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Impulso, hedonismo ou utilidade? Um estudo sobre a relação do gênero e da


orientação sexual no comportamento de consumo.

Article · June 2016

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Juliana Melo Pedrosa Carlos Victor Leitão


Universidade Estadual do Ceará
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Marcio Mota
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IMPULSO, HEDONISMO OU UTILIDADE? UM ESTUDO SOBRE
A RELAÇÃO DO GÊNERO E DA ORIENTAÇÃO SEXUAL NO
COMPORTAMENTO DE CONSUMO
RESUMO

O comportamento de consumo dos indivíduos pode ser influenciado por diversos fatores.
A relação entre o consumo e o gênero é bastante investigada, no entanto, há lacunas em
relação à interação gênero e orientação sexual para o consumo. Desta forma, este
trabalho tem por objetivo analisar a relação dos consumos impulsivo, hedônico e
utilitarista a partir do gênero e da orientação sexual. Trata-se de uma pesquisa descritiva
com abordagem quantitativa. Foram aplicados 153 questionários online, cujos dados
foram tratados com a técnica de análise multivariada de dados. Os resultados obtidos
nessa pesquisa demonstram que os comportamentos diferenciam de acordo com a
combinação gênero e orientação sexual. Estes poderão ser úteis no estreitamento de
relacionamento entre empresas e mercado consumidor.

Palavras-chave: Consumo Impulsivo, consumo hedônico, consumo utilitarista, gênero,


orientação sexual.

Autor(a): Juliana Melo Pedrosa / E-mail: julianamelop@live.com


Mestranda em Administração pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) – Fortaleza-CE

Autor(a): Carlos Victor Pinheiro Leitão / E-mail: carlos@victorleitao.adm.br


Mestrando em Administração pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) – Fortaleza-CE

Autor(a): Márcio de Oliveira Mota / E-mail: marcio@marciomota.com


Professor Dr. em Administração e Professor do Programa de Pós-Graduação em
Administração da Universidade Estadual do Ceará (UECE) – Fortaleza-CE

Recebido em: 13/05/2016 Aprovado em: 30/06/2016


Avaliado pelo sistema double blind review
Editor Científico: Prof. Me. Raimundo Roberto Nobre Pinho

ISSN 1679-723X FFBusiness – Fortaleza – V.14, – Nº 18 – jun. 2016 – Pág. 1


Juliana Melo Pedrosa, Carlos Victor Pinheiro Leitão, Márcio de Oliveira Mota

1. INTRODUÇÃO

O modelo de sociedade atual favorece a utilização de produtos, serviços e


de símbolos como meio de construção pessoal da identidade (LÓPEZ et al., 2005). Isso
tem levado o mercado a se diversificar, fazendo com que cada empresa ofereça seu
trabalho a um segmento específico, dividido em gênero, estilo, idade, renda ou classe
social. É o caso do mercado consumidor feminino, que além de ser alvo das indústrias,
vem sendo foco de estudos na academia (e.g. LIVRAMENTO; HOR-MEYLL; PESSÔA,
2013; PASTORE; MAFFEZZOLLI; SILVA, 2013; LADEIRA, 2012) e dos consumidores
homossexuais (LÓPEZ et al., 2005; ALTAF; TROCCOLI; MORÉ, 2012; PEREIRA;
AYROSA; OJIMA, 2006).
Estudos demonstram a influência do valor hedônico e utilitarista no consumo
desses públicos, feminino heterossexual e masculino heterossexual e homossexual
(LOPES et al., 2010; LÓPEZ et al., 2005), sendo maior a do hedonismo nas compras por
impulso (e.g. STERN, 1962; ROOK; HOCH, 1985; GARDNER; ROOK, 1988; ROOK;
FISHER, 1995). López et al. (2005) já haviam argumentado sobre a semelhança no
comportamento de compra entre os gêneros, divergindo nos objetos de compra, quando
os homens são mais utilitaristas e as mulheres mais hedônicas. No entanto, permanecem
pouco exploradas as relações entre esses consumos, o gênero e a orientação sexual.
Nas pesquisas sobre compras por impulso, no mercado brasileiro, já
discorreu-se sobre muitas variáveis que podem influenciar esse tipo de comportamento. O
ambiente da loja influencia no impulso de comprar, como também, promoções, descontos
na Internet, classes sociais e até período pré-menstrual (COSTA; LARÁN, 2002; DE
ARAUJO; RAMOS, 2010; SIQUEIRA et al., 2012; PEDRI, 2013; PASTORE;
MAFFEZZOLLI; SILVA, 2013). No entanto, há diferença no consumo entre os sexos
feminino e masculino, visto que, os dois se comportam semelhante em relação ao nível de
impulsividade deste tipo de compra, mas divergem significativamente nos objetos de
compra (LÓPEZ et al., 2005).
Como visto, existem alguns estudos sobre consumo impulsivo, porém há
raras pesquisas que tratam sobre a diferença do consumo por impulso, hedônico e
utilitarista, juntos, a partir do gênero e da orientação sexual. Apenas nos estudos de
López et al. (2005) em Barranquilla, Colômbia foi apresentando que mulheres
heterossexuais e homens homossexuais se comportam da mesma forma em relação ao
consumo impulsivo. Isso indica que, não apenas a diferença no gênero tem influenciado
no comportamento do consumidor impulsivo, mas existe alguma relação oculta que
também afeta e que deve ser investigada para melhor definir estes tipos de consumo.

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IMPULSO, HEDONISMO OU UTILIDADE? UM ESTUDO SOBRE A RELAÇÃO DO GÊNERO E DA
ORIENTAÇÃO SEXUAL NO COMPORTAMENTO DE CONSUMO

Nessa conjuntura destaca-se que o consumo do homossexual masculino é


um tema relevante para empresas que desejam atrair clientes desse nicho e, na área
acadêmica, busca-se ampliar o conhecimento acerca dos consumos impulsivo, utilitarista
e hedônico, e, auxiliar na construção do conhecimento de uma população ainda pouco
estudada. Como não foram encontradas divergências apenas entre gênero, a pesquisa
realizada pretende responder à seguinte questão: qual a relação entre gênero e
orientação sexual no consumo por impulso, hedônico e utilitarista? A pergunta de
pesquisa deriva do objetivo principal do estudo que pretende analisar a partir do gênero e
da orientação sexual, qual a relação entre o consumo impulsivo, hedônico e utilitarista. De
maneira específica, busca encontrar diferenças entre o consumo homossexual masculino
e o público heterossexual feminino e masculino.
Este artigo tratará na primeiramente sobre o consumo impulsivo, hedônico e
utilitarista do público heterossexual feminino e homossexual masculino. Logo apresentará
a metodologia utilizada, seguida da demonstração e discussão de resultados. E,
finalmente, traz as conclusões, limitações e sugestões para estudos futuros.

2. REVISÃO DA LITERATURA

O consumo por impulso tem sido bastante investigado por diversos autores
nas últimas décadas (STERN, 1962; ROOK; HOCH, 1985; GARDNER; ROOK, 1988;
ROOK; FISHER, 1995; BEATTY; FERRELL, 1998; COSTA; LARÁN, 2006; LUNA-
AROCAS, 2008; BASHAR; AHMAD; WASIQ, 2013). Esse tipo de consumo é definido por
Rook (1987) como um comportamento de compra não planejada, ou seja, geralmente
começa sem planejamento consciente, com um impulso surgindo espontaneamente e
sem aviso. Estudos do mesmo autor relatam que os episódios de compra por impulso são
de curta duração, acontecem muito rapidamente como resultados de um
desencadeamento de respostas causados pela ação do impulso.
O entendimento do fenômeno da compra impulsiva pode ser interpretado
através de dois princípios, que foram discutidos por Freud: o prazer e a realidade
(BASHAR; AHMAD; WASIQ, 2013). O prazer está relacionado à satisfação imediata
sentida pelo consumidor. E a realidade se relaciona com a gratificação posterior. No
desenvolvimento humano, a transição da prevalência do prazer para a realidade é um dos
mais importantes avanços para o desenvolvimento do ego. Isso faz com que os
indivíduos, cuja transição não é realizada completamente, possam exercer mais
frequentemente o prazer sobre a realidade para enaltecer o ego. O impulso de comprar

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surge a partir da discussão desses dois princípios, o qual Rook (1987) defende que o
impulso é consequência dessa competição entre os princípios, pois envolvem
experiências prazerosas premeditadas, difíceis de postergar e que transformam a
experiência de compra em uma forma mais difícil de resistir.
No consumo impulsivo surge um poder e compulsão de comprar e isso gera
nos indivíduos um instinto de criar necessidades e desejos que os fazem sentir
instantaneamente completos, como se fosse um sentimento de obrigação e obsessão de
possuir. A compra impulsiva ajuda a estender esses sentimentos, pois segundo Weinberg
e Gottwald (1982), esse tipo de compra é influenciado pelo estado emocional do
indivíduo. Bashar, Ahmad e Wasiq (2013) afirmam que o estado emocional que mais
influencia é o de sentimento de prazer, em seguida o “sentir-se livre” (grifo do autor) e a
excitação momentânea.
Alguns pesquisadores, como Gardner e Rook (1988), também apontam os
sentimentos negativos como influenciadores da compra impulsiva, pois os consumidores
com sentimentos negativos realizam a compra com a esperança de sentir-se bem. Isso foi
verificado no estudo de Rook e Hoch (1985), onde os consumidores, frequentemente
usaram termos extremos para descrever o que se sente quando experimentam o impulso
de consumir: emocionante, arriscado, uma força que surge, divertida, impertinente,
grande, feliz, divertida, satisfatória e convincente.
Quanto ao consumo do segmento de homossexuais, esse vem crescendo
como um forte nicho de mercado, devido a fatores como ao seu poder aquisitivo, sua
condição como DINK (Double Income, No Kids, em português, dupla renda e sem filhos) e
sua evolução na busca pelo hedonismo, ativismo, visibilidade e participação social
igualitária nas últimas quatro décadas (LÓPEZ et al, 2005). No Brasil, o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística – IBGE, através do Censo 2010, constatou a existência de
sessenta mil casais homossexuais. Desses 44,39% são de casais de homens. Com
relação ao total populacional, os homossexuais foram estimados em 10% da população,
algo em torno de dois milhões, um número bastante significativo.
Conforme pesquisa realizada por Pereira, Ayrosa e Ojima (2006), o consumo
faz parte dessa construção da identidade do homossexual. E ainda, a interação com os
produtos e marcas é utilizada numa estratégia de negação, camuflagem e reforço da
identidade gay. Os homossexuais que assumem sua identidade representam um grupo
relevante com alto poder de consumo e nível intelectual acima da média da população. É
bom salientar que há homossexuais não declarados que, por receio de preconceito e
estigmatização, não entram nessas estatísticas, sendo poucas destas
consideradas confiáveis (ALTAF; TROCCOLI; MORÉ, 2012).

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IMPULSO, HEDONISMO OU UTILIDADE? UM ESTUDO SOBRE A RELAÇÃO DO GÊNERO E DA
ORIENTAÇÃO SEXUAL NO COMPORTAMENTO DE CONSUMO

Embora o número de homossexuais seja expressivo, há falta de incentivos


em pesquisas direcionados para esse público, que busquem analisar factores e construir
o perfil do homossexual brasileiro. Muitas vezes são realizadas por órgãos não
oficiais em ambientes diferentes, comprometendo a credibilidade destas. (ALTAF;
TROCCOLI; MORÉ, 2012). Também são escassos os estudos sobre consumo impulsivo,
ainda mais ao que se refere a trabalhos que tratam por gênero e orientação sexual. Nos
resultados de López et al. (2005) os homens heterossexuais realizam compras
impulsivamente de itens de informática, produtos eletrônicos e automotivos, as mulheres
e os homossexuais masculinos são semelhantes, preferem roupas, perfumes e
acessórios. A partir desse cenário identificam-se as primeiras hipóteses a serem testadas.
H1 – O comportamento de consumo por impulso é diferente ao comparar homens
heterossexuais e mulheres heterossexuais.
H2 – O comportamento de consumo por impulso é semelhante ao comparar
homens homossexuais e mulheres heterossexuais.

López et al. (2005), com o tema de consumo impulsivo entre homossexuais,


seguiram uma linha de pesquisa em psicologia econômica e comportamento do
consumidor para descobrir as características de compra impulsiva do homossexual
masculino na cidade de Barranquilla, Colômbia. Os resultados encontrados indicam que a
compra impulsiva dos homossexuais masculinos em Barranquilla estão concentradas na
busca por novidade, exclusividade e na relação hedônica entre o produto e a compra.
Além disto, as áreas de produtos que mais se relacionaram com a compra impulsiva
foram a de estética e a de beleza. Ao comparar o consumo entre os sexos feminino e
masculino, foi identificado que ambos se comportam em relação a este tipo de compra de
maneira semelhante, divergindo apenas nos objetos de compra.
Há evidências consistentes de que homens homossexuais e mulheres se
relacionam de forma semelhante em relação ao consumo por impulso. Outras afirmam
que homens heterossexuais e mulheres se relacionam diferente nesse tipo de
comportamento apenas para seus bens materiais. Estudos citados na pesquisa de
Dittmar, Beattie e Friese (1995) mostram que as mulheres tendem a valorizar bens
emocionais e simbólicos, enquanto os homens favorecem itens funcionais e de lazer.
Além disso, eles parecem valorizar essas posses, por diferentes razões: as mulheres
deram mais razões emocionais e orientados para o relacionamento, enquanto os homens
tinham razões mais funcionais, instrumentais e foco relacionado com a atividade.

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No âmbito das características analisadas pelo consumidor, o hedonismo e o


utilitarismo são temas frequentes de pesquisa (CHITTURI; RAGHUNATHAN; MAHAJAN,
2007). O consumo hedônico designa as facetas do comportamento do consumidor que se
relacionam com o multissensorial, fantasia e aspectos emotivos de sua experiência com
os produtos, já o utilitarismo tem seu valor atribuído ao desempenho do produto, sendo
considerada uma vantagem essencial, ligado à motivação do consumidor, está
preocupado com a serventia do produto. Assim como os bens e produtos têm em si um
valor hedônico ou utilitário específicos, os consumidores também podem desenvolver
diferentes graus de valor de compra hedônico ou utilitário (LOPES et al., 2010).
Hirschman e Holbrook (1982) apontaram consumo pelo prazer como uma
perspectiva diferente em relação à visão tradicional que toma por base as atitudes e
julgamentos práticos dos consumidores. Esses autores relataram como fatores, que
impulsionam o consumo hedônico, as emoções das pessoas, as imagens multissensoriais
e as fantasias. Logo, o aspecto emocional de compra é caracterizado por um fluxo de
fantasias, sentimentos e diversão, associados diretamente ao processo de consumir é
traduzido para o que se denomina consumo hedônico, designando as facetas do
comportamento do consumidor que se relacionam com os múltiplos aspectos sensoriais
que podem evocar uma variedade de significados relacionados a gostos, sons, cheiros,
impressões táteis e imagens visuais (HIRSCHMAN; HOLBROOK, 1982).
O consumo utilitarista está estritamente relacionado à racionalidade e está
em busca do melhor custo/benefício e de produtos ou serviços que tenham maior utilidade
funcional, normalmente é relacionado a compras mais eficientes (BABIN; DARDEN;
GRIFFIN, 1994; ANDERSSON; ENGELBERG, 2006). A partir disso é possível diferir os
níveis de valor hedônico e utilitário, pois alguns produtos hedônicos são para os
indivíduos fonte de prazer e escape para suas emoções, sonhos e fantasias. Todavia,
para a compra utilitária o indivíduo expõe maior racionalidade e pode agir de maneira
negativa ou neutra durante o envolvimento nesse tipo de compra.
Ainda que os consumidores almejem tanto o significado de compra hedônico
como o utilitário na maioria das situações de compra, essa ação de fazer compras pode
ser considerado tanto um objetivo prático (compra utilitária) quanto um objetivo de prazer
(compra hedônica) (HIRSCHMAN; HOLBROOK, 1982). López et al. (2005) indica que os
homossexuais possuem comportamento de consumo hedônico, em busca de sentir prazer
ao comprar e sentir exclusividade e novidade em certos produtos e marcas. Já as
mulheres são apontadas por esses mesmos autores como consumidoras fortemente
influenciadas pelo hedonismo. Os homens heterossexuais são considerados como
consumidores mais utilitaristas, sem fazer menção à diferença por orientação sexual
nesse caso. A partir disto, pretende-se testar as seguintes hipóteses:

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IMPULSO, HEDONISMO OU UTILIDADE? UM ESTUDO SOBRE A RELAÇÃO DO GÊNERO E DA
ORIENTAÇÃO SEXUAL NO COMPORTAMENTO DE CONSUMO

H3 – Homens homossexuais apresentam maior consumo hedônico que as


mulheres heterossexuais.
H4 – Mulheres heterossexuais apresentam maior consumo utilitarista que os
homens homossexuais.

Para esse estudo, considerou-se a definição de gênero e orientação sexual


a partir dos estudos de Souza e Carrieri (2010). A palavra gênero, por si só, é, em nosso
imaginário social, definidora de masculino e feminino e acaba reforçando a concepção
binária de sexualidade, sendo estas, heterossexual e homossexual.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para atingir o objetivo proposto por este estudo uma pesquisa descritiva com
abordagem quantitativa foi realizada para testar as hipóteses específicas e examinar
relações entre as variáveis. De acordo com Motta-Roth e Hendges (2010), na pesquisa
descritiva observam-se os fatos sociais tais quais ocorrem, atentando para as variáveis
que afetam esses fatos e registrando-as, para tentar confirmar ou rejeitar as hipóteses.
Esse tipo de pesquisa é desenvolvido por meio de instrumentos de observação, nesse
estudo, foi utilizado o questionário.
A amostra deste estudo evidencia-se como não probabilística realizada por
conveniência, pois os respondentes eram de grupos variados na rede social Facebook.
É composta por consumidores homens e mulheres, homossexuais e heterossexuais,
respectivamente. O instrumento de coleta de dados consistiu em um questionário criado
em software do GoogleForms. Ele foi disponibilizado em grupos aleatórios nas redes
sociais onde interagiam pessoas de ambos os gêneros e ambas as orientações sexuais.
Não foi solicitado informações como renda ou idade.
O questionário foi dividido tendo em vista os construtos analisados, sendo
utilizadas escalas já testadas internacionalmente. Como as medidas empregadas neste
trabalho foram retiradas e adaptadas de diferentes fontes e são originárias de estudos
norte-americanos, elas foram traduzidas para a língua portuguesa por meio da técnica de
tradução reversa (DILLON; MADDEN; FIRTLE, 1993) pelos autores deste estudo, a fim de
garantir a manutenção do significado e da precisão das medidas. O instrumento de coleta
de dados foi pré-testado com 10 consumidores. Os resultados do pré-teste não indicaram
alteração nas escalas. Para todos os construtos, foram utilizadas escalas do tipo Likert,
cujas origens são descritas a seguir.

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A escala de consumo por impulso foi baseada nos estudos de Rook e Fisher
(1995), o qual mede a tendência do consumidor para comprar espontaneamente,
irrefletidamente, imediatamente e cineticamente e, a de Beatty e Ferrell (1998), o qual
mede a extensão em que um consumidor é propenso a fazer compras não planejadas,
imediatas e irrefletidas. Os respondentes avaliaram o grau de concordância por meio de
afirmativas, variando entre “discordo totalmente” e “concordo totalmente”. As escalas de
consumo hedônico e utilitarista utilizadas foram baseadas nos estudos de Raghunathan e
Irwin (2001), que mensuram a reação afetiva a um estímulo ambiental com ênfase na sua
espera por prazer, e na de Wakefield e Inman (2003), que mede a extensão na qual uma
pessoa normalmente compra algo por natureza hedônica ou utilitarista.
Para avaliar a relação existente entre o consumo impulsivo, hedônico e
utilitarista com os públicos deste estudo, mulheres e homens heterossexuais e homens
homossexuais, foi utilizada primeiramente a Análise Fatorial Exploratória (AFE) com
objetivo de conhecer as correlações existentes entre as variáveis (CORRAR; PAULO;
DIAS FILHO, 2007) e a Análise de Variância (ANOVA). Essa última técnica é empregada
para o estudo das diferenças nos valores da média da variável dependente que, por sua
vez, estão associados ao efeito das variáveis independentes controladas, após levar em
conta a influência das variáveis independentes não controladas (MALHOTRA, 2012).
Sabendo que o gênero e a orientação sexual são variáveis independentes,
criou-se um tratamento GIS para facilitar na identificação dos grupos na análise dos
resultados. Esse tratamento surge de uma combinação das respostas fornecidas das
duas variáveis pelos respondentes. Portanto, o tratamento será dividido em três variáveis
G1, G2 e G3.

4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A amostra foi constituída por 153 respondentes, destes, 28,15% (41) eram
homens heterossexuais, 23,44% (36) homens homossexuais, 46,41% (72) mulheres
heterossexuais e 2% (3) por mulheres homossexuais, conforme mostra a Tabela 1.

Tabela 1 – Composição da amostra

Gênero Orientação Sexual


Heterossexual Homossexual
Feminino 46,41% 2%
Masculino 28,15% 23,44%
Fonte: Os autores

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IMPULSO, HEDONISMO OU UTILIDADE? UM ESTUDO SOBRE A RELAÇÃO DO GÊNERO E DA
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Na etapa de tratamento dos dados, seguindo as orientações de Hair et al.


(2009), examinou-se os outliers e se fez necessário retirar quatro outliers da amostra. Os
dados das respondentes homossexuais do gênero feminino foram desconsiderados, pois
houve apenas três respondentes na amostra coletada. Verificou-se seis missing values do
total de respostas e como esta quantidade representa menos de 10% da amostra principal
optou-se por substituí-los pelo valor da média dos demais dados validados na amostra e
pertencentes à sua respectiva variável (CORRAR; PAULO; DIAS FILHO, 2007).
A análise fatorial exploratória foi usada devido ao fato de não haver
conhecimento prévio da relação de dependência entre as variáveis (CORRAR; PAULO;
DIAS FILHO, 2007). O teste de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) encontrado (igual a 0,859) foi
satisfatório e indica o grau de explicação dos dados a partir dos fatores encontrados na
análise. Outro indicador importante e que comprova a formação dos fatores é o teste de
esfericidade de Bartlett, que foi significante para p <0,000. A matriz de correlação de anti-
imagem foi superior a 0,5 em todos os itens.
A AFE para consumo impulsivo, consumo hedônico e consumo utilitarista
resultou em uma solução aceitável de três fatores, os quais, todos tinham autovalores
maiores que um. Os construtos cumpriram os requisitos para a medida de adequação da
amostra com a porcentagem da variação total explicada pela solução dos fatores de
69,23%, com todas as cargas fatoriais excedendo o mínimo de 0,5 e com o Alfa de
Cronbach maior que 0,80. Como se trata de uma análise fatorial exploratória, o índice está
acima do valor mínimo e existe consistência interna entre as variáveis (HAIR et al, 2009).
Apresentam-se os resultados da AFE na Tabela 2, que mostra cargas
superiores a 0,60 em seus fatores. Os itens da Tabela 2 estão discriminados a seguir:
Impulso Item 1: Quando eu vou fazer compras, eu compro coisas que eu não tinha a
intenção de comprar. Impulso Item 2: Eu sou uma pessoa que faz compras não
planejadas. Impulso Item 3: De um modo geral, eu me considero um comprador impulsivo.
Impulso Item 4: Muitas vezes eu compro coisas espontaneamente. Impulso Item 5: Muitas
vezes eu compro coisas sem pensar. Impulso Item 6: Às vezes eu sinto que compro
coisas pelo calor do momento. Impulso Item 7: Eu não planejo cuidadosamente a maioria
das minhas compras. Impulso Item 8: Às vezes eu sou um pouco imprudente sobre o que
compro. Hedonismo Item 1: Variação entre radiante ou irritado como emoção na última
compra. Hedonismo Item 2: Variação entre satisfeito ou insatisfeito como emoção na
última compra. Hedonismo Item 3: Variação entre contente ou melancólico. Hedonismo
Item 4: Variação entre esperançoso ou desesperado. Hedonismo Item 5: Variação entre
divertido ou não divertido. Utilitarismo Item 1: Variação entre totalmente prático ou

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totalmente por diversão. Utilitarismo Item 2: Variação entre puramente funcional e


puramente satisfação. Utilitarismo Item 3: Variação entre totalmente necessário para a
rotina e totalmente necessário por prazer.

Tabela 2 – Estrutura Análise Fatorial Exploratória


Componentes Variância
Alfa de
Explicada
Cronbach
1 2 3 %
Impulso Item 1 0,703 32,035 0,918
Impulso Item 2 0,799
Impulso Item 3 0,808
Impulso Item 4 0,834
Impulso Item 5 0,843
Impulso Item 6 0,826
Impulso Item 7 0,756
Impulso Item 8 0,786
Hedonismo Item 1 0,751 20,022 0,851
Hedonismo Item 2 0,804
Hedonismo Item 3 0,803
Hedonismo Item 4 0,841
Hedonismo Item 5 0,731
Utilitarismo Item 1 0,813 14,615 0,840
Utilitarismo Item 2 0,905
Utilitarismo Item 3 0,843
Fonte: Análise de dados. Nota: Variância Total Explicada = 66.672%; KMO = 0.859; Bartlett = 1274.743 (Sig. = 0.000).

A análise de variância foi realizada a fim de testar as hipóteses do estudo


realizado. As variáveis dependentes foram extraídas da análise fatorial exploratória,
sendo estas, consumo impulsivo, consumo hedônico e consumo utilitarista, representadas
por ConsImp, ConsHed e ConsUtil. Sabendo que o gênero e a orientação sexual são as
variáveis independentes, o tratamento criado para a análise foi uma combinação das
respostas fornecidas das duas variáveis pelos respondentes. Tal tratamento é chamado
de GIS. Lembrando que, segundo Malhotra (2012), tratamento é a combinação de
determinado nível de categorias.
Verificou-se que na ANOVA e no teste de robustez de Brown-Forsythe,
apenas o ConsImp apresentou significância inferior a 0,05, conforme Tabela 3. Isso
sugere que o tratamento GIS influencia no consumo impulsivo, ou seja, que a combinação
de gênero e orientação sexual afeta diretamente no comportamento de consumo
impulsivo. Dessa forma há diferença no consumo feminino heterossexual, masculino
heterossexual e masculino homossexual, conforme o que vem sendo estudado nas
pesquisas de López et al. (2005). No entanto, não houve significância para os consumos
hedônico e utilitarista. Nesse caso, independente do gênero e/ou da orientação sexual do
indivíduo, não haverá influência nesses tipos de consumo. Essa informação contraria os
estudos desses autores que afirmaram serem os homens homossexuais consumidores
mais hedônicos.

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IMPULSO, HEDONISMO OU UTILIDADE? UM ESTUDO SOBRE A RELAÇÃO DO GÊNERO E DA
ORIENTAÇÃO SEXUAL NO COMPORTAMENTO DE CONSUMO

Tabela 3 – Resultado análise de variância


Teste
Teste de Robustez
Variáveis ANOVA
F Sig Statistic Sig
ConsImp 11.735 0.000 10.882 0.000
ConsHed 0.353 0.703 0.336 0.715
ConsUtil 0.168 0.846 0.152 0.859
Fonte: Análise de dados

Dividiu-se o tratamento GIS em três variáveis. A variável chamada G1 são


as respondentes mulheres heterossexuais, a variável G2 são os respondentes homens
heterossexuais e a variável G3 são os homens homossexuais. Para identificar quais dos
pares de grupos diferem, realizou-se a comparação post-hoc Hochberg's GT2. Utilizou-se
esse tipo por se tratar de tamanhos amostrais diferentes. É possível visualizar os
resultados na Tabela 4 a seguir.
Nos dados demonstrados na referida tabela, verifica-se que ao ConsImp para o
GIS tem significância inferior a 0,05 entre os grupos 1 e 2, e, 2 e 3. Isto sugere que há
diferença no comportamento de consumo impulsivo entre homens e mulheres, ambos
heterossexuais e, ainda, entre os homens dependendo da orientação sexual. Confirma-se
que o gênero e a orientação sexual de fato influenciam no comportamento de comprar por
impulso. Compartilhando dos mesmos resultados encontrados nos estudos de Dittmar,
Beattie e Friese (1995) e López et al. (2005), os homens heterossexuais diferem no consumo
impulsivo quando comparado à homens homossexuais e mulheres heterossexuais.

Tabela 4 – Comparações Múltiplas (Post-hoc) – (Continua)


Variável Dependente GIS GIS Sig
Mulheres Heterossexuais Homens Heterossexuais 0.000
Homens Homossexuais 0.162
Homens Heterossexuais Mulheres Heterossexuais 0.000
ConsImp
Homens Homossexuais 0.047
Homens Homossexuais Mulheres Heterossexuais 0.162
Homens Heterossexuais 0.047
Mulheres Heterossexuais Homens Heterossexuais 0.999
Homens Homossexuais 0.796
Homens Heterossexuais Mulheres Heterossexuais 0.999
ConsHed
Homens Homossexuais 0.896
Homens Homossexuais Mulheres Heterossexuais 0.796
Homens Heterossexuais 0.896
Mulheres Heterossexuais Homens Heterossexuais 0.917
Homens Homossexuais 0.998
Homens Heterossexuais Mulheres Heterossexuais 0.917
ConsUtil
Homens Homossexuais 0.979
Homens Homossexuais Mulheres Heterossexuais 0.998
Homens Heterossexuais 0.979
Fonte: Análise de dados

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No entanto, a significância encontrada entre os grupos 1 e 3 sugere que não


há diferença significativa no comportamento. Portanto, mulheres heterossexuais e
homens homossexuais se comportam da mesma forma em relação ao consumo por
impulso. Conforme anteriormente exposto, López et al. (2005) afirmam em suas
pesquisas que mulheres heterossexuais têm o comportamento de consumo por impulso
semelhante ao dos homens homossexuais. Dessa maneira, esse resultado aceita as
hipóteses deste estudo, H1, que homens heterossexuais e mulheres diferem no consumo
impulsivo, e a H2, que homens homossexuais e mulheres heterossexuais se comportam
semelhante em relação ao consumo por impulso.
Sabendo que a orientação sexual influencia no comportamento de consumo
impulsivo de maneira significativa, o Gráfico 1 possibilita visualizar que mulheres
heterossexuais consomem mais impulsivamente que os homens heterossexuais. E ainda,
que os homens homossexuais, em geral, consomem por impulso mais que os
heterossexuais e menos que as mulheres heterossexuais.
Não obstante López et al. (2005) indicasse que os homossexuais,
juntamente às mulheres, se comportam mais influenciados pelo hedonismo que pelo
utilitarismo, devido ao prazer e exclusividade de comprar certos produtos e marcas, e os
homens heterossexuais serem mais utilitaristas devido à praticidade no ato de comprar,
esta pesquisa não aceitou as hipóteses 3 e 4. Dessa forma, não é possível afirmar que o
homossexual masculino seja mais hedônico que as mulheres heterossexuais, contudo,
reafirma-se a semelhança de comportamento hedônico citada por López et al. (2005).

Gráfico 1 – Consumo por Impulso

Fonte: Análise de Dados

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IMPULSO, HEDONISMO OU UTILIDADE? UM ESTUDO SOBRE A RELAÇÃO DO GÊNERO E DA
ORIENTAÇÃO SEXUAL NO COMPORTAMENTO DE CONSUMO

Do mesmo modo, as diferenças de médias não foram significantes para


demonstrar se mulheres heterossexuais são mais utilitaristas que os homossexuais
masculinos. Logo, confirma-se a argumentação inicial inferindo-se que esses públicos se
comportam de maneira muito similar no que se refere ao hedonismo e ao utilitarismo.

5. CONCLUSÕES

Este estudo buscou analisar a relação entre o consumo impulsivo, hedônico


e utilitarista a partir do gênero e orientação sexual. O trabalho contribuiu para a
compreensão dos consumidores, em específico os homossexuais masculinos,
apresentando uma visão do modo como o grupo tende a consumir. Ressalta-se a
importância de tratar esse assunto visto que há poucas pesquisas realizadas a fim de
investigar o comportamento de consumo deste grupo e que, apesar de as empresas
terem conhecimento do potencial deste nicho de mercado, não há compreensão de como
o grupo é atraído para seus produtos e serviços.
Os resultados encontrados nesta pesquisa corroboram o estudo de López et
al. (2005) realizado na cidade de Barranquilla, na Colômbia, evidenciando que homens
homossexuais e as mulheres heterossexuais, de fato apresentam uma tendência
semelhante quanto ao comportamento de compra impulsiva, e ainda que, homens e
mulheres, ambos heterossexuais, e ainda, homens heterossexuais e homens
homossexuais diferem no comportamento de compras por impulso.
Em contrapartida, outros resultados dessa pesquisa negam o que fora
encontrado anteriormente por López et al. (2005), o qual afirmou ser os homossexuais
masculinos mais hedônicos que as mulheres. Sobre os consumos hedônico e utilitarista,
os resultados não foram significantes para nenhum grupo. Logo, não houveram diferenças
significativas que comprovassem ser o homossexual masculino mais hedônico que as
mulheres ou mulheres mais utilitaristas que estes. É possível que um dos motivos para
isso seja o fato de consumo hedônico e utilitário serem dois extremos de um continuum
ou ainda, a amostra restrita da pesquisa.
Embora as hipóteses de consumo hedônico e utilitarista não tenham
apontado diferenças significantes no estudo, sugere-se que mais pesquisas sejam feitas
com o objetivo de investigar a relação desses tipos de consumo não só a partir do gênero
e da orientação sexual, mas também evidenciando a renda e a cultura. Resultados de
novas pesquisas podem encontrar dados que corroborem com esta pesquisa e, talvez,
quebrem o paradigma que mulheres consomem mais hedonicamente que os homens.

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Em relação às limitações da pesquisa, pode-se ressaltar: 1) o auxílio limitado


ao respondente em caso de dúvida do questionário; 2) a impossibilidade de verificar a
circunstância em que o questionário está sendo respondido; 3) a dificuldade de acesso a
respondentes do público homossexual masculino, que, por questões de estigmatização
aplicadas pela sociedade, muitos destes não revelam sua identidade sexual ou mentem
sobre aspectos relacionados a ela, o que os afastam de pesquisas por receio de
receberem alguma represália, mesmo quando respondem de forma anônima (ALTAF;
TROCCOLI; MOREIRA; 2013).
Verifica-se nessa pesquisa que há um grande nicho a ser explorado, pois os
consumidores não estão diferenciando seu comportamento de consumo apenas pelo
gênero. Agora é possível direcionar um produto, uma propaganda, uma estratégia de
marketing ou um serviço para determinado público baseado em sua orientação sexual.
Pode se perceber que homens não se comportam semelhante em relação ao consumo
impulsivo. Com isso, é importante enfatizar que é possível diferenciar, dentro do mercado
masculino, o público que deseja atingir com as estratégias de mercado. O presente
estudo apresenta algumas implicações para o mercado, visto que o público homossexual
tem crescido consideravelmente e se apresenta como público-alvo potencial para diversas
áreas de atuação no comércio, nos serviços e até na indústria.
Sugere-se replicar esta pesquisa em outras regiões, tendo como objetivo
ampliar ainda mais os horizontes da percepção do mercado consumidor homossexual, em
especial consumo hedônico e utilitarista, uma vez que há uma lacuna em entender o
comportamento desses consumidores.

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