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A revolta de Kronstadt
1
FITZPATRICK, Scheila. A Revolução Russa. 1. ed. [São Paulo]: Todavia; 2017. p. 103
2
Ibdem, p. 104
3
HECKER, Alexandre. A Revolução Russa: Uma história em debate. 2. ed. Expressão e Arte
Editora, 2007. p. 71
4
Fitzpatrick, op. cit. 117
De acordo com Fitzpatrick, os bolcheviques possuíram dificuldades de manter a
economia funcionando, pois assumiram o poder econômico num período de guerra que
estava em colapso. A autora discorre sobre as políticas econômicas impostas no período
da guerra civil e que ficaram conhecidas como “comunismo de guerra”. Adiante
utilizaremos Hecker para explicar essas imposições. Fitzpatrick transcreve que havia um
contexto ideológico por trás dessas medidas. Os bolcheviques tinham planos para abolir
a propriedade privada e o livre mercado, e distribuir a produção de acordo com as
necessidades. Imediatamente, eles preferiam políticas que possibilitariam a realização
desses planos futuramente. A autora explica como a nacionalização e distribuição estatal
podem ser respostas ao cenário de guerra e um imperativo do comunismo.
Hecker dem sua obra descreveu que durante a guerra civil a população sofreu
com doenças, epidemias, fomes, execuções que resultou na morte de 20 milhões de
pessoas. Além disso, houve uma fuga massiva de pessoas com alto grau de
escolarização, causando uma falta de mão de obra qualificada no país.5
O autor prossegue discorrendo sobre as táticas do Partido Comunista para
melhorar a situação econômica. Em 1918, medidas rigorosas foram impostas que
tiveram a denominação de comunismo de guerra. O Partido buscou concentrar a
autoridades administrativas e econômicas das empresas com base nas decisões do
Estado. Portanto, os sindicatos tiveram que funcionar como órgãos do Estado e
deveriam recrutar mão-de-obra. Hecker explica que os inimigo/adversários dos
comunistas foram obrigados a trabalharem em campos de concentração com o objetivo
de produzir compulsoriamente.6
A agricultura também teve que obedecer às táticas do comunismo de guerra.
Portanto, a agricultura deveria suprir as necessidades das cidades, pois a conseqüência
do declínio da produção rural seria o atraso da vida urbana. Os bolcheviques
acreditavam que com a desapropriação da nobreza a produção aumentaria, mas isso não
ocorreu e se tornou um problema. Hecker prossegue explicando qual caminho o
processo de produção tomou. Após 1917 o número de propriedades aumentou, porém
houve uma diminuição da área ocupada por elas. Entende-se que a ocupação dos
camponeses possuía o objetivo de ser tornarem pequenos proprietários voltados para o
autoconsumo.7
5
Hecker, op. cit. 72
6
Ibdem, p. 72
7
Ibdem, p. 72
Compreendendo como se deu a produção do meio rural após 1917, o autor
prossegue identificando as medidas tomadas pelo Estado para modificar o cenário. O
Comissário do Povo para o Abastecimento reorganizou a produção e ordenou
distribuição e transporte para as cidades. Em 1918, criaram-se fazendas coletivas com o
objetivo de regularizar o abastecimento. Eram ambientes com o intuito de reunir
pessoas para trabalharem e conviverem.8
Hecker descreve as medidas tomadas nas áreas industrializadas.
8
Ibdem, p. 73
9
Ibdem, p. 73
10
Ibdem, p.74
Surgiram greves nas cidades reivindicando melhores condições de vida e trabalho. A
restrição à liberdade também era alvo de críticas.11
Hecker explica que cidadãos pertencentes à antiga classe média se reuniram com
os SRs e os mencheviques com o intuito de dialogarem com os órgãos de poder
bolchevique, porém não obtiveram sucesso. O dialogo teria o objetivo de convencer os
bolcheviques a restaurarem alguns padrões econômicos do livre mercado capitalista.
Ambos os grupos citados buscaram ter influência nas áreas rurais e conseguiram. O
resultado dessa influência foi várias insurreições. O autor discorre que o Partido
Comunista tomou atitudes para averiguar e reter a situação. Houve esclarecimento e
tentativa de apaziguar a população sobre a condição econômica e o exercito vermelho
possuía autorização para atacar e reprimir qualquer manifestação provinda desses
grupos. 12
Nesse cenário explicado anteriormente, surgiu a revolta de Kronstadt. Daniel
Aarão se refere a esse acontecimento como a “a revolução esquecida”. A manifestação
ocorreu em 2 de março de 1921, os marinheiros da base de Kronstadt se declararam em
estado de rebelião em apoio aos grevistas de Petrogrado. O autor explica o papel dessa
base na guerra civil, primeiro é enfatizado que se trata de um local importante, pois era
uma área estratégia que protegia Petrogrado. Os marinheiros pertencentes à Kronstadt
estiveram na linha de frente durante a queda do antigo regime e a guerra civil. Por isso,
o soviete local ficou nas mãos de bolcheviques e anarquistas. A participação dos
marinheiros de Kronstadt foi essencial para a vitória da chamada Revolução de
Outubro. 13
De acordo com Hecker no X Congresso do Partido Comunista foi recebido a
informação sobre a manifestação ocorrida em Kronstadt e interpretou como uma traição.
De acordo com o autor os congressistas compreendiam e achavam justas as
manifestações, mas afirmavam que não tinham o direito de exigir através da força suas
reivindicações. Hecker descreveu que os bolcheviques determinaram que o movimento
dentro dos motins era contra-revolução.
Daniel Aarão esboça uma dúvida “O que desejavam os marinheiros de
Kronstadt?”. São diversas reivindicações apresentadas por esse grupo e Aarão as expõe.
11
REIS, Daniel Aarão Filho. As Revoluções Russas e o Socialismo Soviético. 2. Ed. São Paulo.
Editora UNESP, 2003. p. 72
12
Hecker, loc. cit.
13
Reis, op. cit., 73
[...] Nos primeiros manifestos publicados, esboçou-se um
programa: solidariedade às reivindicações dos operários
grevistas, liberdade de manifestação, libertação de todos os
presos políticos, formação de uma comissão independente para
investigar denúncias sobre a existência de campos de trabalho
forçado e, mais importante, eleições imediatas para a renovação
de todos os sovietes existentes, na base do voto universal e
secreto, controladas por instituições pluripartidárias,
independentes do Estado. 14
14
Ibdem
15
Hecker, op. cit,. 76
16
Ibdem, p. 73
17
Reis, op. cit., 74
Hecker esclarece que no mesmo X Congresso do Partido houve reconhecimento
da necessidade de mudanças econômicas. O partido reconhecia as vantagens que as
medidas econômicas produziram durante a guerra civil.
18
Hecker, op. cit,. 77
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS