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O Caçador do Lobo

(Matilha Nehalem 13)

De: AJ Jarrett

Oliver Johnson foi encarregado de uma tarefa simples: cuidar de Kyle


Argent e mantê-lo seguro. Como um caçador, deveria ser imparcial, mas Kyle
o enlouquecia com tudo o que fazia. Tentar manter o jovem longe de
problemas é mais trabalhoso do que esperava.
Estar por sua conta, pela primeira vez em sua vida, é mais
esmagador do que Kyle antecipou e correr de volta para a segurança da casa
de seu irmão está começando a soar como uma boa ideia, isto é, até que
encontra o seu vizinho do lado. Algo sobre o Oliver ranzinza continua puxando
Kyle mais perto e fazendo o seu lobo interior uivar, mas as constantes
rejeições enviam Kyle à procura da atenção de alguém.
Apaixonar-se nunca foi parte do plano de Oliver e com um assassino
solto no campus, nada vai lhe impedir de manter Kyle seguro. Mas com um
shifter lobo determinado, isto não é uma tarefa fácil.
Capitulo 1

— Posso fazer isso. — Kyle murmurou para si mesmo, enquanto


olhava para o grande edifício de tijolo. — Não estou com medo. — Talvez
apenas um pouco, silenciosamente pensou.
— Ei, Kyle. — Ian se aproximou e cutucou Kyle no ombro. — Você
está bem?
Kyle olhou para Ian, que tinha se tornado um irmão para ele depois
de salvá-lo de uma vida de prisioneiro, feito pela mulher que pensou que o
amava como um filho. Devia muito a Ian e ser parte de sua família era mais do
que merecia. Kyle era fraco e tímido e não tinha nada para oferecer a Ian ou
aos membros da matilha Nehalem, mas o levaram e o trataram como se fosse
da família.
— Sim, com certeza. — Kyle ergueu a caixa grande em seus braços e
dirigiu-se para as portas duplas que levavam para dentro do edifício. — Vamos
verificar o meu quarto.
O campus estava cheio de outros estudantes carregando seus
pertences para seus quartos. Havia uma multidão ao redor do elevador, de
modo que Kyle se dirigiu para as escadas. Ian, Will e Kelsey seguiram atrás.
Ter sua família com ele ajudou a aliviar um pouco o estresse e o medo de fazer
algo novo, mas não muito.
Kyle tinha, originalmente, planejado estudar na Universidade da
Geórgia, chegou até mesmo se inscrever, mas Roderick o fez mudar no último
minuto. Roderick era o chefe do conselho dos caçadores da costa leste e
pensou que poderia ser melhor Kyle estar mais perto de casa. Seu argumento
tinha sido lógico. Se tivesse saudades de casa seria mais rápido para alguém
vir e levá-lo, e Roderick fora capaz de arranjar para Kyle seu próprio quarto no
dormitório. Claro, tinha que dividir o banheiro com seus colegas de dormitório,
mas tinha o seu próprio quarto. Só por essa razão, Kyle não se importou de
mudar de universidade.
Por muito tempo Kyle teve seu próprio espaço e não precisava se
preocupar em entreter outras pessoas, por isso a ideia de ter um companheiro
de quarto o assustou. O que poderia dizer a outra pessoa? Não podia deixar
escapar seu segredo. Se as pessoas descobrissem que era um shifter lobo,
poderiam caçá-lo e esfolá-lo vivo. Ian e Will lhe asseguraram que isso não iria
acontecer, mas como poderiam saber disso? As pessoas temiam o
desconhecido e o que não entendiam, e Kyle não queria ver o desgosto no
rosto das pessoas se descobrissem a verdade sobre ele. Não tinha vergonha de
quem era, simplesmente não queria ser morto por causa do que era.
— Querido senhor, quanto mais? Acho que estou preste a desmaiar.
— Kelsey choramingou atrás dele.
— Não há muito mais. Estou no terceiro andar, esguicho. Vamos lá,
você pode aguentar. — Kyle olhou por cima do ombro para a menina atrás
dele. Riu quando ela lhe mostrou a língua.
Ian e Kelsey eram meio-irmãos, e uma vez que Ian levou Kyle para
Silver Creek com ele, a menina o adotou como seu outro irmão. Gostava de ter
uma irmã mais nova e ter pessoas que realmente se importavam com ele. Mas
todo o amor do mundo não poderia impedi-los de brigar como irmão e irmã.
— Chegamos. — Kyle equilibrou a caixa em suas mãos em seu joelho
e abriu a pesada porta de madeira para os outros passar. — Estou no quarto
307.
— Sério, isto é um monte de escadas. — Will, companheiro de Ian,
disse quando passou por Kyle. — Graças a Deus, só tem mais algumas malas
no carro.
— Que seja. — Kyle revirou os olhos. — Você é saudável como um
cavalo. Pode subir e descer as escadas todos os dias, a não ser que... — Kyle
levantou uma sobrancelha para Will. — você está chamando a si mesmo de
velho.
— Estou velho e com calor, seu merdinha. — Will provocou. — Este
lugar está abarrotado de pessoas. Só o calor corporal das pessoas fez com que
a temperatura subisse pelo menos vinte graus aqui.
Kyle assentiu com a cabeça.
— Não posso deixar de concordar. — Ele puxou o colarinho de sua
camisa, tentando esfriar o peito suado e quente. O suor escorria pelo algodão
de sua camisa e o tecido leve agarrava-se a sua pele.
— Aqui está. — Anunciou Ian quando abriu a porta do quarto de Kyle.
Kyle passou pela soleira da porta para o seu quarto e deu uma olhada
ao redor. As paredes eram de um branco brilhante e um tapete de cor bege
cobria o chão. Uma cama de solteiro estava contra a parede e havia uma mesa
no outro lado com prateleiras embutidas na parte acima dela. Não era enorme,
mas era seu. Kyle não podia deixar de sorrir para a sua nova casa, bem, pelo
menos nos próximos nove meses.
— Ah, ótimo. — Ian colocou a mala que carregava na cama de Kyle e
foi até a mesa. — O mini-frigorífico que pedimos para você chegou.
Kyle colocou a caixa sobre a mesa e inclinou-se para olhar para a
pequena geladeira de aço inoxidável. Não tinha notado isso num primeiro
momento. Abriu a porta e uma rajada de ar frio bateu-lhe na cara. Kyle não
tinha pensado em ter um refrigerador no seu quarto, não sabia que poderia
precisar de um ou até mesmo ter um. Sabendo que Ian e Will tinham pensado
antes nisso fez uma lágrima vir aos olhos de Kyle.
— Não sei como agradecer a vocês. — Kyle se levantou e passou a
mão em seu olho.
— Kyle, é apenas uma geladeira. — Ian o puxou para perto de seu
peito e o abraçou. — Por que todas essas lágrimas, amigo?
Kyle enfiou o rosto no pescoço de Ian e deixou fluir as lágrimas. Sim,
estava grato e agradecido pela geladeira, mas também percebeu que sua
família iria deixá-lo em poucos minutos. Estaria sozinho em um lugar novo.
Nunca esteve sozinho e agora o pensamento o aterrorizava.
— Talvez deva assistir às aulas no Hemsworth com você esta tarde.
— Kyle deu um passo atrás de Ian. Suas mãos começaram a tremer. — Não
preciso tentar estar fora por conta própria. — Sua voz se elevou enquanto
andava para trás e para frente na pequena sala.
— Ei, agora, pare com isso. — Will agarrou seus ombros, acalmando
seus movimentos. Seus olhos estavam calmos e severos e Kyle não conseguiu
desviar do olhar. — Sei que está com medo. Entendo. Esta é sua primeira vez
longe de casa, mas é algo que está morrendo de vontade de experimentar.
Você é jovem e livre para fazer o que quiser. Precisa viver um pouco, Kyle.
Este é o seu ano de tentar coisas novas.
— Mas estou com medo. — Kyle murmurou e abaixou a cabeça para
frente e olhou para o chão.
— Todos já estivemos aqui antes, Kyle. — Will colocou um dedo
quente sob o queixo de Kyle para levantar o rosto para cima. — O medo é
parte do processo. Mas uma vez que se instalar e fazer amigos, vai ter uma
explosão. Só tem que dar uma chance.
— Ele está certo, Kyle. — Ian foi até ele e colocou o braço sobre os
ombros de Kyle. — Se não der certo aqui sempre pode voltar para casa.
— E se eu não fizer amigos? — Isso realmente era o maior medo de
Kyle, além de seu segredo de ser lobo. Nunca tinha tido um amigo até que Ian
entrou em sua vida. Ele fez amizade com os membros da matilha Nehalem,
mas todos tinham algo em comum. Podiam mudar em outra forma. O que
Kyle, um garoto um pouco introvertido e tímido, tinha em comum com alguém
aqui?
— Oh meu Deus! Sério? — Kelsey entrou na frente de Will e
empurrou Kyle no estômago. Seus lindos olhos azuis se estreitaram para ele e
Kyle queria dar mais um passo para trás. Para alguém tão pequeno ela tinha
um temperamento bem explosivo. Kyle aprendeu isso da pior maneira, quando
a empurrou na piscina com seus tênis novos. Ele não pôde correr rápido o
suficiente para ficar longe de sua ira. — Além desses dois idiotas — Ela
apontou para Ian e manuseou por cima do ombro para Will. — você é o cara
mais doce e mais engraçado que conheci. Então, pare de dar desculpas, ok? —
Os Olhos de Kelsey ficaram nebulosos e sua voz falhou quando falou
novamente. — Vai ter uma explosão aqui e não vai querer voltar para casa. —
Seu queixo tremia quando ela rompeu em lágrimas.
— Kelsey, não. — Kyle caiu de joelhos e puxou sua irmã num abraço
apertado. Os braços finos foram colocados em volta de seu pescoço e
apertavam tão forte que não conseguia respirar. — Não há nada neste mundo
que vai me impedir de voltar para você. — Kyle se afastou o suficiente para
olhar nos olhos inchados de Kelsey. — Você é como minha melhor amiga.
— Eu sou?
— Sim, você é. — Kyle enxugou as lágrimas de suas bochechas. —
Além disso, é a irmãzinha mais legal do mundo. Qualquer irmão seria sortudo
de tê-la.
Kelsey fungou então limpou o nariz.
— Eu sou, não sou? — Ela riu.
— Olá, vizinho. — Kyle olhou em direção à porta que dava para o
banheiro e viu um homem alto e muito musculoso ali com um sorriso amigável
no rosto. — Oh, merda. Estou interrompendo? Sinto muito, cara.
— Não, está tudo bem. — Olhou para trás para Kelsey, ela balançou a
cabeça e Kyle se levantou. — Sou Kyle. — Ele apontou para os outros. — E
esta é a minha família. Meu irmão Ian, irmã Kelsey e meu cunhado Will.
— Futuro cunhado. — Will corrigiu quando passou o braço em volta
da cintura de Ian.
— De jeito nenhum! —Os olhos do homem jovem se afastaram.
— Você tem algum problema com isso? — Kyle ficou na defensiva.
Ian e Will eram sua família e não teria ninguém os desrespeitando na
sua frente. Além disso, com ele mesmo sendo gay, odiaria ter de lidar com um
vizinho intolerante nos próximos nove meses.
— Não, nunca conheci um casal gay antes que estivesse realmente se
casando. Isso é muito incrível. — O cara sorriu para Will e Ian. Ele, então,
voltou-se para Kyle. — Eu sou Levi. — Levi estendeu a mão para apertar a
mão de Kyle, então, ofereceu a mão para os outros.
— Prazer em conhecê-lo, Levi. — Kyle ficou nervoso na presença de
Levi e enfiou as mãos nos bolsos. Não era bom em fazer amigos, nunca tinha
sido antes, e agora não sabia o que fazer a seguir.
Levi começou a conversar com Ian e Will. Deu a Kyle tempo para
observar seu novo vizinho. O cara era bonito. Levi tinha cabelos loiros e olhos
azuis brilhantes. Falava com facilidade e usava um sorriso fácil no rosto. Kyle
não conseguia entender como as pessoas poderiam ser tão abertas e
confiantes assim.
— Ei, Levi.
Outro homem entrou pela porta aberta que separavam os dormitórios
e os olhos de Kyle se arregalaram e sua garganta secou. Em toda a sua vida,
nunca tinha visto um homem tão bonito. Mais do que Levi.
— Oh, oi, Oliver. — Levi deu um passo para trás e passou o braço em
volta dos ombros de Oliver. — Este é Kyle, o nosso novo vizinho e esta é a sua
família. — Levi começou a apresentar a todos, enquanto Kyle ficou ali olhando
para Oliver.
Onde Levi era alto e densamente estruturado, Oliver era um pouco
mais alto e magro, como um corredor. Seu cabelo castanho curto era escuro e
arrepiado em cima, como se apenas passasse os dedos por ele. Sua postura
era rígida e seu rosto tinha todos os ângulos agudos. Nem uma vez ele sorriu
enquanto cumprimentava a família de Kyle. A mandíbula forte, angular estava
barbeada e seus lábios eram finos e pressionados em uma linha reta. Tudo
sobre este homem intimidava Kyle, mas também causava uma agitação em
sua bermuda que não podia explicar. Rapidamente deixou cair as mãos em
frente ao seu pau para não expor o quão atraído estava por Oliver.
— Prazer em conhecer todos vocês. — Oliver moveu seu olhar para
Kyle, então, rapidamente o desviou.
— Vocês precisam de alguma ajuda com as coisas de Kyle? —
Perguntou Levi. — Está uma loucura aqui hoje e odiaria que o nosso novo
colega de dormitório tivesse que fazer dez viagens para cima e para baixo nas
escadas. Oliver e eu nos mudamos ontem, por isso está tudo organizado. Se
precisar de alguma ajuda, ficaríamos felizes em dar uma mão.
Kyle tirou os olhos de Oliver, que não parecia muito feliz com a oferta
de Levi.
— Isso é bom, mas não precisa.
— Não, não é um problema. — Levi deu um tapinha nas costas de
Kyle. — Isso é o que os vizinhos fazem. Certo, Ollie?
— Sim. — Oliver virou as costas e se dirigiu para a porta da frente do
quarto de Kyle.
— Ignore-o. — Levi acenou com a mão no ar. — Ele está sempre mal-
humorado.
— Sério? Eu não poderia dizer. — Kyle caminhou atrás de Levi
descendo os degraus.
— Você é engraçado, já posso dizer. — Levi riu. — Ollie não é tão
ruim quando começa a conhecê-lo. Somos amigos desde que éramos crianças.
Estou acostumado com seu mau humor.
Kyle olhou por cima do ombro para Ian e Will, que sorriu encorajador
e Ian deu-lhe um polegar para cima. Sabia que esperavam que encontrasse
um amigo em Levi e Oliver, mas Kyle não tinha tanta certeza. Levi era
amigável o suficiente, mas Oliver? Achou o cara lindo de morrer, mas não
parecia tão amigável, ou pelo menos não com Kyle.
Uma vez que saíram pela porta dupla, viu Oliver em pé no sol os
esperando. Quando Oliver pegou Kyle olhando, ele se virou.
— Qual é o seu carro? — Levi perguntou quando bateu palmas.
— Aquele ali. — Ian liderou o caminho para o caminhão que tinham
pego emprestado de Holden, um bom amigo e membro do bando Nehalem.
Kyle realmente gostava dele e de seu companheiro Ethan.
Tudo o que foi deixado na parte de trás era a TV de tela plana de
Kyle, uma caixa com seu Xbox e jogos, e mais algumas malas com roupas e
seus sapatos. Oliver pegou a TV e voltou a subir os degraus.
— Ele é definitivamente um homem de poucas palavras. — Ian
sussurrou para Kyle enquanto olhava para Oliver.
— Você pode dizer isso de novo. — Kyle pegou outra mala.
— Tem um game, também? — Levi perguntou com um sorriso no
rosto. Kyle assentiu. — Doce! Podemos jogar Xbox Live a de nossos quartos.
Você tem o fone de ouvido?
— Sim. — Kyle sorriu para o olhar animado no rosto de Levi.
Kyle conversou com Levi todo o caminho de volta até seu quarto. O
cara realmente era fácil de conviver. Quando chegaram a seu quarto, Oliver
estava perto da porta esperando por eles.
— Coloquei a sua TV na parede ao lado da cama. — Disse ele para
Kyle e virou-se para o amigo. — Levi, vou tomar um banho. Foi um prazer
conhecer todos vocês. — Com isso, ele se virou e saiu pela porta que
interligava o banheiro.
Kyle viu quando ele saiu e percebeu um ligeiro coxear nos
movimentos de Oliver. Esperava que não tivesse puxado um músculo
enquanto carregava sua TV por três lances de escadas. Nada pior do que fazer
um inimigo em seu primeiro dia.
— Rapaz, ele é um anti-social. — Disse Kelsey quando se sentou na
cama.
— Kelsey! — Ian agarrou. — Não seja rude.
— Não se preocupe com isso, cara. — Levi riu. — Ela está fazendo
sua avaliação. Ele não é ruim depois que começa a conhecer você.
Depois de mais alguns minutos de bate-papo, Ian finalmente sugeriu
ir para casa. Eles tinham uma longa viagem pela frente e precisavam pegar a
estrada.
— Me chame de dia ou de noite, você me ouviu? — Ian disse
enquanto abraçava Kyle. — Não hesite. Estou sempre aqui para você, não
importa o que aconteça.
— Eu sei. — Disse Kyle com um sorriso e foi abraçar Will.
— E estou aqui para você, também, Kyle. Apenas um telefonema de
distância. — Will deu um tapinha nas costas dele e o deixou ir.
— Não vou dizer adeus. — Kelsey cruzou os braços sobre o peito,
olhou para o chão e murmurou baixinho: — Nunca diga adeus, porque adeus
significa ir embora e ir embora significa esquecer. — Mais uma vez as lágrimas
encheram seus olhos, assim como os de Kyle.
— Oh, Kels. — Kyle sentiu a garganta apertar ao ouvir a citação de
Peter Pan. Caiu de joelhos e passou os braços em torno de sua irmã mais
nova. Poderiam não compartilhar o mesmo DNA, mas o sangue não fazia uma
família. O amor fazia. — Vou voltar. Prometo. Este é apenas um adeus por
agora, não para sempre. — Kelsey levantou seu dedo mindinho e Kyle ligou o
seu com o dela. — Promessa de mindinho.
Com um último abraço, viu quando sua família subiu no caminhão e
foi embora. O peito de Kyle doeu com a pressão de seu coração que apertava
com força. Não sabia o que sentir, enquanto observava as pessoas que mais
amava no mundo deixá-lo.
— Todo o mundo é feito de fé e confiança e pó de pirlimpimpim. —
Disse Levi.
— Desculpe-me? — Kyle olhou para Levi, esquecendo por um
momento que estava de pé ao lado dele.
— Peter Pan. — Ele apontou para o caminhão desaparecendo à
distância, levando sua família para longe. — Como Kelsey, sou um fã. — Ele
encolheu os ombros. — Acho que poderia dizer que tenho qualidades
semelhantes ao menino que não queria crescer.
— Eu me identifico com isso. — Kyle virou e caminhou com Levi de
volta até as escadas para o quarto. Estava quieto, não realmente se sentindo
muito mais social. Pela primeira vez, se sentia sozinho.
— Ei, Kyle. — Levi deu um soco levemente em seu braço, não forte o
suficiente para machucá-lo. — Ollie e eu íamos sair para comer uma pizza.
Quer vir ficar com a gente?
Kyle olhou para a porta do quarto e de volta para Levi. Poderia ir
desfazer as malas e ser infeliz no silêncio ensurdecedor de seu quarto ou ir e
passar o tempo com seus vizinhos e talvez encontrar algumas outras pessoas.
— Vamos lá, Ky! — Levi sorriu com aquele sorriso brilhante para ele.
— Viva um pouco.
— Ok, eu vou. — Kyle sorriu para Levi. O sorriso do homem era
contagiante.
Kyle seguiu Levi para o seu quarto e esperou quando ele abriu a
porta. Estava olhando para o chão e rindo de alguma coisa que Levi tinha dito
quando entrou. Quando olhou para cima, sua boca se abriu e suas mãos
começaram a suar. De pé, em frente a ele, estava um Oliver fresco e seminu
saindo do chuveiro. As gotas de água caíam no peito muscular para entrar no
cós de sua cueca boxer. Se houvesse qualquer dúvida em sua mente antes, ela
se foi. Kyle estava além de atraído pelo homem temperamental. Seus olhos
percorriam o corpo duro de Oliver, observando cada sulco duro. Pararam na
perna protética de metal presa bem debaixo do joelho esquerdo de Oliver. Ele
olhou para cima para ver os olhos de Oliver estreitados para ele e uma
carranca no rosto.
Mesmo quando irritado, teve que conceder a Oliver. O homem era
muito quente.

Capítulo 2

— Ei, Levi! — Oliver chamou seu melhor amigo. Caminhou até a porta
do banheiro e bateu, mas Levi não respondeu, então tentou a maçaneta e
girou. Quando a porta se abriu, podia ouvir vozes que vinha do outro lado da
porta do banheiro que ligava para o quarto do seu vizinho. — Merda!
Não demorou muito para descobrir que Levi tinha passado para se
apresentar ao seu novo vizinho, algo que Oliver tinha pedido especificamente
para não fazer. Sim, eram estudantes da Campbell Estadual, mas, juntamente
com o trabalho para terminar seus estudos, este ano haviam sido indicados
para cuidar de um aluno em particular. Kyle Argent.
Roderick Tinha dado ordens a Oliver e Levi para manterem um olho
em Kyle, para ter certeza que nada acontecesse com ele e para se certificar de
que não fizesse algo louco como ficar todo peludo durante uma das palestras
de seu professor.
Parecia ser um trabalho fácil e simples, sem quaisquer complicações.
Poderia fazer o seu trabalho e dedicar a maior parte de seu tempo em estudar.
Bem, isso foi até que colocou os olhos sobre Kyle Argent. Dizer que o homem
era de tirar o fôlego não lhe faria justiça, e Oliver não pensava sobre pessoas
nessas condições, de modo que não iria lá.
Oliver estava achando difícil não olhar. Kyle não era o que esperava.
Roderick disse que era um cara tímido e quieto, que não tinha autoconfiança.
Então, naturalmente, Oliver e Levi estavam esperando um nerd intelectual,
mas isso não é o que tinham.
Kyle Argent parecia ser tímido, mas não era nerd. Se qualquer coisa,
era lindo. Cabelo curto e marrom, com luzes e cortado perto de seu couro
cabeludo nas laterais e um pouco grande na parte superior. Seus olhos azuis
cintilantes estavam desafiando Oliver a dar um passo mais perto para ter uma
visão melhor. Era pelo menos uns quinze centímetros mais baixo do que Oliver
e era magro, mas não um desnutrido ou doentio. Não, Kyle era magro e em
forma. Não era uma grande surpresa. A maioria dos shifters lobo estava em
condição física superior e Kyle se encaixava no molde. Aliás, Kyle olhava para
o chão e se recusava a fazer contato com seus olhos, Oliver podia ver que
apesar da maioria dos shifters que conheceu serem confiantes demais, Kyle
parecia faltar nesse departamento.
Quando Levi apresentou-o, Oliver não teve escolha, a não ser trocar
gentilezas com Kyle e sua família. Então, para seu espanto, Levi ofereceu-lhes
para ajudar o garoto a trazer suas malas para dentro. Oliver ia chutar o
traseiro de Levi quando estivesse sozinho com seu melhor amigo.
Oliver conhecia Levi desde que podiam andar. Eles cresceram em
Haden, West Virginia e vieram de famílias de caçadores. Quando a maioria das
crianças era fissurada em esportes, Oliver e Levi eram fissurados em crescer
rápido para se tornar caçadores, assim como seus pais.
Com a idade de treze anos, a mãe e o pai de Oliver tinha começado a
lhe permitir ir em missões com eles. Não era autorizado a participar na caça,
mas teve que aprender a controlar e subjugar um lobo raivoso à distância.
Quando completou quinze anos, seu pai havia lhe ensinado como se
defender e como usar uma arma, várias armas de verdade. A próxima missão
que veio no caminho de seus pais, eles lhe permitiram ir junto. Levi e sua
família eram sua segurança. Oliver ainda se lembrava de estar animado. Ele e
Levi estavam finalmente autorizados a serem membros da equipe.
As ordens que vieram do conselho foram para matar, não deter, uma
matilha de lobos que haviam abatido uma família não muito longe da cidade
natal de Oliver, então naturalmente os seus pais concordaram em assumir o
caso.
Carregaram seus equipamentos e saíram. Era final de outubro e um
frio se estabeleceu. Um frio soprou através da densa floresta e Oliver ainda
hoje lembrava o medo que penetrou em seus ossos. Tinha um mau
pressentimento sobre a missão, mas manteve suas preocupações para si
mesmo. Seus pais eram uns dos melhores caçadores lá fora. Todos diziam
isso. O pai de Levi disse ao pai de Oliver que poderiam assumir três lobos por
conta própria com uma mão amarrada nas costas.
Enquanto se moviam pela floresta, ela parecia estranhamente
silenciosa. Oliver estava atrás, no meio de seu pai e sua mãe. Levi e seus pais
estavam chegando no lado oeste com o plano de atender Oliver e seus pais no
centro, onde as pistas levaram.
Estavam em silêncio, enquanto procuravam os seus alvos e Oliver
não gostava disso. O silêncio o estava deixando apavorado.
Seu pai chegou a um impasse e segurou sua mão no ar. Oliver parou
e olhou em volta.
— Oliver, corra! — Aquelas tinham sido as últimas palavras do seu pai
para ele.
Do nada, cinco lobos caíram sobre eles. Tiros perfuraram o céu da
noite tranquila, junto com rosnados.
Oliver fez como seu pai disse e saiu correndo. Podia ouvir seus pais
tentando o seu melhor para lutar contra os lobos, mas eram muitos. Os sons
que vieram de seu fone de ouvido o chocaram, mas estava com muito medo
para responder. Podia ouvir o pai de Levi pedindo coordenadas, mas Oliver
estava com muito medo para falar. Tudo o que podia fazer era correr.
Não sabia o quão longe tinha chegado quando algo pesado pulou em
suas costas e empurrou-o para o chão. Oliver rolou por uma grande colina e
caiu de costas com um baque duro. A dor atravessou sua perna esquerda e
gritou em agonia. Seu sangue escorria pela testa de um corte acima do olho.
Mal teve tempo de registrar o lobo antes que estivesse sobre ele, e depois
outro.
Um dos lobos mordeu seu ombro e empurrou Oliver de lado a lado.
Gritou quando os dentes afiados cravaram em sua pele e rasgou seu ombro. À
distância, podia ouvir o pai de Levi chamando por ele, chegando mais perto,
mas não seria em breve. Quando tentou derrubar o lobo para longe de seu
corpo, o outro lobo aproveitou a oportunidade para atacar a perna ferida.
Podia sentir os dentes rasparem contra o seu osso, em seguida, um som de
estalo quando o osso quebrou em dois. O som úmido de carne e músculo
sendo arrancada fez a bile subir na garganta de Oliver. Esses monstros
estavam lhe comendo vivo.
Quando tinha desistido, ouviu tiros. O lobo na cabeça dele gritou e
caiu numa pilha ao seu lado. O que estava em sua perna decolou, mas não
antes de tomar um pedaço da perna de Oliver.
Os pontos pretos pairavam sobre os olhos enquanto Oliver tentava
ficar acordado. Lembrou-se de chamar por seus pais e o som do suspiro de
Levi. Aquela noite, ainda estava muito embaçada para ele, e queria mantê-la
assim. Perdeu não só a perna esquerda naquela noite, mas seus pais também.
Por que iria querer se lembrar de algo sobre aquela noite terrível?
Após deixar Levi com o cara novo, partiu para o seu quarto. Precisava
de um banho para refrescar seu corpo superaquecido. Gostaria de dizer que foi
da umidade, o ar quente do lado de fora, mas uma pequena parte dele estava
em negação. Ou seja, o pau dele. Toda vez que fechava os olhos, podia ver o
tímido sorriso de Kyle e lembrou-se a sensação da mão macia, lisa na sua.
Oliver tirou a roupa e pegou uma nova cueca boxer de sua gaveta.
Uma vez no banheiro, trancou a porta ao lado do quarto de Kyle. Começou
ligando a água e, enquanto a esperava aquecer, tirou a perna protética.
Os médicos não tinham sido capazes de salvar a perna após o
ataque. Havia sido amputada logo abaixo do joelho esquerdo. Ficou com raiva
no começo, mas perdeu a batalha com isso, ao longo dos anos. Tinha perdido
seus pais, o que o feriu muito mais. Saber que nunca ia vê-los novamente
cortava, como se uma faca estivesse seu peito. Ficaria feliz em dar sua outra
perna se pudesse trazer a sua mãe e pai de volta.
Oliver tinha ficado bom em saltitar sobre um pé ao longo dos anos.
Ele se recusava a usar uma cadeira de chuveiro durante o banho. Enquanto
era jovem e forte, por Deus, ficaria de pé no chuveiro. Não que pensasse que
fosse um sinal de fraqueza as outras pessoas precisarem de ajuda, mas não
queria ajuda. Gostava de sua independência, e perder sua perna não mudou
isso. Pelo contrario, era um caçador feroz.
Depois do acidente, foi viver com Levi e sua família. Ele e Levi
trabalharam juntos e se tornaram uma equipe imparável. O conselho havia
ficado surpreendido com o quão longe tinha chegado, mesmo com sua
deficiência. Odiava essa palavra. Ter duas pernas não fazia uma pessoa inteira.
Só porque estava faltando uma perna não significava que era fraco ou
prejudicado. Por outro lado, o tornou mais determinado.
Mas Oliver tinha aprendido ao longo dos anos, desde o acidente, que
nem todos os shifters eram monstros. Poderia dizer a diferença entre o bem e
o mal. Claro que tinha perdido a perna e seus pais para shifters, mas não
perdeu sua humanidade. No início, atirava para matar, mas depois percebeu
que havia alguns shifters estavam tão perdidos e com medo como ele uma
vez. Assim, quando o conselho fez as alterações para proteger os seres
humanos e shifters igualmente, Oliver estava a bordo com isso. Queria
proteger aqueles que não podiam se proteger e não importa quem ou o que
eram.
Oliver respirou fundo quando entrou debaixo do chuveiro quente. A
água correu por cima da cabeça e para baixo de suas costas. Descansou uma
das mãos na barra de metal que corria na largura do chuveiro e outra na
parede de azulejo. O calor da água infiltrou em seus músculos cansados e
lavou o suor. Virou a cabeça em seus ombros e abriu a boca para deixar a
água correr para o interior, então a cuspiu.
Deu um pulo para trás e pegou o sabonete. Deixou suas mãos
aliviarem o seu corpo cansado enquanto se lavava. Quando suas mãos se
moveram mais baixo para limpar suas bolas e pênis semi-ereto, fechou os
olhos. Começou a imaginar que eram as mãos de Kyle em seu corpo,
trazendo-lhe prazer.
Aqueles olhos azuis tímidos olhavam para ele através cílios úmidos,
enquanto Kyle lambia seu lábio inferior. Oliver iria envolver seus braços ao
redor da cintura de Kyle e puxá-lo para moer seu comprimento duro na barriga
de Kyle.
Oliver agarrou seu eixo num punho apertado e começou a sacudir a
mão para cima e para baixo. Mesmo com a água caindo em seu corpo,
começou a suar. Grunhiu quando choques de prazer pulsavam em suas bolas.
Sua mão se moveu mais rápido e mais rápido até seu gozo disparar na ponta,
cordas de sêmen branco sobre os azulejos cinza claro.
— Merda! — Oliver assobiou quando bateu com o punho contra a
parede. — Ele é uma atribuição, não uma conexão. Então, tire-o de sua
cabeça.
Oliver terminou de enxaguar a espuma fora de seu corpo e limpou a
parede. Desligou a água e saiu. Uma vez que se enxugou, deslizou sua boxers
em sua perna e depois saiu para o seu quarto.
Não teve tempo para pensar quando a porta se abriu e Kyle estava
lá, com um Levi sorrindo atrás dele. O rosto de Kyle se iluminou com o que
Oliver conseguia pensar ser desejo, mas quando seus olhos se deslocaram
mais baixo, eles se arregalaram e Oliver ficou na defensiva.
— O que está olhando? — Oliver virou-se para Kyle, dando-lhe uma
visão melhor. Gostava de esfregar sua desfiguração no rosto das pessoas que
pareciam ofendidas por ela. Não queria acreditar que Kyle era assim, mas não
sabia quem era homem ou como reagiria.
— Nada. — As bochechas de Kyle coraram de calor e ele desviou os
olhos.
— O quê? Será que isso te incomoda? — Oliver apontou para a perna.
— Oliver, vamos lá, cara. — Levi se colocou entre ele e Kyle. — Se
acalme.
— Não, não. — Disse Kyle em um tom suave.
— Então, o que está olhando? Ele estalou.
— Você está só de cueca. — Kyle olhou para Oliver rapidamente. — E
está molhado.
Levi começou a rir tanto que se dobrou. Oliver chamou a atenção de
Kyle e viu desejo nas profundezas azuis. Esse menino ia ser um problema.
— Vou me vestir no banheiro. — Oliver pegou suas roupas e foi nessa
direção.
— Legal. — Levi ficou sério e se levantou. — Quando estiver pronto,
vamos buscar o jantar. Convidei Kyle para vir conosco.
— Claro que convidou. — Disse Oliver com os dentes cerrados. Ele
fechou a porta atrás de si.
Enquanto se vestia, podia ouvir um sussurro abafado de Levi dizendo
a Kyle para não se preocupar com isso. Que queria que viesse com ele e
Oliver. Não sabia se Levi era gay, mas isso deixou Oliver em alerta com quão
bom seu amigo estava sendo para Kyle. Não fazia sentido. Levi era um cara
legal e fazia amigos em todos os lugares que ia. Então, naturalmente, queria
ser amigo de Kyle.
Uma vez que estava vestido, saiu do banheiro. Levi estava sobre sua
mesa puxando o celular do carregador e Kyle estava ao lado olhando como se
estivesse tentando se afundar na parede. Oliver, de repente, se sentiu mal por
ser tão rude com pobre rapaz.
— Sinto muito, Kyle. — Disse Oliver. — Não queria ser um idiota.
A cabeça de Kyle levantou e ele parecia um pouco pálido.
— Não, não tem nenhum motivo para se arrepender. Eu não deveria
ter olhado para você. Foi falta de educação.
Esse garoto era de verdade? Oliver teve que sugar o lábio inferior
para não rir. Era doce o quão tímido Kyle agia. Mas poderia enganar Oliver ou
Levi, levando-os a pensar que Kyle era fraco.
— Tudo bem, senhoras. — Levi bateu palmas. — Uma vez que beijou
e fez seu ponto, que tal comer alguma coisa? Estou morrendo de fome.
— Babaca. — Oliver bateu a parte de trás da cabeça de Levi quando
passou correndo por ele. Olhou para cima para ver Kyle ainda de pé no canto.
— Vamos lá, Kyle. — Ele suavizou seu tom de voz e segurou a porta aberta.
Quando Kyle passou por Oliver tomou uma respiração profunda. Borboletas
bateram em torno de seu estômago com o cheiro doce.
Oliver não sabia como iria, possivelmente, ficar longe de Kyle, mas
teria que encontrar um caminho. A vida de um caçador não tinha nenhuma
garantia e não podia dar se ao luxo de ficar ligado a Kyle.

Capítulo 3

Trinta minutos depois, Kyle encontrou-se sentado em uma pizzaria


lotada. Aparentemente, todos os estudantes no campus tiveram um desejo de
pepperoni.
A CS Pizzaria parecia, bem, como Kyle pensava que qualquer
restaurante localizado perto de um campus universitário deveria parecer. Ou
pelo menos pelo que tinha visto na TV. O restaurante tinha um piso plano e
aberto, de onde as pessoas podiam ver a pizza sendo feita. Do outro lado do
prédio, localizava-se uma sala de jogos, com mesas de bilhar, máquinas de
pinball e um lugar para jogar dardos. Mesas estavam espalhadas por todo o
espaço com pessoas lotando a área.
— Eu vou até o balcão e esperar por nosso pedido. — Levi se
levantou. — Ficarão bem enquanto eu estiver fora? — Levi dirigiu sua pergunta
mais a Oliver que para Kyle.
— Cale a boca. — Oliver apontou seu dedo médio para Levi.
Kyle olhou de cara feia cara para Oliver e sorriu e acenou com a
cabeça para Levi.
— Vamos ficar bem. — Disse baixinho, não querendo chamar a
atenção para si.
As paredes praticamente vibravam com todas as vozes dos
ocupantes. Kyle se assustava cada vez que alguém soltava um grito ou gritava
em frente a sua mesa para outra pessoa. Não estava acostumado a tanta
excitação e isso o deixava nervoso.
— Você esta bem?
Kyle empurrou sua cadeira quando a mão grande e quente de Oliver
tocou seu antebraço. Sua pele chiou com o toque leve e Kyle tinha que apertar
o punho firmemente para impedir seu lobo de subir à superfície. Seus nervos
estavam firmemente tensos. Entre o barulho todo, estar longe de sua família
pela primeira vez em sua vida e sua atração inexplicável por Oliver, Kyle
pensou que poderia se enrolar numa bola e ter um ataque de pânico. Agora,
não seria lisonjeiro?
— Sim. — Kyle esfregou a mão dele sobre onde Oliver tinha o tocado.
Ainda podia sentir a pressão suave das pontas dos dedos de Oliver. — Um
pouco nervoso, é tudo.
— Nervoso? — Oliver inclinou a cabeça para o lado. — Por quê?
— Bem... Eu... Eu... — Kyle odiava ter que explicar que tinha vivido
uma vida muito protegida, até cerca de um mês atrás. Nunca tinha ido a um
restaurante ou a um shopping, inferno, nem mesmo a uma biblioteca. Era
embaraçoso e, por algum motivo, não queria que Oliver tivesse pena dele. — É
tudo novo para mim.
— Entendo isso. — Oliver acenou com a cabeça. — Estava nervoso
quando comecei meu primeiro ano aqui, também. Um novo lugar, conhecer
novas pessoas. — Oliver soltou um suspiro. — Foi uma loucura, mas pelo
menos, eu tinha Levi. Então, não estava tão nervoso quanto algum dos outros
alunos.
— Isso deve ser bom. — Kyle mexia com as mãos enquanto
gaguejava suas palavras. — Ter alguém que se preocupa por perto.
— Sim, Levi é como um irmãozinho chato, mas não o trocaria por
nada nesse mundo. Pode ser um grande pé no saco, mas você não poderia
encontrar um amigo mais confiável e leal. Você verá.
— Acha que somos amigos? — Kyle se virou para ver Levi em pé no
balcão conversando com uma morena bonita. Ela ficou perto dele, esfregando
seus peitos firmes sobre o braço, mas Levi não parecia ofendido pelo ato.
Parecia mais que estava adorando. Kyle teve que assumir que Levi era hetero.
Tinha de rezar que Levi não o convidasse para um encontro duplo com ela e a
colega de quarto ou algo doido assim.
— Você está me perguntando sério isso? — Oliver tomou um gole de
seu refrigerante e o baixou. — Nunca teve amigos antes?
— Bem... — Mais uma vez tentou encontrar as palavras para explicar
a sua situação. Não podia simplesmente deixar escapar que sua mãe adotiva o
manteve prisioneiro, sem que ele percebesse, em sua casa. Ah, e sim, poderia
mudar num lobo e que isto tornava fazer amigos meio difícil. Ou pelo menos,
era para Kyle. Achava difícil confiar em outras pessoas. — Tenho amigos
agora. — Considerava os membros da matilha Nehalem seus amigos.
— Agora? — Perguntou Oliver. — O que isso quer dizer?
Kyle olhou para suas mãos e decidiu que era melhor deixar Oliver
fora desta pequena parte de sua vida. Apenas o suficiente para satisfazer a
curiosidade, mas não o suficiente para tê-lo fugindo ela porta.
— Cresci com a minha mãe adotiva. Ela era muito superprotetora e eu
não saia muito. — Kyle respirou fundo. — Quando ela faleceu fui morar com
meu irmão e irmã. — Kyle não sentiu a necessidade de dizer que não eram
realmente irmão e irmã, mas que também não era da conta de Oliver. —
Portanto, neste mês passado fiz alguns amigos, mas depois me mudei para cá
e agora tenho que começar tudo de novo. Se pode perceber, sou muito tímido.
— Sério? Não tinha notado. — O lado esquerdo do lábio de Oliver
levantou e ele sorriu para Kyle.
Kyle podia sentir o calor correr do pescoço para se estabelecer em
suas bochechas. Gostou da maneira de Oliver sorrir e falar com ele. O homem
era lindo e, provavelmente, poderia ter qualquer homem ou mulher no
restaurante, mas sentou-se com Kyle. Não que isto necessariamente quisesse
dizer algo. Oliver estava apenas sendo bom, mas Kyle iria aceitar.
— Então, tem um monte de amigos? — Perguntou Kyle.
— Alguns, mas não muitos. — Oliver se recostou na cadeira e cruzou
os braços sobre o peito.
— Por quê? — Kyle não poderia deixar de perguntar. Com a boa
aparência de Oliver, imaginava que as pessoas se juntassem ele, má
personalidade ou não.
Oliver deu de ombros.
— Não preciso do stress de ter de me certificar de que outras pessoas
estejam felizes ou confortáveis. Muito trabalho.
O que Oliver disse fazia sentido, Kyle pensava, mas havia lá mais do
que isso? Será que Oliver afastava as pessoas por causa de sua deficiência?
Não que isso incomodasse Kyle, mas sabia muito bem como as pessoas
reagiram às coisas que não percebiam como normal.
— É por causa de sua perna? — Kyle levantou a mão para cobrir a
boca. Não podia acreditar que perguntou isso. Realmente precisava aprender a
não dizer tudo o que estava pensando. — Desculpe-me. Não precisa responder
a isso. Sou um idiota. — Murmurou sob sua respiração. Se houvesse alguma
chance de que Oliver queria ser seu amigo, agora tinha sumido.
— Cara, precisa parar de se desculpar. — Oliver se inclinou na cadeira
dele. Kyle olhou para cima para ver Oliver mordendo no lado do rosto, como se
estivesse pensando sobre algo. — Claro, algumas pessoas agem estranho por
isso. — Ele se inclinou para bater em sua perna de metal através de seu jeans.
— Mas parei de me preocupar com o que pensam de mim há muito tempo. Sou
apenas uma pessoa reservada, que não precisa de um monte de gente em
volta para me sentir bem comigo mesmo. Levi é grande e realmente não vejo
muita necessidade de mais do que um bom amigo em que sei que posso
confiar.
Ouch! Kyle ergueu a mão para esfregar a área bem no centro do
peito.
— Então, isso significa que não podemos ser amigos? — Mais uma vez
a boca abriu sem seu controle.
Oliver inclinou a cabeça para o lado e deu a Kyle um olhar sério que o
tinha se contorcendo na cadeira.
— Você quer que seja seu amigo ou tem algum fetiche estranho por
amputados?
— O quê! — Kyle quase caiu da cadeira.
— Só estou brincando com você. — Oliver começou a rir e estendeu a
mão para bater a palma de sua mão no bíceps de Kyle. — Se vamos ser
amigos, precisa seriamente relaxar um pouco.
Um sorriso curvou o lábio superior de Kyle com as palavras de Oliver.
Por alguma razão, parecia muito importante que Oliver gostasse dele e
quisesse ser seu amigo. — Vou me esforçar para trabalhar nisso.
— É melhor. — Oliver piscou para ele.
— Estão prontos para comer? — Levi apareceu com a pizza. — Merda,
estive fora por apenas uns dez minutos e já tenho o número de alguém. —
Levi atirou. — Droga, amo a faculdade.
— Não, só ama garotas, seu fácil. — Oliver começou a comer uma
fatia de pizza, encontrou o olhar de Kyle e lhe deu um pequeno sorriso. Kyle
rapidamente desviou o olhar, como as bochechas corando um tom mais
profundo de vermelho do que já eram.
— Veja, você chama de ser fácil. Chamo isso de ser amigável.
Kyle pegou uma fatia de pizza e sentou-se para ouvir os dois amigos
discutirem sobre Levi ser fácil ou apenas uma boa pessoa. Foi divertido de
assistir e não conseguia se lembrar da última vez que riu tanto.
Depois de terem terminado a sua pizza, caminharam de volta ao seu
dormitório. A temperatura caiu um pouco, mas ainda estava úmido. Kyle
manteve as mãos nos bolsos e ouviu Levi e Oliver conversar, respondendo
uma e outra pergunta que lhe faziam.
Uma vez de volta aos seus quartos, Kyle despediu-se e agradeceu
pelo convite para jantar. Levi deu-lhe um abraço de um braço só, antes de
entrar em seu quarto. Oliver estava encostado na parede olhando para ele.
— O quê? — Kyle olhou para sua camisa pensando que devia ter
comida em algum lugar. — Será que tenho um molho na minha camisa?
— Não. — Oliver deu um passo mais perto de Kyle. — Só admirando o
seu sorriso. É bom vê-lo fazer isso sem corar dez tons de vermelho. Oh, lá vai
você de novo. — Olivier riu.
Kyle podia sentir seu rosto queimando e ergueu as mãos para cobrir
seu rosto.
—Isso não é engraçado. — Ele deu uma risadinha. — Não posso
impedir.
— Só estou brincando com você. — Oliver pegou a maçaneta da
porta. — Fica bonito em você, Kyle. Não se sinta constrangido por isso. — De
repente, o sorriso no rosto de Oliver caiu e seu belo rosto foi duro. — Bem,
boa noite. — E foi assim que Oliver entrou em seu quarto e fechou a porta.
Kyle ficou parado um minuto olhando para a porta fechada. Oliver
tinha acabado de chamá-lo de bonito. Isso tinha que ser uma coisa boa, certo?
Se era ou não era, iria aceitar. Gostou tanto de Levi e Oliver, mas havia algo
sobre Oliver que lhe tirava o fôlego. Apenas um sorriso deixava seu coração
acelerado e seus joelhos balançando.
Com um último olhar para a porta de Oliver, virou e entrou no seu
quarto. Tomar um rápido banho e escovou os dentes. Tinha que acordar cedo
amanhã para a orientação.
Depois de se enrolar em sua cama, estava olhando pela janela. As
estrelas brilhavam na distância, mas todo que podia ver era o rosto sorridente
de Oliver.

*****
— Você gosta dele, não é? — Levi sussurrou uma vez que Oliver
entrou pela porta.
Oliver balançou a cabeça enquanto tirava a camisa e jogou-a para o
amigo.
— Cale a boca, Levi.
— Não tente negá-lo. — Levi jogou a camisa para o cesto de roupa
suja. — Vi o jeito que ficou olhando para ele. Além disso, ele é totalmente o
seu tipo. Que palavra é essa? — Levi estalou os dedos até que seu rosto se
iluminou com um triunfante sorriso. — Twink! Ele é um twink e você gosta
dele.
— Querido Deus. Como é que somos amigos? — Oliver puxou o
celular do bolso. — Estamos aqui apenas para cuidar de Kyle e certificar de
que não entre em qualquer dificuldade. Nada mais do que isso.
— Conversa fiada. — Levi deixou-se cair na cama. — Posso dizer que
gosta dele e não importa o que diz, não pode mentir para mim. Vejo a verdade
em seus frios olhos azuis.
— Por favor, mantenha a voz baixa? — Oliver fez um gesto com as
mãos para Levi calar. Oliver ouviu a fechadura da porta fechar, indicando que
Kyle estava agora no banheiro e não queria que o lobo ouvisse o que estavam
falando. Uma vez que a água foi ligada, Oliver correu pelos seus contatos e
apertou 'chamar ' quando alcançou o número de Roderick.
— Roderick.
— Ei, é o Oliver, só queria falar com você. — Roderick tinha lhes dado
instruções estritas para ligar pelo menos uma vez por dia, para dar relatórios
sobre Kyle. Oliver pensou que Roderick estava agindo mais como um pai
preocupado, do que um caçador fazendo seu trabalho para proteger um shifter
lobo tímido. — Kyle está indo bem. Sem incidentes a relatar.
— Ótimo. — Disse Roderick. — Lembre-se de ficar de olho nele. É a
primeira vez sai por conta própria. Não quero que nada lhe aconteça. Kyle é
uma criança doce. Merece uma chance de ter uma vida normal.
Oliver tinha lido todo o arquivo de Kyle, uma vez Roderick o atribuiu
ao caso. Kyle não necessariamente teve uma vida ruim, apenas um
confinamento. Depois que a mulher que o criou foi assassinada, Kyle foi posto
em liberdade e agora vivia com seu irmão adotivo e irmã.
Quanto podia ver, Kyle estava indo muito bem, mas Roderick tinha
todos os motivos para se preocupar. Se Kyle dissesse a pessoa errada, ou de
alguma forma deixasse deslizar seus segredos, poderia colocá-lo numa
situação perigosa. Não apenas a ele, mas todos os shifters.
Roderick vendo que Levi e Oliver já estavam frequentando a
faculdade de Campbell, pediu para vigiarem Kyle. Oliver só não sabia o quão
difícil seria. A atração que sentia por Kyle estava lhe deixando louco, mas tinha
que ficar focado no trabalho. Era responsável por Kyle.
— Não poderia concordar mais, senhor. — Oliver olhou para a porta
do banheiro e ouviu a água correndo. Era difícil pensar, sabendo que Kyle
estava lá agora, nu. — Ele é especial. — Oliver fechou os olhos e
silenciosamente se amaldiçoou por suas palavras.
— Oliver, espero que queira dizer 'especial' da forma que entende
quão importante é esse garoto, e como sua família pediu para eu garantir que
tenha um ano de sucesso na faculdade e não que tem segundas intenções em
direção a este jovem.
— Não, senhor. — Oliver respondeu rapidamente.
— Bom. — Roderick ficou em silêncio por um momento antes de falar
novamente. — Oliver, escute, não me interprete mal. Acho que é um caçador
incrível. Provavelmente um dos melhores que já vi, mas, por favor, cuidado.
Oliver entendeu o significado subjacente. Precisava ter cuidado com
Kyle, mantê-lo seguro, mas não se apaixonar por ele. Um caçador distraído era
um perigo e Oliver ficaria arrasado se algo acontecesse com Kyle enquanto sob
seus cuidados.
— Não precisa se preocupar, senhor. Levi vai fazer com que tudo
corra sem problemas aqui.
Depois de sair do telefone com Roderick, foi ao banheiro para escovar
os dentes. O vapor ainda embaçava o vidro e gotas de água do chuveiro iam
até a porta de Kyle. Oliver fechou a porta do banheiro, dando a si mesmo um
pouco de privacidade a partir de Levi. Uma toalha azul brilhante estava
pendurada no gancho na porta de Kyle. Por razões que Oliver não podia
explicar, deu um passo em direção a ela, levantou o tecido úmido para o nariz
e respirou o perfume de Kyle. Cheirava como o verão, o sol brilhando sobre a
pele aquecida e cascata de água em direção à costa.
Um sorriso bobo surgiu no seu rosto e Oliver teve um vislumbre de si
mesmo no espelho. Deixou cair a toalha como se queimasse seus dedos e
franziu a testa para seu reflexo. Não tinha ideia do que estava acontecendo
com ele. Nenhum homem jamais tinha tido esse tipo de atração sobre ele
antes, mas de alguma forma, em menos de cinco horas, Kyle conseguiu virar o
seu mundo de cabeça para baixo.
Escovou os dentes, afastou-se do balcão e se dirigiu para a cama.
Ignorou as perguntas de Levi sobre o que estava errado com ele e se virou de
frente para a parede oposta. Tinha ficado bom em empurrar de lado seus
sentimentos ao longo dos anos. O que sentia por Kyle não era diferente. Foi
convidado para fazer um trabalho, não para se apaixonar por um lobo tímido.

Capítulo 4

Essa tinha sido às quatro horas mais longas da vida de Kyle.


Conheceu o grupo de orientação as oito e, como ele, havia vários calouros
nervosos. Seu guia escolhido foi uma das professoras que ensinavam no
departamento de Inglês. Ela era uma boa senhora, mais velha, mas deu muita
informação que Kyle sabia que não iria se lembrar.
O grupo passou por todos os edifícios e Kyle foi capaz de traçar um
plano para alcançar todas as suas aulas em tempo hábil. O passeio terminou
na lanchonete e estava grato. Acordou às cinco da manhã e estava muito
ansioso para comer e agora estava morrendo de fome.
— Kyle. — Olhou para onde ouviu o som de seu nome. Sentado numa
mesa perto da janela, estavam duas meninas que conheceu enquanto estava
na turnê do campus, Tatum e Lauren. — Venha sentar com a gente. — Tatum
acenou para ele.
Caminhou através da multidão para chegar a sua mesa.
— Obrigado por me convidar. — Kyle sorriu para as duas meninas. —
Não tinha certeza de onde sentaria.
— Sim, é uma porcaria ser os novatos. — Tatum enfiou uma garfada
de sua salada em sua boca. — Temos que ficar juntos.
— Então, Kyle, você é um fã Teen Wolf1? — Lauren perguntou-lhe, e
ele quase engasgou com o sanduíche de peru.
— Sou o quê? — Kyle tossiu para limpar a garganta. Olhou ao redor
da sala olhando para a saída mais próxima. Qualquer menção da palavra lobo
o deixava um pouco desconfortável, já que era um lobo e tudo.
— Você sabe, o seriado. — Perguntou Tatum. — Passa na MTV.
Elenco cheio de homens bonitos, que podem se transformar em lobisomens. —
Tatum acenou com a mão ao redor. — Soa familiar?
— Um programa de TV? — Kyle nunca tinha ouvido falar dele. Viveu a
vida de um lobo adolescente e não era algo que pensava ser emocionante, a
menos que uma pessoa gostasse de ter de esconder quem era do resto do
mundo.
— Oh, meu Deus! — Lauren suspirou. — Você tem que vir vê-lo
conosco na próxima segunda à noite. Vai adorar! Todos os caras são quentes e
pelo menos um deles tira a sua camisa a cada episódio.
Não que Kyle se importasse, mas como é que estas duas meninas
sabiam que era gay?
— O que a faz pensar que esse tipo de coisa que me interessa? Quero
dizer, os caras tirando suas camisas?
— Bem, duh. — Tatum revirou os olhos. — Porque você é gay. — Ela
disse isso como se fosse um fato comprovado.

1
Série americana sobre um adolescente do ensino médio e socialmente excluído que é mordido por um lobisomem
enquanto vagava pela floresta. Scott tenta manter uma vida normal, enquanto esconde de todos sua vida secreta
como um lobisomem.
— Mas eu nunca te disse.
— Você não precisa. — Ela empurrou a bandeja de lado. — Por um
lado, não é um idiota-hormonal como alguns dos caras aqui no campus. Além
disso, quando a garota correu em shorts apertados e um top esportivo, você
nem sequer pestanejou. O resto dos caras na turnê estava babando, mas você
não ligou.
— Oh. Acho que não percebi. — Kyle encolheu os ombros e deu outra
mordida em seu sanduíche.
— Isso não te incomoda que saibamos, não é? — Perguntou Tatum.
— Não. Estava curioso para saber como sabiam. — Kyle sorriu para
ela, não querendo que pensasse que ele estava chateado. — Mas viu aqueles
caras correndo por aí sem camisa? Quente. — Ele começou a rir e as meninas
se juntaram a ele. Foi bom ser capaz de ser ele mesmo e ter feito amigos tão
agradáveis.
Kyle trocou números de telefone com Tatum e Lauren e fez planos
para assistir o show que tinham mencionado na segunda-feira seguinte. Estava
realmente animado. Por conta própria, tinha feito alguns amigos. Amigos que
não se importavam que fosse gay.
Depois de limpar seu lixo, Kyle saiu para o pátio. Havia pessoas
sentadas do lado de fora jogando com uma bola de futebol, lendo livros e
alguns apenas deitados no sol brilhante. Sorriu enquanto olhava ao seu redor.
Foi um grande dia e tinha sobrevivido sem grandes conflitos.
— Cuidado! — Gritaram, mas era tarde demais.
Uma bola de futebol bateu em sua cabeça. Ele tropeçou para frente
quando levantou a mão para tocar o ponto sensível onde a bola bateu.
— Ei, você está bem? — Dois braços fortemente musculosos
estenderam a mão para firmá-lo.
Kyle olhou para cima e ficou sem fala ao ver o homem de pé na sua
frente. Era lindo de morrer. O cara estava vestindo uma blusa verde desbotada
que tinha as laterais rasgadas até a bainha da camisa e calções pretos. Um
bronzeado dourado cobria os músculos grossos suados sobre o corpo do rapaz.
Suas pernas eram como troncos de árvores, com músculos salientes. Quando
olhou para cima, e avaliou o corpo do homem, foi recebido com um sorriso
brilhante e mantido cativo pelos profundos olhos verdes que o olhavam.
— Sim, estou bem. Só doeu um pouco. — Kyle tentou rir para aliviar
o constrangimento de ser golpeado na cabeça.
— Bem, ele bateu muito forte. — O homem levantou a mão para
pentear levemente os dedos pelo cabelo de Kyle. Como se percebendo o que
estava fazendo, deixou cair a mão e deu um passo para trás. — Desculpe por
isso. — O homem deu-lhe um sorriso tímido. — Sou Landen, por sinal. —
Landen estendeu a mão para Kyle. — E aquele é Zach. — Ele apontou para o
cara de pé, com as mãos nos quadris. — Ele é o idiota que jogou a bola.
— Kyle. — Ele balançou a mão oferecida, em seguida, usou a outra
para acenar para Zach.
— Tem certeza que está bem? — Landen levantou a mão como se
fosse tocar Kyle novamente, mudando para passá-la através de seu próprio
cabelo loiro curto.
— Sim, estou bem, realmente. — Kyle riu. — Minha cabeça é mais
dura do que parece. — Landen sorriu para ele e por um momento ficaram em
completo silêncio. Estava deixando Kyle inquieto. Não estava acostumado com
pessoas sendo boas para ele. — Bem, é melhor deixar você voltar para ele. —
Apontou para a bola de futebol que estava aos pés de Landen. — Não queria
ficar no caminho.
— Não foi um incômodo. — Landen abaixou-se para pegar a bola. —
Foi bom conhecê-lo, Kyle. Tenho certeza o verei pelo campus, ou pelo menos
espero o ver. — Landen sorriu para Kyle mais uma vez antes de se virar e
jogar a bola de volta para Zach. Kyle não era muito fã de futebol, mas poderia
dizer que o cara tinha um inferno de um braço bom.
Kyle voltou para seu dormitório com um sorriso bobo no rosto. Além
de ser atingido na cabeça, estava tendo um dia muito bom. Fez dois novos
amigos e um cara bonito tinha flertado com ele. Nunca em um milhão de anos
pensou que um cara como Landen o olharia duas vezes, mas ele tinha. O único
problema era, não importa o quão quente achasse que Landen fosse, ele não
era páreo para Oliver.
Mesmo mal-humorado como Oliver era, não conseguia parar de
pensar nele. Imagens dele de pé, em nada além de sua cueca, piscavam pela
mente de Kyle. Era pornografia para seus olhos e seu pau estava semi-ereto
durante todo o maldito dia.
Ainda não tinha certeza de onde com Oliver, ou se Oliver era mesmo
gay. Mas ter Landen para pensar seria uma boa distração.
— O que ele queria? —Kyle olhou para cima para ver Oliver de pé na
frente dele, uma careta contorcendo seu rosto bonito.
Kyle olhou por cima do ombro e não pude deixar de sorrir.
— Este era Landen. Sua bola bateu-me na cabeça e estava apenas
pedindo desculpas. — Kyle virou-se para Oliver. — Por que está perguntando?
— Oh, não tem uma razão. — Oliver forçou um sorriso. — Só para
saber. — Ele apontou para onde Landen e Zach ainda estavam jogando bola.
— Ele é o novo quarterback da escola. Landen Halliwell. Foi transferido de
outra escola.
— Quarterback, realmente? — Kyle deu de ombros. — Ele não
mencionou isso.
— Isto era tudo o que ele queria? — Perguntou Oliver. — Se
desculpar? Pareceu um tempo muito longo pedindo desculpas.
Ele está com ciúmes? Kyle silenciosamente se perguntou. Oliver
parecia francamente chateado, mas não podia imaginar por que, a menos que
Oliver se sentisse como ele. Sabia o que estava sonhando com isso, mas
realmente queria que Oliver gostasse dele.
— Oh, não sei. — Kyle teve que apertar os olhos contra os raios
luminosos do sol para olhar para Oliver. — Pensei que foi tempo suficiente. Ele
parece ser um cara legal.
Oliver estreitou os olhos para ele.
— Todos os caras são bons, até que conseguem o que querem.
Kyle não gostou do tom de Oliver ou o que estava querendo dizer.
Mesmo se Landen estivesse apenas sendo gentil com ele na esperança da
possibilidade de sexo, não significava que Kyle iria se apaixonar por ele.
Antes de sair, Ian e Will sentaram com ele para ter uma longa
conversa sobre sexo. Como um shifter lobo, Kyle não podia pegar doenças
humanas, mas ao ter relações sexuais com um parceiro humano não poderia
lhe dizer o seu segredo e teria que tomar cuidados. Então, lhe mostraram a
maneira correta de usar o preservativo e a importância do uso de lubrificante.
Foi um pouco desconfortável, mas era uma coisa que precisava saber apenas
no caso de querer ter intimidade com outra pessoa enquanto estava na
faculdade. A última coisa que queria fazer era se envergonhar.
Também lhe disseram para ter cuidado com quem dormia. Que
algumas caras gostavam apenas da perseguição e uma vez que conseguissem
o que queriam passavam para a próxima pessoa. Com Kyle sendo virgem, Ian
e Will estavam preocupados que teria seu coração partido se não fosse
cuidadoso. Entendia o que estavam dizendo e não achava que seria capaz de
dizer a diferença se alguém realmente gostava dele ou estava apenas o
usando, mas não estava disposto a admitir isso. Alguns shifters lobos eram
capazes de sentir o cheiro quando uma pessoa estava mentindo para eles, mas
não Kyle. Não podia nem sentir o cheiro de outros shifters que estavam perto
dele. Nunca tinha sido ensinado a controlar o lobo dentro dele ou a confiar em
seus instintos.
— Aprecio sua preocupação, mas posso cuidar de mim mesmo. —
Kyle passou por Oliver e se dirigiu para o seu dormitório. Sabia que as pessoas
o tratavam como uma criança ignorante e odiava isto. Com certeza não queria
que o cara pelo qual tinha uma queda pensasse que era um garoto estúpido.
— Ei, Kyle, espere. — Oliver agarrou seu braço. Kyle virou-se para
encará-lo. — Não tenho nenhuma dúvida de que pode cuidar de si mesmo. Só
não quero ver você se machucar. — Oliver dobrou na altura dos joelhos para
trazer a si mesmo ao nível dos olhos com Kyle. — Além disso, se o cara te
machuca, vou ter que ir lá e chutar a bunda dele e ele é meio grande.
— Você faria isso por mim? — Kyle mordiscou o lábio inferior, ansioso
pela resposta de Oliver.
— Claro que faria. — Oliver levantou a mão e colocou-a contra o rosto
de Kyle, que se aninhou no calor de sua palma. — Gosto de você, Kyle.
Kyle sentiu como se estivesse em transe. Seus olhos e de Oliver
estavam fixos um no outro e podia se sentir lentamente inclinando para frente.
Olhou para finos lábios rosados de Oliver e sua língua saiu para umedecer a
pele seca. Tudo que podia pensar era em beijar Oliver.
Como se o mundo estivesse contra ele, um cara passou correndo por
eles e cutucou Oliver no ombro, quebrando o feitiço. Oliver deu um passo para
trás e deixar cair os braços para os lados. Kyle de repente sentiu muito frio,
mesmo no calor da tarde.
— Vou levá-lo de volta para o dormitório. — Oliver ofereceu e Kyle
caminhou ao seu lado dele. — Apostando uma corrida!
— Hã? — Kyle observou enquanto Oliver decolou em direção a seu
dormitório, e ele foi rápido. Não que Kyle já tivesse conhecido alguém com
uma perna protética antes, mas com certeza não sabia que podiam se mover
assim. Kyle não poderia mesmo dizer que ele não tinha uma perna.
— Vamos lá, molenga! — Oliver gritou para ele.
Kyle sorriu de orelha a orelha quando decolou atrás de Oliver. Não
importava o quanto Oliver tentasse negar, tinham compartilhado um momento
e Kyle queria ter outro.

Capítulo 5

As aulas começaram na quinta-feira e Kyle se viu sobrecarregado.


Toda a sua escolaridade havia sido feita no conforto de sua própria casa por
tutores. A maneira acelerada que seu professor de matemática falou e
entregou o esboço para as matérias que trabalhariam tinha deixado Kyle
suando. Folheou os papéis e suspirou de alívio quando viu que a maior parte
do currículo ele já tinha coberto com os tutores que tinha enquanto crescia.
Esperava que isso lhe desse o impulso extra que precisava para não ficar para
trás do resto da classe.
Depois de sua primeira aula, tinha que andar por todo o campus para
sua classe de aula de composição no departamento de Inglês. O dia estava um
pouco sombrio e assim que chegou às enormes portas duplas, começou a
chover.
— Merda. — Kyle murmurou sob sua respiração. Reajustou sua
mochila e entrou no prédio. De todas as coisas que tinha em sua mochila,
livros, canetas, lápis, chicletes, até mesmo uma garrafa de água, um guarda-
chuva não era uma delas. Então, se não parasse de chover, estaria encharcado
até chegar ao refeitório para o almoço.
Esta sala de aula foi criada como um auditório de cinema. A mesa do
professor ficava embaixo, na frente da sala de aula, que era um semicírculo
com cadeiras dos alunos dobrando para cima. Kyle desceu e sentou-se na
seção do meio. Outros estudantes preencheram os lugares vazios ao seu
redor.
Ninguém disse ‘oi’ para ele ou sorriu em uma educada saudação. Isto
o deixou um pouco desconfortável. Era tímido e não se colocava muito lá fora,
e, aparentemente, nem qualquer um dos cerca de cem estudantes que viu até
agora naquele dia.
Os únicos amigos que tinha feito tinham sido seus colegas de quarto
Levi e Oliver. Eles eram estudantes de segundo ano e tinham aulas diferentes
dele, por isso não foi surpresa que não tivesse nenhuma aula com eles. Tinha
ido ao longo de sua agenda com Tatum e Lauren e nem sequer tinham uma
única classe com ele. Era deprimente. O único raio de luz que tinha para os
intermináveis dias de sentar sozinho na sala de aula era a sua pausa para o
almoço. As meninas tiveram uma hora livre às 11:30 e no momento em Kyle
chegasse à cafeteria seria capaz de sentar com elas por cerca de trinta
minutos, até que tivessem que sair, então Levi e Oliver chegariam para que
não ficasse sozinho.
A aula começou e o professor distribuiu o currículo para o semestre.
Havia alguma leitura obrigatória na lista e textos que o professor exigia que
escrevessem. Kyle ficou surpreso e satisfeito ao ver que já tinha lido quatro
dos cinco livros exigidos na lista. Kyle gostava de ler e escrever sempre era
fácil para ele, então planejou tirar algumas destas tarefas fora do caminho o
mais rápido que podia.
No final da aula, Kyle arrumou seu laptop e foi em direção ao
refeitório. A chuva tinha parado, mas pelo estrondo no céu, não por muito
tempo. Chegou à cafeteria sem ficar encharcado e agarrou seu almoço. Tatum
e Lauren chegaram.
Meio-dia chegou, as meninas tinham que arrumar suas coisas e ir
para a próxima aula. Kyle não ficou sozinho por muito tempo antes de Levi e
Oliver se sentarem ao lado dele.
— Quem são as meninas que estavam sentadas com você? — Levi se
sentou na cadeira ao lado de Kyle.
— Tatum e Lauren. Eu as conheci na orientação. — Kyle sorriu. —
Elas são minhas amigas. Pode ser considerado estúpido para alguns ficar tão
animado por fazer amigos, mas quando uma pessoa nunca teve qualquer um,
parece um negócio muito grande, quando faz alguns.
— Legal! — Levi encheu a boca com um pedaço de pizza.
— Então, o seu dia está indo bem? — Perguntou Oliver.
Kyle olhou para Oliver e a sensação de tontura que sempre tinha em
torno do homem o golpeou novamente. Tudo o que podia fazer era assentir
com a cabeça.
— Ah, merda. — Oliver se levantou. — Esqueci de pegar ketchup. Eu
estarei de volta em um minuto. Precisam de alguma coisa? — Oliver olhou
entre Kyle e Levi.
— Não, estou bem. — Respondeu Levi.
Quando os olhos azuis de Oliver encontraram os seus, Kyle sentiu seu
batimento cardíaco acelerar. Balançou a cabeça de um lado para o outro.
Tornava-se difícil estar perto de Oliver. Encontrava-se cada vez mais
atraído por ele a cada minuto. Depois de seu pequeno encontro no outro dia,
não tinha visto muito Oliver. Por um lado, isso o deixou triste, mas um pouco
aliviado. Estariam vivendo ao lado um do outro, pelo menos nos próximos oito
meses. Se começassem a namorar e depois se separassem, poderia tornar as
coisas um pouco estranhas. Mas, mesmo sabendo disso, Kyle não poderia
deixar de ficar um pouco deprimido. Queria ver esse lado carinhoso de Oliver
de novo, aquele em que o olhava como se Kyle significasse algo para ele.
Sendo o glutão de castigo que era, Kyle observou enquanto Oliver se
afastou. Hoje Oliver usava um par de calças de ganga largas e uma camiseta
vermelha desbotada com a palavra Huskers na frente. Não havia nada atraente
sobre as roupas casuais que Oliver usava, mas Kyle ficou animado. Seu pênis
decidiu acordar e se contorcer nos confins de sua cueca boxer.
— Será que alguém tem uma queda por Oliver?
A provocação de Levi fez Kyle balançar a cabeça, voltando-se para
olhar para o seu amigo. Suas mãos começaram a tremer quando o sorriso de
Levi cresceu ainda mais.
— Não. — Foi tudo o Kyle conseguiu dizer. — Por que acha isso? —
Kyle pegou a garrafa de água e bebeu um gole, esperando que a umidade
ajudasse a garganta seca.
— Oh, vamos lá, Kyle. — Levi revirou os olhos. — Está praticamente
babando sobre si mesmo. — Levi apontou um dedo para o rosto chocado de
Kyle.
— Não estou. — Apenas para estar seguro, passou a mão sobre sua
boca.
— Cara, isso é legal. — Levi deu de ombros. — Acho que Oliver é
bonito se estiver nesse tipo de coisa.
Kyle podia sentir o calor subindo do pescoço.
— Kyle, homem, não se estresse com isso. — Levi deu ao ombro de
Kyle um pequeno aperto. — Mas tenho que dizer que a sua maneira de olhar
para ele... — Olhou para Oliver. — é como se você fosse um cachorrinho
perdido. É bonito.
Cachorrinho? Sério? Kyle não queria que fosse óbvio que gostava de
Oliver, e agora estava preocupado que Oliver pudesse ver todos os sinais,
como Levi fez.
— V-você acha que ele sabe? — Kyle olhou para ver Oliver voltando
para a mesa.
— Ah, não. — Levi riu.
— Ele pelo menos é gay? — Kyle voltou sua atenção para Levi.
— Aqui está a coisa, Kyle. — Levi empurrou a bandeja para fora do
caminho para se inclinar mais perto de Kyle. — Sim, Oliver é gay, mas
também não é alguém para namoro ou relacionamentos. Você parece um
garoto doce. Poderia ser melhor que encontrasse alguém para passar o seu
tempo. Só não quero ver você se machucar, é tudo.
Todo o ar nos pulmões de Kyle pareceu escapar para fora dele.
Qualquer esperança de que pudesse ter tido desapareceu com as palavras de
Levi. A queimadura familiar picou por trás das pálpebras de Kyle. Levi não
disse essas palavras para machucá-lo, mas mesmo assim elas o fizeram.
— O que eu perdi? — Oliver sentou-se e começou a morder seu
hambúrguer.
— Nada. — Kyle forçou um sorriso, levantou-se e recolheu sua
bandeja. — É melhor ir andando. Minha próxima aula é em quinze minutos.
Kyle foi em direção ao prédio de ciências e decidiu que seria melhor
colocar alguma distância entre ele e Oliver. Não que houvesse alguma coisa
acontecendo entre eles de qualquer maneira. Estava aqui para ter uma
educação, não se apaixonar ou até mesmo encontrar o amor.
Pensou que era melhor manter seu foco em seus estudos e não no
seu vizinho bonito como o inferno, o que sabia que seria difícil. Toda vez que
Kyle estava perto de Oliver mal conseguia se lembrar de respirar. O cheiro
forte, viril, que saia de Oliver o deixava tão ansioso para enterrar o nariz no
pescoço do homem e envolver seus braços ao redor da sua cintura e nunca o
deixar ir. Mas, no fim, não importava o que queria, porque não podia forçar
Oliver a gostar dele e não faria isso. Era melhor ficar sozinho.

*****
— Que diabos foi isso? — Oliver olhou por cima do ombro para ver
Kyle correndo para fora da lanchonete.
— Oh, nada realmente. — Levi estendeu a mão para roubar um
punhado de batatas fritas de Oliver. — O garoto tem uma queda por você, só
isto.
— O quê? — Oliver não pôde conter seu grito. — O que ele disse
exatamente?
— Ele não tem que dizer nada. É óbvio pela maneira como te olha.
Você não pode sentar ai e honestamente dizer que não percebe isso.
Ele percebeu, mas achou melhor simplesmente ignorar e esperar que
Kyle encontrasse alguém para concentrar toda a sua atenção.
Sim, claro! Como se o pensamento não o chateasse. Oliver suprimiu
o estremecimento que o pensamento causava em seu interior. Claro que
gostava de Kyle, talvez mais do que era aceitável, mas não tinha que admitir
ou agir. Foi contratado para ficar de olho em Kyle, não namorar o cara, não
importa o quão adorável fosse.
Pare com isso! Oliver silenciosamente repreendeu a si mesmo. Kyle
estava fora dos limites.
— Isso não importa. — Oliver deu uma mordida em seu hambúrguer,
mastigou, depois engoliu antes de olhar de volta para Levi.
— Sério? — Levi levantou uma sobrancelha para ele. — Então, está
dizendo que não gosta dele? Nem um pouco?
— Não. — Oliver balançou a cabeça e colocou uma batata na boca. —
Claro que é um bom garoto, mas isso não significa que tenho tesão por ele.
Oliver manteve o rosto tão inexpressivo quanto possível. Levi era seu
melhor amigo há anos e sabia quando estava mentindo.
— Bem, então não vai ficar chateado que disse a ele que gostar de
você era uma causa perdida e devia encontrar alguém digno de seu tempo.
Oliver podia ver o brilho maligno nos olhos de seu melhor amigo. Ele
estava tentando provocá-lo e Oliver recusou-se a ceder a ele.
— Nem um pouco. — Oliver sorriu para Levi.
— Ótimo! — Levi bateu palmas. — Então terei a certeza de manter os
olhos abertos para possíveis candidatos para Kyle.
— Fomos contratados para assistir Kyle, não jogar de casamenteiros
para o garoto. — Oliver disse as palavras entre os dentes cerrados. Podia não
querer ficar com Kyle, mas seria condenado se saísse à procura de possíveis
pretendentes.
— Claro, mas acho que Roderick e a família de Kyle gostariam que
acompanhássemos de perto com quem ele está passando seu tempo. — A
expressão de Levi era toda inocente. — Se não tem sentimentos por Kyle,
então isso não deve incomodá-lo.
— Não. — Oliver forçou um sorriso. — Na verdade, acho que é uma
ótima idéia. — Não, essa era a pior idéia que já tinha ouvido falar. O
pensamento de alguém tocar Kyle ou beijá-lo o fazia ver vermelho. Não tinha
ideia de onde todos esses sentimentos possessivos em relação a Kyle estavam
vindo e odiava porque esse simplesmente não era quem era.
— Bem melhor eu ir. — Levi levantou-se da mesa. — Vejo você de
volta em nosso quarto.
— Sim, até mais. — Oliver acenou com os dedos quando Levi se foi.
Empurrou sua comida de lado, de repente incapaz de comer. Um nó
pesado em seu estômago. Não importa o que sentisse por Kyle, não faria
diferença, porque nada poderia vir disso. Só tinha que encontrar uma maneira
de ignorá-lo e, mais ainda, encontrar uma maneira de lidar com a visão de seu
pequeno vizinho tímido namorando outros homens, algo que Oliver sabia que
seria mais fácil dizer do que fazer.
Capítulo 6

A semana seguinte passou num flash. Kyle passou um tempo com


Tatum e Lauren e fizeram uma maratona para assistir aos episódios de Teen
Wolf, que, teve que admitir, era um show fascinante. Kyle desejava que sua
vida como um lobo fosse tão divertida quanto a dos personagens da série.
Entre passar o tempo com seus amigos, aulas e estudar, não sobrava
muito para sonhar acordado com Oliver. Tinha conseguido ficar todo fim de
semana, sem correr para ele. Foi difícil, porque queria tanto ver o rosto de
Oliver ou sentir seu cheiro.
Seu sentido de olfato tinha melhorado e podia cheirar quando Oliver
estava em seu quarto ou próximo a ele no campus. Kyle não sabia quando isto
tinha acontecido, mas só ocorria com Oliver. Todo mundo tinha um cheiro
agradável e normal, mas que não levantava os cabelos na parte de trás do
pescoço de Kyle. Achava que era porque estava atraído por Oliver.
Era final da tarde de sexta-feira e estava saindo de sua aula de
sociologia. Tinha acabado ir para a saída, quando ouviu o seu nome. Kyle se
virou para ver Landen correr em sua direção.
— Olá. — Kyle sorriu.
— Olá para você também. — Landen parou, sorrindo para Kyle. —
Estou feliz que o encontrei. Você é um cara difícil de localizar. — Landen piscou
para ele.
— Não sei nada sobre isso. — Um rubor aqueceu seu rosto. Gostava
da atenção que Landen estava lhe dando. Isso o fez se sentir especial. — Mas
por que estava procurando por mim?
— Porque queria convidá-lo para a festa da minha fraternidade. —
Landen lhe entregou um pedaço de papel dobrado.
Kyle abriu para ver um uma imagem, no estilo de desenho animado,
de um barril de cerveja com um rosto e braços abraçando uma casa. Segundo
o folheto, deveria chegar por volta das oito e estar preparado para se divertir.
Kyle não tinha certeza do que deveria dizer.
— O que é isso?
— Todas as fraternidades têm festas no início do ano letivo. — Landen
lançou-lhe aquele sorriso diabólico novamente. — Bem, na verdade elas têm
festas o tempo todo. Brilhou o sol, vamos fazer uma cervejada. — Ele soltou
uma risada estrondosa.
— Oh! — Kyle olhou de volta para o papel, sem saber o que dizer. —
Não tenho vinte e um. — Ele começou a entregar o folheto de volta para
Landen.
— Eu também não. — Landen passou os dedos em torno do pulso de
Kyle. — Mas esta é a faculdade. Estamos aqui para nos divertimos e quero
fazer isto com você. — Landen deu um passo mais perto, até que estava no
espaço pessoal de Kyle.
O pulso de Kyle acelerou e um fio de suor escorreu pelas suas costas.
— Por quê? — Ele perguntou, sem saber o que dizer. Landen estava
abertamente chegando a ele e, mesmo que apreciasse a atenção, não podia
deixar de pensar que gostaria que fosse outro homem.
— Eu gosto de você, Kyle e quero conhecê-lo um pouco melhor. —
Landen envolveu seus braços frouxamente em torno de quadris de Kyle. —
Então, por favor, diga que vai esta noite. — Landen apertou o lábio em um
beicinho.
Sua mente gritou não, mas seu corpo gritava sim. Kyle nunca tinha
estado tão perto de outro homem antes. O olhar de Landen o dominou e podia
sentir sua excitação borbulhando para a superfície. Devia recusar o convite,
mas por quê? Oliver tornou, dolorosamente, claro que não estava interessado
e até mesmo Levi lhe disse para não desperdiçar seu tempo.
— Tudo bem. — Disse ele, num segundo, completando. — Adoraria ir.
— Grande. — Landen abaixou e beijou Kyle no rosto, em seguida,
afastou-se. — Vejo você hoje à noite!
Um sorriso se espalhou por seu rosto enquanto observava Landen se
afastar. Nunca tinha sido beijado por outro homem antes. Claro que foi só no
rosto, mas foi bom. A pele macia, suave e úmida contra a sua era incrível. Seu
pau também pensava assim, percebeu quando ajustou seu pênis.
Com um sorriso no rosto Kyle saiu do prédio e foi em direção a seu
dormitório. Não era só porque Landen o tinha convidado ou mesmo o beijado
na bochecha. Estava sendo incluído em algo que o fazia se sentir normal. Era
bom sentir que estava abrindo suas asas e se fixando em algum lugar.
Em Silver Creek tinha Will, Ian, Kelsey e sua avó adotiva, bem como
a matilha Nehalem. Eles o trataram como família, todos eles, mas ainda se
sentia como um estranho. Mas aqui, na Universidade Estadual de Campbell,
ninguém o conhecia ou a seu passado. Poderia fazer um novo começo e sabia
que era disso que precisava para ser um adulto independente.
Kyle subiu pelas escadas, esperando queimar um pouco da adrenalina
em seu corpo. Não podia acreditar que tinha acabado de ser convidado para
sua primeira festa de faculdade e para um encontro. Bem, mais ou menos um
encontro. Landen não usou essa exata palavra, mas o que mais poderia
significar? Procurou Kyle, para convidá-lo. Isso tinha que ser uma coisa boa.
— Ei você aí, Kyle. — A voz de Levi chamou por ele. — Qual é o
motivo deste sorriso?
— Tenho um encontro. — Sua testa franziu. — Bem, acho que é um
encontro. — Ele mostrou o convite para a festa na fraternidade de Landen.
Levi leu o convite e olhou para Kyle.
— Quem te convidou para isso? Alpha Theta é uma fraternidade de
festas pesadas. É, também, onde o time de futebol mora.
— Landen Halliwel. — Kyle destrancou a porta e entrou. Levi o seguiu
para dentro.
— O quarterback transferido? — Perguntou Levi.
— Sim, acho. — Kyle deu de ombros. — Não sou muito ligado em
esportes, mas acho que Oliver mencionou algo sobre isso, também.
— Mencionei o quê? — Oliver entrou pela porta aberta do banheiro.
Os olhos de Kyle se arregalaram e um nó se formou em sua
garganta. De repente, se sentiu culpado e não queria admitir a Oliver que ia
num encontro com outro homem. Estúpido, realmente. Kyle mal podia chamar
o que ele e Oliver tinham como amizade. Kyle evitava Oliver, que parecia fazer
a mesma coisa. Esta foi a primeira vez que Oliver falava com ele desde o
refeitório.
— Isto é de Landen Halliwell, o novo quarterback da escola. — Levi
passou o convite da festa para Oliver. — E, aparentemente, o cara tem os
olhos em Kyle.
Kyle olhou para Levi, silenciosamente implorando que mantivesse a
boca fechada. Mas o sorriso alegre em seu rosto o deixou saber que Levi
estava se divertindo com isso. Mas porquê? Não era como se Oliver se
importasse com o que fazia com o seu tempo.
— Você não irá. — Oliver amassou o papel e jogou-o na cesta de lixo
debaixo da mesa de Kyle.
— Desculpe-me? — Fúria, como Kyle nunca tinha sentido antes,
cresceu dentro dele. Quem era Oliver para lhe dizer o que podia ou não fazer?
Kyle caminhou até a lata de lixo e retirou o folheto que Landen lhe dera. —
Você não é meu pai, é apenas um amigo. Não tem nenhuma nada a dizer
sobre o que posso ou não fazer.
— Ele está certo. — Levi sentou-se na cama de Kyle e relaxou nos
cotovelos. — Kyle foi convidado para sua primeira festa da fraternidade e pelo
cara mais cobiçado no campus. Realmente, acho que ele deveria ir.
Kyle assentiu com a cabeça em concordância. Agora parecia uma
questão de princípios que fosse. Quem Oliver pensava que era?
O homem com quem você sonha toda noite. Kyle queria bater na sua
cabeça com o pensamento que surgiu nela. Sim, sentia uma atração
incontrolável por Oliver, mas isso realmente importava? Era óbvio que Oliver
não se sentia da mesma maneira, então perdendo seu tempo desejando algo
que nunca iria acontecer.
— Não está ajudando aqui, Levi. — Oliver resmungou. — Kyle... —
Disse Oliver num tom muito mais calmo. — Você é menor de idade e estas
festas ficam fora de controle, às vezes. Só não acho que seria seguro.
Kyle estava um pouco decepcionado com a razão que Oliver deu. Não
podia negar que queria ouvi-lo dizer que não queria que fosse porque gostava
dele e ficaria terrivelmente ciumento. Se tivesse dito isso, Kyle teria
concordado em não ir, mas ele não o fez e Kyle não tinha motivos para ficar
em casa numa noite de sexta-feira.
— Obrigado por sua preocupação, Oliver, mas posso cuidar de mim
mesmo. — Kyle caminhou até seu armário e empurrou cabides de lado,
olhando para as suas opções de roupas para a festa.
— Não é uma questão de ser capaz de cuidar de si mesmo, Kyle. —
Braços fortes pousaram nos ombros de Kyle e o girou. — Não acha que é
estranho que esse cara te convidou para sair? Ele tem um monte de caras a
sua escolha.
Kyle sugou em uma golfada de ar. Foi como se tivesse levado um
soco no estômago. Chega. Tinha ouvido o suficiente.
— Só porque não me acha atraente não significa que Landen não
possa fazê-lo. — Kyle levou os braços para cima para sair do aperto de Oliver.
— Agora, por favor, saia do meu quarto para que possa me aprontar!
— Kyle virou as costas para Oliver e voltou a olhar suas roupas.
Uma vez que ouviu a porta se fechar atrás de Oliver e Levi, caiu no
chão e começou a chorar. Sabia que não era o cara mais social ou o mais
bonito, mas nunca alguém lhe disse isso antes. Não tinha certeza de por que
Landen gostava dele, mas ele gostava. E era mais do que poderia dizer sobre
Oliver.
— Irei e vou me divertir. — Kyle enxugou as lágrimas e se levantou.
Oliver podia não o querer, mas alguém lá fora queria, e Kyle estava
começando a olhar para o futuro e a ver Landen.

*****
— Você está louco, porra? — Levi sussurrou num tom áspero, uma
vez que estavam a salvo em seu quarto. — Praticamente, chamou Kyle de
feio. — Levi apontou para a porta do banheiro fechada. — Estava tentando
ferir seus sentimentos? Porque se foi isso, acho que conseguiu.
Oliver fechou o punho, fazendo o seu melhor para conter seu
temperamento e a necessidade de correr de volta para o quarto de Kyle e
pedir desculpas. Mas não podia fazer isso. Tinha que reprimir os sentimentos
que tinha pelo jovem. Não importava a Oliver que fosse um caçador e Kyle um
shifter lobo. O que importava era que não podia fazer o seu trabalho e ter
sentimentos por sua atribuição. Era um conflito de interesses. Quando as
emoções se envolviam, as coisas ficavam confusas.
— Isso não foi o que quis dizer e sabe disso. — Oliver abaixou para se
sentar em sua cama. Sua perna estava dolorida de tanto tempo em pé e sua
prótese precisava de outro ajuste. — Só acho que é jovem e ingênuo. E
realmente, o que é isso com Landen Halliwell de qualquer maneira?
— Oh, não sei. — Levi revirou os olhos. — Será que é porque Kyle é
adorável? Que porra é essa? Quero dizer, sério, se eu balançasse para este
lado, estaria tentando ter um pedaço daquela doce bunda.
— Para alguém que proclama ser hetero, com certeza diz um monte
de coisas gays.
Enfureceu Oliver ouvir Levi dizer essas merdas sobre Kyle, porque era
verdade. Kyle era extremamente atraente. Seu rosto estava moldando de um
adolescente para um homem, todas as linhas duras e sem gordura. Tinha o
corpo magro, em forma perfeita e era pequeno o suficiente para que Oliver
pudesse passar os braços sobre ele e o dominar. Gostava de tudo em Kyle.
Queria beijar, tocar e foder Kyle. Queria todas essas coisas e muito mais. Mas
porquê? De todos os caras que tinha estado atraído desde que atingiu a
puberdade, Kyle era o único que sabia que não podia simplesmente se afastar.
Isso deixava Oliver louco.
— Tanto faz, cara. Você só está chateado de pensar que alguém pode
ter tesão por nosso doce e inocente vizinho. — Levi trouxe seu dedo para cima
para descansar em seu queixo. — Seria preciso perguntar por que. Poderia ser
porque gosta dele?
— Foda-se, Levi. — Oliver deitou em sua cama e cobriu os olhos com
o braço. — Fui contratado para tomar conta da criança, não para me tornar
seu namorado.
— O que isso importa? — Perguntou Levi. — Claro, Roderick nos pediu
para manter o controle sobre Kyle, mas não disse que estava fora dos limites.
— Bem, para mim ele está. — Oliver resmungou. — Estou aqui para ir
para a escola e pós-graduação. E tenho que estar pronto a qualquer segundo
para sair em uma missão. — Oliver sentou-se e deu a Levi um olhar furioso. —
Hipoteticamente, digamos que eu goste de Kyle. Ok? — Somos caçadores.
Lutamos para proteger aqueles que não podem se proteger. Nosso trabalho
não é fácil ou seguro. Fazemos a escolha de nos colocar em perigo toda a
porra do tempo. Seria, realmente, justo esperar que Kyle sentasse e esperasse
por mim? Para saber se esta é a noite que não voltar para casa?
— Isso não sua escolha para que a faça.
— Oh, veja, mas é. — Oliver deixou-se cair na cama. — Não vou fazê-
lo sofrer assim.
Levi não disse nada em resposta. A sala ficou em silêncio e Oliver
deixou seus olhos se fecharem. Não queria pensar em Kyle ou nele indo para
um encontro com o quarterback idiota, de quem, aliás, Oliver não gostava.
Havia algo em Landen Halliwell que arrepiava os cabelos em seus braços.
Provavelmente, era ciúme. Oliver não era estúpido. Tinha visto a maneira que
Landen olhava para Kyle. Como um caçador, Oliver tinha sido treinado para
observar as pessoas das sombras, passar despercebido e fazia isso mesmo
quando não estava em uma missão. Manteve uma estreita vigilância sobre
Kyle, como lhe foi recomendado, e, ao longo dos últimos dias, tinha notado
Landen observando Kyle também. Ele se irritou, mas quem era para dizer
alguma coisa?
— Então, gosta dele? — Levi sussurrou. Oliver olhou para ele e Levi
levantou as mãos em autodefesa. — Só estou fazendo uma pergunta. Não
fique todo nervoso. Tudo o que estou dizendo é que se quiser isso, não deve
deixar nada o impedir. Kyle é um shifter lobo. Ele sabe o que é ser colocado
em situações perigosas. Não se afaste de algo que poderia ser muito bom para
tanto para ele, quanto para você.
— Está bem. — Oliver esfregou os dedos contra as têmporas. Podia
sentir uma dor de cabeça chegando. — Vamos dizer que eu vá perseguir Kyle,
quem pode dizer que Roderick não vai chutar a minha bunda? Ou o irmão de
Kyle?
— Você não sabe, mas Kyle tem dezoito anos. Um adulto legal. Por
isso, não importa o que todo mundo pensa. — Levi deu de ombros. — É
evidente que tem alguns sentimentos por Kyle e, apostaria minha bola
esquerda, que ele gosta de você, também. Tudo o que estou dizendo é que
seria um desperdício não ver aonde as coisas vão. O mundo é um lugar frio e
solitário quando se está sozinho.
Oliver acenou com a cabeça, em seguida, virou-se de costas para seu
melhor amigo. Levi estava certo, mas, ainda assim, não queria ficar preso em
um shifter lobo. Enquanto seres humanos falavam sobre almas gêmeas,
shifters lobo realmente as tinham. Lobos acasalavam para a vida toda e o que
iria acontecer com Oliver se ele se deixasse apaixonar por Kyle só para ver o
cara deixá-lo quando encontrasse seu companheiro? Isso era uma experiência
que não queria ter. Tinha sentimentos por Kyle, mas seria condenado se os
colocasse pra fora, só para ter seu coração partido.

Capítulo 7

A noite já tinha caído quando Kyle deixou seu quarto do dormitório.


Esgueirou-se para fora de seu quarto sem ser visto por Levi e Oliver. Seus
sentimentos ainda estavam feridos do que Oliver tinha dito e, realmente, não
sentia vontade de ter de discutir qualquer outra coisa com o grande idiota.
Kyle caminhou pela calçada escura, passando as pessoas no caminho
para a casa Alpha Theta. O pequeno mapa no mural dizia que era localizada
em Meadow Brook Drive. Caminharam os poucos quarteirões em silêncio,
apreciando a brisa suave que flutuava sobre seu rosto. Daria qualquer coisa
para mudar e ir para uma corrida, mas não podia fazer isso. Não havia um
lugar seguro para mudar, sem a possibilidade de ser pego. Assim, todas as
coisas relacionadas ao seu lobo teriam que esperar até que voltasse para casa,
para uma visita.
Os sons de uma música alta e risos estridentes alcançaram os seus
ouvidos. A calçada parecia que estava vibrando a partir da música vibrante.
Encontrou-se encarando uma casa vitoriana de aparência mais velha. Era o
tipo que imaginava que uma fraternidade de faculdade seria parecida. A ampla
varanda tinha cadeiras e mesas as pessoas jogando cartas e bebendo.
O nervosismo fez Kyle hesitar no limiar da calçada para a
pavimentação de pedra que levava até a casa alta. Saltou de surpresa quando
um par de meninas risonhas passou por ele e pensou seriamente em ir para
casa.
— Kyle!
Ah, merda! Tarde demais. Kyle estampou um sorriso em seu rosto,
enquanto Landen descia os degraus da varanda da frente. Enfiou as mãos nos
bolsos para Landen não ver o quão nervoso estava.
— Ei, Landen. — Deu um pequeno passo para frente. — Parece que a
festa está em pleno andamento. — Então, alguém se inclinou sobre o corrimão
e vomitou. Os olhos de Kyle se desviaram. Não estava acostumado a coisas
como esta.
— Bem, não é uma festa até que tenhamos companhia, certo? —
Landen sorriu para Kyle e deu mais um passo em direção a ele, até o peito
encostar contra o outro. — Estou muito feliz que veio.
— Você estava preocupado que eu não viria? — Kyle sugou o lábio
inferior e mordiscou a carne gorda.
— Não queria ter muitas esperanças, apenas no caso de que não
viesse. — Landen baixou o queixo no peito e olhou para Kyle.
Era impressionante como Kyle se sentia tão pequeno e frágil quando
o cara era pelo menos seis centímetros mais alto do que ele e cinquenta quilos
mais pesado. Era bonito. Um sorriso se espalhou rapidamente em seu rosto.
— Estou feliz que não o decepcionei. Então, o que vamos fazer agora?
— Kyle olhou ao redor Landen em direção à casa. — Nunca fui a uma festa
como esta antes.
— Sério? — Landen inclinou a cabeça para o lado, surpreso com a
confissão de Kyle. — Bem, vamos entrar e pegar uma bebida. — Landen
colocou o braço sobre os ombros de Kyle e guiou-o para dentro de casa. —
Você não pode frequentar a faculdade e não conseguir apreciar esta parte da
vida no campus.
Kyle seguiu Landen pela casa lotada. Todo o mobiliário foi empurrado
contra as paredes e as pessoas estavam ao redor conversando e dançando nos
espaços abertos disponíveis. Landen o levou para a cozinha. No chão, perto da
porta dos fundos havia quatro latas grandes de lixo de plástico cheios de gelo,
e barris de metal estavam no centro.
Kyle não gostava muito da cerveja. Provou antes, mas não tinha
nenhum apelo para ele. Sendo um shifter lobo, não sentia os efeitos do álcool
como os seres humanos faziam, por isso não via porque beber algo de que não
gostava do sabor.
— Aqui está! — Landen sorriu enquanto entregava Kyle um copo de
cerveja.
— Obrigado. — Kyle não queria ser rude e queria se misturar. Quando
olhou ao redor, todos pareciam ter uma bebida na mão. Levou o copo aos
lábios e a espuma ficou presa à sua boca, enquanto o líquido frio percorria sua
garganta. Estremeceu com o sabor amargo e começou a tossir. — Oh, meu
Deus, isso é terrível.
— Isso é cerveja barata para você. — Landen deu um tapinha nas
costas dele. — Somos estudantes universitários e não podemos pagar as
coisas boas.
— Terei que lembrar disso da próxima vez. — Kyle limpou as lágrimas
que haviam vazado de seus olhos para seu rosto.
— Então, vai haver uma próxima vez? — Landen se aproximou e
envolveu um braço em volta da cintura de Kyle.
— Bem... Eu... — Kyle não poderia fazer sua boca trabalhar. Será que
queria ter outro encontro com Landen?
— Kyle, não pense demais. — Landen o puxou para mais perto. —
Vamos apenas nos divertir, mas vou dizer que me faz feliz pensar que haverá
uma próxima vez. — Alguém gritou por Landen e ele se afastou de Kyle.
Kyle respirou fundo e levou o copo aos lábios para outro gole. Não
podia determinar se era excitação ou culpa, que fazia seu estômago dar
cambalhotas.
— Vamos lá, Kyle. — Landen agarrou sua mão e o puxou para a
multidão de pessoas na sala de estar.
Ninguém parecia se sentir ofendido ou enojado pela forma que
Landen manteve seu braço sobre os ombros de Kyle, ou incomodado com a
maneira que Landen o chamava de ‘bebê’ quando falava com Kyle. Era
realmente bom. Ele não tinha que esconder o fato de que era gay.
Logo Kyle encontrou-se inclinando-se para o lado de Landen, mais
para equilíbrio do que atração. Perdeu a conta de quantas cervejas tinha
tomado. O amigo de Landen, Zach, sempre fazia com que ele e os outros
tivessem um copo cheio. Mas Kyle começou a sentir tonturas. Não tinha
certeza do que estava errado com ele. Deveria ser capaz de beber todo o barril
e não ser afetado, mas agora estava vendo duplo e se sentia tonto.
— Bebê, você está bem? — Landen se inclinou para sussurrar em seu
ouvido. Kyle se encolheu com a sensação molhada da língua de Landen
lambendo a ponta de sua orelha.
— Sim. — Kyle se afastou do peito de Landen. — Só preciso usar o
banheiro. — Ele sorriu para Landen. — Pode me apontar na direção certa?
— Claro. Pode usar o do meu quarto. É só subir as escadas, terceira
porta à direita. — Landen o puxou para perto e beijou o topo de sua cabeça. —
Tem certeza que está bem?
— Sim, vou ficar bem. — Kyle virou a cabeça em direção à escada e
Landen lhe deu um tapa na bunda.
Kyle pulou um pouco com a força da grande mão de Landen em sua
bunda. Podia ouvir os outros rindo enquanto se afastava. Muito atordoado para
se preocupar, concentrou toda a sua energia em dar um passo de cada vez.
Tropeçou em seu pé e deslizou para baixo de uma escada. Um ataque de risos
retumbou em seu peito e para fora de sua boca. Por alguma razão isso foi a
coisa mais engraçada para Kyle. Levou um momento antes de ser capaz de se
endireitar e caminhar o restante dos degraus.
Contou as portas até encontrar a terceira. A maçaneta girou em sua
mão e entrou. Havia roupas jogadas por todo o chão. Kyle se atrapalhou no
caminho para o banheiro e acendeu a luz. Seus olhos arderam com o brilho.
O banheiro de Landen era muito parecido com o dele. A porta de
ligação levava para o quarto ao lado. Fechou e trancou a porta e foi usar o
banheiro. Lavou-se uma vez que terminou e viu seu reflexo.
— Puta merda. — Kyle murmurou enquanto reparava na vermelhidão
dos olhos. Quando tocou seu rosto, não podia realmente sentir nada. — Isso é
tão estranho. — Kyle puxou sua mão de volta para examiná-la como se fosse a
razão pela qual não podia sentir seu rosto.
Algo não estava certo, mas não pareceu se importar neste momento.
Era quase como se o sentimento selvagem dentro dele que o deixasse sentir
que seu lobo tinha ido embora. Era como se fosse humano ou o que imaginava
que um ser humano poderia sentir quando estava bêbado.
Sacudindo-se, Kyle saiu do banheiro. De repente, se sentiu muito
cansado. Realmente deveria voltar para a festa e para Landen e seus amigos,
mas não se importava. Agora tudo o que podia pensar era no sono. Kyle se
lançou na cama de Landen e chutou a mochila fora do edredom. Puxou o
cobertor até o queixo e deixou os tentáculos doces do relaxamento correrem
através de seu corpo e carregá-lo para o sono.

*****
— Você sabe que isso é uma má idéia, não é? — Disse Levi enquanto
corria para acompanhar Oliver. — Ele está em um encontro.
— Eu não dou a mínima. — Um par de alunas bêbadas colidiram em
seu ombro direito, enquanto tentavam caminhar pela calçada, agarradas um
ao outro para o apoio. As meninas riram todo o caminho. Oliver balançou a
cabeça em desgosto com a condição de que as mulheres estavam e acelerou o
ritmo para chegar a casa Alpha Theta.
Antes que a fraternidade fosse vista, Oliver podia ouvir a música alta
e o grito bêbado de alguns dos ocupantes. A casa era enorme e a porta da
frente estava aberta. Alguns caras sentavam-se no pátio de entrada jogando
pôquer e Oliver e Levi acenaram para eles enquanto subiam as escadas e
passavam pela porta da frente.
Não ficou nada chocado com o que viu, uma vez lá dentro. Meninas
corriam ao redor sem suas camisas, somente em seus sutiãs, e um cara nu
estava no chão. Era como um monte de outras festas que Oliver tinha
participado no ano passado, mas a única diferença agora era que Kyle estava
aqui, fazendo só Deus sabia o quê.
— Foda-se. — Disse Levi em reverência. — Esta festa está fora de
controle. Estou surpreso que a segurança do campus ou até mesmo os policiais
ainda não foram chamados.
— É o time de futebol. Todo o financiamento para alunos é devido a
esse bando de idiotas ganharem jogos. Duvido seriamente que os policiais
seriam chamados aqui e, se o fizerem, nada aconteceria. — Oliver andou ao
redor do aglomerado de corpos em busca de uma morena. — Você viu Kyle?
— Não.
Oliver olhou para trás para ver Levi olhando para uma menina com
peitos enormes quicando na frente dele.
— Por favor, concentre-se? — Ele bateu na parte de trás da cabeça de
Levi. — Se alguma coisa acontecer com Kyle, sabe o que acontecerá com
nossas bundas.
— Sim, certo. — Levi zombou. — Como se essa fosse a única razão
que está com tanta pressa para encontrá-lo.
Oliver não abriu a sua boca, porque que não podia negar a verdade.
Estava aqui para se certificar de Kyle estava a salvo, mas não porque foi
designado para fazê-lo. Não, era porque queria Kyle para si e, se alguma coisa
acontecesse com o garoto estúpido, nunca seria capaz de perdoar a si mesmo.
O pensamento de qualquer outra pessoa tocar Kyle o fez ver vermelho e
querer rasgar algo.
— Vou verificar no quintal. — Levi abriu a porta. — Foda-se, homem!
Eles têm uma banheira de hidromassagem. — Levi balançou a cabeça. — Isto
não é justo.
Oliver fez uma careta e evitou as hordas de estudantes bêbados. A
maioria deles sabia que era menor de idade. Mas quem era ele para julgar?
Ele, também, tinha feito o seu quinhão de beber.
O som de uma risada chamou sua atenção. Avistou o cabelo loiro de
Landen e foi nessa direção.
— Ele é adorável, Landen. — Uma garota gritou para o jogador de
futebol. — Se fosse hetero, eu teria todo seu traseiro.
— Obrigado. — Landen deu ao grupo um sorriso de satisfação. —
Pretendo ficar muito próximo dessa bunda mais tarde. — Um dos amigos de
Landen bateu mão com ele.
Com os diabos que vai! Oliver queria correr até lá e socar o filho da
puta na boca, mas se segurou. Evitou o grupo e seguiu na direção em que Kyle
tinha ido. Pessoas lotavam as escadas e Oliver deslizou de lado para passar
por eles. Teve de se esquivar de uma garota que estendeu a mão para beijá-
lo. Ela cheirava a cerveja.
Já no segundo andar, poderia ir para a esquerda ou direita. Olhou em
ambas as direções e decidiu ir para a direita. Verificou o primeiro quarto, nada.
Segundo quarto, ainda nada. Quando chegou à terceira porta, podia ouvir
alguns arrastar de pés e, em seguida, um baque forte. Girou a maçaneta e
entrou.
O quarto estava escuro e Oliver achou melhor não ligar a luz. Esperou
até que seus olhos se ajustassem. Uma grande massa estava no meio da cama
de casal.
— Kyle? — Oliver disse quando encontrou o caminho em torno dos
montes de roupas e livros no chão. — Você está bem? — Kyle não lhe
respondeu. Quando estava perto o suficiente, sentou-se na beira da cama e
rolou Kyle para encará-lo. — Kyle, pode me ouvir? — Ele balançou a cabeça.
— Pare ou vou vomitar.
Oliver cobriu a boca quando Kyle falou. O fedor de cerveja queimou
seus pêlos do nariz. As palavras de Kyle saíam arrastadas. Oliver estava
confuso. Em seu treinamento para se tornar um caçador, tinha aprendido que
o álcool não afetava shifters, mas aparentemente afetou, se Kyle estava nesta
condição.
— Kyle, sou eu, Oliver. — Passou os dedos pelo cabelo de Kyle, que
sorriu e se apertou mais perto dele.
— Ollie. — Kyle passou os braços em volta da cintura de Oliver o
melhor que podia de onde estava deitado na cama. Os olhos de Kyle estavam
fechados, mas inclinou a cabeça para cima e sorriu para Oliver.
Oliver riu. Kyle bêbado era realmente muito bonito. E não podia
negar que gostava da sensação de corpo de Kyle em volta do seu.
— Acho que é melhor levá-lo para casa.
— Não... — Kyle lamentou. — Quero ir para casa com você. — Seus
braços eram como bandas de aço ao redor de seu estômago.
Estava na ponta da língua admitir que queria a mesma coisa, mas
não seria certo. Kyle estava bêbado e não ia se aproveitar dele.
— Estarei ao lado, se precisar de mim. — Oliver ajudou Kyle a sentar.
— Não, quero você, Ollie. — As mãos de Kyle dispararam e agarraram
os lados do rosto de Oliver. — Na minha cama. — Kyle mordiscou o lábio de
Oliver. — Em mim.
Querido, Deus, me ajude! Oliver enviou um apelo silencioso. Isto,
portanto, não era bom. Seu pau se animou com a simples ideia de tocar a pele
nua.
Oliver respirou fundo. Precisava levar Kyle para fora desta merda de
fraternidade. Kyle não estava em condições de estar aqui e Oliver não podia
deixar sua pequena cabeça pensar pela grande, não importa o quanto quisesse
as mesmas coisas que Kyle.
— Vamos lá, bebê. — Puxou Kyle de pé. — Precisamos voltar ao
nosso dormitório, se quer que isso aconteça. — Oliver se sentiu como uma
merda mentindo para Kyle.
— Sério? — Os olhos de Kyle se iluminaram quando balançou em seus
pés. — Você me quer, também?
O azul dos olhos de Kyle brilhavam. Oliver queria tanto tomar a sua
boca num beijo profundo e apaixonado.
— Mais do que gostaria de admitir. — Disse Oliver em um suave
sussurro.
— Agora vamos sair daqui.
Oliver colocou um dos braços de Kyle sobre seu ombro e passou um
braço em torno da sua cintura. Caminharam para fora do quarto e desceram as
escadas. Praticamente teve que carregar Kyle. A música ainda tocava ao seu
redor, mas Kyle não vacilou. Manteve a cabeça enfiada perto de peito de
Oliver.
— Ei! — Oliver olhou para a esquerda para ver Landen abrindo
caminho através da multidão. — O que diabos pensa que está fazendo? — Ele
puxou Kyle, mas Oliver deu um passo atrás. — Ele está comigo.
— Não mais. — Oliver virou-se para se colocar entre Landen e Kyle.
— Oh, você está aí. — Levi escolheu aquele momento para sair do
canto. — Pensei que tivesse te perdido. — Olhou por cima do ombro de Oliver
e viu um Kyle sorrindo.
— O que diabos aconteceu com ele?
— Não tenho certeza. — Entregou Kyle para Levi e ficou frente a
frente com Landen. — Primeiro, Kyle não é de ninguém, e, segundo, o que deu
a ele? — Oliver estava gritando agora e as pessoas estavam começando a
olhar.
— Não lhe dei nada. — Zombou Landen em seu rosto. Estavam tão
perto que seus narizes quase se tocaram. — Ele estava se divertindo como o
resto de nós.
— Besteira! — Oliver bateu no peito de Landen. — Seus olhos estão
dilatados e não tem ideia de onde está. Diria que é mais do que muita cerveja.
Landen olhou para onde Levi estava segurando Kyle e de volta para
Oliver.
— Bem, isso é tudo o que teve aqui. — Ele deu um passo em direção
a Kyle, a testa vincada em confusão. — Vou levá-lo para casa.
— O diabo que vai. — Oliver empurrou Landen no peito. — Acho que
já fez o suficiente para uma noite.
Os olhos de Landen estreitaram e fechou a curta distância que os
separava. Oliver não estava com medo. Landen podia ser capaz de intimidar
outras pessoas, mas não ele.
— Escuta aqui, seu perneta. — Landen empurrou o peito de Oliver. —
Isso não lhe diz respeito, então pare de meter o nariz onde não deve. Kyle veio
aqui para me ver e vou levá-lo para casa.
O comentário nem sequer abalou Oliver. Ouviu o seu quinhão de
insultos de garotos estúpidos, como Landen, desde que começou o ensino
médio. Nada que esse idiota dissesse poderia machucá-lo.
— Posso ter uma perna só, mas isso não vai me impedir de chutar
sua bunda. Ao contrário de você, não tenho que deixar meus encontros
bêbados para passar um tempo comigo.
— Seu idiota. — Landen puxou seu braço para trás, preparando-se
para socá-lo.
Oliver trouxe seu punho para cima, preparando-se para bater neste
idiota, mas o amigo dele pulou e puxou Landen volta.
— Acalme-se, Lan. — Seu amigo segurou Landen enquanto ele lutava
para se libertar. — Cara, não vale a pena.
— Sim, cara, ouça o seu amigo. — Oliver sorriu.
— Não vou esquecer isso. — Landen gritou enquanto Oliver se virou
para a porta. — A vingança é uma puta.
— Olharei adiante.
Oliver encontrou Levi e Kyle na calçada o esperando.
— Isso não foi muito bem, não é? — Levi deslocou o peso morto de
Kyle ao redor, tentando obter uma posição melhor.
— Como se eu desse a mínima. — Oliver se abaixou, pegou Kyle e o
ergueu por cima do ombro, começando a andar.
— Ei, Oliver. — Levi o cutucou no braço. — Como diabos está assim?
— Apontou para Kyle. — Pensei que o álcool não afetasse shifters.
— Essa é uma boa pergunta. — Oliver resmungou. — Estou pensando
que foi drogado com alguma coisa.
— Foda-se! — Levi chutou o chão. — Qual de nós vai chamar
Roderick? Se existe uma droga no campus, forte o suficiente para derrubar um
shifter, então ele vai querer saber tudo sobre ela.
— Vamos lidar com isso na parte da manhã.
Tinham acabado de chegar ao dormitório quando Kyle começou a se
contorcer em seu ombro.
— Eu vou vomitar.
Oliver colocou Kyle para baixo e o segurou pela cintura enquanto ele
se inclinou e esvaziou o conteúdo de seu estômago.
— Então, Oliver, cuida disso? — Levi começou a andar para trás em
direção às portas de vidro. — Não me dou bem com doentes.
— Idiota! — Ele gritou para Levi, quando ele escorregou pela porta
dupla.
Oliver segurou Kyle enquanto seu corpo tremia com a força de seu
vômito. Odiava o ver sofrer, mas era melhor colocar tudo para fora do seu
sistema agora.
— Isso é tão nojento e vergonhoso. — Kyle cuspiu para o chão. — Por
favor, me deixe aqui.
— Não vou a lugar algum, bebê. — Oliver esfregou as costas de Kyle
enquanto os tremores sacudiam seu corpo. Não havia nenhum outro lugar do
mundo que preferia estar do que com Kyle, mesmo que o cara estivesse
vomitando sobre seus sapatos.
Capítulo 8

Kyle foi capaz de andar até o elevador com a ajuda de Oliver. Uma
vez em seu andar, Oliver pegou a chave de Kyle do bolso e levou para dentro.
— Preciso de um banho. — As pernas de Kyle balançaram quando foi
em direção ao banheiro. — Eu me sinto tão fraco. — Kyle tropeçou e começou
a cair.
Oliver correu e pegou Kyle pela cintura.
— Acho que vai precisar de alguma ajuda.
— Não. Ficarei bem. — Kyle tentou empurrar Oliver. — Já fez o
suficiente me ajudando a chegar em casa. Não quero que se sinta como se
tivesse que me ajudar. — Kyle descansou a cabeça no peito de Oliver e seus
braços finos enrolaram ao redor de sua cintura.
Oliver tentou evitar que seu corpo respondesse a Kyle, mas era difícil.
O cheiro doce do seu cabelo fez cócegas em seu nariz e o calor vindo de seu
corpo o levou as nuvens.
— Kyle, quero ajudá-lo. — Oliver levou Kyle para o banheiro. Fechou
e trancou a porta que conduzia ao seu próprio quarto.
— Obrigado. — Kyle sussurrou enquanto Oliver fechava a tampa do
vaso sanitário e o sentou para que pudesse ligar o chuveiro. — Não sei o que
aconteceu esta noite. — Kyle esfregou a testa. — Num minuto, estava em pé
rindo com Landen e seus amigos e a próxima coisa que sei é que estou vendo
em dobro.
— Isso é porque estava drogado. — Oliver mal conseguia evitar a
raiva de seu tom. Assumiu a responsabilidade por isso. Se não tivesse afastado
Kyle, então ele não teria ido naquela festa, com aquele idiota do Landen.
Estremeceu ao pensar no que teria acontecido se não tivesse aparecido a
tempo.
— Por que alguém faria isso comigo? — Kyle ergueu os braços quando
Oliver puxou a camisa sobre a sua cabeça.
Seus olhos cravaram no peito musculoso e liso. O dedo de Oliver
coçava para acariciar o corpo magro e os mamilos cor-de-rosa.
— Kyle! — Oliver riu. — Você é muito ingênuo, bebê. — Ele ajudou
Kyle a se levantar. — Acho que Landen fez isso na esperança de tê-lo na
cama. Isso acontece o tempo todo nos campus universitários. Como um
estupro.
— Não posso imaginar Landen fazendo isso comigo. — Kyle se
atrapalhou com os botões de sua bermuda, seus dedos ainda trêmulos. —
Como você disse, ele pode ter qualquer um no campus. Por que todo este
trabalho apenas para me pegar na cama?
Oliver soltou um suspiro, empurrou as mãos de Kyle fora do caminho
e desabotoou sua bermuda.
— Porque alguns caras são apenas idiotas e acham que é engraçado
tirar proveito de outras pessoas. — Gentilmente puxou para baixo a calça de
Kyle e sua cueca boxer. Quando se ajoelhou para tirá-los fora, nivelou seus
olhos com o pênis de Kyle. Muito pouco cabelo crescia no corpo bronzeado e
suave de Kyle. Estava tão perto que podia chegar e beijar a ponta do seu pau.
Engoliu profundamente, tentando recuperar o seu foco, e olhou para Kyle. —
Eu não quis dizer o que disse anteriormente, Kyle. Qualquer cara iria sair do
seu caminho para conseguir um encontro com você e ter sorte.
Os olhos de Kyle pareceram brilhar na luz do banheiro, as bochechas
ficando rosadas e seu peito se expandindo profundamente com cada
respiração.
— Obrigado. — Kyle sussurrou.
Oliver acenou com a cabeça, em seguida, levantou-se. Olhou para o
chuveiro e depois para Kyle.
— Então está bem para fazer isso por si mesmo? — Ele apontou por
cima do ombro para o chuveiro.
— Acho que posso controlar. — Kyle se apoiou no balcão, deu um
passo lento e vacilante em direção ao chuveiro e tropeçou, Oliver o pegou na
hora certa.
— Ok, que tal te ajudar com o chuveiro? — Oliver inclinou Kyle contra
a parede e tirou a camisa.
Oliver podia sentir os olhos de Kyle sobre ele, quando mais seu corpo
ficava exposto. Seus músculos flexionaram e se contorceram pela atenção.
— E a sua calça? — A voz de Kyle falhou quando olhou para as pernas
cobertas de jeans de Oliver.
— Preciso mantê-la no para não molhar minha perna. — Oliver puxou
a perna da calça para mostrar sua prótese de metal. — Se tirá-la, como vou
me segurar junto com você? — Deu a Kyle um sorriso.
— Ah, esqueci. — Kyle levantou a cabeça. — Sinto muito. — Ele
mordiscou seu lábio inferior. — Então, como vai me ajudar a tomar banho?
— Fácil. — Oliver segurou o braço de Kyle enquanto o ajudava a
entrar no chuveiro. — Vou manter a porta aberta e ficar aqui fora. — Oliver
abriu o chuveiro e apontou por cima da cabeça de Kyle.
Levou cerca de dez minutos para ter Kyle limpo. Foram os dez
minutos mais difíceis de vida de Oliver. Kyle estava começando a acordar do
torpor induzido pelo álcool. Ainda estava tendo dificuldade em entender como,
de fato, Kyle ficou bêbado. Seu metabolismo rápido de lobo estava expulsando
as toxinas do seu corpo, mas não rápido suficiente, deixando Oliver com a
necessidade de lavar o corpo. Quase engoliu a língua quando Kyle se virou
para lavar suas costas. O conjunto de globos firmes era perfeito e queria
amassar e massagear a bunda de Kyle, depois girá-lo para prová-lo. Mas isso
seria errado e queria se socar por sequer ter esses tipos de pensamentos.
Uma vez terminado com o chuveiro, Kyle parecia estar se sentindo
um pouco melhor. Oliver ajudou a secá-lo e encontrou uma calça de pijama
para ele vestir. Kyle foi capaz de escovar os dentes e com uma pequena ajuda
de Oliver, foi para a cama.
— O quarto ainda está girando um pouco. — Kyle ergueu os braços
para cobrir a cabeça. — Parece que estou voando, fora de controle.
Oliver correu para o banheiro para pegar o lixeiro e colocou-o ao lado
da cama de Kyle. Em seguida, sentou na beira da cama e pousou a mão no
quadril de Kyle.
— Vai se sentir melhor pela manhã.
Kyle rolou para o lado de Oliver, onde estava sentado. Descansou a
cabeça na coxa de Oliver e soltou um suspiro relaxado. Não sabendo mais o
que fazer, Oliver passou os dedos pelo cabelo de Kyle, fazendo o possível para
acalmá-lo.
— Isso é bom. — Kyle moveu sua cabeça de modo que os dedos de
Oliver mudaram de posição para esfregar outra parte de sua cabeça. — Vai
ficar comigo? — Kyle deslocou-se para olhar para Oliver com os olhos
arregalados. — Por favor?
Oliver desviou o olhar de Kyle. Seu coração acelerado em seu peito,
gritando para ele passar a noite, mas seu cérebro estava lhe dizendo para
correr. No final, Oliver levantou-se e desabotoou a calça jeans e a empurrou
para baixo de suas pernas. Não tinha certeza se Kyle estava recuperado ou se
haveria qualquer efeito secundário, por isso tinha que ficar. Ou pelo menos era
o que estava dizendo a si mesmo.
— Aqui, suba um pouco. — Oliver subiu na cama e apoiou as pernas.
Retirou sua prótese e deixou-a ao lado da cama. Esfregou a perna,
aproveitando a liberdade de tê-la livre.
Kyle afastou-se um pouco mais e puxou as cobertas para que Oliver
pudesse subir mais. Oliver sabia que este era um território perigoso, estar em
uma cama com Kyle apenas de cueca, mas Kyle precisava dele.
Uma vez que Oliver estava acomodado, Kyle o abraçou, descansando
a cabeça sobre o peito de Oliver, que inicialmente não se mexeu, mas,
finalmente, passou o braço sobre os ombros de Kyle e o abraçou, acariciando
os dedos sobre o braço de Kyle, que ergueu sua perna direita para colocar
sobre Oliver. A parte superior do seu pé descansou contra o tecido da cicatriz
de seu coto.
Congelou por um momento, com medo de como Kyle iria reagir, com
nojo ou repulsa, as coisas que tinha visto nos olhos de outras pessoas, quando
viram sua desfiguração. Mas isso nunca aconteceu. Soltou uma respiração
instável quando sentiu Kyle começar a esfregar seu pé para trás e para frente
sobre a perna dele, aparentemente, não incomodado com o membro perdido.
Um sentimento calmante se propagou sobre o corpo de Oliver. Não se
sentia tão relaxado desde antes de seus pais morrerem.
A respiração de Kyle soprava sobre o peito de Oliver enquanto ele
respirava num ritmo constante. Aconchegou mais perto de Kyle e adormeceu.
Oliver acordou com uma sensação de calor, mãos suaves que
deslizavam sobre seu peito e um corpo quente pressionado ao dele. Ele se
esticou e arqueou mais perto ao toque suave.
— Isso é bom. — Disse em voz sonolenta. Levou um momento para
perceber que não estava em seu quarto ou até mesmo em sua própria cama.
Seus olhos se abriram. — Kyle, você está acordado.
— Sim. — Kyle esfregou seu rosto contra o ombro de Oliver, seus
dedos nunca parando seu movimento. — Não conseguia dormir.
— Então, decidiu me observar em vez disso? — Oliver tentou colocar
um pouco de distância entre eles, mas cada vez que se afastava, Kyle se
aproximava, puxando-o para mais perto.
— Isso é estranho? — Kyle apoiou em seu cotovelo para olhar para
Oliver.
— Não, não realmente, acho. — Oliver levantou a mão para cobrir a
de Kyle em seu peito. Uma sensação crepitante se desencadeou por seu braço
e segurou Kyle mais firmemente.
— Obrigado por me trazer para casa e ficar comigo. — Kyle olhou
para longe de Oliver. — Não tinha que fazer isso.
— Eu não tinha, mas queria. — Oliver ainda se segurava, lutando
contra o desejo de chegar seu corpo para Kyle. Por apenas um toque, queria
beijar aqueles lábios cheios, mostrar a Kyle o quanto não era inconveniente
ficar com ele. — Não se aflija sobre o que aconteceu. Ainda é apenas uma
criança. Cometerá alguns erros. — Uma vez que as palavras saíram de sua
boca, Oliver queria engoli-las de volta. Kyle não era mais uma criança. A
diferença de um ano de idade não tornava Oliver mais adulto que Kyle, mas
tinha vivido uma vida difícil. Testemunhou seus pais serem espancados até a
morte e quase morreu. Dificuldades como essa mudavam uma pessoa e não
queria seu passado manchasse o homem, doce e inocente, sentado ao seu
lado.
Kyle se encolheu com a palavra criança, mas não fez comentários
sobre isso. Ficou em silêncio por tanto tempo que Oliver pensou que talvez
tivesse terminado de falar.
— Posso te perguntar uma coisa? — Os olhos de Kyle abaixaram para
olhar para a boca de Oliver e, por instinto, lambeu os lábios. Uma lufada de ar
ventilou seu rosto a partir da força da expiração de Kyle.
— Claro. — A garganta de Oliver sentiu coceira e secou. Estava
nervoso e não sabia exatamente por que.
Pode ser porque está mentindo, seminu, na cama com o cara com
quem tanto quer ter sexo. Seu subconsciente lembrou. Odiava aquela voz da
razão.
— Mais cedo, quando disse que qualquer cara teria sorte de estar
comigo, isso incluía você? — Os olhos de Kyle brilharam com esperança e
Oliver não sabia o que dizer.
— Você se lembra disso? — Kyle acenou com a cabeça em resposta.
Oliver esperava que a droga que o derrubou também o fizesse esquecer.
— Não tem que responder a isso, se não quiser. — Kyle tentou se
afastar dele.
Oliver agarrou o pulso de Kyle.
— Não é que não queira responder. É que não deveria.
— Por quê? — Kyle balançou a cabeça, seus olhos brilhando com
lágrimas não derramadas. — Sinto que desde que te conheci, você está me
afastando.
— O que está falando? — Oliver sentou-se, deixando que Kyle se
afastasse dele. — Kyle, somos colegas de quarto e acho que somos amigos. O
que mais quer?
— Mais do que isso! — Kyle fechou suas mãos em seu cabelo. —
Gosto muito de você e sinto por você me evitar. — Ele riu. —Mas o que sei?
Sou apenas um garoto idiota que não sabe de nada. — Kyle praticamente
zombou das palavras. — Só porque quero você, não significa que se sente da
mesma maneira. — Kyle jogou os cobertores para trás e começou a sair da
cama.
Oliver se lançou para Kyle, aterrissando em cima dele. Kyle se
esforçou, mas Oliver o agarrou pelo pulso e prendeu seus braços acima da
cabeça. Não era estúpido. Kyle foi mais forte do que aparentava ser. Shifters
lobo eram mais fortes do que os seres humanos e a única razão pela qual foi
capaz de lhe segurar foi porque Kyle lhe permitiu.
— Não deveria ter te chamado uma criança. Sinto muito por isso. —
Kyle arqueou as costas, quase tombando sobre Oliver, que empurrou seus
joelhos entre as pernas de Kyle e para cima nas coxas, fazendo com que as
pernas de Kyle envolvessem seus quadris. — E sim! Estive te afastando.
— Por quê? — Kyle se virou para ele. Seus caninos tinham aumentado
e seus olhos começaram a brilhar.
Oliver podia ver que Kyle não estava ciente de que estava perdendo o
controle, assim não disse nada. Não podia lhe deixar saber que era um
caçador. Roderick lhes tinha dito para manter isso escondido do jovem shifter
lobo.
Porque me pediram para ficar de olho em você. Porque, mesmo que
seja só um ano mais novo do que eu, é mais inocente do que já fui. Porque
merece o melhor.
Todas essas coisas giravam em torno da sua cabeça, mas não podia
forçar a garganta a dizer as palavras. Olhou para Kyle e viu o lobo mal
controlado dentro dele. Oliver deveria se preocupar e fazer todo o possível
para ter Kyle de volta sob controle, mas tudo o que pôde pensar em fazer foi
cair para frente e selar a boca de Kyle.
Oliver apertou com força contra a carne macia e flexível, e enfiou a
língua na boca de Kyle. Conteve um estremecimento enquanto sua língua
raspava junto a um dos caninos de Kyle, fazendo-a sangrar. Não doeu, só o fez
querer Kyle muito mais.
Levou um momento para Kyle reconhecer o que estava acontecendo,
mas quando o fez, tornou-se um participante ativo. Soltou suas mãos de Oliver
e agarrou-lhe os ombros, as unhas raspando pelas suas costas.
Oliver passou seus braços a volta de Kyle para ancorá-lo no lugar e
começou a balançar os quadris. Entre o tecido fino de sua cueca e o tecido
frágil da calça de Kyle, seus paus não poderiam ser contidos. Comprimentos
pressionando um contra o outro, mas não era o suficiente. Oliver alcançou
entre eles e empurrou a frente da calça de Kyle para baixo, liberando seu pênis
de sua boxer.
— Oh, meu Deus! — Kyle gritou quando Oliver apertou seu pau no
seu. A cabeça de Kyle caiu sobre os travesseiros e Oliver beijou e sugou o
pescoço fino.
— Porra, você é tão gostoso. — Oliver acelerou seus quadris e
mordeu o ombro de Kyle, provavelmente deixando uma marca.
— Oliver... — Kyle ofegava no ombro de Oliver. — Por favor, preciso
gozar.
— Não se preocupe, tenho você. — Oliver levantou os quadris apenas
o suficiente para alinhar seus pênis juntos. Acariciou para cima e para baixo,
passando a palma da mão sobre as gotas de sêmen vazando. — Vamos lá,
Kyle. Goze para mim.
O corpo de Kyle começou a tremer e balançou os quadris em Oliver,
balançando a cama. Os guturais sons carentes provenientes da boca de Kyle
faziam as bolas de Oliver puxar para cima. Estava apenas a alguns minutos de
lançar seu gozo em Kyle.
— Oliver... Oliver... Oliver! — Kyle cantava e sua voz começou a
subir. Oliver se inclinou para baixo para cobrir os lábios de Kyle com a sua
boca e engoliu seus gritos.
Sêmen pegajoso irrompeu do pau de Kyle, correndo como fogo
líquido sobre os dedos de Oliver. Fez uma careta quando Kyle mordeu o lábio,
e montou nas ondas de seu orgasmo. Levou apenas mais uma bombada do
seu punho para enviá-lo voando. Seu grosso comprimento pulsava em sua
mão e esperma voou para fora da pequena fenda na ponta do seu pau. Oliver
quebrou o beijo para deixar cair a cabeça na curva do pescoço de Kyle. Seu
corpo tremia com a força de seu orgasmo e engoliu bocados de respiração,
fazendo o seu melhor para não desmaiar.
Oliver finalmente saiu do corpo quente de Kyle para se colocar ao
lado dele. Culpa cresceu pesada em seu peito por conta de sua luxúria. Foi
contratado para ficar de olho em Kyle, não para se apaixonar por ele. Isso
nunca foi parte do plano. Oliver sentou-se e começou a sair da cama, pegando
sua prótese.
— Por favor, fique. — Disse Kyle suavemente. Sua voz estava suave e
relaxada.
Oliver olhou por cima do ombro e a vulnerabilidade nos olhos de Kyle
lhe fez soltar a perna e rolar de volta para a cama. Abriu os braços e Kyle
pulou em seu abraço.
Não demorou muito para Kyle adormecer. Seu corpo fino enrolado
em torno de Oliver e se sentia como um filho da puta por gostar tanto.
— Amanhã. — Oliver sussurrou para si mesmo. Amanhã teria uma
conversa com Kyle e lhe diria que foi um erro, que só podiam ser amigos. Era
a coisa certa a fazer, mesmo que isso rasgasse um pedaço do coração de
Oliver.

Capítulo 9

O som de seu telefone vibrando fez Oliver abrir os olhos. Olhou ao


redor do quarto, desorientado por um momento antes de lembrar onde estava,
e, mais importante, com quem estava. Olhou para baixo para ver Kyle
enrolado numa bola, de costas, colado ao peito de Oliver.
Kyle parecia tão calmo e satisfeito. A respiração tranquila deixou
Oliver saber que ainda estava dormindo.
Não queria nada mais do que ficar exatamente onde estava, se
confortando mesmo sabendo que não deveria. Kyle era tão jovem e ingênuo.
Seria errado tomar o que Kyle estava tão disposto a oferecer.
O telefone soou novamente. Oliver tirou suavemente o braço debaixo
de Kyle e rolou para o outro lado da cama. Sentou-se, estendeu a mão para
sua calça e pegou seu telefone.
Chamada policial. Corpo encontrado na extremidade do campus por
trás do estádio de futebol. Precisamos ir agora.
Oliver releu o texto de Levi.
— Merda. — Murmurou baixinho. Olhou por cima do ombro para se
certificar que não tinha acordado Kyle, que só se mexeu e puxou o cobertor
ainda mais sobre seu corpo para cobrir a cabeça.
Agarrando seu jeans, Oliver o puxou e recolocou. Saiu da cama,
tentando não fazer um único som. Encontrou sua camisa e os sapatos, pegou-
os e se dirigiu para a porta de ligação entre o seu quarto e o de Kyle. Ele a
abriu e a fechou silenciosamente.
— Essa é a sua versão da caminhada da vergonha? — Perguntou Levi.
Oliver se virou para ver o seu melhor amigo encostado na parede ao
lado da porta da frente com um sorriso de satisfação no rosto bonito.
— Cale a boca. — Oliver retrucou correndo para sua cômoda para
pegar roupas limpas.
— Não fique irritado comigo porque tem o que é, obviamente, culpa
do dia seguinte. — Levi deixou-se cair na cama de Oliver.
— Foda-se. — Oliver puxou sua camiseta sobre a cabeça e foi em
direção ao banheiro. Olhou para o quarto de Kyle para ver se o homem ainda
dormia e fechou a porta. Escovou os dentes e lavou o rosto. Assim que estava
pronto, abriu a porta do quarto e acenou para Levi liderar o caminho.
Levi não disse mais uma palavra até que estivessem em segurança
no elevador.
— Então, se divertiram na noite passada? Porque com certeza soou
como se estivessem. — O rosto de Levi queimou num vermelho brilhante e as
bochechas estufaram de tentar segurar o riso.
— Não vou falar sobre isso com você. — Só então as portas se
abriram e Oliver saiu do elevador, deixando Levi correr atrás dele.
— Por que não? Sou seu melhor amigo.
— Porque... — Oliver tentou encontrar as palavras certas para
explicar as coisas para Levi mas não conseguiu. Como deveria explicar quando
nem podia entender o que queria? — É complicado.
— Complicado, minha bunda. — Disse Levi, enquanto caminhava ao
lado de Oliver, sem o olhar. Podia sentir que seu amigo estava bravo com ele.
— Levi, cara, você não entende. — Oliver balançou a cabeça.
— Besteira. —Levi parou abruptamente e estendeu o braço, puxando
Oliver para encará-lo. — Entendo perfeitamente. Pela primeira vez, em uma
eternidade, encontrou um cara que gosta. — Oliver abriu a boca para negar,
mas Levi continuou falando. — Nem sequer diga que não. Vejo o jeito que olha
para Kyle. E essa necessidade que tem de protegê-lo? Quero dizer, sério, cara,
acha que sou cego?
Porra! Levi era a pessoa mais próxima a Oliver em todo o mundo.
Amava o cara como um irmão, mas também o chateava como um irmão faria.
Levi o conhecia tão bem que não havia praticamente nada que pudesse
esconder dele. A consequência de viver e trabalhar com o seu melhor amigo.
— Tudo bem! Gosto dele, mas não importa. — Oliver finalmente
respondeu. Não havia razão para mentir sobre isso, especialmente para Levi.
Começaram a andar novamente.
— Por que não?
— Porque, não seria correto. Kyle pode ser apenas um ano mais novo
do que nós, mas é muito mais inocente. — Oliver deu de ombros. — Sinto
como se estivesse me aproveitando dele.
— Ok, posso entender um pouco, mas ainda assim, Kyle é um adulto
e deve tomar a decisão por si mesmo, se quer ou não estar com você. Só
porque esta é a sua primeira vez longe de casa e solto no mundo, isso não
significa que é completamente indefeso, Oliver.
— Nunca disse que era. — Oliver disse e acelerou, querendo chegar
ao local onde o corpo foi encontrado. Era mais fácil lidar com cadáveres do que
falar sobre sua vida pessoal com Levi. — Como disse, é complicado.
— Não, não é. — Levi colocou a mão no ombro de Oliver enquanto
falava. — Conheço você e a maneira como sua mente funciona. De uma
maneira equivocada, acha que não é bom o suficiente para Kyle e que ele
merece algo melhor.
Lá estava ele. Levi podia ver o que estava por trás da parede que
Oliver construíra. Kyle merecia muito mais do que Oliver era capaz de dar. Que
tipo de vida poderiam ter realmente? Era um caçador e Kyle um shifter lobo,
mas isso não significa que não poderiam estar juntos. Quis dizer que seria um
desafio. Oliver era um caçador acima de tudo em sua vida e assim que se
formasse, tinha esperança de se envolver mais com o conselho de caçadores.
Que tipo de vida poderiam ter se saísse o tempo todo, sem contar o fator
risco? Na linha de trabalho de Oliver, poderia facilmente ser morto e onde isso
deixaria Kyle?
— Levi, sabemos que o trabalho é perigoso. Sabemos do risco que
envolve esta vida. Será que, voluntariamente, se permitiria estar com alguém
e não se sentir mal com a preocupação constante que trará para ele? Porra,
cara, pense nisso. — Oliver passou a mão pelo cabelo. — Coloque o sapato.
Poderia imaginar ter que ficar em casa sabendo que, cada vez que o telefone
tocasse, poderia ser alguém para lhe dizer que seu amado está morto?
— Eu entendo. — Disse Levi após uma longa pausa. — Mas isso não
significa que deva ficar sozinho. Talvez Kyle esteja disposto a assumir tudo
isso apenas para estar com você, talvez não. Mas não é a sua escolha.
Oliver deu ao seu amigo um olhar longo e duro, e pode ver que Levi
acreditava no que dizia. Não havia como persuadir Levi de qualquer coisa
diferente.
— Você pode estar certo. — Oliver começou a andar novamente. —
Mas não é uma opção que estou disposto a deixar nas mãos de Kyle. Pelo
menos não ainda. — Oliver não podia negar que queria Kyle. Queria de
qualquer maneira que pudesse tê-lo, mas ainda assim não era justo para Kyle.
Oliver não tinha nenhuma intenção de desistir de sua vida como caçador e Kyle
não devia ser forçado a ter que viver esse tipo de vida.
Andaram o resto do caminho para o estádio. O sol estava mais alto, a
temperatura começou a subir. Oliver ficaria feliz quando o outono chegasse.
Estava cansado do verão e do calor.
À medida que se aproximava, seu contato na delegacia de polícia
local, Detetive Stanton, acenou para um lado longe dos investigadores na cena
do crime. Uma área estava cercada com fita amarela da polícia e um corpo
deitado com um lençol branco cobrindo-o, perto das árvores.
— O que tem para nós? — Oliver perguntou enquanto olhava a cena
na frente dele.
— Oliver, Levi. — Stanton acenou para eles. — O morto é um
estudante do sexo masculino. — Stanton folheou seu pequeno bloco de notas.
— Paul Smith. Jogava no time de basquete.
— Nunca ouvi falar dele. — Respondeu Levi e Oliver concordou com a
cabeça.
— É um grande campus e imagino que nenhum dos dois meninos têm
tempo para acompanhar esportes. — Stanton deu uma risadinha. — Mas de
qualquer maneira, foi encontrado aqui pelo zelador. Ele chegou cedo para fazer
algum trabalho no campo, linhas ou alguma besteira, mas encontrou o Sr.
Smith aqui, para que todos pudessem ver. Quem fez isso não procurou
esconder o corpo. — Acenou para Oliver e Levi segui-lo. Stanton parou
quando chegaram ao corpo. — Deixem-me avisá-los meninos, não é bonito.
Stanton puxou o lençol e Oliver se inclinou para dar uma olhada
melhor. A vítima foi espancada até a morte. As grandes marcas de mordidas e
arranhões profundos estavam por todo o corpo. A garganta de Paul foi
arrancada, estava faltando um olho e marcas de garras distorceram a outra
parte de seu rosto. Oliver levantou o lençol e examinou o resto do corpo. Mais
mordidas e marcas de garras. Se a garganta de Paul arrancada não o matasse,
o dano no resto de seu corpo o teria.
O sangue acumulou no chão numa poça de líquido escuro. Isso não
incomodava Oliver demais. Havia se acostumado a encontrar corpos nessa
condição e ainda pior.
— Droga. — Levi passou os olhos por todo o corpo. — Este pobre
rapaz não tinha a menor chance. O animal realmente o destruiu.
— Isso não é a parte mais estranha. — Stanton ajoelhou-se ao lado
de Oliver e puxou o lençol até ao pé do corpo da vítima. — O animal comeu a
perna esquerda. — Stanton apontou a caneta para o toco irregular. — Ainda
não descobriram essa parte dele.
Os olhos de Oliver arregalaram quando olhou para a perna faltando.
Era a mesma perna que fora arrancada de seu corpo quando era um jovem
garoto. Olhou para cima para ver Levi o olhando. Preocupação marcava sua
testa.
Stanton se levantou e conduziu Oliver e Levi para fora do caminho
dos investigadores.
— Sei que os meninos estão aqui principalmente para frequentar a
escola, mas Roderick disse para manter o controle sobre todos os ataques
locais na área. Tenho que perguntar se podem ter alguma ideia de quem
poderia ter feito isso. — Stanton olhou para o corpo de bruços, coberto. —
Tivemos o nosso quinhão de ataques, o tipo não natural, juntamente com a
fauna local, mas nunca vi um corpo mastigado. Aquele pobre menino foi
torturado.
Oliver passou a mão sobre a boca, sufocando o cheiro da morte que
saturava o ar. O cheiro de um corpo em decomposição tinha que ser a pior
parte do trabalho. Podia olhar para qualquer tipo de ataque e ficar bem, mas o
cheiro sempre o fazia querer vomitar.
— Esta área sempre foi muito tranquila. — Oliver respondeu. — Nada
mais do que uma mordida na perna ou um arranhão. Sua cidade tem sorte,
detetive Stanton. Já vimos coisa pior, deixe-me lhe dizer. — Oliver olhou para
o corpo. — Por acaso tem uma foto do rosto desse cara? Entre as marcas de
mordidas e arranhões, realmente não posso ter um bom visual da aparência.
— Claro, espere um momento. — Stanton foi até outro policial,
deixando Oliver e Levi onde estavam.
— Por que precisa ver uma foto? — Levi perguntou.
— Estou apenas um pouco curioso sobre algo, é tudo. — Oliver se
aproximou e sussurrou para Levi. — Sua perna esquerda foi arrancada logo
abaixo do joelho. Isso não parece um pouco estranho para você?
— Não, não realmente. — Levi deu de ombros. — Talvez este shifter
quisesse algum tipo de troféu por matar ou um osso para roer mais tarde.
Parei de tentar descobrir o que move esses monstros muito tempo atrás.
— Aqui está, Oliver. — Stanton voltou mais e entregou a identidade
da vítima, interrompendo a discussão dele e Levi. Oliver pegou o saco de
provas e olhou para a licença.
Paul Smith tinha um pouco mais de 1,83 de altura, e pesava uns 70
quilos. Tinha cabelos azuis e olhos castanhos curtos. Oliver percebeu
imediatamente que ele e a vítima tinham muito em comum.
— Você o reconhece? — Perguntou Stanton.
— Não. — Oliver devolveu todo o saco. — Tem nosso número, se
precisar de nós. Iniciaremos uma pesquisa sobre o campus e nos esforçarmos
para encontrar quem fez isso, ou pelo menos algumas pistas.
— Com certeza, meninos, e não hesitem em chamar se tiverem
qualquer coisa. Um corpo pode se explicar como um ataque aleatório de
animais. Dois? Vai ser muito mais difícil para tentar encobrir. Causaria histeria
em massa entre os alunos.
— Não poderia concordar mais. — Oliver estendeu a mão para apertar
a de Stanton, então se dirigiu de volta para o seu dormitório.
— Então, o que foi aquilo? — Levi perguntou assim que estavam fora
do ouvido dos policiais.
— Algo não faz sentido aqui. —Oliver mudou a direção que iam para
o estacionamento ao lado do dormitório. — Você viu o retrato daquele cara?
— Sim, e daí?
Oliver parou no Tahoe preto e acionou as travas. Abriu a porta para
trás e tirou um mapa do campus. Oliver marcou o local onde o corpo foi
encontrado, em seguida, olhou para ver onde ficava a casa Alpha Theta em
relação ao estádio.
— Paul Smith e eu somos muito parecidos, além de que sua perna
esquerda foi arrancada de seu corpo logo abaixo do joelho. — Olhou para Levi.
— Assim como a minha. Isso não parece um pouco estranho para você?
— Então, o que stá dizendo é que esse cara Paul, foi morto porque se
parecia com você? — Levi piscou um olho e inclinou a cabeça. — Parece um
pouco exagerado, Ollie.
— Não depois do que aconteceu ontem à noite. — Oliver colocar o
mapa de lado. — Pense nisso. Landen estava tão chateado comigo ontem à
noite por tirar Kyle da casa. Porra, o cara teria me batido, se não fosse por seu
amigo o segurar.
— Então, acha que Landen matou Paul porque estava bravo com
você? — Levi cruzou os braços sobre o peito. — Acho que está exagerando.
— Sério? O que sabemos sobre esse Landen Halliwell, de qualquer
maneira? — Perguntou Oliver. — Por tudo que sabemos, ele é um shifter e
está me enviando uma mensagem para recuar. Pense nisso, Levi. Com o corpo
encontrado hoje e o que aconteceu ontem à noite, tudo parece sintomático.
Sem mencionar que Kyle foi drogado. Apenas um shifter lobo saberia que seria
necessário o drogar para fazê-lo agir dessa forma.
Levi ficou em silêncio apenas olhando para Oliver. Sabia que parecia
louco, mas tudo tinha que estar ligado de alguma forma.
— Não pensei sobre isso. Se estiver certo, então temos de ficar de
olho no Sr. Halliwell. — Levi começou a rir.
— O que é tão engraçado?
— Oh nada, apenas pensando em como desiludida a escola vai ficar
se o seu novo zagueiro for um shifter lobo raivoso que teremos que deter. Vai
foder totalmente sua temporada.
— Estou feliz que veja o humor nisso. — Oliver pegou seu telefone.
—Quem está chamando? — Levi perguntou.
—Roderick. — Oliver deu um soco no número e colocou o telefone no
ouvido.
Demorou mais tempo do que o habitual para Roderick atender a
chamada. Ele informou a Oliver que estava em missão no Texas.
Aparentemente, dois bandos de lobo estavam discutindo sobre a terra e muita
luta havia estourado.
— Vou precisar que vocês dois lidem com isso até que possa voltar. —
Disse Roderick. — Acha que podem lidar com isso?
— Sim, senhor. — Oliver e Levi eram dois dos caçadores mais jovens
que o Conselho tinha, mas eram tratados como veteranos. Estavam caçando
por conta própria, assim que tinham dezessete. Não fazia muito tempo, mas
tinham a maior taxa de sucesso de captura, sem mortes. Isso não quis dizer
que Oliver era contra matar shifters, mas preferia vê-los levados à justiça do
que pegar o caminho mais fácil da morte.
— E outra coisa, mantenha uma estreita vigilância sobre Kyle. Pode
ser apenas uma coincidência que estivesse drogado, mas não quero correr
nenhum risco. Faça uma verificação dos antecedentes desse garoto Landen.
Veja o que pode descobrir e me mantenha informado.
— Sim, senhor. — Oliver desligou o telefone. Ficou olhando para
longe do estacionamento. Era manhã de sábado. Muitos estudantes não
haviam levantado ainda. Oliver sabia que não ia demorar muito antes da
notícia do assassinato se espalhar. Tinha a esperança de não fazer Landen
fugir.
— Então, acho que é melhor começar a trabalhar. — Levi esticou os
braços.
— Sim. — Oliver fechou a porta traseira do Tahoe e trancou as portas.
Eles seguiram em direção ao prédio da administração. Roderick tinha
um escritório criado para eles no porão, para manter todos os seus
equipamentos num lugar. Os dormitórios não eram grandes o suficiente e não
queriam correr o risco de serem descobertos se trouxessem alguém para seu
quarto.
Levi clicou o mouse ligando o monitor. Ele bateu em alguns botões e
a tela se iluminou, mostrando a porta dormitório de Kyle. Instalaram a câmera
antes que os estudantes chegassem no campus, duas semanas antes que Kyle
chegasse.
— Precisamos colocar uma câmera na casa Alpha Theta. — Oliver
puxou uma cadeira ao lado de Levi. — Precisamos saber das idas e vindas de
Landen.
— Posso fazer isso enquanto vai e faz companhia ao nosso jovem
amig. — Levi bateu na tela. — Ele provavelmente sairá em breve.
— Não, eu o vigiarei daqui. — Oliver fez mais algumas marcas no
mapa, traçando a distância entre a fraternidade, o corpo e seu dormitório.
Oliver não precisava que Levi concordasse com ele. Sabia que algo estava
errado com Landen. Só tinha que esperar Landen mostrar suas cores de lobo.
— Você não pode evitá-lo, depois de passar a noite com ele. Isso é
cruel, Ollie.
— Não o estou evitando. Estou trabalhando. Há uma grande
diferença. — Não havia, mas Oliver não deixaria Levi culpá-lo.
— Claro, isso é o que diz a si mesmo. — Levi levantou as mãos no ar.
— Tudo o que estou dizendo é que seria mais fácil se estivesse com ele do que
vê-lo através de uma tela de computador. Se esse Landen é um shifter, não é
seguro estar ao seu redor. Realmente quer que ele apareça na porta de Kyle
enquanto não estivermos lá?
— Kyle ficará bem. — Disse Oliver com firmeza em seu tom. — Agora
vá configurar as câmeras.
Levi revirou os olhos, agarrando duas das pequenas câmeras e as
empurrou em uma mochila.
Oliver sentou na cadeira e observou a porta do quarto de Kyle,
rezando para que ficasse onde estava para o resto do fim de semana. Com
alguma esperança, Landen faria algo incriminador e seria capaz de prendê-lo.
Sentia pena da família de Paul, mas a coisa mais importante para ele
era manter Kyle fora de perigo. Se Landen quisesse vir atrás dele, estava tudo
bem, desde que deixasse Kyle sozinho.
Os sentimentos mantinham Oliver na borda. O que sentia por Kyle
era mais do que uma simples atração, mas isso não importava. Estava aqui
para frequentar a escola e fazer o seu trabalho. Todo o resto seria apenas teria
que ficar no banco de trás, não importa o quanto isso o machucasse.

Capítulo 10

Kyle estava começando a ficar chateado. não vira Oliver no sábado e


no domingo. Agora na segunda-feira de manhã estava na porta de Oliver e
Levi e ninguém o atendia. havia seriamente entrar em seu quarto através da
porta do banheiro, mas decidiu que não. Seria muito estranho, especialmente
se estivessem em seu quarto e simplesmente ignoraram seus apelos.
O pensamento de Oliver evitá-lo, inicialmente partiu o coração de
Kyle, mas, depois de sábado, a raiva cresceu e queria rasgar Oliver, fazê-lo se
sentir como estava se sentindo, usado e indesejado.
Oliver não percebeu que foi o primeiro homem a tocá-lo? Oliver tinha
que ter visto, naquela noite, por suas mãos tateando, que Kyle era
inexperiente. Por que simplesmente levantou e saiu de manhã sem uma
palavra?
— Graças a Deus não tive relações sexuais com ele. — Kyle sussurrou
quando se afastou da porta de Oliver e se dirigiu para o elevador.
Kyle saiu para o dia ensolarado. Os alunos se apressavam para a
aula, passando por Kyle num turbilhão de conversas excessivamente altas e,
ocasionalmente, alguém lhe batia no ombro, mas não poderia ter se importado
menos. Estava tão chateado que por deixar Oliver usá-lo, porque era isso o
que era, certo? Oliver conseguiu o que queria de Kyle e jogou-o de lado.
Em transe, caminhou para o departamento que abrigava sua classe
de Composição. Estava tão distraído que sete minutos a pé pareceram apenas
segundos de duração. Se fosse assim que seu dia seria, podia muito bem
rastejar de volta para a cama e chamar o dia de fracasso. Tudo o que
conseguia pensar era em Oliver, então ficar assistindo aula após aula seria
inútil, porque tudo o que ouviria seria blá, blá, blá.
Kyle sentou em seu lugar na frente da classe, pegou seu laptop e
ligou.
— Você ouviu sobre o corpo que encontraram?
Os ouvidos de Kyle se alertaram com a menção de um corpo.
— Sim! Era Paul Smith. Você sabe, o jogador de basquete. — A
garota sentada atrás dele disse para a amiga. — Seu corpo mutilado foi
encontrado atrás de estádio de futebol. Dizem que foi ataque de animal.
— De jeito nenhum! — A outra garota exclamou.
Kyle olhou por cima do ombro para as duas meninas fofocando. Elas
continuaram a falar sobre o que ouviram, o que fez o estômago de Kyle
apertar. Como sabiam de tudo isso? Kyle percebeu que as notícias viajavam
rápido, mas ainda assim... O pobre estudante que teve sua vida interrompida,
agora era fofoca intrigante para os estudantes no campus.
Espere um minuto! Algo que a menina disse passou através da névoa
de sua mente confusa. Kyle se mexeu na cadeira.
— Desculpe-me, disse que era ataque de animal?
— Hã? — A garota olhou para ele como se não o tivesse notado
sentado lá. — Oh sim. — Seus olhos se iluminaram com a excitação de ter
alguém novo para espalhar a fofoca. — Totalmente horrível.
— Será que sabem o que foi que o atacou? — O estômago de Kyle
começou a borbulhar e sentiu a queimadura de ácido no estômago, assim que
levantou no fundo de sua garganta.
— O comentário é que pode ser um lince ou um urso. — Ela riu. —
Duvido que fosse um lince. Não são muito grandes. Imagino que um cara
grande como Paul teria lutado. — Ela jogou o cabelo por cima do ombro e se
inclinou para Kyle, cruzando os braços sobre o peito pressionando seus seios
juntos. — Então, penso que era um urso. O quão estranho parece isso?
— Muito. — Kyle se afastou dela e passou a mão sobre a testa. Ouvir
que provavelmente era um urso aliviou um pouco a tensão sobre seus ombros.
Não queria pensar sobre um ataque de lobo.
— Bom dia, classe. — Disse o professor em voz alta. — Vamos
começar essa segunda-feira, não é?
Para o resto da hora, Kyle ficou lá ouvindo apenas metade do que seu
professor falou. De repente, sentiu a necessidade de chamar Ian e falar com
ele. Evitou chamar sua família durante toda a semana por medo de ouvirem a
tristeza em sua voz. Seria muito difícil explicar para seu irmão que, finalmente,
ficou íntimo de outro homem só para dizer que o homem o ignorou depois. Era
besteira de escola. Não queria que sua família se preocupasse com ele ou que
parecesse que não conseguia lidar em estar longe na faculdade por si mesmo.
No final da aula, arrumou seus pertences e foi para sua aula de
sociologia. A próxima hora e meia voou e, uma vez que acabou, saiu pela
porta. Seu estômago roncou, mas tomou outra direção em vez de ir para o
refeitório. Ainda tinha o desjejum daquela manhã amarrado em nós de pensar
em Oliver, para comer qualquer coisa.
— Kyle!
Kyle se virou ao som de alguém chamando seu nome. Um sorriso se
formou em seu rosto enquanto Landen corria em sua direção.
— Ei, Landen. — Ele mudou a mochila de ombro. — Desculpe por
sexta à noite. Não sei o que deu em mim. — A única coisa que Kyle lembrava
da festa era de chegar lá e a próxima coisa que sabia é que estava vomitando
fora de seu dormitório enquanto Oliver o segurava. Havia mais de uma hora
sem explicação, que não lembrava nada. Estranho, mas Kyle apenas
desconsiderou isso.
— Não, não se desculpe. — Landen estendeu a mão para pegar a sua.
— Estava tão preocupado com você. Sabia que tinha bebido muito, mas não
tinha percebido que estava tão ruim. — Landen franziu a testa e olhou para
longe dele. — Então, seu amigo apareceu e me acusou o deixar bêbado e o
levou para casa. — Landen voltou seus olhos verdes brilhantes em direção a
ele. — Juro que não queria que isso acontecesse. Nunca faria uma coisa
dessas. — Landen deu um passo para mais perto. — Gosto de você, Kyle, e
quero que se sinta seguro quando estiver comigo.
Kyle não tinha pensado muito sobre como acabara naquela
condição, mas nunca suspeitou que Landen tivessse algo a ver com isso.
Landen não foi outra coisa além de doce para ele. Kyle realmente se sentia mal
por isso. Ele era um cara legal que, obviamente, gostava dele, mas tudo o que
podia pensar era Oliver.
— Landen, não tenho certeza do que aconteceu na sexta à noite, mas
não culpo você. — Kyle sorriu para ele. — Devo ter bebido muito. Se alguém
tem culpa é Zach por ter certeza que todos tinhamos um copo cheio o tempo
todo.
— É verdade. — Landen mordiscou seu lábio inferior. — Acho que tem
razão. — Finalmente aquele sorriso brilhante estava de volta em seu rosto
bonito. — Estou feliz que não esteja com raiva de mim. Deveria ter lhe
observado mais de perto para ter certeza de que nada acontecia.
— Não se estresse com isso. — Kyle acenou com a mão para ele, em
seguida, olhou para as portas duplas e inclinou a cabeça para o lado. — Eu ia
para o refeitório. Quer vir comigo?
— Como um encontro? — Landen piscou um olho e franziu os lábios.
Kyle riu da cara engraçada que ele fez.
— É apenas almoço. — Ele riu. — Mas acho que pode dizer que é um
encontro.
— Legal. — Landen passou o braço em volta dos ombros de Kyle e foi
em direção à porta. — Vamos considerar este nosso primeiro encontro, desde
aquele na festa não acabou tão bem.
— Acho que eu gostaria. Obrigado, Landen. — Kyle olhou para ele
enquanto caminhavam lado a lado.
No refeitório, Kyle e Landen pegaram sanduíches, batatas fritas e
refrigerantes, depois foram procurar um lugar na sala lotada. Era meio-dia,
então um monte de estudantes saíram das aulas e foram para o refeitório.
Encontraram uma mesa vazia perto das janelas e sentaram para comer seu
almoço.
Kyle estava se divertindo. Landen poderia ser um jogador de futebol
atlético, mas também era um cara alegre e divertido. Brincou com Kyle e
perguntou como as aulas iam. Landen ainda falou sobre sua luta para se
ajustar à fraternidade que vivia.
— Eles parecem muito legais com o fato que sou gay, mas não sei. —
Landen enrolou o guardanapo e jogou-o em sua bandeja. — Às vezes sinto que
estão me julgando. Sei que estar fora e ter orgulho, pode me afetar um dia,
mas estou bem com isso agora. Jogar futebol era apenas um meio para me
levar para a faculdade.
— Sério? — Kyle parecia chocado com esta notícia. Landen era o
típico americano. Não só tinha boa aparência, mas talentoso. Kyle assumiu que
um cara como Landen aproveitaria a onda de fama, até que não pudesse mais,
mas Landen provou que Kyle estava errado. Era apenas um cara normal,
fazendo o que podia para chegar onde queria.
— Sim, meus pais não são ricos, então tive que trabalhar pra
caramba para chegar até aqui. — Landen roubou uma batata do prato de Kyle.
Sorriu descontroladamente quando Kyle deu um tapa em sua mão. — Claro,
poderia ter pego empréstimos estudantis, mas então teria uma porrada de
dívidas quando me formasse. Então, fazia sentido se destacar no futebol.
Também não foi problema que tivesse um GPA 4,0 no ensino médio.
— Uau! — Kyle virou os olhos . Quando conheceu Landen pensou que
era algum atleta desmiolado, que seu irmão lhe avisou, o tipo de aluno que só
queria se divertir e transar. Mas Landen não era assim.
— Não fique tão surpreso. — Landen jogou seu guardanapo em Kyle.
— Não sou apenas um rostinho bonito. — Ele encolheu os ombros. — Ou pelo
menos é o que minha mãe diz.
Kyle riu alto.
— Ela está certa sobre isso. Você tem camadas e camadas de
profundidade. — Ele ficou sério e encontrou o olhar de Landen. — Há
definitivamente mais em você do que eu esperava.
— Isso é uma coisa boa ou uma coisa ruim? — Landen inclinou a
cabeça com o rosto sério.
— Uma coisa muito boa.
Eles permaneceram sentados e conversaram por mais um pouco.
Landen pediu-lhe para ir para a biblioteca mais tarde naquela noite.
Disse que queria levar Kyle para um encontro real, mas tinha uma tarefa de
uma de suas aulas. Kyle aceitou e se viu ansioso por isso. Mesmo se não
sentisse por Landen o que sentia por Oliver, talvez Landen ainda gostasse de
ser seu amigo.
— Merda, é melhor eu ir. — Landen olhou para o grande relógio
pendurado na parede. — Tenho Cálculo em dez minutos. — Ele pegou sua
bandeja e fez uma pausa quando começou a andar. — Vejo você hoje à noite?
— Com certeza. — Kyle sorriu enquanto observava Landen levantar.
O loiro alto, com o rosto bonito sorriu e cumprimentou os outros
alunos por quem passava. Ele realmente parecia ser um cara legal.
— O que estava fazendo com ele?
Kyle percebeu a voz irritada e o baque de livros que pousaram sobre
a mesa, sacudindo-a com força. Oliver sentou-se à mesa olhando para ele.
Levou um momento para Kyle encontrar sua voz.
— Não é da sua conta. — Kyle reuniu seu lix, colocou a mochila sobre
os ombros e levantou-se.
Foi um movimento tão rápido que Kyle nem viu a mão de Oliver, os
longos dedos duros de Oliver enrolaram em torno do seu pulso e puxou-o para
sua cadeira.
— Você não se lembra do que aconteceu na outra noite? — Oliver
perguntou com os dentes cerrados.
— Para ser justo, só um pouco. — Kyle puxou o braço e inclinou-se
para Oliver. — Mas o que me lembro com detalhes perfeitos é estar fazendo
sexo e você me deixando de lado no dia seguinte. — Kyle não tinha certeza de
se o que tinham feito juntos era tecnicamente sexo, mas se sentira tão
vulnerável durante e depois. Certamente masturbar outro cara significava algo
de importância.
— O quê? — Oliver tinha um olhar atordoado em seu rosto. — Não
fizemos sexo, Kyle.
— Não foi relação sexual, mas ainda compartilhamos um momento
íntimo, seu idiota. — Kyle se levantou. — Tenho uma aula agora.
— Kyle, espere.
Kyle parou na sensação de toque suave de Oliver em seu bíceps.
— O que você quer, Oliver? — Não olhou para trás. Queria que Oliver
soubesse qual era a sensação de ser ignorado.
— Sinto muito sobre o que aconteceu entre nós e sinto muito por tê-
lo deixado como fiz. Será que poderia olhar para mim?
Ele estava arrependido. Kyle podia sentir a sensação de lágrimas em
seus olhos e mordeu o lábio para não gritar. Finalmente entendeu o significado
das palavras ferir mais do que um soco no rosto. O que compartilharam nada
não significava para Oliver.
Kyle virou e manteve o rosto impassível.
— Oliver, não tenho nada a dizer para você e preciso ir. Tenho uma
aula, então me encontrarei com Lauren e Tatum para o jantar, depois tenho
um encontro de estudo com Landen. Realmente, não tenho tempo para
qualquer coisa que tenha a dizer. Então, tenha um bom dia. — Kyle lhe deu
um sorriso tenso e se afastou, deixando um atordoado Oliver olhando para ele.
Não era de Kyle ser rude ou agredir os outros, mas do modo como se
sentia e a maneira que Oliver insensivelmente o empurrou de lado, depois do
que aconteceu entre. Queria tanto Oliver, mas aprendeu há muito tempo que
desejar que as coisas acontecessem nunca funcionava. Era um desperdício de
tempo e estava cansado de se expor, só para ter seu coração partido.
Não demorou muito para Kyle chegar a sua classe, ele se instalou e
ouviu atentamente ao seu professor. Enquanto estava sentado lá na classe
lotada, chegou à conclusão de que precisava começar a viver por si mesmo.
Não podia depender dos outros para ser feliz. A partir de agora, faria o que
parecia certo e viveria a sua vida tão despreocupado quanto os outros alunos
no campus. E o primeiro passo para ser um estudante egocêntrico estava em
sair com Landen, não importasse o que Oliver pensasse disso. Oliver teve sua
chance e estragou tudo. Era hora de Kyle seguir em frente e era o que faria.

Capítulo 11

— Essa merdinha malcriado! — Oliver jogou sua mochila no outro lado


do quarto quando entrou no dormitório. — Ele está indo em outro encontro
com Landen. Pode acreditar nessa porra?
— Sim, posso. — Levi sentou-se em sua cama e chutou as pernas. —
Você, meu amigo, quebrou o coração do jovem Kyle, ignorando-lhe todo fim de
semana. Assim, para ele, você provavelmente é um idiota. Posso dizer que não
o culpo, entretanto.
Oliver estreitou os olhos para Levi.
— Isso não está ajudando. — Ele deixou-se cair na cama. — Não
entendo. O que Kyle viu naquele estúpido?
— Cara, Kyle é jovem e muito inexperiente. Você leu o relatório que
Roderick nos deu. Kyle viveu uma vida muito protegida. Sasha nunca o expôs
ao mundo exterior ou lhe ensinou como aproveitar suas habilidades de lobo.
Ele é como um bebê que está sendo empurrado para o mundo, forçado a
cuidar de si mesmo.
— Então o quê? Devemos deixá-lo se encontrar com o cara que, mais
do que provavelmente, marcou esse encontro para estuprá-lo e pode ter
envolvimento no assassinato aqui no campus?
— Primeiro de tudo, não sabemos com certeza se Landen drogou a
bebida de Kyle. É só especulação. E, em segundo lugar, observamos Landen
todo fim de semana e não houve sinais dele ser um shifter lobo. Tecnicamente
não temos nada para ir em frente.
— Foda-se! — Oliver jogou as mãos no ar. — Alguma coisa sobre esse
cara parece errado. Ele está envolvido de alguma forma.
— Sim, algo sobre ele parece errado porque odeia que o nosso
pequeno Kyle está mostrando interesse por ele, ainda em choque desde que
você o explodiu depois se divertir com ele. — Levi riu.
— Não o explodi, seu idiota. — Oliver deitou em sua cama e olhou
para o teto. — Admito que uma parte de mim esteja com ciúmes, mas, mais
do que isso, tenho um mau pressentimento sobre esse cara.
Levi soltou um suspiro e veio sentar ao lado de Oliver em sua cama.
— Eles estão indo só para a biblioteca, Ollie. — Ele deu um tapinha no
joelho de Oliver. — Vamos demarcar o edifício e manter uma estreita vigilância
sobre Kyle.
— Obrigado, Levi. — Oliver passou o braço sobre os olhos, em
seguida, puxou-o para longe. — Como sabe que estão indo só para a
biblioteca?
— Eu tenho ouvidos e tenho prestado atenção em Landen enquanto
estive assistindo Kyle. — Levi deu de ombros. — Tenho que dizer, Landen
parece limpo. Quero dizer, ele realmente assiste a aula, ao contrário de alguns
de seus outros companheiros de equipe.
Oliver achou chato que Levi pensasse que Landen era inocente. Para
ele, Landen era culpado como o inferno. Claro, seu julgamento poderia estar
um pouco nublado por causa de seus sentimentos por Kyle, mas ainda assim.
Algo parecia suspeito sobre o cara.
— Seja como for, ainda não estou acreditando. — Não importa o que
alguém dissesse, Landen era suspeito como o inferno. Oliver aprendeu a
confiar sempre em seu instinto e este estava lhe dizendo para manter um
olhar muito atento sobre esse cara.
O sol já tinha começado a cair quando Levi e Oliver se dirigiram para
a biblioteca. Kyle não voltou para seu quarto depois da aula, o que fez Oliver
assumir que ele tinha saído com seus amigos. Não que houvesse algo de
errado com Kyle ter amigos e viver sua vida, mas tinha a esperança de ver seu
rosto doce mais uma vez antes que tivesse que se esconder nas sombras para
o resto da noite.
— Vou dar a volta ao redor e ficar perto da saída. Você fica na frente.
— Levi deu ao seu ombro um aperto e se dirigiu para a entrada dos fundos da
biblioteca. Antes de chegar à porta, virou. — Não faça nada estúpido, Ollie.
Em resposta, Oliver levantou o dedo do meio, entrando pela porta da
frente. Era início da noite e uma abundância de estudantes enchia as
diferentes mesas espalhadas por todo o edifício. Oliver ficou nas estantes
distantes, esgueirando olhares entre as pilhas de estantes que estavam
alinhadas em formação de quadrado, ao redor do nível da frente da biblioteca.
Não viu qualquer sinal de Kyle ou Landen, então foi para o segundo nível.
Ainda não havia sinal.
Seu celular vibrou no bolso e Oliver o pegou.
Confira o porão, o texto era de Levi.
Certamente não estariam no porão, Oliver pensou. Desceu as escadas
até o nível mais baixo e, assim como nos pisos superiores, estudantes estavam
sentados em volta das mesas estudando. Oliver esquadrinhou a multidão até
que viu Kyle inclinado sobre um livro e digitando algo no computador dele.
Encontrei-os, Oliver mandou uma mensagem para Levi.
Moveu-se entre as prateleiras na parte de trás, de onde tinha uma
excelente vista dos dois. De onde estava, não podia ouvir o que diziam um
para o outro, mas isso realmente não importava. Na maioria das vezes eles,
bem, na verdade, estavam estudando. Ocasionalmente, Kyle dizia algo para
Landen que o fazia rir, mas uma reprimenda da mesa ao lado deles havia lhe
acalmado rapidinho.
Alguma coisa?? O texto de Levi o assustou e Oliver recuou um passo.
Não. Estão realmente estudando. Oliver olhou por cima de seu
telefone para espionar o par novamente.
Bem, é uma biblioteca, gênio.
Oliver fechou o telefone com força e queria jogá-lo longe. Levi sabia
que botões apertar e fazia isso com bastante freqüência. Só porque nada
estava acontecendo agora, não queria dizer algo que não iria acontecer mais
tarde.
Finalmente, depois de mais uma hora observando Landen e Kyle,
ambos se levantaram. Reuniram seus pertences e se dirigiram para a porta.
Oliver pegou a escada de incêndio até o primeiro andar. Teve que correr para
não os perder. Não queria deixar Kyle sozinho com Landen por um segundo
sequer.

*****
— Então, quanto mais tem deixado de escrever? — Kyle perguntou a
Landen enquanto passavam pelas portas de vidro da biblioteca, indo para o ar
fresco da noite.
— Apenas a conclusão. — Landen soltou um suspiro pesado. — A
história era minha matéria preferida na escola, mas estou pensando que o
Professor Fisher vai matá-la para mim. Ele quer dissecar a Guerra Civil até a
morte. Sei que cada professor tem seu próprio método de ensino, mas,
caramba, esse cara é cansativo e extremamente chato.
— Sim, a voz do meu professor de cálculo me faz dormir. — Kyle fez
uma careta, como se pudesse ouvir o tom monótono até agora. — Tenho que
lutar para manter os olhos abertos.
— Sinto-me assim, cara. — Landen parou e pegou a mão de Kyle. —
Eu me diverti hoje à noite, Kyle.
— Eu também. — Kyle forçou um sorriso e fez o seu melhor para não
tentar puxar a mão. Gostava de Landen, só não dessa forma. Irritou-se por
não conseguia expulsar sua atração por Oliver para dar espaço a Landen. O
que havia de bom em cobiçar um cara que não o queria?
— Tenho uma prática amanhã à noite, mas na quarta-feira quer
jantar comigo? Fora do campus. — Perguntou Landen. Seus dentes brancos
mordiscando o lábio inferior, como se estivesse nervoso.
Kyle não conseguia pensar em uma boa razão para dizer não.
— Adoraria.
— Ótimo! — O sorriso de Landen era tão grande que até os seus olhos
pareciam como se estivessem sorrindo para Kyle.
— Ei, Halliwell! — Kyle e Landen ambos se viraram para ver Zach, um
dos amigos e companheiros de Landen, caminhando em sua direção.
— Ei, Zach, que se passa? — Landen estendeu a mão para Zach a
apertar.
— Nada de mais. — Zach virou-se para olhar para Kyle.
Algo sobre a maneira como os seus lábios estavam apertados o fez
pensar que Zach não gostava dele. Não via como isso era possível, uma vez
que quase não se conheciam.
— Kyle, como vai a sua noite? — Zach sorriu para ele. — Será que
este idiota não o deixou fazer o seu trabalho? — Zach passou o braço em volta
da cabeça de Landen e esfregou os dedos sobre seu couro cabeludo.
— Sim, na verdade. — Kyle riu da maneira como os dois amigos
lutaram.
— Oh, merda, antes que me esqueça. — Zach soltou Landen e
endireitou os ombros. — Precisa passar pelo escritório do treinador para
começar a jogar. O assistente técnico ligou enquanto estava fora. Ele tentou o
seu celular, mas você não respondeu. Eu disse que você, provavelmente
esqueceu de carregá-lo.
Landen puxou o telefone do bolso de trás.
— Caramba.
— Está vendo? — Zach olhou para Kyle e cutucou sua cabeça na
direção de Landen. — Acontece o tempo todo. Muitas vezes me pergunto como
faz para ter essas boas notas.
— Sou um homem de muitos talentos, acho que você poderia dizer.
— Landen levou a mão ao peito e agitou as pestanas, atuando de bobo.
— Seja como for, homem. Se me dão licença, preciso chegar à
biblioteca antes que feche para verificar um livro para a aula de psicologia. —
Zach caminhou entre eles e se dirigiu para as portas da biblioteca. — Landen,
é melhor apressar seu rabo para o escritório do treinador antes dele sair. Ele
quer que você estude essas jogadas para o jogo de sábado. — E com isso,
Zach virou-se e desapareceu na biblioteca.
— Acho que é melhor eu ir. — Landen balançava para frente e para
trás em seus pés. — Então quinta-feira à noite?
— Quinta-feira. — Disse Kyle alegremente. — Mas ainda podemos
almoçar juntos, se quiser. — Ele encolheu os ombros. — Você não precisa...
— Não, eu quero. — Landen deu um passo para mais perto dele. Seus
olhos se abaixaram para os lábios de Kyle por um breve momento antes de
inclinar-se e o beijar na testa. — Vejo você amanhã, Kyle.
— Até mais! — Kyle o viu se apressar em direção ao prédio atlético na
outra extremidade do campus.
Esperou até Landen estivesse fora de vista e dirigiu-se para o seu
dormitório. Escuridão completa havia caído enquanto estava na biblioteca e
não havia lâmpadas de rua o suficiente para iluminar o campus. Kyle se viu
pulando em cada pequeno som que ouvia. O empurrão de folhas ao vento fez
seu peito apertar. Sabia que não havia nada a temer, mas temia. Era algo que
não podia evitar. Ser um shifter lobo não fazia Kyle se sentir mais forte ou ter
menos medo das coisas da noite.
Andou um pouco mais rápido e olhou por cima do ombro. Podia jurar
que ouviu alguém andando atrás dele, mas quando parou de se mover os
passos desapareceram. Pegando o ritmo, Kyle fez o seu melhor para andar
mais rápido fazendo, quase correndo.
Um rosnado baixo soou à sua esquerda e Kyle se virou para olhar
para o beco escuro entre os dois edifícios. Não viu nada, nem mesmo com a
sua visão lobo. Ouviu de novo e deu um passo para trás. Sentia-se estúpido
por ter medo. Era, provavelmente, apenas a forma como o vento soava
quando chicoteava através dos edifícios.
— Kyle?
Kyle virou, engolindo seu grito de terror quando olhou para os
grandes olhos azuis de Oliver.
— Você está bem? — Perguntou Oliver.
— Sim. — Kyle respirou fundo e virou para olhar para trás, no beco
escuro. — Você só me assustou, é tudo.
— Sinto muito. — Oliver olhou sobre o ombro de Kyle e de volta para
Kyle. — Eu não queria. Só o vi em pé aqui e pensei em dizer oi.
A Freqüência cardíaca de Kyle voltou ao controle e repetiu as
palavras de Oliver em sua cabeça.
— Você queria dizer oi? É mesmo? Depois de me evitar todo o fim de
semana e mastigar minha bunda na cafeteria hoje, queria parar e dizer oi? —
Agora Kyle estava ficando louco.
— Olha, Kyle, não queria discutir com você. Sinto muito por tratá-lo
como o tratei naquela noite, você sabe. — Oliver acenou com a mão em torno
de um círculo, parecendo admitir o que tinham feito juntos. — E hoje na hora
do almoço. Sinto muito.
Kyle olhou para Oliver e achou difícil impedir sua raiva. Realmente
queria fazer Oliver sofrer como sofreu nos últimos dois dias.
— Bem, isso teria sido muito apreciado há dois dias. — Kyle
contornou Oliver e seguiu para seu dormitório.
— Kyle, homem, por favor. Eu disse que estava arrependido.
— Sim, sinto muito, também. — Eles chegaram ao dormitório e Kyle
apertou o botão do elevador para o terceiro andar. Oliver se espremeu para
dentro antes que as portas se fechassem.
Nenhum dos dois disse uma única palavra até que as portas se
abriram e Kyle saiu. Ele puxou a chave do bolso e abriu a porta.
— Boa noite. — Disse Oliver.
Kyle podia sentir os olhos de Oliver sobre ele, mas não se virou.
Entrou em seu quarto e fechou a porta. Uma vez lá dentro, ele se inclinou
contra a superfície dura. Ter raiva de Oliver era um trabalho duro, mas se
recusava a simplesmente perdoar o seu comportamento. Oliver poderia querer
esquecer e seguir em frente, depois do que aconteceu aqui em seu quarto no
fim de semana passado, mas Kyle não.
Olhou para sua cama e fechou os olhos. Por trás de suas pálpebras
podia ver Oliver pairando sobre ele, beijando e tocando-o, a carícia de seus
dedos tão suave em sua pele. Deus, se pudesse voltar no tempo apenas para
experimentar tudo de novo, mesmo sabendo o que viria, ainda queria um
momento perfeito mais uma vez.

Capítulo 12

— Você tem que estar brincando comigo. — Oliver resmungou quando


arrancou a chave do bolso. — Estou fazendo isso para seu próprio bem, assim
por que está sendo um babaca comigo?
Com as chaves na mão, Oliver olhou para a porta. Sabia que a única
coisa inteligente a fazer seria abri-la e entrar, mas desde quando fazia a coisa
certa? Com certeza não na sexta-feira passada, quando acabou na cama com
Kyle.
Deveria simplesmente ir embora. Kyle estava bravo com ele, então
não ficaria decepcionado quando descobrisse que Oliver e Levi eram caçadores
e tinham a tarefa de serem suas babás.
Oliver apertou as chaves com força na mão e podia sentir a dor dos
pinos de metal cavando na carne macia de sua palma. A dor não era o
suficiente para distraí-lo do que queria.
Após se sentar pela metade da noite e ver o cara que queria com
outro, chegou à conclusão há uma hora, que de fato queria Kyle para si
mesmo e não confortavelmente com outro homem, na verdade, isso apenas o
irritava. Ainda por cima, teve que ver como Landen tinha alcançado a mão de
Kyle e depois beijado sua testa, quando disse boa noite. Nunca, em toda a sua
vida inteira, sentiu tanto ciúme como agora.
Incapaz de se conter, Oliver foi até a porta de Kyle e bateu o punho
duas vezes na superfície dura. Quando Kyle não respondeu, bateu de novo.
— O quê? — A porta se abriu e a luz do corredor iluminou os olhos
azuis claros de Kyle.
Não parando para pensar sobre o que estava fazendo, Oliver deu um
passo para frente, depois outro, até que ficou dentro do quarto de Kyle, que
tropeçou para trás, suas sobrancelhas franzidas quando olhou para ele. Kyle
começou a abrir a boca e Oliver estendeu as mãos e envolveu a parte de trás
do pescoço de Kyle e o puxou para perto. Sua boca caiu sobre Kyle e seus
lábios engoliram tudo o que Kyle queria dizer.
Kyle lutou com só por um momento antes de colocar os braços em
volta do seu pescoço. Oliver deixou suas mãos deslizarem pelas costas de Kyle
até que tinha uma boa aderência na bunda firme e levantou Kyle do chão. Kyle
trouxe as pernas para cima para envolver suas pernas nos quadris de Oliver,
que empurrou Kyle contra a porta do quarto. Sua língua mergulhou
profundamente no calor úmido de sua boca, sugando sua língua. O gosto era
tão doce, como morangos e açúcar. Não conseguia o suficiente.
Oliver pressionou seus quadris para frente e balançou seu
comprimento duro contra o traseiro de Kyle. Pequenos gemidos escoaram para
fora da boca de Kyle e seus dedos escavaram na carne dura e musculosa dos
ombros de Oliver. Apertou e amassou os globos firmes, desesperado para
sentir a pele nua que cobria o corpo de Kyle.
Suas mãos agarravam e acariciavam cada centímetro de Kyle que
podiam, mantendo-o no ar. E sua boca o devorava até que o homem era uma
bagunça flácida, pendurado em Oliver.
Muito em breve a nuvem de excitação se dissipou. Oliver se afastou e
olhou nos olhos vidrados de Kyle. Sim, queria este homem, mas não podia
simplesmente pegar o que queria. Tinha que saber se Kyle queria isso
também.
— Tenho uma pergunta para lhe fazer. — A voz de Oliver soou rouca.
— Quer que eu pare? — Era uma pergunta capciosa que poderia significar
muitas coisas e Oliver queria assim. Tão louco que pudesse parecer, queria
Kyle para sempre. Depois de ver Kyle com Landen, começou a perceber que
não era apenas que não confiasse em Landen, não, era que queria Kyle para si
de agora em diante. Ninguém jamais deveria ser autorizado a tocá-lo.
Kyle olhou fixamente em seus olhos, seu olhar firme, quando disse:
— Não.
Oliver soltou a respiração, que não tinha percebido que estava
segurando, e cobriu a boca de Kyle com a dele. Os olhos de Kyle se
arregalaram e levou tudo que Oliver tinha para dar. Oliver se afastou da porta
e levou Kyle para a cama.
Kyle devolveu o beijo com essa necessidade crua que fazia passar
uma onda de faíscas vivas dentro do corpo de Oliver, como a reunião de
gasolina com fogo. Com os dedos trêmulos, Oliver removeu as roupas de Kyle.
Uma vez que o peito de Kyle estava nu, atacou seus mamilos, banqueteando-
se com a deliciosa pele. Sugou o pequeno pico duro em sua boca e mordeu
suavemente, fazendo Kyle se arquear para fora da cama.
Enquanto Oliver brincava com mamilo de Kyle, deixou a outra mão
levemente acariciar abdômen magro. Arrepios subiram com as pontas dos
dedos e sorriu contra a pele de Kyle.
Passou os dedos sobre o comprimento duro, manchando as primeiras
gotas de líquido pré-sêmen sobre a cabeça. Kyle engasgou e seu corpo se
contorceu debaixo de Oliver que, lentamente, deu beijos para baixo do corpo
de Kyle. Olhou para cima para ver Kyle agarrar os lençóis perto de sua cabeça,
seu rosto se contorcendo numa expressão de agonia e prazer.
Oliver deixou sua língua roçar no vale curvo do estômago de Kyle,
mergulhando por um breve momento em seu umbigo, continuando em sua
jornada para sugar o membro inchado em sua boca. A respiração de Kyle fugia
de seus pulmões, em suspiros ofegantes, enquanto seu corpo tremia.
Deslizando o dedo em sua boca, Oliver conseguiu deixá-los molhado
s, então os levou entre as coxas de Kyle. Balançou a cabeça para cima e para
baixo, levando Kyle um pouco mais profundo com cada impulso. O dedo de
Oliver encontrou sua entrada e Kyle gritou quando esfregou a abertura
apertada.
Circulou o pequeno orifício, girando mais perto do centro a cada
passagem. Por fim, gentilmente pressionou a ponta de seu dedo dentro de
Kyle. O corpo de Kyle estava tenso, mas recuou para a cama enquanto Oliver
continuava a chupar seu pênis.
O doce sabor salgado fez Oliver sentir como se estivesse bêbado.
Fazia-o tonto, mas num bom caminho. Chupou mais e empurrou seus próprios
quadris no colchão macio abaixo dele. Se isso continuasse muito mais tempo
iria gozar em suas calças e não poderia fazer isso.
Liberando o pênis de Kyle, Oliver moveu-se para frente, trazendo as
pernas de Kyle, praticamente dobrando-o ao meio. Abaixou-se para lamber a
pele sensível entre as bolas de Kyle e sua abertura. Kyle tentou trazer as
pernas para baixo no começo, mas depois Oliver enfiou a língua através da
barreira apertada violando sua entrada.
Kyle gemeu e seu corpo ficou frouxo quando Oliver o fodeu com a
língua. Estendeu a mão para acariciar o pau latejante, puxando sons mais
suaves dos lábios inchados de Kyle.
Oliver soltou o pau de Kyle e moveu a mão de volta para abertura de
Kyle. Lambeu ao redor da entrada vibrante, então deslizou um dedo até a
junta. Kyle ficou tenso por apenas um segundo, antes de começar a balançar
para trás e para frente sobre a mão de Oliver, que se sentou e tomou pau de
Kyle de volta em sua boca, provocando a cabeça dura quando deslizou outro
dedo. Kyle choramingou, mas não o pediu para parar. O suor brilhava sobre o
seu corpo suave e a imagem erótica enviou Oliver sobre a borda.
Tirou os dedos do corpo escaldante de Kyle e sentou-se. A cabeça de
Kyle apareceu fora da cama, uma pergunta em seus olhos, e Oliver apenas
sorriu para ele quando puxou a camiseta para cima e sobre a cabeça. Foi para
o cós da calça e tirou-a, junto com a cueca.
Sentou-se na beirada da cama, a calça solta ao redor de seus
tornozelos. Tirou o sapato direito e estendeu a mão para retirar a perna de
metal. Chutou a calça fora e virou-se para subir na cama.
Os olhos de Kyle baixaram para olhar o pau duro de Oliver quando
ele saltou no ar. Oliver sentou de joelhos e agarrou o comprimento duro.
— Bebê, tem alguma loção? — Perguntou Oliver.
— Hum... Hum. — Kyle apontou para a mesa de cabeceira, sem tirar
os olhos de cima do pênis de Oliver.
Oliver riu quando subiu entre as pernas de Kyle e se inclinou,
deixando seu gotejante pau esfregar na barriga de Kyle, e abriu a gaveta.
Mexeu os quadris para trás e para frente enquanto procurava a loção.
Incrivelmente, quando puxou sua mão para trás, Oliver ficou surpreso ao ver
que Kyle tinha um grande frasco de lubrificante. Sentou-se sobre as pernas e
estendeu-o para Kyle ver, sua sobrancelha arqueada questionando.
— Presente do meu irmão. — Kyle sussurrou e olhou para longe de
Oliver. Se as luzes estivessem acesas, teria, sem dúvida visto, o rosto de seu
doce amante em dez tons de vermelho.
— Lembre-me de lhe enviar uma nota de agradecimento. — Isso lhe
rendeu um pequeno sorriso de Kyle.
Oliver abriu a garrafa e derramou o líquido sobre os dedos. Esfregou
a mão esquerda na barriga de Kyle enquanto sua mão direita escorregou entre
suas bochechas e umedeceu a abertura ondulante, então deslizou um dedo
dentro. Kyle mordeu o lábio inferior, mas não gritou. Oliver sentia como Kyle
era malditamente apertado. O canal aquecido puxou seu dedo e Oliver
empurrou mais para dentro Kyle. Não queria machucá-lo, mas também sabia
que não ia voltar agora.
Oliver se inclinou e pegou Kyle de volta em sua boca, Kyle empurrou
seus quadris para cima e Oliver empurrou outro dedo. Até agora o corpo de
Kyle tinha afrouxado e os dedos de Oliver deslizavam dentro e fora muito mais
fácil. Tinha certeza que Kyle nem sequer sentiu quando acrescentou o terceiro.
Deixando o comprimento molhado de Kyle sair de seus lábios, Oliver
se sentou. Com a mão esquerda pegou o lubrificante e regou o eixo rígido.
Passou os dedos em torno dele para espalhar o gel sobre seu pênis.
Só teve aquele breve momento de reflexão em relação a um
preservativo, mas empurrou-o para longe. Kyle era um shifter e não podia
pegar doenças humanas, e Oliver sabia que estava limpo por causa de seus
exames médicos obrigatórios que fazia uma vez por ano, e porque nunca tinha
tido relações sexuais desprotegidas em toda a sua vida. Não, tomaria Kyle da
forma como deveria ser. Profundo e cru, sem barreiras entre eles. Kyle não
sabia, mas isso era para sempre. Oliver não tinha intenções de deixá-lo ir
agora.
Oliver tirou os dedos do corpo de Kyle e se arrastou para mais perto
dele. Segurou seu pau duro em sua mão direita e guiou-a para abertura de
Kyle. A ponta sem corte correu, suave, para cima e para baixo do pequeno
canal até Oliver seguir em frente. Olhou para Kyle que segurou seu olhar. Com
um impulso de seus quadris a cabeça entrou. A boca de Kyle se abriu e seu
peito subia e descia num ritmo acelerado. Oliver caiu para frente, apoiando seu
peso em seus cotovelos enquanto beijava ao longo do queixo de Kyle, na
tentativa de acalmá-lo.
Depois de dar a Kyle alguns momentos para se acostumar com a
espessura dentro dele, empurrou para frente e retirou-se, deixando apenas a
cabeça para dentro. Isso durou até que Oliver tinha enterrado seu corpo inteiro
no canal apertado de Kyle.
— Você está ok? — Oliver perguntou contra os lábios de Kyle
enquanto o beijava.
— Sim, me sinto muito cheio. —Kyle riu, mas o som morreu quando
Oliver tirou e empurrou para frente. Kyle caiu de costas na cama, com a boca
aberta. — Faça isso de novo... — Ele murmurou.
Oliver fez o que pediu e, lentamente, acelerou seu ritmo. Kyle passou
os braços na cintura de Oliver, as mãos descansando sobre os glóbulos de sua
bunda e seus tornozelos presos sobre as coxas de Oliver.
Empurrou Kyle lentamente e pode ver que ele gostava do impulso
profundo e longo, de modo que elevou seus quadris até que seus corpos
batessem juntos. Quando sua vida amorosa tornou-se mais intensa, ondas de
choque de prazer correram como uma corrente através de seu corpo. Seu
orgasmo não estava muito longe, mas não queria gozar até que Kyle o fazer.
Alcançou entre seus corpos cobertos de suor e acariciou o pau
pulsante de Kyle. A respiração de Kyle se acelerou e as suas unhas cavaram
nas costas de Oliver.
— Goze para mim, Kyle. — Oliver disse enquanto segurava o olhar de
Kyle. — Quero sentir você se desfazer em mim. — Oliver moveu a mão mais
rápido, trazendo Kyle mais perto da borda.
O corpo de Kyle empurrou e ele gritou para o teto quando seu sêmen
transbordou nos dedos de Oliver. A luz da janela se infiltrou no quarto,
refletindo nos caninos pontudos de Kyle. Ele deveria ter perdido o controle
sobre seu lobo durante seu orgasmo, mas Oliver não foi repelido por ele.
Achou que deixava Kyle ainda mais sexy.
Oliver acariciou-o no seu orgasmo, sentindo a pressão crescendo em
suas próprias bolas. Logo estava pulverizando seu sêmen no profundo e úmido
calor dentro de Kyle. A cada pulso de seu coração, um novo jato de esperma
espirrou contra as paredes lisas dentro do corpo de Kyle.
Caiu em cima de Kyle e colocou seus braços ao redor dele,
segurando-o com força. Seu coração batia fora de controle e, se morresse
neste exato momento, morreria um homem feliz.
Depois que sua respiração voltou ao controle, sentou-se apenas o
suficiente para beijar Kyle nos lábios. Um sorriso atordoado e bobo estava no
rosto de Kyle. Parecia em êxtase e feliz.
— Isso foi inesperado. — Kyle estendeu a mão e passou os dedos no
lado do rosto de Oliver.
— Isso é uma coisa boa ou ruim? — Oliver perguntou quando saiu de
Kyle para deitar na cama.
— Depende. — Kyle apoiou-se no cotovelo, descansando a cabeça na
mão. Mordiscou o canto direito do lábio inferior. — Será que gostou? Quero
dizer, foi bom para você? — A Testa de Kyle enrugou como se estivesse
preocupado ou com medo.
— Foi incrível. — Oliver rolou para o lado dele e inclinou-se sobre o
cotovelo, olhando nos olhos assustados de Kyle. — Por que me pergunta uma
coisa dessas?
— Porque... — Kyle deixou cair o queixo ao peito e olhou para o
espaço entre eles.
— Por quê? — Oliver estava ficando um pouco nervoso.
— Porque ou virgem, ou era antes. — Kyle olhou para ele através de
seus cílios grossos. Incerteza rodou nas profundezas azuis.
— Oh. Merda. — Oliver murmurou e seus olhos se arregalaram.
Assumiu que Kyle tinha pouca experiência com o sexo. Agora se sentia como
um burro por empurrar Kyle para isso. — Por que não disse nada? Foda-se,
Kyle.
— Você está com raiva de mim. — Kyle sentou-se e escondeu o rosto
entre as mãos.
— Não estou bravo com você, mas estou com raiva de mim. — Oliver
puxou as mãos de Kyle longe de seu rosto. — Se soubesse que era sua
primeira vez, poderia ter sido mais gentil ou pelo menos tornado mais
romântico para você.
— Mas foi perfeito, Oliver. — Uma única lágrima correu pelo seu
rosto. — Não poderia ter pedido mais.
Quando Oliver olhou nos olhos de Kyle, podia jurar que viu o mesmo
desejo e saudade que via em seu próprio cada vez que se olhava no espelho.
— Venha aqui. — Oliver o puxou ais perto dele e Kyle caiu em seus
braços.
Ficaram abraçados na cama, absorvendo o calor do outro. Kyle
descansou a cabeça no peito de Oliver, que passou os dedos pelo cabelo
castanho curto, deixando os fios sedosos deslizar na palma da mão.
Kyle passou o pé sobre Oliver e empurrou em surpresa quando sentiu
a parte superior do pé de Kyle fazendo fricção sobre seu coto. Ele tinha feito
isso na última vez que estiveram juntos na cama e não estava acostumado a
alguém querendo tocá-lo lá.
— Será que isso te incomoda? — Kyle moveu seu pé novamente,
acariciando o joelho marcado.
— Não tenho certeza. — Oliver respondeu honestamente. — Não é
que me incomode, é só que não sei por que iria querer tocá-lo. — Ele não tinha
vergonha de seu corpo, mas sabia como os outros no mundo viam coisas que
eram diferentes e teve sempre temor após o ataque.
— É uma parte sua e adoro tocar em você. — Kyle continuou a mover
seu pé para trás e para frente. — Além disso, — Kyle sentou. — nem percebo
que está faltando uma perna. Não sou superficial como as outras pessoas.
Gosto de você por você, Oliver, e não pelo seu corpo. — Kyle riu. — Mas tem
tão um corpo quente e bonito, muito mesmo.
— Obrigado. — Oliver sorriu para ele e puxou Kyle de volta em seus
braços. — Onde estava quando eu estava na escola? Meu ego poderia ter
usado este bom impulso, Kyle.
— Queria ter estado lá. — Kyle esfregou seu rosto no peito de Oliver.
Uma longa pausa se passou entre eles, até que finalmente perguntou: — Se
não se importa de eu perguntar: o que aconteceu com sua perna?
A mão de Oliver pausou no cabelo de Kyle. Queria lhe dizer a
verdade, mas agora não era o momento jogar sobre o cara que tinha tido
relações sexuais com um caçador, que tinha sido designado para vigiá-lo. Isso
com certeza mataria o clima.
— Sofri um acidente quando tinha quinze anos. — Oliver apertou seu
braço em volta dos ombros de Kyle, pressionando-o para mais perto. Precisava
do contato pele a pele. Reviver as memórias nunca era divertido. — O mesmo
em que meus pais morreram. — Nos confins do seu cérebro ainda podia ouvir
seu pai gritando para ele correr e os gritos de dor de sua mãe quando foi
rasgada. — Podemos falar sobre outra coisa?
— Sinto muito, Oliver. — Kyle virou a cabeça para beijá-lo acima do
seu mamilo direito. — Perdi meus pais quando era jovem. Não me lembro
deles, mas o vazio ainda está lá.
— Não tenho certeza que é algo que serei capaz de fugir. — Oliver
sabia sobre o passado de Kyle. Ele só tinha três anos de idade quando Sasha
matou sua família e o levou como seu próprio filho. Como ele, Kyle foi
quebrado. — Mas tenho que admitir, quando estou com você, a dor não parece
tão afiada.
— A minha também. — Kyle sussurrou baixinho.
Ambos ficaram tranquilamente deitados, apenas absorvendo o
conforto que davam um ao outro. Oliver sabia, naquele exato instante, que
estava viciado. Não havia como voltar a viver uma vida solitária. Os pais de
Levi poderiam dizer que era muito jovem, mas sabia o que queria e era Kyle,
para o resto de sua vida. Quando olhava para o seu futuro, não estava mais
sozinho. Kyle estava ao seu lado.
— Isso é tão irreal. — Disse Kyle quando fez um oito sobre o peito de
Oliver. — Tenho medo que se fechar meus olhos vou acordar para perceber
que é apenas um sonho.
A tristeza na voz de Kyle partiu o coração de Oliver. Conheciam-se
por um tempo muito curto, mas Kyle era dele. Não queria saltar etapas e dizer
que era amor, mas era definitivamente algo real e próximo a isso.
— Não é um sonho, bebê. — Oliver beijou o topo da cabeça de Kyle e
puxou-o para mais perto. — Não vou a lugar nenhum. Goste ou não, você é
meu, Kyle Argent.
— Acho que gosto do som disso. — Kyle se aconchegou mais perto, a
parte superior do seu pé direito esfregando contra o coto da perna esquerda de
Oliver. — Isso vai nos dois sentidos, Ollie. — Disse Kyle em torno de um
bocejo.
— Nunca duvidei disso. — Oliver ficou ali, acariciando sua mão para
cima e para baixo nas costas de Kyle até que podia ouvir a suave respiração de
seu amante.
Quando suas pálpebras começaram ficar pesadas, a vibração do seu
telefone lhe fez xingar baixinho. Tirou um Kyle dormindo de seu peito e fugiu
para baixo da cama. Pegou a calça e vasculhou o bolso procurando seu
telefone.
Temos que ir! Outro corpo foi encontrado pela biblioteca. Ele leu o
texto de Levi.
— Maldição. — Oliver rapidamente se vestiu e levantou da cama.
Correu até a mesa de Kyle e encontrou um pedaço de papel e um marcador.
Virou seu telefone para lhe dar um pouco de luz e fez um bilhete para Kyle. A
última coisa que queria era que ele acordasse sozinho novamente. Seria como
um grave deja vu, que irritaria seu pequeno amante.
Colocou a nota na mesa de cabeceira, abaixou para beijar
suavemente a cabeça de Kyle sobre e se dirigiu para a porta. Levi estava
encostado na parede que separava a sua porta de Kyle. Um sorriso maroto
iluminava seu rosto e Oliver não estava com disposição para as piadinhas bem-
humoradas de seu melhor amigo.
— Nem uma única palavra. — Ele apontou um dedo para Levi.
— Eu não ia dizer uma palavra. — Levi levantou as mãos, palmas
voltadas para fora.
Oliver sabia que seu amigo estava implodindo para saber o que tinha
acontecido entre ele e Kyle, mas por agora queria manter para si mesmo. Era
algo que era dele e só dele. Deu de ombros. Faria Levi sofrer mais alguns
minutos antes de derramar suas entranhas, mas, rapaz, como desfrutaria de
provocá-lo até lá.

Capítulo 13

O som do alarme tocou, acordando Kyle. Ele atravessou a cama para


apertar o botão de desligar e se enrolou como uma bola. A dor aguda no seu
traseiro o fez abrir os olhos. Os acontecimentos da noite anterior passaram por
sua cabeça e sorriu. Mas o sorriso rapidamente se desvaneceu, quando
percebeu que estava sozinho, de novo.
— Você tem que estar brincando comigo. — Kyle sentou-se na cama
e olhou ao redor do quarto. Não havia nenhum sinal de Oliver e a porta do
banheiro estava aberta, dando para ver que não estava lá também. Kyle
sentou-se na beira da cama colocando os pés no chão. Colocou a cabeça sobre
as mãos e alisou o couro cabeludo. Não queria pensar que depois do que
aconteceu ontem a noite, Oliver iria terminar com ele de novo, mas...
No chão abaixo da mesa onde estava o laptop, estava um pedaço de
papel branco com o nome dele escrito. Ele se abaixou e pegou.
Kyle, Não entre em pânico, tive que sair cedo, pois tenho que
trabalhar num projeto com o Levi. Preferia ter ficado na cama com você.
Estarei ocupado toda a manhã, mais vou encontrá-lo na hora do almoço, nos
vemos em breve.
Kyle sorriu para a nota, Oliver não o havia abandonado após tirar sua
virgindade. As dúvidas que tinha sobre Oliver gostar dele ou não começaram a
se desvanecer de sua mente. Se Oliver não quisesse vê-lo, não teria deixado
um bilhete. Estava tão feliz que podia sair dançando ao redor.
Dobrou a nota no meio e guardou na gaveta do criado mudo,
levantou, pegou algumas roupas no armário e se dirigiu a banheiro. Ao se
preparar para a escola não conseguia parar de sorrir, parecia que o sorriso
havia sido colado no seu rosto. Tudo a sua volta parecia mais intenso, os sons,
os cheiros, as cores. Kyle se sentia um novo homem.
Seu telefone tocou, Kyle colocou a mochila sobre a cama e sorriu ao
ver o nome na tela. Uma imagem de Ian fazendo careta apareceu.
— Olá. — Kyle falou extremamente feliz.
— Bom dia irmãozinho. — Ian sempre o chamava assim e kyle
adorava. Não eram irmãos de sangue, mais era como se fossem. — Porque
está tão feliz hoje?
— Quem? Eu? — O rosto de Kyle ficou vermelho, ainda bem que Ian
não podia vê-lo.
— Tudo bem, fala. Nunca ouvi você tão feliz assim desde que te
conheço. — Ian suspirou ao telefone. — Não te conheço ha muito tempo, mais
sinto que te conheço tão bem quanto conheço a Kelsey. Então, fale tudo e não
me esconda nada.
Kyle estava pensando sobre o quanto falar a seu irmão. Ian sempre
foi cuidadoso com ele, todos achavam que era muito ingênuo. Ninguém nunca
lhe disse nada, mais via em seus rostos.
— Conheci alguém. — Kyle disse. Não tinha certeza se podia chamar
Oliver de namorado, mais com certeza eram mais que amigos. Oliver foi o
primeiro cara com quem ficou. E tudo que não queria agora era um sermão
sobre entrar num relacionamento tão cedo.
— Oh, pode falar. — Ele podia ouvir o sorriso na voz de Ian. — Quero
detalhes.
— Não há muito que dizer. — Kyle cruzou as pernas em cima da
cama. — Quero dizer, é tudo muito recente e gosto muito dele, gosto demais.
— Ele riu. — Ele me deixa completamente louco e me deu vários motivos para
odiá-lo, mas não consigo. É muita loucura eu sei.
— Huh... — Ian não disse nada por um momento e depois perguntou.
— Acha que gosta desse cara apenas para dar um amasso ou se vê
construindo uma vida e envelhecendo com ele?
Sem ter que pensar nisso, Kyle respondeu.
— Posso me ver envelhecendo ao lado dele, sim. — Kyle respirou
fundo e fechou os olhos. Ainda podia lembrar do rosto de Oliver enquanto o
penetrava na noite passada. — Sinto-me completo com ele, não me sinto tão
só.
— Oh, meu Deus! — Ian gritou no telefone. — Esse cara é o seu
companheiro Kyle.
— Companheiro? Não sei. Será que ele é? Quais são os sinais? Sasha
nunca me falou sobre isso. — Esse é mais um lembrete do quão pouco sabia
sobre ser um lobo.
— Normalmente podemos cheirar o nosso companheiro no meio de
uma multidão. O mais forte, o mais inebriante cheiro que já sentiu. Então,
quando fazem amor é explosivo e não pode obter o suficiente dele. É quase
como se estivessem fisicamente ligados, a ponto de nunca poder deixá-lo ir, é
um sentimento muito intenso.
Kyle se virou e olhou para o local que Oliver dormiu na noite passada.
Ele se abaixou e cheirou o travesseiro e um cheiro de água de chuva encheu os
seus sentidos. Um sorriso apareceu em seu lábio superior, quando sua mente
tentava assimilar a ideia de que Oliver poderia ser seu companheiro.
— Kyle, está ai? — Ian perguntou rapidamente. — Kyle?
— Estou aqui. — Kyle se sentou na cama. — Estou tentando assimilar
a ideia. — Olhou para o travesseiro novamente, tentando resistir a forte
vontade de enterrar o rosto nele.
— Sei que não foi ensinado a confiar nos seus instintos de lobo, por
isso pode ser mais difícil para você descobrir isso. Mais pelo que está me
dizendo, esse cara não é só um caso qualquer para você.
— Então, o que aço? — Kyle sentia seu coração apertar, diante da
gama de sentimentos que estava sentindo.
— Bem, amigo, isso não é algo que possa te dizer, isso é algo que
precisa descobrir sozinho. Mais vou te dizer uma coisa. Quando conheci o Will,
era como se o meu corpo o reconhecesse como meu companheiro, eu me
sentia embriagado com seus beijos e com cada toque seu. Vai ter que confiar
nos instintos do seu lobo, só ele vai pode te guiar na direção certa.
— Fácil para você dizer! — Kyle começou a roer as unhas.
— É fácil para você também, Kyle, tenha confiança em si mesmo. —
Kyle ouviu quando Ian tirou o telefone do ouvido e falou com alguém ao fundo.
— Tenho que ir, me liga mais tarde, ok? Acho que vai resolver isso mais fácil
do que pensa.
— É o que espero. — Kyle se despediu rapidamente, agarrou a sua
bolsa e se dirigiu a porta. Tinha pouco tempo para chegar a sua aula de inglês
e arrumar suas coisas na mesa. Divagou durante toda a aula, só conseguia
pensar em Oliver e na possibilidade de serem companheiros. Precisava ter
certeza, pois se Oliver fosse realmente seu companheiro, teria que revelar o
seu segredo e não estava muito ansioso para fazer isso.
Kyle passou pelas primeiras aulas do dia sem ter um colapso. Estava
com uma vontade inexplicável de encontrar Oliver. Para fazer o quê, não tinha
certeza. Falar com ele talvez, mas também queria repetir o que fizeram na
noite passada. Toda vez que andava, podia sentir o pau grosso de Oliver
dentro dele.
— Ei, Kyle? — Landen andou em sua direção e descansou o braço
pesado sobre seus ombros. — Você já ouviu a noticia?
Kyle parou de andar e tirou o braço de Landen dos seus ombros.
Landen lhe deu um olhar engraçado e dava para perceber que tinha ferido os
seus sentimentos. Gostava de Landen, mas apenas como amigos, e depois
dele e Oliver terem transado, não podia permitir que o amigo tivesse
esperanças de terem algo. Não é certo e Landen precisava saber da verdade.
— Landen, precisamos conversar. — Ele se dirigiu a um banco fora da
lanchonete junto com o amigo.
— Oh, menino, isso não pode ser bom. — Kyle se inclinou para o lado
diante das palavras de Landen. — Quero dizer, se um cara pede para
conversar significa que quer terminar tudo.
— Oh! — Kyle não tinha pensado nisso. Estava pensando em contar
sobre ele e Oliver, mas não tinha pensado em terminar a sua amizade. Não
estavam namorando. — Ok, bem, não estamos namorando, então não temos
nada para terminar, mas preciso te dizer que estou gostando de alguém. —
Kyle entrelaçou os dedos para não tremer. — E por isso não é justo deixar
você pensar que teremos algo, merece alguém que te ame incondicionalmente.
— Uau. — Os olhos de Landen se arregalaram e se afastou de Kyle. —
Esse foi tipo o rompimento mais legal que já tive. — Ele olhou para Kyle. —
Podemos ser amigos?
— Deus, sim! — Kyle tocou o ombro largo de Landen. — Não precisa
nem perguntar.
— Ótimo. — Landen sorriu. — Você é a única pessoa que é sincera
comigo aqui no campus.
— Sério?
— Sim, sabe porque sou um jogador de futebol. Algumas pessoas
acham que se andarem comigo serão mais populares.
— Nunca pensei sobre isso. — Kyle viu a forma como os ombros de
Landen caíram. Não podia imaginar como seria ter as pessoas se aproximando
dele apenas para obterem vantagens. Isso devia ser duro. — Bem, posso dizer
com segurança, que gosto de você pelo que é. Afinal, não sou o maior fã de
futebol.
— Isso é ótimo. — Landen se levantou e estendeu a mão para ajudar
Kyle. — Vamos almoçar, estou morrendo de fome. — Estavam entrando na
lanchonete quando Landen perguntou. — É aquele cara da festa, não é?
— Hã? — Kyle olhou para Landen sobre o ombro enquanto pegava
uma bandeja.
— O cara que você gosta? — Landen acenou com a mão em um
movimento circular. — O cara que achou que te embebedei na festa?
— Oh, sim. — Kyle corou e se afastou de Landen. — Desculpe por
isso, o álcool normalmente não me afeta assim. — E aquele incidente deixou
muitas perguntas sem resposta, mas acreditava que Landen não tinha nada
com isso.
— Não se preocupe. — Landen agarrou um sanduíche e uma banana e
colocou em sua bandeja. — Mas devo lhe dizer que esse cara tem muita sorte,
e devo-lhe um pedido de desculpas.
— Porque? — Kyle foi em direção a uma mesa perto da janela,
sempre se sentava lá.
— Eu o xinguei, chamei de perneta e outras coisas... — Landen teve a
decência de corar. — Ele começou a me acusar de ter te embebedado de
propósito. Fiquei furioso e ataquei.
— Posso entender. — Kyle deu uma mordida no seu sanduíche. —
Oliver é um cara legal, se pedir desculpas ele vai aceitar.
— Espero que sim. — Landen baixou a voz e se inclinou para Kyle. —
Sei que fiz um comentário depreciativo sobre a perna dele, mas para ser
honesto, o cara é fodidamente quente. Eu transaria com ele sem problema.
Kyle começou a engasgar com um pedaço de sanduíche e tossiu para
limpar a garganta.
— Landen!
— O quê? — Ele deu de ombros e mordeu o sanduíche. — Só o
xinguei para irritá-lo, nunca disse que era feio. Ele poderia não ter as duas
pernas e ainda gostaria de ter seu pênis dentro de mim. Aliás, aposto que tem
um grande e grosso pênis.
— Não vamos falar de Oliver e... Das coisas dele. — O rosto de Kyle
ficou vermelho e voltou a comer o sanduíche.
— Meu Deus! Ele tem, não é? — Landen começou a rir Kyle lhe deu
um olhar sujo sobre a mesa. — Ok, não vou mais falar sobre isso. — Mas
voltando a falar sobre o outro assunto que queria te contar. — Landen tomou
um gole de leite. — Antes de me interromper e tão gentilmente terminar
comigo.
—Ei! — Kyle fez beicinho.
— Oh, quieto! Queria te dizer que acharam outro corpo atrás da
biblioteca, um dos meus irmãos da fraternidade encontrou, ia correr na pista
que circunda a universidade. — Kyle assentiu com a cabeça. — Ele tropeçou no
corpo mutilado. — Landen assobiou e balançou a cabeça. — Ele disse que o
corpo foi usado como um brinquedo de mastigar.
Esse era o segundo corpo, que foi encontrado no campus em menos
de uma semana. Kyle teve um mau pressentimento sobre isso. Roderik havia
lhe assegurado que o campus não tinha tido nenhuma atividade de shifters
lobos desonestos, então deveria ser um lugar seguro. Agora não tinha tanta
certeza.
Kyle sorriu quando olhou para cima e viu Oliver vindo em sua
direção. Oliver parou de sorrir quando viu quem estava sentado com Kyle. Sua
mandíbula se contraiu e seus olhos pareciam atirar punhais nas costas de
Landen.
— Oliver! — Kyle empurrou a cadeira ao lado dele. — Você se lembra
de Landen?
— Como poderia esquecer? — Oliver respondeu com os dentes
cerrados.
— Hum, sim... — Landen limpou a boca com o guardanapo. — Sobre
isso, sinto muito pelo que disse. Não quis dizer isso. Fiquei chateado por
insinuar que eu teria que embebedar um cara para ele ficar comigo. — Landen
olhou para as mãos. — Você feriu meus sentimentos, então quis revidar.
Oliver não disse nada. Kyle bateu em sua coxa e cutucou seu queixo
em direção a Landen. Oliver balançou a cabeça negativamente e kyle
sussurrou.
— Por favor... — Oliver revirou os olhos.
— Obrigado pelo pedido de desculpas, Landen. E sinto muito ter te
acusado de deixar Kyle bêbado.
— Obrigado, cara. — O telefone de Landen tocou e ele olhou para a
tela. — Oh, merda. — Ele rapidamente digitou algo no celular e se levantou. —
Desculpe, gente, mais tenho que correr, parece que estourou o cano do meu
banheiro e tá alagando o quarto do meu companheiro de fraternidade e o meu
também.
— Isso soa...
— Nojento. — Oliver, completou o pensamento de Kyle.
— Não brinca! Hoje é meu dia de sorte. — Landen jogou a mochila
nas costas e pegou a bandeja. — Vejo vocês mais tarde.
Após Landen estar a uma certa distância, Oliver se virou e olhou para
Kyle.
— Sério? Ainda é amigo desse cara? Mesmo depois do que aconteceu
na festa?
— O quê? — Kyle voltou a prestar atenção no seu almoço. — Ele disse
que não fez isso e acredito nele.
— Você acredita nele?
— Sim, acredito. — Kyle assentiu. — Parece ser muito trabalho
apenas para dormir comigo. Além disso, se a única coisa que quisesse de mim
fosse sexo, não aceitaria ser meu amigo depois que contei que estava
gostando de outra pessoa e que entre nós não haveria nada.
— Sério? — As sobrancelhas de Oliver arquearam.
— Realmente.
— E quem é esse cara? — Oliver se inclinou mais perto e colocou a
mão no joelho de Kyle.
— Ah, é só um idiota, cabeça dura que me deixa irritado, mas é muito
quente. — Kyle piscou para Oliver.
— Parece ser um cara incrível. — Oliver falou beijando o pescoço de
Kyle.
Kyle fechou os olhos, sua pele parecia pegar fogo. Virou o nariz na
curva do pescoço de Oliver e inalou o seu cheiro. Agora o aroma de água
chuva não era tão forte, parecia mais com o aroma de quando o sol aparece
após a tempestade, para secar a terra. Esfregou o nariz na carne macia e
respirou fundo.
— Você esta me cheirando? — Perguntou Oliver e depois riu.
— Talvez. — Kyle sentou-se e olhou para o seu prato, então olhou
discretamente para o rosto sorridente de Oliver. — Você tem um cheiro
gostoso.
— Obrigado. — Oliver afastou as pernas e puxou a cadeira de Kyle
entre elas, apoiando o queixo em seu ombro. — Portanto, temos que ser
amigos do atleta burro?
— Ele não é burro! — Kyle beliscou Oliver na parte interna da coxa. —
Ele é uma pessoa doce e te acha bonito.
— De jeito nenhum. — Oliver riu.
— Sim. — Kyle mordeu os lábios enquanto assentia. — Ele disse que
queria dar um passeio no seu pênis grande e gordo, suas palavras não minhas.
— Tão lisonjeiro como possa ser, meu pau grande e gordo só fica
duro por uma pessoa. — Oliver beijou o ponto sensível atrás da orelha direita
de Kyle.
— Sério? E quem é essa pessoa? — Kyle perguntou.
— Se tenho que lhe dizer, então não fiz o trabalho direito na noite
passada. — Oliver mordiscou a orelha de Kyle. — Acho que vou ter que
mostrar de novo.
— Ah, olhem os pombinhos apaixonados. — Levi se sentou na cadeira
que Landen tinha desocupado. — Vocês me fazem querer vomitar.
— Foda-se, Levi. — Oliver lhe mostrou o dedo médio.
— Ok, vamos mudar de assunto, por favor. — Kyle empurrou o peito
de Oliver e começou a comer de novo. — Landen me disse que acharam outro
corpo no campus, já ouviram falar sobrei isso?

Capítulo 14

Oliver olhou para Levi, que estava olhando para de volta.


— O que Landen disse? — Perguntou Oliver.
Kyle deu de ombros.
— Que um de seus irmãos da fraternidade o encontrou. — Kyle olhou
para Oliver. — É um pouco assustador de se pensar. Quer dizer, eu estava lá
na noite passada.
Isso foi exatamente o que Oliver tinha pensado quando Levi lhe disse
a localização de onde o corpo tinha sido descoberto. O campus não tinha tido
quaisquer problemas com a violência contra os alunos antes. Não havia um
assassino à solta e a segurança do campus, juntamente com os policiais da
cidade, não sabiam o segredo do shifter lobo, pensavam que os ataques eram
de animais. E eram, mas apenas não por um animal comum.
— Acho que a partir de agora, usaremos o sistema de amigos à noite.
— Oliver pegou a mão de Kyle na sua. — Não o quero sozinho depois que o sol
se por. — Só de pensar em algo como isso acontecendo com Kyle dava-lhe
calafrio nas costas. Kyle podia ser um shifter lobo, mas o estava no seu auge.
Era tímido e não tinha confiança, daí porque Roderick queria alguém para
cuidar dele.
— Em outra ocasião, iria discutir com você que posso cuidar de mim
mesmo, mas estou um pouco assustado. — Kyle apertou os dedos de Oliver. —
Landen mencionou que poderia ser um urso. As autoridades estão tendo a
assistência de patrulha animal?
— Eles gostariam que fosse um urso... — Levi murmurou baixinho
enquanto dava uma mordida de sua pizza.
— O quê? —Perguntou Kyle.
— Nada. — Oliver disparou a Levi uma olhada. — Ouvimos o mesmo
que Landen sobre o corpo encontrado no campus. É assustador, mas
protegerei você. — Oliver deu um beijo na bochecha de Kyle.
— Gosto do som disso. — Kyle saltou quando seu celular tocou. —
Caramba! Tenho que ir. — Kyle amontoou seu lixo na sua bandeja. — Vou me
encontrar com Tatum e Lauren para estudar.
— Que horas termina? — Oliver queria proibir Kyle de deixar sua
visão, mas não podia fazer isso. Kyle iria começar a fazer perguntas que não
podia responder.
— Em algumas horas. Muito antes de anoitecer. — Kyle sorriu para
ele. — Bem, acho que te vejo mais tarde. — Kyle hesitou. Ele se inclinou para
frente e sentou-se em seu assento.
Oliver estendeu a mão, agarrou a camisa de Kyle e o trouxe para um
beijo. Uma vez que estavam sentados no meio de uma sala lotada, Oliver o
manteve curto e doce. Quando se afastou, as bochechas de Kyle estavam
vermelhas, os olhos dilatados e estava um pouco sem fôlego.
— Vejo você hoje à noite. — Oliver soltou a camisa de Kyle.
— Sim, esta noite. — Kyle ficou de pé. — Tchau, Levi. — Então, Kyle
se afastou.
— Então, vão fazer isso? — Perguntou Levi uma vez que Kyle tinha
ido embora.
— Fazer o quê? — Oliver franziu as sobrancelhas, evitando a
pergunta.
— Namorar. Você e Kyle. — Levi deu outra mordida em seu almoço.
— Não me interprete mal, sou totalmente a favor, mas é melhor estar
preparado para lhe dizer a verdade, e logo. Nunca namorei um cara antes,
mas se é qualquer coisa como namorar uma garota, chateados se sentirem
que mentiu para eles.
— Vou lhe dizer quando for a hora certa e, além disso, ele está
mantendo o seu próprio segredo. — Oliver deu de ombros.
— Sim, mas você já sabe disso, por isso se ele guarda de você é
porque não acha que os humanos sabem sobre shifters lobos. — Levi revirou
os olhos. — Então, você sabendo, cancela seu segredo. Confie em mim, ainda
vai estar na casa do cachorro quando Kyle descobrir. — Levi levantou as mãos.
— Só estou dizendo
Oliver olhou com os olhos arregalados para o amigo por uns bons dez
segundos.
— Como é que você funciona? Quero dizer, sério? As merdas que
fala... — Oliver roubou uma batata frita fora da bandeja de Levi. — É um
pouco assustador.
— Tanto faz, cara. — Levi deu de ombros e mordeu de novo sua
pizza. — Alguma sorte com as fotos que tiramos na noite passada?
Oliver soltou um suspiro e ergueu a mão para esfregar a testa. A
razão para ser arrancado do sono confortável, que estava preste a embarcar
com Kyle, foi a descoberta de outra vítima. Uma estudante do sexo feminino,
Regan West. Ela estava em seu último ano de escola e ia para a pós-graduação
em maio. Apenas vinte e dois anos e sua vida foi interrompida.
As grandes pegadas foram o primeiro indicador de que estavam
lidando de fato com um shifter lobo. O primeiro corpo que havia sido
encontrado faltava essa evidência, mas uma vez que Levi e Oliver viram as
cópias, sabiam com o que estavam lidando, e pelo tamanho das pegadas era
um grande problema.
Pela aparência da cena do crime, Regan tinha sido executada. Um
Ipod estava ao lado do corpo, os fones de ouvido cobertos de sangue. Pela
posição em que o corpo foi encontrado, tinha sido atacada por trás, as marcas
de garras tão profundas em suas costas, o branco das vértebras que cobrem
sua medula espinhal exposto. Como a outra vítima, sua garganta havia sido
arrancada, que foi a causa da sua morte. Mas havia outra coisa estranha com
este corpo. A mão direita de Regan estava faltando. A besta mastigou sua mão
direita no pulso. Oliver não conseguia descobrir por que o lobo estava tomando
partes do corpo. Não fazia sentido.
Depois de falar com os policiais, Oliver e Levi saíram de cena, mas
não foram longe. Oliver tirou fotos da multidão reunida, à procura de alguém
que pudesse parecer suspeito. Não tinham nada para continuar.
Oliver olhou ao redor da sala de almoço e percebeu que qualquer
uma dessas pessoas poderia ser seu assassino.
— Nada ainda. Principalmente apenas outros estudantes numa de
corrida noturna. — Oliver tinha olhou todas as imagens várias vezes e a única
pessoa que reconheceu foi o cara que parou a briga entre ele e Landen, na
sexta-feira passada. Mas, mesmo assim, aquele cara estava vestido com tênis
e shorts de corrida.
— Bem, espero que isso faça com que as pessoas não saiam tarde da
noite. — Levi tomou um gole de seu refrigerante e estremeceu ao abaixá-lo. —
E por que diabos as pessoas vão correr tarde da noite? Estão pedindo para ter
problemas.
— Talvez sim, mas as pessoas devem ser capazes de andar
livremente, sem se tornar brinquedo de mastigar de algum lobo raivoso.
— Sim, mas conhecemos melhor o mundo em que vivemos. — Levi
deu mais algumas mordidas no seu almoço e Oliver sentou contemplando seu
próximo movimento. — Então, o que estava acontecendo com Landen e Kyle?
Achava que ele não era de confiança.
— Ele não é, mas Kyle acredita que é inocente no batismo de sua
bebida. — Oliver poderia ter perdoado Landen, mas eram apenas palavras.
Não confiava no atleta musculoso.
— E você está bem com isso? — Levi arqueou uma sobrancelha.
— Claro que não. — Oliver zombou. — Mas Landen quer jogar bonito
e ser amigo. Qual a melhor maneira de descobrir se está escondendo um
segredo cabeludo?
— Querido Deus! — Levi colocou as mãos sobre a mesa. — Você está
usando o seu namorado como isca?
— Não! — Oliver se aproximou e bateu Levi levemente na lateral da
cabeça. — Mas vou ficar mais perto de Landen. Se suas intenções são puras,
então tudo bem, mas se mostrar suas verdadeiras cores, então estarei lá para
pegá-lo.
— Acho que vi a sua lógica nisso. Basta ter cuidado. Pelo que
sabemos Landen é apenas um cara normal e ter uma queda por Kyle não o faz
culpado de nada.
— Sei disso, mas é melhor prevenir do que remediar. Conhece o velho
ditado, ‘mantenha seus amigos por perto, mas seus inimigos mais perto ainda’.
— Oliver levantou-se e empurrou a cadeira para debaixo da mesa.
— Sim, mas isso não é O Poderoso Chefão, e não pode ir apontando o
dedo para um cara que mal conhece. — Levi reuniu seu lixo e seguiu Oliver
para fora da lanchonete.
— É verdade, mas isso não significa que não podemos manter
vigilância sobre ele. — Oliver segurou a porta aberta para Levi passar. —
Voltarei para o nosso pequeno escritório improvisado e pode ir manter olho em
Landen.
— Oh, homem, vamos lá! — Levi deixou cair à cabeça para trás sobre
seus ombros.
— É mais seguro para você vê-lo, porque ele sabe quem sou e não
quero ficar óbvio.
— Tudo bem. — Levi tirou um par de óculos de sol e os colocou na
cabeça. — Tem alguma ideia de onde ele está?
— Sim. — Oliver sorriu. — O banheiro ligado ao quarto dele está
quebrado e inundou o chão. Então, está lá limpando a bagunça.
— Parece divertido. Ok, vou vê-lo mais tarde, cara.
— Mais tarde. — Oliver acenou para Levi e voltou para o prédio da
administração. Tinha alguns outros alunos que tava olhando como possíveis
suspeitos. Alguns eram irmãos da fraternidade de Landen. Não seria surpresa
se aquela casa fosse uma matilha de lobos? Oliver não achava que era
plausível, mas tudo era possível.

Capítulo 15

Kyle disse boa noite para Tatum e Lauren e voltou para seu quarto.
Tinham pedido uma pizza enquanto assistiam TV e conversavam. Foi bom.
Estranhamente, Kyle tinha se divertido sendo uma das meninas. Ria enquanto
subia os degraus para seu dormitório.
Depois que saiu do elevador, dirigiu-se para o seu quarto e abriu a
porta. O sol começou a definir, mas ainda havia muita luz exterior. Mesmo se
não houvesse, Kyle ainda seria capaz de ver o corpo adormecido em sua cama.
Oliver.
Kyle não podia lutar contra o sorriso que curvou seus lábios quando
olhou para o homem. Não importa o quão duro tentasse expulsar a conversa
que teve com Ian mais cedo naquele dia de sua mente, seu cérebro e coração
continuavam voltando a ela. Oliver era seu companheiro? Kyle não sabia ao
certo, mas queria descobrir.
Largou a mochila ao lado da porta e caminhou, calmamente, até a
cama. Oliver estava em cima do edredom, agarrando o travesseiro de Kyle em
seus braços, o rosto esmagado no travesseiro. Parecia tão calmo quando
dormia. Gostaria de vê-lo assim todos os dias. A carranca que parecia ser uma
constante em seu belo rosto tinha sumido. Kyle realmente gostava deste lado
de Oliver. Sentou-se na cama, estendeu a mão e a deixou pairar sobre a testa
de Oliver. Não queria lhe acordar.
— Não vai dizer nada ou vai apenas olhar para mim a noite toda? — A
voz grave de Oliver o fez saltar de surpresa.
— Está acordado? — Kyle estendeu a mão ao peito, seu coração
batendo super-rápido. — Você me assustou.
— Sinto muito, bebê. — Oliver sentou-se e esfregou os olhos. — Que
horas são?
— Um pouco depois das sete. — Kyle observou quando os olhos azuis
de Oliver percorreram seu quarto. — Por que está aqui, Oliver? Não que me
importe ou coisa assim. — Não era um grande negócio que Oliver tivesse
tirado uma soneca em sua cama. Na verdade, gostava de o ver em sua cama.
Ele é seu companheiro, pare de lutar contra ele, uma pequena voz
sussurrou em sua cabeça. Mas não queria ouvi-la. E se estivesse errado e
Oliver o deixasse um dia?
— Porque queria estar perto de você. — Oliver sorriu para ele. — E
uma vez que não estava aqui, o seu quarto era a melhor coisa.
Kyle foi de bom grado quando Oliver estendeu a mão para seu
abraço. Oliver o puxou perto, de costas para o peito de Oliver. Eles se
aconchegaram juntos. Oliver beijou seu pescoço enquanto deslizava sua mão
para cima e para baixo no braço de Kyle, que suspirou e pressionou seu corpo
mais perto de Oliver. Um gemido baixo escapou de sua garganta com a
sensação de fricção do membro duro de Oliver contra sua bunda.
— Quero você de novo, Kyle. — Oliver sussurrou em seu ouvido
enquanto sua mão se movia ao redor de seu pênis espesso e chupava o lóbulo
da orelha de Kyle. — Preciso estar dentro de você. — Os quadris de Oliver
balançaram para trás e para frente, imitando o ato de foder.
Kyle arquejou quando os dedos finos de Oliver subiram sua camisa e
apertaram levemente seus mamilos. Seu pênis pulsou dolorosamente em sua
calça e podia sentir o pré-sêmen vazando na cueca. Com Oliver tocando e
beijando seu corpo, não conseguia pensar em mais nada. Tudo o que queria
era Oliver.
— Preciso disso também. — Kyle virou a cabeça para o lado e Oliver
se inclinou para frente, para capturar seus lábios. Suas línguas esfregaram
uma contra a outra e sugou Oliver em sua boca.
— Deus, senti sua falta. — Disse Oliver entre beijos.
— Eu também. — Kyle tentou virar para encarar Oliver, mas uma mão
forte em seu quadril o impediu.
— Fique assim. — Os dedos de Oliver se atrapalharam com o botão da
calça de Kyle e empurrou o tecido para baixo, sobre suas coxas. — Quero fazer
amor com você assim. Lento e doce. Não aproveitei o meu tempo na outra
noite, mas agora não temos nada além de tempo.
— Tudo bem. — A voz de Kyle saiu trêmula. Seu corpo cantarolava
com adrenalina.
Oliver puxou a camisa de Kyle para cima e sobre a sua cabeça. Sua
mão calejada acariciou o peito, descendo para seu estômago, até que chegou
ao pau duro de Kyle. A cabeça de Kyle caiu para trás enquanto Oliver acariciou
seu comprimento, beijando e chupando a inclinação do pescoço.
— Oliver... — Kyle choramingou. Sua excitação atingiu o seu pico e
sabia que se Oliver não entrasse nele logo, gozaria sobre seus dedos
talentosos. — Preciso de... — Ele mordeu os lábios, numa tentativa de afastar
seu orgasmo.
— Eu sei, querido. — Oliver beliscou em seu ombro. — Eu também.
Oliver soltou Kyle e estendeu seu corpo para pegar o tubo de
lubrificante que ainda estava no mesmo lugar.
Sentiu Oliver tateando atrás dele, então gemeu quando o duro, e
quente, pau de seu amante pressionou contra seu traseiro. Oliver riu, emitindo
baforadas de ar quente sobre suas omoplatas.
O primeiro toque do dedo de Oliver contra sua entrada fez Kyle puxar
a perna para frente, espalhando-se para ele. Oliver espalhou o lubrificante
sobre sua entrada e, finalmente, empurrou um dedo dentro dele. Kyle arqueou
as costas e empurrou para baixo, sobre o dígito explorador. Oliver não perdeu
tempo o abrindo e logo se tornaram dois, três dedos.
— Não posso esperar mais, bebê. — Kyle podia ouvir o desespero na
voz de Oliver.
Kyle podia sentir a cabeça batendo em sua entrada e empurrou para
ela. Muito lentamente, Oliver introduziu a cabeça de seu grosso pau dentro
dele. Kyle sentiu a queimadura que se apoderou dele, então, quando Oliver
puxou de volta para fora, e mais uma vez o penetrou, a dor desapareceu para
ser substituída por puro prazer.
As estocadas de Oliver eram longas e lentas, totalmente no controle,
enquanto Kyle era uma espiral num túnel sinuoso de êxtase. Agarrou a mão de
Oliver que estava em seu peito e a segurou. Os quadris de Oliver aceleraram e
a seus pênis massageava sua próstata, quase o fazendo saltar fora da cama. O
aperto forte de Oliver sobre ele era a única coisa que o mantinha no lugar.
Seu pênis bateu contra seu estômago quando Oliver o penetrou com
mais força. Estendeu a mão para acariciar seu pênis a combinação de sua mão
o pênis duro de Oliver o tomando e seus dedos brincando com seus mamilos
empurraram Kyle mais perto do orgasmo.
À medida se moviam juntos, indo mais rápido, Kyle podia sentir com
nitidez seus dentes rasgando e sua pele se arrepiando com a sensação de seu
pêlo querendo brotar. Seus lábios puxaram para trás contra os dentes e um
baixo e estrondoso uivo brotou de sua garganta.
— Deus, amo os sons que você faz. — Oliver ofegou em seu pescoço.
— Goze para mim, bebê. Preciso o sentir gozar no meu pau.
Kyle agarrou seu pênis firme e ergueu o punho no ritmo de Oliver em
seu traseiro. Quatro estocadas mais tarde, gozou, gritando o nome de Oliver.
— É isso, Kyle. — Oliver resmungou e seu corpo ficou imóvel
enquanto calor inundava o canal de Kyle.
Quando Kyle flutuou de volta para baixo das nuvens, não podia
ignorar os gritos em seus ouvidos. Uma palavra, meu.
A necessidade de se virar e afundar seus dentes, profundamente, em
Oliver, em qualquer lugar em seu corpo, era esmagadora. Kyle respirou
profundamente e forçou os lábios para baixo, para cobrir os dentes. A cada
momento que passava, seu corpo voltava ao controle. A necessidade de mudar
e reivindicar Oliver aliviou e Kyle relaxou contra seu amante.
— Você é tão meu. Nunca o deixarei ir. — Oliver sussurrou as
palavras contra sua orelha e uma lágrima saltou dos olhos de Kyle.
O que estava acontecendo entre ele e Oliver era real. Não era apenas
algo casual. Foram feitos um para o outro. Podia senti-lo em seu coração e
alma. Oliver era seu companheiro.
Kyle começou a rolar quando uma batida soou na porta.
— Está esperando companhia? — Perguntou Oliver.
— Não que eu saiba. — Kyle franziu a testa na porta e outra batida
soou. — Bem, melhor ser quem é.
— Não, espere. — Oliver puxou Kyle volta para a cama. — Talvez se
ficarmos bem quietos, quem quer que seja vá embora.
— Posso ouvir vocês. — A voz de Landen flutuou através da porta. —
Estas paredes são finas como papel.
— Foda-se. — Oliver gemeu e caiu para trás em suas costas.
— Ah, querido. — Kyle deu uma suave risada e acariciou Oliver no
peito. — Deixe-me ver o que ele quer, ok? — Kyle pulou da cama e vestiu a
calça. O movimento causado fez o sêmen de Oliver escorrer de seu canal e
parar em sua cueca. Estremeceu com a sensação molhada e pegajosa. — Puxe
a calça para cima. — Kyle sussurrou enquanto estendia a mão para a
maçaneta da porta.
Oliver revirou os olhos quando puxou a calça, mas não saiu na cama.
— Ei, Landen. — Kyle cumprimentou o amigo. — O que o traz por
aqui?
— Sinto muito interromper. — Os olhos de Landen foram para Oliver
deitado na cama e para a aparência desgrenhada de Kyle. — Mas preciso te
pedir um favor.
— Claro. O quê?
— Bem, veja, o encanador não pode consertar a situação até amanhã
e sugeriu não limpar o chão até que conserte, apenas no caso de ter mais
problemas. — Landen desviou o olhar timidamente. — Então, queria saber se
poderia ficar com você por alguns dias. Vou dormir no chão e ficarei fora do
seu caminho, juro. — Landen levantou a mão direita no ar.
Antes que pudesse responder Oliver disse:
— Cara, realmente acha que eu estaria bem com você dormindo com
o meu namorado?
A cabeça de Kyle virou e ele olhou para Oliver.
— Namorado? — Um sorriso nos lábios. Era bom ouvir Oliver dizer.
— Sim, namorado. — Oliver sentou-se na cama e moveu-se para ficar
em pé. — Não tem um amigo com quem possa ficar? — Perguntou Landen.
— Sim, mas são bêbados e bagunceiros. — Explicou Landen. — Meu
amigo mais próximo, Zach, até poderia perguntar, mas ele fica com uma
garota diferente a cada noite. Nunca seria capaz de dormir ou fazer meus
trabalhos. Realmente me sinto como uma merda por perguntar, uma vez que
acabou de me conhecer, mas como disse anteriormente, você é a pessoa mais
normal que conheci desde que cheguei aqui. Prometo que vou ficar fora do seu
caminho.
— Claro. —Kyle respondeu sem hesitar.
— Obrigado, Kyle. É só por alguns dias. — Landen colocou sua
mochila e saco de dormir no canto do armário, então se sentou na cadeira em
frente à sua mesa.
— De jeito nenhum. — Oliver balançou a cabeça.
— Oliver, é só por alguns dias. — Kyle defendeu o caso de Landen.
Não queria que seu novo amigo tivesse que sofrer por ter que dividir um
quarto com alguém que não gostava.
— Entendo isso, mas ele não vai ficar aqui.
— Está tudo bem, Kyle. — Landen levantou-se e caminhou até onde
suas coisas estavam. — Vou pedir a Zach.
— Não, não vai. — Kyle disparou um olhar a Oliver. — Tenho uma
sugestão. — Oliver deu um tapinha no lugar ao lado dele para que Kyle se
sentasse. — Já que sou o namorado de Kyle, ficarei com ele. — Ele olhou para
Landen. — Pode ficar com minha cama. No meu quarto. Vamos ter que dividir
o banheiro. Tenho um companheiro de quarto, mas Levi é legal.
Kyle pensou que era muito generoso de Oliver e ficou emocionado de
saber que nos próximos dias, ele e Oliver iriam partilhar uma cama.
— Ah, cara, isso é incrível. — Landen sorriu. — Realmente, cara,
aprecio isso.
— Sem problemas. Pode ir em frente e se instalar, vou pegar algumas
roupas para trazer para cá.
Landen levantou-se, pegou seus pertences e saiu pela porta do
banheiro para o quarto de Oliver.
—Isso foi muito legal da sua parte, Oliver. — Kyle se inclinou para
beijar Oliver na bochecha.
— O que posso dizer? — Oliver deu de ombros. — Sou um cara legal.
Kyle começou a rir.
— Sim, você é, mas vamos ver o que Levi pensa de você, quando
souber que ofereceu sua cama a um completo estranho.
— Ele vai lidar com isso. — Oliver envolveu sua mão ao redor da
parte de trás do pescoço de Kyle e puxou-o mais perto para um beijo.
Kyle não ia discutir com Oliver. Claro, Levi poderia ser pego de
surpresa com seu novo companheiro de quarto, mas Kyle não poderia estar
mais feliz. Seus sentimentos por Oliver estavam ficando mais e mais fortes e
agora tinha que descobrir quando seria o momento aceitável para dizer ao
homem que amava que podia mudar para um lobo.
Capítulo 16

— Você enlouqueceu, filho da puta? —Levi assobiou para ele quando


Oliver apareceu no corredor.
— Acha que esse cara é o responsável pelos assassinatos aqui no
campus e o deixou morar com a gente. Está louco?
— Para ser justo, você mesmo disse anteriormente que não sabia ao
certo se Landen era culpado ou não. — Oliver entendia a frustração de seu
melhor amigo, mas mesmo assim não concordaria em deixar Landen ficar no
quarto de Kyle.
— Não jogue as minhas palavras na minha cara, senhor. — Levi
apontou um dedo no peito de Oliver. — Isso é confuso e sabe disso.
— Pense nisso, Levi. — Oliver descansou as mãos nos ombros de
Levi. — Vamos manter uma vigilância mais próxima dele dessa forma. —
Oliver deu de ombros. — É um ganha-ganha.
— Oh, entendo. — Levi bateu as mãos de Oliver de seus ombros. —
Só quer manter uma vigilância sobre a estrela do futebol para ter certeza que
ele não está colocando os olhos em seu novo namorado. — Levi balançou a
cabeça enquanto ria.
— Essa não é a única razão. — Oliver baixou as mãos para Levi num
movimento suave. — Não sei ao certo se Landen é um shifter lobo ou não, e
sim, não quero que ele fique a sós com Kyle, mas precisamos descobrir se está
de alguma forma envolvido. Quero dizer, pense nisso. A escola não teve
qualquer problema com ataques ou quaisquer tipos de violência até este ano.
Claro, há os calouros e nosso lobo problema poderia ser qualquer um deles, ou
qualquer estudante que foi recentemente transferido para Campbell.
— Então, acha que só porque Landen é novo na escola, é um
suspeito? Não há muito o que fazer, mas concordar com isso, definitivamente
tem que ser um novo aluno. — Levi concordou. Ele soltou um suspiro irritado.
— Tudo bem. O atleta pode ficar comigo, mas as portas do banheiro
ficam abertas à noite. Se esse cara for um shifter lobo, não o quero rasgando
minha garganta enquanto estou dormindo.
— Concordo totalmente. — Oliver sorriu e estendeu a mão para Levi
apertar.

*****
Pelos próximos dias, Kyle estava realmente envolvido em sua nova
vida. Tinha Oliver em sua cama todas as noites e tinha se aproximado mais de
Levi e Landen. Todos eles, surpreendentemente, estavam se dando muito
bem. Claro, ainda havia vezes em que pegava Oliver olhando para Landen
como se quisesse arrancar a sua cabeça, mas achava que era por ciúme.
Kyle entendia por que Oliver se sentia assim. Landen era
excessivamente carinhoso, mesmo com Oliver e Levi. Dava abraços com
facilidade e parecia sentir sempre a necessidade de tocá-los quando estava por
perto. Não incomodava Kyle ver Landen abraçar Oliver ou lutar com ele, o que
tinha acontecido no final da tarde de quinta-feira. Uma vez que se recuperou
do choque de ver Landen enfrentar Oliver sobre a cama, realmente achava que
a cena parecia muito erótica.
—Não vai sair hoje à noite? — Kyle perguntou quando ouviu Landen
entrar na outra sala.
Nos últimos dias, notou que seu olfato tinha melhorado. Não sabia se
isso era um efeito colateral de encontrar seu companheiro, mas aceitava.
O cheiro de Landen era um pouco amadeirado, como pinheiros e
neve. Animava o lobo de Kyle, mas não entendia por que isso acontecia. Não
tinha quaisquer sentimentos românticos em relação a Landen, mas seu cheiro
era definitivamente diferente de Oliver e Levi.
— Não. — Landen atravessou o banheiro e encostou-se a parede. —
Tenho um jogo amanhã e não me sinto bem em ficar esgotado e ter que estar
em forma algumas horas depois. Prefiro ficar quieto. Landen olhou ao redor da
sala. — Onde está Oliver?
— Levi e ele tiveram que correr para a biblioteca para fazer alguma
pesquisa sobre um relatório em que estão trabalhando para a aula de civismo.
— Estudar em uma sexta-feira a noite? — Landen riu. — A vida de um
estudante universitário.
Conversaram por um pouco mais. Landen lhe informou que voltaria
para seu dormitório na segunda-feira. Todo o carpete nos quartos dele e seu
companheiro de quarto tiveram de ser substituído, juntamente com um novo
piso no banheiro.
Landen tinha acabado de dizer a Kyle sobre seu trabalho para a aula
de história, quando Oliver entrou pela porta do quarto.
— Oi, Oliver. — Landen se levantou de onde estava sentado na cama
de Kyle.
— Oi. — Oliver se inclinou para beijar o topo da testa de Kyle. Quando
ele se levantou, olhou para Landen. — O quê? Nenhuma festa hoje à noite? —
Ele perguntou com um sorriso.
— Cara! — Landen gemeu. — Nem todos os jogadores de futebol são
animais de festas. Ao contrário de alguns desses caras, quero me formar. Só
porque jogo bola na faculdade não significa que sou um desmiolado.
— Só estou brincando com você. — Oliver empurrou levemente
Landen no ombro. — E você cai o tempo todo.
— Estou pedindo uma pizza, idiotas. — Levi anunciou quando entrou
na sala.
— O que querem?
Quando a pizza chegou, todos se sentaram ao redor do quarto de
Kyle e assistiram a um filme enquanto comiam. Foi agradável e relaxante.
Quando Kyle se cansou, deitou na cama e Oliver se aconchegou atrás dele.
— Tudo bem, é a nossa deixa para encerrar a noite. — Landen e Levi
se levantaram.
— Quando se tornam melosos, estamos fora daqui. — Levi bateu a
mão na barriga de Landen. — Vamos lá, cara. Vou chutar o seu traseiro em
Call of Duty2.
— Pode tentar, mano. — Landen seguiu Levi para o banheiro. — Ah,
antes que me esqueça. — Landen virou-se para o quarto. — Vocês ainda irão
amanhã à noite, certo?
Kyle quase esqueceu que tinha concordado em ir assistir ao jogo de
Landen.
— Sim, estaremos lá.
— Legal!
— Você gosta de futebol? — Perguntou Oliver uma vez que Landen
havia deixado o quarto.
— Não, realmente, mas Landen quer que vamos. — Kyle olhou por
cima do ombro para seu namorado. — Acho que para alguém que é tão
popular quanto Landen, ele se sente muito sozinho. É triste.
— Então, o quê? — Oliver correu um dedo para o lado do rosto de
Kyle. — Fez sua a missão de cuidar do menino grande?
— Talvez. — Kyle rolou o resto do caminho para enfrentar Oliver. —
Isso te incomoda?
— Não. — Oliver roçou os lábios sobre Kyle. — Porque sou o único em
sua cama no final do dia. Sou o único que consegue o segurar em meus braços
todas as noites. Você é meu, Kyle Argent.
O coração de Kyle inchava no peito cada vez que ele ouvia Oliver
chamá-lo de seu. Sentia-se querido e amado. Haviam se unido mais nos
últimos dias e estava pensando seriamente em contar a Oliver seu segredo,
mas o medo do desconhecido o segurava.
Kyle tinha chamado Ian mais algumas vezes desde a sua última
conversa e ele tinha certeza de que Kyle e Oliver eram, de fato, companheiros,
ele sentia a atração. E Kyle não sabia se Oliver sentia, mas ainda assim, não
estava disposto a acabar com a única coisa boa que tinha. Talvez pudesse
viver toda a sua vida sem nunca ter que dizer a verdade a Oliver.

2
Jogo de videogame.
— Você quer dizer isso? — Kyle esfregou o nariz ao longo do rosto de
Oliver, respirando seu perfume masculino.
— Claro que eu quero. — Oliver colocou um dedo sob o queixo de
Kyle e ergueu a face para cima. — Qual é o problema, querido?
— Nenhum. — Kyle enterrou o rosto no pescoço de Oliver. — Só não
quero que isso acabe. — Admitiu seu medo mais profundo.
— Quem disse que acabará? — Oliver tentou fazer Kyle o olhar.
Quando suas tentativas falharam Oliver empurrou-o em suas costas e montou
seus quadris. — Kyle, olhe para mim. — Kyle lentamente levantou os olhos
para encontrar Oliver. — Espero que o que estou preste a dizer não te assuste
e o faça fugir de mim, mas, caramba, Kyle, quero você durante o tempo que
me deixar o ter. — Oliver soltou uma risada nervosa. — Sei que acabamos de
nos conhecer, mas para mim, é isso.
— Sério? — Lágrimas queimaram na parte de trás de seus olhos, e
sabia que essa era sua chance de dizer a Oliver a verdade, para lhe dar a
chance de mudar de ideia, mas não podia fazê-lo. Não podia arriscar perder
esse homem por quem tinha se apaixonado. Mesmo que não fossem
companheiros, Kyle nunca iria deixar Oliver.
— Sim, é verdade. — Oliver cobriu os lábios de Kyle e beijou-o
suavemente.
Kyle envolveu seus braços ao redor do pescoço de Oliver e o puxou
para mais perto. Enfiou a língua mais fundo na boca de Oliver, e uma enorme
necessidade de assumir o controle e mostrar a Oliver o quanto significava para
ele, atingiu Kyle.
Puxou a camisa de Oliver e quebrou o beijo para lamber o corpo de
Oliver. Brincou com os pequenos mamilos duros até que tivesse Oliver
gemendo sob dele. Raspou as unhas para baixo do lado de Oliver quando se
moveu para seu alvo.
O pau duro de Oliver pressionava contra o zíper da calça jeans e Kyle
sentiu a espessura, soprando ar quente nele.
— Kyle... — Oliver gemeu.
Kyle sentou-se sobre os joelhos, desabotoou a calça jeans de Oliver e
puxou o zíper para baixo. Agarrou pela cintura e puxou a calça e a boxer para
baixo. Oliver ergueu os quadris para ajudá-lo.
O pau saltou livre e Kyle mergulhou na carne aquecida. Lambeu a
parte inferior todo o caminho até a cabeça inchada. Uma gota de prazer vazou
da fenda na ponta e Kyle lambeu-a fora. Cantarolava com o sabor salgado.
Lambeu de volta para baixo e as bolas penduradas de Oliver.
— Vamos lá, bebê, pare de me provocar. — As mãos de Oliver vieram
para prender os lados da cabeça de Kyle. — Por favor.
Adorava quando Oliver implorava. Depois de fazer Oliver sofrer com
uma série de beijos provocantes, entreabriu os lábios e tomou Oliver dentro de
sua boca. Dar boquetes ainda era muito novo para ele e não podia tomar
Oliver profundamente. Lambeu a coroa e apontou a língua para a pequena
fenda na ponta, tomando o sêmen.
Depois de mais alguns beijos e sucções, levou Oliver para dentro até
que seu reflexo de vômito obrigou-o a parar. Usou a mão para bombear cima e
para baixo sobre o restante. Os dedos de Oliver seguravam firme a cabeça de
Kyle e sorriu ao redor do eixo grosso na boca.
— Bebê, pare por aqui. — Oliver bateu Kyle no ombro. — Quero que
gozemos juntos. — Kyle sentou e Oliver sorriu para ele.
— Preciso de uma amostra do seu molho especial.
— Molho especial? — Kyle começou a rir. — Nunca ouvi chamarem
disso antes.
— Nunca tinha chamado antes assim, mas gosto de ouvir você rir. —
Oliver sentou-se, os músculos do estômago tensos. — Agora balance seu
traseiro para cá.
Kyle puxou a calça para baixo e posicionou seu corpo para que sua
virilha pairasse sobre a face de Oliver. Moveu-se para descansar o seu peso
sobre os cotovelos até que seu olho nivelou com eixo rígido de Oliver.
Empurrou de surpresa e prazer quando Oliver puxou seu pênis em
sua boca. Seus lábios se separaram e um gemido quase inaudível passou por
eles. Kyle tomou algumas respirações profundas, suas coxas tremendo ao
sentir a boca molhada de Oliver sugando-o profundamente.
Kyle abriu a boca e começou a balançar a cabeça para cima e para
baixo no pênis de Oliver. Ficou maravilhado com a dureza suave, a carne
aveludada. Cantarolou sua fome e os dedos de Oliver cavaram em suas
nádegas, forçando Kyle para frente até que seu pau foi estava enterrado todo
até a garganta de Oliver. Kyle se perguntou como poderia fazer isso. Não era
enorme, mas tinha uns bons 17cm que Oliver poderia tomar sem perder um
pedacinho sequer.
Os movimentos de Oliver aceleraram e Kyle colocou mais energia em
seus esforços. Oliver inclinou a perna direita para descansar o pé sobre a cama
e arqueou seus quadris suavemente na boca de Kyle. A cama rangia enquanto
se moviam em sincronia um com o outro.
Um forte pulso elétrico correu pela espinha de Kyle e sabia que
estava perdido. A pressão rítmica e molhada da sucção o levou mais alto até
que derramou seu gozo pegajoso na garganta de Oliver.
Estrelas explodiram por trás de suas pálpebras cerradas enquanto
cavalgava as ondas de seu prazer, até que não tinha mais nada para dar. Sua
boca só parou por um momento, mas Kyle dobrou sua atenção para pau duro
de Oliver e acariciou suas bolas até que seu amante grunhiu e encheu sua
boca seu sêmen quente.
Kyle caiu em cima do corpo de Oliver, a cabeça enterrada na dobra
da coxa e pênis. Deu algumas respirações profundas, amando o cheiro de
corpo suado de Oliver.
— Ei, Kyle. — Oliver bateu um dedo na sua nádega. — Vai ter de se
mover. — Uma rajada de ar de riso de Oliver fez arrepios percorrerem seu
corpo. — Seria muito constrangedor ter que explicar que sufocou seu
namorado com o pau.
Kyle riu e rolou para o lado. Passou a mão para cima e para baixo a
perna esquerda de Oliver. Sentiu o corpo de Oliver ficar tenso quando sua mão
correu a prótese de metal, mas não parou. A perna de Oliver não o
incomodava e Oliver disse vezes o suficiente para que não se importava com o
que as pessoas pensavam dele, mas sempre ficava tenso quando Kyle o tocava
e nunca usava bermudas. Mesmo com noventa graus o homem usaria jeans ou
calças soltas. Sentiu como se seu amante estivesse se escondendo e não podia
ver por que faria isso. Oliver era um homem forte, que deveria estar orgulhoso
de si mesmo.
— Por que faz isso? — As palavras saíram de sua boca antes que
pudesse pensar melhor. Não queria perturbar ou pressionar Oliver sobre isso,
mas queria que o homem por quem tinha se apaixonado soubesse que isto não
o incomodava. Não sentia nojo ou repulsa por ele.
— Fazer o quê? — Oliver tentou rolar.
Kyle sentou-se sobre as coxas de Oliver.
— Ficar todo tenso quando toco a sua perna? Sabe que não me
incomoda, não é?
— Pode não incomodá-lo, mas talvez me incomode. — O queixo de
Oliver apertou e Kyle podia sentir suas mãos fechadas em punhos em seus
lados.
— Bem, não deveria. — Kyle passou os dedos sobre o peito de Oliver,
absorvendo seu calor. — É um dos caras mais bonitos no campus. Perna ou
não, não muda isso ou o fato de que sou completa e loucamente apaixonado
por você.
Os olhos de Oliver arregalaram-se com as palavras de Kyle. A
garganta de Kyle ficou seca e sua boca abriu e fechou, mas as palavras não
saíam. Não tinha a intenção de deixar seus sentimentos escaparem, mas já era
tarde demais para voltar atrás. E não queria.
— Está apaixonado por mim? — Perguntou Oliver. Ele sentou-se e
passou os braços ao redor da cintura de Kyle, impedindo-o de fugir.
— Eu... Eu... — As mãos de Kyle moviam-se para cima e para baixo
numa tentativa de ajudar a explicar o que disse. Mas, então, bateu nele. Por
que deveria negar o que sentia? Só viveria uma vez e queria viver o resto de
sua vida com este homem insanamente irritante. — Sim! Sim, estou. — Kyle
pensou que era hora de, finalmente, admitir.
— Mesmo com minha atitude ruim e tendência a julgar rápido os
outros? — Oliver levantou uma sobrancelha. — E com a falta de uma perna,
ainda me quer?
— Com certeza, os dois primeiros que me deixam louco, mas posso
aprender a viver com isso, e o terceiro? — Kyle pousou as palmas das mãos
nos lados do rosto de Oliver. — Realmente acha que me importo se perdeu
uma perna? Poderia ter perdido as duas e ainda te amaria. — Kyle sorriu para
Oliver e deu um beijo suave em seus lábios. — Como você disse
anteriormente, você é meu, Oliver Johnson, e não há como mudar isso.
Oliver puxou Kyle mais perto e beijou-o profundamente, roubando a
respiração dos seus pulmões. A sensação de calor espalhou-se a partir de seu
coração para todo o corpo, formigando cada terminação nervosa. Era assim
que o verdadeiro amor era.
— Acho que é uma coisa boa, termos este entendimento entre nós. —
Oliver sorriu.
— Sim, é. — Kyle sabia que esta era a sua oportunidade de dizer a
verdade a Oliver, mas simplesmente não conseguia. Este momento era
perfeito demais para deixar algo estragar tudo. — Agora que está tudo
resolvido, vamos às compras.
— Compras? De quê?
— Bermudas. — Kyle descansou sua testa contra Oliver. — Quero ver
o meu namorado sexy em shorts para que possa admirar suas pernas fortes e
muito atraentes.
— Kyle... — Oliver revirou os olhos, em seguida, deslocou-se para
colocar Kyle ao lado dele. — Primeiro, odeio fazer compras, e, segundo,
preciso trabalhar nesta coisa de vestir bermudas.
— Por mim tudo bem. — Kyle aconchegou-se mais. — Contanto que
perceba que a falta de uma perna não significa nada para mim. Na verdade,
gosto do metal. Faz-me sentir como se estivesse dormindo com o
Exterminador.
— Querido senhor, você tem uma coisa pelo Arnold Schwarzenegger?
— O rosto de Oliver enrugou como se provasse algo azedo.
— Não necessariamente, mas ele tem um corpo quente. — Kyle
abraçou Oliver apertado quando disse: — Só quero que saiba que te amo pelo
que tem aqui. — Estendeu a mão sobre o coração de Oliver. — Não pelo que
está do lado de fora.
— Eu também te amo, Kyle. — Oliver deu-lhe um beijo rápido. —
Mesmo que tenha gosto ruim para amigos.
— Seu filho da puta. — Kyle pulou em cima de Oliver e fez cócegas
debaixo dos seus braços.
Riram até que estavam fora do ar e Kyle caiu de volta para o corpo
de Oliver. Depois de alguns minutos, terminaram de tirar suas roupas e se
arrastaram sob os lençóis. Kyle se permitiu ser seduzido para dormir com o
calor reconfortante de Oliver.

Capítulo 17

— Não posso acreditar como está lotado. — Kyle olhou ao redor


enquanto caminhava pelo corredor estreito para os seus lugares. Era uma
coisa boa que não tivesse medo de altura, considerando onde tinha que sentar
no estádio.
— É chamado de espírito escolar, homenzinho. — Levi sorriu para
Kyle sobre seu ombro.
— Cale a boca. — Kyle cutucou Levi nas costas.
Finalmente, alcançaram os seus lugares e Kyle sentou-se entre Oliver
e Levi. O sol começava a cair e uma agradável brisa quente soprou em seu
rosto. Kyle abriu sua camisa para deixar um pouco de ar entrar para resfriar a
pele aquecida. Não sabia como os jogadores de futebol podiam usar todas
aquelas almofadas e capacete sem derreter. Futebol foi feito para ser jogado
nos meses frios do inverno, não no fim do verão.
O estádio ficou em silêncio e todos se levantaram para o hino
nacional, em seguida, continuaram em pé enquanto o grito de guerra da escola
foi cantado.
— Olhem! — Kyle apontou para onde Landen estava no campo. O
amontoado quebrou e os jogadores se moveram para ficar numa linha reta.
Ouviu Landen gritar a tática, o relógio começou, e os jogadores entraram em
movimento.
Kyle observou como Landen puxou o braço para trás e mandou a bola
voando pelo ar. Outro jogador na extremidade pegou, mas foi abordado em
frente da zona final.
— Foi incrível. — Disse Kyle em reverência. — Ele é muito bom. Quer
dizer, estou supondo que ele é. — Ele se virou para olhar para o seu
namorado. — Isso foi bom, não foi?
— Sim, querido. — Oliver passou o braço ao redor da cintura de Kyle.
— Foi um bom arremesso. Agora não fique tão impressionado. Você está me
deixando com ciúmes. — Oliver mordiscou a orelha de Kyle.
— Ok, nada disso. — Levi colidiu ombros com Kyle o que o levou a
empurrar Oliver. — Estou aqui para ver o jogo, não os dois ficando tudo
melosos um com o outro.
O jogo continuou e a banda da escola moveu-se para o campo para
tocar. A música ecoou por todo o caminho até seus assentos e Kyle encontrou-
se batendo o pé no ritmo. Quando terminaram, a banda saiu do campo e os
jogadores de futebol voltaram para começar o terceiro tempo.
O Campbell State Bobcats subiram três touchdowns. De acordo com
Levi não importa como o placar estivesse no momento, porque ainda havia um
monte de jogo pela frente. Kyle sentiu o estômago começar a rolar. Toda vez
que o outro time tinha a bola, viu-se gritando e socando o punho no ar. Um
jogador defensivo rompeu a linha e colaram Landen no chão. Landen
rapidamente saltou de volta para o amontoado.
— Porra, esse menino pode tomar um tombo. — Levi meditou.
Mesmo que Landen fosse um homem adulto jogando um esporte que
amava, Kyle não gostou de ver seu amigo se machucar. Landen chamou o
próximo jogo, passou a bola e virou-se para enfrentar o mesmo jogador
defensivo de antes. O outro jogador voou pelo ar para pousar em suas costas.
— Puta merda! — Levi e Oliver disseram simultaneamente.
— Os zagueiros deveriam fazer isso? — Kyle olhou para Oliver.
— Não, normalmente, não. — Oliver balançou a cabeça.
Os Bobcats subiram treze pontos indo para o quarto tempo. Cerca de
seis minutos depois, o telefone de Oliver começou a tocar. Ele murmurou uma
maldição e puxou Kyle perto para sussurrar em seu ouvido.
— Tenho que atender. — Outro beijo na bochecha de Kyle. — Já
volto.
O jogo continuou e depois de alguns minutos, Oliver voltou. Olhou
por cima da cabeça de Kyle para Levi e fez um sinal com a cabeça para a
passarela.
— Está tudo bem? — Perguntou Kyle.
— Sim. Essa chamada foi do nosso professor de ciências da terra. A
eletricidade se foi no edifício e todos os que têm um projeto na estufa do
campus precisam ir até lá para levar as suas plantas para outro local. — Ele
baixou a testa para descansar contra Kyle.
— Desculpe bebê, mas temos que ir.
— Ok. Vou com você. — Kyle foi parado pela mão de Oliver em seu
ombro.
— Não, você fica e vê o resto do jogo. Alguém precisa animar a
grande estrela. — Oliver sorriu para Kyle e inclinou-se para beijá-lo nos lábios.
— Sim, porque ele não tem fãs suficientes já. — Kyle revirou os olhos.
— Quando vai voltar? Vai estar de volta antes do final do jogo?
— Não tenho certeza. — Os lábios de Oliver estavam fechados em
uma linha reta. — Se não estiver, basta ir ao nosso quarto, após o jogo, ok?
Não quero me preocupar com você andando no campus sozinho.
— Ok. — Kyle chegou até a beijar Oliver nos lábios e inclinou-se para
o lado para acenar adeus ao Levi. — Vejo vocês mais tarde. Espero que seu
projeto esteja salvo.
Oliver sorriu mais uma vez e começou a descer o corredor. Kyle
observou-o ir e pensou que era muito bom que o professor chamasse os
alunos por isso, e que Oliver e Levi fossem tão dedicados aos estudos, que
iriam largar tudo para atender ao problema em questão.
A multidão foi à loucura e Kyle se voltou para o campo. Com todo
mundo de pé, teve que se apoiar nas pontas dos dedos dos pés para ver o que
tinha ocorrido. Os jogadores todos se reuniram em torno de Landen e ele
segurava a bola na mão. Kyle olhou para o placar para ver mais seis pontos
adicionados ao placar original. Um sorriso cruzou seu rosto. Nunca soube que o
futebol pudesse ser tão divertido.

*****
— Outro corpo foi encontrado no lixo atrás do nosso dormitório. —
Oliver caminhou o mais rápido que podia, esquivando-se dos alunos a cada
centímetro do caminho.
— O nosso dormitório? — Levi parecia chocado. — Foi... — A voz de
Levi parou e olhou em volta para todas as pessoas em pé. — Um ataque de
lobo?
— Sim. O detetive Stanton disse que é um sangrento, também.
A multidão gritava quando saíram do estádio. Oliver ergueu a voz
acima de um sussurro, agora que estavam livres de quaisquer ouvidos
escutando.
— Estudante masculino e, de acordo com Stanton, se não fosse pela
identificação com foto, nem mesmo seria capaz de dizer muito. O rosto do
rapaz estava desfiado até o osso.
— Oh, isso soa desagradável. — Levi estremeceu. — Qual é o
problema com esses ataques? Quero dizer, todos têm sido tão cruéis. O que
há, cara?
— Não tenho ideia amigo, mas é preciso colocar um fim nisso.
Stanton não pode manter isso em segredo por muito tempo antes da imprensa
descobrir.
Oliver podia imaginar o estardalhaço que os repórteres fariam com
isso. Ataques de animais num campus universitário. Era como um enredo para
um filme de terror ruim.
Antes de chegarem ao dormitório, Oliver podia ver as luzes piscando
das viaturas policiais. Caminharam até os fundos e foram procurar por
Stanton.
— Odeio dizer isso, meninos, mas estes ataques parecem pessoais. —
Acenou para o corpo coberto.
Stanton puxou o lençol para expor o rosto mutilado da última vítima.
O pobre garoto não teve a menor chance. Oliver só rezava que a garganta do
garoto tivesse sido arrancada antes que o lobo rasgasse seu rosto. A
mandíbula da vítima estava pendurada num ângulo estranho e o osso branco
brilhava através do sangue e músculos.
— Stanton, procuramos qualquer possível conexão entre as outras
duas vítimas e nada apareceu. Nenhuma aula compartilhada, nenhuma
conexão namorado-namorada, ou amigos que compartilhavam. — Levi ergueu
as mãos para o ar. — Essas pessoas não têm uma linha que conduz na mesma
direção. Eram todos estranhos.
— E estou disposto a apostar que o mesmo vale para esse cara. —
Oliver se afastou do corpo. Tinha visto algumas coisas muito perturbadoras em
sua vida, mas isso tinha que ser a pior.
— De qualquer forma, meninos, precisamos encontrar essa coisa e
colocar um fim ao seu reinado de terror. — Stanton cruzou os braços sobre o
peito. — E quero dizer o mais rápido possível. Uma bala na cabeça seria o
ideal.
— Ei, Oliver, olhe para isto. — Levi acenou para ele em direção à
calçada. Um rastro de gotas de sangue estava espalhado no chão. — Leva para
a floresta.
Oliver olhou para a vegetação densa que estava por trás de seu
dormitório.
— A pista de caminhada vai até aqui. Talvez o lobo tenha saído por
aqui.
— Meninos, sei que Roderick disse que vocês dois são alguns dos seus
melhores caçadores, mas não deveriam pelo menos ter uma arma ou algo para
proteger a si mesmos? — Stanton olhou entre Oliver e Levi.
— Detetive Stanton, estamos sempre preparados. — Oliver se inclinou
para puxar para cima a perna da calça de sua perna direita, expondo a arma
no coldre em sua panturrilha. Levi fez o mesmo.
— Ok, então. — Vou manter impedir qualquer policial de ir para a
floresta. — Stanton acenou com a cabeça. — Feliz caçada, rapazes. Odeio dizer
isso, mas espero que o encontrem e matem.
— Também esperamos. — Oliver apertou a mão de Stanton seguindo
Levi entre as árvores.
Levi tinha uma pequena lanterna que havia ligado a suas chaves e
iluminou o chão, à procura de mais manchas de sangue. Caminham pela trilha
pavimentada e encontraram mais sangue no chão.
— Acho que vamos para uma caminhada. — Levi o cutucou no ombro.
— Então, vamos. — Oliver puxou sua 9 milímetros do coldre e virou-
se para dar ao lado direito das árvores escuras sua atenção, enquanto Levi
cuidava do esquerdo. Parecia mais calmo do que o habitual por aqui. Nem
mesmo os grilos davam um pio. Os cabelos na parte de trás do pescoço de
Oliver se levantaram. Não estavam sozinhos.

Capítulo 18

O jogo chegou ao fim e os Bobcats tinham mais uma vitória. Ainda


não havia sinal de Oliver ou Levi. A maioria das pessoas já havia deixado os
seus lugares e saiam do estádio. Kyle ficou na cadeira e olhou para o campo
verde. Ele realmente se divertiu. Claro, odiava que Oliver teve que correr para
salvar seu projeto de ciências, mas até então tinha sido um grande momento.
Deu uma última olhada ao redor e levantou-se. Seguiu o trilho lateral
quando desceu os degraus largos. Quando chegou ao nível mais baixo,
continuou andando até que estava ao lado da pista que cercava o campo de
futebol. Os assentos eram verdadeiramente bons daqui, mas com a ajuda da
visão de lobo, não tinha perdido nada do jogo.
As folhas de grama tinham vários tons de verde. As linhas brancas,
pintadas, estavam manchadas nos lugares onde os jogadores rolaram no chão,
quando foram abordados. Kyle pegou tudo e sorriu. Sobreviveu a sua primeira
excursão de esportes da faculdade. Estava preocupado que ficaria entediado
todo o jogo, mas estava errado. Adorou a emoção da perseguição, uma equipe
tentando derrubar a outra pela vitória numa batalha de força e de
planejamento.
— Kyle! — Virou-se para ver Landen saindo do túnel que levava aos
vestiários.
— O que você ainda está fazendo aqui? Ele olhou para a área sobre
os ombros de Kyle. — Onde estão Oliver e Levi?
— Tiveram que correr para salvar um experimento científico, mas
assistiram a maior parte do jogo. — Kyle se inclinou sobre o corrimão,
apoiando os antebraços sobre o metal frio. — Você foi incrível lá fora. Arrasou.
—Provavelmente, teríamos vencido por pelo menos mais um
touchdown de Zach, se ele estivesse aqui. — Kyle sacudiu a cabeça. — O idiota
discutiu com o treinador e foi mandado para o banco de reservas por dois
jogos. Provavelmente mais, agora que nem sequer apareceu. Terá sorte se o
treinador não chutá-lo fora do time.
— Isso é péssimo para o seu amigo e para a equipe. — Não que Kyle
pensasse que a equipe sofreu pela falta de uma pessoa.
— É verdade. Então, se divertiu?
— Mais do que pensei que faria. Nunca fui ou tinha visto um jogo de
futebol antes. Foi muito emocionante.
— Ótimo! — Landen andou mais perto de Kyle. — Aqui, salte para
baixo. Podemos sair pelos vestiários.
Kyle fez o que disse Landen. Pensou que era melhor ficar com o seu
grande amigo de futebol do que voltar a pé para o dormitório por si mesmo.
Landen estendeu a mão para Kyle tomar. Poderia ter feito o salto num
movimento suave, mas não queria que Landen se perguntasse como poderia
fazer isso tão facilmente.
— Então, realmente nunca viu mesmo um jogo de futebol antes? —
perguntou Landen.
— Não, nunca. — Kyle fechou um olho e franziu os lábios em
pensamento.
— Para ser honesto, nunca vi qualquer tipo de evento esportivo na TV
ou pessoalmente. Nunca tive qualquer interesse antes.
— Isso é loucura. — Landen riu e bateu o ombro em Kyle. — Acha
que mudou sua mente agora?
Kyle olhou para Landen e sorriu.
— Com certeza. É tão fácil ser sugado pela emoção. Quero dizer,
diabos! Estava gritando como louco, torcendo por você.
— Eu sei. Eu ouvi. — As bochechas de Landen aqueceram e manteve
o olhar no chão.
Kyle inclinou a cabeça para o lado e olhou para Landen.
— Você me ouviu em toda aquela multidão? Impossível. — Seu lugar
era tão longe e combinado com os fãs gritando, não havia nenhuma maneira
de Landen tê-lo ouvido.
— Bem... — Landen mordiscou seu lábio inferior. — Não foi você,
especificamente, apenas toda a multidão gritando. Gosto de imaginar que são
meus amigos que ouço gritar mais alto.
— Bem, merece todo o louvor de sua multidão. — Kyle bateu o ombro
com Landen enquanto atravessaram o estacionamento. — Você foi incrível lá.
Ainda impressionou Oliver.
— Sem brincadeira! — Um adorável rubor pintando as bochechas de
Landen novamente. — Não que isso significa mais vindo dele, só que sinto que
ele ainda não confia em mim.
— Eu não me preocuparia com isso. — Kyle enfiou as mãos nos
bolsos. O vento aumentou e colocou um leve frio no ar. — Acho que é mais
para parecer com toda essa coisa de namorado macho.
— Bem seja o que for, estou feliz que não se sente da mesma
maneira que sentia há uma semana. Gosto de vocês.
— E gostamos de você. — Kyle enfiou o braço ao redor Landen e
caminhou ao lado dele.
— Hum, Kyle? — Disse Landen suavemente.
— Sim? — Kyle apoiou a cabeça no braço de Landen enquanto
caminhavam. Podia sentir a flexão muscular com o frio enquanto se movia.
— Você e eu podemos conversar? — Landen parou de andar e olhou
para ele. — Em particular?
— Claro. — Concordou Kyle. A postura rígida de Landen mostrava a
sua ansiedade.
— Ótimo. — Landen agarrou-o pela mão e levou-o para a entrada da
pista de caminhada. Kyle seguiu Landen na escuridão, segurando sua mão com
força.
Kyle olhou à sua volta. Seus olhos se adaptaram a mudança na
iluminação e os seus ouvidos se apuraram para ouvir todos os sons
ameaçadores. Não era seguro para estar sozinho desde que os ataques
começaram a acontecer ao redor do campus. Kyle tinha dito a Oliver que iria
para casa logo após o jogo, não que iria passear ao redor da floresta.
Seguiram ao longo do caminho pavimentado por alguns minutos
mais, então Landen desviou-o e arrastou através do emaranhado de árvores.
Kyle segurou a mão de Landen e fez o seu melhor para manobrar em torno
dele mesmo.
— Landen onde estamos indo? — A voz de Kyle engasgando enquanto
falava.
— Só um pouco mais. — Disse Landen por cima do ombro. — Há um
lugar que quero te mostrar.
Não que Kyle não confiasse em Landen, mas estava um pouco
assustado. O céu devia ter nublado, porque nem uma única estrela brilhava na
escuridão. Foi graças a seu instinto de lobo que podia ver mais que sua mão
na frente do rosto. Isso o fez se perguntar como Landen estava fazendo isso.
Landen parou numa pequena clareira e soltou a mão de Kyle. As
árvores não eram tão densas aqui e uma pequena abertura rompia os ramos
frondosos para mostrar um pedaço do céu escuro.
— Não é lindo? — Landen perguntou a Kyle. Ele estendeu os braços
para os lados. — Gosto muito de estar aqui.
— Landen, o que está acontecendo? — As mãos de Kyle começaram a
tremer e pressão crescia em seu peito. Sentiu como fosse ter um ataque de
pânico. Algo não estava certo e odiava duvidar de Landen, mas o que diabos
estava acontecendo?
Landen desviou o olhar do céu escuro e olhou para Kyle. Ele deu um
passo em direção a ele, sua mão estendida, alcançando Kyle.
— Não tenha medo, Kyle.
— Pare aí! — Kyle gritou e afastou a mão de Landen. — O que você
é?
Landen inclinou a cabeça para o lado e deu um olhar de confusão
para Kyle.
— Você realmente não sabe, não é? — Landen fechou os olhos e
cheirou o ar. Quando os abriu de novo, o verde de seus olhos brilhavam como
uma luz de néon.
— Oh, meu Deus! — Kyle engasgou e cambaleou para trás. Caiu
sentado. — Pare aí! — Kyle estendeu as mãos para proteger a si mesmo
quando Landen pisou na sua direção.
— Kyle, por favor, não tenha medo de mim. — Landen ajoelhou-se na
frente dele a poucos metros de distância. — Sou como você.
— Como eu? — Kyle puxou as pernas para perto e abraçou seus
braços em torno deles.
— Um shifter lobo. — Landen sentou-se e cruzou as pernas. — Senti o
seu cheiro na primeira vez que nos encontramos. Mas comecei a duvidar disso
quando ficou bêbado na festa, porque shifters lobo não podem ficar bêbados,
pelo que tenho conhecimento. — Landen riu. — E nunca pareceu reconhecer o
que eu era, um lobo. — Sua voz soava triste e com a cabeça mergulhada até
olhar para as suas mãos.
Tantos pensamentos vagavam pela mente de Kyle. Um homem que
considerava ser um amigo próximo era um shifter lobo e ainda não tinha
percebido isso. Mas isso não dizia muito. Kyle nunca tinha sido ensinado a
confiar em seu instinto de lobo ou a farejar sua própria espécie. Como shifter
lobo era um preguiçoso. Poderia ter trabalhado mais para controlar o lobo
dentro de si e tornar-se confortável em sua própria pele, mas escolheu o
caminho mais fácil. Não queria lidar com isso.
Outra coisa que lhe ocorreu. Sim, ficou chocado com a descoberta,
mas não estava com medo. Se Landen quisesse prejudicá-lo, já teria feito isso.
— Landen, escute-me. — Kyle estendeu a mão, os dedos tremendo
quando tocou a mão de Landen. — Sou provavelmente o pior shifter lobo que
vai encontrar na vida. Meus pais foram assassinados quando tinha apenas três
anos e uma alfa demente me levou e me criou como seu próprio filho. Mas
também me manteve ignorante sobre os caminhos do lobo. Então, por favor,
não se ofenda por minhas ações.
— Então temos muito em comum. — Landen virou a mão ao redor e
entrelaçou seus dedos. — Sou adotado, também. Meus pais não sabiam o que
eu era até que um dia encontraram um filhote de cachorro na minha cama em
vez de seu filho de três anos de idade. Foi um choque para os dois.
Os olhos de Kyle se arregalaram.
— Foi criado por seres humanos?
— Sim, mas, felizmente para mim, eram extremamente
compreensivos e fizeram tudo o que podiam para me proteger. Temiam que se
alguém descobrisse sobre mim me levariam deles.
— Como o esconderam? Quero dizer, como foi capaz de controlar o
seu lobo de sair?
— Foi difícil quando era jovem. Não podia ir a festas do pijama em
casa dos meus amigos ou para o acampamento de verão como meus amigos.
Mas quando fiquei mais velho, meus pais perceberam que minhas emoções
desencadeavam a minha mudança, por isso me ajudaram a controlar meu
temperamento. O futebol era realmente bom para mim.
— Mas, ainda assim, não foi difícil crescer sozinho desse jeito? — Kyle
poderia ter sido criado por Sasha, mas ela nunca teve problemas para
mostrar-lhe carinho e amor, e sabia que ela era como ele. Não podia imaginar
o que era estar cercado por seres humanos normais.
— Eu não estava sozinho. — Landen sorriu. — Tinha meus pais e
amigos. Claro, não eram como eu, mas o que isso importa? O amor é o amor e
os meus pais me amaram e fizeram o melhor que podiam enquanto eu crescia.
— Mas como é que aprendeu a reconhecer os outros como você? —
Kyle ergueu a mão para mastigar sua unha.
— Meu amigo Zach me ensinou. Nós nos conhecemos na Universidade
de Clermont, em Idaho. Ele viu que eu estava a certa distância. Ele me colocou
sob sua asa e temos sido melhores amigos desde então. Quando quis se
transferir da escola em Idaho, segui junto com ele. Não quero ficar sozinho de
novo. — Landen explicou.
— Idaho? — Kyle descobriu uma coincidência estranha. — É de onde
sou.
— Sério? —Kyle assentiu com a cabeça. — Teria sido ótimo se você e
eu tivéssemos nos conhecido na época. — Tristeza tomou conta dos olhos de
Landen.
— Não quero dizer nada de ruim sobre Zach, mas ele tem agido
diferente nos últimos dois meses. Ele tem estado tão distante e senti como se
estivesse sozinho novamente até que conheci você. Você é tão bom e
carinhoso, e me vi atraído por você. Queria instantaneamente ser seu amigo.
— Obrigado, Landen. — Kyle riu. — Gosto de ser seu amigo.
— E acho que ser amigos é tudo o que podemos ser, já que tem o seu
namorado super-quente. — Landen piscou.
— Sim, Oliver é quente, não é? — Um sorriso bobo enrolou seu lábio
superior.
— Ele sabe o que você é? — perguntou Landen.
— Ainda não. — Kyle puxou sua mão de Landen e pegou na bainha de
sua camisa. — Tudo aconteceu tão rápido que não encontrei um tempo para
realmente ter a conversa com ele. Também estou com medo que não goste
mais de mim.
— Kyle, não seja ridículo. — Landen empurrou as pernas de Kyle. —
Esse cara é louco por você. Não acho que há qualquer coisa que possa dizer
para assustá-lo. Ele é seu... — Landen estalou os dedos, fechou os olhos e
procurou em seus pensamentos. — Qual é a palavra?
— Companheiro.
— Sim, essa é a palavra. — Landen apontou o dedo para ele. — Pelo
que Zach disse, é um vínculo inquebrável. Amor à primeira vista, para nós
shifters.
— Isso é o que sinto. — Kyle apoiou a testa nos joelhos. — Mas ainda
estou com medo que ele vá me deixar.
O som de Landen se movimentando fez Kyle olhar para cima. O
grande loiro dobrou os joelhos para sentar-se ao lado dele. Ele descansou um
braço pesado sobre seus ombros.
— Ok, eu não era o maior fã de Oliver, mas depois de conhecê-lo, ele
não é tão ruim e posso ver que se importa muito com você. Claro, saber que é
um shifter lobo vai chocá-lo, mas não o vejo se afastando de você.
— Você acha? — Kyle queria acreditar que seu amigo estivesse certo,
mas a dúvida ainda se agarrava a ele.
— Acho. — Landen puxou-o perto. — Ei, Kyle, posso perguntar uma
coisa?
— Claro. — Kyle estendeu a mão para enxugar as lágrimas que não
se dera conta de que ter derramado.
— Naquela noite, na festa, o que aconteceu com você? Quero dizer,
foi como se estivesse bêbado.
— Mão tenho certeza. — Kyle lambeu a língua para umedecer os
lábios secos. — Oliver disse que alguém tinha, provavelmente, batizado a
minha bebida com alguma coisa. — Ele riu. — Ele pensou que você estava
tentando me estuprar.
— Primeiro, eca! Isso é totalmente ofensivo para mim. Sou muito
gostoso para precisar drogar um cara para transar. — Landen passou a mão
pelo cabelo. — Concordo totalmente com Oliver na parte de drogado. Mas o
que não entendo é quem faria isso? Quero dizer, foi aleatório ou alguém sabia
o que era?
— Essa é uma boa pergunta. — O som de um galho estalando fez
tanto Kyle quanto Landen olhar para trás, mas não havia nada. — Outra coisa
estranha são todos os ataques no campus. E se for um lobo? Então, isso
significa que os caçadores não estão muito atrás.
Landen sacudiu a cabeça para o outro lado como se estivesse olhando
para pessoas que estão nas sombras.
— Landen, está tudo bem. — Ele agarrou a mão de Landen. — Nem
todos os caçadores são ruins. Shifters e caçadores estão trabalhando juntos
agora para manter shifters e humanos seguros. Podemos confiar neles.
— Você está aqui. — Kyle e Landen se viraram surpresos com a voz
baixa e rouca. Um homem estava nu, com manchas de sangue seco cobrindo o
peito. Sombras cobriam o seu rosto. — Quem diria que iria fazer o meu
trabalho muito mais fácil, Landen.
— Zach, é você? — Landen levantou-se e ajudou Kyle a se erguer. —
O que está fazendo aqui, e assim? — Ele apontou para o amigo.
Kyle não conseguia tirar os olhos do homem. As únicas coisas que
podia ver, além do sangue espalhado em seu peito, eram seus olhos de prata o
olhando. Era como se o homem estivesse olhando para sua alma. Kyle não
gostou nem um pouco desta sensação. De repente, desejava que tivesse
escutado Oliver e ido direto para o seu quarto.
Capítulo 19

— Não posso acreditar na minha sorte. — Zach caminhou lentamente


em direção a eles.
— Zach, homem, o que há com você? — Landen se moveu para ficar
entre Kyle e seu amigo. — Você está agindo de forma estranha.
— Landen. — Kyle estendeu a mão para pegar o bíceps de Landen. O
medo corria em suas veias e quanto mais Zach chegava perto dele, mais podia
sentir o cheiro cobre de sangue. Sangue humano.
— O que aconteceu com você? — Landen ficava fazendo perguntas,
mas Zach o ignorou e manteve os olhos fixos em Kyle.
— Como a faculdade o tratou até agora, Kyle? — Zach zombou. — É
tudo o que esperava?
A boca de Kyle ficou tão seca quanto um deserto. Zach se aproximou
e uma tensão pulsante chiou em torno da pele de Kyle. Estava aterrorizado e
confuso.
— O que está falando? — Sua voz era quase um sussurro.
— Você estava tão ansioso para ficar longe de casa e ganhar
experiência de vida. — Zach, de repente, parou de se mover e parou próximo
à Kyle, que podia ver seu rosto melhor. Estava torcido de raiva e ódio. Os
caninos pontiagudos pendiam para pressionar contra seu lábio inferior e pelo
crescia ao longo de seu corpo numa penugem fina. — Diga-me, valeu a pena o
que fez para chegar onde está?
— Ei, Zach, relaxe. — Landen ergueu a mão, fazendo o seu melhor
para ser um pacificador. — Está agindo um pouco louco no momento.
Zach não desviou o olhar de Kyle, que achava difícil olhar para outro
lugar.
— Não sei o que quer dizer.
— Mentiroso! — Zach rugiu e Landen e Kyle recuaram um passo. —
Finge ser tão puro e inocente, mas sei a verdade. Você é um assassino.
Landen começou a falar, mas tudo que Kyle podia ouvir era um
zumbido nos ouvidos. Seu pulso disparou e calafrios estouraram sobre sua
pele.
O brilho maligno nos olhos de Zach disse tudo. Ele sabia o que Kyle
tinha feito. Kyle não era um assassino. Teve que matar Sasha para salvar a
vida de Ian. Mas como é que Zach sabia disso? Ele não estava lá naquela
noite. Kyle se lembraria ao vê-lo.
— Não foi um assassinato, foi autodefesa. — Kyle começou a puxar
Landen para trás, longe de Zach. O homem sabia que coisas que não deveria,
e pelo olhar enlouquecido em seu rosto, isso não ia acabar bem.
— O que diabos está falando? — Landen gritou. — Não estão fazendo
nenhum sentido.
— Não minta para mim, seu merdinha. — A saliva pendia dos lábios
de Zach enquanto falava. — Ela era uma boa mulher. Não merecia ser morta a
tiros pelo órfão que pegou e deu uma casa.
Pesadelos ainda assombravam seus sonhos. Kyle não se arrependeu
de matar a mulher que pensou que fosse como uma mãe. Fez o que precisava
ser feito para salvar Ian. Sasha tinha duas faces que mostrava ao mundo. A de
mãe carinhosa e amorosa que fingia ser, e a sua verdadeira face. Um monstro
sem coração que mataria o seu próprio filho para ganhar o controle e poder.
— Ela era uma louca. — Kyle entrelaçou seus dedos com Landen. —
Ela teria matado meu irmão e eu, e não podia deixá-la fazer isso. Era cruel e
vingativa. Se não fosse eu, teria sido outra pessoa que acabaria com sua vida.
— Mas foi você. — Zach apontou um dedo para ele, uma garra
irregular na ponta. — E agora vai pagar pelos seus pecados.
Zach se lançou em direção a eles e Kyle virou para o lado e chutou
para fora sua perna, derrubando o homem maior para o chão. Girando com as
mãos ainda segurava em Landen, gritou:
— Corra!
Kyle não olhar para trás enquanto corria pela floresta. Finos, galhos
baixos acertaram o seu rosto, batendo-o enquanto se lançava mais fundo na
escuridão. Algo molhado escorria pelo seu rosto, mas tudo o que podia fazer
era esquecer e continuar correndo. Precisavam sair em campo aberto, longe de
Zach.
Mesmo na morte, Sasha tinha a capacidade de arruinar sua vida. Não
tinha certeza da ligação entre Zach e Sasha, mas o que quer que fosse tinha
que ser muito forte, pois por que mais um lobo enlouquecido ia persegui-lo no
escuro?
— Kyle, cara, não sei o que está acontecendo. — Landen disse com a
respiração ofegante. — Ou o que diabos aconteceu com Zach, mas precisamos
mudar. Podemos correr mais rápido em forma de lobo.
Kyle olhou para trás, mas não viu Zach. Acenou com a cabeça e
desacelerou. Tirou suas roupas e uma vez que ele e Landen estavam nus,
mudaram.
A tensão e atração de ossos e músculos trouxeram lágrimas aos
olhos de Kyle. Fazia já um mês, pois mudou no passado, e não perdeu o
aguilhão que vinha com a mudança de forma. Um gemido passou seus lábios
enquanto caia de quatro, com as mãos e os pés transformados em grandes
patas e o pelo marrom aparecendo sobre seu corpo. Uma vez que sua
mudança estava completa, ele se levantou e sacudiu a cabeça. Olhou para ver
um lobo com pele branca brilhante em pé, ao lado dele. Landen cutucou sua
grande cabeça para a esquerda e saíram.
Kyle não sabia quanto mais teriam que correr e voltar para o terreno
do campus. Seu corpo ágil saltava e manobrava sobre o terreno irregular. Kyle
sentia-se livre na forma de lobo e usou seus instintos de correr para frente.
Landen ficou perto, ao seu lado.
Um uivo alto perfurou a noite. O som era tão afiado que Kyle
tropeçou e usou suas patas para cobrir a cabeça.
O som de patas pesadas batendo contra o chão fez Kyle saltar, mas
foi derrubado de volta para baixo.
Um grande lobo cinza se lançou em direção a ele, mas Landen o
empurrou para fora do caminho e encontrou sua cabeça. Kyle observou como o
lobo cinzento e branco rolavam pela terra. Mandíbulas, garras rasgando a pele.
O pelo branco de Landen logo se tornou emaranhado com sangue e Kyle não
podia deixar o amigo se sacrificar por ele.
Kyle voltou para sua forma humana. Gritou quando a dor se tornou
muita e caiu de joelhos. Seus gritos não distraíram os dois lobos lutando.
— Pare com isso! — Kyle gritou.
O lobo cinzento virou a cabeça enorme para Kyle e essa porcaria
sorriu para ele. Saiu de cima do corpo inerte de Landen e foi em sua direção. A
cada passo, Kyle via o animal voltando para a forma humana. Logo, Zach
estava diante dele. Tinha que inclinar a cabeça para cima para encontrar os
maus olhos cinzentos do homem.
— Como é nobre de sua parte. — Zach assobiou. — Deveria ter
deixado terminar, porque vou matá-lo de qualquer maneira.
— Ele é seu amigo. — Kyle olhou para Landen para ver se estava
respirando. Seu corpo estava enrolado numa bola, imóvel.
— Não, ele era parte do bando que tinha a esperança de construir
com Sasha. Ele era forte e seguia as ordens. Assim foi, até que o conheceu. —
Zach começou a rir. — A pessoa que vim para destruir. Percebe que causou
muito conflito agora, não é?
— Por que está fazendo isso? — Perguntou Kyle. Ele entendeu que
esse homem obviamente estava ligado a Sasha, mas por que veio até aqui
para lhe encontrar?
— Por quê? — Zach colocou as mãos sobre o peito de Kyle, enrolando
suas garras para dentro e empurrou Kyle. Sua pele rasgou e dor disparou
através de seu sistema. — Você matou minha companheira e fugiu com meu
filho. — Zach rangeu entre os dentes cerrados.
— O quê? — Todo o ar em seus pulmões saiu correndo de sua boca
num suspiro. Seu peito estava apertado e ele não conseguia respirar.
— Se tivesse jeito, teria te matado no primeiro dia que o vi se mudar
para o dormitório, mas com seus pequenos guarda-costas caçadores, não
poderia fazer isso.
— Guarda-costas? — Kyle sacudiu a cabeça, sem saber do que Zach
estava falando.
— Não finja que não sabe do que estou falando. — O braço de Zach
disparou e socou Kyle no estômago. Ele inclinou-se, ofegante, enquanto Zach
ria dele. — Seu namorado mantém um olho muito perto em você.
Zach circulou Kyle e a necessidade de fugir guerreou com sua
necessidade de ajudar o amigo. Landen não movia um músculo desde que
Zach o derrubou.
— Namorado? — Kyle olhou por cima do ombro enquanto Zach
caminhou para ficar na frente dele.
Zach inclinou a cabeça de lado a lado, observando cuidadosamente o
rosto de Kyle. Lágrimas queimavam os olhos e uma escapou a correr pelo seu
rosto.
— Você realmente não sabe, não é? — A risada rouca de Zach ecoou
em seus ouvidos. — Oliver é um caçador. Não pensei assim no começo, mas
depois da festa, quando veio em seu socorro depois de eu o ter drogado, segui
vocês para casa. No meu caminho de volta para o dormitório, encontrei um
cara que parecia semelhante a Oliver. — Zach deu de ombros, seu lábio
superior se curvou em um sorriso.
— Você matou aquele aluno? — Kyle trouxe as mãos para cima para
descansar nos lados da cabeça. Sentia-se como a sua cabeça ia explodir. —
Você matou uma pessoa inocente.
— Matei. E fiz questão de deixar uma pequena mensagem para o seu
namorado se fosse o que eu suspeitava. — Com o olhar confuso de Kyle, Zach
explicou. — Arranquei sua perna esquerda. E como pensei, na manhã seguinte,
me sentei e vi quando a polícia analisava a cena, esperando para ver o que
acontecia, e eis que Oliver aparece, a maravilha de uma perna só. — Kyle se
encolheu com o insulto. — Então, meu palpite é que foram enviados para te
observar. Muito patético que um shifter lobo precise de uma babá.
Kyle deveria se sentir magoado e traído, mas no momento só poderia
ser grato. Se Oliver e Levi realmente eram caçadores, então foram a única
coisa que impediu esse cara de matá-lo. Se conseguisse sair dessa vivo, teria
uma longa conversa com Oliver.
— Então, você é a pessoa que matou a menina, também? — Kyle
começou a colocar tudo junto. A aluna havia sido encontrada perto da
biblioteca na noite em que esteve lá trabalhando até tarde. E Zach encontrou
Landen para lhe dizer que o treinador estava procurando por ele. O doidinho
estava lhe perseguindo.
Zach assentiu com a cabeça.
— Levei a mão direita em homenagem ao que pretendo fazer com a
sua. A mão que apertou o gatilho matando minha Sasha. Depois, há o cara de
hoje à noite. — Kyle piscou os olhos e olhou para ele. — Ah, você não sabia
sobre este? Aposto que seu namorado não queria assustá-lo. Por que outra
razão acha que iria deixá-lo sozinho?
— Você matou alguém? — Kyle deixou sua cabeça cair para frente
olhando para o chão. Quantas pessoas inocentes mais seriam mortas antes de
Zach exigir sua vingança? Kyle não podia continuar fugindo disso. Não podia
permitir que alguém mais se machucasse por sua causa. — Você é um
monstro.
A mão de Zach disparou para agarrar ao redor da garganta de Kyle.
Ele agarrou o pulso de Zach, tentando se libertar. Seu ar estava sendo
esmagado pela força do aperto de Zach.
— Talvez. — Zach inclinou para frente, até apenas a um centímetro
do rosto de Kyle. — Agora, antes de matá-lo, quero saber onde deixou o meu
filho.
— Nunca vou te dizer. — Kyle sacudiu a cabeça. Sua voz soava
áspera e estridente, enquanto tentava falar em torno do aperto em sua
garganta. Sua visão começou a desfocar e pontos negros dançavam sobre os
seus olhos. Kyle ficaria feliz em morrer antes de dizer a Zach onde Lucas
estava. Aquele menino merecia uma chance de ser criado sem ódio em sua
vida. Merecia ter uma infância normal.
Zach rosnou para ele e seu punho apertou. Pensamentos de sua nova
família passaram diante de seus olhos. Grams, Kelsey, Ian e Will. Eles o
haviam tomado e o fizeram parte de algo. Em seguida, houve Levi e Landen,
os amigos que nunca soube que precisava em sua vida. A última imagem que
flutuava na frente de sua mente, enquanto as luzes escureciam, era Oliver.
Seu rosto bonito e o jeito como franzia a testa para cada pequena coisa que o
incomodava. Mas havia também o mais raro dos sorrisos que teve a sorte de
ver. Se havia um céu e tivesse a sorte de ganhar a entrada, jurou que iria
esperar nos portões até Oliver voltar para ele, porque seu amor não iria
morrer.
Kyle desistiu da luta e deixou seu corpo ficar mole. Sentiu como se
estivesse sendo engolido num túnel de luz. Suas orelhas se contraíram com o
som de vozes e um pop alto. Mas Kyle não se importava. A luz quente o
engolfou e se permitiu cair nela.

Capítulo 20

A noite ficou mais escura e o vento apertou. Seguiram a trilha e ainda


não havia sinais de seu lobo assassino.
— Isso é impossível. — Levi guardou a arma e girou, com as mãos
para os lados. — Diabos, onde você está? — Ele gritou.
Oliver colocou a arma na parte de trás de sua calça, na cintura.
Entendia a frustração do amigo. Três corpos em menos de uma semana.
Roderick teria que ser avisado, porque ele e Levi não sabiam como proceder
ou tinham pistas sobre quem era este lobo. Inferno, por tudo que sabia, havia
mais do que um lobo por trás de tudo isso.
Abriu a boca, mas as palavras que estava prestes a dizer foram
interrompidas quando o som de um grito rasgou a noite.
— Ouviu isso? — Olhou para Levi, que assentiu.
— De onde vem? — Levi virou de lado a lado.
Oliver fechou os olhos e esperou. Os sons de rosnados e luta o
chamavam para a floresta escura. Enquanto empurrava galhos e a grama alta
fora de seu caminho, pensou que foi a pior ideia construir uma escola no meio
de uma floresta. O terreno irregular e a corrida faziam sua perna doer, mas
não parou. Estavam perto demais para desistir agora.
À distância, na frente deles, podia ver dois lobos lutando no chão.
Outro lobo, marrom, choramingava por perto. E, como que por magia, Oliver
observou o lobo marrom começar a mudar, e num piscar de olhos Kyle
apareceu. Ele estava implorando para o outro lobo.
Oliver começou a correr, mas Levi o puxou de volta.
— Deixe-me ir. — Ele rosnou.
— Precisamos manter o elemento surpresa. — Levi sussurrou em seu
ouvido. — Vamos chegar mais perto. Podemos derrubar o lobo com um tiro,
mas não podemos arriscar colocar Kyle ou o outro lobo em perigo.
Levi estava certo, mas, naquele momento, tudo que podia pensar era
em chegar a Kyle.
Eles se aproximaram, levando mais tempo do que gostaria. O lobo
cinzento mudou e se aproximou de Kyle. Oliver pensou que o homem parecia
um pouco familiar, mas estava escuro demais para ter certeza. Viu como o
corpo de seu amante balançou de medo e provavelmente de choque.
Podia ouvir as coisas que o homem estava dizendo para Kyle e se
encolheu. Essa pessoa sabia o que ele e Levi eram e contou para Kyle.
Também fez menção a Sasha e um bebê.
— Pelo menos ele sabe a verdade, agora. — Levi deu de ombros.
Oliver queria bater na cabeça de seu amigo, mas seria inútil. Não
importava que Kyle soubesse a verdade agora. Lidaria com isso mais tarde. A
principal coisa agora era subjugar este shifter. Ele confessou ter matado os
três estudantes no campus. Era motivo para eutanásia e pensou que seria
muito gentil, para este animal, ser sacrificado.
Então, o homem agarrou Kyle pela garganta e seus olhos se
arregalaram enquanto lutava para respirar. Oliver decolou e Levi o seguia de
perto.
— Deixe-o ir! — Oliver gritou quando puxou a arma da parte de trás
de suas calças.
O homem virou-se, mas não cedeu seu domínio sobre Kyle.
— Oh, quão doce é isso? — O homem riu. — Você veio para salvar o
seu pequeno lobo, mas está muito atrasado. — Sua mão apertava mais o
pescoço de Kyle.
Oliver nem hesitou. Levantou a arma e disparou um tiro.
— Não, não estou.
O corpo do shifter caiu no chão, com um único ferimento na testa.
Oliver correu para Kyle e puxou seu corpo inerte em seus braços. Procurou o
pulso e deu um suspiro de alívio quando o sentiu contra as pontas dos dedos.
— Oh, graças a Deus!
— Ele está vivo? — Levi perguntou quando se abaixou para verificar o
lobo branco. — Oh, merda.— Ele pulou para trás quando o lobo começou a
mudar.
Oliver levantou-se com Kyle em seus braços e caminhou até o amigo.
— Landen? — Levi olhou para o homem nu e de volta para Oliver.
— Eu disse que era um lobo. — Disse Oliver. Pelo que tinha ouvido,
Landen não estava envolvido na trama do outro lobo para matar Kyle.
— Oliver? — Os olhos de Landen correram entre os dois homens. —
Levi?
— Ei, cara. — Levi estendeu a mão para ajudar Landen. — Você tem
alguns cortes muito profundos em seu ombro. Vamos precisar limpá-los.
— O que está acontecendo? Quem são vocês?
— Caçadores e acabamos de salvar a sua bunda. — Oliver apertou
ainda mais o corpo de Kyle e caminhou de volta para a trilha pavimentada.
Conseguiram voltar para seu dormitório discretamente. Já era tarde e
uma grande parte do corpo discente estava em festas e ficando bêbado em
algum lugar comemorando a grande vitória ou já desmaiados. Levi dera a
Landen sua camisa para se cobrir, para não levantar muitas suspeitas se
passassem por estudantes sóbrios.
Em seu quarto, Oliver colocou Kyle na cama e o cobriu. Um
hematoma púrpura e azul forte no pescoço e arranhões longos e finos na testa
eram o único dano visível no corpo de Kyle.
Levi assumiu a tarefa de limpar Landen enquanto Oliver lhe fazia
algumas perguntas. Landen parecia perdido sobre o que acontecera com seu
amigo Zach. Disse que Zach e ele haviam se conhecido na faculdade, em
Idaho e já que Zach era um shifter como ele, ficaram juntos. Por ser uma
criança adotiva e não saber quem eram seus pais, Landen não conhecia
nenhum shifter. Na verdade, Zach foi o primeiro com que teve contato.
— Ele era um cara legal, quero dizer, de verdade. Estou chocado com
o que aconteceu esta noite. — A voz de Landen rachou e deixou cair uma
lágrima. — Ele matou aquelas pessoas e mataria Kyle. Isso é simplesmente
muito louco. — Landen olhou nervosamente para Oliver então para Levi. — É
verdade? São realmente caçadores?
— Sim. — Levi caminhou até Landen e descansou a mão em seu
ombro. — Mas não vamos matá-lo ou prendê-lo. Não praticamos mais essas
leis.
— Graças a Deus! — Landen deixou escapar um suspiro de alívio. —
Será que ele vai ficar bem? — Ele fez um sinal para Kyle.
— Eu espero. — Oliver respondeu tirando o cabelo de Kyle da testa.
— Vou ligar para a sua família, para levá-lo de volta para casa para se curar.
— Oliver olhou para Levi. — E chamar Roderick. Precisamos denunciar isso
para ele e para o Detetive Stanton.
— Vou começar a embalar as coisas. — Levi se dirigiu para seu
quarto.
— Embalalar? — Landen perguntou. — Aonde você vai?
— Precisamos informar à sede do Conselho. Vão querer saber disso.
Pode demorar alguns dias até que possamos voltar para a escola. —
Respondeu Levi, pois Oliver não conseguia afastar sua atenção de Kyle.
— Mas vão voltar? E Kyle?
— Não tenho certeza. — Oliver olhou para Landen. — Mas assim que
soubermos, vamos avisá-lo.
Oliver pegou seu telefone e primeiro chamou Roderick para explicar o
que aconteceu. Roderick iria informar ao irmão de Kyle e enviar um avião para
o pegar o mais breve possível. A próxima chamada de Oliver foi Stanton. Deu
a localização do corpo do homem e disse ao detetive que era o lobo que estava
procurando.
Oliver e Levi saíram para responder as perguntas de Stanton, e levou
mais tempo do que esperava. Quando voltaram, Kyle fora embora. Landen
disse que dois homens, Ian e Will, chegaram e o levaram de volta para casa.
Foi o melhor e Oliver sabia. Kyle precisava de tempo para se
recuperar. Mas assim que recebesse a notícia de que Kyle acordara e estava
pronto para vê-lo, Oliver estaria lá. Por muito tempo viveu a vida por suas
próprias regras, indo para onde o trabalho o levava, mas não mais. Finalmente
encontrou alguma coisa por que valia a pena viver, que não girava em torno
de vingança pela morte de seus pais.
Kyle era puro e doce. Também era a chance de Oliver de uma vida
normal, cheia de amor e felicidade. Já estava na hora dele conseguir seu
quinhão de ambos.

Capítulo 21

— Querido? — Kyle deixou de olhar a televisão quando sua avó


adotiva entrou na sala. — Como está se sentindo?
Kyle franziu os lábios enquanto pensava sobre isso. Claro, se sentia
melhor, mas havia uma dor persistente no peito. Estava em casa por uma
semana e não ouvira uma única palavra de Oliver. Seu coração estava
quebrando mais a cada dia que passava e Roderick se recusava a falar sobre
isso.
Roderick chegou uma noite depois que acordou e perguntou-lhe sobre
Zach. Kyle contou tudo o que Zach lhe disse. Que era companheiro de Sasha e
aquele bebezinho, Lucas, era seu filho. Kyle acreditava que com Sasha e Zach
mortos, Lucas estaria seguro agora.
Mas Kyle ainda sentia muita culpa pelos alunos que perderam suas
vidas. Três pessoas inocentes assassinadas e por quê? Pela necessidade de um
lobo enlouquecido se vingar contra ele.
A única coisa que Kyle se arrependia sobre a morte de Zach foi que
nunca descobriu o que ele lhe dera na noite da festa. Zach teve acesso a um
sedativo forte o suficiente para prejudicar a capacidade mental e física de um
shifter lobo. Roderick disse que era uma coisa muito assustadora e perigosa,
estar no mundo sem a menor ideia de quem o tinha e para o que planejavam
usá-lo. Se alguém como Roderick, forte e confiante, estava preocupado com
isso, então deviam ficar um pouco assustados.
— Ok, acho. — Kyle finalmente respondeu.
— Ainda sente falta daquele jovem? — Sua avó perguntou.
— Como sabe? — Ele sorriu para a mera menção de Oliver.
— Posso ser velha, mas não estou morta. — Ela passou a mão sobre
a sua cabeça. — Basta dar-lhe tempo, querido. Tenho certeza que ele
encontrará seu caminho de volta para você. — Ela piscou para ele e se
levantou. — Agora vou sair para ver Lucas. — Ela olhou para o relógio. — É
melhor me apressar. Eu disse a Kelsey que ia buscá-la no caminho. Vamos
jantar com Ethan e Holden esta noite. Ian e Will têm um encontro noite. — Ela
sussurrou, como se isso fosse um grande segredo, então balançou as
sobrancelhas. — Nós todos sabemos que é o código.
— Oh, isso é tão nojento. — Kyle levantou uma mão. — Por favor,
pare! — Ele começou a rir.
— Isso é o que eu queria ver. — Grams abaixou-se e beijou sua
bochecha. — nunca deve parar de sorrir, meu filho, e não deixe que o que
aquele bastardo louco fez mude quem você é. Pelo que me foi dito, o jovem
colocou uma bala entre os olhos dele. — Ela estalou os dedos. — Com uma
pontaria como essa, ele é um bom protetor.
— Sim, bem, vamos esperar que ele pense que preciso ser protegido.
— O sorriso saiu dos lábios de Kyle e ele sentou no sofá, puxando os joelhos
para si. Não queria pensar que o que tiveram foi falso, que Oliver apenas
fingira gostar dele, a fim de manter uma vigilância maior. O que
compartilhavam era muito real e forte. Não havia maneira de Oliver não o
amar, mas a dúvida era cruel.
— Não fale assim, Kyle. — A testa de Gram vincou em preocupação.
— Disse que Oliver era seu companheiro. Ainda acredita nisso?
— Sim, senhora. — Disse ele, sem dúvida.
— Então, acredite nisso e ele vai encontrar seu caminho de volta para
você. — Ela beijou sua bochecha mais uma vez e saiu pela porta lateral.
Ele ouviu a porta da garagem subir e descer. Depois a casa ficou em
silêncio. Cada pequeno som parecia ser ampliado, os estalos na casa, o vento
soprando contra as janelas, eo bater do pêndulo do grande relógio no corredor.
Os olhos de Kyle ficaram pesados e deitou-se no sofá. Colocou as
mãos sob o queixo e fechou os olhos. Oliver podia não estar aqui, mas o tinha
em seus sonhos.
Uma batida na porta deixou Kyle carrancudo. Foi acordado no melhor
de um sonho. Oliver o segurava com força depois que fizeram amor, seu corpo
ainda quente e pegajoso com sêmen, e beijos suaves roçaram sua bochecha.
Tudo foi arruinado pela batida na porta.
Kyle pulou no sofá, com a intenção de afastar a pessoa que se
atreveu a estragar seu sonho. Antes que estendesse a mão para a maçaneta
ajustou seu pau para o lado. Estava chateado por ser perturbado, mas não
queria ofender ninguém com o seu pau duro saltando em seus calções.
— Posso ajudar? — Kyle perguntou enquanto abria a porta. Seus
olhos se arregalaram com a visão em seu degrau da frente.
— Ei. — Oliver estava lá com as mãos nos bolsos.
Kyle se lançou para frente e passou os braços em volta do pescoço de
Oliver. Não podia acreditar em seus olhos. Era como se o seu sonho sobre
Oliver o trouxesse a Silver Creek, a sua porta da frente. Deu um passo para
trás para o olhar melhor. Parecia mais magro desde que o vira pela última vez.
Quando seus olhos percorreram seu peito, notou que a camisa de
estava um pouco solta, mas Kyle conhecia os músculos escondidos por trás do
tecido. Então olhou mais abaixo e sua boca se abriu.
— Você está vestindo shorts. — Ele olhou para Oliver. — Shorts! Você
está vestindo shorts. — O sol brilhava na prótese de metal logo abaixo do
joelho esquerdo de Oliver. Os olhos de Kyle se lançaram sobre a outra perna
de Oliver e a pele branca pálida se destacou sob o short preto de ginástica.
— Sim. — Uma tonalidade vermelho brilhante coloriu suas bochechas.
— Alguém disse uma vez que gostaria de ver a minha... Quais foram as
palavras? Ah, certo! Minhas pernas sexys. — Um sorriso iluminou o rosto de
Oliver, fazendo-o muito mais bonito de se olhar. — Posso entrar?
— Sim, por favor. — Kyle pegou a mão de Oliver e o levou para a
sala. Sentou-se no sofá e puxou Oliver. — Onde esteve? Por que não me ligou?
— A garganta de Kyle estava apertada de emoção, enquanto olhava para
Oliver. — Pensei que talvez não me quisesse mais.
— Você está louco? — Oliver puxou Kyle em seu colo e levou a mão
direita para a parte de trás de sua cabeça. Com uma leve pressão, trouxe os
lábios de Kyle para baixo e beijou o ar de seus pulmões. O roçar suave da
língua molhada fez o pau de Kyle endurecee e fechou os dedos nos ombros de
Oliver. — Sempre vou querê-lo.— Oliver disse descansando sua testa contra a
de Kyle.
— Então por que não ligou? — Kyle odiava o tom de súplica em sua
voz, mas não pode conter.
— Eu poderia mentir e dizer que foi porque estava ocupado com o
trabalho e cuidando de toda a situação de Zach, mas isso não é verdade. —
Oliver agarrou a mão de Kyle e entrelaçou seus dedos juntos. — A verdade é
que queria lhe dar algum tempo. Tempo para processar o fato de que sou um
caçador e, sim, me pediram para vigiá-lo. — Ele olhou para cima e manteve
Kyle cativo com seus olhos azuis claros. — Posso ter escondido essa
informação de você, mas isso não muda o que sinto. Amo você, Kyle Argent.
Essa é uma coisa em que não menti.
O queixo de Kyle tremia enquanto as lágrimas inundaram seus olhos.
Ele puxou a mão e enterrou o rosto no pescoço de Oliver e chorou. Soltou toda
a preocupação, estresse e medo que manteve à noite. Este homem tinha a
capacidade de arrumar o mundo de Kyle. E pensar que achou que Kyle ficaria
bravo com ele.
— Nunca duvidei que me amasse. — Kyle moveu seu corpo mais
próximo dos quadris de Oliver. — Eu o amo tanto que dói, Oliver. — Kyle
afastou-se um pouco para encontrar os olhos úmidos de Oliver. — Mas nunca
faça algo como isso novamente. Se precisar decolar por alguns dias para o
trabalho, diga-me. Ok?
— Posso fazer isso. — Oliver riu e puxou Kyle de volta em seus braços
fortes.
— Então, você é um caçador? — Kyle sentou-se e olhou para Oliver.
— Mas você é tão jovem. — Oliver era apenas um ano mais velho do que ele e
não conseguia entender por que seus pais permitiriam que seu filho jovem
participasse de um trabalho tão perigoso.
— É o que sou. — Oliver acenou com a cabeça.
— Mas por que você quer ser um? É muito arriscado. — Kyle odiava a
ideia de que o homem que amava colocasse sua vida em risco assim.
— Meus pais eram caçadores. — Explicou Oliver. — Eles me treinaram
desde que era apenas um garotinho. Como a maioria das crianças, queria ser
como eles. Ajudar a salvar o mundo, acho que poderia dizer. — O sorriso no
rosto de Oliver virou uma carranca. — Eles foram mortos durante a minha
primeira missão. Eu tinha quinze anos e estávamos rastreando uma matilha de
lobos. Fomos atacados e meus pais perderam a vida tentando me salvar.
— Eu sinto muito, Oliver.— Lágrimas brotaram nos olhos de Kyle.
Não podia imaginar ver seus pais serem mortos. Podia não se lembrar de seus
pais, mas sua perda foi muito menor do que Oliver tinha passado.
— Bebê, não é sua culpa. — Oliver colocou as mãos sobre o rosto de
Kyle. — Eu os amo e sinto falta deles todos os dias, mas não quero que seu
sacrifício seja em vão. É por isso que me tornei um caçador.
— Posso entender, acho. — Na verdade, não, mas aprendeu, depois
de viver com Sasha, que uma pessoa não podia forçar alguém a fazer o que
queria. A vida era sobre ter livre arbítrio e não exigiria que Oliver largasse o
emprego. Obviamente ele adorava e Kyle teve que admitir que estava fazendo
o bem. Kyle chegou para trás e passou a mão sobre o joelho esquerdo de
Oliver. — Foi assim que perdeu sua perna?
— Sim. — Oliver não disse mais nada. Puxou Kyle de volta para seu
peito e o segurou.
O silêncio foi se tornando demais e Kyle sabia que havia mais coisas
que precisavam falar, mas podiam esperar.
— Sei que há muito mais que precisamos falar, mas podemos adiar
isso por um pouco? — Kyle beijou a área sob a orelha de Oliver. — Realmente
quero que faça amor comigo.
— Posso fazer isso, mas preciso perguntar uma coisa. — Oliver correu
as mãos para cima e para baixo nas costas de Kyle, de forma suave. Kyle
assentiu. — Eu sou seu companheiro?
Kyle se endireitou, seus dedos roçando a camisa cinza fina de Oliver.
Mordiscou o lábio inferior. Por que ficou nervoso, não tinha a menor ideia.
Escondeu essa informação de Oliver, que escondeu coisas dele também. Mas
quando estava sentado lá nos braços de seu amante, não teve medo de
admitir a verdade.
— Sim. — Kyle soltou a camisa de Oliver e alisou as rugas. — Como
se sente sobre isso? Quero dizer, se sabe o que é isso?
— Eu sei.— Oliver pegou as mãos de Kyle e prendeu-as na sua. —
Sabia que os lobos tinham companheiros e tinha a esperança de que fosse o
seu, mas não tinha certeza. Sendo humano e tudo, e mesmo que seja um
caçador treinado em todas as coisas shifter, isto não me ajudou em nada. Tive
uma longa conversa com seu irmão, Ian, antes de vir para cá. Pediu para que
conversássemos antes que viesse vê-lo. Ele e Will me ajudaram a entender
isso.
Kyle queria rastejar debaixo do sofá e se esconder. Quão embaraçoso
isto eras? Depois que acordou, exigiu falar com Oliver. Ian e Will tentaram
acalmá-lo, mas isso só o fez ficar histérico. Assim que foi capaz de se acalmar
o suficiente para falar, disse a Ian que Oliver era seu companheiro. Ian não
vacilou ou disse qualquer coisa desanimadora no momento, razão pela qual
ficou surpreso que seu irmão sentou-se com Oliver.
— Não posso acreditar que ele fez isso. Sinto muito. — Kyle tentou
sair do colo de Oliver.
— Pare com isso. — Oliver apertou seus braços ao redor da cintura de
Kyle. — Ele é seu irmão e estava preocupado com você. Mas, sim, precisava
conversar comigo.
— Que conversa? — Ele arqueou uma sobrancelha.
— Aquela em que se eu o machucar ele vai me caçar e arrancar
minhas bolas.
— Oh! — Kyle estremeceu com o pensamento.
— Sim. — Um enorme sorriso curvou os lábios de Oliver.
— Ainda sinto muito por isso. Quem imaginaria que Ian poderia ser
tão violento. — Kyle riu. — Mas, na verdade, você está bem com a gente
sendo companheiros? — Os olhos de Kyle cairam para a gola da camisa de
Oliver.
— Kyle, olhe para mim. — Oliver colocou um dedo sob o queixo de
Kyle e ergueu o rosto para ele. — Está mais do que tudo bem comigo. Nunca
pensei que me apaixonaria e passaria minha vida com alguém. Mas então você
veio parecendo bonito e inocente, e encontrei-me querendo coisas que nunca
tive antes. Entendo que somos jovens e ainda estamos na faculdade, mas
quero isso. Tudo isso com você. Se passar todos os dias acordando com você
em meus braços e for para a cama todas as noites com você ao meu lado,
então posso morrer um homem feliz.
Lágrimas escorriam dos olhos de Kyle e ele não conseguia falar.
Isso tinha que ser a coisa mais doce e romântica que ouvira falar, e foi dita
para ele.
— Soa como um plano, então. — Kyle diminuiu a distância, inclinando
a boca sobre Oliver e o beijando intensamente.
Ele empurrou sua língua profundamente no calor úmido. O gosto de
menta e café tocou suas papilas gustativas. Chupou a língua de Oliver e
circulou seus quadris, moendo seu eixo duro em Oliver.
De repente, parecia muito quente para usar roupa. Pegou a bainha da
camisa de Oliver e puxou o suficiente para tirá-la sobre sua cabeça. Assim que
a camisa saiu, rapidamente se livrou da sua. Agora, pressionando peito nu
contra peito nu, a pele de Kyle esquentou mais. Seus dedos levemente se
arrastaram pelo peito de Oliver, excitando seus mamilos enquanto suas mãos
se moviam mais abaixo.
— Deus, senti tanto sua falta. — As mãos de Oliver moveram-se pelas
costas de Kyle e seguraram sua bunda em suas mãos grandes. Amassou os
globos firmes e Kyle gemeu contra seus lábios. — Não posso esperar para
estar dentro de você.
— Eu também não. — Kyle se mexia para cima e para baixo,
esfregando seu pênis ereto contra Oliver.
— Levante-se. — Oliver deu um tapa na nádega esquerda.
Saiu do colo de Oliver e se levantou. Antes que pudesse fazer isso
por si próprio, Oliver escorregou os dedos no cós da cueca e a puxou para
baixo. Seu pênis apareceu livre e bateu contra seu estômago.
— Você é tão bonito. — Oliver olhou do pau de Kyle até seu rosto. —
Volte para cá. — Kyle moveu-se para sentar-se no colo de Oliver, mas o aperto
duro de Oliver em sua cintura o impediu de se abaixar. — Suba aqui e fique no
sofá.
Kyle fez o que lhe foi dito. Suas pernas balançaram enquanto seu
pênis roçou nos lábios de Oliver. Naquela posição seu pênis estava na altura da
boca de Oliver e, sem aviso, ele entreabriu os lábios e sua língua lambeu a
ponta vazando.
As mãos de Oliver esfregaram de cima a baixo das pernas de Kyle
enquanto lambia a cabeça de seu pênis. Kyle balançou para frente, precisando
de mais. Finalmente, depois de revestir o pênis com saliva, Oliver o engoliu
inteiro.
— Uh! — Kyle grunhiu e seus dedos agarraram na parte de trás do
sofá. A boca quente úmida cercava seu pênis e os quadris de Kyle avançaram.
Oliver continuou a chupar seu pênis e tocar o corpo superaquecido de
Kyle. Um dedo se juntou ao pênis de Kyle na boca de Oliver, em seguida, um
dedo escorregadio molhado escorregou entre suas bochechas. Kyle gritou
quando o dedo violou sua abertura e foi profundo, mas não o suficiente.
Kyle balançou entre a boca quente de Oliver e o dedo o sondando.
Logo outro dedo juntou-se ao outro e suor começou a escorrer pelo peito de
Kyle e por trás. Sua bunda doía para ser preenchida.
— Por favor, Oliver. — Kyle passou os dedos pelo cabelo de Oliver. —
Preciso de você.
Oliver segurou seu olhar quando deslizou a boca para trás, liberando
seu pênis. Então puxou lentamente os dedos do canal apertado de Kyle.
— Você tem algum lubrificante? — Oliver perguntou.
— Sim. — Kyle pulou do sofá e virou-se para Oliver. — Não vá a
qualquer lugar. — Brincou.
— Não planejo isso. — Oliver sorriu quando puxou o calção para baixo
sobre os quadris e pelas pernas. — Agora se apresse.
Kyle se esforçou para desviar o olhar. Ele correu em direção ao seu
quarto e procurou debaixo do travesseiro pelo pequeno tubo de lubrificante
que escondeu lá. Em cada uma de suas sessões de masturbação, Oliver fora a
estrela, e agora teria a coisa real. Correu de volta para a sala e jogou o tubo
para Oliver, que o apanhou no ar, tirou a tampa e espremeu na mão. Ele olhou
para Kyle enquanto lubrificava seu pênis e fez um sinal com os dedos para
Kyle vir em sua direção. — Venha aqui, bebê.
Kyle ajoelhou-se sobre o colo de Oliver, baixou o peito e empurrou
sua bunda. Oliver capturou seus lábios em um beijo duro enquanto colocava
dois dedos na entrada de Kyle, que mordiscou os lábios de Oliver enquanto
cavalgava sua mão. Os dedos eram bons, mas não eram substitutos para a
coisa real.
— Agora, Oliver. Quero você dentro de mim. — Ele parecia tão
carente, mas não se importava.
Oliver tirou o dedo, usou uma mão para segurar a base de seu pênis,
e usou a outra para agarrar o quadril de Kyle, que abaixou-se até que a cabeça
sem corte passou por seu músculo apertado e seu corpo alargou para
acomodar o latejante pau. Kyle não parou até que sentou no colo de Oliver e
seus pelos pubianos fizeram cócegas na bunda de Kyle.
— Droga, nunca vou superar quão apertado você é. — Oliver sugou o
pescoço de Kyle, sem dúvida, deixando para trás uma marca. — Ou o
pensamento de saber que sou o único que esteve ou estará aqui dentro.—
Oliver apertou sua bunda com força. — Faz-me foder duro só de saber isso.
Os olhos de Kyle se fecharam e ele acenou com a cabeça. Adorava
isso também. Tinha esperado e preservou-se para seu verdadeiro amor, Oliver.
Oliver empurrou na bunda de Kyle e subiu, então Kyle abaixou-se
para o eixo duro saqueando seu traseiro.
Logo os movimentos de Kyle aceleraram e sua cabeça caiu para trás.
O som de suas peles molhada batendo juntas adicionou-se a sua excitação.
Suas bolas apertaram e podia sentir seu orgasmo se aproximando.
— Estou tão perto, bebê. — Oliver grunhiu enquanto se ergueu do
sofá para bater seu pau dura e profundamente em Kyle.
— Eu também. — Kyle gemeu. Abriu a boca enquanto seus dentes
começaram a alongar. Seu lobo queria reivindicar seu companheiro e Kyle
concordava totalmente com ele. — Oliver... — A voz de Kyle parecia
incompreensivel por causa dos dentes afiados que enchiam a boca.
Oliver moveu a mão até envolver em torno do pescoço de Kyle e
puxou para baixo em seus lábios. Beijou seu rosto e seus lábios. Então moveu
o rosto de Kyle para seu ombro.
— Faça isso, Kyle. Quero que faça.
Kyle lambeu ao longo da pele salgada e suada do ombro de Oliver,
que gemeu e seus quadris bateram dentro e fora de Kyle em um ritmo rápido.
Kyle envolveu sua mão ao redor de seu pênis pulsante e mordeu a carne de
Oliver. Quente, o gosto acobreado espirrou sobre sua língua e mordeu com
mais força. Queria que todos vissem que este homem lhe pertencia.
— Merda! Foda-se, Kyle! — Oliver gritou quando seu sêmen encheu o
canal de Kyle.
Kyle largou ombro de Oliver e se recostou longe o suficiente para
bombear seu pênis até que cordas quentes de sêmen pintaram o peito de
Oliver.
Quando toda a sua força se foi, Kyle caiu para frente, manchando seu
peito de gozo e suor.
— Amo você, Kyle. — Os braços de Oliver apertaram a sua volta.
— Também o amo. — Kyle esfregou a testa no pescoço de Oliver.
À medida que a satisfação de seu orgasmo lentamente desaparecia, o
mundo real desabou sobre ele. Sentou-se e passou o dedo sobre os lábios
inchados de Oliver.
— O que há de errado? — Perguntou Oliver.
— Quando tem que ir embora? — E quebrou seu coração ter que
perguntar, mas sabia que seria assim. Oliver era um caçador e tinha um
trabalho a fazer.
— Ir? — A testa de Oliver franziu. — Onde devo ir?
— Bem, você é um caçador. Imagino que não ficará aqui.
— Na verdade, sou um estudante antes de um caçador. — Oliver
sorriu. — E era um estudante da Campbell antes de ser designado para manter
um olho sobre você. — Os dedos de Oliver moviam-se em círculos preguiçosos
sobre suas coxas.
— Oh! — Kyle sugou seu lábio inferior e o mordeu. Sua cabeça
disparou pelo o que Oliver disse. — Era?
— Você pegou isso agora, né? — Oliver começou a rir, mas quando
Kyle não se juntou ele parou. — Fui transferido para Hemsworth para estar
perto de você. Roderick me disse que tomou a decisão de ir para a escola aqui
em Silver Creek. — Oliver deu de ombros. — Se você está aqui, então estou
aqui. Estamos destinados a ficar juntos e não vou lhe deixar fora da minha
vista.
— Promete? — Kyle se inclinou para frente para descansar a testa
contra Oliver.
— Prometo. Posso ser um caçador, mas você sempre virá em primeiro
lugar, Kyle.
— Gosto do som disso. — Kyle roçou os lábios sobre Oliver e sentou-
se. Algo o atingiu. — E quanto a Levi? Não vai sentir falta dele?
— Não terei a chance. — Oliver sorriu para ele. — Ele está se
transferindo para Hemsworth junto com Landen.
— Não diga! — Kyle sorriu tanto que pensou que seu rosto poderia se
dividir em dois. — Sério?
— Sim, na verdade... — Oliver explicou que Levi se recusou a ficar
separado dele, então ficou mais do que feliz em se transferir de escola.
Landen, por outro lado, pediu transferência porque queria estar perto de Kyle,
Levi e Oliver, mas também para que pudesse aprender mais sobre ser um
shifter lobo. Roderick tinha sugerido que se mudasse para Silver Creek para
frequentar a escola e se juntar a matilha Nehalem.
— Isso tudo parece bom demais para ser verdade. — Kyle passou os
dedos pelo cabelo de Oliver. — Sinto como se estivesse sonhando. Que bom!
Ai! — Kyle passou a mão sobre sua nádega esquerda, onde Oliver o beliscou.
— O que foi isso?
— Para provar que é real. — Oliver beijou Kyle. — Amo você, Kyle, e
é hora de termos a nosso pedaço de felicidade. — Ele revirou os olhos. —
Mesmo que isso signifique ter que lidar com Landen andando por aí.
— Oliver! — Kyle levemente beliscou Oliver no braço. — Você gosta
de Landen. Apenas admita. Ele chegou a você.
Oliver se moveu e rolou para cima de Kyle, que riu e se mexeu
debaixo do corpo maior de Oliver.
— Talvez apenas um pouco. Tenho que dizer, saber que pulou na
frente de Zach para salvar você faz uma grande diferença.
— Sim, ele fez isso. — Kyle ainda fechava os olhos e via Landen
empurrando-o fora do caminho, tentando protegê-lo de Zach. Seu amigo
provou o quão corajoso era. Landen era um lobo bom e se encaixaria
perfeitamente com o resto da matilha Nehalem.
— Ok, chega de falar sobre os nossos amigos. — Ele beijou Kyle na
testa. — Que tal me mostrar o seu quarto? — Kyle riu enquanto Oliver
balançava as sobrancelhas para ele.
— Não há nada que eu adoraria mais fazer. — Kyle levou Oliver ao
seu quarto com um sorriso no rosto. Tanta coisa havia mudado em sua vida
nas últimas seis semanas. Algumas ruins, algumas boas, outras grandes e
sabia que algumas das melhores ainda estavam por vir. Ter Oliver em sua vida
significava que nunca se sentiria sozinho de novo, e amar esse homem fazia
dele a pessoa mais sortuda do mundo inteiro.

FIM

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