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Flecha Dourada, o Guerreiro Do Arco-Íris - Porta Do Sol
Flecha Dourada, o Guerreiro Do Arco-Íris - Porta Do Sol
Lauro Lima
INTRODUÇÃO
1 - ANTES DO INÍCIO
12 - NA CHAPADA DO ARCO-ÍRIS
E o Guipajé explicou:
- Um planeta, da órbita de uma estrela dupla, milhares de anos
distante daqui, passava por um período importante de mudanças,
fundamentadas na evolução espiritual. Embora seus habitantes, de
aspecto físico semelhante aos homens da Terra, possuíssem
elevadíssimo conhecimento e grande poder, havia entre eles alguns
díspares em termos morais e que não tinham mais condições de ali
continuar a viver. As autoridades responsáveis pelo orbe decidiram
deportá-los para esse planeta, onde, sob condições extremamente
adversas, teriam que sobreviver em companhia dos primitivos seres
humanos e, desta forma, purgar os seus erros para poder retornar ao
adiantado mundo que não valorizaram. Seria a nova oportunidade de
mudança interior, pelo suor do rosto com o trabalho árduo do dia-a-
dia. Deveriam abandonar o orgulho, a prepotência, a vaidade e o
egoísmo, à medida que auxiliavam os homens ignorantes a progredir.
Os exilados se tornariam os anjos veladores que permaneceriam
nesse planeta. Dessa forma, astronaves cruzaram o cosmo trazendo
levas de criaturas que passaram a viver e reencarnar nessas terras,
lamentando o paraíso perdido nas estrelas do firmamento.
- E o que aconteceu a eles? - perguntei ansioso, quando as
imagens deram uma parada.
- Veja por si mesmo.
Seqüências espetaculares seguiram-se. O primeiro grupo de
seres extraterrenos veio por uma nave flamejante. Eram duzentos
homens de grandes proporções, quase gigantes, de porte físico
semelhante aos Setenários. Suas vestes brilhavam como o próprio
Sol.
- Os veladores - começou a explicar o Guipajé - embora
criminosos inveterados em seu mundo distante, proferiram um
juramento de regeneração, comprometendo-se a também ajudar o
desenvolvimento dos povos da Terra. O local onde fizeram essa
promessa passou a ser conhecido como o Monte Hermon, que na
língua deles significava o Monte do Juramento. Os primitivos ficaram
tão impressionados com a nave e com o aspecto irradiante dos
exilados, que passaram a considerá-los “Filhos do Fogo”, tratando-os
como deuses. Outros desembarcaram em um continente chamado
Lemúria, habitado por homens de pele escura, denominados de rutas.
Mais naves pousaram em diferentes cantos da Terra. Com o
extraordinário conhecimento acerca de todas as ciências e mistérios,
dariam um vigoroso impulso ao progresso da humanidade. Os deuses
que caíram do céu não eram habituados às necessidades comuns do
homem terreno e tiveram muita dificuldade para se adaptar ao novo
ambiente. Mesmo assim tinham um período de vida muito longo,
sendo que alguns chegaram a viver por quase mil anos. Por essa
razão, foram considerados imortais pelos terráqueos.
Depois de uma pausa, o Guipajé continuou:
- Convivendo com as mulheres da Terra, geraram filhos muito
parecidos consigo mesmos, porém, o desenvolvimento mais completo
do organismo e do físico humano, só foi possível, na maioria do
planeta, com o passar dos milênios. As contínuas mudanças
climáticas e geológicas que iam alterando o aspecto do orbe terrestre,
também colaboravam para o surgimento de uma raça humana mais
aprimorada. Em muitos lugares porém, permaneciam habitados por
homens ainda muito primitivos. A grande maioria dos deuses cumpriu
fielmente a sua pena e, após alguns milênios, puderam retornar ao
planeta de origem. Outros, entrementes, cederam aos mesmos erros
que os levaram ao desterro. Isso obrigou as hostes estelares a
intervir algumas vezes na história da Terra. Em duas cidades, o
conhecimento foi tão desvirtuado, que, face ao grande risco que
poderia advir para a humanidade, não restou outra alternativa aos
responsáveis pelos degredados, senão destruí-las por completo, em
um piscar de olhos. Apenas um exilado, de nome Ló, foi poupado,
juntamente com as suas duas filhas. Entretanto, as providenciais
ações dos seres guardiões do espaço não puderam evitar que o
sagrado saber fosse usado indignamente, o que deu origem ao lado
negro da força, denominado de magia negra. O objetivo básico deste
segmento negativo era o emprego materialista das ciências ocultas,
sempre para a obtenção exclusiva do poder, da riqueza, das
satisfações imediatistas, causando grande mal a muitas pessoas. A
magia branca, ao contrário, representava o emprego correto do
ensinamento esotérico, jamais usada para fins egoísticos. Os mestres
da força branca alcançavam o poder naturalmente, muito mais como
líderes espirituais, do que como meros governantes. Qualquer um dos
lados da força era transmitido de forma reservada a seus seguidores,
escolhidos a dedo, submetidos a uma iniciação oculta e rigorosa.
Ainda hoje a dualidade existe e por muito tempo assim permanecerá,
tanto a nível dos encarnados como a nível dos desencarnados. O lado
negro é muito mais tentador, pois nada exige e oferece tudo o que
pertence ao plano material para o iniciado. Entretanto, as suas
propostas são ilusórias, imediatistas, passageiras e acabam por levar
o incauto à desgraça moral e ao infortúnio espiritual. Já a força
branca, muito exige e só uma coisa oferece aos que a buscam: a luz.
Porém, o suficiente para que de nada mais o iniciado necessite, e, por
isso, sempre é vitoriosa sobre a outra.
- E quais são as condições para obtê-la? - perguntei.
- Desejar o bem e fazer o bem. Parece simples, mas não é. O
aprendiz que se dispuser a seguir esse caminho, será submetido a
inúmeras provas que testarão a sua verdadeira aspiração e também
as suas reais conquistas. Para superá-las, deverá ter força de
vontade, fé, capacidade de concentração, muita disciplina e
paciência.
As imagens começaram a perder a sua nitidez.
- O que está acontecendo? - indaguei.
- Está na hora de voltarmos.
- Mas tenho muitas perguntas a fazer...
O Guipajé, desaparecendo lentamente, disse uma única
palavra:
- Paciência...
49 - VENDO O FUTURO
Eah... eah...
Eah ô hummm... eah ô hummm...
Ao meu canto somou-se o coral de vinte e uma mulheres que,
silenciosamente, se aproximaram e permaneceram ao derredor,
ajoelhadas.
No final do cântico, a mãe da menina, que ali estava, tomou-a
de meus braços e sentou-se ao lado. Beijando-a na testa, fez um
sinal para as outras moças. Elas prepararam uma cama mortuária de
madeira, delicadamente ornamentada de flores belíssimas.
A mulher, com delicado cuidado, deitou o corpo de sua filha
sobre os galhos e varetas bem dispostos.
No início da noite, a fogueira alta cremava a linda flor que
inutilmente eu havia tentado salvar.
Um doce perfume espalhou-se pela mata.
Mais adiante, pude ver a mesma menina, vestida de branco,
com uma coroa de flores na cabeça, correndo pela floresta, brincando
com os curupiras...
53 - A SEDUÇÃO
58 - OS PRIMEIROS INCAS
Percebi que esse era o sinal de que algo terrível logo adviria.
Voltei às pressas para a minha casa e reuni todo os meus familiares.
Coloquei-os a par do que se passava e disse-lhes que o pior estaria
por vir, opinando que partíssemos sem demora.
Parte dos meus parentes não concordou. Os meus pais e irmãos
preferiram permanecer, confiando que nada ocorreria. Apesar da
minha insistência, não pude convencê-los, tendo que partir sem eles,
para o meu grande sofrimento.
A minha esposa, a minha filha de treze anos, o meu filho de
dezessete, dois cunhados e respectivas mulheres e filhos, mais o meu
sogro e sogra, todos embarcaram em minha nave marítima, levando
apenas poucas coisas pessoais, além dos mantimentos.
O barco não era grande, mas abrigava confortavelmente a
todos e possuía dispositivos de navegação e de segurança. Em caso
de necessidade, ele podia sobrevoar até cinco metros acima das
águas, por seis horas consecutivas.
Abandonamos Atlântida, rumo ao Oriente. Era muito difícil
deixar as pessoas a quem amava e tudo o que eu havia construído
com muito sacrifício e seguir para um destino incerto. Mas a minha
intuição estava correta.
No dia seguinte, após a nossa partida, escutamos um estrondo
ensurdecedor, vindo do continente que ficou para trás e que já não
era mais avistado. Mesmo assim, pudemos ver uma gigantesca
nuvem crescendo rapidamente no horizonte, na forma de um
cogumelo, sobre as terras de Posêidon.
- Pelos deuses! - exclamei.
- O que foi, papai? - perguntou a minha filha, muito assustada,
como todos os demais.
- Amon deve ter ordenado a destruição de Atlântida - respondi
em voz trêmula.
- Mas não é possível, milhões de pessoas seriam mortas! - falou
o meu sogro.
Logo, algumas naves mais velozes cruzavam o céu sobre nós,
na mesma direção. Um dos veículos aéreos estava em chamas e foi
perdendo altura até cair no mar.
Conduzi o barco até o local da queda, para salvar a tripulação.
Chegando lá, encontramos apenas um sobrevivente, gravemente
ferido. Recolhendo-o das águas, ele dizia, em estado de choque:
- Destruída! Destruída!
Procurei acalmá-lo, ministrando-lhe um sedativo.
- Precisamos fugir! - ele disse, antes de perder os sentidos.
Percebi que, mesmo à grande distância do continente, a sua
destruição poderia pôr-nos em perigo. Acionei o controle de
navegação aérea, para nos deslocarmos mais rapidamente.
- Olhem! Olhem! - gritou a minha esposa.
- Pelos deuses! - exclamei, estarrecido.
Uma onda gigantesca, de mais de cinqüenta metros, vinha em
nossa direção e não era possível ir mais rápido e nem voar mais alto.
Jogamos ao mar tudo o que havia no barco, inclusive os
mantimentos, para conseguirmos mais velocidade, mesmo assim, ela
aproximava-se cada vez mais.
Fechamos os nossos olhos e começamos a orar. O impacto foi
fulminante e eu desmaiei.
Quando recobrei a consciência, vi-me rodeado por outras
pessoas. Será que havia sido um pesadelo? Uma forte dor na cabeça
e no braço esquerdo quebrado, faziam-me voltar à triste realidade.
- Onde estou? - perguntei.
- Em uma embarcação aérea - respondeu um deles.
- Encontramos o senhor e uma garota no meio do oceano.
Tiveram muita sorte! - disse um outro.
- Minha família! Temos que procurar os meus parentes!
- Lamento, mas só foi possível encontrar vocês dois. A menina
não sofreu nada, milagrosamente, e diz ser a sua filha.
- Não! Vocês não podem deixar os outros no mar!
- Infelizmente, já não podemos mais perder tempo, uma
terrível tempestade se aproxima e tenho sob a minha
responsabilidade a vida de centenas de pessoas!
Percebi que esse último que me dirigia a palavra era o
comandante da nave e que dolorosamente estava certo.
- Mas não se desespere, talvez outra embarcação os tenha
localizado - concluiu o marinheiro, tentando me consolar.
- Deixe-me ver a minha filha - pedi, resignado.
- Claro, mas cuidemos primeiro dos seus ferimentos.