Seção eStiloS muSicaiS: percuSSão

SuplemeNto muSical

4 Percussão corporal

Yurê Abondanza Kuhlmann

Acompanhamento e Revisão Pedagógica

Chico Santana

ASSOCIAÇÃO AMIGOS DO

ORGANIZAÇÃO SOCIAL DE CULTURA

 1 SÍNTESE E CONTEXTUALIZAÇÃO DE LIVROS E CDs

1 Contextualização do suplemento xx
1.1 Introdução/Justificativa xx 1.1 Introdução/Justificativa
2 apliCações em atividades musiCais xx
Este suplemento se propõe a oferecer ferramentas para o ensino de técnicas e criação de
2.1 Proposta 1: Levando a técnica como uma brincadeira XX arranjos e composições na área da Percussão Corporal.
2.1.1 Atividade 1: Ensinando as levadas XX A Percussão Corporal é uma ferramenta poderosa para o aprendizado da rítmica. Por ser uma
atividade corporal, ela auxilia na interiorização das sensações das estruturas rítmicas.
2.2 Proposta 2: Arranjos e composições XX Uma passagem importante em todo aprendizado de um código de escrita é a introspecção do
código. Quando lemos palavras, não lemos mais como no inicio do aprendizado, onde tínhamos
2.2.1 Atividade 1: Mapeando a estrutura temática de uma canção XX que construir a palavra na cabeça, lentamente, através da decodificação de cada fonema que
a constitui. Hoje, com uma rápida batida de olho, identificamos toda a palavra, mesmo se
2.2.2 Atividade 2: Criando um arranjo XX estiver faltando uma letra ou a ordem das letras não for a correta.
Na leitura musical, temos que desenvolver esta mesma facilidade de leitura e, para isso,
2.2.3 Atividade 3: Criando contrapontos rítmicos XX precisamos ter o contato mais íntimo possível com o código. Temos que identificar as diversas
“palavras” do âmbito musical.
2.2.4 Atividade 4: Compondo com os alunos XX Na rítmica nossas palavras nada mais são do que as células rítmicas, e para interiorizá-
las temos que memorizar a sensação da estrutura. Veja que não usei o termo som, pois a
2.2.5 Atividade 5: Repertório XX estrutura rítmica é apenas uma parte do som. Este elemento é percebido mais como uma
sensação de movimento do que como uma sensação sonora, tempo é movimento.
3 AfERIção dos REsuLtAdos XX Nas atividades corporais, podemos perceber melhor essa sensação, esse movimento. O
aprendizado torna-se mais concreto.
4 AtIvIdAdE PARA CAsA XX
5 REfERênCIAs CoMPLEMEntAREs XX
6 GLossáRIo XX
7 anexos xx

Objetivo geral Objetivos específicos

Ampliar a percepção dos alunos para
os aspectos melódicos e rítmicos da Desenvolver técnicas de Percussão Corporal
música, instrumentalizando-os para o utilizando levadas rítmicas;
desenvolvimento de uma musicalidade Oferecer técnicas para montagem de arranjos para
mais orgânica através da Percussão Percussão Corporal e Voz;
Corporal e do canto.
Oferecer técnicas para criação de peças para
Yurê Abondanza Kuhlmann Percussão Corporal.
Iniciou seus estudos 1989 com sua mãe Wilma Abondanza. Teve uma forte formação em Percussão,
especialmente a Percussão Erudita, passando pelos conceituados cursos da ULM e da EMM-SP e por
Festivais como os de Campos do Jordão e Festival Eleazar de Carvalho. É um estudioso do campo da
Percussão Corporal desde 2000 quando fez seu primeiro curso na área. Desenvolveu diversos trabalhos
com públicos variados, de crianças à adultos, incluindo pessoas com deficiência visual.
Atualmente trabalha na Sede da AAPG e ministra cursos e workshops de Percussão Corporal.

E-mail: percussaocorporal@gmail.com

São Paulo I SETEMBRO I 2010

Percussão corporal 0 Yurê Abondanza Kuhlmann 1
 2 APLICAÇÕES EM ATIVIDADES MUSICAIS 2.2 Proposta 2: Arranjos e composições

Descrição geral da proposta:

materiais necessários:
2.1 Proposta 1: Levando a técnica como uma brincadeira
Apresento atividades para auxiliar a elaboração de arranjos
e composições para Percussão Corporal. Lousa, giz e apagador.

Descrição geral da proposta:

materiais necessários:
Utilizando levadas rítmicas para o desenvolvimento da Percussão Corporal, organização dos alunos para as aulas:
podemos abordar as dificuldades técnicas de forma lúdica. Lousa, giz e apagador.

Organize a sala de forma que os alunos visualizem você e a lousa.

Assim que seus alunos estiverem executando alguma levada numa velocidade conveniente, você pode inserir alguma
organização dos alunos para as aulas: melodia para que eles cantem enquanto a executam. Deixe que brinquem com esse desafio.
Mas lembre-se, uma melodia tocada do começo ao fim com uma mesma levada funciona como exercício, mas, pode ficar
Organize a sala de forma que os alunos visualizem você e a lousa. cansativa para o público e para os alunos em repertório de apresentação. Além disso, a peça pode ter momentos mais
complexos, onde a execução das duas atividades simultâneas pode se tornar algo de difícil realização.
Para não criar um arranjo cansativo tanto física quanto sonoramente, sugiro que você trabalhe as atividades a seguir.

2.1.1 Atividade 1: Ensinando as levadas

duração: 2 a 3 aulas por levada

Escreva a levada que quer ensinar a eles (Item 7.1) de forma clara na lousa, não
esquecendo de colocar a legenda, a não ser que seus alunos já estejam familiarizados
2.2.1 Atividade 1: Mapeando a estrutura temática de uma canção
com a mesma.
Antes do trabalho corporal, lembre-se de fazer aquecimentos e alongamentos com os alunos.
Se ainda não tiver trabalhado com o conceito de manulação, explique-lhes de forma breve e duração: 1 ou 2 aulas por canção
sucinta, caso não conheça este termo ele se encontra em nosso glossário (Item 6). importante
Inicie a execução de forma bem lenta. Será mais fácil manter o andamento da turma se você Reveze as atividades com
contar as subdivisões do tempo do que se contar as unidades de tempo. Nosso metabolismo os alunos sentados e em Antes de mapear a estrutura, vamos esclarecer os conceitos de forma e estrutura na música.
possui uma pulsação natural que varia de pessoa para pessoa, momento para momento, mas pé. Para atividades com A música é um discurso sonoro que tem começo meio e fim. Esse discurso é estruturado por frases e sentenças. Se um discurso
que fica sempre em torno de 120bpm. Quaisquer ritmos executados abaixo dessa faixa têm a os alunos em pé, privilegie possuir poucas sentenças, ele será fraco em conteúdo. No entanto, se uma peça possuir uma superabundância de ideias e elas não
tendência de se acelerar. o uso de estalos de dedo. forem “amarradas” de forma coesa, teremos uma sensação de estarmos ouvindo um discurso enfadonho, o famoso “bla bla bla” onde
Contando as subdivisões individualmente, também há uma maior facilidade em apontar aos Para atividades sentadas, se fala muito e não se diz nada.
alunos quaisquer pontos da execução que precisem corrigir ou colocar maior atenção. Por substitua os estalos por Um discurso bem feito deve apresentar as ideias de forma clara, repetindo-se os conceitos principais para que faça sentido. A mera
exemplo, é bem mais fácil para o aluno se você disser “Preste atenção na manulação – no um palmadas nas coxas, repetição é uma opção, mas também deixa um discurso cansativo. Então, o interessante é apresentar os mesmos conceitos várias
você estalou o dedo da mão direita, então no dois você bate na coxa com a mão esquerda” do pois o estalo exige uma vezes, mas com alguma mudança na forma ou entonação. No discurso musical isso também é importante.
que dizer “No primeiro tempo você executou um estalo de dedos com a mão direita e na segunda musculatura específica que Outro recurso para enriquecer um discurso musical é a utilização do contraste.
semicolcheia...”. a maioria dos alunos não
tem desenvolvida, tornando Uma sentença musical é formada por duas ou mais frases que, em geral, apresentam um formato que chamamos de pergunta e
Quando perceber que a classe toda está realizando o ritmo de forma lenta e correta, antes de
sua execução cansativa resposta, pois uma delas cria uma preparação para a outra.
acelerar peça para que seus alunos executem a levada contando a subdivisão em voz alta.
depois de algum tempo de Estudar as formas e estruturas é a principal dica que dou para pessoas que querem compor para percussão, e utilizo o termo compor de
Quando eles tiverem conseguido, você pode fazer alguns exercícios para ajudá-los a interiorizar
atividade. forma ampla, abarcando desde uma linha de acompanhamento até uma peça específica para instrumentos não melódicos de percussão.
o tempo e suas subdivisões. Por exemplo, eles podem marcar os tempos com os pés enquanto
em voz alta contam a suas subdivisões. Podem mexer seus corpos como se fossem pêndulos de
metrônomo. Enfim, crie brincadeiras e desafios em torno da levada da pulsação e de
suas subdivisões.
É importante deixar que o estudo da levada, mesmo enquanto estiver lento, seja algo divertido,
caso contrário os alunos ficarão muito ansiosos para acelerar e podem criar vícios de
movimentos errados, que são bem difíceis de serem corrigidos.

2 Percussão corporal 0 Yurê Abondanza Kuhlmann 3

 Vamos analisar a canção folclórica “Peixinhos do Mar”.
Esta, como muitas canções folclóricas, adota uma estrutura muito simples, que é a estrutura binária, ou
seja, possui duas seções distintas (A e B), contrastantes.
2.2.2 Atividade 2: Criando um arranjo
Cada seção possui duas sentenças e cada sentença é constituída por uma ou duas frases.
duração: 1 ou 2 aulas por arranjo

Seção a Baseados na estrutura temática, podemos montar um arranjo para a percussão.

Primeira Sentença: Acompanhe o arranjo que criei para “Peixinhos do mar” (Item 7.2).
Utilizei para este arranjo dois elementos muito simples de Percussão Corporal: as palmas tradicionais da capoeira e uma levada
Frase Inicial baseada no toque do pandeiro.
Em vez de colocar a percussão logo de início, resolvi inseri-la como se fosse uma resposta à primeira frase:

Segunda Frase

Seção a:
Na segunda sentença, na frase inicial, mantenho a levada de forma constante.

A segunda frase geralmente é uma resposta da primeira, mas no caso desta sentença a segunda frase é uma
reafirmação da primeira, ou seja, é idêntica a ela.

Segunda sentença: E na sua resposta, assim como na frase melódica, apenas resolvo a frase.

Frase inicial

Frase resposta Seção B:

Na Seção B apresento a primeira frase sem a percussão e, na repetição, insiro as palmas.

Nesta sentença, as frases são quase idênticas, mas repare como a frase inicial fica em suspensão, que é
resolvida na frase de resposta.

Seção B
As duas sentenças da Seção B possuem frases sem a característica de pergunta e resposta, mas de
reafirmação. São elas:
Na segunda frase, faço algumas intervenções na sua apresentação.
Frase da primeira sentença

Observe que apresento os

mesmos elementos várias
vezes, com mudanças na forma
Na repetição, insiro as duas linhas de percussão, para o arranjo ganhar força na parte final.
de apresentação. Assim deixei o
Frase da segunda sentença discurso musical mais atraente,
sem criar muita dificuldade
para sua execução.

4 Percussão corporal 0 Yurê Abondanza Kuhlmann 5

 momento 2 - criando estruturas novas através da mudança da condução
2.2.3 Atividade 3: Criando contrapontos rítmicos Podemos criar divertidos exercícios e interessantes formas sonoras se alterarmos a estrutura da condução de uma determinada
levada. Vejamos:
Podemos fazer uma levada de Pop, como apresentada no Item 7.1, ou podemos fazê-la simplificando sua condução, ou seja,
fazendo-a em colcheias em vez de semicolcheias:
duração: 1 ou 2 aulas por arranjo

Da mesma forma que estudamos e brincamos com a estrutura de algumas músicas, na atividade anterior podemos brincar também
com as estruturas que formam a própria levada. Assim criamos variações delas, enriquecendo ou simplificando-as.
Você pode encontrar a estrutura de muitos ritmos descritas em métodos de percussão popular ou bateria, e até em alguns CDs.
e podemos adotar diversas estruturas de condução. Como nos exemplos abaixo:
Dou algumas referências (Item 5), para que possa criar estudos semelhantes aos que deixarei como exemplo.

momento 1 - Separando os elementos da levada

Comecemos com o ritmo do baião.
Os três instrumentos de percussão característicos do baião são: a zabumba, o triângulo e o agogô. E as suas linhas base são:
Este exercício é muito rico para trabalhar a fixação da sensação rítmica dessas células.
Zabumba Da mesma forma que na atividade anterior, você pode complementar a brincadeira com a criação de arranjos que utilizem estas
diferentes células novas.

Triângulo momento 3 - alterando a marcação

Além de alterarmos a condução de uma determinada levada, podemos brincar de alterar, por exemplo, sua condução.
A marcação essencial do samba é feita por um surdo, em que o segundo tempo é acentuado, em vez do primeiro, como na
maioria dos ritmos.
Se fizermos apenas a levada assim como foi apresentada no Item 7.1, identificaremos o samba, mas ele soará muito pobre
em elementos.
Agogô Podemos melhorar este samba se criarmos nele a sensação de acentuação no segundo tempo.
Podemos fazer isso de diversas formas, acentuando simplesmente. O que não aconselho, pois, como se trata de Percussão
Corporal, uma batida mais forte no corpo pode acabar machucando. Então uma forma mais eficiente é alterarmos os timbres
utilizados. Experimente tocar o samba dessa forma:

A primeira atividade que você deve fazer com os alunos é apresentar estes três elementos e tentar executá-los individualmente.
Lembre-se que é importante você escrever os ritmos na lousa e guiar seus alunos na leitura dos mesmos.

Reveze os grupos para que todos possam sentir os “papéis” cumpridos por cada um desses “instrumentos”.
Acompanhe os alunos na sequência abaixo. Além de ajudar na execução de suas partes, você vai instigá-los ao estudo dessa levada. Veja: estamos variando entre o som produzido percutindo a barriga e o peito. Como o som do peito é mais encorpado, temos
a sensação sonora desejada. Podemos também usar um som de palma mais grave no lugar de percutir a barriga. Este som
de palma grave é obtido quando batemos palma com as duas mãos em forma de concha. Sua escrita é a seguinte:

Você pode usar cada um desses elementos e até mesmo a levada
mais completa como elementos para a criação de arranjos.
importante:
Inicie seu trabalho com a leitura destas células
rítmicas. Como estes trechos são muito pequenos
e já estão enraizados na nossa cultura, seus alunos
vão decorá-los muito rápido. Então, se perder esta
oportunidade inicial de jogar-lhes o desafio da Partindo desta levada, podemos dar um charme a mais, substituindo a segunda palma grave por uma palma aguda, assim:
leitura, não vai tê-la novamente.

6 Percussão corporal 0 Yurê Abondanza Kuhlmann 7

 E ainda mais assim: Vou tomar emprestados os termos “melodia” e “notas do contexto melódico” e empregá-los no contexto timbrístico, para tornar
mais simples a explicação desta estrutura.
Pois bem, cada executante fará uma certa sequencia de “notas” do começo ao fim da peça, ou seja, cada um terá sua melodia
particular, mas de tempos em tempos haverá uma troca do desenho rítmico, no qual essas notas são executadas.
São quatro melodias e quatro desenhos rítmicos que se revezam e se intercalam.
Vejamos esses desenhos e a forma como se apresentam:
Ou seja. Podemos brincar com os diversos elementos que compõem uma levada e, com isso, criarmos uma infinita
gama de texturas sonoras para compor nossos arranjos. Se você não é percussionista, procure conhecer bem os Desenhos rítmicos:
ritmos que vai trabalhar e fique com o ouvido atento para perceber se não está descaracterizando um ritmo. A B C D

Desenhos “melódicos”:
1 2 3 4

2.2.4 Atividade 4: Compondo com os alunos

Desta forma podemos descrever a estrutura da peça assim:

duração: 2 a 4 aulas por composição
A A A A A B B B B B C
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Da mesma forma que criou arranjos com estruturas temáticas e com montagem e desmontagem das estruturas das B B B B C C C C D
levadas, você também pode criar peças para Percussão trabalhando com estas mesmas técnicas. 2 2 2 2 2 2 2 2 2
C C C D D A D
3 3 3 3 3 3 3
Vamos analisar juntos a estrutura de duas composições minhas (Itens 7.3 e 7.4) como exemplos. Começaremos com
D A D A A A A A B
uma peça cuja estrutura é, além de simples, facilmente visualizável. 4 4 4 4 4 4 4 4 4

iNtercalaNDo C C C D D A B C D D
A estrutura dela é baseada na peça “Wart Hog #3”, de Austin Wrinkle. 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
D A D A A A A A A B C D
É uma estrutura minimalista, que utiliza quatro temas que se intercalam entre os músicos sem mudar sua ordem. No 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
entanto, como cada linha tem instrumentos variados, você ouve resultados diferentes em cada rodada. A A A A A B B B B A B B C D
Essa peça é interessante para iniciantes, já que tem apenas quatro temas, que são executados por todos. 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
Portanto, como primeira fase, sugiro o estudo de cada tema por todos os executantes. B B B B C C C A B C C D
4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4
Em seguida, um tema após o outro com a devida repetição.
Depois de incorporadas as repetições, trabalhe os oito primeiros compassos diversas vezes, revezando os executantes,
e finalmente revele a estrutura da peça. A peça termina com um compasso adicional, em que cada executante produz uma nota associada a uma pose
Executante 1: a a a D – a a a a – a B B B – a a c c – a B c D – D performática a escolher.
Executante 2: a a a a – a B B B – a a c c – a a a D – a B c D – a
Executante 3: a a c c – a a a D – a a a a – a B B B – a B c D – c Você pode utilizar estas estruturas temáticas para construir uma composição com seus alunos. Apenas observe que a estrutura
Executante 4: a B B B – a a c c – a a a D – a a a a – a B c D – B da “Quatro por Quatro” exige temas que tenham o mesmo número de notas.

atenção: No gráfico acima não indiquei as repetições.

Quatro por Quatro

Quando descobri a riqueza de sonoridades da peça de Austin Wrinkle, fiquei encantado.
Em uma estrutura simples ele conseguia produzir uma grande gama de sonoridades, pois circulando esses temas por
diferentes timbres era possível manter uma identidade sonora na peça (a rítmica era igual em todas as rodadas) e ao
mesmo tempo ter sonoridades novas a cada momento.
Pensando nesse resultado interessante, criei uma estrutura nova, na qual trabalhava com este mesmo conceito: O
elemento comum era a estrutura rítmica das frases, e o elemento novo era o que chamo de “melodia de timbres”.

8 Percussão corporal 0 Yurê Abondanza Kuhlmann 9

 2.2.5 Atividade 5: Repertório 5 REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

duração: 2 a 6 aula por peça BARADEL, Ciça. Coral Bem-te-vi: 5 anos de cantoria e
emoções. [Material não editado]. Campinas: EESG Prof.
Carlos Lencastre, [199?].
“Embalada”
BENNETT, Roy. Forma e estrutura na música. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 1986. (Cadernos de música da
Transcrição, para Percussão Corporal, da obra “Embalatas”, de minha autoria, escrita originalmente para latas e mesa.
Universidade de Cambridge).
Nível médio (Item 7.5).
COLARES, Ari. Percussão: etapa I ritmos brasileiros.
“Metamorfose” [Material não editado]. São Paulo: Projeto Guri, 2005.
Trio também de minha autoria para Percussão Corporal. Nível avançado (Item 7.6).
FRUNGILLO, Mário D. Dicionário de Percussão. São Paulo:
Editora Unesp, 2003.
GOMES, Neide Rodrigues, RUZANOWSKI, Esmeralda B.
Brasil, música e folclore: coletânea de temas populares e
folclóricos, arranjados para corais a duas vozes. São Paulo:
EDART, 1982. (Biblioteca do Folclore).
cDS/ DVDS
BARBATUQUES. O corpo do som. Produzido por Rodrigo Fonseca.
Manaus: MCD World Music, 2002. 1 CD, digital, estéreo.
BARBATUQUES. O corpo do som ao vivo: indivíduo corpo coletivo.
Direção artística Edu Ppupo. São Paulo: MCD World Music, 2007.
1 DVD (92 min.), sonoro, digital. Legendado Português/Inglês/
Espanhol/Francês.
MAWACA. Mawaca. São Paulo: Azul Music, 1997. 1 CD, digital,
estéreo.
TERRY, Keith. Body music with Keith Terry: part one. Oakland,
CA,: Crosspulse Media, 2002. 1 DVD (45 min.), sonoro, digital.
TERRY, Keith. Body music with Keith Terry: part two. Oakland,
CA,: Crosspulse Media, 2007. 1 DVD (75 min.), sonoro, digital.

POZZOLI.Guia teórico-prático para ensino do ditado

musical: partes I e II. São Paulo: Ricordi, 1983.

3 MODO DE AFERIÇÃO DOS RESULTADOS ROCCA, Edgard Nunes. Ritmos brasileiros e seus
instrumentos de percussão: com adaptação para bateria. SiteS
São Paulo: EBM, 1986. BANDA ÁRABE LAIELI ALMAZA. Instrumentos: Maqsoum.
SÁ, Renato de. 211 levadas rítmicas para violão, piano e Disponível em: <http://www.laielialmaza.com.br/meio_i.htm>.
outros instrumentos. São Paulo: Irmãos Vitale, 2002. Acesso em: 16 fev. 2007.
A aferição de resultados deve ser feita durante a realização das atividades, considerando o envolvimento
e a concentração de cada aluno, bem como a disposição para realizar cada proposta. Repare se houve um HARRIS DUM-TAK. Maqsoum 4/4. Disponível em:
STADLER, Werner. Latin rhythmen. Hallein: Stadler, [198?].
desenvolvimento da corporeidade e assimilação dos padrões rítmicos. <http://dumtak.de/dumtak/magsum.htm>.
Atenção para o entrosamento durante a execução das atividades; repare se os alunos estão se ouvindo. TARCHA, Carlos. Técnica de duas baquetas para teclado de Acesso em: 16 fev. 2007.
Nas atividades de análise, avalie a atenção do aluno e sua participação nas discussões. Na parte de percussão: marimba, vibrafone, xilofone e glockenspiel.
São Paulo. [Tese de Mestrado em Artes (Música), ECA- YOUTUBE. Israeli Dance Nigun Atik. Disponível em:
criação, repare no envolvimento do aluno, independentemente do resultado. http://www.youtube.comwatch?v=CLH4QW91MqU.
USP], 1997.
Acesso em: 16 fev. 2007.
TULBOVITZ, Sergio. Clínica de percussion cubana:
desarrollo ritmicoy técnico em congas. Montevideo:
Tulbovitz. [199?].

4 ATIVIDADE PARA CASA

Peça para seus alunos fazerem uma pesquisa com as variadas possibilidades de timbres que podem
tirar do corpo. Se forem várias turmas, você pode dividir o exercício por temas. Por exemplo, uma classe
pesquisa as variações da palma, outra procura diferentes timbres de assovios, outra sons de boca etc.

10 Percussão corporal 0 Yurê Abondanza Kuhlmann 11

 6 GLOSSÁRIO 7 ANEXOS

condução: Sons sutis que preenchem o intervalo entre as notas fundamentais de uma levada. Pode ser chamado
também de condução.

manulação: A determinação da mão que vai produzir o som, o padrão básico da manulação é o revezamento das
mãos. A manulação é indicada na partitura pelas letras “d” e “e” grafadas abaixo das figuras. 7.1 Levadas
Veja exemplos de grafia da manulação:

Figura 1) Manulação completa Figura 2) Manulação simplificada Levadas com sons de peito, palma e estalo de dedos

POP SAMBA

Veja este outro exemplo.

BAIÃO FUNK
Figura 3) Manulação completa Figura 4) Manulação simplificada

legenda
CAPOEIRA PARTIDO ALTO
Pé - Batida do pé no chão

Em alguns exercícios mais complexos, adotei a manulação completa, pois esta é mais segura que a outra. Peito - Mão espalmada no peito
Barriga - Mão espalmada na barriga
Sempre devemos estudar, pelo menos, duas manulações de um mesmo exercício, pois toda a manulação pode ser Coxa - Palmada na coxa
invertida, ou seja, o que era feito pela mão esquerda passará a ser feito com a direita e vice-versa. Repare que sempre MAMBO IJEXÁ Estalo - Estalo de dedos
descrevi as duas opções.
Palma de preenchimento - Palma na base da mão
Palma - Som genérico
minimalista: Estilo musical baseado em estruturas temáticas pequenas que sofrem alterações “mínimas”.
Palma aguda - Dedos unidos contra a palma
da mão, produzindo som agudo
Palma grave - Palma contra palma, ambas em
Gumboots: A dança gumboots integra sapateados, palmas, percussão vocal, cantos, coreografias e é executada por forma de concha, produzindo som grave
dançarinos vestindo botas de borracha enfeitadas com sinos. Essa tradição nasceu na África do Sul durante o trabalho BARRAVENTO XOTE
Palma invertida - Palma de uma mão contra as
de mineradores que criavam códigos a partir destes diferentes sons para se comunicar a uma pessoa distante. “costas” da outra mão
Top - Palma contra os dedos unidos em forma
de copo
Stepping: Forma de sapateado que nasceu em comunidades afro-americanas com base em tradições Africanas.
Palma estrela - Palma contra palma, com as
duas mãos bem esticadas, som vigoroso
Hambone: Estilo tradicional afro-americano de música corporal que vem da época da escravidão, quando os escravos MARACATU MARACAFUNK Pop - Estalo gerado em movimento de dentro para
perderam a permissão para tocar seus tambores, eles adaptaram para o corpo seus ritmos para expressar suas ideias fora de um dos dedos que se
encontra dentro da boca
musicais.”
Boca aguda - Som gerado com o estalar da
língua, com sonoridade aguda obtida com
boca em “A”
Boca grave - Idem ao anterior, porém com
sonoridade grave obtida com boca em “O”

12 Percussão corporal 0 Yurê Abondanza Kuhlmann 13

 7.2 “Peixinhos do mar” 7.3 “Intercalando”

Folclore mineiro. Percussão Corporal de Yurê (Versão para percussão corporal)

Dedicado à minha primeira professora: Mãe
Yurê

14 Percussão corporal 0 Yurê Abondanza Kuhlmann 15

 “Intercalando” “Intercalando”

16 Percussão corporal 0 Yurê Abondanza Kuhlmann 17

 “Intercalando” 7.4 “Quatro por quatro”

Para Kiko Andrioli

Yurê

18 Percussão corporal 0 Yurê Abondanza Kuhlmann 19

 “Quatro por quatro” “Quatro por quatro”

Yurê Yurê

20 Percussão corporal 0 Yurê Abondanza Kuhlmann 21

 “Quatro por quatro” 7.5 “Embalada”

Yurê (versão em percussão corporal da peça “Embalatas”)

22 Percussão corporal 0 Yurê Abondanza Kuhlmann 23

 “Embalada” “Embalada”

24 Percussão corporal 0 Yurê Abondanza Kuhlmann 25

 “Embalada” “Embalada”

26 Percussão corporal 0 Yurê Abondanza Kuhlmann 27

 “Embalada” 7.6 “Metamorfoses”

Para os meus amigos do Repercussão

Yurê

Repetir quatro vezes cada compasso. Não repetir o último.

28 Percussão corporal 0 Yurê Abondanza Kuhlmann 29

 “Metamorfoses”

30 Percussão corporal 0 Yurê Abondanza Kuhlmann 31

32 Percussão corporal 0 Yurê Abondanza Kuhlmann 25