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ÍNDICE

BRIGADA MILITAR
BRIGADA MILITAR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Técnico de Enfermagem

101JN-S0
EDITAL Nº 001/2020
ÍNDICE

Conhecimentos Específicos
Técnico de Enfermagem
Registro de enfermagem; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
Assistência de enfermagem em pacientes com nutrição enteral e parenteral; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Assistência de enfermagem em pacientes com ostomias e diversos tipos de drenos; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Assistência e cuidados de enfermagem de pacientes em: Unidade de Pronto Atendimento, Unidade de Psiquiátrica, Unidade de In-
ternação Clínica e Cirúrgica, Serviço de endoscopia digestiva e respiratória, serviços gráficos (eletrocardiografia, ergometria), bloco
cirúrgico, no pré-trans-pós-operatório; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Normas de Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e Centro de Material e Esterilização; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
Normas e princípios éticos do Código de Ética da Enfermagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
DICA

Como passar em um concurso público?

Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esse artigo com algumas dicas que irá fazer toda diferença na sua preparação.
Então mãos à obra!

Separamos algumas dicas para lhe ajudar a passar em concurso público!

- Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo, a aprovação no concurso. Você vai
ter que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
- Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção em um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando
você tenta focar em vários certames, devido as matérias das diversas áreas serem diferentes. Desta forma, é importante que você
defina uma área se especializando nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
- Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito, de-
terminado um local, os horários e dias específicos para estar estudando cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo
não pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
- Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis, preci-
sa de dedicação. É praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter
uma planilha contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
- Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o
assunto estudado, é fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, caso o mesmo ainda não esteja publica-
do, busque editais de concursos anteriores. Busque refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
- Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado.
Esses materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo muito exercícios. Quando
mais exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
- Cuide de sua preparação: Não é só os estudos que é importante na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público!

O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes so-
bre o mesmo, conversando com pessoas que já foram aprovadas absorvendo as dicas e experiências, analisando a banca examinadora
do certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, será ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estu-
dados até o dia da realização da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora próximo ao dia da prova.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar?! Uma dica, comece pela Língua Portuguesa, é a matéria com maior requisi-
ção nos concursos, a base para uma boa interpretação, no qual abrange todas as outras matérias.
DICA

Vida Social!

Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado, verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Ner-
voso Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.

Motivação!

A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e as vezes bate aquele
desânimo com vários fatores ao nosso redor. Porém a maior garra será focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
É absolutamente normal caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir
conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir mo-
tivação:
- Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
- Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
- Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
- Escreve o porque que você deseja ser aprovado no concurso, quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para
seguir focado, tornando o processo mais prazeroso;
- Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irá aparecer.
- Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta,
felizes com seu sucesso.
Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua
dedicação e motivação para estar realizando o seu grande sonho, de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu
potencial.
A Solução tem ajudado há mais de 35 anos quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas
chances de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Registro de enfermagem; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
Assistência de enfermagem em pacientes com nutrição enteral e parenteral; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Assistência de enfermagem em pacientes com ostomias e diversos tipos de drenos; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Assistência e cuidados de enfermagem de pacientes em: Unidade de Pronto Atendimento, Unidade de Psiquiátrica, Unidade de In-
ternação Clínica e Cirúrgica, Serviço de endoscopia digestiva e respiratória, serviços gráficos (eletrocardiografia, ergometria), bloco
cirúrgico, no pré-trans-pós-operatório; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Normas de Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e Centro de Material e Esterilização; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
Normas e princípios éticos do Código de Ética da Enfermagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
3.5 Ensino e pesquisa: os registros do paciente contêm um
REGISTRO DE ENFERMAGEM; grande número de informações e podem constituir uma fonte
alternativa de dados;
A enfermagem é uma profissão fortemente dependente de 3.6 Auditoria: refere-se à análise das atividades realizadas
informações precisas e oportunas para executar a grande varie- pela equipe de enfermagem por meio do prontuário do pacien-
dade de intervenções envolvidas no cuidado. Dessa forma, os te.
registros de enfermagem são elementos imprescindíveis ao pro-
cesso do cuidar e, quando redigidos de maneira que retratem a 4 Prontuário do paciente
realidade a ser documentada, possibilitam a comunicação entre
a equipe de saúde, além de servir a diversas outras finalidades, É definido no livreto do Conselho Regional de Enfermagem
tais como: ensino, pesquisas, auditorias, processos jurídicos, de São Paulo como o acervo documental padronizado, organi-
planejamento, fins estatísticos e outros. zado e conciso referente ao registro dos cuidados prestados ao
Convém, ainda, citar que os registros de enfermagem con- paciente por todos os profissionais envolvidos na assistência.
sistem no mais importante instrumento de avaliação da quali- A palavra prontuário deriva do latim “promptuariu” que sig-
dade de atuação da enfermagem, representando 50% das infor- nifica lugar onde se guarda aquilo que deve estar à mão, o que
mações inerentes ao cuidado do paciente registradas no pron- pode ser necessário a qualquer momento.
tuário. A resolução CFM 1.638/2002 define o prontuário como
Os registros realizados no prontuário do paciente são consi- “documento único constituído de um conjunto de informações,
derados como um documento legal de defesa dos profissionais, sinais e imagens registradas, geradas a partir de fatos, aconteci-
devendo, portanto, estar imbuídos de autenticidade e de signi- mentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a
ficado legal. Eles refletem todo o empenho e força de trabalho ele prestada, de caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita
da equipe de enfermagem, valorizando, assim, suas ações e a a comunicação entre os membros da equipe multiprofissional e
segurança do paciente. a continuidade da assistência prestada ao indivíduo”.
Dessa forma, para serem consideradas autênticas e válidas
as ações registradas no prontuário do paciente, deverão estar 5 Aspectos legais do registro de enfermagem
legalmente constituídas, ou seja, possuir assinatura do autor do
registro (art. 368 do Código de Processo Civil – CPC) e inexis- Ochoa-Vigo (2001) disse que é momento de entender e
tência de rasura, entrelinhas, emenda, borrão ou cancelamen- assumir os registros de enfermagem no prontuário do paciente
to, características que poderão gerar a desconsideração jurídica como parte integrante do processo de enfermagem, compre-
do documento produzido como prova documental (art. 386 do endendo que as informações de cuidados prestados é a forma
CPC). Salientamos que as declarações constantes do documento para mostrar o trabalho, bem como para o desenvolvimento da
particular, escrito e assinado, presumem-se verdadeiras em re- profissão.
lação a quem o assinou (art. 368 do CPC), fator importante na Como documento legal, os registros somente terão valor se
defesa profissional em processos judiciais e éticos. forem datados e assinados e, evidentemente, se forem legíveis
e não apresentarem rasuras.
2. Objetivos Segundo Oguisso (1975), são essas recomendações que ca-
racterizarão a autenticidade de um documento. Para a autora, a
Nortear os profissionais de Enfermagem para a prática dos ausência dos registros, ou realizados de forma incompleta po-
registros de enfermagem no prontuário do paciente, garantin- dem indicar uma má qualidade da assistência de enfermagem.
do a qualidade das informações que serão utilizadas por toda a Importante frisar que resta evidenciada a responsabilidade
equipe de saúde da instituição. dos profissionais de enfermagem sobre seus registros e também
sobre os seus reflexos, além da já conhecida responsabilidade
3 Finalidade dos registros sobre seus atos profissionais e pelo sigilo. A responsabilidade do
profissional poderá ocorrer no âmbito ético, legal, administrati-
3.1 Partilha de informações: estabelece uma efetiva comu- vo, cível e criminal.
nicação entre a equipe de enfermagem e demais profissionais
envolvidos na assistência ao paciente; 6 Fundamentos legais das Anotações de Enfermagem
3.2 Garantia de qualidade: serve como fonte de subsídios
para a avaliação da assistência prestada (comitê interno hospi- 6.1 Constituição Federal
talar); (...)
3.3 Relatório permanente: registro escrito em ordem cro- Art. 5º
nológica da enfermidade de um paciente e dos cuidados ofe- X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
recidos, desde o surgimento do problema até a alta / óbito / imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo
transferência hospitalar; dano material ou moral decorrente de sua violação;
3.4 Evidência legal: documento legal tanto para o pacien- 6.2 Lei n. 7.498/86, que dispõe sobre a regulamentação do
te quanto para a equipe médica e de enfermagem (e outros), exercício profissional da Enfermagem
referente à assistência prestada. Cada pessoa que escreve no (...)
prontuário de um paciente é responsável pela informação ali “Art. 11 o enfermeiro exerce todas as atividades de enfer-
anotada; magem, cabendo-lhe:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
I – privativamente Art. 12 Assegurar à pessoa, família e coletividade, assistên-
(...) cia de enfermagem livre de riscos decorrentes de imperícia, ne-
c) planejamento, organização, execução e avaliação dos ser- gligência e imprudência.
viços de assistência de enfermagem; Art. 16 Garantir a continuidade da assistência de enferma-
(...) gem em condições que ofereçam segurança, mesmo em caso
i) consulta de enfermagem; de suspensão das atividades profissionais decorrentes de movi-
j) prescrição da assistência de enfermagem; mentos reivindicatórios da categoria.
l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com Art. 17 Prestar adequadas informações à pessoa, família e
risco de vida; coletividade a respeito dos direitos, riscos, benefícios e intercor-
m) cuidados de enfermagem de maior complexidade técni- rências acerca da assistência de enfermagem.
ca e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade Art. 25 Registrar no Prontuário do Paciente as informações
de tomar decisões imediatas.” inerentes e indispensáveis ao processo de cuidar.
6.3 Decreto n. 94.406/87, que regulamenta a Lei n. 7.498/86 Art. 41 Prestar informações, escritas e verbais, completas
Cabe ao técnico de enfermagem: e fidedignas necessárias para assegurar a continuidade da as-
“Art. 10 O técnico de enfermagem exerce atividades auxilia- sistência.
res, de nível médio técnico, atribuídas à equipe de enfermagem, Art. 54 Apor o número e categoria de inscrição no Conselho
cabendo-lhe: Regional de Enfermagem em assinatura, quando no exercício
(...) profissional.
II – executar atividades de assistência de enfermagem, ex- Art. 71 Registrar as informações inerentes e indispensáveis
cetuadas as privativas do enfermeiro e as referidas no art. 9º ao processo de cuidar.
deste Decreto;” Art. 72 Registrar as informações inerentes e indispensáveis
(...) ao processo de cuidar de forma clara, objetiva e completa.
Cabe ao auxiliar de enfermagem: PROIBIÇÕES
“Art. 11 O auxiliar de enfermagem executa as atividades (...)
auxiliares, de nível médio atribuídas à equipe de enfermagem,
“Art. 35 Registrar informações parciais e inverídicas sobre a
cabendo-lhe:
assistência prestada
(...)
Art. 42 Assinar as ações de Enfermagem que não executou,
II – observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas, ao
bem como permitir que suas ações sejam assinadas por outro.”
nível de sua qualificação;
(...)
III – executar tratamentos especificamente prescritos, ou de
6.7 Código Civil Brasileiro
rotina, além de outras atividades de enfermagem
(...)
(....)
“Art. 186 Aquele que, por ação ou omissão voluntária, ne-
Art. 14 Incumbe a todo pessoal de enfermagem:
(...) gligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
II – quando for o caso, anotar no prontuário do paciente as ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
atividades da assistência de enfermagem, para fins estatísticos.” Art. 927 Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
6.4 Resolução Cofen n. 429/12 – Dispõe sobre o registro das dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
ações profissionais no prontuário do paciente, e em outros do- Art. 951 O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda
cumentos próprios da enfermagem, independente do meio de no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de
suporte – tradicional ou eletrônico. atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperí-
6.5 Resolução Cofen 311/07 – Código de Ética dos Profissio- cia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe
nais de Enfermagem lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.”
6.8 Código Penal
DIREITOS “Art. 18 Diz-se o crime: (...)
Art. 1º Exercer a Enfermagem com liberdade, autonomia e II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por
ser tratado segundo os pressupostos e princípios legais, éticos e imprudência, negligência ou imperícia.”
dos direitos humanos. 6.9 Lei n. 8.078/90 – Código de Defesa do Consumidor
Art. 2º Aprimorar seus conhecimentos técnicos, científicos “Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
e culturais que dão sustentação a sua prática profissional. I – a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos
(...) provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços
Art. 68 Registrar no prontuário, e em outros documentos considerados perigosos ou nocivos;
próprios da enfermagem, informações referentes ao processo (...)
de cuidar da pessoa. VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais
e morais, individuais, coletivos e difusos;
RESPONSABILIDADES E DEVERES (...)
(...) Art. 43 O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86,
Art. 5° Exercer a profissão com justiça, compromisso, equi- terá acesso às informações existentes em cadastros, fichas, re-
dade, resolutividade, dignidade, competência, responsabilida- gistros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele,
de, honestidade e lealdade. bem como sobre as suas respectivas fontes.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
§ 1º – Os cadastros e dados de consumidores devem ser b) Acompanhante (familiar, vizinho, amigo, profissional de
objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compre- saúde);
ensão, não podendo conter informações negativas referentes a c) Condições de locomoção (deambulando, com auxílio, ca-
período superior a cinco anos.” deira de rodas, maca, etc.);
6.10 Portaria MS n. 1.820/2009 – Carta dos direitos dos usu- 3. Observar e anotar as condições gerais do paciente:
ários da saúde a) Nível de consciência;
Art. 3º Toda pessoa tem direito ao tratamento adequado e b) Humor e atitude;
no tempo certo para resolver o seu problema de saúde. c) Higiene pessoal;
(...) d) Estado nutricional;
III – Acesso a qualquer momento, do paciente ou terceiro e) Coloração da pele;
por ele autorizado, a seu prontuário e aos dados nele registra- f) Dispositivos em uso. Ex.: Jelco, sondas, curativos.
dos, bem como ter garantido o encaminhamento de cópia a ou- g) Queixas do paciente (tudo o que ele refere, dados infor-
tra unidade de saúde, em caso de transferência. mados pela família ou responsável);
IV – Registro atualizado e legível no prontuário, das seguin- 4. Anotar orientações efetuadas ao paciente e familiares.
tes informações: Ex.: Jejum, coleta de exames, inserção venosa, etc.;
a) motivo do atendimento e/ou internação, dados de ob- 5. Dados do Exame Físico;
servação clínica, evolução clínica, prescrição terapêutica, avalia- 6. Cuidados realizados;
ções da equipe: 7. Intercorrências;
b) dados de observação e da evolução clínica; 8. Efetuar as anotações imediatamente após a prestação do
c) prescrição terapêutica; cuidado;
d) avaliações dos profissionais da equipe; 9. Não devem conter rasuras, entrelinhas, linhas em branco
e) procedimentos e cuidados de enfermagem; ou espaços;
f) quando for o caso, procedimentos cirúrgicos e anestési- 10. Não é permitido escrever a lápis ou utilizar corretivo lí-
cos, odontológicos, resultados de exames complementares la- quido;
boratoriais e radiológico;
11. Devem ser legíveis, completas, claras, concisas, objeti-
g) quantidade de sangue recebida e dados que garantam a
vas, pontuais e cronológicas;
qualidade do sangue, como origem, sorologias efetuadas e pra-
12. Conter sempre observações efetuadas, cuidados presta-
zo de validade;
dos, sejam eles os já padronizados, de rotina e específicos;
h) identificação do responsável pelas anotações;
13. Constar as respostas do paciente diante dos cuidados
i) outras informações que se fizerem necessárias.
prescritos pelo enfermeiro, intercorrências, sinais e sintomas
observados;
7 Anotação da equipe de enfermagem
14. Devem ser registradas após o cuidado prestado, orienta-
As Anotações de Enfermagem fornecem dados que irão ção fornecida ou informação obtida;
subsidiar o enfermeiro no estabelecimento do plano de cuida- 15. Devem priorizar a descrição de características, como
dos / prescrição de enfermagem; suporte para análise reflexiva tamanho mensurado (cm, mm, etc.), quantidade (ml, l, etc.), co-
dos cuidados ministrados; respectivas respostas do paciente e loração e forma;
resultados esperados e desenvolvimento da Evolução de Enfer- 16. Não conter termos que deem conotação de valor (bem,
magem. mal, muito, pouco, etc.);
Assim, a Anotação de Enfermagem é fundamental para o 17. Conter apenas abreviaturas previstas em literatura;
desenvolvimento da Sistematização da Assistência de Enferma- 18. Devem ser referentes aos dados simples, que não re-
gem (SAE – Resolução Cofen n. 358/2009), pois é fonte de infor- queiram maior aprofundamento científico.
mações essenciais para assegurar a continuidade da assistência. Assim, pode-se resumidamente evidenciar que as Anota-
Contribui, ainda, para a identificação das alterações do es- ções de Enfermagem deverão ser referentes a:
tado e das condições do paciente, favorecendo a detecção de • Todos os cuidados prestados – incluindo o atendimento
novos problemas, a avaliação dos cuidados prescritos e, por fim, às prescrições de enfermagem e médicas cumpridas, além dos
possibilitando a comparação das respostas do paciente aos cui- cuidados de rotina, medidas de segurança adotadas, encami-
dados prestados. (CIANCIARULLO et al., 2001). nhamentos ou transferência de setor, entre outros;
7.1 Regras importantes para a elaboração das Anotações de • Sinais e sintomas – todos os identificados por meio da
Enfermagem, entre as quais: simples observação e os referidos pelo paciente. Os sinais vi-
1 Devem ser precedidas de data e hora, conter assinatura e tais mensurados devem ser registrados pontualmente, ou seja,
identificação do profissional com o número do Coren, conforme os valores exatos aferidos, e nunca utilizar somente os termos
consta nas Resoluções Cofen 191/2009 e 448/2013 em seu art. “normotenso, normocárdico, etc.”
6º, ao final de cada registro: • Intercorrências – incluem fatos ocorridos com o paciente
a) O uso do carimbo pelos profissionais da Enfermagem é e medidas adotadas;
facultativo. • Respostas dos pacientes às ações realizadas;
2. Observar e anotar como o paciente chegou: • O registro deve conter subsídios para permitir a continui-
a) Procedência do paciente (residência, pronto - socorro, dade do planejamento dos cuidados de enfermagem nas dife-
transferência de outra instituição ou outro setor intra-hospita- rentes fases e para o planejamento assistencial da equipe mul-
lar); tiprofissional.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
As autoras Elaine Emi Ito et al. (2011) percorrem as seis di-
retrizes destacadas por Potter (1998), como importantes, e que
devem ser seguidas para se certificar de que as informações re-
lacionadas aos cuidados prestados ao paciente sejam comunica-
das correta e integralmente. Vamos ver quais são elas?

PRECISÃO

A informação deve ser exata, com dados subjetivos ou obje-


A Resolução do Conselho Federal de Enfermagem n.
tivos claramente discriminados.
358/2009 considera que a SAE deve ser realizada de modo deli-
Além disso, é imprescindível fazer a distinção se a informa-
berado e sua implementação ocorrer em todos os ambientes em
ção registrada foi observada no paciente ou relatada por ele.
que seja realizado o cuidado profissional de enfermagem, seja
Usar grafia correta, bem como somente abreviações e símbolos
na atenção primária, secundária e terciária, e desenvolvida em
aceitos pela instituição, de modo a garantir a interpretação pre-
instituição pública ou privada.
cisa e adequada da informação.
No art. 2º dessa Resolução destacam-se as cinco (5) etapas
inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes, a saber:
CONCISÃO I – Coleta de dados de enfermagem (Histórico de enferma-
gem);
Fornecer as informações reais e essenciais em uma anota- II – Diagnóstico de enfermagem;
ção. Uma anotação curta e bem redigida é mais facilmente assi- III – Planejamento de Enfermagem;
milada do que uma longa e irrelevante. IV – Implementação;
V – Avaliação de Enfermagem.
EFICÁCIA No art. 4º da Resolução Cofen n. 358/2009, verifica-se o se-
guinte enunciado:
Os registros devem conter informações completas e perti- “Ao Enfermeiro, observadas as disposições da Lei n. 7.498,
nentes para a continuidade da assistência ou para condutas a de 25 de junho de 1986, e do Decreto n. 94.406, de 08 de junho
serem tomadas. de 1987, que a regulamenta, incumbe a liderança na execução
e avaliação do Processo de Enfermagem, de modo a alcançar
ATUALIZAÇÃO os resultados de enfermagem esperados, cabendo-lhe, privati-
vamente, o diagnóstico de enfermagem acerca das respostas da
A demora na anotação de uma informação importante pode pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento
resultar em omissões graves e atrasos no atendimento ao pa- do processo saúde e doença, bem como a prescrição das ações
ciente. As decisões e condutas sobre a assistência e os cuidados ou intervenções de enfermagem a serem realizadas, face a essas
de um paciente são baseadas em informações atuais. Sempre respostas”. Grifos nossos.
anotar em prontuário, logo após a realização do procedimento, Já o art. 6º referencia que a execução do Processo de Enfer-
atendimento, observação ou encaminhamento. magem deve ser registrada formalmente, envolvendo:
a. um resumo dos dados coletados sobre a pessoa, famí-
ORGANIZAÇÃO lia ou coletividade humana em um dado momento do processo
saúde e doença;
Registrar todas as informações em formato adequado e em b. os diagnósticos de enfermagem acerca das respostas da
ordem cronológica. pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento
do processo saúde e doença;
CONFIDENCIALIDADE c. as ações ou intervenções de enfermagem realizadas face
aos diagnósticos de enfermagem identificados;
As informações sobre um cliente só deverão ser transmi- d. os resultados alcançados como consequência das ações
tidas mediante o entendimento de que tais dados não serão ou intervenções de enfermagem realizadas.
divulgados a pessoas não autorizadas. A lei protege as informa- De acordo com a Resolução 358/2009, o Processo de En-
ções sobre um cliente que esteja sob cuidados profissionais de fermagem (PE) é constituído basicamente de cinco (5) etapas:
saúde. O profissional de enfermagem é obrigado por lei e pela Histórico de Enfermagem – (HE) que inclui Coleta de Dados e
ética a manter confidencialidade de qualquer informação rela- Exame Físico; Diagnóstico de Enfermagem – (DE) pautado nos
problemas identificados na fase anterior; Planejamento de En-
cionada à doença e ao tratamento do cliente.
fermagem – (PE); Implementação de Enfermagem – (IE).
8 Evolução de enfermagem
AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM
Inicialmente faz-se necessário diferenciar as Anotações de Este processo representa o instrumento de trabalho do
Enfermagem da Evolução. enfermeiro com objetivo de identificação das necessidades do
Conforme observa-se no quadro abaixo pode-se afirmar paciente apresentando uma proposta ao seu atendimento e cui-
que: dado, direcionando a Equipe de Enfermagem nas ações a serem
realizadas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A Evolução de Enfermagem é um dos componentes do Pro- • Condições de higiene;
cesso de Enfermagem. Tratase de um processo que representa • Presença de lesões prévias e sua localização: feridas corto-
desenvolvimento de um estado a outro. Para efetuar a Evolução, -contusas, hematoma, úlceras de pressão ou crônicas, e outras;
o enfermeiro necessita reunir dados sobre as condições anterior • Descrever deficiências, se houver;
e atuais do paciente e família para, mediante análise, emitir um • Uso de próteses ou órteses, se houver;
julgamento; mudanças para piora ou melhora do quadro, manu- • Queixas relacionadas ao motivo da internação;
tenção das situações ou surgimento de novos problemas. • Procedimentos / cuidados realizados, conforme prescri-
O enfermeiro, ao aplicar o Processo de Enfermagem como ção ou rotina institucional (mensuração de sinais vitais, punção
instrumento para orientar a documentação clínica, busca o de- de acesso venoso, coleta de exames, necessidade de elevação
senvolvimento de uma prática sistemática, interrelacionada, or- de grades, contenção, etc.);
ganizada com base em passos preestabelecidos e que possibilite • Rol de valores e pertences do paciente;
prestar cuidado individualizado ao paciente. • Orientações prestadas;
• Nome completo e Coren do responsável pelo procedimento.
8.1 Regras gerais:
9.2 Alta
A Evolução de enfermagem é uma atribuição privativa do
enfermeiro, além de se constituir em um dever, de acordo com • Data e horário;
o Código de Ética e demais legislações pertinentes. Para ser con- • Condições de saída (deambulando, maca ou cadeira de
siderado um documento legal é necessário: rodas, presença de lesões, nível de consciência, presença de
• Constar, obrigatoriamente, data, hora, tempo de interna- dispositivos como sonda vesical de demora, cateter de duplo
ção, diagnóstico de enfermagem, assinatura e número do Coren; lúmen, etc.);
• Discriminar, sequencialmente, o estado geral, consideran- • Procedimentos / cuidados realizados, conforme prescri-
do: neurológico, respiratório, circulatório, digestivo, nutricional, ção ou rotina institucional (mensuração de sinais vitais, retirada
locomotor e geniturinário; de cateter venoso, etc.);
• Procedimentos invasivos, considerando: entubações oro- • Orientações prestadas;
traqueais, traqueostomias, sondagens nasogástrica e enterais, • Entrega do rol de pertences e valores ao paciente ou
cateterizações venosas, drenos, cateteres; acompanhante;
• Cuidados prestados aos pacientes, considerando: higieni- • Transporte para o domicílio: da instituição ou próprio;
zações, aspirações, curativos, troca de drenos, cateteres e son- Obs.: Importante o registro real do horário de saída do pa-
das, mudanças de decúbito, apoio psicológico e outros; ciente e se saiu acompanhado. Registrar ainda se foi alta médi-
• Descrição das eliminações considerando: secreções tra- ca, administrativa ou a pedido do paciente ou família.
queais, orais e de lesões, débitos gástricos de drenos, de osto- • Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
mias, fezes e diurese, quanto ao tipo, consistência, odor e colo- to.
ração;
• Deve ser realizada diariamente; 9.3 Administração de medicamentos
• A Evolução deve ser realizada referindo-se às últimas 24
horas, baseando-se nas respostas diante das intervenções pre- Item(ns) da prescrição medicamentosa que deverá(ão) ser
estabelecidas por meio da prescrição de enfermagem, bem registrado(s):
como quanto aos protocolos em que o paciente está inserido, 9.3.1 Via Parenteral: registrar o local onde foi administrado
mantido ou sendo excluído; • M – glúteo, deltoide, vasto lateral, etc.;
• Deve ser refeita, em parte ou totalmente na vigência de • EV – antebraço, dorso da mão, região cefálica, membro
alteração no estado do paciente, devendo indicar o horário de inferior, etc.;
sua alteração; • SC – abdome, região posterior do braço, coxa, etc.;
• Deve apresentar um resumo sucinto dos resultados dos • ID – face interna do antebraço ou face externa do braço.
cuidados prescritos e os problemas a serem abordados nas 24 Em todos os casos, não esquecer de fazer referência ao lado
horas subsequentes; em que o medicamento foi administrado, esquerdo ou direito.
• Deve constar os problemas novos identificados; No caso de administrar medicamento através de um dispo-
• Utilizar-se de linguagem clara, concisa e exata, com ausên- sitivo já existente, como intracath, duplo lúmen, acesso venoso
cia de códigos pessoais e abreviaturas desconhecidas. periférico, injetor lateral do equipo ou outro, anotar por onde foi
administrado o medicamento endovenoso.
9 Procedimentos de enfermagem – o que anotar? 9.3.2 Via Oral
9.1 Admissão • Registrar dificuldade de deglutição;
• Presença de vômitos, etc.
• Nome completo do paciente, data e hora da admissão; 9.3.3 Via Retal
• Procedência do paciente; • Registrar tipo de dispositivo utilizado;
• Condições de chegada (deambulando, em maca, cadeira • Em caso de supositório, registrar se foi expelido e provi-
de rodas, etc.); dências adotadas.
• Nível de consciência: Lucidez/Orientação; Para todas as vias observar os registros apontados abaixo:
• Presença de acompanhante ou responsável; • Rejeição do paciente;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• No caso de não administrar medicamento, apontar o mo- 9.8 Auxílio na dieta
tivo;
• Queixas; • Data e hora do procedimento;
• Intercorrências e providências adotadas; • Tipo de dieta;
• Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen- • Aceitação da dieta: total, parcial ou recusa;
to. • Dieta por sonda (quantidade da dieta e da hidratação);
Obs.: Somente a checagem do(s) item(ns) cumprido(s) ou • Dieta zero: motivo;
não, através de símbolos, como /, ou , √ respectivamente, não • Necessidade de auxílio;
cumpre(m) os requisitos legais de validação de um documento. • Queixas;
Daí a importância de registrar, por escrito, nas Anotações de • Intercorrências e providências adotadas;
Enfermagem, a administração da medicação, ou a recusa, apon- • Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
to o nome completo, número do Coren e categoria profissional. to.

9.4 Aspiração oral 9.9 Banho de assento

• Data e hora; • Data e hora do procedimento;


• Motivo; • Motivo do procedimento;
• Característica e quantidade da secreção; • Solução utilizada;
• Intercorrências e providências adotadas; • Presença e caracterização de odor, secreção e/ou hipere-
• Nome completo e n. do Coren do profissional que execu- mia na área a ser tratada;
tou o procedimento. • Queixas do paciente durante o procedimento e providên-
cias adotadas;
9.5 Aspiração traqueal (Enfermeiro) • Intercorrências e providências adotadas;
• Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
• Data e hora; to.
• Motivo;
• Localização (VAS, traqueostomia ou tubo endotraqueal); 9.10 Balanço hidroeletrolítico pelo enfermeiro
• Característica e quantidade da secreção;
• Na traqueostomia, anotar o tipo e n. da cânula e as con- • Data e hora do procedimento
dições da pele; 9.10.1 Entrada de líquidos
• Registrar a necessidade de troca e limpeza da endocânula • Via;
de traqueostomia; • Quantidade: prevista e aceita / infundido;
• Anotar intercorrências e providências adotadas; • Tipo I;
• Nome completo e n. do Coren do profissional que execu- • Intercorrências e providências adotadas;
tou o procedimento. • Observar e anotar sinais de anasarca;
• Anotar pressão arterial de 2 em 2 horas.
9.6 Acesso venoso 9.10.2 Saída de líquidos
• Via;
• Data e hora da punção; • Quantidade;
• Motivo da punção (inicial ou troca); • Características do líquido drenado;
• Local; • Condições da pele: fria – pegajosa, normal – úmida;
• Condições do local da punção (pele e rede venosa local); • Sinais de desidratação;
• Número de punções; • Turgor da pele: normal ou diminuído;
• Tipo e calibre do cateter; • Presença de edema;
• Salinização / heparinização; • Características do pulso;
• Intercorrências e providências adotadas; • Pressão arterial;
• Medida de segurança adotada (tala ou contensão); • Aspecto da diurese;
• Queixas; • Alterações nos exames laboratoriais;
• Nome e Coren do responsável pelo procedimento. • Intercorrências e providências adotadas;
• Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
9.7 Avaliação do nível de consciência pelo enfermeiro to.

• Data e hora do procedimento; 9.11 Coleta de linfa para hanseníase


• Escala utilizada para avaliação do nível de consciência;
• Resposta apresentada pelo paciente (abertura ocular, • Data e hora da realização do procedimento;
miose, midríase, linguagem verbal, motora e/ou outras); • Identificação do paciente;
• Resultado da avaliação realizada; • Registrar a área coletada;
• Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen- • Registrar o tipo de curativo se necessário;
to. • Registrar o aspecto das lesões se houver;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• Registrar o nome do laboratório; • Evolução de enfermagem;
• Intercorrências e/ou providências adotadas; • Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
• Nome completo e Coren do responsável pelos procedi- to.
mentos.
9.16 Contenção no leito
9.12 Coleta de material para o teste do pezinho
• Data e hora do procedimento;
• Data e hora da realização do procedimento; • Motivo da contenção;
• Reação apresentada pela criança; • Tipo;
• Alteração apresentada no local da punção; • Queixas;
• Registrar as orientações feitas à mãe; • Intercorrências e providências adotadas;
• Intercorrências e/ou providências adotadas; • Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
• Nome completo e Coren do responsável pelos procedi- to.
mentos.
9.17 Controle da dor (Enfermeiro)
9.13 Coleta de exame citopatológico pelo enfermeiro
• Data e hora da avaliação;
• Data e hora do procedimento; • Localização (se aplicável);
• Motivo do procedimento; • Anotar presença de edemas, distensão abdominal, entre
• Data de coleta do último preventivo; outros;
• Data e hora da última menstruação; • Escala de dor de acordo com a faixa etária e rotina da ins-
• Registrar data da menarca, coitarca; tituição;
• Registrar história obstétrica (número e tipo de parto / • Score – valor aferido;
aborto); • Intercorrências e/ou providências adotadas para alívio da
• Registrar o número do espéculo; dor;
• Aspecto da área examinada; • Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
• Presença e caracterização de odor e/ou secreção anormal; to.
• Prescrição realizada, se necessário;
• Queixas da paciente; 9.18 Controle hídrico
• Orientações;
• Intercorrências e providências adotadas; • Data e hora do procedimento.
• Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen- 9.18.1 Entrada de líquidos
to. • Via;
• Quantidade: prevista e aceita / infundido;
9.14 Condutas de segurança ao paciente • Tipo;
• Sinais de intercorrências e providências adotadas;
• Data e hora dos cuidados; • Queixas do paciente;
• Nível de consciência (lucidez, orientação); • Orientações efetuadas;
• Relatar necessidade de contenção no leito; 9.18.2 Saída de líquidos
• Necessidade da presença de acompanhante; • Via;
• Necessidade de grades (justificar); • Quantidade;
• Identificação de alergia / intolerância; • Característica do líquido drenado;
• Identificação de condições / patologias prévias que re- • Sinais de intercorrências e providencias adotadas;
queiram cuidados especiais (diabetes, hipertensão, hemofilia, • Orientações;
uso de anticoagulante); • Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
• Relatar necessidade de dieta zero; to.
• Intercorrências e providências adotadas;
• Queixas; 9.19 Classificação de risco (Enfermeiro)
• Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
to. • Data e hora do procedimento;
• Situação / queixa / duração; breve histórico (relatado pelo
9.15 Consulta de enfermagem pelo enfermeiro paciente, familiar ou testemunhas);
• Alergias;
• Data e hora do procedimento; • Sinais vitais de acordo com o protocolo adotado;
• Sinais e sintomas; • Registro da saturação de O2 quando requerido;
• Histórico de enfermagem; • Sinais objetivos identificados;
• Diagnóstico de enfermagem; • Resultado de exames realizados (glicemia, eletrocardio-
• Planejamento da assistência de enfermagem; grama, etc.);
• Prescrição de enfermagem; • Registrar o resultado da classificação;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• Encaminhamento do paciente conforme classificação; • Sexo do RN;
• Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen- • Peso;
to. • Identificação;
• Relatar presença de bossa;
9.20 Curativos • Registrar coloração da pele;
• Anotar a realização do Credé e da Vitamina K;
• Local da lesão e sua dimensão; • Anotar medidas antropométricas (peso, comprimento,
• Data e horário; perímetro cefálico, perímetro torácico e abdominal);
• Sinais e sintomas observados (presença de secreção, colo- • Registrar coleta de sangue do coto umbilical;
ração, odor, quantidade, etc.); • Anotação do clampeamento umbilical e característica do
• Relatar necessidade de desbridamento; coto (presença de duas artérias e uma veia);
• Tipo de curativo (oclusivo, aberto, simples, compressivo, • Anotar má-formação aparente se houver;
presença de dreno, etc.); • Anotar validade das lâmpadas da fototerapia;
• Material prescrito e utilizado; • Intercorrências e providências adotadas;
• Relatar o nível de dor do paciente ao procedimento, a fim • Anotar data e hora do encaminhamento ao berçário;
de avaliar necessidade de analgesia prévia; • Nome completo e Coren do profissional que realizou o
• Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen- procedimento.
to.
9.24 Cuidados com o RN em fototerapia
9.21 Cuidado com estomas
• Data e hora do procedimento e tempo de exposição;
• Data e hora; • Identificação em prontuário;
• Local do estoma; • Registrar peso pré e após o procedimento;
• Tipo de cuidado prestado (aspiração, irrigação, limpeza, • Registrar coloração da pele;
troca de dispositivo, curativo); • Anotar medida de segurança com relação à proteção ocu-
• Se houver drenagem de secreção / excreção, anotar carac- lar;
terísticas e quantidade; • Anotar intercorrências e providências adotadas;
• Intercorrências do procedimento e providências adota- • Anotar mudanças de decúbito do RN conforme preconi-
das; zado;
• Relatar necessidade de avaliação por outro profissional; • Nome completo e n. do Coren do profissional que execu-
• Queixas; tou o procedimento.
• Orientações para o autocuidado;
• Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen- 9.25 Cuidados no pré-parto
to.
• Anotar data e hora da admissão da gestante no pré-parto;
9.22 Cuidado com os pés • Nome do médico / enfermeiro responsável pela interna-
ção;
• Data e hora; • Registrar as condições que a gestante chegou ao pré-par-
• Condições dos pés (hidratação, coloração, higiene e le- to, se deambulando, em cadeira de rodas ou maca;
sões); • Identificação do acompanhante;
• Motivo do cuidado (lesão, pé diabético, higiene e confor- • Anotar dados dos sinais vitais;
to); • Verificar e anotar informações relativas ao pré-natal;
• Tipo de cuidado prestado (higiene, limpeza, massagem e • Informações da gestante relativas às contrações;
curativo); • Informações da gestante se houve perda de líquidos, san-
• Intercorrências e providências adotadas; gue, ou urina;
• Relatar necessidade de avaliação por outro profissional; • Anotar procedimentos realizados, tais como: tricotomia,
• Queixas; assepsia, lavagem intestinal e outros;
• Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen- • Dados sobre o acesso venoso, tais como: localização, ma-
to. terial utilizado, data e hora da realização;
• Data e hora de encaminhamento à sala de parto;
9.23 Cuidados imediatos com RN (Enfermeiro) • Intercorrências e providências adotadas;
• Queixas;
• Data e hora exatas do nascimento; • Nome completo e Coren do profissional que realizou os
• Tipo do parto; procedimentos.
• Apgar;
• Características e quantidade da secreção aspirada por via 9.26 Cuidados na sala de parto
oral / nasal;
• Anotar se RN é a termo, pré-termo e pós-termo; • Anotar data e hora da admissão da gestante na sala de
• Característica do vérnix; parto;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• Nome do médico / enfermeiro responsável pelo procedi- • Intercorrências e providências adotadas;
mento; • Nome completo e Coren do responsável pelos procedi-
• Anotar dados dos sinais vitais; mentos.
• Verificar e anotar informações referentes ao preparo da
gestante; 9.30 Diálise peritoneal
• Anotar data e hora do nascimento;
• Anotar o Apgar do RN; • Data do procedimento;
• Anotar o sexo e medidas antropométricas; • Registrar se o procedimento é de rotina ou caso agudo;
• Data e hora da transferência para a enfermaria / aparta- • Hora de início e término do procedimento;
mento; • Registrar dados sobre o peso e sinais vitais e a glicemia
• Anotar intercorrências e providências adotadas; capilar, quando indicado;
• Queixas; • Registrar aspectos do local da implantação do cateter;
• Nome, número do Coren e função do profissional de en- • Identificar a solução infundida;
fermagem que executou os cuidados. • Registrar o aspecto do líquido drenado;
• Registrar balanço hídrico;
9.27 Cuidados no pós-parto imediato • Queixas do paciente;
• Intercorrências e providências adotadas;
• Data e hora da admissão da puérpera; • Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
• Anotar dados dos sinais vitais; to.
• Anotar a loquiação;
• Anotar a involução uterina; 9.31 Encaminhamento para exames, Centro Cirúrgico e Centro
• Anotar medicamentos administrados; Obstétrico
• Anotar, se houver, coletas de exames realizados;
• Anotar intercorrências tais como: palidez, sudorese, san- • Motivo do encaminhamento: Exame (tipo de exame e
gramento excessivo, sonolência, hematomas e ou edemas na
setor ou instituição na qual será realizado); Centro Cirúrgico
ferida operatória ou episiorrafia, e providências adotadas;
(Cirurgia que irá realizar e se é eletiva ou de urgência); Centro
• Anotar débito urinário em caso de cesária;
Obstétrico (parto programado ou urgência);
• Anotar presença de tampão vaginal e/ou retirada;
• Data e horário;
• Observar e anotar a presença de colostro;
• Setor de destino e forma de transporte;
• Anotar higiene realizada;
• Procedimentos / cuidados realizados (punção de acesso
• Queixas;
venoso, instalação de oxigênio, sinais vitais, etc.);
• Nome completo e número do Coren do profissional que
• Condições na saída (maca, cadeira de rodas, nível de cons-
executou os cuidados.
ciência);
9.28 Drenagem de tórax (Enfermeiro) • Queixas;
• Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
• Data e hora do procedimento; to e transferência.
• Local da inserção do dreno;
• Aspecto da pele no local da inserção; 9.32 Enteróclise
• Aspecto e característica da secreção drenada – serosa, he-
mática, purulenta, com sedimentos; • Data e hora do procedimento;
• Volume drenado; • Higiene íntima;
• Volume do selo d’água; • Orientações realizadas sobre o procedimento;
• Oscilação; • Tipo da solução;
• Troca e tipo do curativo; • Anotar quantidade prescrita e administrada da solução;
• Troca do frasco; • Anotar tempo de retenção do líquido;
• Intercorrências e/ou providências adotadas – contamina- • Reações durante a administração;
ção do material e/ ou sistema, desconexão acidental, etc.; • Queixas;
• Nome completo e Coren do responsável pelos procedi- • Características do líquido drenado;
mentos. • Intercorrências e providências adotadas;
• Nome completo e Coren do responsável pelos procedi-
9.29 Drenos mentos.

• Data e hora do procedimento; 9.33 Exame de Montenegro


• Tipo de dreno – Port-o-Vac, penrose, etc.;
• Aspecto do local da inserção; • Data e hora da realização do procedimento;
• Volume e aspecto de secreção drenada; • Reação apresentada, como dor e prurido;
• Material utilizado para curativo; • Registrar as orientações dadas ao paciente, como uso de
• Troca de bolsa coletora, se houver, e o motivo da troca; álcool no local até obtenção do resultado do teste;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• Manifestações clínicas, existência de doença prévia, como 9.37 Higiene do couro cabeludo
doença de Chagas;
• Registrar contraindicação, como gravidez; • Data e hora do procedimento;
• Uso de medicamentos, como corticosteroides, imunossu- • Condições do couro cabeludo e dos cabelos;
pressores e antialérgicos; • Solução / tratamento utilizados;
• Registrar se foi imunizado com alguma das seguintes vaci- • Intercorrências e providências adotadas;
nas há menos de 30 dias: rubéola, sarampo, caxumba, varicela • Nome completo e Coren do responsável pelos procedi-
ou febre amarela; mentos.
• A presença de reação alérgica em realização anterior des-
te teste ou como uso de timerosal (merthiolate); 9.38 Higiene íntima
• Registrar para onde foi encaminhado material;
• Intercorrências e/ou providências adotadas; • Data e hora do procedimento;
• Nome completo e Coren do responsável pelos procedi- • Motivo da higiene íntima;
mentos. • Aspecto do aparelho genital;
• Presença de secreção, edema, hiperemia, lesões, forma-
9.34 Glicemia capilar ções verrucosas;
• Intercorrências e providências adotadas;
• Data e hora da realização do exame; • Nome completo e Coren do responsável pelos procedi-
• Condição do paciente (jejum, alimentado); mentos.
• Aspecto da polpa digital;
• Desconforto decorrente da perfuração necessária para 9.39 Higiene oral
obter a gota de sangue;
• Local da pulsão (dedo, mão); • Data e hora do procedimento;
• Valores da glicemia capilar (Mg/dl); • Presença de prótese total / parcial (caso seja necessária
• Intercorrências e providências adotadas; sua retirada, identificar e entregar ao responsável da família ou
• Orientações efetuadas; do hospital);
• Nome completo e Coren do responsável pelos procedi- • Condições de realização da higiene (fez só, auxiliado ou
mentos. realizado pelo profissional);
• Sinais e sintomas observados (hiperemia, condição da ar-
9.35 Hemodiálise cada dentária, etc.);
• Intercorrências e providências adotadas;
• Data do procedimento; • Nome completo e Coren do responsável pelos procedi-
• Registrar se o procedimento é de rotina ou caso agudo; mentos.
• Registrar dados sobre o peso e sinais vitais e a glicemia
capilar, quando indicado; 9.40 Imobilização
• Registrar as condições da fístula ou local de implantação
do cateter; • Data e hora do procedimento;
• Curativo realizado; • Localização anatômica;
• Registrar troca de capilar caso ocorra; • Motivo da imobilização;
• Hora de início e término do procedimento; • Aspecto do membro / local imobilizado (hematomas, fe-
• Queixas do paciente; rida cirúrgica);
• Intercorrências e providências adotadas; • Tipo de procedimento realizado (tala, tala gessada, gesso
• Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen- e outras);
to. • Material utilizado para o procedimento;
• Queixas do paciente;
9.36 Higiene do paciente – banho • Nome completo e Coren do responsável pelo procedimento.

• Data e hora do procedimento; 9.41 Irrigação de sonda vesical e bexiga


• Tipo de banho (imersão, aspersão, de leito);
• Tempo de permanência no banho de imersão, tolerância e • Data e hora do procedimento;
resistência do paciente; • Motivo do procedimento;
• Aspersão (deambulando, cadeira de banho, auxílio); • Aspecto da área a ser tratada;
• No leito, verificar a ocorrência de alterações de pele, aler- • Solução utilizada no procedimento;
gia ao sabão, hiperemia nas proeminências ósseas; • Presença e caracterização de fétido e/ou secreção na so-
• Realização de massagem de conforto, movimentação das lução drenada;
articulações, aplicação de solução para prevenção de úlceras; • Queixas do paciente;
• Intercorrências e providências adotadas; • Intercorrências e providências adotadas;
• Nome completo e Coren do responsável pelos procedi- • Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
mentos. to.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
9.42 Inalação / nebulização • Anotar nome completo, número do Coren do profissional
que efetuou os procedimentos e os registros.
• Data e hora da realização do procedimento;
• Queixas: dispneia, fadiga, tosse, espirro, sibilo, soluço, 9.46 Mudança de decúbito
suspiro, desmaio, tontura, dor torácica;
• Cor da pele e mucosas; • Data e hora do procedimento;
• Padrão respiratório do paciente: frequência, ritmo e pro- • Existência prévia ou no decurso da internação de lesão
fundidade da respiração; de pele;
• Comportamento: aceitação, alteração emocional, inquie- • Posição – decúbito dorsal, ventral, lateral direito / esquer-
tação, fadiga, ansiedade, etc.; do;
• Uso dos músculos acessórios, batimento de asas nasais, • Medidas de proteção adotadas;
distensão das veias cervicais; • Intercorrências e providências adotadas;
• Aspectos gerais: cianose de lábios, lóbulo das orelhas, • Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
parte inferior da língua, leito ungueal; to.
• Comprometimento da função cerebral: falta de discer-
nimento, confusão mental, desorientação, vertigem, síncope e 9.47 Nutrição enteral
torpor;
• Intercorrências e/ou providências adotadas; • Data do procedimento;
• Nome completo e Coren do responsável pelos procedi- • Hora de início e término;
mentos. • Aspecto e condições da sonda;
• Volume administrado;
9.43 Lavado gástrico • Intercorrências e providências adotadas;
• Queixas;
• Data e hora da realização do procedimento; • Registrar a limpeza da sonda e volume de água utilizada;
• Quantidade infundida; • Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
• Presença de náuseas / vômitos; to.
• Distensão abdominal;
• Checagem do rótulo do recipiente; 9.48 Nutrição parenteral pelo enfermeiro
• Quantidade e aspecto do material coletado;
• Registrar qual a amostra: primeira ou segunda amostra; • Data do procedimento;
• Registrar que o paciente está em jejum; • Hora de início e término;
• Registrar qual tipo de recipiente em que a amostra foi ar- • Aspecto e condições da área de inserção do cateter;
mazenada; • Volume administrado;
• Encaminhamento do material; • Intercorrências e providências adotadas;
• Intercorrências e/ou providências adotadas; • Queixas;
• Nome completo e Coren do responsável pelos procedi- • Registrar a limpeza do cateter e solução utilizada;
mentos. • Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
to.
9.44 Massagem de conforto
9.49 Óbito
• Anotar data e hora da realização do procedimento;
• Observar e anotar sinais de reações alérgicas; • Data e horário;
• Observar e anotar as condições da pele nas regiões es- • Identificação do médico que o constatou;
capular, ilíaca e sacrococcígea; • Rol de valores e pertences do corpo e a quem foi entre-
• Anotar as queixas do paciente; gue;
• Registrar as intercorrências durante o procedimento; • Comunicação do óbito ao(s) setor(es) responsável(eis),
• Anotar nome completo, número do Coren do profissional conforme rotina institucional;
que efetuou os procedimentos e os registros. • Procedimentos pós-morte (higiene, tamponamento, cura-
tivos, retirada de dispositivos, etc.);
9.45 Medida antropométrica • Posicionamento anatômico do corpo, sempre que possí-
vel;
• Anotar data e hora da realização da medida antropomé- • Identificação do corpo;
trica; • Encaminhamento do corpo (forma, local, etc.);
• Anotar as queixas do paciente, se houver; • Horário de saída do corpo do setor;
• Registrar as intercorrências durante o procedimento; • Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
• Registrar as medidas aferidas de forma exata: peso, altura, to.
circunferência abdominal, perímetro cefálico do RN;
• Registrar anormalidades quando observadas em qualquer
dos parâmetros mensurados;

11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
9.50 Ordenha mamária • Queixas;
• Sinais de intercorrências e providências adotadas;
• Data e hora da realização do procedimento; • Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
• Tipo utilizado: manual, bombinha tira-leite manual ou elé- to.
trica;
• Aspecto da mama: cheios, empedrados ou ingurgitados; 9.55 Pré-operatório
• Rodízio da mama;
• Reação da paciente; • Data e hora do procedimento;
• Quantidade e aspecto do leite; • Nível de consciência;
• Material utilizado para armazenamento; • Registro de alergias / intolerâncias;
• Orientações feitas à mãe, quanto: às manobras, cuidados • Tempo de jejum;
com a mama e rotinas de tirar o leite; • Sinais vitais, Hemoglicoteste (HGT) e outros;
• Orientação para armazenar, transportar, congelar, descon- • Presença e local de dispositivos – acesso venoso, sondas;
gelar e utilizar o leite; • Condições higiênicas;
• Intercorrências e/ou providências adotadas; • Anotar a presença e/ou retirada e guarda de artefatos e
• Nome completo e Coren do responsável pelos procedi- pertences: próteses, órteses, pertences, etc.;
mentos. • Condições psicológicas;
• Orientações;
9.51 Punção arterial pelo enfermeiro • Esvaziamento vesical / sondagem;
• Preparo intestinal;
• Motivo da punção; • Preparo da pele;
• Data e horário; • Registro do tipo e local da cirurgia;
• Local da punção; • Queixas;
• Queixas; • Intercorrências e providências adotadas;
• Intercorrências; • Encaminhamento do prontuário, exames pré-operatórios;
• Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen- • Encaminhamento ao Centro Cirúrgico / Obstétrico;
to. • Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
to.
9.52 Preparo psicológico do cliente / paciente
9.56 Pós-operatório imediato
• Anotar data e hora da realização do procedimento;
• Anotar as queixas do paciente; • Data e hora da recepção do paciente na RPA;
• Registrar as intercorrências durante o procedimento; • Nível de consciência;
• Registrar o preparo psicológico efetuado para o procedi- • Presença de cateteres e infusão (anotar quando houver
mento ao qual será submetido o paciente; bomba de infusão), drenos, sondas, curativos, trações e imobi-
• Registrar as providências adotadas para possíveis solicita- lizações;
ções do paciente; • Presença de lesões de pele;
• Anotar nome completo, número do Coren do profissional • Anotar débito e aspecto das secreções de drenos e son-
que efetuou os procedimentos e os registros. das;
• Exames (laboratoriais e/ou imagem);
9.53 Pressão venosa central (PVC) pelo enfermeiro • Sinais vitais;
• Intercorrências e providências adotadas;
• Data e hora do procedimento; • Horário de encaminhamento ao setor pertinente;
• Permeabilidade e fixação do cateter; • Transporte intra-hospitalar;
• Valor obtido; • Nome completo e Coren do responsável pelos procedi-
• Queixas do paciente; mentos.
• Trocas de curativo;
• Intercorrências e providências adotadas; 9.57 Pós-operatório mediato
• Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
to. • Data e hora de retorno à Unidade;
• Nível de consciência;
9.54 Pressão arterial média (PAM) pelo enfermeiro • Localização anatômica e aspecto do curativo cirúrgico;
• Tipo de exsudato se existente;
• Data e hora do procedimento; • Sinais vitais;
• Características da pele ao redor do local de inserção do • Acesso venoso;
cateter; • Posicionamento no leito;
• Permeabilidade e fixação do cateter; • Medidas de proteção;
• Valor obtido; • Presença de acompanhantes;
• Troca de curativo e material utilizado; • Orientações ao paciente e à família;

12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• Entrega documentada dos pertences; • Intercorrências e/ou providências adotadas;
• Intercorrências e providências adotadas; • Nome completo e Coren do responsável pelos procedi-
• Nome completo e Coren do responsável pelos procedi- mentos.
mentos.
9.62 Sinais Vitais
9.58 Prova do laço
• Data e hora do procedimento;
• Data e hora da realização do procedimento; • Registrar dados aferidos;
• Registrar valor da pressão arterial; • Queixas;
• Registrar o valor médio pela fórmula (PAS+PAD)/2; • Estado geral do paciente;
• Registrar o tempo do manguito insuflado; • Intercorrências e providências adotadas;
• Registrar o número de petéquias surgidas; • Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
• Estado geral do paciente; to.
• Manifestações clínicas, história de sangramento;
• Registrar alterações na pele; 9.63 Teste PPD
• Intercorrências e/ou providências adotadas: petéquias em
todo o braço, antebraço, dorso das mãos e nos dedos; • Data e hora da realização do procedimento;
• Nome completo e Coren do responsável pelos procedi- • Manifestações clínicas do paciente;
mentos • Local da realização do exame;
• Reação na área da aplicação;
9.59 Registros relativos à coleta de material para exames • Medida obtida;
• Registrar medicação utilizada pelo paciente, como corti-
• Anotar data e hora da coleta de material para exames; coide;
• Anotar jejum do paciente, quando o exame assim exigir; • Orientação ao paciente;
• Anotar tipo de material coletado; • Intercorrências e/ou providências adotadas;
• Anotar aspecto do material coletado para exames; • Nome completo e Coren do responsável pelos procedi-
• Registrar intercorrência durante o procedimento e provi- mentos.
dências adotadas;
• Em caso de punção venosa, anotar o local em que foi re- 9.64 Teste de gravidez
alizada a coleta;
• Queixas; • Data e hora da realização do procedimento;
• Anotar nome completo, número do Coren do profissional • Identificação da paciente;
que efetuou os procedimentos e os registros. • Se é a primeira diurese;
• Manifestações clínicas;
9.60 Registros relativos à deambulação • Presença de DST;
• Data da última menstruação, se mais de 15 dias;
• Anotar data e hora da realização do estímulo à deambu- • Data da última relação;
lação; • Uso de contraceptivo;
• Registrar se houve necessidade de auxílio para a deambu- • Registrar, quando positivo, o encaminhamento para o pré-
lação: do profissional, de muleta, bengala ou andador; -natal;
• Registrar anormalidades da marcha; • Intercorrências e/ou providências adotadas;
• Relatar queixas de claudicação intermitente ou contínua; • Nome completo e Coren do responsável pelos procedi-
• Relatar postura do paciente ao deambular; mentos.
• Anotar as queixas do paciente;
• Registrar as intercorrências durante o procedimento e 9.65 Teste rápido de HIV
providências adotadas;
• Eliminação de gazes; • Data e hora da realização do procedimento;
• Anotar nome completo, número do Coren do profissional • História clínica e/ou epidemiológica, sexualidade;
que efetuou os procedimentos e os registros. • Dispositivo de coleta;
• Local da punção;
9.61 Retirada de pontos • Orientações;
• Registrar o resultado obtido;
• Data e hora da realização do procedimento; • Intercorrências e/ou providências adotadas;
• Tempo de sutura; • Nome completo e Coren do responsável pelos procedi-
• Tipo da sutura; mentos.
• Local da ferida;
• Aspectos da ferida; 9.66 Teste rápido para Sífilis
• Curativo e material utilizado;
• Orientação ao paciente; • Data e hora da realização do procedimento;

13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• Identificação do paciente; • Presença de acompanhante;
• História clínica e/ou epidemiológica; • Queixas;
• Local da punção; • Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
• Dispositivo de coleta; to e transferência.
• Orientações;
• Registrar o resultado obtido; 9.71 Tratamento de pediculose
• Intercorrências e/ou providências adotadas;
• Nome completo e Coren do responsável pelos procedi- • Data e hora do procedimento;
mentos. • Aspecto da área a ser tratada;
• Condições de higiene;
9.67 Teste para Hepatite • Registrar a necessidade de realização de tricotomia;
• Medicamento utilizado e tempo de exposição;
• Data e hora da realização do procedimento; • Queixas do paciente;
• Identificação do paciente; • Informação sobre a efetividade do tratamento realizado;
• História clínica e/ou epidemiológica; • Orientações;
• Dispositivo de coleta; • Intercorrências e providências adotadas;
• Local da punção; • Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
• Orientações; to.
• Registrar o resultado obtido;
• Intercorrências e/ou providências adotadas; 9.72 Tratamento de miíase
• Nome completo e Coren do responsável pelos procedi-
mentos. • Data e hora do procedimento;
• Aspecto da área a ser tratada;
9.68 Terapia de Reidratação Oral (TRO) • Condições de higiene;
• Presença e caracterização de fétido e/ou secreção;
• Data e hora do início do procedimento; • Medicamento utilizado e tempo de exposição;
• Estado geral do paciente; • Queixas do paciente;
• Espontâneo, ou com auxílio do profissional; • Informação sobre a efetividade do tratamento realizado;
• Quantidade oferecida; • Orientações;
• Aceitação; • Intercorrências e providências adotadas;
• Anotar sinal positivo (diurese) ou negativo (distensão ab- • Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
dominal); to.
• Intercorrências e/ou providências adotadas;
• Nome completo e Coren do responsável pelos procedi- 9.73 Transoperatório
mentos.
• Data e hora da Recepção no Centro Cirúrgico e encami-
9.69 Transferência interna nhamento à Sala Cirúrgica;
• Tipo de cirurgia;
• Motivo da transferência; • Orientações prestadas;
• Data e horário; • Procedimentos / cuidados realizados, conforme prescri-
• Setor de destino e forma de transporte; ção ou rotina institucional – posicionamento, instalação e/ou
• Procedimentos / cuidados realizados (punção de acesso retirada de eletrodos, monitor, placa de bisturi e outros disposi-
venoso, instalação de oxigênio, sinais vitais, etc.); tivos (acesso venoso, sondas, etc.);
• Condições na saída (maca, cadeira de rodas, nível de cons- • Composição da equipe cirúrgica;
ciência, presença de lesões); • Dados do horário de início e término da cirurgia, conforme
• Queixas; preconizado pela instituição;
• Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen- • Tipo de curativo e local;
to e transferência. • Material coletado para exames de diagnóstico;
• Intercorrências durante o ato cirúrgico;
9.70 Transferência externa • Encaminhamento à Sala de Recuperação Pós-anestésica;
• Nome completo e Coren do responsável pelo procedimen-
• Motivo da transferência; to.
• Data e horário;
• Instituição de destino, forma de transporte e encaminha- 9.74 Tricotomia
mento;
• Procedimentos / cuidados realizados (punção de acesso • Data e hora da realização do procedimento;
venoso, instalação de oxigênio, sinais vitais, etc.); • Condições da área onde será realizado procedimento;
• Condições na saída (maca, cadeira de rodas, nível de cons- • Objetivo do procedimento;
ciência, presença de lesões); • Material utilizado;

14
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• Intercorrências e/ou providências adotadas; Como podemos definir Registro de Enfermagem?
• Nome completo e Coren do responsável pelos procedi-
mentos. Por registro de enfermagem entendemos ser a documen-
tação de todo o processo de cuidado de enfermagem. Através
9.75 Vacina deles nos comunicamos com os demais membros da equipe de
saúde, além da equipe de enfermagem; respaldamos-nos legal-
• Data e hora da realização do procedimento; mente, assim como promovemos respaldo, também, à institui-
• Idade; ção e ao paciente; disponibilizamos dados primordiais para ava-
• Tipo de vacina, dosagem; liação do estado geral do paciente, utilizados por toda equipe de
• Via e local da administração; saúde, para implementação de assistência integral e holística;
• Número de doses; além de fornecer informações importantes para construção de
• Reação no local da aplicação; indicadores de qualidade de assistência e subsidiar ações de
• Orientação quanto ao cuidado com o local da aplicação; pesquisa e ensino.
• Orientações: tipo de vacina e data para o retorno;
• Intercorrências e/ou providências adotadas; Como é dividido o Registro de Enfermagem?
• Nome completo e Coren do responsável pelos procedi-
mentos. As etapas seguidas para documentação do cuidado reali-
zado pela equipe de enfermagem a um determinado paciente
10 Registro de Enfermagem das ações executadas na Central em seu prontuário, via de regra, e por força de normatização
de Material e Esterilização – CME (de acordo com a rotina da realizada pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), a Re-
Instituição: em livros, pastas, etc.) solução Cofen 358/09, que seguem as etapas do Processo de
10.1 Expurgo Enfermagem (coletas de dados de enfermagem ou histórico de
enfermagem, diagnóstico de enfermagem, prescrição de enfer-
• Receber, conferir e anotar a quantidade e espécie do ma- magem, evolução/avaliação de enfermagem e anotações de en-
terial recebido; fermagem).
• Registrar ocorrências / intercorrências / pendências;
• Data e hora do encaminhamento do material à área de Para um bom registro existe sequência recomendada?
preparo e/ou empresa processadora;
• Nome completo e Coren do responsável pelo processo. Os registros devem ser realizados com letra legível, sem ra-
suras, de forma clara, objetiva e completa, identificado com data
10.2 Área de preparo de material e horário e com carimbo (contendo nome completo, número de
inscrição/autorização no Coren e categoria profissional) e assi-
• Receber, conferir e anotar intercorrências / pendências de natura ao final - Resolução Cofen nº 191/96. Como as informa-
materiais; ções registradas em prontuário são oficias, para a manutenção
• Proceder ao registro em etiqueta própria contendo, no de seu valor legal não deverá apresentar rasuras. No caso de
mínimo: identificação do material, nome do responsável pelo erro ou equívoco nas informações registradas, as palavras ina-
preparo, n. do Coren e categoria profissional, data e hora do dequadas deverão ser colocadas ente parênteses, com a palavra
preparo. “digo” entre vírgulas, após os parênteses e registro das informa-
ções corretas.
10.3 Área de Esterilização
Existe um roteiro que poderíamos sugerir do que deve ser
• Registrar o quantitativo de materiais esterilizados no pe- registrado?
ríodo;
• Registrar o resultado dos testes físicos e químicos realiza- Não. Porque isso vai depender da normalização adotada
dos na autoclave; pela instituição e das características individuas de cada paciente,
• Registrar data e hora da manutenção preventiva ou cor- que serão levantadas pelo enfermeiro, e os cuidados prescritos
retiva dos equipamentos: autoclaves, seladora, incubadora e por meio da aplicação do Processo de Enfermagem. Vale res-
outros; saltar que toda a ação que envolve a assistência deve ser regis-
• Nome completo, Coren e categoria profissional do respon- trada, como exemplo, as prescrições de enfermagem e médicas
sável pelo processo. cumpridas, os cuidados de rotina, as medidas de segurança ado-
tadas, os encaminhamentos ou transferências de setor. No que
10.4 Área de armazenagem e distribuição de materiais se refere a sinais e sintomas, registrar os identificados através
da simples observação e os referidos pelo paciente. E, claro, as
• Registrar os materiais recebidos para guarda; intercorrências, que incluem os fatos ocorridos com o paciente
• Registrar as condições dos pacotes / caixa; e as medidas adotadas. Para finalizar, é preciso registrar as res-
• Registrar saída do material; postas dos pacientes às ações realizadas.
• Nome completo, Coren e categoria profissional do respon-
sável pelo processo. “toda a ação que envolve a assistência deve ser registrada”

15
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Há normatização do Sistema Cofen/Coren sobre o assunto? para o desenvolvimento e aprendizado da equipe. Para efeito
Sim, além da Resolução Cofen 191/96, que trata da forma de exemplo, me lembro que em uma instituição de saúde que
de anotação e o uso do número de inscrição ou da autorização atuei, implantei um manual de terminologias e mapas identifi-
pelo pessoal de Enfermagem, há a Resolução e 358/09, que cando as regiões do corpo que ficavam no Posto de Enfermagem
dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem para consulta da equipe, o que foi muito positivo.
(SAE), ainda existem os diversos artigos que compõem o Código Há situações em que a ação de Enfermagem, por uma série
de Ética dos Profissionais de Enfermagem (Resolução Cofen nº de motivos, não foi registrada em prescrição pelo enfermeiro ou
311/07). Vale ressaltar também que encontramos a legislação médico. Nesse caso, como a senhora orienta a equipe de nível
aplicável ao assunto no artigo 368 do Código do Processo Civil médio quanto ao registro?
(CPC). Todas as ações de enfermagem desenvolvidas por técnicos
e auxiliares de enfermagem, por força da Lei nº 7.498/86, de-
A falta de registro adequado pode trazer algum risco ao pa- vem estar prescritas e devem ser supervisionadas por Enfermei-
ciente? ro. Desta forma, os profissionais de nível médio de enfermagem
(técnicos e auxiliares) não devem desenvolver nenhuma ativi-
Sim, a falta ou o registro incompleto de informações sobre dade que não esteja prescrita: diretamente em prontuário ou
os cuidados prestados ao paciente podem gerar inúmeros ris- definida como rotina em documentos formais de cada serviço.
cos, sendo a “comunicação efetiva” elencada como um dos 10 Ainda, a Resolução Cofen nº 225/00 determina que seja veda-
passos principais a serem seguidos para a segurança do pacien- do ao profissional de Enfermagem aceitar, praticar, cumprir ou
te, que diz: “A comunicação efetiva é uma ferramenta essencial executar prescrições medicamentosas/ terapêuticas, oriundas
para a segurança do paciente – registre e transmita as informa- de qualquer profissional da área de Saúde, por meio de rádio,
ções sobre o paciente”. telefonia ou meios eletrônicos, onde não conste a assinatura de-
Algumas instituições utilizam registrar alguns parâmetros les, sendo consideradas exceções situações de urgência, na qual,
em formulários ou cadernos específicos. Mas esta prática não é efetivamente, haja iminente e grave risco de vida do cliente.
correta, pois este documento não irá acompanhar o prontuário
Como deve ser utilizado o livro de intercorrências? Quais ano-
do paciente, ou seja, qualquer informação relativa à terapêutica
tações devem ser registradas? Existe algum tempo para ele
do paciente deve estar registrada no seu prontuário. Em minha
ser arquivado?
experiência enquanto fiscal não verifiquei essa ação como rotina
nas instituições em que tive contato.
O livro de intercorrências deve ser utilizado em situações
nas quais a equipe deseja registrar algum fato que possa com-
E ao profissional? Quais as consequências éticas e legais?
prometer o processo de trabalho. Por exemplo, o atraso na en-
trega de roupas. Nunca deverá ser utilizado para registrar ações
No caso de um profissional de enfermagem ser acusado por que envolvam o cuidar, como queda no leito. Informações rela-
algum ato inadequado, seja decorrente de imperícia, imprudên- tivas à terapêutica devem ser obrigatoriamente registradas no
cia ou negligência, as ações registradas no prontuário do pacien- Prontuário do Paciente. Vale ressaltar que em algumas situações
te atendido serão seu respaldo legal, sendo utilizadas tanto em o livro também funciona como protocolo de entrega de exames
sindicâncias/processos administrativos - realizados pela institui- após a alta. E enfatizo que data, horário, exames entregues e
ção empregadora, avaliação e/ou processo ético - realizado pelo nome do profissional responsável também devem ser registra-
Coren; bem como em processos cíveis (indenizatórios) e crimi- dos no Prontuário. Em linhas gerais, todas as atividades assis-
nais. tências, de cuidado direto ao paciente, devem ser registradas
em prontuário, obrigatoriamente. As ações administrativas/ge-
Recomenda-se que a equipe faça uso de termos científicos em rencias - falta de funcionário, falta ou quebra de equipamentos,
seus registros. Quais estratégias os líderes podem adotar para necessidade de manutenção ou consertos em geral - em livro
facilitar esta prática? de intercorrência (comumente chamado de “livro preto”). O seu
tempo de arquivamento vai depender da normatização estabe-
A utilização de terminologia científica deve ser incentiva- lecida pela Instituição, e neste caso sugiro uma consulta ao De-
da, com trabalho contínuo dos enfermeiros responsáveis pela partamento Jurídico da mesma.
educação continuada ou permanente, em parceria com os en-
fermeiros supervisores/coordenadores e assistências. A confec- Como está a questão do prontuário eletrônico? Como fica o
ção de guias, cartilhas, folhetos descritos auxiliam, porém não registro/anotação de Enfermagem neste processo?
garante a efetividade da ação. Em diversos anos de visita aos
mais variados serviços de saúde oferecidos a população e pres- O Cofen firmou parceira com a SBIS (Sociedade Brasileira de
tados pela equipe de enfermagem, constatei, nesta questão, a Informática em Saúde) para normatizar o assunto. Atualmente,
utilização da estratégia “estudo de caso” (onde enfermeiros, os prontuários eletrônicos certificados (atendem a uma série
técnicos e auxiliares de enfermagem se reúnem, quinzenalmen- de requisito, como: validação de assinatura eletrônica, termo
te, para apresentação e discussão de um caso atendido no mês de consentimento prévio do paciente, entre outros) possuem
anterior. A discussão acontece com a análise dos registros de en- respaldo legal, não sendo necessária outra forma de armaze-
fermagem realizados em prontuário, onde a equipe analisa seu namento de dados. Caso contrário, devem ser convertidos em
conteúdo e se o cuidado prestado foi adequadamente registra- meio físico para assinatura de todos os profissionais envolvidos
do, incluindo a utilização de terminologia) como medida eficaz no processo.

16
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Sistema de informação em enfermagem (Registro em
Enfermagem) ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM PACIENTES
COM NUTRIÇÃO ENTERAL E PARENTERAL;
Uma das tarefas do profissional de enfermagem é o regis-
tro, no prontuário do paciente, de todas as observações e assis- A desnutrição pode se desenvolver ou estar presente em
tência prestada ao mesmo - ato conhecido como anotação de uma grande proporção de pacientes hospitalizados, e destes
enfermagem. A importância do registro reside no fato de que a 50% apresentam desnutrição moderada e 5% a 10% desnutrição
equipe de enfermagem é a única que permanece continuamen- severa. A Terapia Nutricional constitui importante terapêutica
te e sem interrupções ao lado do paciente, podendo informar na prevenção e correção deste agravo.
com detalhes todas as ocorrências clínicas. De acordo com o Ibranutri (1998) no Brasil, o índice de des-
Para maior clareza, recomenda-se que o registro das infor- nutrição de pacientes hospitalizados é alarmante, em torno de
mações seja organizado de modo a reproduzir a ordem crono- 48% pacientes hospitalizados não se alimentam suficientemen-
lógica dos fatos isto permitirá que, na passagem de plantão, a te para atingir suas necessidades calórico-proteicas devido aos
equipe possa acompanhar a evolução do paciente. Um registro
mais variados fatores, como a doença de base, dor, vômitos,
completo de enfermagem contempla as seguintes informações:
náuseas, ansiedade e depressão. Diante desse cenário, a terapia
Observação do estado geral do paciente, indicando mani-
nutricional tem conquistado, a cada dia, maior reconhecimento
festações emocionais como angústia, calma, interesse, depres-
de sua importância, tanto para a recuperação do estado nutri-
são, euforia, apatia ou agressividade; condições físicas, indican-
cional quanto para sua manutenção. A NE quando bem indicada,
do alterações relacionadas ao estado nutricional, hidratação,
melhora os resultados clínicos, reduzindo o tempo de interna-
integridade cutâneo-mucosa, oxigenação, postura
ção e os custos com a saúde.
Ordem cronológica – sequência em que os fatos aconte-
Pacientes previamente desnutridos, com ingesta por via
cem, correlacionados com o tempo, sono e repouso, elimina-
ções, padrão da fala, movimentação; existência e condições de oral (VO) nula ou mínima com 60% do gasto energético real
sondas, drenos, curativos, imobilizações, cateteres, equipamen- (GER) por cinco dias ou mais, são candidatos a suporte nutri-
tos em uso; cional. Pacientes com estado nutricional normal toleram jejuns
A ação de medicamentos e tratamentos específicos, para mais prolongados, porém não devem ultrapassar sete a 10 dias
verificação da resposta orgânica manifesta após a aplicação até o inicio da intervenção nutricional. A intervenção nutricio-
de determinado medicamento ou tratamento, tais como, por nal, portanto, deve ser iniciada antes deste período para evitar
exemplo: alergia após a administração de medicamentos, dimi- comprometimento das funções fisiológicas desses pacientes em
nuição da temperatura corporal após banho morno, melhora da catabolismo.
dispnéia após a instalação de cateter de oxigênio; Ibranutri (1998) mostra que a indicação do uso de nutrição
A realização das prescrições médicas e de enfermagem, o enteral e parenteral é menor do que os recomendados pela lite-
que permite avaliar a atuação da equipe e o efeito, na evolução ratura. Após quase 25 anos de existência da terapia nutricional
do paciente, da terapêutica medicamentosa e não-medicamen- no Brasil, sua utilização ainda é incipiente. Já que apenas 6,1%
tosa. Caso o tratamento não seja realizado, é necessário explici- dos pacientes avaliados receberam algum tipo de terapia enteral
tar o motivo, por exemplo, se o paciente recusa a inalação pres- durante sua internação. No grupo de não desnutridos, essa taxa
crita, deve-se registrar esse fato e o motivo da negação. é de ordem de 2,3%. No grupo dos pacientes desnutridos, só
Procedimentos rotineiros também devem ser registrados, 10,1% receberam dieta enteral. É insignificante a porcentagem
como a instalação de solução venosa, curativos realizados, co- de cada estado no uso de terapia enteral e parenteral no Brasil.
lheita de material para exames, encaminhamentos e realização Esses achados podem ser imputados ao desconhecimento do
de exames externos, bem como outras ocorrências atípicas na problema e está associados à não disponibilidade de recursos
rotina do paciente; n A assistência de enfermagem prestada e para terapia nutricional pelo SUS.
as intercorrências observadas. Incluem-se neste item, entre ou- O suporte nutricional é parte vital da terapia da maioria dos
tros, os dados referentes aos cuidados higiênicos, administração pacientes hospitalizados. Está claramente postulado e bem defi-
de dietas, mudanças de decúbito, restrição ao leito, aspiração de nido que este é um instrumento fundamental na diminuição da
sondas e orientações prestadas ao paciente e familiares; morbimortalidade de pacientes críticos e na diminuição da taxa
As ações terapêuticas aplicadas pelos demais profissionais de permanência hospitalar; além disso, há uma queda na taxa
da equipe multiprofissional, quando identificada a necessidade de infecção e uma melhora nos processos de cicatrização
de o paciente ser atendido por outro componente da equipe de Considerando a relevância da Terapia Nutricional, o Mi-
saúde. Nessa circunstância, o profissional é notificado e, após nistério da Saúde através das portarias GM/MS Nº 343, de 07
efetivar sua visita, a enfermagem faz o registro correspondente. de março de 2005 e Nº 120, de 14 de abril de 2009 instituiu
Para o registro das informações no prontuário, a enferma- mecanismos para organização e implantação de Unidades de
gem geralmente utiliza um roteiro básico que facilita sua ela- Assistência e Centros de Referência de Alta Complexidade em
boração. Por ser um importante instrumento de comunicação Terapia Nutricional, no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS,
para a equipe, as informações devem ser objetivas e precisas de estabeleceu normas técnicas e operacionais para regulamentar
modo a não darem margem a interpretações errôneas. a aplicação desta prática.
Considerando-se sua legalidade, faz-se necessário ressaltar Cabe agora aos profissionais de saúde instituir iniciativas
que servem de proteção tanto para o paciente como para os educacionais para esclarecer as equipes de saúde e a população
profissionais de saúde, a instituição e, mesmo, a sociedade. sobre a importância do diagnóstico e do tratamento da desnutri-

17
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
ção hospitalar. Ao SUS compete a cobertura dos custos de diag- PARTE C – INDICE MASSA CORPÓREA (IMC)
nósticos operacionais (avaliação nutricional) e da terapia com
nutrição enteral e parenteral. IMC = PESO (Kg) / altura2 (m2)
Este protocolo tem por finalidade orientar os profissionais Se estiver abaixo de 18,5 Kg/m2 , considera-se o paciente
de saúde, que desenvolvem suas atividades no HGV, aplicando como de risco nutricional
a Terapia Nutricional de forma mais adequada. Indicando com Peso: ________ Kg Altura:_________ m IMC: _______Kg/
precisão os pacientes que necessitarão da terapia, bem como m2
avaliando a eficácia do procedimento.
PARTE D – HISTÓRIA DE PERDA DE PESO
TRIAGEM E AVALIAÇÃO
Teve perda de peso não planejada nos últimos 6 meses? ( )
A TRIAGEM é desenvolvida através da avaliação Nutricional Não ( ) Sim
Subjetiva Global (ANSG), segundo Desck (ficha N° 51), a qual ob- Quanto?_____ Kg.
serva e atribui pontos aos seguintes parâmetros: peso corpóreo, Se sim, esta perda acorreu nas últimas ____ semanas ou
dieta, sintomas gastrintestinais, capacidade funcional física e ____ meses
diagnóstico (estresse), de modo a avaliar e acompanhar o esta- Peso atual: _____ Kg Peso Usual _____ Kg
do nutricional e implementar a terapêutica necessária. Percentagem de perda de peso: Peso usual – Peso atual x
O somatório desses parâmetros determina a classificação 100 = ___% de perda de
do paciente em: sem desnutrição, desnutrição moderada e des- Peso usual
nutrição grave. Peso
Ressalta-se que Terapia de Nutrição Enteral será prioritária. Compare a % de perda de peso com os valores da tabela e
A via a ser utilizada (oral, sonda) dependerá da viabilidade do circule a taxa encontrada.
trato gastrointestinal e da patologia em questão. Se o paciente teve perda significativa ou severa, considera-
O acompanhamento do paciente é realizado diariamente -se como de risco nutricional.
através de dados objetivos e subjetivos, os quais subsidiam o
profissional para adequação da fórmula.
O tipo da dieta (fórmula) utilizada em NE obedece às condi-
ções clínicas do paciente, patologia e estado nutricional, objeti-
vando atender as particularidades de cada paciente. Para pres-
crição da conduta nutricional, utiliza-se a ficha de prescrição die-
toterápica (mod. 49), que descreve a dieta a ser oferecida com
Valor Energético Total (VET), distribuição de macronutrientes,
volume a ser administrado, fracionamento, densidade calórica
(DC) e relação Kcal/gN.

AVALIAÇÃO DE RISCO NUTRICIONAL


PARTE A – DIAGNÓSTICO
PARTE E – PACIENTE IDOSO
( ) Caquexia ( hipotrofia muscular, fraqueza, câncer. ca-
quexia cardíaca) Paciente com 2 ou mais alterações tem risco nutricional:
( ) Coma ( ) Demência ou depressão grave
( ) Anorexia nervosa/ bulimia ( ) Escara e lesões de pele
( ) Síndrome de má-absorção (doença celíaca, colite ulcera- ( ) Restrito ao leito ou em cadeira de rodas
tiva, doença de Crohn, síndrome do intestino curto) ( ) Deambula, não é capaz de sair de casa
( ) Traumatismo múltiplo e/ou TCE
( ) Cirurgia de grande porte do trato digestivo nos últimos 12 Avaliação de risco nutricional
meses (esofagectomia gastrectomia, colectomia, enterectomia
extensa, gastroduodenopancreatectomia) Será considerado risco nutricional o caso que preencher
( ) Hepatopatia avançada qualquer um dos critérios acima.
( ) Nefropatia avançada Existe risco nutricional? Sim ( ) Não ( )
( ) Incisões não cicatrizadas Se sim, deverá ser solicitada avaliação da equipe multipro-
fissional de terapia nutricional para o paciente.
PARTE B – SINTOMAS GASTRINTESTINAIS E INGESTÃO DIETÉ-
TICA INDICAÇÃO

( ) Diarréia ( > 500 ml ou 3 evacuações líquida por mais de A Terapia Nutricional poderá ser indicada nas seguintes si-
2 dias) tuações:
( ) Vômitos ( > 5 dias) o Pacientes impossibilitados de ingestão oral adequada
( ) Ingestão reduzida (< metade da ingestão habitual por 5 para prover de dois terços a três quartos das necessidades di-
dias ou mais) árias nutricionais, seja por patologias do trato gastro-intestinal

18
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
alto, por intubação oro-traqueal, por distúrbios neurológicos NUTRIÇÃO PARENTERAL
com comprometimento do nível de consciência ou dos movi- Padronização:
mentos mastigatórios.
o Indicado também nos casos em que o paciente vem com Foi estabelecido como padronização para a instituição a se-
ingestão oral baixa, por anorexia de diversas etiologias. guinte especificação:
Bolsa de câmara tripla de 1000ml para mistura e infusão
Observações: contendo poliaminoácidos, glicose e emulsão lipídica, na seguin-
te formulação:
1. A administração de dieta por sonda nasoenteral não con- o Aminoácidos 10% - 400ml
traindica a alimentação oral, se esta não implicar em riscos para o Glicose 40% - 400ml
o paciente. o Emulsão lipídica 20% - 200ml
2. Em geral, a nutrição parenteral (NP) é indicada se o trato Características após a mistura:
digestivo não funciona, está obstruído ou inacessível e antecipa- o Nitrogênio (g) 6,6; Aminoácido (g) 40; Calorias totais (kcal)
-se que esta condição continue por pelo menos 7 dias. 1200; Calorias não protéicas (kcal) 1040; Calorias glicídicas (kcal)
640; Calorias lipídica (kcal) 400; Taxa de calorias não protéicas
(kcal/gN) 158; sódio (mmol) 32; Potássio (mmol) 24; Magnésio
(mmol) 2,2; Cálcio (mmol) 2; Fosfato (mmol) 10; Acetato (mmol)
57; Cloreto (mmol) 48; pH 6; Osmolaridade (mOsm/L) 1450.
o A solução não reconstituída deve ser armazenada até
25°C. Após a reconstituição, deve ser administrada, ou armaze-
nada entre 2 e 8°C estável por até 7 dias.
o Mesmo antes da ruptura dos lacres a capacidade da bolsa
é suficiente para permitir a adição de vitaminas, eletrólitos e oli-
goelementos, caso esta suplementação seja necessária.
Avalia o paciente
Não administra a dieta deste horário
Manter SNG aberta por 30min
Reavalia no próximo horário
Entretanto deverão ser prescritos para que sejam forneci-
dos pela farmácia.

Vias de acesso para nutrição parenteral:

A Terapia de Nutrição Parenteral (TNP) pode ser adminis-


trada por via periférica ou central conforme a osmolaridade da
solução.

Periférica:

É indicada para soluções com osmolaridade menor que 700


mOsm/L.

Central:

É indicada para soluções que tem osmolaridade maior que


700 mOsm/L. Utiliza-se veia central de grosso calibre e alto fluxo
sanguíneo, tais como: veias subclávias e jugulares. Está contra-
C - Contra-indicações da NP -indicada a femoral pelo risco de infecção.

NP é contra-indicada em pacientes hemodinamicamente Complicações


instáveis, incluindo aqueles com hipovolemia, choque cardiogê-
nico ou séptico; pacientes com edema agudo de pulmão; anúria As complicações da TNP podem ser classificadas em: mecâ-
sem diálise ou que apresentem graves distúrbios metabólicos e nicas, metabólicas e infecciosas.
eletrolíticos.

19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

MECÂNICAS - Relacionadas ao cateter: Cuidados de Enfermagem


deslocamento em direção CUIDADOS GERAIS:
cefálica, perfuração do vaso,
pneumotórax, hemotórax, o A solução somente deverá ser misturada á beira do leito
desconexão do cateter com do paciente, ou seja, a selagem entre as câmaras da bolsa de-
perda sanguínea ou embolia vem ser rompidas somente no momento da instalação da nutri-
gasosa; ção parenteral;
o O equipo deverá ser colocado na bolsa após acesso veno-
METABÓLICAS - Sobrecarga hídrica so instalado e verificado a permeabilidade do mesmo;
- Hiperglicemia o Caso o equipo tenha sido colocado na bolsa, o sistema
- Hipoglicemia será considerado como violado e não poderá mais ser armaze-
- Hipertrigliceridemia nado; deverá portanto ser desprezado;
- Hipercapnia
o Caso a solução tenha sido misturada e equipo não coloca-
- Deficiência de ácidos gra-
do, mas não será mais utilizada pelo paciente, então poderá ser
xos essenciais
armazenada por 7 dias em refrigeração ou 48h em ar ambiente,
- Síndrome de retroalimen-
devidamente etiquetada com data e hora do rompimento da se-
tação
lagem;
- Distúrbios eletrolíticos
- Distúrbios hepatobiliares
CUIDADOS ESPECÍFICOS:
- Gastrite e úlcera de es-
tresse
o Conferir prescrição médica: volume e tipo de NPT;
INFECCIOSAS - Sepse relacionada ao o Verificar glicemia capilar conforme horários estabeleci-
cateter, tendo como agentes dos;
etiológicos mais freqüentes: o Realizar esquema de insulinoterapia conforme prescrição;
Staphylococcus epidermidis, o Avaliar acesso venoso central antes de cada administra-
fungos, bacilos Gramnegati- ção;
vos (Escherichia coli, Serratia o Registrar volume, data, hora, nome do paciente, leito e
marcescens, Enterobacter enfermaria;
cloacae) e Staphylococcus o A NPT deverá ser instalada em acesso venoso exclusivo
aureus. em caso de cateter de único lúmen;
o Controlar rigorosamente o gotejamento (equipo microgo-
Monitorização da NPT tas) e velocidade de infusão (bomba de infusão) nas 24h;
o Trocar NPT após término de cada etapa ou se necessário;
Os Parâmetros a seguir devem ser monitorizados em pa- o Manter técnica asséptica na instalação das bolsas;
cientes com NPT. Metabólicos: o Trocar equipo a cada troca de bolsa.
Controles Glicêmicos:
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA NUTRIÇÃO PARENTERAL
(NP)
Devem ser realizados nas primeiras 24h a cada 8h; se a gli-
cemia se mantiver > 180mg%, realizar controle de 4/4h
A NP é uma “solução ou emulsão, composta basicamente
de carboidratos, aminoácidos, lipídios vitaminas e minerais,
Eletrólitos e Hemograma:
estéril, apirogênica, acondicionada em recipiente de vidro ou
plástico, destinada à administração intravenosa em pacientes
Inicialmente monitorizar diariamente: sódio, potássio, clo-
ro, uréia, cálcio magnésio, fósforo; ou então uma ou duas vezes desnutridos ou não, em regime hospitalar, ambulatorial ou do-
por semana se estiverem estáveis; miciliar, visando a síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou
Deverão ser avaliados semanalmente: atividade de pro- sistemas” (Portaria N° 272/98, parágrafo 3.4).“O enfermeiro é
trombina, triglicerídeos, bilirrubina, transaminases e fosfatase responsável pela administração da NP e prescrição dos cuidados
alcalina. Nutricionais: de enfermagem em nível hospitalar, ambulatorial e domiciliar”
o Avaliação diária do peso; (Portaria. N° 272/98, parágrafo 5.6.1).
o Albumina e/ou pré-albumina solicitadas semanalmente
1. Acesso venoso periférico
Infecciosos:
· Verificar, no rótulo da NP, a osmolaridade da solução que
o Avaliar diariamente o local de inserção quanto a presença deve ser menor de 800mOsm/l, caso contrário, a solução deverá
de sinais inflamatórios e infecciosos; ser administrada em via central.
o Observar presença de picos febris associada ao cateter ou · Utilizar cateter venoso periférico de poliuretano ou teflon.
uso de NPT, se necessário realizar hemocultura sistêmica e cul- · Puncionar uma veia calibrosa, localizada no braço e ante-
tura do cateter; braço.

20
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
· Trocar diariamente a fixação/cobertura de gaze do cateter, O conector do cateter, colonizado por manipulações, é a
observando o local de inserção. principal fonte de contaminação intraluminal do cateter.
· Trocar o cateter em caso de sinais de flebite e no mínimo · Realizar lavagem do cateter, de acordo com os protocolos
a cada 72 horas. da CCIH-HC.
· O cateter deve ser exclusivo para NP. Conectar o equipo A lavagem minimiza a formação de biofilme no cateter e di-
diretamente ao cateter ou utilizar um intermediário de uma via. minui o risco de infecção.
Dispositivos para conexão em Y (torneirinhas ou polifix Ò) são · Não há recomendação de substituição rotineira dos cate-
inadequados. teres venosos centrais como medida para minimizar riscos de
infecção.
2. Acesso venoso central
Formulações de NP
· Os cateteres venosos centrais devem ser inseridos e ma-
nuseados de acordo com as normas de assepsia preconizadas · Utilizamos, no HC, a NP em sistema lipídico (3 em 1), que
pela CCIH/HC. é uma associação de glicose, aminoácidos, lipídios, vitaminas,
· Cuidados na inserção de cateteres transcutâneos de curta eletrólitos e minerais. As soluções de NP são padronizadas (Ane-
permanência: xo VII), objetivando-se a prescrição adequada e segura para a
– Degermação das mãos do operador com solução de clo- maioria dos pacientes internados; porém, dependendo das ne-
rexidina ou PVPI degermantes, anti-sepsia do local de inserção cessidades individuais, a prescrição deve ser individualizada.
do cateter com PVPI alcoólico e, se necessário, remoção do ex- - Para pacientes cujo peso corporal é menor de 55 kg, a
cesso com álcool 70%. prescrição de NP central deve ser individualizada, uma vez que
– Utilização de luvas, aventais e campos estéreis; as fórmulas padronizadas apresentam um conteúdo elevado de
– Utilização de gorro, máscara e óculos de proteção; glicose e aminoácidos, podendo ocorrer hiperglicemia e outros
– Palpar o local de inserção após anti-sepsia somente com distúrbios metabólicos. As formulações padronizadas de NP pe-
luvas estéreis; riférica, por sua vez, podem apresentar volume excessivo para
– Fechar a porta do quarto e reduzir o fluxo de pessoas.
esses pacientes.
· Em caso de dissecção vascular, utilizar um cateter de poliu-
· Na introdução e no desmame da NP central, ou seja, no
retano (recomendação para adulto: 70cm; 14G, de 62ml/min).
primeiro e no último dia, o paciente deve receber uma fórmula
· Cateteres semi-implantáveis ou de implante total são inse-
contendo a metade dos macronutrientes (glicose, aminoácidos
ridos no centro cirúrgico.
e lipídios) desejados.
· Cateteres centrais de inserção periférica (PICC) são inseri-
Esta formulação deve ser prescrita pelo médico, para e per-
dos por enfermeiros devidamente habilitados, de acordo com a
mitir a adaptação metabólica, hormonal e enzimática e evitar
Resolução COFEN N° 258/2001.
assim distúrbios como hiperglicemia, uremia pré-renal, hiperos-
· Para os cuidados de manutenção destes cateteres, referir-
-se aos respectivos protocolos molaridade, distúrbios hidro-eletrolíticos, entre outros.
· Lavar as mãos e usar luvas de procedimentos para mani- A NP periférica deve ser iniciada com o aporte total já no
pular o cateter. primeiro dia.
· Manter, na inserção dos cateteres, cobertura seca de gaze A concentração de micronutrientes e a osmolaridade desta
com adesivo hipoalergênico (micropore Ò), trocada a cada 24 fórmula não induzem os distúrbios metabólicos da NP central.
horas e quando suja, molhada ou descolada, com técnica padro- · Quando houver indicação da troca da NP periférica pela
nizada (Anexo VI); avaliar o local de inserção anotando e comu- NP central, o médico deve prescrever metade do aporte calóri-
nicando ao médico responsável qualquer sinal de infecção. co-protéico no primeiro dia da alteração
· A localização central do cateter deve ser confirmada (RX) O aporte de glicose na NP central básica é quadruplicado
antes de iniciar a NP. em relação à NP periférica, podendo levar à intolerância e hi-
Instalar SG 5 % para manter a permeabilidade do cateter até perglicemia.
o início da NP. O médico deve prescrever vitamina K, 10 mg, IM, duas vezes
A extremidade distal do cateter deverá ser localizada na por semana (3ª e 5ª feira).
veia cava. Por questões de estabilidade, esta vitamina não está incluí-
- Caso o cateter não seja central, poderá ser utilizado so- da na fórmula de NP.
mente para NP periférica, em razão do risco de trombose venosa
com solução hipertônica. 4. Infusão da NP
· O cateter deve ser utilizado exclusivamente para a infusão
de NP, mesmo em caso de infusão cíclica. A NP é infundida em bomba de infusão (BI), de forma con-
- Cateter multilumen: designar o lúmen distal exclusivamen- tínua, em 24 horas.
te para a NP. Alterações da velocidade de infusão devem ser evitadas e o
- Cateter de Hickman Broviac (semi-implantável): o lúmen volume infundido rigorosamente controlado.
“Broviac”, mais fino, deve ser utilizado para a NP, reservando o Para evitar oscilações do gotejamento e as conseqüentes al-
lúmen de maior diâmetro para sangue e derivados. terações nas concentrações séricas da glicose e de triglicérides.
· Realizar desinfecção das conexões do cateter com álcool a A infusão cíclica, normalmente noturna, é realizada excep-
70° antes da manipulação. cionalmente no HC e segue um protocolo específico.

21
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A bolsa de NP não deve permanecer em infusão por mais - Realizar a lavagem do cateter com 10ml de SF;
de 24 horas. - Conectar o equipo da NP;
Por conter lipídios, o risco de crescimento bacteriano ou - Iniciar a infusão;
fúngico na NP aumenta consideravelmente após 24 horas. - Verificar o gotejamento;
- O horário padronizado, para instalação de NP, é 22 horas. - Cobrir a bolsa de NP com a bolsa protetora;
Se, após 24 horas, a solução não for totalmente infundida, esta A exposição à luz é um dos fatores causais da peroxidação
deverá ser desprezada e o volume desprezado anotado na folha dos lipídeos e de liberação de fatores tóxicos.
de controles do paciente. - Checar a instalação da NP na prescrição médica, anotando
- Retirar as bolsas de NP da farmácia duas horas antes de o horário de instalação;
sua instalação, para atingirem a temperatura ambiente. - Anotar, na folha de controles do paciente, o volume insta-
- Caso a instalação da NP seja postergada, a bolsa deverá lado e, eventualmente, o volume que foi desprezado.
permanecer na geladeira exclusiva de NP da farmácia e retirada · Evitar interrupções da infusão da NP, inclusive para enca-
duas horas antes do momento de sua instalação efetiva. minhar o paciente para procedimentos e exames.
- Nestes casos, instalar a NP logo que possível, no goteja- Quanto mais manipulações do sistema, maior o risco de in-
mento calculado para 24 horas de infusão e desprezar a sobra às fecção relacionada ao cateter.
22 horas, quando for instalar a nova bolsa de NP. - Encaminhar o paciente com a bomba de infusão em ba-
· Ao receber e antes de instalar a NP: teria.
- Verificar a integridade da embalagem; - Em caso de cirurgia, suspender a NP, instalar SG10% e
- Observar a solução quanto à: identificar a via da NP, para evitar que a equipe de anestesia a
Homogeneidade (detectar alterações como agregação dos utilize para outros fins.
glóbulos de gordura ou separação das fases) · Em caso de interrupção brusca da NP, instalar SG10%, na
Ausência de corpos estranhos; mesma velocidade de infusão, durante oito horas, para evitar a
Temperatura. ocorrência de hipoglicemia, e comunicar o médico responsável.
– Conferir o rótulo: · Para facilitar a distribuição dos equipos, foi padronizada
Nome do paciente, leito, registro hospitalar; a utilização de bombas de infusão da marca Lifemed® para NP.
Data e hora de manipulação, prazo de validade; Estes equipamentos devem ser limpos diariamente com pano
Composição (confirmar com o pedido anexado à prescrição umedecido em álcool a 70°; caso sejam detectados defeitos ou
médica); anormalidades no gotejamento, encaminhá-los à Unidade Res-
Osmolaridade; piratória/Central de Equipamentos para manutenção.
Via de acesso;
Volume total; Assistência ao paciente
Velocidade de infusão.
– Devolver a bolsa à farmácia caso sejam detectadas anor- · Orientar o paciente e sua família quanto à terapia, man-
malidades, registrando o ocorrido. tendo-os informados sobre a sua evolução.
A NP é inviolável até o final de sua administração (Portaria · Observar sinais e sintomas de complicações; registrar as
SVS/MS. N°272/98) ocorrências na evolução de enfermagem, comunicar o médico
O equipo é fornecido pela farmácia com as bolsas e deve ser responsável.
trocado com a bolsa a cada 24 horas. · Controlar os dados vitais conforme rotina.
· Realizar o controle da glicemia capilar a cada 6 horas nas
Instalação da bolsa de NP primeiras 72 horas, espaçando este controle para 12 horas em
caso de estabilidade, ou conforme prescrição médica ou de en-
- Por determinação do COREN-SP, este procedimento deve fermagem.
ser realizado por um enfermeiro, por ser considerado um proce- · Controlar a diurese e realizar balanço hídrico.
dimento de alta complexidade. · Sempre que possível, pesar o paciente semanalmente; a
- Lavar as mãos para manipular a bolsa de NP. altura deve ser verificada na admissão do paciente.
- Conectar o equipo à bolsa, no balcão do posto de enferma- · Realizar exame físico conforme rotina do serviço, obser-
gem ou no carrinho de medicações; vando o grau de hidratação, a presença de edema, queixas de
- Suspender a bolsa de NP com a sua capa protetora no su- fome ou sede, alterações do nível de consciência, sinais de defi-
porte de soro; ciência de vitaminas.
- Abrir a roleta, enchendo o equipo com a NP; · Em caso de bacteremia com suspeita de contaminação de
- Pinçar o equipo da bolsa que estava em uso, retirá-lo da BI; NP, seguir as seguintes recomendações da CCIH/HC:
- Montar o equipo novo na BI; – Suspender imediatamente a infusão;
- Programar a BI de acordo com o rótulo da bolsa de NP; – Com a bolsa ainda suspensa no suporte de soro, colher
- Calçar luvas de procedimento; uma amostra da NP por punção no dispositivo apropriado, após
- Clampear o cateter para evitar entrada de ar; desinfecção com álcool a 70°; transferir este material assepti-
- Desconectar o equipo do soro ou da NP que estava sendo camente para um frasco de hemocultura devidamente identi-
infundida; ficado.
- Proceder à anti-sepsia da conexão por fricção com álcool Na retirada da bolsa do suporte pode ocorrer contaminação
a 70° bacteriana ascendente.

22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
– Colher simultaneamente uma amostra de sangue periféri- Especial ou Especializada
co para hemocultura;
– Enviar os frascos para o laboratório de microbiologia; Indicada para pacientes com tubo gastrintestinal funcio-
– Desprezar a bolsa e o sistema de infusão; nante, mas que requerem formulações especiais em virtude das
– Registrar o ocorrido no prontuário do paciente; doenças de base.
– Notificar a CCIH/HC e o GAN/EMTN - HC (farmacêutico). Podem ter características poliméricas, oligomérica ou ele-
mentar bem como serem nutricionalmente completas ou in-
NUTRIÇÃO ENTERAL completas.

Tipos de Nutrição 4.2 Vias de Acesso Enteral


- COMO ESCOLHER O TIPO DE DIETA?
o SNG, SNE: geralmente através de sondas de alimentação
Avaliar: de poliuretano, disponíveis em vários diâmetros (8,10,12,14 e
16 french), colocadas em posição nasogástrícas, nasoduodenal
o Será necessário saber qual vai ser a via, se sonda gástrica ou nasojejunal, havendo ainda a sonda nasogastrojejunal, que
ou entérica reúne duas vias separadas de calibres diferentes permitindo ao
o Se a dieta será administrada no estômago, duodeno ou mesmo tempo a drenagem do estômago e a alimentação no je-
jejuno; juno.
o Qual a necessidade calórica do paciente; o Gastrostomias: geralmente através de sonda de alimen-
o Se existe desvio do trânsito intestinal; tação de silicone, com diâmetro que variam de 14 a 26 french,
o Qual indicação e provável tempo de permanência. com âncora ou balão de fixação interna e discos de fixação exter-
- FORMULAÇÕES DISPONÍVEIS: na, que são colocadas por diversas técnicas, gastrostomias per-
Conforme complexidade dos nutrientes: cutânea endoscópica (GEP), gastrostomias radiológica percutâ-
Elementares ou Monoméricas nea, gastrostomias cirúrgicas, aberta (Stamm, Witzel, Janeway),
gastrostomias laparoscópica.
São aquelas em que os macronutrientes de apresentam na
o Jejunostomias: geralmente através de sondas de alimen-
sua forma mais simples e hidrolisadas. As proteínas se apresen-
tação de poliuretano com diâmetro de 8 a 10 french, que podem
tam principalmente na forma de aminoácidos livres, os hidratos
ser colocadas pela técnica endoscópica percutânea (JEP), ou
de carbono na forma simples e os lipídios em forma de ácidos
através de uma sonda de gastrostomia, ou por técnica cirúrgica
graxos essenciais, vitaminas e minerais.
aberta (Wtzel). Há ainda a possibilidade de aceso jejunal por ca-
teter através de agulha, utilizando cateter de polivínil de 16 Ga
Oligoméricas ou peptídicas
ou de Jejunostomias em Y de Roux, usando cateter de silicone
São aquelas em que principalmente as proteínas estão na com balão.
forma de hidrolisado, como no hidrolisado de lectoalbuminas,
no hidrolisado de soja e outros. 4.3 Cuidados de Enfermagem
Os hidratos de carbono podem ser complexos ou não e os
lipídios estão em sua maior concentração na forma de triglice- O enfermeiro sendo um membro da Equipe Multiprofis-
rídeos de cadeia média (TCM) e ácidos graxos essenciais (AGE) . sional de Terapia Enteral (EMTN) tem como principal responsa-
bilidade a administração da Terapia Nutricional (TN), acompa-
Poliméricas nhando todo o processo objetivando a prevenção e a detecção
precoce de complicações.
São aquelas em que os macronutrientes se encontram na
sua forma intacta, necessitando de sofrer digestão prévia à sua - ATRIBUIÇÕES DE ENFERMAGEM
absorção.
As proteínas estão na forma de caseinatos, sojas, lectoal- o Administração de medicamentos (reposição hidroeletrolí-
buminas, os lipídios na forma de óleo de milho, canola, girassol, tica, gavagem, enemas)
podendo ter ou não adição de TCM, AGE, e os hidratos de car- o Realização de cateterismos
bono na forma de maltodextrina, sacarose, podendo ou não ter o Supervisionar a nutrição enteral e parenteral
a presença de fibras. o Avaliar indicação e tolerância alimentar
o Necessidade de via alternativa para administração da die-
Dietas Modulares ta
o Cuidados na manutenção dos estomas
São aquelas que usam base de sua formação os módulos o Prevenção de complicações
de macro e micronutrientes (proteínas intactas ou aminoácidos,
hidratos de carbono, lipídios, vitaminas, minerais, fibras, gluta- - CUIDADOS GERAIS
mina e outros).
Os módulos de nutrientes também podem ser utilizados o Lavar as mãos antes de manusear a dieta;
para complementar uma dieta já formulada ou como comple- o Conferir prescrição da dieta: identificação do paciente,
mento alimentar. tipo de dieta, via de administração, volume prescrito;

23
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
o Observar os seguintes aspectos antes de administrar a uso por sondas ou via oral, industrializada ou não, utilizada (…)
dieta: temperatura, aspecto, volume e consistência: para substituir ou complementar a alimentação oral em pacien-
o Elevar cabeceira no mínimo 30° tes desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricio-
o Aspirar conteúdo gástrico sempre antes de administrar nais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando
dieta ou medicação para avaliar aspecto e volume do refluxo; à síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas.” (pa-
o Registrar no prontuário do paciente se houver refluxo, e rágrafo 3.4)
comunicar ao médico ou enfermeiro;
o Avaliar aceitação da dieta pelo paciente baseado nos se- 1. Preparo e orientação do paciente e família
guintes parâmetros: presença de ruídos hidroaéreos, ausência
de distensão abdominal e/ou vômitos, aspecto e volume do re- O paciente e a família devem ser orientados quanto à tera-
fluxo gastroesofágico; pia, seus riscos e benefícios. A equipe de enfermagem desenvol-
o Instalar dieta com equipo próprio e exclusivo, devendo ve um papel importante fornecendo suporte emocional direcio-
trocá-lo a cada dieta; nado a minimizar receios e apreensões, bem como favorecer a
o Controlar gotejamento/velocidade de infusão conforme participação do paciente e da família.
forma de administração: gravitacional ou em bomba de infusão; · Pacientes ambulatoriais e pacientes que terão alta com
o Lavar percurso da SNG/SNE após infusão da dieta com nutrição enteral deverão receber orientação nutricional e de en-
20ml de água potável; fermagem verbalmente e por escrito:
o Lavar as mãos após procedimento; - O paciente ou o familiar “cuidador” deverá receber o ma-
o Registrar no impresso modelo nº122 – HGV (Evolução e nual: “Terapia de Nutrição Enteral; Manual do Paciente”, dispo-
Prescrição de Enfermagem) a aceitação da dieta, o volume admi- nível no GAN / EMTN - HC e na Divisão de Nutrição e Dietética
nistrado e características do refluxo gastroesofágico. (DND).
- Preencher os campos em branco na primeira página do
- COMO AVALIAR ACEITAÇÃO DA DIETA? manual, carimbar e assinar.
- Contatar o nutricionista (com antecedência) para fornecer
Verificar a presença dos seguintes sinais e sintomas: orientação nutricional e dietética (Ramal 87219).
o Ruídos hidroaéreos? - Pacientes com gastrostomia ou jejunostomia em trata-
o Náuseas e vômitos? mento ambulatorial: orientar os cuidados locais verbalmente e
o Distensão abdominal? por escrito.
o Presença de refluxo gastroesofágico?
- SE HOUVER REFLUXO ? QUAL CONDUTA? 2. Cuidados com a via de administração

Conduta A - Se apresentar refluxo em quantidade inferior Conforme via utilizada (via oral, sonda nasogástrica ou pós-
que 50% do volume da dieta administrada? -pilórica, gastrostomia ou jejunostomia), são necessários cui-
- Avalia aspecto do refluxo, devolve ao paciente, e adminis- dados específicos, tanto locais (fixação, higienização, curativo)
tra dieta total. como gerais (movimentação, adequação do volume e da veloci-
- Avalia o paciente no próximo horário dade de infusão).

Conduta B - Quantidade igual ou maior que 50% do volume 2.1. Introdução da sonda para nutrição enteral por via nasal
da dieta administrada? ou oral
- Avalia o paciente e aspecto do refluxo
- Administra 50% do volume prescrito da dieta A Resolução RCD N° 63/2000 determina que é responsabi-
- Reavalia no horário seguinte lidade do enfermeiro estabelecer o acesso enteral por via oro/
nasogástrica ou transpilórica. Este procedimento pode ter com-
Conduta C - Quantidade igual ou maior que o volume da plicações graves como inserção inadvertida na árvore traqueo-
dieta administrada? brônquica e pneumotórax.
- Avalia o paciente · Segundo a Resolução COFEN N° 277/2003, o enfermeiro
- Não administra a dieta deste horário deve:
- Manter SNG aberta por 30min “assumir o acesso ao trato gastrointestinal (sonda com fio
- Reavalia no próximo horário guia introdutor e transpilórica) assegurando o posicionamento
adequado por avaliação radiológica.”
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA NUTRIÇÃO ENTERAL (NE) · Ainda segundo esta resolução, a introdução de “sonda na-
sogástrica sem introdutor” (sonda de Levine) poderá ser dele-
Segundo a Resolução RCD N° 63/2000 da ANVISA, “o enfer- gada ao técnico ou auxiliar de enfermagem, sob orientação e
meiro é responsável pela administração da NE e prescrição dos supervisão do enfermeiro.
cuidados de enfermagem em nível hospitalar, ambulatorial e · Utilizar uma sonda para nutrição enteral (SNE) de poliure-
domiciliar” (parágrafo 5.6.1). A nutrição enteral é definida como tano ou silicone, número 8
um “alimento para fins especiais, com ingestão controlada de ou 12. Reservar a sonda de maior diâmetro (12) para pa-
nutrientes, na forma isolada ou combinada, de composição de- cientes recebendo várias medicações pela sonda ou necessitan-
finida ou estimada, especialmente formulada e elaborada para do de controles freqüentes do volume residual gástrico.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
· As sondas de cloreto de polivinil (PVC) ou sondas de Levi- A pressão excessiva pode provocar rachadura na sonda.
ne, utilizadas excepcionalmente para NE, devem ser substituídas · Verificar a posição da sonda por aspiração de líquido gás-
por sondas de poliuretano ou silicone na primeira troca (prazo trico/duodenal e ausculta de borborigmo na região epigástrica
máximo de 48 horas). ou no quadrante abdominal superior esquerdo.
As sondas de Levine são rígidas, desconfortáveis, podem - cada vez que for instalar um frasco de NE,
provocar irritação e inflamação da mucosa da nasofaringe e esô- - de 6 em 6 horas, em caso de NE contínua,
fago, além de lesões nasais. Por terem diâmetro externo maior, - após episódios de vômito, regurgitação, tosse intensa.
elas prejudicariam ainda a competência do esfíncter esofagiano, A extremidade da sonda pode voltar ao esôfago ou até en-
aumentando o risco de refluxo e aspiração rolar-se na cavidade oral, mesmo quando bem fixada externa-
· Confirmar, com o médico responsável, a ausência de con- mente.
tra-indicação para passagem da SNE por via nasal (fratura de - Toda vez que houver duvida sobre a posição da sonda, soli-
base do crânio). Nestes casos, a sonda poderá ser introduzida citar a realização de RX simples de abdômen e visualizar a sonda
por via oral. com o médico responsável antes de iniciar a administração de
NE.
· Solicitar, sempre que possível, a colaboração do paciente.
· Quando o acesso pós-pilórico é necessário, recomenda-se
· Inserir a SNE e conferir a sua posição, conforme técnica
o controle do pH do líquido aspirado uma vez por dia (pH duo-
padronizada (Anexo III)
denal = 6 - 8).
· Encaminhar o paciente ao serviço de radiologia, para rea-
A passagem transpilórica espontânea da sonda ocorre em
lização de uma radiografia simples de abdômen para verificação poucos pacientes e, mesmo tendo migrado, a extremidade distal
da posição da sonda ou solicitar a realização do exame no leito. pode retornar ao estômago.
· Verificar a posição da sonda no RX com o médico respon-
sável. 2.3. Acesso por gastrostomia e jejunostomia
· Iniciar a NE logo após a confirmação da posição da sonda.
- Atenção: o RX não substitui a avaliação de enfermagem, · Manter a inserção da sonda limpa e seca:
pois as sondas inicialmente bem posicionadas podem se des- - Enquanto for necessário, manter uma cobertura seca, tro-
locar. cada diariamente e cada vez que estiver suja ou molhada, lim-
pando a pele ao redor da sonda com soro fisiológico ou confor-
2.2. Manutenção da sonda me prescrição de enfermagem.
- Uma vez o ostoma formado, lavar diariamente a região da
· Com uma manutenção adequada, as sondas para nutrição inserção com água e sabão.
enteral têm uma durabilidade de aproximadamente 30 a 60 dias · Sonda Foley ou sonda de gastrostomia com balonete:
(poliuretano) e seis meses (silicone). manter este com adequado volume de água e em contato com
- Em caso de retirada acidental da SNE, esta poderá ser a parede gástrica, evitando assim a ocorrência de vazamentos.
repassada, no mesmo paciente, depois de lavada com água e · Sondas com disco ou placa de fixação externa: esta placa
sabão. Utilizar uma seringa para lavagem interna. Verificar a in- deve ficar em contato com parede abdominal mas sem exercer
tegridade da sonda: caso apresente sinais como rigidez, racha- pressão na pele.
duras, furos ou secreções aderidas, deverá ser desprezada. · Fixar a sonda à pele com fita adesiva, sem tracionar.
- Ao final da terapia, a sonda enteral deverá ser desprezada. · Em caso de vazamento de líquido gástrico / jejunal ou de
· Para fixação da sonda, utilizar fita adesiva hipoalergênica, dieta, sinais de dermatite periestoma ou de infecção (eritema,
tipo micropore calor, dor, edema, secreção), solicitar avaliação médica ou do
Desengordurar a região da face para melhorar a aderência. Grupo de Estudos de Feridas (GEFE).
Essa fixação deve ser trocada quando necessário, modificando a · Em caso de saída acidental da sonda, solicitar avaliação
médica e passagem de uma nova sonda com urgência. Em caso
sua posição em caso de irritação ou lesão cutânea.
de gastrostomia já bem formada, a nova sonda pode ser passada
Cuidado para não tracionar a asa do nariz, pois, além de
pelo enfermeiro.
desconforto, poderá provocar Isquemia, ulceração e necrose.
· Os cuidados para manutenção da permeabilidade da son-
· Em caso de sonda oroenteral, evitar que o paciente morda
da são os mesmos que para a sonda naso/oroenteral.
a SNE, colocando uma cânula de Guedel, se necessário.
· Realizar higiene das narinas com cotonetes embebidos de 3. Formulações e evolução do aporte calórico
água, soro fisiológico ou loção de ácidos graxos essenciais (AGE).
· Para lavar a SNE e hidratar o paciente, utilizar água filtrada, · No HC são utilizadas fórmulas de NE industrializadas. As
encaminhada pela DND em frascos individuais identificados. suas composições podem variar de acordo com aos produtos
· Manter a permeabilidade da SNE, injetando 10 a 20ml de adquiridos por licitação. As opções disponíveis são:
água com uma seringa, após administração de medicamento, NE - “Padrão”: fórmula polimérica (com nutrientes intactos,
ou aspiração de suco gástrico. Administrar os medicamentos um necessitando de digestão total), normoprotéica (10% a 15% do
a um, lavando a sonda entre as medicações, evitando assim inte- valor calórico total ou VCT são fornecidos por este nutriente),
rações físico-químicas que podem obstruir a sonda. normocalórica (contendo 1,0 – 1,3 kcal/ml), sem sacarose, com
· Em caso de obstrução, injetar água sob pressão moderada, ou sem fibra (dependendo da licitação anual) e utilizada para a
em seringa de 20ml ou mais; maioria dos pacientes, inclusive diabéticos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- “Hiper-hiper”: fórmula polimérica, hiperprotéica (> 15% zados. A aceitação do paciente deve ser observada e anotada
do VCT), hipercalórica (> 1,3 kcal/ml), indicada principalmente pela equipe de enfermagem, o horário anotado e checado na
para pacientes com restrição hídrica ou que necessitam de um prescrição.
aporte calórico alto (> de 2500 kcal). · Os frascos de NE são encaminhados pela DND a cada três
- Oligomérica: é uma formulação com nutrientes parcial- horas durante o dia, mantendo–se uma pausa noturna variável
mente hidrolisados (ou “prédigeridos”), indicada para pacientes conforme necessidade do paciente. A DND realiza periodica-
com distúrbios de absorção. mente o mapa de horários e fracionamentos.
- Nefropata: dieta especializada, hipoprotéicas (< 10% do · Os horários de administração devem ser anotados na pres-
VCT), rica em histidina, hipercalórica (> 1,3 kcal/ml), indicada crição, pelo enfermeiro, da mesma forma que os horários de
para pacientes com insuficiência renal crônica ou aguda que não medicação.
estejam em esquema de diálise. · O horário pode ser individualizado para pacientes com ali-
- Encefalopatia Hepática: formulação especializada, nor- mentação por via oral concomitante, com o objetivo de melho-
moprotéica, rica em aminoácidos ramificados, indicada para rar a aceitação das refeições, e em outras situações específicas.
pacientes com hepatopatia crônica em encefalopatia hepática Discutir os casos com o nutricionista da enfermaria.
graus III e IV.
- Módulo de Proteína: utilizado quando, após cálculo das 4.2. Recebimento e conservação
necessidades individuais, o paciente necessita que esse nutrien-
te seja complementado na fórmula padrão ou hiper-hiper. · Ao receber a NE verificar:
- Módulo de Glutamina: a glutamina é o aminoácido mais - o aspecto da NE, detectando alterações como a presença
abundante no organismo em indivíduos não hipermetabólicos. de elementos estranhos;
Em situações de stress metabólico, pode tornar-se um nutrien- - a integridade do frasco;
te condicionalmente essencial. Deve ser utilizada com avaliação - o rótulo: nome do paciente, leito, data de manipulação,
criteriosa do estado clínico e nutricional do paciente. A dosa- volume e fórmula, horário, confirmando estes dados na prescri-
gem recomendada é de 0,3 a 0,6 g/kg/dia. Por ser instável em ção médica e no mapa de fracionamento.
solução, a glutamina deve ser administrada o mais rapidamente
· Assinar a planilha de distribuição de NE apresentada pelo
possível após a sua diluição.
funcionário da DND ou, caso sejam detectadas alterações no
- Fibra solúvel: nutriente essencial para os colonócitos, a
frasco, na solução ou no rótulo, devolver o frasco à DND, regis-
fibra solúvel pode ser adicionada à NE ou aos alimentos, com
trando o ocorrido.
a finalidade de regularizar o transito intestinal, controlando
· A conservação da NE após recebimento na enfermaria é
obstipação e diarréia, melhorar o controle glicêmico e o perfil
responsabilidade do enfermeiro (Resolução N° 63/2000).
lipídico.
- A validade da NE, após a manipulação pela DND, é de 24
· A NE por sonda é geralmente administrada no HC em infu-
horas, se adequadamente conservada em geladeira (4 a 8° C).
são intermitente em sistema aberto, com ou sem pausa noturna.
- Armazenar o frasco de NE na geladeira de medicamentos/
- A evolução do aporte calórico-protéico segue a seguinte
padronização que deve ser adaptada de acordo com a tolerância nutrição enteral quando a sua instalação for postergada. Em ne-
e necessidade do paciente : nhum caso a NE poderá permanecer em temperatura ambiente
primeiro dia, 500kcal (4 frascos); no posto de enfermagem.
segundo dia, 1000kcal (4frascos); - A validade, em temperatura ambiente, é de quatro horas,
terceiro dia, 1500kcal (5 frascos); incluindo o tempo de administração.
quarto dia, 2000kcal (6 frascos) etc. - A NE em sistema fechado pode ser armazenada em tem-
- Essa progressão deve ser prescrita diariamente pelo médi- peratura ambiente. A data de validade é indicada pelo fabrican-
co ou pelo nutricionista, no sistema informatizado te, no rótulo. Após abertura do frasco, o prazo de validade é de
· O sistema fechado, utilizado excepcionalmente em nosso 24 a 48 horas (seguir a recomendação do fabricante). Identificar
serviço, consiste em frascos hermeticamente fechados de NE o frasco ou pack com o nome do paciente, data e horário de
estéril, pronta para o uso, aos quais o equipo de infusão é co- abertura e velocidade de infusão.
nectado diretamente. · O frasco de NE, em sistema aberto ou fechado, é inviolável
- Estes frascos ou packs, de volume maior (500 ou 1000ml), até o final de sua administração (Resolução RCD N° 63/2000).
devem ser infundidos em bomba de infusão, de forma contínua Qualquer manipulação da fórmula deve ser realizada na área de
com pausa noturna, aumentando progressivamente a velocida- preparo de NE da DND.
de de infusão (10ml a cada 8 horas) conforme tolerância, até
alcançar a necessidade do paciente. 4.3. Infusão da NE

4. Administração da NE · Lavar as mãos com água e sabão líquido para manipular


4.1. Horários de administração a NE.
· Utilizar luvas de procedimento para manipular a sonda.
· O suporte oral é distribuído nas enfermarias pela Divisão · Verificar a via de administração e formulação na prescrição
de Nutrição e Dietética (DND), conforme prescrição médica ou médica.
dietética, em horários padronizados (Anexo IV) ou individuali- · Repetir a verificação feita no recebimento da NE.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
· No paciente intubado ou traqueostomizado, verificar se o · Ao término de cada frasco de NE, infundir aproximada-
cuff da cânula traqueal está adequadamente insuflado: em ven- mente 50ml de água, utilizando o equipo, para evitar estase da
tilação mecânica, não deverá haver escape de ar na inspiração. fórmula no mesmo. Um frasco de água filtrada é encaminha-
Se necessário, insuflar o cuff com técnica padronizada (Volume do diariamente para este fim para cada paciente, pela DND. Em
Mínimo de Oclusão). caso de restrição hídrica, desconectar o equipo para lavá-lo e
· Volume residual gástrico: injetar 10 a 20ml de água na sonda com a seringa.
- Deve ser verificado quando o acesso é gástrico (caso da · Administrar água para hidratação do paciente conforme
grande maioria dos pacientes de nosso serviço), seguindo o pro- prescrição médica, no intervalo entre os frascos de NE. O vo-
tocolo descrito em anexo (Anexo V). lume administrado deve ser anotado na folha de controles do
- Caso não haja retorno de líquido gástrico, verificar a po- paciente, em “Ganhos”.
sição da sonda aplicando os outros testes anteriormente des- · Em caso de infusão contínua da NE em sistema fechado,
critos. verificar a localização da sonda e lavar a mesma com 20ml de
· Cada frasco, em sistema aberto, deve ser administrado em água filtrada, de 6 em 6 horas.
60 a 120 minutos ou conforme prescrição médica, dietética ou
de enfermagem. 5. Monitorização do paciente recebendo NE
i A infusão rápida pode provocar “dumping”, vômitos, diar-
réia, prejudicando não somente o aporte nutricional como tam- “O enfermeiro deve assegurar que todas as ocorrências e
bém a evolução clínica do cliente. dados referentes ao paciente e à TNE sejam registrados de for-
· Para infusão gravitacional, utilizar o equipo próprio, de cor ma correta, garantindo a disponibilidade de informações neces-
azul, trocado a cada 24 horas e fornecido diariamente pela DND. sárias à avaliação do paciente e eficácia do tratamento.” (Reso-
i Para diminuir o risco de infusão acidental em via venosa, lução RCD N° 63/2000).
não se deve nunca administrar a NE ou a água para hidratação
A monitorização da NE inclui:
com equipo de soro.
· Administrar a NE em bomba de infusão (BI), de forma con-
· Controle semanal do peso do paciente; a altura deve ser
tínua ou com pausas, conforme prescrição médica, dietética ou
verificada no momento da admissão, sempre que possível;
de enfermagem:
· Sinais vitais, conforme rotina;
- no caso de acesso jejunal,
· Controle do volume de NE administrado em 24 horas;
- em pacientes com patologias disabsortivas, desnutrição
· Diurese (volume e aspecto);
severa ou após jejum prolongado,
· Balanço hídrico;
- na presença de distúrbios gastrointestinais que podem ser
· Controle do debito de ostomias e fístulas digestivas,
relacionados à NE (cólicas, vômitos, diarréia, distensão abdomi- · Exame físico com especial atenção à hidratação e à prope-
nal, etc). dêutica abdominal: distensão, RHA, dor etc; pesquisar queixas
i A administração contínua diminui o risco de refluxo, regur- de sede, fome e anorexia, que podem indicar oferta calórica e
gitação e aspiração, melhora a tolerância à NE, principalmente hídrica inadequada.
em caso de administração pós-pilórica, e favorece a absorção · Frequência das evacuações. A cada evacuação, observar e
dos nutrientes. ATENÇÃO: utilizar preferencialmente equipos de anotar, na folha de controles:
BI próprios para NE ou identificar a extremidade distal do equipo - consistência (fezes formadas = F, semipastosas = SP, pasto-
para evitar erros de infusão. O filtro, presente na linha de infu- sas = P, semilíquidas = SL ou líquidas = L)
são de alguns equipos, pode reter nutrientes. - quantidade (exemplo: +/++++).
· Para pacientes ambulatoriais, a administração pode ser · Detecção de distúrbios gastrointestinais e complicações;
feita em bolus, com seringa, desde que este método de adminis- · Exames laboratoriais conforme solicitação médica: glice-
tração seja bem tolerado. mia, proteínas séricas, eletrólitos, exames de função hepática,
· Checar a instalação do frasco de NE na prescrição médica, uréia e creatinina etc;
anotar o volume instalado e o resíduo gástrico na folha de con- · Aceitação da alimentação oral quando associada à NE.
troles do paciente.
· Em caso de suspensão da NE em algum horário, circular o - Estimular a ingestão oral sempre que possível, registrando
mesmo e anotar o motivo no formulário de prescrição/evolução com precisão a aceitação do cliente. Com o aumento da ingestão
de enfermagem. oral, a NE por sonda poderá ser gradativamente diminuída, de
· O paciente acamado deverá ser mantido em decúbito ele- acordo com a prescrição médica ou dietética. A aceitação ade-
vado (Fowler 30-45 °) durante toda infusão da NE e 30 minutos quada da alimentação oral deverá ser demonstrada antes de se
após. suspender a NE e retirar a sonda.
· Interromper a administração da NE:
- para realizar aspiração da orofaringe ou da traquéia, 6. Condutas em caso de distúrbios gastrointestinais
- durante procedimentos fisioterápicos, 5.1. Diarreia
- enquanto submeter o paciente à ventilação mecânica não
invasiva, · Definição (OMS): ocorrência de três ou mais evacuações
- no momento do banho no leito, líquidas ou semilíquidas em moderada a grande quantidade em
- em caso de vômitos ou regurgitações. 24 horas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
· As causas da diarréia são múltiplas: infusão rápida, me- · Um episódio isolado de refluxo, regurgitação ou vômito
dicamentos, hipoalbunemia, desnutrição, gastroenterocolite, não é indicação de suspensão da NE mas de cuidados redobra-
inadequação da fórmula, contaminação da fórmula, etc. Esta dos na sua administração e monitoração, reduzindo desta forma
última é um evento raro, já que são utilizadas, no HC, fórmulas o risco de aspiração.
industrializadas líquidas adequadamente manipuladas na DND. Aspiração: Inalação nas vias aéreas, de material endógeno
· Não se deve suspender a NE, mas diminuir o gotejamen- (secreções da orofaringe, líquido gástrico) ou exógeno (fórmula
to, de preferência utilizando uma bomba de infusão em infusão de NE), abaixo das cordas vocais. Pode ser silenciosa ou sinto-
contínua (40 a 50ml/h em caso de posicionamento gástrico, 20 mática.
a 25ml/h, em posição intestinal, aumentando este gotejamento
de 8 em 8 horas, de acordo com a evolução do paciente). 5.4. Cólicas
· O médico e o nutricionista devem ser comunicados.
· Monitorar atentamente a hidratação do paciente. · Administrar a NE à temperatura ambiente, em fluxo lento
e regular.
5.2. Constipação: · Comunicar o médico responsável e o nutricionista que po-
derá prescrever outra formulação da NE.
· É desejável que o paciente evacue de três em três dias · Medicar o paciente de acordo com a prescrição médica.
aproximadamente.
· A constipação pode ser relacionada a uma dieta pobre em 6. Aporte calórico - proteico abaixo das necessidades do
fibras, à desidratação, à diminuição da prensa abdominal. Soli- paciente
citar avaliação do nutricionista para adequação da fórmula e do
médico para prescrição de laxantes se necessário. Monitorar e Este problema é frequente com a NE e pode ser relacionado
registrar adequadamente as evacuações. à intolerância apresentada pelo paciente (gastroparesia, diar-
reia, distensão abdominal). No entanto, foi verificado que, em
5.3. Distensão abdominal, refluxo esofágico, regurgitação, muitos casos, as causas não são diretamente ligadas ao quadro
clínico do paciente mas a problemas operacionais evitáveis.
vômitos
Jejum para procedimentos
· Definições:
- Refluxo esofágico: Passagem de conteúdo gástrico para o
- O jejum para procedimentos constitui uma das principais
esôfago.
causas de um aporte calórico-protéico inadequado. A equipe de
- Regurgitação: Passagem, sem ocorrência de esforço, de
enfermagem tem um papel fundamental
conteúdo gástrico para a orofaringe.
no controle deste problema e do desperdício de NE asso-
- Vômito: Passagem de conteúdo gástrico para a orofaringe, ciado.
associada a peristaltismo retrógrado e contrações da muscula- - Verificar a real necessidade de jejum e sua duração.
tura abdominal. - Solicitar que o médico residente coloque e suspenda o je-
jum na prescrição informatizada, no horário adequado.
Conduta: - Armazenar os frascos na geladeira de medicamentos / NE
e reiniciar a infusão da NE após o procedimento, assim que pos-
- Fazer uma pausa na administração da NE e pesquisar pos- sível.
síveis causas: - Suspender a pausa noturna, administrando os frascos de
verificar as condições de administração da NE e da água NE “atrasados” respeitando seu prazo de validade.
para hidratação; volumes muito grandes, administrados muito
rapidamente, podem provocar estes problemas; Comunicação inadequada
verificar a posição da sonda; o seu deslocamento para o
esôfago pode provocar regurgitação e vômitos. - Evitar comunicações verbais ou telefônicas com a DND,
· Identificar causas não relacionadas a NE, como medica- utilizar sempre o sistema informatizado ou realizar anotações na
mentos, tubos traqueais, etc. planilha de distribuição de NE apresentada pelo copeiro.
· Comunicar o médico responsável, solicitando avaliação. - Verificar se o médico residente fez a prescrição informati-
· Em caso de vômitos: zada no horário adequado.
- anotar a freqüência, quantidade estimada e aspecto; - Se a NE não foi entregue, questionar o motivo e se não
- quando necessário, realizar aspiração da orofaringe e tra- houver necessidade de jejum, verificar a prescrição informatiza-
quéia; da, solicitando em seguida o envio da NE (ramal 87219).
- medicar o paciente conforme prescrição médica;
· Administrar a NE à temperatura ambiente, em fluxo lento Progressão muito lenta do aporte calórico
e regular, de preferência em bomba de infusão.
· Manter adequado posicionamento do paciente e inter- - Para que o nutricionista ou médico possa progredir o apor-
romper rigorosamente a NE antes de procedimentos como as- te com segurança, deve haver um adequado controle do volume
piração traqueal, banho, fisioterapia. infundido e das intercorrências;
· Monitorar atentamente o VRG, seguindo o protocolo ane- - Verificar se a progressão está sendo feita conforme pro-
xo (Anexo V) e os ruídos hidro-aéreos. tocolo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Interrupções desnecessárias incentivá-lo a comer, oferecer-lhe o alimento na boca, na ordem
de sua preferência, em porções pequenas e dadas uma de cada
- Seguir este protocolo de administração; vez. Ao término da refeição, servir-lhe água e anotar a aceitação
- Em caso de interrupção da NE por causa de um evento da dieta no prontuário.
isolado, não esquecer de reavaliar o paciente ou solicitar nova Durante o processo, proteger o tórax do paciente com toa-
avaliação médica para reiniciar a NE logo que possível. lha ou guardanapo, limpando-lhe a boca sempre que necessário,
são formas de manter a limpeza. Ao final, realizar a higiene oral.
Perda do acesso enteral Visando evitar que o paciente se desidrate, a enfermagem deve
observar o atendimento de sua necessidade de hidratação. Des-
- A perda do acesso enteral pode ocasionar interrupções de que não haja impedimento para que receba líquidos por via
prolongadas devidas à demora para repassar a sonda e obter o oral, cabe ao Serviço de Nutrição e Dietética fornecer água po-
controle radiológico da mesma. Quando possível, compensar a tável em recipiente apresentável e de fácil limpeza, com tampa,
interrupção durante a noite. passível de higienização e reposição diária, para evitar exposi-
· A NE é uma terapêutica de fundamental importância para ção desnecessária e possível contaminação. Nem sempre os pa-
a recuperação de seu paciente. cientes atendem adequadamente à necessidade de hidratação,
por falta de hábito de ingerir suficiente quantidade de água fato
Cuidados com a alimentação e hidratação que, em situações de doença, pode levá-lo facilmente à desi-
dratação e desequilíbrio hidroeletrolítico. Considerando tal fato,
Como sabemos, a alimentação é essencial para nossa saú- é importante que a enfermagem o oriente e incentive a tomar
de e bem-estar. O estado nutricional interfere diretamente nos água, ou lhe ofereça auxílio se apresentar dificuldades para fazê-
diversos processos orgânicos como, por exemplo, no crescimen- -lo sozinho. A posição sentada é a mais conveniente, porém, se
to e desenvolvimento, nos mecanismos de defesa imunológica isto não for possível, devese estar atento para evitar aspiração
e resposta às infecções, na cicatrização de feridas e na evolução acidental de líquido.
das doenças.
A subnutrição consequente de alimentação insuficiente, Nutrição enteral
desequilibrada ou resultante de distúrbios associados à sua assi- Desde que a função do trato gastrintestinal esteja preser-
milação - vem cada vez mais atraindo a atenção de profissionais vada, a nutrição enteral (NE) é indicada nos casos em que o
de saúde que cuidam de pacientes ambulatoriais ou internados paciente está impossibilitado de alimentar-se espontaneamen-
em hospitais, certos de que apenas a terapêutica medicamento- te através de refeições normais. A nutrição enteral consiste na
sa não é suficiente para se obter uma resposta orgânica satisfa- administração de nutrientes por meio de sondas nasogástrica
tória. O profissional de enfermagem tem a responsabilidade de (introduzida pelo nariz, com posicionamento no estômago) ou
acompanhar as pessoas de quem cuida, tanto no nível domiciliar transpilórica (introduzida pelo nariz, com posicionamento no
como no hospitalar, preparando o ambiente e auxiliando-as du- duodeno ou jejuno), ou através de gastrostomia ou jejunosto-
rante as refeições. É importante verificar se os pacientes estão mia. A instalação da sonda tem como objetivos retirar os fluidos
aceitando a dieta e identificar precocemente problemas como a e gases do trato gastrintestinal (descompressão), administrar
bandeja de refeição posta fora do alcance do mesmo e sua pos- medicamentos e alimentos (gastróclise) diretamente no trato
terior retirada sem que ele tenha tido a possibilidade de tocá-la gastrintestinal, obter amostra de conteúdo gástrico para estu-
de fato que se observa com certa frequência. dos laboratoriais e prevenir ou aliviar náuseas e vômitos
Os motivos desse tipo de ocorrência são creditados ao insu-
ficiente número de pessoal de enfermagem e ou ao envolvimen- Inserindo a sonda nasogástrica
to dos profissionais com atividades consideradas mais urgentes. Material necessário:
Além de causas estruturais como a falta de recursos humanos - sonda de calibre adequado lubrificante hidrossolúvel (xilo-
e materiais, evidenciam-se valores culturais fortemente arrai- caína a 2% sem vasoconstritor)
gados no comportamento do profissional, como a supervalori- -gazes
zação da tecnologia e dos procedimentos mais especializados, - seringa de 20 ml
o que, na prática, se traduz em dar atenção, por exemplo, ao -toalha
preparo de uma bomba de infusão ou material para um curativo, -recipiente com água
ao invés de auxiliar o paciente a alimentar-se. -estetoscópio
Coincidentemente, os horários das refeições se aproximam -luvas de procedimento
do início e término do plantão, momentos em que há grande - tiras de fita adesiva (esparadrapo, micropore, etc.)
preocupação da equipe em dar continuidade ao turno anterior -sonda de calibre adequado lubrificante hidrossolúvel (xilo-
ou encerrar o turno de plantão, aspecto que representa motivo caína a 2% sem vasoconstritor) gazes
adicional para o abandono do paciente. No entanto, os profis- Ao auxiliar o paciente a alimentar-se, evite atitude de im-
sionais não devem eximir-se de tal responsabilidade, que muitas paciência ou pressa o que pode vir a constrangê-lo. Não inter-
vezes compromete os resultados do próprio tratamento. rompa a refeição com condutas terapêuticas, pois isso poderá
Os pacientes impossibilitados de alimentar-se sozinhos de- desestimulá-lo a comer.
vem ser assistidos pela enfermagem, a qual deve providenciar
os cuidados necessários de acordo com o grau de dependência
existente. Por exemplo, visando manter o conforto do paciente e

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Para conhecimento:
Gastrostomia - abertura cirúrgica do estômago, para intro- ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM PACIENTES
dução de uma sonda com a finalidade de alimentar, hidratar e COM OSTOMIAS E DIVERSOS TIPOS DE DRENOS;
drenar secreções estomacais .
Jejunostomia - abertura cirúrgica do jejuno, proporcionan- ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
do comunicação com o meio externo, com o objetivo de alimen- A PACIENTES COM OSTOMIA
tar ou drenar secreções. seringa de 20 ml toalha recipiente com Definição
água estetoscópio luvas de procedimento tiras de fita adesiva
(esparadrapo, micropore, etc.) A palavra ostomia deriva do grego “stomoum” que significa
criação de uma boca ou abertura
Fixação da sonda nasogástrica Ostomias Intestinais
Deve ser segura, sem compressão, para evitar irritação e Indicações: Obstrução intestinal; Câncer de intestino; Trau-
lesão cutânea. O volume e aspecto do conteúdo drenado pela matismos; Doenças inflamatórias, etc
sonda aberta deve ser anotado, pois permite avaliar a retirada
ou manutenção da mesma e detecta anormalidades .
Sempre que possível, orientar o paciente a manter-se pre-
dominantemente em decúbito elevado, para evitar a ocorrência
de refluxo gastroesofágico durante o período que permanecer
com a sonda .

Tipos de ostomias:

Respiração:
Traquoestomia
Alimentação:
Gastrostomia
Jejunostomia
Eliminação:
Colostomia
Ileostomia
Urostomia

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Tipos de ostomias: Complicações
Alimentação:
Gastrostomia As complicações precoces incluem:
Jejunostomia Sangramento;
Eliminação: Pneumotórax;
Colostomia Embolia aérea;
Ileostomia Aspiração;
Urostomia Enfisema subcutâneo;
Respiração: Lesão do nervo laríngeo
Traquoestomia Penetração da parede posterior da traquéia.
Complicações
As complicações de longo prazo incluem:
Fístula traqueoesofágica
Obstrução da via aérea devido ao acúmulo de secreções;
Infecção;
Ruptura de vasos;
Dilatação traqueal;
Isquemia
Necrose da traquéia.

TIPOS
Temporária
Permanente
Com Cânula
Sem Cânula

Cânula de Traqueostomia
• Os tipos de cânula variam de acordo com a presença de
Traqueia cânula interna ou tipo de balonete;
• Os tamanhos normais para adulto são 6,0; 7,0; 8,0; 9,0mm.
A traqueia é um conduto músculo-membranoso, longo de • A traqueostomia é geralmente planejada, para auxiliar a
22 centímetros no homem e de 18 centímetros na mulher. terapia à disfunção respiratória ou quando a intubação endotra-
A traqueia tem a forma de um cilindro e apresenta uma queal for por mais do que 14 dias.
sequência de relevos e de depressões devidas à presença dos
anéis cartilaginosos em número variável de 12 a 16, unidos en- Diagnósticos de Enfermagem
tre si por tecido fibroso.
A traqueia está destinada unicamente à passagem do ar. RISCO PARA INFECÇÃO relacionado a supressão dos meca-
A sua porção cervical pode ser sede de uma conhecida in- nismos de proteção das vias aéreas e ruptura da integridade dos
tervenção cirúrgica chamada traqueostomia. tecidos que recobrem a traquéia.

Definição COMUNICAÇÃO VERBAL


PREJUDICADA
A traqueostomia é um procedimento no qual uma abertura RISCO PARA LESÃO
é feita para dentro da traquéia. DESOBSTRUÇÃO INEFICAZ DA VA.
Ela pode ser temporária ou permanente; Cuidados de Enfermagem
– É realizada para desviar uma obstrução aérea superior;
– ajudar na remoção das secreções traqueobrônquicas 1. Lavar as mãos antes e após manipular a traqueostomia;
– permitir o uso por longo prazo da VM (ventilação mecâ- 2. Manter a cabeceira do leito elevada;
nica). 3. Trocar a fixação da cânula todos os dias ou se necessário;
4. Realizar curativo diário;
Procedimento 5. Manter o balonete insuflado;

Uma abertura é feita no 2° e 3° anéis traqueais. Cuidados de Enfermagem


Uma cânula com balão de um tamanho adequado é inserida.
Essa cânula é mantida no local por fitas atadas em torno do 6. Trocar a cânula interna uma vez ao dia ou se necessário;
pescoço do paciente. 7. Limpar a cânula interna diarriamente
Geralmente é feito um curativo com gaze estéril entre a câ- 8. Colocar gazes entre o local do estoma e a cânula
nula e a pele para absorver alguma drenagem e prevenir infec- de traqueostomia, para absorver secreções e diminuir o ris-
ção. co de infecção;

31
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
9. Trocar as gazes sempre que necessário; O QUE É OSTOMIA INTESTINAL E URINÁRIA?
10. Realizar aspiração sempre que necessário;
11. Manter sistema umidificado se o paciente estiver em É uma cirurgia para construção de um novo trajeto para sa-
uso de VM (ventilação mecanica); ída de fezes e urina.
Quando é realizada no intestino grosso, chamamos de CO-
Tipos de ostomias: LOSTOMIA.
Alimentação: Dependendo do lugar onde será feita, será diferente a fre-
Gastrostomia qüência de evacuações e também a consistência das fezes.
Jejunostomia Quando é realizada no intestino delgado (fino), chamamos
Sondagens e Localização de ILEOSTOMIA. Neste tipo de ostomia as fezes são inicialmente
Sonda nasogátrica (SNG) líquidas, passando, após um período de adaptação, a ser semi-lí-
Sonda nasoentérica (SNE) quidas ou semi-pastosas.
Sonda orogástrica e Oroentérica Chamamos de UROSTOMIA quando é colocado um estoma
Gastrostomias para saída de urina.
Jejunostomias
Ileostomias O QUE É OSTOMIA INTESTINAL E URINÁRIA?

Complicações Você precisará de uma bolsa coletora para coletar as fezes


• Infecção da ferida peri-ostomia e a urina, pois não terá como controlar a saída destes materiais.
• Sangramento SGI
• Remoção prematura da sonda QUAIS SÃO OS TIPOS DE BOLSAS?

Diagnósticos de Enfermagem Há diversos tipos de bolsas para atender melhor às diferen-


• Nutrição desequilibrada menor do que as necessidades tes necessidades e tamanhos de ostomas.
corporais Podem ser, basicamente, de dois tipos, de acordo com a fi-
• Risco de infecção nalidade - as INTESTINAIS (que coletam fezes), e as URINÁRIAS
• Risco de integridade da pele prejudicada (que armazenam urina).
• Integridade tissular prejudicada Elas podem ser:
• Distúrbio da Imagem corporal

Cuidados de Enfermagem

• Verificar estase gástrica


• Observara frequência de dirréia
• Inspeção pele peri-ostoma – infecção
• Cuidados com imagem corporal
• Habilidade e educação para preparo e manipulação de
SGT para alimentação
• Manutenção prevea da SGT após administração de qual-
quer substância e alimentos UMA PEÇA Em uma só peça são dispostas a bolsa coletora e
• Alimentação bolus 200-500 ml a barreira protetora de pele (placa).
• Velocidade de infusão de alimentos
• Temperatura de alimentos DUAS PEÇAS Barreira protetora de pele e bolsa separadas

Gastrostomia CUIDADOS COM A BOLSA

- Use sempre a bolsa adequada ao seu tipo de estoma (in-


testinal ou urológico), de acordo com as orientações e indica-
ções do profissional especializado.
- Certifique-se de que o tamanho do seu estoma está cor-
reto. O orifício de abertura da sua bolsa deve ser igual ou no
máximo 3 milímetros maior que o seu estoma.
- Guarde suas bolsas de reserva em lugar arejado, limpo,
seco e fora do alcance da luz solar.

32
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
QUANDO ESVAZIAR A BOLSA? Sugerimos que nos momentos mais íntimos você procure
esvaziar e limpar seu dispositivo para maior segurança e con-
Isto dependerá do tipo de ostomia que você tem. forto.
Dispositivos para ileostomias e urostomias deverão ser es-
vaziados quando estiverem com pelo menos 1/3 de seu espaço QUANDO TROCAR?
preenchido. É necessário esvaziar constantemente para que ele
não pese muito e descole da pele. É necessário conhecer a durabilidade e o ponto de satura-
Dispositivos para colostomias podem ser esvaziados sem- ção (ponto máximo de durabilidade da bolsa).
pre que necessário, geralmente uma ou duas vezes por dia. A coloração da placa protetora (resina sintética) é amarela.
Trocar o dispositivo quando ela estiver ficando quase completa-
PARA TOMAR BANHO PRECISO TIRAR A BOLSA? mente branca (chamamos de saturação). A partir daí há risco de
descolamento da placa e vazamento do conteúdo.
Proteja a bolsa usando um plástico e fitas adesivas durante Fazer a troca preferencialmente na hora do banho, pois é
o banho. Isto vai garantir maior durabilidade e integridade da mais fácil descolar o adesivo.
pele ao redor do estoma.
IMPORTANTE
QUAL TIPO DE ROUPAS USAR?
Para seu conforto e segurança, sempre que sair de casa leve
Você poderá usar praticamente as mesmas roupas que usa- com você um kit contendo bolsas de reserva, toalha de mão,
va antes. Os dispositivos usados atualmente são quase imper- sabonete neutro, um recipiente contendo água limpa e um saco
ceptíveis sob as roupas. plástico.

PODE-SE PRATICAR EXERCÍCIOS FÍSICOS E ESPORTES? CUIDADOS COM O ESTOMA

Sim, até mesmo as atividades aquáticas. Caso sinta-se mais Observar sempre a cor (deve ser vermelho vivo), o brilho, a
seguro, use o cinto especial para seu conforto. Você deverá umidade, a presença de muco, o tamanho e a forma.
evitar apenas alguns esportes de grupo em que possa ocorrer A limpeza do estoma deve ser feita delicadamente. Não é
trauma corporal com outra pessoa (exemplo: futebol, basquete, necessário nem aconselhável esfregá-lo.
entre outros).
Oriente-se com seu médico em detalhes antes de qualquer CUIDADOS COM A PELE AO REDOR DO ESTOMA
atividade física.
A limpeza da pele ao redor do estoma deve ser feita com
ALIMENTAÇÃO água e sabonete neutro, sem esfregar com força, nem usar es-
ponjas ásperas.
Os efeitos dos alimentos no organismo podem ser diferen- Os pelos ao redor do estoma devem ser aparados bem cur-
tes de uma pessoa para outra. Para você, que tem um estoma, é tos, com tesoura. Exponha a pele ao redor do estoma (sempre
importante esclarecer que com o tempo você poderá se alimen- que possível) ao sol da manhã, de 15 a 20 minutos por dia. Te-
tar quase da mesma forma que fazia antes. nha cuidado de sempre proteger o estoma com gaze umedecida.
Ao experimentar um alimento novo, faça-o em pequena Não utilize substâncias agressivas à pele, como álcool, ben-
quantidade. Procure descobrir como seu organismo reage a zina, colônias, tintura de benjoim, mercúrio, merthiolate, poma-
cada tipo de comida. das e cremes. Estes produtos podem ressecar a pele, ferindo-a e
Alguns alimentos produzem gases demais, como os ovos, fei- causando reações alérgicas.
jão, bebidas gasosas etc. Outros amolecem demais as fezes, como
as verduras e frutas cruas, lentilha, ervilhas, bagaços de laranja ATENÇÃO!
etc. Há também alimentos que provocam prisão de ventre, como
batata, inhame, maçã cozida, banana prata, arroz branco etc. Tome cuidado com os insetos, em especial as moscas. Não
Atenção aos alimentos que produzem cheiros fortes, como permita que nenhum inseto pouse no estoma ou ao redor dele
a cebola, alho cru, ovos cozidos, repolho, frutos do mar etc. Ou-
tros, ao contrário, neutralizam odores fortes, como cenoura,
chuchu, espinafre, maizena, entre outros.

COMO SERÁ SUA VIDA SOCIAL E FAMILIAR?

Em breve você poderá fazer as mesmas coisas que fazia an-


tes, viajar, passear, caminhar ao ar livre, fazer compras, praticar
alguns esportes etc.
Na verdade você mesmo saberá, com o tempo, o que será
melhor para o estilo de vida que quiser ter, como veremos
adiante.

33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
COMO TROCAR A BOLSA DE UMA PEÇA?

34
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
COMO TROCAR A BOLSA DE DUAS PEÇAS?

Cuidados com estomas


ESTOMAS

ORIGEM: grega = STOMA

35
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
O tubo de traqueostomia é colocado entre a segunda e ter-
ceira cartilagem traqueal

ESTOMAS URINÁRIOS
TIPOS

São orifícios abertos intencionalmente, através de interven- - URETEROSTOMIA CUTÂNEA


ção cirúrgica, para comunicar órgãos ocos à superfície corporal - PIELOSTOMIA CUTÂNEA
dos pacientes. Favorece a administração de oxigênio, de alimen- - VESICOSTOMIA
tos e drenagem de efluentes.
Podem ser temporárias ou definitivas. ESTOMAS URINÁRIOS
UROSTOMIA À BRICKER:
TRAQUEOSTOMIA

DISPOSITIVOS COLETORES PARA ESTOMAS URINÁRIOS

CRIANÇAS: fraldas
ADULTOS: equipamentos coletores

36
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Estomas mais comuns do SISTEMA DIGESTIVO JEJUNOSTOMIA

ESTOMAS INTESTINAIS

FISIOLOGIA INTESTINAL

ESOFAGOSTOMIA

Desviar as secreções salivares impedindo a aspiração


• Local difícil de adaptar equipamento coletor- umidade -
infecção fúngica

GASTROSTOMIA
Descomprimir e alimentar ILEOSTOMIA
• Doenças neurológicas LOCALIZAÇÃO
• Incapacidade de alimentar
• Atresia ou estonose de esôfago
• Risco de aspiração

Complicações
• Dermatite periestoma
• Alargamento do orifíco
• Obstrução
• Perda ou migração do cateter para o duodeno

ESTOMAS INTESTINAIS
TIPOS
• Jejunostomia
• Ileostomia
• Colostomia

37
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
LOCALIZAÇÃO ASPECTO NORMAL DO ESTOMA ILEAL COLOSTOMIAS
DESCRIÇÃO DAS COLOSTOMIAS
LOCALIZAÇÃO

COLOSTOMIAS
Deve ser protuso, entre 2,5 a 4 cm do plano da parede abdo- DESCRIÇÃO DAS COLOSTOMIAS
minal. Evita retração posterior e favorece drenagem do efluente TEMPO DE
no dispositivo coletor. PERMANÊNCIA

Temporária / Provisória
Definitiva / Permanente

DESCRIÇÃO DAS COLOSTOMIAS


FORMA DE EXTERIORIZAÇÃO
Em alça

ILEOSTOMIA

Volume de drenagem dos efluentes: está relacionado com


os alimentos ingeridos (500 a 800 ml / dia). Os gases e cheiros
são reduzidos.
Característica das fezes: líquidas / semi-líquidas, de cor cas-
tanho esverdeadas. Elimina grande quantidade de eletrólitos e
enzimas, devido a diminuição de absorção pelo trato digestivo.
PH muito alcalino - CORROSIVO.

38
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
DESCRIÇÃO DAS COLOSTOMIAS COMPLICAÇÕES

FORMA DE EXTERIORIZAÇÃO Mesmo que estas não se manifestem, o estomizado passa a


Terminal ou uma boca conviver com mudanças fisiológicas

OBSERVAÇÃO DO ESTOMA
• Cor
• Forma
• Tamanho
• Umidade
• Protrusão
• Integridade da mucosa

Como manejar drenos cirúrgicos com segurança

Os drenos cirúrgicos são dispositivos cuja finalidade é re-


tirar a presença de ar ou secreções de espaços cavitários, se-
jam eles anatômicos (tórax e abdômen, por exemplo) ou leito
de feridas. Eles permitem a saída de sangue e líquidos serosos
decorrentes de procedimentos cirúrgicos, entre outros tipos de
COMPLICAÇÕES DOS ESTOMAS INTESTINAIS efluentes (secreções do trato digestivo, exsudato purulento).
A importância da utilização dos drenos cirúrgicos se dá por
Estão relacionadas com a estrutura orgânica da colostomia eles retirarem o acúmulo de líquidos do sítio cirúrgico que po-
e sua funcionalidade. São classificadas em dois grupos: deria servir como meio de cultura para micro-organismos, re-
IMEDIATAS TARDIAS duzindo, assim, a possibilidade de formação de um potencial
• necrose foco infeccioso. Além disso, o acúmulo de líquido pode acarretar
• retração aumento de pressão local, comprometendo o fluxo sanguíneo
• infecção e linfático; comprimindo áreas adjacentes e causar irritação e
• sangramento necrose tecidual (no caso de efluentes como bile, pus, suco pan-
• edema creático e urina).
• estenose Os drenos cirúrgicos podem ser classificados segundo sua
• enterorragia estrutura básica (laminares, tubulares); sua composição, como
• dermatites borracha (látex), polietileno ou silicone, de acordo com seus
• prolapso diferentes mecanismos de drenagem, sendo elas passiva (capi-
• hérnia para-estomal laridade ? drenos laminares), (gravidade ? drenos tubulares); e
ativa: sucção ou vácuo (drenos tubulares); além das suas manei-
ras de uso.
Sobre os tipos de materiais, a vantagem do látex sobre o
polietileno está na maior maleabilidade e maciez, o que diminui
a chance de lesão de estruturas adjacentes. Em contrapartida,
devido à irregularidade de sua superfície, estão são mais pro-
pensos à colonização bacteriana e infecção peri-dreno. O polie-
tileno é confeccionado de material plástico mais rígido e possui
várias fenestrações permitindo a saída de líquidos por meio de
gravitação e sucção. Já o silicone é um material radiopaco, me-
nos rígido do que o polietileno e menos sujeito à contaminação
bacteriana do que o látex.

39
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Os tipos de drenos cirúrgicos mais utilizados são: Pontos importantes:

Drenos de Penrose: é um sistema de drenagem aberto, com Sistemas de drenagem aberta (por exemplo, no tipo Penro-
composição à base de borracha tipo látex, utilizado em proce- se ou tubular) devem ser mantidos ocluídos com bolsa estéril ou
dimentos cirúrgicos com potencial para o acúmulo de líquidos, com gaze estéril por 72 horas. Após esse período, a manutenção
infectados ou não; da bolsa estéril fica a critério médico.
Drenos de Sucção (HEMOVAC®/PORTOVAC®/JACKSON- Alfinetes de segurança não são recomendados como meio
-PRATT/BLAKE): sistema fechado de drenagem por sucção con- de evitar mobilização dos drenos Penrose por não serem consi-
tínua e suave, fabricado em polietileno ou silicone. É composto derados produto para a saúde (PPS), enferrujarem facilmente e
de um reservatório com mecanismo de abertura para remoção propiciarem colonização do local.
do ar e do conteúdo drenado, um tubo longo com múltiplos ori- Os drenos de sistema aberto devem ser protegidos durante
fícios na extremidade distal que fica inserida na cavidade cirúr- o banho.
gica. A remoção do ar do interior do reservatório cria uma con- Sistema de drenagem fechado: De maneira asséptica, com
dição de vácuo, promovendo uma aspiração ativa do acúmulo gaze umedecida com soro fisiológico, limpar o local de inserção
de secreções; do dreno ou cateter, utilizando as duas faces da gaze; com gaze
Dreno de tórax (selo d?água): os sistemas coletores de estéril, secar o local de inserção do dreno ou cateter; aplicar ál-
drenagem pleural ou mediastinal são empregados em cirurgias cool a 70%. Ocluir o local de inserção com gaze estéril.
torácicas ou cardíacas, destinando-se à retirada de conteúdo
líquido e/ou gasoso da cavidade torácica. São constituídos de Pontos importantes:
um dreno tubular em polietileno, geralmente com mais de um
orifício na extremidade distal que fica inserida na cavidade, um Antes de iniciar o curativo, inspecionar o local de inserção
tubo extensor que conecta o dreno ao frasco coletor e o frasco do dreno por meio de palpação.
em polietileno rígido com um suporte na sua base; Realizar troca de curativo a cada 24 horas ou sempre que o
Dreno de Kerr: introduzido na região das vias biliares extra- mesmo se tornar úmido, solto ou sujo.
-hepáticas, utilizados para drenagem externa, descompressão
Um estudo de validação realizado no Brasil com enfermei-
ou, ainda, após anastomose biliar como prótese modeladora,
ros especialistas objetivou validar as intervenções de enferma-
devendo ser fixado através de pontos na parede duodenal la-
gem com os drenos cirúrgicos de tórax e obteve como resultado
teral ao dreno, tanto quanto na pele, impedindo sua remoção
as principais intervenções tidas como importantes e objetivas:
espontânea ou acidental.
Manter o frasco de drenagem com selo d’água abaixo do
Outros tipos de drenos/cateteres: cateter de malecot e ca-
nível do tórax;
teter de pezzer (gastrostomias), dreno de pigtail (nefrostomias e
Clampear os drenos sempre que o frasco de drenagem es-
drenagens em geral), cateter duplo J, dreno de Abramsom, cate-
ter de nelaton etc. Em linhas gerais, a diferença conceitual entre tiver posicionado acima do nível do tórax por longos períodos,
cateter e drenos é que o primeiro, permite a administração e re- assegurando que o clampe fique no local pelo menor tempo
tirada de líquidos, diferentemente dos drenos que são utilizados possível;
apenas para remoção dos líquidos/ar. Certificar-se de que o dispositivo de drenagem torácica fi-
As principais complicações relacionadas a drenos cirúrgicos: que mantido em posição vertical;
infecção, obstrução hemotórax residual, pneumotórax residual, Manter a higiene adequada das mãos antes, durante e após
pneumonia, redrenagem. inserção ou manipulação do dreno torácico;
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) definiu Trocar o curativo em torno do dreno torácico a cada 24 ho-
algumas recomendações para o manejo seguro dos drenos ci- ras e conforme necessário;
rúrgicos desde sua inserção no ato cirúrgico até os cuidados pós- Monitorar quanto aos sinais e sintomas do pneumotórax.
-operatórios com os dispositivos, dentre eles, o curativo. Outros cuidados fundamentais na assistência ao paciente
A inserção dos drenos cirúrgicos geralmente deve ocorrer com drenos cirúgicos são a avaliação do volume do efluente
no momento da cirurgia, preferencialmente em uma incisão se- (que varia conforme o tipo de cirurgia e tempo de pós-opera-
parada, diferente da incisão cirúrgica. A recomendação é fazer tório, indica presença sangramento ativo, obstrução e outras
uso de sistemas de drenagens fechados e remover o mais breve condições); do aspecto do efluente (se é hemático, seroso, pu-
possível. Para o preparo intraoperatório da pele, deve-se realizar rulento, fecaloide, biloso, serohemático, piohemático, etc.), da
a degermação do local antes da aplicação do antisséptico alco- pele circundante (aspecto da pele, presença de sinais de flogose
ólico (PVPI ou clorexidina); a antissepsia é feita no sentido cen- (hipermia, calor, dor, edema), presença de lesões por dispositi-
trífugo circular (do centro para a periferia) de maneira ampla. vos médicos ou adesivos).
O curativo a ser realizado irá depender se a drenagem é de O uso de drenos, sondas e cateteres predispõe risco para
sistema aberto (que permite o contato com o meio externo) ou quedas em pacientes cirúrgicos, principalmente na população
fechado. idosa, em especial quando utilizam-se bolsas e frascos coleto-
Sistema de drenagem aberto: De maneira asséptica, com res graças à restrição de movimentos associados à insegurança,
gaze umedecida com soro fisiológico, limpar o óstio de inserção medo de sentir dor, de deslocar o dreno ou, ainda, o desconfor-
e depois o dreno; limpar as regiões laterais da incisão do dreno, to causado ao paciente na sua mobilização.
secar a incisão e as laterais com gaze estéril. Ocluir o dreno man- A respeito da retirada e tracionamento de dreno, ordenha
tendo uma camada de gaze entre o dreno e a pele ou quando e troca de selo d’água, diversos pareceres tanto do Conselho Fe-
ocorrer hipersecreção colocar bolsa simples para colostomia. deral de Enfermagem quanto dos Conselhos Regionais de Enfer-

40
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
magem de diversos estados atribuem legalidade de tais procedi- ciente em serviços de saúde. O Instituto de Saúde e Gestão Hos-
mentos, enfatizando a necessidade prévia de prescrição médica, pitalar (ISGH) instituiu em suas unidades de assistência à saúde
bem como o enfermeiro possuir habilidade técnico-científica o Protocolo de Identificação e Registros Seguros, em conformi-
para execução dessas intervenções. dade com a legislação vigente e tornando a assistência com me-
Diante disso, a equipe de enfermagem tem papel fundamen- nor risco de erros decorrentes da identificação e registros.
tal no cuidado seguro ao paciente que utiliza drenos cirúrgicos
pelo fato ter como atribuição a manipulação direta e avaliação Na UPA foram definidos os identificadores padrão para essa
desse dispositivo, sendo imprescindível o conhecimento legal, prática, são eles:
técnico e clínico, baseado em evidências para uma a assistência - NOME COMPLETO DO PACIENTE;
de qualidade e com menor risco de complicações possíveis. -DATA DE NASCIMENTO.

Para assegurar que os pacientes sejam identificados cor-


retamente, foram definidos dois identificadores em pulseira
ASSISTÊNCIA E CUIDADOS DE ENFERMAGEM DE padronizada pela unidade conforme a classificação de risco do
PACIENTES EM: UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO, protocolo de Manchester, que é utilizada no membro superior
UNIDADE DE PSIQUIÁTRICA, UNIDADE DE INTERNA- direito do paciente. A conferência desse identificador deve ser
ÇÃO CLÍNICA E CIRÚRGICA, SERVIÇO DE ENDOSCOPIA realizada por qualquer membro da equipe antes de qualquer
DIGESTIVA E RESPIRATÓRIA, SERVIÇOS GRÁFICOS procedimento terapêutico ou diagnóstico e retirada sempre na
(ELETROCARDIOGRAFIA, ERGOMETRIA), BLOCO CI- saída do paciente.
RÚRGICO, NO PRÉ-TRANS-PÓS-OPERATÓRIO; Para a pediatria, criança de colo foi definido o uso da pul-
seira de identificação em membro inferior e o responsável pelo
paciente a pulseira de acompanhante.
UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTO
PREVENÇÃO DE LESÃO POR PRESSÃO - LPP
A preocupação com a segurança do paciente tornou-se as-
sunto prioritário nas últimas décadas. A comunidade em saúde A Lesão de pele causada por pressão (LPP) tem uma influên-
assumiu que a ocorrência de erros é possível e esses erros po- cia drástica no período de hospitalização, com repercussões na
dem vir a causar danos ao paciente. geração de custos para as insti tuições e na saúde dos pacientes
Assim, a segurança do paciente pode ser definida como o por elas acometi dos (GOMES, 2008;).
ato de evitar, prevenir ou melhorar os resultados adversos ou Buscando trabalhar estratégias voltadas para a segurança
as lesões originadas no processo de atendimento médico-hos- do paciente, como parte da implementação da
pitalar. Política Nacional de Segurança do Paciente, o Instituto de
O Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), Organiza- Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH) visa implementar uma política
ção Social sem fins lucrativos, responsável pela Gestão de 09 interna de prevenção de lesões de pele e não somente a lesão
(nove) Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) na cidade de por pressão, através da padronização de rotinas estabelecidas
Fortaleza/CE, resolve uti lizar de um pacote de medidas que vi- em protocolo interdisciplinar, assistencial, baseado em evidên-
sam implantar e divulgar práticas e estratégias que garantam a cias científicas.
segurança do paciente que procura assistência à saúde nas UPAs Para prevenir as lesões de pele causadas por pressão nas
sob sua administração. Unidades de Pronto Atendimento, optamos por aplicar algumas
As estratégias utilizadas foram as recomendadas pela Orga- medidas nos pacientes que permanecem aguardando vaga para
nização Mundial de Saúde (OMS) para a redução de riscos e de um hospital secundário ou terciário. Pacientes com fatores de
danos no cuidado à saúde. Optou-se pelos protocolos básicos de risco como dificuldade na mobilização, incontinência, déficit
segurança do paciente definidos na RDC nº 36/2013 da ANVISA sensitivo e estado nutricional, deverão ser avaliados na admis-
e boas práticas reconhecidas mundialmente para a prevenção são para observar e deixar registrada a presença de algum tipo
de eventos adversos. de lesão na pele e reavaliado diariamente para ajudar na estra-
tégia individualizada de prevenção
IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE
AÇÕES :
A identificação dos pacientes é considerada um dos primei-
ros cuidados para uma assistência segura e consiste na utiliza- Realizar/Auxiliar higienização corporal;
ção de tecnologias, como pulseiras de identificação, definição Inspecionar integridade da pele;
de identificadores diferenciadores nos formulários, etiquetas de Realizar mudança de decúbito a cada 3 horas;
material para exames, identificação no leito, essenciais à pre- Inspecionar os locais de contenção;
venção de erros durante o cuidado à saúde, não só para pacien- Rodiziar manguito e oxímetro de pulso;
tes hospitalizados, mas também para pacientes em observação Renovar curativo;
em unidades de pronto atendimento e sob qualquer condição Hidratar pele após o banho.
de assistência, como para realização de exames ambulatoriais. A
identificação do paciente está prevista na RDC ANVISA nº 36, de
25 de julho de 2013, que institui ações para a segurança do pa-

41
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Evitar abreviaturas, mas na existência, consultar o siglário;
Acesso fácil à lista completa dos MPP com os riscos a mo-
nitorar

PREVENÇÃO DE QUEDAS

A assistência de enfermagem tem um papel fundamental


nas ações de prevenção de quedas. Considerando que o profis-
sional de Enfermagem é o único que permanece vinte e quatro
horas ao lado do paciente, a queda de um paciente no seu pe-
ríodo de internação põe em cheque o atendimento de Enfer-
magem que passará a refletir sobre alguns temas importantes
como a humanização do atendimento, autonomia dos clientes,
manutenção da privacidade, direito de acompanhantes e edu-
cação em saúde. Diversos fatores de risco e múltiplas causas
interagem como agentes determinantes e predisponentes, tan-
to para quedas acidentais quanto para quedas recorrentes, im-
pondo aos profissionais de saúde o grande desafio de identificar
e agir sobre os fatores de risco modificáveis e tratar os fatores
INDICADOR: Taxa de adesão as medidas para prevenção de etiológicos e comorbidades presentes.
Lesão por Pressão
De acordo com o Ministério da Saúde, as instituições de as-
Justificativa: Garanti r que as boas práticas de mudança de
sistência à saúde devem implantar práticas para a redução da
decúbito, inspeção e hidratação da pele sejam aplicadas ao pa-
ocorrência de queda de pacientes e o dano dela decorrente.
ciente que apresenta escala de Braden moderada ou alta, a fi m
Essas medidas devem contemplar a avaliação de risco do pa-
de prevenir que o mesmo desenvolva lesão por pressão.
ciente. De acordo com o Ministério da Saúde, as instituições de
SEGURANÇA NA PRESCRIÇÃO, USO E ADMINISTRAÇÃO DE assistência à saúde devem implantar práticas para a redução da
MEDICAMENTOS ocorrência de queda de pacientes e o dano dela decorrente.
Essas medidas devem contemplar a avaliação de risco do
Os medicamentos administrados erroneamente podem afe- paciente, garanti r o cuidado multi profissional em um ambiente
tar os pacientes e suas consequências podem causar prejuízos/ seguro e promover a educação do paciente, familiares e profis-
danos, reações adversas, lesões temporárias, permanentes e até sionais.
a morte do paciente, dependendo da gravidade da ocorrência.
Muitas vezes os erros de medicação só são detectados AÇÕES :
quando as consequências são clinicamente manifestadas pelo
paciente, tais como a presença de sintomas ou reações adver- Identificar com adesivo de queda na hora da classificação
sas, após algum tempo em que foi ministrada a medicação, de risco, conforme fluxograma disponível;
alertando o profissional do erro cometi do. Os profissionais de Auxiliar deambulação e/ou orientar acompanhante sobre
enfermagem deveriam estar alerta e, após administrada a me- risco de queda;
dicação, esta deve ser documentada imediatamente no registro Manter grades de proteção do leito elevadas e rodas tra-
do paciente, possibilitando rapidamente a descoberta do erro vadas;
pelo enfermeiro e a realização de intervenções que possam mi- Sinalização de piso molhado;
nimizar ou prevenir possíveis complicações ou consequências Orientar acompanhante quanto ao risco de queda.
mais graves.
Dentro desse contexto, a UPA defi niu pela promoção de PREVENÇÃO DE BRONCOASPIRAÇÃO
práticas seguras no uso de medicamentos, minimizando erros
de medicação e o risco de dano, dirigindo ações para prevenção. A aspiração traqueal é definida como a passagem do conte-
Destacamos o grupo de medicamentos potencialmente perigo- údo do estômago regurgitante ou conteúdos orofaríngeos (se-
sos (MPP) ou de alta vigilância, por possuírem maior potencial creções, saliva e/ou bolo alimentar) abaixo das pregas vocais até
de provocar dano no paciente.
a traqueia e aos pulmões.
Depois disso, o indivíduo poderá ou não desenvolver infec-
AÇÕES :
ção como traqueobronquite ou pneumonia (BROCKETT, 2006).
Prescrição médica sem rasuras com clareza na posologia, No ambiente hospitalar, são comuns os casos de aspiração si-
diluição, velocidade, tempo de infusão e via de administração; lenciosa de saliva e/ou do bolo alimentar que correspondem à
Aprazamentos feitos por enfermeiro; passagem dos mesmos abaixo das pregas vocais sem provocar
Dupla checagem para os MPP; tosse ou outro sinal externo, ou ainda dificuldade respiratória
Não administrar medicamentos por ordem verbal, apenas inicial naquele instante, por deficiência de fechamento glótico
em situações de emergência, sendo escrito posteriormente; protetor (BRETAN, 2007).

42
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Apesar de seu grande potencial de causar danos graves e um período mais prolongado do que o programado do paciente
óbitos, a broncoaspiração é um evento adverso ainda muito co- na UPA. Dessa forma, determinou-se a importância de se traba-
mum em unidades hospitalares, destacando-se como uma das lhar a prevenção da PAV dentro do Eixo 2 da UPA.
principais causas de óbitos evitáveis. A aplicação do pacote de medidas em pacientes em ventila-
No intuito de prevenir a broncoaspiração, as Unidades de ção mecânica pode reduzir a incidência de PAV.
Pronto Atendimento desenvolverá várias ações no tangente a O pacote de um conjunto de boas práticas, quando imple-
este evento adverso, com a realização de treinamentos in loco, mentadas, resulta em redução da incidência de eventos adversos.
fortalecimento da cultura da notificação, qualificando a análise
dos óbitos. PLANO DE CONTINGÊNCIA:

AÇÕES : Na ausência do antisséptico clorexidina, substituir, na higie-


ne oral, por cloreto de cetilperídio (cepacol).
Orientar o Técnico de Enfermagem quanto os cuidados:
Cabeceira elevada durante a administração da dieta (SNG ou AÇÕES:
ORAL); Pausar a dieta durante os procedimentos de banho ou
transporte; Não administrar dieta oral na presença de rebaixa- Higiene oral com anti ssépticos (clorexidina 0,12%);
mento do nível de consciência; Manter cabeceira elevada entre 30° e 45° e posicionamento
Prescrever planos de cuidados diariamente para prevenção do paciente;
de broncoaspiração e acompanhar sua aplicação; Profilaxia de úlcera péptica.
Realizar o teste de localização de sonda em pacientes admi- Cuidado com circuito do respirador;
ti dos com sonda. Caso percebida alguma divergência, solicitar INDICADOR: Taxa de adesão as medidas para prevenção da
avaliação médica; PAV
Justificativa: Garanti r que as boas práti cas da cabeceira ele-
Estar atento para sinais de intolerância à terapia nutricional
vada entre 30º e 45º e a higienização oral com clorexidina 0,12%
como vômitos e distensão abdominal;
sejam aplicadas ao paciente que está em ventilação mecânica
Realizar orientações ao responsável e/ou acompanhante;
para prevenção da PAV.
Para os pacientes com rebaixamento de sensório, discuti
r com a equipe multi profissional a administração de dieta via
PREVENÇÃO DE INFECÇÃO RELACIONADA À ASSISTÊNCIA À
oral;
SAÚDE
Em caso de suspeita de broncoaspiração, acionar o médico.
A prevenção e o controle das infecções relacionadas à assis-
INDICADOR: Taxa de adesão as medidas para prevenção de tência à saúde constituem grandes desafios da prática da assis-
Broncoaspiração tência atual em todos os níveis. Desde 1846, uma medida sim-
Justificativa: Garanti r que as boas práticas da fixação de ples, a higienização apropriada das mãos, é considerada a mais
sonda nasogástrica e da cabeceira elevada sejam conferidas an- importante para reduzir a transmissão de infecções nos serviços
tes da instalação da dieta enteral, a fi m de prevenir no paciente de saúde.
o risco de broncoaspiração. A higienização das mãos sempre foi considerada uma medi-
da básica para o cuidado ao paciente. Desde o estudo de Sem-
PREVENÇÃO DE PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO ME- melweis, no século XIX, as mãos dos profissionais de saúde vêm
CÂNICA | sendo implicadas como fonte de transmissão de microrganis-
mos no ambiente de assistência à saúde.
A pneumonia é a infecção de maior incidência em UTI, com Reconhecidamente, a prática da higienização das mãos reduz
mortalidade entre 20 e 50%. A pneumonia associada à venti- significativamente a transmissão de microrganismos e, conse-
lação mecânica (PAV) é uma infecção pulmonar hospitalar que quentemente, diminui a incidência das infecções preveníveis, re-
incide em pacientes em ventilação mecânica (VM), para os quais duzindo a morbimortalidade em serviços de assistência à saúde.
a infecção não é a razão do suporte ventilatório, por exemplo, De acordo com ROTTER(2007), citado no Manual ANVISA,
infecção com início após instituição da ventilação mecânica. para prevenir a transmissão de microrganismos pelas mãos,
A PAV é a principal causa de óbito entre as infecções hospi- três elementos são essenciais: agente tópico com eficácia anti
talares. Um dos grandes fatores preocupantes da PAV seja a alta microbiana, procedimento adequado ao utilizá-lo (com técnica
taxa de mortalidade, 46% naqueles pacientes que desenvolvem adequada e no tempo preconizado) e adesão regular no seu uso
PAV, versus 32% nos que não desenvolvem PAV. Dessa forma, a (nos momentos indicados).
PAV prolonga o tempo de ventilação mecânica, o tempo de per- Segundo Larson(2004), o principal problema da higieniza-
manência na UTI e no hospital e, portanto, aumenta os custos ção das mãos não é a falta de bons produtos, mas a negligência
hospitalares, sendo imprescindível seu controle e sua preven- dessa prática.
ção. As práticas de higienização das mãos são enfatizadas nas
Embora a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) seja con- unidades assistenciais através de cartazes de como “Lavar as
siderada um serviço pré-hospitalar, nos deparamos com alguns Mãos” e informações para os Profissionais de Saúde, a fi m de
pacientes que precisam ser submeti dos à venti lação mecânica. orientá-los quanto às normas e aos procedimentos para lavar as
Por sua vez, a falta de leito de UTI na rede hospitalar, provoca mãos, visando à prevenção e ao controle das infecções.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
AÇÕES :

Manter dispensadores de sabão liquido e papel toalha nas pias destinadas a lavagem das mãos da Unidade;
Dispor por toda a unidade dispensadores de álcool gel ;
Afixação de cartazes educativos com o tema próximos das pias e dispensadores de álcool;
Realizar higienização das mãos sempre que necessário.

COMUNICAÇÃO EFETIVA

As relações interdisciplinares na saúde são estabelecidas através da comunicação, compreendendo vários fatores definidores e
determinantes para o sucesso dessas interações. A informação transmiti da tem papel fundamental na aproximação e na coesão das
mais variadas percepções. A comunicação na saúde só se constitui quando sai do papel, adquire visibilidade e se torna apropriada
pela população à que se destina.
Portanto, não poderá abrigar erros nem vieses, já que se trata da recuperação ou manutenção de vidas humanas.
No intuito de melhorar a comunicação da equipe visando à assistência segura, as UPAS têm trabalhado buscando a utilização de
múltiplos canais permitindo que pessoas tomem decisões de saúde, de forma voluntária e informada, compreendendo o plano de
cuidados, evitando a ocorrência de erros e garantindo a segurança do paciente.

AÇÕES:

- Realizar passagem de plantão multi disciplinar com as informações necessárias para a continuidade da assistência;
- Registrar no Prontuário de todas as intervenções realizadas no paciente e suas respostas;
- Evitar a utilização de siglas e abreviaturas nos registros com exceção das padronizadas;
- Instituir o plano de alto multi disciplinar.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: A enfermagem trabalha diariamente com pacientes em risco
de morte e que dependem deste cuidado para que mantenham
O Que Deve Ser Evitado na Passagem de plantão: suas vidas. As ações da equipe de enfermagem visam sempre à
• Ter pressa para passar o plantão; assistência ao paciente da melhor forma possível, expressando
• Fazer outras atividades enquanto o plantão estiver sendo assim, a qualidade e a importância da nossa profissão.
passado; Estudar, capacitar, praticar são ações essenciais para o de-
• Ficar procurando erros; senvolvimento profissional de enfermeiros, técnicos e auxiliares
• Utilizar símbolos que não são conhecidos por todos; de enfermagem, portanto estar preocupado com as ações de-
• Não esclarecer dúvidas; senvolvidas no dia a dia de trabalho é fundamental.
• Interromper o profissional que está passando o plantão; Os serviços de Urgência e Emergência podem ser fixos a
• Registrar a passagem de plantão com letra ilegível. exemplo da Unidades de Pronto Atendimento e as emergências
de hospitais ou móveis como o Serviço de Atendimento Móvel
ELEMENTOS IMPORTANTES NA PASSAGEM DE PLANTÃO: de Urgência (SAMU). Ainda, podem ter diferentes complexida-
des para atendimento de demandas urgentes e emergentes clí-
nicas e cirúrgicas em geral ou específicas como unidades cardio-
• Comunicação direta, clara, concisa, completa e uniforme;
lógicas, pediátricas e traumatológicas.
• Documentação necessária;
O importante é que, independente da complexidade ou da
• Clareza nos registros;
classificação do serviço, existem 5 coisas imprescindíveis que
• Pontualidade na chegada ao Plantão; todo Enfermeiro de Urgência e Emergência deve saber.
1. Acolhimento e Classificação de Risco:
Enfermagem em emergência e cuidados intensivos: O acolhimento do paciente e família na prática das ações de
atenção e gestão nas unidades de saúde tem sido importante
a. Assistência de enfermagem em situações de urgência e para uma atenção humanizada e resolutiva.
emergência: A classificação de risco vem sendo utilizada em diversos
países, inclusive no Brasil. Para essa classificação foram desen-
A urgência é caracterizada como um evento grave, que deve volvidos diversos protocolos, que objetivam, em primeiro lugar,
ser resolvido urgentemente, mas que não possui um caráter não demorar em prestar atendimento àqueles que necessitam
imediatista, ou seja, deve haver um empenho para ser tratada de uma conduta imediata. Por isso, todos eles são baseados
e pode ser planejada para que este paciente não corra risco de na avaliação primária do paciente, já bem desenvolvida para
morte. o atendimento às situações de catástrofes e adaptada para os
A emergência é uma situação gravíssima que deve ser tra- serviços de urgência¹. O Enfermeiro deve estar além de acolher
tada imediatamente, caso contrário, o paciente vai morrer ou o paciente e família, estar habilitado a atendê-los utilizando os
apresentará uma sequela irreversível. protocolos de classificação de risco.
Neste contexto, a enfermagem participa de todos os pro-
cessos, tanto na urgência quanto na emergência. São diversos 2. Suporte Básico (SBV) e Avançado de Vida (SAV)
locais onde os profissionais de enfermagem podem atuar como,
por exemplo: A parada cardiorrespiratória é um dos eventos que reque-
• Unidades de atendimento pré-hospitalar; rem atenção imediata por parte da equipe de saúde e o Enfer-
• Unidades de saúde 24 horas; meiro tanto dos serviços móveis quanto dos fixos de urgência e
• Pronto socorro; emergência devem estar aptos.
• Unidades de terapia intensiva; O protocolo American Heart Association (AHA) é a referên-
• Unidades de dor torácica; cia de SBV e SAV utilizado no Brasil. A AHA enfatiza nessa nova
diretriz sobre a RCP de alta qualidade e os cuidados Pós-PCR². O
• Unidade de terapia intensiva neo natal
SBV é uma sequência de etapas de atendimento ao paciente em
• E até mesmo em unidades de internação.
risco iminente de morte sem realização de manobras invasivas e
o SAV requer procedimentos invasivos e de suporte ventilatório
Os profissionais de enfermagem devem estar atentos e pre-
e circulatório³.
parados para atuarem em situações de urgência e emergência,
pois a capacitação profissional, a dedicação e o conhecimento 3. Atendimento à Vítima de Trauma
teórico e prático, irão fazer a diferença no momento crucial do
atendimento ao paciente. Os acidentes automobilísticos e a violência são as maiores
Muitas vezes estas habilidades não são treinadas e quando causas de morte de indivíduos entre 15 e 49 anos na população
ocorre a situação de emergência, o que vemos são profissionais das regiões metropolitanas, superando as doenças cardiovascu-
correndo de uma lado para outro sem objetividade, com dificul- lares e neoplasias4.
dades para atender o paciente e ainda com medo de aproximar- Por isso, o enfermeiro vai se deparar com vítimas de trau-
-se da situação. ma nas urgências e emergências e deverá estar habilitado a agir
Por outro lado, quando temos uma equipe treinada, capaci- de acordo com os protocolos de Atendimento Pré-Hospitalar e
tada e motivada, o atendimento é realizado muito mais rapidez Hospitalar ao Trauma.
e eficiência, podendo na maioria das vezes, salvar muitas vidas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
4. Assistência ao Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e ao - Alterações Hemodinâmicas
Acidente Vascular Encefálico (AVE) - Déficit Neurológico
Usam-se os métodos das seguintes formas: A, B, C, D e E
As doenças cardiovasculares representam uma das maiores (casos sem comprometimento circulatório).
causas de mortalidade em todo o mundo e O IAM é uma das C, A, B, D e E (casos com comprometimentos circulatórios).
principais manifestações clínicas da doença arterial coronária5.
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das maiores cau- Significados:
sas de morte e incapacidade adquirida em todo o mundo. Esta- A- Vias aéreas e proteção da coluna cervical
tísticas brasileiras indicam que o AVC é a causa mais frequente B- Respiração e ventilação
de óbito na população adulta (10% dos óbitos) e consiste no C- Circulação
diagnóstico de 10% das internações hospitalares públicas. O D- Incapacidade neurológica
Brasil apresenta a quarta taxa de mortalidade por AVC entre os E- Exposição e controle da temperatura
países da América Latina e Caribe6.
Então, o Enfermeiro precisa estar apto a realização da ava- Letra A: Deve-se aproximar da vitima e verificar se há algu-
liação clínica para identificação e atendimento precoce do IAM e ma obstrução das vias aéreas, “a melhor forma é verbalmente,
AVE ou AVC e prevenção de complicações. quando você conversa e a vitima consegui te responder”. Em
caso contrário deve fazer da seguinte maneira:
5. Assistência às Emergências Obstétricas 1- Elevação do queixo
2- Elevação da mandíbula
As principais causas de morte materna no Brasil são por 3- Elevação da testa (somente em casos sem trauma)
hemorragias e hipertensão7. O Enfermeiro precisa saber como Existe uma forma mais segura e eficaz, que consiste em re-
identificar precocemente a pré-eclâmpsia e eclampsia, bem alizar a inspeção com cânulas (Guedell) (nasofaringe ou orofa-
como as hemorragias gestacionais e uterinas, pois é uma de- ringe).
manda constante dos serviços de urgência e emergência e até Deve se atentar quanto o risco de lesão na coluna cervical,
mesmo os que não são referência em atendimento gestacional. faça a devida imobilização.
1) suporte de vida em situações de traumatismos em geral;
Tem por objetivo identificar graves lesões e instituir medi- Letra B: Manter a oxigenação adequada. Pode ser necessá-
das terapêuticas e emergenciais que controlem e restabeleçam rio de apoio:
a vida. 1- Máscara facial ou tubo endotraqueal e insuflador manu-
Consiste em: al.
- Preparação 2 - Ventilação Mecânica
- Triagem Em caso de dificuldade considerar:
- Avaliação primária Obstrução de via aérea – considerar cricotireoidotomia se
- Reanimação outras opções falharem.
- Avaliação secundária Pneumotórax: drenar rapidamente em caso de compromis-
- Monitorização e reavaliação contínua so respiratório.
- Tratamento definitivo Hemotórax (ver protocolo: trauma torácico)
Retalho costal: imobilizar rapidamente (ver protocolo: trau-
Triagem ma torácico)
É utilizado para classificar a gravidade dos problemas. Existe Lesão diafragmática com herniação.
um método de cores para definir:
-VERMELHO Letra C: Avaliar:
- LARANJA - Pulso: valorizar taquicardia como sinal precoce de hipo-
- AMARELO volemia
- VERDE - Temperatura e coloração da pele: hipotermia, sudorese e
- AZUL palidez.
* Indica-se sempre do paciente/cliente mais grave para o - Preenchimento capilar: leito ungueal
menos grave. - Pressão arterial: inicialmente estará normotenso
No caso com ônus de muitos acidentados e pouca equipe/ - Estado da consciência: agitação como sinal de hipovolémia
profissional; dar-se a preferência aos graves com maior chan- Considerar relação entre % de hemorragia e sinais clínicos:
ce de vida, dentre estes o que menos utilizará material, tempo,
equipamento e pessoal.

Avaliação Primária
Tem por finalidade verificar o estado da vitima e suas condi-
ções físicas /emocionais/ neurológicas.
Verifica-se:
- Obstrução das vias aéreas
- Insuficiência Respiratória

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Atuação:
1- RCP, se necessário.
2- Controle de hemorragia com compressão externa.
3- Reposição de volume, sendo necessários adequados acessos venosos, O traumatizado deve ter 2 acessos e com catéteres G14,
«nunca» com menos do que G16. Eventualmente, poderá ser colocado um catéter numa jugular externa ou utilizada a via intra-¬óssea
(a considerar também no adulto).
4- Em caso de trauma torácico ou abdominal grave: um acesso acima e outro abaixo do diafragma.
5- A escolha entre cristalóides e colóides não deve basear-se necessariamente no grau de choque, não estando provada qualquer
diferença de prognóstico na utilização de um ou outro. O volume a infundir relaciona-se com as perdas e a resposta clínica. Uma rela-
ção de 1:3 e 1:1 no caso de perdas/cristalóides a administrar e perdas/colóides a administrar, respectivamente.
6- Atenção aos TCE, TVM e grávida Politraumatizada sendo à partida, ainda que discutível, de privilegiar colóides.
7- Regra geral, não utilizar soros glicosados no traumatizado, existindo apenas interesse destes no diabético ou na hipoglicemia.
Por norma, os soros administrados na fase pré-hospitalar num adulto politraumatizado não são suficientes para originar um edema
pulmonar, mesmo em doentes cardíacos. Não se deve insistir tanto na recomendação de cuidado com a possibilidade de sobrecarga
numa situação de hipovolémia, mas sim tratar esta última agressivamente.
8- Vigiar estado da consciência e perfusão cutânea, avaliando parâmetros vitais de forma seriada.
Letra D: Normalmente corrido em trauma direto no crânio ou estado de choque.

Avaliar:
- GCS (Escala Coma Glasgow) de uma forma seriada
- Tamanho simetria/assimetria pupilar e reatividade à luz
- Função motora (estímulo à dor)

Atuação:
1- Administrar Oxigênio 10 -12 l/min e atuação de acordo com protocolo específico.
2-Imobilização da coluna vertebral com colar cervical, imobilizadores laterais da cabeça, com plano duro ou maca de vácuo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Letra E: VERIFICAR ANTES DE TRANSPORTAR
1- Despir e avaliar possíveis lesões que possam ter passado • Via aérea com imobilização cervical
despercebidas, mantendo cuidados de imobilização da coluna • Ventilação (com tubo orotraqueal se GCS <8) e oxigenação
vertebral. Utilizar técnicas de rolamento. • Acessos venosos e fluidoterapia EV (soro não glicosado)
2- Evitar a hipotermia. Utilizar manta isotérmica. • Avaliação seriada da GCS
Manter: • Equipamentos necessários na ambulância.
1- Vigilância parâmetros vitais e imobilização.
2- Analgesia de acordo com as necessidades. Tratamento Definitivo
Reanimação = ações para restabelecer as condições vitais
do paciente. Caracterizado pela estabilização do paciente/ cliente/ viti-
ma, será procedido se necessário tratamento após diagnóstico
Avaliação secundária médico e controle de todos os sinais vitais.
Exploração detalhada da cabeça aos pés, antecedentes pes-
soais se possível. Esta deverá ser completada no hospital com 2) suporte de vida em situações de queimaduras;
reavaliação e exames radiológicos pertinentes. O queimado necessita boa assistência de enfermagem para
Muito importante: Pesquisar e presumir lesão associada em que tenha uma recuperação física, funcional e psico-social, pre-
função do mecanismo da lesão, ex. queda sobre calcâneo com coce
fratura da coluna vertebral. A equipe de enfermagem trabalhando paralelamente à
equipe médica, deve ter conhecimentos especializados sobre
Tipos de trauma cuidados a serem prestados aos queimados.
Esses cuidados iniciam-se com atitude correta ao receber os
O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanis- pacientes que chegam agitados devido à dor ou ao trauma psí-
mo, este pode ser contuso ou penetrante, mas a transferência quico, devendo continuar no decorrer de todo o tratamento até
de energia e a lesão produzida são semelhantes em ambos os a ocasião da alta, quando os doentes e familiares são orientados
tipos de trauma. A única diferença é a perfuração da pele. quanto aos cuidados a serem seguidos.
Alguns exemplos:
. Trauma crânio encefálico (TCE) . Trauma Abdominal Assistência Imediata
. Trauma Raquimedular (medula) . Pneumotórax
. Trauma Facial A assistência inicial deve ser prestada em ambiente que
. Trauma Torácico (pneumotórax) proporcione condições perfeitas de assepsia, tal como uma sala
cirúrgica, tendo sempre presente a importância do problema do
Trauma contuso (fechado): controle da infecção, desde o início e no decorrer do tratamen-
to. Para o primeiro atendimento, um mínimo de material e equi-
O trauma contuso ocorre quando há transferência de ener- pamento se fazem necessários na sala:
gia em uma superfície corporal extensa, não penetrando a pele.
Existem dois tipos de forças envolvidas no trauma contuso: cisa- EQUIPAMENTO E MATERIAL PERMANENTE:
lhamento e compressão.
- Torpedo de oxigênio, se não contar com o sistema cana-
O cisalhamento acontece quando há uma mudança brusca lizado.
de velocidade, deslocando uma estrutura ou parte dela, provo- - Aspirador de secreção.
cando sua laceração. É mais encontrado na desaceleração brus- - Mesa estofada ou com coxim para receber o paciente.
ca do que na aceleração brusca. - Mesa auxiliar para colocar material de curativo (tipo
A compressão é quando o impacto comprime uma estrutu- Mayo).
ra ou parte dela sobre outra região provocando a lesão. É fre- - Suporte de soro.
qüentemente associada a mecanismos que formam cavidade - Caixa com material de pequena cirurgia.
temporária. - Caixa com material de traqueostomia.
- Caixa com material de dissecção de veia.
Trauma penetrante (aberto): - Material para intubação endotraqueal.
- Aparelho ressuscitador “Air-viva”.
O trauma penetrante tem como característica a transferên- - Pacotes de curativo (com tesoura, pinça anatômica, pinça
cia de energia em uma área concentrada, com isso há pouca dis- dente de rato e pinça de Kocher).
persão de energia provocando laceração da pele.
Podemos encontrar objetos fixados no trauma penetrante, MATERIAL DE CONSUMO
as lesões não incluem apenas os tecidos na trajetória do objeto, - Compressa de gaze de 7,5 cm x 7,5 cm.
deve-se suspeitar de movimentos circulares do objeto penetran- - Atadura de gaze de 90 x 120 cm com 8 dobras longitudi-
te. As lesões provocadas por transferência de alta energia, por nais.
exemplo, arma de fogo, não se resumem apenas na trajetória - Ataduras de rayon e morim.
do PAF (projétil de arma de fogo), mas também nas estruturas - Atadura de gaze de malha fina impregnada em vaselina.
adjacentes que sofreram um deslocamento temporário. - Algodão hidrófilo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Ataduras de crepe. - Controle de Administração Parenteral de Líquidos: deve
- Luvas. ser exercida vigilância constante da permeabilidade da veia, do
Pacotes de campos cirúrgicos e aventais. gotejamento e da quantidade dos líquidos em perfusão.
- Fita adesiva e esparadrapo. O paciente deve receber exatamente as soluções prescritas
- Máscara e gorro. dentro dos horários estabelecidos. Este controle, é facilitado
- Medicamentos de emergência. pelo uso do esquema adotado pelo Serviço de Queimados do H.
- Antissépticos. C. da F.M.U.S.P. (Anexo II).
- Seringas de vários tamanhos. - Alimentação: não havendo contra-indicação, oferecer ao
- Agulhas e catéteres de vários calibres. paciente uma dieta fracionada, iniciando com líquido em peque-
- Tubos para tipagem de sangue e outras análises labora- na quantidade. Se o paciente não apresentar vômitos, aumentar
toriais. gradativamente a quantidade. Os líquidos podem ser oferecidos
- Frascos de soro fisiológico. em forma de suco, caldo de carne e dieta especial de soja (leite,
ovos, caseinato de cálcio e farinha de soja). Desde que haja tole-
PROCEDIMENTO DA ENFERMAGEM rância por parte do paciente, passar a oferecer progressivamen-
Na Sala de Cirurgia: te dietas mais consistentes até chegar à dieta geral.
- Higiene: proceder a limpeza diária das áreas não lesadas,
Aplicar imediatamente sedativo sob prescrição médica, com água e sabão neutro. Manter o couro cabeludo limpo e cor-
com a finalidade de diminuir a dor, de preferência por via intra- tar os cabelos, principalmente em caso de queimadura na ca-
-venosa. beça.Aparar as unhas e mantê-las limpas.A tricotomia pubiana
Ao aplicar o medicamento por esta via, deve-se aproveitar e axilar deve ser feita semanalmente, como medida de higiene.
para colher amostra de sangue para tipagem, assim como procu-
rar manter a veia com perfusão de soro fisiológico para posterior Cuidados Especiais Dependentes da Localização da Quei-
transfusão de sangue ou outros líquidos. madura:
Retirar a roupa do paciente e colocá-lo na mesa sobre cam-
CABEÇA:
pos esterilizados e cobrir as lesões também com campos este-
- Crânio: proceder a tricotomia total do couro cabeludo.
rilizados.
- Face: proceder a tricotomia do couro cabeludo, nas áreas
Preparar material para dissecção de veia ou cateterismo
próximas às lesões. Manter decúbito elevado, para auxiliar a re-
transcutâneo “intra-cat”, e auxiliar o médico nestas operações.
gressão do edema.
Auxiliar ou executar com supervisão médica, tratamento
- Olhos: limpar com “cotonetes” umedecidos em água bo-
local de remoção de tecidos desvitalizados, limpeza sumária
ricada a 3% e após proceder a instilação de colírio antibiótico.
das áreas queimadas, oclusão das lesões, ou ainda, preparo das
- Ouvidos: limpar conduto auditivo externo com “cotone-
mesmas para mantê-las expostas (método de exposição).
tes” e soro fisiológico.
- Orelhas: utilizar travesseiro baixo e não muito macio para
Unidade de Internação: não comprimir as cartilagens a fim de prevenir deformidades.
- Narinas: limpar com “cotonetes” e soro fisiológico.
- Colocar o paciente no leito preparado com campos e ar- - Boca: limpar com espátula montada com algodão ou gaze
cos de proteção esterilizados, e também sobre coxim preparado embebida em água bicarbonatada a 2%.
com várias camadas de ataduras de gaze e revestido com rayon, - Lábios: passar vaselina para remoção de crostas.
conforme a localização das queimaduras. Isto quando o método
de tratamento é o de exposição. - PESCOÇO:
Controle de diurese e outras perdas de líquidos: executar Manter em extensão, com auxílio de coxim no dorso. A pre-
cateterismo vesical com sonda de demora (sonda de Foley), ano- sença de necrose seca ou lesões profundas, poderá provocar
tando o volume urinário. Esta sonda é mantida ocluída, sendo compressão e garroteamento, com perturbações respiratórias.
aberta a cada hora para verificar o aspecto, volume e densidade Nestes casos o médico executará a escarotomia.
de urina. Além da diurese, controlar as demais perdas líquidas,
tais como: vômito, sudorese, exsudatos e evacuações, observan- - MEMBROS SUPERIORES:
do em cada caso o aspecto, a freqüência e o volume. Os curativos oclusivos dos membros superiores, têm a fina-
lidade de proporcionar conforto ao paciente e facilitar atuação
Esses dados devem ser anotados em folha especial do pron- de enfermagem. Os membros devem ser mantidos em abdução
tuário do paciente (Anexo I). parcial e em ligeira elevação.
- Controle de Sinais Vitais: a temperatura, o pulso, a respi-
ração, devem ser controlados e anotados cada 4 horas ou mais - TRONCO:
freqüentemente se o caso exigir. Visando evitar os fatores mecânicos, que possam reduzir a
Num grande queimado, dificilmente conseguimos adaptar expansibilidade do tórax, o método mais indicado é a posição de
o manguito do aparelho de pressão, mas esta, deve ser determi- Fowler e semi-Fowler. Entretanto a escolha de decúbito será fei-
nada, sempre que possível. ta também de acordo com a área menos atingida. Se a lesão for
Além desses sinais vitais, a pressão venosa central, deve ser principalmente face posterior, o decúbito será ventral, sobre um
controlada através do cateter venoso. coxim, que será trocado todas as vezes que se fizer necessário.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- PERÍNEO: Portanto, o atendimento imediato do paciente queimado,
Para as lesões desta região, o tratamento por exposição é visa primeiramente, salvar a sua vida, e concomitantemente,
utilizado sistematicamente, devendo as coxas serem mantidas deve-se trabalhar com o objetivo de evitar infecções, deformi-
em abdução parcial. A higiene íntima deve ser feita com água dades e minorar os traumas psíquicos. Estes objetivos devem
morna e sabão neutro, ou com solução oleosa. Em nosso serviço estar sempre presentes em todos os momentos. O primeiro con-
utilizamos a seguinte fórmula de solução oleosa: segue-se com a presença de espírito, presteza, controle e efici-
-Cloroxilenol 0.1%. ência. O segundo, trabalhando sempre com técnica asséptica. O
-Essência de alfazema 1%. terceiro, pensando na recuperação dos movimentos normais do
-Óleo de amendoim q.s.p. 100 ml. paciente, os quais ele necessitará para a sua futura reintegração
à sociedade. E o último, dando-lhe ânimo, carinho e apoio
- MEMBROS INFERIORES:
Manter os membros em posição anatômica, evitar a rota- 3) suporte de vida em situações de dores torácica-abdomi-
ção das pernas, e prevenir o pé eqüino. nais;
Também nos membros inferiores o curativo oclusivo é fre-
qüentemente utilizado, visando facilitar a movimentação do pa- Desde os anos 60 que as unidades coronarianas tornaram-
ciente e atuação da enfermagem. -se o local ideal para investigar e tratar os pacientes com IAM.
Um dos cuidados fundamentais de enfermagem é a mobili- Os excelentes resultados observados nestas unidades, em espe-
zação do doente no leito, mudança repetida de decúbito, qual- cial através do reconhecimento precoce e do tratamento eficaz
quer que seja a localização das lesões. das arritmias e da parada cardíaca, fizeram com que os médicos
começassem a internar também os pacientes com suspeita clí-
Cuidado Relacionado ao Ambiente: nica de isquemia miocárdica aguda. O resultado desta atitude
- UNIDADE DO PACIENTE E MATERIAIS DE USO PRIVATIVO: mais liberal foi que mais da metade dos pacientes internados
Limpar diariamente a unidade do paciente (cama, colchão, nas unidades coronarianas não tinham, na verdade, síndrome
criado mudo e cadeira) com água, sabão, solução de-sinfetante coronariana aguda. Conseqüentemente, esses leitos de alta
(hipoclorito de sódio a 3%) e solução aromatizante (álcool, es- complexidade e alto custo passaram a ser ocupados também
sência de pinho 1%, essência de alfazema a 1% e essência de por pacientes de baixa probabilidade de doença e baixo risco,
lavanda 1%). Esterilizar semanalmente todos os materiais de uso resultando não somente em aumento da demanda desses lei-
pessoal do paciente, tais como: comadre, bacia, cuba rim, co- tos, com conseqüente saturação das unidades coronarianas,
pos, garrafas, e outros. mas também numa utilização sub-ótima dos recursos.
As Unidades de Dor Torácica foram criadas em 1982, e des-
- PISO: de então vêm sendo reconhecidas como um aprimoramento da
O único tipo de limpeza permitido é a limpeza úmida. Esta assistência emergencial. Essas unidades visam a: 1) prover aces-
é facilitada quando o piso é de material lavável. Se o piso for de so fácil e prioritário ao paciente com dor torácica que procura
madeira, deve ser feita a lavagem semanal, após a qual deve-se a sala de emergência; e 2) fornecer uma estratégia diagnóstica
proceder a aplicação de vaselina, para a fixação das partículas e terapêutica organizada na sala de emergência, objetivando
de poeira no chão. rapidez, alta qualidade de cuidados, eficiência e contenção de
custos.
- JANELAS: As Unidades de Dor Torácica podem estar localizadas den-
As janelas devem ser amplas para possibilitar iluminação e tro ou adjacente à Sala de Emergência, com uma verdadeira
aeração natural, protegidas com telas para prevenir penetração área física e leitos demarcados, ou somente como uma estraté-
de insetos. Devem ser lavadas semanalmente com água, sabão gia operacional padronizada, utilizando protocolos assistenciais
e solução desinfetante. específicos, algoritmos sistematizados ou árvores de decisão clí-
nica por parte da equipe dos médicos emergencistas. Entretan-
- RESÍDUOS E ROUPAS SUJAS: to, é necessário que a equipe de médicos e enfermeiros esteja
Devem ser embalados em sacos e transportados em carros treinada e habituada com o manejo das urgências e emergên-
fechados. cias cardiovasculares.

Medidas Gerais para o Controle de Infecção: Diagnóstico

- Pesquisa de germens do ambiente, e uso de desinfetantes Causas de dor torácica e diagnóstico diferencial
específicos.
- Controle de focos de infecção do pessoal da unidade (mé- A variedade e possível gravidade das condições clínicas que
dicos, enfermeiros e outros). se manifestam com dor torácica faz com que seja primordial um
- Rigoroso controle de circulação do pessoal (parentes e vi- diagnóstico rápido e preciso das suas causas. Esta diferenciação
sitantes). entre as doenças que oferecem risco de vida (dor torácica com
- Utilização de aventais como meio de proteção ao paciente potencial de fatalidade), ou não, é um ponto crítico na tomada
e visitantes. de decisão do médico emergencista para definir sobre a libera-
- Supervisão e controle do uso da técnica asséptica. ção ou admissão do paciente ao hospital e de iniciar o tratamen-
to, imediatamente.

50
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Como a síndrome coronariana aguda (infarto agudo do miocárdico e angina instável) representa quase 1/5 das causas de dor
torácica nas salas de emergência, e por possuir uma significativa morbi-mortalidade, a abordagem inicial desses pacientes é sempre
feita no sentido de confirmar ou afastar este diagnóstico.
Vários estudos têm sido realizados para determinar a acurácia diagnóstica e a utilidade da história clínica e do ECG em pacientes
admitidos na sala de emergência com dor torácica para o diagnóstico de infarto agudo do. A característica anginosa da dor torácica
tem sido identificada como o dado com maior poder preditivo de doença coronariana aguda.
O exame físico no contexto da doença coronariana aguda não é expressivo. Entretanto, alguns achados podem aumentar a sua
probabilidade, como a presença de uma 4ª bulha, um sopro de artérias carótidas, uma diminuição de pulsos em membros inferiores,
um aneurisma abdominal e os achados de seqüela de acidente vascular encefálico. Da mesma forma, doenças não-coronarianas cau-
sadoras de dor torácica podem ter o seu diagnóstico suspeitado pelo exame físico, como é o caso do prolapso da válvula mitral, da
pericardite, da embolia pulmonar, etc.
A figura 1 descreve as principais causas de dor torácica e que devem ser consideradas no seu diagnóstico diferencial, na depen-
dência das informações da história clínica, do exame físico e dos dados laboratoriais.

A descrição clássica da dor torácica na síndrome coronariana aguda é a de uma dor ou desconforto ou queimação ou sensação
opressiva localizada na região precordial ou retroesternal, que pode ter irradiação para o ombro e/ou braço esquerdo, braço direito,
pescoço ou mandíbula, acompanhada frequentemente de diaforese, náuseas, vômitos, ou dispnéia. A dor pode durar alguns minutos
(geralmente entre 10 e 20) e ceder, como nos casos de angina instável, ou mais de 30min, como nos casos de infarto agudo do mio-
cárdio. O paciente pode também apresentar uma queixa atípica como mal estar, indigestão, fraqueza ou apenas sudorese, sem dor.
Pacientes idosos e mulheres frequentemente manifestam dispnéia como queixa principal no infarto agudo do miocárdio, podendo
não ter dor ou mesmo não valorizá-la o suficiente.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A dissecção aguda da aorta ocorre mais frequentemente geralmente ocorrem após uma refeição, melhorando com o uso
em hipertensos, em portadores de síndrome de Marfan ou na- de antiácidos. Na palpação abdominal geralmente encontramos
queles que sofreram um traumatismo torácico recente. Estes dor na região epigástrica.
pacientes se apresentam com dor súbita, descrita como “rasga- A ruptura do esôfago é uma doença grave e rara na sala de
da”, geralmente iniciando-se no tórax anterior e com irradiação emergência. Pode ser causada por vômitos incoersíveis, como
para dorso, pescoço ou mandíbula. No exame físico podemos na síndrome de Mallory-Weiss. Encontramos dor excruciante
encontrar um sopro de regurgitação aórtica. Pode haver um sig- em 83% dos casos, de localização retroesternal ou no andar su-
nificativo gradiente de amplitude de pulso ou de pressão arterial perior do abdômen, geralmente acompanhada de um compo-
entre os braços. nente pleurítico à esquerda. Apresenta alta morbi-mortalidade
A embolia pulmonar apresenta manifestações clínicas mui- e é de evolução fatal se não tratada. O diagnóstico é firmado
to variáveis e por isso nem sempre típicas da doença. O sintoma quando encontramos à radiografia de tórax um pneumomedias-
mais comumente encontrado é a dispnéia, vista em 73% dos pa- tino, ou um derrame pleural à esquerda de aparecimento súbi-
cientes, sendo a dor torácica (geralmente súbita) encontrada em to. Enfisema subcutâneo é visto em 27% dos casos.
66% dos casos. Ao exame clínico, o paciente pode apresentar Em avaliação prospectiva em pacientes com dor torácica
dispnéia, taquipnéia e cianose. não relacionada a trauma, febre ou malignidade, 30% tiveram
A dor torácica no pneumotórax espontâneo geralmente o seu diagnóstico firmado como decorrente de costo-condrites.
é localizada no dorso ou ombros e acompanhada de dispnéia. Geralmente esta dor tem características pleuríticas por ser de-
Grande pneumotórax pode produzir sinais e sintomas de insufi- sencadeada ou exacerbada pelos movimentos dos músculos e/
ciência respiratória e/ ou colapso cardiovascular (pneumotórax ou articulações produzidos pela respiração. Palpação cuidadosa
hipertensivo). Ao exame físico podemos encontrar dispnéia, ta- das articulações ou músculos envolvidos quase sempre repro-
quipnéia e ausência de ruídos ventilatórios na ausculta do pul- duz ou desencadeia a dor.
mão afetado. A dor psicogênica não tem substrato orgânico, sendo gera-
O sintoma clínico mais comum da pericardite é a dor torá- da por mecanismos psíquicos, tendendo a ser difusa e imprecisa
cica, geralmente de natureza pleurítica, de localização retroes- . Geralmente os sinais de ansiedade são detectáveis e com fre-
ternal ou no hemitórax esquerdo, mas que, diferentemente da
qüência se observa utilização abusiva e inadequada de medica-
isquemia miocárdica, piora quando o paciente respira, deita ou
ções analgésicas.
deglute, e melhora na posição sentada e inclinada para frente.
No exame físico podemos encontrar febre e um atrito pericárdi-
O papel do eletrocardiograma e do monitor de tendência
co (que é um dado patognomônico).
do segmento ST
O prolapso da válvula mitral é uma das causas de dor to-
O eletrocardiograma - O eletrocardiograma (ECG) exerce
rácica freqüentemente encontrada no consultório médico e,
papel fundamental na avaliação de pacientes com dor torácica,
também, na sala de emergência. A dor tem localização variável,
ocorrendo geralmente em repouso, sem guardar relação nítida tanto pelo seu baixo custo e ampla disponibilidade como pela
com os esforços, e descrita como pontadas, não apresentando relativa simplicidade de interpretação.
irradiações. O diagnóstico é feito através da ausculta cardíaca Um ECG absolutamente normal é encontrado na maioria
típica, na qual encontramos um clique meso ou telessistólico se- dos pacientes que se apresenta com dor torácica na sala de
guido de um sopro regurgitante mitral e/ou tricúspide. emergência. A incidência de síndrome coronariana aguda nes-
A estenose aórtica também produz dor torácica cujas carac- ses pacientes é de cerca de 5%..
terísticas se assemelham à da doença coronariana. A presença Diversos estudos têm demonstrado que a sensibilidade do
de um sopro ejetivo aórtico e hipertrofia ventricular esquerda ECG de admissão para infarto agudo do miocárdio varia de 45%
no ECG indica a presença da estenose aórtica mas não afasta a a 60% quando se utiliza o supradesnível do segmento ST como
possibilidade de síndrome coronariana aguda. critério diagnóstico, indicando que perto da metade dos pacien-
Na miocardiopatia hipertrófica a dor torácica ocorre em tes com infarto agudo do miocárdio não são diagnosticados com
75% dos pacientes sintomáticos, e pode ter características an- um único ECG realizado à admissão. Esta sensibilidade poderá
ginosas. No exame físico podemos encontrar uma 4 bulha e um ser aumentada para 70%-90% se utilizarmos as alterações de in-
sopro sistólico ejetivo aórtico. O diagnóstico é feito pelo eco- fradesnível de ST e/ou alterações isquêmicas de onda T, e para
cardiograma transtorácico. O ECG geralmente mostra hipertrofia até 95% quando se realizam ECGs seriados com intervalos de
ventricular esquerda, com ou sem alterações de ST-T. 3-4h nas primeiras 12h pós-chegada ao hospital.
As doenças do esôfago podem mimetizar a doença corona- A especificidade do ECG de admissão para ausência de IAM
riana crônica e aguda. Pacientes com refluxo esofagiano podem varia de 80 a 95% 15,31,47-49. Seu valor preditivo positivo para
apresentar desconforto torácico, geralmente em queimação (pi- IAM está ao redor de 75-85% quando se utiliza o supradesnível
rose), mas que às vezes é definido como uma sensação opressi- do segmento de ST como critério diagnóstico, e o valor prediti-
va, localizada na região retroesternal ou subesternal, podendo vo negativo é de cerca de 85-95%. Embora a probabilidade de
se irradiar para o pescoço, braços ou dorso, às vezes associada infarto agudo do miocárdio em pacientes com ECG normal seja
à regurgitação alimentar, e que pode melhorar com a posição pequena (5%), o diagnóstico de angina instável é um fato possí-
ereta ou com o uso de antiácidos, mas também com nitratos, vel (e estes pacientes têm uma taxa de 5 a 20% de evolução para
bloqueadores dos canais de cálcio ou repouso. infarto agudo do miocárdio ou morte cardíaca ao final de 1 ano).
A dor da úlcera péptica geralmente se localiza na região epi- Se o método não tem acurácia diagnóstica suficiente para
gástrica ou no andar superior do abdômen mas às vezes pode IAM ou angina instável, ele por si só é capaz de discriminar os
ser referida na região subesternal ou retroesternal. Estas dores pacientes de alto risco daqueles de não-alto risco de complica-

52
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
ções cardíacas, inclusive em pacientes com síndrome coronaria- B).Papel diagnóstico e prognóstico dos marcadores de
na aguda sem supradesnível de ST. Mesmo em pacientes com necrose miocárdica
supradesnível do segmento ST na admissão, subgrupos de maior
risco podem ser identificados pelo ECG. Os marcadores de necrose miocárdica têm um papel impor-
Monitorização da tendência do segmento ST - Em virtude tante não só no diagnóstico como também no prognóstico da
da natureza dinâmica do processo trombótico coronariano, a síndrome coronariana aguda.
obtenção de um único ECG geralmente não é suficiente para Mioglobina - Esta é uma proteína encontrada tanto no mús-
avaliar um paciente no qual haja forte suspeita clínica de isque- culo cardíaco como no esquelético, que se eleva precocemente
mia aguda do miocárdio. O recente desenvolvimento e adoção após necrose miocárdica, podendo ser detectada no sangue de
da monitorização contínua da tendência do segmento ST têm vários pacientes, já na primeira hora pós-oclusão coronariana.
sido demonstrados como de valiosa importância na identifica- A mioglobina tem uma sensibilidade diagnóstica para o IAM
ção precoce de isquemia de repouso. significativamente maior, que a da creatinofosfoquinase-MB
Em pacientes com dor torácica, sua sensibilidade para de- (CK-MB) nos pacientes que procuram a sala de emergência com
tectar pacientes com IAM foi significativamente maior do que menos de 4h de início dos sintomas. Estudos têm demonstrado
a do ECG de admissão (68% vs 55%, p<0,0001), com uma ele- uma sensibilidade para a mioglobina de 60-80% imediatamen-
vadíssima especificidade (95%), o mesmo se observando para te após a chegada do paciente ao hospital 60-62. Sua relativa-
o diagnóstico de síndrome coronariana aguda (sensibilidade = mente baixa especificidade (80%), resultante da alta taxa de
34%, especificidade = 99,5%). resultados falso-positivos, encontrados em pacientes com trau-
A acurácia diagnóstica do monitor de ST também tem se ma muscular, convulsões, cardioversão elétrica ou insuficiência
mostrado muito boa para detectar reoclusão coronariana pós- renal crônica, limitam o seu uso isoladamente. Entretanto, um
-terapia de reperfusão, com sensibilidade de 90% e especifici- resultado positivo obtido 3-4h após a chegada ao hospital su-
dade de 92%. Além disso, a demonstração de estabilidade do gere fortemente o diagnóstico de IAM (valor preditivo positivo ³
segmento ST mostrou 100% de sensibilidade e especificidade 95%). Da mesma forma, um resultado negativo obtido 3-4h após
para detecção de obstrução coronariana subtotal em relação à a chegada torna improvável o diagnóstico de infarto (valor pre-
obstrução total.
ditivo negativo ³ 90%), principalmente em paciente com baixa
O monitor de ST também tem-se mostrado como método
probabilidade pré-teste de doença (valor preditivo negativo ³
de grande utilidade para estratificação de risco em pacientes
95%).
com angina instável ou mesmo com dor torácica de baixo risco
e de etiologia a ser esclarecida, constituindo-se num preditor
Creatinofosfoquinase-MB (CK-MB) - A creatinofosfoquina-
independente e altamente significativo de morte, infarto agudo
se é uma enzima que catalisa a formação de moléculas de alta
do miocárdio não-fatal ou isquemia recorrente.
energia e, por isso, encontrada em tecidos que as consomem
Assim é recomendado:
1) Todo paciente com dor torácica visto na sala de emergên- (músculos cardíaco e esquelético e tecido nervoso).
cia deve ser submetido imediatamente a um ECG, o qual deverá A sensibilidade de uma única CK-MB obtida imediatamente
ser prontamente interpretado (Grau de Recomendação I, Nível na chegada ao hospital em pacientes com dor torácica para o
de Evidência B e D); diagnóstico de IAM é baixa (30-50%). Já a sua utilização dentro
2) Um novo ECG deve ser obtido no máximo 3h após o 1º das primeiras 3h de admissão aumenta esta sensibilidade para
em pacientes com suspeita clínica de síndrome coronariana cerca de 80 a 85%, alcançando 100% quando utilizada de forma
aguda ou qualquer outra doença cardiovascular aguda, mesmo seriada, a cada 3-4h, desde a admissão até a 9ª hora (ou 12h
que o ECG inicial tenha sido normal, ou a qualquer momento em após o início da oclusão coronariana) 17,63-66.
caso de recorrência da dor torácica ou surgimento de instabili- Da mesma forma, o valor preditivo negativo da CK-MB obti-
dade clínica (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência B e D); da até a 3ª hora pós-admissão ainda é sub-ótimo (95%), apesar
3) Devido à sua baixa sensibilidade para o diagnóstico de de subgrupos de pacientes com baixa probabilidade de IAM já
síndrome coronariana aguda, o ECG nunca deve ser o único exa- terem este valor preditivo ³ 97% neste momento 16,17,66. Pa-
me complementar utilizado para confirmar ou afastar o diag- cientes com média e alta probabilidade só alcançam 100% de
nóstico da doença, necessitando de outros testes simultâneos, valor preditivo negativo ao redor da 9 à 12ª hora. Estes dados
como marcadores de necrose miocárdica, monitor do segmento apontam para a necessidade de uma avaliação por pelo menos
ST, ecocardiograma e testes de estresse (Grau de Recomendação 9h para confirmar ou afastar o diagnóstico de IAM nestes pa-
I, Nível de Evidência B e D); cientes. A especificidade da CK-MB de 95% decorre de alguns
4) Se disponível, o monitor de tendência do segmento ST resultados falso-positivos encontrados principalmente quando a
deve ser utilizado, simultaneamente, ao ECG em pacientes com metodologia é a da atividade da CK-MB e não da massa.
dor torácica e suspeita clínica de síndrome coronariana aguda
sem supradesnível do segmento ST para fins diagnóstico e prog- Troponina - As troponinas cardíacas são proteínas do com-
nóstico (Grau de Recomendação I , Nível de Evidência B); plexo miofibrilar encontradas somente no músculo cardíaco.
5) Para pacientes com IAM com supradesnível do segmen- Devido à sua alta sensibilidade, discretas elevações são compa-
to ST que tenham recebido terapia de reperfusão coronariana tíveis com pequenos (micro) infartos, mesmo em ausência de
o monitor do segmento ST poderá ser utilizado para detectar elevação da CK-MB. Por este motivo tem-se recomendado que
precocemente a ocorrência de recanalização ou o fenômeno de as troponinas sejam atualmente consideradas como o marcador
reoclusão coronariana (Grau de Recomendação IIb, Nível de Evi- padrão-ouro para o diagnóstico de IAM. Entretanto, é preciso
dência frisar que a troponina miocárdica pode ser também liberada em

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
situações clínicas não-isquêmicas, que causam necrose do mús- alta sensibilidade e especificidade global, a ser medido após 6h
culo cardíaco, como miocardites, cardioversão elétrica e trauma _ como é o caso da CK-MB ou das troponinas) (Grau de Reco-
cardíaco. Além disso, as troponinas podem se elevar em doen- mendação I, Nível de Evidência B e D);
ças não-cardíacas, tais como as miosites, a embolia pulmonar e 4) Idealmente, a CK-MB deve ser determinada pelo método
a insuficiência renal. que mede sua massa (e não a atividade) enquanto a troponina
A técnica mais apropriada para a dosagem quantitativa das deve ser pelo método quantitativo imunoenzimático (e não qua-
troponinas cardíacas é o imunoensaio enzimático (método ELI- litativo) (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência B e D);
SA) mas técnicas qualitativas rápidas usadas à beira do leito tam- 5) As amostras de sangue devem ser referenciadas em re-
bém têm sido utilizadas com boa acurácia diagnóstica. lação ao momento da chegada do paciente ao hospital e, ide-
A sensibilidade global das troponinas para o diagnóstico de almente, ao momento do início da dor torácica (Grau de Reco-
IAM depende do tipo de paciente estudado e da sua probabili- mendação I, Nível de Evidência D);
dade pré-teste de doença, da duração do episódio doloroso e 6) O resultado de cada dosagem dos marcadores de necrose
do ponto de corte de anormalidade do nível sérico estipulado, miocárdica deve estar disponível e ser comunicado ao médico
variando de 85 a 99%. do paciente poucas horas após a colheita do sangue para que
Como as troponinas são os marcadores de necrose miocár- sejam tomadas as medidas clínicas cabíveis (Grau de Recomen-
dica mais lentos para se elevarem após a oclusão coronariana, dação I, Nível de Evidência B e D);
sua sensibilidade na admissão é muito baixa (20-40%), aumen- 7) Em pacientes com dor torácica e supradesnivelamento
tando lenta e progressivamente nas próximas 12h. Sua especifi- do segmento ST na admissão a coleta de marcadores de necrose
cidade global varia de 85 a 95%, e o seu valor preditivo positivo miocárdica é desnecessária para fins de tomada de decisão tera-
de 75 a 95%. Os resultados falso-positivos encontrados nesses pêutica (p. ex., quando se vai utilizar fibrinolítico ou não) (Grau
estudos decorrem da não classificação de angina instável de alto de Recomendação I, Nível de Evidência B).
risco, como IAM, de níveis de corte inapropriadamente baixos e O papel de outros métodos diagnósticos e prognósticos
de outras doenças que afetam sua liberação e/ou metabolismo. Os métodos diagnósticos acessórios, disponíveis nas salas
Devido à baixa sensibilidade das troponinas nas primeiras horas de emergência para a avaliação de pacientes com dor torácica,
são o teste ergométrico, a cintilografia miocárdica e o ecocardio-
do infarto, o seu valor preditivo negativo na chegada ao hospital
grama. Estes testes são usados com finalidade diagnóstica - para
também é baixo (50-80%), não permitindo que se afaste o diag-
identificar os pacientes que ainda não têm seu diagnóstico esta-
nóstico na admissão.
belecido na admissão ou que tiveram investigação negativa para
Além da sua importância diagnóstica, as troponinas tem
necrose e isquemia miocárdica de repouso, mas que podem ter
sido identificadas como um forte marcador de prognóstico ime-
isquemia sob estresse - e também prognóstica.
diato e tardio em pacientes com síndrome coronariana aguda
Os protocolos ou algoritmos que recomendam o uso de
sem supradesnível do segmento ST. Esta estratificação de risco
métodos de estresse precocemente, antes da alta hospitalar, o
tem importância também para definir estratégias terapêuticas
fazem para um subgrupo de pacientes com dor torácica consi-
médicas e/ou intervencionistas mais agressivas a serem utiliza- derados de baixo a moderado risco. A seleção destes pacientes
das nestes pacientes. A baixa sensibilidade diagnóstica da tro- baseia-se na inexistência de dor recorrente, na ausência de al-
ponina obtida nas primeiras horas também não permite a ava- terações eletrocardiográficas e de elevação de marcadores de
liação do risco destes pacientes na admissão hospitalar, além do necrose miocárdica à admissão e durante o período de obser-
que resultados negativos não excluem a ocorrência de eventos vação.
imediatos.
Assim sendo, esta diretriz recomenda: Teste ergométrico - No modelo das Unidades de Dor Torá-
1) Marcadores bioquímicos de necrose miocárdica devem cica o teste ergométrico tem sido o mais recomendado e utili-
ser mensurados em todos os pacientes com suspeita clínica zado devido a seu baixo custo e sua ampla disponibilidade nos
de síndrome coronariana aguda, obtidos na admissão à sala hospitais, quando comparado aos outros métodos. Além disso, a
de emergência ou à Unidade de Dor Torácica e repetidos, pelo segurança do exame é muito boa quando realizado em uma po-
menos, uma vez nas próximas 6 a 9h (Grau de Recomendação pulação de pacientes clinicamente estáveis e de baixo a mode-
Classe I e Nível de Evidência B e D). Pacientes com dor torácica rado risco, apresentando baixíssima taxa de complicações. Um
e baixa probabilidade de doença podem ter o seu período de grupo tem inclusive preconizado o seu uso já na primeira hora
investigação dos marcadores séricos reduzido a 3h (Grau de Re- após a chegada ao hospital em pacientes com baixa probabilida-
comendação IIa, Nível de Evidência B); de de doença coronariana, até mesmo sem a avaliação prévia de
2) CK-MB massa e/ou troponinas são os marcadores bio- marcadores bioquímicos de necrose miocárdica 86. Para estes
químicos de escolha para o diagnóstico definitivo de necrose pacientes a sensibilidade do teste para diagnóstico de doença
miocárdica nesses pacientes (Grau de Recomendação I, Nível de é pequena (baixa probabilidade pré-teste) mas o valor preditivo
Evidência B e D); negativo é elevadíssimo (³ 98%).
3) Embora a elevação de apenas um dos marcadores de Além da sua importância na exclusão de doença corona-
necrose citado seja suficiente para o diagnóstico de IAM, pelo riana, o principal papel do teste ergométrico é estabelecer o
menos dois marcadores devem ser utilizados no processo in- prognóstico dos pacientes onde diagnósticos de IAM e angina
vestigativo: um marcador precoce (com melhor sensibilidade instável de alto risco já foram afastados durante a investigação
nas primeiras 6h após o início da dor torácica, como é o caso da na Unidade de Dor Torácica. A sensibilidade e a especificidade
mioglobina ou da CK-MB) e um marcador definitivo tardio (com do teste positivo ou inconclusivo para eventos cardíacos está

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
em torno de 75%, sendo que estes resultados identificam um lente (97%) 101,102, conferindo segurança ao médico emergen-
subgrupo de pacientes com maior risco de IAM, necessida- cista em dispensar a realização de outros testes e liberar imedia-
de de revascularização miocárdica e de readmissão hospitalar tamente o paciente para casa.
5,50,88,89. O valor preditivo negativo do teste para eventos Deste modo, recomenda-se:
também é elevadíssimo (³ 98%). 1) Nos pacientes com dor torácica inicialmente suspeita de
Embora o uso do teste ergométrico possa abreviar o tempo etiologia isquêmica, que foram avaliados na sala de emergên-
de hospitalização de pacientes com dor torácica ao identificar cia e nos quais já se excluem as possibilidades de necrose e de
aqueles de baixo risco (ausência de isquemia miocárdica) a re- isquemia miocárdica de repouso, um teste diagnóstico pré-alta
lativamente alta taxa de resultados falso-positivos nesta popula- deverá ser realizado para afastar ou confirmar a existência de
ção pode levar à realização de outros exames para confirmar a isquemia miocárdica esforço-induzida (Grau de Recomendação
positividade, encarecendo o processo diagnóstico. I, Nível de Evidência B e D);
2) Por ser um exame de ampla disponibilidade, fácil execu-
Cintilografia miocárdica de repouso - A cintilografia de per- ção seguro e de baixo custo, o teste ergométrico é o método de
fusão miocárdica de repouso, realizada imediatamente após a estresse de escolha para fins diagnóstico e/ou prognóstico em
chegada à sala de emergência, também tem se mostrado uma pacientes com dor torácica e com baixa/média probabilidade de
ferramenta importante na avaliação dos pacientes com dor to- doença coronária (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência
rácica e ECG não-diagnóstico, com sensibilidade variando entre B e D);
90 e 100% e especificidade entre 65 e 80% para IAM. Uma cin- 3) O ecocardiograma de estresse ou a cintilografia de es-
tilografia de repouso negativa praticamente exclui este diagnós- tresse poderá ser realizado em pacientes nos quais o teste ergo-
tico nestes pacientes com baixa probabilidade de doença (valor métrico foi inconclusivo ou quando não se pôde realizá-lo (inca-
preditivo negativo ³ 98%). pacidade motora, distúrbios da condução no ECG, etc) (Grau de
Além da excelente acurácia diagnóstica a cintilografia for- Recomendação I, Nível de Evidência B e D);
nece importantes informações prognósticas. Aqueles pacientes 4) A cintilografia miocárdica imediata de repouso poderá
com perfusão miocárdica normal apresentam baixíssima proba- ser realizada em pacientes com dor torácica com baixa proba-
bilidade de doença coronariana com o objetivo de identificar
bilidade de desenvolvimento de eventos cardíacos sérios nos
ou afastar IAM, sendo que aqueles com teste negativo poderão
próximos meses 45,91.
ser liberados para casa sem necessidade de dosagem seriada de
A larga utilização da cintilografia miocárdica imediata de re-
marcadores bioquímicos de necrose miocárdica (Grau de Reco-
pouso é limitada pela indisponibilidade do método nas salas de
mendação IIa, Nível de Evidência B).
emergência, pela demora na sua realização após um episódio de
dor torácica e pelos seus custos. Entretanto, alguns grupos têm
3.5 O papel dos métodos de imagem na dor torácica de
preconizado a realização do exame para pacientes com média
origem não-coronariana
ou baixa probabilidade de IAM, já que um exame negativo pra-
ticamente afasta este diagnóstico 45,93, permitindo a liberação Esta Diretriz somente contemplará a embolia pulmonar e
imediata destes pacientes com conseqüente redução dos custos a dissecção aguda da aorta no diagnóstico da dor torácica de
hospitalares 94,95. origem não-coronariana devido às suas elevadas mortalidades,
apesar da baixíssima incidência em pacientes com dor torácica
Ecocardiograma - O papel do ecocardiograma de repouso na sala de emergência.
na avaliação de pacientes na sala de emergência com dor toráci- 3.5.1 Embolia pulmonar - Em virtude das múltiplas formas
ca se alicerça em poucos estudos publicados. Para o diagnóstico de apresentação clínica da embolia pulmonar, da variabilidade
de IAM a sensibilidade varia de 70 a 95%, mas a grande taxa de da acurácia diagnóstica dos vários métodos de imagem (de acor-
resultados falso-positivos torna o valor preditivo positivo baixo. do com a forma de apresentação) e da complexidade de rea-
Já o valor preditivo negativo varia de 85 a 95%. lização da arteriografia pulmonar (método padrão-ouro), esta
Quando se busca também o diagnóstico de angina instável diretriz não classificará os graus de recomendação e seus res-
(além de infarto) em pacientes com dor torácica e ECG inconclu- pectivos níveis de evidência para a realização destes métodos.
sivo, a sensibilidade do ecocardiograma passa a variar de 40 a As alterações radiológicas mais freqüentemente encontra-
90%, sendo que o valor preditivo negativo fica entre 50 e 99%. das na embolia pulmonar são as áreas de atelectasia, a elevação
Nesses pacientes, um ecocardiograma normal não parece agre- da hemicúpula diafragmática, o derrame pleural e a dilatação
gar informações diagnósticas significativas, além daquelas já for- do tronco e dos ramos da artéria pulmonar. Áreas de hipofluxo
necidas pela história e ECG. pulmonar segmentar (sinal de Westmark) e infiltrado pulmonar
Estudos sobre a utilização do ecocardiograma de estresse de forma triangular com a base voltada para a pleura (sinal de
com dobutamina na avaliação de uma população heterogênea Hampton) são os achados mais específicos da embolia pulmonar
com dor torácica ainda são pequenos e escassos. Sua sensibi- mas, infelizmente, são pouco sensíveis.
lidade para o diagnóstico de doença coronariana ou isquemia A ecocardiografia pode contribuir com importantes infor-
miocárdica detectada por outros métodos é de 90%, com es- mações na suspeita de embolia pulmonar 105. O ecocardiogra-
pecificidade variando de 80 a 90% e valor preditivo negativo ma transtorácico informa o tamanho das cavidades cardíacas,
de 98%. Para fins prognósticos, a sensibilidade do teste para a a função ventricular direita e esquerda, e a presença de hiper-
ocorrência de eventos cardíacos tardios em pacientes com dor tensão pulmonar. O ecocardiograma transesofágico, ao permitir
torácica varia de 40 a 90%, mas o valor preditivo negativo é exce- visualizar o trombo na artéria pulmonar, é capaz de estabelecer

55
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
o diagnóstico. Sua sensibilidade nesta situação é de 80% para todos indiretos, como o Doppler venoso de membros inferiores,
pacientes com trombo localizado em tronco da artéria pulmo- a dosagem do D-dímero e a gasometria arterial. Uma aborda-
nar e/ou seu ramo direito, com especificidade de 100% 105. É gem diagnóstica mais abrangente de embolia pulmonar poderá
considerado o método de escolha para a avaliação inicial dos ser encontrada na diretriz da SBC sobre este tema.
pacientes hemodinamicamente instáveis. Dissecção aguda da aorta - Quando há suspeita clínica de
A cintilografia pulmonar de ventilação e perfusão é o mé- dissecção aguda da aorta a confirmação diagnóstica deve ser rá-
todo não-invasivo, classicamente utilizado para a estratificação pida e precisa já que a doença tem elevada mortalidade imedia-
da probabilidade de embolia pulmonar ao analisar o número ta e o tratamento definitivo é, geralmente, cirúrgico. A decisão
de segmentos pulmonares acometidos, permitindo classificar a de utilização de um determinado método de imagem na dissec-
probabilidade de doença em ausente (normal), baixa, média ou ção aguda da aorta deve ser baseada não só na sua acurácia
alta 106. Pacientes com alta probabilidade à cintilografia e alta diagnóstica mas também na sua disponibilidade imediata e na
suspeita clínica devem ser tratados como tendo embolia pulmo- experiência dos emergencistas e ecocardiografistas/radiologis-
nar, pois essa associação apresenta uma sensibilidade de 96%. A tas com este(s) método(s).
cintilografia normal praticamente afasta o diagnóstico de embo- O alargamento do mediastino superior é o achado mais fre-
lia pulmonar em face de seu valor preditivo negativo ser muito qüentemente encontrado na radiografia de tórax (60 a 90% dos
alto (pouquíssimos casos falso-negativos). O grupo de pacientes casos). No entanto é importante frisar que a normalidade deste
com baixa e intermediária probabilidade necessita da realização exame não exclui o diagnóstico de dissecção aórtica (valor pre-
de outro método de imagem para definição do diagnóstico. ditivo negativo de 88%).
A angiotomografia computadorizada do tórax tem mos- A aortografia já foi considerada como método padrão-ouro
trado boa acurácia diagnóstica para a embolia pulmonar, com para confirmação do diagnóstico da dissecção aguda da aorta.
sensibilidade de 90% e especificidade de 80% 107. Entretanto, o Com o aparecimento dos métodos de imagem não-invasivos,
método não apresenta boa acurácia diagnóstica, quando a em- como a ecocardiografia transtorácica e transesofágica, a angio-
bolia acomete somente vasos pulmonares de menor diâmetro tomografia e a angiorressonância de tórax, a estratégia diagnós-
(subsegmentares). tica desta doença vem mudando. Com eles procuramos confir-
Apesar dos recentes avanços no diagnóstico da embolia mar o diagnóstico, classificar o tipo da dissecção, diferenciar a
pulmonar, a arteriografia pulmonar permanece como método verdadeira e a falsa luz aórtica, localizar os sítios de entrada e
padrão-ouro; entretanto, sua indicação deve ser reservada para reentrada, distinguir dissecção comunicante e não-comunican-
pacientes cujos testes diagnósticos não-invasivos foram incon- te, avaliar o envolvimento dos ramos aórticos, detectar e gra-
clusivos 106. O exame permite uma adequada visualização das duar a regurgitação valvar aórtica, e avaliar a existência de ex-
artérias pulmonares e seus ramos, apresentando baixa taxa de travasamento sangüíneo para pericárdio, pleura, mediastino e
morbimortalidade, e é custo-eficiente quando outras estraté- estruturas peri-aórticas.
gias diagnósticas não conseguem definir a suspeita clínica. A utilização do ecocardiograma transtorácico para o diag-
Desta forma, recomendações para a realização de métodos nóstico da dissecção aguda da aorta está limitada pela sua baixa
de imagem para o diagnóstico da embolia pulmonar são: sensibilidade (60%) e especificidade (70%). Devido à alta taxa
1) A radiografia de tórax deve ser solicitada a todos os pa- de resultados falso-positivos e falso-negativos, este método
cientes com suspeita clínica de embolia pulmonar. não é utilizado para estabelecer o diagnóstico final, apesar de
2) O ecocardiograma transtorácico deve ser solicitado a to- informar acuradamente a presença de insuficiência aórtica e a
dos os pacientes com suspeita clínica com os objetivos de avalia- função sistólica do ventrículo esquerdo. O ecocardiograma tran-
ção da função do ventrículo direito e para a possível visualização sesofágico mostra sensibilidade de 99%, especificidade de 90%,
do trombo. valor preditivo positivo de 90% e negativo de 99%, entretanto
3) Os pacientes clinicamente estáveis podem ser submeti- seu uso é limitado pela dificuldade de visualização de pequenos
dos à cintilografia pulmonar de ventilação/perfusão, tomografia segmentos de dissecção na parte distal da aorta ascendente e
computadorizada ou ressonância magnética para definição diag- na porção anterior do arco aórtico.
nóstica, na dependência da sua disponibilidade na instituição. A angiotomografia computadorizada helicoidal possui sen-
4) Nos pacientes clinicamente instáveis, particularmente sibilidade > 90% e especificidade > 85%. Determina a extensão,
naqueles em suporte ventilatório mecânico, o ecocardiograma localização e envolvimento dos ramos arteriais na dissecção aór-
transesofágico deve ser realizado em face de sua alta acurá- tica. Tem como limitações a impossibilidade de detectar o en-
cia diagnóstica, principalmente naqueles cuja possibilidade de volvimento das artérias coronárias pela dissecção, além de não
trombo central é elevada. poder ser utilizada em pacientes com intolerância ao contraste
5) A tomografia computadorizada e a ressonância magné- iodado.
tica são utilizados preferencialmente em pacientes estáveis, ha- A angiorressonância tem alta acurácia diagnóstica para de-
vendo limitação diagnóstica para trombos localizados nos ramos tecção de todas as formas de dissecção aórtica, com sensibilida-
subsegmentares. de e especificidade em torno de 100%. Seu uso é limitado pela
6) A indicação de arteriografia pulmonar fica reservada para presença de instabilidade hemodinâmica e agitação psicomoto-
pacientes com alta suspeita clínica onde os métodos diagnósti- ra devido ao tempo prolongado para aquisição de imagens.
cos não-invasivos foram inconclusivos. A aortografia, apesar de ter sido considerada classicamente
Estas estratégias, excetuando-se a radiografia de tórax, vi- como o método padrão-ouro para diagnosticar dissecção aór-
sam exclusivamente à confirmação da existência de trombo na tica, com especificidade > 95%, tem sido menos utilizada nos
circulação pulmonar, não se contemplando nesta diretriz os mé- últimos anos em virtude dos novos métodos não-invasivos apre-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
sentarem maior sensibilidade para o diagnóstico definitivo. Atualmente, com a tendência de utilização das endopróteses vasculares
na fase aguda da dissecção, sua importância diagnóstica está sendo reavaliada.
Assim, recomenda-se para pacientes com suspeita clínica de dissecção aguda da aorta e que estejam estáveis o uso da angioto-
mografia computadorizada helicoidal ou da angiorressonância magnética como o exame padrão-ouro (Grau de Recomendação I, Nível
de Evidência C e D). Para pacientes instáveis recomenda-se o uso do ecocardiograma transesofágico (Grau de Recomendação I, Nível
de Evidência C e D).

Árvores neurais e fluxogramas diagnósticos

Algoritmos diagnósticos computadorizados, modelos matemáticos probabilísticos usando regressão logística, árvores de decisão
clínica e redes neurais são metodologias atualmente disponíveis aos médicos e que têm aumentado a sensibilidade e a especificidade
diagnóstica na avaliação de pacientes que se apresentam na sala de emergência com dor torácica. Alguns desses instrumentos têm
sido validados prospectivamente, mostrando uma redução nas internações nas unidades coronarianas de até 30%. Por outro lado, tra-
balhos indicam que programas computadorizados validados retrospectivamente se comparam, quando aplicados prospectivamente,
à alta sensibilidade e especificidade dos médicos 122.
Além disso, sistematizações das condutas médicas (protocolos assistenciais), sejam elas diagnósticas ou terapêuticas, quando
aplicadas de maneira lógica e coerente, em casos previamente definidos, resultam num poderoso e eficiente instrumento de otimiza-
ção da qualidade e da relação custo-benefício.
Esta diretriz apresenta os principais modelos diagnósticos preconizados para pacientes com dor torácica na sala de emergência e
que podem ser utilizados de acordo com a sua adequação às características assistenciais de cada instituição.
O modelo Heart ER do Centro Médico da Universidade de Cincinnati é utilizado para pacientes com dor torácica considerados de
baixa a média probabilidade de síndrome coronariana aguda (dor suspeita e ECG não-diagnóstico). A avaliação diagnóstica consiste
na realização de cintilografia miocárdica imediata de repouso com SESTAMIBI naqueles pacientes em que a dor ainda esteja presente
e haja condição de se administrar o fármaco radionúcleo imediatamente na sala de emergência. Se o mapeamento no laboratório de
medicina nuclear for negativo para isquemia miocárdica, o paciente é liberado para casa sem mesmo realizar dosagens seriadas dos
marcadores de necrose miocárdica. Se o resultado for positivo, o paciente é hospitalizado e tratado apropriadamente. Se o exame
cintilográfico não puder ser realizado, o paciente é investigado na Unidade de Dor Torácica através da determinação de níveis plasmá-
ticos de CK-MB e de troponina I obtidos na chegada, na 3ª e 6ª horas seguintes, enquanto o paciente é mantido sob monitorização
eletrocardiográfica contínua da tendência do segmento ST. Teste ergométrico ou cintilografia miocárdica de esforço com SESTAMIBI
são realizados naqueles sem evidência de necrose ou isquemia miocárdica persistente (fig. 2).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
O modelo sistematizado de atendimento de pacientes com dor torácica da Clínica Mayo 124 classifica inicialmente os pacientes
em subgrupos de probabilidade baixa, moderada e alta para doença coronariana aguda, de acordo com as diretrizes da Agency of
Health Care Policy Research (AHC PR) 125. Os pacientes de risco moderado são avaliados através de dosagens de CK-MB na chegada,
2 e 4h depois, enquanto são submetidos à monitorização contínua do segmento ST e ficam em observação durante 6h na Unidade de
Dor Torácica. Se a avaliação resultar negativa, é realizado teste ergométrico, cintilografia de estresse ou ecocardiograma de estresse.
Pacientes com resultado positivo ou inconclusivo são internados, enquanto os que têm avaliação negativa são liberados para a resi-
dência com acompanhamento em 72h (fig. 3).

O modelo diagnóstico da Faculdade de Medicina da Virgínia estratifica inicialmente os pacientes com dor torácica na sala de
emergência em cinco níveis distintos de risco. Os pacientes do nível 1 apresentam elevadíssima probabilidade de IAM pelo critério
do ECG, ao passo que os do nível 5 têm desconforto no peito de origem nitidamente não-cardíaca. Os pacientes dos níveis 2, 3 e 4
correspondem aos de probabilidade pré-teste de doença alto, médio e baixo, respectivamente. Pacientes com alta probabilidade de
angina instável ou baixa probabilidade de IAM (nível 3) passam por dosagens seriadas de biomarcadores de necrose miocárdica ou
são submetidos a uma cintilografia miocárdica imediata de repouso com SESTAMIBI. Pacientes com média ou baixa probabilidade de
angina instável (nível 4) são submetidos somente à cintilografia imediata de repouso que, se negativa, determina a alta do paciente
para casa (fig. 4).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

O modelo diagnóstico do Hospital Pró-Cardíaco usado em sua Unidade de Dor Torácica estratifica a probabilidade pré-teste de
síndrome coronariana aguda de acordo com o tipo de dor torácica e o ECG de admissão. A dor é classificada em 4 tipos: definitivamen-
te e provavelmente anginosa, e provavelmente e definitivamente não-anginosa. Além disso, para pacientes com bloqueio de ramo
esquerdo no ECG, procura-se avaliar se a dor tem ou não características de IAM. A classificação do tipo de dor teve uma sensibilidade
e um valor preditivo negativo para IAM de 94% e 97%, respectivamente, valores estes significativamente melhores que os do ECG
(49% e 86%, respectivamente). A associação do tipo de dor torácica e do ECG de admissão permite a estratificação da probabilidade
pré-teste de síndrome coronariana aguda e a alocação dos pacientes em diferentes rotas diagnósticas (fig. 5). Enquanto os da rota
1 têm elevadíssima probabilidade de IAM (75%) os da rota 5 têm dor não-cardíaca e são liberados. Os pacientes das rotas 2 e 3 têm
probabilidade de síndrome coronariana aguda de 60% e 10%, respectivamente 15 e são avaliados com dosagens de CK-MB seriadas e
de troponina I: na rota 2, por 9h; na rota 3, por 3h. O teste ergométrico é o método de estresse utilizado para avaliação de pacientes
sem evidência de necrose miocárdica ou isquemia de repouso.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A árvore neural de Goldman é um algoritmo diagnóstico criado para identificar pacientes com IAM utilizando características da
dor torácica e do ECG, que estratifica os pacientes em probabilidades de doença (variando de 1% a 77%) e apresenta sensibilidade e
especificidade de 90% e 50-95%, respectivamente, com um valor preditivo negativo > 98%, quando se aplica um ponto de corte de
7% na probabilidade do paciente ter ou não IAM. Entretanto, o modelo não faz recomendações quanto às estratégias diagnósticas a
serem utilizadas nos diversos subgrupos probabilísticos de doença.
Todos estes protocolos ou modelos diagnósticos e de sistematização estratégica trazem um grande benefício para a prática médi-
ca emergencial no manejo de pacientes com dor torácica, devendo por isso serem implantados em todas as salas de emergência, com
ou sem Unidades de Dor Torácica (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência
B). A escolha do modelo a ser utilizado dependerá das características funcionais de cada instituição.

Tratamento
Tratamento inicial da síndrome coronariana aguda

A abordagem do paciente com suspeita de síndrome coronariana aguda (SCA) na sala de emergência inicia-se pela rápida avalia-
ção das características da dor torácica e de outros sintomas concomitantes, pelo exame físico e pela imediata realização do ECG (em
5-10min após a chegada ao hospital).
Se o paciente estiver em vigência de dor e o ECG evidenciar supradesnível do segmento ST deve-se iniciar imediatamente um dos
processos de recanalização coronariana: trombolítico ou angioplastia primária. Se o ECG não evidenciar supradesnível do segmento ST
mas apresentar alguma alteração compatível com isquemia miocárdica iniciamos o tratamento anti-isquêmico usual e estratificamos
o risco de complicações, que orientará o tratamento adequado a seguir.
Se o ECG for normal ou inespecífico, mas a dor torácica for sugestiva ou suspeita de isquemia miocárdica, o tratamento anti-is-
quêmico pode ser iniciado ou então protelado (principalmente se a dor não mais estiver presente na admissão), mas o uso de aspirina
está indicado.
O tratamento inicial tem como objetivo agir sobre os processos fisiopatológicos que ocorrem na SCA e suas conseqüências, e
compreende: 1) contenção ou controle da isquemia miocárdica; 2) recanalização coronariana e controle do processo aterotrombótico.
Esta diretriz somente abordará os primeiros passos terapêuticos a serem tomados na sala de emergência. Para condutas seguin-
tes, realizadas geralmente na unidade coronariana, o leitor deve se dirigir à diretriz de IAM ou de síndrome coronariana aguda da SBC.

Contenção ou controle da isquemia miocárdica


Oxigenioterapia - Pacientes com SCA em vigência de dor ou sintomas e sinais de insuficiência respiratória devem receber oxigênio
suplementar, principalmente se medidas objetivas da saturação de O2(oximetria de pulso ou gasometria arterial) forem < 90% 129-
133. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência C e D).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Analgesia e sedação - Para o controle da dor (se a mesma já de ramo esquerdo) são candidatos à terapia de recanalização
não foi aliviada com o uso de nitrato sublingual ou endovenoso) coronariana visto que mais de 75% desses pacientes têm IAM e
e sedação utiliza-se o sulfato de morfina EV na dose de 1 a 5mg, mais de 85% têm oclusão de uma artéria coronária.
podendo-se repetir 5-30min após se não houver alívio (Grau de Diversos estudos já demonstraram que quanto mais pre-
Recomendação I, Nível de Evidência C e D). cocemente a terapêutica fibrinolítica é iniciada em relação ao
Nitratos - O uso dos nitratos baseia-se não só no seu meca- início da dor (e, conseqüentemente, do fenômeno oclusivo co-
nismo de ação e experiência clínica mas também numa meta-a- ronariano) maiores são os benefícios em relação à taxa de reca-
nálise de 22 estudos (incluindo o ISIS-4 e o GISSI-3) que demons- nalização, de preservação do miocárdio agudamente isquêmico,
trou uma redução significativa de 5,5% na mortalidade hospita- de redução de mortalidade hospitalar e tardia, e de complica-
lar. Existem poucos e pequenos estudos clínicos comprovando ções intra-hospitalares. Pacientes tratados dentro da 1ª hora
seu benefício no alívio dos sintomas. (Grau de Recomendação I, obtêm uma redução da mortalidade hospitalar ao redor de 50%.
Nível de Evidência A e D). Na sala de emergência os pacientes devem ser rapidamen-
A dose é de 5mg do dinitrato de isossorbida por via SL, po- te avaliados quanto aos critérios de inclusão e exclusão para o
dendo ser repetido 5-10min após se não houver alívio da dor, uso de fibrinolíticos, principalmente os relacionados às compli-
até o máximo de 15mg. Para a nitroglicerina, pode-se utilizar o cações hemorrágicas atribuídas às drogas. Pacientes com mais
spray nasal, ou a via parenteral na dose de 10 a até 200 microgra- de 12h de início da dor ininterrupta geralmente não se benefi-
mas/min em infusão contínua EV, ajustando-se a mesma a cada ciam do uso de fibrinolíticos. O tratamento deve ser iniciado na
5-10min de acordo com a pressão arterial. Para o mononitrato própria sala de emergência (Grau de Recomendação I, Nível de
de isossorbida a dose é de 2,5 mg/kg/dia em infusão contínua. Evidência A e D).
A droga de escolha (pela maior rapidez de ação e mais ele-
Betabloqueadores - Existem alguns grandes ensaios clíni- vada taxa de recanalização) é o rt-PA, usada na dose de 15mg EV
cos randomizados que demonstraram o benefício da utilização em bolus seguida de infusão inicial de 0,75mg/kg (máximo de
imediata dos betabloqueadores no IAM com supradesnível do 50mg) durante 30min, e de outra infusão de 0,50mg/kg (máxi-
segmento ST (redução de mortalidade imediata e tardia, de rein- mo de 35mg) durante 60min. Heparinização plena concomitante
farto e de isquemia recorrente) 138-140. São utilizados na SCA
é necessário por 48h. A outra droga disponível é a estreptoqui-
sem supradesnível do segmento ST baseados em pequenos es-
nase, administrada na dose de 1,5 milhão de unidades em infu-
tudos e numa meta-análise. (Grau de Recomendação IIa, Nível
são EV durante 30 a 60min, não requerendo uso concomitante
de Evidência A e D).
de heparina.
Os betabloqueadores não podem ser utilizados em pacien-
tes com sinais e/ou sintomas de insuficiência ventricular esquer-
Angioplastia coronariana percutânea primária - Com o aper-
da (mesmo incipiente), com bloqueio AV, com broncoespasmo
feiçoamento da técnica e dos stents coronarianos, não parece
ou história de asma brônquica.
Metoprolol é dado na dose de 5mg EV em 1 a 2min e repeti- haver maiores dúvidas de que a angioplastia coronariana per-
do, se necessário, a cada 5min até completar 15mg (objetivando cutânea é o método de eleição para a recanalização coronariana
alcançar uma freqüência cardíaca 60), passando-se a seguir para em pacientes com IAM com supradesnível do segmento ST, des-
a dose oral de 25 a 50mg de 12/12h. O atenolol é administrado de que o procedimento possa ser realizado dentro dos primeiros
na dose de 5mg EV e repetido em 5min (completando 10mg), 60 a 90min após a chegada do paciente à sala de emergência
seguido da dose oral de 50-100mg/dia. Quando administrado e por uma equipe experiente 129,155. Fator tempo que deve
por via EV é imprescindível uma cuidadosa monitorização da ser cuidadosamente considerado pelo médico emergencista na
freqüência cardíaca, pressão arterial, ausculta pulmonar e ECG. tomada de decisão quanto ao uso de uma estratégia alternativa
de recanalização coronariana (fibrinolíticos) na eventualidade
Antagonistas dos canais de cálcio - Os benzotiazepíni- da indisponibilidade ou inexistência do laboratório de cateteris-
cos (diltiazem) parecem ter um efeito benéfico no IAM com e mo cardíaco em seu hospital (Grau de Recomendação I e Nível
sem supradesnível do segmento ST e sem insuficiência cardí- de Evidência A e D).
aca (redução de mortalidade e reinfarto) e na angina instável, Para pacientes com SCA sem supradesnível de ST uma con-
o mesmo se observando com as fenilalquilaminas (verapamil) duta invasiva imediata (cinecoronariografia seguida de recana-
145,147,151,152. Já os dihidropiridínicos (nifedipina, amlodipi- lização ou desobstrução) ainda permanece como uma questão
na) só podem ser utilizados concomitantemente com os beta- em aberto devido aos resultados divergentes dos 4 ensaios clíni-
bloqueadores, pois isoladamente aumentam o consumo de O2 cos e um registro disponíveis 83,157-160 mas parece haver um
miocárdico e causam roubo coronariano. (Grau de recomenda- certo consenso de que pacientes classificados como de alto risco
ção IIb, Nível de Evidência A). Podem ser uma alternativa quan- de eventos 161,162 devem ser submetidos à estratégia invasiva
do houver contra-indicação ao uso de betabloqueador ou nitra- imediata enquanto que os de baixo risco devem ser submetidos
to (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência B e D). à estratégia conservadora (tratamento farmacológico seguido
As doses a serem utilizadas são de 60mg via oral 3 a 4 vezes/ de avaliação funcional de existência de isquemia miocárdica re-
dia para o diltiazem e 80mg via oral 3 vezes/dia para o verapamil. sidual) 130,131,163 (Grau de Recomendação IIa e Nível de Evi-
Recanalização coronária e controle do processo aterotrom- dência A e D).
bótico Aspirina - Não havendo contra-indicação (alergia, intole-
Fibrinolíticos - Pacientes com dor torácica prolongada su- rância gástrica, sangramento ativo, hemofilia ou úlcera péptica
gestiva de isquemia miocárdica aguda e que apresentam supra- ativa) a aspirina deve ser sempre utilizada em pacientes com
desnível do segmento ST no ECG (ou um padrão de bloqueio suspeita de SCA imediatamente após a chegada na sala de emer-

61
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
gência. Tem comprovação de seu benefício na redução da mor- o tirofiban e na evolução optar pela conduta invasiva, deverão
talidade imediata e tardia, infarto e reinfarto na SCA através de continuar seu uso durante e após o cateterismo ou intervenção
vários estudos clínicos randomizados. (Grau de Recomendação (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência A). Os benefícios
I, Nível de Evidência A e D). obtidos com o uso destas drogas devem ser sempre analisados
A dose inicial é de 200-300mg por via oral mastigada, segui- diante de seu alto custo.
da de uma dose de manutenção de 100 a 200mg/dia. Os inibidores da glicoproteína IIb/IIIa podem ser usados,
concomitantemente, com a aspirina, o clopidogrel e a heparina.
Tienopiridínicos (clopidogrel, ticlopidina) - Até recentemen- O tirofiban é administrado na dose de 0,4 microgramas/
te a ticlopidina era o antiplaquetário recomendado em caso de kg/min EV por 30min, seguida de 0,1 microgramas/kg/min por
contra-indicação para o uso da aspirina ou na intervenção coro- 48 a 96h. O abciximab é administrado em bolus EV na dose de
nária percutânea 168. 0,25mg/kg, seguida de 0,125 microgramas/kg/min (máximo de
Atualmente, o clopidogrel é a droga de primeira escolha 10 microgramas/min) por 12 a 24h.
na substituição ou no uso concomitante com a aspirina em pa-
cientes com SCA sem supradesnível do segmento ST que irão ou Tratamento inicial da embolia pulmonar
não à intervenção coronariana percutânea, devendo ser iniciada
logo após a chegada ao hospital ou quando o diagnóstico de SCA Uma vez diagnosticada a embolia pulmonar ou havendo
for estabelecido. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência evidências consistentes de sua provável existência, o tratamento
A). deve ser iniciado imediatamente devido à sua elevada mortali-
Para o clopidogrel, a dose inicial é de 300-600mg VO, segui- dade hospitalar - cerca de 1/3 para os não tratados e de 10%
da da dose de manutenção de 75mg/dia. Para a ticlopidina, a para os tratados.
dose inicial é de 500mg VO, seguida de dose de manutenção de A terapêutica inicial visa a estabilidade clínica oferecen-
250mg de 12/12h. do, se necessário, suporte hemodinâmico e ventilatório. O tra-
tamento essencial da embolia pulmonar é feito com o uso do
Anticoagulantes (heparina não-fracionada, heparina de bai- anticoagulante venoso, heparina. Tem como objetivo prevenir
xo peso molecular). a formação de novos trombos e diminuir a ação de substâncias
Vários ensaios clínicos e metanálises demonstram o indiscu- vasoativas, como a serotonina e o tromboxane-A2, liberadas pe-
tível benefício do uso das heparinas na SCA. las plaquetas ativadas encontradas no trombo original. A dose
A heparina não-fracionada requer monitorização labora- de ataque da heparina não-fracionada é de 80 U/kg em bolus EV
torial constante do tempo de tromboplastina parcial ativado seguida por uma infusão contínua de 18 U/kg/h por 5 a 7 dias,
(PTTa), devendo ser utilizados regimes terapêuticos ajustados incluindo o período de uso combinado com o anticoagulante
ao peso do paciente. Já as heparinas de baixo peso molecular oral (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência C e D)
não necessitam de controle do PTTa. A utilização das heparinas de baixo peso molecular na em-
A heparina não-fracionada é administrada como bolus EV bolia pulmonar vem se ampliando nos últimos anos, possuindo
de 60-70 U/kg (máximo de 5.000 U) seguido de infusão de 12-15 uma maior ação sobre o fator de coagulação Xa do que sobre
U/kg/h (máximo de 1.000 U/h), mantendo-se o PTTa entre 1,5-2 o fator IIa quando comparada com a heparina não-fracionada
vezes o controle. e possibilitando maior atividade antitrombótica com menor
As heparinas de baixo peso molecular não equivalem en- risco de sangramentos. A enoxaparina deve ser usada por via
tre si em relação às doses. Assim, a enoxaparina é administrada subcutânea na dose de 1 mg/kg a cada 12h ou 1,5 mg/kg, uma
na dose de 1mg/kg SC de 12/12h ou 1,5mg/kg uma vez ao dia; vez ao dia; a nadroparina na dose de 85 U/kg a cada 12h ou 170
a dalteparina na dose de 200 U/kg/dia SC; e a nadroparina na U/kg, uma vez ao dia; e a dalteparina na dose de 200 U/kg/dia.
dose de 85U/kg SC de 12/12 h ou 170 U/kg uma vez ao dia. (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência C).
Tanto a heparina não-fracionada como as heparinas de bai- Nos pacientes clinicamente instáveis, nos quais a probabili-
xo peso molecular têm Grau de Recomendação I e Nível de Evi- dade de embolia pulmonar maciça é grande, deve-se utilizar as
dência A e D para uso na SCA. drogas trombolíticas que permitam lise mais rápida do trombo,
promovendo uma melhora clínica mais efetiva. Utiliza-se a es-
Bloqueadores dos receptores da glicoproteína IIb/IIIa (ab- treptoquinase por via EV na dose de 250.000 U em bolus segui-
ciximab, tirofiban) - Diversos ensaios clínicos têm demonstrado da de uma infusão de 100.000 U/h durante 24 a 72h, ou o rt-PA
efeitos benéficos com o uso dos bloqueadores da glicoproteí- na dose de 100 U EV em infusão durante 2h (Grau de Recomen-
na IIb-IIIa em pacientes com SCA em relação à redução de IAM, dação I, Nível de Evidência C). A trombólise na embolia pulmo-
reinfarto, isquemia miocárdica recorrente e necessidade de re- nar, como em qualquer outra situação clínica, apresenta uma
vascularização miocárdica, não se observando, entretanto, redu- série de contra-indicações que devem ser respeitadas. Além
ção da mortalidade 182-188. Firma-se a indicação do tirofiban dos pacientes clinicamente instáveis, um subgrupo de pacientes
quando não há uma atitude invasiva planejada em pacientes com estabilidade hemodinâmica e ventilatória, porém com dis-
com alto ou médio risco, ou seja, com persistência da isquemia, função do ventrículo direito ao ecocardiograma, pode também
troponina elevada outras variáveis de risco (Grau de Recomen- se beneficiar do uso de trombolíticos. (Grau de Recomendação
dação IIa, Nível de Evidência A). Já o abciximab parece ser me- IIa, Nível de Evidência C).
lhor indicado quando houver uma atitude invasiva imediata pla-
nejada, independentemente do risco (Grau de Recomendação I,
Nível de Evidência A). Os pacientes que inicialmente utilizarem

62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Tratamento inicial da dissecção aguda da aorta imprescindível. Segundo Marsella (2012), as principais patolo-
gias que determinam o EAP são: Isquemia miocárdica aguda
No caso de suspeita clínica de dissecção aguda da aorta a te- (com ou sem infarto prévio), hipertensão arterial sistêmica, do-
rapêutica farmacológica deve ser instituída o mais rápido possí- ença valvar, doença miocárdica primária, cardiopatias congêni-
vel com objetivo de estabilizar a dissecção e evitar complicações tas e arritmias cardíacas, principalmente as de frequência muito
catastróficas, como a ruptura da aorta. Para isso o tratamento elevada.
padrão é feito através do uso de vasodilatadores, como o nitro- Sallum (2013) salienta que a causa mais comum do EAP é
prussiato de sódio, em associação com betabloqueadores (pro- insuficiência ventricular esquerda, onde há uma incapacidade
pranolol, metoprolol, esmolol ou atenolol) (preferencialmente desta cavidade em bombear o sangue para fora do coração. Esta
venoso), visando a redução do cronotropismo e do inotropismo, pode ocorrer por diversos motivos, entre eles estão à hiperten-
ou utilizar o labetalol que possui ambos os efeitos (Grau de Re- são arterial, doenças das válvulas cardíacas, doenças do múscu-
comendação I e Nível de Evidência C e D). Nos pacientes com lo cardíaco, arritmias cardíacas e distúrbios da condução elétrica
contra-indicação ao uso de betabloqueadores podemos utili- do coração, entre outras doenças cardíacas. Sendo que em algu-
zar o enalaprilato venoso. O controle da dor deve ser feito com mas situações, a infusão excessiva de líquidos, pode acarretar
sulfato de morfina, que também auxilia na redução da pressão um quadro de edema agudo de pulmão.
arterial e estabilização da dissecção. Os pacientes deverão ser A formação de edema nos pulmões ocorre do mesmo modo
submetidos à monitorização oxi-dinâmica, do débito urinário e que em outras partes do corpo. Qualquer fator que faça com
da pressão arterial, e encaminhados à unidade de terapia inten- que a pressão do líquido intersticial pulmonar passe de nega-
siva e/ou ao centro cirúrgico tão logo indicado e possível. Aque- tiva para positiva, provoca uma súbita inundação dos espaços
les com instabilidade hemodinâmica deverão ser colocados em intersticiais e dos alvéolos, com grande quantidade de líquido
suporte ventilatório e submetidos a monitorização invasiva da livre, tendo como causas mais comuns a insuficiência cardíaca
pressão arterial e das pressões do coração direito para melhor esquerda ou doença valvular mitral com consequente aumento
controle das pressões de enchimento e do débito cardíaco, além na pressão capilar pulmonar e inundação dos espaços intersti-
das variáveis de oxigenação tissular. ciais e alveolares. Também a lesão da membrana dos capilares
O tratamento cirúrgico imediato é reservado para as dissec- pulmonares, causada por infecções como pneumonias ou pela
ções agudas que envolvam a aorta ascendente ou o arco aór- inalação de substâncias nocivas como os gases cloro ou dióxi-
tico (tipo A de DeBakey) e para dissecções distais complicadas do de enxofre, acarreta a rápida saída de líquido e de proteínas
(oclusão de um ramo aórtico importante, extensão da dissecção plasmáticas de dentro dos capilares. (GUYTON, 2006).
e evidências de ruptura aórtica) ou não estabilizadas com o tra-
tamento clínico. (Grau de Recomendação I e Nível de Evidência C EDEMA AGUDO DE PULMÃO
e D). Em pacientes com dissecção não complicada que poupem
a aorta ascendente (tipo B) e com dissecção crônica da aorta o O edema pulmonar uma condição definida pelo acúmulo
tratamento clínico é o passo inicial. (Grau de Recomendação I e anormal de líquido no tecido pulmonar, no espaço alveolar ou
Nível de Evidência C e D). em ambos, se apresentando como uma condição grave. Ocorre,
na maioria dos casos, em consequência do aumento da pressão
4) suporte de vida em situações de edema agudo de pul- microvascular proveniente da função ventricular esquerda ina-
mão; dequada, o que leva ao refluxo de sangue para dentro da vascu-
latura pulmonar (BRUNNER &SUDDARTH, 2009).
O edema agudo de pulmão (EAP) é um evento que acontece
e forma clínica, e que é caracterizado por um acúmulo súbito e PRINCIPAIS SINTOMAS
anormal de líquido nos espaços extra vasculares do pulmão, que
representa uma das mais dolorosas e dramáticas síndromes car- As principais manifestações clínicas do edema agudo de
diorrespiratórias, e que ocorre de maneira muito frequente nas pulmão são: dispnéia intensa, ortopnéia, tosse, escarro cor de
unidades de emergência e de terapia intensiva. Na maioria das rosa e espumoso. Em geral o paciente apresenta-se ansioso, agi-
vezes é consequência da insuficiência cardíaca esquerda, onde tado,sentado com membros inferiores pendentes e utilizando
a elevação da pressão no átrio esquerdo e capilar pulmonar é o intensamente a musculatura respiratória acessória. Há dilatação
principal fator responsável pela transpiração de líquido para o das asas do nariz, retração intercostal e da fossa supraclavicu-
interstício e interior dos alvéolos, com interferência nas trocas lar. A pele e as mucosas tornam-se frias, acinzentadas, às vezes
gasosas pulmonares e redução da pressão parcial de oxigênio no pálidas e cianóticas, com sudorese fria sistêmica. Pode haver
sangue arterial (TARANTINO, 2007). referência de dor subesternal irradiada para o pescoço, mandí-
O fluxo aumentado de líquidos, que são provenientes dos bula ou face medial do braço esquerdo em casos de isquemia
capilares pulmonares para o espaço intersticial e alvéolos, que miocárdica ou IAM. No exame físico, pode-se constatar taquicar-
se acumulam nessas regiões ao ultrapassarem a capacidade de dia, ritmo de galope, B2hiperfonética, pressão arterial elevada
drenagem dos vasos linfáticos, promovendo uma troca alvéolo- ou baixa (IAM, choque cardiogênico), estertores subcreptantes
-capilar de forma inadequada (FARIA ET AL, 2010). inicialmente nas bases, tornando-se difusos com a evolução do
Com base nestes contextos, analisar a participação da equi- quadro. Roncos e sibilos difusos indicam quase sempre bronco-
pe de enfermagem no sentido de reabilitação do paciente no espasmo secundário. O quadro clínico agrava-se progressiva-
decorrer deste acontecimento que ocorre de forma frequente, mente, culminando com insuficiência respiratória, hipoventila-
embora seja ele um evento que requer cuidados minuciosos é ção, confusão mental e morte por hipoxemia (PORTO, 2005).

63
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Deve-se basear no achado das seguintes alterações: pacien- 5) suporte de vida em situações de crise hipertensiva;
te com queixa de dispnéia, geralmente de início súbito, asso-
ciada à tosse e a sinais de liberação adrenérgica (taquicardia, Crise Hipertensiva é uma condição clínica caracterizada por
palidez cutânea, sudorese fria, hipertensão e ansiedade). Sinais elevação aguda ou crônica da PA (Níveis de Pressão Diastólica
de esforço da musculatura inspiratória, com uso dos músculos superior a 130 mmHg) em associação ou não com manifestações
acessórios da respiração, tiragem intercostal e batimento de de comprometimento de órgãos-alvo (cardiovasculares, neuro-
asas de nariz. Taquipnéia e expiração forçada, inclusive com pre- lógicas e renais). As manifestações clínicas das crises hipertensi-
sença de respiração abdominal. Ausculta pulmonar variada, po- vas dependem do grau de disfunção dos órgãos-alvo. Os níveis
dendo-se encontrar, mais comumente, estertores inspiratórios pressóricos absolutos podem não ter importância, mas sim a
e expiratórios de médias e grossas bolhas. Também é comum velocidade de elevação que esta ocorreu.
o encontro de murmúrio vesicular mais rude, com roncos e si- Pacientes com hipertensão de longa data podem tolerar
bilos. Outros achados que podem ajudar a definir etiologia do pressões sistólicas de 200 mm Hg e diastólicas superiores a 150
EAP são: presença de dor torácica compatível com insuficiência mm Hg, entretanto crianças ou gestantes podem desenvolver
coronariana, galope cardíaco (B3 e/ou B4), sopros cardíacos e encefalopatia com pressões diastólicas de 100 mm Hg. Cerca de
deslocamento da posição do ictus cardíaco (sinal de aumento da 10 a 20% da população adulta em nosso país apresenta Hiper-
área cardíaca) (MASELLA, 2012). tensão Arterial Sistêmica; estudos mostram que emergências
hipertensivas ocorrem em menos de 1% dos pacientes hiper-
ACHADOS DIAGNÓSTICOS tensos, esses pacientes desenvolverão um ou mais episódio de
emergência hipertensiva.
Através da ausculta pulmonar revela-se presença de ester- O mecanismo responsável pela elevação da PA não é clara-
tores nas bases pulmonares, que progridem para os ápices dos mente conhecido, no entanto, elevações dos níveis de renina,
pulmões, sendo estes causados pela movimentação de ar atra- adrenomodulina e peptídeo atrial natriurético foram encontra-
vés do líquido alveolar. Pode ocorrer de o paciente apresentar dos em alguns pacientes com emergências hipertensivas. Uma
taquicardia, e queda nos valores da oximetria de pulso, e quan- elevação súbita da PA secundária a um aumento da resistência
do analisada a gasometria verifica-se o agravamento da hipoxe- vascular periférica parece estar envolvida nos momentos ini-
mia (BRUNNER &SUDDARTH, 2009). ciais; o fumo, possivelmente mediando lesão endotelial, é um
antigo suspeito de estar envolvido na gênese das emergências
TRATAMENTO hipertensivas (fumantes têm 5x mais chances de desenvolver hi-
pertensão maligna); fatores genéticos e imunológicos também
Consiste de medidas medicamentosas como a oxigeniotera- podem ter papel importante.
pia para melhora da saturação de oxigênio, de diuréticos (como Os pacientes portadores de feocromocitoma ou hiper-
a furosemida) que é fundamental na redução da pré-carga, opi- tensão renovascular apresentam uma incidência de elevações
óides (sendo o mais utilizado a morfina) sendo de extrema eficá- abruptas de pressão arterial mais alta do que o esperado para
cia na redução do retorno venoso e na diminuição no consumo outras causas de hipertensão arterial. Alguns autores acreditam
de oxigênio pelo miocárdio, vasodilatador coronariano (dobuta- que a ativação do sistema renina-angiotensina esteja envolvida
mina normalmente é a droga de escolha) pelo efeito inotrópico no desenvolvimento das emergências hipertensivas, assim a re-
positivo, vasodilatador venoso e arterial (como o nitroprussiato dução do volume circulante causada, entre outros motivos, pela
de sódio) oferece rápida e segura redução da pressão arterial, e ação de diuréticos de alça – como a furosemida – pode estar
medidas mecânicas como a ventilação mecânica invasiva e não associada a elevações abruptas de pressão arterial e à lesão en-
invasiva e a intubação (SALLUM E PARANHOS, 2013). dotelial dos quadros de emergência hipertensiva.
Porém Carvalho (2008), demonstra que o tratamento de Uma vez iniciado o processo lesivo vascular, surge um ciclo
EAP busca diminuir a pressão de preenchimento ventricular e vicioso com secreção de substâncias vasoconstritoras e vasotó-
melhorar o fornecimento de oxigênio, baseando-se na adminis- xicas, como o TNFa, que perpetuam o processo.
tração de nitratos, diuréticos e oxigênio.
Sintomas e sinais de alerta na crise hipertensiva
CUIDADOS DE ENFERMAGEM Neurológicos: Relaxamento da Consciência, Sinais Focais
(localizatórios), Cefaleia Súbita Intensa, Presença de Sinais Me-
Conforme Sallum e Paranhos (2013) as ações de enferma- níngeos e Alterações agudas no fundo do olho;
gem incluem organização e provimento de recursos materiais e Cardiológicos: Dor Torácica Isquêmica, Dor Torácica Intensa,
humanos, mas também descrevem outros cuidados como: Congestão Pulmonar e Presença de 3ª Bulha;
Posicionar o paciente sentado, elevando a cabeceira a 60° Renais: Presença de edema recente, diminuição do volume
ou 90° deixando os membros inferiores pendentes, assim redu- urinário, hematúria, proteinúria e elevação dos níveis de crea-
zindo retorno venoso e propiciando máxima expansão pulmo- tinina;
nar; Na abordagem do paciente hipertenso grave na emergência
Posicionar em Fowler alto. médica é necessária uma história e um exame físico direciona-
Instalar máscara facial de oxigênio com reservatório, sele- dos, porém acurados na busca da presença de lesão de órgão-
cionando um fluxo de 10 L/min; -alvo, particularmente na busca de sintomas e sinais de alerta,
Aspirar às secreções se necessário para manter as vias aé- são cruciais para a segurança do paciente e para a boa prática
reas permeáveis; clínica; a história deve investigar as características dos sintomas

64
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
do paciente. Muitos pacientes apresentam-se na emergência inicial do nitroprussiato envolve a liberação não enzimática de
apenas após a constatação da elevação dos níveis pressóricos cianogênio, o qual é rapidamente convertido em tiocinato, por
em uma medida rotineira de pressão arterial. meio de uma ação catalisadora por enzima hepática.
O exame físico deve incluir a pesquisa da presença de si- Embora essa reação seja irreversível, o tiocinato pode ser de
nais de irritação meníngea, fundo de olho para buscar edema forma lenta convertido em cianeto pela ação de uma tiocinato
de papila, hemorragias e exsudatos; o exame neurológico deve oxidase presente nos eritrócitos. (GUERRA et al.,1988). Muitos
procurar a presença de rebaixamento de nível de consciência, dos efeitos tóxicos que se observam durante o uso do nitroprus-
confusão mental ou agitação psicomotora, presença de sinais siato são notados em envenenamento por cianeto e tem sido su-
neurológicos focais, particularmente os sinais deficitários; a aus- gerido que esse último composto seria responsável pelos efeitos
culta cardíaca deve buscar a presença de 3ª ou 4ª bulha e sopro tóxicos pelo uso prolongado da droga em pacientes. O início da
de insuficiência aórtica; a ausculta pulmonar deve procurar a ação do nitroprussiato de sódio é imediato e persiste enquanto
presença de sinais de congestão pulmonar; o exame físico deve perdura a infusão da droga, atua tanto nos vasos de capacitância
incluir, ainda, a palpação da aorta abdominal e a pesquisa de como nos vasos de resistência. Produz redução muito rápida nas
pulsos periféricos, incluindo o pulso carotídeo. pressões arterial e venosa central e um aumento moderado na
É importante avaliar a presença de deterioração da função frequência cardíaca.
renal, buscando a presença de edema, diminuição de volume Também é potente vasodilatador cerebral, causando au-
urinário e hematúria; em pacientes com pressão arterial dias- mento da pressão intracraniana responsável pela cefaleia pul-
tólica superior a 130 mmHg, impõe-se a dosagem de creatinina sátil experimentada por alguns pacientes. Os vasos da retina
sérica e a análise urinária para pesquisar a presença de hematú- podem relaxar-se e aumentar a pressão intraocular, o que fa-
ria e proteinúria; a estratificação de risco desses pacientes está vorece a crise aguda do glaucoma. O nitroprussiato de sódio é
na confirmação ou na exclusão de existência de lesão aguda (em indicado nas crises hipertensivas e também é útil para produzir
curso) de um órgão-alvo. Caso não seja possível excluir a exis- hipotensão em alguns procedimentos cirúrgicos, assim como
tência de lesão, deve-se assumir a presença de lesão aguda e para diminuir a resistência periférica em pacientes com infarto
tratar conforme o órgão lesado. do miocárdio, ocasionando melhora no desempenho cardíaco,
que é acompanhado pelo aumento do volume urinário e excre-
ção de sódio.
A Crise Hipertensiva é dividida em urgência hipertensiva e
A toxidade aguda do Nitroprussiato é secundária à vasodi-
emergência hipertensiva:
latação excessiva e à hipotensão. Podem ocorrer náuseas, vômi-
• Urgência Hipertensiva: não existe o comprometimento
tos, sudorese, agitação, cefaleia, palpitação, apressão subester-
instalado dos órgãos-alvo (coração, artérias, cérebro e rins).
nal e síncope, devido ao deslocamento da massa sanguínea para
Após a avaliação médica o paciente geralmente recebe medi-
as áreas esplênicas e periféricas, com possível hipóxia cerebral.
cações por via oral ou sublingual e é tratado ambulatorialmente
e em domicílio; o controle da Pressão Arterial é feito em até 24 Os principais cuidados de enfermagem na administração
horas; desta medicação são:
• Emergência Hipertensiva: existe o comprometimento ins- • Preparo e diluição da medicação conforme padronização
talado e iminente dos órgãos-alvo (coração, artérias, cérebro e e/ou prescrição médica (geralmente é diluído em 250 ml de so-
rins); após a avaliação médica é indicado tratamento hospitalar lução fisiológica ou glicose 5%);
em CTI’s e administração de vasodilatadores endovenosos. Essa • Controle rigoroso de gotejamento, instalar preferencial-
crise é acompanhada por sinais que indicam as lesões nos ór- mente em bomba de infusão e verificar continuamente a infu-
gãos-alvo, tais como: encefalopatia hipertensiva, edema agudo são correta do medicamento;
de pulmão, acidente vascular encefálico, infarto agudo do mio- • Controle da pressão arterial do paciente (algumas biblio-
cárdio ou dissecção aguda da aorta, nestes casos há o risco imi- grafias indicam controle a cada cinco minutos, outras a cada 15
nente de morte; a 30 minutos. É importante seguir as orientações do enfermeiro
na observação e aferição da pressão arterial, uma vez que nas
Segundo Uenishi (1994), os principais cuidados de enferma- primeiras horas de infusão da medicação será necessária a ve-
gem no tratamento das crises hipertensivas são: rificação em intervalos menores e/ou conforme a apresentação
• Manter o paciente em ambiente calmo e tranquilo; de sinais e sintomas no paciente); o mais indicado é que o pa-
• Puncionar veia periférica; ciente esteja monitorizado com monitor multiparâmetros, que
• Monitorizar adequadamente (PA, ECG e Débito Urinário); verifica constantemente o pulso, pressão arterial e oximetria;
• Instalar medicação prescrita anti-hipertensiva em bombas Observação: todos os sinais e resultados obtidos devem
de infusão; obrigatoriamente ser anotados no prontuário do paciente, bem
• Para pacientes com infusão intravenosa de vasodilatado- como os horários de instalação da medicação e possíveis mu-
res, obter parâmetros de sinais vitais a cada cinco minutos até a danças em gotejamentos, conforme a orientação médica.
redução desejada da pressão arterial.
6) suporte de vida em situações de infarto agudo do mio-
Um dos principais medicamentos vasodilatadores utilizados cárdio;
nas emergências hipertensivas é o nitroprussiato de sódio, que
é um potente vasodilatador. Sua ação é semelhante ao nitrito, As doenças cardiovasculares (DCV) atualmente estão entre
que atua diretamente sobre o músculo liso dos vasos sanguíne- as principais causas de morbidade, incapacidade e morte no
os, provavelmente por causa da porção nitrosa. O metabolismo Brasil e no mundo, sendo responsáveis por 39% das mortes re-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
gistradas em 2008. Os gastos com estes pacientes totalizaram Desse modo, essas placas nada mais são do que o amonto-
1,2 milhões em 2009 e, com envelhecimento da população e ado de células no interior dos vasos sanguíneos. Lesões dos pró-
mudança dos hábitos de vida, a prevalência desta doença tende prios vasos, assim como depósitos de gordura que vão desen-
a aumentar ainda mais futuramente (BRASIL, 2008). A Organiza- volvendo-se com o tempo, constituem-se verdadeiras “rolhas”
ção Pan-americana de Saúde (OPAS) reconhece a necessidade no interior das artérias do coração. O infarto do miocárdio está
de uma ação integrada contra as Doenças cardíacas e irá propor mais repetidamente unido a uma causa mecânica, ou seja, sus-
aos países membros que estabeleçam a meta global de reduzir pensão do fluxo sanguíneo para uma área específica por causa
a taxa de mortalidade por esta em 20% na década de 2011-2020 da obstrução total parcial da artéria coronária responsável por
em relação à década precedente. Entre as causas de morte e sua irrigação. A dimensão da necrose depende de muitos fatores
hospitalização, destacam-se as síndromes coronarianas agudas que possam ter ocorrido tais como o tamanho da artéria lesada,
(SCA), incluindo o infarto agudo do miocárdio (IAM) e a angina tempo de desenvolvimento da obstrução e desenvolvimento da
instável (AI) (ESCOSTEGUY et al., 2005). Em situações de emer- circulação colateral (CHIAVENATO, 2010).
gências, ao admitir um paciente grave, o enfermeiro é o profis- O infarto significa a morte de uma parte do músculo cardí-
sional que realizará a triagem em serviço de emergência, cabe aco (miocárdio), por falta de oxigênio e irrigação sanguínea. A
a ele avaliar o paciente, determinar as necessidades de priori- oxigenação necessária ao funcionamento do coração sucede por
dade e encaminhá-lo para a área de tratamento. Sendo assim, um conjunto de vasos sanguíneos, as chamadas artérias coroná-
o enfermeiro é o profissional da equipe de emergência a ter o rias. Quando uma dessas artérias que irrigam o coração impede
primeiro contato com o paciente, cabendo-lhe o papel de orien- o abastecimento de sangue e oxigênio ao músculo, redundando
tador nos procedimentos que serão prestados. em um processo de destruição irreversível, podem ocasionar pa-
rada cardíaca (morte súbita), morte tardia ou insuficiência cardí-
Importância dos atendimentos de emergência aca com sérias limitações de atividades físicas (TEIXEIRA, 2010).
A emergência é uma propriedade que uma dada situação Os pacientes que passam por um infarto, são comumente
assume quando um conjunto de circunstâncias a modifica. A as- do sexo masculino, pois são mais facilmente vulneráveis que as
sistência em situações de emergência e urgência se caracteriza mulheres. Isso porque, acredita-se que as mulheres possuam
pela necessidade de um paciente ser atendido em um curtíssi-
uma eficácia protetora que é a produção de hormônios (estróge-
mo espaço de tempo. A emergência é caracterizada como sendo
no), tanto que após a menopausa, pela falta de produção desse
a situação onde não pode haver uma protelação no atendimen-
hormônio, a circunstância de infarto na mulher cresce de sobre-
to, o mesmo deve ser imediato (CINTRA, 2003). Ressalta este
maneira (SILVEIRA, 2006).
autor, que necessidade da formação do enfermeiro em atuação
O infarto do miocárdio pode também ocorrer em pessoas
nas unidades emergenciais apresenta a importância dos pro-
que têm as artérias coronárias normais. Isso acontece quando
cedimentos teóricos que aprendemos como enfermeiros que
as coronárias apresentam um espasmo, contraindose violen-
o socorro nos momentos após um acidente, principalmente as
duas primeiras horas são os mais importantes para se garantir a tamente e também produzindo um déficit parcial ou total de
recuperação ou a sobrevivência das pessoas feridas. oferecimento de sangue ao músculo cardíaco irrigado pelo vaso
Os casos de urgência se caracterizam pela necessidade de contraído (MALVESTIO, 2002).
tratamento especifico, o paciente será encaminhado para a
especialidade necessária, ortopedia, cirurgia geral, neurologia Segundo o autor acima os sinais e sintomas do IAM:
e clínica médica. Neste caso o risco de vida é pouco provável.
Quanto à atenção hospitalar às vítimas de acidentes e violências • Dor intensa e prolongada no peito;
reúne-se de forma complexa a estrutura física, a disponibilidade • Dor que se irradia do peito para os ombros, pescoço ou
de insumos, o aporte tecnológico e os recursos humanos espe- braços;
cializados para intervir nas situações de emergência decorrentes • Dor prolongada na “boca do estômago”;
dos acidentes e violências. As emergências são as principais por- • Desconforto no tórax e sensação de enfraquecimento;
tas de entrada desses pacientes no hospital; considerando a gra- • Respiração curta mesmo no estado de repouso;
vidade das lesões, a assistência demandará ações de diferentes • Sentir tonteira;
serviços e poderá exigir um tempo considerável de internação, • Náusea, vômito e intensa sudorese;
acarretando um custo elevado. • Ataques de dor no peito que não são causados por exer-
cício físico.
Os autores Tacsi e Vendruscolo (2004) consideram que o
enfermeiro no setor de emergência deve adotar estilos de lide- Contudo, há de ser levado em consideração que existem em
rança participativa e compartilhar e/ou delegar funções. São as muitos indivíduos um componente genético importante na sus-
principais habilidades, para o gerenciamento da assistência: a cetibilidade individual para o desenvolvimento da arterioscle-
comunicação, o ao paciente, em casos de emergência, seja dire- rose, embora sua natureza até o momento não seja entendida,
cionado, planejado e livre de quaisquer danos. essa suscetibilidade genética pode interferir nas características
O Infarto do Miocárdio Segundo Lima (2007), o termo in- bioquímicas e fisiológicas, acelerando o processo da doença.
farto designa a necrose do miocárdio que se instala secundaria- Esse componente genético é definido como herança genética ou
mente à interrupção aguda do fornecimento de sangue através características não modificáveis.
das coronárias. A destruição do músculo do coração é motivada, A assistência da equipe de enfermagem no atendimento à
geralmente, por depósitos de placas de ateroma nas artérias co- vítima de infarto agudo do miocárdio O enfermeiro tem um pa-
ronárias. pel importante na assistência, tem sido discutido políticas e es-

66
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
tratégias de saúde em relação a doenças cardiovasculares, para Em estudo realizado por Donnellan, Sweetman e Shelley
que a enfermagem atue na promoção e recuperação da saúde (2013a), no qual foi avaliada a implementação de diretrizes na-
através de intervenções as quais objetiva alcançar os resultados cionais de AVE, foi observado que o instrumento consiste em
esperados, estabelecendo protocolos que consiste em passos a um conjunto de orientações específicas à conduta terapêutica,
serem dados para a realização de suas ações sistemática na se- contemplando o que, quem, quando, onde e como a assistência
quência que devem ser executado. O enfermeiro, por meio de deve ser realizada, porém ressalta que deverá ser adaptado ao
seus cuidados, é um profissional essencial na assistência e recu- uso no ambiente clínico.
peração da saúde da vítima de IAM (BRANDÃO, 2003). Os resultados encontrados por Oostema e outros auto-
O atendimento de emergência nas Unidades Hospitalares res (2014) dão suporte às afirmativas da literatura. Os autores
tem importante papel na recuperação e manutenção da saúde observaram que a eficiência dos cuidados hospitalares aos pa-
do indivíduo. Recuperar a saúde e mantê-la se estabelece com cientes esteve relacionada à utilização das recomendações das
uma assistência à saúde de qualidade e equipe multidisciplinar diretrizes nacionais, visto que proporcionou chegada em cena
voltada para o indivíduo como um todo na sua integralidade, precoce, avaliação mais rápida, utilização aumentada da terapia
atentando para aspectos que envolvem a atuação eficaz, efi- trombolítica e a tempos de porta-agulha reduzidos para a admi-
ciente, rápida e com bom conhecimento clínico e científico. A nistração trombolítica.
atuação do enfermeiro encaixa-se naquela equipe supracitada e Ao ser admitido no serviço de emergência, o paciente deve
é primordial para os serviços de saúde no tocante à promoção à ser avaliado com base em protocolos que definem as principais
saúde dos clientes/pacientes que são assistidos em serviços de manifestações clínicas da doença e indicam o melhor trata-
Urgência e Emergência. mento no melhor tempo resposta, reduzindo as complicações
provenientes do AVE e melhorando o prognóstico do paciente
7. suporte de vida em situações de acidente vascular ence- (SANDER, 2013).
fálico; Blomberg e outros autores (2014) constataram que a uti-
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) constituem lização de algoritmo específico no atendimento pré-hospitalar
a primeira causa de mortalidade na população mundial (CRUZ, (APH) permitiu uma alta precisão no diagnóstico do AVE e eficá-
cia na corrente de sobrevivência. Destacaram a utilização de in-
2015). São responsáveis por um elevado número de mortes pre-
tervenções específicas, incluindo suporte de oxigênio, inserção
maturas, diminuição da qualidade de vida e impactos socioeco-
de cateteres venosos periféricos, exame neurológico e reação
nômicos, envolvendo a taxa de mortalidade, os custos do trata-
pupilar, transporte imediato com elevada prioridade médica e
mento, déficit motor e redução cognitiva dos pacientes (STONE,
comunicação precoce à instituição que receberá o paciente.
2013; MALTA et al., 2015).
As diretrizes da Associação Americana de AVE recomendam
As DCNT incluem neoplasias, doenças respiratórias crô-
que a avaliação e o diagnóstico rápidos dos pacientes devem
nicas, diabetes mellitus e doenças do aparelho circulatório. O
proporcionar um tempo de porta-agulha não superior a 60 mi-
Acidente Vascular Encefálico (AVE) é classificado nesta última, nutos (BRETHOUR, 2012). Associado a isto, o autor evidenciou
sendo um distúrbio neurológico no qual ocorre perda da função que a administração do t-PA dentro das primeiras 3 horas do iní-
encefálica em decorrência da ruptura do aporte sanguíneo para cio do quadro em uma dose de 0,9 mg/kg proporciona melhora
uma região do encéfalo com instalação súbita de causa vascular na perfusão cerebral e reduz significativamente a incapacidade
(CARNEIRO et al., 2015; OLIVEIRA et al., 2016). sem aumento no risco de morte do paciente.
O AVE é mais frequente após os 60 anos, sendo responsável As princiais dificuldades para implementação de protocolos
por 847.694 internações hospitalares no Brasil nos últimos cinco são: falta de adesão pela equipe multiprofissional, conhecimen-
anos, por 27,6% (234.326) na região Nordeste do país e 0,46% to deficiente, ausência de estrutura física no ambiente de assis-
(3.969) em Sergipe (BRASIL, 2016). Nos anos de 2012, 2013 e tência e falta de investimento em equipamentos e tecnologia
2014 correspondeu a 249.470 óbitos no Brasil, 28,5% (71.279) avançada (FRANGIONE-EDFORT, 2014).
na região Nordeste e 1,02% (2.565) em Sergipe (BRASIL, 2016). Moura e Casulari (2015) defendem que o uso de protocolos
Dos sobreviventes, cerca de 50% necessitam de cuidados espe- no atendimento ao paciente com AVE melhora o atendimento
ciais e auxílios para desenvolvimento de suas atividades em lon- significativamente. Corroborando com a afirmativa, Donnellan,
go prazo (CRUZ, 2015). Sweetman e Shelley (2013b) afirmam que a adesão aos proto-
O Ministério da Saúde (MS), baseado na linha do cuidado colos é associada a desfechos favoráveis no tratamento ao AVE,
do AVC, instituída pela Portaria MS/GM nº 665 de 12 de abril de aumentando a sobrevida e reduzindo os custos hospitalares.
2012, instituiu o Manual de rotinas de atenção ao AVE, o qual
tem como objetivo apresentar protocolos, escalas e orientações Atuação do enfermeiro no manejo do AVE
aos profissionais de saúde no manejo clínico ao paciente aco- Durante o período de permanência em internação hospita-
metido pela doença, garantindo assistência de qualidade nos lar, o paciente acometido por AVE recebe a assistência de uma
serviços de saúde nacionais (BRASIL, 2013). equipe multidisciplinar que desenvolve ações com o objetivo de
A utilização de protocolos institucionais pré-definidos de melhorar o estado de saúde e consequente alta hospitalar. O en-
atendimento a pacientes com AVE requer a participação de uma fermeiro, durante o seu turno de trabalho, é o profissional que
equipe multidisciplinar. Nesta, o enfermeiro está inserido como possui maior contato com o paciente, sendo responsável pela
responsável direto na assistência prestada, permitindo o reco- maior parte dos cuidados e procedimentos (SOUZA et al., 2014).
nhecimento precoce de sinais e sintomas sugestivos da doen- No processo de cuidado ao paciente com AVE, o enfermeiro
ça e uma conduta diagnóstica ou terapêutica de forma segura deve atuar com o objetivo de minimizar as sequelas provenien-
(MONTEIRO, 2015). tes da doença, além de desenvolver uma assistência com foco

67
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
no estado físico, espiritual e mental. Para isso, esse profissional 8) suporte de vida em situações de estados de choque;
deve identificar as principais necessidades do paciente, elaborar
um plano de cuidados individualizado e garantir que o mesmo
seja implementado de maneira eficaz (BARCELOS et al., 2016).
Hinkle (2014) destaca que estes profissionais devem reali-
zar e registrar um exame físico eficiente pactuado na escala de
AVE dos Institutos Nacionais de Saúde (NIHSS). Afirma ainda
que este instrumento deva ser empregado continuamente na
fase aguda do AVEi, em pacientes pós-AVEh ou com suspeita de
Ataque Isquêmico Transitório (AIT) a fim de identificar o estado
neurológico, avaliar eficácia do tratamento e prever um desfe-
cho para conduta clínica.
A escassez de neurologistas prontamente disponíveis em
serviços hospitalares dos Estados Unidos favoreceu o desenvol-
vimento de práticas avançadas de enferma gem. Estas práticas
evidenciadas pelo autor contemplam a atuação dos enfermei-
ros na identificação, tomada de decisão de tratamento e gestão
contínua de pacientes com AVE (BRETHOUR, 2012).
Em estudo de Blomberg e colaboradores (2014) foi avaliado
o nível de concordância entre enfermeiros e médicos na condu-
ção clínica do AVE, evidenciando similaridade entre os profissio- Tipos de choque
nais de 78% na decisão de monitorização e intervenção precoce - Hipovolêmico – depleção do volume intravascular efetivo.
e 74% na realização da Tomografia Computadorizada (TC) de - Cardiogênico – falha primária da função cardíaca.
crânio, porém os enfermeiros apresentaram nível de precisão - Distributivo – alterações do tônus/permeabilidade vascular.
- Obstrutivo – obstrução mecânica ao enchimento do co-
em 84%.
ração.
Bergman e outros autores (2012) defendem que os enfer-
meiros devem ser capacitados para reconhecer as manifesta-
O paciente em estado de choque exige atenção total da
ções clínicas de um AVE, visto que esses profissionais, na maioria
equipe médica, devido ao risco iminente de morte. Em casos
das vezes, são responsáveis pelo acolhimento e avaliação primá-
assim, a intervenção deve ser imediata. Isso porque o tempo de
ria desses pacientes no serviço de urgência. O reconhecimento
ação e de resposta exerce influência direta na recuperação do
precoce e escolha da terapêutica adequada são fatores positivos
paciente.
para o prognóstico do paciente. O procedimento vai na contramão da premissa básica da
Yang e outros autores (2015), ao questionarem 331 enfer- enfermagem, que preza sempre a prevenção primária. No aten-
meiros e médicos sobre a capacidade de reconhecimento de um dimento ao estado de choque, entretanto, o profissional é im-
AVE, 48% referiram aptidão para reconhecer e gerenciar a situa- pelido a agir rapidamente, a fim de evitar danos estruturais ao
ção. Em seu estudo, Adelman e colaboradores (2014), ao entre- enfermo.
vistarem 875 enfermeiros sobre os sinais de alerta para o AVE, Caracterizado por uma síndrome que ocasiona a redução da
evidenciaram que 87% dos entrevistados reconheceram dois ou perfusão tecidual sistêmica, o choque leva o corpo a uma disfun-
mais sinais da doença. ção orgânica. Os órgãos deixam de receber suporte, podendo
Conforme afirmam Barcelos e outros autores (2016), as li- entrar em falência.
mitações físicas e cognitivas impostas pelo AVE são agravantes Nesse cenário, a atuação da enfermagem tem papel funda-
que podem interferir durante a realização dos cuidados pelo en- mental, sendo importante desde a assistência emergencial até a
fermeiro aos pacientes. Por este motivo, o profissional deve ser execução do plano de cuidados.
capacitado para atuar diante das dificuldades que podem surgir
durante a assistência, utilizando estratégias de cuidado que vi- A abordagem do enfermeiro inclui, pelo menos, sete pro-
sem proporcionar uma comunicação tera-pêutica efetiva. cedimentos:
Souza e outros autores (2014) evidenciaram em estudo a - Controlar a glicemia capilar
importância da comunicação verbal e não verbal entre o en- - Verificar o monitor multiparamêtrico
fermeiro e o paciente afásico, a fim de manter uma relação de - Coletar exames laboratoriais
confiança. No estudo, os enfermeiros relataram usar os ges- - Realizar oxigenoterapia
tos (100%), comunicação verbal (33,3%), comunicação escrita - Verificar a dor e realizar o controle
(29,6%) e toque (18,5%). Nesta perspectiva, é essencial que o - Determinar o decúbito, sempre de acordo com o tipo de
enfermeiro esteja preparado para realizar uma comunicação te- choque (hipovolêmico, cardiogênico e circulatório)
rapêutica efetiva, com o objetivo de prestar assistência adequa- - Realizar acesso venoso calibroso
da e de qualidade. No choque hipovolêmico, que é o tipo mais frequente, há
uma diminuição no volume intravascular. O problema pode ser
ocasionado pela perda de líquido externa ou, ainda, por deslo-
camento de líquidos internos. Aqui, os objetivos da enfermagem
no tratamento concentram-se em três etapas:

68
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Restaurar o volume intravascular Para que o Suporte Básico de Vida (SBV) seja concretizado
- Redistribuir o volume de líquidos corporais com eficiência é necessário o reconhecimento rápido e a rea-
- Reparar a causa originária da perda de líquido ao lado da lização das manobras de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP),
equipe médica tão logo for possível. utilizando de compressões torácicas de boa qualidade (SILVA;
ARAÚJO E ALMEIDA, 2017).
Para restaurar a saúde do paciente, a atuação da enferma- Com o objetivo de reverter este colapso foi desenvolvido o
gem consiste em avaliação sistemática do paciente, seja mo- método de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) que refere-se à
nitorando os índices glicêmicos ou realizando exames perio- tentativas de recuperar a circulação espontânea, sendo sua apli-
dicamente. O enfermeiro é, ainda, o profissional que executa cação universal (o que independe da causa base da PCR), com
o tratamento prescrito, monitora o paciente e o protege de atualizações protocolares sistemáticas (SILVA; ARAÚJO E ALMEI-
eventuais complicações. DA, 2017).
Ao longo da rotina, o profissional deve conservar a atu- A reanimação cardiopulmonar (RCP) é definida como o
ação humanizada, que considera a questão emocional como conjunto de manobras realizadas após uma PCR com o objetivo
de manter artificialmente o fluxo arterial ao cérebro e a outros
parte integrante do processo de cuidar. Vale ressaltar que a
órgãos vitais, até que ocorra o retorno da circulação espontâ-
assistência da enfermagem não se resume à saúde física.
nea (RCE) (NASSER E BARBIERI, 2015). Para Madeira e Guedes
A atuação do enfermeiro no estado de choque deve ser
(2010), a reanimação cardiorrespiratória cerebral é definida
capaz de promover o bem-estar integral do paciente. Além dis-
pelo conjunto de medidas diagnósticas e terapêuticas que tem
so, a aproximação com o enfermo potencializa o próprio trata- o objetivo de reverter a parada cardiorrespiratória. A RCP tem
mento, propiciando controle e monitorização constantes. por finalidade fazer com que o coração e o pulmão voltem a fun-
cionar de acordo com seu padrão de normalidade, e por ser en-
9) suporte de vida em situações de parada cardiorrespi- tendida como um conjunto de manobras destinadas a garantir
ratória; a oxigenação para todos os órgãos e tecidos, principalmente ao
Parada cardiorrespiratória (PCR) consiste na cessação de coração e cérebro.
atividades do coração, da circulação e da respiração, reconhe- O enfermeiro é vital nos esforços para reanimar um pacien-
cida pela ausência de pulso ou sinais de circulação, estando o te, sendo ele, frequentemente, quem avalia primeiro o paciente
paciente inconsciente (SILVA; ARAÚJO E ALMEIDA, 2017). Para e inicia as manobras de RCP e aciona a equipe (ARAÚJO et al.,
Nasser e Barbieri (2015), a parada cardiopulmonar ou parada 2012). Cabe ao enfermeiro e sua equipe assistir esses pacientes,
cardiorrespiratória (PCR) é definida como a ausência de ati- oferecendo circulação e ventilação até a chegada da assistência
vidade mecânica cardíaca, que é confirmada por ausência de médica, para tanto esses profissionais devem adquirir habilida-
pulso detectável, ausência de responsividade e apneia ou res- des para prestar adequadamente a assistência necessária.
piração agônica, ofegante. A enfermagem tem papel extremamente importante no
Já para Zanini, Nascimento e Barra (2006), a PCR é definida atendimento à PCR, evento em que são imprescindíveis a orga-
como o súbito cessar da atividade miocárdica ventricular útil, nização, o equilíbrio emocional, o conhecimento teóricoprático
associada à ausência de respiração. Como podemos observar da equipe, bem como a correta distribuição das funções por par-
diferentes autores se comunicam com a mesma definição para te destes profissionais, que representam, muitas vezes, a maior
PCR, utilizam palavras diferentes com mesmos significados. De parte da equipe nos atendimentos de RCP (SILVA, 2006). Silva
acordo com Silva (2004) arada cardiorrespiratória (PCR) é a (2006) relata que na maioria das vezes, o enfermeiro é o mem-
cessação súbita e inesperada das funções cardíaca e respirató- bro da equipe de saúde que primeiro se depara com o paciente/
ria. Também pode ser descrita como a inadequação do débito cliente em situação de PCR, devendo, portanto estar preparado
cardíaco que resulta em um volume sistólico insuficiente para para concentrar esforços e atuar nos acontecimentos que prece-
dem o evento da PCR, e consequentemente, na sua identificação
a perfusão tecidual decorrente da interrupção súbita da ativi-
precoce, no seu atendimento e nos cuidados pós-reanimação.
dade mecânica ventricular .
Para Silva (2017), se a manobra não for realizada correta-
Para Guimarães (2005) a RCP é o conjunto de procedimen-
mente, poderá haver uma necrose nos tecidos musculares do
tos destinados a manter a circulação de sangue oxigenado ao
coração, a diminuição ou ausência de oxigenação no cérebro,
cérebro e a outros órgãos vitais, permitindo a manutenção levando assim o paciente a óbito ou até lesões irreversíveis ce-
transitória das funções sistêmicas até que o retorno da circu- rebrais.
lação espontânea possibilite o restabelecimento da homeosta-
se. A PCR ocorre com maior frequência em UTI, uma vez que Segundo a American Heart Association 2015, o atendimen-
essas unidades assistem pacientes gravemente enfermos. Os to à PCR em Suporte Básico de Vida (SBV), compreende:
profissionais de Enfermagem devem estar aptos para reconhe- Um conjunto de técnicas sequenciais caracterizadas por
cer quando um paciente está em PCR ou prestes a desenvolver compressões torácicas, abertura das vias aéreas, respiração arti-
uma. ficial e desfibrilação ao considerar a PCR como uma emergência
A avaliação do paciente não deve levar mais de 10 segun- clínica, na qual o objetivo do tratamento consiste em preservar
dos (ZANINI; NASCIMENTO E BARRA, 2006). Vários estudos a vida, restabelecer a saúde, aliviar o sofrimento e diminuir inca-
têm demonstrado que quanto menor o tempo entre a parada pacidades, o atendimento deve ser realizado por equipe compe-
cardiorrespiratória e o atendimento, maior a chance de sobre- tente, qualificada e apta para realizar tal tarefa. Neste contexto
vida da vítima (GOMES et al., 2005 apud MADEIRA E GUEDES, destaca-se a figura do enfermeiro, profissional muitas vezes res-
2010). ponsável por reconhecer a PCR, iniciar o SBV.

69
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
De acordo com as novas recomendações da American Heart Association o correto é que os socorristas aplique uma frequência
mínima de 100 a 120 compressões torácicas por minutos (AHA, 2015). Sendo este um fator determinante do retorno da circulação
espontânea. Desta forma, a pesquisa tem o intuito de identificar a frequência com que os profissionais se atualizam quanto as novas
recomendações da AHA em relação a PCR e aos métodos de RCP, contribuindo para a formulação de estratégias eficazes de incentivos
a capacitação em saúde aos profissionais enfermeiros.

10) suporte de vida em situações de intoxicações exógenas; e


Intoxicação é o prejuízo causado em sistemas orgânicos (nervoso, respiratório, cardiovascular, etc.) devido à absorção de alguma
substância nociva. “Todas as coisas são venenosas, é a dose que transforma algo em veneno”. (Paracelso, século XVI)
• A maior parte das intoxicações ocorre na faixa-etária de 1 – 4 anos.
• Adultos – medicamentos e drogas lícitas/ilícitas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Conduta:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

• Estado geral
• ABCDE
• Sinais Vitais
• Anamnese – 5 Ws (Quem, o que, onde, quando, por que?)
• Antídoto
• Diluição?
• Êmese
• Lavagem Gástrica

Diluição:
Imediatamente
- Álcalis
- Ácidos fracos
- Hidrocarbonetos

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Nunca
- Ácidos concentrados
- Substâncias cáusticas
- Inconsciência
- Reflexo da deglutição diminuído
- Depressão respiratória
- Dor abdominal

Lavagem Gástrica:
• Recém-Nascido: 500 ml
• Lactentes: 2 a 3 litros
• Pré-Escolares: 4 a 5 litros
• Escolares: 5 a 6 litros
• Adultos: 6 a 10 litros.

Solução utilizada: Soro Fisiológico a 0,9%.


• Volume por Vez
Crianças: 5ml/Kg
Adultos: 250ml.

Carvão ativado
• Crianças < 12 anos = 1g/kg
• Adultos até 1g/kg
• Dose de ataque = 50 a 60g em 250ml SF
• Manutenção = 0,5g/kg – 4 a 6h

Monóxido de Carbono
• Gás inodoro
• Incolor.
• Tem de 200 a 300 vezes mais afinidade pela hemoglobina que o oxigênio.
• Satura a hemoglobina, impede a chegada de oxigênio em nível celular.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Conduta:
• Retirar do ambiente nocivo
• O2 em alta concentração
- O2 a 100% diminui a meia vida da COHb em cerca de 4 vezes em pressão atmosférica normal - Câmara hiperbárica a 3 atm dimi-
nui a meia vida da COHb em cerca de 13 vezes.

Meia vida da COHb = 5 horas

11) suporte de vida em situações de acidente ofídico.

Acidente por animais por animais peçonhentos é considerado um problema de saúde pública em países tropicais. O aumento do
número de notificações tem sido registrado pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Animais peçonhentos são
descritos pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicos (SINTOX) como o segundo maior agente de intoxicação huma-
na no Brasil, suplantado apenas por medicamentos1 . Animais peçonhentos são caracterizados como aqueles que possuem glândulas
produtoras de veneno ou substância tóxica e um aparelho especializado utilizado na inoculação do veneno. Dessa forma, no mundo
existem cerca de 100.000 espécies peçonhentas. Sendo que no Brasil os animais peçonhentos mais comuns são escorpiões, aranhas,
abelhas, arraias, serpentes e vespas. O atendimento médico pré-hospitalar foi criado devido ao aumento exacerbado de enfermidades
relacionados a situações de urgência e emergência, com o objetivo de uma intervenção precoce
A atenção primária às urgências e emergências era considerada um problema para o SUS, devido a isso, em 2000 foi instituída a
Política Nacional de Atendimento às Urgências (PNAU), tendo como componente o Serviço Móvel de Urgência (SAMU) que foi instituí-
do pela portaria n. 1.863/03 sendo posteriormente fonte da portaria 1.864/0. Os pilares da PNAU foram fundamentados na promoção
da qualidade de vida, operação de centrais de regulação, capacitação e educação continuada, humanização da atenção e organização
em rede. As intoxicações representam grande volume dos atendimentos da emergência tanto de adultos quanto pediátricos.
Os acidentes por animais peçonhentos também são descritos como acidentes domésticos em que crianças constituem a parcela
da população mais acometida de acordo com Mota e Andrade (2014). Pacientes que sofreram acidentes por animais peçonhentos
devem ser atendidos por unidade especializada em urgência clínica devido à necessidade de rapidez para neutralização das toxinas
inoculadas durante o acidente e introdução de medidas de sustentação das condições. O tempo decorrido entre o acidente e o aten-
dimento médico é condicionante para a recuperação das vítimas e determina a evolução para um quadro mais leve ou mais grave..
Ainda há um déficit em relação à presença de um perfil nacional confiável devido ao grande número de subnotificações. Dessa forma,
a administração da soroterapia é necessária ser realizada o mais precoce possível. Para que isso ocorra é imprescindível o conheci-
mento da forma de identificação do animal peçonhento principalmente pelos profissionais de atendimento préhospitalar móvel, que
tem o contato mais precoce com esse paciente.

Atendimento Pré Hospitalar


O intervalo de tempo entre o acidente e o atendimento é descrito como estar relacionado diretamente com a gravidade e prog-
nóstico do acidente . O acidente ofídico apresenta maior prevalência de complicações entre os tipos de acidentes peçonhentos, de-
pendendo do quadro do paciente, pode evoluir com complicações como, necrose tecidual, síndrome compartimental, insuficiência
renal aguda, choque. Estudo realizado por Ribeiro et al. (1998). Ao analisar os óbitos evidenciou que foram pacientes atendidos mais
tardiamente. A soroterapia é o único tratamento indicado para neutralizar a ação dos venenos dos animais peçonhentos, o soro con-
tém anticorpos específicos para cada tipo de acidente. Quando aplicados corretamente e em tempo hábil pode evitar e até reverter

75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
a maioria dos efeitos dos envenenamentos por esses animais. A enfermeira Adriana Mandelli Garcia tem em seu currículo
No atendimento dessa urgência clínica tem que ser realizada a a experiência em atendimento a vítimas de urgências clínicas e
manutenção dos dados vitais e manobras de suporte básico. Os traumáticas. Em mais de uma década de atuação no APH, é ela
cuidados gerais do local da ferida são recomendados. Sendo a quem nos relata nessa entrevista a atividade prestada pela en-
reposição hidroeletrolítica, monitorização e observação da fun- fermagem, a importância da equipe nas ruas e os avanços neste
ção neurológica imprescindível em casos graves. A antibioticote- serviço. Hoje, Adriana Mandelli é enfermeira do Corpo de Bom-
rapia não é usual, mas pode ser utilizada em acidentes botrópi- beiros do Estado de São Paulo e também é gerente de Enfer-
co ou laquético com presença de necrose extensa, podendo por magem da BEM Emergências Médicas, estando diariamente no
optar por penicilina G ou Oxacilina. O atendimento deve incluir a serviço público e privado do APH.
avaliação cardiorrespiratória e identificação de fatores de risco,
reconhecendo precocemente a gravidade e agir de forma rápida No que consiste o serviço de atendimento pré-hospitalar
para garantir a sobrevida. (APH)?
Concluímos que o intervalo de tempo entre o acidente por
animal peçonhento e o atendimento de um acidente é um fator O nome pré-hospitalar caracteriza-se pelo atendimento
relacionado a gravidade e prognóstico. Dessa forma, medidas à vítima antes da mesma chegar ao hospital, podendo ser em
como a soroterapia devem ser instituídas o mais precoce possí- locais habitados normalmente (ruas, residências, comércios
vel. No atendimento pré-hospitalar pode ser realizado a moni- etc.), locais de difícil acesso como buracos, galerias fluviais, es-
torização dos dados vitais, classificação da gravidade, medidas combros e outros, além do atendimento aquático; logicamente,
gerais da ferida, identificação do tipo de acidente e principal- para isso, a equipe requer treinamento. Nestes locais iniciamos
mente a administração precoce da soroterapia para uma melhor a prestação do serviço de saúde básico ou avançado. Após esta-
sobrevida. Os acidentes por animais ofídicos apresentam maio- bilização, a vítima é encaminhada para o hospital por meio do
res taxas de casos com o intervalo mais longo entre o acidente melhor recurso disponível, entre eles ambulância, helicóptero
e o atendimento, esse tipo de acidente também foi o que mais ou lancha.
apresentou classificação de gravidade com taxa moderada e gra-
Quais as principais atribuições do enfermeiro que atua
ve. Dessa forma, com o tratamento instituído no atendimento
nesta área?
préhospitalar móvel pode proporcionar menor taxa do intervalo
entre o acidente e o atendimento e, consequentemente, meno-
A atribuição do enfermeiro dependerá da unidade em que
res índice de notificações de classificação de gravidade modera-
ele estiver atuando, porém, para que os internautas do Portal
da e grave. Maiores estudos são necessários para avaliar a signi-
tenham uma ideia do que o enfermeiro desenvolve na área de
ficância dessa relação e se zonas rurais e urbanas influenciam no
APH, apresento algumas atribuições da minha vivência.
tempo entre o acidente e o atendimento.
- Supervisionar e avaliar as ações de enfermagem da equipe
no atendimento Pré-Hospitalar Móvel;
b. Atuação do Enfermeiro no atendimento pré-hospitalar. - Prestar cuidados de enfermagem de qualquer complexi-
O atendimento pré-hospitalar (APH) é destinado às vítimas dade técnica a pacientes com ou sem risco de vida, que exijam
de trauma, violência urbana, mal súbito e distúrbios psiquiátri- conhecimentos científicos adequados e capacidade de tomar
cos. Visa estabilizar o paciente de forma eficaz, rápida e com decisões imediatas;
equipe preparada para atuar em qualquer ambiente e remover - Ministrar treinamento e/ou participar dos programas de
o paciente para uma unidade hospitalar. treinamento e aprimoramento de pessoal de saúde em urgên-
Em 2002, tendo em vista o crescimento da demanda por cias e emergências;
serviços de urgência e emergência e ao real aumento do núme- - Fazer controle de qualidade do serviço nos aspectos dire-
ro de acidentes e da violência urbana, o Ministério da Saúde cionados a pessoas e equipamentos inerentes à profissão, esta-
aprovou a regulamentação técnica dos sistemas estaduais de belecendo e controlando indicadores.
Urgência e Emergência, por meio da Portaria 2048, ratificando
que esta área constitui-se em um importante componente da Dentro da área de APH, quais os segmentos possíveis de atua-
assistência à saúde. No ano seguinte, a Portaria1864/GM deu ção do profissional de enfermagem?
início à implantação do Serviço de Atendimento Móvel de Ur-
gência (SAMU-192) nas modalidades suporte básico e avançado O mercado de trabalho está cada vez mais diversificado e
de vida, atuação desenvolvida em todo o território brasileiro ele pode atuar em transporte aéreo, terrestre - que são os mais
pelos Estados em parceria com o Ministério da Saúde e as Se- comuns - além de estádio esportivo, shopping center, academia,
cretarias Municipais de Saúde. A Enfermagem ainda conta com resort, parque de diversões, grupo de turismo de aventura com
a Resolução Cofen 379/2011, que dispõe sobre a presença do rafting, arvorismo, escaladas, além de comunidades desenvol-
enfermeiro no Atendimento Pré-Hospitalar e Inter-Hospitalar, vendo o treinamento da pessoa leiga que gostaria de ser trei-
em situações de risco conhecido ou desconhecido. nada para iniciar o atendimento de uma vítima, até mesmo em
No Brasil, o APH envolve o Corpo de Bombeiros, o SAMU companhias aéreas para desenvolvimento da equipes de voo.
(Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e também as em- Ressalto ainda a importância da presença do APH em eventos
presas particulares. A enfermagem participa em todas essas ver- futebolísticos. A Lei 10671/03, conhecida como Estatuto do Tor-
tentes e como em qualquer outra área do cuidar, deve estar ali- cedor, determina a presença de dois enfermeiros e um médico
cerçada em conhecimento, capacitação técnica e humanização. presentes no local de jogo a cada dez mil torcedores.

76
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Como acontece o chamado do APH? Como é realizado o registro de Enfermagem dos atendimentos
prestados?
O fluxo basicamente parte do solicitante, que liga para uma
central (192 ou 193) contando o motivo e descrevendo a locali- Ao final do atendimento o registro deve ser feito por to-
zação do atendimento a ser prestado. No momento do contato dos os profissionais envolvidos no caso. Durante a entrega do
com a central segue-se um questionário de perguntas necessá- paciente, orienta-se colher assinatura do profissional que dará
rias para enviar o recurso mais indicado. Simultaneamente, um continuidade ao atendimento à vítima. Este prontuário deve ser
médico poderá iniciar uma conversar com o solicitante, em pa- preenchido em duas vias, no mínimo, permitindo que uma fique
ralelo ao serviço indicado estar a caminho do atendimento. A para a instituição de APH e a segunda via siga para o destino do
primeira equipe a chegar ao local posiciona a central sobre a paciente.
atual realidade e as necessidades para o bom andamento (seja Com relação aos pertences do paciente, vale acrescentar
para a suspensão de luz no local, por exemplo, ou uma solici- que documentos, dinheiro, joias etc. deverão ser relacionados
tação de policiamento ou mesmo de trânsito). A partir daí, ini- e transferidos a um familiar ou à enfermagem que irá receber o
cia-se o atendimento da vítima determinando à central qual o paciente. No momento do socorro o enfermeiro é o responsá-
recurso necessário, se hospital primário ou terciário, de acordo vel em cuidar dos pertences do paciente e esse “rol de valores”
com a condição e necessidade da mesma. deve ser feito por duas pessoas, o profissional da enfermagem
“A primeira equipe a chegar ao local posiciona a central so- e uma testemunha.
bre a atual realidade e as necessidades para o bom andamento”
Como deve ser composta uma unidade de APH?
Como é dividido o atendimento?
O mínimo que a unidade deve ter é o que está previsto na
Básico e avançado. O atendimento básico envolve as mano- Portaria 2048/2002 do Ministério da Saúde, e serve para to-
bras/técnicas iniciais de atendimento necessárias e fundamen- das as modalidades, o que difere é a tipo de ambulância que
tais até que se determine a necessidade ou não de acessar o pa- determina o que a mesma deve conter, sendo Ambulância de
ciente com maior “invasão”, seja ela intubação, acesso venoso, Transporte (Tipo A), Ambulância de Suporte Básico (Tipo B), Am-
administração de drogas e outras que se fazem necessárias para bulância de Resgate (Tipo C), Ambulância de Suporte Avançado
um bom prognóstico. Todos os estados brasileiros deveriam pro- (Tipo D), Aeronave de Transporte Médico (Tipo E), Embarcação
porcionar à população as duas opções, porém a realidade atual de Transporte (Tipo F).
não é esta. Qual serviço será enviado ao local de atendimento é Porém, existem peculiaridades tanto no perfil de pacientes
determinado no momento da triagem, diante da gravidade da que atendemos como em inovações da indústria farmacológica,
situação e o número de vítimas envolvidas. Assim, feita a tria- de materiais em saúde e tecnologias que facilitam as técnicas
gem, determina-se o melhor recurso a ser enviado, se o básico aplicadas e garantem maior segurança para ambos os lados,
ou o avançado. agregando na eficácia e no sucesso do atendimento.

Existe um protocolo nacional de atendimento? Como você iniciou a sua atividade profissional e por que par-
tiu para esta especialização?
O Brasil segue é o modelo americano, criado em 1990 por
representantes da American Heart Association (AHA), da Eu- A formação de enfermeira foi praticamente uma escolha
ropean Resuscitation Council (ERC), da Heart and Stroke Foun- dos meus pais. Realizei teste de aptidão e também segui a opi-
dation of Canada (HSFC) e da Australian Resuscitation Council nião deles. Finalizei a graduação ainda muito nova e iniciei na
(ARC). Ele nasceu da necessidade de se criar nomenclatura na área hospitalar. Certa vez, fui com minha mãe em uma consulta
ressuscitação e pela falta de padronização de linguagem nos médica e no meio da consulta, o médico deixou de nos atender e
relatórios relativos à parada cardíaca em adultos em ambiente iniciou o socorro a uma paciente de parada cardiorrespiratória.
extra-hospitalar. Em 1992, durante a conferência internacional Como a equipe estava um tanto atrapalhada, eu me ofereci para
“Resuscitation 92”, Brighton, na Inglaterra, propôs-se uma coo- ajudar. Coincidentemente, a paciente voltou a viver. Eu me sen-
peração internacional contínua por meio de um comitê de liga- ti extremamente satisfeita e surpresa, pois eu ainda não havia
ção permanente, multidisciplinar, para diretrizes na área. Assim, passado por esta situação. Decidi, aí, que queria atuar em pron-
ficou determinado que o “LS” life support seria a maneira de dis- to-socorro. Fui em busca do meu desejo. Após alguns anos nesta
seminar e padronizar os atendimentos no APH. Nos dias atuais atividade, percebi que eu queria mais do que esperar, eu queria
são esses protocolos que vigoram pelas Américas e Europa, cla- chegar na pior situação em que um indivíduo possa estar. Con-
ro que cada local com suas peculiaridades. No Brasil, em 1976, o clui mestrado na USP voltado para parada cardiorrespiratória e
médico Ari Timerman despertou interesse sobre ressuscitação e busquei, incansavelmente, o concurso do GRAU (vinculado ao
teve acesso aos protocolos da AHA. Logo depois, John Cook Lane Corpo de Bombeiros), cujo trabalho faço há oito anos. Além dis-
trouxe ao Brasil os primeiros cursos de ressuscitação e publicou so, também atuo junto à BEM Emergências Médicas há 13 anos.
os primeiros livros na língua portuguesa. Em seguida, os cursos
começaram a ser ministrados no Brasil em parceria com o Hospi- “percebi que eu queria mais do que esperar, eu queria che-
tal Albert Einstein. Os protocolos estão disponíveis para acesso gar na pior situação em que um indivíduo possa estar”
no site da AHA - www.heart.org .

77
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Como está a especialização em Emergência atualmente no ço público são fatores que podem, e muito, contribuir para um
Brasil? Você considera esta uma área promissora? atendimento público de maior qualidade e melhor entrosamen-
to entre os serviços.
As universidades estão evoluindo e este tema atualmente
é desenvolvido em sua maioria. Existem já muitos cursos lato Os riscos ocupacionais estão muito presentes no cotidiano
sensu de especialização na área. Inclusive os enfermeiros já se intra e extra-hospitalar. Como evitar possíveis riscos no APH?
mobilizaram e criaram uma associação específica que se chama
COBEEM – Colégio Brasileiro de Enfermagem em Emergência, da Quanto aos riscos, realmente são muitos. As instituições
qual fui presidente. Noto que aumentou a procura pelo campo desenvolvem treinamentos relacionados e orientações formais,
de estágio nesta área e há muitos profissionais que se identifi- além, é claro, da entrega do equipamento quando o mesmo é
cam com a atuação no APH. O Brasil tem se adaptado rotinei- individual. As medidas de segurança na saúde estão contempla-
ramente aos protocolos americanos, temos legislação aplicável, das na NR-32, e em situações específicas, como salvamento na
relativamente atualizada, e órgãos de fiscalizações atuantes nes- água, devemos contar com equipamentos próprios de seguran-
te mercado. ça, como apito, boia, corda etc. Outro exemplo, para salvamen-
to em altura, é necessário contar com mosquetões, cordas, fita,
Quais são os principais cursos que enfermeiros e técnicos em baudrier(cadeirinha), descensor etc.
Enfermagem devem ter em seus currículos?
Após um resgate, é necessário reposição do material, limpeza
Os cursos para enfermeiros mais recomendados para APH e e higienização do veículo. Como se dá este processo?
conhecidos pela sua qualidade são os LS (life support): BLS (basic
life support), ACLS (Advanced life support), PHTLS (pré-hospital Esse processo geralmente tem início no hospital de desti-
life support) e PALS (pediatric advanced life support). Eles são no do paciente. Ele é executado pela equipe da ambulância. A
desenvolvidos em vários sítios de treinamento e na sua maioria reposição é necessária e fundamental para que o veículo esteja
em grandes hospitais como o Albert Einstein, Sírio Libanês, HCor, no QRV (linguagem de rádio que caracteriza que a equipe está
em São Paulo, por exemplo, e em universidades como Anhembi pronta para próximo atendimento). A limpeza geralmente é re-
Morumbi e outras instituições que se vincularam a AHA, pois é alizada pela enfermagem, porém o motorista e o médico muitas
ela quem controla a qualidade dos cursos. O Funcor, por exem- vezes colaboram. A técnica utilizada é a mesma praticada em
plo, que é credenciado na AHA, oferece esses cursos. hospitais e os produtos também são os mesmos. Nós seguimos
o procedimento conforme Portaria 2048 do Ministério da Saú-
Quais são as dificuldades vivenciadas pelo serviço? de, que diz:

Elas se iniciam, em algumas vezes, no próprio endereço da Limpeza e desinfecção da Ambulância:


vítima, devido ao crescimento descontrolado, prejudicando o
planejamento viário e, consequentemente, retardando a chega- Limpeza
da do socorro no endereço. Outra dificuldade é o acesso à vítima
em locais inóspitos, onde lançamos mão de equipamentos para a) Remover todos os materiais utilizados no atendimento
salvamento em altura ou água, ou mesmo necessitamos ter um ao paciente;
condicionamento físico para transpor as barreiras encontradas. b) Desprezar gazes, ataduras úmidas e contaminadas com
No destino final do paciente, encontramos dificuldades no trei- sangue e/ou outros fluídos corporais em sacos plásticos branco,
namento das equipes, disponibilidades de leitos e recebimento descartando o mesmo no lixo hospitalar;
adequado do paciente. c) Materiais perfurocortante eventualmente utilizados de-
vem ser desprezados em recipiente adequado;
O que de novidade e inovação está surgindo direcionado ao d) Sangue e demais fluídos devem ser cobertos com uma
atendimento de emergência? camada de organoclorado em pó, removendo-se, após 10 minu-
tos de contato, com papel toalha;
As máscaras laríngeas são dispositivos que agregam no e) Lavar as superfícies internas com água e sabão neutro ini-
atendimento, o DEA (desfibrilador externo automático) está ciando sempre pelo teto, indo para as paredes, mobílias e piso,
cada vez mais sedimentado no mercado, e as drogas, como a da frente do compartimento de transporte de pacientes em di-
vasopressina, que têm um efeito espetacular na parada cardior- reção à porta traseira.
respiratória, além de materiais hemostáticos e dispositivos tec-
nológicos que facilitam a comunicação. Desinfecção
Como é a relação e a atuação da equipe de atendimento
pré-hospitalar e intra-hospitalar? a) Friccionar, por três vezes, álcool etílico 70% nas superfí-
Infelizmente, não é muito boa. Os motivos são diversos, e cies não sujeitas à corrosão, exceto superfícies acrílicas ou en-
de ambos os lados. Creio que o maior ‘tendão de Aquiles’ seja vernizadas, ou utilizar outro produto disponível para a completa
a lotação dos hospitais públicos e falta de mão-de-obra para desinfecção;
atender toda a demanda. Acredito que melhor remuneração, b) Periodicamente a cada sete dias realizar uma limpeza e
redução da jornada e melhores condições de trabalho no servi- descontaminação mais ampla;

78
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
c) Quando efetuar o transporte de pacientes com doenças Para caracterizar o cadáver, é oportuno falar de algumas
infectocontagiosas (Aids, hepatite, Tuberculose, Meningites etc) experiências que nos permitem um olhar mais fundo em tudo
realizar, obrigatoriamente, a completa desinfecção da ambulân- quanto se relaciona com a morte e o cadáver.
cia, materiais e equipamentos utilizados. Tiramos de um aquário uma gota de água com alguns Infu-
sórios, minúsculos microscópios seres de uma única célula. Co-
Quais competências devem ter os profissionais que estão locamos essa gota numa placa de cristal dentro de uma câmara
começando a atuar em APH? decristal por sob o microscópio. Em seguida, fazemos passar so-
Eles devem ter competências de aspecto cognitivo, técni- bre a gota vapores de álcool. Os animálculos unicelulares, que
co, social e afetivo necessários para a execução desta atividade, até então se agitavam em vivíssimo movimento, correndo para
além de equilíbrio emocional e autocontrole para atuar frente todos os lados como flechas, ao cabo de poucos minutos detêm-
aos desafios. O enfermeiro, principalmente, para liderar uma -se. Logo se imobilizam, estão paralisados, entretanto, não se
equipe em APH, em minha opinião, deve ser participativo, pre- acham mortos; basta que se deixe penetrar ar fresco na câmara,
sente e flexível, mas não perder o foco dos resultados qualitati-
para que de novo voltem os Infusórios á atividade anterior.
vos e quantitativos, bem como utilizar criatividade para inovar
Acontece, pois que envenenamos ou narcotizamos os bichi-
e se atualizar.
nhos com álcool. Devemos supor que a intoxicação consiste num
transtorno do metabolismo. O sintoma exterior dessa perturba-
c. Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Inten-
siva. ção do metabolismo é a paralisação da célula, porém se, como
vimos, essa paralisação tem em certas condições experimentais,
d. Condutas de enfermagem para o paciente grave e em fase um efeito apenas transitório, é de supor que o metabolismo sob
terminal. a influência do álcool não se extinguiria; apenas sofrerá uma al-
teração, talvez um desvio do seu curso normal. Assim justamen-
Mesmo sabendo que a morte é algo que faz parte do ciclo te é que podemos distinguir a narcose de que acabamos de falar,
natural de vida, os mesmo ainda não conseguem lidar com isso da morte: o primeiro caso pode-se reparar o mal, ao passo que
no dia-a-dia. Os profissionais de saúde sentem-se responsáveis no segundo já não há remédio.
pela manutenção da vida de seus pacientes, e acabam por en- De maneira ainda mais clara se nos revelam as coisas em
carar a morte como resultado acidental diante do objetivo da outro exemplo, Lipschutz e Veshnjakoff fizeram estudos sobre
profissão, sendo esta considerada como insucesso de tratamen- o metabolismo do ovário dos mamíferos fora do organismo, a
tos, fracasso da equipe, causando angústia àqueles que a pre- várias temperaturas.
senciam.A sensação de fracasso diante da morte não é atribuída Ao examinar o consumo de oxigênio do tecido ovariano do
apenas ao insucesso dos cuidados empreendidos, mas a uma porquinho das índias á temperatura de 38,5 graus, que é a tem-
derrota diante da morte e da missão implícita das profissões de peratura normal nessa espécie, é a 1 grau e até abaixo disso,
saúde: salvar o indivíduo, diminuir sua dor e sofrimento, man- verificaram que o tecido continuava a consumir oxigênio no frio,
ter-lhe a vida. porém, a tão baixa temperatura, o tecido ovariano consome vin-
Não podemos falar da morte, da formação de um cadáver, te mesmo quarenta vezes menos oxigênio do que a 38,5 graus. A
sem antes entendermos claramente sobre o que seja a vida. temperaturabaixa, pois o metabolismo é diminuído de um modo
O conhecimento de vida pressupõe processos químicos assombroso. Não obstante, essa diminuição do metabolismo é
complicados, processos que se desenrolam nos limites de uma responsável. Basta trasladar o mesmo tecido para uma câmara
cela, perfeitamente organizada. No centro desses processos com a temperatura do corpo, para constatar-se imediatamente
acham-se as substâncias protéicas; a seguir vêm os elementos que o seu consumo de oxigênio cresce de novo. Mas, setraslada
graxos e os hidratos de carbonos. Toda vida tem por condição
o tecido por alguns minutos para uma câmara com temperatu-
indispensável que na célula se desenvolvam determinadas alte-
ra de alguns graus abaixo de zero para ser examinado depois á
rações químicas, os verdadeiros fenômenos bioquímicos; essas
temperatura do corpo, então já não se restabelece mais, nunca
alterações, por usa vez se combinam com o consumo de oxigê-
mais, o metabolismo primitivo, o tecido morreu por refrigera-
nio, pois que há dentro da célula um “combustão”. Contudo, a
célula não morre no decorrer desse processo, porque de fora se ção. A uma temperatura de alguns décimos de grau acima de
recebem continuamente novas substâncias que se transformam zero, o metabolismo alterou-se de maneira reparável; a uma
em substância celular no pequeno laboratório da própria célula. temperatura abaixo de zero, o metabolismo alterou-se de ma-
Desta maneira, há no interior da célula um perene metabolismo: neira irreparável.Muito interessante é o fato de que, em certos
as substâncias vivas da célula desintegram-se por combustão e animais, se observa uma vida latente em que permanecem anos
eliminam-se os produtos metabólicos; do exterior, recebe a cé- e anos, como nos tardígrados e outras espécies estudadas já por
lula, novas substâncias que servem de substituto. Toda vida, mo- Leuwenhook e Spallanzani no século XVIII.
vimento, alimentação, propagação, o sentir e o pensar, se ligam Não podemos falar da morte sem antes tentar conceituá-
intimamente ao metabolismo; assim. A biologia deve desvendar -la. Para Vieira (2006, p.21) “a pergunta ‘o que é morte’ tem
o problema do metabolismo das células. múltiplas respostas e nenhuma delas conclusiva, pois a questão
Ora, se toda vida está ligada ao metabolismo da célula viva, transcende os aspectos naturais ou materialistas e, até biologi-
a morte da célulaou o aniquilamento de sua vida significa, indu- camente, é difícil uma resposta unânime”.
bitavelmente, a cessação do metabolismo da célula. Um cadáver Morrer, cientificamente, é deixar de existir; quando o corpo
é portanto, uma célula que deixou de revelar o metabolismo ca- acometido por uma patologia ou acidente qualquer tem a falên-
racterístico. (LIPSCHUTZ 1933). cia de seus órgãos vitais, tendo uma parada progressiva de toda

79
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
atividade do organismo, podendo ser de uma forma súbita (do- A 3° fase é a barganha – o doente faz acordos em troca de
enças agudas, acidentes) ou lenta (doenças crônico-degenerati- mais um tempo de vida. Nessa fase são comuns as promessas,
vas), seguida de uma degeneração dos tecidos.MOREIRA (2006), Deus se torna presente em sua vida, faz promessas de mudança
“A situação de óbito hospitalar, ocorrência na qual se dá a se for curado.
materialização do processo de morrer e da morte, é, certamen- A depressão – após a fase da barganha, o doente percebe
te, uma experiência impregnada de significações cientificas, mas sua doença como incurável e ciente da impossibilidade ou difi-
também de significações sociais, culturais e principalmente sub- culdade de cura, deprime-se, sente-se vazio e deixa de intervir
jetivas.” (DOMINGUES DO NASCIMENTO, 2006) no tratamento, relaciona-se pouco com outras pessoas.
Reforça-se ainda que a morte não é somente um fato bioló- A 4° fase é a depressão – após a fase da barganha, o doente
gico, mas um processo construído socialmente, que não se dis- percebe sua doença como incurável e ciente da impossibilidade
tingue das outras dimensões do universo das relações sociais. ou dificuldade de cura, deprime-se, sente-se vazio e deixa de
Assim, a morte está presente em nosso cotidiano e, indepen- intervir no tratamento, relaciona-se pouco com outras pessoas.
dente de suas causas ou formas, seu grande palco continua sen- A 5° fase é a aceitação – o paciente entende e aceita sua
do os hospitais e instituições de saúde. BRETAS (2006) situação e tenta dar um sentido para sua vida.
A morte propriamente dita é a cessação dos fenômenos Segundo Bosco (2008), esses são estágios que sucedem,
vitais, por parada das funções cerebral, respiratória e circulató- porém podem não aparecer necessariamente nessa ordem ou
rias, com surgimento dos fenômenos abióticos, lentos e progres- alguns indivíduos não passam por todos eles. Podem inclusive
sivos, que causam lesões irreversíveis nos órgãos e tecidos. voltar a qualquer fase mais de uma vez. É um processo particu-
É um tema controverso que suscita nos enfermeiros senti- lar, onde muitos sentimentos estão envolvidos e que dependem
mentos e atitudes diversas. Embora faça parte do ciclo natural de vários fatores, como religiosidade, estrutura familiar, cultura,
da vida, a morte é, ainda, nos dias de hoje, um assunto polémi- por exemplo. As atitudes face à morte diferem de cultura para
co, por vezes evitado e por muitos não compreendido, gerando cultura, de país para país, de região para região e, até, de pessoa
medo e ansiedade. Uma vez que a enfermagem tem nos seus para pessoa. Tal facto, permite concluir que a forma como rea-
ideais o compromisso com a vida, lidar com a morte pode tor- gimos à morte está dependente de uma multiplicidade de fac-
na-se um acontecimento difícil e penoso, gerando uma multipli- tores que se relacionam principalmente com aspectos pessoais,
cidade de atitudes por parte dos profissionais de enfermagem. educacionais, sócio-económicos e espacio-temporais.
Neste contexto, devido à necessidade de melhor compreender Os profissionais da saúde, nomeadamente os enfermeiros,
este fenómeno com que os enfermeiros se confrontam no quo- enfrentam todos os dias a morte e, independentemente da ex-
tidiano, realizou-se um estudo de investigação relacionado com periência profissional e de vida, quase todos a encaram com um
as atitudes do enfermeiro perante a morte e circunstâncias de- certo sentimento de incerteza, desespero e angústia. Incerteza
terminantes, com vista a uma reflexão acerca do tema e conse- porque não sabe se está a prestar todos os cuidados possíveis
quentemente a uma melhor prática profissional. para o bem-estar do doente, para lhe prolongar a vida e para
Para melhor entendimento dos vários fatores que interfe- lhe evitar a morte; desespero porque se sente impotente para
rem no enfrentamento da morte/morrer, tanto pelos profissio- fazer algo que o conserve vivo; angústia porque não sabe como
nais quanto pacientes e familiares, é preciso que antes saibamos comunicar efectivamente com o doente e seus familiares. Todos
um pouco mais sobre as fases da morte e suas possíveis reações estes factores oneram severamente o enfermeiro que procura
causadas pelo impacto da notícia. cuidar aqueles cuja morte está eminente.
Kübler-Ross (1994), em seu livro Sobre a Morte e o Morrer, “Oenfermeiro reage a estes sentimentos desligando-se do
realizou um trabalho com pacientes terminais onde analisou os doente e da própria morte e, consciente ou inconscientemente,
sentimentos do paciente e da família no processo e morrer. Ele concentra a sua atenção no seu trabalho, no material, no pro-
esclarece que passamos por vários estágios quando nos depa- cesso da doença, talvez até em conversas superficiais, com o in-
ramos com a morte, sendo que a negação é o primeiro estágio. tuito de afastar expressões de temor e de morte”. Outras vezes,
A 1° faseé a negação – é caracterizada como defesa tempo- o enfermeiro perante o processo de morte decide evitar todo e
rária, onde a maioria das vezes o discurso pronunciado é “isso qualquer contacto com o doente. Nesta perspectiva, o mesmo
não está acontecendo comigo” ou “não pode ser verdade”. Ou- autor afirma que “afastando-se do doente através de subterfú-
tro comportamento comum nessa fase é o agir como se nada gios, o que o enfermeiro faz é escudar-se contra sentimentos
estivesse acontecendo. que lhe lembrem a morte e que lhe causem mal-estar”. Rees
“Evidentemente, se negamos a morte, se nos recusarmos a (1983),
entrar em contato com nossos sentimentos, o luto será mal ela- Deste modo, sendo a morte inevitável e frequente nos ser-
borado e teremos uma chance maior de adoecermos e cairmos viços de saúde, nem todos os enfermeiros a compreendem, a
em melancolia ou em outros processos substitutivos.” (CASSA- acolhem e reagem a ela da mesma maneira.Confrontados com a
ROLA 1991). doença grave e com a morte, os enfermeiros tentam proteger-se
Outros mecanismos de defesa que utilizamos inconsciente- da angústia que estas situações geram, adoptando estratégias
mente ainda citando Kübler-Ross (1994), são: de adaptação, conscientes ou inconscientes designadas: meca-
A 2° fase, a ira – nesta fase prevalece a revolta, o ressenti- nismos de defesa.
mento, e o doente passa a atacar a equipe de saúde e as pessoas De acordo com Rosado (1991), do confronto com a morte
mais próximas a ele. Questionam procedimentos e tratamentos surgem frequentemente mais problemas psicológicos do que
e a pergunta mais comum é “porque eu?” .Podem ainda nesta físicos. Entre os últimos, fadiga, enxaqueca, dificuldades respi-
fase, surgir períodos de total descrença. ratórias, insónias e anorexia são alguns dos reconhecidos. No

80
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
entanto, os mais citados são: pensamentos involuntários dedica- leito ao encontro de pessoas diferentes, o que acaba por exi-
dos ao doente, sentimentos de impotência, choro e sensação de gir criatividade em nossa prática diária. Cada casa é um casa e
abatimento, sentimento de choque e de incredibilidade perante vem revestido de particularidades e, é este o nosso lugar, nosso
a perda, dificuldades de concentração, cólera, ansiedade e irrita- espaço e nossa função na equipe que requer um exercício de
bilidade. Decorrentes destas atitudes, registam-se: absentismo, criatividade contínua e, especialmente, de escuta. Em cada leito
desejo de mudança de serviço, isolamento, entre outras prá- com cada doente, com as diferentes doenças e com as diversas
ticas e atitudes reveladoras da situação e de insegurança.Para famílias, podemos dizer que crescemos.
que o fenômeno da Morte seja encarado com serenidade pelo A diferença do outro, de cada indivíduo, relança uma nova
enfermeiro, este deve prevê-la como inevitável. Assim deve ter postura de percepção do mundo, pela qual o nosso convívio e
como atitudes, como: comunicar a situação terminal do doente, aprendizado mútuo são capazes de reconstruir nossas próprias
conforme a vontade e capacidade de aceitação do doente, ter percepções e, conseqüentemente nossas representações. (VA-
respeito pela diferença, cada doente têm o seu modo de estar LENTE 2008)
na vida, o doente raramente esta isolado, os familiares podem
ajudar ou perturbar, compartilhar, deixar a pessoa expressar os e. Atendimento de urgência e emergência em desastres
seus temores e desejos, diminuir a dor, o sofrimento e a angus- naturais e catástrofes.
tia, auxiliar corretamente o doente a assumir a morte como ex-
periência que só ele pode viver, toda a equipa deve ter um com- Vários eventos que ocorreram no Brasil e no mundo, como
portamento idêntico, linguagem, em relação à informação dada o ataque com armas químicas na Síria, o tornado no interior do
ao doente para não existir contradições, promover a vivência da estado de São Paulo e o incêndio numa fábrica de fertilizantes
fase final de vida no domicilio sempre que possível. em Santa Catarina, que produziu uma volumosa fumaça tóxica,
O apoio da família também é muito importante Apoio da surgem questionamentos sobre a atuação dos profissionais de
família, já que a família sempre está presente. A definição de saúde nestes casos emergenciais e diferenciados, por sua natu-
família tem evoluído ao longo dos tempos, de acordo com vários reza e repercussão.
paradigmas, no entanto aqui adaptar-se-á a definição de“ Famí- Acidentes em massa podem ter variadas causas, por fenô-
lia refere-se a dois ou mais indivíduos que dependem um do ou- menos naturais como, inundações, tornados, terremotos, ava-
tro para dar apoio emocional, físico e econômico. Os membros lanches, erupções vulcânicas, entre outros; por ação humana
da família são auto-definidos.” (Hanson, 2005). A família é, ou em forças naturais ou materiais como, acidentes rodoviários,
devia de ser, a unidade primária dos cuidados de saúde. ferroviários, aeroviários e marítimos, por radiação nuclear, de-
Além de proporcionar o acompanhamento adequado ao sabamentos, incêndios e explosões, eletrocussão, entre demais
doente em fase terminal, deve se insere a família neste processo exemplos; e outras origens como, causas combinadas e pânico
de apoio para que assim o doente possa usufruir de uma melhor generalizado com pisoteamento.
qualidade de vida, do ponto emocional e afetivo, assim como na A preocupação com tais situações torna-se emergente, me-
diminuição da dor e angústia. O familiar do paciente crítico ao diante os fatos ocorridos recentemente e os grandes eventos
ter consciência da situação concreta e da possibilidade de mor- que estão programados para os próximos meses no Brasil.
te do seu enfermo que está na UTI, expressa o vazio existencial Os profissionais e instituições de saúde brasileiros estão
através de sentimentos como: tristeza, frustração, pessimismo, prontos para agir com eficácia e rapidez em casos com estas na-
desorientação, angústia e falta de sentido para viver. turezas e magnitudes?
Para entender a tríade, é necessário definir cada familiar do O papel dos Enfermeiros é indispensável e crucial nestes
paciente crítico como uma pessoa constituída de unidade e to- casos, considerando as especificidades que competem a sua
talidade em três dimensões: corpo, alma e espírito. (LIMA 2008). profissão.
Alguns sentimentos como empatia e afeto são necessário Nestas situações de desastre, com envolvimento de muitas
para que ao entrar em contato como paciente e sua família, seja vítimas, um plano de emergência diferenciado precisa ser im-
possível abordá-lo e compreendê-lo com a sua doença em toda plementado.
sua peculiaridade. Também consideramos ser de fundamental
que na interdisciplinaridade haja o psicólogo para estruturar o
trabalho de psicoterapia breve, enfatizando-se o momento, na
busca de proporcionar um espaço de reflexão e expressão dos
sentimentos, angústias, medos, fantasias, a fim de minimizar
o impacto emocional e o estresse vivenciado pelos familiares,
pacientes e outros profissionais nesse momento da internação.
Aprendemos que, o momento de hospitalização significa uma
crise para a família, o que causa uma ruptura daquilo que é es-
perado na dinâmica familiar. Tanto a família quanto o paciente
que entra no hospital para qualquer tipo de intervenção, não se-
rão mais os mesmo após a sua alta. Eles tomam contato com seu
limite, com sua fragilidade, com sua impotência, mas também é
um momento que poderá emergir a sua força e capacidade.Não
podemos negar que aprendemos muito sobre a vida, doença e
morte com nossos pacientes, pois a cada momento vamos aos

81
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

O ideal é que as instituições de saúde construam e treinem seus funcionários, para que nestes casos cada profissional saiba como
atuar e gerenciar.
Em situações de desastre com múltiplas vítimas, o cliente com alta prioridade no atendimento é diferente do cliente prioritário
de situações emergenciais. Em acidentes catastróficos os insumos e recursos podem ter disponibilidade limitada, fazendo com que
a triagem e classificação das prioridades mudem. As decisões baseiam-se na probabilidade da sobrevida e no consumo dos recursos
disponíveis. O princípio fundamental que direciona o uso dos recursos é o bem máximo para o máximo de pessoas.
A triagem deve ser rapidamente realizada na cena do desastre, sendo imediatamente identificadas as vítimas prioritárias e inicia-
das as intervenções necessárias, com posterior encaminhamento para as unidades de emergência.
Nos Estados Unidos é utilizado um sistema de triagem com cores para classificação da prioridade de atendimento das pessoas aci-
dentadas (Tabela 1). Conforme a classificação, as pessoas recebem uma pulseira colorida que identifica seu nível de atenção e facilita
a implementação das medidas de preservação da vida.

82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
O Enfermeiro pode desempenhar diferentes funções em Risco deve ser um instrumento para melhor organizar o fluxo
eventos catastróficos, sendo seu papel definido mediante as de pacientes que procuram as portas de entrada de urgência/
necessidades específicas que a instituição de saúde e equipes emergência, gerando um atendimento resolutivo e humanizado.
de trabalho apresentam, bem como as particularidades que o
desastre gerou. Por exemplo, o Enfermeiro pode atuar na tria- MISSÕES DO ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE
gem principal das vítimas, realizar procedimentos avançados, RISCO
caso possua capacitação para tal e respaldo da instituição, dar
assistência no luto as famílias com a identificação dos entes 1 - Ser instrumento capaz de acolher o cidadão e garantir
queridos, gerenciar e/ou fornecer as atividades de cuidado em um melhor acesso aos serviços de urgência/emergência;
hospitais de campanha (provisórios) ou mesmo coordenar a dis- 2 - Humanizar o atendimento;
tribuição dos recursos materiais e humanos entre as equipes de 3 - Garantir um atendimento rápido e efetivo.
atendimento.
Estes são apenas alguns exemplos das atividades que po- OBJETIVOS
dem ser realizadas, mas não contemplam todas as atividades de-
sempenhadas nestes eventos. Há ainda as ações voltadas para •Escuta qualificada do cidadão que procura os serviços de
o controle e divulgação de informações à mídia e às famílias, o urgência/emergência;
gerenciamento de possíveis conflitos internos, como o uso dos • Classificar, mediante protocolo, as queixas dos usuários
recursos disponíveis; de origem étnica/cultural, referente aos que demandam os serviços de urgência/emergência, visando
hábitos e costumes particulares dos acidentados e familiares; e identificar os que necessitam de atendimento médico mediato
de cunho religioso, relacionado às crenças e costumes específi- ou imediato;
cos das vítimas envolvidas, principalmente nos casos de óbito. • Construir os fluxos de atendimento na urgência/emer-
Estes exemplos ilustram algumas situações possíveis em gência considerando todos os serviços da rede de assistência à
casos de acidentes em massa, devendo ser considerados pelos saúde;
profissionais de saúde das equipes de atendimento. São casos • Funcionar como um instrumento de ordenação e orienta-
ção da assistência, sendo um sistema de regulação da demanda
que podem acontecer em eventos que envolvam um grande nú-
dos serviços de urgência/emergência
mero de turistas, sendo do próprio país ou estrangeiros.
Concluindo esta primeira parte do artigo, os Enfermeiros
EQUIPE
devem estar preparados para atuar em novos ambientes e em
Equipe multiprofissional: enfermeiro, auxiliar de enferma-
papéis atípicos em casos de desastre. O princípio que deve nor-
gem, serviço social, equipe médica, profissionais da portaria/
tear suas ações é o de fazer o bem ao maior número de pessoas
recepção e estagiários.
que for possível.
PROCESSO DE CLASSIFICAÇÃO
f. Acolhimento com avaliação e classificação de risco É a identificação dos pacientes que necessitam de inter-
venção médica e de cuidados de enfermagem, de acordo com
A Portaria 2048 do Ministério da Saúde propõe a implanta- o potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento,
ção nas unidades de atendimento de urgências o acolhimento e usando um processo de escuta qualificada e tomada de deci-
a “triagem classificatória de risco”. De acordo com esta Portaria, são baseada em protocolo e aliada à capacidade de julgamento
este processo “deve ser realizado por profissional de saúde, de crítico e experiência do enfermeiro. A - Usuário procura o ser-
nível superior, mediante treinamento específico e utilização de viço de urgência. B - É acolhido pelos funcionários da portaria/
protocolos pré-estabelecidos e tem por objetivo avaliar o grau recepção ou estagiários e encaminhado para confecção da ficha
de urgência das queixas dos pacientes, colocando-os em ordem de atendimento. C - Logo após é encaminhado ao setor de Clas-
de prioridade para o atendimento” (BRASIL, 2002). sificação de Risco, onde é acolhido pelo auxiliar de enfermagem
O Acolhimento com Classificação de Risco – ACCR - se mos- e enfermeiro que, utilizando informações da escuta qualificada
tra como um instrumento reorganizador dos processos de tra- e da tomada de dados vitais, se baseia no protocolo e classifica
balho na tentativa de melhorar e consolidar o Sistema Único de o usuário.
Saúde. Vai estabelecer mudanças na forma e no resultado do
atendimento do usuário do SUS. Será um instrumento de huma- CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO
nização. A estratégia de implantação da sistemática do Acolhi-
mento com Classificação de Risco possibilita abrir processos de 1 - Apresentação usual da doença;
reflexão e aprendizado institucional de modo a reestruturar as 2 - Sinais de alerta (choque, palidez cutânea, febre alta, des-
práticas assistenciais e construir novos sentidos e valores, avan- maio ou perda da consciência, desorientação, tipo de dor, etc.);
çando em ações humanizadas e compartilhadas, pois necessa- 3 - Situação – queixa principal;
riamente é um trabalho coletivo e cooperativo. Possibilita a am- 4 - Pontos importantes na avaliação inicial: sinais vitais –
pliação da resolutividade ao incorporar critérios de avaliação de Sat. de O2 – escala de dor - escala de Glasgow – doenças pre-
riscos, que levam em conta toda a complexidade dos fenômenos existentes – idade – dificuldade de comunicação (droga, álcool,
saúde/ doença, o grau de sofrimento dos usuários e seus fami- retardo mental, etc.);
liares, a priorização da atenção no tempo, diminuindo o número 5 - Reavaliar constantemente poderá mudar a classificação.
de mortes evitáveis, sequelas e internações. A Classificação de

83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
AVALIAÇÃO DO PACIENTE (Dados coletados em ficha de atendimento)

• Queixa principal
• Início – evolução – tempo de doença
• Estado físico do paciente
• Escala de dor e de Glasgow
• Classificação de gravidade
• Medicações em uso, doenças preexistentes, alergias e vícios
• Dados vitais: pressão arterial, temperatura, saturação de O2

g. Captação, Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos.

O que é doação de órgãos?

84
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Doação de órgãos é um ato nobre que pode salvar vidas. Existem dois tipos de doador.
Muitas vezes, o transplante de órgãos pode ser única esperança
de vida ou a oportunidade de um recomeço para pessoas que 1 - O primeiro é o doador vivo. Pode ser qualquer pessoa
precisam de doação. É preciso que a população se conscientize que concorde com a doação, desde que não prejudique a sua
da importância do ato de doar um órgão. Hoje é com um desco- própria saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do
nhecido, mas amanhã pode ser com algum amigo, parente pró- fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, pa-
ximo ou até mesmo você. Doar órgãos é doar vida. rentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não
O transplante de órgãos é um procedimento cirúrgico que parentes, só com autorização judicial.
consiste na reposição de um órgão (coração, fígado, pâncreas, 2 - O segundo tipo é o doador falecido. São pacientes com
pulmão, rim) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas) de uma morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais,
pessoa doente (receptor) por outro órgão ou tecido normal de como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral).
um doador, vivo ou morto. Qual tempo de isquemia de cada órgão?
O tempo de isquemia é o tempo de retirada de um órgão e
O que é morte encefálica? transplante deste em outra pessoa. A tabela abaixo demonstra o
tempo de isquemia aceitável para cada órgão a ser considerado
A morte encefálica é a perda completa e irreversível das para transplante:
funções encefálicas (cerebrais), definida pela cessação das fun-
ções corticais e de tronco cerebral, portanto, é a morte de uma
Órgão Tempo de isquemia
pessoa.
Após a parada cardiorrespiratória, pode ser realizada a doa- Coração 04 horas
ção de tecidos (córnea, pele, musculoesquelético, por exemplo). Pulmão 04 a 06 horas
A Lei 9.434 estabelece que doação de órgãos pós morte só pode
ser feita quando for constatada a morte encefálica. Rim 48 horas
Como é feito o diagnóstico de morte encefálica? Fígado 12 horas
O diagnóstico de morte encefálica é regulamentado pelo
Pâncreas 12 horas
Conselho Federal de Medicina. Em 2017, o CFM retirou a exi-
gência do médico especialista em neurologia para diagnóstico
Estatísticas
de morte encefálica, assunto amplamente debatido e acordado
As estatísticas do Sistema Nacional de Transplantes (SNT)
com as entidades médicas.
são a consolidação dos dados sobre transplantes, com infor-
Deste modo, a constatação da morte encefálica deverá ser
mações coletadas das diversas partes que compõem o SNT. O
feita por médicos com capacitação específica, observando o pro-
fornecimento dos dados é de responsabilidade das secretarias
tocolo estabelecido. Para o diagnóstico de morte encefálica, são
de saúde dos estados e do Distrito Federal. Os dados estatísti-
utilizados critérios precisos, padronizados e passiveis de serem
cos são essenciais para que o Ministério da Saúde possa tomar
realizados em todo o território nacional.
conhecimento, registrar e divulgar a produção das cirurgias re-
Quero ser doador de órgãos. O que fazer?
alizadas, bem como sistematizar índices que demonstrem o de-
Se você quer ser doador de órgãos, primeiramente avise a
sempenho do setor nas unidades federativas, regiões e no país
sua família. Os principais passos para doar órgãos são:
como um todo.
Para ser um doador, basta conversar com sua família sobre
QUAIS SÃO OS PRIMEIROS SOCORROS EM CASO DE AFOGA�
o seu desejo de ser doador e deixar claro que eles, seus familia-
MENTO?
res, devem autorizar a doação de órgãos.
No Brasil, a doação de órgãos só será feita após a autoriza-
Em caso de afogamento, a primeira coisa a fazer é tirar a
ção familiar.
vítima da água.
Pela legislação brasileira, não há como garantir efetivamen-
O ideal é socorrer a pessoa que está se afogando sem entrar
te a vontade do doador, no entanto, observa-se que, na grande
na água, utilizando uma boia, tábua, colete salva-vidas, corda,
maioria dos casos, quando a família tem conhecimento do de-
galho ou qualquer outro objeto que a faça flutuar ou lhe permita
sejo de doar do parente falecido, esse desejo é respeitado. Por
agarrar para não afundar.
isso a informação e o diálogo são absolutamente fundamentais, A seguir, providencie um cabo para rebocar a vítima no ob-
essenciais e necessários. Essa é a modalidade de consentimento jeto flutuante. O cabo deve ter um laço para que a pessoa possa
que mais se adapta à realidade brasileira. A previsão legal conce- prendê-lo ao corpo, já que a correnteza pode impedi-la de segu-
de maior segurança aos envolvidos, tanto para o doador quanto rar no cabo.
para o receptor e para os serviços de transplantes. Após retirá-la da água, mantenha-a aquecida e peça ajuda
A vontade do doador, expressamente registrada, também ligando para o número 193. Se a vítima estiver consciente, dei-
pode ser aceita, caso haja decisão judicial nesse sentido. Em ra- xe-a sentada enquanto aguarda pela chegada da ambulância. Se
zão disso tudo, orienta-se que a pessoa que deseja ser doador estiver inconsciente, siga os seguintes primeiros socorros:
de órgãos e tecidos comunique sua vontade aos seus familiares.
Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de 1) Deite a vítima de lado e mantenha-a aquecida;
um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela 2) Observe se ela está respirando;
Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado e 3) Ligue e siga as instruções dadas pelo atendente do 193
controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT). (leve a vítima ao hospital ou espere pela chegada do socorro).

85
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Se a pessoa não estiver respirando, é necessário fazer a reanimação cardiopulmonar:

1) Posicione a vítima deitada de barriga para cima sobre uma superfície plana e firme (a cabeça não deve estar mais alta que os
pés para não prejudicar o fluxo sanguíneo cerebral);
2) Ajoelhe-se ao lado da vítima, de maneira que os seus ombros fiquem diretamente sobre o meio do tórax dela;
3) Com os braços esticados, coloque as mãos bem no meio do tórax da pessoa (entre os dois mamilos), apoiando uma mão sobre
a outra;
4) Inicie as compressões torácicas, que devem ser fortes, ritmadas e não podem ser interrompidas;
5) Evite a respiração boca a boca se estiver sozinho, não interrompa as compressões cardíacas;
6) O melhor é revezar nas compressões com outra pessoa, mas a troca não deve demorar mais de 1 segundo;
7) A reanimação cardiorrespiratória só deve ser interrompida com a chegada do socorro especializado ou com a reanimação da
vítima.

Não tente fazer a ressuscitação dentro da água. Sempre que possível, retire a vítima da água na posição horizontal.
Nunca tente salvar uma vítima de afogamento se não tiver condições para o fazer, mesmo que saiba nadar. É preciso ser um bom
nadador e estar preparado para salvar indivíduos em pânico.

Principais causas de afogamentos

Os afogamentos são comuns durante o verão, época em que as pessoas mais frequentam áreas de rios e mares. Desconhecimento
das condições do local e falta de habilidade do nadador estão entre as principais causas de afogamento.
Além disso, podemos citar como causas de afogamento o mergulho em áreas rasas, que pode levar a traumatismo seguido da
aspiração de água, ingestão de bebidas alcoólicas, crises convulsivas, doenças cardiorrespiratórias e câimbras. Em afogamentos em
residências, destacam-se os de crianças que se afogam em banheiras e outros recipientes com água por ficarem sem a supervisão de
um adulto.
Denominamos de afogamento primário aquele em que não se observa nenhum fator que levou ao afogamento. Este ocorre
naturalmente em virtude da falta de habilidade da vítima, por exemplo. Já o secundário está relacionado com alguma patologia que
dificulte que a vítima mantenha-se na superfície.

Como ocorre o afogamento?

Quando uma pessoa entra em contato com a água e percebe que sofrerá o afogamento, ela geralmente se desespera e inicia
uma luta para manter-se na superfície. Quando ocorre a submersão, instantaneamente a pessoa prende a respiração. Essa parada da
respiração depende da capacidade física de cada indivíduo.
Quando a pessoa não consegue mais segurar a respiração, uma aspiração de líquido pode ocorrer. Em algumas pessoas, isso é um
estímulo para que haja um reflexo natural qe contrai as vias respiratórias e impede que mais água entre no organismo. Essa contração
pode levar à morte por asfixia, um caso que chamamos de afogamento do tipo seco.

86
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Na maioria das pessoas, no entanto, não ocorre esse reflexo Mantenha as compressões até a pessoa retomar a consci-
e o que acontece é uma grande aspiração de água por causa de ência ou até à chegada do socorro.
movimentos respiratórios involuntários. Isso faz com que a água Quanto mais rápido for o atendimento à vítima de uma pa-
chegue aos pulmões, levando à perda da substância que promo- rada cardiorrespiratória, por choque elétrico, menores são os
ve a abertura dos alvéolos (surfactante), mudanças na permea- danos causados ao organismo.
bilidade dos capilares e surgimento de edema pulmonar. Com o
tempo, o pulmão enche-se completamente de água, o indivíduo Estudos recentes comprovam que a realização de massa-
perde a consciência, sofre parada respiratória e morre. gem cardíaca nos primeiros socorros, possibilita a manutenção
do fluxo sanguíneo e, portanto, oxigenação dos tecidos, inclusi-
Primeiros socorros em caso de afogamento ve pulmonar e cerebral, mesmo sem mais a indicação de respi-
ração boca-a-boca, salvado muitas vidas.
Em casos de afogamento, é importante ser muito cauteloso
Se o choque elétrico provocar queimaduras, lave a área afe-
ao tentar salvar a vítima. Quando uma pessoa está se afogan-
tada com água corrente à temperatura ambiente, até esfriar o
do, sua tendência é desesperar-se e segurar na pessoa que está
local. Se puder mergulhar a queimadura na água, melhor.
tentando salvá-la, podendo ocasionar outro afogamento. Nes-
ses casos, portanto, é fundamental jogar algo para que ela se
SAÚDE MENTAL
segure, como boias e pneus.
Nesses casos, é fundamental também chamar bombeiros Saúde Mental é estar de bem consigo e com os outros. Sa-
ou uma ambulância, pois a vítima terá atendimento especializa- ber lidar com as boas emoções e também com as desagradáveis,
do. Em pessoas desacordadas e sem sinais de respiração, reco- aceitar as exigências da vida, reconhecer seus limites e buscar
menda-se a respiração boca a boca e, quando estiver sem pulso, ajudam quando necessário.
a massagem cardíaca. Quando acordada, é importante manter a Vários são os fatores que influenciam nossos comportamen-
vítima deitada de lado e aquecida. tos, as nossas escolhas, a nossa cultura, entre outros. A desar-
monia desses fatores pode levar uma pessoa a desenvolver um
O que fazer em caso de choque elétrico? transtorno mental em um determinado momento de sua vida.
Como exemplo, podemos citar alguém que desenvolve um
Em caso de choque elétrico, os primeiros socorros devem medo excessivo da violência, a ponto de recusar-se em sair às
ser prestados rapidamente, pois os primeiros 3 minutos após o ruas, fato que nos leva a concluir de imediato que existem várias
choque são vitais para socorrer e salvar a vítima. causas colaborando para isso, como a própria história de vida
da pessoa.
A primeira coisa a fazer é interromper o contato da pessoa É por isso que, na consulta de enfermagem, precisamos
com a fonte de eletricidade sem encostar diretamente nela. O conhecer mais os nossos clientes, saber do que gostam, a sua
ideal é desligar a chave geral de força. Se não for possível, afas- etnia, como vivem, a fim m de tornar mais fácil identificar os
te a vítima utilizando algum material que não conduza corrente fatores que exercem influência no momento atual de seu trans-
elétrica, como objetos de borracha ou madeira. torno e, assim, elaborar as intervenções necessárias.
A seguir, chame o resgate através do número 192 e verifi-
que se a pessoa está respirando, se consegue se mexer ou emitir Podemos dizer que alguns grupos influenciam o surgimen-
algum som. Caso não verifique nenhum desses sinais, é provável to da doença mental. São eles:
que a vítima tenha sofrido uma parada cardíaca ou cadiorrespi-
• Biológico - alterações ocorridas no corpo como um todo,
ratória.
em determinado órgão ou no sistema nervoso central (fatores
Nesse caso, inicie imediatamente a reanimação cardíaca,
genéticos ou hereditários, pré-natais e perinatais, neuro-endo-
enquanto espera pela ambulância:
crinológicos);
⇒ Reanimação cardíaca: • Social - interações que temos com os outros, nossas rela-
ções pessoais, profissionais e ou em grupos (medo na infância);
Deite a vítima em local seguro, com a barriga para cima;
Com uma mão sobre a outra, faça 30 compressões fortes • Culturais - modificam-se de país para país, ou seja, a no-
e ritmadas no meio do tórax da vítima. Em cada compressão, o ção de certo e errado modifica-se conforme o grupo de convívio
peito da vítima deve afundar cerca de 5 cm. Para isso, recomen- (religião, escola, família, país, cultura);
da-se usar o peso do próprio corpo para fazer a compressão; • Econômico - a necessidade e a miséria podem levar ao
Tentando manter um ritmo de aproximadamente 100 a 120 aumento da criminalidade e esta, ao aumento da tensão no nos-
compressões por minuto so dia a dia (o consumismo leva a dívidas que ultrapassam os
Após as 30 compressões observe se a pessoa está respon- ganhos);
dendo ou se encontra algum pulso, no punho ou pescoço da ví-
tima; se não volte às compressões; Sabemos que a incidência de transtornos mentais é alta, e
Se houver mais alguém, o mais adequado é revezar a mas- também que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) são as mais
sagem a cada 2 minutos, para manter uma compressão eficaz e procuradas nesses casos, e é por isso que a equipe de enferma-
melhor resultado; gem deve estar preparada para esse tipo de atendimento.

87
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A maior parte dos profissionais reconhece como ações de O DSM-IV classifica os diferentes transtornos mentais nos
saúde mental apenas a administração de medicamentos psiqui- seguintes grupos:
átricos e o encaminhamento do paciente para serviços especia-
lizados. Mas, na realidade o atendimento da enfermagem para - Transtornos usualmente diagnosticados na lactância, in-
esses casos deve ir muito além, começando por acolher e escu- fância e adolescência, como os retardos mentais e distúrbios de
tar o cliente. aprendizagem;
A priori deve-se entender que os transtornos mentais não - Delirium, Demência, Transtornos Amnésicos e Outros
aparecem de forma clara e explícita, nós devemos aprender a Transtornos Cognitivos;
identificá-los também nos pacientes que não aparentam ter - Transtornos Mentais devido à Condição Clínica Geral,
transtornos mentais. É preciso identificar os pacientes que so- como transtornos catatônicos e desvios de personalidade;
frem exclusão social e até mesmo observar os familiares. - Transtornos Relacionados a Substâncias, como abuso de
Sinais e sintomas como insônia, fadiga, irritabilidade, es- álcool ou dependência de drogas, ou ainda transtornos induzi-
quecimento, dificuldade de concentração e queixas somáticas dos por uso de substância como abstinência de nicotina ou de-
são os mais comuns e podem levar à incapacidade e à procura mência alcoólica;
por serviços de saúde. - Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos, como para-
As ações de enfermagem em Saúde Mental devem come- noia (esquizofrenia do tipo paranoide) ou transtorno delirante;
çar já na entrevista, perguntando e ouvindo com atenção não - Transtornos do Humor, como depressão ou transtorno bi-
somente a queixa do paciente, mas sua história de vida, sua cul- polar;
tura, seu processo de adoecimento, seus problemas emocionais - Transtornos de ansiedade, como fobias ou pânico;
e sofrimentos. É preciso conversar com o paciente, orientá-lo, - Transtornos somatoformes, como transtornos conversivos
pois muitas vezes essas ações são mais eficazes do que iniciar e transtornos dismórficos;
outra via terapêutica nesse indivíduo. Além disso, conversar e - Transtornos factícios, como a síndrome de Munchousen;
orientar a família também são ações relevantes. - Transtornos dissociativos, como anmésia dissociativa ou
Quanto mais confiança o paciente sentir do profissional fuga dissociativa;
mais ele se manifestará de forma sincera e verbalizará as suas - Transtornos sexuais e de identidade de gênero, como aver-
dúvidas. são sexual ou parafilias (como pedofilia);
Em longo prazo, deve-se acompanhar o indivíduo, principal- - Transtornos alimentares, como anorexia nervosa e bulimia
mente se este estiver fazendo uso de terapia medicamentosa. nervosa;
Deve-se observar também se o mesmo está tendo melhora no - Transtornos do sono, como insônia ou terror noturno;
seu quadro de saúde mental. - Transtornos de controle de impulso, como cleptomania ou
Os profissionais de enfermagem devem entender que o piromania;
portador de distúrbio mental é um sujeito ativo, e que apesar de - Transtornos de personalidade, como personalidade para-
pensar ou agir de forma diferente da maioria, seus pensamentos noica ou personalidade obsessivo-compulsiva.
e desejos devem ser levados em consideração e respeitados na
medida do possível. O CID-10 classifica os transtornos mentais e de comporta-
Para fazer um acompanhamento de forma eficiente, é pre- mento, da seguinte forma:
ciso, além de assistir o enfermo, investir em reuniões com a fa-
mília, visitas domiciliares, contato com a escola e/ou trabalho, e - Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos
também orientá-lo quanto aos centros de cultura e programas (F00-F09), como Alzheimer, demência vascular ou transtornos
de inclusão social, pois sociabilizá-lo com pessoas novas, pode e mentais devido a lesão cerebral ou doença física;
deve fazer muito bem para a sua recuperação. - Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso
Desde 2003 foram incluídas na Estratégia de Saúde da Famí- de substância psicoativa (F10-F19), como uso de álcool ou múl-
lia (ESF) equipes de Saúde Mental. O principal objetivo é tratar tiplas drogas;
do paciente no contexto familiar, pois realizar o tratamento iso- - Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos de-
lado da família, das pessoas que o indivíduo tem contato diário, lirantes (F20-F29), como esquizofrenia e psicose aguda;
nem sempre apresenta resultados positivos. - Transtornos de humor ou afetivos (F30-F39), como depres-
Não há um modelo pronto de atendimento a ser seguido são ou transtorno bipolar.
pelo profissional de saúde, cabe ao enfermeiro ser criativo e es- - Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o
tar disposto a ajudar o paciente, além de procurar se aprimorar “stress” e transtornos somatoformes (F40-F48), como transtor-
e se qualificar a respeito nesse âmbito. no obsessivo-compulsivo ou transtorno de estresse pós-traumá-
tico;
Psicopatologia na Atualidade - Síndromes comportamentais associadas a disfunções fi-
siológicas e a fatores físicos (F50-F59), como os transtornos ali-
Atualmente, reconhece-se como transtornos mentais os mentares ou disfunções sexuais ou de sono causados por fatores
problemas classificados no DSMIV e CID-10, como depressão, emocionais;
ansiedade, autismo e esquizofrenia. Também é reconhecido o - Transtornos da personalidade e do comportamento do
diagnóstico de atraso mental como um déficit de inteligência, adulto (F60-F69), como transtornos de hábitos e impulsos.
que pode ser leve, moderado, grave ou profunda. - Retardo Mental (F70-79), classificados como leve, modera-
do, grave ou profundo;

88
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Transtornos do desenvolvimento psicológico (F80-F89), - Alegria patológica: estado eufórico, agitado, com elevada
como transtornos relacionados à linguagem ou ao desenvolvi- autoestima, grande desinibição.
mento motor;
- Transtornos do comportamento e transtornos emocionais De acordo com a Atenção e Concentração:
que aparecem habitualmente durante a infância ou a adolescên- - Inatenção: dificuldade de concentração;
cia (F90-F98), como distúrbios de conduta ou transtornos hiper- - Distração: mudança constante de focos de atenção;
cinéticos; - Orientação: consciência de dados que nos localizem, prin-
- Transtorno mental não especificado (F99). cipalmente, no tempo e no espaço;
- Desorientação: incapacidade de relacionar os dados a fim
Referências: de perceber o espaço e o tempo.
CID-10 [2008]: http://www.datasus.gov.br/cid10/v2008/
webhelp/cid10.htm Transtorno Bipolar de Humor.
Psiquiatria Geral: http://www.psiquiatriageral.com.br/
O transtorno de Humor é uma doença caracterizada pela al-
Sinais e Sintomas de Transtornos Mentais ternância de humor: ora ocorrem episódios de euforia (mania),
ora de depressão, com períodos intercalados de normalidade.
De acordo com a apresentação do cliente: Com o passar dos anos os episódios repetem-se com intervalos
- Aparência: maneira de se vestir e de cuidar da higiene pes- menores, havendo variações e existindo até casos em que a pes-
soal; soa tem apenar um episódio de mania ou depressão durante a
- Psicomotricidade: atividade motora, envolvendo a velo- vida. Apesar de o Transtorno Bipolar do Humor nem sempre ser
cidade e intensidade; agitação (hiperatividade); retardo (hipo- facilmente identificado, existem evidências de que fatores gené-
atividade); tremores; maneirismo; tiques; catatonia; obediência ticos possam influenciar o aparecimento da doença.
automática; negativismo; Durante o tratamento farmacoterápico, a enfermagem deve
estar atenta para a avaliação do paciente quanto à adesão ao
De acordo com a Linguagem e Pensamento:
tratamento e às respostas fisiológicas aos medicamentos, per-
- Característica da fala: observar se a fala é espontânea, se
cebendo sua adaptação ou não aos mesmos.
ocorre logorreia (fala acelerada); mutismo (mantém- se mudo);
Importante ainda é perceber o grau de orientação do pa-
gagueira; ecolalia (repetição das ultimas palavras, como em
ciente e da família quanto à terapêutica utilizada, direcionando,
eco);
quando necessária, atenção aos mesmos, propiciando conhe-
- Pensamento: inicia com os cinco sentidos (visão, olfato,
cimentos suficientes para que possam identificar eventos ad-
paladar, audição e tato) e conclui se com o raciocínio.
versos. Também é necessário cuidar do preparo da medicação,
- Inibição do pensamento: lentificado, pouco produtivo;
- Fuga de ideias: tem um aporte tão grande de ideias que levando a família a apoiar e o paciente a aderir ao tratamento.
não consegue concluí-las, emenda um assunto no outro de tal
maneira que torna difícil sua compreensão; Transtorno de personalidade
- Desagregação do pensamento: constrói sentenças corre-
tas, muitas vezes até rebuscadas, mas sem um sentido compre- Trata-se de distúrbios graves da constituição caracteroló-
ensível, fazendo associações estranhas; gica e das tendências comportamentais do indivíduo, não di-
- Ideias supervalorizadas e obsessivas: mantém um discurso retamente imputáveis a uma doença, lesão ou outra afecção
circular voltando sempre para o mesmo assunto; cerebral ou a um outro transtorno psiquiátrico. Estes distúrbios
- Ideias delirantes: ideias que não correspondem à realida- compreendem habitualmente vários elementos da personalida-
de, mas que para o indivíduo são a mais pura verdade. Ex.: meus de, acompanham-se em geral de angústia pessoal e desorgani-
olhos possuem sistema de raio laser. zação social; aparecem habitualmente durante a infância ou a
adolescência e persistem de modo duradouro na idade adulta.
De acordo com Senso-Percepção: As pessoas comtranstorno de personalidadenão têm o que
- Senso-percepção: síntese de todas as sensações e per- se considera um padrão normal de vida – do ponto de vista esta-
cepções (pelos 5 sentidos) que temos e com ela formamos uma tístico, ou seja, comparado ao modo de viver das outras pessoas.
ideia de tudo o que está à nossa volta. Esta perturbação atinge todos os pontos da personalidade de
- Alucinações: são sensações ou percepções em que o ob- uma pessoa que causam uma ação nos que a cercam e sobre o
jeto não existe, mas que é extremamente real para o paciente contexto em que habita – na forma de demonstrar seus senti-
e ele não pode controlá-las, pois independem de sua vontade; mentos, nas atitudes sociais.
podem ser auditivas, visuais, gustativas, olfativas, táteis, sines- O portador deste transtorno provoca danos a si mesmo e
tésicas e outras; aos que com ele convivem. Quando as mutações na personali-
- Ilusões: sensação referente à percepção de objeto que dade se tornam persistentes, embora não caracterizem nenhu-
existe. Ex.: O teto está baixando e poderá esmagá-lo. ma mudança patológica, elas compõem então o Transtorno de
Personalidade.
De acordo com afetividade e Humor: Quando certos contextos com os quais as pessoas estão
- Tristeza patológica: profundo abatimento, baixa autoesti- familiarizadas subitamente se transformam, algumas delas não
ma, geralmente acompanhados de tendência para o isolamento, conseguem adaptar seus traços de personalidade às novas cir-
choro fácil, inibição psicomotora; cunstâncias. É como se elas fossem prisioneiras do seu modo de

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
ser e, não sendo capazes de se adaptar ao novo, ao desconheci- - Transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva: não
do, seus traços de personalidade passam a lhes perturbar, bem confundir com o TOC-Transtornos Obsessivos Compulsivos. In-
como aos seus parentes e amigos. divíduos que têm uma tendência para serem perfeccionistas,
Muitas vezes o comportamento de alguém passa a não cor- severos, impertinentes com eles mesmos e com os outros; são
responder a determinadas expectativas dos padrões culturais muito frios e submetidos constantemente a uma intensa disci-
atualmente em vigor, tanto na área da impressão de si mes- plina.
mo, das outras pessoas ou de alguns acontecimentos, quanto
no campo afetivo, envolvendo a vantagem ou não das réplicas Tipos de distúrbios de personalidade:
emocionais; no andamento das relações entre as pessoas, bem - Paranoide;
como no freio dos impulsos. Outras vezes, suas atitudes tornam- - Esquizoide;
-se intransigentes, com sérias consequências. - Esquizotípica;
Outra característica deste transtorno é a ausência de bem- - Antissocial;
-estar nas interações sociais e profissionais. Este processo tem - Borderline;
início, geralmente, na fase da adolescência ou, no máximo, as- - Histriônica;
sim que o sujeito se torna adulto. É necessário ter certeza, antes - Narcisista;
de se valer deste diagnóstico, que não há a ocorrência de nenhu- - Esquiva;
ma outra patologia, o uso excessivo de determinadas substân- - Obsessivo- Compulsiva.
cias químicas, nem mesmo a incidência de problemas orgânicos
ou de lesões cerebrais. Certas perturbações desta natureza não Transtornos de Ansiedade
devem ser analisadas como transtorno de personalidade em
menores de 18 anos. A ansiedade é uma reação normal diante de situações que
Deve-se distinguir o transtorno de personalidade, como ca- podem provocar medo, dúvida ou expectativa. Nesses casos, a
racterizado acima, dos Transtornos de Alteração da Personalida- ansiedade funciona como um sinal que prepara a pessoa para
de, que ocorrem a partir de um certo momento, desencadeados enfrentar o desafio e, mesmo que ele não seja superado, favore-
ce sua adaptação às novas condições de vida.
normalmente por um evento traumático ou um estresse grave.
O transtorno da ansiedade generalizada (TAG), segundo o
Para se definir melhor este fenômeno, os pesquisadores costu-
manual de classificação de doenças mentais (DSM.IV), é um dis-
mam subdividi-lo em várias categorias.
túrbio caracterizado pela “preocupação excessiva ou expectati-
va apreensiva”, persistente e de difícil controle, que perdura por
Classe A – Transtornos excêntricos ou estranhos:
seis meses no mínimo e vem acompanhado por três ou mais dos
seguintes sintomas: inquietação, fadiga, irritabilidade, dificulda-
- Transtorno de personalidade esquizoide: embaraços na
de de concentração, tensão muscular, perturbação do sono, pal-
hora de interagir socialmente e de revelar os sentimentos. Pes-
pitações, falta de ar, taquicardia, aumento da pressão arterial,
soas indiferentes e solitárias. sudorese excessiva, dor de cabeça, alteração nos hábitos intesti-
- Transtorno de personalidade esquizotípica: forma mais su- nais, náuseas, aperto no peito, dores musculares.
ave de esquizofrenia. Presença de pensamentos nada comuns.
- Transtorno de personalidade paranoide: desconfiança Transtornos Alimentares
constante em relação às pessoas.
São transtornos mentais graves, crônicos, que acometem
Classe B - Transtornos dramáticos, imprevisíveis ou irregu- principalmente os adolescentes e adultos jovens, mais do sexo
lares: feminino, levando a danos psicológicos, sociais e clínicos, po-
dendo, nos casos extremos, acarretar a morte. As característi-
- Transtorno de personalidade antissocial: pessoas insensí- cas comportamentais gerais são a preocupação excessiva com o
veis aos sentimentos dos outros. Não desejam se adaptar às leis peso e a aparência do corpo acarretando comportamentos ali-
vigentes. mentares prejudiciais a saúde, dificuldades no relacionamento
- Transtorno de personalidade histriônica: seus portadores social e sofrimento.
estão sempre se desdobrando para ser o centro das atenções.
- Transtorno de personalidade limítrofe: interações afetivas Classificação dos transtornos alimentares segundo o CID-
intensas, porém caóticas e carentes de organização; instáveis e 10:
impulsivas. - anorexia nervosa– há importante conflito na imagem cor-
- Transtorno de personalidade narcisista: caracteriza os poral, com medo excessivo de engordar. Acometem as pessoas
apaixonados por sua própria imagem. magras e negam a fome.
- anorexia nervosa atípica - transtornos que apresentam al-
Classe C – Transtornos ansiosos ou receosos: gumas das características da anorexia nervosa mas cujo quadro
clínico global não justifica tal diagnóstico. Por exemplo, ausência
- Transtorno de personalidade dependente: pessoas muito do temor acentuado de ser gordo na presença de uma acentu-
dependentes afetiva e fisicamente de outros. ada perda de peso e de um comportamento para emagrecer.
- Transtorno de personalidade esquiva: aqueles que são -bulimia nervosa – em geral os pacientes apresentam peso
portadores de uma timidez exagerada. normal ou sobrepeso, não negam a fome.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
-transtorno de compulsão alimentar periódica – o paciente Transtorno compulsivo alimentar periódico:O transtor-
come sem fome até sentir-se repleto e com culpa. Pode ter rela- no de compulsão alimentar periódico (TCAP) é uma doença
ção com a obesidade, as dietas para emagrecer não funcionam. caracterizada por episódios de comer compulsivo, sem o com-
Apresentam autocrítica negativa com sintomas depressivos e portamento de purgação. O principal sintoma do transtorno de
ansiosos. compulsão alimentar é o impulso incontrolável para ingestão de
-transtorno alimentar não especificado. Incluem todos ou- grandes quantidades de alimentos, sendo que a principal conse-
tros transtornos, inclusive a orthorexia, vigorexia, drunkorexia, quência é o ganho de peso progressivo, resultando em obesida-
diaberexia etc. de, por vezes mórbida.
Epidemiologia da anorexia nervosa:Yates, 1989, relatou Referências:
que a maioria dos estudos estabeleceu uma prevalência de 1 Manual Merck de Medicina – 16ª Edição
caso entre 100 garotas adolescentes, sendo as mulheres de clas- Guideline 2000.
se social mais alta as que têm o maior risco. Cecil Loeb - Trata- http://www.flumignano.com/medicos/biblioteca.htm
do de Medicina Interna, 14ª Edição relatou que a incidência de Dr. Steven Bratman – www.orthorexia.com
novos casos atinge uma faixa de 0,6 a 1,6 por 100.000 habitan-
tes. A idade comum de início é entre 14 e 17 anos, mas pode Transtorno Opositor Desafiante
ocorrer mais cedo entre 10 a 13 anos ou mais tarde até aos 40
anos de idade. A doença é pelo menos 10 vezes mais frequente O transtorno desafiador de oposição (TDO) ou Transtorno
nas moças do que nos rapazes e aflige principalmente as mulhe- Opositor Desafiante é um transtorno disruptivo, ou seja, não
res de nível sócio econômico médio ou superior. Há importante aceita regras, caracterizado por um padrão global de desobedi-
conflito na imagem corporal, com medo excessivo de engordar. ência, desafio e comportamento hostil. Os pacientes discutem
Acometem as pessoas magras e negam a fome. excessivamente com adultos, não aceitam responsabilidade por
sua má conduta, incomodam deliberadamente os demais, pos-
Epidemiologia da bulimia nervosa- BN: Aflige principal- suem dificuldade em aceitar regras e perdem facilmente o con-
mente as mulheres de nível socioeconômico médio ou superior. trole se as coisas não seguem a forma que eles desejam.
Geralmente os pacientes apresentam um padrão contínuo
Em geral os pacientes apresentam peso normal ou sobrepeso,
de comportamento não cooperativo, desafiante, desobediente
não negam a fome. Embora haja um registro considerável de bu-
e hostil incluindo resistência à figura de autoridade. o padrão de
limia na imprensa popular a maioria da atenção tem sido dada
comportamento pode incluir:
aos aspectos relativamente benignos do problema. Segundo
-frequentes acessos de raiva;
Fairburn e Beglin (1990) que fizeram uma média dos resultados
-discussões excessivas com adultos, muitas vezes, questio-
de vários estudos, estimaram uma prevalência de 2,6%. Cooper
nando as regras;
e Fairburn
-desafio e recusa em cumprir com os pedidos de adultos;
(1983), com base em uma amostra da comunidade, estima- -deliberada tentativa de irritar ou perturbar as pessoas;
ram que 1,9% em mulheres. Pyle et al (1983) relatou que a pre- -culpar os outros por seus erros;
valência de BN clinicamente significativa e maior em estudantes -muitas vezes, ser suscetível ou facilmente aborrecido pelos
universitárias que a da comunidade, correspondendo a aproxi- outros;
madamente 4%. Outros estudos epidemiológicos tem mostrado -agressividade;
uma prevalência menor que 2% da verdadeira bulimia nervosa -dificuldade em manter as amizades;
entre meninas no segundo grau escolar – grupo que se acredita -problemas acadêmicos
ter o maior risco. Outras referências bibliográficas citam a preva-
lência entre 1,1 à 4,2% na faixa dos 18 anos de idade. Os sintomas são geralmente vistos em várias configurações,
massão mais perceptíveis em casa ou na escola. Este problema
Arthorexia:Não se conhece a prevalência, mas observa-se é bastante comum, ocorrendo entre 2% e 16% das crianças e
que a incidência está aumentando. É a obsessão em comer ex- adolescentes.
tremamente correto com perigo a saúde e as relações sociais. O
orthorético é extremamente concentrado se um determinado Esquizofrenia
alimento lhe fará bem ou mal, a ponto de inibir o apetite. Tal
preocupação excessiva também prejudica as relações afetivas e Os transtornos esquizofrênicos são distúrbios mentais gra-
sociais e até mesmo ocasionar emagrecimento excessivo. ves e persistentes, caracterizados por distorções do pensamento
e da percepção, por inadequação e embotamento do afeto por
Vigorexia: e caracteriza pelo excesso de preocupação em ausência de prejuízo no sensório e na capacidade intelectual
ter um corpo forte. Os portadores desse transtorno exercitam- (embora ao longo do tempo possam aparecer déficits cogniti-
-se em excesso e constantemente medindo sua musculatura vos). Seu curso é variável, com cerca de 30% dos casos apre-
para verificar se já obtiveram resultados. Apesar de fortes ain- sentando recuperação completa ou quase completa, 30% com
da sim se consideram fracos. Quase sempre usam suplementos remissão incompleta e prejuízo parcial de funcionamento e 30%
alimentares anabolizantes e até mesmo esteroides, mesmo que com deterioração importante e persistente da capacidade de
saibam que isto possa prejudicar a saúde. Esta doença é mais co- funcionamento profissional, social e afetivo.
mum nos homens, mas também há casos em mulheres. Não se A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica endógena, ou
conhece a prevalência, mas observa-se que está cada vez mais seja, originada dentro do organismo, que se caracteriza pela
comum. Diferente do fisiculturismo. perda do contato com a realidade. A pessoa pode ficar fechada

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
em si mesma, com o olhar perdido, indiferente, ter alucinações -esquizofrenia paranoide: predominam sintomas positivos
e delírios. Ela ouve vozes que ninguém mais escuta e imagina como alucinações e enganos, com uma relativa preservação o
estar sendo vítima. Não há argumento nem bom senso que a funcionamento cognitivo e do afetivo, o inicio tende ser mais
convença do contrário. tardio que o dos outros tipos.
-esquizofrenia catatónica: sintomas motores característi-
Os dois sintomas “produtivos e negativos” da esquizofre- cos são proeminentes, sendo os principais a atividade motora
nia: excessiva, extremo negativismo (manutenção de uma postura
-Os produtivos, que são basicamente, os delírios e as aluci- rígida contra tentativas de mobilização, ou resistência a toda
nações. O delírio se caracteriza por uma visão distorcida da reali- e qualquer instrução), mutismo, cataplexia (paralisia corporal
dade. O mais comum, na esquizofrenia, é o delírio persecutório. momentânea), ecolalia (repetição patológica, tipo papagaio e
O indivíduo acredita que está sendo perseguido e observado por aparentemente sem sentido de uma palavra ou frase que ou-
pessoas que tramam alguma coisa contra ele. As alucinações tra pessoa acabou de falar) e ecopraxia (imitação repetitiva dos
caracterizam-se por uma percepção que ocorre independente- movimentos de outra pessoa). Necessita cuidadosa observação,
mente de um estímulo externo. Por exemplo: o doente escuta pois existem riscos potenciais de desnutrição, exaustão, hiperpi-
vozes, em geral, as vozes dos perseguidores, que dão ordens e rexia ou ferimentos auto infligidos.
comentam o que ele faz. São vozes imperativas que podem le- -esquizofrenia desorganizada: discurso desorganizado e sin-
vá-lo ao suicídio. Delírio e alucinações são sintomas produtivos tomas negativos como comportamento desorganizado e acha-
que respondem mais rapidamente ao tratamento. tamento emocional predominam neste tipo de esquizofrenia.
Os sintomas negativos da doença, mais resistentes ao trata- Os aspectos associados incluem trejeitos faciais, maneirismos e
mento, e que se caracterizam por diminuição dos impulsos e da outras estranhezas do comportamento.
vontade e por achatamento afetivo. Há a perda da capacidade
de entrar em ressonância com o ambiente, de sentir alegria ou Abuso de Substâncias Psicoativas
tristeza condizente com a situação externa.
É uma doença frequente e universal que incide em 1% da Droga psicoativa ou substância psicotrópica é a substância
população. Ocorre em todos os povos, etnias e culturas. Existem
química que age principalmente no sistema nervoso central,
estudos comparativos indicando que ela se manifesta igualmen-
onde altera a função cerebral e temporariamente muda a per-
te em todas as classes socioeconômicas e nos países ricos e po-
cepção, o humor, o comportamento e a consciência.
bres. Isso reforça a ideia de que a esquizofrenia é uma doença
Substâncias psicoativas são aquelas que alteram o psiquis-
própria da condição humana e independe de fatores externos.
mo. Diversas dessas drogas possuem potencial de abuso, ou
Em cada 100 mil habitantes, surgem de 30 a 50 casos novos por
seja, são passíveis da autoadministração repetida e consequen-
ano.
te ocorrência de fenômenos, como uso nocivo (padrão de uso
Existe um componente genético importante. O risco sobe
de substâncias psicoativas que está causando dano à saúde fí-
para 13%, se um parente de primeiro grau for portador da do-
ença. Quanto mais próximo o grau de parentesco, maior o risco, sica ou mental), tolerância (necessidade de doses crescentes da
chegando ao máximo em gêmeos monozigóticos. Se um deles substância para atingir o efeito desejado), abstinência, compul-
tem esquizofrenia, a possibilidade de o outro desenvolver o qua- são para o consumo e a dependência (síndrome composta de
dro é de 50%. Mas, em linhas gerais o ambiente pode influenciar fenômenos fisiológicos, comportamentais e cognitivos no qual
o adoecimento nas etapas mais precoces do desenvolvimento o uso de uma substância torna-se prioritário para o indivíduo
cerebral, da gestação à primeira infância, bem como na adoles- em relação a outros comportamentos que antes tinham maior
cência. importância).

Tipos de Esquizofrenia: As substâncias psicoativas são divididas em três grupos:


- esquizofrenia residual: refere-se a uma esquizofrenia que - Drogas psicoanalépticas ou estimulantes do SNC (cocaína,
já tem muitos anos e com muitas consequências. Neste tipo de anfetamina, nicotina, cafeína etc.).
esquizofrenia podem predominar sintomas como o isolamento -Drogas psicolépticas ou depressoras do SNC (álcoolbenzo-
social, o comportamento excêntrico, emoções pouco apropria- diazepínicos, barbitúricos, opioides, solventes etc.
das e pensamentos ilógicos. -Drogas psicodislépticas ou alucinógenas (cannabis, LSD,
-esquizofrenia simples: normalmente, começa na adoles- fungos alucinógenos, anticolinérgicos etc.).
cência com emoções irregulares ou pouco apropriadas, pode ser
seguida de um demorado isolamento social, perda de amigos, Os limites são entre o uso recreativo, o abuso e a dependên-
poucas relações reais com a família e mudança de personalida- cia de substâncias psicoativas. Postula-se que sejam fenômenos
de, passando de sociável a antissocial e terminando em depres- que ocorram continuamente e que alguns parâmetros orientem
são. É também pouco frequente. a transição de um estágio para o outro.
-esquizofrenia indiferenciada: apesar desta classificação, é O abuso ou uso nocivo seria um momento intermediário
importante destacar que os doentes esquizofrénicos nem sem- entre o uso recreativo (de baixo risco, não sendo caracteriza-
pre se encaixam perfeitamente numa certa categoria. Também do como um problema médico) e a dependência. Já há prejuízo
existem doentes que não se podem classificar em nenhum dos decorrente do consumo da substância, mas ainda há algum con-
grupos mencionados. A estes doentes pode-se atribuir o diag- trole do indivíduo quanto à quantidade consumida e à duração
nóstico de esquizofrenia indeferenciada. dos efeitos.

92
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A dependência de substâncias psicoativas é uma síndrome - rebaixamento do nível de consciência;
cujo elemento central é um desejo intenso de consumir a subs- - crises convulsivas;
tância. - sintomas depressivos severos ou persistentes, especial-
mente com risco de suicídio;
Dependência de Substâncias Psicoativas - sintomas psicóticos severos ou persistentes;
- comorbidades psiquiátricas (p. ex., esquizofrenia, transtor-
Alguns fatores de risco podem contribuir para a Depen- no afetivo bipolar, depressão melancólica, transtornos ansiosos
dência Química, são eles: graves etc.);
- comorbidades clínicas severas (p. ex., AVC, hepatopatia,
Fatores Biológicos: cardiopatias, infecções, doenças respiratórias etc.);
- predisposição genética - antecedente de síndrome de abstinência severa (delirium
- capacidade do cérebro de tolerar presença constante da tremens,crises convulsivas);
substância. - falha de tratamento ambulatorial;
- capacidade do corpo em metabolizar a substância. - falta de motivação para qualquer forma de tratamento;
- natureza farmacológica da substância, tais como potencial - ausência de suporte familiar ou social;
de toxicidade e dependência, ambas influenciadas pela via de - idosos;
administração escolhida. - risco de vida (comportamento autodestrutivo, dívidas com
traficantes etc.).
Fatores Psicológicos:
- distúrbios do desenvolvimento Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade – TDAH
- morbidades psiquiátricas: ansiedade, depressão, déficit de
atenção e hiperatividade, transtornos de personalidade. O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade-
- problemas / alterações de comportamento. TDAH é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que
- baixa resiliência e limitado repertório de habilidades so- aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo
ciais.
por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desaten-
- expectativa positiva quanto aos efeitos das substâncias de
ção, inquietude e impulsividade. Ocorre em 3 a 5% das crianças.
abuso
Os sintomas desatenção, hiperatividade e impulsividade po-
dem ser explicados da seguinte forma: Em geral as crianças são
Fatores sociais:
tidas como desligadas, avoadas, “vivendo no mundo da lua”, e
- estrutura familiar disfuncional: violência doméstica, aban-
geralmente estabanadas ou ligadas, não param quietas por mui-
dono,
to tempo.
- carências básicas.
- exclusão e violência social.
- baixa escolaridade. Retardo mental
- oportunidades e opções de lazer precárias.
- pressão de grupo para o consumo. Parada do desenvolvimento ou desenvolvimento incom-
- ambiente permissivo ou estimulador do consumo de subs- pleto do funcionamento intelectual, caracterizados essencial-
tâncias mente por um comprometimento, durante o período de desen-
volvimento, das faculdades que determinam o nível global de
Intoxicação por uso Abusivo de Substancias Psicoativas. inteligência, isto é, das funções cognitivas (processo de conhe-
cimento/cognição), de linguagem, da motricidade e do compor-
Em geral, os quadros de intoxicação são atendidos em ser- tamento social. O retardo mental pode acompanhar um outro
viços de emergência, frequentemente em decorrência de com- transtorno mental ou físico, ou ocorrer de modo independen-
plicações clínicas, como rebaixamento do nível de consciência, temente.
convulsões e agitação psicomotora. As condutas devem ser to-
madas de acordo com o quadro clínico à admissão do paciente. Tipos de retardo mental:
Frequentemente não dispomos de informações como a identifi-
cação exata da(s) droga(s) utilizada(s), assim como a quantidade Quociente de Inteligência-QI é um fator que mede a inteli-
usada e o grau de tolerância prévia. As medidas específicas de- gência das pessoas com base nos resultados de testes específi-
vem ser de acordo com cada substância ingerida. cos. O QI mede o desempenho cognitivo de um indivíduo com-
parando a pessoas do mesmo grupo etário.
Síndrome de Abstinência - retardo mental leve: amplitude aproximada do QI entre
50 e 69 (em adultos, idade mental de 9 a menos de 12 anos).
No manejo das síndromes de abstinência, devemos priori- Provavelmente devem ocorrer dificuldades de aprendizado na
zar o alívio dos sintomas e a prevenção de complicações ineren- escola. Muitos adultos serão capazes de trabalhar e de manter
tes à abstinência da substância. O tratamento da síndrome de relacionamento social satisfatório e de contribuir para a socie-
dependência, em geral, pode ser realizado ambulatorialmente dade.
ou em regime de internação hospitalar. Algumas possíveis indi- - retardo mental moderado: amplitude aproximada do
cações de internação hospitalar, conforme estão presentes na QI entre 35 e 49 (em adultos, idade mental de 6 a menos de 9
listagem a seguir: anos). Provavelmente devem ocorrer atrasos acentuados do de-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
senvolvimento na infância, mas a maioria dos pacientes aprende Como se proteger das possíveis intercorrências que podem
a desempenhar algum grau de independência quanto aos cuida- acontecer?
dos pessoais e adquirir habilidades adequadas de comunicação Um enfermeiro deve estar qualificado para desenvolver as
e acadêmicas. Os adultos necessitarão de assistência em grau suas atividades com pacientes com transtornos mentais, pois a
variado para viver e trabalhar na comunidade. demanda varia de acordo com estado psíquico de cada pacien-
- retardo mental grave: amplitude aproximada de QI entre te. O profissional deve estar preparado para saber lidar com as
20 e 40 (em adultos, idade mental de 3 a menos de 6 anos). Pro- intercorrências que podem acontecer, ficando muitas vezes mais
vavelmente deve ocorrer a necessidade de assistência contínua. vulnerável a efeitos negativos do trabalho.
- retardo mental profundo: QI abaixo de 20 (em adultos, Diante de uma situação como essa, é possível que apareça
idade mental abaixo de 3 anos). Devem ocorrer limitações gra- a dúvida de como atuar em uma área que pode causar estresse
ves quanto aos cuidados pessoais, continência, comunicação e e desgaste emocional, dificultando o desempenho no trabalho e
mobilidade. até a vida pessoal do enfermeiro.
A necessidade de uma constante capacitação para que os
É comum que a grande maioria dos enfermeiros reconheça enfermeiros possam desenvolver as habilidades necessárias
como ações dentro de um tratamento de saúde mental apenas para impedir que o seu trabalho diário com pacientes com trans-
a administração de remédios e o encaminhamento do paciente tornos mentais influencie negativamente na sua vida pessoal,
para serviços especializados. No entanto, o atendimento da en- além da sua saúde física e emocional, se faz fundamental.
fermagem deve ir muito além, acolhendo e escutando o pacien-
te com atenção e cuidado. A saúde mental
O enfermeiro que está tendo o primeiro contato com um A Política Nacional de Saúde Mental é uma ação do Governo
paciente que sofre de transtornos mentais deve aprender a di- Federal, coordenada pelo Ministério da Saúde, que compreende
recionar a sua atenção em primeiro lugar no paciente e nas suas as estratégias e diretrizes adotadas pelo país para organizar a
necessidades. Como esse primeiro contato pode ser estressan- assistência às pessoas com necessidades de tratamento e cui-
te, uma assistência humanizada e diferenciada será de grande dados específicos em saúde mental. Abrange a atenção a pesso-
valia para o sucesso do tratamento. as com necessidades relacionadas a transtornos mentais como
Escutar o paciente com atenção e interesse e, principalmen- depressão, ansiedade, esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar,
te, valorizar a comunicação não verbal, devem ser peças-chaves transtorno obsessivo-compulsivo etc, e pessoas com quadro de
em todos os atendimentos. uso nocivo e dependência de substâncias psicoativas, como ál-
Para o enfermeiro que nunca teve nenhum contato com a cool, cocaína, crack e outras drogas.
área de saúde mental, a falta de procedimentos invasivos parece O acolhimento dessas pessoas e seus familiares é uma es-
incoerente. No entanto, a comunicação é um poderoso instru- tratégia de atenção fundamental para a identificação das neces-
mento transformador nas relações entre profissionais e pacien- sidades assistenciais, alívio do sofrimento e planejamento de in-
tes. tervenções medicamentosas e terapêuticas, se e quando neces-
A construção de um vínculo de confiança entre enfermeiro sárias, conforme cada caso. Os indivíduos em situações de crise
e paciente é a melhor ação terapêutica para esses casos. podem ser atendidos em qualquer serviço da Rede de Atenção
Além disso, é preciso que o enfermeiro esteja preparado Psicossocial, formada por várias unidades com finalidades dis-
para: tintas, de forma integral e gratuita, pela rede pública de saúde.
- Realizar avaliações biopsicossociais da saúde; Além das ações assistenciais, o Ministério da Saúde tam-
- Criar e implementar planos de cuidados para pacientes e bém atua ativamente na prevenção de problemas relacionados
familiares; a saúde mental e dependência química, implementando, por
-Participar de atividades de gerenciamento de caso; exemplo, iniciativas para prevenção do suicídio, por meio de
- Promover e manter a saúde mental; convênio firmado com o Centro de Valorização da Vida (CVV),
- Fornecer cuidados diretos e indiretos; que permitiu a ligação gratuita em todo o país.
- Controlar e coordenar os sistemas de cuidados;
- Integrar as necessidades do paciente, da família e de toda ATENÇÃO: O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza
equipe médica. apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária
Todos esses pontos, juntamente com uma relação terapêu- e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam con-
tica, trazem muitos benefícios ao tratamento, como a redução versar, sob total sigilo, por telefone, email, chat e voip 24 horas
da ansiedade e do estresse, o aumento do bem-estar, a melhora todos os dias. A ligação para o CVV em parceria com o SUS, por
da memória, da qualidade de vida e das funções psíquicas e a meio do número 188, é gratuita a partir de qualquer linha tele-
reintegração social do paciente. fônica fixa ou celular. Também é possível acessar www.cvv.org.
Nestes casos, as ações de enfermagem devem começar com br para chat.
uma entrevista, com o profissional ouvindo atentamente a quei-
xa do paciente, mas também a sua história de vida, o seu proces- Estrutura de atendimento - Rede de Atenção Psicossocial
so de adoecimento e os seus problemas emocionais. É preciso (RAPS)
conversar com o paciente e com a família para orientá-los sobre As diretrizes e estratégias de atuação na área de assistência
as ações mais eficazes para o tratamento terapêutico. à saúde mental no Brasil envolvem o Governo Federal, Estados
e Municípios. Os principais atendimentos em saúde mental são
realizados nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que exis-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
tem no país, onde o usuário recebe atendimento próximo da Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT)
família com assistência multiprofissional e cuidado terapêutico São moradias ou casas destinadas a cuidar de pacientes
conforme o quadro de saúde de cada paciente. Nesses locais com transtornos mentais, egressos de internações psiquiátri-
também há possibilidade de acolhimento noturno e/ou cuidado cas de longa permanência e que não possuam suporte social e
contínuo em situações de maior complexidade. laços familiares. Além disso, os Serviços Residenciais Terapêuti-
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) é formada pelos se- cos (SRTs) também podem acolher pacientes com transtornos
guintes pontos de atenção: mentais que estejam em situação de vulnerabilidade pessoal e
social, como, por exemplo, moradores de rua.
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)
São pontos de atenção estratégicos da Rede de Atenção Psi- Unidades de Acolhimento (UA)
cossocial (RAPS). Unidades que prestam serviços de saúde de Oferece cuidados contínuos de saúde, com funcionamento
caráter aberto e comunitário, constituído por equipe multipro- 24h/dia, em ambiente residencial, para pessoas com necessida-
fissional que atua sobre a ótica interdisciplinar e realiza priorita- de decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, de am-
riamente atendimento às pessoas com sofrimento ou transtor- bos os sexos, que apresentem acentuada vulnerabilidade social
no mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do e/ou familiar e demandem acompanhamento terapêutico e pro-
uso de álcool e outras drogas, em sua área territorial, seja em tetivo de caráter transitório. O tempo de permanência nessas
situações de crise ou nos processos de reabilitação psicossocial. unidades é de até seis meses.
São substitutivos ao modelo asilar, ou seja, aqueles em que os
pacientes deveriam morar (manicômios). As Unidades de Acolhimento são divididas em:
Unidade de Acolhimento Adulto (UAA): destinada às pesso-
Modalidades dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) as maiores de 18 (dezoito) anos, de ambos os sexos; e Unidade
CAPS I: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtor- de Acolhimento Infanto-Juvenil (UAI): destinada às crianças e
nos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substân- aos adolescentes, entre 10 (dez) e 18 (dezoito) anos incomple-
cias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 15 tos, de ambos os sexos.
mil habitantes. As UA contam com equipe qualificada e funcionam exata-
CAPS II: Atendimento a todas as faixas etárias, para trans- mente como uma casa, onde o usuário é acolhido e abrigado
tornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de subs- enquanto seu tratamento e projeto de vida acontecem nos di-
tâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo me- versos outros pontos da RAPS.
nos 70 mil habitantes.
CAPS i: Atendimento a crianças e adolescentes, para trans- Ambulatórios Multiprofissionais de Saúde Mental
tornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de subs- Os Ambulatórios Multiprofissionais de Saúde Mental são
tâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo me- serviços compostos por médico psiquiatra, psicólogo, assistente
nos 70 mil habitantes. social, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, enfermeiro e ou-
CAPS ad Álcool e Drogas: Atendimento a todas faixas etárias, tros profissionais que atuam no tratamento de pacientes que
especializado em transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, apresentam transtornos mentais. Esses serviços devem prestar
atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes. atendimento integrado e multiprofissional, por meio de consul-
CAPS III: Atendimento com até 5 vagas de acolhimento no- tas.
turno e observação; todas faixas etárias; transtornos mentais Funcionam em ambulatórios gerais e especializados, poli-
graves e persistentes inclusive pelo uso de substâncias psicoa- clínicas e/ou em ambulatórios de hospitais, ampliando o acesso
tivas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 150 mil ha- à assistência em saúde mental para pessoas de todas as faixas
bitantes. etárias com transtornos mentais mais prevalentes, mas de gravi-
CAPS ad III Álcool e Drogas: Atendimento e 8 a 12 vagas de dade moderada, como transtornos de humor, dependência quí-
acolhimento noturno e observação; funcionamento 24h; todas mica e transtornos de ansiedade, atendendo às necessidades de
faixas etárias; transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, complexidade intermediária entre a atenção básica e os Centros
atende cidades e ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes. de Atenção Psicossocial (CAPS).
ATENÇÃO: Se o município não possuir nenhum CAPS, o
atendimento de saúde mental é feito pela Atenção Básica, prin- Comunidades Terapêuticas
cipal porta de entrada para o SUS, por meio das Unidades Bási- São serviços destinados a oferecer cuidados contínuos de
cas de Saúde ou Postos de Saúde. saúde, de caráter residencial transitório para pacientes, com ne-
cessidades clínicas estáveis, decorrentes do uso de crack, álcool
Urgência e emergência: SAMU 192, sala de estabilização, e outras drogas.
UPA 24h e pronto socorro
São serviços para o atendimento de urgências e emergên- Enfermarias Especializadas em Hospital Geral
cias rápidas, responsáveis, cada um em seu âmbito de atuação, São serviços destinados ao tratamento adequado e mane-
pela classificação de risco e tratamento das pessoas com trans- jo de pacientes com quadros clínicos agudizados, em ambiente
torno mental e/ou necessidades decorrentes do uso de crack, protegido e com suporte e atendimento 24 horas por dia. Apre-
álcool e outras drogas em situações de urgência e emergência, sentam indicação para tratamento nesses Serviços pacientes
ou seja, em momentos de crise forte. com as seguintes características: incapacidade grave de auto-
cuidados; risco de vida ou de prejuízos graves à saúde; risco de

95
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
autoagressão ou de heteroagressão; risco de prejuízo moral ou patrimonial; risco de agresão à ordem pública. Assim, as internações
hospitalares devem ocorrer em casos de pacientes com quadros clínicos agudos, em internações breves, humanizadas e com vistas ao
seu retorno para serviços de base aberta.

Hospital-Dia
É a assistência intermediária entre a internação e o atendimento ambulatorial, para realização de procedimentos clínicos, cirúrgi-
cos, diagnósticos e terapêuticos, que requeiram a permanência do paciente na Unidade por um período máximo de 12 horas.

O que é Reabilitação Psicossocial?


A reabilitação psicossocial é compreendida como um conjunto de ações que buscam o fortalecimento, a inclusão e o exercício de
direitos de cidadania de pacientes e familiares, mediante a criação e o desenvolvimento de iniciativas articuladas com os recursos do
território nos campos do trabalho, habitação, educação, cultura, segurança e direitos humanos.

O que fazer para ter uma boa saúde mental?


- Praticar hábitos saudáveis e adotar um estilo de vida de qualidade, ajudam a manter a saúde mental em dia.
- Jamais se isole
- Consulte o médico regularmente
- Faça o tratamento terapêutico adequado
- Mantenha o físico e o intelectual ativos
- Pratique atividades físicas
- Tenha alimentação saudável
- Reforce os laços familiares e de amizades

96
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Quem pode ser afetado por problema de saúde mental e/ou Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (CONAD). Abaixo,
dependência química? seguem as principais mudanças apresentadas na Resolução do
Todas as pessoas, de ambos os sexos e em qualquer faixa CONAD:
etária, pode ser afetado, em algum momento, por problemas de - Alinhamento entre a Política Nacional sobre Drogas e a re-
saúde mental ou dependência química, de maior ou menor gra- cém-publicada Política Nacional de Saúde Mental;
vidade. Algumas fases, no entanto, podem servir como gatilhos - Ações de Prevenção, Promoção à Saúde e Tratamento pas-
para início do problema. sam a ser baseadas em evidências científicas;
- Entrada na escola (início dos estudos) - Posição contrária à legalização das drogas;
- Adolescência - Estratégias de tratamento não devem se basear apenas
- Separação dos pais em Redução de Danos, mas também em ações de Promoção de
- Conflitos familiares Abstinência, Suporte Social e Promoção da Saúde;
- Dificuldades financeiras - Fomento à pesquisa deve se dar de forma equânime, ga-
- Menopausa rantindo a participação de pesquisadores de diferentes corren-
- Envelhecimento tes de pensamento e atuação;
- Doenças crônicas - Ações Intersetoriais;
- Divórcio - Apoio aos pacientes e familiares em articulação com Gru-
- Perda entes queridos pos, Associações e Entidades da Sociedade Civil, incluindo as Co-
- Desemprego munidades Terapêuticas;
- Fatores genéticos - Modificação dos documentos legais de orientação sobre a
- Fatores infecciosos Política Nacional sobre Drogas, destinados aos parceiros gover-
- Traumas namentais, profissionais da saúde e população em geral;
- Falsos conceitos sobre saúde mental - Atualização da posição do Governo brasileiro nos foros in-
É comum que as pessoas que sofram com transtornos men- ternacionais, seguindo a presente Resolução.
tais ou dependência química seja, muitas vezes, incompreendi-
das, julgadas, excluídas e até mesmo marginalizadas, devido a Direitos das pessoas com transtornos mentais
falsos conceitos ou pré-conceitos errados.
Entenda que as doenças mentais: Programa de Volta para Casa
- Não são fruto da imaginação; O Programa de Volta para Casa é um dos instrumentos mais
- A pessoa não escolhe ter; efetivos para a reintegração social das pessoas com longo his-
- Algumas doenças mentais têm cura, outras possuem tra- tórico de hospitalização. Trata-se de uma das estratégias mais
tamentos específicos; potencializadoras da emancipação de pessoas com transtornos
- Pessoas com problemas mentais são tão inteligentes quan- mentais e dos processos de desinstitucionalização e redução de
to as que não têm; leitos nos estados e municípios. Criado por lei federal, o Progra-
- Pessoas com problemas mentais não são preguiçosas; ma é a concretização de uma reivindicação histórica do movi-
Estes mitos, aliados à discriminalização, aumentam os sin- mento da Reforma Psiquiátrica Brasileira.
tomas do problema e, em muitas ocasiões, podem levar até ao O objetivo é contribuir efetivamente para o processo de in-
suicídio. Mesmo nos casos mais graves, é possível controlar e serção social das pessoas com longa história de internações em
reduzir os sintomas por meio de medidas de reabilitação e trata- hospitais psiquiátricos, por meio do pagamento mensal de um
mentos específicos. A recuperação é mais efetiva e rápida quan- auxílio-reabilitação aos beneficiários. Para receber o auxílio-re-
to mais precocemente o tratamento for iniciado. abilitação do Programa De Volta para Casa, a pessoa deve ser
egressa de Hospital Psiquiátrico ou de Hospital de Custódia e
FAÇA SUA PARTE. NÃO DISSEMINE FALSOS CONCEITOS! Não Tratamento Psiquiátrico, e ter indicação para inclusão em pro-
questione, não ache que é frescura e que é simplesmente for- grama municipal de reintegração social. O Programa possibilita
ça de vontade para superar. Não estigmatize. Apoie. Dê amor, a ampliação da rede de relações dos usuários, assegura o bem
atenção e compreensão. Ajude a reabilitar, incentivando acom- estar global da pessoa e estimula o exercício pleno dos direitos
panhamento profissional adequado. Ajuda a integrar ou reinte- civis, políticos e de cidadania, uma vez que prevê o pagamento
grar a pessoa. do auxílio-reabilitação diretamente ao beneficiário, por meio de
convênio entre o Ministério da Saúde e a Caixa Econômica Fe-
Tratamentos para saúde mental e dependência química deral.
São o conjunto de estratégias adotadas para prestar tra-
tamento em saúde às pessoas com problemas relacionados a Benefício de Prestação Continuada (BPC)
transtornos mentais, ao abuso e à dependência de substâncias O benefício de prestação continuada é gerido pelo Minis-
psicoativas, como álcool, tabaco, cocaína, crack, maconha, opioi- tério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e
des, alucinógenos, drogas sintéticas, etc. O uso, abuso e depen- operacionalizado pelo Instituto Nacional da Seguridade Social
dência química são problemas complexos, multifatoriais, que (INSS). Os recursos para seu custeio provêm do Fundo Nacional
exigem abordagem interdisciplinar, envolvendo múltiplas áreas de Assistência Social (FNAS). É, na verdade, a garantia de um sa-
governamentais (Saúde, Assistência Social, Trabalho, Justiça). lário mínimo mensal ao idoso acima de 65 anos ou à pessoa com
Recentemente, o Governo alterou as diretrizes de sua Política deficiência de qualquer idade com impedimentos de natureza
Nacional sobre Drogas, por meio da Resolução no 1 de 2018 do física, mental, intelectual ou sensorial de longo prazo (aquele

97
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 anos), que o impos- Real Portuguesa em 1808. Foi nesta época que foram construi-
sibilite de participar de forma plena e efetiva na sociedade, em dos os primeiros asilos que funcionavam como depósitos de
igualdade de condições com as demais pessoas. doentes, mendigos, deliquentes e criminosos, removendo-os
da sociedade, com o objetivo de colocar ordem na urbanização,
Benefício de Prestação Continuada na Escola disciplinando a sociedade e sendo, dessa forma, compatível ao
O programa Benefício de Prestação Continuada na Escola desenvolvimento mercantil e as novas políticas do século XIX.
tem como objetivo monitorar o acesso e permanência na escola BRITTO apud MESQUITA (2008:3) nos explica:
dos beneficiários com deficiência, na faixa etária de 0 a 18 anos, Com o relevante crescimento da população, a Cidade pas-
por meio de ações articuladas, entre as áreas da educação, as- sou a se deparar com alguns problemas e, dentre eles, a presen-
sistência social, direitos humanos e saúde. Tem como principal ça dos loucos pelas ruas. O destino deles era a prisão ou a Santa
diretriz a identificação das barreiras que impedem ou dificultam Casa de Misericórdia, que era um local de amparo, de caridade,
o acesso e a permanência de crianças e adolescentes com defi- não um local de cura. Lá, os alienados recebiam um “tratamen-
ciência na escola e o desenvolvimento de ações intersetoriais, to” diferenciado dos outros internos. Os insanos ficavam amon-
envolvendo as Políticas de Educação, de Assistência Social, de toados em porões, sofrendo repressões físicas quando agitados,
Saúde e de Direitos Humanos, com vista à superação destas bar- sem contar com assistência médica, expostos ao contágio por
reiras. doenças infecciosas e subnutridos. Interessante observar que
naquele momento, o recolhimento do louco não possuía uma
A reforma psiquiátrica atitude de tratamento terapêutico, mas, sim, de salvaguardar
A Reforma Psiquiátrica no Brasil deve ser entendida como a ordem pública.
um processo político e social complexo. Na década de 70 são A psiquiatria nasce, no Brasil com o desígnio de resguardar
registradas várias denúncias quanto à política brasileira de saú- a população contra os exageros da loucura, ou seja, não havia
de mental em relação à política de privatização da assistência finalidade em buscar uma cura para aqueles acometidos de
psiquiátrica por parte da previdência social, quanto às condições transtornos mentais, mais sim, excluí-los do seio da sociedade
(públicas e privadas) de atendimento psiquiátrico à população. para que esta não se sentisse amofinada. ROCHA (1989, p.13)
É nesse contexto, no fim da década citada, que surge pequenos 9. Portanto, a questão principal era o isolamento dos doentes
núcleos estaduais, principalmente nos estados de São Paulo, Rio mentais e não com um tratamento. É o Hospício D. Pedro II que,
de Janeiro e Minas Gerais. Estes constituem o Movimento de em 1852, passa a internar os doentes mentais e a tirá-los do
Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM). convívio em sociedade.
No Rio de Janeiro, em 1978, eclode o movimento dos tra- (ROCHA 1989:15) 10. Este mesmo autor enfatiza que “é
balhadores da Divisão Nacional de Saúde Mental (DINSAM) e a psiquiatria que cria espaço próprio para o enclausuramento
coloca em xeque a política psiquiátrica exercida no país. A ques- do louco – capaz de dominá-lo e submete-lo.” Estes lugares de
tão psiquiátrica é colocada em pauta, em vista disto, tais mo- clausura eram os hospitais psiquiátricos também denominados
vimentos fazem ver à sociedade como os loucos representam asilos, hospícios e manicômios.
a radicalidade da opressão e da violência imposta pelo estado Com o fim da Segunda Guerra Mundial, começa a surgir o
autoritário. A Reforma busca coletivamente construir uma críti- modelo manicomial brasileiro, principalmente os manicômios
ca ao chamado saber psiquiátrico e ao modelo hospitalocêntrico privados. Nos anos 60, com a criação do Instituto Nacional de
na assistência às pessoas com transtornos mentais. Previdência Social (INPS), o Estado passa a utilizar os serviços
A Reforma Psiquiátrica no Brasil deve ser entendida como psiquiátricos do setor privado. Dessa forma, cria-se uma “indús-
um processo político e social complexo, tendo em vista, ser o tria para o enfrentamento da loucura” (Amarante, 1995:13).
mesmo uma combinação de atores, instituições e forças de di- O modelo asilar ou hospitalocêntrico continua predominan-
ferentes origens, e que incide em territórios diversos, nos go- te até o final do primeiro meado do século XX. Até que em 1961,
vernos federal, estadual e municipal, nas universidades, no o médico italiano Franco Baságlia assume a direção do Hospital
mercado dos serviços de saúde, nos conselhos profissionais, Psiquiátrico de Gorizia, na Itália. No campo das relações entre
nas associações de pessoas com transtornos mentais e de seus a coletividade e a insanidade, ele assumia uma atitude crítica
familiares, nos movimentos sociais, e nos territórios do imagi- para com a psiquiatria clássica e hospitalar, por esta se centrar
nário social e da opinião pública. (BRASIL, 2005). O movimento no princípio do insulamento do alienado. Ele defendia, ao con-
pela Reforma Psiquiátrica tem início no Brasil no final dos anos trário, que o doente mental voltasse a viver com sua família. Sua
setenta. Este movimento tinha como bandeira a luta pelos direi- atitude inicial foi aperfeiçoar a qualidade de hospedaria e o cui-
tos dos pacientes psiquiátricos em nosso país. O que implicava dado técnico aos internos no hospital em que dirigia. Essas nor-
na superação do modelo anterior, o qual não mais satisfazia a mas e o pensamento de Franco Baságlia influenciam, entre ou-
sociedade. tros, o Brasil, fazendo ressurgir diversas discussões que tratavam
O processo da Reforma Psiquiátrica divide-se em duas fa- da desinstitucionalização do portador de sofrimento mental e
ses: a primeira de 1978 a 1991 compreende uma crítica ao mo- da humanização do tratamento a essas pessoas, com o objetivo
delo hospitalocêntrico, enquanto a segunda, de 1992 aos dias de promover a re-inserção social.
atuais destaca-se pela implantação de uma rede de serviços ex-
trahospitalares. A Reforma Psiquiátrica no Brasil
O modelo mais adotado para conter a loucura foi o asilo. Na década de 70 são registradas várias denúncias quanto à
Britto apud Mesquita (2008:3) informa que no Brasil a institui- política brasileira de saúde mental em relação à política de pri-
ção da psiquiatria encontra-se relacionado à vinda da Família vatização da assistência psiquiátrica por parte da previdência so-

98
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
cial, quanto às condições (públicas e privadas) de atendimento A Lei Paulo Delgado foi criticada, sobretudo por proprie-
psiquiátrico à população. É nesse contexto, que no fim da déca- tários de hospitais e clínicas privadas conveniadas ao SUS, nas
da citada, que surge a questão da reforma psiquiátrica no Brasil. quais se localizavam a maior parte dos leitos para o atendimento
Pequenos núcleos estaduais, principalmente nos estados de São dos doentes mentais. Em 1985, Segundo dados do Ministério da
Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais constituem o Movimento Saúde. 80% dos leitos psiquiátricos eram contratados enquanto
de Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM). No Rio de Janeiro, somente 20% eram internações na rede pública. (BRASIL, 2005).
em 1978, eclode o movimento dos trabalhadores da Divisão Na- TENÓRIO (2002:38) aponta para dois grandes marcos da dé-
cional de Saúde Mental (DINSAM) e coloca em xeque a política cada de 80, no que tange à Reforma Psiquiátrica: a inauguração
psiquiátrica exercida no país. A questão psiquiátrica é colocada do primeiro CAPS na Cidade de São Paulo e a Intervenção Públi-
em pauta: “... tais movimentos fazem ver à sociedade como os ca na Casa de Saúde Anchieta (Santos-SP) a qual funcionava com
loucos representam a radicalidade da opressão e da violência 145% de ocupação (290 leitos com 470 internados). O interna-
imposta pelo estado autoritário”. (Rotelli et al, 1992: 48). mento asilar não representava a exclusiva perspectiva para esta
Na década de 80, ocorrem vários encontros, preparatórios classe da população a qual tinha seus direitos cerceados, impe-
para a I Conferência Nacional de Saúde Mental (I CNSM), que dida de ir e vir, em internações infindáveis onde os usuários em
ocorreu em 1987 os quais recomendam a priorização de inves- diversos casos perdiam suas referencia com familiares e grupos
timentos nos serviços extra-hospitalares e multiprofissionais afetivos. Efetivando-se acima de tudo em perda da autonomia
como oposição à tendência hospitalocêntrica. No final de 1987 destes.
realiza-se o II Congresso Nacional do MTSM em Bauru, SP, no A Reforma destaca-se então enquanto um movimento com
qual se concretiza o Movimento de Luta Antimanicomial e é a finalidade de intervir no então modelo vigente, buscando o
construído o lema „por uma sociedade sem manicômios‟. Nes- fim da mercantilização da loucura para assim poder “[...] cons-
se congresso amplia-se o sentido político-conceitual acerca do truir coletivamente uma critica ao chamado saber psiquiátrico
antimanicomial. e ao modelo hospitalocêntrico na assistência às pessoas com
AMARANTES (1995:82) explica: transtornos mentais. [...]” (BRASIL, 2005, P.2). Em 1990, o Brasil
Enfim, a nova etapa (...) consolidada no Congresso de Bau- torna-se signatário da Declaração de Caracas a qual propõe a
ru, repercutiu em muitos âmbitos: no modelo assistencial, na
reestruturação da assistência psiquiátrica.
ação cultural e na ação jurídicopolítica. No âmbito do modelo
A Reforma ficou também conhecida como o Movimento de
assistencial, esta trajetória é marcada pelo surgimento de novas
Luta Antimanicomial, tendo como meta a desinstitucionaliza-
modalidades de atenção, que passaram a representar uma al-
ção do manicômio, compreendida como um conjunto de trans-
ternativa real ao modelo psiquiátrico tradicional....
formações de prática, saberes, valores culturais e sociais. É no
No ano de 1989, um ano após a criação do SUS – Sistema
cotidiano da vida das instituições, dos serviços e das relações
Único de Saúde – dá entrada no Congresso Nacional o Projeto de
inter-pessoais que o processo da Reforma Psiquiátrica avança,
Lei do deputado Paulo Delgado (PT/MG).
marcado por impasses, tensões, conflitos e desafios. A Reforma
O qual propõe a regulamentação dos direitos da pessoa
com transtornos mentais e a extinção progressiva dos hospícios destaca-se então enquanto um movimento com a finalidade de
no país. Porém, cabe enfatizar que é somente no ano de 2001, intervir no então modelo vigente, buscando o fim da mercantili-
após 12 anos de tramitação no Congresso Nacional, que a Lei zação da loucura para assim poder construir coletivamente uma
Paulo Delgado é aprovada no país. A concordância, no entanto, critica ao chamado saber psiquiátrico e ao modelo hospitalocên-
é uma emenda do Projeto de Lei original, que traz alterações trico na assistência às pessoas com transtornos mentais.1
importantes no texto normativo.
Assim, a Lei Federal 10.216/2001 redireciona o amparo Saúde mental, no modelo de atenção psicossocial, é con-
em saúde mental, privilegiando o oferecimento de tratamento siderada uma área que se insere na ideia de complexidade, de
em serviços de base comunitária, dispõe sobre a proteção e os simultaneidade, de transversalidade de saberes, de “constru-
direitos das pessoas com transtornos mentais, no entanto, não cionismo” e de “reflexividade”. Assim, a área da saúde mental
estabelece estruturas claras para a progressiva extinção dos ma- constitui uma complexa rede de saberes que envolve a psiquia-
nicômios. Ainda assim, a publicação da lei 10.216 impõe novo tria, a neurologia e as neurociências, a psicologia, a psicanálise,
impulso e novo ritmo para o processo de Reforma Psiquiátrica a filosofia, a fisiologia, a antropologia, a sociologia, a história e a
no Brasil, pois mesmo antes de sua aprovação, suas consequ- geografia (Amarante, 2011).
ências já eram visíveis por meio de diferentes ações, tais como A transição paradigmática na saúde mental acompanha a
a de criação das SRTs e de programas, tal como “De volta pra transformação na saúde pública, na medida em que supera o
casa”. Novas modalidades para o tratamento do usuário de saú- modelo asilar biomédico que é centrado na doença e no qual o
de mental foram postas em prática. médico é a figura de poder, detentor máximo da verdade, neu-
A Luta Antimanicomial possibilitou o desenvolvimento de tralidade e distanciamento de seu “objeto de cuidado”.
pontos extremamente importantes para a desinstitucionaliza- Da mesma maneira, no cenário internacional, Mezzina
ção da loucura. Podemos destacar aqui o surgimento de rele- (2005) aponta a mudança paradigmática na saúde mental como
vantes serviços de atendimentos Extra-Hospitalares oriundos uma “ruptura revolucionária”, que vai do modelo médico-bioló-
da Reforma Psiquiátrica: Núcleo de Atenção Psico-social (NAPS); gico para um olhar ampliado, que inclui aspectos psicossociais
Centro de Atendimento Psico-social (CAPs I, CAPs II, CAPs III, do sujeito a ser cuidado. Propõe-se a ruptura com as instituições
CAPsi, CAPsad); Centro de Atenção Diária (CADs); Hospitais Dias
1 Fonte: www.abep.nepo.unicamp.br - Por José Ferreira De Mesquita/
(HDs); Centros de Convivência e Cultura. Maria Salet Ferreira Novellino/Maria Tavares Cavalcanti

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
totais e a organização de serviços humanos, inseridos nas comu- É sabido que os Pronto-Socorros dos grandes hospitais
nidades, que consideram o paciente como sujeito e não como gerais recebem população merecedora de cuidados em saúde
objeto. mental e que a ausência de serviços de emergência capazes de
Segundo Costa-Rosa (2000), o paradigma psicossocial se impedir o processo de cronificação da clientela, através da redu-
pauta em quatro parâmetros fundamentais: ção do número de internações e da realização de intervenções
- implicação subjetiva do usuário, pressupondo a superação terapêuticas de caráter intensivo, dificulta o bom funcionamen-
do modo de relação sujeito-objeto, característico do modelo to das unidades de assistência primária e secundária que reque-
biomédico e das disciplinas especializadas que se pautam pelas rem cobertura desse pronto atendimento (SÃO PAULO — Estado
ciências positivistas; — s.d.; CESARINO — 1989).
- horizontalização das relações intrainstitucionais, tanto en- Nos últimos anos foram criados, na cidade de São Paulo,
tre as esferas do poder decisório, de origem política, e as esferas serviços de pronto atendimento psiquiátrico em pronto-socorro,
do poder de coordenação, de natureza mais operativa, como buscando atender essa população, com o objetivo, portanto, de
também das relações especificamente interprofissionais; conter a gravidade do quadro psiquiátrico do paciente e evitar a
- integralidade das ações no território que preconiza o posi- internação hospitalar.
cionamento da instituição como espaço de interlocução, como Atualmente na região metropolitana de São Paulo existem
instância de “suposto saber” e, ao fazer dela um espaço de in- serviços públicos que se caracterizam como serviço de pronto
tensa porosidade em relação ao território, praticamente subver- atendimento ou unidades de emergência, com leito de observa-
te a própria natureza da instituição como dispositivo. A natureza ção por até 72 horas a fim de possibilitar a intervenção terapéu-
da instituição como organização fica modificada e o local de exe- tica conforme a exigencia de cada caso (SAO PAULO — Estado
cução de suas práticas se desloca do antigo interior da institui- — s.d.).
ção para tomar o próprio território como referência; As unidades de emergência, em relação ao nível extra-hos-
- superação da ética da adaptação, ao propor suas ações pitalar, no circuito de atenção à saúde mental, inserem-se como
na perspectiva de uma ética de duplo eixo que considera, por porta de entrada e retaguarda, tendo o hospital como sua uni-
um lado, a relação sujeito-desejo e, por outro, a dimensão care- dade de referência para internações. Daí, operarem como ins-
tância de tratamento e triagem, direcionando a clientela para os
cimento-ideais, firmando a meta da produção de subjetividade
espaços teoricamente adequados a responder à sua demanda e
singularizada, tanto nas relações imediatas com o usuário pro-
atenção, ao mesmo tempo em que respondem sua necessidade
priamente dito quanto nas relações com toda a população do
de urgência.
território (Costa-Rosa, 2000).
O atendimento de pacientes em serviços de emergência psi-
Assim, o paradigma psicossocial situa a saúde mental no
quiátrica requer da enfermeira psiquiátrica brasileira uma nova
campo da saúde coletiva, compreendendo o processo saúde-do-
abordagem da assistência do doente mental, uma vez que aí vi-
ença como resultante de processos biopsicossociais complexos,
sualizamos um novo campo de prática dessa especialidade. Daí
que demandam uma abordagem interdisciplinar e intersetorial,
acharmos necessário abordar, inicialmente, no presente traba-
com ações inseridas em uma diversidade de dispositivos comu- lho, conceitos de emergência psiquiátrica para melhor compre-
nitários e territorializados de atenção e de cuidado (Yasui & Cos- ensão desta e das ações de enfermagem pertinentes à mesma.
ta-Rosa, 2008). Emergências psiquiátricas são todas aquelas condições clí-
No nível das práticas, isso implica na mudança de concep- nicas em que um transtorno mental, agudo ou sub-agudo, vem
ções sobre o que é tratar/cuidar, partindo da busca de controlar causar uma alteração do comportamento, de tal gravidade, que
sintomas e comportamentos, da fragmentação do paciente e da coloca em risco a integridade física do paciente ou a de terceiros
distância entre este e o profissional, chegando à busca de com- (BRASIL-Ministério da Saúde—1983).
preensão do sofrimento da pessoa e suas necessidades concre- Segundo a Associação Americana de Psiquiatria (APA), cita-
tas, incluindo as psicológicas e altamente subjetivas, colocando da por MERCKER (1986) emergência psiquiátrica é uma situação
a pessoa como centro, sendo vista e considerada em suas di- que inclui um distúrbio agudo do pensamento, comportamento,
mensões biopsicossociais, baseando-se no princípio da singu- humor ou relacionamento social que requer intervenção ime-
larização, ou seja, no reconhecimento e consideração de sua diata, julgada necessária pelo cliente, família ou comunidade.
história, de suas condições de vida e de sua subjetividade úni- Entre os autores que se preocuparam em categorizar as
cas no momento assistencial (Costa, 2004).Nessa direção, para emergências psiquiátrica, estão SOLOMON; PATCH (1975) que
que a transição paradigmática proposta se efetive de fato, faz-se classificam as emergências psiquiátricas devido a causas psico-
necessária a participação de diversos atores sociais, e um dos gênicas e a não psicogênicas. O primeiro grupo inclui:
atores fundamentais nesse processo é o profissional de saúde • tentativa de suicídio
mental, que está na “linha de frente” do cotidiano assistencial • ameaça de suicídio
• tentativa de homicídio
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS EMERGÊNCIAS PSIQUIÁ- • ameaça de homicídio
TRICAS • comportamento agressivo
• estados de fuga
A procura para atendimento de pacientes apresentando • PMD — forma maníaca
comportamentos indicativos de emergência psiquiátrica sempre • crises domésticas
ocorreu apesar de ainda não existirem postos de atendimento • reação de pânico, tipo ansioso
adequados para tal. • reação de pânico, tipo hipocondríaco

100
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• depressão agitada • risco ou tentativa de suicídio
• distúrbios situacionais transitórios • agitação e agressividade
• esquizofrenia paranóide Por esta classificação, podemos perceber a importância da
• excitação catatônica observação do comportamento apresentado pelo paciente para
Por outro lado, as emergências psiquiátricas devido a cau- aferir a gravidade do quadro, bem como sua aceitação do trata-
sas não psicogênicas seriam: mento.
• alcoolismo agudo É de extrema importância que, dentro do trabalho de equi-
• sensibilidade patológica ao álcool pe multiprofissional, o enfermeiro possa observar, descrever e
• delirium tremens fazer o diagnóstico de enfermagem do comportamento exibido
• alucinóse alcoólica pelo paciente, para
• abstinência de barbitúrico assim traçar o plano de cuidados e contribuir para o alcan-
• intoxicação por fenotiazinas ce dos objetivos da unidade de pronto-atendimento — conter
• reações e abstinência a outras drogas a gravidade do quadro, evitar a internação hospitalar e, assim,
• intoxicação por brometos impedir o processo de cronificação do cliente.
• drogas psicotomiméticas No decorrer do processo de implantação dos serviços de
• furor epiléptico emergências psiquiátricas, as docentes da disciplina Enferma-
• epilepsia psicomotora gem Psiquiátrica da EEUSP receberam alguns pedidos de as-
• hiploglicemia sessoria de enfermagem por parte da direção das instituições
• síndrome de hiperventilação envolvidas neste processo. Foi a partir daí que entramos em
• tireotoxicoses, mixedema e doenças das paratiróides contato mais direto com a problemática das emergências psi-
• psicose pós-parto quiátricas.
• tumores cerebrais Em 1989, as docentes da referida disciplina tiveram o opor-
• hematoma subdural tunidade de, além de oferecer o conteúdo teórico sobre emer-
• psicose infecciosa gências psiquiátricas, levar os alunos da graduação para o cam-
• doença de Addison po prático em dois Serviços de Emergências. Em um deles, uma
• Porfiria das docentes teve a oportunidade de participar, durante estes
Para estes autores é de extrema importância a diferencia- últimos anos, das discussões sobre a problemática dos recursos
ção nestas duas categorias, uma vez que algumas desordens de humanos e da organização de referido Serviço.
origem não psicogênica podem pôr em risco a vida do paciente Frequentando as Emergências com os alunos, tivemos
havendo, portanto, necessidade de diagnóstico preciso e terapia a oportunidade de verificar que a assistência de enfermagem
somática específica e imediata. prestada passava longe daquela preconizada como a mínima ne-
O “Joint Committee” da “American Hospital Association” e cessária para o atendimento do doente mental.
a “American Psychiatric Association”, citados por SOLOMON; PA- O que presenciamos foi um quadro que nos mostrava pa-
TCH (1975), recomendam a seguinte classificação dos doentes cientes restringidos no leito para facilitar os cuidados de enfer-
mentais que necessitam de cuidados psiquiátricos de emergên- magem e não porque o seu comportamento assim o exigisse;
cia: sinais vitais sendo verificados apenas porque faziam parte da
1. doentes mentais que procuram ajuda ou que a aceitam prescrição médica. As condições de higiene não só dos pacientes
voluntariamente (pacientes voluntários); eram ruins, como também da enfermaria como um todo. Ob-
2. pessoas que inicialmente podem não aceitar os cuidados servamos também que as anotações de enfermagem não eram
voluntariamente, mas que podem ser persuadidas para isso (pa- feitas de forma sistematizada e nem havia um canal estabeleci-
cientes persuadíveis) e, do de comunicação entre os elementos da equipe. Chamou-nos
3 . pessoas resistentes que não aceitam cuidados volunta- a atenção, também, o fato de não termos percebido, enquanto
riamente e cujo comportamento pode se tornar real ou poten- estivemos presentes, a atuação do enfermeiro, quer na assistên-
cialmente perigoso para si ou para outros (pacientes resisten- cia direta ou indireta.
tes). Ressaltamos que estas observações têm sido validadas pe-
Dentre os pacientes chamados voluntários incluem-se los alunos quando fazem a avaliação de suas experiências nas
aqueles cujo comportamento é caracterizado por: Emergências.
• ansiedade e pânico Essas percepções apontam para uma das especificidades do
• intoxicação alcoólica atendimento em urgências psiquiátricas, enfatizadas por LUÍS
• abuso de drogas (1990), que é a importância da formação específica do profissio-
• depressão leve nal que atua nessa área.
No grupo dos pacientes chamados persuadíveis, encontra- Esses fatos, acrescidos da carência de bibliografia nacional
mos aqueles pacientes cujo comportamento caracteriza-se por: de enfermagem sobre o assunto, motivaram-nos a escrever o
• depressão severa presente artigo, esperando contribuir assim para a melhoria da
• senilidade qualidade da assistência de enfermagem nesses locais.
• sintomas paranoides Com o intuito de facilitar a compreensão da assistência
Já, no grupo de pacientes denominados resistentes, in- de enfermagem em uma unidade de emergência psiquiátrica,
cluem-se aqueles com comportamento caracterizado por: abordaremos, inicialmente, as medidas gerais que devem ser to-
• abstinência de álcool madas em qualquer situação e, posteriormente, descreveremos

101
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
a assistência específica ao paciente com comportamentos que Faces estranhas e rotinas não familiares podem contribuir
mais frequentemente provocam atendimento nas Unidades de para aumentar a ansiedade do paciente. Explique o que está
Emergência da região metropolitana de São Paulo — o alcoolista ocorrendo à sua volta e dê-lhe tempo para fazer perguntas.
— e também àquele que mais provoca medo e rejeição — agita- Peça ajuda quando necessário
do e agressivo (CESARINO. 1989). Não hesite em pedir ajuda.
Ao escrever sobre a assistência de enfermagem nas Emer- Não negligencie a sua própria segurança quando estiver
gências» LUÍS (1990) enfatiza que um dos aspectos importantes tratando de um paciente potencialmente violento. Permaneça a
na prestação da assistência de enfermagem é a criação de am- uma certa distância do paciente, nunca lhe dê as costas e não o
biente terapêutico, entendido pela autora como um local sem deixe entre você e a saída. Diga a um colega onde está indo com
estímulos, protegido pela enfermagem e com um mínimo de o paciente e peça-lhe para checar o local com certa freqüência.
conforto. Acrescenta, ainda, que estabelecer diálogos com os Se o paciente resiste e, nem sua família e amigos podem
pacientes pode colaborar para o ambiente terapêutico. ajudá-lo a conseguir sua cooperação e você percebe que não
Baseadas em nossas experiências no campo de prática, no pode controlar a situação, chame os outros membros da equipe.
ensino de enfermagem psiquiátrica e em MANGLASS (1986), Violentos ou não, muitos pacientes que enfrentam situ-
consideramos gerais as seguintes medidas que devem ser ado- ações de crise necessitarão de mais ajuda do que uma emer-
tadas na prestação de assistência nas emergências psiquiátricas: gência está equipada para dar. Isto significa que você terá que
• Avaliar rapidamente a situação arranjar algum tipo de seguimento.
• Servir de apoio ao paciente Certifique-se de que o paciente tem alguém para acompa-
• Ouvir cuidadosamente nhá-lo e dar-lhe apoio antes de deixar o local.
• Pedir ajuda quando necessário
Medidas especificas
Avaliar cuidadosamente a situação
Baseadas na nossa experiência e na literatura existente
Antes de qualquer intervenção, faça uma análise da situa- (BAYLEY;
ção como um todo. DREYER-1977; HOLBROOK et al. — 1977; MANFREDA-1977;
Avalie as condições físicas do paciente para verificar se este
TEIXEIRA et al.-1981; CARVALHO et al. 1985; BURGESS-1985),
não corre perigo de vida ou necessita de alguma intervenção
descreveremos a assistência de enfermagem específica para
somática imediata.
pacientes que apresentam comportamento caracterizados por
Verifique se o paciente está muito ansioso ou agressivo an-
intoxicação alcoólica e agitação e agressividade.
tes de dar qualquer orientação ou mesmo tentar tranqüilizá-lo
Assistência de enfermagem a pacientes com intoxicação al-
verbalmente.
coólica Grande contingente de pacientes que procuram os Pron-
Lembre-se de que a ansiedade provoca diminuição da aten-
to-Socorros apresentam quadro de alcoolismo.
ção, memória e orientação o que não permitirá ao mesmo me-
morizar ou lembrar-se de qualquer orientação que lhe seja feita Os estudos epidemiológicos realizados na população adul-
ou mesmo dar informações muito complexas. ta, em vários países e também no Brasil, sugerem uma preva-
lência de 5 a 10% de alcoolismo (Brasil — Ministério da Saúde
Sirva de apoio ao paciente — 1987).
A intoxicação alcoólica tem como características essenciais
O propósito da emergência psiquiátrica é ajudar o paciente as mudanças de comportamento, devido à ingestão recente de
durante a situação de crise e não de se fazer um tratamento psi- considerável quantidade de álcool. Estas mudanças incluem
coterápico profundo. agressividade, incapacidade de julgamento, euforia, depressão,
Aproxime-se do paciente vagarosa e calmamente e trans- labilidade emocional e outras manifestações de comprometi-
mita-lhe o desejo de ajudar. Isto pode ser feito, por exemplo, mento do desempenho social ou ocupacional. Os sinais fisioló-
dizendo-lhe: “Ficarei ao seu lado por algum tempo e lhe farei gicos que podem ocorrer nesse quadro são: fala indistinta ou
algumas perguntas para saber como poderei ajudá-lo”. ininteligível, incoordenação, andar sem equilíbrio, nistagmo e
Seja objetivo; focalize sua atenção em informações que face avermelhada. Num quadro de maior intoxicação a pessoa
estão relacionadas à emergência. Tente desviar o discurso do pode até perder a consciência (BRASIL — Ministério da Saúde
paciente de assuntos irrelevantes e coloque em foco a idéia — 1987).
principal. Exemplo: “O Senhor estava me dizendo que tomou O paciente alcoolizado geralmente se apresenta à emergên-
comprimidos e...” . cia porque a alteração de seu comportamento resultou em al-
Enquanto questiona o paciente a respeito de seus proble- gum incidente (brigas, atropelamento) ou porque é trazido pela
mas, valorize-o, relembrando-o de seus pontos fortes. polícia.
Ouça cuidadosamente — Saber ouvir
Ouça atentamente como o paciente percebe a situação pela Avaliação
qual passa. Sumarize o que ele disse a você, o que lhe dará a
sensação de estar sendo compreendido. É importante descartar outras condições somáticas que
Além das técnicas de comunicação terapêuticas, utilize a co- podem provocar comportamentos que se assemelham à intoxi-
municação não-verbal para reforçar a mensagem de que você se cação aguda por álcool. Pessoas que estão desorientadas, com
preocupa com o problema dele — acene com a cabeça, olhe-o incoordenação e cheiro de álcool, podem estar sofrendo de con-
nos olhos e incline-se um pouco para ouví-lo. dições tais como hematoma subdural, outros traumas cerebrais,

102
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
hipoglicemia, falência hepática, coma diabético, super dosagem Intervenção
de barbitúricos, psicose tóxica secundária à mistura de álcool e
outras drogas. Ao abordar a pessoa agressiva, o enfermeiro deve falar com
Para essa avaliação é necessário que se faça, inicialmente, a pessoa agressiva e continuar falando do começo ao fim do ma-
o controle dos sinais vitais e se procure evidências de trauma nejo da situação. Tenta-se transmitir, ao paciente, a expectativa
físico, tais como contusões, abrasões e lacerações. de que a situação está sob controle e que, o fato dele acalmar-se
É importante ainda obter-se, junto a familiares ou amigos é suficiente para finalizar a crise.
que acompanham o paciente, dados de saúde — existência de Os recursos humanos para esta assistência incluem o pes-
doenças crônicas, outras drogas ingeridas ou disponíveis e his- soal da sala de emergência psiquiátrica e, se necessário, o pes-
tória de quedas e traumatismo craneano, assim como a história soal de outras áreas do Pronto-socorro, guardas de segurança e,
sobre o hábito de beber do paciente — descrição do episódio, como último recurso, visitantes da sala de emergência.
quanto consumiu de álcool, qual o comportamento quando Os parentes e amigos do paciente podem servir para acal-
bebe, se existe ingestão de alimentos. mar ou inflamar a situação. Se a presença desta pessoa está
acalmando, o enfermeiro deve fazer uso desta influência; se está
Intervenção agravando mais a situação deve-se removê-la da área tão rapi-
damente quanto possível.
Os problemas somáticos e traumas físicos devem ser ime- É importante, ainda, ter ciência de que os problemas que
diatamente tratados. as pessoas da equipe de enfermagem encontram ao cuidar do
A manifestação de comportamento inadequada deve ser paciente são decorrentes, na maioria, da atitude das mesmas
controlada por meio de ambiente sem estímulo e, se necessário, em relação às manifestações de agressividade.
restrições mecânicas leves. A equipe deve ter claro, que se há perigo imediato para a
É fundamental que o enfermeiro e o pessoal de enferma- pessoa agressiva ou para os outros, ela deve intervir, indiferente
gem, que dão cuidados ao paciente, mantenham uma atitude ao risco pessoal; se a violência destrói somente equipamentos,
não julgadora. Deve-se evitar rotular o cliente com palavras e a equipe deve intervir quando isto pode ser feito sem riscos pes-
soais. Deve-se, tão rapidamente quanto possível, remover ou-
frases tais como, “freguês”, “bêbado de novo”.
tras pessoas que possam estar em perigo.
Deve-se ter claro que tentativas de fazer o paciente racioci-
Se as tentativas iniciais de intervenção verbal não forem su-
nar são, geralmente, ineficazes durante o estado de intoxicação.
ficientes, o enfermeiro e equipe devem mover-se rapidamente
Deve-se agir de forma a controlar a situação rapidamente e en-
para obter medidas físicas que o auxiliem. Quando é óbvio que
tão estabelecer diálogo com o cliente.
o controle físico é necessário, deve-se limitar o alcance dos mo-
Quando o cliente estiver sóbrio, tentar providenciar infor-
vimentos do paciente.
mações sobre os efeitos do álcool, sobre outros problemas so-
Deve-se administrar a medicação prescrita, para o con-
máticos, e alternativas para lidar com ansiedade e tensão. De- trole do comportamento. A restrição física deverá ser mantida
ve-se, ainda, informá-lo sobre os recursos para tratamento, na até que a medicação faça efeito. É necessária a manutenção de
comunidade. controle de sinais vitais, uma vez que é frequente a hipotensão
Assistência de enfermagem ao paciente com comporta- como efeito colateral dos tranquilizantes.
mento agitado e agressivo Se a medicação não controlar suficientemente o comporta-
Embora não tão frequentes, os episódios de agitação e mento do paciente, deverão ser usadas as restrições mecânicas,
agressividade, são talvez, as situações mais perturbadoras e des- com as precauções e cuidados necessários.
trutivas encontradas pelo pessoal, num serviço de emergência. A equipe de enfermagem deve lembrar que o paciente agi-
Geralmente a pessoa é trazida até a emergência pela polícia e, tado e agressivo está incapaz de controlar essas manifestações,
então, já foi dominada de alguma forma. Mais difícil de tratar é provocando medo e rejeição nos que o rodeiam, o que gera exa-
a pessoa que apresenta um quadro de agitação e agressividade cerbação daquelas manifestações.
depois de chegar à sala de emergência. A assistência de enfermagem descrita neste trabalho se
Este comportamento pode aparecer em pacientes portado- refere apenas aos cuidados iniciais a pacientes atendidos em
res de agravos psiquiátricos, como por exemplo, durante surtos um serviço de emergência psiquiátrica. É importante ressaltar
psicóticos de Esquizofrenia e de Psicose Maníaco-Depressiva, e que após o atendimento imediato do paciente e, quando este
pacientes histéricos, epilépticos, bem como em pacientes inter- permanecer em observação nas enfermarias, a enfermeira de-
nados em hospital geral, em situação de crise. sempenhará outras atividades, decorrentes de suas funções,
tais come observação e descrição de seu comportamento, in-
Avaliação tervenção em crise, uso das medidas terapêuticas em enferma-
gem, atendimento de suas necessidades básicas, orientação ao
Deve ser feita muito rapidamente e os fatores a serem con- paciente e seus familiares, entre outras.
siderados imediatamente incluem identificar se a pessoa está
armada, se o número de pessoas disponíveis é suficiente para A enfermagem psiquiátrica e o cuidar
conter o paciente e se outras pessoas estão em perigo.
O princípio que rege a Enfermagem é a responsabilidade de
se solidarizar com as pessoas, os grupos, as famílias e as comuni-
dades, objetivando a cooperação mútua entre os indivíduos na
conservação e na manutenção da saúde.

103
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Sabe-se que os caminhos trilhados para alcançar esse prin- a interação entre paciente-enfermeiro, aumenta a compreensão
cípio da Enfermagem foram e ainda são percorridos, sobre pe- de papéis mútuos em torno do problema. Nesse entender, Pe-
dregulhos, exigindo esforços para conviver com o inacabado, plau buscou valorizar a singularidade, a reciprocidade e a ajuda
com a multifinalidade, com as diferenças, com as ambigüidades mútua entre o enfermeiro e o paciente. Ela preconizava a utili-
e com as incertezas. Doar-se faz parte desta experiência, e cui- zação de um plano para a assistência, que deveria reconhecer,
dar faz parte da doação e da cientificidade que é esperada nesse definir e compreender o que acontece quando estabelecem re-
caminhar. lações com o paciente.
Nesse contexto, insere-se a Enfermagem Psiquiátrica, que Esse foi o primeiro modelo teórico sistematizado para a En-
não foge às regras da exploração num caminho ainda mais ina- fermagem Psiquiátrica e fez com que a Enfermagem passasse a
cabado. buscar explicações sobre a loucura por meio de dois discursos: o
Desde os primórdios da sua existência, a prática de Enfer- psiquiátrico, que é basicamente organicista, predominante até o
magem Psiquiátrica esteve marcada pelo modelo controlador momento, e o psicológico, com ênfase nos aspectos comporta-
e repressor, tendo suas atividades realizadas pelos indivíduos mentais das relações humanas, que acontece no final dos anos
leigos, ex-pacientes, serventes dos hospitais e, posteriormente, 60.
desenvolvidas pelas irmãs de caridade. Nesse contexto de transformação sócio-política, o enfer-
O cuidar significava a sujeição dos internos às barbaridades meiro passou a ser reconhecido como elemento integrante da
dos guardas e carcereiros. Os maus tratos, a vigilância, a punição equipe psiquiátrica e a ser respeitado como profissional.
e a repressão eram os tratamentos preconizados e, geralmente, Os anos 70 foram marcados, na Enfermagem Psiquiátrica,
aplicados pelo pessoal de “Enfermagem”, que se ocupava do lu- pelo relacionamento terapêutico, pois surgiu, também nos Esta-
gar das religiosas. dos Unidos, Joice Travelbee, que consagrou a relação de pessoa
No século XVIII, a assistência de enfermagem se dava den- a pessoa nessa profissão. Seus métodos foram combinações de
tro da perspectiva do tratamento moral de Pinel e da Psiquiatria teorias existencial-humanistas, focalizando a relação do homem
descritiva de Kraepelin. O papel terapêutico atribuído às enfer- como ser existencial, que busca significado na sua vida e sofre
meiras treinadas, na época, era o de assistir o médico, manter as com isso.
condições de higiene e utilizar medidas hidroterápicas. Todavia No Brasil, nesse período, destaca-se uma enfermeira, Ma-
o conhecimento de que se dispunha sobre os alienados era o do ria Aparecida Minzoni, que se preocupou com a humanização
senso comum, ou seja, entendia-os como ameaçadores e, por da assistência ao doente mental. Minzoni muito contribuiu para
isso, sujeitos à reclusão. a Enfermagem Psiquiátrica neste país, com atuações nos vários
As práticas de enfermagem no interior das instituições asila- campos da Enfermagem, como no ensino, na pesquisa e na as-
res e, posteriormente, dos hospitais psiquiátricos constituíam-se sistência.
de tarefas de vigilância e manutenção da vida dos doentes. As Peplau, Travelbee e Minzoni descrevem a práxis da Enfer-
atividades de manutenção de vida envolviam “práticas de higie- magem Psiquiátrica baseadas no processo interpessoal, porém,
ne, alimentação, supervisão e execução de tratamentos prescri- preferiram nomenclaturas diferentes para tal processo. Peplau
tos, como a isulinoterapia, entre outros”. Com a introdução dos denominou-o de processo interpessoal de cunho terapêutico;
tratamentos somáticos, como a isulinoterapia e outros, foi exi- Travelbee nomeou-o de relação de pessoa-a-pessoa e Minzoni
gida da Enfermagem uma assistência mais qualificada, fazendo preferiu a relação interpessoal terapêutica ou relação de ajuda.
com que sua prática fosse desenvolvida com a utilização de habi- Essas relações interpessoais são permeadas pela relação enfer-
lidades médico-cirúrgicas, conferindo-lhe um caráter científico. meiro-paciente, por meio do poder contratual, da possibilidade
As transformações, no papel do enfermeiro psiquiátrico, de troca e de crescimento.
ocorreram concomitantemente à evolução da assistência pres- O processo de busca que permeia a prática da Enfermagem
tada no asilo, isto é, acompanharam as transformações ocorri- Psiquiátrica “implica capacidade de observação disciplinada
das na prática médica e, paralelamente, às tentativas de incor- e o desenvolvimento de aptidões para aplicar os conhecimen-
poração de novas técnicas e políticas direcionadas ao tratamen- tos teóricos da relação interpessoal de ajuda”(8:96). E aponta
to do doente mental. como requisito básico para essa prática a capacidade de amar,
As novas técnicas que possibilitaram as transformações na a capacidade técnica e científica e a capacidade de consciência
assistência de Enfermagem, ocorridas entre os anos 30 a 50, crítica. Com isso, as atividades da Enfermagem devem estar aci-
para essas autoras, foram: a comunidade terapêutica de Ma- ma da cientificidade técnica; portanto o enfermeiro deve usar a
xwell Jones, a psicoterapia institucional, a psiquiatria de setor, autoconscientização e a sua pessoa como meio para a relação
a psicanálise, os conceitos de psiquiatria dinâmica, preventiva, e positiva com o sujeito. Assim, o enfermeiro não deve resolver
democrática italiana. Essas técnicas incorporaram uma assistên- os problemas do sujeito, mas sim trabalhar com ele, buscando
cia na abordagem psicológica e social. encontrar a solução mais adequada para a sua condição, usando
Outra contribuição à assistência de enfermagem psiquiátri- seus conhecimentos e habilidades profissionais.
ca ocorreu no fim da década de 40, do Século XX, nos Estados As funções do enfermeiro estão focadas na promoção da
Unidos, quando uma enfermeira, Hildegar Peplau, formulou a saúde mental, na prevenção da enfermidade mental, na ajuda
Teoria das Relações Interpessoais. Para tal, usou, como instru- ao doente a enfrentar as pressões da enfermidade mental e na
mento, a observação sistemática das relações enfermeiro-pa- capacidade de assistir ao paciente, à família e à comunidade,
ciente. No trabalho de Zanote, quando fala das teorias de Enfer- ajudando-os a encontrarem o verdadeiro sentido da enfermida-
magem, considera a teoria de Peplau como pioneira nesse cam- de mental. Para o enfermeiro realizar suas funções, deve usar
po e comenta, ainda, que, para Peplau, à medida que aumenta a percepção e a observação, formular interpretações válidas,

104
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
delinear campo de ação com tomada de decisões, planejar a as- vida. Em tal serviço, o acolhimento, a escuta, o responsabilizar-
sistência, avaliar as condutas e o desenvolvimento do processo. -se pela trajetória do indivíduo e o plano terapêutico centrado
Essas ações fazem parte do processo de enfermagem, devendo na individualidade do sujeito, a inserção familiar e da comunida-
direcionar o relacionamento interpessoal e terapêutico. de constituem-se premissas das novas tecnologias de cuidado e,
Nesse sentido, o processo de enfermagem de Irving foi apli- dessa forma, proporcionam práticas capazes de “desconstruir”
cado num centro comunitário do Rio Grande do Sul, o qual mos- os aparatos manicomiais.
trou-se operacionalizável dentro do novo paradigma da saúde No Estado do Espírito Santo, a atuação da enfermagem vem
mental e concluiu-se que é uma proposta de trabalho apropria- sendo implementada com melhorias na assistência integral do
da a equipes interdisciplinares . Nesse estudo, fica evidente que sujeito, conforme redimensionam as diretrizes da política nacio-
a observação não pode restringir-se à dicotomia corpo-mente, nal de saúde mental.
devem ser traduzidos para a inter-relação existente entre am- Miranda et alii quando analisaram o cuidado da Enferma-
bos, isto é, entre o corpo e a mente, pois a Enfermagem Psiqui- gem Psiquiátrica, colocaram que a sua qualidade deve estar em
átrica deve trabalhar todo o contexto do homem, em sua totali- consonância com a ética e a prática social libertadora da Refor-
dade, sem fracioná-lo numa reflexão ética. ma Psiquiátrica. Não compartilham com a orientação de que o
Nas décadas de 80 e 90, do século anterior, com os movi- cuidado deve antecipar a demanda, ou seja, deve-se conhecer
mentos da Reforma da Assistência Psiquiátrica, os enfermeiros a necessidade do indivíduo para, a partir dela, promover o cui-
passaram a atuar nas instituições extra-hospitalares, ou seja, em dado. Definem cuidar como “acolher o sujeito que se comporta
ambulatórios, NAPS/CAPS, oficinas terapêuticas, dentre outros. de forma diferente, mover-se com ele no cotidiano e interagir,
Então, a atenção do profissional de Enfermagem direcionou-se possibilitando alternativas de expressão da sua produção psíqui-
a novas formas de cuidar na saúde mental, buscando serviços ca”, o que é fundamental na construção do processo de viver
extra-hospitalares. saudável.
Nesses serviços, a Enfermagem, direciona suas atividades Nessa perspectiva, além de acolher o sujeito com sua histó-
de forma diferenciada no tratamento dos doentes mentais, im- ria de vida pautada em seu contexto psicossocial e político-cul-
plicando atitudes de respeito e dignidade para com o enfermo, tural, a Enfermagem oferece uma intervenção terapêutica, pois
ações voltadas às individualidades do sujeito e participação des- sedia o acolher, o ouvir e intervir por meio de instrumentos e
te em seu processo de tratamento, valorizando e estimulando ações que possibilitam re-abilitar e, com isso, busca a constru-
o auto-cuidado, bem como a reinserção em grupos sociais e ção de uma melhor qualidade de vida.
comunitários. Para isso, o profissional deve buscar espaços de A reabilitação é considerada, nesse momento, como ne-
produção do acolhimento, isto é, espaços que possibilitem a so- cessidade e exigência ética, num espaço de trocas por meio de
lidariedade, a afetividade, a compreensão, a autonomia, a ética um nível contratual, quer seja no aspecto de produto social e
e a cidadania, enfim, espaços que promovam a atenção psicos- mercadológico, quer sob o ângulo psicossocial em que haja de-
social e a reabilitação do indivíduo. sabilidades.
Atualmente, com a demanda do mercado de trabalho e com O processo de reabilitação seria um processo de recons-
os desafios enfrentados, torna-se necessário superar a perspec- trução, um exercício de cidadania e de contratualidade. A cons-
tiva separativista das profissões e elaborar uma abordagem trução da cidadania é o ponto fundamental da reabilitação psi-
conjunta com os demais profissionais, formando, assim, uma cossocial, sendo necessário um vínculo efetivo e contínuo, do
verdadeira equipe interdisciplinar, o que não é fácil de ser rea- profissional com o paciente, bem como deste com o serviço de
lizado utilizando-se a concepção única dos objetivos da própria saúde.
profissão. Talvez, essa interação deixe o profissional inquieto, Com base nesse recorte que entrelaça a história da loucura,
pois exige algo mais de cada um dos constituintes na equipe. da Psiquiatria e da Enfermagem, num contexto de evolução dos
Nessa concepção a nova visão de saúde mental exige superar serviços e da assistência, buscando a reabilitação e reinserção
obstáculos, recusa o determinismo e a cristalização de conheci- do doente como cidadão ético e autônomo, pensa-se em como
mentos, devendo os profissionais comprometer-se com o proje- a Enfermagem está atuando nos novos serviços de saúde men-
to de transformação da assistência a partir da transformação de tal.
si mesmos e consolidar a prática em equipe, buscando a integra- Na tentativa de inovar e cientificar as atividades da Enfer-
ção e a distribuição de poder. magem, vem sendo implantada, nos serviços extra-hospitalares,
Em estudo bibliográfico sobre a produção científica e a ati- a consulta de enfermagem, o processo ou sistematização de en-
vidade administrativa do enfermeiro, o qual compreendeu o fermagem.
período de 1988 a 1997. Nesse estudo, concluiu-se que os tra- Nesses trabalhos, percebe-se que a enfermagem pode de-
balhos realizados em instituições extra-hospitalares mostraram senvolver ações de reabilitação que visam ajudar o doente a li-
uma tendência de mudança nas práticas desses profissionais, dar com a realidade, compreender a dinâmica de suas relações,
os quais vêm desenvolvendo atividades terapêuticas e grupais, reconhecer e admitir suas habilidades, capacidades e potenciali-
apresentando um espaço mais definido enquanto profissional e dades, bem como aceitar, enfrentar e conviver com suas limita-
reconhecido na equipe de saúde mental. ções. Com isso, a dinâmica da assistência de enfermagem passa
Kantorski quando relatou a experiência desenvolvida em a ser desenvolvida de maneira abrangente, consistente, qualifi-
um CAPS, no Rio Grande do Sul, centrou suas discussões nas pre- cada, sistemática, dialética e ética.
missas desse serviço, enfocando a liberdade de ir e vir do sujei- A partir da década de 90, do século XX, a atenção do profis-
to. Tal liberdade funde-se com o ato terapêutico, possibilitando sional de Enfermagem direcionou-se a novas formas de cuidar
a participação ativa do sujeito nas decisões pertinentes a sua na saúde mental, buscando serviços extra-hospitalares. Nesses

105
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
serviços, a Enfermagem direciona suas atividades de forma dife- Tento abordar, conversar, dizer que está tudo bem, que a
renciada no tratamento dos doentes mentais, implicando atitu- gente vai ajudá-lo e pede para ele colaborar. E se ele não co-
des de respeito e dignidade para com o enfermo, ações voltadas labora e a gente se sente em risco de ser agredida ou dele se
às individualidades do sujeito e a participação deste em seu pro- agredir ou acabar se machucando, a gente faz contenções, me-
cesso de tratamento, valorizando e estimulando o autocuidado, dicações conforme a prescrição do médico que está atendendo.
bem como a sua reinserção em grupos sociais e comunitários. Conforme o nível dele está ficando melhor, faz-se a retirada das
contenções, protege a equipe e ele também.
Concepção de Emergência em Saúde Mental
A prática da contenção física na Emergência em Saúde Mental
Os participantes relataram que emergência em saúde
mental é uma situação na qual há risco de vida para o próprio
De acordo com os participantes, a contenção física é uma
paciente e para terceiros e é percebida por manifestações de
comportamentos de agressividade, agitação e perda de contro- prática da equipe de enfermagem nas situações de emergência
le. O termo surto foi repetidamente utilizado para definir uma em saúde mental no campo deste estudo, entretanto explicita-
situação de emergência e a tentativa de suicídio foi citada por ram que não existe uma rotina sobre o modo de realizar a técni-
3 dos entrevistados como ocorrência que requer atendimento ca, dos cuidados que devem ser realizados antes, durante e após
de emergência. Já os casos de abuso de substâncias e questões a contenção, bem como a quem cabe a decisão e a realização da
sociais são citados, por vezes, com dúvidas como situações de mesma. Assim, os fatos se desenrolam e as condutas vão sendo
emergência, mas devido às características comportamentais do tomadas pelo grupo durante o acontecimento. Os participantes
paciente são tratados como tal. Conforme exemplificado pelos discorrem sobre a escassez de materiais específicos tendo por
relatos a seguir: vezes que improvisar com o uso de fraldas, lençol, chumaço de
Pessoa que está fora da sua consciência normal, com um algodão, os materiais a serem utilizados na contenção física:
nível bem alterado, agressivo, agitado, confuso, que de alguma Tem as faixas de contenção que a gente usa. São ataduras.
maneira traz riscos para ela própria e para as pessoas em torno Tinha umas faixas acolchoadas com espuma para não machucar
dela. Os casos de etilismo e drogadição, não considero psiquia- o paciente. A princípio membros superiores e membros inferio-
tria, mas na hora da emergência são tratados como tal. res e se não resolver vai paro o tórax.
Paciente em surto. Agressivo com as pessoas, quanto au- A gente usa atadura, de 15, 10 centímetros. São quatro.
to-agressão. Paciente que tenta suicídio e chega num limiar de
Uma para cada braço e perna e o lençol para contenção de tron-
desespero, de depressão, de loucura mesmo. Encaro essas duas
co. Às vezes a gente consegue um pano que tem no SAMU, es-
situações como emergência psiquiátrica.
pecífico para contenção, mas geralmente é com um lençol que a
Abordagem da equipe de enfermagem na Emergência em gente contêm (A.7).
Saúde Mental
Quando tem aquelas faixinhas do SAMU, que é acolchoada,
De acordo com os relatos da equipe de enfermagem, a abor- a gente faz com aquela. Quando não tem, põe uma fralda de
dagem é iniciada com a observação do comportamento e esta nenê nos punhos, nos tornozelos e pega a atadura e faz a con-
influencia no tipo e na tentativa de diálogo a ser estabelecido. O tenção, com cuidado para não machucar, não apertar demais,
primeiro contato e as impressões que o profissional tem do pa- ver perfusão periférica [...] (A.8).
ciente definem condutas posteriores, como o uso da contenção
física e química, tidos como atividades de rotina neste pronto Dificuldades na prática de Emergência em Saúde Mental
atendimento, citados por todos os entrevistados. As contenções
físicas foram apontadas como forma de abordagem a pacientes Ao discorrem como realizam a abordagem em saúde mental
que proporcionam riscos para si ou terceiros, sendo, portanto, ao usuário do pronto atendimento os participantes apontaram
consideradas um meio de proteção ao paciente em crise, aos várias dificuldades, incluindo a falta de compreensão dos pro-
acompanhantes e aos funcionários envolvidos, para posterior- fissionais em relação ao sofrimento que a pessoa em quadro
mente conversar, administrar medicação e verificar os dados vi- agudo e com agitação apresenta, e que tal comportamento não
tais. A solicitação de ajuda dos colegas e a atuação em grupo são
é desejado pelo paciente, mas surge como maneira dele exter-
citadas por todos como uma necessidade na abordagem para a
nar o sofrimento. Mencionaram que lhes falta preparo para li-
contenção, conforme demonstram os relatos a seguir:
dar com as situações específicas da área da saúde mental e que
Tem que ver se não está em surto, a atitude dele, se está
agressivo ou calmo, para poder me aproximar dele. Primeiro isso causa sentimentos que oscilam entre medo, desconfiança,
tento conversar. Se não dá, converso com o médico para ver se culpa, raiva, pena e insegurança. Reconhecem que diante da si-
vai fazer alguma medicação. Antes de me aproximar dele, cha- tuação de emergência em saúde mental, surge a necessidade
mo a equipe, preparo o pessoal e o material de contenção. Pri- de ação rápida e em conjunto e que recorrem à ajuda dos guar-
meiro faz-se a contenção física para depois coletar dados vitais, das municipais. Também alguns sujeitos relataram a insatisfação
quando o paciente estiver calmo, contido. com o descaso e o descuidado com que alguns colegas tratam a
A primeira intenção é tentar conversar para ver se ele está pessoa com transtorno mental. Apontaram também a falta de
colaborando ou não. Se não estiver, aí eu chamo ajuda e a gente material suficiente e adequado para realizarem as contenções
vai para contenção, para evitar que a pessoa acabe agredindo físicas.
ou se agredindo.

106
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Há falta de cuidados, como deixar evacuado e urinado por Foi então que apareceu Carlos. Ele era um paciente com
várias horas, não desamarrar por medo de agressão [...] enfim, dependência total que fora encaminhado àquela unidade por
ver o paciente como um ser que também precisa de cuidados, acharem que poderia beneficiar-se deste tipo de assistência. Na
tanto quanto os outros. Funcionários que não vêem o portador primeira vez que sujou as fraldas, surgiu a pergunta: quem vai
de transtorno mental como doente, de fato (A.2). trocar as fraldas de Carlos?
Uma pergunta que se repetiria inúmeras vezes. E nunca a
Uma coisa que eu acho que falha, é que a gente não tem função da auxiliar de enfermagem fora tão lembrada. Esta, por
treinamento para este tipo de abordagem. A gente já ouviu sua vez, argumentava que como fazia parte de uma equipe inte-
muita teoria, mas nunca treinou na prática, não sabemos fazer grada, todos teriam que executar a troca de fraldas. Os outros se
adequadamente o grupo de oito, e não temos material para con- negavam, afirmando que sua função não era essa.
tenção [...], improvisa com lençol, com atadura, e acaba às vezes Carlos não continuou na unidade. Seu grau de dependência
machucando o paciente, porque não é o material adequado [...] não era compatível com os recursos do local. No entanto, uma
(A. 3). dúvida passou a dificultar a aparente integração da equipe, que
até aquele momento se perguntava: quem vai trocar as fraldas
Acho que é um dos pacientes mais difícil de lidar [...]. Na de Carlos?
abordagem, muitas vezes a gente tem receio, medo de ser agre- Quando se fala de uma integração de equipe de saúde, é
dido [...] a gente conhece histórias de outros colegas e fica com natural que surjam as distorções e confusões que muitas vezes
o pé atrás. Eu prefiro duas paradas cardíacas ao mesmo tempo tendem a minar esse processo de trabalho. A equipe de saúde
do que paciente assim [...] (A. 4). vem de uma história de relação de poder em que o médico está
sempre no topo da escala. E o auxiliar de enfermagem na base.
O despreparo e a falta de treinamento para atender a pes- Muitas vezes fazemos parte de uma equipe sem que esteja-
soa com transtorno mental foram mencionados por todos os mos integrados a ela. Assim, se você trabalha numa equipe onde
participantes. No entanto, percebe-se que, por um lado, os pro- cada um tem seu papel isolado, sem nenhuma relação entre si,
fissionais com menos tempo de experiência relacionam a falta onde cada um preocupa-se em realizar a sua tarefa independen-
de capacitação como uma dificuldade e o medo que sentem te da do outro, você faz parte desta equipe, mas não está, por
promovendo insegurança na atuação em emergência em saúde certo, integrado a ela.
mental. Por outro lado, os profissionais com mais tempo de atu- Integrar-se a uma equipe é antes de mais nada entregar-se
ação e de formação versam sobre a segregação do atendimento ao que ela representa. Não é cumprir tarefas, mas realizar traba-
em locais próprios e com pessoas especializadas, como forma lhos. Numa equipe integrada, não existe o bom funcionário, só a
de melhor atendê-los, conforme exemplificado com o relato a boa equipe. É estar ciente de que o outro precisa de você e que
seguir. você precisa do outro.
É ainda romper as linhas divisórias que o separa do outro e
Acho que aqui [...] os pacientes psiquiátricos não deviam o distância do objeto a ser atingido – no caso de uma equipe de
ficar junto com os pacientes clínicos, por segurança própria dos assistência em saúde, quase sempre a recuperação do paciente.
pacientes [...]. Porque aqui tem muito idoso, e com um paciente As funções do auxiliar de enfermagem não são diferentes
desse dentro do quarto não tem como [...] (A.2). porque eles atuam numa equipe de Saúde Mental. Promover o
conforto do paciente, atender suas necessidades básicas, pre-
Integração da equipe de saúde mental venir agravos são questões sempre presentes em sua atuação,
seja lá em que setor esteja. No entanto, ele deve ter consciência
Certa vez, num encontro para integrantes da equipe de de que, muitas vezes, pode estar percebendo detalhes relativos
Saúde Mental, uma profissional contou um fato que trazia uma ao paciente que os outros membros da equipe, mesmo tendo
questão interessante, que era mais ou menos assim: uma formação mais aprofundada, podem não ter captado. Sen-
Sendo atuante em um Centro de Atenção Psicossocial sibilidade não se aprende na escola, faz parte das vivências de
(CAPS), afirmava que sempre sentiu-se feliz com a maneira inte- cada um.
grada com que sua equipe atuava. Era uma equipe composta por Assim, são indispensáveis as observações do auxiliar de en-
psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacio- fermagem, como a de qualquer outro profissional.
nais, um enfermeiro e uma auxiliar de enfermagem. Porém, na Posso citar, como exemplo, o caso de uma paciente que ha-
prática não havia qualquer linha hierárquica que demarcasse as via sido internada em um hospital psiquiátrico com um diagnós-
profissões. O paciente que chegasse poderia ter seu prontuário tico de esquizofrenia. O interessante, no entanto, tinha sido a
preenchido por qualquer um dos profissionais, só dependen- forma como ela surgira. Ao término de uma festa de integração
do de quem estivesse disponível no momento. Assim também entre família, paciente e equipe de saúde, depois de todos te-
as participações nas oficinas ou outras atividades terapêuticas rem ido embora, ficando apenas os internos, lá estava ela! Co-
eram obrigação de todos, pois todos, igualmente, eram capazes modamente sentada, assistindo televisão. Ao indagar-se quem
de estabelecer relações terapêuticas com o paciente. era e onde morava, respondeu apenas: Quem eu sou não sei,
Até mesmo na cozinha algumas psicólogas foram atuar para mas moro aqui!
que a cozinheira tivesse férias. “Éramos uma família!” – dizia E morou mesmo! Por três meses, Norma, como mais tar-
nossa narradora. Todos eram igualmente importantes e indis- de se identificou, morou no hospital e por mais que se tentasse
pensáveis; embora suas profissões fossem diferentes, suas fun- descobrir sua origem ou família, nada havia sido obtido. Até que
ções se confundiam num único objetivo: atender o usuário. um dia, enquanto a auxiliar de enfermagem lia para ela um gibi

107
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
do Mickey, (atividade prazerosa para ambas) ela, identificando- Terapia Medicamentosa
-se com o personagem que dava o endereço para a namorada
Minnie, também começou a fornecer o seu endereço. A prescrição de medicamentos para pacientes portadores
O momento era aquele! Uma pequena cortina se abriu! de transtorno mental é a forma de tratamento mais conhecida,
Não havia tempo de se chamar uma psicóloga, assistente social porém uma das mais criticadas. É comum ouvir-se dizer: “Eu não
ou enfermeira. Mais que depressa, a profissional, valorizando a vou a médico coisa nenhuma. Para ele me mandar tomar remé-
informação, tratou de anotá-la em prontuário e de notificar a dio de maluco?” Muitas vezes chega-se a crer que pode-se “ficar
equipe. maluco usando esses remédios”.
Duas semanas depois, a equipe presenciava, emocionada, Tratando este problema superficialmente poderíamos até
o reencontro de Norma (este não era o seu nome) com sua fa- achar estas colocações divertidas, se não fossem lamentáveis.
mília, que a procurava há dois anos. Hoje ela encontra-se reinte- Como um profissional de saúde, no entanto, você não pode
grada a uma sociedade, porque uma profissional não se deteve estar alheio a esta problemática, e acreditamos que a única ma-
em realizar tarefas limitadas, foi além. neira de combater as trevas da ignorância é acendendo a luz do
Integrar-se à equipe, modificando esse papel tão comum raciocínio. Por esse motivo, você não encontrará neste tópico
de “cumpridor de tarefas”, é necessário; e, em Saúde Mental, apenas uma tabela para que decore os nomes e efeitos colate-
poderia se dizer que é essencial. Conscientizar-se de seu grau rais das medicações mais usadas.
de importância numa equipe, não como cumpridor de tarefas, É indispensável que você as conheça e que se familiarize
mas como membro atuante e indispensável na recuperação do com seus nomes ainda que complicados, para que de fato pos-
paciente e prevenção de surtos ou desenvolvimento de trans- sa fornecer informações aos usuários e familiares e reconhecer
tornos, é, para o auxiliar de enfermagem, a maneira de huma- seus efeitos colaterais e “sinais de alerta”, exercendo assim seu
nizar-se. papel, pois esse medo de usar a medicação vem afastando gran-
Retornando à questão das fraldas de Carlos, qualquer mem- de parte da demanda, quando ainda num estágio menos grave
bro da equipe poderia e deveria trocá-la, se a necessidade sur- do problema.
gisse enquanto ele estivesse com o paciente. Porém o auxiliar de Outro ponto importante nessa questão é o fato de, ao ini-
enfermagem não pode esquecer-se que esta atividade faz parte
ciarem o uso da medicação, receosos de suas “reações”, muitos
de seu preparo e não da de outro profissional. Uma dobra na
pacientes a utilizam em dose inadequada ou interrompem o uso
roupa de cama é capaz de produzir bem mais que desconforto
assim que “melhoram”. Ora, de uma forma geral, os medica-
num paciente acamado, não é?
mentos promovem o controle, não a cura do transtorno. Assim
Mesmo que entenda isso, os demais profissionais podem
que interrompem a medicação, os sintomas voltam a aparecer,
não ter a destreza e habilidade desenvolvida pelo auxiliar de en-
o que muitas vezes interfere de forma desfavorável no ânimo
fermagem em seu curso. Neste caso a especificidade era outra.
do indivíduo que passa a sentir-se “incapaz”, “dependente”, e
Assim, todos podem participar das oficinas, porém o tera-
“viciado”, “condenado a usar esses remédios por toda a vida”.
peuta ou psicólogo não podem estar alheios ou distantes a isso,
para que o processo não seja prejudicado. Todos poderiam tro- Uma pessoa portadora de diabetes provavelmente tomará
car as “fraldas de Carlos”, mais o auxiliar de enfermagem deve remédio a “vida toda”. Com um hipertenso, muitas vezes isso
estar sempre atento quanto à maneira como este cuidado vem também ocorre, mas um paciente portador de transtornos men-
sendo realizado. Não se trata apenas de trocar fraldas, mas de tais passa a portar o “rótulo” de viciado por manter o tratamen-
prevenir desconforto, transtornos e agravos ao paciente. to.
É verdade que inúmeras vezes as medicações utilizadas em
FORMAS DE TRATAMENTO DE TRANSTORNOS MENTAIS psiquiatria promovem efeitos colaterais extremamente graves.
Mas, quando lembramos das formas de tratar o “doente men-
É preciso saber também que existem tratamentos adequa- tal” antes do advento da clorpromazina, na década de 1950, fica
dos para cada tipo de transtorno, o que não é só feito através fácil considerar a medicação como um avanço.
de medicamentos. Na verdade, o tratamento medicamentoso é Essa droga estava sendo testada em anestesia e produzia
um valioso instrumento da psiquiatria para o controle dos sinto- um alheamento chamado “indiferença afetiva”, até que com-
mas e, com o avanço das pesquisas nesse campo, muito se tem provaram sua eficácia na diminuição de alucinações, idéias deli-
conseguido em melhora da qualidade de vida da pessoa com rantes e agitação psicomotora. Em que tipo de transtorno você
transtorno mental. geralmente observa estes sintomas? O transtorno psicótico, não
No entanto, cada vez podemos ter maior certeza de que é? Esta droga foi então introduzida no campo dos antipsicóticos.
uma abordagem mais ampla, onde se ofereçam outras possibi- Contribuindo de uma maneira significativa para a redução
lidades terapêuticas, mostra ser mais adequada e eficaz, afinal da permanência hospitalar de pacientes psicóticos e facilitando
apenas o controle não ensina o paciente a lidar com seus proble- a reabilitação de pacientes crônicos, a clorpromazina não podia
mas cotidianos e emocionais. A cada dia surgem novas aborda- evitar, no entanto, as reincidivas e conseqüentes reinternações.
gens no lidar com o paciente de Saúde Mental. Porém, durante 25 anos, nada de mais substancial foi introduzi-
A criatividade e dedicação dos profissionais neste campo do no campo dos antipsicóticos.
permite conhecer e perceber a cada momento diferentes fa- Com toda a revolução que a clorpromazina causou no cam-
cetas da mente humana, o que resulta em novas nuanças no po da psiquiatria, todo o dinheiro e trabalho foi investido em
tratamento. suas pesquisas, o que ocasionou um considerável atraso no re-
conhecimento dos sais de lítio nos transtornos afetivos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Desde 1948, um psiquiatra australiano descobriu que a uri- estabelecimento do equilíbrio familiar, essencial, muitas vezes,
na de pacientes maníacos produzia efeitos tóxicos em cobaias. à melhora do paciente; conjugal, sendo semelhante ao anterior,
Tentando aumentar essa toxicidade, resolveu administrar sal de só que apenas o paciente e seu cônjuge são atendidos.
lítio. Teve uma surpresa! O efeito foi contrário! O lítio parecia Cada psicoterapeuta pode ter uma forma diferente de lidar
fornecer uma defesa contra a urina. Além disso, os animais tor- com o paciente, seja por seu jeito pessoal (se é mais fechado
naram-se mais calmos, respondendo menos à solicitações ex- ou mais expansivo), seja pela sua abordagem de tratamento. As
ternas. abordagens mais comuns são:
Ao experimentar os sais de lítio em pacientes maníacos, os Terapia cognitivo-comportamental – Aborda os pensamen-
resultados foram extremamente satisfatórios. E, embora com al- tos e comportamentos atuais.
guns anos de atraso, devido ao seu baixo custo e conseqüente Psicanálise – Aborda as razões inconscientes dos problemas
falta de interesse comercial, aliado ao medo de seus efeitos tóxi- atuais.
cos quando administrado em doses excessivas, hoje essa droga Psicodrama – Atua com dramatizações de situações.
tem reconhecida a sua eficácia na mania e nas depressões en- Terapias interpessoais – Abordam os relacionamentos atu-
dógenas recorrentes. ais.
Outra feliz descoberta acidental se deu com a iproniazida, Terapias pela Atividade - Sob esse título, agrupamos as ati-
também na década de 1950. Utilizada no tratamento de por- vidades terapêuticas que usam a atividade do paciente como
tadores de tuberculose, teve reconhecidos seus efeitos antide- ponto principal. Podemos classificá-las como ocupacionais e re-
pressivos. creativas.
No início de 1960, houve a descoberta dos benzodiazepí- Terapia ocupacional – Constitui importante modalidade de
nicos. atendimento, indispensável nos casos mais graves, como a es-
Seu efeito quase imediato e bastante seletivo sobre a an- quizofrenia, que oferece ao paciente diferentes possibilidades
siedade assumiu um papel importante no tratamento, numa de atividade laborativa (de trabalho), geralmente em forma de
época em que surgiam novos rumos para a sociedade. Sua ven- “oficinas terapêuticas”, isto é, grupos de pacientes que se reú-
da assumiu proporções alarmantes, chegando a ser comparada nem para realizar um trabalho em comum.
As oficinas terapêuticas têm o objetivo de oferecer ao in-
com o tabaco e o álcool, as drogas mais utilizadas para produzir
divíduo com transtorno mental diferentes possibilidades de se
alterações no psiquismo. Basta que você enumere quantas pes-
expressar no mundo, estabelecendo com ele um canal de comu-
soas conhece que fazem ou fizeram uso de um benzodiazepíni-
nicação mais saudável; por se dar em grupo, estimula o relacio-
co como o DiazepanR, por exemplo, para que tenha uma ideia
namento interpessoal, ajuda o paciente a lidar com conquistas
dessa estatística. Até agora você pode observar de que forma
e frustrações e a desenvolver maior independência, retomando
surgiram os psicofármacos e a importância que possuem no tra-
aos poucos a responsabilidade por seus atos.
tamento de transtornos mentais. No entanto ...
Alguns tipos de oficinas terapêuticas que podemos citar
são: de poesia, de teatro, de música e canto, de radiofonia, de
Terapias psicossociais marcenaria, pintura, artesanato, informática, jardinagem, do
corpo (tai chi chuan, dança, capoeira) e outras.
Dentro desse conceito se agrupam vários tipos de atendi- Os pacientes geralmente escolhem aquelas das quais dese-
mento terapêutico e nem sempre fica muito claro para o pacien- jam participar com a ajuda do terapeuta ocupacional e outros
te, sua família e até para os outros profissionais como são e para profissionais, e pacientes habilitados podem atuar como moni-
que servem esses atendimentos. É importante que isso fique tores.
esclarecido a fim de que não tenham um caráter “burocrático” As oficinas terapêuticas constituem importante instrumen-
– fazer porque tem que fazer ou “porque o doutor mandou”. to de ligação, inclusive com a sociedade como um todo, se forem
Muitas vezes é para o auxiliar de enfermagem que o paciente articuladas atividades reunindo outros segmentos da socieda-
vai expor suas dúvidas. Por isso, é importante que ele saiba do de – por exemplo, a exposição dos trabalhos realizados pelos
que se tratam os atendimentos, para que possa tranquilizar o pacientes.
paciente, aconselhando-o sempre a discutir suas dúvidas com o - Terapia recreativa – Tem objetivos parecidos com os da
profissional que o atende. terapia ocupacional, mas as atividades desenvolvidas têm um
Podemos dividir as terapias psicossociais em dois grupos: as cunho recreativo, tais como os jogos, atividades esportivas, fes-
psicoterapias e as terapias pela atividade. tas e comemorações Os pacientes também podem ser envolvi-
O tratamento psicoterápico é, na maior parte das vezes, dos nas tarefas de rotina de acordo com suas condições e desejo
realizado pelo psicólogo (às vezes também pode ser feito pelo de participar, sem, no entanto, serem obrigados a isso ou substi-
psiquiatra) e seu objetivo é variável de acordo com o caso, mas, tuírem os profissionais em suas funções.
em linhas gerais, visa ajudar o indivíduo a retomar um estado de
equilíbrio pessoal. Setores de atendimento em Saúde Mental
O atendimento psicoterápico pode ser feito de forma indivi-
dual em que o paciente fica sozinho com o terapeuta; em grupo A criatividade é marca registrada da rede terapêutica que
em que estes são relativamente pequenos, onde são tratadas envolve a Saúde Mental. A partir da Reforma Psiquiátrica dos
não apenas as dificuldades de cada um, mas também o relacio- fins dos anos 1980 - 1990, que abre as portas dos asilos e ma-
namento do grupo como um todo; em família, onde o atendi- nicômios, passa-se a enxergar o portador de transtorno mental
mento é feito com o paciente e sua família e voltado para o re- como alguém que está “vivo” e, portanto, “reabilitável”. Diante

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
das três áreas de atuação (primária, secundária e terciária) co- Atividades de animação sociocultural - Pode participar toda
meçam a surgir a cada dia novas e revolucionárias alternativas e a equipe terapêutica com o grupo de pacientes.
estratégias que permitem levar a cabo o tratamento de transtor- Oficinas de expressão plástica - Terapeuta ocupacional, a
nos psíquicos, sejam agudos, crônicos ou de reabilitação. enfermagem e o grupo de pacientes.
Gradualmente, o hospital psiquiátrico deixa de ser uma Psicoterapia individual - Psicólogo e paciente.
instituição fechada para se tornar palco de uma assistência de Intervenções familiares - Realizadas entre psicólogo ou psi-
portas abertas, integrada numa rede de saúde regional. Se di- quiatra, paciente e família.
zemos gradualmente, é porque não se pode romper de repente Tratamento psicofarmacológico - Realizado pelo psiquiatra,
com pensamentos, preconceitos e medos, mantidos a séculos, enfermeiro, técnico ou auxiliar de enfermagem e paciente.
principalmente em um país onde as condições de amparo social As atividades do auxiliar de enfermagem serão definidas
ainda encontram-se deficientes. como as dos demais membros da equipe multiprofissional, atra-
O investimento no tratamento ambulatorial passou a inovar vés de reuniões onde levanta-se as necessidades. Porém o re-
gistro de suas observações é indispensável. É muito importante
formas mais eficazes de atender e de reinserir na sociedade os
que você registre tudo o que observar nos pacientes, desde as-
portadores crônicos de transtornos mentais.
pectos físicos, conduta até a participação nas atividades.
Desta forma, para que não houvesse um rompimento
Os Lares Abrigados são locais onde podem viver ou morar
abrupto entre a unidade de internação e o atendimento ambu-
um grupo de portadores de transtornos mentais num clima fa-
latorial, surgiram estruturas intermediárias entre a hospitaliza- miliar, sob tutela de uma equipe assistencial, por um período
ção psiquiátrica e a integração do paciente à sociedade, que re- mais ou menos longo. É totalmente integrado à comunidade e
ceberam nomes como hospitaisdia, lares abrigados, CAPS, com permite uma vida autônoma. Não raro, devido à ausência da fa-
atuações diferentes descritas a seguir: mília, alguns lares tornam-se uma residência definitiva.
Os hospitais-dia são locais onde o paciente passa um perío- A equipe que trabalha com lares abrigados apresenta um
do limitado (algumas horas durante o dia) sem se afastar de seu programa estruturado cujos objetivos são o desenvolvimento
meio social, familiar, de trabalho ou acadêmico, prevenindo as- da autonomia da pessoa e do grupo e a ressocialização. Para
sim a reclusão e a marginalização do paciente, ao mesmo tempo detectar se estes objetivos foram atingidos, são necessárias
em que proporciona a sua reabilitação e reinserção social. Dis- reuniões periódicas entre os profissionais da equipe. Essas reu-
põe de um programa terapêutico que dá ênfase a manifestações niões servem para os levantamentos de problemas e conflitos
clínicas e terapêuticas. que surgem nas relações e nas tarefas cotidianas para ajudar a
Num hospital-dia, trabalha-se com terapias individuais, com superá-los.
intervenções familiares, mas, sobretudo, trabalha-se em gru- A equipe de enfermagem assume aqui uma importância vi-
pos, assim denominados: grupo de pacientes, grupo terapêutico tal. Ela é quem mais está presente em visitas e as suas orienta-
(equipe terapêutica e pacientes) e equipe terapêutica (equipe ções de educação em saúde e higiene são indispensáveis. Nestes
multiprofissional e interdiscilinar). lares, a detecção precoce de agravos à saúde assume tal rele-
De forma direta ou indireta, toda a equipe terapêutica par- vância que pode por o trabalho a perder caso falhe.
ticipa nas diferentes atividades assistenciais, fazendo com que Também está a cargo da equipe de enfermagem a super-
haja uma tomada de decisões de forma conjunta, troca de infor- visão e, em alguns casos, até a administração medicamentosa,
mações entre os diferentes profissionais, planejamento e esta- assim como a detecção de possíveis efeitos colaterais.
belecimento conjunto do conteúdo das atividades assistenciais O CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) é uma forma de as-
e, definição por todos dos papéis e tarefas de cada membro da sistência do SUS para problemas de Saúde Mental individual ou
equipe em cada uma delas. coletiva que se distingue principalmente pelo acesso local. É um
exercício de democracia, pois atua com uma sensível redução
As atividades terapêuticas de um hospital-dia podem se re-
da hierarquia assistente/assistido. Essa parece ser, na verdade,
sumir em:
a maior diferença entre os CAPSs e os hospitais-dia, pois o CAPS
Reuniões matinais - Como o nome indica, acontece na pri-
questiona os papéis da equipe na família e na comunidade.
meira hora da manhã, como uma forma de acolhimento entre
Atua através de Oficinas onde realizam-se trabalhos manu-
a equipe terapêutica e os pacientes. Permite à equipe prever ais e artísticos que proporcionam ao usuário via de acesso à ex-
a demanda de trabalho que o grupo de pacientes vai solicitar, pressão de seus sentimentos, emoções, criatividade. Mas quan-
possibilitando novas estratégias, caso haja necessidade. do necessário pode ser feito o atendimento individual.
Sessões de expressão corporal, musicoterapia e dramatiza- Deste trabalho surgiram as Associações, formadas a partir
ção, mobilização corporal e psicomotricidade - Pode participar de grupos de egressos dos hospitais psiquiátricos, que se orga-
qualquer membro da equipe, além dos pacientes e o monitor ou nizaram e incorporaram familiares e profissionais de diversas
terapeuta correspondente. áreas, em busca dos direitos dos usuários do serviço de saúde
Assembléia de grupo terapêutico - Participa todo o grupo mental na defesa de sua cidadania. Não negam a marca que os
terapêutico (equipe e pacientes). faz singulares, porém lembram que são iguais a todos os cida-
Psicoterapia de grupo - Participam pacientes, com um psi- dãos, com direito a saúde, lazer, amor, segurança e sobretudo
cólogo e outro membro da equipe. RESPEITO. Estas associações deram origem a articulação Nacio-
Psicodrama - Necessita de um psicodramatista e outros nal da Luta Antimanicomial.
membros da equipe, além do grupo de pacientes. Com a organização e o trabalho desses usuários do serviço,
Dinâmica de grupos ou grupos de discussão - Necessita do que descobrem suas próprias e ilimitadas capacidade, surgem
grupo terapêutico completo. as cooperativas. Seu funcionamento não se distingue em muito

110
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
das demais cooperativas, a não ser pela disposição dos pacien- rança, assim como objetos ou imagens religiosas ou ritualistas.
tes que nela atuam e que há muito não percebiam-se como se- Isso faz parte do respeito ao que cada um acredita. É importante
res capazes. Embora funcionem nas dependências do CAPS, seu a participação de todos nesta questão, inclusive dos pacientes.
lucro é revertido para a própria cooperativa. - Som ambiente - Não obstante os avanços da musicotera-
De acordo com a realidade local, o CAPS assume táticas di- pia, a utilização de aparelhos sonoros nem sempre favorece a
ferentes para enfrentar os problemas decorrentes das diversas formação de um ambiente terapêutico. Ao contrário, uma esco-
formas de viver. Assim você jamais encontrará um CAPS igual ao lha inadequada pode causar irritação e até mesmo desencadear
outro. Porém, eles trazem como ponto comum a luta pela desos- crises. Por isso, a escolha de músicas, bem como o momento de
pitalização, a realização das oficinas terapêuticas e a atuação de utilizá-las, deve sempre ser orientada por um profissional com-
uma equipe multiprofissional. petente (se possível um musicoterapeuta). Vale ressaltar ainda
Pode atuar em associação com uma emergência psiquiátri- o emprego frequente de músicas religiosas, que também são
ca, e o paciente que sai deste setor será avaliado imediatamente contra-indicadas, pois é muito importante respeitar a religião de
todos.
para ser inserido em atividades do CAPS, sem que haja necessi-
- Atividades - Num ambiente terapêutico, o paciente não
dade de internação.
vegeta pelos corredores e salas em uma atitude passiva. Neste
Em todos os níveis de atuação, a conduta do auxiliar de en-
ambiente, embora tenha tempo para repousar ou refletir, ele
fermagem é sempre um ponto muito importante da ação em
mantém-se em atividades como reunião de grupo, exercício físi-
saúde. cos, trabalhos manuais e outros.
“Dizem que a primeira impressão é a que fica”. Esta frase A equipe terapêutica é formada por vários profissionais, de-
popular bem pode estar expressando uma realidade quando pendendo de cada programa terapêutico que o tratamento en-
pensamos em assistência em saúde. No setor de Saúde Mental, globe. Na equipe básica encontram-se o enfermeiro, psicólogo,
ela assume uma conotação especial, pois a sensação que o pa- psiquiatra, assistente social, técnico e auxiliares de enfermagem.
ciente experimenta quando chega ao setor não é somente rele- Pode contar ainda com terapeuta ocupacional, nutricionista,
vante; assume um papel essencial no seu tratamento. professores de Educação Física, musicoterapeuta, fisioterapeu-
A maneira como é recebido, a expressão das pessoas que ta, fonoaudiólogo, animador sóciocultural, artista plástico etc.
lhe atendem ou mesmo o tom de voz com que falam, são capa- A chave de um ambiente terapêutico está no estabeleci-
zes de gerar sentimentos que tanto podem determinar o trata- mento de uma relação de confiança entre a equipe terapêutica
mento como afastar o indivíduo. Não é raro o paciente sair de e os pacientes.
um setor de atendimento jurando que não volta mais porque
foi maltratado pelo profissional que o discutirmos aqui se ele Relação terapêutica: a ferramenta indispensável
volta ou não ao setor, mas sim no tempo em que ele adiará o
tratamento. Relação terapêutica é aquela que se estabelece entre o
A recepção do paciente é o primeiro item quando nos refe- membro da equipe terapêutica, os familiares e todo o grupo de
rimos ao ambiente terapêutico. E embora o auxiliar de enferma- pacientes. Uma vez estabelecida, torna-se uma ferramenta de
gem seja o profissional que, normalmente, recepciona uma pes- trabalho importantíssima para que o profissional possa intervir
soa que procura um setor de saúde, não é o único responsável junto ao paciente.
pela manutenção deste ambiente. Para que o profissional consiga estabelecer uma relação
Um ambiente terapêutico é aquele em que o indivíduo con- terapêutica, é muito importante o seu autoconhecimento, para
segue se sentir bem e seguro, física e psicologicamente, e que ao que não confunda seus desejos, crenças, valores morais, neces-
mesmo tempo estimule a recuperação da saúde. Alguns fatores sidades, sentimentos e emoções com as do paciente, o que o
levaria a fazer interpretações erradas.
são indispensáveis para que se promova um ambiente terapêu-
Certa vez, num registro de enfermagem, encontrou-se a se-
tico. E por mais incrível que pareça, promover um ambiente não
guinte anotação: “Paciente tenso com o fato de sua mulher não
é muito diferente do que preparar a sua casa para uma festa.
ter comparecido a visita. Diz que ela nunca o amou e que só se
- Planta física - O ambiente deve ser arejado e de preferên-
casou com ele para não ficar solteira. Fala que quer morrer por
cia amplo e bem iluminado, de modo a transmitir sensação de isso. Aconselhei que tivesse mais fé em Deus, não pensasse mais
segurança e bem-estar. O profissional deve preocupar-se em em morrer, e que assim que estivesse bom voltasse para sua
tornar o ambiente o mais belo e agradável possível, simples po- terra e arrumasse uma outra mulher.”
rém aconchegante. Uma relação, para ser terapêutica, necessita de um início
- Higiene ambiental - Ninguém pode sentir-se bem num de confiança, de aceitação e de comunicação clara. A comunica-
ambiente sujo. Muitas vezes devido ao fato de que os transtor- ção verbal com o paciente portador de transtorno mental nem
nos mentais não são transmissíveis, os profissionais de saúde sempre é muito fácil, e algumas técnicas podem auxiliar para
tendem a relaxar com a manutenção da higiene. No entanto, é favorecer o autoconhecimento do paciente na mesma medida
importante que ela mantenha-se não somente pela questão do em que você o compreende.
bem-estar, mas também para evitar surtos de doenças infecto- - Escuta - É muito importante que você escute o que o pa-
-parasitárias e infestações. ciente tem a dizer, mostrando-se receptivo, olhando-o numa ati-
- Arrumação e decoração - O excesso de mobília ou o mobi- tude aberta, de modo que ele perceba a sua importância.
liário mal disposto, além de tumultuar o ambiente, podem atra- - Paráfrase - Consiste em repetir ao paciente o conteúdo do
palhar o atendimento num caso de emergência. Também deve- que disse, com o objetivo de fazê-lo tomar consciência do que
-se evitar objetos e adornos que possam por em risco a segu- falou.

111
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Clarificação - Pode-se pedir ao paciente que torne a men- Você deve orientar sempre o indivíduo em relação ao tem-
sagem mais clara, para que se compreenda o que foi dito ou po, espaço e pessoas caso esteja desorientado, porém é inútil
para complementar uma ideia exposta. tentar mostrarlhe que o medo que sente é irreal. Dizer-lhe que
- Frases por repetição - Quando um paciente fica bloque- não deve se preocupar pode fazer com que se sinta incompreen-
ado, pode-se repetir uma palavra ou uma frase no decorrer da dido e sozinho, aumentando assim a tensão.
conversa para convidá-lo a falar mais. Pode ser bastante salutar a sua participação em atividades
- Silêncio - É uma pausa mais ou menos longa na conversa- simples, porém não competitivas, e você deve estimulá-lo. Ini-
ção que deve ser respeitada para que o paciente possa refletir. cialmente, é esperado que ele apresente medo de realizá-las.
- Propostas abertas - Trata-se de permitir que o paciente É inútil tentar provocar situações para que ele “perca o medo”,
conduza e escolha o assunto. correndo-se o risco de fazê-lo entrar em pânico. Comece partici-
pando com ele, até que se sinta seguro.
Intervenções do auxiliar de enfermagem diante de determina- Diante do paciente deprimido:
dos comportamentos “Eu sinto vontade de morrer. Já tentei suicídio por três ve-
zes. Acho que estou sendo um estorvo na vida de meu marido e
Até agora vimos maneiras de promover um ambiente tera- meus filhos. Eles são muito bons para mim e eu não queria mais
pêutico e estabelecer uma relação terapêutica com o paciente, atrapalhá-los.”
mas no que se refere ao auxiliar de enfermagem isto não é o Este paciente apresenta-se triste, culpado e isolado. É des-
suficiente. É necessário intervir para ajudá-lo na manutenção da crito muitas vezes como “baixo astral”. É comum encontrarmos
integridade física também, e o relacionamento terapêutico é a membros da equipe que não gostam de trabalhar com esse tipo
ferramenta para atingir os objetivos que, neste caso, não corres- de paciente, por razões óbvias. Pode ser muito difícil ver nos
pondem a tecer diagnósticos ou fornecer rótulos do tipo “esqui- outros um quadro agravado do que sentimos, e depressão não é
zofrênico”, “psicótico”, “deprimido” e outros. um problema incomum.
Mais importante do que conhecer diagnósticos é saber Para lidar com este tipo de transtorno, é necessário que o
identificar determinados comportamentos nos pacientes que profissional se concientize de que “sentir pena” não só não ajuda
como pode atrapalhar. O ambiente terapêutico requer respeito,
atende e conseguir lidar com cada um deles individualmente, de
e “sentir pena” pode não ser a melhor forma de demonstrá-lo.
modo a atender suas necessidades básicas. Para isso, o auxiliar
O maior risco em lidar com esse tipo de paciente é o de
de enfermagem deve seguir a prescrição de enfermagem que é
suicídio (esse risco aumenta quando começa a melhorar de seu
realizada pelo enfermeiro a partir dos problemas apresentados
transtorno). Este deve ser mantido sob vigilância quando em
pelo paciente e buscar formas de agir de acordo com o compor-
uso de objetos pontiagudos e cortantes e cordas – isto é, tudo o
tamento que detectar no momento. O registro de todas as ob-
que possa por em risco a sua integridade física – até que passe
servações e procedimentos é sempre um cuidado indispensável.
o perigo. Esta vigilância deve ser discreta para não lembrar ao
Diante do paciente ansioso:
paciente todo tempo de seu risco.
“Eu já não durmo direito. Morro de medo de tudo. Tem ho- Você pode perguntar ao paciente se deseja morrer, pois a
ras que me dá uma crise e eu preciso estar perto de alguém. Eu pergunta não irá induzi-lo. No entanto, fornecerá um dado para
sei que parece um absurdo, mas não consigo controlar.” seus cuidados.
Você se lembra das reações de um paciente com transtorno Porém, é contra-indicado tecer comentários quanto a essa
de ansiedade? atitude. Sua presença constante, ouvindo-o e participando das
Este é, muitas vezes, tido por toda a equipe como um pa- atividades, é uma boa maneira de manter a vigilância e integrá-
ciente “chato”. Pode apresentar vários níveis, assim como vários -lo ao grupo. Caso o paciente pergunte se está sendo vigiado,
aspectos para a sua ansiedade. Muitas vezes queixa-se de me- você pode lembrá-lo de que já fez referência à vontade ou ten-
dos injustificáveis, “incomoda” e solicita a equipe em demasia, tativa de morrer e que a equipe deseja protegê-lo. É um bom
pois sentir-se só diante de tantos medos pode ser ainda mais momento para fazê-lo sentir-se valorizado.
assustador, não acha? Certo profissional, depois de ouvir um paciente falar que
Na manutenção de um ambiente terapêutico, ouvir as quei- tomou 20 comprimidos de DiazepanR porque queria morrer,
xas e receios é essencial, em todos os casos. Mostrar-se tranqüi- afirmou: “Você não queria morrer! Quem quer morrer dá logo
lo, utilizando frases curtas, com um tom de voz firme, na conver- um tiro na cabeça!” Dois dias depois, recebeu a notícia de que o
sação também pode ajudar. paciente se suicidara. Com um tiro na cabeça.
Este indivíduo pode apresentar um padrão respiratório ine- No caso de uma tentativa de suicídio, o auxiliar deve prestar
ficaz. os primeiros socorros (hemorragia, asfixia etc), evitar deixar o
Portanto, você deve observar a possibilidade de estar usan- paciente sozinho e, uma vez que ele seja removido, atuar junto
do roupas muito apertadas, auxiliá-lo e estimulá-lo na execução aos outros pacientes para evitar o pânico.
de exercícios respiratórios, além de observar a coloração de mu- Um paciente deprimido costuma se descuidar de seus cui-
cosas e leito ungueal. dados básicos por não valorizá-los ou por achar que deve ser
É muito importante observar também o padrão de alimen- punido. Por isso, é muito importante a enfermagem estar atenta
tação (pode apresentar hiperfagia) e uma nutricionista pode lhe a questões como:
fornecer orientações quanto à dieta mais adequada para evitar Alimentação - A comida deve ter bom aspecto e temperatu-
aumento ponderal exagerado. As excretas devem ser observa- ra adequada. No caso de se recusar a comer, deve-se fracionar
das e anotadas. a dieta.

112
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Hidratação - Deve-se ter uma atenção especial a este item, Ganhar a confiança deste paciente não é fácil. No entanto,
observando na pele e mucosas qualquer sinal de desidratação e mantê-la é quase impossível. Qualquer atitude não planejada
oferecendo líquido em abundância. pode gerar desconfiança. É preciso ter cuidado com mensagens
Excreta - Observar se está defecando e se há algum sinal verbais e não-verbais para evitar que “confirmem suas suspei-
de alteração. Como muitas vezes fica acamado, pode apresentar tas”. Deve-se evitar situações que lhe provoquem ansiedade.
constipação. A alimentação e hidratação desse paciente pode estar pre-
Perda ponderal - O paciente com depressão grave deve ser judicada, pois ele pode achar que estão tentando envenená-lo.
pesado diariamente. Por isso deve-se permitir que escolha o que deseja comer e, se
Sinais de infecções ou lesões - Deve-se examinar o paciente possível, que ele mesmo prepare seus alimentos. Pelo mesmo
em busca de sinais que possam ocasionar uma solução de con- motivo, deve-se verificar sua boca após a administração de me-
tinuidade. dicamentos, ou administrá-los na forma líquida.
Vestuário - É importante valorizar o aquecimento do cor- Manter uma conduta firme e franca com o paciente, ou-
po, pois sua circulação pode estar mais lenta. Estar bem vestido, vindo seus receios, pode ser uma boa maneira de ganhar sua
confiança.
arrumado e penteado também pode melhorar sua aparência e
Diante do paciente com comportamento antissocial:
autoestima.
São vistos na equipe como “sedutores” e desafiadores. Não
Medidas posturais de conforto - Consiste em evitar trans-
se consideram doentes e, se buscam o serviço de Saúde Men-
tornos musculares por posições inadequadas.
tal, geralmente o fazem por alguma imposição. Apresentam boa
Padrões de sono e repouso - Observar o tempo que o pa- verbalização, são inteligentes e agradáveis, atributos que muitas
ciente dorme e se pela manhã se sente pior. vezes usam para atrair simpatia e conseguir o que querem. É
Atividade física - Estimulá-lo a realizar atividades físicas (pe- importante que o profissional de saúde esteja alerta a estas ma-
quenos períodos ao longo do dia), procurando saber como se nobras, para não ser usado.
sentiu ao realizá-las e quais são as de sua preferência. Nesta categoria, podem estar incluídos os dependentes de
Diante de um paciente agitado: drogas ilícitas e os alcoolistas. Deve-se estar alerta aos sinais de
“Não aguento mais meu irmão. Ele quase não dorme, e o intoxicações ou abstinência.
pior é que não me deixa dormir. Anda pela casa a noite inteira Conselhos ou promessas “arrancadas” destes pacientes não
falando e cantando. Agora inventou de anunciar a volta de Jesus, serão capazes de resolver seus problemas enquanto não admiti-
e anda por tudo quanto é ônibus e metrôs...” rem que têm um problema para controlar o uso da substância. É
A equipe muitas vezes descreve esse paciente como “irri- bastante útil estimulá-los a participar de atividades.
tante”, e numa equipe despreparada pode muitas vezes ser alvo Em relação ao potencial de violência, o auxiliar de enfer-
de zombarias e deboches. É extremamente ativo, pode falar, gri- magem não deve demonstrar receio, porém não deve se expor
tar, cantar, dançar etc. desnecessariamente. É conveniente solicitar a ajuda de mais
A melhor forma de interagir com ele é chamá-lo para as pessoas do serviço e até mesmo conter o paciente em caso de
atividades e conversar sobre assuntos gerais. Você deve esta- necessidade. O que não deve ser esquecido é que, seja qual for
belecer limites para ele, porém somente após ter criado com a medida adotada, ela deve vir acompanhada de respeito pelo
ele uma relação de confiança e, mesmo assim, com o cuidado indivíduo, evitando-se desafios do tipo: “Vem me bater agora!”
de não fazê-lo de forma autoritária para não provocar reações Também é indispensável que se explique ao paciente que a me-
desagradáveis que possam gerar a necessidade de contê-lo. dida adotada se deu porque ele passou do limite ou para pro-
Este é um paciente que dorme pouco e em geral acorda tegê-lo.
cedo. As contenções podem ser medicamentosa (química) ou me-
Pode vestir-se de maneira extravagante, com cores berran- cânica (física). As primeiras são sempre prescritas pelo psiquia-
tes e vários enfeites, utilizando-os de forma desarmônica. Tam- tra. As contenções mecânicas são indicadas em estados de agi-
tação não controláveis com medicação ou em episódios agudos,
bém alimenta-se mal, pois sua hiperatividade não lhe permite
como conduta violenta que implique em risco de lesões físicas
sentar para alimentar-se. É muito importante que lhe sejam ofe-
para si e para os outros.
recidos líquidos e alimentos que possa ingerir enquanto man-
Perante a necessidade de contenção mecânica, é importan-
tém a atividade. A aferição de seus sinais vitais, perda ponderal
te que esta seja feita por profissionais preparados, para evitar
e grau de hidratação são imprescindíveis. agravos ao paciente. Para tal, é necessária a utilização de técni-
Diante do paciente que se acha perseguido: cas apropriadas e uma boa dose de compressão e carinho.
“Eu gosto da minha mãe, mas não confio nela. Existem mui- Para realizar uma contenção mecânica você necessita de
tos interesses na minha pessoa ...” ataduras, braçadeiras, camisa de força e/ou lençóis, podendo
Este é o paciente descrito pela equipe como “difícil”. É claro também ser realizada com o corpo do profissional de saúde ou
que sua desconfiança pode apresentar um grau variado, desde a de outra pessoa.
dúvida até delírios paranoicos, porém é importante estar ciente O emprego das técnicas deve ser feito com firmeza e rapi-
que este paciente pode estar pronto a responder de maneira dez, longe dos olhos de outros pacientes para não impressio-
ameaçadora, agitando-se e tornando-se agressivo. Com frequ- ná-los. Acima de tudo, nunca se emprega uma contenção se
ência, interpreta mal qualquer comentário. É como se estivesse não for absolutamente necessário e sem passar informações ao
se defendendo todo o tempo. Por estas razões tende a provocar paciente durante todo o procedimento. Ele não deve se sentir
o medo das outras pessoas, causando o seu afastamento. agredido.

113
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Os outros membros da equipe terapêutica devem estar avi- A maioria dos usuários que aparecem nas emergências clíni-
sados e alertas, quanto a medida adotada para que apoiem aos cas
profissionais envolvidos e demais pacientes, evitando maiores
transtornos. Apresentam transtornos psiquiátricos que freqüentemente
Para evitar fraturas que podem ser ocasionadas por uma são ignorados pela equipe e/ou rotulados de “piti”, ou em ter-
queda, procura-se colocar o paciente no chão o mais depressa mo técnico, distúrbio neurovegetativo (DNV). Estes são clientes
possível, segurando-o pelos ombros, braços e pernas. Reter o alcoolistas e drogaditos, indivíduos confusos devido a complica-
paciente, apertando o pescoço “numa gravata” ou o tórax, pode ções clínicas, pacientes entristecidos com idéias suicidas. Todos
causar acidentes. apresentam sintomas que precisam de intervenção imediata por
Proceder a contenção mecânica com camisa-de-forças. parte da equipe de profissionais que trabalham num setor de
Caso esse recurso não esteja disponível, pode-se colocar um len- emergência.
çol forte ou cobertor debaixo do corpo do paciente. Segurando Mesmo com algumas resistências, a idéia de manter a se-
uma das extremidades, passá-la por cima do corpo, prenden- paração das emergências psiquiátricas das emergências clínicas
do-a entre o tórax e o braço oposto, abaixo do cotovelo. Fazer está sendo ultrapassada, tendo em vista os diversos fatos que
o mesmo movimento com a outra ponta do lençol ou cobertor. aconteceram nos espaços das emergências dos hospitais gerais
Aplicar esparadrapo para fixar enquanto for preciso. que culminaram em mortes de pacientes psiquiátricos.
Transportá-lo para seu leito, colocar ataduras almofadadas
nos punhos e tornozelos, prendendo no estrado da cama. Quan- Caracterizando as intervenções diante das crises
do prescrito, administrar a medicação por via parenteral (con-
tenção química). Pelos corredores das Unidades de saúde encontramos vá-
Conversar com os demais pacientes sobre o fato e após re- rios indivíduos que vivenciam uma crise, mesmo quando a apre-
gistrar o ocorrido e os procedimentos realizados. sentação da sintomatologia é de natureza clínica. Qualquer con-
trariedade pode se transformar em distúrbio nervoso de fundo
EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA emocional, trazendo danos para o indivíduo e principalmente
para aquelas pessoas que o cercam.
Com a abertura das portas dos “manicômios”, a tendência
Isto nos faz defender que a emergência psiquiátrica deve
é que a emergência psiquiátrica faça parte da rotina de aten-
estar integrada geográfica e funcionalmente à emergência clíni-
dimento em hospital geral. Isto impõe aos profissionais que aí
ca, e vice-versa.
atuam maior sensibilidade em relação à ocorrência de situações
Em qualquer circunstância, o ambiente ideal de atendimen-
que em uma primeira avaliação parecem de origem orgânica,
to deverá propiciar a segurança necessária para o usuário e a
mas que na maioria das vezes são desencadeadas a partir de
equipe de saúde. Nas salas não devem ter objetos perfurocor-
problemas sociais e mentais.
tantes ou objetos que podem se transformar em armas e serem
A discussão sobre como são feitos os atendimentos dos
clientes com transtornos mentais nas emergências gerais leva- usados contra o outro no momento da raiva.
-nos à seguinte reflexão: serão eles resistentes aos transtornos Em alguns países economicamente dependentes de outros,
clínicos, como trauma, infarto agudo do miocárdio, cetoacidose como o Brasil, são frequentes os distúrbios mentais que se de-
diabética e outras disfunções orgânicas que colocam a vida em sencadeiam tendo como “pano de fundo” a pobreza. A distribui-
risco? ção desigual da renda e do acesso ao trabalho, à moradia digna,
Certamente que, estes usuários, quando acometidos por ao lazer, à segurança, à alimentação, à saúde e à educação con-
problemas de origem mental, social e/ou clínica, procuram os tribuem para a desestruturação da mente humana.
serviços de emergência específicos ou gerais. A recuperação, Pode-se encontrar, nas emergências clínicas, alcoolistas em
conforme a gravidade do caso, depende de três fatores básicos: abstinência; indivíduos com crise do pânico, buscando avaliação
equipe capacitada, intervenção imediata e acesso à equipamen- cardiológica; suicídios por superdosagem de medicamentos; ví-
tos/medicamentos que auxiliam na reversão do quadro. timas de violência doméstica; e reação de estresse por estar de-
Uma realidade é que, nas emergências gerais, as equipes sempregado ou enlutado em decorrência de acidentes ou morte
médica e de enfermagem cuidam com reservas dos clientes súbita. Enquanto que nas emergências psiquiátricas são comuns
com transtornos de comportamento, o que pode ser justificado as situações de psicoses, agitação por drogas, indivíduos com
como decorrência dos anos em que este tipo de paciente era descompensação de quadros esquizofrênicos e maníacos.
atendido no espaço dos manicômios. A crise não escolhe umas pessoas e poupa outras; é uni-
O cuidado deles era restrito à área da psiquiatria e as outras versal.
especialidades só mantinham contato com os intitulados “lou- Acomete ricos, pobres, negros, brancos, profissionais bem-
cos” quando estes precisavam de exames mais especializados, -sucedidos, chefes de família e parlamentares, como também
como tomografia, ultrassonografia, punção lombar ou até mes- indivíduos que por quaisquer causas estejam fragilizados nas
mo uma cirurgia. relações com o mundo.
Este breve contato era cercado por um aparato de seguran- Nem a equipe de profissionais de saúde escapa do risco de
ça, e o medo era visível na face de todos os membros da equipe. desenvolver algum transtorno mental. Quantas vezes notamos
A melhor notícia para todos que ali trabalhavam era o retorno que nossos colegas de trabalho estão vivenciando momentos de
de tal paciente à sua unidade de origem: o “hospício”. angústia em família, estão ingerindo medicamentos exagerada-
mente e até estão se tornando alcoólicos “sociais”? Na verdade,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
todos nós podemos, de uma hora para outra, entrar em crise, Auxiliá-lo a buscar alternativas de escolhas disponíveis, fa-
pois vivemos no mesmo mundo e estamos suscetíveis às maze- cilitando a busca por apoio situacional (família e amigos), me-
las da modernidade. canismos de defesa/adaptação e padrões construtivos de pen-
Durante o período de uma crise, o indivíduo tem a oportu- samento.
nidade de desenvolver mecanismos que o ajude a controlar suas Construir junto com o paciente planos realistas de curto
ações e reações ou passar por ela com uma total desorganização prazo que identifiquem recursos disponíveis e mecanismos de
da compreensão de sua essência. Ele pode tornar-se mais vul- adaptação bem definidos. Isso só pode se efetuar através do
nerável e psicologicamente instável, ou pode retomar sua vida hábito de ouvir e conversar com o paciente. Mas é muito im-
normal, tendo o controle da sua natureza. A compreensão e de- portante que o profissional não se veja como um conselheiro e
limitação da fase que o cliente está vivenciando requer que a resolva decidir as questões da vida do indivíduo.
intervenção seja precisa, coordenada e em tempo adequado de Obtenha do cliente o compromisso de seguir os passos ne-
restaurar os mecanismos de defesa do indivíduo. cessários, possíveis e aceitáveis para correção do problema.
Mas quem são os indivíduos mais vulneráveis à crise? Tentativas de auto-extermínio são crises. A conduta inicial é
avaliar se o cliente apresenta risco de tentar novamente o suicí-
Geralmente são: desempregados, subempregados ou não
dio. Em geral, quanto mais agressivos, mais distantes da ideação
satisfeitos com sua ocupação; usuários de drogas lícitas e ilí-
suicida estarão.
citas; indivíduos que não conseguem lidar com seus próprios
A equipe de saúde deve ter consciência desta agressividade
problemas, com baixa estima que alimentam excessivamente
para abordar, se possível, a questão com o cliente, trazendo-o
os sentimentos de insegurança; pessoas com história de crises para a realidade.
mal resolvidas; indivíduos que subutilizam os recursos de apoio O risco de suicídio está relacionado com o seguinte perfil:
social ou não acessam o sistema de apoio, como família, amigos, idade acima de 45 anos; sexo masculino; não casado; desem-
igreja; pessoas que cultivam o sentimento de isolamento ou são pregado; instabilidade nas relações interpessoais; tentativas
impulsivas em excesso. anteriores de suicídios; casos de suicídio em família (principal-
A suscetibilidade à crise normalmente é precipitada a par- mente dos pais); ser portador de doença crônica ou dor crônica;
tir de eventos que popularmente as pessoas dizem ser a “gota história de depressão; psicose; abuso de substâncias; distúrbios
d’água” – como a morte de um ente querido, mudança de sta- de personalidade; pouco acesso a tratamento por razões sociais;
tus, casamento, separação, gravidez especialmente fora do casa- idéias suicidas intensas, frequentes; prolongado desejo de mor-
mento ou indesejada, doença física, perda de emprego, mudan- te e auto-punição; e isolamento social.
ça nas condições de trabalho, aposentadoria, climatério, violên- De uma forma geral, o cuidado de um indivíduo em situa-
cia sexual, desastres naturais (enchentes, quedas de barreiras). ções de crise tem como objetivo o resgate dele como dono de
Após contornada a crise, pensar no retorno deste indivíduo sua vida, responsável pelo seu rumo, tendo em vista as opções
ao meio social deverá ser a principal meta dos profissionais de oferecidas pela realidade. O difícil é auxiliar o paciente a per-
saúde. A intervenção a ser adotada é o diálogo direto, ativo, di- ceber que o controle das opções em sua vida depende, entre
rigido para os sintomas e para o real acontecimento. Auxiliar o outras coisas, da sua vontade em superar a crise.
indivíduo a retornar sua vida normal depois da crise é garantir
sua permanência com o mesmo grau de importância nos espa- Avaliação Primária na Emergência Psiquiátrica
ços antes ocupados por ele, ou seja, no trabalho, na escola, na
família e na comunidade. Junto com o tratamento de emergência que segue as nor-
Para tal, as pessoas da equipe responsáveis em fazer a pri- mas de preservação das funções vitais do homem, é útil realizar
meira abordagem, de forma geral devem ter capacidade de es- uma avaliação padronizada e inicial do estado psíquico de cada
cutar e ser desprovidas de preconceitos para melhor conhecer o cliente.
mundo de inserção deste indivíduo. Pode-se sugerir um modelo A enfermagem deve estar preparada para dar início a esta
avaliação, já que é responsável, em casos de agitação psicomo-
básico de seis etapas a ser utilizado para intervenção em crise:
tora, por técnicas de contenção, sejam medicamentosas ou físi-
Explorar e definir o problema com base na perspectiva do
cas, nas quais o contato físico é inevitável. Além disso, geralmen-
paciente, prestando atenção nas mensagens não-verbais - Nem
te é este grupo que circula com o paciente nas dependências da
tudo o que o indivíduo fala é o que sente. Os gestos, o olhar, o
unidade hospitalar, quando este submete-se a exames comple-
corpo podem indicar emoções que nem sempre são expressas mentares.
em palavras. Um paciente pode pedir a você que o deixe sozinho Geralmente os pacientes agitados portadores de transtor-
enquanto chora e segura firmemente sua mão. nos mentais são excessivamente sedados, e podem necessitar
Demonstrar de modo verbal e não-verbal que você se im- emergencialmente de proteção de vias aéreas por conta dos ris-
porta com ele - O olhar, o tom de voz, a expressão são itens cos de depressão respiratória. Por outro lado, quando recebem
indispensáveis para que o paciente confie no profissional de medicações psicoativas, a despeito de terem se alimentado, cor-
saúde. rem o risco de broncoaspirar, se não forem colocados em decú-
Providenciar segurança ao paciente, avaliando o grau de ris- bito dorsal ou com a cabeceira elevada e a cabeça lateralizada.
co para a segurança física e psicológica do mesmo e de terceiros. Outra preocupação é com os sinais vitais, pois alguns psicofár-
Não se trata de fazer ameaças, mas sim de alertar o pacien- macos podem ocasionar diminuição da pressão arterial.
te das consequências de atitudes impensadas, dialogando sobre Essas precauções de segurança, fruto da avaliação primária,
alternativas para comportamentos destrutivos impulsivos. evitam agravos e complicações administrativas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A avaliação primária realizada pela equipe de enfermagem Em alguns casos, o cliente pode estar agitado mas não vio-
nas emergências psiquiátricas deve ter como base questiona- lento.
mentos e observações que sirvam como instrumentos do cuidar, Entretanto, quando agitado, precisa de observação cons-
considerando os seguintes aspectos: tante e isolamento, sempre acompanhado por membros da
Aparência - O paciente está extremamente limpo, sujo, agi- equipe, até que o tratamento emergencial se complete. A con-
tado, calado? Olha nos olhos das pessoas que conversam com tenção mecânica é inevitável para evitar quedas que gerem trau-
ele? A atividade psicomotora está aumentada, diminuída ou matismos e fraturas.
assume posturas bizarras. Está cheirando a álcool ou tem as pu- O conhecimento de fatores de risco do comportamento
pilas dilatadas (midríase) por uso de cocaína ou anfetaminas? agressivo tem sido de grande validade no momento da avalia-
Interage com aqueles que lhe trouxeram à emergência ou ção primária. Por isso, clientes com história de agressão e im-
recusa a presença destas pessoas? pulsividade, labilidade emocional, baixa tolerância a frustração,
Consciência - Está confuso e/ou sonolento? Compreende o história de delinquência, idéias delirantes de perseguição, aluci-
que está se passando ao redor? Apresenta distúrbios neurop- nações auditivas de comando (vozes que o ordenam a fazer coi-
sicológicos como linguagem, memória e atenção prejudicadas? sas) e comportamento agressivo recente são fortes candidatos à
Conhece as pessoas que lhe trouxeram? agitação acompanhada de agressividade.
Pensamento - Pensa e fala muito rápido, como em quadros O que pode ser um alerta na identificação deste paciente é
de mania, ansiedade, intoxicações? Está com pensamento lento, a postura.
como em depressão? É estranho e incompreensível, como em Geralmente ele se mantém inclinado para a frente, em es-
psicoses? Vê vultos, insetos nas paredes, como no caso de tado de vigilância constante; fala alto ou grita; faz comentários
Delirium tremens? Escuta vozes, como na esquizofrenia? pejorativos e sua expressão facial é tensa, com os olhos arrega-
Pensa que alguém quer lhe tirar a vida ou quer lhe prejudicar, lados. O excesso de tensão pode ser percebido através da rigidez
como nas paranoias? da musculatura corporal. A exigência da perfeição e a atividade
motora visível de irritabilidade são suas marcas registradas.
Humor e afetividade - Está profundamente triste, eufórico Diante deste paciente, a equipe de enfermagem deve man-
ou normal? De repente se irrita com qualquer coisa? Apresenta
ter-se calma, porém com atitudes firmes, demonstrando que
idéias suicidas ou homicidas? Mostra-se indiferente afetivamen-
o domínio daquele espaço não é apenas dele. Isto estabelece
te?
limites. A fala deve ser calma e suave, e não provocativa. Os
Julgamento e crítica - Demonstra bom senso em suas idéias?
movimentos devem ser lentos, evitando tocar o paciente, pois a
Entende os procedimentos que estão sendo realizados pela
aproximação brusca e a fixação do olhar em direção a ele podem
equipe de saúde? Admite ter um problema psiquiátrico ou culpa
ser consideradas como ameaças, resultando em agressão física
outra pessoa por suas dificuldades? Percebe que está doente?
aos membros da equipe.
Depois desta avaliação, a equipe de enfermagem estará
Nestes casos, a equipe que o assiste deve dispor-se na sala
mais segura para administrar os medicamentos orais/parente-
rais e monitorar as reações adversas. Além disso, o diálogo com sempre mais próxima da porta do que do paciente, evitando
o paciente é sempre o melhor meio para estabelecer uma rela- também que no recinto haja objetos que possam se transformar
ção de confiança, mesmo quando este necessitar de contenção em armas, como cinzeiros, suportes de solução móveis e lumi-
e restrição no leito. nárias. Outra precaução é a presença de pessoas na equipe que
dominem as técnicas de contenção, para utilizá-las de imediato.
Classificando as Emergência É bom lembrar que esta ação não deve ter a intenção de puni-
Psiquiátricas ção, e sim de cuidado.
Ao ser contido fisicamente, o cliente não deve ser abando-
Em geral, as síndromes ou sintomas psiquiátricos mais fre- nado à sua própria sorte, pois este procedimento dá uma sensa-
quentes encontrados na prática das emergências podem ser ção de retaliação, tornando-o mais agressivo ainda. Tal exacer-
classificados como agitação e/ou agressividade; depressão e bação da agressividade gera movimentos que podem, nos casos
tentativa de suicídio; ansiedade; conflitos interpessoais; abuso de contenção no tronco, interferir na respiração, dificultando a
de substâncias. expansão pulmonar e, em consequência, diminuir os níveis de
oxigênio, cujo desdobramento é o quadro de insuficiência respi-
Agitação e/ou agressividade ratória. Em casos de imobilização dos quatro membros, o garro-
teamento dos vasos periféricos, diminuindo o fluxo sanguíneo,
Alguns pacientes chegam neste setor agudamente agitados, de acordo com o tempo pode levar a necrose e futura amputa-
com risco iminente para si e para outros. Geralmente, precisam ção.
ser fisicamente restritos, mas a equipe deve sempre optar por Os cuidados de enfermagem mais prementes que devem
uma abordagem menos restritiva e mais humana. ser adotados são o controle frequente dos sinais vitais e pul-
Entre a restrição medicamentosa e a mecânica, a primei- sos arteriais dos quatro membros. A manutenção de decúbito
ra sempre será a mais coerente. Entretanto, em alguns casos, dorsal ou com a cabeceira elevada e a cabeça lateralizada são
quando o comportamento violento é secundário em relação a indispensáveis para evitar a broncoaspiração, pois, em algumas
doenças clínicas como hipoglicemia e traumatismo craniano, a síndromes, náuseas e vômitos são frequentes. A estimulação da
escolha por medicamentos pode dificultar a avaliação real da ingesta hídrica e a monitorização da hidratação venosa servem
evolução do quadro neurológico inicial. para evitar quadros de desidratação.

116
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Para o tratamento químico, os medicamentos mais utiliza- Na emergência para retirá-los do risco de vida, é utilizado
dos são os antipsicóticos. Sua vantagem está em não exercer outra substância que inativa o efeito da substância escolhida,
efeitos consideráveis nos valores da pressão arterial e no ritmo lavagem gástrica, hemoperfusão e/ou hemodiálise. Passada esta
cardíaco, assim como não predispõe o paciente a convulsões. O fase, são utilizados medicamentos antidepressivos. O melhor
mais importante é que permite o controle da agitação em pouco efeito terapêutico é obtido pelo uso combinado de antidepres-
tempo. sivos e psicoterapia.
A combinação de antipsicóticos com benzodiazepínicos tem Independente de ter tentado o suicídio, todo paciente que
sido uma alternativa para diminuir a dosagem do primeiro. Os se apresenta com depressão na emergência precisa ser infor-
benzodiazepínicos podem causar excitações paradoxais em de- mado de que esta tristeza profunda é uma doença, e que existe
terminados pacientes, mas o seu uso para o tratamento de agi- tratamento eficaz à disposição, sob o ponto de vista biológico e
tação vem atendendo ao propósito da terapia. psicológico.
Após o atendimento emergencial, este paciente pode ter
dois destinos: a internação ou a alta com agenda para tratamen- Ansiedade
to ambulatorial.
Isto irá depender, se de fato não corre o risco de se auto pu- A ansiedade faz parte do cotidiano de cada cidadão. Quan-
nir ou de tentar o suicídio. Nas duas alternativas de encaminha- do prestamos um concurso, quando esperamos o resultado de
mento pós-crise, é imprescindível que paciente e familiares te- um exame médico, ou mesmo quando passamos por situações
nham as informações devidas para evitar complicações futuras. de violência, nosso coração dispara por medo ou ao pensar na
possibilidade de não alcançar os resultados esperados. Na ver-
Depressão e tentativa de suicídio dade, é um sentimento indispensável para a sobrevivência e o
desenvolvimento do homem, mas em diversas condições a an-
O paciente levado à emergência com pensamento suicida siedade se manifesta de maneira patológica.
ou após tentativa de suicídio exige da equipe de saúde determi- Os transtornos de ansiedade relevantes para a emergência
nação e poder de decisão. Dados colhidos nas emergências de são: ataques de pânico e agorafobia, ansiedade generalizada e
todo o Brasil constatam que grande parcela dos indivíduos que transtorno de ajustamento com ansiedade, quadros conversivos,
se suicidaram tiveram contato com profissionais de saúde nos somatizações, quadros dissociativos e estresse pós-traumático.
seis meses que antecederam ao ato. Os transtornos do pânico são quadros de início súbito, com
ansiedade intensa, sensação de morte iminente, acompanhados
Todos buscaram apoio no sistema de saúde. por palpitações, desconforto precordial, vertigem, parestesia,
tremores e sudorese. Esses sintomas levam o cliente e a família
A maioria ingeriu grande quantidade de medicamentos a procurar imediatamente os serviços de emergência em função
prescritos pelo próprio médico, ou outros medicamentos de da sensação de morte iminente.
venda livre que causam danos e seqüelas graves, como Ácido A fobia é tanta que estes pacientes se desesperam quando
acetilsalicílicoR e AcetaminofemR. estão em algum lugar que não lhes garanta assistência imediata
Inofensivo, o AcetaminofemR, quando combinado com be- disponível. Por isso, é importante que a equipe de saúde, depois
bida alcóolica, pode resultar em insuficiência hepática. Portan- de descartada qualquer falência física, reassegure que ele não
to, quando se avalia o tipo de medicamento, deve-se levar em vai morrer deste ataque.
consideração os medicamentos prescritos e os demais produtos O diálogo e a administração de antidepressivos ou benzo-
tóxicos disponíveis na casa do paciente. diazepínicos e ácido valpróico são os primeiros passos terapêu-
Por exemplo: Um profissional da área de saúde foi hospitali- ticos, além do acompanhamento da função cardiovascular atra-
zado com intoxicação exógena pela tentativa de auto-extermínio vés de monitorização cardíaca e dos sinais vitais.
através da ingestão de mais ou menos 280 comprimidos de bar- Já na ansiedade generalizada o paciente apresenta-se in-
bitúrico batidos no liquidificador com leite. O mais importante quieto, com dores musculares, tensão e vertigem. Esse quadro
é que, antes de tomar a “vitamina de barbitúricos”, ele mesmo é caracterizado naqueles clientes que se levantam a toda hora,
avisou que iria executar o ato para sua namorada, ou seja, pediu não podem esperar a sua vez e solicitam a presença do médico
socorro. a cada instante.
No comportamento suicida, estão envolvidos o desejo de Nas emergências, estas características são encontradas não
ajuda, o desejo de morrer e a agressividade subjacente. Autores somente nos pacientes, mas principalmente em seus familiares.
relatam que as mulheres, por serem mais emotivas e apaixo- A terapêutica medicamentosa de escolha é o benzodiazepínico
nadas, apresentam maior predisposição em tentar o suicídio. e um sistema que mantenha-os informados sobre seu estado clí-
Mas são os homens que, ao tomarem esta decisão, tornam esse nico, o que deve ser estendido à família. Essa gentileza por parte
evento letal e escolhem métodos mais agressivos, como armas da equipe diminuirá o grau de ansiedade de cliente/família.
de fogo. Os suicidas mais radicais ateiam fogo no próprio corpo. Os quadros conversivos são frequentes nas emergências
Na tentativa de suicídio apelativa, o paciente garante a exis- gerais e costumam irritar os médicos e profissionais de enferma-
tência de socorro antes de consumar o ato, fica contente por ter gem. Nesse quadro, o paciente mostra uma queixa ou sintoma
sobrevivido, resolve parcialmente conflitos precipitantes, reto- localizado, não voluntário, que não tem justificativa fisiopatoló-
ma a atenção de familiares (que ficam preocupados com ele) e gica ou anatômica, não podendo ser explicado por doença física.
não expressa planos futuros de suicídio. Essas pessoas são tão presentes nas emergências que acabam

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
tornando-se íntimas da equipe, que normalmente não percebe cias após superdosagem de medicamentos, auto-mutilações e
que essa é a forma encontrada por elas para comunicarem que vitimização repetida. Eles percebem o mundo sempre com a
precisam de ajuda. confrontação de duas idéias, o bem/o mal, certo/errado; e de-
A abordagem inicial nas emergências deste caso deve ser o senvolvem rápidas reações de raiva quando se sentem desconsi-
auxílio ao paciente para que exponha seu sofrimento verbalmen- derados. As superdosagens e as mutilações não visam o suicídio,
te, além de mantê-lo em local calmo, longe dos acompanhantes mas servem para dispersar o vazio interno e a sensação de ple-
e perto da enfermagem. Ao entrevistar os acompanhantes e/ou nitude com eles próprios.
familiares, deve-se pesquisar os fatores desencadeantes deste Esses pacientes resolvem mal os seus problemas, sendo
quadro. que uma das metas da intervenção na emergência, depois de
Encontramos também, nos corredores das emergências, socorrer os transtornos físicos, é auxiliá-los através do diálogo
pessoas que apresentam queixas vagas, com múltiplos sinto- a encarar os obstáculos realisticamente e utilizar mecanismos
mas, exigindo procedimentos e exames. Em geral, já fizeram construtivos, sem fantasias, para enfrentá-los.
uma via crucis nos serviços de saúde da região onde residem e
trazem consigo exames e medicamentos antigos. As queixas ge- Abuso de substâncias
ralmente são: dificuldade para deglutir, dores abdominais, fra-
queza, tonturas, dentre outras – todos sintomas característicos O uso indiscriminado de substâncias como álcool, anfetami-
de somatização. nas, estimulantes, sedativos, inalantes como colas, tintas, remo-
Tal qual a ansiedade generalizada, na emergência esses sin- vedores e gasolina, tem levado muitas pessoas a serem atendi-
tomas significam que este paciente tem problemas e que esta das nas emergências. Além dos quadros crônicos, ocorrem fre-
foi a melhor forma de expressá-los. Apesar de existirem trata- quentemente quadros agudos secundários ao uso destas subs-
mentos para a síndrome de fadiga crônica, o melhor é conven- tâncias, como acidentes automobilísticos. As mais importantes,
cê-lo que ele precisa da ajuda de um especialista. sem dúvida, são as relacionadas ao uso de álcool, tendo em vista
Como este paciente está sempre retornando à sala de espe- que o indivíduo começa a consumir esta droga na adolescência,
ra dos hospitais, a evolução deste quatro é a auto-mutilação. Ele chegando à vida adulta com uma sensação de plenitude sempre
se auto inflige lesões ou relata sintomas para obter internação. quando o assunto é a disputa de quem consegue beber mais.
Nesta fase, o que diferencia da simulação inicial é a compulsão Daí para o alcoolismo é um passo.
para produzir os sintomas. A intoxicação pelo álcool envolve vários estágios de altera-
Uma outra situação são os pacientes que passaram por ex- ção do comportamento, mas frequentemente ocorre prejuízo
periência de estupro, assaltos, sequestros e foram vítimas de do julgamento, diminuição da atenção, respostas emocionais
violência urbana. Estes devem ser avaliados nas emergências inapropriadas, labilidade afetiva e desinibição de comportamen-
para o diagnóstico de transtorno de estresse pós-traumático, o tos agressivos.
qual frequentemente é acompanhado de quadros dissociativos As intervenções, nestes casos de intoxicação alcoólica, são:
que são caracterizados por uma dissociação da consciência, de Exclusão de complicações clínicas graves, como insuficiên-
origem psíquica. cia hepática, hematoma subdural, sangramento digestivo e Sín-
Eles podem apresentar fenômenos amnésicos, estranha- drome de Wernicke.
mento de si (despersonalização) e do mundo que os rodeia Tratamento da agitação e/ou violência com antipsicótico.
(desrealização). Para tratar desses pacientes no pronto socorro, Restrição física, se necessário.
é importante que haja um lugar tranquilo para mantê-los em Em casos de diminuição do nível de consciência, é preconi-
observação. Se estiverem apresentando agitação psicomotora, zada administração de glicose endovenosa.
a medicação de escolha são os benzodiazepínicos ou os antip- A mensuração do teor de álcool no organismo, é extrema-
sicóticos. mente importante. Na falta deste exame pode ser utilizado um
Faz-se necessário que a equipe da emergência, de uma aparelho (bafômetro) que mede o nível do álcool no organismo
forma geral, saiba distinguir o quadro dissociativo do tipo per- através de uma baforada ou sopro.
sonalidade múltipla da amnésia global transitória. Esta ultima Observação e monitoração da febre, hipotensão ou hiper-
é caracterizada por episódios de perda de memória de curto e tensão.
longo prazos, provavelmente consequente a distúrbios transitó-
rios nos lobos temporais.
Os pacientes suscetíveis são geralmente de meia-idade e
incapazes de se recordar de dados pessoais, como nome, idade,
endereço. Nestes casos, retê-los na emergência ou interná-los
é uma medida de segurança para evitar que fiquem perambu-
lando na cidade sob risco de maus cuidados pessoais e de se
tornarem vítimas de violência ou acidentes.

Conflitos interpessoais

Esses tipos de pacientes não suportam o abandono mesmo


quando este é imaginário e tendem a misturar sua identidade
com as da pessoas ao redor. Geralmente chegam nas emergên-

118
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Em relação aos níveis sangüíneos e sinais de intoxicação alcoólica, podemos utilizar a seguinte tabela:

As pessoas que estão acostumadas a fazer uso de doses diárias de álcool, quando são levadas a parar ou reduzir a ingestão desta
bebida, em questão de horas ou dias, desenvolvem a síndrome de abstinência, quadro que pode levar à morte.
Nesta síndrome, o paciente fica ansioso, irritado, com sensação de desconforto, falta de sono e dificuldade de ficar parado em um
mesmo lugar. Na parte física, libera adrenalina, resultando em sudorese, taquicardia, tremores, náuseas e vômitos. A progressão leva
a crises convulsivas, rebaixamento do nível de consciência com agitação psicomotora e desorientação evoluindo para alucinações vi-
suais ou táteis em forma de insetos na parede ou na pele. A este conjunto de sintomas é que se dá o diagnóstico de Delirium tremens.
O tratamento desta síndrome depende da história anterior. Pacientes com história de crises convulsivas devem ser tratados com
um anticonvulsivante, como a FenitoínaR. Algumas dessas crises podem ser prevenidas pela reposição de magnésio juntamente com
os fluidos endovenosos administrados durante oito horas.
Em casos de agitação e/ou violência, a restrição medicamentosa e mecânica faz-se necessária. Além disso, a equipe de enferma-
gem deve dar ênfase à hidratação, a tiamina para melhorar os sintomas neurológicos e manter próximo do leito a cânula de Guedel,
para, em casos de convulsões, proteger de trauma a mucosa oral.
O uso de estimulantes como cocaína, anfetaminas e fenciclidina é mais frequente entre os jovens e desenvolve uma série de com-
plicações clínicas e psiquiátricas. Independente da potência de cada substância, as pessoas que as usam buscam um “grande barato”,
ou seja, buscam uma viagem expressa em forma de alucinação.
Quando chegam às emergências, apresentam hipervigilância, aumento da ansiedade, midríase e complicações clínicas graves,
como convulsões, infarto do miocárdio, arritmias e acidente vascular cerebral. O tratamento deve ser conduzido como o da ansieda-
de, com benzotiazídicos. A agitação psicomotora e os quadros de delírios paranoides requerem uso de antipsicóticos. Lógico que as
falências neurológicas e cardiovasculares devem ser tratadas em primeiro lugar,evitando a morte súbita.
Aquelas pessoas que usam barbitúricos, como benzodiazepínicos, indiscriminadamente, correm risco de quadros de abstinência
grave, semelhantes à do álcool, quando decidem não mais utilizá-los. Essas medicações por vezes são frequentemente prescritas pelos
profissionais médicos sem orientação apropriada quanto a seus riscos de dependência e abstinência.
A redução desta medicação deve ser realizada através de um plano terapêutico que interaja benzodiazepínicos de curta e longa
duração.
Sempre que um paciente chega confuso nas emergências, é bom desconfiar de ingestão de substâncias sedativas. Além dos
procedimentos usuais, como lavagem gástrica, a equipe pode utilizar substâncias antagônicas. Como exemplo, podemos citar o Na-
loxoneR EV para reverter sobredosagem de heroína, e o FlumazenilR para reverter superdosagem por uso de benzodiazepínicos.
Embora as prescrições medicamentosas sejam feitas pela equipe médica, a previsão da demanda medicamentosa é uma importante
atribuição da enfermagem para a eficiência no atendimento.
Em casos de abstinências a opiáceos como a heroína, o desconforto é maior do que os riscos da letalidade apresentada na absti-
nência do álcool. O usuário desta droga, ao parar de usá-la, sente náuseas, vômito, diarreia, dores musculares, piloereção (arrepio),
rinorréia (coriza) ou lacrimejamento e mal-estar generalizado. A melhor opção terapêutica é o uso de ClonidinaR, cujo principal pro-
blema é a queda da pressão arterial, fato que exige o controle rigoroso dos sinais vitais.
Outras substâncias, como maconha e inalantes, levam vários jovens aos serviços de emergência, principalmente nas madrugadas
de sexta-feira e sábado, quando as festas estão em seu auge. O uso de maconha pode desencadear quadros de ansiedade, e o uso de
maconha de excelente qualidade, sem mistura, pode desencadear um quadro psicótico.
Por outro lado, inalantes como colas, tintas, removedores e gasolina são solventes, ou seja, são substâncias capazes de dissolver
gordura. Como grande parte do cérebro é formado da gordura mielina, o uso crônico destas substâncias pode, paulatinamente, oca-
sionar sérias consequências neurológicas. O tratamento, nestes casos, é voltado para os sintomas apresentados, impondo à equipe
maior poder de observação para retirá-lo da crise.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Percebe-se que os limites entre os transtornos psiquiátri- - Encaminhar ao banho para promover higiene, trocar de
cos e clínicos são de difícil delimitação. Na verdade, a grande roupa, cortar as unhas e mantê-las limpas e fazer a barba;
maioria dos quadros atendidos nas emergências são manifes- − Administrar medicação pré-anestésica, se prescrita; − Re-
tações agudas de problemas crônicos. Diante desta realidade, alizar a tricotomia do membro a ser operado, lavar com água e
o sucesso do atendimento depende da abordagem sistemática sabão, passar anti-séptico local e enfaixar (se necessário) com
realizada por uma equipe multidisciplinar e interdisciplinar sen- bandagens estéreis;
sível, atuando simultaneamente e consciente da sua função no - Remover próteses, jóias, lentes de contato ou óculos, pren-
processo de preservação imediata da vida. dedores de cabelo e roupas íntimas;
- Promover esvaziamento vesical, colocar roupa cirúrgi-
Assistência de enfermagem em centro cirúrgico e centro de ca apropriada (camisola, toucas),transportá-lo na maca até o
material esterilizado centro cirúrgico com prontuário e exames realizados (inclusive
Raios-X).
Os cuidados de enfermagem ao paciente cirúrgico variam
de acordo com o tipo de cirurgia e de paciente para paciente,
Assistência pré-cirúrgica específica de mão, membro supe-
atendendo suas necessidades básicas e suas reações psíquicas e
rior e pé:
físicas manifestadas durante este período. Neste capítulo iremos
− Exame físico minucioso, atentando para a qualidade e inte-
abordar os cuidados gerais indispensáveis a todos os tipos de
cirurgia e os cuidados específicos voltados para cirurgias de mão gridade da pele (deverá estar hidratada e lubrificada);
e membro superior e de pé e membro inferior. − Observar sinais de infecção, inflamação, alergias ou rea-
A assistência pré-operatória tem como objetivo proporcio- ções hansênicas;
nar uma recuperação pós-operatória mais rápida, reduzir com- − Se houver lesões abertas, promover limpeza com solução
plicações, diminuir o custo hospitalar e o período de hospitali- fisiológica ou água e sabão e ocluir com gaze e atadura de crepe.
zação que se inicia na admissão e termina momentos antes da − Observar perfusão periférica do membro a ser operado;
cirurgia, devolvendo o paciente o mais rápido possível ao meio - No caso de cirurgia com enxerto, a pele da região doadora
familiar. deverá estar hidratada e lubrificada. Este procedimento inicia-se
alguns dias antes, sendo que, horas antes da cirurgia, realizar a
1- Assistência de enfermagem pré-cirúrgica geral: abrange o tricotomia e limpeza da pele. Durante o período trans-cirúrgico,
preparo sócio-psíquico-espiritual e o preparo físico. o quarto do paciente deverá estar pronto para recebê-lo, equi-
pado com materiais suficientes como: suporte de soro e bomba
Preparo sócio-psíquico-espiritual: de infusão, travesseiros para elevação do membro operado, co-
− Providenciar a assinatura do termo de responsabilidade, bertores, comadre ou papagaio, esfigmo e manômetro, termô-
autorizando o hospital a realizar o procedimento metro, e demais equipamentos necessários.
− Explicar aos familiares sobre a cirurgia proposta, como o
paciente retornará da sala operatória e a importância em apoi- 2 - Assistência pós-cirúrgica geral:
á-lo nesse período; Inicia-se no momento em que o paciente sai do centro cirúr-
− Explicar ao paciente sobre a cirurgia, o tipo de anestesia, e gico e retorna à enfermaria. Esta assistência tem como objetivo
os exames que porventura forem necessários, salientar a impor- detectar e prevenir a instalação de complicações pós-operatória
tância de sua colaboração durante os procedimentos; e consequentemente obter urna rápida recuperação
− Tranqüilizá-lo em caso de ansiedade, medo do desconhe- . A assistência pós-cirúrgica consiste em:
cido e de destruição da auto-imagem, ouvir atentamente seu − Transferir o paciente da maca para a cama, posicioná-lo
discurso, dar importância às queixas e seus relatos;
de acordo com o tipo de cirurgia a que foi submetido e com o
- Explicar as condições que irá retornar do centro cirúrgico
membro operado elevado;
(se acordado, com ou sem gesso, etc.) e assegurar que terá sem-
− Aquecê-lo, se necessário;
pre um profissional da enfermagem para atendê-lo;
− Manter a função respiratória;
- Promover o entrosamento do paciente com o ambiente
hospitalar, esclarecer sobre normas e rotinas do local, e propor- − Observar nível de consciência, estado geral, quadro de agi-
cionar um ambiente calmo e tranqüilo e tação e outros comprometimentos neurológicos;
- Providenciar ou dar assistência religiosa, caso seja solici- − Verificar anormalidades no curativo, como: secreção e
tada. presença de sangramento;
− Observar o funcionamento de sondas, drenos, cateteres e
Preparo físico: conectá-los às extensões;
− Realizar a consulta de enfermagem, atentando para as con- − Controlar e anotar sinais vitais, bem como gotejamento
dições que podem atuar negativamente na cirurgia e reforçando de soro, sangue ou derivados; - Verificar anotações do centro
as positivas; cirúrgico) e executar a prescrição médica;
- Providenciar e/ou preparar o paciente para exames labo- − Promover conforto e segurança através de meio ambien-
ratoriais e outros exames auxiliares no diagnóstico; − Iniciar o te adequado, uso de grades na cansa, imobilização de mãos (se
jejum após o jantar ou ceia; agitado);
- Verificar sinais vitais, notificar ao médico responsável se − Observar funcionamento e controlar, quando necessário,
ocorreram sinais ou sintomas de anormalidade ou alteração dos os líquidos eliminados por sondas, drenos, etc; - Realizar mu-
sinais vitais; dança de decúbito de acordo com a evolução clínica;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
− Forçar ingesta líquida e sólida assim que a dieta for libe- Assistência Pós-cirúrgica especifica em amputação de mem-
rada; − Promover movimentação ativa, passiva e deambulação bro inferior:
precoces se forem permitidas e houver condições físicas; - Promover o alívio da dor se houver;
- Trocar curativos; − Os amputados experimentam com freqüência dor fantas-
- Orientar paciente e a família para a alta, quanto à impor- ma ou sensação fantasma. Tais sensações são reais e devem ser
tância do retomo médico para controle e cuidados a serem dis- aceitas pelo paciente e pelas pessoas que lhe prestam assistên-
pensados no domicílio como gesso, repouso, limpeza adequada; cia.
- Proporcionar recreação, por exemplo, revistas e TV − Apesar da amputação ser uni procedimento de recons-
trução, a mesma altera a imagem corporal do paciente. O en-
Assistência Pós-cirúrgica específica para o membro superior: fermeiro deverá estabelecer uma relação de confiança, com a
- Posicionar o membro operado em elevação, entre 60 e 90 qual encorajará o paciente a olhar, sentir e a cuidar do membro
graus, apoiados em travesseiros, quando estiver em decúbito residual, tornando-o apto e participante ativo no autocuidado;
horizontal e, ao deambular, mantê-lo corar tipóia e mão elevada − Observar sinais de secreções hemáticas em incisão cirúrgi-
acima do tórax; cas, coloração, temperatura e aspecto da cicatrização;
− Observar edema, palidez, cianose ou alteração da tempe- − Evitar o edema enfaixando-o sem compressão exagerada e
ratura em extremidades das mãos; não deixar o membro residual pendurado. A pressão excessiva
− Realizar limpeza dos artelhos, secando bem os espaços in- sobre o membro residual deve ser evitada, pois pode compro-
terdigitais meter a cicatrização da incisão cirúrgica;
- Realizar curativos a cada dois dias em incisão cirúrgica: − O membro residual não deverá ser apoiado sobre o tra-
limpeza com solução fisiológica a 0,9%, aplicação tópica de rifo- vesseiro, o que pode resultarem contratura e flexão do quadril.
cina spray e oclusão com gaze e atadura. No caso de cirurgia de Uma contratura da próxima articulação acima da amputação
enxerto cutâneo, a frequência da troca do curativo da área do- constitui complicação freqüente. De acordo com a preferência
adora será estabelecida conforme a necessidade, isto é, quan- do cirurgião, o membro residual poderá ser posicionado em ex-
do houver extravasamento de secreção, que varia em torno de tensão ou elevação por curto período de tempo após a cirurgia.
dois a cinco dias. O da área receptora será realizado pelo médico Deve-se desestimular a posição sentada por períodos prolonga-
responsável, geralmente após cinco dias, conforme seu critério, dos para evitar as contraturas em flexão de quadril e de joelho;
utilizando-se algum produto não aderente; − Estimular e ajudar nos exercícios precoces de amplitude.
− Estando com tala gessada ou somente enfaixado, retirar O paciente pode utilizar um trapézio acima da cabeça ou um
a tala ou faixa para curativos, tomando o cuidado de manter o lençol amarrado na cabeceira do leito para ajudar a mudá-lo de
mesmo alinhamento do membro superior e mão durante o pro- posição e fortalecer o bíceps. Solicitar orientação ao serviço de
cedimento e recolocar a tala ou a bandagem, obedecendo-se a fisioterapia sobre a adequação dos exercícios ao paciente.
ordem de início da região distal para a proximal;
− Movimentar passivamente e delicadamente as articula- A sala de cirurgia deve ser equipada com esfigmomanôme-
ções não gessadas; tro, monitor de eletrocardiograma, material para entubação tra-
− Caso esteja com aparelho gessado, mantê-lo limpo; não queal, equipamentos para ventilação e oxigenação, aspirador de
molhá-lo (durante o banho, protegê-lo coin material plástico, um secreções, oxímetro de pulso e outros aparelhos especializados.
sanito, por exemplo, e orientá-lo a não deixar entrar água pelo Os equipamentos auxiliares são aqueles que podem ser movi-
bordo superior); observar sinais de garroteamento como edema mentados pela sala, de acordo com a necessidade: suporte de
e palidez ou gesso apertado; ausência ou diminuição da sensibi- hamper e bacia, mesas auxiliares, bisturi elétrico, foco auxiliar,
lidade ou motricidade, sinais de hemorragia como presença de banco giratório, escada, estrado, balde inoxidável com rodinhas
sangramento no aparelho gessado e odor desagradável; ou rodízios, carros ou prateleiras para materiais estéreis, de con-
− Orientar o paciente a não introduzir objetos em caso de sumo e soluções antissépticas.
prurido e não retirar algodão do gesso Também são necessários diversos pacotes esterilizados
contendo aventais, “opa” (avental com abertura para a frente),
Assistência Pós-cirúrgica específica para os membros inferio- luvas de Cirurgia ou operação é o tratamento de doença, lesão
res: ou deformidade externa e/ou interna com o objetivo de reparar,
− Realizar cuidados acima citados corrigir ou aliviar um problema físico.
− Manter repouso absoluto do membro inferior e posiciona- É realizada na sala de cirurgia do hospital e em ambula-
mento elevado, geralmente acima do nível do corpo. Ao enca- tório ou consultório, quando o procedimento for considerado
minhá-lo ao banho ou para deambulação, andar com apoio ou simples”1 .
cadeiras adequadas; Dependendo do risco de vida, a cirurgia pode ser de emer-
− Se o membro estiver gessado e com salto, aguardar a se- gência, urgência, programada ou opcional. Por exemplo: nos ca-
cagem adequada e a liberação para a deambulação, conforme sos de hemorragia interna, a cirurgia é sempre de emergência
orientação médica, alternando a deambulação e o repouso com pois deve ser realizada sem demora; no abdome agudo, o tra-
elevação do membro inferior gessado. Caso o aparelho gessado tamento cirúrgico é de urgência, por requerer pronta atenção,
não contenha salto, isso é indicativo de que a deambulação é podendo-se, entretanto, aguardar algumas horas para melhor
proibida; avaliação do cliente; as cirurgias programadas ou eletivas, como
− Não fletir o membro durante a secagem do gesso; no caso de varizes de membros inferiores, são realizadas com
− Proceder a retirada de pontos cirúrgicos entre sete a dez data pré-fixada, enquanto que a maioria das cirurgias plásticas
dias ou depois da retirada do aparelho gessado. são optativas por serem de preferência pessoal do cliente.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A cirurgia também é classificada de acordo com a finalidade: Classificação da cirurgia por potencial de contaminação
diagnóstica ou exploratória, quando utilizada para se visualizar O número de microrganismos presentes no tecido a ser
as partes internas e/ou realizar biópsias (laparotomia explorado- operado determinará o potencial de contaminação da ferida ci-
ra); curativa, quando se corrige alterações orgânicas (retirada da rúrgica. De acordo com a Portaria nº 2.616/98, de 12/5/98, do
amígdala inflamada);reparadora, quando da reparação de múl- Ministério da Saúde, as cirurgias são classificadas em:
tiplos ferimentos (enxerto de pele); reconstrutora ou cosmética, • limpas: realizadas em tecidos estéreis ou de fácil descon-
quando se processa uma reconstituição (plástica para modelar taminação, na ausência de processo infeccioso local, sem pene-
o nariz, por exemplo); e paliativa, quando se necessita corrigir tração nos tratos digestório, respiratório ou urinário, em condi-
algum problema, aliviando os sintomas da enfermidade, não ha- ções ideais de sala de cirurgia. Exemplo: cirurgia de ovário;
vendo cura (abertura de orifício artificial para a saída de fezes • potencialmente contaminadas: realizadas em tecidos de
sem ressecção do tumor intestinal, por exemplo). difícil descontaminação, na ausência de supuração local, com
As cirurgias provocam alterações estruturais e funcionais penetração nos tratos digestório, respiratório ou urinário sem
no organismo do cliente, que precisará de algum tempo para se contaminação significativa. Exemplo: redução de fratura expos-
adaptar às mesmas. ta;
É comum o tratamento cirúrgico trazer benefícios à qua- • contaminadas: realizadas em tecidos recentemente trau-
lidade de vida da pessoa, mas é importante compreendermos matizados e abertos, de difícil descontaminação, com processo
que o tratamento cirúrgico sempre traz um impacto (positivo ou inflamatório mas sem supuração. Exemplo: apendicite supura-
negativo) tanto no aspecto físico como nos aspectos psicoemo- da;
cionais e sociais. Com esta compreensão, temos maior chance • infectadas: realizadas em tecido com supuração local, te-
de realizar uma comunicação interpessoal mais individualizada cido necrótico, feridas traumáticas sujas. Exemplo: cirurgia do
e prestar ao cliente orientações mais adequadas. reto e ânus com pus.
As reações emocionais guardam relação direta com o “sig-
nificado” que o cliente e familiares atribuem à cirurgia, sendo a Nomenclatura cirúrgica.
ansiedade pré-operatória a mais freqüente. A nomenclatura ou terminologia cirúrgica é o conjunto de
Por isso, a cirurgia e os procedimentos diagnósticos podem termos usados para indicar o procedimento cirúrgico.
representar uma invasão física, emocional e psicológica - e em O nome da cirurgia é composto pela raiz que identifica a
algumas cirurgias (amputação da perna) uma invasão social, parte do corpo a ser submetida à cirurgia, somada ao prefixo
obrigando mudanças no estilo de vida. A aceitação ao trata- ou ao sufixo.
mento cirúrgico, apesar do medo da anestesia, da dor, da mor- Alguns exemplos de raiz: angio (vasos sangüíneos), flebo
te, do desconhecido e da alteração da imagem corporal, está (veia), traqueo (traquéia), rino (nariz), oto (ouvido), oftalmo
geralmente relacionada à confiança que o cliente deposita na (olhos), hister(o) (útero), laparo (parede abdominal), orqui (tes-
equipe profissional e na estrutura hospitalar, daí a importância tículo), etc.
de estarmos atentos ao tipo de relação interpessoal que especi-
ficamente temos com este cliente.
O atendimento do cliente cirúrgico é feito por um conjun-
to de setores interligados, como o pronto-socorro, ambulatório,
enfermaria clínica ou cirúrgica, centro cirúrgico (CC) e a recupe-
ração pós-anestésica (RPA).
Todos estes setores devem ter um objetivo comum: pro-
porcionar uma experiência menos traumática possível e promo-
ver uma recuperação rápida e segura ao cliente. O ambulatório
ou pronto-socorro realiza a anamnese, o exame físico, a prescri-
ção do tratamento clínico ou cirúrgico e os exames diagnósticos.
A decisão pela cirurgia, muitas vezes, é tomada quando o
tratamento clínico não surtiu o efeito desejado. O cliente pode
ser internado um ou dois dias antes da cirurgia, ou no mesmo
dia, dependendo do tipo de preparo que a mesma requer.
O cliente do pronto-socorro é diretamente encaminhado
ao centro cirúrgico, devido ao caráter, geralmente, de emergên-
cia do ato cirúrgico
. O centro cirúrgico é o setor destinado às intervenções ci-
rúrgicas e deve possuir a recuperação pós-anestésica para pres-
tar a assistência pós-operatória imediata.
Após a recuperação anestésica, o cliente é encaminhado à
unidade de internação, onde receberá os cuidados pós-operató-
rios que visam prevenir a ocorrência de complicação.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Além desses termos, existem as denominações com o nome do cirurgião que introduziu a técnica cirúrgica (Billroth: tipo de cirur-
gia gástrica) ou, ainda, o uso de alguns termos específicos (exerese: remoção de um órgão ou tecido)
Estrutura do centro cirúrgico (CC) A unidade de centro cirúrgico destina-se às atividades cirúrgicas e de recuperação anestésica,
sendo considerada área critica no hospital por ser um ambiente onde se realizam procedimentos de risco e que possue clientes com
sistema de defesa deficiente e maior risco de infecção.

A equipe do CC é composta por diversos profissionais: anestesistas, cirurgiões, instrumentador cirúrgico, enfermeiro, técnico e
auxiliar de enfermagem, podendo ou não integrar a equipe o instrumentador cirúrgico e o auxiliar administrativo. Para prevenir a
infecção e propiciar conforto e segurança ao cliente e equipe cirúrgica, a planta física e a dinâmica de funcionamento possuem ca-
racterísticas especiais. Assim, o CC deve estar localizado em área livre de trânsito de pessoas e de materiais. Devido ao seu risco, esta
unidade é dividida em áreas:
- Não-restrita - as áreas de circulação livre são consideradas áreas não-restritas e compreendem os vestiários, corredor de entra-
da para os clientes e funcionários e sala de espera de acompanhantes. O vestiário, localizado na entrada do CC, é a área onde todos
devem colocar o uniforme privativo: calça comprida, túnica, gorro, máscara e propés.
-Semi-restritas - nestas áreas pode haver circulação tanto do pessoal como de equipamentos, sem contudo provocarem interfe-
rência nas rotinas de controle e manutenção da assepsia. Como exemplos temos as salas de guarda de material, administrativa, de
estar para os funcionários, copa e expurgo. A área de expurgo pode ser a mesma da Central de Material Esterilizado, e destina-se a
receber e lavar os materiais utilizados na cirurgia.
-Restrita - o corredor interno, as áreas de escovação das mãos e a sala de operação (SO) são consideradas áreas restritas dentro
do CC; para evitar infecção operatória, limita-se a circulação de pessoal, equipamentos e materiais.
A sala de cirurgia ou operação deve ter cantos arredondados para facilitar a limpeza; as parede, o piso e as portas devem ser
laváveis e de cor neutra e fosca. O piso, particularmente, deve ser de material condutivo, ou seja, de proteção contra descarga de ele-
tricidade estática; as tomadas devem possuir sistema de aterramento para prevenir choque elétrico e estar situadas a 1,5m do piso.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
As portas devem ter visor e tamanho que permita a passagem perviedade, oxigênio umidificado é aplicado e a frequência res-
de macas, camas e equipamentos cirúrgicos. As janelas devem piratória contada. É iniciada a oximetria de pulso em todos os
ser de vidro fosco, teladas e fechadas quando houver sistema pacientes, e a qualidade dos sons respiratórios é determinada.
de ar condicionado. A iluminação do campo operatório ocorre O paciente é então conectado ao monitor cardíaco, e a fre-
através do foco central ou fixo e, quando necessário, também quência cardíaca e ritmo são avaliados, assim como a verificação
pelo foco móvel auxiliar. O lavabo localiza-se em uma área ao da pressão arterial.
lado da SO e é o local onde a equipe cirúrgica faz a degermação
das mãos e antebraços com o uso de substâncias degermantes Avaliação inicial
antissépticas, com a ação mecânica da escovação. As torneiras
do lavabo devem abrir e fechar automaticamente ou através do Após a avaliação imediata e completados os registros, ini-
uso de pedais, para evitar o contato das mãos já degermadas. cia-se uma avaliação mais completa pós-anestesia. A avaliação
Acima do lavabo localizam-se os recipientes contendo a solução é realizada rapidamente e é específica para o tipo de procedi-
degermante e um outro, contendo escova esterilizada. mento cirúrgico.
Após a passagem pelo SO, o cliente é encaminhado à sala Em alguns casos, o enfermeiro da URPA avalia os sinais vi-
de RPA – a qual deve estar localizada de modo a facilitar o trans- tais na admissão e inicia a avaliação pelo sistema respiratório.
porte do cliente sob efeito anestésico da SO para a RPA, e desta A avaliação respiratória consiste em frequência, ritmo, ausculta
para a SO, na necessidade de uma reintervenção cirúrgica; deve dos sons respiratórios e o nível de saturação do oxigênio. A pre-
possibilitar, ainda, o fácil acesso dos componentes da equipe sença de uma via aérea artificial e o tipo de sistema de liberação
que operou o cliente. de oxigênio são anotados.
Considerando-se a necessidade de se ter materiais em con- O sistema cardiovascular é avaliado pela monitorização da
dições para pronto uso bem como evitar a circulação desneces- frequência e ritmo cardíacos. A pressão arterial inicial do pacien-
sária de pessoal e equipamentos dentro e fora da área do CC, te é comparada para uma ou mais leituras do pré-operatório.
recomenda-se a existência de salas específicas para a guarda de A temperatura corporal é obtida e a condição da pele é
medicamentos, materiais descartáveis, esterilizados, de aneste- examinada, incluindo o pulso periférico, se indicado. O paciente
sia e de limpeza, aparelhos e equipamentos e roupa privativa. é então avaliado quanto ao funcionamento neurológico. O pa-
Dependendo do tamanho do CC, é também recomendável que ciente está reativo (despertando da anestesia)? O paciente pode
haja uma sala administrativa, sala de espera para familiares e/ou responder aos comandos?
acompanhantes, sala de estar para funcionários e copa. O paciente está orientado no mínimo quanto a nomes e
hospital? O paciente pode movimentar as extremidades? Exis-
ANESTESIA tem desvios da função neurológica pré-operatória? Alguns pro-
cedimentos operatórios requerem uma avaliação mais detalha-
A fase dos cuidados pós-operatórios imediato começa tão da.
logo o procedimento cirúrgico seja concluído e o paciente transfe- Para avaliar a função renal, a ingesta e a excreta são exami-
rido para a Unidade de Recuperação Pós-Anestésica (URPA). Esta nadas. O líquido total intra-operatório e a estimativa de perda
Unidade deve ser adjacente ao centro-cirúrgico, oferecendo facili- sanguínea são avaliados. Os acessos venosos, infusões e solu-
dade de acesso. O estado do paciente deve ser avaliado quanto às ções de irrigação são anotados. A presença de todos os acessos
necessidades durante a transferência (com oxigênio, dispositivo venosos, drenos e cateteres são anotados; a excreta de urina é
manual de pressão negativa, um leito no lugar da maca). anotada quanto à coloração, quantidade e consistência.
A permanência do paciente nesta unidade permite rápida Toda informação obtida da avaliação na admissão é anotada
convalescença, evita infecções hospitalares, poupa tempo, re- no relatório da URPA
duz gastos, ameniza a dor e aumenta a sobrevida do mesmo. A avaliação inicial inclui o registro de:
Este é o período mais crítico da recuperação do paciente, 1. Sinais vitais:
por isso, vários cuidados de enfermagem são dispensados a ele - Pressão arterial;
com as seguintes dificuldades: prestar assistência intensivista - Pulso;
até a total recuperação dos reflexos, assistir o paciente inte- - Temperatura;
gralmente, proporcionando segurança e retorno rápido às suas - Respiração
atividades normais, prevenir complicações, e em alguns casos, 2. Nível de consciência
auxiliar na reabilitação e na adaptação do paciente às novas con- 3. Leitura da pressão venosa central (PVC) se indicado;
dições resultantes da operação, como é o caso, por exemplo, da 4. Posição do paciente;
colostomia, da mastectomia, e da amputação, entre outras. 5. Condição e coloração da pele;
O Enfermeiro assume os cuidados do paciente após uma 6. Necessidade de segurança do paciente;
avaliação inicial e um relato da equipe de transferência; deve 7. Neurovascular: pulso periférico e sensação nas extremi-
sistematizar o registro das informações, mantendo vínculo ativo dades quando possível;
com os profissionais de saúde, além de oferecer à equipe de en- 8. Condições de curativos ou linhas de sutura;
fermagem condições para atuar com o cliente de maneira efeti- 9. Tipo, perviedade e fixação dos tubos de drenagem, cate-
va, planejada e segura. teres e recipientes;
O histórico de enfermagem inicial do paciente pós-opera- 10. Quantidade e tipo de drenagem;
tório começa com a determinação da avaliação imediata da via 11. Resposta muscular e força;
aérea e circulatória adequada. A via aérea é avaliada quanto à 12. Resposta pupilar quando indicado;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
13. Terapia venosa: localização, condição, fixação e quanti- submetido a um estresse físico e exposição dos órgãos e tecidos
dade de soluções infundidas em acessos venosos (inclusive san- ao meio externo; daí a importância do uso de técnicas assépticas
gue e derivados); rigorosas.
14. Nível de suporte físico e emocional;
15. Escore numérico de escala utilizada na unidade. Tempo cirúrgico

A rotina em algumas instituições da frequência da verifica- Abrange, de modo geral, a seqüência dos quatro procedi-
ção dos sinais vitais bem como seu estado geral dá-se a cada mentos realizados pelo cirurgião durante o ato operatório. Ini-
quinze minutos na primeira hora de chegada do paciente a cia-se pela diérese, que significa dividir, separar ou cortar os te-
URPA; a cada trinta minutos na segunda hora e a cada hora nas cidos através do bisturi, bisturi elétrico, tesoura, serra ou laser;
horas subsequentes até a liberação deste para a unidade de in- em seguida, se faz a hemostasia, através de compressão direta
ternação de origem. com os dedos, uso de pinças, bisturi elétrico (termocautério)
ou sutura para prevenir, deter ou impedir o sangramento. Ao
se atingir a área comprometida, faz-se a exérese, que é a cirur-
Assistência Pré Operatória
gia propriamente dita. A etapa final é a síntese cirúrgica, com a
aproximação das bordas da ferida operatória através de sutura,
A cirurgia, seja ela eletiva ou de emergência, é um evento
adesivos e/ou ataduras.
estressante e complexo para o paciente. Muitos dos procedi-
mentos cirúrgicos são realizados na sala de operação do hos- Instrumentais e fios cirúrgicos
pital, embora muitos procedimentos simples que não precisam
de hospitalização sejam feitos em centros cirúrgicos e unidades Auxiliam a equipe cirúrgica durante a operação, mas para
ambulatoriais de cirurgia. Pacientes com problemas de saúde isso é necessário que a equipe de enfermagem ofereça-os em
que cujo tratamento envolve uma intervenção cirúrgica, geral- perfeitas condições de uso e no tamanho correto. O instrumen-
mente se submetem a uma cirurgia. Tal procedimento envolve a tador cirúrgico é o profissional responsável por prever os ma-
administração de anestesia local, regional ou geral, aumentando teriais necessários à cirurgia, bem como preparar a mesa com
assim o grau de ansiedade do paciente o que provoca alterações os instrumentais, fios cirúrgicos e outros materiais necessários,
emocionais decorrentes do anúncio do diagnóstico cirúrgico. ajudar na colocação de campos operatórios, fornecer os instru-
Isto causa, portanto situações desagradáveis no estado biópsi- mentais e materiais à equipe cirúrgica e manter a limpeza e pro-
co sócio espiritual do paciente, acarretando problemas graves teção dos instrumentais e materiais contra a contaminação.
podendo chegar à suspensão da cirurgia ou até mesmo óbito Os instrumentais cirúrgicos são classificados de acordo com
do paciente. sua função:
Com o aumento considerável de complicações no préope- • diérese - utilizados para cortar, tais como o bisturi, tesou-
ratório é exigido da enfermagem um sólido conhecimento sobre ras, trépano;
todos os aspectos do cuidado do paciente cirúrgico. Não mais o • hemostáticos - auxiliam a estancar o sangramento, tais
conhecimento sobre a enfermagem préoperatória e pósopera- como as pinças de Kelly, Kocher, Rochester;
tória é suficiente devendose ter uma compreensão plena sobre • síntese cirúrgica - geralmente utilizados para fechamento
a atividade intraoperatória. Surge a visita préoperatória (VPO) de cavidades e incisões, sendo o mais comum a agulha de sutu-
de enfermagem do Centro Cirúrgico, que consiste em acompa- ra presa no porta-agulha; ! apoio ou auxiliares - destinam-se a
nhar o paciente não só no Centro Cirúrgico, mas durante toda a auxiliar o uso de outros grupos de instrumentais, destacando-se
sua estadia no hospital desde a sua internação à alta após a ci- o afastador Farabeuf para afastar os tecidos e permitir uma me-
lhor visualização do campo operatório e a pinça anatômica para
rurgia, devendo a enfermagem ficar atenta a todas as alterações
auxiliar na dissecção do tecido; especiais - aqueles específicos
que poderão surgir e atuar na recuperação plena do paciente.
para cada tipo de cirurgia, como, por exemplo, a pinça gêmea
de Abadie, utilizada nas cirurgias do trato digestivo. Os fios ci-
O CUIDADO DE ENFERMAGEM NO TRANS-OPERATÓRIO
rúrgicos apresentam-se com ou sem agulhas, e sua numeração
varia de 1 a 5 e de 0-0 a 12-0 (doze-zero). São classificados em
O período trans-operatório compreende o momento de re- absorvíveis e não-absorvíveis.
cepção do cliente no CC e o intra-operatório realizado na SO.
Montagem da sala cirúrgica Pós operatório
O auxiliar de enfermagem desempenha a função de circu-
lante da sala cirúrgica, que também pode ser exercida pelo téc- O pós-operatório inicia-se a partir da saída do cliente da sala
nico em enfermagem, quando necessário. Ao receber a lista de de operação e perdura até sua total recuperação. Subdivide-se
cirurgia, o circulante da sala verifica os materiais, aparelhos ou em pós operatório imediato (POI), até às 24 horas posteriores à
solicitações especiais à mesma. Para prevenir a contaminação e cirurgia; mediato, após as 24 horas e até 7 dias depois; e tardio,
infecção cirúrgica, é importante manter a sala em boas condi- após 7 dias do recebimento da alta. Nesta fase, os objetivos do
ções de limpeza, observar se o lavabo está equipado para uso atendimento ao cliente são identificar, prevenir e tratar os pro-
e lavar as mãos. Portanto, antes de equipar a sala, o circulante blemas comuns aos procedimentos anestésicos e cirúrgicos, tais
limpa os equipamentos com álcool etílico a 70% ou outro desin- como dor, laringite pós- entubação traqueal, náuseas, vômitos,
fetante recomendado, deixando-os prontos para a recepção do retenção urinária, flebite pós-venóclise e outros, com a finalida-
cliente e equipe cirúrgica ambiente do CC oferece ao mesmo, já de de restabelecer o seu equilíbrio

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Idealmente, todos os clientes em situação de POI devem Quando a broncoscopia esta indicada?
ser encaminhados da SO para a RPA e sua transferência para a
enfermaria ou para a UTI só deve ocorrer quando o anestesista Existem diversos motivos para que um paciente seja subme-
considerar sua condição clínica satisfatória. tido à broncoscopia.
A RPA é a área destinada à permanência preferencial do Estão listados abaixo a maioria das indicações tanto para
cliente imediatamente após o término do ato cirúrgico e anesté- pacientes ambulatorias quanto para pacientes que estão inter-
sico, onde ficará por um período de uma a seis horas para pre- nados.
venção ou tratamento de possíveis complicações
. Neste local aliviará a dor pós-operatória e será assistido até Inspeção das vias aéreas
a volta dos seus reflexos, normalização dos sinais vitais e recupe-
ração da consciência. Considerando tais circunstâncias, este se- 1. – Tosse persistente apesar de tratamento adequado
tor deve possuir equipamentos, medicamentos e materiais que 2. – Hemoptise (sangramentos) tosse com sangue, escarro
atendam a qualquer situação de emergência, tais como: com sangue
- equipamentos básicos: cama/maca com grades laterais de 3. – Atelectasia persistente
segurança e encaixes para suporte de solução, suporte de solu- 4. – Falta de ar persistente
ção fixo ou móvel, duas saídas de oxigênio, uma de ar compri- 5. – Estridor laríngeo (respiração ruidosa)
mido, aspirador a vácuo, foco de luz, tomadas elétricas, monitor 6. – Rouquidão
cardíaco, oxímetro de pulso, esfigmomanômetro, ventiladores 7. – Suspeita de comunicações patológicas entre a via respi-
mecânicos, carrinho com material e medicamentos de emer- ratória e a via digestiva (fístula traqueo-esofágica)
gência; 8. – Trauma de tórax
- Materiais diversos: máscaras e cateteres de oxigênio, son- 9. – Suspeita de aspiração de corpo estranho
das de aspiração, luvas esterilizadas, luvas de procedimentos,
medicamentos, frascos de solução, equipos de solução e de Avaliação funcional da laringe
transfusão sangüínea, equipos de PVC (pressão venosa central),
material para sondagem vesical, pacote de curativo, bolsas co- 1. – Pesquisa de problemas na movimentação das pregas
letoras, termômetro, material de coleta para exames e outros vocais
porventura necessários. 2. – Teste de deglutição e pesquisa de aspiração
3. – Ronco e apnéia do sono
Cuidados de enfermagem no pós operatório imediato (POI)
Coleta de material (biópsia e lavado broncoalveolar)
Este período é considerado crítico, considerando-se que o
cliente estará, inicialmente, sob efeito da anestesia geral, ra- 1. – Tumores (Nódulos ou massas no pulmão)
quianestesia, peridural ou local. Nessa circunstância, apresenta- 2. – Doença intersticial pulmonar
-se bastante vulnerável às complicações. Assim, é fundamental 3. – Avaliação de pacientes com transplante pulmonar
que a equipe de enfermagem atue de forma a restabelecer-lhe 4. – Pneumonia recorrente
as funções vitais, aliviar-lhe a dor e os desconfortos pós-ope- 5. – Pneumonia hospitalar
ratório (náuseas, vômitos e distensão abdominal), manter-lhe a 6. – Pneumonia em pacientes com baixa imunidade
integridade da pele e prevenir a ocorrência de infecções.
Unidade de terapia intensiva
O que é broncoscopia ou endoscopia respiratória?
1. – Auxílio à intubação
A endoscopia respiratória, muito conhecida pelo nome 2. – Posicionamento de cânula de traqueostomia ou oro-
“broncoscopia” é um exame que permite a visualização das vias traqueal
aéreas (fossas nasais, nasofaringe, laringe, traquéia e brônquios) 3. – Pneumonia em pacientes intubados
com auxílio de um instrumento chamado broncoscópio, auxi- 4. – Auxílio a traqueostomia
liando no diagnóstico preciso de eventuais alterações na anato- 5. – Avaliação de pacientes que sofreram queimaduras
mia e diversas doenças (tumores, infecções, estenoses, corpos 6. – Extubação (via aérea difícil / reintubação recorrente)
estranhos e outras).
Dependendo da doença, a broncoscopia permite a realiza- Terapêuticas
ção de biópsias do pulmão (biópsia transbrônquica ou endobrô-
nquica) e coleta de secreção (lavado broncoalveolar ou brônqui- 1. – Aplicação de laser e eletrocautério
co) que são enviados para análise laboratorial. 2. – Drenagem de abscessos
O exame é sempre realizado por um médico especialista 4. – Dilatação de estenoses
auxiliado por uma equipe de enfermagem. Alguns casos podem 5. – Remoção de corpos estranhos
necessitar de anestesia geral que será realizada pelo médico 6. – Tratamento de sangramentos
anestesista. 7. – Fístulas
8. – Aplicação de órteses
9. – Higienização
10. – Remoção de rolhas de secreção

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
O que posso fazer depois do exame? – perfuração da pleura visceral após a biópsia (pneumotórax)

O ideal é que o paciente permaneça em repouso relativo Nestes casos, o paciente poderá ficar internado.
por 24 horas, ou seja, não deve realizar esportes, esforços físicos
intensos, nem realizar atividades que necessitem de raciocínio Após a broncoscopia, durante as primeiras 24 horas, pode
e atenção como dirigir automóvel. Isto porque as complicações ocorrer escarro com vestígios de sangue e febre.
principais da broncoscopia – sangramento, pneumotórax (per-
furação do pulmão) e febre podem ocorrer neste período. Além O paciente que realizar o exame, deverá permanecer em
disso, o paciente receberá medicamentos sedativos que causa- repouso relativo nas primeiras 24 horas e obrigatoriamente re-
rão sonolência e desatenção nas horas seguintes ao exame. Por tornará ao hospital se:
estes motivos, a presença de uma acompanhante maior de 21
anos é necessária – Tossir sangue vivo de forma persistente (mais de 1 colher
de sopa)
Como se preparar para a broncoscopia? – Apresentar dor no peito ou dificuldade respiratória
– A febre persistir por mais de 24 horas.
É obrigatório jejum de 8 horas. Em alguns casos específicos
o jejum poderá ser menor. O médico explicará as possíveis com- O resultado do exame é imediato?
plicações e o paciente precisa assinar um consentimento para a
broncoscopia. Isto é necessário pois todo o procedimento tem O laudo da broncoscopia é realizado logo após o exame.
riscos e pode apresentar complicações. Nele constarão os procedimentos realizados e as alterações ob-
servadas.
A presença de um acompanhante com mais de 21 anos é
obrigatória. O paciente receberá sedativos e não poderá dirigir, O material coletado é enviado para o laboratório para rea-
trabalhar , nem realizar esforços físicos após o exame. lização de cultura geral, citologia oncótica, anatomia patológica
Levar as radiografias, tomografias e todos os exames mais e o resultado geralmente é liberado em 7 dias. No entanto, exis-
recentes. tem diversos exames e pesquisas que podem demorar até 60
Levar uma lista com todas as medições que o paciente uti- dias para que sejam finalizados
liza. Alguns remédios aumentam o risco de sangramento – anti-
coagulantes – clopidrogel (Plavix), varfarina (Marevan) precisam
ser suspensos antes do exame. Endoscopia digestiva
Relatar alergia a quaisquer medicações, incluindo anesté-
sicos. A endoscopia é um exame muito usado no diagnóstico de
Avisar se está ou pode estar grávida. doenças frequentes do trato digestivo, como gastrite e refluxo.
Em alguns casos, o médico pode necessitar de exames antes Conheça o preparo e recomendações.
da broncoscopia, como hemograma completo, exames para coa- A endoscopia digestiva alta tem esse nome porque analisa
gulação, gasometria e testes de função pulmonar a parte superior do tubo digestivo, incluindo esôfago, estômago
e a porção inicial do duodeno. É um dos exames mais comuns e
A broncoscopia precisa de anestesia geral? eficazes para identificar — e às vezes até tratar — doenças do
aparelho digestivo.
Alguns pacientes precisarão de anestesia geral realizada
pelo médico anestesista. Na maioria dos casos, o paciente rece- PARA QUE SERVE A ENDOSCOPIA
berá sedação endovenosa e anestesia tópica com lidocaína líqui-
da no nariz, boca e vias aéreas inferiores para evitar dor e tosse. A endoscopia é capaz de identificar sinais de uma série de
Serão utilizados sedativos leves. Para administração destes doenças muito comuns do trato digestivo, como gastrites, eso-
medicamentos será necessário realizar uma punção venosa. fagites e refluxo gastroesofágico, além de ajudar no diagnóstico
Existem inúmeras medicações, mas as mais utilizadas na se- de doenças mais graves, como hérnia de hiato e câncer de es-
dação são: midazolan e fentanila. tômago.
A sedação é bastante segura e permite a realização do exa-
me sem dor e com desconforto mínimo QUANDO E QUEM DEVE FAZER ENDOSCOPIA?

A broncoscopia é um exame perigoso? Indivíduos com queixas como azia, queimação, falta de ape-
tite, sensação de estufamento e perda de peso que persistem por
Não. Broncoscopia é um procedimento seguro e eficaz mais de uma semana podem ter indicação para fazer o exame.
quando bem indicado e realizado por médico especialista, no A endoscopia também pode ser indicada como forma de
entanto, nenhum procedimento esta livre de complicações. As detectar tumores precocemente, em especial os de esôfago e
principais complicações durante a broncoscopia são raras e in- de estômago. De acordo com fatores de risco (como esôfago de
cluem: Barrett ou presença de casos de câncer gástrico na família, por
– crise de broncoespasmo exemplo), o oncologista pode indicar a realização do exame com
– sangramentos após a biópsia (hemoptise) determinada frequência.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
QUAL É O PREPARO PARA FAZER ENDOSCOPIA? Também é útil para detectar certos tipos de danos no cora-
ção, sopros e problemas circulatórios.
O paciente precisa estar em jejum de 8 a 12 horas (inclusive O termo eletrocardiografia é derivado de três palavras gre-
de água) e consumir no dia anterior somente alimentos leves, de gas relacionadas à eletricidade, ao coração e à escrita. A impres-
rápida digestão, preferencialmente líquidos ou pastosos, como são de dados obtidos a partir de eletrocardiografia é chamada
sopas e caldos. Lembre-se de pedir a alguém maior de 18 anos de eletrocardiograma e é freqüentemente abreviada como ECG.
que o acompanhe, pois não é permitido fazer o exame sozinho. Muitos médicos e profissionais de saúde preferem o ele-
Logo antes do procedimento é fornecida uma solução com trocardiograma, pois ajuda a evitar confusão com outro tipo de
medicamento para eliminar gases e bolhas que podem atrapa- processo médico chamado eletroencefalograma ou EEG.
lhar o procedimento. Já na maca, é colocada uma espécie de Um paciente que está sendo examinado por eletrocardio-
máscara que mantém a boca do paciente aberta para que o pro- grafia é equipado com um número de eletrodos de pele, sen-
cedimento possa ser realizado. sores que podem detectar os impulsos elétricos minuciosos do
corpo humano. Esses eletrodos são colocados em vários pontos
COMO É FEITA A ENDOSCOPIA do corpo, principalmente no peito, mas também em cada pulso
e tornozelo. Eles transmitem os impulsos elétricos gerados pela
O exame às vezes desperta algum temor nos pacientes por operação do coração e do sistema circulatório de volta a uma
conta da sedação que é utilizada, mas é importante destacar unidade central que interpreta os dados e os imprime em um
que ela é administrada na veia e tem efeito pontual, dura so- formato contínuo e em tempo real no papel. Muitas máquinas
mente o tempo do exame (cerca de 15 minutos). Durante todo o também possuem um display digital e capacidade de gravação.
período, a oxigenação e a frequência cardíaca são monitoradas. Um médico pode estudar os dados de um ECG e utilizá-lo
Após a anestesia, o médico endoscopista introduz o endos- para diagnosticar e detectar ritmos cardíacos irregulares, certos
cópio, um tubo flexível com uma câmera e iluminação na ponta, tipos de dano cardíaco e outros problemas circulatórios.
pela garganta. O instrumento traz em um monitor imagens em Um eletrocardiograma é especialmente útil para diagnosticar
tempo real do aparelho digestivo do paciente. Do início ao fim, danos causados por infartos do miocárdio, comumente conheci-
dos como ataques cardíacos. Os pacientes que se acredita terem
o indivíduo recebe monitoramento cardíaco e fica conectado a
sofrido um ataque cardíaco ou estarem em risco de um ataque
uma fonte de oxigênio. Enquanto o especialista conduz o endos-
cardíaco iminente são quase sempre ligados a uma máquina de
cópio pelo trato digestivo, ele analisa as condições dos tecidos,
eletrocardiografia assim que recebem assistência médica.
tira fotos para análise posterior e pode inclusive remover, com o
Os médicos confiam na eletrocardiografia para lhes dar
próprio endoscópio, pólipos ou material para biópsia, caso note
muita informação que não estaria disponível sem cirurgia ou
algo que mereça investigação.
procedimentos mais invasivos.
Um cardiologista experiente, ou médico especializado no
COMO É O PÓS DA ENDOSCOPIA
tratamento de problemas cardíacos, pode obter uma grande
quantidade de informações sobre o coração e o sistema circu-
Por conta da sedação, é normal se sentir “grogue” nas horas latório de um paciente por meio de eletrocardiografia. Mesmo
imediatamente após o exame. Logo que sai da maca, o pacien- certas anormalidades genéticas ou a presença de alguns tipos
te é encaminhado para uma sala onde permanece por alguns de drogas podem ser detectadas através da análise de ECG.
minutos (de 15 a 30), até que passe o efeito mais intenso da Um eletrocardiograma é frequentemente usado como uma
sedação. ferramenta de monitoramento para pacientes com problemas
Algumas pessoas se sentem sonolentas ao longo do dia in- cardíacos ou circulatórios, além de seu uso como uma ferramen-
teiro, por isso é recomendado tirar o dia de licença no traba- ta de diagnóstico. Não é incomum que esses tipos de pacientes
lho e não dirigir nas 24 horas seguintes. O ideal é ir para casa sejam conectados a uma máquina de ECG por períodos prolon-
com o acompanhante e permanecer em repouso até o efeito gados enquanto estiverem sob cuidados ou tratamento para
do sedativo cessar completamente (cerca de 12 horas). Após o esses tipos de problemas. Os alarmes podem ser programados
exame o paciente pode retornar com seus hábitos alimentares para alertar os médicos sobre possíveis problemas que possam
normalmente, mas recomenda-se não ingerir bebidas alcoólicas surgir com esses pacientes enquanto estiverem conectados a
por pelo menos 12 horas. uma dessas máquinas.
Também é normal sentir um leve desconforto na garganta
após o exame. Para que serve

O que é a Eletrocardiografia? O objetivo é ver se há alguma falha na condução elétrica


pelo coração. Ou seja, se existem bloqueios ou partes do mús-
A eletrocardiografia é uma técnica médica pela qual os im- culo que não estão se movendo como deveriam, o que pode
pulsos elétricos diminutos, relacionados ao funcionamento do sinalizar problemas cardíacos.
músculo cardíaco, são detectados, registrados e impressos ao O eletro é muito utilizado para flagrar arritmias e taquicar-
longo do tempo para interpretação pelos médicos. dias ou bradicardias, quando o peito bate rápido ou devagar
É a melhor maneira de detectar, diagnosticar e determinar a demais, respectivamente. Mas é um teste inicial. Ou seja, ele
gravidade de muitos problemas cardíacos, envolvendo principal- aponta possíveis suspeitas, que devem ser confirmadas com ou-
mente ritmos cardíacos anormais. tros exames.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Como é feito Como é feito

O indivíduo deita em uma maca e o médico espalha eletro- Depende da indicação e da saúde da pessoa. Por isso, antes
dos para averiguar os impulsos elétricos de áreas diferentes do do exame é realizada uma análise do histórico de cada um e das
coração. A oscilação captada é conduzida ao eletrocardiógrafo, especificações do especialista que fez o pedido.
aparelho que durante cerca de cinco minutos registra a informa- A partir daí, são definidas as etapas do exercício e a inten-
ção em gráficos impressos numa bobina de papel. sidade do esforço. Só aí o médico aplica eletrodos no corpo do
Para não comprometer a leitura, a pele deve estar limpa e indivíduo, que sobe na esteira e começa a andar. Em séries de
livre de roupas. Já os eletrodos devem ficar bem fixados — por alguns minutos, a intensidade e a inclinação do aparelho au-
isso que, às vezes, a retirada deles pode doer um pouquinho. mentam.
Antes do movimento começar e ao fim de cada etapa, a
Os resultados pressão arterial é colhida e os eletrodos captam informações
sobre frequência e ritmo cardíacos.
O cardiologista interpreta as ondas do gráfico, identifican-
do marcadores como cadência e frequência do coração. O ritmo Os resultados
considerado normal é entre 60 e 100 batimentos por minutos,
mas há outros parâmetros contemplados pelo eletrocardiogra- Como no eletrocardiograma, os dados captados pelos ele-
ma, como o tamanho e a duração das ondas em cada segmento trodos são convertidos em gráficos pelo computador e inter-
pretados pelo cardiologista que pediu o teste. É simples assim
Periodicidade – mas nem tente entender aqueles desenhos que aparecem no
resultado final. Isso é para os especialistas.
O exame pode ser solicitado tanto pontualmente, quando
alguém dá entrada num serviço de emergência ou há suspeitas Periodicidade
de doenças cardíacas, quanto como medida preventiva nos che-
ckups anuais, em geral receitados por volta dos 40 anos.
É solicitado pontualmente para investigar problemas no co-
ração ou como parte do checkup preventivo em grupos de ris-
Cuidados e contraindicações
co. Também ajuda a acompanhar pessoas que já infartaram e as
que estão prestes a começar a prática de atividades físicas mais
Como é supersimples e nada invasivo, todos podem realizar
intensas.
esse exame. O eletrocardiograma também não precisa de um
preparo prévio — nada de jejum ou algo do tipo.
Cuidados e contraindicações
O que é o teste ergométrico e para que serve esse exame
Por exigir esforço, deve ser conduzido com cautela em ido-
Também conhecido como teste de esforço, ele faz você suar sos e indivíduos com a capacidade cardíaca comprometida. Em
a camisa por uma boa causa: saber a quantas anda a saúde do alguns casos, pode haver tontura e crises de labirintite durante
coração a caminhada ou corrida.
O teste ergométrico avalia o sistema cardiovascular sob es- Certas condições impedem a sua realização, especialmente
forço. Daí porque também é conhecido como teste de esforço. arritmias descontroladas, obstruções nas artérias e embolia pul-
Você começa caminhando em uma esteira parecida com monar. Para avaliar corretamente a extensão da doença arterial
as de academia, que aumenta de intensidade gradativamente – coronariana, o médico pode prescrever ainda a suspensão de
muitas pessoas correm pra valer durante o exame. medicamentos que mascarem seus sintomas.
A partir de eletrodos colocados no corpo, é possível enten-
der como o coração reage a uma atividade física. E também dá
para notar a presença de dores no peito que não apareceriam
se o coração estivesse em repouso. Com essas e outras informa- NORMAS DE SERVIÇO DE CONTROLE DE INFECÇÃO
ções, dá para, por exemplo, estimar o risco de infarto de alguém. HOSPITALAR E CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZA-
ÇÃO;
Para que serve o teste ergométrico

É muito utilizado tanto na prevenção como no diagnóstico Ações de enfermagem na prevenção, controle e combate à
de algumas doenças cardíacas. Entre as principais delas, está a infecção hospitalar.
doença arterial coronariana – uma formação de placas de gor-
dura nas artérias coronárias que compromete o fluxo de sangue Infecção Hospitalar é aquela adquirida no hospital, mesmo
para o coração e provoca infarto. quando manifestada após a alta do paciente. Alguns autores são
Mas não só isso. Arritmias, insuficiência cardíaca e hiperten- mais exigentes, incluindo também aquela que não tenha sido
são arterial também são flagradas e mensuradas com a prova. É diagnosticada na admissão do paciente, por motivos vários,
um exame inicial bem amplo – mas que, via de regra, necessita como prolongado período de incubação ou ainda por dificulda-
de testes complementares para fechar um diagnóstico qualquer. de diagnostica.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
O Serviço de Enfermagem representa um papel relevante no já que é um assunto controvertido. A elaboração do relatório
controle de infecções por ser o que mais contatos mantém com diário do índice de infecção o que pode ficar sob a responsabi-
os pacientes e por representar mais de 50% do pessoal hospita- lidade do médico ou da enfermeira do paciente. O registro das
lar. Colaboram também com destaque, na redução de infecções infecções hospitalares é importantíssimo para o estudo das fon-
hospitalares, os Serviços Médicos, de Limpeza, Nutrição e Die- tes de infecção.
tética, Lavandaria e de Auxiliares de Diagnóstico e Tratamento. Compreende-se que a infecção hospitalar seja indesejável
O apoio da Administração Superior do Hospital e a colaboração por todos os responsáveis por um bom padrão de atendimento
dos demais servidores, em toda a escala hierárquica, desde o aos pacientes internados; o que não se compreende é que os
Administrador até o Servente, fazem-se indispensáveis. casos de infecção hospitalar sejam ignorados ou mesmo nega-
Afora o esforço permanente e sistematizado de todo o pes- dos por temor que estes fatos, dados a conhecer, desprestigiem
soal hospitalar, muito do bom êxito na execução de medidas de o hospital. Tais atitudes impedem que se executem medidas de
prevenção e controle de infecções vai depender da planta física, isolamento, de limpeza concorrente e desinfecção terminal, de
equipamentos, instalações e da capacidade do pessoal. modo a evitar a propagação de infecção, mesmo dispondo de
instalações adequadas, material necessário e de pessoal capaci-
Incidênca de Infecções tado para o combate à infecção.
Independente do bom atendimento dos pacientes, a adoção
de medidas preventivas contra as infecções é dificultada pelas Uso inadequado de antibióticos
deficiências encontradas na planta física de nossos hospitais, Na literatura consultada encontra-se como uma das causas
tais como a localização dos ambulatórios, o controle do acesso de aumento de incidência de infecção o uso indiscriminado de
de pacientes externos ao Centro Obstétrico, Centro Cirúrgico, antibióticos que fizeram surgir raças resistentes a esses agentes
Berçário, Lactário, Unidade de Queimados, etc. O número defi- antimicrobianos entre os germes sensíveis.
ciente de elevadores obriga a permissão do transporte promís- Manipulação diagnostica
cuo de pacientes, de carros térmicos de alimentação, de roupa A atuação do pessoal de enfermagem nas medidas diagnos-
limpa e suja, de visitantes e de pessoal hospitalar. Dependências ticas tais como cateterismo cardíaco, arteriografias, biópsias por
físicas com áreas deficientes dificultam a execução de técnicas punção, aspiração de líquidos (cerebral, pleural, peritonial, sino-
médicas e de enfermagem, assim como as grandes enfermarias vial), etc quando deixa de atender os princípios de esterilização,
onde a superlotação concorre para o aumento de infecções cru- pode oferecer risco de contaminação e posterior infecção.
zadas. A falta de quartos individuais, com sanitários próprios em
cada unidade de internação, não facilita a montagem de isola- Pessoal
mento para pacientes portadores de doenças infecto-contagio- Sabe-se que o elemento humano é a principal fonte de infec-
sas e para os suspeitos. A simples, enfatizada e indispensável la- ção no hospital e um “check-up” da saúde individual do pessoal
vagem constante das mãos do pessoal hospitalar, na prevenção hospitalar, na sua admissão, é uma medida adotada pelos nossos
de infecções, afigura-se, às vezes, de difícil adoção pelo número hospitais, embora ainda não tenham estabelecido a freqüência
reduzido de lavatórios e pelo seu tipo inadequado. A localização e os tipos de exames clínicos, laboratoriais, imunizações, se-
inconveniente de certos setores que devem ser próximos entre gundo uma escala de prioridade e de acordo com as atividades
si, como o Centro Obstétrico e Berçário à Unidade de Internação exercidas pelo pessoal, nos mais diferentes setores do hospital.
Obstétrica, as Salas de Operações à Unidade de Recuperação Assim, para o pessoal que trabalha em áreas críticas como Ber-
Pós-Anestésica e esta à Unidade de Tratamento Intensivo, como çário, Lactário, Centro Cirúrgico, Centro Obstétrico, Unidade de
as construções de material de má qualidade, permitindo a in- Tratamento Intensivo, Unidade de Recuperação Pós-Anestésica,
filtração de água e a falta de incineradores de lixo, são critérios Pediatria, Lavandaria, Serviço de Nutrição e Dietética e Radiolo-
muitas vezes não observados pelos responsáveis pelas constru- gia, os exames devem ser mais minuciosos e os prazos menores.
ções de nossos hospitais. Houve unanimidade nos 16 hospitais quanto à exigência do
Outros fatores contribuem para um maior índice de infecção, exame clínico, abreugrafia e imunizações anti-variólica e anti-tí-
seja pela maior exposição dos pacientes aos germes, seja pela fica, para a admissão de pessoal hospitalar.
alteração de suas resistências naturais: longa permanência no Cada hospital deve estabelecer as prioridades e a freqüência
hospital, grandes cirurgias, anestesia prolongada, deambulação dos exames que julgar necessários ao controle sanitário do seu
precoce, o emprego mais freqüente de transfusões de sangue, o pessoal hospitalar, levando em consideração também as fontes
emprego de medicamentos que afetam a resposta imunológica, de infecção identificadas e as possibilidades dos recursos mate-
tratamentos relaxantes musculares e hipotérmicos. riais e humanos do Serviço de Análises Clínicas. Essa medida visa
Qual é o índice de infecção de nossos hospitais? à proteção do pessoal e dos pacientes pelo afastamento do tra-
Pouquíssimos hospitais estão em condições de informar seu balho dos portadores de infecções, aparentes ou não. O contro-
índice de infecção já que não existe obrigatoriedade, por parte le sanitário de todo o pessoal hospitalar, após a admissão, está
dos médicos ou de outros profissionais da equipe de saúde, de por receber de nossos hospitais a atenção que merece. Apenas
notificação, a um órgão central, das infecções diagnosticadas na 18,75% dos hospitais se mostram interessados em manter uma
admissão e durante a permonência dos pacientes no hospital. vigilância epidemiológica de seu pessoal, o que é de se lamentar.
No nosso caso 93,75 dos hospitais não informaram seu índice
de infecção. Pacientes, familiares e visitantes
O grupo responsável pelo controle de infecções do hospital A prevenção de propagação de infecções decorrentes dos
deve elaborar os critérios pelos quais os membros da equipe de pacientes, familiares e visitantes repousa na educação sanitária
saúde concluirão pela necessidade de isolamento do paciente, destes. A supressão do simples aperto de mãos entre pacientes,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
familiares e visitantes, o sentar na cama dos pacientes, o trân- O isolamento do paciente infectado embora não deva ser
sito por outras áreas do hospital, as visitas entre os pacientes e negligenciado o que se vê na maioria das vezes, em relação ao
a redução do número e a proibição de visitas de crianças meno- isolamento de pacientes em unidades de internação comuns,
res de 12 anos e de pessoas convalescentes, são algumas das são medidas que se resumem na transferência do paciente para
recomendações que, por certo, concorrerão para a prevenção um quarto individual e na colocação do avental sobre a roupa
de infecções no ambiente hospitalar. Os pacientes devem ser daqueles que vão entrar em contato com o paciente.
também orientados quanto às medidas de higiene e proteção A orientação do pessoal hospitalar, no desempenho de téc-
que devem tomar, em relação ao contágio da doença de que é nicas de limpeza, de desinfecção e de assepsia deve ser contí-
portador. nua, formal e informal.
Precisa ser intensificado o desenvolvimento de programas
de atualização no que concerne à prevenção, combate e con-
Atos cirúrgicos
trole de infecções hospitalares extensivos a todo o pessoal hos-
É comum atribuírem o aparecimento de infecção pós-opera- pitalar, principalmente àqueles que mantêm contatos com os
tória a falhas na esterilização do material cirúrgico que, embora pacientes e os seus fomites. O Serviço de Enfermagem se pre-
seja um fator crítico, não é o único responsável pelas infecções ocupa em 33,33% com a atualização dos conhecimentos de seu
em cirurgias. Há necessidades de se investigar em qual tempo pessoal no desempenho de suas atribuições, porém, necessita
operatório a infecção se originou, isto é, no trans-operatório, dar continuidade e realce aos conteúdos programáticos relacio-
por falhas no Centro Cirúrgico ou no pré e pós-operatório, por nados com a prevenção de infecções e atenção de enfermagem
falhas nas medidas de diagnóstico, de tratameento médico e nos aos pacientes infectados.
cuidados de enfermagem executados nas unidades de interna- A maioria das infecções hospitalares é transmitida pelo
ção. contágio direto, através de mãos contaminadas. A lavagem das
As infecções no trans-operatório podem decorrer de vários mãos antes e depois de cuidar de cada paciente e às vezes no
fatores: falhas nas técnicas de esterilização de instrumental ci- decurso de diversos tratamentos prestados ao mesmo paciente
rúrgico, roupas, outros materiais e utensílios em geral; mau com emulsão detergente bacteriostática e enxutas com ar quen-
funcionamento dos aparelhos de esterilização; a manipulação te ou com toalhas de papel se constitui em método eficiente
incorreta do material estéril; a antissepsia deficiente das mãos para evitar a propagação de germes. As bactérias transientes
e antebraços da equipe cirúrgica; o desconhecimento ou a dis- das mãos são facilmente eliminadas com o uso de antissépticos
plicência na conduta e na indumentária preconizada a toda a adequados o que não acontece com o uso do sabão comum que
exige uma lavagem de 5 a 10 minutos para eliminar os microor-
equipe envolvida no ato cirúrgico; dependências do Centro Ci-
ganismos presentes.
rúrgico fora dos padrões recomendáveis e a não observância de
Y. Hara, realizou uma pesquisa no hospital de Clínicas da
outras normas que impeçam a contaminação dos pacientes e FMUSP para comprovar a contaminação das mãos e a presença
do ambiente. de germes patogênicos antes e após a arrumação de camas de
A avaliação bacteriológica do instrumental cirúrgico, de ou- pacientes ambulantes e acamados; além de germes saprófitas
tros materiais e do ambiente hospitalar deve merecer mais inte- constatou a presença de Estafilococo Dourado mesmo na arru-
resse por parte do pessoal de enfermagem que, com a colabora- mação de camas de pacientes ambulantes, onde a contamina-
ção do Serviço de Análises Clínicas ou da Comissão de Infecção, ção foi menor do que na cama de pacientes acamados.
deve fazer-se representar para o estabelecimento dos métodos Por desempenhar um papel importante na disseminação
de controle bacteriológico e sua freqüência. de doenças, U. Zanon) aconselha que «as mãos do pessoal de
Não é demasiado insistir na necessidade de um maior inte- unidades de internação sejam testadas uma vez por mês e as
resse científico na avaliação bacteriológica freqüente dos veícu- mãos dos responsáveis pelo preparo das mamadeiras uma vez
los e fômites no meio hospitalar. por semana.
No Lactário, as mamadeiras e os bicos devem ser testados
Tratamento diariamente, inclusive o conteúdo da mamadeira logo após o
Constituem poderosas armas no combate às infecções de- seu preparo e 24 horas após a estocagem, a fim de detectar pos-
correntes de falhas nas unidades de internação e demais áreas síveis contaminações. A água de beber deve ser fervida e exami-
do hospital, o ensino e a supervisão do pessoal que trabalha no nada uma vez por semana, assim como a água dos umidificado-
res de oxigênio e a das incubadoras.
hospital, para adoção de medidas preventivas para execução de
Em estudo comparativo realizado por M. I. Teixeira sobre as
técnicas de combate à infecção hospitalar.
condições bacteriológicas do Berçário, Centro Cirúrgico e Sala
Através da leitura da anamnese completa, por ocasião da de Parto, durante três meses, num hospital do Rio de Janeiro
admissão e da interpretação dos resultados dos exames com- e constatou 490 colônias no Berçário, 233 no Centro Cirúrgi-
plementares e baseados nos critérios de infecção estabelecidos, co e 191 na Sala de Parto. No que se relaciona com os germes
o pessoal de enfermagem pode constantar pacientes infectados, isolados em cada dependência, a situação foi desfavorável ao
a fim de se tomarem as medidas de isolamento, estas medidas, Berçário onde foram identificadas 26 amostras de Estafilococos
aliadas à higienização completa dos pacientes na admissão, patogênicos (coagulase positiva), enquanto no Centro Cirúrgico
durante sua hospitalização e principalmente antes de serem le- foram encontradas 8 e na Sala de Parto 4.
vados à cirurgia e a limpeza de sua unidade, se constituem em Dentre os setores do hospital sobresai-se o Berçário em face
importantes medidas na redução de infecções decorrentes dos da alta mortalidade do recém-nascido, por causa de sua susce-
pacientes, nas unidades de internação. tibilidade.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
É insistentemente destacada na literatura a importância da I - Administradores de Hospital:
lavagem freqüente das mãos com antissépticos adequados e a - Possibilitem aos Serviços do Hospital condições materiais e
necessidade de comprovação científica da eficiência das rotinas humanas para a montagem de isolamento de pacientes infecta-
e procedimentos médicos e de enfermagem sob as nossas con- dos e suspeitos e para a adoção das demais medidas preventivas
dições ambientais, humanas e materiais. e de controle de infecções;
Os Serviços de Limpeza e Lavandaria são responsáveis por - se assessorarem de pessoal capacitado nas construções e
atividades importantes na redução de infecções pela remoção reformas de hospitais a fim de que a planta física não venha a
do pó e a correta desinfecção das roupas, atividades que devem dificultar a adoção das medidas de redução de infecções;
ser coordenadas por pessoas com suficiente preparo básico. - tornem compulsória, por parte dos profissionais da equipe
Não se estaria exigindo demasiado se o Coordenador do Serviço da saúde, a notificação a um órgão central das infecções hospi-
de Limpeza possuísse instrução equivalente ao 1.º grau comple- talares e não hospitalares;
to; conhecimentos científicos relacionados à higiene, à limpeza - mantenham um serviço de vigilância sanitária para o pes-
e à desinfecção; interesse em progredir na sua área de trabalho soal hospitalar;
e habilidade para treinar e supervisionar o seu pessoal. As exi- - ofereçam ao grupo ou à pessoa responsável pelo controle
gências para o cargo de Coordenador do Serviço de Lavandaria de infecções os Serviços de Análises Clínicas para a identificação
devem ser também maiores, pela importância de suas ativida- dos agentes etiológicos;
des na segurança e bem-estar dos pacientes. - incentivem a realização de cursos de atualização de conhe-
cimentos no que concerne a prevenção e controle de infecções
Comissão de Infecção para todo o pessoal que mantenha contatos diretos e indiretos
Apenas 37,50% de nossos hospitais possuem uma Comis- com os pacientes;
são de Infecção ou um pessoa com atribuições definidas para - estimulem os serviços Médicos, de Enfermagem, Nutrição
o controle de infecções que, além de outras responsabilidade e Dietética, Lavandaria, Limpeza e Auxiliares de Diagnóstico e
tão bem enumeradas por C. G. Melo, é o órgão responsável pela Tratamento a elaborarem normas para o seu pessoal referentes
indicação dos diversos produtos químicos utilizados no hospital. à prevenção e controle de infecções;
Muitos de nossos hospitais (68,75%) deixam a critério do Serviço
- estabeleçam critérios mais exigentes para a indicação dos
de Enfermagem a indicação dos antissépticos e desinfetantes e,
responsáveis pelos Serviços de Limpeza e de Lavandaria de
para esta responsasabilidade complexa, deve preparar-se para
modo a se ter pessoal mais qualificado para o desempenho de
estar em condições de estabelecer os critérios técnicos para a
atividades que muito concorrem para a redução de infecções;
escolha dos mesmos, realizar ou colaborar nos testes bacterio-
- criem a Comissão de Infecção ou designem uma pessoa
lógicos e na avaliação dos produtos químicos que indica para os
com atribuições definidas para reduzir ao mínimo as infecções
diversos fins no hospital.
hospitalares;
Segundo U. Zanond os critérios técnicos para a escolha de
- permitam a compra de antissépticos e desinfectantes uti-
germicidas hospitalares são: o registro no Serviço Nacional de
Fiscalização de Medicina e Farmácia, o estudo da composição lizados para os diversos fins no hospital quando justificada por
química e sua adequação às finalidades do produto e a compro- critérios técnicos.
vação bacteriológica da atividade germicida.
O pessoal de enfermagem deve usar os desinfetantes e an- II - Serviços de Enfermagem:
tissépticos baseado em resultados de sua própria experiência, - Valorizem e realizem, sistematicamente, avaliação bacte-
tendo em vista os germes responsáveis pelas infecções no hos- riológicas da desinfecção e esterilização do material hospitalar
pital onde trabalha. assessorados por técnicos no assunto;
A criação de Comissão de Infecção é justificada e recomen- - supervisionem o seu pessoal na desinfecção e esteriliza-
dada, e deve constituir-se em órgão coordenador de atividades ção de material e do ambiente, no tratamento e no processo de
de investigação, prevenção e controle de infecções. atenção de enfermagem ao paciente infectado;
A constituição de uma Comissão de Infecção pode variar se- - desenvolvam cursos para o seu pessoal dando realce aos
gundo o tamanho do hospital, não deixando, porém, de ter um conteúdos relacionados com a atenção de enfermagem a pa-
representante do Serviço de Enfermagem, em tempo integral, cientes infectados e à prevenção de infecções;
para atuar como um dos membros executivos das normas baixa- - se façam representar na Comissão de Infecção designan-
das pela Comissão. do uma enfermeira, em tempo integral, como coordenadora da
Reduzir infecções no hospital é um trabalho gigantesco que execução de sua parte no programa de controle de infecções no
exige a colaboração contínua e eficiente de todo o pessoal hos- hospital;
pitalar - procurem ampliar seus conhecimentos sobre antissépticos
e desinfetantes muito especialmente quando se responsabilizar
Recomendações pela indicação dos mesmos para os diversos fins no hospital.
Considerando a importância que tem a redução de infecções
nos hospitais para a diminuição do risco de morbidade e mor- Processamento de artigos médico-hospitalares.
talidade, do custo do tratamento e da média de permanência A utilização correta e mais econômica dos processos de lim-
dos pacientes nos hospitais que resulta numa maior utilização peza, desinfecção e esterilização dos materiais é norteada pela
de leitos hospitalares, recomenda-se que os: classificação dos materiais, segundo o risco potencial de infec-
ção para o paciente.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Para definir qual o melhor processo a ser utilizado, esses - Agente químico líquido: aldeídos (p/ artigos termo-sensí-
materiais, quer sejam, instrumentais cirúrgicos, peças de equi- veis), álcoois (p/ artigos e superfícies), fenol sintético (p/ artigos
pamentos, etc., são classificados em: e superfícies) e hipoclorito de sódio (p/ artigos e superfícies)
• Artigos não críticos: Artigos que entram em contato ape-
nas com a pele íntegra do paciente. Estes artigos devem ser sub- Níveis de Desinfecção:
metidos a desinfecção de baixo nível ou apenas limpeza mecâ- . Alto Nível: Destrói todas as bactérias vegetativas(porem
nica com água e sabão para remoção da matéria orgânica. Ex. não todos os esporos bacterianos), as microbactérias, os fungos
estetoscópio, termômetro, esfigmomanômetro,etc. e os vírus.É indicada para artigos como lâminas de larigoscópio,
• Artigos semi-críticos: Artigos que entram em contato com equipamento de terapia respiratória, anestesia e endoscópio.
a pele íntegra ou com mucosas íntegras. Estes artigos devem ser . Médio Nível: destruição de todas as formas bacterianas
submetidos a desinfecção de alto nível. Ex. Equipamentos de não esporuladas e vírus, inclusive o bacilo da tuberculose. Ex:
anestesia gasosa, terapia respiratória, inaloterapia, instrumen- Cloro, álcoois, fenólicos
tos de fibra óptica, etc. . Baixo Nível: Destruição de bactérias na forma vegetativa
• Artigos críticos: Artigos que penetram a pele e mucosa, mais não são capazes de destruir esporos e nem micro-bactérias
atingindo os tecidos subepiteliais e o sistema vascular, bem e vírus. Ex: Quaternário de Amônia
como todos os que estejam diretamente conectados com este
sistema. Estes artigos devem ser esterilizados. Ex. instrumental Métodos de Desinfecção
cirúrgico, cateteres cardíacos, laparoscópios, implantes, agu- Desinfecção por meio físico líquido:
lhas, etc. Água em ebulição: indicada na desinfecção de baixo nível
ou descontaminação de artigos termo reistentes. Tempo de ex-
Limpeza: posição 30 minutos
É o processo de remoção de sujidade e/ou matéria orgânica Lavadoras automáticas térmicas: indicada para desinfecção
presente nos artigos e superfícies. de alto nível de artigos termo resistentes ou para limpeza de
Preconiza-se a limpeza com água e sabão, promovendo artigos críticos antes de sofrerem o processo de esterilização.
Podem ser associadas ao uso de detergentes enzimáticos ou de-
a remoção da sujeira e do mau odor, reduzindo assim a carga
sinfetantes. Ex. artigos de inaloterapia, acessórios de respirado-
microbiana. A limpeza deve sempre preceder os processos de
res, material de entubação, etc.
desinfecção ou esterilização, pois a maioria dos germicidas sofre
inativação na presença de matéria orgânica.
Desinfecção por meio químico líquido:
Métodos de limpeza:
Glutaraldeído:
. Limpeza Manual: Executada através de fricção, com esco-
Desinfecção de alto nível de artigos na concentração de 2%,
vas e uso de detergente e água.
por20 a30 minutos;
. Limpeza Mecânica: É realizada através de lavadoras por Esterilização de artigos na concentração de 2%, de8 a10 ho-
meio de uma ação física e química (lavadoras ultrassônicas e ras;
termo desinfectadoras). Usar em artigos termo sensíveis (instrumental, látex e etc.);
Recomendações:
Secagem: - Ativar o produto e verificar o prazo de validade;
Parte importante do processamento de artigos hospitalares. - Usar recipiente de vidro ou plástico fosco - produto fotos-
Recomenda-se comumente a secagem com ar comprimido, pois sensível;
elimina o ambiente úmido que favorece a proliferação bacteria- -Manter em recipientes tampados;
na. - Necessita de enxagüe copioso;
necessita do uso de EPI - luva de borracha de cano longo,
Estocagem: máscara de carvão e óculos de proteção.
Deve-se evitar a estocagem de artigos já processados em
áreas próximas a pias, água ou tubo de drenagem. Álcoois:
Desinfecção de nível intermediário de artigos não críticos,
Descontaminação: alguns artigos semi-críticos e superfícies, na concentração a
É o processo de eliminação parcial da carga microbiana de 70%. Tempo de exposição de 10 minutos com três aplicações,
artigos e superfícies, tornando-os aptos para o manuseio. Após aguardando a secagem espontânea.
a descontaminação, deve-se seguir o processamento adequado. Recomendações:
- Assegurar-se da qualidade do produto;
Desinfecção: - Friccionar a superfície ou o artigo, deixar secar em ar am-
É processo de destruição dos microrganismos em forma vegeta- biente, repetir três vezes até completar o tempo de ação;
tiva, mediante aplicação de agentes físicos ou químicos. - Pode ser usado na desinfecção concorrente de superfícies
- Agente físico: radiação ultra-violeta entre cirurgias, exames, após uso do colchão, etc.;
- Agente físico líquido: água em ebulição e sistemas de la- - Contra-indicado em acrílico, borracha, tubos plásticos. Da-
vagem automáticas que associam calor, ação mecânica e deter- nifica o cimento das lentes dos equipamentos;
gência - Não necessita de enxagüe;

133
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Não necessita usar EPI. • Externos: Têm objetivo único de distinguir os pacotes que
Fenol sintético: passaram pelo ciclo de esterilização, daqueles que não passa-
- Desinfecção de nível intermediário e baixo. Usado para ram. Apresentação na forma de tiras de papel ou fitas adesivas
descontaminação ambiental incluindo bancadas de laboratórios com listras em diagonal, para uso em autoclaves a vapor ou a
e artigos não críticos. Tempo de exposição para superfícies e ar- gás.
tigos é de 10 minutos. • Internos: são colocados dentro dos pacotes que são posi-
Recomendações: cionados em pontos críticos da câmara, onde o acesso do vapor
- Contra-indicado para artigos que entram em contato com é mais difícil. Devem ser usados em conjunto com termostatos e
o trato respiratório, alimentos, objetos de látex, acrílico e bor- indicadores biológicos:
rachas • Integradores: indicadores multiparamétricos – provêm
- Friccionar a superfície ou o objeto imerso, com escova, es- uma reação integrada de temperatura, tempo de exposição e
ponja, etc., antes de iniciar o tempo de exposição; a presença do vapor. Disponíveis para processos a vapor ou a
- Enxagüe copioso com água potável; óxido de etileno.
- Necessita do uso de EPI – luva de borracha de cano longo,
máscara de carvão, avental impermeável e óculos de proteção. Indicadores Biológicos:
Utilizados para monitorar as condições de esterilidade den-
Hipoclorito de sódio: tro dos pacotes-teste.
- Desinfetante dos três níveis – alto, intermediário e baixo -,
conforme a concentração e tempo de exposição. Métodos de Esterilização
Recomendações:
- Usar em recipientes opacos – o produto é fotossensível. Agentes Físicos:
Devem ser mantidos em vasilhames tampados devido a volati-
zação do cloro. Vapor saturado sob pressão: para artigos que não sejam
- Assegurar-se da qualidade do produto; sensíveis ao calor e ao vapor. É o processo de maior segurança
(autoclave).
- Descontaminação de superfícies na concentração de 0,1%
Artigos que não sejam sensíveis ao calor e vapor;
(10.000 ppm) por 10 minutos;
- Acomodação dos artigos em cestos aramados; - Usar só
- Desinfecção de artigos:
80% da capacidade;
- Alto nível: na concentração de 0,1% (1000 ppm) de20 a 60
- Embalagens: Grau cirúrgico (de forma vertical, filme com
minutos
filme, papel com papel), papel não tecido(SMS) e campos de al-
- Médio nível: na concentração de 0,1% (1000 ppm) por 10
godão;
minutos
- Validade de acordo com a embalagem e acondicionamen-
- Baixo nível: na concentração de 0,01% (100 ppm) por 10
to;
minutos - Manipular o artigo após o resfriamento.
- Necessita enxagüe no caso de desinfecção de alto nível.
Quando não for possível o enxagüe com água estéril, deve-se Tipos:
utilizar água corrente e rinsagem com álcool a 70% após seca- . Gravitacional: O ar é removido por gravidade;
gem; - Processo lento e favorece a permanência de ar residual;
• Necessita do uso de EPI – avental, luvas de borracha e - Pouco utilizada.
máscara. . Pré- Vácuo:
- O ar é removido pela bomba de vácuo;
6 Esterilização - O vácuo pode ser obtido por meio de vácuo único e pulsa-
É o processo de destruição de todas as formas de vida mi- til, o mais eficiente, devido a dificuldade de se obter vários níveis
crobiana (bactérias nas formas vegetativas e esporuladas, fun- de vácuo em um só pulso.
gos e vírus), mediante aplicação de agentes físicos e/ou quími-
cos. Monitorização:
. Controle Biológico: Bacillus Stearotermophillus;
Testes de Validação . Bowie Dick: Avaliação da bomba de vácuo;
Todo processo de esterilização precisa ser validado, empre- . Indicador Químico:classe 1, classe, classe 3, classe 4
gando-se testes físicos, químicos e biológicos, além de monito- . Integrador Químico: classe 5 e 6
rização regular durante as operações de rotina. Estes testes são Segundo recomendação da AORN (2002)
realizados para certificar o desempenho ideal do ciclo de este-
rilização, e para determinar se as condições pré-estabelecidas
foram atingidas dentro da câmara, e nos pontos mais críticos
da carga.

Indicadores Químicos:
Utilizados para detecção imediata de potenciais falhas no
processo de esterilização.

134
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Tipo de Equipamemto Temperatura Tempo de Exposição


Gravitacional 132 a135°C 10 a25 min
121 a123°C 15 a30 min
Pré-Vacuo 132 a135°C 03 a04 min

Calor seco: para artigos que não sejam sensíveis ao calor, mas que sejam sensíveis à umidade (estufa).
- Utilizados para esterilizar, pós, óleos e instrumentais;
- Validade: 07 dias.

Monitorização:
. Teste Biológico: Bacillus Subtillis;
. Indicadores Químicos: Fitas termossensiveis.

Flambagem: para uso em laboratório de microbiologia, durante a manipulação de material biológico ou transferência de massa
bacteriana, através da alça bacteriológica.

Agentes Químicos- gasosos:


Para uso em materiais sensíveis ao calor e umidade.

Aldeídos: glutaraldeído;
- Produto de alto teor desinfetante;
- Utilizado em condições adequadas são esterilizantes(12hs a 18hs);
- Limpar e secar o artigo antes de imergir na solução, para evitar a diluição do produto;
- Preencher o interior das tubulações com seringa;
- Colocar data de ativação do produto; - Respeitar o prazo de validade;
- Desprezar o produto caso se observe algum tipo de matéria orgânica;
- Enxaguar bem o artigo(cancerigêneo);

Monitorização:
. Fitas reagentes ou kit liquido para acompanhar o ph da solução.
Óxido de etileno: portaria interministerial MS/MT nº 4; D.º 31/07/1991 DF, regulamenta este método de esterilização, estabele-
cendo regras de instalação e manuseio com segurança devido à toxicidade do gás.
Outros princípios ativos: desde que atendam à legislação específica. Todos os artigos;
- Respeitar as normas vigentes do ministério da saúde(áreas e instalações próprias devido a alta toxicicidade);
- Somente embalagens de grau cirúrgico;
- Observar rigorosamente os tempos de areação;
- Validade de 02 anos;

Monitorização:
. Controle Biológico: Bacillus Subtilis hoje mais conhecido como Bacillus Atrophaeus
. Fitas Indicadoras.

Esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio – Sterrad.


O processo promove uma nuvem de reações entre íons, elétrons e partículas atômicas neutras (plasma). O plasma é bactericida,
tuberculicida, esporicida, fungicida e viruscida.
O processo inclui 5 fases: vácuo, injeção, difusão plasma e ventilação. Cada fase é controlada e registrada pelo equipamento
(automonitorado), e em casos de qualquer desvio do esperado, ocorre automática interrupção do ciclo e emissão de um relatório
impresso sobre as causas e as ações a serem tomadas.

Vantagens:
-Não é tóxico ao meio ambiente. Tem como resíduos finais, a água e o oxigênio;
-Ciclo total rápido (75 minutos). Não necessita de período de aeração;
-Simples de instalar e operar;
-Compatível com plásticos, borrachas, metais, vidros e acrílicos;
-Promove a esterilização em baixa temperatura – aproximadamente 50º C;
- Possui indicadores químicos próprios.

135
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Desvantagens: a ampliação do atendimento a outros serviços de saúde. Para
-Alto custo inicial; tanto, foram pesquisados livros e manuais, sites, bem como, fo-
-Necessita de embalagem específica, livre de celulose; ram realizadas visitas e entrevistas ao hospital em questão e ao
-Não processa materiais que absorvam líquidos – por exem- setor da CME de outros hospitais.
plo, musselina, nailon, poliester e materiais que contenham fi-
bras vegetais – por exemplo, algodão e papéis. CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR
-É limitado quanto a artigos que possuam lúmen (relação
entre o diâmetro e o comprimento); Segundo QUELHAS, “existem regiões onde os serviços de
-Não processa artigos com lúmen de fundo cego; aceita arti- saúde são limitados ou inexistentes, onde as infecções são, por
gos metálicos e plásticos com lúmen de diâmetro interno acima muitas vezes, não tratadas. As taxas de morte e a incidência de
de0,3 cm. Artigos com diâmetro interno de 0,1 a 0,3cm necessi- doenças infecciosas estão crescendo. Em países mais pobres,
tam de adaptador próprio. O comprimento máximo aceito para 50% de todas as mortes são derivadas das infecções.” É impor-
itens metálicos é de50 cm, e para itens plásticos de130 cm. tante ressaltar:
- É necessário utilizar EPI – luvas de látex – ao manusear os • A padronização de normas e rotinas técnicas e na valida-
recipientes com peróxido de hidrogênio concentrado. Se houver ção dos processamentos dos materiais e superfícies é essencial
contado com a pele lavar copiosamente. no controle de infecção.
• É de extrema importância a atuação dos órgãos de fisca-
Dispensação - Regras para um Armazenamento Ideal: lizações para o controle e avaliação das normas e processos de
. Limite de tráfegos de pessoas; trabalho.
.Temperatura entre18 a 22° e a umidade de35 a 50% • A capacitação profissional.
. Prateleiras abertas; De acordo com a RDC nº. 50 (ANVISA, 2004, pág. 112), as
. O local deve ser longe de água; janelas, portas e tubula- condições ambientais necessárias ao auxilio do controle da in-
ções expostas; fecção de serviços de saúde dependem de pré-requisitos de di-
. O material deve ser manipulado o mínimo possível; ferentes ambientes do EAS, quanto ao risco de transmissão da
. Efetuar inspeção periódica dos artigos, verificando qual-
mesma. Nesse sentido, eles podem ser classificados:
quer anormalidade;
• Áreas críticas: são os ambientes onde existem riscos au-
. Os pacotes devem atingir a temperatura ambiente antes
mentados de transmissão de infecção, onde se realizam proce-
de serem transferidos para as prateleiras;
dimentos de risco, com ou sem paciente ou onde se encontram
. Estabelecer limpeza diária e periódica;
pacientes imunodeprimidos
. Dispor os itens de forma que facilite a localização;
A CME é uma área crítica e o seu planejamento de fluxo
. Liberar os lotes mais antigos antes dos mais novos;
dos materiais e roupas é: recebimento de roupa limpa/material
. Efetuar conferências periódicas dos artigos estocados.
- descontaminação de material Æ separação e lavagem de ma-
ENFERMAGEM NA UNIDADE DE CENTRAL DE MATERIAL terial preparo de roupas e material Æ esterilização Æ guarda e
E ESTERILIZAÇÃO: Processamento de produtos para a saúde. distribuição, a barreira física que delimita a área suja e contami-
Atuação do técnico de enfermagem na unidade de Centro de nada da área limpa minimizando a entrada de microorganismos
Material e Esterilização. externos.
Processamento de produtos para a saúde. Atuação do
técnico de enfermagem na unidade de Centro de Material e RECURSOS HUMANOS
Esterilização.
A equipe de enfermagem que trabalha nesta unidade presta
A CME é uma unidade de apoio técnico dentro do estabe- uma assistência indireta ao paciente, tão importante quanto à
lecimento de saúde destinada a receber material considerado assistência direta, que é realizada pela equipe de enfermagem
sujo e contaminado, descontaminá-los, prepará-los e esterilizá- que atende ao paciente. O quadro de pessoal de uma CME deve
-los, bem como, preparar e esterilizar as roupas limpas oriundas ser composto por enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxi-
da lavanderia e armazenar esses artigos para futura distribuição. liares de enfermagem e auxiliares administrativos, cujas funções
No quadro atual, a CME não atende às normas necessárias para estão descritas nas práticas recomendadas da SOBECC, cujas
um funcionamento eficaz. funções estão descritas abaixo:
Na busca por racionalizar os gastos e otimizar os recursos
dos serviços decorrentes do custo x benefício de equipamentos, Enfermeiro Supervisor
pessoal e investimento na estrutura física, a CME do HRFS se • Atua na coordenação do setor;
transformará numa Central de Materiais de esterilização da Mi- • Prever os materiais necessários para prover as unidades
crorregião atendendo a um total de 173 leitos, prestando apoio consumidoras;
técnico ao centro cirúrgico, obstétrico, ambulatório, semi-inten- • Elaborar relatórios mensais estatísticos, tanto de custo
sivo e ao atendimento de ência deste estabelecimento de saúde, quanto de produtividade;
além dos serviços solicitados pelo SAMU-192, que na proposta, • Planejar e fazer anualmente o orçamento do CME com
terá uma base descentralizada. antecedência de 04 a 6 meses
A partir do processo de estruturação do HRFS, propõe-se • Elaborar e manter atualizado o manual de normas, rotinas
um novo espaço para a CME, contendo os fluxos necessários e procedimentos do CME, que deve estar disponível para a con-
para um bom funcionamento do setor e, após sua concretização, sulta dos colaboradores.

136
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• Desenvolver pesquisas e trabalhos científicos que contri- Processos físicos:
buam para o crescimento e as boas práticas de Enfermagem,
participando de tais projetos e colaborando com seu andamen- Calor Seco: Este processo realizado pelo calor seco é reali-
to. zado em estufas elétricas. De acordo com Moura (1990), “a es-
• Manter-se atualizado acerca das tendências técnicas e tufa, da forma como é utilizada nas instituições brasileiras, não
científicas relacionadas com o controle de infecção hospitalar se mostra confiável, uma vez que, em seu interior, encontram–
e com o uso de tecnologias avançadas nos procedimentos que se temperaturas diferentes das registradas no termômetro. O
englobem artigos processados pelo CME. centro da câmara apresenta “pontos frios”, nos quais a autora
• Participar de comissões institucionais que interfiram na constatou, por meio de testes biológicos, a presença de formas
dinâmica de trabalho do CME. esporuladas.
Dessa maneira, é necessário manter espaço suficiente entre
PROCESSOS DESENVOLVIDOS os artigos e, no caso do processamento de instrumental cirúrgi-
co, no máximo, em torno de 30 peças. Contudo, a SOBECC re-
Limpeza: A limpeza consiste na remoção da sujidade visível comenda abolir o uso da esterilização por calor seco.” (Práticas
– orgânica e inorgânica – mediante o uso da água, sabão e deter- Recomendadas- SOBECCSociedade Brasileira de Enfermeiros de
gente neutro ou detergente enzimático em artigos e superfícies. Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material
Se um artigo não for adequadamente limpo, isto dificultará os e Esterilização. 4ª edição – 2007, pág. 78). Vapor saturado sob
processos de desinfecção e de esterilização. As limpezas auto- pressão: Este processo está relacionado com o mecanismo de
matizadas, realizadas através das “lavadoras termodesifectado- calor latente e o contato direto com o vapor, promovendo a co-
ras” que utilizam jatos de água quente e fria, realizando enxágüe agulação das proteínas. Realizando uma troca de calor entre o
e drenagem automatizada, a maioria, com o auxilio dos deter- meio e o objeto a ser esterilizado. Existe uma constante busca
gentes enzimáticos, possui a vantagem de garantir um padrão por modelos de autoclaves que permitam a máxima remoção do
de limpeza e enxágüe dos artigos processados em série, dimi- ar, com câmaras de auto-vácuo, totalmente automatizadas. En-
nuem a exposição dos profissionais aos riscos ocupacionais de tretanto, esses equipamentos sofisticados necessitam de profis-
origem biológica, que podem ser decorrentes dos acidentes com
sionais qualificados, pois estes são, e continuarão sendo, o fator
materiais perfuro- cortantes. As lavadoras ultra-sônicas, que re-
de maior importância na segurança do processo de esterilização.
movem as sujidades das superfícies dos artigos pelo processo
Autoclave Pré-Vácuo: Por meio da bomba de vácuo contida
de cavitação, são outro tipo de lavadora para complementar a
no equipamento, podendo ter um, três ou cinco ciclos pulsáteis,
limpeza dos artigos com lumens.
o ar é removido dos pacotes e da câmara interna, permitindo
Descontaminação: É o processo de eliminação total ou par-
uma dispersão e penetração uniforme e mais rápida do vapor
cial da carga microbiana de artigos e superfícies.
em todos os pacotes que contém a respectiva carga. Após a es-
Desinfecção: A desinfecção é o processo de eliminação e
terilização, a bomba a vácuo faz a sucção do vapor e da umidade
destruição de microorganismos, patogênicos ou não em sua for-
ma vegetativa, que estejam presentes nos artigos e objetos ina- interna da carga, tornando a secagem mais rápida e completan-
nimados, mediante a aplicação de agentes físicos ou químicos, do o ciclo. Os materiais submetidos à esterilização a vapor são
chamados de desinfetantes ou germicidas, capazes de destruir liberados após checklist feito pelo auxiliar de enfermagem da
esses agentes em um intervalo de tempo operacional de 10 a área.
30 min3 . Alguns princípios químicos ativos desinfetantes têm Processos Químicos e Físicos- Químicos: Esterilizantes quí-
ação esporicida, porém o tempo de contato preconizado para a micos cujos princípios ativos são autorizados pela Portaria nº.
desinfecção não garante a eliminação de todo o s esporos. São 930/92 do Ministério da Saúde são: aldeídos, ácido peracético e
usados os seguintes princípios ativos permitidos como desinfe- outros, desde que atendam a legislação especifica.
tantes pelo Ministério da Saúde: aldeídos, compostos fenólicos,
ácido paracético. O Peróxido de hidrogênio (na forma gásplasma) e o óxido
Preparo: As embalagens utilizadas para o acondicionamen- de etileno são processos físicoquímicos gasosos automatizados
to dos materiais determinam sua vida útil, mantêm o conteúdo em baixa temperatura Validação dos processos de esterilização
estéril após o reprocessamento, garante a integridade do mate- de artigos:
rial Esterilização: A validação é o procedimento documentado para a obten-
É o processo de destruição de todos os microorganismos, ção de registro e interpretação de resultados desejados para o
a tal ponto que não seja mais possível detectá-los através de estabelecimento de um processo, que deve consistentemente
testes microbiológicos padrão. Um artigo é considerado estéril fornecer produtos, cumprindo especificações predeterminadas.
quando a probabilidade de sobrevivência dos microorganismos A validação da esterilização precisa confirmar que a letalidade
que o contaminavam é menor do que 1:1.000.000. do ciclo seja suficiente para garantir uma probabilidade de so-
Nos estabelecimentos de saúde, os métodos de esteriliza- brevida microbiana não superior a 10º.
ção disponíveis para processamento de artigos no seu dia a dia
são o calor, sob a forma úmida e seca, e os agentes químicos sob Controles do processo de esterilização:
a forma líquida, gasosa e plasma
Testes Químicos: Os testes químicos podem indicar uma fa-
lha em potencial no processo de esterilização por meio da mu-
dança de sua coloração.

137
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Teste Bowie e Dick são realizados diariamente no primeiro art. 226 da Constituição Federal e a Lei nº 10.778, de 24 de no-
ciclo de esterilização em autoclave fria, auto-vácuo, com câmara vembro de 2003, que estabelece a notificação compulsória, no
fria e vazia. território nacional, nos casos de violência contra a mulher que
Testes Biológicos: Os testes biológicos são os únicos que for atendida em serviços de saúde públicos e privados;
consideram todos os parâmetros de esterilização. A esteriliza- CONSIDERANDO a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que
ção monitorada por indicadores biológicos utilizam monitores e dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente;
parâmetros críticos, tais como temperatura, pressão e tempo de CONSIDERANDO a Lei nº. 10.741, de 01 de outubro de 2003,
exposição e, cuja leitura é realizada em incubadora com método que dispõe sobre o Estatuto do Idoso;
de fluorescência, obtendo resultado para liberação dos testes CONSIDERANDO a Lei nº. 10.216, de 06 de abril de 2001,
em três horas, trazendo maior segurança na liberação dos ma- que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portado-
teriais. Os produtos são liberados quando os indicadores revela- ras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial
rem resultados negativos. em saúde mental;
CONSIDERANDO a Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990,
que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e re-
cuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos ser-
NORMAS E PRINCÍPIOS ÉTICOS DO CÓDIGO DE ÉTICA viços correspondentes;
DA ENFERMAGEM CONSIDERANDO as sugestões apresentadas na Assembleia
Extraordinária de Presidentes dos Conselhos Regionais de Enfer-
magem, ocorrida na sede do Cofen, em Brasília, Distrito Federal,
Código de Ética profissional em Enfermagem no dia 18 de julho de 2017, e
CONSIDERANDO a deliberação do Plenário do Conselho Fe-
RESOLUÇÃO COFEN Nº 564/2017 deral de Enfermagem em sua 491ª Reunião Ordinária,
Aprova o novo Código de Ética dos Profissionais de Enfer- RESOLVE:
magem
Art. 1º Aprovar o novo Código de Ética dos Profissionais de
O Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, no uso das
Enfermagem, conforme o anexo desta Resolução, para obser-
atribuições que lhe são conferidas pela Lei nº 5.905, de 12 de
vância e respeito dos profissionais de Enfermagem, que pode-
julho de 1973, e pelo Regimento da Autarquia, aprovado pela
rá ser consultado através do sítio de internet do Cofen (www.
Resolução Cofen nº 421, de 15 de fevereiro de 2012, e
cofen.gov.br).
CONSIDERANDO que nos termos do inciso III do artigo 8º da
Art. 2º Este Código aplica-se aos Enfermeiros, Técnicos de
Lei 5.905, de 12 de julho de 1973, compete ao Cofen elaborar o
Enfermagem, Auxiliares de Enfermagem, Obstetrizes e Parteiras,
Código de Deontologia de Enfermagem e alterá-lo, quando ne-
cessário, ouvidos os Conselhos Regionais; bem como aos atendentes de Enfermagem.
CONSIDERANDO que o Código de Deontologia de Enferma- Art. 3º Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho Fe-
gem deve submeter-se aos dispositivos constitucionais vigentes; deral de Enfermagem.
CONSIDERANDO a Declaração Universal dos Direitos Hu- Art. 4º Este Código poderá ser alterado pelo Conselho Fe-
manos, promulgada pela Assembleia Geral das Nações Unidas deral de Enfermagem, por proposta de 2/3 dos Conselheiros
(1948) e adotada pela Convenção de Genebra (1949), cujos pos- Efetivos do Conselho Federal ou mediante proposta de 2/3 dos
tulados estão contidos no Código de Ética do Conselho Interna- Conselhos Regionais.
cional de Enfermeiras (1953, revisado em 2012); Parágrafo Único. A alteração referida deve ser precedida de
CONSIDERANDO a Declaração Universal sobre Bioética e Di- ampla discussão com a categoria, coordenada pelos Conselhos
reitos Humanos (2005); Regionais, sob a coordenação geral do Conselho Federal de En-
CONSIDERANDO o Código de Deontologia de Enfermagem fermagem, em formato de Conferência Nacional, precedida de
do Conselho Federal de Enfermagem (1976), o Código de Ética Conferências Regionais.
dos Profissionais de Enfermagem (1993, reformulado em 2000 e Art. 5º A presente Resolução entrará em vigor 120 (cento e
2007), as normas nacionais de pesquisa (Resolução do Conselho vinte) dias a partir da data de sua publicação no Diário Oficial da
Nacional de Saúde – CNS nº 196/1996), revisadas pela Resolu- União, revogando-se as disposições em contrário, em especial a
ção nº 466/2012, e as normas internacionais sobre pesquisa en- Resolução Cofen nº 311/2007, de 08 de fevereiro de 2007.
volvendo seres humanos; Brasília, 6 de novembro de 2017.
CONSIDERANDO a proposta de Reformulação do Código de
Ética dos Profissionais de Enfermagem, consolidada na 1ª Con- ANEXO DA RESOLUÇÃO COFEN Nº 564/2017
ferência Nacional de Ética na Enfermagem – 1ª CONEENF, ocor-
rida no período de 07 a 09 de junho de 2017, em Brasília – DF, PREÂMBULO
realizada pelo Conselho Federal de Enfermagem e Coordenada
pela Comissão Nacional de Reformulação do Código de Ética dos O Conselho Federal de Enfermagem, ao revisar o Código de
Profissionais de Enfermagem, instituída pela Portaria Cofen nº Ética dos Profissionais de Enfermagem – CEPE, norteou-se por
1.351/2016; princípios fundamentais, que representam imperativos para a
CONSIDERANDO a Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006 conduta profissional e consideram que a Enfermagem é uma
(Lei Maria da Penha) que cria mecanismos para coibir a violên- ciência, arte e uma prática social, indispensável à organização
cia doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do e ao funcionamento dos serviços de saúde; tem como respon-

138
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
sabilidades a promoção e a restauração da saúde, a prevenção Art. 4º Participar da prática multiprofissional, interdiscipli-
de agravos e doenças e o alívio do sofrimento; proporciona cui- nar e transdisciplinar com responsabilidade, autonomia e liber-
dados à pessoa, à família e à coletividade; organiza suas ações e dade, observando os preceitos éticos e legais da profissão.
intervenções de modo autônomo, ou em colaboração com ou- Art. 5º Associar-se, exercer cargos e participar de Organiza-
tros profissionais da área; tem direito a remuneração justa e a ções da Categoria e Órgãos de Fiscalização do Exercício Profissio-
condições adequadas de trabalho, que possibilitem um cuidado nal, atendidos os requisitos legais.
profissional seguro e livre de danos. Art. 6º Aprimorar seus conhecimentos técnico-científicos,
Sobretudo, esses princípios fundamentais reafirmam que o ético-políticos, socioeducativos, históricos e culturais que dão
respeito aos direitos humanos é inerente ao exercício da profis- sustentação à prática profissional.
são, o que inclui os direitos da pessoa à vida, à saúde, à liberda- Art. 7º Ter acesso às informações relacionadas à pessoa,
de, à igualdade, à segurança pessoal, à livre escolha, à dignidade família e coletividade, necessárias ao exercício profissional.
e a ser tratada sem distinção de classe social, geração, etnia, Art. 8º Requerer ao Conselho Regional de Enfermagem, de
cor, crença religiosa, cultura, incapacidade, deficiência, doença,
forma fundamentada, medidas cabíveis para obtenção de de-
identidade de gênero, orientação sexual, nacionalidade, convic-
sagravo público em decorrência de ofensa sofrida no exercício
ção política, raça ou condição social.
profissional ou que atinja a profissão.
Inspirado nesse conjunto de princípios é que o Conselho
Art. 9º Recorrer ao Conselho Regional de Enfermagem, de
Federal de Enfermagem, no uso das atribuições que lhe são con-
feridas pelo Art. 8º, inciso III, da Lei nº 5.905, de 12 de julho de forma fundamentada, quando impedido de cumprir o presente
1973, aprova e edita esta nova revisão do CEPE, exortando os Código, a Legislação do Exercício Profissional e as Resoluções,
profissionais de Enfermagem à sua fiel observância e cumpri- Decisões e Pareceres Normativos emanados pelo Sistema Co-
mento. fen/Conselhos Regionais de Enfermagem.
Art. 10 Ter acesso, pelos meios de informação disponíveis,
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS às diretrizes políticas, normativas e protocolos institucionais,
bem como participar de sua elaboração.
A Enfermagem é comprometida com a produção e gestão Art. 11 Formar e participar da Comissão de Ética de Enfer-
do cuidado prestado nos diferentes contextos socioambientais magem, bem como de comissões interdisciplinares da institui-
e culturais em resposta às necessidades da pessoa, família e co- ção em que trabalha.
letividade. Art. 12 Abster-se de revelar informações confidenciais de
O profissional de Enfermagem atua com autonomia e em que tenha conhecimento em razão de seu exercício profissional.
consonância com os preceitos éticos e legais, técnico-científico e Art. 13 Suspender as atividades, individuais ou coletivas,
teórico-filosófico; exerce suas atividades com competência para quando o local de trabalho não oferecer condições seguras para
promoção do ser humano na sua integralidade, de acordo com o exercício profissional e/ou desrespeitar a legislação vigente,
os Princípios da Ética e da Bioética, e participa como integrante ressalvadas as situações de urgência e emergência, devendo for-
da equipe de Enfermagem e de saúde na defesa das Políticas Pú- malizar imediatamente sua decisão por escrito e/ou por meio
blicas, com ênfase nas políticas de saúde que garantam a univer- de correio eletrônico à instituição e ao Conselho Regional de
salidade de acesso, integralidade da assistência, resolutividade, Enfermagem.
preservação da autonomia das pessoas, participação da comuni- Art. 14 Aplicar o processo de Enfermagem como instru-
dade, hierarquização e descentralização político-administrativa mento metodológico para planejar, implementar, avaliar e docu-
dos serviços de saúde. mentar o cuidado à pessoa, família e coletividade.
O cuidado da Enfermagem se fundamenta no conhecimento Art. 15 Exercer cargos de direção, gestão e coordenação, no
próprio da profissão e nas ciências humanas, sociais e aplicadas
âmbito da saúde ou de qualquer área direta ou indiretamente
e é executado pelos profissionais na prática social e cotidiana de
relacionada ao exercício profissional da Enfermagem.
assistir, gerenciar, ensinar, educar e pesquisar.
Art. 16 Conhecer as atividades de ensino, pesquisa e exten-
são que envolvam pessoas e/ou local de trabalho sob sua res-
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS ponsabilidade profissional.
Art. 17 Realizar e participar de atividades de ensino, pesqui-
Art. 1º Exercer a Enfermagem com liberdade, segurança sa e extensão, respeitando a legislação vigente.
técnica, científica e ambiental, autonomia, e ser tratado sem Art. 18 Ter reconhecida sua autoria ou participação em pes-
discriminação de qualquer natureza, segundo os princípios e quisa, extensão e produção técnico-científica.
pressupostos legais, éticos e dos direitos humanos. Art. 19 Utilizar-se de veículos de comunicação, mídias so-
Art. 2º Exercer atividades em locais de trabalho livre de ris- ciais e meios eletrônicos para conceder entrevistas, ministrar
cos e danos e violências física e psicológica à saúde do trabalha- cursos, palestras, conferências, sobre assuntos de sua compe-
dor, em respeito à dignidade humana e à proteção dos direitos tência e/ou divulgar eventos com finalidade educativa e de in-
dos profissionais de enfermagem. teresse social.
Art. 3º Apoiar e/ou participar de movimentos de defesa Art. 20 Anunciar a prestação de serviços para os quais dete-
da dignidade profissional, do exercício da cidadania e das rei- nha habilidades e competências técnico-científicas e legais.
vindicações por melhores condições de assistência, trabalho e Art. 21 Negar-se a ser filmado, fotografado e exposto em
remuneração, observados os parâmetros e limites da legislação mídias sociais durante o desempenho de suas atividades pro-
vigente. fissionais.

139
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Art. 22 Recusar-se a executar atividades que não sejam de Art. 37 Documentar formalmente as etapas do processo de
sua competência técnica, científica, ética e legal ou que não ofe- Enfermagem, em consonância com sua competência legal.
reçam segurança ao profissional, à pessoa, à família e à coleti- Art. 38 Prestar informações escritas e/ou verbais, comple-
vidade. tas e fidedignas, necessárias à continuidade da assistência e se-
Art. 23 Requerer junto ao gestor a quebra de vínculo da gurança do paciente.
relação profissional/usuários quando houver risco à sua inte- Art. 39 Esclarecer à pessoa, família e coletividade, a respei-
gridade física e moral, comunicando ao Coren e assegurando a to dos direitos, riscos, benefícios e intercorrências acerca da as-
continuidade da assistência de Enfermagem. sistência de Enfermagem.
Art. 40 Orientar à pessoa e família sobre preparo, benefí-
CAPÍTULO II cios, riscos e consequências decorrentes de exames e de outros
DOS DEVERES procedimentos, respeitando o direito de recusa da pessoa ou de
seu representante legal.
Art. 24 Exercer a profissão com justiça, compromisso, equi- Art. 41 Prestar assistência de Enfermagem sem discrimina-
dade, resolutividade, dignidade, competência, responsabilida- ção de qualquer natureza.
de, honestidade e lealdade. Art. 42 Respeitar o direito do exercício da autonomia da
Art. 25 Fundamentar suas relações no direito, na prudência, pessoa ou de seu representante legal na tomada de decisão, li-
no respeito, na solidariedade e na diversidade de opinião e po- vre e esclarecida, sobre sua saúde, segurança, tratamento, con-
sição ideológica. forto, bem-estar, realizando ações necessárias, de acordo com
Art. 26 Conhecer, cumprir e fazer cumprir o Código de Ética os princípios éticos e legais.
dos Profissionais de Enfermagem e demais normativos do Siste- Parágrafo único. Respeitar as diretivas antecipadas da pes-
ma Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem. soa no que concerne às decisões sobre cuidados e tratamentos
Art. 27 Incentivar e apoiar a participação dos profissionais que deseja ou não receber no momento em que estiver inca-
de Enfermagem no desempenho de atividades em organizações pacitado de expressar, livre e autonomamente, suas vontades.
da categoria. Art. 43 Respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade da
Art. 28 Comunicar formalmente ao Conselho Regional de pessoa, em todo seu ciclo vital e nas situações de morte e pós-
Enfermagem e aos órgãos competentes fatos que infrinjam dis- -morte.
positivos éticos-legais e que possam prejudicar o exercício pro- Art. 44 Prestar assistência de Enfermagem em condições
fissional e a segurança à saúde da pessoa, família e coletividade. que ofereçam segurança, mesmo em caso de suspensão das ati-
Art. 29 Comunicar formalmente, ao Conselho Regional de vidades profissionais decorrentes de movimentos reivindicató-
Enfermagem, fatos que envolvam recusa e/ou demissão de car- rios da categoria.
go, função ou emprego, motivado pela necessidade do profis- Parágrafo único. Será respeitado o direito de greve e, nos
sional em cumprir o presente Código e a legislação do exercício casos de movimentos reivindicatórios da categoria, deverão ser
profissional. prestados os cuidados mínimos que garantam uma assistência
Art. 30 Cumprir, no prazo estabelecido, determinações, no- segura, conforme a complexidade do paciente.
tificações, citações, convocações e intimações do Sistema Co- Art. 45 Prestar assistência de Enfermagem livre de danos
fen/Conselhos Regionais de Enfermagem. decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência.
Art. 31 Colaborar com o processo de fiscalização do exercí- Art. 46 Recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e
cio profissional e prestar informações fidedignas, permitindo o Médica na qual não constem assinatura e número de registro do
acesso a documentos e a área física institucional. profissional prescritor, exceto em situação de urgência e emer-
Art. 32 Manter inscrição no Conselho Regional de Enferma- gência.
gem, com jurisdição na área onde ocorrer o exercício profissio- § 1º O profissional de Enfermagem deverá recusar-se a exe-
nal. cutar prescrição de Enfermagem e Médica em caso de identifi-
Art. 33 Manter os dados cadastrais atualizados junto ao cação de erro e/ou ilegibilidade da mesma, devendo esclarecer
Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição. com o prescritor ou outro profissional, registrando no prontu-
Art. 34 Manter regularizadas as obrigações financeiras junto ário.
ao Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição. § 2º É vedado ao profissional de Enfermagem o cumpri-
Art. 35 Apor nome completo e/ou nome social, ambos legí- mento de prescrição à distância, exceto em casos de urgência e
veis, número e categoria de inscrição no Conselho Regional de emergência e regulação, conforme Resolução vigente.
Enfermagem, assinatura ou rubrica nos documentos, quando no Art. 47 Posicionar-se contra, e denunciar aos órgãos com-
exercício profissional. petentes, ações e procedimentos de membros da equipe de
§ 1º É facultado o uso do carimbo, com nome completo, saúde, quando houver risco de danos decorrentes de imperícia,
número e categoria de inscrição no Coren, devendo constar a negligência e imprudência ao paciente, visando a proteção da
assinatura ou rubrica do profissional. pessoa, família e coletividade.
§ 2º Quando se tratar de prontuário eletrônico, a assinatura Art. 48 Prestar assistência de Enfermagem promovendo a
deverá ser certificada, conforme legislação vigente. qualidade de vida à pessoa e família no processo do nascer, vi-
Art. 36 Registrar no prontuário e em outros documentos as ver, morrer e luto.
informações inerentes e indispensáveis ao processo de cuidar Parágrafo único. Nos casos de doenças graves incuráveis e
de forma clara, objetiva, cronológica, legível, completa e sem terminais com risco iminente de morte, em consonância com a
rasuras. equipe multiprofissional, oferecer todos os cuidados paliativos

140
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
disponíveis para assegurar o conforto físico, psíquico, social e Art. 57 Cumprir a legislação vigente para a pesquisa envol-
espiritual, respeitada a vontade da pessoa ou de seu represen- vendo seres humanos.
tante legal. Art. 58 Respeitar os princípios éticos e os direitos autorais
Art. 49 Disponibilizar assistência de Enfermagem à coletivi- no processo de pesquisa, em todas as etapas.
dade em casos de emergência, epidemia, catástrofe e desastre, Art. 59 Somente aceitar encargos ou atribuições quando se
sem pleitear vantagens pessoais, quando convocado. julgar técnica, científica e legalmente apto para o desempenho
Art. 50 Assegurar a prática profissional mediante consenti- seguro para si e para outrem.
mento prévio do paciente, representante ou responsável legal, Art. 60 Respeitar, no exercício da profissão, a legislação vi-
ou decisão judicial. gente relativa à preservação do meio ambiente no gerenciamen-
Parágrafo único. Ficam resguardados os casos em que não to de resíduos de serviços de saúde.
haja capacidade de decisão por parte da pessoa, ou na ausência
do representante ou responsável legal. CAPÍTULO III
DAS PROIBIÇÕES
Art. 51 Responsabilizar-se por falta cometida em suas ativi-
dades profissionais, independentemente de ter sido praticada
Art. 61 Executar e/ou determinar atos contrários ao Código
individual ou em equipe, por imperícia, imprudência ou negli-
de Ética e à legislação que disciplina o exercício da Enfermagem.
gência, desde que tenha participação e/ou conhecimento prévio
Art. 62 Executar atividades que não sejam de sua compe-
do fato. tência técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam segu-
Parágrafo único. Quando a falta for praticada em equipe, a rança ao profissional, à pessoa, à família e à coletividade.
responsabilidade será atribuída na medida do(s) ato(s) pratica- Art. 63 Colaborar ou acumpliciar-se com pessoas físicas ou
do(s) individualmente. jurídicas que desrespeitem a legislação e princípios que discipli-
Art. 52 Manter sigilo sobre fato de que tenha conhecimento nam o exercício profissional de Enfermagem.
em razão da atividade profissional, exceto nos casos previstos Art. 64 Provocar, cooperar, ser conivente ou omisso diante
na legislação ou por determinação judicial, ou com o consenti- de qualquer forma ou tipo de violência contra a pessoa, família
mento escrito da pessoa envolvida ou de seu representante ou e coletividade, quando no exercício da profissão.
responsável legal. Art. 65 Aceitar cargo, função ou emprego vago em decor-
§ 1º Permanece o dever mesmo quando o fato seja de co- rência de fatos que envolvam recusa ou demissão motivada pela
nhecimento público e em caso de falecimento da pessoa envol- necessidade do profissional em cumprir o presente código e a
vida. legislação do exercício profissional; bem como pleitear cargo,
§ 2º O fato sigiloso deverá ser revelado em situações de função ou emprego ocupado por colega, utilizando-se de con-
ameaça à vida e à dignidade, na defesa própria ou em atividade corrência desleal.
multiprofissional, quando necessário à prestação da assistência. Art. 66 Permitir que seu nome conste no quadro de pessoal
§ 3º O profissional de Enfermagem intimado como testemu- de qualquer instituição ou estabelecimento congênere, quando,
nha deverá comparecer perante a autoridade e, se for o caso, nestas, não exercer funções de enfermagem estabelecidas na
declarar suas razões éticas para manutenção do sigilo profissio- legislação.
nal. Art. 67 Receber vantagens de instituição, empresa, pessoa,
§ 4º É obrigatória a comunicação externa, para os órgãos de família e coletividade, além do que lhe é devido, como forma de
responsabilização criminal, independentemente de autorização, garantir assistência de Enfermagem diferenciada ou benefícios
de casos de violência contra: crianças e adolescentes; idosos; de qualquer natureza para si ou para outrem.
e pessoas incapacitadas ou sem condições de firmar consenti- Art. 68 Valer-se, quando no exercício da profissão, de meca-
nismos de coação, omissão ou suborno, com pessoas físicas ou
mento.
jurídicas, para conseguir qualquer tipo de vantagem.
§ 5º A comunicação externa para os órgãos de responsabi-
Art. 69 Utilizar o poder que lhe confere a posição ou cargo,
lização criminal em casos de violência doméstica e familiar con-
para impor ou induzir ordens, opiniões, ideologias políticas ou
tra mulher adulta e capaz será devida, independentemente de
qualquer tipo de conceito ou preconceito que atentem contra
autorização, em caso de risco à comunidade ou à vítima, a juízo a dignidade da pessoa humana, bem como dificultar o exercício
do profissional e com conhecimento prévio da vítima ou do seu profissional.
responsável. Art. 70 Utilizar dos conhecimentos de enfermagem para
Art. 53 Resguardar os preceitos éticos e legais da profissão praticar atos tipificados como crime ou contravenção penal, tan-
quanto ao conteúdo e imagem veiculados nos diferentes meios to em ambientes onde exerça a profissão, quanto naqueles em
de comunicação e publicidade. que não a exerça, ou qualquer ato que infrinja os postulados
Art. 54 Estimular e apoiar a qualificação e o aperfeiçoamen- éticos e legais.
to técnico-científico, ético-político, socioeducativo e cultural dos Art. 71 Promover ou ser conivente com injúria, calúnia e
profissionais de Enfermagem sob sua supervisão e coordenação. difamação de pessoa e família, membros das equipes de Enfer-
Art. 55 Aprimorar os conhecimentos técnico-científicos, éti- magem e de saúde, organizações da Enfermagem, trabalhado-
co-políticos, socioeducativos e culturais, em benefício da pes- res de outras áreas e instituições em que exerce sua atividade
soa, família e coletividade e do desenvolvimento da profissão. profissional.
Art. 56 Estimular, apoiar, colaborar e promover o desenvol- Art. 72 Praticar ou ser conivente com crime, contravenção
vimento de atividades de ensino, pesquisa e extensão, devida- penal ou qualquer outro ato que infrinja postulados éticos e le-
mente aprovados nas instâncias deliberativas. gais, no exercício profissional.

141
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Art. 73 Provocar aborto, ou cooperar em prática destinada Art. 90 Negar, omitir informações ou emitir falsas declara-
a interromper a gestação, exceto nos casos permitidos pela le- ções sobre o exercício profissional quando solicitado pelo Con-
gislação vigente. selho Regional de Enfermagem e/ou Comissão de Ética de En-
Parágrafo único. Nos casos permitidos pela legislação, o fermagem.
profissional deverá decidir de acordo com a sua consciência so- Art. 91 Delegar atividades privativas do(a) Enfermeiro(a) a
bre sua participação, desde que seja garantida a continuidade outro membro da equipe de Enfermagem, exceto nos casos de
da assistência. emergência.
Art. 74 Promover ou participar de prática destinada a ante- Parágrafo único. Fica proibido delegar atividades privativas
cipar a morte da pessoa. a outros membros da equipe de saúde.
Art. 75 Praticar ato cirúrgico, exceto nas situações de emer- Art. 92 Delegar atribuições dos(as) profissionais de enfer-
gência ou naquelas expressamente autorizadas na legislação, magem, previstas na legislação, para acompanhantes e/ou res-
desde que possua competência técnica-científica necessária. ponsáveis pelo paciente.
Art. 76 Negar assistência de enfermagem em situações de
Parágrafo único. O dispositivo no caput não se aplica nos
urgência, emergência, epidemia, desastre e catástrofe, desde
casos da atenção domiciliar para o autocuidado apoiado.
que não ofereça risco a integridade física do profissional.
Art. 93 Eximir-se da responsabilidade legal da assistência
Art. 77 Executar procedimentos ou participar da assistência
prestada aos pacientes sob seus cuidados realizados por alunos
à saúde sem o consentimento formal da pessoa ou de seu re-
presentante ou responsável legal, exceto em iminente risco de e/ou estagiários sob sua supervisão e/ou orientação.
morte. Art. 94 Apropriar-se de dinheiro, valor, bem móvel ou imó-
Art. 78 Administrar medicamentos sem conhecer indicação, vel, público ou particular, que esteja sob sua responsabilidade
ação da droga, via de administração e potenciais riscos, respei- em razão do cargo ou do exercício profissional, bem como desvi-
tados os graus de formação do profissional. á-lo em proveito próprio ou de outrem.
Art. 79 Prescrever medicamentos que não estejam estabe- Art. 95 Realizar ou participar de atividades de ensino, pes-
lecidos em programas de saúde pública e/ou em rotina aprova- quisa e extensão, em que os direitos inalienáveis da pessoa,
da em instituição de saúde, exceto em situações de emergência. família e coletividade sejam desrespeitados ou ofereçam quais-
Art. 80 Executar prescrições e procedimentos de qualquer quer tipos de riscos ou danos previsíveis aos envolvidos.
natureza que comprometam a segurança da pessoa. Art. 96 Sobrepor o interesse da ciência ao interesse e segu-
Art. 81 Prestar serviços que, por sua natureza, competem a rança da pessoa, família e coletividade.
outro profissional, exceto em caso de emergência, ou que esti- Art. 97 Falsificar ou manipular resultados de pesquisa, bem
verem expressamente autorizados na legislação vigente. como usá-los para fins diferentes dos objetivos previamente es-
Art. 82 Colaborar, direta ou indiretamente, com outros pro- tabelecidos.
fissionais de saúde ou áreas vinculadas, no descumprimento da Art. 98 Publicar resultados de pesquisas que identifiquem o
legislação referente aos transplantes de órgãos, tecidos, esteri- participante do estudo e/ou instituição envolvida, sem a autori-
lização humana, reprodução assistida ou manipulação genética. zação prévia.
Art. 83 Praticar, individual ou coletivamente, quando no Art. 99 Divulgar ou publicar, em seu nome, produção técni-
exercício profissional, assédio moral, sexual ou de qualquer na- co-científica ou instrumento de organização formal do qual não
tureza, contra pessoa, família, coletividade ou qualquer mem- tenha participado ou omitir nomes de coautores e colaborado-
bro da equipe de saúde, seja por meio de atos ou expressões res.
que tenham por consequência atingir a dignidade ou criar con- Art. 100 Utilizar dados, informações, ou opiniões ainda não
dições humilhantes e constrangedoras. publicadas, sem referência do autor ou sem a sua autorização.
Art. 84 Anunciar formação profissional, qualificação e título
Art. 101 Apropriar-se ou utilizar produções técnico-cientí-
que não possa comprovar.
ficas, das quais tenha ou não participado como autor, sem con-
Art. 85 Realizar ou facilitar ações que causem prejuízo ao
cordância ou concessão dos demais partícipes.
patrimônio das organizações da categoria.
Art. 102 Aproveitar-se de posição hierárquica para fazer
Art. 86 Produzir, inserir ou divulgar informação inverídica ou
de conteúdo duvidoso sobre assunto de sua área profissional. constar seu nome como autor ou coautor em obra técnico-cien-
Parágrafo único. Fazer referência a casos, situações ou fatos, tífica.
e inserir imagens que possam identificar pessoas ou instituições
sem prévia autorização, em qualquer meio de comunicação. CAPÍTULO IV
Art. 87 Registrar informações incompletas, imprecisas ou in- DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES
verídicas sobre a assistência de Enfermagem prestada à pessoa,
família ou coletividade. Art. 103 A caracterização das infrações éticas e disciplina-
Art. 88 Registrar e assinar as ações de Enfermagem que não res, bem como a aplicação das respectivas penalidades regem-
executou, bem como permitir que suas ações sejam assinadas -se por este Código, sem prejuízo das sanções previstas em ou-
por outro profissional. tros dispositivos legais.
Art. 89 Disponibilizar o acesso a informações e documentos Art. 104 Considera-se infração ética e disciplinar a ação,
a terceiros que não estão diretamente envolvidos na prestação omissão ou conivência que implique em desobediência e/ou
da assistência de saúde ao paciente, exceto quando autorizado inobservância às disposições do Código de Ética dos Profissio-
pelo paciente, representante legal ou responsável legal, por de- nais de Enfermagem, bem como a inobservância das normas do
terminação judicial. Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem.

142
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Art. 105 O(a) Profissional de Enfermagem responde pela III – O dano causado e o resultado;
infração ética e/ou disciplinar, que cometer ou contribuir para IV – Os antecedentes do infrator.
sua prática, e, quando cometida(s) por outrem, dela(s) obtiver Art. 111 As infrações serão consideradas leves, moderadas,
benefício. graves ou gravíssimas, segundo a natureza do ato e a circunstân-
Art. 106 A gravidade da infração é caracterizada por meio cia de cada caso.
da análise do(s) fato(s), do(s) ato(s) praticado(s) ou ato(s) omis- § 1º São consideradas infrações leves as que ofendam a in-
sivo(s), e do(s) resultado(s). tegridade física, mental ou moral de qualquer pessoa, sem cau-
Art. 107 A infração é apurada em processo instaurado e sar debilidade ou aquelas que venham a difamar organizações
conduzido nos termos do Código de Processo Ético-Disciplinar da categoria ou instituições ou ainda que causem danos patri-
vigente, aprovado pelo Conselho Federal de Enfermagem. moniais ou financeiros.
Art. 108 As penalidades a serem impostas pelo Sistema Co- § 2º São consideradas infrações moderadas as que provo-
fen/Conselhos Regionais de Enfermagem, conforme o que de- quem debilidade temporária de membro, sentido ou função na
termina o art. 18, da Lei n° 5.905, de 12 de julho de 1973, são pessoa ou ainda as que causem danos mentais, morais, patrimo-
as seguintes: niais ou financeiros.
I – Advertência verbal; § 3º São consideradas infrações graves as que provoquem
II – Multa; perigo de morte, debilidade permanente de membro, sentido
III – Censura; ou função, dano moral irremediável na pessoa ou ainda as que
IV – Suspensão do Exercício Profissional; causem danos mentais, morais, patrimoniais ou financeiros.
V – Cassação do direito ao Exercício Profissional. § 4º São consideradas infrações gravíssimas as que provo-
§ 1º A advertência verbal consiste na admoestação ao in- quem a morte, debilidade permanente de membro, sentido ou
frator, de forma reservada, que será registrada no prontuário do função, dano moral irremediável na pessoa.
mesmo, na presença de duas testemunhas. Art. 112 São consideradas circunstâncias atenuantes:
§ 2º A multa consiste na obrigatoriedade de pagamento de I – Ter o infrator procurado, logo após a infração, por sua
01 (um) a 10 (dez) vezes o valor da anuidade da categoria profis- espontânea vontade e com eficiência, evitar ou minorar as con-
sequências do seu ato;
sional à qual pertence o infrator, em vigor no ato do pagamento.
II – Ter bons antecedentes profissionais;
§ 3º A censura consiste em repreensão que será divulgada
III – Realizar atos sob coação e/ou intimidação ou grave
nas publicações oficiais do Sistema Cofen/Conselhos Regionais
ameaça;
de Enfermagem e em jornais de grande circulação.
IV – Realizar atos sob emprego real de força física;
§ 4º A suspensão consiste na proibição do exercício profis-
V – Ter confessado espontaneamente a autoria da infração;
sional da Enfermagem por um período de até 90 (noventa) dias
VI – Ter colaborado espontaneamente com a elucidação dos
e será divulgada nas publicações oficiais do Sistema Cofen/Con-
fatos.
selhos Regionais de Enfermagem, jornais de grande circulação e Art. 113 São consideradas circunstâncias agravantes:
comunicada aos órgãos empregadores. I – Ser reincidente;
§ 5º A cassação consiste na perda do direito ao exercício da II – Causar danos irreparáveis;
Enfermagem por um período de até 30 anos e será divulgada nas III – Cometer infração dolosamente;
publicações do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enferma- IV – Cometer a infração por motivo fútil ou torpe;
gem e em jornais de grande circulação. V – Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impuni-
§ 6º As penalidades aplicadas deverão ser registradas no dade ou a vantagem de outra infração;
prontuário do infrator. VI – Aproveitar-se da fragilidade da vítima;
§ 7º Nas penalidades de suspensão e cassação, o profissio- VII – Cometer a infração com abuso de autoridade ou vio-
nal terá sua carteira retida no ato da notificação, em todas as lação do dever inerente ao cargo ou função ou exercício profis-
categorias em que for inscrito, sendo devolvida após o cumpri- sional;
mento da pena e, no caso da cassação, após o processo de re- VIII – Ter maus antecedentes profissionais;
abilitação. IX – Alterar ou falsificar prova, ou concorrer para a descons-
Art. 109 As penalidades, referentes à advertência verbal, trução de fato que se relacione com o apurado na denúncia du-
multa, censura e suspensão do exercício profissional, são da res- rante a condução do processo ético.
ponsabilidade do Conselho Regional de Enfermagem, serão re-
gistradas no prontuário do profissional de Enfermagem; a pena CAPÍTULO V
de cassação do direito ao exercício profissional é de competên- DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES
cia do Conselho Federal de Enfermagem, conforme o disposto
no art. 18, parágrafo primeiro, da Lei n° 5.905/73. Art. 114 As penalidades previstas neste Código somente po-
Parágrafo único. Na situação em que o processo tiver ori- derão ser aplicadas, cumulativamente, quando houver infração
gem no Conselho Federal de Enfermagem e nos casos de cas- a mais de um artigo.
sação do exercício profissional, terá como instância superior a Art. 115 A pena de Advertência verbal é aplicável nos casos
Assembleia de Presidentes dos Conselhos de Enfermagem. de infrações ao que está estabelecido nos artigos:, 26, 28, 29,
Art. 110 Para a graduação da penalidade e respectiva impo- 30, 31, 32, 33, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 46, 48, 47, 49,
sição consideram-se: 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57,58, 59, 60, 61, 62, 65, 66, 67, 69, 76,
I – A gravidade da infração; 77, 78, 79, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94,
II – As circunstâncias agravantes e atenuantes da infração; 95, 98, 99, 100, 101 e 102.

143
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Art. 116 A pena de Multa é aplicável nos casos de infrações C. 4, 1, 5, 2, 3.
ao que está estabelecido nos artigos: 28, 29, 30, 31, 32, 35, 36, D. 3, 2, 1, 4, 5
38, 39, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, E. 4, 5, 1, 2, 3.
65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81,
82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 03. Proteger de lesões e proporcionar conforto aos clientes
99, 100, 101 e 102. são papéis importantes da enfermagem.
Art. 117 A pena de Censura é aplicável nos casos de infra- Com relação ao pré-operatório, a principal finalidade de
ções ao que está estabelecido nos artigos: 31, 41, 42, 43, 44, 45, suspender alimentos e líquidos, antes de qualquer tipo de ci-
50, 51, 52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67,68, 69, 70, 71, 73, rurgia é:
74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 88, 90, 91, 92, A. deixar o estômago e intestinos vazios.
93, 94, 95, 97, 99, 100, 101 e 102. B. evitar a aspiração pulmonar.
Art. 118 A pena de Suspensão do Exercício Profissional é C. evitar o aumento da pressão arterial.
aplicável nos casos de infrações ao que está estabelecido nos D. deixar o paciente com menos peso.
artigos: 32, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 59, 61, 62, 63, 64, 68, E. facilitar o processo pós-cirúrgico.
69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78,79, 80, 81, 82, 83, 85, 87, 89,
90, 91, 92, 93, 94 e 95. 04. O técnico de enfermagem pode realizar as atividades de
Art. 119 A pena de Cassação do Direito ao Exercício Profis- instrumentador cirúrgico. São funções do instrumentador:
sional é aplicável nos casos de infrações ao que está estabele- A. garantir a disponibilidade adequada de suprimentos e
cido nos artigos: 45, 64, 70, 72, 73, 74, 80, 82, 83, 94, 96 e 97. materiais utilizados.
B. observar a iluminação correta da sala cirúrgica.
C. garantir a limpeza adequada da sala cirúrgica.
EXERCÍCIOS D. montagens da mesas estéreis e o preparo de suturas.
E. garantir a temperatura e umidade adequadas à sala ci-
01. Considerando os princípios gerais para limpeza do am- rúrgica.
biente do Centro Cirúrgico, marque a alternativa correta.
A. A limpeza do chão do centro cirúrgico, especialmente em 05. Nos programas de controle de infecções hospitalares
áreas restritas, deve ser realizada semanalmente utilizando-se e relacionadas aos cuidados de saúde, é fundamental obter e
esfregões secos. acompanhar periodicamente os indicadores, tais como taxa de
B. O método de limpeza mais adequado deve ser o que pro- infecção hospitalar, taxa de pacientes com infecção hospitalar
voque a dispersão de poeiras e aerossóis, pois dessa forma, é (IH), distribuição percentual das infecções hospitalares, entre
possível diminuir a concentração de microorganismos no am- outros.
biente. A taxa de infecção hospitalar é calculada tomando, como
C. As superfícies do centro cirúrgico devem ser limpas com numerador, o número de
detergente antes da desinfecção para que a poeira, sujidade ou A. pacientes submetidos a um procedimento de risco que
matéria orgânica presentes não reduzam a atividade dos desin- desenvolveram IH, e, como denominador, o total de pacientes
fetantes. submetidos a este tipo de procedimento.
D. Dispositivos não críticos, como telas de monitores, quan- B.; doentes que apresentaram IH no período considerado,
do presentes em áreas críticas, precisam ser protegidos por bar- e, como denominador, o número de episódios de IH no ano.
reira de proteção adequada, devido à dificuldade em limpá-los. C. episódios de IH no período considerado, e, como denomi-
E. Todas as superfícies horizontais devem ser limpas com nador, o número de doentes que apresentaram IH no ano.
pano seco apenas quando houver sujidade visível. D. doentes que apresentaram IH no período considerado,
e, como denominador, o total de saídas ou entradas no período.
02. A assistência de enfermagem perioperatória compreen- E. episódios de IH no período considerado, e, como denomi-
de três fases: a pré-operatória, a transoperatória e a pós-ope- nador, o total de saídas ou entradas em igual período.
ratória. Quanto à assistência de enfermagem no período perio-
peratório, associe os itens relacionados na primeira coluna aos 06. As infecções hospitalares constituem risco significativo
enunciados apresentados na segunda coluna. à saúde dos usuários dos hospitais, e sua prevenção e controle
(1) transoperatório. (2) pré-operatório mediato. (3) pré- envolvem medidas de qualificação da assistência hospitalar, de
-operatório. (4) pré-operatório imediato. (5) pós-operatório. vigilância sanitária e outras.
( ) Compreende as 24 horas que antecedem a cirurgia. ( ) Sobre o assunto, analise as afirmativas abaixo como Verda-
Compreende o período desde o momento em que o paciente é deiras (V) ou Falsas (F):
recebido na sala de cirurgia a sua admissão na sala de recupera- ( ) São recomendadas, para a finalidade de anti-sepsia, as
ção pós-anestésica. ( ) Período a partir do momento da admis- formulações contendo: mercuriais orgânicos, acetona, quater-
são na sala de recuperação pós-anestésica até a avaliação domi- nário de amônio, líquido de Dakin, éter e clorofórmio.
ciliar/clínica de acompanhamento. ( ) É o período desde a inter- ( ) Devem ser empregadas medidas e recursos com o obje-
nação até as 24 horas que antecedem a cirurgia. ( ) É o período tivo de incorporar a prática da lavagem das mãos em todos os
desde a indicação da cirurgia até a realização do ato cirúrgico. níveis da assistência hospitalar. A distribuição e a localização de
A sequência CORRETA será, de cima para baixo, unidades ou pias para lavagem das mãos, de forma a atender à
A. 3, 4, 1, 2, 5. necessidade nas diversas áreas hospitalares, além da presença
B. 2, 4, 5, 3, 1. dos produtos, é fundamental para a obrigatoriedade da prática.

144
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
( ) O uso de luvas dispensa a lavagem das mãos antes e após B. O médico deve sempre documentar minuciosamente o
contatos que envolvam mucosas, sangue ou outros fluidos cor- motivo pelo qual o paciente está sob uso de contenção, o curso
póreos, secreções ou excreções. de tratamento e a reação do paciente ao tratamento durante o
A sequência correta corresponde a: período de contenção
A. A) V F V. C. O risco de suicídio deve ser ponderado somente quando
B. B) F F V. o paciente refere ideação suicida. Caso o paciente prefira não se
C. C) F V F. internar o médico deve manter sigilo e respeitar a autonomia
D. D) V V F. do paciente
D. Ideação suicida define-se como expectativa subjetiva e
07. A respeito das medidas de prevenção de infecção reco- desejo de que o ato autodestrutivo cause a morte enquanto in-
mendadas para os dispositivos vasculares, analise as afirmativas tenção suicida é o pensamento de servir como agente da própria
a seguir. morte
I. O cateter umbilical venoso deve ser removido logo que
E. Quando um paciente se sente mais à vontade em fre-
possível, podendo ser mantido no local no máximo até dez dias,
quentar um serviço de emergência do que o CAPS ou ambula-
desde que de forma asséptica.
tórios especializados o médico deve resguardá-lo de que isto é
II. Os transdutores do cateter arterial periférico devem ser
trocados a cada 96 horas, juntamente com os seus acessórios e um direito dele
soluções para flush.
III. Os cateteres centrais de curta permanência inseridos em 10. A Nutrição Enteral (NE) refere-se à administração de
situação de emergência e sem a utilização de barreira máxima nutrientes pelo trato gastrintestinal (TGI) por meio de sondas.
devem ser trocados para outro sítio assim que possível, não ul- Entretanto, é contraindicada quando o paciente
trapassando 48 horas. A. sofre de enterocolite severa.
Está correto o que se afirma em: B. sofre de anorexia nervosa.
A. I, apenas. C. sofre de depressão grave.
B. II, apenas. D. faz quimioterapia.
C. III, apenas.
D. I e II, apenas. 11. Assinale a alternativa que representa uma contraindica-
E. II e III, apenas. ção para a Terapia Nutricional Enteral (TNE).
A. Má absorção
08. No que diz respeito aos serviços de emergências psiqui- B. Íleo paralítico
átricas, leia o texto abaixo e preencha a lacuna: C. Alergia alimentar
“A relação entre ___________________________ e unida- D. Enterite por quimioterapia
des tradicionais de internação psiquiátrica se modificou com as E. Síndrome do intestino curto
políticas de “desinstitucionalização”. Os efeitos danosos de ma-
cro hospitais, os escândalos envolvendo pacientes com doenças 12. Analise as afirmativas abaixo em relação à Terapia Nu-
mentais, a postura de aumentar a liberdade e a qualidade de tricional Enteral.
vida dos pacientes, assim como a busca por tratamentos mais 1. Para pacientes que apresentam risco de aspiração, é re-
humanizados justificaram o desmantelamento do modelo asilar comendado que a sonda seja posicionada em posição gástrica.
e valorizaram SEPs como unidades habilitadas para o manejo de 2. Para pacientes que necessitam de Nutrição Enteral (NE)
pacientes em quadros agudos” por curto período (inferior a 6 semanas), a sonda nasoenteral é
Assinale a alternativa CORRETA:
a mais utilizada em relação à gastrostomia.
A. Emergência psiquiátrica e a Reforma da Assistência à
3. A jejunostomia é recomendada para pacientes que farão
Saúde Mental.
uso da nutrição enteral por mais do que 4 semanas e que não
B. Serviços de emergência psiquiátrica e hospital geral.
C. Emergência psiquiátrica e os serviços extra hospitalares. apresentam risco de aspiração.
D. Emergência psiquiátrica e a atenção primária 4. A localização gástrica da sonda representa uma vantagem
E. Serviços de emergência psiquiátrica e unidades de inter- em relação à boa tolerância às fórmulas hiperosmolares.
nação psiquiátrica. 5. Fórmulas parcialmente hidrolisadas são indicadas para
pacientes que estão em catabolismo ou desnutridos, mas que
09. Nos setores de emergência psiquiátrica diagnósticos co- têm a capacidade digestiva e absortiva normais.
muns são transtornos do humor, esquizofrenia e dependência Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas cor-
de álcool. O principal objetivo é avaliar o mais rapidamente um retas.
paciente em crise, fazendo-se necessário fazer um diagnóstico A. São corretas apenas as afirmativas 1 e 4.
inicial, identificar fatores precipitantes, necessidades imediatas B. São corretas apenas as afirmativas 2 e 4.
e iniciar o tratamento adequado. C. São corretas apenas as afirmativas 3 e 4.
A respeito das emergências psiquiátricas marque a alterna- D. São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
tiva correta. E. São corretas apenas as afirmativas 2, 4 e 5.
A. Em casos de explosões episódicas de agressividade po-
dem ser utilizados haloperidol, antagonistas dos receptores β-a-
drenérgicos, carbamazepina e lítio. Também pode ser adminis-
trado diazepam ou lorazepam via intravenosa rapidamente (30s)

145
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
13. Quanto as contraindicações relativas ou temporárias A. preparação, conservação e armazenamento.
para a terapia Nutrição Enteral, analise as assertivas abaixo e B. indicação e prescrição dietética.
atribua (V) verdadeiro ou (F) falso para as afirmativas a seguir: ( ) C. indicação e prescrição farmacêutica.
Doença terminal quando as complicações potenciais superarem D. indicação e prescrição médica.
os benefícios, diarreia grave (intratáveis), síndrome do intestino E. controle clínico laboratorial.
curto do tipo maciça (< de 60 cm de intestino delgado, sem vál-
vula ileo-cecal e ressecção de colón ( ) Íleo paralitico intestinal 17. Paciente com sonda, evoluindo bem. O médico quer ini-
por peritonites, hemorragia intraperitonial e perfuração intes- ciar dieta via oral. Assinale a alternativa que indica de quem é
tinal, obstrução intestinal mecânica total ou localizada. ( ) He- a competência para avaliar se o paciente está capaz de iniciar
morragia grave do TGI com presença de náusea, vomito (hema- essa dieta.
temese) e melena ou enterorragia, vômitos intratáveis. ( ) Insta- A. Enfermeiro
bilidade hemodinâmica, isquemia gastrointestinal em doentes B. Médico
críticos, com sepse, disfunção de múltiplos órgãos, instabilidade C. Fonoaudiólogo
cardiopulmonar evidente, síndrome de compressão ou oclusivas D. Nutricionista
crônicas. ( ) Varizes esofágicas relativa, fistulas jejunais e entero- E. Psicólogo
cutaneas de alto debito (>500 ml/dia), Inflamação do TGI como a
doença de Crohn em atividade, enterite grave pos-irradiação ou 18. A Terapia Nutricional (TN) é definida como o conjunto
quimioterapia. Assinale a alternativa que contém, de cima para de procedimentos terapêuticos que visam à manutenção ou re-
baixo, a sequência CORRETA: cuperação do estado nutricional por meio da nutrição enteral
A. V-V-F-F-F. ou parenteral, realizadas nos pacientes incapazes de satisfazer
B. V-V-V-F-F adequadamente as suas necessidades nutricionais e metabóli-
C. V-V-V-V-V cas pela via oral.
D. Nenhuma das alternativas. Diante da afirmação acima, assinale a opção correta.
A. A Terapia Nutricional constitui uma importante terapêu-
14. Desde a introdução da nutrição parenteral, apesar de tica na prevenção e correção da desnutrição, mas para os pa-
existirem situações em que se contraindica seu uso, tem-se pos- cientes hospitalizados é impossível prevenir e atuar para corrigir
sibilitado a nutrição de inúmeros pacientes incapazes de receber a desnutrição.
nutrientes por outras vias. A quem a nutrição parenteral deve B. Pacientes previamente desnutridos, com ingestão por
ser contraindicada? via oral (VO) nula ou mínima com 60% do gasto energético real
A. Recém-nascido prematuro extremo, de muito baixo peso. (GER) por cinco dias ou mais toleram jejuns mais prolongados
B. Paciente adulto desnutrido, com diagnóstico de fístula devidos já terem adquirido resistência.
duodenal de alto débito. C. A intervenção nutricional precoce evita comprometimen-
C. Paciente eutrófico, com diagnóstico de pancreatite aguda to das funções fisiológicas de pacientes.
e que não recebe menos que 50% das necessidades calóricas D. A comprovação de que o suporte nutricional tem bene-
estimadas há oito dias. fícios na evolução com melhora do estado nutricional intra-hos-
D. Paciente adolescente,em choque hemodinâmico. pitalar não está muito claro e nem muito estudados pela classe
médica e de nutricionistas.
15. A diarreia é um evento comum em pacientes hospitali- E. Estudo realizado pelo Ibranutri (1998), no Brasil, identifi-
zados, especialmente, em Terapia Enteral Exclusiva, apresentan- cou que pacientes hospitalizados, na sua maioria, se alimentam
do incidência variável e causalidade diversa. A chefia do Setor de bem e tem as suas necessidades calóricas -proteicas atingidas.
Nutrição solicitou que se avaliasse a situação de três pacientes
em terapia enteral exclusiva que apresentaram diarreia na mes- 19. O tipo de administração de dieta enteral controlada pela
ma enfermaria. força gravitacional ou preferencialmente por meio de bomba de
Assinale a alternativa que NÃO é considerada uma ação infusão é denominada
adequada a partir dessa condição. A. fechada.
A. Verificar se houve coleta de amostra e discutir suspeita B. intermitente.
de contaminação das dietas. C. aberta.
B. Verificar antibioticoterapia do paciente e discutir se essa D. contínua.
é a possível causa da diarreia. E. industrializada.
C. Confirmar a ocorrência da diarreia com responsáveis di-
retos e sugerir suspensão da dieta. 20. Paciente adulto do sexo masculino, submetido a proce-
D. Confirmar a ocorrência da diarreia e sugerir inserção de dimento cirúrgico extenso na região da cabeça e pescoço, ne-
fórmula enteral com fibra solúvel. cessitou de terapia nutricional enteral para alimentação com
indicação de permanecer no mínimo 6 semanas em terapia nu-
16. A complexidade da terapia Nutricional Enteral (TNE) exi- tricional enteral exclusiva. A posição da sonda, complexidade e
ge o comprometimento e a capacitação de uma equipe multi- densidade calórica e proteica da fórmula enteral são, respecti-
profissional para garantir a respectiva eficácia e segurança para vamente,
os pacientes. Considerando essa complexidade, a primeira eta- A. nasogástrica, dieta polimérica, hipercalórica e normopro-
pa da TNE deve ser teica.

146
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
B. gastrostomia, dieta polimérica, hipercalórica e hiperpro- está se sentindo muito bem, como nunca tinha se sentido na
teica. vida. Percebe-se, porém, que tem a fala rápida, mudando de as-
C. nasoentérica em posição gástrica, dieta polimérica, nor- sunto com frequência.
mocalórica e normoproteica. Sobre o caso, considere as seguintes afirmativas:
D. nasoentérica em posição entérica, dieta oligomérica, 1. A paciente está em um episódio de mania.
normocalórica e normoproteica. 2. Na frase “nega ter algum problema e afirma que está se
E. jejunostomia, dieta oligomérica, normocalórica e hiper- sentindo muito bem, como nunca tinha se sentido na vida”, per-
proteica. cebe-se um prejuízo do insight e humor eufórico.
3. Cocaína, anfetamina e antidepressivos podem induzir um
21. Paciente do sexo feminino realizou cirurgia de gastro- quadro clínico semelhante em pessoas com predisposição.
duodenopancreatectomia e evoluiu no pós-operatório com fís- 4. Na frase “tem fala rápida, mudando de assunto com fre-
tula pancreática. O débito da fístula apresenta-se em 800 ml/ quência”, percebe-se uma fuga de ideias.
dia, sendo necessária nova cirurgia para correção da fístula. A Assinale a alternativa correta.
terapia nutricional tem o objetivo de recuperar o estado nutri- A. Somente a afirmativa 4 é verdadeira.
cional, sendo indicada por 10 dias. A via de administração da B. Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
terapia nutricional é: C. Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
A. Nutrição Parenteral Periférica. D. Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
B. Nutrição Parenteral Central. E. As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
C. Sonda Nasogástrica.
D. Gastrostomia. 25. Uma paciente de 40 anos é trazida por familiares ao
E. Jejunostomia. pronto-socorro por apresentar irritabilidade intensa. Há 30 dias
tem ficado progressivamente mais agitada, dormindo menos
22. A alimentação enteral é um método de prover nutrien- que o normal. Há 1 semana saiu da casa do marido (era casa-
tes no Trato Gastrintestinal (TGI) através de um tubo. As con- da há 15 anos) para frequentar festas durante a semana. Fez
compras e investimentos imobiliários por impulso. Há 4 meses
traindicações em Terapia de Nutrição Enteral (TNE), em geral,
iniciou tratamento para depressão com venlafaxina pela segun-
são relativas ou temporárias em vez de serem definitivamente
da vez na vida. Durante a avaliação, nega ter algum problema e
absolutas. As contraindicações mais frequentes são, EXCETO
afirma que está se sentindo muito bem, como nunca tinha se
A. expectativa de utilizar a TNE em período inferior a 3 dias
sentido na vida. Percebe-se, porém, que tem a fala rápida, mu-
para pacientes desnutridos.
dando de assunto com frequência.
B. íleo paralítico.
Qual a conduta indicada para o caso acima?
C. hemorragia no TGI severa
A. Descontinuar a venlafaxina e iniciar topiramato.
D. fístula no TGI de alto débito (>500 ml/dia).
B. Descontinuar a venlafaxina e iniciar lítio ou olanzapina.
E. pancreatite aguda severa. C. Associar venlafaxina, ácido valproico e lítio.
D. Descontinuar a venlafaxina e aguardar 7 dias antes de
23. A seleção de uma fórmula enteral apropriada requer optar por outro fármaco estabilizador do humor.
avaliação da capacidade digestiva e absortiva do indivíduo e co- E. Associar fluoxetina com olanzapina.
nhecimento das fontes de substratos e sua forma. Em relação à
composição da fórmula enteral destinada a adultos, é correto 26. Paciente do sexo feminino, 34 anos, chega ao pronto so-
afirmar que: corro em cadeira de rodas. Avaliada pelos clínicos, foi trazida ao
A. A fonte predominante de proteína nas fórmulas é a al- psiquiatra acompanhada de sua irmã. A acompanhante relata
bumina. que após um grave desentendimento com o marido, há cerca
B. A maioria das fórmulas comerciais é isenta de amido de de 5 horas, a paciente parou de andar. Teve um desmaio, caindo
milho e maltodextrina. da própria altura, e ao recobrar a consciência não se recorda de
C. Ácidos graxos polinsaturados e triglicerídeos de cadeia absolutamente nada. Já houve um episódio anterior, no qual a
longa contribuem para a osmolalidade da fórmula. paciente perdeu a fala, quando o marido ameaçou sair de casa.
D. A forma predominante de fibra utilizada nas fórmulas é o Ao exame psíquico da paciente em questão, não é esperado ob-
polissacarídeo da soja. servar:
E. A maioria das fórmulas contem 44 a 60% de água. A. Indiferença afetiva relativa à perda de movimento
B. Amnésia lacunar particularmente aos eventos ocorridos
24. O caso a seguir é referência para a questão. antes do desmaio
Uma paciente de 40 anos é trazida por familiares ao pron- C. Alteração quantitativa de consciência
to-socorro por apresentar irritabilidade intensa. Há 30 dias tem D. Juízo crítico parcialmente preservado
ficado progressivamente mais agitada, dormindo menos que o E. Desorientação auto-psíquica
normal. Há 1 semana saiu da casa do marido (era casada há 15
anos) para frequentar festas durante a semana. Fez compras e 27. Na emergência psiquiátrica, um paciente foi admitido
investimentos imobiliários por impulso. Há 4 meses iniciou tra- pela equipe de enfermagem com um quadro de percepções
tamento para depressão com venlafaxina pela segunda vez na sensoriais falsas, não associadas a estímulos externos reais. Este
vida. Durante a avaliação, nega ter algum problema e afirma que paciente está apresentando

147
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A. alucinação. O enunciado acima se refere ao conceito de:
B. projeção. A. Conselho de Controle de Infecção Hospitalar.
C. delírio. B. Comissão de Controle de Infecção Hospitalar.
D. supressão. C. Programa de Controle de Infecção Hospitalar
E. isolamento. D. Instituto de Controle de Infecção Hospitalar.

28. Durante a abordagem da família dos usuários com doen- 33. São atribuições do núcleo de controle de infecção hos-
ças mentais, deve-se: pitalar:
I – Conceituar a família e considerar a sua complexidade I. Propor e cooperar na elaboração, implementação e su-
II – Promover apoio mútuo e compreensão entre os mem- pervisão da aplicação de normas e rotinas técnico-administrati-
bros da família vas visando à prevenção, controle e o tratamento das infecções
III – Trabalhar apenas com o doente, independente do con- hospitalares.
texto familiar II. Implementar, manter e avaliar ações da Comissão de
Assinale a alternativa correta: Controle de Infecção Hospitalar.
A. Os itens I e III estão corretos III. Propor medidas técnico-administrativas para controlar e
B. Os itens II e III estão corretos prevenir a disseminação de microorganismos responsáveis por
C. Os itens I e II estão corretos infecções hospitalares através de medidas de precauções e de
D. Todos os itens estão corretos isolamento.
IV. Elaborar e implementar estratégias capazes de maximi-
29. Com a finalidade de fortalecer as ações terapêuticas zar os riscos profissionais de aquisição de microorganismos no
para os usuários que possuem transtornos mentais, os profissio- ambiente hospitalar.
nais de saúde devem (exceto): É correto o que se afirma em:
A. Exercer boa comunicação A. I, II, III e IV
B. Manter uma distância segura do paciente B. I, II e III
C. I, III e IV
C. Exercitar a habilidade de empatia
D. II, III e IV
D. Reconhecer os modelos de entendimento do usuário
34. Ao lidar com pacientes com vários tipos de doenças, o
30. Paciente do sexo masculino, 67 anos, está com depres-
profissional de saúde precisa se precaver para não contraí-las ou
são. Nessa situação, entre os cuidados de enfermagem, é preco-
transmiti-las. Que ação é fundamental para que esses fatos não
nizado que o técnico de enfermagem
se tornem realidade?
A. use frases curtas, com tom de voz firme.
A. Conhecer todas as doenças e as respectivas formas de
B. oriente o paciente em relação ao tempo e espaço. transmissão.
C. estabeleça limites claros sobre suas atividades diárias. B. Usar máscara, gorro, óculos e capote em todos os proce-
D. fique atento à alimentação, hidratação e eliminações. dimentos que forem realizados.
E. demonstre que sente pena, solidarizando-se com sua dor. C. Orientar os pacientes a não ficarem muito próximos.
D. Realizar a lavagem das mãos antes e após cada procedi-
31. Quadros convulsivos são indicativos de alterações neu- mento.
rológicas. Sobre eles, é correto afirmar que E. Entregar aos acompanhantes as medicações a serem ad-
A. crises convulsivas ou epilépticas podem ser manifestação ministradas.
de um processo patológico sistêmico reversível ou de uma dis-
função inerente ao Sistema Nervoso Central. 35. Para a prevenção de infecção cirúrgica, a Agência Nacio-
B. o estado de mal epiléptico é a ocorrência de crises epilé- nal de Vigilância Sanitária recomenda
ticas prolongadas (acima de 10 minutos) ou repetitivas, persis- A. manter a normotermia em todo perioperatório (entre
tindo por 50 minutos ou mais, que não permitem a recuperação 35,0 °C a 37,0 °C).
da consciência entre os eventos. B. realizar tricotomia com o uso de lâmina.
C. a crise generalizada tônico-clônica (CGTC) raramente ul- C. administrar o antibiótico profilático 30 minutos antes ou
trapassa 15 minutos de duração e é a mais comum das manifes- até 30 minutos após a incisão cirúrgica.
tações. D. utilizar protetores plásticos de ferida para cirurgias do
D. as crises mioclônicas podem ser seguidas de arreflexia, trato gastrointestinal e biliar.
rigidez, bradicardia acentuada e hipotensão, bradipneia ou ap- E. controlar a glicemia no pré-operatório e no pós-operató-
neia, podendo ocorrer edema pulmonar e arritmias ventricula- rio imediato mantendo níveis glicêmicos entre 70 a 220 mg/dL.
res.
E. medidas para evitar a mordedura da língua e lesões den- 36. O tempo cirúrgico abrange de modo geral uma sequên-
tárias durante as crises objetivam prevenir a ocorrência de lesão cia de quatro procedimentos realizados pelo cirurgião durante o
macroglóssica e broncoespasmo. ato cirúrgico, que é a seguinte:
A. hemostasia, síntese, sutura e diérese
32. “É um conjunto de ações desenvolvidas deliberada e B. exérese, sutura, síntese e diérese
sistematicamente, com vistas à redução máxima possível da in- C. síntese, diérese, hemostasia e exérese
cidência e da gravidade das infecções hospitalares”. D. diérese, hemostasia, exérese e síntese

148
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
37. O período operatório que corresponde às 24 horas ante- D. Pós-operatório imediato
riores à cirurgia e tem por objetivo preparar o cliente para o ato E. Síndrome do intestino curto
cirúrgico é definido como pré-operatório:
A. imediato 43. Os cuidados de enfermagem relacionados com a Nutri-
B. mediato ção Parenteral (NP) são:
C. tardio A. trocar o equipo de infusão de 7 em 7 dias.
D. transitório B. manter a NP sob a bancada do posto de enfermagem até
a sua utilização.
38. O cliente cirúrgico recebe assistência da enfermagem C. antes da administração da NP, aquecê-la com foco de luz,
nos períodos pré, trans e pós-operatório. O período que abrange a fim de atingir a temperatura ambiente.
desde o momento pela decisão cirúrgica até a transferência do D. ao abrir a bolsa da NP sempre usar luvas de procedimen-
cliente para a mesa cirúrgica é: to.
A. pré-operatório E. usar bomba de infusão.
B. transoperatório
C. peroperatório 44. Assinale a alternativa que contém complicações meta-
D. pós-operatório bólicas da nutrição parenteral.
A. Desequilíbrio eletrolítico, hipercapnia, hipoglicemia e hi-
39. O técnico de enfermagem, durante a fase eletiva pré- perglicemia.
-operatória de um paciente, deve realizar a tricotomia da área B. Desequilíbrio eletrolítico, aspiração pulmonar, hipercap-
cirúrgica no máximo: nia e hipoglicemia.
A. 2 horas antes da cirurgia C. Desequilíbrio eletrolítico,hipoglicemia, oclusão da sonda
B. 4 horas antes da cirurgia e hiperglicemia.
C. 6 horas antes da cirurgia D. Hipoglicemia, deslocamento da sonda, hiperglicemia e
D. 8 horas antes da cirurgia coma hiperosmolar hiperglicêmico não cetótico.
E. Coma hiperosmolar hiperglicêmico não cetótico, hipergli-
40. Uma das medidas de prevenção de infecção cirúrgica no cemia, desequilíbrio hidroeletrolítico e retardo do esvaziamento
período pré-operatório é: gástrico.
A. manter o período de permanência hospitalar pré-opera-
tório o mais longo possível, para uma preparação pré-operatória 45. A administração parenteral de fluidos, eletrólitos, car-
adequada. boidratos, aminoácidos, lípides, vitaminas e minerais está indi-
B. administrar, três horas antes do início da cirurgia, o anti- cada nos pacientes em que a nutrição oral livre, por gavagem ou
microbiano profilático prescrito. enteral for impedida, insuficiente, perigosa ou contraindicada. A
C. evitar tricotomia; se os pelos tiverem que ser removidos, Nutrição Parenteral (NP) envolve risco de complicações. Assina-
deve-se fazê-lo imediatamente antes da cirurgia, utilizando lâ- le a alternativa que apresenta um desses riscos.
minas novas de único uso ou tricotomizadores elétricos. A. Hiperglicemia por aporte insuficiente de glicose ou sus-
D. enfatizar a importância da higiene oral; nos casos em que pensão abrupta de infusão com alta concentração de glicose.
houver previsão de entubação orotraqueal, fazer higiene oral B. Hipoglicemia por aporte excessivo de glicose ou resistên-
com clorexidina 0,12%. cia periférica à insulina.
E. nas cirurgias crânio-encefálicas, lavar o couro cabeludo C. Disfunção hepática devido ao uso de soluções de lípides
com solução de quaternário de amônio e observar que o cabelo abaixo da capacidade de metabolização sendo irreversível após
deva estar seco antes de ir para o bloco operatório. adequação ou suspensão da solução.
D. Posicionamento inadequado do cateter otimizando a in-
41. No pré-operatório da cirurgia ambulatorial denomina- fusão da solução em via apropriada (derme, pericárdio, pulmão).
da vasectomia ou esterilização masculina, o paciente deve ser E. Infecções relacionadas, sendo a sepse uma das complica-
orientado sobre a: ções mais temível.
A. necessidade do uso de contraceptivo até a primeira se-
mana de pós-operatório 46. Em relação a nutrição parenteral, assinale com “V”,
B. ocorrência de alteração perceptível na potência sexual quando a afirmativa for verdadeira e “F”, quando for falsa, para
após a vasectomia bilateral os seguintes apontamentos. Posteriormente, assinale as alter-
C. necessidade de proteção contra as doenças/infecções se- nativas abaixo aquela que representa a resposta obtida.
xualmente transmissíveis ( ) Antes da infusão da nutrição parenteral ser administrada,
D. aplicação de bolsas de calor no escroto para proporcio- a solução deve ser inspecionada quanto à separação em cama-
nar alívio da dor nas primeiras horas do pós-operatório das, aspecto oleoso ou qualquer precipitado. Caso qualquer um
desses estar presente, ela não deverá ser infundida.
42. Assinale a alternativa que corresponde à indicação da ( ) Nutrição parenteral não devem ser não deve administra-
Terapia Nutricional Parenteral. das por meio de bombas infusoras.
A. Má perfusão tissular ( ) Formulações com concentrações de glicose superiores a
B. Grande queimado 10% não devem ser administradas através de veias periféricas,
C. Discrasia sanguínea pois irritam pequenas veias, causando flebite química.

149
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
( ) Quando uma solução de nutrição parenteral é abrupta- 50. Como uma das formas de evitar infecção de corrente
mente interrompida, uma solução de glicose isotônica deve ser sanguínea, a equipe de enfermagem deve trocar o equipo de
administrada para evitar a hipoglicemia de rebote. nutrição parenteral a cada:
( ) Emulsões lipídicas intravenosas (ELIV) não podem ser in- A. 12 horas;
fundidas simultaneamente com a nutrição parenteral através de B. 24 horas;
um conector em “Y” próximo ao local de infusão e não devem C. 36 horas;
ser filtrados. D. 48 horas;
A. F, F, V, F, F E. 72 horas.
B. V, F, V, V, F
C. V, F, V, V, V 51. É indicada sempre que houver incapacidade de absor-
D. V, V, F, V, V ção de nutrientes pelo trato gastrointestinal devido a causas
E. F, V, F, F, V anatômicas, infecciosas ou metabólicas e faz parte também da
terapêutica em certas doenças que necessitam de repouso in-
47. O técnico de enfermagem como membro da equipe de testinal. O enunciado refere-se à
saúde pode ser solicitado, com supervisão do enfermeiro, a mo- A. nutrição parenteral.
nitorar possíveis complicações que possam ocorrer durante a B. nutrição enteral.
nutrição parenteral. Acerca desse procedimento, assinale o item C. gastrostomia.
correto. D. jejunostomia.
A. O monitoramento clínico e laboratorial da nutrição pa- E. via oral.
renteral é essencial, pois o desuso do trato gastrointestinal em
paciente sob uso de nutrição parenteral pode causar septicemia 52. A nutrição parenteral consiste em oferecer por via en-
Gram-negativa. dovenosa os nutrientes importantes para manter ou melhorar
B. A administração da nutrição parenteral pode ser reali- o estado nutricional do indivíduo, em condições semelhantes
zada em até 48 horas de preparo, independente da forma de àquelas que são normalmente oferecidas à circulação após os
armazenamento, em sistema aberto e deve ser realizada por um processos absortivos.
cateter periférico separado, usando tubo conector em Y. Sobre os componentes que devem constar na nutrição pa-
C. Nos casos de pacientes com hiperglicemia e em nutrição renteral, assinale a alternativa CORRETA.
parenteral, deve-se monitorar o nível de glicose sanguínea a A. Carboidratos, aminoácidos, ácidos graxos essenciais e vi-
cada 24 horas. taminas.
D. Durante a infusão da alimentação parenteral, caso for B. Carboidratos, aminoácidos, lipídios, lactose e vitaminas.
observado que a mesma está atrasada, conforme a prescrição C. Carboidratos, aminoácidos, lipídios, vitaminas e minerais.
médica, pode-se aumentar a velocidade da bomba de infusão D. Carboidratos, aminoácidos, lipídios e glicose.
recuperando o atraso no procedimento.
53. “A nutrição parenteral consiste na administração de to-
48. A nutrição parenteral é uma forma de suporte especia- dos os nutrientes necessários para cobrir a demanda metabó-
lizada, na qual os nutrientes são fornecidos intravenosamente. lica, por via central ou periférica, em pacientes desnutridos ou
Em relação à nutrição parenteral, é correto afirmar que ela é não, que estejam em regime hospitalar, ambulatorial ou domi-
indicada em caso de ciliar, visando a síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou
A. diarreia. sistemas.”
B. queimadura. (Ministério da Saúde, 1988; Souza e Mozachi, 2005.)
C. acidente vascular cerebral. De acordo com a citação anterior, a nutrição parental é
D. diabetes descompensado. composta basicamente de
E. mal de Alzheimer. A. carboidratos, aminoácidos, lipídios e glicose.
B. carboidratos, aminoácidos, lipídios, vitaminas e minerais.
49. Uma paciente que esteja recebendo nutrição parenteral C. carboidratos, aminoácidos, ácidos graxos essenciais e li-
total (NPT) pergunta ao técnico de enfermagem por que sua gli- pídios.
cose está sendo mensurada, já que ele não tem diabetes. Qual a D. carboidratos, aminoácidos, ácidos graxos essenciais e vi-
melhor reposta do técnico de enfermagem? taminas.
A. A alta concentração de dextrose na NPT pode levar ao de-
senvolvimento de diabetes; assim, você precisa ser monitorada 54. Por meio da Sistematização da Assistência de Enfer-
atentamente. magem, o registro sucinto contendo informações pertinentes a
B. Monitorar seu nível de glicose sanguínea ajuda a deter- acontecimentos ou intercorrências com o cliente, realizado pelo
minar a dose de insulina que você precisa para absorver a NPT. profissional de enfermagem, corresponde
C. A NPT pode causar hiperglicemia e é importante manter A. à anotação de enfermagem.
o seu nível de glicose sanguínea dentro da normalidade. B. à evolução de enfermagem.
D. Verificar o nível de glicose sanguínea regularmente ajuda C. ao histórico de enfermagem.
a determinar se a NPT está sendo eficaz como intervenção. D. à prescrição de enfermagem.
E. Está prescrito e tenho que furar seu dedo. E. ao diagnóstico de enfermagem.

150
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
55.O novo Código de Ética (Resolução COFEN Nº 564/2017) D. divulgar e fazer referência a casos, situações ou fatos, de
possui V capítulos. O I descreve os direitos e o II os deveres. Mar- forma que os envolvidos possam ser identificados.
que a alternativa abaixo que descreve sobre os Direitos. E. realizar e participar de atividades de ensino e pesquisa,
A.Abster-se de revelar informações confidenciais de que te- respeitadas as normas ético-legais.
nha conhecimento em razão de seu exercício profissional.
B.Fundamentar suas relações no direito, na prudência, no 58. O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, de
respeito, na solidariedade e na diversidade de opinião e posição acordo com sua Resolução COFEN N° 564 de 2017, no seu ca-
ideológica. pítulo II, aborda os deveres do profissional de enfermagem. É
C.Apor nome completo e/ou nome social, ambos legíveis, dever deste profissional, conforme essa resolução:
número e categoria de inscrição no Conselho Regional de En- A. Prestar assistência de enfermagem promovendo a quali-
fermagem, assinatura ou rubrica nos documentos, quando no dade de vida, exceto em casos de violência.
exercício profissional. B. É vedado ao profissional de enfermagem o cumprimento
D.Recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e Mé- de prescrição à distância, mesmo em casos de urgência e emer-
dica na qual não constem assinatura e número de registro do gência.
profissional prescritor, exceto em situação de urgência e emer- C. Responsabilizar-se por falta cometida em suas atividades
gência. profissionais, somente se tiver sido praticada individualmente,
E.Conhecer, cumprir e fazer cumprir o Código de Ética dos por imperícia, imprudência ou negligência.
Profissionais de Enfermagem e demais normativos do Sistema D. Respeitar as diretivas antecipadas da pessoa no que con-
COFEN/Conselhos Regionais de Enfermagem. cerne as decisões sobre cuidados e tratamentos que deseja ou
não receber no momento em que estiver incapacitado de ex-
56. O Código de Ética do Profissional de Enfermagem tem pressar, livre e autonomamente suas vontades.
como base a necessidade e o direito assistencial focado na pes- E. Manter sigilo sobre fato de que tenha conhecimento em
soa, na família e na coletividade. Está organizado por assunto razão de atividade profissional, exceto nos casos previstos na
e inclui princípios, direitos, responsabilidades, deveres e proi- legislação ou por determinação judicial, ou com o consentimen-
to escrito da pessoa envolvida ou de seu representante legal.
bições. Assinale a opção correta, de acordo com o disposto na
Complementa ainda que o fato sigiloso deverá ser revelado em
referida legislação.
situações de cuidados paliativos.
A. É proibido ao profissional de saúde de enfermagem pres-
crever medicamentos e praticar ato cirúrgico, sob qualquer cir-
59. De acordo com a Resolução do Conselho Federal de En-
cunstância.
fermagem (Cofen) n.º 564/2017, a suspensão consiste na
B. Na condição de docente, enfermeiro-responsável ou su-
A. repreensão que é divulgada nas publicações oficiais do
pervisor, é direito do profissional de enfermagem eximir-se da
sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem e em jor-
responsabilidade por atividades executadas por alunos ou es-
nais de grande circulação.
tagiários. B. proibição do exercício profissional da enfermagem, por
C. Nos casos de aborto previstos em lei, o profissional deve um período de até 90 dias.
decidir, de acordo com a sua consciência, sobre a participação C. obrigatoriedade de pagamento de 1 a 10 vezes o valor
ou não no ato abortivo. da anuidade da categoria profissional a qual pertence o infrator.
D. É direito do profissional de enfermagem obter desagravo D. admoestação ao infrator, de forma reservada, que é re-
público por ofensa que atinja a profissão, por meio do Conselho gistrada no seu prontuário e na presença de 2 testemunhas.
Federal de Enfermagem. E. perda do direito ao exercício da enfermagem por um pe-
E. É dever do profissional de enfermagem ter acesso às in- ríodo de até 30 anos.
formações relativas à pessoa, à família e à coletividade, necessá-
rias ao exercício profissional. 60. A Resolução Cofen nº 564/2017 estabelece o novo Códi-
go de Ética de Enfermagem.
57. De acordo com as disposições do Código de Ética do Sobre as infrações e penalidades estabelecidas por esta Re-
Profissional de Enfermagem, é dever do profissional de enfer- solução, é incorreto afirmar que:
magem, A. As infrações ao código de ética serão consideradas leves,
A. utilizar-se de veículos de comunicação para conceder en- moderadas, graves ou gravíssimas, segundo a natureza do ato e
trevistas e divulgar eventos e assuntos de sua competência, com a circunstância de cada caso.
finalidade educativa e de interesse social. B. Cometer a infração com abuso de autoridade ou violação
B. suspender suas atividades, individual ou coletivamente, do dever inerente ao cargo ou função ou exercício profissional é
quando a instituição pública ou privada para a qual trabalhe não considerada uma circunstância agravante.
oferecer condições dignas para o exercício profissional ou des- C. Nas penalidades de suspensão e cassação, o profissional
respeite a legislação do setor saúde, ressalvadas as situações de terá sua carteira retida no ato da notificação, em todas as cate-
urgência e emergência, devendo comunicar, imediatamente e gorias em que for inscrito, sendo devolvida após o cumprimento
por escrito, sua decisão ao COFEN. da pena e, no caso da cassação, após o processo de reabilitação.
C. estimular, facilitar e promover o desenvolvimento das ati- D. A advertência verbal consiste em repreensão que será
vidades de ensino, pesquisa e extensão, devidamente aprovadas divulgada nas publicações oficiais do Sistema Cofen/Conselhos
nas instâncias deliberativas da instituição. Regionais de Enfermagem e em jornais de grande circulação.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
GABARITO 42 E
43 E
01 C
44 A
02 C
45 E
03 B
46 B
04 D
47 A
05 E
48 B
06 C
49 C
07 E
50 B
08 E
51 A
09 B
52 C
10 A
53 B
11 B
54 A
12 B
55 A
13 C
56 C
14 D
57 C
15 C
58 D
16 D
59 B
17 C
60 D
18 C
19 D
20 B ANOTAÇÃO
21 B ___________________________________________________
22 A
___________________________________________________
23 D
24 E ___________________________________________________
25 B
___________________________________________________
26 C
27 A ___________________________________________________
28 C
__________________________________________________
29 B
30 D ___________________________________________________
31 A
___________________________________________________
32 C
33 B __________________________________________________
34 D __________________________________________________
35 D
36 D __________________________________________________
37 A __________________________________________________
38 A
___________________________________________________
39 A
40 D ___________________________________________________
41 C
___________________________________________________

152

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