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ARTIGOS DO PROFESSOR LUIZ ANTONIO P.

VALLE
Artigos 2013 2014

Artigo 1
A Atividade de Inteligência Militar, os Governos Civis
e o Cenário Atual - I

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net


Por Luiz Antonio P. Valle

De forma simplificada podemos dizer que a Atividade de Inteligência (AI)


visa à obtenção, análise e difusão do conhecimento, e não tem como
escopo de trabalho colher provas e evidências acerca da materialidade
de um delito ou evidenciar sua autoria; uma vez que estes quesitos são
próprios da investigação criminal para subsidiar um inquérito policial.
Ainda que as informações colhidas em uma possam ajudar a outra, e
normalmente assim ocorre no caso da inteligência de segurança pública,
são atividades com escopos diferentes.

A AI não tem uma data clara e definida de inicio, sendo uma atividade
que se perde na noite dos tempos. De fato muito antiga quanto a
essência, não tanto quanto a forma. No formato mais familiar aos
procedimentos atuais podemos citar o ano de 1559 quando William
Cécil, primeiro-secretário da Coroa e conselheiro de Elizabeth I, cria o
"State Defense”, centralizando todas as atividades de inteligência. Em
1573, Sir Francis Walsingham, ministro do Exterior de Elizabeth I, cria o
"Serviço Secreto da Coroa da Inglaterra", com os primeiros prontuários
individuais de agentes, relatórios sistemáticos, verbas secretas e
contabilidade especial. Walsingham organizou, na verdade, o primeiro
serviço de inteligência profissional do mundo, pelo menos da forma
como o entendemos hoje.

Os EUA começaram sua experiência em 1775 quando o Segundo


Congresso Continental de Filadélfia decidiu pela criação do Comitê de
Correspondência Secreta, e com a montagem do que ficou conhecida
como a Rede Culper. A França, Alemanha e Rússia também
desenvolveram seus serviços no passado bem recuado, todavia posterior
aos ingleses. Vamos nos ater a questão inglesa e estadunidense.
Fiz este resumido histórico para situar a AI brasileira no tempo. No Brasil
a dinâmica foi diferente. Em 1946 é criado o Serviço Federal de
Informações e Contra-Informações (Sfici), que se tornou efetivamente
operacional em 1958, ou seja, quase 400 anos depois dos ingleses
aperfeiçoarem sua experiência; e perdurou até junho de 1964 com a
criação do SNI (Serviço Nacional de Informações). Em termos de
estrutura, doutrina e metodologia operacional o serviço progrediu
bastante neste período, até que em 1990 ele foi extinto pelo governo do
presidente Fernando Collor. Não entrarei aqui em aspectos doutrinários
ou ideológicos, uma vez que não cabe nesta abordagem e nem
adicionam nada ao objetivo deste artigo.

Com a extinção do SNI a AI foi relegada a um segundo plano, passando


a estar ligada ao Departamento de Inteligência (DI) da Secretaria de
Assuntos Estratégicos (SAE); destoando completamente do
posicionamento estratégico que ela ocupa em todos os países
desenvolvidos, onde a mesma está ligada diretamente ao mais elevado
mandatário da nação e tida como atividade da mais alta prioridade para
o Estado. Afinal, o ditado diz que informação é poder!

No governo Fernando Henrique, em 07/12/99 através da Lei n 9.883, é


criado o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) e a Agencia Brasileira
de Inteligência (Abin), como órgão gestor deste ultimo, e vinculada ao
GSI/PR (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da
República). A AI voltava a ter relevância, mas sem adquirir o status
anterior.

Grande parte dos progressos efetuados anteriormente foram perdidos, e


o Brasil retrocedeu significativa no pouco que tinha, tecnicamente
falando. Os profissionais da área foram depreciativamente apelidados de
“arapongas” e a mídia adquiriu o costume de enxovalha-los. Ninguém os
defendeu. Em certa medida as Forças Armadas conseguiram preservar
alguma capacidade operacional nos seus centros de inteligência, ainda
que longe dos padrões de excelência fixados atualmente para serviços
de nível internacional.

Em todos os países relevantes no cenário mundial a AI é considerada


área estratégica, de alta prioridade, e uma atividade de Estado e não do
Governo A, B ou C. Possui sempre dotações orçamentárias a altura de
suas missões estratégicas, sejam endógenas ou exógenas, e grupos de
trabalho estáveis, sem compromissos políticos ou ideológicos,
privilegiando a capacidade profissional de seus quadros. Seus quadros
estratégicos não são selecionados por concurso público, e sim em função
de uma análise de potencial. Aptidões e capacidades são o diferencial.
Nenhum país sério abre mão desta ferramenta de poder. É impossível
conceber um Estado eficiente sem informação de qualidade e oportuna a
tomada de decisões. Os EUA, França, Inglaterra, Rússia, China e Israel
gastam bilhões de dólares para manter serviços de inteligência operando
com alto índice de eficiência. Estas montanhas de dinheiro são
direcionadas prioritariamente ao desenvolvimento de tecnologia de
ponta e formação de quadros, não sendo rara a cooperação entre as
agências na perseguição de alvos comuns.

A formação de um bom quadro pode levar de 10 a 15 anos e custa caro.


Como consequência deste trabalho estes países sabem muito do que
acontece no planeta, e podem interferir sempre que necessário na
defesa de seus interesses elegendo alvos em qualquer parte do mundo
conhecido. Certamente não é por coincidência que estes são os países
que dominam o cenário político mundial, influenciando-o decisivamente,
e são norteados por grupos com ligações carnais com a AI; como a
família Bush ou Vladimir Putin.

Entretanto, o que temos visto no Brasil é o inverso. A visão míope e


ideologicamente orientada retira da AI a prioridade que deveria ter, e
conjugada com as restrições orçamentárias causa estragos significativos.
A distância que nos separa dos outros países só tem crescido e toma
uma dimensão astronômica, notadamente na questão da Sigint
(Inteligência de Sinais); onde a GCHQ - Government Communications
Headquarters inglesa é referência.

Para se ter uma idéia desta defasagem o tratado UKUSA (UK–USA


Security Agreement) foi assinado em março de 1946 para monitorar as
comunicações no mundo. A NSA (National Security Agency), criada em
1952, tem mais de 50 mil funcionários e uma verba de bilhões de
dólares. Está construindo o maior centro de processamento de dados do
planeta, o Utah Data Center, capaz de monitorar tudo o que transita
neste planeta no espaço cibernético; com investimento de 2 bilhões de
dólares e capacidade de processar e armazenar dados em Yottabytes
(10 à 24 potência) – uma unidade tão grande que ainda não foi
nomeada a que vem depois dela. As denuncias do Snowden são nada
perto do que já existe a décadas.

Ademais, estes países terceirizaram grande parte do serviço de


desenvolvimento de tecnologia na área de software de monitoramento,
mantendo, entretanto, limitações estratégicas aos fabricantes. A parte
altamente avançada e vital ainda permanece em órgãos como a DARPA
(Defense Advanced Research Projects Agency) criada em 1958, quando
o Brasil nem sabia o que era tecnologia de ponta. Empresas como a
Vupen (falhas na segurança), QinetiQ (Cyveillance) e Blue Coat (USA),
Autonomy (BB), i2 Limited e Gamma (UK), Amesys (França), VasTech
(Africa do Sul), ZTE (Chineses), Glimmerglass e Net Optics fazem o
serviço. No Brasil a Tempo Real Group opera em representação.

E o Brasil? Para entender melhor basta verificar que o CDCIBER (Centro


de Defesa Cibernética do Exército Brasileiro) foi criado em 02/08/2010 e
tem em torno de 40 colaboradores! Juntando todos os órgãos brasileiros
com especialistas no assunto não passam de 90 colaboradores. É uma
diferença brutal. A END (Estratégia Nacional de Defesa) elegeu 3 setores
estratégicos: o espacial, o nuclear e o cibernético. Em todos eles
estamos na época da pedra. Armas nucleares é assunto do Séc.XX. A
nova fronteira são as armas escalares.
Como um país pode aspirar relevo na arena internacional desta forma. O
que estamos esperando? Talvez que todos os dados estratégicos do
Brasil saiam, se já não saíram e continuam a sair, pela porta 137 dos
fundos; ou que nossos experts visualizem um link escrito
“notify.cia.com/notify-NSA Compliance?http/abin.gov.br/aHR”?

Falta uma análise séria, justa e imparcial do cenário. Desprovida de


sentimentos e altamente técnica. O ex-inspetor geral das Polícias e
Bombeiros Militares do Brasil, general de brigada Cesar Leme Justo,
atual chefe do CIE (Centro de Inteligência do Exército), pode ter uma
enorme surpresa no dia que precisar invocar os laços com estas
instituições.

São mais de 400 mil homens em todo o Brasil, armados, equipados e


treinados, com grupamentos especializados em combate como o BOPE e
GEFRON, e que seria um aliado vital em caso de emergência ou litigio;
ainda mais considerando que o EB (Exercito Brasileiro) tem pequeno
efetivo profissional e munição para apenas uma hora de combate.

Coloquei a vários altos oficiais da PM, em situações estanques e locais


diferentes, o cenário hipotético do comandante da corporação receber
duas ligações, uma do governador e outra de um oficial general do EB,
dando ordens opostas. Perguntei: a quem você acredita que o
comandante atenderia?

Unanimemente ouvi: ao Governador do Estado! Jamais diriam isto a um


oficial do EB, mas é o que fariam.

Artigo 2
A Atividade de Inteligência Militar, os Governos Civis
e o Cenário Atual - II

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net


Por Luiz Antonio P. Valle

Seria correto solicitar ao leitor que, para melhor compreensão, leia a


primeira parte desta série de artigos.
Muitos desavisados ainda repercutem a velha crença de que o Brasil não
tem inimigos e nem ameaças que justifiquem investimentos. Esta é mais
uma falácia, até porque as vezes as maiores ameaças não vem dos
inimigos. Também não me parece coerente criticar estadunidenses e
ingleses por defenderem seus interesses estratégicos. Se estivéssemos
no lugar deles provavelmente faríamos o mesmo. Já foi dito que os EUA
não tem amigos, mas interesses. Isto posto, deixemos as ingenuidades
de lado.

Existem no Brasil várias organizações criminosas de alto poder ofensivo


atuando em diversas “operações”. Há células de pelos menos 5 grupos
terroristas internacionais atuando desde a década de noventa. É bem
conhecido que as redes Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah,
Jihad Islâmica e Hamas já possuem células bem estruturadas e
operacionais em nosso país.

Alguns brasileiros são treinados pelo “professor” iraniano Mohsen


Rabbani em Qom (Irã). Há organizações criminosas voltadas para o
tráfico de drogas e outros crimes, como o PCC (Primeiro Comando da
Capital) e o CV (Comando Vermelho), que deixaram mais de 100 mortos
entre a força policial de São Paulo e não foram detidas ou punidas. O
Estado quedou-se prostrado.

No campo não é diferente e grupos como a LCP (Liga dos Camponeses


Pobres) atuam ao estilo das FARCs sem nenhuma oposição. No seu
“território” as autoridades brasileiras não entram; bem como não entram
em várias outras porções do território amazônico. Ademais, aqui é o
“paraíso” das agências de inteligência estrangeiras, que sabem mais
sobre o que acontece no Brasil do que qualquer brasileiro. Ameaças
sobejam por todos os lados.

A precariedade da segurança no Brasil é de assustar qualquer leigo:


portos e aeroportos com vigilância insuficiente, deficiência de controle no
espaço aéreo, maritimo e terrestre (faixas de fronteira seca e alagada
mal patrulhadas) e equipamentos ultrapassados (baixa qualidade e
quantidade para as dimensões da operação).

Não fosse o bastante até o arcabouço jurídico é deficiente; uma vez que
o Projeto de Lei 728/2011 não foi ainda aprovado, logo não temos uma
legislação que tipifique o crime de terrorismo. Adicionalmente, vaidades
e a cultura organizacional de uma série de órgãos de inteligência,
prejudica decididamente qualquer tentativa verdadeira e sincera de
integração. São feitos lindos discursos, politicamente corretos, mas
vazios. Não existe um banco de dados único e muitas vezes, para obter
um elenco mais completo de informações, é necessário digitar 13 senhas
diferentes em ambientes cibernéticos distintos. Para um trabalho mais
completo tem de se chegar a 33!

O Sisbin simplesmente não funciona porque não há cooperação sincera,


não há instâncias eficientes de solução de controvérsias e nem linha de
comando. Basta olhar os incidentes ocorridos durante a operação
Satiagraha, na posse da Presidente Dilma, na questão da insubordinação
dos oficiais da Abin que se recusam a estar subordinados ao GSI/PR e ao
episódio da visita do Papa Francisco, para citar 4 exemplos de domínio
público quando as disputas ficaram expostas. Para não citar as
verdadeiras “guerras” internas. Não existe ninguém que possa aglutinar
os interesses divergentes dos vários atores e impor uma linha de
atuação. Tapar o céu com a peneira não resolve.

A tentativa de aprimoramento geral do SISBIN (Abin), SISP (Senasp) e


SINDE (Die) (Decreto 09 de 18 de fevereiro de 2009 que instituiu o
Comitê Ministerial para Elaboração da Política Nacional de Inteligência e
Reavaliação do Sistema Brasileiro de Inteligência) não deu em nada e
continuamos na mesma.

Os conceitos e o entendimento sobre a AI precisam mudar, levando em


conta a opinião e experiência de quem conhece o funcionamento dos
serviços nos centros de excelência. A CIA foi montada após a segunda
grande guerra com a cooperação decisiva de um grupo de militares
alemães liderados pelo General Reinhard Gehlen, conhecido como pelo
codinome de Herr Doktor ou Número 30. Em 1956 as OG (Organizações
Gehlen) viraram a base do BND (Serviço Federal de Informação da
Alemanha). Os estadunidenses precisavam de uma estrutura operacional
(uma rede montada) e conhecimento, e foram busca-lo com quem os
tinha.

O Mossad não tem nenhuma restrição em eliminar adversários com sua


divisão Kidon. Os EUA também têm identificado e subtraído adversários
com seus drones de forma maciça. A NSA vigia as comunicações globais
e identifica alvos. O pessoal da Blackwater e Craft International atua
livremente em todo o planeta, inclusive no Brasil, fazendo o trabalho
“sujo” e sem vínculos diretos que incrimine os seus mandatários. Apenas
para ficar em alguns exemplos.

Enquanto isso nossa Presidente falou na ONU, no dia 24/09/13, em


regulamentar a atividade de espionagem/inteligência. Ora, isso foi
motivo de piada em todas as rodas qualificadas, nos expondo ao
ridículo. É o mesmo que pedir ao Mossad que acabe com suas divisões
Kidon e Cesarea. Tolos que guiam tolos; e o riso (KKK......) foi geral,
para constrangimento dos raríssimos brasileiros com acesso qualificado.

Dói assistir a tanto amadorismo, tanta ignorância.

Artigo 3
A Atividade de Inteligência Militar, os Governos Civis
e o Cenário Atual - III
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Luiz Antonio P. Valle

Seria correto solicitar ao leitor que, para melhor compreensão, leia as


duas primeiras partes desta série de artigos.

Neste último artigo desta série desejo fazer uma breve reflexão sobre a
abordagem do problema, realizada no transcorrer deste processo de
“desmonte” do Poder Nacional, notadamente na sua expressão militar.

No contexto atual o Brasil perdeu mais uma vez o “bonde” da história,


só que desta vez numa área que compromete seriamente os Objetivos
Nacionais Permanentes (ONPs). Na inteligência ou na contra-inteligência
a situação é semelhante. O caso da espionagem da NSA apenas
demonstra o estado crítico desta arte no Brasil, onde falar que podemos
impedi-los de nos espionar chega a ser hilário.

Ao término do governo Lula estive com um general com várias estrelas


que trabalhou muitos anos na inteligência militar e no SNI, ao qual
foram relatados dados, fatos portadores de futuro e análises que
apontavam para um cenário porvir muito desfavorável, incluindo o
“desmonte” das Forças Armadas e sua total submissão.

Detalhavam um plano maior e mais complexo do PT e seus associados, o


que acabou se comprovando hoje. Ele, após ouvir, disse que não era
este o caso, que o Lula era um imbecil e que a questão do governo Lula
era só dinheiro! Disse: “antes era 15% e com eles é 30% e pronto. É só
isso!”. Erros graves de avaliação. O pior erro foi cometido, subestimar o
outro.

Cabe salientar que as Forças Armadas, durante o período dos governos


civis que sucederam os militares, foram as únicas organizações que
dispunham de quadros, estrutura, doutrina e metodologia para manter
uma AI operante em nível aceitável. Daí serem as únicas organizações
que podiam antever o que estava por vir e tomar as medidas
acautelatórias pertinentes. Nenhuma outra tinha esta capacidade. Se a
Inteligência Militar alertou para o que viria, seus comandantes foram
omissos ou covardes. Se ela não avisou, ou não pôde prever, foi
incompetente. Em ambos os casos o preço a pagar está sendo caro, e
talvez fique bem pior.

Vamos para a realização da Copa do Mundo, e depois Olimpíadas,


bastante vulneráveis. Considere nossas falhas de vigilância de fronteira
(temos muitos milhares de quilômetros de fronteira), de portos e
aeroportos, e todas as demais já comentadas antes, como as relativas a
deficiência de integração dos diversos órgãos de inteligência. Considere
que temos células adormecidas de 5 ou mais organizações terroristas já
em atuação em nosso país a mais de quinze anos. Estas organizações
tem tido muito tempo e recursos para planejar suas ações. Considere
ainda que no passado recente as autoridades pertinentes não
conseguiram antecipar-se as ações do PCC em São Paulo (organização
brasileira sem metade do conhecimento, experiência e recursos destes
grupos terroristas citados) e nem montar um esquema de segurança
adequado para o Papa Francisco. Imagine a possibilidade de uma
operação de falsa bandeira. Monte o quadro. Parece factível dizer que as
autoridades brasileiras podem garantir a segurança de várias delegações
estrangeiras se movimentando em várias cidades?

Imagine a repercussão, e consequências, da ocorrência de um evento


significativo, e altamente desfavorável, antes ou durante a Copa do
Mundo. Talvez estejamos dando, ou foi criada, a oportunidade ideal para
um cenário sombrio futuro, e para justificar ações que repercutirão
decisivamente no futuro do Brasil. Talvez o caos interesse. A pergunta é:
a quem?

Somente a vaidade, arrogância, incompetência severa, miopia grave ou


motivos escusos podem fazer alguém dizer que temos uma AI adequada
em nosso país. E sem uma AI adequada o Estado fica cego e surdo,
totalmente exposto e vulnerável. O Sisbin, em todas as suas expressões
e ramais, não tem operacionabilidade mínima para atender demandas da
relevância que o cenário atual nos impõe. Vê-se muita teoria, muito
discurso com gráficos e esquemas bonitos, mas experiência zero. Todos
batem palma, parecem políticos.

O primeiro passo para a mudança é reconhecer sua correta situação.


Conhecer a si próprio é o primeiro passo, conhecer o inimigo o segundo,
e conhecer o “campo de batalha” o terceiro. A situação atual da
Inteligência Militar, e das Forças Armadas, foi fruto de suas opções e
omissões. O maior de todos os Veneráveis e Grandes Mestres proclamou
que uma arvore se conhece pelos seus frutos. A julgar pelo resultado o
trabalho feito na caserna deixou muito a desejar. Precisam de humildade
para realizar uma autocritica verdadeira.

O General Valmir Fonseca, nos artigos “Os alertas perdidos” de


24/09/13, “O Silêncio das Forças Armadas” de 28/09/13 e “O
tenentismo do sec.XXI” de 04/10/13 mostra seu inconformismo,
pondera sobre a responsabilidade em relação aos acontecimentos atuais
e avisa que não esperem das Forças Armadas a iniciativa de mudar o
rumo das coisas. Entendo que as Forças Armadas foram as principais
responsáveis por se chegar a esta situação, face o potencial que tinha de
prever e adotar medidas corretivas, e não o fizeram. Não é sensato
pedir o mesmo a Igreja, a OAB, aos sindicatos ou outras instituições,
que acabaram tragadas no processo.
Alegar que as Forças Armadas estão esperando “a hora certa”, que tem
o Plano B, como já ouvi, deixou de ser algo razoável. Chega a soar mal.
Ademais, no momento presente, mesmo que quisessem, não tem
capacidade operacional nem para iniciar sequer uma passeata. É
lamentável. Até mesmo alguns informes dependem da cooperação dos
ingleses do MI6 (section 6), designado Secret Intelligence Service ou
SIS, que poderá guia-los para onde quiserem.

A História cobrará seu preço, pois quando meu filho chega em casa
contando as barbaridades que os professores da escola falam dos
militares, eu percebo claramente que toda a trajetória desta expressão
do Poder Nacional esta por virar pó. Que cada oficial general lembre-se
do legado que deixará e como será lembrado.

Em entrevista em 2001 (Gazeta Mercantil de 02/09/2001), quando da


passagem do comando do Grupo Votorantim à 3ª geração, o empresário
Antonio Ermirio de Moraes enviou um recado aos sucessores dizendo:
“Vocês tem de ter humildade e competência. A vaidade destrói o
homem”.

Um grande instrutor, de nome Paulo, disse em ICO 10.22: “Tudo é


permitido, mas nem tudo convêm”.

Artigo 4
Quem decide o resultado das urnas no Brasil?

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net


Por Luiz Antonio P. Valle

No Brasil temos um sistema presidencialista que beira o absolutismo,


uma vez que o Poder Executivo tem tamanho poder e influência, que os
outros poderes da Republica se curvam frequentemente a sua vontade.
O que prevalece é a agenda do Executivo, e os demais poderes apenas
referendam o que está determinado em troca de favores e migalhas. É
um país apodrecido por dentro.

E como se determina quem será o presidente do Brasil, este verdadeiro


monarca com poderes quase irrestritos? Através do voto posto nas urnas
eletrônicas. E o resultado apresentado pelas urnas reflete com 100% de
segurança os votos que foram ali depositados? Para tal nobre e vital
missão seria de se prever que sim, mas não é isto que vários estudos,
análises e constatações têm mostrado. O sistema informatizado, que foi
posto em prática pela primeira vez na eleição de 1996, que dá suporte
as urnas eletrônicas, parece longe de oferecer a segurança necessária
para a missão importantíssima a que se presta.

O Brasil é o único país do mundo que adota as urnas eletrônicas sem


possibilidade de conferência ou auditoria. Nos poucos países que a
adotaram existe a possibilidade de conferência pelo voto impresso.

Dizem que a urna é brasileira, ou seja, com tecnologia brasileira e


controlada por brasileiros. É verdade? Não, mentira. A tecnologia da
urna brasileira foi comprada pela empresa norte-americana Diebold,
uma das grandes fornecedoras de urnas de todos os tipos para vários
países, que já teve vários problemas com a justiça nos EUA.
Em testes de penetração realizados no Paraguai em junho de 2006 a
vulnerabilidade das urnas brasileiras ficou constatada, e o Paraguai
abandonou as urnas eletrônicas brasileiras.

Os argumentos, provas e evidências que atestam a fragilidade do nosso


sistema são abundantes, e podem ser vistos com facilidade na internet.
É uma verdadeira montanha de informação produzida por gente
qualificada que só um cego não vê. O leitor poderá entrar em sites
como www.votoseguro.org , organização composta por professores da
USP, UNICAMP, UNB, engenheiros, profissionais de informática, juristas,
jornalistas, advogados, brasileiros das mais diversas áreas de atuação.
Em setembro de 2003 o grupo propôs ao TSE a realização de Testes de
Penetração nas urnas eletrônicas. Houve recusa com a alegação de que
as urnas, por definição, são seguras.

Isto só pode ser piada. Criou-se um dogma inquestionável. Outro site


que possui bastante informação sobre o tema
é http://www.fraudeurnaseletronicas.com.br/ . As falhas das urnas já
foram denunciadas em vários fóruns, inclusive no Plenário da Câmara
Federal pelo Deputado Fernando Chiarelli (PDT/SP)–
vide http://www.youtube.com/watch?v=DaVOAq1Tu34 que deixou claro
que outros morreram por fazer tais denuncias.

Se formos apresentar aqui todas as provas, fatos e argumentos este


artigo ficará muito extenso. O leitor poderá pesquisar por si mesmo nos
sites apontados e em outras fontes de consulta. Basta lembrar que um
hacker de 19 anos, de codinome Rangel, se apresentou num seminário
em 10/12/2012 no auditório da Sociedade de Engenheiros e Arquitetos
do Rio de Janeiro (SEAERJ), e contou tudo sobre como as eleições são
fraudadas. A Policia Federal o interrogou e...............nada.

Existe livro sobre o tema escrito pelo engenheiro Amílcar Brunazo Filho
(especialista em segurança de dados em computador) e a advogada
Maria Aparecida Cortiz (procuradora de partidos políticos) com o título
de "Fraudes e Defesas no Voto Eletrônico". O fato é que, mesmo diante
de fato gravíssimo, ninguém faz nada.
Aqueles que gostam de pesquisar podem também ir atrás de nomes
como Marcelo Branco, Richard Stallman e Kevin Mitnick.

Além da possível fraude o sistema de votos nas urnas eletrônicos tem


outro problema, é inconstitucional porque permite a identificação do
eleitor. Quando você vota, o mesário primeiro digita o número de seu
título de eleitor em um terminal, ligado diretamente a urna, para “abrir”
a urna para o seu voto. No mesmo local também é gravado,
simultaneamente, o número do seu título de eleitor. Facilmente qualquer
trainee de programador será capaz de reconstituir quem votou em
quem, mediante uma simples leitura do arquivo onde o voto e votante
foram gravados! Assim fica fácil a criação de um gigantesco banco de
dados contendo todas as informações do eleitor, como nomes,
endereços, estado civil, etc.... e melhor, sua preferência eleitoral! Assim
tem sido até hoje.

No Brasil o Tribunal Superior Eleitoral é onipotente, acima de tudo e de


todos. É a única instituição no Brasil que detém em si mesma, o
exercício pleno dos três poderes. Não é fiscalizada, de fato, por
ninguém. Eles mesmos fazem a legislação eleitoral, por meio de
resoluções, e dão as interpretações que bem entendem às leis. Então
exercem a função do Legislativo. São incumbidos de executar as
eleições, logo são o Executivo; e, finalmente, havendo problemas,
julgam as demandas, exercendo as atribuições do Poder Judiciário.

Fraudes como a de Alagoas, denunciadas inclusive pela revista VEJA,


jamais foram apuradas pelo TRE.

Bem, após muita pressão o Presidente Lula assinou a Lei nº


12.034/2009, que mudou as regras do voto na urna eletrônica. A lei
trata do tema no art.5 com o seguinte enunciado: “Fica criado, a partir
das eleições de 2014, inclusive, o voto impresso conferido pelo eleitor,
garantido o total sigilo do voto e observadas as seguintes regras:”. Um
aspecto interessante é que ele assinou em 2009 para valer apenas em
2014. Porque ele não queria as regras funcionando na eleição de 2010,
quando sua pupila foi candidata e venceu as eleições presidenciais?

Bem, no art.5 da lei 12.034 ela regulamenta a impressão do voto. Lá


temos o § 5º onde está escrito: “É permitido o uso de identificação do
eleitor por sua biometria ou pela digitação do seu nome ou número de
eleitor, desde que a máquina de identificar não tenha nenhuma conexão
com a urna eletrônica.”(grifo nosso). A implementação deste dispositivo
vai minimizar a questão da identificação do eleitor. É um progresso.
Pena que só começa em 2014.

Mas na questão da impressão do voto para posterior auditoria é fácil


detectar a maldade. Como sempre tem uma hipocrisia. Esta questão
está disposta no § 3ºonde se lê: “O voto deverá ser depositado de forma
automática, sem contato manual do eleitor, em local previamente
lacrado.” Vejam, se o voto será depositado na urna de forma
automática, sem contato manual do eleitor, em local previamente
lacrado; pergunta-se: se o eleitor não terá acesso ao voto impresso
como saberemos se o comprovante impresso reflete o seu voto, ou de
outra forma, como saber que o voto não foi modificado? A pura e
simples impressão do voto não conferirá garantia alguma, se o eleitor
não puder conferir o voto impresso com sua opção, como acontece em
outros países, como a Alemanha.

Para evitar este “problema” o Deputado Professor Victorio Galli propôs


um Projeto de Lei de nº4600/2012, que previa a impressão do voto, que
o eleitor sacaria e conferiria, e após conferir depositaria numa urna
física. Todavia, no dia 12/07/2013, este PL foi arquivado sem maiores
explicações, demonstrando que não há interesse que as urnas sejam
auditáveis. Existe um abaixo assinado para desarquivar este PL do
Professor Galli. Você poderá acessa-lo
em http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/28298 .

Por incrível que pareça um grupo de ex-presidentes do TRE e o MPF


(Ministério Público Federal) estão patrocinando uma Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI nº4543) pretendendo revogar todo o Art. 5
da lei 12.034/2009. Esta ADI provocou a suspensão temporária do voto
impresso para 2014. Está sendo feito um abaixo-assinado para impedir
esta revogação. Você poderá acessa-lo
em http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=UE2011BR .

Em entrevista a um site de noticias de Cuiaba (MT), em 29/07/13 uma


desembargadora do TRE falou o óbvio, mas que a maioria das pessoas é
incapaz de entender. Na reportagem intitulada “Presidente vê sistema
falível, mas acredita na urna eletrônica” está escrito: “A presidente em
exercício do TRE, desembargadora Maria Helena Póvoas, admitiu que o
sistema eleitoral está sujeito a ser violado. “Se hoje tem hacker que
consegue entrar no Pentágono, dizer que não consegue violar uma urna
eletrônica é uma irresponsabilidade, leviandade”, disse a magistrada.”.

É o óbvio, mas que oficialmente o todo-poderoso TRE não reconhece.


Parece claro que bastaria uma dúvida para desencadear a suspensão
desta forma imprecisa de votação. Mas no Brasil ocorre o inverso, cria-
se um dogma da infabilidade das urnas, ignoram-se todas as evidências
em contrário, e o país fica refém desta distorção; a despeito de todos os
países que a condenaram. Somos os únicos no mundo que tem razão.

Alemanha, Estados Unidos, etc........não sabem nada. Ora, é de doer.


Pior, para variar, os órgãos que deveriam fiscalizar e defender o
interesse público, como MPF e OAB, se calam ou apoiam a coisa.

Por fim preocupa-me saber que, ainda que aconteça um milagre e haja
um grande movimento popular para mudar os rumos deste país, isto
ainda não garante a mudança pelas urnas. O resultado sempre
dependerá de outras injunções. É incrível que o destino de um país
esteja ligado a um sistema de informática que um aprendiz de hacker
pode violar e que foi recusado por tantos países na forma como operado
no Brasil. Aparentemente pelas urnas a possibilidade de mudança é
mínima, exceto se quem comanda as urnas quiser.

Artigo 5
Movimentos estratégicos para 2014

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net


Por Luiz Antonio P. Valle

O ano de 2014 começa com algumas novidades que podem representar


uma nova modulação nos cenários traçados, bem como a massiva
confirmação de tendências delineadas. A agenda para o Brasil continua a
ser executada com facilidade, e como planejada poucas décadas atrás:
fragmentação do tecido social, desarticulação e enfraquecimento das
instituições nacionais, cooptação das lideranças e de grupos
empresariais relevantes, inversão dos valores para dividir, implantação
de uma nova educação doutrinariamente dirigida à fim de criar uma
nova geração de pessoas “mais adequadas” a agenda, garantia do
básico ao povo (pão e circo) para manter o apoio da massa sob controle,
quebra do conceito de patriotismo, etc....

As pessoas mais informadas e esclarecidas justificadamente se revoltam,


escrevem artigos, demonstram sua indignação, mas continuam sem
articular de forma prática e eficaz instrumentos que as levem a
concretizar seus objetivos. Os segmentos esclarecidos não conseguem
se articular de forma organizada e coesa para planear uma reação. Tudo
dentro do previsto.

Teremos este ano a Copa do Mundo e as eleições, em 2016 as


Olimpíadas. Na série de artigos (três no total) que escrevi aqui no Alerta
Total no ano passado com o título “A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA
MILITAR, OS GOVERNOS CIVIS E O CENÁRIO ATUAL” procurei
discorrer sobre algumas fragilidades que tornavam nossa posição de
segurança bastante vulnerável, inclusive para a execução da Copa do
Mundo. Na ocasião comentei: “o ex-inspetor geral das Polícias e
Bombeiros Militares do Brasil, general de brigada Cesar Leme Justo,
atual chefe do CIE (Centro de Inteligência do Exército), pode ter uma
enorme surpresa no dia que precisar invocar os laços com estas
instituições”.

E foi precisamente o que aconteceu semanas depois do artigo ser escrito


quando, num evento no Clube Militar de Belo Horizonte, os acessos
foram bloqueados por manifestantes e os militares das três forças
impedidos de entrar. As solicitações feitas pelos oficiais das FFAA aos
policiais militares para que desobstruíssem a entrada foram solenemente
ignoradas, como previsto no artigo.

Nos artigos citados comentei ainda sobre a presença e operação em


território nacional de grupos guerrilheiros, unidades especiais de
insurgência, grupos terroristas e do crime organizado. Adicionalmente
expus a dificuldade de integração e cooperação entre os diversos órgãos
de inteligência brasileiros, a falta de segurança adequada nos aeroportos
e portos, a insuficiência de vigilância do espaço aéreo e das fronteiras
terrestres, etc..... O quadro mudou pouco, e para pior.

Alexandre Santana Sally, presidente do Sindicato dos Servidores


Públicos Civis Federais do Departamento de Polícia Federal no Estado de
São Paulo (Sindpolf-SP), em publicação no site do Estadão de 07/02/14,
afirmou que atualmente a Polícia Federal não tem condições de garantir
a segurança durante a Copa do Mundo, que começará no dia 12 de
junho. "Somos a favor de que a Força Nacional de Segurança e as
Forças Armadas assumam sozinhas a segurança do evento", disse.

Segundo ele, o governo está tentando colocar atribuições à PF que não


fazem parte de sua área de atuação. "Querem, por exemplo, que nós
sejamos responsáveis pela escolta de delegações. É uma
arbitrariedade", disse. Recentemente policiais federais em estado de
greve fizeram um “algemaço” em SP. Os conflitos de interesse
corporativo continuam, agravando as vulnerabilidades.

Temos ainda as manifestações populares. As conexões e extensões


destes eventos começam a ficar claros hoje para o público, ainda que
não seja surpresa alguma desde os idos de 2007. Ademais, a situação
econômica do país se deteriora rapidamente, ocasionando, e tendo
também como causa, a fuga de capitais devidamente orquestrados.
Podemos ter em 2014 um quadro interessante de crise econômica,
combinada com convulsão social e fragilidade das instituições de
segurança.

Todavia, nem todos estão inertes. Os EUA reativaram em julho de 2008


a IV Frota da Marinha Americana responsável por patrulhar o Atlântico
Sul. Na celebração para comemorar o fato o Almirante Gary Roughead
(chefe de Operações Navais da Marinha dos EUA) disse: “O foco da IV
Frota estará nas ações humanitárias, mas que ninguém se engane: ela
estará pronta para qualquer tipo de ação, em qualquer lugar e a
qualquer momento”. Hoje existe ao redor do Brasil, na América Latina,
cerca de 50 bases militares de forças estrangeiras, segundo
levantamento do Centro de Estudos e Documentação sobre Militarização.
Em fevereiro de 2011 o coronel Edwin Passmore, oficial estadunidense,
envolveu-se num episódio estranho na Argentina quando um avião
militar americano pousou no país carregado de equipamentos inusitados,
tais como: pacote completo de estupefacientes e narcóticos, além de
softwares e material de interseptação de comunicações. Não tendo como
justificar a presença deste “material” no avião o oficial, após uma
refrega diplomática, viu-se obrigado a decolar de volta para os EUA.

Em 5 de abril de 2012, foram concluídas no Chile as obras do Centro de


Treinamento de Pessoal para Operações de Paz em Zonas Urbanas (grifo
meu - observem bem o nome). Localizada em Forte Aguayo, em Concón,
na região de Valparaíso, a base foi construída em 60 dias. Ademais, em
2013 tornou-se público que as atividades das autoridades brasileiras tem
sido vigiadas de perto pela NSA (agência de inteligência estadunidense -
sigint).

O que aconteceria se um evento de falsa bandeira, ou vários eventos


“populares” seguidos de agitações sociais, desencadeados durante a
realização da Copa do Mundo, levasse a comunidade internacional a
acreditar que as forças policiais nacionais não poderiam garantir a
segurança das delegações estrangeiras participantes?

Suspenderiam a Copa? Ou pressionariam o Brasil a aceitar apoio


internacional, talvez apelando a ONU para ajudar a garantir a
segurança? O governo do PT faria isso? E se, por uma questão de ritmo,
isto acontecer nas Olimpíadas de 2016?

Veja, não se trata aqui de fazer vaticínios, mas em estratégia os vários


cenários devem ser pensados, previstos e considerados.

Alguns percebem situações de forma diferente de outros. O PT pensa


que é ator, mas será que não é, inadvertidamente, meramente um
coadjuvante descartável?

Artigo 6
Limitações de visão estratégica
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Luiz Antonio P. Valle

O grande jogo mundial foi feito para se jogar. Este é seu proposito e
razão de existir. Mesmo quem não o compreende, quem não sabe jogar,
acaba jogando ainda que de forma inconsciente. A omissão é uma ação
ou decisão em si, devidamente respaldada pelo livre arbítrio.

É um jogo com funcionamento próprio, jogado com outros parâmetros.


Enquanto os “estrategistas” brasileiros pensam de forma cartesiana, os
grandes jogadores efetivos deste jogo pensam de forma quântica.
Enquanto aqui se pensa em 3D, eles pensam em 4D. Enquanto aqui se
vê os movimentos do jogo de forma superficial e linear, eles “pensam”
de forma holográfica e estão sempre vários lances adiante. Aqui se mexe
um peão por vez no tabuleiro, lá eles movem a rainha, o bispo e o
cavalo simultaneamente. As regras são outras. Não existe paixão, existe
o jogo.

No final da década de 60, e inicio de 70, dos países do BIRC (sem S


mesmo) o Brasil era o que apresentava, junto com a URSS na época
(em versão menor a atual Rússia), a melhor situação. Crescia
economicamente a taxas elevadas, possuía um parque fabril bem
instalado, desenvolvia tecnologia, detinha controle sobre os ativos
estratégicos (telecomunicações, petróleo, mineração, energia, bancos,
etc....), tinha uma pujante indústria bélica em desenvolvimento e Forças
Armadas respeitadas em todo o continente. Não se vislumbrava no
hemisfério sul rival a altura. Qual o quadro atual? Todos sabem. Pelos
frutos se conhece a árvore.

China, Rússia e Índia tem hoje uma economia forte, mas o mais
importante, capacidade bélica de dissuasão às pretensões contrárias,
capazes de defender seus interesses estratégicos e ter sua opinião
ouvida e respeitada nos fóruns internacionais. Não estão de joelhos,
submissos. E o Brasil, como está?
Ainda que com tecnologia e recursos adequados se possa rapidamente
obter alguma capacidade nuclear, e alterando certos dispositivos de uma
rede obter armas escalares, este não parece ser o caminho disponível
para a nação brasileira de imediato, ainda que tecnicamente possível. O
que aconteceu, ou melhor, o que não aconteceu?

Os orientais sempre tiveram, em razão de sua cultura, facilidade para o


pensamento abstrato. Conseguem pensar fora da caixinha. Ademais,
tem uma paciência muito grande para observar um processo e aprender
com ele. E foi o que fizeram. Assim, no caso em tela, notadamente
chineses e indianos, perceberam como funciona o jogo, como as peças
são movidas no tabuleiro segundo as dicas antecipadas e ao ritual
estipulado, e procuraram tirar proveito dele. Ocuparam seu espaço vital.
E o Brasil? Continua desnorteado, perdendo tempo precioso, sem
entender como as coisas se passam.

No Brasil os fatos se desenrolaram desta forma porque o maior


ignorante (no sentido de ignorar) é aquele que pensa que sabe. Logo,
não procura aprender. É apressado e come cru, segundo o velho adágio.

Infelizmente, nos centros estratégicos brasileiros a humildade nunca foi


a tônica, e o resultado está aí. Jamais foram capazes de um diálogo à
altura com os reais príncipes em seus acampamentos, com os lords em
sua cidadelas, com o bispo em seu santuário ou com as rainhas em seus
palácios. Não compreendem a linguagem, não decifram os signos, tem
ouvidos mas não ouvem, tem olhos mas não enxergam. Tentando ser
soberanos tornaram-se vassalos.

O Poder procura meios para se expressar, mas ao longo da história não


encontrou muitos interlocutores à altura em terras tupiniquins. Não se
expressando acaba por manter submisso a outros poderes àquilo que
poderia ser sua expressão.

A defesa dos interesses nacionais passa por uma expansão de visão, por
uma compreensão mais acurada da atualidade, por fazer alianças, por
ouvir mais e gabar-se menos, por ceder agora para conquistar depois.
Aquilo que alguns chamam de Mal, sob outro ponto de vista, pode ser o
Bem.

É necessário abraçar a sabedoria, e deixar ir a vaidade. Alargar a visão.


Ser espectador e ator simultaneamente. Estamos num momento
estrategicamente delicado da história nacional. As decisões, ou falta
delas, vão repercutir de forma enfática no futuro da nação.

Jogando ou não o jogo continua...

Artigo 7
Por uma Estratégia de Estado

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net


Por Luiz Antonio P. Valle

É comum em países imaturos que aqueles que estão no poder


confundam os seus interesses com os interesses do Estado.
Frequentemente confundem estas duas esferas, sendo uma
absolutamente transitória e a outra perene. Os governos, seja de que
partido ou grupo político for, assumem a condução do país por um
tempo e num dado momento sai, o Estado permanece (pelo menos
deveria conceitualmente ser assim)!

Um partido, ou grupo político, que assume a administração temporária


de um país tem um Plano de Governo, apresentado ao longo da
campanha eleitoral, que nem sempre leva em consideração os Objetivos
Nacionais Permanentes (ONP) e alvos estratégicos. A noção de tempo
entre atividades de Governo e de Estado é completamente diferente. Um
governo tem 4 ou 8 anos para atingir seus objetivos, um Estado tem
dezenas de anos, sendo que os objetivos de ambos nem sempre são
convergentes. São perspectivas diferentes, mas que devem guardar
alguma sintonia.

Um Estado soberano precisa ter uma visão de futuro, com metas e


objetivos traduzidos num Planejamento Estratégico Nacional de médio e
longo prazo. Em decorrência, se são planos a longo prazo, naturalmente
precisam ser suportados por executores que tenham condições de fazê-
los efetivos.

Assim, como pré-requisitos para sua execução são requeridos tempo,


recursos apropriados por canais adequados, sigilo absoluto e
estabilidade; além obviamente de capacidade profissional. Devem ser
planos que, para sua execução, independam do governo da moda. Seus
idealizadores e executores obrigatoriamente têm de conhecer as regras
do jogo mundial; à fim de posicionar seu país adequadamente.
Países avançados têm planejamentos para 50 anos, e até mais, e
construíram estruturas capazes de fazê-los executar “chova ou faça sol”.
Por exemplo, o desenvolvimento de uma nova tecnologia estratégica
leva décadas e precisa ser elaborada no mais alto grau de sigilo, por
motivos óbvios. Seria razoável que, num dado momento da vida
nacional, segredos estratégicos sejam apresentados a um cidadão eleito
que passa transitoriamente pelo poder?
Seria razoável compartilhar projetos vitais a segurança nacional com
alguém que não se conhece, que não foi avaliado do ponto de vista das
capacidades específicas requeridas (capacidade de compreensão, de
avaliação e de retenção de informação, etc....)? Uma pessoa que,
quando acabar seu mandato, não se sabe sequer o que ele vai fazer da
vida? Você dividiria seus segredos mais importantes com alguém assim?

As respostas a estas perguntas explicam como as questões estratégicas


são tratadas em países de ponta.

A falta de projetos para o país, abordada no artigo “Como fabricar gelo


no inferno – da Petrobras ou do Exército” escrito pelo editor-chefe do
blog Jorge Serrão questiona com propriedade: “Seremos realmente
capazes de mudar alguma coisa para melhor, na atual falta de definição
política? O que queremos fazer? Aonde desejamos chegar? Que projeto
se tem, claramente definido e publicamente anunciado, para o Brasil?”,
e ele próprio responde “A resposta sincera é: Nenhum.”.

Neste questionamento está, e nas ponderações feitas anteriormente, um


ponto relevante do “porque” o Brasil ser uma colônia subdesenvolvida e
submissa. Ele não foi capaz de desenvolver as estruturas de poder
permanente garantidoras da execução dos projetos estratégicos
nacionais.

Não há um Planejamento Estratégico exequível, simplesmente porque


não se criou ao longo do tempo uma estrutura e grupo de executores
aptos, capazes de fazê-lo efetivo, de forma independente. A exceção a
esta regra ocorreu no período militar (1964 – 1985) porque os
executores estavam no governo e tinham o seu respaldo, época que se
desenvolveram várias iniciativas estratégicas (programa nuclear,
indústria bélica, programa espacial, etc...).

Mudou o time de plantão no governo, os executores saíram pela porta


dos fundos (não tiveram competência para resguardar o poder
necessário a manutenção dos planos vitais ao país), e acabou tudo.
Pequenos rescaldos, como o Juca do subterrâneo do Rio talvez possa
explicar, são anomalias do sul afundadas a 12 mil metros.

Sem possuir um núcleo estratégico, de caráter permanente, capaz de


formular e fazer executar um planejamento estratégico com adequado
nível de sigilo, independente do governo transitório, um país
simplesmente fica acéfalo e incapaz de jogar com eficácia o jogo
mundial. Fica ao sabor dos gostos do grupo que está no poder. Um faz,
o outro desfaz, e assim vai...Um passo pra frente, dez para trás.

Estranhamente, a candidata Marina Silva no programa do PSB na TV em


horário nobre, junto com Eduardo Campos, no dia 27/03/14 disse que o
Brasil precisava de uma “agenda” acima dos partidos. Uma senha?
Talvez não. Possivelmente ela não mirou no alvo certo.
Certamente o general José Elito Carvalho de Siqueira, atual chefe do
GSI/PR (Gabinete de Segurança Institucional) aprendeu muito, e
adquiriu uma nova perspectiva e conhecimentos, quando foi destacado
para substituir o General Urano Teixeira da Matta Bacellar (58 anos)
morto em 07/01/2006 num hotel no Haiti. Ficou lá pouco mais de um
ano, e logo após, em 31/07/2007 foi promovido a General de Exército,
sendo nomeado para o GSI/PR em 21/12/2010 pela Dilma.

A militarização de movimentos populares, em paralelo com o


aparelhamento total do crime organizado e dos três poderes da
República, tem dado um matiz sombrio ao futuro próximo. Fuzis em
tangará, e uniformes e campos de treinamento em outras partes, há
anos, completam o quadro dantesco.

Em 31 de março, ao invés de vermos manifestações explicitas na


caserna de homenagem ao movimento de 1964, vimos sim foi a
reafirmação da obediência militar servil que levou a instauração de 7
inquéritos militares para apurar crimes daquela época. As FFAA, a
continuar como estão, caminham para a extinção no formato operacional
como se encontram, e o embrião de um novo Exército, com uma nova
filosofia, parece estar em gestação. Tudo como previsto.

Nos sete artigos que escrevi aqui, incluindo este, tenho procurado
passar uma mensagem das razões e instrumentos que conduzem a este
servilismo contumaz que aleija esta nação. Mais claro seria ultrapassar
os limites geográficos. Infelizmente a perspectiva não tem se mostrado
alvissareira.

Artigo 8
Passos Estratégicos Globais e a carta Brasil

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net


Por Luiz Antonio P. Valle

“O grande jogo mundial foi feito para se jogar”. Com esta frase iniciei
um artigo intitulado “Limitações de visão estratégica” publicado aqui em
06 de março de 2014. E com esta frase: “Jogando ou não o jogo
continua”, conclui o artigo. Nada mudou. Se os “estrategistas”
brasileiros entenderam ou não o recado, não alterou os passos do jogo.
A julgar pelas sucessivas derrotas que sofreram, não entenderam nada.

Avaliar os acontecimentos ocorridos no Brasil nas últimas décadas sem


conectá-los à agenda mundial prejudica substancialmente a capacidade
do analista de encaixar as peças do quebra-cabeça, ligando causa e
efeito. Ver a parte acreditando que é o todo, e não percebendo a
correlação entre forças endógenas e exógenas, empobrece a análise e
compromete a conclusão. Fazê-lo de forma superficial, sem
conhecimento de causa, também não ajuda muito.

A África e América Latina são repositórios de matérias primas e riquezas


essenciais e estratégicas. O mundo conhecido vem se polarizando em
dois grupos, aparentemente opostos, tendo de um lado os EUA, a
Europa Ocidental (com exceção a vacilante Alemanha e algumas nações
do extremo norte) e Israel; e do outro lado a Rússia, China e agregados
(Índia, alguns países árabes e outros periféricos).

Para dar uma pálida ideia da situação seriam necessárias milhares de


linhas e o entendimento de alguns sofisticados conceitos. Como não há
espaço para tal, farei uma breve exposição, mesmo sabendo que corro o
elevado risco de não ser compreendido.

Os recentes acontecimentos na Ucrânia (incluindo aí os dois voos da


Malaysia Airlines), Siria, Iraque, Irã e em outras regiões reforçam o
antagonismo entre leste e oeste, que se diga, não começou agora. Em
2005 Chi Haotian, Ministro da Defesa e vice-presidente da Comissão
Militar Central da China, num discurso secreto já advertia que em 10
anos a China deveria estar pronta para um conflito militar com os EUA e
seus aliados como única forma de garantir “espaço vital” para seu povo.
Outro general de nome Mi Zhenyu já havia dito: "Por um período
relativamente longo, será absolutamente necessário que acalentemos
silenciosamente nosso sentimento de vingança... Devemos ocultar
nossas capacidades e esperar pela melhor oportunidade". Por outro lado
a Rússia, após alguns eventos que exteriormente podem ser
representados pelo que aconteceu na Ucrânia, despertou para o fato de
que o Ocidente não respeitará seus interesses estratégicos, exceto se
contido pela força.

A vitória que acalentam passa por vencer na economia levando os EUA a


ruína, conquistar posições estratégicas e realizar um ataque inesperado
e devastador, que a principio não seja identificada a origem (deverá ser
precedido de medidas de bloqueio cibernético, ataques de sabotagem
atribuída a terroristas – ataques de falsa bandeira - e uso de armas
biológicas).

Hoje a Rússia, e depois a China, já são os maiores compradores de ouro


físico do planeta. O Banco Central russo acrescentou aos estoques mais
570 toneladas de ouro na última década, mais de um quarto da vice-
campeã em compras, a China, de acordo com dados do FMI compilados
pela Bloomberg. Para se ter uma idéia do quanto é isso o peso do ouro
acrescentado aos cofres russos é quase o triplo do peso da Estátua da
Liberdade. “Quanto mais ouro um país tem, mais soberania ele terá se
houver um cataclismo com o dólar, com o euro, a libra ou qualquer
outra moeda de reserva” declarou Evgeny Fedorov, um parlamentar do
Partido Para Rússia Unida, de Vladimir Putin.

Em maio deste ano, a Gazprom (Rússia) e a CNPC (China), duas


gigantes do ramo de energia, assinaram um contrato, válido por 30
anos, de fornecimento de gás russo à China no valor total de US$ 400
bilhões de dólares. Os primeiros pagamentos segundo este contrato
serão realizados em yuans. Deste modo, pela primeira vez na história,
um negócio internacional no campo da energia foi realizado sem a
participação do dólar. Como a China possui boa parte de suas reservas
em dólar, sua estratégia para se livrar deles deve ser mais cautelosa,
para não chamar atenção e não transformar em pó suas reservas. Todos
sabem que se o dólar, como moeda de troca internacional, ficar em
desuso os EUA, e boa parte de seus aliados, irão a bancarrota.

A conquista de posições geográficas estratégicas inclui vários


movimentos já em andamento. Recentemente houve uma reunião da
comissão intergovernamental russo-nicaraguense, precisamente em
09/09/14 em Moscou, para iniciar a construção de um canal na
Nicarágua ligando o Atlântico ao Pacifico a um custo de US$ 40 bilhões,
com potencial de carga maior que o canal do Panamá. A China financia a
obra através da empresa HK Nicaragua Canal Development Investment.
Com este canal em funcionamento a Rússia e China passam a ter sob
seu controle um ponto estratégico bem abaixo dos EUA de onde podem
abarcar com uma só frota a costa leste e oeste dos EUA. Cabe também
citar aqui um acordo militar estratégico assinados em 03/2011 entre a
China e o Paquistão.

O aspecto mais importante e vital deste novo acordo estratégico é que o


Paquistão concedeu permissão para que as forças militares chinesas
comecem o “uso imediato” da estrada/rodovia que atravessa a
cordilheira do Karakoram, o que permitirá as forças militares terrestres
da China um acesso total por terra ao Oriente Médio, o que lhes dará
condições de confrontar às forças do Ocidente em contato direto, muito
próximo das portas da Europa, via Estreito de Dardanelos pela Turquia.

Todos têm lido sobre os vários ataques cibernéticos que a China tem
empreendido em relação às instalações estratégicas ocidentais. Entende-
se hoje que o ataque cibernético precede o ataque com armas nucleares
ou convencionais. A capacidade militar chinesa é complementada e
aprimorada pela excelência da tecnologia russa nestas áreas, seja no
campo nuclear, químico, biológico, espacial, psíquico ou escalar. O
resultado é uma combinação de forças e recursos que não podem ser
ignorados. Se somarmos a isso o ódio que parte do mundo alimenta em
relação aos EUA, em particular alguns países árabes, teremos um
cenário explosivo.
Neste trabalho de projetar cenários nos defrontamos com as
surpreendentes previsões, sobre vários países, da página Deagel.com,
que é uma página respeitada por oferecer dados da aviação civil e
militar, armamento e exércitos, mísseis e munição, tecnologia militar e
aeroespacial e outros dados estratégicos e econômicos. Queremos crer
que foi um exercício robusto de imaginação, mas que deve ser citado
para reflexão, uma vez que o cenário traçado é bastante específico e
repleto de dados minuciosos.

Se for uma brincadeira desta prestigiada página alguém se deu muito


trabalho. Para cada país, a Deagel.com realiza uma previsão estimada
de seu nível de população, sua renda per capita e seu Produto Interno
Bruto previsto para o ano de 2025. Para melhor entendimento vamos a
alguns exemplos destas previsões, focando apenas nos quesitos
população e PIB:

a) Nestas previsões os EUA teriam em 2025 uma população de 69 milhões


e um PIB de US$ 921 bilhões (contra uma população em 2013 de 316
milhões e um PIB de US$ 17 trilhões). Israel teria em 2025 uma
população de 4,4 milhões e um PIB de US$ 64 bilhões (contra uma
população em 2013 de 7,7 milhões e um PIB de US$ 273 bilhões). O
Reino Unido não teria melhor sorte, pois teria em 2025 uma população
de 32 milhões e um PIB de US$ 542 bilhões (contra uma população em
2013 de 63 milhões e um PIB de US$ 2,5 trilhões).

b) Nestas previsões a China teria em 2025 uma população de 1,4 bilhões e


um PIB de US$ 15 trilhões (contra uma população em 2013 de 1,4
bilhões – portanto será mantida - e um PIB de US$ 8,9 trilhões). A
Rússia teria em 2025 uma população de 135 milhões e um PIB de US$
3,3 trilhões (contra uma população em 2013 de 143 milhões e um PIB
de US$ 2,1 trilhões – o que mostra uma pequena diminuição da
população) e a Índia teria em 2025 uma população de 1,4 bilhões e um
PIB de US$ 4,3 trilhões (contra uma população em 2013 de 1,2 bilhões e
um PIB de US$ 1,8 trilhões).

c) A América Latina e a África praticamente não são afetadas.

Aparentemente estas previsões levam em consideração uma vitória do


eixo Rússia e China, uma vez que vemos uma queda brutal de população
e PIB nos EUA e seus aliados (a exceção da Alemanha) e uma elevação
da população e PIB da Rússia, China e seus pretensos aliados em 2025.
Estas projeções não conferem integralmente com as nossas, mas nos
surpreende que um site sediado nos EUA, e que conta com tão boa
reputação, tenha publicado estes números. Um estrategista chinês
resumiu a questão que os confronta com o Ocidente de forma alegórica,
bem ao estilo deles dizendo: “numa montanha não pode haver dois
ursos”.
E o Brasil? Ora, a América Latina seria fundamental num conflito destas
dimensões, não só por sua localização, mas também para fornecimento
de suprimentos e apoio. Para tanto foi traçada uma inteligente e
paciente estratégia para a tomada desta região, para torná-la
visceralmente antagônica aos EUA. Não comentarei sobre o Foro de São
Paulo e nem sobre Gramsci, pois muito já foi escrito, e menos ainda
sobre o papel de Cuba, pois é um peão, ainda que com certo relevo. O
fato está aí, posto as vistas de todos.

Inicialmente alguns setores ingleses e estadunidenses entenderam que o


apoio a Lula seria interessante porque, desde que ele cumprisse os
acordos assumidos (o que fez em grande medida), nada de grave
aconteceria aos interesses anglo-saxões. Ainda que a resultante fosse
uma guerra civil que fragmentasse o Brasil em três ou quatro pedaços,
não seria ruim para eles.

Pelo contrário, acabar-se-ia de vez com a possibilidade de surgir uma


grande nação na região para rivalizar com a do norte, além do completo
controle das riquezas da parte norte do atual país. Então, deixou-se o PT
agir como se fosse o protagonista da cena, quando na verdade era uma
marionete. No momento esta estratégia está sendo reavaliada,
notadamente pela pressão de setores estadunidenses mais aguerridos
como a inteligência naval.

Tal se dá também face serem aparentemente mínimas as chances de se


tirar o PT do governo, através da via democrática. O resultado desta
eleição mostrou isso, por vários motivos. Mesmo que estourem dez
escândalos e que se prove que houve fraude eleitoral, a massa da
população não se mobilizará, mas os movimentos sociais militarizados se
mexerão, dentro de uma estratégia pré-definida. Provavelmente Lula
será candidato em 2018 (apenas o agravamento de sua doença ou a
morte o impediria) e não se vê na pseudo-oposição ninguém com verve
para confrontá-lo.

Cada dia haverá mais pobres, e sempre haverá a quem culpar pela
pobreza deles. O aparelhamento do Estado caminha para a hegemonia
sonhada pelo PT. O Executivo e o legislativo são apêndices do partido e
o Judiciário segue o mesmo rumo (em 2018 dez dos onze ministros
serão petistas). Os movimentos sociais serão cada dia mais partidários e
a mídia estará completamente controlada e dependente das verbas
governamentais.

As FFAA vêm sendo alvejadas e estão sangrando fortemente sem


reação. Confundiram conceitos, não foram capazes de identificar o
momento certo de atuar e como fazê-lo, não aceitaram conselhos e
iludiram-se avaliando mal sua força. Existiram à época várias opções de
atuação discreta e robusta que poderiam ter posto em ação para deter
os acontecimentos desfavoráveis em seu inicio. Não o fizeram.

A área de inteligência deixou a desejar, como exponho nos artigos que


escrevi e foram publicados aqui entre os dias 13 e 16 de outubro de
2013, ainda que se reconheça que a ela não cabia a decisão final. Hoje o
que se ouve são desculpas mal elaboradas.

Existe uma máxima que diz que a árvore se conhece pelos seus frutos.
Os frutos estão aí. Não reconhecer isso é demonstração de grave miopia.
Usaram com as FFAA a estratégia de cozinhar o sapo, aumentando a
temperatura devagar até que ele não percebesse sua morte se
aproximando. A continuar chegarão a um ponto de onde não há volta, se
é que não chegaram ainda.

O PT divulgou manifesto após as eleições colocando entre suas


prioridades a desmilitarização das policias militares e sua subordinação a
esfera federal, bem como a revogação da Lei da Anistia. A perda de
ascendência sobre mais de 400 mil homens em armas, que é hoje o
efetivo da PM, e a defenestração dos oficiais que ainda tenham laços
com os antigos ideais do Exercito de Caxias serão a pá de cal que
faltava. Uma nova casta de oficiais mais alinhados ao establishment
chegará ao comando, ainda que se repita à exaustão que as FFAA não
foram contaminadas ideologicamente.

No passado errou-se enormemente ao deixar a educação e a mídia ser


dominada pelas forças de esquerda. Esqueceu-se que é necessário
conquistar “corações e mentes” para se governar. Dominando a mente o
fuzil é desnecessário. Hoje existem milhares de agentes estrangeiros em
atuação no Brasil e seu futuro não está, inexoravelmente, na mão dos
brasileiros.

Dentre os estrategistas globais as cartas da guerra civil, e fragmentação


do país, estão sobre a mesa (será que a NSA e a DARPA não tem
tecnologia suficiente, caso quisessem ter interferido na totalização dos
votos na eleição presidencial?). O Brasil é uma carta no baralho do jogo
global. Sem força de dissuasão nuclear, sem força militar determinante,
sem capacidade de autodeterminação, é um “anão”, como um diplomata
israelense num momento de irresponsável sinceridade falou.
A manterem-se como estão, os pensadores estratégicos patriotas
brasileiros, serão varridos pelo tsunami, uma vez que a solução não está
na superfície pela qual circulam com ar de sábios, mas sim no
subterrâneo profundo onde suas mentes ainda não penetram.

Passar a ser protagonista deixando de ser expectador anêmico é o


desafio. As antigas alianças hoje funcionam de modo diferente.

Artigo 9
Momento Estratégico Global Crítico e a Carta Brasil

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net


Por Luiz Antonio P. Valle

Para compreendermos adequadamente um cenário é necessário


visualizar o quadro geral no tempo e no espaço. Separar causa e efeito.
Tomar a linha do tempo mapeando os movimentos, percebendo sua
tendência, as opções disponíveis e as que foram efetivadas.
Fundamental conhecer profundamente os protagonistas para penetrar-
lhes às intenções, antecipando-se. A gravidade, a urgência e a tendência
de cada elemento relevante devem ser pesados e medidos.

Vários foram os artigos aqui escritos que alertaram para o rumo que
nosso país estava, e ainda está, se encaminhando. Tanto o editor Jorge
Serrão como seus articulistas escreveram inúmeros textos. Não faltaram
avisos e exortações. Aqueles que acompanham e tem boa memória
sabem disto. Ninguém em sã consciência, exceto o desinformado, pode
alegar que há surpresa no que está ocorrendo em nossa pátria. E porque
nada se fez?

Infelizmente, a maioria tem memória curta. Assim, abaixo farei uma


breve recapitulação da parte que me coube.

Comecei a escrever neste espaço virtual há treze meses atrás com uma
série de três artigos intitulados “A Atividade de Inteligência Militar, os
Governos Civis e o Cenário Atual”. Na primeira parte discorri sobre a
gênese da Atividade de Inteligência e o estado da arte no Brasil,
mostrando a importância vital desta atividade, a enorme distância que
nos separa das melhores práticas do setor, a defasagem tecnológica e
metodológica e as surpresas que aguardariam os militares. Na segunda
parte discorri sobre o Sisbin, suas fragilidades, as ameaças reais
existentes, e a necessidade de reformulação urgente de suas práticas.
Na terceira e última parte desta série escrevi sobre o “desmonte” do
poder nacional, dos avisos dados a um general atuante na AI (Atividade
de Inteligência) sobre o perigo dos planos de Lula (e a visão distorcida
do general onde subestimava o potencial destrutivo deles), e da
responsabilidade intrínseca das FFAA pela situação atual devido sua
omissão em agir adequadamente.

No artigo subsequente datado de outubro de 2013, após esta série de


três, intitulado “Quem decide o resultado das urnas no Brasil?” detalhei
a fragilidade do sistema eletrônico e as vulnerabilidades propositais do
mesmo, deixando antever o que aconteceria nas eleições do ano
seguinte.

Em fevereiro de 2014 retornei as questões estratégicas com o artigo


“Movimentos estratégicos para 2014” demonstrando que os EUA
estavam se mobilizando para aumentar seu aparato militar na América
Latina, o que mostrava que eles percebiam os problemas se
aproximando e estavam agindo, ao contrário dos brasileiros.

No artigo seguinte “Limitações de visão estratégica” mostrei que dos


BRIC (não inclui a Africa do Sul que, pelos critérios iniciais nem poderia
fazer parte deste grupo) o Brasil era o único que estava ficando para
trás, principalmente na questão tecnológica e de poderio militar, o que
implica necessariamente em comprometimento da soberania nacional.
Dos quatro é a única colônia subserviente. A desculpa da situação
externa que limitou nosso desenvolvimento foi confrontada com a
realidade destes países que ultrapassaram o Brasil, mesmo submetidos
ao mesmo cenário adverso.

Na sequencia escrevi um artigo intitulado “Por uma Estratégia de


Estado” onde apresentei a metodologia que permeia o raciocínio base de
um grupo de trabalho e fiz uma previsão, ao final, do que aconteceria
com o EB, o que parece se confirmar com a criação do exército da
Unasul. No último artigo chamado “Passos Estratégicos Globais e a carta
Brasil” comecei a apresentação dos maiores protagonistas mundiais que
terão papel destacado nos próximos anos, suas estratégias, a
polarização aparente do poder, os preparativos para o confronto
inevitável, alguns cenários e o papel reservado ao Brasil e a América
Latina.

Nas projeções de cenário para os próximos anos, algumas reveladas no


meu último artigo citado acima, fica bastante clara a alta probabilidade
da eclosão de uma grave crise financeira, pior que a de 2008, e de um
conflito bélico em escala considerável. O que virá primeiro, ou qual dará
origem ao outro, é um entendimento ainda não pacificado; entretanto
está pacificado que não existe mais o “se” vai acontecer, a questão
agora é apenas “quando”. Penso que a crise, artificialmente projetada,
detonará o conflito já esperado.

Como já exposto no artigo precedente a China e a Rússia vem se


preparando para esta crise financeira aumentando sensivelmente suas
reservas de ouro. Na verdade esperam poder usá-las para destronar o
dólar de sua posição de moeda de troca mundial e reserva; quebrando
financeiramente os EUA. A resposta estadunidense, num acordo com os
seus aliados árabes, veio na forma de uma redução rápida do preço do
barril de petróleo.

O preço do petróleo em queda, hoje já abaixo de US$ 66.00 o barril tem


impacto direto sobre três países inimigos dos EUA: a Venezuela, o Irã e
Rússia. Estes dependem significativamente do petróleo para obter
divisas fortes, e terão suas economias fragilizadas com graves
consequências. Entretanto, esta estratégia afetará também a economia
estadunidense, uma vez que poderá colocar a indústria do petróleo de
xisto em dificuldades.

As empresas de energia respondem hoje por aproximadamente 20% de


todo o mercado de títulos de alto risco (os Junk Bonds). No momento
em que essas empresas começarem a apresentar dificuldades, esses
títulos começarão a perder valor rapidamente, e certamente haverá
sérias consequências nos maiores bancos. Doravante, se você quiser
acompanhar esta situação, procure observar atentamente o preço do
petróleo, o mercado de títulos junk bonds e os grandes bancos.

Entretanto, a avaliação das agências é que, mesmo pagando um preço


alto, a economia dos EUA pode suportar esta crise, exceto se o dólar
ficar sem credibilidade, como é o plano russo-chinês. Por outro lado, os
rivais dos EUA citados sofrerão consequências devastadoras. Quanto aos
árabes da OPEP, aliados neste esquema, o estrago será pequeno porque
produzem com baixos custos, podendo lucrar mesmo com preços
reduzidos, e possuem grandes reservas financeiras para esperar com
paciência.

A lógica é esperar para ver quem vai à lona primeiro, e a aposta


estadunidense é que serão seus rivais. Alguns analistas acreditam que
os EUA e seus aliados estão preparados para reduzir o preço do petróleo
até US$ 35.00 por barril. Neste cenário a crise financeira será severa e
pode inviabilizar o pré-sal brasileiro. A Venezuela irá a pique e o Irã terá
de conter gastos. A resposta da Rússia a esta situação ainda não está
clara.

Uma pista da futura resposta russa poderá ser sentida num discurso de
Vladimir Putin, na reunião plenária final da sessão da XI Valdai
International Discussion Club em Sochi, em 24 de outubro de 2014,
onde muitos analistas interpretaram uma parte de seu discurso da
seguinte forma: “A Rússia não deseja que o caos se espalhe, não quer a
guerra, e não tem nenhuma intenção de começar uma. No entanto, hoje
a Rússia vê o início de uma guerra global como quase inevitável, está
preparada para isso, e continua a se preparar para o confronto. A Rússia
não quer a guerra, mas também não a teme.”. Ao falar desta forma,
abertamente, é porque ele já tomou as precauções necessárias. Como
se sabe Putin é um homem egresso da KGB, logo discreto e precavido.

Os preparativos e o pensamento da China sobre estas questões foram


expostas no artigo anterior. Certamente a China representa hoje uma
ameaça aos interesses anglo-saxões-judeus tão poderosa, ou mais, do
que a Rússia.

Os marcianos esperam resolver tudo na espada, defendendo suas


possessões ao velho estilo. Os venusianos acreditam que a colheita está
muito próxima e tudo está indo como o esperado a 95%. Os do vinho
Maldek esperam ressuscitar em breve. Os príncipes laboram seus reais
segredos, tendo pouquíssimos ido em algum lugar abaixo da linha, logo
os restantes se iludem pensando que detêm o verdadeiro poder nos
acampamentos. A Águia, o Urso e o Dragão se movimentam, mas a
Serpente continua a controlar o jogo de dentro de sua toca.

E como fica o Brasil neste cenário? Os tupiniquins não parecem ver, e


agem como néscios. Não tem muitos representantes na elite que joga o
jogo. Seus estrategistas são intelectualmente acanhados e desprovidos
de informação de qualidade. O país nunca foi capitaneado por uma elite
moral ou intelectualmente avançada, como já identificou o Jorge Serrão.
Aliás, as pessoas que estiveram a frente deste país, salvo raríssimas
exceções, sequer merecem um adjetivo elogioso. Foi uma sucessão de
atropelos desde o fim do Império. Em raros momentos formou-se um
grupo para planejar o futuro que tivesse condições objetivas de
implementar seus planos.

As FFAA são um capitulo à parte neste cipoal. Encontram-se numa


situação digna da UTI, e não mostram sinais vitais de melhora. Os três
velhinhos que as comandam transparecem, em suas tristes figuras, toda
a esqualidez e anemia que se abate sobre elas. Atualmente todos
chamam estes comandantes raquíticos de covardes, omissos, traidores,
etc.... mas pergunto: quando foi que eles demonstraram ser sequer a
sombra dos grandes generais do passado? Será que os oficiais da
reserva perderam a capacidade de elaborar, coordenar e por em ação
planos de emergência? Não tem mais eles interlocutores na ativa? Vão
ficar na dependência dos três velhinhos? Apenas escrever textos não
resolverá esta demanda.

Nem sequer fazer cumprir a lei as FFAA conseguem mais, tendo ficado
emblemático a questão da não aposentadoria dos comandantes aos 70
anos, e da não cassação da medalha do José Genoino. A situação está
moralmente, eticamente e psicologicamente insustentável. Os
equipamentos antiquados já dão sinal de falência, como foi o caso do
acidente com um Hércules C-130 na Antártica que fez uma aterrisagem
de emergência com risco de explosão, e o vazamento de óleo no navio
da marinha brasileira que foi socorrer, e tinha risco de incêndio.

Quem insiste em dizer que a imagem das FFAA continua intacta não
deve ter lido a VEJA do inicio deste mês, onde um gerente do tráfico no
Complexo da Maré, mesmo lugar onde haviam matado cinco dias antes o
cabo Mikami do EB, orgulhosamente declarou: “Se a gente quisesse,
matava um soldado por dia”. Pelo jeito o EB não põe mais medo nem na
pequena criminalidade. Falar em confronto ou contenção dos grandes
predadores militares internacionais é até risível, as FFAA estão incapazes
hoje de enfrentarem exércitos bem menores, e pelo jeito, até
organizações criminosas.

A decisão do Poder de deixar a Presidente Dilma ganhar mostrou-se


acertada. Se o Aécio tivesse ganho teria agora um imenso desgaste que
talvez o enfraqueceria de forma contundente e vital, uma vez que a ele
seriam imputadas todas as decisões impopulares que este governo já
tomou e ainda terá de tomar. Que o desgaste fique com a criatura que
pariu o problema.

Assim, o ano de 2015 promete fortes emoções. Externamente tudo


aponta para uma crise financeira séria com risco de confronto bélico de
proporções imprevisíveis. Internamente o PT se preparou para o pior.
Tem seu próprio exército com efetivo considerável (seus guerrilheiros já
treinam desde 2005 no interior do país com fuzis AK-47 e uniforme de
combate feito na China, trazidos para o Brasil como importações de
tecido em containers de empresa insuspeita. Seus adestradores são
cubanos, venezuelanos, colombianos das FARCs e outros). Possuem
ainda vastos recursos financeiros (fruto dos esquemas cuja pontinha
agora foram descobertos) e um plano bem organizado para cumprir.

Pergunta-se: Quem se oporá? Ou melhor, com que meios? Sim, há como


fazer e não é difícil. Mas para isso muitas coisas precisam mudar, a
começar por reconhecer o problema e as limitações inerentes com
humildade, sendo que este último elemento nunca foi um ingrediente
comum na caserna.

A Águia percebe o movimento e se prepara, tanto para confrontar como


para cooptar. Eles certamente precisam anular a influência da Venezuela
e Cuba, e de uma forma mais extensa do Foro de São Paulo. Certamente
continuarão a fazer movimentos ritmos de bater por baixo e assoprar
por cima. Estender a mão de um lado e manter o porrete na outra.
Se ocorrer desordem social em função da crise os EUA tem pronto, já há
muitos anos, planos detalhados com a FEMA (Federal Emergency
Management Agency), que dispõe de armamento, efetivo e campos de
detenção para lidar com isso. Se acontecer em terras tupiniquins quem
vai botar ordem na casa?

Este é o nono artigo que publico aqui neste espaço virtual, escrito 400
dias após o primeiro, e como o nove não soma nem subtrai, mas conduz
a uma nova dezena, a uma oitava superior, pelos costumes e regras
escrevi este nono artigo enfeixando os anteriores.

Artigo 10
Terrorismo nas Olimpíadas de 2016

E se isto acontecer por aqui?

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net


Por Luiz Antônio P. Valle

O Brasil encontra-se inserido num mundo altamente competitivo e


complexo, onde os riscos estratégicos multiplicaram-se de uma forma
inédita. Certamente em nenhum momento anterior tivemos que lidar
com tal variedade de fatores com tamanho poder ofensivo.

O crime organizado (CO), representado principalmente pelo narcotráfico


e contrabando, tem avançado em sofisticação e ousadia, entrando nas
entranhas do aparato público promovendo a corrupção ativa e a
conivência. O terrorismo mostra a cada dia mais sofisticação e recursos,
confrontando as agências de inteligência dos países onde estão seus
alvos. Neste cenário sediar grandes eventos internacionais virou um
grande desafio.
Inseridos neste contexto desafiador estamos às vésperas de sediar o
maior evento esportivo do mundo: as Olimpíadas. É um evento bem
maior que a Copa do Mundo e muito mais complexo. Mesmo
acontecendo numa só cidade sua magnitude ultrapassa relevantemente
a Copa do Mundo. Para embasar esta alegação podemos citar esta
declaração, contida no site da BBC Brasil em 21/11/15, feita por Andrei
Augusto Passos Rodrigues, secretario extraordinário para grandes
eventos do Ministério da Justiça:
“Na copa eram 32 países, nos jogos serão mais de 200. (Em 2014) eram
800 atletas e agora serão mais de 10 mil. Então são números
absolutamente distintos. São 42 campeonatos mundiais acontecendo
simultaneamente, no caso dos jogos, em 17 dias”.

Além de sua magnitude, o que chama a atenção nas Olimpíadas, quando


falamos de segurança, é seu histórico. Os Jogos Olímpicos de Munique
(1972) e Atlanta (1996) foram alvos de atentados terroristas. Em
Munique (Alemanha), oito terroristas do grupo autointitulado Setembro
Negro invadiram a Vila Olímpica e fizeram 11 atletas da delegação de
Israel reféns. Durante a operação policial, todos os atletas acabaram
mortos pelos terroristas. Em Atlanta (EUA), uma bomba explodiu no
Centennial Olympic Park, bem próximo da Vila Olímpica, o que
ocasionou a morte de duas pessoas e feriu outras 112. Em contraste não
foi registrado nenhum atentado terrorista desta natureza em uma Copa
do Mundo.

Alguns fatores contribuem para esta diferença de abordagem terrorista


entre estes dois eventos esportivos, dentre os quais vale citar a
dimensão, e a diversidade de participação; ou seja, quantidade e
qualidade. Como já demonstramos às Olimpíadas são um evento bem
maior que atinge o planeta de uma forma mais ampla, em virtude do
número de países envolvidos, sendo visibilidade um pré-requisito
importante no ato terrorista. O segundo fator é a diversidade, pois das
Olimpíadas participam muitos países que possuem atuação relevante no
jogo mundial, tendo uma pluralidade de alvos como facilitador do
planejamento do atentado. Para exemplificar, países como Israel e
outros atores importantes do Oriente Médio, não atuam frequentemente
nas Copas do Mundo, o que não acontece nas Olimpíadas.

Logo, não parece crível alegar que o fato de não ter havido nenhum
atentado na última Copa do Mundo realizada no Brasil seja um forte
indicativo a ensejar relativa tranquilidade no quesito segurança. Não só
o evento tem características distintas, assim como o cenário mundial
mudou significativamente.

Em 2014 não tínhamos uma conflagração exacerbada, e tão polarizada,


como hoje temos no Oriente Médio, notadamente na Síria, onde as
grandes potências mundiais tem apoiado lados contrários numa guerra
por procuração. A formação de um novo panorama mundial com blocos
bipolarizados, com EUA, Israel e UE de uma lado e Rússia, Irã e China
do outro, tornaram a análise geopolítica mais complexa. Diversas
nacionalidades já foram arrastadas para este conflito na Síria e no
Iêmen, colocando em lados opostos ideologias e interesses poderosos.
Este envolvimento de países poderosos, armando e treinando seus
“aliados”, levou certos grupos ditos “terroristas” a desenvolver
habilidades e a alcançar uma capacidade bélica, que antes não
possuíam. Num cenário com estas características, com os grupos em
conflagração, um atentado de falsa bandeira pode ser extremamente
conveniente para obter um pretexto adequado.

Alegar que o Brasil não é um alvo preferencial porque é um país neutro,


amante da paz, etc.... não faz muito sentido, porque o alvo deles não é
o Brasil, mas os países que participarão das Olimpíadas. Ademais, numa
extrapolação de conceitos, e considerando a mente dos terroristas mais
radicais, para eles o Rio de Janeiro é uma cidade libertina, onde as
mulheres mostram seus corpos na praia, para não falar do carnaval, e
apreciam o sexo. Somado a isso temos o Cristo Redentor, símbolo
mundial da Cristandade, um alvo extraordinário. Cabe ainda ressaltar
que o Brasil, na reunião do G20, condenou os atentados em Paris e seus
autores, solidarizando-se com os países que criaram uma frente de
combate ao terrorismo. Estes fatores já poderiam encorajar os
terroristas mais ideológicos ou com maior fervor religioso a “punir” o
Brasil.

Entretanto, creio que o alvo principal deles sempre será atingir


prioritariamente os atletas de países relevantes envolvidos nos conflitos
mundiais, tais como: EUA, Rússia, China, Reino Unido, França, Israel,
Turquia, Arábia Saudita, Irã, Jordânia; dentre outros. Temos ainda a
ação dos “ratos solitários”, fanáticos destemidos que simpatizam com
alguma causa e agem isoladamente, sendo apenas apoiados por alguma
organização.

Cabe aqui notar, que mesmo países como os EUA e França, não foram
capazes de evitar atos terroristas em seus territórios. Se países como
Estados Unidos e França, com um aparato de inteligência anos à frente
do Brasil (como já demonstrei em vários outros artigos neste espaço),
foram vitimas do terror, como o Brasil pode considerar o risco de
ocorrência de um ato terrorista baixo, como alegam algumas
autoridades brasileiras? Como podem dar declarações dizendo que o
Brasil está bem preparado? Só podemos imaginar que esta seja uma
estratégia para acalmar as pessoas, pois não corresponde nem de perto
à realidade atual. Vejamos alguns aspectos a considerar.

Numa breve análise podemos citar como fatores passiveis de melhoria o


controle precário nos aeroportos e portos, a vulnerabilidade das
fronteiras, a inexistência de controle eficaz sobre o espaço aéreo, a falta
de uma legislação específica para lidar com o terrorismo e a ausência de
integração e coordenação entre os vários órgãos de inteligência
brasileira. Se organizações terroristas quiserem entrar no país com
grandes quantidades de explosivos e armamentos certamente não
precisarão passar pelos portos e aeroportos. Nossas fronteiras terrestres
são uma verdadeira peneira por onde passa de tudo, onde tem ficado
cabalmente demonstrado a vulnerabilidade e incapacidade de controlar o
que entra e sai do país.

Existe ainda a questão do controle do espaço aéreo. À partir de


pequenas pistas de pouso em fazendas do outro lado da fronteira
partem pequenos aviões trazendo todo tipo de bagagem e/ou
passageiros, que pousam em pistas similares em fazendas do lado
brasileiro, notadamente em Mato Grosso. A lei do abate jamais foi
realmente implementada de forma eficaz. É mais um “buraco” na nossa
fronteira.

Depois de entrar no Brasil com tudo que quiserem, entre material e


recursos humanos, outra dificuldade que as autoridades brasileiras
encontrariam seria o de rastreamento destas pessoas e materiais,
devido à extensão do território e as dificuldades apresentadas pelos
órgãos de inteligência para coordenar uma ação eficaz.

E mesmo que todas estas dificuldades fossem superadas e os meliantes


detidos, teríamos ainda a questão da falta de uma legislação específica
em vigor para tratar do terrorismo, o que causa enormes entraves para
a ação investigativa e repressiva, criando dificuldades inclusive para
tipificar o crime. Provavelmente os transgressores, no caso em tela, e
dependendo das circunstâncias no ato da prisão, seriam liberados para
responder em liberdade, pois no Código Penal não há previsão do crime
de terrorismo que esteja em vigor no presente momento em que é
redigido este artigo.
Há poucos dias atrás, no dia 24/02/16, após muita pressão nacional e
internacional, foi aprovada na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei
2016/15 que tipifica o crime de terrorismo, indo agora para a sanção
presidencial.

Mal o PL foi aprovado na Câmara e certas ONGs já estão pedindo à


presidente que vete parte do texto, argumentando que o projeto de lei
antiterrorismo poderá criminalizar movimentos sociais e manifestações
populares. A Anistia Internacional, o Greenpeace e o MST já se
posicionaram contra a nova legislação, pedindo que a presidente rejeite
integralmente o texto. O Escritório para América do Sul do Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos também
emitiu uma opinião onde esboça preocupação com a Lei Antiterrorismo.

Segundo o site da Câmara dos Deputados, “para o enquadramento como


terrorismo, com a finalidade explicitada, o projeto define atos terroristas
o uso ou a ameaça de usar explosivos, seu transporte, guarda ou porte.
Isso se aplica ainda a gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos,
químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou
promover destruição em massa”.

A Anistia Internacional argumenta que “O projeto de lei aprovado é


demasiadamente amplo, vago e não cumpre o requisito básico de
qualquer lei penal de ser específica em sua tipificação, estando sujeito a
uma interpretação subjetiva por parte do sistema de Justiça”.
Não bastasse isto, o PT emitiu nota no dia 26/02/16, reforçando o coro
daqueles que pedem à presidente a rejeição total do texto. Em nota o PT
diz: "Como o texto da lei é vago em muitos momentos, deixa para os
delegados, promotores e juízes a interpretação daquilo que se enquadra
como terrorismo. Nós sabemos que esses segmentos possuem no Brasil
uma cultura extremamente punitivista e criminalizam a todo o momento
os movimentos sociais, a juventude, os trabalhadores, os camponeses
etc., que são os que mais podem sofrer com essas medidas", diz a nota.

Assim, aparentemente a futura lei já nasceu morta, a depender da


postura da presidente. Até que as divergências sejam superadas e haja
a sanção presidencial, se houver, continuamos no Brasil sem uma lei que
tipifique o crime de terrorismo e que permita, principalmente, coibir os
“atos preparatórios”, fundamental na prevenção e desmonte prematuro
do atentado terrorista.

Se tudo isto não bastasse, sabemos que células terroristas já atuam no


Brasil há décadas. É bem conhecido dos especialistas da área de
inteligência, pelo menos de uns vinte anos para cá, que já existem
diversas células de organizações terroristas funcionando na Tríplice
Fronteira pelo lado brasileiro, e disseminando-se pelos estados do Sul do
Brasil e São Paulo. Sabe-se que em 1995 o próprio Bin Laden esteve em
Foz do Iguaçu.

Já existem diversos radicais muçulmanos operando organizadamente


com captação de recursos financeiros, desenvolvimento de controle
cibernético e planejamento operacional em solo brasileiro. Vários
relatórios da CIA, FBI e Departamento do Tesouro Americano vêm
alertando as autoridades brasileiras para o agravamento deste quadro, e
a incapacidade por parte das autoridades brasileiras de neutralizar ou
subtrair estas ameaças vem preocupando vários órgãos de inteligência
internacionais. Organizações como a Al Qaeda, Jihad Media Battalion,
Hezbollah, Jihad Islâmica e Hamas já possuem células bem estruturadas
e operacionais em nosso país.

Junte-se a este quadro a vulnerabilidade e fragilidade do aparato de


segurança e inteligência brasileira e teremos um cenário com potencial
de ocorrência desfavorável bastante considerável. É mesmo na área de
Inteligência Estratégica e Segurança Pública onde as perspectivas se
tornam mais preocupantes em função da falta de integração,
coordenação e cooperação entre as atividades de inteligência das forças
policiais, e o momento especialmente delicado por que passa a AI a nível
federal (Abin, Policia Federal e Forças Armadas em particular). A título
de exemplo pode-se citar o fato de não existir, até o presente momento,
um banco de dados a nível nacional capaz de fornecer informações
adequadas para subsidiar uma análise criteriosa e confiável, ao qual
tenham acesso igualitário todas as forças de segurança. Adicionalmente
é verificado que ferramentas importantes, como a Análise Criminal (AC),
é pouco utilizada.

As desavenças entre a Abin, a Policia Federal e as Forças Armadas são


bem conhecidas, antigas e profundas, para não falar nas dificuldades
entre a Policia Militar e a Policia Judiciária Civil nos Estados, que já
chegaram a trocar tiros. O nível de coordenação e integração entre
todas estas esferas é mínimo. Não há linha de comando e nem órgãos
de resolução de controvérsias com funcionamento eficaz, para serem um
facilitador de demandas, aglutinar talentos e otimizar recursos.

Como disse André Wolszyn a Humberto Trezzi, do jornal Zero Hora, “o


Brasil não está de modo nenhum preparado para o antiterrorismo”.
A crise política é outro fator a considerar, pois fragiliza a cadeia de
comando. A leniência da alta administração do país com questões tão
sérias, engolfada como está pela crise politica e econômica, somadas a
todas as deficiências já apontadas, colocam a situação global de
segurança do Brasil em ponto bastante sensível e perigoso, passível de
grande aprimoramento.

Aparentemente todos os elementos para a materialização de um cenário


adverso estão presentes: omissão das autoridades, uso politico da
estrutura de AI, um conjunto grave de vulnerabilidades na área de
segurança, a falta de formação de um aparato adequado na área de
inteligência, situação conflitante de grupos internacionais e a ocorrência
de evento de importância mundial que concentrará a atenção do globo
terrestre. Todos sabem que na cartilha dos terroristas a prioridade é
realizar atentados de grande vulto em momentos que possam atrair a
mais completa visibilidade.

Não vislumbramos outro momento em nossa história em que o Brasil


precisou tanto, e com tanta urgência, de aprimorar ao máximo a
eficiência de seus organismos de segurança e inteligência e onde o preço
por não fazê-lo poderá ser tão caro. Todavia, o tempo passou e agora
não parece haver muita margem de manobra, pois estamos a pouco
mais de 5 meses para as Olimpíadas. Basta que um único ato terrorista
tenha sucesso, e ninguém mais se lembrará do Brasil por seus
predicados durante um bom tempo.

Série de 2019
Artigo 1
O xeque-mate se aproxima
célere
22 de julho de 2019 13:46

Luiz Antonio P. Valle


Luizapvalle@gmail.com

Eu já escrevi que o grande jogo mundial foi feito para se jogar. Este é seu
propósito e razão de existir. Não é para amadores. Mesmo quem não o
compreende, quem não sabe jogar, acaba jogando ainda que de forma
inconsciente, conduzido. A omissão é uma ação ou decisão em si,
devidamente respaldada pelo livre arbítrio. O mesmo raciocínio se aplica as
―famílias‖, nações e blocos.

O xadrez é um jogo interessante onde são admitidos apenas dois jogadores, ou


se está de um lado ou do outro, num tabuleiro de 64 casas, alternando de
forma dual brancas e pretas, onde o objetivo é deixar o ―Rei‖ do adversário
sob ameaça de captura, sem alternativa de fuga ou confronto, impondo-lhe a
rendição incondicional através do xeque-mate.
O jogo global vem sendo jogado há muitos milênios, mas nos últimos séculos
tomou contornos mais específicos, e nos últimos 70 anos vem se definindo.
Não existe dois ganhadores na lógica dos protagonistas, existe o xeque-mate.
Faz-se necessário quebrar paradigmas para entendê-lo. Aqui em terras
tupiniquins se mexe um peão por vez no tabuleiro, lá eles movem o bispo, o
cavalo e a rainha simultaneamente. As regras são outras. Não existe paixão,
existe o jogo.

As grandes ―peças‖ deste jogo movem-se em função de três variáveis: a


economia (controle da distribuição ou acumulo de riqueza), a militar
(capacidade de emprego do poder armado para impor sua vontade) e o sistema
de crenças (religiões, doutrinas e percepções mentais que constroem a
concepção de ―mundo‖, propiciando a interpretação do ―certo e errado‖,
etc…). A dinâmica do jogo acompanha estes três eixos, em grande parte das
vezes nesta ordem, mas não necessariamente.

Nosso foco neste artigo será a economia, por isso será tratada por último. Os
dois outros eixos receberão apenas uma apreciação sucinta, tendo sido mais
extensamente abordados em outros artigos por mim já escritos.

Vamos começar de trás para a frente. No eixo do sistema de crenças o


comportamento humano baseia-se, em última instância, naquilo que ele
acredita. A realidade é a ilusão na qual ele deposita fé. Por isso antes da ação
deve-se conquistar ―corações e mente‖. Num mundo em transformação o que
era verdade hoje amanhã já não o é. As peças do tabuleiro, antes bem
posicionadas e fortemente enraizadas para garantir que a estratégia de um
jogador funcione, foram caindo e ficando pelo caminho, conforme o outro
participante se fortaleceu e aprendeu o jogo. Dois exemplos desta situação são
a queda do Cardeal George Pell e do bilionário Jeffrey Epstein, ambos
envolvidos em escândalos financeiros e casos de abuso sexual. São bem
conhecidas nos grupos internos as redes de pedofilia e abuso sexual existentes
e operantes há séculos em elevados círculos de poder, mas eram intocáveis até
poucos anos atrás. O mesmo acontece com Organizações Criminosas apoiadas
em parceiros financeiramente robustos e poderosos. Em 17 de junho
autoridades estadunidenses apreenderam, de um navio (MSC Gayane) no
porto de Filadélfia, 15,8 toneladas de cocaína, tornando-se o maior
carregamento flagrado na história da Alfândega dos EUA. Eles estimam o
valor das drogas em US$ 1,1 bilhão. O navio foi financiado para a MSC pelo
grupo JP Morgan. Em fevereiro, agentes alfandegários já tinham apreendido
1,6 tonelada de cocaína em outro navio, o Carlotta, também da MSC, ao entrar
no porto de Newark. Este não é um negócio para gente pequena. Imagina
―lavar‖ US$ 1,1 bilhão de um único carregamento? À medida que mais
informações forem disponibilizadas ao público sobre várias ―verdades‖ hoje
tidas como cláusula pétrea, visões e conceitos estratificados de como o mundo
funciona serão forçosamente revistos, deixando as pessoas atônitas.

No eixo militar a movimentação é visível na mídia. O aparato do Complexo


Industrial Militar precisa de dinheiro para se financiar e qualquer ameaça ao
fluxo de recursos precisa ser imediatamente eliminada. As regiões de
conflitos, potenciais e em andamento, que existem hoje no Iêmen, na Ucrânia,
no Iraque, no Afeganistão, na Síria, na Coréia do Norte, no mar do sul da
China e no Irã consomem, e consumirão, uma enorme quantidade de recursos
financeiros. Algumas peças no tabuleiro, percebendo a dinâmica do jogo, já
estão reavaliando o lado em que querem estar, como é o caso da Turquia (2º
maior exército da OTAN) que adquiriu recentemente o sistema russo SS-400
de proteção antiaérea, mesmo a custa de sua expulsão do projeto do caça
furtivo de quinta geração norte-americano F-35 Joint Strike Fighter. As
primeiras partes do sistema foram descarregadas de um avião russo no
aeroporto de Murted, conhecido como Base Aérea Akinci, perto de Ancara, na
Turquia, em 12 de julho de 2019.

Em 1º de julho o mundo esteve a beira de uma hecatombe quando um


submarino nuclear russo de ―pesquisa‖ Vladikavkaz, da classe Losharik
(Projeto 10831), que trabalha em aguas de até 6 mil metros de profundidade
mapeando cabos de comunicação (dentre outras coisas), e que hipoteticamente
é transportado e escoltado por outro submarino nuclear maior BS-64
Podmoskovye, teve um incêndio de ―causa desconhecida‖, vitimando 14
membros de sua tripulação, quando navegava submerso no Mar Báltico. Este
episódio deixou a todos em extrema tensão, uma vez que poderia ter sido
interpretado como um ataque dos submarinos da OTAN que faziam exercícios
navais nas proximidades, provocando reuniões de emergência em Moscou e
Washington. Uma falha de comunicação e a 3ª guerra mundial teria
começado. Aliás, em março foram divulgadas informações pelo analista
David Ochmanek, de que em todas as simulações de guerra feitas pela Rand
Corporation, os EUA sempre perdem num confronto direto com a Rússia e
China juntas. Isto tem elevado o grau de preocupação.

Com o envio de tropas estadunidenses e seus aliados para as zonas de conflito,


seguidas de repetidos exercícios militares, as chances de um mal-entendido
gerarem um ataque de qualquer das partes aumentaram exponencialmente,
dando a sensação que todos estão se preparando para um conflito que, a cada
dia, parece mais provável. A retórica belicista do Presidente Trump não
contribui para mitigar a tensão. No eixo militar, bem como nas Atividades de
Inteligência Estratégica, o Brasil perdeu significativamente a expressão a nível
mundial frente aos grandes predadores militares globais, tendo sua relevância
adstrita a América do Sul.
Antes de irmos ao último ponto importa frisar que o tabuleiro, sentindo a
elevação da pressão na superfície, também tem apresentado tremores, todavia
bastante diferentes dos da Sra. Angel Merkel da Alemanha. Segundo Michael
Snyder, de 07 a 14 de julho nosso planeta experimentou uma média de mais
de 677 terremotos de magnitude 1,5 ou maior por dia. Isso denota que o
número de terremotos globais agora é mais de três vezes acima do normal.
Isto posto, o que tem chamado a atenção é que alguns deles, notadamente os
de maior magnitude, quando analisada sua assinatura sismográfica, tem
apresentado um padrão anormal que destoa dos terremotos naturais.
Investigações em curso levam a vários cenários, sem poder ser descartada a
hipótese Akademik Lomonosov, dentre outras.

Por fim no primeiro eixo temos a economia. Obter e usufruir da riqueza


sempre foi um desejo humano e uma forma de controle, extremamente movida
pelo Ego e aquecida pela vaidade. Nesta área é fundamental, como no xadrez,
entender o movimento e antecipar-se a ele. Aqueles que estudam economia,
ou por ela se interessam, sabem que grande parte do valor de certos ativos
deve-se a percepções e expectativas, notadamente os ativos especulativos. O
mercado de crédito, sejam títulos da dívida ou mercado imobiliário, tem seu
componente especulativo. Neste mister não é novidade que enormes bancos,
como o HSBC antes e o Deutsche Bank este mês, tem passado por grandes
dificuldades, fora bancos menores. Para não nos alongarmos na análise técnica
do espectro maior cabe citar, de forma breve, que o estrategista de câmbio do
Deutsche Bank, Robin Winkler, escreveu que ―a tensão cíclica nos
desequilíbrios financeiros globais atingiu níveis vistos pela última vez na
véspera da crise financeira‖ (referindo-se a histórica quebra pela falta de
liquidez em 2008 do Lehman Brother, o que deu início a ―grande crise‖).
Winkler avisa que um sinal de alerta a ser observado é que a correlação entre
as taxas de juros reais e os desequilíbrios em conta corrente é tão alta quanto
nos picos anteriores à crise. Fundos de investimento, como o RenTec, de
James Simons, principalmente hedge funds, iniciaram uma ―corrida bancária‖
de saques que culminou com cerca de US$ 1 bilhão retirados por dia em
meados deste mês.

Para perceber os movimentos no tabuleiro podemos olhar, além dos experts do


mercado como Fundos de Investimento com suas ―inside information‖, para o
que as nações bem informadas estão fazendo. Dispondo de agências de
inteligência que coletam, analisam e produzem conhecimento maciçamente,
verificamos que as principais nações do planeta estão se movendo
rapidamente. O que pudemos constatar é que a China e Rússia já vem a alguns
anos adquirindo ouro de forma relevante. A compra de ouro dos bancos
centrais nos primeiros cinco meses deste ano é 73% maior do que um ano
antes, com a Turquia e o Cazaquistão também se unindo a China e a Rússia
como os quatro maiores compradores. É possível constatar que 2018 foi o ano
em que bancos nacionais / centrais adquiriram mais ouro desde 1968 e estes
volumes atuais estão ultrapassando o volume do ano passado em 73%,
tornando possível, se a tendência continuar, prever que 2019 será o maior ano
para aquisições de ouro na história.

Em outro movimento, que acredito sincronizado, lemos que a participação do


dólar nas reservas internacionais globais atingiu seu mínimo em 20 anos,
como informa o último relatório do Banco Central Europeu (BCE). Segundo a
mesma fonte em 2018 a participação do dólar nas reservas dos bancos centrais
em todo o mundo foi de apenas 61,7% – um mínimo histórico desde a criação
da União Econômica e Monetária da UE em 1999. Por exemplo, em apenas
um ano (de abril de 2018 a abril de 2019), Moscou vendeu cerca de 87% dos
seus títulos do Tesouro dos EUA e ficou fora da lista dos 30 maiores
detentores de dívida pública estadunidense publicada pelo Departamento do
Tesouro dos EUA. As informações do Departamento do Tesouro dos EUA
revelaram uma tendência nova e bastante preocupante para os EUA: mesmo
os aliados mais próximos dos EUA estão se desfazendo dos títulos da dívida
pública deles. Por exemplo, em abril de 2019, o Reino Unido liderou o rol dos
maiores vendedores dos títulos estadunidenses, tirando do seu portfolio títulos
no valor de US$ 16,3 bilhões. O Japão, o segundo maior credor dos
estadunidenses, também vendeu títulos no valor de US$ 11,07 bilhões.

A crise no sistema financeiro internacional, ou algum tipo de mudança radical,


não parece ser mais uma questão de ―se‖ vai acontecer, mas de ―quando‖.
Pessoas bem informadas apostam que será ainda no 2º semestre de 2019, ou
no máximo, na primeira metade de 2020. E o Brasil, como está se
movimentando?

Segundo dados do Bacen em maio de 2019 o Brasil possuía reservas US$


388,09 bilhões, o que vem se mantendo em patamar semelhante a sete anos
consecutivos, uma vez que em maio de 2012 nossas reservas eram de US$
373,91 bilhões. Esta reserva atual é considerada por muitos economistas como
elevada e confortável, uma vez que se considerarmos o PIB brasileiro, dá uma
sensação de segurança em função do seu montante. Entretanto, além de
quantidade deve ser considerada a qualidade dos ativos, vez que poderíamos
vê-la como segura, não fosse pela natureza da sua composição.
Surpreendentemente destes US$ 388,09 bilhões temos US$ 363,32 bilhões em
títulos e somente US$ 7,98 bilhões em moedas estrangeiras, ou seja, 93,62%
das nossas reservas são títulos, o que é uma exposição muito acima dos
demais países! Não bastasse a vulnerabilidade óbvia é um péssimo negócio
financeiro, pois em 2018 pagamos, em média, 9,5% a.a. sobre os títulos
brasileiros que financiam a dívida pública, emitidos para 5 anos, e recebemos
3% a.a pelos títulos norte-americanos que compramos, emitidos para o mesmo
prazo. Não parece uma troca razoável, tendo alguns economistas que ainda
dizem com orgulho que está bom, pois a diferença de spread antes já chegou a
15%. Agora façam as contas deste percentual sobre o montante dos títulos.
Um país endividado como o Brasil não pode se dar ao luxo de ignorar isto.
Trabalhamos para pagar juros.

Para deixar mais clara a frágil situação, que contrária a estratégia dos demais
países que mostrei, a participação do ouro nas reservas brasileiras é de
insignificantes US$ 3,05 bilhões, ou seja, 0,79% do total. A valorização do
ouro, que foi de 35,40% nos dois últimos anos (cotação até maio), não tem
sido algo desprezível se comparado ao que recebemos pelos títulos, mas o
mais importante agora é a segurança, como todos os países em tempo
instáveis tem buscado. Teríamos rentabilidade e segurança. Fica
absolutamente cristalino que, quando vier a crise, o Brasil terá que rezar muito
para a credibilidade e confiança dos emissores dos títulos, principalmente os
Estados Unidos, estarem em alta, do contrário nossas reservas lastreadas
majoritariamente em títulos serão transformadas em mico. Neste cenário a
situação será de caos total. Toda a nossa segurança econômica está calcada
numa percepção de confiança que gere credibilidade a aquele que nos deve, e
não em ativos reais com liquidez garantida como o ouro! É uma aposta alta e
muito arriscada para quem administra ativos e tem nas mãos a segurança
econômica de um país.

As pessoas que governam uma nação não podem se comportar como um


turista na praia que, por falta de preparo adequado, fica inerte ao ver a água do
mar recuar e uma sombra enorme se formar no horizonte. China, Rússia,
Índia, União Europeia, EUA, Japão, enfim, todos os países bem informados
estão flexionando seus músculos e protegendo seus cofres. Sabem o que vem
por aí. Observam e mapeiam o que está no fundo do mar e na órbita baixa,
antecipando-se e protegendo seus interesses. Desde a morte de James Vincent
Forrestal em 22 de maio de 1949, quando a fratura e o último capítulo
começou, até o dia primeiro de outubro, quando espera-se que o General Mark
Milley se tornará presidente do Joint Chiefs of Staff dos EUA, passou-se um
longo tempo.

Aqui, já são 33 (trinta e três) anos que vemos o Brasil num processo lento e
angustiante de deterioração, como gado sendo levado para o abate.

Estamos num mundo conturbado, em severa mutação, cujas consequências


vão remodelar as relações de poder de forma dramática. As decisões, ou falta
delas, vão repercutir de forma enfática no futuro da nação, podendo mudar
totalmente o país como hoje o conhecemos.

Todo jogo acaba ou muda de fase. O xeque-mate se aproxima.


Artigo 2

O xeque-mate avança à medida


que as peças se movimentam
29 de julho de 2019 09:42

Luiz Antonio P. Valle


Luizapvalle@gmail.com

O jogo avança no ritmo cinético dos eixos, conforme já expus, em função da


atenção concentrada no bispo (eixo do sistema de crenças), no cavalo (eixo do
poder armado), na torre (eixo da economia), segundo a estratégia definida
pelo jogador que vê de uma perspectiva mais elevada. O Rei é peça, mas
observa a rainha e as demais peças em seus movimentos.

O bispo avança na diagonal. Na semana passada o milionário Jeffrey Epstein


foi encontrado ―quase inconsciente‖ com ―marcas no pescoço‖ em posição
fetal no chão da cela que ocupa no Centro Correcional Metropolitano (MCC),
em Manhattan. Certamente é uma pessoa que sabe muito sobre as práticas
abusivas perpetradas por ―poderosos‖ ao longo de muitos anos. Uma pequena
pesquisa sobre o tema pode revelar bastante sobre como funcionam, de
verdade, alguns mecanismos de poder. Todavia, para enxergar é preciso
querer ver. As pessoas têm dificuldades de assimilação quando seus
fundamentos são abalados, fato explicado pelo conceito de ―Túnel de
realidade‖ cunhado por Timothy Leary, mostrando que os indivíduos possuem
um filtro mental com o qual percepcionam a realidade. Ao estudar este
conceito foi verificado que as pessoas só ouvem, enxergam ou entendem o
que se encaixa dentro do seu sistema de crenças, abdicando do discernimento.
Por isso Jesus escolheu seus discípulos entre pessoas iletradas, mas de mente
aberta com poucos filtros. Quando se aproxima uma disruptura, para percebê-
la antecipadamente, é necessário ter ―olhos de ver e ouvidos de ouvir‖.

O cavalo se posiciona para o momento decisivo, sabe que vai precisar de


força. As novas famílias de armas escalares, bem como novas tecnologias
mudaram o uso dos recursos no tabuleiro. O poder destrutivo exercido com
sutileza tem sido amplamente utilizado porque não provoca reações extremas
da opinião pública (https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/07/23/algo-
aconteceu-com-os-cerebros-de-diplomatas-dos-eua-em-cuba-diz-
estudo.ghtml). As potências ocidentais agrupam forças no Estreito de Hormuz,
no Mar do Sul da China e nas fronteiras com a Rússia. Seus oponentes, dentre
eles Rússia, China, Irã, Síria e Coreia do Norte também se posicionam, a Índia
aguarda. Uma nova corrida armamentista está em curso e a guerra cibernética
e de inteligência precede o ato final, encontrando-se em decisivo andamento,
(https://securityaffairs.co/wordpress/88657/intelligence/fsb-contractor-sytech-
hacked.html).

A torre teve os seus movimentos anteriores plotados e seus futuros lances


parecem ir numa direção não regressiva. Os grandes bancos, pilares do
sistema financeiro internacional e colunas da economia, tem mostrado um
comportamento passível de cuidadoso acompanhamento, senão vejamos.

O HSBC sofreu em 2014 uma investigação vigorosa por parte do Senado


americano (http://www.hsgac.senate.gov/subcommittees/) que concluiu,
segundo o The Guardian, que o gigante bancário ―ignorou os sinais de alerta
de que suas operações globais estavam sendo usadas por lavadores de dinheiro
e potenciais terroristas‖ – http://www.guardian.co.uk/. No ano seguinte outro
escândalo veio à tona onde o banco britânico foi acusado de ―ajudar‖ clientes
ricos a evitar o pagamento de milhões de dólares em impostos por meio de sua
filial na Suíça – http://www.bbc.co.uk/. Os documentos incluem dados sobre
5.549 contas secretas de brasileiros, entre pessoas físicas e jurídicas, com um
saldo total à época de US$ 7 bilhões (R$ 19,5 bilhões).

Em 2016 foi a vez do Goldman Sachs ocupar os holofotes, pagando multas de


US$ 5 bilhões, após a conclusão de uma investigação do Departamento de
Justiça dos EUA que sentenciou: ―Esta resolução torna o Goldman Sachs
culpado por má conduta e por mentir a investidores ao afirmar que os títulos
eram apoiados por hipotecas saudáveis―, disse Stuart Delery, do
Departamento de Justiça – http://epocanegocios.globo.com.. O banco criou
―credibilidade‖ para o que não tinha lastro. A reportagem ainda diz: ―O
anúncio é o mais novo capítulo da série de esforços de autoridades do
Departamento de Justiça, em conjunto com outros Estados, de penalizar
bancos por impulsionarem a bolha imobiliária que resultou no colapso
financeiro de 2008. Instituições como o J.P. Morgan Chase, Bank of America,
Citigroup e Morgan Stanley já pagaram, juntos, quase US$ 40 bilhões para
encerrar investigações parecidas. Fonte: Dow Jones Newswires‖. Entenda-se
por ―impulsionarem a bolha imobiliária‖ como óbvia manipulação do
mercado, do contrário não haveria punição. Fica claro que o pagamento de
multas conjuntas de cerca de US$ 40 bilhões foi para ―para encerrar
investigações parecidas‖, o que saiu barato para os bancos, do contrário eles
não pagariam. Quem já fez antes pode fazer de novo.

Este ano foi a vez, como já comentado em outro artigo da série ―xeque-mate‖,
do Deutsche Bank, um gigante da Europa. Há indícios que o banco pode estar
envolvido no vultoso escândalo do fundo de desenvolvimento 1MDB
(1Malaysia Development Berhad) da Malásia, tendo violado as leis de
corrupção estrangeira e/ou lavagem de dinheiro, informou o Wall Street
Journal. Isso surgiu quando o The New York Times noticiou que os gerentes
do Deutsche Bank negligenciaram as advertências do pessoal de Compliance
em suas negociações com Jeffrey Epstein. A situação do banco tornou-se tão
aguda que ele anunciou a demissão de 18.000 funcionários e a venda de € 150
bilhões (US$ 168 bilhões) de saldos mantidos em carteira para o francês BNP
Paribas.

Os analistas bem informados percebem que algo está vindo, os sinais já são
visíveis para olhos treinados. Desde o comportamento dos fundos de
investimento, citado em outro artigo, como o RenTec de James Simons, aos
―avisos‖ do próprio analista do Deutsche Bank, Robin Winkler, quando
diz: ―a tensão cíclica nos desequilíbrios financeiros globais atingiu níveis
vistos pela última vez na véspera da crise financeira‖, tudo leva a crer que a
luz vermelha acendeu-se. Robin Winkler demonstrou isso graficamente:
Outro analista, Michael Cembalest, do J.P.Morgan, prevendo a possibilidade
do dólar não resistir a próxima crise, mostrou de uma forma gráfica que as
moedas de reserva não duram para sempre e o dólar também perderá o seu
status.

Cembalest disse: ―Eu me lembro do seguinte comentário do falecido


economista do MIT, Rudiger Dornbusch: ‗A crise leva muito mais tempo do
que você pensa, e então acontece muito mais rápido do que você imagina‘‖. O
status de moeda de reserva está sendo questionada, e ninguém menos que o
Private Bank do J.P.Morgan pergunta, na estratégia de investimento deste
mês, se o ―privilégio exorbitante do dólar‖ está chegando ao fim? Eles dizem:
―Acreditamos que o dólar poderia perder seu status de moeda dominante do
mundo (o que poderia levá-lo a depreciar no médio prazo) devido a razões
estruturais e a impedimentos cíclicos‖. Por que eles tocam neste assunto
agora?

Atualmente, 85% de todas as transações cambiais envolvem o dólar, ainda que


a participação do PIB estadunidense seja de cerca de 25% do PIB global.

Segundo estudos, dos estimados US$ 30 trilhões em crescimento de consumo


da classe média entre 2015 e 2030, espera-se que somente US $ 1 trilhão
venha das economias ocidentais de hoje. Na medida que outras regiões
crescem e se tornam relevantes na economia, a participação de transações que
não utilizam o dólar inevitavelmente aumentará, o que provavelmente reduzirá
a importância do dólar como reserva de valor.

Países de todo o mundo já estão desenvolvendo mecanismos de pagamento


que evitam o uso do dólar. A China já possui em funcionamento o ―payment
versus payment‖, lançado em 9 de outubro de 2017. Com o sistema é possível
realizar transações em moedas nacionais, por exemplo, da Rússia e da China,
sem utilização do dólar. A Gazprom (Rússia) e a CNPC (China), duas
gigantes do ramo de energia, assinaram um contrato, válido por 30 anos, de
fornecimento de gás russo à China no valor total de US$ 400 bilhões de
dólares, pagos em yuans, sem uso de dólares. Este sistema está em expansão
para novas moedas no intuito, inclusive, de contornar as sanções americanas
que utilizam o sistema SWIFT como instrumento de pressão.

Segundo Peter Koenig, o PIB dos estadunidenses será de US$ 21,1 trilhões em
2019 (estimativa do Banco Mundial), com uma dívida atual de US$ 22
trilhões, ou seja, 105% do PIB. O PIB mundial está projetado para 2019 em
US$ 88,1 trilhões (Banco Mundial). De acordo com a Forbes, existem cerca
de US$ 210 trilhões de ―passivos não financiados‖ (valor presente líquido de
obrigações futuras projetadas, mas não financiadas, principalmente
previdência social, Medicaid e juros acumulados sobre dívidas), um número
cerca de 10 vezes o PIB dos EUA, ou duas vezes e meia a produção
econômica mundial. Além disso, há cerca de um a dois quatrilhões de dólares
(ninguém sabe a quantia exata) dos chamados derivativos flutuando em todo o
mundo. Esta dívida monstruosa é parcialmente detida na forma de títulos do
Tesouro como reservas cambiais por países em todo o mundo –
https://www.globalresearch.ca.

O grande problema da perda do status do dólar como moeda de referência


global é que os EUA são totalmente dependentes deste status para ―rolar‖ seu
monstruoso déficit gêmeo e consequente colossal dívida. A perda futura desta
liquidez do dólar levaria a economia dos EUA ao caos, e obter autorização do
congresso para elevar continuamente o teto da dívida atual, como vem
fazendo, não vai ajudar.

Até mesmo a candidata presidencial democrata Elizabeth Warren, segunda


colocada nas pesquisas para indicação do partido, chama a atenção para os
sinais crescentes de problemas na economia. Num artigo que ela divulgou na
segunda-feira da semana passada, alerta para um ―estouro econômico‖ se
aproximando. Ela disse:

―Quando olho para a economia hoje, vejo muito com o que me preocupar
novamente. Eu vejo uma recessão no setor manufatureiro. Eu vejo uma
economia precária que é construída sobre a dívida – tanto a dívida das
famílias quanto a dívida corporativa – e isso é vulnerável a choques. E vejo
uma série de choques sérios no horizonte que podem fazer com que os
alicerces instáveis de nossa economia desmoronem‖.

―Uma geração de salários estagnados e custos crescentes para o básico, como


moradia, creches e educação, forçaram as famílias americanas a assumir mais
dívidas do que nunca. A dívida do estudante ―mais do que dobrou desde a
crise financeira‖. A dívida do cartão de crédito americano corresponde ao seu
pico de 2008. A dívida de empréstimos de automóveis é a mais alta desde que
começamos a rastreá-la há quase 20 anos, e um número recorde de 7 milhões
de americanos estão atrasados em seus empréstimos para automóveis – muitos
dos quais têm características abusivas semelhantes às hipotecas subprime pré-
colisão. 71 milhões de adultos americanos – mais de 30% dos adultos no país
– já têm dívidas na arrecadação. As famílias podem ter condições de arcar
com esses pagamentos de dívidas agora, mas um aumento nas taxas de juros
ou uma desaceleração na renda poderiam levar as famílias a um precipício‖.

O que os governos das potências estão fazendo para proteger-se desta


perspectiva?

O ouro é reconhecido como uma reserva de valor segura a muitos séculos.


Sobre esta questão não há muitas controvérsias entre aqueles que entendem do
assunto. Os países investem milhões para construir estruturas seguras para
custodiar seu ouro físico porque sabem que ele é uma reserva de valor
inquestionável, do contrário por que o fariam? Numa crise ele é considerado
um refúgio seguro, diferentemente de papeis de crédito sujeitos a especulação
advinda de percepções de credibilidade e de liquidez. O governo dos EUA
afirma ter 8.133,5 toneladas de ouro físico em suas reservas oficiais.
Cinquenta e oito por cento são mantidos em Fort Knox, no Kentucky, 20% em
West Point, no estado de Nova York, 16% estão na casa da US Mint em
Denver, Colorado e 5% são mantidos nos cofres do NY Fed (Federal Reserve
Bank of New York). As reservas de ouro da Rússia totalizaram 2.208
toneladas, informou o Banco Central da Rússia (CBR), estimando o valor de
suas reservas de ouro em US $ 100,3 bilhões em 1º de julho. Só em junho, a
Rússia acrescentou 18 toneladas do metal precioso às suas reservas.
Aumentando seus estoques de ouro, a Rússia também está diminuindo sua
participação nos títulos do Tesouro dos EUA – Sputnik.

Como eu já afirmei em outro artigo da série xeque-mate: ―A compra de ouro


dos bancos centrais nos primeiros cinco meses deste ano é 73% maior do que
um ano antes, com a Turquia e o Cazaquistão também se unindo a China e a
Rússia como os quatro maiores compradores. É possível constatar que 2018
foi o ano em que bancos nacionais / centrais adquiriram mais ouro desde 1968
e estes volumes atuais estão ultrapassando o volume do ano passado em 73%,
tornando possível, se a tendência continuar, prever que 2019 será o maior ano
para aquisições de ouro na história‖. Todos de movem rapidamente e
decisivamente para proteger suas economias.

E o Brasil, como vem se posicionando neste assunto?

Em outro artigo da série xeque-mate eu fiz a seguinte menção: ―Segundo


dados do Bacen em maio de 2019 o Brasil possuía reservas US$ 388,09
bilhões, o que vem se mantendo em patamar semelhante a sete anos
consecutivos, uma vez que em maio de 2012 nossas reservas eram de US$
373,91 bilhões. Esta reserva atual é considerada por muitos economistas como
elevada e confortável, uma vez que se considerarmos o PIB brasileiro, dá uma
sensação de segurança em função do seu montante. Entretanto, além de
quantidade deve ser considerada a qualidade dos ativos, vez que poderíamos
vê-la como segura, não fosse pela natureza da sua composição.
Surpreendentemente destes US$ 388,09 bilhões temos US$ 363,32 bilhões em
títulos e somente US$ 7,98 bilhões em moedas estrangeiras, ou seja, 93,62%
das nossas reservas são títulos, o que é uma exposição muito acima dos
demais países! Não bastasse a vulnerabilidade óbvia é um péssimo negócio
financeiro, pois em 2018 pagamos, em média, 9,5% a.a. sobre os títulos
brasileiros que financiam a dívida pública, emitidos para 5 anos, e recebemos
3% a.a pelos títulos norte-americanos que compramos, emitidos para o mesmo
prazo. Para deixar mais clara a frágil situação, que é contrária a estratégia dos
demais países que mostrei, a participação do ouro nas reservas brasileiras é de
insignificantes US$ 3,05 bilhões, ou seja, 0,79% do total‖.

Numa crise global, de acentuado aspecto de liquidez, se os emissores dos


papeis que mantemos em nossas reservas virarem para o Brasil e disserem que
precisam dilatar o prazo do vencimento devido a crise, ou que simplesmente
não podem honrá-los, o que o Brasil faria? Qual instrumento de pressão ele
tem para forçá-los? Óbvio que nenhum.

A governo estadunidense, que tem informações de qualidade de suas agências


de inteligência, parece estar se preparando para possíveis distúrbios. O
Exército dos EUA inundou os céus de Washington D.C. em 22 de julho de
2019 com helicópteros de combate fortemente armados, tendo também apoio
em terra, num exercício militar para proteger prédios federais sem prazo para
término, talvez prevendo um possível agravamento da situação interna dos
EUA – https://www.bloomberg.com/. O Congresso dos EUA aprovou uma lei
(H.R. 6566) que obriga a FEMA (Federal Emergency Management Agency) a
preparar-se para um ―planejamento de morte em massa‖ enquanto os
cemitérios e funerárias estiverem lotados pela consequência de um ―atentado
terrorista‖, ―desastres naturais‖ ou ―outro tipo de crise‖.

A torre quer ―rocar‖ com o rei antes do xeque para proteger também a rainha.

O Rei, mais experiente, percebe que está chegando a hora de sacrificar a


rainha inocente para chegar ao mate. Ele e o Jogador são prudentes como a
serpente. Observam os movimentos e as peças serem postas em posições
estratégicas, aguardando pacientemente a hora do ―mate‖.

Trump e Bolsonaro, dentre outros como na Itália, foram


―surpreendentemente‖ galgados a cadeira que hoje ocupam. Talvez eles
tenham sido postos ali com a finalidade de, ao final, pagar a conta. Alguém
terá de pagar a dívida/bolha que vem se acumulando. Depois do ―mate‖
alguém tem de levar a culpa.

Todo jogo acaba ou muda de fase. Crie a situação, espere a reação e ofereça a
solução. O xeque-mate se aproxima.

Artigo 3

O xeque-mate antecipa o
contra-ataque
5 de agosto de 2019 14:43
Luiz Antonio P. Valle
Luizapvalle@gmail.com

Por Luiz Antonio P. Valle

No jogo todos os movimentos têm sua importância, nada pode ser


subestimado. Um erro de estratégia, à partir de conclusão equivocada oriunda
de uma análise ou a falta dela, pode levar à derrota. Temos olhado para os
movimentos da Torre (eixo da economia) e vimos que há nuvens no horizonte.
Se assim é, como um governo bem informado como os EUA está se
preparando? Eles não detectaram os movimentos? Se os estadunidenses nada
estivessem fazendo seria preocupante, podendo mesmo dar a parecer que os
sinais geraram uma apreensão infundada. Temos peças a esquerda e a direita
do rei e da rainha. Neste caso o cavalo da direita, do chapéu branco, move-se
para defender a rainha.
Antes de entrar neste tema importa frisar que o tabuleiro, que tem sua
estrutura atrelada a regras próprias que independem da vontade do jogador,
continua dando sinais de instabilidade. Cientistas no mundo todo, ainda que
evitando divulgar dados alarmantes, percebem que o planeta está iniciando
uma fase de metamorfose que é cíclica em sua trajetória. O Sol desempenha o
seu papel. A costa oeste da América do Sul não será exceção.

Para entender melhor a estratégia do cavalo branco faz-se necessário fazer um


retrospecto dos movimentos e juntar os aparentes atos isolados.

Em 01 de abril de 1979 foi criada nos EUA, através de um Ato Executivo do


Presidente Jimmy Carter, com a ajuda de Zbigniew Brzezinski, a FEMA
(Federal Emergency Management Agency – Agência Federal de Gestão de
Emergências), que possuía em 2018 uma dotação orçamentária de US$ 18,4
bilhões. No site do governo dos EUA – https://www.usa.gov/federal-
agencies/federal-emergency-management-agency é informado que a agência
―apoia os cidadãos e o pessoal de emergência para construir, manter e
melhorar a capacidade do país de se preparar, proteger, responder, recuperar e
mitigar todos os riscos‖. Pela expressão ―todos os riscos‖ pode-se depreender
uma enorme gama de espectros. Em 05/10/18 o Presidente Trump assinou a
Lei de Reforma da Recuperação de Desastres – Disaster Recovery Reform
Act – https://www.fema.gov/disaster-recovery-reform-act-2018, que visa
―fortalecer a capacidade do país para o próximo evento catastrófico‖. Ao ler a
lei e considerar também o robusto orçamento da Agência, e de todos os
demais órgãos federais que são obrigados a cooperar com ela em caso de
decretação de um Estado de Emergência, é possível perceber que os EUA
estão se preparando de forma vigorosa para fazer frente a qualquer eventual
fato que ponha em risco o adequado funcionamento do país.

Em 21/08/17 o jornal Miami Herald –


https://www.miamiherald.com/news/nation-
world/world/americas/guantanamo/article168273127.html – divulgou que o
governo estadunidense planejava investir até US$ 500 milhões na atualização
das instalações da Base Militar de Guantánamo (GITMO), em Cuba. Isso
incluía uma proposta da Marinha para construir um hospital com um custo
total de US$ 250 milhões. Estas notícias sugeriam aos analistas que a
administração Trump estava se preparando para acrescentar ―hóspedes VIP‖
ao contingente lá acondicionado, do contrário por que ter numa prisão um
hospital deste porte? A ampliação também aponta para um aumento do
número de detentos. Neste sentido tanto a FEMA quanto o Pentágono têm
ampliado sua capacidade de receber ―hóspedes‖.

Em 21 dezembro de 2017, exatos 04 meses depois da notícia veiculada acima,


o então Secretário de Defesa dos Estados Unidos, General James Mattis
(conhecido também como ―Mad Dog‖) realizou uma visita sem precedentes, e
sem aviso prévio, a Base Militar de Guantánamo (GITMO) em Cuba, sendo a
primeira visita feita por um secretário de Defesa dos EUA em quase 16 anos –
https://nypost.com/2017/12/21/mattis-makes-unusual-visit-to-gitmo/. Ele
pessoalmente vistoriou as instalações e determinou o que precisava ser feito
para que GITMO estivesse em condições de cumprir a sua missão.

No mesmo dia da visita do General James Mattis a GITMO entrou em vigor o


Estado de Emergência nos EUA, e obviamente a coincidência de datas não foi
um acaso. O Presidente Trump assinou no dia 20/12/17 uma Ordem
Executiva, entrando em vigor as 00:00hrs do dia 21/12/17, declarando Estado
de Emergência, e certamente não preciso enfatizar, para os bons entendedores,
qual a extensão dos poderes que isso confere e o significado de tal decisão, o
que certamente tem implicações gravíssimas. A história- cobertura parcial são
as violações de direitos humanos e atos de corrupção. A Ordem Executiva
confere poderes inclusive de bloquear bens, incluídos aí ativos financeiros, e
delega poderes a todas as agências/órgãos para fazer cumprir a ordem. Nela
Trump afirma: ―Eu, portanto, determino que os graves abusos dos direitos
humanos e a corrupção em todo o mundo constituem uma ameaça incomum e
extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos
Estados Unidos, e eu declaro uma emergência nacional para lidar com essa
ameaça‖. Observe que uma crise no sistema financeiro internacional nos
moldes que descrevi nos dois primeiros artigos da série xeque-mate pressupõe
necessariamente que haja corrupção e abuso. Estando em vigor nos EUA um
Estado de Emergência para lidar com esta situação os instrumentos para
debelar uma crise tornam-se muito mais eficazes.

Quem quiser conferir segue endereço do site da Casa Branca:

https://www.whitehouse.gov/presidential-actions/executive-order-blocking-
property-persons-involved-serious-human-rights-abuse-corruption/

https://www.whitehouse.gov/briefings-statements/text-letter-president-
congress-united-states-6/

Montou-se um arcabouço legal para dar suporte às ações necessárias para lidar
com questões que ponham em risco a segurança nacional dos EUA. Este
arcabouço conta ainda com outras estruturas jurídicas, tais como a Lei de
autorização de Defesa Nacional (NDAA – National Defense Authorization
Act), assinado em 31 de dezembro de 2011 pelo presidente Obama e a Lei
McCarran, conhecida como Lei de Segurança Interna de 1950, ainda em
vigor. A Seção 1021 da NDAA, inciso c, possui em sua redação uma
permissão: (1) ―A detenção em virtude da lei de guerra sem julgamento até o
final das hostilidades autorizadas pela Autorização do Uso da Força Militar‖ –
https://mococivilrights.wordpress.com/campaigns/ndaa/mccrc-ndaaaumf-
resolution/sections-1021-1022-of-ndaa/. Alguns juristas entendem que, numa
interpretação extensiva, esta redação pode autorizar a detenção forçada de
cidadãos em caso de distúrbios generalizados, após a decretação de uma
emergência nacional ou de um colapso econômico total. Já a Lei
McCarran permite a detenção de pessoas perigosas, desleais ou subversivas
em tempos de guerra ou ―emergência de segurança interna‖ –
https://en.wikipedia.org/wiki/McCarran_Internal_Security_Act. Ademais,
como citei no último artigo da série xeque-mate, o Congresso dos EUA
aprovou uma lei (H.R. 6566) que obriga a FEMA (Federal Emergency
Management Agency) a preparar-se para um ―planejamento de morte em
massa‖ enquanto os cemitérios e funerárias estiverem lotados pela
consequência de um ―atentado terrorista‖, ―desastres naturais‖ ou ―outro tipo
de crise‖. Desta forma vemos que os EUA construíram uma legislação que dá
amparo ao Presidente para tomar atitudes enérgicas e rápidas em caso de
grave crise e ameaça à segurança nacional, ou mesmo a eclosão de uma guerra
civil, se for o caso.

Mas antes que as ações de superfície comecem é necessário estar pronto para
imobilizar eventuais reações adversas. Verificando o sistema Public Access to
Court Electronic Records (PACER – https://www.pacer.gov/) ficou
evidenciado um aumento atípico de processos selados nas cortes
estadunidenses. No período de 30/10/17 a 22/11/17 foram detectados 4.289
processos selados (segredo de justiça) em andamento na justiça americana, ou
seja, em apenas 3 semanas chegou-se a este montante em todos os 94 distritos
federais estadunidenses, quando a média histórica para 12 meses (um ano) não
passa de mil. Estes processos atualmente já ultrapassam a casa de 30 mil.
Alguns futuros ―réus‖ possivelmente nem sabem ainda que o são. A reação
com maior potencial ofensivo será anulada antes de começar, e GITMO vai
ajudar neste quesito. A Câmara dos EUA autorizou no mês passado, numa
decisão inusitada, a transmissão ao vivo de julgamentos em tribunais militares
estadunidenses.

Paralelamente, as Forças Armadas dos EUA exercitam-se para fazer valer


suas prerrogativas em caso de crise. Como citei no último artigo da série
xeque-mate o Exército dos EUA inundou os céus de Washington D.C. em 22
de julho de 2019 com helicópteros de combate Sikorsky UH-60 Black Hawk
num exercício para proteger prédios federais, talvez prevendo um possível
agravamento da situação interna dos EUA – https://www.bloomberg.com/.
Isto faz parte de um plano maior ligado ao Projeto REX84 (Readiness
Exercise 1984 – https://en.wikipedia.org/wiki/Rex_84), também conhecido
por fazer parte de um conceito denominado de COG (Continuity of
Government- https://en.wikipedia.org/wiki/Continuity_of_government), que
tornou-se público durante as audiências no escândalo Irã-Contras de 1987, e
estabelece procedimentos bem definidos que viabilizem ao governo continuar
suas operações essenciais em caso de um evento catastrófico, tratando-se de
um planejamento do governo dos EUA para pôr a prova a sua capacidade e
prontidão para, inclusive, controlar e deter um grande número de cidadãos em
caso de uma emergência nacional ou de desobediência civil.

Assim, como pode ser visto ao se juntar as peças, as autoridades dos EUA não
estão inertes. Já há algum tempo, vem se preparando para uma provável crise,
investindo milhões, talvez bilhões de dólares nesta preparação. Criaram
organizações federais, reformaram estruturas físicas, puseram em vigor a base
jurídica necessária para dar legalidade aos atos, anteciparam-se investigando e
processando em sigilo elementos que possam vir a prejudicar o seu
planejamento, mobilizam e exercitam os recursos de força indispensáveis para
fazer valer e cumprir o que está planejado.

O potencial de concretização de eventos desfavoráveis ao Brasil, ligados a


variáveis exógenas, envolvem riscos muito mais severos e iminentes do que o
terrorismo, o tráfico de drogas e tantos outros tão propalados. Pela sua
capacidade de relevante impacto a curto prazo, estes fatores exógenos, que
envolvem alterações significativas no Sistema Financeiro Internacional com
devastador impacto na economia, deveriam ser o principal tema de estudo de
pensadores de Geopolítica, Inteligência e Estratégia brasileiros. Todavia, não
parece sê-lo. Consequentemente o Brasil não possui elementos de mitigação
de risco eficazes para lidar com uma crise nas proporções esperadas, estando
relevantemente vulnerável.

Estamos num mundo conturbado, em severa mutação, cujas consequências


vão remodelar as relações de poder de forma dramática. As decisões, ou falta
delas, vão repercutir de forma enfática no futuro da nação brasileira.

Todo jogo acaba ou muda de fase. O xeque-mate se aproxima.

Artigo 4

O xeque-mate só surpreende o
incauto
12 de agosto de 2019 12:53
Luiz Antonio P. Valle
Luizapvalle@gmail.com

Cada peça tem o seu papel no jogo, e nenhuma pode ser subestimada. O Bispo
(sistema de crenças) adota estratégias interessantes que vão da distração ao
blefe. Simulação e dissimulação são suas especialidades. Faz movimentos
rápidos e chamativos no tabuleiro para desviar a atenção das peças-chaves,
atraindo a atenção do adversário para situações sem importância ou
induzindo-o a acreditar em algo que não atende ao seu mais elevado interesse.

O bispo sabe que a realidade é moldada pelas concepções e crenças que são
altamente influenciáveis. Quem controla a narrativa cria a ―realidade‖. Por
isso sua estratégia é conquistar corações e mentes. Já discorri aqui em artigo
anterior sobre o conceito de Túnel de Realidade, explicando que ―os
indivíduos possuem um filtro mental com o qual percepcionam a realidade.
Ao estudar este conceito foi verificado que as pessoas só ouvem, enxergam ou
entendem o que se encaixa perfeitamente dentro do seu sistema de crenças,
abdicando do discernimento‖. Quando estes filtros são muito espessos,
deixando pouca ―abertura mental‖ a resultante é a chamada ―Imunização
Cognitiva‖.
Segundo uma definição que está na Revista Sociedade Militar, ―a imunização
cognitiva é o processo de proteção do pensar diferente, é o processo de
padronização dos pensamentos de forma direta e subliminar que objetiva
extinguir toda a capacidade dos desavisados de se contrapor às maiores
obviedades‖.

A imunização cognitiva é um bloqueio que leva as pessoas a acreditar apenas


no que querem acreditar, tornando-se imunes a outros pontos de vista,
desprezando ou considerando irrelevantes e sem crédito tudo que não se
informa (entra na forma) dentro da sua ―caixinha‖, mesmo que evidências e
fatos objetivos demonstrem que o seu entendimento é equivocado ou
incompleto. Os especialistas em controle mental coletivo sabem que nossas
mentes se transformaram mais para blindar nossas crenças do que para
discernir o que é verdade e o que é mentira.

Esta incapacidade de enxergar as maiores obviedades, mesmo após a


apresentação de fatos e evidências, tem se tornado uma verdadeira epidemia
em nosso país, contaminando pessoas de diversos extratos sociais,
notadamente as que se dizem intelectualmente mais preparadas e que por
dever de ofício deveriam ter a mente aberta e o discernimento afiado.

O General Villas Bôas manifestou sua preocupação em palestra recente no


Instituto Histórico e Geográfico do DF, ao dizer: ―O que me impressiona é
que a inteligência nacional e seus múltiplos gestores até hoje não
compreenderam que essas novas ferramentas de atuação do imperialismo
internacional‖, ao se referir a questão ambiental, mas que se aplica igualmente
e vários outros assuntos. Esta Imunização Cognitiva atingiu em cheio muitas
mesas em Brasília. Meus alertas sobre estas dificuldades vem desde 13 de
outubro de 2013 quando publiquei o artigo ―A Atividade de Inteligência
Militar, os Governos Civis e o Cenário Atual‖.

Não é necessário ser vidente para antecipar movimentos no tabuleiro. Basta


conhecer o jogo e sua metodologia, acumular conhecimento e experiência,
usar técnicas de análise de risco e projeção de cenários desprovidas de crenças
limitantes. No primeiro artigo da série Xeque-mate eu disse que o bilionário
Jeffrey Epstein era alguém bem conhecido nos círculos interno. No segundo
artigo enfatizei que ele havia sido ‗encontrado ―quase inconsciente‖ com
―marcas no pescoço‖ em posição fetal no chão da cela que ocupa no Centro
Correcional Metropolitano (MCC), em Manhattan‘.

Na grafia utilizada no artigo coloquei palavras entre aspas propositalmente e


deixei claro que ele ―sabia demais‖. Por que abordei este tema em dois
artigos? Pois bem, no dia 10/08/19 o cidadão foi encontrado morto em sua
cela. O ―suicídio‖ ocorreu de forma tão evidente que até o jornal The New
York times não conseguiu deixar de registrar os ―detalhes‖ – .

Falando agora um pouco da Torre, a leitura de que os sinais apontam para


uma nova crise ao estilo 2008 estão vindo de todos os lados. Recentemente o
Sr. Fernando Ulrich, numa palestra na VI Conferência de Escola Austríaca do
Instituto Mises Brasil, chamou a atenção para a fragilidade do sistema
atual alertando para o fim de um ciclo. Por isso, como já comentei nos artigos
anteriores, os países estão acumulando ouro, seja oriundo de sua própria
produção, seja ―comprando‖ de países produtores desavisados como o Brasil.
Foi amplamente noticiado que o roubo de uma carga de ouro de 718,9 quilos
no aeroporto de Guarulhos estava destinada para….. EUA e Canadá.

Segundo outra reportagem, o ouro ―pertencia à mineradora canadense


Kinross, a quinta maior do mundo. O metal foi extraído de uma mina de
Paracatu, no noroeste de Minas Gerais. No ano passado ela havia batido um
recorde de produção de 14,7 toneladas de ouro! Isso apenas numa mina. Não é
de admirar que o Brasil não tem reservas em ouro físico, mas os estrangeiros
têm.

Todos sabem que no Brasil há espaços do território nacional onde os


brasileiros não podem circular livremente, mas os estrangeiros podem. A
exploração da época colonial nunca cessou e à medida que o Governo do
Presidente Bolsonaro se opor a isso, questionando ainda as ações relativas à
floresta amazônica, seu governo automaticamente se antagonizará a interesses
poderosos que já se levantam contra ele.

Líderes como o Papa Francisco já estão se manifestando, demonstrando que o


movimento já começou, elevando a questão ao nível de risco à humanidade.
Isso lembra as famosas ―armas de destruição em massa‖ que Bush alegou para
invadir o Iraque e que nunca foram encontradas.

Num ensaio de ideias o professor de Relações Internacionais da Universidade


de Harvard, Stephen M. Walt, num artigo publicado dia 06/08/19 na revista
online Foreign Policy, pergunta: ―Quem vai invadir o Brasil para salvar a
Amazônia?‖. Como ele tem juízo deixa claro que, para o ―crime‖ ambiental
relativo a emissão de gases (cujos principais poluidores são EUA, China,
Índia, Rússia e Japão) não poderia ser feito a mesma coisa porque ―ameaçar
qualquer deles com sanções possivelmente não vai funcionar e ameaçar com
uma intervenção armada é completamente irrealista‖; acrescentando que no
caso do Brasil é diferente, usando o seguinte argumento: ―Mas o Brasil não é
nenhuma grande potência. Ameaçá-lo com sanções econômicas ou o uso da
força caso se recuse a proteger a floresta poderia funcionar‖. As ideias
começam a circular.

Os EUA, como demonstrei no artigo anterior, aceleram os preparativos para a


crise iminente. Em 1 de outubro de 2019 o chefe do Estado-Maior do
Exército, General Mark Milley, se tornará presidente do Joint Chiefs of Staff.
Segundo informações ele não está vindo para brincadeiras. A trajetória dele e
seu semblante parecem confirmar esta impressão.

Para ter certeza que nada vai falhar, quando for necessário colocar em
andamento os planos de emergência que parcialmente descrevi no artigo
anterior, os estadunidenses fizeram na semana passada os primeiros testes
significativos no sistema de Alerta de Emergência Nacional.

O que se deve destacar aqui é que a FCC (Comissão Federal de


Comunicações) e a FEMA (Agência Federal de Gestão de Emergências) não
haviam ainda trabalhado juntas em testes desta magnitude, notadamente
envolvendo aspectos que se aplicam direta e especificamente a ambas,
relativas à lei sobre os poderes de guerra do presidente dos EUA.

Depreende-se que POTUS pode, com base na seção 606 (c), assumir o
controle de todo o establishment de mídia do país, segundo a seguinte
condição: ―Após a proclamação do presidente de que existe guerra ou ameaça
de guerra, ou estado de perigo público ou desastre ou outra emergência
nacional, ou para preservar a neutralidade dos Estados Unidos‖.

Todos os preparativos estão sendo feitos com o maior cuidado para não violar
a lei federal que, em sua Seção (f), determina a Proibição de Ações Secretas
destinadas a influenciar Processos Políticos dos Estados Unidos. Ninguém
quer ser acusado de interferir na eleição de 2020. Nela consta que ―nenhuma
ação secreta pode ser conduzida com a intenção de influenciar os processos
políticos, a opinião pública, políticas ou mídia dos Estados Unidos‖.

E o Brasil, como está se preparando? Será que não precisa ou a Imunização


Cognitiva tornou-se irreversível? O preço de erro ou omissão será o sangue
derramado e as lágrimas de parentes, incluindo das famílias hoje em Brasília.

Todavia, importa ressaltar que antes, durante e depois do Xeque-mate tem o


efeito dominó, na medida que a cada movimento um novo dominó cai e
empurra outro para o movimento seguinte!

Todo jogo acaba ou muda de fase. O xeque-mate se aproxima.

Artigo 5

O xeque-mate agora é não-


regressivo
19 de agosto de 2019 12:41

Luiz Antonio P. Valle


Luizapvalle@gmail.com
As peças se mexem no jogo segundo a estratégia de cada parte. A estratégia
está ligada a capacidade de monitoramento, coleta de dados, análise correta
dos vetores (que depende basicamente do ―status‖ do Sistema de Crenças do
analista), conclusão adequada, e pôr fim a produção do conhecimento visando
a modelagem de cenários prospectivos que permitam ao gestor antecipar-se ao
adversário. A metodologia sendo aplicada corretamente leva, com alta
probabilidade de acerto, ao diagnóstico e cenário mais provável.

Eu já havia alertado sobre esta crise que se aproxima em 23/12/2014, no artigo


intitulado ―Momento Estratégico Global Crítico e a Carta Brasil‖, quando
escrevi: ―Nas projeções de cenário para os próximos anos, algumas
reveladas no meu último artigo citado acima, fica bastante clara a alta
probabilidade da eclosão de uma grave crise financeira, pior que a de
2008, e de um conflito bélico em escala considerável. O que virá primeiro,
ou qual dará origem ao outro, é um entendimento ainda não pacificado;
entretanto está pacificado que não existe mais o ―se‖ vai acontecer, a questão
agora é apenas ―quando‖. Penso que a crise, artificialmente projetada,
detonará o conflito já esperado.‖ (grifo meu atual). Escrevi este texto há quase
seis anos.

Até mesmo a ―grande‖ mídia brasileira agora já reflete este entendimento, que
está se tornando evidente –
vide https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/08/18/como-a-alta-no-
preco-do-ouro-alimenta-os-temores-de-uma-recessao-global.ghtml.
Na reportagem do Globo é citado: ―‖O mercado está se preparando para uma
mudança de ciclo e isso tem feito (o preço do) ouro disparar‖, diz Javier
Molina, porta-voz da plataforma de negociação de moedas eToro. Como
acontece em todas as crises, o precioso metal segue sendo uma das pistas a
serem analisadas com cuidado quando o cenário econômico global se
deteriora – que parece ser o caso agora.‖ E segue dizendo vários fatores que já
salientamos em nossos artigos.

Quanto a compra de ouro como estratégia para se proteger da crise por parte
dos países, além de meus artigos anteriores, você pode olhar a
matéria https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/08/exportacao-de-ouro-
bate-recorde-no-brasil-com-temor-de-recessao-
global.shtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=c
ompwa. Na reportagem mostra que o Brasil exporta praticamente todo o ouro
que produz ―oficialmente‖. Sua produção é estimada em 97,1 toneladas e ele
exportou em 2018 algo em torno de 95 toneladas. Claro que estes números
não contabilizam a produção e envio ao exterior de forma ―irregular‖, que
certamente é um montante considerável.

No meu artigo intitulado ―Passos Estratégicos Globais e a carta Brasil‖,


escrito em 13/11/14, eu já avisava que Rússia e China estavam comprando
ouro numa voracidade sem precedentes e citei a seguinte declaração de um
parlamentar russo: ―Quanto mais ouro um país tem, mais soberania ele terá se
houver um cataclismo com o dólar, com o euro, a libra ou qualquer outra
moeda de reserva‖ declarou Evgeny Fedorov, um parlamentar do Partido Para
Rússia Unida, de Vladimir Putin.‖

Como já destaquei em meus artigos o Brasil alimenta a ―fome‖ mundial dos


países por ouro para se blindarem da crise iminente e fica sem ouro em suas
reservas – vide meus artigos anteriores da Série Xeque-mate. É
impressionante que nossas reservas estejam praticamente desguarnecidas do
metal precioso mais procurado por todos os países (vide meu artigo ―O xeque-
mate se aproxima célere‖), e do qual somos produtor.

Portanto, minhas previsões já existem e estão documentadas a quase seis anos,


prevendo o cenário que ora se consolida. O sábio teria analisado as premissas
expostas à época e, encontrando o fundamento, teria tempo hábil para se
preparar para o evento, como os EUA fizeram – vide meu artigo ―O xeque-
mate antecipa o contra-ataque‖. Na época avisei e ofereci blocos de
conhecimento para um Plano de Ação preventivo. Todavia, a Imunização
Cognitiva cumpriu seu papel. O Brasil encontra-se totalmente vulnerável a
crise que se aproxima e isso não pode ser uma simples ―coincidência‖. Ele não
tem reservas cambiais, base jurídica adequada, ativos (tropas, equipamentos,
etc….) para contenção e detenção, planejamento, etc…. O preço será elevado,
não só em bens materiais, mas em vidas. Ignorar ou fingir não ver não vai
evitar o evento.

Se desejarem se aprofundar nos temas estratégicos podem ler meus artigos de


2013 e 2014.

No tabuleiro não há lugar para amadores, soberbos ou ingênuos, exceto se for


para cair. Olhando o movimento das peças no jogo é possível perceber que um
dos pilares de apoio ao Governo Trump é a economia. Tirar Trump do poder,
e ele tem contrariado diversos interesses poderosos, implica acabar com a
percepção de que a economia vai bem. Assim, o que a ―oposição‖ precisa
desesperadamente é que a recessão/crise comece no segundo semestre de 2019
ou, na pior hipótese, no primeiro semestre de 2020. É necessário haver tempo
para que os estadunidenses tenham verdadeiramente sentido o sofrimento na
carne quando a eleição chegar. Todavia, no embate para tirar Trump e outros,
sobrará para aqueles que se alinham com ele (como o nosso Presidente), mas
não tem a mesma retaguarda que ele.

O analista Mike Adams escreveu: ―que a luta pelo poder, está chegando a
limites, que se ultrapassados, desencadearão uma grave crise global com
provável ruptura do tecido social em muitos países e um crash mundial sem
precedentes.‖ A grande maioria dos analistas bem posicionados entendem que
a disputa entre China e EUA, as duas maiores economias do mundo, chegou a
um ponto sem retorno, notadamente após a explosão de protestos em Hong
Kong, que a China atribuiu à inteligência dos EUA. Para dar fundamento a
sua alegação a China usou uma foto de uma funcionária do Departamento de
Estado – Julie Eadeh, reunida com os ―líderes‖ dos protestos. O que importa é
que as ―diferenças‖ entre as duas maiores potencias econômicas do planeta
chegaram a um ponto de difícil, praticamente impossível, reversão.

Um dos líderes pró-independência de Hong Kong, Chen Haotian, sugeriu em


16/08/19 uma corrida aos bancos chineses, pedindo aos seus aliados que todos
saquem seu dinheiro no mesmo dia. Observe que isto poderia causar um
colapso do sistema financeiro em Hog Kong, que é profundamente interligado
com o sistema financeiro internacional, desencadeando uma enorme incerteza
nos mercados globais.

Conforme a Fox Business, um dos indicadores favoritos de Wall Street de


uma recessão iminente é o spread entre os rendimentos do Tesouro de três
meses e de 10 anos. Ao olhar para o gráfico abaixo fica evidente uma séria
advertência sobre a mais grave recessão desde 2007 se aproximando.
Enquanto isso, o rendimento dos bônus de 30 anos do Tesouro americano
atingiu seu ponto mais baixo, com exceção apenas a julho de 2016.

―Passamos de um certo grau de incerteza para mais um monte de incertezas‖,


disse Fraser Howie, com mais de 20 anos de experiência nos mercados
financeiros. Esta perda consistente e longa no rendimento dos bônus de 30
anos do Tesouro americano demonstra uma diluição da confiança nos EUA
poder honrar seus compromissos, sendo que o Brasil mantém ―credulamente‖
papeis desta natureza em suas reservas, no lugar de ouro físico.

Existem muitos catalisadores que podem deflagrar os acontecimentos. Na


questão de segurança interna dos EUA um deles pode ser quando James
Comey (foi o sétimo diretor do Federal Bureau of Investigation de 2013 até
sua demissão em maio de 2017) e John Brennan (ex diretor da CIA também
demitido em 2017) forem oficialmente indiciados e presos. Isso poderia
iniciar uma série de detenções com base nos processos selados, com a
consequente reação da parte contrária. Tudo leva a crer que uma combinação
de crise econômica, radicalização da disputa política interna e um grande
número de armas disponíveis (estima-se que milhões de estadunidenses têm
em seu poder cerca de 393 milhões de armas) poderão levar os EUA a uma
Guerra Civil, cuja projeção da extensão e profundidade está sendo aprimorada
permanentemente, uma vez que este cenário prospectivo não é novidade.

No meu artigo intitulado ―Passos Estratégicos Globais e a carta Brasil‖,


escrito em 13/11/14, eu já alertava que haviam projeções preocupantes quanto
a cenários futuros. Na época escrevi: ―Neste trabalho de projetar cenários nos
defrontamos com as surpreendentes previsões, sobre vários países, da página
Deagel.com, que é uma página respeitada por oferecer dados da aviação civil
e militar, armamento e exércitos, mísseis e munição, tecnologia militar e
aeroespacial e outros dados estratégicos e econômicos. Para cada país, a
Deagel.com realiza uma previsão estimada de seu nível de população, sua
renda per capita e seu Produto Interno Bruto previsto para o ano de 2025.‖ É
interessante notar que em 2014 o site fazia previsões que os EUA teriam em
2025 uma população de 69 milhões e um PIB de US$ 921 bilhões (contra uma
população em 2013 de 316 milhões e um PIB de US$ 17 trilhões).

A Deagel.com, pouco tempo depois de ter postado o estudo, retirou-o


rapidamente do site. Todavia, temos um print da tela:
Claro que vários jogadores ficarão de ―camarote‖ observando e aguardando
sua vez de desferir um xeque. A infraestrutura é uma fraqueza a ser explorada,
notadamente a questão da energia. Imaginem um país sem energia elétrica por
uma semana?

Como frisei a imensa maioria dos movimentos das peças no tabuleiro pode ser
prevista. No meu artigo ―A Atividade de Inteligência Militar, os Governos
Civis e o Cenário Atual – I‖ em 13/10/13, eu escrevi que havia ―portas dos
fundos‖ por onde eram roubadas informações. Em 2018 uma executiva
chinesa foi presa e os EUA não esconderam sua preocupação de estarem
sendo ―espionados‖ pelos chineses –
https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2018/12/06/huawei-por-
que-a-gigante-chinesa-virou-alvo-de-varios-paises-e-teve-executiva-presa-no-
canada.ghtml.

O tempo está passando e não vai esperar os incautos. Existe um antigo adágio:
―casa que falta o pão todo mundo grita e ninguém tem razão‖.

O efeito dominó começou, na medida que a cada movimento um novo dominó


cai e empurra outro para a queda seguinte!

Todo jogo acaba ou muda de fase. O xeque-mate se aproxima.


Artigo 6

O xeque-mate em finalização
dos preparativos
Todo jogo acaba ou muda de fase. O xeque-mate se aproxima
26 de agosto de 2019 12:04

Luiz Antonio P. Valle


Luizapvalle@gmail.com

Guerra das Malvinas ou Falklands: exemplo de atrevimento ao Sul do


Equador
É natural o jogador dar vários xeques antes do xeque-mate. Serve para medir
as capacidades do oponente e verificar se ele possui alguma estratégia sólida
de resistência, ou se é apenas reativo. Após este ―teste‖ inicial define-se o
―modus operandi‖ final do xeque-mate.
Nos preparativos deve-se sempre fazer uso do bispo. Correndo na velocidade
do pensamento ele prepara as mentes com baixo nível de discernimento para
aceitar a ideia que deseja incutir e não raro imuniza os intelectos para não
entenderem a lógica do jogo. Passeando pela ―Janela de Overton‖, em
aproximações sucessivas e pacientes, desloca as crenças para aceitar o antes
inaceitável, movendo-as para o terreno onde possam coincidir com a ideia
básica conveniente e preparatória para o xeque-mate. O bispo se desloca bem
pela engenharia social, conhece a mentalidade infantil e egóica da estrutura
psíquica humana. Apela ao coração e às vaidades. Move-se sorrateiramente.

Edward Bernays, sobrinho de Sigmund Freud e dotado de um intelecto


diferenciado que influenciou decisivamente vários setores importantes dos
governos e corporações, em seu livro ―Propaganda‖, abre o jogo: ―Se
entendermos os mecanismos e as motivações da mente de grupo, é agora
possível controlar e reger as massas de acordo com nossa vontade, sem seu
conhecimento‖.

Mas não parou aí, afirmando em outra passagem: ―A manipulação consciente


e inteligente dos hábitos e opiniões organizados das massas é um elemento
importante na sociedade democrática. Aqueles que manipulam esse
mecanismo invisível da sociedade constituem um governo invisível que é o
verdadeiro poder dominante de qualquer país. Somos governados, nossas
mentes são moldadas, nossos gostos são formados, nossas idéias são
sugeridas, em grande parte por homens dos quais nunca ouvimos falar … em
quase todos os atos de nossas vidas diárias, seja na esfera da política ou dos
negócios, em nossa conduta social ou em nossa vida, pensamento ético, somos
dominados por um número relativamente pequeno de pessoas … que
entendem os processos mentais e os padrões sociais das massas.

São eles que puxam os fios que controlam a mente do público, que aproveitam
as velhas forças sociais e criam novas maneiras de ligar e guiar o mundo‖. É a
chamada engenharia do consentimento.

Em 1982, entre os meses de abril e junho, uma colônia teve o atrevimento de


confrontar um país partícipe do Império. Refiro-me à Guerra das Malvinas ou
Falklands. Exceto o Chile, em níveis diferentes, a Argentina recebeu o apoio
ou a neutralidade dos demais países relevantes na América do Sul em sua
guerra contra a Inglaterra e isso acendeu o sinal de alerta nos escritórios em
Washington, Londres e Roma. O Brasil envolveu-se diretamente no conflito
ao interceptar um bombardeiro inglês e avisar ao Presidente estadunidense
Ronald Reagan, além do secretário de Estado dos EUA, Alexander Haig, que
não toleraria uma invasão do território argentino no continente.
Que atrevimento deste povo ao sul do Equador! O TIAR (Tratado
Interamericano de Assistência Recíproca) foi solenemente ignorado pelos
EUA e Chile, mostrando que os tratados somente servem para serem rasgados,
se isso convêm. Com o fim da Guerra, e a vitória do grupo anglo-saxão em
meados de junho de 1982, foi decidido que era hora de colocar estes
―selvagens‖ do sul no seu lugar.

De junho a agosto de 1982 foram realizados três seminários para debater as


possíveis repercussões da guerra das Malvinas, sob o patrocínio do Centro
Woodrow Wilson, um centro de pensamento estratégico, com sede em
Washington. Como consequência da estratégia discutida nesses seminários
surgia no final de 1982 o Diálogo Interamericano, tendo entre seus
participantes ilustres o Sr. Fernando Henrique Cardoso.

Discorrer neste espaço sobre a estratégia elaborada pelo Diálogo


Interamericano, que objetivava retirar os militares do poder em toda a
América Latina e substitui-los por civis subservientes que aplicassem uma
política de enfraquecimento gradual de seus países, seria muito longo.
Todavia, uma arvore se conhece pelos seus frutos e basta olhar o que
aconteceu depois disso na América Latina para ver que a estratégia deu certo.
Não pensem que este foi um movimento da direita ―imperialista‖ que excluía
outros atores.

Eles não têm preconceito e trabalham com quem possa ajudar no atingimento
de seus objetivos. No início de 1993, na Universidade de Princeton, Lula e
Fernando Henrique Cardoso firmaram um acordo, na verdade um ―pacto‖.
Lula representava o Foro de São Paulo fundado em 1990 e FHC respondia
pelo Diálogo Interamericano, fundado em 1982 e que tinha a família Clinton
como mola propulsora.

Uma estratégia importante a ser implantada era que atuassem dentro do


conceito da ―Estratégia das Tesouras‖ que consiste basicamente em ter dois
partidos que falsamente se antagonizam, um mais radical e outro moderado,
mas que na verdade servem ao mesmo ideal. Nesta estratégia era vital que
eles, com seus braços políticos PSDB e PT, ocupassem todos os espaços do
debate nacional, preenchessem totalmente o espaço midiático com esta falsa
confrontação, de tal maneira que a atenção do público ficasse polarizada entre
os dois e não surgisse espaço para debater-se outros assuntos que pudessem
prejudicar a ―agenda‖ deles.

Observem como ao longo dos acontecimentos FHC sempre atuou para


proteger seu pupilo Lula. Bem, se eu fosse lhes contar os detalhes dos planos,
e sua execução, eu teria de escrever centenas, talvez milhares de páginas.
Todavia, o resultado da aplicação destas estratégias está aí para dar
testemunho. Ambos, FHC e Lula tornaram-se presidentes e cumpriram seu
papel. Assim, o Diálogo Interamericano e o Foro de São Paulo dominaram e
quase destruíram o Brasil nas últimas décadas, tornando-o extremamente
vulnerável e preparando-o para o xeque-mate vindouro.

Esta semana fomos bombardeados por notícias que a Amazônia estava em


chamas. Profissionais da área percebem com facilidade porque esta notícia foi
propositalmente superdimensionada. Criar a sensação de que a Amazônia é
um patrimônio da humanidade e que os brasileiros não têm competência para
cuidar dela, e por isso devem abrir mão de sua soberania, é algo que vem
sendo construído a anos, desde a década de oitenta e noventa. Alguns
exemplos:
– Al Gore (1989): ―Ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia
não é deles, mas de todos nós‖
– François Mitterrand (1989): ―O Brasil precisa aceitar uma soberania
relativa sobre a Amazônia‖.
– Mikhail Gorbachev (1992): ―O Brasil deve delegar parte de seus direitos
sobre a Amazônia aos organismos internacionais competentes‖.
– John Major (1992): ―As nações desenvolvidas devem estender o domínio
da lei ao que é comum de todos no mundo. As campanhas ecológicas
internacionais que visam à limitação das soberanias nacionais sobre a região
amazônica estão deixando a fase propagandística para dar início a uma fase
operativa, que pode, definitivamente, ensejar intervenções militares diretas
sobre a região‖.
– Henry Kissinger (1994): ―Os países industrializados não poderão viver da
maneira como existiram até hoje se não tiverem à sua disposição os recursos
naturais não renováveis do planeta. Terão que montar um sistema de pressões
e constrangimentos garantidores da consecução de seus intentos‖.

A questão é mais global e complexa e citei as notícias ambientais enfocando o


Brasil nesta semana apenas como um elo sensível de uma corrente maior.
Ocorre que agora chegamos ao tempo dos xeques para viabilizar o xeque-
mate. A resistência de Trump em participar da jogada final tem causado
embaraços, ele o faz porque teme ser igualmente vítima. Em sua retaguarda a
torre está fragilizada, mas o cavalo branco galopa com desenvoltura e tem
mostrado disposição para brigar, o que causa temor em seus adversários. É
bem diferente das terras tupiniquins.

Sem pão e circo o povo se rebela. Lembre-se da frase famosa dita por James
Carville, na campanha presidencial vencedora de Bill Clinton: ―É a economia,
estúpido!‖. Questões ambientais, ideológicas, sociais e tantas outras são úteis
para os xeques. O xeque-mate começa pela torre, pela economia. As ideias são
necessárias e ―fabricadas‖ para dar uma justificativa palatável ao movimento
econômico e militar.

A asfixia vem no movimento econômico e o ―abate‖ no movimento militar,


quando necessário. As movimentações da torre precedem as do cavalo. Até
mesmo a máquina de guerra precisa de recursos financeiros para se mover.
Sem ―dinheiro‖ não há ―combustível‖ para o resto.

O comércio e a economia atual, em seu aspecto global, possuem algumas


colunas. Uma delas é o sistema Swift, que é uma abreviatura para Society for
Worldwide Interbank Financial Telecommunication (Sociedade para
Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais). É um sistema que
tem como principal missão viabilizar a troca de informações bancárias e
transferências de ativos entre as instituições financeiras.

É uma espécie de cooperativa criada em 1973 que interliga aproximadamente


11 mil instituições financeiras em 200 países, sendo essencial para fazer as
liquidações financeiras entre os países. Para se ter uma ideia da importância
deste sistema ele é usado até como forma de pressão no jogo mundial. Em
2015 quando a Rússia invadiu a Criméia os EUA ameaçaram suspender os
bancos russos do sistema SWIFT. Contra o Irã a mesma ameaça aconteceu em
novembro de 2018 com o secretário do Tesouro americano, Steven
Mnuchin propondo desconectar o Irã do Swift.

Um sistema tão importante como este pode ser manipulado? Ele é vulnerável?
Ocorre que como todo sistema de informática ele também é vulnerável a um
ataque. Em 24 de maio de 2018 um banco do Chile sofreu um ataque onde
―permitiu que hachers completassem quatro transações fraudulentas no
sistema SWIFT antes que o ataque fosse descoberto‖.

Em março de 2016 o banco central de Bangladesh relatou o desaparecimento


de US$ 100 milhões de suas reservas em moeda estrangeira, após um suposto
ataque de ―hackers‖ ocorrido em 05 de fevereiro, deixando o FED de Nova
York numa situação constrangedora. Segundo a Reuters: ―‖As contas mantêm
principalmente títulos do Tesouro dos EUA e dívidas de agências, e os
pedidos de fundos chegam e são autenticados pela chamada rede SWIFT, que
conecta os bancos.‖.

Em outra parte, ficou o registro: ―Bangladesh não concorda que o Fed não seja
culpado. ―Mantivemos dinheiro com o Federal Reserve Bank e as
irregularidades devem estar com as pessoas que lidam com os recursos‖, disse
na quarta-feira o ministro das Finanças, Abul Maal Abdul Muhith. ―Não pode
ser que eles não tenham qualquer responsabilidade‖, disse ele, incrédulo‖.
Até mesmo o New York Times em junho de 2006 foi obrigado a reconhecer
que o sistema é vulnerável a ―interferências‖ noticiando que a CIA, bem como
o braço-de inteligência financeira do Departamento do Tesouro dos EUA
acessaram a rede SWIFT – Bank Data Is Sifted by U.S. in Secret to Block
Terror.

Todo sistema pode ser violado, e ter as reservas de um país dependente do


registro ―seguro‖ de um sistema, ao invés de ativos tangíveis sob sua própria
custódia, é sempre um risco gigantesco a ser enfrentado. Como já salientei em
artigos anteriores o Brasil praticamente não possui ativos tangíveis, como
ouro, em suas reservas e sob sua custódia. Suas reservas são quase na
totalidade composta de papeis. O Brasil é relevantemente vulnerável ao
sistema financeiro internacional e seus sistemas.

Todos os países sérios do mundo estão reforçando suas reservas em ouro,


como mostrei nos artigos anteriores, e colocando-a onde possam ―ver‖, e isso
não começou agora. Em dezembro de 2014 o diretor Mark O‘Byrne,
executivo da corretora líder mundial de compra e venda de ouro Gold Core
Mark, afirmou que: ―Alguns governos estão nervosos sobre isso e eles estão
repatriando seu ouro de volta para seus países, porque há a preocupação de
que, em caso de uma crise cambial ou uma crise monetária ou crise financeira,
eles não seriam capazes de acessar suas reservas de ouro‖, disse O‘Byrne.

Em 2017 foi noticiado que o banco central da Alemanha, o Bundesbank,


completou uma operação para trazer metade das reservas de ouro do país de
volta para casa, três anos antes do cronograma. A China comprou quase 10
toneladas de ouro em julho de 2019, marcando o oitavo mês consecutivo em
que o país aumentou suas reservas, que agora somam 1.945 toneladas.

Os EUA mantêm os preparativos para dias turbulentos (vide meu artigo “O


xeque-mate antecipa o contra-ataque”, de 05/08/2019) sabendo que a
eclosão de violência pode trazer graves consequências num país onde a
população tem em seu poder cerca de 393 milhões de armas de fogo. A China
também está se preparando. Estão investindo pesadamente em suas Forças
Armadas e na sua capacidade de manter a segurança interna, ao mesmo tempo
que as compras de commodities foi fortemente expandida em julho, tendo
aumentado substancialmente as importações de trigo e soja da Rússia.

Estocam ouro e alimentos, ao mesmo tempo que investem no melhor sistema


de vigilância interna do mundo. Por que será?

O que eles, EUA, China e tantos outros países, estão vendo que o Brasil não
vê? Esta percepção de segurança que motiva a inércia brasileira advém de
que? Um simples ataque especulativo contra a nossa moeda, a suspensão dos
bancos brasileiros do Swift, o bloqueio das reservas cambiais ou um ataque
cibernético a nossa infraestrutura elétrica, retirando-a de funcionamento por
36 horas, seria suficiente para levar o Brasil ao caos. Todavia, tais fatos
seriam apenas um xeque, não o xeque-mate.

Se no passado (notadamente nas décadas de setenta, oitenta e início de


noventa) os ―patriotas‖ brasileiros, civis e militares, quando ainda dispunham
de certa influência e algum acesso a recursos estratégicos, quando a
―oposição‖ era muito mais fraca e não haviam tantas ORCRIM´s, ainda assim
não foram capazes de detectar e conter a estratégia aplicada pelo Diálogo
Interamericano que deixou o Brasil nesta situação atual, como esperam poder
fazer agora, tendo em conta que os ―players‖ em atuação estão acima, e tem
muito mais poder, que os componentes do Diálogo Interamericano?

As informações que disponibilizo em meus artigos, por si só, não tem o


condão de estruturar uma estratégia de proteção e reversão do cenário do
Brasil sem que as pessoas envolvidas nesta ação conheçam a fundo o jogo.
Conhecer significa compreender perfeitamente os objetivos, a estratégia, os
componentes, o ―modus operandi‖ e como pensam os ―jogadores‖. Levei 21
anos de dedicação para desenvolver este conhecimento. Tenho dado
informações de fontes abertas para que alguns despertem, ainda que eu não
seja particularmente otimista neste quesito.

Aparentemente o destino do Brasil foi selado. O efeito dominó começou, na


medida que a cada movimento um novo dominó cai e empurra outro para a
queda seguinte!

Todo jogo acaba ou muda de fase. O xeque-mate se aproxima.

Artigo 7

O xeque-mate segue seu curso


em velocidade
Para entender o jogo é necessário desenvolver certas
―habilidades‖ individuais
2 de setembro de 2019 12:11

Luiz Antonio P. Valle


Luizapvalle@gmail.com

O jogo é dinâmico e as movimentações decorrem da interação, criando


estratégias alternativas, mas sem perder o objetivo principal. Muda-se a
forma, mas não a essência. As peças se movimentam em silêncio contrariando
e confundindo o entendimento do neófito. Cada ação é pensada para ter seu
efeito no momento certo.

O bispo é muito eficiente e o jogador precisa saber usar. O ―Túnel de


Realidade‖ leva à Imunização Cognitiva que tem como ―mecanismo de
controle‖ o seguinte processo: a pessoa imunizada cognitivamente restringe
seus contatos e leituras somente a pessoas e matérias que tenham ressonância
com suas crenças. Sem ouvir ou ler argumentos opostos, ou simplesmente
ignorando-os, fecham-se em seus grupos, pois os outros ―não sabem nada‖.

O convívio no grupo limitado reforça e consolida, pela repetição das mesmas


ideias-pensamento que são a base do grupo, a crença já prevalecente na
pessoa. Desta forma sua capacidade de raciocínio e discernimento vão
paulatinamente decaindo a um nível crítico, até o ponto que fica inteiramente
―imunizada‖. Todavia, o curso dos acontecimentos não espera e uma hora o
grupo se defronta com a realidade, que não corresponde necessariamente aos
seus anseios, e o debacle é cruel. Este fenômeno aconteceu com o petismo por
exemplo, e acontece rotineiramente no mesmo ciclo.
A torre não pode ficar desprotegida para quem quer sobreviver no jogo. Quem
tem olhos de ver continua a se proteger, como mostrei fartamente nos artigos
anteriores da série Xeque-mate. Em publicação do final de agosto foi
informado que: ―Recentemente, o chefe do Banco da Inglaterra, Mark Carney,
apelou aos bancos centrais mundiais para que criem uma ―alternativa global‖
à moeda americana.‖

A matéria continua: ―Só em abril, o Reino Unido se livrou de US$ 16,3


bilhões (R$ 67,7 bilhões) em títulos do Tesouro dos EUA.‖ Vejam, foram
US$ 16,3 bilhões num único mês e, como mostrei, provavelmente são usados
para comprar ouro ou outro lastro econômico sólido! Parece que a fé nos
títulos estadunidenses só é sólida nos gabinetes de Brasília, que mantém
nossas reservas totalmente dependentes destes títulos, colocando o Brasil em
posição de total vulnerabilidade, mesmo eu tendo apresentado dados e
evidências em meus artigos que todos os países sérios estão ancorando suas
reservas em ouro, e mantendo-o sob sua custódia.

Semana passada um general do Exército Brasileiro perguntou com que


recursos compraríamos o ouro? Resposta: com os valores apurados na venda
dos Títulos do Tesouro Americano, como vários países importantes estão
fazendo. É uma troca de ativos. Não precisa colocar um centavo!
O redator da matéria citada acima continua: ―Desde a crise financeira global
de 2008, os bancos centrais mundiais reduziram em sete pontos percentuais a
cota-parte da participação do dólar dos EUA na estrutura das suas reservas
financeiras. Em 2018, os países em desenvolvimento foram particularmente
ativos na venda de dólares e das obrigações do Tesouro (títulos públicos
emitidos pelo governo do) Estado norte americano. Uns, para estabilizar suas
próprias moedas, outros por causa dos inúmeros conflitos (especialmente a
Rússia e a China) com Washington.‖. –
https://br.sputniknews.com/opiniao/2019082714437080-por-que-reino-unido-
pede-ao-mundo-que-crie-alternativa-global-para-substituir-dolar/.

Uma matéria de 26/08/19, num site especializado, mostrou espanto no título


ao constatar que no Brasil, mesmo havendo bons índices e tendo sido
aprovada a reforma da previdência na Câmara e sinalizada a aprovação de
outras, mesmo assim os estrangeiros mantiveram-se longe da Bolsa de
Valores brasileira, retirando volume significativo de recursos.

Ele, surpreso, após dizer que o desempenho da Bolsa superou os 10% de


ganhos desde o início do ano, assim se expressou: ―Porém, o investidor
estrangeiro se manteve – e ainda se mantém – fora da bolsa brasileira nestes
oito meses. Até o momento o saldo do ―gringo‖ no País está negativo em mais
de R$ 21 bilhões, próximo de bater o recorde da série histórica iniciada em
1996‖. Será que os investidores estrangeiros não gostam de ganhar dinheiro?
Onde eles conseguiriam um ganho superior a 10% em oito meses? Estranho?

Bem, o redator segue em sua análise buscando uma explicação, perplexo e


desorientado, vagando nos braços da especulação, sem mostrar evidências
concretas. Todavia, o que vale são fatos, aos quais o redator se dobra mais a
frente: ―Por aqui, o estrangeiro, que hoje representa cerca de 44% do
mercado, já tirou R$ 21,4 bilhões do mercado brasileiro este ano, sendo que
metade, ou R$ 10,9 bilhões apenas em agosto até o dia 22. O resultado já
supera o da crise de 2008, quando em oito meses saíram R$ 16,53 bilhões do
Brasil via estrangeiros.‖ (grifo meu).

Retiraram R$ 10,9 bilhões em 22 dias do mês de agosto mesmo o Paulo


Guedes e o governo se empenhando nas reformas! Como pode ser visto
tivemos uma evasão de capitais maior que em 2008. Por que será?

Todavia, se os brasileiros continuarem a entregar suas empresas baratinho,


então o capital aproveita a oportunidade, dá uma ―mãozinha‖, como ele nota
quando se refere a entrada de capital via oferta de ações. Na crise vindoura vai
ficar ainda mais barato. É conhecida a manobra de ―fabricar‖ crises para
desvalorizar ativos, e então comprá-los por um preço baixo de
―oportunidade‖. Vindo o Xeque-mate, e sem reservas que possuam liquidez, o
Brasil precisará entregar seu patrimônio baratinho em troca de ―divisas
conversíveis‖. Um dos personagens entrevistados representa o fundo de
investimento BlackRock. Para bom entendedor isto basta. Para o cego todos
as evidências, argumentos e números não bastam.

As três são peças importantes: o Bispo, a Torre e o Cavalo. As ideias


preparam o ambiente e minam a resistência abrindo caminho para o
consentimento, a economia precisa ser forte e independente para propiciar o
―pão‖ que não pode faltar nas horas críticas, e as Forças Armadas precisam ser
poderosas o suficiente para desestimular a cobiça externa sobre o patrimônio
econômico, evitando que ocorra uma ação militar concreta de tomada hostil.
O cavalo precisa estar treinado e operacional.

O general Maynard Marques de Santa Rosa deixou clara a situação da


capacidade de combate do Exército Brasileiro ao dizer que ele só possui
munição para uma hora de guerra e o General Carlos Alberto Pinto Silva, ex-
chefe do Comando de Operações Terrestres (Coter) acrescentou: ―Nossa
artilharia, carros de combate e grande parte do armamento foram comprados
nas décadas de 70 e 80. Existe a ideia errônea que não há ameaça, mas se ela
surgisse não daria tempo de reagir‖.

Claro como a luz do dia, não cabem interpretações. Estas declarações foram
feitas a sete anos atrás, em agosto de 2012, antes dos contingenciamentos que
se seguiram. Fácil imaginar como está a situação hoje. Na semana passada o
Comandante do Exército determinou o fechamento dos quarteis nas segundas-
feiras de setembro de 2019 para economizar água, luz e comida, no momento
que se discute as ameaças estrangeiras à nossa soberania sobre a Amazônia.
Que ―sinal‖ estamos passando ao mundo? Antes não tínhamos equipamento e
munição, agora também não há comida para nossos soldados.

O Brasil é a oitava economia do mundo, conforme relatório do FMI referente


a 2018 e possui o 12º maior orçamento militar do planeta neste mesmo ano,
com US$ 27,8 bilhões, cerca de 1,5% do PIB. Vejam na companhia de que
países abaixo estamos em termos de orçamento militar e comparem nossas
capacidades militares com as deles.
Logo, pelos números apresentados na publicação, exceto se forem totalmente
equivocados, o problema não é necessariamente recurso. Países
economicamente muito menores, e com orçamentos militares inferiores como
Israel (US$ 17,8 bilhões em 2017) e Turquia (US$ 14,9 bilhões em 2017),
mantem Forças Armadas em condições operacionais excelentes, possuindo
caças modernos e em número relevante, embarcações com tecnologia
avançada, sistemas de baterias antiaéreas de última geração e força terrestre
bem equipada e treinada, enfim, Forças Armadas capazes de dissuadir
pretensões hostis e defender os seus interesses nacionais.

A questão também não se prende ao percentual do PIB aplicado. Neste quesito


entendo que o Brasil até poderia investir mais, algo entre 2,5% e 3% do PIB,
pois países como Israel investem mais de 5%, ainda que o cenário lá seja
diferente. A questão aqui é possuir e manter Forças Armadas em bom estado
operacional com o orçamento atual. E o que o Brasil investe não é
nominalmente pouco, pois somos o 12º maior orçamento militar do mundo.
Logo, o que está havendo? Onde está alocado o dinheiro? Óbvio que a conta
não fecha e o peso dos inativos isoladamente, por si só, não explica a situação.
Projetos classificados entram na equação e são conhecidos. A ―teoria do
canivete‖ fala por si.

Nosso ―desastre‖ não é ―fortuito‖, é fruto da última estratégia de sabotagem


definida em 1982, como já citei em artigo anterior. Organizações como a
Open Society Foundation de Soros ou a Antifa são pontas de lança de algo
maior.

Escrevo isso com tristeza e sei que os ―vibradores‖ poderão ficar magoados.
Frequento unidades militares rotineiramente e vejo pessoalmente. Minha
família tem gerações de militares em duas das forças. Mas fingir que não
acontece não vai resolver. Enterrar a cabeça na areia não vai evitar que a onda
venha.

Alguém em sã consciência pode conceber que os estrangeiros não sabem de


nossas fragilidades? Sinto dizer, mas eles conhecem a nossa realidade melhor
do que a imensa maioria dos brasileiros, e por duas razões: tem agências de
inteligência eficazes e não possuem um ―túnel de realidade‖ com filtros tão
limitantes.

É por isso que o atrevimento cresce diante da vulnerabilidade crescente e


relevante do Brasil, como relatei no artigo ―O xeque-mate só surpreende o
incauto‖ quando narrei que o professor de Relações Internacionais da
Universidade de Harvard, Stephen M. Walt, num artigo publicado dia
06/08/19 na revista online Foreign Policy, pergunta: ―Quem vai invadir o
Brasil para salvar a Amazônia?‖. Como ele tem juízo deixa claro que, para o
―crime‖ ambiental relativo a emissão de gases (cujos principais poluidores são
EUA, China, Índia, Rússia e Japão) não poderia ser feito a mesma coisa
porque ―ameaçar qualquer deles com sanções possivelmente não vai funcionar
e ameaçar com uma intervenção armada é completamente irrealista‖;
acrescentando que no caso do Brasil é diferente, usando o seguinte argumento:
―Mas o Brasil não é nenhuma grande potência. Ameaçá-lo com sanções
econômicas ou o uso da força caso se recuse a proteger a floresta poderia
funcionar‖.

Vejam que ele foca na Torre e no Cavalo, ou seja, sanções econômicas para
dobrar ou derrubar o governo, e se necessário, o uso da força. Enfim, ele deixa
claro que o Brasil é presa fácil. Com os demais países poluidores, que tem
armas e Forças Armadas fortes, não se deve mexer.

Em julho de 2014, de acordo com a publicação ―The Jerusalem Post‖ o


Sr.Yigal Palmor, porta-voz do ministério das Relações Exteriores de Israel,
num momento de excessiva sinceridade disse que o Brasil ―continua a ser um
anão diplomático‖. Não era para ser assim. Se tivéssemos Forças Armadas
fortes eles nos respeitariam.

Aqui também não se trata da Dialética Negativa usada pelos Globalistas como
arma comportamental. Estou oferecendo fatos, evidências e números para
chamar a atenção de algo que já chegou, está aí. Peguem as datas e conteúdo
dos meus artigos da série Xeque-mate e confrontem com os acontecimentos.
Toda causa tem efeito. A série de artigos que escrevi em 2013 e 2014 visava
mostrar as causas para que não chegássemos neste momento, o dos efeitos ou
consequências, nesta situação.

Com uma economia totalmente vulnerável e dependente do Capital


Internacional, sem reservas que tenham liquidez, e Forças Armadas em estado
operacional praticamente falimentar, o Brasil não tem muitas opções para
reverter o cenário. Pode desgastar, tornar o preço mais caro, mas reverter não.
Dois pilares do Poder Nacional estão no chão.

É claro que todo jogo tem dois lados e muitas peças. Umas mais relevantes
outras menos, mas todas tem sua função. Entender o funcionamento do jogo,
as características e intenções dos jogadores, seu ―modus operandi‖ e conhecer
sua real posição nele é o primeiro passo para virar o jogo. Os líderes
brasileiros têm uma enorme dificuldade nesses quesitos. Pelo fruto se conhece
a árvore. Como está a resultante destes 500 anos de nossa história? Somos um
país soberano capaz de proteger os Objetivos Nacionais Permanentes contra
quaisquer ameaças?

O Brasil está em uma posição privilegiada no Tabuleiro? Com que poder


econômico e militar o Brasil emergiu dos anos setenta e com qual está hoje?
Verifique o que aconteceu da década de oitenta para cá e veja se a ―estratégia‖
brasileira, se é que há, está sendo vitoriosa? As respostas sinceras e imparciais
a estas perguntas é o que importa, são elas que levam a entender os
rudimentos dos oráculos. O resto é desculpa que não muda a realidade atual.
O Brasil precisa de ação. O xeque-mate está à porta.

Para entender o jogo é necessário desenvolver certas ―habilidades‖


individuais, que são fruto de procedimentos específicos desenvolvidos desde a
década de quarenta. Não vem só de leituras, Relint ou aperfeiçoamento da
TAD (Técnica de Avaliação de Dados). Apenas dados não viram informações
úteis sem habilidades, não são suficientes.

Ter uma concepção adequada da forma como a força se distribui no tabuleiro


é essencial, senão vital. Ser um gestor de parte da Earth Corporation não é ser
acionista. O exercício do poder pode criar ilusões fatais, quando não se
conhece onde está o Poder Real. Ser um Secretário de Defesa da maior
potência do mundo dá a sensação de estar no Olimpo, imagine então ser o
Presidente? Intocável, fabuloso, quase divino. A ilusão é forte, dominadora,
anestesia a razão. Eisenhower, pela formação e idade, reconheceu o terreno e
movimentou as peças devagar para sentir a reação. Reclamou, alertou,
ensinou, mas percebeu que não era hora de forçar as fronteiras, tinha o
entendimento.

No discurso de despedida da presidência ele mostra prudência e sabedoria –


vide link. James Forrestal percebeu o movimento, pressentiu o perigo, mas já
era tarde. Os conhecimentos que havia transmitido a J.K. (John Kennedy),
logo após a Segunda Guerra Mundial, não foram suficientes para tornar aquele
jovem talentoso em um prudente e sábio jogador, pelo contrário, ele forçou
demais à mão sem ter cacife para a aposta. Pensar ser ou possuir não significa
ser Real.

―Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o


resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo,
para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece
nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas‖ – Sun Tzu em ―A
arte da Guerra‖.

O efeito dominó começou, na medida que a cada movimento um novo dominó


cai e empurra outro para a queda seguinte!

Todo jogo acaba ou muda de fase. O xeque-mate se aproxima.

Artigo 8
O xeque-mate tem seu próprio
ritmo independente
9 de setembro de 2019 12:27

Luiz Antonio P. Valle


Luizapvalle@gmail.com

No jogo a Torre, o Cavalo e o Bispo são muito importantes, assim como são
vitais a Rainha e o Rei. Mas a dança dos peões no tabuleiro também tem sua
utilidade prática. Todos os movimentos no tabuleiro, de todas as peças,
revelam ou dissimulam a intenção do jogador. Mas o jogador preparado não
se baseia somente em seus ―instintos‖. Cada movimento alimenta de dados um
simulador de cenários, que por sua vez com base em softwares próprios para
este tipo de operação, redesenha o cenário futuro provável com incrível nível
de acerto e oferece novas ―linhas de ação‖.
Estas simulações são feitas em computadores quânticos muito sofisticados
com desempenho de milhares de qubits (os chamados bits quânticos)
localizados em compartimentos blindados com temperaturas baixíssimas e
projetados para impedir que a energia eletromagnética entre ou saia, alguns
semelhantes às conhecidas como gaiolas de Faraday. Sua tecnologia é tão
avançada que o padrão RSA de criptografia pode ser ―desembaralhado‖,
quebra de encriptação, em milionésimos de segundos, mesmo sendo uma
chave de 2.048 bits ou mais. A execução adequada do algoritmo de Shor
dependia, no passado, basicamente da construção de um computador com
qubits suficientes, fato já superado a tempo. Computadores quânticos tem
várias aplicações, como pode ser visto nesta antiga matéria do Washington
Post de janeiro de 2014 – vide
link: http://apps.washingtonpost.com/g/page/world/a-description-of-the-
penetrating-hard-targets-project/691/#document/p1/a138758. Neste caso o
computador estava sendo desenvolvido a cinco anos atrás para o Project
Penetrating Hard Targets (Projeto de penetração em alvos difíceis).

Os computadores quânticos utilizados nas agências de inteligência estratégica


de primeira linha, não conhecidas do público, utilizam uma tecnologia
dezenas de anos à frente da tecnologia de domínio público, sendo seus
computadores milhões de vezes mais rápidos que o Frontier (este computador
utiliza CPUs Epyc da AMD, cada uma conectada a quatro GPUs Radeon
Instinct) que entrará em operação em 2021 e que poderá produzir mais de 1,5
exaflops de capacidade de processamento (um exaflop é a capacidade de
executar um quintilhão de operações por segundo), sendo que o Frontier será
aproximadamente 50 vezes mais rápido que o computador mais veloz do
mundo atual. Se o Frontier é considerado uma tecnologia totalmente
ultrapassada com seus 1,5 exaflops, imagine o Summit, que entrou em
operação no início de junho de 2018, e é capaz de fazer 200 petaflops, sendo
hoje o mais veloz do mundo? Daí você pode imaginar o poder de
processamento dos computadores quânticos utilizados para projeções de
cenários futuros nos centros estratégicos de primeira linha. Desde que Garry
Kasparov, Grande Mestre do Xadrez, enfrentou Deep Blue (o computador da
IBM) na década de noventa, muito se avançou. Foi um bom laboratório.
A tecnologia dos computadores quânticos envolvidos em projeção de cenários
envolve fortemente Machine Learning, com ênfase em Deep Learning, e
Inteligência Artificial. De forma superficial e sintética, como este é um artigo
para um público heterogêneo, isso significa genericamente que a cada
projeção confrontada com a realidade, ele aprende com seus próprios erros e
os corrige na projeção seguinte, refinando o grau de acerto. A cada dia
acumula mais dados e aprendizado, que geram mais informações essenciais à
tomada de decisões estratégicas, que por sua vez são novamente confrontados
com os resultados, gerando novo aprimoramento do método, num looping
infinito até aproximar-se da perfeição. Computadores adiabáticos são
particularmente úteis para questões de otimização nas quais projeções de
cenários estão envolvidos. O orçamento para o National Intelligence Program
(Programa de Inteligência Nacional) dos EUA, assim como o de todos os
países de ponta, prioriza este investimento e não poupa recursos. Afinal, poder
projetar o futuro, movimento a movimento e corrigindo rotas, com elevado
índice de precisão é um diferencial competitivo determinante.

É uma tecnologia muito além do IonQ com 79 qubits comprovados (os


pesquisadores em meados de 2018 entendiam que os computadores quânticos
sobrepujariam os convencionais quando ultrapassassem a 50 qubits) ou o D-
Wave Two de 512 qubits informados. O grau de acerto destas projeções, após
os computadores quânticos de primeira linha serem alimentados com
quatrilhões de dados portadores de futuro diariamente (referentes a economia,
defesa, engenharia social, demografia, hábitos pessoais captados nas redes
sociais e internet, etc….) tem chegado à marca de 99,2% de precisão para
projeções de cinco anos, 95,5% quando envolvem projeções de dez anos e
89,3% para projeções até quinze anos. Todavia, merece menção que nos
últimos meses variáveis exógenas tem deixado apreensivos os analistas.
Além de simular cenários os computadores quânticos sugerem linhas de ação
para alcançar os objetivos com que foram alimentados. Assim, o jogador
abastecido com estas informações pode refinar os movimentos seguintes para
alcançar maior letalidade no xeque-mate.

A Torre não pode ser subestimada, então vamos um pouco a ela. Esta é uma
análise interessante sobre algumas vulnerabilidades que Bancos Centrais
enfrentam – https://www.zerohedge.com/news/2019-08-26/will-central-banks-
survive. Bancos Centrais também sofrem perdas. ―Geralmente, as perdas
resultam de obrigações de juros, pagamentos de subsídios, práticas cambiais
múltiplas, esquemas de ―garantia‖ e alterações desfavoráveis nas avaliações
de ativos líquidos‖, conforme relata a matéria.Fonte: GnS Economics, BoJ,
BCE, Fed, PBoC
Este gráfico mostra os balanços do Banco do Japão, Banco Central Europeu,
Federal Reserve e Banco Popular da China, em bilhões de dólares.

Existem aqueles que já advogam a mudança do padrão monetário. ―Chegamos


ao ponto em que estamos praticamente no fim do caminho em termos de
rendimentos e taxas de juros. E os banqueiros centrais agora têm o desejo de
refletir o sistema de uma nova maneira. Estamos à beira desse novo
paradigma em que essa reflação vai dar certo‖, disse Mark Valek, autor do
relatório anual ‗In Gold We Trust‘, a Max Keiser.

O diretor de investimentos (CIO) da Blackrock (um dos maiores fundos de


investimento do mundo), Rick Rieder, escreveu em 08/09/19 no blog da
Blackrock, ao ponderar abertamente sobre o Fim da Política Monetária,
dizendo: ―Como se posicionar para esse fim de jogo? Como provavelmente é
evidente, qualquer instrumento nominal será desvalorizado em termos reais;
portanto, a solução é manter um ativo que mantenha seu valor real – um ativo
que não pode ser impresso.‖ Em outra parte, continua: ―Por definição, o pior
ativo a ser detido seria um título soberano com rendimento negativo, seguido
de perto por papel-moeda com rendimento zero, ambos com uma oferta
teoricamente infinita sobre as opções de investimento‖. Títulos soberanos são
exatamente o que o Brasil mantêm nas suas reservas. Mais a frente ele
conclui: ―Portanto, tudo isso leva hoje a considerar ativos que podem
participar de uma desvalorização inerente da moeda local, ou seja: ações,
imóveis e até ativos duros que têm relevância histórica em termos de valor,
como o ouro.‖

O Dr. Michael Burry – imortalizado no filme ―The Big Short‖, em entrevista a


Bloomberg fez a seguinte declaração: ―Potencialmente, piorando a situação,
será a impossibilidade de desenrolar os derivativos e as estratégias de compra
/ venda nuas usadas para ajudar muitos desses fundos a pseudo-combinar
fluxos e preços todos os dias. Esse conceito fundamental é o mesmo que
resultou no colapso do mercado em 2008. No entanto, não sei qual será o
cronograma. Como a maioria das bolhas, quanto mais tempo, pior será o
acidente.‖

Talvez seja relevante considerar o posicionamento de um dos maiores


investidores do mundo intitulada: ―Talvez Warren Buffett esteja nos alertando
sobre algo‖ – click no link

O Supremo Cruzeiro do Sul precisa ser preservado para a próxima fase.


Quem pode antever o futuro com boa margem de acerto, em virtude de sua
ciência que possui metodologia e tecnologia apropriada, pode em virtude
disso prever o movimento das peças do outro e construir um cenário, onde as
opções que se deixa ao oponente, sempre o levarão para o xeque-mate,
independentemente de sua vontade. Não existe ―justiça‖ no jogo, há o jogo.

―Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o


resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo,
para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece
nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas‖ – Sun Tzu em ―A
arte da Guerra‖.

O efeito dominó começou, na medida que a cada movimento um novo dominó


cai e empurra outro para a queda seguinte!Todo jogo acaba ou muda de fase.
O xeque-mate se aproxima.

Artigo 9
O xeque-mate faz rápidas
aproximações sucessivas
16 de setembro de 2019 13:49

Luiz Antonio P. Valle


Luizapvalle@gmail.com

À medida que o jogo avança, e algumas movimentações de suas peças


tornam-se mais evidentes e necessárias, a difusão de certas ―mensagens‖ que
antecipam ―códigos‖ aos participantes tornam-se fundamentais para balizar o
direcionamento. O sigilo deixa de ser relevante, pois os movimentos são não
retrógrados. A mensagem sobre economia e finanças precisava vir de Londres.

Todos que acompanham a economia mundial sabem do crescimento


assombroso da dívida global, notadamente a da maior economia do planeta, os
EUA. Sendo os EUA o núcleo da economia mundial, possuindo o ―exuberante
privilégio‖ de emitir a moeda de troca no comércio internacional, o mesmo
encontra facilidade em ―rolar‖ sua dívida. Por óbvio, tal ―facilidade‖ não seria
possível se o dólar deixasse de ser a moeda referencial. Este fato já foi
abordado em artigos da série Xeque-mate.

A maioria dos economistas e políticos defendem que os déficits


estadunidenses não importam. Mesmo com o déficit alcançando a marca de
US$ 1 trilhão anual a credibilidade e capacidade de ―emitir a moeda‖
resolvem o problema, nesta visão. Eles alegam que o percentual de
comprometimento de pagamento de juros encontra-se atualmente em 12%
(relação entre o valor pago versus a arrecadação de impostos), abaixo,
portanto, da média do final da década de oitenta e início de noventa. Vide
gráfico abaixo:

Fonte: Escritório de Administração e Orçamento e US Bureau of Economic


Analysis.

Numa análise mais cuidadosa percebe-se que este índice não está relacionado
somente ao montante da dívida, mas muito ligado a taxa de juros. Ao fim da
década de noventa a taxa de juros era superior a 7% (sete por cento),
comparada com os 2% (dois por cento) atual. Somente neste parâmetro o
serviço da dívida mais que triplicaria se as taxas de juros fossem iguais. Por
isso o esforço do FED em manter as taxas de juros baixas. O próprio CBO
(Escritório de Administração e Orçamento do Congresso – EUA) estima que
as taxas para títulos de dez anos, invertendo a tendência atual, devem dobrar
entre agora e 2020.
Grande parte do motivo pelo qual as pessoas leigas têm dificuldade em
compreender o tamanho da dívida é porque frequentemente ela é apresentada
como um percentual do PIB, quando na verdade dívida se paga com receitas.
Fica mais fácil visualizar a realidade do problema quando comparamos o
tamanho total da dívida com a receita de impostos do governo estadunidense.
Vide gráfico abaixo:

Em 2018 a dívida de US$ 21,4 trilhões era 10,9 vezes maior que o volume das
receitas anuais de impostos, que eram de US$ 1,9 trilhão. É a pior relação de
dívidas versus receitas em todos os tempos. Isso significa que os EUA
necessitam basicamente de dois fatores para ―rolar‖ sua dívida: juros baixos e
―imprimir‖ muitos dólares.

Estes dois fatores associados não poderão ser mantidos por muito tempo, pois
vão comprometer o rendimento dos fundos de pensão e gerarão inflação.
Vejam mais detalhes em https://mises.org/power-market/national-debt-now-
more-ten-times-annual-tax-receipts.

Uma recente reportagem (31/08/19) mostrou que os EUA não sobreviveriam


sem dívida, onde lemos: ―A saúde do país, medida pelo produto interno bruto
per capita, mergulharia em território negativo sem depender de dinheiro
emprestado, segundo dados compilados pela Bloomberg. De fato, os EUA
cairiam quase no final de um ranking de 114 economias em PIB per capita.
Somente Itália, Grécia e Japão se sairiam pior. Essa é uma mudança sísmica
do confortável número 5 dos EUA em uma lista baseada em medidas
convencionais‖. Vide link https://finance.yahoo.com/news/america-wealth-
hinges-ability-borrow-120000587.html.

Para aqueles que apreciam análises de ciclos econômicos podemos citar o


livro The Fourth Turning. Nele os autores defendem que os EUA enfrentam,
a cada 80 anos, um ciclo existencial. Segundo eles a primeira crise foi a
questão constitucional (1781), após o fim da Guerra da Independência; a
segunda crise foi a Guerra de Secessão (1861) e a terceira crise foi a Segunda
Grande Guerra (1941). Este raciocínio aponta para o período de 2020-2021
como outro ápice do ciclo.

Como vimos a dependência do ―exuberante privilégio‖ de emitir dólares é


condição determinante para a manutenção do ―status quo‖. Estranhamente,
como já mostrei nos outros artigos, várias nações de primeiro mundo não
acreditam nesta manutenção e vem trocando suas reservas por ouro físico, de
preferência sob sua custódia. Estes movimentos não são extensivamente
divulgados, e, portanto, poucos o percebem. Quem lê meus artigos já o
conhece.

Entretanto, como a prenunciar a próxima jogada, o chefe do Banco da


Inglaterra, Mark Carney (já citado aqui em outro artigo meu) veio a público
falar do tema, um movimento que já é denominado, existe algum tempo, de
―desdolarização‖.

Falando num Simpósio patrocinado pelo FED em Jackson Hole (Wyoming),


em 23 de agosto, num discurso intitulado ―Os crescentes desafios para a
política monetária no atual sistema financeiro e monetário internacional‖
(https://www.bankofengland.co.uk/-/media/boe/files/speech/2019/the-
growing-challenges-for-monetary-policy-speech-by-mark-
carney.pdf?la=en&hash=01A18270247C456901D4043F59D4B79F09B6BFB
C) Mark Carney, ex-banqueiro do Goldman e atual governador do BOE (Bank
of England), dedicou nada menos que 23 páginas a um tema considerado
―tabu‖ até o momento para um banqueiro central, a saber, passou a descrever
o papel ―desestabilizador‖ do dólar como reserva, afirmando que ele precisa
terminar e que os bancos centrais necessitam se unir para criar sua própria
moeda de reserva de reposição. Ele defendeu uma moeda ―semelhante‖ a
Libra, proposta pelo Facebook, como alternativa. Porque não o Bitcoin? Bem,
este é outro assunto. O chefe do BOE chegou ao ponto de admitir que taxas de
juros de equilíbrio muito baixas coincidiram no passado com guerras, crises
financeiras e mudanças bruscas no sistema bancário. Ele ainda disse que ―a
aceitação alegre do status quo é equivocada‖.

Uma característica chocante, porém, esperada, do discurso de Carney foi o


senso de urgência em seu alerta e a preocupação com a extensão da
turbulência social e do caos, caso os avisos sejam ignorados pelas autoridades
competentes. Ele deu uma entrevista logo depois do simpósio, onde disse:
―Mesmo um conhecimento passageiro da história monetária sugere que esse
centro não se sustenta. Precisamos reconhecer os desafios de curto, médio e
longo prazo que esse sistema cria para as estruturas institucionais e a conduta
da política monetária em todo o mundo‖. Em outra parte diz: ―…encerrarei
adicionando urgência ao desafio de Ben Bernanke. Vamos acabar com a
negligência maligna do IMFS e criar um sistema digno da diversificada
economia global multipolar que está surgindo‖. Ele se refere à criação do
IMFS (Sistema Financeiro Monetário Internacional Multipolar).

Carney observou que os problemas na economia dos EUA podem contaminar


economias de mercado emergentes, que terão muita dificuldade em absorver o
choque; enfatizando que uma moeda do tipo Libra poderia reduzir o impacto
negativo nesses países, se o dólar mergulhar. Brandon Smith, do site Alt-
Market.com, disse: ―Carney não é o primeiro elitista a sugerir esse resultado.
Mohamed El Erian, Christine Lagarde, Putin e Kremlin, para não mencionar o
banco central chinês, TODOS sugeriram que uma nova moeda mundial está
chegando para substituir o dólar. Largarde chegou a admitir que estão em
andamento planos para um modelo de moeda global baseado em criptografia‖.

Todavia, o que mais impressiona na dívida crescente estadunidense é


constatar que ela não pode ser contida e os EUA não possuem condições de
saudá-la. É claro que esse novo sistema traria o fim da hegemonia dos EUA e
efetivamente encerraria o sistema financeiro global baseado em dólares.
Vários tem alertado para isso e em artigo anterior eu relatei que o diretor de
investimentos (CIO) da Blackrock (um dos maiores fundos de investimento do
mundo), Rick Rieder, ponderou abertamente sobre o Fim da Política
Monetária, dizendo: ―Como se posicionar para esse fim de jogo?

Importa frisar de forma enfática que Mark Carney não é um economista do


terceiro mundo, e nem um banqueiro inexpressivo, ele é simplesmente o nº 01
do Banco da Inglaterra, e representa o pensamento financeiro internacional.
Todos sabem que o poder financeiro internacional se encontra na City de
Londres e não em Washington.

Em 12 de setembro a Rússia noticiou que não pretende mais usar o dólar na


tomada ou concessão de empréstimos. Na reportagem é dito: ―A Rússia não
concederá empréstimos em dólares norte-americanos durante o restante deste
ano e todo o ano de 2020, voltando-se para o yuan e o euro, segundo o
Ministério das Finanças‖. Em outra parte diz: ―Vamos emprestar outras
moedas que não o dólar‖, disse o ministro das Finanças da Rússia, Anton
Siluanov, na quinta-feira. Continua: ―Este ano não temos planos de tomar
empréstimos no mercado externo, cumprimos nosso programa e até o
cumprimos em excesso. No próximo ano, vamos ver. Provavelmente não será
apenas em euros, mas talvez em yuan chinês‖, afirmou Siluanov –
vide https://www.rt.com/business/468742-russia-borrow-yuan-euros/.

Anteriormente já havia sido revelado que Moscou e Pequim estão trabalhando


em uma nova maneira de reduzir sua dependência do dólar, enquanto a Rússia
planeja emitir seu primeiro título em yuan. ―É um passo em direção à
desdolarização‖, disse Anton Bakhtin, estrategista de investimentos do
Premier BCS. ―Em segundo lugar, é uma ponte adicional entre nós e os
investidores chineses‖, acrescentou.

Alguns podem falar do momento das Bolsas de Ações internacionais, do


comportamento do mercado. Estes certamente desconhecem que empresas
ligadas a grupos vinculados a Bancos Centrais utilizam impressão de valores
para recomprar suas próprias ações, impulsionando artificialmente o mercado
de ações.

O gráfico abaixo mostra como o mercado de ações, de forma inusitada,


desafia a lógica financeira ao aumentar, mesmo que os fundos continuem em
fuga, fato que também já mostrei em outro artigo da série Xeque-mate.
O próximo gráfico mostra como isso é feito pelas empresas que possuem
dinheiro do Banco Central, principalmente com juros negativos, usadas para
recomprar suas próprias ações.
Isso somente é possível porque existe a Rede Global de Controle Corporativo
(GNCC), que foi detectada por um trio de matemáticos, teóricos de sistemas
complexos, do renomado Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Zurique.
Ela permite que através de participações reciprocas, utilizando também
Fundos de Investimento, se detenha o controle de um enorme número de
empresas. Este assunto será abordado em outro artigo futuro.

A economia real anda numa mão diferente das bolsas especulativas –


vide https://finance.yahoo.com/news/u-manufacturing-contracts-first-time-
140000169.html.

Tenho disponibilizado em meus artigos um volume significativo de evidências


e testemunhos dos cenários projetados. São fatos com suas diversas fontes. O
que pode ser dito está sendo revelado. É suficiente.

Este tem sido o meu papel para que no futuro as autoridades competentes não
virem a público dizer que era ―imprevisível‖, que ―não havia nenhum indício
que apontasse que tal coisa aconteceria‖ ou outra desculpa do gênero. Caso o
façam os artigos estarão aí para contradita-los.

É necessário avisar, é da regra do jogo, fazer entender não é, mas mesmo


assim tenho tentado.

―Sabei que se o pai de família soubesse em que hora da noite viria o ladrão,
vigiaria e não deixaria arrombar a sua casa.‖ Mateus 24:43

―Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o


resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo,
para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece
nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas‖ – Sun Tzu em ―A
arte da Guerra‖.

O efeito dominó começou, na medida que a cada movimento um novo dominó


cai e empurra outro para a queda seguinte!

Todo jogo acaba ou muda de fase. O xeque-mate se aproxima.

Artigo 10

O xeque-mate rompe as
barreiras
23 de setembro de 2019 14:21

Luiz Antonio P. Valle


Luizapvalle@gmail.com
No jogo sempre tem o papel de cada peça. Temos falado nos artigos anteriores
sobre a Torre, o Cavalo e o Bispo, bem como sobre os Peões. Mas a Rainha é
muito importante. Todo jogador perspicaz observa atentamente os
movimentos da Rainha, quando consegue percebê-los. Se ela se move de
forma explicita algo importante vai acontecer no jogo. Todavia, ela
frequentemente prefere atuar nos bastidores, colhe dados, analisa, produz
conhecimento, projeta, gera linhas de ação e induz ao movimento,
permanecendo sempre sorrateiramente observando. Raramente se expõe,
simula, dissimula, programa e induz para que outros arquem com o ônus ou
bônus aparente de sua jogada, sendo o verdadeiro elixir final reservado a ela.

Naturalmente, eventualmente, algum ativo sente o impulso de ir além do papel


destinado a ele no jogo. Toma conhecimento de algumas informações e
entende que merece saber mais. Nestes casos, algumas vezes, as técnicas de
compartimentalização de informações, alertas, avisos e vigilância não são
suficientes. Entretanto, se manter a motivação para a cooperação do ativo for
significativo, então alertas e avisos não são recomendados. O ideal é um
procedimento denominado Bloqueio da Percepção do Todo. Ele não é
excludente, pelo contrário, é includente e cooptativo.
Este procedimento possui algumas fases, que sinteticamente, podem ser
descritas da seguinte forma: a pessoa ou ativo curioso é incluído em algum
programa que deve ser descrito a ele como altamente sofisticado e
confidencial, com acesso restrito a ativos rigorosamente selecionados, sendo
ele um deles. Devem ser demonstradas tecnologias e ―realidades‖ que o
deixem fascinado, e tudo acompanhado de uma ―causa‖ empolgante, como
por exemplo, a defesa da humanidade de uma ameaça brutal. Se a isso puder
ser adicionado uma pitada de patriotismo e heroísmo, como sempre é feito,
fica ainda melhor. Após algumas semanas em contato com este ―programa‖,
especialmente formatado, o ativo está pronto para receber a informação
crucial: lhe é dito que ele está no ―topo‖ da classificação de segurança e sabe
tudo de importante que há para saber, exigindo-se em contrapartida apenas sua
lealdade e dedicação.

A partir deste ponto o ativo irá introjetar a ―programação‖, incorporando-a à


sua psique, uma vez que ela ressoa com os seus padrões mentais do
subconsciente e inconsciente. Tudo que ele precisava foi atendido: sentir-se
um ativo valorizado, diferenciado, digno de receber um conhecimento que os
―outros‖ não tem. Seu Ego adere imediatamente a esta abordagem.
Paralelamente seus ideais de bem servir, patriotismo e a possibilidade de ver-
se como um herói lutando por uma causa nobre, ainda mais de forma
―anônima‖, geram a ―identificação‖ necessária, fortalecendo o elo emotivo. A
racionalidade do processo, numa abordagem rasa, atende perfeitamente aos
questionamentos de primeira hora.

Assim, deste ponto em diante, ocorre o Bloqueio da Percepção do Todo, ele


somente ―vê‖ o que lhe foi mostrado, sem perceber o todo, e ninguém poderá
convencer este ativo de outra abordagem. Isso torna-se impossível por dois
motivos: pelo ―sigilo‖ que impede a terceiros o acesso ao ativo e sua
exposição, e também porque ele se nega a comentar tais fatos, sem permitir o
contraditório, uma vez que está sob juramento de sigilo. Ele acredita
realmente que sabe tudo de importante que há para saber e nada mais há.

A vantagem do processo para a Rainha é que ele passa a não perguntar mais
nada, não pesquisa nada, porque em tese já sabe tudo. Seus filtros do Túnel de
Realidade tornam-se quase impermeáveis, robustecendo sua Imunização
Cognitiva. Sempre lhe será reforçada a percepção de que ele sabe tudo e que
ele é ―especial‖. Todavia, a tecnologia que lhe foi mostrada não é de ponta, as
―realidades‖ que lhe são expostas foram manipuladas, as informações que
recebeu estão longe de serem as da classificação de segurança mais elevada e
ele é um ativo mediano, e não top como pensa. Sempre haverá um Plano B se
a sua ―curiosidade‖ voltar.
A Torre se move na dinâmica imposta pela Rainha, caminhando para o
Xeque-mate. Na semana passada foi feito mais um check point. Como já
comentei no artigo anterior o FED (Federal Reserve – Banco Central dos
EUA) precisa desesperadamente manter os juros baixos. Isso tem sido feito de
forma artificial, através de manipulações do mercado, que não refletem a
dinâmica real da economia. Na economia americana consumidores, Governo e
empresas estão altamente alavancados por anos de empréstimos a juros
baixos, sem contrapartida em garantias de ativos reais. As receitas geradas
estão abaixo da capacidade de saldar as dívidas (vide artigo anterior). Ao
permitir este cenário o FED está criando uma bolha maior que a de 2008,
cujos primeiros traços de rompimento apareceram na semana passada
(vide https://schiffgold.com/videos/peter-schiff-the-next-crash-could-bring-
down-the-fiat-money-system/).

Pela primeira vez, desde 2008, o FED de NY foi obrigado a materializar, na


semana passada, uma intervenção de emergência no mercado de
recompra, realizando o que é denominado de ―operação compromissada
noturna‖ (uma operação, em sua forma, parecida com o nosso ―overnight‖ da
década de oitenta) durante a qual o FED (Banco Central) tenta minimizar a
pressão nos mercados comprando títulos do Tesouro, bem como outros
títulos, para garantir a liquidez. Esta intervenção começou no início da semana
com US$ 53 bilhões, e depois foi a US$ 75 bilhões, com as posições fechadas
diariamente – https://edition.cnn.com/2019/09/18/business/ny-fed-overnight-
lending-rescue/index.html. Como Michael Snyder explica: ―O mercado de
recompra desempenha um papel crítico em nosso sistema financeiro, porque
permite que nossos bancos tomem dinheiro emprestado rapidamente, e esse
dinheiro é frequentemente usado para comprar instrumentos financeiros, como
títulos do Tesouro‖ vide http://theeconomiccollapseblog.com/archives/major-
red-flag-the-fed-shocks-everyone-with-an-emergency-intervention-in-the-
repo-market-for-the-first-time-since-2008. Veja que este mercado que foi
socorrido, precariamente e momentaneamente pelo FED, influência o valor
dos Títulos do Tesouro que compõe de forma majoritária a reserva externa do
Brasil.

Esta foi considerada uma intervenção que mostra rupturas no dique. ―É sem
precedentes, pelo menos na era pós-crise‖, disse Mark Cabana, estrategista de
taxas do Merrill Lynch do Bank of America –
vide https://edition.cnn.com/2019/09/17/business/overnight-lending-rate-
spike-ny-fed/index.html.

A pergunta é: até quando o FED vai suportar fazer intervenções cada vez
maiores para manter as taxas de juros artificialmente baixas? Até quando ele
consegue segurar a bolha? Será que ele vai querer segurar a bolha ou está
esperando o momento certo para estoura-la?
Como dito no início a Rainha planeja, e a execução fica para as outras peças,
notadamente os peões. As vezes o peão segue numa direção e, ao olhar ligeiro,
parece ter sido ―empurrado‖ de um determinado ponto, mas muitas vezes foi
de outro. É necessário ir mais fundo nas análises. Recentemente foram
divulgados documentos da CIA onde ficou claro que o bilionário George
Soros estava financiando e direcionando Mikhail Gorbatchov durante seu
movimento para extinguir a União Soviética, através de uma ONG (de
fachada da CIA), conhecida como Instituto de Estados de Segurança Leste-
Oeste (IEWSS, sigla em inglês) –
vide http://razonesdecuba.cubadebate.cu/articulos/gorbachov-se-confiesa-el-
objetivo-de-mi-vida-fue-la-aniquilacion-del-
comunismo/?fbclid=IwAR0bki9tOiX2hKfzyiKu839481yC6EA97k3962Md77
I5itFqFZw0kxvuWcM#.W0aSAWFvB22.facebook. A ―esquerda‖ sempre
trabalhará pensando estar servindo aos seus objetivos doutrinários, mas a
―mão‖ que a conduz tem outra agenda. Sem dinheiro não há ―revolução‖.

As ações que estamos vendo no Brasil fazem parte de um contexto maior.


Para soluções globais é necessário que existam problemas globais. As
―queimadas‖ propositais, a mobilização da esquerda e da mídia, e tantos
outros movimentos, preparam o terreno do jogo local, que está inserido no
jogo maior.

Uma grave crise econômica, provocada pelo cenário que venho mostrando
(fim do dólar como ancora, crise da dívida nos EUA, criação de uma nova
moeda internacional que reflita um mundo multipolar, etc….) pegará o Brasil
bastante vulnerável, e está sendo desenhada sobre medida, no caso brasileiro,
para provocar desabastecimento e convulsão social. Em seguida virão as
agitações, para as quais a ―esquerda‖ é peça-chave, sendo financiada pelas
organizações de sempre, e deverão estar sincronizadas com o Xeque-mate. A
questão social correrá no estilo de ―primavera árabe‖.

Após a crise implantada o Brasil não terá reservas internacionais com liquidez
para comercializar produtos, uma vez que os Títulos do Tesouro
Estadunidense serão seriamente afetados. Neste cenário sobrará ao Brasil
alienar seus ativos (estatais, reservas minerais etc.) pelo preço de ocasião para
receber pagamentos na nova moeda a ser implantada, e assim voltar a poder
comprar no mercado internacional. Os ativos se desvalorizarão
tremendamente e as Estatais serão compradas por um preço baixo. O débito
será feito na conta do Presidente Bolsonaro. Que Brasil emergirá depois?
Bem, depende do que for feito agora.

―Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o


resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo,
para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece
nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas‖ – Sun Tzu em ―A
arte da Guerra‖.

O efeito dominó começou, na medida que a cada movimento um novo dominó


cai e empurra outro para a queda seguinte!

Todo jogo acaba ou muda de fase. O xeque-mate se aproxima.

Artigo 11

O xeque-mate começa a se
tornar evidente
30 de setembro de 2019 12:26

Luiz Antonio P. Valle


Luizapvalle@gmail.com
A Rainha se movimenta no tabuleiro enquanto a Torre avança abrindo
caminhos. O Presidente Bolsonaro, aparentemente, vem ―captando‖ alguns
sinais da série de artigos Xeque-mate. Todavia, a Rainha a qual me refiro nos
artigos não é aquela à qual o Presidente Bolsonaro se referiu quando fez uma
analogia do Governo com o jogo de xadrez, ao estilo da nossa série de artigos
– vide em vídeo no youtube:
A Rainha a qual me refiro é a do Grande Jogo.

O Presidente Bolsonaro novamente, aparentemente, ―captou‖ sinais da série


de artigos Xeque-mate, como pode ser visto quando, numa entrevista, repetiu
um ditado que minha mãe dizia em casa (e que nos meus cinquenta e quatro
anos de vida não me recordo de ter ouvido ou lido fora de casa, logo não
muito conhecido).

Eu havia reproduzido este adágio familiar no antepenúltimo parágrafo do


quinto artigo da série Xeque-mate (O xeque-mate agora é não regressivo),
onde escrevi em 19/08/19: ―O tempo está passando e não vai esperar os
incautos. Existe um antigo adágio: ―casa que falta o pão todo mundo grita e
ninguém tem razão‖.‖. Agora compare com o que o Presidente Bolsonaro
disse em 27/08/19, apenas uma semana depois: ―….. E, se acabar o
agronegócio, acabou a nossa economia. Nós vamos ficar aqui como naquela
casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão.‖ – veja.

Em texto de 25/09/19 na Folha de São Paulo intitulado ―Entrando pelo cano


da liquidez‖ o Presidente do Instituto Mises Brasil, Engenheiro Hélio Beltrão,
chamou a atenção para vários aspectos já tratados aqui na série Xeque-mate,
como por exemplo a questão da importância do mercado interbancário, a falta
de liquidez que provocou o ―socorro‖ do FED, a possibilidade de repetição de
crise de 2008, etc….

No final do artigo ele indaga: ―Após a ―anomalia‖ de agosto de 2007, levou-se


um ano para estourar a crise. Quanto tempo levará agora?‖. Quem lê a Série
Xeque-mate sabe quando será. Ademais, os movimentos da Torre são apenas
um pedaço do Xeque-mate, a mexida inicial. Tratamos aqui do Grande Jogo,
ao qual o Jogo Pequeno está subordinado.

Alguns grandes jogadores têm sinalizado que um movimento do Bispo pode


preceder a jogada decisiva da Torre. De toda sorte, a Torre deve continuar
seus movimentos e esperam-se grandes emoções para outubro deste ano.
Fontes convergem para o entendimento que nos próximos 40 dias, talvez
dilatando-se até novembro, um grande banco internacional deve sinalizar a
fragilidade do sistema, podendo mesmo entrar em processo de falência.
Existem três fortes candidatos: Goldman Sachs, Deutsche Bank e HSBC.

Em artigo anterior eu já mostrei o envolvimento de alguns grandes bancos em


assuntos pouco ortodoxos, o que ocasionou o pagamento de pesadas multas.
Antecipando-se ao movimento da Torre percebe-se uma mudança na forma
das autoridades tratá-los, sendo usada uma abordagem bem mais incisiva.

Por exemplo, temos o JP Morgan que terá que dar explicações sobre
operações com metais, vide. No escândalo Cum-Ex, que se estima desviou
incríveis € 60 bilhões (sessenta bilhões de euros) através de fraude fiscal, uma
ponta do iceberg começa a aparecer. Os autores estão sendo chamados ―Os
homens que saquearam a Europa‖ – vide. O Barclay, dentre outros, também
precisará esclarecer sua participação no Cum-Ex, vide.

Em outro movimento interessante, e digno de registro, recentemente o


Presidente Trump indicou Judy Shelton para uma vaga no FED (Federal
Reserve). Shelton escreveu em 30/04/2018 um artigo intitulado ―O argumento
para um novo sistema monetário internacional – vide.

No final do seu artigo ele cita: ―Ao propor um novo sistema monetário
internacional vinculado de alguma forma ao ouro, os Estados Unidos têm a
oportunidade de garantir destaque contínuo nos assuntos monetários globais,
além de promover o livre comércio genuíno, com base em uma sólida base
monetária. O ouro historicamente forneceu um denominador comum para
medir o valor; amplamente aceito em todos os níveis de renda da sociedade, é
universalmente reconhecido como um substituto monetário com valor
intrínseco.

Em fevereiro de 2017, o ex-presidente do Federal Reserve Alan Greenspan


definiu o ouro como a ―moeda global primária‖ e acrescentou ainda: ―Nunca
teríamos chegado a essa posição de endividamento extremo se estivéssemos
no padrão ouro, porque o padrão ouro é uma maneira de garantir que a política
fiscal nunca saia da linha‖ (Oyedele 2017). Para enfrentar o endividamento
dos EUA, precisamos restaurar a disciplina fiscal e obter dinheiro sólido por
meio da conversibilidade do ouro‖.

Mais claro impossível. É o que venho mostrando em meus artigos que irá
acontecer. A indicação de Shelton por Trump para o FED pode significar que
o Presidente já está convencido da inexorabilidade da mudança do Sistema
Financeiro Internacional.

Outra movimentação que confirma o que expomos em artigo anterior, sobre a


possível adoção da Libra como componente global para substituir o dólar,
defendida por Mark Carney (chefe do Banco da Inglaterra), foi e realização
uma reunião de alto nível na Basiléia (Suíça) onde David Marcus, executivo
do Facebbok, e dirigentes do JP Morgan, apresentaram seus planos para as
chamadas ―stablecoins‖ a um grupo seleto de banqueiros.

A reunião foi dirigida por Benoit Coeure (do Banco Central Europeu) e
organizada pelo BIS (Banco de Compensações Internacionais). O BIS é um
grupo ampliado com os maiores bancos centrais do mundo. O Financial Times
informou que os representantes do Facebook devem se reunir com autoridades
de 26 bancos centrais, incluindo o Federal Reserve dos EUA e o Banco da
Inglaterra. Nem o BIS nem o BCE confirmaram quais bancos centrais estavam
presentes na reunião – vide.

As evidências estão todas aí em centenas de linhas escritas desde o início da


Série Xeque-mate, para quem quiser ver. Muitos agora começam a enxergar, a
perceber a inevitabilidade do processo. Somente não conhecem o modus
operandi. Tomar ciência do processo é o primeiro passo, mas entendê-lo não
será muito fácil para pessoas ―de fora‖. O objetivo destes artigos não tem sido
―pregar o apocalipse‖, mas ao contrário, avisar as pessoas pertinentes para que
medidas saneadoras e mitigadoras possam ser tomadas. Vamos aguardar.

―Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o


resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo,
para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece
nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas‖ – Sun Tzu em ―A
arte da Guerra‖.

O efeito dominó começou, na medida que a cada movimento um novo dominó


cai e empurra outro para a queda seguinte!

Todo jogo acaba ou muda de fase. O xeque-mate se aproxima.


Artigo 12

O xeque-mate aponta uma das


direções
7 de outubro de 2019 16:14

Luiz Antonio P. Valle


Luizapvalle@gmail.com

No jogo os movimentos são observados atentamente pelo oponente,


estratégias são testadas e forças são medidas. Como a serpente que espreita a
caça o jogador deve dissimular ao máximo suas intenções, até que já não seja
possível fazê-lo.

Todavia, os sinais apontam para a direção. A economia global mostra sinais


de exaustão, com queda no ritmo de crescimento, com vários economistas
prevendo ―o menor crescimento do mundo em uma década‖. Vide.

Entretanto, pode ser pior que isso, porque os Bancos Centrais já empurraram
artificialmente as taxas de juros para o piso e, na última década, inundaram a
economia mundial com dinheiro novo, aumentando a liquidez, e ainda assim,
a tendência de desaquecimento continua.

Na Índia as vendas de veículos de passageiros caíram 31% em julho, segundo


dados divulgados pela Sociedade de Fabricantes de Automóveis da Índia
(SIAM). É o nono mês consecutivo de queda e a queda mais acentuada em um
mês em mais de 18 anos, disse à CNN Business o diretor geral do SIAM,
Vishnu Mathur – vide.

Na China a indústria automobilística também vem dando sinais preocupantes.


A Geely da China (GELYF) revelou que seu lucro líquido provavelmente caiu
40% na primeira metade do ano. Somente em junho, as vendas de carros
caíram 29% – vide.

Na Europa a situação não está melhor. As montadoras europeias estão


fechando várias das suas operações. Conforme citado na reportagem: ―A Ford
está cortando 12.000 empregos e fechando seis fábricas na Europa, incluindo
uma fábrica de motores no Reino Unido. A Jaguar Land Rover, de
propriedade da indiana Tata Motors (TTM), está cortando 4.500 empregos. A
Honda também está fechando uma fábrica no Reino Unido‖ – vide a mesma
matéria da CNN citada acima.

Na Alemanha os sinais são ainda mais gritantes. A manufatura germânica tem


revelado uma tendência desesperadora desde o início do ano passado, melhor
visualizada no gráfico a seguir – vide.
Nos EUA a situação não é muito diferente. As famílias estão endividadas e
sem renda suficiente para cobrir suas despesas, numa espiral de
endividamento que forma uma ―bolha‖ na economia.

Numa reportagem de 01/08/19 o Wall Street Journal reconhece que o custo de


vida aumentou enquanto a renda ficou estagnada, fazendo com que as famílias
americanas fiquem a cada dia mais endividadas – vide.

É comentado que os salários estagnaram, mas os custos de vida não, assim as


pessoas alugam ou financiam cada vez mais o que seus pais poderiam ter
comprado. No gráfico abaixo é possível visualizar a discrepância entre o
crescimento dos custos em relação aos salários em dez anos:
Michael Snyder enumerou 28 sinais de que a economia estadunidense
demonstra sinais de fragilidade extrema, vide.

David Rosenberg, economista-chefe e estrategista de Gluskin Sheff, tem


avisado que uma recessão está chegando. Rosenberg diz que o crescimento
econômico nos Estados Unidos se tornará negativo mais cedo do que a
maioria dos investidores prevê e o Federal Reserve não tem poder para
reverter este quadro. ―Há uma recessão nos próximos 12 meses‖, afirmou ele
no ―Futures Now‖ da CNBC – vide.

Na área financeira as rachaduras também já aparecem. No artigo anterior


comentei que o Deutsche Bank estava com problemas. Coincidentemente, no
dia em que ele realizou sua assembleia geral anual numa tensa reunião em
Frankfurt, durante a qual os acionistas cobraram raivosamente a falta de
desempenho, as ações do Deutsche Bank despencaram para o nível mais baixo
de todos os tempos, de € 6,35 por ação, tendo seu valor de mercado caído para
ridículos US$ 15,8 bilhões, o que não aconteceu nem mesmo na crise de 2008
– vide. Os investidores já perceberam o problema e estão evitando o banco.
Para se ter uma dimensão da queda o gráfico abaixo ilustra melhor:

Mas a fragilidade do sistema financeiro não dá sinais só no ocidente. Na Índia,


numa fraude milionária, o Banco Cooperativo Punjab Maharashtra (PMC)
deixou seus correntistas a ver navios. Como a Reuters relata, a PMC ocultou
os empréstimos em atraso com 21.000 contas fictícias, o que assustou
depositantes, investidores e funcionários do governo.

A BloombergQuint disse que a carteira de empréstimos da PMC tinha uma


exposição de 73% aos negócios imobiliários falidos. As filas de correntistas
na porta das agências causou séria comoção social, a ponto do Reserve Bank
da Índia (RBI) precisar fazer um comunicado no Twitter
(https://twitter.com/RBI) para tranquilizar o público que o setor bancário não
está implodindo – vide.

Enquanto isso, o FED continuará a socorrer o instável sistema financeiro


estadunidense para garantir a liquidez até, no mínimo, 10/10/19, com
operações do tipo que informamos no último artigo. Ao fazer isso, o Fed está
propositalmente embarcando em um tipo diferente de programa das compras
de ativos usadas para tirar a economia da crise financeira, ainda que não o
chame de QE4. O dinheiro é criado do nada para ajudar uma economia
instável. Ao anunciar o programa, as próprias autoridades notaram que a
última vez que esse processo aconteceu foi há 11 anos, na crise de 2008 –
vide.
As tempestades virão, assim como a noite sucede ao dia. Ignorar isso não é
prudente, e muito menos sábio. A diferença entre o viajante bem-sucedido e
aquele que naufraga é a sabedoria de se preparar adequadamente.

―Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o


resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo,
para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece
nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas‖ – Sun Tzu em ―A
arte da Guerra‖.

O efeito dominó começou, na medida que a cada movimento um novo dominó


cai e empurra outro para a queda seguinte!

Todo jogo acaba ou muda de fase. O xeque-mate se aproxima.

Artigo 13

O xeque-mate caminha rápido


para as etapas finais
14 de outubro de 2019 15:54

Luiz Antonio P. Valle


Luizapvalle@gmail.com
O jogo continua com lances acontecendo de forma rápida e assertiva. Aqueles
que já perceberam as estratégias e objetivos finais estão se precavendo. Sabem
que a Torre, o Bispo e o Cavalo jogam juntos com a Rainha para dar xeque-
mate no Rei. Assim, tomar medidas acautelatórias é essencial a sobrevivência
no jogo.

Tirar ―oxigênio‖ do Bispo, para minar a sua dinâmica de movimentação, é


uma das estratégias de um dos jogadores. Em 01/10/19 foi divulgado que
ocorreu uma busca por documentos e dispositivos eletrônicos, indo ao coração
financeiro do Vaticano – vide. À partir de ―denúncias‖, sobre atividades do
chamado Banco do Vaticano, os promotores agiram – vide. A análise do
―achado‖ se juntará a outras evidências.

O Cavalo tem sido chamado ao movimento preventivo. A raivosa polarização


política nos EUA, agravada pelo pedido de impeachment de Trump, levaram o
jogo local a um ponto de não retorno. As consequências são inexoráveis. Na
segunda-feira passada (07/10/19) houve uma reunião na Casa Branca com
portas fechadas. Alguns especulavam que o assunto era o ataque da Turquia
aos curdos no norte da Síria. Todavia, fontes qualificadas o tema era outro. Na
mesa a diretiva 550/19 que aborda a convocação de unidades de reserva do
Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA para atender pedidos de apoio e defesa
de autoridades civis, assinada em 3 de outubro de 2019 pelo Brigadeiro-
General Daniel L. Shipley. As unidades em serviço ativo já possuem
atribuições similares, sendo que agora poderão se juntar a elas grandes
contingentes de reservistas.

É dito na diretiva 550/19 que ela visa ―…. ativação de fuzileiros navais do
componente de reserva (RC) sob §12304a, título 10, código dos EUA, após
uma solicitação de assistência federal em resposta a um grande desastre ou
emergência nos Estados Unidos. Os pedidos de assistência federal virão com
pouco aviso. Conforme necessário, o Corpo de Fuzileiros Navais deve
mobilizar rapidamente as unidades e o pessoal de RC da IAW neste
MARADMIN para responder às ameaças na Pátria.‖. Cabe salientar três
passagens elucidativas, a saber: ―emergência nos Estados Unidos‖, ―virão com
pouco aviso‖ e ―responder às ameaças na Pátria‖, o que denota algo que
acontecerá de forma rápida e dentro dos EUA. Importa dedicar especial
atenção aos itens 2.B.2, 4.C.3 e 4.C.6 da diretiva militar. Cabe enfatizar que a
diretiva também faz alusão aos reservistas das demais forças, Marinha,
Exército e Força Aérea – vide.

No artigo da série Xeque-mate intitulado ―O xeque-mate antecipa o contra-


ataque‖, publicado em 05/08/19, eu já havia informado que o Presidente
Trump assinou no dia 20/12/17 uma Ordem Executiva, entrando em vigor as
00:00hrs do dia 21/12/17, declarando Estado de Emergência Nacional nos
EUA, não tendo sido revogada – vide e vide. Esta nova diretriz do dia
03/10/19 parece complementar as medidas dos EUA para lidar com o Xeque-
mate, conforme narrei no artigo citado. Tem-se falado num tal muito
importante dia 19. Vamos aguardar.

A Torre não para um minuto. Os sinais da recessão que se avizinha já estão


por toda parte. A nova diretora do FMI, a búlgara Kristalina Georgieva,
informou que a instituição já está revendo os seus números, inclusive
revisando as projeções ainda deste ano e para 2020. Ela avisa: ―Nossas novas
análises mostram que, se ocorrer uma grande desaceleração, a dívida
corporativa em risco de inadimplência pode subir para US$ 19 trilhões, ou
quase 40% da dívida total em oito grandes economias. Isso está acima dos
níveis observados durante a crise financeira‖. A preocupação é evidente –
vide.

Os efeitos práticos desta perspectiva que se consolida foi a queda das bolsas
de valores no dia 02/10/19, que foi noticiada com o seguinte título por um
jornal de grande circulação: ―Temores de recessão global derrubam bolsas
pelo mundo nesta quarta-feira‖ – vide. Esta possibilidade concreta de recessão
tem se tornado amplamente discutida, com a BBC inclusive associando isso a
subida do preço do ouro – vide.

Para se proteger destes cenários, e seguindo o caminho que já informamos em


artigos anteriores, a China continua seu processo de desdolarização e compra
de ouro. O país adicionou mais de 100 toneladas de ouro às suas reservas, de
dezembro de 2018 para cá, conforme informou a Bloomberg em matéria do
dia 06/10/19 – vide. O gráfico abaixo mostra de forma inequívoca a pressa dos
chineses em realizar a aquisição de ouro em grandes quantidades:

Segundo a citada matéria acima a China não está sozinha neste movimento. A
Bloomberg informa: ―Juntamente com a China, a Rússia também vem
adicionando quantidades substanciais de ouro. Nos primeiros seis meses, os
bancos centrais em todo o mundo captaram 374,1 toneladas, ajudando a elevar
a demanda total de ouro para uma alta de três anos, afirmou o Conselho
Mundial do Ouro.‖. Este movimento fez o ouro acumular uma alta de preço
no ano de cerca de 17%.

Os números divulgados pelo Banco Central da Rússia (CBR) em setembro


mostram que as reservas de ouro da Rússia atingiram US$ 107,85 bilhões, à
medida que o país continua a afastar suas crescentes reservas internacionais
do dólar. Como relata a Bloomberg, em matéria do dia 09/09/19, o banco
central da Rússia tem sido o maior comprador de ouro nos últimos anos.
―Existe uma substituição maciça dos ativos em dólares americanos pelo ouro
– uma estratégia que rendeu bilhões de dólares para o Banco da Rússia dentro
de alguns meses‖, disse Vladimir Miklashevsky, estrategista do Danske Bank
em Helsinque. – vide. Em valor fica mais fácil visualizar a evolução do
estoque russo de ouro através do seguinte gráfico:

De fato, o movimento de compra de ouro é mundial. Em outra matéria de


26/08/19, intitulada ―Os bancos centrais adoram o ouro e vão continuar assim‖
– vide, a Bloomberg informou que a compra líquida deve ficar acima de 650
toneladas. Em outro ponto é dito: ―As autoridades vêm aumentando as
reservas à medida que o crescimento diminui, as tensões comerciais e
geopolíticas aumentam, e algumas nações procuram se diversificar em relação
ao dólar. As compras oficiais agora representam cerca de 10% do consumo
mundial, de acordo com a ANZ.‖.

Nesta mesma matéria da Bloomberg, visando apresentar uma explicação para


esta corrida as compras de ouro, o Deutsche Bank, em relatório, aponta fatores
que incluem uma migração gradual dos ativos de reserva para longe do dólar.
Outro analista, Jeff Currie, do Goldman Sachs, quando perguntado do
―porque‖ das compras de ouro, responde: ―Por quê? Porque eles não querem
possuir dólares com risco de sanção, risco geopolítico, risco de guerra
comercial por aí‖. John Sharma, economista do National Australia Bank Ltd
disse: ―Além disso, com o aumento da incerteza política e econômica, o ouro
fornece um hedge ideal e, portanto, será procurado pelos bancos centrais em
todo o mundo‖.
O gráfico abaixo mostra, em quantidade (onças), a corrida da China e Rússia
ao ouro:

Durante uma entrevista no RT Boom Bust, Peter Schiff chamou isso de


―corrida global do ouro por parte dos bancos centrais‖, em preparação para
uma queda do dólar. ―Os dias em que o dólar é uma moeda de reserva são
contados e os bancos centrais inteligentes estão tentando comprar o máximo
de ouro possível antes do número subir‖, disse Schiff.

Ao mesmo tempo que compram ouro estes países, paralelamente, continuam a


alienar Títulos do Tesouro dos EUA, como já antecipamos desde julho em
nossos artigos. Se desfazem de um papel sem lastro substancial e adquirem
ativo real. Estão se preparando para o Xeque-mate. Esta tendência é evidente e
pode ser comprovada no gráfico abaixo:
O retorno da adoção do padrão ouro tem sido amplamente discutido como
uma solução viável, como mostrei nos artigos anteriores. Autoridades
financeiras tem se referido a isso, tendo até mesmo o Banco mundial já se
pronunciado a respeito – vide

As autoridades do Brasil não enxergam, ou preferem não ver, o colossal


movimento mundial dos grandes países de proteção das suas reservas
internacionais, o que implica dentre outras coisas, na desdolarização e
aquisição de grandes reservas de ouro, mantendo sua custódia física. Como
pode ser visto abaixo o Brasil continua a manter a praticamente a totalidade de
suas reservas em Títulos, dentre outros ativos. Somente possui insignificantes
US$ 3,18 bilhões em ouro, o que significa 0,85% das suas reservas. A Rússia,
com uma economia menor que a brasileira, tem reservas de ouro de US$
107,85 bilhões.

As reservas brasileiras em setembro de 2019 tinham a seguinte composição:


Observando o quadro acima percebe-se que quase nada mudou em relação ao
que descrevi no primeiro artigo da série Xeque-mate, intitulado ―O xeque-
mate se aproxima célere‖, publicado em julho de 2019. Continua sendo um
péssimo negócio financeiro, pois pagamos juros mais elevados nos
empréstimos tomados internamente para financiar o Tesouro Nacional do que
os juros que recebemos neste Títulos que compõe nossa reserva, e também
não atende um critério de segurança, visto que como pode ser visto 99,15%
destas reservas são títulos, depósitos e outros ativos sobre os quais o país não
possui nenhum controle e ancorados majoritariamente em dólar. É como você
pegar todas as suas economias e dar a outro para cuidar, sem ter qualquer
influência na valorização ou desvalorização destes ativos e nem mesmo posse
real deles. Apenas 0,85% é ouro, que espero seja físico e esteja custodiado no
Brasil, o que também não é garantido. Alguns me perguntaram se não é
proposital as autoridades deixarem o país nesta posição tão vulnerável.
Francamente é uma hipótese que não pode ser descartada. A eclosão da crise
econômico-financeira, que é somente uma parte do Xeque-mate, pegará o país
sem reservas conversíveis ou extremamente desvalorizadas, o que fragilizará
decisivamente o governo federal, podendo comprometer a sua manutenção.

Os bancos internacionais continuam a mostrar fragilidades relevantes com


evidências de ruptura. Àquela lista de bancos que citamos em artigo anterior,
podemos agora acrescentar o J P Morgan Chase, fechando assim uma lista de
quatro candidatos a problemas no curto prazo, a saber: Goldman Sachs,
Deutsche Bank, HSBC e agora J P Morgan Chase. A crise de recompras que
citei anteriormente, que gerou a intervenção do FED em operações de
assistência de até US$ 75 bilhões diários, teve neste banco a sua ―origem‖,
segundo a Reuters. A Reuters disse: ―‖o JPMorgan Chase tornou-se tão
grande que alguns bancos e analistas rivais dizem que mudanças em seu
balanço de US$ 2,7 trilhões foram um fator de alta no mês passado no
mercado de recompra dos EUA, que é crucial para muitos tomadores de
empréstimos‖. Informa ainda que ―o JPMorgan reduziu o caixa depositado no
Federal Reserve, do qual poderia ter emprestado, em US$ 158 bilhões no ano
até junho, uma queda de 57%.‖ – vide. A queda nos níveis de caixa dos
bancos fez as reservas do Fed descerem ao nível mais baixo desde 2012, numa
tendência de queda que pode chegar aos níveis de 2008, conforme pode ser
visto no gráfico abaixo:

Ademais, não foi só o J P Morgan que retirou depósitos. Dentre outros,


o Bank of America, o segundo maior banco dos EUA em ativos, com um
balanço de US$ 2,4 trilhões, retirou 30% de seus depósitos, o que significa
uma redução de US$ 29 bilhões. A liquidez do sistema parece estar indo
para o espaço.
Um especialista do mercado de ações avisa que um crash no mercado,
semelhante ao de dezembro de 2018, é inevitável. O ex-aluno do Goldman
Sachs Raoul Pal disse numa entrevista à Market Watch: ―Estamos entrando
em um período de falta de liquidez para as ações‖. Pal é o autor do boletim
Global Macro Investor, consultado pelos maiores fundos de hedge globais.
Vale a pena dar atenção ao que ele diz – vide.

Os movimentos são frenéticos de Leste a Oeste. A busca pelo legado de ouro


movimenta peças na Indonésia, e outros locais na Ásia. À medida que a
pressão aumenta fortemente, prenunciando a ruptura, vozes levantam-se para
clamar contra a radicalização crescente. Um importante ex-comandante do
exército israelense, General Yair Golan, fez recentemente uma grave
advertência neste sentido – vide.

Como tem sido demonstrado ao longo da série Xeque-mate caminhamos


rapidamente para um cenário gravíssimo. É bem conhecido que a toda grave
crise econômica seguem-se distúrbios sociais. No brasil o ambiente de
radicalização política, somado ao descrédito porque passam as instituições
brasileiras e a falta de medidas preventivas de segurança eficazes (ao estilo de
que outros países estão fazendo), acrescenta componentes explosivos nesta
mistura. Basta que haja um desabastecimento de itens básicos (comida,
combustível e/ou energia elétrica) por curto período para vermos explodir a
violência, cujas consequências podem mudar completamente a forma como
conhecemos o Brasil. Alguns pensam que poderão lidar com isso, mas estão
enganados.

O mouro grande está sendo disposto no acampamento dos sublimes príncipes


nas 4 direções em filas de 8 (4×8) para marcação do perímetro e proteção
futura. Um dia poderá ser levado abaixo da linha para o real segredo onde as
peças são direcionadas. Deve cuidar para, ao tentar ser soberano, não se tornar
vassalo.

Lamentavelmente no jogo muitos não compreendem a linguagem, não


decifram os signos, tem ouvidos mas não ouvem, tem olhos mas não
enxergam. As consequências serão profundas, amplas e ocorrerão muito em
breve.

―Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o


resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo,
para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece
nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas‖ – Sun Tzu em ―A
arte da Guerra‖.
O efeito dominó começou, na medida que a cada movimento um novo dominó
cai e empurra outro para a queda seguinte!

Todo jogo acaba ou muda de fase. O xeque-mate se aproxima.

Artigo 14

O xeque-mate é anunciado
21 de outubro de 2019 11:39

Luiz Antonio P. Valle


Luizapvalle@gmail.com
O jogo entra na fase final desta etapa, com as peças se alinhando e os
jogadores, quando convém, combinando seus movimentos. Os passos estão
decididos e agora escolhe-se o ―tempo certo‖. A mudança dos parâmetros
globais foi acatada. Jogadores menores não estão sendo considerados.

Os EUA e a Rússia vetaram a mesma resolução do Conselho de Segurança da


ONU, fato inédito desde que o órgão fez sua primeira reunião em janeiro de
1946 – vide. Ambos impediram os europeus de condenar o avanço da Turquia
no norte da Síria. Ademais, mais de 60 países importantes estão parando de
pagar suas contribuições à ONU, que está entrando em grave crise financeira
– vide. Vetos combinados e asfixia econômica.

Informações classificadas sobre tecnologias de uso restrito estão se tornando


públicas através de registro de patentes. É um ―disclosure‖ parcial – vide. Este
movimento faz parte da finalização desta fase.

A alta probabilidade de um colapso econômico maior que o de 2008,


antecipado pela desdolarização e hedge em ouro, gerou um anúncio inusitado.
Um dos mais antigos e tradicionais Bancos Centrais da Europa, o Banco
Central da Holanda ou De Nederlandse Bank (DNB), acaba de divulgar um
comunicado em que ele exalta o valor do ouro como reserva de valor
afirmando: ―O DNB possui mais de 600 toneladas de ouro. Uma barra de ouro
sempre mantém seu valor. Crise ou não. Isso dá uma sensação segura. A posse
de ouro de um banco central é, portanto, um farol de confiança‖.

O DNB segue informando a sua posição financeira em ouro, claramente


querendo tranquilizar o mercado, quando diz: ―O cofre de ouro do DNB
contém 15.000 barras de ouro. Com um valor superior a 6 bilhões de euros.
Esse ouro representa um terço (31%) do total de reservas de ouro do DNB‖.
Deixa claro, portanto, que suas reservas totais ultrapassam 18 bilhões de
euros. Por fim ensina: ―Ações, títulos e outros valores mobiliários: existe um
risco para tudo. Se as coisas derem errado, os preços podem cair. Mas, crise
ou não, uma barra de ouro sempre tem valor.‖. Infelizmente estas lições
antigas e sólidas o Governo Brasileiro ignora completamente.

Mas não para aí, pois um pouco mais a frente, sem rodeios manda o recado:
―Se todo o sistema entrar em colapso, o estoque de ouro fornece uma garantia
para começar de novo‖. Obviamente há neste comunicado a admissão
implícita de que o sistema pode entrar em colapso e avisa que o DNB está
preparado para a crise – vide. Todos entenderam a sinalização.

No gráfico abaixo é possível visualizar que na maioria das crises o ouro teve
seu valor preservado:
Mesmo grandes empresas de comunicação vem destacando a disparada de
compra de ouro pelos Bancos Centrais, como nesta matéria do Financial
Times – vide.

A divulgação quanto a recessão agora chega a grande imprensa, como naquela


famosa anedota que diz: ―o gato subiu no telhado……‖. A Reuters divulgou
que a ―Economia global desacelera, risco de recessão está na balança‖ – vide.
A Bloomberg vai mais longe e diz que ―A cura da próxima recessão pode ser
pior do que a doença‖ referindo-se aos riscos associados à combinação de
crescimento fácil do crédito e estímulo fiscal insuficiente – vide. A CNBC
alerta que os estadunidenses não estão preparados para a recessão – vide.

Uma matéria no Infomoney de 17/10/19 intitulada ―FMI alerta para o risco de


uma crise financeira‖ parece ter elevado o tom ao afirmar que: ―O risco de
calote de vários grupos não financeiros é parte do cenário sombrio desenhado
em três relatórios apresentados nos últimos dois dias‖. E acrescenta:
―Dezenove trilhões de dólares poderão ficar impagáveis, nos próximos dois ou
três anos, se a piora das condições econômicas, já em curso, pressionar
grandes devedores nos oito maiores mercados, adverte o Fundo Monetário
Internacional (FMI)‖ – vide.

Como visto acima o cenário agora já está sendo anunciado.

Por outro lado, os movimentos militares tornam a cada dia o jogo no Oriente
Médio mais delicado. Na Síria alianças antes julgadas impossíveis se realizam
abruptamente. A antiga Constantinopla, dia após dia, se antagoniza com
vários jogadores expondo-se a sérios riscos.
Na América o jogo segue para momentos de clímax. Nos EUA os sinais de
confronto aberto se robustecem na proporção da radicalização política. O
temperamento de Trump não encoraja pensar que haverá água fria neste
processo, pelo contrário. Todos os preparativos para um confronto de grandes
proporções estão em fase adiantada de preparação, como já mostrei em artigos
anteriores. Nos países latinos a convulsão social se inicia. A insípida onda de
violência que assola países do continente faz parte do jogo secundário. Peru
(30/09), Equador (08/10), Honduras (10/10), México (18/10) e Chile (20/10)
tem experimentado agitações populares significativas. Paraguai, Argentina e
Brasil estão na fila. Nisso não há nada de espontâneo. Um movimento mais
intenso, profundo e vasto está à espera de um potente ―detonador‖, que será
oferecido por uma crise econômica em gestação. A mídia, sindicatos, ONGs,
movimentos sociais e estudantis etc…. estão apenas aguardando o start.
Agentes infiltrados repassam o know-how necessário e instrumentalizam o
processo. A esquerda se reinventa, se reagrupa, num novo organismo
chamado Grupo de Puebla –
vide https://progresivamente.org/ e https://www.institutolula.org/lula-e-dilma-
se-unem-ao-grupo-de-lideres-progressistas. São apenas peões do jogo maior,
mas tem seu papel a cumprir.

Comecei a escrever a série Xeque-mate em julho/2019. Tem um antigo adágio


que diz: ―Quem avisa amigo é‖.

―Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o


resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo,
para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece
nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas‖ – Sun Tzu em ―A
arte da Guerra‖.

O efeito dominó começou, na medida que a cada movimento um novo dominó


cai e empurra outro para a queda seguinte!

Todo jogo acaba ou muda de fase. O xeque-mate se aproxima.

Artigo 15
O xeque-mate avança conforme
estimativa
28 de outubro de 2019 14:14

Luiz Antonio P. Valle


Luizapvalle@gmail.com

Quando a Torre está em perigo o cavalo precisa se mexer. Os movimentos do


cavalo podem ser bons para um ou outro lado, dependendo do ângulo que se
olhe. A economia tem várias facetas, tanto as formais como as informais.

O comércio de heroína e ópio foi profundamente afetado na década de 90 pela


atuação do grupo Talibã no Afeganistão, uma vez que ele estava erradicando
as plantações de papoula, matéria-prima do ópio e da heroína, chegando quase
à erradicação total. Esta droga tem uma longa história de uso na Ásia.
Todavia, em relatório do ano passado lemos: ―De 2016 a 2017, a produção
global de ópio aumentou 65%, atingindo 10.500 toneladas, a mais alta
estimativa já registrada pelo UNODC desde que começou a monitorar a
produção de ópio global, no início do século 21. A expansão acentuada do
cultivo de papoula de ópio e o aumento gradual de rendimentos no
Afeganistão resultaram em uma produção de ópio nesse país que atingiu 9.000
toneladas‖ – vide.

Em outubro de 2001, como reação aos eventos de 11 de setembro, os EUA, e


alguns aliados, invadiram o Afeganistão. O gráfico abaixo mostra a dinâmica
da consequência da invasão do Afeganistão nas plantações de papoula:

Na Coreia do Norte, existe razoável produção de anfetaminas – vide. Esta é


uma fonte de renda do país, que tem uma economia precária e sob sanções,
para financiar seus projetos estratégicos e outras destinações – vide. A Síria,
após o início da guerra civil que assola o país, adentrou a este mercado com a
produção da metanfetamina Captagon (cujo princípio ativo é a fenetilina) que
tem tido grande comercialização. Para se ter uma ideia de valor deste
―negócio‖ de anfetaminas cabe citar que um carregamento, que saiu do porto
de Latakia na Síria, e que foi interceptado por autoridades gregas, com ajuda
do FBI, apreendeu 33 milhões de comprimidos Captagon (conhecidas
localmente como Abu Hilalain) estimados, a valor de mercado, em quase US$
700 milhões. É uma das drogas mais procuradas no Oriente Médio e Norte da
África. Estamos falando de apenas um carregamento, disfarçado em paletes de
madeira, que foi rastreado e interceptado, e certamente representa pouco em
relação ao total comercializado na região. Coisa de gente grande – vide.
Nas Américas e Europa predomina a cocaína, ainda que também haja a
presença crescente de outras drogas. Também é um ―negócio‖ de grandes
proporções. No primeiro artigo da série Xeque-mate intitulado ―O xeque-mate
se aproxima célere‖, publicado em julho, eu escrevi: ―Em 17 de junho
autoridades estadunidenses apreenderam, de um navio (MSC Gayane) no
porto de Filadélfia, 15,8 toneladas de cocaína, tornando-se o maior
carregamento flagrado na história da Alfândega dos EUA. Eles estimam o
valor das drogas em US$ 1,1 bilhão. O navio foi financiado para a MSC pelo
grupo JP Morgan. Em fevereiro, agentes alfandegários já tinham apreendido
1,6 tonelada de cocaína em outro navio, o Carlotta, também da MSC, ao entrar
no porto de Newark. Este não é um negócio para gente pequena.‖. O Wall
Street Journal divulgou a notícia – vide. A manufatura global de cocaína
alcançou, em 2016, seu nível mais alto de toda a história, com uma estimativa
de produção de 1.410 toneladas. – vide.

O ―negócio‖ de drogas movimenta muitos bilhões de dólares, e necessita de


uma vasta e sofisticada estrutura para funcionar. Não é coisa para amador. Em
2017, estima-se que 271 milhões de pessoas – ou 5,5% da população mundial
entre 15 e 64 anos – usaram drogas no ano anterior. Quem quiser conhecer um
pouco mais, ainda que superficialmente, pode ler o Relatório Mundial sobre
Drogas 2019 – vide.

No campo da Torre tudo continua evoluindo como previsto. O chefe do BIS


(Banco de Pagamentos Internacionais), que é o Banco Central dos Bancos
Centrais, disse recentemente que os ―Bancos centrais podem emitir moedas
digitais ‗mais cedo do que pensamos‘‖. Importante frisar que ele já havia feito
comentários e relatórios muito críticos sobre criptomoedas nos últimos anos,
mas voltou atrás e admitiu o seu uso – vide -.

David Marcus, executivo do Facebook para o Projeto Libra, fez uma


advertência inusitada 17/10/19 ao dizer ―que Pequim ganha se o plano de
Libra falhar‖. Vai mais longe ao afirmar que Washington corre o risco de ―ter
uma parte do mundo completamente bloqueada das sanções dos EUA e
protegida das sanções dos EUA e ter uma nova moeda de reserva digital‖.
Muitos encararam estas afirmações apenas como uma ―pressão‖ – vide.

Há uma forte disputa por definir quem vai capitanear a nova moeda. Em 11 de
outubro a BBC divulgou que gigantes como a Mastercard, Visa, eBay e a
empresa de pagamentos Stripe retiraram-se do projeto de criptomoeda do
Facebook, a Libra, seguindo o exemplo da PayPal. Até mesmo o Mercado
Pago desistiu – vide.
Marc Carney, Governador do Banco da Inglaterra, já citado anteriormente em
nossos artigos, agora está à procura de um ―motivo‖ para justificar o colapso
financeiro iminente. Como o colapso é dado como certo, e reconhecer como
ele foi produzido geraria constrangimentos, ele agora atribui o mesmo a
questões climáticas. Muito criativo este senhor, vide.

Muitos tem apontado o dia 31 de outubro como digno de muita atenção.


Decisões importantes estão reservadas para este dia, incluindo a questão do
Brexit, mas não só ela. As consequências de algumas decisões serão sentidas
mais adiante.

Como já prevíamos nos EUA a situação política se agrava a cada dia, com
manobras e complôs sendo expostos a cada dia, revelando que a situação não
terá um desfecho suave – vide. Cabe salientar que Paul Craig Roberts foi
subsecretário do Tesouro no governo Ronald Reagan e trabalhou no congresso
estadunidense.

Para fazer frente a situação o Presidente Trump tem se apoiado fortemente nas
Forças Armadas para enfrentar os desafios com os quais tem de lidar, tendo
demonstrado este ―apoio‖ em várias ocasiões, como demonstrado abaixo.

Trump com oficiais generais:

Na semana passada em reunião na Casa Branca, com a participação do


General Mark Milley, de acompanhamento da operação contra Abu Bakr al-
Baghdadi, chefe do Estado Islâmico – vide.
Em 24 de outubro uma matéria citou que houve uma pesquisa do Instituto de
Política e Serviço Público da Universidade de Georgetown onde se aferiu que
67% dos americanos acredita que haverá uma Guerra Civil em breve. Na
matéria é dito que ―O próprio Trump levantou a perspectiva de guerra civil,
citando o pastor Robert Jeffress, que alertou para ‗uma guerra civil como uma
fratura‘ se Trump for removido do cargo.‖ – vide. Numa reportagem da
CBSNEWS lê-se que o ex-secretário de Defesa Jim Mattis, após fazer vários
comentários irônicos em relação a Trump durante um jantar, passou a falar
sobre Abraham Lincoln e as condições políticas que levaram à Guerra Civil,
incluindo o hiperparticularismo – vide.

A Rússia iniciará à partir de 1º de novembro os testes da RuNet, sua versão


nacional da internet. Eles querem estar seguros de que poderão manter a
normalidade mesmo sem a internet ocidental. Após verificar o efeito das redes
sociais em eleições e na Primavera Árabe os russos decidiram estar
preparados para se desconectarem da internet a qualquer tempo, mantendo
serviços internos – vide.

No jogo estão presentes vários objetivos estratégicos norteadores e


determinantes que estão ligados entre si, tais como: o controle da ―produção‖
e distribuição da ―moeda‖, o controle do comércio e orçamento ―negro‖
(drogas e armas) do qual não se precisa prestar conta a nenhum governo, o
controle de tecnologias sensíveis para emprego militar e civil, a produção e
controle do fluxo de informação da narrativa, dentre outros. Estes são pontos-
chaves determinantes nos quais a Torre, o Cavalo e o Bispo precisam se
movimentar de forma coordenada para, junto com a Rainha, chegar ao Xeque-
mate. Na concepção de um dos jogadores as ―ideias‖ devem ser geradas e
disseminadas para criar um ambiente psicossocial favorável a consecução
destes objetivos. Naturalmente, sendo um jogo, tem dois lados. Por isso
avançamos para um confronto determinante.

A América Latina não está, digamos, no centro das decisões, mas é um


recurso de retaguarda a ser preservado. Não possui protagonismo algum. Após
a eleição e posse do Presidente Bolsonaro surgiram vários ―analistas‖ nas
redes sociais abordando o tema de esquerda versus direita. Para eles tudo é
uma questão de estudar Gramsci, o Foro de São Paulo, o Grupo de Puebla,
etc…. Eles não têm alcance para entender que a dicotomia esquerda versus
direita é apenas uma invenção para, alternativamente, servir aos mesmos
propósitos dentro do conceito da Teoria da Tesoura. Não faz diferença qual
―ismo‖ (socialismo, comunismo, liberalismo, conservadorismo, petismo,
chavismo, etc….) é adotado, desde que ele atenda ao jogador que o patrocina.
A Fundação Ford financiou a direita no passado e hoje financia a ―esquerda‖.
Open Society, Fundação Friedrich Ebert, Fundação Rosa Luxemburgo, etc….
atendem ao mesmo jogador que lhe doa os fundos.

O jogador não tem ideologia, tem objetivos. O que passa disso é para
iniciantes e ingênuos. Não há latino-americanos jogando, eles são jogados.
Assim, os recentes movimentos na América Latina, e em outras partes do
mundo, tem na ideologia apenas uma bandeira para juvenis, os verdadeiros
jogadores não tem estes ímpetos universitários, eles têm objetivos estratégicos
globais, e só. Com estas análises precárias jamais os governos locais
conseguiram mudar o rumo dos acontecimentos, exceto se o jogador o fizer, o
que somente fará por interesse.

Qualquer analista de inteligência, ainda que use a melhor TAD, não poderá ter
assertivo na estimativa se não conhecer as ―regras‖ do jogo, as estratégias
envolvidas, o ―modus operandi‖ tradicional de cada jogador com suas crenças
e idiossincrasias, e por fim os objetivos reais que estão sendo buscados. Para
isso, além de conhecimentos específicos normalmente classificados e não
ensinados nas escolas de inteligência, ele precisará dominar em bom nível de
profundidade algumas áreas de conhecimento públicas, tais como: economia,
auditoria financeira, contabilidade, geopolítica, relações internacionais,
inteligência estratégica, psicologia, sociologia, história e geografia. Do
contrário, suas chances de êxito diminuirão sensivelmente.

―Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o


resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo,
para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece
nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas‖ – Sun Tzu em ―A
arte da Guerra‖.

O efeito dominó começou, na medida que a cada movimento um novo dominó


cai e empurra outro para a queda seguinte!

Todo jogo acaba ou muda de fase. O xeque-mate se aproxima.

Artigo 16

O xeque-mate assume a forma


6 de novembro de 2019 15:51

Luiz Antonio P. Valle


Luizapvalle@gmail.com
O jogo maior gera outros jogos menores, com jogadores de menor relevo, que
o complementam e contribuem para sua consecução. Via de regra temos
tratado nos artigos da série Xeque-mate do Grande Jogo, que é quem
determina, no final, o resultado de todos os outros.

A economia de um país pode ir bem, ter um excelente potencial e apresentar


sinais de expansão, mas enquanto for dependente da economia mundial e do
sistema financeiro internacional, ela terá seu destino atrelado ao jogo maior.
Este é exatamente o caso da economia brasileira. Ela não é autônoma, na
verdade é incapaz de determinar o seu próprio destino a curto prazo.

Os sinais e evidências apresentados nos artigos são fatos. Sobejam referências


e fontes abertas com credibilidade, que podem ser verificadas a qualquer
momento, notadamente autoridades e executivos internacionais.

Foram citados na série de artigos pessoas de nível inquestionável, tais


como: Robin Winkler que é o estrategista de câmbio do Deutsche Bank; Stuart
Delery do Departamento de Justiça dos EUA; James Simons do
RenTec; Michael Cembalest do J.P.Morgan; Rudiger Dornbusch do
MIT; Elizabeth Warren candidata à presidência dos EUA; Mark
O‘Byrne executivo da corretora líder mundial de compra e venda de ouro
Gold Core Mark; Rick Rieder (CIO) da Blackrock (um dos maiores fundos de
investimento do mundo); Dr. Michael Burry – imortalizado no filme ―The Big
Short‖; Mark Cabana estrategista de taxas do Merrill Lynch do Bank of
America; Judy Shelton indicado para o FED (Federal Reserve); Jeff Currie do
Goldman Sachs; David Rosenberg economista-chefe e estrategista de Gluskin
Sheff; Quincy Krosby estrategista-chefe de mercado da Prudential
Financial; Kristalina Georgieva diretora do FMI; Alan Greenspan ex-
presidente do FED; Mark Carney Chefe do Banco da Inglaterra e Agustin
Carstens Chefe do BIS, dentre outros. Além destes citamos diversas vezes
reportagens de veículos de comunicação, tais como The Guardian, BBC, Wall
Street Journal, CNN, The New York Times, Bloomberg, CNBC, Miami
Herald, Financial Times, Infomoney e Reuters, para não citar vários sites
governamentais também referenciados, bem como gráficos ilustrativos.

Logo, não faltam fontes confiáveis citadas onde tudo pode ser checado e o
leitor chegar à sua própria conclusão.

Aqueles que quiserem aprofundar seus estudos podem também ler as obras de
James Rickards, notadamente o livro ―A Grande Queda‖. Ele é autor de vários
best-sellers e consultor da Comunidade de Inteligência dos EUA e do
Departamento de Defesa.
Ray Dalio, fundador e co-chief investment officer da Bridgewater Associates
— o maior Fundo de Hedge do mundo, recentemente fez ponderações muito
interessantes sobre a questão da liquidez no sistema e a incapacidade dos
fundos de previdência honrarem as pensões e assistência médica, tendo dito
que: ―O mundo enlouqueceu e o sistema está quebrado‖ – vide.

Este ―fenômeno‖ é mundial, e não está restrito ao sistema ocidental. Na


China, a rápida expansão do crédito de forma descuidada está gerando uma
crise de carteiras repletas de créditos podres, o que vem abalando a
credibilidade do sistema. Esta crise tem vitimado, inicialmente, bancos
regionais, mas se a falta de credibilidade se espalhar poderá levar a uma onda
de saques que atingirá o ―coração‖ do sistema. Tudo começou em maio e o
primeiro foi o Baoshang Bank, depois o Bank of Jinzhou; logo após o Heng
Feng Bank, com 1,4 trilhão de yuans em ativos, todos tendo sofrido
―intervenções‖ silenciosas do governo. Todavia, agora um quarto banco
sucumbiu, o Yichuan Bank. O problema é que desta vez não foi ―silencioso‖,
pois os depositantes invadiram as agências do banco, exigindo seu dinheiro de
volta. Isso mostrou a Pequim que o pior pode acontecer: uma corrida bancária
de saques – vide reportagem do Wall Street Journal em.

Clientes formam filas para sacar seus depósitos no Banco Henan Yichuan –
foto WSJ
Portanto, a reformulação do Sistema Econômico e Financeiro mundial não é
algo que depende da ação de brasileiros. Nenhuma política governamental ou
iniciativa privada de brasileiros tem qualquer influência neste tema.

Nos centros e agências internacionais de relevo, que lidam com Estudos


Estratégicos, não se discute ―se‖ vai acontecer, se discute ―como‖ vai
acontecer. Todo jogo tem dois lados, existe um jogador que deseja fazer de
uma forma mais ―suave‖ e outro não propenso a estes ―detalhes‖. Este último
entende que um certo nível de caos lhe é interessante. Esta tática atenderia a
equação estratégica: criar o problema, esperar a reação e oferecer a solução.
Qual dos jogadores imporá seu ponto de vista neste xeque? Veremos em
breve.

Àqueles que não desejam ―ver‖ restarão as consequências.

―Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o


resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo,
para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece
nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas‖ – Sun Tzu em ―A
arte da Guerra‖.

O efeito dominó começou, na medida que a cada movimento um novo dominó


cai e empurra outro para a queda seguinte!

Todo jogo acaba ou muda de fase. O xeque-mate se aproxima.

Artigo 17

O xeque-mate na fase tático-


operacional
30 de novembro de 2019 17:01

Luiz Antonio P. Valle


Luizapvalle@gmail.com
Antes do Xeque-mate é aconselhável, segundo a estratégia de um dos
jogadores, que ele seja precedido de vários xeques exploratórios, capazes de
lhe abrir o caminho e garantir que o movimento final seja resolutivo.

O enfraquecimento dos alicerces, que mantêm as nações de pé, precede o


Xeque-mate. Solapar as bases aumenta a chance de êxito, para quando vier o
golpe final, este seja letal e definitivo. Quando se vai demolir um prédio
implode-se seus alicerces, depois ele cai naturalmente. Desta forma vários
xeques preliminares, ligados mais diretamente ao movimento final, foram
desferidos de 40 anos para cá. São quarenta anos no deserto construindo o
cenário e a linha de tempo.

Dentro deste entendimento estratégico do jogador os xeques preliminares ao


Xeque-mate visam deixar fragilizados os alicerces basilares das nações, ou
seja, abalar três pilares: o Poder Militar/Armado, o Poder
Econômico/Financeiro e o Poder Religioso/Sistema de Crenças, que a nível
internacional tem suas bases de projeção de poder em Washington, Londres e
no Vaticano, respectivamente.

Importa atuar também nas Expressões do Poder Nacional: a expressão


política, a expressão econômica, expressão psicossocial, expressão militar e a
expressão científica e tecnológica. Foi essencial impedir que as nações
atinjam seus Objetivos Nacionais, que no caso brasileiro são divididos,
segundo a Escola Superior de Guerra (ESG) em: Objetivos Fundamentais
(OF), Objetivos de Estado (OE) e Objetivos de Governo (OG). A capacidade
de preservar os OF foi completamente dilapidada pelos xeques preliminares.
A Estratégia Nacional (preparação e aplicação do Poder Nacional para atingir
os Objetivos Nacionais à partir de uma Política Nacional) tornou-se quase
inexequível.
Para implantar os xeques preliminares adotou-se uma estratégia de longo
prazo, que começou sua fase mais evidente no início da década de oitenta.
Visavam condicionar e enfraquecer os Fundamentos do Poder Nacional: o
Homem, a Terra e as Instituições.

O Homem foi atingido nas concepções éticas e morais, fragilizando seu


código interno de ―certo e errado‖, sabotando ainda o conceito de Família
(núcleo basilar). Ademais, abalou-se sua concepção de si próprio, a
identificação com a autoimagem (conceito de gêneros). As dúvidas e
indefinições minaram sua determinação. Tudo passou a ser relativo, e sua
compreensão imprecisa.

A Terra tornou-se alvo de disputas entre ruralistas, sem terras, garimpeiros,


madeireiros, traficantes e índios. Verdadeira ―Terra de Ninguém‖. O Governo
tornou-se incapaz de interferir neste conflito. As regiões Centro-Oeste e
Norte, bem como as fronteiras, são um exemplo disso. As demarcações de
Áreas Indígenas em lugares estratégicos foi um instrumento para impedir o
acesso da nação aos seus recursos minerais e de biodiversidade, expropriando-
a de parte do Território Nacional ao limitar sua soberania, além de proteger
entradas para instalações sensíveis.

As Instituições Nacionais foram solapadas em sua credibilidade e totalmente


desmoralizadas, com raríssimas exceções (ligadas aos Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciários). Os xeques preliminares sabotaram e enfraqueceram
substancialmente os Fundamentos do Poder Nacional.

Uma estratégia importante utilizada nos xeques preliminares é dividir para


conquistar. Desta forma, dividir a sociedade em segmentos (negros contra
brancos, ricos contra pobres, heteros contra homos, esquerda contra direita,
católicos contra evangélicos, jovens contra ―coroas‖, etc….) foi determinante.
Uma nação unida não cai. Utilizar a vitalidade dos jovens, e seu
descontentamento intrínseco, sempre disposto a contestar, tem sido muito útil
para causar o caos e a divisão.

Dentro do tópico ―dividir para conquistar‖ cabe ainda a estratégia da


imigração radical e não assimiladora de cultura, sob a bandeira dos ―direitos
humanos‖, que cria dois grupos no país-alvo: os ―nativos‖ e os imigrantes. Ao
não assimilar a cultura local o imigrante a dilui, e a medida que se torna
maioria na população ele a destrói paulatinamente (caso dos muçulmanos na
Europa). Sabotar a base ―religiosa‖ ou ―cristã‖ torna-se importante, pois a
religiosidade cria esperança e motiva. Ela deve ser manobrada para gerar
conformismo, e não reação. A população deve ser mantida na ignorância total,
manipulada pela opinião massificada pela mídia ―esquerdista‖ controlada.
Outro ponto relevante é mantê-los incapazes de se defender, bloqueando
completamente seu acesso a armas.

Enfraquecer a base econômica do país-alvo, deixando-o endividado, sem


reservas cambiais reais e totalmente dependente do ―mercado‖ para se
financiar foi essencial. Uma boa ferramenta para implantar este xeque
preliminar foi a introdução da corrupção nas vísceras estatais. Através dele foi
possível apossar-se dos recursos do governo, direciona-los e desperdiça-los
em gastos que não redundaram no progresso real do país.

Adicionalmente o país-alvo deve ficar desguarnecido, sem empresas nacionais


em ramos estratégicos, sem controle do sistema financeiro, sem deter
tecnologia competitiva, com mão-de-obra despreparada e dependente do
Estado, e sem reservas cambiais com lastro real. A nação atingida fica inerte,
com sonhos de grandeza que entorpecem os sentidos e que não se realizam,
mas mantem o torpor.

Ao criar o conceito de ―politicamente correto‖ é possível manipular os


assuntos que são postos em discussão, suprimindo o debate sobre os temas
realmente importantes que são gerados pelos xeques preliminares. Não
discutindo não o percebem no conjunto. A democracia passa a ser apenas um
conceito muito propalado para dar cobertura à censura mental, mas jamais
praticada de forma ampla. As eleições foram transformadas num Concurso de
Simpatia, em que o eleitor nunca conhece apropriadamente em quem está
votando. Faz suposições, mas nunca tem conhecimento apropriado para
exercer corretamente um discernimento justo. As eleições devem ser
―fraudadas‖ para eleger a quem for conveniente, seja através de sistemas
eletrônicos ou manipulação da opinião nas redes sociais, etc….

A radicalização política, criando a ilusão que só existem dois lados, o ―nós‖


contra ―eles‖, tem um papel importante no processo de acirrar os ânimos e
dividir, evitando que surjam soluções de ―terceira via‖ que possam promover
a união nacional e o fortalecimento do Estado. Se apenas um lado prevalecer
hegemônico a divisão não acontece tão rapidamente quanto desejado pelo
jogador. Precisa haver disputa, divisão. Assim, quando o viés ―social‖ e de
―esquerda‖ passou a ser predominante no hemisfério ocidental, foi necessário
fazer surgir o seu oposto, ainda que o ―eleito‖ não tenha consciência de quem
está por trás do processo. Seu papel é, mesmo inconscientemente, levar à
radicalização, que consequentemente dividi e enfraquece o poder nacional,
pavimentando o caminho para o Xeque-mate.

Assim, este movimento segue avançando em vários países do mundo. Nos


EUA este processo está em andamento acelerado, inserido nas agendas de
ONGs e do Partido Democrata, sendo discutido abertamente a possibilidade
de uma Guerra Civil, como mostrei em artigo anterior. Na Europa, onde fiquei
quase um mês no ano passado visitando seis países (Inglaterra, Alemanha,
França, Itália, Portugal e Espanha) para observa-los, percebe-se claramente a
implementação desta agenda, tendo como ponta de lança os imigrantes, com a
perda da identidade nacional e o acirramento dos conflitos, fruto da divisão da
sociedade.

A Europa está se esfacelando. A África virou terra de ninguém, com conflitos


constantes. O Oriente Médio está envolto em guerras intermináveis, com
ódios e facções sendo habilmente manipuladas. Na Ásia há bastiões de
resistência a este movimento globalista, com um preço elevado relativo a
liberdades individuais, todavia mantendo parcelas significativas da soberania
nacional, o que tem mantido suas nações mais importantes razoavelmente
preservadas.

Na América Latina a estratégia dos xeques preliminares foi implementada


com foco e tenacidade. Se em julho, quando comecei a série Xeque-mate, eu
escrevesse que o Chile entraria no caos que virou, certamente eu seria
criticado. Tido como modelo para os demais países da América Latina,
propagava-se aos ventos o dinamismo e exemplo de sua economia, a
segurança reinante, etc…. Vimos no que deu.

Todos os países do continente estão infiltrados por agentes venezuelanos,


cubanos, dentre outros, que aliados ao Crime Organizado, notadamente ao
tráfico de drogas, e sendo financiados pelos ―globalistas‖, tem construído as
pré-condições ―revolucionárias‖. Aproveitam-se das insatisfações populares
para capitalizar o ódio e propor a violência como único modo de ―fazer
justiça‖.

Possuem dados de inteligência, armas, recursos financeiros, experiência


acumulada (vide as FARC), conhecimento do terreno e razoável controle dos
―movimentos sociais‖, sindicatos, meios acadêmicos e mídia. Praticamente já
estão com a ―faca e o queijo na mão‖, diante de países despreparados para este
cenário, que durante décadas foram omissos ao ver (ou não) crescer as
―capacidades‖ deles.

Após abalar as estruturas e fomentar a divisão e o ódio, o jogador está à espera


de aplicar o xeque final, o colapso da estrutura econômico-financeira. O
colapso gera o ingrediente final, ou seja, desmorona com a sensação de
segurança econômica (trazendo o medo da fome e desabastecimento) e da
segurança física (em função dos saques e desordem que se seguem). Com os
alicerces da sociedade fragilizados, e seus segmentos divididos, o tecido social
é rasgado de cima embaixo tornando uma reação nacionalista organizada
muito pouco provável. Sem reação aplica-se a equação PROBLEMA x
REAÇÃO x SOLUÇÃO.

Esta equação significa que o mesmo jogador que criou o problema agora
aguarda a reação ―prevista‖, que deverá ser de desespero, fazendo com que as
pessoas abram mão de suas garantias individuais (várias pesquisas após
eventos-teste mostraram que as pessoas abrem mão de garantias individuais
para restaurar a sensação de segurança e previsibilidade), para depois oferecer
a solução já previamente definida e que lhe convêm.

Observem os últimos anos e vejam se o roteiro percorrido não foi esse. Basta
agora o movimento final, o Xeque-mate. Ao longo dos artigos tenho mostrado
que ele já está maduro para ser implementado, o que agora é apenas uma
questão de ―time‖. O Xeque-mate não depende da ―esquerda‖, ela é apenas
um instrumento, mas será implementado pela elite econômico-financeira
internacional para completar o jogo nesta fase.

Na América Latina a ―joia de coroa‖ para eles é o Brasil. Tem trabalhado para
que o golpe seja rápido e letal. O ―silêncio‖ atual prenuncia a tempestade.
Observem o ―estado da arte‖ e verão que, da forma atual, o atual Governo
Brasileiro terá imensas dificuldades para lidar com este evento. Vários dos
países vizinhos podem fornecer ―bases‖ informais para uma força de guerrilha
e nossa fronteira é uma ―peneira‖ desguarnecida.

Percebam que o Governo Colombiano, com todo apoio dos EUA, num
território bem menor que o Brasil, foi incapaz de debelar as FARC, mesmo
depois de décadas de luta sangrenta com milhares de vítimas. Imaginem no
Brasil, com imensos vazios demográficos, lutando uma Guerra Assimétrica.
Ademais, lembrem-se que os EUA estarão travando a sua própria ―guerra‖ e
possivelmente, não poderá dar um suporte decisivo ao Brasil.

Existem vários cenários possíveis para o Brasil. No Chile estima-se entre 5 a 7


mil infiltrados. Imaginem no Brasil, depois do programa cubano Mais
Médicos e da leva de ―refugiados‖ venezuelanos que invadiu o Brasil?
Ademais, foram quase 22 anos de governos de esquerda, de FHC a Dilma
(1995 – 2016) que ―plantaram‖ as pré-condições paulatinamente, utilizando
fatores objetivos (suborno, etc….) e também subjetivos, utilizando técnicas
como a ―Janela de Overton‖ e o ―Túnel de Realidade‖ para chegar a
―Imunização Cognitiva‖. Quantos simpatizantes ou militantes de esquerda tem
no Brasil? Certamente milhões. A situação é totalmente diferente de 1964 e é
relevantemente mais grave.
Existem vários cenários possíveis. Vamos explorar superficialmente um deles.
É dado o Xeque-mate (fartamente documentado nos artigos anteriores) com a
eclosão de uma grave crise ao estilo de 2008, todavia mais profunda e extensa.
Com a depreciação do dólar a liquidez das reservas brasileiras sofre forte
erosão.

O mundo paralisa para adequar-se ao novo paradigma, mediante confrontos


entre grupos internacionais com interessantes distintos. Os ―movimentos
sociais‖ culpam o Presidente Bolsonaro pela crise. Começam os tumultos nas
grandes e principais cidades brasileiras, ao estilo do ocorrido no Chile, Bolívia
e Equador.

Há desabastecimento e eventuais cortes de serviços essenciais, principalmente


transporte e energia elétrica. Para garantir a paz social aplica-se a GLO
(Garantia da Lei e da Ordem). Os militares das Forças Armadas vão para a rua
em apoio às Policias. A experiência no Rio de janeiro já mostrou bem o nível
de dificuldade destas operações.

Nas capitais do Sudeste e Sul a situação de torna paulatinamente grave,


enquanto no Nordeste e Norte os ―agitadores‖ contam com uma certa
―tolerância‖ dos governos estaduais esquerdistas.

No Centro-oeste, exceto Brasília, a situação também se torna grave.


Enfrentamentos armados com o Crime Organizado, passeatas de estudantes e
―trabalhadores‖ que degeneram em violência e são imediatamente
denunciados na mídia nacional e internacional como ―repressão sangrenta e
desproporcional‖, tornam-se rotinas. Levas de pessoas menos favorecidas
começam a ser ―atraídas‖ para os protestos, onde crianças e idosos são
colocados como ―escudos humanos‖ para darem manchetes aos telejornais. O
Governo vê-se acuado pela intensa pressão de organismos internacionais que
cogitam cortar todo tipo de financiamento e suporte financeiro ao país.

Enquanto as Forças de segurança estão envolvidas com o Sudeste e Sul,


paulatinamente os ―insurgentes‖ começam a tomar conta da situação no Norte
e Nordeste, e a fronteira do Mato Grosso com a Bolívia começa a ser ainda
mais infiltrada. Argentina, Venezuela, União Europeia e a ONU expressão
preocupação quanto as ―graves violações dos direitos humanos‖ no Brasil.

Com todas as forças nacionais tentando controlar a situação nas grandes


cidades do Sul, Sudeste e Nordeste, uma força militar composta por milhares
de guerrilheiros, com armamento pesado e bem treinados, com suporte e
liderança de agentes cubanos, venezuelanos e pessoal da FARC, avança pelas
imensas e pouco povoadas planícies de Mato Grosso em direção à Capital do
estado – Cuiabá, pilhando imensas fazendas cheias de viveres e agua.

No caminho até Cuiabá, capital de Mato Grosso, encontram parca resistência.


As Forças Armadas brasileiras, envoltas em dezenas de outras frentes no
Sudeste, Sul e Nordeste não dispõe de efetivos e armamentos para deslocar
para esta região. Um ―enclave‖ revolucionário é estabelecido, numa
associação de guerrilha e tráfico de drogas, fórmula bem conhecida na
América Latina. Daí para a frente dá para imaginar o que acontece…….

Neste cenário o mundo está tentando recuperar-se do Xeque-mate, a América


Latina precisa resolver seus próprios problemas.

Um jogador está à espera de aplicar na hora certa o colapso econômico-


financeiro mundial como evento detonador do Xeque-mate global. J P Morgan
e Deutsche bank estão a postos. Outro jogador aguarda atento, escondendo
uma carta na manga.

―Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o


resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo,
para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece
nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas‖ – Sun Tzu em ―A
arte da Guerra‖.

O efeito dominó começou, na medida que a cada movimento um novo dominó


cai e empurra outro para a queda seguinte!

Todo jogo acaba ou muda de fase. O xeque-mate se aproxima.

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