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Dedico este trabalho ao meu esposo Maurício, pela paciência,

sabedoria e suporte. Como li em algum lugar, “Sonho que se sonha


só é apenas um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha
junto é realidade”.

Aos meus pais, Kátia e Joel, que se entregaram por inteiro para que
eu pudesse estudar, mesmo quando foi muito difícil. Obrigada!

iii
Agradecimentos À Deus, que me surpreende com oportunidades maravilhosas,
mesmo quando as circunstâncias não parecem favoráveis. Este
mestrado foi uma delas.

Ao professor António Salgado, por sua atenção e incentivo, para


que eu me deslocasse do meu país de origem para os estudos em
sua classe na ESMAE. Seu apoio e ensinamentos técnicos foram
primordiais para a experiência do mestrado como um todo.

Ao pianista Angel González, pela colaboração e disponibilidade na


preparação do recital.

Ao barítono Lício Bruno, co-orientador deste trabalho, por sua


generosidade e disponibilidade. Me sinto honrada pela colaboração
de um artista da sua grandeza.

Ao professor Lenine Santos, mestre apaixonado pela canção


brasileira, pela ajuda com o tema, partituras e tantos outros
conselhos sobre como encaminhar a execução deste trabalho.

iv
Resumo Este trabalho consiste na organização da obra para canto solo
do compositor brasileiro Edmundo Villani-Côrtes. Além disso,
será preparado um espetáculo exclusivamente com repertório
deste compositor. A primeira parte consiste na apresentação do
compositor brasileiro, com uma breve biografia e análise de
seu estilo musical. Em seguida, é apresentado o catálogo das
canções por ordem alfabética. Esta organização foi feita partir
da comparação de listas feitas por diversos autores e contato
com a família do compositor. Por fim, é descrito o processo
criativo da elaboração do espetáculo cênico- musical. Além das
canções, a performance conterá interpretação cênica e
declamação de poesia. O eixo temático do recital consiste na
trajetória da vida humana, do nascimento até a morte.

Palavras-chave Edmundo Villani-Côrtes, música brasileira, catálogo, canção


brasileira, poesia.

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Abtract This paper intends to organize the work for solo singing by the
Brazilian composer Edmundo Villani-Côrtes. In addition, a recital
with this composer's repertoire will be prepared. The first part
consists of the composer’s presentation with a brief biography and
analysis of his musical style. Then, the songs catalog is displayed in
alphabetical order. This organization was based on the comparison
of lists made by different authors and contact with the composer's
family. Finally, the creative process of the scenic-musical show is
described. In addition to the songs, the performance will have scenic
interpretation and poetry recitation. The recital’s thematic axis
consists of the trajectory of human life, from birth to death.
.

Keywords Edmundo Villani-Cortês, Brazilian music, catalogue, Brasilian song,


poetry

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Índice
1. INTRODUÇÃO ................................................................................ 8
1.1. Contextualização ........................................................................... 8
1.2. Objetivos ........................................................................................ 9

2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO ..................................................... 10


2.1.Edmundo Villani-Côrtes em linhas gerais – Poesia e Música ........ 10
2.2.Uma breve biográfia do compositor ............................................... 12

3. CATÁLOGO DE CANÇÕES ........................................................... 15


3.1. A metodologia utilizada ................................................................. 15
3.2. Catálogo por ordem alfabética ...................................................... 16

4. PROCESSO DE CRIAÇÃO DO ESPETÁCULO ............................ 35


4.1. Música e Cena............................................................................... 35
4.2. Eixo temático ................................................................................. 37

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................ 54

BIBLIOGRAFIA ................................................................................... 55

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

1- INTRODUÇÃO
1.1- Contextualização
A canção de câmara tem ocupado espaço nas salas de concerto de todo o mundo. Ao
se tratar especificamente da canção brasileira, alguns compositores são conhecidos em larga
escala, ao menos em território nacional brasileiro: Heitor Villa-Lobos, Alberto Nepomuceno,
Lorenzo Fernandez e Cláudio Santoro são alguns exemplos. Ao pensar sobre esta pesquisa, a
pergunta que surgiu como ponto de partida foi: Como colaborar de forma efetiva para as
lacunas atuais nos estudos da canção brasileira? Em meio à tantos nomes possíveis, surgiu a
lembrança das canções de Villani-Côrtes. Compositor vivo, de estilo próprio e que, por suas
próprias palavras, não se prende a nenhuma escola específica de composição.
“Nunca pretendi ser um compositor famoso, de uma escola, um gênio da música. O
meu negócio sempre foi escrever o que eu gostava, o que eu achava interessante. Gostei, está
aqui e pronto.” (VILLANI-CÔRTES, 2009)
Tive a oportunidade de conhecer Villani-Côrtes pessoalmente no II Congresso
Internacional de Música da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), em 2019. Nesta
ocasião, pude participar do quarteto vocal solista na estreia mundial da obra sinfônica
“Porquê”. Nesta altura, já conhecia algumas composições do artista, interpretadas pelos
colegas do curso de canto na mesma universidade. Eu não conhecia, entretanto, a vasta lista
de canções do seu repertório. Cantei a obra sinfônica e fiquei impressionada com duas coisas:
A primeira, foi a beleza da obra executada. A segunda, a palestra dada pelo compositor, na
altura as vésperas de completar 90 anos. Suas palavras eram de uma simplicidade tal que
emocionou muitos da plateia. Ele falou sobre a experiência de compor, poesia e a beleza da
vida de forma única e marcante, segundo minha percepção. Esse também foi um dos motivos
que me atraiu para sua obra vocal.
Ao procurar todas as referências possíveis das canções disponíveis, foi inegável uma
identificação pessoal com a linguagem do compositor, que devido à sua trajetória musical,
transita entre a música popular (ligeira) e erudita com a liberdade de quem tem experiência
com ambas as vertentes, como músico e compositor. Em conversa com o professor Lenine
Santos, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, veio a sugestão de elaborar um catálogo
atualizado das canções do compositor, pois o último trabalho publicado deste tipo data de
2006.
De grande contribuição para essas referências foi o acesso ao álbum “Eh vida, Êh
voz”, do barítono brasileiro Lício Bruno acompanhado pela pianista Cláudia Marques. Lício é

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

um cantor com extensa experiência tanto em ópera como em música de câmara, e dedicou seu
mestrado à gravação das obras de Villani-Côrtes. Além das gravações, também deixou um e-
book temático sobre as canções e as escolhas interpretativas, que foram de grande valia para
este trabalho.
A pesquisa aqui apresentada seguiu algumas etapas básicas. Em primeiro lugar, foi
necessária a reflexão sobre a relevância do tema e a justificativa para a escolha do mesmo.
Nesta etapa também foi possível ter clareza dos critérios estabelecidos para a definição do
objeto de estudo, tais como: identificação pessoal com a linguagem musical do compositor e
ausência de um catálogo atualizado de sua obra vocal.
Em seguida, foram traçados os objetivos a serem alcançados: a organização de um
catálogo atualizado das canções e elaboração de um espetáculo cênico-musical original. Para
isto, foi necessária a definição de uma metodologia para a construção do catálogo e de criação
do recital. O critério escolhido para decidir a ordem das canções apresentadas no espetáculo
foi o de relacionar a mensagem do texto com as etapas da vida humana: infância, juventude,
vida adulta e velhice. Além disso, foram selecionados textos e poesias que pudessem traduzir
a mensagem a ser passada: um convite à reflexão sobre a existência e sua finitude, além das
possíveis formas de traçar a própria linha da vida. Para a interpretação satisfatória das
canções, foi importante o estudo e compreensão das características específicas do compositor
em questão, além do conhecimento de sua biografia e trajetória musical. Finalmente, foi feita
a organização da lista de canções com as informações coletadas.

1.2- Objetivos
Os principais objetivos deste trabalho são a organização de um catálogo atualizado
com todas as canções do compositor brasileiro Edmundo Villani-Côrtes e a elaboração de um
espetáculo músico-teatral com parte deste repertório. A pesquisa não teve como objetivo uma
profunda análise teórica das peças e priorizou a compilação e organização das canções e a
montagem de um espetáculo com coesão cênica. Para isso, serão selecionadas exclusivamente
canções deste compositor, de forma a traçar uma narrativa da linha da vida de um indivíduo,
desde o nascimento até a morte. Desta forma, o intuito é contribuir para a divulgação e
acessibilidade dos cantores e do público em geral a um repertório diverso e em alguns casos
ainda pouco conhecido, especialmente no contexto europeu.
Na elaboração do catálogo, houve um esforço para acrescentar, quando possível,
comentários adicionais para facilitar o trabalho dos intérpretes interessados em explorar este

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

repertório. Acredito que tais comentários possam contribuir para um resultado interpretativo
mais rico e satisfatório.

2- ENQUADRAMENTO TEÓRICO
2.1- Edmundo Villani-Côrtes em linhas gerais: Poesia e Música
Para compreensão mais efetiva da proposta do presente trabalho, é importante a
reflexão acerca de características específicas do compositor. Embora valorize a técnica e o
estudo dos compositores que o antecedem, defende a necessidade de algo anterior à técnica de
composição em si: saber a mensagem que se pretende passar. Para ele, a mensagem é a
matéria-prima do fazer musical, antes das notas. Sua relação com a música e encontro com a
composição surgiram exatamente dessa necessidade. Na entrevista gravada para o Duo
Palheta ao Piano (2019) ele explica que às vezes via algo muito belo e não conseguia traduzir
em palavras. Desta forma, descobriu que com os sons conseguiria expressar uma mensagem
que as palavras não eram capazes de traduzir.
É necessário considerar que o compositor possui mais de 300 composições para as
mais diversas formações instrumentais, peças orquestrais, sinfônicas, sonatas, prelúdios, obras
para coro e orquestra, concertos e uma ópera. Villani-Côrtes também acredita que apenas boa
técnica não é suficiente para fazer boa música: também é preciso intuição e sentimento. Em
entrevista cedida ao Grupo Aum, em 2011, ele diz:
“Existem os compositores que são notáveis e geniais pelo intelecto, e de repente a

parte emotiva da música fica assim... prejudicada pelo excesso de intelecto. Então eu

admiro os caras com inteligência, com trabalho, com produtividade. Mas existem

alguns outros músicos que a emoção e o valor estético que eles passam quando

compõem a música superam o intelecto. Mas o intelecto deles existe. Eu acho que na

hora em que você faz uma música, principalmente um trabalho assim mais amplo tipo

uma sinfonia, um concerto, uma sonata, uma peça mais ampla, você tem o seu

trabalho intelectual e seu trabalho físico também, porque o esforço físico e

concentração são importantíssimos. Mas se você faz só isso fica só isso. Pra ser

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

completa a obra tem que ter isso junto com a emoção, junto com a beleza, junto com o

bom gosto, etc né.” (VILLANI-CÔRTES, 2011)

O compositor também destaca que outro fator notório em sua obra: a ligação e
admiração pela natureza. O desenho das nuvens no céu em dias de verão, a água, as ondas,
dos rios, do vento e suas sensações são, segundo ele, uma das maiores fontes de inspiração
para suas composições.
Sua forma de compor traça um diálogo entre a música popular brasileira e a música de
tradição erudita. Talvez seja porque ao longo de sua carreira como músico transitou entre os
dois mundos, já que acompanhou ao piano cantores da música popular brasileira e foi
arranjador musical em programas de TV e não limitou seu conhecimento a uma determinada
linguagem ou escola de composição.
Em relação as canções, outra característica é que muitas delas contém versos da
autoria do próprio compositor. Ele comenta sobre isso em sua entrevista cedida ao cantor
Lício Bruno (2014):
“Existe uma coisa que já ouvi em algumas palestras de compositores, que falam a

respeito da composição de canções. Praticamente cem por cento dessas pessoas

falaram: “Quando você for compor uma canção, leia o texto detalhadamente, observe

todos os detalhes e veja tudo que o autor do texto quis dizer, pra que você possa fazer

uma música adequada a esse texto”. Todos eles partem daí! E todas as vezes que ouvia

essas palestras, eram pessoas de grande nome e grande sabedoria, eu ficava quieto.

Mas aqui com meus botões: as canções? Isto pode ser feito de várias maneiras! Tenho

canções que fiz a música e o poeta fez a letra depois da música pronta, entendeu? Eu

tenho canções que fiz letra e música juntas, música inspirava letra e vice-versa! E eu

achei interessante que nenhuma dessas pessoas que falaram sobre isso ou que costuma

falar, fazer até masterclasses, parece que não pensam nisso. Parece que o Schumann,

por exemplo, nunca fez letra. Ele usou poetas, mas ele mesmo não fez. O próprio

Schubert também, não me consta que ele tenha feito. Não me consta que o Beethoven

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

também tenha feito uma letra, ele pegou poesia de poetas. Como esses grandes vultos

da música nunca fizeram isso, as pessoas acham que não é assim que é feita a música!

Porque os grandes não fizeram isso, entendeu?” (VILLANI-CÔRTES, 2014)

Sua forma de compor vem através da experiencia prática de fazê-lo pois desde jovem,
antes mesmo do conhecimento teórico musical já o fazia. Muito embora ele reconheça a
importância desse estudo formal, ideologicamente percebe-se uma certa liberdade em não se
ater a regras pré-determinadas ou à necessidade de ser completamente novo.

2.2- Breve biografia do compositor


Nascido em 8 de novembro de 1930, Edmundo Villani-Côrtes nasceu num lar musical:
seu pai era flautista e sua mãe pianista, ambos amadores. O fato é que o compositor, em
entrevista a Sobreiro, 2013, conta que seu pai gostava de reunir a família para tocar, numa
época em que o acesso à música era quase que totalmente apenas por meio de músicos pois
ainda não havia televisão e até mesmo o rádio ainda não estava tão presente na vida das
pessoas. A vivência musical em família foi um ponto forte para que se desenvolvesse o seu
interesse pela música como forma de expressão.
Seu primeiro contato com instrumento foi com o cavaquinho, ainda criança, e logo em
seguida o violão. Em entrevista à mesma autora, ele conta que seu irmão tocava violão por
imitação pois tinha um professor que ensinava apenas o desenho dos acordes. Villani-Côrtes,
por sua vez, tentava reproduzir no cavaquinho os acordes que via o irmão tocar. Nessa época
o piano que havia em sua casa precisou ser vendido devido a problemas financeiros. Apenas
com 17 anos de idade, ele inicia os estudos em piano mesmo sem ter o instrumento e para
manter a dedicação ao instrumento era necessário ir estudar na casa de outras pessoas.
Em 1952, se muda para o Rio de Janeiro para estudar piano no Conservatório
Brasileiro de Música. O compositor conta que o professores não gostavam muito dele porque
se interessava por música popular brasileira, atitude esta que não era bem-vista para
estudantes de piano. Além disso, ele costumava ser um aluno que perguntava muitas coisas
(ARAÚJO FILHO, 2012). Entre 1954 e 1959 morou em Juiz de Fora e durante dois anos foi
diretor do conservatório Estadual de Música de Juiz de Fora. Aos vinte e cinco anos de idade

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estreou, junto à orquestra filarmônica da cidade, seu Concerto nº 1 para Piano e Orquestra, no
Cine teatro central da cidade, sob regência do violinista vienense Max Geffer. Nessa época
cursou a faculdade de direito, mas nunca chegou a exercer esta profissão.
Durante a década de 60 mudou-se para São Paulo e estudou piano com José Kliass,
russo radicado no Brasil. Neste período, foi aluno de composição de Camargo Guarnieri, um
compositor representativo do nacionalismo musical brasileiro e que se associou ao poeta
Mário de Andrade e aos ideais modernistas, numa época em que buscava-se construir uma
identidade nacional cultural no Brasil (Enciclopédia Itaú Cultural, 2019). Nesta mesma época,
Villani-Côrtes desenvolvia um intenso trabalho como arranjador em trilhas sonoras e jingles,
ao mesmo tempo em que atuava como pianista nas Orquestras de Osmar Milani e Luiz Arruda
Paes.
Teve a oportunidade de acompanhar a então famosa cantora Maysa Matarazzo em
turnê pela Argentina e Uruguai e devido à este convite e dificuldades financeiras, precisou
parar os estudos com Camargo Guarnieri. De toda forma, outros caminhos foram abertos
nesse sentido pois também fez turnês internacionais juntamente com o cantor Altemar Dutra,
no ano de 1968.
Entre as décadas de 70 e 80, escreveu mais de 600 arranjos para as orquestras da
extinta TV Tupi de São Paulo e da TV Globo do Rio de Janeiro. Foi pianista do grupo
musical do conhecido programa de TV “Jô Soares Onze e Meia” de 1988-1991 e também
regente da Orquestra Jazz Sinfônica de São Paulo entre 1990 e 1991. (COELHO, 2006)
Em 1973, ingressou na Academia Paulista de música como professor de Harmonia
Funcional, e posteriormente, arranjo e improvisação.
É interessante notar que, nesta época, o compositor também estudou com Hans
Joachim Koellreutter, compositor alemão que viveu no Brasil e instaurou a música atonal
dodecafônica e foi mentor dessa nova escola de composição, considerada contrária ao que
havia até então.
Interessante é perceber que Villani-Côrtes diz que apesar de utilizar elementos de
ambas as escolas, não se considera representante de nenhuma das duas:
“Comigo não tem isso de vou compor na escola tal. Eu não tenho fase. Aliás, não

consigo entender isso de fase, escola, etc. Você usa a ideia de acordo com o gosto,

intenção, etc. Ficar aguilhoado a uma coisa só não faz sentido. Mas acho que a gente

acaba tendo algum envolvimento ideológico sim. Quando estudei com o Camargo

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Guarnieri, fiquei mais influenciado pelo estilo dele, nacionalista. Quando estudei com

Koellreutter, recebi influências do atonalismo, do serialismo integral e do

dodecafonismo. Eu tenho peça dessas duas épocas com características totalmente

diferentes. E algumas dessas obras permanecem inéditas”. (VILLANI-CÔRTES )

Em 1978, altura em que ainda era aluno de Koelreutter, venceu o concurso de


composição “Noneto de Munique”, na Alemanha, patrocinado pelo Instituto Goethe do Brasil.
A peça, para dois violinos, viola, cello, contrabaixo, trompa, oboé, clarinete e fagote,
chamava-se Noneto.
Trabalhou como professor de música do Instituto de Artes da UNESP (Universidade
do Estado de São Paulo) em 1982.
Depois de vasta experiência como arranjador musical, já com 55 anos de idade é que
ingressa no mestrado em composição na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e
conclui no ano de 1988. É nesse período que sua obra como compositor desenvolve-se de
fato, pois antes sua prioridade era o trabalho como músico arranjador e o sustento de sua
família. Desta forma, um novo momento acontece em sua vida, com premiações em
concursos de composição. Algumas de suas peças premiadas foram:
• “Choro Pretensioso” (para violão) e “Ritmata” nº1 (para piano solo), ambos em
1986, em concurso patrocinado pela Editora Cultura Musical.
• “Ciclo Cecília Meireles”, prêmio de melhor composição erudita vocal do ano
de 1989, conferido Pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).
• “Rua Aurora”, canção baseada em texto de Mário de Andrade, por ocasião da
comemoração do centenário de nascimento do poeta, no ano de 1993, em concurso promovido
pela prefeitura de São Paulo.
• “Postais Paulistanos” – Melhor Peça Sinfônico Coral em 1995, também
conferido pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).
• “Chorando”, para contrabaixo e piano: 3º lugar no II Concurso Nacional de
Composição para Contrabaixo, em 1996. Este concurso foi promovido pela Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG).
Aos 68 anos de idade, o compositor defendeu sua tese de doutoramento no
departamento de música do Instituto de Artes da Unesp e até os dias atuais, permanece no

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exercício da composição, sendo convidado e homenageado em congressos e festivais de


música em vários estados do Brasil.

3- O Catálogo de Canções
3.1- A metodologia utilizada
Para realização deste trabalho, foi realizada uma coleta de textos em sites, livros, teses
de mestrado, doutoramento e artigos publicados acerca da vida e obra de Edmundo Villani-
Côrtes. Além disso, foi realizada uma pesquisa de referências das canções gravadas
disponíveis e entrevistas com o compositor, tanto escritas (transcrições em teses) como em
vídeos.
Em relação ao catálogo em si, foi feita uma análise comparativa entre várias fontes
que listavam sua obra. A partir dessas comparações foi criada uma lista, mais completa com
todo o seu cancioneiro. Também foram consultados trabalhos com análises das partituras de
Villani-Côrtes para canto, além de catálogos musicais em diversos modelos. Entre todos os
apresentados, a escolha foi em elaborar uma lista das noventa e uma canções com as seguintes
informações: Título, data e local da composição (quando possível), nome do poeta e breve
apresentação do mesmo e algum comentário adicional, quando houver. Não foi possível
recolher todas as informações sobre a totalidade das canções, sendo algumas delas listadas
apenas o título.
Para a criação do espetáculo músico-teatral, em primeiro lugar foi feita uma análise de
todas as partituras e gravações das canções disponíveis. A partir disto, foi feita uma seleção
das canções a serem apresentadas, levando em conta a tessitura, linha melódica, caráter
expressivo e temática. As canções foram agrupadas de forma que pudessem se relacionar com
quatro etapas da vida de um indivíduo: infância, juventude, vida adulta e velhice.
Ao longo do curso foram coletados textos e poesias que se relacionassem com a
mensagem a ser passada, que tem por objetivo levar o espectador uma reflexão acerca da
trajetória da vida humana. Um trecho do capítulo três do livro bíblico de Eclesiastes e do
poema “Vida-ateliê”, da poetisa brasileira Elisa Lucinda, foram os primeiros textos a serem
escolhidos, antes mesmo da consolidação da ideia da construção de uma espécie de “linha da
vida”. A partir deles delineou-se essa possibilidade e as canções se encaixaram com facilidade
dentro da temática.

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3.2- Catálogo das canções / árias por ordem alfabética

1
TÍTULO DA CANÇÃO: A Conversão de São Paulo
Sem informações adicionais

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TÍTULO DA CANÇÃO: A felicidade
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 2020
POETA: Edmundo Villani-Côrtes
COMENTÁRIO ADICIONAL: Composta a pedido do barítono brasileiro Lício Bruno, para
um projeto pessoal

3
TÍTULO DA CANÇÃO: A Guitarra é um poço sem fundo
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 2018
POETA: Santiago Montobbio (tradução de Ester de Oliveira)
Santiago Montobbio é um poeta espanhol nascido em 1966 e obteve o reconhecimento de
autores ilustres por seu livro “Hospital de Inocentes” (Madrid, 1989)
(https://www.atelie.com.br/publicacoes/autor/santiago-montobbio/)
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=lpPR84CSRP0

4
TÍTULO DA CANÇÃO: A Saudade
LOCAL: Juiz de Fora
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1961
POETISA: Geralda Armond
Geralda Armond (1913-1980) foi diretora do Museu Mariano Procópio (Minas Gerais, Brasil)
e durante sua gestão implementou ações educativas centradas no nacionalismo. Trabalhou
pela defesa da continuidade institucional e sustentação material do museu. (COSTA, 2013)

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TÍTULO DA CANÇÃO: Alma da Natureza
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1991
POETA: Júlio Bellodi
Júlio Bellodi é o principal parceiro musical de Edmundo Villani-Cortes. Bacharel em
composição e regência (direção musical) e mestre em música pela UNESP (Universidade
Estadual de São Paulo). Além de poeta também é arranjador, instrumentista e professor de
harmonia, percepção e teoria musical.
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=hMGuiYFv8l4

6
TÍTULO DA CANÇÃO: Alma Minha
DATA DA COMPOSIÇÃO: 2009
POETA: Luis Vaz de Camões
Luiz Vaz de Camões nasceu no ano de 1524. Considerado um dos principais escritores da
literatura portuguesa, autor da célebre obra “Os Lusíadas”, um poema épico do classicismo
português. Suas obras são marcadas pelo bucolismo, amor e mulher idealizados e referências
greco-latinas. (https://www.portugues.com.br/literatura/vida-luis-vaz-camoes.html)
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=Vy1x0YYFDyY

7
TÍTULO DA CANÇÃO: Ave Maria
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1996
POETA: texto original
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=bcLTHl2cWv4

8
TÍTULO DA CANÇÃO: Baile Imaginário
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1990
POETA: Júlio Bellodi (informações sobre este poeta no número 5)
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=xaqJvct0lc0

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TÍTULO DA CANÇÃO: Balada dos 15 min
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: letra em 1991 e música em 1988
POETA: Júlio Bellodi (informações sobre este poeta no número 5)
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=jio1fAhUKks
COMENTÁRIO ADICIONAL: versão original para saxofone e piano

10
TÍTULO DA CANÇÃO: Brisa
DATA DA COMPOSIÇÃO: 2008
Vocalise – Não há texto

11
TÍTULO DA CANÇÃO: Caminheiro e a sombra
DATA DA COMPOSIÇÃO: 2018
POETA: Paulo Bomfim
Nascido em 1926 na cidade de São Paulo, Paulo Bomfim foi integrante da academia Paulista
de Letras. Criado na casa dos avós, ambiente que lhe proporcionou contato com as principais
personalidades do movimento modernista no Brasil, como por exemplo, Heitor Villa-Lobos e
Mário de Andrade. Em 1947 publicou seu primeiro livro, “Antônio Triste”, com ilustrações
de Tarsila do Amaral e já com esta estreia recebeu o “Prêmio Olavo Bilac”, concedido pela
Academia Brasileira de letras (ABL). Em 1991 recebeu o título de “Príncipe dos Poetas
Brasileiros”, concedido pela revista Brasília. O poema dessa canção, “Caminheiro e a
sombra”, foi o primeiro poema publicado do autor, composto quando tinha apenas doze anos
de idade. Faleceu em 2019, aos 92 anos. (https://revistapb.com.br/geral/o-principe-dos-
poetas/)

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TÍTULO DA CANÇÃO: Canção da Indiazinha
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1987
POETISA: Cecília Meireles

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

Uma das principais representantes do movimento modernista no Brasil, Cecília


Meireles nasceu em 1901 e faleceu aos 63 anos, em 1964. Foi poetisa, jornalista pintora e a
primeira mulher que obteve grande expressão na literatura brasileira, com mais de cinquenta
obras publicadas. Estudou literatura, folclore e teoria educacional. em 1934, a convite do
governo português, Cecília viaja para Portugal, onde proferiu conferências divulgando a
literatura e o folclore brasileiros. (https://www.ebiografia.com/cecilia_meireles/)
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=lBHnIQxJvvk

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TÍTULO DA CANÇÃO: Canção da Menina Triste
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1963
POETA: Edmundo Villani-Côrtes

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TÍTULO DA CANÇÃO: Canção de Carolina
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1990
POETA: Edmundo Villani-Côrtes
COMENTÁRIOS ADICIONAIS: O livro “Ê vida, ê voz” (ARAÚJO, 2022) traz a citação
de Edmundo Villani-Côrtes a explicar o contexto de composição desta canção:
“Na maternidade em que a Carolina nasceu [sua neta, já adulta e mãe de um menino],

era costume se fazer um vídeo, e queriam uma música para fundo musical. Como o

nome dela era Carolina, queriam colocar a [canção] Carolina, do Chico Buarque.

Então, pensei comigo mesmo: – “Carolina, com seus olhos fundos, guarda tanta dor, a

dor maior deste mundo...”.[- Villani-Côrtes cantarolando grosso modo a canção]. Eu?!

Ia deixar, para minha neta uma letra dessas? Muito bem feita, mas não pra minha neta!

Então, falei: – “Vou fazer uma música! – e falei com o Julio Bellodi: – “Tem que fazer

uma letra que seja adequada para minha neta! Por incrível que pareça... Essa letra, se

você conhecer e conviver com a Carolina, é a descrição dela! (VILLANI-CÔRTES,

2014)

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=ydu9h8qz1w0

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TÍTULO DA CANÇÃO: Cantareira
DATA DA COMPOSIÇÃO: 2007
POETISA: Mônica Côrtes
Sobrinha de Villani-Côrtes e fotógrafa de profissão, teve algumas de suas poesias
transformadas em canção.

16
TÍTULO DA CANÇÃO: Carta de Renúncia de Jânio Quadros
DATA DA COMPOSIÇÃO: 2001
POETA: texto original da carta histórica do ex-presidente brasileiro

17
TÍTULO DA CANÇÃO: Carta testamento de Getúlio Vargas
DATA DA COMPOSIÇÃO: 2001
POETA: texto origina da carta histórica do ex-presidente brasileiro.
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=XJY9YT35RzQ parte 1
https://www.youtube.com/watch?v=i9AVogDbssQ parte 2

18
TÍTULO DA CANÇÃO: Casulo
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1992
POETA: Júlio Bellodi
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=iu88r5FwtgU
COMENTÁRIO ADICIONAL: Canção originalmente composta para um aluno de
composição de Villani-Côrtes, que tinha problemas motores e se apaixonou por uma moça.
Ele se via impedido de de declarar sua afeição e pediu ao Júlio Bellodi pra escrever um poema
que ele faria a música mas não conseguiu. Villani então tomou para si tal incumbência, de
compor sobre o tema de um amor não correspondido. (ARAÚJO, 2022)

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

19
TÍTULO DA CANÇÃO: Choro Urbano
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: letra em 1991 e música em 1979
POETA: Júlio Bellodi (informações sobre este poeta no número 5)
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=qx9Rj6cW4QI

20
TÍTULO DA CANÇÃO: Cântico XXV - Ciclo Cecília Meireles - nº 1
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 23 de julho de 1988
POETISA: Cecília Meireles
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=9F3RGb2GAAU

21
TÍTULO DA CANÇÃO: Do caçador feliz - Ciclo Cecília Meireles - nº 2
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1987
POETISA: Cecília Meireles
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=R_29Kc8r5pQ&t=55s

22
TÍTULO DA CANÇÃO: Imaginária Serenata - Ciclo Cecília Meireles - nº 3
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 20 de julho de 1987
POETISA: Cecília Meireles
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=T3TQ8tbhF3g

23
TÍTULO DA CANÇÃO: Da música de Maria Ifigênia - Ciclo Cecília Meireles - nº 4
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1987
POETISA: Cecília Meireles

21
Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

24
TÍTULO DA CANÇÃO: Motivo - Ciclo Cecília Meireles - nº 5
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 7 de junho de 1985
POETISA: Cecília Meireles

25
TÍTULO DA CANÇÃO: Confissão
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1979
POETA: Edmundo Villani-Côrtes
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=izJEn02I6r8

26
TÍTULO DA CANÇÃO: Confissões
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1982
POETA: Laerte Freire

27
TÍTULO DA CANÇÃO: De bem com a vida
DATA DA COMPOSIÇÃO: 2019
POETA: desconhecido

28
TÍTULO DA CANÇÃO: Enlevo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 2010
POETISA: Deise Trebitz
Pianista clássica de formação, estudou composição com Rachel Peluso, Rosemary Mantovani
e Edmundo Villani-Côrtes
https://www.boqnews.com/etc/a-pianista-denise-trebitz-e-a-atracao-do-proximo-musica-
vinho-na-pinacoteca/

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

29
TÍTULO DA CANÇÃO: Espelhos
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 13 de março de 2004
POETISA: Mônica Côrtes (informações sobre esta poetisa no número 15)
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=TGx10cxchO4
COMENTÁRIO ADICIONAL: O compositor conta que já tinha tentado musicar estes
versos porém sem êxito. Um dia, ao se olhar no espelho, enquanto fazia a barba, veio a
inspiração, como que em uma brincadeira. (VILLANI-CÔRTES, 2013). A canção tem leveza
e melodia simples, remete à algo infantil.

30
TÍTULO DA CANÇÃO: Eterna Música
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1991
POETA: Júlio Bellodi (informações sobre este poeta no número 5)
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=iHDFDsVpTxk

31
TÍTULO DA CANÇÃO: Fonte Eterna
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1975
POETA: Laerte Freire
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=Ek2ZOjEjLgs

32
TÍTULO DA CANÇÃO: Júlia
DATA DA COMPOSIÇÃO: 2007
POETA: Edmundo Villani-Côrtes

33
TÍTULO DA CANÇÃO: Minha Saudade
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 9 de janeiro de 2003

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

POETA: Lula Côrtes


Nascido em 1949, foi poeta, cantor, compositor e pintor. Foi um dos nomes mais promissores
da vanguarda artística do Recife.
(https://jc.ne10.uol.com.br/canal/cultura/musica/noticia/2019/05/09/lula-cortes-celebrado-no-
dia-em-que-faria-70-anos-378290.php)

34
TÍTULO DA CANÇÃO: Modinha da Moça de Antes
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 9 de março de 1994
POETA: Luciano Garcez
Maestro, compositor, dramaturgo e poeta nascido em 1972 na cidade de São Paulo, Brasil. É
mestre em Composição e Poesia pela UNESP e UNIRIO.
(https://www.divulgaescritor.com/products/luciano-garcez-entrevistado/)
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=aIEI3C4pOj0

35
TÍTULO DA CANÇÃO: Monólogo do Índio
DATA DA COMPOSIÇÃO: 2007
POETA: Thiago de Mello
Poeta Amazonense nascido em 1926 e reconhecido como ícone da literatura regional. Sempre
foi um engajado nas causas sociais, especialmente a preservação da floresta amazônica,
temática indígena e preservação dos direitos humanos. Sofreu exílio na época da ditadura
militar no Brasil. Recebeu o prêmio Olavo Billac da Academia Brasileira de Letras e duas
vezes o prêmio Jabuti de literatura (1997 e 2002). Neste poema em especial, denuncia como
os indígenas passaram por um período de aculturação cultural, sendo obrigados a renunciar
sua história e tradições, dentro de uma cultura que não lhes pertencia. (MEDEIROS, 2019)

36
TÍTULO DA CANÇÃO: Na sua ausência
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1979
POETA: E. Villani-Côrtes

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

37
TÍTULO DA CANÇÃO: O passarinho da Praça Matriz
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1994
POETA: E. Villani-Côrtes
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=9izqtMmjV44

38
TÍTULO DA CANÇÃO: O Tesouro
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1980
POETA: E. Villani-Côrtes

39
TÍTULO DA CANÇÃO: Oferenda
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 4 de janeiro de 1999
POETA: João da Cruz
Santo católico (1540-1591), nascido em Ávila, na Espanha e considerado padroeiro dos
místicos e dos poetas. (https://snpcultura.org/sao_joao_cruz_padroeiro_misticos_poetas.html)
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=45Zw-b17pA0

40
TÍTULO DA CANÇÃO: Oração de São Francisco
DATA DA COMPOSIÇÃO: 2010
POETA: Texto original

41
TÍTULO DA CANÇÃO: Ouvir Estrelas
DATA DA COMPOSIÇÃO: 2019
POETA: Olavo Bilac
Olavo Bilac tem lugar de destaque na literatura brasileira, como dos mais típicos e perfeitos
representantes do Parnasianismo brasileiro. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de
Letras, além de jornalista, poeta e inspetor de ensino. Nasceu no Rio de Janeiro, em 16 de

25
Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

dezembro de 1865, e faleceu, na mesma cidade, em 28 de dezembro de 1918.


(https://www.academia.org.br/academicos/olavo-bilac/biografia)

42
TÍTULO DA CANÇÃO: Pai Nosso
DATA DA COMPOSIÇÃO: 2001
POETA: texto original
LINK DA GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=kk9POb_7NoA

43
TÍTULO DA CANÇÃO: Papagaio Azul
LOCAL: Juiz de Fora
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1961
POETA: Edmundo Villani-Côrtes
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=eF1aoIZhplA

44
TÍTULO DA CANÇÃO: Para sempre
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: letra em 1998 e música em 1978
POETA: Edmundo Villani-Côrtes
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=0qTYwyPvTsI
COMENTÁRIO ADICIONAL: (tema original do prelúdio das Cinco Miniaturas
Brasileiras)

45
TÍTULO DA CANÇÃO: Para você, por mim
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: Janeiro de 2004
POETA: Itagiba Kuhlmann
Não foram encontradas muitas referências acerca deste poeta, exceto a que está no livro Eh
vida e voz, de Lício Bruno (2016), num trecho de transcrição de um entrevista realizada com
Villani-Côrtes:

26
Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

“Tive um aluno que o pai dele era poeta. “Seu pai é poeta, me mostra escondido uma

poesia dele que eu vou fazer uma música. Numa palestra, convidei uma cantora: -

“Muitas vezes você pega uma poesia e faz música. Mas muitas vezes você faz uma

música e a pessoa faz uma poesia em cima. Vamos cantar uma música aqui e vamos

ver se alguém conhece bem literatura portuguesa e reconhece a letra”. E o pai do

aluno, o Itagyba Kuhlmann, na platéia. Ele teve um susto! [rindo] - “Mas essa letra eu

conheço! Acho que é minha, será que plagiei de alguém?”Ele ficou apavorado [rindo].

Aí falei: - “Não, o poeta tá aqui! Foi muito gozado!” (VILLANI-CÔRTES, 2014)

46
TÍTULO DA CANÇÃO: Pela janela
DATA DA COMPOSIÇÃO: 2005
POETISA: Mônica Martines

47
TÍTULO DA CANÇÃO: Poema
LOCAL: Juiz de Fora
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1962
POETA: Afonso Romano de Sant`Anna
Poeta brasileiro de Minas Gerais, casado com a escritora e artista plástica Marina Colassanti.
Durante o período da ditadura militar publicou nos principais jornais do país poemas
relacionados a vida política de seu tempo. Presidiu a Fundação Biblioteca Nacional entre
1990 até 1996 e durante este período procurou implantar uma política de leitura no país.
(https://grupoeditorialglobal.com.br/autores/lista-de-autores/biografia/?id=302)

48
TÍTULO DA CANÇÃO: Poranduba, Ópera. - Ária de Jurupaí (Se minha mãe soubesse)
DATA DA COMPOSIÇÃO: 2007
POETISA: Libreto de Lúcia Góes
Autora do libreto da única ópera de Villani-Côrtes, “Poranduba”. Professora da USP com uma
longa e premiada trajetória como autora de livros infanto-juvenis.

27
Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

(https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1905200720.htm)
COMENTÁRIO ADICIONAL: De acordo com a coluna de Irineu Franco Perpétuo para o
Jornal Folha de São Paulo (2007), a idéia da composição de uma ópera para a história
indígena de “Poranduba” foi da própria poetisa. Ela procurou Osvaldo Lacerda para tal tarefa
mas como ele recusou por não ter condições de trabalhar no projeto na altura, indicou Villani-
Côrtes, que aceitou a encomenda. A ópera começou a ser composta em 1995 e em 1997 foi
finalizada a partitura para canto e piano. A estréia só ocorreu em 2007, no Festival Amazonas
de Ópera, em Manaus.

49
TÍTULO DA CANÇÃO: Poranduba, Ópera- Ária de Ceucy
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1995
POETISA: Libreto de Lúcia Góes (informações sobre a autora no número 48)
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=46uQKrXDxOE

50
TÍTULO DA CANÇÃO: Poranduba, Ópera - Raiou o dia
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1997
POETISA: Libreto de Lúcia Góes (informações sobre a autora no número 48)

51
TÍTULO DA CANÇÃO: Poranduba: Não viveu quem não ficou
POETISA: Libreto de Lúcia Góes (informações sobre a autora no número 48)

52
TÍTULO DA CANÇÃO: Prefiro
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: Setembro de 2002
POETA: Itagiba Kuhlmann (informações sobre o poeta no número 45)
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=QEaWBUJyhcI

53
TÍTULO DA CANÇÃO: Quando eu morrer
LOCAL: São Paulo

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

DATA DA COMPOSIÇÃO: 1993


POETA: Mário de Andrade
“Mário de Andrade foi um escritor modernista, crítico literário, musicólogo,

folclorista e ativista cultural brasileiro .Seu estilo literário foi inovador e marcou a

primeira fase modernista no Brasil, sobretudo, pela valorização da identidade e cultura

brasileira. Ao lado de diversos artistas, ele teve um papel preponderante na

organização da Semana de Arte Moderna

(1922).”(https://www.todamateria.com.br/mario-de-andrade/)

LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=dikwyMqUE6c

54
TÍTULO DA CANÇÃO: Renascença
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1979
POETA: Edmundo Villani-Côrtes
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=eNC2QJqU1Ws

55
TÍTULO DA CANÇÃO: Restituo estas chaves
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 26 de fevereiro de 2002
POETA: Carlos Drummond de Andrade
É considerado um dos mais influentes poetas brasileiros do século XX. Nascido em 1902, em
Minas Gerais, fez parte da segunda geração do modernismo. Deixou uma vasta obra de
poesias, além de prosas, contos e literatura infantil. Um de seus poemas mais conhecidos é
“No meio do caminho”. Ele foi publicado na Revista de Antropofagia de São Paulo em 1928.
Na época, foi considerado um dos maiores escândalos literários do Brasil
(https://www.todamateria.com.br/carlos-drummond-de-andrade/)

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

56
TÍTULO DA CANÇÃO: Retrato d`alma
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 2 de outubro de 2001
POETISA: Mônica Côrtes (informações sobre a autora no número 15)

57
TÍTULO DA CANÇÃO: Rua Aurora
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 9 de agosto de 1993
POETA: Mário de Andrade (informações sobre a autora no número 53)
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=2sc9Cydj6ig

58
TÍTULO DA CANÇÃO: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1990
POETA: Júlio Bellodi (informações sobre este poeta no número 5)
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=HimEVBx4Iz0

59
TÍTULO DA CANÇÃO: Saudade
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1963
POETA: Edmundo Villani-Côrtes

60
TÍTULO DA CANÇÃO: Se procurar bem
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1 de março de 2002
POETA: Carlos Drummond de Andrade (informações sobre este poeta no número 55)
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=Ffkve03J5RE
COMENTÁRIO ADICIONAL: o convite para compor esta canção surgiu em ocasião do
aniversário da morte do poeta Carlos Drummond de Andrade (VILLANI-CÔRTES, 2013)

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

61
TÍTULO DA CANÇÃO: Sem nome
DATA DA COMPOSIÇÃO: 2002
POETISA: Mônica Côrtes (informações sobre esta poetisa no número 15)

62
TÍTULO DA CANÇÃO: Sequência
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1991
POETISA: Marília Freidenson
Na revista digital de Estudos judaicos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
encontrei informações sobre esta poetisa. Autora do livro de poemas “Sequência”, nasceu em
1940 em São Paulo e foi diretora de História oral do Arquivo Histórico Judaico Brasileiro.
Organizou um projeto de pesquisa para relatar a história da imigração judaica para São Paulo.

63
TÍTULO DA CANÇÃO: Seu olhar
LOCAL: Juiz de Fora
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1956
POETA: Edmundo Villani-Côrtes

64
TÍTULO DA CANÇÃO: Sina de Cantador
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1990
POETA: Júlio Bellodi
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=C379szCFuj0
COMENTÁRIO ADICIONAL: Esta canção foi composta devido ao intuito do compositor
de participar de um festival de música sertaneja em uma emissora de TV brasileira (SBT).
“Eu fiz essa música [para um festival de música sertaneja no SBT] e entreguei pro

Julio [Julio Bellodi16 sugeriu a parceria como letrista nesta canção a ser composta por

Villani-Côrtes pro festival]. Fiz a música primeiro, depois o Julio fez essa le tra muito

31
Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

bem feita! Ela não foi nem classificada! [...] Houve [outro] festival de música regional

em Tatuí e, falei, – “não tô participando da banca, então vou me inscrever no festival!

[inscreveu a música sob pseudônimo, para evitarfavorecimentos] A música não foi

nem escolhida pra entrar no festival. [...] Um dos segredos que a gente tem na vida pra

conseguir as coisas é a gente trabalhar. Então eu trabalho muito! Acabei fazendo uma

versão disso [esta versão para canto e piano], não sei porque nem pra onde. E a música

foi muito bem suce dida (VILLANI-CÔRTES, 2014).

65
TÍTULO DA CANÇÃO: Só o amor ficou
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1962
POETA: Edmundo Villani-Côrtes
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=x9zZxj6FpQs

66
TÍTULO DA CANÇÃO: Tuas mãos
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1957
POETA: desconhecido

67
TÍTULO DA CANÇÃO: Valsa
DATA DA COMPOSIÇÃO: 2018
POETA: Paulo Bonfim (informações sobre este poeta no número 11)

68
TÍTULO DA CANÇÃO: Valsinha de Roda
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1979
POETA: Edmundo Villani-Côrtes
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=w6eROO6gTzg

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

69
TÍTULO DA CANÇÃO: Vento Serrano
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 9 de setembro de 2000
POETA: Francisco Moura Campos
Francisco Moura nasceu em Botucatu, São Paulo. Paralelamente à atividade como
engenheiro, foi editor de poesia e lançou vários poetas pela Editora Metrópolis,
Foi diretor da União Brasileira de Escritores (SP) e durante trinta e cinco anos participou
ativamente da vida cultural de São Paulo, ministrando oficinas de poesia, palestras, saraus e
jurado de concursos literários. Publicou dez livros de poesia.
(https://www.amigosdolivro.com.br/2019/02/saudade-do-poeta-francisco-moura-
campos.html)
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=FkqEVYvQohQ

70
TÍTULO DA CANÇÃO: Vocalise
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1978
POETA: sem texto
LINK DE GRAVAÇÃO: https://www.youtube.com/watch?v=kiWYbl4UY2Q

71
TÍTULO DA CANÇÃO: Vocalise nº2
POETA: sem texto

72
TÍTULO DA CANÇÃO: Você
LOCAL: Juiz de Fora
DATA DA COMPOSIÇÃO: 21 novembro de 1956
POETA: Edmundo Villani-Côrtes

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

73
TÍTULO DA CANÇÃO: Você não sabe
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 7 de outubro de 2002
POETA: Curt Côrtes

74
TÍTULO DA CANÇÃO: Volta
LOCAL: São Paulo
DATA DA COMPOSIÇÃO: 1979
POETA: Edmundo Villani-Côrtes

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

4- PROCESSO DE CRIAÇÃO DO ESPETÁCULO


4.1- Música e Cena
Sabe-se que todos os instrumentos musicais, a voz é o único que pode utilizar
palavras. Julgo que por isso mesmo o cantor tem uma responsabilidade diferenciada dos
outros instrumentos, já que a palavra por si só já possui grande potencial de expressar uma
mensagem, sentimento ou sensação. Unir a intenção do texto com a interpretação musical
coerente e equilibrada é a meu ver, um dos principais desafios para uma performance bem-
sucedida.
No caso da ópera, como o texto é proveniente de um enredo maior (previamente
participante de um libreto e em contexto dramático definido), é possível encontrar um
caminho um pouco mais claro sobre o que se espera da interpretação, seja cênica ou musical
de um determinado papel operístico, especialmente aqueles encenados tradicionalmente ao
longo dos anos. Acredito que atender à expectativa do público já é um feito grandioso, mas ao
mesmo tempo reflito sobre a seguinte questão: se aquele papel já foi feito tantas vezes por
outras pessoas de maneira excepcional, por que repeti-lo? O papel da arte e do artista é a mera
repetição ou também inclui a responsabilidade de propor algo para a vida? Neste sentido
percebo que quando a individualidade do artista se manifesta, pode e deve trazer coloridos e
novas perspectivas, da mesma forma que os temperos à comida. Com isso quero dizer que
embora os elementos básicos sejam os mesmos, a saber: boa respiração, emissão equilibrada e
suporte técnico para o bom funcionamento vocal, o “como” fazer, “quanto” e “em que
momento” são determinantes para o resultado, que pode ser rico em expressividade ou
simplesmente ater-se ao básico, que embora eficiente, se aterá ao movimento de mera
repetição.
Quando se diz respeito à canção, de acordo com minha própria experiência, a
liberdade artística é um pouco maior. Geralmente não pertencente a nenhum enredo pré-
definido, uma canção está aberta a inúmeras possibilidades interpretativas e pode se encaixar
em diferentes contextos dramáticos. O fato é que a “Carmem” (personagem da ópera de
Bizet), dificilmente irá cantar sua “Habanera” ou ”Seguidilla” deprimida ou tímida. Uma
canção, por sua vez, embora já traga em seu texto e melodia alguma direção do que quer
propor, geralmente traz uma história abstrata por trás e por isso oferece um número quase que
infinito de possibilidades interpretativas. Como não há um contexto dramático ou personagem
pré-definido, a história de uma canção pode ser cocriada e imaginada por cada cantor que a

35
Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

interpreta, com diferentes percepções e sentimentos. Dessa forma, o intérprete tem liberdade
para usar da imaginação desde que seja capaz de justificar o caminho interpretativo escolhido.
Foi seguindo esta linha de raciocínio que o recital foi elaborado. A imaginação foi sem
dúvida, um elemento importante para “costurar” a narrativa de canções que foram compostas
de forma independente e tentar trazer uma coesão cênica ao longo do espetáculo.
O desejo de unir cena à música veio de minha experiência com estudos de teatro. Tive
a oportunidade de fazer um curso de Preparação para Atores há alguns anos, que na altura me
forneceu subsídios técnicos, práticos e teóricos para estar em cena. O estudo de grandes
dramaturgos como Constantin Stanislavski (1863 – 1938), Jerzy Grotowski (1933-1999),
Bertold Brecht (1898 – 1956), Antonin Artaud (1896 – 1948), entre outros, embora não
tenham sido revisitados especificamente para a ocasião desta pesquisa, certamente
contribuíram para o interesse em acrescentar um caráter cênico a um espetáculo que poderia
ser puramente musical.
Musicalmente, o principal desafio foi adequar a emissão vocal para este tipo de
repertório. Apesar do canto em português possibilitar a identificação imediata com o texto,
não possui, a meu ver, um aspecto facilitador no que diz respeito à técnica. Em primeiro
lugar, a maioria das canções foram escritas para o registro de soprano e por isso foi necessário
fazer a adaptação para o registro de mezzo-soprano. No entanto, o próprio compositor já
expressou que não se incomoda com a transposição dos tons:
“Villani compõe a maioria de suas canções para uma região médio-aguda, confortável

para soprano, tenor e barítonos líricos, mas ele não oferece resistência a transpor uma

canção se pensar que a nova tonalidade tem poder expressivo. O importante para ele é

que haja entrega, que o cantor saiba exatamente que sentimentos devem ser expressos”

(SILVA, 2012)

De toda a forma, o resultado estético não fica apropriado se o repertório for abordado
com uma emissão não impostada, como a utilizada na música popular brasileira. Em
contrapartida, também soa demasiado exagero uma emissão completamente impostada e
operística. O caminho escolhido foi a intercessão entre os dois extremos: a impostação vocal
lírica com clareza do texto e da emissão, com som predominantemente mais suave (salvo
algumas exceções) e sem vibratos excessivos. Como na maioria das artes, o resultado
almejado é aquele que pareça mais natural e sem esforço. Sobre esse assunto, Luciano Simões

36
Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

Silva, doutor em música que se dedicou especificamente às canções deste compositor,


também considera:
“Talvez o grande desafio para este repertório seja adaptar a técnica belcantista (técnica

antiga italiana) para canções tão leves e sincopadas. Tanto técnicas crossover como o

belting (a técnica preferida por cantores da Broadway) ou técnicas de canto popular

usadas na bossa nova ou MPB não se adaptam bem a este tipo de canção de câmara.

Ainda o ideal é partir do cantor lírico que seja flexível o suficiente para adaptar sua

técnica à um repertório com predomínio da voz de cabeça (ressonância alta, com

predomínio da ativação dos músculos crico-tireóideos). O cantor que quer ser um bom

intérprete de canções de Villani deve ser maleável, flexível e inteligente. Deve haver

controle sobre o vibrato excessivo, sobre a cor muito escura associada com ópera, com

uma distribuição de harmônicos que acentue as frequências altas, ocasionando uma

ressonância mais clara e frontal, sem por isso perder qualidade. Dependendo do estilo,

o cantor também pode variar seu timbre. Canções de caráter mais romântico,

descendentes da modinha, podem ter uma cor mais cheia, enquanto ritmos claramente

populares como xaxado ou samba devem ter articulação muito clara” (SILVA, 2012)

4.2- Eixo temático


O conceito de “Linha da Vida” contém uma dicotomia que considero muito
interessante. A trajetória nascimento-morte, apesar de banal e cotidiana, contém uma espécie
de mistério e milagre que não se pode compreender. Parte deste mistério consiste em
encontrar coisas grandiosas naquilo que é pequeno e comum, possível a todos os seres
humanos: olhar para um céu cheio de estrelas, se reconhecer no sorriso de um filho, sentir o
calor do dar às mãos a alguém quando está frio. Esses micros prazeres maravilhosos que
fazem parte da vida foram fonte de inspiração para que através da narrativa, seja possível
lembrar que existe algo de extraordinário contido na vida ordinária. A meu ver, esta é uma das
mensagens principais do espetáculo: Afinal, qual é a vida que vale a pena ser vivida? O
objetivo não é responder à tal pergunta, mas dar espaço para a questão.

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

Para isso, as canções foram selecionadas de forma que se encaixassem em quatro


etapas da vida humana: infância, juventude, vida adulta e velhice. Trechos de vídeos serão
apresentados como forma a ajudar nessa contextualização e também apresentar o compositor
ao espectador. Como elementos textuais, foram selecionadas poesias, uma passagem bíblica e
textos de autoria própria, escritos especialmente para este espetáculo. Além das canções,
haverá dois prelúdios para piano de Villani-Côrtes, o número 4 e o número 6.
O primeiro texto é proveniente do livro de bíblico de Eclesiastes, que acredita-se ter
sido escrito pelo Rei Salomão, conhecido por sua sabedoria.
“Para tudo há uma ocasião, e um tempo para cada propósito debaixo do céu:
tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se
plantou,
tempo de matar e tempo de curar, tempo de derrubar e tempo de construir,
tempo de chorar e tempo de rir, tempo de prantear e tempo de dançar,
tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las, tempo de abraçar e tempo de se conter,
tempo de procurar e tempo de desistir, tempo de guardar e tempo de lançar fora,
tempo de rasgar e tempo de costurar, tempo de calar e tempo de falar,
tempo de amar e tempo de odiar, tempo de lutar e tempo de viver em paz.
O que ganha o trabalhador com todo o seu esforço?
Tenho visto o fardo que Deus impôs aos homens.
Ele fez tudo apropriado a seu tempo.
Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim este não
consegue compreender inteiramente o que Deus fez.
Descobri que não há nada melhor para o homem do que ser feliz e praticar o bem
enquanto vive.
Descobri também que poder comer, beber e ser recompensado pelo seu trabalho, é um
presente de Deus.
Sei que tudo o que Deus faz permanecerá para sempre; a isso nada se pode acrescentar, e
disso nada se pode tirar”
(Eclesiastes 3:1-14)
Alguns trechos de entrevistas com o compositor serão apresentados ao público
através de vídeos, para que seja possível uma melhor compreensão e conhecimento do
mesmo.
1 -Para iniciar a fase da infância, a primeira canção executada será “Papagaio Azul”, com
poesia do próprio Villani-Côrtes:

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

Duração aproximada: 3’50’’


Compasso: quaternário.
Tonalidade original: Sol maior.
Tonalidade executada: Fá maior.

Papagaio Azul
Vai meu papagaio azul
Vai, sobe para o céu
E vê se traz pro meu coração
Uma nova ilusão

Vai meu papagaio azul


Sobe bem alto, vai
Pois ao voltar eu sei que você
Poderá me fazer feliz

Sonhos eu sonhei em vão


Vivo a esperar
Mas no alto céu azul você vai encontrar

Vai meu papagaio azul


Sobe bem alto, vai
Pois ao voltar eu sei que você
Poderá me fazer feliz

Interpretação e escolha cênica convergem na direção da melodia simples e harmonia


que transmite singeleza. O papagaio referido na canção não é o animal, e sim o brinquedo
infantil, feito de papel seda que voa pelos ares. O texto fala a respeito do anseio de uma
criança em colocar seu papagaio para voar longe. O interlúdio ao piano sugere uma “dança”
de papagaios a voarem no céu por entre as nuvens. Apesar de ingênua, contém uma dose de
melancolia, já que as esperanças estão no vôo do papagaio e de que essa experiência de
alguma forma traga a felicidade desejada.

Ao som do Prelúdio número 4, será declamada a Poesia “Convite”, de José Paulo Paes.

Convite
Poesia
é brincar com palavras
como se brinca

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

com bola, papagaio, pião.


Só que
bola, papagaio, pião
de tanto brincar
se gastam.

As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.

Como a água do rio


que é água sempre nova.

Como cada dia


que é sempre um novo dia.

Vamos brincar de poesia?

(PAES, José Paulo. Poemas para brincar. São Paulo: Ática, 2011)

2- A segunda canção será “Valsinha de Roda”, também com versos do próprio compositor:
Duração aproximada:2’55’’
Tom original: Dó menor
Tom executado: Si menor
Compasso: Ternário

Valsinha de Roda
Num brinquedo de rodar pião
Foi que eu peguei a tua mão
Teu olhar espantado me deixou calado e percebi
que amar eu aprendi.
E o pião girou então, bem semelhante ao mundo de nós dois.
Tantas voltas ele deu que até se perdeu

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

Deixando apenas esta canção.

Lá, laiá laiá, laia laiá...


O tempo passa e o mundo gira e fico a pensar
Lá, laiá laiá, laia laiá...
Enquanto ele dá voltas eu vou te amar
E então vou cantar:laia laiá...
Vou girar com o mundo num compasso sem parar

Roda pião para lembrar


Quantas voltas nossa vida deu sem se cansar
E eu vou te contar como foi:
Num dia distante então, era um brinquedo de criança
Puxei a tua trança e quando teus cabelos eu toquei
Meus sonhos encontrei

A vida seguiu depois


Levou consigo o sonho de nós dois
Nossa história se acabou e tudo que restou
Foi o som dessa nossa canção
Que acabei de cantar

A interpretação escolhida para esta canção são as lembranças que guardamos do tempo
de criança: as brincadeiras com pião e a descoberta de um primeiro amor, totalmente puro e
ingênuo. O compasso ternário neste cenário remete ao lúdico e à espontaneidade de uma
dança infantil.

3- Após o vídeo com apresentação do compositor, encerra-se a fase ‘infância” com a Canção
Rua Aurora, com versos de Mário de Andrade, que de fato nasceu na tal Rua Aurora, em São
Paulo. Nestes versos ele remete-se à mãe que de fato foi sua companheira por muitos anos já
que o poeta nunca se casou. (https://www.culturagenial.com/poemas-de-mario-de-andrade/)
Tempo de duração aproximado: 2’’
Tonalidade original: Ré Maior.
Tonalidade executada: Re♭ Maior

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

Compasso: quaternário

Na rua Aurora eu nasci


Na rua Aurora eu nasci
na aurora de minha vida
E numa aurora cresci.

no largo do Paiçandu
Sonhei, foi luta renhida,
Fiquei pobre e me vi nu.
nesta rua Lopes Chaves
Envelheço, e envergonhado
nem sei quem foi Lopes Chaves.
Mamãe! me dá essa lua!
Ser esquecido e ignorado
Como esses nomes da rua.
(ANDRADE, Mário, Lira Paulistana, 1945)

Esta canção se remete a nascimento, lembranças e raízes: saber de onde viemos. O fato
de queixar-se com a mãe também faz uma alusão à infância, ou ainda, à dose de infantilidade
que ainda mantemos mesmo depois de adultos. Interessante é perceber o que aflige o poeta,
um tema filosófico comum à humanidade: o medo de ser totalmente esquecido e ignorado,
assim como os nomes das ruas.

4 - Para dar início à fase da juventude, a canção escolhida chama-se “Espelhos”, numa alusão
à vaidade que começa a encontrar lugar nesta etapa da vida, juntamente com o despertamento
amoroso e sexual do indivíduo. Os versos “Segundo a segundo” repetidos, dão a sensação de
ansiedade e do auto encontro descrito no poema de Mônica Côrtes. O barítono Lício Bruno
Araújo interpreta da seguinte forma:
“Ao evocar o delicado e sucessivo encontro das pétalas das flores balançadas pelo
vento, roçando entre si, parece falar da dessensibilização do ser humano que, muitas vezes em
seu cotidiano, deixa de perceber e experimentar as sutilezas da vida.” (ARAÚJO, 2022)

Versos de Mônica Côrtes

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

Duração aproximada:2’’
Tonalidade original : Ré Maior
Tonalidade executada: Mi♭Maior.
Compasso: ternário.

Espelhos
O vento balança as pétalas
Pétalas que distraídas, deixam-se balançar
Balança o vento as pétalas
Que distraídas se deixam
Deixam-se balançar

O auto encontro, segundo a segundo


Auto encontro, segundo a segundo, segundo a segundo
Segundo a segundo, segundo a segundo
O vento balança as pétalas!

5 - A canção número cinco será “Baile Imaginário”, com versos de Júlio Bellodi.
Versos de Júlio Bellodi
Duração aproximada: 3’10’’
Tonalidade original: Dó Maior
Tonalidade executada: Sib Maior
Compasso: quaternário

Baile Imaginário
Bailando na memória ela se entrega
As emoções que um dia ainda há de viver
E lembra cada traço, cada abraço
Todas canções, recordações que ainda estão por vir
Vê luzes e imagens, mil paisagens
Inventa sonhos, segredos que não pôde contar
Rodopia no seu coração

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

Toda a fantasia, névoa lírica


Luz de paixão

Com seu par imaginário vem


Dançando a valsa sôlta da sua ilusão
Com seu par imaginário tem
Momentos invisíveis, inesquecíveis
Sob um etéreo luar
Com seu par imaginário sem
Se preocupar com a vida, ela vive então
E prova ávida o sabor
De ter um grande amor
No baile da imaginação

Lá vai ela a rodar, com seu par


Bem feliz no salão
E na minha imaginação.

Os versos fazem alusão à típica adolescência feminina e seus sonhos de encontrar um


par e viver momentos inesquecíveis. A canção explora uma tessitura mais aguda e brilhante,
com muita articulação de texto e saltos melódicos que sugerem o movimento de dança.

6 -Na sequência da etapa “Juventude” do espetáculo, a canção “Balada dos 15 minutos”,


inicialmente uma composição instrumental de Villani-Côrtes que anos mais tarde, recebeu
letra de Júlio Bellodi. O barítono Lício Bruno Araújo, em seu livro “Ê vida, ê voz”, fruto da
pesquisa de mestrado sobre o compositor Villani-Côrtes, conta o motivo do nome da canção.
O filho do compositor, que também é músico, iria prestar uma prova para ir estudar na
Berkeley University (EUA) e lhe pediram que enviasse uma gravação de balada. Ele olhou
para o pai e disse: “E agora papai, que balada eu mando?” Ele respondeu: “-Ah, não sei...” e
foi correndo para o piano pra compor alguma coisa. Em cerca de quinze minutos a música
estava pronta, por isso a escolha do nome. (ARAÚJO, 2022)
No contexto do espetáculo, esta letra representa o sentimento esperançoso de um
indivíduo jovem, porém já no início da idade adulta, que encontra o amor de sua vida. A partir
desse encontro, parece-lhe que a vida será bem melhor. Ele redescobre o gosto de sonhar e

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

recebe alento e força e para seguir em frente na linha da vida, movido pelo contentamento de
achar um par que lhe dá tranquilidade.

Versos de Júlio Bellodi


Tempo de duração aproximado :3’40’’
Tonalidade executada: Dó Maior (tom original)
Compasso: quaternário.

Balada dos 15 minutos


“Eu trago um sol dentro de mim
A luz que me fez renascer
Redescobrir a cor e o gosto de sonhar
Foi só encontrar você, eu entendi

E não sou mais só, achei enfim:


A razão que eu sempre quis!
O certo céu, o som, a vida, o mesmo tom
A trilha para ser feliz

Nas noites eu me guio pelo teu olhar


O luar do meu ser
As vezes sigo a luz do sorriso teu
Vendo o dia que nasceu

Eu trago um sol dentro de mim


Que brilha cada vez mais!
Alento e redenção da força da canção
E que você me trouxe como um verso doce
Fez nascer um sol em mim
Eu trago um sol em mim.

7 - Para marcar o ápice da fase adulta, foi escolhida a canção “Sina de Cantador”, que narra
a trajetória percorrida por um homem de origem humilde, com um português repleto de
regionalismos oriundos do nordeste brasileiro. A palavra “sertão” presente nos versos como

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

lugar de origem do eu-lírico, diz respeito à uma região específica de clima tropical semi-árido,
que possui altas temperaturas e clima seco. Nestas regiões do Brasil as chuvas são
extremamente escassas e por isso remete à fome, pobreza e dificuldades da maioria da
população rural. A música sertaneja é um gênero musical que surgiu neste cenário tem sua
origem nas modas de viola, quando as pessoas se reuniam em roda para contar histórias,
comer e beber, como explica a professora de história Juliana Bezerra (2018):
“A viola é um instrumento de cordas que chegou à América Portuguesa com os

primeiros colonizadores. Os jesuítas o utilizaram para catequizar os indígenas, que

tinham especial predileção pela música. A viola também era empregada em festas

religiosas populares, como procissões, festas do padroeiro, rezas do rosário, etc. Daí

surgiu o modo anasalado de cantar, onde a letra tem mais importância que a melodia e

o canto mais parece um lamento”. (BEZERRA, Acessado 12 de outubro 2022)

(https://www.todamateria.com.br/musica-sertaneja/)

Letra de Júlio Bellodi


Duração aproximada: 3’55’’
Compasso: Binário
Tonalidade executada: Dó Maior

Sina de Cantador
“Eu trago nas mãos a viola que inventa razões pra viver
E quando a tristeza me amola eu toco e pago pra ver
Saí do sertão bem menino, vagando, sem ter onde ir
Na estrada da fome o destino, mais uma porteira pr’abrir

Ê vida, ê voz, ê sina de cantador


Êh vida, ê verso divino de nosso Senhor

Parando em lugares estranhos, vi mortes, misérias sem fim


E dores de todos tamanhos entravam tão dentro de mim
Sozinho e sempre seguindo, fui desaprendendo a sorrir

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

Mas tinha um sonho e fui indo, achei a razão pra insistir

Ê vida, ê voz, ê sina de cantador


Ê vida, verso divino de nosso Senhor
Um velho, uma velha viola, que um dia eu encontrei
Abriram de vez a gaiola, e um cantador me tornei
E hoje por todos os cantos, meu canto se espalha no ar
E funde sorrisos e prantos, ensinando o povo a cantar

Ê vida, ê voz, ê sina de cantador


Ê vida, verso divino de nosso Senhor

E agora essa voz no meu peito, alimenta os dias meus


Cantando direto e direito, estou bem mais perto de Deus
Contei pra vocês minha vida, pois a minha vida é cantar
Levar pr’essa gente sofrida, estórias que aprendi contar

Ê vida, ê voz, ê sina de cantador


Ê vida, verso divino de nosso Senhor
La la laia, l ala laia!

Os versos unem o sofrimento à esperança, pois apesar das dificuldades enfrentadas


pelo personagem, o caráter permanece alegre, especialmente com a vocalização de “la la
laiá”.
Dentro do tema da vida adulta e cheia de dificuldades e responsabilidades, insere-se o
poema do poeta brasileiro Mário Quintana, declamados por Antonio Abujamra. Essa escolha
não se deu em vão: particularmente, sempre fui espectadora de seu programa de entrevistas na
TV Brasil, intitulado “Provocações”. Nascido em 1932, este apresentador brasileiro veio a
falecer no ano de 2015. Embora não seja muito famoso e conhecido pelo grande público,
Antônio Abujamra foi um premiado diretor de teatro e ator, sendo um dos primeiros a
introduzir os métodos teatrais de Bertolt Brecht em palcos brasileiros. Era conhecido por sua
irreverência e por seu humor ácido e crítico em relação aos tabus sociais.
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B4nio_Abujamra)

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

“O Tempo”
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal…
Quando se vê, já terminou o ano…
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado…
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas…
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo…
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.
(QUINTANA,1980)

8 - Ao continuar no âmbito cênico da vida adulta, a canção Prefiro (2002), fala a respeito do
anseio por liberdade, ao mesmo tempo que mantém a temática do cansaço, também presente
em “Sina de Cantador”. A reflexão é: embora a vida adulta traga cansaço, mantém-se no
espírito humano o anseio por liberdade e também de encontrar um grande amor. Nos versos
“Quando pouso é só cansaço, e com sono não me lembro bem se é meu o teu amor, se ainda
me queres bem” remete à grande quantidade atividades diárias, que consomem o tempo do
personagem. O fato de não dormir bem relaciona-se com a incapacidade de lembrar das coisas
e ter raciocínio claro. No final, letra e música culminam com a pressa da felicidade: “Queres
ainda ser minha? (duas vezes) Se queres não te prendas!” O anseio em viver a potencialidade
de um amor correspondido, mesmo em meio as incertezas da vida, revela o desejo de
aproveitar o tempo presente.

Letra: Itagyba Kuhlmann.


Tempo de duração aproximado: 2’30’’
Tonalidade original: Fá menor.
Tonalidade executada: Mi menor.

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

Compasso: quaternário

Prefiro
Meu espírito é ave
Melhor liberto que seguro
Findo o vôo, se me ato, inseguro vivo ainda.
Quando pouso é só cansaço,
E com sono não me lembro bem
Se é meu o teu amor,
Se ainda me queres bem.

Ainda que mal te pergunte,


Queres ainda ser minha?
Queres ainda ser minha?
Se queres não te prendas!
Se queres não te prendas
Porque o amor não é seguro

9 -Como encerramento da fase da vida adulta, foi selecionada a canção Casulo, com versos de
Julio Bellodi. Originalmente composta sobre o tema de um amor não correspondido, a escolha
cênica para essa canção será sobre a morte da pessoa amada e a relação inevitável que todo
ser humano precisa enfrentar com a experiência do luto. A melancolia e angústia se fazem
presentes no decorrer destes versos e melodia. O casulo faz alusão a um lugar escuro e
fechado e a luta de tentar transformar-se perante o sofrimento.

Casulo
Em translúcido cristal
Brilho intenso lapidou meu sorrir
Mas inertes seus sentidos
Insensíveis se recusam a olhar

Presa em casulo, a paixão,

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

Sigo assim, rumo só, sem ter o par


Porta sem chave, sem cor,
Que ilusória, sei, não irá se abrir

Luz indefinida, vaga, vaga em noites,


Que não pude dormir
Vem de leve, roça os lábios
Beijos, versos que em vão vou guardar
São estrelas, universos que em meus sonhos
Criam sons para te levar
Esperanças frágeis, leves, insensatas
Teimam em resistir
Nos meus olhos arde um sol

E nos seus nenhum calor


Vozes, ecos pelas ruas
Seu silêncio inevitável me persegue aonde eu for

Para introduzir a fase final, foi selecionado o poema “Vida-Ateliê”, da poetisa Elisa
Lucinda. Este texto, desde o início do processo é o único que tinha certeza de que entraria de
alguma forma no trabalho. Tive contato com a autora ao ir assistir à uma peça teatral de sua
autoria, denominada “Parem de Falar mal da Rotina”. Não sei ao certo quanto tempo faz, mas
sei que naquela noite Elisa “capturou-me”. Um extenso monólogo cheio de reflexões sobre a
existência, com atuação marcante. Descobri que antes de ser atriz, ela é poeta. É claro que a
vida, um dia, colocou-me à frente de um livro seu numa banca de livros usados, na zona sul
do Rio de Janeiro. Autografado e com dedicatória da própria autora, adquiri um exemplar de
“A fúria da Beleza”, livro de poesias. O poema que selecionado traz uma reflexão sobre o
rosto da velhice como estamos a construir nossa face final no decorrer da vida. O texto
original é bem mais extenso e para declamação foi selecionado apenas o terço final.
Vida-Ateliê, Elisa Lucinda
“Quero para mim, uma simpatia generosa pregada no rosto de minha velhice, quero

olhos vivos de novidades que sorriam sempre, quero rugas de bons e repetidos gestos

de contemplação, indignação, revolução e contentamento. Quero no meu rosto o bom

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

retrato falado de cada vão momento: na cama com amor, na mesa com os filhos, no

bar com os amigos, na noite sobre o travesseiro de macela, nas festas com os

cúmplices de caminho, nas decisões sensatas de trabalho… tudo isso o rosto fotografa

e eu quero nele essas fotografias.)

Seremos nosso porta-retrato e já estamos portando essa tela. Nela estará

certamente uma verdade anterior a superestimação dos bisturis periféricos da vaidade

que nada podem contra o que se viveu, o como se viveu, pois o que projeta define e

esculpe a face é o que nos cabe diariamente: a gestão dos nossos acontecimentos, a

quantidade de natureza que se experimentou, as doses de buzinas urbanas, os saldos de

banco, sonhos e mugidos atingidos na longa jornada. Isso é o que importará, os

acontecimentinhos diários, a quantidade de arroz soltinho que se fez durante a lida, o

tempero de alho do feijão amoroso, o gozo junto com o companheiro, tudo vai pra

conta da cara da velhice, tudo vai pra lá.

Nosso rosto de velhos é o nosso último boletim na escola da vida, e a expressão

que tiver afinal será nossa obra de arte, nossa prova dos nove, nossa prova real. Com

mais porção disso ou daquilo, de atenção ou descaso, será com esse espelho final de

vitória ou arraso que desfilaremos sob a ilustre iluminação do ocaso.” (LUCINDA,

2003)

10- Ao avançar para a parte final, a fase “Velhice”, mais breve do que as outras, com apenas
duas canções, atinge o ápice dramático com “Quando eu morrer”, versos de Mário de
Andrade. O texto descreve o enfrentamento do sujeito frente à realidade inevitável do fim da
existência. O eu-lírico pede que deixem suas partes nos locais que fizeram parte de sua
história e a música é construída como uma marcha fúnebre. A partir da quarta estrofe, quando
fala sobre os ouvidos, percebe-se um certo sarcasmo em querer saber da vida alheia, como
uma tentativa de rir de si mesmo frente à ironia de uma vida inteira ser reduzida ao pó. A
partir do verso “o nariz, guardem nos rosais”, um movimento súbito melódico ascendente
remete à liberdade descrita no texto. O que resta é saudade.

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

Letra: Mário de Andrade


Tempo de duração aproximado: 4’20’’
Compasso: quaternário

Quando eu morrer
Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.

Meus pés enterrem na rua Aurora,


No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.

No Pátio do Colégio afundem


O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.

Escondam no Correio o ouvido


Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.

O nariz guardem nos rosais,


A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade…

Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

O joelho na Universidade,
Saudade…

As mãos atirem por aí,


Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.

11- Como desfecho do espetáculo, “Se procurar bem”, com versos de Carlos Drummond de
Andrade. A canção é curta e com melodia simples, porém o ritmo deslocado dá a impressão
de que não é tão óbvia o quanto parece. As síncopes contidas na voz trazem instabilidade do
fluxo das notas e tiram a previsibilidade do que virá a seguir.
De maneira concisa, o poeta Carlos Drummond de Andrade deixa um recado para o
fechamento do recital. O nome do poema, que contém apenas dois versos, chama-se
“Lembrete”. Se procurar bem, ou seja, se realmente tiver a disposição da insistência em
querer encontrar alguma coisa, o ser humano pode encontrar não a explicação para o mistério
da existência mas sim a poesia que nos cerca a cada dia, em coisas grandes e minúsculas, que
também são inexplicáveis. O espetáculo termina desta forma, no entanto, acredito (e espero)
que as reflexões trazidas podem perdurar por mais tempo

Tom original: Eb Maior


Tom executado: Db Maior
Compasso: binário
Tempo aproximado de duração: 2’’

Se procurar bem
Se procurar bem você acaba encontrando,
não a explicação (duvidosa) da vida. Mas a
poesia (inexplicável) da vida. (ANDRADE, 1989).

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

5. Considerações finais

O objetivo deste trabalho foi a elaboração de um catálogo das canções de Edmundo


Villani-Côrtes, compositor vivo que ainda continua a trabalhar. Acredito que essa organização
possa contribuir para o acesso de cantores fora do Brasil à este compositor relevante para a
cultura brasileira.
A busca por referências gravadas de cada canção foi um trabalho extenso e que ainda
precisa ser aperfeiçoado em futuras pesquisas pois algumas obras ainda carecem de
referências gravadas. O acesso às partituras foi um desafio e algumas ainda estão em
manuscritos.
O exercício de criar um recital original foi muito enriquecedor para minha experiência
como artista, além do conhecimento obtido acerca de diversos poetas relevantes para a
literatura em língua portuguesa.
O conceito de sempre ter clareza na mensagem a ser passada com uma canção foi um
aprendizado que, apesar de não ser completamente novo em minha prática, certamente
adquiriu novas camadas de profundidade.
Ao assistir e ler diversas entrevistas com o compositor foi possível compreender parte
de sua maneira de ver a vida. O sorriso, lucidez e vitalidade que exibe no auge de seus 93
anos de idade servem de inspiração para seguir um caminho artístico bem sucedido.
.

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Edmundo Villani-Côrtes: Catálago Atualizado das Canções Júlia Anjos Oliveira de Araújo

Bibliografia

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composicionais de Maria Helena Rosa Fernandes

ARAUJO, Alfeu Rodrigues. Villani-Côrtes por Villani-Côrtes. In: II SIM POM – Simpósio
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ARAUJO, Licio Bruno Ramos de (2022) – Ê vida ê Voz – Ed. Maré – Vitória, ES

BARROS, Francielle Amaral, Três Canções de Edmundo Villani-Côrtes – Valsinha de roda,


Para Sempre e Papagaio Azul: um olhar sobre a performance. Uberlândia, 2017.

BRUM, Marcelo Alves (2017) Entre música interior e música brasileira: O catálogo de obras
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COELHO, Francisco Carlos. Música contemporânea Brasileira: Edmundo Villani-Côrtes. São


Paulo: Centro Cultural São Paulo, v.3, 2006.

HAMMOND, Luciana Fernandes. Onze prelúdios para piano solo de Edmundo Villani-
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desenvolvimento de habilidades técnico-interpretativas. ORFEO, v.5, 2020.

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