles são velhos. Quero
saber se algum deles já ouviu falar de algo assim.
Ela parou em um prado plano e estacionou em frente a

uma casa em estilo rancho que teria parecido mais apropriada
Livro 5
em uma rua da cidade do que no meio da floresta. Sua casa

também era de estilo rancho. Mas, nesse cenário, a casinha
cinzenta parecia um gato doméstico no covil de um tigre. Ele
conhecia esses selvagens bem o suficiente para ter colocado a

probabilidade de eles serem seus traidores muito baixa. O
engano de longo prazo não estava muito além deles como
abaixo deles. Covardemente.
Ele saiu do carro e, assim que o fez, sentiu os olhos na

parte de trás do pescoço. Deixou o Irmão Lobo fazer o
trabalho de encontrar seus observadores. O engano a longo
prazo era covarde, mas a emboscada de seus aliados estava
bem.
— Atrás de nós, —disse Sage, andando pela frente do

carro—e depois voltou para o seu lado.
Ela não estava com medo, não exatamente. Ela cheirava

a estresse, até mesmo preocupação. Provavelmente deveria
estar com medo. Ela também estava errada.
Eles não estavam atrás deles, embora isso fosse um truque

interessante. Ele se perguntou se eles realmente eram capazes
Livro 5
de usar a magia do bando para manipular o vento, como Bran

fazia, ou se era um truque da geografia que eles aprenderam a
aproveitar. Com selvagens, especialmente com esses
selvagens—poderia ser qualquer um.
— Nós trazemos uma palavra e um aviso, —disse Charles,

sem levantar a voz. — Hester e Jonesy foram mortos pelo
inimigo. Um inimigo que incluía um helicóptero e equipes
com lobisomens dispostos para atacar os lobos do Marrok.
Eles atacaram o lugar de Hester com a intenção de levá-la em
cativeiro. Eles a tinham enjaulada. Quando nós a liberamos,
eles a mataram de propósito.
Ele se virou, como se voltasse para o SUV, e um homem

caiu de uma árvore a seis metros de distância na frente do
carro.
Ele era, como Bran, o tipo de pessoa que desaparecia na

multidão, mesmo sem usar a magia do bando. Ele não era alto
nem baixo, bonito ou feio. Não havia nada de particularmente
memorável em seu rosto. Exceto por seus olhos. Seus olhos
eram brancos, olhos de lobo, e eram predatórios.
Livro 5
— Bran não está, —disse o homem, seu inglês muito

britânico. — Agora Hester está morta porque você não é
capaz, Charles Marroksson, de proteger o bando.
Ele já sabia sobre o ataque a Hester. Não era

surpreendente. Esses lobos tinham um contato mais próximo
com os outros no bando do que a maioria dos selvagens de seu
pai, porque um deles participava regularmente de caçadas e
tinha alguns amigos no bando normal. Se não fosse por seus
irmãos, ele provavelmente estaria no mundo, um membro
seguro e saudável de um bando normal.
Havia três deles, todos irmãos, um par de gêmeos e seu

irmão mais novo. Se o gêmeo estável não estivesse com eles,
Charles suspeitava que Bran teria executado os outros dois por
razões de segurança pública.
— Você acha que poderia fazer melhor? —Charles disse

muito suavemente. O vento não favoreceu a ele. Ele não sabia
dizer com qual dos irmãos ele estava falando, a não ser um dos
gêmeos. O outro gêmeo caiu no chão de um galho mais alto
em uma árvore diferente. Seu pouso foi alto—mais forte do
Livro 5
que o necessário para cobrir seu terceiro irmão, ainda não

visto.
— Nós dificilmente poderíamos fazer pior, —disse ele. E,

confiante de que seu irmão gêmeo estava de olho em Charles,
ele olhou para Sage e sorriu. — Olá, bela senhora. Você será
um bom prêmio.
Apesar de si mesma, apesar dos anos entre Sage como era

agora e a mulher derrotada que tinha sido quando chegou até
eles, quando disse: — Teste-me, —sua voz estava tensa, e ela
deu um passo mais perto de Charles.
O segundo gêmeo riu, um som cheio de alegria. — Oh, eu

pretendo fazer isso sim. Não é verdade, Geir?
O outro gêmeo sorriu. — Sim.
Geir era o mais são dos três.
Charles não tinha intenção de acreditar neles sobre qual

deles era qual, naturalmente, não quando eles estavam sendo
tão cuidadosos em permanecer contra o vento, onde seu nariz
não conseguia fazer a distinção. Ele deu um passo para longe
de Sage, colocando-a entre ele e os gêmeos.
Livro 5
Ela endureceu com o movimento inesperado. Ela pediu a

proteção dele quando entrou em seu espaço pessoal. Seu
movimento foi uma negação. Mas ele não pôde ajudar sua
percepção—ou se preocupar muito com isso.
Estava ocupado demais se virando para pegar o machado

que Ofaeti, o terceiro dos irmãos Viking, tentou enfiar em suas
costas. Ele agarrou-o pelo cabo, uma mão para cima, a outra
no final, as mãos de Ofaeti presas entre as dele. O Viking não
estava esperando, então Charles conseguiu balançar o homem
grande e desequilibrado. Charles deu um chute rápido em seu
joelho, que quebrou como um galho.
E naquele momento, exatamente naquele momento,

Charles sentiu Anna chamá-lo. — Sage, —disse ele. — Entre
no carro e fique fora disso.
Estritamente falando, uma luta pelo domínio deveria ser

um-a-um. Por essa razão, ele queria Sage completamente fora
disso. E talvez ele tenha visto aquela expressão de traição em
seu rosto e quisesse remover qualquer dúvida em sua mente de
que ele a mantivera sua segurança na linha de frente de suas
decisões.
Livro 5
Ao contrário de sua Anna, Sage seguiria ordens. Ele a

tirou de suas considerações—exceto como um não-
combatente a ser protegido.
Ofaeti soltou o machado quando o joelho se partiu.

Charles o jogou para cima e pegou em um aperto adequado.
Era um bom machado, forte e pesado para lutar em vez de
cortar árvores. Os gêmeos, Geir e Fenrir (Charles tinha certeza
de que não era o nome com o qual eles nascerão, mas um nome
que eles ganhanharam), eles correram quando Ofaeti atacou,
mas vendo Charles com o machado na mão e Ofaeti fora da
luta (mais ou menos), eles desaceleraram para um ritmo mais
cauteloso.
Charles? Se você não estiver ocupado, eu poderia usar

alguns conselhos.
Charles ouviu um som suave atrás dele e, sem olhar,

varreu o lado achatado do machado para a direita, sobre a
altura do quadril, como um giro para trás com um taco de
beisebol. Agora, disse o Irmão Lobo satisfeito, atrás deles o
Livro 5
chão aceitou um corpo provavelmente não morto com um

baque surdo, Ofaeti não é mais um fator.
Charles sorriu divertido—a simples alegria da batalha. Os

irmãos Viking estavam lutando há mais tempo do que Charles,
mas não tinham o Irmão Lobo como parceiro nem tinham
Bran Cornick e o tio de Charles, Buffalo Singer, como
professores.
Os gêmeos se separaram, tentando fazê-lo defender os dois

lados ao mesmo tempo. Ele deixou que eles fizessem isso
porque não faria diferença para o seu jogo. Só estava apenas
um pouco apertado porque preferia não matar nenhum deles.
Seu pai os colocou em suas mãos para proteger, e eles não
fizeram nada (ainda) que pudesse forçar sua mão.
Fenrir se aproximou primeiro, mirando um chute na coxa

de Charles. Charles entrou nele, e o chute de Fenrir deslizou
por sua coxa até o quadril, sua força passou antes de causar
algum dano. Charles agarrou a perna por baixo do joelho e
acertou Fenrir na barriga com a outra mão. A força dele
inclinou o outro lobo, e Charles enfiou a cabeça de Fenrir sob
o braço livre, depois puxou os dois para trás em um arco.
Livro 5
A queda de Fenrir estava fora de seu controle, e sua

espinha desceu pelo toco que Charles estava apontando para
ele. Ele quebrou com um estalo alto, e Fenrir soltou um
gemido.
Charles se libertou de Fenrir e se levantou antes que a

espada de Geir batesse e errasse. Na segunda jogada Charles
pegou-o com o machado.
Charles? A voz de Anna era pequena. Eu realmente

preciso da sua ajuda, e eu tenho certeza de que alguns de
nós não conseguirão sair disso.
Um momento, ele disse a ela. E ele parou de jogar porque

sua esposa precisava dele. Ele quebrou a espada com um golpe
de seu machado e capturou os olhos de Geir—só então
percebeu que era Fenrir, não Geir. Ele preferia que realmente
tivesse sido Fenrir deitado com as costas quebradas.
Esperançosamente, Geir sobreviveria.
— Chega, —disse Charles. — Não tenho tempo para isto.

Acabamos. Submeta-se.
Livro 5
O velho lobo lutou contra a compulsão, com o suor

escorrendo pelo rosto e umedecendo sua camisa. Mas seu
punho se abriu e a lâmina caiu no chão quando ele caiu de
joelhos, inclinando o queixo para o prazer de Charles.
Irmão Lobo foi tentado a dar-lhe o golpe de misericórdia.

Este o mantinha preocupado quando ele precisava estar
presente para sua companheira. Charles bateu no lado da
cabeça com a ponta do machado em vez disso. O suficiente
para mantê-lo fora por alguns minutos, não o suficiente para
matá-lo.
Se tivesse sido Geir, ele poderia ter contado com ele para
honrar a submissão como um cessar-fogo. Mas Fenrir não era
o tipo de lobo que ele podia confiar até agora.
Anna? Ele enviou pelo vinculo entre eles. O que eu posso ...
E ele foi sugado para um desenho animado. Ele

reconheceu isso vagamente como a interpretação de um conto
de fadas. O céu estava escuro e as cores pareciam uma
contusão: roxo, azul escuro, cinza escuro e preto. O chão estava
mole sob seus pés, o que o deixava vagamente inquieto, mas
Livro 5
não tão desconfortável quanto o fedor da bruxaria negra. Ele

olhou em volta, mas não viu nada, exceto a imponente floresta
de trepadeiras encrustadas de espinhos.
— Anna? —Ele não podia vê-la, mas ele podia sentir que
ela estava perto e que ela estava preocupada.
— Charles! —Ela o chamou. — Estou aqui, presa nas

plantas estúpidas. Eu não posso sair.
Ele atravessou o chão grudento e pegajoso e, quando

chegou à floresta de trepadeiras, abriu-se relutantemente
diante dele. Teria o mantido longe de Anna, se pudesse, mas
o vínculo e a magia eram fortes demais, onde essas coisas
tinham mais significado. Mas as trepadeiras se fecharam com
uma onda de malícia e sussurros sombrios.
Em uma pequena clareira, sua companheira estava

contemplando as trepadeiras com os braços cruzados sobre o
peito, de costas para ele.
— O que você está fazendo? —Ele perguntou.
— É bruxaria, —disse ela, sem desviar o olhar das

trepadeiras. — Eu não sei o que fazer com bruxaria.
Livro 5
Ele se aproximou dela e percebeu que sua roupa estava

esfarrapada e havia arranhões sangrentos nos braços e na
bochecha dela. Ela estava franzindo a testa ferozmente.
— O desenho é seu? —Ele perguntou.
Ela olhou para ele então. — Oh bom, você está aqui, —

disse ela, como se só agora o visse, embora tivesse respondido
a sua pergunta. Era esse tipo de lugar. — Desenho animado?
Ela se virou devagar, olhando em volta. Ela balançou a

cabeça e riu. — Acho que construí isso como uma metáfora.
Mas não tenho certeza de quem está realmente no comando
aqui. Isso—ela balançou os braços para indicar toda a cena—
é um conglomerado de meus poderes, a magia de Wellesley, e
isso. —Na última palavra, ela apontou para a sebe de
trepadeiras. — Isso é magia negra, bruxaria. E eu não sei como
chegou aqui ou como quebrá-la.
Ele examinou a cerca viva um pouco mais

completamente. A primeira coisa que ele notou foi que as
plantas tinham apenas uma vaga semelhança com qualquer
planta que ele já tivesse visto—mas isso não era real. Ele tinha
Livro 5
alguma experiência com esse tipo de sonho mágico, embora

suas aventuras geralmente parecessem um pouco mais como o
mundo real e menos como uma aventura na Disneylândia.
— Então, há uma princesa adormecida presa atrás dos

espinhos? —Ele perguntou.
— Não, —disse ela. — É o lobo de Wellesley.
Interessante, disse o Irmão Lobo. Nós nunca sentimos

qualquer bruxaria sobre ele. Isso é novo?
— Eu não penso assim, —disse Anna. — Eu acho que está

aqui há muito tempo. Asil disse que pode ter havido uma
bruxa negra envolvida no assunto do Tennessee.
— Rhea Springs ? —Charles perguntou, franzindo a testa.

— Eu não encontrei nenhum sinal de bruxas lá.
Rhea Springs era uma comunidade outrora localizada ao longo do rio Piney em Rhea County,
Tennessee, no sudeste dos Estados Unidos. Originalmente estabelecida no século 19 como um resort
de saúde, a comunidade foi inundada quando a conclusão da Watts Bar Dam pela Tennessee Valley
Authority inundou o vale Piney, em 1942.
Livro 5
Anna levantou ambas as sobrancelhas e estendeu o braço

para a cerca de espinhos e seu cheiro característico de sangue
e maldade que era bruxaria.
— Ponto feito, —disse ele.
— Então, como faço para derrubar a cerca? —Ela

perguntou a ele.
Sangue, Irmão Lobo disse.
Anna estendeu as mãos. — Eu sangrei aqui e ... —Ela

corou. — Eu acidentalmente cavei as garras em Wellesley no
mundo real. O mundo mais real, de qualquer maneira. E ele
sangrou. Nada aconteceu com o feitiço.
— Este é um conto de fadas, —disse Charles, pensativo.
— Sim?
— Se não é sangue, então talvez um beijo, —ele disse a

ela.
Muita da magia do bando funcionava com sangue—mas

havia algumas oferendas muito selecionadas que eram
Livro 5
simbolizadas por um beijo. Ele tinha uma ideia sobre como

isso poderia funcionar para isso.
Ele estendeu a mão e pegou a mão dela—a que ainda

estava enfaixada, então ele foi gentil com isso. — Eu te beijo.
Você beija Wellesley no mundo real.
Ela puxou a cabeça para trás em rejeição instintiva,

embora sua mão se apertasse a dele. — O primeiro beijo de
amor? —Soou como uma citação. — Eu não o amo.
Ele colocou o queixo no topo da cabeça dela e puxou-a

contra ele. Mesmo no Sonho, se sentia bem. Ela o fazia sorrir.
— Nenhum amor é necessário entre você e ele, —ele disse

a ela. — Mas Bran o segura como um bando enquanto ele
segura você e eu. Se eu te beijar aqui e você beijá-lo no mundo
real, talvez possamos trabalhar um pouco de magia, você e eu.
Em seguida, ele se inclinou e a beijou.

Livro 5
Anna não entendia exatamente o que Charles pretendia, mas

ela estava disposta a confiar nele.
Ela piscou incerta, tentando estar consciente tanto no

mundo real quanto na visão interior. Parecia estranho e
desconfortável.
Asil ainda tinha Wellesley no chão, mas não sem muito

esforço. Ele a viu se concentrar nele e sorriu sombriamente. —
Seja o que for que você está tentando fazer, está funcionando.
Eu posso dizer por quanto mais fácil se tornou para segurá-lo.
Ela não sabia dizer se ele estava sendo sarcástico ou não.

E ela não tinha poder intelectual suficiente para resolver agora.
O ângulo que Asil segurava era errado para beijar Wellesley
na boca. Ela podia beijar sua bochecha, ela pensou, e sentiu uma
onda de alívio.
Na boca, amor, disse o Irmão lobo, porque no mundo

irreal, Charles a beijava e não podia falar. É simbólico.
Damos nossa palavra, nos comunicamos, comemos,
ingerimos alimentos através de nossas bocas. Através de
Livro 5
sua boca, podemos alimentá-lo com poder. Charles diz

que Wellesley tem algumas habilidades próprias. Se
pudermos alimentá-lo o suficiente, ele deve ser capaz de
se libertar.
— Você pode movê-lo? —Ela perguntou a Asil. — Eu

tenho que beijá-lo na boca. —Mesmo para si mesma, ela
parecia mal-humorada. Ela não tinha certeza de que alimentá-
lo com um beijo parecia menos íntimo ou mais.
Asil fez uma pausa com todo o corpo—e Wellesley lutou

ferozmente. Ele virou-se para as mãos—e ela conseguiu
manter o rosto apenas jogando-se para frente em cima de
ambos, Asil e Wellesley. Ela tinha a sensação de que perder
esse toque nesse momento seria ruim.
Asil xingou em espanhol, mexeu um pouco a mão e se

sacudiu. As lutas de Wellesley tornaram-se instantaneamente
menos eficazes, embora não menos apaixonadas.
— Ele está sob um feitiço, —ela disse a Asil antes que ele
pudesse dizer qualquer coisa. — Bruxaria. Charles diz que
tenho que beijá-lo na boca.
Livro 5
Inacreditavelmente, irritantemente, a própria boca de

Asil, que estava tensa de raiva, de repente se transformou em
um sorriso. — Ele disse isso? Ele te disse que você precisava
beijar o belo príncipe. Ok, deixa eu pensar. Você não pode

quebrar o seu agarre, certo?
Anna assentiu incerta. — Eu não tenho ideia do que estou

fazendo aqui, Asil. Mas se está funcionando, tenho medo de
foder com isso.
Wellesley estalou os dentes novamente e Asil olhou para

ela. — Você está certa sobre isso
— Irmão Lobo está.
Asil revirou os olhos—Anna temia que ela estivesse

ensinando a todos do bando seus maus hábitos. — E o Irmão
Lobo nunca poderia estar errado, —ele murmurou. — Bem.
Seu trabalho é manter as mãos nele, então, eu o posiciono para
você o beijar. Para que você possa beijá-lo. —Ele murmurou
alguma coisa para si mesmo e grunhiu.
Ela não sabia exatamente o que ele fazia, apenas que

Wellesley se movia, Asil se movia—e ela fazia o possível para
Livro 5
acompanhá-los. Por fim, Asil estava embaixo de Wellesley, e

Wellesley estava de costas com sua boca acessível.
— Faça isso rapidamente, —disse Asil. — Isso não é

seguro.
Anna se inclinou, concentrando-se na sensação da boca de

Charles na dela naquele outro lugar. Ela pressionou seus lábios
em Wellesley. Parecia que ela tinha beijado uma cerca elétrica.
Os olhos de Wellesley se abriram, dourado brilhante

misturado com chocolate, e ele bebeu seu poder até ela
estivesse vazia.
Ela balançou em seus braços, e Charles rosnou. Estúpido
Wellesley, ele pensou. Ele sabia que Wellesley tinha um poder

semelhante aos dons que a mãe de Charles passara para ele. O
outro lobo deveria ter sido capaz de usar Anna como um canal
para o poder que Charles tinha—o poder do bando de Marrok.
Livro 5
Charles abriu o vínculo de acasalamento o máximo que

pôde, depois abriu os laços do bando e se apoiou sobre ele—
empurrando todo aquele poder para sua companheira e através
dela. Ele desejou estar fisicamente com ela, então ele poderia
explicar, poderia dizer a Wellesley o que fazer em vez de
esperar que ele visse ...
A pele de Ana estava repentinamente quente com energia que

parecia com Charles, parecia como o bando. Ela alimentou
Wellesley enquanto ele se contorcia no aperto de Asil. Ele
mordeu o lábio e o sangue transbordou.
Ok, ela pensou. Vamos ver se o Irmão Lobo está certo.
Naquele outro lugar, onde ela ainda estava beijando

Charles, Anna estendeu a mão e pegou uma trepadeira com a
mão dolorida. Ela se contorcia, contorcia-se e lutava—mas ela
era um lobisomem e sabia como se segurar. Queimou a mão
Livro 5
dela e chicoteou o pulso dela com espinhos, e ainda assim ela

manteve seu aperto.
Ela abriu os olhos e viu que a urze explodiu em flores que

a lembraram das flores que cobriam o vale quando Jonesy
morreu. Por duas respirações, o ar cheirava fresco e bonito, e
então ela e Charles foram envolvidos em vinhas. Espinhos
afundaram, dor aguda seguida por uma dor surda. As flores
mudaram de amarelo vivo para cinza e morreram. Ao redor
deles, as trepadeiras apertaram até que ela mal podia respirar.
E Charles ...
Algo a protegia, talvez fosse o próprio Charles. Mas o

corpo de seu companheiro estava duro contra ela enquanto os
espinhos se enterravam e enviavam flechas de agonia que ela
podia sentir através de sua ligação.
Parece prata, disse o Irmão Lobo.
Eles não seriam fortes o suficiente, ela pensou.
O Irmão Lobo uivou.

Livro 5
Em seu quarto de hotel, Bran andava de um lado para o outro,

lutando contra seu lobo. Ele tinha toda a intenção de ir para a
África. África soara como se estivesse longe o suficiente. Mas
Spokane foi tão longe quanto seu lobo tinha permitido.
Ele pegou o telefone e escutou, mais uma vez, a versão

seca de Charles da morte de Hester. Do bilhete enigmático de
Jonesy. Da conexão entre seu inimigo e aquele que os estava
perseguindo por anos.
Minha culpa, pensou Bran. Foi minha culpa que ela morreu.
Ela confiou em mim e eu falhei com ela.
Ele desligou o telefone com cuidado e começou a andar de

novo.
Hester estava morta, e ele não estava mais perto de saber

quem era seu traidor ou, pelo menos, não mais certo de quem
era seu traidor. Ele olhou para o computador na falsa mesa de
Livro 5
cerejeira, mas ele não ousou tocá-lo até que ele se acalmasse.
Ele pegou as informações financeiras do bando de Leo e os
dados financeiros muito mais simples sobre Gerry Wallace e
os havia revisado novamente, até que seu lobo tivesse o

suficiente.
Siga o dinheiro. O inimigo tinha muito financiamento de

algum lugar. Esse dinheiro deve deixar um rastro, mas ele não
conseguiu encontrá-lo. Tampouco tinha os contadores mais
capazes que o Alfa de Chicago colocaram para revisar os
registros. Ele deveria ter dado esses registros para Charles,
Charles poderia ter encontrado algo ... e é por isso que Bran
não os entregou para ele. Porque ele estava com medo do que
Charles encontraria.
— A traição é um negócio sujo, —ele disse à besta dentro

dele. Esse era o dom de sua mãe, o monstro que vivia lá dentro.
Ela não o infectou, é verdade. Mas ele havia absolvido o pai
dessa responsabilidade há muito tempo. Nem mesmo os
Lordes dos Fae conseguiram tirar o melhor de sua mãe. Seu
pai, que havia sido um simples fazendeiro, não teve chance
quando ela colocou os olhos em cima dele.
Livro 5
A besta se agitou dentro dele. Zangado. Com medo.
O suficiente, assim como ele estava, e preocupado com isso.

Algo puxou com força os laços do bando que ele apertou

depois da morte de Hester. Ele os soltou, só um pouquinho,
pronto para ficar bravo por ter sido tão abruptamente
perturbado—e encontrou o Irmão Lobo.
Asil segurava o lobo maluco o melhor que podia, embora

tivesse certeza de que a melhor coisa que poderia fazer por
todos eles era quebrar o pescoço de Wellesley e salvar a todos
dos problemas. Sim, Wellesley era um artista do tipo que fazia
a alma de Asil cantar. Sim, Wellesley era perspicaz e
espirituoso, mesmo quando lutava com a besta dentro dele.
Mas Anna era um Ômega. Um tesouro. Asil havia perdido

sua companheira, mas Alá, que conhecia os corações dos
homens e como curá-los, deu a Asil um segundo Ômega para
Livro 5
proteger. Ele a amava, embora não estivesse apaixonado por

ela. Ele a amava como um homem deve amar o bem que traz
água para seu povo no deserto. Para o bem dela, ele daria sua
vida. Para o bem dela, ele deveria simplesmente eliminar

Wellesley.
Para seu bem, ele não podia fazer isso.
Ele sentiu quando Charles abriu os laços do bando e pediu

poder. Deu tudo o que pôde e não perdeu o controle sobre
Wellesley. Preso pelas amarras, ele podia sentir a onda de
energia com sabor do bando e Charles passando por Anna e
entrando em Wellesley, sentiu o corpo do outro lobo tremer
sob o ataque de tanta magia.
O cheiro de bruxaria, de magia negra, filtrou-se pelos

poros de Wellesley. Asil franziu o nariz. Cheirava a poder,
antigo, de morte.
— Sim, sim, —ele resmungou, irritado para si mesmo. —

E a dor e a miséria e sofrimento, também, sem dúvida.
Ele esperou que o cheiro diminuísse, que o poder do

rebanho fosse varrê-lo. Mas não foi o cheiro que diminuiu, foi
Livro 5
o poder ... Ele abriu as amarras e empurrou tudo o que tinha

para a maré de magia que estava diminuindo a um fio. A
magia do bando estava começando a parecer o cheiro de
bruxaria na pele de Wellesley. Ele sentiu Charles lançar um

apelo desesperado a Marrok, que os abandonara.
Asil sabia que isso não era justo. Ele, de todas as pessoas,
suportou o fardo de Alfa. Ele havia cedido essa posição porque
era um grande fardo. Mas eles precisavam de Bran e ele não
estava lá.
Até que ele estava.
Poder, cru, enorme e temperado com a magia de cem

bandos (ou mil, Asil não estava no estado de espírito para
contar) rompeu os laços. Acima dele, os olhos de Anna se
arregalaram, ficaram azuis como gelo e todo o seu corpo
brilhou com a magia do Marrok.
Livro 5
Anna gritou com o fogo que inundou suas veias, o som que ela
fazia abafado pelos lábios de Charles. O fogo deslizou por seu
braço e em sua mão queimada, transformando sua carne em

agonia.
Mas ele se agarrou a trepadeira. Ela suportou quando toda

a madeira de urze pegou fogo e queimou com uma fúria que
começou de sua mão e ele encontrou outro poder de dentro.
Ela fechou os olhos contra o brilho, colou seu corpo contra o
de seu companheiro e o segurou até que a trepadeira se
desintegrou em pó cinza.
Quando a última gota de poeira caiu de sua mão, Charles

quebrou o beijo. Ele deu um passo para trás, segurando-a firme
até encontrar o equilíbrio. Então ele desapareceu na escuridão
que estava caindo na esteira da destruição da cerca viva. Ela
não o perdeu, no entanto, ela podia sentir seu cansaço através
de seu vínculo.
O cenário da Bela Adormecida desapareceu, enquanto

Charles se desvanecia, até que ela ficou em um vasto vazio
acinzentado. A única coisa presente além dela era um lobo
Livro 5
dourado e magro. Seu pêlo estava emaranhado e havia cortes

que vazavam sangue e gosma amarelada. Ele arquejou, de
cabeça baixa, parecendo ainda mais cansado do que ela se
sentia.
Vá para casa, Namwign Bea, o lobo disse a ela na voz

de Wellesley. Vá para casa e descanse.
Isso fazia muito sentido, já que ela estava cansada. Ela deu
um passo e desmoronou. O chão subiu e a pegou com mãos
suaves. Ela deu-lhe um tapinha levemente. — Obrigada, —ela
murmurou, e fechou os olhos.
Alguém a acordou rudemente.

— Beba isso, mija. Eu prometo que isso vai ajudar.
Ela deveria saber que seria Asil, ela pensou irritada. Asil
não respeitava os limites de ninguém, exceto os dele. Sabendo
que não havia sentido em lutar contra ele, ela bebeu o chá doce
Livro 5
que ele colocou em seus lábios. E ela bebeu a segunda xícara

também. Na terceira xícara, ela estava sentada sozinha e alerta
o suficiente para olhar em volta.
Ela estava sentada em uma namoradeira em uma sala

feita de luz. Uma das paredes da sala era uma grande janela
que dava para a floresta. A sala era enorme e quase sem
mobília. Um canto era uma cozinha moderna e bem equipada,
e a namoradeira em que ela estava sentada ficava perto
daquele canto da sala. Havia um grande buraco na parede ao
lado da namoradeira.
Além do buraco estava a sala de chão de terra onde ela

ajudara Wellesley a lutar por sua liberdade. O corpo enrolado
de Wellesley ainda estava no chão.
Ela piscou para ele por um momento. Ela não sabia dizer
se ele estava respirando ou não.
namoradeira
Livro 5
— Termine isso, —disse Asil da cozinha. Ele tinha a

geladeira aberta e examinava o conteúdo. — Eu vou fazer-lhe
um pouco de comida.
— Ele está morto? —Ela perguntou.
Asil puxou a cabeça para fora da geladeira e olhou pelo

buraco onde a porta de aço—e a moldura da porta de aço—
tinha estado, em direção ao seu propenso anfitrião.
— Não, —disse ele. — Mas eu espero que demore um

pouco mais para se recuperar daquilo do que para você. Ser
libertado de uma poderosa maldição geralmente deixa a vítima
com uma terrível ressaca. —Ele fez uma pausa pensativa. —
Ou morto. Espero que ele aprecie a ressaca.
Anna foi envolvida em um cobertor. Seu rosto tinha sido

lavado (ela se lembrava vagamente disso). Ela tinha sido
mimada com três xícaras de chá doce, e agora Asil estava
roubando comida para ela. Wellesley havia sido deixado no
chão onde ele havia caído.
— Asil, —ela disse lentamente, — achei que você gostasse

de Wellesley.
Livro 5
Asil pegou os pacotes de carne e um pedaço de queijo da

geladeira e lançou-lhe um olhar educadamente surpreso.
— Claro. Por que eu não gostaria dele? Ele descobriu o

que você era, decidiu que poderia ajudá-lo a sair da enrascada
em que ele se meteu. Então ele agarrou você sem permissão, e
se o Marrok não tivesse aberto as comportas, você estaria
morta. E provavelmente o resto do bando também.
— Eu não fiz isso de propósito, —disse Wellesley sem se

mover. — Eu só tenho estado parcialmente no controle das
minhas ações pelo último ... que ano é esse, afinal? Noventa
anos ou mais.
Asil apontou para ele com a faca que ele tinha cortado o
cheddar. — Não culpe seu lobo pelo que você fez. Seu lobo só
entendeu o que ela ofereceu. Foi você quem decidiu usá-la
para quebrar sua maldição.
— Isso é justo, —disse Wellesley. — Eu acho que fiz isso.

—Ele fez uma pausa. — Eu não sinto muito. Se eu tivesse
matado nós dois ... todos nós? De qualquer forma, se
estivéssemos mortos, eu me arrependeria. Mas desde que
Livro 5
sobrevivemos, sou simplesmente muito, muito grato. Se eu

pudesse me mexer, beijaria sua mão, Anna.
— É melhor você se mexer muito em breve, —disse Asil

alegremente. — Charles está—tenho certeza—a caminho. Se
você acha que eu não estou feliz com você, apenas espere
Charles explicar seus sentimentos. —Ele cortou um pouco de
queijo. — Charles é um homem de poucas palavras. Você tem
sorte que ele parou de carregar um taco.
— Eu acho que ele tem um machado, —disse Anna.
Asil olhou para ela. — Um machado?
Ela assentiu. — Eu não sei porque, mas acho que ele

estava carregando um machado quando eu o chamei pela
primeira vez para ver se ele poderia ajudar.
Asil sorriu. — Bom. Um machado é exatamente o que isso

exige.
— Asil? —Ela perguntou. — Falando de machados …

Onde está a porta? Uhm, e o batente da porta?
Livro 5
— Eu joguei no buraco, —disse ele, parecendo um pouco

envergonhado pela primeira vez. — Estava no meu caminho.
— Era para ser à prova de lobisomem, —murmurou

Wellesley.
— Eu não sou qualquer lobisomem, —disse Asil. — E se

tivesse tido uma maçaneta como qualquer porta adequada,
ainda estaria onde você deixou.
Com Anna para lembrar Asil de suas maneiras, Wellesley

acabou sendo ajudado a sentar numa cadeira em sua cozinha
e comeu sanduíches a um ritmo que fez Asil reclamar de sua
nova vocação como cozinheiro de comida rápida. Anna pegou
dois ou três e notou que Asil havia comido talvez o dobro
disso.
Havia muitas coisas que ela queria saber sobre o que

acabara de acontecer, mas se viu cochilando entre um gole e o
Livro 5
seguinte. A próxima coisa que ela ouviu foi a voz de seu

companheiro.
— Anna, —disse Charles.
— Desculpe, —ela murmurou, sem abrir os olhos. —

Coma de comida. Acontece quando eu sou sugada para um
desenho animado e luto contra coisas maléficas.
— Vou manter isso em mente, —disse Charles.
Você precisa acordar, disse o Irmão Lobo. Para que

ninguém morra.
E isso impulsionou sua glândula suprarrenal começassece

bem. Ela se sentou e esfregou o rosto. Asil, Wellesley e Sage
estavam na cozinha, nenhum deles parecia muito feliz.
Charles estava ajoelhado ao lado do sofá. Uma mão em seu
rosto. A outra mão estava segurando ...
— Isso, —disse Anna, — é um machado muito grande que

você não tinha esta manhã quando saiu. —E tinha sangue
nele. Não o sangue dele, ela não achava. Não cheirava como
o sangue dele.
Livro 5
Não é nosso, concordou alegremente o Irmão Lobo.
Charles grunhiu, depois levantou as sobrancelhas e

respondeu à sua pergunta implícita. — Quando você me

contatou pela primeira vez, eu apenas roubei o machado do
Viking que me atacou e eu quebrei a perna dele.
— Eu vejo, —disse ela.
— Demorei um pouco para derrotar seus irmãos gêmeos,

ou teria respondido antes.
Ela considerou essa afirmação e decidiu que ele não estava

tentando ser engraçado. Ele parecia contrito.
— Eu preferiria que você não se machucasse com os

gêmeos Viking … —ela teve que dizer de novo — porque os
gêmeos Viking são aparentemente uma coisa aqui. De
qualquer forma, por favor, cuide dos assuntos urgentes antes
de me responder. Se você está morto, você não terá qualquer
utilidade.
— Vou ter isso em mente na próxima vez, —disse ele.

Livro 5
Não achou que isso fosse assustador demais, mas depois

olhou por cima do ombro de Charles para os outros. Sage
estava um pouco pálida, mas seu rosto estava muito calmo.
Wellesley parecia quase morto, mas ele parecia assim quando

ela adormeceu. Asil parecia um gato enlouquecido
encurralado por um grande cachorro amaldiçoado.
Então, aparentemente, o não assustador era uma coisa

relativamente nova. Interessante que o Irmão Lobo foi quem a
acordou, possivelmente para evitar que Charles matasse
alguém?
— Já que estamos todos aqui agora, —ela disse, — talvez

Wellesley nos diga exatamente o que aconteceu em … —ela
olhou para Charles — ... Rhea Springs, Tennessee, certo?
Porque eu acho que é onde ele pegou aquela maldição
interessante da Bela Adormecida.
Livro 5
— Eu não sei se isso importa, —disse Wellesley, cansado.

— A maioria dos envolvidos principais está morta, exceto eu.
Até a cidade se foi, afogada pela TVA nos anos quarenta.
— Me chame de curioso, —disse Asil. — Já vi muita

bruxaria, mas nunca vi um feitiço de bruxaria que durasse
tanto tempo e se escondesse tão bem. Normalmente, eles
morrem quando a bruxa morre.
— Isso não me faz feliz, —disse Charles, — saber que algo

assim existia bem debaixo do meu nariz—bem debaixo do
nariz do meu pai, e nenhum de nós suspeitava de nada.
Wellesley esfregou o rosto.
— Eu posso ver isso. Onde você quer que eu comece?
A Autoridade do Vale do Tennessee (TVA) é uma corporação de propriedade federal nos Estados Unidos, criada por carta
do Congresso em 18 de maio de 1933, para fornecer navegação, controle de enchentes, geração de eletricidade, fabricação
de fertilizantes e desenvolvimento econômico para o Vale do Tennessee. afetado pela Grande Depressão. O empreendimento
foi resultado dos esforços do senador George W. Norrisde Nebraska. A TVA foi concebida não apenas como provedora, mas
também como uma agência de desenvolvimento econômico regional que usaria especialistas federais e eletricidade para
modernizar mais rapidamente a economia e a sociedade da região. A área de serviço da TVA cobre a maior parte do
Tennessee, partes do Alabama, Mississippi e Kentucky, e pequenas fatias de Geórgia, Carolina do Norte e Virgínia. Foi a
primeira grande agência de planejamento regional do governo federal e continua sendo a maior. Sob a liderança de David
Lilienthal ("Mr. TVA"), a TVA tornou-se um modelo para os esforços dos Estados Unidos para ajudar a modernizar as
sociedades agrárias no mundo em desenvolvimento.
Livro 5
— N ão me lembro de tudo. —Wellesley fechou os olhos com
cansaço. — Mas você ganhou mais do que eu posso te dizer.

Asil, meu velho amigo, sei que você está irritado comigo, mas
você abriria o armário sobre a geladeira e pegaria a garrafa que
você encontrará lá? Então, se quiser, sirva para todos aqueles
que desejam, mas acima de tudo para mim, um pouco? Eu
estava guardando, mas acho que essa história ... acho que
preciso de um pouco de força para contar essa história. Eu faria
isso sozinho, mas acabaria no chão antes de chegar a geladeira.
Asil cruzou os braços e ficou onde estava. Ele e Sage

tinham perdido a postura do corpo pronto para se defender
Livro 5
quando Anna acordou. Sage suspirou, abriu o armário e fez

um som de aprovação quando tirou uma garrafa de vinho.
— Merlot , —ela disse. — E um rótulo muito bom. Yum.

—Ela abriu um armário e começou a fechá-lo quando viu nada
além de uma sacola plástica com copos.
— Não, —disse Wellesley. — Isso é o que eu tenho.
Ela olhou para ele. — Você quer beber um bom vinho em

copos descartáveis?
Ele encolheu os ombros. — Eu tenho a tendência ... — Ele

fez uma pausa, olhou para Anna, e deu um pequeno sorriso
antes de voltar sua atenção para Sage. — Eu tendia a quebrar
vidro. O plástico é mais fácil de limpar.
Ela balançou a cabeça, encontrou um saca-rolhas e puxou

a rolha—levando-o ao nariz. Ela respirou fundo—e um cheiro
quente e frutado flutuou pela sala até a namoradeira de Anna.
Merlot é uma casta de uva tinta, fruto da Vitis vinifera. É uma das responsáveis pelas características dos
vinhos tintos de Saint Émillion, na região de Bordeaux, na França. Apesar da casta geralmente ser utilizada em vinhos para
serem consumidos jovens, as vinícolas de Saint Émillion garantem rótulos de longevidade.
Livro 5
— Muito rico, —disse Sage. — Charles?
— Não, —disse ele.

— Anna?
Anna hesitou, mas sacudiu a cabeça. — Não neste

momento. —Seu estômago estava inquieto. Ela assumiu que
era da mesma coisa que fazia doer sua cabeça e seus olhos
queimarem—libertar Wellesley tinha tomado uma grande
quantidade de energia.
— Asil?
Asil sacudiu a cabeça.
— Claro, —disse ela, com um pouco de mordida em seu

tom. — Você não participa do vício.
Anna sabia com certeza que Asil gostava de vinho, mas

não achava que essa conversa fosse sobre álcool. Ela teve a
sensação de uma daquelas dolorosas batalhas entre amantes
que continuaram além do ponto em que o amor ou a lógica
poderiam corrigir as coisas.
Livro 5
Ele inclinou a cabeça e, quando falou, sua voz era gentil e

afável. — Eu lhe asseguro que sou um muçulmano muito
ruim. O vinho é, para um lobisomem, apenas suco de uva ...
— Suco de uva muito caro, —disse Wellesley. — Também

muito bom suco de uva.
— ... apesar de ser um suco de uva muito caro e bom, eu

não sinto a necessidade de consumi-lo agora.
— Tudo bem, —Sage disse casualmente, como se ela não

tivesse colocado mais significado em sua rejeição do vinho do
que o necessário. Ela encheu dois copos plásticos vermelhos e
levou os dois para Wellesley. — Sua vez.
— Você envenenou um? —Ele perguntou com interesse.
— Você é um lobisomem, —ela disse secamente. — Nós

não precisamos nos preocupar com venenos.
— Isso não é verdade, —respondeu Wellesley, pegando

um dos copos e dando um suspiro feliz. — Nossos venenos são
apenas diferentes.
Livro 5
— O álcool é tecnicamente um veneno, —apontou Anna.

— Ele mata as células cerebrais—e é por isso que os humanos,
que não regeneram as células do jeito que fazemos, ficam
bêbados.
Sage deu um gole no copo, ergueu as sobrancelhas, e

acenou para Wellesley. — Que todos os nossos venenos
tenham tal gosto. —Ela inclinou o copo para Wellesley sem
chegar perto o suficiente para tocar o dele. — Para as células
cerebrais mortas.
Ele levantou o copo. — Pela liberdade, —disse ele, e ao

fazê-lo, seus olhos brilhavam de um amarelo brilhante.
— Agora que temos isso fora do caminho, —disse Sage —

antes do tempo da história, eu gostaria de me atualizar.
Alguém poderia explicar as coisas para nós? —Ela olhou em
volta e suspirou. — Para mim? Já que tenho a sensação de que
sou a única que não sabe o que aconteceu.
— O que você sabe? —Perguntou Wellesley.
— Charlie olhou para o espaço por cinco minutos e me

deixou para resolver com os gêmeos Viking e o irmão por
Livro 5
conta própria. —Ela deu um sorriso para a sala. — Mas

aprendi uma lição na diplomacia de Charlie hoje. É engraçado
como ossos quebrados tornam até mesmo um grupo de vikings
muito mais razoável. Eu tentarei isso se tiver que entregar uma

mensagem para eles novamente. Talvez daqui a vinte anos.
— Até que não muito, —disse Asil. — Mas Sage também

sabe que você está tendo problemas com o seu lobo—e isso te
fez perigoso lidar com isso.
— O problema não era meu lobo, —Wellesley disse a

Sage. — Ou pelo menos meu lobo não foi a causa do
problema. Eu estava em uma batalha pela minha alma, e o
espírito maligno que estava tentando me possuir estava, muito
lentamente, ganhando. —Ele sorriu largamente, ergueu o copo
para Anna e disse: — Até hoje.
— O que você tentou poderia ter matado minha

companheira, —disse Charles suavemente, e todos na sala que
não era Anna enrijeceram. É engraçado como o homem,
mesmo ajoelhado ao lado do sofá, poderia causar tanto medo.
Até onde ela sabia, ele nunca tinha matado ninguém sem uma
justa causa ou as ordens do Marrok.
Livro 5
Ela se inclinou para frente e teve um vislumbre de seu

rosto.
— Eu acho, —disse Anna, tocando a pele de Charles, logo

abaixo da orelha, para que ele prestasse atenção nela — Eu
acho que foi o que eu tentei, na verdade. Ninguém me obrigou
a fazer nada.
— Isso não é verdade, —rosnou Asil amargamente, — o

que você acredita, chiquita. Eu estava aqui, eu vi, eu senti ele
te puxando para o seu pesadelo. Mas eu, que deveria mantê-la
segura, não podia fazer nada porque estava ocupado em
segurá-lo para que ele não te matasse fisicamente ao invés de
magicamente.
Sob as pontas dos seus dedos, os músculos de Charles

ficaram tensos.
Anna olhou para Asil. — Isso não ajuda, —ela disse a ele.
— Ok, então eu fui puxada para o pesadelo de Wellesley.
— Alma, —disse Wellesley.
— Isso também não é bom, —disse Anna. — Charles?

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Houve um pequeno silêncio, então Charles relaxou

deliberadamente contra ela, envolvendo uma das mãos em
torno do joelho, que ele apertou. Eu estou com você, esse aperto
disse. — Visão, —disse Charles — ou o Sonho, talvez.
— Foi uma visão de pesadelo, em qualquer caso, —disse

Anna. — Mas uma vez que estive lá, poderia ter saído a
qualquer momento. Enquanto eu estivesse disposta a deixar o
espírito do lobo de Wellesley preso naquela construção de
bruxaria.
Ela não podia imaginar fazer isso—não se ela tivesse a

chance de libertá-lo. — Mas foi a própria magia de Wellesley
que virou a chave, eu acho. Você chamou isso de alma—era
algo vivo que aprisionou seu lobo?
Wellesley assentiu. — Magia é uma coisa viva.
Charles concordou com essa avaliação porque disse: —

Você viu isso como uma planta, e isso foi bem preciso, eu acho.
Viva, mas não a raciocinando, exceto nas unidades mais
básicas.
Livro 5
Wellesley tomou um gole do vinho e depois inclinou o

copo para Asil. — Eu acho que durou tanto tempo porque
minha própria magia alimentou o feitiço. Estava ficando mais
forte e eu estava ficando mais fraco. Eu pensei que era meu

lobo que estava lutando, também, até que Anna o viu comigo.
Para mim.
— Droga, —disse Sage, pensativo. — Você foi

amaldiçoado e Anna e Charles quebraram a maldição? Com
uma pequena ajuda do Marrok, nosso líder, que está ausente?
— Em poucas palavras, —disse Anna.
Sage cantarolou, esfregou a borda do copo com uma das

suas unhas bem cuidadas. — Havia rumores de uma bruxa em
Rhea Springs.
— Sim, —disse Wellesley pesadamente. — Havia uma

bruxa. Ou duas. —Ele colocou o copo na mesa e afastou-se
um pouco. — Eu não me lembro muito mais do que antes. —
Ele olhou para Charles. — Você ainda quer essa história? —
Quando Charles assentiu, Wellesley disse: — Suponho que
começou com Chloe ... com a morte da minha esposa.
Livro 5
Charles, que se acomodara o suficiente para se sentar no

chão ao lado da namoradeira, apoiando-se nas pernas de
Anna, levantou a mão para impedir Wellesley. Ele franziu os
lábios e disse: — Você deve começar esta história onde seu

lobo lhe diz para começar.
Wellesley estendeu a mão, tomou um gole de vinho e

colocou o copo firmemente sobre a mesa. — Onde meu lobo
me diz ... —Ele soprou o ar como um cavalo assustado. — Ele
me diz para começar com minha transformação. Isso não tem
nada a ver com Rhea Springs.
Charles rosnou. Então ele fez um som engraçado. —

Talvez sim, talvez não. Essa primeira história é a razão pela
qual, quando me foi dada a escolha, eu o trouxe para o meu
pai em vez de matá-lo pelos assassinatos daquelas jovens
garotas.
Wellesley piscou para Charles com visível consternação.

— Hmm. Eu pensei ... hmm. Eu acho que não estava pensando
muito claramente, de qualquer maneira. Eu não conto essa
história. Apenas seu pai—que te contou, suponho.
Livro 5
— Antes de me mandar para Rhea Springs, —disse

Charles. — Porque ele sabia o que faria com isso. Se o seu lobo
lhe disser para começar por aí, por favor comece no início.
Wellesley olhou para o copo, para as mãos, ao redor da

sala, como se estivesse procurando algo mais para falar.
Finalmente, seu olhar caiu em Anna. Ele suspirou.
— Tudo bem. Eu nasci em algum lugar na África.

Provavelmente perto da costa oeste porque é de onde a maioria
dos escravos veio. Suponho que, se eu viajasse de volta para
lá, poderia encontrá-la novamente, com um ano ou dois
vagueando. Mas minha aldeia foi destruída, meus pais foram
mortos por traficantes de escravos, então nunca houve
qualquer razão para eu retornar. Eu tinha onze ou doze anos
naquela época, preparando-me para a cerimônia da minha
maioridade, mas ainda um menino.
Ele fechou a boca, balançou a cabeça e então disse: — Eles

me levaram, e nenhum dos próximos cinco ou seis anos são
relevantes para ninguém, exceto eu. Eu escolho não falar sobre
eles. —Ele deixou essa afirmação permanecer, olhando para
Charles como se esperasse por uma objeção.
Livro 5
Quando ninguém disse ou fez algo em resposta, ele

assentiu. — Então. Em Barbados, fui comprado por um
homem que estava procurando, como é que ele disse? Um
sujeito forte. Ele comprou seis ou sete de nós, mais ou menos

da mesma idade, e nos levou a uma ilha no Caribe. Não era
uma ilha grande, e ele era o dono de tudo.
Ele olhou para Anna.
— Nunca aprendi o nome que seu próprio povo

costumava chamá-lo, e não vou chamá-lo de Mestre.
— Você poderia chamá-lo de Moreau , —sugeriu Charles.
Wellesley deu-lhe um sorriso rápido e tenso. — Não. No

livro, Moreau era um cientista, um médico. O homem que me
possuía não era um cientista maluco. Ele era simplesmente
The Island of Dr. Moreau (A Ilha do Dr. Moreau, em português) é um romance de

ficção científica de H.G.Wells lançado originalmente em 1896. O enredo fala de um médico que cria criaturas monstruosas em
uma ilha tropical. Moreau é um cientista obcecado pela idéia de transformar animais em homens através de cirurgias e
hipnose. A chamada vivissecção é o crime de que Moreau é acusado ao fazer suas experiências dolorosas em animais. Isto o
leva a se refugiar na ilha onde desenvolve suas idéias.[2] Há, nesta obra, toda uma discussão sobre religião, ética científica e
evolução.
Livro 5
mal, sua alma destruída por suas próprias ações. Mas no final,
ele não é importante para a história, este homem não era meu
mestre, —disse ele. — O importante é que o homem foi criado,
como muitas pessoas em sua classe e classificação eram, por

servos e escravos. Sua babá era uma mulher maligna, uma
mulher de poder. Ela escapou de ser enforcada e fugiu a bordo
de um navio que estava indo para Barbados como uma
escrava. —Wellesley fechou a boca e balançou a cabeça
ligeiramente, como se as palavras simples tivessem despertado
muita emoção para permitir que ele continuasse.
— Bruxa, —disse Asil sombriamente na pausa, como se

não pudesse se conter. — Ela era uma bruxa irlandesa. É
verdade que ela escapou de ser enforcada pela morte de uma
criança sob seus cuidados, mas suspeito que ela tenha mais
medo das bruxas que a perseguiram pelo que ela roubou delas.
— Quem lhe contou minha história? —Perguntou

Wellesley, desconfiado.
— Você fez isso, —disse Asil. — Esta parte pelo menos.

Uma noite depois da lua cheia, pouco depois de chegar aqui.
Livro 5
Wellesley fitou-o, em seguida, olhou para baixo,

franzindo a testa. Por fim, ele concordou. — Sim. Sim, eu sinto
muito. Minha memória é confusa. Eu acho que lembro. Você
me contou sobre a morte de sua companheira. Eu te contei ...

partes desta história.
— Você estava falando sobre a babá, —disse Sage, seu

corpo inclinado para a frente na cadeira da cozinha onde ela
estava sentada. Ela tinha um aperto mortal na borda da mesa.
Anna se perguntou que elementos da história de Wellesley

haviam se misturado com os de Sage para que ela se envolvesse
tão fortemente com isso. Sage não era velha, velha. Mais velha
do que ela parecia, talvez, mas não velha o suficiente para ter
experimentado a escravidão institucionalizada. Talvez tenha
sido as bruxas. As bruxas tendiam a levantar os pêlos na parte
de trás do pescoço de Anna também.
— Sim, —concordou Wellesley. — A babá era uma bruxa.

Ninguém prestava atenção a essas mulheres. Elas deveriam
ficar quietas e fazer o trabalho de criar os filhos. As crianças
que eram o futuro da família. Alguém, você poderia pensar,
deveria ter entendido quanto poder lhes deu. —Ele balançou a
Livro 5
cabeça com tristeza incrédula. — A babá deste homem era

uma bruxa, irlandesa, sim, porque o sotaque ainda era forte.
Mas como ela veio para o Caribe e por quê—tudo se baseava
em rumores nos currais de escravos. Quem sabe quanto disso

era verdade? —Ele lançou um olhar carrancudo para Asil.
— A parte bruxa irlandesa era, —disse Asil, quando

parecia que Wellesley havia parado de falar. — Desde a
primeira vez que ouvi sua história, percebi que conhecia outra
parte dela. Eu conhecia as bruxas que estavam caçando
aquela. Ela roubou um pequeno livro de feitiços familiares de
um dos mais feios clãs de bruxas do Norte da Europa, o tipo
de livro pelo qual as bruxas matam. Como sei o que essa bruxa
fez—e conheço os rumores dos poderes daquela família—não
foi difícil ligar as duas histórias.
— Você conhecia as bruxas cujos feitiços ela usava? —

Perguntou Wellesley em uma voz perigosa. Asil sorriu,
mostrando os dentes brancos. — Nós não éramos amigos,
Wellesley.
— Asil não gosta de bruxas, —disse Anna com firmeza, e

a tensão no ar diminuiu um pouco.
Livro 5
— Essa linhagem morreu, —disse Asil. — Não

inteiramente pelos meus esforços.
— Bem e assim, —disse Wellesley. — Bem e assim. Parece

que este vai ser informativo para todos nós. Esta bruxa
irlandesa foi vendida como escrava ao meu ... para os pais do
homem quando ele tinha oito ou nove anos. Ela foi dada para
criá-lo. O rumor foi que seus pais foram as primeiras pessoas
que ele e seu mentor torturaram e mataram—mas suspeito que
não. Os escravos eram presas mais fáceis e os predadores
geralmente começam com uma presa mais fácil.
— Nem sempre, —disse o Sage no silêncio que se seguiu.

— Mas usualmente.
— Ninguém se preocupava com os escravos, nem mesmo

os outros escravos, —Wellesley disse abruptamente. Então ele
parou e engoliu o vinho até que ele se foi. Ele balançou sua
cabeça. — Isso não é para este conto também. Essa bruxa
poderia fazer colares que obrigassem a pessoa a obedecer. Ela
teve que torturar muitas pessoas até a morte pelo poder de criar
cada um deles. —Havia horror em seus olhos, mas sua voz era
firme.
Livro 5
Wellesley, pensou Anna, testemunhara a fabricação desses

colares. Ela ocasionalmente teve pesadelos sobre seus encontros com
bruxas. O mesmo aconteceu com Charles.
Wellesley continuou falando em voz baixa. — Eu entendo

a princípio que ela tentou usá-los em todos os escravos, mas
descobriu que também era preciso controlar os colares. Ela não
poderia usar mais do que seis ao mesmo tempo ou eles se
tornavam menos eficazes. —Ele fez uma careta. — O poder
neles tinha que ser renovado duas vezes por ano.
— Era uma questão de grande decepção para ela que, em

vez de uma ilha de escravos dispostos, que se torturassem pelo
prazer dela, ela tivesse que se contentar com escravos
'especiais' que impunham sua vontade sobre o resto das
pessoas na ilha. Se um dos escravos com colar morria ou era
morto, ela o substituia por outro. Todo o tempo que eu a
conheci, ela estava tentando encontrar uma maneira de tornar
os colares mais permanentes, para torná-los poderosos.
Ele teve que parar de falar novamente. Sage estendeu a

mão para ele—os lobos tendiam a se tocar muito quando
estavam sob estresse. Mas Wellesley passou os braços em volta
Livro 5
de si e balançou a cabeça. Ele balançou um pouco na cadeira

e seus olhos brilhavam com tons de ouro.
— E então eles encontraram um lobisomem, —Charles

disse, quando o silêncio se estendeu por muito tempo.
Wellesley assentiu, mas ele ainda não falou. Talvez ele

não pudesse.
Depois de um momento, Charles continuou. —

Provavelmente ele era, ele mesmo, uma vítima. Ele veio para
a ilha porque havia histórias de uma mulher que sabia magia,
que sabia como remover maldições.
— Tome cuidado com isso, —disse Asil em voz baixa. —

As únicas pessoas que podem remover maldições podem
colocá-las também.
Wellesley olhou para Anna. — Nem sempre, —disse ele

em uma voz intensa. — Existem curandeiros no mundo, bem
como assassinos.
— Isso foi principalmente Charles e Bran, —disse Anna,

envergonhada de receber tal olhar. — Eles tinham o poder. Eu
era apenas um canal, eu acho.
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— Como eu disse, —concordou Asil. — É preciso alguém

que pode entregar uma maldição para quebrar uma maldição.
—Ele e Charles trocaram um olhar de reconhecimento.
Wellesley grunhiu. Ele pegou a história, mas sua voz foi

rápida e suas frases bruscas. Sua explicação pulou em volta de
forma deselegante.
— Essa parte aconteceu antes de eu chegar à ilha.

Frequentemente iam a Barbados e compravam escravos no
mercado lá—inclusive eu. Eles juntaram todos nós em um
galpão e soltaram o lobisomem sobre nós. Principalmente o
lobo acabou de matar as pessoas que eles jogaram nele. Do
meu grupo, eu fui o único sobrevivente. Depois da minha
Transformação, demorou mais quatro ou cinco anos até que
eles tivessem seis lobisomens à sua disposição, incluindo o
lobo original.
— Éramos todos nós, presos pelo colar maligno que a

bruxa nos prendia. Não tínhamos livre-arbítrio, nem
pensamentos que não foram colocados em nossas cabeças pela
bruxa e seu marido.
Livro 5
Anna encontrou os olhos de Charles porque ela conhecia

outro lobo que tinha sido forçado a fazer a vontade de uma
bruxa.
Sim, disse o Irmão Lobo. A história de Marrok é

diferente em muitos aspectos, mas reflete as coisas
terríveis que aconteceram com nosso pai na aurora dos
tempos. É uma das razões pelas quais nosso pai pediu a
Wellesley que não falasse de sua origem. Nós não
queremos que as bruxas saibam que isso é possível.
Ao mesmo tempo em que Irmão Lobo falava com ela,

Charles disse: — Recentemente, aprendi que Bonarata, o
vampiro que governa a Europa, tinha um colar que ele usava
para controlar um lobisomem, embora fosse específico,
acredito, para lobisomens. Também era velho. E quebrou—e
ele não tem bruxa que possa substituí-lo.
Wellesley rosnou e endureceu em seu assento.
— Essas coisas nunca são completamente esquecidas, —

disse Asil. — É a maneira do mundo.
Livro 5
— Se Bonarata não consegue encontrar uma bruxa para

fazer um novo, então não há uma bruxa deixada na Europa,
pelo menos, com essa habilidade, —observou Charles.
— Ou talvez essas bruxas não estejam dispostas a

trabalhar para o rei vampiro, —especulou Sage.
Mas Asil balançou a cabeça. — Nenhuma bruxa na

Europa poderia dizer não a Bonarata. Ele é extremamente
persuasivo, e faz muito tempo que as bruxas eram poderosas o
suficiente para lutar com alguém como ele.
— O que aconteceu, Wellesley? —Perguntou Anna. —

Como você se libertou? —Porque obviamente ele tinha—e ela
queria que ele terminasse essa história porque as memórias o
machucavam.
— Ela trabalhou sua magia apenas em nós de sangue puro

Africano, —disse Wellesley. — Segurar um nascido bruxa é
mais difícil do que uma pessoa normal, assim como segurar
um lobisomem é mais difícil. Ela sabia que os povos nativos
do Caribe tinham sua própria versão de nascidos de bruxas,
embora nada tão poderoso quanto as bruxas européias—ou
Livro 5
assim ela acreditava. Eu não estou convencido. A maioria dos

escravos naquela ilha carregava sangue nativo, então
compravam escravos “puros africanos” para se transformarem
em lobos com colares. Ela acreditava que não havia pessoas

nascidas com magia entre aqueles de nós nascidos na África.
Charles bufou.
Wellesley assentiu. — Ridículo. Todos os povos têm

nascidos que podem sentir o pulso do mundo. Meu pai veio de
uma família conhecida por produzir curadores poderosos. É a
magia que é tão diferente da feitiçaria quanto a madeira é do
aço. Sutil e poderosa, talvez, mas também lenta. A magia da
minha família trouxe boas colheitas, chuva na época e
manteve os predadores selvagens da aldeia. Influenciando
tendências naturais em direção a resultados benéficos. Não foi
útil para manter os traficantes de fora.
Ele fez uma pausa, como se esperasse por perguntas, mas

quando ninguém disse nada, ele continuou: — Eu vou contar
a próxima parte, como um contador de histórias da aldeia
faria, porque é assim que eu penso nisso. Porque faz mais
sentido assim.
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Ele respirou fundo e, quando começou de novo, sua voz

era rica em drama, em vez de brusca e dolorosa.
»Um dia, no final do outono, sem aviso, veio uma

tempestade como nunca tinha visto antes, disse ele. Os
ventos chegaram, poderosos espíritos do ar. Eles
golpearam a ilha por horas e horas até os prédios se
tornarem mais do que pilhas de palitos de dente,
apanhados e espalhados em um quebra-cabeça que
nem os deuses poderiam resolver. As chuvas vieram,
também, tanta chuva que as águas do rio e do lago
brotaram. A esperança secreta cresceu dentro de mim
de que a ilha pudesse afundar para sempre no mar,
que o grande mar afogasse o mal.
Ele fez uma pausa para obter um efeito dramático.
»Mas foi apenas uma esperança muito pequena,

profundamente enterrada onde eu mantinha os poucos
pensamentos que eram meus, porque eu era a criatura
deles então. E parecia que a esperança estava
Livro 5
condenada porque a bruxa afugentou os espíritos dos

ventos e os espíritos da chuva, de modo que a casa
grande e todo o solo ao redor permanecessem a salvo
deles.
Ele ergueu o copo, encontrou-o seco e colocou-o no chão.

Sem uma palavra, Asil encheu o copo com o resto do vinho da
garrafa e entregou a ele.
Wellesley tomou um gole e continuou.
»O olho da tempestade chegou no meio da noite. Os

ventos se acalmaram e a chuva se transformou em
uma garoa. Foi nesse momento que o espírito maior do
furacão veio até mim. Maior e mais poderoso que os
espíritos do vento ou da chuva, ele estava perto o
suficiente deste mundo para poder falar comigo.
»'Irmão' disse ele, 'por que você serve a alguém tão malvado quando tem
o sangue da magia da terra em você? De uma linhagem de sacerdotisas que tem
mil anos?'
Livro 5
Wellesley balançou a cabeça e estendeu as mãos para cima

e baixou-as devagar.
»Era como se as chuvas arrastassem as nuvens e o

vento soprasse a neblina. Minha mente era minha pela
primeira vez desde que a bruxa colocou seu colar em
volta do meu pescoço.
»Espírito, eu disse a ele, não é da minha vontade, mas por causa

dessa coisa maligna nascida da morte suja e da fealdade que eu uso. Este
é um trabalho estranho que eu não posso lutar contra.
»'Então, por que você não o tira'? Ele disse.
»Eu tentei então fazer exatamente isso. Antes

disso, eu não podia sequer conceber tal ação. Mas,
infelizmente, minhas mãos não conseguiram quebrá-
lo, embora eu tenha tentado com todas as minhas
forças. Eu gritei de desespero.
»É impossível para mim. Eu nasci de uma grande herança, é verdade.

Parte desse poder e graça vive dentro deste corpo, mas grande é a
Livro 5
corrupção que me prende. Grande demais para um homem como eu

quebrar ou remover.
»O espírito do furacão olhou para o que eu usava em volta

do meu pescoço e disse: 'Irmão, verdadeiramente isso é mal. Eu posso

ouvir os gritos das almas torturadas cuja substância foi usada aqui. É maior do que
eu poderia destruir'.
»E, na verdade meu coração conheceu o desespero,

então. Se o espírito da maior tempestade que eu já vi
não pudesse prevalecer sobre o poder da bruxa, então
eu a serviria até o fim dos meus dias ou dela.
»O espírito do furacão, vendo a minha dor, teve pena de

mim então. Ele disse: Venha comigo e veja minha mãe, que é muito mais
poderosa do que eu. Sem dúvida, ela pode superar a magia negra em sua
escravidão. Vou perguntar a ela, mas você deve saber que ela nem sempre faz o
que eu peço. Ela pode decidir que, para livrar o mundo desse mal, sua vida também
será perdida'.
»No final, que opção ele tinha? Eu preferiria estar

morto a usar o colar da bruxa até o fim da minha vida.
Livro 5
Então eu o segui e ele me conduziu por portas

trancadas e meus camaradas adormecidos. Ninguém
nos ouviu, e nenhuma porta poderia ficar no nosso
caminho. Ele me levou para a borda da ilha. As praias

haviam sumido, assim como qualquer uma das
encostas suaves, enterradas sob a fúria da
tempestade. Se houvesse um caminho fácil para o
oceano, o espírito escolheu não me levar lá. Finalmente,
paramos no topo de um penhasco.
»'Meu irmão,' disse o espírito, 'se você quiser estar livre desse mal, você
deve saltar'.
Wellesley bebeu novamente. Havia uma gota de suor no

rosto dele. Parecia um conto de fadas, essa história. Mas Anna,
que tinha visto Charles interagir com os espíritos da floresta,
acreditou nele. Se ela tivesse dúvidas, o tom de honestidade
em sua voz teria dissuadido-a deles.
»Eu sabia, disse Wellesley energicamente, que eu não

podia mais nadar como quando criança, que a magia do
Livro 5
lobo não nos protege da água. E se eu tivesse sido um

nadador tão bom quanto qualquer filho de sereia, não
teria sido bom saltar de um penhasco tão alto. Mas eu
comandei minhas próprias ações e pensamentos pela

primeira vez em muito tempo, então eu pulei, e o
espírito pulou comigo. Ainda posso ouvir seu riso em
meus ouvidos quando uma tempestade se levanta aqui
nas montanhas.
»'Mãe', ele chamou quando nós caímos, 'eu encontrei um

prisioneiro da maldade. Um filho da natureza que deveria ser livre. Você vai
libertá-lo'?
»E, em resposta, a água salgada se espalhou e me

envolveu.
Wellesley fez uma pausa novamente.
»Eu pensei que estivesse morto, disse ele finalmente.

Eu pensei que estava morto e dei as boas-vindas. Mas
acordei em uma praia cheia de detritos da tempestade.
Livro 5
O sol estava alto em um céu claro, e minha pele estava

coberta de sal.
Ele sorriu, um sorriso de lobo, e sua voz ficou rouca e as

íris de seus olhos se iluminaram.
»A bruxa desceu para a praia logo depois. ‘Eu

finalmente te encontrei’, disse ela em triunfo. ‘Todos os
outros lobos estão mortos. Eu estava preocupado que
não pudéssemos fazer mais de você. Venha,
mostremos ao meu amor que o destino ainda não se
voltou contra nós’. E ela se virou e começou a caminhar
de volta para a casa grande.
Eu nunca mudava, exceto sob a lua. Mas o oceano e

a lua falam um com o outro como os amantes, e não
tenho dúvidas de que foi o mar que me deu poder e
força. Eu nunca, antes ou depois, tomei a forma de um
lobo tão depressa como o fiz. Um momento eu era
humano e o próximo era um lobo. Eu matei a bruxa
enquanto ela ainda estava planejando como encontrar
Livro 5
mais escravos para mudar e controlar. O único

arrependimento que tenho é que foi rápido e indolor—
eu estava muito preocupado com o poder dela para lhe
dar a morte que ela merecia.
Então fui para a casa grande e matei o homem que

lhe dera rédea livre. Encontrei cada um desses colares
e joguei-os no mar, onde ela poderia fazer com eles o
que eu queria. Espero que ela tenha libertado as almas
atormentadas que deram sua dor e suas vidas pelo
feitiço da bruxa.
Ele respirou fundo, estremecendo. Então, em uma voz

perfeitamente normal, ele disse: — Havia apenas alguns de nós
vivos na ilha—e todos eles estavam com medo de mim, então
eu nunca os culpei. Finalmente, um barco veio para ver como
havíamos resistido à tempestade. Ao descobrir que estávamos
sozinhos, eles reivindicaram todos nós. Mas sem uma bruxa
para me segurar, logo os deixei e à escravidão atrás de mim.
— Bran pediu que esta história não fosse contada nem de

leve, o que eu nunca fiz ... —Ele fez uma pausa e olhou para
Livro 5
Asil. — Exceto uma vez. Essas são as razões de Bran, e são

boas: primeiro, a maneira e a matéria da criação do colar deve
ficar com os mortos, se isso puder ser feito para fazê-lo.
Segundo, que é complementar ao primeiro, que uma bruxa

pode controlar a mente e o corpo de uma pessoa é algo que
não deveria ser conhecido se aqueles de nós que não são
totalmente humanos quiserem viver lado a lado com os
humanos em paz. E finalmente, há isto, minha própria razão.
Esta é a história da minha criação, uma coisa privada. Eu não
quero que seja uma questão de conhecimento comum.
Anna pensou no modo como todos os lobos a olhavam na

noite passada quando ela veio da caminhonete onde o corpo
de uma das pessoas que abusaram dela descansava. Ela
entendeu exatamente por que ele não queria que as pessoas
falassem sobre isso.
— Você disse 'maneira e matéria'—disse Sage, pensativa.

Se ela foi tão afetada por sua história quanto no começo, ela
estava se escondendo melhor agora. — Isso significa que você
sabe como fazer os colares?
Livro 5
Os olhos de Wellesley ficaram frios, e depois se

iluminaram para se tornar ouro gelado. — É algo que não lhe
diz respeito.
Ela levantou a mão. — Eu só pergunto porque se alguém

acha que sabe como fazê-los, você tem um alvo nas suas costas
do tamanho do Texas.
Anna lembrou-se de Charles dizendo que havia selvagens

aqui que conheciam segredos pelos quais as pessoas matariam.
Se Wellesley fosse o único que sabia como fazer esses colares
... ele seria perseguido por todas as bruxas negras do planeta.
Wellesley não parecia preocupado com isso. Seus ombros

relaxaram quando ele disse a Sage: — Todos nós, lobisomens,
temos um alvo nas costas. Não é sobre se, mas quando alguém
puxa o gatilho.
— Pensamento alegre, —disse Asil. — Mas vamos deixar

isso de lado—já que não há nada que possamos fazer sobre isso
que já não estamos fazendo. O que isso tem a ver com Rhea
Springs?
Livro 5
Wellesley deu de ombros. — Eu não sei. Charles disse

para começar onde meu lobo me disse para fazê-lo—e é aí que
meu lobo me disse para começar.
Charles olhou para Wellesley com uma expressão

pensativa.
Wellesley deu de ombros. — Como eu te disse, eu

realmente não me lembro muito mais sobre Rhea Springs do
que antes de Anna ter quebrado a maldição. Não muito,
realmente. Eu me lembro de ir lá ... e lembro que você me tirou
daquela prisão. Mas eu ainda não me lembro de muita coisa
no meio, apenas fragmentos.
Ele inclinou a cabeça. — Eu me lembro do rosto da bruxa,

mas nada mais sobre ela.
Charles disse: — Talvez você devesse ...
O telefone tocou.
Wellesley levantou-se da mesa e olhou para Charles—que

encolheu os ombros. Ele colocou o fone no ouvido e apertou
um botão no telefone. — Olá? —disse ele, e escutou por um
momento.
Livro 5
Ele encontrou uma maneira de ter uma conversa

particular em uma sala cheia de lobisomens, Anna pensou,
encantada. Ela teria que descobrir o que ele usava.
Ele apertou outro botão e perguntou, enquanto levantava

o fone: — Você poderia repetir isso, por favor?
A voz de Leah, ofegante e rouca, respondeu. — Eu

perguntei, Asil e Anna estão aí?
Asil pegou o telefone de Wellesley. — Estamos aqui.
— Estou ligando do telefone de Jericho, —disse ela. — Temos

corpos aqui, mas não Jericho. Deveriam vir.
— Charles e Sage estão aqui também. Você quer todos

nós?
Ela fez um som exasperado. — O que estão fazendo?

Decidiram se reunir para uma festa? Não importa. Sim. Todos
deveriam vir e me ajudar a encontrar Jericho. Nós não queremos
que ele corra solto—ou nas mãos de outra pessoa, para esse
assunto. —Ela os deixou lidando com o tom de discagem.
— Você está pronta para isso? —Perguntou Charles.

Livro 5
Anna levou um minuto para perceber que ele estava

perguntando a ela.
Ela colocou seus pés no chão e se levantou. — Eu estou

bem, —disse ela. — Eu não vou fazer uma caçada selvagem,
mas eu vou ficar bem.
Wellesley disse: — Eu preciso comer e descansar.
Asil deu-lhe uma carranca. — Você não foi convidado,

meu amigo. Estou muito feliz que seu lobo tenha sido libertado
da maldição de uma bruxa, mas isso está longe de ser seguro e
confiável.
Wellesley riu, mas seus olhos estavam cautelosos. — Eu

suponho que é.
— Eu poderia ficar com ele para ter certeza de que ele está
bem, —ofereceu Sage. Ela deu ao artista um sorriso brilhante.
— Tenho sido uma fã há muito tempo. Eu adoraria
encomendar algo se você estiver disposto.
Wellesley recusou. — Eu prefiro ficar sozinho se você não

se importa. Eu tenho muito a absorver. Um pouco de descanso
e muita comida e eu vou parecer novo. No que diz respeito a
Livro 5
uma pintura, entrarei em contato com você sobre isso. A

maioria das minhas pinturas foi feita para evitar a insanidade.
Eu não sei o que eu quero pintar agora.
— Deixe-o, —disse Charles.
— Vamos lá, crianças, —disse Asil. — Vocês estão

perdendo tempo.
Sem discussão, Charles subiu no banco do motorista do SUV

de Sage, colocando o machado do Viking no banco de trás. Ele
acenou para Anna para entrar no lado do passageiro.
Evidentemente, as chaves estavam no SUV porque ele ligou
imediatamente. Sage não parecia feliz com o fato de seu carro
ser dirigido por outro—ou talvez por ter sido deixada para ir
com Asil. Mas quando Anna começou a sair, Sage acenou com
a mão e deu-lhe um rápido sorriso.
Livro 5
Não havia espaço para virar, o que não pareceu

incomodar Charles nenhum pouco. Ele acelerou o motor e
recuou pelo caminho estreito e assustador que subia a encosta
a cinquenta quilômetros por hora.
Anna reprimiu uma risada, certificou-se de que o cinto de

segurança estava apertado e fechou os olhos. — Espero que
Sage tenha um bom seguro, —disse ela.
— Eu não gosto dessa situação, —disse Charles em vez de

responder às suas brincadeiras—a menos que ele tivesse
mostrado aquele sorriso rápido. Será que ele tinha perdido ela
de ser uma covarde? O SUV deu uma guinada e reverteu as
direções. Ela abriu os olhos, e eles estavam de volta no
caminho mais seguro, indo para o que teria sido uma
velocidade louca se outro alguém estivesse dirigindo.
— Que situação? —Ela perguntou. — A maldição

inesperada de Wellesley? Lobisomem desaparecido? Ou
corpos na casa do lobisomen desaparecido?
Ela não conseguia encontrar nela o mesmo interesse em

corpos que ela teria antes de matarem Hester. Eles poderiam
Livro 5
ter sido excursionistas aleatórios que tinham saído muito,

muito fora da estrada principal e encontrado um lobisomem
louco. Mas ela estava assumindo que eles eram o inimigo
porque cabeças mais frias do que as dela estavam considerando

outras possibilidades.
— O que eles estão tentando realizar? —Disse Charles. —

É ruim ter um inimigo com o tipo de recursos que essas pessoas
aparentemente têm, mas é infinitamente pior ter pessoas
loucas como inimigas.
— Evidentemente, —disse Anna, — também é

considerado certo que os corpos que Leah encontrou
pertenciam ao nosso inimigo e não aos excursionistas
canadenses que perambulavam pelas montanhas perdidas há
alguns meses.
Ele começou a dizer alguma coisa, depois fechou a boca.

Ele deu a ela um olhar avaliador. — Por que canadense?
Ela ergueu um dedo. — Excursionistas locais

descobririam que o declive e o sul significam segurança, subida
e descida ao norte só pioram. Declive e sul os levariam para
Livro 5
longe de nosso território. —Ela levantou um segundo dedo, —

Excursionistas casuais teria caído e morrido antes de chegar
perto daqui—eu não sei exatamente onde Jericho vive porque
eu nunca ouvi o nome dele antes, mas acho que é nessa direção
geral.
— E os excursionistas canadenses perdidos são os únicos

que poderiam chegar aqui indo morro abaixo e ao sul, —disse
ele. Ele sorriu para ela. — Não é inteiramente verdade, tiramos
os excursionistas do nosso território o tempo todo, e há muito
território federal entre nós e o Canadá.
— E, —disse Anna, erguendo um terceiro dedo — os

excursionistas canadenses seriam educados demais para
acabar como corpos. Portanto, os corpos não devem pertencer
a excursionistas aleatórios.
Ele riu em voz alta.
— Eu te amo. Cheguei à mesma conclusão por um

caminho diferente. Tenho certeza de que os corpos na casa de
Jericho pertencem ao mesmo grupo que foi atrás de Hester e
Jonesy.
Livro 5
Ela olhou para ele. — Como você chegou lá?
— Não existem coisas como coincidências. A última vez

que um dos nossos selvagens interagiu com um humano

normal foi há seis anos. Agora temos dois em dois dias.
— Leah não disse quantos corpos tinham, —Anna

comentou. — Quando foi a última vez que alguém ouviu falar
de Jericho?
Ele encolheu os ombros. — Pai me manteve ocupado com

outras coisas. Não falei com nenhum dos selvagens desde o
inverno passado.
O Marrok usava Charles, Asil e alguns outros lobos mais

velhos para controlar os selvagens uma vez por mês assim que
a neve caía, mantendo alguns deles para visitá-los ele mesmo.
Não que os selvagens não pudessem cuidar de si mesmos, a
maioria deles podia—era o que eles fariam para cuidar de si
mesmos que preocupava Bran.
— Por que você acha que ir atrás de Jericho não faz

sentido? —Anna perguntou. — Eles foram atrás de Hester. O
que o faz diferente?
Livro 5
— Eles têm lobisomens, então eles não precisam apenas

de amostras genéticas. —Uma corça subiu na estrada e ele
freou, girando o grande carro lateralmente em um esforço para
perder a corça. Ele parou a um metro da corça, que havia

congelado no lugar.
— Vá em frente, irmãzinha, —ele disse a ela. — Não há

ninguém com fome hoje.
Libertada de qualquer instinto que a fizesse plantar as

pernas e permanecer imóvel, ela subiu a colina e entrou nas
árvores.
Anna olhou para trás, mas não havia sinais de Asil e Sage.
— Há várias maneiras de chegar lá de Wellesley, —disse

Charles, enquanto colocava o pé no acelerador novamente. —
Espero que o Asil tenha a esperança de nos derrotar lá.
A corrida começou, pensou Anna, mas ela não disse isso. Era
uma coisa de homens ou uma coisa de lobisomens
dominantes. De qualquer forma, Charles e Asil gostariam do
desafio.
Livro 5
— Então, por que Hester faz mais sentido do que Jericho?

—Perguntou ela.
— Jericho é uma bomba atômica esperando para explodir.

Questionar Jericho não faz nenhum sentido.
— Eu não estou familiarizada com ele, —disse Anna. —

Mas se ele estava na lista de Leah, ela não tinha os lobos mais
seguros?
— Jericho estava na minha lista com Sage, —disse

Charles. — Um dos perigosos. Eu não sei o que Leah está
fazendo lá.
— Se eles estão recrutando, —disse Anna, pensativa, —

eles estão sendo idiotas sobre quem estão escolhendo.
— Letalmente por isso, —concordou Charles.
— A única coisa que faz sentido do nosso lado é que eles

querem causar o caos enquanto Bran está ausente. Mas mesmo
isso não funciona bem, —disse ela. — Porque todo o
equipamento de vigilância no lugar de Hester é muito
arriscado e muito dinheiro para um fim que é mais fácil de
alcançar com maneiras diferentes. Se eles têm um helicóptero,
Livro 5
eles podem simplesmente jogar algo desagradável na casa do

seu pai pelo ar. Mais efeito e menos risco.
— Eles querem alguma coisa, —Charles concordou.
— Talvez Jericho saiba o que eles queriam, —disse ela.
Charles fez um barulho.
— Isso não foi um grunhido de esperança, —disse ela.
— Jericho mal consegue se comunicar em um bom dia, —

Charles disse a ela. — Se existe corpos ao redor, não é um bom
dia.
— Não temos informações suficientes para entender o que

eles querem, —disse Anna.
Charles assentiu. — Eu não gosto de estar nessa posição.

Reagindo e não agindo. Não podemos chegar a uma posição
ofensiva até sabermos mais.
— Falando em saber mais, —disse Anna. — O que

exatamente aconteceu em Rhea Springs? Asil me deu o que ele
sabia, mas não havia muito disso. —Ela bateu com os dedos
Livro 5
na arma de bruxa deitada no assento entre eles. — As bruxas

parecem estar emergindo em todos os lugares.
Charles franziu os lábios. — Elas estão, não estão? No

entanto, não há razão para que Rhea Springs tenha algo a ver
com a nossa situação atual.
— Talvez não, —disse Anna. — Mas Wellesley

certamente tem conhecimento que alguém pode estar
procurando. Se Wellesley é o selvagem que nosso inimigo
questionou Hester sobre, então talvez Rhea Springs tem mais
a ver com a nossa situação do que pensamos.
Charles assentiu. — Wellesley não se lembrava de nada

quando cheguei lá, —disse ele. — A maior parte do que sei
vem dos jornais. Rhea Springs era uma pequena cidade de
cerca de cem pessoas em 1930, trezentas se você contasse as
pessoas que viviam na área geral. Um hotel e uma fonte termal
com poderes curativos respeitáveis eram a principal fonte de
economia. Não me lembro exatamente em que ano foi, mas o
Alfa do bando de Tennessee me enviou alguns artigos de jornal
sobre um homem negro nu, encontrado com os corpos de
algumas pessoas brancas. Os detalhes variavam de um artigo
Livro 5
para outro—um dizia que havia quatro mulheres jovens.

Outro alegou que havia quinze crianças. O negro nu, nosso
informante nos disse, era um lobisomem e nos deu um nome
que não era Wellesley. Meu pai conhecia o lobisomem em

questão, contou-me sua história e me enviou no próximo trem.
Charles deixou de falar por um tempo. Anna esperou,

satisfeita em ver suas mãos grandes firmarem o SUV enquanto
ele saltava e escorregava na estrada áspera. Ela amava suas
mãos, com palmas largas e dedos longos. Eles eram peritos no
volante, no braço da guitarra ou na sua pele.
— As notícias não chegavam até nós aqui em Montana

com algo parecido com rapidez. Quando cheguei à cidade
onde ele estava preso—uma cidade um pouco maior, a alguns
quilômetros de Rhea Springs—seu julgamento já havia
terminado. Considerando o tempo, o lugar, a cor de sua pele,
o destino de Wellesley foi determinado, não importando qual
fosse sua defesa. Eu sabia, antes de pegar o trem, qual seria o
resultado. Pena capital era a cadeira elétrica. Eu não sei se a
eletricidade já matou um de nós, mas duvido que isso o
deixaria muito feliz. Deixá-lo às autoridades simplesmente
Livro 5
não era possível. Minhas ordens eram para matá-lo ou resgatá-

lo, dependendo do que ele me dissesse. —Ele ficou em silêncio
novamente.
— O que ele te contou? —Ela perguntou.
— Que ele não se lembrava de nada. Ele não estava em

boa forma, seu lobo ... —Ele fez uma pausa — ... o que eu
achava que era seu lobo, de qualquer maneira, ele costumava
entrar e balbuciar coisas loucas. Uma bruxa. Feitiçaria. Eu não
senti o cheiro da bruxaria sobre ele e gostaria de saber como
eles fizeram isso. Isso tinha que ser um grande trabalho para
segurar seu lobo por tanto tempo, e eu não peguei o cheiro de
bruxas em nenhum lugar.
— Você verificou a cena do crime? —Anna perguntou.
Ele balançou sua cabeça. — Eu conhecia a história dele.

Eu pensei que ele estava falando sobre isso mais cedo. Um
índio vadio não era muito melhor do que um homem negro
naquele tempo e lugar, por isso não vaguei muito por aí. No
final ... —Sua voz sumiu, então ele balançou a cabeça. — No
Livro 5
final, eu percebi que meu pai poderia mantê-lo seguro com os

outros selvagens se ele nunca se recuperasse.
— A história dele era tão próxima do que aconteceu com

o seu pai, —Anna disse suavemente. — Você não suportaria
matá-lo—inocente ou culpado.
— E quando percebi isso, —disse Charles, — não me

preocupei em investigar mais. Eu o tirei de lá e o coloquei em
um trem para Montana. —Ele olhou para Anna e sorriu. —
Não, eu não comprei os bilhetes. Nós viajamos com a carga
para Billings , e em seguida, fomos a cavalo pelo resto do
caminho.
— Eu acho, —ela disse lentamente, repassando o que

Wellesley tinha dito (e o que ele não tinha) em sua cabeça, —
que ele acreditava que você o tirou da cadeia porque ele era
inocente.
Billings é a cidade mais populosa do estado americano de

Montana, no Condado de Yellowstone.
Livro 5
— Eu sei, —disse Charles. — Eu gostaria de poder voltar

e investigar para ele. Eu nem sei, realmente, quem eram as
vítimas. Na época, eu não me importava. Talvez ele vai se
lembrar mais quando ele descansar.
— Você não quer descobrir que ele tinha matado quinze

crianças, —disse Anna. — Porque isso significaria que você
deveria tê-lo matado.
— Sim, —Charles concordou com seriedade.
— Essa maldição é interessante, —disse ela. — Mais

interessante quando você pensa sobre isso. Asil disse que
deveria haver uma bruxa por perto. Eu me pergunto se as
pessoas mortas eram todas bruxas.
— Eu me pergunto se eles foram todos vítimas de uma

bruxa, —disse Charles, — incluindo Wellesley. Eu me
pergunto se deixei uma bruxa livre porque não investiguei
mais—e quantas pessoas ela matou antes de morrer.
— Oh, —disse Anna, a compreensão de como Charles

operava. Ele era responsável pelo mundo, seu marido. Ela não
podia mudar como ele se sentia. Ela colocou a mão na perna
Livro 5
dele. — Eu não tinha pensado nisso assim. Eu entendo. Talvez

você deva fazer uma pequena pesquisa sobre Rhea Springs?
Um lugar onde as fontes termais são magicamente curativas
soa como um lugar onde uma bruxa poderia ter se

estabelecido, você não acha?
— As bruxas negras raramente curam, —ele disse

secamente.
— As bruxas negras têm que começar em algum lugar, não

é? —Perguntou ela.
O próximo quilômetro e meio ou assim foi feito em

silêncio pensativo.
— Não resta muita informação sobre Rhea Springs,

imagino, —disse Charles. — E qualquer ser humano ainda
vivo que já viveu naquele lugar teria sido uma criança
pequena.
— Ainda assim, —Anna disse, — talvez um dos lobos

naquela parte da floresta se lembre de alguma coisa.
Livro 5
— Talvez, —disse ele. E de Charles isso era tão bom

quanto uma declaração de que ele iria perseguir o assunto.
Soou como se o pensamento o fizesse se sentir melhor.
Ela só esperava que ele não descobrisse que houve uma

bruxa e que ela matou quinze crianças. No entanto, as bruxas
tinham o mesmo tempo de vida que qualquer outro ser
humano, embora, ela pensou, com muito poucas excepções. A
bruxa que amaldiçoou Wellesley, não importava o que ela
tinha feito, estava além da justiça agora.
Livro 5
O SUV de Leah estava estacionado na trilha do caminho para
a casa de Jericho. A Mercedes de Asil estava estacionada ao

lado dela.
— Há, —disse Charles, quando saíram do carro. — Eu

falei demais. Isso me atrasou.
Anna riu como ele queria que ela fizesse. Charles

realmente não se importava com quem chegava primeiro, e
Anna sabia disso. Irmão Lobo estava mal-humorado por
perder, no entanto. Ele pensou que teria sido melhor ter sido o
primeiro.
Livro 5
Anna saltou do carro e esperou enquanto ele olhava ao

redor do interior do SUV de Sage até encontrar o chaveiro para
poder trancá-lo. Talvez ele estivesse tomando precauções
desnecessárias, mas ele não ia deixar Jericho sair facilmente.

Ele também pegou o machado. Ele deixou arma de bruxa, no
entanto. Jericho era louco—mas ele ouvia um machado
melhor do que uma arma.
Ele verificou os outros dois veículos, ambos estavam

trancados. Anna se virou para começar a trilha. — Espere, —
ele disse. — Nós temos um lobisomem perdido. Ele poderia
ter vindo assim tão facilmente quanto qualquer outro.
Ela ficou quieta e esperou enquanto ele examinava os

arredores. Ela respirou fundo, mas não ofereceu nenhuma
opinião, então ele poderia seguramente assumir que ela não
detectou ninguém também. Se Jericho estivesse se escondendo
por aqui, ele estava fazendo um bom trabalho. Um trabalho
melhor do que o Charles achava que o lobo era capaz.
— Tudo bem, —disse ele. — Vamos, mas fique atenta.

Livro 5
Anna assentiu. Ela estava quieta na última parte da

viagem aqui, um silêncio que significava que ela estava
pensando. Quando começaram a subir a trilha, ela colocou a
mão no cotovelo dele—tudo bem, ele confiava nela para soltar

o aperto caso encontrassem o perigo. E ele gostou da mão dela
sobre ele.
— Charles, —ela disse, — se o nosso traidor não é um dos

selvagens, quem você acha que é?
— O que te convenceu de que não é um dos selvagens? —

Perguntou Charles.
Ela fez um som de hmm, apertando seu braço. — Eu não

sei. Wellesley, talvez. A menos que você pense que há mais
selvagens que são capazes—como Hester.
Charles sacudiu a cabeça. — Não. Hester—havia motivos

para Hester.
— Jonesy, —disse Anna.
— Jonesy, —concordou Charles. — E meu pai certamente

sabia sobre ele—ele sabia. Ele provavelmente sabia sobre os
sobrevoos também. Eu apenas me pergunto ... —Ele parou de
Livro 5
falar, enquanto alguns pensamentos cristalizavam em um

todo. Anna começou a dizer algo, mas Charles levantou a
mão, porque ... ele não queria estar certo.
— Não há ninguém tão cego, —ele murmurou, enquanto

todas as esquisitices dos últimos dias se encaixavam. A
enormidade de tudo isso o fez parar quando ele começou a
suar frio.
— Charles? —Anna perguntou.
O Irmão Lobo viu isso como Charles, entendendo o que

isso significava. Ele foi à loucura com a negação—e por um
momento, foi tudo o que Charles pôde fazer para conter o
lobo.
Agora não. Este não é o momento, ele disse ao Irmão Lobo.

Nós faremos o que temos que fazer, mas ainda não.
— Charles, o que está errado? —Anna perguntou,

começando a parecer preocupada.
— Eu sei porque meu pai não está aqui, —ele disse a ela.
Um horror doente tomou conta dele.
Livro 5
— Charles? —Anna perguntou novamente. Ela se

inclinou contra ele, e o Irmão Lobo desistiu de lutar e
simplesmente se preparou.
Ele respirou seu perfume e disse simplesmente: — Ele

acha que Leah é nossa traidora.
Ela parou contra ele. — Por que você pensa isso?
Ele colocou para fora para ela como ele viu. — Se Hester
fosse tão normal quanto todos pensamos, ela ligaria para meu
pai assim que ela começasse a ver os sobrevoos. Isso o teria
alertado de problemas. Há um mês, meu pai pediu a Boyd os
arquivos que o bando de Chicago reuniu em busca do que Leo
estava fazendo.
— Ok, —disse Anna. — Sabíamos de tudo isso.
— Eu não sei se ele sabia que tínhamos um traidor naquele

momento, apenas que nosso inimigo estava ativo novamente,
—ele disse a ela. — Acho que meu pai estava procurando esse
inimigo com os tópicos que conseguimos coletar.
— Assim, os arquivos de Boyd, —disse Anna. Charles

assentiu. — Então Mercy se meteu em problemas—e ele levou
Livro 5
esses arquivos com ele. Ele pode ter outras fontes de

informação, mas os arquivos fazem mais sentido.
— Tudo bem, —disse Anna. — Mas por que Leah?
— Porque ele estava indo para casa—e de repente ele me

ligou e disse que estava tirando férias na África com Samuel,
—disse Charles.
Anna prendeu a respiração, vendo o que Charles tinha

visto. — Ele tem medo de voltar para casa porque acha que o
traidor é sua companheira.
— África, porque ele precisa estar o mais longe daqui

possível, —disse Charles.
Ela endureceu porque percebeu o que significava se Leah

fosse a traidora.
Ele disse a coisa toda em voz alta, de qualquer maneira.

Apenas para ter certeza. — Se ele estiver certo, eu vou ter que
executar sua companheira. —Ele respirou fundo, seu peito
apertado. — E provavelmente meu pai. Porque mesmo que
Leah nos traiu, se eu a executar, ele virá atrás de mim. Seu
espírito lobo não o deixará fazer mais nada.
Livro 5
E ele não está na África, disse o Irmão Lobo

sombriamente. Ele está em algum lugar muito mais perto
que isso.
Anna assentiu com a cabeça bruscamente. Ela conheceu o

lobo de Bran, o monstro que o Marrok mantinha amarrado
com seu vínculo de companheiro com Leah. Ela sabia o que
ambos enfrentariam depois que Charles matasse Leah.
— Leah é a pessoa mais direta e honesta que conheço, —

disse Anna. — Todo pensamento que cruza sua mente sai de
sua boca. Como ela poderia manter um segredo como esse de
Bran? De seu companheiro? Eu não posso nem manter uma
festa de aniversário surpresa de você. Não há como manter um
segredo maior.
Irmão Lobo enviou suas desculpas através de seu vínculo

com Anna. Ele não sabia que a festa deveria ser um segredo.
— O vínculo de meu pai com Leah não é como o nosso,

—disse Charles com certeza. Seu pai não falava sobre seu
acasalamento, mas Charles o conhecia seu pai o suficiente
para saber que ele não iria querer que ninguém mais
Livro 5
vasculhasse sua mente, muito menos Leah. E ele tinha as

habilidades necessárias para garantir que seu vínculo
funcionasse como ele o escolheu. — E suspeitar que ela é uma
traidora não vai encorajá-lo a abrir essa ligação mais do que

ele pode ajudar.
— É por isso que ele fechou o vínculo para o bando com

tanta força, —disse Anna.
Charles assentiu. — Ele poderia estar errado?
— Espero que sim, —disse Charles.
— O que vamos fazer? —Perguntou Anna.
Ele não achava que a pergunta fosse direcionada a ele. Ele

tentou tirar a serenidade da floresta que os rodeava. Não
funcionou, mas ajudou.
— Nós vamos encontrar Jericho e cuidar do problema

imediato, —disse ele. — Então, nós vamos terminar de avisar
os selvagens. Eu não acho que precisamos considerá-los mais
suspeitos. Mas eles precisam ser avisados, no entanto. Então
eu vou me sentar com os arquivos que Boyd me enviou ontem
à noite e ver se consigo descobrir o que colocou meu pai fora.
Livro 5
Anna assentiu. — Ok. Isso soa como um plano de ataque.
Ela ficou quieta até chegarem à pequena cabana que era a

casa de Jericho—pensando nas coisas.
Charles esperava que ela pensasse em algo diferente do

cenário que estava se desenrolando claramente em sua cabeça.
Ele não queria enfrentar seu pai. Embora ele soubesse, desde
o momento em que ele entendia o que acontecia com lobos
velhos, que o dever de matar o seu pai provavelmente seria
dele— não era algo para se resignar.
Eles cheiraram os corpos bem antes de chegarem à cabana

de Jericho. — Essas pessoas morreram antes do ataque a
Hester, —disse Anna.
Charles assentiu. — Um par de dias atrás, eu acho.
Ela estendeu a mão e pegou a mão dele, segurando-a com

força na dela. Ele foi tão abençoado com sua companheira,
que entendeu quando falar e quando não.
Asil, Sage, Juste ... e Leah estavam esperando por eles ao

lado de uma fileira de cadáveres (obviamente mortos por um
lobisomem) que eles tinham preparado ordenadamente. Em
Livro 5
algum momento durante a viagem aqui, Asil e Sage devem ter

trabalhado em algo porque Sage estava em pé, então seu
ombro roçou o de Asil.
Anna soltou a mão de Charles e foi olhar os rostos dos

mortos para ver se ela conhecia algum deles sem que ninguém
dissesse nada. Ela era jovem para ter tal compreensão da
necessidade.
Eles não eram lindos cadáveres—e tão podres que ele não
achava que Anna tivesse a experiência de dizer como eles
poderiam ter cheirado quando estavam vivos.
— Este foi um dos ... homens que conheci em Chicago, —

disse ela, finalmente, apontando para um dos lobisomens
mortos. — E talvez esse aqui. —Apontando para outro—seu
rosto estava bastante rasgado.
— O último é humano, —disse Juste. Ele não estava

duvidando dela, apenas aconselhando-a.
Ela suspirou. — Ele também era humano, então. —Ela

franziu as sobrancelhas infeliz para o homem morto em
questão, então se abaixou e rapidamente abriu a jaqueta e a
Livro 5
camisa do homem morto, expondo a frente do peito dele. A

tatuagem deve ter sido um dragão muito bem feito. Charles
podia ver na delicada habilidade usada nas partes que ele podia
distinguir. Agora não parecia tão bom, distorcido pela morte e

pela ferida irregular que passou por ele.
Anna tossiu com o cheiro adicional que ela soltou,

colocando a mão sobre o nariz. — Sim. Este aqui. —Quando
ela terminou de tossir, ela disse, — Ele costumava ... —Ela
parou de falar, olhou para Charles e fechou os lábios.
Ele poderia adivinhar o que ela teria dito se não estivesse

preocupada em detê-lo. Este era outro dos homens que Leo
permitira abusar dela. Charles fez-lhe a cortesia de engolir sua
raiva da melhor maneira possível.
— Pena que eles estão mortos, —disse Asil, com um

grunhido. Então Charles não foi o único que ouviu o que ela
não disse.
Anna olhou para Asil e disse com firmeza: — Não. É uma

coisa boa. Eu não preciso de mais vingança, Asil. Charles fez
Livro 5
isso. Eu estou prosperando. Mas esses homens são maus e fico

feliz que estejam mortos.
— Onde está Jericho? —Charles perguntou. Eles estavam

todos em pé ao redor dos corpos em vez de procurar por
Jericho. Isso só poderia significar que eles já o haviam
encontrado.
Ele assumiu que Jericho estava morto desde que todos

estavam esperando com os corpos, mas Juste disse: — Devon
o colocou em uma caverna a cerca de meio quilômetro daqui.
Asil nos disse para deixar Devon segurar o forte até que vocês
dois pudessem chegar até aqui.
— Devon lhe contou que Jericho teve problemas? —

Charles perguntou. Devon era um selvagem—e ele teria estado
na lista de Leah, o grupo dos selvagens mais seguros.
— Não exatamente, —disse Juste. — Devon não mudou

para humano para nós, mas ele arranhou o nome de Jericho
no chão. Leah e eu decidimos dar uma olhada, já que a casa
de Devon não está longe. Nós não encontramos Jericho e sim
os mortos.
Livro 5
Leah, parecendo cansada e cheirando a cadáveres podres,

disse: — A poucos minutos depois que chegamos aqui, Devon
apareceu também. Ele foi o único que chegou a Jericho,
provavelmente só ele sabia onde eram os lugares prováveis

para olhar. Nós o deixamos para garantir que Jericho não
corresse novamente, mas não nos aproximamos.
Ela não disse que eles estavam esperando por Charles,

para que ele pudesse fazer o seu trabalho: matar Jericho.
Asil olhou para Anna e depois encontrou os olhos de

Charles. — Você e eu devemos subir.
— Sim.
— Não, —Leah disse suavemente. Em seguida, de forma

mais clara. — Não. Nós já perdemos Hester. Temos que tentar
salvá-lo.
Ela olhou para Anna, pensativa, e Charles teve que lutar

contra um grunhido quando ele percebeu que ela não estava
esperando por ele. Ela estava esperando por Anna.
— Ela está cansada, —disse Sage, antes que Leah pudesse

dizer qualquer coisa. Leah fechou a boca, mas seu corpo estava
Livro 5
apertado com alguma emoção forte. Ele não sabia dizer o que
era.
Pesar, disse a voz de Anna através de sua ligação. Ela não

quer perder outro dos selvagens. Sua voz foi acompanhada por uma
onda de esperança.
Isso não significa que ela é inocente, disse o Irmão

Lobo. Charles fica entristecido por aqueles que ele envia
adiante.
— Sem dúvida, —disse Anna em voz alta, respondendo

ao Irmão Lobo, mas soou como uma resposta a Sage. Talvez
fosse os dois. — Mas tem havido muita tragédia por aqui. Se
não tentarmos, sempre me perguntarei se eu poderia ter feito a
diferença.
— Se você tentar, —Asil disse a ela — e conseguir dar a

ele algum controle sobre seu lobo, Jericho não durará mais
cinco anos.
— Você conhece ele? —Anna perguntou.
Asil sacudiu a cabeça. — Não. Mas eu falei sobre ele com

Devon em tempos melhores. Devon e ele eram amigos uma
Livro 5
vez. Mais perto que irmãos. Agora Devon é ... Devon. —

Havia uma grande tristeza na voz de Asil porque Asil e Devon
tinham sido muito próximos também. — E Jericho está tão
perto da loucura que nem consegue usar palavras na maior

parte do tempo. O homem que ele foi uma vez pode não
agradecer por sua ajuda, Anna.
Sage disse, em voz baixa: — Eu o conheço. No primeiro

ano em que estive aqui, me perdi por três dias no meio de uma
tempestade de neve. Eu não sabia que era possível ter tanto frio
e viver. —Ela desviou o olhar. — Eu descobri depois que Bran
havia chamado todos os selvagens para mandá-los procurar
por mim. Jericho me encontrou e me levou para sua cabana.
—Ela esfregou os olhos. — Me desculpe. Ele era ... doce e
tímido. Ele me trouxe aqui, me secou e ligou para Bran. Eu
conheço sua reputação—mesmo assim, ele estava muito mal.
Mas ele acendeu um fogo no pequeno fogão e saiu para esperar
que Bran viesse me buscar.
Sage olhou Anna nos olhos. — Eu estou dizendo isso para

você saber que não estou apenas sendo oportuna. Ele me
tratou bem—e surpreendeu Bran que Jericho foi capaz de fazer
Livro 5
isso. Isso foi há vinte anos atrás. E todos os dias desses vinte
anos, Jericho passou lutando com seu lobo. —Ela acenou com
as mãos para indicar os mortos. — Desta vez foi o inimigo.
Mas da próxima vez pode não ser. Jericho precisa morrer. —

A verdade tocou em sua última frase—a verdade como ela via,
de qualquer modo.
— Lutar é a palavra certa, —disse Leah, com uma voz

mal-humorada. — Desde quando lutar é uma coisa horrível?
Somos lobisomens—lutar é o que fazemos.
Sage deu a Leah um sorriso triste. — Às vezes, Leah, a

coisa mais gentil é deixá-los ir.
Um uivo longo e lamentoso ecoou pelas árvores.
Charles levantou o rosto para o céu e respondeu com um

uivo semelhante, de modo que o soldado solitário entendeu
que havia ajuda. De um tipo ou outro.
— Se eu levar Jericho, —Charles disse a Asil, — não é

como se eu não tivesse que fazer o mesmo com Devon.
As palavras foram um golpe—embora Charles soubesse

que Asil estava bem ciente disso. Charles só conhecia o lobo
Livro 5
quebrado que ele trouxera aqui há sessenta anos. Mas ele sabia
que Devon, em seus dias de glória, tinha um jeito de fazer e
manter amigos. Jericho, Asil e até Bran eram amigos dele.
— Devon irá defendê-lo, —disse Asil, dando um meio

sorriso para Charles. — Devon defende aqueles que ele ama.
Isso é parte do que fez dele o homem que ele já foi.
Leah se aproximou de Anna. — Você e eu nem sempre

vemos as coisas da mesma maneira, —disse ela.
— Isso é verdade, —respondeu sua companheira,

encontrando os olhos de Leah.
— Eu sei que você está cansada, —Leah continuou. — Eu

sei que isso será apenas uma medida temporária, mas meu
companheiro fica tão triste quando os selvagens morrem. Isso
quebra seu coração.
— Seria preciso mais do que aqueles dois, —disse Anna,

indicando Asil e Charles, — para me impedir de tentar ajudar.
Bran não é o único que fica triste quando os antigos morrem.
Livro 5
Leah pensaria que Anna estava falando apenas de si

mesma, mas Charles sabia que Anna também estava falando
de Leah.
E de nós, disse o Irmão Lobo. Nós também

lamentamos.
Depois de dizer sua parte, Sage se afastou dos mortos. Ela

colocou os braços ao seu redor e franziu a testa para longe. Os
mortos geralmente não a incomodavam muito—um resultado
de seu início como lobisomem, Charles sempre supôs (não o
incomodava de modo algum cuidar da maior parte do bando de
renegados). Talvez fosse só porque ela estava chateada por
Jericho, que havia salvado sua vida uma vez.
Asil se dirigiu para Charles. — Eu vi sua companheira

quase morrer uma vez hoje. Isso é o suficiente, eu acho.
Charles concordou com ele de todo o coração ... mas ele

sabia o que Anna faria. Ele sabia que não era seu trabalho fazê-
la menor, mas segura. Seu trabalho era levantá-la tão alto
quanto ela queria voar—e matar qualquer coisa que tentasse
interferir.
Livro 5
— Ela estará segura o suficiente com todos nós lá, —disse

Charles. — E ...
Houve um agudo grito de dor e todos correram em direção

ao som. O Irmão Lobo escolheu a mudança antes que Charles
pudesse decidir se era uma boa ideia ou não.
Há dois lobisomens selvagens perto do fim dos seus

dias, Irmão Lobo disse a ele. Somos todos lobos, mas às
vezes a única resposta é presas e garras, e podemos fazer
isso mais rápido que os outros.
Cada vez mais, o Irmão Lobo falava com Charles em

frases completas, quando anteriormente ele era mais propenso
a se comunicar com emoções ou gestos sem palavras que
transmitiam uma conversa inteira como um todo. Charles
achava que era necessidade do irmão para falar com o parceiro
sobre o que estava causando a evolução.
Leah assumiu a liderança. Irmão Lobo estava contente em

correr ao lado de Anna e seguir aqueles que sabiam para onde
estavam indo.
Livro 5
A caverna onde Jericho se retirara não era uma caverna

real, mas um lugar protegido onde dois grandes pedregulhos
descansavam um contra o outro. Cheirava levemente a Devon
e mais a Jericho. Dadas as camadas de cheiro, este era um

lugar onde Jericho dormia com mais frequência do que ele
usava a pequena cabana que acabavam de deixar.
— Jericho, —chamou Leah.
— Vindo, —disse a voz de um homem. A voz de Jericho.
Eu nunca ouvi Jericho soar assim, disse o Irmão Lobo

surpreso.
Ansiedade atingiu o pico em todo o grupo. Na forma do

Irmão Lobo, o nariz de Charles estava mais afiado. O que
aconteceu com Devon? A voz de Jericho parecia quase casual,
e Jericho nunca foi casual.
Ninguém gostou de onde eles viram isso indo.
Houve um barulho de arrastar os pés, então um homem

musculoso apareceu. Ele teve que rastejar para fora do espaço
protegido, mas levantou-se assim que havia espaço. Ele tinha
um pano enrolado em sua virilha de um jeito que Charles não
Livro 5
via há muito tempo. Isso deu a Jericho a aparência de usar

shorts largos em vez de um lençol velho.
Jericho parecia muito com a última vez que Charles o vira.

Sua barba e cabelos eram longos e irregulares, com pedaços de
folhas e outros detritos da floresta presos neles. Seu cabelo
estava emaranhado em todos os sentidos e aleatoriamente
mais curto aqui e ali. Seus olhos eram azuis como gelo—o lobo
dominante, naquele momento pelo menos. Havia algo
estranho naquele olhar frio, mas Jericho desviou o olhar antes
que Charles pudesse perceber o que o estava incomodando.
O corpo de Jericho estava em forma e forte. O que era uma

coisa boa—a fome tendia a desestabilizar até mesmo o
lobisomem mais controlado, o que, para começar, nenhum dos
selvagens era. Charles achava que ele não havia comido
nenhum dos homens mortos—embora fosse comum um
lobisomem perder o controle para comer suas vítimas.
A maioria dos selvagens ficava nervoso em forma

humana, como se o lobo estivesse pronto para sair a qualquer
momento. O corpo de Jericho estava muito calmo e
Livro 5
equilibrado nas pontas dos pés. Ele olhou para o grupo com os
olhos azuis de lobo, depois para longe. Ele estremeceu.
— Onde está Devon? —Perguntou Leah.
— Eu ... —Ele parou, engoliu e começou de novo. — Ele

queria que eu fugisse. Ele não quer que eu morra. Mas eu matei
aqueles homens. A única regra é não matar. Eu tive que
amarrá-lo na caverna.
E eram frases mais coerentes do que Charles conseguira

em dez anos. Para completar a performance, Jericho foi até
Charles, caiu de joelhos e apresentou a garganta.
— Bem, —Anna disse energicamente após um momento

de silêncio. — Isso é tudo muito dramático e sincero, tenho
certeza. Mas temos certeza que aqueles homens atacaram
você. A autodefesa é sempre legal.
Jericho olhou para Anna. — Sem matar. O Marrok foi

muito claro.
Atrás de Jericho, Asil foi até a caverna e entrou.

Livro 5
— Aqueles homens pertenciam ao nosso inimigo, —disse

Leah. — Um grupo similar matou Hester ontem. Seu
companheiro se matou em seguida.
Jericho cambaleou um pouco depois, e seus olhos

escureceram para o azul humano. — Seu senti isso, —disse ele.
— Hester ... não gostava muito de mim. —Por um segundo,
ele sorriu amplamente. — Droga, quase me matou a primeira
vez que nos conhecemos. —Então ele piscou, e o humano
deixou seus olhos novamente. — Eu não me arrependo de
matá-los. Mas a regra é não matar.
— Como eles te encontraram? —Perguntou Anna. —

Você sabe? Você ouviu algo que pode nos ajudar a encontrá-
los?
Jericho rosnou para ela.
Irmão Lobo rosnou mais selvagemente, e Jericho se

acalmou.
— Não faça isso, —disse Sage, aparentemente para si

mesma, porque sua voz tinha sido muito baixa. — Você não
precisa fazer isso.
Livro 5
Charles deu a Sage um olhar penetrante, mas sua atenção

estava concentrada em Jericho.
A atenção de Jericho estava em Charles.
Asil saiu da caverna e um lobo muito magro e esfarrapado

seguiu-o, a cabeça baixa e a cauda dobrada. Asil assentiu para
Charles—ele havia encontrado Devon exatamente onde
Jericho disse que iria. Charles olhou atentamente para Devon,
mas o selvagem parecia ileso—mas não particularmente feliz.
— Supomos que vamos cuidar de uma execução, se

necessário, —Anna disse a Jericho secamente.
— Passando para um tópico diferente. Você ouviu alguma

coisa que eles poderiam ter dito? Alguma pista para quem ou
o que eles queriam?
Jericho focou seus olhos azuis como gelo na companheira

de Charles. Charles teria ficado mais feliz se ele não tivesse
feito isso.
— Ela disse para não vir aqui. Para esperar. Que este ataque
é muito provável que recaia sobre ela, —disse Jericho com uma
Livro 5
voz dura e estranhamente profunda. Sua voz mudou

novamente, tornando-se mais leve e rápida. — Ela não está no
comando, ela não é o chefe. E eu não sei sobre você, mas tenho
mais medo do chefe do que dela.
E Charles percebeu que Jericho havia respondido à

pergunta de Anna literalmente. Ele estava repetindo
exatamente o que eles disseram em sua presença.
E eles estavam falando de uma "ela".
Charles olhou para Leah—ele não pôde evitar. Mas ela

estava olhando para Jericho com as sobrancelhas franzidas—
Charles não acreditava que ela tivesse descoberto exatamente
o que Jericho estava fazendo.
— O nosso trabalho, —prosseguiu o selvagem
serenamente, — é obter a informação deste, se tiver uma.
Ninguém vai sentir falta dele por um longo tempo. Se não
pudermos conseguir dele, iremos atrás de outro. —Jericho
suspirou alto e caiu na primeira voz. — E isso será um problema

Livro 5
porque alguém continua a eliminar nossa equipe de vigilância,
eu sei. Eu não gosto de ir as cegas, tampoc ... —Jericho parou de

falar.
— Anna pode ajudá-lo, —disse Sage atentamente. — Ela

acabou de quebrar uma maldição de cem anos em outro
selvagem. Eu estava lá.
A primeira declaração foi uma mentira. Charles voltou

sua atenção para Sage—porque nunca a ouvira mentir antes.
Ainda mais interessante do que a mentira foi a implicação de
que ela não acreditava que Anna pudesse ajudar Jericho.
Mesmo que ele a tivesse resgatado uma vez (e Charles se

lembrou do incidente mais ou menos do jeito que ela havia dito
a ele) ela estava com medo de Jericho. Charles poderia dizer
isso, embora seu controle fosse muito bom. Provavelmente ele
e Jericho eram os únicos que podiam sentir o cheiro. Charles
porque ele tinha Irmão Lobo e Jericho porque ele era
principalmente um lobo mesmo quando ele estava usando
peles humanas.
— Tampoc ...? —Anna perguntou.

Livro 5
— Eu o matei antes de terminar a frase, —disse Jericho

presunçosamente. — Ele provavelmente diria 'tampoco', mas
você me perguntou o que eles disseram. Não o que eu pensei
que eles iam dizer.
Asil disse: — Você está se sentindo falante esta noite, meu

amigo. —Ele soou um pouco desconfiado.
Algo está acontecendo, disse o Irmão Lobo. Algo está

errado com Jericho.
Bem, sim.
Mais errado, disse o Irmão Lobo atentamente.

Diferentemente errado.
Ele acabou de matar sete pessoas e está esperando dois dias por
sua sentença de morte, lembrou Charles. Mas eu concordo.
Satisfeito, o Irmão Lobo ficou em silêncio.
— Você os matou antes de te atacarem? —Perguntou

Leah.
— Não, —Sage sussurrou.
Jericho dirigiu seu olhar azul gelo para Leah.

Livro 5
— Eles invadiram meu território. Eles vieram com armas

de fogo e coisas afiadas. Com fios, interruptores e botões para
me fazer dizer coisas. Eles queriam levar o Bright embora. Eu
não podia deixar que eles fizessem isso. Eles disseram: Sage
não pode descobrir onde Frank Bright está, e ela tem anos aqui.
Quão difícil é encontrar o único homem negro entre os
desajustados de Bran Cornick?'
Charles saiu em disparada, mas respirou fundo para

perceber o que Jericho havia dito. Esse curto espaço de tempo
permitiu que Sage tivesse uma vantagem.
Enquanto ela estava correndo, ela agarrou seu colar. Ele

teve tempo de vê-la mudar para seu lobo o mais rápido que
pôde, sentiu a onda de bruxaria que lhe permitiu fazê-lo.
Então, uma nuvem de fumaça subiu no ar bem na frente

dele. A nuvem acre e gordurosa encheu seu nariz e boca e o
deixou tossindo e engasgando e tentando respirar. Ele parou e
tentou limpar o nariz com as patas, limpando o rosto no chão
quando isso não funcionou.
Livro 5
Asil passou sem hesitar, Leah e Juste em seus calcanhares.

Anna parou e tirou a blusa. Ela enxugou o rosto e as patas com
ele. Isso fez o truque e ele pôde respirar novamente.
— Bruxaria, —ela disse. — Eu vi algo estourar bem na sua

frente.
Cheirava a rançozo, disse Irmão Lobo. A magia estava

presa em um objeto. Nós saberíamos se ela fosse uma
bruxa nascida.
— Se ela tinha isso com ela, —disse Anna, — então ela

estava preparada para nós a descobrirmos.
Sim.
Sage era o traidor. Ele deixou-se processar isso, para

lamentar isso, mais tarde. Ele se levantou e se sacudiu,
tentando decidir como proceder.
— Heyya , —Jericho chamou.
Heyya significa, Ei, Você! Mas também tem um outro significado ... Hey Ya seria uma abreviação de 'Onisha's Heart Eat
Your Youth Amen' que significa 'O coração de Onisha comeu a sua juventude', que é uma cantiga de magia negra. Que foi
descoberto ser uma mensagem totalmente subliminar na musica que o grupo musical ‘Outkast’ cantavam.
Livro 5
O selvagem tinha Devon ao seu lado, e eles estavam

andando ao longo do lado da montanha a cerca de 6 metros
acima de Charles e Anna. Devon ainda tinha o rabo entre as
pernas e olhou para Jericho com olhos incertos—

provavelmente se perguntando por que Jericho o havia
amarrado, embora fosse difícil estar seguro com Devon.
— Ela está seguindo um caminho, —disse Jericho. — Eu

sei onde sai—há um atalho. Se eles não a pararem antes que
ela chegue tão longe, podemos pegá-la do outro lado.
Charles e Anna se esforçaram um pouco para subir a

encosta até chegarem ao caminho em que os selvagens
estavam. Não demorou muito para alcançá-los. Jericho não
estava com pressa, porque ele esperava por eles.
Ao se aproximarem, Jericho inclinou a cabeça e franziu a

testa para Anna. — Eu não conheço você, —ele disse. — Eu
deveria conhecer você?
— Olá, —disse Anna enquanto se aproximavam. — Nós

não nos conhecemos. Eu sou Anna, a esposa de Charles.
Livro 5
Jericho olhou para ela com olhos azuis que foram do lobo
para o humano com uma velocidade doentia. — O Ômega?
Ela assentiu.
Sem apertar seus músculos em advertência, sem uma

palavra ou um sinal, ele pulou em cima dela.
Eles rolaram pelo lado íngreme da montanha tão rápido

que Devon e Charles não os alcançaram até estarem quase no
final. Eles rolaram contra uma árvore e bateram nela, Anna
soltando um grunhido que tinha mais com o choque do que
dor nela.
Charles teria quebrado o pescoço de Jericho se Devon não

o tivesse jogado de lado, e então ficado em frente ao
emaranhado de corpos. Sua cabeça estava baixa, curvado
submissamente, sua cauda estava enfiada entre as pernas, e ele
tremia como um cavalo molhado em uma tempestade de neve,
mas ele ainda estava parado entre eles.
— É a segunda vez em um dia, —Anna reclamou com um

tremor de surpresa em sua voz. — O que há de errado com as
pessoas? Eles esqueceram suas maneiras? Oi, como vai? Não,
Livro 5
eu tenho um ataque completo como se eu fosse um

quarterback .
Se ela estava reclamando, ela não estava muito

machucada, embora rolar pela encosta rochosa da montanha
não lhe teria feito nenhum bem.
— Sem modos, —disse a voz abafada de Jericho. — Oh,

Deus. Oh, Deus. Você não desfila assim na frente de selvagens,
seu jovem idiota. O que você estava pensando?
Charles levou um segundo para perceber que ele era o

jovem idiota com quem Jericho estava falando. Charles
rosnou.
Jericho deu uma meia gargalhada trêmula cheia de

lágrimas. — Eu sinto muito. Sinto muito. Deus. Eu posso
Quarterback (QB) é uma posição do futebol

americano. Jogadores de tal posição são membros da equipe ofensiva do time (do qual são líderes) e alinham-se logo atrás
da linha central, no meio da linha ofensiva. Sua função é dar o inicio as jogadas e fazer passes para os wide receivers (Wide
Receiver (WR) é uma posição ofensiva do futebol americano e canadense.) e também, porém nem tantas vezes, para os tight
ends (O Tight End (TE) é uma posição ofensiva do futebol americano. É ele que dá a bola para o corredor iniciar uma jogada
de corrida, os corredores são geralmente o halfback e, em algumas poucas jogadas, o fullback.
Livro 5
pensar. Eu posso respirar. —Houve uma pequena pausa, e ele

disse, em uma voz perdida com um toque de pânico — O que
eu não posso fazer é deixar ir. Não dói. Não dói.
— Bem, isso me dói, —Anna disse em uma voz mais

rabugenta do que antes. — Nós apenas rolamos pelo lado de
uma montanha. —Desta vez houve um fio de pânico em sua
voz. — Não me entenda mal, mas realmente, eu ficaria muito
grata se você me deixasse levantar.
— Eu não posso, —disse Jericho.
Eles eram tão frágeis, esses selvagens de seu pai.

Absolutamente perigoso, mas eles eram frágeis. Ele está
assustando nossa companheira, rosnou o Irmão Lobo. Se
ele não parar, não importa quão perigoso ou frágil ele
seja—ele estará morto.
Devon gemeu ansiosamente—e o Irmão Lobo o tocou

com o nariz para assegurar-lhe que não matariam Jericho a
menos que eles tivessem que fazê-lo.
Falar parecia ser uma boa ideia se ninguém morresse,

então Charles mudou. Ele deixou sua forma humana vir sobre
Livro 5
ele mais devagar do que o habitual. Dessa forma, ele poderia

fazer mais uma mudança rápida se ele precisasse ser lobo
novamente sem puxar do bando.
Totalmente humano de novo, embora o estresse do último

minuto se refletisse em usar mocassins e camurça em vez de
jeans e botas, ele se levantou e empurrou Devon para o lado.
— Tudo bem, —ele disse a Devon, — mas eu preciso

resolver isso.
Os olhos de Anna estavam em pânico, e ele podia ver que

ela havia alcançado seu limite. Compreensivelmente, ela não
gostava de ninguém em cima dela nos melhores momentos.
Irmão Lobo teria acabado de matar Jericho e acabado com
isso. A morte viria para isso mais cedo do que tarde de
qualquer maneira.
Mas com a avaliação exata de sua madrasta da tristeza de

Bran em perder outro selvagem e a compreensão de que,
provavelmente, a menos que Leah o vencesse, ele teria que
matar Sage, Charles não tinha muito gosto por mais mortes.
Livro 5
Embora pelo menos, ele pensou com algum alívio, ele não
teria que matar Leah ou encarar seu pai em combate mortal.
Ainda não.
Em vez de matar Jericho, Charles tirou o lobisomem de

sua companheira enquanto Anna ajudou empurrando as
partes do corpo fora de seu alcance assim que ele as libertou.
Quando a pele de Jericho perdeu o contato com a de Anna, ele
gritou, todo o seu corpo preso em agonia. Charles finalmente
levou-o até o chão e prendeu-o de cara para baixo.
Lutar com lobisomens era complicado pelo fato de que o

peso não mantinha um lobisomem a menos que seu oponente
fosse do tamanho de um elefante, talvez. No entanto, agarres
comuns ainda funcionavam.
— Mexa-se de novo, —rosnou Charles, deixando o

domínio do Irmão Lobo colorir sua voz, — e eu vou quebrar
seu pescoço, e você não terá que se preocupar em tocar mais
em minha companheira.
Devon fez um som suave e assustado.

Livro 5
Anna, levantando-se e sem fôlego, disse: — Não se

preocupe, Devon. Ele não quis dizer isso.
Mas ele fez isso. Felizmente, a pessoa certa acreditou nele,

e Jericho se acalmou, ofegando e suando. E soluçando.
Anna agachou-se e tocou a pele do braço dele com os

dedos. Ela franziu a testa um pouco, estendendo a mão para
tocar Charles. Seu pulso ainda estava acelerado, e seu aperto
era forte demais—ela estava usando Charles para se acalmar.
Jericho teve sorte que Charles não quebrou seu pescoço de

qualquer maneira pela forma como o selvagem fez o coração
de Anna bater com o pânico reflexivo.
Assim que Anna o tocou, o corpo inteiro de Jericho

relaxou, embora ele ainda engasgasse com o estresse.
— Deuses, —ele disse, novamente.
Cuidadosamente, Charles deixou-o ir, ficando entre Anna

e Jericho sem quebrar o aperto de Anna no braço de Jericho.
O que o deixou muito perto do outro lobo. Ele gostava de se
distanciar um pouco se tivesse que matar alguém. Um pouco
de distância lhe dava mais opções.
Livro 5
Ele viu os olhos de Jericho fazerem a estranha curva azul

em direção ao gelo azul de seu lobo novamente. E por algum
motivo, a voz de seu falecido avô ecoou em sua cabeça.
Você sempre pode distingui-los por seus olhos. A

voz profunda do velho curandeiro soou em seus ouvidos como
se o pai de sua mãe estivesse bem atrás de Charles. Ele podia
imaginar onde ele estava quando ouviu essas palavras pela
primeira vez—ele tinha dez ou onze anos, e se aconchegou
perto do fogo com um punhado de outros garotos da idade dele
enquanto seu avô lhes ensinava as coisas que precisariam saber
quando fossem homens.
Ele não sabia por que estava pensando sobre essa história
naquele momento.
Sage não disse que lobisomens eram apenas a ponta do

iceberg quando se tratava de monstros? E ela estava certa.
Anna disse: — Alguns dias, esse trabalho de Ômega é pior

que os outros. O que acontece que todo mundo se joga em
mim?
Livro 5
— É o lobo, —disse Charles distraidamente. — Os

selvagens, a maioria deles, esgotaram sua capacidade de
controlar seu lobo. O espírito do lobo quer estar perto de você,
e sua metade humana não pode contê-lo.
— Desculpe, —disse Jericho, fechando os olhos. — Eu

sinto muito.
Charles podia ouvir em sua voz, sentir seu cheiro. Jericho

estava arrependido.
Então, por que Charles sentiu que estava perdendo algo

importante? Ele perguntou ao Irmão Lobo, que entendia o que
ele estava sentindo, mas também não sabia o que era. Ele não
foi de muita ajuda.
— Sage vai estar muito longe, —disse Anna. Ela não

parecia muito triste com isso.
Ele entendeu como se sentia—uma vida de nunca mais

ouvir, "Olá, olá, Charlie", novamente. Mas eles não podiam
deixar um traidor viver.
Devon fez um barulho e então Jericho disse: — Não. Não.

Ainda podemos chegar lá ... —Ele começou a se levantar,
Livro 5
afastando-se de Charles para fazê-lo. Ele também se afastou de

Anna. E Charles teve que derrubar o selvagem no chão para
evitar que ele atacasse Anna novamente.
— Não, —rosnou Charles com firmeza.
— Você e Devon vão, —disse Anna. — Se Devon conhece

o atalho?
Ela colocou a mão na de Jericho. Ele a agarrou e relaxou

novamente.
Devon choramingou.
Anna olhou para Charles. — Você e Devon podem ir e ajudá-

los com Sage. —Lágrimas brotaram e ela as limpou com
impaciência enquanto continuava com urgência. — Sage. De
todas as pessoas. Droga. Eu sei que ela não pode viver. Eu sei
disso. Mas você pode fazer isso rápido. Leah não vai. Você
conhece Leah—ela brinca com sua presa como se ela fosse um
gato ao invés de um lobisomem.
Jericho, libertado do controle de Charles novamente,

sentou-se, mas não fez outro movimento.
Livro 5
— Jericho e eu vamos ficar aqui, —Anna continuou. —

Vamos esperar que alguém volte e nos conte o que aconteceu.
Então podemos descobrir o que fazer sobre isso. —Ela fez um
movimento de ondulação para indicar suas mãos unidas.
Raro, a voz de seu avô. Mas mortal.
Charles, vendo os olhos gelados de lobo de Jericho,

lembrou-se abruptamente da história que seu avô contara
naquele dia em que Charles era um menino.
— Ela usa as peles de suas vítimas, —seu avô disse a

eles, sua voz trêmula com a idade. — Ela usava o
espírito e as lembranças também, como se fossem
roupas. Ela chorou quando minha tia teria chorado, ela
iria rir quando ela riu. Seu próprio marido e seus filhos
não podiam dizer que o monstro em sua casa não era
sua amada. Só eu vi o monstro vestindo a pele da minha
Livro 5
tia—e eu era apenas um garotinho mais jovem do que

qualquer um de vocês é agora. Eu não tinha ninguém
para mostrar o que eu tinha visto porque não havia
mais ninguém na aldeia para vê-la pelo que ela era. O

tio de minha mãe, que era nosso curandeiro e meu
primeiro professor, havia morrido no ano anterior.
— No entanto, naquele outono, um grupo de

mercadores chegou ao acampamento e seu xamã veio
com eles. Contei a ele sobre minha tia e pedi sua ajuda.
Ele veio comigo para o fogo onde minha tia e meu tio
estavam sentados—e ele disse ao meu tio que sua
esposa havia sido tomada pelo mal. Meu tio, ele não
acreditava no curandeiro estranho, nem nos
depoimentos de seu poder que os companheiros do
homem logo davam. A coisa que usava o rosto da minha
tia chorou e implorou ao meu tio para não ouvir as
palavras do estranho.
Livro 5
— Enquanto ela estava implorando, este curandeiro

veio e colocou a mão na cabeça da minha tia. Ela parou
de falar, congelada no lugar pelo grande poder que ele
tinha.
O avô de Charles suspirou. — Eu estava lá, e mesmo

assim, o que aconteceu é tão estranho que eu não sei
como construir a imagem para vocês. —Ele ficou em
silêncio e observou o fogo como se não tivesse notado
o terror que ele inspirou em seu público. — Durante
semanas, ele seria solicitado a examinar a mãe, a tia ou
o tio de alguém para se certificar de que não estavam
tomados. Aquele homem mais velho, —disse o avô de
Charles, — ele cantou uma música para ela em um
idioma que eu nunca tinha ouvido antes—e não ouvi
desde então. Depois de um momento, ele levantou a
outra mão e colocou-a assim. —Ele colocou a mão como
se descansasse na cabeça de uma mulher. Ele colocou
a outra para cima. Então, ele inclinou a mão lentamente
Livro 5
até que também estava com a palma para baixo. — E

sob sua mão foi formada outra pessoa, tão real quanto
você ou eu, uma velha mulher, nua, sentada na mesma
posição que minha tia. Então minha tia caiu para o lado.
Por um momento pensei que a salvara, mas estava
realmente morta. Seu cadáver apodreceu até que fosse
como qualquer corpo que estivesse morto há mais de
um ano. O curador mudou sua música e cantou por um
longo tempo. Por fim, a mulher nua desapareceu e o
curador ficou com uma pena de pássaro na mão.
O avô de Charles olhou cada menino nos olhos. —

Depois, aquele velho sentou comigo e me explicou qual
era o monstro que levou minha tia. Ele disse.: 'Um
homem da medicina, curandeiro ou xamã, que
abandonou sua conexão com o caminho da terra, é
mais malvado do que qualquer coisa que já conheci, e—
em minha juventude, persegui os homens com paus e
três vezes. separadamente eu derrubei a Fome que
Livro 5
Devora. Quando aqueles que são enviados para fazer

o bem se desviam desse caminho, quando ganham
poder e vida longa roubando a vida dos outros—não há
mal maior.' — Ele me disse que só tinha visto um desse

tipo. A criatura que levou minha tia é a única que eu vi
na minha vida. Eles são raros e perigosos. É difícil vê-
los, mas se você os olhar nos olhos ... Se você observar,
são os olhos deles que os entregam. Há apenas uma
maneira de matá-los, se você não é um curador como
ele ou eu. Isso é com fogo.
— Jericho, —disse Charles suavemente.

Uma mudança rápida, meu irmão, ele pediu ao lobo. Tão
rápido quanto nós já fizemos. Pelo amor de Anna.
Livro 5
Então, abrindo seu vínculo de acasalamento o máximo

que pôde, ele disse, Anna. Eu preciso que você faça algo por mim.
O selvagem olhou para ele, e Anna também.
— Jericho, —disse Charles novamente, pesadamente.

Desta vez, não foi um pedido para a atenção do outro.
— Os olhos do lobo de Jericho são amarelos.
Corra, ele disse a Anna. Corra e não pare.

Livro 5
A nna correu antes que seu cérebro reagisse.
Skinwalker , o Irmão Lobo respirou em seu vínculo. O

Diné o chamaria de skinwalker. Como tal, ele só pode
ser morto pelo fogo ou pela magia de um curandeiro.
Skin-Walker (skin walker, ou aqueles que andam sobre a pele) enquanto aparecem em várias
tradições nativas americanas, eles são melhor documentados na lenda navajo de "Yee Naaldooshii", que pode ser traduzida
como " com isso, ele fica de quatro ". É um tipo de "feiticeiro" na cultura navajo, em algumas versões, homens ou mulheres
que se tornam poderosos feiticeiros são chamados de "clizyati", que podem ser traduzidos como "puro mal"; nível alcançado
matando alguém em sua família para obter os poderes do Skin-walker, que tem a capacidade de se transformar, possuir ou
se disfarçar como um animal.
Os navajos (em navajo: Diné ou Naabeehó) são um povo indígena da América do Norte, da família linguística Athapaskan
(idioma navajo) e da área cultural Sudoeste. Originalmente, imigraram das áreas do norte e durante o século XVI tornaram-se
um povo pastor e caçador. O povoado vive numa reserva no nordeste do Arizona e continua em partes do Novo México e
Utah. É uma enorme área que vai desde Grants no Novo México, até o Grand Canyon, no Arizona; de Holbrook, no centro do
Arizona até o Rio San Juan, já no Colorado, inclui Monument Valley, parte do Deserto Pintado e parte da Floresta Petrificada.
Livro 5
E então, o Irmão Lobo a deixou de joelhos com a

lembrança súbita e completa de um lugar cheio de fumaça e
pouca luz, onde oito meninos ouviram aterrorizados quando
um homem idoso lhes contou uma história de advertência

sobre um monstro. E a informação que o velho dera àqueles
meninos também a aterrorizava.
Devon choramingou. Anna virou a cabeça para ver que

ele estava trotando para frente e para trás, observando os lobos
que lutavam—porque aparentemente o que quer que usasse o
corpo de Jericho não tinha problema em fazer uma mudança
rápida para o lobo.
Dado o que ela agora sabia sobre Jericho, ela deveria estar
correndo.
— Devon, —disse ela. — Devon, isso não é Jericho. —

Ela se lembrou do que Charles disse antes de atacar. — O lobo
de Jericho tinha olhos amarelos.
Devon congelou e olhou para ela.
— Skinwalker, —ela disse a ele. — Eles matam pessoas

cuja forma eles querem tomar, depois roubam sua pele. Eles
Livro 5
usam toda a sua pessoa como um casaco. Não é Jericho,

Devon. Ele está morto e o skinwalker roubou seu corpo e suas
memórias para usá-lo.
"Carne e espírito", o avô de Charles dissera. Deve ser por

isso que os laços de sangue entre o Marrok e os selvagens não
o avisaram e, através do Marrok, o resto do bando. Mas o
pensamento disso a fez querer ficar doente. Quanto de Jericho
foi deixado? Ele entendeu o que o skinwalker estava fazendo?
Ou ele estava realmente morto e "espírito" significava algo
diferente?
Anna, disse Charles, não posso derrotá-lo. Eu tenho

magia, mas não é o tipo que meu avô quis dizer. Ele
estava se referindo à magia de um homem santo. Saia
daqui, meu amor. Saia daqui e avise os outros. Chame
meu pai e diga a ele que eu ...
Sua voz em sua cabeça cortou quando o ar ao redor da

coisa que era Jericho ondulou onde o lobisomem tinha estado.
E em seu lugar havia um urso muito maior que os ursos pardos
que vagavam pelos territórios do bando.
Livro 5
Anna, por favor, implorou Charles.
Você deve sobreviver para contar ao nosso pai, caso

ele nos leve, disse o Irmão Lobo. Ele não poderá dizer até
que seja tarde demais.
Charles esperava morrer. Ele esperava morrer e que o

skinwalker tomaria sua forma. Como o skinwalker
provavelmente estava planejando fazer com Anna depois de
separá-la dos outros, mandando-os embora atrás de Sage.
Sage sabia o que o skinwalker era—sabia quem era. Isso é

o que aqueles estranhos pedidos tinham sido enquanto Jericho
estava falando. Sage e o skinwalker se conheciam—e Sage
estava pedindo a Jericho-que-não-era-Jericho que não a traísse
para eles.
Eles estavam procurando por Wellesley. Jericho-que-não-

era-Jericho, chamara-o de Frank Bright—o nome que
Wellesley usara antes de vir para cá. Eles tinham ido a Hester
e Jericho porque—Anna colocaria dinheiro nisso—eram os
únicos dois selvagens em cujas casas Sage estivera. Mas em
algum momento durante o ataque a Jericho, o skinwalker
Livro 5
tinha visto a chance de fazer mais do que isso, para se tornar

um do bando de Marrok.
Anna tentou visualizar o que tinha visto quando aquela

bomba fedorenta disparou e afastou Charles do caminho.
Teria vindo de Jericho—que estivera na trilha acima de
Charles? Charles, já em forma de lobo, era o mais provável de
pegar Sage. Mas a distração também permitira ao skinwalker
isolar Charles e Anna do resto—e, por fim, Jericho tentou
isolar Anna.
E então houve Sage. Ela estava procurando por Wellesley

há mais de vinte anos? Ou o seu principal objetivo era ser um
espião?
Mais tarde, Anna disse a si mesma, ela descobriria mais

tarde. Ela não permitiria que o skinwalker tivesse seu
companheiro. Charles tinha que continuar lutando enquanto
ela procurava uma maneira de matá-lo.
Anna não sabia onde encontrar um homem santo, mas

sabia que eles haviam acabado de incendiar uma cabana, e os
três veículos estacionados a apenas três quilômetros da trilha
Livro 5
estavam na cabana de Hester ontem—e Asil estava

encarregado do fogo.
Enquanto ela estava pensando—apenas um segundo ou

dois, ela tinha certeza, Devon tinha desaparecido.
Aparentemente, o urso Kodiak que aparecera no lugar de
Jericho-lobo o havia convencido quando ela não o fez.
Anna ficou de pé e correu para onde eles deixaram os

veículos. Não haveria um homem santo esperando por ela,
mas talvez alguém ainda tivesse coisas que ela pudesse usar
para colocar um skinwalker em chamas. Ela tentou não se
lembrar que ela havia andado em dois desses veículos e não se
lembrava de ter percebido o cheiro de qualquer coisa volátil.
O urso-de-kodiak (Ursus arctos middendorffi) também conhecido como urso pardo de

kodiak ou urso pardo do Alaska é uma subespécie de urso-pardo que habita as ilhas do arquipélago de Kodiak no sudeste do
Alasca e ilhas adjacentes. É designado por vezes como urso-gigante-do-alasca devido ao seu grande tamanho, pois trata-se
do maior urso pardo e rivaliza com o urso-polar no título de maior carnívoro terrestre.
Livro 5
Os carros estavam todos trancados. Como Asil estava
encarregado da pira de Hester, o seu foi o primeiro carro que

ela atacou. Ela provavelmente poderia ter quebrado o trinco

da porta do bagageiro, mas não tinha certeza o suficiente para
tentar. Se ela falhasse, ela poderia simplesmente atrapalhar a
coisa estúpida—e isso a atrasaria ainda mais.
Então ela quebrou a janela do lado do motorista com o

cotovelo. Uma pedra teria lhe poupado um pouco de dor, mas
ela estava preocupada demais com o tempo para procurar por
uma pedra.
— Mantenha-o ocupado, —ela murmurou para o marido,

mas ela não enviou ao longo de seu vínculo. Ela não queria
distraí-lo. Aquele Kodiak tinha sido tão grande quanto um
caminhão e profanamente rápido.
Charles era o bicho-papão dos lobisomens. Ele poderia

pegar um urso, não importava o quão grande fosse. E tudo o
que ele tinha que fazer era aguentar até ela voltar.
Ela abriu a porta traseira do Mercedes de Asil com um

botão e encontrou um isqueiro para churrasco, mas nada mais.
Livro 5
Nem havia sinal de que houvesse alguma outra coisa.

Conhecendo Asil, ele provavelmente tinha C-4 escondido em
contêineres fechados junto com detonadores em algum lugar
no carro. Mas ninguém além de Asil seria capaz de encontrá-

lo. Ela se perguntou se C-4 mataria o skinwalker assim como
o fogo faria.
— Vamos, vamos, —disse ela, frustrada com o veículo

vazio. — É um começo, mas eu preciso de algo maior.
Não muito longe, ela ouviu o som de uma motocicleta e

se perguntou se Sage havia planejado o suficiente para ter
escondido um veículo para usar—ou se ela acabara de
encontrá-lo em algum lugar. Anna supôs que poderia ser outra
pessoa, mas os selvagens viviam nos cantos mais remotos do
território do bando, então era improvável.
Ela quebrou a janela do SUV da Sage com o cotovelo

esquerdo, pois o direito ainda estava dolorido do carro de Asil.
Uma busca rápida, durante a qual a motocicleta parecia estar
se aproximando, mostrou a ela que não havia nada no carro
de Sage que pudesse ser útil. Mas ela pegou a arma de bruxa e
enfiou-a na parte de trás do jeans. Ela tinha certeza de que o
Livro 5
velho xamã que conversou com o avô de Charles teria tentado

uma arma de bruxa em um skinwalker se ele tivesse uma.
O motociclista deve estar vindo para cá porque isso era

remoto o suficiente para que não houvesse nenhum outro
lugar. Isso parecia indicar que quem quer que fosse, afinal, não
era Sage. Se ela tivesse uma motocicleta para escapar, Sage
estaria indo embora daqui o mais rápido que ela pudesse ir.
A tampa da carroceria da picape de Leah não estava

trancada. Na traseira da caminhonete, amarrada com corda,
havia uma lata batida de cinco galões de gasolina.
— Aleluia, —disse ela. — Apenas mantenha ele ocupado,

Charles, eu estou indo.
Ela saltou da caminhonete de Leah com a lata de gasolina

cheia em uma mão e a mais leve na outra assim quando a
motocicleta—carregando um Wellesley sem capacete—subiu
a trilha e deslizou a moto para uma parada com toda a
desenvoltura de um motocross.
— O que há de errado? —Perguntou Wellesley ao mesmo

tempo em que ela perguntou: — O que você está fazendo aqui?
Livro 5
Ele acenou para ela para que ela respondesse sua pergunta
primeiro.
— Charles ... —Ela começou a dizer-lhe, então percebeu

quanto tempo isso levaria.
— Eu não tenho tempo para isso, —disse ela, impaciente,

e subiu a trilha, carregando a lata cheia de cinco litros e o
isqueiro. Ela não se importava se acendesse a floresta inteira
em chamas desde que salvasse Charles. Wellesley correu ao
lado dela. Ele não fez nenhum esforço para tirar a lata de
gasolina dela.
— Fale enquanto corre—disse ele.
— Se eu posso falar, —ela respondeu, aumentando seu

ritmo, — então eu não estou correndo rápido o suficiente.
Aparentemente, ele poderia correr e falar com ela em um

ritmo mais rápido porque ele disse: — Eu estou aqui porque
meu espírito lobo me acordou de um sono profundo e me disse
que nosso inimigo estava próximo. Então, o que você está
tentando queimar, Anna Cornick? Por que você está com tanta
pressa para fazê-lo?
Livro 5
— Skinwalker, —ofegou Anna. Ela decidiu que falar

poderia ser útil, afinal, ela diminuiu o suficiente para conseguir
administrar frases curtas. — Eu acho que é a versão nativa
americana de uma bruxa negra.
Wellesley sorriu, com os olhos dourados, e quando falou,

sua voz também tinha um som de lobo. — Eu sei o que é um
skinwalker. Havia um skinwalker em Rhea Springs.
Ela está aqui.
— É ele, —Anna bufou.
— Ele não se importa com a forma que assume, —disse

Wellesley. — Masculino ou feminino.
Havia muita confiança em sua voz.
— Você se lembrou do que aconteceu em Rhea Springs,

—disse ela.
— Eu lembrei, —disse ele. — Eu me lembrei ...
A dor a atingiu através de seu vínculo de acasalamento,

afiado e repentino. Ela colocou um pé errado e caiu em uma
árvore, incapaz de recuperar o equilíbrio enquanto sua mente
Livro 5
estava consumida pela agonia que não tinha nada a ver com
sua queda.
A coisa que usava a pele de Jericho não era um lobisomem

tempo suficiente para descobrir como lutar naquele corpo.
Não demorou muito para o skinwalker descobrir isso e tomar
outra forma.
O Kodiak, o irmão maior e mais forte do urso Pardo,

superou Charles de cinco para um, e era quase tão rápido
quanto ele. Mas não foi o primeiro urso que Charles lutou,
nem mesmo o primeiro Kodiak. Ele preferia deixá-los
sozinhos se pudesse—até um lobisomem tinha seus limites, e
um Kodiak era muito próximo deles. Mas havia momentos,
como agora, que a luta não podia ser evitada.
Charles era mais manobrável e—Irmão Lobo estava

seguro depois dos primeiros minutos de batalha—mais
Livro 5
experiente em utilizar as habilidades da forma do Irmão Lobo

do que o skinwalker estava acostumado a usar a forma do urso.
Mesmo assim, o urso fez o skinwalker muito mais

formidável e menos desajeitado do que ele como um lobo. O
que indicava que ele havia lutado antes nessa forma.
Ao lidar com um predador maior do que ele, Charles

gostava de usar o método de luta de golpear e correr. Era
menos eficaz contra o urso do que ele gostava—o urso tinha
uma pele dura e grossa coberta por pêlos grossos e duros e uma
camada de gordura por baixo disso. Embora Charles fosse
capaz de fazer muitos cortes na superfície, eles não eram
profundos o suficiente para ser algo mais do que irritante. Mas
envolver o urso completamente provavelmente terminaria
com Charles achatado sob a força maior do urso. O truque
para lutar contra os ursos era cansá-los.
O único golpe que o urso tinha conseguido quebrara três

costelas. Charles, lembrando-se a tempo de poder recorrer a
força do bando para curar, conseguiu manter-se, embora não
o curasse completamente.
Livro 5
Mesmo com a magia do bando, os ossos provavelmente

permaneceriam frágeis por um dia ou dois, e um pouco de dor
o lembraria disso. Além disso, ele não queria usar tudo o que
poderia tirar do bando. Foi preciso muito poder para libertar

Wellesley e, embora houvesse alguns pesos pesados no bando,
ele não tinha a experiência de saber quais eram os limites.
Ele também aprendeu algo sobre o skinwalker no primeiro

momento de bater e correr. Na maioria das vezes, Charles
lutou contra a inteligência do urso e não contra a do
skinwalker. Na maioria das vezes, o urso lutava como um
urso. O que foi inteligente por parte do skinwalker porque esse
urso sabia como lutar.
Mas se ele estava lutando com um urso, havia algumas

coisas que Charles poderia fazer.
Ele deu uma segunda mordida no flanco do urso, logo

acima de uma ferida anterior, e desta vez suas presas cravaram
na carne. Também era um lugar onde o urso não podia
alcançá-lo, então permaneceu até que a carne do urso começou
a ceder sob suas presas.
Livro 5
Ele esperou até que o urso começasse a se mover, pouco

antes de a carne ceder e deixar Charles no chão. Então,
cavando com as quatro patas com garras, Charles subiu na
fera.
Ele aproveitou a oportunidade para tentar cavar a espinha

do urso, logo atrás das costelas, onde havia menos carne para
protegê-lo. Seus dentes se fecharam nos ossos, mas quando o
urso rolou, ele soltou o aperto.
Charles correu e virou-se para olhar o urso a uma distância

de cerca de seis metros. Não era uma distância segura, não
queria uma distância segura. Sua única intenção era lutar o
maior tempo possível para dar tempo a Anna para avisar a
todos.
Ele tinha feito mais dano do que ele pensava. Um pedaço

de pele de urso do tamanho de uma toalha de mão tinha sido
jogado para um lado, batendo como um cobertor de cavalo
solto. Sangue perfumava o ar e pingava no chão. Mas quando
o urso se moveu ficou claro que, por mais horrível que fosse,
era apenas uma ferida na pele, impressionante, mas menor, e
não estava sangrando o suficiente para enfraquecê-lo.
Livro 5
Mas doía.
O grande urso levantou-se e rugiu, sua forma vertical

quase três metros de altura. Qualquer criatura mais inteligente

que um urso teria sido esperta demais para fazer isso com a
inclinação íngreme da montanha atrás dele. Charles pulou e
acertou o urso no rosto com seu corpo, fazendo com que o urso
caísse de um lado da montanha. Os dentes da fera abriram um
corte no ombro de Charles, que não estava esperando o
movimento, por isso foi lento. Ele não foi capaz de conseguir
um bom controle e Charles também caiu.
Charles desequilibrou-se alguns passos, mas estava de pé

de novo e atormentou o urso enquanto rolava os cerca de
cinquenta metros de terreno rochoso muito íngreme até o
fundo. Quando ele parou, antes que ele pudesse se levantar,
Charles caiu em suas costas e foi para sua coluna, que agora
mostrava o branco na sua cama de carne.
Ele fechou as mandíbulas nos ossos e o sacudiu o mais

forte que pôde. Abaixo dele, o urso primeiro tentou se levantar
e se virar. Mas ele caiu desajeitadamente e Charles foi capaz
de impedi-lo de encontrar a influência para fazer muito mais
Livro 5
do que mexer. Ele deu uma sacudida forte ... e a coluna se

separou com um estalo e uma ruptura terrível.
Os quartos traseiros do urso caíram moles e Charles saltou

para longe da dianteira ainda perigosa. Os olhos humanos
azuis do urso olharam para ele com uma expressão mortal
enquanto ele rugia e estalava os dentes juntos.
Charles rosnou, mostrando ao skinwalker suas próprias

presas. Ele ficou para trás enquanto seu oponente se debatia e
lutava—aparentemente não prestando atenção em nada além
de alcançar Charles. Charles tornou-se gradualmente
consciente dos músculos doloridos, da rigidez do ombro
esquerdo e da dor persistente das costelas.
Eventualmente, a perda de sangue, agravada pela recusa

do urso a ficar parado, venceu. A fera gigante deu um último
suspiro e desabou rasgado no chão. Respirou quatro vezes,
depois o ar saiu com um suspiro e os olhos azuis ficaram
vidrados.
Charles esperou. Ele não se lembrava de uma só vez que

seu avô esteve errado sobre alguma coisa. Charles não era um
Livro 5
homem santo e, portanto, ele não deveria ter matado o

skinwalker. Mas indiscutivelmente, o skinwalker na forma do
urso estava morto. As orelhas de Charles não conseguiram
captar o som do coração do inimigo. Ele esperou até que seu

nariz lhe dissesse que a morte tinha começado seu trabalho, o
corpo começou a se decompor, antes de decidir que seu avô
estava enganado. Lobisomens não eram nativos deste
continente, talvez por isso seu avô não tivesse mencionado
lobisomens como uma forma de matar skinwalkers.
Charles procurou por Devon. Ele teria pensado que o

selvagem teria se juntado à luta—ao lado de Jericho. Jericho
era amigo de Devon, e Charles e Devon eram apenas
conhecidos. Mas Devon estava longe de ser visto, seu cheiro
apenas uma sugestão no vento. O que quer que Anna tenha
dito a Devon quando ela perdeu tempo, que ela deveria ter
usado para fugir, foi eficaz.
Agora que ele a assustou até a morte, ele supôs, seria

melhor que ela soubesse que ...
Seiscentos e oitenta quilos de Kodiak o atingiram como

um trator. Seu ombro esmagou contra uma árvore, e a agonia
Livro 5
gritante iluminou todo o seu corpo. De alguma forma, a magia

do skinwalker havia escondido o som do movimento, o
renascimento do urso e a sensação de magia do sangue em
ação, então o urso pegou Charles de surpresa.
Em sua cabeça, a voz de um velho homem frágil dizia:

Meu neto, por que você sempre tem que aprender da
maneira mais difícil?
Leah correu, focada em seu objetivo. Ela era mais alta que Asil
e Juste, e ela os ultrapassou.
Ela era uma caçadora habilidosa e aprendeu com os erros

dos outros. Ela não se permitiu chegar perto o suficiente de
Sage para ser vítima de um de seus truques de bruxaria como
Charles tinha sido. Mas ela manteve Sage à vista.
Ela tinha a vantagem neste terreno, ela pensou. Com o seu

companheiro, viajou por todo o seu território, ficou acordada
Livro 5
até tarde da noite discutindo a topografia, seus pontos fortes e

fracos. Ela sabia, por exemplo, que Sage estava tentando levá-
los a uma rota indireta para os carros. Sage esperava que eles
a deixassem ir longe o suficiente para pegar um deles e escapar.
Leah nunca se ressentira tanto com o protocolo que

proibia os telefones celulares. Seria bom alertar o bando, para
que eles pudessem montar bloqueios em todos os pontos em
que Sage pudesse tirar seu SUV dessas montanhas. Talvez até
conseguir alguém aqui a tempo de desativar o carro de Sage.
Mas o telefone mais próximo ficava na cabana de Jericó, e isso
era muito longe para lhes fazer bem.
Leah tinha certeza de que Sage não tinha conhecimento

para dar partida em um dos carros sem uma chave—graças a
Deus que Charles havia deixado sua caminhonete velha em
casa. Mesmo Leah poderia fazer ligação direta em uma
caminhonete daquelas em cerca de dez segundos.
Ela tinha uma arma, escondida em um coldre de ombro,

mas não se incomodou em tirá-la. Ela tinha um tiro decente,
mas a esse ritmo, ela dificilmente atingiria Sage. Além disso,
Livro 5
matar Sage com uma arma seria muito menos satisfatório do

que matá-la com sua faca.
Ela pulou uma árvore, levantando os pés para não

tropeçar. Sage estava se mantendo em terreno irregular onde
podia porque Leah era mais rápida, mesmo com dois pés do
que Sage em quatro patas.
Parte disso era porque Leah corria em sua forma humana

todos os dias. Parte disso era que Leah era construída como
uma corredora. Mas a maior parte era que, como a
companheira do Marrok, a segunda no bando, ela podia
aproveitar a força do bando para ajudar seus músculos.
Ela manteve o lobo de Sage à vista, embora o pêlo

dourado claro e escuro fosse ainda melhor do que o pêlo de
Leah para se misturar na luz e na sombra da floresta por onde
passavam. Depois de cerca de três quilômetros, Juste e Asil
estavam um pouco atrás delas, e ela estava apenas se se
ajustando calmamente. Mas tudo bem.
Ela poderia levar Sage.

Livro 5
Seu companheiro disse a ela que suas atitudes estavam

presas no século XIX. Ela sabia que Bran se preocupava que
sua falta de confiança ao enfrentar um oponente machucado a
machucasse algum dia. Mas ela o tinha para isso—e não havia
uma mulher lobisomem no planeta que ela temia.
Eles estavam quase de volta aonde tinham começado—

um truque da trilha que Sage estava tomando. Isso significava
que eles estavam a cerca de dois quilômetros dos carros.
Sage olhou por cima do ombro e Leah pôde ver a

consternação que a encheu quando viu Leah. Ela realmente
pensou que poderia correr mais do que Leah. Ela não foi a
primeira pessoa a subestimar Leah. A maioria deles estava
morta.
Seu companheiro era a única pessoa que realmente a via.

Ele pode não gostar dela— Leah sabia disso e isso não a
incomodava. Muito. Mas Bran Cornick apreciava suas
habilidades e pontos fortes e a respeitava. Ele realmente não
respeitava muitas pessoas. Ela se contentaria com isso.
Livro 5
Ela aumentou sua velocidade, diminuindo a distância

entre elas. Até mesmo Bran ficaria surpreso por ter sido ela, e
não seu filho, quem matou seu traidor.
Ela estava a apenas trinta metros de Sage quando sentiu

uma luz trêmula nos laços que indicavam que alguém de seu
bando havia sido gravemente ferido. Quem? Ela desacelerou,
deixando a vantagem de Sage voltar a crescer, enquanto
procurava pelos laços que a prendiam à seu bando.
Charles.
Como Charles se machucou? Não parece magia, então não é um

efeito de qualquer coisa que Sage tenha jogado em seu rosto. Ela era
lobisomem há muito tempo e sabia ler os laços. Esta era uma
lesão física, grave o suficiente para significar a morte.
Um urso rugiu seu triunfo—da direção da caverna de

Jericho. O que no mundo fez Charles lutar com um urso quando
temos um traidor para pegar?
Ela se virou para o som. Sage teria que esperar.
Não, não a machucaria se Charles morresse. Ela não

gostava dele, e ela nunca fez nenhum comentário sobre isso.
Livro 5
Ele era taciturno e silencioso, e ela tinha mais medo dele do

que de qualquer outra pessoa, não excluindo Asil.
Mas se a morte de outro selvagem machucaria seu

companheiro, a morte de seu filho seria muito pior.
E embora ela soubesse que Bran não a amava, sabia que o

amor não tinha parte em sua barganha há muito tempo, não
importava. Ela amava seu bastardo com um coração frio e
imperfeito, com um coração egoísta. Se ela pudesse salvar
Charles, ela o faria.
E Charles não odiaria isso. Ela sorriu largamente

enquanto corria, arrastando Asil e Juste em seu rastro com um
aceno de mão.
Encostada contra uma árvore, Anna olhou para Wellesley

com lágrimas nos olhos. — Ele está ferido, —disse ela,
frenética demais para se perguntar se Wellesley saberia de
Livro 5
quem ela estava falando. — Ele está ferido. Nada pode matá-
lo. Apenas um homem santo ou fogo—e Charles não tem
nenhum.
Em vez de respondê-la, Wellesley pegou a lata de cinco

galões e encontrou o isqueiro onde havia caído quando ela
caiu. Anna se levantou devagar, sentindo-se confusa e tonta,
embora a dor tivesse diminuído um pouco. Ela não podia dizer
se era porque Charles tinha apertado o vínculo ou porque ele
estava perdendo a consciência.
Mas a dor significava que ele ainda estava vivo e, se ainda

estivesse vivo, não havia tempo para ficar parada. Ela manteria
o luto quando fosse tarde demais para fazer alguma coisa.
— Leve-me até lá, —disse Wellesley. — Eu posso ajudar.
E foi aí que ela realmente olhou para ele e prestou atenção

no que viu.
Em algum momento, quando eles o deixaram em casa,

cansado mas inteiro, e agora, ele havia reassentado sua pessoa.
Este homem não era um artista inofensivo. Ali estava o
homem que sobreviveu à escravidão do pior tipo, que
Livro 5
sobreviveu a uma maldição por quase um século e emergiu

são. Tal homem poderia comandar exércitos—ou Anna, um
pouco maltratada, que tinha um skinwalker para matar.
Apesar da dor que vinha do vínculo, Anna se permitiu um

pouco de esperança. Ela decolou novamente, tentando
aumentar sua velocidade de volta para onde estava. Ela não
teve sucesso—torceu o tornozelo muito bem, e mesmo com o
aumento da cura que seu lobisomem ganhou, doeu.
Wellesley segurou seu cotovelo duas vezes quando ela

teria tropeçado.
Eventualmente, embora fosse provavelmente apenas

alguns minutos, a dor desapareceu, e ela retomou seu ritmo
vertiginoso. Eles passaram pela cabana de Jericho. Charles
ainda estava vivo—mesmo que o vínculo deles estivesse tão
quieto que a assustasse.
Livro 5
Tiros foram ouvidos. Anna hesitou—quem estava atirando?

Charles não tinha uma arma com ele. Sacudindo sua surpresa,
Anna correu para a trilha onde ela o deixou, mas a luta tinha
ido morro abaixo e na direção das árvores.
Ela e Wellesley desceram com dificuldade até que

puderam ver uma segunda descida ainda mais íngreme para a
verdadeira batalha abaixo.
Charles estava amassado em um monte, e Leah, Asil e

Juste estavam espalhados entre ele e o urso. Leah tinha uma
arma em uma mão e uma faca de aparência perversa na outra.
Asil tinha uma arma branca em algum lugar entre uma faca e
uma espada curta—e o sangue pingava dela.
Juste jogou uma pedra do tamanho de um punho contra a

cabeça do urso. Um arremessador da Major League não podia
Major League (Liga Principal) é um filme de comédia esportiva americano de 1989, produzido por
Chris Chesser e Irby Smith, escrito e dirigido por David S. Ward, estrelado por Tom Berenger, Charlie Sheen, Wesley Snipes,
James Gammon, Bob Uecker, Rene Russo, Dennis Haysbert e Corbin Bernsen. “Dona de time de base baseball contrata os
piores jogadores disponíveis para poder vendê-lo. Mas o plano não sai como esperado.”
Livro 5
competir com um lobisomem por velocidade ou força. O urso

tentou sair do caminho, mas a pedra atingiu-o na cabeça com
uma rachadura que o derrubou.
Anna teria mergulhado morro abaixo, mas Wellesley

segurou seu braço.
— Espere, —ele disse a ela, seus olhos no urso. — Eu

preciso que você fique de guarda. Ela vai tentar me impedir
quando perceber o que estou fazendo.
Ela tirou os olhos de Charles e os virou para Wellesley e

exigiu em uma voz que ela mal reconhecia como sua própria:
— Você é um homem santo?
— Você está perguntando se eu posso acabar com essa

criatura? Eu sou o último descendente da família mais sagrada
do meu clã. A terra fala comigo. Posso acabar com essa
criatura? —Seu sorriso era feroz. — Eu não sei, mas eu sonhei
em tentar por muito, muito tempo.
Wellesley pegou um pano dobrado em uma sacola que

cheirava a alho, pimenta, limão e algumas coisas
desconhecidas. Ele se abaixou e pegou folhas velhas, grama
Livro 5
seca e alguns gravetos. Ele rapidamente limpou um espaço de

qualquer coisa queimada e usou o combustível que juntou para
construir os ingredientes de um fogo em miniatura, despejando
a mistura de especiarias em cima disso.
Abaixo deles, Leah colocou três rodadas no urso—e Juste

o acertou com outra pedra. Dos dois, balas ou rocha—a rocha
parecia causar mais danos. Mas foi Asil, com seus pés leves,
que deu o golpe de morte ao pular no urso ferido e deslizou
sua espada entre as omoplatas e a espinha.
Wellesley se ajoelhou no chão e, embora Anna lhe

trouxesse o galão de cinco litros de gasolina e um isqueiro de
churrasco, ele acendeu o fogo segurando a mão dele e
murmurando uma palavra que fez os pêlos da nuca dela se
erguerem. Ele fechou os olhos e começou a entoar mais de um
canto, na verdade, em uma linguagem líquida que ela nunca
tinha ouvido antes.
Ela procurou algo para ajudá-lo a defendê-lo—e acabou

acumulando pedras do tamanho certo. As rochas de Juste
estavam se mostrando eficazes—e ela sabia como jogar uma
bola de beisebol.
Livro 5
Era uma pena, ela pensou tristemente, que não fosse uma
bruxa. A arma provavelmente seria uma arma muito melhor
do que ...
— Você tem algo que pertence ao skinwalker, —disse

Wellesley cantando as palavras com o mesmo ritmo que ele
estava usando, então quase lhe escapou que ele estava falando
com ela.
— Eu tenho isso, —e puxou a arma da parte de trás do seu

cós.
Ele não abriu os olhos, apenas inclinou a cabeça. — Por

favor, coloque-o no fogo, —ele pediu.
Anna olhou o fogo. A arma era feita principalmente de

metal—e o fogo de Wellesley não estava tão quente. Mas ela
não discutiu com ele, apenas deslizou-a cautelosamente para o
fogo.
Ela ficou de olho na luta.
O urso desabou após o golpe de Asil. Asil continuou em

frente, impulsionado por seu próprio ímpeto para se afastar
Livro 5
cinco ou seis passos do urso. Ele virou-se para ver a fera caída.
Leah e Juste se aproximaram cautelosamente.
Charles se mexeu, depois cambaleou a seus pés. A

sensação de sua dor somada à dor de sua mudança a fez ofegar.
Ele olhou para onde Anna e Wellesley estavam, e ela podia
sentir sua consternação.
Anna, ele disse, e ela podia sentir seu desespero, fuja,

meu amor. Essa coisa não pode ser morta.
Eu encontrei um homem santo, ela disse a ele um

pouco presunçosa apesar de sua preocupação. Ele está um
pouco quebrado, eu acho. Mas ele acredita que ele
pode fazer isso. Se não, eu tenho gasolina e um
isqueiro.
Atrás deles, a forma da besta ficou embaçada, encolheu e

uma garotinha, não mais do que seis ou sete anos, subiu até as
mãos e joelhos onde o urso tinha acabado de estar. Ela usava
um vestido esfarrapado de algodão cru, e seu cabelo escuro
estava emaranhado. Ela olhou em volta com os olhos
arregalados e sua boca tremeu.
Livro 5
— Não me machuque, —disse ela, afastando-se, olhando

para Asil. — Eu não fiz nada para você. Não me machuque.
Em algum momento, em algum lugar, o skinwalker havia

matado e esfolado uma criança. Por um momento, Anna mal
conseguia respirar.
Charles se virou com as primeiras palavras da garota.

Assim como Anna congelou momentaneamente. Avise-os,
disse o Irmão Lobo enquanto seus companheiros de bando
saíram do modo de batalha. Não é uma criança. Anna,
avise-os.
— Ela é um skinwalker, —ela gritou. — Um metamorfo,

uma bruxa. Não é ... Cuidado, Asil!
Fluindo da forma da criança, o urso, agora ileso, levantou-

se novamente, seus loucos olhos azuis brilhando com a luz do
sol. Ele acertou Asil com força, que, alertado por Anna,
agachou-se sob o golpe e se dirigiu para a parte inferior do
urso. Mas o urso viu Wellesley. Ignorando a enorme ferida que
Asil havia feito em seu abdômen, que o deixou com coragem
de escapar, ignorando os lobisomens que o atacavam, o urso
Livro 5
começou a correr pela encosta da montanha em direção a

Wellesley e Anna.
Sage não soube o que tinha distraído Leah. Ela tinha caçado
com a companheira do Marrok por duas décadas ou mais, e
teria jurado que nada poderia tirar Leah da trilha uma vez que
ela tinha escolhido isso—mas Sage não ia olhar os dentes do
cavalo dado .
O carro dela estava estacionado ao lado do Mercedes de

Asil—embora alguém—Anna, pelo cheiro do sangue—tinha
quebrado a janela. Ainda bem, porque Sage teria que fazer a
mesma coisa. Ela pegou o amuleto que pendia da tira de couro
em volta do pescoço e mordeu-o novamente.
"A cavalo dado não se olha os dentes" é um provérbio que significa, de forma geral, que ao recebermos um presente,
devemos mostrar satisfação mesmo que não seja do nosso agrado. Na situação atual de Sage querendo saber porque a Leah
parou de perseguí-la.
Livro 5
A velocidade da mudança a fez cerrar os dentes e

estremecer. Ela não fez nenhum barulho, no entanto. Ela não
sabia onde estavam os lobisomens e não tinha intenção de
chamar a atenção deles se pudesse evitar.
Esperançosamente, eles estariam totalmente ocupados

com a vovó Daisy. Trêmula e nua, Sage abriu a porta do seu
SUV e pegou a mochila do banco de trás. Ela colocou um
conjunto de roupa que ela mantinha lá.
Vestida, com a chave sobressalente do SUV na mão, ela

respirou fundo pela primeira vez desde que olhou nos olhos de
Jericho e percebeu o que vovó Daisy havia feito. Ela era uma
criatura antiga—Sage não sabia quantos anos, porque sua avó
escolheu se chamar de vovó Daisy. Antigos predadores sabiam
como ser pacientes. Mas, evidentemente, sua paciência
finalmente se esgotou.
Irônico que isso tenha acontecido no dia em que Sage

finalmente encontrou sua presa. Décadas de busca porque o
Marrok mantinha seus selvagens em segredo de todos, exceto
sua companheira e seus dois filhos. Então Asil veio ao
bando—e ele também foi enviado para lidar com os selvagens.
Livro 5
Ela se agarrou a ele para ver se poderia persuadi-lo a contar

histórias—e porque ele era bonito.
E ele era lindo.
Ela iria se arrepender de Asil, ela pensou. Talvez uma vez que
sua avó tivesse o bando sob seu controle—supondo que ela
pudesse torturar o segredo dos colares de Wellesley, e Sage
nunca subestimava sua avó Daisy—talvez Sage pegasse Asil e
o usasse por um tempo.
O pensamento a fez sorrir.
Ela se preocupou quando vovó a expôs, preocupada que

de alguma forma ela tivesse desagradado ao skinwalker. Mas
quando vovó detonou a bomba fedorenta no rosto de
Charles—Sage entendeu. Se a vovó Daisy conseguisse ficar
sozinha com Charles—se ela levasse Charles para longe—ela
poderia levar tudo: o bando, Wellesley e tudo mais.
Vovó Daisy não se importaria de jogar Sage fora por uma

chance no bando, com o próprio Marrok. Sage não podia
culpá-la, realmente. Mas desde que a chance se apresentou
para não ser um mártir, Sage pretendia aceitá-la.
Livro 5
Ela jogou a mochila no banco de trás e começou a entrar

em seu SUV.
E um rosnado baixo a parou.
Ela agarrou a faca que ela mantinha em uma bainha ao

lado do assento e virou-se para o rosto que surgiu ...
Ela tinha medo que fosse Asil ou Charles, mas o lobo que
havia passado pela vegetação ao lado de seu carro era magro e
esfarrapado, suas costelas se movendo duramente com o
esforço de interceptá-la.
Devon. E ele estava sozinho.
Tiros soaram, um rugido subiu na floresta—o urso da

vovó Daisy. E Sage teve sua explicação para o porquê de a
perseguição ter sido interrompida. Evidentemente, todos,
exceto Devon tinham ido lutar com o urso. Sage era realista o
suficiente para saber que ela não era páreo para Bran ou
Charles. Ainda assim, às vezes em seus sonhos ela mergulhava
essa faca em seus corpos e os ouvia gritar em pagamento pela
dor que sofrera por suas ações. Se eles não tivessem interferido
nos planos da vovó Daisy, Sage teria sido simplesmente uma
Livro 5
das muitas crianças que não tinham magia e, portanto, serviam

como ajudantes. Vovó não teria escolhido Sage para ser seu
espião lobisomem. Sua vida teria sido normal.
A dor da Transformação, a tortura de ser o brinquedo do

grupo de lobos renegados escolhidos pela vovó—tudo isso era
culpa de Charles e Bran Cornick, que roubaram a presa da
vovó Daisy e a esconderam. Mesmo usando o cabelo e o
sangue, elas não conseguiam encontrá-lo.
Sage sabia agora que era porque o próprio feitiço de

vínculo da vovó Daisy, agora quebrado, havia mudado o
artista além do reconhecimento. Se Bran não tivesse mudado
o nome de Frank Bright, elas poderiam tê-lo encontrado pelo
seu nome real. Todo o sofrimento de Sage era culpa do
Marrok.
Ela não podia matar Bran ou Charles. Mas Devon, amigo

de Asil e animal de estimação especial de Bran, que estava
enfraquecido por sua incapacidade de comer o suficiente para
manter-se saudável? Uma vez que ele tinha sido um guerreiro
formidável, ela sabia que não, mas agora?
Livro 5
Ela sorriu para o mais fraco e mais amado dos selvagens

de Bran. Ela iria se vingar onde ela pudesse.
— Olá, olá, Devon, —disse ela.
Charles seguiu seus companheiros de bando, que corriam

atrás do urso enquanto ele subia pela encosta da montanha,
embora, se arrastar suas entranhas pela encosta rochosa não o
atrasasse, ele não tinha certeza do que poderia fazer a respeito.
Ele estava muito lento. Mesmo aproveitando o poder do

bando, ele não conseguia curar ossos quebrados três vezes
seguidas e obter resultados maravilhosos. Sua pata da frente
direita doía tanto quando ele corria que simplesmente a
colocou contra o corpo e correu sobre as outras três.
Ele pulou no estreito campo onde Wellesley havia

acendido o fogo e assistiu a cena com um único olhar.
Livro 5
Wellesley, de olhos fechados, estava cantando sobre uma

fogueira—onde parecia que ele estava tentando inutilmente
queimar arma de bruxa. O que quer que ele estivesse
fazendo—o skinwalker evidentemente achava que era

perigoso o suficiente para tentar alcançar Wellesley através de
Leah, Asil, Just—e Anna.
Leah, Asil e Juste pareciam se dedicar à técnica de bater e

correr que Charles havia começado, atacando o urso e
tentando distraí-lo de seu alvo.
Anna estava jogando pedras e fazendo um ótimo trabalho.

O osso branco apareceu na cabeça do urso enquanto ele rugia
em direção a ela.
Não há espaço suficiente, disse Irmão Lobo, embora

soubesse que Charles já entendia isso. As rochas eram uma
arma de longo alcance, e o urso estava se aproximando de
Anna.
Não havia tempo para uma mudança fácil, e ele não tinha
força para mudar rápido o suficiente com seu próprio poder.
Mas seu pai o deixara encarregado do bando. Sem considerar
Livro 5
os limites desse poder desta vez, ele puxou os laços do bando

e puxou sua forma humana entre um passo e o seguinte.
Ele sentiu o esgotamento na lentidão relutante de seus

músculos e na dor profunda em suas articulações. Ele ia ter
que comer uma festa e dormir uma semana para se recuperar
disso. Se ele vivesse mais cinco segundos.
Ainda correndo, ele usou o impulso para alimentar o golpe

com a mão esquerda enquanto trazia o maldito machado de
Ofaeti para baixo entre as orelhas do urso e o enterrava lá, até
o cabo, no crânio do urso. Às vezes, especialmente quando ele
precisava, os objetos que ele segurava quando ele ia de
humano para lobo o acompanhavam quando ele fazia a
mudança de volta para ser humano.
— Cure isso, —ele rosnou.
— Se afaste, —chamou Wellesley, ficando de pé. —

Afaste-se do urso.
Charles começou a dar um passo para trás, mas um

cansaço inesperado e repentino o atingiu. Ele tropeçou e sua
companheira firmou-o e empurrou-o ainda mais para trás ao
Livro 5
mesmo tempo. Por trinta ou quarenta segundos, nada mais

aconteceu.
E então a arma explodiu em chamas brancas—e o mesmo

aconteceu com o corpo do urso. Wellesley levantou os dois
braços para o céu e cantou uma música em alguma língua
estranha e tortuosa. Mas não importava que Charles não
entendesse o idioma. Ele conhecia uma oração quando ouvia
uma.
Livro 5
U ma das coisas mais surpreendentes sobre os últimos dias,
Anna pensou, era que a encosta inteira da montanha não

pegou fogo quando o skinwalker queimou. Eles não tinham
uma linha de fogo, eles não tinham uma retroescavadeira, e
esse urso subiu com uma tonelada a mais de calor que a casa
de Hester.
O urso ficou reduzido a cinzas em cerca de cinco minutos,

com um cheiro perturbador—dada a natureza da fera—como
bacon ao fazê-lo. Quando o fogo acabou, havia apenas uma
pilha de ossos no chão que parecia como se uma rocha fundida
tivesse pressionado e deixado escuro e brilhante. Os próprios
Livro 5
ossos não estavam enegrecidos, brancos e limpos—e

pertenciam a um ser humano.
Wellesley se ajoelhou e apertou a mão no topo do crânio—

e os ossos se fundiram em ... bem, em nada.
Anna pensou em sua história, no espírito do furacão que

chamara esse homem de irmão. Ela pensou no que dissera
sobre Wellesley. Algo sobre como Wellesley carregava o
sangue da magia da terra e descendia de uma linhagem de
sacerdotisas de mil anos, o que quer que isso significasse—
além de ser capaz de resistir a uma maldição de magia do
sangue por tanto tempo quanto ele.
Ninguém disse nada sobre ir atrás de Sage. Eles não

estavam em condições de perseguir—e, além disso, todos
ouviram o som do SUV do Sage partir.
Cansados, silenciosos, pensativos, pegaram o caminho até

os carros.
Livro 5
Anna e Charles ficaram em sua própria casa naquela noite—

as ordens de Bran esquecidas. Charles parecia ter passado
quarenta rounds com um moedor de carne. Ela não iria levá-
lo para o meio do QG do bando parecendo assim. Ele não
dormia lá quando se machucava, por uma coisa.
E ela precisava ficar sozinha com ele.
Anna alimentou-o com pizzas congeladas enquanto

trabalhava em algo com mais proteína que levaria mais tempo.
E ela se juntou a ele comendo as pizzas e os bifes.
Anna não ia dizer nada, mas sua boca disse: — Ela te

chamava de Charlie. —Isso a incomodou—que outra mulher
tinha um apelido para seu companheiro. Ela não percebeu o
quanto isso a incomodava até que ela disse em voz alta.
Charles largou o garfo e assentiu. — Ela tinha uma

contusão que cobria a maior parte do rosto quando meu pai
Livro 5
nos apresentou. Ela estava apavorada e quase morrendo de

fome—razão pela qual o hematoma ainda estava lá. Eu deixei
ir—e ela continuou a usar o nome. Na época, achei que era um
incentivo—uma verificação para ver se éramos tão ruins

quanto o primeiro bando dela. Se a gente bateria nela por não
seguir as regras.
— E agora? —Anna perguntou.
Ele balançou a cabeça e começou a comer seu bife

novamente. — Isso ainda poderia ter sido o caso. Ela foi
brutalizada—não há dúvidas sobre isso. Mesmo que ela se
voluntariasse ... e eu não acho que um skinwalker pediu
voluntários mais do que qualquer outra bruxa que usa magia
negra.
Anna pensou nisso por um tempo. — Então talvez ela não

quisesse nos trair.
— Anna, —Charles disse com uma voz suave — ela esteve

aqui há vinte anos. Ela poderia ter vindo ao meu pai em busca
de ajuda a qualquer momento. Ela entregou Hester, Jonesy e
Jericho ao skinwalker.
Livro 5
— E depois houve Devon, —disse Anna.
Eles encontraram o corpo de Devon quando voltaram

para os carros. Evidentemente, ele decidiu impedi-la. Ela o

matou tão dolorosamente quanto pôde sem muito atraso. A
Sage que ela conhecia nunca teria feito isso.
— Nunca houve uma Sage, —Anna disse a ele.
Ele colocou a mão no joelho dela e continuou comendo.
Ele estava se curando enquanto ela o observava. As

contusões desaparecendo e os cortes estavam se reparando.
— Isso quase matou você, —disse ela. E ela não quis dizer
isso também. Ela tentou aliviar o terror gritante que ela ouviu
em sua voz com um pouco de humor. — Sem mais brigas com
ursos para você.
Ele largou o garfo e apertou o joelho dela. — Eu o matei,

—disse ele. — Ele estava morto e em decomposição quando
eu virei de costas para ele. Ele usou magia para se esconder,
ou nunca teria me pegado de surpresa.
Livro 5
— Não mais lutando com coisas mortas, —disse ela, mas

sua voz vacilou na última palavra.
Ele estendeu a mão para ela e ela rastejou no colo dele, se

enterrando em seus braços. Ele descansou o queixo no topo da
cabeça dela.
— Provavelmente vou ter cabelos grisalhos amanhã a

partir do momento em que vi você jogando pedras no urso, —
disse ele. — Não mais jogando pedras em ursos para você.
Eventualmente, ela deslizou de volta em seu assento, e

ambos comeram um pouco mais. Quando nenhum dos dois
conseguiu comer outra mordida, ela deixou a bagunça na
cozinha e eles se apoiaram um no outro até o quarto.
Na escuridão, enquanto ele dormia, ela chorou

silenciosamente em seu ombro—lágrimas que ela nunca teria
se permitido se ele estivesse acordado. Ele se preocupava
muito com suas lágrimas. Mas na escuridão de seu quarto,
cercada por seu calor e seu cheiro, parecia o momento
adequado para as lágrimas.
Livro 5
Eles poderiam tê-lo perdido hoje. Ela se perguntou se o

skinwalker o levasse, se teriam notado. Ela teria, como o tio
de seu avô, vivido por meses sem entender que Charles estava
morto?
Skinwalker, a voz do Velho Homem de Medicina passou

pela cabeça dela. Embora ela não achasse que ele já tivesse
usado essa palavra na ... na visão que Irmão Lobo enviou a
ela.
Ela chorou porque não sabia mais o que fazer com o

torvelinho de medo e o pesar perdido que estava ligado ao
pensamento do que o skinwalker poderia ter feito.
E quando terminou, chorou pela mulher que pensara ser

sua amiga. Pensando sobre o tempo todo que ela conhecia
Sage, Anna não conseguia decidir se Sage tinha sido muito boa
em enganar ou apenas muito boa em evitar coisas que eram
mentiras. Talvez Charles soubesse. Talvez isso não importasse
mais.
Ela chorou por Asil. Para o romance com Sage que tinha
sido outra coisa e para o amigo que ele havia perdido.
Livro 5
Quando eles encontraram Devon, Asil ficou muito quieto.

Ele pegou o corpo de Devon sem uma palavra. Ele colocou o
caos sangrento no couro do banco de trás de seu Mercedes sem
qualquer hesitação. Então ele sentou-se na parte de trás com a

cabeça de Devon no colo. Ele não protestou quando Anna
entrou no banco do motorista, com Charles no lado do
passageiro.
Eles levaram os dois, Asil e Devon, para a casa de Bran,

onde o resto do bando cuidaria deles. Então ela e Charles
entraram no carro de Bran e foram para casa.
Anna também chorou por Devon, embora ela não o

conhecesse bem. Ela nunca tinha visto sua forma humana—só
o conhecia através das histórias dos outros. Asil gostava e
respeitava-o—e Deus sabia que Asil não respeitava muitas
pessoas no planeta. Bran. O misteriosamente amnésico
Sherwood Post. Ela não conseguia pensar em mais ninguém
no calor do momento.
Jericho, o verdadeiro Jericho, ela nunca havia conhecido.

Charles disse que tinha certeza de que ele havia sido levado na
mesma hora em que todos os soldados inimigos haviam
Livro 5
morrido. Difícil dizer se aqueles homens foram mortos por

Jericho ou pelo skinwalker, para levar Charles à casa de
Jericho. Ela pensou que eles provavelmente nunca saberiam
com certeza.
Hester, Jonesy, Jericho e Devon—eles perderam tantos

em tão pouco tempo. Anna colocou o ouvido no peito de
Charles, ouvindo a batida regular de seu coração.
De repente, todos os músculos de seu corpo ficaram tensos

e ele se sentou. Ele deu a ela um olhar de olhos arregalados.
Parecia uma reação exagerada às lágrimas.
— Leah me salvou, —disse ele, em uma voz descontente.
Ela não podia evitar—ela riu. E então ela chorou um

pouco mais. Ele fez amor com ela—o que ajudou tanto as
lágrimas quanto seu pesar.
Mas antes de ir dormir, ele murmurou: — Leah nunca vai

me deixar viver com isso.
— Tudo bem. —Anna disse a ele. — Se você estivesse

morto, não se incomodaria com nada que Leah tivesse a dizer.
Espero que ela te atormente de maneira boa e adequada.
Livro 5
Ele riu então, um som quente e sonolento que a seguiu em

seus sonhos.
Bran estacionou o Camry prata alugado na entrada em frente
à sua casa—não havia espaço para se aproximar. Deixou a

mala onde estava e foi para casa.
As luzes lhe disseram que todos estavam acordados. Ele

sentiu a sutil expectativa que lhe dizia que o bando podia senti-
lo, mesmo que não soubessem o que estava causando sua
inquietação. De pé na varanda, ele endireitou os ombros e
abriu os elos, aceitando a responsabilidade de volta que tinha
dado a seu filho.
Camry e da Toyota
Livro 5
Por um momento, a sensação foi esmagadora. Ele deu um

passo para o lado para se equilibrar. Então tudo se encaixou, e
foi como se ele nunca tivesse saído—exceto pelas peças que
faltavam—sem Hester com seu vínculo com Jonesy, que

iluminou a sensação de Bran do laço como uma explosão
nuclear; sem Jericho, que poderia ter ensinado a Tag uma
coisa ou duas sobre a luta de berserker; nenhum Devon, cuja
doçura sobreviveu aos anos que o roubaram de todo o resto.
Quando Bran entrou na sala, um silêncio expectante

encheu o ar.
Juste, parecendo exausto, levantou-se do assento e caiu de

joelhos na frente de Bran. — Nós falhamos com você, senhor.
Sim. Eles dirigiam seus bandos de maneira diferente na

Europa.
— Levante-se, —disse ele, tentando não parecer irritado.

Afinal de contas, foi ele quem falhou com eles. Mas esse bando
não conseguia lidar com dúvidas sobre seu líder, de modo que
ele não podia pedir desculpas a eles—tanto quanto sua culpa
teria facilitado a fazê-lo.
Livro 5
— Levante-se, cara, —disse Tag. — Nós não dobramos

nossos joelhos por aqui. Se ele quer sua garganta, você saberá.
Na falta disso, podemos dizer que sentimos muito enquanto
estamos em pé.
Bran olhou ao redor da sala—Asil encontrou seu olhar

com uma simpatia irônica. De acordo com o relatório
expressivo que Charles havia deixado no correio de voz de
Bran, Asil não sabia que a ausência de Bran era porque ele
achava que Leah era sua traidora. Mas Asil era um lobo velho
e sábio, e parecia que ele tinha resolvido as coisas.
— Eu acho, —disse Bran, — sob as circunstâncias, temos

sorte de não termos perdido mais do bando. Obrigado.
Eles tinham o corpo de Devon deitado no bar, o lobo

morto enrolado como se estivesse apenas dormindo. Bran se
abaixou e beijou sua testa.
Por um momento, ele viu um jovem com uma risada

selvagem, cheio de alegria e aventura. — Vamos lá, Bran, —ele
disse. — Vai ser divertido. Somos todos lobisomens, vamos nos juntar à
caçada selvagem!
Livro 5
Tag, parado perto do ombro de Bran, disse: — Você se

lembra do dia em que ele convenceu a todos nós a tentar
chegar à caça selvagem ?
As memórias de Bran às vezes vazavam através dos laços

do bando se ele não fosse cuidadoso. Bran sacudiu a cabeça.
— Idiota imprudente.
— E então você disse a ele, —concordou Tag. — Mas você

veio com a gente de qualquer maneira.
Isso tinha sido ... seiscentos anos atrás, mais ou menos

seiscentos e cinquenta. E agora, daqueles que haviam corrido
naquela noite, só restavam Bran e Tag. — Então eu fiz, —
concordou Bran.
Ele ficou lá por um tempo, sentindo a presença dele

estabilizar o bando até eles partirem em pares e trios, indo para
casa descansar. Até que só ele foi deixado.
A Caçada Selvagem é um tema que historicamente ocorre no folclore europeu.

Normalmente envolve um grupo fantasmagórico ou sobrenatural de caçadores, vestidos com roupas de caça e
acompanhados por cavalos, cães farejadores, etc., em uma perseguição desenfreada pelos céus, através da terra ou acima
dela.
Livro 5
Ele encontrou Leah no quarto deles. Ela estava enrolada

em uma cadeira, lendo uma revista que ela colocou de lado
quando ele entrou.
— Você, —disse Bran — preciso pedir desculpas. Eu

pensei que você fosse nosso traidor.
— Eu? —Ela disse. Sua expressão de espanto mudou para

compreensão. — É por isso que você saiu. Se eu tivesse te
traído, traído o bando, você teria que me matar.
Ele assentiu. — Eu não posso fazer isso. Você sabe o

porquê. Então deixei para Charles. —Ele pediu desculpas
novamente. — Sinto muito.
Ela ergueu as sobrancelhas. — Por quê? Eu estou

lisonjeada que você pensou que eu era o nosso traidor. Seria
preciso muita engenhosidade e habilidade para estar tão perto
de você e te trair.
Ela não mentiu. Mas ele a conhecia bem o suficiente para

ler a dor no conjunto de sua mandíbula.
— Eu deveria ter sabido melhor, —disse ele. — Você

sempre foi conduzida pelo bem do bando.
Livro 5
Ela encolheu os ombros. — Eu nunca suspeitei de Sage.

Essa é a natureza dos traidores, não é? —Ela se levantou e
caminhou em direção a ele, ela se inclinou para ele e beijou
sua boca suavemente. — Eu aceito suas desculpas, embora eu

não precise delas. Você parece cansado. Venha para a cama.
Ele desabotoou a camisa, e ela pegou-a para colocar no

cesto de roupa suja. Ela veio por trás dele e colocou as mãos
quentes e hábeis nos ombros dele e os amassou enquanto
beijava sua espinha.
— Venha para a cama, —ela disse novamente.
Ele foi.
Quando Charles acordou—ele checou seu celular e descobriu

que dormira 30 horas.
Charles tomou banho, escovou os dentes e trançou os

cabelos, ouvindo Anna, seu pai e Wellesley na cozinha—
Livro 5
preparando o café da manhã se o nariz dele fosse algum juiz.

Charles saiu do quarto, entrou na cozinha e abraçou a
companheira por trás enquanto ela mexia ovos. Ele beijou sua
orelha.
Charles olhou para seu pai, que estava encostado na

parede ao lado da porta de trás com os braços cruzados sobre
o peito. Bran Cornick, o Marrok, líder da maioria dos
lobisomens na América do Norte e alguns da América do Sul
há alguns meses, parecia cansado.
— Bom dia, pai, —disse ele.
— Wellesley.
O artista sorriu para ele do outro lado da cozinha, onde

ele passava manteiga em torradas. — Bom dia, Charles. Seu
timing é excelente. Seu pai estava indo para nos dizer por que
estava tão certo de que era Leah que era nosso traidor.
— Você estava certo, —disse Anna. — Estava nos

arquivos que Boyd enviou. —Charles olhou para o seu pai—
que lhe deu um sorriso triste.
Livro 5
— Houve entrevistas que Boyd conduziu com cada um de

seus membros do bando sobre as relações de Leo com nosso
inimigo. Uma das pessoas de Boyd ouviu uma conversa há dez
anos atrás. Uma das pessoas do nosso inimigo disse algo sobre
um lobisomem de quem eles estavam recebendo informações,
—Bran disse.
— Então, não as finanças? —Charles tinha certeza de que

havia algo nas finanças. Algo mais substancial do que uma
conversa que pode ou não ser relevante.
Seu pai fez uma careta. — Foi mais condenatório do que

eu fiz soar. A informação era algo que só Leah e eu sabíamos.
— E talvez a melhor amiga de Leah … não seja a melhor

amiga. Não tenho certeza se Leah tem uma melhor amiga.
Mas a melhor confidente, de qualquer maneira, —disse Anna.
Bran assentiu.
— Você não chegou à África antes de me preparar para

matar Leah, e ... —Charles hesitou, depois encolheu os
ombros ... — o que aconteceu depois disso?
Livro 5
— Eu tinha as passagens de avião, —disse Bran. — Mas o

monstro, —ele se bateu no peito, — não me permitiria ir
embora. Meu lobo decidiu que precisávamos proteger Leah.
Custou-me mantê-lo contido em um hotel em Spokane. Isso é

tanto quanto eu poderia ir.
A crença de seu pai na culpa de Leah realmente o jogara

em um loop.
— Você sabe onde está Sage?
— Não no momento, —disse Wellesley, pacificamente. —

Mas eu tenho certeza que ela vai aparecer.
— Você me disse, —disse Anna— quando estávamos

correndo pela trilha—que você se lembrou do que aconteceu
em Rhea Springs.
Ele assentiu. — Sim.
Anna fez um som impaciente e Wellesley sorriu para ela.
— Então o que aconteceu com você? —Ela perguntou.
— Depois que minha esposa morreu, eu viajei um pouco,

—disse ele, — como os homens faziam naquele momento. E
Livro 5
eu encontrei uma espécie de alívio ajudando outras pessoas.

Eu ganhei uma reputação entre os sem poder e os pobres.
— Ele era um herói, —disse Bran. — Ele curou as pessoas.

Ele matou as pessoas que ele teve que matar. Ele salvou as
pessoas que ele tinha que salvar.
— Você sabia disso quando me mandou para ele? —

Perguntou Charles.
Bran assentiu.
— E eu chamei a atenção de uma mulher que se chamava

Daisy Hardesty, —disse Wellesley.
— Hardesty era o sobrenome de Sage quando ela veio até

nós, —disse Charles suavemente.
Wellesley assentiu. — Daisy era dona de Rhea Springs.

Todos que moravam lá eram membros da família dela. Pessoas
vieram de todo o país para serem curadas de sua doença.
Alguns deles desapareceram, incluindo o irmão de uma
mulher que eu ajudei. Ela falou comigo e eu fui investigar.
Livro 5
Ele fez uma careta. — Eu pensei que estava entrando em

um covil de ladrões assassinos e, em vez disso, encontrei uma
cidade praticando magia de sangue. Houve uma batalha.
Pessoas morreram—algumas pela minha mão. Eu a

machuquei e ela me amaldiçoou. Eu acho que ela assumiu que
as autoridades cuidariam da minha existência continuada para
ela, e eu não tive que me matar para me beneficiar disso uma
vez que seu feitiço estivesse no lugar.
— Em vez disso, —disse Anna, — Charles veio e fez você

desaparecer.
— De fato, —disse Wellesley.
Sage dirigiu para Missoula. Ela trocou para sua segunda muda
sobressalente de roupas—o sangue de Devon a fez parecer a
vítima de um serial killer. Então ela parou em um shopping e
comprou duas ou três roupas com dinheiro. Ela tinha vários
Livro 5
cartões de crédito e uma conta bancária considerável com o

nome de Samantha Harding. Mas ela não queria se arriscar.
Ela tinha certeza de que ninguém sabia sobre essas contas.

Muito certa. Mesmo assim ... Charles Cornick era bom com
dinheiro eletrônico. Melhor esperar até que Vovó Daisy a
contatasse antes de usar o crédito sob qualquer nome. Ela
roubou um carro do estacionamento fixo do aeroporto, depois
de trocar as placas por outro da mesma marca e cor. Dirigir
um Toyota Camry prateado estava o mais próximo do
invisível possível.
Decidindo que era melhor evitar as cidades maiores por

um dia ou dois, ela estacionou em um hotel em Deer Lodge .
Não que Montana tivesse muitas cidades "maiores". Ela
pegaria um apartamento no Billings, decidiu, saindo do carro
"dela". O hotel não estava contente com o dinheiro, mas sua
identidade e o fato de que ela não se encaixava em nenhum
Deer Lodge é uma cidade localizada no estado americano de

Montana, no Condado de Powell, do qual é sede.
Livro 5
perfil criminoso ou terrorista a ajudaram—assim como sua

história de que ela estava tentando se afastar do marido,
correndo para sua irmã no Canadá.
As pessoas sempre gostaram de sentir que estavam

ajudando alguém a escapar de algo ruim, especialmente se não
precisassem arriscar nada ou fazer qualquer esforço para fazê-
lo. A água do chuveiro estava quente e os lençóis limpos. Ela
dormiu profundamente.
E quando ela acordou, ela não estava sozinha.
— Olá, olá, —disse Asil.
Duas Semanas Depois
Charles estava seguindo sua companheira para a cozinha de

seu pai quando ele o agarrou e o puxou para o escritório. E foi
assim que nem ele nem o Marrok assistiram ao primeiro e
último churrasco e música social do bando.
Livro 5
Quando Charles saiu do escritório, Leah estava limpando

as bancadas e não havia ninguém por perto.
— Eu sei que ficamos lá por algumas horas, —ele disse a

Leah, mas não deveria haver atividades até o anoitecer?
Ainda não estava escuro.
Ela olhou para ele. — Tag tirou sua gaita de foles e tocou
'The Wild Hunt' . O novo, do The Tallest Man on Earth .
Tag passara por uma nova fase folclórica, e The Tallest

Man on Earth tinha sido um dos seus favoritos.
Gaita de fole é um instrumento da família dos aerofones, composto de pelo menos

um tubo melódico e dum insuflador mediado por uma válvula, ambos ligados a um reservatório de ar; na maioria dos casos,
há pelo menos mais um tubo melódico, pelo qual se emite uma nota pedal constante em harmonia com o tubo melódico.
Significa, a caçada selvagem.
Kristian Matsson (nascido em 30 de abril de 1983) é um cantor e compositor de Dalarna, na

Suécia, que se apresenta sob o nome artístico de The Tallest Man on Earth ‘O homem mais alto da Terra’. Matsson cresceu
em Leksand e iniciou sua carreira solo em 2006, tendo sido anteriormente o vocalista da banda indie Montezumas.
Livro 5
— Na gaita de foles? —Ele tentou imaginar isto. O efeito

teria sido muito diferente do original. Especialmente com Tag
brincando. Tag poderia brincar, mas ele gostava de embelezar.
— Não foi tão ruim assim, —disse ela. — Não tão bom,
no entanto. Mas não tão ruim assim.
— Isso não assustou todo mundo embora? —A gaita de

foles não era apreciada por todos. Especialmente se a maioria
das pessoas aqui eram lobisomens—as gaitas de foles eram
barulhentas. O escritório de seu pai tinha um isolamento
acústico pesado, se não eles teriam ouvido a gaita de foles.
— Não, —disse ela. — Ele fez todo mundo querer ir em

uma caçada. Meu pátio está cheio de roupas empilhadas.
Anna e eu puxamos todos os instrumentos para dentro—e
depois ligamos os sprinklers .
Sprinkler (Um chuveiro automático) é um componente do sistema de combate a

incêndio que descarrega água quando for detectado um incêndio, por exemplo, quando uma temperatura predeterminada
foi excedida.
Livro 5
Ela sorriu de satisfação—e Charles sorriu ao pensar nas

duas mulheres indignadas planejando como se vingar das
pessoas que estragaram a parte musical de seu churrasco. Ele
e Leah estavam olhando um para o outro quando sorriram.

Leah pareceu surpresa, e ele imaginou que ele também.
Provavelmente tinha acontecido, mas ele não se lembrava dos
dois sempre sorrindo um para o outro.
Provavelmente demoraria muito tempo até acontecer de

novo. — Eu entendo que esta será uma coisa única? —Ele se
aventurou.
Ela encolheu os ombros: — Talvez. Anna sugeriu que

fizéssemos no Tag na próxima vez.
Ele começou a ir, mas o Irmão Lobo cutucou-o.
— Eu nunca te disse obrigado, —disse ele.
As sobrancelhas dela levantaram—embora ele soubesse

muito bem que ela entendia o que ele estava falando.
— Se você não tivesse voltado, —disse ele, — o skinwalker

teria me matado.
Livro 5
Ela dobrou o pano molhado e pendurou sobre a torneira

para secar. — Eu não sei sobre isso, —disse ela. — Você não
estava morto quando chegamos lá. Se há uma coisa que eu
aprendi ao longo do tempo que passei aqui com seu pai, é que
ele nunca subestima você.
Ele cruzou os braços e olhou para a companheira de seu

pai e pela primeira vez a razão pela qual ele estava feliz por ele
não ter tido que executá-la por ser uma traidora tinha mais a
ver com Leah e menos com o seu pai.
— Obrigado, —disse ele — por ter voltado para ajudar

quando precisei de você.
Ela considerou um momento. — Eu não fiz isso por você.

—Ela abriu uma gaveta e pegou um pano de prato limpo e
colocou-o ao lado da pia. De costas para ele, ela disse: — Eu
não gosto de você. Eu nunca gostei de você—e não é sua culpa.
Ele te ama. E ele não me ama. —Ela se virou e olhou para ele
com olhos azuis claros e um rosto inexpressivo.
Charles pensou em como o lobo de seu pai havia lutado

com Bran para parar em Spokane, sem vontade de deixar Leah
Livro 5
para seu destino. Quando Bran sabia que o lugar mais seguro
para todos, se Leah fosse sua traidora, teria sido a África. Seu
pai, que controlara aquele lobo há muito, muito tempo. Talvez
não tenha sido apenas o lobo que não pudesse sair.
— O que, —Charles disse cuidadosamente, porque ele

tentava muito não interferir no casamento de seu pai, — seria
diferente se ele te amasse?
Ela olhou para ele. — Você é um filho da puta enigmático,

—ela disse.
E é por isso que ele não interferia no casamento de seu pai.
— Você sabe onde Anna está?
— Ela foi embora, —disse Leah friamente, como se o

breve momento de acordo sobre a roupa molhada não tivesse
acontecido. — Eu presumo que ela foi para casa.
Livro 5
Ele a encontrou trabalhando seu pequeno cavalo castrado na

arena—ela o ignorou explicitamente. Anna enrijeceu um
pouco, porém, e quando ela pediu ao cavalo para uma

transição do galope para o trote, ela bateu em suas costas, fora
de equilíbrio.
O pequeno cinza alegre deu mais alguns passos, e quando

ficou óbvio que ela não estava consertando as coisas, ele
parou.
— Você se esqueceu de dar alguns passos antes de começar

a trotar, — disse Charles cautelosamente, subindo na cerca da
arena. Se ela estava brava com ele, cumprimentá-la com uma
instrução parecia ser uma maneira ruim de fazer as coisas
certas, mas ele não conseguia se controlar.
Em vez de responder—ou tentar de novo—caminhou com

Heylight até o local onde Charles estava sentado e disse: —
Pense bem em sua próxima resposta. A vida do seu pai pode
depender disso.
Ele encontrou seus olhos, mas ele não podia dizer o quão
séria era. — Está tudo bem, —disse ele.
Livro 5
— Ele te puxou para o seu escritório para que nenhum de

vocês tivesse que participar hoje à noite?
— Eu vou responder a isso, —disse Charles. — Mas

primeiro deixe-me dizer que o bando foi ferido por Sage e pela
morte dos selvagens. Gravemente ferido em alguns casos.
Asil desapareceu por alguns dias. Quando ele voltou, ele

se retirou para suas rosas e só saiu quando Kara estava
procurando por ele.
Bran tinha estado tremendamente abalado—primeiro

descobrindo que eles tinham um traidor, então o assunto com
o sequestro da Mercy, então, acreditando que Leah era sua
traidora. Mas o pior problema, em termos de confiança de seu
pai, era o modo como a traição de Sage o cegara
completamente.
— Esta festa era exatamente o que o bando precisava—

uma caçada selvagem e tudo mais, —Charles disse a ela. —
Asil foi com eles?
Anna assentiu: — Ele disse que alguém tinha que cuidar

dos idiotas.
Livro 5
— Meu pai ainda não está em um ponto, no entanto, onde

uma boa corrida lhe faria algum bem. Se ele tivesse saído,
ninguém teria brincado. E eles precisavam brincar.
Anna franziu os lábios, seu corpo balançando um pouco

quando o cavalo castrado mudou seu peso. — Está bem, —
disse ela. — Eu posso ver isso. E você?
— Eu teria gostado de perseguir a caçada selvagem, —

disse Charles sinceramente. — Mas Wellesley enviou ao meu
pai um monte de nomes e números de segurança social. Então
passei a tarde trabalhando.
Wellesley estava mantendo sua casa no bando do Marrok.

Mas ele perguntou, e ele foi autorizado a ir à caça de bruxas.
Ele havia saído há alguns dias com a identificação recém-
emitida, cartões de crédito (que ele agora sabia usar) e uma
missão para levá-lo.
— O que você achou? —Ela perguntou.
— Isso é maior que o skinwalker—ou pelo menos maior

que um único skinwalker. Parece que a família Hardesty
conseguiu ficar sob o radar de todos. Eles possuem uma cadeia
Livro 5
de fast food, grandes extensões de terra e alguns prédios na

cidade de Nova York. E eles são bruxas. A primeira poderosa
família de bruxas por trezentos anos—pelo que sabemos, pelo
menos.
Heylight jogou a cabeça para cima e bufou, como se

desafiando um cavalo estranho. Anna o acariciou. — E eles
nos têm na sua mira? —Ela perguntou em voz baixa.
Charles assentiu. — Parece. Mas talvez não. Asil ... —Ele

suspirou. — Asil encontrou Sage.
— Não admira que ele estivesse preocupado, —disse

Anna sombriamente. Charles sabia que ele não precisava dizer
a ela que Sage estava morta.
Ele assentiu. — Asil disse ao meu pai que o skinwalker

estava perseguindo rumores de que Wellesley, que já foi Frank
Bright, estava aqui. Ela o tinha como alvo originalmente—nos
anos 30—porque ela sabia sobre o feitiço do colar. Essa era a
principal coisa que ela queria. Mas uma vez que ela estava
aqui, e ela capturou Jericho, o skinwalker pensou que ela
Livro 5
poderia tentar assumir este bando—e usá-lo como uma arma

contra o outro ramo da família.
— Sage disse tudo isso para Asil? —Anna perguntou.
Charles deu de ombros.
Anna gostava de Asil. E mesmo que isso enlouquecesse o

Irmão Lobo, Charles não interferiria nisso, a menos que
precisasse. Quando ela estivesse pronta para ouvir sobre o
quanto de um monstro Asil poderia ser, ela poderia perguntar
a ele. Ou a Bran. Mas Charles esperava que ela não o fizesse.
Ela olhou para as montanhas cobertas de árvores e valia a

pena olhar. — Você sabe? —Ela disse. — Eu tenho me
perguntado o que vou fazer com a minha vida. Mas conhecer
alguns dos selvagens me ensinou alguma coisa.
— E o que foi? —Quando ele olhou para ela com o dom

de seu avô, ele podia ver as conexões que se centravam nela—
conexões do cavalo, das árvores, das montanhas—e dele. Ela
era tão linda.
— Eu posso não saber, agora mesmo, o que quero fazer da

minha vida. Mas eu tenho muito tempo para descobrir isso. Eu
Livro 5
decidi—na festa, na verdade—que aprender algumas coisas é

uma ótima maneira de começar. Antes de sair para montar,
me inscrevi para aulas on-line. —Ela franziu a testa para ele.
— Você fala japonês?
Irmão Lobo disse: Não.
Charles riu de seu tom miserável. Irmão Lobo não queria

decepcionar Anna.
O uivo de um lobo ecoou da montanha atrás de sua casa

e, antes de morrer, foi respondido por muitas gargantas. Eles
não haviam encontrado presas, Charles poderia dizer, apenas
alegria na corrida.
— Ei, moça bonita, —disse ele, inclinando-se para a

frente. — Esse cavalo vai de lado?
Ela deu-lhe um sorriso recatado. — Talvez, —disse ela.
— Por que você não tenta? —Ele perguntou.
Ela montou o cavalo castrado de lado até que ele estava

ao lado da cerca, e levantou-se em seus estribos. Charles teve
Livro 5
de curvar-se um pouco, porque o seu cavalo castrado era muito

baixo, mas valeu a pena.
Beijar Anna valia todo esforço que ele tinha que fazer.
Vamos aprender japonês, disse o Irmão Lobo.

Livro 5
SeQuência de Leitura
‘Ordem Cronologica’
Uma linha do tempo para o " Universo Mercy Thompson

"
Nos últimos anos, Patty contou histórias
estabelecidas em um mundo imaginário comum. Ela
escreveu duas séries: Mercy Thompson e Alpha e
Ômega, que compartilham vários personagens
secundários. Ela também escreveu vários contos,
alguns dos quais também fazem referência a
personagens e eventos encontrados nos romances.
O diabo, dizem eles, está nos detalhes. Com tantos
eventos acontecendo em um mundo compartilhado, a
cronologia geral pode se tornar bastante confusa.
Tivemos inúmeros pedidos de algum tipo de linha de
tempo para ajudar o leitor dedicado a resolver tudo.
Estamos às vezes lento, mas nós não ouvir os nossos
leitores. Apreciar!
Há muito tempo atrás
Esta é a triste história de Samuel, um dos primeiros

lobisomens. Seu personagem geralmente aparece nas séries
Mercy Thompson e Alpha e Omega. Há também alguns
antecedentes sobre Bran, o chefe dos lobisomens norte-
americanos.
Livro 5
HomeComing (romance gráfico) -10 Anos
Cinza (conto) Aqualquer hora
Fairy Gifts (conto)
Vendo Olho (conto) -1 Ano
Chamado da Lua (Mercy livro 1) -1 Ano

Livro 5
Alfa e Ômega (livro 00)
Choro do Lobo (livro 1)
Território de Caça (livro 2)
Estrela de David (conto)
Blood Bound (Mercy livro 2) -2 Ano

Livro 5
Iron Kissed (Mercy livro 3)
Bone Crossed (Mercy livro 4)
Rosas no inverno (conto)
Segredo de Prata (Mercy livro 5)
Em Vermelho Com Pérolas (conto) -3 Ano

Livro 5
Rio Marcado (Mercy livro 6)*
Jogo justo (livro 3)
Frost Burned (Mercy livro 7)
Presentes não apreciados (conto)
Redenção (conto) -4 Ano

Livro 5
Calor Morto (livro 4)
Hopcross Jilly (romance gráfico)
Noite Quebrada (Mercy livro 8)
Hollow (conto)
Fogo tocado (Mercy livro 9)

Livro 5
Silêncio Caído (Mercy livro 10)
Queimar Brilhante (livro 5)
Uma Tempestade está chegando (Mercy livro 11)

Lançamento em Maio/2019.

Alpha & Ômega 5 - Burn Bright (Patricia Briggs)

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Mais um Projeto Exclusivo das Divas & Lord’s FOREVER

Um conto sem um fim

E ra uma vez uma pequena nascente que, tocada pelo espírito

da Terra, trazia uma dispersão de magia brilhante em sua água

Existe um certo tipo de mal que não pode suportar a

Tal mal passou a habitar a primavera, sacrificando as

conseguiu purificar o mal da água, e a pequena magia da

Assim morreu um pouco da alegria no mundo, e o mal

Este mal segurou a primavera agora poluída, de um jeito

Tornou-se consciente de alguém que procurava, como a

capturar alguém que era um herói—pois os heróis são

Aquele que saltou a armadilha era verdadeiramente um

Mas este também era um artista e não apenas um artista.

Um artista como aquele era um bocado maior que o mal,

Muito se perdeu na batalha e custou caro a ambos os

I sso era ruim. Isso era muito ruim.

Ele correu a toda velocidade, passando por entre as

Ele quase diminuiu a velocidade dos pés. Ninguém estava

Embora ninguém soubesse que estava lá. Eles tinham visto

Pense. Pense. Pense. As palavras eram dele, mas ele as

Era curioso que todos acreditassem que ela era a perigosa,

Ele poderia apenas voltar. Voltar e ensinar-lhes o que eles

Sua voz novamente, zumbindo em seus ouvidos com

Qualquer um que se importasse em olhar ao redor saberia

Mas o acasalamento lhe dera o equilíbrio, lhe dera

amor à sua existência estéril. Quando isso não bastasse, ela

Ele saltou por cima de uma armadilha com a graça de um

Chame o Marrok—ela lhe tinha dito. E também, agora

A montanha gemia sob seus pés. Uma mudança suave que

Seus passos rápidos ... que tinha abrandado ... retomaram

que chamar o Marrok e não levantar as montanhas ou chamar

Hoje, ele tinha que chamar o Marrok e dizer a ele ... e a

Eu sei quem é o traidor ...

Charles inclinou a monitor do computador do pai para que ele

Ele disse ao pai que ele poderia administrar o bando muito

seu pai tinha sido inflexível que era importante manter os

Não é que ele não entendeu o raciocínio de seu pai—

Charles não poderia trabalhar no escritório sem torná-lo

Charles tinha que admitir, mesmo que apenas para si

Charles não tinha movido a estante de livros até que Bran

Charles não se lembrava da última vez que Bran tirara

Mesmo na sala redecorada, Charles levou mais tempo do

Era uma dança complicada, brincar com dinheiro nesse

Finalmente, atraído pela busca sutil de pistas nos dados

Ele olhou para cima, o Irmão Lobo em primeiro lugar

— Você tem que fazer algo sobre a sua esposa, —Leah

Ele não gostava de Leah. Havia muitas pessoas no mundo

Quando o pai a trouxe com ele, Charles tinha sido um

Os tios de Charles e seu avô haviam feito o melhor que

Uma boa parte do tempo em que Bran se fora, Charles

indisciplinado como ele era, Charles não teve dificuldade em

Ainda assim, ele estava com muita fome de atenção, e a

Foi provavelmente uma das coisas que permitiu que o lobo

o mundo ver. O resultado foi uma animosidade mútua

Charles a honrou como a esposa de seu pai e companheira

Irmão Lobo recuperou seu temperamento mais rápido que

Além do rosnado, ele não respondeu imediatamente ao

Quando ela deu a ele, ele passou um momento deixando

mais tarde, bem como destacando algumas outras pistas que

maneira mais rápida e completa possível. Leah esperou em

Terminando de arrumar suas coisas, ele levantou os olhos

Aparentemente, sua resposta não foi o que Leah estava

Que parecia fora do personagem da sua esposa.