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CAPÍTULO 6

» Elasticidade

MAIS PRECIOSO QUE VACINA CONTRA A GRIPE

ânico era a única palavra apropriada para descrever a situação nos

P hospitais, clínicas e casas de repouso nos Estados Unidos, em outubro


de 2004. No início daquele mês, a Chiron Corporation, um dos dois
únicos fornecedores de vacina contra a gripe para todo o mercado
americano, anunciou que foi forçado a fechar sua fábrica em decorrência de
problemas de contaminação. Com esse fechamento, o fornecimento de
vacina para a temporada de gripe entre 2004 e 2005 foi repentinamente
cortado pela metade, de 100 milhões para 50 milhões de doses.
Por ser um processo caro e demorado, não puderam ser fabricadas mais
doses para substituir a produção perdida da Chiron. E uma vez que os países
guardam zelosamente a própria oferta de vacina para os seus cidadãos, não
foi possível importar de outros países.
Se você já teve gripe, sabe como é desagradável. E pode ser pior que
desagradável: a cada ano, a gripe mata cerca de 36 mil americanos e leva
mais 200 mil ao hospital. Normalmente, as vítimas são crianças, idosos ou
pessoas com o sistema imunológico comprometido.
Em 2004, quando a notícia da escassez da vacina contra a gripe se
propagou, houve uma corrida das pessoas querendo ser vacinadas. Faziam
fila no meio da noite diante dos poucos locais que, de alguma forma, haviam
obtido a vacina e a ofereciam a preço razoável: a multidão incluía idosos
com balões de oxigênio, crianças dormindo no colo dos pais e outros em
cadeiras de rodas. Enquanto isso, alguns distribuidores farmacêuticos –
empresas que obtêm vacina dos fabricantes e as distribuem aos hospitais e
farmácias – detectaram, no frenesi, uma oportunidade lucrativa. Uma
empresa, a Med-Stat, que normalmente cobra $8,50 pela dose, começou a
cobrar $90, mais que 10 vezes o preço normal.
Embora a maioria das pessoas se recusasse ou não pudesse pagar um
preço tão alto pela vacina, outras, sem dúvida, podiam. A Med-Stat julgou
corretamente que um número significativo de consumidores era insensível
ao preço; isto é, um grande aumento no preço da vacina deixou a
quantidade demandada pelos consumidores relativamente inalterada.
É claro que essa demanda de vacina contra a gripe era incomum. Para
alguns, ser vacinado significava uma questão de vida ou morte.
Consideremos um cenário muito diferente e menos urgente. Suponha, por
exemplo, que a oferta de determinado tipo de cereal tivesse sido reduzida
pela metade em decorrência de problemas de fabricação. Seria pouco
provável, se não impossível, encontrar um consumidor disposto a pagar 10
vezes o preço original por uma caixa desse cereal. Em outras palavras, os
consumidores de cereal matinal são muito mais sensíveis a preços do que os
consumidores da vacina contra a gripe.

O que você vai aprender neste capítulo


• Por que os economistas usam a elasticidade para medir a sensibilidade a
variações nos preços ou na renda.
• Por que a elasticidade-preço da demanda, a elasticidade-renda da
demanda e a elasticidade-preço cruzada da demanda são indicadores
importantes do comportamento do consumidor em resposta a variações
nos preços ou na renda.
• Por que a elasticidade-preço da oferta é um indicador importante do
comportamento do produtor em resposta a variações no preço.
• Que fatores influenciam o tamanho dessas várias elasticidades.

Mas como definir essa sensibilidade? Os economistas medem a


sensibilidade dos consumidores ao preço com um número especial,
chamado de elasticidade-preço da demanda. Neste capítulo, veremos como é
calculada a elasticidade-preço da demanda e por que ela é a melhor medida
de como a quantidade demandada responde a variações de preço. Veremos,
então, que a elasticidade-preço da demanda pertence a uma família de
conceitos relacionados, incluindo a elasticidade-renda da demanda e a
elasticidade-preço cruzada da demanda e a elasticidade-preço da oferta.

DEFINIÇÃO E MEDIDA DA
ELASTICIDADE
Para que a Flunomics, uma distribuidora hipotética de vacinas contra a
gripe, pudesse calcular se poderia aumentar sua receita aumentando
significativamente o preço da vacina durante o pânico de 2004, teria que
saber a elasticidade-preço da demanda de vacinas contra a gripe.

Cálculo da elasticidade-preço da demanda

A Figura 6-1 mostra uma curva de demanda hipotética de vacina contra


a gripe. Ao preço de $20 por vacina, os consumidores demandariam 10
milhões de vacinas por ano (ponto A); pelo preço de $21 a vacina, a
quantidade demandada cairia para 9,9 milhões de vacinas por ano (ponto
B).
A Figura 6-1, portanto, informa a variação na quantidade demandada
para determinada variação no preço. Mas como podemos transformar isso
em uma medida de sensibilidade ao preço? A resposta é calcular a
elasticidade-preço da demanda.
A elasticidade-preço da demanda compara a variação percentual na
quantidade demandada com a variação percentual no preço à medida que se
move ao longo da curva da demanda. Como veremos mais adiante neste
capítulo, a razão pela qual os economistas usam variações percentuais é a
obtenção de uma medida que não dependa das unidades em que um bem é
medido (digamos, dose infantil ou dose de adulto da vacina). Mas antes de
chegar a isso, vejamos como a elasticidade é calculada.
Para calcular a elasticidade-preço da demanda, primeiro calcula-se a
variação percentual na quantidade demandada e a correspondente variação
percentual no preço à medida que se move ao longo da curva da demanda.
São definidos como segue:
Na Figura 6-1, vemos que quando o preço sobe de $20 para $21, a
quantidade demandada cai de 10 milhões para 9,9 milhões de vacinas,
produzindo uma variação na quantidade de 0,1 milhão de vacinas. Assim, a
variação percentual na quantidade demandada é:

% de variação na quantidade demandada

O preço inicial é $20, e a variação no preço é $1, portanto, a variação


percentual no preço é:
FIGURA 6-1 Demanda de vacinas

Ao preço de $20 por vacina, a quantidade de vacinas demandada é 10 milhões por ano

(ponto A). Quando o preço sobe para $21 por vacina, a quantidade demandada cai

para 9,9 milhões de vacinas por ano (ponto B).


Para calcular a elasticidade-preço da demanda, calculamos a razão entre
a variação percentual na quantidade demandada e a variação percentual no
preço:

(6-3) Elasticidade-preço da demanda

Na Figura 6-1, a elasticidade-preço da demanda é, portanto,

A lei da demanda diz que as curvas da demanda têm inclinação para


baixo, de modo que o preço e a quantidade demandada sempre se movem
em direções opostas. Em outras palavras, uma variação percentual positiva
no preço (aumento) leva a uma variação percentual negativa na quantidade
demandada, uma variação percentual negativa no preço (queda) leva a uma
variação percentual positiva na quantidade demandada. Isso significa que a
elasticidade-preço da demanda é, em termos estritamente matemáticos, um
número negativo. Contudo, é inconveniente escrever o sinal de menos a
todo o momento. Assim, quando os economistas falam sobre elasticidade-
preço da demanda, costumam deixar de lado o sinal de menos e informam o
valor absoluto. Nesse caso, por exemplo, os economistas normalmente
diriam “a elasticidade-preço da demanda é 0,2”, tendo como certo que
querem dizer menos 0,2. Também seguiremos essa convenção.
Quanto maior a elasticidade-preço da demanda, maior a sensibilidade da
quantidade demandada ao preço. Quando a elasticidade-preço da demanda
é elevada – quando os consumidores mudam a quantidade demandada em
um grande percentual em comparação com a variação percentual no preço –
os economistas dizem que a demanda é altamente elástica.
Como veremos adiante, uma elasticidade-preço de 0,2 indica uma
resposta fraca da quantidade demandada ao preço. Ou seja, a quantidade
demandada cai relativamente pouco quando o preço sobe. Isso é o que os
economistas chamam de demanda inelástica. E demanda inelástica era
exatamente o que a Flunomics precisava para sua estratégia de aumentar a
receita, elevando o preço da vacina contra a gripe.

Maneira alternativa de cálculo da elasticidade: o


método do ponto médio

A elasticidade-preço da demanda compara a variação percentual na


quantidade demandada com a variação percentual no preço. Quando
analisamos outras elasticidades, o que faremos em breve, veremos por que é
importante se concentrar nas variações percentuais. Mas, antes, precisamos
discutir uma questão técnica que surge quando se calculam variações
percentuais nas variáveis.
A melhor maneira de entender o problema é com um exemplo real.
Suponha que você estivesse tentando estimar a elasticidade-preço da
demanda por gasolina comparando preços e consumo da gasolina em
diferentes países. Em decorrência dos impostos elevados, normalmente a
gasolina custa cerca de três vezes mais por litro na Europa que nos Estados
Unidos. Então, qual é a diferença percentual entre os preços da gasolina na
Europa e nos Estados Unidos?
Depende da maneira como se mede. Como o preço da gasolina na
Europa é aproximadamente três vezes maior do que nos Estados Unidos, ele
é 200% superior. Como o preço da gasolina nos Estados Unidos é 1/3 do
preço da Europa, é 66,7% inferior.
Isso é incômodo: o ideal seria uma medida percentual de diferentes
preços que não dependa da maneira de medir. Para evitar que o cálculo da
elasticidades seja diferente para preços em queda e em alta usa-se o método
do ponto médio.
O método do ponto médio substitui a definição usual de variação
percentual em uma variável, X, por uma definição ligeiramente diferente:

em que o valor médio de X é definido como:

Ao calcular a elasticidade-preço da demanda, usando o método do ponto


médio, tanto a variação percentual no preço quanto a variação percentual na
quantidade demandada são medidas usando esse método. Para ver como
esse método funciona, suponha que você tenha os seguintes dados de um
bem:

  Preço Quantidade demandada


Situação A $0,90 1.100
Situação B $1,10 900

Para calcular a variação percentual na quantidade da situação A para a


situação B, comparamos a variação na quantidade demandada – uma queda
de 200 unidades – com a média da quantidade demandada nas duas
situações. Assim, calculamos:

% de variação na quantidade demandada


Da mesma forma, calculamos:

% de variação no preço

Portanto, nesse caso, a elasticidade-preço da demanda seria calculada


como:

Elasticidade-preço da demanda

novamente ignorando o sinal de menos.


O ponto importante é que obteríamos o mesmo resultado, a elasticidade-
preço da demanda igual a um, tanto subindo na curva da demanda da
situação A para a situação B quanto descendo na curva da demanda da
situação B para a situação A.
Para chegarmos a uma fórmula mais geral da elasticidade-preço da
demanda, suponha que tenhamos dados para dois pontos em uma curva da
demanda. No ponto 1: a quantidade demandada e o preço são (Q1, P1); no
ponto 2 são (Q2, P2). Em seguida, a fórmula para o cálculo da elasticidade-
preço da demanda é:

Assim como antes, ao determinar uma elasticidade-preço da demanda


calculada pelo método do ponto médio, ignora-se o sinal de menos e usa-se
o valor absoluto.

economia em ação
Estimativas das elasticidades

Talvez você imagine ser fácil calcular a elasticidade-preço da demanda a


partir de dados do mundo real: basta comparar variações percentuais nos
preços com variações percentuais nas quantidades demandadas.
Infelizmente, não é tão simples assim, pois a variação no preço não é o único
item que afeta a variação na quantidade demandada: outros fatores – como
variações na renda, nos gostos e nos preços dos bens e serviços – deslocam a
curva da demanda, alterando, assim, a quantidade demandada a qualquer
preço dado. Para calcular a elasticidade-preço da demanda, os economistas
precisam analisar cuidadosamente as estatísticas, para separar a influência
desses vários fatores, mantendo tudo o mais igual.
O esforço mais abrangente do cálculo da elasticidade-preço da demanda
foi um estudo enorme dos economistas Hendrik S. Houthakker e Lester D.
Taylor. Alguns dos resultados estão na Tabela 6-1. Mostram uma grande
amplitude da elasticidade-preço. No caso de alguns bens, como ovos, a
demanda quase não responde à variação de preços. Existem outros bens,
principalmente viagens ao exterior, para os quais a quantidade demandada é
muito sensível ao preço.
TABELA 6-1
Alguns cálculos da elasticidade-preço da demanda

Elasticidade-preço
da demanda
Bem
Demanda inelástica

Ovos 0,1

Carne 0,4

Material de papelaria 0,5

Gasolina 0,5

Demanda elástica

Habitação 1,2

Refeições em restaurantes 2,3

Viagens aéreas 2,4

Viagens ao exterior 4,1

Fonte: nota na página de copyright.

Observe que a Tabela 6-1 se divide em duas partes: demanda inelástica e


elástica. Na próxima seção, explicaremos o significado dessa divisão.

BREVE REVISÃO
Elasticidade-preço da demanda é a variação percentual na quantidade
demandada dividida pela variação percentual no preço à medida que se move
ao longo da curva da demanda, ignorando o sinal de menos.
Na prática, variações percentuais são mais bem medidas pelo método do
ponto médio, em que a variação percentual em cada variável é calculada
usando a média entre os valores inicial e final.

TESTE SEU ENTENDIMENTO 6-1


1. O preço da caixa de morango caiu de $1,50 para $1,00, e a quantidade
demandada aumentou de 100 mil para 200 mil caixas. Use o método do
ponto médio para calcular a elasticidade-preço da demanda.
2. No nível atual de consumo, 4 mil ingressos de cinema e ao preço de $5 por
entrada, a elasticidade-preço da demanda dos ingressos é 1. Usando o
método do ponto médio, calcule em quanto os proprietários de cinema têm
de reduzir o preço para vender 5 mil entradas.
3. A elasticidade-preço da demanda de sanduíches é 1,2 ao preço corrente de
$0,50 por sanduíche e ao consumo corrente de 100 mil sanduíches. Calcule
a variação na quantidade demandada quando o preço aumenta em $0,05.
Use as Equações 6-1 e 6-2 para calcular as variações porcentuais e a
Equação 6-3 para relacionar a elasticidade-preço da demanda com essas
variações percentuais.
As respostas estão no fim do livro.

INTERPRETAÇÃO DA
ELASTICIDADEPREÇO DA DEMANDA
A Med-Stat e outros distribuidores de produtos farmacêuticos
acreditavam que poderiam elevar muito o preço da vacina contra gripe em
face da escassez porque a elasticidade-preço da demanda de vacinas era
baixa. Mas o que isso significa? Até onde deve cair a elasticidade-preço para
que seja classificada como baixa? Até onde deve subir para ser classificada
como alta? E o que determina que a elasticidade-preço da demanda seja alta
ou baixa?
Para responder a essas questões, é preciso analisar mais profundamente a
elasticidade-preço da demanda.

Quão elástico é elástico?

Como primeiro passo para classificar elasticidade-preço da demanda,


vamos analisar os casos extremos.
Primeiro, consideremos a demanda de um bem quando as pessoas não
prestam atenção ao preço – por exemplo, veneno contra cobra. Suponha que
os consumidores irão comprar 1 mil doses de veneno ao ano, independente
do preço. Nesse caso, a curva da demanda de veneno seria parecida com a
curva mostrada no painel (a) da Figura 6-2: seria uma linha vertical em 1
mil doses do veneno. Uma vez que a variação percentual na quantidade
demandada é zero para qualquer variação de preço, a elasticidade-preço da
demanda nesse caso é zero. O caso da elasticidade-preço da demanda zero é
conhecido como demanda perfeitamente inelástica.
O extremo oposto ocorre quando um aumento mínimo no preço leva a
quantidade demandada a cair a zero ou quando uma queda mínima no
preço leva a quantidade demandada a tornar-se extremamente elevada.
O painel (b) da Figura 6-2 mostra o caso de bolas de tênis cor-de-rosa.
Suponhamos que os jogadores de tênis realmente não se importam com a
cor das bolas e que outras cores, como verde ou amarelo, estejam disponíveis
a $5 a dúzia. Nesse caso, o consumidor não comprará bolas cor-de-rosa, se
custarem mais do que $5 a dúzia, mas comprará apenas bolas cor-de-rosa se
custarem menos de $5 a dúzia. A curva da demanda será, portanto, uma
linha horizontal ao preço de $5 por dúzia de bolas. Ao se mover para trás e
para frente ao longo dessa linha, há uma variação na quantidade
demandada, mas nenhuma variação no preço. Grosso modo, quando se
divide um número por zero, obtém-se infinito, indicado pelo símbolo ∞.
Assim, uma curva de demanda horizontal implica uma elasticidade-preço
da demanda infinita. Quando a elasticidade-preço da demanda é infinita, os
economistas dizem que a demanda é perfeitamente elástica.
A elasticidade-preço da demanda para a grande maioria dos bens está em
algum lugar entre esses dois casos extremos. Os economistas usam um
critério principal para classificar esses casos intermediários: questionam se a
elasticidade-preço da demanda é maior ou inferior a 1. Quando a
elasticidade-preço da demanda é maior que 1, os economistas dizem que a
demanda é elástica. Quando a elasticidade-preço da demanda é menor que
1, dizem que é inelástica. O caso limite é a demanda de elasticidade
unitária, onde a elasticidade-preço da demanda é – surpresa – exatamente
1.
FIGURA 6-2 Dois casos extremos de elasticidade-preço da demanda
O painel (a) mostra uma curva da demanda inelástica, que é uma linha vertical. A

quantidade demandada de veneno contra cobra é sempre 1 mil doses, independente do

preço. Como resultado, a elasticidade-preço da demanda é zero – a quantidade

demandada não é afetada pelo preço. O painel (b) mostra uma curva da demanda

perfeitamente elástica, que é uma linha horizontal. Ao preço de $5, os consumidores

vão comprar qualquer quantidade de bolas de tênis cor-de-rosa, mas não vão comprar

nenhuma a um preço acima de $5. Se o preço cair abaixo de $5, comprarão um número

extremamente grande de bolas de tênis cor-de-rosa e nenhuma de outra cor.

Para verificar por que a elasticidade-preço da demanda igual a 1 é uma


linha divisória útil, vejamos um exemplo hipotético: uma praça de pedágio
operada pelo departamento rodoviário estadual. Tudo o mais mantido
constante, o número de motoristas que usam esse caminho depende do
pedágio, o preço cobrado pelo departamento rodoviário ao cruzar esse
ponto da estrada: quanto mais alto o preço, menor o número de motoristas.
A Figura 6-3 mostra três curvas da demanda hipotéticas – uma em que a
demanda tem elasticidade unitária, outra em que é inelástica e, a última, em
que é elástica. Em cada caso, o ponto A mostra a quantidade demandada se
o pedágio for $0,90 e o ponto B mostra a quantidade demandada se o
pedágio for $1,10. Um aumento do pedágio de $0,90 para $1,10 constitui
um aumento de 20% se usarmos o método do ponto médio para calcular as
variações percentuais.
O painel (a) mostra o que acontece quando o pedágio passa de $0,90 para
$1,10 e a curva da demanda tem elasticidade unitária. Aqui, o aumento de
preço de 20% leva a uma queda na quantidade de veículos que usam esse
trajeto por dia de 1.100 para 900, correspondendo a uma queda de 20%
(mais uma vez usando o método do ponto médio). Assim, a elasticidade-
preço da demanda é 20%/20% = 1.
O painel (b) mostra um caso de demanda inelástica quando o pedágio
aumenta de $0,90 para $1,10. O mesmo aumento de 20% no preço reduz a
quantidade demandada de
1.050 para 950. É uma queda de apenas 10%, e, nesse caso, a elasticidade-
preço da demanda é 10%/20% = 0,5.
O painel (c) mostra o caso da demanda elástica quando o pedágio sobe
de $0,90 para $1,10. O aumento de 20% no preço leva a quantidade
demandada a cair de 1.200 para 800, uma queda de 40%, de modo que a
elasticidade-preço da demanda é 40%/20% = 2.
FIGURA 6-3 Demanda de elasticidade unitária, demanda inelástica e demanda elástica
O painel (a) mostra o caso da demanda com elasticidade unitária: 20% de aumento no

preço gera uma queda de 20% na quantidade demandada, o que implica elasticidade-

preço da demanda 1. O painel (b) mostra o caso da demanda inelástica: um aumento

de 20% no preço gera uma queda de 10% na quantidade demandada, o que implica

uma elasticidade-preço da demanda de 0,5. O painel (c) mostra o caso de demanda

elástica: um aumento de 20% no preço causa uma queda de 40% na quantidade

demandada, o que implica em elasticidadepreço da demanda igual a 2. Todas as

porcentagens são calculadas pelo método do ponto médio.

Por que isso importa se a demanda tem elasticidade unitária, é inelástica


ou elástica? Porque essa classificação prevê como as mudanças no preço de
um bem afetarão a receita total obtida pelos produtores com a venda desse
bem. Em muitas situações da vida real, como a enfrentada pela Med-Stat, é
crucial saber como as variações de preços afetam a receita total. A receita
total é definida como o valor total das vendas de um bem ou serviço, igual
ao preço multiplicado pela quantidade vendida.
(6-6) Receita total = preço × quantidade vendida

A receita total tem uma representação gráfica que ajuda a entender por
que é crucial conhecer a elasticidade-preço da demanda quando queremos
saber se um aumento de preço reduz ou aumenta a receita total. O painel (a)
na Figura 6-4 mostra a mesma curva da demanda do painel (a) da Figura 6-
3. Vemos que 1.100 motoristas passarão pelo pedágio, se o preço for $0,90.
Assim, a receita total do preço de $0,90 é $0,90 × 1.100 = $990. Esse valor é
igual à área do retângulo que tem o canto inferior esquerdo no ponto (0, 0) e
o canto superior direito em (1.100, 0,90). Em geral, a receita total a qualquer
preço é igual ao retângulo cuja altura é o preço e cuja largura é a quantidade
demandada a esse preço.
Para ter uma ideia de por que a receita total é importante, considere o
seguinte cenário. Suponha que o pedágio seja atualmente $0,90, mas que o
departamento rodoviário precise arrecadar mais dinheiro para reparos na
estrada. Uma possibilidade é aumentar o preço do pedágio.
Mas esse plano pode sair pela culatra, uma vez que um preço maior vai
reduzir o número de motoristas que usam esse caminho. E se o tráfego desse
trajeto cair muito, um pedágio mais alto realmente vai reduzir a receita total,
em vez de aumentá-la. Portanto, é importante para o departamento
rodoviário saber como os motoristas irão responder a um aumento de
pedágio.
Podemos ver graficamente como o aumento do pedágio afeta a receita
total do pedágio examinando o painel (b) da Figura 6-4. A um pedágio de
$0,90, a receita total é dada pela soma das áreas A e B. Após o aumento do
pedágio para $1,10, a receita total é dada pela soma das áreas B e C. Então,
quando o pedágio aumenta, a receita representada pela área A se perde, mas
a receita representada pela área C é ganha.
Essas duas áreas têm interpretações importantes. A área C representa a
receita ganha com os $0,20 adicionais pagos por motoristas que continuam a
usar o trajeto. Ou seja, os 900 que continuam a usar o pedágio contribuem
com um adicional de $0,20 × 900 = $180 por dia para a receita total,
representada pela área C. Mas 200 motoristas que teriam usado o pedágio ao
preço de $0,90 deixam de fazê-lo, gerando uma perda de receita total de
$0,90 × 200 = $180 por dia, representada pela área A. (Nesse exemplo em
particular, como a demanda é a elasticidade unitária – como no painel (a) da
Figura 6-3 – o aumento da taxa de pedágio não tem efeito sobre a receita
total, e as áreas A e C têm o mesmo tamanho.)
FIGURA 6-4 Receita total

O retângulo no painel (a) representa a receita total gerada por 1.100 motoristas, cada

um pagando um pedágio de $0,90. O painel (b) mostra como a receita total é afetada

quando o preço aumenta de $0,90 para $1,10. Em virtude do efeito quantidade, a

receita total cai no valor da área A. Em virtude do efeito preço, a receita total aumenta

no valor da área C. Em geral, o efeito global pode ser de aumento ou redução,

dependendo da elasticidade-preço da demanda.

Exceto no caso raro de um bem com demanda perfeitamente elástica ou


perfeitamente inelástica, quando um vendedor aumenta o preço de um bem,
dois efeitos de compensação estão presentes:

Efeito preço: Depois de um aumento de preço, cada unidade é vendida a


um preço mais elevado, o que tende a aumentar a receita.
Efeito quantidade: Depois de um aumento de preço, menos unidades são
vendidas, o que tende a reduzir as receitas.
Mas então, pergunta-se, qual é o efeito líquido final sobre a receita total:
sobe ou desce? A resposta é que, em geral, o efeito sobre a receita total pode
ir para qualquer lado – um aumento de preço pode tanto aumentar a receita
total como diminuí-la. Se o efeito preço, que tende a elevar a receita total, é o
mais forte dos dois efeitos, então a receita total aumenta. Se o efeito
quantidade, que tende a reduzir a receita total, é o mais forte, então a receita
total diminui. E se a força dos dois efeitos é exatamente igual, como no
exemplo do pedágio, onde um ganho de $180 é compensado por uma perda
de $180 – a receita total não muda com o aumento de preço.
A elasticidade-preço da demanda informa o que acontece com a receita
total quando o preço muda: seu tamanho determina qual efeito – o efeito
preço ou o efeito quantidade – é o mais forte. Especificamente:

Se a demanda por um bem tem elasticidade unitária (a elasticidade-preço


da demanda é 1), um aumento no preço não muda a receita total. Nesse
caso, o efeito quantidade e o efeito preço compensam um ao outro.
Se a demanda por um bem é inelástica (a elasticidade-preço da demanda
é menor que 1), um aumento de preço reduz a receita total. Nesse caso, o
efeito preço é mais forte do que o efeito quantidade.
Se a demanda por um bem é elástica (a elasticidade-preço da demanda é
maior que 1), um aumento no preço reduz a receita total. Nesse caso, o
efeito quantidade é mais forte que o efeito preço.

A Tabela 6-2 mostra como o efeito de um aumento de preço sobre a


receita total depende da elasticidade-preço da demanda, usando os mesmos
dados que a Figura 6-3. Um aumento de preço de $0,90 para $1,10 deixa a
receita total inalterada em $990, quando a demanda tem elasticidade
unitária. Quando a demanda é inelástica, o efeito preço domina o efeito
quantidade, o mesmo aumento de preço leva a um aumento na receita total
de $945 para $1.045. E quando a demanda é elástica, o efeito quantidade
domina o efeito preço; o aumento de preço leva a uma queda na receita total
de $1.080 para $880.
A elasticidade-preço da demanda também prevê o efeito de uma queda
no preço sobre a receita total. Quando o preço cai, estão presentes as duas
mesmas forças contrapostas, mas funcionam em sentido oposto,
comparando com o caso de um aumento de preço.
Há o efeito preço de um preço mais baixo por unidade vendida, que
tende a diminuir a receita. Isso é contrabalançado pelo efeito quantidade de
mais unidades vendidas, que tende a aumentar a receita. O efeito que
domina depende da elasticidade-preço. Eis um resumo rápido:

Quando a demanda tem elasticidade unitária, os dois efeitos são


equivalentes; uma queda no preço não tem efeito sobre a receita total.
Quando a demanda é inelástica, o efeito preço domina o efeito
quantidade, por isso uma queda no preço reduz a receita total.
Quando a demanda é elástica, o efeito quantidade domina o efeito preço,
por isso uma queda no preço aumenta a receita total.

TABELA 6-2
Elasticidade-preço da demanda e receita total

Preço do Preço do
pedágio = pedágio =
$0,90 $1,10

Demanda de elasticidade unitária

elasticidade-preço da demanda = 1)

Quantidade demandada 1.100 900

Receita total $990 $990

Demanda inelástica

(elasticidade-preço da demanda =
0,5)

Quantidade demandada 1.050 950

Receita total $945 $1.045

Demanda elástica

(elasticidade-preço da demanda = 2)

Quantidade demandada 1.200 800

Receita total $1.080 $880


Elasticidade-preço ao longo da curva de demanda

Suponha que um economista diga que “a elasticidade-preço da demanda


de café é 0,25”. O que ele está dizendo é que ao preço corrente, a elasticidade
é 0,25. Na discussão anterior do pedágio, o que na verdade estávamos
descrevendo é a elasticidade ao preço de $0,90. Por que essa qualificação?
Porque para a grande maioria das curvas da demanda, a elasticidade-preço
da demanda em um ponto da curva é diferente da elasticidade-preço da
demanda em outros pontos ao longo da mesma curva.
Para observar isso, considere a tabela na Figura 6-5, que mostra uma
relação de demanda hipotética. Mostra também, na última coluna, a receita
total gerada por cada uma das combinações de preço e a quantidade da
tabela de demanda. O painel superior do gráfico da Figura 6-5 mostra a
curva da demanda correspondente. O painel inferior ilustra esses mesmos
dados de receita total: a altura de uma barra em cada nível de quantidade
demandada – que corresponde a um determinado preço – mede a receita
total gerada a esse preço.
Na Figura 6-5, pode-se ver que quando o preço é baixo, a elevação do
preço aumenta a receita total: a partir de um preço de $1, a elevação do
preço para $2 aumenta a receita total de $9 para $16. Isso significa que
quando o preço é baixo, a demanda é inelástica. Além disso, pode-se ver que
a demanda é inelástica na seção inteira da curva da demanda que vai do
preço $0 ao preço $5.
No entanto, quando o preço é alto, elevá-lo ainda mais reduz a receita
total: a partir do preço de $8, o aumento do preço para $9 reduz a receita
total, de $16 para $9. Isso significa que, quando o preço é alto, a demanda é
elástica. Além disso, pode-se dizer que a demanda é elástica na seção inteira
da curva da demanda que vai do preço $5 ao $10.
Para a grande maioria dos bens, a elasticidade-preço da demanda varia
ao longo da curva da demanda. Assim, ao medir a elasticidade de um bem,
realmente está se medindo em um ponto ou seção particular da curva da
demanda do bem.
FIGURA 6-5 A elasticidade-preço da demanda varia ao longo da curva da demanda
O painel superior mostra a curva da demanda que corresponde à relação da demanda

na tabela. O painel inferior mostra como a receita total varia ao longo dessa curva da

demanda: a cada preço e combinação de quantidade, a altura da barra representa a

receita total gerada. Pode-se observar que a um preço baixo, a elevação do preço

aumenta a receita total. Assim, a demanda é inelástica a preços baixos. No entanto, a

um preço elevado, um aumento no preço reduz a receita total. Assim, a demanda é

elástica a preços elevados.

Quais fatores determinam a elasticidade-preço da


demanda?

A escassez de vacinas contra a gripe entre 2004 e 2005 permitiu aos


distribuidores de vacinas aumentarem significativamente o preço por duas
razões importantes: era difícil obter substitutos e, para muitas pessoas, a
vacina era uma necessidade médica.
As pessoas responderam de várias maneiras. Alguns pagaram preços
altos, outras viajaram para o Canadá e para outros países para se vacinar.
Alguns ficaram sem (e, ao longo do tempo, mudaram seus hábitos para
evitar gripe, como sair menos e evitar transporte de massa). Essa
experiência ilustra os quatro fatores principais que determinam a
elasticidade: a disponibilidade de substitutos, se o bem é de primeira
necessidade ou de luxo, a parcela da renda que o consumidor gasta com o
bem e o tempo que passou desde a mudança de preço. Examinaremos
brevemente cada um desses fatores.

A disponibilidade de bens substitutos


A elasticidade-preço da demanda tende a ser alta quando existem outros
bens que o consumidor considera semelhantes e estaria disposto a consumir
em seu lugar. A elasticidade-preço da demanda tende a ser baixa quando
não há bens substitutos.

Se o bem é de primeira necessidade ou de luxo


A elasticidade-preço da demanda tende a ser baixa se o bem for algo
necessário, como um remédio que salva vidas. A elasticidade-preço da
demanda tende a ser alta se o bem for de luxo, algo que não é necessário
para viver.

Parcela da renda gasta com o bem


A elasticidade-preço da demanda tende a ser baixa quando o gasto com o
bem representa uma parcela pequena da renda do consumidor. Nesse caso,
uma variação significativa no preço do bem tem pouco impacto sobre o que
o consumidor gasta. Por outro lado, quando o bem representa uma parte
significativa do gasto do consumidor, esse tende a ser muito sensível a uma
mudança no preço do bem. Nesse caso, a elasticidade-preço da demanda é
alta.

Tempo decorrido desde a mudança de preço


Em geral, a elasticidade-preço da demanda tende a aumentar à medida
que os consumidores têm mais tempo para se adaptar à mudança de preço.
Isso significa que a elasticidade-preço da demanda de longo prazo, muitas
vezes, é mais alta do que a elasticidade de curto prazo.
Uma boa ilustração do efeito do tempo sobre a elasticidade da demanda
vem da década de 1970, quando pela primeira vez os preços da gasolina
aumentaram drasticamente nos Estados Unidos. Inicialmente, o consumo
caiu muito pouco, porque não havia substitutos próximos da gasolina e
porque o uso do carro era necessário para as pessoas realizarem as tarefas
comuns do cotidiano. Com o tempo, no entanto, os americanos mudaram
seus hábitos de forma a reduzir gradual mente o consumo de gasolina. O
resultado foi um declínio constante no consumo de gasolina ao longo da
década, mesmo que o preço da gasolina não continuasse a subir,
confirmando que a elasticidade-preço da demanda de gasolina de longo
prazo era de fato muito maior do que a elasticidade de curto prazo.

economia em ação
Reação ao custo da instrução universitária

Fazer um curso universitário está ficando mais caro do que nunca e não é
apenas por causa da inflação. Durante anos o custo da instrução tem
aumentado mais rapidamente do que o custo de vida global. Mas será que
esse aumento de preços faz as pessoas desistirem de fazer faculdade? Dois
estudos descobriram que a resposta depende do tipo de universidade. Os
dois estudos avaliaram o grau de sensibilidade que essa decisão tem em
relação à variação do preço da instrução.
Um estudo de 1988 descobriu que um aumento de 3% no custo de
instrução levou a uma queda de aproximadamente 2% no número de alunos
matriculados em instituições de quatro anos, o que dá uma elasticidade-
preço da demanda de 0,67 (2%/3%). No caso das instituições com estada de
dois anos, o estudo verificou uma sensibilidade bem maior: um aumento de
3% no custo da instrução levou a uma queda de 2,7% no número de
matrículas, resultando em uma elasticidade-preço de 0,9. Em outras
palavras, a decisão de se matricular em uma faculdade de dois anos é
significativamente mais sensível ao preço do que a decisão de se matricular
em uma faculdade de quatro anos. Resultado: os alunos de cursos
universitários de dois anos têm maior probabilidade de não fazer o curso em
virtude do custo da instrução do que os dos cursos de quatro anos.
Um estudo de 1999 confirmou esse padrão. Em comparação com os
cursos de quatro anos, as matrículas nas faculdades de dois anos são muito
mais sensíveis a variações na ajuda financeira estatal (uma queda na ajuda
leva a uma diminuição no número de matrículas), um efeito previsível em
razão da grande sensibilidade desses alunos ao custo do curso. Outra
evidência também sugere que os alunos das faculdades de dois anos são
mais propensos a custear seus estudos e fazer um trade-off entre estudar e
trabalhar: a pesquisa constatou que as matrículas nos cursos universitários
de dois anos são muito mais sensíveis a variações na taxa de desemprego
(um aumento da taxa de desemprego leva a um aumento nas matrículas) do
que as matrículas nos cursos universitários de quatro anos. Então, nos
Estados Unidos, o custo da instrução é uma barreira para a obtenção de um
diploma universitário? Sim, mas mais nos cursos de dois anos do que nos
cursos de quatro anos.
Curiosamente, o estudo de 1999 verificou que, tanto para as faculdades
de dois anos quanto para as de quatro anos, a sensibilidade da demanda ao
preço tinha caído um pouco desde o estudo de 1988. Uma explicação
possível é que, mesmo com o valor da formação universitária tendo
aumentado consideravelmente ao longo do tempo, menos pessoas
renunciam à faculdade, mesmo quando o custo da instrução aumenta. E a
elasticidade-preço da demanda de educação manteve-se baixa. Um estudo
de 2008 estima que a elasticidade-preço da demanda de educação em
instituições de quatro anos pode estar tão baixa quanto 0,11. (Fonte: Nota na
página de copyright.)

BREVE REVISÃO
A demanda é perfeitamente inelástica quando é completamente insensível
ao preço. É perfeitamente elástica quando é infinitamente sensível ao preço.
A demanda é elástica quando a elasticidade-preço da demanda é maior que
1. É inelástica quando a elasticidade-preço da demanda é menor que 1. Tem
elasticidade unitária quando a elasticidade-preço da demanda é
exatamente 1.
Quando a demanda é elástica, o efeito quantidade de um aumento de preço
domina o efeito preço, e a receita total cai. Quando a demanda é inelástica,
o efeito preço de um aumento de preço domina o efeito quantidade, e a
receita total aumenta.
Como a elasticidade-preço da demanda pode variar ao longo da curva da
demanda, quando os economistas falam “da” elasticidade-preço da demanda,
referem-se a um ponto específico na curva de demanda.
A disponibilidade imediata de bens substitutos torna a demanda de um bem
mais elástica, assim como o tempo decorrido desde a mudança de preço. A
demanda de bens de primeira necessidade é menos elástica e a de bens de
luxo é mais elástica. A demanda tende a ser inelástica para bens que
absorvem pequena parcela da renda do consumidor e elástica para bens que
absorvem grande parte da renda.

TESTE SEU ENTENDIMENTO 6-2


1. Para cada caso, escolha a condição que caracteriza a demanda: elástica,
inelástica ou de elasticidade unitária.
a. A receita total diminui quando o preço aumenta.
b. A receita adicional gerada por um aumento na quantidade vendida é
exatamente anulada por perda de receita resultante da queda no preço
recebido por unidade.
c. A receita total cai quando a produção aumenta.
d. Os produtores em uma indústria acham que podem aumentar a receita
total ao coordenar uma redução na produção da indústria.
2. Para os bens seguintes, qual é a elasticidade da demanda? Explique. Qual é
o formato da curva da demanda?
a. Demanda de uma transfusão de sangue por uma vítima de acidente.
b. Demanda dos alunos por borrachas verdes.
As respostas estão no fim do livro.

OUTRAS ELASTICIDADES DA
DEMANDA
A quantidade de um bem demandado não depende apenas do preço
desse bem, mas também de outras variáveis. Em particular, as curvas da
demanda se deslocam por causa de variações nos preços dos bens
relacionados e variações na renda dos consumidores. Muitas vezes, é
importante ter uma medida desses outros efeitos, e as melhores medidas –
adivinhe – são as elasticidades. Especificamente, pode-se avaliar melhor
como a demanda de um bem é afetada pelos preços de outros bens usando
uma medida chamada elasticidade-preço cruzada da demanda, e podemos
avaliar melhor como a demanda é afetada por variações de renda usando a
elasticidade-renda da demanda.

A elasticidade-preço cruzada da demanda

No Capítulo 3, aprendemos que a demanda de um bem muitas vezes é


afetada pelos preços de outros bens – bens que são substitutos ou
complementares. Lá você viu que uma variação no preço de um bem
relacionado desloca a curva da demanda do bem original, refletindo uma
variação na quantidade demandada a qualquer preço. A força desse efeito
cruzado sobre a demanda pode ser medida pela elasticidadepreço cruzada
da demanda, definida como a razão entre a porcentagem de variação na
quantidade demandada de um bem com a variação percentual no preço do
outro.
(6-7) Elasticidade-preço cruzada da demanda entre os bens A e B

Quando dois bens são substitutos, como cachorro-quente e hambúrguer,


a elasticidade-preço cruzada da demanda é positiva: um aumento no preço
do cachorro-quente aumenta a demanda de hambúrgueres, ou seja, causa
um deslocamento para a direita da curva da demanda de hambúrgueres. Se
os bens são substitutos muito próximos, a elasticidade-preço cruzada será
positiva e elevada; se são substitutos não tão próximos, a elasticidade-preço
cruzada será positiva, mas baixa. Então, quando a elasticidade-preço
cruzada da demanda for positiva, seu tamanho é uma medida de quanto os
bens são substituíveis um pelo outro.
Quando dois bens são complementares, como o cachorro-quente e o pão
de cachorro-quente, a elasticidade-preço cruzada é negativa: o aumento no
preço do cachorro-quente diminui a demanda do pão de cachorro-quente –
ou seja, causa um deslocamento para a esquerda da curva da demanda de
pães de cachorro-quente. Tal como acontece com substitutos, o tamanho da
elasticidade-preço cruzada da demanda entre dois complementos informa o
grau de complementariedade entre eles: se a elasticidade-preço cruzada for
apenas ligeiramente inferior a zero, trata-se de complementariedade fraca e,
se for muito negativa, a complementariedade é forte.
Observe que no caso da elasticidade-preço cruzada da demanda, o sinal
(mais ou menos) é muito importante: informa se os dois bens são
complementares ou substitutos. Portanto, não podemos deixar de lado o
sinal de menos como fizemos com a elasticidade-preço da demanda.
Nossa análise sobre a elasticidade-preço cruzada da demanda é um ponto
conveniente para retornar ao que dissemos anteriormente: a elasticidade é
uma medida sem unidades, isto é, não depende das unidades em que os bens
são medidos.
Para verificar um problema potencial, suponha que alguém diga que “se o
preço do pão de cachorro quente subir $0,30, os americanos comprarão 10
milhões a menos de cachorro-quente esse ano”. Se alguma vez você já
comprou esse pãozinho, ficará em dúvida: é um aumento de $0,30 no preço
por pão ou é um aumento de $0,30 no preço do pacote? (Esses pães
geralmente são vendidos em pacotes de oito.) Faz uma grande diferença
sobre qual unidade estamos falando! No entanto, se alguém diz que a
elasticidade-preço cruzada da demanda entre pãezinhos e cachorro-quente é
−0,3, não importa se eles são vendidos individualmente ou em pacote. A
elasticidade é definida como uma razão entre variações percentuais, como
uma forma de certificar-se de que não há confusão entre as unidades.

Elasticidade-renda da demanda

A elasticidade-renda da demanda é uma medida de quanto a demanda


de um bem é afetada por variações na renda dos consumidores. Permite
determinar se um bem é normal ou inferior, bem como medir a intensidade
com que a demanda do bem responde a variações na renda.
(6-8) Elasticidade-renda da demanda
Assim como a elasticidade-preço cruzada da demanda entre dois bens
pode ser positiva ou negativa, dependendo se os bens são substitutos ou
complementares, a elasticidade-renda da demanda de um bem também
pode ser positiva ou negativa. Lembre-se do Capítulo 3, que os bens podem
ser tanto bens normais, cuja demanda aumenta quando a renda aumenta,
como bens inferiores, cuja demanda diminui quando a renda aumenta. Essas
definições se relacionam diretamente com o sinal da elasticidade-renda da
demanda:

PARA MENTES CURIOSAS

A CHINA IRÁ SALVAR O SETOR


AGRÍCOLA DOS ESTADOS UNIDOS?
Nos dias dos Pais Fundadores, a grande maioria dos americanos vivia em
fazendas. Na década de 1940, um americano em cada seis – ou
aproximadamente 17% – assim vivia. Mas em 1991, o último ano em que o
governo dos Estados Unidos coletou dados sobre a população de agricultores,
o número oficial era de 1,9%. Por que hoje vivem e trabalham em fazendas
tão poucas pessoas nos Estados Unidos? Há duas razões principais, e ambas
envolvem elasticidade.
Primeiro, a elasticidade-renda da demanda de alimentos é bem menor que
1 – renda inelástica. À medida que os consumidores ficam mais ricos, tudo o
mais mantido constante, os gastos com alimentos sobem menos do que a
renda. Em consequência, como a economia dos Estados Unidos cresceu, a
parcela da renda gasta em alimentos – e, portanto, a parcela da renda total
dos Estados Unidos recebida pelos agricultores, caiu.
Segundo, a demanda por alimentos é inelástica em relação ao preço. Isso é
importante porque os avanços tecnológicos na agricultura americana elevaram
a produtividade firmemente ao longo do tempo e levaram a uma tendência de
longo prazo de baixa de preços dos alimentos nos Estados Unidos na maior
parte do século e meio passado. A combinação da inelasticidade em relação
ao preço e da queda dos preços levou a uma queda total das receitas dos
agricultores. É isso mesmo: o progresso na agricultura tem sido bom para os
consumidores, mas ruim para os agricultores americanos.
A combinação desses efeitos explica a relativa queda de longo prazo da
agricultura nos Estados Unidos. A baixa elasticidaderenda da demanda de
alimentos garante o crescimento da renda dos agricultores mais lentamente
do que a economia como um todo. E a combinação do progresso tecnológico
rápido na agricultura, com demanda de alimentos inelástica em relação aos
preços, reforça esse efeito, reduzindo ainda mais o crescimento da renda
agrícola.
Ou seja, até agora. A partir de meados da década de 2000, o aumento da
demanda de produtos alimentares de países de crescimento rápido como a
China provocou o aumento dos preços dos produtos agrícolas em todo o
mundo. E os agricultores americanos foram beneficiados, com a renda
agrícola dos Estados Unidos aumentando 24% somente em 2010. Ao final,
como o crescimento nos países em desenvolvimento diminuiu gradualmente,
e a inovação agrícola continuou a progredir, é provável que o setor agrícola vá
retomar a tendência de queda. Mas, atualmente e no futuro previsível, os
fazendeiros americanos estão desfrutando da revitalização do setor.

Quando a elasticidade-renda da demanda é positiva, o bem é normal.


Nesse caso, a quantidade demandada a qualquer preço dado aumenta
quando a renda aumenta.
Quando a elasticidade-renda da demanda é negativa, o bem é inferior.
Nesse caso, a quantidade demandada a qualquer preço dado cai quando a
renda aumenta.

Os economistas costumam usar estimativas da elasticidade-renda da


demanda para prever que setores irão crescer mais rapidamente à medida
que a renda dos consumidores cresce ao longo do tempo. Ao fazer isso,
muitas vezes, é útil fazer uma nova distinção entre os bens normais,
identificando os que são elásticos e inelásticos em relação à variação na
renda.
A demanda de um bem é elástica em relação à renda se a elasticidade-
renda da demanda for maior que 1. Quando a renda aumenta, a demanda de
bens elásticos em relação à renda aumenta mais rápido do que a renda. Os
artigos de luxo, como residências de veraneio e viagens internacionais,
tendem a ser elásticos em relação à renda. A demanda de um bem é
inelástica em relação à renda se a elasticidade-renda da demanda desse
bem for positiva, mas menor que 1. Quando a renda aumenta, a demanda
do bem inelástico em relação à renda aumenta, mas menos que o aumento
proporcional da renda. Bens de primeira necessidade, como alimentos e
roupas, tendem a ser inelásticos em relação à renda.
economia em ação
Fazendo gastos

O Departamento de Estatística do Trabalho dos Estados Unidos (Bureau


of Labor Statistics) realiza pesquisas extensas por amostragem sobre como
as famílias gastam sua renda. Não é apenas questão de curiosidade
intelectual. Diversos programas de benefício do governo envolvem algum
ajuste de mudança no custo de vida e, para calcular essas mudanças, o
governo precisa saber como as pessoas gastam o dinheiro. Mas uma
vantagem adicional dessas pesquisas é a evidência sobre a elasticidade-renda
da demanda de vários bens.
O que esses estudos revelam? O resultado clássico é que a elasticidade-
renda da demanda de “refeições feitas em casa” é bem menor que 1: à
medida que a renda familiar aumenta, a parcela da renda gasta com
alimento consumido em casa diminui. Do mesmo modo, quanto mais baixa
a renda familiar, maior a proporção da renda gasta com alimentos
consumidos em casa.
Em países pobres, muitas famílias gastam mais da metade da renda com
alimentos consumidos em casa. Embora a elasticidade-renda da demanda
de “alimentos consumidos em casa” seja estimada em menos de 0,5 nos
Estados Unidos, a elasticidade-renda da demanda de “refeições feitas fora de
casa” (refeições em restaurantes) é bem mais elevada – perto de 1.
Famílias com renda mais alta comem fora mais vezes e em lugares mais
sofisticados. Em 1950, aproximadamente 19% da renda nos Estados Unidos
era gasta em refeições feitas em casa, número que caiu para 7% atualmente.
Mas durante o mesmo período, a parcela da renda dos Estados Unidos gasta
em refeições fora de casa permaneceu constante em 5%. Na verdade, um
sinal seguro de elevação de níveis de renda em países em desenvolvimento é
a chegada das cadeias de restaurantes fast-food que servem clientes
abastados. Por exemplo, o McDonald’s, hoje em dia, pode ser encontrado
em Jacarta, Xangai e Bombaim.
COMPARAÇÃO GLOBAL

Porção de alimentos no orçamento


mundial
Se a elasticidade-renda da demanda de alimentos for menor que 1, é
de se esperar que as pessoas em países pobres gastem uma parcela
maior da renda em alimentos do que as pessoas nos países ricos. E isso
é exatamente o que os dados mostram. Nesse gráfico, comparamos a
renda per capita – a renda total do país dividida pela população – com
a parcela da renda que é gasta em alimentos. (Para fazer o gráfico de
tamanho apropriado, a renda per capita é medida como porcentagem
da renda per capita dos Estados Unidos.) Em países muito pobres,
como o Sri Lanka, as pessoas gastam a maior parte da renda em
alimentos. Em países de renda média, como Israel, a parte dos gastos
que vai para alimentos é muito menor. E é ainda menor nos países
ricos, como os Estados Unidos.

Fonte: Base de dados de cotas alimentares do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Renda per

capita do OECD, The World Economy: Historical Statistics.


Há um exemplo claro de bens inferiores encontrados nas pesquisas:
aluguel de habitação. Famílias com maior renda, de fato, gastam menos com
aluguel que famílias com renda mais baixa, pois é muito mais provável que
sejam proprietárias das próprias casas. E a categoria identificada como
“outra residência” – que basicamente significa residência secundária – tem
elasticidade-renda elevada. Apenas famílias de renda mais elevada têm
condições de ter uma casa de veraneio, por isso “outra residência” tem
elasticidade-renda da demanda maior que 1.

BREVE REVISÃO
Bens são substitutos quando a elasticidade-preço cruzada da demanda é
positiva. Bens são complementares quando a elasticidade-preço cruzada da
demanda é negativa.
Bens inferiores têm elasticidade-renda da demanda negativa. A maioria
dos bens é normal, quando têm elasticidade-renda da demanda positiva.
Bens normais podem ser elásticos em relação à renda, quando a
elasticidade-renda da demanda é maior que 1, ou inelásticos em relação
à renda, quando a elasticidade-renda da demanda é positiva, mas menor que
1.

TESTE SEU ENTENDIMENTO 6-3


1. Depois que a renda de Chelsea aumentou de $12.000 para $18.000 ao ano,
as compras de CDs aumentaram de 10 para 40 ao ano. Calcule a
elasticidade-renda da demanda de CDs usando o método do ponto médio.
2. Comer fora em restaurantes caros é um bem de alta elasticidade-renda para
a maioria das pessoas, inclusive Sanjay. Suponha que a sua renda caia 10%
esse ano. Qual a sua previsão sobre a variação no consumo de restaurantes
caros de Sanjay?
3. À medida que o preço da margarina aumenta 20%, uma panificadora
aumenta sua quantidade demandada de manteiga em 5%. Calcule a
elasticidade-preço cruzada da demanda entre manteiga e margarina. A
manteiga e a margarina são bens substitutos ou complementares para esse
fabricante?
As respostas estão no fim do livro.
A ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA
Na esteira da escassez de vacinas contra a gripe de 2004, a tentativa dos
distribuidores de elevar o preço das vacinas teria sido muito menos eficaz se
um preço mais elevado tivesse induzido a um grande aumento na produção
de vacinas contra a gripe por outros fabricantes que não a Chiron. De fato,
se o aumento de preço tivesse precipitado um aumento significativo na
produção de vacinas, o preço poderia ter sido pressionado de volta para
baixo. Mas isso não aconteceu; como dissemos, teria sido muito caro e
tecnicamente difícil produzir mais vacinas para a temporada de gripe entre
2004 e 2005. (Na realidade, a produção de vacina começa um ano antes da
distribuição.)
Esse foi mais um elemento crítico da capacidade de algumas
distribuidores de vacinas, como a Med-Stat, de obter preços
significativamente mais altos, restringindo a oferta de seus produtos: a baixa
sensibilidade da quantidade ofertada pelos produtores a um preço mais alto
da vacina. Para medir a resposta dos produtores à variação no preço,
precisamos de uma medida paralela à elasticidade-preço da demanda – a
elasticidade-preço da oferta.

Medindo a elasticidade-preço da
oferta
A elasticidade-preço da oferta é definida da mesma forma que a
elasticidade-preço da demanda (embora aqui não haja sinal de menos para
ser eliminado):
(6-9) Elasticidade-preço da oferta

A única diferença é que agora consideramos movimentos ao longo da


curva da oferta, e não mais ao longo da curva da demanda.
Suponha que o preço do tomate aumente 10%. Se a quantidade de
tomates também aumenta 10%, em resposta a isso, a elasticidade-preço da
oferta do tomates é 1 (10%/10%) e a oferta tem elasticidade unitária. Se a
quantidade unitária aumenta 5%, a elasticidade-preço da oferta é 0,5, e a
oferta é inelástica; se a quantidade aumenta 20%, a elasticidade-preço da
oferta é 2 e a oferta é elástica.
Como no caso da demanda, os valores extremos da elasticidade-preço da
oferta têm uma representação gráfica simples. O painel (a) da Figura 6-6
mostra a oferta de frequência de telefonia celular, a parte do espectro do
rádio que serve para envio e recepção de sinais de telefonia celular. Dentro
de suas fronteiras, os governos têm o direito de vender o uso dessa parte do
espectro de rádio para as operadoras de telefonia celular. Mas o governo não
pode aumentar ou diminuir o número de frequências de telefonia celular
que têm a oferecer – por razões técnicas, a quantidade de frequências
adequadas para operação de telefonia celular é uma quantidade fixa.
Assim, a curva da oferta de frequência de telefonia celular é uma linha
vertical e supomos que seja uma linha vertical com 100 frequências. À
medida que se move para cima ou para baixo nessa curva, a mudança na
quantidade ofertada pelo o governo é zero, qualquer que seja a mudança de
preço. Assim, o painel (a) ilustra o caso em que a elasticidade-preço da
oferta é zero. Esse é o caso da oferta perfeitamente inelástica.
FIGURA 6-6 Dois casos extremos de elasticidade-preço da oferta

O painel (a) mostra a curva da oferta perfeitamente inelástica, que é uma linha vertical. A

elasticidade-preço da oferta é zero: a quantidade ofertada é sempre a mesma,

independentemente do preço. O painel (b) mostra a curva da oferta perfeitamente

elástica, que é uma linha horizontal. Ao preço de $12, os fabricantes irão fornecer
qualquer quantidade, mas não vão ofertar nenhuma ao preço abaixo de $12. Se o preço

subir acima de $12, ofertarão uma quantidade extremamente grande.

O painel (b) mostra a curva da oferta de pizza. Supomos que custe $12
fabricar uma pizza, incluindo todos os custos de oportunidade. A qualquer
preço abaixo de $12, não seria lucrativo fabricar pizza, e todas as pizzarias
nos Estados Unidos iriam fechar. Como alternativa, existem muitos
fabricantes que poderiam operar pizzarias se fossem rentáveis. Os
ingredientes – farinha, tomate, queijo – são abundantes. E, se necessário,
podem ser cultivados mais tomates, pode ser produzido mais leite para
fabricar queijo muçarela, e assim por diante. Assim, qualquer preço acima
de $12 resultaria em uma quantidade extremamente grande de oferta de
pizza. A curva da oferta implícita é, portanto, uma linha horizontal em $12.
Uma vez que até um pequeno aumento no preço leva a um aumento
enorme na quantidade ofertada, a elasticidade-preço da oferta é mais ou
menos infinita. Esse é um caso de oferta perfeitamente elástica.
Como nossos exemplos de frequência de telefonia celular e de pizza
sugerem, exemplos reais de oferta perfeitamente inelástica e perfeitamente
elástica são fáceis de encontrar – muito mais fácil do que suas contrapartes
na demanda.

Quais fatores determinam a elasticidade-preço da


oferta?

Nossos exemplos sugerem o principal determinante da elasticidade-preço


da oferta: a disponibilidade de insumos. Além disso, assim como com a
elasticidade-preço da demanda, o tempo desempenha um papel na
elasticidade-preço da oferta. Aqui resumimos os dois fatores.

A disponibilidade de insumos
A elasticidade-preço da oferta tende a ser elevada quando os insumos
estão disponíveis e podem ser deslocados para dentro e para fora da
produção com um custo relativamente baixo. Tende a ser baixa, quando os
insumos são difíceis de ser obtidos – e podem ser deslocados para dentro e
para fora da produção apenas a um custo relativamente elevado.

Tempo
A elasticidade-preço da oferta tende a crescer mais à medida que os
produtores têm mais tempo para responder à variação de preço. Isso
significa que a elasticidade-preço da oferta no longo prazo, muitas vezes, é
maior do que a elasticidade de curto prazo. (No caso da escassez de vacina
contra a gripe, o tempo era o elemento crucial porque é necessário que a
vacina seja cultivada em culturas por muitos meses.)
A elasticidade-preço da oferta de pizza é muito elevada porque é fácil a
obtenção dos insumos necessários à expansão da atividade. A elasticidade-
preço da frequência de telefonia celular é zero porque um insumo essencial
– o espectro da frequência de rádio – não pode aumentar.
Muitas indústrias são como a de pizza e têm elasticidade-preço da oferta
elevada: podem-se expandir facilmente, porque não necessitam de recursos
especiais e exclusivos. Por outro lado, a elasticidade-preço da oferta
geralmente está longe de ser perfeitamente elástica para bens que envolvem
recursos naturais limitados: minérios como ouro ou cobre; produtos
agrícolas, como o café que floresce apenas em determinados tipos de terra; e
recursos não renováveis, como os peixes do mar, que só podem ser
explorados até certo ponto, sob pena de destruir o recurso.
Mas, com tempo suficiente, os produtores são capazes de mudar
significativamente a quantidade que produzem em resposta a uma mudança
de preço, mesmo quando a produção envolve recursos naturais limitados.
Por exemplo, considere novamente o efeito de um aumento de preço da
vacina contra a gripe, mas, desta vez, concentre-se sobre a resposta da
oferta. Se o preço aumentasse para $90 por vacina e assim permanecesse por
vários anos, certamente haveria um aumento substancial na produção de
vacinas contra a gripe. Produtores como Chiron eventualmente reagiriam
aumentando o tamanho das instalações industriais, contratando mais
técnicos de laboratório, e assim por diante. Mas a expansão significativa de
um laboratório de biotecnologia leva vários anos e não semanas ou meses ou
mesmo um ano.
Por essa razão, os economistas costumam fazer uma distinção entre a
elasticidade da oferta de curto prazo, em geral de poucas semanas ou meses,
e a elasticidade da oferta de longo prazo, geralmente significando vários
anos. Na maioria das indústrias, a elasticidade de oferta de longo prazo é
maior que a de curto prazo.

economia em ação
Excedentes agrícolas europeus

Uma das políticas analisadas no Capítulo 5 foi o estabelecimento de pisos


de preços, um limite inferior para o preço de um bem. Vimos que os pisos de
preços são, muitas vezes, usados pelos governos para apoiar as rendas dos
agricultores, mas criam enormes excedentes agrícolas indesejáveis. O
exemplo mais drástico é o da União Europeia, onde pisos de preços criaram
“montanhas de manteiga”, “lagos de vinho” e assim por diante.
Será que os políticos europeus estavam conscientes de que pisos de
preços criariam enormes excedentes? Provavelmente sabiam que haveria
excedentes, mas subestimaram a elasticidade-preço da oferta agrícola. De
fato, quando os preços agrícolas de apoio foram estabelecidos, muitos
analistas pensavam que era pouco provável que levariam a um grande
aumento de produção. Afinal de contas, os países europeus são densamente
povoados e havia pouca terra disponível para o cultivo.
No entanto, o que os analistas não conseguiram perceber é o quanto a
produção agrícola pode-se expandir com a adição de outros recursos,
especialmente fertilizantes e pesticidas, que estavam prontamente
disponíveis. Assim, apesar de a área cultivada europeia não aumentar muito
em resposta à imposição de preços mínimos, a produção agrícola aumentou
bastante!

BREVE REVISÃO
A elasticidade-preço da oferta é a variação percentual na quantidade
ofertada dividida pela variação percentual no preço.
Com a oferta perfeitamente inelástica, a quantidade ofertada é
completamente insensível ao preço e a curva da oferta é uma linha vertical.
Com a oferta perfeitamente elástica, a curva da oferta é horizontal em
algum preço específico. Quando o preço cai abaixo desse nível, a quantidade
ofertada é zero. Quando o preço sobe acima desse nível, a quantidade
ofertada é infinita.
A elasticidade-preço da oferta depende da disponibilidade de insumos, da
facilidade de deslocar insumos para dentro e para fora de usos alternativos e
do período decorrido desde a variação no preço.

TESTE SEU ENTENDIMENTO 6-4


1. Usando o método do ponto médio, calcule a elasticidade-preço da oferta
para serviços de construção de sites, quando o preço por hora aumenta de
$100 para $150 e o número de horas comercializadas aumenta de 300 mil
para 500 mil. A oferta é elástica, inelástica ou tem elasticidade unitária?
2. Verdadeiro ou falso? Se a demanda de leite aumentasse, então, no longo
prazo, quem bebe leite ficaria em situação melhor se a oferta fosse elástica
em vez de inelástica.
3. Verdadeiro ou falso? A elasticidade-preço da oferta de longo prazo em geral
é maior que a elasticidade-preço da oferta de curto prazo dos preços de
abastecimento. Como resultado, as curvas da oferta de curto prazo
geralmente são menos inclinadas do que as curvas de oferta de longo prazo.
4. Verdadeiro ou falso? Quando a oferta é perfeitamente elástica, mudanças na
demanda não têm qualquer efeito sobre o preço.
As respostas estão no fim do livro.

ELASTICIDADES
Acabamos de passar por algumas elasticidades diferentes. Pode ser um
desafio distingui-las. Assim, na Tabela 6-3, há um resumo de todas as
elasticidades que analisamos e suas implicações.
TABELA 6-3
Elasticidades

0 Perfeitamente inelástica: o preço não tem efeito sobre a


quantidade demandada (curva da demanda vertical).

Entre 0 e 1 Inelástica: um aumento no preço aumenta a receita total.

Exatamente Elasticidade unitária: variações no preço não têm efeito


1 sobre a receita total.

Maior que Elástica: um aumento no preço reduz a receita total.


1, menor
que ∞

∞ Perfeitamente elástica: um aumento no preço faz a


quantidade demandada cair a zero. Uma queda no preço leva a
quantidade demandada ao infinito.

Negativo Complementares: a quantidade demandada de um bem cai


quando o preço do outro bem sobe.

Positivo Substitutos: a quantidade demandada de um bem sobe


quando o preço de outro bem sobe.

Negativo Bem inferior: a quantidade demandada cai quando a renda


sobe.

Positivo, Bem normal, inelástico em relação à renda: a quantidade


menor que demandada sobe quando a renda sobe, mas não tão rápido
1 quanto a renda.

Maior que 1 Bem normal, elástico em relação à renda: a quantidade


demandada sobe quando a renda sobe e mais rápido que a
renda.
0 Perfeitamente inelástica: o preço não tem impacto sobre a
quantidade ofertada (curva da oferta vertical).

Maior que Curva da oferta normal com inclinação para cima.


0, menor
que ∞

∞ Perfeitamente elástica: qualquer queda no preço faz a


quantidade ofertada cair a zero. Qualquer aumento de preço
provoca uma quantidade ofertada infinita (curva da oferta
horizontal).

• CASO EMPRESARIAL

A indústria aérea: menos voos, tarifas mais altas

A recessão que começou em 2008 atingiu o setor aéreo pesadamente e


tanto as empresas como as famílias reduziram os planos de viagem. Segundo
a Associação Internacional de Transporte Aéreo, a indústria perdeu $11
bilhões em 2008. No entanto, até 2009, a despeito do fato de a economia
ainda estar extremamente fraca e do tráfego aéreo ainda estar bem abaixo do
normal, a rentabilidade do setor começou a se recuperar. E, em 2010,
mesmo em meio à contínua fraqueza econômica, o panorama do setor aéreo
era de recuperação definitiva, com a indústria alcançando um lucro de $8,9
bilhões naquele ano. Como disse Gary Kelly, CEO da Southwest Airlines: “O
setor está em posição melhor – certamente em uma década – apresentará
rentabilidade.”
Como a indústria da aviação conseguiu uma reviravolta tão drástica?
Simples: menos voos e tarifas mais altas. Em 2011, as tarifas estavam 14%
mais altas do que no ano anterior, e os voos estavam mais cheios do que em
décadas, com menos de um em cada cinco assentos vazios nos voos
domésticos.
Além de um corte no número de voos – particularmente das companhias
que estavam perdendo dinheiro – as companhias aéreas implementaram
variações mais extremas nos preços dos bilhetes com base em quando um
voo partia e quando o bilhete era adquirido. Por exemplo, o dia mais barato
para voar é quarta-feira; sexta-feira e sábado são os dias mais caros. O
primeiro voo da manhã (o que requer que o passageiro levante às 4 horas) é
mais barato do que os voos que partem durante o restante do dia. E o
momento mais barato para comprar um bilhete é terça-feira às 15 horas
(horário padrão da costa leste dos Estados Unidos); bilhetes comprados no
fim de semana têm os preços mais elevados.
Além disso, como todos os viajantes sabem, as companhias aéreas
impuseram uma grande variedade de novas tarifas e aumentaram as antigas
– taxas para refeições, uso de cobertor, despacho de malas, bagagem de mão,
direito de embarcar em determinado voo, direito de escolher o lugar com
antecedência e assim por diante. As companhias aéreas também ficaram
mais criativas ao impor taxas difíceis de os viajantes descobrirem com
antecedência – como reivindicar que as tarifas não aumentem durante as
férias, enquanto elas impõem um “custo adicional de férias”. Em 2010, as
companhias aéreas arrecadaram mais de $4,3 bilhões em taxas de verificação
de bagagem e de mudança de bilhetes, até 13,5% a partir de 2009.
Mas a questão na mente dos analistas do setor é se as companhias aéreas
conseguem manter o alto nível de rentabilidade atual. No passado, quando a
procura voltou, as companhias aéreas aumentaram a capacidade –
adicionaram assentos – rapidamente, levando à queda das tarifas aéreas.
“Sempre, a carta na manga é a capacidade de disciplina”, diz William
Swelbar, um pesquisador da indústria aeronáutica. “Tudo o que é necessário
é uma operadora começar a adicionar capacidade de forma agressiva, e
depois seguir e desfazer todo o bom trabalho que foi feito.”

• QUESTÕES PARA PENSAR


1. Como você descreveria a elasticidade-preço da demanda dos voos, em
relação às informações desse caso? Explique.
2. Usando o conceito de elasticidade, explique por que as companhias aéreas
criam essas grandes variações no preço de um bilhete, dependendo de
quando ele seja comprado e do dia e da hora da partida do voo. Suponha
que algumas pessoas estão dispostas a gastar tempo pesquisando
promoções, bem como voar em horários inconvenientes, mas outros não.
3. Usando o conceito de elasticidade, explique por que as companhias aéreas
impuseram taxas sobre itens como despacho de bagagem. Por que elas
tentam esconder ou disfarçar as taxas?
4. Use o conceito de elasticidade para explicar em que condições a indústria
aérea será capaz de manter sua alta rentabilidade no futuro. Explique.
As respostas estão no fim do livro.

• RESUMO
1. Muitas questões econômicas dependem do tamanho da resposta do
consumidor ou do produtor a mudanças de preço ou outras variáveis. A
elasticidade é uma medida geral de sensibilidade que pode ser usada para
responder a essas questões.
2. A elasticidade-preço da demanda, ou seja, a variação percentual na
quantidade demandada dividida pela variação percentual no preço
(ignorando o sinal de menos) é uma medida da sensibilidade da quantidade
demandada a variações de preço. Nos cálculos práticos, geralmente é
melhor usar o método do ponto médio, que calcula a variação percentual
de preços e quantidades com base na média entre os valores inicial e final.
3. A resposta da quantidade demandada ao preço pode variar de demanda
perfeitamente inelástica, quando a quantidade demandada não é afetada
pelo preço, a demanda perfeitamente elástica, onde existe um preço
único pelo qual os consumidores comprarão qualquer quantidade ofertada.
Quando a demanda é perfeitamente inelástica, a curva da demanda é uma
linha vertical; quando é perfeitamente elástica, a curva da demanda é uma
linha horizontal.
4. A elasticidade-preço da demanda é classificada como maior ou menor que
1. Se for maior que 1, a demanda é elástica. Se for menor que 1, a
demanda é inelástica. Se for exatamente 1, a demanda tem elasticidade
unitária. Essa classificação determina a receita total, o valor total das
vendas, quando o preço muda. Se a demanda for elástica, a receita total cai
quando o preço aumenta e aumenta quando o preço cai. Se a demanda for
inelástica, a receita total aumenta quando o preço aumenta e cai quando o
preço cai.
5. A elasticidade-preço da demanda depende de existirem substitutos
próximos para o bem em questão, de o bem ser de primeira necessidade ou
de luxo, da parcela da renda gasta com o bem e do tempo decorrido desde
a variação do preço.
6. A elasticidade-preço cruzada da demanda mede o efeito da variação no
preço de um bem sobre a quantidade demandada de outro bem. A
elasticidade-preço cruzada da demanda pode ser positiva, quando os bens
são substitutos, ou negativa, quando são complementares.
7. A elasticidade-renda da demanda é a variação percentual na quantidade
demandada de um bem quando a renda do consumidor varia, dividida pela
variação percentual na renda. A elasticidade-renda da demanda indica o
quanto a demanda de um bom responde a variações na renda. Pode ser
negativa; nesse caso, trata-se de um bem inferior. Bens com elasticidades-
renda da demanda positiva são normais. Se a elasticidade-renda for maior
que 1, a demanda do bem é elástica em relação à renda. Se for positiva
e menor que 1, é inelástica em relação à renda.
8. A elasticidade-preço da oferta é a variação percentual na quantidade
ofertada de um bem dividido pela variação percentual no preço. Se a
quantidade ofertada não muda nada, temos um exemplo de oferta
perfeitamente inelástica; a curva da oferta é uma linha vertical. Se a
quantidade ofertada é zero abaixo de certo preço, mas infinita acima desse
preço, temos um exemplo de oferta perfeitamente elástica; a curva da
oferta é uma linha horizontal.
9. A elasticidade-preço da oferta depende da disponibilidade de recursos para
expandir a produção e do tempo. É tanto mais elevada quanto mais os
insumos sejam fáceis de obter e quanto mais tempo tenha decorrido desde
a variação no preço.

• PALAVRAS-CHAVE
Elasticidade-preço da demanda, p. 132
Método do ponto médio, p. 133
Demanda perfeitamente inelástica, p. 135
Demanda perfeitamente elástica, p. 135
Demanda elástica, p. 135
Demanda inelástica, p. 136
Demanda de elasticidade unitária, p. 136
Receita total, p. 137
Elasticidade-preço cruzada da demanda, p. 141
Elasticidade-renda da demanda, p. 142
Demanda elástica em relação à renda, p. 143
Demanda inelástica em relação à renda, p. 143
Elasticidade-preço da oferta, p. 144
Oferta perfeitamente inelástica, p. 145
Oferta perfeitamente elástica, p. 145

• PROBLEMAS
1. A Nile.com, uma livraria on-line, quer aumentar a receita total. Uma das
estratégias sugeridas é um desconto de 10% em todos os livros vendidos. A
Nile.com sabe que os clientes podem ser divididos em dois grupos distintos
de acordo com a resposta provável ao desconto. A tabela a seguir mostra
como os dois grupos reagem com o desconto.

Grupo A (vendas por Grupo B (vendas


semana) por semana)

Volume de vendas antes 1,55 milhão 1,50 milhão


do desconto de 10%

Volume de vendas depois 1,65 milhão 1,70 milhão


do desconto de 10%

a. Usando o método do ponto médio, calcule a elasticidade-preço da


demanda dos grupos A e B.
b. Explique como o desconto afetará a receita total resultante de cada
grupo.
c. Suponha que a Nile.com saiba a qual grupo pertence cada cliente ao se
comunicar pela internet e possa escolher se oferece ou não o desconto
de 10%. Se a Nile.com quiser aumentar a receita total, o desconto
deverá ser oferecido ao grupo A ou ao grupo B, a nenhum deles ou a
ambos?
2. A elasticidade-preço da demanda dos utilitários esportivos (SUVs) da Ford
vai aumentar, diminuir ou permanecer a mesma em cada um dos eventos
seguintes? Justifique a resposta.
a. Outras empresas, como a General Motors, decidem fabricar e vender
utilitários.
b. O uso de utilitários produzidos no exterior é proibido no mercado
americano.
c. Em decorrência de campanhas publicitárias, os americanos acreditam
que os utilitários são mais seguros que os automóveis comuns.
d. O período durante o qual se mede a elasticidade aumenta. Durante esse
tempo, aparecem novos modelos, como caminhonetes de carga com
tração nas quatro rodas.
3. Para os Estados Unidos, 2007 foi um ano ruim para o cultivo de trigo. E à
medida que a oferta de trigo diminuiu, o preço do trigo subiu drasticamente,
levando a uma menor quantidade demandada (um movimento ao longo da
curva da demanda). A tabela a seguir descreve o que aconteceu com os
preços e a quantidade de trigo demandada.

2006 2007

Quantidade demandada (sacas) 2,2 bilhões 2,0 bilhões

Preço médio (sacas) $3,42 $4,26

a. Usando o método do ponto médio, calcule a elasticidade-preço da


demanda do trigo na colheita de inverno.
b. Qual é a receita total dos agricultores de trigo dos Estados Unidos em
2006 e 2007?
c. A colheita ruim aumentou ou diminuiu a receita total dos produtores de
trigo dos Estados Unidos? Como você poderia ter previsto isso a partir
da resposta do item a?
4. A tabela a seguir apresenta parte da oferta de computadores pessoais nos
Estados Unidos.

Preço do computador Quantidade de computadores ofertados

$1.100 12.000

$900 8.000

a. Calcule a elasticidade-preço da oferta quando o preço aumenta de $900


para $1.100 usando o método do ponto médio.
b. Suponha que as empresas produzem mais de 1 mil computadores a um
determinado preço, em virtude da melhora da tecnologia. À medida que
o preço sobe de $900 para $1.100, agora a elasticidade-preço da oferta
é maior, menor ou a mesma que no item a?
c. Suponha que um longo período em análise significa que a quantidade
fornecida a determinado preço seja 20% maior do que os valores
apresentados na tabela. Com o aumento de preços de $900 para
$1.100, a elasticidade-preço da oferta passou a ser maior, menor ou é a
mesma que era na parte a?
5. A tabela a seguir enumera a elasticidade-preço cruzada da demanda de
vários bens, onde a variação percentual da quantidade é medida para o
primeiro bem do par e a variação percentual de preço é medida para o
segundo bem.
Elasticidade-preço
Bem cruzada da demanda

Unidades de ar condicionado e quilowatts de − 0,34


eletricidade

Coca-Cola e Pepsi + 0,63

Veículo utilitário esportivo de alto consumo de − 0,28


combustível e gasolina

Hambúrguer do McDonald’s e do Burger King + 0,82

Manteiga e margarina + 1,54

a. Explique o sinal de cada uma das elasticidades-preço cruzadas. O que


implica para a relação entre os dois bens em questão?
b. Compare os valores absolutos das elasticidades-preço cruzadas e
explique sua magnitude. Por exemplo, por que a elasticidade-preço
cruzada entre McDonald’s e Burger King é menor que a elasticidade-
preço cruzada entre manteiga e margarina?
c. Use a informação da tabela para calcular como um aumento de 5% no
preço da Pepsi afeta a quantidade de Coca-Cola demandada.
d. Use a informação na tabela para calcular como uma redução de 10% no
preço da gasolina afeta a quantidade de utilitários demandada.
6. O que se pode concluir sobre a elasticidade-preço da demanda em cada
uma das seguintes afirmações?
a. “A entrega de pizza em domicílio nessa cidade é muito competitiva. Eu
perderia metade dos meus clientes se aumentasse o preço em 10%.”
b. “Eu possuía ambas as litografias existentes autografadas por Jerry
Garcia. Vendi uma no eBay por um preço elevado. Mas quando vendi a
segunda, o preço caiu 80%.”
c. “Meu professor de Economia optou em usar o livro do Krugman/Wells.
Não tive outra escolha senão comprá-lo.”
d. “Sempre gasto exatamente $10 por semana de café.”
7. Considere uma curva de demanda linear como a mostrada na Figura 6-5,
onde está indicada a faixa de preços para a qual a demanda é elástica e
para a qual é inelástica. Em cada um dos cenários seguintes, a curva da
oferta se desloca. Mostre em qual parte da curva da demanda (ou seja, a
parte elástica ou inelástica) a curva da oferta deve ter se deslocado, para
gerar o evento descrito. Em cada caso, mostre o efeito preço e o efeito
quantidade no diagrama.
a. Na verdade, tentativas recentes do Exército colombiano de deter o fluxo
de drogas ilegais para os Estados Unidos beneficiaram os traficantes.
b. Construções novas aumentaram o número de assentos no estádio de
futebol e resultaram em aumento da receita total de vendas de
ingressos para os jogos de futebol.
c.Uma queda nos preços dos insumos levou a uma produção maior de
Porsches. Mas o resultado foi que a receita total da Porsche Company
declinou.
8. A tabela a seguir mostra o preço e a quantidade vendida anualmente de
camisetas que são lembranças da cidade de Crystal Lake de acordo com a
renda média dos turistas que a visitam.

Quantidade de camisetas Quantidade de camisetas


Preço da demandada quando a renda demandada quando a renda
camiseta média do turista é $20.000 média do turista é $30.000

$4 3.000 5.000

5 2.400 4.200

6 1.600 3.000

7 800 1.800

a. Usando o método do ponto médio, calcule a elasticidadepreço da


demanda quando o preço de uma camiseta aumenta de $5 para $6 e a
renda média do turista é $20.000. Calcule também quando a renda
média do turista é $30.000.
b. Usando o método do ponto médio, calcule a elasticidade-renda da
demanda quando o preço da camiseta é $4 e a renda média do turista
aumenta de $20.000 para $30.000. Também calcule com o preço de $7.
9. Um estudo recente determinou as seguintes elasticidades para o fusca:
Elasticidade-preço da demanda = 2
Elasticidade-renda da demanda = 1,5
A oferta de fuscas é elástica. Com base nessas informações, as afirmações
seguintes são verdadeiras ou falsas? Explique o raciocínio.
a. Um aumento de 10% no preço do fusca vai reduzir a quantidade
demandada em 20%.
b. Um aumento na renda do consumidor aumentará o preço e a
quantidade vendida de fuscas. Como a elasticidade-preço da demanda é
maior que 1, a receita total diminuirá.
10. Em cada um dos seguintes casos, você acha que a elasticidade-preço da
oferta é (i) perfeitamente elástica, (ii) perfeitamente inelástica, (iii) elástica,
mas não perfeitamente, ou (iv) inelástica, mas não perfeitamente? Explique
usando um diagrama.
a. Neste verão, um aumento na demanda de cruzeiros de luxo leva a um
salto no preço de venda de uma cabine no Queen Mary 2.
b. O preço de um quilowatt de energia elétrica é o mesmo nos períodos de
demanda elevada de eletricidade e nos períodos de demanda baixa.
c. A quantidade de pessoas que querem passagens aéreas em fevereiro é
menor do que em qualquer outro mês. As companhias aéreas cancelam
cerca de 10% dos voos e os preços dos bilhetes caem cerca de 20%
durante o mês.
d. Proprietários de casas de férias no estado do Maine costumam alugá-la
durante o verão. Em virtude do crescimento suave da economia nesse
ano, houve uma queda de 30% no preço do aluguel para férias que
levou mais da metade dos proprietários a ocupar suas próprias casas de
férias durante o verão.
11. Use o conceito de elasticidade para explicar as observações seguintes.
a. Durante booms econômicos, a abertura de novos negócios que oferecem
cuidados pessoais, como academias e salões de bronzeamento, é
proporcionalmente maior do que a abertura de outros negócios, como
mercearias.
b. Cimento é um material básico de construção no México. Depois que uma
nova tecnologia barateia a produção de cimento, a curva da oferta da
indústria de cimento mexicana torna-se relativamente mais achatada.
c. Alguns bens que eram considerados de luxo, como telefone, hoje são
considerados praticamente de primeira necessidade. Como resultado, a
curva da demanda de serviços de telefonia teve inclinação mais
acentuada ao longo do tempo.
d. Consumidores em países menos desenvolvidos como a Guatemala
gastam proporcionalmente mais da renda em equipamentos para a
produção de itens em casa, como máquinas de costura, que os
consumidores em países mais desenvolvido como o Canadá.
12. Taiwan é um fornecedor mundial importante de chips semicondutores. Um
terremoto recente danificou severamente as instalações das empresas
produtoras de chips e reduziu drasticamente a quantidade de chips que elas
produzem.
a. Suponha que a receita total de um fabricante de chip típico fora de
Taiwan aumente em decorrência desse evento. No que se refere a
elasticidades, o que precisa ser verdade para que isso aconteça? Ilustre
essa modificação na receita total, com um diagrama, indicando o efeito
preço e o efeito quantidade do terremoto de Taiwan sobre a receita total
dessa empresa.
b. Suponha agora que a receita total de um fabricante de chip típico fora
de Taiwan diminua em decorrência desse evento. Em termos de
elasticidade, o que deve ser verdade para isso acontecer? Ilustre essa
modificação na receita total com um diagrama, indicando o efeito preço
e o efeito quantidade do terremoto de Taiwan sobre a receita total dessa
empresa.
13. Há um debate sobre se as agulhas hipodérmicas esterilizadas deveriam ser
distribuídas de forma gratuita em cidades com alto uso de drogas. Os
defensores dessa medida argumentam que isso iria reduzir a incidência de
doenças, como a AIDS, que, muitas vezes, se espalham pelo
compartilhamento de seringas entre usuários de drogas. Os opositores
acreditam que isso iria incentivar o uso de drogas, reduzindo o risco desse
comportamento. Como economista a quem se pede avaliação dessa política,
é necessário saber o seguinte: (i) qual é a resposta da propagação de
doenças como a AIDS ao preço de agulhas esterilizadas e (ii) qual é a
resposta do uso de drogas ao preço das agulhas esterilizadas. Supondo que
você conheça essas duas coisas, use os conceitos de elasticidade-preço da
demanda de agulhas esterilizadas e de elasticidade-preço cruzada entre
drogas e agulhas esterilizadas para responder às seguintes perguntas:
a. Em que circunstâncias essa política poderia ser benéfica?
b. Em que circunstâncias seria uma política ruim?
14. Em todo o mundo, os plantadores de café em média aumentaram a área
cultivada nos últimos anos. O resultado é que a plantação de café média
produz significativamente mais café do que há 10 ou 20 anos. No entanto,
infelizmente para quem cultiva, esse também foi um período de queda na
receita total. Em termos de elasticidade, o que deve ser verdadeiro para que
esses eventos tenham ocorrido? Ilustre esses eventos com um diagrama,
indicando o efeito quantidade e o efeito preço que originaram esses
eventos.
15. Um relatório recente do U.S. Centers for Deaseses Control and Prevention
(CDC), publicado no Morbidity and Mortality Weekly Report, estudou o efeito
no aumento do preço da cerveja na incidência de novos casos de doenças
sexualmente transmissíveis em adultos jovens. Em particular, os
pesquisadores analisaram a capacidade de resposta dos casos de gonorreia
a um aumento no preço da cerveja induzido por impostos. O relatório
concluiu que “… a análise sugere que o aumento de preço da cerveja em
$0,20 em decorrência de impostos nos engradados de seis latas poderia
reduzir a gonorreia em até 8,9%”. Supondo que um engradado de seis latas
custe $5,90 antes do aumento de preço, use o método do ponto médio para
determinar o percentual de aumento no preço do engradado. Depois calcule
a elasticidade-preço cruzada da demanda entre cerveja e a incidência de
gonorreia. De acordo com o resultado da elasticidade-preço cruzada da
demanda, a cerveja e a gonorreia são complementares ou substitutos?
16. O governo dos Estados Unidos está considerando reduzir a quantidade de
dióxido de carbono que as empresas estão autorizadas a produzir mediante
a emissão de um número limitado de licenças comercializáveis de emissão
de dióxido de carbono (CO2). Em 25 abril de 2007, o Congressional Budget
Office (CBO) argumentou que “a maior parte do custo de satisfazer um
limite para as emissões de CO2 viria dos consumidores, que teriam que
enfrentar preços persistentemente altos dos produtos, tais como
eletricidade e gasolina… as famílias mais pobres teriam que aguentar uma
carga maior em relação à renda do que as famílias mais ricas”. Que
pressuposto sobre uma das elasticidades aprendidas neste capítulo teria que
ser verdadeiro para as famílias mais pobres serem afetadas
desproporcionalmente?
17. De acordo com dados do Departamento de Energia dos Estados Unidos, as
vendas do híbrido Toyota Prius, eficiente em combustível, caiu de 158.574
veículos vendidos em 2008 para 139.682 em 2009. Durante o mesmo
período, de acordo com os dados da U.S. Energy Information
Administration, o preço médio da gasolina regular caiu de $3,27 para $2,35
por galão. Usando o método do ponto médio, calcule a elasticidade cruzada
da demanda entre a Toyota Prii (o plural oficial de “Prius” é “Prii”) e da
gasolina comum. De acordo com a estimativa da elasticidade-preço cruzada,
os dois bens são complementares ou substitutos? A resposta faz sentido?

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