Você está na página 1de 849

PM-SP

Polícia Militar do Estado de São Paulo

Aluno - Oficial PM
Volume I
Edital de Concurso Público Nº DP-2/321/17

ST063-A-2017
DADOS DA OBRA

Título da obra: Polícia Militar do Estado de São Paulo - PM-SP

Cargo: Aluno - Oficial PM

(Baseado no Edital de Concurso Público Nº DP-2/321/17)

Volume I
• História
• Filosofia
• Sociologia
• Geografia
• Língua Portuguesa
• Língua Inglesa

Volume II
• Língua Espanhola
• Matemática
• Noções de Administração Pública
• Noções Básicas de Informática

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Produção Editorial/Revisão
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Suelen Domenica Pereira
Camila Lopes

Capa
Bruno Fernandes

Editoração Eletrônica
Marlene Moreno

Gerente de Projetos
Bruno Fernandes
APRESENTAÇÃO

PARABÉNS! ESTE É O PASSAPORTE PARA SUA APROVAÇÃO.

A Nova Concursos tem um único propósito: mudar a vida das pessoas.


Vamos ajudar você a alcançar o tão desejado cargo público.
Nossos livros são elaborados por professores que atuam na área de Concursos Públicos. Assim a
matéria é organizada de forma que otimize o tempo do candidato. Afinal corremos contra o tempo,
por isso a preparação é muito importante.
Aproveitando, convidamos você para conhecer nossa linha de produtos “Cursos online”, conteúdos
preparatórios e por edital, ministrados pelos melhores professores do mercado.
Estar à frente é nosso objetivo, sempre.
Contamos com índice de aprovação de 87%*.
O que nos motiva é a busca da excelência. Aumentar este índice é nossa meta.
Acesse www.novaconcursos.com.br e conheça todos os nossos produtos.
Oferecemos uma solução completa com foco na sua aprovação, como: apostilas, livros, cursos on-
line, questões comentadas e treinamentos com simulados online.
Desejamos-lhe muito sucesso nesta nova etapa da sua vida!
Obrigado e bons estudos!

*Índice de aprovação baseado em ferramentas internas de medição.

CURSO ONLINE

PASSO 1
Acesse:
www.novaconcursos.com.br/passaporte

PASSO 2
Digite o código do produto no campo indicado no
site.
O código encontra-se no verso da capa da apostila.
*Utilize sempre os 8 primeiros dígitos.
Ex: FV054-17

PASSO 3
Pronto!
Você já pode acessar os conteúdos online.
SUMÁRIO

História

1. MUNDO MODERNO........................................................................................................................................................................................... 01
1.1 A Renascença: a Reforma e a Contrarreforma.................................................................................................................................. 01
1.2. A expansão marítimo-comercial e o processo de colonização da América, África e Ásia............................................. 01
1.3. Formação e evolução das monarquias nacionais; as revoluções burguesas do século XVII; Iluminismo e Despotismo.
1.4. A política econômica mercantilista; a crise do sistema colonial e a independência no continente americano.... 01
2. MUNDO CONTEMPORÂNEO.......................................................................................................................................................................... 10
2.1. A Revolução Francesa; o período napoleônico; os movimentos de............................................................................................. 10
independência das Colônias Latino-Americanas; o ideal europeu de unificação nacional................................................... 10
2.2. A Revolução Industrial; a expansão e o universo capitalista; o apogeu da......................................................................... 10
europeia................................................................................................................................................................................................................. 10
2.3. A corrida imperialista; a Primeira Guerra Mundial; a Revolução Russa de 1917 e a formação da URSS................. 10
2.4. O período Entre Guerras; as democracias liberais e os regimes totalitários....................................................................... 10
2.5. A Segunda Guerra Mundial; a descolonização afro-asiática; a Guerra Fria; a..................................................................... 10
estrutura de espoliação da América Latina............................................................................................................................................... 10
2.6. A fase do Pós-Guerra; os oprimidos do Terceiro Mundo; as grandes linhas do desenvolvimento científico e
tecnológico do século XX................................................................................................................................................................................ 10
2.7. O petróleo, o Oriente Médio e as lutas religiosas......................................................................................................................... 10
3. BRASIL COLÔNIA................................................................................................................................................................................................. 39
3.1. A expansão marítima portuguesa e o descobrimento do Brasil; o reconhecimento geográfico e a exploração do
pau-brasil; a ameaça externa e os primórdios da colonização.............................................................................................................. 39
3.2. A organização político-administrativa; a expansão territorial; os tratados de limites..................................................... 39
3.3. A agricultura de exportação como solução; a presença holandesa; a................................................................................... 39
interiorização da colonização; a mineração e a economia colonial................................................................................................ 39
3.4. A sociedade colonial; os indígenas e a reação à conquista; as lutas dos negros; os movimentos nativistas........ 39
3.5. A arte e a literatura da fase colonial; a ação missionária e a educação................................................................................ 39
4. BRASIL IMPÉRIO................................................................................................................................................................................................... 52
4.1. A crise do antigo sistema colonial e o processo de emancipação política do................................................................... 52
Brasil; o reconhecimento internacional...................................................................................................................................................... 52
4.2. O processo político no Primeiro Reinado; as rebeliões provinciais; a abdicação de D. Pedro I.................................. 52
4.3. O centralismo político e os conflitos sociais do Período Regencial; a evolução político-administrativa do Segundo
Reinado; a política externa e os conflitos latino-americanos do século XIX............................................................................... 52
4.4. A sociedade brasileira da fase imperial, o surto do café, as transformações econômicas, a imigração, a abolição
da escravidão, as questões religiosa e militar.......................................................................................................................................... 52
4.5. As manifestações culturais; as ciências, as artes e a literatura no período imperial........................................................ 52
5. BRASIL REPÚBLICA.............................................................................................................................................................................................. 70
5.1. A crise do sistema monárquico imperial e a solução republicana; a Constituição de 1891......................................... 70
5.2. A Primeira República (1889-1930) e sua evolução político-administrativa; as................................................................... 70
dissidências oligárquicas e a Revolução de 1930; a vida econômica e os movimentos sociais no campo e nas cidades.
5.3. A Segunda República e sua trajetória político-institucional; do Estado Novo ao golpe militar de 1964; a curta
experiência parlamentarista; as Constituições de 1946, 1967 e 1988............................................................................................ 70
5.4. As transformações socioeconômicas ao longo dos cem anos de vida................................................................................. 70
republicana; o café e o processo de industrialização; as crises e as lutas operárias; o processo de internacionalização
da economia brasileira e o endividamento externo.............................................................................................................................. 70
5.5. Aspectos do desenvolvimento cultural e científico do Brasil no século XX......................................................................... 70
5.6. A globalização e as questões ambientais.......................................................................................................................................... 70
6. ANTIGUIDADE....................................................................................................................................................................................................... 91
6.1. Os povos do Oriente Próximo e suas organizações políticas................................................................................................... 91
6.2. As cidades-estados da Grécia................................................................................................................................................................ 91
6.3. Formação, desenvolvimento e declínio do Império Romano do Ocidente......................................................................... 91
6.4. A vida socioeconômica e religiosa dos mesopotâmicos, egípcios, fenícios e hebreus................................................... 91
6.5. O legado cultural dos gregos e dos romanos................................................................................................................................. 91
SUMÁRIO

7. MUNDO MEDIEVAL............................................................................................................................................................................................. 97
7.1. Formação e desenvolvimento do sistema feudal........................................................................................................................... 97
7.2. A organização política feudal; os reinos cristãos da Península Ibérica.................................................................................. 97
7.3. O crescimento comercial-urbano e a desagregação do feudalismo...................................................................................... 97
7.4. A Civilização Muçulmana......................................................................................................................................................................... 97
7.5. O legado cultural do Mundo Medieval.............................................................................................................................................. 97
7.6. A Civilização Bizantina.............................................................................................................................................................................. 97

Filosofia

1. INTRODUÇÃO À FILOSOFIA:............................................................................................................................................................................ 01
1.1. História da Filosofia: instrumentos de pesquisa............................................................................................................................. 01
1.2. Introdução à Filosofia da Ciência......................................................................................................................................................... 01
1.3. Introdução à Filosofia da Cultura......................................................................................................................................................... 01
1.4. Introdução à Filosofia da Arte................................................................................................................................................................ 01
1.5. O intelecto: empirismo e criticismo..................................................................................................................................................... 01
1.6. Democracia e justiça.................................................................................................................................................................................. 01
1.7. Os direitos humanos.................................................................................................................................................................................. 01
2. FILOSOFIA E EDUCAÇÃO:.................................................................................................................................................................................. 13
2.1. O eu racional: introdução ao sujeito ético........................................................................................................................................ 13
2.2. Introdução à bioética................................................................................................................................................................................ 13
2.3. A técnica......................................................................................................................................................................................................... 13
3. IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA PARA A CIDADANIA:.............................................................................................................................. 16
3.1. O homem como um ser da natureza.................................................................................................................................................. 16
3.2. A concepção platônica da desigualdade........................................................................................................................................... 16
3.3. A desigualdade segundo Rousseau..................................................................................................................................................... 16

Sociologia

1. O CANDIDATO NA SOCIEDADE E A SOCIOLOGIA.................................................................................................................................. 01


1.1. Como pensar diferentes realidades..................................................................................................................................................... 01
1.2. O homem como ser social...................................................................................................................................................................... 01
2. O QUE PERMITE AO CANDIDATO VIVER EM SOCIEDADE?................................................................................................................. 01
2.1. A inserção em grupos sociais: família, escola, vizinhança, trabalho....................................................................................... 01
2.2. Relações e interações sociais................................................................................................................................................................. 01
2.3. Socialização................................................................................................................................................................................................... 01
3. O QUE NOS UNE COMO HUMANOS? O QUE NOS DIFERENCIA?................................................................................................... 03
3.1. O que nos diferencia como humanos................................................................................................................................................ 03
3.2. Conteúdos simbólicos da vida humana: cultura............................................................................................................................. 03
3.3. Características da cultura......................................................................................................................................................................... 03
3.4. A humanidade na diferença.................................................................................................................................................................... 03
4. O QUE NOS DESIGUALA COMO HUMANOS?.......................................................................................................................................... 04
4.1. Etnias................................................................................................................................................................................................................ 04
4.2. Classes sociais.............................................................................................................................................................................................. 04
4.3. Gênero............................................................................................................................................................................................................. 04
4.4. Geração........................................................................................................................................................................................................... 04
5. DE ONDE VEM A DIVERSIDADE SOCIAL BRASILEIRA?.......................................................................................................................... 06
5.1. A população brasileira: diversidade nacional e regional............................................................................................................. 06
5.2. O estrangeiro do ponto de vista sociológico.................................................................................................................................. 06
5.3. A formação da diversidade:.................................................................................................................................................................... 06
5.3.1. Migração, emigração e imigração.................................................................................................................................................... 06
5.3.2. Aculturação e assimilação.................................................................................................................................................................... 06
SUMÁRIO

6. QUAL A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO NA VIDA SOCIAL BRASILEIRA?....................................................................................... 07


6.1. O trabalho como mediação.................................................................................................................................................................... 07
6.2. Divisão social do trabalho:...................................................................................................................................................................... 07
6.2.1. Divisão sexual e etária do trabalho.................................................................................................................................................. 07
6.2.2. Divisão manufatureira do trabalho................................................................................................................................................... 07
6.3. Processo de trabalho e relações de trabalho................................................................................................................................... 07
6.4. Transformações no mundo do trabalho............................................................................................................................................ 07
6.5. Emprego e desemprego na atualidade.............................................................................................................................................. 07
7. O CANDIDATO EM MEIO AOS SIGNIFICADOS DA VIOLÊNCIA NO BRASIL.................................................................................. 09
7.1. Violências simbólicas, físicas e psicológicas..................................................................................................................................... 09
7.2. Diferentes formas de violência: doméstica, sexual e na escola................................................................................................ 09
7.3. Razões para a violência............................................................................................................................................................................ 09
8. O QUE É CIDADANIA?........................................................................................................................................................................................ 11
8.1. O significado de ser cidadão ontem e hoje...................................................................................................................................... 11
8.2. Direitos civis, direitos políticos, direitos sociais e direitos humanos...................................................................................... 11
8.3. A Constituição Brasileira e a Constituição Paulista........................................................................................................................ 11
8.4. A expansão da cidadania para grupos especiais:........................................................................................................................... 11
8.4.1. Crianças e adolescentes, idosos e mulheres................................................................................................................................. 11
9. QUAL É A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DO ESTADO BRASILEIRO?....................................................................................................... 13
9.1. Estado e governo........................................................................................................................................................................................ 13
9.2. Sistemas de governo................................................................................................................................................................................. 13
9.3. Organização dos poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.................................................................................................. 13
10. O QUE É NÃO CIDADANIA?.......................................................................................................................................................................... 18
10.1. Desumanização e coisificação do outro.......................................................................................................................................... 18
10.2. Reprodução da violência e da desigualdade social.................................................................................................................... 18

Geografia

1. A RELAÇÃO SOCIEDADE-NATUREZA........................................................................................................................................................... 01
1.1. Os mecanismos da natureza.................................................................................................................................................................. 01
1.2. Os recursos naturais e a sobrevivência do homem....................................................................................................................... 01
1.2.1. As desigualdades na distribuição e na apropriação dos recursos naturais no mundo............................................... 01
1.2.2. O uso dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente........................................................................................ 01
2. ESTRUTURAÇÃO ECONÔMICA, SOCIAL E POLÍTICA DO ESPAÇO MUNDIAL............................................................................... 15
2.1. Capitalismo, industrialização e transnacionalização do capital................................................................................................ 15
2.1.1. Economias industriais e não industriais: articulação e desigualdades............................................................................... 15
2.1.2. As transformações na relação cidade-campo.............................................................................................................................. 15
2.2. Industrialização e desenvolvimento tecnológico: dominação/subordinação político-econômica............................ 15
2.3. O papel do Estado e as organizações político-econômicas na produção do espaço..................................................... 15
2.4. Fundamentos econômicos, sociais e políticos da mobilidade espacial e do crescimento demográfico................. 15
2.5. A divisão internacional e territorial do trabalho............................................................................................................................. 15
2.6. O fim da Guerra Fria. A desagregação da URSS. A nova ordem econômica mundial..................................................... 15
3. O PROCESSO DE OCUPAÇÃO E PRODUÇÃO DO ESPAÇO BRASILEIRO.......................................................................................... 29
3.1. A formação territorial do Brasil e sua relação com a natureza................................................................................................. 29
3.2. O processo de industrialização brasileira e a internacionalização do capital..................................................................... 29
3.2.1. Urbanização, metropolização e qualidade de vida.................................................................................................................... 29
3.2.2. Estrutura e produção agrária e impactos ambientais............................................................................................................... 29
3.2.3. População: crescimento, estrutura e migrações, condições de vida e de trabalho....................................................... 29
3.3. O papel do Estado e as políticas territoriais..................................................................................................................................... 29
3.4. A regionalização do Brasil: desenvolvimento desigual e combinado.................................................................................... 29
SUMÁRIO

Língua Portuguesa

1. NORMA ORTOGRÁFICA..................................................................................................................................................................................... 01
2. MORFOSSINTAXE................................................................................................................................................................................................. 08
2.1. Classes de palavras..................................................................................................................................................................................... 08
2.2. Processos de derivação............................................................................................................................................................................ 08
2.3. Processos de flexão verbal e nominal................................................................................................................................................. 08
2.4. Concordância nominal e verbal............................................................................................................................................................. 08
2.5. Regência nominal e verbal...................................................................................................................................................................... 08
2.6. Coordenação e subordinação................................................................................................................................................................ 08
3. COLOCAÇÃO DAS PALAVRAS......................................................................................................................................................................... 08
4. CRASE....................................................................................................................................................................................................................... 71
5. PONTUAÇÃO......................................................................................................................................................................................................... 76
6. LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO....................................................................................................................................................... 79
7. ORGANIZAÇÃO TEXTUAL................................................................................................................................................................................. 84
7.1. Mecanismos de Coesão e Coerência.................................................................................................................................................. 84
8. FIGURAS DE LINGUAGEM................................................................................................................................................................................. 87
9. SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS...................................................................................................................................................................... 91
10. LITERATURA BRASILEIRA: desde as origens até a atualidade.......................................................................................................... 96
11. LITERATURA PORTUGUESA: desde as origens até o Primeiro Modernismo (século XX)....................................................108

Língua Inglesa

1. Compreensão geral do sentido e do propósito do texto.................................................................................................................... 01


2. Compreensão de ideias específicas expressas em parágrafos e frases e a relação entre parágrafos e frases do
texto.....................................................................................................................................................................................................................01
3. Localização e identificação de informações específicas em um ou mais trechos do texto.................................................... 01
4. Identificação de marcadores textuais como conjunções, advérbios, preposições etc. e compreensão de sua função
essencial no texto..................................................................................................................................................................................................... 03
5. Compreensão do significado de itens lexicais fundamentais para a correta interpretação do texto seja por meio de
substituição (sinonímia) ou de explicação da carga semântica do termo ou expressão............................................................. 06
6. Localização de referência textual específica de elementos, tais como pronomes, advérbios, entre outros, sempre em
função de sua relevância para a compreensão das ideias expressas no texto................................................................................ 07
7. Compreensão da função de elementos linguísticos específicos na produção de sentido no contexto em que são
utilizados...................................................................................................................................................................................................................... 33
HISTÓRIA

1. MUNDO MODERNO........................................................................................................................................................................................... 01
1.1 A Renascença: a Reforma e a Contrarreforma.................................................................................................................................. 01
1.2. A expansão marítimo-comercial e o processo de colonização da América, África e Ásia............................................. 01
1.3. Formação e evolução das monarquias nacionais; as revoluções burguesas do século XVII; Iluminismo e Despotismo.
1.4. A política econômica mercantilista; a crise do sistema colonial e a independência no continente americano.... 01
2. MUNDO CONTEMPORÂNEO.......................................................................................................................................................................... 10
2.1. A Revolução Francesa; o período napoleônico; os movimentos de............................................................................................. 10
independência das Colônias Latino-Americanas; o ideal europeu de unificação nacional................................................... 10
2.2. A Revolução Industrial; a expansão e o universo capitalista; o apogeu da......................................................................... 10
europeia................................................................................................................................................................................................................. 10
2.3. A corrida imperialista; a Primeira Guerra Mundial; a Revolução Russa de 1917 e a formação da URSS................. 10
2.4. O período Entre Guerras; as democracias liberais e os regimes totalitários....................................................................... 10
2.5. A Segunda Guerra Mundial; a descolonização afro-asiática; a Guerra Fria; a..................................................................... 10
estrutura de espoliação da América Latina............................................................................................................................................... 10
2.6. A fase do Pós-Guerra; os oprimidos do Terceiro Mundo; as grandes linhas do desenvolvimento científico e
tecnológico do século XX................................................................................................................................................................................ 10
2.7. O petróleo, o Oriente Médio e as lutas religiosas......................................................................................................................... 10
3. BRASIL COLÔNIA................................................................................................................................................................................................. 39
3.1. A expansão marítima portuguesa e o descobrimento do Brasil; o reconhecimento geográfico e a exploração do
pau-brasil; a ameaça externa e os primórdios da colonização.............................................................................................................. 39
3.2. A organização político-administrativa; a expansão territorial; os tratados de limites..................................................... 39
3.3. A agricultura de exportação como solução; a presença holandesa; a................................................................................... 39
interiorização da colonização; a mineração e a economia colonial................................................................................................ 39
3.4. A sociedade colonial; os indígenas e a reação à conquista; as lutas dos negros; os movimentos nativistas........ 39
3.5. A arte e a literatura da fase colonial; a ação missionária e a educação................................................................................ 39
4. BRASIL IMPÉRIO................................................................................................................................................................................................... 52
4.1. A crise do antigo sistema colonial e o processo de emancipação política do................................................................... 52
Brasil; o reconhecimento internacional...................................................................................................................................................... 52
4.2. O processo político no Primeiro Reinado; as rebeliões provinciais; a abdicação de D. Pedro I.................................. 52
4.3. O centralismo político e os conflitos sociais do Período Regencial; a evolução político-administrativa do Segundo
Reinado; a política externa e os conflitos latino-americanos do século XIX............................................................................... 52
4.4. A sociedade brasileira da fase imperial, o surto do café, as transformações econômicas, a imigração, a abolição
da escravidão, as questões religiosa e militar.......................................................................................................................................... 52
4.5. As manifestações culturais; as ciências, as artes e a literatura no período imperial........................................................ 52
5. BRASIL REPÚBLICA.............................................................................................................................................................................................. 70
5.1. A crise do sistema monárquico imperial e a solução republicana; a Constituição de 1891......................................... 70
5.2. A Primeira República (1889-1930) e sua evolução político-administrativa; as................................................................... 70
dissidências oligárquicas e a Revolução de 1930; a vida econômica e os movimentos sociais no campo e nas cidades.
5.3. A Segunda República e sua trajetória político-institucional; do Estado Novo ao golpe militar de 1964; a curta
experiência parlamentarista; as Constituições de 1946, 1967 e 1988............................................................................................ 70
5.4. As transformações socioeconômicas ao longo dos cem anos de vida................................................................................. 70
republicana; o café e o processo de industrialização; as crises e as lutas operárias; o processo de internacionalização
da economia brasileira e o endividamento externo.............................................................................................................................. 70
5.5. Aspectos do desenvolvimento cultural e científico do Brasil no século XX......................................................................... 70
5.6. A globalização e as questões ambientais.......................................................................................................................................... 70
6. ANTIGUIDADE....................................................................................................................................................................................................... 91
6.1. Os povos do Oriente Próximo e suas organizações políticas................................................................................................... 91
6.2. As cidades-estados da Grécia................................................................................................................................................................ 91
6.3. Formação, desenvolvimento e declínio do Império Romano do Ocidente......................................................................... 91
6.4. A vida socioeconômica e religiosa dos mesopotâmicos, egípcios, fenícios e hebreus................................................... 91
6.5. O legado cultural dos gregos e dos romanos................................................................................................................................. 91
7. MUNDO MEDIEVAL............................................................................................................................................................................................. 97
7.1. Formação e desenvolvimento do sistema feudal........................................................................................................................... 97
7.2. A organização política feudal; os reinos cristãos da Península Ibérica.................................................................................. 97
7.3. O crescimento comercial-urbano e a desagregação do feudalismo...................................................................................... 97
7.4. A Civilização Muçulmana......................................................................................................................................................................... 97
7.5. O legado cultural do Mundo Medieval.............................................................................................................................................. 97
7.6. A Civilização Bizantina.............................................................................................................................................................................. 97
HISTÓRIA

de conhecedor da poesia de Dante. Foi  como construtor,


1. MUNDO MODERNO. porém, que realizou seus mais importantes trabalhos, entre
1.1 A Renascença: a Reforma e a eles a cúpula da catedral de Florença e a Capela Pazzi.
Contra-Reforma. Pintura
Principais características:
1.2. A expansão marítimo-comercial e o
- Perspectiva: arte de figura, no desenho ou pintura, as
processo de colonização da América, África e diversas distâncias e proporções que têm entre si os objetos
Ásia. vistos à distância, segundo os princípios da matemática e da
1.3. Formação e evolução das monarquias geometria.
nacionais; as revoluções burguesas do século - Uso do claro-escuro: pintar algumas áreas iluminadas e
XVII; Iluminismo e Despotismo. outras na sombra, esse jogo de contrastes reforça a sugestão
1.4. A política econômica mercantilista; a de volume dos corpos.
crise do sistema colonial e a independência - Realismo: o artistas do Renascimento não vê mais o
homem como simples observador do mundo que expressa
no continente americano. a grandeza de Deus, mas como a expressão mais grandiosa
do próprio Deus. E o mundo é pensado como uma realidade
a ser compreendida cientificamente, e não apenas admirada.
- Inicia-se o uso da tela e da tinta à óleo.
O Renascimento - Tanto a pintura como a escultura que antes apareciam
quase que exclusivamente como detalhes de obras arquite-
O termo Renascimento é comumente aplicado à civili- tônicas, tornam-se manifestações independentes.
zação europeia que se desenvolveu entre 1300 e 1650. Além - Surgimento de artistas com um estilo pessoal, diferente
de reviver a antiga cultura greco-romana, ocorreram nes- dos demais, já que o período é marcado pelo ideal de liber-
se período muitos progressos e incontáveis realizações no dade e, consequentemente, pelo individualismo.
campo das artes, da literatura e das ciências, que superaram Os principais pintores foram:
a herança clássica. O ideal do humanismo foi sem duvida o Leonardo da Vinci - ele dominou com sabedoria um
móvel desse progresso e tornou-se o próprio espírito do Re- jogo expressivo de luz e sombra, gerador de uma atmosfera
nascimento. Trata-se de uma volta deliberada, que propunha que parte da realidade, mas estimula a imaginação do ob-
a ressurreição consciente (o renascimento) do passado, con- servador. Foi possuidor de um espírito versátil que o tornou
siderado agora como fonte de inspiração e modelo de civi- capaz de pesquisar e realizar trabalhos em diversos campos
lização. Num sentido amplo, esse ideal pode ser entendido do conhecimento humano. Obras destacadas: A Virgem dos
como a valorização do homem (Humanismo) e da natureza, Rochedos e Monalisa.
em oposição ao divino e ao sobrenatural, conceitos que ha- Michelangelo - entre 1508 e 1512 trabalhou na pintura
viam impregnado a cultura da Idade Média.  do teto da Capela Sistina, no Vaticano. Para essa capela, con-
Características gerais: cebeu e realizou grande número de cenas do Antigo Testa-
- Racionalidade mento. Dentre tantas que expressam a genialidade do artista,
- Dignidade do Ser Humano uma particularmente representativa é a criação do homem.
- Rigor Científico Obras destacadas: Teto da Capela Sistina e a Sagrada Família
- Ideal Humanista Rafael - suas obras comunicam ao observador um sen-
- Reutilização das artes greco-romana timento de ordem e segurança, pois os elementos que com-
  Arquitetura põem seus quadros são dispostos em espaços amplo, claros
Na arquitetura renascentista, a ocupação do espaço pelo e de acordo com uma simetria equilibrada. Foi considerado
grande pintor de “Madonas”.
edifício baseia-se em relações matemáticas estabelecidas de
Obras destacadas: A Escola de Atenas e Madona da Ma-
tal forma que o observador possa compreender a lei que o
nhã.
organiza, de qualquer ponto em que se coloque.
Escultura
“Já não é o edifício que possui o homem, mas este que, Em meados do século XV, com a volta dos papas de Avi-
aprendendo a lei simples do espaço, possui o segredo do nhão para Roma, esta adquire o seu prestígio. Protetores das
edifício” (Bruno Zevi, Saber Ver a Arquitetura) artes, os papas deixam o palácio de Latrão e passam a residir
no Vaticano. Ali, grandes escultores se revelam, o maior dos
Principais características: - Ordens Arquitetônicas; quais é Michelangelo, que domina toda a escultura italiana
- Arcos de Volta-Perfeita; do século XVI. Algumas obras: Moisés, Davi (4,10m) e Pietá.
- Simplicidade na construção; Outro grande escultor desse período foi Andrea del
- A escultura e a pintura se desprendem da arquitetura e Verrochio. Trabalhou em ourivesaria e esse fato acabou in-
passam a ser autônomas; fluenciando sua escultura. Obra destacada: Davi (1,26m) em
- Construções; palácios, igrejas, vilas (casa de descanso bronze.
fora da cidade), fortalezas (funções militares). Principais Características:
O principal arquiteto renascentista: - Buscavam representar o homem tal como ele é na rea-
Brunelleschi - é um exemplo de artista completo renas- lidade;
centista, pois foi pintor, escultor e arquiteto. Além de domi- - Proporção da figura mantendo a sua relação com a rea-
nar conhecimentos de Matemática, Geometria e de ser gran- lidade;

1
HISTÓRIA

- Profundidade e perspectiva; revolta individual transformou-se num cisma geral. Na Ale-


- Estudo do corpo e do caráter humano. manha as condições favoráveis à propagação do luteranismo
O Renascimento Italiano se espalha pela Europa, trazen- se acentuaram devido à fraqueza do poder imperial, às ambi-
do novos artistas que nacionalizaram as ideias italianas. São ções dos príncipes em relação aos bens da Igreja, às tensões
eles: sociais que opunham camponeses e senhores, e o naciona-
- Durer; lismo, hostil às influências religiosas de Roma.
- Hans; O imperador do Sacro Império Romano Germânico,
- Holbein; Carlos V, tentou um acordo para tolerar o luteranismo onde
- Bosch Bruegel. já houvesse, mas pretendia impedir sua propagação. Cinco
Reforma Religiosa principados protestaram contra esta sanção, o que gerou o
No fim da Idade Média, o crescente desprestígio da Igre- termo protestantismo. Sentindo a fragmentação cristã em
ja do Ocidente, mais interessada no próprio enriquecimento seus domínios, Carlos V convocou a Dieta de Augsburg, vi-
material do que na orientação espiritual dos fiéis; a progres- sando conciliar protestantes e cristãos. Dada a impossibilida-
siva secularização da vida social, imposta pelo humanismo de de acordo, os príncipes católicos e o imperador acataram
renascentista; e a ignorância e o relaxamento moral do baixo
as condenações, na tentativa de eliminar o protestantismo
clero favoreceram o desenvolvimento do grande cisma do
luterano. Após anos de luta, em 1555, os protestantes vence-
Ocidente, registrado entre 1378 e 1417, e que teve entre suas
ram, e foi assinada a paz, que concedeu liberdade de religião
principais causas a transferência da sede papal para a cidade
francesa de Avignon e a eleição simultânea de dois e até de no Santo Império. Lutero morreu em 1546, mas permaneceu
três pontífices. como grande inspirador da Reforma.
Uma angústia coletiva dominou todas as camadas so- O movimento luterano abriu caminhos para rebeliões
ciais da época, inquietas com os abusos da Igreja, que exigia políticas e sociais, não previstas por Lutero. Em 1524 eclodiu
dos fiéis dízimos cada vez maiores e se enriqueciam progres- a Revolta dos Camponeses, composta em sua maioria por
sivamente com a venda de cargos eclesiásticos. Bispos eram membros de uma nova seita, os anabatistas. Extremamente
nomeados por razões políticas e os novos clérigos cobravam agressivos e individualistas, levaram às concepções de Lutero
altos preços pelos seus serviços (indulgências), e nem sem- sobre a livre interpretação da Bíblia e reclamavam a supres-
pre possuíam suficientes conhecimento de religião ou com- são da propriedade e a partilha das riquezas da Igreja. Embo-
preendiam os textos que recitavam. ra sustentando a ideia de liberdade cristã, Lutero submetia-se
Com as rendas que auferiam, papas e bispos levavam a autoridades legítimas, recusando-se a apoiar os revoltosos.
uma vida de magnificência, enquanto os padres mais hu- Condenou então as revoltas e incitou os nobres à repressão.
mildes, carentes de recursos, muitas vezes sustentavam suas Os camponeses foram vencidos e o protestantismo se ex-
paróquias com a instalação de tavernas, casas de jogo ou pandiu apenas para os países escandinavos (Suécia, Noruega
outros estabelecimentos lucrativos. Outros absurdos como a e Dinamarca), sendo instrumento de rebelião dos burgueses
venda de objetos tidos como relíquias sagradas – por exem- e comerciantes contra os senhores de terra, que eram nobres
plo, lascas de madeira como sendo da cruz de Jesus Cristo católicos.
– eram efetuados em profusão. Diante dessa situação alie- O Calvinismo na França
nante, pequenos grupos compostos por membros do clero Na França, o teólogo João Calvino posicionou-se com
e mesmo por leigos estudavam novas vias espirituais, prepa- as obras protestantes e as ideias evangelistas, partindo da
rando discretamente uma verdadeira reforma religiosa. necessidade de dar à Reforma um corpo doutrinário lógico,
O Luteranismo na Alemanha eliminando todas as primeiras afirmações fundamentais de
Na Alemanha, o frade agostiniano Martinho Lutero de- Lutero: a incapacidade do homem, a graça da salvação e o
senvolveu suas reflexões, criando a doutrina da justificação valor absoluto da fé. Calvino julgava Deus todo poderoso,
pela fé como único ponto de partida para aprofundar os en-
estando a razão humana corrompida, incapaz de atingir a
sinamentos que recebera. Segundo ele, “Deus não nos julga
verdade. Segundo ele, o arrependimento não levaria o ho-
pelos pecados e pelas obras, mas pela nossa fé”. Enquanto
a concessão de indulgências como prática de devoção era mem à salvação, pois este tinha natureza irremediavelmente
entendida pelos cristãos como absolvição, a justificação pela pecadora. Formulou então a Teoria da Predestinação: Deus
fé defendida por Lutero não permitia atribuir valor às obras concedia a salvação a poucos eleitos, escolhidos por toda a
de caridade, opondo-se à teoria da salvação pelos méritos. eternidade. Nenhum homem poderia dizer com certeza se
Em 1517, Lutero publicou suas 95 teses, denunciando falsas pertencia a este grupo, mas alguns fatores, entre os quais a
seguranças dadas aos fiéis. Segundo diziam essas teses, só obediência virtuosa, dar-lhe-iam esperança.
Deus poderia perdoar, e não o papa, e a única fonte de sal- Os protestantes franceses seguidores da doutrina cal-
vação da Igreja residia no Evangelho. Em torno dessa nova vinista eram chamados huguenotes, e se propagaram rapi-
posição, iniciou-se na Alemanha um conflito entre dominica- damente pelo país. O calvinismo atingiu a Europa Central e
nos e agostinianos. Oriental. Calvino considerou o cristão livre de todas as proi-
Em 1520 o papa Leão X promulgou uma bula em que bições inexistentes em sua Escritura, o que tornava lícitas as
dava 60 dias para a execução da retratação de Lutero, que práticas do capitalismo, determinando uma certa liberdade
então queimou publicamente a bula papal, sendo excomun- em relação à usura, enquanto Lutero, muito hostil ao capi-
gado. No entanto, Lutero recebera grande apoio e conquis- talismo, considerava-o obra do demônio. Segundo Calvino,
tara inúmeros adeptos da sua doutrina, como os humanistas, “Deus dispôs todas as coisas de modo a determinarem a sua
os nobres e os jovens estudantes. Consequentemente, uma própria vontade, chamando cada pessoa para sua vocação

2
HISTÓRIA

particular”. Calvino morreu em Genebra, em 1564. Porém, terrestre tornou-se inviável. Neste momento se inaugurou a
mesmo após sua morte, as igrejas reformadas mantiveram- rota marítima, ligando a Itália ao mar do Norte, via Mediter-
se em contínua expansão. râneo e oceano Atlântico.
O Anglicanismo na Inglaterra Esta rota transformou Portugal num importante entre-
Na Inglaterra, o principal fato que desencadeou a Refor- posto de abastecimento dos navios italianos que iam para
ma religiosa foi a negação do papa Clemente VII a consentir a o mar do Norte, estimulando o grupo mercantil luso a par-
anulação do casamento do rei Henrique VIII com Catarina de ticipar cada vez mais intensamente do desenvolvimento
Aragão, impedindo a consolidação da monarquia Tudor. Ma- comercial europeu. No início do século XV, Portugal partiu
nipulando o clero, Henrique VIII atingiu seu objetivo: tornou- para as grandes navegações, objetivando contornar a África
se chefe supremo da Igreja inglesa, anulou seu casamento e alcançaras Índias, para obter ali, diretamente, as lucrativas
e casou-se com Ana Bolena. A reação do papa foi imediata: especiarias orientais.
excomungou o soberano e, em consequência, o Parlamen- A expansão marítima lusa foi acompanhada, em seguida,
to rompeu com Roma, dando ao rei o direito de governar a pela espanhola e depois por vários outros. Estados europeus,
Igreja, de lutar contra as heresias e de excomungar. Conso-
integrando quase todo o mundo ao desenvolvimento co-
lidada a ruptura, Henrique VIII, através de seus conselheiros,
mercial capitalista da Europa.
organizou a Igreja na Inglaterra.
Motivos Para As Expansões
Entretanto, a reforma de Henrique VIII constituiu mais
uma alteração política do que doutrinária. As reais alterações Entre as principais razões que levaram a Europa à expan-
teológicas surgiram no reinado de seu filho, Eduardo VI, que são, destacam-se as seguintes:
introduziu algumas modificações fortemente influenciadas - visto que a rota do Mediterrâneo era monopólio das
pelo calvinismo. Foi no reinado de Elizabeth I, porém, que cidades italianas, havia a ambição de descobrir uma nova
consolidou-se a Igreja Anglicana. A supremacia do Estado rota comercial que possibilitasse às demais nações da Euro-
sobre a Igreja foi afirmada e Elizabeth I tornou-se chefe da pa estabelecer relações comerciais com o Oriente. Com isso,
Igreja Anglicana independente. A Reforma na Inglaterra re- elas também poderiam usufruir do lucrativo comércio de
presentou uma necessidade de fortalecimento do Estado, na especiarias (cravo, canela, pimenta, gengibre, noz-moscada,
medida em que o rei transformou a religião numa via de do- etc.). Uma nova rota poderia, ainda, baratear os preços de-
minação sobre seus súditos. masiadamente altos dos produtos, intensificando o comércio
A Contrarreforma europeu, já que as especiarias italianas passavam por vários
A reação oficial da Igreja contra a expansão do protes- intermediários no seu transporte do Oriente para o Ocidente;
tantismo ficou conhecida como Contrarreforma. Em 1542, - o acesso aos metais preciosos para cunhagem de moe-
o papa Paulo III introduziu a Inquisição Romana, confiando das, muito escassos na Europa e essenciais para a manuten-
aos dominicanos a função de impô-las aos Estados italianos. ção do desenvolvimento econômico obtido nos séculos an-
A nova instituição perseguiu todos aqueles que, através do teriores;
humanismo ou das teologias luterana e calvinista, contra- - o aumento do poder econômico dos mercadores (bur-
riavam a ortodoxia católica ou cometiam heresias. A Inqui- guesia) e consequente ambição por ampliar os negócios;
sição também foi aplicada em outros países, como Portugal - o aumento do poder real, fundamental para a organiza-
e Espanha. Em 1545, a Igreja Católica tomou outra medida: ção das expedições marítimas;
uma comissão de reforma convocou o Concílio de Trento, - o desenvolvimento tecnológico europeu alcança do
desenvolvido em três fases principais, entre 1545 e 1563, fi- com o progresso comercial dos séculos anteriores, como a
xou definitivamente o conteúdo da fé católica, praticamente bússola, o astrolábio, a pólvora e a melhoria das técnicas de
reafirmando suas antigas doutrinas. Confirmou-se também navegação e construção de navios, que possibilitaram o su-
o celibato clerical e sua hierarquia. Em 1559 criou-se ainda
cesso das empresas marítimas europeias.
o Índice de Livros Proibidos, composto de uma lista de livros
É importante destacar que a tomada de Constantinopla
cuja leitura era proibida aos cristãos, por comprometer a fé e
os costumes católicos. (principal entreposto comercial entre o Ocidente e o Orien-
Expansão Marítima te), pelos turco otomanos em 1453, bloqueou o acesso dos
A grande expansão marítima europeia dos séculos XV mercadores às valiosas especiarias orientais. Isto veio apenas
e XVI teve à frente Portugal e Espanha, conquistando novas acrescentar um novo elemento às dificuldades comerciais
terras e novas rotas de comércio, como o continente ameri- que já se apresentavam. Na verdade, a expansão marítima ti-
cano e o caminho para as Índias pelo sul da África. vera seu início muito antes, em 1415, quando os portugueses
Desde o Renascimento comercial da Baixa Idade Mé- tomaram a cidade de Ceuta, no norte da África.
dia até a expansão ultramarina, as cidades italianas eram os A Expansão Marítima Portuguesa
principais polos de desenvolvimento econômico europeu. Enquanto a Europa achava-se envolvida com os efeitos
Elas detinham o monopólio comercial do mar Mediterrâneo, da crise do século XIV Portugal organizava um governo cen-
abastecendo os mercados Europeus com os produtos obti- tralizado, forte e aliado da burguesia. A precoce centraliza-
dos no Oriente (especiarias), especialmente Constantinopla ção política lusitana, conjugada a outros fatores, valeu-lhe
e Alexandria. o pioneirismo no processo de expansão marítima comercial
Durante a Idade Média, as mercadorias italianas eram le- europeia.
vadas por terra para o norte da Europa, especialmente para O infante D. Henrique, filho do rei D. João, compreen-
o norte da França e Países Baixos. Contudo, no século XIV, dendo a importância de uma modernização tecnológica para
diante da Guerra dos Cem Anos e da peste negra, a rota o desenvolvimento comercial português, fundou a Escola de

3
HISTÓRIA

Sagres, na qual se realizaram importantes avanços na arte Infelizmente para Colombo, descobriu-se pouco depois
de navegar. Desfrutando de uma localização privilegiada, os que ele não havia chegado às Índias, e “apenas” tinha desco-
navegadores lusos lançaram-se ao oceano Atlântico, visando, berto um novo continente, que recebeu o nome de América,
primordialmente, romper com o monopólio comercial italia- em homenagem a Américo Vespúcio que foi o navegador
no sobre as especiarias orientais. que constatou isso. Colombo caiu em desgraça, morreu na
Em 1415, os portugueses estabeleceram seu domínio miséria e a primeira viagem em torno da terra foi realizada
sobre Ceuta, um importante entre posto comercial árabe no em 1519 por Fernão de Magalhães e Sebastião Del Cano. Ti-
norte da África. A partir de então, Portugal deu início à con- veram início no século XV. Os europeus começaram a desen-
quista progressiva de toda acosta atlântica africana. Passo a volver o comércio entre a Europa e o Oriente (na Ásia, prin-
passo, os portugueses foram contornando a África, estabele- cipalmente na região das índias). Os produtos de maior valor
cendo feitorias e fortificações milhares por toda a costa, dan- comercial na época eram: as chamadas especiarias (cravo,
do início ao périplo africano. canela, noz-moscada, gengibre). Sedas, porcelanas, tapetes,
Durante o reinado de D. João IP (1485-1495), os portu- perfumes, marfins, pedras preciosas etc.
gueses alcançaram o extremo sul africano, o cabo da Boa Es- Do Mediterrâneo Para O Atlântico
perança (1488), com a viagem de Bartolomeu Dias, definindo Desde a Antiguidade, a história do Ocidente esteve res-
a rota a ser seguida para se atingir as índias, o principal celei- trita à navegação no Mediterrâneo. No início da Idade Mo-
ro das tão desejadas especiarias. Finalmente, em1498, Vasco derna, o oceano Atlântico era totalmente desconhecido. A
da Gama desembarcou em Calicute, na índia, passando Por- navegação limitava-se à região costeira da Europa: de Portu-
tugal a deter o controle sobre o comércio das mercadorias gal aos países escandinavos- Dinamarca, Noruega e Suécia.
orientais. Dois anos depois, em 22 de abril de 1500, Pedro Devido aos altos riscos, a exploração do Atlântico não atraía
Álvares Cabral e sua esquadra chegavam ao Brasil. investimentos particulares. Em consequência, a expansão só
Dessa forma, no limiar do século XVl, a cidade de Lisboa poderia ser feita com a iniciativa do Estado, pois era o úni-
transformara-se num dos mais importantes centros econô- co agentes capaz de investir grandes recursos sem temer os
micos da Europa e o Atlântico Sul convertera-se numa região prejuízos, já que esses recursos provinham da arrecadação
de predomínio português. de impostos em escala nacional. Daí a importância da cen-
As Consequências Da Expansão Ultramarina tralização, sem a qual esse agente investidor da expansão
marítima não existiria.
A expansão marítima propiciou aos europeus o estabe-
Na realidade, a constituição do Estado nacional ou a cen-
lecimento de contatos com todas as regiões do planeta, as
tralização política foi um pré-requisito da expansão. Assim,
quais passaram a integrar-se ao modo de vida europeu. A
depois de Portugal, lançaram-se à expansão, sucessivamente,
atividade comercial, que até então se desenvolvia lentamen-
Espanha, Países Baixos, França e, finalmente, Inglaterra, à me-
te, recebeu um grande impulso com o a fluxo dos novos pro- dida que lograram a centralização.
dutos americanos, especialmente os metais preciosos. No caso de Portugal, deve-se mencionar ainda a impor-
Essa atividade passou a constituir-se no eixo da vida tância da Escola de Sagres, dirigida pelo infante D. Henrique,
econômica da Europa da idade Moderna, estabelecendo o o Navegador. O Estado financiava as pesquisas e as viagens
capitalismo comercial, em que a acumulação de capital se dá, de exploração, estabelecendo, em compensação, o monopó-
principalmente, na esfera da circulação de mercadorias. lio régio do ultramar.
A burguesia teve, então, aumentada sua riqueza e pres- A Espanha E O “Descobrimento” Da América
tigio saciar e os monarcas ampliaram seus próprios pode- Enquanto os portugueses exploravam a costa africana e
res, transformando-se em governantes absolutistas, O eixo descobriam o caminho para a Índia, os espanhóis, através de
comercial deslocou-se do mar Mediterrâneo para o oceano Cristóvão Colombo, chegavam à América (1492). A audaciosa
Atlântico, com as cidades italianas perdendo a primazia co- viagem de Colombo tinha por objetivo atingir a China através
mercial que desfrutavam desde a Baixa Idade Média. A difu- do Atlântico. Nesse sentido, a América era um obstáculo e,
são do cristianismo e das línguas ibéricas (português e espa- de imediato, não despertou interesse da Coroa Espanhola.
nhol) foi outra importante consequência do expansionismo. O mesmo aconteceu com o Brasil, em 1500, quando aqui
Conquistas Espanholas chegou a esquadra de Pedro Álvares Cabral. Com a entrada
Espanha começou a navegar mais tarde, só após con- em cena da Espanha, teve início uma disputa dos domínios
seguir expulsar os árabes de seu território. Mas em 1492, de além-mar com Portugal. O acordo foi estabelecido com
Cristóvão Colombo obteve do rei espanhol as três caravelas, o Tratado de Tordesilhas (1494), que dividiu os domínios
Santa Maria, Pinta e Nina com as quais deveria dar a volta respectivos entre os dois Estados. Por esse motivo, resolve-
ao mundo e chegar às Índias. Após um mês de angústias e ram procurar um novo caminho para as Índias, viajando pelo
apreensões chegou a terra firme, pensando ter atingido seu Oceano Atlântico, contornando o sul da África. Começou
destino. Retorna à Espanha, recebendo todas as glórias pelo nesse período a época das Grandes Navegações. Contribuí-
seu feito. Portugal apressou-se a garantir também para si as ram para o desenvolvimento das navegações:
vantagens dessa descoberta e, em 1494, assinou com a Es- - a procura de um novo caminho para as Índias.
panha o famoso Tratado das Tordesilhas, que simplesmente - as invenções: caravela, bússola, astrolábio, pólvora, pa-
dividia o mundo entre os dois pioneiros das grandes nave- pel e imprensa.
gações. Foi traçada uma linha imaginária que passava a 370 As Revoluções Inglesas
léguas de Cabo Verde. As terras a Leste desta linha seriam No decorrer dos séculos XVI e XVII, a burguesia desen-
portuguesas e as que ficavam a Oeste seriam espanholas. Foi volveu-se, graças a ampliação da produção de mercadorias e
assim que parte do Brasil ficou pertencendo há Portugal seis das práticas do mercantilismo - que auxiliaram no processo
anos antes de Portugal aqui chegar. de acumulação de capitais.

4
HISTÓRIA

No entanto, a partir de um certo desenvolvimento das Em 1651 foi decretado os Atos de Navegações, que pro-
chamadas forças produtivas, a intervenção do Estado Abso- tegiam os mercadores ingleses e provocaram o enfraqueci-
lutista nos assuntos econômicos passaram a se constituir em mento comercial da Holanda. Com este ato a Inglaterra passa
um obstáculo para o pleno desenvolvimento do capitalismo. a ter o domínio do comércio marítimo.
A burguesia passa a defender a liberdade comercial e a criti- Oliver Cromwell, sob o pretexto de punir um massacre
car o Absolutismo. que católicos irlandeses tinham realizado contra os protes-
O absolutismo inglês desenvolveu-se sob duas dinastias, tantes, invadiu a Irlanda, promovendo a morte de milhares
a dinastia Tudor e a dinastia Stuart. Durante a dinastia Tudor de irlandeses, originando um profundo conflito entre Irlanda
houve um grande desenvolvimento econômico inglês- prin- e Inglaterra, que perdura ainda hoje.
cipalmente no reinado da rainha Elizabeth I: consolidação do Após a morte do Lorde Protetor (1658), inicia-se um pe-
anglicanismo; adoção das práticas mercantilistas; início da ríodo de instabilidade política até o ano de 1660, quando o
colonização da América do Norte e o processo da política Parlamento resolveu restaurar a monarquia.
dos cercamentos, para ampliar as áreas de pastagens e a pro- A Restauração e a Revolução Gloriosa.
dução de lã. Assim, a burguesia inglesa vinha enriquecendo Carlos II (1660/1685) - filho de Carlos I, que no ano de
rapidamente, ampliando cada vez mais seus negócios e do-
1683 dissolveu o Parlamento. Em seu reinado, o Parlamento
minado a economia inglesa.
dividiu-se em dois partidos: Whig, composto pela burguesia
Além deste intenso desenvolvimento econômico a Ingla-
liberal e adeptos de um governo controlado pelo Parlamento
terra dos séculos XVI e XVII apresentava uma outra caracte-
rística: os intensos conflitos religiosos. e Tory, formado pelos conservadores e adeptos do absolu-
A religião oficial, adotada pelo Estado era o anglicanis- tismo.
mo, existiam outras correntes religiosas: os protestantes (cal- Jaime II (1685/1688) - Era católico e com a morte de Car-
vinistas, luteranos e presbiterianos), chamados de modo ge- los II assumiu o poder e procurou restaurar o absolutismo
ral, de puritanos. Havia ainda católicos no país. A monarquia monárquico, tendo oposição dos Whigs. No ano de 1688, há
inglesa - anglicana - perseguia católicos e puritanos, gerando o nascimento de um herdeiro filho de um segundo casamen-
os conflitos religiosos. to com uma católica. Temendo a sucessão de um governante
Grupos Religiosos E Posições Políticas católico, Whigs (puritanos) e Torys (anglicanos), aliaram-se
Os católicos a partir da Reforma Anglicana passam a dei- contra Jaime II, oferecendo o trono a Guilherme de Orange,
xar de ter importância na economia inglesa; protestante e casado com Maria Stuart - filha do primeiro
Os calvinistas -grupo mais numeroso -eram compostos casamento de Jaime com uma protestante.
por pequenos proprietários e pelas camadas populares. O Guilherme só foi proclamado rei quando aceitou a De-
espírito calvinista, da poupança e do trabalho refletia os inte- claração dos Direitos (Bill of Rights),que limitava os poderes
resses da burguesia inglesa. do rei e estabelecia a superioridade do Parlamento. Deter-
Os Conflitos Entre Monarquia E Parlamento minou-se também a criação de um exército permanente, a
No século XVII, o Parlamento inglês contava com um garantia da liberdade de imprensa e liberdade individual e
grande número de puritanos- que representavam os interes- proteção à propriedade privada.
ses da burguesia- e não aceitavam mais a interferência do A Revolução Gloriosa foi um complemento da Revolução
Estado Absolutista. Com a morte de Elizabeth I, o trono inglês Puritana, garantindo a supremacia da burguesia, através do
fica com os Stuarts. Foi durante esta dinastia que ocorreram controle do Parlamento. Também garantiu o fim do absolu-
as Revoluções Inglesas. tismo monárquico na Inglaterra e o surgimento do primeiro
Revolução Puritana Estado burguês, sob a forma de uma monarquia parlamentar.
A guerra civil mostrou dois lados da sociedade inglesa, O Iluminismo e o “Despotismo Esclarecido”
de um lado estava o partido dos Cavaleiros, que apoiavam o Os escritores franceses do século XVIII provocaram uma
rei: a nobreza proprietária de terras, os católicos e os anglica-
revolução intelectual na história do pensamento moderno.
nos; de outro estava os Cabeças Redondas (pois não usavam
Suas ideias caracterizavam-se pela importância dada à razão:
cabeleiras compridas como os nobres) partidários do Parla-
mento.  rejeitavam as tradições e procuravam uma explicação racio-
As forças do Parlamento, organizadas em um exército de nal para tudo. Filósofos e economistas procuravam novos
rebeldes, eram lideradas por Oliver Cromwell. Após uma in- meios para dar felicidade aos homens. Atacavam a injustiça,
tensa guerra civil (1641/1649), os Cabeças Redondas derrota- a intolerância religiosa, os privilégios. Suas opiniões abriram
ram os Cavaleiros- aprisionando e decapitando o rei, Carlos I, caminho para a Revolução Francesa, pois denunciaram erros
em 1649. Após a morte de Carlos I foi estabelecida uma repú- e vícios do Antigo Regime.
blica na Inglaterra, período denominado “Common wealth”. As novas ideias conquistaram numerosos adeptos, a
A revolução puritana marca, pela primeira vez, a execu- quem pareciam trazer luz e conhecimento. Por isto, os filóso-
ção de um monarca por ordem do Parlamento, colocando fos que as divulgaram foram chamados iluministas; sua ma-
em xeque o princípio político da origem divina do poder do neira de pensar, Iluminismo; e o movimento, Ilustração.
rei- influenciando os filósofos do século XVIII (Iluminismo). Os Novos Déspotas
República Puritana (1649/1658) Muitos príncipes puseram em prática as novas ideias.
Período marcado por intolerância e rigidez de Oliver Sem abandonar o poder absoluto, procuraram governar con-
Cromwell. Este dissolveu o Parlamento em 1653 e iniciou forme a razão e os interesses do povo. Esta aliança de prin-
uma ditadura pessoal, assumindo o título de Lorde Protetor cípios filosóficos e poder monárquico deu origem ao regime
da República. de governo típico do século XVIII, o despotismo esclarecido.

5
HISTÓRIA

Seus representantes mais destacados foram Frederico II da Protecionismo Alfandegário: os reis criavam impostos
Prússia; Catarina II da Rússia; José II da Áustria; Pombal, mi- e taxas para evitar ao máximo a entrada de produtos vindos
nistro português; e Aranda, ministro da Espanha. do exterior. Era uma forma de estimular a indústria nacional e
Frederico II (1740-1786), discípulo de Voltaire e indife- também evitar a saída de moedas para outros países.
rente à religião, deu liberdade de culto ao povo prussiano. Pacto Colonial: as colônias europeias deveriam fazer
Tornou obrigatório o ensino básico e atraiu os jesuítas, por comércio apenas com suas metrópoles. Era uma garantia
suas qualidades de educadores, embora quase todos os de vender caro e comprar barato, obtendo ainda produtos
países estivessem expulsando-os, por suas ligações com o não encontrados na Europa. Dentro deste contexto histórico
papado. A tortura foi abolida e organizado novo código de ocorreu o ciclo econômico do açúcar no Brasil Colonial.
justiça. O rei exigia obediência mas dava total liberdade de Balança Comercial Favorável: o esforço era para ex-
expressão. Estimulou a economia, adotando medidas prote- portar mais do que importar, desta forma entraria mais moe-
cionistas, apesar de contrárias às ideias iluministas. Preservou das do que sairia, deixando o país em boa situação financeira.
a ordem: a Prússia permaneceu um Estado feudal, com ser- Além de suas medidas características, o Mercantilis-
vos sujeitos à classe dominante, dos proprietários. mo também é muito identificado pela forte intervenção do
O Estado que mais fez propaganda e menos praticou as Estado na economia, como já dito. Os Estados ricos e com
novas ideias foi a Rússia. Catarina II (1762-1796) atraiu filó- economias mais solidificadas impunham rígidas normas para
sofos, manteve correspondência com eles, muito prometeu e defender seus interesses. O consumo interno era controlado
pouco fez. A czarina deu liberdade religiosa ao povo e edu- por práticas protecionistas que também se empenhavam em
cou as altas classes sociais, que se afrancesaram. A situação desenvolver indústrias locais. Enquanto isso, a colonização
dos servos se agravou. Os proprietários chegaram a ter direi- se encarregava de explorar novos territórios para garantir o
to de condená-los à morte. acesso a matérias-primas e um canal para o escoamento dos
José II (1780-1790) foi o déspota esclarecido típico. Abo- produtos gerados nas metrópoles. O Mercantilismo só seria
liu a servidão na Áustria, deu igualdade a todos perante a lei contestado a partir da segunda metade do século XVIII e a
e os impostos, uniformizou a administração do Império, deu principal ideologia econômica que o substituiria seria o Li-
liberdade de culto e direito de emprego aos não católicos. beralismo.
O Marquês de Pombal, ministro de Dom José I de Portu-
Crise No Sistema Colonial
gal, fez importantes reformas. A indústria cresceu, o comércio
A partir do século XVIII, a América Colonial passa a co-
passou ao controle de companhias que detinham o mono-
nhecer movimentos que reivindicam a separação política em
pólio nas colônias, a agricultura foi estimulada; nobreza e cle-
relação à metrópole. Vários foram os fatores que conduziram
ro foram perseguidos para fortalecer o poder real.
a esta situação, entre eles houve o chamado desenvolvimen-
Aranda também fez reformas na Espanha: liberou o co-
to interno da colônia. Vamos iniciar o estudo da crise do sis-
mércio, estimulou a indústria de luxo e de tecidos, dinamizou
tema colonial observando este aspecto.
a administração com a criação dos intendentes, que fortale-
ceram o poder do Rei Carlos III. O desenvolvimento interno do Brasil colônia pode ser
A política econômica mercantilista constatado pela expansão territorial e pelo desenvolvimen-
O Mercantilismo é a prática econômica típica da Idade to do sentimento nativista, que passou a expressar a repulsa
Moderna e é marcado, sobretudo, pela intervenção do Esta- dos colonos com o absolutismo metropolitano.
do na economia. Durante aproximadamente três séculos foi A Expansão Territorial
a prática econômica principal adotada pelos países europeus, Durante o século XVI, a colonização portuguesa no Brasil
o que só seria quebrado com o questionamento sobre a in- limitava-se ao litoral brasileiro, região onde se concentrava
terferência do Estado na economia e o consequente advento os engenhos para a produção do açúcar, e onde se realizava
das ideias liberais. Em resumo, o Mercantilismo era o conjun- a extração do pau-brasil.
to de ideias econômicas que considerava a riqueza do Estado No século XVII tem início o processo de expansão terri-
baseada na quantidade de capital que teriam guardado em torial, ou seja, a interiorização da colonização. Contribuíram
seus cofres. para este processo a pecuária, o bandeirantismo, a União
Podemos citar como principais características do sis- Ibérica, as missões jesuíticas e a mineração.
tema econômico mercantilista: Os Bandeirantes
Metalismo: o ouro e a prata eram metais que deixavam Fenômeno vinculado a região de São Vicente, onde, dife-
uma nação muito rica e poderosa, portanto os governantes rentemente das áreas coloniais nordestina, praticava-se uma
faziam de tudo para acumular estes metais. Além do comér- economia de subsistência. São Vicente era uma área de mui-
cio externo, que trazia moedas para a economia interna do ta miséria e pobreza.
país, a exploração de territórios conquistados era incentivada A expansão dos bandeirantes foi motivada pela necessi-
neste período. Foi dentro deste contexto histórico, que a Es- dade de procurar riquezas no interior, tais como metais pre-
panha explorou toneladas de ouro das sociedades indígenas ciosos e mão de obra indígena.
da América como, por exemplo, os maias, incas e astecas. A partir de São Vicente, os colonos iniciam a ocupação
Industrialização: o governo estimulava o desenvolvi- do interior do planalto paulista, sendo esta ocupação mar-
mento de indústrias em seus territórios. Como o produto cada pela predominância de atividades econômicas de sub-
industrializado era mais caro do que matérias-primas ou gê- sistência.
neros agrícolas, exportar manufaturados era certeza de bons A expansão patrocinada pelos bandeirantes pode ser
lucros. observada nos chamados “ciclos”.

6
HISTÓRIA

O Ciclo De Apresamento Indígena Foi, contudo no Maranhão, que os franceses procuraram


Em virtude da pobreza na região e dado o alto preço do fundar uma colônia - a chamada França Equinocial. Em 1612
escravo africano, foram organizadas expedições para obten- foi enviada uma expedição, chefiada por Daniel de La Touche,
ção de mão de obra escrava indígena, visando atender as ne- que fundou o forte de São Luís. As autoridades portuguesas
cessidades da pequena lavoura paulista e também vendê-la organizaram expedições militares para a expulsão dos fran-
para regiões próximas. ceses, comandadas por Jerônimo de Albuquerque e Alexan-
Com a ocupação dos holandeses no nordeste brasileiro, dre Moura.
a prática de apresamento indígena aumenta. Isto em virtude A Presença Holandesa
da ocupação da região fornecedora de negros -Angola -pe-
Portugal e Holanda serem foram bons parceiros comer-
los mesmos holandeses. A dificuldade de se conseguir mão
de obra africana, leva os grandes proprietários da Bahia a ciais, desde a Baixa Idade Média. Os holandeses tiveram um
optar pela mão de obra escrava indígena. enorme papel na montagem do engenho colonial no Brasil,
Após o fim do domínio espanhol, o tráfico negreiro com realizavam o financiamento e participavam do transporte, do
a África é normalizado e a atividade de apresamento entra refino e da distribuição do açúcar brasileiro na Europa.
em decadência. Com a União Ibérica, estas relações sofreram profundas
Ao longo deste ciclo, houve um intenso choque do ban- alterações.
deirantes com os jesuítas, que tinham por missão a catequi- Em 1568, os holandeses ( também conhecidos por fla-
zação indígena. Os bandeirantes tinham por alvos preferen- mengos), iniciaram uma guerra contra a intervenção da Es-
ciais as missões jesuíticas. O bandeirante Manuel Preto foi o panha. Em 1581 surge as Províncias Unidas dos Países Baixos.
responsável pela destruição das missões jesuíticas de Guairá, Por conta disto, Filipe II proíbe que as colônias ibéricas
onde 60.000 indígenas foram aprisionados. mantivessem comércio com os flamengos. Em virtude dos
O Ciclo Do Ouro enormes lucros holandeses na economia açucareira, no ano
As expedições destinadas à procura de metais preciosos
de 1621 foi fundada a Companhia das Índias Ocidentais, com
tinham apoio da metrópole, principalmente após o declínio
da atividade açucareira nordestina. A expansão bandeirante o objetivo de ocupar as regiões produtoras de açúcar no Brasil.
desta etapa resultou na descoberta de ouro na região de Mi- A primeira tentativa de ocupação deu-se no ano de 1624,
nas Gerais, Mato Grosso e Goiás. na Bahia- um grande centro produtor de açúcar - Em 1625
Antônio Rodrigues de Arzão, em 1693, encontrou ouro os holandeses eram derrotados e expulsos da Bahia, episódio
em Cataguases ( Minas Gerais ), Antônio Dias de Oliveira, em conhecido como Jornada dos Vassalos.
1698 descobriu ouro em Vila Rica e em 1700, Borba Gato No entanto, no ano de 1630 ocorreu uma Segunda inva-
encontrou ouro em Sabará. Pascoal Moreira Cabral descobriu são, desta vez em Pernambuco, e os holandeses não encon-
ouro em Cuiabá, no ano de 1719 e Bartolomeu Bueno Filho traram resistência.
achou em Goiás, em 1722. O governador de Pernambuco, Matias de Albuquerque
O Ciclo Do Sertanismo De Contra organizou uma resistência, destacando-se o Arraial do Bom
Bandeirantes eram contratados para recapturar negros Jesus. Esse movimento, baseado na tática de guerrilha, foi
foragidos e que viviam em Quilombos. Destaque para a ex- desfeito, graças a ajuda de Domingos Fernandes Calabar,
pedição do bandeirante Domingos Jorge Velho, que destruiu
que denunciou aos holandeses a localização do principal nú-
o Quilombo de Palmares.
As bandeiras contribuíram, de forma significativa, para a cleo de resistência.
ocupação e povoamento do interior do Brasil. Porém, foram Os holandeses ficam no Brasil até o ano de 1654, e rea-
responsáveis pela dizimação de muitos grupos indígenas lizaram uma extensão territorial, conquistando o Rio Grande
A União Ibérica (1580/1640) do Norte, Paraíba, Sergipe e parte do Ceará- foi o chamado
A União Ibérica favoreceu o processo de expansão terri- Brasil holandês.
torial em virtude do fim do Tratado de Tordesilhas e pela ne- Este Brasil holandês será governado por Maurício de
cessidade de expulsão de estrangeiros que invadiram o Brasil Nassau, que permanece no cargo entre 1637 e 1644. Nes-
durante este período. A Espanha sustentava longas guerras te período foi normalizada a produção açucareira- mediante
contra a Inglaterra, a França e a Holanda. uma política de concessão de empréstimos. Visando suprir a
A Presença Inglesa região com mão de obra, foram conquistadas praças forne-
A Inglaterra não reconhecia o Tratado de Tordesilhas, cedoras de escravos, tais como Angola e São Tomé.
ocorrendo longas batalhas contra a Espanha, às quais resul- Nassau destacou-se por urbanizar a cidade de Recife,
taram na destruição da Invencível armada espanhola. Com o
pela construção de um observatório astronômico, teatros e
domínio espanhol sobre Portugal e as proibições, por parte
dos reis espanhóis, a qualquer comércio que não fosse ibé- palácios. Sob seu governo foram realizados estudos sobre
rico, os ingleses iniciaram uma série de ataques ao Brasil. O a fauna e flora tropicais, destacando-se os nomes de Frans
porto de Santos foi saqueado duas vezes, como também Sal- Post, Albert Eckhout e William Piso, que escreveu um tratado
vador e Recife. sobre medicina brasileira.
Os holandeses permitiram a liberdade de culto, para evi-
A Presença Francesa tar conflito com os portugueses e os colonos brasileiros.
Os franceses já haviam tentado uma ocupação no Brasil, Em 1640, inicia-se em Portugal um movimento contra o
1555 e a fundação da França Antártica, no Rio de Janeiro. domínio espanhol, a chamada Restauração. Os portugueses
Porém, a presença de franceses era uma constante, desde recebem apoio dos holandeses, sendo por isto assinado um
o período pré-colonial. Estes procuravam se fixar no litoral acordo, a Trégua dos Dez Anos (1641). Desta forma, os holan-
brasileiro, como Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. deses continuavam seu domínio sobre o Brasil.

7
HISTÓRIA

As despesas com as guerras, levaram a Companhia das A Revolta De Beckman (1684)


Índias Ocidentais a adotar uma política financeira mais rigo- Ocorrida no Maranhão e liderada pelos irmãos comer-
rosa em relação ao Brasil holandês, iniciando a cobranças dos ciantes, Manuel e Tomás Beckman, contra a Companhia de
empréstimos feitos ao senhores. Maurício de Nassau, não Comércio do Maranhão, que exercia o monopólio do comér-
concordando com a nova política foi demitido em 1644, e cio e do tráfico negreiro. A Companhia não cumpria seus ob-
as relações entre os holandeses e a população ficaram ten- jetivos, levando os colonos a suprirem a falta de mão de obra
sas, iniciando o movimento pela expulsão dos holandeses, escravizando os índios. Isto gerou um novo conflito, desta
conhecido como Insurreição Pernambucana (1645/1654). vez com a Companhia de Jesus.
A expulsão dos holandeses do Brasil vai acarretar uma A Guerra Dos Emboabas ( 1708/1709)
séria crise na economia colonial. Os holandeses irão implan- Ocorrida em Minas Gerais, resultado das rivalidades en-
tar a empresa açucareira em suas colônias das Antilhas. A tre os colonos paulistas e os “emboabas” -forasteiros que,
concorrência faz com que o Brasil perca a supremacia na pro- sob proteção da metrópole, exerciam o monopólio de diver-
dução do açúcar. sas atividades comerciais.
A Guerra Dos Mascates (1710)
As Missões Jesuíticas
Desde a expulsão dos holandeses de Pernambuco, a aris-
Os jesuítas estavam no Brasil para, entre outras coisas,
tocracia rural de Olinda estava em decadência econômica.
catequizar os indígenas. Isto dava nas chamadas missões,
No entanto, Olinda continuava a controlar a capitania de Per-
que eram aldeamentos indígenas. Tais missões localizavam- nambuco através de sua Câmara Municipal.
se, em sua grande maioria, no interior da colônia. Enquanto Olinda passava por uma crise econômica, o
A Mineração povoado de Recife -submetido à autoridade da Câmara de
Foi uma atividade econômica que intensificou ocupação Olinda -estava prosperando, graças ao crescimento da ati-
do interior do Brasil, lembre-se que o ouro foi encontrado em vidade comercial. O comércio era exercido por portugueses,
Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. conhecidos por mascates. Estes emprestavam dinheiro a ju-
Além destes fatores, acima mencionados, podemos citar ros aos proprietários de terras de Olinda.
a economia das drogas do sertão, como cacau, baunilha, pi- Em 1703 o povoado de Recife conquista o direito de vila,
menta, guaraná, cravo, castanha, ervas medicinais e aromá- tendo sua autonomia política em relação a Olinda. Não acei-
ticas - responsáveis pela ocupação da Amazônia. Destaque tando a nova situação os proprietários de terras atacaram Re-
para os jesuítas, que fundaram uma série de missões na re- cife e destruíram o pelourinho- símbolo da autonomia.
gião e irão explorar a mão de obra indígena para a extração Os conflitos estenderam-se até 1711 quando a região
dos produtos. foi pacificada e Recife passou a ser a sede administrativa de
Assim, a pecuária, os bandeirantes, o período da União Pernambuco.
Ibérica, a ação das missões religiosas e a mineração; patroci- A Revolta De Vila Rica (1720)
nam a expansão territorial da colonização.  Também conhecida como Revolta de Filipe dos Santos,
Há um dinamismo econômico maior, há a formação de ocorreu em Minas Gerais contra o excessivo fiscalismo portu-
núcleos populacionais e o desenvolvimento de classes sociais guês, marcado pelos aumentos dos impostos e pela criação
intermediárias. Estes elementos, somados à opressão metro- das Casas de Fundição.
politana, contribuíram para o desenvolvimento do nativismo As rebeliões nativistas, como se viu, não defendiam a
rebeldia contra o absolutismo lusitano, gerando as chamadas emancipação política do Brasil em relação a Portugal. No
Rebeliões Nativistas. entanto, ao longo do século XVIII, motivados pelo desenvol-
Rebeliões Nativistas vimento interno da colônia e por fatores externos, a colônia
As Rebeliões (Revoltas) Nativistas será palco dos chamados movimentos emancipacionistas,
que tinham como principal meta a busca da independência.
Movimentos caracterizados por rebeldias contra o au-
Os Movimentos Emancipacionistas
mento do fiscalismo português após a Restauração (1640).
Foram influenciados pelo desenvolvimento interno da
Para sair da crise financeira imposta pelo domínio espanhol,
colônia e por fatores externos, tais como o Iluminismo, com
Portugal enrijece o pacto colonial, com a criação do Conselho seu ideal de liberdade, igualdade e fraternidade; a Indepen-
Ultramarino. É contra esta nova política que os colonos se dência dos EUA, que servirá de inspiração a toda América
posicionam. colonial; a Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra, e a
Os movimentos nativistas foram de caráter local e não necessidade de ampliar mercados consumidores e fornece-
reivindicavam a independência da colônia. Refletem o confli- dores, surgindo o interesse de acabar com os monopólios; a
to entre os interesses da metrópole - o chamado centralismo Revolução Francesa, que pôs fim ao Antigo Regime e a cha-
- e os interesses dos colonos - o chamado localismo. mada Era Napoleônica, período de consolidação dos ideais
A Insurreição Pernambucana é tida como a responsável burgueses.
pelo despertar do sentimento nativista, visto que, ao longo Inconfidência Mineira (1789)
de sua ocorrência registraram-se divergências entre os colo- Movimento que ocorreu em Minas Gerais e teve forte
nos e os interesses da Metrópole. influência do Iluminismo e da independência dos Estados
Aclamação De Amador Bueno (1641) Unidos da América.
Movimento onde Amador Bueno da Ribeira foi aclama- Este movimento separatista está relacionado aos pesa-
do rei de São Paulo. Este fato está relacionado como uma dos impostos cobrados por Portugal, especialmente a decre-
ameaça aos interesses espanhóis na região. tação da derrama.

8
HISTÓRIA

Os conjuras, em sua maioria, pertenciam a alta sociedade Independência da América


mineira. Entre os mais ativos encontram-se Cláudio Manuel As Independências na América ocorreram de maneiras
da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Inácio José Alvarenga, diferenciadas. A influência dos países colonizadores acres-
José de Oliveira Rolim e o alferes Joaquim José da Silva Xa- centou características específicas às colônias da Espanha, de
vier. Portugal e da Inglaterra.
Entre os objetivos estabelecidos pelos conjuras estavam O movimento de independência começou na América
a criação de um regime republicano, tendo a Constituição no século XVIII. Nesta ocasião, as Treze Colônias, que eram
dos Estados Unidos como modelo, o apoio a industrialização de propriedade da Inglaterra, se manifestaram contra as co-
e a adoção de uma nova bandeira, tendo ao centro um triân- branças cada vez mais intensas feitas por sua metrópole. A
gulo com os dizeres: Libertas quae sera tamen, quem em la- coroa inglesa implementou uma série de impostos que exigia
tim, significa “Liberdade ainda que tardia”. Quanto à questão muito dos colonos. Revoltados, estes organizaram manifes-
da escravidão nada ficou definido. tações e assumiram posturas radicais, tendo como resultado
O movimento ficou apenas nos planos das ideias, pois
uma guerra entre colônia e metrópole. A primeira recebeu o
ele não aconteceu. Alguns de seus participantes denuncia-
apoio da França, histórica rival da Inglaterra, e acabou con-
ram o movimento, em troca do perdão de suas dívidas.
quistando sua independência na década de 1770.
O governador - visconde de Barbacena - suspendeu a
derrama e iniciou a prisão dos conspiradores, que aguarda- Mais tarde, na última década do mesmo século, aconte-
ram o julgamento na prisão. Apenas Tiradentes assumiu in- ceu um caso emblemático e raro de independência no conti-
tegralmente a responsabilidade pela conspiração, sendo por nente Americano. O Haiti vivenciou uma revolta dos escravos
isto, condenado à morte no ano de 1792, sendo enforcado contra as classes dominantes. A Revolução Haitiana, que co-
no dia 21 de abril, na cidade do Rio de Janeiro. meçou em 1789, uniu os negros que viviam no local exercen-
Outros conspiradores foram condenados ao desterro e do trabalho compulsório em combate contra a escravidão
Cláudio Manuel da Costa enforcou-se na prisão. Acredita-se e os abusos dos soberanos. O evento acabou se tornando
que tenha sido assassinado pelos carcereiros. a única independência na América movida por escravos. A
Conjuração Carioca (1794) consequência foi o descontentamento das metrópoles em
Inspirada pela Revolução Francesa, os conjuras fundaram relação ao Haiti, passando a boicotar o novo país ou tratá-lo
a Sociedade Libertária para divulgação dos ideais de liberda- de maneira diferenciada. Até hoje é possível notar os efeitos
de. O movimento não ultrapassou de poucas reuniões inte- que o descaso de outros países deixaram e deixam em um
lectuais, que contavam com a presença de Manuel Inácio da país que uniu escravos para acabar com tal forma de explo-
Silva Alvarenga e Vicente Gomes. ração no trabalho.
Foram denunciados e acusados de criticarem a religião e Já as colônias espanholas na América receberam a in-
o governo metropolitano. fluência de uma série de fatores em seus processos de in-
A Inconfidência Baiana (1798) dependência. A Espanha era detentora do maior território
No século XVIII, em virtude da decadência da econo- colonial no continente americano, suas posses iam do atual
mia açucareira e da transferência da capital da colônia para México até o extremo sul do continente. Nestas terras se for-
o Rio de Janeiro, em 1763, a Bahia passava por uma grave tificou uma elite local conhecida como criollos, que eram os
crise econômica, atingindo toda a população baiana, espe- filhos dos espanhóis nascidos no Novo Mundo. Os criollos
cialmente as camadas inferiores, constituída por ex-escravos, desenvolveram suas atividades e seus interesses na América,
pequenos artesãos e mestiços. Contra esta situação haviam contestando, várias vezes, atitudes metropolitanas. Interna-
manifestações, através de ruaças e motins. mente, o fortalecimento dos criollos e a insatisfação com as
No ano de 1797 é fundada, em Salvador, a primeira loja
exigências da metrópole influenciaram nos movimentos de
maçônica do Brasil - Loja dos Cavaleiros da Luz -, que se
emancipação. Os criollos manifestaram-se em favor de maior
propunha a divulgar os “abomináveis princípios franceses”;
participavam das reuniões os nomes de Cipriano Barata e liberdade política e econômica. Já no cenário internacional,
Francisco Muniz Barreto. Os intelectuais contaram com gran- o exemplo da independência dos Estados Unidos, que po-
de apoio de elementos provenientes das camadas populares, voava o imaginário dos separatistas, e a situação política na
destacando as figuras de João de Deus do Nascimento, Lucas metrópole, que passava por momentos de grande instabili-
Dantas e Luís Gonzaga das Virgens. dade, davam suas contribuições para o processo. O resultado
A partir de 1798, circulam panfletos dirigidos à popula- foi uma série de independências no território americano que
ção, conclamando a todos a uma revolução e a proclamação antes pertencia à Espanha, fragmentando toda a imensa co-
da República Baiense. Os panfletos defendiam a igualdade lônia em vários países durante o século XIX.
social, a liberdade de comércio, o trabalho livre, extinção de Já o Brasil, colônia de Portugal, não passou por uma
todos os privilégios sociais e preconceito de cor. guerra contra à metrópole, caso dos Estados Unidos, ou por
Este movimento apresenta um forte caráter social popu- uma grande fragmentação do território, como aconteceu
lar, sendo por isto também conhecido como a “Conjuração com a América Espanhola. No início do século XIX, em 1808,
dos alfaiates”. o rei português Dom João VI transferiu toda sua corte para o
O Estado português no Brasil. Brasil em meio a fuga dos exércitos de Napoleão Bonaparte
No ano de 1808, a família real portuguesa chega ao Bra- que conquistavam os territórios na Europa. A mudança da
sil, inaugurando uma nova era política administrativa na co- corte alterou toda a lógica do Império Português no mundo,
lônia e abrindo caminho para a ruptura definitiva dos laços que passou a ter o Brasil como centro. No final da década
entre metrópole e colônia. de 1810 apenas que o rei Dom João VI resolveu retornar à

9
HISTÓRIA

Portugal como tentativa de controlar as manifestações dos Quando a França, respondendo a uma provocação de
burgueses de tal localidade que se viam prejudicados em Bismarck, declarou guerra à Prússia, todos os alemães se uni-
função do distanciamento da coroa. Porém no Brasil ficou ram para enfrentá-la.
o príncipe regente Dom Pedro I, o qual foi convencido pela A Guerra Franco Prussiana teve início em 1868 e esten-
nova elite local a tornar o Brasil independente e ainda ser o deu-se por dois anos.
primeiro imperador do mesmo. Dom Pedro I interessou-se Depois e vencerem os franceses na Batalha de Sedam, em
pela proposta e declarou a independência brasileira em 1822. 1º de setembro de 1870, e de aprisionarem Napoleão III, os
No Brasil não houve guerra contra Portugal, mas sim guerras alemães atravessaram Paris e chegaram a Versalhes, onde, em
internas para afirmar toda a extensão do território perten- 18 de janeiro de 1871, na Sala dos Espelhos do palácio, Gui-
cente ao novo imperador. lherme I foi coroado imperador do II Reich (império) alemão.
Bismarck, O “Chanceler De Ferro” Meses depois, franceses e alemães assinaram o Tratado
Corria o ano de 1862 quando Guilherme I, rei da Prússia, de Frankfurt, um acordo de paz através do qual a França fi-
confiou o cargo de primeiro-ministro ao astuto, habilidoso e cava obrigava a pagar para a Alemanha uma vultosa indeni-
determinado Otto Von Bismarck. zação (5 bilhões de francos ouro) e a entregar-lhe a Alsácia
Bismarck era um Junker (membro da aristocracia prus- Lorena, região riquíssima em minério de ferro.
siana), imbuído de fortes sentimentos nacionalistas e monar- Unificada, dona de um território rico em carvão e ferro,
quistas convicto. Em política, era favorável à solução de força. com um governo amplamente favorável à industrialização, a
Dizia ele: “Os grandes problemas de hoje não se decidem Alemanha progrediu de modo espetacular a partir de 1871.
com discursos, nem tampouco com o voto das maiorias (...) Duas décadas depois, já tinha se tornado a primeira potência
Decidem-se com sangue e ferro”. industrial da Europa.
Como primeiro-ministro, Bismarck incentivou e moderni-
zou o exército prussiano e propôs a liderar a unificação alemã.
Conduzida por Bismarck, a unificação alemã concreti- 2. MUNDO CONTEMPORÂNEO.
zou-se por meio de três guerras: contra a Dinamarca (1864) 2.1. A Revolução Francesa; o período
contra a Áustria (1866) e contra a França (1868-1870). napoleônico; os movimentos de independência
Com o objetivo de conquistar os ducados dinamarque-
das Colônias Latino-Americanas; o ideal
ses de Schleswig e Holstein, cuja população era predominan-
europeu de unificação nacional.
temente alemã, a Prússia aliada à Áustria, atacou e, meses
depois, venceu a pequena Dinamarca. 2.2. A Revolução Industrial; a expansão e
Em consequência dessa guerra, os vencedores dividiram o universo capitalista; o apogeu da
os territórios conquistados: a Prússia ficou com o Schleswig e hegemonia europeia.
a Áustria com o Holstein. 2.3. A corrida imperialista; a Primeira Guerra
Tempos depois, Bismarck usou como desculpa o fato Mundial; a Revolução Russa de 1917 e a
de que a administração austríaca no ducado de Holstein era formação da URSS.
ineficiente e ocupou-o militarmente, com o objetivo de pro- 2.4. O período Entre-Guerras; as democracias
vocar a Áustria. liberais e os regimes totalitários.
O resultado dessa provocação foi a explosão da Guerra 2.5. A Segunda Guerra Mundial; a
Austro-Prussiana, na qual a Prússia, ajudada pela Itália e pe-
descolonização afro asiática; a Guerra Fria; a
los Estados alemães do norte, venceu a Áustria em apenas
estrutura de espoliação da América Latina.
sete semanas. Curvando-se ao poderio prussiano, a Áustria
foi obrigada a aceitar a dissolução da Confederação Germâ- 2.6. A fase do Pós-Guerra; os oprimidos
nica e assinar o Tratado de Praga, pelo qual ficava estabele- do Terceiro Mundo; as grandes linhas do
cido que: desenvolvimento científico e tecnológico do
- os Estados alemães do Norte, sob a liderança da Prús- século XX.
sia, passavam a formar a Confederação Germânica dos Esta- 2.7. O petróleo, o Oriente Médio e as lutas
dos do Norte; religiosas.
- a Áustria reconhecia o direito da Prússia sobre os duca-
dos de Schleswig e Holstein e entregava Veneza à Itália.
Os Estados do Sul, por sua vez, recusava-se a aceitar a
liderança prussiana e mantiveram-se neutros. De sua parte, Revolução Francesa
Bismarck preferiu contornar a situação e evitou entrar em
conflito com os alemães do Sul. Como a Revolução Francesa não teve apenas por objeti-
O “Chanceler de Ferro” entendia que, para completar a vo mudar um governo antigo, mas abolir a forma antiga da
unificação alemã, o ideal era “fabricar” uma guerra contra um sociedade, ela teve de ver-se a braços a um só tempo com
inimigo externo, pois isso uniria todos os alemães em torno todos os poderes estabelecidos, arruinar todas as influências
do ideal nacionalista. reconhecidas, apagar as tradições, renovar costumes e os
Essa guerra, na opinião dele, deveria ser contra a França, usos e, de alguma maneira, esvaziar o espírito humano de
país que vinha dando inúmeras provas de que não desejava todas as ideias sobre as quais se tinham fundado até então o
a união da Alemanha. respeito e a obediência.

10
HISTÓRIA

As instituições feudais do Antigo Regime iam sendo su- A sociedade


peradas à medida que a burguesia, a partir do século XVIII, A sociedade francesa, na época, estava dividida em três
consolidava cada vez mais seu poder econômico. partes, conhecidas como Estados: 
A sociedade francesa exigia que o país se modernizasse, - Primeiro Estado - era o clero francês e estava dividido
mas o entrave do absolutismo apagava essa expectativa. em alto e baixo. O alto clero era composto por elementos
O descontentamento era geral, todos achavam que essa vindos das ricas famílias da nobreza, possuindo toda a sorte
situação não podia continuar. Entretanto, um movimento ini- de privilégios, inclusive o de não pagar impostos. O baixo
ciado há alguns anos, por um grupo de intelectuais franceses, clero era o pobre, estando ligado ao povo em geral e não à
parecia ter a resposta. Esse movimento criticava e questiona- nobreza, como o primeiro.
va o regime absolutista. Eram os iluministas, que achavam - Segundo Estado - era a nobreza em geral. Os privilégios
que a única maneira possível de a França se adiantar em re- eram incontáveis, sendo que o mais importante era a isenção
lação à Inglaterra era passar o poder político para as mãos de impostos. Ha que se salientar aqui que a nobreza também
da nova classe, isto é, a burguesia (comerciantes, industriais,
estava dividida: a nobreza cortesã, que vivia no palácio, e ou-
banqueiros). Era preciso destituir a nobreza que, representa-
tros setores da nobreza, que viviam na corte, recebendo pen-
da pelo Rei , se mantinha no poder.
A monarquia absoluta que, antes, tantos benefícios havia sões do Rei, onerando os seus castelos, no campo, as custas
trazido para o desenvolvimento do comércio e da burguesia do trabalho de seus servos. À medida que a crise aumentava,
francesa, agora era um empecilho. As leis mercantilistas im- essa nobreza que viviam no campo aumentava a pressão so-
pediam que se vendessem mercadorias livremente. Os grê- bre seus servo, favorecendo o clima de insatisfação.
mios de ofício impediam que se desenvolvessem processos - Terceiro Estado - era constituído de todos aqueles que
mais rápidos de fabricação de mercadorias. Enfim, a monar- não pertenciam nem ao Primeiro nem ao Segundo Estado.
quia absoluta era um obstáculo, impedindo a modernização Afinal, o que era o Terceiro Estado?
da França. Esse obstáculo precisava ser removido. E o foi pela Era o setor da sociedade francesa composto pela maioria
revolução. esmagadora da população, sobre cujos ombros recaia todo
A Revolução Francesa significou o fim da monarquia ab- o peso de sustentação do reino francês. Esse setor era com-
soluta na França. O fim do antigo regime significou, princi- posto, na sua maioria, pelos camponeses que, com um árduo
palmente, a subida da burguesia ao poder político e também trabalho, forneciam os alimentos para toda a França, além de
a preparação para a consolidação do capitalismo. Mas a Re- terem de pagar pesadíssimos impostos.
volução Francesa não ficou restrita à França. suas ideias espa- Finalmente, os membros mais destacados do Terceiro Es-
lharam-se pela Europa, atravessaram o oceano e vieram para tado, quanto a liderança: a burguesia. Esta se dividia em pe-
a América latina, contribuindo para a elaboração de nossa quenos burgueses (pequenos comerciantes, artesãos), uma
independência política. Por esse seu caráter ecumênico é camada média (composta de lojistas, profissionais liberais) e
que se convencionou ser a Revolução Francesa o marco da a alta burguesia (grandes banqueiros, comércio exterior). 
passagem para a Idade Contemporânea.  O Terceiro Estado será aquele que, pelo peso das res-
A situação da França antes da revolução  ponsabilidades, se levantará contra a opressão do Estado Ab-
A economia solutista. Os camponeses terão papel importante, os pobres
A situação econômica da França era crítica. A maioria da das cidades também, mas a liderança e os frutos dessa revo-
renda vinha da agricultura, onde as técnicas eram atrasadas lução caberão a uma fração do Terceiro Estado: a burguesia.
em relação ao consumo do país. Dos 26 milhões de habi- A política na França pré-revolucionária mostrava os si-
tantes, 20 milhões viviam no campo em condições de vida
nais da decadência acumulada dos outros Reis absolutos,
extremamente precárias. Uma parte dos camponeses estava
principalmente um déficit crônico no reinado Luís XVI, que
ainda sob o regime de servidão.
Um comerciante, para transportar suas mercadorias de subiu ao trono em 1774.
um lado para outro do país, teria que passar pelas barreiras As críticas ao regime aumentavam dia a dia. Os intelec-
alfandegárias das propriedades feudais, pagando altíssimos tuais, baseando-se nas teoria dos iluministas, não poupavam
impostos, o que impedia os comerciantes de venderem livre- seus escritos para criticar desesperadamente o regime.
mente suas mercadorias. A Revolução Estourou 
Para piorar a situação, parece que ate a natureza ajudou O Rei abre a sessão dos Estados Gerais fazendo um dis-
a revolução: entre os anos de 1784 a 1785 houve inundações curso de advertência contra as pretensões políticas: “Estamos
e secas alienadamente, fazendo com que os preços dos pro- aqui para tratar de problemas financeiros e não para tratar
dutos ora subissem, não dando condições para que os po- de política”.
bres comprassem, ora descessem, levando alguns pequenos O Terceiro Estado reagiu prontamente, exigindo a qual-
proprietários à falência. quer custo que as reuniões fossem conjuntas e não separa-
A situação da indústria francesa não era melhor, pois damente por Estados. Diante da negação, o Terceiro Estado
parte dela ainda estava sob o sistema rural e domestico, e proclama-se em Assembleia Geral Nacional. O Rei, desespe-
as corporações (grêmios) impediam o desenvolvimento de rado diante do atrevimento dos representantes populares,
novas técnicas. Como se não bastasse, o governo francês manda fechar a saia de reuniões. Mas o Terceiro Estado não
assinou o seguinte tratado com o governo inglês: os fran- se da por vencido e seus deputados se dirigem para um salão
ceses venderiam vinhos para os ingleses, e estes venderiam que a nobreza utilizava para jogos. Lá mesmo fizeram uma
panos para os franceses, sem pagar impostos, o que levou as reunião, onde ficou estabelecido que permaneceriam reuni-
manufaturas francesas a não suportarem a concorrência dos dos até que a França tivesse uma Constituição. Esse ato ficou
tecidos ingleses, entrando numa grave crise.  conhecido com o nome de O Juramento do Jogo de Pela.

11
HISTÓRIA

No dia 9 de julho de 1789, reúne-se uma Assembleia Na- No recinto da Assembleia, sentava-se à esquerda o par-
cional Constituinte, incumbida de elaborar uma Constituição tido liderado por Robespierre, que se aproximava do povo:
para a França. Isso significava que o Rei deixaria de ser o se- eram os Jacobinos ou Montanheses (assim chamados por se
nhor absoluto do reino. sentarem nas partes mais altas da Assembleia); ao lado, um
A burguesia francesa, por sua vez, apelou para o povo. pequeno grupo ligado aos Jacobinos, chamados Cordeliers,
No dia 14 de julho de 1789, toda a população parisiense onde apareceram nomes como Marat, Danton, Hebert e ou-
avança, num movimento nunca visto, para a Bastilha, a prisão tros; no centro, sentavam-se os constitucionalistas, defen-
política da época, onde o responsável pela prisão foi preso e sores da alta burguesia e a nobreza liberal, grupo que mais
enforcado. tarde ficará conhecido pelo nome de planície; à direita, ficava
O momento agora e dos camponeses, que percebem a um grupo que mais tarde ficará conhecido como Girondi-
fraqueza da nobreza e invadem os castelos, executando fa- nos, defensores dos interesses da burguesia francesa e que
mílias inteiras de nobres numa espécie de vingança, de uma temiam a radicalização da revolução; na extrema direita, en-
raiva acumulada durante séculos. Avançam sobre a proprie- contram-se alguns remanescentes da aristocracia que ainda
dade feudal e exigem reformas. A burguesia, na Assembleia, não emigrara, conhecidos pelo nome de negros ou aristocra-
temerosa de que as exigências chegassem também às suas tas, que pretendiam a restauração do poder absoluto.
propriedades, propõe que se extingam os direitos feudais Quanto a situação externa, o clima era de total apreen-
como única saída para conter o furor revolucionário dos cam- são. As monarquias absolutas vizinhas olhavam para o que
poneses. A 4 de agosto de 1789, extingue-se aquilo que por estava acontecendo na França com grande temor. Tanto é
muitos séculos significou a opressão sobre os camponeses. verdade, que alguns elementos emigrados da nobreza fran-
A burguesia, preocupada em estabelecer as bases teó- cesa pretendiam que países como a Áustria e a Prússia ini-
ricas de sua revolução, fez aprovar, no dia 26 de agosto do ciassem imediatamente uma guerra contra a França. A As-
mesmo ano, um documento que se tornou mundialmente sembleia Legislativa, sabedor dessa situação, raciocinava da
famoso: A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.  seguinte forma: ou expandimos o ideal revolucionário para
O Processo Revolucionário  esses países ou, então, a França Revolucionaria ver-se-á iso-
1ª fase - Assembleia Nacional Constituinte lada e condenada ao fracasso. Daí a Assembleia também
Um dos atos mais importantes da Assembleia foi o con- pensar na guerra.
fisco dos bens do clero francês, que seriam usados como 2ª fase - Assembleia Legislativa
uma espécie de lastro para os bônus emitidos para superar a A Assembleia Legislativa francesa exigiu da Áustria e da
crise financeira. Parte do clero reage e começa a se organizar
Prússia um compromisso de não invasão e, como não foi
Como resposta, a Assembleia decreta a Constituição Civil do
atendida pelas monarquias absolutas, declarou guerra a 20
Clero isto é, o clero passa a ser funcionário do Estado, e qual-
de abril de 1792.
quer gesto de rebeldia levara a prisão.
Luís XVI exultava, pois esperava que os exércitos france-
A situação estava muito confusa. A Assembleia não con-
ses fossem derrotados para que ele pudesse voltar ao poder
seguia manter a disciplina e controlar o caos econômico. O
Rei entra em contato com os emigrados no exterior (prin- como Rei absoluto; dessa forma, o Rei e a Rainha, a famosa
cipalmente na Prússia e na Áustria) e começam a conspirar Maria Antonieta, entram em contato com os inimigos, pas-
para invadir a França, derrubar o governo revolucionário e sando-lhes segredos de guerra.
restaurar o absolutismo. A atuação dos exércitos franceses foi um fracasso no
Para organizar a contrarrevolução, o monarca foge da campo de batalha.
França para a Prússia, mas no caminho e reconhecido por Na Assembleia, Robespierre denuncia a traição do Rei e
camponeses, é preso e enviado à Paris. Na capital, os setores dos generais ligados a ele, que também estavam interessa-
mais moderados da Assembleia conseguiram que o Rei per- dos na derrota da França Revolucionaria. Num discurso aos
manecesse em seu posto. jacobinos, Robespierre dizia:
A partir daí uma grande agitação tem início, pois seria “Não! Eu não me fio nos generais e, fazendo exceções
votada e aprovada a Constituição de 1791. Esta constituição honrosas, digo que quase todos têm saudades da velha or-
estabelecia, na França, a Monarquia Parlamentar, ou seja, o dem, dos favores de que dispõe a Corte. Só confio no povo,
Rei ficaria limitado pela atuação do poder legislativo (Parla- unicamente o povo.”
mento). Nas ruas de Paris e das grandes cidades, os sans culottes
Neste poder legislativo era escolhido através do voto (maneira como os pobres das cidades se identificavam) se
censitário e isso equivalia dizer que o poder continuava nas agitavam pedindo a prisão dos responsáveis pelas derrotas
mãos de uma minoria, de uma parte privilegiada da burgue- da França diante dos exércitos austríacos e prussianos. 
sia. Resumindo, o que temos é uma Monarquia Parlamentar
dominada pela alta burguesia e pela aristocracia liberal, lide- 3ª fase - A Convenção Nacional
rada, por exemplo, pelo famoso La Fayette, é o total afasta- A 2 de setembro, pela manha, chegou a Paris a notícia
mento do povo francês. de que Verdun estava sitiada; Verdun, a última fortaleza entre
Os setores populares estavam descontentes, porque Paris e a fronteira. Imediatamente, foi lançada uma proclama-
continuavam ainda sob o despotismo, não o da monarquia ção aos cidadãos: “À s armas cidadãos, às armas! O inimigo
absoluta mas o despotismo dos homens do dinheiro, seto- está às portas !” Vários prisioneiros, suspeitos de ligação com
res tradicionais da nobreza e do clero conspiravam, com a o antigo regime, foram massacrados pela população.
anuência do Rei, para tentar restaurar o antigo regime.  No dia 20 de setembro de 1792, chegou a Paris a notí-
Os grupos políticos organizavam-se para definir suas po- cia da esmagadora vitória dos exércitos franceses sobre os
sições: exércitos prussianos e, no mesmo dia. foi oficializada a pro-

12
HISTÓRIA

clamação da República, a primeira da França. Agora, o órgão de todas as faixas da população e sim medidas mais ligadas
que governará a França será a Convenção eleita por voto à pequena burguesia francesa.
universal. No dia 13 de julho de 1793, o ídolo popular Marat é as-
A situação dos “partidos” políticos ficou mais nítida com sassinado por uma mulher membro do partido girondino.
a Convenção:  A partir daí a população exige a radicalização da revolução.
- À direita, o grupo dos girondinos defendendo os inte- Inicia-se o terror: todos os elementos suspeitos de ligações
resses da burguesia, que nesse momento estava dominando com os girondinos e com a aristocracia contrarrevolucionária
a Convenção. são massacrados ou executados nas guilhotinas, depois de
- No centro, o grupo da planície (ou pântano), defen- julgamentos populares.
dendo os interesses da burguesia financeira, mas tendo uma Reformas imediatas são feitas: a principal foi a redistribui-
atitude oportunista dizia-se estar do lado de quem estava no ção da propriedade, surgindo condições para o aparecimento
poder. de três milhões de pequenas propriedades na França. As re-
- À esquerda e no alto, a montanha (jacobinos), defenso- formas atingem até mesmo o calendário oficial, que adquire
res dos interesses da burguesia e do povo.  características marcadas e anticlericais e passa a basear-se nos
O que fazer com o Rei? Os girondinos queriam mantê-lo fenômenos da natureza. Por exemplo, o mês do calor (julho,
vivo, pois temiam que sua execução fizesse com que o povo na Europa) transforma-se no mês do Termidor; dezembro, o
quisesse mais reformas, o que ia contra seus interesses. Os mês das neves (inverno), transforma-se no Nevoso.
jacobinos queriam que o Rei fosse julgado e executado como Robespierre tenta, com alguma habilidade inicial, man-
traidor da pátria. A proposta jacobina saiu vencedora e o Rei ter-se no centro para governar. Aos poucos começa a ata-
foi executado. Os jacobinos tornavam-se cada vez mais po- car seus aliados da esquerda: foram presos e executados
pulares e eram apoiados pelos sans culottes. elementos como Hebert e Jacques Roux. Com a liquidação
Por sua vez, os exércitos franceses aproveitavam suas vi- dos elementos de extrema esquerda, Robespierre não pode
torias para propagar os ideais da revolução, e os países de contar com um apoio seguro dos sans culottes. Quer, a todo
governos absolutistas se sentiam cada vez mais sujeitos à custo manter-se no meio da esquerda, incorruptivelmente.
propaganda liberal. Golpeia depois seus companheiros que tinham uma posição
O novo governo revolucionário francês fez reformas de mais próxima da direita moderada; como exemplo, temos a
vários níveis, mas todas elas extremamente moderadas, de execução de Danton.
tal forma que não questionassem o poder dos girondinos. Robespierre, durante a ditadura dos jacobinos, consegue
Entretanto, os girondinos no poder viam na guerra uma uma série de êxitos: liquida a contra revolução da Vendeia e
forma de aumentarem suas fortunas e, por isso, quanto mais obtém várias vitórias contra os inimigos externos da revo-
altos os preços dos produtos (alimentos, roupas), melhor lução (entre esses inimigos, contava-se não só a Prússia e a
para eles. Na verdade, eram eles que os vendiam e quem Áustria, mas também a poderosa Inglaterra); acelera os pro-
os comprava era o povo que, em sua extrema pobreza, não cessos do segundo terror, que executa, na guilhotina, vários
podia comprar mercadorias caras. E nessa contradição que contrarrevolucionários.
vamos entender o porque da queda do governo da Conven- Mas o problema persistia. Robespierre tomava algumas
ção do jacobinos. medidas que, ao povo, pareciam antipopulares, e outras, que
Os sans culottes, nas ruas de Paris, exigiam reformas, desagradavam a burguesia (como, por exemplo, o fato de
controle dos preços, mercadorias baratas, salários altos, e os não haver liberdade de comércio). Conspirava-se. A alta bur-
girondinos exigiam exatamente o contrário. Nesse momento, guesia financeira, que na sua posição oportunista dentro do
os jacobinos (montanheses) começam a liderar as reivindi- partido da planície, conseguiu sobreviver ao período do ter-
cações e conseguem que se forme a Comissão de Salvação ror, conspirava contra o governo jacobino. Robespierre apela
Publica, tendo por obrigação controlar os preços e denunciar para os sans culottes, a fim de salvar seu governo. Mas onde
os abusos feitos pelos altos comerciantes girondinos. estavam os lideres que podiam mobilizá-los? Todos executa-
A agitação aumenta, os girondinos ficam cada vez mais dos. O governo jacobino estava só. 
temerosos diante das manifestações dos sans culottes. Au- 4ª fase - O Diretório
mentando a crise, uma região inteira da França, chamada Em setembro de 1795, prepara-se a nova Constituição.
Vendéia, instigada pelo clero e pelos ingleses, levanta-se A Convenção Revolucionaria desaparecia e cedia lugar a um
num movimento contrarrevolucionário. tipo de governo exercido por um Diretório, composto por
Entre maio e junho de 1793, o povo se levanta em Paris, cinco membros representando o poder executivo, e duas
cerca o prédio da Convenção e exige a prisão dos Deputados Câmaras; uma delas era o Conselho dos Anciãos, e a outra,
traidores, isto é, dos girondinos. Os jacobinos (montanheses) o Conselho dos Quinhentos, ambos representando o poder
aproveitaram as manifestações de apoio dos sans culottes legislativo. O governo do Diretório suprimiu o voto universal,
e depuseram os girondinos, instaurando um novo governo. implementado pela Convenção e restabeleceu o voto censi-
A Fase do Terror - A Ditadura dos Jacobinos tário. Isto significa que todos os esforços feitos pela maioria
Agora que os jacobinos estavam no poder, era preciso do povo francês foram aproveitados pelas novas classes ricas. 
controlar os movimentos populares. O governo dos jacobi- A Política Interna do Diretório
nos terá como característica principal sua posição moderada Internamente, a política do Diretório era totalmente vol-
na esquerda. Os jacobinos fazem parte de um governo po- tada às novas classes ricas. O comércio ficou totalmente libe-
pular, mas não tomam medidas que atendam aos interesses rado e sem restrições, significando que os setores pobres da

13
HISTÓRIA

população arcavam com a alta dos preços e com a inflação. mento permanecem até os dias de hoje na administração
A corrupção havia se tornado quase oficial. A alta burguesia francesa. O remanejamento administrativo centralizou o go-
jogava desenfreadamente na bolsa para auferir lucros cada verno sob a égide de Paris. No aspecto político tudo levava
vez maiores. a crer que na verdade a sociedade francesa estaria diante de
Alguns antigos militantes jacobinos, liderados por Gra- uma autocracia mal disfarçada.
cus Babeuf, exprimiam suas insatisfações no jornal A Tribuna O Código Civil fixado em 1804 foi responsável pela fixa-
do Povo, de propriedade do líder. Esse jornal clamava pela ção dos tragos da moderna sociedade francesa e também
volta da Constituição de 1793 e pelo fim dos privilégios. Pe- servil de exemplo para diversos Estados europeus que nele
dia também que o que fora proposto na Declaração dos Di- se inspiraram, adotando-lhe seus princípios e reproduzindo-
reitos do Homem não continuasse só no papel, como até lhe as disposições.
então. Babeuf começa a conspirar e a organizar uma grande Como estadista Napoleão ratificou a redistribuição de
rebelião popular para tomar o poder e estabelecer uma so- terras levada a efeito pela Revolução permitindo inclusive
ciedade mais justa e sem privilégios. que o camponês médio continuasse a ser um lavrador inde-
Mas, um dos seus agentes militares denunciou a Con- pendente reformou o sistema tributário fundando o Banco
juração dos Iguais (movimento assim conhecido). No dia l0 Francês com o objetivo de exercer maior controle nos ne-
de maio de 1796, imediatamente, Babeuf e seu companheiro gócios fiscais. As obras publicas, drenagem dos pântanos,
Buonarotti foram presos. Depois de um ano, Babeuf foi con- construção de pontes e redes de estradas e canais, foram
denado à morte pela guilhotina. Esta tentativa de estabelecer realizadas sobretudo com objetivos militares bem como para
um governo popular na França foi violentamente reprimida conquistar o apoio da burguesia.
pelas altas classes enriquecidas.  A educação mereceu atenção especial por parte do im-
A Política Externa do Diretório perador que instalou escolas publicas elementares em cada
Essa política pautava-se pela tentativa de vencer os ini- aldeia ou cidade francesa e fundou um escola normal em Pa-
migos da França e, se possível, aumentar os domínios fran- ris para preparação dos professores.
ceses na Europa, numa tentativa de anexação dos territórios A política externa de Napoleão Bonaparte foi marcada
conquistados, principalmente a leste (pedaços da atual Ale-
pelo fim da diplomacia tradicional fundamentada sobretudo
manha até o Rio Reno) e ao sul (a anexação de uma região
sobre alianças dinásticas, acordos matrimoniais ou conveniên-
chamada Lombardia, ao norte da Itália). O militar encarre-
cia dos soberanos Durante o período em que esteve a frente
gado dessas anexações foi o jovem e habilidoso General
do governo francês deparou com inúmeras guerras, que re-
Napoleão Bonaparte, que cumpriu perfeitamente a missão
sultaram em importantes mudanças na orientação da historia
expansionista, já delineada nessa nova fase do capitalismo.
contemporânea, provocando a ira e a oposição das forças con-
Napoleão garantiu todos esses territórios ao governo do Di-
retório assinando um tratado com a Áustria, na cidade de servadoras e reacionárias representadas pela Santa Aliança.
Campo Fórmio, no qual esta reconhecia o direito da França A exemplo da guerra de conquista e exploração imperial
de se apossar dessas regiões em troca de outras concessões.  destacamos um conflito fundamental que alterou as relações
18 de Brumário europeias, durante o período em questão, entre a França e a
A situação era extremamente grave. A burguesia, em ge- Grã-Bretanha, refletindo na política comercial europeia. No
ral, apavorada com a instabilidade, esquecia seus ideais de dia 21 de novembro de 1806 foi decretado, pelo governo
liberdade, pregados alguns anos antes, e pensava num go- francês, o bloqueio continental vedando aos neutros o aces-
verno forte, numa ditadura, se fosse preciso, para restaurar so aos portos franceses e proibindo a introdução de todos
a lei e a ordem, para restabelecer as condições de se ganhar os produtos britânicos no continente. Tal medida justificada
dinheiro de uma forma segura. Todos sabiam que a única pelo desejo de Napoleão eliminar seu principal concorren-
pessoa que poderia exercer um governo desse tipo deveria te para alcançar total predomínio comercial nos mercados
ser um elemento de prestigio popular e ao mesmo tempo europeus bem como o controle dos mercados coloniais e
forte o suficiente para manter com mão de ferro a estabili- ultramarinos.
dade exigida pela burguesia. Nesse momento, quem reunia Todo esse quadro a nível interno e externo, fez surgir o
essas condições era o jovem general que tantas glórias já ha- mito napoleônico, o “pequeno cabo” como era denominado
via trazido para a França (e outras mais ainda estavam por ser pelos seus aficionados, e o bonapartismo, doutrina pregada
conseguidas): Napoleão Bonaparte. por aqueles que eram a favor do modelo imperial estabeleci-
No dia 10 de novembro de 1799 (18 de Brumário, pelo do por Napoleão na França.
calendário revolucionário), Napoleão retorna do Egito, e, com Entretanto não se pode negar que Napoleão Bonaparte
o apoio de dois outros políticos, dissolvem o Diretório e esta- destruiu o legado da Revolução jacobina, inspirada no sonho
belecem um governo conhecido pelo nome de O Consulado. da igualdade, liberdade e fraternidade. Pela sua tirania foi
 O Governo de Napoleão Bonaparte (1799-1814) acusado por seus opositores de ter sido o principal respon-
Foi a partir do golpe do 18 Brumário, 9 de novembro de sável pela “experiência abortada da França”.
1799, que Napoleão Bonaparte assumiu o governo francês. Período Napoleônico
sua chegada ao poder significou a solução para os distúrbios A Era Napoleônica tem ínicio após o Golpe de Estado
de um governo anterior que oscilava entre a ameaça terroris- do 18 Brumário, que foi o que marcou o final do processo
ta e a ameaça monarquista. revolucionário na França.
As reformas administrativas implementadas na período Napoleão Bonaparte é considerado, para muitos france-
napoleônico foram um dos aspectos de maior durabilidade ses, o governante mais bem-sucedido da história da França.
do governo. Medidas que foram implantadas naquele mo- Algumas pessoas dizem que ele foi tão bem-sucedido devi-

14
HISTÓRIA

do sua habilidade como estrategista, seu espírito de lideran- Governo dos cem dias
ça e seu talento para empolgar os soldados com promessas Napoleão conseguiu fugir da Ilha de Elba e voltar à Fran-
de glória e riqueza após cada vitória. ça em março de 1815. Ele foi recebido em Paris como herói e
Podemos dividir o governo de Napoleão em três perío- com gritos de “viva o imperador!”, ele se instalou no poder,
dos: Consolado, Império e Governo dos cem dias. obrigando a família real a fugir, mas a sua permanência no
Consulado poder durou apenas cem dias.
Este período se caracterizou pela recuperação econômi- A coligação militar da Europa se reorganizou e derrota-
ca e pela reorganização jurídica e administrativa na França. ram definitivamente Napoleão na Batalha de Waterloo. Na-
O governo do consulado era republicano e controlado poleão foi mandado para a Ilha de Santa Helena, onde ficou
até sua morte.
por militares, onde três cônsules chefiavam o poder execu-
Independência Das Colônias Espanholas   
tivo (Napoleão, Roger Ducos e Sieyés), mas como Napoleão Durante as três primeiras décadas do século XIX, as co-
foi eleito primeirocônsul da república era ele quem realmen- lônias espanholas lutaram pela independência em relação à
te governava. Apesar do cunho democrático criado pela nova metrópole. Não se tratou de um movimento único, mas de
constituição, era ele quem comandava o exército, propunha vários processos distintos. Entretanto, podemos dizer que
novas leis, nomeava os membros da administração e contro- alguns elementos comuns contribuíram para as luta pela in-
lava a política externa. dependência.
Durante o governo do consulado as oposições foram O pensamento liberal do Iluminismo, que influenciou a
aniquiladas, a alta burguesia consolidou-se e os projetos de independência dos Estados Unidos (1776) e os grupos da Re-
emancipação dos setores populares foram sufocados. volução Francês (1789), também se difundiu entre sectores
Com os resultados obtidos neste período Napoleão foi da elite colonial espanhola. Muitos dos ideais antiabsolutistas
nomeado cônsul vitalício em 1802, devido ao apoio das elites defendidos pelo liberalismo serviram de justificativa filosófica
francesas, que estavam entusiasmadas com os avanços. para a luta contra o domínio colonial espanhol.
Império Assim, as críticas contra o absolutismo europeu se trans-
O Império foi implantado definitivamente após a mobili- formaram em anticolonialismo na América.
zação da opinião pública. Em 1804 foi realizado um plebisci- Além das ideias liberais, as lutas pela independência fo-
to, onde foi restabelecido o regime monárquico e a indicação ram impulsionadas pela consciência das elites coloniais de
que os laços com o governo espanhol dificultavam seu do-
de Napoleão ao trono. Em 2 de Dezembro foi oficializado
mínio mais pleno sobre as áreas da América. Essa elite era
Napoleão I, na Catedral de Notre Dame. constituída, sobretudo, pelos crioulos (filhos de espanhóis
Napoleão liderou uma série de guerras, expandindo o nascidos na América).
domínio francês. Em algum tempo o exército francês se tor- A metrópole espanhola era responsável por várias medi-
nou o mais poderoso da Europa. Os ingleses preocupados das que prejudicavam a elite crioula:
com o poderio francês, formaram coligações internacionais a) dificultava o acesso dos crioulos aos altos cargos do
contra o expansionismo francês. governo e administração colonial. A maioria desses cargos
Em 1805 a França tentou invadir a Inglaterra, mas foi der- era ocupada por pessoas nascidas na Espanha.
rotada. Decorrente deste fato o governo Napoleônico tentou b) cobrava elevados tributos sobre produtos de expor-
enfraquecer a Inglaterra outras formas. Em 1806 decretou o tação.
Bloqueio Continental, o qual dizia que todos os países da Eu- c) restringia o desenvolvimento de produtos manufac-
ropa deveriam fechar seus portos ao comércio inglês. Mas turados que concorressem com a produção metropolitana.
este decreto não surtiu o efeito esperado, pois a França não As elites coloniais formavam um conjunto diversificado
conseguia abastecer todo o mercado da Europa. no qual encontramos grupos de latifundiários (produtores
A Rússia tinha aderido a esse decreto após um acordo de gêneros de exportação como cacau, açúcar etc.), comer-
com a França (Paz de Tilsit), mas como era um país essencial- ciantes urbanos, proprietários de minas etc. Não tinham o
mente agrícola e estava enfrentando uma grave crise econô- mesmo pensamento político ou econômico, mas, em geral,
concordavam em querer ampliar seus poderes locais e dese-
mica viu-se obrigado a abandonar o Bloqueio Continental.
javam conquistar direito ao livre comércio.
Em vingança a decisão do Czar Alexandre I, o governo
Por meio de várias revoltas emancipacionistas, que
napoleônico decidiu invadir a Rússia em 1812. abrangeram o período de 1810 a 1828, diversas áreas da
Os generais acostumados com grandes vitórias condu- América espanhola foram conquistando sua independência
ziam suas tropas pelo imenso território russo, enquanto as política.
tropas czaristas recuavam colocando fogo nas plantações e Na América do Sul, as lutas pela independência conta-
em tudo que servisse aos invasores. Em Moscou as tropas ram com a liderança de homens como José San Martín e Si-
russas começaram a enfrentar as tropas francesas que esta- món Bolívar.
vam mal alimentadas e desgatadas, devido isso Napoleão San Martín comandou um poderoso exército contra as
não teve outra escolha a não ser em ir embora. forças espanholas, obtendo importantes vitórias nas regiões
A desastrosa campanha militar na Rússia encorajou ou- sul e central da América do Sul. É considerado libertador da
tros países europeus a reagirem contra a supremacia france- Argentina, Chile e Peru.
sa. Em 6 de Abril de 1814 um exército formado por ingleses, Simón Bolívar destacou-se como líder militar e político
austríacos, russos e prussianos tomaram Paris e capturaram nas lutas pela independência travadas mais ao norte da Amé-
Napoleão enviando-o para a Ilha de Elba. O trono francês foi rica do Sul. É considerado libertador da Venezuela, da Colôm-
entregue a Luís XVII. bia, do Equador, da Bolívia e também do Peru.

15
HISTÓRIA

“O fato de a chamada elite crioula ter sido a promotora ções democráticas, que excluíam a maior parte da população
da independência determinou simultaneamente, as finalida- até mesmo do elementar direito ao voto.
des e os limites desta. Constituindo-se em classe dominan- A independência que acabou se efetivando na América
te, não tinha, é claro, nenhum interesse em alterar a ordem espanhola, na prática, promoveu o rompimento das relações
social vigente. A estrutura interna latino-americana estava entre colônia e metrópole advindas do pacto colonial, mas
montada em função da articulação com os mercados euro- manteve estruturas sociais herdadas do antigo sistema colo-
peus, para onde iam as matérias-primas e de onde vinham nial. Para isso, contribuíram diversos fatores, especialmente
as manufaturas. O monopólio exercido por Espanha e Portu- o controle que as elites crioulas e locais assumiram nas lutas
gal, tornando insuportável o pacto colonial, motivou, a partir pela independência.
de certo momento, a rebelião de independência. Por trás de A independência política, contudo, se por um lado per-
um discurso de liberdade, o que houve foi a oposição aos mitiu o rompimento do pacto colonial, favorecendo as tran-
seculares privilégios gerados no mercantilismo: a cobrança sações comerciais entre as nações recém-emancipadas e os
de impostos, a proibição de produzir e negociar livremente centros de desenvolvimento capitalista, por outro, impôs a
e a obrigação de os navios, que vinham ou saíam do Novo dependência econômica latino-americana às grandes potên-
Mundo, de passarem, obrigatoriamente, por portos ibéricos”. cias capitalistas do século XIX.
A Revolução Francesa e o Império Napoleônico também As nações latino-americanas permaneciam desempe-
exerceram influência na independência das colônias. A Re- nhando o papel de fornecedoras de matérias-primas e con-
volução foi uma luta contra o absolutismo e o mercantilismo sumidoras de artigos industrializados. As elites locais, defen-
(que era também a luta dos colonos). E Napoleão, ao invadir a dendo seus próprios interesses, aliaram-se às potências he-
Península Ibérica, acabou acelerando o processo da indepen- gemônicas (primeiramente Inglaterra, e, depois, Estados Uni-
dência. A ocupação francesa desorganizou completamente o dos), colaborando para perpetuar a situação de dependência
sistema colonial na América e possibilitou o aparecimento de em que se achava a América do Sul, desde o século XVI.
circunstâncias favoráveis ao movimento libertador. “para aqueles que não dispunham de recursos, quer eco-
Impedida de reagir, a metrópole apenas assistiu às su- nômicos, quer culturais, os novos tempos não trouxeram be-
cessivas manifestações de rompimento político por parte dos nesses ou regalias. Reformas sociais de peso, terra, salários
povos da América. Quando, finalmente, se libertou do domí- dignos, participação política, educação popular, cidadania,
nio francês, em 1815, a Coroa espanhola tentou, por meio de respeito cultural às diferenças, tudo isso iria ter de esperar.
violenta repressão, impedir novos movimentos. Mas já não As ações de governos autoritários cobririam e deixariam suas
havia a menor possibilidade de sucesso. O imenso Império marcas registradas na América Latina durante a maior parte
espanhol desmoronou em menos de vinte anos. do século XIX. Os de baixo teriam de se organizar, lutar, sofrer
Quando Napoleão Bonaparte dominou a Espanha e de- e morrer para alcançar seus objetivos. Não foram as lutas de
pôs o rei, as colônias se recusaram a obedecer aos franceses, independência que mudaram sua vida”.
organizando Juntas Governativas, que iriam cuidar da admi- Embora os pobres tivessem, em muitas oportunidades,
nistração até que a situação internacional se definisse. lutado ao lado de seus senhores, a independência não lhes
Numa primeira etapa (1810-1815), que corresponde ao trouxe alterações definitivas. Permaneceram à margem dos
período em que a Espanha estava ocupada pelos franceses, benefícios, garantindo o poder econômico e político dos
deu-se a independência da Argentina, do Paraguai, da Vene- caudilhos, os chefes políticos dos novos países do continente.
zuela, do Equador e do Chile. O México também tentou, mas “A ausência de um poder político institucionalizado na fase
foi dominado. A Venezuela e o Equador foram reconquista- posterior à independência abriu espaço às múltiplas manifes-
dos pelos espanhóis. tações autonomistas do latifúndio e foi assim que surgiram
Na segunda fase (1816-1828), quando o rei Fernando VII os caudilhos, lideres locais que funcionaram como porta-vo-
já havia reassumido o trono espanhol, ocorreram as indepen- zes das diferentes fracções da classe dominante em variados
dências da Bolívia, do México, do Peru e da América Central. O momentos, valendo-se do amplo espaço que lhes permitia a
Uruguai, que naquela época havia sido anexado ao Brasil, ini- falta de Estados juridicamente organizados. Com os caudilhos,
ciou a luta pela libertação em 1825, conseguindo-a, em 1828. fortaleceu-se uma tradição que se perpetuaria mesmo depois
“Por que se insurgem as colônias da Espanha? Será por de a América espanhola ter definido seus Estados e fronteiras:
que os grandes latifundiários (habitualmente produtores acima de leis ou instituições, com seu discurso ideológico, há
para a exportação), os proprietários de minas, os donos de o capricho de um chefe, com seu arbítrio e sua capacidade de
milhões de índios e os poderosos mercadores de além-mar arregimentar forças”.
forma seduzidos pelos filósofos franceses e alguns liberais Os capitais estrangeiros entravam na América Latina sob
pensadores espanhóis? É claro que houve excepções (e Bolí- a forma de empréstimos, que eram aplicados em ferrovias,
var foi uma delas), mas a imensa maioria moveu-se por moti- portos, eletrificação, melhorias urbanas, telégrafos, etc. O
vos mais prosaicos. Havia chegado o momento de afastar um pagamento de tais empréstimos representava um lucro ex-
sócio incômodo: o poder da Coroa espanhola...” traordinário para os credores estrangeiros e provocava o es-
O nascimento dos Estados Nacionais na América Latina coamento do dinheiro para fora dos países devedores.
ficou marcado por uma dupla limitação: economicamente, Banqueiros e comerciantes europeus e norte-america-
pela inserção na nova divisão internacional do trabalho, na nos instalaram filiais de suas empresas nas principais cidades
condição de área periférica, o que garantia a manutenção do da América do Sul de onde controlavam os negócios. É ver-
latifúndio e do trabalho escravo; politicamente, pelas limita- dade que essas aplicações de capital trouxeram uma certa

16
HISTÓRIA

modernização para algumas cidades do continente, mas pa- serção internacional se explicam, em grande parte, pela situa-
gava-se um preço muito alto por ela. Além disso, ela não sig- ção política platina. Nos anos seguintes a essa abertura, o Pa-
nificava benefícios para toda a população, e como ocorrera raguai teve boas relações com o Império do Brasil e manteve-
na Europa, uma minoria de privilegiados usufruía dos novos se afastado da Confederação Argentina, da qual se aproximara
investimentos. nos anos de 1850, ao mesmo tempo que vivia momentos de
A independência política não significou autonomia eco- tensão com o Rio de Janeiro. Na primeira metade da década
nômica e, tampouco, a superação de algumas características de 1860, o governo paraguaio, presidido por Francisco Solano
coloniais. A base da riqueza continuou sendo o extração mi- López, buscou ter participação ativa nos acontecimentos plati-
neral e vegetal, a agricultura de monocultura e latifundiária, nos, apoiando o governo uruguaio hostilizado pela Argentina
voltados para o mercado externo. e pelo Império. Desse modo, o Paraguai entrou em rota de
“Investimentos no estrangeiro, especialmente os na Amé- colisão com seus dois maiores vizinhos e Solano López acabou
rica Latina, cresceram rapidamente na ultima metade do sécu- por ordenar a invasão de Mato Grosso e Corrientes e iniciou
lo XIX. Ainda que o total do capital britânico na América Lati- uma guerra que se estenderia por cinco anos”.
na, em 1850, fosse pequeno, ele aumentou em ritmo constante Indepêndencia Da Colônia Portuguesa-Brasil      
durante as décadas de 1850 e 1860”. Durante o período colonial, houve varias rebeliões en-
O Paraguai manteve, até 1865, uma política fortemente volvendo parcelas da população, em conflito com represen-
nacionalista e de busca de sua independência econômica. tantes da metrópole. Foi o caso, da Revolta dos Beckman,
OS governos paraguaios do pós-independência procu- da Guerra dos Mascates, da Guerra de Vila Rica. De maneira
ravam manter o país menos dependente dos estrangeiros. geral, essas revoltas expressavam conflitos localizados, ou
Mesmo com poucos recursos, o país contava com algumas seus líderes pretendiam modificar aspectos da política co-
fábricas que produziam de tecidos a navios, com matérias lonial. Não havia nessas revoltas o objetivo de separação de
-primas e técnica desenvolvidas no próprio país. Portugal.
Por ser um país afastado do mar, era muito importante No final do século XVIII, aconteceram outras revoltas,
para o Paraguai manter a livre navegação no estuário do rio entre as quais, destacamos a Conjuração Mineira (1789) e
da Prata, pois era sua única saída para o Oceano Atlântico. A
a Conjuração Baiana (1798), que, entre seus planos, tinham
passagem dos navios paraguaios pelo Prata dependia, pois,
como objectivo romper com a dominação colonial e esta-
de suas relações com os países que controlavam o estuário,
belecer a independência política em relação a Portugal. No
sobretudo a Argentina e o Uruguai. Os brasileiros também
entanto, o interesse dos revoltosos concentrava-se em tornar
utilizavam a bacia do Prata para atingir as vastas regiões do
independentes as regiões em que eles viviam.
centro-oeste do império, dadas as dificuldades de acesso por
“Podemos dizer que foram movimentos de revolta regio-
via terrestre. Essa situação fazia com que fosse necessário,
nal e não revoluções nacionais”.
para todos esses países, manter estáveis as relações entre
Esses movimentos foram duramente reprimidos, porém
eles e evitar o fechamento do Rio da Prata.
Mas as relações entre esses países nem sempre foram outros fatos auxiliaram para que o Brasil se tornasse indepen-
tranquilas, e desde o período colonial, a região era alvo de dente. Fatos tanto nacionais quanto internacionais.
acirradas disputas. Após as independências, fortes hostili- No início do século XIX, uma guerra abalou a Europa. Os
dades marcavam as relações entre o Paraguai, de um lado, exércitos de Napoleão Bonaparte, imperador da França, do-
Argentina e Brasil, de outro. A Inglaterra aproveitou a tensão minavam diversos países europeus. Praticamente as únicas
local, estimulando a formação de uma aliança contra o Para- forças capazes de resistir ao exercito francês foram as ingle-
guai, formada pelo Brasil, a Argentina e o Uruguai. Alegan- sas, que se protegiam com uma poderosa marinha de guerra.
do problemas de invasão de território, a Tríplice Aliança en- Sem conseguir dominar a Inglaterra pela força militar,
volveu-se numa guerra contra a nação guarani, iniciada em Bonaparte tentou vencê-la pela força econômica. Para isso,
1865 e terminada em 1870. Terminada a guerra, o Paraguai, em 1806 decretou o Bloqueio Continental, pelo qual os paí-
derrotado, sucumbiu aos interesses externos e à dependên- ses do continente europeu deveriam fechar seus portos ao
cia econômica. comércio inglês.
Embora a imensa maioria dos países houvesse se orga- Nessa época, Portugal era governado pelo príncipe D.
nizado sob a forma republicana (as únicas excepções foram João, que não podia cumprir as ordens de Napoleão e aderir
o México e o Brasil, que viveram experiências monárquicas), ao Bloqueio Continental, pois os comerciantes de Portugal
eles se caracterizaram pela instabilidade política. Tal instabi- tinham importantes relações com o mercado inglês. D. João
lidade pode ser explicada, pelo menos, em parte, porque o pretendia manter-se neutro no conflito entre franceses e in-
poder, quase sempre, era tomado à força por grupos rivais. gleses. Os exércitos franceses não aceitaram essa indefinição
Um caudilho (dono de terras e chefe de exércitos particula- e invadiram Portugal, com o apoio de tropas espanholas.
res), por meio de um golpe, desaloja o outro do poder, com o Sem condições de resistir à invasão das tropas franco-es-
auxílio de suas tropas particulares e de outros donos de terra panholas, D. João e a corte portuguesa fugiram para o Brasil,
que lhe davam apoio. sob a proteção naval inglesa.
“A história do Paraguai esteve intimamente ligada à do O governo inglês tratou de tirar o máximo proveito da
Brasil e à da Argentina, principais polos do subsistema de re- proteção militar que deu ao governo português. Interessado
lações internacionais na região do Rio da Prata. O isolamento na expansão do mercado para suas indústrias pressionou D.
paraguaio, até a década de 1840, bem como sua abertura e in- João a acabar com o monopólio do comércio colonial.

17
HISTÓRIA

Em 28 de Janeiro de 1808, seis dias após o desembarque Havia divergências entre os representantes das elites so-
no Brasil, D. João decretou a abertura dos portos ao comércio bre como deveria se dar a independência. Alguns desejavam
internacional, isto é, às “nações amigas”. Com essa medida, que se proclamasse a Republica, como todos haviam feito na
o monopólio comercial ficava extinto, excepto para alguns América.
poucos produtos, como sal e pau-brasil. Outros pensavam que a ruptura com Portugal deveria
Os comerciantes da colônia ganhavam liberdade de co- ser da maneira mais tranquila possível, para evita que sur-
mércio, e abria-se o caminho para a emancipação do Brasil. gissem propostas radicais, como a de abolir a escravidão ou
No Rio de Janeiro, D. João organizou a estrutura admi- mudar a estrutura da posse da terra.
nistrativa da monarquia portuguesa: nomeou ministros de O grupo que apoiava esta última ideia é que tomou a
Estado, colocou em funcionamento diversos órgãos públicos, frente do movimento, conduzindo todas as ações para conse-
instalou Tribunais de Justiça e criou o Banco do Brasil. Entre guir uma independência que tivesse um caráter conservador.
as medidas do governo de D. João, algumas contribuíram O que se pretendia, e que foi afinal realizado, era uma
para o processo de emancipação política brasileira. separação política em relação a Portugal, mantendo-se as es-
Em 1815, o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido truturas sociais e econômicas sem qualquer mudança.
de Portugal e Algarves. Para isso, os representantes das elites entenderam que
Com essa medida, na prática, o Brasil deixava de ser co- seria da mais alta importância contar com o príncipe D. Pe-
lônia de Portugal. Tornava-se Reino Unido e, com isso, adqui- dro, mesmo sendo ele português.
ria autonomia administrativa. Todas as ações foram encaminhadas para fazer D. Pe-
“Na condição de sede do Reino, a cidade do Rio de Janei- dro permanecer no Brasil e, mais do que isso convencê-lo a
ro viu multiplicarem-se as edificações, os chafarizes, as ruas participar, ativamente, do processo de independência, com a
calçadas – e também a quantidade de novos e velhos ofícios. promessa de tornar-se imperador do Brasil.
Contratado como pintor da Corte, Debret foi aos poucos O primeiro passo foi “obrigar” D. Pedro a ficar no Bra-
desviando os olhos do interior do palácio e voltando-se noutra sil, pois as Cortes estavam exigindo sua volta. Pressionado,
direcção, onde a vida realmente fervilhava: as ruas da cidade. ele concordou em ficar (Janeiro de 1822 – o Dia do Fico).
O que tinham elas de especial? Amontoavam hábeis ar- Em seguida, o ministro José Bonifácio procurou fortalecer a
tífices, quituteiras, barbeiros ambulantes, vendedores de toda autoridade do príncipe, ao mesmo tempo em que tentava
sorte e tantos outros trabalhadores em frenética atividade, convencê-lo da independência.
numa mistura de negros alforriadas, brancos ocupados e es- O passo seguinte foi retirar a tropas portuguesas que
cravos urbanos, muitas vezes semilibertos, que compunham a ficavam no Rio e que poderiam atrapalhar os planos. José
nova paisagem do Rio de Janeiro”. Bonifácio conseguiu que D. Pedro expulsasse o comandante
Em Agosto de 1820, os comerciantes da cidade portu- português.
guesa do Porto lideraram um movimento que ficou conheci- Chegaram novos navios portugueses, trazendo ordens
do como Revolução Liberal. de prisão para todos os que desobedecessem às determina-
Essa revolução espalhou-se rapidamente por Portugal, ções das Cortes. E insistiam para que D. Pedro regressasse a
encontrando apoio em diversos sectores da população: cam- Portugal.
poneses, funcionários públicos, militares, profissionais libe- No dia primeiro de Agosto, José Bonifácio redigiu um
rais. Chegou, inclusive, a conquistar adeptos no Brasil. manifesto às varias províncias. Nesse manifesto, assinado por
“Além de não ter sabido prever nem dominar a revolução D. Pedro, comunicava-se que a independência já era realida-
desencadeada em Lisboa, deixaram igualmente os ministros de e conclamava-se a todos para lutarem por ela.
de D. João VI que ela invadisse, e quase com rapidez do re- Cinco dias depois, um novo manifesto foi enviado, des-
lâmpago, todas as províncias do Brasil, onde alguns patriotas ta vez às nações amigas. Novamente comunicava-se que o
esclarecidos já vinham organizando uma revolução cujos obje- Brasil estava independente de Portugal e pedia-se o apoio
tivos e princípios a maioria da população brasileira ignorava”. dessas nações, que poderiam ser beneficiadas com privilé-
Vitoriosos, os revoltosos conquistaram o poder em Por- gios comerciais.
tugal e decidiram elaborar uma constituição de caráter libe- Finalmente, a sete de Setembro, ocorreu o famoso “Grito
ral, limitando os poderes de D. João VI. Pretendiam também do Ipiranga”. Ali, na realidade, D. Pedro tornou público o seu
fazer com que o Brasil voltasse a ser uma colônia de Portugal rompimento com as Cortes, definindo que iria ficar no Brasil,
(recolonização). como imperador.
Contrariado pelos acontecimentos, o rei queria ficar no “o processo de emancipação política do Brasil configurou
Brasil, e adiou quanto pôde seu regresso à metrópole. Tropas uma revolução, uma vez que rompeu com a dominação colo-
portuguesas no Rio de Janeiro, porém, obrigaram-no a deci- nial, alterando a estrutura do poder político – com a exclusão
dir-se a voltar a Portugal. da metrópole portuguesa. Revolução, entretanto, que levaria
Assim, D. João VI retornou à sua pátria no dia 26 de abril o Brasil do Antigo Sistema Colonial português para um novo
de 1821, deixando seu filho Pedro como príncipe regente do sistema mundial de dependências”.
Brasil. Porém, a independência só se consolida com o reconhe-
As Cortes portuguesas, apesar de liberais em relação a cimento.
Portugal, mostraram-se bastante reacionárias com relação ao O primeiro país a reconhecer a independência do Brasil
Brasil, pois tentaram recolonizá-lo. foi os Estados Unidos, em 1824.
A tentativa de recolonização, no entanto, não foi bem Em 1825, venceram os tratados que a Inglaterra havia
aceita pelas elites coloniais, que optaram por caminhar rumo assinado com Portugal em 1810, por meio dos quais os seus
à independência. pagavam menos impostos no Brasil. Querendo renovar esses

18
HISTÓRIA

tratados, a Inglaterra pressionou o governo português que, No Japão, só nas últimas décadas do século XIX, quando
finalmente, reconheceu a independência do Brasil apesar de o Estado se ligou à burguesia (o governo emprestava dinhei-
ter feito algumas exigências para isso: ro para os empresários que quisessem ampliar seus negócios,
- D. João VI teria o título de Imperador do Brasil. além de montar e vender indústrias para as famílias ricas), é
- O Brasil não poderia comercializar com as colônias por- que a industrialização começou a crescer. O Estado japonês
tuguesas. esforçava-se ao máximo para incentivar o desenvolvimento
- O Brasil pagaria uma indemnização a Portugal (dois mi- capitalista e industrial.
lhões de libras esterlinas). Adam Smith (pensador escocês) escreveu em 1776 o li-
Assim, repetia-se no Brasil o que já ocorrera na América vro “A Riqueza das Nações”, nessa obra (que é considerada
espanhola: a independência fora realizada, mas sem transfor- a obra fundadora da ciência econômica), Smith afirma que o
mações na estrutura econômica e social do país. A exclusão individualismo é bom para toda a sociedade.
social continuava a ser uma triste realidade. Para ele, o Estado deveria interferir o mínimo possível na
“A descolonização é um processo lento, difícil e doloroso,
economia. Adam Smith também considerava que as ativida-
comparável à convalescença de uma longa e grave enfermi-
des que envolvem o trabalho humano são importantes e que
dade”.
a indústria amplia a divisão do trabalho aumentando a pro-
Revolução Industrial
As máquinas foram inventadas, com o propósito de pou- dutividade, ou seja, cada um deve se especializar em uma só
par o tempo do trabalho humano. tarefa para que o trabalho renda mais.
Uma delas era a máquina a vapor que foi construída na A Revolução Industrial trouxe riqueza para os burgueses;
Inglaterra durante o século XVIII. porém, os trabalhadores viviam na miséria.
Graças a essas máquinas, a produção de mercadorias Muitas mulheres e crianças faziam o trabalho pesado e
ficou maior e os lucros também cresceram. Vários empresá- ganhavam muito pouco, a jornada de trabalho variava de 14
rios; então, começaram a investir nas indústrias. a 16 horas diárias para as mulheres, e de 10 a 12 horas por
Com tanto avanço, as fábricas começaram a se espalhar dia para as crianças.
pela Inglaterra trazendo várias mudanças. Esse período é Enquanto os burgueses se reuniam em grandes festas
chamado pelos historiadores de Revolução Industrial e ela para comemorar os lucros, os trabalhadores chegavam à
começou na Inglaterra. conclusão que teriam que começar a lutar pelos seus direitos.
A burguesia inglesa era muito rica e durante muitos anos O chamado Ludismo, foi uma das primeiras formas de
continuou ampliando seus negócios de várias maneiras: luta dos trabalhadores. O movimento ludita era formado por
- financiando ataques piratas (corsários) grupos de trabalhadores que invadiam as fábricas e quebra-
- traficando escravos vam as máquinas.
- emprestando dinheiro a juros Os ludistas conseguiram algumas vitórias, por exemplo,
- pagando baixos salários aos artesãos que trabalhavam alguns patrões não reduziram os salários com medo de uma
nas manufaturas rebelião.
- vencendo guerras Além do ludismo, surgiram outras organizações operá-
- comerciando rias, além dos sindicatos e das greves.
- impondo tratados a países mais fracos Em 1830, formou-se na Inglaterra o movimento cartista.
Os ingleses davam muita importância ao comércio Os cartistas redigiram um documento chamado “Carta do
(quanto mais comércio havia, maior era a concorrência). Povo” e o enviaram ao parlamento inglês. A principal reivin-
Quando se existe comércio, existe concorrência e para dicação era o direito do voto para todos os homens (sufrágio
acabar com ela, era preciso baixar os preços. Logo, a burgue-
universal masculino), mas somente em 1867 esse direito foi
sia inglesa começou a aperfeiçoar suas máquinas e a investir
conquistado.
nas indústrias.
Thomas Malthus foi um economista inglês que afirmava
Vários camponeses foram trabalhar nas fábricas e forma-
que o crescimento da população era culpa dos pobres que
ram uma nova classe social: o proletariado.
O desenvolvimento industrial arruinou os artesãos, pois os tinham muitos filhos e não tinham como alimentá-los. Para
produtos eram confeccionados com mais rapidez nas fábricas. ele, as catástrofes naturais e as causadas pelos homens ti-
A valorização da ciência, a liberdade individual e a crença nham o papel de reduzir a população, equilibrando, assim, a
no progresso incentivaram o homem a inventar máquinas. quantidade de pessoas e a de comida.
O governo inglês dava muita importância à educação e Além disso, Malthus criticava a distribuição de renda. O
aos estudos científicos e isso também favoreceu as desco- seu raciocínio era muito simples: os responsáveis pelo de-
bertas tecnológicas. senvolvimento cultural eram os ricos e cobrar impostos deles
Graças à Marinha Inglesa (que era a maior do mundo para ajudar os pobres era errado, afinal de contas era a classe
e estava em quase todos os continentes) a Inglaterra podia rica que patrocinava a cultura.
vender seus produtos em quase todos os lugares do planeta. O Parlamento inglês (que aparentemente pensava como
No século XIX a Revolução Industrial chegou até a França Malthus) adotou, em 1834, uma lei que abolia qualquer tipo
e com o desenvolvimento das ferrovias cresceu ainda mais. de ajuda do governo aos pobres. A desculpa usada foi a que
Em 1850, chegou até a Alemanha e só no final do século ajudando os pobres, a preguiça seria estimulada. O desam-
XIX; na Itália e na Rússia, já nos EUA, o desenvolvimento in- paro serviria como um estímulo para que eles procurassem
dustrial só se deu na segunda metade do século XIX. emprego.

19
HISTÓRIA

Capitalismo obra barata e abundante e mercados consumidores levavam


“Vivemos em um mundo capitalista!”. Certamente, esta ao ciclo do novo colonialismo, que é o produto da expansão
frase foi dita ou ouvida pela maioria das pessoas, porém constante do imperialismo.
muitos ainda não sabem o que significa viver em um mundo Os países imperialistas dominaram, exploraram e agredi-
capitalista. ram os povos de quase todo o planeta. A política imperialista
Capitalismo é o sistema socioeconômico em que os meios provocou muitos conflitos, como a Guerra do Ópio na China,
de produção (terras, fábricas, máquinas, edifícios) e o capital a Revolução dos Cipaios na Índia, etc. Assim, ao final do sécu-
(dinheiro) são propriedade privada, ou seja, tem um dono. lo XIX e o começo do XX, os países imperialistas se lançaram
Antes do capitalismo, o sistema predominante era o Feu- numa louca corrida pela conquista global, desencadeando
dalismo, cuja riqueza vinha da exploração de terras e tam- uma rivalidade entre os mesmos. Essa rivalidade se tornou o
bém do trabalho dos servos. O progresso e as importantes principal motivo da Primeira Guerra Mundial, dando princípio
mudanças na sociedade (novas técnicas agrícolas, urbaniza- à “nova era imperialista” onde os EUA se tornaram o centro
ção, etc) fizeram com que este sistema se rompesse. Estas do imperialismo mundial.
mesmas mudanças que contribuíram para a decadência do História do Imperialismo e Neocolonialismo
Feudalismo, cooperaram para o surgimento do capitalismo. Na segunda metade do século XIX, países europeus
Os proprietários dos meios de produção (burgueses ou como a Inglaterra, França, Alemanha, Bélgica e Itália, eram
capitalistas) são a minoria da população e os não-proprietá- considerados grandes potências industriais. Na América,
rios (proletários ou trabalhadores – maioria) vivem dos salá- eram os Estados Unidos quem apresentavam um grande de-
rios pagos em troca de sua força de trabalho. senvolvimento no campo industrial. Todos estes países exer-
Características ceram atitudes imperialistas, pois estavam interessados em
- Toda mercadoria é destinada para a venda e não para formar grandes impérios econômicos, levando suas áreas de
o uso pessoal influência para outros continentes.
- O trabalhador recebe um salário em troca do seu tra- Com o objetivo de aumentarem sua margem de lucro e
balho também de conseguirem um custo consideravelmente baixo,
- Toda negociação é feita com dinheiro estes países se dirigiram à África, Ásia e Oceania, dominando
- O capitalista pode admitir ou demitir trabalhadores, já e explorando estes povos. Não muito diferente do colonia-
lismo dos séculos XV e XVI, que utilizou como desculpa a
que é dono de tudo (o capital e a propriedade)
divulgação do cristianismo; o neocolonialismo do século XIX
Fases Do Capitalismo
usou o argumento de levar o progresso da ciência e da tec-
- Capitalismo Comercial ou mercantil: consolidou-se
nologia ao mundo. 
entre os séculos XV e XVIII. É o chamado Mercantilismo. As
Na verdade, o que estes países realmente queriam era o
grandes potências da época (Portugal, Espanha, Holanda, In-
reconhecimento industrial internacional, e, para isso, foram
glaterra e França) exploravam novas terras e comercializavam
em busca de locais onde pudessem encontrar matérias pri-
escravos, metais preciosos etc. com a intenção de enriquecer. mas e fontes de energia. Os países escolhidos foram coloni-
- Capitalismo Industrial: Foi a época da Revolução Industrial. zados e seus povos desrespeitados. Um exemplo deste des-
- Capitalismo Financeiro: após a segunda guerra, algu- respeito foi o ponto culminante da dominação neocolonia-
mas empresas começaram a exportar meios de produção por lista, quando países europeus dividiram entre si os territórios
causa da alta concorrência e do crescimento da indústria. africano e asiático, sem sequer levar em conta as diferenças
O capitalismo vem sofrendo modificações desde a Re- éticas e culturais destes povos. 
volução Industrial até hoje. No início do século XX, algumas Devido ao fato de possuírem os mesmo interesses, os
empresas se uniram para controlar preços e matérias-primas colonizadores lutavam entre si para se sobressaírem comer-
impedindo que outras empresas menores tenham a chance cialmente. O governo dos Estados Unidos, que já colonizava
de competir no mercado. a América Latina, ao perceber a importância de Cuba no mer-
cado mundial, invadiu o território, que, até então, era domi-
Imperialismo nado pela Espanha. Após este confronto, as tropas espanho-
Imperialismo é a política ocorrida na época da Segunda las tiveram que ceder lugar às tropas norte-americanas. Em
Revolução Industrial. Trata-se de uma política de expansão 1898, as tropas espanholas foram novamente vencidas pelas
territorial, cultural e econômica de uma nação em cima de norte-americanas, e, desta vez, a Espanha teve que ceder as
outra. O imperialismo contemporâneo é chamado de neo Filipinas aos Estados Unidos. 
imperialismo, pois possui muitas diferenças em relação ao Um outro ponto importante a se estudar sobre o neoco-
imperialismo do período colonial. Basicamente, os países lonialismo, é à entrada dos ingleses na China, ocorrida após a
imperialistas buscavam três coisas: Matéria-prima, Mercado derrota dos chineses durante a Guerra do Ópio (1840-1842).
consumidor e Mão de obra barata. Esta guerra foi iniciada pelos ingleses após as autoridades
A concepção de imperialismo foi perpetrada por econo- chinesas, que já sabiam do mal causado por esta substância,
mistas alemães e ingleses no início do século XX. Este con- terem queimado uma embarcação inglesa repleta de ópio.
ceito constituiu-se em duas características fundamentais: o Depois de ser derrotada pelas tropas britânicas, a China, foi
investimento de capital externo e a propriedade econômica obrigada a assinar o Tratado de Nanquim, que favorecia os
monopolista. Desse modo, a capitalização das nações im- ingleses em todas as clausulas. A dominação britânica foi
perialistas gradativamente se ampliava, por conseguinte a marcante por sua crueldade e só teve fim no ano de 1949,
‘absorção’ dos países dominados, pois monopólios, mão de ano da revolução comunista na China. 

20
HISTÓRIA

Como conclusão, pode-se afirmar que os colonialistas Os Principais Conflitos e os Antecedentes da Guerra
do século XIX, só se interessavam pelo lucro que eles ob- - Conflito Franco-Alemão – A França queria o revan-
tinham através do trabalho que os habitantes das colônias chismo sobre a Alsácia e Lorena, esta última extremamente
prestavam para eles. Eles não se importavam com as condi- rica em minério de ferro. Os alemães tomaram esses territó-
ções de trabalho e tampouco se os nativos iriam ou não so- rios após vitória sobre os franceses na guerra de 1870. A par-
breviver a esta forma de exploração desumana e capitalista. tir daí, a burguesia francesa alimentou na imprensa, igrejas,
Foi somente no século XX que as colônias conseguiram suas escolas e quartéis, cada vez mais, o espírito de revanche, que
independências, porém herdaram dos europeus uma série foi largamente responsável pela Grande Guerra. Esse conflito
de conflitos e países marcados pela exploração, subdesen-
tornou-se mais agudo à medida que os dois países disputa-
volvimento e dificuldades políticas.
Primeira Guerra Mundial vam, na África, o Marrocos.
Fatores Estruturais e Conjunturais - Conflito Anglo Alemão – O crescimento industrial
Por volta do final do século XIX e da primeira década do alemão criou a concorrência comercial anglo alemã; parale-
século XX, a Europa vivia um clima de otimismo e confiança, lamente a isso, crescia também a rivalidade naval. O desen-
ao mesmo tempo em que o avanço da industrialização (Se- volvimento da Marinha alemã abalou o domínio inglês nos
gunda Revolução Industrial – Difusão) e da corrida imperia- mares.
lista (neocolonialismo) denotavam uma fase do capitalismo Por outro lado, a Alemanha penetrava comercialmente
capaz de gerar crises. no Império turco, e a prova disso foi o plano de construir a
A constante disputa por mercados fornecedores e con- estrada de ferro Berlim – Bagdá. Esse empreendimento tor-
sumidores trazia uma forte inquietação e o prenúncio de um nava mais fácil o acesso ao petróleo existente naquela região
conflito iminente entre as potências europeias. Esse embate, (Oriente Médio).
conhecido como Primeira Guerra Mundial (1914/18), ocorreu - Conflito Germano- Russo – Devido à disputa dos dois
como resultado de um conjunto de fatores determinantes
imperialismos no Leste europeu, sobretudo na Turquia.
que, em nível conjuntural e estrutural, passaremos a analisar.
O imperialismo resultante da evolução do sistema ca- - Conflito Austro Russo – Esse conflito girou em torno
pitalista para o chamado capitalismo monopolista, do qual da Séria (região que, em 1830, tornou-se independente do
teve origem a expansão colonialista em direção à África e Império turco).
Ásia, culminou num clima de disputas territoriais entre os Havia o pan eslavismo da Rússia, política pela qual essa
países industrializados, contribuindo sobremaneira para o nação procurava proteger os povos eslavos, presentes na Eu-
agravamento das tensões mundiais. ropa Central e nos Bálcãs, subjugados aos impérios turco e
O rompimento do equilíbrio europeu após o surgimento austríacos.
da Alemanha pós-unificação (1871) foi um fator de grande O crescimento da Sérvia se colocava em função da inde-
importância para a eclosão do conflito. O crescimento eco- pendência e do agrupamento de uma série de povos eslavos,
nômico da Alemanha, apesar de uma unificação e industria- como os bosnianos, os croatras e os montenegrinos. Dessa
lização tardia, foi surpreendente, pela rapidez e dimensão forma, criava-se a Grande Sérvia ou atual Iusgolávia; entre-
alcançadas. Num curto espaço de tempo, a Alemanha conse- tanto, esse anseio chocava-se com os domínios dos impérios
guiu superar economicamente a França e, no início do século
turco e austríaco.
XX, disputava com a Grã-Bretanha sua posição hegemônica
em reação à Europa e ao mundo. A guerra foi antecedida por uma corrida armamentista
Nesse clima de disputa por mercados entre os países desenvolvida pelos países europeus a partir das crises do
europeus industrializados, começou a se desenhar uma con- Marrocos e dos Bálcãs.
juntura de “Paz Armada”, que levou os países industrializados Causa Imediata
a aumentarem sua produção de material bélico antevendo A crise diplomática surgiu com o assassinato do arque-
uma possível guerra. duque da Áustria, Francisco Ferdinando (28/7/1914) em Sa-
O nacionalismo crescente nas múltiplas minorias na- rajevo (Bósnia), por um patriota sérvio da sociedade secreta
cionais, que foram englobadas às grandes monarquias eu- “Mão Negra”.
ropeias (Congresso de Viena, 1814/15), contribuiu para Em Viena, decidiu-se eliminar, por uma humilhação di-
acentuar as tensões no continente europeu. O Império aus- plomática ou guerra, a Sérvia, que era sempre fator de agita-
tro-húngaro pode ser lembrado como o exemplo mais claro ção antiaustríaca. Berlim concordou, mas a Rússia não aceitou
desse momento. a repressão, pois a Sérvia era instrumento do pan-eslavismo.
O Império era composto por um conjunto de peque-
Em 23 de julho, um ultimato austríaco à Sérvia exigia que
nas nacionalidades (húngaros, croatas, romenos, tchecos,
eslovacos, bósnios etc.) que não conseguiam manter laços se desfizessem todas as agitações sérvias e que aceitassem a
de unidade e organizavam-se para questionar, por meio de participação de funcionários austríacos nas perícias sobre o
movimentos nacionalistas, a monarquia dual austro húngara assassinato do arqueduque Francisco Ferdinando.
e lutar contra ela. Sob o conselho da Rússia, a Sérvia rejeitou as imposições,
Em decorrência do clima de rivalidade e crescente hos- alegando que o ultimato atentava contra a sua soberania. A
tilidade que envolvia a Europa, acentuou-se a “Política de Áustria declarou guerra à Sérvia, a Rússia mobilizou suas tro-
Alianças”, que teve em Bismarck, ao final da unificação ale- pas destinadas a operar sobre as fronteiras austro russas.
mã, o seu precursor. A Tríplice Aliança era formada pela Ale- A Alemanha exigiu a desmobilização da Rússia e, como
manha, Áustria-Hungria e Itália, enquanto a Tríplice Entente não obteve resposta, mobilizou-se. Quando a Alemanha in-
era composta por Inglaterra, França e Rússia. vadiu a Bélgica para atacar a França, esta lhe declarou guerra.

21
HISTÓRIA

O Conflito Os Estados Unidos entravam agora de fato para cobrir


A Primeira Grande Guerra apresentou três frentes de ba- a retirada da Rússia, mobilizando 1 200 000 homens e uma
talha: vastíssima produção industrial. Porém, Wilson procurava res-
- a frente ocidental, onde belgas, ingleses e franceses tabelecer a paz, propondo os “14 pontos de paz”, que pre-
combatiam os alemães. gavam o retorno de Alsácia e Lorena para a França, a Inde-
- a frente oriental, onde os russos combatiam os alemães. pendência da Bélgica, Polônia, Sérvia e Romênia, e também
- a frente dos Bálcãs, onde os sérvios combatiam os aus- liberdade nos mares e a criação da Sociedade das Nações,
tríacos. que deveria ser árbitro internacional e fazer reinar a justiça.
O primeiro momento do conflito foi marcado pela Guer- A Saída da Rússia
ra de Movimento (de agosto a novembro de 1914). Em novembro de 1917, a Rússia se retirava da guerra, to-
No ano de 1914, o exército alemão tratou de colocar em talmente batida pela sua falta de organização e de suprimen-
prática seu plano de guerra chamado Plano Schlieffen (do tos; além do mais, apresentava um saldo negativo de, aproxi-
general Von Schlieffen). Esse plano mostrava que a Alemanha madamente, tre milhões de mortos, feridos e desaparecidos.
deveria invadir primeiro a Bélgica, para facilitar depois a inva- Nesse país, desenvolvia-se um processo revolucionário
que inauguraria, para a história, o primeiro governo socia-
são da França e, em seguida, investir sobre a Rússia.
lista. Esse governo assinaria, com o governo alemão, um
Na execução do plano, os alemães não contavam com
acordo de paz e de retirada da Rússia da guerra, chamado
um imprevisto: o avanço russo sobre a Alemanha. Isso exigiu Brest-Litovsky.
da Alemanha a criação de uma frente oriental de combate, o Fim da Guerra
que enfraqueceu a frente ocidental. Dessa forma, seu avanço Em 1918, a Alemanha começou a sofrer várias derrotas
sobre a França foi detido na batalha sobre o rio Marne, em no campo de batalha e, internamente, o país passava por
setembro (Batalha do Marne). levantes populares; o movimento operário se reorganizava,
Ainda no final de 1914, a guerra ganharia outra caracte- surgiam vários conselhos operários que governavam as ci-
rística: a guerra de movimento seria substituída pela guerra dades abandonavam as cidades abandonadas pelo poder
de posições, isto é, uma Guerra de Trincheiras. Foram abertas central. A Monarquia chegava ao fim, com a abdicação de
trincheiras de ambos os lados (Aliados e Ententes) que iam Guilherme II, em novembro, após o estouro da revolução.
desde o mar do Norte até a Suíça. Era o fim do Segundo Reich.
Do lado oriental, o exército russo mostrava sua fraque- A Alemanha, derrotada em todas as frentes, pediu a paz
za. A falta de equipamentos militares era notória no final de no dia 11 de novembro.
1914; dessa forma, o exército russo começava a perder terri- Os Tratados Pós-Guerra
tórios para os alemães. O Tratado de Versalhes
Em 1915, a Itália entrava na guerra ao lado da Entente, Composto por Lloyd George, da Inglaterra, Wilson dos
surpreendendo o mundo. É que esse país manifestava inte- EUA, e Clemenceau, da França. Firmaram-se as seguintes dis-
resse em tomar territórios controla pela Áustria-Hungria. posições no tratado:
Em 1917, a situação tornava-se difícil. Na França, Ingla- - os 14 pontos – propostos por Wilson – foram esque-
terra, Alemanha e Rússia estouravam levantes populares, so- cidos; os vencidos eram considerados culpados e deveriam:
bretudo de operários, recusando a guerra. Nesses levantes - ALEMANHA – entregar para a França a Alsácia e Lore-
populares, os operários tentavam se organizar em conselhos na; a Polônia seria restabelecida e a Alemanha deveria ceder
de fábrica, por meio dos quais buscavam, inclusive, o contro- territórios à Dinamarca;
le da produção industrial. - os alemães cederiam 60 Km de suas fronteiras orien-
Entretanto, nesse ano, ambos os lados do conflito ten- tais à Polônia, o “corredor polonês”, e lhe entregariam a ci-
dade de Dantzig;
taram quebrar o equilíbrio de forças em busca da vitória; foi
- a região mineradora de Sarre ficava sob a tutela da
assim que a Alemanha investiu sobre a Inglaterra com uma
Liga das Nações, mas suas minas de carvão passavam para
nova estratégia de guerra: a guerra submarina. Por meio dela,
a França;
os alemães pretendiam interromper o fornecimento de ma- - ainda pela paz, a Alemanha seria desmilitarizada, seu
térias-primas e alimentos à Inglaterra e seus aliados. exército teria no máximo 100 000 homens. O exército alemão
A Entrada dos EUA e sua Proposta de Paz e o Reno deveriam ser totalmente desmilitarizado;
Os norte-americanos mantinham-se neutros, liderados - as colônias alemãs na África e na Ásia seriam divididas
pelo presidente Wilson e, com isso, ganhavam os mercados entre Inglaterra, França, Bélgica e Japão;
ingleses abandonados na América Latina. O tratado amputava, de maneira significativa, a Alema-
Porém, da neutralidade passaram para a intervenção. O nha, considerada pelas agressões. O resultado do Tratado fe-
bloqueio britânico no mar do Norte impôs uma contrarrépli- riu o sentimento alemão que manifestaria na Segunda Guer-
ca alemã com bloqueios submarinos em torno da Inglaterra. ra Mundial.
Vários navios americanos foram afundados em fevereiro - Enfraquecer o capitalismo alemão;
de 1917; os americanos romperam relações com a Alema- - colocar fim à agitação que contagiou a Europa, após o
nha e, concomitantemente à ruptura, a Rússia se retirava da final da guerra;
Entente devido à revolução. Por outro lado, os banqueiros e - criar condições para destituir o governo socialista so-
industriais norte-americanos temiam que, se a Alemanha ga- viético. Uma das medidas tomadas nesse sentido foi a cria-
nhasse a guerra, tornar-se-ia difícil receber as imensas dívi- ção do “cordão sanitário”, que objetivava neutralizar geogra-
das que os países da Entente tinham para os Estados Unidos. ficamente a presença soviética na Europa. O “cordão sanitá-

22
HISTÓRIA

rio” consistia na formação de uma série de pequenos países de Versalhes veio apenas acentuar os conflitos já existentes,
dominados por ditaduras de extrema direita, nas fronteiras uma vez acentuou o revanchismo europeu (Alemanha) e ge-
europeias da União Soviética. rou um desequilíbrio econômico com suas retaliações, que
Fundação da Liga das Nações proporcionaram os agentes desencadeadores das crises do
Por uma proposta de Wilson, surgiu, em Versalhes (1919), entreguerra a recessão, o desemprego e a inflação.
a Liga das Nações. Entretanto, o congresso norte-americano Nessa conjuntura pós-guerra, o surgimento de governos
não ratificou o Tratado de Versalhes e, assim, os EUA nunca totalitários de direita (nazi-fascistas) ou de esquerda (socia-
chegaram a fazer parte da Liga das Nações. listas) tornou-se inevitável, com a falência das “Democracias
Historicamente, a Liga das Nações limitou-se a resolver Liberais” nos países mais atingidos pelos reflexos da Primeira
possíveis divergências entre os países vencedores, bem como Guerra.
“proteger” o mundo capitalista da influência bolchevique. Marcados pelo autoritarismo, nacionalismo expansionis-
Entretanto, as tentativas de assegurar a paz internacio- ta e militarista, corporativismo e valorização do sentimento
nal, tão defendida pelas nações vencedoras da guerra, apre- em detrimento da razão, ergueram-se Estados ditatoriais na
sentavam seus limites. A crise econômica e social, provocada Europa e no mundo entreguerras.
pelas pesadas indenizações impostas aos países vencidos, a O Fascismo na Itália
opressão das minorias nacionais, e as rivalidades imperialis- De 1919 a 1922, a Itália atravessou uma tríplice crise de
tas entre os vencedores prepararam o caminho para a Se- extrema violência.
gunda Guerra Mundial. Crise moral
Tratados de Saint-Germain, Neully, Trianon e Sèvres Apesar de estar no bloco vencedor, não teve reparações
No tratado de Saint-Germain, a Áustria estendia territó- financeiras e retirou-se humilhada da Conferência de Paris.
rios à Hungria, Tchecoslováquia, Romênia, Iusgolávia e Po- Crise econômica
lônia. Ao mesmo tempo, o governo austríaco era forçado a Inflação, alta nos preços (a lira é desvalorizada em 75%),
reconhecer a independência desses novos países. pobreza; o país possuía poucas indústrias e a que maior força
A Itália recebeu Trento, Trieste, Ístria e Fiume. tinha, a Fiat, oprimia os operários; os pequenos proprietários
Pelo mesmo tratado, ficava proibido qualquer tipo de rurais eram explorados pelos grandes latifundiários.
aliança com a Alemanha. Crise política
Por meio do Tratado de Neully, a Bulgária perdia territó- A confederação Geral do Trabalho lançava apelos de
rios para a Romênia, Iugoslávia e Grécia. greve e desocupação das fábricas. Os governos liberais eram
Com o término do conflito, a Hungria passava a ser um apoiados por uma coligação de liberais e populares, mas as
Estado soberano, já que se desmembrara da monarquia aus- disseminações proibiam todas as iniciativas governamentais.
tro húngara. A fraqueza governamental fazia surgir uma força de de-
O tratado de Trianon reduziu o território húngaro, com fesa contra o anarquismo: o fascismo.
a cessão da Eslováquia à Tchecoslováquia, da Transilvânia à Benito Mussolini, jornalista, abandonava o jornal socialis-
Romênia e da Croácia-Eslavônia à Iugoslávia. ta (Avanti) em 1914, para sustentar a tese da guerra contra a
O tratado de Sèvres fez com que a maior porção do ter- Áustria (para os fascistas a guerra passa a ser um símbolo de
ritório turco na Europa fosse cedida à Grécia. glória). Os fascistas queriam restaurar a grandeza do passado
Consequências da Primeira Guerra Mundial italiano e acabar com a anarquia.
- Progressiva degradação dos ideais liberais e democráti- Financiados pelos grandes proprietários capitalistas, ar-
cos, resultante das crises do período Pós-Guerra (entre guer- mados pelos militares organizados em brigadas (Squadri), os
ras 1919 a 1939) e do avanço dos totalitarismos de direita e camisanegras rompiam as greves e puniam os chefes sindi-
de esquerda (nazifascismo e ditadura soviética). calistas e socialistas.
- Fortalecimento das paixões e dos sentimentos nacio- Em agosto de 1922, os fascistas substituíram a força pú-
nalistas, gerados pelos tratados de paz (ex.: Versalhes), que blica e obrigaram a CGLI a suspender uma ordem de greve
levaram à manutenção do “revanchismo europeu” (especial- geral; a prévia foi feita nesse momento, sem nenhum obstá-
mente por parte da Alemanha e da Itália). culo; o caminho ao poder estava livre.
- Com a desmobilização ao final do conflito, verificou-se Em outubro, Mussolini, o Duce, reuniu suas tropas em
um grande desemprego nos países europeus. Perouse e Nápoles. Os 27 presidentes do Conselho de Facta,
- A Primeira Guerra Mundial expôs a fragilidade européia demissionários, são ameaçados pela marcha dos fascistas,
e o progressivo declínio dos países europeus no contexto em Roma.
mundial. Vitor Emanuel III abandona o Conselho de Facta e convi-
- O equilíbrio europeu desapareceu à medida que o re- da Mussolini para formar um ministérios.
sultado do conflito e as alterações político-territoriais permi- Habitualmente, Mussolini se introduz nos gabinetes libe-
tiram a supremacia da França e da Grã-Bretanha, em detri- rais e populares, obtendo plenos poderes da Câmara e dei-
mento do resto da Europa. xando intatas as liberdades públicas.
- Ascensão dos Estados Unidos como grande potência Em 1924, os fascistas só conseguiram 60% das cadeiras.
mundial. Matteotti, um socialista, denunciou na tribuna os crimes do
O Avanço Nazi-fascista fascismo e foi assassinado.
A Primeira Guerra Mundial (1914/18) não conseguiu re- A partir desse momento, Mussolini perdeu posição, mas
solver as contradições e os problemas econômicos e políticos por pouco tempo – “Se o fascismo é uma associação de cri-
que a geraram.Ao contrário, a paz determinada pelo Tratado minosos, eu me responsabilizo”. Mussolini excluiu os depu-

23
HISTÓRIA

tados da oposição, suprimiu os partidos políticos, menos o ção, dependente do capital estrangeiro, que fez surgir um
Fascista, dissolveu os sindicatos, fechou os jornais hostis, exi- proletariado concentrado nos grandes centros urbanos, vi-
lou seus adversários etc. vendo em péssimas condições e sem direitos trabalhistas. O
Em suma, pode-se dizer que uma ditadura, um cesaris- descontentamento era generalizado, o que possibilitou uma
mo democrático que ambiciona restaurar uma Roma Impe- progressiva conscientização e mobilização popular, amea-
rial, pesava sobre a Itália que, passivamente, permitia. çando diretamente o czarismo.
Mussolini impôs à Itália a ditadura do fascismo de 1925 O czarismo
a 1943. O fascismo possuía uma nova concepção (ou talvez É o nome que se dá à monarquia absoluta e autocrática
fosse uma síntese de concepções antigas); criou um siste- russa em que o czar governava por decreto. As condições de
ma político original, transformou a economia italiana numa vida do povo eram duras e os protestos, generalizados. A vio-
economia poderosa e procurou levar a Itália a partilhar do lenta repressão de uma manifestação (o chamado Domingo
mundo colonial, enfim, a constituir-se num Império Colonial. Sangrento) fez estourar, em 1905, uma revolução liberal o
O fascismo poderia ser uma projeção violenta sobre o ‘ensaio geral’. Dela, surgiram os sovietes ou comitês de tra-
mundo exterior da personalidade de Mussolini. Entretanto, a balhadores. O czar aprovou a formação de uma assembleia
ação do Duce é a síntese de Nitzche, George Sorel Maurras e legislativa, a Duma, e ampliou os direitos civis, porém só na
até mesmo da encílica Rerum Novarum de leão XIII, de 1891. aparência. O czarismo sobreviveu ao movimento de 1905,
De acordo com os princípios do pensamento fascista: mas nunca mais apresentaria a antiga força e estabilidade.
- O indivíduo nada mais é do que uma fração do Estado. As Revoluções
O indivíduo deve estar a serviço do Estado e deve procurar Revolução de Fevereiro: A Revolução de fevereiro de
exaltar a grandeza da pátria. 1917 pode ser considerada uma primeira etapa que envolvia
- A vida é um combate perpétuo contra as forças des- o contexto específico da Rússia e da economia mundial da
truidoras do Estado, a guerra exalta e enobrece o homem, época. A deposição do poder monárquico russo foi uma de-
regenera os povos ociosos e decadentes, reafirma a virilidade monstração de poder capaz de assinalar a fragilidade do sis-
que a paz destrói. tema capitalista, principalmente no que tange às consequên-
- As lutas de classe, que enfraquecem o Estado, cessarão, cias trazidas por uma guerra mundial feita para se definir de
os trabalhadores e patrões solidários unir-se-ão em corpora-
forma brutal o papel econômico das principais potências. 
ções para uma melhor produção, sob o comando do Estado,
A Rússia, que participou dos conflitos da Primeira Guerra
ao jugo do interesse nacional.
Mundial (1918 – 1918), possuía uma extensa população cin-
Do Duce se tornou presidente do Conselho, responsá-
gida por enorme fosso social. De um lado, havia massa de
vel somente diante do rei, governava por decretos, nomeava
camponeses sem condições de sobreviver fora da domina-
ministros e era assistido por um grande conselho fascista. Os
ção opressora dos grandes proprietários. Do outro, a forma-
trabalhadores foram reunidos em sindicatos fascistas, e os
patrões, nas federações industriais, formando corporações ção de uma extensa classe de operários explorados por um
presididas por delegados do Duce que regulamentavam o parque industrial fomentado pela ação de grupos econômi-
trabalho e os preços. cos estrangeiros. 
Em 11 de fevereiro de 1929, era assinado o Acordo de Foi nesse quadro específico que Leon Trotsky conseguiu
Latrão, que estabelecia o reconhecimento da soberania do arregimentar grande parte da população russa em torno de
Estado do Vaticano e proclamava o catolicismo como religião um projeto político revolucionário. Dessa forma, o partido
do Estado. Mussolini restabeleceu as relações com o Vatica- bolchevique se formou com a promessa de uma transforma-
no, rompidas em 1870. ção imediata que atenderia a demanda das classes trabalha-
A imigração passa a ser proibida, com o programa fascis- doras da nação continental. No âmbito externo, as baixas na
ta de colonização da Tripolitânia. A agricultura e a indústria se Primeira Guerra somente vieram a fortificar o potencial revo-
desenvolviam, sanando o desemprego e a falência de bancos lucionário ao piorar as condições de uma economia que mal
e indústrias, comuns depois de 1929. sustentava sua população civil. 
Fruto dessa situação, surge a Guerra da Etiópia. Em 1935, Nos primeiros meses de 1917 a situação chegara a um
o general Badoglio toma Addis-Abeba. Ainda foi criado o ponto completamente insustentável. Diversas lojas de man-
Instituto de Reconstrução Industrial, um organismo financei- timentos começaram a ser saqueadas pela população, os
ro que impulsionava a indústria. movimentos grevistas foram articulados e uma onda de pro-
As relações ítalo alemãs resultavam da oposição franco testos contra o governo czarista tomava as ruas da capital Pe-
inglesa à Itália. trogrado. As forças repressoras, que já também não reconhe-
Em 1936, Mussolini proclamou o eixo Roma Berlim. Mas ciam o poder estabelecido, tomaram parte da derrubada do
a Itália se aproximava da Alemanha com a Guerra Civil Espa- governo ocorrida em 26 de fevereiro daquele mesmo ano. 
nhola, em que alemães e italianos entram em favor de Franco. Pressionado pelo levante popular, o czar Nicolau II abdi-
Os italianos ocupavam a Albânia, enquanto os alemães cou do poder monárquico instaurando uma situação política
ocupavam a Boêmia e a Moravia, em 1939. dúbia no país. Ao mesmo tempo em que o parlamento de
A Rússia no princípio do século XX maioria burguesa assumiu o novo governo, os sovietes rus-
O Império russo possuía uma economia agrária arcai- sos começaram a se concentrar na capital na esperança de
ca e defasada. A aristocracia e alguns grandes agricultores ter suas reivindicações atendidas. Na época, as organizações
eram proprietários da terra. A massa de camponeses pobres trabalhadoras (sovietes) eram ainda dominadas por uma cor-
era obrigada a partir para as cidades em busca de trabalho. rente de pensamento reformista favorável a uma transforma-
Em algumas zonas, iniciou-se um processo de industrializa- ção gradual. 

24
HISTÓRIA

O projeto de ruptura proposto pelos partidários bolche- Durante a Terceira Conferência de Comitês de Fábrica de
viques só tomou força no momento em que Lênin retornou Toda a Rússia, a maioria dos sovietes se mostrava completa-
de seu exílio e publicou as “Teses de Abril”. A sua obra pre- mente aliada a essa ideia de uma nova tomada do poder. No
gava uma reformulação do cenário político ao se opor a uma dia 25 de outubro de 1917, o soviete de Petrogrado promo-
ordem onde o parlamento seria o instrumento de ação po- veu uma insurreição organizada pelo seu Comitê Militar Re-
lítica direta. Em seu discurso, Lênin realizou um quadro ain- volucionário. O levante obteve sucesso e, dessa forma, Lênin
da mais urgente onde as classes trabalhadoras deveriam ter passou a comandar o governo dos comissários do povo. A
poder decisório imediato.  partir de então, o Partido Bolchevique passaria a controlar as
Ao contrário do que parecia, Lênin não defendia a im- cartas desse processo de transformação. 
posição imediata de um regime de ordem socialista. Em sua A ascensão desse novo governo abriu caminho para a
perspectiva, a revolução deveria alcançar uma segunda etapa ocorrência de movimentos de independência nos domínios
onde os trabalhadores iriam decidir como a recuperação da da antiga Rússia czarista. Na Finlândia e na Ucrânia, movi-
Rússia iria se elaborar. Os opositores de Lênin diziam que ele mentos de independência selaram o caso da subordinação
às autoridades russas. Pouco interessado em se desgastar em
forçava uma outra revolução com pretensões de desestabili-
mais lutas, as lideranças bolcheviques cederam à pressão das
zar o “novo” governo em ação. No fim das contas, a proposta
nações dissidentes e se voltaram à resolução dos problemas
de Lênin ganhou força frente às medidas do governo da bur-
internos. 
guesia parlamentar. De imediato, o governo bolchevique lançou decretos
Em abril de 1917, o governo burguês deu um verdadei- que tratavam das questões referentes à paz, a distribuição de
ro “tiro no pé” ao manter a Rússia nos conflitos da Primeira terras, os limites dos órgãos de comunicação e os direitos da
Guerra. Miliukov, chefe do governo provisório, renunciou ao população civil e militar. O poder de ação política dos sovie-
cargo dando margem para a configuração de um comando tes foi notório e o Congresso Pan-Russo tratava de garantir o
partilhado entre burgueses e trabalhadores. O novo gover- direito de participação popular por meio do Conselho Execu-
no conseguiu conter os levantes populares e reorganizar os tivo e do Conselho dos Comissários do Povo. 
exércitos russos. No entanto, a partir de junho, novas derro- No plano externo, o novo governo russo teve que aceitar
tas militares somente mostraram a inviabilidade do governo as deploráveis condições do Tratado de Brest-Litovski para
composto por trabalhadores e burgueses.  sair da Primeira Guerra Mundial. Os países aliados acabaram
Os protestos se potencializaram com força maior, no en- dominando um quarto da população e das terras férteis da
tanto, os levantes concentrados na capital não eram suficien- Rússia. Além disso, uma guerra civil se iniciaria contra os bol-
tes para trazer um novo governo. Os conservadores aprovei- cheviques. Tropas estrangeiras e setores burgueses e conser-
taram da situação para tentar excluir os populares do cenário vadores da Rússia apoiavam a oposição militar à ditadura de
político. Muitos deles passaram a acusar os bolcheviques de trabalhadores. 
serem comprometidos com os interesses dos inimigos de Com isso, teve início uma sangreta guerra civil entre os
guerra ao propor uma rendição pacífica das tropas russas. exércitos vermelho (revolucionários) e branco (antissocialis-
Além disso, os conservadores tentaram apoiar um fracassado tas). Contrariando a situação de penúria dos exércitos ver-
golpe militar conduzido pelo general Kornilov.  melhos, a guerra civil foi vencida pelos partidários do novo
A tentativa de golpe de Estado foi o incidente final e ne- governo bolchevique. A partir de então, o novo governo re-
cessário para que a perspectiva política de Lênin tivesse for- volucionário teria condições mais amplas e favoráveis para,
ça. Os operários e soldados russos fizeram oposição massiva enfim, enfrentar batalhas muito mais duras nos campos so-
contra uma nova ordem de governo ditatorial. Os militares cial e econômico. 
começaram a abandonar os campos de batalha da Primei- No ano de 1918, uma série de atos legislativos preten-
diam tomar medidas em relação ao trabalho, salário e às
ra Guerra, os camponeses intensificaram seus protestos e as
condições de vida dos trabalhadores. O sistema judiciário foi
ideias de Lênin ganharam maioria dentro dos sovietes. Uma
reformulado com uma nova lógica de prescrições que, no
nova revolução se preparava.
máximo, atingiam a pena de cinco anos de detenção. Em cár-
Revolução de Outubro: A partir de fevereiro de 1917, os cere, os detentos passavam a frequentar escolas que recupe-
rumos tomados pelo novo contexto político russo tomariam rassem os criminosos. 
outros destinos. O governo provisório não abriu portas para De modo geral, a Revolução de Outubro abriu portas
que os sovietes tivessem participação plena nas decisões para o período de recuperação vislumbrado pela estrutura
políticas a serem tomadas. Mesmo sendo a grande força de democrática garantida junto ao pragmatismo de Lênin. As
transformação política do período, o novo governo tomou novas ações de seu governo trariam a reorganização de uma
medidas alheias aos anseios presentes em tais unidades de nova Rússia capaz de transformar sua realidade. No entanto,
participação política popular.  a morte de Lênin trouxe à tona uma nova questão definidora
Além do insucesso nos projetos de recuperação da eco- aos destinos dessa revolução.
nomia interna, o governo provisório de fevereiro optou pela Formação da União Soviética
manutenção das tropas russas na Primeira Guerra Mundial. A União Soviética foi o país que representou o bloco co-
Tais fatos contribuíram para que a tendência à postura polí- munista no mundo a partir de 1922 e combateu a polaridade
tica tomada por Lênin ganhasse força. De acordo com esse capitalista até 1991.
revolucionário, a Rússia só poderia engendrar eficazmente as No começo do século XX, a Rússia ainda era um país
transformações necessárias no momento em que os sovietes muito atrasado em relação aos demais. O modo de produ-
controlassem diretamente o governo.  ção russo ainda era feudal, o país era absolutista e governado

25
HISTÓRIA

por um czar. Ainda no final do século XIX, foi construída uma tava mais satisfeita com as promessas comunistas e se revol-
estrada que permitiu uma rápida industrialização de regiões tara contra as rígidas regras impostas pela União Soviética ao
como Moscou e São Petersburgo, só que a Rússia não tinha longo dos anos. Em 1989 foi derrubado o Muro de Berlim,
estrutura para suportar uma drástica mudança. Os campone- símbolo da Guerra Fria. Muitos consideram a ocasião como
ses acabaram ficando na mesma situação de miséria. o marco do fim do socialismo no mundo, mas o mais certo
Em 1905, as insatisfações da população russa culmina- seria dizer que é o marco da vitória do capitalismo no mun-
ram em um movimento de contestação ao sistema que, mes- do. A União Soviética, por sua vez, chegou realmente ao fim
mo sem uma liderança definida ou propósitos muito claros, em 1991 quando foi desmembrada em vários outros países.
resultou na chamada Revolução Russa de 1905. O evento é Período Entre Guerras
considerado um ensaio geral para a grande revolução que É denominado período entre guerras a fase da história
ocorreria no ano de 1917 e transformaria significativamen- do século XX que vai do final da Primeira Guerra Mundial até
te a estrutura do país. Em 1905, o czar perdeu a admiração o início da Segunda Guerra Mundial, ou seja, entre 1918 a
que sustentava dos súditos, conseguiu ainda se sustentar no 1939. A época é marcada por vários acontecimentos de im-
poder até 1917, mas a Revolução Russa de 1917 condenou portância que contribuíram para delinear a geopolítica inter-
o czar Nicolau II à morte. Este movimento foi conduzido
nacional nas décadas seguintes.
pelo Partido Bolchevique, o qual reunia um grupo mais ra-
Logo a seguir ao fim do primeiro conflito, o que se ob-
dical que defendia mudanças através da ação revolucionária.
serva são importantes mudanças políticas e de rearranjos ter-
Foi em 1922 que se constituiu oficialmente a União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Esta se formou como ritoriais na Europa, África e Ásia. As Potências Centrais, Ale-
um grande país de dimensões continentais e reuniu Rússia, manha, Áustria-Hungria e Império Turco Otomano pagarão
Ucrânia, Bielorrússia, Transcaucásia, Estônia, Lituânia, Letô- preços altíssimos pela derrota na guerra. A Áustria-Hungria,
nia, Moldávia, Georgia, Armênia, Azerbaijão, Cazaquistão, uma potência na Europa Central há séculos, deixa de existir,
Uzbequistão, Turcomenistão, Quirguizão e Tadjiquistão. O fragmentando-se em várias novas nações, com importância
transcorrer da Primeira Guerra Mundial foi vital para o novo diminuta no cenário político mundial. Caso similar ocorre
movimento revolucionário na Rússia e a formação de um com o Império Turco Otomano, que antes da guerra já se
grande país de cunho comunista. encontrava em crise, mas, com a derrota, irá perder todos
Lênin foi o grande nome da formação da União Sovié- os seus territórios: o Egito passará formalmente ao controle
tica, ele foi o responsável por conduzir os trabalhadores na britânico, Síria, Líbano, Palestina e Iraque passarão a ser ad-
revolução e por estruturar a política e a economia do novo ministrados por meio de mandatos da Liga das Nações pelos
país. Após sua morte, Stalin assumiu o controle da União So- vitoriosos na guerra, França e Reino Unido. O que restou do
viética, instalando uma ditadura socialista que se estenderia antigo território Otomano, a atual Turquia, sofrerá uma inten-
até a década de 1950. sa onda de reformas, dando origem a um estado moderno,
A União Soviética conheceu grande crescimento e, por secular, que pouco lembra o antigo Império Turco Otomano.
se tratar de um país com bases comunistas, passou ilesa Mas, sem dúvida, as piores consequências da guerra caí-
pela Crise de 1929 que abalou profundamente vários países ram sobre a Alemanha, que perdeu todas as suas colônias na
capitalistas. Na Segunda Guerra Mundial, a União Soviética África, Ásia e Oceania, foi forçada a pagar uma indenização
foi uma das grandes vencedoras, ao lado dos Estados Uni- brutal em bens e dinheiro (que nunca foi quitada) e que ar-
dos. Os dois países foram os grandes ganhadores da guerra, ruinou a economia do país, indo desembocar em uma hipe-
entretanto um deles, Estados Unidos, defendia a ideologia rinflação poucas vezes vista.
capitalista, enquanto a União Soviética defendia a ideologia A crise econômica que devastou a Alemanha iria ressoar
comunista. A polaridade entre os dois países dividiu o mun- através da Europa e chegar aos Estados Unidos em 1929, fa-
do em um novo confronto a partir de 1945, a Guerra Fria. zendo enormes estragos neste país, em especial no seu auge,
A Guerra Fria foi um confronto ideológico que colocou
em 1932. Conscientes de que a Alemanha, um importante
em choque as ideologias capitalistas e comunistas no mundo.
elemento no arranjo da economia mundial não poderia ser
Os líderes do capitalismo eram os Estados Unidos e do co-
eternamente relegado a um plano inferior devido às dívidas
munismo era a União Soviética. Como ambos os países, ven-
cedores da Segunda Guerra Mundial, desfrutavam de arma- de guerra, as potências mundiais passam a tratar de modo
mento capaz de realizar uma mútua destruição, o confronto mais condescendente o país, procurando reinseri-lo dentro
direto entre eles não ocorreu. Em lugar disso, vários conflitos da esfera das grandes economias da época.
surgiram no mundo tendo a influência e o apoio, militar e Ao mesmo tempo em que a Alemanha é “perdoada” no
econômico, de tais países. O grande símbolo da Guerra Fria cenário mundial, a situação interna ainda é de mágoa e de
foi o Muro de Berlim, o qual cortou a cidade alemã de Berlim revanchismo. O desejo de retribuir as humilhações impostas
em lado ocidental e lado oriental, sendo ocidental capitalista pela perda da guerra são personalizadas na figura do partido
e oriental comunista. nazista e seu líder, Adolf Hitler, que personaliza o desejo dos
A União Soviética travou grande conflito com os Esta- alemães de reerguer seu país e torná-lo uma potência mun-
dos Unidos pela influência ideológica no mundo durante al- dial de fato e de direito.
gumas décadas. No início da década de 1980, entretanto, a Há um sentimento similar na Itália, desejosa de aumentar
União Soviética já se mostrava desgastada e incapaz de se sua importância política e econômica, e que sai da guerra
sustentar em sua ideologia. Seus produtos e estrutura políti- sentindo-se pouco recompensada por seus esforços. O líder
ca já estavam sucateados, várias medidas foram implantadas fascista, Benito Mussolini irá se identificar bastante com os
para tentar dar sobrevida ao sistema. A população já não es- objetivos de conquista alemães. Outro participante do lado

26
HISTÓRIA

vitorioso, o Japão, assim como a Itália, quer expandir o seu mente. Na Península Ibérica, golpes políticos engendrados
império, que já contava com a Coreia, Taiwan e o Mandato por setores militares e apoiados pela burguesia deram início
das Ilhas do Pacífico que pertenciam à Alemanha. ao franquismo, na Espanha, e ao salazarismo, em Portugal.
Assim, o cenário de crise econômica, as promessas de Em outras regiões da Europa a experiência totalitária
regimes totalitários como o fascismo e o nazismo, de realiza- também chegou ao poder pregando o fim das liberdades
ção e progresso, além do sentimento de revanchismo contra civis e a constituição de governos autoritários. Na grande
os principais atores da política mundial irão desembocar em maioria dos casos, a derrocada do nazifascismo após a Se-
um novo conflito mundial em 1939, que foi desencadeado gunda Guerra Mundial, serviu para que esses grupos extre-
em boa parte como uma espécie de acerto de contas não mistas fossem banidos do poder com o amplo apoio dos
resolvidas na primeira guerra. A prova disso foi um desejo grupos simpáticos à reconstrução da democracia e dos di-
simbólico de Hitler de trazer para a França o mesmo vagão reitos civis.
em que foi assinada a rendição da Alemanha em 1918, para Estado
que os franceses assinassem sua própria rendição em 1940, É comunidade de homens, fixada sobre um território,
quando a França foi conquistada pelas forças nazistas. com potestade superior de ação, de mando e de coerção. É
Regimes Totalitários Pessoa Jurídica de Direito Público Interno.
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, a Europa teve de Socialismo
enfrentar uma de suas piores crises econômicas. O uso do Ideologia política que se desenvolve a partir do século
território europeu como principal palco de batalha acarretou XIX em oposição ao capitalismo e ao liberalismo. Propõe a
na redução dos setores produtivos e inseriu a população de abolição da propriedade privada, da sociedade de classes e
todo continente em um delicado período de pobreza e mi- da chamada exploração do homem pelo homem. Defende a
séria. Além dos problemas de ordem material, os efeitos da revolução proletária e a tomada do poder pelas classes tra-
Grande Guerra também incidiram de forma direta nos movi- balhadoras.
mentos políticos e ideologias daquela época. Tipos de socialismo:
Como seria possível retirar a Europa daquela crise? Essa Socialismo utópico – Representa a primeira formula-
era uma questão que preocupava a população como um ção do pensamento socialista. Esta denominação deve-se ao
todo e, com isso, diversas respostas começaram a surgir. Em fato de que seus teóricos, após criticarem a sociedade de sua
um primeiro momento, a ajuda financeira concedida pelos época, expunham os princípios de uma sociedade ideal, sem
Estados Unidos seria uma das soluções para aquela imensa indicar os meios para torná-la real. Apontavam a socialização
crise. No entanto, as esperanças de renovação sustentadas dos meios de produção, a supressão da herança, a proteção
pelo desenvolvimento do capitalismo norte-americano fo- do indivíduo mediante leis sociais, a abolição da moeda, a
ram completamente frustradas com a crise de 1929. produção sem finalidade de lucro, o ensino para todos e a
Dessa maneira, a sociedade europeia se mostrava com- igualdade de direitos entre homens e mulheres. Seus princi-
pletamente desamparada com relação ao seu futuro. As pais representantes foram Saint-Simon (1760-1825), Charles
doutrinas liberais e capitalistas haviam entrado em total des- Fourier (1772-1837), Louis Blanc (1811-1882) e Robert Owen
crédito mediante sucessivos episódios de fracasso e indefini- (1771-1858).
ção. Paralelamente, socialistas e comunistas – principalmente Socialismo científico – Através da análise da realidade
após a Revolução Russa de 1917 – tentavam mobilizar a clas- econômica e da evolução histórica do capitalismo, Karl Marx
se trabalhadora em diversos países para que novos levantes (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) formulam princí-
populares viessem a tomar o poder. pios para o estabelecimento de uma sociedade sem classes e
A crise, somada às possibilidades de novas revoluções igualitária. São influenciados pela filosofia de Hegel (dialéti-
populares, fez com que muitos vislumbrassem uma nova ca) e os escritos da economia política inglesa (David Ricardo).
onda de instabilidade. Foi nesse momento em que novos Eles consideram que a evolução histórica é determinada pela
partidos afastados do ideário liberal e contrários aos ideais luta de classes e pelas condições econômicas de cada época.
de esquerda começaram a ganhar força política. De forma Defendem a organização da classe trabalhadora como força
geral, tais partidos tentavam solucionar a crise com a insta- revolucionária, a fim de tomar o poder político.
lação de um governo forte, centralizado e apoiado por um Socialismo cristão – Também chamado de catolicismo
sentimento nacionalista exacerbado. social, surge em fins do século XIX, em oposição às ideias so-
Apresentando essa perspectiva com ares de renovação, cialistas, e prega a aplicação dos ensinamentos cristãos para
tais partidos conseguiram se aproximar dos trabalhadores, corrigir os males criados pela industrialização. Defende a or-
profissionais liberais e integrantes da burguesia. A partir de ganização sindical e a justiça social. Com a encíclica Rerum
então, alguns governos começaram a presenciar a ascensão novarum (1891), tida como uma resposta conservadora ao
de regimes totalitários que, por meio de golpe ou do apoio Manifesto Comunista (1848), o Papa Leão XIII (1878-1903)
de setores influentes, passaram a controlar o Estado. Obser- reconhece a gravidade da questão social produzida pelo ca-
vamos dessa forma o abandono às liberdades políticas, e as pitalismo, mas rejeita as soluções revolucionárias ou iguali-
ideologias sendo enfraquecidas por um governo de caráter tárias.
autoritário. Social-Democracia
Na Itália e na Alemanha, países profundamente afetados Tentando compatibilizar socialismo e democracia, um
pela crise, o nazismo e o fascismo ascenderam ao poder sob grupo de políticos e pensadores esforçou-se por renunciar,
a liderança de Benito Mussolini e Adolf Hitler, respectiva- na gestão pública, ao dirigismo econômico absoluto e à do-

27
HISTÓRIA

minação total da economia pelo Estado. Compreendeu, pela Com a morte de Lenin, assume o político Josef Stalin (1879-
visão dos fatos, que o dirigismo socialista provocava sem- 1953). Ele suprime a oposição, promove a coletivização da
pre ineficiência econômica e despotismo político. Mas não terra, a industrialização acelerada, o planejamento centraliza-
abriu mão da ideia da coletividade prevalecendo sobre o in- do e controla os partidos comunistas de todo o mundo. Sua
divíduo. Buscam a igualdade por meio do “Estado protetor”, política é chamada de stalinismo.
que atenda às necessidades elementares da população, sem Após a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), comunistas to-
renunciar à “orientação oficial” da economia. Insistindo em mam o poder nos países do Leste Europeu libertados do
juntar contrários, tendem à burocratização para administrar nazismo pelo Exército soviético. Em 1949, os comunistas li-
o Estado e a sociedade. A social-democracia defende a liber- derados por Mao Tsé-tung (1893-1976) tomam o poder na
dade individual, tal como os liberais, mas enxerga o indivíduo China. O sistema se espalha por vários países do sudeste
como uma célula apenas da comunidade. asiático e da África e em Cuba. Na década de 80, os governos
Liberalismo chinês e soviético passam a adotar alguns princípios capita-
O Liberalismo do Século XIX é contraditório, feito por fi- listas, como a permissão para pequenas propriedades priva-
lósofos que não tinham completa ciência dos fatos sociais, das. Com a queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de
que estavam mais preocupados em minimizar o poder do 1989, a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Sovié-
Estado para garantir uma falsa liberdade socioeconômica ticas e a formação da CEI (Comunidade de Estados Indepen-
do que em averiguar os fatos e enxergarem o real papel do dentes), em 1991, os governos comunistas entram em crise.
Poder Estatal. Seus ideais dizem respeito a uma sociedade Totalitarismo
civil com cidadãos capazes de distinguir o certo do errado, O termo “totalitarismo” refere-se a uma concepção po-
respeitosos da lei, fazendo com que assim o papel do esta- lítica que exalta o Estado, a nação ou uma classe social, às
do (garantir o equilíbrio social) seja dispensável. O problema quais o indivíduo deve estar totalmente submetido. A todos
do pensamento liberal é justamente não conseguir enxergar os aspectos de sua vida privada passam para um segundo
a importância do Estado em relação à liberdade individual. plano, imolando-se o indivíduo no altar do coletivismo gros-
Sim, o Estado pode privar o indivíduo de sua liberdade, mas seiro. Daí o argumento de Adolf Hitler, inspirador do totalita-
acima de tudo é seu dever garantir sua segurança, e quando rismo nazista: “... a missão principal dos Estados Germânicos
isto é cumprido, o ideal liberal não se cumpre. é cuidar e pôr um paradeiro a uma progressiva mistura de
Comunismo raças”.
Doutrina e sistema econômico e social baseado na pro- O totalitarismo e a ditadura têm poucas diferenças, assim
priedade coletiva dos meios de produção. Sistema social, po- como o socialismo e o comunismo. O fascismo é totalitário, e
lítico e econômico desenvolvido teoricamente por Karl Marx, o Estado fascista; síntese e unidade de todo valor interpreta,
e proposto pelos partidos comunistas como etapa posterior movimenta e domina toda a vida do povo.
ao socialismo Tem como ideal a primazia do interesse co- Ditadura
mum da sociedade sobre o de indivíduos isolados. Esta no- É o exercício temporário do poder político, unipessoal
ção surge já na Antiguidade. Os ideais comunistas acompa- ou colegiado, caracterizado pela concentração de atribuições
nham a civilização cristã na Idade Média e no Renascimento. pré-fixadas e destinado a sanar mal público iminente ou real.
As grandes utopias sobre o comunismo surgem nos séculos Tal definição pode parecer estranha a quem estiver habitua-
XVI e XVII. do ao uso indiscriminado do vocábulo, que, por ter natureza
Conceitos a partir do pensamento dos Marxistas e do analógica - apresenta vários sentidos correlatos, análogos,
próprio governo comunista: embora não idênticos - presta-se a uma série de preconcei-
Comunismo marxista – O Manifesto Comunista, escrito tos e mal-entendidos.
em 1848 pelos pensadores alemães Karl Marx(1818-1883) e Nazismo
Friedrich Engels (1820-1895), afirma que o comunismo seria Nazismo é um movimento autoritário que nasceu na
o estágio final da organização político-econômica humana. Alemanha após 1ª guerra mundial e cresceu quando Hitler
A sociedade viveria num coletivismo, sem divisão de classes subiu ao poder na Alemanha em 1933. O Nazismo se baseia
nem a presença de um Estado coercitivo. Para chegar ao co- no anticomunismo, no antissemitismo, e na crença na supe-
munismo, os marxistas preveem um estágio intermediário de rioridade da raça ariana em relação às outras raças e pregava
organização, o socialismo, que instala uma ditadura do pro- a “limpeza racial” no país com a perseguição a outros povos
letariado para garantir a transição. Essa ditadura promove a como judeus, curdos, etc...Também queria a expansão da Ale-
destruição completa da burguesia, abole as classes sociais e manha Nazista na Europa.
desenvolve as forças de produção de modo que cada indiví- Ao final da 1ª Guerra Mundial, além de perder territórios
duo dê sua contribuição segundo sua capacidade e receba para França, Polônia, Dinamarca e Bélgica, os alemães são
segundo suas necessidades. Para os marxistas, a construção obrigados, por determinação do Tratado de Versalhes, a pa-
de uma situação de abundância permitiria a supressão dos gar pesadas reparações financeiras aos países vencedores. O
salários e a extinção total do Estado.Governos comunistas pagamento dessa penalidade provoca o crescimento da dívi-
– Em 1917, a Revolução Russa instala no poder os defenso- da externa e compromete os investimentos internos, geran-
res do comunismo. Sob a liderança do russo Vladimir Lenin do falências, inflação e desemprego em massa: as tentativas
(1870-1924), é estabelecida a ditadura do proletariado e o fracassadas de revolução socialista (1919, 1921 e 1923) e as
Partido Comunista controla o governo com o objetivo de fa- sucessivas quedas de gabinetes de orientação social-demo-
zer a transição entre o capitalismo e o socialismo. Os princí- crata criam condições favoráveis ao surgimento e à expansão
pios e métodos adotados são conhecidos como leninismo. do nazismo no país.

28
HISTÓRIA

O intervencionismo e a planificação econômica adotados Os franceses imediatamente, aliaram-se aos eslavos e


por Hitler eliminam, no entanto, o desemprego e provocam firmaram o Pacto de Assistência Mútua, que Stalin aceitou
o rápido desenvolvimento industrial, estimulando a indústria diante da ameaça nazista. Mais tarde, a França procurou sa-
bélica e a edificação de obras públicas, além de impedir a crificar a Etiópia e estabelecer um acordo com a Itália, junto
retirada do capital estrangeiro do país. à Inglaterra, em 1935.
Fascismo A Guerra Civil Espanhola
Fascismo começou na Itália com o líder Benito Mussolini A Guerra Civil Espanhola (1936-1939) foi decisiva para o
que era um sentimento nacionalista assim como o nazismo. delineamento da Segunda Guerra Mundial.
Eles aboliam todo o tipo de estrangeirismos, como empresas, Em 1931, uma parcela da burguesia espanhola, unida aos
palavras de origem estrangeira no idioma nacional, etc. trabalhadores, proclamou a Republica. Os republicanos espa-
Suas principais características são o totalitarismo, que su- nhóis pretendiam realizar um programa de reformas, entre as
bordina os interesses do indivíduo ao Estado, o nacionalismo, quais estavam a reforma agrária e a reforma urbana.
que tem a nação como forma suprema de desenvolvimento Para combater o programa republicano, os latifundiários,
e organização social coesa, e o corporativismo: os sindicatos o clero e os oficiais do exercito se organizaram no Partido da
patronais e dos trabalhadores, convertidos em corporações Falange, de orientação fascista.
Em 17 de julho de 1936, quando o pais se debatia em in-
sob a intervenção direta do Estado, são os mediadores das
tensa agitação, levantaram-se os militares, comandados pelo
relações entre o capital e o trabalho.
general Francisco Franco, para derrubar a República.
Em 1924, o Partido Fascista assume o poder em uma Os fascistas espanhóis receberam ajuda da Itália e Ale-
Itália que atravessa profunda crise econômica, agravada por manha, que enviaram homens e armas; os republicanos
greves e manifestações de trabalhadores urbanos e rurais. A contaram com o apoio da União Soviética e das Brigadas
implantação do regime significou o cerceamento à liberdade Internacionais, formadas por trabalhadores e intelectuais de
civil e política, a derrota da revolução social esquerdista, a diversos países.
eliminação dos sindicatos, limitações ao direito dos empresá- A França e Inglaterra insistiam na ideia de que os países
rios de administrar sua força de trabalho e o uni partidarismo. deveriam praticar uma (política de não-intervenção).
A política adotada, entretanto, foi eficiente na modernização Como a ajuda recebida pelos republicanos revelou-se
da economia industrial italiana e na diminuição do desem- insuficiente, as forças do fascismo venceram a guerra em
prego. 1939. Com a vitória que se consolidou em 28/03/1939 e com
Segunda Guerra Mundial a queda de Madri, Franco passou a ser apoiado pela Igreja e
Fatores e Antecedentes por uma parcela dos trabalhadores. Foi mais uma vitória da
A terceira década do século XX foi marcada pela ins- ditadura que nasceu da democracia. A guerra proporcionou
tabilidade das relações internacionais, pela crise econômica para a Alemanha, um experimento de seus materiais bélicos
e pelo crescimento dos regimes nazifascistas. Esse contexto, e uma aproximação com a Itália.
acrescido das disputas entre EUA, França e Inglaterra de um As Alianças
lado e Alemanha, Itália e Japão de outro, gerou a Segunda Tanto a França como a Grã-Bretanha pronunciaram san-
Grande Guerra. ções contra a Itália em relação à Etiópia, o que aproximou
O Rearmamento Alemão Hitler da Itália. A Guerra Civil Espanhola, em 1936, deu a Hi-
Hitler preocupou-se com o rearmamento e com os alia- tler e a Mussolini uma aproximação ideológica e estratégica
dos. Em 1935, por um plebiscito, restabelece o Sarre para a na medida em que apoiaram Franco. Em 1º de novembro de
Alemanha. Em 1936, reocupou militarmente a Renânia. Em 1936, Mussolini proclamou o eixo Roma Berlim, uma mani-
1939 o serviço militar agrupa 1.500.000 homens ao exercito festação de solidariedade e não aliança, pois esta só se com-
alemão, que compõem as unidades blindadas (Panzerdivisio- pletaria com a visita do Fuher a Roma, em 1938.
O Japão, tomando a China, temia a URSS e assinaria, em
nen) e a aviação militar (Luftwaffe).
1936, com a Alemanha, o Pacto Antikomintern, ao qual aderi-
A Política Externa de Hitler
ram a Itália, a Hungria de Horth e a Espanha de Franco. Hitler
A concretização dos objetivos hitleristas e as primeiras
criava pontos de apoio.
reações europeias deram-se de 1933 a 1935. Seus objetivos O Anschluss
estavam exposto Mein Kampf e eram, basicamente, livrar a Desde 1934, com o assassinato do chanceler austríaco
Alemanha da humilhação onerosa de Versalhes, reunir em Dolfuss, os nazistas alemães passaram a exercer cada vez
um grande Reich alemão todas as populações europeias de mais influência na política interna da Áustria. Com o cresci-
língua alemã e conquistar o oeste (Polônia e Ucrânia) para usá mento econômico implantado por Hitler na Alemanha, aliado
-lo como fornecedor de matérias-primas para a Alemanha. ao nacionalismo pangermânico, os austríacos, cada vez mais,
Em 14 de outubro de 1933, Hitler obtinha igualdade de tendiam a aceitar uma anexação à Alemanha, unindo, dessa
direitos em relação aos franceses, em matéria de armamen- forma, a raça germânica sob um Reich.
tos, abandonando a Conferencia de Desarmamento. Em maio de 1938, foi realizado um plebiscito sobre o
Em 25 de julho de 1934, os nazistas austríacos assassina- Anschluss e o resultado foi de 99,75% a favor. Estava, assim,
ram os chanceler Dolfuss, na esperança de provocar o Ans- concretizado o Anschluss.
chluss (a união da Áustria com a Alemanha). A Crise da Tchecoslováquia
Hitler procurava se isolar, mas Mussolini inseriu a Ale- A política expansionista alemã continuou em 1938.
manha no (Pacto dos Quatro), de 1933, a fim de modificar as Hitler exigiu, em Nuremberg, a região dos Sudetos, in-
fronteiras da Europa Central. corporada à Checoslováquia em 1919, onde viviam apro-

29
HISTÓRIA

ximadamente três milhões de alemães. Os Checoslováquia - norte, para ocupar Leningrado;


resistiram e pretenderam não entregar; para tanto contavam - centro, para ocupar Moscou;
com o apoio da França e da URSS. - sul, para ocupar a região da Ucrânia e do Cáucaso.
Para evitar a guerra, Mussolini propôs uma conferência A resistência soviética se fez através da campanha da
das quatro grandes potências em Munique. Mussolini, Hitler, “terra arrasada”, isto é, em seu recuo os soviéticos queima-
Neville Chamberlain e Edouard Daladier representaram, res- vam e demoliam tudo aquilo que os invasores pudessem uti-
pectivamente, a Itália, a Alemanha, a Inglaterra e a França. A lizar e, com isso, conseguiram deter o avanço alemão.
Checoslováquia não foi admitida na reunião. Em dezembro, chegava ao fim a tentativa de negociação
Hitler saiu vitorioso mais uma vez, posto que a região entre EUA e Japão a respeito da expansão deste país da Ásia,
dos Sudetos lhe foi concedida; e, em março de 1939, des- com o ataque japonês base de Pearl Harbor.
respeitando o acordo de Munique, o Fuhrer tomou o resto A entrada dos EUA na guerra reforçou os aliados, visto
do país. que sua indústria foi convertida para a produção bélica. Os
A vez da Polônia e o Início da Guerra norte-americanos tornaram-se os abastecedores das diversas
Um acordo germânico soviético decidiu a crise final. O nações que lutavam contra o Eicho (Alemanha, Itália e Japão).
pacto de não agressão nada mais era do que a repartição da Em 1942 os japoneses sofreram suas primeiras derrotas.
Polônia em duas áreas de influência e a passagem da Finlân- O Afrikakorps também foi derrotado pelo exército inglês do
dia, Estônia, Letônia e Bessarábia para o controle russo. marechal Montgomery, na batalha de El Alamenin.
Em 28 de março de 1939, Hitler exigiu Dantzig da Polô- Em 1943, na batalha de Stalingrado, o exercito alemão,
nia. A Polônia, encorajada pela França e pela Inglaterra re- após perder 350 mil homens, foi derrotado. O Exercito Ver-
sistiu. Hitler temendo uma reação ocidental conjunta com a melho, liderado pelo marechal Zukov, começava seu avanço.
Rússia assinou um pacto germânico soviético de não agres- Na batalha do atlântico, a marinha anglo-americana aba-
são, reiniciando, a partir daí, a agressão à Polônia. teu os submarinos alemães e, em seguida, as cidades alemãs
Em 01/09/1939, embora a Inglaterra procurasse estabe- sofreram, diariamente, ataques aéreos das forças anglo-ame-
lecer um pacto entre Berlim e Varsóvia, tropas alemãs pe- ricanas.
Mesmo diante dessas derrotas, a Alemanha se mostrava
netravam na Polônia. A Inglaterra e a França em questão de
forte.
horas exigiram a retirada da Alemanha e declararam guerra.
Porém, no dia 6 de junho de 1944, começava a Opera-
A Guerra
ção Overlord, que consistia no desembarque de milhares de
Enquanto a Polônia era invadida pelos alemães, a oeste,
soldados no norte da França, na região da Normandia, cujo o
e pelos soviéticos, a leste, a França e a Inglaterra declararam
objetivo era acabar com a dominação alemã na Europa Oci-
guerra à Alemanha. dental.
Na Polônia, os alemães aplicaram uma nova tática de A Alemanha resistia através da propaganda nazista e das
guerra em que o movimento era um dos elementos funda- bombas voadoras, enquanto os aliados invadiam seu territó-
mentais. Tratava-se da blitzkrieg, a guerra-relâmpago, emba- rio. No dia 8 de maio de 1945, a rendição alemã colocava fim
sada na aviação, na artilharia de grande alcance e nos tan- ao Terceiro Reich.
ques (panzers). Por outro lado, na Ásia, a guerra continuava com a re-
Essa tática de guerra permitiu a vitória alemã em poucas sistência japonesa. No entanto, a 6 de agosto de 1945, os
semanas. A Polônia, no final de setembro, estava divida entre norte-americanos realizaram o bombardeio atômico em Hi-
a Alemanha e a URSS. roshima e a nove de agosto em Nagasaki.
No Ocidente, a França e Inglaterra não acreditavam na Em 16 de agosto, após vencer a resistência de militares
guerra e insistiam em realizar a paz com a Alemanha. que desejavam continuar a guerra, o governo japonês pediu
Entretanto, em abril de 1940, os alemães invadiram a Di- a paz, encerrando dessa forma Segunda Guerra Mundial.
namarca e a Noruega e, em seguida, a Holanda e a Bélgica,
preparando o ataque sobre a França. A Descolonização Afro-Asiática
No território francês tentou-se impedir o avanço alemão, Durante muito tempo, a soberania política foi uma meta
através da Linha Maginot, formada por franceses e ingleses. inatingível para muitos dos povos localizados na África e na
A fragilidade dessa defesa obrigou o exército franco inglês a Ásia. Da segunda metade do século XIX até a década de 1950,
constantes retiradas. vários povos estiveram subjugados aos ditames políticos das
As forças alemãs, com seus submarinos, atacavam os na- ricas nações capitalistas. Com o passar do tempo, a expansão
vios ingleses, e com os aviões, as cidades inglesas. Mas, em desse modelo econômico e a concorrência comercial viriam
setembro a Inglaterra obteve uma vitória sobre a Alemanha. a colocar as chamadas nações imperialistas em guerra por
A Real Força Aérea “RAF” afastou a Força Aérea Alemã (Luf- cada precioso palmo dessas regiões durante as duas conhe-
waffe) dos céus ingleses. cidas guerras mundiais.
Por outro lado, no norte da África, o exército alemão Após a Segunda Guerra Mundial, chega ao fim o período
(Afrikakorps), comandado pelo general Erwin Rommel (a”Ra- em que as principais potências econômicas do mundo bus-
posa do Deserto”), atacou os ingleses, somando numerosas cavam assegurar seus interesses econômicos por meio da ex-
vitórias, porém não conseguiu a conquista do canal de Suez. ploração de regiões africanas e asiáticas. Em linhas gerais, o
Em junho de 1941, o exército alemão atacou a União So- enfraquecimento das nações européias, agentes principais no
viética, desrespeitando o tratado de não agressão. processo de colonização de tais áreas, não permitia o uso des-
A operação Barba Ruiva determinou a invasão àquele sa política, que depois de quase um século, foi responsável por
país em três frentes: conturbações e mortes em escalas nunca antes imaginadas.

30
HISTÓRIA

Além de contabilizar o enfraquecimento europeu, deve- URSS. Até mesmo porque, estes dois países estavam arma-
mos ainda falar sobre a situação dos EUA e da União Soviética dos com centenas de mísseis nucleares. Um conflito armado
após a Segunda Guerra. Depois de 1945, essas duas nações direto significaria o fim dos dois países e, provavelmente, da
se fortaleceram enormemente e apresentavam condições de vida no planeta Terra. Porém ambos acabaram alimentando
disputarem entre si as várias áreas de influência econômica conflitos em outros países como, por exemplo, na Coreia e
deixadas pela Europa. Contudo, ambas sabiam que o conflito no Vietnã.
direto seria um preço alto demais a ser pago em um cenário Paz Armada
internacional desgastado por grandes agitações. Na verdade, uma expressão explica muito bem este pe-
Não por acaso, temos o início da Guerra Fria, tempo em ríodo: a existência da Paz Armada. As duas potências envol-
que norte-americanos e soviéticos buscaram se aproximar veram-se numa corrida armamentista, espalhando exércitos
dos governos independentes que se formavam nas regiões e armamentos em seus territórios e nos países aliados. En-
antes dominadas pela antiga política imperialista. Somente quanto houvesse um equilíbrio bélico entre as duas potên-
entre as décadas de 1950 e 1960, mais de quarenta novos cias, a paz estaria garantida, pois haveria o medo do ataque
países surgiam no interior do território afro-asiático. Nesse
inimigo. 
meio tempo, EUA e URSS participaram direta ou indireta-
Nesta época, formaram-se dois blocos militares, cujo ob-
mente dos conflitos que resolveriam o novo poder a ser ins-
jetivo era defender os interesses militares dos países mem-
talado em tais países.
Mais do que marcar as disputas da Guerra Fria, a forma- bros. A OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte
ção desses países também foi responsável pelo surgimen- (surgiu em abril de 1949) era liderada pelos Estados Unidos
to de um novo grupo geopolítico conhecido como Terceiro e tinha suas bases nos países membros, principalmente na
Mundo. Em linhas gerais, os países terceiro-mundistas tinham Europa Ocidental. O Pacto de Varsóvia era comandado pela
uma economia frágil e ainda enfrentavam grandes entraves União Soviética e defendia militarmente os países socialistas.
para a consolidação do Estado e a resolução de seus pro- Alguns países membros da OTAN : Estados Unidos, Ca-
blemas de ordem social. Além das nações descolonizadas, o nadá, Itália, Inglaterra, Alemanha Ocidental, França, Suécia,
Terceiro Mundo também era formado por grande parte das Espanha, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Áustria e Grécia.
nações da América Latina. Alguns países membros do Pacto de Varsóvia : URSS,
Mediante esse novo quadro, vários chefes de Estado, re- Cuba, China, Coreia do Norte, Romênia, Alemanha Oriental,
presentantes desse novo grupo, decidiram se reunir na cha- Albânia, Tchecoslováquia e Polônia.
mada Conferência de Bandung, em 1955. Em outras ques- Corrida Espacial
tões, essa reunião tinha como objetivo maior discutir quais EUA e URSS travaram uma disputa muito grande no que
seriam as medidas comuns a serem tomadas no sentido de se refere aos avanços espaciais. Ambos corriam para tentar
preservar a soberania das nações recém-formadas e a criação atingir objetivos significativos nesta área. Isso ocorria, pois
de medidas de cooperação mútua. Paralelamente, seus parti- havia uma certa disputa entre as potências, com o objetivo
cipantes abraçaram o combate ao racismo e apoiaram todas de mostrar para o mundo qual era o sistema mais avançado.
as lutas de caráter anticolonial. No ano de 1957, a URSS lança o foguete Sputnik com um
Além de apresentar alguns “membros” do Terceiro Mun- cão dentro, o primeiro ser vivo a ir para o espaço. Doze anos
do para a comunidade internacional, tal foi de grande impor- depois, em 1969, o mundo todo pôde acompanhar pela te-
tância para que a ONU exigisse das nações européias o re- levisão a chegada do homem a lua, com a missão espacial
conhecimento da autonomia política desses novos Estados. norte-americana.
Apesar de representar o fim de uma era, a descolonização Caça às Bruxas
abria porta para outros desafios que ainda promovem guer- Os EUA liderou uma forte política de combate ao co-
ras e conflitos em tais continentes. Miséria, fome e corrupção
munismo em seu território e no mundo. Usando o cinema,
são apenas alguns dos problemas que ainda atingem essas
a televisão, os jornais, as propagandas e até mesmo as his-
nações pós-coloniais.
tórias em quadrinhos, divulgou uma campanha valorizando
Guerra Fria
A Guerra Fria tem início logo após a Segunda Guerra o “american way of life”. Vários cidadãos americanos foram
Mundial, pois os Estados Unidos e a União Soviética vão dis- presos ou marginalizados por defenderem ideias próximas
putar a hegemonia política, econômica e militar no mundo. ao socialismo. O Macartismo, comandado pelo senador re-
A União Soviética possuía um sistema socialista, basea- publicano Joseph McCarthy, perseguiu muitas pessoas nos
do na economia planificada, partido único (Partido Comu- EUA. Essa ideologia também chegava aos países aliados dos
nista), igualdade social e falta de democracia. Já os Estados EUA, como uma forma de identificar o socialismo com tudo
unidos, a outra potência mundial, defendia a expansão do que havia de ruim no planeta.
sistema capitalista, baseado na economia de mercado, siste- Na URSS não foi diferente, já que o Partido Comunista
ma democrático e propriedade privada. Na segunda metade e seus integrantes perseguiam, prendiam e até matavam to-
da década de 1940 até 1989, estas duas potências tentaram dos aqueles que não seguiam as regras estabelecidas pelo
implantar em outros países os seus sistemas políticos e eco- governo. Sair destes países, por exemplo, era praticamente
nômicos. impossível. Um sistema de investigação e espionagem foi
A definição para a expressão guerra fria é de um conflito muito usado de ambos os lados. Enquanto a espionagem
que aconteceu apenas no campo ideológico, não ocorrendo norte-americana cabia aos integrantes da CIA, os funcioná-
um embate militar declarado e direto entre Estados Unidos e rios da KGB faziam os serviços secretos soviéticos.

31
HISTÓRIA

“Cortina de Ferro” mais a cada ciclo estudado. Assim, desde quando aportaram
Após a Segunda Guerra, a Alemanha foi dividida em naus europeias em terras ameríndias o continente sustentou
duas áreas de ocupação entre os países vencedores. A Repú- os países europeus na época do imperialismo ibérico, e, de-
blica Democrática da Alemanha, com capital em Berlim, ficou pois por meio do capitalismo através da espoliação sofrida, e,
sendo zona de influência soviética e, portanto, socialista. A estes, agora, num contexto imperialista neoliberal continuam
República Federal da Alemanha, com capital em Bonn (parte a enganar, dominando, fazendo com que os latinos olhem a
capitalista), ficou sob a influência dos países capitalistas. A si mesmos com os olhos dos dominadores, ludibriando com
cidade de Berlim foi dividida entre as quatro forças que ven- uma falácia ideológica que não ameniza a dor, nem o sofri-
ceram a guerra : URSS, EUA, França e Inglaterra. No final da mento, muito menos a miséria; e promove, no fim, a desvalo-
década de 1940 é levantado Muro de Berlim, para dividir a rização do ser humano e a supervalorização do capital.
cidade em duas partes : uma capitalista e outra socialista. É a O vírus do capitalismo tem consumido internamente o
vergonhosa “cortina de ferro”.  doentio Continente Latino-Americano, extraindo sua força
Plano Marshall e COMECON vital, suas defesas, sua beleza, deixando-a sem brilho, sem
As duas potências desenvolveram planos para desenvol- fontes, sem renda, sem trabalho, sem dignidade, sem nada...!
ver economicamente os países membros. No final da déca- Não é de estranhar a frase de Galeano que diz que “no fim
da de 1940, os EUA colocaram em prática o Plano Marshall, das contas, tampouco em nosso tempo a existência dos cen-
oferecendo ajuda econômica, principalmente através de tros ricos do capitalismo pode explicar-se sem a existência
empréstimos, para reconstruir os países capitalistas afetados das periferias pobres e submetidas: umas e outras integram
pela Segunda Guerra Mundial. Já o COMECON foi criado pela o mesmo sistema.” (GALEANO, 2009). Essa constatação nos
URSS em 1949 com o objetivo de garantir auxílio mútuo en- remete aos efeitos colaterais de uma enfermidade endêmica.
tre os países socialistas. As “minas de ouro”, tão almejadas pelo capitalismo estão no
Envolvimentos Indiretos coração da América Latina, e, para tomá-las é preciso anes-
Guerra da Coreia: Entre os anos de 1951 e 1953 a Co- tesiar, estudar, imolar, e, promover a permanente invalidez,
reia foi palco de um conflito armado de grandes proporções. tornando este continente incapaz de reação e recuperação,
Após a Revolução Maoista ocorrida na China, a Coreia sofre perpetuando a espoliação de suas riquezas.
pressões para adotar o sistema socialista em todo seu terri- O lado nefasto do capitalismo age nas periferias miserá-
tório. A região sul da Coreia resiste e, com o apoio militar dos veis como fábrica de miséria e miseráveis, e, está, na verdade,
Estados Unidos, defende seus interesses. A guerra dura dois produzindo uma massa de excluídos tão vultosa que assusta
anos e termina, em 1953, com a divisão da Coreia no paralelo
até mesmo o pior dos pessimistas. A acentuação das desi-
38. A Coreia do Norte ficou sob influência soviética e com
gualdades pode perturbar a já tão conturbada ordem mun-
um sistema socialista, enquanto a Coreia do Sul manteve o
dial. Haverá (ou, já houve) um tempo na qual o enfermo, de-
sistema capitalista.
pois de descoberto o diagnóstico, procurará o remédio para
Guerra do Vietnã: Este conflito ocorreu entre 1959 e
1975 e contou com a intervenção direta dos EUA e URSS. Os sua enfermidade. Então a luta por sobrevivência não terá he-
soldados norte-americanos, apesar de todo aparato tecno- róis, nem mocinhos, mas, tão somente... Sobreviventes. Ou-
lógico, tiveram dificuldades em enfrentar os soldados viet- vem-se os gritos de independência, sentem-se as dores da
congues (apoiados pelos soviéticos) nas florestas tropicais escravidão, veem-se as misérias dos miseráveis.
do país. Milhares de pessoas, entre civis e militares morre- O acúmulo de capital a qualquer custo, realmente custou
ram nos combates. Os EUA saíram derrotados e tiveram que a vida de pessoas e populações inteiras. Desde seus primór-
abandonar o território vietnamita de forma vergonhosa em dios, o sistema capitalista vem colecionando uma massa de
1975. O Vietnã passou a ser socialista. excluídos e “doentes terminais” que, agora, estão buscando
Fim da Guerra Fria uma solução para suas crises. A esperança depois da exaus-
A falta de democracia, o atraso econômico e a crise nas tão, após tantos séculos de contínua exploração, é uma vir-
repúblicas soviéticas acabaram por acelerar a crise do socia- tude, na qual o doente se agarra para levantar-se, curar-se,
lismo no final da década de 1980. Em 1989 cai o Muro de andar sozinho, buscar autonomia, deixar de depender de
Berlim e as duas Alemanhas são reunificadas. No começo da médicos que não curam, mas que fazem de tudo para o
década de 1990, o então presidente da União Soviética Gor- doente permanecer... doente..., com fins duvidosos! É o caso
bachev começou a acelerar o fim do socialismo naquele país dos médicos do terceiro Reich, como o Dr. Sigmundo Ras-
e nos aliados. Com reformas econômicas, acordos com os cher em Birkenau, Dachau e Auschwitz, que, a pretexto de
EUA e mudanças políticas, o sistema foi se enfraquecendo. descobrir técnicas de reanimação depois do congelamento,
Era o fim de um período de embates políticos, ideológicos e apoiados pelo comando nazista, promoveram “experimen-
militares. O capitalismo vitorioso, aos poucos, iria sendo im- tos” com jovens judeus onde para congelá-los, colocavam
plantado nos países socialistas. a vítima numa cuba de água gelada, nus, e com uma sonda,
A Espoliação da América Latina que media a queda de temperatura corporal, introduzida no
O principal motivo por trás do aprofundamento da crise reto da vítima.
capitalista na América Latina relaciona-se com o aumento da Enquanto a Europa se transformava com a espoliação
espoliação imperialista com o objetivo de desviá-la dos paí- dos tesouros latino americanos, esses optavam pelo suicídio
ses centrais, principalmente dos EUA, que considera à Améri- para evitar sofrimento maior com a obrigatoriedade do tra-
ca Latina o seu pátio traseiro. balho escravo, além de matarem seus próprios filhos.
É insaciável a fome capitalista, onde muitos são subme- Em sua busca por tesouros e bens, os europeus extermi-
tidos em condições subumanas para o capricho de uma mi- navam pessoas, culturas e tudo que não lhes interessavam.
noria, cuja disparidade da desigualdade aumenta cada vez Amparada pela fé católica, que se debatiam sobre a questão

32
HISTÓRIA

da alma dos negros e índios, os exploradores foram legitima- tos de enfrentamentos desses movimentos, principalmente,
dos quando combatiam os pagãos e os expatriavam de suas quando são confrontados com os latifundiários, industriários,
heranças (terra, cultura, dignidade humana): os europeus, varejistas, construtores, banqueiros, entre outros.
sim, eram os verdadeiros selvagens. O Mundo Pós Guerra
Essa visão, errônea, de mundo, escravizou os negros afri- No dia 9 de novembro de 1989 mudou o panorama po-
canos, aprisionaram os índios, não respeitando a pessoa, a lítico do século XX. Nessa data foi destruído o símbolo con-
dignidade humana, produzindo desigualdades sem limite na creto da divisão do mundo em dois sistemas (capitalismo e
América Latina, embora, a “roda” da economia dependesse socialismo), que caracterizou o período da guerra fria.
desses pobres miseráveis. Os dominadores surrupiaram a ri- A década de 1990 começou sem o mundo socialista, e o
queza dos nativos, deixando um rastro de violência, pobre- modo de produção capitalista voltou a ser o único a reger a
za e miséria, pilhando milhares à margem da sociedade. Até economia mundial. Antes de analisar o capitalismo dos últi-
hoje, oligarquias lutam para manter seus poderes e domínios mos anos do século XX, é muito importante dar uma atenção
em detrimento da maioria “de índios, pobres e negros”. Al- especial às mudanças ocorridas durante a guerra fria nos paí-
guns problemas ainda existentes são a intolerância religiosa ses que adotavam esse sistema.
e étnica, além das desigualdades sociais. O Capitalismo Na Guerra Fria
As grandes transformações ocorridas no século XX contri- Durante a guerra fria, apesar da ameaça de expansão do
buíram para acirrarem mais ainda as dificuldades, já enormes, socialismo, o capitalismo se manteve em sua terceira fase - o
dos países latino-americanos. O desenvolvimento do capita- capitalismo financeiro - nos países que adotavam esse siste-
lismo gerou em seu seio um sem número de contradições ma econômico. Porém muita coisa mudou no lado capitalis-
que, aliado ao imperialismo, patrocinou o aprofundamento ta. Veja quais foram as principais modificações:
da miséria, sofrimento e decadência da América Latina. Des- - Os Estados Unidos assumiram a liderança do bloco
tacamos que o capitalismo e o imperialismo contribuíram, ocidental, em Bretton Woods, quando o Banco Mundial e o
sim, para a situação terceiro-mundista do considerado sub- FMI iniciaram sua fase de dominação sobre os países subde-
continente. A instabilidade patrocinada pelo capital, que se senvolvidos, e o dólar tornou-se a moeda forte da economia
desdobram em muito sofrimento, desigualdades, injustiças; capitalista.
provocaram miséria, fome e empobrecimento intelectual e - Novos países surgiram com a descolonização da Ásia
cultural, além do sequestro de terras e mentes, fazendo dos e da África.
latino-americanos uma região castigada pela selvageria do - As transnacionais se espalharam pelo mundo em busca
capitalismo e de seu aliado: o imperialismo, que domina e de mão de obra e matéria-prima baratas e de mercado con-
nos faz pensar como marionetes para manutenção de seu sumidor. Alguns países subdesenvolvidos se industrializaram,
poder dominador. na dependência dos países ricos.
O capitalismo, em sua práxis, está fundado em três pon- - Na Europa ocidental, a Comunidade Econômica Eu-
tos principais: concentração de renda e terra; exploração de ropeia preparou o caminho para sua integração total, que
mão de obra; consumismo. Esses fatores, articulados durante ocorreu nos anos 1990, com a criação da União Europeia.
a história, em diversos contextos, locais e épocas, produziram A década de 1980 assistiu ao início das transformações
muita miséria, dor, sofrimento, além de indignação, revolta e que culminariam com o fim do mundo socialista e a antiga
desejo legítimo de liberdade. Na América Latina, a história rivalidade dos tempos da guerra fria, no início dos anos 1990.
não foi diferente. Longe do centro do poder político e eco- Nova Ordem Mundial — O Mundo Multipolar
nômico, sofreu com as atrocidades advindas, primeiramente, Com o fim da bipolaridade, os Estados Unidos viram-
da colonização europeia, que introduziu seu domínio, com se transformados na potência “vencedora” da guerra fria e
as armas, produzindo muita violência, com a finalidade de assumiram o papel da grande potência mundial. Entretanto,
explorar o máximo que puder das novas terras. apesar do indiscutível poderio americano, Japão e Alemanha
Colonização, escravidão e latifúndio são fatores que (hoje reunificada e integrando a União Europeia) também
marcaram a formação política brasileira, contaminando todas apareciam como polos da economia mundial, que se tornou,
as relações políticas. então, multipolar.
O “encobrimento” da cultura nativa no novo mundo, Essa nova situação, que o presidente norte-americano
conforme Dussel, marca a existência da América Latina, com- George Bush chamou de nova ordem mundial na Conferên-
prometendo a originalidade e privilegiando a reprodução, cia de Malta, em 1989, na verdade não trouxe muita coisa de
levando-nos à dependência extrema externa, desnudando novo. O que deixava de existir era a velha ordem bipolar e a
a realidade da dominação e opressão que foi submetida os rivalidade entre sistemas econômicos opostos que buscavam
países sul-americanos. Assim, a espoliação do Brasil foi aju- competir usando a capacidade militar.
dada pela figura do homem cordial, incapaz de se desvincu- Com a volta do mundo (com raras exceções) ao capitalis-
lar da família, que favorece o ímpeto de dominação externa mo, que prioriza o lucro e a propriedade privada, a economia
dominado pelo colonizador ibérico, que busca status e rique- mundial passou a funcionar segundo a lógica desse sistema.
za fáceis. A multipolaridade, isto é, o aparecimento de novos pó-
A América Latina é um dos continentes mais injustos, los econômicos, nada mudou na distribuição da riqueza no
socialmente, do mundo. As discrepâncias sociais beiram o mundo. Os países ricos continuam ricos. E os pobres (ex-Ter-
absurdo, o fosso das diferenças sociais, e, de renda, são fe- ceiro Mundo) continuam pobres. Sem inimigo a ser vencido,
nomenais. As reformas necessárias nunca ocorrem, e o que a corrida armamentista perdeu força. A busca de novas es-
se vê é uma luta silenciosa, que vez ou outra, desponta na tratégias para ganhar mercados passou a ter prioridade na
mídia, interessada apenas em destacar os piores momen- ordenação econômica do mundo.

33
HISTÓRIA

Porém devemos admitir que mudanças fundamentais A Revolução Técnico-Científica


ocorreram nessa fase do capitalismo financeiro, que passou O setor mais importante dessa “revolução” é a indústria
a ser chamada de. globalização. Na globalização, há um cres- da informática, com o surgimento dos programas de compu-
cente aumento dos fluxos de informações, mercadorias, ca- tadores (softwares) e o avanço na técnica de armazenamento
pital, serviços e de pessoas, em escala global. São as redes, e processamento de informações através de redes digitais e
que podem ser materiais (transportes) ou virtuais (Internet). A cabos de fibras ópticas. A informática invadiu bancos, bolsas
integração de economias, culturas, línguas, produção e con- de valores, repartições públicas, hospitais, escolas, fábricas,
sumo, através das informações, transformaram o mundo em lojas, supermercados e até mesmo a sua casa.
uma aldeia global. Nas telecomunicações, destacam-se os satélites artifi-
Conflito Norte Sul ciais e os telefones celulares de alcance mundial. Existe uma
O fim do mundo socialista não só derrubou a ordem integração entre a informática e as telecomunicações: a tele-
bipolar, como fez com que a antiga divisão dos países em mática (Internet).
Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo não tivesse mais razão Outros campos também apresentam novidades, como o
de ser. Como o Segundo Mundo, que era formado pelas na- da biotecnologia, que é aplicada à medicina, à agricultura e à
ções socialistas, não existe mais, os países são classificados produção de alimentos. As palavras genoma (código genéti-
em ricos e pobres, ou desenvolvidos e subdesenvolvidos. E o co) e transgênicos (geneticamente modificados) já foram in-
mundo ficou dividido em países do Norte (desenvolvidos) e corporadas ao vocabulário da mídia e das pessoas em geral.
países do Sul (subdesenvolvidos). As Empresas Globais
O grande contingente de colônias asiáticas, africanas e Após a Segunda Guerra, as grandes empresas dos países
americanas (com exceção dos Estados Unidos e do Canadá), desenvolvidos “invadiram” os países subdesenvolvidos, para
forma o bloco dos países do Sul. Apesar de terem caracterís- fabricar seus produtos e aumentar ainda mais seus mercados
ticas comuns, esses países apresentam profundas diferenças de consumo.
entre si. Desse modo, não só fugiam dos pesados impostos e
Alguns países se destacam na oferta de oportunidades das severas leis trabalhistas de seus países de origem, mas
para os investimentos das empresas transnacionais. São paí- também aproveitavam as vantagens da mão de obra mais
ses subdesenvolvidos industrializados ou em fase de indus-
barata nas novas unidades. Como seus produtos eram feitos
trialização. Apesar das vantagens oferecidas, como mercado
em vários países, ficaram conhecidas como multinacionais.
consumidor e incentivos fiscais, esses países representam
Hoje prefere-se denominá-las empresas transnacionais, uma
grandes riscos, em virtude da constante instabilidade eco-
vez que não são empresas de vários países, como a antiga
nômica ou política. São os chamados países emergentes, e o
terminologia poderia sugerir, mas empresas de um só país
Brasil está entre eles. 
cuja ação ultrapassa fronteiras.
Os antigos países socialistas são chamados hoje de paí-
ses de economia “em transição” porque passam por uma Nos anos 1980, as grandes empresas transnacionais
fase de adaptação à economia de mercado. Apenas Cuba, perceberam que o modo de produção multinacional já não
Coreia do Norte e Vietnã ainda resistem como socialistas. correspondia ao seu objetivo básico, isto é, mais lucro e au-
A África Subsaariana está à margem da economia global. mento dos investimentos. Portanto, procuraram uma forma
Seus países sofrem com conflitos tribais, fome, seca e a aids. de aumentar esses lucros com a maior redução de custos
Além disso, encontram-se na total dependência do FMI e do (matéria-prima e mão de obra).
Banco Mundial. Diante desse estado de miséria, a África não A empresa transnacional passou, então, a ser global, isto
desperta interesse, nem como consumidora nem como op- é, a aproveitar todas as vantagens que o espaço mundial
ção de investimento de capital especulativo. oferece. Ela pode, por exemplo, fazer o seu projeto nos Esta-
Países Emergentes dos Unidos, fabricar os componentes em Taiwan e montar o
Na nova ordem mundial, o conflito Leste-Oeste da guer- produto na Argentina. Uma transnacional se instala sempre
ra fria foi substituído pelo conflito Norte Sul, que opõe entre em lugares onde encontra vantagens para que seu produto
si as grandes diferenças que separam a riqueza, a tecnologia chegue ao mercado a preços mais baixos e com lucro maior
e o alto nível de vida, da pobreza, da exclusão dos novos para a empresa. Na fábrica global, os processos de produção
meios técnico-científicos e dos baixos níveis de vida. são mundializados, isto é, possuem unidades de produção
A Globalização complementares em vários países.
O fator fundamental para que a economia globalizada Globalização Regionalizada
pudesse existir é a grande novidade da nova ordem mundial Na economia mundo, há uma grande ampliação das
- a revolução dos meios de transporte e das comunicações. trocas comerciais internacionais. E por causa dessa forte in-
Hoje, fatos de qualquer natureza são transmitidos no tempo teração, alguns países procuram agrupar-se para enfrentar
real para o mundo inteiro. Podemos assistir e acompanhar melhor a concorrência no mercado mundial.
acontecimentos de qualquer parte da Terra no exato mo- A formação de blocos econômicos é uma regionaliza-
mento em que estão ocorrendo, seja uma corrida de Fórmula ção dentro do espaço mundial, mas também uma forma de
l, um jogo da Copa do Mundo e inclusive cenas de guer- aumentar as relações em escala global, pois, ao participar de
ra no Oriente Médio ou na Yugoslávia. É possível comprar um bloco, um país tem acesso a vários mercados consumido-
produtos fabricados em vários países em luxuosos shoppings res, dentro e fora do seu bloco.
centers, na lojinha do bairro ou mesmo na barraquinha do Os principais blocos regionais são: União Europeia, Mer-
ambulante da esquina. cosul, Nafta e Apec,.

34
HISTÓRIA

Desemprego Global As formas de protesto da oposição envolvem depreda-


O “fantasma” do desemprego sempre rondou os países ções, violência, ataques à propriedade privada, o que certa-
em épocas de crise econômica. É o chamado desemprego mente não leva a nenhuma conquista efetiva dos opositores.
conjuntural, em consequência do mau desempenho da eco- Apesar disso, está claro que uma globalização mais igualitá-
nomia local. ria, com a erradicação da miséria e respeito ao meio ambien-
A globalização trouxe outros tipos de desemprego, cau- te, é o que todos pretendemos ter um dia. Falta encontrar a
sados pelas modernas formas de administração para dimi- fórmula certa para isso.
nuir custos (desemprego estrutural) e a substituição do ho- Oriente Médio
mem pela máquina (desemprego tecnológico) A região que compreende o Oriente Médio está localiza-
A Globalização De Ideias da na porção oeste do continente asiático, conhecida como
Esse processo de integração mundial, chamado globali- Ásia ocidental. Possui extensão territorial de mais de 6,8 mi-
zação, não é só econômico. Ele tem ao mesmo tempo uma lhões de quilômetros quadrados, com população estimada
dimensão política, social e cultural. de 260 milhões de habitantes. É composta por 15 países:
Para se estabelecer mundialmente, a grande empresa Afeganistão, Arábia Saudita, Bahrain, Catar, Emirados Árabes
precisa da globalização cultural. O lazer, as formas de se ves- Unidos, Iêmen, Irã, Iraque, Israel, Jordânia, Kuwait, Líbano,
tir, as revistas, os jornais, as formas de consumo precisam ser Omã, Síria, Turquia.
parecidas em qualquer lugar do mundo. Clima
O rádio e a televisão têm um papel importante na for- O clima do Oriente Médio é árido e semiárido, o que
mação dessa cultura, pois, ao mesmo tempo que divulgam proporciona o predomínio de uma paisagem vegetal mar-
músicas, filmes e informações, sugerem um padrão de vida e cada pela presença de espécies xerófilas (nas áreas de clima
de consumo que deve ser seguido para alcançar a felicidade. árido), ou de estepes e pradarias (nas áreas de clima semiá-
Daí a importância de preservar e valorizar as culturas e rido). Apenas pequenas faixas de terra, na porção litorânea,
identidades próprias de cada país, ameaçadas de desapare- apresentam climas um pouco mais úmidos, onde há presen-
cer, como as fronteiras do capital e do comércio mundial. ça de formações vegetais arbustivas.
A Globalização Do Crime Atividades Econômicas
As atividades do crime organizado também se benefi- O petróleo é o principal produto responsável pela eco-
ciam das facilidades tecnológicas das comunicações do mun- nomia dos países do Oriente Médio. Nessa região está loca-
do globalizado. lizada a maior concentração mundial dessa fonte energética
O tráfico de drogas de mulheres e crianças, as “máfias” (aproximadamente 65% de todo o petróleo mundial). Essa
de várias nacionalidades (chinesa, japonesa, coreana), além grande quantidade de petróleo, aliada a fatores econômicos
da original italiana, encontram mais facilidades para expan- e políticos, criou as condições para a formação, em 1960, de
dir suas ações criminosas. O terrorismo espalha mais rapi- um dos mais importantes cartéis do mundo atual, a Organi-
damente suas células de ação pelo mundo graças a essas zação dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
facilidades. Outra atividade econômica importante no Oriente Mé-
O Lado Triste Da Globalização dio é a agropecuária. Por ser realizada dominantemente de
A parte cruel da atual fase do capitalismo financeiro é a forma tradicional, com uso de pouca tecnologia e mecani-
globalização da pobreza. Há uma diferença cada vez maior zação, essa atividade incorpora cerca de 40% da população
entre ricos e pobres, sejam pessoas, regiões ou países. Veri- economicamente ativa. O predomínio de climas áridos e se-
fica-se um gradual empobrecimento da população, mesmo miáridos na região é bastante prejudicial para o desenvolvi-
nos países desenvolvidos. mento dessa atividade econômica.
Podemos dizer que a mesma tecnologia que trouxe con- A atividade industrial no Oriente Médio apresenta pouca
forto e melhoria de vida para as pessoas, reduziu os postos expressividade. Nos países petrolíferos, há a existência de re-
de trabalho. A demanda de mão de obra qualificada aumen- finarias e petroquímicas. Outras indústrias se relacionam aos
tou e a oferta para trabalhadores sem o preparo necessário setores mais tradicionais, como o têxtil e o alimentício.
diminuiu. O turismo é outra atividade que vem apresentando im-
Até nas competições esportivas, os países vencedores portância para alguns países do Oriente Médio, a exemplo de
refletem as desigualdades econômicas. Você pode verificar Israel e Turquia (que recebem cerca de 2,5 milhões de turistas
que os países que tiveram os melhores desempenhos são por ano).
ricos e estão concentrados, em sua maioria, na Europa. Os Religiões
países com os piores desempenhos são nações pobres, em No Oriente Médio, aproximadamente 238 milhões de
sua maioria, localizadas na África , América, Ásia, Europa do pessoas (cerca de 92% da população) são muçulmanas. A
Leste e Oceania. maioria pertence às seitas sunita e xiita (sugeridas logo após
Protestos Contra A Globalização a morte do profeta Maomé, em 632 d.C.). Há grupos meno-
A política neoliberal, as transnacionais e as desigualda- res de muçulmanos, como os drusos e os alauitas.
des econômicas criadas pela globalização têm sido alvo de A região abriga ainda cerca de 13 milhões de cristãos,
protestos em vários países do mundo. Em 2001, o Brasil se- muitos de igrejas árabes, como a copta ou a maronita, que
diou o Fórum de Porto Alegre, realizado como oposição ao estão entre as mais antigas do cristianismo. Além disso, tam-
Fórum de Davos, promovido pelo G-7 na Suíça, e à forma de bém vivem no Oriente Médio cerca de 6 milhões de judeus,
globalização excludente defendida pelos países que formam quase todos em Israel. A migração desses deu-se em ondas,
esse grupo. originárias primeiro da Europa e, depois, de todo o mundo.

35
HISTÓRIA

Por isso, no Estado judeu encontram-se inúmeros grupos ét- Os atentados suicidas se intensificam em 2002, e Israel
nicos cujas culturas, tradições, orientações políticas e práticas amplia as invasões das áreas autônomas, sitiando Arafat e
religiosas variam muito e são livremente expressas. destruindo boa parte da infraestrutura palestina. Os israelen-
O Conflito Árabe Israelense ses reocupam as grandes cidades autônomas e impõem o
Acontecimentos Históricos Pós 2ª Guerra Mundial toque de recolher. Acusado por EUA e Israel de conivência
Em 14 de maio de 1948, uma resolução das Nações Uni- com o terrorismo e de manter um governo corrupto, Ara-
das divide o território da então Palestina entre árabes e ju- fat promove reformas em seu ministério em junho e anuncia
deus. No entanto apenas o Estado de Israel é efetivamente eleições presidenciais para janeiro. Em dezembro, a ANP adia
criado, já em meio a uma guerra com os vizinhos árabes. A o pleito para depois da retirada das tropas de Israel.
guerra de 1948-49 é a primeira de muitas que Israel viria a
enfrentar. Divergências Entre Israelenses E Palestinos
Esta primeira guerra cria um dos mais complicados pro- Jerusalém: Israel conquistou Jerusalém Oriental e a Cis-
blemas para a paz na região: um imenso número de refu- jordânia na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Tradicionalmente
giados palestinos. Já na época eles eram mais de 700 mil. afirma que Jerusalém é a sua capital eterna e indivisível. Os
Os palestinos, árabes que viviam na região antes da criação
palestinos reivindicam a parte leste da cidade como capital
do Estado de Israel, ficam sem nação. Muitos fogem para o
de seu futuro Estado.
Líbano, para Gaza ou para Jordânia.
Os assentamentos: Mais de 170 mil judeus vivem em
A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) nasce
em 1964. assentamentos nos territórios ocupados por Israel, que quer
Em 1967, Israel toma a Cisjordânia (controlada pela Jor- mantê-los sob soberania israelense. Os palestinos querem o
dânia), incluindo parte leste da cidade de Jerusalém, as Coli- fim dos assentamentos.
nas de Golan (que pertenciam a Síria), a Faixa de Gaza (Egito) Água: Israel reivindica controle total dos recursos hídri-
e o deserto do Sinai (Egito). A guerra de 1967 que dura ape- cos, incluindo os lençóis subterrâneos na Cisjordânia, cuja
nas seis dias, origina uma nova leva de refugiados palestinos administração é reivindicada pelos palestinos.
que viviam nas áreas invadidas e ocupadas. Refugiados Palestinos: Há mais de 3,5 milhões de refu-
Em 1973 estoura a Guerra do Yom Kipur. Na principal giados palestinos em países da região. Israel rechaça a ideia
festa religiosa judaica (Dia do Perdão), Israel é atacado pelos de permitir a volta de todos eles a seu território.
exércitos egípcio e sírio, mas consegue manter as fronteiras
estabelecidas durante a Guerra dos Seis Dias. A Atual Intifada
Através de um acordo, assinado em 1979 com o Egito, No dia 26 de setembro de 2000, o líder do partido Likud
Israel devolve a Península do Sinai. Em 1982 Israel ocupa o sul (direita), Ariel Sharon, fez uma visita à Esplanada das Mesqui-
do Líbano, retirando-se de lá apenas no ano 2000. tas, ou Monte Templo para os judeus, local sagrado para os
A partir da década de 70 começam a surgir importantes dois povos. A presença de Sharon provocou protestos dos
grupos terroristas palestinos. palestinos, que viram a visita como uma provocação.
Em 1987 começa a primeira Intifada (revolta popular pa- Os palestinos protestaram de forma violenta, atirando
lestina). pedras nos judeus. As forças israelenses reagiram duramente,
O então primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin (as- matando quatro manifestantes. Os manifestantes palestinos
sassinado em 1995 por um extremista judeu) e o líder pa- intensificaram a violência. Israel voltou a reagir. Mais de 90
lestino Yasser Arafat fecham em 1993 um acordo que daria pessoas morreram e cerca de 2 mil ficaram feridas (a maioria
o controle de parte da Cisjordânia e da Faixa de Gaza aos palestinos) em 11 dias de confrontos.
palestinos. Conhecido como o Acordo de Oslo, é a base para O surto de violência impediu acordos e apressou a que-
o processo de paz entre Israel e a Autoridade Nacional Pales- da do governo do primeiro-ministro israelense Ehud Barak.
tina (ANP). Israel retira-se de boa parte dos centros urbanos
Ariel Sharon venceu as eleições para a chefia de governo com
palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, dando auto-
grande maioria.
nomia administrativa aos palestinos, mas mantendo encla-
ves protegidos em cidades como Hebron, Gaza e Nablus. Os Em junho de 2003 é assinado o denominado mapa da
acordos de Oslo preveem um acordo final até maio de 1999. paz, elaborado pelo quarteto: Estados Unidos, Rússia, ONU
O prazo é adiado devido à falta de avanço nos temas mais e União Europeia, além, é claro, dos representantes de Israel
polêmicos (veja quadro sobre as divergências). e dos palestinos. Este novo mapa da paz prevê a criação do
Pelo acordo de Wye Plantation (1998), Israel faz novas Estado Palestino em 2005. A etapa inicial previa o imediato
retiradas na Cisjordânia, até março de 2000. cessar fogo, algo que não foi respeitado pelos grupos extre-
As negociações chegam a um impasse na fase que defi- mistas islâmicos e nem pelas forças israelenses.
niria o status final dos territórios palestinos. O primeiro-mi-
nistro israelense, Ehud Barak, e Arafat reúnem-se em Camp Guerra No Iraque
David (EUA), em julho de 2000, para tratar das questões mais Os Estados Unidos derrubaram o regime de Saddam
difíceis, mas não chegam a um acordo. Hussein em apenas três semanas de Guerra contra os ira-
A frustração palestina resulta na segunda Intifada, inicia- quianos, com um mínimo de baixas em combate (o número
da em Setembro de 2000. Entre os fatores que dificultam a de soldados mortos está sendo maior agora, durante o perío-
retomada do diálogo, destacam-se os atentados em Israel, do da ocupação no Iraque). Mas essa vitória foi conseguida
a expansão das colônias judaicas em zonas árabes e o blo- ao preço de um isolamento internacional sem precedentes.
queio militar a cidades palestinas. A ONU recusou-se a legitimar a ação militar anglo-america-

36
HISTÓRIA

na, apesar da denúncia (nunca comprovada) de que o Iraque no em Cabul, em dezembro de 2001. Quem deu a largada
teria em seu poder armas de destruição em massa, o que o para a ofensiva retórica anti-Saddam foi o próprio Bush. Num
tornaria uma ameaça à segurança dos demais países. discurso ao Congresso, em janeiro de 2002, ele incluiu o Ira-
A invasão do Iraque provocou uma divisão entre os paí- que, ao lado do Irã e da Coreia do Norte, no que chamou de
ses ocidentais que se tinham aliado contra o comunismo na “eixo do mal”. Esses três países foram apontados como uma
Guerra Fria. França e Alemanha se opuseram à intervenção ameaça à estabilidade mundial e, portanto, candidatos a se
militar. Rússia e China, que colaboram com os EUA no com- tornar alvo de um “ataque preventivo” (peça chave na nova
bate ao terrorismo, recusaram-se a apoiar a intervenção. A doutrina estratégica dos EUA).
Espanha ficou a favor de Washington, assim como o Reino Para muitos analistas, a insistência na opção militar tinha
Unido, que enviou tropas para o golfo Pérsico, formando outras explicações, ligadas ao petróleo, ao domínio político
com os norte-americanos as forças de coalizão. Milhões de do Oriente Médio e à afirmação da hegemonia global dos
manifestantes saíram às ruas, em todos os continentes, para EUA. Esse raciocínio tem a ver com a importância estratégica
protestar contra a guerra. do Iraque, dono da segunda maior reserva de petróleo do
A ação militar foi uma opção política e estratégica do planeta.
presidente George W. Bush. Na visão do presidente e de seus Os EUA e o Reino Unido iniciaram a guerra contra o Ira-
que com um maciço bombardeio em 20 de março. Enquanto
principais assessores em política externa, os EUA erraram em
centenas de mísseis Tomahawk e bombas guiadas por saté-
1991 ao deter a ofensiva vitoriosa das tropas norte-america-
lite explodiam sobre palácios e ministérios em Bagdá, milha-
nas na fronteira com o Iraque, em vez de avançar até Bagdá. res de soldados norte-americanos e ingleses atravessaram a
Na época, o presidente George H. Bush, pai de George W. fronteira do Kuweit, no sul, e invadiram o país. No norte e no
Bush, entendia que a invasão do Iraque violaria o mandato oeste, tropas especiais, lançadas de pára-quedas, ocuparam
concedido pela ONU. Qualquer passo além da libertação do pistas de pouso e poços de petróleo.
Kuweit romperia a aliança com os países árabes que partici- Quando teve início a investida terrestre sobre a capital,
param na empreitada. E os norte-americanos receavam que as defesas iraquianas já haviam sido estraçalhadas. A Guarda
a derrubada de Saddam abrisse caminho à formação de uma Republicana, força militar de elite encarregada de enfrentar
República Curda no norte do Iraque, o que estimularia as rei- os invasores, debandou sem oferecer resistência.
vindicações territoriais dos curdos da Turquia. Um perigo ain- Depois que os norte-americanos entraram em Bagdá e a
da mais grave seria a instalação, pela maioria xiita iraquiana, guarda de Saddam fugiu, a capital iraquiana mergulhou no
de um regime islâmico à imagem e semelhança do Irã dos caos. Sem policiais, um quebra-quebra gigantesco tomou
aiatolás. Por isso os EUA não levantaram uma palha quando conta da cidade. Com exceção do Ministério de Petróleo,
Saddam se mobilizou para esmagar as manifestações dos protegido pelas tropas ocupação, todos os prédios do go-
curdos e dos xiitas, matando 30 mil pessoas, aproximada- verno foram incendiados. A pilhagem não poupou nem os
mente. museus, onde estavam relíquias de civilizações como a assíria
A invasão do Iraque entrou para os planos de Washin- e a babilônica.
gton com a chegada de Bush filho à presidência, no fim de Saddam foi capturado no Iraque em dezembro de 2003,
2000. Durante a campanha ele deixou claro essa intenção. nas proximidades de Tikrit (sua terra natal).
Desde o início do seu governo, a política externa norte-ame-
ricana passou a ser influenciada por uma corrente de pensa- Divisão Étnica E Religiosa
mento marginalizada no governo anterior – o neoconserva- A equação do poder no Iraque é complicada por uma
dorismo, favorável ao uso irrestrito das armas para consolidar profunda divisão religiosa e étnica. Os árabes, que são a
a hegemonia dos EUA no mundo, sem se deixar restringir por grande maioria da população, dividem-se em sunitas e xiitas
tratados e nem por instituições de âmbito internacional. Os – os dois ramos da religião muçulmana. Os xiitas totalizam
60% dos habitantes, mas nunca exerceram o poder no país.
neoconservadores sempre defenderam uma ação militar que
Os árabes sunitas – cerca de 20% da população - são a elite
encerrasse de uma vez por todas o desafio representado por
intelectual e universitária. Apesar de minoritários, sempre do-
Saddam. O ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 mu-
minaram a vida política iraquiana.
dou o cenário político, que se tornou mais propício a inicia- No norte do Iraque, concentra-se a mais numerosa das
tivas belicistas. O presidente, sob a batuta de seus auxiliares minorias do país, os curdos – 15% da população. Eles são
da linha dura, reeditou um discurso que parecia ultrapassado também muçulmanos de maioria sunita, mas caracterizam-
desde o fim da Guerra Fria – a redução dos complexos pro- se antes de tudo por lutar em favor da criação de um país
blemas do planeta a uma luta maniqueísta entre o “bem” e independente que os represente, o Curdistão, cujo contorno
o “mal”. Nas palavras de Bush, “quem não está conosco está abrangeria também parte da Turquia, da Síria, da Armênia e
contra nós”. do Irã. No momento, as lideranças curdas parecem mais inte-
Depois dos atentados, a Casa Branca cogitou o uso ime- ressadas em preservar a autonomia na região que controlam
diato da força contra o Iraque. Mas desistiu diante das evi- do que reivindicar essa independência.
dências da cumplicidade do governo do Afeganistão, contro-
lado pela milícia islâmica fundamentalista Taleban, em apoio Guerra de Suez (1956)
à rede terrorista de Osama Bin laden, principal suspeito dos Com o objetivo de garantir o acesso dos ocidentais (prin-
atentados. O Iraque voltou ao topo da agenda de Washing- cipalmente franceses e ingleses) ao comércio oriental, antes
ton após a vitória militar no Afeganistão, com a derrocada realizado pelo contorno do sul da África. O controle das ope-
do Taleban e sua substituição por um regime pró-america- rações realizadas no canal ficou sob o domínio inglês e con-

37
HISTÓRIA

tinuou mesmo após a independência do Egito. No entanto, Guerra do Golfo


em 1952, um Golpe de Estado realizado pelo revolucionário Conflito militar ocorrido inicialmente entre o Kuwait e o
Gamal Abdel Nasser pôs fim ao regime monárquico do rei Iraque de 2 de agosto de 1990 a 27 de fevereiro de 1991, que
Faruk. A liderança de Nasser no governo egípcio revelou uma acaba por envolver outros países. A crise começa quando o
política de caráter nacionalista, buscando a modernização do Iraque, liderado pelo presidente Saddam Hussein (1937-),
Estado por meio da reforma agrária, do desenvolvimento da invade o Kuwait. Como pretexto, o líder iraquiano acusa o
indústria e de uma melhor distribuição de renda. A luta contra Kuwait de provocar a baixa no preço do petróleo ao vender
o Estado de Israel, entretanto, não deixou de ser alimentada. mais que a cota estabelecida pela Organização dos Países
Numa atitude de combate ao colonialismo anglo-fran- Exportadores de Petróleo (Opep). Hussein exige que o Kuwait
cês, Abdel Nasser nacionalizou o Canal de Suez e proibiu a perdoe a dívida de US$ 10 bilhões contraída pelo Iraque du-
navegação de navios israelenses no local. A medida causou rante a guerra com o Irã (1980) e também cobra indenização
um grande impacto na Inglaterra, França e Israel que, então, de US$ 2,4 bilhões, alegando que os kuweitianos extraíram
iniciaram uma guerra contra o Egito. No desenrolar do con- petróleo de campos iraquianos na região fronteiriça de Ru-
flito, os egípcios foram derrotados, mas os Estados Unidos maila. Estão ainda em jogo antigas questões de limites, como
e a União Soviética interferiram, obrigando os três países a o controle dos portos de Bubiyan e Uarba, que dariam ao
retirarem-se dos territórios ocupados. Ao final, o Canal de Iraque novo acesso ao Golfo Pérsico.
Suez voltava, definitivamente, para o Egito, mas com o direito A invasão acontece apesar das tentativas de mediação
de navegação estendido a qualquer país. da Arábia Saudita, do Egito e da Liga Árabe. As reações inter-
A Guerra de Suez revelou uma nova referência para o nacionais são imediatas. O Kuwait é grande produtor de pe-
contexto político da região: a cumplicidade de Israel com as tróleo e país estratégico para as economias industrializadas
potências imperialistas ocidentais. Tal constatação acentuou na região. Em 6 de agosto, a ONU impõe um boicote econô-
a ruptura entre árabes e judeus, abrindo precedentes para mico ao Iraque. No dia 28, Hussein proclama a anexação do
novos conflitos. Kuwait como sua 19ª província. Aumenta a pressão norte-a-
mericana para a ONU autorizar o uso de força. Hussein tenta
Guerra do Líbano
em vão unir os árabes em torno de sua causa ao vincular
O território do Líbano viveu uma guerra civil a partir de
a retirada de tropas do Kuwait à criação de um Estado pa-
1958, causada pela disputa de poder entre grupos religiosos
lestino. A Arábia Saudita torna-se base temporária para as
do país: os cristãos maronitas, os sunitas (muçulmanos que
forças dos EUA, do Reino Unido, da França, do Egito, da Síria
acreditam que o chefe de Estado deve ser eleito pelos re-
e de países que formam a coalizão anti Hussein. Fracassam
presentantes do Islã, são mais flexíveis que os xiitas), drusos,
as tentativas de solução diplomática, e, em 29 de novembro,
xiitas e cristãos ortodoxos. O poder, no Líbano, era estratifi-
a ONU autoriza o ataque contra o Iraque, caso seu Exército
cado. Os cargos de chefia eram ocupados pelos cristãos ma-
não se retire do Kuwait até 15 de janeiro de 1991. Em 16 de
ronitas, o primeiro ministro era sunita e os cargos inferiores
ficavam com os drusos, xiitas e ortodoxos. No entanto, os janeiro, as forças coligadas de 28 países liderados pelos EUA
sucessivos conflitos na Palestina fizeram com que um grande dão início ao bombardeio aéreo de Bagdá, que se rende em
número de palestinos se refugiasse no Líbano, descontro- 27 de fevereiro. Como parte do acordo de cessar-fogo, o Ira-
lando o modelo de poder adotado, já que os muçulmanos que permite a inspeção de suas instalações nucleares.
passaram a constituir a maioria no Líbano. A Síria rompeu sua Consequências – O número estimado de mortos durante
aliança com a OLP e resolveu intervir no conflito ao lado dos a guerra é de 100 mil soldados e 7 mil civis iraquianos, 30 mil
cristãos maronitas. Durante a ocupação israelense acontece- kuweitianos e 510 homens da coalizão. Após a rendição, o
ram os massacres de Sabra e Chatila. Foi com o apoio nor- Iraque enfrenta problemas internos, como a rebelião dos cur-
te-americano que o cristão maronita Amin Gemayel chegou dos ao norte, dos xiitas ao sul e de facções rivais do partido
ao poder em 1982. oficial na capital. O Kuwait perde US$ 8,5 bilhões com a que-
Revoltados com a presença das tropas norte-americanas da da produção petrolífera. Os poços de petróleo incendia-
na região, o quartel-general da Marinha americana foi ataca- dos pelas tropas iraquianas em retirada do Kuwait e o óleo
do em outubro de 1983 e causou a morte de 241 fuzileiros. jogado no golfo provocam um grande desastre ambiental.
O atentado e a pressão internacional fizeram com que os Es- Tecnologia na guerra – A Guerra do Golfo introduz recur-
tados Unidos retirassem suas tropas do Líbano em fevereiro sos tecnológicos sofisticados, tanto no campo bélico como
de 1984. As tropas israelenses também foram retiradas do em seu acompanhamento pelo resto do planeta. A TV trans-
Líbano, o que enfraqueceu os cristãos. mite o ataque a Bagdá ao vivo, e informações instantâneas
Os drusos se aproveitaram desta situação, dominaram sobre o desenrolar da guerra espalham-se por todo o mun-
a região do Chuf, a leste de Beirute, e expulsaram as comu- do. A propaganda norte-americana anuncia o emprego de
nidades maronitas entre 1984 e 1985. De outro lado, o sí- ataques cirúrgicos, que conseguiriam acertar o alvo militar
rio Hafez Assad e seus partidários libaneses detonaram uma sem causar danos a civis próximos. Tanques e outros veícu-
onda de atentados a bairros cristãos e tentavam assassinar os los blindados têm visores que enxergam no escuro graças a
auxiliares do presidente Amin Gemayel, que resistiu e perma- detectores de radiação infravermelha ou a sensores capazes
neceu no poder até 1988. de ampliar a luz das estrelas. Mas o maior destaque é o avião
Desde então, o Líbano está tentando reconstruir sua norte-americano F-117, o caça invisível, projetado para mini-
economia e suas cidades. O país é tutelado pela Síria. mizar sua detecção pelo radar inimigo.

38
HISTÓRIA

O principal objetivo que os navegadores portugueses


3. BRASIL COLÔNIA. desejavam alcançar era dar a volta no continente africano, ou
3.1. A expansão marítima portuguesa e o seja, realizar o périplo africano. Desta maneira, Portugal foi
descobrimento do Brasil; o reconhecimento conquistando várias concessões na África. No ano de 1488,
Bartolomeu Dias, navegador português, havia conseguido
geográfico e a exploração do pau-brasil;
chegar ao Cabo da Boa Esperança, provando para o mundo
a ameaça externa e os primórdios da
que existia uma passagem para outro oceano. Finalmente,
colonização. no ano de 1498, o navegador português Vasco da Gama al-
3.2. A organização político-administrativa; a cançou as Índias; em 1500, outro navegador lusitano, Pedro
expansão territorial; os tratados de limites. Álvares Cabral, deslocou-se com uma grande frota de em-
3.3. A agricultura de exportação como barcações para fazer comércio com o Oriente, acabou che-
solução; a presença holandesa; a interiorização gando ao chamado ‘Novo Mundo’ - o continente americano.
da colonização; a mineração e a economia Com o desenvolvimento dos estudos marítimos (Esco-
colonial. la de Sagres), os portugueses se tornaram grandes comer-
3.4. A sociedade colonial; os indígenas e a ciantes, prosperando e produzindo novas embarcações e
reação à conquista; as lutas dos negros; os formando grandes navegadores. Portugal se transformou
em um dos mais importantes entrepostos (armazém de de-
movimentos nativistas.
pósito de mercadorias - que esperam comprador ou que se
3.5. A arte e a literatura da fase colonial; a
vão reembarcar) comerciais durante as Grandes Navegações
ação missionária e a educação. Marítimas.
O processo de expansão marítima português chegou
ao seu auge quando, em 1500, o navegador Pedro Álvares
A Expansão Marítima Portuguesa E O Descobrimento Cabral anunciou a descoberta das terras brasileiras. Mesmo
Do Brasil alegando a descoberta nessa época, alguns historiadores de-
fendem que essa descoberta foi estabelecida anteriormen-
te. Anos depois, com a ascensão do processo de expansão
Os portugueses foram os primeiros europeus a se lançar
marítima de outras nações europeias e a decadência dos
ao mar no período das Grandes Navegações Marítimas, nos
empreendimentos comercias portugueses no Oriente, as ter-
séculos XV e XVI. No presente texto iremos abordar os mo-
ras do Brasil tornaram-se o principal foco do mercantilismo
tivos do pioneirismo português na conquista dos oceanos.
português.
O primeiro motivo que levou os portugueses ao em-
preendimento das Grandes Navegações foi a progressiva
Descobrimento Do Brasil
participação lusitana no comércio europeu no século XV, em Em 22 de abril de 1500 chegava ao Brasil 13 caravelas
razão da ascensão de uma burguesia enriquecida que inves- portuguesas lideradas por Pedro Álvares Cabral. A primeira
tiu nas navegações no intuito de comercializar com diferen- vista, eles acreditavam tratar-se de um grande monte, e cha-
tes partes do mundo. maram-no de Monte Pascoal. No dia 26 de abril, foi celebra-
A centralização monárquica portuguesa aconteceu ainda da a primeira missa no Brasil.
no século XIV com a Revolução de Avis, Portugal foi conside- Após deixarem o local em direção à Índia, Cabral, na in-
rado o primeiro reino europeu unificado, ou seja, foi o pri- certeza se a terra descoberta tratava-se de um continente ou
meiro Estado Nacional da história da Europa. Além do fato de uma grande ilha, alterou o nome para Ilha de Vera Cruz.
da unificação portuguesa, a Revolução de Avis consolidou a Após exploração realizada por outras expedições portugue-
força da burguesia mercantil que, conforme vimos acima, in- sas, foi descoberto tratar-se realmente de um continente, e
vestiu pesadamente nas Grandes Navegações. novamente o nome foi alterado. A nova terra passou a ser
Estudiosos como Diegues (2010), Tengarrinha (2001) e chamada de Terra de Santa Cruz. Somente depois da desco-
Silva (1989) que analisaram Portugal nos séculos XV e XVI, berta do pau-brasil, ocorrida no ano de 1511, nosso país pas-
afirmaram também que os portos de boa qualidade que sou a ser chamado pelo nome que conhecemos hoje: Brasil.
eram existentes no país influenciaram bastante no processo A descoberta do Brasil ocorreu no período das gran-
do pioneirismo português. Outro motivo não menos funda- des navegações, quando Portugal e Espanha exploravam o
mental que os outros expostos, que ajudou no processo do oceano em busca de novas terras. Poucos anos antes da des-
empreendimento português, foi o estudo náutico realizado coberta do Brasil, em 1492, Cristóvão Colombo, navegando
na Escola de Sagres, sob o comando do astuto infante D. pela Espanha, chegou a América, fato que ampliou as ex-
Henrique, o navegador (1394-1460). pectativas dos exploradores. Diante do fato de ambos terem
A Escola de Sagres foi consolidada na residência de D. as mesmas ambições e com objetivo de evitar guerras pela
Henrique e se tornou uma referência para estudiosos como posse das terras, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de
cosmógrafos, cartógrafos, mercadores, aventureiros entre Tordesilhas, em 1494. De acordo com este acordo, Portugal
outros. Iniciando o processo de conquistas pelos mares, os ficou com as terras recém-descobertas que estavam a leste
portugueses no ano de 1415 dominaram Ceuta, considerada da linha imaginária ( 200 milhas a oeste das ilhas de Cabo
primeira conquista dos europeus durante a Expansão Marí- Verde), enquanto a Espanha ficou com as terras a oeste desta
tima. linha.

39
HISTÓRIA

Mesmo com a descoberta das terras brasileiras, Portu- 1547), então Rei da França, deu a Jean Ango, um corsário,
gal continuava empenhado no comércio com as Índias, pois uma carta de marca que o autorizava a atacar navios portu-
as especiarias que os portugueses encontravam lá eram de gueses para se indenizar dos prejuízos sofridos. Isso fez com
grande valia para sua comercialização na Europa. As espe- que D. João III, rei de Portugal, enviasse a Paris Antônio de
ciarias comercializadas eram: cravo, pimenta, canela, noz Ataíde, o conselheiro de estado, para obter a revogação da
moscada, gengibre, porcelanas orientais, seda, etc. Enquanto carta, o que foi feito, segundo muitos autores, à custa de pre-
realizava este lucrativo comércio, Portugal realizava no Brasil sentes e subornos.
o extrativismo do pau-brasil, explorando da Mata Atlântica Logo recomeçaram as expedições francesas. O rei fran-
toneladas da valiosa madeira, cuja tinta vermelha era comer- cês, em guerra contra Carlos V, rei do Sacro Império Romano,
cializada na Europa. Neste caso foi utilizado o escambo, ou praticamente atual Alemanha, não podia moderar os súditos,
seja, os indígenas recebiam dos portugueses algumas bugi- pois sua burguesia tinha interesses no comércio clandesti-
gangas (apitos, espelhos e chocalhos) e davam em troca o no e porque o governo dele se beneficiava indiretamente, já
trabalho no corte e carregamento das toras de madeira até que os bens apreendidos pelos corsários eram vendidos por
as caravelas. conta da Coroa. As boas relações continuariam entre França
Foi somente a partir de 1530, com a expedição organi- e Portugal, e da missão de Rui Fernandes em 1535 resultou a
zada por Martin Afonso de Souza, que a coroa portuguesa criação de um tribunal de presas franco-português na cidade
começou a interessar-se pela colonização da nova terra. Isso de Baiona, embora de curta duração, suspenso pelas diver-
ocorreu, pois havia um grande receio dos portugueses em gências nele verificadas. Henrique II, atual rei da França, filho
perderem as novas terras para invasores que haviam ficado de Francisco I, iria proibir em 1543 expedições a domínios
de fora do tratado de Tordesilhas, como, por exemplo, fran- de Portugal. Até que se deixassem outra vez tentar e tenham
ceses, holandeses e ingleses. Navegadores e piratas destes pensado numa França Antártica, uma colônia tentada no Rio
povos, estavam praticando a retirada ilegal de madeira de de Janeiro, em 1555 ou numa França Equinocial.
nossas matas. A colonização seria uma das formas de ocupar
e proteger o território. Para tanto, os portugueses começa- Economia
ram a fazer experiências com o plantio da cana-de-açúcar, Apesar de a “madeira de tingir”, que já era conhecida no
visando um promissor comércio desta mercadoria na Europa. Oriente, ter importância menor dentro do contexto da ex-
pansão marítima portuguesa, são os portugueses que “antes
Descobrimento e Exploração de quaisquer outros irão se ocupar do assunto. Os espanhóis,
O litoral norte brasileiro foi certamente visitado por Vi- embora tivessem concorrido com eles nas primeiras viagens
cente Pinzón e Diego de Lepe em janeiro e fevereiro de 1500, de exploração, abandonarão o campo em respeito ao Trata-
respectivamente. Ainda que grande controvérsia cerque os do de Tordesilhas e à Bula Inter Coetera. O litoral brasileiro
locais exatos de desembarque, os seus contatos com os ín- ficava na parte lusitana e os espanhóis respeitaram seus di-
dios Potiguar foram violentos. Durante a estada de Cabral no reitos. O mesmo não se deu com os franceses, cujo rei (Fran-
litoral baiano em abril do mesmo ano, foram deixados dois cisco I) afirmaria desconhecer a cláusula do testamento de
degredados - a que se juntaram dois grumetes que deserta- Adão que reservara o mundo unicamente a portugueses e
ram - para que aprendessem a língua dos nativos. Provavel- espanhóis. Assim eles virão também, e a concorrência só se
mente a expedição de João da Nova à Índia fez uma escala resolveria pelas armas”. De início os habitantes nativos não
no Brasil, lá por abril de 1501, pois sabe-se que D. Manuel sabiam diferenciar as nacionalidades europeias rivais, ape-
dera ordens para que fizesse, mas não há evidências diretas sar de que por volta de 1530 já tinham aprendido a fazê-lo.
disso. A primeira expedição com objetivo exclusivo de ex- “Além dos portugueses marinheiros franceses e mercadores
plorar o território descoberto oficialmente por Cabral foi a da Normandia e de Rouen frequentavam a costa brasileira a
frota de três caravelas comandadas por Gonçalo Coelho, que fim de obter pau-brasil mediante trocas em escala bastante
zarpou de Lisboa em 10 de maio de 1501, levando a bordo grande e possivelmente em escala até maior do que os por-
Américo Vespúcio (possivelmente por indicação do banquei- tugueses”.
ro florentino Bartolomeu Marchionni), autor do único relato Dessa forma, durante todo o período o contato portu-
conhecido dessa viagem e que até poucas semanas antes guês com o Brasil praticamente limitou-se a mercadores e
servia os Reis Católicos da Espanha. marinheiros de passagem que vinham trocar utensílios de
A costa brasileira, sem marca de presença portuguesa ferro, bugigangas e ninharias originárias da Europa por pau
além uma ou outra feitoria abandonada, era terra aberta para -brasil, papagaio, macacos e a comida de que necessitavam
os navios do corso (os corsários) de nações não contempla- durante a estadia - prática iniciada por um português de
das na divisão do mundo no Tratado de Tordesilhas. Há notí- renome, Tapinha. Tais atividades não acarretavam nenhuma
cias de corsários holandeses e ingleses, mas foram os france- fixação permanente, apesar de vários proscritos e desertores
ses os mais ativos na costa brasileira. Para tentar evitar estes terem “virado nativos” (como João Ramalho) e se tornado
ataques, Portugal organizou e enviou ao Brasil as chamadas membros de grupos tribais ameríndios.
expedições guarda-costas, em 1516 e 1526, com poucos re- Era uma exploração rudimentar que não deixou traços
sultados. De qualquer forma, os franceses se incomodaram apreciáveis, a não ser uma destruição impiedosa e em lar-
com as expedições de Cristóvão Jacques, encarregado das ga escala das florestas nativas donde se extraía a preciosa
expedições guarda-costas, achando-se prejudicados; e sem madeira. (…) Os traficantes se aproximavam da costa, esco-
que suas reclamações fossem atendidas, Francisco I (1515- lhendo um ponto abrigado e próximo das matas onde se

40
HISTÓRIA

encontrava a essência procurada, e ali embarcavam a mer- O benefício que a Coroa obtinha com a concessão da
cadoria que lhes era trazida pelos indígenas. (…) Para facilitar exploração comercial do pau-brasil era uma parcela dos lu-
o serviço e apressar o trabalho, também se presenteavam os cros conseguidos pelo arrendatário. O primeiro negociante
índios com ferramentas mais importantes e custosas: serras, a receber autorização régia para explorá-lo foi Fernando de
machados. Assim mesmo a margem de lucros era conside- Noronha, em 1502.
rável, pois a madeira alcançava grandes preços na Europa. O ciclo de exploração do pau-brasil foi breve, já era que
O negócio, sem comparar-se embora com os que se reali- baseado numa extração predatória. Isto é, não havia a preo-
zavam no Oriente, não era desprezível, e despertou bastante cupação de repor as árvores derrubadas por meio do replan-
interesse. tio, o que resultou no rápido esgotamento desse tipo madei-
A forma da exploração do pau-brasil, para os portugue- ra. Outros aspectos importantes a serem salientados é que a
ses, era a concessão, pois toda atividade econômica ultra- exploração de pau-brasil teve impacto praticamente nulo na
marina era considerada monopólio real, que cobrava direitos ocupação do território brasileiro.
por sua exploração. A primeira concessão relativa ao pau Limitando-se à área costeira, o extrativismo não chegou
-brasil data de 1501 e foi outorgada a Fernão de Noronha a gerar núcleos de povoamento permanentes. Além disso,
(que deixou seu nome a uma ilha do Atlântico pertencente foi a primeira atividade econômica em que os negociantes
ao Brasil), associado a vários mercadores judeus. A concessão portugueses empregaram a mão-de-obra indígena no corte
era exclusiva e durou até 1504. Os franceses, pelo fato de o e carregamento da madeira para os navios.
Rei também se sujeitar ao papa, tinham uma política mais
liberal, uma vez que não podiam reclamar direito nenhum, e Martim Afonso De Souza
às atividades eram de iniciativa e responsabilidade puramen- Após 1530, o comércio entre Portugal e as Índias entrou
te individuais, que o Rei nunca endossara oficialmente. Foi em decadência. Neste mesmo período, o litoral brasileiro
rápida a decadência da exploração do pau-brasil. Em alguns passou a sofrer sistemáticas ameaças por parte de nave-
decênios esgotara-se o melhor das matas costeiras que con- gadores estrangeiros e mercenários que contrabandeavam
tinham a preciosa árvore, e o negócio perdeu seu interesse. o pau-brasil. Portugal, então, precisou tomar medidas para
Assim mesmo continuar-se-á a explorar o produto, sempre guarnecer a costa brasileira e repelir os invasores.
sob o regime de monopólio real, realizando uma pequena Expedições comandadas por Cristóvão Jacques, em 1516
exportação que durará até princípios do século XIX. Mas não
e 1519 e ainda em 1526 e 1528; tiveram por objetivo repelir
terá mais importância alguma apreciável, nem em termos ab-
os invasores, mas pouco puderam fazer em razão da enor-
solutos, nem relativamente aos outros setores da economia
me extensão do litoral brasileiro. Esses foram os principais
brasileira.
fatores que geraram preocupação com a situação das terras
brasileiras, levando a Coroa portuguesa a iniciar o processo
Legado do Período
de colonização.
Indiretamente a concorrência entre franceses e portu-
gueses deixou marcas na costa brasileira. Foram construídas Os passos iniciais da colonização do Brasil foram dados
fortificações por ambas as facções nos trechos mais ricos a partir da criação de núcleos de colonização. Em dezembro
e proveitosos para servir de proteção em caso de ataque e de 1530, partiu de Lisboa uma grande expedição composta
para armazenamento do pau-brasil a espera do embarque. por 50 embarcações transportando homens, ferramentas, se-
As fortificações não duravam muito, apenas alguns meses, mentes e víveres. Comandada por Martim Afonso de Souza,
o necessário para que se juntasse a madeira e se embarcas- teve como objetivo estabelecer os primeiros núcleos de po-
se. A exploração do pau-brasil era uma atividade que tinha voamento permanente no país.
necessariamente de ser nômade, pois a floresta era explo-
rada intensivamente e rapidamente se esgotava, não dando São Vicente E Santo André
origem a nenhum núcleo de povoamento regular e estável. A expedição chegou ao litoral brasileiro em janeiro de
E é justamente a instabilidade e a insegurança do domínio 1531. O primeiro núcleo de colonização, a vila de São Vicen-
português sobre o Brasil que estão na origem direta da ex- te, localizada no litoral, foi fundado em 1532. Em seguida
pedição de Martim Afonso de Sousa, nobre militar lusitano, criou-se a vila de Santo André da Borda do Campo, no pla-
e a posterior cessão dos direitos régios a doze donatários, nalto de Piratininga, região interiorana onde hoje se situa a
sob o sistema das capitanias hereditárias. Em 1530, D. João Grande São Paulo. Nesses núcleos concediam-se aos colonos
III mandou organizar a primeira expedição com objetivos de lotes de terra, denominados sesmarias, para que iniciassem
colonização. Esta tinha como objetivos: povoar o território as plantações para produzir os meios de subsistência e se
brasileiro, expulsar os invasores e iniciar o cultivo de cana- fixarem na região.
de-açúcar no Brasil. Também foram nomeados os primeiros administradores
e criados os primeiros órgãos fiscais e judiciários. A vila de
Monopólio real São Vicente prosperou, estimulando a criação de novos po-
A extração do pau-brasil foi declarada estanco, ou seja, voamentos em seu entorno; como Santos, em 1536; que pos-
passou a ser um monopólio real, cabendo ao rei conceder a teriormente veio a ser elevado à categoria de “vila” (1545).
permissão a alguém para explorar comercialmente a madei- Apesar disso tudo, os primeiros esforços empreendidos
ra. Mas, se o rei outorgava esse direito, cabia ao arrendatário pelos portugueses para colonizar o Brasil revelaram-se muito
executar o negócio com seus próprios meios, arcando com limitados. Os núcleos de colonização eram insuficientes para
todos os riscos do empreendimento. garantir a permanência dos colonos que aqui chegavam e

41
HISTÓRIA

expandir os povoados. Para dar prosseguimento ao povoa- Ele criava os cargos de Governador, Ouvidor-Mor, Provedor-
mento da colônia de forma ordenada e eficiente, havia a ne- Mor e Capitão-Mor. O primeiro Governador-Geral do Brasil
cessidade de vultosos recursos econômicos, de que a Coroa foi Tomé de Souza, que se estabeleceu na Bahia e exerceu
portuguesa não dispunha. seu mandato entre 1549 a 1553. Seus sucessores foram
Duarte da Costa, no período de 1553 a 1558; e Mem de Sá,
Capitanias Hereditárias entre 1558 a 1572.
Para prosseguir com o processo de colonização, Portugal Os governos-gerais asseguraram à ocupação e povoa-
recorreu ao sistema de Capitanias hereditárias. Esse sistema mento das terras brasileiras estimulando à criação das pri-
já havia sido empregado com êxito em suas possessões nos meiras cidades, o estabelecimento de instituições religiosas,
Açores, Madeira e Cabo Verde. Ele se baseava na doação de a criação dos primeiros colégios e o incremento das ativida-
um extenso lote de terra a uma pessoa ilustre e influente do des econômicas, principalmente aquelas atividades voltadas
reino, geralmente um nobre rico, que passava a ser o dona- para a agricultura e pecuária.
tário e ficava encarregado de empreender a colonização da O estabelecimento do governo-geral em território bra-
terra recebida, investindo nela seus próprios recursos. sileiro permitiu criar as condições mínimas necessárias para
Os donatários recebiam as terras não como proprietá- levar adiante o empreendimento colonial que, nos séculos
rios, mas como administradores. Ainda assim, possuíam mui- seguintes, iria gerar importantes transformações políticas,
tos direitos sobre elas, de modo que se tornassem um em- sociais e econômicas na colônia.
preendimento favorável e atrativo aos interesses dos donatá-
rios. Podiam escravizar índios e vendê-los, fundar povoações, Exportação No Brasil Pré-Colonial
conceder sesmarias, estabelecer e extrair uma parte dos im- 1500/1530 período denominado de pré-colonial
postos e tributos sobre produtos e mercadorias produzidas Na Europa vigorava o Mercantilismo (o comércio do-
para o consumo interno ou aquelas destinadas à exportação. minava a produção), por esse caráter essencial da empresa
Tinham também poder para julgar e condenar escravos e ho- ultramarina, Portugal buscava no ultramar excedente de pro-
mens livres que estivessem nos limites de sua capitania. dução para depois comercializa-lo na Europa, não tendo o
As Capitanias hereditárias foram criadas entre 1534 e Brasil esse excedente de produção, não representava lucro
1536, a partir da divisão do litoral brasileiro em extensas fai- para a Metrópole.
xas de terra que iam da costa para o Oeste, até o meridiano Foram apenas enviadas quatro expedições para o Brasil,
sendo elas de reconhecimento e policiamento do Litoral.
traçado por Tordesilhas. Ao todo foram constituídas 14 Capi-
Embora fosse uma atividade secundária, a única riqueza
tanias que foram doadas a 12 donatários.
explorada no Brasil era o Pau-Brasil, que também atraíam,
numerosos corsários ao litoral do Brasil praticando o contra-
Governo Geral
bando de madeira.
Entretanto, ao contrário do que ocorreu nos Açores,
Madeira e Cabo Verde, as Capitanias hereditárias no Brasil
Invasão Holandesa
não alcançaram os resultados esperados. Foram muitas as O Brasil foi invadido pelos holandeses por duas vezes.
razões do fracasso. Entre elas, pode ser considerados a falta No ano de 1624 ocorreu a posse de Salvador, que durou um
de terras férteis, os conflitos com os povos indígenas, que ano, e em 1630 eles tomam Pernambuco, controlando quase
ofereceram enorme resistência diante das invasões de suas todo o Nordeste por 24 anos, tendo como principal objetivo
terras e das tentativas de escravização, e a má administração. a comercialização do açúcar.
Sem falar no problema da necessidade de recursos em maior De todas as regiões nordestinas, a mais abastada do
escala, devido a enorme distância que separava a Metrópole, mundo no cultivo de açúcar era Pernambuco, e como o ob-
ou seja, Portugal, das terras brasileiras. jetivo dos holandeses era o controle deste produto na Euro-
As Capitanias que prosperaram foram justamente aque- pa, Pernambuco foi um alvo importante durante as invasões
las em que os donatários possuíam grande fortuna ou acesso holandesas.
ao crédito bancário europeu, como Martim Afonso, com a Os holandeses pretendiam alcançar a região dos enge-
capitania de São Vicente; e Duarte Coelho, com a capitania nhos, porém, eles foram obstruídos pelas Milícias dos Des-
de Pernambuco. calços – guerrilheiros que tinham o intuito de fazer oposição
Tendo fracassado o sistema de Capitanias, Portugal re- às invasões.
correu à centralização do poder, estabelecendo na colônia No ano de 1637 chegou a Pernambuco, designado pela
um governo-geral. O governo-geral, porém, não se destinava Companhia das Índias – empresa instituída pela Holanda
a substituir as Capitanias hereditárias. Seu principal objetivo para avalizar a comercialização do açúcar brasileiro -, o con-
foi o de estabelecer uma autoridade central no território co- de Maurício de Nassau, militar de nacionalidade alemã que
lonial, a fim de coordenar a administração das capitanias que para ali fora designado no intuito de consolidar o domínio
estavam funcionando de forma autônoma, quase sempre holandês.
contrariando os interesses da Coroa portuguesa. Sua primeira ação prática consistiu em ampliar a área já
subjugada instituindo um fidedigno Brasil holandês. Entre
Tomé De Sousa suas iniciativas está o alargamento do limite sul da Nova Ho-
Assim, em 17 de dezembro de 1548, o rei assinou o Regi- landa – nome que recebeu a região conquistada pelos holan-
mento que estipulava as orientações gerais necessárias para deses – até as margens do Rio São Francisco, e a criação do
o estabelecimento do governo-geral em território brasileiro. forte Maurício, próximo à vila de Penedo.

42
HISTÓRIA

Maurício de Nassau foi o responsável por um grande rantindo a presença portuguesa em uma área importante
progresso no Nordeste durante sua administração: criaram- dentro do império colonial espanhol e, ao mesmo tempo,
se muitos hospitais, asilos e várias ruas foram ladrilhadas. abrindo espaço para o contrabando inglês na bacia do Prata.
Em 1640, ocorreu um abalo em Portugal que libertou A fundação de Sacramento abriu um período de sucessivos
este do domínio Espanhol; no ano de 1641, Portugal, estan- conflitos e debates diplomáticos entre os dois países, que se
do em desavença com a Espanha, opta por um armistício de estenderam até o século XVIII.
dez anos com a Holanda, que em pouco tempo passa a valer A ocupação do Rio Grande do Sul e Santa Catarina está
também no Brasil. inserida nesse processo. No caso do território gaúcho, os ata-
Não havendo mais tentativas de se tomar outras terras, ques às missões foram os responsáveis pelo aparecimento
Nassau passou a dedicar-se inteiramente à administração do de um rebanho de gado pelos campos sulinos que, unido ao
território brasileiro holandês. gado trazido da Europa, garantiram a sua ocupação durante
Maurício de Nassau procurou obter a aceitação dos se- o século XVIII. Ainda neste século, foram introduzidas milha-
nhores de engenho e da população à ocupação holandesa, res de famílias de colonos açorianos no litoral do Rio Grande
não se preocupou em gastar o dinheiro da Companhia das do Sul e de Santa Catarina, possibilitando o aparecimento e a
Índias para realizar melhorias nas cidades, em folguedos para consolidação de importantes núcleos de povoamento, como
o povo e principalmente em comodatos aos proprietários Laguna, Florianópolis e Porto dos Casais, atual cidade de Por-
rurais que tiveram suas lavouras danificadas em virtude das to Alegre.
lutas, estimulou as artes e as ciências e instituiu uma vida cul-
tural totalmente nova e desconhecida até o momento pelo A Expansão Da Pecuária
Brasil colonial. Da sua introdução nos engenhos do litoral nordestino, o
Economicamente, tentou diferenciar a agricultura nor- gado se expandiu em direção ao sertão, no primeiro século
destina da pecuária do Rio Grande do Norte, no campo po- e meio da colonização. Com isso, o Sertão do Nordeste e o
lítico expandiu a participação das camadas gerenciadoras, Vale do Rio São Francisco surgem como as principais regiões
incluindo os judeus, portugueses e comerciantes, sendo que pecuaristas da colônia, o que garantiu a ocupação de um
holandeses tornaram-se a metade dos representantes e a
grande território do interior brasileiro.
outra se constituía de luso-brasileiros.
Outra região que se voltaria também para a pecuária se-
Em 1640, chamou-se o primeiro Parlamento da América
ria o sul de Minas Gerais, já no século XVIII. Ali, a criação de
do Sul para a instituição de uma legislação para o Brasil ho-
gado envolvia certa técnica superior, fazendas com cercados,
landês.
pastos bem cuidados e rações extras para os animais; no ma-
Em 1644, se finda o governo de Maurício de Nassau,
nejo dos rebanhos era utilizada a mão de obra escrava. O seu
sendo sua deposição aceita pela Companhia das Índias, com
mercado era representado pelas zonas urbanas mineradoras,
quem já vinha em conflito há algum tempo em virtude de
o que provocou uma diversificação da produção: gado bovi-
seus gastos considerados excessivos.
Após a partida de Maurício de Nassau, intensificaram-se no, muares, suínos, caprinos e equinos.
os conflitos entre os senhores de engenho e os comerciantes Também os Campos Gerais, correspondendo ao interior
holandeses, pois devido a várias intempéries os senhores de de São Paulo e Paraná, foram outra região de pecuária, com a
engenhos não estavam conseguindo pagar os empréstimos produção de animais de tiro para a região mineradora. Nessa
efetuados para as plantações. região predominava a mão de obra livre, constituída pelos
A Companhia das Índias resolveu assumir as dívidas dos tropeiros.
plantadores com os comerciantes, porém não o fez de graça, Por fim, a pecuária seria desenvolvida ainda no Rio Gran-
interveio nos engenhos confiscando a produção. de do Sul, no século XVIII. Nesse caso específico, a pecuária
Em 1645, após muitos confrontos, finalmente os colonos promoveu não apenas a ocupação do território rio-granden-
portugueses - apoiados por Portugal e Inglaterra - consegui- se, mas, também, o seu povoamento. A atividade criatória
ram expulsar os holandeses do território brasileiro. gaúcha utilizava-se do trabalho livre, havendo, contudo, o
Durante o tempo em que ficaram no Brasil, os holan- emprego paralelo de escravos e dos indígenas oriundos das
deses deixaram como legado várias melhorias para o país, missões. Voltada também para o abastecimento da região
como a implantação de uma sociedade urbana em Recife, das Gerais, a pecuária gaúcha desenvolveu a indústria do
por exemplo; a luta contra os invasores contribuiu também charque e a criação de gado bovino, muar, equino e ovino.
para a concepção do sentimento nativista no povo.
A interiorização como estratégia de combate à pira-
A Presença Portuguesa No Sul taria.
Os portugueses sempre tiveram interesse na região Sul, Desde os primórdios da ocupação portuguesa do Brasil,
atraídos pela prata que escoava pelos rios da bacia Platina o combate à pirataria foi uma das primeiras motivações que
e pelo rico comércio peruleiro (peruano). Desde cedo, por- conduziram a interiorização do processo colonizador.
tanto, alimentavam o sonho de criar um estabelecimento na O assédio de piratas a regiões costeiras não causava à
região. época o pânico que se poderia supor, exatamente devido a
Em 20 de janeiro de 1680, D. Manuel Lobo fundou a uma estratégia colocada em prática pelos portugueses como
Colônia do Santíssimo Sacramento, à margem esquerda do parte de seu sistema de proteção contra ataques vindos do
estuário do Prata - atual cidade uruguaia de Colônia, ga- mar.

43
HISTÓRIA

A imagem do pirata que atuava na América, hoje pre- sião de inimigos”, disparar “uma peça de rebate, que se ouvia
sente em nosso imaginário, não corresponde à concepção muito bem na cidade”, para que todos pudessem “conhecer
da época. por ela que havia inimigos na barra”.
Foi formada a partir da obra Piratas da América, impressa Ao que “outra peça de rebate, que se tinha na cidade”,
em Amsterdã em 1678, e da História dos Roubos e Assas- era disparada para que “os moradores de engenhos que es-
sínios dos Mais Notórios Piratas, impressa em Londres em tavam a três, e a quatro léguas” viessem “acudir a cidade”.
1724. As quais forjaram, no século XVIII, o mito do pirata san- Caso os inimigos conseguissem chegar em terra, todos
guinário, contraposto ao do aventureiro foragido da justiça, se recolhiam nos “arvoredos”, cercando os inimigos e vol-
condenado injustamente em sua pátria. tando a atacar com “mosqueteria” e apoio da artilharia das
No século XVI e XVII, o senso comum tinha a pirataria na fortalezas.
América como um negócio financiado por comerciantes que Procedimento adotado pelos os moradores da Paraíba,
esperavam obter lucro com seu investimento. bem como de quase todas as localidades litorâneas da Terra
Alguns prisioneiros eram inclusive melhor tratados pela de Santa Cruz, desde o início da povoação do Brasil, quando
maior parte dos piratas europeus do que por seus próprios tiveram que enfrentar ataques piratas em terra.
compatriotas. Assim, foram utilizadas táticas de guerrilha na defesa
Embora o mesmo não se aplique aos piratas asiáticos, da costa que incentivaram a interiorização da ocupação das
quando atrocidades foram registradas tanto em mar como terras, visando garantir, simultaneamente, a abundância de
em terra. alimentos e bases avançadas na luta contra invasores em po-
Seja como for, ordinariamente, os piratas costumavam tencial.
atacar a costa do Brasil de dezembro a março, justamente A despeito da introdução da pecuária, em certo senti-
devido ao regime de ventos e correntes marítimas que, neste do, decorrer desta prática, juntamente com a necessidade de
período, permitia o assalto às povoações costeiras. potencializar o aproveitamento do sertão e abastecer com
A prática era seguida da fuga rápida para o local de víveres os engenhos de açúcar.
origem ou base dos piratas no Caribe, conforme atesta um
documento não datado pertencente ao acervo do Arquivo As Drogas Do Sertão
Histórico Ultramarino, cujos indícios apontam tratar-se de Drogas do sertão é um termo que se refere a determi-
documento do início do século XVII. nadas especiarias extraídas do chamado interior brasileiro na
No período citado do ano, as populações litorâneas, so- época das entradas e das bandeiras.
bretudo as mais desprotegidas, encarregavam-se de ficar de Eram produtos nativos, não existentes na Europa e que,
prontidão, colocando homens de vigia e deixando exposta a por isso, atraíam o interesse dos portugueses, nomeando-as
menor quantidade de mercadorias possível. como novas especiarias.
Quando navios não identificados eram avistados, ha- Em busca de ervas aromáticas, plantas medicinais, cacau,
vendo todo um cerimonial de baixar e levantar bandeiras canela, baunilha, cravo, castanha e guaraná; gêneros típicos
por parte das embarcações lusitanas para fazerem-se notar da foz do rio Amazonas, europeus penetraram na região nor-
como tal, soava-se os sinos da igreja local, ao passo que a te, alargando as fronteiras coloniais.
população retirava-se para a mata levando consigo o máxi- O intenso contrabando, praticado por ingleses, franceses
mo de víveres e munição. e holandeses, por sua vez, incrementou a fundação de vilas e
Os portugueses ficavam a espreita em busca da oportu- cidades lusitanas como meio de consolidar a presença por-
nidade ideal de contra-atacar, realizando, em conjunto com tuguesa e interditar o acesso através da navegação fluvial.
os indígenas aliados, um cerco à cidade, vencendo os invaso- Para combater o contrabando, em 1616, Francisco Cal-
res pela fome e pela sede. deira Castelo Branco fundou, na foz do rio Amazonas, o forte
Neste sentido, ao contrário do que se imagina, embora do Presépio, dando origem à atual cidade de Belém.
não tenham faltado pedidos de auxilio e mercê a Coroa por Em 1637, partiu de Belém uma expedição comandada
parte dos habitantes do Brasil quinhentista, as cidades e vi- por Pedro Teixeira.
las brasileiras, inversamente a situação verificada no Oriente, Durante dois anos a expedição subiu o rio Amazonas,
eram praticamente autossuficientes quanto ao abastecimen- chegando até Quito, no Equador.
to de alimentos. A partir de então, estando mapeado o acesso por via
Segundo D. Cristovão de Moura, a cidade de Salvador, fluvial até as drogas do sertão, sua extração das matas se
em meados de 1570, por exemplo, era rica em plantações intensificou.
de “frutas” e “hortaliças”, possuindo muitas “quintas”, espa- Foi quando os jesuítas incrementaram o estabelecimen-
lhadas pelo interior, para garantir um farto abastecimento de to de missões na região e passaram a coletar as drogas, utili-
“mantimentos”. zando mão de obra indígena.
Os habitantes das zonas litorâneas, caso fosse necessária Tempos depois, a coleta passou a ser feita também por
à defesa contra piratas, retirarem-se para o interior, contando colonos nas mesmas zonas, o que gerou conflitos constan-
sempre com os “mantimentos naturais da terra”, com “muita tes com os jesuítas, provocados quase sempre pela questão
caça” e “saborosos pescados”, podendo impor aos invasores indígena.
um cerco prolongado. Nas missões comandadas pelos jesuítas, os índios eram
Mesmo em pontos da costa onde havia fortalezas, em forçados a entrar na mata e extrair as drogas, a rigor, consti-
pleno no início do século XVII, era praxe colocar de dezem- tuindo a escravização do gentil, isto pelo menos sob a ótica
bro a março alguns homens de “vigia” e, “quando havia oca- do prisma da metrópole.

44
HISTÓRIA

O que conduziu a Coroa portuguesa a afastar a igreja da capitação sobre o trabalhador escravo. Em 1739, a livre ex-
comercialização das especiarias, mero pretexto para que o tração cedeu lugar ao sistema de con­trato, que deu origem
Estado assumisse o monopólio da intermediação das drogas aos ricos contratadores, como João Fernandes, estreitamente
do sertão e iniciasse de fato, através de seus colonos, a escra- ligado à figura de Xica da Silva. Diante das irregularidades e
vização dos indígenas. do desvio dos impos­tos, além do alto valor que alcançavam
Os índios tentaram resistir ao trabalho forçado imposto as pedras na Europa, em 1771, foi decretada a régia extração,
pelos portugueses, mas conforme as drogas foram se tor- que contava com o trabalho de escravos alugados pela co-
nando conhecidas, despertando o interesse de outras na- roa. Posteriormente, com nova liberação da exploração, foi
ções europeias e passando a suprir, não apenas o mercado criado o Livro de Capa Verde, contendo o registro dos ex-
interno, mas, constituindo também um rentável produto de ploradores, e o Regimento dos Diamantes, procurando dis-
exportação, a mão de obra nativa passou a ser largamente ciplinar a extração. Contudo, o monopólio estatal sobre os
utilizada. dia­mantes vigorou até 1832.
Destarte, a fundação de povoados na região norte, em
torno da extração das drogas do sertão, principalmente nas As Consequências Da Mineração
zonas cortadas por rios que serviam de via fluvial de desloca- A mineração foi responsável por impor­ tantes conse-
quências que se refletiram sobre a vida econômica, social,
mento e transporte; seria apenas o prelúdio da intensificação
política e administrati­va da colônia. De saída, provocou uma
do povoamento do interior do Brasil.
grande migração portuguesa para a região das Gerais. Se-
A descoberta de ouro, diamantes e esmeraldas faria a
gundo alguns autores, no século XVIII, aproximadamente
população portuguesa presente no Brasil saltar de “100.000 800.000 portugueses trans­feriram-se para a colônia, o que
habitantes em 1600”, depois do crescimento advindo com a correspon­deria a 40% da população da metrópole.
diversificação da economia colonial que a fez a demografia No Brasil, paralelamente a isto, ocorreu um deslocamen-
aumentar para “300.000 em 1700”, para atingir o extraordi- to do eixo econômico e demo gráfico do litoral para a região
nário número de “3.250.000 em 1800”. Centro-Leste, acompanhado da inten­sificação do tráfico ne-
Testemunho estatístico do incremento intenso da inte- greiro e do remanejamento do contingente interno de escra-
riorização do processo colonizador, sobretudo, a partir do vos. Com isso, a colônia co­nheceu uma verdadeira explosão
fomento propiciado pelos metais preciosos extraídos das populacional, ultrapas­sando com folga a casa de um milhão
Minas Gerais. de habitantes, no século XVIII.
O entorno da região mineradora, compreendendo o eixo
Mineração Minas-Rio de Janeiro, passou a ser o novo centro de gravida-
A época da mineração no período colonial abrangeu de econômica, social e política da colônia; em 1763, um de-
basicamente o século XVIII, com o seu apogeu entre 1750 e creto do marquês de Pombal transferiu a capital de Salvador
1770. Nessa fase da vida econômica da colônia que se vol- para o Rio de Janeiro.
tou quase que exclusivamente para o extrativismo mineral, as Geradora de novas necessidades, a mineração condi­
principais regiões auríferas foram Minas Gerais, Mato Grosso cionou um maior desenvolvimento do comércio, associa­do
e Goiás. Anteriormente, já haviam ocorrido as explorações ao fenômeno da urbanização. Desenvolveu-se o mer­cado
do ouro de lavagem, em São Paulo, Paraná e Bahia, mas, com interno, possibilitando a dinamização de todos os quadran-
resultados inexpressivos. tes da colônia, que se organizaram para abastecer a região
Após sua extração, o ouro era levado para as Casas de do ouro. A vida urbana e o próprio caráter da exploração
Fundição. Ali, era quintado, fundido e transformado em bar- aurífera geraram uma sociedade mais aberta e heterogênea,
ras, assegurando o controle dos lucros da exploração aurífera convivendo lado a lado o trabalho livre e o trabalho escra-
pela coroa portuguesa. vo, embora este fosse predominante. Co­mo consequência, a
A mineração dos anos setecentos foi desenvolvida a par- concentração de renda foi menor, en­riquecendo, principal-
mente, os setores ligados ao abaste­cimento.
tir do ouro de aluvião, tendo como características o baixo
Finalmente, a “corrida do ouro” promoveu a penetra­ção
nível técnico e o rápido esgotamento das jazidas. No extrati-
e o povoamento do interior do Brasil, anulando em definitivo
vismo aurífero, as formas de exploração mais comuns encon-
a velha demarcação de Tordesilhas.
tradas eram as lavras e a faiscação. A primeira representaria
uma empresa em que era utilizada a mão de obra escrava e Uma Cultura Mineira
se aplicava uma técnica mais apurada. Já a faiscação era a ex- Todo o conjunto de consequências, anteriormente ci­
tração individual, realizada principalmente por homens livres. tadas, refletiu-se na vida cultural e intelectual da mine­ração,
marcada por um notável desenvolvimento artístico.
A Exploração Dos Diamantes Na literatura, destacaram-se os poetas intimamente rela-
Por volta de 1729, Bernardo da Fonseca Lobo des­cobriu cionados ao Arcadismo. Na arquitetura e na escultura, emer-
as primeiras jazidas diamantíferas no arraial do Tijuco ou Ser- giram as figuras de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho,
ro Frio, hoje Diamantina. Teve início, as­sim, a exploração dos e mestre Valentim, nomes importantes do barroco mineiro.
diamantes, que, como a do ouro, também era considerada Na música, além da disseminação de uma música popu-
um monopólio régio. lar - modinhas e lundus - sobressaíram-se os gran­des mes-
Em 1733, foi criado o Distrito Diamantino, única área de- tres da música sacra - barroca, com as missas e réquiens de
marcada em que se podia explorar legalmente as jazidas. A Joaquim Emérico Lobo de Mesquita e do pa­dre José Maurí-
exploração era livre, mediante o pagamento do quinto e da cio Nunes Garcia.

45
HISTÓRIA

Nesse contexto, a influência europeia, com os novos prin- Antilhas, na segunda metade do século XVII. A concorrência
cípios liberais disseminados pela Enciclopédia, ali­mentaria o e os limites da capacidade de consumo na Europa provocam
primeiro movimento de caráter emancipacio­nista: a Inconfi- uma rápida queda de preços no mercado.
dência Mineira.
Sociedade Colonial
Escravidão Nos dois primeiros séculos de colonização, a população
O trabalho compulsório do indígena é usado em diferen- brasileira é formada por colonos brancos, escravos negros,
tes regiões do Brasil até meados do século XVIII. A caça ao índios aculturados e mestiços. Aumentando lentamente, ela
índio é um negócio local e os ganhos obtidos com sua venda povoa uma estreita faixa litorânea, onde se concentram as
permanecem nas mãos dos colonos, sem lucros para Portu- grandes áreas produtoras de açúcar, algodão e tabaco. Com
gal. Por isso, a escravização do nativo brasileiro é gradativa- o desenvolvimento da mineração de ouro e diamante, a par-
mente desestimulada pela metrópole e substituída pela es- tir do século XVIII, a população se expande nas regiões das
cravidão negra. O tráfico negreiro é um dos mais vantajosos minas em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso e avança pelo
negócios do comércio colonial e seus lucros são canalizados interior, nas regiões da pecuária.
para o reino. Baseada na agricultura voltada para o comércio externo,
na grande propriedade e no trabalho escravo, a sociedade
Escravidão negra - A primeira leva de escravos negros
colonial é agrária, escravista e patriarcal. Em quase toda co-
que chega ao Brasil vem da Guiné, na expedição de Mar-
lônia, é em torno da grande propriedade rural que se de-
tim Afonso de Souza, em 1530. A partir de 1559, o comércio senvolve a vida econômica e social. Os povoados e as vilas
negreiro se intensifica. A Coroa portuguesa autoriza cada têm papel secundário, limitado a funções administrativas e
senhor de engenho a comprar até 120 escravos por ano. Su- religiosas. Somente a partir da expansão das atividades de
daneses são levados para a Bahia e bantus espalham-se pelo mineração é que a sociedade urbana se desenvolve na co-
Maranhão, Pará, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e São lônia, com algumas características tradicionais, como a es-
Paulo. cravidão, e características novas, como o maior número de
Tráfico de escravos - O tráfico negreiro é oficializado em funcionários, comerciantes, pequenos proprietários, artesãos
1568 pelo governador-geral Salvador Correa de Sá. Em 1590, e homens livres pobres.
só em Pernambuco registra-se a entrada de 10 mil escravos. Casa-grande - A sede das grandes fazendas, ou do en-
Não há consenso entre os historiadores sobre o número de genho, é o maior símbolo do poderio absoluto dos senhores
escravos trazidos para o Brasil. Alguns, como Roberto Simon- de terras. A família da casa-grande é numerosa: são muitos
sen e Sérgio Buarque de Holanda, estimam esse número en- filhos, tanto legítimos como ilegítimos, parentes, agregados,
tre 3 milhões e 3,6 milhões. Caio Prado Júnior supõe cerca de escravos e libertos. Todos respeitam a autoridade doméstica
6 milhões e Pandiá Calógeras chega aos 13,5 milhões. e pública do senhor, ao mesmo tempo pai, patriarca e che-
fe político. Essa é a estrutura familiar das regiões da mono-
Cana-de-açúcar cultura tropical, escravista e exportadora. Com ela convive a
O cultivo da cana-de-açúcar é introduzido no Brasil por chamada família nuclear, bem menor, formada quase sempre
Martim Afonso de Souza, na capitania de São Vicente. Seu pelo casal e por poucos filhos, quando não apenas por um
apogeu ocorre entre 1570 e 1650, principalmente em Per- dos pais e as crianças. Típica das regiões de produção pouco
nambuco. Fatores favoráveis explicam o sucesso do em- importante para o mercado externo, essa organização fami-
preendimento: experiência anterior dos portugueses nos liar predomina em São Paulo e áreas adjacentes à mineração.
engenhos das ilhas do Atlântico, solo apropriado, principal- Miscigenação - A sociedade colonial apresenta outra ca-
mente no Nordeste, abundância de mão de obra escrava e racterística, importante desde o início, mas que se intensifica
expansão do mercado consumidor na Europa. A agroindús- com o tempo: a miscigenação. Misturando raças e culturas
na convivência forçada pelo trabalho escravo dos índios e
tria açucareira exige grandes fazendas e engenhos e enormes
dos negros africanos, a sociedade colonial adquire um perfil
investimentos em equipamentos e escravos.
mestiço, personificado pelo mulato (branco europeu e negro
O engenho - Os chamados engenhos de açúcar são uni-
africano) e pelo caboclo (branco e índio). Essa miscigenação
dades de produção completas e, em geral, autossuficientes. condiciona as relações sociais e culturais entre colonizadores
Além da casa grande, moradia da família proprietária, e da e colonizados, gerando um modelo de sociedade original na
senzala, dos escravos, alguns têm capela e escola, onde os fi- colônia, heterogêneo e multirracial, aparentemente harmô-
lhos do senhor aprendem as primeiras letras. Junto aos cana- nico, sem segregação interna. Na verdade, porém, ela não
viais, uma parcela de terras é reservada para o gado e roças disfarça as desigualdades estruturais entre brancos e negros,
de subsistência. A “casa do engenho” possui toda a maqui- escravos e livres, livres ricos e livres pobres, que não acabam
naria e instalações fundamentais para a obtenção do açúcar. nem mesmo com a abolição da escravatura, no final do sé-
Economia açucareira - Estimativa do final do século XVII culo XIX.
indica a existência de 528 engenhos na colônia. Eles garan-
tem a exportação anual de 37 mil caixas, cada uma com 35 Conquista Sobre Os Indígenas
arrobas de açúcar. Dessa produção, Portugal consome ape- O controle da Bahia pelos portugueses teve um papel es-
nas 3 mil caixas anuais e exporta o resto para a Europa. O tratégico na luta contra os indígenas. Quando Tomé de Sou-
monopólio português sobre o açúcar assegura lucros consi- sa ali se instalou, em 1549, os Tupinambá já eram inimigos
deráveis aos senhores de engenho e à Coroa. Esse monopólio declarados dos portugueses. Porém, ao mesmo tempo, os
acaba quando os holandeses começam a produzir açúcar nas Tupiniquim permaneciam em paz com os moradores.

46
HISTÓRIA

A estratégia de Tomé de Sousa foi submeter os indígenas Logo, começaram os conflitos, os indígenas em defesa
amigos à sua autoridade e aniquilar os inimigos. Mas sub- de suas terras e contra a escravidão.
meter os indígenas amigos e obrigá-los a trabalhar para os Os índios não obedeciam aos mandos dos senhores de
povoadores era um problema. Os portugueses precisavam engenho. Tinham sua própria religião, caçavam pra sobre-
dos indígenas para duas funções: como mão de obra na pro- vivem, conheciam as matas e não se sujeitavam a viver em
dução de alimentos e como soldados na luta contra grupos cativeiro.
inimigos. Os indígenas viviam duplamente acuados: Os jesuítas al-
Na tentativa de resolver esse problema, o Estado por- mejavam convertê-los ao catolicismo e os brancos visavam
tuguês determinou que as ações violentas ficassem rigo- utilizá-los como mão de obra escrava.
rosamente limitadas aos indígenas inimigos, os únicos que A igreja católica, apresentada pelos jesuítas, proibiu a
podiam ser escravizados. Isso atendia às reclamações dos escravidão indígena já que seu interesse era catequizar os ín-
moradores, pois assegurava o abastecimento de mão de dios, difundindo, além da religião católica, um novo modelo
obra. Ao mesmo tempo, preservando a aliança com os povos de organização social, econômica e politica.
amigos, garantia-se a defesa da terra e também a futura ex- Entre 1530 e 1570, os maiores centros produtores de
pansão do povoamento. cana de açúcar, as capitanias de Pernambuco e Bahia, ne-
Essa política se rompeu na época do segundo governa- cessitavam cada vez mais de mão de obra nos canaviais, e a
dor-geral, Duarte da Costa, quando cinquenta indígenas de coroa portuguesa proibia a escravização dos índios.
uma aldeia revoltaram-se atacando os engenhos, numa rea- Em 1554 e 1567, os índios Tupinambás lideraram uma
ção contra os moradores que pretendiam tomar suas terras. revolta, que ficou conhecida como a Confederação dos ta-
Comandada pelo filho do governador, Álvaro da Costa, moios Esse grupo se rebelou contra os colonizadores portu-
uma tropa de setenta homens encarregou-se da repressão. gueses, envolvendo também os índios Guaianazes e Aimorés.
A rebelião foi sufocada. Essa vitória espalhou o medo entre Para compensar as perdas com escravos indígenas e
as outras tribos e assegurou aos portugueses maior controle apaziguar a briga com a Igreja Católica, o tráfico negreiro foi
sobre a Bahia; mas não significou que o perigo estava total- intensificado no Brasil Colônia, principalmente no início do
mente afastado. século XVII.
A vitória decisiva na luta contra os indígenas da Bahia
ocorreu com Mem de Sá, que derrotou os temíveis Tapuia de O Tráfico Negreiro
Paraguaçu. Esse fato teve um importante impacto psicológi- A partir da segunda metade do século XVI, começaram
co, pois, até então, acreditava-se ser impossível derrotar os a ser trazidos para a América os africanos como escravos em
povos guerreiros do sertão. número expressivo para a exploração sistemática de sua mão
Assim, com Mem de Sá, a Bahia tornou-se efetivamente de obra.
o polo central do poder, ajudando a consolidar o domínio A opção pelo africano se deu por algumas supostas van-
de todo o litoral. O primeiro passo nesse sentido foi o auxílio tagens: maior resistência física às epidemias e maiores co-
enviado ao Espírito Santo na luta contra os Aimoré. nhecimentos em trabalhos artesanais e agrícolas. A opção
Em 1560, no Rio de Janeiro, Mem de Sá enfrentou, com pelo escravo africano se deu também porque o tráfico dava
sucesso, 120 franceses e cerca de mil índios Tamoio, duran- lucros, era uma das atividades mais lucrativas do sistema co-
te três dias, afastando as ameaças que pesavam sobre São lonial. Para facilitar, nem o Estado nem a igreja católica con-
Vicente. Ordenado por Mem de Sá, seu sobrinho, Estácio de denavam a imposição da escravidão aos africanos.
Sá, iniciou o povoamento do Rio de Janeiro, consolidando o Os portugueses transportavam os escravos em suas ca-
controle territorial em linha contínua, de São Vicente a Per- ravelas vindas da África. Os holandeses também realizavam
nambuco. o tráfico de escravos para o Brasil. O número de escravos
No governo de Luís de Brito de Almeida (1573-1578), a embarcados dependia da capacidade da embarcação. Nas
atenção dos portugueses voltou-se para os Potiguara do rio caravelas, os portugueses transportavam até 500 cativos. Um
Paraíba. Contudo, as ofensivas na Paraíba só tiveram início pequeno navio podia transportar até 200 escravos, um navio
no governo de Manuel Teles Barreto (1583-1587). Aprovei- grande até 700.
tando-se da inimizade entre os Tabajara e os Potiguara, os A bordo, todos os escravos eram marcados a ferro no
portugueses conseguiram instalar seu domínio em 1586. ombro ou na coxa. Embarcados, os cativos são acorrentados
Já nesse período, as autoridades coloniais haviam con- até que se perca de vista a costa da África. Os navios negrei-
cluído que era necessário ampliar a conquista até o Rio Gran- ros embarcavam mais homens do que mulheres. O número
de do Norte, a fim de consolidar o domínio da região. De- de crianças era inferior, de 3% a 6% dos embarcados.
pois de muitos enfrentamentos com os indígenas, ao longo Angola (África Centro Ocidental) e a Costa da Mina (todo
dos anos seguintes, foi construído, em 1598, o forte dos Reis o litoral do Golfo da Guiné) eram até o século XVIII os princi-
Magos, núcleo da futura cidade de Natal. O comando desse pais fornecedores de escravos ao Brasil. Os principais grupos
forte foi entregue a Jerônimo de Albuquerque, que era des- étnicos africanos trazidos ao Brasil foram os bantos, oriundos
cendente de Tabajara pelo lado materno. A ela se deveu o de Angola, Golfo da Guiné e Congo; os sudaneses, originá-
estabelecimento da paz definitiva com os Potiguara em 1599. rios do Golfo da Guiné e do Sudão; e os maleses, sudaneses
Nessa data, os portugueses controlavam uma faixa li- islamizados.
torânea compacta, que ia de São Vicente, no sul, até o Rio Durante o século XVI e o XVII, os escravos eram trazi-
Grande do Norte, com os indígenas postos totalmente na dos principalmente ao Nordeste para a atividade açucareira,
defensiva. sobretudo, para fazendas na Bahia e em Pernambuco. Em

47
HISTÓRIA

menor número eram enviados ao Pará, Maranhão e Rio de resses entre os senhores do Brasil e os de Portugal. Entre os
Janeiro. No final do século XVII, a descoberta do ouro na pro- movimentos de destaque estão a revolta dos Beckman, no
víncia de Minas Gerais eleva o volume do tráfico, que passa Maranhão (1684); a Guerra dos Emboabas, em Minas Gerais
a levar os cativos para a região das minas. No século XVIII, o (1708), a Guerra dos Mascates, em Pernambuco (1710) e a
ouro sucede o açúcar na demanda de escravos, o café subs- Revolta de Felipe dos Santos em Minas Gerais (1720).
titui o ouro e o açúcar no século XIX. Mas é a Insurreição Pernambucana (1645-54) onde se
Entre a segunda metade do século XVI e 1850, data do localiza o marco inicial destes movimentos. Iniciada logo
fim do tráfico negreiro (Lei Eusébio de Queiroz), o número após a campanha pela expulsão dos invasores holandeses,
de escravos vindos para o Brasil é estimado entre 3.500.000 e e de sua poderosa Companhia das Índias Ocidentais, é ali
3.900.000. O Brasil teria importado 38% dos escravos trazidos que pela primeira vez que se registrou a divergência entre
da África para o Novo Mundo. os interesses dos colonos e os pretendidos pela Metrópole.
Os escravos a bordo estavam sujeitos a todos os riscos. Os habitantes de Pernambuco começaram a desenvolver a
Sua alimentação era escassa. Não fazia exercícios físicos du- noção de que a própria colônia conseguiria administrar seus
rante a viagem. A higiene a bordo era muito medíocre. Havia próprios destinos, até por que eles conseguiram expulsar os
ainda os maus-tratos a bordo e a superlotação dos porões invasores praticamente sozinhos, num esforço que reuniu ne-
insalubres e infectos. gros escravos, brancos e indígenas lutando juntos, com um
Trinta e cinco dias durava a viagem de Angola a Pernam- punhado de oficiais lusitanos nos altos postos de comando.
buco, quarenta até a Bahia, cinquenta até o Rio de Janeiro. A partir da segunda metade do século XVIII, com os des-
A mortalidade era alta a bordo. 20% dos escravos morriam dobramentos das revoltas na França e Estados Unidos, e os
durante essa longa viagem. conceitos do Iluminismo penetrando em meio à sociedade
A partir da década de 1840, a Inglaterra começa a sua brasileira, os descontentamentos vão se avolumando e a me-
guerra contra o tráfico de escravos para o Novo Mundo, ale- trópole portuguesa parece insensível a qualquer protesto.
gando razões humanitárias, mas na verdade com a finalidade Assim, os movimentos nativistas passarão a incorporar em
de ampliar o mercado consumidor de seus produtos indus- seu ideal a busca pela independência, ainda que somente da
trializados. É aprovada na Inglaterra a lei conhecida como Bill região dos revoltosos, pois a noção de um país reunindo to-
Aberdeen, que dava direito a Marinha de Guerra britânica de das as colônias portuguesas na América era algo impensado.
prender navios negreiros no Atlântico e julgar seus tripulan- O mais conhecido em meio a estes movimentos é a Inconfi-
dência Mineira de 1789, da qual surgiu o mártir da indepen-
tes.
dência, Tiradentes.
Sob pressão inglesa, o governo imperial brasileiro pro-
mulga a 4 de setembro de 1850, a lei Eusébio de Queiroz,
Revolta Beckman
que extinguia o tráfico de africanos para o Brasil. Com a ile-
Liderada pelos grandes proprietários Tomás Beckman,
galidade do tráfico, a alternativa foi a intensificação do tráfico
Manuel Beckman e Serrão de Castro, a Revolta Beckman
inter-regional e interprovincial de escravos. Assim, no século
(Maranhão - 1684) foi o resultado de um conflito entre os
XIX, os cativos vinham principalmente das províncias do Nor- jesuítas e os colonos do antigo estado do Maranhão, que
te e Nordeste para suprir as necessidades de mão de obra do compreendia a grande região que vai desde o atual estado
Sudeste cafeeiro. do Rio Grande do Norte até o Pará.
A região era próspera: produziam algodão, drogas do
Movimentos Nativistas sertão e açúcar. Para isso, escravizavam os indígenas, pois a
São chamados de movimentos nativistas dentro da his- oferta de escravos negros era insuficiente. Estes eram vendi-
toriografia brasileira o conjunto de revoltas populares que dos a preços maiores nas regiões açucareiras do Nordeste,
tinham como objetivo o protesto em relação a uma ou mais que eram as mais ricas.
condições negativas da realidade da administração colonial Como os jesuítas eram contra a escravidão indígena,
portuguesa no Brasil. Em retrospectiva, tais revoltas também logo entraram em conflito com os colonos. Assim, os padres
foram importantes em um âmbito maior. Apesar de consti- da Companhia de Jesus conseguiram o Alvará Régio de 1655,
tuírem movimentos exclusivamente locais, que não visavam que lhes davam o direito de ter os indígenas sob sua autori-
em um primeiro momento a separação política, o seu pro- dade exclusiva.
testo contra algum abuso do pacto colonial contribuiu para Os colonos, no entanto, revidaram. Liderados pelas Câ-
a construção do sentimento de nacionalidade em meio a tais maras Municipais de São Luís e Belém, as principais do antigo
comunidades. As principais revoltas ocorrem entre meados Maranhão, protestaram, prenderam os padres mais atuantes
do século XVII e começo do século XVIII, quando Portugal e expulsaram os demais. Devido a isso, os jesuítas acabaram
perdeu sua influência na Ásia, e passou a cobrir os gastos da perdendo o monopólio sobre o controle indígena, dividindo
Coroa na metrópole com a receita obtida do Brasil. A sem- -o com as outras ordens religiosas.
pre crescente cobrança de impostos, a criação frequente de Assumindo o trono após a morte de D. Afonso VI e in-
novos tributos e o abuso dos comerciantes portugueses na fluenciado pelos jesuítas, seus mestres, o regente D. Pedro II
fixação de preços começam a gerar insatisfação entre a elite restabeleceu o monopólio dos jesuítas sobre o controle dos
agrária da colônia. indígenas.
Este é o ambiente propício para o nascimento dos cha- A metrópole criou medidas para a solução do impasse:
mados movimentos nativistas, onde surgem a contestação fundou a Companhia Geral do Comércio do Estado do Ma-
de aspectos do colonialismo e primeiros conflitos de inte- ranhão, que deveria: fornecer 10 mil escravos negros, numa

48
HISTÓRIA

média de 500 por ano; abastecer a região com produtos Nesse tempo, a população paulista era composta de ma-
importados, tais como bacalhau, sal azeite de oliva e vinho; melucos e índios que falavam mais a língua tupi do que o
comprar os produtos da região e incentivar outras planta- português propriamente dito.
ções, como cacau, baunilha e cravo. Teria, também, o mono- Alguns poucos emboabas controlavam o comércio que
pólio da região por 20 anos. abastecia as minas, e em razão disso, obtinham muito lucro.
As medidas favoreciam ambas as partes. Contudo, a Por causa da sua riqueza e a dada a importância da atividade
Companhia exagerava em seu monopólio: o fornecimento que exerciam, passaram a ter grande influência. O português
dos escravos era insuficiente e a um custo muito alto; os pro- Manuel Nunes Viana era um desses ricos comerciantes e
dutos importados, além de insuficientes, sempre chegavam principal líder dos emboabas, além de ser também dono de
estragados; os navios para a região eram irregulares. Além fazendas de gado.
disso, a Companhia fraudava pesos e medidas, só aceitava A disputa pelas jazidas e vários outros desentendimen-
panos e cravos como pagamento de seus produtos. Os ou- tos deram origem a Guerra dos Emboabas.
tros produtos da região eram vendidos a preços exorbitantes Para combater o contrabando do ouro, a Coroa proibiu o
a agentes disfarçados da própria Companhia. comércio (exceto o de gado) entre Bahia e Minas; porém, ele
Indignados com tais procedências, os colonos, liderados continuou sob a liderança de Nunes Viana. Borba Gato (guar-
pelos irmãos Beckman e Serrão de Castro iniciaram o mo- da-mor das minas, logo um representante do poder real e
vimento que ficou conhecido como Revolta Beckman. Após líder dos paulistas) decidiu expulsá-lo das minas, mas Nunes
reunirem-se na Câmara Municipal de São Luís, decidiram ex- não foi embora e recebeu apoio dos emboabas.
pulsar os jesuítas, seus antigos inimigos e abolir o monopólio Após serem expulsos do lugar pelos emboabas, os pau-
da Companhia. Tomás Beckman parte para Lisboa, a fim de listas (que constituíam a minoria) foram embora, mas um
negociar com as autoridades portuguesas e lutar pelas rei- grupo deles (a maioria índios) foi cercado pelos emboabas
vindicações dos colonos. Queria, assim, afastar qualquer sus- que prometeram deixá-los vivos caso entregassem as armas.
peita de revolta contra a coroa e o rei, apenas apresentando Os paulistas aceitaram o acordo, mas foram enganados e
a justeza da queixa dos colonos. massacrados em um local que ficou conhecido como Capão
A coroa decidiu atender a uma das exigências dos co- da Traição.
lonos: aboliu o exclusivismo comercial da Companhia. Con-
Expulsos das minas, os paulistas descobriram novas jazi-
tudo, nomeou Gomes Freire de Andrade, homem enérgico
das em Goiás e Mato Grosso.
e com grande habilidade política, como novo governador
Nunes Viana foi obrigado pelo governador do Rio de Ja-
do Maranhão, dando-lhe amplos poderes para resolver a si-
neiro a deixar Minas e acabou se retirando para sua fazenda
tuação. A simples extinção do monopólio desmobilizou os
no rio São Francisco.
rebeldes, o que facilitou ao novo governador debelar a re-
Como consequência dessa guerra, foi criada em 1709, a
belião. Alguns líderes foram presos, uns obtiveram perdão,
capitania de São Paulo e Minas de Ouro (ex-capitania de São
outros deportados. Porém Manuel Beckman, considerado o
Vicente, agora rebatizada). Em 1720, a capitania de Minas foi
“cabeça” da rebelião, foi enforcado.
separada de São Paulo, formando duas capitanias diferentes:
Guerra dos Emboabas a de São Paulo e a de Minas Gerais.
A partir de meados do século XVII, o açúcar (atividade
predominante da colônia) sofreu uma forte concorrência e Guerra dos Mascates
isso fez com que a Coroa portuguesa estimulasse novamente O chamado “Escravismo Colonial” era um sistema de do-
a descoberta de metais. minação que se caracterizava por dois tipos de exploração: a
Os paulistas foram os principais exploradores e conhe- escravista (senhores de engenho sobre os escravos) e a colo-
ciam bem o sertão, em 1674, Fernão Dias Pais, descobriu o nial (a colônia sobre metrópole).
caminho para o interior de Minas e alguns anos depois, Bar- A maioria das rebeliões que ocorreram antes da Inde-
tolomeu Bueno da Silva abriu passagem para Goiás e Mato pendência, colocaram em xeque o regime colonial a que o
Grosso. Brasil estava submetido, poucas foram aquelas que contes-
A corrida do ouro começou, de fato, em 1698 quando taram a escravidão.
Antônio Dias de Oliveira descobriu as minas de Ouro Preto. A Revolta de Beckman, o Quilombo dos Palmares, a re-
A notícia correu o país inteiro fazendo com que muitos volta de Vila Rica e a Guerra dos Mascates (ocorrida entre
aventureiros que buscavam um rápido enriquecimento fos- 1709 e 1711 em Pernambuco), tiveram por base as contra-
sem para a região das minas, a boa-nova também chegou a dições entre a metrópole e a colônia e, no caso de Palmares;
Portugal; e de lá, chegavam mais de 10 mil pessoas a cada senhores e escravos.
ano durante um período de 60 anos. A Guerra dos Mascates foi um conflito entre senhores de
A população das minas era bastante heterogênea e divi- engenho de Olinda (sede do poder público) e comerciantes
dida em dois grupos rivais: paulistas (que queriam o direito de Recife (chamados de “Mascates” e eram, em sua maioria,
de explorar as minas de ouro, pois descobriram o lugar) e portugueses).
emboabas (forasteiros). Em 1630, os holandeses chegaram em Pernambuco e
O nome “Emboabas” significa em Tupi “Pássaro de Pés dominaram Recife e Olinda. Antes da chegada desses estran-
Emplumados”, e é uma ironia aos forasteiros que usavam bo- geiros, Recife não era muito notável, Olinda era o principal
tas; enquanto que os paulistas, andavam descalços. núcleo urbano, ao qual Recife encontrava-se subordinada.

49
HISTÓRIA

Com a expulsão dos holandeses, Recife cresceu, tornou- A Insurreição Pernambucana se estenderia até 1648,
se um centro comercial e, principalmente por causa do seu quando ocorreriam as Batalhas dos Guararapes, episódios
excelente porto, começou a receber um grande número de decisivos para a expulsão definitiva dos holandeses. Elas
comerciantes portugueses. foram frutos de uma resposta do povo – comandado pela
Os senhores de engenho (que controlavam Olinda) co- aristocracia açucareira – em repúdio à permanência dos ho-
meçavam a ficar incomodados com o progresso de Recife landeses no Brasil.
(controlada pelos comerciantes). Uma observação interessante a ser feita é que neste le-
Conforme Recife crescia, os mercadores começaram a vante contou-se com a valorosa junção dos índios com os
querer se libertar de Olinda e da autoridade de sua Câmara negros, lutando lado a lado por um mesmo objetivo: expulsar
Municipal. os holandeses do Brasil, além de ter sido o nosso primeiro
Em 1703, Recife conseguiu o direito de representação na movimento de insatisfação.
Câmara de Olinda; porém, as influências exercidas pelos se-
nhores de engenho fez com que esse direito não saísse do Inconfidência Mineira (Conjuração Mineira)
papel. No segunda metade do século XVIII, a exploração de
Em 1709, os recifenses ganharam sua própria Câmara e ouro em Minas Gerais começou a decair, afetando negativa-
se libertaram definitivamente da autoridade política de Olin- mente todas as camadas da população.
da. Recife passou de “povoado” à “vila”. A cobrança de impostos que era feita sobre o ouro foi
Inconformados, os senhores de engenho de Olinda se mantida pela coroa portuguesa, mesmo sabendo que os mi-
revoltaram e atacaram Recife. Somente após a intervenção neiros já não tinham como pagar o “quinto” (cerca de 100
das autoridades coloniais é que as lutas foram suspensas e arrobas de ouro por ano). Apesar da pressão feita, a coroa
em 1711, Recife finalmente conseguiu sua igualdade perante arrecadou uma média de 60 arrobas por ano por explorador.
Olinda. Bem abaixo de como era antes. Por causa disto, o rei orde-
Assim estava encerrada a Guerra dos Mascates, com a nou ao governador da capitania, Furtado de Mendonça, que
vitória dos comerciantes. executasse a chamada “derrama”, a cobrança dos impostos
atrasados.
Insurreição Pernambucana
Estes impostos atrasados foram cobrados à força, com
Levante que se sucedeu em Pernambuco em oposição à
policiais, de qualquer cidadão mineiro. As contribuições eram
autoridade que a Holanda pretensamente pretendia exercer
feitas com base nos bens que cada indivíduo tinha, e era co-
sobre Pernambuco, tendo na posição de líder um rico senhor
mum acontecerem casos de todos os bens de uma família
de engenho de nome João Fernandes Vieira, que contou
serem tomados.
com a colaboração de um índio guerreiro chamado Antônio
Foi em meio a essa crise que surgiu a Conjuração Mi-
Felipe Camarão.
neira (ou Inconfidência Mineira), uma revolta contra a me-
A agitação política ocorreu no dia 13 de junho de 1645,
já com uma razão pré estabelecida. A Holanda estava en- trópole portuguesa. Os líderes dessa conspiração eram ricos
redada em combates na Europa e, endividada, necessitava mineradores, pertencentes à elite, e também pessoas ligadas
de uma fonte que lhe gerasse os recursos financeiros para ao setor militar, e da administração da capitania. O único re-
sanar estes débitos, assim resolveu cobrar, por intermédio da presentante dos pobres era Tiradentes, que mais tarde se-
Companhia das Índias Ocidentais – possuidora do monopó- ria o mártir da revolta. A revolta foi baseada nos ideais do
lio do comércio holandês na América – os empréstimos que Iluminismo, através do conhecimento da independência dos
concedera às elites da nata rural pernambucana. Estados Unidos.
Aquele que ousasse não cumprir com o pagamento das Os objetivos que a conjuração tinha eram modestos,
suas dívidas, teria seus domínios apreendidos pelos holan- pouco definidos. O principal era tornar Minas Gerais inde-
deses. pendente, proclamação de uma república, atrair investimen-
A colônia holandesa era gerida por Maurício de Nassau, tos estrangeiros para a instalaçao de fábricas, e a construção
o qual detinha a aprovação e a solidariedade dos senhores da Universidade de Vila Rica.
de terra pernambucanos. Contudo, por conta deste clima de Os lideres da campanha não tinham uma ideia do que
tensão, o mesmo abandonara o cargo e voltara para a Euro- ocorreria com os escravos. Manter a escravidão era contra os
pa no ano antecedente. ideais que pretendiam por em prática, porém, caso os liber-
O índio Felipe Camarão estava ausente de Pernambu- tassem, achavam que os negros tentariam assassinar todos
co quando deste infortúnio, porém tratou logo de retornar os brancos e tomar o poder da região, já que eram a maioria.
e veio acompanhado de um pequeno esquadrão de parti- Ao final da história, apenas os escravos nascidos no Brasil
dários. foram libertados.
No dia 03 de agosto de 1645 houve o primeiro grande Logo o governador tomou conhecimento da revolta,
revés para os holandeses, que foram vencidos pelos pernam- mandando suspender a cobrança da Derrama e prendendo
bucanos no Monte das Tabocas, local que atualmente abriga os líderes revoltosos.
a cidade de Vitória de Santa Antão. As penas dos condenados foram muito fracas para os
As insurgências continuam a acontecer em outros pon- padrões da época. Justamente porque os líderes da conjura-
tos da capitania, desta vez os insurrectos invadem Recife, ção eram ricos e militares - pessoas importantes. O único que
instituem o Arraial Novo e nomeiam João Fernandes Vieira não tinha qualquer importância, Tiradentes, foi condenado à
governador, apoderam-se das vilas de Olinda e Itamaracá. forca.

50
HISTÓRIA

Missões Jesuíticas Supressão Da Companhia De Jesus No Brasil (1760-


Os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549, na expedição de 1843)
Tomé de Souza, tendo como Superior o Pe.Manuel da No- Aparece nesta altura da história dos jesuítas o Marquês
bréga. Desembarcam na Bahia, onde ajudaram na fundação de Pombal. Ab-roga todo o poder temporal exercido pelos
da cidade de Salvador. Atendiam aos portugueses também missionários nas aldeias indígenas. Para esconder os fracas-
fora da Bahia, percorrendo as Capitanias próximas. Com o sos da execução do Tratado de Limites da Colônia do Sacra-
2º Governador Geral Duarte da Costa (1553), chega o jovem mento, culpou os jesuítas desencadeando contra eles uma
José de Anchieta. Em 1554, no dia da conversão de São Pau- propaganda terrível. No grande terremoto de Lisboa (1755),
lo, funda em Piratininga um Colégio, o qual sustentaria du- os jesuítas foram censurados por pregarem a penitência ao
rante dez anos. Aprendeu logo a língua dos índios, da qual povo e ao governo. Por ocasião do atentado (1757) contra D.
escreveu a primeira gramática, dicionário e doutrina. José I, rei de Portugal, os jesuítas foram acusados de alta trai-
O Governador Geral Mem de Sá, em 1560 e 1567 expulsa ção. Em fim, o velho e santo missionário do Nordeste brasilei-
os franceses do Rio de Janeiro e com seu sobrinho Estácio de ro, o Pe. Gabriel Malagrida, foi condenado publicamente pela
Sá funda definitivamente a cidade. Em todas essas empresas Inquisição como herege, e queimado vivo em praça pública
estavam presentes os jesuítas. Episódio heroico é o desterro de Lisboa. Preparado o terreno, veio a lei de expulsão dos je-
de Iperuí (atual Ubatuba) em que Nóbrega e Anchieta são suítas dos domínios de Portugal. Foram postos incomunicá-
feitos reféns de paz dos índios Tamoios. Nesta ocasião An- veis, condenados e privados de todo o direito de defesa. Do
chieta escreveu seu célebre Poema à Virgem Maria. Até o fim Pará e de outros portos, foram embarcados e encarcerados
do séc. XVI, os jesuítas firmam sua ação através dos seus três em Lisboa. Naquele momento havia no Brasil 670 jesuítas. De
maiores colégios: Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco. Nesse Portugal alguns foram transladados para os Estados Pontifí-
tempo deram seu sangue por Cristo o Irmão João de Sou- cios, onde o Papa Clemente XIII os recebeu com afeto e hos-
za e o escolástico Pedro Correia (1554), mortos pelos carijós pedou em antigas casas romanas. Com a morte de D. José I
em Cananéia; o Beato Inácio de Azevedo e 39 companheiros, em 1777 e a subida ao poder de Dona Maria I, o Marquês de
Mártires do Brasil, foram afogados no mar pelos calvinistas Pombal foi processado e condenado. Só escapou à prisão e à
perto das ilhas Canárias (1570). Outros 12 missionários je- morte por respeito à sua idade e achaques.
suítas que vinham para o Brasil sofreram o mesmo martírio
um ano depois (1571). No princípio do séc. XVII os jesuítas Restauração Da Companhia E Nova Vitalidade No
chegam ao Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e daí para toda a
Brasil (1843- )
Amazônia.
O Papa Pio VII restaurou a Companhia de Jesus em 1814.
As duas casas, fundadas em São Luís (1622) e em Belém
Alguma influência exerceu no ânimo do Papa a amizade de
(1626), transformaram-se com o tempo em grandes colégios
um jesuíta brasileiro, o Pe. José de Campos Lara, que profe-
e em centros de expansão missionária para inúmeras aldeias
tizara sua eleição papal. Em 1842 os jesuítas espanhóis que
indígenas espalhadas pelo Amazonas. Antônio Vieira, apesar
trabalhavam na Argentina, começaram a ter dificuldades com
de seus triunfos oratórios e políticos, em defesa da liberdade
dos indígenas, foi expulso pelos colonos do Pará, acusado e o ditador Rosas. Em 1845, expulsos da Argentina, abriram um
preso pela Inquisição. colégio em Florianópolis, que prosperou rapidamente. Em
Em 1638, Pernambuco é tomada por holandeses pro- 1847 abriram uma escola de latim em Porto Alegre. Em 1849
testantes, liderados pelo conde Maurício de Nassau. A re- constituíram residência entre os índios Bugres, Coroados e
sistência se organiza numa aldeia jesuítica. Dos 33 jesuítas Botocudos. Em 1858 começaram a chegar jesuítas alemães
de Pernambuco, mais de 20 foram capturados, maltratados em S. Leopoldo e outras vilas do interior gaúcho. Também
e levados para a Holanda; cerca de 10 faleceram em conse- vieram alguns padres jesuítas italianos. Em 1862 chega outro
quência dessa guerra. No séc. XVII, quando da descoberta grupo de padres italianos e alemães. Em 1865 funda-se de
das minas e do povoamento do sertão, os jesuítas passavam novo o colégio de Florianópolis, que, por diversas circunstân-
periodicamente por esses locais em missão volante. Quando cias, não vingou. Os religiosos se retiraram, pouco a pouco,
Mariana (MG) foi elevada a diocese (1750), foram chamados para Nova Trento, terra habitada por colonos italianos. Em
para dirigir e ensinar no seminário. Em 1749 já estavam em 1867 funda-se o Colégio S. Francisco Xavier do Recife, fecha-
Goiás, fundando aldeias. do em 1873 por causa das perseguições da Maçonaria, pois
No séc. XVIII, Paranaguá tornou-se centro de atividades os jesuítas apoiavam o bispo D. Vital, nas questões religiosas
sacerdotais e pedagógicas, através de uma residência (1708) de então.
e do Colégio em 1755. Na ilha de Santa Catarina, visitada Neste ínterim, o Pe. Razzini, considerado o restaurador
pelos jesuítas já desde 1635, se fundou a residência dos je- da Companhia de Jesus no Brasil, vencendo todas as oposi-
suítas (1749) e um colégio (1751). Em 1635, os missionários ções, começa o Colégio S. Luiz, na cidade de Itú, onde se fixa-
chegaram à aldeia de Caibi, próximo à atual Porto Alegre. ra o Pe. Campos Lara. A partir daí surgiram o colégio Anchieta
Quando voltaram em 1720, já então se tratava do tratado (Nova Friburgo/RJ) e o Santo Inácio do Rio de Janeiro. Mais
de permuta entre a Colônia do Sacramento e os territórios tarde a missão dos japoneses com seu Colégio S. Francisco
das missões jesuíticas espanholas sediadas no Rio Grande. Xavier e a dos russos e lituanos em S. Paulo. Desde 1894 fun-
Os jesuítas trabalharam na Colônia do Sacramento desde dara-se o Noviciado de Campanha em Minas. Ocupando o
1678 até 1758, quando foram expulsos. Chegaram a ter uma grande prédio do Colégio Anchieta, fundava-se ao mesmo
residência de ministérios apostólicos e um próspero colégio tempo a Faculdade de Filosofia, mais tarde transferida para
por vários anos. S. Paulo, Rio de Janeiro e ultimamente em Belo Horizonte

51
HISTÓRIA

(1981). Com a Missão Alemã no sul do Brasil surgiram diver- do Canadá francês. Em 1973, tornaram-se a reunir as duas
sos Colégios: Anchieta (1890) em Porto Alegre; Ginásio Gon- Províncias Central e Vice-Província Goiano-Mineira, forman-
zaga (1895) de Pelotas; Sagrado Coração de Jesus na cidade do a Província Centro-Leste. A Missão de Diamantino, fun-
do Rio Grande. O Ginásio Catarinense (1906), tornou-se cen- dada pela Província Central foi atribuída à Província do Sul.
tro de ensino e cultura científica. Mais tarde ainda vieram os Em 1995 foi criado o Distrito Missionário da Amazônia, des-
Colégios Medianeira em Curitiba, Santo Inácio em Salvador membrando da Província da Bahia os estados do Amazonas,
do Sul e o Ginásio de Itapiranga. Novas gerações de jesuítas Pará, Roraima, Amapá e Acre. Em 1999 foi criada a Região do
são formadas na casa de formação de Pareci Novo e no Co- Mato Grosso, desmembrando da Província do Sul os estados
légio Cristo Rei (S. Leopoldo), onde brilhou a santidade do do Mato Grosso e Rondônia. Atualmente os jesuítas no Brasil
Pe. João B. Réus. Merece especial atenção o apostolado so- estão distribuídos em 4 Províncias, uma Região e um Distrito.
cial através de cooperativas, fundadas por toda parte, entre
os colonos alemães. Em 1911 os jesuítas portugueses voltam
ao território norte do Brasil, formando assim a Missão Por-
tuguesa. Fundaram logo o Colégio Antônio Vieira (1911) em 4. BRASIL IMPÉRIO.
Salvador e o Instituto S. Luiz de Caiteté; o Colégio Nóbrega 4.1. A crise do antigo sistema colonial e o
(1917) no Recife, que preparou a atual Universidade Católica processo de emancipação política do Brasil;
de Pernambuco. Ao mesmo tempo fundavam-se Residências o reconhecimento internacional.
importantes em Belém do Pará e S. Luís do Maranhão. Para a 4.2. O processo político no Primeiro Reinado; as
formação de novos jesuítas construíram-se a Escola Apostó- rebeliões provinciais; a abdicação de D. Pedro I.
lica e o Noviciado de Baturité no Ceará. Mais tarde fundou-
se o Colégio Santo Inácio de Fortaleza. Salientemos ainda a
4.3. O centralismo político e os conflitos sociais
tarefa da formação do Clero. do Período Regencial; a evolução político-
Desde a fundação do Colégio Pio-Brasileiro em Roma administrativa do Segundo Reinado; a política
(1934) para a formação de sacerdotes, os jesuítas do Brasil externa e os conflitos latino-americanos do
fornecem seus dirigentes, muitos professores e auxiliares. século XIX.
Neste século, fundaram-se Casas de Exercícios Espirituais, 4.4. A sociedade brasileira da fase imperial, o
como a do Padre Anchieta no Rio; Vila Fátima, perto de Belo surto do café, as transformações econômicas,
Horizonte; Vila Manresa (Porto Alegre); Morro das Pedras,
a imigração, a abolição da escravidão, as
perto de Florianópolis; S. José (Olinda); a de Baturité, no Cea-
rá; a de Mar Grande na Bahia. Outras, são adaptações de an- questões religiosa e militar.
tigas casas, como o Centro de Espiritualidade de Itaicí (SP) e 4.5. As manifestações culturais; as ciências, as
o Centro de Espiritualidade Cristo Rei, em S. Leopoldo. Dois artes e a literatura no período imperial.
movimentos religiosos foram especialmente promovidos pe-
los jesuítas do Brasil: o Apostolado da Oração e a Congre-
gação Mariana. Quanto à obra das missões indígenas, uma
das primeiras preocupações foi restaurar as missões do Rio Crise No Sistema Colonial
Grande do Sul (1848-52). Outra tentativa foi feita em Goiás
com os índios Apinagés (1888-91) e no Mato Grosso (1923). A relação entre colônia e metrópole se traduz em duas
Mas a empresa que vingou foi a Missão de Diamantino em palavras: dependência e subordinação. Na verdade o Brasil
Mato Grosso (1927), hoje Diocese. Trabalharam aí cerca de tinha um significado ímpar para a economia lusitana, era um
quarenta missionários, que conseguiram a pacificação pau- ponto de equilíbrio para aquele país em comparação com as
latina de várias tribos. Distinguiu-se o Pe. João Bosco Penido colônias afro-asiáticas. Mas o navio afundou e levou junto a
Burnier, que sofreu o martírio em 1976. Outra missão, hoje estrutura do pacto colonial.
também Diocese, foi a de Ponta de Pedras na ilha de Marajó, A crise que se abateu sobre Portugal, e que desestrutu-
confiada aos jesuítas da Bahia. rou o pacto colonial no final do século XVIII e início do século
Os jesuítas se destacam também no apostolado intelec- XIX, tem que ser pensada em um contexto bem mais amplo
tual, principalmente no ensino universitário. Diversas Uni- e muito mais global do que uma mera analise de crise eco-
versidades do país são dirigidas pelos jesuítas: a PUC (RJ), a nômica e política. Temos que retomar o pensamento ilumi-
UNISINOS (S. Leopoldo) e a UNICAP (Recife). Alguns jesuítas nista que queimou como pólvora no coração da burguesia;
trabalham também em Universidades do Governo e em al- na Revolução Francesa e seus ideais de liberdade, igualdade
gumas Faculdades próprias ou de outras entidades. As três e fraternidade; na propagação das ideias liberais, no vapor da
antigas Missões (Alemã, Italiana e Portuguesa) passaram a
Revolução Industrial, no aburguesamento da Europa que se
ser Vice-Províncias e posteriormente Províncias. Em 1952 os
espalhou como uma doença contagiosa.
estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás constituíram
O choque entre forças renovadoras e tradicionais mar-
a Vice-Província Goiano Mineira, confiada à Província espa-
nhola de León. A Vice-Província do Norte tornou-se a Pro- cou o esgotamento da sociedade tradicional, aquela do An-
víncia do Nordeste, cedendo os estados da Bahia, Piauí, Ma- tigo Regime com resquícios ainda feudais, e fez aflorar uma
ranhão, Pará, Amazonas à Província da Bahia, constituída em nova sociedade, um novo sistema econômico, o liberalismo.
grande parte por jesuítas italianos da Província de Veneza. Portugal sofreu com a fúria das entranhas da terra, o
Por seu lado, a Província do Nordeste foi ajudada por jesuítas grande sismo de 1755; estava atrelado e intrinsecamente de-
pendente da economia inglesa, e sofreu com a crise econô-

52
HISTÓRIA

mica de 1766-1769: período marcado por déficit econômico cumprir as ordens de Napoleão e aderir ao Bloqueio Conti-
e crise na produção aurífera no Brasil. Aliado a tudo isso Por- nental, pois tinha longa relação comercial com a Inglaterra,
tugal, em plena segunda metade do século XVIII, era o pati- por outro lado o governo português temia o exército francês.
nho feio da Europa, atrasado em relação aos demais países. Sem alternativa, Portugal aceitou o Bloqueio, mas, con-
Napoleão, que o filosofo alemão Hegel intitulou como tinuou comercializando com a Inglaterra. Ao descobrir a tra-
sendo “o espírito a cavalo”, tinha como projeto transformar ma, Napoleão determinou a invasão de Portugal em novem-
a França na maior potência do mundo. Todavia, teria uma bro de 1807. Sem condições de resistir à invasão francesa,
pedra bem grande em seu sapato, a Inglaterra. Os planos D. João e toda a corte portuguesa fugiram para o Brasil, sob
de Napoleão incluíram o chamado Bloqueio Continental, se- a proteção naval da marinha inglesa. A Inglaterra ofereceu
gundo o qual as nações foram impedidas de comercializar escolta na travessia do Atlântico, mas em troca exigiu a aber-
com a Inglaterra sob a pena de invasão das poderosas tropas tura dos portos brasileiros aos navios ingleses.
napoleônicas. Para a França era fundamental o isolamento A corte portuguesa partiu às pressas de Lisboa sob as
da Inglaterra; para Inglaterra era imprescindível preservar as vaias do povo, em 29 de novembro de 1807. Na comitiva
alianças econômicas e os portos de apoio; para Portugal, ex- vinha D. João, sua mãe D. Maria I, a princesa Carlota Joaqui-
tremamente dependente da Inglaterra, restava manter a in- na; as crianças D. Miguel, D. Maria Teresa, D. Maria Isabel, D.
tegridade do império, no momento de invasão das tropas Maria Assunção, D. Ana de Jesus Maria e D. Pedro, o futuro
lideradas pelo general Junot. imperador do Brasil e mais cerca de 15 mil pessoas entre no-
A vinda da família real para o Brasil em 1808, escoltada bres, militares, religiosos e funcionários da Coroa. Trazendo
pela marinha inglesa, deve ser interpretada como uma fuga. tudo o que era possível carregar; móveis, objetos de arte,
E esse fato histórico e seus desdobramentos abalariam as es- joias, louças, livros, arquivos e todo o tesouro real imperial.
truturas do pacto colonial, decretando seu fim. Após 54 dias de viagem a esquadra portuguesa chegou
As medidas tomadas por D. João VI, então príncipe re- ao porto de Salvador na Bahia, em 22 de janeiro de 1808. Lá
gente no momento de loucura da ainda viva rainha D. Maria foram recebidos com festas, onde permaneceram por mais
“a louca”, modificariam as relações econômicas entre Portu- de um mês.
gal e Brasil. Medidas como a abertura dos portos do Brasil Seis dias após a chegada D. João cumpriu o seu acordo
as nações amigas; os favorecimentos dados à Inglaterra nas com os ingleses, abrindo os portos brasileiros às nações ami-
gas, isto é, a Inglaterra. Eliminando em parte o monopólio
tarifas aduaneiras e nos tratados de Comércio e Navegação,
comercial português, que obrigava o Brasil a fazer comércio
e de Aliança e Amizade; e quando, em 1815, o Brasil passou
apenas com Portugal.
a condição de Reino Unido a Portugal e Algarves, podemos
Mas o destino da Coroa portuguesa era a capital da co-
dizer que, teoricamente, não éramos mais uma colonial.
lônia, o Rio de Janeiro, onde D. João e sua comitiva desem-
O fato é que a chegada da família real e as medidas to-
barcaram em 8 de março de 1808 e onde foi instalada a sede
madas por D. João VI puseram fim ao exclusivismo comercial
do governo.
de Portugal para com o Brasil, que passou a manter um co- Na chegada ao Rio de Janeiro, a Corte portuguesa foi
mércio direto com a Inglaterra. Essa conjuntura era desfa- recebida com uma grande festa: o povo aglomerou-se no
vorável para Portugal que sentiu a desestruturação de suas porto e nas principais ruas para acompanhar a Família Real
bases econômicas. Essa desarticulação do eixo estrutural em procissão até a Catedral, onde, após uma missa em ação
colonial trouxe consequências políticas, econômica e sociais de graças, o rei concedeu o primeiro “beija-mão”.
que atingiria as bases do sistema colonial. A transferência da corte portuguesa para o Rio de Janei-
Portando, a desarticulação do sistema colonial e seu con- ro provocou uma grande transformação na cidade.  D. João
sequente fim têm que ser pensado em um contexto muito teve que organizar a estrutura administrativa do governo.
mais global. Este está inserido no choque entre as forças re- Nomeou ministros de Estado, colocaram em funcionamento
novadores e tradicionais do fim do século XVIII e início do diversas secretarias públicas, instalou tribunais de justiça e
século XIX. Foi à pá de terra fundamental para o alvorecer criou o Banco do Brasil (1808).
de uma nova sociedade e, para o caso do Brasil, uma nova Era preciso acomodar os novos habitantes e tornar a
conjuntura política, econômica e social. cidade digna de ser a nova sede do Império português. O
vice-rei do Brasil, D. Marcos de Noronha e Brito cedeu sua
A Família Real no Brasil residência, O Palácio dos Governadores, no Lago do Paço,
que passou a ser chamado Paço Real, para o rei e sua famí-
No início do século XIX, a Europa estava agitada pelas lia e exigiu que os moradores das melhores casas da cidade
guerras. Inglaterra e França disputavam a liderança no con- fizessem o mesmo. Duas mil residências foram requisitadas,
tinente europeu. Em 1806, Napoleão Bonaparte, imperador pregando-se nas portas o “P.R.”, que significava “Príncipe Re-
da França, decretou o Bloqueio Continental, proibindo que gente”, mas que o povo logo traduziu como “Ponha-se na
qualquer país aliado ou ocupado pelas forças francesas co- Rua”. Prédios públicos, quartéis, igrejas e conventos também
mercializasse com a Inglaterra. O objetivo do bloqueio era foram ocupados. A cidade passou por uma reforma geral:
arruinar a economia inglesa. Quem não obedecesse, seria in- limpeza de ruas, pinturas nas fachadas dos prédios e apreen-
vadido pelo exército francês. são de animais.
Portugal viu-se numa situação delicada. Nessa época, As mudanças provocaram o aumento da população na
Portugal era governado pelo príncipe regente D. João, pois cidade do Rio de Janeiro, que por volta de 1820, somava mais
sua mãe, a rainha D. Maria I, enlouquecera. D. João não podia de 100 mil habitantes, entre os quais muitos eram estrangei-

53
HISTÓRIA

ros – portugueses comerciantes ingleses corpos diplomáti- D. João e sua corte não queriam retornar ao empobreci-
cos – ou mesmo resultado do deslocamento da população do Portugal. Então o Brasil foi elevado à categoria de Reino
interna que procurava novas oportunidades na capital. Unido de Portugal e Algarves (uma região ao sul de Portugal).
As construções passaram a seguir os padrões europeus. O Brasil deixava de ser Colônia de Portugal, adquiria autono-
Novos elementos foram incorporados ao mobiliário; espe- mia administrativa.
lhos, bibelôs, biombos, papéis de parede, quadros, instru- Em 1820, houve em Portugal a Revolução Liberal do Por-
mentos musicais, relógios de parede. to, terminando com o Absolutismo e iniciando a Monarquia
Com a Abertura dos Portos (1808) e os Tratados de Co- Constitucional. D. João deixava de ser monarca absoluto e
mércio e Navegação e de Aliança e Amizade (1810) estabele- passava a seguir a Constituição do Reino. Dessa forma, a As-
cendo tarifas preferenciais aos produtos ingleses, o comércio sembleia Portuguesa exigia o retorno do monarca. O novo
cresceu. O porto do Rio de Janeiro aumentou seu movimento governo português desejava recolonizar o Brasil, retirando
que passou de 500 para 1200 embarcações anuais. sua autonomia econômica.
Em 26 de abril de 1821, D. João VI cedendo às pressões,
A oferta de mercadorias e serviços diversificou-se. A
volta a Portugal, deixando seu filho D.Pedro como príncipe
Rua do Ouvidor, no centro do Rio, recebeu o cabeleireiro da
regente do Brasil.
Corte, costureiras francesas, lojas elegantes, joalherias e ta-
Se o que define a condição de colônia é o monopólio im-
bacarias. A novidade mais requintada era os chapéus, luvas,
posto pela metrópole, em 1808 com a abertura dos portos, o
leques, flores artificiais, perfumes e sabonetes. Brasil deixava de ser colônia. O monopólio não mais existia.
Para a elite, a presença da Corte e o número crescente Rompia-se o pacto colonial e atendia-se assim, os interes-
de comerciantes estrangeiros trouxeram familiaridade com ses da elite agrária brasileira, acentuando as relações com
novos produtos e padrões de comportamento em moldes a Inglaterra, em detrimento das tradicionais relações com
europeus. As mulheres seguindo o estilo francês; usavam Portugal.
vestidos leves e sem armações, com decotes abertos, cintura Esse episódio, que inaugura a política de D. João VI no
alta, deixando aparecer os sapatos de saltos baixos. Enquan- Brasil, é considerado a primeira medida formal em direção ao
to os homens usavam casacas com golas altas enfeitadas por “sete de setembro”.
lenços coloridos e gravatas de renda, calções até o joelho Há muito Portugal dependia economicamente da Ingla-
e meias. Embora apenas uma pequena parte da população terra. Essa dependência acentua-se com a vinda de D. João
usufruísse desses luxos. Sem dúvida, a vinda de D. João deu VI ao Brasil, que gradualmente deixava de ser colônia de Por-
um grande impulso à cultura no Brasil. tugal, para entrar na esfera do domínio britânico. Para Ingla-
Em abril de 1808, foi criado o Arquivo Central, que reu- terra industrializada, a independência da América Latina era
nia mapas e cartas geográficas do Brasil e projetos de obras uma promissora oportunidade de mercados, tanto fornece-
públicas. Em maio, D. João criou a Imprensa Régia e, em se- dores, como consumidores.
tembro, surgiu a Gazeta do Rio de Janeiro. Logo vieram livros Com a assinatura dos Tratados de 1810 (Comércio e
didáticos, técnicos e de poesia. Em janeiro de 1810, foi aberta Navegação e Aliança e Amizade), Portugal perdeu definiti-
a Biblioteca Real, com 60 mil volumes trazidos de Lisboa. vamente o monopólio do comércio brasileiro e o Brasil caiu
Criaram-se as Escolas de Cirurgia e Academia de Mari- diretamente na dependência do capitalismo inglês.
nha (1808), a Aula de Comércio e Academia Militar (1810) e Em 1820, a burguesia mercantil portuguesa colocou fim
a Academia Médico-cirúrgica (1813). A ciência também ga- ao absolutismo em Portugal com a Revolução do Porto. Im-
nhou com a criação do Observatório Astronômico (1808), do plantou-se uma monarquia constitucional, o que deu um ca-
Jardim Botânico (1810) e do Laboratório de Química (1818). ráter liberal ao movimento. Mas, ao mesmo tempo, por tra-
Em 1813, foi inaugurado o Teatro São João (atual João tar-se de uma burguesia mercantil que tomava o poder, essa
revolução assume uma postura recolonizadora sobre o Brasil.
Caetano). Em 1816, a Missão Francesa, composta de pintores,
D. João VI retorna para Portugal e seu filho aproxima-se ainda
escultores, arquitetos e artesãos, chegaram ao Rio de Janeiro
mais da aristocracia rural brasileira, que se sentia duplamente
para criar a Imperial Academia e Escola de Belas-Artes. Em
ameaçada em seus interesses: a intenção recolonizadora de
1820, foi a vez da Real Academia de Desenho, Pintura, Escul-
Portugal e as guerras de independência na América Espanho-
tura e Arquitetura civil. la, responsáveis pela divisão da região em repúblicas.
A presença de artistas estrangeiros, botânicos, zoólogos,
médicos, etnólogos, geógrafos e muitos outros que fizeram Os Movimentos de Emancipação
viagens e expedições regulares ao Brasil, trouxeram informa- A Inconfidência Mineira destacou-se por ter sido o pri-
ções sobre o que acontecia pelo mundo e também tornou meiro movimento social republicano emancipacionista de
este país conhecido, por meio dos livros e artigos em jornais nossa história. Eis aí sua importância maior, já que em outros
e revistas que aqueles profissionais publicavam. Foi uma mu- aspectos ficou muito a desejar. Sua composição social, por
dança profunda, mas que não alterou os costumes da grande exemplo, marginalizava as camadas mais populares, confi-
maioria da população carioca, composta de escravos e traba- gurando-se num movimento elitista estendendo-se no má-
lhadores assalariados. ximo às camadas médias da sociedade, como intelectuais,
Com a vitória das nações europeias contra Napoleão em militares, e religiosos. Outros pontos que contribuíram para
1815, ficou decidido que os reis de países invadidos, pela debilitar o movimento foram a precária articulação militar e
França deveriam voltar a ocupar seus tronos. a postura regionalista, ou seja, reivindicavam a emancipação

54
HISTÓRIA

e a república para o Brasil e na prática preocupavam-se com tacando-se a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana.
problemas locais de Minas Gerais. O mais grave contudo foi Foram os primeiros movimentos sociais da história do Brasil
a ausência de uma postura clara que defendesse a abolição a questionar o pacto colonial e assumir um caráter republica-
da escravatura. O desfecho do movimento foi assinalado no. Era apenas o início do processo de independência política
quando o governador Visconde de Barbacena suspendeu a do Brasil, que se estende até 1822 com o “sete de setem-
derrama, seria o pretexto para deflagar a revolta, e esvaziou bro”. Esta situação de crise do antigo sistema colonial era na
a conspiração, iniciando prisões acompanhadas de uma ver- verdade, parte integrante da decadência do Antigo Regime
dadeira devassa. europeu, debilitado pela Revolução Industrial na Inglaterra e
Os líderes do movimento foram presos e enviados para o principalmente pela difusão do liberalismo econômico e dos
Rio de Janeiro responderam pelo crime de inconfidência (fal- princípios iluministas, que juntos formarão a base ideológi-
ta de fidelidade ao rei), pelo qual foram condenados. Todos ca para a Independência dos Estados Unidos (1776) e para
negaram sua participação no movimento, menos Joaquim a Revolução Francesa (1789). Trata-se de um dos mais im-
José da Silva Xavier, o alferes conhecido como Tiradentes, portantes movimentos de transição na História, assinalado
que assumiu a responsabilidade de liderar o movimento. pela passagem da idade moderna para a contemporânea,
Após decreto de D. Maria I é revogada a pena de morte dos representada pela transição do capitalismo comercial para o
inconfidentes, exceto a de Tiradentes. Algum tem a pena industrial.
transformada em prisão temporária, outros em prisão perpé- A aristocracia rural brasileira encaminhou a independên-
tua. Cláudio Manuel da Costa morreu na prisão, onde prova- cia do Brasil com o cuidado de não afetar seus privilégios,
velmente foi assassinado. representados pelo latifúndio e escravismo. Dessa forma, a
O exemplo parece que não assustou a todos, já que nove independência foi imposta verticalmente, com a preocupa-
anos mais tarde iniciava-se na Bahia a Revolta dos Alfaiates, ção em manter a unidade nacional e conciliar as divergências
também chamada de Conjuração Baiana. A influência da loja existentes dentro da própria elite rural, afastando os setores
maçônica Cavaleiros da Luz deu um sentido mais intelectual mais baixos da sociedade representados por escravos e tra-
ao movimento que contou também com uma ativa partici- balhadores pobres em geral.
pação de camadas populares como os alfaiates João de Deus Com a volta de D. João VI para Portugal e as exigências
e Manuel dos Santos Lira. Eram pretos, mestiços, índios, po- para que também o príncipe regente voltasse, a aristocracia
bres em geral, além de soldados e religiosos. Justamente por rural passa a viver sob um difícil dilema: conter a recoloniza-
possuir uma composição social mais abrangente com parti- ção e ao mesmo tempo evitar que a ruptura com Portugal
cipação popular, a revolta pretendia uma república acompa- assumisse o caráter revolucionário republicano que marcava
nhada da abolição da escravatura. Controlado pelo governo, a independência da América Espanhola, o que evidentemen-
as lideranças populares do movimento foram executadas por te ameaçaria seus privilégios.
enforcamento, enquanto que os intelectuais foram absolvi- A maçonaria (reaberta no Rio de Janeiro com a loja ma-
dos. çônica Comércio e Artes) e a imprensa uniram suas forças
Outros movimentos de emancipação também foram contra a postura recolonizadora das Cortes.
controlados, como a Conjuração do Rio de Janeiro em 1794, D. Pedro é sondado para ficar no Brasil, pois sua parti-
a Conspiração dos Suaçunas em Pernambuco (1801) e a Re- da poderia representar o esfacelamento do país. Era preciso
volução Pernambucana de 1817. Esta última, já na época que ganhar o apoio de D. Pedro, em torno do qual se concretiza-
D. João VI havia se estabelecido no Brasil. Apesar de contidas riam os interesses da aristocracia rural brasileira. Um abaixo
todas essas rebeliões foram determinantes para o agrava- assinado de oito mil assinaturas foi levado por José Clemente
mento da crise do colonialismo no Brasil, já que trouxeram Pereira (presidente do Senado) a D. Pedro em 9 de janeiro
pela primeira vez os ideais iluministas e os objetivos repu- de 1822, solicitando sua permanência no Brasil. Cedendo às
blicanos. pressões, D. Pedro decidiu-se: “Como é para o bem de todos
e felicidade geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que
O Processo de Independência do Brasil fico”.
Em primeiro lugar, entender que 07 de setembro de É claro que D. Pedro decidiu ficar bem menos pelo povo
1822 não foi um ato isolado do príncipe D. Pedro, e sim um e bem mais pela aristocracia, que o apoiaria como imperador
acontecimento que integra o processo de crise do Antigo em troca da futura independência não alterar a realidade so-
Sistema Colonial, iniciada com as revoltas de emancipação cioeconômica colonial. Contudo, o Dia do fico era mais um
no final do século XVIII. Ainda é muito comum a memória passo para o rompimento definitivo com Portugal. Graças a
do estudante associar a independência do Brasil ao quadro homens como José Bonifácio de Andrada e Silva (patriarca
de Pedro Américo, “O Grito do Ipiranga”, que personifica o da independência), Gonçalves Ledo, José Clemente Pereira
acontecimento na figura de D. Pedro. e outros, o movimento de independência adquiriu um ritmo
Em segundo lugar, perceber que a independência do surpreendente com o cumpra-se, onde as leis portuguesas
Brasil, restringiu-se à esfera política, não alterando em nada a seriam obedecidas somente com o aval de D. Pedro, que aca-
realidade sócio-econômica, que se manteve com as mesmas bou aceitando o título de Defensor Perpétuo do Brasil (13 de
características do período colonial. maio de 1822), oferecido pela maçonaria e pelo Senado. Em
Desde as últimas décadas do século XVIII assinala-se na 3 de junho foi convocada uma Assembleia Geral Constituinte
América Latina a crise do Antigo Sistema Colonial. No Brasil, e Legislativa e em primeiro de agosto considerou-se inimigas
essa crise foi marcada pelas rebeliões de emancipação, des- as tropas portuguesas que tentassem desembarcar no Brasil.

55
HISTÓRIA

São Paulo vivia um clima de instabilidade para os irmãos Após a vitória na Bahia, a esquadra de Cochrane, seguin-
Andradas, pois Martim Francisco (vice-presidente da Junta do para o norte, bloqueou a cidade de São Luís. Esse blo-
Governativa de São Paulo) foi forçado a demitir-se, sendo ex- queio apressou a derrota dos portugueses não só no Mara-
pulso da província. Em Portugal, a reação tornava-se radical, nhão, mas também no Piauí.
com ameaça de envio de tropas, caso o príncipe não retor- Do Maranhão um dos navios de Cochrane continuou até
nasse imediatamente. o extremo norte, e, ameaçando a cidade de Belém, facilitou a
José Bonifácio transmitiu a decisão portuguesa ao prín- rendição dos portugueses no Grão-Pará.
cipe, juntamente com carta sua e de D. Maria Leopoldina, No extremo Sul, a cidade de Montevidéu, sitiada por ter-
que ficara no Rio de Janeiro como regente. No dia sete de ra e bloqueada por uma esquadra brasileira no rio da Prata
setembro de 1822 D. Pedro que se encontrava às margens do teve de se entregar.
riacho Ipiranga, em São Paulo, após a leitura das cartas que Com o reconhecimento da Independência pela Cisplati-
chegaram a suas mãos, bradou: “É tempo... Independência na completou-se a união de todas as províncias, sob o go-
ou morte... Estamos separados de Portugal”. Chegando ao verno de Dom Pedro I, firmando assim o Império Brasileiro.
Rio de Janeiro (14 de setembro de 1822), D. Pedro foi acla-
mado Imperador Constitucional do Brasil. Era o início do Im- O Reconhecimento da Independência
pério, embora a coroação apenas se realizasse em primeiro Unidas todas as províncias e firmado dentro do território
de dezembro de 1822. brasileiro o Império, era necessário obter o reconhecimento
A independência não marcou nenhuma ruptura com o da Independência por parte das nações estrangeiras.
processo de nossa história colonial. As bases socioeconômi- A primeira nação estrangeira a reconhecer a Indepen-
cas (trabalho escravo, monocultura e latifúndio), que repre- dência do Brasil foram os Estados Unidos em maio de 1824.
sentavam a manutenção dos privilégios aristocráticos, per- Não houve dificuldades, pois os norte-americanos eram a
maneceram inalteradas. O “sete de setembro” foi apenas a favor da independência de todas as colônias da América. (In-
consolidação de uma ruptura política, que já começara 14 dependência dos EUA)
anos atrás, com a abertura dos portos. Ocorreram muitas re- O reconhecimento por parte das nações europeia foi
voltas pela libertação do Brasil, nas quais muitos brasileiros
mais difícil porque os principais países da Europa, entre eles
perderam a vida.
Portugal, haviam-se comprometido, no Congresso de Viena
Os que morrem achavam que valia a pena sacrificar-se
em 1815, a defender o absolutismo, o colonialismo e a com-
para melhorar a situação do povo brasileiro. Queriam uma
bater as ideias de liberdade.
vida melhor, não só para eles, mas para todos os brasileiros.
Entre as primeiras nações europeias apenas uma foi
Mas a Independência do Brasil só aconteceu em 1822. E
favorável ao reconhecimento do Brasil independente: a In-
não foi uma separação total, como aconteceu em outros paí-
glaterra, que não queria nem romper com seu antigo aliado,
ses da América que, ao ficarem independentes, tornaram-se
Portugal, nem prejudicar seu comércio com o Brasil. Foi gra-
repúblicas governadas por pessoas nascidas no país liberta-
do. O Brasil independente continuou sendo um reino, e seu ças à sua intervenção e às demoradas conversações mantida
primeiro imperador foi Dom Pedro I, que era filho do rei de junto aos governos de Lisboa e do Rio de Janeiro que Dom
Portugal. João VI acabou aceitando a Independência do Brasil, fixando-
Historicamente, o processo da Independência do Brasil se as bases do reconhecimento.
ocupou as três primeiras décadas do século XIX e foi marca- A 29 de agosto de 1825 Portugal, através do embaixador
do pela vinda da família real ao Brasil em 1808 e pelas medi- inglês que o representava, assinou o Tratado luso-brasileiro
das tomadas no período de Dom João. A vinda da família real de reconhecimento. O Brasil, entretanto, teve que pagar a
fez a autonomia brasileira ter mais o aspecto de transição. Portugal uma indenização de dois milhões de libra esterlinas,
O processo da independência foi bastante acelerado e Dom João VI obteve ainda o direito de usar o título de Im-
pelo que ocorreu em Portugal em 1820. A Revolução do Por- perador do Brasil, que não lhe dava, porém qualquer direito
to comandada pela burguesia comercial da cidade do Porto, sobre a antiga colônia.
que foi um movimento que tinha características liberais para A seguir as demais nações europeias, uma a uma, reco-
Portugal, mas para o Brasil, significava uma recolonização. nheceram oficialmente a Independência e o Império do Bra-
sil.
As Guerras pela Independência Em 1826 estava firmada a posição do Brasil no cenário
A Independência havia sido proclamada, mas nem todas internacional. Enquanto o Brasil era colônia de Portugal, o
as províncias do Brasil puderam reconhecer o governo do Rio Brasil enfrentou com bravura e venceu os piratas, os france-
de Janeiro e unir-se ao Império sem pegar em armas. As Pro- ses e os holandeses. Ocorreram muitas lutas internas e mui-
víncias da Bahia, do Maranhão, do Piauí, do Grão-Pará e, por tos perderam a sua vida para tentar tornar seu país livre e
último, Cisplatina, dominadas ainda por tropas de Portugal, independente de Portugal. Essa luta durou mais de trezentos
tiveram que lutar pela sua liberdade, até fins de 1823. anos. O processo da Independência foi muito longo e por
Na Bahia, a expulsão dos portugueses só foi possível ironia do destino foi um português que a proclamou.
quando Dom Pedro I enviou para lá uma forte esquadra co-
mandada pelo almirante Cochrane, para bloquear Salvador. O Estado Brasileiro: o Estado no Brasil resultou de
Sitiados por terra e por mar, as tropas portuguesas tiveram uma enorme operação de conquista e ocupação de parte
finalmente que se render em 02 de julho de 1823. do Novo Mundo, empreendimento no qual se associaram a

56
HISTÓRIA

Coroa portuguesa, através dos seus agentes, e a Igreja Ca- lativo, Executivo e Judiciário. Através do Poder Moderador,
tólica, representada primeiramente pelos jesuítas. Política e exclusivamente exercido por Dom Pedro I, o rei poderia anu-
ideologicamente foi uma aliança entre o Absolutismo ibé- lar qualquer decisão tomada pelos outros poderes. As pro-
rico e a Contrarreforma religiosa, preocupada com a posse víncias não possuíam nenhum tipo de autonomia política,
do território recém-descoberto e com a conversão dos nati- sendo o imperador responsável por nomear o presidente e o
vos ao cristianismo. Naturalmente que transcorrido mais de Conselho Geral de cada uma das províncias.
450 anos do lançamento dos seus fundamentos, o Estado O Poder Legislativo era dividido em duas câmaras onde
brasileiro assumiu formas diversas, sendo gradativamente se agrupavam o Senado e a Câmara de Deputados. O sistema
nacionalizado e colocado a serviço do desenvolvimento eco- eleitoral era organizado de forma indireta. Somente a popu-
nômico e social. A transformação seguinte será a do Estado lação masculina, maior de 25 anos e portadora de uma renda
Imperial brasileiro, legalizada depois da proclamação da in- mínima de 100 mil-réis anuais teriam direito ao voto. Esses
dependência, em 1822, pela Constituição outorgada de 1824. primeiros votavam em um corpo eleitoral incumbido de vo-
D.Pedro I dedica-se a obter a legitimidade, contestada por
tar nos candidatos a senador e deputado. O cargo senatorial
oficiais lusitanos (general Madeira) e por líderes populares
era vitalício e só poderia ser pleiteado por indivíduos com
do Nordeste (Frei Caneca). A Carta determinou, além dos po-
renda superior a 800 mil-réis.
deres tradicionais, executivo-legislativo-judiciário, a implan-
A Igreja Católica foi apontada como religião oficial do
tação de um poder moderador (que de fato tornou-se uma
sobreposição da autoridade do imperador). Os objetivos ge- Estado. Em contrapartida, as demais confissões religiosas po-
rais do Estado Imperial, que se estendeu até 1889, podem ser deriam ser praticadas em território nacional. Os membros do
determinados pela: a) consolidação da autoridade imperial clero católico estavam diretamente subordinados ao Estado,
sobre todo o território brasileiro; b) manutenção do regime sendo esse incumbido de nomear os membros da Igreja e
escravista; c) preservação da paz interna e do reconhecimen- fornecer a devida remuneração aos integrantes dela.
to internacional. Dessa maneira, a constituição de 1824 perfilou a criação
de um Estado de natureza autoritária em meio a instituições
Constituição da Mandioca (1824): figurando um passo de aparência liberal. A contradição do período acabou ex-
fundamental para a consolidação da independência nacional, cluindo a grande maioria da população ao direito de par-
a formulação de uma carta constituinte tornou-se uma das ticipação política e, logo em seguida, motivando rebeliões
grandes questões do Primeiro Reinado. Mesmo antes de dar de natureza separatista. Com isso, a primeira constituição
fim aos laços coloniais, Dom Pedro I já havia articulado, em apoiou um governo centralizado que, por vezes, ameaçou a
1822, a formação de uma Assembleia Constituinte imbuída unidade territorial e política do Brasil.
da missão de discutir as leis máximas da nação. Essa primeira
assembleia convocou oitenta deputados de catorze provín- Reconhecimento Da Independência Do Brasil
cias. Uma das mais delicadas questões que envolvia as leis Uma vez vencida a resistência interna, o Império buscou
elaboradas pela Assembleia, fazia referência à definição dos o reconhecimento externo, francamente apoiado pela Ingla-
poderes de Dom Pedro I. Em pouco tempo, os constituin- terra no âmbito europeu, onde Portugal recusava-se a acei-
tes formaram dois grupos políticos visíveis: um liberal, de- tar a nova situação da ex-colônia. Contudo foram os Estados
fendendo a limitação dos poderes imperiais e dando maior Unidos (26/5/1824) o primeiro país a reconhecer oficialmen-
autonomia às províncias; e um conservador que apoiava um te a nação brasileira. O reconhecimento norte-americano ba-
regime político centralizado nas mãos de Dom Pedro. A partir seava-se na Doutrina Monroe, que defendia o princípio “A
de então, a relação entre o rei e os constituintes não seria América para os americanos”, reagindo à ameaça de inter-
nada tranquila. venção da Santa Aliança na América. Além disso, era parte
O primeiro anteprojeto da Constituição tendia a esta-
de uma política de resguardo dos promissores mercados da
belecer limites ao poder de ação política do imperador. No
América Latina. A partir daí, o México e a Argentina também
entanto, essa medida liberal, convivia com uma orientação
deram o seu reconhecimento.
elitista que defendia a criação de um sistema eleitoral fun-
O reconhecimento português, sob pressão inglesa, deu-
dado no voto censitário. Outro artigo desse primeiro ensaio
da Constituição estabelecia que os deputados não pudessem se em agosto de 1825, através do Tratado Luso-Brasileiro. Por
ser punidos pelo imperador. Mediante tantas restrições, Dom esse tratado, Portugal concordava com a emancipação bra-
Pedro I resolveu dissolver a primeira Assembleia Constituinte sileira, mediante o pagamento, pelo Império, de uma indeni-
do Brasil. zação de dois milhões de libras esterlinas, além da concessão
Logo em seguida, o imperador resolveu nomear um a D. João VI do título de Imperador Honorário do Brasil. Em
Conselho de Estado composto por dez membros portugue- outubro do mesmo ano, a França também reconhecia o Im-
ses. Essa ação política sinalizava o predomínio da orientação pério, em troca de vantagens comerciais.
absolutista e a aproximação do nosso governante junto os A Inglaterra reconheceu o Brasil independente apenas
portugueses. Dessa maneira, no dia 25 de março de 1824, em janeiro de 1826. Para tanto, exigiu a renovação dos tra-
Dom Pedro I, sem consultar nenhum outro poder, outorgou tados de 1810 por mais 15 anos, garantindo aos produtos
a primeira constituição brasileira. Contraditoriamente, o texto ingleses baixas taxas alfandegárias, além de do governo im-
constitucional abrigava características de orientação liberal e perial o compromisso de extinguir o tráfico negreiro, provo-
autoritária. O governo foi dividido em três poderes: Legis- cando assim, reações das elites agrárias.

57
HISTÓRIA

Primeiro Reinado (1822-1831) param do movimento foram: Pernambuco, Ceará, Rio Grande
Proclamada a independência, o Brasil assumiu a forma do Norte, Paraíba e Alagoas. Os líderes mais democráticos da
monárquica de governo. Uma monarquia imperial que te- confederação defendiam a extinção do tráfico negreiro e a
ria no príncipe D. Pedro de Alcântara, herdeiro da Casa de igualdade social para o povo.
Bragança, seu primeiro imperador. O governo de D. Pedro
I, entre 1822 e 1831, denominou-se Primeiro Reinado, mo- A guerra Cisplatina
mento em que se inicia a instalação do Estado Nacional bra- - Conflito armado entre Brasil e Argentina, disputando o
sileiro, em meio a dificuldades econômico-financeiras e aos atual Uruguai.
primeiros conflitos internos, típicos de uma fase em que se - Inglaterra interfere (por motivos econômicos) e cria o
acomodam os múltiplos interesses que marcaram a luta pela Uruguai. (Ver: Guerra da Cisplatina)
independência.
As propostas liberais da nova elite dirigente, agora dividi- A questão da sucessão portuguesa
da ao sabor de antigas divergências, entrou em choque com Com a morte de D. João VI, em 1826, D. Pedro foi acla-
o absolutismo do Imperador, provocando o rom­pimento da mado rei de Portugal. A aceitação do título pelo Imperador
aliança que assegurou a ruptura com Portugal. Opondo-se provocou um profundo mal-estar entre todos os brasileiros,
aos liberais brasileiros, que novamente se uniram para resistir que se viam agora ameaçados pela reunifica­ção das duas co-
ao autoritarismo imperial, o grupo português (comerciantes, roas, o que colocava em risco a indepen­dência do Brasil.
militares e burocratas) aproximou-se de D. Pedro I, mano- Diante das sucessivas manifestações no Rio de Janeiro,
brando para garantir suas vantagens e, no limite, inviabilizar D. Pedro renunciou ao trono português em favor de D. Maria
a independência. da Glória, sua filha, que ainda era criança.
Para governar como regente, D. Pedro indicou seu irmão,
A primeira constituição - 1823 D. Miguel, de tendência absolutista e que acabou se apos­
Firme oposição aos portugueses (militares e comercian- sando ilegitimamente do trono português.
tes) que ameaçavam a independência e queriam a recoloni- Sempre sob suspeita dos brasileiros e apoiado pelos
zação. constitucionalistas lusos, D. Pedro começou uma longa luta
A constituição proibia os estrangeiros de ocupar cargos contra o irmão, sustentada por recursos nacionais e pelos
públicos de representação nacional e tinha a preocupação empréstimos ingleses. A questão do trono português foi
de limitar e diminuir os poderes do imperador e aumentar o solucionada em 1830; um ano depois, abdicando ao trono
poder legislativo. brasileiro, D. Pedra se tomaria rei de Portugal. Com título de
Também tinha a intenção de manter o poder político nas Pedro IV.
mãos dos grandes proprietários rurais. O projeto estabelecia
que o eleitor precisava ter uma renda anual equivalente a, no Economia e finanças do primeiro reinado
mínimo, 150 alqueires de mandioca. Por isso o projeto ficou O início do Primeiro Reinado coincide com o início do
conhecido como Constituição da Mandioca. período, que se prolongou até 1860, em que o comércio ex-
terior brasileiro foi quase o tempo todo deficitário. Isto é, im-
A constituição outorgada de 1824 portávamos mais do que exportávamos: estávamos sempre
Em seguida à dissolução da Constituinte de 1823, D. Pe- devendo.
dro I, já governando de forma autoritária, nomeou um Con- Para pagar as dívidas, o país fazia empréstimos externos,
selho de Estado com a tarefa de redigir o novo projeto de solução que ia transferindo o problema para o futuro. Novos
Constituição, que ficou pronto em janeiro de 1824. Depois pagamentos eram acrescidos a títulos de juros e amortiza-
de enviado a todas as Câmaras Municipais do país e não ter ções. O resultado era contínuo aumento do desequilíbrio em
recebido emendas ou críticas significativas, o projeto foi as- nossas contas com o exterior.
sinado por D. Pedro I, tornando-se a Constituição do Império Em nossas exportações, destacavam-se:
do Brasil, na prática, uma carta outorgada pelo Imperador em - Açúcar, principal produto durante o primeiro reinado,
25 de março de 1824. era vendido a preços baixos, por causa concorrência das An-
Essa carta, defendida pelo Imperador como uma consti- tilhas e do açúcar de beterraba; o café transformou-se em
tuição “duplicadamente liberal” era, na realidade, uma simpli- principal produto de exportação;
ficação da Constituição da Mandioca, uma vez que se manti- - Algodão, que enfrentava a concorrência americana;
nha fiel aos princípios e às aspirações políticas da aristocracia - Fumo, cacau, arroz e couro, não tinham tanta expres-
rural. são e enfrentavam a concorrência americana (arroz) e platina
(couro).
Confederação do Equador As importações incluíam manufaturados da Inglaterra,
O nordeste atravessava uma grave crise econômica de- beneficiada ainda pelas tarifas privilegiadas em 1810; trigo
vido à queda das exportações de açúcar. Tomados por um dos Estados Unidos e da Europa; produtos alimentícios da
sentimento anti lusitano, diferentes setores da sociedade Europa; escravos da África.
uniram-se em torno de ideias contrárias à monarquia e a O Brasil enfrentava também escassez de dinheiro, resul-
centralização do poder. Diziam que o sistema de governo no tante dos seguintes fatores:
Brasil deveria ser republicano, com a descentralização do po- - Esvaziamento dos cofres da família real, quando voltou
der e autonomia para as províncias. Os estados que partici- a Portugal em 1821.

58
HISTÓRIA

- Indenização paga a Portugal para que reconhecesse algumas facções políticas distintas entre os membros da elite
nossa Independência que compunham o cenário político nacional. De forma mais
- Gastos com a guerra da Cisplatina e revoltas internas ampla, a grande discussão da época era definir os limites da
Por falta de recursos e máquinas, as indústrias não pude- autoridade imperial e o papel a ser desempenhado pelas
ram desenvolver-se. A Inglaterra tinha substituído Portugal províncias.
tanto no comércio como na criação de dificuldades para o Nesse tocante, os partidários de tendência mais liberal
desenvolvimento da indústria brasileira. O caso da indústria acreditavam que as províncias deveriam ter considerável au-
têxtil foi um exemplo típico. A Inglaterra, favorecida pelas tonomia e o imperador deveria ter seus poderes limitados
baixas taxas alfandegárias, sufocou-a colocando aqui seus pela constituição. Alguns mais radicais, apesar da pouca ex-
tecidos em melhores condições que os nossos e criando difi- pressividade, saíram em defesa do fim da ordem monárquica
culdades para a importação de máquinas por brasileiros. Em e a criação de uma república pautada na experiência dos nor-
1840, mais da metade de nossos gastos com importações te-americanos. Contudo, para os ouvidos da elite conserva-
de manufaturados referia-se ao pagamento de produtos de dora, a república ofereceria sérios riscos à ordem.
vestuário. Uma parcela significativa dos proprietários de terra era
A indústria de mineração só alcançou alguns progressos, defensora de uma estrutura política centralizada e, ao mes-
no entanto, com ajuda de capitais ingleses. mo tempo, comprometida com os interesses das elites. Não
Nas exportações, o café, que tomou a dianteira na Re- por acaso, os membros das classes mais abastadas acredita-
gência, lideraria por muito tempo, seguido de longe por ou- vam que o apoio ao governo imperial seria de suma impor-
tros produtos tropicais, como açúcar, algodão, couro e pele, tância na conservação da ordem escravista e da hegemonia
tabaco, cacau, mate e borracha. política dos agroexportadores.
As dificuldades econômicas durante meio reinado e a No ano de 1824, com a oficialização da nossa primei-
Regência atingiriam mais as cidades que as grandes proprie- ra constituição, vemos que a tendência conservadora se viu
dades rurais, pois estas eram quase autossuficientes. As cri- privilegiada com a criação do poder moderador e a adoção
ses se deviam aos empréstimos, à má administração e aos do voto censitário. Por meio destes dois instrumentos, o im-
excessivos privilégios concedidos à Inglaterra, a potência perador poderia interferir nas demais esferas de poder, e a
capitalista da época. As dificuldades e a dependência aos in- escolha dos representantes políticos não sofreria a influência
gleses não cessariam durante o segundo Reinado. Pelo Con- de grupos políticos de natureza popular. Com isso, a maioria
trário, cresceriam. da população se manteria alheia do cenário político.
Apesar de todas estas salvaguardas e empecilhos, não
O fim do primeiro reinado podemos presumir que as manifestações políticas populares
Desde 1823, D. Pedro I trilhava o caminho do absolutis- foram completamente tolhidas no século XIX. A partir do pe-
mo, aliando-se ao Partido Português e chocando-se com o ríodo regencial, entre 1831 e 1840, várias províncias se vol-
liberalismo dos brasileiros. Estes, aliados dentro do Partido taram contra a estrutura de poder centralizada. Sem contar
­Brasileiro, deixaram de lado as antigas divergências e passa- com espaço nas instituições oficiais, a solução encontrada foi
ram a fazer cerrada oposição ao Imperador. A resposta foi a organizar levantes que iam contra a vigência daquela ordem
crescente violência de D. Pedro e de seus partidários. excludente e autoritária.
O rompimento da aliança D. Pedro/elites agrárias, que Nas províncias do Pará, Bahia e Maranhão, líderes de
levou à independência, iniciou-se em 1823, quando da dis- origem popular tentaram subverter o domínio do governo
solução da Constituinte pelo Imperador, seguida da outorga central através da organização de levantes que tomariam
da Carta de 1824 e da violenta repressão à Confederação do controle do poder local. Contudo, através da ação de dela-
Equador. A isso, somaram-se o envolvimento de D. Pedro tores ou a falta de apoio efetivo de outros setores da socie-
na questão sucessória portuguesa e a desastrosa Guerra da dade, essas revoltas acabaram sendo sufocadas pela violenta
Cisplatina, abertamente condenada pela opinião pública. To- ação de mercenários estrangeiros e tropas oficiais. A única
das essas ocorrências foram permeadas pela crise econômi- exceção ocorreu na região sul, onde esse tipo de movimento
co-financeira que se agravava durante o período: a falência partiu do interesse exclusivo das elites pecuaristas.
do Banco do Brasil, em 1828, espelha a situação do Brasil na
época. Cabanagem
Nesse quadro, cresceu e se fortaleceu a oposição ao im- A cabanagem foi uma revolta que aconteceu no norte
perialismo imperial, com a multiplicação dos jornais de liberal brasileiro, no Grão-Pará, o estado que continha os atuais
- “Aurora Fluminense”, “O Republico” e “A Malagueta”, entre Amazonas, Pará, Amapá, Roraima e Rondônia. Tinha como
outros -, e com os veementes pronunciamentos na Câmara objetivo aumentar a importância que o Pará tinha para o
dos Deputados, nos momento’” de curta convocação do Par- Brasil, melhorar a condição de vida do povo, que vivia em
lamento brasileiro. cabanas de barro (daí o nome da revolta) e tirar do poder dos
governadores da província, que na maioria das vezes, nunca
Revoltas Provinciais tinham ido à região.
Findado o processo brasileiro de independência, o go- Faziam parte da conspiração índios, mestiços e pes-
verno imperial tinha por obrigação estabelecer as diretrizes soas da classe média. Tomaram por duas vezes, o controle
e ações que organizariam o Brasil na qualidade de nação so- de Belém, capital da província. Na primeira vez, em agosto
berana. Dentro deste contexto, percebemos a formação de de 1835, liderados por Félix Melcher e Francisco Vinagre, as

59
HISTÓRIA

forças do governo recuperaram o poder, através de ataques dente fosse o advogado Inocêncio da Rocha Galvão, que es-
de mercenários estrangeiros, e com uma ajuda dos próprios tava exilado, e que seu vice fosse João Carneiro Rego. Cons-
lideres, que muitas vezes entravam em desacordo. truiu-se toda uma organização administrativa do novo es-
Logo após, os cabanos que se encontravam no interior tado republicano e Salvador foi dominada por aproximada-
se movimentaram para a capital, tomando o poder nova- mente quatro meses, até março de 1838. Mas o movimento
mente. O chefe dessa segunda investida foi Eduardo Ange- não foi apoiado pela classe mais baixa da sociedade naquele
lim, que, apesar de ser da classe média, favorecia demais os momento, os escravos, e nem mesmo pelas elites. Manten-
pobres, causando estranheza e abandono dos outros líderes, do-se característico da classe média urbana. Sem contar com
culminando com o fim de seu governo, que foi de agosto de um desses dois apoios, o Governo Imperial agiu com rigor.
1835 a abril de 1836. A repressão isolou a cidade de Salvador e o ataque causou
O governo reprimiu duramente os cabanos, fazendo vá- a morte de mais de cinco mil pessoas e os rebeldes captu-
rios massacres. O movimento ficou ativo entre 1836 e 1840, rados foram julgados posteriormente pelos latifundiários da
no interior da amazônia, por meio de guerrilhas, mas não região, que abusaram de crueldade. Alguns dos líderes mor-
conseguiram maiores feitos. reram durante o ataque do Governo Imperial, mas Francisco
Ao final, cerca de 30 mil pessoas haviam morrido, uma Sabino ficou preso na Fazenda Jacobina, em Mato Grosso,
grande parcela da população. Belém ficou destruída, com vá- local que era muitos distante e pouco habitado, na época. Já
rios prédios e casas queimadas. outros líderes conseguiram escapar e integraram, mais tarde,
a Revolução Farroupilha. Como é o caso de Daniel Gomes de
Sabinada Freitas e João Rios Ferreira, por exemplo.
A Sabinada foi uma revolta ocorrida na Bahia durante o
período imperial. Balaiada
Quando Dom Pedro I deixou o cargo de imperador No início do século XIX, a população maranhense era
do Brasil, iniciou-se um período em que seu sucessor não composta de escravos e de sertanejos miseráveis, enquanto
possuía idade suficiente para assumir a liderança do Impé- o poder estava nas mãos de proprietários rurais e comer-
rio. Este período foi chamado de regencial e foi comandado ciantes.
por várias pessoas, permitindo conflitos e questionamentos
Tudo isso fez com que a revolta e a insatisfação popular
sobre a centralização monárquica e introduzindo questões
se agravasse, principalmente depois que políticos conserva-
sobre o federalismo republicano. Outro movimento que ga-
dores tentaram aumentar os poderes dos prefeitos.
nhou expressão foi a manifestação contra os portugueses,
A revolta popular transformou-se em um movimento
pois controlavam a maior parte do comércio e ocupavam a
que foi capaz de mobilizar a classe marginalizada da socie-
maioria dos cargos administrativos, políticos e militares. As
dade. O início da revolta foi no dia 13 de dezembro de 1838,
manifestações eram no sentido de permitir aos brasileiros
quando um grupo de vaqueiros liderados por Raimundo Go-
maior controle em suas terras, já que a independência com-
mes invadiu a cadeia local para libertar alguns companheiros
pletava mais de uma década.
Todo esse ambiente de questionamento se repetiu na que tinham sido presos.
capital baiana e culminou com a renúncia do regente Diogo Com o sucesso da invasão e ajudados pela Guarda Na-
Antônio Feijó, que não foi capaz de controlar as revoltas. O cional os vaqueiros tomaram conta do lugarejo.
período no qual predominava o antilusitanismo foi também A Balaiada representou a luta popular contra as desigual-
marcado pela chamada crise federalista. dades e injustiças da sociedade da época (sociedade escra-
A Sabinada foi um movimento cujo nome é proveniente vista).
do médico e jornalista Francisco Sabino Vieira. Ocorrido na Toda essa insatisfação e revolta uniram cada vez mais a
capital baiana, Salvador, o movimento está inserido na tradi- classe marginalizada da sociedade.
ção da Bahia pela autonomia política como acontecera com A balaiada teve sua origem no confronto entre duas
outros movimentos: Conjuração Baiana e Independência da facções: cabanos (conservadores) e bem-te-vis (liberais). Os
Bahia, por exemplo. Sabino e seus apoiadores proclamaram membros destes dois partidos pertenciam à classe alta do
a República Baiana, no dia 7 de novembro de 1837, represen- Maranhão.
tando um rompimento com o governo imperial da época. A Até 1837, o Maranhão foi governado pelos liberais (bem-
província, então, negaria qualquer regência e só responderia te-vis); porém, com a ascensão de Araújo Lima como regente
ao Imperador Dom Pedro II, quando tivesse idade suficiente e a vitória dos conservadores no governo central do Rio de
para assumir seu cargo. Os revoltosos tomaram o Forte de Janeiro, os conservadores (cabanos) do Maranhão conquista-
São Pedro e o Governo Provincial tentou combatê-los en- ram o poder e afastaram os bem-te-vis do governo.
viando tropas do exército. Os soldados representantes do Enquanto esses dois grupos brigavam entre si, Raimun-
governo, contudo, acabaram aderindo ao movimento dos do Gomes levava a revolta para o Piauí e em 1839 contava
revoltosos, o que forçou a saída do Presidente da Província e com a participação de Manuel Francisco dos Anjos Ferreira
do Comandante das Armas em busca de refúgio. (fazedor de balaios – cestos de palha). Daí o nome do mo-
O movimento foi se expandindo gradativamente e con- vimento.
quistando adeptos. O prédio da Câmara Municipal foi ocu- Toda a agitação que a revolta causou, beneficiou os
pado. Francisco Sabino liderava o movimento pela formação bem-te-vis, pois isso refletia de forma negativa na adminis-
de um estado republicano na Bahia e defendia que seu presi- tração dos cabanos.

60
HISTÓRIA

A rebelião continuava até que em julho de 1839 os ba- apoio de outras províncias acabou desarticulando o movi-
laios tomaram a vila de Caxias (segunda cidade da Província mento pernambucano. No ano de 1851, o governo imperial
do Maranhão). deu fim aos levantes que contabilizaram cerca de oitocentas
Com a gravidade da situação, bem-te-vis e cabanos baixas.
começaram a se unir para dar início à repressão contra os
balaios. Começaram, então, a subornar os rebeldes, com a Guerra Dos Farrapos
finalidade de desmoralizar o movimento. A tática deu certo e Também chamada de Revolução Farroupilha, a Guerra
em 1839 o governo central nomeou o coronel Luís Alves de dos Farrapos foi o mais importante conflito regencial. Durou
Lima e Silva (futuro Duque de Caxias) presidente da província 10 anos (1835 – 1845) e a paz só chegou no governo de D.
e comandante de todas as forças repressivas do Maranhão. Pedro II.
Como 1ª medida, o novo presidente pagou os atrasos Os objetivos dos farroupilhas eram:
aos militares, reorganizou as tropas e começou a atacar e a - Pagar menos impostos;
cercar os redutos balaios, que estavam enfraquecidos, devido - Queriam que o governo central aumentasse as taxas
às deserções e a perda do apoio passivo dos bem-te-vis. alfandegárias sobre o charque (carne-seca), o sebo e o couro;
A anistia decretada em agosto de 1840, provocou a ren- O charque, além de ser o principal alimento dos escravos
dição imediata de cerca de 2500 balaios. Quem resistiu foi, e dos pobres, também era o principal produto da economia
logo em seguida, derrotado. Estava terminada a Balaiada. gaúcha.
Em maio de 1841, Luís Alves de Lima e Silva fez uma ava- Os comerciantes do sudeste (dominados pelos latifun-
liação positiva da sua atuação e com essa atitude dava por diários do centro e norte) compravam charque mais barato
encerrada a sua missão. do Uruguai e da Argentina. Os uruguaios e argentinos ven-
diam barato, porque a mercadoria era produzida com mão
Praieira de obra livre.
No começo do Segundo Reinado, a ascensão dos libe- A concorrência não agradava os fazendeiros gaúchos
rais que apoiaram a chegada de Dom Pedro II ao poder foi que pagavam maiores impostos do que os estrangeiros.
logo interceptada após os escândalos políticos da época. As Por causa dos impostos, a classe dominante do Rio Gran-
“eleições do cacete” tomaram os noticiários da época com a de do Sul apoiava os ideais dos federalistas (chamados de
denúncia das fraudes e agressões físicas que garantiriam a farroupilhas) que queriam diminuir o poder do centro e au-
vitória da ala liberal. Em resposta, alguns levantes liberais em mentar a autonomia provincial.
Minas e São Paulo foram preparados em repúdio às ações Em 1834, nas eleições para assembleia provincial, os fe-
políticas centralizadoras do imperador. deralistas eram a maioria e isso dificultou as relações com o
Nesses dois estados os levantes não tiveram bastante presidente da província (nomeado pelo imperador).
expressão, sendo logo contidos pelas forças militares nacio- Um grande proprietário chamado Bento Gonçalves, as-
nais. Entretanto, o estado de Pernambuco foi palco de uma sumiu o comando do exército farroupilha (formado por fa-
ação liberal de maior impacto que tomou feições de caráter zendeiros e peões) e pouco tempo depois ocuparam Porto
revolucionário. Ao longo da década de 1840, setores mais Alegre iniciando a guerra.
radicais do partido liberal recifense manifestaram seus ideias O governo imperial, então, convocou Luis Alves de Lima
através do jornal Diário Novo, localizado na Rua da Praia. Em e Silva (Duque de Caxias) para combater e derrotar os far-
pouco tempo, esses agitadores políticos ficaram conhecidos roupilhas.
como “praieiros”. O Rio Grande do Sul se rendeu; mas, conseguiram que
Entre as principais medidas defendidas por esses libe- as taxas alfandegárias sobre o charque fossem aumentadas.
rais estavam a liberdade de imprensa, a extinção do poder Apesar do nome, os farrapos não eram esfarrapados, o
moderador, o fim do monopólio comercial dos portugueses, movimento, na verdade, foi liderado por fazendeiros criado-
mudanças socioeconômicas e a instituição do voto univer- res de gado bovino.
sal. Mesmo não tendo caráter essencialmente socialista, esse
grupo político era claramente influenciado por socialistas Abdicação de D. Pedro I
utópicos do século XIX, como Pierre–Joseph Proudhon, Ro- Após oito anos pontuados por sucessivas crises, D. Pedro
bert Owen e Charles Fourier. I acabou cedendo às pressões da aristocracia rural brasileira
Em 1847, o movimento passou a ganhar força com a no- e abdicou ao trono brasileiro em favor de seu filho, também
meação de um presidente de província conservador mineiro chamado Pedro de Alcântara, dando início ao Segundo Rei-
para conter a ação dos liberais pernambucanos. Revoltados nado.
com essa ação autoritária do poder imperial, os praieiros pe-
garam em armas e tomaram conta da cidade de Olinda. A Período Regencial
essa altura, um conflito civil contando com o apoio de gran- O período regencial começa em 1831, com a abdicação
des proprietários, profissionais liberais, artesãos e populares de dom Pedro I, e estende-se até 1840, quando dom Pedro
tomou conta do estado. II é aceito como maior de idade. É uma das fases mais con-
Em fevereiro de 1849, os rebelados tomaram a cidade turbadas da história brasileira e de grande violência social.
de Recife e entraram em novo confronto com as forças im- A menoridade do príncipe herdeiro acirra as disputas pelo
periais. Nesse período, o insurgente Pedro Ivo surgiu como poder entre as diferentes facções das elites. Pela primeira vez
um dos maiores líderes dos populares. Entretanto, a falta de no país, os chefes de governo são eleitos por seus pares. Os

61
HISTÓRIA

brasileiros pobres continuam alijados da vida política da na- Enquanto os moderados batiam-se pela preservação
ção. As revoltas regionais, os motins militares e os levantes da ordem e instituições, opondo-se a qualquer alteração no
populares são violentamente reprimidos. status quo, os exaltados eram os reformistas. Defen­diam o
direito de manifestação, reformas políticas, desde o estabe-
A Composição Das Forças Políticas lecimento de uma monarquia descentralizada até a procla-
Na esfera política das Regências digladiaram-se as forças mação de uma República, a reforma na Constitui­ção de 1824,
dispostas na estrutura da sociedade imperial, basi­camente a ampliando principalmente a autonomia pro­vincial, batendo-
mesma da época colonial. Ao iniciar-se o perío­do, eram três se pelo federalismo. Sem muita clareza, exigiam reformas na
as facções políticas entrechocando-se na luta pelo poder: os estrutura econômica e social. Apela­vam para a violência, ar-
restauradores, os liberais moderados e os liberais exaltados. rastando as forças de composição variada, sob a bandeira do
Os restauradores, também denominados caramurus, federalismo. Eram também chamados de jurujubas ou far-
representavam uma parcela da classe dominante que ha­ roupilhas, e se organiza­vam em tomo da Sociedade Federal
via apoiado o Imperador, quando este tendeu ao absolu­ e de clubes federa­listas espalhados pelas províncias.
tismo. Mesmo depois da abdicação, passaram a lutar pela
sua volta ao trono brasileiro, agitando os primeiros anos da O Avanço Liberal
Menoridade. Para eles, a monarquia não significava apenas As tendências e evolução destes grupamentos políti­cos
a preservação da antiga estrutura de dominação, nem dos e da própria vida política do período regencial devem ser en-
privilégios. Estavam convictos, também, de que só o regime tendidas em dois momentos que o caracterizam: o avanço
monárquico autoritário permitiria a continui­dade da tranqui- liberal e o regresso conservador.
lidade e disputada preponderância. Dentre eles, muitos eram O primeiro momento decorreu entre 1831 e 1834, quan-
restauradores por interesse pessoal, como é o caso de José do as forças liberais uniram-se para combater os restaurado-
Bonifácio, agora tutor de D. Pedro de Alcântara. O seu reduto res. Juntos, também estabeleceram reformas insti­tucionais,
era o Senado e a associação política que os representava era entendidas tradicionalmente como liberais ou descentraliza-
o Clube Militar. doras, com o objetivo de acalmar as tensões regionais la-
tentes. Na realidade, as reformas propaladas não passaram
Com a morte de D. Pedro I, em 1834, os caramurus pas-
de concessões dos moderados, então pre­ponderantes, no
saram a compor, com os direitos liberais ou moderados, o
sentido de deter a vaga revolucionária, esvaziando-a. É evi-
“regresso conservador”. Tornaram-se parte dos maioristas
dente que a união entre moderados e exaltados era precária
em 1840 e da facção áulica do início do segundo Reinado.
e circunstancial, não se apoiando em bases sólidas. Daí, sua
Os liberais moderados, entendidos como a direita li­beral,
efemeridade.
correspondiam à outra parcela da aristocracia rural. Eram
É neste primeiro momento que se desenrolam as duas
monarquistas, evidentemente, pois viam nela a pro­teção dos
primeiras regências trinas, assinaladas pelo precário equi­
seus privilégios. Porém, desejavam-na constitu­ cional, uma
líbrio político.
vez que a Constituição de 1824 assegurava a sua continui-
dade na posição de mando. Defendiam a manutenção da or- - Regência Trina Provisória
dem em primeiro lugar e não pretendiam nenhuma reforma Instalada no mesmo dia da abdicação de dom Pedro I,
econômica ou social. Como opositores das reformas políti- em 7 de abril de 1831, a regência trina é uma exigência da
cas, batiam-se pela centralização político-administrativa. O Constituição para o caso de não haver parentes próximos do
liberalismo que rotulava essa facção era apenas de fachada, soberano com mais de 35 anos e em condições de assumir
adequado às suas neces­sidades de classe dominante. Pre- o poder. Ela é provisória porque não há quórum suficiente
ponderou durante os primeiros anos das Regências, divi- no dia da abdicação para a eleição de uma regência per-
dindo-se a partir de 1835. Eram denominados chimangos e manente. A primeira tarefa do novo governo é atenuar os
uniam-se sob a égide da Sociedade Defensora da Liberdade impasses que levaram à abdicação de dom Pedro I, quase
e Indepen­dência Nacional, fundada por Evaristo da Veiga. todos resultantes dos excessos de um poder extremamen-
Empe­nharam-se no combate aos restauradores e exaltados te centralizado. O último ministério deposto por dom Pedro
fede­ralistas, na defesa da ordem e da centralização, fornecen­ I, de maioria liberal, é reintegrado e os presos políticos são
do subsídios para a orientação governista. anistiados. O poder dos regentes é limitado. Não podem, por
Os liberais exaltados, fazendo às vezes da esquerda li- exemplo, dissolver a Câmara, que, na prática, torna-se o cen-
beral, eram representados não só por algumas parcelas da tro do poder do país.
aristocracia rural, como também por outros segmento so- Composição política da regência – A composição do pri-
ciais. Apresentavam-se divididos em camadas sobre­postas, meiro trio de governantes é fruto de uma negociação entre
constituindo-se inicialmente por uma camada de homens os restauradores e liberais moderados. É composto pelos
livres, destituídos de propriedades, ou pequenos proprietá- senadores José Joaquim Carneiro Campos, marquês de Ca-
rios. Variando de região para região, desenvol­viam atividades ravelas, representante dos restauradores; Nicolau de Cam-
nos centros urbanos ou nos campos, osci­lando numa rela- pos Vergueiro, representante dos liberais moderados; e, no
ção de dependência, entre a classe domi­nante e a classe que papel de mediador, o brigadeiro Francisco de Lima e Silva,
fornecia o trabalho. Seguia-se o aglo­merado urbano e rural representante da oficialidade mais conservadora do Exército.
marginalizado de recursos: agre­gados, lavradores e citadi- Os liberais radicais não participam do governo, mas obtêm
nos, dedicados a pequenos expe­dientes e biscates. vitórias importantes no Legislativo.

62
HISTÓRIA

- Regência Trina Permanente Cortes Constitucionais, em Lisboa. Defensor de ideias sepa-


A regência trina permanente é eleita pela Assembleia ratistas é perseguido pela Coroa portuguesa, refugiando-se
Geral em 17 de junho de 1831. Sua composição inclui as fac- na Inglaterra. Volta ao Brasil após a independência. Deputado
ções políticas que se expressam na capital e também os inte- nas legislaturas de 1826 a 1829 e de 1830 a 1833, combina
resses regionais da elite agrária. É integrada pelos deputados ideias de um liberal radical com propostas e práticas políticas
moderados José da Costa Carvalho, marquês de Montalvão, conservadoras. Luta contra o absolutismo, a escravidão e o
representante do sul, e João Bráulio Muniz, representante do celibato clerical. Chama os liberais de “clube de assassinos e
norte, além do brigadeiro Francisco de Lima e Silva, que já anarquistas” e também se afasta dos restauradores. Ocupa o
integrara a regência trina provisória. O padre Diogo Antônio Ministério da Justiça entre 5 de julho de 1831 e 3 de agosto
Feijó é nomeado ministro da Justiça. de 1832. Em 1833 é eleito senador e, em 1835, regente úni-
- Guarda Nacional – A formação da Guarda Nacional é co do reino. Autoritário na condução do Estado e sem bases
proposta pelo padre Diogo Antônio Feijó e aprovada pela de apoio próprias, é obrigado a renunciar em 1837. Participa
Câmara em 18 de agosto de 1831. Sua criação desorganiza da Revolução Liberal em 1842. Derrotado, foge para Vitória.
o Exército. Com a Guarda Nacional, começa a se constituir Volta ao Rio de Janeiro em 1843 e, nesse mesmo ano, morre
no país uma força armada vinculada diretamente à aristo-
em São Paulo.
cracia rural, com organização descentralizada, composta por
membros da elite agrária e seus agregados. Os oficiais de alta
- Segunda Regência Una
patente são eleitos nas regiões e, para muitos historiadores, é
Com a renúncia de Feijó e o desgaste dos liberais, os
um dos componentes fundamentais do coronelismo político
– instituição não-oficial determinante na política brasileira e conservadores obtêm maioria na Câmara dos Deputados e
que chega ao apogeu durante a República Velha. elegem Pedro de Araújo Lima como novo regente único do
- Reformas liberais – As bases jurídicas e institucionais Império, em 19 de setembro de 1837.
do país são alteradas por várias reformas constitucionais Governo Araújo Lima – A segunda regência una é mar-
que, em sua maioria, favorecem a descentralização do poder cada por uma reação conservadora. Várias conquistas libe-
e o fortalecimento das Províncias. Em 29 de novembro de rais são abolidas. A Lei de Interpretação do Ato Adicional,
1832 é aprovado o Código do Processo Criminal, que altera aprovada em 12 de maio de 1840, restringe o poder pro-
a organização do Poder Judiciário. Os juízes de paz, eleitos vincial e fortalece o poder central do Império. Acuados, os
diretamente sob o controle dos senhores locais, passam a liberais aproximam-se dos partidários de dom Pedro. Juntos,
acumular amplos poderes nas localidades sob sua jurisdição. articulam o chamado golpe da maioridade, em 23 de julho
- Ato Adicional de 1834 – A tendência à descentraliza- de 1840.
ção do poder é reforçada pelo Ato Adicional assinado pela
regência trina permanente em 12 de agosto de 1834. Consi- Golpe da Maioridade
derado uma vitória dos liberais no plano institucional, o Ato A política centralista dos conservadores durante o go-
extingue o Conselho de Estado, transfere para as Províncias verno de Araújo Lima estimula revoltas e rebeliões por todo
os poderes policial e militar, até então exclusivos do poder o país. As dissidências entre liberais e conservadores fazem
central, e permite-lhes eleger suas assembleias legislativas. O crescer a instabilidade política. Sentindo-se ameaçadas, as
poder Executivo provincial continua indicado pelo governo elites agrárias apostam na restauração da monarquia e na
central e o caráter vitalício do Senado também é mantido. A efetiva centralização do poder. Pela Constituição, no entanto,
regência trina é substituída pela regência una eletiva e tem- o imperador é considerado menor de idade até completar
porária, com um mandato de quatro anos para o regente. 18 anos.
Clube da maioridade – Os liberais lançam a campanha
- Primeira Regência Una pró-maioridade de dom Pedro no Senado e articulam a po-
O processo de escolha do primeiro regente único do país pularização do movimento no Clube da Maioridade, presidi-
começa em junho de 1835. Os principais concorrentes são o
do por Antônio Carlos de Andrade. A campanha vai às ruas e
padre Diogo Antônio Feijó, de tendência liberal, e o deputa-
obtém o respaldo da opinião pública. A Constituição é atro-
do pernambucano conservador Antônio Francisco de Paula e
pelada e Dom Pedro é declarado maior em 1840, com apenas
Holanda Cavalcanti. Feijó defende o fortalecimento do poder
14 anos.
Executivo e vence o pleito por uma pequena margem de vo-
tos.
- Governo Feijó – Empossado dia 12 de outubro de 1835 Segundo Reinado (1831-1889)
para um mandato de quatro anos, padre Feijó não comple- Golpe da Maioridade (1840): Início do Segundo Reinado.
ta dois anos no cargo. Seu governo é marcado por intensa As disputas políticas entre progressistas (Feijó) e regres-
oposição parlamentar e rebeliões provinciais, como a Caba- sistas (Araújo Lima), durante as regências, resultaram poste-
nagem, no Pará, e o início da Guerra dos Farrapos, no Rio riormente no Partido Liberal e no Partido Conservador, que
Grande do Sul. Com poucos recursos para governar e isolado se alternaram no governo ao longo do Segundo Reinado.
politicamente, renuncia em 19 de setembro de 1837. Enquanto o Partido Liberal se aglutinou em torno do Ato
- Diogo Antônio Feijó (1784-1843) nasce em São Paulo Adicional, o Partido Conservador foi se organizando em tor-
numa família de “barões do café”. Ordena-se sacerdote cató- no da tese da necessidade de limitar o alcance liberal do Ato
lico em 25 de outubro de 1805. Em 1821 é eleito deputado às Adicional, através de uma lei interpretativa.

63
HISTÓRIA

O período regencial começou liberal e terminou con- ficou conhecida como “eleição do cacete”, e deu vitória aos
servador. E há uma explicação para esse fato: a ascensão da liberais. Todas as outras eleições realizadas depois disso não
economia cafeeira. escaparam à regra: continuaram igualmente violentas.
Por volta de 1830, o café havia deixado de ser uma cultu-
ra experimental e marginal para se tornar o principal produto Medidas Antiliberais
de exportação, suplantando o açúcar. Os principais lideres A unidade da aristocracia rural. Apesar das disputas po-
conservadores eram representantes dos interesses cafeeiros. líticas violentas, os partidos Conservador e Liberal eram dife-
Com a formação desses dois partidos e a ascensão da rentes apenas no nome. Um e outro eram integrados pelos
economia cafeeira, a vida política brasileira parecia ganhar fi- grandes proprietários escravistas e defendiam os mesmos
nalmente a necessária estabilidade. Porém, as regras do jogo interesses: estavam unidos contra a participação do povo nas
foram quebradas pelos liberais, com o Golpe da Maioridade. decisões políticas. Liberal ou Conservador - não importava -,
Para compreendê-lo, retomemos o fio da meada. a aristocracia rural era a favor de uma política antidemocrá-
A aclamação de D. Pedro II. No Brasil, as agitações polí- tica e antipopular.
ticas e sociais tomaram conta do país logo depois da abdi- Essa evolução no sentido da maior unidade de interesse
e na defesa de uma política conservadora foi, em grande par-
cação de D. Pedro I em 7 de abril de 1831. Diante das crises
te, motivada pelo fortalecimento econômico da aristocracia
vividas pelo regime regencial, ficou parecendo a todos que
rural. Desde a década de 1830, a cafeicultura havia se deslo-
elas haviam sido facilitadas pelo caráter transitório do gover-
cado para o vale do Paraíba, onde rapidamente se tornaria a
no, que atuava apenas como substituto do poder legítimo principal atividade agroexportadora brasileira, beneficiando
do imperador, constitucionalmente impedido de exercer a particularmente as três províncias do sudeste: Rio de janei-
autoridade devido à menoridade. ro, São Paulo e Minas Gerais. A projeção política dessas três
A fim de conter as agitações e o perigo da fragmentação províncias, as mais ricas e poderosas do Brasil, já se fazia sen-
territorial, a antecipação da maioridade de D. Pedro de Alcân- tir desde a transferência da Corte, em 1808. Representadas
tara passou a ser cogitada. Levada à apreciação da Câmara, a agora pelos “barões do café”, elas fortaleceram ainda mais as
questão foi aprovada em junho de 1840. Assim, com 15 anos suas posições relativas, tornando-se capazes, efetivamente,
incompletos, D. Pedro de Alcântara jurou a Constituição e foi de impor nacionalmente a sua política.
aclamado imperador, com o título de D. Pedro II. Como segmento mais rico e próximo do poder central,
A antecipação da maioridade, entretanto, foi maquinada os barões do café estavam em condições de submeter à sua
e posta em prática, com êxito, pelos liberais, que, desde a liderança a aristocracia rural das demais províncias. Forman-
renúncia de Feijó em 1837, haviam sido alijados do poder do então um bloco cada vez mais poderoso, imprimiram uma
pelos regressistas. Tratou-se, portanto de um golpe - o Golpe direção precisa à política nacional: o centralismo e a margina-
da Maioridade. lização dos setores radicais e democráticos.
Essa manobra política que possibilitou o retorno dos li- A reforma do Código de Processo Criminal. Assim, a par-
berais ao poder teve como consequência a afirmação da aris- tir de 1840 firmou-se uma tendência política centralista e au-
tocracia rural e o estabelecimento de sua dominação sobre toritária. O primeiro passo nesse sentido foi a instituição da
todo o país. Como a burguesia, que na Europa abandonara Lei Interpretativa do Ato Adicional. Em dezembro de 1841, foi
definitivamente o ideal revolucionário, os grandes proprietá- a vez da reforma do Código de Processo Criminal, que, como
rios de terras e escravos que haviam lutado contra o domínio já vimos, havia conferido às autoridades locais uma enorme
colonial adotaram finalmente uma política conservadora e soma de poderes. Com a reforma, o antigo código foi des-
antirrevolucionária. caracterizado no seu conteúdo liberal, pois toda autoridade
O gabinete da maioridade ou o Ministério dos Irmãos. judiciária e policial foi submetida a uma rígida hierarquia e
Imediatamente após o golpe, organizou-se o ministério, o diretamente subordinada ao Ministério da Justiça. O poder
central tinha agora nas mãos instrumentos eficientes para
primeiro da maioridade, dominado pelos “maioristas”, todos
assegurar a ordem pública.
eles ligados ao Partido Liberal. Do novo gabinete participa-
A restauração do Conselho de Estado. Durante o Primei-
vam os irmãos Andrada (Antônio Carlos e Martim Francisco)
ro Reinado, o Conselho de Estado era um órgão consultivo
e os irmãos Cavalcanti (futuros viscondes de Albuquerque e do imperador D. Pedro I, para o qual ele havia nomeado
de Suassuna), donde decorreu o nome de Ministério dos Ir- membros do “partido português”. Na Regência, esse órgão
mãos. foi extinto pelo Ato Adicional (1834). Em 1841 foi restaurado
As disputas políticas, contudo, tornaram-se sangrentas e se tornou o principal órgão de assessoria direta do impera-
a partir da ascensão liberal, e governar havia se tornado si- dor, através do qual a aristocracia rural garantia a sua presen-
nônimo de exercício do poder discricionário*. Assim, para ça no centro do poder.
controlar o país, o partido que se encontrava no governo A presidência do Conselho de Ministros e o parlamenta-
estabelecia a rotina de nomear presidentes de províncias de rismo às avessas. No Primeiro Reinado foi constante o con-
seu agrado e de substituir autoridades judiciais e policiais de flito entre o poder Moderador (D. Pedro I) e a Câmara dos
fidelidade duvidosa. Deputados. Para diminuir os atritos entre os poderes, foi cria-
Nas eleições, os chefes políticos colocavam nas ruas do, em 1847, a Presidência do Conselho de Ministros. Ficou
bandos armados; o governo coagia eleitores e fraudava os convencionado que o impera dor nomearia apenas o presi-
resultados das urnas. A eleição de 13 de outubro de 1840, dente do Conselho, que, por sua vez, escolheria os demais
que deu início a esse estilo novo (e violento) de fazer política, ministros.

64
HISTÓRIA

Nascia desse modo, o parlamentarismo* brasileiro. Mas As resistências do Brasil. Apesar das crescentes pressões
esse era um parlamentarismo muito diferente daquele prati- britânicas, o tráfico continuou impune no Brasil. E a razão era
cado na Europa, que seguia o modelo inglês. simples: toda a economia brasileira, desde a época colonial,
No parlamentarismo europeu, o primeiro-ministro (que estava assentada no trabalho escravo. Em tal circunstância, a
equivale ao nosso presidente do Conselho de Ministros) era abolição do tráfico criaria enormes dificuldades à economia,
escolhido pelo Parlamento, que também tinha força para comprometendo as suas bases produtivas.
depô-lo. Além disso, o ministério era responsável perante o Ademais, desde a abdicação de D. Pedro I em 1831, os
Parlamento, ao qual era obrigado a prestar contas. Em suma, senhores rurais haviam se apropriado do poder político, o
o Legislativo contra lava o Executivo. que fortalecera consideravelmente a sua posição na socieda-
No Brasil era o contrário. O ministério era responsável de. Por isso, nenhum dos acordos assinados com a Inglaterra
perante o poder Moderador (imperador). O Parlamento (po- foi cumprido, de modo que o tráfico continuou com o con-
der Legislativo) nada podia contra os ministros, que governa- sentimento tácito das autoridades.
vam ignorando-o e prestando contas apenas ao imperador. A Inglaterra, por sua vez, esforçou-se para fazer cumprir
os termos dos tratados, de modo unilateral. E o fez em meio
Por esse motivo, esse parlamentarismo brasileiro ganhou o
a dificuldades, pois os traficantes, cercados em alto mar,
nome de “parlamentarismo às avessas”.
atiravam os negros ao oceano, atados a uma pedra que os
impedia de vir à tona. Além disso, o tráfico, ao invés de se
A Abolição do Tráfico Negreiro
extinguir, continuou a crescer incessantemente.
A pressão britânica na abolição do tráfico. Em meados Bill Aberdeen. A passividade do governo brasileiro ante
do século XIX foi extinto no Brasil o tráfico negreiro. A inicia- o tráfico e, portanto, o não cumprimento dos compromissos
tiva não foi por vontade e decisão do governo brasileiro, mas assumidos através de vários tratados fez a Inglaterra tomar
resultou da eficiente pressão britânica nesse sentido. Várias uma atitude extrema. Em 8 de agosto de 1845, o Parlamento
razões explicam essa atitude do governo britânico. Em pri- britânico aprovou uma lei, chamada Bill Aberdeen, conferin-
meiro lugar, a Revolução Industrial do século XVIII, na Ingla- do à Marinha o direito de aprisionar qualquer navio negreiro
terra, que generalizou o emprego do trabalho assalariado, e fazer os traficantes responderem diante do almirantado ou
pondo fim a toda forma compulsória de exploração do tra- de qualquer tribunal do vice almirantado dos domínios bri-
balhador, tornou a sociedade sensível ao apelo abolicionista. tânicos.
De fato, para as sociedades europeias do século XIX, que A repressão ao tráfico foi assim intensificada, e os navios
acompanhando o exemplo britânico evoluíam no sentido do britânicos chegaram a apreender navios em águas territoriais
emprego generalizado do trabalho livre assalariado, a escra- brasileiras, até mesmo entrando em seus portos.
vidão, em contraste, começou a ser vista em toda a sua de- A lei Eusébio de Queirós (1850). Em março de 1850, o
sumanidade, criando bases para uma opinião abolicionista. todo-poderoso primeiro-ministro Gladstone obrigou o Brasil
Evidentemente, os bons sentimentos por si sós eram insu- ao cumprimento dos tratados, ameaçando-o com uma guer-
ficientes para qualquer ação concreta contra a escravidão. ra de extermínio. O governo brasileiro finalmente se curvou
Na verdade, o capitalismo industrial é um sistema baseado ante as exigências britânicas e em 4 de setembro de 1850
no crescimento permanente, com abertura de novos merca- promulgou a lei de extinção do tráfico pelo ministro Eusébio
dos. Ora, os escravos, por definição, não são consumidores de Queirós. A tabela abaixo mostra os efeitos imediatos da
e, portanto, as sociedades escravistas representavam sérios medida.
bloqueios àquela expansão. Consequências da extinção do tráfico. A lei Eusébio de
Os acordos para a extinção do tráfico. Tendo abolido o Queirós, que pôs fim ao tráfico negreiro de forma súbita,
tráfico em suas colônias em 1807 e a escravatura em 1833, a como se verifica na tabela, liberou uma soma considerável
Inglaterra passou a exigir o mesmo do Brasil, a partir dos tra- de capital, que passou a ser aplicado em outros setores da
economia. As atividades comerciais, financeiras e industriais
tados de 1810. Pelo tratado de 23 de janeiro de 1815, assina-
receberam um grande estímulo.
do em Viena, estabeleceu-se a proibição do tráfico acima da
Em 1854 começou a funcionar a primeira estrada de fer-
linha equatorial, o que atingiu importantes centros fornece-
ro brasileira, de Mauá a Fragoso (futura Leopoldina Rafways);
dores de escravos, como São Jorge da Mina. Em 18 de julho em 1855, iniciou-se a construção da estrada de ferro D. Pedro
de 1817, os governos luso-brasileiro e inglês decidiram atuar II (futura Central do Brasil); o telégrafo apareceu em 1852.
conjuntamente na repressão ao tráfico ilícito, inspecionando Enfim, um novo horizonte se descortinou.
navios em alto mar. Para efeitos práticos, contudo, apenas a Com a abolição do tráfico, os dias da escravidão no Brasil
Inglaterra possuía recursos para isso. estavam contados e, portanto, os dias de existência do Impé-
Após 1822, a Inglaterra estabeleceu o fim do tráfico ne- rio, cuja riqueza baseava-se fundamentalmente no fruto do
greiro como uma das exigências para o reconhecimento da trabalho escravo, também estaria no fim. Basta que nos lem-
emancipação do Brasil. Assim, o tratado de 3 de novembro bremos de que a escravidão foi abolida em 1888 e o Império
de 1826 fixou o prazo de três anos para a sua completa ex- caiu já no ano seguinte, em 1889.
tinção. O tráfico passou a ser considerado, a partir de então,
ato de pirataria, sujeito às punições previstas no tratado. Fi- A Família Real no Brasil
nalmente, a 7 de novembro de 1831 - com atraso de dois No início do século XIX, a Europa estava agitada pelas
anos em relação ao estipulado pelo tratado de 1826 -, uma guerras. Inglaterra e França disputavam a liderança no con-
lei formalizou esse compromisso. tinente europeu. Em 1806, Napoleão Bonaparte, imperador

65
HISTÓRIA

da França, decretou o Bloqueio Continental, proibindo que pregando-se nas portas o “P.R.”, que significava “Príncipe Re-
qualquer país aliado ou ocupado pelas forças francesas co- gente”, mas que o povo logo traduziu como “Ponha-se na
mercializasse com a Inglaterra. O objetivo do bloqueio era Rua”. Prédios públicos, quartéis, igrejas e conventos também
arruinar a economia inglesa. Quem não obedecesse, seria in- foram ocupados. A cidade passou por uma reforma geral:
vadido pelo exército francês. limpeza de ruas, pinturas nas fachadas dos prédios e apreen-
Portugal viu-se numa situação delicada. Nessa época, são de animais.
Portugal era governado pelo príncipe regente D. João, pois As mudanças provocaram o aumento da população na
sua mãe, a rainha D. Maria I, enlouquecera. D. João não podia cidade do Rio de Janeiro, que por volta de 1820, somava mais
cumprir as ordens de Napoleão e aderir ao Bloqueio Conti- de 100 mil habitantes, entre os quais muitos eram estrangei-
nental, pois tinha longa relação comercial com a Inglaterra, ros – portugueses comerciantes ingleses corpos diplomáti-
por outro lado o governo português temia o exército francês. cos – ou mesmo resultado do deslocamento da população
Sem alternativa, Portugal aceitou o Bloqueio, mas, con- interna que procurava novas oportunidades na capital.
tinuou comercializando com a Inglaterra. Ao descobrir a tra- As construções passaram a seguir os padrões europeus.
ma, Napoleão determinou a invasão de Portugal em novem- Novos elementos foram incorporados ao mobiliário; espe-
bro de 1807. Sem condições de resistir à invasão francesa, lhos, bibelôs, biombos, papéis de parede, quadros, instru-
D. João e toda a corte portuguesa fugiram para o Brasil, sob mentos musicais, relógios de parede.
a proteção naval da marinha inglesa. A Inglaterra ofereceu Com a Abertura dos Portos (1808) e os Tratados de Co-
escolta na travessia do Atlântico, mas em troca exigiu a aber- mércio e Navegação e de Aliança e Amizade (1810) estabele-
tura dos portos brasileiros aos navios ingleses. cendo tarifas preferenciais aos produtos ingleses, o comércio
A corte portuguesa partiu às pressas de Lisboa sob as cresceu. O porto do Rio de Janeiro aumentou seu movimento
vaias do povo, em 29 de novembro de 1807. Na comitiva que passou de 500 para 1200 embarcações anuais.
vinha D. João, sua mãe D. Maria I, a princesa Carlota Joaqui- A oferta de mercadorias e serviços diversificou-se. A
na; as crianças D. Miguel, D. Maria Teresa, D. Maria Isabel, D. Rua do Ouvidor, no centro do Rio, recebeu o cabeleireiro da
Maria Assunção, D. Ana de Jesus Maria e D. Pedro, o futuro Corte, costureiras francesas, lojas elegantes, joalherias e ta-
imperador do Brasil e mais cerca de 15 mil pessoas entre no- bacarias. A novidade mais requintada era os chapéus, luvas,
bres, militares, religiosos e funcionários da Coroa. Trazendo leques, flores artificiais, perfumes e sabonetes.
tudo o que era possível carregar; móveis, objetos de arte, Para a elite, a presença da Corte e o número crescente
jóias, louças, livros, arquivos e todo o tesouro real imperial. de comerciantes estrangeiros trouxeram familiaridade com
Após 54 dias de viagem a esquadra portuguesa chegou novos produtos e padrões de comportamento em moldes
ao porto de Salvador na Bahia, em 22 de janeiro de 1808. Lá europeus.  As mulheres seguindo o estilo francês; usavam
foram recebidos com festas, onde permaneceram por mais vestidos leves e sem armações, com decotes abertos, cintura
de um mês. alta, deixando aparecer os sapatos de saltos baixos. Enquan-
Seis dias após a chegada D. João cumpriu o seu acordo to os homens usavam casacas com golas altas enfeitadas por
com os ingleses, abrindo os portos brasileiros às nações ami- lenços coloridos e gravatas de renda, calções até o joelho
gas, isto é, a Inglaterra. Eliminando em parte o monopólio e meias. Embora apenas uma pequena parte da população
comercial português, que obrigava o Brasil a fazer comércio usufruísse desses luxos. Sem dúvida, a vinda de D. João deu
apenas com Portugal. um grande impulso à cultura no Brasil.
Mas o destino da Coroa portuguesa era a capital da co- Em abril de 1808, foi criado o Arquivo Central, que reu-
lônia, o Rio de Janeiro, onde D. João e sua comitiva desem- nia mapas e cartas geográficas do Brasil e projetos de obras
barcaram em 8 de março de 1808 e onde foi instalada a sede públicas. Em maio, D. João criou a Imprensa Régia e, em se-
do governo. tembro, surgiu a Gazeta do Rio de Janeiro. Logo vieram livros
Na chegada ao Rio de Janeiro, a Corte portuguesa foi didáticos, técnicos e de poesia. Em janeiro de 1810, foi aberta
recebida com uma grande festa: o povo aglomerou-se no a Biblioteca Real, com 60 mil volumes trazidos de Lisboa.
porto e nas principais ruas para acompanhar a Família Real Criaram-se as Escolas de Cirurgia e Academia de Mari-
em procissão até a Catedral, onde, após uma missa em ação nha (1808), a Aula de Comércio e Academia Militar (1810) e
de graças, o rei concedeu o primeiro “beija-mão”. a Academia Médico-cirúrgica (1813). A ciência também ga-
A transferência da corte portuguesa para o Rio de Janei- nhou com a criação do Observatório Astronômico (1808), do
ro provocou uma grande transformação na cidade. D. João Jardim Botânico (1810) e do Laboratório de Química (1818).
teve que organizar a estrutura administrativa do governo. Em 1813, foi inaugurado o Teatro São João (atual João
Nomeou ministros de Estado, colocaram em funcionamento Caetano). Em 1816, a Missão Francesa, composta de pintores,
diversas secretarias públicas, instalou tribunais de justiça e escultores, arquitetos e artesãos, chegaram ao Rio de Janeiro
criou o Banco do Brasil (1808). para criar a Imperial Academia e Escola de Belas-Artes. Em
Era preciso acomodar os novos habitantes e tornar a 1820, foi a vez da Real Academia de Desenho, Pintura, Escul-
cidade digna de ser a nova sede do Império português. O tura e Arquitetura civil.
vice-rei do Brasil, D. Marcos de Noronha e Brito cedeu sua A presença de artistas estrangeiros, botânicos, zoólogos,
residência, O Palácio dos Governadores, no Lago do Paço, médicos, etnólogos, geógrafos e muitos outros que fizeram
que passou a ser chamado Paço Real, para o rei e sua famí- viagens e expedições regulares ao Brasil, trouxeram informa-
lia e exigiu que os moradores das melhores casas da cidade ções sobre o que acontecia pelo mundo e também tornou
fizessem o mesmo. Duas mil residências foram requisitadas, este país conhecido, por meio dos livros e artigos em jornais

66
HISTÓRIA

e revistas que aqueles profissionais publicavam. Foi uma mu- que a cafeicultura ganha o interesse dos grandes proprietá-
dança profunda, mas que não alterou os costumes da grande rios. Torna-se rapidamente a principal atividade agrícola do
maioria da população carioca, composta de escravos e traba- país, responsável por mais da metade da renda obtida com
lhadores assalariados. exportação. A crescente importância econômica faz dos pro-
Com a vitória das nações europeias contra Napoleão em dutores de café de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Minas
1815, ficou decidido que os reis de países invadidos, pela Gerais o centro da elite dirigente do Império e da República,
França deveriam voltar a ocupar seus tronos. até quase meados do século XX.
D. João e sua corte não queriam retornar ao empobreci-
do Portugal. Então o Brasil foi elevado à categoria de Reino Expansão cafeeira
Unido de Portugal e Algarves (uma região ao sul de Portugal). Das pequenas plantações nas vizinhanças da corte, entre
O Brasil deixava de ser Colônia de Portugal, adquiria autono- 1810 e 1820, os cafeeiros espalham-se por todo o vale do rio
mia administrativa. Paraíba, primeiro na porção fluminense, depois na paulista
Em 1820, houve em Portugal a Revolução Liberal do Por- e no sul de Minas. Em meados do século XIX ocupam parte
to, terminando com o Absolutismo e iniciando a Monarquia das terras das antigas lavouras de cana-de-açúcar e algodão
Constitucional. D. João deixava de ser monarca absoluto e e invade o chamado Oeste Paulista, inicialmente a região de
passava a seguir a Constituição do Reino. Dessa forma, a As- Campinas e Sorocaba e, em seguida, Ribeirão Preto e Ara-
sembleia Portuguesa exigia o retorno do monarca. O novo raquara. No início do século XX, os cafezais cobrem extensa
governo português desejava recolonizar o Brasil, retirando faixa paralela ao litoral das regiões Sul e Sudeste, que vai do
sua autonomia econômica. Paraná ao Espírito Santo. A cafeicultura ganha a primazia en-
Em 26 de abril de 1821, D. João VI cedendo às pressões, tre as monoculturas exportadoras, desbancando a tradicional
volta a Portugal, deixando seu filho D.Pedro como príncipe agricultura canavieira.
regente do Brasil. O sucesso e a vigorosa expansão cafeeira no Sudeste
Se o que define a condição de colônia é o monopólio im- brasileiro durante o século XIX deve-se a uma combinação de
posto pela metrópole, em 1808 com a abertura dos portos, o fatores. De um lado, uma conjuntura externa favorável, com
Brasil deixava de ser colônia. O monopólio não mais existia. o crescimento do consumo na Europa e nos Estados Unidos,
Rompia-se o pacto colonial e atendia-se assim, os interes- e uma crise em importantes regiões produtoras, como Hai-
ses da elite agrária brasileira, acentuando as relações com ti, Ceilão (atual Sri Lanka) e Java, na Indonésia. Com isso, os
a Inglaterra, em detrimento das tradicionais relações com preços mantêm-se em alta nos mercados consumidores. Por
Portugal. outro lado, no Brasil há terras e escravos subutilizados nas
Esse episódio, que inaugura a política de D. João VI no lavouras tradicionais de açúcar e algodão e solos novos e fér-
Brasil, é considerado a primeira medida formal em direção ao teis, como as terras roxas no interior paulista.
“sete de setembro”.
Há muito Portugal dependia economicamente da Ingla-
A Mão de obra
terra. Essa dependência acentua-se com a vinda de D. João
A rápida ampliação das plantações de café cria também
VI ao Brasil, que gradualmente deixava de ser colônia de Por-
o primeiro problema. A escassez de mão de obra provocada
tugal, para entrar na esfera do domínio britânico. Para Ingla-
pela interrupção definitiva do tráfico de escravos africanos
terra industrializada, a independência da América Latina era
em 1850. A solução encontrada é a atração de imigrantes,
uma promissora oportunidade de mercados, tanto fornece-
com o apoio oficial. Nas últimas décadas do século XIX, as
dores, como consumidores.
fazendas de café recebem milhares de imigrantes europeus
Com a assinatura dos Tratados de 1810 (Comércio e
Navegação e Aliança e Amizade), Portugal perdeu definiti- – italianos, portugueses, espanhóis, alemães, suíços e eslavos
vamente o monopólio do comércio brasileiro e o Brasil caiu – e asiáticos, que vêm trabalhar em regime de parceria, rece-
diretamente na dependência do capitalismo inglês. bendo por produção ou como assalariado. Com a substitui-
Em 1820, a burguesia mercantil portuguesa colocou fim ção do trabalho escravo pelo livre, a cafeicultura não apenas
ao absolutismo em Portugal com a Revolução do Porto. Im- se desenvolve como também a pressa o fim da escravidão.
plantou-se uma monarquia constitucional, o que deu um ca-
ráter liberal ao movimento. Mas, ao mesmo tempo, por tra- Política do café
tar-se de uma burguesia mercantil que tomava o poder, essa Nas primeiras décadas do século XX, a continuidade do
revolução assume uma postura recolonizadora sobre o Brasil. crescimento é reforçada por uma política governamental
D. João VI retorna para Portugal e seu filho aproxima-se ainda bastante favorável aos interesses do setor, que garante cré-
mais da aristocracia rural brasileira, que se sentia duplamente dito, formação de estoques e intervenções no câmbio para
ameaçada em seus interesses: a intenção recolonizadora de compensar eventuais baixas dos preços internacionais. Isso
Portugal e as guerras de independência na América Espanho- tem efeito positivo: mantém o desenvolvimento da cafei-
la, responsáveis pela divisão da região em repúblicas. cultura, possibilitando aos fazendeiros investir parte de sua
renda em atividades comerciais e industriais, dinamizando
Ciclo do Café a economia urbana. Mas tem igualmente um efeito nocivo:
As primeiras mudas e sementes de café chegam ao Brasil no final da década de 20, a produção interna (28 milhões de
no século XVIII, por volta de 1730, vindas da América Central sacas anuais) aumenta muito mais que a demanda externa
e das Guianas. Mas é só a partir do começo do século XIX (15 milhões).

67
HISTÓRIA

Depois da Revolução de 1930 e dos abalos provocados Contudo, apenas 13 produtos do conjunto dos 126 re-
pela crise econômica mundial iniciada nos Estados Unidos presentavam 83,2% do valor global das exportações no pe-
em 1929, o governo Vargas mantém o apoio ao setor ca- ríodo de 1796 a 1811. Por ordem de importância temos: açú-
feeiro por meio do Conselho Nacional do Café e, ao mesmo car branco, algodão, açúcar mascavado, couros secos, arroz,
tempo, decide impulsionar a industrialização. Para reduzir a tabaco, cacau, café, vaquetas, aguardente, couros salgados,
oferta e melhorar os preços, manda queimar todo o seu esto- meios de sola e atanados.
que e erradicar cafezais, pagando pequena indenização aos O açúcar continua a ser o principal produto de exporta-
produtores. Em longo prazo, a produção e a exportação es- ção, pois se somarmos os valores correspondentes ao açúcar
tabilizam-se, sob a supervisão do Instituto Brasileiro do Café, branco e mascavado (27,5% + 7,2%), chegamos a 34,7%, que
criado em 1952. Na década de 50, as exportações de café representa mais de um terço do total. Considerando-se que
ainda representam a maior parte do total comercializado, e o o aguardente é um produto derivado da indústria açucareira,
Brasil permanece como o maior produtor mundial. Mas seu poderíamos acrescentar àquele total mais 1,3%, correspon-
reinado absoluto na economia brasileira chega ao fim quan- dentes, portanto, ao significado econômico para as expor-
do o setor industrial, a partir da segunda metade do século tações coloniais da indústria açucareira (36%). Trata-se de
XX, se torna o carro-chefe do desenvolvimento econômico uma parcela ainda significativa, mas que está longe da antiga
nacional. preponderância, atingida nos séculos XVI e XVII, quando o
O Brasil tinha o controle sobre grande parte da oferta valor total das exportações coloniais praticamente se con-
mundial e podia controlar os preços do café nos mercados fundia com o valor da produção açucareira e seus derivados
internacionais obtendo assim lucros elevados. A exportação exportados.
seria uma locomotiva. Toda a estrutura produtiva, os sistemas Veja-se, por exemplo, o papel destacado do algodão,
econômicos e financeiros nacional dependiam direta ou indi- com 24,4% do total das exportações. Evidentemente, esta
retamente, da exportação. Portanto o Brasil teria que passar participação está longe de corresponder ao destaque comu-
por uma modernização, para atender a produção. mente dado ao papel desempenhado pelo algodão neste
período pela grande maioria dos historiadores que trataram
Os Empréstimos Internos da questão. Porém, na medida em que é um produto de apa-
Ao manter para si a riqueza gerada pelas exportações, recimento recente na pauta de exportação, sua contribuição
São Paulo, mais ainda que Minas Gerais investiu fortemente é bastante significativa, evidenciando as conexões entre a
em sua infraestrutura e em seu próprio mercado. Criou desta produção desta fibra na Colônia e o contexto da Revolução
forma, um crescimento artificializado - segundo alguns ana- Industrial que se desenvolvia na Europa.
listas - ao contratar enorme dívida para manter o alto nível Outro ponto de rápida expansão é o arroz, comprovando
de exportações, São Paulo, portanto, financiava seu próprio os resultados da política de estímulos à agricultura sugerida
sucesso através de empréstimos, depois pagos pelo Gover- pelos ilustrados portugueses e levada à prática pelas auto-
no Federal por Getúlio Vargas. Sua infraestrutura foi durante ridades governamentais. Sua importância (4%) chega mes-
o período imensamente melhorado. O mesmo não ocorreu mo a superar o tabaco com 3,8 por cento. O cacau também
com outros estados, especialmente no Nordeste, ainda mais aparece com destaque no conjunto dos gêneros alimentícios
empobrecidos devido, não somente a sua falta de adaptação (2,7%), revelando a expansão do consumo na Europa, o mes-
ao sistema capitalista do século XX, mas, também, à fraca dis- mo acontecendo com o café, que já aparece na pauta de ex-
tribuição de recursos por parte do Governo Federal. Assim, portação com 1,8% da mesma.
passaram a fornecer migrantes para o estado de São Paulo e Alimentos e matérias-primas destacam-se neste grupo
outros da região Sudeste. de 13 produtos. A categoria couros, utilizada de forma ge-
Tudo isso somado à grande e rápida concentração po- nérica e englobando os couros secos, vaquetas, meios de
pulacional explica as posições de destaque que Minas Gerais sola, couros salgados e atanados que, somados, representam
e São Paulo hoje possuem entre os estados brasileiros. 9,8% da exportação, superando mesmo o açúcar mascavado,
considerado individualmente. Se 13 produtos correspondem
A diversificação da produção e das exportações a 82,5% da totalidade da exportação, os restantes 17,5% são
Na segunda metade do século XVIII cresceu o volume e cobertos pelos demais produtos, caracterizando-se assim a
a variedade dos produtos exportados pelo Brasil rumo aos extrema diversificação das exportações coloniais e a quebra
portos portugueses e daí repassado as demais nações es- da hegemonia monocultora que marcara os séculos prece-
trangeiras. Pelo rol das frotas de Pernambuco e do Rio de dentes.
Janeiro (do ano de 1749) concluímos que eram em número
de 35 os produtos exportados pelo Brasil. Entretanto, no ano Imigrações
de 1796, este número se elevava para 126, revelando uma A imigração no Brasil deixou fortes marcas na demogra-
ampliação excepcional da variedade de produtos que entra- fia, cultura e economia do país. Ela cresceu primeiro pres-
ram na pauta de exportação no decurso deste meio sécu- sionada pelo fim do tráfico internacional de escravos para o
lo, refletindo a política agressiva nesse sentidodesenvolvida Brasil, depois pela expansão da economia, principalmente no
pelo Marquês de Pombal e não abandonada por seus suces- período das grandes plantações de café no estado de São
sores. O resultado foi a diversificação da produção colonial, Paulo.
que rompe com o monopólio do açúcar e a preponderância Trazer imigrantes para o Brasil foi a solução encontrado
do ouro antes da emergência do café, na terceira década do por D. Pedro para suprir a ausência de mão de obra agríco-
século XIX. la para o país. Devido ao fim da escravidão, os governantes

68
HISTÓRIA

viram a necessida de investirem nessa estratégia e para isso A Campanha Abolicionista


divulgaram, em vários cantos da Europa, as oportunidades e A campanha abolicionista comportou divergências e
que “supostamente” teriam se viessem para o Brasil. Várias diferenças de atuação entre moderados e radicais. Embora
pessoas venderam seus bens e, junto à família, embarcaram alguns abolicionistas fossem a favor do trabalho assalaria-
para a América em busca das oportunidades mencionadas do, temiam que a libertação dos escravos pusesse em risco a
em cartazes e por representantes do governo. Aqui insta- grande propriedade.
laram-se e começaram uma nova vida. Muitos passaram a Assim, os chamados moderados defendiam na imprensa
trabalhar nas plantações, sobretudo de café, estes fechavam e nas tribunas que a libertação fosse feita em etapas. Um de-
acordo com os proprietários das terras e em troca do traba- les era o deputado monarquista Joaquim Nabuco, que pre-
lho recebiam um pequeno lote de terra onde poderia cultivar gava a abolição por meios pacíficos e legais. Em 1880, no Rio
o que fosse de seu agrado. Todavia, nem todos estes imigran- de Janeiro, Joaquim Nabuco fundou com José do Patrocínio,
tes tiveram essa sorte, muitos foram enganados e passaram jornalista e escritor de origem negra, a Sociedade Brasileira
por maus bocados nas mãos de fazendeiros que, até então, contra a Escravidão, que estimulava a criação de associações
eram acostumados a lidar com escravos e não faziam muita similares por todo o país.
distinção entre eles e os imigrantes, nas colônias, eles deviam Os abolicionistas mais radicais, como Luís Gama, ex-es-
obediência ao diretor e ao regulamento que trazia muitas li- cravo, jornalista e advogado, atuou na imprensa e em cam-
mitações à liberdade pessoal dos colonos, por exemplo, não panhas de alforria de africanos que entraram no país através
era permitido a saída da colônia sem autorização por escrito do tráfico clandestino e que, portanto, foram escravizados
do diretor, até o recebimento de visitas era controlado. ilegalmente.
A corrente radical apoiava as rebeliões e fugas de escra-
Abolição da Escravatura vos das fazendas, cada vez mais frequentes. As ideias aboli-
No dia 13 de maio de 1888, a princesa Isabel, filha de cionistas conquistaram adeptos nas grandes cidades, como
dom Pedro II, assinou a Lei Áurea, que extinguiu a escravidão Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Recife, e a escravidão
no Brasil. era apontada nos meios acadêmicos e militares como a cau-
Desde o período colonial, o trabalho escravo, associa- sa do atraso econômico do país.
do à grande propriedade rural, esteve na base da economia O poeta baiano Castro Alves alcançou projeção nacional
brasileira. com seus versos abolicionistas, sendo chamado poeta dos
A escravidão começou a declinar em 1850, com o fim escravos. Em 1884, os abolicionistas conseguiram grandes vi-
do tráfico de escravos. Entretanto, a campanha abolicionista tórias: foi extinta a escravidão nas províncias do Ceará, Ama-
só tomou impulso a partir de 1870, quando setores de uma zonas e em alguns municípios da província do Rio Grande
classe média emergente, formada por intelectuais, militares, do Sul.
pequenos empresários, advogados, jornalistas e outros pro- A campanha abolicionista, porém, não foi feita apenas de
fissionais liberais, começaram a se mobilizar pelo fim da es- grandes nomes que passaram para a história do país.
cravidão. Há registros na imprensa da época da intensa participa-
Para esses setores, que se beneficiavam da prosperida- ção de populares, numa rede de solidariedade à causa da
de urbana e da educação, a escravidão era tida como uma abolição: no Ceará, jangadeiros negavam-se a transportar es-
deformação que provocava atraso econômico e degradação cravos para dificultar os negócios dos traficantes, mesmo que
social. esses lhes oferecessem altos preços; militares recusavam-se a
O governo imperial tentava administrar a questão fazen- perseguir escravos fugidos; mascates ajudavam na distribui-
do com que a abolição acontecesse de forma gradual, para ção dos panfletos a favor da abolição; ferroviários escondiam
não descontentar os políticos que eram também latifundiá- negros nos trens ajudando-os nas fugas.
rios ou que representavam os interesses do regime. Alguns grupos, como os caifazes, de São Paulo, liderados
Assim, entre a primeira e a última das três leis abolicio- por Antônio Bento, chegavam a infiltrar-se nas senzalas para
nistas, dezessete anos se passaram. Porém, quando a campa- organizar a fuga dos escravos.
nha abolicionista ganhou ruas e tornou-se um movimento de
massas, engrossado pelos próprios escravos, o Império teve As Leis Abolicionistas
de ceder. A Lei Áurea foi assinada em 1888, quando em todos Em 17 anos, o Brasil teve três leis abolicionistas. Conhe-
os outros países do continente já não havia mais escravidão. ça-as:
Lei do Ventre Livre (Lei Rio Branco), de 28 de setembro
A Abolição Desagrada Os Poucos Aliados Do Governo de 1871. Elaborada e aprovada pelo gabinete conservador
No final da década de 1880, tudo se encaminhava para do Visconde do Rio Branco. De acordo com essa lei, os filhos
a mudança de regime do governo. A República era apenas de escravos nascidos a partir da data de sua aprovação eram
uma questão de tempo. considerados livres. No entanto, ela mantinha o direito dos
Os fazendeiros que ainda apoiavam o governo imperial, senhores ao trabalho dessas crianças até os 21 anos.
como os cafeicultores do Vale do Paraíba e os fazendeiros do Lei dos Sexagenários (Lei Barão de Cotegipe), de 28 de
Nordeste, sentindo-se prejudicados com a assinatura da Lei setembro de 1885. Foi elaborada pelo gabinete liberal de
Áurea, abandonaram o imperador e foram procurar apoio na José Saraiva e promulgada pelo gabinete conservador do
alta direção militar para formar uma aliança republicana. Barão de Cotegipe.

69
HISTÓRIA

Essa lei tornava livres os escravos com mais de 60 anos,


depois de três anos de trabalho, e libertava imediatamente 5. BRASIL REPÚBLICA.
os que tivessem mais de 65. Na verdade, a lei favorecia os 5.1. A crise do sistema monárquico imperial e a
fazendeiros, pois eles se livravam dos poucos escravos que solução republicana; a Constituição de 1891.
chegavam a essa idade e já não tinham mais condições de
5.2. A Primeira República (1889-1930) e
trabalhar.
Lei Áurea, de 13 de maio de 1888. Foi elaborada pelo ga- sua evolução político-administrativa; as
binete conservador de João Alfredo e sancionada pela prin- dissidências oligárquicas e a Revolução de
cesa Isabel, durante a ausência do imperador Pedro II, que 1930; a vida econômica e os movimentos
se encontrava em viagem pela Europa. A lei determinou a sociais no campo e nas cidades.
libertação imediata dos escravos, que na época calculava-se 5.3. A Segunda República e sua trajetória
em torno de 700 mil. político-institucional; do Estado Novo ao
golpe militar de 1964; a curta experiência
A Questão Religiosa: desde o período colonial, a Igreja parlamentarista; as Constituições de 1946, 1967
Católica, enquanto instituição, encontrava-se submetida ao e 1988.
estado. Isso se manteve após a independência e significava, 5.4. As transformações socioeconômicas ao
entre outras coisas, que nenhuma ordem do Papa poderia
longo dos cem anos de vida republicana;
vigorar no Brasil sem que fosse previamente aprovada pelo
imperador (Beneplácito Régio). Ocorre que, em 1872, Vital o café e o processo de industrialização; as
Maria Gonçalves de Oliveira e Antônio de Macedo Costa, bis- crises e as lutas operárias; o processo de
pos de Olinda e Belém do Pará respectivamente, resolveram internacionalização da economia brasileira e o
seguir, por conta própria, as ordens do Papa Pio IX, não rati- endividamento externo.
ficadas pelo imperador e pelos presidentes do Conselho de 5.5. Aspectos do desenvolvimento cultural e
Ministros, punindo religiosos ligados à maçonaria. D. Pedro científico do Brasil no século XX.
II, aconselhado pelos maçons, decidiu intervir na questão, so- 5.6. A globalização e as questões ambientais.
licitando aos bispos que suspendessem as punições. Estes se
recusaram a obedecer ao imperador, sendo condenados a
quatro anos de trabalho braçal (quebrar pedras). Em 1875, A Situação Política do Brasil em 1889
graças à intervenção do maçom Duque de Caxias, os bispos
receberam o perdão imperial e foram colocados em liberda- O governo imperial, através do 37º e último gabinete mi-
de. Contudo, no episódio, a imagem do império desgastou- nisterial, empossado em 7 de junho de 1889, sob o comando
se junto à Igreja Católica. do presidente do Conselho de Ministros do Império, Afon-
so Celso de Assis Figueiredo, o Visconde de Ouro Preto, do
A Questão Militar: os militares do Exército Brasileiro es- Partido Liberal, percebendo a difícil situação política em que
tavam descontentes com a proibição, imposta pela monar- se encontrava, apresentou, em uma última e desesperada
quia, pela qual os seus oficiais não podiam manifestar-se na tentativa de salvar o império, à Câmara Geral, atual câmara
imprensa sem uma prévia autorização do Ministro da Guerra. dos deputados, um programa de reformas políticas do qual
Os militares não possuíam uma autonomia de tomada de de- constavam, entre outras, as medidas seguintes: maior auto-
cisão sobre a defesa do território, estando sujeitos às ordens nomia administrativa para as províncias, liberdade de voto,
do imperador e do Gabinete de Ministros, formado por civis, liberdade de ensino, redução das prerrogativas do Conselho
que se sobrepunham às ordens dos generais. Assim, no impé- de Estado e mandatos não vitalícios para o Senado Federal.
rio, a maioria dos ministros da guerra eram civis. Além disso, As propostas do Visconde de Ouro Preto visavam a preservar
frequentemente os militares do Exército Brasileiro sentiam-se o regime monárquico no país, mas foram vetadas pela maio-
desprestigiados e desrespeitados. Por um lado, os dirigentes ria dos deputados de tendência conservadora que controlava
do império eram civis, cuja seleção era extremamente elitis- a Câmara Geral. No dia 15 de novembro de 1889, a república
ta e cuja formação era bacharelesca, mas que resultava em era proclamada.
postos altamente remunerados e valorizados; por outro lado,
os militares tinham uma seleção mais democrática e uma for- A Perda de Prestígio da Monarquia Brasileira
mação mais técnica, mas que não resultavam nem em valo- Muitos foram os fatores que levaram o Império a per-
rização profissional nem em reconhecimento político, social der o apoio de suas bases econômicas, militares e sociais. Da
ou econômico. As promoções na carreira militar eram difíceis parte dos grupos conservadores pelos sérios atritos com a
de serem obtidas e eram baseadas em critérios personalistas Igreja Católica (na “Questão Religiosa”); pela perda do apoio
em vez de promoções por mérito e antiguidade. político dos grandes fazendeiros em virtude da abolição da
A Guerra do Paraguai, além de difundir os ideais republi- escravatura, ocorrida em 1888, sem a indenização dos pro-
canos, evidenciou aos militares essa desvalorização da carrei- prietários de escravos. Da parte dos grupos progressistas,
ra profissional, que se manteve e mesmo acentuou-se após o havia a crítica que a monarquia mantivera, até muito tarde,
fim da guerra. O resultado foi a percepção, da parte dos mi- a escravidão no país. Os progressistas criticavam, também,
litares, de que se sacrificavam por um regime que pouco os a ausência de iniciativas com vistas ao desenvolvimento do
consideravam e que dava maior atenção à Marinha do Brasil. país fosse econômico, político ou social, a manutenção de

70
HISTÓRIA

um regime político de castas e o voto censitário, isto é, com tropas bem mais numerosas na Guerra do Paraguai. Porém,
base na renda anual das pessoas, a ausência de um sistema o general Floriano Peixoto recusou-se a obedecer às ordens
de ensino universal, os altos índices de analfabetismo e de dadas pelo Visconde de Ouro Preto e assim justificou sua
miséria e o afastamento político do Brasil em relação a todos insubordinação, respondendo ao Visconde de Ouro Preto:
demais países do continente, que eram republicanos. “Sim, mas lá (no Paraguai) tínhamos em frente inimigos e
Assim, ao mesmo tempo em que a legitimidade imperial aqui somos todos brasileiros!”.
decaía, a proposta republicana (percebida como significan- Em seguida, aderindo ao movimento republicano, Floria-
do o progresso social) ganhava espaço. Entretanto, é impor- no Peixoto deu voz de prisão ao chefe de governo Visconde
tante notar que a legitimidade do Imperador era distinta da de Ouro Preto. O único ferido no episódio da proclamação
do regime imperial: Enquanto, por um lado, a população, de da república foi o Barão de Ladário que resistiu à ordem de
modo geral, respeitava e gostava de Dom Pedro II, por ou- prisão dada pelos amotinados e levou um tiro. Consta que
tro lado, tinha cada vez em menor conta o próprio império. Deodoro não dirigiu crítica ao Imperador D. Pedro II e que
Nesse sentido, era voz corrente, na época, que não haveria vacilava em suas palavras. Relatos dizem que foi uma estra-
um terceiro reinado, ou seja, a monarquia não continuaria a tégia para evitar um derramamento de sangue. Sabia-se que
existir após o falecimento de Dom Pedro II, seja devido à falta Deodoro da Fonseca estava com o tenente-coronel Benjamin
de legitimidade do próprio regime monárquico, seja devido Constant ao seu lado e que havia alguns líderes republicanos
ao repúdio público ao príncipe consorte, marido da princesa civis naquele momento. Na tarde do mesmo dia 15 de no-
Isabel, o francês Conde D’Eu. vembro, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, foi solene-
mente proclamada a República.
O Golpe Militar de 15 de Novembro de 1889 À noite, na Câmara Municipal do Município Neutro, o
No Rio de Janeiro, os republicanos insistiram que o Ma- Rio de Janeiro, José do Patrocínio redigiu a proclamação ofi-
rechal Deodoro da Fonseca, um monarquista, chefiasse o cial da República dos Estados Unidos do Brasil, aprovada sem
movimento revolucionário que substituiria a monarquia pela votação. O texto foi para as gráficas de jornais que apoiavam
república. Depois de muita insistência dos revolucionários, a causa, e, só no dia seguinte, 16 de novembro, foi anunciado
Deodoro da Fonseca concordou em liderar o movimento mi- ao povo a mudança do regime político do Brasil. Dom Pedro
litar. O golpe militar, que estava previsto para 20 de novem- II, que estava em Petrópolis, retornou ao Rio de Janeiro. Pen-
bro de 1889, teve de ser antecipado. No dia 14, os conspira- sando que o objetivo dos revolucionários era apenas substi-
dores divulgaram o boato de que o governo havia mandado tuir o Gabinete de Ouro Preto, o Imperador D. Pedro II tentou
prender Benjamin Constant Botelho de Magalhães e Deodo- ainda organizar outro gabinete ministerial, sob a presidência
ro da Fonseca. Posteriormente confirmou-se que era mes- do conselheiro José Antônio Saraiva. O imperador, em Petró-
mo boato. Assim, os revolucionários anteciparam o golpe de polis, foi informado e decidiu descer para a Corte. Ao saber
estado, e, na madrugada do dia 15 de novembro, Deodoro do golpe de estado, o Imperador reconheceu a queda do
iniciou o movimento de tropas do exército que pôs fim ao Gabinete de Ouro Preto e procurou anunciar um novo nome
regime monárquico no Brasil. Os conspiradores dirigiram-se para substituir o Visconde de Ouro Preto. No entanto, como
à residência do marechal Deodoro, que estava doente com nada fora dito sobre República até então, os republicanos
dispneia, e convencem-no a liderar o movimento. mais exaltados, tendo Benjamin Constant à frente, espalha-
Com esse pretexto de que Deodoro seria preso, ao ram o boato de que o Imperador escolheria Gaspar Silveira
amanhecer do dia 15 de Novembro, o marechal Deodoro Martins, inimigo político de Deodoro da Fonseca desde os
da Fonseca, saiu de sua residência, atravessou o Campo de tempos do Rio Grande do Sul, para ser o novo chefe de go-
Santana, e, do outro lado do parque, conclamou os soldados verno. Com este engodo, Deodoro da Fonseca foi convenci-
do batalhão ali aquartelado, onde hoje se localiza o Palácio do a aderir à causa republicana. O Imperador foi informado
Duque de Caxias, a se rebelarem contra o governo. Oferecem disso e, desiludido, decidiu não oferecer resistência.
um cavalo ao marechal, que nele montou, e, segundo tes- No dia seguinte, o major Frederico Sólon Sampaio Ribei-
temunhos, tirou o chapéu e proclamou “Viva a República!”. ro entregou a D. Pedro II uma comunicação, cientificando-o
Depois apeou, atravessou novamente o parque e voltou para da proclamação da república e ordenando sua partida para a
a sua residência. A manifestação prosseguiu com um desfile Europa, a fim de evitar conturbações políticas. A família im-
de tropas pela Rua Direita, atual rua 1º de Março, até o Paço perial brasileira exilou-se na Europa, só lhes sendo permitida
Imperial. Os revoltosos ocuparam o quartel-general do Rio a sua volta ao Brasil na década de 1920. É possível considerar
de Janeiro e depois o Ministério da Guerra. Depuseram o Ga- a legitimidade ou não da república no Brasil por diferentes
binete ministerial e prenderam seu presidente, Afonso Celso ângulos.
de Assis Figueiredo, Visconde de Ouro Preto. Do ponto de vista do Código Criminal do Império do
No Paço Imperial, o presidente do gabinete (primeiro- Brasil, sancionado em 16 de dezembro de 1830, o crime co-
ministro), Visconde de Ouro Preto, havia tentando resistir pe- metido pelos republicanos foi: “Artigo 87: Tentar diretamen-
dindo ao comandante do destacamento local e responsável te, e por fatos, destronizar o imperador; privá-lo em todo, ou
pela segurança do Paço Imperial, general Floriano Peixoto, em parte da sua autoridade constitucional; ou alterar a or-
que enfrentasse os amotinados, explicando ao general Flo- dem legítima da sucessão. Penas de prisão com trabalho por
riano Peixoto que havia, no local, tropas legalistas em núme- cinco a quinze anos. Se o crime se consumar: Penas de prisão
ro suficiente para derrotar os revoltosos. O Visconde de Ouro perpétua com trabalho no grau máximo; prisão com trabalho
Preto lembrou a Floriano Peixoto que este havia enfrentado por vinte anos no médio; e por dez anos no mínimo.”.

71
HISTÓRIA

O Visconde de Ouro Preto, deposto em 15 de novem- gra”, que eram negros alforriados organizados para causar
bro, entendia que a proclamação da república fora um erro confusões e desordem em comícios republicanos, além de
e que o Segundo Reinado tinha sido bom. O Império não espancar os participantes de tais comícios.
foi a ruína. Foi a conservação e o progresso. Durante meio Em relação à ausência de participação popular no movi-
século, manteve íntegro, tranquilo e unido território colossal. mento de 15 de novembro, um documento que teve grande
O império converteu um país atrasado e pouco populoso em repercussão foi o artigo de Aristides Lobo, que fora testemu-
grande e forte nacionalidade, primeira potência sul-ameri- nha ocular da proclamação da República, no Diário Popular
cana, considerada e respeitada em todo o mundo civilizado. de São Paulo, em 18 de novembro, no qual dizia: “Por ora,
Aos esforços do Império, principalmente, devem três povos a cor do governo é puramente militar e deverá ser assim. O
vizinhos o desaparecimento do despotismo mais cruel e avil- fato foi deles, deles só porque a colaboração do elemento
tante. O Império aboliu de fato a pena de morte, extinguiu civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo tudo bestializa-
a escravidão, deu ao Brasil glórias imorredouras, paz inter- do, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos
na, ordem, segurança e, mas que tudo, liberdade individual acreditaram seriamente estar vendo uma parada!”.
como não houve jamais em país algum. Quais as faltas ou Na reunião na casa de Deodoro, na noite de 15 de no-
crimes de Dom Pedro II, que em quase cinquenta anos de rei- vembro de 1889, foi decidido que se faria um referendo po-
nado nunca perseguiu ninguém, nunca se lembrou de uma pular, para que o povo brasileiro aprovasse ou não, por meio
ingratidão, nunca vingou uma injúria, pronto sempre a per- do voto, a república. Porém esse plebiscito só ocorreu 104
doar, esquecer e beneficiar? Quais os erros praticados que anos depois, determinado pelo artigo segundo do Ato das
o tornou merecedor da deposição e exílio quando, velho e Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição de
enfermo, mais devia contar com o respeito e a veneração de 1988.
seus concidadãos? A república brasileira, como foi proclama-
da, é uma obra de iniquidade. A república se levantou sobre Proclamação Da República
os broquéis da soldadesca amotinada, vem de uma origem A Proclamação da República Brasileira foi um levante
criminosa, realizou-se por meio de um atentado sem prece- político-militar ocorrido em 15 de novembro de 1889 que
dentes na história e terá uma existência efêmera! instaurou a forma republicana federativa presidencialista
O movimento de 15 de Novembro de 1889 não foi o de governo no Brasil, derrubando a monarquia constitucio-
primeiro a buscar a república, embora tenha sido o único efe- nal parlamentarista do Império do Brasil e, por conseguinte,
tivamente bem-sucedido, e, segundo algumas versões, teria pondo fim à soberania do imperador Dom Pedro II. Foi, en-
contado com apoio tanto das elites nacionais e regionais tão, proclamada a República dos Estados Unidos do Brasil.
quanto da população de um modo geral: A proclamação ocorreu na Praça da Aclamação (atual Praça
- Em 1788-1789, a Inconfidência Mineira e Tiradentes da República), na cidade do Rio de Janeiro, então capital do
não buscavam apenas a independência, mas também, a pro- Império do Brasil, quando um grupo de militares do exército
clamação de uma república na Capitania das Minas Gerais, brasileiro, liderados pelo marechal Deodoro da Fonseca, des-
seguida de uma série de reformas políticas, econômicas e tituiu o imperador e assumiu o poder no país.
sociais; Foi instituído, naquele mesmo dia 15, um governo pro-
- Em 1824, diversos estados do Nordeste criaram um visório republicano. Faziam parte, desse governo, organiza-
movimento independentista, dentre elas a Confederação do do na noite de 15 de novembro de 1889, o marechal Deo-
Equador, igualmente republicana; doro da Fonseca como presidente da república e chefe do
- Em 1839, na esteira da Revolução Farroupilha, procla- Governo Provisório; o marechal Floriano Peixoto como vice
maram-se a República Rio-grandense e a República Juliana, -presidente; como ministros, Benjamin Constant Botelho de
respectivamente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Magalhães, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa, Campos Sales,
Embora se argumente que não houve participação popu- Aristides Lobo, Demétrio Ribeiro e o almirante Eduardo Wan-
lar no movimento que terminou com o regime monárquico e denkolk, todos membros regulares da maçonaria brasileira.
implantou a república, o fato é que também não houve ma-
nifestações populares de apoio à monarquia, ao imperador Constituição de 1891
ou de repúdio ao novo regime. Alguns pesquisadores argu- A Constituição Brasileira de 1891 foi a primeira da histó-
mentam que, caso a monarquia fosse popular, haveria movi- ria da República no país.
mentos contrários à república em seguida, além da Guerra de Em 1889, chegou ao fim o Império do Brasil. Após uma
Canudos. Entretanto, o que teria ocorrido foi uma crescente série de fatores que concorreram para o desgaste do sistema
conscientização a respeito do novo regime e sua aprovação monárquico de governo no Brasil e a definitiva eliminação
pelos mais diferentes setores da sociedade brasileira. de Dom Pedro II, os militares se articularam junto com outros
Neste sentido, um caso notável de resistência à repúbli- grupos interessados na República para a sua proclamação.
ca foi o do líder abolicionista José do Patrocínio, que, en- Derrubado o regime então vigente, o Brasil iniciou uma fase
tre a abolição da escravatura e a proclamação da república, de reformulação com um governo provisório do marechal
manteve-se fiel à monarquia, não por uma compreensão das Deodoro da Fonseca. Os dois anos seguintes foram tomados
necessidades sociais e políticas do país, mas, romanticamen- de movimentações com o objetivo de estabelecer novas di-
te, apenas devido a uma dívida de gratidão com a Prince- retrizes para o Estado brasileiro.
sa Isabel. Aliás, nesse período de aproximadamente dezoito Desde a formação do governo que se estabeleceu após
meses, José do Patrocínio constituiu a chamada “Guarda Ne- a queda da monarquia, uma nova Constituição começou a

72
HISTÓRIA

ser elaborada para o Brasil. Era preciso descaracterizar o país dente Prudente de Morais, acentuando o sistema Café com
de como era no regime anterior e, em alguns casos, apagar Leite. Nesta época, cada Estado era dominado por uma série
o passado que não era mais bem visto. Entre os principais de proprietários rurais conhecidos como coronéis, que con-
elaboradores da nova Constituição brasileira estava Prudente trolavam a política local.
de Morais e Rui Barbosa, os quais foram muito influenciados De 1898 a 1902 foi a vez de Campos Sales na Presidên-
pela Constituição dos Estados Unidos. Dela seguiram princí- cia. Com a ajuda de um grande empréstimo estrangeiro, ele
pios como a descentralização dos poderes, a implantação do começou a recuperar a economia brasileira, que estava em
modelo federalista e a concessão de autonomia aos estados declínio devido aos baixos preços do café e da borracha.
e municípios. De 1902 a 1930 o Brasil teve mais nove presidentes de
A Constituição que vigorava no Império tinha marcas de Minas ou São Paulo. Esse período também ficou conhecido
um outro tempo. Características que não cabiam mais na Re- como Primeira República ou República dos Bacharéis, pois
pública e deveriam ser superadas. Nesse sentido, a principal grande parte dos presidentes eram bacharéis em Direito, e
mudança ocorrida foi a extinção do Poder Moderador. O an- quase todos eles membros da maçonaria.
tigo poder era símbolo máximo da monarquia, ele permitia No primeiro período da República predominou o ele-
ao Imperador interferir nos outros poderes e tomar as deci- mento militar e um grande receio por parte dos republicanos
sões de interesse. A Constituição republicana de 1891 abolia diante de uma possível restauração da monarquia. No se-
essa característica da antiga Constituição e determinava a gundo período predominou a política dos Estados, sustenta-
existência de apenas três poderes, o Executivo, o Legislati- da, em sua base municipal, pelo tipo carismático do coronel.
vo e o Judiciário. Para, além disso, estabelecia também que Na República Velha foi criado o decreto 85A, a primeira
os representantes dos dois primeiros seriam eleitos por voto lei de imprensa para censurar a mídia e as artes. Em 1922
popular direto. tivemos a consolidação do Tenentismo, movimento que re-
Naturalmente, a figura do imperador não era mais ade- fletia a insatisfação dos militares e o desejo de participação
quada. Seu posto foi substituído pelo de Presidente da Re- das camadas médias. No mesmo ano, aconteceu a Semana
pública. O cargo seria ocupado através de eleição por voto de Arte Moderna, na qual artistas brasileiros propuseram a
direto popular e o presidente eleito ficaria quatro anos no construção de uma nova cultura, através da renovação de
poder, sem direito à reeleição. O detalhe curioso é que, à linguagem, da busca pela experimentação e da ruptura com
época, Presidente e Vice eram eleitos individualmente. Assim, o passado.
poderia acontecer de unir candidatos de plataformas dife- Fomos o único país da América Latina a participar na Pri-
rentes no governo do país. Diferentemente do que acontece meira Guerra Mundial, de 1914 a 1918. Tivemos inicialmente
hoje, já que se elege uma chapa previamente determinada uma posição neutra, buscando não restringir o mercado e
com quem poderá vir a ser Presidente e Vice. O voto para os produtos de exportação, principalmente o café. A guerra
eleger o candidato ao cargo máximo do país e os represen- significou um alívio para a economia brasileira, pois fez com
tantes do Legislativo, contudo, não eram secretos. E só podia que os preços das matérias-primas recuperassem valores
votar quem estivesse acima do limite de uma renda mínima. mais altos.
Outra característica proveniente da Constituição Imperial Com o esgotamento da República Velha, quando a in-
que foi abolida diz respeito a relação entre Igreja e Estado. dústria sinalizava o novo dinamismo da economia e da so-
Embora o Brasil seja majoritariamente católico, o Estado pas- ciedade, foram deflagradas as primeiras greves operárias,
sou a não assumir mais uma religião específica e deixou de duramente reprimidas pelo governo federal, que tratava a
interferir nos assuntos da Igreja. Por sua vez, coube ao Estado questão social como “caso de polícia”. A desilusão com a do-
o controle da educação. E finalizando as características impe- minância dos poucos ricos agravou a situação do Tenentis-
riais, os títulos nobiliárquicos foram abolidos. mo. Em 5 de julho de 1922, na mundialmente famosa praia
A Constituição de 1891 inaugurou a orientação da Repú- Copacabana, tivemos o palco da primeira rebelião contra po-
blica no Brasil. Foi publicada no dia 24 de fevereiro daquele lítica café com leite.
ano e vigorou até 1932. Foi a diretriz do período chamado
como República Velha, comandada por oligarquias latifun- Política Do Café Com Leite
diárias, com uma economia profundamente baseada no café Ficou conhecida como “política do café-com-leite” o ar-
e dominada pelos estados de São Paulo e Minas Gerais. ranjo político que vigorou no período da Primeira República
(mais conhecida pelo nome de República Velha), envolven-
A Primeira República (1889-1930) do as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais e o governo
De 1889 a 1930 tivemos no Brasil o período conhecido central no sentido de controlar o processo sucessório, para
como República Velha, caracterizado pela política do Café que somente políticos desses dois estados fossem eleitos à
com Leite, na qual representantes de Minas Gerais e São Pau- presidência de modo alternado. Assim, ora o chefe de estado
lo se alternavam no comando do poder do Brasil. Tivemos sairia do meio político paulista, ora do mineiro.
nessa época um modelo agrário exportador e uma política Era fácil concluir com isso que os presidentes eleitos
contra a industrialização. representariam os interesses das duas oligarquias, mas não
Depois de Deodoro da Fonseca tivemos como presiden- eram necessariamente de origem mineira ou paulista, a
te, entre os anos de 1891 e 1894, Floriano Peixoto, que era exemplo do último presidente eleito por meio deste esque-
conhecido como Marechal de Ferro, devido à sua atuação ma,Washington Luís, que nasceu no Rio de Janeiro, mas fez
enérgica e ditatorial. De 1894 a 1898 tivemos como presi- toda sua carreira política em São Paulo.

73
HISTÓRIA

Após a proclamação da República, a 15 de novembro, Nacional e obtendo autoridade para obrigar o povo e os es-
dois militares se sucederam no comando do país, os mare- cravos a manter a ordem e a obediência. Com o advento da
chais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. A partir daí, a República, a Guarda Nacional é extinta, contudo os coronéis
história do Brasil foi marcada por acordos entre as elites dos sustentam o domínio sobre suas terras e os limites de sua
principais centros políticos do país, que à época eram Minas influência. O regime representativo é implantado e o direito
Gerais e São Paulo. Os “coronéis”, grandes fazendeiros, opta- de voto ampliado, os partidos políticos e as eleições se for-
vam por candidatos da política café com leite, e estes, além talecem.
de concentrar suas decisões na proteção dos negócios dos O domínio dos coronéis consistia em controlar os seus
latifundiários, concediam regalias, cargos públicos e financia- eleitores, todos eles tinham o seu “curral” eleitoral, ou seja, os
mentos. eleitores eram obrigados a votar sempre nos candidatos im-
O surgimento do nome “café com leite” batizando tal postos por eles – este voto era conhecido como “voto de ca-
acordo seria uma referência à economia de São Paulo e Mi- bresto”. Cabia a seus jagunços controlarem os votos através
nas, grandes produtores, respectivamente, de café e leite. da coerção física, caso os eleitores fossem contra a aspiração
Entretanto, alguns autores contestam tal explicação para o dos coronéis, eram punidos. O prestígio de um coronel era
surgimento da expressão, pois o Rio Grande do Sul seria o proporcional ao número de votos que ele conseguia arreba-
maior produtor de leite à época. O leite como referência a nhar junto aos seus, esta era a única maneira de alcançar o
Minas Gerais teria vindo na verdade das características da que ele desejava junto aos governantes estaduais ou federais
cozinha mineira, representada pelo queijo minas ou mesmo e de resguardar seus domínios.
pelo pão de queijo, e que assim, combinada com o a palavra
“café”, há muito associada a São Paulo (por ser este estado, Declínio Do Coronelismo
sim, o grande produtor de café e seu maior representante), O declínio do coronelismo deu-se através de simultâneas
remeteria à expressão ainda hoje conhecida de “café com lei- transformações no quadro geral da sociedade. A população
te”, usada para designar a pessoa que participa de uma ação rural cresce, as pequenas cidades incham, estradas são aber-
com neutralidade, que não pode dar conselho e não pode tas e os meios de comunicação em massa, principalmente
ser aconselhado, que participa com condições especiais em
a televisão, chegam mais rápido às partes mais longínquas
algum evento.
do território nacional – o eleitor se torna menos submisso
De qualquer modo, os dois eram estados bastante po-
e passa a exigir mais das autoridades na hora de dar o seu
pulosos, fortes politicamente e berços de duas das principais
voto. O êxodo rural é fator determinante para o declínio do
legendas republicanas: o Partido Republicano Paulista e o
coronelismo, e nas cidades surgem novos líderes; o conta-
Partido Republicano Mineiro. São Paulo era a maior força po-
to com o povo é facilitado e a televisão, com seu poder de
lítica e Minas Gerais tinha o maior eleitorado do país, como
convencimento e repasse de informações em rede nacional,
acontece ainda hoje.
torna-se uma grande aliada.
Com a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, o preço
do café brasileiro caiu drasticamente, o que levou os cafei- A história evolui ganhando cara nova, a troca de favores
cultores paulistas a terem uma crise de superprodução. Esta só muda seu jeito de ser, ou seja, a vaga na escola passa a ser
fragilidade econômica de São Paulo foi decisiva para que conseguida por intermédio de algum vereador conhecido, a
Minas Gerais se unisse ao Rio Grande do Sul e à Paraíba, for- rede de água e esgoto ou a instalação de energia elétrica
mando a chamada Aliança Liberal, a qual resultou na eleição agora é alçada do deputado federal. As privatizações desta-
do gaúcho Getúlio Vargas à presidência encerrando o ciclo cam-se no novo cenário político, os parlamentares contra-
da política café com leite. tam cabos eleitorais para ocuparem cargos importantes em
organismos públicos e atuarem nas comunidades rurais – os
Coronelismo “currais comunitários”, cultivados pelos “coronéis modernos”,
O surgimento do coronelismo remonta aos tempos de que se escondem atrás de novas funções - de deputados a
colonização do território brasileiro. Com a segmentação do senadores, de vereadores a prefeitos. No nordeste, o corone-
Brasil em capitanias hereditárias e o surgimento do donatá- lismo ainda impera, a troca de favores predomina e a distri-
rio, a Coroa punha em voga as bases do coronelismo, incons- buição de cargos aos protegidos é uma constante, sem falar
cientemente. O donatário e logo após os donos das sesma- nas fraudes frequentes, nas quais os mortos votam, assinatu-
rias – possuidores de grandes fazendas agrárias – passaram ras são falsificadas, entre outras falcatruas.
a exercer poder absoluto sobre seus bens, transformando-as
em propriedades agro econômicas inabaláveis. Analisando a Revolução de 1930
situação, percebe-se que a Independência em nada alterou A Revolução de 1930 foi o movimento armado, liderado
a condição destes coronéis, que se sentiam donos de fato pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul,
destas grandes propriedades rurais. que culminou com o golpe de Estado, o Golpe de 1930, que
O título de coronel sancionava definitivamente o poder depôs o presidente da república Washington Luís em 24 de
dos oligarcas – eles deixavam de ser apenas uma autorida- outubro de 1930, impediu a posse do presidente eleito Júlio
de de fato para serem, também, de direito, com aprovação Prestes e pôs fim à República Velha.
total do governo central. Com tantos poderes nas mãos os Em 1929, lideranças de São Paulo romperam a aliança
oligarcas resolveram financiar campanhas políticas de seus com os mineiros, conhecida como política do café com leite,
afilhados, conquistando a faculdade de acaudilhar a Guarda e indicaram o paulista Júlio Prestes como candidato à presi-

74
HISTÓRIA

dência da República. Em reação, o Presidente de Minas Ge- Assim a política do café com leite chegou ao fim e ini-
rais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada apoiou a candidatura ciou-se a articulação de uma frente oposicionista ao intento
oposicionista do gaúcho Getúlio Vargas. do presidente e dos 17 estados de eleger Júlio Prestes. Minas
Em 1 de março de 1930, foram realizadas as eleições Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba uniram-se a políticos de
para presidente da República que deram a vitória ao can- oposição de diversos estados, inclusive do Partido Demo-
didato governista, que era o presidente do estado de São crático de São Paulo, para se oporem à candidatura de Júlio
Paulo, Júlio Prestes. Porém, ele não tomou posse, em virtude Prestes, formando, em agosto de 1929, a Aliança Liberal.
do golpe de estado desencadeado a 3 de outubro de 1930, Em 20 de setembro do mesmo ano, foram lançados os
e foi exilado. Getúlio Vargas assumiu a chefia do “Governo candidatos da Aliança Liberal às eleições presidenciais: Ge-
Provisório” em 3 de novembro de 1930, data que marca o fim túlio Vargas como candidato a presidente e João Pessoa,
da República Velha. como candidato a vice-presidente. Apoiaram Aliança Liberal,
A crise da República Velha havia se prolongado ao longo intelectuais como José Américo de Almeida e Lindolfo Collor,
da década de 1920. Os expoentes políticos da República Ve- membros das camadas médias urbanas e a corrente político-
lha vinham perdendo força com a mobilização do trabalha- militar chamada “Tenentismo” (que organizou, entre outras, a
dor industrial, com as Revoltas nazifascistas e as dissidências Revolta Paulista de 1924), na qual se destacavam Cordeiro de
políticas que enfraqueceram as grandes oligarquias. Esses
Farias, Eduardo Gomes, Siqueira Campos, João Alberto Lins
acontecimentos ameaçavam a estabilidade da tradicional
de Barros, Juarez Távora e Miguel Costa e Juraci Magalhães e
aliança rural entre os estados de São Paulo e Minas Gerais - a
três futuros presidentes da república (Geisel, Médici e Castelo
política do café com leite.
Em 1926, surge a quarta e última dissidência no Partido Branco).
Republicano Paulista (PRP), e os dissidentes liderados pelo Nesse momento, setembro de 1929, já era percebido,
Dr. José Adriano de Marrey Junior fundaram o Partido demo- em São Paulo, que a Aliança Liberal, e uma eventual revolu-
crático (PD), que defendia um programa de educação supe- ção, visava especificamente São Paulo. Tendo o senador esta-
rior entre outras reformas e a derrubada do PRP do poder. dual de São Paulo Cândido Nanzianzeno Nogueira da Motta
Esta crise política em São Paulo originou-se em uma crise da denunciado na tribuna do Senado do Congresso Legislativo
maçonaria paulista presidida pelo Dr. José Adriano de Marrey do Estado de São Paulo, em 24 de setembro de 1929, que a
Júnior. São Paulo, então, chegou dividido às eleições de 1930. guerra anunciada pela chamada Aliança Liberal não é contra
Entretanto, o maior sinal do desgaste republicano era a o Sr. Júlio Prestes, É contra nosso Estado de São Paulo, e isso
superprodução de café, durante a crise de 1929, alimentada não é de hoje. A imperecível inveja contra o nosso deslum-
pelo governo com constantes “valorizações”. Assim em 1930, brante progresso que deveria ser motivo de orgulho para
São Paulo estava dividido, e o Rio Grande do Sul que estivera todo o Brasil. Em vez de nos agradecerem e apertarem em
em guerra civil em 1923, agora estava unido, com o presi- fraternos amplexos, nos cobrem de injúrias e nos ameaçam
dente do Rio Grande do Sul, Dr. Getúlio Vargas tendo feito o com ponta de lanças e patas de cavalo.
PRR e o Partido Libertador se unirem. Cândido Mota citou ainda o senador fluminense Irineu
Em Juiz de Fora, o Partido Republicano Mineiro (PRM) Machado que previra a reação de São Paulo: A reação contra
passa para a oposição, forma a Aliança Liberal com os seg- a candidatura do Dr. Júlio Prestes representa não um gesto
mentos progressistas de outros estados e lança o gaúcho contra o presidente do estado, mas uma reação contra São
Getúlio Vargas para a presidência, tendo o político paraibano Paulo, que se levantará porque isto significa um gesto de le-
João Pessoa como candidato a vice-presidente. Minas Gerais gítima defesa de seus próprios interesses.
estava dividida, não conseguindo impor um nome mineiro Essa resposta paulista à revolução de 1930 veio um ano
de consenso para a presidência da república. Parte do PRM e meio depois, com a Revolução de 1932.
apoiou a candidatura Getúlio Vargas, mas a “Concentração O presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de
Conservadora” liderada pelo vice-presidente da república Andrada diz em discurso, ainda em 1929, façamos a revolu-
Fernando de Melo Viana e pelo ministro da Justiça Augusto
ção pelo voto antes que o povo a faça pela violência . Esta
Viana do Castelo apoiam a candidatura oficial do Dr. Júlio
frase foi vista como a expressão do instinto de sobrevivência
Prestes para as eleições presidenciais de 1 de março de 1930.
de um político experiente e um presságio: Minas Gerais, se
O Problema Da Sucessão Presidencial aliando ao Rio Grande do Sul e aos tenentes, consegue pre-
Na República Velha (1889-1930), vigorava no Brasil a servar sua oligarquia. Uma revolução que fosse feita só pelos
chamada “política do café com leite”, em que políticos apoia- tenentes teria derrubado também o PRM (Partido Republica-
dos por São Paulo e de Minas Gerais se alternavam na pre- no Mineiro) do poder em Minas Gerais e o PRR do poder no
sidência da república (mas não eram necessariamente Pau- Rio Grande do Sul.
listas ou Mineiros os seus indicados). Porém, no começo de
1929, Washington Luís indicou o nome do Presidente de São As Eleições E A Revolução
Paulo, Júlio Prestes, como seu sucessor, no que foi apoiado As eleições foram realizadas no dia 1º de março de 1930
por presidentes de 17 estados. Apenas três estados negaram e deram a vitória a Júlio Prestes, que obteve 1.091.709 votos,
o apoio a Prestes: Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba. contra apenas 742.794 dados a Getúlio. Notoriamente, Getú-
Os políticos de Minas Gerais esperavam que Antônio Carlos lio teve quase 100% dos votos no Rio Grande do Sul.
Ribeiro de Andrada, o então governador do estado, fosse o A Aliança Liberal recusou-se a aceitar a validade das elei-
indicado, por Washington Luís, para ser o candidato à presi- ções, alegando que a vitória de Júlio Prestes era decorrente
dência. de fraude. Além disso, deputados eleitos em estados onde

75
HISTÓRIA

a Aliança Liberal conseguiu a vitória, não obtiveram o reco- Revolta De Canudos


nhecimento dos seus mandatos. A partir daí, iniciou-se uma Ocorreu entre os anos de 1893-1897 na Bahia.
conspiração, com base no Rio Grande do Sul e em Minas Antônio Conselheiro chegou em 1893 a uma velha fa-
Gerais. zenda abandonada no sertão baiano e ali liderou a formação
A conspiração sofreu um revés em junho com a subver- de Canudos. Desde os tempos do império ele fazia pregações
são comunista de Luís Carlos Prestes. Um ex-membro do que atraíam multidões de moradores do sertão nordestino.
movimento tenentista, Prestes tornou-se adepto das ideias Milhares de pessoas se mudaram para Canudos. Busca-
de Karl Marx e apoiador do comunismo. Isso o levou, depois vam paz e justiça em meio à fome e à seca do sertão.
de um tempo, a tentativa frustrada da intentona comunis- Comandada por Antônio Conselheiro, a população vivia
ta pela ANL. Logo em seguida, ocorre outro contratempo à num sistema comunitário, em que as colheitas, os rebanhos
conspiração: morre, em acidente aéreo, o tenente Siqueira e o fruto do trabalho eram repartidos. Só havia propriedade
Campos. privada dos bens de uso pessoal. Não havia cobrança de im-
No dia 26 de julho de 1930, João Pessoa foi assassina- postos nem autoridade policial. A prostituição e a venda de
do por João Dantas em Recife, por questões políticas e de bebidas alcoólicas eram rigorosamente proibidas.
ordem pessoal, servindo como estopim para a mobilização O povoado de Canudos tinha leis próprias, não obede-
armada. João Dantas e seu cunhado e cúmplice, Moreira Cal- cendo ao poder público que governava o país. Representava
das, foram encontrados degolados em sua cela em outubro uma alternativa de sociedade para os sertanejos que deseja-
de 1930. As acusações de fraude e a degola arbitrária de de- vam fugir da dominação dos grandes coronéis.
putados mineiros e de toda a bancada da Paraíba da Aliança Os fazendeiros baianos e a elite política local temiam o
Liberal, o descontentamento popular devido à crise econô- crescimento de Canudos e passaram a exigir providências do
mica causada pela grande depressão de 1929, o assassinato governo para destruir a comunidade.
de João Pessoa e o rompimento da política do café com leite Os inimigos da comunidade de Canudos diziam que ali
foram os principais fatores, (ou pretextos na versão dos par- viviam fanáticos, loucos e monarquistas. A história tradicional
tidários de Júlio Prestes), que criaram um clima favorável a repetiu essas acusações como se fossem verdades absolutas.
uma revolução. Assim, não considerava que um dos principais motivos que
Getúlio tentou várias vezes a conciliação com o governo uniam os sertanejos de Canudos era a necessidade de fugir
de Washington Luís e só se decidiu pela revolução quando da fome e da violência.
já se aproximava a posse de Júlio Prestes que se daria em 15 A religiosidade foi a forma encontrada pelos sertanejos
de novembro. A revolução de 1930 iniciou-se, finalmente, no para traduzir sua revolta e sua vontade de construir uma or-
Rio Grande do Sul em 3 de outubro, às 17 horas e 25 minu- dem social diferente.
tos. Osvaldo Aranha telegrafou a Juarez Távora comunicando
início da Revolução. Ela rapidamente se alastrou por todo o A Destruição de Canudos
país. Oito governos estaduais no Nordeste foram depostos Como as tropas dos coronéis locais e do governo esta-
pelos tenentes. dual baiano não conseguiram esmagar as forças de Canudos,
No dia 10, Getúlio Vargas lançou o manifesto O Rio o governo federal entrou na luta. Várias tropas militares en-
Grande de pé pelo Brasil e partiu, por ferrovia, rumo ao Rio viadas pelo poder central foram derrotadas. Um poderoso
de Janeiro, capital nacional à época. Esperava-se que ocor- exército de 7 mil homens foi organizado pelo próprio minis-
resse uma grande batalha em Itararé (na divisa com o Para- tro da Guerra. Canudos foi completamente destruído em 5
ná), onde as tropas do governo federal estavam acampadas de outubro de 1897; mais de 5 mil casas foram incendiadas
para deter o avanço das forças revolucionárias, lideradas mi- pelo exército.
litarmente pelo coronel Góis Monteiro. Entretanto, em 12 e
13 de outubro ocorreu o Combate de Quatiguá, que pode ter Guerra Do Contestado
sido o maior combate desta Revolução, mesmo tendo sido Ocorreu entre os anos de 1912 a 1916, na fronteira entre
muito pouco estudado. Quatiguá localiza-se a direita de Ja- Paraná e Santa Catarina, numa região contestada (disputa-
guariaíva, próxima a divisa entre São Paulo e Paraná. A bata- da) pelos dois estados. Nessa área, era grande o número de
lha não ocorreu em Itararé, já que os generais Tasso Fragoso sertanejos sem-terra e famintos que trabalhavam sob duras
e Mena Barreto e o Almirante Isaías de Noronha depuseram condições para os fazendeiros locais e duas empresas norte
Washington Luís, em 24 de outubro e formaram uma junta -americanas que atuavam ali.
de governo. Os sertanejos de Contestado começaram a se organizar
Jornais que apoiavam o governo deposto foram empas- sob a liderança de um “monge” chamado João Maria. Após
telados; Júlio Prestes, Washington Luís e vários outros próce- sua morte, surgiu em seu lugar um outro “monge”, conheci-
res da República Velha foram exilados. do como João Maria (Miguel Lucena Boaventura).
Washington Luís havia apostado na divisão dos minei- Reuniu mais de 20 mil sertanejos e fundou com eles al-
ros não acreditando em nenhum momento que Minas Gerais guns povoados que compunham a chamada “Monarquia
faria uma revolução, não se prevenindo, nem tomando me- Celeste”. A “monarquia” do Contestado tinha um governo
didas antirrevolucionárias, sendo derrubado em poucos dias próprio e normas igualitárias, não obedecendo às ordens
de combate. emanadas das autoridades da república.

76
HISTÓRIA

Os sertanejos do Contestado foram violentamente per- Revolta Da Chibata


seguidos pelos coronéis fazendeiros e pelos donos das em- Ocorreu no Rio de Janeiro, foram os marinheiros que se
presas estrangeiras, com o apoio das tropas do governo. O revoltaram contra os terríveis castigos físicos a que eram sub-
objetivo era destruir a organização comunitária dos sertane- metidos.
jos e expulsá-los das terras que ocupavam. Ficou conhecido como Revolta da Chibata, porque os
Em novembro de 1912, o monge José Maria foi morto marinheiros queriam mudanças no Código de Disciplina da
em combate e “santificado” pelos moradores da região. Seus Marinha, que punia as faltas graves dos marinheiros com 25
seguidores, criaram novos núcleos que foram, combatidos e chibatadas. Além dos castigos físicos, os marinheiros recla-
destruídos pelas tropas do exercito brasileiro. mavam de má alimentação e dos miseráveis salários que re-
Os últimos núcleos foram arrasados por tropas de 7 mil cebiam.
homens armados.
Tenentismo
Cangaço: Revolta E Violência No Nordeste Foi o movimento político-militar que, pela luta armada,
Ocorreu entre os anos de 1870 a 1940 (setenta anos), no pretendia conquistar o poder e fazer reformas na República
Nordeste do Brasil. Velha. Era liderado por jovens oficiais das Forças Armadas,
Para alguns pesquisadores, ele foi uma forma pura e principalmente tenentes.
simples de banditismo e criminalidade. Para outros foi uma
forma de banditismo social, isto é, uma forma de revolta re- Principais propostas do Tenentismo
conhecida como algo legítimo pelas pessoas que vivem em - Queriam a moralização da administração pública;
condições semelhantes. - Queriam o fim da corrupção eleitoral;
- Reivindicavam o voto secreto e uma justiça Eleitoral
Motivos Para O Acontecimento Do Cangaço confiável;
Miséria, fome, secas e injustiças dos coronéis fazendeiros - Defendiam a economia nacional contra a exploração
produziram no semiárido do Nordeste um cenário favorável das empresas e do capital estrangeiro;
à formatação de grupos armados conhecidos como canga- - Desejavam uma reforma na educação pública para que
ceiros. Os cangaceiros praticavam crimes, assaltavam fazen- o ensino fosse gratuito e obrigatório para todos os brasilei-
das e matavam pessoas. ros.
Os dois mais importantes bandos do cangaço foi o de A maioria das propostas contava com a simpatia de
Antônio Silvino e o de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, grande parte das classes médias urbanas, dos produtos ru-
o “Rei do Cangaço”. rais que não pertenciam ao grupo que estava no poder e de
Depois que a polícia massacrou o “bando de Lampião”, alguns empresários da indústria.
em 1938, o cangaço praticamente desapareceu do Nordeste.
Revolta do Forte de Copacabana
Revolta da Vacina Primeira Revolta Tenentista, iniciou em 05/07/1922.
No governo do presidente Rodrigues Alves (1902-1906), Foi uma revolta para impedir a posse do presidente Artur
o Rio de Janeiro, era uma cidade no qual a população enfren- Bernardes.
tava graves problemas: pobreza, desemprego, lixo amon- Tropas do governo cercaram o Forte de Copacabana,
toado nas ruas, muitos ratos e mosquitos transmissores de isolando os rebeldes. Dezessete tenentes e um civil saíram
doenças. Milhares de pessoas morriam em consequência de para as ruas num combate corpo-a-corpo com as tropas do
epidemias como febre amarela, peste bubônica e varíola. governo. Dessa luta suicida, só dois escaparam com vida: os
Os primeiro governos republicanos queriam transformar tenentes Eduardo Gomes e Siqueira Campos.
o Rio de Janeiro na “capital do progresso”, que mostrasse ao O episódio ficou conhecido como Os Dezoito do Forte.
país e ao mundo “o novo tempo” da República.
Coube ao presidente Rodrigues Alves a decisão de refor- Revoltas de 1924
mar e modernizar o Rio de Janeiro. Dois anos depois da Primeira Revolta ocorreram novas
Os cortiços e os casebres dos bairros centrais foram de- rebeliões tenentistas em regiões como o Rio Grande do Sul
molidos. A população foi desalojada e passou a morar em e São Paulo.
barracos nos morros do centro ou em bairros distantes do Depois de ocupar a capital paulista, as tropas tenentistas
subúrbio. abandonaram suas posições diante da ofensiva armada do
Combater as epidemias era um dos principais objetivos governo.
do governo; o medico Oswaldo Cruz, diretor da Saúde Pú- Com uma numerosa tropa de mil homens, os rebeldes
blica, convenceu o presidente a decretar a lei da vacinação formaram a coluna paulista, que seguiu em direção ao sul do
obrigatória contra a varíola. país, ao encontro de outra coluna militar tenentista, liderada
A população não foi esclarecida sobre a necessidade da pelo capitão Luís Carlos Prestes.
vacina. Diversos setores da sociedade reagiram à vacina obri-
gatória: havia os que defendiam que a aplicação de injeções Coluna Prestes
em mulheres era imoral, ou que a obrigatoriedade ia contra a As duas forças tenentistas uniram-se e decidiram percor-
liberdade individual. Outros, não compreendiam como uma rer o interior do país, procurando apoio popular para novas
doença poderia ser evitada com a introdução de seu próprio revoltas contra o governo. Nascia aí a Coluna Prestes, pois
vírus no corpo. ambas tropas eram lideradas por Prestes.

77
HISTÓRIA

Durante mais de dois anos (1924 a 1926), a Coluna Pres- - Educação e Saúde Pública - o mineiro Francisco Cam-
tes percorreu 24 mil quilômetros através de 12 estados. O pos;
governo perseguia as tropas da Coluna Prestes que, por meio - Trabalho, Indústria e Comércio - o gaúcho Lindolfo Col-
de manobras militares, conseguia escapar. Em 1926 os ho- lor.
mens que permaneciam na Coluna Prestes decidiram ingres- Para Juarez Távora, pela sua admirável participação re-
sar na Bolívia e desfazer a tropa. volucionária e pelo seu prestígio como homem de ação, foi
A Coluna Prestes não conseguiu provocar revoltas capa- criada a Delegacia Regional do Norte. Pela chefia política dos
zes de ameaçar seriamente o governo, mas também não foi estados brasileiros do Espírito Santo ao Amazonas, Juarez Tá-
derrotada por eles. Isso demonstrava que o poder na Repú- vora foi chamado de O Vice-Rei do Norte.
blica Velha não era tão inatacável. 
A política cafeeira da Era Vargas
A Segunda República Ou Era Vargas O capitalismo passava por uma de suas violentas crises
A chamada Era Vargas está dividida em três momentos: de superprodução. Essas crises cíclicas do capitalismo eram o
Governo Provisório, Governo Constitucional e Estado Novo. resultado da ausência de uma planificação, o que produzia a
O período inaugurou um novo tipo de Estado, denominado anarquia da produção social.
“Estado de compromisso”, em razão do apoio de diversas As nações industriais com problemas de superprodução
forças sociais e políticas: as oligarquias dissidentes, classes acirravam o imperialismo, superexplorando as nações agrá-
médias, burguesia industrial e urbana, classe trabalhadora e o rias, restringindo os créditos e adotando uma política prote-
Exército. Neste “Estado de compromisso” não existia nenhu- cionista, sobretaxando as importações.
ma força política hegemônica, possibilitando o fortalecimen- Neste contexto o café conheceu uma nova e violenta cri-
to do poder pessoal de Getúlio Vargas. se de superprodução, de mercados e de preços, que caíram
de 4 para 1 libra nos primeiros anos da década de 30.
Governo Provisório (1930/1934 ). Como o café era à base da economia nacional, a crise
Aspectos políticos e econômicos poderia provocar sérios problemas para outros setores eco-
No plano político, o governo provisório foi marcado pela
nômicos, tais como a indústria e o comércio, o que seria de-
Lei Orgânica, que estabelecia plenos poderes a Vargas. Os
sastroso.
órgãos legislativos foram extintos, até a elaboração de uma
Era preciso salvar o Brasil dos efeitos da crise mundial
nova constituição para o país. Desta forma, Vargas exerce o
de 1929. Era necessário evitar o colapso econômico do País.
poder executivo e o Legislativo. Os governadores perderam
Para evitá-lo, o governo instituiu uma nova política cafeeira,
seus mandatos – por força da Revolução de 30 – seus no-
visando o equilíbrio entre a oferta e a procura, a elevação
meados em seus lugares os interventores federais ( que eram
dos preços e a contenção dos excessos de produção, pois a
escolhidos pelos tenentes ). A economia cafeeira receberá
produção cafeeira do Brasil era superior à mundial.
atenções por parte do governo federal. Para superar os efei-
tos da crise de 1929, Vargas criou o Conselho Nacional do Para aplicar esta política, Vargas criou, em 1931, o CNC
Café, reeditando a política de valorização do café ao comprar (Conselho Nacional do Café), que foi substituído em 1933
e estocar o produto. O esquema provocou a formação de pelo DNC (Departamento Nacional do Café). Dentro desta
grandes estoques, em razão da falta de compradores, levan- nova política tornou-se fundamental destruir os milhares de
do o governo a realizar a queimados excedentes. Houve um sacas de café que estavam estocadas. O então ministro da
desenvolvimento das atividades industriais, principalmente Fazenda, Osvaldo Aranha, através de emissões e impostos
no setor têxtil e node processamento de alimentos. Este de- sobre a exportação, iniciou a destruição do excedente do
senvolvimento explica-se pela chamada política de substitui- café através do fogo e da água,
ção de importações. De 1931 a 1944, foram queimadas ou jogadas ao mar,
aproximadamente, 80 milhões de sacas. Proibiram-se novas
A composição do Governo Provisório plantações por um prazo de três anos e reduziram-se as des-
Depois de criar um Tribunal Especial - cuja ação foi nula pesas de produção através da redução dos salários e dos dé-
- com o objetivo de julgar “os crimes do governo deposto”, bitos dos fazendeiros em 50%.
o novo governo organizou um ministério que, pela compo- Por ter perdido o poder político e pelo fato de ter de
sição, nos mostra o quanto Getúlio estava compromissado se submeter às decisões econômicas do governo federal, as
com os grupos que lhe apoiaram na Revolução: oligarquias cafeeiras se opuseram à política agrária da Era
- general Leite de Castro - ministro do Exército; Vargas.
- almirante Isaías Noronha - ministro da Marinha;
- Afrânio de Melo Franco (mineiro) - ministro do Exterior; Liberalismo e Centralismo
- Osvaldo Aranha (gaúcho) - ministro da Justiça; Saber quem perdeu a Revolução de 1930 é fácil, o difícil
- José Américo de Almeida (paraibano) - ministro da Via- é saber quem ganhou, devido à extrema heterogeneidade da
ção; frente revolucionária.
- José Maria Whitaker (paulista) - ministro da Fazenda; De um lado estavam os tenentes que ocupavam um des-
- Assis Brasil (gaúcho) - ministro da Agricultura. tacado papel no governo, eram favoráveis a mudanças e, por
Dentro ainda da ideia de compromisso, foram criados isso, achavam desnecessárias as eleições, que para eles só
dois novos ministérios: trariam de volta as oligarquias tradicionais.

78
HISTÓRIA

Do outro lado, os constitucionais liberais defendiam as - inflação e


eleições urgentes. Vargas manobrava inteligentemente os - carestia.
dois grupos. Ora fazendo concessões aos tenentes, permitin- Neste contexto desenvolvem-se, na Europa, os regimes
do-lhes uma influência político, como João Alberto, nomea- totalitários (nazismo e fascismo) – que se opunham ao so-
do interventor em São Paulo, ora acenando com eleições, cialismo e ao liberalismo econômico. A ideologia nazifascis-
como a publicação do Código Eleitoral de fevereiro de 1932 ta chegou ao Brasil, servindo de inspiração para a fundação
e o decreto de 15 de março, que marcava para 3 de maio de da Ação Integralista Brasileira (AIB), liderada pelo jornalista
1933 as eleições pata uma Assembleia Constituinte. Plínio Salgado. Movimento de extrema direita, anticomunis-
ta, que tinha como lema “Deus, pátria, família”. Defendia a
Revolução constitucionalista de 1932 implantação deum Estado totalitário e corporativo. A milícia
Movimento ocorrido em São Paulo ligado à demora de da AIB era composta pelos “camisas verdes”, que usavam de
Getúlio Vargas para reconstitucionalizar o país, a nomeação violência contra seus adversários. Os integralistas receberam
de um interventor pernambucano para o governo do Estado apoio da alta burguesia, do clero, da cúpula militar e das ca-
(João Alberto). Mesmo sua substituição por Pedro de Tole- madas médias urbanas.
do não diminuiu o movimento. O movimento teve também Por outro lado, o agravamento das condições de vida
como fator a tentativa da oligarquia cafeeira retomar o po- da classe trabalhadora possibilitou a formação de um mo-
der político. O movimento contou com apoio das camadas vimento de caráter progressista, contando com o apoio de
médias urbanas. Formou-se a Frente Única Paulista, exigindo liberais, socialista, comunistas, tenentes radicais e dos sindi-
a nomeação de um interventor paulista e a reconstitucionali- catos – trata-se da Aliança Nacional Libertadora (ANL). Luís
zação imediata do país. Carlos Prestes, filiado ao Partido Comunista Brasileiro foi elei-
Em maio de 1932 houve uma manifestação contra Ge- to presidente de honra. A ANL reivindicava a suspensão do
túlio que resultou na morte de quatro manifestantes: Mar- pagamento da dívida externa, a nacionalização das empresas
tins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Iniciou-se a radicalização estrangeiras e a realização da reforma agrária. Colocava-se
do movimento, sendo que o MMDC passou a ser o símbolo contra o totalitarismo e defendia a democracia e um governo
deste momento marcado pela luta armada. Após três meses popular.
de combates as forças leais a Vargas forçaram os paulistas à A adesão popular foi muito grande, tornando a ANL uma
rendição. Procurando manter o apoio dos paulistas, Getúlio ameaça ao capital estrangeiro e aos interesses oligárquicos.
Procurando conter o avanço da frente progressista o governo
Vargas acelerou o processo de redemocratização realizando
federal - por meio da aprovação da Lei de Segurança Nacio-
eleições para uma Assembleia Constituinte que deveria ela-
nal – decretou o fechamento dos núcleos da ANL. A reação,
borar uma nova constituição para o Brasil.
por parte dos filiados e simpatizantes, foi violenta e imedia-
ta. Movimentos eclodiram no Rio de Janeiro, Recife, Olinda e
A constituição de 1934
Natal – episódio conhecido como Intentona Comunista.
Promulgada em 16 de novembro de 1934 apresentando
os seguintes aspectos: O golpe do Estado Novo
- A manutenção da República com princípios federativos; No ano de 1937 deveriam ocorrer eleições presidenciais
- Existência de três poderes independentes entre si: Exe- para a sucessão de Getúlio Vargas. A disputa presidencial foi
cutivo, Legislativo e Judiciário; entre Armando de Sales Oliveira – que contava com o apoio
- Estabelecimento de eleições diretas para o Executivo e dos paulistas e de facções de oligarquias de outros Estados.
Legislativo; Representava uma oposição liberal ao centralismo de Vargas.
- As mulheres adquirem o direito ao voto; A outra candidatura era a de José Américo de Almeida, apoia-
- Representação classista no Congresso (elementos elei- do pelo Rio Grande do Sul, pelas oligarquias nordestinas e
tos pelos sindicatos); pelos Partidos Republicanos de São Paulo e Minas Gerais. Um
- Criado o Tribunal do Trabalho; terceiro candidato era Plínio Salgado, da Ação Integralista.
- Legislação trabalhista e liberdade de organização sin- A posição de Getúlio Vargas era muito confusa – não
dical; apoiando nenhum candidato. Na verdade a vontade de
- Estabelecimento de monopólio estatal sobre algumas Getúlio era a de continuar no governo, em nome da esta-
atividades industriais; bilidade e normalidade constitucional; para tanto, contava
- Possibilidade da nacionalização de empresas estrangei- com apoio de alguns setores da sociedade. O continuísmo
ras; de Vargas recebeu apoio de uma parte do Exército – Góes
- Instituído o mandato de segurança, instrumento jurídi- Monteiro e Eurico Gaspar Dutra representavam a alta cúpula
co dos direitos do cidadão perante o Estado. A Constituição militar – surgindo a ideia de um golpe, sob o pretexto de
de 1934 foi inspirada na Constituição de Weimar preservan- garantira segurança nacional. O movimento de “salvação na-
do o liberalismo e mantendo o domínio dos proprietários cional” – que garantiu a permanência de Vargas no poder
visto que a mesma não toca no problema da terra. – foi a divulgação de um falso plano de ação comunista para
assumir o poder no Brasil. Chamado de Plano Cohen, o falso
Governo Constitucional (1934/1937) plano serviu de pretexto para o golpe de 10 de novembro
Período marcado pelos reflexos da crise mundial de 1929: de 1937, decretando o fechamento do Congresso Nacional,
- crise econômica, suspensão da campanha presidencial e da Constituição de
- desemprego, 1934. Iniciava-se o Estado Novo.

79
HISTÓRIA

O Estado Novo (1937/1945) comandada por Filinto Muller, instaurou no Brasil o perío-
O Estado Novo – período da ditadura de Vargas – apre- do do terror: prisões, repressão, exílios, torturas etc. Como
sentou as seguintes características: intervencionismo do Es- exemplo de propaganda tem-se a criação da Hora do Brasil –
tado na economia e na sociedade e um centralização política que difundia as realizações do governo; o exemplo do terror
nas mãos do Executivo, anulando o federalismo republicano. fica por conta do caso de Olga Benário, mulher de Prestes,
que foi presa e deportada para a Alemanha (grávida). Foi as-
A constituição de 1937 sassinada num campo de concentração.
Foi outorgada em 10 de novembro de 1937 e redigida
por Francisco Campos. Baseada na constituição polonesa (daí O Brasil e a Segunda Guerra Mundial
o apelido de “polaca”) apresentava aspectos fascistas. Princi- Devido a pressões – internas e externas – Getúlio Vargas
pais características: centralização política e fortalecimento do rompeu a neutralidade brasileira, em 1942, e declarou guerra
poder presidencial; extinção do legislativo; subordinação do ao Eixo (Alemanha, Itália, Japão). A participação do Brasil foi
Poder Judiciário ao Poder Executivo; instituição dos interven- efetiva nos campos de batalha mediante o envio da FEB (For-
tores nos Estados e uma legislação trabalhista. A Constituição ça Expedicionária Brasileira) e da FAB (Força Aérea Brasileira).
de 1937 eliminava a independência sindical e extinguia os A participação brasileira na guerra provocou um paradoxo
partidos políticos. A extinção da AIB deixou os integralistas político: externamente o Brasil luta pela democracia e contra
insatisfeitos com Getúlio. Em maio de 1938 os integralistas as ditaduras, internamente há ausência democrática em ra-
tentaram um golpe contra Vargas – o Putsch Integralista – zão da ditadura. Esta situação, somada à vitória dos aliados
que consistiu numa tentativa de ocupar o palácio presiden- contra os regimes totalitários, favorece o declínio do estado
cial. Vargas reagiu até a chegada a polícia e Plínio Salgado Novo e amplia as manifestações contra o regime.
precisou fugir do país.
O fim do Estado Novo
Política Trabalhista Em 1943 Vargas prometeu eleições para o fim da guer-
O Estado Novo procurou controlar o movimento traba- ra; no mesmo ano houve o Manifesto dos Mineiros, onde
lhador através da subordinação dos sindicatos ao Ministério um grupo de intelectuais, políticos, jornalistas e profissionais
do Trabalho. Proibiram-se as greves e qualquer tipo de ma- liberais pediam a redemocratização do país. Em janeiro de
nifestação. Por outro lado, o Estado efetuou algumas conces- 1945, o Primeiro Congresso Brasileiro de Escritores exigia a
sões, tais como, o salário mínimo, a semana de trabalho de liberdade de expressão e eleições. Em fevereiro do mesmo
44 horas, a carteira profissional, as férias remuneradas. As leis ano, Vargas publicava um ato adicional marcando eleições
trabalhistas foram reunidas, em 1943, na Consolidação das presidenciais para 2 de dezembro. Para concorrer as eleições
Leis do Trabalho (CLT), regulamentando as relações entre pa- surgiram os seguinte partidos políticos:
trões e empregados. A aproximação de Vargas junto a classe - UDN (União Democrática Nacional) - Oposição liberal a
trabalhadora urbana originou, no Brasil, o populismo – forma Vargas e contra o comunismo. Tinha como candidato o bri-
de manipulação do trabalhador urbano, onde o atendimento gadeiro Eduardo Gomes;
de algumas reivindicações não interfere no controle exercido - PSD (Partido Social Democrático) – era o partido dos
pela burguesia. interventores e apoiavam a candidatura do general Eurico
Gaspar Dutra;
Política Econômica - PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) – organizado pelo
O Estado Novo iniciou o planejamento econômico, pro- Ministério do Trabalho e tendo como presidente Getúlio Var-
curando acelerar o processo de industrialização brasileiro. O gas. Apoiava, junto com o PSD, Eurico Gaspar Dutra;
Estado criou inúmeros órgãos com o objetivo de coordenar - PRP (Partido de Representação Popular) – de ideologia
e estabelecer diretrizes de política econômica. O governo integralista e fundado por Plínio Salgado;
interveio na economia criando as empresas estatais – sem - PCB (Partido Comunista Brasileiro) – tinha como candi-
questionar o regime privado. As empresas estatais encon- dato o engenheiro Yedo Fiúza. Em 1945 houve um movimen-
trava-se em setores estratégicos, como a siderurgia (Com- to popular pedindo a permanência de Vargas – contando
panhia Siderúrgica Nacional), a mineração (Companhia Vale como apoio do PCB. Este movimento ficou conhecido como
do Rio Doce), hidrelétrica (Companhia Hidrelétrica do Vale queremismo, devido ao lema da campanha “Queremos Ge-
do São Francisco), mecânica (Fábrica Nacional de Motores) e túlio “. O movimento popular assustou a classe conservado-
química (Fábrica Nacional de Álcalis). ra, temendo a continuidade de Vargas no poder. No dia 29
de outubro foi dado um golpe, liderado por Goés Monteiro
Política administrativa e Dutra. Vargas foi deposto sem resistência. O governo foi
Procurando centralizar e consolidar o poder político, o entregue a José Linhares, presidente do Supremo Tribunal
governo criou o DASP (Departamento de Administração e Federal. Em dezembro de 1945 foram realizadas as eleições
Serviço Público), órgão de controle da economia. O outro com a vitória de Eurico Gaspar Dutra.
instrumento do Estado Novo foi a criação do DIP (Departa-
mento de Imprensa e Propaganda), que realizava a propa- Golpe Militar De 1964
ganda do governo. O DIP controlava os meios de comunica- O Governo estadunidense tornou públicos, em 31 de
ção, por meio da censura. Foi o mais importante instrumento março de 2004, documentos da política dos Estados Unidos
de sustentação da ditadura que, ao lado da polícia secreta, e das operações da CIA que, ao ajudar os militares brasileiros,

80
HISTÓRIA

conduziram à deposição do presidente João Goulart, no dia sista a realidade do país. Mas, em 1937, Getúlio Vargas, ale-
1º de abril de 1964. O governo americano e os militares bra- gando ameaça comunista em dominar o Estado, decretou o
sileiros viam em João Goulart alguém perigoso porque, além Estado de Sítio e passou a exercer um governo ditatorial no
de simpatizar com o regime Castrista de Cuba, mantinha uma Brasil. Em seguida, o presidente ditador adotou a chamada
política exterior independente de Washington, e tinha nacio- Constituição Polaca estabelecendo determinações fascistas
nalizado uma subsidiaria da ITT (eumpresa norteamericana). para gerir o Estado de acordo com seus interesses. Tal carta
Além disso, Goulart tinha nacionalizado, no início de 1964, constitucional permaneceu valendo até sua deposição, em
o petróleo, bem como a terra ociosa nas mãos de grandes 1945.
latifundiários, e aprovado uma lei que limitava a quantidade Getúlio Vargas entrou em descrédito após entrar na Se-
de benefícios que as multinacionais poderiam retirar do país. gunda Guerra Mundial e um movimento de oposição con-
Outro motivo foi o Brasil ser o maior exportador de suco de seguiu retirá-lo do poder no ano de 1945. Com a queda do
laranja do mundo, fato que punha em risco a indústria norte ditador, assumiu a presidência o general Eurico Gaspar Dutra.
-americana deste setor, situada no estado da Flórida. A Constituição de cunho autoritário não era mais adequada
Em 1964, o comício organizado por Leonel Brizola e João para o Brasil e precisava ser substituída. O então presidente
convocou uma Assembleia Nacional Constituinte para que se
Goulart, na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, serviu como
pudesse promulgar uma nova carta constitucional.
estopim para o golpe. Neste comício eram anunciadas as re-
Vários intelectuais da época participaram da elabora-
formas que mudariam o Brasil, tais como um plebiscito pela
ção da nova Constituição. Pela primeira vez os comunistas
convocação de uma nova constituinte, reforma agrária e a também integraram as reuniões do Assembleia Constituinte.
nacionalização de refinarias estrangeiras. O resultado foi uma carta constitucional bastante avançada
Foi neste cenário que, depois de um encontro com tra- para a época, conquistando avanços democráticos e na liber-
balhadores, em 1964, João Goulart (eleito à época, democra- dade individual de cada cidadão. As liberdades que o próprio
ticamente, pelo Partido Trabalhista Brasileiro - PTB) foi de- Getúlio Vargas havia acrescentado à Constituição em 1934 e
posto e teve de fugir para o Rio Grande do Sul e, em seguida, que foram retiradas por ele mesmo em 1937 voltaram a inte-
para o Uruguai. Desta maneira, o Chefe Maior do Exército, o grar a carta de 1946.
General Humberto Castelo Branco, tornou-se presidente do A Constituição Brasileira foi promulgada no dia 18 de
Brasil. setembro de 1946, entre suas novas regulamentações esta-
As principais cidades brasileiras foram tomadas por sol- vam: igualdade perante a lei, ausência de censura, garantia
dados armados, tanques, jipes, etc. Os militares incendiaram de sigilo em correspondências, liberdade religiosa, liberdade
a Sede, situada no Rio de Janeiro, da União Nacional dos Es- de associação, extinção da pena de morte e separação dos
tudantes (UNE). As associações que apoiavam João Goulart três poderes.
foram tomadas pelos soldados, dentre elas podemos citar: A Constituição de 1946 ficou em vigência até o Golpe
sedes de partidos políticos e sindicatos de diversas catego- Militar, em 1964. Nessa ocasião, os militares passaram a apli-
rias. car uma série de emendas para estabelecer as diretrizes do
O golpe militar de 1964 foi amplamente apoiado à época novo regime até ser definitivamente suspensa pelos Atos Ins-
e um pouco antes por jornais como O Globo, Jornal do Bra- titucionais e pela Constituição de 1967.
sil e Diário de notícias. Um dos motivos que conduziram ao
golpe foi uma campanha, organizada pelos meios de comu- Constituição de 1967
nicação, para convencer as pessoas de que Jango levaria o Logo que os militares assumiram o poder no Brasil atra-
Brasil a um tipo de governo semelhante ao adotado por paí- vés de um Golpe de Estado, medidas foram tomadas para
ses como China e Cuba, ou seja, comunista, algo inadmissível que o exercício do regime que estabeleciam fosse viabilizado
naquele tempo, quando se dizia que o que era bom para os através de aparatos legais. A Constituição de 1967 foi uma
das medidas do novo governo, a qual reuniu todos os outros
Estados Unidos era bom para o Brasil.
decretos do regime militar iniciado em 1964.
Em 1965, as liberdades civis foram reduzidas, o poder do
O respaldo jurídico utilizado pelos militares no exercício
governo aumentou e foi concedida ao Congresso a tarefa de
da nova forma de governo aplicada no Brasil se deu através
designar o presidente e o vice-presidente da república. dos famosos Atos Institucionais. Nos primeiros anos com os
militares no comando do país foram eles que determinaram
Constituição de 1946 as novas leis e as condições para que a oposição não con-
A Constituição Brasileira de 1946 substituiu a existente seguisse se organizar e oferecer ameaça ao novo sistema.
durante o governo ditatorial de Getúlio Vargas. Já no ano de 1964 foi publicado o Ato Institucional Núme-
Desde a Independência do Brasil, o país já apresentou ro Um, que a princípio não recebia determinação numérica,
várias constituições. A primeira do período republicano foi pois acreditavam que seria o suficiente para controlar as
promulgada no ano de 1891, encerrando o governo provisó- movimentações da oposição. O tempo mostrou que não, e
rio de transição e alterando características imperiais do Brasil os Atos Institucionais foram se somando e ficando cada vez
para o novo formato, a República. mais autoritários e opressores.
Quando Getúlio Vargas chegou ao poder em 1930 atra- O Congresso Nacional foi transformado então em As-
vés de um movimento revolucionário, o país passou nova- sembleia Nacional Constituinte e teve os membros da oposi-
mente por transformação de suas estruturas tradicionais. ção afastados, os militares pressionaram para que uma nova
Novos direitos foram incorporados à Constituição Brasileira Carta Constitucional fosse elaborada para definitivamente
e também novos deveres que alteravam de maneira progres- legalizar o Golpe Militar de 1964.

81
HISTÓRIA

Em 1966, no dia 6 de dezembro, ficou pronto um projeto Na Constituição Federal do Brasil, são definidos os direi-
de constituição que foi redigido por Carlos Medeiros Silva, tos dos cidadãos, sejam eles individuais, coletivos, sociais ou
Ministro da Justiça, e por Francisco Campos. O tal projeto foi políticos; e são estabelecidos limites para o poder dos go-
criticado pela oposição, como era de se esperar, mas tam- vernantes.
bém por alguns membros do próprio partido do governo, a Após o fim do Regime Militar, em todos os segmentos
ARENA. O impasse foi resolvido através do Ato Institucional da sociedade, era unânime a necessidade de uma nova Carta,
Número Quatro (AI-4), no dia 7 de dezembro, que convocou pois a anterior havia sido promulgada em 1967, em plena Di-
o Congresso Nacional para debater e votar a nova Constitui- tadura Militar, além de ter sido modificada várias vezes com
ção entre 12 de dezembro de 1966 e 24 de janeiro de 1967. O emendas arbitrarias (vide AI-5).
AI-4 determinou a função de poder constituinte originário, o Dessa forma, em 1º de fevereiro de 1987, foi instalada
qual é “ilimitado e soberano”, ao Congresso Nacional. A for- a Assembleia Nacional Constituinte, composta por 559 con-
mulação de uma nova Constituição para o Brasil prosseguiu, gressistas (senadores e deputados federais, eleitos no ano
já que a Constituição de 1946 não era julgada mais como anterior), e presidida pelo deputado Ulysses Guimarães, do
compatível para a nova fase pela qual o país passava. Partido Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
Representando um avanço em direção a democracia, a
Enquanto a nova Constituição era debatida no Congres-
sociedade, em seus diversos setores, foi estimulada a con-
so Nacional, o governo tinha o poder de legislar através de
tribuir por meio de propostas. As propostas formuladas por
Decretos Lei para comandar a segurança nacional, a admi-
cidadãos brasileiros só seriam válidas se representadas por
nistração e as finanças do Estado. Para elaborar o texto da
alguma entidade (associação, sindicatos, etc.) e se fosse assi-
nova Carta Constituinte foram contratados por encomenda nada por, no mínimo, trinta mil pessoas. Os setores da socie-
do presidente Castelo Branco juristas nos quais o regime mi- dade, compostos por grupos que procuravam defender seus
litar depositava confiança, entre eles estavam: Levi Carneiro, interesses, fizeram pressão por meio de lobbies (grupo de
Miguel Seabra Fagundes, Orosimbo Nonato e Temístocles pressão, que exercem influência).
Brandão Cavalcanti. O texto incorporava medidas já estabe- Em relação às Constituições anteriores, a Constituição de
lecidas pelos Atos institucionais e por Atos Complementares 1988 representa um avanço. As modificações mais significa-
utilizados no regime militar. tivas foram:
No dia 24 de janeiro de 1967 foi votada a nova Consti- - Direito de voto para os analfabetos;
tuição que, aprovada, entrou em vigor no dia 15 de março de - Voto facultativo para jovens entre 16 e 18 anos;
1967 estabelecendo a Lei de Segurança Nacional. - Redução do mandato do presidente de 5 para 4 anos;
A sexta constituição brasileira institucionalizou o regime - Eleições em dois turnos (para os cargos de presidente,
militar, deixando o Poder Executivo em posição soberana em governadores e prefeitos de cidades com mais de 200 mil
relação aos outros poderes e transformando-os junto com habitantes);
a população brasileira em meros espectadores das medidas - Os direitos trabalhistas passaram a ser aplicados, além
tomadas pelos militares. Como foi debatida e votada pela de aos trabalhadores urbanos e rurais, também aos domés-
Assembleia Nacional Constituinte, a Constituição de 1967, ticos;
muito embora tenha sido amplamente elaborada de acordo - Direito a greve;
com os interesses de quem estava no poder, pode ser consi- - Liberdade sindical;
derada uma Carta Constituinte semi outorgada. Desta forma, - Diminuição da jornada de trabalho de 48 para 44 horas
os militares garantiam a imagem na política internacional de semanais;
um país de certo modo democrático, mas a prática mostra- - Licença maternidade de 120 dias (sendo atualmente
ria que o regime estabelecido no Brasil se tratava mesmo de discutida a ampliação).
uma ditadura. - Licença paternidade de 5 dias;
No ano de 1969 a Constituição de 1967 sofreu algumas - Abono de férias;
- Décimo terceiro salário para os aposentados;
alterações por causa do afastamento do presidente Costa e
- Seguro desemprego;
Silva que passava por problemas de saúde. A Junta Militar
- Férias remuneradas com acréscimo de 1/3 do salário.
que assumiu o poder em seu lugar baixou a Emenda Nº 1
Modificações no texto da Constituição só podem ser
acrescentando o Ato Institucional Número Cinco e permitin-
realizadas por meio de Emenda Constitucional, sendo que as
do o poder da Junta Militar, mesmo havendo um vice-presi- condições para uma emenda modificar a Carta estão previs-
dente. tas na própria Constituição, em seu artigo 60. Desde a pro-
A Constituição de 1967 vigorou durante o restante do mulgação, em 1988, foram aprovadas 56 emendas a Consti-
regime militar como órgão máximo da antidemocracia. Só tuição.
foi substituída em 1988, quando a ditadura já havia acabado.
Uma república nova
Constituição de 1988 Às 3 horas da tarde de 8 de novembro de 1930, a junta
A atual Constituição Federal do Brasil, chamada de militar passou o poder, no Palácio do Catete, a Getúlio Vargas,
“Constituição Cidadã”, foi promulgada no dia 5 de outubro encerrando a chamada República Velha, derrubando todas as
de 1988. A Constituição é a lei maior, a Carta Magna, que oligarquias estaduais exceto a mineira e a gaúcha. Na mes-
organiza o Estado brasileiro. ma hora, no centro do Rio de Janeiro, os soldados gaúchos

82
HISTÓRIA

cumpriam a promessa de amarrar os cavalos no obelisco da existentes. Repetia os erros da Constituição de 1891 e agra-
Avenida Rio Branco, marcando simbolicamente o triunfo da vava-os com dispositivos de pura invenção jurídica, alguns
Revolução de 1930. retrógrados e outros acenando a ideologias exóticas. Os
Getúlio tornou-se chefe do Governo Provisório com am- acontecimentos incumbiram-se de atestar-lhe a precoce ina-
plos poderes. A constituição de 1891 foi revogada e Getúlio daptação.
passou a governar por decretos. Getúlio nomeou intervento- A partir da constituição de 1937, o regime centralizador,
res para todos os Governos Estaduais, com exceção de Mi- por vezes autoritário do getulismo, ou Era Vargas, estimula
nas Gerais. Esses interventores eram na maioria tenentes que a expansão das atividades urbanas e desloca o eixo produ-
participaram da Revolução de 1930. Por sua vez, o presidente tivo da agricultura para a indústria, estabelecendo as bases
eleito e não empossado Júlio Prestes criticou duramente a da moderna economia brasileira. O balanço da revolução de
Revolução de 1930 quando, em 1931, exilado em Portugal, 1930 e de seus 15 anos de governo, por Getúlio, foi feito,
afirmou: O que não compreendem é que uma nação, como no Dia do Trabalho de 1945, em um discurso feito no Rio de
o Brasil, após mais de um século de vida constitucional e li- Janeiro, no qual disse que a qualquer observador de bom
beralismo, retrogradasse para uma ditadura sem freios e sem senso não escapa a evidência do progresso que alcançamos
limites como essa que nos degrada e enxovalha perante o no curto prazo de 15 anos. Éramos, antes de 1930, um país
mundo civilizado. fraco, dividido, ameaçado na sua unidade, retardado cultural
Um dos maiores erros da revolução de 1930 foi entre- e economicamente, e somos hoje uma nação forte e respei-
gar os estados à administração de tenentes inexperientes, tada, desfrutando de crédito e tratada de igual para igual no
um dos motivos da revolução de 1932. O despreparo dos te- concerto das potências mundiais.
nentes para governar foi denunciado, logo no início de 1932,
por um dos principais tenentes, o tenente João Cabanas, que Legado político e social
havia participado da revolução de 1924, e que usou como A nova política do Brasil
exemplo o tenente João Alberto Lins de Barros que governou Três ex-ministros de Getúlio Vargas chegaram à Presi-
São Paulo. João Cabanas, em fevereiro de 1932, no seu livro dência da República: Eurico Dutra, João Goulart e Tancredo
“Fariseus da Revolução”, criticou especialmente o descalabro Neves. Este último não chegou a assumir o cargo, pois, na
que foram as administrações dos tenentes nos estados, cha- véspera da posse, sentiu fortes dores abdominais sequenciais
mando a atenção para a grave situação paulista pouco antes durante uma cerimônia religiosa no Santuário Dom Bosco
de eclodir a Revolução de 1932: diagnosticada como uma “diverticulite”, que o levou à morte
João Alberto serve como exemplo: Se, como militar, me- em 21 de abril de 1985, em São Paulo.
rece respeito, como homem público não faz juz ao menor Três tenentes de 1930 chegaram à Presidência da Repú-
elogio. Colocado, por inexplicáveis manobras e por circuns- blica: Castelo Branco, Médici e Geisel. O ex-tenente Juarez
tâncias ainda não esclarecidas, na chefia do mais importante Távora foi o segundo colocado nas eleições presidenciais de
estado do Brasil, revelou-se de uma extraordinária, de uma 1955, e o ex-tenente Eduardo Gomes, o segundo colocado,
admirável incompetência, criando, em um só ano de gover- em 1945 e 1950. Ambos foram candidatos pela UDN, o que
no, um dos mais trágicos confucionismos de que há memória mostra também a influência dos ex-tenentes na UDN, par-
na vida política do Brasil, dando também origem a um grave tido que tinha ainda, entre seus líderes, o ex-tenente Juraci
impasse econômico (déficit de 100.000 contos), e a mais pro- Magalhães, que quase foi candidato em 1960.
funda impopularidade contra a “Revolução de Outubro” e ter Os partidos fundados por Getúlio Vargas, PSD (partido
provocado no povo paulista, um estado de alma equívoco e dos ex-interventores no Estado Novo e intervencionista na
perigoso. Nossa história não registra outro período de fra- economia) e o antigo PTB, dominaram a cena política de
casso tão completo como o do “Tenentismo inexperiente”.·. 1946 até 1964. PSD, UDN e PTB, os maiores partidos políticos
daquele período, eram liderados por mineiros (PSD e UDN) e
Consequências por gaúchos (o PTB).
Os efeitos da Revolução demoram a aparecer. A nova Apesar de quinze anos (1930-1945) não serem um pe-
Constituição só é aprovada em 1934, chamada Constituição ríodo longo em se tratando de carreira política, poucos polí-
de 1934, depois de forte pressão social, como a Revolução ticos da República Velha conseguiram retomar suas carreiras
Constitucionalista de 1932. Mas a estrutura do Estado brasi- políticas depois da queda de Getúlio em 1945. A renovação
leiro modifica-se profundamente depois de 1930, tornando- do quadro político foi quase total, tanto de pessoas quanto
se mais ajustada às necessidades econômicas e sociais do da maneira de se fazer política. Sobre a queda da qualidade
país. da representação política após 1930, Gilberto Amado em seu
Getúlio não gostou desta constituição, e, três anos e livro “Presença na Política”, explica que na República Velha, as
meio depois, decreta uma nova constituição, a Constituição eleições eram falsas, mas a representação era verdadeira… As
de 1937. E assim se posicionou em relação à Constituição de eleições não prestavam, mas os deputados e senadores eram
1934, no 10º aniversário da revolução de 1930, em discurso os melhores que podíamos ter.
de 11 de novembro de 1940. Especialmente o balanço de 1930 feito pelos paulistas
Uma constitucionalização apressada, fora de tempo, [quem?] é sombrio: Reclamam eles que, após Júlio Prestes
apresentada como panaceia de todos os males, traduziu- em 1930, nenhum cidadão nascido em São Paulo foi eleito
se numa organização política feita ao sabor de influências ou ocupou a Presidência, exceto, e por alguns dias apenas,
pessoais e partidarismo faccioso, divorciada das realidades Ranieri Mazzilli, o Dr. Ulisses Guimarães e Michel Temer. Os

83
HISTÓRIA

paulistas reclamam também que apenas em 1979 chegou balhadores brasileiros. Por isso, a organização dos operários
à presidência alguém comprometido com os ideais da re- no país esteve primeiramente ligada ao atendimento de suas
volução de 1932: João Figueiredo, filho do general Euclides demandas mais imediatas.
Figueiredo, comandante da revolução constitucionalista de No início da formação dessa classe de trabalhadores
1932 e que fora exilado na Argentina entre 1932 e 1934. João percebemos a predominância de imigrantes europeus forte-
Figueiredo fez a abertura política do regime militar. mente influenciados pelos princípios anarquistas e comunis-
Getúlio foi o primeiro a fazer no Brasil propaganda pes- tas. Contando com um inflamado discurso, convocavam os
soal em larga escala - o chamado culto da personalidade, trabalhadores fabris a se unirem em associações que, futu-
com a Voz do Brasil, - típica do fascismo e ancestral do mar- ramente, seriam determinantes no surgimento dos primeiros
keting político moderno. A aliança elite-proletariado, criada sindicatos. Com o passar do tempo, as reivindicações teriam
por Getúlio, tornou-se típica no Brasil, como a Aliança PTB maior volume e, dessa forma, as manifestações e greves te-
riam maior expressão.
-PSD apoiada pelo clandestino PCB.
Na primeira década do século XX, o Brasil já tinha um
contingente operário com mais de 100 mil trabalhadores,
A nova economia do Brasil
sendo a grande maioria concentrada nos estados do Rio de
A política trabalhista é alvo de polêmicas até hoje e foi Janeiro e São Paulo. Foi nesse contexto que as reivindica-
tachada de “paternalista” por intelectuais de esquerda. Esses ções por melhores salários, jornada de trabalho reduzida e
intelectuais acusavam Getúlio de tentar anular a influência assistência social conviveram com perspectivas políticas mais
desta esquerda sobre o proletariado, desejando transformar incisivas que lutavam contra a manutenção da propriedade
a classe operária num setor sob seu controle, nos moldes da privada e do chamado “Estado Burguês”.
Carta do Trabalho do fascista italiano Benito Mussolini. Entre os anos de 1903 e 1906, greves de menor expres-
Os defensores de Getúlio Vargas contra argumentam, di- são tomavam conta dos grandes centros industriais. Tecelões,
zendo que em nenhum outro momento da história do Brasil alfaiates, portuários, mineradores, carpinteiros e ferroviários
houve avanços comparáveis nos direitos dos trabalhadores. foram os primeiros a demonstrar sua insatisfação. Notando
O expoentes máximos dessa posição foram João Goulart e a consolidação desses levantes, o governo promulgou uma
Leonel Brizola. Brizola foi considerado, por muitos o último lei expulsando os estrangeiros que fossem considerados uma
herdeiro político do «Getulismo», ou da «Era Vargas», na lin- ameaça à ordem e segurança nacional. Essa primeira tentati-
guagem dos brasilianistas. va de repressão foi imediatamente respondida por uma gre-
A crítica de direita, ou liberal, argumenta que, em lon- ve geral que tomou conta de São Paulo, em 1907.
go prazo, estas leis trabalhistas prejudicam os trabalhadores Mediante a intransigência e a morosidade do governo,
porque aumentam o chamado custo Brasil, onerando muito uma greve de maiores proporções foi organizada em 1917,
mais uma vez, em São Paulo. Os trabalhadores dos seto-
as empresas e gerando a inflação, que corrói o valor real dos
res alimentício, gráfico, têxtil e ferroviário foram os maiores
salários.
atuantes nesse novo movimento. A tensão tomou conta das
Segundo esta versão, o custo Brasil faz com que as em- ruas da cidade e um inevitável confronto com os policiais
presas brasileiras contratem menos trabalhadores, aumen- aconteceu. Durante o embate, a polícia acabou matando um
tem a informalidade e faz que as empresas estrangeiras se jovem trabalhador que participava das manifestações.
tornem receosas de investir no Brasil. Assim, segundo a críti- Esse evento somente inflamou os operários a organiza-
ca liberal, as leis trabalhistas gerariam, além da inflação, mais rem passeatas maiores pelo centro da cidade. Atuando em
desemprego e subemprego entre os trabalhadores. outra frente, trabalhadores formaram barricadas que se es-
Os liberais afirmam também que intervencionismo esta- palharam pelo bairro do Brás resistindo ao fogo aberto pelas
tal na economia iniciado por Getúlio só cresceu com o passar autoridades. No ano seguinte, anarquistas tentaram conduzir
dos anos, com a única exceção de Castelo Branco atingin- um golpe revolucionário frustrado pela intercepção policial.
do seu máximo no governo do ex-tenente de 1930 Ernesto Vale lembrar que toda essa agitação se deu na mesma época
Geisel. Somente a partir do Governo de Fernando Collor se em que as notícias sobre a Revolução Russa ganhavam os
começou a fazer o desmonte do Estado intervencionista. Du- jornais do mundo.
rante sessenta anos, após 1930, todos os ministros da área Passadas todas essas agitações, a ação grevista serviu
econômica do governo federal foram favoráveis à interven- para a formação de um movimento mais organizado sob os
ção do Estado na economia, exceto Eugênio Gudin por sete ditames de um partido político. No ano de 1922, inspirado
meses em 1954, e a dupla Roberto Campos - Octávio Bu- pelo Partido Bolchevique Russo, foi oficializada a fundação
do PCB, Partido Comunista Brasileiro. Paralelamente, os sin-
lhões, por menos de três anos (1964 -1967).
dicatos passaram a se organizar melhor, mobilizando um
grande número de trabalhadores pertencentes a um mesmo
Movimento Operário
ramo da economia industrial.
Na República Velha temos a vivência de todo um proces-
so de transformações econômicas responsáveis pela indus- Internacionalização Da Economia Brasileira
trialização do país. Não percebendo de forma imediata tais Nos últimos 50 anos, as chamadas economias em desen-
mudanças, as autoridades da época pouco se importavam volvimento alcançaram níveis expressivos de industrialização
em trazer definições claras com respeito aos direitos dos tra- e urbanização, formando uma burguesia nacional e uma

84
HISTÓRIA

classe média de assalariados com renda relativamente ele- de estruturação produtiva ainda dependem do resguardo
vada. Esse momento pode ser compreendido através de dois estatal. Enfim, o país abraçou o neoliberalismo econômico
pressupostos: a participação do Estado como empresário e a como política de Estado.
atração de empresas transnacionais.
Após a década de 1950, ocorreu no Brasil o processo O Milagre Econômico E A Dívida Externa
de internacionalização da economia, com grande participa- No período entre 1969 e 1973, o crescimento econômico
ção do Estado como empresário e no desenvolvimento de no Brasil alcançou níveis excepcionais, e por isso ficou conhe-
infraestrutura (transportes, energia, portos) e políticas de in- cido como “Milagre Econômico”.
centivos fiscais. Todos esses fatores, aliados à disponibilidade Desde a década de 30, os governos brasileiros, tanto de
de mão de obra barata, mercado consumidor emergente e Getulio Vargas (teoria desenvolvimentista), quanto de Jusce-
acesso a matérias-primas e fontes de energia, atraíram em- lino Kubitschek (Plano de Metas, com o lema “50 anos em
presas transnacionais para o território brasileiro. Houve uma 5”) investiram em infraestrutura. Para tanto, foram realizados
grande ampliação do parque industrial, principalmente in- vários empréstimos. Se por um lado o governo Vargas foi
dústrias de bens de consumo duráveis (automóveis e eletro- marcado pelo protecionismo, pois encarava as empresas es-
domésticos). trangeiras como exploradoras, o governo de Juscelino bus-
O país conheceu a sua industrialização tardia e adotou cou no capital estrangeiro os investimentos para equipar as
plenamente o Fordismo, um sistema produtivo tradicional indústrias nacionais, e adotou medidas que privilegiavam
que considerava a capacidade de produção e os grandes esses empréstimos, facilitando o envio de lucros ao exterior,
parques industriais como fundamentos para a atividade in- e adotando uma taxa cambial favorável a essas operações.
dustrial. Esse padrão concretizado com o governo de Jusceli- Ainda no governo de Juscelino Kubitschek (1956 a 1961),
no Kubitschek (1956-1961) foi ampliado pela ditadura militar a dívida externa do país havia dobrado, o déficit na balança
(1964-1985). Os militares criaram obras estruturais em dife- comercial tornou-se motivo de preocupação, inclusive entre
rentes regiões brasileiras, a destacar as usinas hidrelétricas os investidores estrangeiros e a taxa de inflação alcançou ní-
e as rodovias. Muitos municípios do interior do estado de veis elevados. Foi nesse contexto que o FMI (Fundo Monetá-
São Paulo começaram a desenvolver seus distritos industriais. rio Internacional) passou a interferir na economia brasileira,
Durante a década de 1970, ocorreu o “milagre econômico
fazendo exigências.
brasileiro”, que elevou o país à posição de 8ª economia mun-
Os anos que se seguiram foram marcados pela crise po-
dial no ano de 1973, com taxas anuais de crescimento em
lítica, além da já instalada crise econômica. Jânio Quadros,
torno de 10%.
sucessor de Juscelino, renunciou em 1961. O governo se-
No caso brasileiro, o modelo fordista trouxe crescimento
guinte, de João Goulart, foi marcado pela entrada em grande
econômico para o país, mas não foi capaz de promover o de-
escala das empresas multinacionais americanas e europeias.
senvolvimento econômico regional. O aumento de renda per
Em 1964, João Goulart foi deposto, e os militares tomaram o
capita de um país nem sempre representa avanços na qua-
poder, com o marechal Humberto Castello Branco na presi-
lidade de vida. O crescimento que o Brasil obteve, principal-
dência.
mente durante o período correspondente ao regime militar,
Os militares, assim que assumiram, criaram o Programa
construiu um arcabouço técnico e logístico para o desenvol-
vimento, mas não o privilegiou. de Ação Econômica do Governo (PAEG), que tinha como ob-
A partir da década de 1980, ocorreu o esgotamento jetivos combater a inflação e realizar reformas estruturais,
da capacidade do Estado em promover o desenvolvimento que permitissem o crescimento. Com a “estabilidade política”,
industrial - fim do Estado empresário - devido às políticas os recursos estrangeiros retornaram ao Brasil maciçamente.
econômicas mal sucedidas que aumentaram a dívida exter- Com tamanho volume de capital, a economia se estabilizou.
na e a inflação. No plano externo, os países desenvolvidos Em 1967, a economia dava sinais de recessão. Delfim
começaram a adotar medidas neoliberais, reduzindo o pa- Netto, então encarregado pela economia do país, passou a
pel do Estado na sua participação em determinados setores investir nas empresas estatais, nas áreas de siderurgia, petro-
econômicos. química, geração de energia, entre outras. As medidas sur-
O Brasil iniciou, a partir da década de 1990, um acelera- tiram efeito, e os investimentos nas estatais renderam mui-
do programa de abertura econômica conduzido pelo gover- tos lucros. O processo de industrialização finalmente havia
no Collor. Através da redução de alíquotas de importações, chegado ao Brasil, gerando milhões de empregos. Em 1969,
desregulamentação do Estado, privatizações das empresas quando Emílio Garrastazu Médici assumiu a presidência, o
estatais e diminuição de subsídios, mudanças profundas fo- “Milagre Econômico” acontecia. O processo de industrializa-
ram implementadas na estrutura industrial do país. Apesar ção finalmente havia chegado ao Brasil, gerando milhões de
de estimular a competitividade, muitas pequenas e médias empregos.
empresas não tiveram suporte técnico e financeiro para se Como resultado, nos anos seguintes, a classe média teve
adaptarem a essas transformações. Até os dias atuais, a prin- aumentos consideráveis em sua renda, enquanto aumentava
cipal dificuldade enfrentada pelos pequenos e médios em- o abismo social no país. O aumento das desigualdades so-
preendedores no Brasil é que os investimentos em tecnolo- ciais e as divida externa assumida nessa época são as princi-
gia e o crédito necessário para a efetuação de qualquer base pais heranças do Milagre Econômico no Brasil.

85
HISTÓRIA

Brasil no Século XX 1922


A evolução científica e tecnológica marcou o Século XX. Tenentismo 
Foi a época das guerras mundiais e da bomba atômica, e
também do automóvel, do avião, das viagens espaciais, da Consolidação do Tenentismo, movimento que refletia a
eletrônica, dos transplantes, da clonagem e da Internet. Uma insatisfação dos militares e o desejo de participação das ca-
época marcada pelo do fim dos impérios colonialistas, pela madas médias. 
internacionalização da economia, pela indústria cultural, pelo 1922 
resgate dos direitos da mulher e das minorias. Semana de Arte Moderna 
A história do século pode ser entendida como a de um
conflito entre a democracia liberal e a ditadura totalitária. No Realizada a Semana de Arte Moderna, em fevereiro,
Brasil, a Revolução de 30 instaurou um novo modelo de de- onde escritores e artistas brasileiros propõem a destruição
senvolvimento industrial e urbano, abrindo a chamada Era da cultura europeizante e passadista. 
Vargas, caracterizada pelo populismo, nacionalismo, traba-
lhismo e forte incentivo à industrialização. O País viveu vinte 1930 
anos sob o regime militar e foi regido por seis constituições. A Revolução de 30 

Êxodo e transformação A Revolução de 30 instaurou no Brasil um novo mode-


No Brasil, o Século XX foi um período de transformação. lo de desenvolvimento industrial e urbano. A adoção desse
O País passou por um dos mais velozes processos de urba- modelo foi estimulada pelos efeitos, no Brasil, do crash de
nização da história moderna. Em 1950, a zona rural abrigava 1929, que derrubou os preços do café e de outros produtos
quase 70% dos habitantes. Hoje, possui pouco mais de 20%. brasileiros para exportação. 
Esse êxodo rural acelerado, que perdurou até o início dos
anos 1990, foi quase estancado a partir de 1995. 1930-1945 
O País registrou uma das mais altas taxas de crescimento A Era Vargas 
do planeta. Entre 1901 e 2000, a população passou de 17,4
Período do governo autoritário e centralizado do Presi-
milhões para 169,6 milhões; o Produto Interno Bruto se mul-
dente Getúlio Vargas, caracterizado pelo populismo, nacio-
tiplicou por cem; e a expectativa de vida saltou de 33,4 anos
nalismo, trabalhismo e forte incentivo à industrialização. 
em 1910 para 64,8 anos no final do século. Continuamos, po-
rém, com o desafio de promover uma distribuição de renda
11.11.1937
mais justa, reduzindo a pobreza e a exclusão social. 
Estado Novo 
1889-1930 O “Estado Novo” institucionalizou, de fato, o regime dita-
A República Velha  torial, vigente desde 1930. A Constituição de 1937, inspirada
no fascismo italiano, a “polaca”, foi elaborada para ser uma
Período conhecido como “República Velha”, caracteriza- Carta “livre das peias do democracia liberal”, nas palavras do
do pela chamada política do café com leite, pela alternância responsável por sua elaboração, o Ministro da Justiça Fran-
no poder de representantes de Minas ou São Paulo. Priorizou cisco Campos. 
o modelo agrário exportador e uma política contra a indus-
trialização.  1938-1950 
Processo de urbanização 
1904 
A Revolta da Vacina  Urbanização das grandes capitais do Sudeste brasileiro,
decorrente da industrialização e das migrações rurais urba-
A Revolta da Vacina, movimento popular contra a vacina- nas. 
ção compulsória, teve como antecedentes a remodelação da
cidade do Rio de Janeiro, onde o Prefeito Pereira Passos ex- 1942 
pulsou os pobres que viviam no centro colonial, substituído Brasil na 2ª Grande Guerra Mundial 
pela moderna Avenida Central, inspirada no modelo aplicado
em Paris pelo Barão de Hausmann.  O torpedeamento de cinco navios mercantes brasileiros
e as fortes pressões populares obrigaram o governo brasilei-
1917-1922  ro a se aliar aos Estados Unidos; foram organizadas as Forças
Reação operária  Expedicionárias Brasileiras (FEB), que enviaram soldados para
combater ao lado dos aliados. 
Crise e esgotamento da “República Velha”, governada
por uma elite agrária, quando a indústria sinalizava o novo 1945 
dinamismo da economia e da sociedade. Neste período fo- Organização partidária 
ram deflagradas as primeiras greves operárias, de ideário
anarquista, duramente reprimidas pelo governo federal, que Com a onda democratizante do pós-guerra, Getúlio Var-
tratava a questão social como “caso de polícia”.  gas organizou os partidos por decreto e sob forte controle;

86
HISTÓRIA

os dois maiores partidos, o Partido Social Democrata (PSD) e 01.04.1964 


o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), articularam uma aliança Golpe militar 
nacional que durou quinze anos. 
Os militares tomaram o poder e, por meio de um ato
1945  institucional, iniciaram uma perseguição a todos que fossem
Governo Dutra  considerados como ameaça ao regime. 
1967
Nas primeiras eleições após a guerra, foi eleito presiden- A Constituição do regime militar 
te Eurico Gaspar Dutra, pelo PDS. 
1946  Elaborada a sexta Constituição no Brasil, que institu-
A Constituição de 1946  cionaliza o regime militar. O general Artur da Costa e Silva
elimina a Frente Ampla, movimento político liderado pelos
Instalada a Assembléia Nacional Constituinte, responsá-
ex-presidentes João Goulart e JK e pelo ex-governador da
vel pela elaboração de uma nova Constituição. Os direitos
Guanabara, Carlos Lacerda. 
individuais foram restabelecidos, aboliu a pena de morte, de-
volveu a autonomia de Estados e Municípios com indepen-
dência dos três poderes – Legislativo, Judiciário e Executivo. 1968 
Estabeleceu, também, as eleições diretas para Presidente, Ato Institucional nº 5 
com mandato de cinco anos. 
A morte do estudante Edson Luís, em protesto estudan-
1947  til, mobilizou estudantes e populares que, com o apoio da
Perseguição aos comunistas  Igreja Católica, realizaram a Passeata dos Cem mil. Ao mesmo
tempo ocorrem as greves de Contagem e Osasco e surgem
Sob fortes pressões da Guerra Fria, o Brasil decretou a focos de luta armada. O regime endureceu, fechando o Con-
ilegalidade do Partido Comunista Brasileiro (PCB), cassou gresso Nacional e decretando o Ato Institucional nº 5, que
parlamentares desse partido, fechou a Confederação Geral institucionaliza a repressão. 
dos Trabalhadores (CGT), interveio em centenas de sindicatos
e rompeu relações diplomáticas com a União Soviética.  1969-1974 
Os anos de chumbo 
1950 
A volta de Getúlio  Governo do general Garrastazu Medici, considerado o
período mais brutal da ditadura militar brasileira, ficou co-
Getúlio Vargas, eleito Presidente pelo PTB, deu continui- nhecido também como “anos de chumbo”. A área econô-
dade a uma política nacionalista, populista e pró-industriali- mica é caracterizada por projetos faraônicos, como a cons-
zação: enviou ao Congresso o projeto para a criação da Pe- trução da Transamazônica, estrada inacabada até os dias de
trobras; flexibilizou as relações sindicais, permitindo a “Greve hoje, que invadiu terras indígenas e produziu degradação do
dos 300 mil”; criou o Banco Nacional de Desenvolvimento meio ambiente. 
Econômico (BNDE) e limitou em 10% a remessa de lucros
para o exterior.  1975 
Reação popular 
1954 
Suicídio de Vargas 
A sociedade civil começa a se movimentar; os intelec-
tuais e acadêmicos fizeram duras críticas ao regime no SBPC
A política de Vargas provocou a reação da oposição con-
servadora, liderada pela União Democrática Nacional (UDN). (Congresso Brasileiro para o Progresso das Ciências); e os
Com as palavras “Saio da vida para entrar na história”, o Pre- movimentos populares pediram melhores condições de vida
sidente Vargas se suicidou e tomou posse o Vice João Café nas cidades. 
Filho. 
1974-1979 
1955  Abertura política 
Governo JK 
O general Ernesto Geisel assume a Presidência e encar-
Juscelino Kubitschek (JK), vitorioso nas eleições para pre- rega o General Golbery do Couto e Siva a desenhar um pro-
sidente, pelo PSD, criou o Plano de Metas e consolidou o cesso de abertura lenta, gradual e segura. 
Modelo Desenvolvimentista. 
Década de 1980 
1956  Diretas Já 
Criação de Brasília 
Considerada a década perdida no âmbito econômico,
JK envia, ao Congresso Nacional, o projeto para constru- foi a década achada no sentido político: a) nas eleições para
ção da nova capital brasileira, Brasília.  governadores, em 1982, os candidatos da oposição, do MDB,

87
HISTÓRIA

saíram vitoriosos nas principais metrópoles brasileiras; b) a 1994 


sociedade brasileira se movimentou, ocupando todas as ca- O Plano Real 
pitais brasileiras, exigindo eleições diretas para Presidente, no
movimento conhecido como «Diretas Já».  O novo presidente Itamar Franco nomeou o senador
Fernando Henrique Cardoso para Ministro da Fazenda; foi
1985  criado o Plano Real que visava a estabilização da moeda. Nas
Transição democrática  eleições desse ano se enfrentam, no segundo turno, Luíz Iná-
cio da Silva do PT e Fernando Henrique Cardoso (FHC), do
Termina a primeira fase da Transição Democrática brasi- PSDB, que sai vitorioso. 
leira, com a saída dos militares do governo depois de 21 anos  
e a eleição (indireta) de Tancredo Neves, que morre antes de 1995-1998 
tomar posse, assumindo o Vice-Presidente José Sarney.  Reformas constitucionais

1985-1989  Para concretizar a estabilidade econômica e sustar a crise


Nova República  fiscal do Estado, causada pelas dívidas externa e interna, fo-
ram desencadeadas as reformas constitucionais. Ao mesmo
A Nova Republica marcou no plano político a consolida- tempo, foi derrubado o monopólio em vários setores, como
ção da abertura democrática, no processo de transição mais o petróleo, a telecomunicação, gás canalizado e a navegação
longo da América Latina. No plano social significou a dimi- de cabotagem. 
nuição da repressão, ao permitir a expressão de demandas
há tanto tempo reprimidas. No plano econômico o período 1995-1998
é caracterizado por uma inflação galopante e pelo “Plano Governo Fernando Henrique 
Cruzado”, a primeira tentativa (fracassada) de estabilizar a
moeda.  Fernando Henrique Cardoso é reeleito para mais um
mandato de quatro anos. 
1987-1988 
A Constituição de 1988  2000
Brasil 500 anos 
Abertura da Assembleia Nacional Constituinte e promul-
gação da Constituição de 1988.  O Brasil comemora os 500 anos do Descobrimento.

1990  Globalização
Primeiras Eleições Diretas 
O século XX foi palco de inúmeras transformações histó-
Nas primeiras eleições diretas para Presidente, depois ricas que marcaram, definitivamente, a organização do mun-
de duas décadas, se enfrentam no segundo turno: Fernando do e, dentre elas, está o advento da globalização. Enquanto
Collor de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos processo, a globalização ampliou-se com o desenvolvimento
Trabalhadores (PT).  do capitalismo, condição fundamental para sua dimensão al-
cançada no final da Guerra Fria entre os anos 1980 e 1990.
1990-1992  Ao final da II Guerra Mundial, o globo se dividiu em dois
Governo Collor  blocos, um capitalista – representado pelos Estados Unidos
da América; e outro socialista – encabeçado pela União So-
O candidato vitorioso Fernando Collor iniciou seu gover- viética. Esse período conhecido por Guerra Fria foi marcado
no com o confisco das contas correntes e da poupança de por uma forte disputa pelo domínio ideológico entre tais blo-
toda a sociedade, além de apresentar um ambicioso progra- cos, bem como pela chamada corrida espacial e tecnológica.
ma de estabilização da economia, o “Plano Collor”. Com o Nessa disputa, o modelo capitalista saiu vitorioso, após as
fracasso do Plano volta a inflação galopante e se agrava a reformas econômicas e políticas promovidas pela União So-
recessão, presente desde a década anterior.  viética quando esta já agonizava, sem condições de manter
o projeto socialista e o seu modelo de Estado de bem estar
1992  social. Ao final dos anos 1980, caiu o muro de Berlim, símbolo
O impeachment do presidente  da divisão do mundo, o que significaria a vitória da ideologia
capitalista. Tem-se, desde então, a configuração de uma nova
Acusado, pelo irmão, de envolvimento em esquema de ordem mundial, iniciada pela reorganização das relações in-
corrupção, o Presidente foi investigado por uma Comissão ternacionais no tocante à divisão internacional da produção,
Parlamentar de Inquérito (CPI). Ao mesmo tempo, os “caras isto é, do trabalho.  
pintadas” saem às ruas exigindo o impeachment de Collor, Fundamentalmente, a globalização teve como seu mo-
que é afastado pelo Congresso, assumindo o Vice, Itamar tor a busca pela ampliação dos mercados, dos negócios, isto
Franco.  é, ampliação das relações internacionais em nome dos ob-

88
HISTÓRIA

jetivos econômicos das nações. Nesse sentido, é preciso se enfrentam, atualmente os Estados Unidos ainda possuem o
pensar no papel da ampliação do neoliberalismo como mo- poder hegemônico (embora um pouco abalado) no mundo.
delo econômico adotado pelas potências em todo o mundo, Dessa forma, as ideias de soberania e de Estado-nação ficam
defendido na década de 1980 por líderes como Margaret reduzidas diante da globalização, pois isso vai depender do
Thatcher (Inglaterra), fato que embocou numa redefinição papel que determinado país exerce no jogo da política in-
do papel do Estado. Cada vez mais, em nome da liberdade ternacional, podendo sofrer uma maior ou menor influência,
econômica, os Estados, enquanto instituições que deteriam seja ela econômica ou cultural. A retração e diminuição do
o poder na sociedade sobre as mais diversas esferas (como papel do Estado com a valorização de políticas neoliberais
a econômica), vão diminuindo sua presença nas decisões, e a permissividade ou dependência com relação ao capital
tornando-se “mínimos”. Apenas como regulamentador, as- de investidores internacionais são fatores que contribuíram
sim como os demais agentes econômicos, o próprio Estado para o aumento da pobreza e da desigualdade em países
também se submeteria às leis do mercado, preocupando-se mais pobres.
com questões como mercado financeiro, balanço cambial, Logo, a ambiguidade da globalização vem à tona quan-
competitividade internacional, entre outros aspectos do uni- do se avalia seus efeitos mais negativos sobre a população
verso do capital. mundial, principalmente do ponto de vista econômico. Com
Surgiram os chamados blocos econômicos, como a a globalização da economia, as empresas, em nome da con-
União Europeia e o Mercosul, para citar apenas dois, os quais corrência, reduzem custos, diminuindo vários postos de tra-
teriam como finalidade criar condições para melhor comer- balho, gerando o desemprego estrutural. Além disso, o de-
cialização entre seus membros, dada a situação de interde- semprego pode piorar quando há um crescimento do inves-
pendência das economias. Vale lembrar que nesse contexto timento no mercado financeiro (o qual possibilita um retorno
(e desde o final da II Guerra), instituições como a ONU, a maior e mais rápido aos grandes investidores) ao invés do
OMC, o FMI, entre outras, têm desempenhado papéis fun- investimento na produção, esta sim geradora de empregos.
damentais nas relações internacionais no âmbito dos mais Como se tem debatido atualmente, entre as causas das crises
diversos assuntos de interesse mundial. na economia mundial nos últimos anos (principalmente em
Ainda com relação a essa grande internacionalização da 2008) estariam as chamadas operações financeiras especula-
economia (ampliação do comércio e dos investimentos ex- tivas, as quais tiveram como consequência direta uma refor-
ternos em países dependentes dos mais ricos), é importante mulação do papel do Estado entre os países mais ricos, agora
pontuar que todo esse processo foi acelerado pelo desenvol-
mais intervencionistas do que antes. Buscando amenizar os
vimento tecnológico dos meios de produção (tornando-os
efeitos nocivos das crises, as medidas adotadas pelos gover-
mais eficientes) e dos meios de comunicação. Consequente-
nos na tentativa do controle do déficit público e da inflação
mente, as transações econômicas internacionais e o mercado
(juros altos), contribuem para a concentração de renda e o
financeiro também se desenvolveriam (hoje, principalmente
desemprego, fato que tem levado as populações de muitos
pela virtualização da economia pela rede mundial), permitin-
países a irem às ruas manifestarem seu descontentamento.
do que as corporações multinacionais se proliferassem pelo
mundo. Assim, sobre a globalização, pode-se afirmar ser um
Para além do aspecto econômico propriamente dito, a processo de duas vias: se há avanços por um lado (como no
globalização possibilitou uma maior aproximação das nações tocante às relações sociais, ao intercâmbio cultural e à possi-
no que tange à discussão em Conferências Internacionais, bilidade de uma maior troca comercial), há retrocessos pelo
por meio de órgãos como a ONU, acerca de assuntos de in- outro (como o aumento da miséria e da desigualdade social,
teresse geral, como a fome, a pobreza, o meio ambiente, o da intolerância religiosa e cultural, a perda de poder dos Esta-
trabalho, etc. Um bom exemplo seria como está sendo tra- dos em detrimento das grandes corporações multinacionais).
tada a questão da possibilidade da formação de um Estado
Palestino em 2011, ou as questões ambientais. Questões Ambientais
Já do ponto de vista cultural, há um processo de sobre- Embora nas últimas décadas os problemas ambien-
posição e aproximação de culturas, costumes, porém com o tais tenham ganhando importância e grande espaço nas
predomínio do padrão ocidental, processo este que pode ser discussões políticas, necessário esclarecer que as primeiras
chamado de ocidentalização do mundo. O padrão de vida, os preocupações com a qualidade do ar datam de longe, já na
valores, a cultura (música, cinema, moda) – isso sem se falar era pré-cristã, sendo tal fato devido ao uso do carvão como
no idioma inglês, que é visto como universal – enfim, direta combustível, uma vez que as cidades dessa época apresen-
ou indiretamente representam o poder hegemônico dos Es- tavam problemas relacionados à baixa qualidade do ar. Face
tados Unidos em todo o mundo. Ao passo em que se tem do agravamento da situação nas cidades da era pré-cristã, no
uma tendência à homogeneização de valores culturais, tem- final do séc. XIII foram baixados os primeiros atos de controle
se o aumento do processo de intolerância e xenofobia em de emissão de fumaça.
países como EUA e França. A questão dos atentados de 11 Em 1952, um acidente ocorrido durante o inverno na ci-
de setembro de 2001 pode ser um exemplo da intolerância dade de Londres – um episódio de inversão térmica impediu
tanto de alguns grupos do Oriente com relação ao Ociden- a dispersão de poluentes causados pelas indústrias e aque-
te, assim como também por parte do Ocidente com relação cedores domiciliares que usavam carvão como combustível
ao Oriente, haja vista a forma como os Estados Unidos em- – formou uma nuvem composta de altos teores de enxofre
preenderam um revanchismo em nome da “segurança mun- e material particulado, permanecendo por cerca de três dias,
dial” contra o terrorismo. A despeito da crise econômica que fato que ocasionou de inúmeras pessoas.

89
HISTÓRIA

A década de 60 foi palco de grandes mudanças na área As etapas do Protocolo de Kyoto


ambiental, sendo que nos EUA foi criado um programa fe- Em 1988, ocorreu na cidade canadense de Toronto a pri-
deral de poluição atmosférica, sendo que mais tarde estabe- meira reunião com líderes de países e classe científica para
leceram-se padrões de qualidade do ar. E foi também nesta discutir sobre as mudanças climáticas, na reunião foi dito
década que se descobriu que o uso indiscriminado de pesti- que as mudanças climáticas têm impacto superado somente
cidas, estava colocando em risco a saúde das pessoas, bem por uma guerra nuclear. A partir dessa data foram sucessivos
como contaminando alimentos e águas e ainda que os lixos - anos com elevadas temperaturas, jamais atingidas desde que
urbano e industrial - eram descartados de forma inadequada iniciou o registro.
prejudicando nosso bem estar. Em 1990, surgiu o IPCC (Painel Intergovernamental sobre
Entretanto à medida que os países foram se aprimoran- Mudança Climática), primeiro mecanismo de caráter cientí-
do e aperfeiçoando técnicas e formas de controle ambiental, fico, tendo como intenção alertar o mundo sobre o aque-
as indústrias começaram a migrar para os países onde as me- cimento do planeta, além disso, ficou constatado que alte-
didas de controle ambiental eram mais amenas ou pratica- rações climáticas são principalmente provocadas por CO2
mente inexistentes. (dióxido de carbono) emitidos pela queima de combustíveis
Nos anos 60 e 70, vários países com baixa economia – fósseis.
incluindo o Brasil – receberam indústrias multinacionais, prin-
Em 1992, as discussões foram realizadas na Eco-92, que
cipalmente na área petroquímica. Muitas delas tinham como
contou com a participação de mais de 160 líderes de Estado
sede países onde a legislação ambiental era mais rigorosa e
que assinaram a Convenção Marco Sobre Mudanças Climá-
então determinava altos custos com investimentos em tec-
ticas.
nologia, principalmente na prevenção de acidentes ambien-
Na reunião, metas para que os países industrializados
tais.
A partir dos anos 80, até os dias atuais, a questão am- permanecessem no ano de 2000 com os mesmos índices de
biental passou a ser um tema de discussão em todos os seg- emissão do ano de 1990 foram estabelecidas. Nesse contex-
mentos da sociedade, o que vem pressionando indústrias e to, as discussões levaram à conclusão de que todos os países,
o empresariado às mudanças de atitudes e medidas ambien- independentemente de seu tamanho, devem ter sua respon-
talmente mais justas. sabilidade de conservação e preservação das condições cli-
máticas.
Protocolo de Kyoto Em 1995, foi divulgado o segundo informe do IPCC de-
Esse Protocolo tem como objetivo firmar acordos e dis- clarando que as mudanças climáticas já davam sinais claros,
cussões internacionais para conjuntamente estabelecer me- isso proveniente das ações antrópicas sobre o clima. As de-
tas de redução na emissão de gases-estufa na atmosfera, clarações atingiram diretamente os grupos de atividades pe-
principalmente por parte dos países industrializados, além de trolíferas, que rebateram a classe científica alegando que eles
criar formas de desenvolvimento de maneira menos impac- estavam precipitados e que não havia motivo para maiores
tante àqueles países em pleno desenvolvimento. preocupações nessa questão.
Diante da efetivação do Protocolo de Kyoto, metas de No ano de 1997, foi assinado o Protocolo de Kyoto, essa
redução de gases foram implantadas, algo em torno de 5,2% convenção serviu para firmar o compromisso, por parte dos
entre os anos de 2008 e 2012. O Protocolo de Kyoto foi im- países do norte (desenvolvidos), em reduzir a emissão de
plantado de forma efetiva em 1997, na cidade japonesa de gases. No entanto, não são concretos os meios pelos quais
Kyoto, nome que deu origem ao protocolo. Na reunião, oi- serão colocadas em prática as medidas de redução e se real-
tenta e quatro países se dispuseram a aderir ao protocolo mente todos envolvidos irão aderir.
e o assinaram, dessa forma, comprometeram-se a implantar Em 2004 ocorreu uma reunião na Argentina que fez
medidas com intuito de diminuir a emissão de gases. aumentar a pressão para que se estabelecessem metas de
As metas de redução de gases não são homogêneas a redução na emissão de gases por parte dos países em desen-
todos os países, colocando níveis diferenciados de redução volvimento até 2012.
para os 38 países que mais emitem gases, o protocolo prevê
O ano que marcou o início efetivo do Protocolo de Kyo-
ainda a diminuição da emissão de gases dos países que com-
to foi 2005, vigorando a partir do mês de fevereiro. Com a
põe a União Europeia em 8%, já os Estados Unidos em 7% e
entrada em vigor do Protocolo de Kyoto, cresceu a possibi-
Japão em 6%. Países em franco desenvolvimento como Bra-
lidade do carbono se tornar moeda de troca. O mercado de
sil, México, Argentina, Índia e, principalmente, China, não re-
créditos de carbono pode aumentar muito, pois países que
ceberam metas de redução, pelo menos momentaneamente.
O Protocolo de Kyoto não apenas discute e implanta me- assinaram o Protocolo podem comprar e vender créditos de
didas de redução de gases, mas também incentiva e estabe- carbono.
lece medidas com intuito de substituir produtos oriundos do Na verdade, o comércio de carbono já existe há algum
petróleo por outros que provocam menos impacto. Diante tempo, a bolsa de Chicago, por exemplo, já negociava os cré-
das metas estabelecidas, o maior emissor de gases do mun- ditos de carbono ao valor de 1,8 dólares por tonelada, já os
do, Estados Unidos, desligou-se em 2001 do protocolo, ale- programas com consentimento do Protocolo de Kyoto con-
gando que a redução iria comprometer o desenvolvimento seguem comercializar carbono com valores de 5 a 6 dólares
econômico do país. a tonelada.

90
HISTÓRIA

va, controlava, castigava e, de vez em quando, descia à Terra


6. ANTIGUIDADE. para algumas peripécias. Entre elas, relacionar-se com huma-
6.1. Os povos do Oriente Próximo e suas nos e conceber filhos semideuses, como Aquiles e Hércules.
organizações políticas. Outro ponto em comum entre os gregos era a prática de
esportes. Reuniam-se de quatro em quatro anos na cidade
6.2. As cidades-estados da Grécia.
de Olímpia para disputar entre si competições de atletismo,
6.3. Formação, desenvolvimento e declínio do
corrida, lutas, entre outras. Tal competição ficou conhecida
Império Romano do Ocidente. como Olimpíadas e perdura até os dias atuais. Eles respeita-
6.4. A vida socioeconômica e religiosa dos vam tanto essa competição que, mesmo em guerra, os povos
mesopotâmicos, egípcios, fenícios e hebreus. acordavam uma trégua durante a realização dos jogos. 
6.5. O legado cultural dos gregos e dos Além de Esparta e Atenas, Tebas, Creta e Troia também
romanos. foram importantes cidades Estados (ou pólis gregas), porém
se destacaram mais nas relações comerciais. Os gregos tam-
bém são chamados de Helenos pelo fato de, na Antiguidade,
Oriente Próximo a Grécia ser conhecida como Hélade.

A História Antiga é um domínio de estudos que se es- Pólis Grega


tende desde o aparecimento da escrita cuneiforme (cerca de No desenvolvimento da civilização grega, notamos que
4000 a.C.) até a tomada do Império Romano do Ocidente vários estudiosos destacam o surgimento da pólis como uma
pelos povos bárbaros (476 d.C.).Esse vasto período da hu- das mais importantes experiências desenvolvidas em toda a
manidade inclui muitas civilizações, não somente na Europa. Antiguidade. Em sua compreensão mais simples, a pólis cor-
Nesse período os vários povos influenciaram e também rece- responde às diversas Cidades Estado que se formaram no
beram influências fundamentais de outros povos. território grego entre o final do Período Homérico e o desen-
Também deve-se levar em conta que essa periodização volvimento do Período Arcaico. Contudo, como foi possível
está relacionada à História da Europa e também do Oriente que esse tipo de organização social e política existisse?
Próximo como precursor das civilizações que se desenvol- A princípio, o Período Homérico (XII a.C. – VIII a.C.) ficou
veram no Mediterrâneo, culminando com Roma. Essa visão conhecido pela formação das chamadas comunidades gen-
se consolidou com a historiografia positivista que surgiu no tílicas. Estas consistiam em pequenas unidades agrícolas au-
século XIX, que fez da escrita da história uma ciência e uma tossuficientes, nas quais todas as riquezas eram produzidas
disciplina acadêmica. Se repensarmos os critérios que defi- de forma coletiva. À frente desse grupo tínhamos o pater,
nem o que é a Antiguidade no resto do mundo, é possível uma espécie de patriarca que determinava a organização das
pensar em outros critérios e datas balizadoras. ações administrativas, judiciárias e religiosas a serem desem-
penhadas por todos que compartilhavam aquele mesmo es-
Cidades-Estados da Grecia paço.
Com o passar do tempo, a falta de terras e o uso de téc-
A Grécia é considerada o berço da civilização ocidental. nicas de plantio pouco avançadas estabeleceram um cres-
Foi lá que surgiram as primeiras ciências como História, Fi- cimento populacional maior que a produção agrícola das
losofia e Matemática. Desde pequenas, as crianças já eram comunidades gentílicas. Desse modo, a caráter coletivo dos
educadas pelos mais sábios gregos, aprendendo sobre a His- genos foi perdendo espaço para outro tipo de configuração
tória das civilizações, Astronomia, Música e Teatro. Foi forma- social. Paulatinamente, os membros mais próximos ao pater
da por invasores de diversas etnias e culturas, fato este que passaram a integrar uma restrita classe de proprietários de
explica toda a miscelânea grega. Dentre esses povos, desta- terras que eram subordinados aos outros integrantes da co-
cam-se os jônios, os dóricos e os eólios. munidade.
Durante a Antiguidade, a Grécia era dividida em cidades Nesse novo momento, os parentes mais próximos do
Estados. Cada uma delas, por sua diversidade cultural, tinha pater se transformaram nos integrantes da classe dos Eupá-
autonomia e sua própria forma de governar. Enquanto Es- tridas, termo grego que significava o mesmo que “bem-nas-
parta preparava seus jovens para as guerras, mandando-os cido”. Logo em seguida, temos os Georgoi (“agricultores”),
ainda criança para o exílio, instruindo-os com táticas militares que formavam a classe de pequenos proprietários de terras
e treinamento físico; Atenas incentivava o intelecto e obteve ainda existentes. Por fim, no estrato mais baixo dessa forma-
grande destaque no Teatro com o desenvolvimento dos gê- ção social, estavam os Thetas (“marginais”), que não tinham
neros tragédia e comédia (representações da vida real como qualquer tipo de propriedade agrícola.
forma de entretenimento e informação). Atenas destacou-se Mais do que controlar a posse da terra, os Eupátridas
também na Arquitetura, com construções inovadoras como também organizaram os instrumentos e instituições respon-
o Parthenon, templo em homenagem à deusa Atena; e na sáveis pelas decisões políticas, as manifestações religiosas
Filosofia, com os pensadores Sócrates, Platão e Aristóteles.  e todas as outras manifestações que reafirmassem o poder
Das poucas particularidades em comum, os povos gre- dessa classe dirigente. Temos de tal modo, a organização de
gos eram politeístas. Acreditavam que sua principal divinda- uma aristocracia que se organizava a partir da maior riqueza
de, Zeus, habitava o alto do monte Olimpo e de lá observa- daqueles tempos: a terra.

91
HISTÓRIA

Na medida em que a propriedade da terra estabelecia A religião politeísta romana, em muitos aspectos similar
disputas de poder, vemos que alguns genos passaram a se à da Grécia antiga foi a principal do Estado durante boa parte
mobilizar em defesa de seus territórios. Tínhamos assim, a de sua história, até 313, quando o imperador Constantino
formação das fratrias, que eram formadas como meio de institui o Edito de Milão, que tornaria o cristianismo religião
preservação das terras. Com o passar do tempo, as fratrias oficial do império até o seu final. Em 395, o imperador Teo-
também se uniriam coletivamente para a organização das dósio divide o império, estabelecendo uma duarquia, com
tribos, que também desempenhavam – em uma escala mais um imperador em Roma, responsável pela metade ociden-
ampla – a defesa das terras dos genos pertencentes a uma tal e outro em Bizâncio, responsável pela metade oriental do
determinada região. império.
A partir do momento que as demandas políticas dessas
comunidades se tornavam cada vez mais recorrentes, vemos Declínio de Roma
que essas associações de cunho militar passar a ter outro A queda do Império Romano se deveu a uma desestru-
significado. O agrupamento das tribos e a influência dos Eu- turação econômica, social e cultural, iniciada em meados do
pátridas determinaram a formação das primeiras Cidades Es- século III da Era Cristã, que fragilizaram Roma, tornando-a
tado, ou seja, as pólis gregas. Em muitas dessas pólis, vemos vulnerável às invasões de outros povos, conhecidos como
que a povoação se desenvolvia em torno da acrópole. Situa- povos bárbaros, o que conduziu o sistema à sua total aniqui-
da no ponto mais alto da cidade, esse espaço congregava os lação no século V.
palácios e templos de uma pólis. O declínio de Roma se deveu a um declínio econômico,
Por meio da criação da pólis, não determinamos somen- cultural e militar.
te o estabelecimento de uma aristocracia responsável pelo
destino político de toda uma população. Sob o ponto de vis- Declínio econômico
ta histórico, a formação das pólis instituiu um espaço em que O sistema econômico romano era pautado na escravidão
diferentes formas de organização políticas foram criadas e como sistema de produção referido aos latifúndios – grandes
desenvolvidas. Ao racionalizar a vida em sociedade, a pólis propriedades de terra. Os produtos, por sua vez, eram co-
abre caminho para outros tipos de experiência política. mercializados nas cidades e no mercado internacional. Com
os grandes lucros para os latifundiários e comerciantes, o
governo obtinha uma volumosa arrecadação fiscal, gerando,
Império Romano do Ocidente
assim, recursos financeiros suficientes para custear não só as
Recebe o nome de Império Romano (em latim, Impe-
despesas administrativas, mas também com o custeio dos
rium Romanum) o estado existente entre 27 a.C. e 476 d.C.
legionários, cuja função de promover guerras de conquistas
e que foi o sucessor da República Romana. De um sistema
e expedições estrangeiras, terminavam por abastecer Roma
republicano semelhante ao da maioria dos países modernos,
com escravos, permitindo, assim, o funcionamento do siste-
Roma passa a ser governada por um imperador vitalício, e
ma econômico.
que em 395 dividirá o poder com outro imperador baseado
A partir do século III, observamos a crise do sistema eco-
em Bizâncio, (depois rebatizada Constantinopla e atualmente
nômico de Roma em razão da crise de produção ocasionada
Istambul). Foi em sua fase imperial (por volta de 117 d.C.) pela redução do número de escravos. Com a divisão dos lati-
que Roma acumulou o máximo de seu poder e conquistou a fúndios em pequenas propriedades, a manutenção de escra-
maior quantidade de terras de sua história, algo em torno de vos se tornava cada vez mais custosa: muitas vezes, os gas-
6 milhões e meio de quilômetros quadrados, um território do tos com a alimentação e vestuário dos escravos terminavam
tamanho do Brasil, sem os estados do Pará e Mato Grosso. por consumir toda a produção, nada restando em termos de
O império tinha por característica principal uma estrutu- lucro, impedindo, assim, o investimento na manutenção de
ra muito mais comercial do que agrária. Povos conquistados aquisição de escravos para trabalhar, culminando com a re-
eram escravizados e as províncias (regiões controladas por dução na produção, culminando em um círculo vicioso de
Roma) eram uma grande fonte de recursos. O primeiro im- redução de escravos – baixa produção – altos custos – menos
perador foi Otávio, entre 27 a.C. a 14 d.C. Antes, porém, é im- lucro.
portante citar Júlio César, que com suas manobras políticas Por força desse conjunto de motivos, os proprietários de
acabou por garantir seu governo vitalício, entre 49 a.C. até terras recorreram ao sistema de arrendamento para buscar
seu assassinato em 44 a.C. Apesar de não ser considerado uma saída para a crise. Com esse sistema, os trabalhadores
imperador, César foi o verdadeiro responsável pela consoli- passaram a sustentar-se com os produtos de seu trabalho,
dação do regime; prova disso é que todos os seus sucessores cultivando uma gleba de terra arrendado pelo proprietário,
passam a receber o título de “césar”, e seu perfil é incluído que também dava casa a esses trabalhadores. Em contra-
em meio ao dos imperadores romanos na histórica obra “As partida, os trabalhadores, para recompensar o proprietário
Vidas dos Doze Césares”, de Suetônio. pelos benefícios obtidos, eram obrigados a trabalhar alguns
O Império Romano foi governado por várias dinastias: dias durante a semana nas terras desse. Dessa forma, muitos
- Dinastia Júlio-Claudiana (de 14 a 68) escravos deixaram sua condição para se tornarem colonos.
- Dinastia dos Flávios (de 69 a 96) Todavia, muitos trabalhadores livres e independentes, em
- Dinastia do Antoninos (de 96 a 192) função da crise, foram rebaixados a essa condição de colo-
- Dinastia dos Severos (de 193 a 235) nos, alguém que não era livre por estar preso à terra. Com

92
HISTÓRIA

isso, a cidade deixa de ser o centro da vida romana, haja vista O que ocorreu foi que à medida que os bárbaros foram
a grande migração de plebeus urbanos para o campo, com invadindo o Império, buscou-se estabelecer acordos com vis-
vistas a se tornarem colonos, fugindo dos problemas oriun- tas a que eles, recebendo terras, se fixassem num determina-
dos da crise política e militar romana. A economia, ruraliza- do território Em troca, ficavam a serviço do imperador para
da, permitiu o surgimento de unidades de produção autô- lutar contra os inimigos de Roma. Nesse contexto, os bárba-
nomas do resto da sociedade; surgem as vilas, construções ros não eram propriamente inseridos à sociedade romana,
protegidas por muros e fossos, onde habitavam o senhor e mas sim admitidos como grupos diferenciados, com seus lí-
seus dependentes. O senhor era o responsável por garantir deres próprios. Com o tempo, essas tribos emanciparam-se
a segurança de todos, dirigindo a vida política, econômica e da tutela romana, criando seus reinos e levando à eclosão do
militar de sua propriedade e daqueles que nela habitavam e Império.
laboravam. Os mais temidos dos povos bárbaros eram o hunos, que
Em contrapartida, houve, em função dessa crise, uma chegaram à Europa em 375. Receosos dos hunos, os visigo-
massiva inflação, promovida pelos imperadores, que emi- dos estabeleceram-se no Império Romano, nas supracitadas
tiam moeda para compensar a falta de circulação econômica, condições. Como os hunos não atacaram, os visigodos co-
destruindo a moeda corrente, tornando nulo o cálculo eco- meçaram a expandir seu domínio na região em que haviam
nômico a longo prazo, haja vista a desvalorização diuturna da se estabelecido, o que levou o imperador Valente a tentar
moeda que tornava imprevisível o retorno dos investimentos, expulsá-los, sem sucesso. Com a morte de Valente em 378,
e consequentemente a acumulação de capital. O lucro era Teodósio assumiu o império, concedendo terras aos visigo-
cada vez mais difícil e o acúmulo de capital era inútil, pois dos, no intuito de acalmá-los. Em 395, Teodósio procedeu
esse se consumia sozinho, pela altíssima inflação. A emissão uma divisão administrativa do Império em duas partes: Im-
de dinheiro, com vistas a permitir o fluxo de produtos e a pro- pério Romano do Ocidente, cuja capital era Milão, e Império
dução, gerou o excesso de moeda com escassez de bens: os Romano do Oriente, com capital em Constantinopla.
comerciantes e produtores aumentavam os preços dos seus Com a morte de Teodósio, seus dois filhos lhe sucede-
bens muito mais do que os salários podiam acompanhar: o ram: Honório, no Ocidente, e Arcádio, no Oriente. Ambos
eram auxiliados por chefes bárbaros. Nesse período têm iní-
dinheiro valia cada vez menos e as pessoas compravam tam-
cio as mais violentas investidas dos visigodos, dando início
bém cada vez menos. A inflação tornou a lucratividade ainda
à sua grande invasão, que culminou com a constituição do
mais difícil, resultando, assim, num colapso geral do sistema
Reino Visigótico, construído dentro das fronteiras do Impé-
de produção e comércio em larga escala, bem como a des-
rio Romano do Ocidente. A esse evento, seguiram-se as in-
truição da divisão do trabalho até então vigente e o êxodo
vasões dos vândalos, dos burgúndios e dos hunos. Ao final,
urbano: a migração da população para o campo.
somente restou a Itália sob o controle dos romanos. Em 476,
o Império Romano do Ocidente ruiu por completo, com o
Declínio Político-Cultural
assassinato do imperador Júlio Nepos por Orestes, um huno.
A naturalização de alguns povos bárbaros e o contato No mesmo ano, o filho de Orestes, Rômulos Augústulus, que
com outras culturas fez com que os romanos, insatisfeitos havia sido sagrado imperador no lugar de Julio Nepos, foi
com a crise, começassem a por em xeque o poder divino dos deposto por Odoacro, rei dos hérulos, que se declarou rei
imperadores, levando-os a concluir que a força desses esta- da Itália e aliado do Oriente. O Império parecia reunificado,
va referida ao poderio militar. Com isso, o exército passou mas era só aparência: o imperador tinha poder de comando
a exigir melhores salários e o Império, para atender a essas apenas no Oriente, pois no Ocidente o domínio era exclusivo
demandas, emitia mais dinheiro para pagar aos soldados, o dos bárbaros. Em 488, Zenão, imperador de Constantinopla,
que enfraqueceu a máquina estatal. celebrou um acordo com Teodorico, rei dos ostrogodos, se-
O Império, sem condições de custear a máquina esta- gundo o qual este ficaria com a Itália. Após muitas batalhas
tal, começou um processo de descentralização administra- contra os hérulos, Teodorico afirma-se como rei da Itália, fun-
tiva, atribuindo competência aos senhores para cobrar os dando o Reino Ostrogótico. Era a consolidação do fim do
impostos. Esse processo de ruralização da economia, aliada Império Romano.
à descentralização administrativa e política do Império foi o
primeiro passo para a instituição do sistema feudal, que vigo- Civilização Mesopotâmica
rou em seu apogeu na Idade Média. A Mesopotâmia é uma região histórica do Oriente Mé-
dio (Ásia), incluída no Iraque e banhada pelos rios: Tigre e
Declínio Militar Eufrates. A palavra mesopotâmia, em grego, significa região
A incapacidade de os romanos defenderem suas fron- entre rios. Estendendo-se desde o Deserto da Síria , a N.O,
teiras foi o elemento decisivo para que as invasões bárbaras até as margens do Golfo Pérsico, a S.E., compreende duas
pusessem termo ao Império no século V. Inicialmente, Roma áreas distintas:
compunha seu exército apenas com soldados de origem ro- O Planalto ou Alta Mesopotâmia, de constituição geoló-
mana. Todavia, podemos observar que havia a inclusão de gica complexa, onde predominam formas muito eruditas;
bárbaros “romanizados” nos quadros do exército, o que não A Planície ou Baixa Mesopotâmia, de origem rudimentar
gerou, em princípio, nenhuma desestabilização das relações recente, cheia de lagoas, pântanos e canais naturais.
entre soldados e pátria, uma vez que estes eram cidadãos Uma elevação de 75 metros de altura, situada nas pro-
romanos indistintamente considerados. ximidades da cidade de Bagdá, marca o limite entre ambas.

93
HISTÓRIA

É exatamente nesse ponto que se aproximam bastante Compondo uma parcela menos privilegiada da socieda-
os cursos dos dois famosos rios: o Tigre, que desce das mon- de egípcia, temos os soldados, camponeses e artesãos. Os
tanhas do Curdistão, e o Eufrates, que procede do Planalto soldados viviam dos produtos recebidos em troca dos ser-
da Anatólia, entrelaçando suas águas através de pântanos, viços por eles prestados e, em alguns momentos da história
lagos e canais. Afastam-se a seguir, para reencontrarem-se egípcia, eram recrutados entre povos estrangeiros. Os cam-
pouco antes da foz, fundindo-se num só: o Chat-el-Arab (Rio poneses trabalhavam como servos nas terras do Estado e re-
dos Árabes), que se lança no Golfo Pérsico. cebiam pouco pela função que exerciam. Da mesma forma,
Em junho e julho, as águas desses rios avolumam-se, de- os artesãos tinham uma vida bastante simples e trabalhavam
vido à fusão das galerias existentes nas cabeceiras e pelas nas construções e oficinas existentes no país.
Não exercendo grande importância, os escravos forma-
fortes chuvas que caem nos cursos superiores e transbordam
vam uma classe reduzida no interior da sociedade egípcia.
por sobre a planície, fertilizando-se nas cabeceiras.
Em geral, estes escravos eram obtidos por meio das conquis-
Essa rica planície atraiu uma série de povos, que se en- tas militares. Curiosamente, esses não viviam uma condição
contraram e se misturaram, empreenderam guerra e domi- social radicalmente subalterna com relação aos seus donos.
naram uns aos outros, formando o que denominamos “civili- Mais tolerantes aos estrangeiros que outros povos, os egíp-
zação mesopotâmica”. Entre esses povos temos: cios tinham o costume de zelar pela condição de vida dos
- Os Sumérios escravos postos sob o seu domínio.
- Os Babilônicos
- Os Assírios A escrita
- Os Caldeus A principal escrita egípcia eram os hieróglifos, que foram
decifrados em 1822 pelo francês Jean-François Champollion.
Civilização Egípcia Os egípcios também tinham outros dois tipos de escrita, a
No Egito Antigo observamos uma estrutura bastante rí- hierática que era hieroglífica simplificada e a demótica que
gida, na qual a possibilidade de ascensão era mínima entre era mais simples e rápida.
seus integrantes. No topo dessa hierarquia estava o Faraó,
governante máximo do Estado e adorado como uma divin- As artes
dade viva descendente de Amon-Rá. A função político-reli- A parte artística e cultural dos povos egípcios estava re-
giosa por ele ocupada imprimia uma natureza teocrática ao lacionada a tradições religiosas e funerárias. Pouca parte das
obras egípcias foi criada como a arte pela arte, praticamente
governo egípcio. Para a população, a prosperidade material
quase todas estavam interligadas num contexto religioso e
estava intimamente ligada às festas e rituais feitos em sua
político, como a representação do faraó.
homenagem. O que mais marcou a arquitetura foram as grandes pi-
Logo abaixo de seu sagrado governante, os sacerdotes râmides construídas no Antigo Egito, com suas proporções
compunham um primeiro e restrito grupo social privilegiado. gigantescas e com larga utilização da pedra como matéria
A função de mediadores entre os deuses e os homens lhes -prima. Até hoje nos dias atuais, ainda não se sabe direito
concedia enorme prestígio entre os demais membros da so- como foram construídas essas pirâmides, os historiadores
ciedade egípcia. Responsáveis pelo equilíbrio das atividades dizem que os egípcios utilizavam rampas de terra para co-
religiosas, tomavam a tarefa de administrar todos os bens a locar os milhares de blocos de pedra uns sobre os outros, e
serem ofertados pelos deuses. Dessa forma, acabavam acu- quanto ao transporte, teria sido usado, provavelmente, tre-
mulando uma expressiva quantidade de bens materiais ao nós. As pirâmides representavam à força política e perpétua
longo de sua vida. do governante divinizado e tinham relação com a imortali-
Muito próximos da condição privilegiada vivida pela dade da alma.
classe sacerdotal, os membros da nobreza eram originários Foram construídos também outros túmulos, além das pi-
da família do Faraó, dos líderes do Exército e dos altos fun- râmides, os hipogeus, que eram subterrâneos, e as mastabas,
cionários do governo. Logo em seguida, os escribas forma- que eram trapezoidais.
vam um setor intermediário da sociedade egípcia. Em razão Nas esculturas era observada a lei do frontalidade, ou
de sua formação escolar privilegiada, em que aprendiam a seja, o corpo humano era representado de frente e dividido
em duas partes iguais, e o hieratismo, ou seja, a rigidez.
escrita e a leitura dos hieróglifos, eram remunerados para au-
Nas pinturas era utilizada a pintura afresco, e as pintu-
xiliarem no desenvolvimento de várias atividades comerciais
ras eram representadas com o rosto, pés e pernas de perfil,
e administrativas. enquanto que os olhos e o tórax eram vistos de frente. Eram
Os comerciantes também tinham grande importância representadas cenas do cotidiano nas pinturas, e tinham
para o desenvolvimento da economia egípcia ao promo- também a função decorativa. A pintura era realizada princi-
verem a circulação de riquezas entre seu povo e as demais palmente na folha de papiro.
civilizações vizinhas. Graças à sua ação, era possível o aces- Os egípcios sabiam lidar bem com cálculos e faziam pre-
so a uma série de produtos, como a madeira, utilizada na visões das cheias do Nilo.
construção de embarcações e sarcófagos; o cobre e o esta- A literatura era basicamente em cima da ideologia reli-
nho, metais úteis na fabricação de armamentos militares; e giosa e moral. Um dos livros mais importantes da literatura
ervas, geralmente empregadas na medicina e nos processos egípcia é o Livro dos Mortos ou Livro Sagrado, que seria para
de mumificação. eles como uma bíblia.

94
HISTÓRIA

Para eles haviam 360 dias divido em 12 meses, mais 5 Por volta de 1400 a.C, os fenícios já eram os maiores co-
dias de festas religiosas. O calendário baseava-se no movi- merciantes da antiguidade. Consagrados notáveis navegado-
mento do Sol. As estações eram ditas conforme a agropecuá- res, fundaram povoados em varias regiões do Mediterrâneo.
ria: verão, estação das cheias e inverno. Com o aumento da população fenícia, eles fundaram colô-
nias no Norte da África e na Península Ibérica, chegando até
A religião as ilhas britânicas banhada pelo Oceano Atlântico.
Os egípcios acreditavam na imortalidade da alma, no As principais colônias fenícias eram a Cidade de Cartago,
juízo final e no retorno da alma ao mesmo corpo, por esse Cadiz, Sicília e Chipre.
motivo, quando mortos, os faraós eram embalsamados para O maior legado dos fenícios foi a invenção do Alfabeto
que o seu corpo se conservasse até a sua volta. Fenício, sinais que correspondiam aos sons das consoantes.
A religião era de caráter politeísta. A religião desempe- Os gregos copiaram este alfabeto e o difundiram em boa
nhou um papel de predomínio no cotidiano e no padrão cul- parte do mundo.
tural. O território da Fenícia sempre foi cobiçado por outros
A representação divina podia ser de três formas: zoo- povos da antiguidade. Em 330 a.C, a terra dos fenícios seria
mórfica, antropomórfica e antropozoomórfica. conquistada por Alexandre Magno da Macedônia.
As ricas colônias fundadas por eles no mediterrâneo se-
Civilização Fenícia ria absorvidas pelos romanos após as guerras púnicas, confli-
Povo que consagrou-se como os maiores navegadores to que envolveu Cartago contra Roma.
do Mundo Antigo.
Por volta de 2000 a.C., os Fenícios ocuparam uma estreita Civilização Hebraica
faixa de terra no mediterrâneo oriental. Os hebreus são conhecidos como israelitas ou judeus.
Nos dias de hoje, o território da antiga civilização Fenícia Antepassados do povo judeu, os hebreus têm uma histo-
corresponde as nações do Líbano e Síria.Fracassada a tenta- ria marcada por migrações e pelo monoteísmo.
tiva de praticar a agricultura em seus territórios, os Fenícios Muitas informações sobre a história dos hebreus ba-
viram no comércio a principal fonte de riqueza das cidades. seiam-se na interpretação de textos do Antigo Testamento, a
O comércio feito com os povos egípcios e mesopotâmi- primeira parte da Bíblia. O Antigo testamento foi escrito com
cos, fez com que os fenícios enricassem rapidamente. Foi ai base na tradição oral dos hebreus. Consta dele, por exemplo,
então que eles decidiram expandir a atividade comercial em a interpretação feita por esse povo da origem do mundo e de
todo o mediterrâneo. muitas das normas éticas e morais de sua sociedade. Convém
O cedro, objetos de metais, tecidos, cerâmicas, jóias e ressaltar, entretanto, que esses textos são repletos de símbo-
tinturas, eram os principais produtos comercializados pelos los e sua interpretação é bastante difícil.
Fenícios. Vestígios da sociedade hebraica continuam sendo en-
O terra natal dos fenícios, possuía uma grande floresta contrados. Eles contribuem para lançar novas luzes sobre a
repleta de Cedro, madeira usada na construção de embar- história dos hebreus.
cações. Valendo-se dessas embarcações, os Fenícios explo- Segundo a tradição, Abraão, o patriarca fundador da na-
raram as regiões costeiras do Mar Mediterrâneo a procura ção hebraica, recebeu de Deus a missão de migrar para Ca-
de recursos minerais. Com a multiplicação das embarcações, naã, terra dos cananeus, depois chamada de palestina, onde
a Fenícia transformou-se na maior potência marítima da an- se localiza hoje a Estado de Israel.
tiguidade. Após passarem um período na terra dos cananeus, os
hebreus, foram para o Egito, onde viveram em 300 e 400
A Religião anos, e acabaram transformados em escravos. Sua historia
As divindades fenícias estavam relacionadas a natureza. começa a ganhar destaque a partir do momento em que re-
Em troca da fecundidade do solo e da abundância de uma solvem sair do Egito e, sob a liderança de Moisés, voltar a Ca-
boa colheita, os deuses exigiam oferendas. Para agradar aos naã. Na história judaica, esse retorno é chamado de êxodo e
seus deuses, os fenícios realizavam sacrifícios humanos. aconteceu entre 1300 e 1250 a.C.
Baal, Astarteia, Dagon, Ayan e Anat, eram os principais Em 70 d.C., a Palestina era uma província do Império Ro-
deuses da religião fenícia. Não foram construídos templos mano; as muitas rebeliões ocorridas na região levaram o go-
religiosos em homenagem a esses deuses, os cultos eram verno imperial a expulsar os hebreus da Palestina. Esse acon-
feitos ao ar livre. tecimento é denominado de diáspora. Até 1948, quando foi
fundado o estado de Israel, os judeus viveram sem pátria,
A Sociedade Fenícia atualmente são os palestinos que não tem pátria, pois suas
A Civilização Fenícia era uma sociedade de mercadores. terras foram tomadas pelos israelenses.
Sem governo centralizado, as Cidades de Biblos, Sidon e Tiro Praticam a agricultura, o pastoreio, o artesanato e o co-
eram independentes uma das outras. Estas cidades eram go- mércio. Têm por base social o trabalho de escravos e servos.
vernadas por ricos comerciantes e aristocratas. A população As tribos são dirigidas de forma absoluta pelos chefes de
fenícia era formada de marinheiros, artífices, camponeses e família (patriarcas), que acumulam as funções de sacerdote,
escravos. juiz e chefe militar. Com a unificação destas, a partir de 1010

95
HISTÓRIA

a.C., elegem juízes para vigiar o cumprimento do culto e da Inventaram a âncora, aperfeiçoando-a de tal maneira
lei. Depois se unem em torno do rei. Produzem uma literatura que até hoje é utilizada, sem grandes modificações.
dispersa, mas importante, contida em parte na Bíblia e no Quanto a moeda, foi aperfeiçoada e transformada pelos
Talmude. gregos em instrumento normal de troca expandindo-a por
toda a parte.
Localização Os gregos inventaram e construíram o relógio de sol. Foi
A Palestina localizava-se em uma estreita faixa a sudoeste um sábio grego (Arquimedes) nascido em Siracusa, que esta-
do atual Líbano. O rio Jordão divide a região em duas partes: beleceu o princípio geral da alavanca, inventou o parafuso e
a leste a Transjordânia; e a oeste, a Cisjordânia. Essa região é porca, a roldana, as engrenagens, entre outras.
atualmente ocupada pelo estado de Israel. A ciência desenvolveu-se devido aos grandes filósofos
Até hoje a região é bastaste árida. O principal rio é o gregos, homens que se dedicavam ao estudo de vários ramos
Jordão, e assim mesmo não era suficiente para grandes obras do conhecimento humano (Física, Matemática, Astronomia,
de irrigação. Um solo pouco fértil e um clima bastante seco etc...) assim sendo, a filosofia (literalmente: amor a sabedoria)
impediam que a região fosse rica. No entanto, tinha bastante englobava todas essas ciências.
importância, pois era passagem e ligação entre a Mesopotâ- Hipócrates de Cós, ( o Pai da Medicina), estabeleceu que
mia e a Ásia Menor. E foi nessa região que assentou o povo as doenças tinham causas naturais e por isso deveriam ser
hebreu, um entre os muitos que vagaram e se estabeleceram tratadas por processos também naturais e não através de ma-
na Palestina. gias. Dessa maneira, os gregos dotaram as criações orientais
de um novo espírito, o espírito da ciência, ou seja, da explica-
Organização social e política dos hebreus ção racional dos fatos.
Após a morte de Moisés, os hebreus chegaram à pa-
lestina e, sob a liderança de Josué, que cruza o rio Jordão, Alguns Filósofos e Artistas Gregos
combate com os cananeus que então habitavam a terra pro- Tales de Mileto: admitia a existência de um elemento bá-
metida. Vencidos os cananeus, os israelitas se estabelecem sico – a água – do qual derivam todas as coisas do universo.
na Palestina. Nessa época, o povo hebreu estava dividido em Anaximandro: desenvolveu a teoria de que os primeiros
12 tribos (“os doze filhos de Israel”), que viviam em clãs com- animais viveram na água.
postos pelos patriarcas, seus filhos, mulheres e trabalhadores Pitágoras: matemático, pioneiro das ciências naturais, as-
não livres. trônomo e reformador moral.
O poder e prestígio desses clãs eram personificados Ésquilo: primeiro dos grandes dramaturgos gregos.
pelo patriarca, e os laços entre esses clãs eram muito frágeis. Fídias: escultor, escultor da estatua de Atena, protetora de
Porém, devido às lutas pelas conquistas de Canaã ou Terra Atenas, do Partenon e da estátua de Zeus Olimpo.
Prometida, surgiu necessidade do poder e do comando es- Heródoto: grande historiador considerado o “Pai da His-
tar nas mãos de chefes militares. Estes chefes passaram a ser toria”, viajava em busca de fatos.
conhecidos como Juízes. Sócrates: grande filosofo, frase celebre: “Conhece-te a ti
Com a concentração do poder em suas mãos, os juízes mesmo”.
procuraram à união das doze tribos, pois ela possibilitaria Platão: discípulo de Sócrates
a realização do objeto comum: O domínio da Palestina.  As Aristóteles: discípulo de Platão, foi um dos criadores do
principais lideranças deste período foram os juízes: Sansão, método cientifico, valorizando a experiência e comprovação.
Otoniel, Gideão e Samuel, todos eram considerados enviados
de Jeová, para comandar os Hebreus. Legado Cultural Romano
A união das doze tribos era difícil de ser conseguida e Ao longo de sua história, a cultura romana foi nitidamen-
mantida, pois os juízes tinham um poder temporário e mes- te influenciada por diferentes povos. Muitas dessas trocas cul-
mo com a unidade cultural, (língua, costumes, e, principal- turais desenvolveram-se com mais intensidade na medida em
mente religião), havia muita divisão política entre as tribos. que o processo de expansão territorial romano foi ganhando
Assim foi preciso estabelecer uma unidade política. Isto foi maiores proporções. Mesmo estes chamando os estrangeiros
conseguido através da centralização do poder nas mãos de de bárbaros, termo que diferenciava aqueles que não sabiam
um monarca, Rei, o qual teria sido escolhido por Jeová para falar o latim, os romanos foram marcados principalmente pe-
governar. las civilizações da própria Península Itálica.

Legado Cultural Grego Política


No campo político, a questão do Estado e da cidadania
Ciência Grega fundava diversas concepções do cenário político romano.
Considerando o povo grego em conjunto, notava-se Saudar e defender Roma eram grande prova da valorização
nele uma curiosidade inventiva em todos os aspectos: que o indivíduo tinha pela glória e o respeito às tradições do
Herdeiros dos cretenses e fenícios na arte de navegar, povo romano. Ao mesmo tempo, a organização da sociedade
aperfeiçoaram e construíram barcos, adaptando-os de acor- romana tinha muitos de seus aspectos vinculados às leis que
do com seus objetivos, seja para transporte, comércio ou regiam os mais diferentes temas do cotidiano romano. As leis
competições. eram formadas por diferentes códigos.

96
HISTÓRIA

O Jus Civile era o principal conjunto de leis e era inspirado político. Entre os germanos não existia a noção de Estado.
nos mais antigos costumes e tradições romanas. Desprovidos Cada chefe possuía autonomia, de tal forma que só em épo-
das mesmas benesses jurídicas, os estrangeiros tinham um ca de guerra ou perigo os chefes se submetiam à autoridade
código de leis próprio chamado Jus Gentium. Com relação suprema de um “rei”.
às relações familiares, o direito romano destinava o Jus Pu- Assim sendo, surgiu entre os germanos uma instituição
blicum. A tradição jurídica em Roma consolidou diversas es- chamada Comitatus. Nessa organização (na verdade um
colas de Direito que formavam os juristas responsáveis pelos bando armado), as relações entre comandante e comanda-
processos jurídicos da época. Conservando seus princípios dos eram diretas e recíprocas, baseadas em juramentos de
ao longo dos tempos, o Direito Romano influenciou a cultura lealdade e fidelidade. Tais características iriam ser mantidas
jurídica de diferentes povos europeus. nas relações políticas do feudalismo.
O processo de integração das estruturas românicas e
germânicas foi lento, cobrindo todo o período que vai do
século V ao IX. Isto porque a forma de integração dependia
7. MUNDO MEDIEVAL. dos fatores conjunturais, relacionados com as invasões que
7.1. Formação e desenvolvimento do assolaram a Europa do século V ao IX, semeando a insegu-
sistema feudal. rança, dificultando as comunicações, enfraquecendo o poder
7.2. A organização política feudal; os político e atomizando a sociedade, de forma a ter no feudo
reinos cristãos da Península Ibérica. sua unidade fundamental.
7.3. O crescimento comercial-urbano e a As invasões germânicas (séculos V e VI) visaram inicial-
desagregação do feudalismo. mente aos centros urbanos do Império, a fim de saqueá-los;
7.4. A Civilização Muçulmana. mas depois tenderam a se fixar nas regiões favoráveis às ati-
7.5. O legado cultural do Mundo Medieval. vidades agrárias. Com isso, completaram o êxodo urbano já
7.6. A Civilização Bizantina. iniciado no Baixo Império Romano e cortaram as comunica-
ções entre as unidades rurais e urbanas, enfraquecendo as
segundas e forçando as primeiras à autossuficiência. O poder
político, incapaz de conter as invasões, viu-se na contingên-
Sistema Feudal cia de transferir as funções de defesa para os proprietários
A Alta Idade Média é o período inicial da Idade Média. rurais. Dessa forma, completava-se a descentralização do po-
Começa no século V e termina no século XI. Caracteriza-se der, o qual iria se tornar localizado.
pela formação do sistema feudal – feudalismo (do século Em seguida às invasões germânicas, vieram os muçulma-
V ao IX) e por sua cristalização (do século IX ao XI), isto é, nos (século VIII). Os árabes tinham se unificado politicamente
quando o feudalismo esteve plenamente estruturado. Após depois da união religiosa conseguida por Maomé, organiza-
o século XI, o sistema feudal entrou em crise e foi substituído dor do islamismo. A religião islâmica, sintetizada no Corão
pelo sistema capitalista, num processo muito lento que só se e na Suna, pregava a guerra santa aos infiéis, justificava o
completaria no século XVIII.  direito de saquear os infiéis (botim) porque não aceitavam
o Deus criador dos bens materiais. A elevada pressão demo-
Origens do sistema feudal gráfica na Arábia (havia poligamia), mais os fatores religiosos
O feudalismo é um sistema caracterizado pela economia e econômicos, explicam a fulminante conquista empreendida
de consumo, trocas naturais, sociedade estática e poder po- pelos muçulmanos. Conquistaram o Oriente Médio, o Norte
lítico descentralizado. Os fatores que explicam o surgimento da África, a Península Ibérica, o Sul da França e as ilhas do
desse sistema na Europa podem ser divididos em estruturais Mar Tirreno (Córsega, Sardenha e Sicília). Mas a pirataria mu-
e conjunturais.
çulmana impedia a navegação de barcos cristãos pelo Me-
Os fatores estruturais estão representados pelas institui-
diterrâneo. Dessa forma, a Europa ficou isolada do Oriente
ções econômicas, sociais, políticas e culturais dos romanos
e quase desapareceram o comércio, as cidades e a própria
(Império Romano do Ocidente) e dos povos germânicos que
economia de mercado, com suas trocas monetárias. Comple-
se fixaram dentro do Império a partir do século V.
Os principais elementos romanos que contribuíram para ta-se então, na Europa Meridional, o processo de ruralização
a formação do feudalismo foram: a economia agrária e autos- econômica.
suficiente das vilas romanas; as relações de meação (sendo o Quando os muçulmanos completaram sua tomada de
colonato a mais importante) existentes no campo durante o posição no sudoeste da Europa, o Ocidente europeu come-
Baixo Império; o distanciamento social entre os proprietários çava a sofrer os ataques dos normandos (vikings), proceden-
e os trabalhadores (clientes, colonos e precários); e o poder tes da Noruega e da Dinamarca. Os normandos eram ligados
político-militar localizado. Todos estes aspectos eram resulta- às atividades marítimas, pescadores e piratas que, por volta
do da crise econômica e política do Império Romano. do século IX, aterrorizaram as Ilhas Britânicas e a França com
Os elementos germânicos que entraram na formação suas incursões. Não se restringindo aos ataques no litoral,
do feudalismo foram: a economia agropastoril; o regime de subiam o curso dos rios e saqueavam as populações ribeiri-
trocas naturais; a sociedade, em que os guerreiros se sub- nhas, pilhando vilas, mosteiros e igrejas, roubando o gado e
metiam à autoridade de um chefe militar; e o individualismo escravizando os cristãos. Dado esse duplo caráter, marítimo

97
HISTÓRIA

e fluvial, de suas operações, não havia na Europa força militar A técnica adotada na agricultura era rudimentar. Somen-
adequada para contê-los. As áreas mais atingidas foram a te as terras mais férteis eram ocupadas. Adotava-se o sistema
Inglaterra e o noroeste da França, onde uma parte dos nor- de três campos (divisão da gleba em três partes, destinadas
mandos veio a se fixar, dando origem à Normandia. sucessivamente à forragem, ao plantio de cereais e ao pou-
Na Europa Oriental, ou, mais precisamente, em terras da sio), fazendo-se rotação trienal para evitar o esgotamento do
Rússia e Ucrânia atuais, os normandos da Suécia (conhecidos solo.
como varegues) realizaram uma penetração de caráter prin-
cipalmente comercial, pois as populações locais eram dema- A sociedade feudal
siado atrasadas para oferecer boas perspectivas de pilhagem.
A sociedade feudal pode ser definida como estamental,
Seguindo o curso dos rios que desembocam no Mar Negro,
devido a sua imobilidade e ao fato de a posição do indivíduo
os varegues acabaram estabelecendo contatos mercantis
ser determinada pelo nascimento. Os estamentos básicos
com Constantinopla, onde trocavam trigo e produtos da Eu-
ropa Setentrional por artigos manufaturados. eram dois: senhores e servos. O senhor se caracterizava pela
Ainda no século IX, os magiares (húngaros), procedentes posse legal da terra, pelo poder sobre os servos e pela con-
da Ásia Central, invadiram a Europa, aumentando a insegu- sequente autoridade política local; esta última incluía o poder
rança geral. A situação agravou-se com a chegada dos esla- militar, jurídico e religioso (no caso dos senhores eclesiásti-
vos, vindos das estepes russas. cos). O servo correspondia ao pólo social oposto. Era preso à
No século IX, portanto, definiu-se na Europa um quadro terra e inteiramente subordinado ao senhor (na medida em
de instabilidade generalizada, o qual criaria as condições ne- que lhe devia obrigações costumeiras); mas tinha a posse útil
cessárias para a consolidação das estruturas feudais.  da terra e o direito à proteção senhorial.
Afora essas situações sociais básicas, poder-se-iam men-
O modo de produção do sistema feudal cionar algumas outras. Os escravos eram em número redu-
zido e viriam a desaparecer, fosse porque se destinavam aos
A economia feudal afazeres domésticos (função pouco relevante em uma popu-
A economia feudal era fechada, sem mercados externos; lação rarefeita), fosse por causa da proibição eclesiástica de
era também natural, pois as trocas comerciais se realizavam se escravizarem cristãos. Os vilões eram homens livres que
in natura. A produção do feudo destinava-se ao consumo trabalhavam no feudo mediante arrendamento, mas conser-
local, visando à autossuficiência (economia de subsistência). vavam o direito de ir embora, se o desejassem descendiam
O elemento essencial e definidor do feudalismo eram
de pequenos proprietários que haviam entregado sua terra
as obrigações consuetudinárias (costumeiras) devidas pelos
ao senhor, em troca de proteção. Devem ainda ser citados os
servos a seus senhores, tanto em produtos como em servi-
ços. Os bens eram possuídos privativamente, mas a terra — ministeriais, agentes do senhor feudal encangados de man-
um bem econômico fundamental — poderia ser usufruída ter a ordem no feudo e de cobrar as obrigações devidas pe-
por todos (posse coletiva), quando se tratasse de pastagens. los servos; em certas regiões, eles eram chamados de bailios;
O regime de trabalho era servil, pois os servos consti- em outras, de senescais.
tuíam a mão de obra típica do sistema. Eles estavam presos Os ministeriais representavam uma situação de permea-
à terra que cultivavam, sendo-lhes proibido abandoná-la. bilidade social porque podiam ingressar na pequena nobre-
Mas, embora privados de liberdade, não poderiam ser con- za, se o senhor lhes concedesse em benefício uma determi-
siderados escravos, pois tinham alguns direitos e recebiam nada área, como reconhecimento pelos serviços prestados.
proteção de seus senhores. Em troca, deviam-lhes diversas
obrigações, a saber: As instituições políticas
A corveia era o trabalho agrícola realizado pelo servo na Politicamente, o sistema feudal embasava-se nas rela-
reserva do senhor (também denominada manso senhorial); ções de suserania e vassalagem. Suserano era o rei ou nobre
mas podia igualmente compreender serviços como a limpeza que, em troca de determinados compromissos, concedia a
dos fossos e dos caminhos, a conservação das instalações do outro nobre um benefício — geralmente um feudo, corres-
castelo ou ainda atividades artesanais. A talha correspondia pondente a uma extensão de terra com tamanho variável.
à entrega da metade do que o servo produzia em sua gleba Foi a insegurança do período que levou reis e nobres a
(também chamada de manso servil), a qual era constituída de
estabelecer relações diretas entre si, visando à proteção recí-
faixas cultivadas descontínuas, intercaladas com as glebas de
proca. Como os nobres pertenciam a unia aristocracia guer-
outros servos. As banalidades também eram obrigações em
reira de ascendência germânica, era importante poder contar
produtos, pagas pelo uso de certas instalações pertencentes
ao senhor (lagar, forno e moinho). Havia ainda a mão-morta. com seu apoio.
paga pelo servo quando herdava a gleba devido ao faleci- Os grandes senhores procuravam ligar-se a outros se-
mento de seu pai. Finalmente, o vintém, correspondente a nhores menores, com o objetivo de contar com o maior
um vigésimo da produção do manso servil, destinava-se à apoio militar possível. Para isso, existia a subenfeudação, em
manutenção da igreja paroquial. Deve-se notar que todas que um senhor concedia parte de seu feudo em beneficio a
essas obrigações eram fruto dos costumes locais (obrigações outro nobre. Isso fazia com que os senhores feudais pudes-
consuetudinárias), e por isso variavam de uma região para sem ser, simultaneamente, vassalos de um senhor e susera-
outra. nos de outros.

98
HISTÓRIA

Oficialmente, a autoridade política máxima era o rei, por lia, vencedores dos Muçulmanos em Poitiers, no ano de 732.
ser o suserano dos grandes senhores e não prestar vassala- Em 778, depois do desastre franco de Roncesvales, a fronteira
gem a ninguém. Na realidade, porém, o poder se fragmen- cristã no Nordeste peninsular ficará mais definida num eixo
tava entre os senhores feudais, caracterizando uma estrutura entre as Vascongadas, Navarra e Catalunha, a norte, portan-
política descentralizada ou, mais corretamente, localizada. to, da linha de demarcação meridional da Marca de Espanha
Os senhores feudais não constituíam um grupo social carolíngia (criada entre 785 e811).
uniforme. Devido à existência da subenfeudação, formavam Ainda que com uma situação política indefinida em
ima hierarquia que começava no rei e se ramificava até al- termos de auto governação, Galiza, Astúrias e Cantábria, a
cançar o mais modesto dos cavaleiros. É portanto possível par dos núcleos pirenaicos, foram os embriões da aventura
classificá-los em alta nobreza (aqueles que prestavam vassa- cristã da Reconquista e base dos futuros reinos peninsulares
lagem diretamente ao rei) e pequena nobreza (aqueles que medievais. O primeiro reino independente será o das Astú-
eram vassalos de outros senhores). Tais relações se estabe- rias, criado por Pelágio, em 718, que avançará para sul até
leciam pela cerimônia de investidura, a qual compreendia ao Douro, numa primeira fase, ao sabor das suas conquistas
três partes: a homenagem, em que o vassalo reconhecia a militares, ainda em regiões montanhosas ou noutras quase
superioridade do suserano; a investidura propriamente dita, desabitadas. A corte asturiana obedecia ao modelo visigó-
quando o suserano concedia ao vassalo a posse do feudo; tico, tendo tido como primeira capital estável e urbanizada
e o juramento de fidelidade prestado pelo vassalo, o qual acidade de Oviedo.
recebia, em contrapartida, a promessa de proteção por parte Simultaneamente, ao longo do século IX, a partir da re-
do suserano. ferida fronteira carolíngia, formam-se os condados da Cata-
Eram obrigações do vassalo para com seu suserano: lunha(unificados em 985) - entre eles, o de Barcelona, quiçá
prestar auxílio militar, se convocado; hospedar o suserano e o mais poderoso - e o reino de Navarra. Este constituiu-se
sua comitiva, quando de passagem pelo feudo; participar do a partir de um desmembramento do império carolíngio, do
tribunal dos Iguais, presidido pelo suserano, para julgar um qual se aproveitam os senhores locais, que estão na base de
senhor acusado de algum crime; e ainda contribuir para o outros reinos posteriores. Assim, cerca de 840, o chefe Iñigo
dote das filhas e para a cerimônia em que os filhos do su- Arista (c. 770-852) torna-se o primeiro rei de Navarra e fun-
serano feriam armados cavaleiros. Reciprocamente, o suse- dador da dinastia Iñiga. Rapidamente este reino conquistará
rano tinha obrigações para com seu vassalo: proporcionar- posições importantes em termos militares e geográficos,o
lhe proteção militar; garanti-lo na posse do feudo dado em que não obsta a que entre gradualmente na esfera de in-
beneficio; se o vassalo fosse acusado de um crime, assegu- fluência do outro reino cristão peninsular em formação, mas
rar-lhe o direito de ser julgado por um tribunal de senhores; mais antigo, o das Astúrias, que, mercê do seu avanço até ao
exercer a tutoria dos herdeiros menores e proteger a viúva Douro - e mesmo até ao Mondego, no reinado de AfonsoIII
do vassalo falecido. (886-910) - se passa a designar de Leão (a partir de 910), em
virtude da transferência do centro de poderes e decisão as-
Reinos Cristãos da Península Ibérica turiano para aquela antiga urbe. Nesta altura dá-se, por ou-
Em 711, Tarik, governador berbere de Tânger ao servi- tro lado, o repovoamento de várias povoações do Ocidente
ço dos Omíadas, invade a Península Ibérica e em três anos peninsular, como Portucale (Porto), Coimbra, Veseo (Viseu) e
conquista-a na sua quase totalidade. O Nordeste da Galiza Lamecum (Lamego). Algumas destas reconquistas e repo-
e as Astúrias, regiões situadas a norte de sistemas monta- voamentos sofrerão sérios reveses, como em toda a Penínsu-
nhosos de difícil transposição, conseguiram evitar, por via da la, com o contra-ataque de Almançor(981-1002), atrasando
resistência também, a sua submissão ao invasor muçulmano. as linhas de reconquista dos reinos cristãos peninsulares.
Por outro lado, convém salientar que a dominação árabe na Todavia, na sequência dos avanços e dos esforços de
Península, para além de tolerante com osCristãos e Judeus povoamento das regiões reconquistadas (cuja valorização
das regiões conquistadas, só se sentia de forma efetiva e econômica logo renasce), superando-se os ritmos menos rá-
marcante a sul da linha Coimbra Toledo Saragoça, estando as pidos ou as recuperações muçulmanas, surgem outros focos
regiões a norte desta área ocupadas de forma intermitente e secessionistas dentro destes dois primeiros reinos cristãos na
basicamente por pequenos destacamentos militares, às vezes Península. Na região de Burgos, por exemplo, devido às as-
um ou outro povoado pequeno. Esta imensa região estag- pirações independentistas de um nobre terratenente, Fernán
nada e pouco arabizada proporcionou em parte a garantia González, o condado de Castela, a partir da primeira metade
de muitos sucessos da Reconquista. Autênticos bastiões cris- do século X (c. 932), ganha uma autonomia cada vez maior e
tãos herdeiros das tradições visigóticas, as populações cristãs caminha a passos largos para a independência,que só se con-
do Norte peninsular, logo a partir de 740, iniciam investidas cretizará em meados da centúria posterior. A primeira meta-
contra os Mouros, coroadas de êxito em 742 na vitória de de deste século será decisiva para o xadrez cristão peninsular.
Covadonga, povoação nas imediações de Oviedo. Até 748, a Em Navarra, por um lado, dá-se a secessão de Aragão, em
reconquista das Astúrias aproveitará as lutas entre Árabes e 1035, ao passo que o condado da Catalunha (ou de Barcelon)
Berberes na Península, empreendendo arremetidas militares- é cada vez mais forte e autónomo. A oeste, cerca de 1034,
cada vez mais afastadas das montanhas do Norte. Também Navarra ganha posições no reino de Leão, impondo uma di-
no litoral basco e em certos rincões dos Pirenéus,subsistiam nastia própria neste país e a sua hegemonia no condado de
aglomerados cristãos ciosos da sua independência, embora Castela. Sancho III de Navarra (reina entre 1000 e 1035) alar-
aqui contassem com o apoio e cobertura dos Francos da Gá- ga as suas conquistas para as regiões bascas de Guipúzcoa,

99
HISTÓRIA

Biscaia e da Rioja Alavesa. Navarra era então a ponte entre cional que fizeram com a Península, são “substituídos”pelos
a Europa cristã e a Península e o garante da segurança no Almóadas, que conseguem travar os avanços cristãos. Nesta
caminho francês de Santiago. Porém, o esplendor de Navar- altura, a Reconquista cristã na Península definia-se em três
ra não sobreviveria à morte de Sancho, nomeadamente em vetores geográficos distintos: a leste, com Aragão (desde
termos territoriais,a oeste e a sul. No testamento deste mo- 1137 unido ao condado da Catalunha), com uma frente cada
narca, nitidamente de tradição sálica - o que atesta a gran- vez mais estreita, ao centro, com uma progressão mais alar-
de influência francano seu reino - são contemplados os seus gada, Leão e Castela, e, a oeste, um novo reino em fase de
três filhos com a divisão dos territórios sob administração afirmação política e militar, Portugal, independente de Leão
navarra. O seu filho mais velho, Garcia, fica com o território desde 1143, e já a meio do século XII, com avanços substan-
de Navarra (1035-1054), Fernando torna-se no primeiro rei ciais até ao Tejo e incursões no Alentejo. Três polos definidos
de Castela (1035-1065) e Ramiro recebe Aragão (1035-1069). contra um objetivo em recuo de poderio e territorialidade, o
O grande projeto de expansão de Navarra morria com esta Islão ibérico, derrotado em Navas de Tolosa em 1212 por um
divisão testamentária, à imagem do império carolíngio, tam-
exército cristão ibérico, apoiado pelo Papa Inocêncio III e por
bém espartilhado pelos três filhos de Carlos Magno à morte
cruzados.
deste. Renasceria Navarra independente em 1134, quando
Navarra cingia-se cada vez mais a um território em torno
Afonso I de Aragão morre e os navarros elegem Garcia V Ra-
de Pamplona e das Vascongadas, apertado entre Aragão e
mirez como seu rei. O seu esplendor e autonomia não serão
mais os mesmos, aproximando-se da esfera de influência Castela. Esta última era cada vez mais a maior potência ibéri-
de Castela para resistir a Aragão ou mesmo aliando-se aos ca, unindo-se mesmo a Leão em 1230, o que desenhava um
franceses, que lhe darão mesmo três dinastias, numa altura domínio territorial vastíssimo e uma pressão sobre os reinos
em que era fortemente pressionada pelos seus dois vizinhos vizinhos cada vez maior. Portugal, fechado entre o Atlântico a
ibéricos. No século XV, todavia, acaba por ser dominada por oeste, a Galiza leonesa-castelhana a norte e a leste pelo reino
Aragão, sendo submetida a Espanha unificada em 1512. de Leão-Castela, tinha como única hipótese de avanço o Sul
Entretanto, recuando até ao século XI, Fernando I de árabe, que consegue submeter nos limites atuais aproxima-
Castela, assim que se tornou rei de Castela, logo iniciou uma dos no dealbar da metade do século XIII, com a conquista
política de afrontamento face aos senhores leoneses e gale- plena do Algarve.
gos que lhe recusavam a submissão, levando a melhor sobre A ragão, a leste, voltava-se cada vez mais para o Me-
eles. A leste, por outro lado, venceu a guerra que travava com diterrâneo, conquistando as Baleares (1229-1235) e Valên-
seu irmão Garcia, rei de Navarra. Castela, mais tarde,parti- cia(1238), lançando as bases de um “império marítimo”, in-
lhará com Aragão este território, mercê do enfraquecimento tervindo mais tarde na Itália meridional, onde se apodera,
que os vários conflitos fratricidas provocaram naquele reino em1442, do reino de Nápoles. Os séculos XIV e XV na Penín-
pirenaico. Todavia, também Fernando, na sua morte, dividirá sula Ibérica, serão, pois, marcados por uma dualidade clara
o seu reino pelos filhos, alterando-se uma vez mais o mosai- entre Aragão e Castela, que desde o século XIII se apoderara
co político peninsular: Sancho herda Castela, Afonso o reino já de Córdova (1236) e Sevilha (1248), restringindo o terri-
de Leão e Garcia o da Galiza. Foi precisamente com Afonso tório muçulmano peninsular ao pequeno reino de Granada,
VI (1035-1109) que a Reconquista ganhou novo fôlego, com reconquistado em 1492 pelos reis católicos da Espanha unifi-
os cristãos ibéricos a atingirem o Tejo, recuperando a mítica cada em torno daqueles dois antigos estados cristãos penin-
cidade visigótica de Toledo em 1085. Este soberano conse- sulares. Portugal voltava-se para uma futura vocação atlânti-
guia trazer de novo Leão para a ribalta peninsular,centrando ca, virando um pouco as “costas” aos seus vizinhos ibéricos.
o avanço da Reconquista na sua área de ação. Contara, para Longe iam já os tempos de Pelágio e dos Cristãos asturianos,
este desidério “imperial”, com a ajuda do Papa Gregório VII, que, à custa de pequenas refregas e surtidas, lançaram o gér-
dos monges de Cluny e de vários cavaleiros da Borgonha
men dos reinos cristãos peninsula resmedievais.
(compatriotas de sua mulher, Constança) que vieram em seu
auxílio. Chega mesmo a impor aos reinos taifas muçulmanos
Crise do Feudalismo
o pagamento de um tributo. Conhecera um retrocesso em
O crescimento demográfico, observado na Europa a
Zalaca, porém, em 1086, com a contraofensiva dos Almorávi-
das. Estes devastaram os territórios de povoamento leoneses partir do século X, modificou o modelo autossuficiente dos
e castelhanos. Nesta altura, uma das bandeiras da resistência feudos. Entre os séculos XI e XIII a população europeia mais
cristã foi o célebre guerreiro Rodrigo Díaz de Vivar, El Cid que dobrou. O aumento das populações impulsionou o cres-
Campeador, que se apoderou de Valência em 1094. cimento das lavouras e a dinamização das atividades comer-
Entretanto, Aragão tinha também já começado o seu ciais. No entanto, essas transformações não foram suficientes
projeto de conquista de terras a sul aos mouros, ainda que para suprir a demanda alimentar daquela época. Nesse pe-
tenha sofrido um abrandamento com as ofensivas almorá- ríodo, várias áreas florestais foram utilizadas para o aumento
vidas de 1086. Será, de facto, o reino de Aragão a sacudir a das regiões cultiváveis.
pressão muçulmana na Península e a retomar a Reconquista, A discrepância entre a capacidade produtiva e a deman-
com Afonso I (1104-1134), que atinge Saragoça (1118) e mar- da de consumo retraiu as atividades comerciais e a dieta ali-
ca a fronteira do seu reino no Ebro. Chegará mesmo a efetuar mentar das populações se empobreceu bastante. Em condi-
investidas em territórios do Al-Andaluz (1125-1126).Entre- ções tão adversas, o risco de epidemias se transformou em
tanto, enfraquecidos os Almorávidas com o contacto civiliza- um grave fator de risco. No século XIV, a peste negra se es-

100
HISTÓRIA

palhou entre as populações causando uma grande onda de Os beduínos da Arábia eram pastores de rebanhos de
mortes que ceifou, aproximadamente, um terço da Europa. cabras e camelos. Sua principal atividade era o comércio en-
No século XV, o contingente populacional europeu atingia a tre os oásis do interior e o litoral. Nas aldeias, tais como Meca
casa dos 35 milhões de habitantes. e Latribe, cultivavam a terra.
A falta de mão de obra disponível reforçou a rigidez an-
teriormente observada nas relações entre senhores e servos. Islão
Temendo perder os seus servos, os senhores feudais criavam A história da Arábia costuma ser dividida em duas gran-
novas obrigações que reforçassem o vínculo dos campone- des fases:
ses com a terra. Além disso, o pagamento das obrigações - Arábia pré-islâmica – período anterior à fundação do
sofreu uma notória mudança com a reintrodução de moedas islamismo.
na economia da época. Os senhores feudais preferiam rece- - Arábia islâmica – período caracterizado pelo islamismo.
ber parte das obrigações com moedas que, posteriormente, Arábia pré-islâmica
viessem a ser utilizadas na aquisição de mercadorias e outros Viviam na península Arábica diversos povos semitas,
gêneros agrícolas comercializados em feiras. destacando-se os:
Os camponeses, nessa época, responderam ao aumento - Árabes beduínos – povos seminômades que vagavam
de suas obrigações com uma onda de violentos protestos pelos desertos. Organizados em tribos, dedicavam-se á cria-
acontecidos ao longo do século XIV. As chamadas jacqueries ção de animais (ovelhas, cabras, camelos);
foram uma série de revoltas camponesas que se desenvolve- - Árabes urbanos – povos sedentários que habitavam as
ram em diferentes pontos da Europa. Entre 1323 e 1328, os cidades próximas ao litoral. Dedicavam-se sobretudo ao co-
camponeses da região de Flandres organizaram uma grande mércio, sendo responsáveis pelas caravanas de camelos que
revolta; no ano de 1358 uma nova revolta explodiu na França; transportavam produtos do Oriente para as regiões do mar
e, em 1381, na Inglaterra. Mediterrâneo.
Passadas as instabilidades do século XIV, o contingente Até o século VII, os árabes não eram politicamente uni-
populacional cresceu juntamente com a produção agrícola dos, isto é, não formavam um estado. Mas tinham elementos
e as atividades comerciais. Em contrapartida, a melhoria dos comuns, como o idioma árabe e as crenças religiosas. Eram
índices sociais e econômicos seguiu-se de novos problemas politeísta e adoravam cerca de 360 divindades.
a serem superados pelas sociedades europeias. A produção Numa tentativa de dar maior unidade às diversas tribos
agrícola dos feudos não conseguia abastecer os centros ur- árabes, foi construído na cidade de Meca um templo religio-
banos e os centros comerciais não conseguiam escoar as
so, a Caaba (‘casa de Deus’), que reunia as principais divin-
mercadorias confeccionadas.
dade de toda a Arábia. Na Caaba encontra-se a pedra negra
Ao mesmo tempo, o comércio vivia grandes entraves
(pedaço de meteorito), que acreditam ter sido trazida do céu
com o monopólio exercido pelos árabes e pelas cidades ita-
pelo anjo Gabriel.
lianas. As rotas comerciais e feiras por eles controladas inse-
Devido ao templo, Meca tornou-se o centro religioso e
riam um grande número de intermediários, encarecendo o
comercial dos árabes, pois a cidade transformou-se em pon-
valor das mercadorias vindas do Oriente. Como se não bas-
tassem os altos preços, a falta de moedas impedia a dinami- to de encontro de pessoas e mercadorias de diversas regiões.
zação das atividades comerciais do período. Nesse contexto,
somente a busca de novos mercados de produção e con- Arábia islâmica
sumo poderiam amenizar tamanhas dificuldades. Foi assim Maomé (570 – 632) foi o fundador do islamismo, reli-
que, nos séculos XV e XVI, a expansão marítimo-comercial se gião monoteísta, também chamada de religião muçulmana
desenvolveu. ou maometana.
Em suas pregações religiosas, Maomé dizia que todos os
Civilização Muçulmana ídolos da Caaba deviam ser destruídos, pois havia um único
Enquanto o Império Romano do Oriente lutava para Deus criador do universo. Isso provocou a reação dos sacer-
manter vivas a cultura e as tradições helenísticas, um povo de dotes de Meca, que eram politeístas e tinham interesses em
pastores semitas mudava o curso da História. manter a cidade como centro religioso e comercial dos ára-
Mobilizados pelo profeta Maomé, entraram em choque bes.
com a civilização bizantina e com os novos reinos da Europa Devido a suas pregações, Maomé foi obrigado a fugir de
ocidental. Os muçulmanos construíram a civilização mais bri- Meca para Yathrib (posteriormente denominada Medina, ‘a
lhante da Idade Média, assimilando o patrimônio cultural dos cidade do profeta’), em 622. esse episódio, conhecido como
povos do Oriente Médio e do Extremo Oriente. Atualmente, hégira, marca o inicio do calendário muçulmano.
o islamismo conta com milhões de seguidores em todo o Aos poucos, Maomé conseguiu difundir sua religião em
mundo. Medina e organizar um exercito de seguidores que, em 630,
conquistou Meca e destruiu os ídolos da Caaba.
A península dos árabes A Caaba foi transformada num centro de orações, e a
A Arábia é um imenso deserto de pedras e areia. Seus crença politeísta foi proibida.
escassos habitantes se fixaram na costa do mar Vermelho e A partir daí, Maomé expandiu o islamismo por toda a
nos oásis do interior. A península Arábica era habitada por Arábia, unificando as diversas tribos em torno da religião.
tribos de beduínos semitas, da mesma origem dos judeus, Assim, através da identidade religiosa, criou os árabes uma
fenícios e assírios. nova organização política e social.

101
HISTÓRIA

Os omeíadas: o império árabe A organização do império muçulmano


A dinastia dos Omeíadas governou o mundo árabe du- Os árabes foram muito tolerantes com os povos con-
rante aproximadamente cem anos. Sob os omeíadas, deu- quistados durante a Guerra Santa: permitiram que con-
se a expansão territorial. Os califas abandonaram Meca e servassem sua religião, seus costumes e a administração
fixaram a capital do império em Damasco, na Síria, ocupan- de seus territórios em troca de um tributo. Por outro lado,
do-se unicamente de questões políticas. Durante esse pe- mostravam-se cruéis com aqueles que abusavam dessa be-
ríodo, os exércitos muçulmanos conquistaram o Turques- nevolência.
tão, o Cáucaso, a Armênia e chegaram até a Índia. O califa era o chefe supremo, civil, político e religioso.
No norte da África, conquistaram Túnis, Argélia, Mar- Os califas governavam a partir das capitais do mundo ára-
rocos e chegaram até o oceano Atlântico. A partir daí, atra- be: Bagdá, Cairo e Córdoba. Nos territórios conquistados, o
vessaram o estreito de Gibraltar e tentaram tomar a penín- emir exercia o poder absoluto em nome do califa. As princi-
sula Ibérica e a França. Em 711, iniciaram a conquista da pais tarefas de governo eram desempenhadas pelos vizires,
Espanha visigoda. Atravessaram os Pireneus e começaram ou ministros, e os xeques, os chefes das tribos.
a conquista da França. Em 732, após terem conquistado um
terço do território da França, Carlos Martel os deteve em A economia do mundo muçulmano
Poitiers. Os muçulmanos retrocederam até os Pirineus, mas O contraste entre a Europa empobrecida do início da
permaneceram na Espanha até o século XV, quando foram Idade Média e a prosperidade do mundo muçulmano era
expulsos pelos reis cristãos. gritante. Os árabes dominaram as grandes rotas comerciais
e tornaram-se os maiores intermediários entre o Oriente e
Os abássidas: esplendor e decadência o Ocidente.
Em 750, uma revolta interna derrubou a dinastia dos
Omeíadas. Os vencedores dessa revolta, descendentes de As ciências e as letras
Abas, tio de Maomé, mudaram a capital do império para Os árabes difundiram na Europa inventos chineses, tais
a Mesopotâmia, onde fundaram Bagdá. Os novos califas como o papel, a bússola, a pólvora e o cultivo do arroz e
continuaram a expansão territorial e incentivaram o desen- do algodão. Introduziram o cultivo da cana-de-açúcar nas
volvimento científico e artístico. O apogeu dessa dinastia ilhas de Chipre e na Sicília. Foram grandes fabricantes de
tecidos, tapetes, joias, cerâmicas e vidro. E também:
ocorreu durante o reinado de Harun al-Rachid (780-810):
- dedicaram-se à química, fabricando remédios, dro-
o império muçulmano se estendeu desde a Espanha até a
gas, perfumes e tinturas;
China.
- desenvolveram a cartografia e a astronomia;
Durante esse período ocorreu a ruptura da unidade do
- no campo da matemática, desenvolveram a álgebra
mundo árabe sonhada por Maomé:
e a trigonometria.
- em 760, os árabes da Espanha declaram independên-
- Introduziram na Europa as obras de Arquimedes e
cia;
Euclides, e os números arábicos que trouxeram da Índia;
- em 968, os árabes do Egito tornam-se independentes.
- a literatura dos árabes é uma das mais ricas e fasci-
O império foi dividido em três califados. Em Bagdá, os nantes da História. Suas lendas e contos são apreciados
califas se cercaram de guardas mongóis que, aos poucos, ainda hoje. Os mais populares são A lâmpada de Aladim,
tornaram-se os verdadeiros governantes. As mil e uma noites e Sinbad, o marujo;
- no campo da filosofia, destacaram-se pela tradução
Os turcos das obras de Platão e Aristóteles, que chegaram à Europa
Os turcos eram tribos asiáticas que vieram da Mon- medieval levadas por eles;
gólia, assim como os hunos, os búlgaros e os húngaros. - sua medicina foi a mais avançada da Idade Média:
Após séculos de luta contra o império chinês, dirigiram-se criaram as primeiras clínicas e escolas médicas. Seus farma-
para a Europa e fixaram-se nas margens do mar Cáspio. cêuticos e médicos desfrutavam fama mundial.
Lá, entraram em contato com os árabes da Pérsia e logo se
converteram ao islamismo. A partir de então, tornaram-se As artes
guerreiros de Alá e cuidaram da guarda pessoal do califa. O Alcorão proibia a representação de figuras humanas.
Em 1055, uma das tribos turcas mais importantes, a A civilização muçulmana produziu uma arquitetura admi-
dos seljúcidas, tomou Bagdá e substituiu o califa pelo seu rável que introduziu novos elementos, tais como o uso do
sultão. Os turcos conseguiram submeter todos os povos arco com ornamentos geométricos, o arabesco, presente
árabes da Ásia e da África, tornando-se um perigo para os em mesquitas e palácios.
reinos cristãos da Europa.
O Legado Cultural Do Mundo Medieval
A cultura muçulmana Quando se fala em idade média, logo vem a mente
Os muçulmanos não criaram uma cultura original, mas perseguição religiosa, pessoas torturadas, cavaleiros, reis
assimilaram aquilo que de melhor havia no imenso impé- poderosos e a igreja no controle da vida das pessoas.
rio que conquistaram em tão pouco tempo. Sua civilização Mas além de coisas desagradáveis, houve outros fatos
deixou marcas de tolerância cultural e de uma fantasia sem que foram de importância para a história e que ocorreram
limites. na idade média. Por exemplo: o avanço do cristianismo

102
HISTÓRIA

como força unificadora da Europa; o desenvolvimento das  Arquitetura 


línguas e literatura europeia; a criação de universidades, Os estilos dominantes da arquitetura medieval foram:
igrejas, arte gótica e entre muitos outros. o gótico e o românico.
Durante o reinado dos merovíngios, não havia tantos - Gótico: surguiu entre os séculos XII e XVI. Predomi-
locais para instrução escolar, a não ser as escolas episco- nou principalmente na França, Inglaterra e Alemanha. Di-
pais, mantidas pelos bispos com o objetivo de garantir a fere do estilo românico por sua leveza e traços verticais.
continuação de novos clérigos, e os mosteiros, locais onde São nas construções góticas que aparecem as janelas or-
os monges se dedicavam, entre outras coisas, a copiar ma- namentadas com vitrais coloridos, onde se permitia uma
nuscritos antigos. Com isso a igreja conseguiu deter boa boa iluminação interior. As paredes ficaram mais finas e as
parte do conhecimento durante a idade média. Porque o altas abóbodas eram apoiadas em longos pilares. As obras
clero era a elite intelectual e suas escolas eram fontes ex- de maior destaque neste estilo são as catedrais, como a de
clusivas do saber na Europa Ocidental. Paris.
A grande influência da igreja sobre a cultura e o pensa- - Românico: desenvolveu-se entre os séculos XI e XIII.
Suas características principais são os traços simples e aus-
mento das pessoas teve bases sólidas e materiais; ao longo
teros, como grossos pilares, tetos e arcos em abóboda,
dos séculos, a igreja se organizou politicamente e territo-
janelas estreitas e muros reforçados. Um exemplo deste
rialmente, pois tinha muitos feudos, além de ter prestígio
estilo é a igreja de São Miguel, em Lucca.
com a classe dominante, (reis e nobres). Logo a cultura
 
medieval passou a se espelhar o pesamento da igreja, isso Pintura
passou a ser conhecido como teocentrismo cultural, ou  É obvio que a pintura medieval foi dominada por te-
seja, o mundo era subordinado as leis de Deus. mas religiosos. Onde a atenção do pintor não era tanto nas
A igreja ainda passou, por meio de suas ordens a dire- paisagens, mais sim, na representação de Santos e divin-
cionar a produção cultural, mas as cidades começaram a se dades.
desenvolver e tornaram-se centros de novos valores cul- Também aparecem nesta época, a pintura de murais,
turais e assim foi saindo aos pouco dos dogmas da igreja. vitrais e miniaturas. Os mais destacados pintores foram:
Giotto e Cimabue.
Educação  
Como já foi citado quem controlava a educação era Música
o clero católico. No século IX, fundaram-se escolas junto  Há uma pequena divisão: música Sacra e a música po-
as catedrais. Logo em seguida, vieram as universidades. pular, nesta aparece os trovadores e menestreis.
Sendo que algumas delas são conhecidas até hoje, com Na música Sacra o destaque ficou com o Papa Gregório
exemplo: Oxford e Cambrigde. Mas em todas as faculdades Magno, que introduziu o Canto Gregoriano, que é caracte-
da época, a influência da igreja era forte. As aulas eram rizado por uma melodia simples e suave, cantada por várias
ministradas em latim, e algumas das matérias de estudo vozes em um único som.
eram: teologia (filosofia), ciências, letras, direito e medicina. Já música popular, o destaque fica com trovadores e
O curso era composto pelo triarium, nesta se ensinava menestreis.
gramática, retórica e lógica; o quadriarium, esta parte ensi-  
nava aritmética, geometria, astronomia e música. Trovador: eram os compositores e poetas que criavam
No final do curso, os alunos já podiam se preparar pro- obras de caráter popular.
fissionalmente nas “escolas de artes liberais”, ou continuar  
nas áreas d a medicina, direito ou teologia. Menestrel: era o cantor do trovador. Visto que sempre
As universidades tinham vários privilégios como: en- o acompanhava.
Eles tinham suas obras inspiradas em temas românti-
sinar seus graduados, isenção de impostos, isenção do
cos ou feitos heroicos dos cavaleiros. Surgiram na França,
serviço militar, além do direito de julgamento especial em
por volta do século XI, de lá se espalharam para outras par-
foro acadêmico para seus membros. Estas vantagens eram
tes da Europa.
sempre garantidas ou pelo imperador ou pelo Papa, que na
 
época eram as maiores autoridades. Filosofia E Ciência 
  Se for analisar bem, a idade média pode ser até para-
Literatura doxa, pois de um lado  com a influência religiosa muitos
 No geral, a idade média, mostra a preocupação reli- trabalhos científicos, que fossem diferentes do que a igreja
giosa do homem de retratar sua época. Na poesia procu- ensinava, já podia ser considerado com uma heresia e as-
rou-se mostrar os valores e as virtudes do cavaleiro entre sim ser proibido. Mas por outro lado a ciência e a filoso-
elas a justiça, o amor e a cortesia. Destacou-se a poesia fia estavam entrelaçadas. A influência àrabe e grega foram
épica, ou seja, que fala das ações corajosas dos cavaleiros; muito forte para o progresso da matemática, astronomia,
e a poesia lírica que fala do amor cortês, dos sentimentos biologia e medicina.
dos cavaleiros em relação as suas amadas damas. Também houve o aperfeiçoamento na navegação, com
Um destaque da literatura desse período foi: Dante a utilização da bússola, dos mapas de navegação, do astro-
Alighieri, autor de A Divina Comédia. lábio além de outros instrumentos.

103
HISTÓRIA

Um dos grandes nomes da ciência medieval foi o mon- da sociedade bizantina viviam imensamente melhor que a
ge franciscano Roger Bacon (1214-1294), que introduziu a plebe ocidental, as religiões em dado momento se diferen-
observação da natureza e o uso de experimentação com ciaram, enquanto no ocidente havia os católicos no oriente
métodos científicos. Ele ficou conhecido como doutor Ad- havia os ortodoxos. Fatos como esse tiveram grande in-
mirável, Bacon conseguiu desenvolver estudos em diversas fluencia para que o Império Bizantino se tornasse a Nova
áreas como: geografia, filosofia e física. Roma. Desenvolvimento Antes de Roma cair em completa
Na filosofia, destacaram-se santo Agostinho e Tomás decadência seu território foi dividido em Império Roma-
de Aquino. A principal preocupação deles era tentar har- no Ocidental com sua capital em Milão e Império Romano
monizar a fé cristã com a razão. Santo Agostinho era de Oriental com sua capital em Constantinopla. No Ocidente
uma corrente filosófica denominada patrística. Já São To- o império se fragmentou em diversos reinos bárbaros e o
más de Aquino, conseguiu reconstruir, dentro da visão cris- poder estava nas mãos dos senhores feudais enquanto no
tã, boa parte das teorias de Aristóteles. Oriente se consolidou a civilização bizantina com o impe-
Santo Agostinho fez a síntese da filosofia clássica com rador tendo o poder centralizado.
a platônica junto com a fé cristã. Segundo a teologia agos-
tiniana, a natureza humana é por essência  corrompida.
QUESTÕES
A remissão estava na fé em Deus, a salvação eterna. As
principais obras dele foram: confissões e Cidade de Deus.
01. Entre as causas políticas imediatas da eclosão das
Essa visão pessimista em relação a natureza humana
lutas pela independência das colônias espanholas da Amé-
foi substituída na Baixa Idade média por uma concepção rica, pode-se apontar:
mais otimista e empreendedora do homem, com a filosofia a) a derrota de Napoleão Bonaparte na Batalha de Wa-
escolástica, que procurou harmonizar razão e fé , partindo terloo;
do fato que o progresso do ser humano dependia não só b) a formação da Santa Aliança;
da vontade divina,mas do esforço do próprio homem. Essa c) a imposição de José Bonaparte no trono espanhol;
atitude refletia uma tendência a valorização dos atributos d) as decisões do Congresso de Viena;
racionais do homem, não devendo existir conflito entre fé e) a invasão de Napoleão Bonaparte a Portugal e a co-
e razão, pois ambas auxiliavam o homem na busca do co- roação de D. João VI no Brasil.
nhecimento.
Se por um lado a escolástica valorizou a razão e subs- 02. O período regencial foi um dos mais agitados na
tituiu a ideia agostiniana de predestinação pela concepção história política do país e também um dos mais importan-
de livre arbítreo, isto é, de capacidade de escolha. O clero tes. Naqueles anos, esteve em jogo a unidade territorial do
tinha o papel de orientar moralmente e espiritualmente a Brasil, e o centro do debate político foi dominado pelos
sociedade, condicionando a liberdade de escolha com as temas da centralização ou descentralização do poder, do
vontades da igreja. Desse modo ao mesmo tempo que bus- grau de autonomia das províncias da organização das For-
cava assimilar as transformações sociais, tentava preservar ças Armadas. (FAUSTO, Boris. História do Brasil, 2ª ed. São
os valores do mundo feudal decadente, assegurando a su- Paulo: EDUSP, 1995. p. 161)
premacia de sua mais poderosa instituição – a igreja.
São Tomás de Aquino( 1225- 1274) deu aulas na uni- Sobre as várias revoltas nas províncias durante o perío-
versidade de Paris, foi o mais influente filósofo escolástico do de Regência, podemos afirmar corretamente que:
inspirado na tecnologia cristã e no pensamento de Aristó- a) eram levantes republicanos em sua maioria, que
teles, elaborou a Suma teológica, obra em que discorreu conseguiam sempre empolgar a população pobre e os es-
sobre os mais diversos assuntos, como religião, economia cravos;
b) a principal delas foi a Revolução Farroupilha, acon-
e política. O pensamento de São Tomás constituiu um po-
tecida nas províncias do Nordeste, que pretendia o retorno
deroso instrumento de ação do clero durante a Baixa Idade
do imperador D. Pedro I;
Média.
c) podem ser vistas como respostas à política centrali-
zadora do Império, que restringia a autonomia financeira e
Civilização Bizantina
administrativa das províncias;
O Império Bizantino teve inicio em 330, ano em que o d) em sua maioria, eram revoltas lideradas pelos gran-
imperador Constantinus I, mais conhecido como Constan- des proprietários de terras e exigiam uma posição mais for-
tino, definiu a cidade de Bizancio como a capital do império te e centralizadora do governo imperial;
romano do oriente. A civilização bizantina preservou para e) apenas a Sabinada teve caráter republicano e sepa-
acultura universal grande parte dos conhecimentos do ratista.
mundo antigo, documentos relativos ao direito romano,
fonte das normas jurídicas contemporâneas e a literatura 03. O processo de independência do Brasil caracteri-
grega. Enquanto o Império Romano do Ocidente de rura- zou-se por:
lizava, o Oriente se desenvolvia cada dia mais em aspec- a) ser conduzido pela classe dominante que manteve
tos tecnológicos e econômicos. As camadas mais pobres o governo monárquico como garantia de seus privilégios;

104
HISTÓRIA

b) ter uma ideologia democrática e reformista, alteran- b) o projeto da Lei dos Sexagenários, do gabinete im-
do o quadro social imediatamente após a independência; perial da Dantas;
c) evitas a dependência dos mercados internacionais, c) o projeto de legalizar o casamento dos homosse-
criando uma economia autônoma; xuais, de Marta Suplicy;
d) grande participação popular, fundamental na pro- d) a proposta de dobrar o salário mínimo, de Roberto
longada guerra contra as tropas metropolitanas; de Campos;
e) promover um governo liberal e descentralizado atra- e) o projeto de Luís Carlos Prestes de uma “República
vés da Constituição de 1824. Sindicalista”.

04. Do ponto de vista político, podemos considerar o 08. O Brasil ainda não conseguiu extinguir o trabalho
Primeiro Reinado como: em condições de escravidão, pois ainda existem muitos
a) um período de consolidação do Estado Nacional em trabalhadores nessa situação. Com relação a tal modali-
que o imperador, apoiado pela elite agrária, implantou mo-
dade de exploração do ser humano, analise as afirmações
dernas instituições políticas no Brasil;
abaixo.
b) um período de transição em que os grupos sociais
I. As relações entre os trabalhadores e seus emprega-
progressistas, ligados à elite agrária, conservaram-se no
dores marcam-se pela informalidade e pelas crescentes dí-
poder;
c) um período de perfeito equilíbrio entre as forças so- vidas feitas pelos trabalhadores nos armazéns dos empre-
ciais progressistas, ligados à elite agrária, conservaram-se gadores, aumentando a dependência financeira para com
no poder; eles.
d) um período de transição em que o imperador, apoia- II. Geralmente, os trabalhadores são atraídos de re-
do nas forças portuguesas, se manteve no poder; giões distantes do local de trabalho, com a promessa de
e) um período de transição em que as forças progres- bons salários, mas as situações de trabalho envolvem con-
sistas, apoiadas por Pedro I, esmagaram todos os resquí- dições insalubres e extenuantes.
cios da reação portuguesa. III. A persistência do trabalho escravo ou semiescravo
no Brasil, não obstante a legislação que o proíbe, explicasse
05. A respeito da independência do Brasil, pode-se pela intensa competitividade do mercado globalizado.
afirmar que: Está correto o que se afirma em:
a) consubstanciou os ideais propostos na Confedera- A) I, somente.
ção do Equador; B) II, somente.
b) instituiu a monarquia como forma de governo, a C) I e II, somente.
partir de um amplo movimento popular; D) II e III, somente.
c) propôs, a partir das ideias liberais das elites políticas, E) I, II e III.
a extinção do tráfico de escravos, contrariando os interes-
ses da Inglaterra; 09. Sobre as características da sociedade escravista co-
d) provocou, a partir da Constituição de 1824, profun- lonial da América portuguesa estão corretas as afirmações
das transformações nas estruturas econômicas e sociais do abaixo, À EXCEÇÃO de uma. Indique-a.
País; a) O início do processo de colonização na América por-
e) implicou na adoção da forma monárquica de gover- tuguesa foi marcado pela utilização dos índios – denomi-
no e preservou os interesses básicos dos proprietários de nados “negros da terra” – como mão-de-obra.
terras e de escravos. b) Na América portuguesa, ocorreu o predomínio da
utilização da mão-de-obra escrava africana seja em áreas
06. Na Guerra do Paraguai (1865 - 1870), o Brasil teve
ligadas à agro exportação, como o nordeste açucareiro a
como aliados:
partir do final do século XVI, seja na região mineradora a
a) Bolívia e Peru;
partir do século XVIII.
b) Uruguai e Argentina;
c) Chile e Uruguai; c) A partir do século XVI, com a introdução da mão-
d) Bolívia e Argentina; de-obra escrava africana, a escravidão indígena acabou por
e) n.d.a. completo em todas as regiões da América portuguesa.
d) Em algumas regiões da América portuguesa, os se-
07. “Será o suplício da Constituição, uma falta de cons- nhores permitiram que alguns de seus escravos pudessem
ciência e de escrúpulos, um verdadeiro roubo, a naturali- realizar uma lavoura de subsistência dentro dos latifúndios
zação do comunismo, a bancarrota do Estado, o suicídio agroexportadores, o que os historiadores denominam de
da Nação”. “brecha camponesa”.
No texto acima, o deputado brasileiro Gaspar de Silvei- e) Nas cidades coloniais da América portuguesa, escra-
ra Martins está criticando: vos e escravas trabalharam vendendo mercadorias como
a) a proposta de Getúlio Vargas de reduzir a remessa doces, legumes e frutas, sendo conhecidos como “escravos
de lucros; de ganho”.

105
HISTÓRIA

10. Trabalho escravo ou escravidão por dívida é uma d) pelo desinteresse com relação aos intelectuais, pois
forma de escravidão que consiste na privação da liberda- o governo se apoiava nos trabalhadores sindicalizados;
de de uma pessoa (ou grupo), que fica obrigada a traba- e) por uma política seletiva através da qual só os adver-
lhar para pagar uma dívida que o empregador alega ter sários frontais do regime foram reprimidos.
sido contraída no momento da contratação. Essa forma
de escravidão já existia no Brasil, quando era preponde- 13. A Era Vargas (1930 - 1945) apresentou:
rante a escravidão de negros africanos que os transforma- a) O abandono definitivo da política de proteção ao
va legalmente em propriedade dos seus senhores. As leis café.
abolicionistas não se referiram à escravidão por dívida. Na b) A crescente centralização político-administrativa.
atualidade, pelo artigo 149 do Código Penal Brasileiro, o c) Um respeito aos princípios democráticos, em toda
conceito de redução de pessoas à condição de escravos foi sua duração.
ampliado de modo a incluir também os casos de situação d) Um leve “surto industrial”, resultante da conjuntura
degradante e de jornadas de trabalho excessivas. (Adap-
da Grande Guerra (1914 - 1918).
tado de Neide Estergi. A luta contra o trabalho escravo,
e) Um caráter extremamente ditatorial, em todas as
2007).
suas três fases.
Com base no texto, considere as afirmações abaixo:
I. O escravo africano era propriedade de seus senhores
no período anterior à Abolição. 14. O governo Juscelino Kubitschek foi responsável:
II. O trabalho escravo foi extinto, em todas as suas for- a) pela eliminação das disparidades regionais;
mas, com a Lei Áurea. b) pela queda da inflação e da dívida externa;
III. A escravidão de negros africanos não é a única mo- c) por uma política nacionalista e de rejeição ao capital
dalidade de trabalho escravo na história do Brasil. estrangeiro;
IV. A privação da liberdade de uma pessoa, sob a ale- d) pela entrada maciça de capitais estrangeiros e a in-
gação de dívida contraída no momento do contrato de tra- ternacionalização de nossa economia;
balho, não é uma modalidade de escravidão. e) por práticas antidemocráticas como a violenta re-
V. As jornadas excessivas e a situação degradante de pressão às rebeliões de Jacareacanga e Aragarças;
trabalho são consideradas formas de escravidão pela legis-
lação brasileira atual. 15. No Governo de Juscelino Kubitschek, a base do seu
programa administrativo era constituída do trinômio:
São corretas apenas as afirmações: a) saúde, habitação e educação;
a) I, II e IV; b) estradas, energia e transporte;
b) I, III e V; c) indústria, exportação e importação;
c) I, IV e V; d) agricultura, pecuária e reforma agrária;
d) II, III e IV; e) comércio, sistema viário e poupança.
e) III, IV e V;
16. O projeto nacional desenvolvimentista implicou
11. O Brasil recuperou-se de forma relativamente rápi- a substituição das importações e foi implementado, princi-
da dos efeitos da Crise de 1929 por que: palmente, no governo do presidente:
a) o governo de Getúlio Vargas promoveu medidas de a) Juscelino Kubitschek;
incentivo econômico, com empréstimos obtidos no Exte- b) Jânio Quadros;
rior; c) General Emílio Médici;
b) o País, não tendo uma economia capitalista desen-
d) Marechal Costa e Silva;
volvida, ficou menos sujeito aos efeitos da crise;
e) General Eurico Dutra;
c) houve redução do consumo de bens e, com isso foi
possível equilibrar as finanças públicas;
17. Quais os partidos políticos que dominaram a vida
d) acordos internacionais, fixando um preço mínimo
para o café, facilitaram a retomada da economia; parlamentar brasileira durante o período democrático de
e) um efeito combinado positivo resultou da diversifi- 1946 e 1964?
cação das exportações e do crescimento industrial. a) PTB, UDN e PCB;
b) PL, UDN e PSD;
12. A política cultural do Estado Novo com relação aos c) PDS, MDB e PCB;
intelectuais caracterizou-se: d) PSB, UDN e PTB;
a) pela repressão indiscriminada, por serem os intelec- e) PSD, UDN e PTB;
tuais considerados adversários de regimes ditatoriais;
b) por um clima de ampla liberdade, pois o governo 18. O Parlamentarismo funcionou nas seguintes épo-
cortejava os intelectuais para obter apoio ao seu projeto cas no Brasil:
nacional; a) No governo de D. Pedro II e no governo de João
c) pela indiferença, pois os intelectuais não tinham ex- Goulart.
pressão e o governo se baseava nas forças militares; b) No primeiro Império - Governo de D. Pedro II.

106
HISTÓRIA

c) No governo de Getúlio Vargas após 1937. 22. (FUVEST) O reconhecimento da independência


d) Logo após a Proclamação da República. brasileira por Portugal foi devido principalmente:
e) Nos primeiros três anos da Ditadura Militar iniciada a) à mediação da França e dos Estados Unidos e à atri-
em 1964. buição do título de Imperador Perpétuo do Brasil a D. João
VI.
19. Considerando-se os fatores que contribuíram para b) à mediação da Espanha e à renovação dos acordos
a longevidade do regime militar no Brasil, é CORRETO afir- comerciais de 1810 com a Inglaterra.
mar que foi de grande relevância: c) à mediação de Lord Strangford e ao fechamento das
a) a combinação entre a ordem constitucional, ampara- Cortes Portuguesas.
da pela Constituição de 1967, e a arbitrariedade, expressa d) à mediação da Inglaterra e à transferência para o
em sucessivos Atos Institucionais. Brasil de dívida em libras contraída por Portugal no Reino
b) a manutenção de um sistema político representati- Unido.
vo, com eleições indiretas em todos os níveis, exceto para e) à mediação da Santa Aliança e ao pagamento à In-
a Presidência da República.
glaterra de indenização pelas invasões napoleônicas
c) o desenvolvimento econômico-social do País, acom-
23. A respeito da independência do Brasil pode-se afir-
panhado de um constante crescimento do Produto Interno
mar que: 
Bruto (PIB).
a) consubstanciou os ideais propostos na Confedera-
d) o rodízio de lideranças políticas entre as Forças Ar-
madas, por meio de eleições indiretas no âmbito do Co- ção do Equador. 
mando Supremo da Revolução. b) instituiu a monarquia como forma de governo, a
partir de amplo movimento popular. 
20. “Organizadas em oposição a João Goulart, as Mar- c) propôs, a partir das ideias liberais das elites políticas,
chas da Família se transformaram em forte apoio ao go- a extinção do tráfico de escravos, contrariando os interes-
verno militar, reunindo uma massa de civis, nas capitais e ses da Inglaterra. 
interior do país.” (REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA d) provocou, a partir da Constituição de 1824, profun-
NACIONAL. Ano 1 n. 8, fev./mar. de 2006. p. 60.). das transformações na estrutura econômicas e sociais do
País. 
Relacionando o fragmento acima ao golpe militar no e) implicou na adoção da forma monárquica de gover-
Brasil, é correto afirmar: no e preservou os interesses básicos dos proprietários de
a) As torturas e as perseguições políticas são matérias terras e de escravos. 
para ficção, pois o Brasil sempre foi um país estável politi-
camente. 24. O processo de independência do Brasil caracteri-
b) Havia receio dos setores mais progressistas do Brasil zou-se por: 
de que os norte-americanos invadissem o país. a) ser conduzido pela classe dominante que manteve
c) O medo, em relação ao comunismo, não existia no o governo monárquico como garantia de seus privilégios. 
meio social, posto que o país, em especial suas elites, sem- b) ter uma ideologia democrática e reformista, alteran-
pre foi simpático às ideias comunistas. do o quadro social imediatamente após a independência. 
d) Por ocasião do golpe houve um movimento civil c) evitar a dependência dos mercados internacionais,
conservador, inicialmente organizado em oposição ao go- criando uma economia autônoma. 
verno do presidente trabalhista João Goulart, manifestado d) grande participação popular, fundamental na pro-
nas Marchas da Família com Deus pela Liberdade. longada guerra contra as tropas metropolitanas. 
e) Não houve exílio de brasileiros, pois a Constituição e) promover um governo descentralizado e liberal atra-
de 1967 garantia a liberdade de expressão política.
vés da Constituição de 1824. 
21. (Cesgranrio) Assinale a opção que apresenta um
25. (Cesgranrio) A Constituição imperial brasileira, pro-
fato que caracterizou o processo de reconhecimento da In-
mulgada em 1824, estabeleceu linhas básicas da estrutura
dependência do Brasil pelas principais potências mundiais: 
a) Reconhecimento pioneiro dos Estados Unidos, im- e do funcionamento do sistema político imperial tais como
pedindo a intervenção da força da Santa Aliança no Brasil.  o (a): 
b) Reconhecimento imediato da Inglaterra, interessada a) equilíbrio dos poderes com o controle constitucional
exclusivamente no promissor mercado brasileiro.  do Imperador e as ordens sociais privilegiadas. 
c) Desconfiança dos brasileiros, reforçada após o fale- b) ampla participação política de todos os cidadãos,
cimento de D. João VI, de que o reconhecimento reunifica- com exceção dos escravos. 
ria os dois reinos.  c) laicização do Estado por influência das ideias liberais. 
d) Reação das potências europeias às ligações privile- d) predominância do poder do imperador sobre todo o
giadas com a Áustria, terra natal da Imperatriz.  sistema através do Poder Moderador. 
e) Expectativa das potências europeias, que aguarda- e) autonomia das Províncias e, principalmente, dos
vam o reconhecimento de Portugal, fiéis à política interna- Municípios, reconhecendo-se a formação regionalizada do
cional traçada a partir do Congresso de Viena.  país. 

107
HISTÓRIA

26. “Façamos a revolução antes que o povo a faça.” 29. (PUC-SP) Segundo alguns autores, o tenentismo
A frase, atribuída ao governador de Minas Gerais, Antônio representou uma tentativa de ruptura da organização polí-
Carlos de Andrada, deixa entrever a ideologia política da tica vigente na República brasileira por que:
Revolução de 1930, promovida pelos interesses, a) os tenentes se identificaram com um programa radi-
cal de transformações sociais.
a) da burguesia cafeicultora de São Paulo, com vistas à b) a aliança partidária entre os militares e as camadas
valorização do café. médias urbanas propunha a reforma da Constituição.
b) do operariado, com o objetivo de aprofundar a in- c) o movimento visava à derrubada do governo e ao
dustrialização. estabelecimento da austeridade político-administrativa.
c) dos partidos de direita fascistas, no intuito de esta- d) os tenentes propunham o estabelecimento do regi-
belecer um Estado forte. me parlamentarista dirigido pelos elementos mais esclare-
d) das oligarquias dissidentes, aliadas ao tenentismo cidos da nação.
pela reforma do Estado. e) os militares eram portadores de uma ideologia in-
e) da burguesia industrial, na busca de uma política de dustrializante claramente definida em seu programa de
livre iniciativa. governo.

27. Observe a caricatura. 30. (FGV-SP) “Aliança (...) engloba parte de um eleito-


rado urbano – que representa porcentagem pequena no
cômputo geral –, pequenas oposições estaduais e o situa-
cionismo dos Estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e
Paraíba: estas forças restritas participam das eleições de 1º
de março de 1930 com margem mínima de vitória. Por sua
vez, Washington Luís aglutina o apoio de todos os Estados
– exceção aos da Aliança.”.
O texto acima se refere à união das oligarquias dissi-
dentes cujos interesses não estavam vinculados ao café. A
tal união deu-se o nome de:
a) Aliança Republicana.
b) Aliança Integracionista.
c) Aliança Renovadora Nacional.
d) Aliança Liberal.
e) Aliança Nacional Libertadora.
A caricatura revela um momento da chamada “era de
Vargas”, quando Getúlio preparava-se para: 31.  (Unificado-RS) “A escolha dos candidatos à su-
cessão presidencial funcionará como um estopim para a
a) assumir a presidência da República, após a sua elei- mais importante revolução da história republicana. (...) Os
ção indireta pela Assembleia Constituinte. entendimentos políticos evoluíram no sentido de agrupa-
b) liderar um golpe militar, instaurando um período rem-se em torno de Getúlio Vargas as forças da oposição
histórico conhecido por Estado Novo. (...). Realizaram-se, contudo, as eleições e o resultado foi
c) disputar as eleições diretas para a presidência da Re- favorável a Júlio Prestes. Entretanto, vinte e dois dias antes
pública, no contexto da redemocratização do país. de terminar o mandato de Washington Luís, a revolução
d) executar os princípios do Plano Cohen, visando im- estava nas ruas.”.
pedir o avanço dos comunistas e dos integralistas ao poder.
e) comandar uma revolução constitucionalista, contra a A que revolução o texto faz referência e quem assumiu
oligarquia do setor agroexportador. a Presidência da República sucedendo a Washington Luís?
a) Revolução de 1930; Júlio Prestes.
28. Em março de 1931, o Decreto nº 19.770 criava, b) Revolução de 1930; Getúlio Vargas.
no Brasil, o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. c) Revolução de 1930; João Pessoa.
Considerando-se o contexto histórico, pode-se afirmar que d) Revolução Constitucionalista de 1932; Júlio Prestes.
esse ato do Poder Executivo tinha como um dos seus ob- e) Revolução Constitucionalista de 1932; Getúlio Var-
jetivos: gas.

a) promover a expansão do setor primário. 32. A crise europeia dos séculos XIV e XV constituiu um
b) desregulamentar o sistema de contratação e de im- bloqueio ao desenvolvimento da economia de mercado. A
postos. superação desse processo foi realizada por meio:
c) concentrar a renda nacional nas camadas médias ur- a) da isenção de tributos para as cidades;
banas. b) do fortalecimento das corporações de ofício;
d) acabar com a organização autônoma do movimento c) da Expansão Marítima;
operário. d) de incentivo à lavoura feudal;
e) intervir nas relações de trabalho no campo. e) das Cruzadas.

108
HISTÓRIA

33. Ao final da Idade Média, a necessidade de novas e) ao caráter sistemático que assumiu a empresa mer-
rotas de comércio gerou a expansão mercantil e marítima cantil, explorando o litoral africano, mas sempre em busca
desenvolvida pelos países atlânticos. Até então, a principal da “passagem” que levaria às Índias.
via comercial europeia era o Mediterrâneo, cujo monopólio
estava concentrado nas mãos dos comerciantes: 36. O estudo comparativo das Constituições Brasileiras
a) venezianos e pisanos de 1824 (Carta Outorgada, Imperial) e de 1891 (Carta pro-
b) espanhóis e muçulmanos mulgada, Republicana) NÃO permite afirmar:
c) venezianos e mouros a) A Carta Imperial criou 4 (quatro) poderes, mas o do-
d) italianos e árabes cumento republicano estabeleceu somente 3 (três).
e) italianos e ibéricos b) Enquanto o estatuto Imperial recebeu uma emenda,
o Ato Adicional, um progresso rumo à federação, a Carta
34. “Sem dúvida, a atração para o mar foi incentiva- republicana foi emendada em 1926, com fortalecimento do
da pela posição geográfica do país, próximo às ilhas do Poder Central.
Atlântico e à costa da África. Dada a tecnologia da época, c) A Carta de 1891 estabeleceu a Federação como for-
era importante contar com correntes marítimas favoráveis, ma de Estado.
e elas começavam exatamente nos portos portugueses... d) A Carta Republicana teve inspiração européia, ao
Mas há outros fatores da história portuguesa tão ou mais passo que a lei maior imperial buscou seguir o modelo
importantes.” norte- americana.
Assinale a alternativa que apresenta outros fatores da e) A Carta de 1824 criou o Unitarismo como forma de
participação portuguesa na expansão marítima e comercial Estado, mesmo porque as Províncias eram destituídas de
europeia, além da posição geográfica: preparo político.
a) O apoio da Igreja Católica, desde a aclamação do
primeiro rei de Portugal, já visava tanto à expansão eco- 37. A Constituição Brasileira de 1988 introduziu altera-
nômica quanto à religiosa, que a expansão marítima iria ções significativas no plano jurídico-político nacional. Den-
concretizar. tre elas pode-se citar:
b) Para o grupo mercantil, a expansão marítima era co- a) instituição do habeas data, que torna passível de
mercial e aumentava os negócios, superando a crise do sé- fiança crimes como racismo, tráfico de drogas e terrorismo.
culo. Para o Estado, trazia maiores rendas; para a nobreza, b) extensão do direito de elegibilidade às mulheres e
cargos e pensões; para a Igreja Católica, maior cristianiza- voto facultativo aos jovens entre 16 e 18 anos.
ção dos “povos bárbaros”. c) proibição da greve aos setores considerados essen-
c) O pioneirismo português  deve-se mais ao atraso ciais: saúde, transportes, polícia e funcionalismo público.
dos seus rivais, envolvidos em disputas dinásticas, do que a d) extensão do voto a analfabetos, proteção ao meio
fatores próprios do processo histórico, econômico, político ambiente e reconhecimento da cidadania dos índios.
e social de Portugal. e) restrição dos direitos trabalhistas apenas ao setor
d) Desde o seu início, a expansão marítima, embora produtivo urbano e eleições em dois turnos para presiden-
contasse com o apoio entusiasmado do grupo mercantil, te, governador e prefeitos.
recebeu o combate dos proprietários agrícolas, para quem
os dispêndios com o comércio eram perdulários. 38. O Brasil, desde sua emancipação política até os dias
e) Ao liderar a arraia-miúda na Revolução de Avis, a de hoje, concebeu diferentes ordens jurídicas constitucio-
burguesia manteve a independência de Portugal, centrali- nais. Muitos pesquisadores consideram as Constituições
zou o poder e impôs ao Estado o seu interesse específico brasileiras de 1934 e 1988 as mais progressistas por es-
na expansão. tabelecerem, respectivamente, dentre outros, os seguintes
avanços sociais:
35. A expansão marítima e comercial empreendida pe- a) voto feminino e crime de racismo inafiançável
los portugueses nos séculos XV e XVI está ligada: b) corporativismo sindical e voto dos analfabetos
a) aos interesses mercantis voltados para as “especia- c) Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e direito de
rias” do Oriente, responsáveis inclusive, pela não explora- greve irrestrito
ção do ouro e do marfim africanos encontrados ainda no d) voto obrigatório para maiores de 18 anos e Estatuto
século XV; da Criança e do Adolescente
b) à tradição marítima lusitana, direcionada para o “mar
Oceano” (Atlântico) em busca de ilhas fabulosas e grandes 39. Com base na charge e nos conhecimentos sobre a
tesouros; atual Constituição brasileira, é correto afirmar:
c) à existência de planos meticulosos traçados pelos a) As dificuldades de acesso aos direitos sociais ele-
sábios da Escola de Sagres, que previam poder alcançar o mentares (moradia, saúde e alimentação) têm origem na
Oriente navegando para o Ocidente; forma como a Constituição atual foi elaborada.
d) a diversas casualidades que, aliadas aos conhe- b) A Constituição de 1988 introduziu uma série de be-
cimentos geográficos muçulmanos, permitiram avançar nefícios sociais que privilegiaram as famílias dos estratos
sempre para o Sul e assim, atingir as Índias; médios em detrimento da população em geral.

109
HISTÓRIA

c) O texto da última Constituição assegura em sua for- 42. (UFMG) Leia o texto. “A língua de que [os índios]
mulação jurídica conquistas sociais e individuais aos cida- usam toda pela costa, é uma; ainda que em certos vocábu-
dãos brasileiros. los difere em algumas partes; mas não de maneira que se
d) Os dispositivos da Constituição de 1988 revogaram deixem de entender. (…) Carece de três letras, convém, a
a legislação conhecida como CLT (Consolidação das Leis saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de es-
do Trabalho). panto, porque assim não tem Fé, nem Lei, Nem Rei, e desta
e) O texto atual da Constituição é omisso em relação maneira vivem desordenadamente (…).” (GANDAVO, Pero
de Magalhães, História da Província de Santa Cruz, 1578.)
ao tema dos direitos da criança e do adolescente no Brasil.
A partir do texto, pode-se afirmar que todas as alternativas
expressam a relação dos portugueses com a cultura indí-
gena, exceto:
a) A busca de compreensão da cultura indígena era
uma preocupação do colonizador.
b) A desorganização social dos indígenas se refletia no
idioma.
c) A diferença cultural entre nativos e colonos era atri-
buída à inferioridade do indígena.
d) A língua dos nativos era caracterizada pela limitação
vocabular.
e) Os signos e símbolos dos nativos da costa marítima
eram homogêneos.

43. (Fuvest-SP) A sociedade colonial brasileira “herdou


concepções clássicas e medievais de organização e hie-
rarquia, mas acrescentou-lhe sistemas de graduação que
se originaram da diferenciação das ocupações, raça, cor e
40. A respeito da Constituição de 1988, é correto afir- condição social. (...) as distinções essenciais entre fidalgos
mar que. e plebeus tenderam a nivelar-se, pois o mar de indígenas
a) o direito de promover ações de inconstitucionalida- que cercava os colonizadores portugueses tornava todo
de foi retirado do Ministério Público, que se enfraqueceu. europeu, de fato, um gentil-homem em potencial. A dispo-
b) o direito de voto foi assegurado a todos os brasi- nibilidade de índios como escravos ou trabalhadores possi-
leiros e brasileiras, a partir dos dezesseis anos, desde que bilitava aos imigrantes concretizar seus sonhos de nobreza.
alfabetizados. (...) Com índios, podia desfrutar de uma vida verdadeira-
c) os direitos civis foram amplamente assegurados, mente nobre. O gentio transformou-se em um substituto
sendo a prática de racismo classificada como crime inafian- do campesinato, um novo estado, que permitiu uma reor-
çável. ganização de categorias tradicionais. Contudo, o fato de
serem aborígines e, mais tarde, os africanos, diferentes ét-
d) o direito do poder público intervir nos sindicatos foi
nica, religiosa e fenotipicamente dos europeus, criou opor-
assegurado, aumentando o controle do Estado sobre os tunidades para novas distinções e hierarquias baseadas na
trabalhadores. cultura e na cor.” (Stuart B. Schwartz, Segredos internos.) A
e) o direito à informação ampliou-se, ainda que o go- partir do texto pode-se concluir que:
verno possa impor censura prévia à imprensa. a) a diferenciação clássica e medieval entre clero, no-
41. (Fuvest-SP) Os primitivos habitantes do Brasil for- breza e campesinato, existente na Europa, foi transferida
ma vítimas do processo colonizador. O europeu, com visão para o Brasil por intermédio de Portugal e se constituiu no
de mundo calcada em preconceitos, menosprezou o indí- elemento fundamental da sociedade brasileira colonial.
gena e sua cultura. A acreditar nos viajantes e missioná- b) a presença de índios e negros na sociedade brasilei-
rios, a partir de meados do século XVI, há u, decréscimo na ra levou ao surgimento de instituições como a escravidão,
população indígena, que se agrava nos séculos seguintes. completamente desconhecida da sociedade europeia nos
Os fatores que mais contribuíram para o citado decréscimo séculos XV e XVI.
foram: c) os índios do Brasil, por serem em pequena quanti-
dade e terem sido facilmente dominados, não tiveram ne-
a) captura e a venda do índio para o trabalho nas minas
nhum tipo de influência sobre a constituição da sociedade
de prata do Potosí. colonial.
b) as guerras permanentes entre as tribos indígenas e d) a diferenciação de raças, culturas e condição social
entre índios e brancos. entre brancos e índios, brancos e negros tendeu a diluir a
c) o canibalismo, o sentido mítico das práticas rituais, o distinção clássica e medieval entre fidalgos e plebeus euro-
espírito sanguinário, cruel e vingativo dos naturais. peus na sociedade.
d) as missões jesuíticas do vale amazônico e a explora- e) a existência de uma realidade diferente no Brasil,
ção do trabalho indígena na extração da borracha. como a escravidão em larga escala de negros, não alterou
e) as epidemias introduzidas pelo invasor europeu e a em nenhum aspecto as concepções medievais dos portu-
escravidão dos índios. gueses durante os séculos XVI e XVII.

110
HISTÓRIA

44. (UNAERP-SP) Em 1534, o governo português con- d) Gabinete do Visconde de Ouro Preto formalizou
cluiu que a única forma de ocupação do Brasil seria através uma aliança pró-republicana com os militares positivistas
da colonização. Era necessário colonizar, simultaneamente, no Baile da Ilha Fiscal.
todo o extenso território brasileiro. Essa colonização dirigi- e) aliança dos militares com a Igreja acirrou as diver-
da pelo governo português se deu através da: gências entre mili tares e republicanos, culminando na
a) criação da Companhia Geral do Comércio do Estado Questão Militar.
do Brasil.
b) criação do sistema de governo-geral e câmaras mu- 48. (UNIFENAS) - Republicanos civis e militares unem-
nicipais. se para derrubar a Monarquia, que cai em 1889. A Repúbli-
c) criação das capitanias hereditárias.
ca que então se ins­tala,
d) montagem do sistema colonial.
I. Assiste com o Marechal Deodoro, seu primeiro pre-
e) criação e distribuição das sesmarias.
sidente, a práticas autoritárias de governo, entre as quais a
45. (Cesgranrio) O início da colonização portuguesa no dissolução do Congresso;
Brasil, no chamado período “pré-colonial” (1500-1530), foi II. Foi marcada pela intensa atuação dos cafeicultores
marcado pelo (a): de uma Constituinte voltada para os seus interesses;
a) envio de expedições exploratórias do litoral e pelo III. Permite a continuidade dessa união apesar das pro-
escambo do pau-brasil; fundas dife­renças entre civis e militares
b) plantio e exploração do pau-brasil, associado ao trá- IV. Nasceu Velha, pois a economia era sobretudo agrí-
fico africano. cola, conti­nuando as populações rurais na dependência
c) deslocamento, para a América, da estrutura adminis- das oligarquias;
trativa e militar já experimentada no Oriente; V. passou, com a eleição de Prudente de Morais em
d) fixação de grupos missionários de várias ordens reli- 1894, a ser controlada pelos mineiros, controle que se pro-
giosas para catequizar os indígenas; longa até 1930.
e) implantação da lavoura canavieira, apoiada em ca-
pitais holandeses. São incorretas as afirmativas:
a) I, III e IV; b) I e II; c) I e IV; d) III e IV; e) IV. III e I.
46. (UFPA) As chamadas Questão Religiosa e Questão
Militar, verificadas no acaso do Segundo Reinado, atuaram
49. (MACKENZIE) - A hegemonia política dos Estados
no sentido de apressar o advento da república. Relativa-
mente à Questão Religiosa, assegura-se que: economica­mente fortes e populosos, São Paulo e Minas
Gerais, durante a República Velha, foi viabilizada através:
a) os seus desdobramentos, na Europa, colocaram as a) do apoio de grupos militares vinculadas ao tenen-
monarquias católicas contra D. Pedro II, abalando seria- tismo.
mente o prestígio do Imperador. b) da política dos governadores que, articulando os go-
b) o fechamento de inúmeras igrejas, no Pará e em Per- vernos esta­dual e federal, anulava totalmente a oposição.
nambuco, a mando do Imperador, produziu um grande nú- c) de movimentos sociais populares de apoio ao Esta-
mero de opositores à monarquia dentre o clero brasileiro, do oligár­quico.
que era apoiado pela maioria católica no país. d) da instituição do voto secreto e fim da representa-
c) a questão em si tornava evidente a necessidade da ção propor­cional.
separação entre Igreja e Estado no Brasil, precisamente e) da Constituição de 1891, que estabeleceu um Estado
como argumentavam os defensores da República. unitário e fortemente centralizado.
d) a prisão dos bispos de Olinda e Belém levou os cató-
licos radicais brasileiros a fundar o Clube da Reforma, asso- 50. (PUC) A República criou uma cidadania precária,
ciação que passou defender a república no Brasil. porque calcada na manutenção da iniquidade das estru-
e) os seus resultados, principalmente a expulsão da turas sociais – acentuou as distâncias entre as diversas
Maçonaria do Brasil, serviram para evidenciar o caráter ab-
regiões do país, cobrindo-as com a roupagem do fede-
solutista da monarquia brasileira.
ralismo difuso da política dos governadores ou dando à
47. (MACKENZIE) - Sobre a participação dos militares continuidade à geografia oligárquica do poder que desde
na Proclamação da República é correto afirmar que: o império, diluía o formalismo do Estado e das instituições.
(Saliba, Elias Thomé, Raízes do Riso: representação hu-
a) o Partido Republicano foi influenciado pelos imi- morística na história brasileira; Belle Époque aos primeiros
grantes anarquis­tas a desenvolver a consciência política no tempos do rádio. São Paulo, Cia das Letras, 2002. p.67)
seio do exército. O fragmento do texto acima se refere aos primeiros
b) a proibição de debates políticos e militares pela tempos da República no Brasil. É correto afirmar que im-
imprensa, a influência das ideias de Augusto Comte e o plantação da República:
descaso do Impe­rador para com o exército favoreceram a a) renovou as instituições políticas, ampliando o poder
derrubada do Império. do Estado e dissolvendo os poderes locais.
c) o descaso de membros do Partido Republicano, b) alterou radicalmente a estrutura social do Império,
como Sena Madureira e Cunha Matos, em relação ao exér- devido à ascensão da burguesia e declínio da aristocracia.
cito, expresso através da imprensa, levou os “casacas”a c) introduziu um modelo federalista, que permitiu
proclamar a Repúbli­ca. maior autonomia local e integração nacional.

111
HISTÓRIA

d) manteve os desníveis sociais presentes no Império c) Divulgação e estudo da legislação de Justiniano, co-
e não ofereceu ampliação significativa dos direitos de ci- nhecida como Corpus Juris Civilis.
dadania. d) Intercâmbio cultural ligado ao movimento das Cru-
e) centralizou agudamente o poder nas mãos dos go- zadas.
vernadores, diminuindo as atribuições das instituições po- e) Contatos comerciais das repúblicas marítimas italia-
líticas e do Presidente da República. nas com os portos bizantinos nos mares Egeu e Negro.

Marque a alternativa incorreta: 56. Justiniano (527 - 565), no Império Romano do


  Oriente, enfrentou diferentes dificuldades internas, inclusi-
51. embora a idade média seja conhecida como “idade ve nas relações entre a Igreja e o Estado, devido a heresias
das trevas”, que tipos de avanços ocorreram nesse perío- como a dos monofisistas. Estes, entre outros princípios:
do? a) pretendiam a destruição de todas as imagens;
a) avanço do cristianismo como força unificadora da b) negavam a natureza humana de Cristo;
Europa. c) defendiam o conhecimento de Deus inspirado no
b) desenvolvimento da língua e literatura européia. misticismo;
c) criação de universidades, igrejas e da arte gótica. d) admitiam o dualismo de inspiração budista;
d) o nascimento e união da cultura do império romano e) acreditavam na reencarnação das almas em corpos
com os ideais gregos. animais.
 
52. As universidades tinham forte influência da igreja, 57. (PUC) Em relação ao Império Bizantino, é certo afir-
prova disto era o fato das aulas serem ministradas em latim mar que:
e uma das matérias de estudo ser teologia. Por isso quais a) o governo era ao mesmo tempo teocrático e liberal;
alguns dos privilégios que as universidades gozavam? b) o Estado não tinha influência na vida econômica;
a) isenção de impostos e contribuições. c) o comércio era sobretudo marítimo;
b) Seus alunos tinham a dispensa do serviço militar. d) o Império Bizantino nunca conheceu crises sociais;
c) O direito a julgamento especial em foro acadêmico e) o imperialismo bizantino restringiu-se à Ásia Menor.
para seus membros.
d) Os alunos mesmo estudando eram obrigados apres- 58. Sobre o Império Bizantino, considere as afirmações
abaixo se são verdadeiras ou falsas:
tar o serviço militar.
( ) Constantinopla, a “Nova Roma” de Constantino, foi
 
fundada para servir como capital do Império.
Marque a alternativa correta:
( ) Sua localização geográfica era péssima, descampa-
 
da por todos os lados, facilitando as invasões.
53. Na literatura, as poesias tiveram seu auge. As mais
( ) O grande imperador de Bizâncio foi Justiniano, de
destacadas foram a épica e a lírica. Dê a definição de cada origem humilde, mas protegido por seu tio, o imperador
uma respectivamente: Justino.
a) A poesia épica mostra as ações corajosas dos cava- ( ) No Corpus Juris Civilis, Justiniano organizou uma
leiros e a poesia lírica mostra o sentimento e o amor cortês compilação das leis romanas desde a República até o Im-
do cavaleiro em relação à sua amada dama. pério.
b) A poesia épica destaca o amor e os sentimentos do ( ) Com o objetivo de reconstruir o Antigo Império
cavaleiro em relação à sua dama e a poesia lírica exalta os Romano, Justiniano empreendeu campanhas militares co-
atos de bravura dos cavaleiros. nhecidas pelo nome genérico de “Reconquista”.
c) A poesia épica valoriza o sentimento de lealdade dos
cavaleiros ao seu senhor e a poesia lírica mostra o senti- 59. Roma, de simples cidade-estado, transformou-se
mento de desesperança dos camponeses. na capital do país e mais duradouro dos impérios conheci-
d) A poesia épica retrata o poder total dos reis sobre dos. Assinale a alternativa diretamente relacionada com o
nobres, cavaleiros e plebeus. A poesia lírica mostra a rea- declínio e queda do império Romano:
ção negativa das damas em relação aos seus cavaleiros. a) Triunfo do cristianismo e urbanização do campo.
54. Na arquitetura, que estilos tiveram maior destaque: b) Redução considerável dos tributos e abolição do po-
a) gótico e romântico. der despótico do tipo oriental.
b) Românico e gótico. c) Barbarização do exército e crise no modo de produ-
c) Épico e gótico. ção escravista.
d) Rústico e românico. d) Ensino democrático dos estóicos e aumento dos pri-
vilégios das classes superiores.
55. (FUVEST) Entre os fatores citados abaixo, assinale e) Estabilização das fronteiras e crescente oferta de
aquele que não concorreu para a difusão da civilização bi- mão-de-obra.
zantina na Europa Ocidental:
a) Fuga dos sábios bizantinos para o Ocidente, após a 60. O modo de produção asiático foi marcado pela
queda de Constantinopla. formação de comunidades primitivas caracterizadas pela
b) Expansão da Reforma Protestante, que marcou a posse coletiva de terra e organizadas sobre relações de pa-
quebra da unidade da Igreja Católica. rentesco. Sobre essa estrutura é correto:

112
HISTÓRIA

a) O Estado controlava o uso dos recursos econômicos b) Adesão imperador Constantino ao cristianismo, di-
essenciais, extraindo uma parcela de trabalho e da produ- minuindo a força do paganismo.
ção das comunidades que controlava. c) Guerra civil envolvendo patrícios e plebeus, determi-
b) Neste sistema verifica-se a passagem da economia nando a decadência da produção agrícola.
de predação para uma economia de produção, quando o d) Édito do máximo, responsável pela ilimitação da
homem começa a plantar. produção agrícola e importação de escravos.
c) O fator condicionante dessa situação foi o meio geo- e) Crise do comércio romano pelo Mediterrâneo, dado
gráfico, responsável pela pequena produtividade. a ocupação realizada pelos povos bárbaros.
d) As relações comunitárias de produção impediram o
desenvolvimento do comércio e da mineração na Antigui- 65. (OSEC) Quanto à história de Roma, pode-se consi-
dade Oriental.
derar que:
e) Os povos que não vivam próximos aos grandes rios
não se desenvolveram e tenderam a desaparecer. a) Roma conheceu apenas dois regimes políticos: a Re-
pública e o Império;
61. As “Guerras Civis” na Roma republicana foram pro- b) na passagem da República para o Império, Roma
vocadas pela (o): deixou de ser uma democracia e transformou-se numa oli-
a) Tentativa de Julio César de tornar-se imperador. garquia;
b) Ascensão dos homens novos e militares e margina- c) os irmãos Tibério e Caio Graco foram dois tribunos
lização da plebe. da plebe que lutaram pela redistribuição das terras do Es-
c) Assassinato dos irmãos Graco, dividindo os romanos tado (ager publicus) entre todos os cidadãos romanos;
em dois partidos. d) no Império Romano, todos os homens livres - os
d) Insistência dos cristãos contra a escravidão e o culto cidadãos - eram proprietários de terras;
ao imperador. e) no Império Romano, a base da economia era o co-
e) Disputa política envolvendo os membros dos dois mércio e a indústria.
Triunviratos.
66. (OSEC) Sobre a ruralização da economia ocorrida
62. Entre os séculos IV e V os pequenos proprietários durante a crise do Império Romano, podemos afirmar que:
arruinaram0se e buscaram a proteção dos grandes latifun- a) foi conseqüência da crise econômica e da inseguran-
diários. Surgiu assim o Patrocínio, instituição pela qual, em
ça provocada pelas invasões dos bárbaros;
troca de proteção, um homem livre obrigava-se a cultivar
b) foi a causa principal da falta de escravos;
um grande lote de terra para um grande proprietário. Gran-
de parte da mão-de-obra foi recrutada entre os “bárbaros”, c) proporcionou ao Estado a oportunidade de cobrar
que invadiam as fronteiras do Império. O texto retrata: mais eficientemente os impostos;
a) A barbarização do exército e anarquia militar. d) incentivou o crescimento do comércio;
b) A principal forma de salvação do Império. e) proporcionou às cidades o aumento de suas rique-
c) A abertura das fronteiras romanas aos povos ger- zas.
mânicos.
d) A consolidação do sistema escravista de produção. 67. (PUC) A religião romana assemelhava-se à grega
e) O surgimento do colonato e das Villae, com econo- porque ambas:
mia natural. a) tinham objetivos nitidamente políticos;
b) eram terrenas e práticas, sem conteúdo espiritual e
63. No decorrer do último século de República em ético;
Roma, as conquistas se ampliaram, o exército passou a ser c) eram apoiadas por uma forte classe sacerdotal;
permanente e tornou-se profissional, o que foi fundamen- d) condenavam as injustiças sociais;
tal para: e) tinham como centro a crença na vida futura.
a) A realização das guerras civis, contra os plebeus, im-
pedindo a reforma agrária. 68. (SANTA CASA) O período do Cativeiro da Babilô-
b) Conter as invasões bárbaras que ameaçavam as
nia (586 - 539 a. C.) foi importante na evolução da religião
fronteiras ao norte.
hebraica, pois, graças ao contato com os neobabilônios, os
c) Preservar as culturas políticas, limitando as conquis-
tas realizadas pela plebe. judeus:
d) A ascensão dos militares ao poder, e conseqüente- a) passaram a conceber Jeová como identificado com
mente para decadência do Senado. seus problemas sociais;
e) Consolidar as instituições republicanas, impossibili- b) ficaram imbuídos de concepções animistas, adoran-
tando o retorno à monarquia. do as forças da Natureza;
c) adoraram a idéia do fatalismo e do caráter transcen-
64. Durante o Baixo Império, o império romano viveu dental de Deus;
grande decadência, determinada principalmente pela (o): d) abandonaram práticas ligadas à magia, como por
a) Retração das guerras, responsável pela diminuição exemplo, a necromancia;
do afluxo de riquezas, crise do escravismo e da própria pro- e) conceberam Jeová em termos antropomórficos, in-
dução. clusive com qualidades próprias dos homens.

113
HISTÓRIA

69. (OSEC) Os fenícios dedicavam-se primordialmente b) a introdução de moedas de circulação geral, como o
ao comércio marítimo porque: ducado veneziano e o florim toscano, desorganizou a eco-
a) era grande seu excedente agrícola; nomia monetária da época;
b) sua organização militar lhes garantia o domínio dos c) a procura de materiais bélicos desestimulava os
mares; novos monarcas e desenvolver o comércio, pois estavam
c) sua localização geográfica os induzia a isso; preocupados com sua própria segurança;
d) sua organização política era fortemente centraliza- d) a acumulação de capitais excedentes, oriundos das
da; especulações comerciais, marítimas ou de mineração, trou-
e) sua atividade militar lhes proporcionava numerosos xe novos horizontes de opulências e poder;
escravos para atuar nas galeras e) o sistema de manufatura desenvolvido pelas corpo-
como remadores. rações de ofícios consolidou-se, afastando-se delas o fan-
tasma da extinção.
70.
I. As cidades-Estado fenícias são consideradas a mais 74. (UnB) Verdadeiro ou Falso?
progressista forma de organização do Estado existente na A Baixa Idade Média (séculos XII - XV) assinalou a
Antigüidade Oriental. transformação do sistema feudal, ocasião em que:
II. A religião fenícia foi monoteísta, a exemplo dos he- ( ) intensificam-se as relações mercantis e as trocas
breus. monetárias;
III. A grande contribuição dos fenícios para as civiliza- ( ) o aumento populacional, ampliando o mercado
ções posteriores foi a invenção do alfabeto fonético, criado consumidor, explicitou as limitações da produção feudal,
por interesses comerciais. calcada na servidão;
a) I, II e III estão corretas. ( ) ocorreu um Renascimento Urbano, baseado no pla-
b) I, II e III estão incorretas. nejamento ordenado, que resultou em satisfatórias condi-
c) Apenas I e II estão corretas. ções de saneamento e higiene das cidades;
d) Apenas I e III estão corretas. ( ) desenvolveram-se as corporações de ofício, organi-
e) Apenas II e III estão corretas. zando a produção rural mas não intervindo em sua regu-
lamentação;
71. (TAUBATÉ) A filosofia escolástica, que predominou ( ) o comércio praticamente desapareceu do Mediter-
na Baixa idade Média, representou: râneo, substituído pelo Atlântico como eixo central da ati-
a) uma tentativa de integração dos ideais cristãos com vidade mercantil.
a filosofia aristotélica;
b) a supremacia do racionalismo sobre o misticismo; 75. (FUVEST) No século XIII, os barões ingleses, con-
c) a dominação da fé pela razão; tando com o apoio de alguns mercadores e religiosos, sub-
d) a dominação absoluta da fé pela razão; levaram-se contra as pesadas taxas e outros abusos. O rei
e) n.d.a. João Sem Terra acabou aceitando as exigências dos vas-
salos rebelados e assinou a Magna Carta. Pode-se afirmar
72. (GV) A Guerra dos Cem Anos (1337 - 1453), entre que esse documento representa um importante legado do
franceses e ingleses, teve como conseqüências principais: mundo medieval porque:
a) a consolidação do poder monárquico na França e a a) reafirmava o princípio do poder ilimitado dos mo-
expulsão quase completa dos ingleses do território francês; narcas para fixar novos tributos;
b) a consolidação do poder monárquico na Inglaterra b) freou as lutas entre os cavaleiros e instituiu o Parla-
e a expulsão quase completa dos franceses do território mento, subdividido em duas Câmaras;
inglês; c) assegurava antigas garantias a uma minoria privile-
c) a incorporação de parte do território francês pela giada, mas veiculava princípios de liberdade política;
Inglaterra e o conseqüente enfraquecimento do poder real d) limitou as ambições políticas dos papas, mesmo em
na França; se tratando de um contrato feudal;
d) a incorporação de parte do território inglês pela e) proclamava os direitos e as liberdades do homem do
França e o conseqüente enfraquecimento do poder real na povo através de 63 artigos.
Inglaterra;
e) a aliança entre franceses e flamengos e o fim da he- 76. (UnB) Verdadeiro ou Falso?
gemonia inglesa sobre o comércio europeu. No período medieval, a população enfrentou uma epi-
demia de extrema gravidade, a Peste Negra, a qual envol-
73. (CESGRANRIO) Houve uma série de mudanças que veu determinados aspectos, a saber:
assinalaram a transição da economia estática e contrária ao ( ) A epidemia foi, em seu conjunto, mais acentuada
lucro da Idade Média para o dinâmico regime capitalista do nos meios urbanos do que nos campos, e menos nas mon-
século XV e seguintes. A respeito desse processo, podemos tanhas do que nas planícies.
afirmar que: ( ) O impacto da peste fez surgir um movimento de
a) a conquista do monopólio comercial do Mediterrâ- histeria coletiva que se propagou por toda a Europa.
neo pelos turcos desenvolveu o comércio com as cidades ( ) A morte tornou-se um dos temas prediletos de ar-
mercantis da Liga Hanseática; tistas e poetas.

114
HISTÓRIA

( ) A epidemia não conseguiu afetar as relações fami- c) realização de modificações na estrutura social do
liares e sociais, estabelecendo-se no período laços profun- Egito, para eliminar as oligarquias agrárias;
dos de solidariedade. d) promoção de ampla reforma agrária, de modo a ate-
77. (ACAFE) Entre as causas da decadência do feudalis- nuar a miséria dos camponeses;
mo, é correto mencionar: e) introdução de uma religião monoteísta, a fim de li-
I. o Renascimento Comercial e Urbano; mitar a influência política dos sacerdotes.
II. o aparecimento de uma nova classe social: a bur- 81. (OSEC)
guesia; I. ( ) “Estes nomos eram cidades-Estados, nas quais se
III. a Guerra dos Cem Anos, envolvendo França e In- iniciou a dissolução da propriedade coletiva, com o surgi-
glaterra; mento, no interior de cada um, de uma espécie de aristo-
IV. a união do rei e dos senhores de terras, visando à cracia, proprietária das melhores terras.”
centralização política. II. ( ) “Era o estado, personificado na figura do che-
fe supremo, que construía os grandes canais de irrigação,
As alternativas corretas são: como meio de desenvolver a agricultura, dirigindo para
esse fim o trabalho excedente das comunidades.”
a) I e IV
III. ( ) “Tivemos também a cristalização das camadas
b) I, II e III
sociais, tendo-se formado uma poderosa burocracia estatal
c) I e II (administrativa e religiosa) que tornou seus cargos heredi-
d) II, III e IV tários.”
e) II e III IV. ( ) “Essa reforma religiosa, que estabeleceu o mo-
noteísmo no Egito, teve por finalidade enfraquecer o poder
78. (PUC) Albi é hoje uma pacata cidade do Sul da Fran- dos sacerdotes de Amon, que representavam um perigo
ça, não muito longe de Toulouse. No entanto, foi o centro para a Monarquia.”
principal de uma seita herética que, durante os séculos XII
e XIII, propagou-se até o Norte da Itália, abalando o pres- Os textos acima estão ligados, respectivamente:
tígio da Igreja. A heresia albigense negava alguns valores a) a Amenófis IV; à estratificação social dos impérios
sociais, tais como o matrimônio, a família e a propriedade. teocráticos com agricultura de regadio; ao reinado de
Anatematizados, os albigenses só desapareceram após a Ramsés II; à unificação política do Egito;
cruzada ordenada pelo papa Inocêncio III e levada a efeito b) à formação do Império Assírio; ao regime político
por Simon de Monfort. Na verdade, sendo dualistas e pro- dos impérios teocráticos com agricultura de regadio; a
curando reunir em uma síntese o cristianismo e o paganis- Amenófis IV; à formação do Novo Império Egípcio;
mo oriental, os albigenses poderiam ser chamados de: c) à formação do Império Egípcio; a Amenófis IV; à es-
a) maniqueístas tratificação social dos impérios teocráticos com agricultura
b) gnósticos de regadio; à conquista do Egito pelos hicsos;
c) agnósticos d) à formação dos reinos egípcios; ao regime político
d) anarquistas dos impérios teocráticos com agricultura de regadio; à es-
e) bárbaros tratificação social dos impérios teocráticos com agricultura
de regadio; a Amenófis IV;
79. (PUC) A atuação do Estado na vida econômica dos e) ao regime político dos impérios teocráticos com
povos da Antigüidade Oriental, principalmente em relação agricultura de regadio; à formação do império egípcio; a
à agricultura, foi bastante acentuada, sendo justificada por Amenófis IV; à implantação do monoteísmo judaico no Egi-
to.
eles como:
a) forma de garantir a produção de gêneros de primei-
82. Os Estados teocráticos da Mesopotâmia e do Egito
ra necessidade sem excedentes lucrativos; evoluíram acumulando características comuns e peculia-
b) necessária para assegurar as provisões para consu- ridades culturais. Os egípcios desenvolveram a prática de
mo do Exército; embalsamar o corpo humano porque:
c) decorrente da necessidade de controlar a produção a) se opunham ao politeísmo dominante na época;
em tempo de guerra; b) seus deuses, sempre prontos a castigar os pecado-
d) única maneira de garantir a distribuição eqüitativa res, desencadearam o Dilúvio;
da riqueza entre os súditos; c) depois da morte, a alma podia voltar ao corpo mu-
e) responsabilidade atribuída aos governantes para ze- mificado;
larem pelo bem comum. d) construíram túmulos em forma de pirâmides trunca-
das, erigidos para a eternidade;
80. (FUND. CARLOS CHAGAS) No Novo Império Egíp- e) os camponeses constituíam a categoria social infe-
cio (1580 - 525 a. C.), a revolução promovida por Amenófis rior.
IV (também chamado Akhnaton) teve grande significado
porque consistiu na: 83. (FAC. MED. AMIN) “Salve, ó Nilo (...) regas a terra
a) expulsão dos hicsos, povo semita que dominava o em toda parte, ó deus dos grãos, senhor dos peixes, pro-
Egito desde o Antigo Império; dutor do trigo e da cevada (...) Logo tuas águas se erguem
b) unificação das diferentes províncias - nomos - evi- (...) todo ventre se agita, o dorso é sacudido de alegria e os
tando assim a fragmentação do Estado; dentes rangem.”

115
HISTÓRIA

O trecho acima celebra: 87. O século VI a.C. marca a passagem do período ar-
a) o Egito, região quente e seca como o Saara; caico para o período clássico na história dos antigos gre-
b) a crença numa vida de além-túmulo e as dores do gos. O elemento que marcou essa mudança foi:
parto; a) O grande desenvolvimento cultural de Atenas, lide-
c) o relativo isolamento do vale, limitado pelos deser- rado por Péricles, permitindo à cidade liderar todo o mun-
tos da Arábia e da Líbia; do grego.
d) as nascentes desconhecidas do Rio Nilo; b) As Guerras Médicas, que possibilitaram o fortaleci-
e) o poder criador do regime das cheias e das vazan- mento de diversas cidades gregas, dando início à hegemo-
tes do rio Nilo, que deixavam no solo um lodo de grande nia dos gregos.
fertilidade. c) O antagonismo entre Atenas e Esparta, mais agu-
84. Esparta apresentou um desenvolvimento histórico çado, determinando um conjunto de internas pelo poder.
distinto da maioria das cidades-gregas, pois: d) A derrota do Império Persa, que permitiu aos gregos
a) Formou-se a partir de um governo conservador e as- o início do expansionismo sobre a parte do Oriente e a
sumiu um sistema político democrático, com a participação criação da cultura helenística.
de todos os cidadãos. e) O início de um período caracterizado pela hegemo-
b) Organizou-se na forma de governo oligárquico, cujo nia de uma cidade sobre as demais, eliminando a soberania
objetivo principal era preservar os interesses da aristocra- da maioria das polis.
cia.
c) Transitou de um governo monárquico para o regime 88. Os espartanos se utilizaram o laconismo e da xe-
de tirania, o que proporcionou uma política de equilíbrio nofobia para reforçar o status quo e evitar mudanças pre-
entre as camadas sociais. servando:
d) Assumiu a forma republicana de governo, sem pos- a) Um sistema social no qual a mulher não possuía ne-
sibilidade de ascensão dos grupos sociais. nhuma função de destaque.
e) Caracterizou-se por um governo autocrático, no qual b) A distância sócia econômica, permanecendo o pe-
o grupo dirigente reunia poderes temporais e espirituais. rieco como escravo, e o espartíata como intelectual.
c) A estrutura política que garantia o direito do voto
85. Comparando-se a educação ateniense com a es- para que todos não fossem escravos.
partana, conclui-se que: d) Os limites territoriais da cidade, que fora ameaçado
a) Os atenienses valorizavam a formação intelectual e pelo expansionismo persa.
física do homem, enquanto os espartanos, o militarismo. e) Os privilégios da elite militar, que controlava as ter-
b) As relações democráticas em Atenas possibilitavam ras férteis, consideradas propriedades estatais.
que muitas mulheres se destacassem na sociedade.
c) Em Atenas desenvolveu-se o laconismo e em Esparta 89. A vida política de Atenas, durante o período arcai-
a xenofobia. co, foi caracterizada pelas transformações que culminariam
d) Os espartanos valorizavam o militarismo e o desen- com a criação da democracia escravista.
volvimento da cidadania.
e) O desenvolvimento intelectual ateniense permitiu a Pode-se afirmar que essas transformações foram im-
instituição da democracia e o fim da escravidão. pulsionadas:
a) A partir do enriquecimento de artesãos e comercian-
86. Da coesão temporária entre aristocratas e popula- tes, que aumentaram a posição à oligarquia eupátrida.
res, provocada pela luta contra um inimigo comum, apro- b) Pelas grandes rebeliões de escravos que exigiam a
veitou-se Clístenes para fazer a reforma que implantou a liberdade de direitos políticos.
democracia em Atenas. A democracia surgiu: c) Pelo isolamento da cidade, permitindo a ausência e,
a) Com o fim das disputas entre as facções políticas, portanto, a estabilidade política.
formalizadas pela aliança entre a elite e o povo. d) Naturalmente, acompanhando o desenvolvimento
b) A partir da ascensão de Clístenes ao poder, do par- intelectual e cultural da cidade.
tido popular, que aliado a ex-escravos derrotou os aristo- e) Após a vitória ateniense sobre os persas, terminadas
cratas. as Guerras Médicas.
c) Para atender aos interesses políticos da nova elite, os
mercadores, e preservar certos privilégios da antiga aristo- 90. (MACKENZIE) As diferenças políticas e econômicas
cracia, como o latifúndio e a escravidão. entre espartanos e atenienses culminaram no conflito ar-
d) Como forma de promover maior desenvolvimento mado denominado:
da cidade, equiparando-se agricultura e comércio, basea- a) Guerras Médicas
dos nos trabalhos dos thetas. b) Guerras Púnicas
e) Devido às pretensões da elite agrária, em fazer de c) Guerra do Peloponeso
Atenas cidade hegemônica, como ocorreria no século se- d) invasão macedônica
guinte. e) Guerras Gaulesas

116
HISTÓRIA

91. (UEMT) O enfraquecimento das cidades gregas, 96. (UNIP) Sobre o feudalismo, assinale a alternativa
após a Guerra do Peloponeso (431 - 404 a. C.), possibilitou correta:
a conquista da Grécia pelos: a) A economia era dinâmica, monetária e voltada para
a) bizantinos o mercado.
b) hititas b) A sociedade era móvel, permitindo a ascensão so-
c) assírios cial.
d) persas c) O poder político estava centralizado nas mãos de um
e) macedônios monarca absolutista;
d) A mão-de-obra básica era formada por trabalhado-
92. (S. J. DO RIO PRETO) Os gregos possuíam divin- res escravos.
dades menores que inspiravam suas criações artísticas e e) As principais obrigações devidas pelos trabalhado-
científicas: assim Clio era a musa inspiradora da: res eram a corvéia e a talha.
a) Música
b) História 97. (SANTA CASA) A Alta Idade Média (séculos V - XI)
tem como uma de suas características singulares, que a de-
c) Poesia Épica
fine historicamente:
d) Astronomia
a) o desaparecimento dos reinos germânicos do Oci-
e) Comédia
dente;
b) a consolidação e generalização do trabalho servil;
93. (FUVEST) Politicamente, o feudalismo se caracteri- c) a organização das Cruzadas para combater os infiéis
zava pela: do Islão;
a) atribuição apenas do Poder Executivo aos senhores d) o desenvolvimento - com posterior centralização -
de terras; do poder real;
b) relação direta entre posse dos feudos e soberania, e) o Renascimento Comercial, que reestruturou a vida
fragmentando-se o poder central; econômica feudal.
c) relação entre a vassalagem e suserania entre merca-
dores e senhores feudais;
d) absoluta descentralização administrativa, com su- 98. (MACK) Marque a correspondência errada:
bordinação dos bispos aos senhores feudais; a) Corvéia - imposto em trabalho.
e) existência de uma legislação específica a reger a vida b) Talha - imposto em produtos.
de cada feudo. c) Banalidades - imposto em produtos.
d) Vintém - imposto em produtos.
e) Mão-morta - imposto em produtos.
94. (UNIP) O feudalismo:
a) deve ser definido como um regime político centra-
99. (MED. SANTOS) Quanto às relações entre susera-
lizado; nos e vassalos:
b) foi um sistema caracterizado pelo trabalho servil; a) senhor e servo eram categorias semelhantes a suse-
c) surgiu como conseqüência da crise do modo de pro- ranos e vassalos;
dução asiático; b) o servo prestava homenagem ao senhor feudal;
d) entrou em crise após o surgimento do comércio; c) o senhor feudal concedia o benefício ao vassalo;
e) apresentava uma considerável mobilidade social. d) as obrigações entre vassalos e suseranos eram re-
cíprocas;
95. (PUC) A característica marcante do feudalismo, sob e) o juramento de fidelidade podia ser rompido a qual-
o ponto de vista político, foi o enfraquecimento do Estado quer momento.
enquanto instituição, porque:
a) a inexistência de um governo central forte contribuiu 100. (UFRN) Os acontecimentos abaixo constituem as
para a decadência e o empobrecimento da nobreza; características principais do feudalismo, exceto:
b) a prática do enfeudamento acabou por ampliar os a) Ausência de poder centralizado.
feudos, enfraquecendo o poder político dos senhores; b) As cidades perdem sua função econômica.
c) Instauração da relação vassalagem / suserania.
c) a soberania estava vinculada a laços de ordem pes-
d) Comércio internacional intenso.
soal, tais como a fidelidade e a lealdade ao suserano; 
e) Organização do trabalho com base na servidão.
d) a proteção pessoal dada pelo senhor feudal a seus
súditos onerava-lhe as rendas;
e) a competência política para centralizar o poder, re-
servada ao rei, advinha da origem divina da monarquia.

117
HISTÓRIA

Gabarito:
___________________________________________________
01) c 26) d 51) d 76) V V V F ___________________________________________________
02) c 27) b 52) d 77) b
03) a 28) d 53) a 78) a ___________________________________________________
04) d 29) b 54) b 79) e
05) e 30) d 55) b 80) e ___________________________________________________
06) b 31) b 56) b 81) d
___________________________________________________
07) b 32) c 57) c 82) c
08) c 33) d 58) V F V V V 83) e ___________________________________________________
09) c 34) b 59) c 84) b
10) b 35) e 60) a 85) a ___________________________________________________
11) e 36) d 61) b 86) c
12) e 37) d 62) c 87) e ___________________________________________________
13) b 38) a 63) d 88) e ___________________________________________________
14) d 39) c 64) a 89) a
15) e 40) c 65) c 90) c ___________________________________________________
16) b 41) e 66) a 91) e
17) e 42) a 67) b 92) b ___________________________________________________
18) a 43) d 68) c 93) b
___________________________________________________
19) a 44) c 69) c 94) b
20) d 45) a 70) d 95) c ___________________________________________________
21) e 46) c 71) a 96) e
22) d 47) b 72) a 97) b ___________________________________________________
23) e 48) d 73) d 98) a
24) a 49) b 74) V V F V V 99) d ___________________________________________________
25) d 50) d 75) c 100) d
___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________
ANOTAÇÕES ___________________________________________________

___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________

___________________________________________________ ___________________________________________________

___________________________________________________ ___________________________________________________

___________________________________________________ ___________________________________________________

___________________________________________________ ___________________________________________________

___________________________________________________ ___________________________________________________

___________________________________________________ ___________________________________________________

___________________________________________________ ___________________________________________________

___________________________________________________ ___________________________________________________

118
FILOSOFIA

1. INTRODUÇÃO À FILOSOFIA:............................................................................................................................................................................ 01
1.1. História da Filosofia: instrumentos de pesquisa............................................................................................................................. 01
1.2. Introdução à Filosofia da Ciência.......................................................................................................................................................... 01
1.3. Introdução à Filosofia da Cultura......................................................................................................................................................... 01
1.4. Introdução à Filosofia da Arte................................................................................................................................................................ 01
1.5. O intelecto: empirismo e criticismo..................................................................................................................................................... 01
1.6. Democracia e justiça.................................................................................................................................................................................. 01
1.7. Os direitos humanos.................................................................................................................................................................................. 01
2. FILOSOFIA E EDUCAÇÃO:................................................................................................................................................................................. 13
2.1. O eu racional: introdução ao sujeito ético........................................................................................................................................ 13
2.2. Introdução à bioética................................................................................................................................................................................ 13
2.3. A técnica......................................................................................................................................................................................................... 13
3. IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA PARA A CIDADANIA:.............................................................................................................................. 16
3.1. O homem como um ser da natureza.................................................................................................................................................. 16
3.2. A concepção platônica da desigualdade........................................................................................................................................... 16
3.3. A desigualdade segundo Rousseau..................................................................................................................................................... 16
FILOSOFIA

Essa característica não só explica a multiplicidade de


1. INTRODUÇÃO À FILOSOFIA: manifestações do espírito filosófico como garante sua uni-
1.1. HISTÓRIA DA FILOSOFIA: dade interna, nascida do desejo de integrar os dados que os
diferentes ramos do saber proporcionam sobre o homem e
INSTRUMENTOS DE PESQUISA.
o ambiente que o cerca. No curso de sua evolução histórica,
1.2. INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA CIÊNCIA. portanto, a filosofia forneceu ao homem um instrumento
1.3. INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA CULTURA. essencial no esforço de apreender a realidade com precisão
1.4. INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA ARTE. cada vez maior e permitiu-lhe aceder mais completamente
1.5. O INTELECTO: EMPIRISMO E CRITICISMO. à compreensão de si mesmo e de seu lugar no universo.
1.6. DEMOCRACIA E JUSTIÇA.
1.7. OS DIREITOS HUMANOS. Filosofia e ciências particulares

Identificada na origem com o saber em geral, a filoso-


“A filosofia nasce de uma tentativa desusadamente obs- fia deu origem a grande número de outras disciplinas que,
tinada de chegar ao conhecimento real”, diz Bertrand Russell. embora tenham se constituído como saberes independen-
Com efeito, o desejo de encontrar explicação para a própria tes, mantiveram com a filosofia uma estreita vinculação.
existência e a existência do mundo circundante, que já nas Esse processo trilhou caminhos diversos no que se refere
antigas concepções míticas expressava-se por meio de ele- às ciências positivas, por um lado, e às ciências sociais, por
mentos simbólicos, está na origem da filosofia como tentativa outro. Isso foi determinante para a relação que a filosofia
de discernir os princípios e fundamentos subjacentes à reali- contemporânea mantém com os distintos ramos do saber.
dade aparentemente caótica. No que diz respeito às ciências positivas matemática,
Segundo a tradição clássica, o pensador grego Pitágoras física, química, biologia Aristóteles foi o primeiro a definir
foi o primeiro a denominar-se philosóphos, aquele que ama claramente sua condição de disciplinas autônomas, embora
ou procura a sabedoria, em oposição ao sophós, ou sábio dependentes em última instância da filosofia como ciência
que se limitaria a entesourar conhecimentos sem se preocu- dos princípios primeiros. Assim, no próprio sistema filosófi-
par com sua validade. Lendária ou não, essa distinção resul- co, Aristóteles empregou elementos extraídos das ciências
tou correta na caracterização essencial do espírito filosófico, para estabelecer a teoria da alma ou do intelecto agente,
cuja busca visa não ao registro ou à descrição de fatos con- fundindo harmoniosamente esses elementos em sua con-
cretos, mas à conquista de um saber unitário e abrangente cepção geral da realidade e do universo.
sobre o homem e a natureza. Essa ordenação, que favoreceu o progresso individual
Desde seu nascimento na Grécia no século VI A.C., foram das diferentes disciplinas, mas estabeleceu o caráter prio-
apresentadas inúmeras e frequentemente contraditórias defi- ritário da filosofia, manteve-se até praticamente o Renasci-
nições de filosofia, entre elas a tradicional concepção de Aris- mento, quando os novos descobrimentos científicos rom-
tóteles, que entendia a filosofia como ciência dos princípios e peram de modo definitivo a imagem aristotélica do cosmo.
causas últimas das coisas; ou a concepção das escolas positivis- Durante os séculos XVII e XVIII, no entanto, ciência e filoso-
fia mantiveram um curso paralelo e eminentes pensadores,
tas e empíricas, que a viam como simples organizadora ou es-
como Descartes e Leibniz, foram ao mesmo tempo filósofos
clarecedora dos dados proporcionados pela experiência e pelas
e cientistas.
ciências. Em última instância, porém, a persistência histórica de
Só no século XIX, com a progressiva especialização da
tais polêmicas contribuiu para destacar o caráter primordial-
ciência, aliada ao pensamento idealista e irracionalista que
mente crítico e antidogmático da atividade filosófica, que faz da
se firmava e às polêmicas em torno da validade da metafí-
reflexão sobre si mesma seu primeiro e fundamental problema.
sica, começaram a se multiplicar as barreiras entre ciência e
Cabe, pois, usando as palavras do pensador alemão
filosofia. Assim, embora a lógica e a epistemologia fossem
Karl Jaspers, definir filosofia antes de tudo como “a ativida- instrumentos úteis para ambas, as escolas de tradição em-
de viva do pensamento e a reflexão sobre esse pensamento”, pirista e positivista passaram a considerar a filosofia como
isto é, uma investigação racional direcionada não só para a mera disciplina auxiliar ou, no máximo, organizadora dos
determinação dos princípios gerais da realidade, mas tam- dados proporcionados pelas ciências.
bém para a análise crítica do próprio instrumento a razão e No pensamento contemporâneo, as relações entre filo-
das ideias, concepções e valores elaborados pelo homem sofia e ciência são abordadas de acordo com duas grandes
mediante o exercício da razão. linhas. De um lado, as escolas como o vitalismo, o intuicio-
Traço também essencial para a compreensão da filosofia é nismo, e evolucionismos de diversos tipos, aspiram a coli-
sua historicidade radical, que tem feito variar seus fins e meios gir os descobrimentos científicos e, mediante reflexão so-
de acordo com as concepções de mundo próprias de épocas bre suas implicações, enquadrá-los em concepções gerais
distintas, cada uma das quais reorganiza os princípios e conhe- da realidade. De outro, a filosofia da ciência, disciplina de
cimentos vigentes no período anterior. Assim, no início equipa- caráter essencialmente epistemológico, preocupa-se com
rado à totalidade do saber, a filosofia precisou subdividir-se em questões como a análise crítica da metodologia, a estrutura
diferentes disciplinas metafísica, epistemologia, ética voltadas lógica dos sistemas científicos, a elucidação e o esclareci-
para o estudo de áreas específicas do pensamento, e viu des- mento dos conceitos e pressupostos básicos das ciências
ligar-se progressivamente de sua competência as ciências par- e a determinação dos limites e inter-relações das ciências
ticulares, que adquiriram identidade e metodologia próprias. entre si.

1
FILOSOFIA

Ambas se guiam de todo modo, por um interesse co- A pretensão de todas essas correntes de pen-
mum: o de estabelecer o ponto de união entre o pensa- samento era apreender o conjunto da realidade social e
mento científico e outras áreas do pensamento. Sabe-se oferecer um modelo global segundo o qual essa realida-
que as atividades da ciência tendiam a ser consideradas de deveria organizar-se no futuro. No entanto, a crescente
como inabordáveis, tanto do ponto de vista metodológico complexidade da sociedade das últimas décadas do século
como moral, a partir de critérios não científicos. No entan- XX, a profusão de forças que surgiram no meio social com
to, a repercussão direta que muitas das conquistas da ciên- influências diversas e o fracasso da tentativa de implantar
cia tiveram sobre a vida das pessoas, radicalmente transfor- alguns dos modelos sociais com raízes mais firmes, provo-
mada por algumas delas, levou ao debate extra científico caram uma situação nova. Os filósofos, incapazes de captar
de questões como o direito de fazer certas experiências. uma realidade tão rica e cambiante, parecem ter renuncia-
O uso dado a algumas descobertas da física nuclear, do ao objetivo de estabelecer sistemas globais.
da química e da biologia, e os progressos da engenharia Surgiram assim escolas que buscavam averiguar os
genética são exemplos de problemas que sensibilizaram valores que se escondiam atrás das muitas correntes ideo-
a opinião pública. Nasceu assim uma corrente de opinião lógicas que se tornavam populares a cada momento dado.
fortemente arraigada que não considera os cientistas total- Num sentido mais geral, o filósofo atuava como observa-
mente inocentes das aplicações perniciosas dadas a seus dor social capaz de situar qualquer acontecimento, fosse
trabalhos. Exige-se deles uma atitude comprometida, in- ele de ordem política, social ou estética, num contexto no
clusive de denúncia naqueles casos em que seu trabalho qual se tornavam evidentes suas relações com outras ca-
serve para objetivos bem distintos dos que os motivaram. racterísticas da realidade.
Já que a quase totalidade dos sistemas filosóficos tem Se a organização como ciências sociais independen-
tradicionalmente aspirado não só à compreensão geral tes, no final do século XIX, de uma série de disciplinas até
da realidade, mas também ao estabelecimento de princí- então integradas à filosofia, como psicologia, sociologia
pios éticos que regulassem a organização da sociedade, e antropologia, e o extraordinário progresso de outras,
as teorias da política e do direito achamse vinculadas de como linguística e filosofia da linguagem, motivaram uma
forma indissolúvel ao progresso da filosofia. Os dois gran- crescente especialização e fragmentação nos estudos so-
des mestres do pensamento ocidental, Platão e Aristóte- bre o homem, também permitiram, com os novos méto-
les, estabeleceram em seus respectivos tratados República dos estabelecidos por essas ciências, a reorganização de
e Política o conceito da filosofia política como análise da um extraordinário caudal de conhecimentos.
origem, essência e valor do estado e, se o primeiro criou A psicanálise, a filosofia da linguagem comum, a an-
o modelo de todas as “utopias” ou descrições do estado tropologia cultural, a gramática gerativo-transformacional
ideal, o segundo, que definiu o homem como “animal po- que reavivou o problema filosófico tradicional da existên-
lítico”, estabeleceu, mediante a classificação e ponderação cia das ideias inatas são, entre muitas outras, áreas de pes-
das diferentes formas de governo, os fundamentos da mo- quisa que proporcionaram novos enfoques sobre a natu-
derna teoria política. reza humana e deram lugar a uma profunda reformulação
da concepção clássica do homem. Fruto disso tem sido
Durante a Idade Média, a doutrina política centralizou- o surgimento de uma série de disciplinas antropologia fi-
-se fundamentalmente no debate sobre as relações entre losófica, semiótica ou teoria geral dos signos, pedagogia
o poder temporal o estado e o poder espiritual a igreja. A moderna e de escolas estruturalismo, escola de Frankfurt
partir do Renascimento, sob novas condições sociais, a filo- que, de uma forma ou outra, estabelecem como objeto
sofia política ligou-se profundamente à filosofia do direito. prioritário a integração dos dados proporcionados pelas
Isso se deu em consequência da contraposição entre razão diferentes ciências sociais numa visão unitária do homem
de estado e lei natural, que ganhou atualidade, ou por es- e suas relações com o meio. Nesse aspecto, portanto, jus-
tímulo do surgimento das diversas concepções de estado tifica-se mais uma vez a afirmação tradicional de que é
direito divino dos reis, contrato social etc. que culminaram precisamente a diversidade de seus interesses que garante
no século XIX com a teoria jurídica do estado como fonte a unidade do espírito filosófico.
única do direito.
Todo modelo de organização social, em suma, todo Definição de ciência
sistema político, repousa sobre a escolha de certos princí- A palavra ciência vem do latim scintia, que significa
pios baseados no exercício da razão filosófica. A filosofia da “sabedoria”, “conhecimento”. Podemos dizer que a ciência
história, formulada fundamentalmente a partir do século se caracteriza pela sua metodologia, técnica, objeto e pes-
XIX graças a autores como Wilhelm Dilthey e Max Weber, quisa, e pela busca de conhecimento sistemático e seguro
constitui instrumento indispensável para a compreensão dos fenômenos do mundo.
da evolução das ideias políticas e dos sistemas de valores
e concepções de mundo que caracterizaram as diferentes
épocas.

2
FILOSOFIA

Metodologia científica Leis e teorias científicas


Muito do nosso conhecimento tem o caráter de fer-
ramenta. Tal tipo de conhecimento pode ser denominado Analisando os inúmeros fatos do mundo, percebemos
receita. Por receita, entendemos uma série de instruções a ocorrência de fenômenos regulares, como, por exemplo,
sobre coisas a serem feitas, se se deseja obter determinado a sucessão do dia e da noite, das estações do ano, o nasci-
resultado. É o conhecimento usado como ferramenta: ins- mento dos seres vivos, a atração dos corpos em direção ao
trumento para a ação. O conhecimento científico pode ser centro da Terra, entre outros.
compreendido como receita pelo fato de se servir de uma Para reconhecermos a ocorrência de regularidades, de-
séria de instruções sobre a maneira de operar intelectual- vemos observar os fenômenos semelhantes e classificá-los
mente se se deseja resolver certo tipo de problema. segundo suas características comuns. Ao examinar as regu-
Tal receita é verdadeira quando funciona bem, isto é, laridades, a ciência procura chegar a uma conclusão geral
quando resolve o problema. A receita é posta em dúvida que possa ser aplicada a todos os fenômenos semelhantes.
quando, depois de aplicar uma teoria repetidas vezes para
Através desse processo, ela procura formular leis científicas.
a solução de problemas, o problema permanece sem solu-
ção. Assim, chega-se a conclusão de que a teoria não serve.
1 – Leis científicas
Do contrário, não será abandonada.
Comumente, pensamos que o conhecimento científico
se alcança através de um método científico. Mas o que é Nesse sentido, leis são enunciados generalizadores
um método científico? que procuram apresentar relações constantes e necessárias
O modo de proceder dos cientistas ao conduzirem suas entre fenômenos regulares.
investigações envolve um núcleo comum de atividades que A leis científicas desempenham duas funções básicas:
costuma ser chamado método científico. resumem uma grande quantidade de fenômenos regulares,
O método científico apresenta, de modo geral, uma es- favorecendo uma visão global do seu conjunto;
trutura lógica que se manifesta nas etapas a serem percor- possibilitam a previsão de novos fenômenos que se
ridas para a solução de um problema. Como uma receita, enquadrem na regularidade descrita.
por exemplo. Vejamos um esquema básico dessas etapas: As leis costumam fazer parte de uma teoria científi-
1. Enunciado de um problema – observando os fatos ca, que “especifica a causa ou mecanismo subjacente tido
do mundo, o cientista enuncia um problema que o intriga como responsável pela regularidade descrita na lei”.
e que ainda não foi explicado pelo conjunto de conheci-
mentos disponíveis. Nesta etapa, o cientista deve expor seu 2 – Teoria científica
problema, com clareza e precisão, e procurar todos os ins-
trumentos possíveis para tentar resolvê-lo; Uma teoria científica tem sempre a pretensão de ofere-
2. Formulação de hipótese – tentando solucionar o cer uma receita universalmente válida para todos os casos.
problema, o cientista propõe uma resposta possível, que Essa exigência de universalidade tem a ver com a exigência
constitui uma hipótese a ser avaliada na sua investigação. de ordem. Leis que funcionam aqui e não funcionam ali
Isso significa que a hipótese é uma resposta não compro- não são leis, e um universo que se comporta de uma forma
vada, que deve ser testada cientificamente. em certos momentos e de outra forma em outros não é
3. Testes experimentais da hipótese – o cientista testa a um cosmos.
validade de sua hipótese, procurando investigar as conse- Teorias são enunciados acerca do comportamento dos
quências da solução proposta. Essa investigação deve ser objetos de interesse do cientista. Daí termos teorias rela-
controlada por ele, para que o fator relevante previsto na tivas ao universo, aos átomos, às combinações entre os
hipótese seja suficientemente destacado na ocorrência do
elementos, à vida, à sociedade, às emoções, à educação,
fato-problema;
entre outras. Um cientista é uma pessoa que sabe usar as
4. Conclusão – o cientista conclui a pesquisa científica,
redes teóricas para apanhar as entidades que lhe interes-
confirmando ou corrigindo a hipótese formulada e testada.
Uma nota importante: o método científico não é recei- sam. Toda teoria inclui um pré-julgamento, um prejuízo
ta infalível. Ele não pode ser visto como receita rígida de re- (que com frequência se torna, efetivamente, juízo) acerca
gras, capaz de garantir soluções para todos os problemas. das coisas destituídas de significação. Ciência que, embora
Nunca existiu essa receita única, pois método científico não as teorias científicas possam ser refutadas, reformuladas ou
é conjunto fixo e estereotipado de atos a serem adotados corrigidas, ela cumpre a sua função, uma vez.
em todos os tipos de pesquisa científica. O que chamamos Este texto é de, algum modo, uma marcha ao passa-
de método científico consiste na percepção de uma estru- do com o intuito de pensar as possíveis relações entre o
tura lógica de ações frequentemente utilizadas na pesquisa conceito de Cultura, de origem latina (colere: cultivar), e
científica, mas que, por si só, não é suficiente para garantir o Éthōs grego, que etimologicamente remonta à união de
o êxito desse empreendimento. Os resultados satisfatórios duas palavras que se diferenciam somente pela vogal inicial
de uma pesquisa dependem de amplo conjunto de fato- e/)qoj e h)/qoj. A primeira diz respeito a uso, costumes, tra-
res, que abrange desde a natureza do problema a ser pes- dição e hábitos; a segunda se traduz por morada, estância
quisado até os recursos materiais aplicados na pesquisa e e residência, e retoma os significados de uso e costumes
depende, sobretudo, da criatividade e da inteligência do aplicados à primeira, passando a significar também caráter
pesquisador. e/ou maneira de ser.

3
FILOSOFIA

O antropólogo inglês Edward Burnett Tylor (1832- O primeiro significado parece remeter-se ao verbo lati-
1917), considerado o pai do conceito moderno de Cultura, no colere e ao grego gewrge/w, que podem ser traduzidos
afirma que esta diz respeito ao conhecimento, às crenças, por cultivar. Sendo cultivar um verbo transitivo direto, ne-
à arte, à moral, à lei, aos costumes e a todos os outros cessariamente pede um complemento, donde a pergunta
hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro ‘cultivar o que?’. Buscando respostas nas raízes etimológi-
da sociedade”. Esta definição, grosso modo arraigada no cas, vemos que ambos os verbos dizem respeito ao cultivo
senso comum cotidiano, nos leva a refletir sobre a origem da terra, à agricultura.
de Cultura, enquanto um conceito, uma ideia: mais que à Reportam-se ao trabalho agrícola, ao cultivo do solo
expressão de um conceito, a definição de Tylor se dirige, a e a suas culturas, entendidas aqui como plantações. Indo
nosso ver, a uma enumeração de sinônimos, que não nos um pouco além, percebemos que o verbo gewrge/w pos-
parecem definir aquilo que seja a própria Cultura. sui estreita relação com o substantivo e)/rgon: ação, reali-
O que vem a ser então, propriamente dita, a Cultura? zação, execução, obra, trabalho, ocupação. Nesse sentido,
Por que a cultura pode ser pensada através da arte, do gewrge/w não diz respeito a uma simples ação ou trabalho,
conhecimento, das crenças, da moral, dos costumes, dos mas a um cultivo que envolve cuidado, de modo que culti-
hábitos, da tradição? A cultura é algo simbólico ou diz res- var a terra significa cuidar da terra, fertilizá-la e prepará-la
peito à própria realidade? (Cassirer). para receber boas sementes. Feito isso, continua o traba-
A cultura é um conjunto de ideias relativas à diversi- lho, ou seja, o cuidado para que as sementes possam vir-a-
dade humana ou é a manifestação do pensamento hu- -ser bons frutos.
mano sobre o mundo, a vida, a realidade?(Lévi-Strauss). Já grandes, os frutos serão colhidos, mas o cultivo não
Qual a essência da cultura? Há uma cultura ou culturas? A cessa, ele é um cuidado que sempre recomeça, é um pro-
cultura é por si mesma ou é um processo que se dá pela cesso, sentido que também podemos aplicar ao colere lati-
alteridade?(Max Scheler). A cultura á algo que se ensina e no. Este ainda pode ser entendido como criar, tomar conta,
aprende ou nos é inata? cuidar.
Para que possamos refletir acerca de tantas inquieta- O homem cultiva a terra e aquele que trata a terra é
ções, seguiremos o conselho de Joachim Winckelmann: o que nela habita. Nesse sentido, para que o cuidado seja
retornaremos aos antigos, eles são ao mesmo tempo ori- dado a terra para extrair dela o que há de melhor, o homem
ginais e eternos, talvez possam nos guiar na tentativa de edifica para si, junto a terra, o seu habitat. O lugar da cultu-
compreender o conceito que norteia nossa pesquisa: Cul- ra, do cultivo torna-se o lugar
tura. do próprio homem que cultiva. Surge, aí, uma primeira
De início, portanto, buscaremos apresentar as palavras relação com o substantivo h)/qoj: o lugar, a morada, a es-
gregas que possam nos remeter ao termo Cultura, quais tância humanos.
sejam, gewrge/w (cultivar) e a)/skhsij (ascese). Estas pala- Em sua origem, podemos dizer que os romanos eram
vras, por sua vez, conduzir-nos-ão a outras: te/xnh (técnica, povos agrícolas, o que explica grande parte de seu vocabu-
arte), politei/a (modo de vida do cidadão, política) e paide/ lário remeter à vida campesina. À medida que cultivavam a
ia (paidéia, educação). terra e nela edificavam sua morada, os primeiros romanos
Em um segundo momento, aprofundando-nos nesta passam a honrar e venerar deuses, pretendendo fartas co-
busca filológico-filosófica, trabalharemos com o conceito lheitas e também a honrar os amigos de labor, com quem
alemão Bildung, que juntamente com seu duplo germâni- partilhavam o trato da terra.
co Kultur, pode nos abrir horizontes para uma significância Cultivar a terra passa a significar assim culto aos deuses
mais profícua do termo Cultura. e aos amigos. O trato dado à natureza volta-se, portan-
Por fim, buscaremos relacionar a estes conceitos o to para o próprio homem, que passa a cuidar de sua pró-
Éthōs (e/) qoj e h)/qoj) grego, que, parece-nos, ainda que pria natureza, cultiva e cuida de seu espírito. Ao cuidado
não tenha nenhuma relação etimológica com a palavra dispensado à natureza, à própria vida, aos amigos e aos
Cultura, estar em sua raiz. Das palavras gregas e/)qoj e h)/ deuses, os romanos denominariam posteriormente civilitas
qoj deriva-se o termo ética, que, em latim, corresponde a (civilização).
mores (moral). Acreditamos que mesmo em constâncias di- No que diz respeito aos povos gregos, não há muita
ferentes, há uma relação muito estreita entre moralidade e diferença. No período homérico (séc. XII – VII a.C.), a socie-
cultura, principalmente se entendermos Cultura como um dade grega estava dividida em genos, uma espécie de clã
processo de formação, de transformação, tal como tenta- familiar cujos membros descendiam de um antepassado
remos apresentar neste trabalho. em comum e que cultuavam um deus protetor.
Predominava nos genos uma economia agrícola, pasto-
Cultura cultivo ril e autossuficiente. No final do período homérico, o cres-
cimento populacional somado à falta de terras produtivas e
O verbete Cultura, segundo o dicionário Aurélio, é um à crise de produção de alimentos deu origem a vários con-
substantivo feminino, cujos dois significados principais são: flitos e resultou na divisão dos genos e no surgimento da
1) ato, efeito ou modo de cultivar; 2) o complexo dos pa- vida urbana, com predomínio do comércio e do artesanato,
drões de comportamento, das crenças, das instituições, das desenvolvendo técnicas de fabricação e de troca e dimi-
manifestações artísticas, intelectuais, etc., transmitidos co- nuindo o prestígio das famílias da aristocracia proprietárias
letivamente e típicos de uma sociedade. de terras. O surgimento da vida urbana representa o que

4
FILOSOFIA

se pode denominar de nascimento da polis e, consequen- A Cultura é o mundo próprio do homem. O homem
temente, da politei/a (política). Com o surgimento da polis vive na natureza e é natureza, mas pelo espírito, transcende
surge à ideia de lei como expressão da vontade de uma a natureza, cria a cultura. É esta que o humaniza e a história
coletividade humana, de algum modo resumida nos hábi- dessa humanização é a história da cultura. Por isso a Filo-
tos e tradições (e/)qoj) daqueles que constituem a cidade. sofia da Cultura é também a filosofia da existência humana,
O culto e cultivo dessas tradições determinará a própria e não apenas as investigações.
vida social, chamada pelos gregos de politei/a, para qual há Com as criações que realiza, o homem conhece supe-
a necessidade de educar os homens. Essa formação, edu- rações, vence o demoníaco em grande parte, salva-se do
cação do corpo e do espírito dos membros da sociedade domínio absoluto do demoníaco. Por isso, pode-se dizer
corresponde ao que os gregos chamavam de paide/ia. que a cultura é também um meio de salvação.
Resumindo o que foi dito até aqui, Cultura, em seu O homem, aprendendo a cultivar a natureza, aprende
primeiro sentido – ato, efeito ou modo de cultivar -, re- também a cultivar a si mesmo, eleva-se a si mesmo, torna-
mete ao verbo latino colere e ao verbo grego gewrge/w. -se objeto de cultivo. O homem passa a ser cultura, aquilo
De modo sucinto, cultura nesse sentido, significa o cuida- que é criado, cultivado.
do do homem com a natureza, o cuidado do homem com Pode, segundo alguns filósofos – Plotino e Foucault,
os deuses e o cuidado do homem com o próprio homem, por exemplo-, tornar-se até artista de si mesmo.
isto é, sua educação. Este último significado remete-nos à Como vimos até aqui, tradição diz respeito a e/)qoj,
paide/ia e, consequentemente, as suas implicações éticas e criação nos lembra de cuidado, cultivo e, portanto, remete-
políticas de formar o homem em todas as instâncias para a -nos a colere e gewrge/w. Este, por sua vez, nos conduz
vida social. Deste modo, podemos pensar, com Marrou, “a a a)/skhsij, ou seja, o exercício que o homem faz sobre si
Paidéia como cultura entendida no seu sentido perfectivo mesmo, especialmente em direção à sabedoria e ao conhe-
que a palavra tem hoje entre nós: o estado de um espírito cimento. Na busca do conhecimento, o homem desenvolve
plenamente desenvolvido, tendo desabrochado todas as técnicas, do grego te/xnai – do qual deriva o termo latino
suas virtualidades, o do homem tornado verdadeiramente ars – arte -, de modo a facilitar a sua relação e a trans-
homem”. formação da natureza. Por não viver sozinho, o homem
Antes, porém de refletirmos sobre a equivalência exis- aprende também a tecer relações sociais e desenvolve o
tente entre Cultura e paidéia, é preciso lançar mão de ou- que chamamos de política (politei/a) e civilização (civilitas).
tro termo grego, de modo que possamos corroborar esta Juntas, todas estas informações dizem respeito a um
equivalência. processo, à formação do homem, digamos, enquanto pro-
Referimo-nos ao substantivo a)/skhsij que significa priamente homem. Esse processo é o que os gregos cha-
tanto exercício prático, quanto ascese. Deriva do verbo a) mam de Paidéia. Os alemães o designam por Bildung, in-
ske/w: trabalhar, adornar, exercitar. Que relações essas duas genuamente traduzido, às vezes, por Cultura ou Educação.
palavras podem ter com cultura? Se pensarmos cultura en- Este conceito alemão nos ajudará a compreender me-
quanto cultivo, cuidado, perceberemos que o homem é o lhor aquilo que se denominou Paidéia, visto que, como dito
ser que pode não somente trabalhar a natureza, mas que por Jaeger, não se pode acreditar que cultura e educação
pode trabalhar sobre si mesmo. O exercício prático a que sejam palavras suficientemente fortes para traduzi-la. Do
se refere a ascese é o exercício do próprio homem sobre si mesmo modo, não o são para explicar Bildung.
mesmo, no cultivo, por exemplo, da sabedoria e da memó- Segundo Hans Gadamer, no livro Verdade e Método,
ria. Essa relação nos ajuda a entender frases como Aquele o conceito de Bildung é sem dúvida alguma, a ideia mais
homem é culto e aquele outro é inculto. Parece-nos que, importante do século XVIII e é precisamente esse conceito
desde sua origem, a cultura está relacionada ao cultivo, que designa o elemento aglutinador das ciências do espíri-
que ultrapassando a esfera do domínio sobre a natureza, to do século XIX. (...) O conceito de Bildung torna evidente
recai sobre o domínio ou sobre a possibilidade de domínio a profunda transformação espiritual que fez do século de
do conhecimento e da sabedoria. Se hoje relacionamos, Goethe ainda um nosso contemporâneo, ao passo que o
de algum modo, sabedoria e cultura, podemos pensar que do Barroco nos soa hoje como antiguidade histórica. Nessa
esta relação surge quando o homem se eleva (ascende) a época, os conceitos e termos decisivos com os quais ainda
si mesmo, quando olha para si e se percebe enquanto ob- hoje operamos adquirem seu significado.
jeto a ser cultivado. Aristóteles, em sua Ética a Nicômaco Em um artigo intitulado “Nota sobre o conceito de Bil-
nos convida a essa cultura: cultivar a sabedoria, a sabedo- dung”, Rosana Suarez apresenta um breve estudo sobre o
ria prática (sofi/a) é saber viver. E essa sabedoria é e noz conceito alemão, com base no escrito “Bildung et Bildun-
conduz à felicidade, entendida como eu)daimoni/a: bom gsroman” (Formação cultural e romance de formação), de
caminho e equilíbrio. Para o estagirita, cultivar a sabedoria Antoine Berman. Suarez aproxima-nos do autor francês,
requer a prática de bons hábitos. Precisamos, segundo ele, ainda pouco conhecido no Brasil e serve-nos de apoio para
nos habituar a fazer coisas boas, a agir bem. Há, portanto, uma compreensão mais pormenorizada da Paidéia grega,
uma ética no culto da sabedoria, na cultura da vida práti- através do conceito de Bildung: A palavra alemã Bildung
ca: os bons costumes, os bons hábitos despertam em nós significa, genericamente, “cultura” e pode ser considerada
um bom modo se ser, um bom caráter. O homem de bom o duplo germânico da palavra Kultur, de origem latina. Po-
caráter é virtuoso, conhece e cuida de si mesmo. Torna-se rém, Bildung remete a vários outros registros, em virtude,
fruto de sua própria cultura, cria-se, cultiva-se, transcende- antes de tudo, de seu riquíssimo campo semântico: Bild,
-se, caminha na direção de um mundo novo: imagem, Einbildungskraft, imaginação, Ausbildung, de-

5
FILOSOFIA

senvolvimento, Bildsamkeit, flexibilidade ou plasticidade, Podemos pensar a paidéia platônica como anamnese,
Vorbild, modelo, Nachbild, cópia, e Urbild, arquétipo. Uti- como ascese, como movimento dialético; memória e eleva-
lizamos Bildung para falar no grau de “formação” de um ção, como caminho, processo de formação. Nesse sentido,
indivíduo, um povo, uma língua, uma arte: e é a partir do a cultura seria um reflexo daquilo que nós somos, ela faz
horizonte da arte que se determina, no mais das vezes, Bil- parte de nós, está em nós.
dung. Sobretudo, a palavra alemã tem uma forte conota- Em contraposição, Aristóteles, nos diz que é possível
ção pedagógica e designa a formação como processo. Por aprender a sermos bons. A prática de bons hábitos e boas
exemplo, os anos de juventude de Wilhelm Meister, no ro- virtudes nos torna melhores. Nesse processo ético, apren-
mance de Goethe, são seus Lehrjahre, seus anos de apren- demos a cultivar o Bem, o que nos permite dizer que a
dizado, onde ele aprende somente uma coisa, sem dúvida Cultura é uma prática que se realiza na medida em que
decisiva: aprende a formar-se (sich bilden). agimos em que manifestamos nosso cuidado com o mun-
Na esteira de Berman, Suarez resume o dinamismo de do e conosco.
Bildung: seu caráter de processo, prática, trabalho, viagem, Dadas estas considerações, voltamos ao estatuto, ao
romance, alteração, identificação, tradução. Em grande fundamento da própria cultura. Qual o modo de ser, qual
parte, estas definições exemplares encontram-se em Goe- o h)/qoj da cultura? Preferimos pensar que este h)/qoj é
the, Hegel, nos Românticos de Iena (Friedrich e August formação permanente, é busca incessante, processo, resul-
Schlegel) e também em Nietzsche. A “grande viagem” que tado e resultante. Remontar à ideia de cultivo, de cuidado,
caracteriza Bildung não consiste, segundo a autora, “em ir associá-la à busca de uma vida melhor, manifestá-la atra-
a um lugar qualquer, não importa aonde, mas, sim, lá onde vés das artes, das crenças, das instituições, da moralidade,
possamos nos formar e educar. Na concepção de Friedrich do conhecimento talvez possam nos ajudar a decifrar o
Schlegel, esse tour formador tem o caráter de um romance. enigma da cultura. Não podemos defini-la aqui, de forma
Diz Schlegel: Todo homem que é culto (gebildet) e se culti- definitiva. O que podemos afirmar é que o homem é cul-
va também contém um romance em seu interior”. tura e cultural. Há nele algo inato, que o impele ao cultivo,
Percebemos, portanto, que Bildung é o processo e ao cuidado.
também o resultado do processo cultural, é formação prá-
Há também algo de vir-a-ser, pelo qual ele se torna,
tica para a vida. Talvez possamos, nessa acepção, entender
junto com o mundo, objeto de cultivo e cuidado. Se al-
a Paideia grega: uma junção entre Kultur, no sentido de
guém conseguir nos dizer o que é propriamente o homem,
cultivo, cuidado, e Bildung, enquanto processo resultado
talvez aí, possamos entender o conceito e o te/loj (finalida-
do cultivo e do cuidado.
de) da cultura. (Texto adaptado de MORAES, E. V. H.).
A pergunta fundamental em filosofia da arte é: qual a
Cultura – cultivo, processo, formação, resultado.
natureza da obra de arte? Teorias da arte buscam respon-
Enquanto Bildung parece, ainda que num caráter de dê-la. Uma objeção frequente à pretensão de construir tais
formação moral, remontar diretamente à arte, à literatura, à teorias é que a arte é um fenômeno demasiado diversifi-
música, ao romance, Paidéia nos lembra a)reth/, e)/qoj, h)/ cado para que possa ser encontrada uma essência comum
qoj (virtude, ética, formação moral) e poli/teia (política). Ou a todas as suas manifestações, o que equivale a dizer que
seja, na raiz do processo de formação educacional e cultu- não podemos encontrar condições necessárias e suficien-
ral gregas, encontramos uma acepção ética e política que, tes para a sua identificação, ou seja, condições que uma vez
norteará, segundo nosso entender, todas as formas pelas presentes nos garantam que estamos diante de uma obra
quais podemos pensar hoje, o conceito de Cultura. de arte. O que há de comum, afinal, entre o teto da capela
Do trato com a natureza ao trato da própria vida, o Sixtina e as caixas de supermercado Brillo de Andy Warhol?
homem parece ter descoberto o conceito de bem e, com Muito pouco.
ele, os de Beleza e Justiça. Desde o inicio de sua forma- Essa objeção tomou uma forma articulada na sugestão,
ção, o homem grego pauta-se pelos conceitos de belo e feita por Morris Weitz, de que o conceito de arte não pode
bom (kalo\j kai\ agaqo/j). Ser belo e bom significava, desde ser definido em termos de condições necessárias e sufi-
Homero, ser virtuoso, ser melhor. Isto se refletia e reflete- cientes por se tratar de um conceito caracterizado pelo que
-se ainda hoje, tanto nas ações (vida prática), quanto nas Wittgenstein chamava de semelhanças de família, tal como
artes. A cultura nasce, assim, pelo cultivo, pela educação, os de jogo ou de religião. Para Wittgenstein, embora tais
pela formação para o que é Belo e Bom. A cultura é aquilo palavras-conceitos pareçam possuir uma essência comum
que pode fazer do homem um homem melhor. a todas as suas aplicações, na realidade elas apresentam
Nesse sentido, questionamo-nos se a cultura é algo apenas semelhanças parciais entre uma e outra aplicação,
inato, que faz parte da própria natureza humana ou se é nada possuindo de relevante que seja comum a todas as
possível adquirir cultura. aplicações. As similaridades entre as aplicações são, segun-
Para Platão, grosso modo ninguém aprende o que é o do outra metáfora de Wittgenstein, como as cerdas trança-
Bem ou o Belo, estas ideias nos são inatas, nossa tarefa é das de um mesmo fio, que apenas parecem percorrer toda
a de lembrar o que todos nós já conhecemos e esquece- a sua extensão. Weitz adiciona a isso considerações sobre a
mos por nos prendermos à aparência das coisas. Para ele, textura aberta do conceito de arte: trata-se de um conceito
tornar-se melhor é uma questão de autoconhecimento, tal em constante mutação, continuamente ampliado pela cria-
qual no oráculo délfico Nosce te ipsum (Conhece-te a ti ção de novas formas de arte.
mesmo).

6
FILOSOFIA

Essa objeção tem sua força. Mas é importante notar conceitos mais ou menos autônomos e variadamente asse-
que a noção de semelhanças de família, se interpretada melhados entre si. Sendo assim, mesmo que certo concei-
como exigindo apenas que os objetos de aplicação do to geral não possua uma essência comum relevante para
conceito possuam semelhanças quaisquer entre si, é incoe- as suas aplicações, isso não significa que os sub conceitos
rente. Qualquer coisa é, em algum aspecto, semelhante a que o constituem, quando considerados individualmente,
qualquer outra. Como Nigel Warburton notou, o edifício não possuam essências comuns aos seus campos de apli-
do Empire State e um alfinete são semelhantes no tocante cação específicos. Além disso, há sub conceitos que são
ao fato de serem ambos feitos de material inorgânico e de mais fundamentais e que importa mais analisar. Considere,
serem pontudos, o que não nos permite dizer que o Empire por exemplo, o conceito de conhecimento. Ele se divide
State é um alfinete. Se as semelhanças não forem limitadas em pelo menos três tipos relativamente autônomos: o co-
por algum critério, palavras-conceito possuidoras de seme- nhecimento como capacidade (por exemplo, “Sei nadar”),
lhanças de família entre as suas aplicações tornam-se ilimi- o conhecimento de particulares (por exemplo, “Conheço
tadamente aplicáveis, perdendo a sua função classificatória Maria”) e o conhecimento proposicional (por exemplo, “Sei
e deixando de fazer qualquer sentido. que a terra é redonda”). O último tipo de conhecimento é
Há alternativas semanticamente menos danosas. Um certamente o mais fundamental, pois concernente a tudo
meio de delimitar as semelhanças sem fazer apelo a uma aquilo a que atribuímos verdade.
essência comum consiste em estabelecer um modelo ou Ora, sendo assim uma teoria da arte pode talvez es-
paradigma, que consiste em uma série de propriedades clarecer a essência comum ao que pertence à espécie ver-
cuja presença pode contar para a aplicação do conceito, dadeiramente importante de arte, podendo ser essa uma
adicionado ao estabelecimento de uma regra criterial tarefa bem mais significativa do que a de estabelecer uma
exigindo um compartilhamento mínimo entre as proprie- regra criterial capaz de delimitar nossas aplicações da pa-
dades encontradas no objeto e as propriedades descritas lavra ‘arte’ por margens de similaridade com um paradig-
no paradigma. Dessa forma, dois objetos podem não pos- ma, em circunstâncias nas quais a busca de uma essência
suir nenhuma propriedade comum e mesmo assim com- comum revelou-se uma miragem.
partilharem suficientemente das propriedades descritas no Com essas considerações em mente quero expor e dis-
paradigma para caírem sob o mesmo conceito. Esse pode- cutir brevemente algumas teorias mais influentes acerca da
ria ser o caso, por exemplo, do conceito de religião. Uma natureza da arte em algumas de suas variantes, em busca
religião como a católica possui todas as propriedades do do que possa parecer mais relevante e esclarecedor.
paradigma. Outras, como o budismo, podem possuir ape-
nas algumas. Representativismo
E quanto à questão da textura aberta? Ela parece-me
outra. Conceitos se modificam e eventualmente se expan- O representativismo é a mais antiga concepção da obra
dem. Mas isso quer dizer apenas que as convenções que de arte, sugerindo que a sua função seja a de representar
lhes são constitutivas de algum modo foram alteradas ou alguma coisa. Platão e Aristóteles concebiam a arte como
ampliadas. A sua essência nominal – ou seja, as convenções imitação ou mímese, ou seja, como uma representação na-
conceituais que supomos designar a essência real – foi al- turalista da realidade. Assim, a pintura imita a natureza, o
terada ou ampliada. Mas isso não implica em semelhanças drama imita a ação humana. Essa concepção já era proble-
de família. Considere, por exemplo, o conceito de número: mática na antiguidade. A música instrumental, por exem-
embora ele sempre descreva quantidade ou medida, houve plo, não parece imitar coisa alguma. E a pintura moderna
uma imensa expansão, desde os números naturais, conta- tornou essa concepção ainda menos plausível. Um Teoria
dos já pelo homem das cavernas, até, digamos, números Institucional
hipercomplexos, como os biquarteniões e os sedeniões. A teoria institucional da arte surgiu na década de 1960,
Se admitimos tais respostas as teorias da arte voltam tendo sido sustentada por George Dickie. Ela enfatiza a
a fazer sentido, se não como teorias que visam estabelecer importância da comunidade de conhecedores de arte na
condições necessárias e suficientes, essências comuns para definição e ampliação dos limites daquilo que pode ser
todo o sempre, ao menos como teorias que devem estabe- chamado de arte. Dickie define a obra de arte como um
lecer as margens de similaridade a serem requeridas entre artefato que possui um conjunto de aspectos que lhe con-
o objeto e o paradigma para que ele possa ser chamado ferem o status de candidato à apreciação por parte das
de obra de arte, ou que classificam estágios históricos do pessoas pertencentes à instituição do mundo da arte. Nigel
seu desenvolvimento. O importante passa a ser que essas Warburton ilustra a teoria com a história da obra de Alfred
teorias sejam capazes de iluminar dimensões importantes Wallis. Wallis era um marinheiro que nada entendia de arte
do que entendem por arte, as quais constituem historica- e que aos 70 anos, após a morte da esposa, decidiu pintar
mente o paradigma, além das relações sistemáticas even- barcos na madeira para afugentar a solidão. Casualmente,
tualmente existentes entre elas. dois pintores de passagem pelo lugar gostaram de suas te-
Há, contudo, outra maneira de se abordar a questão, las e o descobriram como artista. Como resultado, as obras
não necessariamente conflitante com a que acabo de ex- de Wallis podem ser hoje vistas em vários museus ingleses.
por. Um conceito com aplicações muito diversificadas pode Como disse um crítico, Wallis tornou-se um artista sem se-
ser muitas vezes analisado como sendo formado por sub quer saber que era.

7
FILOSOFIA

Há duas objeções principais à teoria institucional. A pri- arte “assim chamada” (so called). Esta última, por sua vez,
meira é que, ou os entendidos em arte decidem o que deve pode ser para Collingwood de dois tipos: a arte como má-
ser considerado uma obra de arte com base em razões, gica e como entretenimento. A arte como mágica é a que
ou o fazem arbitrariamente. Se eles o fazem com base em tem uma função utilitária. Um hino patriótico, por exemplo,
razões, essas razões baseiam-se em uma teoria da arte que pode ter a função de incitar sentimentos cívicos nas pes-
não é a teoria institucional. Assim, alguém poderá dizer soas. A arte como entretenimento é a que tem uma função
que os quadros de Wallis apresentam excelentes combina- hedonista. Um filme de horror de má qualidade, por exem-
ções de cores aliadas à simplicidade formal; mas essa seria plo, objetiva produzir na audiência certas emoções canali-
uma maneira de dizer que eles possuem forma significante. zadas, que nada fazem no sentido de ampliar a consciência
Nesse caso a teoria institucional colapsa em outra concep- emocional do espectador e no final podem mesmo produ-
ção acerca do que é a arte. Suponhamos agora que os en- zir um sentimento de frustração e tédio.
tendidos em arte decidam o que deve ser considerado obra Seria pedante rejeitar a arte como entretenimento. Mas
de arte de modo meramente arbitrário. Ora, nesse caso não para Collingwood uma sociedade em que as pessoas acre-
fica claro porque devemos dar alguma importância à arte. ditam que o único objetivo da existência humana é a di-
Uma objeção adicional seria a de que a teoria institucional versão é uma sociedade inferior ou decadente. Seja como
é viciosamente circular. Obras de arte são definidas como for, nada impede que a arte própria venha misturada à arte
objetos que são aceitos como tais pelas pessoas que en- mágica ou à arte como entretenimento. A belíssima cantata
tendem de arte; e as pessoas que entendem de arte são Meus Suspiros Minhas Lágrimas, de Bach, e o livro Sexus de
definidas como as que aceitam certos objetos como sendo Henry Miller, exemplificam, respectivamente, uma e outra
obras de arte. coisa. O que essas distinções nos sugerem é que, embora
não possamos encontrar uma essência relevante do con-
Expressivismo ceito de arte em geral, podemos distinguir o subconceito
mais relevante, o de arte própria, e se formos capazes de
Segundo as teorias expressivistas, a arte é expressão esclarecer a sua essência, quem sabe mesmo em termos de
de emoções. As teorias expressivistas da arte são mais mo- condições necessárias e suficientes, já teremos encontrado
dernas, embora sinais dela já pudessem ser encontrados na tudo o que vale a pena buscar.
antiguidade, como na teoria aristotélica da função catártica
da tragédia de purgação das emoções. Para o expressivis- Como a arte própria promove a regeneração da
ta a arte é para o mundo interior das emoções um pouco consciência?
como a ciência para o mundo exterior. A ciência tem como
objeto fenômenos físicos enquanto a arte tem como objeto O ponto mais importante, porém, é que embora a teo-
as emoções humanas que ela exprime. ria de Collingwood chegue a uma caracterização da essên-
Uma versão ingênua da teoria expressivista é usual- cia da grande arte, ela o faz de uma maneira ainda alusiva.
mente, embora injustamente, atribuída a Leon Tolstoy. A emoção individuada, esclarecida e refinada que a obra
Primeiro o artista precisa ter um sentimento: Tolstoy vai à de arte evoca, seria a emoção propriamente estética. Mas
guerra e volta cheio de sentimentos únicos. Ele produz en- como caracterizá-la e distingui-la das emoções mais co-
tão uma obra de arte destinada a expressá-los de forma muns? De que maneira as emoções únicas, evocadas pela
clara, digamos, Guerra e Paz. Por sua vez, a obra evoca no representação artística, seriam capazes de nos defender da
leitor os mesmos sentimentos que o artista teve ao passar corrupção da consciência?
pela guerra. O esquema é simples: A vaga hipótese que quero propor tem a ver com o ca-
Emoções do artista -> obra de arte -> emoções no au- ráter polissêmico da arte, fazendo uso de algumas ideias da
ditório. metapsicologia freudiana. As produções simbólicas cons-
A obra de arte é aqui apenas um veículo de transmissão titutivas da obra de arte (palavras, sons, formas, cores...)
de emoções. Essa versão do expressivismo é ingênua por- são reproduzidas na consciência da audiência sob a forma
que não é capaz de distinguir a obra de arte de qualquer do que Freud chamaria de representações (Vorstellungen).
outra coisa que transmita um sentimento. Uma notícia de Essas últimas são possuidoras de alguma espécie de con-
jornal sobre a guerra pode ter profundo efeito emocional, teúdo semântico, como pretende a teoria representacio-
mas isso não a torna uma obra de arte. Se uma pessoa está nal. Também segundo Freud, representações costumam
se afogando em um rio e grita por socorro, ela expressa um associar-se a emoções, a intensidades afetivas que lhe são
sentimento de desespero pela asfixia, enquanto a pessoa próprias, àquilo que ele chamava de cargas afetivas (Beset-
que a ouve compreende muito bem o que ela deve estar zungen), e a tomada de consciência de representações cos-
sentindo. Mas isso não faz de seus gritos obras de arte. tuma vir acompanhada de uma descarga das intensidades
Há, contudo, versões mais sofisticadas do expressivis- afetivas a elas ligadas, a qual segundo ele produz prazer
mo, a melhor delas sendo talvez a do filósofo inglês R. G. pela diminuição da tensão endopsíquica. Há duas maneiras
Collingwood em seu livro The Principles of Arts. O que esse gerais pelas quais isso pode ocorrer, que são os processos
filósofo quis fazer foi desenvolver uma teoria da grande psíquicos primário e secundário. No processo secundário
arte, da arte séria, por ele chamada de arte própria (art (sekundäre Vorgang) – próprio do pensamento científico –
proper). Ele quer distinguir a arte própria da má arte, que as cargas afetivas encontram-se rigidamente associadas às
se encontra a serviço do que ele chama de corrupção da representações correspondentes. Já no processo primário
consciência, do que passa por arte sem realmente sê-lo: a (primäre Vorgang)

8
FILOSOFIA

– próprio dos sonhos, mas também das manifestações conservam que é a tese de que todo e qualquer conhe-
artísticas cimento sintético haure sua origem na experiência e só é
– as cargas encontram-se livres, sofrendo efeitos de válido quando verificado por fatos metodicamente obser-
deslocamento (Verschiebung) e condensação (Verdi- vados, ou se reduz a verdades já fundadas no processo de
chtung). No deslocamento a carga afetiva se desloca de pesquisa dos dados do real, embora, sua validade lógica
uma representação inconsciente para outra que lhe seja em possa transcender o plano dos fatos observados.
algum aspecto semelhante e capaz de passar pela censu- Como já foi dito anteriormente, existe no empirismo di-
ra de modo a tornar-se consciente, disso resultando uma vergência de pensamentos, e é exatamente esse aspecto que
liberação das tensões afetivas. Na condensação as cargas abordaremos a seguir. São três, as linhas empíricas, sendo
afetivas provenientes de uma variedade de representações elas: a integral, a moderada e a científica.
condensam-se em uma só, que é parte dessa variedade, O empirismo integral reduz todos os conhecimentos à
a qual se torna consciente, também produzindo prazer ao fonte empírica, aquilo que é produto de contato direto e ime-
liberar tensões afetivas. diato com a experiência. Quando a redução é feita à mera
Com a introdução dessas poucas categorias podemos experiência sensível, temos o sensismo (ou sensualismo). É o
agora tentar uma explicação mais precisa para a emoção caso de John Stuart Mill, que na obra Sistema da Lógica diz
estética e sua suposta função regeneradora da consciên- que todos os conhecimentos científicos resultam de proces-
cia. De que maneira? Talvez um insight proveniente do sos indutivos, não constituindo exceção as verdades mate-
idealismo alemão possa auxiliarnos. Para o idealismo de máticas, que seriam resultado de generalizações a partir de
Schelling, a beleza é a compenetração ou fusão do ideal dados da experiência. Ele apresenta a indução como único
no particular, no real, existindo onde o infinito ingressa no método científico e afirma que nela resolvem-se tanto o silo-
finito para ser contemplado em concreto; a beleza é, pois, gismo quanto os axiomas matemáticos.
a apresentação do infinito no finito. Disso Hegel concluiu O empirismo moderado, também denominado genético-
famosamente que a beleza se define como a manifestação -psicológico, explica que a origem temporal dos conheci-
sensível da ideia, sendo a ideia a verdade, aqui exterioriza- mentos parte da experiência, mas não reduz a ela a validez
da no sensível e no concreto. do conhecimento, o qual pode ser não empiricamente valido
Uma maneira de se parafrasear livremente esse insi- (como nos casos dos juízos analíticos). Uma das obras ba-
ght usando o vocabulário freudiano parte da sugestão de seadas nessa linha é a de John Locke (Ensaios sobre o Enten-
que na obra de arte temos representações polissêmicas, dimento Humano), na qual ele explica que as sensações são
capazes de se associar naturalmente a uma indetermina- ponto de partida de tudo aquilo que se conhece. Todas as
ideias são elaborações de elementos que os sentidos rece-
da variedade de outras representações. Essas associações
bem em contato com a realidade.
da representação estética com outras se dão por meio dos
Como já foi dito, para os moderados há verdades universal-
mecanismos de condensação e deslocamento do processo
mente validas, como as matemáticas, cuja validez não assenta na
primário e suas variantes. As cargas afetivas das múltiplas
experiência, e sim no pensamento. Na doutrina de Locke, existe
representações não-estéticas de que temos lembrança
a admissão de uma esfera de validade lógica a priori e, portanto
(conscientemente ou não) já se encontram de algum modo
não empírica, no que concerne aos juízos matemáticos.
ativadas e os mecanismos do processo primário permitem
que elas passem para a representação estética, dotando a Criticismo
emoção estética de sua intensidade própria. A qualidade
regenerativa da emoção estética O criticismo é o estudo metódico prévio do ato de conhe-
singular, por sua vez, advém de um movimento em di- cer e dos modos de conhecimento, ou seja, uma disposição
reção oposta: a associação entre a representação estética metódica do espírito no sentido de situar, preliminarmente
e outras representações permite reavaliá-las para a cons- o problema do conhecimento em função da relação sujeito-
ciência em termos de sua verdade e correção. Essa seria a -objeto, indagando as suas condições e pressupostos.
característica distintiva da emoção estética pertencente à Ele aceita e recusa certas afirmações do empirismo e ra-
arte própria. cionalismo, por isso, muitos autores acreditam em sua auto-
nomia. Entretanto, devemos entender tal posição como uma
Empirismo análise crítica e profunda dos pressupostos do conhecimento.
Seu maior representante, Immanuel Kant, tem como mar-
O empirismo pode ser definido como a asserção de ca a determinação a priori das condições lógicas das ciên-
que todo conhecimento sintético é baseado na experiência. cias. Ele declara que o conhecimento não pode prescindir da
Conceitua-se empirismo, como a corrente de pensamento experiência, a qual fornece o material cognoscível e nesse
que sustenta que a experiência sensorial é a origem única ponto coincide com o empirismo. Porém, sustenta também
ou fundamental do conhecimento. que o conhecimento de base empírica não pode prescindir
Originário da Grécia Antiga, o empirismo foi reformula- de elementos racionais, tanto que só adquire validade uni-
do através do tempo na Idade Média e Moderna, assumin- versal quando os dados sensoriais são ordenados pela razão.
do várias manifestações e atitudes, tornando-se notável Segundo palavras do próprio autor: “os conceitos sem as in-
as distinções e divergências existentes. Porém, é notório tuições são vazios; as intuições sem os conceitos são cegas”.
que existem características fundamentais, sem as quais se Para ele, o conhecimento é sempre uma subordinação do real
perde a essência do empirismo e a qual, todos os autores à medida do humano.

9
FILOSOFIA

Conclui-se então, que pela ótica do criticismo, o conhe- dos arranjos sociais perfeitamente justos, considerando a
cimento implica sempre numa contribuição positiva e cons- definição das instituições justas como tarefa mais importan-
trutora por parte do sujeito cognoscente em razão de algo te da teoria da justiça. A outra tradição, que reúne filósofos
que está no espírito, anteriormente à experiência do ponto iluministas diversos (Smith, Condorcet, Mary Wollstonecraft,
de vista gnosiológico. Bentham, Marx e John Stuart Mill), adotou uma variedade de
Uma teoria da Justiça, de John Rawls, publicada em 1971, abordagens para comparar os diferentes modos de vida que
é certamente a obra mais importante da filosofia política do as pessoas podem levar, considerando tanto a influência das
pós-guerra, e impregnou profundamente a reflexão sobre a instituições como os padrões de comportamento real des-
ideia de justiça. Qual o objeto e a finalidade de uma teoria sas pessoas, sua situação socioeconômica particular, os pa-
da justiça; como definir as liberdades básicas dos cidadãos e drões de avaliação cultural e outras dimensões significativas.
conciliá-las com igualdade democrática; qual a distribuição Sen se filia a essa segunda tradição, cujo ponto de partida
mais apropriada dos bens sociais básicos (liberdades, renda é comparativo, e não transcendental; e está voltado para as
e riqueza, oportunidades, bem-estar, autorrespeito); como realizações que ocorrem nas sociedades, em vez de olhar
justificar os princípios que devem orientar a configuração apenas para as instituições e as regras. Dado o predomínio
das instituições públicas de uma sociedade justa; como o da tradição do institucionalismo transcendental, se quiser-
debate público político deve estar estruturado de modo a mos atingir efetivamente o propósito prático de remover as
incluir a diversidade de interesses e valores; como conciliar injustiças, temos de mudar radicalmente nosso modo de for-
os direitos subjetivos individuais e o ideal do bem comum, mular a questão. Sen pretende alcançar esse objetivo ado-
são algumas das questões levantadas pela teoria da justiça tando uma abordagem que escapa tanto das abstrações do
de Rawls e que pautam (para alguns positivamente e para institucionalismo transcendental quanto das simplificações
outros negativamente) a agenda de discussão há pelo me- do utilitarismo, tomando a via de uma reformulação da teo-
nos quatro décadas. Com A ideia de justiça, Amartya Sen ria da escolha social à luz do espectador imparcial de Adam
desenvolve uma formulação própria da justiça que preten- Smith. Guia-se pela necessidade prática de fornecer uma
de lançar as bases de uma teoria da justiça que vá além de teoria que seja universal e objetiva em sua justificação, mas
Rawls e tenha uma influência prática mais direta na formula- que também seja capaz de lidar com as inquietantes ques-
ção de políticas públicas de eliminação das injustiças. tões postas pela realidade social, situando sua obra numa
Em vez de insistir no normativismo abstrato voltado para intersecção frutífera entre filosofia política e ciência social.
as estruturas institucionais de uma sociedade justa bem-or- Na primeira parte do livro, Sen procura deixar clara
denada, Sen pretende desenvolver uma teoria da justiça que essa sua “filiação iluminista” apresentando, numa análise de
leve em conta a posição real das pessoas no mundo, seus cunho mais epistemológico, as exigências da justiça decor-
padrões de comportamento e circunstâncias socioeconômi- rentes de uma justificação para a razão baseada em grande
cas concretas em que vivem. Essa perspectiva prática teria parte na demanda por objetividade e imparcialidade. Numa
sido excluída da filosofia política contemporânea, dominada série de referências a Rawls, Habermas e Smith, Sen defende
por um idealismo normativo à la Rawls. Na abordagem de a possibilidade de uma razão objetiva na ética e na política,
Sen, em vez dos arranjos institucionais ideais, uma teoria da sugerindo um procedimento arrazoado para formular diag-
justiça deveria levar em conta a vida que as pessoas são real- nósticos críticos das situações de injustiça e para fundamen-
mente capazes de levar. O que é central numa teoria da justi- tar nossos juízos éticos sobre questões práticas reais. O crité-
ça é a identificação de injustiças corrigíveis por meio de uma rio de objetividade é a imparcialidade que Sen vincula à ideia
análise real das assimetrias produtoras dessas injustiças na de argumentação pública: tendemos a considerar objetivos
vida das pessoas reais. “A justiça está fundamentalmente co- os juízos e as avaliações que provavelmente sobreviveriam
nectada ao modo como as pessoas vivem e não meramente “à discussão pública aberta e informada”. Ao contrário de
à natureza das instituições que a cercam”. A ideia de justiça Rawls e Habermas, que colocam exigências rigorosas à de-
pode ser considerada a incursão de maior fôlego de Sen no liberação pública, a aposta de Sen é a de que “todos nós
âmbito da filosofia política; resume e pressupõe a familiari- somos capazes de ser razoáveis sendo abertos ao acolhi-
dade dos leitores com argumentos e conceitos desenvolvi- mento de informações, refletindo sobre argumentos prove-
dos em suas obras anteriores na filosofia política, economia nientes de diferentes direções e investindo, junto a isso, em
e teoria da escolha social. Com um caráter enciclopédico, os deliberações e debates interativos sobre a forma como as
argumentos do livro são ilustrados por uma rica gama de questões subjacentes devem ser vistas”. Sen insiste no papel
anedotas e exemplos extraídos da literatura, história e acon- central da argumentação pública irrestrita não somente para
tecimentos recentes. Suas ideias centrais são relativamente a política democrática em geral, mas para a busca da justiça
poucas, ainda que de grande importância na reflexão sobre social em particular. “A argumentação pública é claramente
a justiça, e são retomadas várias vezes no desdobramento uma característica essencial da objetividade nas crenças po-
da argumentação. líticas e éticas”.
Sen contrasta duas tradições de pensamento que com- Para Sen, o modelo adequado para pensar a objetivi-
partilham o ideal iluminista de fundamentar a ideia da jus- dade na avaliação da justiça via argumentação pública é a
tiça na argumentação racional e nas exigências do debate forma de raciocínio oferecida por Adam Smith ao invocar o
público livre e inclusivo. Uma abordagem que Sen deno- espectador imparcial, que tem tanto aspectos procedimen-
mina “institucionalismo transcendental” e que está ligada tais quanto substantivos. A busca por decisões deliberadas
à tradição contratualista (Hobbes, Locke, Rousseau, Kant e publicamente sugerida pela figura do observador imparcial
mais recentemente Rawls) se concentrou na identificação de Smith implica adotar um procedimento que considere “as

10
FILOSOFIA

perspectivas e os argumentos apresentados por toda pessoa minação dos cidadãos por meio do uso público da razão.
cuja avaliação seja relevante, quer porque seus interesses As tradições de governo por meio do debate público fun-
estejam envolvidos, quer porque suas opiniões sobre essas dadas em ideias gerais de liberdade e igualdade, enraiza-
questões lançam luz sobre juízos específicos”. É necessário das no Ocidente e no Oriente, “continuam exercendo algu-
dar oportunidade para que todas as vozes sejam ouvidas ma influência sobre as ideias das pessoas, podendo inspi-
para ampliar a discussão do ponto de vista dos conteúdos, rá-; las ou desencorajá-; las, e que tem de ser levadas em
que tem de ir além das variações de interesses e priorida- conta tanto se formos motivados por elas, ou quisermos
des pessoais para evitar o etnocentrismo dos valores. A ideia opor-; lhes resistência ou transcendê-; las”.
de uma argumentação pública livre e inclusiva, na qual a Se a parte introdutória de A ideia de justiça começa
objetividade de nossos juízos depende da possibilidade de pelo contraste entre as abordagens baseadas em ideais de
sobreviverem ao teste de uma análise informada a partir de justiça abstratos e abordagens comparativas orientadas
diferentes pontos de vista, é comum a Smith, Rawls e Ha- pela posição concreta das pessoas no mundo, é curioso
bermas. A diferença é que, para Sen, os princípios que so- que a parte final dedicada à prática da democracia e aos
brevivem à análise não precisam formar um conjunto siste- direitos humanos mostre precisamente a força das ideias
mático e coerente, orientados pela rigidez de uma estrutura abstratas e o papel prático-; político desempenhado pelos
institucional única. Em vez de narrar a “história hipotética do filósofos do institucionalismo transcendental (se é que al-
desdobramento da justiça”, Sen defende a possibilidade da gum dos filósofos mencionados por Sen se encaixa nessa
coexistência de posições contrárias que não podem ser am- definição). Afinal, no início da modernidade as ideias uni-
putadas no leito de Procusto sugerido pela teoria de Rawls, versalistas de liberdade, igualdade e autonomia não repre-
que nos levaria a “um único caminho institucional”. sentavam exatamente um padrão de comportamento real
e estavam longe de ser amplamente aceitas. As boas razões
A prática da democracia para a prioridade dessas ideias tiveram de ser fundamen-
tadas a partir de concepções enfaticamente universalistas
Mas quais são as boas razões para darmos certa prio- da razão prática defendidas em grande parte pelos filó-
ridade à liberdade substantiva em nossas reflexões sobre a sofos iluministas transcendentais. Mesmo a particularidade
justiça? Sen não se preocupa em fundamentar isso de for- das democracias modernas em comparação com as anti-
ma filosófica rigorosa, o que de algum modo não nos leva- gas reside no fato de elas se fundamentarem numa auto
ria muito longe na reflexão sobre as questões da justiça. A compreensão liberal igualitária de cidadania democrática
prioridade da liberdade substantiva se justifica do ponto de cujo padrão de legitimação baseada na ideia de um acor-
vista da observação comparada de padrões comportamen- do razoável alcançado por meio do uso público da razão
tais reais de pessoas vivendo em sociedade. Daí o interesse -, formada e justificada também pela tradição do contrato
de Sen, no último capítulo do livro, em compreender as social. Certamente Sen tem razão ao apontar para a situa-
raízes da democracia no mundo e em olhar para a história ção lamentável em que se encontra uma grande parte da
da participação popular e da razão pública em diferentes filosofia política contemporânea, enredada em discussões
regiões e países. Certamente, a estrutura institucional da normativas desconectadas dos conflitos políticos e reivin-
prática contemporânea da democracia é, em grande parte, dicações concretas, mas não parece que devemos consi-
fruto das experiências europeia e americana dos últimos derar o esforço dos “institucionalistas transcendentais” do
séculos, mas a democracia, entendida como governan- passado e do presente algo desnecessário ou irrelevante
ça participativa e governo por meio do debate político e para diagnosticar as injustiças e realizar a justiça. A relação
exercício da razão pública, expressa uma tendência real na entre a filosofia política, a esfera pública e a formação de
vida social, com uma história muito mais longa e difundida, uma cultura política acostumada com as ideias de justiça,
que abrange tanto o Ocidente quanto o Oriente antigo e liberdade, igualdade de todos e direitos humanos funda-
moderno. mentais é mais complexa e tensa do que uma mera contra-
posição entre ideal e real.
Por meio de uma instrutiva reconstrução da tradição
Uma das maiores contribuições de A ideia de justi-
democrática e da prática efetiva da democracia na história,
ça é mostrar que a tarefa de responder à questão “como
Sen procura tornar plausível a ideia de que a democracia
promover uma sociedade justa, estável e cooperativa en-
como exercício da razão pública é uma herança comum do
tre pessoas autônomas livres e iguais” exige um trabalho
Oriente e do Ocidente: ambos compartilham uma forte tra-
mais cooperativo entre as ideias da filosofia política e as
dição de vida política participativa, o que demonstra que a
análises das ciências sociais em geral, e que essa respos-
ideia de liberdade substantiva como poder real de realizar
ta não pode ser meramente teórica-; conceitual, mas sim
o que desejamos após uma avaliação arrazoada portanto,
prático-; política. Trata-; se de uma tarefa que tem de ser
a formação da capacidade humana para a liberdade mere-
levada adiante pelas próprias pessoas na vida social e no
ce prioridade não por razões normativas, mas por ser um
exercício da razão pública, num debate crítico, reflexivo,
desejo e um padrão de comportamento real adotado por
aberto e ininterrupto sobre como lidar com as exigências
pessoas de diferentes culturas, que lutaram e lutam para
conflitantes entre o possível e o desejável. (Texto adaptado
fazer valer seus interesses e valores. É isso que Sen procura
de WERLE, D. L.).
comprovar nos capítulos finais sobre as origens globais da
democracia e das diferentes reivindicações por autodeter-

11
FILOSOFIA

À primeira vista, o título deste artigo levanta uma ques- A diferença é 10 vezes menor do que aquela entre um
tão: existe realmente uma filosofia dos Direitos Humanos? camundongo e um rato. Não estamos aqui negando a con-
A filosofia sempre se apresentou como a ciência dos princí- tribuição dessas ciências, apenas relativizando-a na elabo-
pios últimos, o que lhe reserva um lugar privilegiado diante ração de uma ideia comum sobre quem é o homem. Aquilo
das outras disciplinas. que determina o homem enquanto homem não se constitui
Pode-se fazer filosofia de tudo: filosofia da ciência, do objeto direto das ciências naturais, mas das ciências do espí-
direito, da política, inclusive, filosofia dos direitos huma- rito, entre as quais, a Filosofia.
nos. O que se pretende com a epígrafe filosofia dos Di- As características fundamentais que distinguem o ho-
reitos Humanos não passa de uma tentativa de buscar as mem dos outros seres e os unem entre si podem ser re-
razões últimas daqueles chamados Direitos Fundamentais sumidas em duas: inteligência e vontade livre. Ambas são
da pessoa humana, aos quais se referem tantas declara- pressupostas por todas as ciências, mas tematizadas espe-
ções, como a nossa Constituição de 1988. O início do Art. cialmente pela Filosofia. Nenhuma outra ciência senão a fi-
losofia procura as razões últimas de questões do tipo: o que
5 de nossa Carta Magna declara: “Todos são iguais perante
é o pensamento humano? Somos realmente seres livres?
a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
Inteligência e liberdade são características reduzíveis a fenô-
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a in-
menos físico-químicos ou possuem um estatuto ontológico
violabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
próprio? Não vamos entrar aqui na atual discussão sobre a
segurança e à propriedade. possibilidade de uma redução da inteligência e liberdade a
[...]”. A pergunta que todo “espírito filosófico” faz é: Por estados neuronais; discussão bastante pontual, que, porém
que todos são iguais perante a lei? O que fundamenta essa extrapola os objetivos deste artigo.
igualdade de direitos à vida, à liberdade, à segurança etc.? Nossa visão pressupõe que estados mentais (inteligên-
É a lei que me faz igual a todos ou a lei apenas reconhece cia e vontade livre) não se reduzem a estados neuronais. Tal
essa igualdade? Que direito tem o Estado de punir o indiví- pressuposto desvela o vasto campo do espírito humano, que
duo que desrespeita esses direitos? Todas essas perguntas fundamenta todo e qualquer discurso sobre os chamados
são refletidas no âmbito da filosofia e, sem esta, o debate Direitos Humanos. O adjetivo humano revela que esses direi-
sobre os Direitos Humanos perderia aquela profundidade tos são radicados numa natureza comum da qual participam
especulativa que nenhuma outra ciência pode oferecer. seres concretos e históricos. A expressão natureza humana
Neste artigo, apresento um tipo de filosofia que afirma ser talvez esteja em desuso. Podem-se até utilizar outros termos
possível uma fundamentação última dos Direitos Humanos como razão, condição humana etc. Nesse sentido, não se
e, a partir dela, traço as relações destes com os direitos civis pode negar que homens e mulheres concretos são caracteri-
e o poder estatal. zados pelos traços essenciais da inteligência e vontade livre,
. ainda que esses se apresentem de formas variadas.
Direitos humanos e fundamentação filosófica Se a elaboração de uma ideia comum sobre o homem
constitui tarefa primordial da filosofia, especialmente da An-
A reflexão sobre os Direitos Humanos está estreitamen- tropologia filosófica, tanto mais o será o problema da vali-
te relacionada à ideia do ser humano que uma sociedade dade universal de tal ideia. Como pode uma ciência arrogar
fomenta. Diferentes culturas apresentam uma pluralidade o direito de validade universal de sua visão de homem? Esse
de visões a respeito dos direitos da pessoa, o que nos leva é um dos grandes desafios de nosso tempo e exige muito
a questionar se seria possível a pretensão de universalida- diálogo, abertura e esforço intelectual. A contribuição da fi-
de elaborada pelos países ocidentais. A pergunta crucial losofia neste aspecto sobrepõe-se, uma vez que ela sempre
foi a ciência dos princípios. Embora essa visão de filosofia
de nosso tempo traduz-se em: é possível, na diversidade
tenha seus críticos, vale ressaltar que nenhuma ciência empí-
cultural na qual nos inserimos chegar a um consenso sobre
rica pode fornecer uma fundamentação última de princípios.
quem seja o ser humano e, desta forma, garantir direitos
Se justificar princípios é possível, então somente à filosofia
fundamentais válidos para todas as culturas e povos? Po-
competirá essa função.
demos chegar a um consenso sobre o que é o homem para No debate sobre os Direitos Humanos, a ela pertence a
além de suas vicissitudes históricas? específica tarefa de fundamentar de forma universalmente
A pergunta sobre aquilo que é comum a todos os ho- válida aquele princípio básico de onde emergirá o direito es-
mens e que, ao mesmo tempo, nos diferencia dos outros sencial do homem, a saber: a dignidade humana.
seres não encontra resposta apenas nas ciências naturais. A O que é o ser humano segundo a filosofia aqui defendi-
Física e a Química sozinhas não são suficientes para apon- da? Resposta: um ser que pensa! Ser capaz de pensamento
tar as diferenças essenciais existentes entre o ser humano constitui a raiz daquela dignidade que nenhum outro ser
e, por exemplo, uma pedra. Ambos têm elementos físico- possui. Afirmar que o homem é um ser pensante por nature-
-químicos iguais e, mesmo que existam elementos diferen- za parece não constituir nenhuma novidade. Torna-se vazia
ciais dessa natureza, esses não constituem aquilo que es- a palavra pensamento se não a contextualizamos ou preci-
sencialmente nos distingue enquanto seres humanos. Nem samos seu sentido. Pensar significa refletir, ou seja, dobrar-
a biologia tem mais sorte. Aquilo que nos distingue bio- -se sobre si mesmo ou sobre o mundo. De fato, somente
logicamente dos grandes primatas, como orangotangos, o homem tem consciência de si e do mundo que o cerca.
chimpanzés e gorilas não é mais que 1,4%, ou seja, 98, 6% No dizer de Pascal, o homem supera todo o universo pelo
de nosso DNA são semelhantes ao desses macacos. pensamento:

12
FILOSOFIA

O homem não passa de um caniço, o mais fraco da ideia de homem como ser pensante. Para se negar o valor
natureza, mas é um caniço pensante. Não é preciso que o deste ser pensante, será preciso pensar e refletir bastante
universo inteiro se arme para esmagá-lo. Um vapor, uma para refutá-lo, o que implicaria uma contradição, pois se
gota d’água, é o bastante para matá-lo. Mas, quando o negaria o valor de algo que já se reconheceu no ato da
universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do negação. O valor da reflexão tem então validade universal
que o que o mata, porque sabe que morre; e a vantagem e não pode ser negado sem uma contradição interna.
que o universo tem sobre ele, o universo a ignora. Toda a O mesmo argumento vale mutatis mutandis para seres
nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. pensantes somente em potência. Quem quisesse negar o
Descartes também afirmava: “Sou uma coisa que pen- valor de um ser pensante apenas em potência estaria utili-
sa, isto é, que duvida que afirma que nega que conhece zando em ato aquilo que nega do ser em potência.
poucas coisas, que ignora muitas, que ama que odeia que A contradição aparece quando o cético reconhece o
deseja que não deseja que imagina também e que sente”. valor do pensamento para si (pois para negar o pensamen-
O pensamento constitui, portanto, o diferencial do to ele precisa pensar) e ao mesmo tempo não reconhece
homem que o distingue dos outros seres e, para além de tal valor para outro que também pensa ou pode pensar.
qualquer arrogância antropocentrista, garante seu lugar Desta forma, pode-se defender o valor universal da
privilegiado na natureza. ideia de homem como ser pensante, uma vez que não
A reflexão ou a capacidade de reflexão pode ser apli- se pode negá-lo sem cair numa contradição interna. Isto
cada ao homem de forma universal. Essa premissa tem constitui a base da chamada Dignidade Humana, fonte da-
seus opositores. Se o pensar é o fundamento da dignidade queles direitos inatos, inerentes ao homem desde a con-
da pessoa humana, o que dizer de seres humanos com cepção.
deficiências mentais, seres humanos em coma profundo
ou mesmo de crianças? Possuem estes uma dignidade hu-
mana, uma vez que não exercem ou não podem exercer 2. FILOSOFIA E EDUCAÇÃO:
a reflexão? Eles detêm direitos humanos? O problema em 2.1. O EU RACIONAL:
saber quem são os legítimos portadores da dignidade e, INTRODUÇÃO AO SUJEITO ÉTICO.
consequentemente, dos direitos humanos traz bastante 2.2. INTRODUÇÃO À BIOÉTICA.
discussão e implica consequências político-ético-sociais
2.3. A TÉCNICA.
importantes.
Afirmo aqui que os portadores legítimos da dignidade
humana são todos os seres que pertencem geneticamen-
te à espécie humana. A diferença entre pessoa humana e O sujeito ético é um ser racional e consciente que sabe
ser humano não constitui nenhuma ruptura. Uma é con- o que faz, como um ser livre que decide e escolhe o que
sequência da outra. Somente seres humanos podem de- faz e como um ser responsável que responde pelo que faz.
senvolver-se como pessoa humana, ou seja, somente estes A ação ética é balizada pelas ideias de bem e mal, justo e
podem desenvolver uma inteligência e vontade livre. No injusto, virtude e vício.
entanto, nem todo ser humano desenvolve as capacidades Assim, uma ação só será ética se consciente, livre e
de pensamento e liberdade. Pensemos em crianças espe- responsável e será virtuosa se realizada em conformidade
ciais. Esse fato empírico não significa que existem seres com o bom e o justo. A ação ética só é virtuosa se for livre
humanos que não são pessoas, pelo menos em potência. e só o será se for autônoma, isto é, se resultar de uma deci-
Todo ser humano é uma pessoa, seja em ato ou em po- são interior do próprio agente e não de uma pressão exter-
tência. na. Evidentemente, isso leva a perceber que há um conflito
Isto quer dizer que há pessoas humanas que não pu- entre a autonomia da vontade do agente ético (a decisão
emana apenas do interior do sujeito) e a heteronomia dos
deram, não podem e nem poderão desenvolver as facul-
valores morais de sua sociedade (os valores são dados ex-
dades da inteligência e vontade livre devido a algum mo-
ternos ao sujeito).
tivo contingente, físico ou biológico.
Esse conflito só pode ser resolvido se o agente reco-
A questão fundamental reside em saber se o valor ou
nhecer os valores de sua sociedade como se tivessem sido
a dignidade do ser capaz de pensamento pode ser defen-
instituídos por ele, como se ele pudesse ser o autor desses
dido de forma universalmente válida. O método filosófi-
valores ou das normas morais, pois, nesse caso, ele será
co para dirimir essa questão pode ser o da retorção, que
autônomo, agindo como se tivesse dado a si mesmo sua
constitui o método de validação de argumentos baseado
própria lei de ação.
na auto contradição. Isto é, será válido todo e qualquer Enfim, a ação só é ética se realizar a natureza racional,
princípio ou axioma que não possa ser afirmado ou refuta- livre e responsável do sujeito e se este respeitar a racio-
do sem ser pressuposto. Um exemplo é o princípio de não- nalidade, liberdade e responsabilidade dos outros agentes,
-contradição. Esse é válido pelo simples fato de que nin- de sorte que a subjetividade ética é uma intersubjetividade
guém pode aceitá-lo ou negá-lo sem que ele mesmo seja socialmente determinada.
pressuposto. Quem quisesse negar esse princípio teria que
afirmá-lo para negá-lo, caindo assim em uma auto con-
tradição. O mesmo método pode ser aplicado ao valor da

13
FILOSOFIA

Como se constitui o sujeito? autônomo emerge de modo relativo e descontinuamente,


isto é, o sujeito autônomo não é uma constante linear sem
Gênese do sujeito interrupções. A vida testemunha muitas situações em que
Quando fazemos a pergunta “quem somos nós?”, te- não podemos pressupor o sujeito como plenamente autô-
mos a tendência de tentar respondê-la a partir da reflexão nomo: uma simples febre pode aniquilar ou limitar a auto-
sobre nós mesmos. Isso é uma grande ilusão. nomia de um sujeito.
Essa pergunta só pode ser respondida a partir de nos- Chegamos ao ponto de estabelecermos uma com-
sos relacionamentos com os outros. Sem o outro não so- preensão de princípio constatado puramente a partir da vi-
mos nada. Nossa constituição tem o ponto focal na presen- vência e da reflexão retroativas: – sujeito é uma constituição
ça do outro. Nascemos da vida dos outros fisiologicamente, que acontece em torno de eventos relacionais e respostas
psicologicamente, culturalmente, e mesmo religiosamente a esses eventos. Somos interpelados na convivência desde
(no cristianismo isso é claro se atentamos para as expres- a mais tenra idade e nos formamos como respondentes.
sões de Cristo ou de Paulo que nos veem como seres de re- O cenário originário de constituição subjetiva é for-
lação com o próximo e com Deus). A ilusão de consciência mado por relações provocadoras, interpeladoras e em res-
autônoma, que habitaria em nós desde o início em forma postas; estas, acompanhadas das interpelações formam
potencial e natural, como condição inata do ser . sedimentos habituais que nos permitem reconhecer a nós
Correlação implica que um polo não pode ser isolado mesmos.
ou concebido sem o outro polo. Não podemos conceber Produz-se uma trama de interpelações e respostas.
objetividade sem o polo da subjetividade. Essa trama é o nosso próprio pano de fundo. O sujeito
Nem podemos conceber o sujeito ou a subjetividade revela-se como um pertencente à ordem do “evento” entre
sem o polo da objetividade constituída na correlação. Toda pessoas, e não à ordem das coisas.
“co-instituição” implica em alguma forma de correlação. A constituição de sedimentos espirituais – em que
humano, é um equívoco consagrado por Descartes. ocorrem sentimentos, linguagens, atitudes, criações cultu-
Há muitos estudos sobre as etapas do desenvolvimen- rais do espírito (lógicas, estéticas, éticas, religiosas...) etc.
to humano. Quase todos partem do princípio que o de- – acontecem no campo humano de interações humanas
senvolvimento é um processo de unidade da pessoa e seu dialógicas.
entorno. Quase todos apontam a grande distância entre o O si mesmo (self) se constitui em relações concretas
que fomos quando criança e o que somos como adultos. A de trabalho, relações de corporeidade, relações de família,
unidade é atribuída a constâncias biológicas, psicológicas, onde eu sou testemunha de mim mesmo e capaz de narrar
sociológicas, culturais. Entretanto, não podemos mais pres- minha trajetória longa ou curta. Refletividade sobre mim
supor uma substância humana em desenvolvimento que mesmo e minhas relações me permitem dizer “eu” como
possua em si mesma as virtudes centrais desse desenvolvi- fonte de uma trama com os outros e na qual me encontro
mento. Nossa abordagem desloca o centro formador não (co-) respondido, rejeitado, remetido a mim mesmo pelo
para o exterior, mas para a correlação entre o que o outro outro e onde me reconheço como sujeito.
nos aporta e nossa capacidade de responder, responsivi- A trama de aceitação e rejeição é basilar no processo
dade que se revela desde a nossa mais remota formação de constituição de si mesmo. Essa trama aparece na narra-
como bebê ou mesmo na condição de feto. Se para o bebê tividade. As obras narrativas como mitos, lendas, romance,
não houver as condições necessárias relacionais e como diálogos, novelas, a Bíblia, narrativas de aventuras, história
entorno de ser humano, especialmente outras pessoas, o e estórias etc. refletem como tela de fundo essa trama es-
ser humano não emerge em suas condições essenciais. Ser sencial. A narratividade encarna a trama de sujeitos. Daí a
pessoa, ser livre, transcender o tempo e espaço, utilizar a grande importância e sedução da literatura.
linguagem, são condições que não se desenvolvem por si. Muitas narrativas nos ajudam a constituir a consciência
O desenvolvimento está condicionado à presença de ou- de nós mesmos. Ricoeur cunhou s expressão “identidade
tros O “eu” não se desenvolve pelo crescimento físico, mes- narrativa” que descreve bem esse processo Narrativas re-
mo que dependa de uma base fisiológica para que isso seja velam as tramas que constituem os sujeitos numa cultura,
possível. O eu não é uma substância. O sujeito acontece: dão o significado e origens das instituições como sedi-
ele é e existe em atos, e ele se forma e se revela em even- mentação de certa responsividade coletiva.
tos, e se dá conta de si por se auto reconhecer em atos. Ainda que o polo dinâmico da constituição de si es-
O sujeito se forma e se revela na relação de alteridade. O teja originariamente localizado na alteridade, no outro, o
sujeito é constituído como evento, ele acontece na trama centramento de si mesmo possui uma dimensão transcen-
que se estabelece em relação com outros seres humanos dental de pessoalidade que constitui a intersubjetividade
(mãe, família, grupos humanos) e como resposta a eventos: humana. A vida humana intersubjetiva em suas muitas
o “eu” provém das respostas a outro/a. De início, um cen- sedimentações constitui-se no solo último e concentra as
tramento na pura corporeidade do recém formado, e cuja condições interpessoais de vida cotidiana. Que a intersub-
autonomia se constitui progressivamente a partir da não- jetividade e a vida cotidiana possuam dimensões trans-
-autonomia (quando a responsividade é ainda uma pura cendentais é uma das descobertas axiais do pensamento
partilha do que recebemos). É uma sequência de eventos contemporâneo. A unidade além de si mesmo, a significa-
que faz emergir a identidade egoica através das respos- ção intersubjetiva, a fundação não natural, apontam para a
tas e da estrutura que a pessoa vai constituindo. O sujeito dimensão transcendental dessa constituição.

14
FILOSOFIA

Viemos dos outros e geramos outros fisiologicamen- Existem conflitos no termo bioética, conflitos não só na
te, culturalmente, socialmente... O caminho da autonomia nomenclatura, mas também de posição ideológica e filosó-
é, paradoxalmente, outro dependente. O ser humano não fica. Ela pode ser entendida como Ética da vida, vida é ética,
nasce “naturalmente”, por assim dizer. O ser humano acon- vida e ética, mas de qualquer forma seu objetivo maior é a
tece na dimensão intersubjetiva da vida humana e na dia- defesa da vida. Assim a bioética se apresenta de maneira
lética da interpelação e reposta, como caminho para atingir aberta e se articula com diversos temas ligados a vida. É
a autonomia ética. a bioética uma parte da ética que estuda as relações da
O avanço da biotecnociência abriu novas áreas de pes- ética com a vida. A bioética também pode ser vista como
quisas, criando novas possibilidades de intervenções hu- uma nova ciência, que se desenvolva e se torne uma ciência
manas sobre a natureza. Elaborou uma nova maneira de autônoma.
compreender a evolução, permitindo que repensemos a Mas para a bioética ser entendida como ciência é pre-
vida, tal como a sua realidade e sua complexidade. Com o ciso lembrar-se de seus objetivos, que é o estudo de nor-
desenvolvimento da ciência e da tecnologia o ser humano
mas e temas que regem a ação humana e sua intervenção
programa a sua vida, sua sociedade, provocando um novo
técnica sobre a vida humana.
habito, uma nova cultura.
Em outras palavras a bioética é a ciência do compor-
Porém essa programação não inclui todos os seres hu-
manos, continua-se a ver no mundo inúmeros sofrimentos tamento moral dos seres humanos diante de intervenção
desnecessários, exclusões, atitudes anti-humanas, nesse da biotecnociência sobre a vida humana em todo o seu
sentido faz necessário ter um cuidado maior com esta in- contexto. Pode-se entender a bioética como ciência da vida
clusão. Todos devem estar dentro do planejamento, ou seja, ou ciência da saúde, ambas se referem a ação humana, ati-
todos devem fazer parte desse desenvolvimento cientifico. tudes.
Nesse sentido a ética deve estar sempre em alerta, a A interdisciplinaridade é uma das características da
fim de refletir se essa manipulação, esse desenvolvimento bioética, pois ela necessita passar, dialogar, refletir e se co-
vem respeitando a essência humana, a dignidade huma- municar com as mais diversas áreas do conhecimento. Mas
na. Surge então a bioética, ela surge a partir dos cientistas infelizmente as ciências são por demais cartesianas, especi-
preocupados com o rumo de suas pesquisas e suas rela- ficas, fragmentadas, não tendo abertura ao dialogo com as
ções com os pacientes. Ela surge nos EUA nos anos 70 e outras ciências, filosofia, teologia e outras. Causando ai um
não demora a migrar para outros continentes e países e grande vazio no aspecto ético.
chega à América latina nos anos 90. Esse sem dúvida é um grande desafio da bioética, rom-
A relevância da bioética vem sendo crescendo na atua- per com essa fragmentação, com o pragmatismo, com o
lidade a partir do desenvolvimento genético e de suas rela- individualismo e avançar com isso no dialogo e reflexão
ções com o ser humano. São inúmeros os casos de eugenia junto com as demais ciências, ou seja, trabalhar o todo, a
que a própria mídia e os comitês de bioética vem apresen- integralidade, o holístico.
tando, são situações diversas, mas de grande importância Assim sendo a bioética precisa ser cada vez mais plural
a vida humana. em suas relações, ser cada vez mais intercultural, afim de
A coluna dorsal é a manipulação do genoma, que tem não ser mais um instrumento de dominação cultural. A es-
como objetivo um aprimoramento genético, mas que não sência e o principio da bioética a priori é sem duvida a sua
reconhece o ser humano e simplesmente o seu genótipo, relação da ética com a vida.
ou seja, cria-se um reducionismo biológico, ameaça a bio- (Texto adaptado de STIGAR, R.).
diversidade e ainda a imposição dos padrões genéticos
sendo impostos a partir daqueles que datem o poder na Ao fundo da questão central que objetiva este estudo,
sociedade.
é fato que estamos necessariamente engajados na questão
Assim a bioética tem a responsabilidade de alertar a
da técnica. Posto isso, parece necessário esclarecer breve-
sociedade da realidade existente no mundo da biotecno-
mente o que entendemos por técnica. A palavra técnica é
ciência, deve a bioética ser critica, ser analítica e reflexiva
diante das ações políticas e ideológicas. Infelizmente os derivada do grego téchne, que é sinônimo de arte, e desig-
cientistas não estão preocupados com o bem estar social na um saber-fazer.
e sim com o lucro que podem ter com a manipulação ge- “Em toda sociedade humana existe e sempre existiu
nética e outros, ou seja o fator econômico esta a frente do necessariamente um saber técnico, […] exemplo disso são,
cientifico e a bioética tem essa responsabilidade de evitar entre outros, o pousio, a rotação de terras, a agricultura
que a genética seja um fator ideológico determinista. itinerante […] Esses sistemas técnicos sem objetos técnicos
Os próprios cientistas afirmam que é a bioética é quem não eram, pois, agressivos, pelo fato de serem indissolúveis
dará respostas satisfatórias a sociedade, para a pessoa em relação à Natureza que, em sua operação, ajudavam a
humana, dando-lhes a oportunidade de escolha nas suas reconstituir […]” (Santos, 1994).
ações. O que acontece no laboratório deve ser exposto a A técnica, como reconhecem alguns críticos do tema,
sociedade e é a sociedade quem deve dizer o que fazer, ou tem sua origem histórica perdida em um passado longín-
seja a ética da sociedade deve estar presente na ética do quo, junto com a própria origem da humanidade, não se
laboratório. A bioética não nasceu com a ideia de proibir podendo nem mesmo afirmar que ela seja própria do ser
o desenvolvimento genético, mas nasceu com o principio humano, pois encontramos animais dotados de habilida-
de ter ética, no desenvolvimento da manipulação genética. des técnicas, como a abelha, o castor, o chimpanzé, e tan-

15
FILOSOFIA

tos outros. Como afirma Yves Schwartz (1995), o organismo Desse modo, se por um lado se manifesta o poder be-
vivo, em um meio natural, regido por seus determinismos, néfico da técnica, sem a qual não teria sido possível que
busca, mesmo com o perigo de sua própria vida, se instituir a humanidade e sua cultura alcançassem o atual grau de
centro de um meio, já recortado, por sua vez, por seus pró- desenvolvimento, por outro lado não se pode desconhecer
prios valores (do organismo). No entanto, podemos reco- uma série de consequências indesejáveis, que evidente-
nhecer, no caso específico do organismo humano, uma ca- mente não brotam, em sua totalidade, da essência da téc-
racterística peculiar em sua técnica, que é sua regência, por nica, mas, amiúde, de sua defeituosa inserção no domínio
um grau de intencionalidade, capaz de ir além dos artefatos global da vida.
que se possam fabricar. Uma intencionalidade, cuja natureza A técnica parece se colocar como uma manifestação do
é capaz de instituir um campo de culturas humanas que vai ser humano, em sua relação com a Natureza, seu contexto
diferenciar, instrumentar, capitalizar, simbolizar, animar valo- maior, formando neste processo iterativo um meio imedia-
res e conflitos. to, que lhe é próprio. Este, por sua vez, será continuamente
Este campo de culturas humanas, este patrimônio, vai, reconfigurado, pela dita manifestação do ser humano, pela
por conseguinte, se constituir como seu novo meio ime- técnica, e pelas possibilidades que se oferecem através das
diato, sobre o qual recursivamente o ser humano de forma fissuras disponíveis neste meio, definido por uma geração
individual e coletiva vai interagir, aperfeiçoando neste con- de técnicas. Fissuras que proporcionam aberturas na arti-
tato entre o meio e os demais seres, a técnica que nasce culação homem-meio, possibilitando o exercício
e cresce desta mesma interação. Atualmente, é realmente da criatividade humana. (Texto adaptado de CASTRO,
imensa a literatura que trata da técnica, sobre todos os as- J. C.).
pectos concebíveis: históricos, filosóficos, sociais, econômi-
cos, culturais, políticos, etc.; sem contar a legião de textos,
manuais, livros e periódicos sobre técnicas específicas, dos 3. IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA
mais diversos temas, que se possa sequer imaginar. De fato, PARA A CIDADANIA:
sob o termo técnica se esconde, desde sua origem grega, 3.1. O HOMEM COMO UM SER DA NATUREZA.
uma estranha diversidade, reunindo tanto produto final, 3.2. A CONCEPÇÃO PLATÔNICA
quanto processo de produção, ou seja: máquinas, artefa- DA DESIGUALDADE.
tos, mas também procedimentos, métodos, em sequências, 3.3. A DESIGUALDADE SEGUNDO ROUSSEAU.
por vezes, totalmente imateriais.
Neste sentido, é importante de imediato estabelecer,
na medida do possível, uma sutil distinção entre o que
acabamos de investigar, a técnica, e a tecnologia. Outrora Segundo Rousseau (Discurso sobre a origem da de-
noções tão inconfundíveis, mas que, atualmente, se torna- sigualdade entre os homens), antes de existir no estado
ram termos comumente tratados de forma intercambiável. social, isto é, de viver em sociedade, o homem existia no
estado de natureza.
O historiador das técnicas, François Sigaut (1996) esclarece
Do ponto de vista físico, esse homem primitivo, embo-
que o termo tecnologia difundiu-se muito após a última
ra fosse menos forte e ágil em certos aspectos do que mui-
grande guerra, com a acepção de conjuntos de técnicas
tos animais, no conjunto levava vantagem sobre todos eles;
modernas e de caráter científico, em oposição às práticas
a terra, naturalmente fértil e coberta de florestas imensas
supostamente empíricas dos artesãos. Entretanto, já existia
“que o machado jamais mutilou”, lhe permitia satisfazer
uma tradição europeia de emprego deste termo, especial-
todas as suas necessidades naturais (alimentação, repro-
mente na Alemanha, desde o século XVIII, para designar
dução, abrigo etc.) sem grandes dificuldades; acostumado
uma ciência das técnicas, seja as modernas ou a dos povos
desde a infância às intempéries da natureza, à intensidade
considerados primitivos. das estações, à fadiga, a defender de mãos vazias e nu a
Segundo o filósofo das técnicas Jean-Pierre Séris si mesmo e à sua prole de animais ferozes ou deles esca-
(1994), mesmo nesta confusão atual, talvez ainda se possa par correndo, valendo-se para isso apenas de seu próprio
estabelecer uma separação: de um lado, o termo tecnolo- corpo, mostrava-se fisicamente robusto e ágil, muito mais
gia referir-se-ia aos veículos, às operações e às fabricações do que qualquer homem poderia ser nos tempos atuais;
integradas a um complexo ou a um corpo, ao mesmo tem- graças à sua robustez, praticamente não conhecia doenças,
po teórico e prático, o da tecnociência; de outro, a técnica exceto os ferimentos naturalmente decorrentes da velhi-
significaria as transformações operatórias da natureza e do ce; visto que a conservação de sua vida era praticamente
meio humano, designando, no mais das vezes, o saber- sua única preocupação, era natural que os sentidos mais
-fazer desenvolvido pelo ensino ou pela prática, em certa desenvolvidos fossem aqueles mais diretamente voltados
oposição ao significado atual do termo arte. para esse objetivo (subjugar a presa ou escapar de tornar-
A filosofia da técnica, como parte da filosofia geral da -se uma), como a vista, a audição e o olfato, ao passo que
cultura, não só tem que mostrar a origem e as condições o tato e o paladar podiam permanecer rudes. Em suma,
da técnica na natureza, suas disposições, forças e necessi- a exemplo do que ocorre com os animais que, uma vez
dades, como também investigar as multiformes reações da domesticados, perdem força, vigor e coragem, também o
técnica sobre o homem e sobre a estruturação concreta da homem, no estado de natureza, é muito melhor fisicamente
vida humana no indivíduo e na comunidade. do que no estado social.

16
FILOSOFIA

Do ponto de vista moral, ao contrário dos animais que “É ela que nos leva sem reflexão em socorro daqueles
se limitam a seguir as regras prescritas pela natureza, o ho- que vemos sofrer; é ela que, no estado de natureza, faz
mem se constitui como agente livre, podendo escolher ou às vezes de lei, de costume e de virtude, com a vantagem
rejeitar essas regras. de que ninguém é tentado a desobedecer à sua doce voz;
Assim, enquanto “um pombo morre de fome perto de é ela que impede todo selvagem robusto de arrebatar a
uma vasilha cheia das melhores carnes, e um gato sobre uma criança fraca ou a um velho enfermo sua subsistên-
uma porção de frutas ou de grãos, embora ambos pudes- cia adquirida com sacrifício, se ele mesmo espera poder
sem nutrir-se com os alimentos que desdenham, se pro- encontrar a sua alhures; é ela que, em vez desta máxima
curassem experimentá-los”, o homem, dotado de vontade, sublime de justiça raciocinada, Faze a outrem o que queres
é capaz não apenas de diversificar seus alimentos, como que te façam, inspira a todos os homens esta outra máxima
também de continuar a comer quando sua necessidade de bondade natural, bem menos perfeita, porém mais útil,
natural já foi satisfeita, ainda que isso lhe cause prejuízo talvez, do que a precedente: Faze o teu bem com o menor
à saúde. mal possível a outrem”. Esta era, em linhas gerais, segundo
É justamente essa sua condição de agente livre, e a Rousseau, a situação em que vivia o homem no estado de
consciência que possui dessa liberdade, uma das diferen- natureza, no qual a desigualdade praticamente não existia.
ças entre o homem e os animais, segundo Rousseau.
“A natureza manda em todo animal. O homem expe- O estado de natureza
rimenta a mesma impressão, mas se reconhece livre de
aquiescer ou de resistir; e é sobretudo na consciência des- A origem natural do homem é uma história hipotética
sa liberdade que se mostra a espiritualidade de sua alma”. que Rousseau desenvolve através de uma cadeia de racio-
Outra característica distintiva do ser humano é a sua cínios afastando a autoridade dos fatos e dos livros científi-
perfectibilidade, isto é, sua “faculdade de se aperfeiçoar”. cos, buscando respostas na própria natureza, que segundo
Ao contrário do animal, que “é, no fim de alguns me- ele, “jamais mente”. Suas primeiras considerações recaem
ses, o que será toda a vida, e sua espécie, ao cabo de mil sobre a constituição física do homem natural. Devido às
anos, o que era no primeiro desses mil anos”, o homem incertezas que os naturalistas de sua época tinham a res-
pode, com o auxílio das circunstâncias, desenvolver suas peito da anatomia do homem primitivo, Rousseau o supõe
potencialidades, as quais se encontram tanto no indivíduo tal como o conhecemos hoje: bípede, utilizando as mãos
quanto na espécie. Infelizmente, diz Rousseau, é justamen- para manipular coisas e objetos e medindo com os olhos
te essa capacidade distintiva e quase ilimitada do homem a extensão da natureza à sua volta. As intempéries da at-
para aperfeiçoar-se a fonte de todos os seus males, uma mosfera obrigaram esse homem a suportar o calor e o frio;
vez que é ela a responsável por tirá-lo do estado de natu- para se defender de outros animais ferozes, ele se viu obri-
reza no qual ele “passaria dias tranquilos e inocentes”. gado a correr, pular, subir em árvores e em determinadas
Quanto aos valores morais, Rousseau considera que, situações, lutar. Por esses motivos, Rousseau imagina esse
no estado de natureza, os homens não eram nem bons, homem como uma criatura ágil, forte e robusta. Sobre a
nem maus, nem possuíam vícios ou virtudes, uma vez que infância, a velhice e as doenças, que obviamente poderiam
não havia entre eles nenhum tipo de relação moral ou de impor certas limitações, afirma que os dois primeiros estão
deveres recíprocos. Na realidade, a única virtude natural em conformidade com a natureza; já o terceiro tem mais a
que possuíam era a piedade, entendida como uma “repug- ver com a vida em sociedade em virtude da extrema desi-
nância inata de ver sofrer seu semelhante”. gualdade na maneira de viver.
Decorre daí a ideia do bom selvagem, frequentemen- Guiado por dois princípios, o amor de si, responsável
te associada à teoria de Rousseau. Dessa virtude natural é por sua conservação; e pela piedade, que consistia num
que resultam as virtudes sociais como a generosidade, a certo estranhamento ou incômodo pelo sofrimento alheio;
clemência, a humanidade, a benquerença e a comiseração. o homem natural era uma criatura solitária, livre e dispersa
Essa piedade natural do homem opõe-se ao seu amor- entre as outras criaturas, preocupado apenas com suas ne-
-próprio, nele gerado pela razão e pela reflexão, típicas do cessidades físicas imediatas. Ao descrevê-lo sobre o ponto
estado de sociedade. É por causa da reflexão que o homem de vista psicológico, Rousseau introduz um novo conceito,
é capaz de pensar primeiro em si e, vendo sofrer um seu a perfectibilidade. Trata-se de uma faculdade do gênero
semelhante, dizer: “Morre, se queres; estou em segurança”. humano em aperfeiçoar-se em função das circunstâncias.
E complementa Rousseau: “Pode-se impunemente degolar No entanto, esta capacidade de reagir permanece latente
o semelhante debaixo da janela; é só tapar os ouvidos e enquanto o meio externo permanecer imutável. Essencial-
argumentar um pouco, para impedir que a natureza, revol- mente, a perfectibilidade e a liberdade são as qualidades
tando-se nele, o identifique com aquele que se assassina. que tornam o homem singular entre os animais. Quando os
O homem selvagem não tem esse admirável talento, e, por terremotos, cataclismos, tempestades e outras transforma-
falta de sabedoria e de razão, vemo-lo sempre entregar-se, ções naturais afetaram a Terra e o homem, essa característi-
aturdido, ao primeiro sentimento de humanidade”. ca lhe teria assegurado a sobrevivência. É preciso esclarecer,
A piedade é, pois, para Rousseau, um sentimento natu- porém, que a perfectibilidade não está associada ao uso da
ral presente em todos os homens. Daí sua posição, de que razão, uma vez que as únicas operações presentes na alma
o homem nasce bom e a sociedade o corrompe, ser con- do homem natural resumiam-se a perceber e sentir, querer
trária a de outros pensadores, como Hobbes, por exemplo. e não querer. “Os únicos bens que conhece no universo são

17
FILOSOFIA

a alimentação, uma fêmea e o repouso; os únicos males 3. “A atividade dos homens em sociedade tem sem-
que teme, a dor e a fome”. Há nessa ideia um rompimento pre um caráter político, na medida em que a organização
com o pensamento tradicional pois, acreditava-se que os da vida material de uma maneira peculiar determina, ao
homens se distinguiam dos animais por fazerem uso da mesmo tempo, uma maneira peculiar de organização das
razão. Mas Rousseau afirma que as ideias desses homens ideias e das relações de poder. Não há vida social que não
eram muito simples; nessa época, o homem era incapaz de seja política.” (RIOS, 1995). Após análise dessa afirmativa, é
acumular ou comunicar qualquer tipo de conhecimento; a correto afirmar:
espécie se multiplicava sem qualquer progresso. A) A política e a sociedade são excludentes.
Mantendo sua discordância com o pensamento tradi- B) O estado representa apenas o poder de força junto
cional, Rousseau reserva para o estado de natureza uma si- à população.
tuação propícia à paz e não à guerra de todos contra todos C) O caráter político diz respeito apenas ao exercício da
conforme propôs Hobbes. Os conflitos existentes nesse força e do poder nos diferentes grupos sociais.
estado não eram significativos, não passavam de peque- D) O caráter político, enquanto elemento indispensável
nas disputas pela posse de um alimento e que dificilmente à vida em sociedade, é prerrogativa da própria dimensão
tinham consequências sangrentas. O homem natural era humana.
um ser pacífico pois não tinha necessidade nem disposição E) O fortalecimento das monarquias nacionais, na Ida-
para a maldade. “A tranquilidade das paixões e a ignorância de Moderna, diz respeito apenas ao exercício do poder ad-
dos vícios o impedem de agir mal”. ministrativo.
Dessa primeira parte da narrativa conclui-se que ape-
sar da desigualdade existir no estado natural, ela limitava- 4. Em relação às funções da Arte, analise as afirmativas
-se à esfera física e não tinha realidade nem influência. Já e marque com V as verdadeiras e com F, as falsas.
na segunda parte, veremos como os primeiros desenvol- ( ) A arte nunca é utilizada para fins não artísticos.
vimentos do homem foram moldando suas características ( ) O naturalismo foi muito importante na Grécia clássica.
fazendo nascer novos sentimentos e determinando prefe- ( ) A arte barroca foi utilizada como forma de manuten-
rências em seu espírito. ção dos fiéis à Igreja Católica.
( ) As três principais funções da arte são: pragmática ou
QUESTÕES utilitária, naturalista e formalista.
( ) As obras de arte, desde a antiguidade até os dias
1. A prática filosófica exige do sujeito disposição para atuais, sempre exerceram as mesmas funções.
o questionamento e a indagação. Desconfiar do óbvio é A partir da análise dessas afirmativas, a alternativa que
uma das exigências da reflexão filosófica. Com base nessa indica a sequência correta, de cima para baixo, é a
afirmativa e em seus conhecimentos filosóficos, é correto A) V V F F F C) F V F V V E) F F V F V
afirmar que a prática filosófica:
A) é necessária, pois promove a abertura mental, pos- B) F V V V F D) V F V F F
sibilitando mudanças na vida do ser humano.
B) não enxerga nada da realidade, pois seu objeto é 5. A alternativa que não é uma expressão artística bra-
apenas transcendental. sileira é a indicada em
C) é igual a qualquer outra prática humana, por ser A) o quadro Abapuru, de Tarsila do Amaral.
apenas informação. B) o Teatro do Oprimido, de Augusto Boal.
D) não trabalha com o pensamento racional. E) neces- C) a Semana de Arte Moderna de 1922.
sita apenas de bom-senso. D) o quadro Guernica, de Picasso.
E) os Profetas, de Aleijadinho.
2. “O sujeito ético procede a um descentramento, tor-
nando-se capaz de superar o narcisismo infantil, e move-se
na direção do outro, reconhecendo sua igual humanidade.” GABARITO:
(ARANHA; MARTINS, 2009). Com base nessa afirmativa, que
expressa uma atitude de um sujeito ético, é correto afirmar: 1. A / 2. E / 3. D / 4. B / 5. D
A) Respeitar aos outros é condição de não moralidade.
B) Promover discriminação e preconceito é tarefa de
um sujeito ético.
C) A submissão e o temor são marcas de uma educação
para a autonomia.
D) Incentivar a violência em qualquer nível é uma mar-
ca de um sujeito ético.
E) Considerar o outro como também um sujeito de
direitos é fundamental para a convivência democrática e
cidadã.

18
FILOSOFIA

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

19
FILOSOFIA

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

20
FILOSOFIA

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

21
FILOSOFIA

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

22
SOCIOLOGIA

1. O CANDIDATO NA SOCIEDADE E A SOCIOLOGIA.................................................................................................................................. 01


1.1. Como pensar diferentes realidades..................................................................................................................................................... 01
1.2. O homem como ser social...................................................................................................................................................................... 01
2. O QUE PERMITE AO CANDIDATO VIVER EM SOCIEDADE?................................................................................................................. 01
2.1. A inserção em grupos sociais: família, escola, vizinhança, trabalho....................................................................................... 01
2.2. Relações e interações sociais................................................................................................................................................................. 01
2.3. Socialização................................................................................................................................................................................................... 01
3. O QUE NOS UNE COMO HUMANOS? O QUE NOS DIFERENCIA?................................................................................................... 03
3.1. O que nos diferencia como humanos................................................................................................................................................ 03
3.2. Conteúdos simbólicos da vida humana: cultura............................................................................................................................. 03
3.3. Características da cultura......................................................................................................................................................................... 03
3.4. A humanidade na diferença.................................................................................................................................................................... 03
4. O QUE NOS DESIGUALA COMO HUMANOS?.......................................................................................................................................... 04
4.1. Etnias................................................................................................................................................................................................................ 04
4.2. Classes sociais.............................................................................................................................................................................................. 04
4.3. Gênero............................................................................................................................................................................................................. 04
4.4. Geração........................................................................................................................................................................................................... 04
5. DE ONDE VEM A DIVERSIDADE SOCIAL BRASILEIRA?.......................................................................................................................... 06
5.1. A população brasileira: diversidade nacional e regional............................................................................................................. 06
5.2. O estrangeiro do ponto de vista sociológico.................................................................................................................................. 06
5.3. A formação da diversidade:.................................................................................................................................................................... 06
5.3.1. Migração, emigração e imigração.................................................................................................................................................... 06
5.3.2. Aculturação e assimilação.................................................................................................................................................................... 06
6. QUAL A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO NA VIDA SOCIAL BRASILEIRA?....................................................................................... 07
6.1. O trabalho como mediação.................................................................................................................................................................... 07
6.2. Divisão social do trabalho:...................................................................................................................................................................... 07
6.2.1. Divisão sexual e etária do trabalho.................................................................................................................................................. 07
6.2.2. Divisão manufatureira do trabalho................................................................................................................................................... 07
6.3. Processo de trabalho e relações de trabalho................................................................................................................................... 07
6.4. Transformações no mundo do trabalho............................................................................................................................................ 07
6.5. Emprego e desemprego na atualidade.............................................................................................................................................. 07
7. O CANDIDATO EM MEIO AOS SIGNIFICADOS DA VIOLÊNCIA NO BRASIL.................................................................................. 09
7.1. Violências simbólicas, físicas e psicológicas..................................................................................................................................... 09
7.2. Diferentes formas de violência: doméstica, sexual e na escola................................................................................................ 09
7.3. Razões para a violência............................................................................................................................................................................ 09
8. O QUE É CIDADANIA?........................................................................................................................................................................................ 11
8.1. O significado de ser cidadão ontem e hoje...................................................................................................................................... 11
8.2. Direitos civis, direitos políticos, direitos sociais e direitos humanos...................................................................................... 11
8.3. A Constituição Brasileira e a Constituição Paulista........................................................................................................................ 11
8.4. A expansão da cidadania para grupos especiais:........................................................................................................................... 11
8.4.1. Crianças e adolescentes, idosos e mulheres................................................................................................................................. 11
9. QUAL É A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DO ESTADO BRASILEIRO?....................................................................................................... 13
9.1. Estado e governo........................................................................................................................................................................................ 13
9.2. Sistemas de governo................................................................................................................................................................................. 13
9.3. Organização dos poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.................................................................................................. 13
10. O QUE É NÃO CIDADANIA?.......................................................................................................................................................................... 18
10.1. Desumanização e coisificação do outro.......................................................................................................................................... 18
10.2. Reprodução da violência e da desigualdade social.................................................................................................................... 18
SOCIOLOGIA

Outro conceito importante para Émile Durkheim é o de


1. O CANDIDATO NA SOCIEDADE E A instituição. Para ele, uma instituição é um conjunto de nor-
SOCIOLOGIA. mas e regras de vida que se consolidam fora dos indivíduos
1.1. COMO PENSAR DIFERENTES REALIDADES. e que as gerações transmitem umas as outras. Ex.: a Igreja, o
1.2. O HOMEM COMO SER SOCIAL. Exército, a família, etc.
As instituições socializam os indivíduos, fazem com que eles
assimilem as regras e normas necessárias à vida em comum.

Como pensar diferentes realidades O homem como ser social


Sociologia é o estudo do comportamento social das in- O Homem enquanto ser social partilha uma herança ge-
terações e organizações humanas. Todos nós somos soció- nética que o define como ser humano.
logos porque estamos sempre analisando nossos compor- A nossa estrutura cerebral permite-nos desenvolver a
tamentos e nossas experiências interpessoais em situações linguagem e interpretar os estímulos provenientes do meio.
organizadas. É na capacidade de o ser humano se adaptar ao meio e
O objetivo da sociologia é tornar essas compreensões de transmitir ás gerações seguintes as suas conquistas, é na
cotidianas da sociedade mais sistemáticas e precisas, à me- sua capacidade de aprender que reside a linha que distingue
dida que suas percepções vão além de nossas experiências o ser humano do animal.
pessoais. O homem só se realiza como Pessoa na relação com os
Assim como toda ciência, a Sociologia pretende explicar outros, relação essa que tem vários níveis e assume múltiplas
a totalidade do seu universo de pesquisa. Ainda que esta ta- formas: Universalidade; Sociabilidade e intimidade.
refa não seja objetivamente alcançável, é tarefa da Sociologia Ao nível da intimidade a pessoa encara-se como um ser
transformar as malhas da rede com a qual a ela capta a reali- dotado de uma consciência de si, baseada na racionalidade
dade social cada vez mais estreitas. e nas emoções que, embora seja individual e interior, só se
A sociologia também busca mostrar ao indivíduo as dife- constrói com base em relações significativas com outros se-
res humanos...
rentes realidades que o cerca. Porém, a Sociologia não é uma
Ao nível da sociabilidade a pessoa encontra-se como
ciência e sim apenas uma orientação teórico-metodológica
membro de uma sociedade organizada, necessitando de pas-
dominante. Ela traz diferentes estudos e diferentes caminhos
sar por um longo processo de sociabilização até que possa
para a explicação da realidade social. Assim, pode-se clara-
assumir-se como um membro ativo da sociedade a que per-
mente observar que a Sociologia tem ao menos três linhas
tence. Não se pode dizer que a sociedade é uma mera soma
mestras explicativas, fundadas pelos seus autores clássicos,
de indivíduos, uma vez que cada indivíduo é, em si mesmo,
das quais podem se citar, não necessariamente em ordem
um produto da cultura da sociedade a que pertence...
de importância: A filosofia, a arte, a religião, a literatura, a ciência... São vias
• A positivista-funcionalista, tendo como fundador Au- para alcançar a Universalidade, uma integração do indivíduo no
guste Comte e seu principal expoente clássico em Émile Dur- COSMOS, no TODO, realizando-se como Pessoa, no encontro
kheim, de fundamentação analítica; do que o transcende e pode dar um sentido à sua existência.
• A sociologia compreensiva iniciada por Max Weber, de “Dentro de ti estão todos os que te viram como gente ou
matriz teórico metodológica hermenêutico compreensiva; não, cada palavra que te dirigiram é uma luz ou uma ferida,
• A linha de explicação sociológica dialética, iniciada por às vezes, um clarão que cega ou mostra que sim, outras vezes
Karl Marx, que mesmo não sendo um sociólogo e sequer se um muro de sombra e um rio que secou sem razão porque
pretendendo a tal, deu início a uma profícua linha de expli- a palavra não pode semear-se no campo largo do contenta-
cação sociológica. mento fazendo crescer uma floresta morta de desencanta no
Para o filósofo francês Émile Durkheim, na vida em socie- que podia ser um jardim ou um campo verde sem princípio
dade o homem defronta com regras de conduta que não fo- nem fim” Herman Melville.
ram diretamente criadas por ele, mas que existem e são acei-
tas na vida em sociedade, devendo ser seguidas por todos.
Seguindo essas ideias, Durkheim afirma que os fatos so-
ciais, 2. O QUE PERMITE AO CANDIDATO VIVER EM
ou seja, o objeto de estudo da Sociologia, são justamen- SOCIEDADE?
te essas regras e normas coletivas que orientam a vida dos 2.1. A INSERÇÃO EM GRUPOS SOCIAIS:
indivíduos em sociedade. FAMÍLIA, ESCOLA, VIZINHANÇA, TRABALHO.
Esses fatos sociais têm duas características básicas que 2.2. RELAÇÕES E INTERAÇÕES SOCIAIS.
permitirão sua identificação na realidade: são exteriores e 2.3. SOCIALIZAÇÃO.
coercitivos.
Exteriores, porque consistem em ideias, normas ou re-
gras de conduta, foram criadas pela sociedade e já existem A socialização é um tipo específico de interação que
fora dos indivíduos quando eles nascem. molda a natureza da personalidade humana e, por sua vez, o
Coercitivos, porque essas ideias, normas e regras devem comportamento humano, a interação e a participação na so-
ser seguidas pelos membros da sociedade. Se alguém deso- ciedade. Sem socialização, nem os homens sem a sociedade
bedece a elas, é punido pelo resto do grupo. seriam possíveis.

1
SOCIOLOGIA

São facilmente perceptíveis as diferenças de costumes que O ser humano é o único animal capaz de sentir e expres-
existem de uma sociedade para outra. Os primeiros pensadores sar as suas próprias emoções. É o único também capaz de
sociais apontaram, com certa razão, que estes costumes são di- perceber o que realmente acontece à sua volta. E é justa-
ferentes em parte por causa da própria diferença entre os meios mente essa capacidade de construir uma análise crítica pró-
físicos em que se encontram as sociedades: em um ambiente de pria e do mundo, que o distingue dos outros animais.
clima frio, as pessoas usarão mais roupas e provavelmente fica- O que nos diferencia uns dos outros é a intensidade de
rão menos tempo fora de suas casas; em um local com alimentos um motivo e a prioridade que tal motivo tem na vida de uma
abundantes elas poderão trabalhar menos e não terão de compe- pessoa. Por isso que cada pessoa apresenta uma estrutura
tir por comida. Mas como explicar, através desta ideia de determi- motivacional diferente.
nismo físico, que em certos lugares a manipulação da comida seja Cada um de nós possui uma essência, e isso é a principal
feita com dois pauzinhos, em outros com diversos talheres e ainda diferença entre cada um de nós.
em outros com as próprias mãos? Estas diferenças são resultados É exatamente o oposto ao princípio da tábula rasa,
não da adaptação da sociedade ao meio, mas da adequação dos enunciado por John Locke, que diz que cada um de nós ao
indivíduos à vida em sociedade. É a este processo de integração nascer é como se fosse uma folha de papel em branco, e
de cada pessoa aos costumes preexistentes que damos o nome que as diferenças entre os seres humanos se dão somente a
da socialização. De maneira mais completa, define-se socialização partir das experiências que cada um vivencia.
como a internalização de ideias e valores estabelecidos coletiva- As experiências também geram diferenças entre nós, é
mente e a assimilação de papéis e de comportamentos socialmen- claro.
te desejáveis. Significa, portanto, a incorporação de cada homem As influências familiares, culturais, os grupos sociais aos
a uma identidade maior que a individual: no caso, a incorporação quais estamos inseridos.
do homem à sociedade. É importante associar de maneira correta O conceito de cultura, tal como o de sociedade, é uma
a socialização à cultura: esta se encontra profundamente ligada à das noções mais amplamente usadas em Sociologia.
estrutura social, enquanto que a socialização pode ser resumida à A cultura consiste nos valores de um dado grupo de
transmissão de padrões culturais. pessoas, nas normas que seguem e nos bens materiais que
O processo de socialização por excelência é a educação. Mas
criam. Os valores são ideias abstratas, enquanto as normas
não somente aquela que adquirimos na escola, a denominada
são princípios definidos ou regras que se espera que o povo
educação formal que consiste, entre outros conhecimentos, no
cumpra. As normas representam o «permitido» e o «interdi-
aprendizado da língua e da história do próprio povo. Há outra
to» da vida social. Assim, a monogamia – ser fiel a um único
educação, que aprendemos apenas no próprio convívio com as
parceiro matrimonial – é um valor proeminente na maioria
outras pessoas e que corresponde ao modo como devemos agir
das sociedades ocidentais. Em muitas outras culturas, uma
em momentos-chave da nossa vida. É a socialização através da
pessoa é autorizada a ter várias esposas ou esposos simul-
família, dos amigos e até mesmo de desconhecidos. As famílias
ensinam, a título de exemplo, quais das suas necessidades de- taneamente. As normas de comportamento no casamento
vem ser atendidas pelo pai e quais devem ser atendidas pela mãe. incluem, por exemplo, como se espera que os esposos se
Com os amigos aprendemos os princípios da solidariedade e a comportem com os seus parentes por afinidade. Em algu-
importância da prática de esportes. Com desconhecidos pode- mas sociedades, o marido ou a mulher devem estabelecer
mos aprender a aguardar a nossa vez em fila, sem atropelos, e uma relação próxima com os seus parentes por afinidade;
a não falar alto em locais como o teatro ou a sala de aula. Ou- noutras, espera-se que se mantenham nítidas distâncias en-
tro exemplo claro é o caso de um homem que muda de país e tre eles.
que tem de aprender o idioma e as normas da nova sociedade Quando usamos o termo, na conversa quotidiana co-
em que se encontra, isto é, os padrões segundo os quais seus mum, pensamos muitas vezes na «cultura» como equiva-
membros se relacionam. Vista dessa maneira, a socialização pode lente às «coisas mais elevadas do espírito» – arte, literatura,
ser interpretada como condicionadora das atitudes e, portan- música e pintura. Os sociólogos incluem no conceito estas
to, como uma expressão da coerção social. Mas a socialização, atividades, mas também muito mais. A cultura refere-se
justamente por se realizar de maneira difusa e fragmentada por aos modos de vida dos membros de uma sociedade, ou de
diferentes processos, deixa alguns espaços de ação livres para a grupos dessa sociedade. Inclui a forma como se vestem os
iniciativa individual espontânea, como a escolha dos amigos, do costumes de casamento e de vida familiar, as formas de tra-
local onde se deseja morar ou da atividade que se quer exercer. balho, as cerimônias religiosas e as ocupações dos tempos
Se existem diferentes processos de socialização, tanto entre livres. Abrange também os bens que criam e que se tornam
sociedades quanto dentro de uma mesma, é possível atribuir a portadores de sentido para eles – arcos e flechas, arados,
eles limites e graduações. A socialização na esfera econômica in- fábricas e máquinas, computadores, livros, habitações.
duz ao trabalho, mas não a que tipo de trabalho. Aprende-se a A cultura pode ser distinguida conceptualmente da
respeitar os mais velhos, mas nada impede a repreensão de um «sociedade», mas há conexões muito estreitas entre estas
setuagenário que solte baforadas de charuto em alguém. Há a noções. Uma sociedade é um sistema de inter-relações que
possibilidade de identificarmos indivíduos mais ou menos so- ligam os indivíduos em conjunto. Nenhuma cultura pode
cializados, isto é, mais ou menos integrados aos padrões sociais. existir sem uma sociedade. Mas, igualmente, nenhuma so-
Uma pessoa pode ser um ótimo arquiteto, ao mesmo tempo em ciedade existe sem cultura. Sem cultura, não seríamos de
que é alcoólatra. Uma pessoa pouco socializada não absorveu modo algum «humanos», no sentido em que normalmente
completamente os princípios que regem a sociedade, causando usamos este termo.
frequentemente transtornos aos que estão à sua volta.

2
SOCIOLOGIA

as formas de trabalho, as cerimônias religiosas e as ocupações


dos tempos livres. Abrange também os bens que criam e que se
3. O QUE NOS UNE COMO HUMANOS? O QUE
tornam portadores de sentido para eles – arcos e flechas, arados,
NOS DIFERENCIA? fábricas e máquinas, computadores, livros, habitações.
3.1. O QUE NOS DIFERENCIA COMO A cultura pode ser distinguida conceptualmente da «so-
HUMANOS. ciedade», mas há conexões muito estreitas entre estas noções.
3.2. CONTEÚDOS SIMBÓLICOS DA VIDA Uma sociedade é um sistema de inter-relações que ligam os in-
HUMANA: CULTURA. divíduos em conjunto. Nenhuma cultura pode existir sem uma
3.3. CARACTERÍSTICAS DA CULTURA. sociedade. Mas, igualmente, nenhuma sociedade existe sem cul-
3.4. A HUMANIDADE NA DIFERENÇA. tura. Sem cultura, não seríamos de modo algum «humanos», no
sentido em que normalmente usamos este termo.

3.3 Características da cultura


3.1 O que nos diferencia como humanos. A principal característica da cultura é o chamado meca-
O ser humano é o único animal capaz de sentir e expressar nismo adaptativo: a capacidade de responder ao meio de
as suas próprias emoções. É o único também capaz de perceber acordo com mudança de hábitos, mais rápida do que uma
o que realmente acontece à sua volta. E é justamente essa capa- possível evolução biológica.
cidade de construir uma análise crítica própria e do mundo, que O homem não precisou, por exemplo, desenvolver longa
o distingue dos outros animais. pelagem e grossas camadas de gordura sob a pele para vi-
O que nos diferencia uns dos outros é a intensidade de um ver em ambientes mais frios – ele simplesmente adaptou-se
motivo e a prioridade que tal motivo tem na vida de uma pessoa. com o uso de roupas, do fogo e de habitações. A evolução
Por isso que cada pessoa apresenta uma estrutura motivacional cultural é mais rápida do que a biológica. No entanto, ao re-
diferente. jeitar a evolução biológica, o homem torna-se dependente
Cada um de nós possui uma essência, e isso é a principal da cultura, pois esta age em substituição a elementos que
diferença entre cada um de nós. constituiriam o ser humano; a falta de um destes elementos
É exatamente o oposto ao princípio da tábula rasa, enun- (por exemplo, a supressão de um aspecto da cultura) causaria
ciado por John Locke, que diz que cada um de nós ao nascer é o mesmo efeito de uma amputação ou defeito físico, talvez
como se fosse uma folha de papel em branco, e que as diferen- ainda pior.
ças entre os seres humanos se dão somente a partir das expe- Além disso, a cultura é também um mecanismo cumu-
riências que cada um vivencia. lativo. As modificações trazidas por uma geração passam à
As experiências também geram diferenças entre nós, é cla- geração seguinte, de modo que a cultura transforma-se per-
ro. As influências familiares, culturais, os grupos sociais aos quais dendo e incorporando aspectos mais adequados à sobrevi-
estamos inseridos. vência, reduzindo o esforço das novas gerações.
Um exemplo de vantagem obtida através da cultura é o
3.2 Conteúdos simbólicos da vida: cultura desenvolvimento do cultivo do solo, a agricultura.
O conceito de cultura, tal como o de sociedade, é uma das Com ela o homem pôde ter maior controle sobre o for-
noções mais amplamente usadas em Sociologia. necimento de alimentos, minimizando os efeitos de escassez
A cultura consiste nos valores de um dado grupo de pes- de caça ou coleta. Também pôde abandonar o nomadismo;
soas, nas normas que seguem e nos bens materiais que criam. daí a fixação em aldeamentos, cidades e estados.
Os valores são ideias abstratas, enquanto as normas são prin-
cípios definidos ou regras que se espera que o povo cumpra. 3.4 A humanidade na diferença
As normas representam o «permitido» e o «interdito» da vida
social. Assim, a monogamia – ser fiel a um único parceiro ma- A agricultura também permitiu o crescimento populacio-
trimonial – é um valor proeminente na maioria das sociedades nal de maneira acentuada, que gerou novo problema: produ-
ocidentais. Em muitas outras culturas, uma pessoa é autorizada zir alimento para uma população maior. Desenvolvimentos
a ter várias esposas ou esposos simultaneamente. As normas de técnicos
comportamento no casamento incluem, por exemplo, como se – facilitados pelo maior número de mentes pensantes
espera que os esposos se comportem com os seus parentes por – permitem que essa dificuldade seja superada, mas por
afinidade. Em algumas sociedades, o marido ou a mulher devem sua vez induzem a um novo aumento da população; o
estabelecer uma relação próxima com os seus parentes por afi- aumento populacional e assim causa e consequência do
nidade; noutras, espera-se que se mantenham nítidas distâncias avanço cultural.
entre eles.
Quando usamos o termo, na conversa quotidiana comum,
pensamos muitas vezes na «cultura» como equivalente às «coisas
mais elevadas do espírito» – arte, literatura, música e pintura. Os
sociólogos incluem no conceito estas atividades, mas também
muito mais. A cultura refere-se aos modos de vida dos membros
de uma sociedade, ou de grupos dessa sociedade. Inclui a forma
como se vestem os costumes de casamento e de vida familiar,

3
SOCIOLOGIA

No caso dos muçulmanos, a construção artificial desse con-


4. O QUE NOS DESIGUALA COMO HUMANOS? ceito é mais nítida, pois quase sempre oriundos de migra-
4.1. ETNIAS. ções recentes para a Europa, seus integrantes são originários
4.2. CLASSES SOCIAIS. de diferentes países e culturas distintas, mas ao se instalarem
4.3. GÊNERO. em lugares como a França e a Inglaterra em geral se identificam
como uma mesma etnia, independentemente do país de ori-
4.4. GERAÇÃO.
gem. Tal situação pode ser percebida sobretudo com relação
aos descendentes dos primeiros imigrantes, e a construção de
uma identidade comum “árabe” ou “muçulmana” vem tanto do
O conceito de etnia vem ganhando espaço cada vez fato de possuírem uma mesma religião quanto do fato de a so-
maior nas ciências sociais a partir das crescentes críticas ao con- ciedade os tratar em geral como um grupo homogêneo.
ceito de raça e, em alguns casos, ao conceito de tribo. Apesar Alguns sociólogos diferenciam etnia e grupo étnico, pois
disso, é ainda considerado por muitos uma noção pouco defi- para eles um grupo precisa de uma interação entre todos os
nida. O termo etnia surgiu no início do século XIX para designar seus membros, enquanto a etnia abrange um número grande
as características culturais próprias de um grupo, como a língua demais de pessoas para que haja relação direta entre todas elas.
e os costumes. Foi criado por Vancher de Lapouge, antropólogo O grupo étnico seria, então, um conjunto de indivíduos que
que acreditava que a raça era o fator determinante na história. apresenta uma interação entre todos os seus membros, além
Para ele, a raça era entendida como as características hereditá- das características gerais da etnia. Por essa distinção, os mem-
rias comuns a um grupo de indivíduos. Elaborou então o concei- bros de uma vizinhança judaica em uma cidade do Ocidente,
to de etnia para se referir às características não abarcadas pela por exemplo, onde todos os indivíduos frequentam a mesma
raça, definindo etnia como um agrupamento humano baseado sinagoga, constituem um grupo étnico, ao passo que os judeus
em laços culturais compartilhados, de modo a diferenciar esse como um todo compõem uma etnia.
conceito do de raça (que estava associado a características físi- Atualmente, os debates em torno da ideia de etnia conti-
cas). Já Max Weber, por sua vez, fez uma distinção não apenas nuam acirrados. Primeiro porque a Antropologia não considera
entre raça e etnia, mas também entre etnia e Nação. Para ele, mais raça um conceito determinado biologicamente. Hoje, raça
pertencer a uma raça era ter a mesma origem (biológica ou cul- significa a percepção das diferenças físicas pelos grupos sociais,
tural), ao passo que pertencer a uma etnia era acreditar em uma e como essa percepção afeta as relações sociais, aproxima-se
origem cultural comum. A Nação também possuía tal crença, bastante da própria definição de etnia. Por outro lado, alguns
mas acrescentava uma reivindicação de poder político. antropólogos franceses, no fim da década de 1980, afirmaram
A etnia é um objeto de estudo da Antropologia, e se carac- que o conceito de etnia estava sendo pregado para as socie-
terizou desde cedo como tema principal da Etnologia, ciência dades ditas primitivas com a intenção de apagar a historicida-
que se propõe a estudar diferentes grupos étnicos, constituin- de delas. Para Amselle, por exemplo, o conceito de etnia, bem
do-se em torno da própria noção de etnia. Durante o século XX, como o de tribo, era usado em substituição ao de Nação, para
essas duas disciplinas multiplicaram as conceituações sobre o as “sociedades primitivas”, passando a ideia de Nação a per-
termo. Autores como Nadel e Meyers Fontes afirmam que uma tencer exclusivamente aos “Estados civilizados”. Dessa forma, o
etnia é um grupo cuja coesão vem de seus membros acredita- conceito de etnia teria um sentido etnocêntrico bastante acen-
rem possuir um antepassado comum, além de compartilharem tuado. Mas, apesar dessas controvérsias, a Antropologia traba-
uma mesma linguagem. Para essa definição, baseada em We- lha também com a noção de etnicidade, que é um sentimento
ber, uma etnia seria um conjunto de indivíduos que afirma ter de pertencer exclusivamente a um determinado grupo étnico.
traços culturais comuns, distinguindo-se, assim, de outros gru- Um conceito próximo ao de identidade.
pos culturais. Podemos perceber, dessa forma, os intensos debates em
Nesse sentido, não importa se o grupo realmente descende torno do conceito de etnia, e o quanto esse conceito ainda pre-
de uma mesma comunidade original: o que importa é que os cisa ser mais bem caracterizado. Não obstante, os estudos et-
indivíduos compartilhem essa crença em uma origem comum. nológicos têm crescido, principalmente porque, desde a década
Uma crença confirmada, a seu ver, pelos costumes semelhantes. de 1960, muitas reivindicações políticas no mundo se apresen-
Assim, uma etnia se sente parte de uma mesma comunida- tam como étnicas, baseadas em crenças em uma identidade
de que possui religião, língua, costumes logo, uma cultura em comum, contexto esse que motiva os cientistas sociais a conti-
comum. Notemos que nesse conceito não importa somente o nuarem refletindo sobre o conceito.
fato de as pessoas que compõem uma etnia compartilharem os É preciso ressaltar que se, por um lado, muitas comunida-
mesmos costumes, mas sobretudo o fato de elas acreditarem des se auto afirmam positivamente a partir de seus costumes,
fazer parte de um mesmo grupo. Nesse sentido, a etnia é uma por outro, a identidade étnica (a etnicidade) é um elemento que
construção artificial do grupo, e sua existência depende de seus contribui para a construção do etnocentrismo. Ao se identifi-
integrantes quererem e acreditarem fazer parte dela. carem como membros de uma cultura em comum, diferente
Toda etnia se identifica como um grupo distinto, conside- dos que o cercam, um determinado grupo reage às culturas
rando-se diferente de outros grupos, e baseia sua identidade diferentes muitas vezes com repulsa. O sentimento de superio-
em uma religião e rituais específicos. Assim, os judeus e muçul- ridade diante de diferentes culturas é, assim, criado na identi-
manos dentro das atuais Nações europeias são, cada um por dade étnica. Dessa forma, os franceses se sentem superiores
seu lado, etnias, por se identificarem como grupos distintos aos “árabes” (como classificam todos os que professam a fé
e reivindicarem identidades próprias baseadas em religiões e muçulmana, sejam árabes ou não) por acreditarem possuir
costumes diferentes das sociedades em que estão inseridos. uma origem diferente e uma cultura que os outros não com-

4
SOCIOLOGIA

partilham. Isso acontece com os norte-americanos diante é o nível de renda e a capacidade de acumular bens de sua
dos hispânicos, e já aconteceu em outras épocas da história, própria renda; as pessoas que têm bens agem e pensam dife-
como entre os alemães e os judeus durante a Segunda Guerra rentemente do que as que não têm. E quanto menos dinheiro
Mundial. Em suma, a discussão sobre etnia nos leva a repen- você tem, maior é a diferença entre você e os que têm alguns
sar o próprio conceito de etnocentrismo. Para o professor de bens.
História, conhecer o conceito de etnia é uma exigência fun- Uma última fronteira é quanto poder e prestígio você tem,
damental, pois os programas curriculares discutem cada vez como resultado de sua renda ou natureza de seu trabalho. Pes-
mais as minorias no Brasil. Essas minorias são estudadas pela soas com poder e prestígio agem e pensam diferentemente
Antropologia como etnias, mas algumas delas ainda se iden- dos que não têm esses bens.
tificam muitas vezes como raças. É o caso dos negros brasilei- Essas fronteiras de classe são vagas, indicando que não
ros. Enquanto os antropólogos discutem a validade de termos há qualquer divisão ou rígida descontinuidade entre elas. Vol-
como raça e etnia, o que precisamos apreender de todo esse tando à questão da mobilidade social, há possibilidades de
debate e discutir com os alunos é que, seja na raça ou na etnia, mobilidade entre essas classes, mas não há grandes saltos.
o fato de um indivíduo pertencer a um desses grupos é mais Estatisticamente, é mais provável que você mude para a clas-
uma questão de sentimento, de identidade, do que de deter- se mais próxima ou acima ou abaixo. Se começar pela média
minação física ou mesmo cultural. Vale lembrar ainda que tanto baixa, você pode esperar mudar para a média sólida, ou mudar
a concepção atual de raça quanto a de etnia são conceitos que para um emprego operário mais alto. Se começar nas classes
buscam dar conta da multiplicidade de culturas, de hábitos e operárias, você pode mudar com a aquisição de diplomas para
crenças que a humanidade apresenta, e das implicações políti- as classes médias. Mas, se a economia está em recessão e se o
cas dessas diferenças. governo corta gastos, então é provável que você permaneça
(Texto adaptado de SILVA, K. V. e SILVA, M. H.). onde começou ou que até mesmo desça a escada da estratifi-
Quantas classes há na sociedade isto é, pessoas que di- cação. A maioria dos brasileiros permanece em uma classe so-
videm uma dada fatia da torta de dinheiro e prestígio e que, cial durante toda a sua vida; e, se eles mudam, não é para muito
desta forma, revelam características comuns? longe apesar de muito discurso sobre aqueles que passaram
Quão claras são as fronteiras? Quanta mobilidade de classe de muito pobres a ricos.
para classe ocorre durante uma, ou entre gerações? E quão du- Em todas as sociedades, os indivíduos categorizam-se uns
radouras são as classes? Algumas das respostas a essas pergun- ao outros como masculino ou feminino e, com base nessa dis-
tas são mais fáceis do que outras. Vamos tomá-las em ordem. tinção, as crenças culturais e normas indicam quais status os
Quantas classes existem? A resposta depende da nossa homens e as mulheres deveriam ocupar e como elas deveriam
sintonia com a realidade. Uma aproximação irregular distin- desempenhar os papéis associados com esses status. Tem ha-
guiria o seguinte: elite (ricos, poderosos e prestigiosos), mui- vido no curso da evolução humana enorme variação no que é
to ricos (riqueza acumulada e prestígio de profissões de alta definido como adequado aos homens e às mulheres, um fato
renda ou empresas), profissionais executivos de classe mé- que indica que distinções entre os sexos são mais sociocultu-
dio-alta (profissionais com alto salário ou pessoas de negócios rais do que biológicas. Esse processo de definir culturalmente
bem sucedidas que acumularam alguma riqueza), sólida classe status e papéis adequados para cada sexo é denominado de
média administrativa (renda respeitável, alguma riqueza em diferenciação de gênero; e esse conceito deveria ser distinto
fundo de pensão e participação de lucros da empresa), classe da diferenciação sexual, que denota as diferenças biológicas
média mais baixa (renda modesta, poucos bens acumulados, entre homens e mulheres As duas noções, de sexo e gênero,
talvez participação de lucros da empresa), classe trabalhadora entretanto, não são tão facilmente separadas porque muito do
alta (renda respeitável, alguma riqueza em fundos de pensão e que a população costuma ver como tendências “naturais”, bio-
participação de lucros da empresa), operária de classe média lógicas, dos sexos são culturalmente definido e reforçado atra-
(renda modesta, poucos bens acumulados), e os pobres (ren- vés de sanções. As únicas diferenças biológicas claras entre os
da baixa, desempregados, “desempregáveis” sem qualquer homens e as mulheres são diferenças geneticamente causadas
auxílio). Como importante observação, esta última classe, de nas secreções hormonais e seus efeitos no desenvolvimento
pessoas pobres, é a maior do mundo. dos órgãos sexuais e outras características anatômicas (estru-
Uma pesquisa divulgada pelo jornal “O Globo”, em 2006, tura óssea, percentual de camada de gordura e musculatura).
afirma que a riqueza está fortemente concentrada na América Pode haver outras diferenças fundamentadas geneticamente,
do Norte, na Europa e nos países de alta renda da Ásia e do Pa- mas não há evidências claras para essas. Além disso, até mes-
cífico. Os moradores desses países detêm juntos quase 90 por mo as diferenças mais inequívocas tornam-se tão elaboradas
cento do total da riqueza do planeta’’, disse a pesquisa. e impregnadas por crenças culturais e normas, e por papéis
“Nós calculamos que os 2 por cento dos adultos mais ri- sociais e práticas dentro de estruturas sociais, que tornam obs-
cos do mundo possuem mais da metade da riqueza global cura a fronteira entre o sexo e o gênero.
enquanto os 50 por cento mais pobres, 1 por cento”, disse An- Nas Ciências Sociais, e mesmo no âmbito de senso co-
thony Shorrocks, diretor do instituto. mum, o termo traduz, vulgarmente, a referência a um conjunto
As diferenças nessas classes giram em torno de diversos de indivíduos nascidos num mesmo tempo, que detêm uma
fatores. Um deles é se o trabalho é manual (operárias) ou não experiência comum, e expressa uma determinada forma de en-
manual (intelectual); esse fator é muito importante, e podemos carar a vida e os seus problemas. A geração pode também ser
sempre observar facilmente as diferenças na conduta, no es- entendida na base de um movimento cultural que emergiu
tilo de vida e em outras características das pessoas do setor em determinado momento da vida de uma sociedade, sem
administrativo e da linha de produção. Outro ponto de corte que isso tenha a ver com o tempo de nascimento daque-

5
SOCIOLOGIA

les que o representam. É com esse sentido que, por exemplo, As regiões brasileiras apresentam diferentes peculia-
se alude à geração de 70 por referência ao movimento literá- ridades culturais.
rio português do século XIX. Mas, em termos mais concretos, No Nordeste, a cultura é representada através de danças e
cada geração distancia-se das que lhe estão chegadas anterior festas como o bumba meu boi, maracatu, caboclinhos, carnaval,
e posterior por um período de 20 anos. Dizse, de forma con- ciranda, coco, reisado, frevo, cavalhada e capoeira. A culinária
sensual, que uma geração representa vinte anos e isso implica típica é representada pelo sarapatel, buchada de bode, peixes e
aceitarmos as diferenças que ela possa ter em relação a outras frutos do mar, arroz doce, bolo de fubá cozido, bolo de massa
gerações, diferenças que, naturalmente, se traduzem em todos de mandioca, broa de milho verde, pamonha, cocada, tapioca,
os domínios sociais e para as quais contribuem o progresso pé de moleque, entre tantos outros. A cultura nordestina tam-
tecnológico, a escola, as transformações econômicas e, em sen- bém está presente no artesanato de rendas. O Centro-Oeste
tido lato, as transformações de toda uma sociedade. Por isso, as brasileiro tem sua cultura representada pelas cavalhadas e procis-
diferenças entre gerações, ao existirem, têm necessariamente são do fogaréu, no estado de Goiás; e o cururu em Mato Grosso
uma relação com a sociedade em si e, mais do que isso, com a e Mato Grosso do Sul. A culinária é de origem indígena e recebe
sua própria estrutura sociodemográfica. Hoje se fala muito, nas forte influência da culinária mineira e paulista.
sociedades desenvolvidas, em conflito de gerações como uma
consequência do progressivo aumento da esperança média de O estrangeiro do ponto de vista sociológica
vida nas idades mais avançadas: as distâncias de tempo que No século XIX começaram a chegar muitos imigrantes, prin-
existem entre os jovens e os idosos é, nesta interpretação, um cipalmente da Europa, para substituírem os escravos nas lavouras,
fator de desentendimento entre gerações, dadas as distâncias por causa do fim do tráfico negreiro. Outros motivos foram: os
de valores e de universos socialmente apreendidos. Não é pa- donos de fazendas não queriam pagar salários para ex-escravos
cífica esta tese, tanto mais que, nas mesmas sociedades, nunca e havia uma política que buscava o clareamento da população. De
se deixou de valorizar, apesar de outro tipo de “concorrências”, italianos, ao contrário do que eu disse para algumas turmas, che-
o papel, por exemplo, dos avós na educação dos netos e, por garam ao Brasil aproximadamente 1,5 milhão de italianos. Destes
consequência, a sua importante ação enquanto transmissores vários imigrantes – onde se enquadram também os alemães, po-
de certa ideia da sociedade em que estão inseridos e dos valo- loneses, ucranianos, japoneses, chineses, espanhóis, sírio-libaneses,
armênios, coreanos – alguns se espalharam com suas famílias e ou-
res que partilham.
tros se organizaram em colônias ou vilas. Os grupos que se man-
Em termos analíticos, podemos ainda definir geração por um
tiveram unidos até hoje conseguiram resguardar a cultura de seus
corte efetuado sobre um conjunto de pessoas nascidas em de-
antepassados, ao contrário de outros indivíduos que simplesmente
terminado período, coincidente, normalmente, com um ano civil.
se misturaram ao resto da população brasileira. Assim, encontra-
mos colônias japonesas espalhadas pelo Brasil, assim como bairros
5. DE ONDE VEM A DIVERSIDADE SOCIAL com grupos de descendentes de grupos de imigrantes predomi-
BRASILEIRA? nantes ou até cidades fundadas por grupos de imigrantes, como,
por exemplo: as cidades de Americana e Holambra (de origem es-
5.1. A POPULAÇÃO BRASILEIRA: DIVERSIDADE
tadunidense e holandesa, respectivamente), e os bairros da Mooca,
NACIONAL E REGIONAL. do Bexiga e da Liberdade, na cidade de São Paulo (sendo os dois
5.2. O ESTRANGEIRO DO PONTO DE VISTA primeiros de origem italiana e o outro de origem japonesa). Nestes
SOCIOLÓGICO. lugares, a cultura pode ser vista nos estabelecimentos comerciais,
5.3. A FORMAÇÃO DA DIVERSIDADE: no dialeto e nas festas tradicionais. O que ainda é muito visível, in-
5.3.1. MIGRAÇÃO, EMIGRAÇÃO E IMIGRAÇÃO. dependente de onde se esteja, é o caso do fenômeno dos decas-
5.3.2. ACULTURAÇÃO E ASSIMILAÇÃO. séguis – com um grande aumento na quantidade de descendentes
de japoneses que vão para o Japão trabalhar – e, ainda sobre os
nisseis e sanseis, o fato de muitos andarem em grupos formados
por outros descendentes de japoneses. Isto se dá pela força da cul-
5.1 A população brasileira: diversidade nacional e tura que faz com que os seus pais sejam muito rígidos na formação
regional dos filhos, até mesmo sobre os seus relacionamentos.
Apesar do processo de globalização, que busca a Uma curiosidade: O “Moinho de Holambra” funciona como
mundialização do espaço geográfico – tentando, através dos os moinhos holandeses, não sendo meramente um enfeite.
meios de comunicação, criar uma sociedade homogênea –
aspectos locais continuam fortemente presentes. A cultura é A formação da diversidade
um desses aspectos: várias comunidades continuam manten- Nos processos de aculturação e de assimilação ocorrem mu-
do seus costumes e tradições. danças culturais, porem são diferentes. Estas mudanças ocorrem
O Brasil, por apresentar uma grande dimensão territorial, por causas externas, quando duas ou mais culturas entram em
possui vasta diversidade cultural. Os colonizadores europeus, contato, porém as mudanças não se dão apenas por causas
a população indígena e os escravos africanos foram os pri- externas, há mudanças por fatores internos da própria cultura.
meiros responsáveis pela disseminação cultural no Brasil. Em No final do processo de aculturação pode ocorrer a assimilação,
seguida, os imigrantes italianos, japoneses, alemães, árabes, que implica o fim da cultura de um dos grupos, uma vez que a
entre outros, contribuíram para a diversidade cultural do Bra- cultura do segundo grupo é assimilada pelo primeiro, embora
sil. Aspectos como a culinária, danças, religião, são elementos seja algo muito difícil de ocorrer (Falaremos no item 5.3.2 mais
que integram a cultura de um povo. detalhadamente sobre Aculturação e Assimilação).

6
SOCIOLOGIA

Aculturação e Assimilação:
Além do conceito de Darcy Ribeiro sobre como se fun- 6. QUAL A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO NA
dou a sociedade brasileira – através da miscigenação da VIDA SOCIAL BRASILEIRA?
“raça” branca (português), negra (povos africanos) e índio
6.1. O TRABALHO COMO MEDIAÇÃO.
(nativos brasileiros) – outros autores ao olhar de outra ma-
6.2. DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO:
neira, menos “poética”, olham, além deste primeiro momen-
to da miscigenação um tanto forçada na maior pare do tem-
6.2.1. DIVISÃO SEXUAL E ETÁRIA DO
po entre estes três grupos. TRABALHO.
Outros grupos que fizeram parte da formação da socie- 6.2.2. DIVISÃO MANUFATUREIRA DO
dade brasileira vieram, principalmente, da Europa. Muitos TRABALHO.
países da Europa tiveram sua contribuição na imigração bra- 6.3. PROCESSO DE TRABALHO E RELAÇÕES DE
sileira: Espanha, Portugal, Itália, Alemanha, Suíça, Holanda, TRABALHO.
Ucrânia. Além disso, tivemos a imigração chinesa, coreana, 6.4. TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO
japonesa, estadunidense, boliviana, sírio-libanesa, e outras TRABALHO.
imigrações menos representativas. Em todo caso, cada um 6.5. EMPREGO E DESEMPREGO NA
destes grupos possibilitaram mudanças na realidade cultural ATUALIDADE.
no Brasil desde o século XVI. É evidente, e não podemos des-
cartar, que o Brasil como colônia tinha outras características
que hoje já não são as mesmas, inclusive naquilo que ainda
é muito forte: a religião. Os dogmas católicos já resultaram O trabalho como mediação
em punições severas para os tidos como hereges ou pagãos. A palavra Trabalho deriva do latim tripalium, objeto de três
Hoje, depois de séculos de iluminismo e liberalismo, os direi- paus aguçados utilizado na agricultura e também como instru-
tos individuais se fortaleceram, como o direito a vida. mento de tortura. Mas ao trabalho associamos a transformação
Todos os povos, isolados ou não, possuem mudanças da natureza em produtos ou serviços, portanto em elementos
em sua cultura com o passar do tempo. No caso brasilei- de cultura. O trabalho é, desse modo, o esforço realizado, e
também a capacidade de reflexão, criação e coordenação.
ro, encontramos essas mudanças no idioma, na alimentação,
Ao longo da história, o trabalho assumiu múltiplas for-
no vestuário. Exemplo: Mandioca (Manioca – Tupi), Nhoque
mas. Um importante pensador sobre esse assunto foi Karl
(Gnocchi – italiano), calça jeans (genes – italiano, mas difun-
Marx. Para esse autor, o trabalho, fruto da relação do homem
dido como jeans por Levis Strauss – estadunidense). Todas
com a natureza, e do homem com o próprio homem, é o que
estas coisas, e outras mais fazem parte do nosso dia a dia e
nos distingue dos animais e move a História.
compõem nossa cultura. Um dos primeiros a estudar esse
fenômeno foi John Wesley Powell, um geólogo estaduniden-
O trabalho na vida do homem
se. Na segunda metade do século XIX, após ter estudado a
O trabalho sempre fez parte da vida dos seres humanos.
cultura indígena do oeste dos EUA, Powell começou a estu- Foi através dele que as civilizações conseguiram se desen-
dar fenômeno da imigração italiana para o país. Deste estu- volver e alcançar o nível atual. O trabalho gera conhecimen-
do, percebeu que as características de uma cultura podiam tos, riquezas materiais, satisfação pessoal e desenvolvimento
ser adquiridas pela outra a partir do contato, a modificando, econômico. Por isso ele é e sempre foi muito valorizado em
independente do distanciamento ou discriminação que um todas as sociedades.
grupo cultural possa ter em relação ao outro. A esta “troca”
de características, Powell deu o nome de aculturação. Trabalho e salário – Capitalismo
Outro fenômeno que se aproxima deste é outro, mais Nas sociedades europeias, depois da Idade Média, a
raro: a Assimilação. Neste fenômeno, um grupo cultural mais ideia do trabalho regular se impõe aos poucos. É o início do
forte “absorve” o grupo cultural mais fraco. No Brasil, mui- Capitalismo. Essa nova concepção vai além da atividade agrí-
tos dos imigrantes se casaram com brasileiros, ou os seus cola marcada pelos ciclos da natureza.
filhos, fazendo que muito do fosse uma cultura de povo, mas
isolada em uma família, se “diluísse” em meio à sociedade Diferença entre trabalho e emprego
brasileira, restando apenas algumas características do povo Vale dizer que há diferença entre trabalho e emprego.
nos descendentes destes imigrantes. Enquanto o primeiro envolve a atividade executada em si,
Outro ponto foi à destruição dos tupinambás: as mulhe- o segundo referese ao cargo ou ocupação de um indivíduo
res eram capturadas e forçadas a viver com os portugueses numa empresa ou órgão público.
que vieram morar no Brasil; os homens, ou eram escraviza-
dos, ou mortos em “guerras justas”. Os séculos que se segui- Divisão do trabalho na manufatura e divisão do tra-
ram desde a chegada das primeiras embarcações de Portu- balho na sociedade.
gal, os tupinambás e outros grupos étnicos deixaram algu- Considerando apenas o trabalho, podemos chamar a se-
mas de suas características – produtos alimentícios, técnicas paração da produção social em seus grandes ramos, agricul-
de artesanato, armas – mas a grande etnia Tupi foi dizimada. tura, indústria, etc., divisão do trabalho em geral; a diferencia-
ção desses grandes ramos em espécies e variedades, de divi-
são do trabalho em particular, e a divisão do trabalho numa

7
SOCIOLOGIA

oficina, de divisão do trabalho individualizada, singularizada. Enquanto a divisão social do trabalho, quer se proces-
A divisão social do trabalho e a correspondente limitação dos se ou não através da troca de mercadorias, é inerente às mais
indivíduos a esferas profissionais particulares desenvolvem- diversas formações econômicas da sociedade, a divisão do tra-
se, como a divisão do trabalho na manufatura. Numa família balho na manufatura é uma criação específica do modo de pro-
e posteriormente numa tribo surge uma divisão natural de dução capitalista.
trabalho, em virtude das diferenças de sexo e idade. A troca
de produtos se origina nos pontos em que diferentes famí- Processo de trabalho e relações de trabalho.
lias, tribos, comunidades entram em contato. A utilização da força de trabalho é o próprio trabalho. O
Comunidades diferentes encontram diferentes meios comprador da força de trabalho consome-a, fazendo o vende-
de produção e diferentes meios de subsistência em seu am- dor de ela trabalhar. Este, ao trabalhar, torna-se realmente no
biente natural. É essa diferença natural que provoca a troca que antes era apenas potencialmente: força de trabalho em
recíproca de produtos e em consequência a transformação ação, trabalhador. Para o trabalho reaparecer em mercadorias,
progressiva desses produtos em mercadoria. tem de ser empregado em valores-de-uso, em coisas que sir-
A troca não cria a diferença entre os ramos de produ- vam para satisfazer necessidades de qualquer natureza. O que
ção, mas estabelece relações entre os ramos diferentes e os o capitalista determina ao trabalhador produzir é, portanto um
transforma-os em atividades mais ou menos interdependen- valor-de-uso particular, um artigo especificado. A produção de
tes dentro do conjunto da produção social. A divisão social valores-de-uso muda sua natureza geral por ser levada a cabo
do trabalho surge aí através da troca entre os ramos de pro- em benefício do capitalista ou estar sob seu controle. Por isso,
dução. Mas, quando a divisão fisiológica do trabalho cons- temos inicialmente de considerar o processo de trabalho à parte
titui o ponto de partida, os órgãos particulares de um todo de qualquer estrutura social determinada.
unificado se desprendem uns dos outros, se dissociam, sob a
influência da troca de mercadorias com outras comunidades Emprego e desemprego na atualidade
e tornam-se interdependentes. Ter um emprego não só constitui o principal recurso com
O fundamento de toda a divisão do trabalho desenvol- que conta a maioria das pessoas para suprir suas necessidades
vida e processada através da troca de mercadorias é a sepa- materiais como também lhes permite plena integração social.
ração entre a cidade e o campo. Constitui condição mate- Por isso, a maior parte dos países reconhece o direito ao traba-
rial para a divisão do trabalho de manufatura o emprego ao lho como um dos direitos fundamentais dos cidadãos.
mesmo tempo de certo número de trabalhadores. A divisão Emprego é a função e a condição das pessoas que traba-
do trabalho na sociedade depende da magnitude e densida- lham, em caráter temporário ou permanente, em qualquer tipo
de da população. Sendo a produção e a circulação de mer- de atividade econômica, remunerada ou não. Por desemprego
cadorias condições fundamentais do modo de produção ca- se entende a condição ou situação das pessoas incluídas na fai-
pitalista, a divisão manufatureira do trabalho pressupõe que xa das “idades ativas” (em geral entre 14 e 65 anos), que este-
a divisão do trabalho na sociedade tenha atingido certo grau jam, por determinado prazo, sem realizar trabalho em qualquer
de desenvolvimento. A divisão manufatureira do trabalho, tipo de atividade econômica, remunerada ou não.
desenvolve e multiplica a divisão social do trabalho. Com a As possibilidades de emprego que os sistemas econômicos
diferenciação das ferramentas diferenciam-se cada vez mais podem oferecer em certo período relacionam-se com a capaci-
os ofícios que fazem essas ferramentas. dade de produção da economia, com as políticas de utilização
Apesar das numerosas analogias e das conexões entre dessa capacidade e com a tecnologia empregada na produção.
a divisão do trabalho na sociedade e a divisão do trabalho Os economistas clássicos entendiam que o estado de pleno
na manufatura, há entre elas uma diferença não só de grau emprego dos fatores de produção (entre eles o trabalho) era
mas de substância . A analogia mais se evidencia incontestá- normal, estando a economia sempre em equilíbrio. John Stuart
vel quando uma conexão íntima entrelaça diversos ramos de Mill dizia: “Se pudermos duplicar as forças produtoras de um
atividade. O criador de gado, por exemplo, produz peles, o país, duplicaremos a oferta de bens em todos os mercados, mas
curtidor transforma as peles em couro, o sapateiro, o couro ao mesmo tempo duplicaremos o poder aquisitivo para esses
em sapatos. Cada produto é uma etapa para o artigo final. bens.” Dentro dessa linha de ideias, o aparecimento de desem-
A divisão do trabalho na sociedade se processa através da pregados em certas épocas era explicado como a resultante de
compra e venda dos produtos dos diferentes ramos de tra- um desajustamento temporário. O ajustamento (ocupação da
balho, a conexão dentro da manufatura, dos trabalhos par- força de trabalho desempregada) ocorreria quando os traba-
ciais se realiza através da venda de diferentes forças de tra- lhadores decidissem aceitar voluntariamente os salários mais
balho ao mesmo capitalista que as emprega como força de baixos oferecidos pelos empresários.
trabalho coletivo. A divisão manufatureira do trabalho pres-
supõe concentração dos meios de produção nas mãos de um Desemprego na América Latina
capitalista, a divisão social do trabalho, dispersão dos meios O potencial de mão-de-obra latino-americano está longe
de produção entre produtores de mercadorias, independen- de seu pleno aproveitamento. Há na economia agropecuária um
tes entre si. A divisão manufatureira do trabalho pressupõe a desemprego latente, disfarçado e, embora generalizado, difi-
autoridade incondicional do capitalista sobre seres humanos cilmente mensurável em termos estatísticos. O mesmo ocorre
transformados em simples membros de um mecanismo que nas camadas economicamente marginais da população urba-
a ele pertence. A divisão social do trabalho faz confrontar-se na. É também cada vez maior o desemprego nos subgrupos
produtores independentes de mercadorias, os quais não re- secundário e terciário das atividades econômicas no setor
conhecem outra autoridade além da concorrência. citadino. Observamse na América Latina os diversos tipos de

8
SOCIOLOGIA

desemprego comuns à economia capitalista. Como nessa re- A relação de domínio não é percebida como uma relação
gião do mundo coexistem formas de exploração da terra em de força em que o mais forte impõe a regra e a norma ao
regime semifeudal pré-capitalista até atividades em centros mais fraco, e, não se compreendendo que deve ter começado
altamente industrializados, aí estão também desde o subem- algures no espaço e no tempo, é aceite como um dado, uma
prego rural, decorrente da concentração da propriedade da inevitabilidade e desse modo é naturalizada. Acontece ainda
terra, até o desemprego tecnológico, consequência da maior que as instituições religiosas, políticas, sociais e culturais con-
procura de mão-de-obra especializada em lugar de simples vergem no sentido de reforçarem esta característica.
trabalhadores braçais. Estanislau Fischlowitz chama a atenção Poderia parecer que a violência simbólica se exerce ape-
para o denominado “fator de patologia social do mercado do nas sobre os dominados, mas não é assim. Para que o domí-
trabalho”, ou seja, o desemprego de preponderante origem nio se perpetue e não seja detectado e denunciado, é preciso
populacional, que se delineia claramente na América Latina. A que não só as identidades dos dominados, mas também as
população cresce num ritmo tal que os contingentes de pes- dos dominantes sejam construídas em conformidade com
soas a alcançar a idade de trabalho é maior do que a capaci- estes dois modelos de comportamento, não se desculpan-
dade de absorção de mão-de-obra. Dada a alta frequência de do a mais leve transgressão, o mais ligeiro desvio à norma.
adolescentes e a melhora nos índices de sobrevivência, esse É por isso que «um homem não chora»; que um menino que
sociólogo calcula em vários milhões o número de jovens que, gosta de brincadeiras menos agressivas é um «mariquinhas»,
a cada ano, entram no mercado de trabalho, em busca do pri- que certas profissões são impróprias para homens, etc. etc.
meiro emprego remunerado. Em vários países sul-americanos, – é preciso garantir a reprodução das estruturas de domínio.
a situação seria menos sombria se não fosse a altíssima taxa de Cada homem está também sob a pressão constante de afir-
aumento demográfico, calculada em 2,7% ao ano. A situação é mar a sua virilidade e a sociedade é implacável para aqueles
particularmente grave em El Salvador, o país latinoamericano que são “frouxos” – é preciso garantir a manutenção dessas
de maior densidade populacional. estruturas. Esta pressão começa cedo, na escola, os meninos
No Brasil, um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia perseguem sempre aquele que parece não se conformar à
e Estatística, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de norma e, pela vida fora, qualquer homem sente que tem de
Domicílios (PNAD, concluiu que o Brasil tinha 62 milhões de estar à altura da ideia que tem do que é ser homem.
pessoas com algum tipo de ocupação, dos quais 40 milhões Nesta camisa de forças que é a violência simbólica – exer-
empregadas; a proporção de desempregados (2,4%) era cida através de um conjunto de mecanismos subtis de con-
relativamente baixa. Esses números escondiam acentuadas servação e reprodução das estruturas de domínio, mulheres
disparidades regionais, como a proporção de crianças de 10 a e homens têm poucas opções; estará a sua liberdade ferida
13 anos que trabalhavam: 7,3% em São Paulo, 28,4% no Piauí. de morte?

Violência física
7. O CANDIDATO EM MEIO AOS SIGNIFICADOS A violência física é o uso da força com o objetivo de ferir,
DA VIOLÊNCIA NO BRASIL. deixando ou não marcas evidentes.
São comuns, murros, estalos e agressões com diversos
7.1. VIOLÊNCIAS SIMBÓLICAS, FÍSICAS E
objetos e queimaduras.
PSICOLÓGICAS. A violência física pode ser agravada quando o agressor
7.2. DIFERENTES FORMAS DE VIOLÊNCIA: está sob o efeito do álcool, ou quando possui uma Embria-
DOMÉSTICA, SEXUAL E NA ESCOLA. gues Patológica ou um Transtorno Explosivo.
7.3. RAZÕES PARA A VIOLÊNCIA.
Violência psicológica
A violência psicológica, entendida como qualquer condu-
Violência simbólica ta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima
O conceito de violência simbólica foi cunhado por Pierre ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento
Bourdieu, sociólogo francês, e permite compreender melhor ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamen-
as motivações profundas que se encontram na origem da tos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento,
aceitação de atitudes e comportamentos de submissão. humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante,
Nas relações sociais em que o vínculo é de domínio/ perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização,
submissão, os dominados, inconsciente e involuntariamente, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro
assimilam os valores e a visão do mundo dos dominantes meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autode-
e desse modo tornam-se cúmplices da ordem estabelecida terminação
sem perceberem que são as primeiras e principais vítimas
dessa mesma ordem. Não são violentados nem por palavras 7.2. Diferentes formas de violência: doméstica, sexual
nem por atos, aparentemente não há coação nem constran- e na escola.
gimento, mas a violência continua lá sob forma subtil e es-
condida, sob forma de violência simbólica: o modo de ver, a Violência doméstica
maneira de valorar, as concepções de fundo são as dos do- Na atualidade, em razão de vários fatos ocorridos no Bra-
minantes, mas os dominados ignoram totalmente esse pro- sil, temos presenciado um sensacionalismo muito grande por
cesso de aquisição e partem ingenuamente do princípio que parte dos meios de comunicação, principalmente os televisi-
essas ideias e esses valores são os seus. vos. Porém, esse assunto existe há milhares de anos.

9
SOCIOLOGIA

A violência doméstica acontece contra crianças, adoles- Violência sexual


centes, mulheres e idosos, sendo que os agressores são os pró- Um conceito de violência sexual é: “tipo de violência em
prios familiares das vítimas. que envolve relações sexuais não consentias e pode ser pratica-
Um dos grandes fatores que favorecem a violência física, da tanto por conhecido ou familiar ou por um estranho”. Neste
como os espancamentos, é a personalidade desestruturada trabalho trataremos do assunto dizendo seus tipos e penalida-
para um convívio familiar do agressor, que não sabe lidar com des, como denunciar e proceder após a violência e também, fa-
pequenas frustrações que essas relações causam no decorrer laremos sobre alguns mitos falsos.
do cotidiano. Pode se dizer que violência sexual é uma questão de gê-
O perfil do agressor é caracterizado por autoritarismo, falta nero, ela se dá por causa dos papéis de homem e mulher por
de paciência, irritabilidade, grosserias e xingamentos constan- razão social e cultural em que o homem é o dominador. Este é
tes, ou acompanhados de alcoolismo e uso de outras drogas. um problema universal, no homem é uma questão de poder e
As violências domésticas se dividem por espancamentos, controle e que atinge as mulheres de todos os tipos e lugares.
tendo maior número de vítimas as crianças de até cinco anos;
abusos sexuais, acontecendo em maior quantidade entre me- Tipos e Penalidades
ninas de sete a dez anos de idade; e por danos morais, em ado- Em um relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde),
lescentes e mulheres. É bom lembrar que os idosos tem tido define como violência sexual como: “Qualquer ato sexual ou
grande participação na violência doméstica, mas aqueles que tentativa do ato não desejada, ou atos para traficar a sexuali-
necessitam de cuidados especiais, sofrendo as agressões por dade de uma pessoa, utilizando repressão, ameaças ou força
pessoas contatadas pela família. física, praticados por qualquer pessoa independente de suas
Outro destaque para as vítimas das agressões são as relações com a vítima, qualquer cenário, incluindo, mas não li-
crianças portadoras de necessidades especiais. Normalmente mitado ao do lar ou do trabalho”. A violência estabelece-se em
as mães são as maiores agressoras das mesmas, por exigirem uma transgressão dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher,
cuidados excessivos como higiene pessoal, alimentação, loco- principalmente ao atentado de direito físico e ao controle de sua
moção, onde estas se sentem sobrecarregadas e por não rece- capacidade sexual e reprodutiva.
berem apoio dos pais da criança ou uma estrutura advinda de Conforme o Código Penal Brasileiro em vigência, a violência
órgãos governamentais. sexual é considerada uma transgressão pesada, há três tipos: o
estupro, o atentado violento ao pudor e o assédio sexual.
Criança se protegendo de gritos violentos No caso do estupro, segundo o Código Penal artigo 213,
As mães também são as grandes espancadoras quando, “Constranger mulher à conjunção carnal mediante violência ou gra-
por algum motivo, acontece uma quebra na vinculação afetiva ve ameaça. Pena: reclusão, de 6 a 10 anos”. Ou seja, qualquer relação
entre ela e o filho, seja por doença, hospitalização ou mesmo homem/mulher sem consentimento é definida como estupro.
por não ter aceitado a gravidez. No caso do atentado violento ao pudor, segundo o Código
Essas crianças apresentam grande dificuldade em ganhar Penal artigo 214, “constranger alguém, mediante violência ou
peso nos primeiros meses de vida e, no período escolar, não grave ameaça, a praticar ou permitir que com ela se pratique
conseguem estabelecer uma vinculação positiva com a profes- ato libidinoso diverso da conjunção carnal. Pena: reclusão de 6
sora nem tampouco com o aprendizado, levando-as a tirarem a 10 anos”. Considera-se ato libidinoso as carícias íntimas, mas-
várias notas baixas. turbação, entre outros.
Se observarmos o comportamento infantil dentro das es- No caso do assédio sexual, segundo o Código Penal artigo
colas, podemos notar que as crianças são o espelho daquilo 216A, “constranger alguém com o intuito de obter vantagem
que recebem dentro de casa, se convivem com situações de ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua
agressividade podem apresentar-se da mesma forma com os condição de superior hierárquico ou ascendência inerente ao
colegas e professora ou partindo para o extremo, tornando-se exercício de emprego, cargo ou função. Pena detenção, de 1 a 2
apática às relações sociais, se excluindo do grupo. Já as crian- anos”. Ao impor ou forçar outra pessoa a exercer um ato sexual,
ças que convivem num ambiente familiar saudável, de amizade, que pode ser beijar, despir-se ou até mesmo o próprio ato, so-
amor e respeito conseguem estabelecer vínculo positivo com bre qualquer ameaça, seja de perder o emprego ou ser privado
quase todo o grupo, sem dificuldades. de uma promoção, é assédio sexual.
A violência aparece também de forma psíquica, onde se
destrói a moral e a autoestima do sujeito, sem marcas visíveis Violência na escola
ao corpo da vítima que normalmente são adolescentes e mu- Na última década a violência nas escolas tem preocupado
lheres. As marcas nesse caso são internas, psicológicas, atra- o poder público e toda sociedade, principalmente, pela forma
vés de humilhações, xingamentos, podendo chegar a injúrias e como esta tem se configurado. O conflito e violência sempre
ameaças contra a vida. existiram e sempre existirão, principalmente, na escola, que é
O importante é que, ao se tomar conhecimento dessas for- um ambiente social em que os jovens estão experimentando,
mas de violência, sejam feitas denúncias aos órgãos especiali- isto é, estão aprendendo a conviver com as diferenças, a viver
zados, a fim de ajudar as vítimas, tentar tirá-las desse convívio em sociedade. O grande problema é que a violência tem se
de tanto sofrimento e mostrar ao agressor que ele não é tão tornado em proporções inaceitáveis. Os menos jovens, como
poderoso quanto imagina, mas sim covarde por só ter cora- eu, estão assustados. Os professores estão angustiados, com
gem de manifestar sua agressividade dentro de casa, contra medo, nunca se sabe o que pode acontecer no cotidiano es-
pessoas indefesas e sem exposição pública. (Texto adaptado colar; os pais, preocupados. Não é raro os jornais noticiarem
de BARROS, J.). situações de violência nas escolas, as mais perversas.

10
SOCIOLOGIA

Não quero dizer com isso que antes não existia violência. de análise, a Filosofia, Sociologia, Psicologia e o Direito. Hoje,
Existia sim, e muita. “Desde que o mundo é mundo, há violência sabemos que a tendência da desfragmentação do saber é o me-
entre os jovens”. Todos os diferentes, para o bem ou para o mal, lhor caminho a trilhar. A multidisciplinaridade e a interdisciplina-
são vítimas em potencial na escola, há muito tempo. Brigas, ridade é a proposta em voga de superação da fragmentação do
agressões físicas, enfim, sempre existiram. saber. Somente através do diálogo aliado a práxis efetiva é que
O que não existia antes e, que hoje tornou comum é que poderemos amenizar o grau de violência no interior das escolas.
os jovens depredam a escola, quebram os ventiladores, portas, Esse círculo de violência deve ter um olhar mais universal, princi-
vidros, enfim, tudo que é possível destruir, eles destroem. An- palmente, por aqueles que pensam sobre a educação. É necessá-
tes, não se riscava, não murchava ou cortava o pneu do carro rio ver que a violência contra a instituição escolar, contra colegas
do professor. Agredir fisicamente ou fazer ameaças ao mestre, e professores e, de certo modo, a violência dos adultos contra as
nem pensar. Não se levava revolver e faca e não se consumia crianças, também, contém elementos de caracterização bem co-
drogas e álcool no interior das escolas. No meu tempo, por muns. A não aceitação das diferenças em toda a sua amplitude
exemplo, nunca se ouviu falar que um colega tinha assassinado – se é diferente, é hostilizado, desprezado, humilhado.
um amiguinho na sala de aula ou que alguém tinha jogado E quando a vítima reage é violentada.
álcool no colega e ateado fogo. Enfim, são muitos os relatos de
violência extrema no interior das escolas.
Muitas de nossas crianças e adolescente passam por
violências, e ficam calados – algumas delas não têm coragem 8. O QUE É CIDADANIA?
de revelar, outras, por medo da retaliação do agressor. Essa 8.1. O SIGNIFICADO DE SER CIDADÃO ONTEM
violência entre colegas não é a única. A violência entre pro- E HOJE.
fessores e alunos também tem crescido. Assustadoramente, a 8.2. DIREITOS CIVIS, DIREITOS POLÍTICOS,
violência de alunos contra professores é a regra agora, e não DIREITOS SOCIAIS E DIREITOS HUMANOS.
mais o oposto. A violência não contra um ou outro, mas contra 8.3. A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E A
a escola mesmo, em todos os sentidos e modos, também tem CONSTITUIÇÃO PAULISTA.
aumentado.
8.4. A EXPANSÃO DA CIDADANIA PARA
O que tem intrigado a todos é que esse aumento da vio-
lência veio junto com a ampliação dos direitos dos cidadãos e GRUPOS ESPECIAIS:
com o Estatuto da Criança e Adolescente. Essa é uma questão 8.4.1. CRIANÇAS E ADOLESCENTES, IDOSOS E
que não devemos desprezar. No meu ponto de vista, o Estatuto MULHERES.
prioriza os direitos em detrimento dos deveres.
Após a promulgação do Estatuto as ações contra a vio-
lência nas escolas tem se realizado a partir da mediação, con- O significado de ser cidadão ontem e hoje.
selhos, etc. O que, também, é muito bom. A mediação de A ideia de cidadania implica em uma variedade de formas
conflitos é importante, necessária, e muitos problemas são re- de pensar, sentir e agir, uma vez que, existem diversas constru-
solvidos, mas, muitas vezes, não basta. Junto com a mediação, ções de seus significados, que podem também ser divididos
infelizmente, tem que haver a punição. Vou citar um exemplo por modelos; características; paradigmas e dimensões. Apesar
que não é do ambiente escolar, mas por analogia podemos dessas classificações, as construções da cidadania são atrela-
refletir sobre essa questão. Por exemplo, o problema de dirigir das, ou seja, elas não se excluem, mas se complementam.
um veículo embriagado. A conscientização é importante? Sim. É importante e necessário pensar nesta construção de
Resolve? Não. É necessário fiscalização, multa, prisão, etc. significados presente na ideia de cidadania, uma vez que este
Não estamos conseguindo resolver o problema da violên- conceito aparece de forma veemente nos documentos oficiais
cia nas escolas e, isto é grave. Por quê? Falta, para isso, enten- que institucionalizam o ensino de Sociologia nas escolas e co-
dimento, lucidez. Ou seja, falta pensamento crítico, entender o misso, estes significados são da mesma maneira construídos
“porque” agir e “como” se deve agir. Com tais perguntas é que e reconstruídos de acordo com o processo de feitura destes
os problemas podem ser amenizados. Para resolver, de fato, é documentos.
preciso sair da mera indignação moral baseada em emoções É também importante ter em mente que a ideia de cida-
passageiras, que tantos acham magnífico expor. Aqueles que dania é construída de acordo com a necessidade como apre-
expõem suas emoções se mostram como pessoas sensíveis, senta José Murilo de Carvalho (CARVALHO, 2004) dando dois
bondosas, creem-se como antecipadamente capacitados por- aspectos de desta construção: o primeiro gera uma relação
que emotivos. Porém, não basta. As emoções em relação à vio- entre pessoas e Estado e o segundo entre pessoas e nação,
lência na escola passam e tudo continua como antes. Para isso, podendo ser um dos dois mais forte que o outro dependendo
não podemos ver o problema da violência sob um só viés. É do contexto em que se faz presente.
preciso dialética, racionalidade, determinação e, sobretudo, a Esta visão de construção de cidadania, que considera e
união de todos. destaca o Estado nação, abre o conceito em duas formas dis-
Podemos classificar inúmeras questões que levam a vio- tintas de se pensar o mesmo, sendo estas a dimensão cultural
lência para o ambiente escolar. Por exemplo, os mais gerais: di- e jurídica. A cidadania não de forma alguma um fenômenos
ferenças sociais, culturais, psicológicas, etc. e tantas outras como: moderno, porém é fortemente influenciado pela modernida-
experiências de frustrações, diferenças de personalidades, com- de. A cidadania não é um conceito pronto, mas que sofre
petição, etc. Também, podemos enumerar vários tipos, áreas, ní- transformações no tempo e no espaço é histórico e como
veis de violência. Cada área do saber tem o seu método próprio seu significado variante.

11
SOCIOLOGIA

A noção de cidadania que temos na modernidade funda- Direitos políticos e sociais


menta-se em aspectos jurídicos. Concordamos também com os Nos países ocidentais dos continentes europeu e america-
autores Jaime e Carla Pinsky, para quem é “(...) importante mos- no, a cidadania moderna se constituiu por etapas: depois dos
trar que a sociedade moderna adquiriu um grau de complexida- direitos civis, no século 18, vieram os direitos políticos, no sé-
de muito grande a ponto de a divisão clássica dos direitos dos culo 19. Os direitos sociais são conquistas do século 20, assim
cidadãos em individuais, políticos e sociais não dar conta sozi- como a quarta geração de direitos de cidadania, nascida no fim
nha da realidade” (JAIME PINSKY; CARLA PINSKY, 2005). Contu- desse período.
do, a noção de cidadania sofre uma grande transformação, so- O direito de eleger e ser eleito
bretudo, na segunda metade do século XX, é neste período que São os direitos políticos, de voto e de acesso ao cargo po-
o significado de cidadania com base em direitos e deveres sur- lítico. As instituições públicas relacionadas aos direitos políticos
ge também as questões culturais e de identidade, com aspectos são os órgãos legislativos representativos e executivos.
particularistas que exigem a ampliação e o reconhecimento de Inicialmente, a atividade política era uma função de pou-
grupos étnicos, feministas, raciais, sexuais, entre outros. cos, restrita à participação das elites dominantes. O surgimento
dos direitos políticos foi obra dos movimentos populares dos
Direitos civis, direitos políticos, direitos sociais e direitos trabalhadores. Ao se organizar e defender seus interesses eles
humanos. perceberam que a política influencia a vida da sociedade.
Direitos civis As camadas populares começaram a se conscientizar de
A cidadania moderna refere-se ao conjunto de direitos e que a participação no exercício do poder político era condição
deveres dos cidadãos que pertencem a uma nação, ou seja, o fundamental para assegurar seus direitos. Essa participação po-
povo de um país. O núcleo dessa cidadania compõe-se basica- dia ser como membro de um organismo investido de autorida-
mente de três elementos: o civil, o político e o social. de política, ou como eleitor dos integrantes de tal organismo.
O aparecimento e a extensão dos direitos de cidadania
ocorreram de forma lenta e gradual, variando bastante con- Voto restrito
forme a região. Os direitos civis agrupam as prerrogativas de Inicialmente, inúmeras restrições limitavam a participação
liberdade individual, liberdade de palavra, pensamento e fé, li- política de todos os cidadãos. O direito de eleger e ser eleito
berdade de ir e vir, o direito à propriedade, o direito de contrair manteve-se restrito aos homens adultos. O voto censitário im-
contratos válidos e o direito à justiça. Os tribunais são as institui- punha padrões de renda e de escolaridade. Com isso, excluía
ções públicas por excelência para salvaguarda dos direitos civis. grande parte da população do direito de ser eleito e de eleger
Iguais perante a lei representantes políticos.
Antes da constituição da cidadania moderna, os direitos e Esses impedimentos perduraram por décadas. As mulhe-
deveres entre os homens eram definidos por privilégios sociais res adultas e os analfabetos conquistaram direitos políticos
(posses, rendas, títulos de nobreza). O surgimento dos direitos muito tardiamente, somente no século 20.
civis assinalou uma mudança substancial nas relações dos ho- No Brasil, fim do voto censitário por renda.
mens em sociedade. Foram rompidos os laços de dominação No caso do Brasil, a proclamação da República provocou
baseados nas relações comunitárias tradicionais, característicos mudanças na participação política. Foi abolido o voto censitário
do período medieval e do sistema feudal. pecuniário que, para ser exercido, exigia certa renda do cida-
Os direitos civis impuseram um nivelamento jurídico entre dão. Foi estabelecida a idade mínima de 21 anos para participar
os cidadãos, que passaram a ser considerados iguais perante a do processo eleitoral.
lei. As distinções de origem e classe social continuam a existir, Os analfabetos e as mulheres permaneceram excluídos da
mas não devem interferir na igualdade jurídica dos cidadãos. participação política. As mulheres só conquistaram o direito de
Esse é o princípio básico de tais direitos. voto em 1934. Os analfabetos conquistaram o direito de voto em
O contrato social 1985, mas estão impossibilitados de se candidatar a cargos eletivos.
O surgimento dos direitos civis está vinculado às revolu-
ções burguesas na Europa do século 18. Elas tiraram a força das Direitos sociais
monarquias absolutistas e romperam com a sociedade hierar- Os direitos sociais demarcam uma importante mudan-
quizada do período pré-moderno. No absolutismo monárquico, ça na evolução da cidadania moderna. Sua função é garantir
a autoridade política (o rei) detinha o poder com base em pri- certas prerrogativas relacionadas com condições mínimas de
vilégios sociais (nobreza hereditária). Os filósofos do liberalismo bem-estar social e econômico que possibilitem aos cidadãos
político foram os autores das doutrinas contratualistas. Também usufruir plenamente do exercício dos direitos civis e políticos.
denominadas “contrato social”, elas fundamentaram no plano O princípio norteador dos direitos sociais é o argumento
ideológico a nascente igualdade formal nas relações entre os de que as desigualdades de provimentos (condições sociais e
cidadãos. Os mais influentes filósofos contratualistas foram o econômicas) não podem se traduzir em desigualdades de prer-
inglês John Locke e o francês Jean-Jacques Rousseau. rogativas (direitos civis e políticos). Desse modo, adquiriu-se a
No Brasil, o primeiro avanço registrado na área dos direi- noção de que determinado grau de pobreza priva os cidadãos
tos civis foi a abolição da escravidão (1888). A primeira Cons- de participação cívica.
tituição republicana (1891) assegurou a igualdade legal entre Finalidade dos direitos sociais
os cidadãos brasileiros. Garantiu as liberdades de crença, de Os direitos sociais não têm por objetivo eliminar por
associação e reunião, além do habeas corpus, para remediar completo as desigualdades sociais e econômicas e as dife-
qualquer violência ou coação por ilegalidade ou abuso de renças de classe social. Sua finalidade é assegurar que elas
poder. (Texto adaptado de Cancian, R.). não interfiram no pleno exercício da cidadania.

12
SOCIOLOGIA

As instituições públicas representativas dos direitos so- lores de um povo, de uma nação. Mas, pelo contrário, é justamen-
ciais são os sistemas de seguridade e previdência social e edu- te nos países que mais violam os direitos humanos, nas socieda-
cacional. des que são mais marcadas pela discriminação, pelo preconceito
Constituição varguista e pelas mais variadas formas de racismo e intolerância, que a ideia
No Brasil, o marco da instituição dos direitos sociais ocorreu de direitos humanos permanece ambígua e deturpada. Portanto,
na época do regime do Estado Novo, com Getúlio Vargas (1930- no Brasil, hoje, é extremamente importante situar direitos huma-
1937). nos no seu lugar. A geração mais jovem, que não viveu os anos
A Constituição de 1934 instituiu uma minuciosa regulamen- da ditadura militar certamente terá ouvido falar do movimento de
tação das condições de trabalho ao estabelecer o salário mínimo, defesa dos direitos humanos em benefício daqueles que estavam
a jornada de trabalho de 8 horas, o repouso semanal, as férias sendo perseguidos por suas convicções ou por sua militância po-
remuneradas, a indenização por dispensa sem justa causa, a as- lítica, daqueles que foram presos, torturados, assassinados, exila-
sistência médica ao trabalhador e à gestante. dos, banidos. Mas talvez não saiba como cresceu, naquela época,
Foi proibido pela nova Carta o trabalho de menores. Estabe- o reconhecimento de que aquelas pessoas perseguidas tinham di-
leceu-se, ainda, a submissão do direito de propriedade ao inte- reitos invioláveis, mesmo que julgadas e apenadas, continuavam
resse social ou coletivo. portadores de direitos e se evocava, para sua defesa e proteção, a
A quarta geração de direitos garantia dos direitos humanos, o direito a ter direitos.
Desde o final do século 20 surgiram inúmeros movimentos Infelizmente, terminada a parte mais repressora do regime
sociais que atualmente lutam para ampliar a cidadania através da militar, a ideia de que todos, independentemente da posição
defesa de novos direitos. social, são merecedores da preocupação com a garantia dos di-
A quarta geração de direitos de cidadania agrega demandas reitos fundamentais – e não mais apenas aqueles chamados de
provenientes de novos tipos de movimento social, como o das presos políticos, que não mais existiam – não prosperou como
minorias étnicas e culturais, dos homossexuais, dos movimentos era de se esperar. A defesa dos direitos humanos (DH) passou
ecológicos e feministas. a ser associada à defesa dos criminosos comuns que, quando
No contexto dos novos padrões de sociabilidade e da glo- são denunciados e apenados, pertencem em sua esmagadora
balização, esses movimentos sociais possuem novas práticas maioria, às classes populares. Então, a questão deixou de ter o
participativas e de mobilização coletiva. Isso reflete o caráter di- mesmo interesse para segmentos da classe média que incluía
nâmico da cidadania. (Texto adaptado de CANCIAN, R.). familiares e amigos daqueles presos do tempo da ditadura. E aí
vemos como já se explica uma parte da ambiguidade que cerca
Direitos humanos a ideia de direitos humanos no Brasil, porque depois da defesa
Nenhum outro tema desperta tanta polêmica em relação ao dos direitos daqueles perseguidos pelo regime militar se esta-
seu significado, ao seu reconhecimento, como o de direitos hu- beleceria uma cunha, uma diferenciação profunda e cruel entre
manos. É relativamente fácil entendermos e lutarmos por ques- ricos e pobres, entre intelectuais e iletrados, entre a classe mé-
tões que dizem respeito à cidadania, à ampliação da cidadania. dia e a classe alta, de um lado, e as classes populares de outro,
A própria palavra cidadania já se incorporou de tal maneira ao incluindo-se aí, certamente, grande parte da população negra.
nosso vocabulário que, sobre certos aspectos, ela até tende a É evidente que existem exceções, pessoas e grupos que
virar substantivo, como se representasse todo o povo. Muitas continuaram a lutar pela defesa dos direitos de todos, do preso
vezes já ouvimos, por exemplo, de uma autoridade política a político ao delinquente comum. Mas também é evidente que,
expressão: a cidadania decidirá, precisamos ouvir a voz da cida- se até no meio mais “progressista” essa distinção vigorou, o que
dania! Quer dizer, usando a palavra cidadania como sinônimo dizer da incompreensão ou hostilidade dos meios mais conser-
de povo, povo no sentido de o conjunto de cidadãos, que é o vadores? Como esperar que eles percebam a necessidade de
sentido democrático de povo. Os direitos dos cidadãos são, cada se reconhecer, defender e promover os direitos humanos em
vez mais, reivindicados por todos, do “povão” à elite. Tais direitos nosso país, sem uma vigorosa campanha de esclarecimento,
estão explicitamente elencados na constituição de um país. sem um compromisso com a educação para a cidadania demo-
Mas, e em relação aos direitos humanos? Insisto que dificil- crática, desde muito cedo?
mente um tema já venha carregado de tanta ambiguidade, por
um lado, e deturpação voluntária, de outro. Provavelmente vocês
já ouviram muitas vezes referência aos direitos humanos no sen-
tido pejorativo ou excludente, no sentido de identificá-los com 9. QUAL É A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DO
direitos dos bandidos. Quantas vezes vocês já ouviram principal- ESTADO BRASILEIRO?
mente depois do noticiário sobre crimes de extrema violência: 9.1. ESTADO E GOVERNO.
Ah! E os defensores dos direitos humanos, onde é que estão? En- 9.2. SISTEMAS DE GOVERNO.
tão, a nossa primeira tarefa é deixar claro do que nós estamos fa- 9.3. ORGANIZAÇÃO DOS PODERES:
lando tanto quando nos referimos a direitos dos cidadãos, como EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO.
quando nos referimos a direitos humanos, com a premissa de
que associamos direitos humanos à ideia central de democracia
e às ideias básicas envolvidas no tema mais amplo da educação.
É bom lembrar também que, nas sociedades democráticas do Estado e governo.
chamado mundo desenvolvido, a ideia, a prática, a defesa e a É comum e indevido confundir o Estado com o governo.
promoção dos direitos humanos, de certa maneira, já estão in- O Estado é toda a sociedade política, incluindo o governo.
corporadas à vida política. Já se incorporaram no elenco de va- O governo é principalmente identificado pelo grupo políti-

13
SOCIOLOGIA

co que está no comando de um Estado. O Estado possui as é a liberdade de ação e de escolha nos limites da legalidade,
funções executiva, legislativa e judiciária. O governo, dentro mas o Estado possui princípios que limitam a opção ideológica
da função executiva, se ocupa em gerir os interesses sociais dos governos. As opções ideológicas dos governos correspon-
e econômicos da sociedade, e de acordo com sua orientação dem à fonte soberana do poder, que nas democracias é expressa
ideológica, estabelece níveis maiores ou menores de interven- pelo voto popular, mas é definida por um conjunto complexo de
ção. Assim, governo também não se confunde com o poder forças sociais que compõe uma elite efetivamente poderosa. Por
executivo, este é composto pelo governo, responsável pela di- isso o executivo não é um mero executor das decisões legislativas.
reção política do Estado, e pela administração, como conjunto A função legislativa é a essência do poder. É a fonte última das de-
técnico e burocrático que auxilia o governo e faz funcionar a cisões e por isso se confunde com o poder soberano. Nas demo-
máquina pública. cracias que justificam o poder na vontade popular afirma-se que
A diferença entre Estado e governo é atualmente mais o legislador é o representante do povo. A prática tem demons-
acentuada com a personalização jurídica do Estado, porque o trado que o poder executivo é muito mais influente. O exercício
Estado como pessoa tem vontade própria, distinta da vontade do poder legislativo é geralmente atribuído a colegiados, para se
individual do governante. No Estado Democrático e de Direito obter uma maior distribuição da representatividade e para obter
há a perspectiva de reduzir a participação do governo ao má- soluções mais discutidas e amadurecidas.
ximo possível. Fazem parte deste Estado e não fazem parte do A função judiciária é de controle. Controle sobre os atos
seu governo a Constituição, o conjunto de servidores públicos públicos e privados para a garantia da legalidade. Pela teoria de
estáveis, o patrimônio público, a máquina burocrática pública, freios de contrapesos de Montesquieu, os atos judiciários são
as forças públicas, etc. Isto porque a sociedade precisa que es- atos especiais como os atos do executivo. Eles estão na mesma
tas instituições sejam estáveis e impessoais, que não estejam categoria de identificação da lei com a realidade. Mas o judi-
sujeitas às mudanças de governo no processo eleitoral e que ciário não se limita à identificação da legalidade na sociedade,
sejam republicanas – pertencente ao conjunto da sociedade e a produção de jurisprudência no preenchimento das lacunas
não aos interesses de quem está no poder. Isto é uma peculia- da lei é uma verdadeira ação decisória. No Estado de Direito as
ridade da democracia constitucional, nos regimes autoritários a funções do Estado, caracterizadas na forma de poder, devem
ausência de limites aos governos os levam absorver ao máximo
ser separadas para não caracterizar o benefício do poder para
o Estado. O princípio republicano de responsabilidade política
o indivíduo que a ocupa, segundo a teoria de freios e contra-
dos governos está presente nas constituições modernas das
pesos. É neste sentido que as funções do Estado não devem
democracias e das monarquias, como limite ao poder e como
também se confundir com os ocupantes do governo.
identificação da coisa pública distinta do governo.
A personalização jurídica do Estado é a sua identificação
A separação de poderes e a pós-modernidade
como pessoa, com vontade própria, caracterizada nos princí-
Este modelo que garante a democracia e o Estado de Direi-
pios de sua constituição. Um governo de um Estado que se
legitima pelos princípios desse Estado terá uma margem de to com a imposição de uma separação de poderes é aplicável e
discricionariedade menor, sempre dentro destes princípios. própria da modernidade. Na pós-modernidade o Estado perde a
Excepcionalmente e geralmente em momentos de crise, os sua capacidade de articulação das funções, que estão engessadas,
governos buscam legitimação no carisma de seus líderes e de burocratizadas e sobrecarregadas. Gradativamente os Estados
seus programas, mas é a legalidade conferida na ordem pública que adotaram a separação de poderes estão criando normas que
estatal a principal fonte de legitimidade moderna. Também o implicam na ingerência de um poder no outro. E a razão é muito
processo eleitoral de composição dos governos, com a distin- simples: na pós-modernidade o fundamento moderno de legiti-
ção entre situação e oposição legitimando-se reciprocamente, midade produzido por legalidade é substituído pelo fundamento
contribui para a separação entre o Estado e o governo e para da eficiência produzida pela operatividade. A atual crise do Esta-
a sua legitimação. do afeta indistintamente todas as suas instituições. As funções do
O governo antecede ao Estado, pois é toda forma de orga- Estado continuam as mesmas, até mesmo o pragmatismo de sua
nização do poder para a orientação de uma sociedade. Ainda separação é aceito, entretanto no limite de sua eficiência, e não na
que ocupe parte da estrutura do poder executivo, o governo é necessidade de garantir um Estado Democrático e de Direito. A
As funções do estado e o governo democracia e o Estado de Direito, por consequência também es-
As funções do Estado se confundem com os seus poderes, tão afetados, não somente pela inviabilidade da absoluta separa-
porque o Estado se legitima pela sua utilidade. Ao assumir um ção de poderes, mas porque a pós-modernidade está produzindo
poder específico o associa a uma respectiva função social, ou outros parâmetros para a política. Quando o indivíduo abandona
seja, à ideia de que aquela capacidade é útil e necessária. Mas o sentido de cidadania como uma ação para a realização de inte-
aqui não será identificado como poder, e sim por essa utilidade resses públicos comuns e o substitui por uma cidadania de ação
e necessidade. pública de realização de interesses privados a democracia tal qual
O Estado é um conjunto de órgãos responsáveis pelo de- como foi idealizada para a modernidade já não faz mais sentido.
sempenho de suas funções. Os órgãos do Estado fazem o que Isto atinge todas as suas instituições, não somente a separação de
é do seu interesse, pois exercem o poder do Estado, não pos- poderes, mas também tudo que implica na relação entre Estado
suem vontade própria, por isso são órgãos. e governo. O governo será muito mais um gestor das tensões
As funções são a executiva, a legislativa e a judiciária. A função produzidas pelo individualismo e a serviço de um ideal de efi-
executiva é composta pela administração pública, como organi- ciência tipicamente privado, do que uma equipe promotora dos
zação da burocracia estatal, e pelo governo, como conjunto de ideais ideológicos de um grupo, segmento ou classe social. (Tex-
órgãos decisórios. O governo possui a discricionariedade, que to adaptado de ROCHA, M. I. C.).

14
SOCIOLOGIA

Sistemas de governo. face de graves divergências. Nesse caso, ocorre a aprovação


O sistema de governo identifica os mecanismos de de um voto de desconfiança e o Governo é substituído. Em
distribuição horizontal do poder político e, consequentemente, seu lugar, passa a governar um novo Gabinete, que tenha
o modo como se articulam os Poderes do Estado, notadamente obtido apoio parlamentar. É possível, inclusive, que em uma
o Executivo e o Legislativo. Como se sabe, são dois os modelos mesma legislatura o Governo seja substituído várias vezes,
dominantes no mundo: o parlamentarismo e o presidencialis- sem que, para isso, sejam feitas novas eleições parlamentares.
mo. Mais recentemente, consolidou-se em alguns países uma Não há, portanto, a hipótese de um Governo que não seja apoia-
fórmula híbrida, que combina elementos dos dois sistemas clás- do pela maioria do Parlamento. Isso permite, em tese, uma maior
sicos. Trata-se do semipresidencialismo, modelo que apresenta eficiência do Governo, que não tem a sua ação obstruída por um
duas particularidades: os poderes do Parlamento são limitados Legislativo hostil.
e o chefe de Estado não desempenha apenas funções cerimo- Por conta dessa possibilidade de substituição facilitada do
niais ou simbólicas, titularizando poderes próprios e efetivos. Gabinete governamental, o sistema se torna mais propício à su-
Em meio a outros aspectos, o sempresidencialismo conjuga a peração de crises políticas. Se o Governo não possui mais o apoio
especial legitimação que caracteriza a eleição direta do chefe de do Parlamento, este pode aprovar uma moção de desconfiança,
Estado com mecanismos de responsabilização política do chefe o que leva à queda do Gabinete. Observe-se que isso pode se dar
de Governo. por razões políticas, e não apenas por razões éticas. Se o Governo
A seguir, serão apresentadas, de maneira objetiva, as prin- enfrenta uma crise grave, não só por conta de algum procedi-
cipais características de cada um dos dois sistema puros. No mento reputado ilegal ou ilegítimo, mas também em razão de
tópico subsequente, far-se-á uma apreciação do sistema se- uma decisão política que tomou, ele é substituído imediatamen-
mipresidencialista, com ênfase em algumas peculiaridades dos te, sem que seja necessária a instauração de um processo com-
modelos que vigem em Portugal e na França. Como se obser- plexo e frequentemente conturbado como o de impeachment. O
vará, o semipresidencialismo representou para aqueles países Governo não possui mandato. Ele governa apenas pelo período
o termo final de um longo e tortuoso processo de maturação em que goze de apoio parlamentar.
institucional, propiciando uma equação mais equilibrada entre Por outro lado, o Governo terá também mecanismos para
os Poderes Executivo e Legislativo. Em desfecho, serão expostas evitar a obstrução contínua por parte do Parlamento, solicitando
as razões pelas quais se sustenta que esta fórmula engenhosa ao Presidente a dissolução da legislatura.
de combinação das virtudes dos sistema clássicos é adequada Pode-se objetar que essa virtude do parlamentarismo tem
para o Brasil, sendo mais conveniente que o presidencialismo o seu reverso: nem sempre haverá concerto entre o Legislativo
puro de nossa tradição republicana. Pretende-se com a propos- e o Executivo, o que provocará instabilidade, com sucessivas tro-
ta neutralizar alguns problemas que vêm de longe e são recor- cas de Gabinete. A constatação, de fato, se confirma na história. É
rentes, como (i) a superconcentração de poderes no Executivo, comum que alguns países parlamentaristas passem por períodos
sem mecanismos adequados de controle e responsabilização de sucessivas trocas de gabinete. Em 54 anos de pós-guerra, a
política; (ii) a refuncionalização da atividade legislativa, pela Itália já havia conhecido 58 gabinetes. Mas o inverso também se
atuação concertada de Governo e Parlamento. verifica. Há casos em que um mesmo gabinete governa por di-
versas legislaturas. Lembre-se, por exemplo, do que tem ocorrido
O parlamentarismo na Inglaterra, país em que o Partido Conservador governou por
O parlamentarismo tem como característica fundamental a diversas legislaturas (18 anos), sendo em seguida substituído pelo
divisão do Poder Executivo entre um chefe de Estado e um chefe Partido Trabalhista, que governa desde 19979. O sistema, portan-
de Governo. Este último é normalmente denominado Primeiro- to, nem sempre é capaz de prevenir crises, mas oferece mecanis-
Ministro, sendo escolhido pelo Parlamento. O Primeiro-Ministro mos mais céleres e menos traumáticos para sua superação.
depende, para a estabilidade de seu governo, da manutenção
do apoio parlamentar. Esta dualidade no Executivo e a O presidencialismo
responsabilização do chefe de Governo perante o Poder Legis- No sistema presidencialista, os poderes da chefia de Estado
lativo são os traços fundamentais do sistema parlamentarista. A e de Governo se concentram no Presidente da República. O Pre-
estrutura do poder segue a repartição tripartite, mas a separa- sidente governa auxiliado por seus ministros, que são, em regra,
ção entre os Poderes Executivo e Legislativo não é rígida. O che- demissíveis ad nutum. O Presidente não é politicamente respon-
fe de Estado, por sua vez, exerce funções predominantemente sável perante o Parlamento. O programa de governo pode ser
protocolares, de representação simbólica do Estado. Não é por completamente divergente das concepções compartilhadas pela
outra razão que, em pleno século XXI, o posto continua a ser maioria parlamentar. O presidencialismo possibilita, por exemplo,
exercido por Monarcas em diversos países caracterizados por a coexistência entre um Presidente socialista e um Parlamento de
elevados índices de desenvolvimento econômico e social, como maioria liberal. Uma vez eleito, o Presidente deverá cumprir um
Reino Unido, Dinamarca e Holanda, em meio a outros. mandato. Enquanto durar o mandato, o Presidente não poderá
Várias vantagens são atribuídas a esse sistema de governo. ser substituído – salvo procedimentos excepcionais, como o im-
A principal delas é tornar a relação entre Executivo e Legislativo peachment e o recall –, mesmo que seu governo deixe de con-
mais harmoniosa e articulada. O chefe de Governo é, em re- tar com o apoio da maioria dos parlamentares e, até mesmo, da
gra, oriundo dos quadros do Legislativo, sendo indicado pelo maioria do povo.
partido que obteve maioria nas eleições parlamentares. Esse O sistema presidencialista apresenta algumas virtu-
apoio da maioria facilita a atuação político-administrativa. des destacáveis. A primeira delas diz respeito à legitimidade
No entanto, não é incomum que a maioria do Parlamento do chefe do Executivo. Na maioria dos países que adotam
retire seu apoio ao Governo, embora isto se dê apenas em esse sistema, a eleição para Presidente da República se faz de

15
SOCIOLOGIA

forma direta. Por isso, o eleito goza de grande legitimidade, ordem constitucional. Por outro lado, a ascensão dos regimes
sobretudo nos momentos posteriores aos pleitos eleitorais. O totalitários na primeira metade do século, tanto na Alemanha
fato de ter sido o próprio povo que o escolheu torna-o mais quanto na Itália, se deu através do sistema parlamentarista.
habilitado a tomar decisões polêmicas. O presidencialismo, por Não foram os chefes de Estado que levaram à instauração da-
essa razão, seria um sistema mais aberto a permitir transfor- queles regimes de força e iniquidade, mas Primeiros-Ministros.
mações profundas na sociedade. É por esse motivo que gran-
de parte da esquerda brasileira, ao contrário do que costuma O sistema semipresidencialista
ocorrer no plano internacional, tem defendido o presidencialis- Sem embargo de suas virtudes, os dois modelos clássicos –
mo como sistema de governo adequado ao Brasil. parlamentarismo e presidencialismo – apresentam disfunções
Além disso, o presidencialismo garantiria maior estabilida- importantes. Esses problemas se manifestam tanto no plano
de administrativa, por conta de os mandatos serem exercidos da instauração de regimes verdadeiramente democráticos,
durante um período pré-determinado. No Brasil, o Presidente quanto no que diz respeito à governabilidade, à eficiência e
da República é eleito para cumprir o mandato e, no curso desse à capacidade estrutural de superar crises políticas. O modelo
período, não pode ser substituído, a não ser por razões excep- semipresidencialista surge como uma alternativa que busca re-
cionais, unir as qualidades desses sistemas puros, sem incidir em algu-
subsumidas às hipóteses de crime de responsabilidade, mas de suas vicissitudes. Ressalte-se, desde logo, não se tratar
apuradas em processo de impeachment. Como acima consig- de um modelo híbrido desprovido de unidade e coerência, um
nado, passa-se diferentemente no parlamentarismo, sistema agregado de elementos estanques. Pelo contrário, trata-se de
no qual o chefe de Governo pode ser substituído a qualquer uma fórmula dotada de identidade própria, capaz de oferecer
tempo, mesmo que por razões políticas. Por isso, no presiden- solução adequada para alguns dos principais problemas da
cialismo, o mandato presidencial permitiria que o programa de vida política brasileira.
governo fosse formulado considerando um prazo maior para No semipresidencialismo, o Presidente da República é o
sua implementação, com ganhos em estabilidade administrati- chefe de Estado, eleito pelo voto direto do povo, e o Primei-
va e previsibilidade da atuação estatal. ro-Ministro o chefe de Governo, nomeado pelo Presidente e
Entretanto, a despeito dessas vantagens, o presidencia- chancelado pela maioria do Parlamento. Assim como no par-
lismo também não está isento de críticas importantes. A pri- lamentarismo, no semipresidencialismo também tem lugar a
dualidade do Executivo, que se divide entre as chefias de Es-
meira delas refere-se à forte concentração de poder numa só
tado e de Governo. Contudo, enquanto no parlamentarismo a
figura, o que potencializa o risco de autoritarismo. Na história
chefia de Estado tem funções meramente formais (como as de
constitucional brasileira, a emergência de governos autoritá-
representação internacional, assinatura de tratados, geralmen-
rios sempre se deu através do fortalecimento do Executivo em
te a pedido do Primeiro Ministro), no semipresidencialismo lhe
detrimento do Legislativo. Foi o que ocorreu tanto na ditadura
são atribuídas algumas importantes funções políticas. Dentre
do Estado Novo quanto no regime militar de 1964. Mesmo em
essas se destacam, de modo geral, as seguintes: nomear o Pri-
momentos de normalidade democrática, a presença de um
meiro Ministro; dissolver o Parlamento; propor projetos de lei;
Executivo excessivamente forte tem aberto espaço a certas prá- conduzir a política externa; exercer poderes especiais em mo-
ticas arbitrárias. No Brasil, essa crítica tem sido recentemente mentos de crise; submeter leis à Corte Constitucional; exercer o
desenvolvida a propósito do uso excessivo de medidas provi- comando das Forças Armadas; nomear alguns funcionários de
sórias no período pós- alto-escalão; convocar referendos. A nota distintiva dos países
88. De fato, a ausência da responsabilidade política incre- que adotam o semipresidencialismo situa-se na maior ou me-
menta em demasia a liberdade de ação do governante. Essas nor atuação do Presidente na vida política.
ponderações são procedentes. No entanto, duas observações A principal vantagem que o semipresidencialismo herda
devem ser feitas. do parlamentarismo repousa nos mecanismos céleres para a
Em primeiro lugar, as decisões do Executivo são, em re- substituição do Governo, sem que com isso se provoquem
gra, controláveis pelo Poder Judiciário, o qual utilizará, como crises institucionais de maior gravidade. O Primeiro Minis-
parâmetros, tanto as leis quanto a Constituição. Na verdade, a tro pode ser substituído sem que tenha de se submeter aos
atuação judicial costuma ser mais incisiva no presidencialismo complexos e demorados mecanismos do impeachment e
que no parlamentarismo. Não se pode perder de vista o fato de do recall. Por outro lado, se quem está em desacordo com a
que o próprio controle de constitucionalidade tem sua origem vontade popular não é o
no sistema político norteamericano, que é também a matriz Primeiro-Ministro (ou não é apenas ele), mas o próprio
do modelo presidencialista de separação de poderes. Embora Parlamento cabe ao Presidente dissolvê-lo e convocar novas
possam ser identificadas importantes exceções em países que eleições. Do presidencialismo, o sistema semipresidencialista
adotam o parlamentarismo, em regra, é seguro afirmar que, mantém, especialmente, a eleição do Presidente da República
diante das decisões do Parlamento, os juízes costumam ser e parte de suas competências. A eleição direta garante especial
mais cautelosos que perante as decisões do Executivo. legitimidade ao mandatário, dando sentido político consistente
Em segundo lugar, tanto regimes presidencialistas quanto a sua atuação institucional. O ponto merece um comentário
parlamentaristas estão expostos a degenerações autoritárias. E adicional.
há Estados presidencialistas que não são autoritários. É o que se No semipresidencialismo, as funções do chefe de Estado
verifica historicamente. Na América Latina, as ditaduras não se aproximam daquelas atribuídas ao Poder Moderador por
se implantaram propriamente por conta do presidencialismo, Benjamin Constant. O Presidente da República se situa em
mas em razão da ruptura, pela via dos golpes militares, da uma posição de superioridade institucional em relação à che-

16
SOCIOLOGIA

fia de Governo e ao Parlamento, mas esse papel especial não O Congresso Nacional e suas Casas funcionam de forma
se legitima no exercício da política ordinária, mas na atuação organizada, tendo os seus trabalhos coordenados pelas res-
equilibrada na superação de crises políticas e na recomposi- pectivas Mesas. Em geral, a Mesa da Câmara dos Deputados
ção dos órgãos do Estado. Embora o semipresidencialismo e a do Senado Federal são presididas por um representante
esteja necessariamente vinculado à forma republicana, o fato do partido majoritário em cada Casa, com mandato de dois
de a chefia de Estado ser exercida por um Presidente eleito anos. Além do presidente, a Mesa é composta por dois vice
não é suficiente para caracterizá-lo. É possível conceber um -presidentes e quatro secretários.
sistema parlamentarista em que o chefe de Estado também A Mesa do Congresso Nacional é presidida pelo presi-
seja um Presidente eleito. O fundamental, no particular, é que dente do Senado Federal e os demais cargos ocupados, al-
seja titular de competências políticas significativas. ternadamente, pelos respectivos membros das Mesas das
O semipresidencialismo é adotado em diversos paí- duas Casas.
ses (como Colômbia, Finlândia, França, Polônia, Portugal e Compõem ainda a estrutura de cada Casa as comissões,
Romênia)22. A seguir serão examinados dois exemplos: o que têm por finalidade apreciar assuntos submetidos ao seu
português e o francês, enfatizando-se como o sistema logrou exame e sobre eles deliberar. Na constituição de cada co-
dar cabo de longos períodos de instabilidade institucional, missão é assegurada, tanto quanto possível, a representação
equilibrando a relação entre os Poderes. Em seguida, serão proporcional dos partidos e dos blocos parlamentares que
apresentadas as razões pelas quais o sistema também pode integram a Casa.
fornecer ao Brasil maior estabilidade política, ostentando Na Câmara dos Deputados há dezoito comissões per-
sensível vocação para se consolidar também como o sistema manentes em funcionamento e no Senado Federal, sete. As
de nossa maturidade institucional. (Texto adaptado e extraí- comissões podem ser ainda, temporárias, quando criadas
do do Instituto Ideias). para apreciar determinado assunto e por prazo limitado. As
comissões parlamentares de inquérito (CPIs), as comissões
Poder legislativo externas e as especiais são exemplos de comissões tempo-
É o encarregado de exercer a função legislativa do esta- rárias.
do, que consiste em regular as relações dos indivíduos entre No Congresso Nacional as comissões são integradas por
si e com o próprio Estado, mediante a elaboração de leis. deputados e senadores. A única comissão mista permanente
No Brasil, o Poder Legislativo é organizado em um sis- é a de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização. Contudo,
tema bicameral e exercido pelo Congresso Nacional que é existe também a Representação Brasileira de Comissão Par-
composto pela Câmara dos Deputados, como representante lamentar Conjunta do Mercosul. Já as comissões temporárias
do povo, e pelo Senado Federal, representante das Unidades obedecem aos mesmos critérios de criação e funcionamento
da Federação. Esse modelo bicameral confere às duas Casas adotados pela Câmara e pelo Senado.
autonomia, poderes, prerrogativas e imunidades referentes O processo legislativo compreende a elaboração de
à sua organização e funcionamento em relação ao exercício emendas à Constituição, leis complementares, leis ordiná-
de suas funções. rias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos
A Câmara dos Deputados é composta, atualmente, por e resoluções. Todos estes instrumentos legais tramitam no
513 membros eleitos pelo sistema proporcional à popula- Congresso Nacional e em suas Casas segundo procedimen-
ção de cada Estado e do Distrito Federal, com mandato de tos próprios previamente definidos em regimentos internos.
quatro anos. O número de deputados eleitos pode variar de Apesar de o Congresso Nacional ser um órgão legisla-
uma eleição para outra em razão de sua proporcionalidade à tivo, sua competência não se resume à elaboração de leis.
população de cada Estado e do Distrito Federal. No caso de Além das atribuições legislativas, o Congresso dispõe de
criação de Territórios, cada um deles elegerá quatro repre- atribuições deliberativas; de fiscalização e controle; de julga-
sentantes. A Constituição Federal de mento de crimes de responsabilidade; além de outras privati-
1988 fixou que nenhuma unidade federativa poderá ter vas de cada Casa, conforme disposto na Constituição Federal
menos de oito ou mais de 70 representantes. de 1988.
Já no Senado Federal, os 81 membros eleitos pelo sis- O Congresso está localizado na área central de Brasília,
tema majoritário (3 para cada Estado e para o Distrito Fede- próximo aos órgãos representativos dos Poderes Executivo e
ral) têm mandato de oito anos, renovando-se a cada quatro Judiciário, formando a praça dos Três Poderes. Internamente,
anos, 1/3 e 2/3 alternadamente. Nas eleições de 1998 foram o Congresso é uma verdadeira “cidade” contando com bi-
renovados 1/3 dos senadores e nas eleições de 2002, 2/3 dos bliotecas, livrarias, bancas de revistas e jornais, barbearias,
membros. bancos, restaurantes, dentre outros serviços.
Uma vez eleitos, os deputados e senadores passam a
integrar a bancada do partido ao qual pertencem. Cabe às Poder executivo
bancadas partidárias escolher, dentre seus membros, um lí- O Poder Executivo Federal é exercido, no sistema
der para representá-los. Assim, para orientar essas bancadas presidencialista, pelo Presidente da República auxiliado pelos
durante os trabalhos legislativos, há a figura do líder partidá- Ministros de Estado.
rio e suas respectivas estruturas administrativas. O governo O Presidente da República, juntamente com o Vice-Presi-
também possui líderes, na Câmara, no Senado e no Congres- dente, são eleitos pelo voto direto e secreto para um período
so, que o representa nas atividades legislativas. de quatro anos.

17
SOCIOLOGIA

Em 1997, através de Emenda Constitucional nº 16, foi


permitida a reeleição, para um único mandato subsequente,
do Presidente da República, dos Governadores e dos Prefei- 10. O QUE É NÃO-CIDADANIA?
tos. Dessa forma, o Presidente Fernando Henrique Cardoso 10.1. DESUMANIZAÇÃO E COISIFICAÇÃO DO
iniciou, em 1º de janeiro de 1999, seu segundo mandato para OUTRO.
o qual foi reeleito em 1º turno nas eleições de outubro de 10.2. REPRODUÇÃO DA VIOLÊNCIA E DA
1998, se tornando o primeiro Presidente da República a ser DESIGUALDADE SOCIAL.
reeleito.
Em caso de impedimento do Presidente da República,
ou vacância do respectivo cargo, serão chamados sucessiva-
mente para exercer o cargo, o Vice-Presidente, o Presidente Desumanização e coisificação do outro.
da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Vivemos tempos de crises. Vivemos o tempo da crise. É
Tribunal Federal. possível apresentar toda história do capitalismo através do
Compete ao Presidente da República entre outros, che- encadeamento de crises que sucessivamente marcaram di-
fiar o governo; administrar a coisa pública; aplicar as leis; ini- ferentes momentos desse modo de produção. Respaldada
ciar o processo legislativo; vetar, total ou parcialmente proje- na realidade histórica, é possível asseverar que a crise é ele-
tos de lei; declarar guerra; prover e extinguir cargos públicos mento constitutivo do capitalismo. “Não existiu, não existe e
federais; e editar medidas provisórias com força de lei. não existirá capitalismo sem crise” afirma NETO (2006), com o
Aos Ministros de Estado compete exercer a orientação, cuidado de advertir que sua afirmação não significa uma na-
coordenação e supervisão dos órgãos e entidades na área de turalização da crise. Defender que toda economia, indepen-
sua competência e referendar os atos assinados pelo Presi- dentemente da contextualização histórica, tem crise e que,
dente da República e expedir instruções para a execução das por conseguinte, é natural a existência de crises, funciona
leis, decretos e regulamentos. como um argumento ideológico para disseminar a aceitação
A indicação de ministros é feita pelo Presidente da Repú- do particular como universal. A naturalização da crise, espe-
blica com base em critérios políticos, de modo a fazer aco- cificamente produzida sob a lógica do capital, tem sido muito
modações na base de sustentação do governo. Entretanto, utilizada pela ideologia burguesa na mitificação das causas
isso não exclui a possibilidade de, em alguns momentos, ser da crise conhecidas no capitalismo.
utilizado um critério exclusivamente técnico para a escolha Crises econômicas não são fenômenos naturais, são fe-
do ministro. nômenos sociais, portanto, podem ocorrer, inclusive, em so-
O exercício das funções relativas ao Poder Executivo é ciedade que não estejam organizadas sob a lógica do capital,
feito através da Administração Direta e Indireta. mas sob a lógica do capital a crise é ineliminável. É forçoso
destacar esses dois aspectos: primeiro, a crise é faz parte do
capitalismo, mas não por força da natureza; segundo, não
Poder judiciário
existe nenhum dado histórico que possibilite universalizar
A função do Poder Judiciário, no âmbito do Estado
a crise no âmbito da sociabilidade humana. Assim, nenhum
democrático, consiste em aplicar a lei a casos concretos, para
argumento ideológico pode retirar do horizonte histórico a
assegurar a soberania da justiça e a realização dos direitos
possibilidade real da construção de uma organização eco-
individuais nas relações sociais.
nômica diversa da capitalista, capaz de suprimir as causas da
A estrutura do Poder Judiciário é baseada na hierarquia
crise estrutural que submete a humanidade a uma existência
dos órgãos que o compõem, formando assim as instâncias.
desumana.
A primeira instância corresponde ao órgão que irá primei- Obviamente as situações de crise não apareceram na his-
ramente analisar e julgar a ação apresentada ao Poder Judi- tória da humanidade com o capitalismo, antes da sociedade
ciário. As demais instâncias apreciam as decisões proferidas produtora de mercadorias é possível constatar inúmeras cri-
pela instância inferior a ela, e sempre o fazem em órgãos co- ses que advieram em outros contextos históricos. Entretanto,
legiados, ou seja, por um grupo de juízes que participam do não existe uma semelhança entre as crises que ocorreram
julgamento. nas sociedades pré-capitalistas e as crises ocorridas sob a
Devido ao princípio do duplo grau de jurisdição, as deci- lógica do capital. Aquelas crises apareciam sempre em de-
sões proferidas em primeira instância poderão ser submeti- corrência da destruição de produtores e meios de produção
das à apreciação da instância superior, dando oportunidade em consequência de desastres naturais ou catástrofes sociais
às partes conflitantes de obterem o reexame da matéria. gerando uma insuficiência na produção de valor de uso, uma
Às instâncias superiores, cabe, também, em decorrência crise de subprodução. Inversamente, as crises no capitalis-
de sua competência originária, apreciar determinadas ações mo ocorrem em meio à superprodução de valores de troca
que, em razão da matéria, lhes são apresentadas diretamen- que não encontram escoamento no mercado, não realizam
te, sem que tenham sido submetidas, anteriormente, à apre- o valor. As crises anteriores ao capitalismo existiam em fun-
ciação do juízo inferior. A competência originária dos tribu- ção das necessidades humanas enquanto as crises do capital
nais está disposta na Constituição Federal. ocorrem primordialmente em função dos interesses de re-
A organização do Poder Judiciário está fundamentada na produção do capital. Eis o cerne da questão... E é sobre essa
divisão da competência entre os vários órgãos que o inte- questão: a crise do capital e a construção de uma alternativa
gram nos âmbitos estadual e federal. societária, que supere os antagonismos do nosso tempo, que
propomos refletir neste artigo. (NETO, 2006).

18
SOCIOLOGIA

Crise estrutural do capital Segundo NETO (2006), a prosperidade capitalista apre-


Um breve recuo histórico nos coloca frente às deman- goada pela revolução da produção foi desde sempre mar-
das advindas da crise do capital, que marcaram as últimas cada por crises. Desde 1825 até o momento imediatamente
três décadas do século XX, e se estende aos dias atuais. anterior a Segunda Guerra Mundial ocorreram pelo menos
Essa crise, embora ligada as crises anteriores, assumiu uma quatorze crises, número suficiente para dar relevo à insta-
forma diferente expondo, inegavelmente, seu caráter es- bilidade do sistema. Se as primeiras crises do capitalismo
trutural. Mas essa diferença não é empiricamente percep- eram mais ou menos localizadas, a partir de 1847-1848,
tível no caos cotidiano dos antagonismos da sociedade de seguindo a própria lógica expansionista do capital, as cri-
mercado e tem sido naturalmente tratada, pelos capita- ses foram tomando proporção mundial, como é exemplar
listas, como mais um episódio de crise ligada a um ciclo a crise de 1929. Até aquele momento entre uma crise e
econômico que se esgota para em seguida, pelas soluções outra ocorria um ciclo econômico em torno de 8 a 12 anos
adotadas, surgir outro ciclo. aproximadamente, mas após a Segunda Guerra Mundial
Nesta perspectiva, a crise que se manifestou nos anos esses ciclos foram encurtando mais e mais. Para enfren-
70 foi enfrentada da mesma forma que as crises anteriores, tar as crises que começavam a ter uma existência quase
ou seja, epidermicamente. As medidas reestruturantes ado- contínua o papel do estado foi redimensionado no âmbito
tadas foram suficientes para o capital poder reproduzir-se, da dinâmica econômica criando condições para o surgi-
não apenas consolidando livremente sua movimentação mento de políticas macroeconômicas implementadas por
em circuito planetário, mas, sobretudo, reeditando o mito organismos supranacionais instituídos para administrar e
da propriedade fundada no trabalho próprio e do mercado reduzir o impacto das crises. Portanto, todo o século XX foi
como fundamento da sociabilidade humana. O conjunto palco de crises do capitalismo que, inicialmente cíclicas e
dessas medidas adotado na mudança do modelo de rees- passiveis de controle por estratégias anódinas, confluíram,
truturação produtiva necessitou de um suporte ideológico pelo adiamento da resolução dos antagonismos geradores
e de importantes reformas político-sociais visando diluir, da crise, dos limites relativamente moderáveis para limites
pelo discurso, a luta de classes e qualquer outra forma de estruturais, insuperáveis dentro da ordem do capital. No
organização societal para além do capitalismo. O decreto rol dos “remédios milagrosos” essas medidas de caráter
do fim da história, intimamente ligado ao fim da utopia, paliativo acabaram contribuindo para o aprofundamento
substituiu a possibilidade da luta revolucionária por prá- da crise que vai se tornando crescentemente contínua. As
ticas reformistas propositivas, institucionalizadas na forma estratégias de mudar para não mudar estão, cada vez mais,
de cooperação e parcerias editadas no âmbito da partici- dando mostras de exaustão e, nas últimas décadas, o cará-
pação cidadã e da promessa de emancipação política. ter contínuo da crise não pode mais ser obscurecido pelas
Portanto, a reedição do discurso apologético do mer- diferentes expressões fenomênicas imediatamente visíveis.
cado, recurso ideológico embasado num retorno aos eco- A crise não se expressa nem se limita a uma questão técni-
nomistas clássicos e ao liberalismo nascente, serviu como ca ou a uma disfunção monetária passageira como querem
veículo de consenso para as reformas exigidas. Pela trilha fazer crer os economistas e/ou ideólogos burgueses.
d’O Caminho da Servidão2 a ideologia liberal foi alçada Convertida em “problema técnico”, a crise dos anos 70
a neoliberalismo que de maneira dogmática eternizou o foi vinculada à falta de sincronia dentro da extrema frag-
capitalismo na plenitude do consumo potencializado pela mentação do processo de produção taylorista-fordista.
lógica do descartável; e nas conquistas da democracia Avaliando que esse padrão produtivo acabou acarretando
burguesa potencializadas pelo discurso da participação uma perda de tempo na resultante da soma dos tempos de
representativa. A ideia do novo que projetava a liberda- espera, entre os ciclos cada vez mais curtos e cada vez mais
de humana como possibilidade que levaria ao futuro, pre- parcelados dos movimentos de trabalho, a crise foi enfren-
sente no pensamento iluminista, e defendido pelo projeto tada com uma reestruturação da base produtiva. Contudo
civilizatório da burguesia nascente, desapareceu. Restou, o “remédio” vindo do oriente na prescrição toyotista e todo
em meio aos limites da racionalidade pragmática e utili- arsenal neoliberal que serviu de suporte ideológico para as
tarista, o interesse conservador da reprodução incessante propaladas mudanças não logrou sanar o problema, con-
do metabolismo societal do capital, ideologicamente atua- firmando que essa crise não se esgota num problema me-
lizado na turva visão pós-moderna. O que vivemos hoje, ramente técnico, mas como bem define MÉSZÁROS (1987),
na aceitação fatídica dos velho-novos tempos como impe- é uma crise estrutural que atinge as instituições capitalistas
rativo categórico de um momento histórico que não mais do controle social na sua totalidade. Neste caso, mesmo a
anuncia o futuro, está presente na des razão intrínseca ao política, que nada mais é senão a aplicação consciente de
caráter totalizante do capital. Sob a ideologia que forja a medidas estratégicas capazes de afetar profundamente o
consciência contingente, essa des razão parece natural no desenvolvimento social como um todo, é transformada em
limite da aparência fenomênica das promessas, irrealizá- instrumento de manipulação, desprovida de sua finalidade
veis, de desenvolvimento para a humanidade. Não é sem própria, restando ao discurso político – neoliberal apenas
razão que o ardil ideológico precisa compor, no âmbito das seguir o padrão de movimento reativo tardio e de curto
subjetividades, a mitificação necessária para o acatamento prazo, em resposta às crises que irrompem na base eco-
da atualização objetiva das estratégias, cada vez mais reifi- nômico-social da produção e acumulação do capital que
cantes e desumanizadoras, da reprodução do capital. se invalida.

19
SOCIOLOGIA

A crise estrutural do capital é, portanto, o encontro do QUESTÕES


sistema com seus próprios limites intrínsecos, mesmo que
se manifeste, como atualmente, numa crise financeira que 1. A primeira explicação sociológica sobre o suicídio
se tece, desde a década de 90, nos problemas de liquidez, foi feita por
restrição de credito, queda do dólar e na alta dos preços (A) Friedrich Engels.
do petróleo, das matérias primas e dos alimentos. De for- (B) Auguste Comte.
ma imediata, ressalte-se imediatamente aparente, o que (C) Max Weber.
estamos vivendo agora são as consequências do “buraco” (D) Émile Durkheim.
criado pelo capital fictício que começou com mais de 200 (E) Harriet Martinean.
bilhões de euros, valor da dívida de mais de três milhões
de famílias, que criou um efeito dominó atingindo grandes 2. Cultura refere-se
estabelecimentos de crédito do mundo e a economia real (A) ao entendimento que as pessoas têm sobre quem
numa crise de proporção mundial. são e o que é importante para elas.
(B) aos modos de vida dos membros de uma socieda-
O sentido e significado da crise estrutural de, ou de grupos dentro dela.
Mais profunda que uma crise de dominação, que colo- (C) às crenças cujos valores e normas estão desvincu-
ca em xeque o poder da política de consenso do capital – a lados entre si e podem ser alterados com o tempo.
crise estrutural coloca no horizonte histórico da humani- (D) à ausência de socialização de grupos ou contextos
dade o risco do fim da própria humanidade, como indica sociais no qual a criança se inscreve.
o rastro de barbárie e aniquilamento da natureza deixado (E) aos valores e normas que desconstroem o compor-
pela produção destrutiva do capital. Neste caso, aquelas tamento dos membros de uma sociedade.
soluções provisórias, na expectativa de criar situações não
definitivas, mostram-se ainda mais ineficazes. Nada foge a 3. Cultura, para Cuche, designa ideias de progresso, de
lógica da irreversível extensão do capital e seu domínio se evolução, de educação, de razão, própria do Homem, além
estende a todos os aspectos da vida humana. Vale ressal- de toda distinção de povos e de raças. (A noção de cultura
tar que, se as consequências do enfrentamento de limites nas ciências sociais. 2. ed. Bauru: EDUSC, 2002.)
relativos nas crises cíclicas já se mostravam destrutivas, as Este é o conceito
consequências produzidas sob as condições de uma crise (A) antropológico, admitido pelos antropólogos con-
estrutural, atingindo as dimensões fundamentais do siste- temporâneos.
ma, se mostram ainda mais devastadoras. (B) dos antropólogos físicos do começo do século XIX.
A cega lei natural do mecanismo de mercado traz con- (C) iluminista de cultura, presente no século XVIII.
sigo o inelutável resultado de que os graves problemas (D) verdadeiro, ao longo de todos os tempos.
sociais, necessariamente associados com a produção e (E) da antropologia culturalista que se sobrepôs às no-
a concentração do capital, jamais são solucionados, mas ções diferenciais de cultura.
apenas adiados (...). Crescimento e expansão são neces-
sidades inerentes do sistema de produção capitalista e, 4. Considere:
quando os limites locais são atingidos não resta outra saí- I. Dizer que mesmo os grupos socialmente dominados
da a não ser reajustar violentamente a relação dominante possuem cultura não significa dizer que eles são iguais.
de forças (MÉSZÁROS, 1987). II. As relações de poder entre os grupos sociais são ir-
relevantes, pois cada um deles desenvolve suas próprias
configurações culturais.
III. As culturas dominadas assim o são dada a fragilida-
de de suas instituições, que se permitem aculturar.
Está correto o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) III, apenas.
(D) I e II, apenas.
(E) I, II e III.

5. A noção de que as instituições culturais corres-


pondem a respostas às necessidades psicológicas dos
homens é
(A) uma teoria funcionalista da cultura, cujo principal
expoente foi Malinowski.
(B) uma teoria interpretativa da cultura, cuja principal
expoente foi Margaret Mead.
(C) uma realidade constatada por inúmeros autores e
tornada axioma da ciência antropológica.

20
SOCIOLOGIA

(D) um dado do senso comum, que não resiste ao exa- 10. Leia o trecho abaixo.
me da ciência antropológica. A internacionalização do sistema capitalista, iniciada há
(E) uma teoria positivista da cultura, cujo principal ex- séculos mas muito acelerada pelos avanços tecnológicos
poente foi Durkheim. recentes, e a criação de blocos econômicos e políticos têm
causado uma redução do Poder dos Estados e uma mudan-
6. O processo de socialização ça das identidades nacionais existentes. (CARVALHO, J. M.
(A) ocorre unicamente na infância, quando a criança de. Cidadania no Brasil: O longo caminho. Rio de Janeiro:
assimila os conteúdos dos pais e da sociedade. Civilização Brasileira, 2008, p. 13)
(B) ocorre especialmente na adolescência, quando o Segundo o texto, o processo da internacionalização da
adolescente se opõe aos valores de sua família para cons- economia
truir um valor individual. (A) é uma forma pouco entendida de defesa dos direi-
(C) diz respeito exclusivamente à transmissão de valo- tos de cidadania.
res da sociedade para os indivíduos. (B) afeta positivamente os direitos de cidadania, pois
(D) envolve identificação, construção da identidade, este processo leva progresso econômico aos países.
(C) afeta negativamente os direitos da cidadania políti-
sentimentos de pertencimento e de relação.
ca, pois implica a redução do direito de participação.
(E) opera na sociedade tornando-a homogênea e por
(D) está relacionado a uma lógica inexorável de avanço
isso dócil à autoridade.
e evolução das sociedades em que se faz presente.
(E) é uma falácia, pois a produção de riqueza e sua
7. Quanto à socialização, é INCORRETO afirmar. apropriação permanece em cada território nacional.
(A) A socialização primária está voltada à incorporação
de um saber básico, estruturante da forma como o exterior 11. Sobre as consequências subjetivas provocadas pela
é concebido, e do aprendizado primário da linguagem. experiência dos indivíduos no novo mundo do trabalho glo-
(B) A socialização secundária está relacionada à aquisi- balizado, segundo Giddens (2008), é INCORRETO afirmar:
ção de saberes específicos e de papéis relacionados à divi- (A) O declínio das fontes tradicionais de emprego pro-
são do trabalho. (C) A socialização primária está relaciona- vocou um sentimento de ansiedade que se propagou entre
da à adaptação do indivíduo ao princípio de realidade, em os operários da produção; não apenas no que diz respeito
que ele renuncia ao princípio de prazer. aos seus próprios empregos, como também em relação às
(D) A socialização secundária é a única que pode pro- perspectivas dos seus filhos.
duzir identidades e atores sociais orientados para novas (B) Os jovens sentem-se inseguros em relação ao em-
relações sociais. (E) A socialização primária está relacio- prego pois a economia em rápida globalização está levan-
nada à continuidade dos instintos infantis pois o mundo do a um número cada vez maior de fusões entre as empre-
fragmentado não disponibiliza saberes orientadores para sas e de redução em seu tamanho.
as crianças. (C) Identifica-se ansiedades relacionadas ao aumento
das responsabilidades, à medida que as estruturas orga-
8. Segundo Bourdieu (in Dubar, 2005), os conceitos de nizacionais tornam-se menos burocráticas e o processo de
habitus ligado à trajetória familiar e de capital cultural das tomada de decisões é espalhado por todo o ambiente de
famílias, para o campo escolar, trabalho.
(A) são irrelevantes, pois o que define o sucesso ou o (D) Vem ocorrendo um processo de deterioração con-
fracasso escolar é o interesse individual, de foro íntimo. (B) tínua da saúde mental dos trabalhadores porque são mais
estão ultrapassados pelas teorias cognitivas de desenvolvi- frequentemente submetidos a situações de estresse no tra-
mento de habilidades e competências. balho.
(E) Desapareceram os sentimentos de impotência, falta
(C) orientam a trajetória escolar no sentido de expec-
de sentido e isolamento, comuns à experiência do trabalho
tativas para ampliação do capital cultural e econômico da
alienado nas antigas indústrias.
família.
(D) relacionam-se a uma única geração, que está na 12. Sobre as características do trabalho humano para
escola para ampliação de seu capital cultural. Marx, é INCORRETO afirmar que
(E) negam a possibilidade de mudar a estrutura de ca- (A) a espécie humana partilha com as demais a ativida-
pitais simbólicos e culturais de cada família, já que estes de de atuar sobre a natureza de modo a transformá-la para
capitais não se intercambiam. melhor satisfazer as suas necessidades.
(B) o homem que trabalha não apenas transforma o
9. O conceito de mais-valia está relacionado à valori- material sobre o qual opera, mas imprime ao material o
zação projeto que tinha conscientemente em mira.
(A) do trabalho, e é um conceito de Marx (C) por tratar-se de uma atividade instintiva, não há di-
(B) da produtividade, e é um conceito de Taylor. ferença entre o trabalho dos seres humanos e dos animais.
(C) da comunidade, e é um conceito de Durkheim. (D) o trabalho humano é consciente e proposital, ao
(D) da racionalidade, e é um conceito de Weber. passo que o trabalho dos outros animais é instintivo.
(E) da cultura, e é um conceito de Malinowski. (E) é através do pensamento conceitual que o homem
realiza o trabalho.

21
SOCIOLOGIA

13. Segundo Marx, as relações sociais de produção ca- 16. Em relação aos direitos de cidadania, considere:
pitalistas são: I. Direitos civis são direitos fundamentais à vida, à igual-
(A) cooperativas ou antagônicas, dependendo do con- dade perante a lei, à liberdade e à propriedade. Estão rela-
trato de trabalho. cionados a uma justiça independente e acessível a todos.
(B) cooperativas porque capitalistas e os trabalhadores II. Direitos políticos estão relacionados à participação
dependem uns dos outros. dos cidadãos na vida política, ao direito de votar e de ser
(C) antagônicas porque não há equilíbrio na divisão do votado.
trabalho. Estão relacionados à existência de partidos políticos e
(D) antagônicas porque os trabalhadores detém o co- à representatividade.
nhecimento sobre o processo de produção e o controlam III. Direitos sociais estão relacionados à participação de
segundo seus interesses. todos na riqueza coletiva. Incluem o direito ao trabalho, à
(E) antagônicas porque baseadas na exploração, uma saúde, à educação. A sua existência depende de uma efi-
vez que o capitalista é capaz de apropriar-se do trabalho ciente máquina do Poder Executivo.
excedente. Está correto o que se afirma em
. (A) I, II e III.
14. Em relação ao sistema de governo, o Brasil é uma (B) I e II, apenas.
república (C) I e III, apenas.
(A) presidencialista, em que o presidente da República (D) II e III, apenas.
exerce o poder executivo. (E) I, apenas.
(B) parlamentarista composta, uma vez que possui
duas casas legislativas além do poder executivo. Gabarito
(C) parlamentarista originária, já que mantém os po-
deres autônomos e o chefe do legislativo não se confunde
com o chefe do executivo.
(D) presidencialista, uma vez que o presidente da Re-
pública exerce os poderes executivo, judiciário e legislativo.
(E) parlamentarista atípica, porque o Ministro Chefe da
casa Civil exerce o papel de Primeiro Ministro.

15. O sistema partidário brasileiro


(A) é um bipartidarismo, já que o poder está polarizado
nas mãos de dois partidos principais.
(B) é um transpartidarismo, já que os membros dos
partidos políticos mudam de partido frequentemente.
(C) é um pluripartidarismo, pois existem múltiplas
agremiações político partidárias.
(D) admite por princípio a criação de partidos que não
tenham caráter nacional.
(E) admite partidos que recebam recursos de empresas
ou governos estrangeiros.

22
GEOGRAFIA

1. A RELAÇÃO SOCIEDADE-NATUREZA........................................................................................................................................................... 01
1.1. Os mecanismos da natureza................................................................................................................................................................... 01
1.2. Os recursos naturais e a sobrevivência do homem....................................................................................................................... 01
1.2.1. As desigualdades na distribuição e na apropriação dos recursos naturais no mundo............................................... 01
1.2.2. O uso dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente........................................................................................ 01
2. ESTRUTURAÇÃO ECONÔMICA, SOCIAL E POLÍTICA DO ESPAÇO MUNDIAL.............................................................................. 15
2.1. Capitalismo, industrialização e transnacionalização do capital................................................................................................ 15
2.1.1. Economias industriais e não industriais: articulação e desigualdades............................................................................... 15
2.1.2. As transformações na relação cidade-campo.............................................................................................................................. 15
2.2. Industrialização e desenvolvimento tecnológico: dominação/subordinação político-econômica............................. 15
2.3. O papel do Estado e as organizações político-econômicas na produção do espaço..................................................... 15
2.4. Fundamentos econômicos, sociais e políticos da mobilidade espacial e do crescimento demográfico................. 15
2.5. A divisão internacional e territorial do trabalho............................................................................................................................. 15
2.6. O fim da Guerra Fria. A desagregação da URSS. A nova ordem econômica mundial..................................................... 15
3. O PROCESSO DE OCUPAÇÃO E PRODUÇÃO DO ESPAÇO BRASILEIRO......................................................................................... 29
3.1. A formação territorial do Brasil e sua relação com a natureza................................................................................................. 29
3.2. O processo de industrialização brasileira e a internacionalização do capital..................................................................... 29
3.2.1. Urbanização, metropolização e qualidade de vida.................................................................................................................... 29
3.2.2. Estrutura e produção agrária e impactos ambientais............................................................................................................... 29
3.2.3. População: crescimento, estrutura e migrações, condições de vida e de trabalho....................................................... 29
3.3. O papel do Estado e as políticas territoriais..................................................................................................................................... 29
3.4. A regionalização do Brasil: desenvolvimento desigual e combinado.................................................................................... 29
GEOGRAFIA

Um problema ecológico tem que ser abordado pelo


1. A RELAÇÃO SOCIEDADE-NATUREZA. exterior e pelo interior. O exterior é biótipo que se impõe,
1.1. Os mecanismos da natureza. isto é, os organismos presentes percebem ou não, o con-
1.2. Os recursos naturais e a sobrevivência junto das condições reais do meio. O interior é o meio que
cerca o indivíduo ou uma população de indivíduos da mes-
do homem.
ma espécie, que avalia o impacto das condições do meio,
1.2.1. As desigualdades na distribuição e na percebidas diretamente ou indiretamente, sobre o com-
apropriação dos recursos naturais no mundo. portamento e a evolução dos organismos.
1.2.2. O uso dos recursos naturais e a Cada fase do desenvolvimento ecológico da espécie
preservação do meio ambiente. chama-se ecofase. Cada uma vive um biótipo determinado,
e passa a sua vida agindo sobre este biótipo e também
sobre algumas de outras ecofases presentes, ao mesmo
Ultimamente as ciências ecológicas têm seguido duas tempo, reagindo à vida das outras. A isto dá-se o nome
orientações. A primeira, que tem sido a mais apreciada de biocenose, onde as relações entre indivíduos são de vá-
pelos naturalistas, guia para os segredos da Natureza sel- rias ordens. Pode haver relações de nutrições, como por
vagem, ao comportamento complexo com suas ações e exemplo, comedores-comidos, entre ecofases de espécies
reações, das evoluções dos organismos vivos quais sejam: diferentes ou da mesma espécie, o que confere uma es-
vegetais ou animais, úteis ou nocivos, indiferentes, com ou trutura considerada conjunto. Pode haver também relações
sem interesse econômico. A segunda considera somente o privilegiadas entre indivíduos da mesma espécie, como
homem, levando-o a contemplar aquilo que ele próprio é, agregações e congregação, ou de espécies diferentes, em
o que faz de útil ou nocivo a si mesmo, advertindo-o contra determinadas ecofases como simbiose, comensalismo, pa-
os perigos da despreocupação que o leva a utilizar-se das rasitismo.
reservas dos recursos naturais de que necessita, a desfazer- Na escala de um ecossistema fala-se em juventude,
se irresponsavelmente do lixo que fabrica. meia-idade e senilidade, até chegar-se à estabilidade, que
Qualquer espécie viva que quiser sobreviver deverá
é, no entanto, muito relativa, pois todo ecossistema evo-
submeter-se às exigências do meio que a acolhe, pois está
lui devido às grandes flutuações climáticas a que a própria
inserida entre esse meio e os seres que o ocupam. Quer
biosfera está sujeita. Um ecologista, para realmente apren-
queira, quer não queira, o homem a elas se submete.
der sobre o mundo vivo, precisaria colocar-se no lugar dos
Ecologia foi o nome dado ao conjunto organizado de
organismos que observa, tamanha é sua dependência em
conhecimentos relativos aos laços que unem os organis-
relação ao meio, dadas às condições físicas, químicas e bio-
mos vivos ao seu meio vital. A retina do homem é sensível
somente às radiações de certos comprimentos de onda, lógicas.
que lhe permitem diferenciar o dia da noite, mas as radia- Para diferenciar o geral do particular, o ecologista usa
ções solares também são compostas de raios ultravioleta e determinados termos, partindo de uma escala grande para
infravermelhos. O mundo visual dos animais se difere mui- uma pequena:
to do homem. Cada animal tem sua maneira própria para - bioma, biótipo, e cótipo, estação;
reconhecer o meio em que vive e são os seus sentidos que - meio, paisagem, habitat, território;
delimitam o seu universo. - povoamento, população, companhia, coorte.
Quanto aos cheiros, a acuidade de muitos animais é
muito mais aguda, trazendo ao homem a consciência de Cada animal tem seu próprio ambiente dentro do bió-
que está diante de um organismo diferente do seu, o qual tipo que o acolhe e o homem não foge à regra. O biótipo
vive em um meio que é percebido de maneira diferente. Um não é imutável, pois evolui com o tempo. A ecologia é uma
ser vivo está relacionado com outros, e cada um deles tem ciência das relações que se traduzem por uma transmis-
seu próprio meio. Aí consiste a dificuldade do ecologista, são de energia, fonte de todos os metabolismos. É utilizada
pois deve compreender a vida de seres biológicos que têm, para múltiplos fins e quando consumida, irrecuperável.
cada um, suas próprias exigências e sua própria percepção A Ecologia é, antes de tudo, uma biodinâmica dos con-
de um meio que compartilham uns com os outros. juntos vivos. Seres cujo tempo de vida é muito breve, mas
Aquele que observa a natureza deve, portanto, ser ca- com capacidade de multiplicação muito grande, convivem
paz de entender as diferenças existentes entre o meio em com seres que não se reproduzem tão depressa. O homem
que um determinado ser vive e o meio que este percebe tem procurado dedicar-se à coisas que o preocupam ulti-
graças aos seus órgãos de sentido. Um ser vivo tem como mamente como: o crescimento da população, o aumento
primeira imposição a de viver. Depois ele tem que sobre- da poluição do ar e água de regiões urbanizadas, o impacto
viver, tendo que encontrar, portanto, uma maneira de se da agricultura industrializada sobre a flora e a fauna, o des-
adaptar às más condições, que cada ser vivente encontra, gaste das fontes de matérias-primas e de energia. Estamos
ao menos em potencial. vivendo uma época de grande aceleração dos fenômenos
Os caminhos da vida são espetacularmente diversifica- humanos enquanto a natureza e seus recursos estão à pro-
dos. O tempo não é uma dimensão contínua para todos os cura de um estado de equilíbrio.
organismos e às vezes reagem de forma diferente em dois
momentos de sua vida, tais como, larvas e depois aéreos,
galactófagos e depois herbívoros, carnívoros ou onívoros.

1
GEOGRAFIA

Poluição Dentro da busca para produzir energia podemos citar,


como fatores importantes, o uso da hulha que começou a
O termo poluição, muito empregado nos dias atuais, de- contribuir para as poluições atmosféricas, a extração do carvão
signa conjunto dos resíduos de compostos tóxicos liberados e do petróleo, feitas em ritmo cada vez mais acelerado e o gás
pelo homem na atmosfera, mas também as substâncias que, natural. A extração e o uso do petróleo acompanham inúme-
sem serem, de imediato, verdadeiramente perigosas para os ras poluições e muitos outros contra-sensos ecológicos.
organismos vivos, exercem uma ação perturbadora sobre o A crescente expansão da indústria química implica em
meio ambiente. inúmeros compostos minerais ou orgânicos, muitas vezes al-
O termo poluir, etimologicamente, significa “profanar, su- tamente tóxicos, que circulam na biosfera. Pouco a pouco, a
jar, manchar, degradar”. São vocábulos muito claros e parecem atmosfera está sendo envenenada por compostos persistentes
tão adequados quanto as longas definições elaboradas pelos de toxicidade perniciosa. Vestígios destes compostos têm sido
peritos. encontrados nos organismos de mamíferos do Grande Nor-
A história da poluição está diretamente refletida nos pro- te canadense, de peixes pelágicos e até de animais antárticos.
gressos da tecnologia. Foi no Neolítico que as primeiras causas Temos, portanto, a prova de que o oceano mundial constitui-
da contaminação do meio ambiente apareceram. Devido à des- se em receptáculo final de acumulação de todos os resíduos
coberta da agricultura, apareceram as cidades e, pela primeira produzidos pela tecnologia moderna.
vez, a densidade da população humana ultrapassou e muito, A elevação de produtividade obtida nas terras de plan-
a densidade que caracteriza as populações de qualquer outra tio é acompanhada de muitos efeitos indesejáveis ou nocivos.
espécie de mamíferos, ainda que das mais gregárias. Mesmo Contribuiu para este aumento de rendimento, o emprego de
assim as fontes de poluição continuaram muito limitadas na adubo mineral e o uso de pesticidas, este último afetando di-
natureza. Elas advinham da contaminação microbiológica das retamente o homem. A contaminação da alimentação humana
águas através dos efluentes domésticos e muito pouco, por constitui, atualmente, um dos mais preocupantes problemas
metalurgia primitiva de elementos tóxicos não ferrosos, como do meio. Outros componentes que afetam o homem são os
o cobre. Foi com o nascimento das grandes indústrias, durante antibióticos, sulfamidas e hormônios usados em zootecnia,
o século XIX, que a contaminação da água, do ar e dos solos como também o uso de aditivos alimentícios, tais como coran-
tornou-se localmente preocupante, principalmente nas imedia- tes, aromatizantes, estabilizantes, que poluem nossa comida.
ções das instalações mineiras e nas grandes cidades industriais Em última análise, o problema das poluições é multiforme
superpovoadas. e afeta diretamente o Homem através da contaminação dos
As mais graves questões de poluição dos nossos dias pro- meio inalados ou ingeridos.
vêm de novas tecnologias que se desenvolveram e ao longo Os poluentes podem ser agrupados de acordo com sua
das três últimas décadas e estão ligados ao lançamento, no natureza física, química, biológica, etc, ou de modo ecológico,
meio ambiente, de substâncias ao mesmo tempo tóxicas e não de acordo com seus efeitos, seja segundo o meio no qual são
biodegradáveis, se não indestrutíveis, ou de compostos inertes lançados e sobre o qual exercem ação nociva. Os poluentes
ou pouco reativos, liberados nos diversos meios, em quantida- penetram no organismo, sob o ponto de vista toxicológico,
des sempre crescentes, como é o caso das embalagens plásti- através de inalação, ingestão, contato, etc.
cas. As substâncias liberadas na ecosfera, em quase totalidade
Nos dias atuais, população e poluição crescem de modo dos casos, são levadas para muito longe do ponto onde foram
acelerado, no entanto o poder auto purificador da ecosfera lançadas. A circulação atmosférica e hidrológica se encarrega-
está cada vez mais comprometido pela dispersão de resíduos rá de dispersá-las de modo progressivo no conjunto da ecos-
tóxicos e varia no sentido contrário, com a tendência à comple- fera. Todo composto orgânico ou mineral, mesmo que sólido,
ta neutralização. pode teoricamente passar para o ar. Este fenômeno acontece
O desperdício dos países ocidentais e o apelo frequente de devido à circulação das massas de ar na troposfera e na estra-
renovação dos bens de consumo, têm concorrido para aumen- tosfera. As correntes horizontais combinam-se com movimen-
tar, em enormes proporções, a importância das poluições. As- tos verticais das massas de ar que ocasionam uma circulação
sim, o volume dos resíduos jogados no lixo é artificialmente au- atmosférica de norte para sul. Ventos oeste-leste originam um
mentado pela obsolescência dos bens de consumo que levanta tipo de circulação que permite a troca das massas de ar entre
dentro de nossa sociedade. Está havendo uma delapidação de os dois hemisférios ao nível da troca da troposfera das regiões
energia e de matérias-primas que levarão toda a humanidade a equatoriais.
um déficit insuperável para as atividades industriais e agrícolas. Salvo raras exceções, os poluentes atmosféricos não per-
É certo que também a urbanização acelerada, com a concen- manecem no ar infinitamente, pois as precipitações trazem-
tração das indústrias, está entre os fatores mais preocupantes. nos de volta à superfície do solo ou à hidrosfera. Em conse-
O aumento de poluição na ecosfera é ao mesmo tempo quência de fenômenos geoquímicos, a massa dos poluentes
quantitativo e qualitativo. Devemos atentar, também, para a co- lançados pelo homem, cedo ou tarde será levada ao oceano
mercialização de novas substâncias poluentes permitidas pela mundial, o último receptáculo dos agentes tóxicos.
Química Moderna, muito nocivas para os seres vivos e cuja fa- O estudo do pH das águas de chuva, demonstra que este
bricação em grande escala, é geralmente empreendida antes baixou seriamente em consequência o uso cada vez maior de
que se façam quaisquer estudos de suas propriedades toxico- óleos combustíveis pesados, ricos em enxofre. Podemos con-
lógicas e ecológicas. As três causas principais de contaminação cluir que a combinação de diversos fatores geoquímicos asse-
da ecosfera, na civilização industrial são: a produção da energia, gura a dispersão e a distribuição dos poluentes pelo conjunto
as atividades da indústria química e as atividades agrícolas. da biosfera.

2
GEOGRAFIA

O Panorama das Poluições Os inseticidas inorgânicos são os de utilização mais anti-


ga. Os inseticidas orgânicos naturais, de origem vegetal, são
É muito ampla a definição de poluição, pois abrange também de emprego antigo e os inseticidas orgânicos de
tanto poluentes de origem natural quanto poluentes liga- síntese já fazem parte de uma segunda geração, desde sua
dos. A poluição de origem natural é rara, e como exemplo, origem em 1939. A segunda categoria dos inseticidas orgâni-
podemos citar as erupções vulcânicas que lançam na at- cos de síntese é a dos organoclorados, são os mais numero-
mosfera quantidades variáveis de cinzas e gases tóxicos. sos e talvez, os melhores. São os mais seletivos, e suas molé-
No entanto, a poluição cresceu simultaneamente com o culas se degradam com mais facilidade, não se acumulando
progresso industrial. Como cita o relatório do Conselho na natureza e são, também, os menos tóxicos para o homem.
Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos, “a poluição au- Os herbicidas são produtos destinados a eliminar as ervas
menta não somente pelo fato de que o espaço disponível daninhas e seu uso maciço traz inconvenientes para o gado,
para cada indivíduo se reduz à medida que as populações que é atraído a certas plantas que normalmente não comeriam.
crescem, mas também porque a demanda individual cres- Os fungicidas destinam-se a lutar contra cogumelos pa-
ce continuamente, a tal ponto que cada um de nós tem rasitas como os carvões e as ferrugens, contra diversos bolo-
mais restos e resíduos, mas, à proporção que aumenta a res ou contra espécies de fungos.
densidade de população, tornam-se cada vez mais raros os Os praguicidas assumiram importância na economia
locais onde se possam jogar fora qualquer coisa: o lixo de moderna; o mercado mundial de inseticidas chega a 600 mi-
cada um começa a invadir o espaço vital do vizinho”. lhões de dólares.
No entanto, todas as nossas concepções econômicas Os poluentes atmosféricos podem ser gases (óxido de
e filosóficas estão ainda impregnadas da crença de que o carbono, óxidos de enxofre e de nitrogênio) ou então par-
Homem é o senhor da Natureza e pode modificá-la im- tículas sólidas ou líquidas em suspensão no ar (poeiras me-
punemente. Somente agora começamos a perceber que o tálicas, substâncias à base de flúor, amianto, pesticidas, etc.).
desrespeito às leis da ecologia resulta num certo número Quanto à origem, classificam-se como:
de acidentes como a crescente poluição da biosfera. É im-
prescindível admitir que a Terra é limitada, como também - Poluentes naturais: poeiras arrancadas ao solo; sais ma-
os recursos de que dispomos e que uma expansão quanti- rinhos provenientes do salpico das ondas; poeiras e gases
tativa indefinida não é possível. de origem vulcânica; produtos de incêndios espontâneos de
Sabemos que o lançamento de um poluente na atmos- florestas; produtos de origem vegetal, como o pólen;
fera nunca será um fenômeno apenas local, mas atingirá - Poluentes devidos aos transportes: combustão de car-
sempre uma região mais ou menos vasta. Um bom exem- burantes dos veículos a motor; poeira arrancada ao revesti-
plo desta dispersão são os tratamentos com inseticidas, mento das estradas;
porque mais de 50% da matéria ativa pode passar para o ar - Poluentes devidos às combustões: combustão do car-
em consequência de fenômeno de condestilação em pre- vão e dos derivados de petróleo para aquecimento domésti-
sença do vapor de água, mesmo que se trate de produtos co e nas centrais térmicas;
pouco voláteis, como o D.D.T. e a dieldrina. Uma análise de - Poluentes de origem industrial: indústria de metais, in-
água da chuva, feita na Inglaterra, demonstra a existência dústria do cimento; indústria química; indústria do petróleo.
constante de diversos inseticidas. A transferência a longa
distância explica que se tenham encontrado teores de 41 Numerosos fatores atmosféricos (especialmente o ven-
ppb em D.D.T. nos aerossóis caídos sobre Barbados, nas to) e topográficos fazem a dispersão dos poluentes gasosos.
Antilhas. Possivelmente, os óxidos de enxofre (SO2) sejam os poluen-
O homem fabrica muitos produtos que têm a particula- tes mais nocivos da atmosfera. São produzidos a partir da
ridade de persistir por muito tempo na Natureza, pois suas combustão de carvões ou combustíveis líquidos de centrais
moléculas são inatacáveis pelos seres vivos, em particular térmicas, diversas indústrias, automóveis, aquecimento do-
pelas bactérias, que desempenham o papel mais ativo nos méstico ou queima de detritos. Possuem toxicidade para os
ciclos biogeoquímicos. Estes produtos são chamados de vegetais, provocando diversas alterações e, até mesmo, o
“não-biodegradáveis”, o quer dizer que se acumulam nos desaparecimento completo de vegetação vizinha de fontes
ecossistemas. Nesta categoria incluem-se muitos insetici- poluidoras. As essências florestais são mais atingidas que as
das, principalmente os organo-clorados como o D.D.T. A plantas anuais, pois a duração de sua vida permite a manifes-
liberação de moléculas não-biodegradáveis resulta num tação de efeitos cumulativos.
envenenamento progressivo da biosfera, por isso é indis- O flúor é eliminado por diversas indústrias, principalmen-
pensável substituir tais moléculas por outras, que sejam te pela do alumínio. O flúor e seus compostos são tóxicos em
biodegradáveis. Isso já foi feito com os detergentes. Porém, doses muito fracas e tem ação cumulativa: no ar poluído, os
pesquisas devem provar que tais moléculas resultantes da tecidos dos vegetais vão-se enriquecendo progressivamente
degradação não terão um poder tóxico superior. de flúor. As folhas vão necrosando e caem ao atingir metade
Os praguicidas, que são produtos utilizados para ma- de sua superfície, acarretando desnutrição e morte, aos pou-
tar animais ou vegetais indesejáveis, incômodos ou noci- cos, da árvore. Nos animais, as manifestações patológicas
vos, podem ser classificados em três grandes categorias: conhecidas por fluoroses, estão ligadas a um teor muito ele-
inseticidas, herbicidas e fungicidas. Na verdade, são nomes vado de flúor nos vegetais consumidos, causando redução
enganosos porque os herbicidas e inseticidas não atacam no ritmo de crescimento, lesões nos dentes e no esqueleto,
apenas ervas daninhas e insetos, mas também os pássaros. além de ocorrências de mortalidade.

3
GEOGRAFIA

Os óxidos de nitrogênio são produzidos pela combus- Nossos conhecimentos das consequências da poluição
tão dos motores de automóveis e, portanto são mais abun- atmosférica são ainda insuficientes, particularmente no que
dantes no ar das cidades. A formação de smog oxidante diz respeito aos efeitos da permanência prolongada de se-
ocorre através de mecanismos muito complexos e que se res humanos em meios fracamente poluídos. Pessoas mui-
pode esquematizar da seguinte forma: em presença de ra- to expostas a misturas poluentes permitem concluir que
diações ultravioleta, o dióxido de nitrogênio decompõe-se doenças como bronquite aumentam nitidamente, como
em monóxido de nitrogênio e oxigênio atômico. Este pode também o aparelho cardiovascular. Acredita-se que o cân-
reagir com o oxigênio molecular, formando o ozônio. São cer pulmonar possa ser provocado por diversos poluentes
muitos os prejuízos causados à agricultura pela poluição presentes no ar. Outros efeitos desastrosos são devidos
fotoquímica. à poluição atmosférica tais como enegrecimento das fa-
O monóxido de carbono não é irritante nem malchei- chadas das construções, ataque das pedras calcárias pelas
roso, mas ao combinar-se com a hemoglobina, diminui a águas das chuvas ácidas, ou pelo ácido nítrico, formado
capacidade do sangue para transportar oxigênio. As pes- por bactérias a partir do amoníaco presente no ar das ci-
soas intoxicadas sentem vertigens, dores de cabeça, cansa- dades e degradação dos telhados de zinco pela ação do
ço. A principal fonte reside nos gases de escapamento dos ácido sulfúrico.
automóveis. Esse gás se difunde rapidamente na atmosfera A poluição atmosférica custa caro em termos de saúde,
e a zona de perigo é a que se encontra ao nível do solo, na de redução das colheitas, de degradação de florestas ou
vizinhança dos pontos de emissão. imóveis. Diante desses fatos, seria mais razoável prevenir a
O dióxido de carbono, mesmo sendo um constituin- poluição, tomando as medidas necessárias.
te normal da atmosfera e indispensável aos vegetais que, Completando, seria preciso tratar da poluição sonora
graças à fotossíntese, têm nesse gás a sua fonte de carbo- que castiga o meio urbano e a vizinhança dos aeroportos.
no, tem caráter poluente quando ultrapassa um certo nível. Acima de 80 decibéis, ocorrem traumatismos psíquicos e
Antes da época industrial, o carbono tinha seu ciclo perfei- fisiológicos
tamente equilibrado: matéria orgânica formada através da A poluição dos solos pode apresentar-se sob diversos
fotossíntese era decomposta, graças à respiração dos seres aspectos. Ocorre muito frequentemente no campo, mas
pode aparecer também nas cidades, onde vemos o enfra-
vivos, e às fermentações. Assim o gás carbônico era libera-
quecimento das árvores plantadas nas praças e ao longo
do e vinha substituir, na atmosfera, o que havia sido retira-
das ruas.
do do ar pelos vegetais clorofilados. O consumo mundial
A agricultura moderna está cada vez mais industrializa-
de combustíveis fósseis tem aumentado o problema da po-
da e utiliza doses cada vez maiores de adubos. Eles são ne-
luição e criado o esgotamento das reservas não renováveis.
cessários para devolver ao solo os elementos dele retirados
O oceano desempenha um papel fundamental nesta
pelas colheitas e levados para longe. A tendência atual é de
absorção do gás carbônico suplementar. Muito se discute empregar exclusivamente adubos minerais, abandonando-
sobre as possíveis consequências deste aumento do teor se os adubos orgânicos tradicionais como o esterco. Como
de gás carbônico do ar. Por ser este gás opaco à radiação consequência teremos uma redução do teor de húmus do
infravermelha emitida pela Terra, sua presença provoca um solo e uma degradação de sua estrutura.
“efeito estufa”, isto é, um aumento da temperatura do glo- Em zonas áridas ou semiáridas, onde é necessário su-
bo. Até o ano 2000, o aumento foi de alguns décimos de prir a falta de água de chuva com a irrigação, observa-se
grau, mas isto seria suficiente para provocar fusão total dos um tipo de poluição que é a salinização dos solos. As águas
gelos polares e uma elevação do nível dos mares. Estudos de irrigação não penetram em profundidade nos solos
sobre a variação da temperatura média anual demonstram pouco permeáveis, e ao evaporar o sal nela contido depo-
que estamos, neste momento, num período de aqueci- sita-se nas camadas superiores.
mento geral. Alguns autores afirmam que a acumulação de Os praguicidas ocasionam a redução das populações
poeiras na atmosfera seja um dos fatos de resfriamento, animais e vegetais e, às vezes, sua eliminação. A toxicidade
por refletirem os raios solares no espaço. A compensação dos inseticidas pode ser aguda, quando se manifesta ime-
se daria evitando um aumento da temperatura do globo. diatamente após a absorção do inseticida por um ser vivo
O ar das cidades tem de 100 a 200 vezes mais poeiras ou pode ser crônica, quando a absorção quotidiana e con-
do que o do campo, pois a espessura da camada atmos- tínua de pequenas doses durante um período mais ou me-
férica afetada não ultrapassa algumas centenas de metros. nos longo. Os herbicidas levam a uma rarefação extrema
Do ponto de vista térmico, o clima das grandes cidades é de certas plantas que crescem, de preferência nas colheitas.
caracterizado por uma redução das amplitudes de tempe- Os insetos úteis são os mais sensíveis aos inseticidas e os
ratura, em consequência do aumento das mínimas notur- mais atingidos. Mamíferos e aves também sofrem com o
nas, principalmente no verão, e de um aumento das médias tratamento por inseticidas. Os mamíferos são, frequente-
anuais. mente, ainda mais sensíveis que os pássaros à ação dos
O metal tóxico mais abundante e mais espalhado na inseticidas. As intoxicações agudas com praguicidas ao ho-
atmosfera é o chumbo. A contaminação pelo chumbo é mem, constituem uma exceção em virtude das precauções
ainda pouco conhecida. A principal fonte de poluição é o tomadas. As únicas vítimas são as crianças ou os operários
automóvel, portanto é mais intensa nas vizinhanças das es- em contato com os praguicidas. No entanto encontram-se
tradas. pequenas quantidades de praguicidas nos alimentos e em
particular nos laticínios.

4
GEOGRAFIA

As águas podem ser poluídas de forma natural. Na flo- O lançamento de petróleo no mar é obra de navios
resta, grandes quantidades de folhas mortas caem nos pe- petroleiros que, após a limpeza dos reservatórios lançam
quenos rios e charcos, onde sofrem uma fermentação que ao mar uma mistura de água com resíduos de petróleo,
consome grande parte do oxigênio da água, causando uma que é sumariamente decantada. Esta técnica não permite
mortalidade sazonal da fauna. Aos efeitos da falta de oxigê- recuperar senão uma parte do petróleo. Cerca de dez tone-
nio, acrescenta-se o efeito tóxico de alguns elementos consti- ladas de hidrocarbonetos são lançadas ao mar de cada vez.
tuintes das folhas mortas. Muitos navios nem a praticam e atiram ao mar os produtos
Vários produtos químicos poluentes podem ser encontra- da lavagem sem perder tempo com a decantação. As refi-
dos nas águas. Os fosfatos contidos nos detergentes são, em narias lançam ao mar uma grande quantidade de resíduos,
parte responsáveis pela eutroficação de lagos e rios. Também acrescidos aos lubrificantes para automóveis, despejados
provém dos detergentes a espuma que se acumula sobre cur- na terra ou nos cursos de água, que são levados para o mar.
sos de água, impedindo as trocas de oxigênio com a atmos- Os efeitos dos hidrocarbonetos sobre a fauna e a flo-
fera e inibindo a autodepuração da água. Eles têm uma toxi- ra dependem, em grande parte, da composição química
cidade que traz sérios acidentes aos peixes. Os detergentes dos mesmos, que é muito variável. Entretanto, poucas pes-
biodegradáveis suprimiram as espumas dos rios e permitiu quisas têm sido realizadas a esse respeito. Pode-se afirmar
liberar na Natureza moléculas tóxicas de propriedades ainda que este tipo de poluição é um fenômeno mundial. Os re-
não bem conhecidas. Os efeitos bactericidas desses produtos síduos da degradação bacteriana do petróleo formam bo-
provocam um bloqueio da autodepuração ainda mais acen- las de diâmetro variável (1mm a 10 cm), que sujam todos
tuado que no caso dos detergentes não biodegradáveis. os oceanos, conforme já foi possível verificar através de
Fertilizantes como os nitratos e fosfatos, são empregados uma coleta de todos os seres vivos e partículas que se en-
em doses altas e podem ser responsáveis pela eutroficação. contram na superfície da água, apanhados com a ajuda de
É cada vez mais comum encontrarem-se nitratos infiltrados redes especiais.
nas águas subterrâneas. Também são encontrados na água Metais pesados é o nome que se dá a uma série de
muitos metais e sais minerais de origem industrial. No Japão, elementos que ocupam as colunas centrais da classificação
as águas dos arrozais, às vezes, se tornam tão poluídas pelo
periódica. Todos têm propriedades tóxicas e são encontra-
chumbo que o arroz se torna impróprio para o consumo. O
dos em pequenas doses no meio natural, sendo que alguns
mercúrio, cujos efeitos nocivos foram principalmente estuda-
deles são indispensáveis, pois entram na constituição de
dos em meio marinho, também está presente em água doce.
enzimas. Entretanto, se o meio estiver sobrecarregado de
Os inseticidas têm os mesmos efeitos em meio aquáti-
metais pesados, os animais e vegetais absorverão quanti-
co e em meio terrestre. A cada tentativa de destruir as larvas
dades excessivas destes elementos, podendo intoxicar-se.
aquáticas de insetos nocivos, como mosquitos ou borrachu-
dos, observa-se uma elevada mortalidade de peixes, princi- Os mais tóxicos são o chumbo e o mercúrio.
palmente os que são muito sensíveis aos inseticidas como o O mercúrio é o elemento mais estudado e o mais te-
D.D.T. e à rotenona. mido. Sua presença na água do mar tem sua quantidade
Poluições biológicas são as provocadas por matérias or- aumentada pelos resíduos de diversas indústrias, trazidos
gânicas suscetíveis de sofrer fermentação bacteriana. Tanto pelos rios. Ele é utilizado na fabricação de vários aparelhos
em água doce, como em meio marinho, a causa fundamental elétricos, na fabricação do cloro e da soda, na indústria de
desta poluição é a fraca solubilidade do oxigênio na água. A plásticos e de tintas anticorrosivas. Serve como bacterici-
introdução de matérias orgânicas na água desencadeia a pro- da e fungicida na fabricação da pasta de papel e é com-
liferação de bactérias que consomem muito oxigênio. ponente básico de numerosos fungicidas e herbicidas. A
Quando os resíduos de águas poluídas mais ou menos intoxicação ou envenenamento por mercúrio, causa uma
ricas em nitratos e fosfatos se tornam demasiado abundan- moléstia que ataca principalmente o sistema nervoso, e já
tes em relação à quantidade de água pura disponível, surge ocasionou muitas mortes em Minamata, de onde veio seu
o fenômeno da eutroficação. Manifesta-se nos rios lentos e nome “doença de Minamata”.
sobretudo nos lagos onde a correnteza é insuficiente para As marés vermelhas sejam, talvez a mais espetacular
evacuar as águas usadas. A eutroficação não se verifica ape- consequência da poluição. Este fenômeno é devido à pu-
nas nos lagos alpinos; ocorre em todos os lugares do mun- lulação de organismos pouco exigentes quanto ao oxigê-
do. Os Grandes Lagos da América do Norte, que constituem nio - os peridíneos (algas unicelulares). As marés vermelhas
a maior reserva de água doce do mundo, estão quase per- aparecem naturalmente, sobretudo nas regiões tropicais.
didos, por causa dos abundantes despejos de águas usadas Os peridíneos segregam na água substâncias tóxicas que
que recebem. são responsáveis pela morte maciça de peixes. Já houve
Produtos petrolíferos são lançados nos oceanos, volun- acidentes relacionados com o sistema nervoso e até casos
tariamente ou não, numa quantidade que varia de 1 a 10 de morte em pessoas que tinham comido mariscos. A toxi-
toneladas por ano. A essa poluição devem ser acrescenta- na responsável ainda não foi isolada, mas os efeitos podem
das as perdas naturais de lençóis petrolíferos submarinos ser minimizados pelo uso de anti-histamínicos.
e os transportes de hidrocarbonetos por via atmosférica. É Durante muito tempo foram descarregadas no mar
possível que a quantidade dos hidrocarbonetos evaporados águas ricas em microrganismos de todos os tipos, pois
ou produzidos pela combustão incompleta nos motores e acreditava-se que as águas do mar fossem capazes de des-
trazidos por via atmosférica seja ainda maior do que a dos truir os micróbios patogênicos estranhos nelas introduzi-
lançamentos diretos. dos. Esta teoria, da autodepuração, é muito controvertida

5
GEOGRAFIA

ultimamente, pois o grande número de casos de poluição Os seres vivos reagem diferentemente a um choque
bacteriana vem demonstrar que há nisso grande parte de térmico conforme a fase desenvolvimento em que se en-
exagero. A maior parte dos micróbios encontra, no meio contrem. Os estágios mais jovens (ovos, larvas, alevinos)
marinho, condições favoráveis à sobrevivência, à resistên- são os mais sensíveis. Os invertebrados mostram a mesma
cia, ao retorno à vida ativa. Os germes patogênicos que sensibilidade que os peixes e os mais vulneráveis são os
vão ter ao mar é, quase totalmente, de origem humana, le- crustáceos.
vados por cursos de águas poluídos, por esgotos das loca- A consequência da implantação generalizada de cen-
lidades litorâneas, por despejos selvagens de acampamen- trais trará, evidentemente, a eliminação dos peixes esteno-
tos, de navios, de veranistas. Portanto, a poluição é muito térmicos (trutas e outros salmonídeos) e sua substituição
mais grave durante os períodos de férias, em regiões em por peixes brancos de menor valor, nos rios das trutas,
que população fica quase decuplicada. caracterizadas por águas frescas e bem oxigenadas. O de-
A poluição microbiana manifesta-se principalmente senvolvimento de organismos patogênicos são favorecidos
pela incidência de doenças como as salmoneloses, febre por uma temperatura elevada, principalmente as espécies
tifoide, as paratifoides, as gastroenterites, de que há milha- termófilas anaeróbicas, que é singularmente temível para
res de casos todos os anos, com uma mortalidade às vezes o homem. Há, portanto, um grande risco para os consu-
inquietante. Muitas afecções são mais frequentes entre os midores de frutos do mar, crustáceos e peixes em serem
veranistas de beira-mar como afecções oculares semelhan- contaminados por salmonelas que, como sabemos, são os
tes à “conjuntivite das piscinas”, das afecções rinofaríngeas, agentes da febre tifóide e salmoneloses.
de várias afecções cutâneas, como as furunculoses devidas
a estafilococos ou a Candida. Um número considerável de Recursos e Riquezas Naturais em perigo
fungos patogênicos estão presentes na areia das praias,
causando doenças da pele, tais como dermatoses e mi- O fluxo de energia encontra-se totalmente modificado
coses. na sociedade industrial contemporânea. A civilização oci-
Pode haver contaminação indireta através do consumo dental consome energia de modo irrefletido. Os Estados
de produtos do mar. Basta lembrarmos a epidemia de cóle- Unidos representam 7% da população mundial e conso-
mem sozinhos um terço da produção energética do mundo.
ra, propagada por mexilhões. Já foram contraídas, também,
A passagem de uma civilização de tipo agrário para a
febre tifoide e hepatite por vírus.
civilização industrial traduziu-se, no plano energético, pelo
Um aspecto relativamente novo da poluição tem como
uso de quantidades cada vez maiores de uma energia em
causa principal a construção de centrais elétricas cada vez
forma concentrada, contida nos combustíveis fósseis, e re-
mais numerosas e cada vez mais potentes. Indústrias side-
sultante da acumulação da energia solar, transformada pe-
rúrgicas, usinas têxteis que lavam a lã e refinaria de açúcar
los vegetais fósseis. Essa acumulação foi processada duran-
influem para o aquecimento das águas, porém em menor te centenas de milhões de anos, permitindo a constituição
proporção. A central elétrica deve dispor de uma fonte das jazidas de petróleo e de hulha.
fria para poder funcionar. A mistura de águas quentes e A agricultura moderna consome uma quantidade cada
águas frias não se efetua facilmente, devido às diferenças vez maior de matérias-primas minerais e também de ener-
de densidade e viscosidade. Frequentemente há formação gia e pode ser uma das primeiras dentre as atividades hu-
de “massas” ou “plumas” térmicas que propagam as águas manas a defrontar-se com os problemas dos recursos não
quentes até pontos localizados, mais distantes. renováveis, considerando-se o desperdício desenfreado
A temperatura é um fator ecológico importante, entre- que deles faz a civilização tecnológica contemporânea.
tanto não o único, entre todos os que agem sobre os seres De maneira geral, é tão elevado o valor absoluto do ní-
vivos. Para cada espécie, é possível definir uma tempera- vel atual de consumo de energia, matérias-primas e água,
tura máxima letal e acima dela, o animal só pode sobrevi- que muitos se assustam ao descobrir, de repente, o caráter
ver durante um tempo muito limitado. Há também a tem- finito da biosfera.
peratura mínima letal, próxima a zero grau Celsius. Peixes O mau uso de energia é responsável pela maior parte
submetidos durante um certo tempo a uma temperatura da crise contemporânea do meio ambiente nas sociedades
chamada “de aclimatação” apresentam temperaturas letais tecnologicamente desenvolvidas. É fato o crescimento anár-
tanto mais elevadas quanto mais elevada é a própria tem- quico dos transportes rodoviários, de passageiros e tam-
peratura de aclimatação. bém de fretes, quando se sabe que estrada consome sete
A elevação da temperatura acarreta uma diminuição vezes mais energia e dez vezes mais espaço do que uma
do teor em gás dissolvido e consequentemente o consumo ferrovia que preste o mesmo serviço. E assim, rodovias de
de oxigênio pelos seres vivos aumenta. Este aumento de ligação vão penetrando por toda parte e invadindo pouco
necessidade é devido à ativação do metabolismo e à dimi- a pouco os últimos vestígios de grandes florestas. Os com-
nuição da afinidade da hemoglobina para com o oxigênio. bustíveis fósseis, especialmente o petróleo, são responsá-
A penúria de oxigênio no meio aquático é maior quanto veis por nove décimos das poluições.
mais povoado for esse meio. A desgaseificação rápida que Se o consumo de petróleo continuar aumentando nas
se segue ao aquecimento das águas pode provocar a mor- bases da década passada (tempo de duplicação da extração
te dos peixes por embolia, isto é, por aparecimento de mi- ligeiramente inferior a dez anos), pode-se prever que a era
núsculas bolhas de nitrogênio no sangue. útil do petróleo duraria cinquenta e oito anos na pior das
hipóteses, e sessenta e quatro anos na melhor.

6
GEOGRAFIA

Resumindo, nossos filhos verão, sem dúvida alguma, o Quando pensamos na gigantesca quantidade de água
fim dos hidrocarbonetos (produtos de petróleo) e gasosos que utilizam os países industrializados, descobrimos que a
como fonte primária de energia. água doce chega a ser rara, apesar de sua aparente abun-
Dispomos de dados geológicos que levam a concluir dância. O volume de água doce disponível é muito limitado.
que o carvão é o único substituto capaz de aliviar, em pou- O homem pode contar, teoricamente, com o volume global
co tempo, a penúria em carburantes que resulta de uma constituído pelas águas continentais: cursos de água, lagos
crise de recursos petrolíferos. A hulha pode substituir o pe- e lençóis freáticos. As estimativas mais otimistas apontam
tróleo em todos os seus usos energéticos. A Alemanha na- 900.000 quilômetros cúbicos de água continentais, embora
zista fez a guerra durante três anos, devido à gasolina sin- muitos peritos calculem um valor mais baixo, de cerca de
tética, fabricada em carvão. A massa colossal das reservas 250.000 Km³. A água doce continental representa apenas
de hulha indica-nos que se há de recorrer inevitavelmente 0,5%, quando muito, do valor global.
a esse tipo de combustível. Só na C.E.E. as quantidades de A massa hídrica utilizável é ainda mais limitada. O ho-
carvão contidas no subsolo são iguais, em equivalência mem só pode aproveitar as quantidades que as precipita-
energética, às reservas mundiais de petróleo já comprova- ções trazem às águas de superfície, isto é, águas correntes, e
das atualmente. às águas subterrâneas, as infiltrações, sob pena de secar os
A era do petróleo e, de um modo geral, a dos combus- lagos ou lençóis freáticos, ou de esgotar as fontes, consu-
tíveis fósseis, será caracterizada pelo incrível desperdício. O mindo, assim, uma parte do capital hidrogeológico regional.
recurso maciço ao petróleo e à hulha, apesar de sua brevi- Nos países industrializados, boa parte dos recursos em
dade, terá causado perdas irreparáveis ao meio ambiente. água são deteriorados pela poluição. Nos Estados Unidos,
Nossa espécie utilizou-se de um recurso natural que levou por exemplo, nove décimos das águas fluviais servem para
centenas de milhões de anos para formar-se, e que só terá carregar restos para o mar. Na França, a falta de água lim-
servido à humanidade durante um século no máximo, du- pa para indústria impede que se instalem novas usinas em
ração ínfima na escala de sua história. muitas regiões urbanas.
Atualmente, há quem deposite grandes esperanças na É certo, também, que certas fábricas consomem e po-
energia nuclear, mas essa é uma direção insegura. O recen- luem massas consideráveis de água. São necessários 300m³
de água para fabricar uma tonelada de papel e 600m³ para
te desenvolvimento de programas eletronucleares gran-
sintetizar uma tonelada de nitratos. O desenvolvimento das
diosos, baseados na energia de fissão, levanta o problema
usinas eletronucleares e das centrais termoelétricas clássi-
relativo aos recursos de urânio.
cas criou um novo setor de atividade que consome grandes
Um reator de 1.000 megawatts necessita de 150 tone-
quantidades de água. Estes recursos em água, que dimi-
ladas de urânio natural por ano e as reservas metropolita-
nuem dia a dia, devem fazer face a necessidades cada vez
nas comprovadas de urânio são de 60.000 toneladas, com
maiores, nos países industrializados.
uma estimativa otimista de 120.000 toneladas, contidas no A construção de grandes barragens vem sempre acom-
subsolo francês. Nestas condições, a potência eletronuclear panhada de efeitos negativos tais como a inundação de
de 50 gigawatts prevista para 1985 esgotaria em oito anos áreas, significando a perda de vastas superfícies de terras
as reservas já comprovadas na França. Para a meta de se aluviais muito férteis, que ficarão definitivamente submer-
chegar a 170 gigawatts no ano 2000, as 120.000 toneladas sas, pois o fundo dos vales é sempre recoberto por solos
de matéria físsil contida nos minérios de alto teor estariam limosos depositados em períodos geológicos recentes. A
esgotadas em menos de cinco anos. Outras prospecções barragem retém os sedimentos que antes iam depositar-
levam a conclusões idênticas, não só para a França, como se à jusante, por ocasião das enchentes, levando aos solos
para o mundo todo. Se os programas eletronucleares atuais preciosos elementos fertilizantes.
forem levados a termo, nas nações industrializadas, as re- A civilização tecnológica é responsável por um verda-
servas de urânio não passarão de dez anos. deiro ecocídio, que vem destruindo, uns após os outros, to-
Os países consumidores de matérias-primas devem dos os ecossistemas naturais e substituindo-os por zonas
empregar técnicas eficazes de reciclagem, pois é prevista urbanizadas ou por agroecossistemas destinados à cultura
uma séria escassez de metais não ferrosos, a partir do pró- industrial e, portanto muito artificiais. Como resultado da
ximo século. alteração ou do desaparecimento puro e simples dos ecos-
As reservas de ouro, prata, platina, chumbo, zinco e sistemas continentais temos as agressões sofridas por dois
estanho, não são suficientes para suprir as necessidades de seus componentes fundamentais: o biótipo, conjunto de
industriais. As reservas mundiais de cobre e tungstênio fi- elementos abióticos que constituem o meio, e a biocenose,
carão esgotadas. As reservas de cobalto, níquel e manga- conjunto de comunidades vegetais e animais próprias do
nês não chegarão a passar muito além do fim do próximo ecossistema considerado.
século. A urbanização e a industrialização traduzem-se pelo
Os fosfatos constituem um problema pouco conheci- aniquilamento de numerosos biótipos, já que o concreto e
do, embora muito angustiante, pois nenhuma agricultura o betume destroem inelutavelmente o meio onde são im-
intensiva é possível sem adubos fosfatados. A humanidade plantados. Desde tempos remotos, o homem habituou-se a
está em plena explosão demográfica e a intensificação da edificar suas cidades no coração das bacias aluviais ou nas
produção agrícola vai provocar um aumento considerável planícies litorâneas mais férteis. Esta prática não teve gran-
no consumo de adubos fosfatados. de importância até o efeito do crescimento demográfico e
do êxodo rural.

7
GEOGRAFIA

O chamado ”manejo turístico” das costas deferiu um anteriormente vão devastando cada vez mais os solos si-
golpe fatal nos ecossistemas muito frágeis das dunas que tuados dos dois lados de seu leito. A ausência de vegeta-
antigamente cobriam milhares de quilômetros, nas facha- ção favorece a correnteza e o despejamento de grandes
das atlânticas e mediterrâneas. A apropriação do litoral massas de água recebidas das vertentes, cuja ação destrui-
por particulares, tolerada e até encorajada, permite que se dora é aumentada pelo desnivelamento.
construam imóveis quase junto ao mar. Além de prejudicar Com a destruição das florestas, porém, a erosão será
a paisagem, esta invasão acarreta uma séria destruição dos acelerada pela violência do impacto das gotas de chuva
biótipos das dunas, provindas de uma vegetação e uma sobre a terra descoberta e pelos riachos que se formarão.
fauna muito particular. A promoção imobiliária também Muitas montanhas, outrora cobertas por densas florestas e
maltrata as montanhas, onde as zonas superiores, com hoje desnudadas, são vítimas da erosão, que põe à mostra
suas florestas bem como os prados são loteados ou trans- o abstrato rochoso. A pastagem excessiva também con-
formados em grandes conjuntos de férias. É óbvio que a tribui para a ruína dos solos nas montanhas devido ao pi-
apropriação dos locais e das paisagens pelos particulares soteamento aliado ao consumo voraz da vegetação, que
deve cessar o mais breve possível. pode deixar a terra nua se a carga de herbívoros passar de
A destruição dos biótipos tem como causa, também, a um certo limite por hectare.
construção de vias de comunicação, especialmente de es- É muito variável o efeito das culturas sobre a estabi-
tradas. Os responsáveis pela economia dos países ociden- lidade dos solos. De todas as culturas, as mais perigosas
tais parecem ter esquecido que a estrada de ferro é o meio para as terras frágeis são as das plantas mondadas como
de transporte que menos afeta o meio, inclusive o aquáti- milho e batata, por exemplo, por deixarem a terra despro-
co, além de ser menos dispendioso em espaço e energia. A tegida, com isso favorecendo a ação do vento e o escoa-
influência das rodovias sobre a paisagem é muito mais ne- mento superficial das águas.
fasta que a das ferrovias, pois, além de consumirem muito Para suprir as necessidades alimentares da humanida-
mais espaço, as autoestradas são construídas sobre aterros de, antes de começar a cultivar novas terras é preciso con-
e desaterros, a fim de economizar obras de engenharia. Em servar a integralidade do potencial produtivo das terras já
zonas acidentadas, os viadutos e túneis permitem a inte- cultivadas atualmente. Um balanço mundial dos prejuízos
gração da via férrea no meio ambiente, com um mínimo de ameaçados pela erosão não seria otimista.
danos. As rodovias, porém, escavam imensas colinas, muti- Em terras cultivadas intempestivamente, que apre-
lando-as, provocam erosões dos solos e perturbam a rede sentam uma estrutura pedológica frágil, a destruição ou
hidrológica local rasgando estradas nos morros e aterran- a modificação brutal da cobertura vegetal, pode também
do pequenos vales, provocar, não uma erosão, mas uma alteração química ir-
As zonas úmidas estão entre os biótipos mais amea- reversível dos solos, que os torna impróprios a qualquer
çados, devido à ideia que os homens têm de lagoa, pânta- cultura e mesmo à reconstituição de sua vegetação primi-
no, laguna costeira como símbolo de insalubridade. Assim, tiva. A alteração pode se dar pelo sal, através da irrigação
através da história, o homem obstinou-se em aterrar ou se- das terras salgadas de países de clima semiárido ou desér-
car essas zonas úmidas. As zonas úmidas representam um tico. Após algum tempo ocorre o fenômeno denominado
papel essencial na regularização do ciclo da água. Os pân- solontchaks, quando uma franja capilar aflora à superfície
tanos funcionam como gigantescas esponjas que retêm a provocando no solo a formação de eflorescências brancas,
massa hídrica durante os períodos de precipitação, resti- que resultam da acumulação de placas de sal (fenômeno
tuindo-a posteriormente aos cursos de água e aos lençóis das salinas). Outra alteração chamada lateritização refere-
freáticos. Verifica-se, então, duas funções: proteção contra se a solos ferralíticos e encontram-se em todas as regiões
as inundações e reserva de água doce para os períodos de tropicais do globo. Caracterizam-se por um elevado teor
relativa seca. de ferro e alumínio, uma reação ácida e uma fraca concen-
Outro tipo de destruição de biótipos está relacionada tração em silício.
a diversas operações de manejo agrícola que convergem Quando a floresta, ou a vegetação secundária que a
todas para um mesmo fim: promover desenvolvimento substituiu, é destruída para dar lugar a uma plantação,
da agricultura industrial intensiva, quaisquer que sejam ou quando a exploração abusiva da madeira em pé (cor-
as consequências ecológicas e econômicas. Um frenesi de tes radicais) expõe o solo ao sol e às fortes precipitações
nivelação vem acompanhado da retificação dos cursos de características dos climas tropicais, verifica-se a formação
água, com a ajuda da pá mecânica. de uma couraça laterítica, cuja cor e consistência lembram
Grandes superfícies ficaram expostas à erosão dos so- a do tijolo. Por esta razão, o desmatamento das florestas
los devido ao cultivo intempestivo de terras cuja estrutura umbrófilas equatoriais vai muitas vezes transformar em
pedológica não se prestava a atividades agrícolas, ao efeito regiões nuas e estéreis vastos territórios que eram antes
conjunto do desmatamento e da pastagem excessiva. cobertos por exuberantes florestas. A enorme gravidade do
A erosão hídrica foi a primeira a se manifestar na his- problema apresentado pela fragilidade dos solos ferralíti-
tória. Sua ação máxima verifica-se nas zonas montanhosas. cos tropicais sugere que a única forma racional de aprovei-
O desmatamento de encostas íngremes facilita a formação tamento consiste em uma exploração seletiva e controlada
de sulcos por ocasião das precipitações. Criam-se, assim, das essências de madeiras preciosas que crescem nessas
novas torrentes, ao passo que as correntes que já existiam regiões.

8
GEOGRAFIA

A ação conjunta dos incêndios, dos rebanhos, das der- sagem. As sementes de algumas espécies vegetais racham-
rubadas para plantio e para a extração da madeira, cada se com o calor e germinam depois do incêndio. Assim, a
vez mais utilizada como combustível e como matéria-pri- floresta meridional incendiada cede lugar a matas de resi-
ma, ameaçam todos os biomas florestais do planeta, que nosas (pinheiro-de-alepo, pinheiro-marítimo) sob os quais
estão regredindo com uma rapidez inquietante. cresce um estrato arbustivo bem diversificado, constituído
A floresta presta serviços ao homem tais como a pro- por vários arbustos e outras plantas lenhosas xerófilas.
teção contra a erosão hídrica nas regiões montanhosas; Porém, quando o fogo se repete demasiadamente, a
a redução do ciclo da água, o abastecimento dos lençóis floresta secundária de pinheiros é substituída por um ou-
freáticos, a proteção da fauna e do espaço de lazer e, final- tro tipo de formação vegetal: o maquis ou a garringue de
mente o principal: a produção de uma matéria-prima in- carvalhos-quermes. Esta pequena árvore pirófita, raramen-
substituível, a madeira, mas na medida em que o ritmo das te atingindo mais de três metros de altura, resiste bem ao
derrubadas seja inferior ao do crescimento médio anual. fogo graças a um sistema de raízes bem desenvolvido,
Segundo peritos, o consumo mundial de madeira cres- cujos brotos dormentes desenvolvem-se muito depressa
ce de modo ininterrupto, a uma velocidade superior às após a destruição das partes aéreas. O fogo provoca enfim,
previsões. No Terceiro Mundo a madeira tem sido utilizada profundas modificações nas comunidades vegetais das re-
como combustível causando um desmatamento catastró- giões tropicais.
fico. Pouco mais da metade da madeira abatida tem usos As savanas tropicais foram profundamente modifica-
industriais; todo o restante destina-se ao aquecimento ou das pelo uso do fogo, ateado intencionalmente pelos pas-
à cocção de alimentos, seja diretamente ou após sua trans- tores a fim de fazer brotar novamente as ervas verdes assim
formação em carvão de lenha. que terminava a estação da seca. Ainda assim, a vegetação
O emprego de madeira como combustível provoca clímax cede lugar às pirófitas. De modo geral, os incêndios
maiores consequências nefastas para os ecossistemas flo- dessas zonas provocam um empobrecimento do solo em
restais do que o uso industrial, pois não apenas os troncos, matéria de humo, a solubilização maciça dos sais minerais
mas todas as partes lenhosas, são exportados, excluindo a nutritivos, a elevação do pH em consequência da forma-
possibilidade de serem devolvidos aos solos os elementos ção de compostos alcalinos e alcalino-terrosos básicos e,
minerais nutritivos que a madeira encerra. finalmente, uma diminuição da capacidade de retenção de
A pastagem na floresta constitui um flagelo para as água dos solos.
florestas do Terceiro Mundo e mesmo nos países do Medi- O rebanho mundial atinge atualmente, da mesma for-
terrâneo setentrional. Os rebanhos são levados para a som- ma que as populações que ele ajuda a alimentar, valores
bra dos bosques, durante a estação seca. Bovinos, ovinos numéricos tais que na maioria das estepes e pradarias do
e caprinos, que exploram, cada um, um estrato diferente mundo já existe um excesso de animais domésticos, em
da vegetação subarbórea, impedem qualquer regeneração proporção à produtividade primárias desses ecossistemas.
ao devorar os brotos novos. O desmatamento da floresta Motivações econômicas aliadas a uma pressão demográfi-
constitui um importante fator de regressão desses ecossis- ca exagerada, particularmente no Terceiro Mundo, fazem
temas. A floresta amazônica está hoje ameaçada também com que os criadores esqueçam a existência de um limite
de desmatamento, devido à meta oficial de implantar a de capacidade para cada pasto. Esse limite não pode ser ul-
agricultura e a criação de gado nessa região. São tama- trapassado, sob pena de se comprometer a produtividade
nha, hoje em dia, as ameaças que pesam sobre as flores- dos prados naturais ou das pastagens.
tas umbrófilas tropicais, que muitos peritos preveem o seu Devido às preferências dos animais por certas plantas,
completo desaparecimento antes do fim deste século. O os terrenos de percurso acabam sendo invadidos pelas
fogo constitui, hoje em dia, um elemento geralmente aci- plantas que eles desdenham, com a proliferação de di-
dental de degradação das matas, ao contrário dos fatores versos cardos, podendo acontecer também a proliferação
precedentes desflorestamento. Desde a mais remota An- de pequenos roedores terrícolas e de insetos migradores.
tiguidade até ao alvorecer do século XXI, e ainda hoje em Assim, tanto o homem como seu rebanho ajudam a criar
muitos países do Terceiro Mundo, o fogo foi empregado habitats particularmente favoráveis à instalação e perma-
intencionalmente como meio de desmatamento, transfor- nência de populações de insetos, como as que vivem em
mando ecossistemas florestais em habitats abertos: landas, relevos descontínuos.
garrigues, chaparral, estepe, savanas, são exemplos de pai- A fauna selvagem é eliminada progressivamente devi-
sagens vegetais moldadas pelo fogo. do a vários fatores do mundo moderno. O desaparecimen-
O incêndio influi diretamente sobre as biocenoses ve- to de numerosas espécies animais no decorrer do último
getais, pois modifica a concorrência interespecífica entre as século resulta de uma modificação da concorrência inte-
plantas, favorecendo algumas delas que se adaptam à pas- respecífica pela introdução de comunidades de espécies
sagem do fogo, as quais são chamadas de pirófitas. Nume- originárias de outros continentes. Esses seres vivos quan-
rosas espécies vegetais linhosas ou herbáceas são elimina- do liberados em um novo ecossistema desprovido de seus
das pelo fogo cedendo o lugar às pirófitas. A disseminação predadores e competidores naturais, multiplicam-se sem
das sementes de certas pirófitas é, no entanto, favorecida entraves, em detrimento das espécies endêmicas, cujo ni-
pelo incêndio. Os cones de certas coníferas protegem as cho ecológico pode ficar muito reduzido, ou ser mesmo
sementes contra o fogo e liberam-nas depois de sua pas- totalmente ocupado pela espécie recém-chegada.

9
GEOGRAFIA

Atualmente, a caça constitui uma causa essencial de Há múltiplos exemplos de etnias primitivas para as
destruição da fauna, motivada por diversas razões: comer- quais foi fatal o contato com os civilizadores europeus
ciais, pela venda de peles e da carne; alimentares em certas no decorrer do século passado. Os antigos habitantes da
regiões do Terceiro Mundo, onde a caça constitui, ainda Terra do Fogo, os Yahgans, povo de resistência fisiológica
hoje, para várias populações, um complemento de proteí- extraordinária, homens que enfrentavam quase nus o frio
nas animais; e, acima de tudo, uma atividade de lazer, se do inverno antártico. Em seu convívio com os europeus,
não um “esporte” como pretendem os adeptos desta ati- os Yahgans aprenderam a vestir-se. Como navegavam em
vidade. canoas expostas aos respingos de água, as roupas foram
O comércio de pele representa, ainda hoje, um impor- fatais, pois sem poder secar as vestimentas molhadas, con-
tante fator de rarefação de numerosas espécies de mamí- traíram graves pneumonias. Também a gripe, a varíola, a
feros, constituindo uma ameaça permanente de aniquila- tuberculose, moléstias importadas através dos europeus,
mento para todos os carnívoros de pelagem desenhada: como a febre tifoide, devastaram as populações.
panteras, leopardos, tigres, ocelotes. Apesar do efeito irreversível da civilização tecnológica,
A venda de pássaros e mamíferos como animais de sobrevivem ainda algumas etnias primitivas, cujo estágio
viveiros e exposições, particularmente a venda de repre- cultural é, no melhor dos casos, comparável ao do médio
sentantes de espécies já raras para jardins zoológicos par- Neolítico (início da Idade do Ferro). Esses povos vivem nas
ticulares represente um fator importante na destruição zonas mais longínquas do planeta: regiões árticas ou su-
da fauna. A avifauna sempre sofreu e sofre ainda perdas bárticas, desertos, florestas tropicais.
irremediáveis devido a certas atividades comerciais espe- Sempre é possível questionar o valor da contribuição
cíficas. Também o comércio de plumas, muito praticado que a civilização ocidental trouxe aos povos aculturados. A
no primeiro quarto de nosso século, foi catastrófico para sociedade de consumo não traz felicidade. Os homens das
muitas espécies de aves. A coleta de ovos no ninho, por etnias arcaicas, confrontados de repente com um sistema
colecionadores, é particularmente nefasta para diversas es- de valores estranhos a suas estruturas sociais e a suas an-
pécies pouco prolíficas, como as rapaces. tigas tradições, privados da segurança psicológica propor-
De modo abrangente, a caça abusiva, a que estão su-
cionada por seus ritos e crenças, são brutalmente lançados
jeitas tantas espécies de pássaros e de mamíferos, constitui
na confusão da civilização industrial.
um desperdício escandaloso de riquezas naturais insubs-
Dentre os todos os graves problemas inerentes à crise
tituíveis. As gerações futuras saberão utilizar melhor que
atual do meio ambiente, a crise dos recursos alimentares
nós os herbívoros selvagens e muitas espécies de aves que
não representa uma ameaça para o futuro: ela impera já,
oferecem possibilidades zootécnicas ainda inexploradas.
às vezes mesmo há muito tempo, em diversos continentes.
Examinada nessa perspectiva, a proteção da fauna torna-se
não um luxo justificado por considerações estéticas, mas É verdade que durante o período histórico, terríveis cri-
uma imperiosa necessidade. ses de fome afligiram as regiões mais povoadas do mundo,
O etnocídio dos povos primitivos ou massacre de abo- manifestando-se de modo quase regular em certas épocas.
rígines, subsistiam ainda, no começo do século XIX, em O espectro da fome apareceu cada vez que a densidade
diversos continentes, por numerosas populações humanas das populações humanas alcançou um valor tal que o nível
de cultura primitiva, que tinham atingido estágios de acul- das técnicas agrícolas não foi suficiente para garantir uma
turação muito diversos, segundo a importância dos con- produção capaz de suprir às necessidades.
tatos mantidos com outros povos tecnologicamente mais Apesar da atitude deliberadamente otimista de certos
adiantados. “peritos” dos organismos internacionais, basta uma análise
A ampliação da colonização europeia no decorrer do um pouco mais profunda da situação alimentar mundial
século passado foi frequentemente acompanhada do et- para nos levar a encarar os fatos sob perspectivas muito
nocídio e, às vezes, do genocídio de muitos desses po- mais sombrias. A Conferência da FAO de novembro de
voamentos arcaicos. Os índios da América do Norte e os 1974 vem confirmar essa afirmação com dados que infor-
aborígines australianos figuram entre as principais vítimas, mam que perto de um terço da humanidade estava sendo
pelo menos entre as mais conhecidas, deste contato com vítima de desnutrição. Em 1967, R. Dumont confirmou que
os “civilizadores” brancos. 20% dos habitantes do Terceiro Mundo sofriam de fome
O povoamento da Austrália era avaliado em 300.000 permanente e que 60% destes eram carentes de proteínas
homens no fim do século XVIII, quando começou a colo- animais. Desde então, a situação alimentar piorou em todo
nização desse continente. Esta etnia, de cultura paleolítica, o Mundo.
levava a vida dos caçadores-predadores pré-históricos, re- Salientamos que, em todo o mundo, as reservas de ce-
presentando uma fase da evolução dos grupos humanos reais somam apenas o suficiente para um mês de consumo,
ainda mais arcaica que a dos índios. Os colonos britânicos lembrando também que o preço dos combustíveis e dos
foram responsáveis por um verdadeiro genocídio desta adubos quadruplicou, enquanto que as secas e inundações
raça. Organizaram-se verdadeiras caças aos aborígines, contribuem para agravar a situação já crítica.
que nem ao menos eram considerados homens, que per- Nações como a Venezuela, Nigéria ou Irã, e países in-
duraram até o século XX; a última caçada teria ocorrido em dustrializados superpovoados têm possibilidade de adqui-
1934. Subsistiram 46.000 indivíduos de raça pura em todo rir, graças a seus excedentes comerciais, os alimentos que
o continente, na maior parte rechaçados para as zonas não produzem em quantidade suficiente.
mais desérticas de acordo com o recenseamento de 1947.

10
GEOGRAFIA

A produção de proteínas animais em quantidade suficien- Cidades Verdes e Abertas


te, mais ainda que a importância calórica, constitui um enorme
problema quando se trata de enfrentar a demanda crescente As árvores vão desaparecendo de certas cidades, a despei-
dos países chamados “em vias de desenvolvimento”. Com efei- to da vontade que se têm de as conservar. Elas são aquela coisa
to, a produção de proteínas animais estagnou na maior parte que mal se conhece e na qual se pensa depois que a área já foi
dos países, mesmo desenvolvidos, conforme mostra o grande construída. A árvore sozinha não quer dizer nada; deve ser con-
déficit da cultura da soja. Em 1970, enquanto os europeus e siderada através das relações que mantém com suas vizinhas,
norte-americanos, dispunham de 90 gramas de proteínas por dentro do quarteirão, ela mesma concebida em função do par-
dia e por habitante, sendo a metade de proteínas animais, a que urbano, parte de um todo que, sob o nome de espaços
ração era de apenas 60 gramas e 8 gramas por dia e por habi- abertos ou conjunto de áreas verdes, liga o meio urbano ao
tante respectivamente na África e no Oriente Médio, e menos campo vizinho. Deve-se tratar a árvore da cidade como parte
ainda na Índia e certos países latino-americanos. de um todo que constitui, em face da área construída, uma área
A taxa de crescimento da população humana aumenta à verde recriada, onde o homem possa reencontrar a Natureza.
razão de 2,1% por ano, o que corresponde à duplicação da po- Um espaço aberto corresponde a uma porção de território
pulação a cada trinta e três anos. Isto significa que em 2009, a situada no interior de uma região, seja em razão de seu estado
produção mundial de alimentos duplicou, mantendo-se o nível inicial (agricultura, landa, passeio), seja em função de um ma-
de nutrição atual, considerado bastante precário. Aí está um nejo (parques, praças, jardins, alameda, passeios). São bastante
formidável desafio, um colossal problema com que a humani- diversificados: pequenos ou grandes, urbanos ou rurais, perma-
dade jamais se defrontou. nentes ou temporários, já afetados por manejo ou não, públicos
Pode-se pensar em três maneiras de aumentar a produção ou particulares. Partindo dessa definição, pode-se elaborar uma
alimentar: ampliar as superfícies cultivadas, intensificar os rendi- tipologia baseada em duas: as áreas arborizadas e as áreas que
mentos, aumentar as retiradas de produtos naturais animais ou são total ou quase totalmente desprovidas de árvores.
vegetais, especialmente intensificando a exploração da pesca ma- Na distribuição espacial, traduzida pela expressão rede verde,
rítima. Porém, um atento exame dessas possibilidades não incita deve-se considerar se a quantidade de árvores e as superfícies
ao otimismo, pois cada uma delas apresenta muitas limitações. de água presentes em uma cidade permitem que as funções dos
A extensão real das terras cultiváveis não é superior à dos espaços abertos se realizem com eficácia, não se pode esquecer
solos já cultivados atualmente. Para transformarmos terras de o papel qualitativo que árvores e água desempenham dentro do
cultura, estas teriam de vir essencialmente do desmatamento tecido urbano. A função qualitativa não se resume na depuração
de florestas tropicais, o que resultaria em limitações ecológicas. da atmosfera, mas também na satisfação dos habitantes, que de-
Na maioria, trata-se de solos ferralíticos e, portanto, incapazes sejam ver a árvore onipresente em sua vida quotidiana.
de suportar uma exploração permanente, ou então de terras Já ficou constatado que de nada adianta concentrar o con-
muito sensíveis à erosão eólica e à alteração pelo sal, provoca- junto de áreas verdes num só ponto da cidade, sendo prefe-
da pela irrigação. A transformação de muitas áreas em novas rível que os espaços abertos sejam diluídos por todo o meio
terras de cultura serviria apenas para compensar, em certos ca- construído. O contato brutal entre uma massa de concreto e
sos, a perda de solos às vezes muito férteis, provocada pela ur- um espaço verde pode resultar num fenômeno de polos frios,
banização e industrialização de uma população cada vez maior. que provocam inversões térmicas capazes de fixar as poluições
Levando-se em consideração os imperativos de conservação ao solo, durante a noite. É através de uma união estreita entre
dos recursos naturais, parece que a humanidade já está apro- vegetação e concreto que se poderá realmente erguer uma ci-
veitando todos os solos cultiváveis do planeta. dade humana, que aos seus habitantes os fatores ecológicos
A intensificação dos rendimentos das culturas parece-nos indispensáveis à vida.
menos executável. Uma agricultura intensiva consome enormes Pode-se aplicar um programa progressivo de implantação
quantidades de energia e de adubos, o que redunda em problema de uma rede verde, seguindo um procedimento metodológico
diante dos recursos em petróleo e em fosfatos que, se ainda não que consta de quatro pontos:
é limitado, certamente o será antes da metade do próximo século. - análise do local, salientando-se dados geográficos, eco-
Nos anos vindouros, o problema do déficit mundial em lógicos e paisagísticos mais representativos, sobretudo quanto
proteínas animais vai tornar-se dramático. É este o ponto, mais à natureza da vegetação e aos planos de água.
ainda do que a questão da complementação da ração calóri- - destaque das zonas sensíveis que mereçam tratamento e
ca mínima, que reúne as condições objetivas do risco de fome gestão especiais tais como: orlas de bosques, terrenos agríco-
generalizada. las. Neste item estabelecem-se três tipos de espaços: espaços
A principal possibilidade de aumento dessa produção re- primários de grandes dimensões, correspondentes às zonas
side em uma maior exploração do oceano. Mesmo assim, as de urbanização ou ilhotas urbanas; espaços secundários que
possibilidades de expansão são mais teóricas que reais. Os fatos estruturam os diversos bairros previstos; áreas terciárias inte-
mostram que a produção da indústria haliêutica mundial já se gradas estreitamente aos imóveis de pequena altura aos locais
estagnou há cinco anos. A maior parte das espécies de peixes coletivos e aos habitats individuais.
de interesse econômico, tais como anchovas do Peru, arenque, - a busca de coerência nos diversos esquemas de orga-
bacalhau, mostram sinais indiscutíveis de exaustão. Finalmente, nização elaborados segundo diferentes planos, como os de
este potencial produtivo está arriscado a diminuir considera- tráfego;
velmente por causa das poluições, visto que todas as nações - a elaboração dos diversos documentos de urbanismo
consideram os mares ao mesmo tempo como uma despensa desde os esquemas de setor até os Planos de Manejo das Zo-
de alimentos e uma lata de lixo, uma atitude paradoxal. nas e os Planos de Ocupação dos Solos.

11
GEOGRAFIA

Não é possível comparar a reação de uma árvore iso- parte, são tão pouco rentáveis ou acessíveis que podemos
lada com a de um bosquete e, ainda menos com a de uma esperar que se decida, de uma vez por todas, pela sua pro-
floresta. Basicamente podemos citar algumas funções das teção a nível nacional. O território urbano, ainda que não
árvores e dos espaços abertos. A primeira função diz res- seja considerado pelo grande público como paisagem,
peito à poluição atmosférica por exercerem uma ação par- possui também todos os elementos constitutivos de uma
ticularmente eficaz no que se refere à despoluição do ar. A paisagem. A degradação das paisagens urbanas está assu-
luta contra a poluição da água é outra função dos espaços mindo proporções insustentáveis, no que diz respeito tanto
abertos na cidade. Destaca-se aqui a captação dos poluen- à quantidade como à qualidade.
tes contidos nas águas pluviais pelas folhas, que assim im- As paisagens são brutalmente envolvidas pelo rede-
pedem a sua penetração no solo. Mantendo as superfícies, moinho das aglomerações próximas, tremem diante das
sem impermeabilizá-las, as áreas verdes e abertas partici- novas implantações industriais ou comerciais, fragmen-
pam também da luta contra a poluição da água. O poder tam-se segundo o traçado dos eixos rodoviários. A paisa-
auto depurador do solo conserva assim todas as suas fa- gem só pode ser compreendida a partir do trabalho que
culdades, recebendo e tratando apenas quantidades redu- a transformou gradativamente, a partir do espaço natural,
zidas de água poluída que provém geralmente das chuvas através dos meios e estruturas sociais próprios de cada
ou das áreas de estacionamento. conjunto histórico. É uma obra completada pela continui-
Na luta contra o barulho, admite-se que a floresta, as dade de todas as gerações, um trabalho antigo que nunca
sebes ou as cortinas de árvores agem unicamente em fun- cessou. Existe uma grande tentação em querer estabilizar
ção da importância de sua superfície foliar. O efeito varia as formas, deter a progressão do quadro, do envoltório. A
conforme a frequência dos sons, a posição das árvores em grande maioria das áreas que sofrem transformações, que
relação à fonte emissora do ruído, a espécie, estrutura e foram sujeitas a diferentes formas de aproveitamento e por
composição do povoamento vegetal, a estação do ano. Já isso exigem ou já exigiram uma eventual conservação, são
se demonstrou que, no caso do ruído de veículos, 200 a espaços desde há muito conquistados ao meio natural, que
250 metros de floresta têm o mesmo efeito de dois quilô- trazem todas as marcas de seus destinos anteriores.
metros de terreno descoberto. Uma outra função das ár- A evolução das tendências atuais de implantação de
vores e espaços abertos que não deve ser negligenciada é áreas industriais vão progressivamente se libertando das
a conservação do clima regional. Uma harmoniosa mistura restrições impostas pelo local enquanto suporte físico. A
faz com que se reduzam ou desapareçam totalmente as presença de matérias-primas ou de fontes de energia, li-
perturbações climáticas, especialmente devidas à existên- gava antigamente a empresa a um meio geográfico espe-
cia de polos frios. O efeito que exercem depende da mor- cífico. A paisagem de alguma maneira determinava o local
fologia e da fisiologia das espécies presentes e dos raios de da indústria. A transformação e a distribuição da energia,
sol. Através da grande quantidade de água absorvida do o aparecimento de novas matérias-primas sintéticas, a ra-
solo, fomentam os ciclos hidrológicos devolvendo a maior pidez dos transportes e dos meios de comunicação, entre
parte à atmosfera em forma de vapor. outros fatores, permitem hoje que uma empresa se insta-
A manutenção é um aspecto importante para o bom le segundo critérios que destroem sua solidariedade com
êxito de uma área verde. Trabalhos clássicos de rotina, um meio particular, para inseri-la numa rede de trocas e
como o arejamento da superfície do solo, eliminação dos de distribuições, nas proximidades da mão-de-obra, dos
vegetais concorrentes e a irrigação, devem ser aliados à eventuais empreiteiros, dos equipamentos terciários ou de
poda. A podadura é um verdadeiro ato cirúrgico que deve toda espécie de motivações complexas que a situem numa
ser realizado por um especialista e só em casos extremos. paisagem abstrata, sócio econômica e técnica.
A política das áreas abertas tornou-se, sob a pressão da O remanejamento progressivo de todo o espaço urba-
opinião pública, um reativo social cheio de ensinamentos, no substitui os antigos bairros por unidades de conteúdo
capaz de sublevar conflitos e paixões. É o reflexo direto de social homogêneo que contrasta fortemente com o das
um modo de vida, que valoriza o qualitativo em relação ao unidades exteriores. Isto foi possível através da banalização
quantitativo, o ser em relação ao ter, para que haja mais do espaço, que permitiu a intermutabilidade, facilitando
harmonia entre o homem e seu ambiente. assim todas as estratégias a este respeito. As ciências de
hoje permitem abrir o espaço, multiplicar suas dimensões e
A Proteção dos Sítios e das Paisagens sua sociabilidade, porém as condições impostas pela Geo-
grafia de troca polarizam muito fortemente o espaço em
As paisagens mais ameaçadas são as paisagens rurais, torno de núcleos de atividades abusivamente concentradas
seja pela transformação dos modos de produção, seja pelo como centros urbanos, centros de lazer, centros industriais.
abandono puro e simples de superfícies cultivadas não Esta polarização é resultado de uma saturação do espaço
rentáveis, seja ainda pela extensão das zonas urbanas. Em em pontos obrigatórios e, consequentemente, o aumento
seguida vêm os territórios florestais ou naturais, embora de valor dos mesmos. É a escassez e o aumento da procura
sua economia, em todos os sentidos, seja diferente, todo que, conjuntamente, conferem valor ao espaço, transfor-
o mundo está de acordo, hoje em dia, em dizer que não é mando-o em um produto como outro qualquer, integrado
mais possível fazer extrações suplementares. Os grandes no sistema mercante.
espaços naturais, isto é, aqueles que ainda não foram afe-
tados pela produção, já existem tão poucos e, na maior

12
GEOGRAFIA

Essa nova valorização será naturalmente transforma- social com o meio ambiente de forma que o problema da
da em novos lucros. Já se vende ecologia, saúde, ar puro. degradação não seja maior que o benefício do crescimen-
Já existe um mercado alimentício, turístico, residencial, to econômico. Nesse sentido a PNMA instituiu o Sistema
que permite vender a natureza, a água pura, a saúde. Esta Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), constituído pela
prodigalidade se apoia na rarefação artificial desses bens, União, Estados e Municípios, dando ao Estado uma maior
até então inalienáveis, que aliás não estão em falta. Lem- responsabilidade na execução das normas protetoras ao
bremo-nos que não se poderia falar em Ecologia, sítio ou meio ambiente, permitindo que estes estabeleçam normas
paisagem sem falar igualmente de cidade, pois o quadro próprias.
de vida tende a ser cada vez mais urbano. A questão não O SISNAMA tem por órgão superior o Conselho Nacio-
apenas proteger unicamente o verde do mineral, de con- nal do Meio Ambiente (CONAMA) que editou normas de
servar o equilíbrio chamado natural e de viver em cidades grande valia, dentre elas o licenciamento ambiental, trazido
monstruosas, mas sim de criar condições deste novo equi- pela PNMA, como um de seus instrumentos, capaz de coi-
líbrio que é a cidade. Portanto, concluímos que a ecologia bir a ação de atividades ou obras potencialmente causado-
é também urbana pois dentro do nosso dia-a-dia, ela nos ras de significativa degradação ambiental.
diz respeito diretamente.
O papel essencial das coletividades no problema da Licenciamento Ambiental
proteção dos sítios é a possibilidade que elas têm de to-
mar a iniciativa da criação de zonas particulares, adquirindo Licenciamento Ambiental é um procedimento adminis-
terrenos que virão a ser reservas territoriais ou Zonas de trativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia
Manejo Diferenciado. De acordo com a lei de orientação a localização, instalação, ampliação e a operação de em-
territorial, as coletividades podem adquirir terrenos, mes- preendimentos e atividades utilizadoras de recursos am-
mo construídos, usando, se for necessário, do direito de bientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluido-
expropriação, com o fim de constituir reservas cujo manejo ras, ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar
obedecerá a uma política determinada. degradação ambiental, considerando as disposições legais
É necessário que os verdadeiros poderes de decisão e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.
sejam restituídos à própria escala das paisagens que de- O licenciamento ambiental é ato único, porém dividido
vem ser defendidas, isto é, à escala da população que as em etapas, fazendo-se necessário a intervenção de vários
ocupa. As paisagens pertencem às pessoas que as habi- agentes, devendo ser precedido de estudo de impacto am-
tam, e nenhum olhar poderia melhor que o delas definir biental (EIA) e relatório de impacto ambiental (RIMA), sem-
os critérios de mutação ou de preservação. As cidades ou pre que presente a relevância do impacto ambiental.
agrupamento de cidades que vivem em um sítio ecologi-
camente homogêneo devem opor-se a todas as estratégias Estudo de Impacto Ambiental
de conjunto que visem a retirar-lhes a posse total ou parcial
de seu território para integrá-lo sem discernimento, e aos O Estudo de Impacto Ambiental é requisito indispen-
pedaços, no sistema geopolítico ou econômico do Estado. sável para a concessão do licenciamento Ambiental, pois
A paisagem não é um quadro estático preso à moldura dos serve para oferecer uma análise técnica dos efeitos que de-
lazeres. Ela se oferece à percepção como um livro de histó- correrão da implantação do projeto. O estudo deve ofere-
ria, e propõe-se ao mesmo tempo como o suporte de seu cer uma visão abrangente das consequências da instalação
futuro. de determinada atividade e o Órgão público competente
deverá realizar um balanço entre todas as opções conside-
Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA radas. Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos
relativos aos aspectos ambientais relacionados à localiza-
Surgiu no Brasil, em 1981, o instituto legal chamado: ção, instalação, operação e ampliação de uma atividade
Política Nacional do Meio Ambiente, posteriormente re- ou empreendimento, apresentado como subsídio para a
cepcionado pela Constituição da República. A Política Na- análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental
cional do meio Ambiente, Lei 6.938 de 31 de agosto de preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano
1981, tem por objetivo geral, o disposto em seu artigo 2º: de recuperação de área degradada e análise preliminar de
[...] preservação, melhoria e recuperação da qualidade risco. Hoje podemos contar com esses instrumentos de
ambiental propícia à vida, visando assegurar ao país, con- proteção ao meio ambiente, porém cabe à coletividade, e à
dições de desenvolvimento socioeconômico, aos interesses Administração Pública fiscalizar e dar cumprimento a esses
da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida instrumentos para minimizar os danos ambientais.
humana [...] Com a revolução agrícola, há aproximadamente 10.000
A PNMA traça uma lista mais ampla de objetivos, a.C, o impacto sobre a natureza começou a aumentar gra-
dentre eles a “compatibilização do desenvolvimento eco- dativamente, devido a derrubada das florestas em alguns
nômico-social com a preservação da qualidade do meio lugares para permitir a pratica da agricultura e pecuária.
ambiente e do equilíbrio ecológico”. A proteção do meio Além disso, a derrubada de matas proporcionava madei-
ambiente, como objetivo da Política Nacional do Meio Am- ra para a construção de abrigos mais confortáveis e para
biente, não visa coibir o desenvolvimento econômico em a obtenção de lenha. A partir de então, alguns impactos
nosso país, mas busca o equilíbrio desse desenvolvimento sobre o meio ambiente já começaram a se fazer notar: al-

13
GEOGRAFIA

terações em algumas cadeias alimentares, como resultado Os incêndios ou queimadas de florestas, que conso-
da extinção de espécies animais e vegetais; erosão do solo, mem uma quantidade incalculável de biomassa todos os
como resultado de pratica agrícolas impróprias; poluição anos, são provocados para o desenvolvimento de ativida-
do ar, em alguns lugares, ela queima das florestas e da le- des agropecuárias. Podem também ser resultado de uma
nha; poluição do solo e da água, em pontos localizados, prática criminosa difícil de cobrir ou ainda de acidentes,
por excesso de matéria orgânica. inclusive naturais. A primeira consequência do desmata-
 Outro importante resultado da revolução agrícola foi o mento é a destruição da biodiversidade, como resultado
surgimento das primeiras cidades, há mais ou menos 4.500 da diminuição ou, muitas vezes, da extinção de espécies
anos. A população humana passou a crescer num ritmo mais vegetais e animais. Um efeito muito sério, do desmatamen-
rápido do que até então.  Paralelamente a espantosa acelera- to é o agravamento dos processos erosivos. Em uma flores-
ção do crescimento demográfica, ocorreu avanços técnicos ta, as árvores servem de anteparo para as gotas de chuva,
inimagináveis para o homem antigo, que aumentaram cada que escorrem pelos seus troncos, infiltrando-se no subsolo.
vez mais capacidade de transformação da natureza.  Assim, Além de diminuir a velocidade de escoamento superficial,
o limiar entre o homem submisso a natureza e senhor dela é as árvores evitam o impacto direto da chuva com o solo e
marcado, pela Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX. suas raízes ajudam a retê-lo, evitando a sua desagregação.
Os impactos ambientais passaram acrescer em ritmo ace- A retirada da cobertura vegetal expõe o solo ao impacto
lerado, chegando a provocar desequilíbrio não mais loca- das chuvas. As consequências dessa interferência humana
lizado, mas em escala global. Os ecossistemas têm incrível são várias.
capacidade de regeneração e recuperação contra eventuais  
impactos esporádicos, descontínuos ou localizados, muitos -  Aumento do processo erosivo, o que leva a um em-
dos quais provocados pela própria natureza, mas a agressão pobrecimento dos solos, como resultado da retirada de sua
causada pelo homem e contínua, não dando chance nem camada superficial, e, muitas vezes, acaba inviabilizando a
tempo para a regeneração do meio ambiente. agricultura; 
  - Assoreamento de rios e lagos, como resultado da ele-
Principais impactos vação da sedimentação, que provoca desequilíbrios nesses
  ecossistemas aquáticos, além de causar enchentes e, muitas
Impacto ambiental deve ser entendido como um dese- vezes, trazer dificuldades para a navegação;
quilíbrio provocado por um choque, resultante da ação do - A elevação das temperaturas locais e regionais, como
homem sobre o meio ambiente. No entanto, pode ser re- consequência da maior irradiação e calor para atmosfera
sultados de acidentes naturais: a explosão de vulcão pode
a partir do solo exposto. Boa parte da energia solar é ab-
provocar poluição atmosférica. Mas devemos dar cada vez
sorvida pela floresta para o processo de fotossíntese e eva-
mais atenção aos impactos causados pela ação do homem.
potranspiração, Sem a floresta, quase toda essa energia é
Quando dizemos que o homem causa desequilíbrios, ob-
devolvida para a atmosfera em forma de calor, elevando as
viamente estamos falando do sistema produtivo construí-
temperaturas médias.
do pela humanidade ao longo de sua historia. Um impacto
- Agravamento dos processos de desertificação 
ocorrido em escala local, posa ter também consequências
- Proliferação de pragas e doenças, como resultado de
em escala global. Por exemplo, a devastação de florestas
tropicais por queimadas para a introdução de pastagens desequilíbrio nas cadeias alimentares. Algumas espécies, ge-
pode provocar desequilíbrios nesse ecossistema natu- ralmente insetos, antes sem nenhuma nocividade, passam
ral. Mas a emissão de gás carbônico como resultado da a proliferar exponencialmente com a eliminação de seus
combustão das árvores vai colaborar para o aumento da predadores, causando graves prejuízos, principalmente para
concentração desse gás na atmosfera, agravando o “efei- agricultura. 
to estufa”. Assim, os impactos localizados, ao se somarem,
acabam tendo um efeito também em escala global. Além desses impactos locais e regionais da devastação
das florestas, há também a queima das florestas que tem
As florestas tropicais colaborado para aumentar a concentração de gás carbôni-
  co na atmosfera. É importante lembrar que esse gás é um
Um dos principais impactos ambientais que ocorrem dos principais responsáveis pelo efeito estufa.
em um ecossistema natural é a devastação das florestas,
notadamente das florestas tropicais, as mais ricas em bio- O desmatamento no Brasil
diversidades. Essa devastação ocorre basicamente por fa-
tores econômicos, tanto na Amazônia quanto nas florestas Há três importantes fatores responsáveis pelo desflo-
africanas e nas do Sul e Sudeste Asiático. O desmatamento restamento no Brasil: as madeireiras, a pecuária e o cultivo
ocorre principalmente como consequência da: da soja. Como boa parte opera ilegalmente, principalmente
na Amazônia, os estragos na floresta são cada vez maiores.
- Extração da madeira para fins comerciais; Os estados mais atingidos pelo desflorestamento são Pará
- Instalação de projetos agropecuários; e Mato Grosso. A média de madeira movimentada na Ama-
- Implantação de projetos de mineração; zônia - é de aproximadamente 40 milhões de m³. Apenas
- Construção de usinas hidrelétricas; 3% desse total é de madeira legalizada.
- Propagação do fogo resultante de incêndios;   

14
GEOGRAFIA

Impactos ambientais em ecossistema agrícolas  


 
2. ESTRUTURAÇÃO ECONÔMICA, SOCIAL E
Como resultado da modernização do campo e da intro-
dução de novas técnicas agrícolas, a produção de alimentos POLÍTICA DO ESPAÇO MUNDIAL.
aumentou significativamente. Contudo, apesar dos espanto- 2.1. Capitalismo, industrialização e
sos avanços tecnológicos, a fome ainda ronda milhões de pes- transnacionalização do capital.
soas em países subdesenvolvidos, principalmente na África. 2.1.1. Economias industriais e não industriais:
Além disso, como resultado da revolução agrícola, enfrenta- articulação e desigualdades.
se, atualmente, uma série de desequilíbrios no meio ambiente. 2.1.2. As transformações na relação
  cidade-campo.
Poluição com agrotóxicos: O plantio de uma única espé- 2.2. Industrialização e desenvolvimento
cie em grandes extensões de terra tem causado desequilíbrio
tecnológico: dominação/subordinação
nas cadeias alimentares preexistentes, favorecendo a prolife-
ração de vários insetos, que se tornaram verdadeiras pragas político-econômica.
com o desaparecimento de seus predadores naturais. Por ou- 2.3. O papel do Estado e as organizações
tro lado, a maciça utilização de agrotóxicos, na tentativa de político-econômicas na produção do espaço.
controlar tais insetos, tem levado a proliferação de linhagens 2.4. Fundamentos econômicos, sociais
resistentes, forçando a aplicação de pesticidas cada vez mais e políticos da mobilidade espacial e do
potentes. Isso, além de causar doenças nas pessoas que mani- crescimento
pulam e aplicam esses venenos e naqueles que consomem os demográfico.
alimentos contaminados, tem agravado a poluição dos solos. 2.5. A divisão internacional e territorial do
 
trabalho.
Erosão: Outro impacto sério causado pela agricultura é a
erosão do solo. A perda de milhares de toneladas de solo agri- 2.6. O fim da Guerra Fria. A desagregação da
cultável todos os anos, em consequência da erosão, é um dos URSS. A nova ordem econômica mundial.
mais graves problemas enfrentados pela economia agrícola. O
processo de formação de novos solos, como resultado do in-
temperismo das rochas, é extremamente lento, daí a gravidade O Capitalismo
do problema.
  “Vivemos em um mundo capitalista!”. Certamente, esta
O combate a erosão frase foi dita ou ouvida pela maioria das pessoas, porém
  muitos ainda não sabem o que significa viver em um mun-
- Terraceamento: Consiste em fazer cortes formando de- do capitalista.
graus nas encostas das montanhas, o que dificulta ao quebrar Capitalismo é o sistema sócio econômico em que os
a velocidade de escoamento da água, o processo erosivo. Essa meios de produção (terras, fábricas, máquinas, edifícios) e
técnica é muito comum em países asiáticos, como a China, o o capital (dinheiro) são propriedade privada, ou seja, tem
Japão, a Tailândia. um dono.
- Curvas de nível: Esta técnica consiste em arar o solo e Antes do capitalismo, o sistema predominante era o
depois e fazer semeadura seguindo as cotas altimétricas do
Feudalismo, cuja riqueza vinha da exploração de terras e
terreno. Pra reduzi-la ainda mais, é comum a construção de
também do trabalho dos servos. O progresso e as impor-
obstáculos no terreno, espécies de canaletas, com terra retira-
tantes mudanças na sociedade (novas técnicas agrícolas,
da dos próprios sulcos resultantes da aração. O cultivo seguin-
urbanização, etc) fizeram com que este sistema se rompes-
do as curvas de nível é feito em terrenos com baixo declive,
se. Estas mesmas mudanças que contribuíram para a deca-
propício a mecanização.
dência do Feudalismo, cooperaram para o surgimento do
 
capitalismo.
Problemas do lixo
  Os proprietários dos meios de produção (burgue-
- Onde há serviço de coleta, o lixo é depositado em terre- ses ou capitalistas) são a minoria da população e os não
nos usados exclusivamente para esse fim, os chamados lixões, -proprietários (proletários ou trabalhadores – maioria) vi-
que são depositados a céu aberto, ou então enterrado e com- vem dos salários pagos em troca de sua força de trabalho.
pactado em aterros sanitários. Esses locais sofrem graves impac-
tos ambientais. O acúmulo de lixo no solo traz uma série de pro- Características
blemas não somente para alguns ecossistemas, mas também
para a sociedade: proliferação de insetos e ratos, que podem - Toda mercadoria é destinada para a venda e não para
transmitir várias doenças, decomposição bacteriana da matéria o uso pessoal
orgânica que além de gerar um mau cheiro típico, produz um - O trabalhador recebe um salário em troca do seu tra-
caldo escuro e ácido denominado chorume, o qual, nos gran- balho
des lixões, infiltra-se no subsolo, contaminado o lençol freático, - Toda negociação é feita com dinheiro
contaminação do solo e das pessoas que manipulam o lixo com - O capitalista pode admitir ou demitir trabalhadores,
produtos tóxicos e o acúmulo de materiais não-biodegradáveis. já que é dono de tudo (o capital e a propriedade)

15
GEOGRAFIA

Fases Do Capitalismo E surge a primeira forma de capitalismo em larga es-


cala, que passou de pequenas feiras para o mercantilismo,
- Capitalismo Comercial ou mercantil: consolidou-se a partir daí com o absolutismo o Estado passa a controlar
entre os séculos XV e XVIII. É o chamado Mercantilismo. As a economia e a buscar nas colônias metais (ouro e prata)
grandes potências da época (Portugal, Espanha, Holanda, através da exploração. Isso para garantir o enriquecimento
Inglaterra e França) exploravam novas terras e comerciali- da metrópole.
zavam escravos, metais preciosos etc. com a intenção de
enriquecer. Transnacionalização Do Capital
- Capitalismo Industrial: Foi a época da Revolução In-
dustrial. O capital se reorganizou no plano internacional, vi-
- Capitalismo Financeiro: após a segunda guerra, algu- sando à perpetuação da sua reprodução. O fordismo pos-
mas empresas começaram a exportar meios de produção suía, como essência, o caráter nacional. Ele foi um regime
por causa da alta concorrência e do crescimento da indús- de acumulação onde o desenvolvimento auto centrado
tria. e a oferta nacional constituíam a base do regime. Porém,
O capitalismo vem sofrendo modificações desde a Re- o segundo choque do petróleo, aplicado pelos grandes
volução Industrial até hoje. No início do século XX, algumas produtores no final da Década de 1970, transformou esse
empresas se uniram para controlar preços e matérias-pri- cenário. Entre as principais transformações, observam-se
mas impedindo que outras empresas menores tenham a as políticas de austeridade competitiva. As mesmas visam
chance de competir no mercado. escapar da superprodução relativa e do estrangulamento
Nessa época várias empresas se fundiram, dando ori- dos lucros, por meio da conquista de mercados externos.
gem as transnacionais (também conhecidas como multina- Elas implicam a compressão máxima de todos os custos de
cionais). São elas: Exxon, Texaco, IBM, Microsoft, Nike, etc. produção, tendo início pelos custos salariais.
OBS: O nome transnacional expressa melhor a ideia de Com relação à economia mundial, Bihr (1998) afirma
que essas empresas atuam além de seu país. O termo mul- que a mesma não é mais uma economia internacional,
tinacional nos levava a concluir que a empresa tinha várias [...] mas uma economia transnacional em sentido du-
nacionalidades. Por esta razão, o termo foi substituído. plo: seus movimentos constitutivos ao mesmo tempo atra-
A união de grandes empresas trouxe prejuízo para as vessam as diferentes economias nacionais, prejudicando
pequenas empresas que não conseguem competir no mer- sua coerência e autonomia, e ultrapassam-nas, ao procura-
cado nas mesmas condições. Ou acabam sendo “devora- rem emancipar-se dos limites do Estado-Nação, sem entre-
das” pelos gigantes ou conseguem apenas uma parcela tanto consegui-lo totalmente. Daí o caráter contraditório
muito pequena no mercado. do espaço mundial atual, feito ao mesmo tempo de homo-
Visando sempre o lucro e o progresso, grandes empre- geneização, através dos fluxos de mercadorias, de capitais,
sas passaram a valorizar seus empregados oferecendo-lhes de mão-de-obra, de tecnologias, de informações, etc., e de
benefícios no intuito de conseguir extrair deles a vontade fragmentação, devido à persistência dos Estados-Nação, e
de trabalhar. de hierarquização, imposta pelos desenvolvimentos desi-
Consequentemente, essa vontade e dedicação ao tra- guais sobre os quais repousa a DIT (Divisão Internacional
balho levará o empregado a desempenhar o serviço com do Trabalho) (Bihr, 1998: p. 109).
mais capricho e alegria, contribuindo para o sucesso da em- Para Chesnais (1997: p. 13), a partir de 1978, a burgue-
presa. sia mundial, conduzida pelos Estados Unidos e pela Ingla-
Infelizmente, muitas empresas não investem em seus terra, começa a desmantelar as instituições e estatutos que
operários e muitos deles trabalham sem a menor motiva- materializavam o estado anterior das relações. As políticas
ção, apenas fazem o que é preciso para se manterem no de liberação, desregulamentação e privatização surgiram
emprego e assegurar o bem-estar de sua família. como alternativa para que o capital reconquistasse a liber-
dade que havia perdido a partir de 1914.
Capitalismo E A Industrialização É no domínio da moeda e das finanças por um lado,
e do emprego das condições contratuais pelo outro,
O capitalismo surge na Europa no fim da idade medie- que as políticas de liberação e desregulamentação fo-
val, surge através do advento da massa de trabalhadores ram levadas mais longe e de forma mais homogênea,
vinda dos feudos, para os burgos nas nascentes cidades entre um país capitalista e outro. As prioridades dita-
graças às especiarias que eram levadas pelas caravanas de das pelo capital são, é claro, as do capital engajado na
pequenos mascates. extração de mais-valia na produção de mercadorias e de
As cidades ganham forma rapidamente surgem pe- serviços, mas principalmente, e de forma mais intensa nos
quenas manufaturas e com isso uma nova classe social, a últimos 15 anos, as de um capital extremamente centrali-
burguesia essa se tornaria uma das mais transformadoras zado que conserva a forma monetária e que pretende se
classes nos próximos séculos, a burguesia se organiza em reproduzir como tal dentro da esfera financeira. O poder,
torno do poder do rei, e fortalece o poder econômico do rei senão a própria existência desse capital monetário (ou
através de impostos e em troca pede a segurança para fazer capital-dinheiro), são defendidos a qualquer custo pelas
as trocas comerciais, nessa nova face surgem às monarquias instituições financeiras internacionais e pelos Estados mais
absolutas primeiro em Portugal e depois a Espanha. poderosos do globo, como no caso dos US$ 55 bilhões

16
GEOGRAFIA

emprestados no início de 1995 ao México por instituições Por outro lado, apesar do seu domínio sobre a reprodu-
que cumpriam a função de “fiadores em última instância”, ção do capital, a sua ação enfraquece-se sensivelmente. A
para evitar que a bancarrota do Estado mexicano desen- transnacionalização do capital torna praticamente impossí-
cadeasse um processo de desvalorização dos créditos em vel qualquer ação do poder central visando corrigir as desi-
nível mundial. (Chesnais, 1997: p. 14) gualdades regionais. Com efeito, o próprio conceito de Es-
Com efeito, o capital utiliza a liberdade de se deslocar tado entrou em crise. Como bem afirma Bihr (1998: p. 114),
entre um país ou continente ao outro. Essa liberdade impôs nenhum Estado solitário possui força suficiente, seja ela
à classe operária dos países mais avançados, as condições tecnológica, financeira, comercial ou militar, para reconstruir
de exploração que já existiam nos não avançados. A miséria uma nova ordem sob a sua própria égide. O mundo que
se transnacionalizou. Chesnais (1997: p. 15) entende que produz a transnacionalização do capital é extremamente
o conceito de capital deve ser visto como uma totalidade, complexo para ser dominado por um único Estado.
composto de diferenciações e hierarquizações. Ele pode A transnacionalização também atingiu as empresas,
ser dividido nas seguintes categorias: capital produtivo, transformando os seus conceitos e atuações, mexendo com
empregado na indústria em sentido amplo; capital comer- sua distribuição pelo planeta. As empresas transnacionais
cial, empregado na intermediação e na grande distribuição assumiram claramente a liderança do desenvolvimento
concentrada; e capital-dinheiro, entendido como capital econômico mundial, gerando uma dinâmica sobre a qual
monetário. mesmo os países mais avançados têm pouca influência. Em
A transnacionalização do capital colocou em cheque termos de volume de produção, passaram a ser responsá-
as relações fordistas. O pacto entre o Estado e os oligo- veis por um faturamento da ordem de US$ 5 trilhões, algo
pólios não foi mais possível, pois uma grande parcela dos como 25% do Produto Interno Bruto mundial.
aparelhos produtivos nacionais passou para as mãos de Dowbor (1997: p. 46) afirma que é importante discutir o
grupos internacionais, sobre os quais o Estado tem pou- poder dos países que lhes dão origem. As 24 economias de
cos meios de pressão. Ao mesmo tempo, com a difusão da alta renda, entre elas, Europa Ocidental, América do Norte,
transnacionalização do capital, a classe dominante, nota- Japão, Austrália, Nova Zelândia, além de alguns pequenos e
damente a representada pelos capitais financeiro, industrial riquíssimos produtores de petróleo, com uma população de
e comercial, começam a se interessar por uma difusão do 812 milhões de habitantes, detinham em 1993 cerca de US$
mercado internacional em detrimento do nacional. Essas 18,2 trilhões dos US$ 23,1 trilhões da produção mundial de
mudanças na política de acumulação acabam por penalizar bens e serviços. A totalidade dos países de baixa renda, com
os próprios capitalistas, visto que nem todos conseguem uma população na ordem de 3,1 bilhões de habitantes, de-
se adaptar às suas transformações. Em um contexto de tinha, no mesmo ano, apenas US$ 990 bilhões. Essa concen-
mundialização dos mercados, as empresas que operam so- tração de riqueza está assentada no controle da tecnologia.
mente nos mercados nacionais são duramente atingidas, As Nações Unidas estimam que, no início da Década de
agravando o desemprego estrutural e a difusão da miséria. 1990, os países do Terceiro Mundo detinham cerca de 4%
De acordo com Chesnais (1997: p. 19), a análise da eco- do investimento mundial em pesquisa e desenvolvimento,
nomia e das sociedades mundiais devem ser compreendi- apesar de contarem com 80% da população mundial.
das por dois ângulos. Por um lado, a ofensiva do capital Para Dowbor (1997: p. 47), existe uma tendência em
contra a classe operária, a juventude e as massas oprimi- considerar as empresas transnacionais como “apátridas”,
das, uma vez que o que está em discussão é a perpetuação sem bases nacionais. Isso em parte é verdade, pois não se-
da miséria permanente e da exclusão de seres humanos. O guem dinâmicas internas e não servem propriamente a ne-
capital visa perpetuar o seu reinado, não importa o custo nhum interesse nacional. Porém, essas firmas aproveitam-se
que isso signifique. Por outro, observa-se a multiplicação da força política que as suas raízes nacionais lhe conferem,
das manifestações, não apenas devido ao impasse da eco- mobilizando, aos seus interesses, os Congressos, Execu-
nomia capitalista em geral, mas das contradições próprias tivos e se necessário até a força militar. As atividades dos
ao funcionamento da economia capitalista mundial, de- departamentos jurídicos norte-americanos para proteger
tentora de uma crise econômica maior. O setor financeiro os interesses da Microsoft no mundo inteiro, ou a pressão
constitui-se na essência do parasitismo, atacando o próprio Clinton sobre o governo brasileiro para ser aprovado o con-
capitalismo e ameaçando o futuro da humanidade. trato com a Raytheon referente à segurança da Amazônia,
O Estado passou por profundas transformações no ce- ou mesmo o tráfico de influência para a privatização da Pe-
nário da transnacionalização do capital. O mesmo, no qua- trobrás e a abertura para a exploração do petróleo nacional
dro do fordismo, foi um verdadeiro mestre-de-obras no por empresas internacionais são exemplos.
processo global de reprodução do capital. De acordo com No início da Década de 1990, existiam 37 mil empresas
Bihr (1998: p. 114), o capital transnacionalizado provoca um transnacionais matrizes e 200 mil filiais. Surgem de 4 mil a
profundo divórcio entre o espaço econômico e o político, 5 mil novas empresas por ano. O controle das atividades
sendo que ao mesmo tempo em que o capital se transna- econômicas, por sua vez, é feito por cerca de 500 a 600 em-
cionaliza, o Estado permanece essencialmente nacional. A presas, constituindo aquilo que as Nações Unidas chamam
gestão estatal torna-se contraditória por essência. Por um de “galáxias econômicas”. As mesmas são responsáveis por
lado deve continuar a desempenhar o seu papel de mes- 20 a 25% da produção mundial de bens e serviços. A con-
tre-de-obras na reprodução do capital nos níveis sociais e, siderar que estas empresas monopolizam a renovação tec-
sobretudo, políticos. Ele deve garantir as políticas de domi- nológica, cerca de 80 a 90% das novas tecnologias surgem
nação nos limites do espaço nacional. em seu interior.

17
GEOGRAFIA

O poder das transnacionais reforça-se pelo fato de que Com a concentração de forças das transnacionais, as
se trata cada vez menos de simples empresas que produzem decisões econômicas distanciam-se dos espaços comuni-
em escala mundial, a cada vez mais de empresas organizado- tários, da sociedade em geral. Às estruturas globais de es-
ras da produção, comercialização, financiamento e promoção, peculação financeiras pouco interessam se os recursos es-
com um impacto de reordenamento do universo econômico tão indo dos países pobres para os ricos. O distanciamento
que vai muito além das fronteiras da propriedade empresarial. dos centros de decisão e a fragilização das estruturas po-
De acordo com Dowbor (1997: pp. 48-49), as grandes líticas do Estado-Nação não permitem que haja políticas
produtoras de automóveis são na realidade montadoras que econômicas correspondentes.
gerem um conjunto de relações onde o que importa são as A transnacionalização do capital correspondeu à res-
patentes, a tecnologia, as marcas. À medida que as transnacio- posta econômica do capital à crise. Porém, ocorreram tam-
nais evoluem do conceito de produtor para o de organizador, bém respostas em nível da organização técnica e social da
passam a organizar um sistema complexo de relacionamentos produção capitalista. Com efeito, houve uma reorganização
que envolve a mídia, financiadores, distribuidoras, advogados da produção capitalista no cotidiano fabril, um processo
e sistemas de pressão política nos países onde exercem ativi- que consistiu em ações do capital para superar a fábrica for-
dades. Esses grupos empresariais transnacionais exercem um dista, através da instauração de estratégias de dominação e
poder extremamente vasto. Baseados no poderio dos países exploração do trabalho. (Texto adaptado de Carlos Lucena).
do Primeiro Mundo, transformam a maior parte dos atores
sociais do planeta – os do Terceiro Mundo – em meros espec- Economia Industrial
tadores que tentam, sempre com atraso, se adaptar de forma
menos prejudicial às transformações do capitalismo mono- A concentração das indústrias é uma tendência do sis-
polista. Mas, ao mesmo tempo, essas estruturas também se tema econômico mundial. Tanto no setor de bens como no
impõem aos países desenvolvidos. As mil maiores empresas de serviços, algumas poucas empresas dominam seus res-
americanas são responsáveis por mais de 60% do produto pectivos mercados, que compreendem, em grande parte
nacional bruto, deixando o restante para 11 milhões de pe- das vezes, não um determinado país ou região, mas vários
quenas empresas. O processo de contratação externa cria
ou todos os países.
efetivamente novas oportunidades para as empresas meno-
O modelo de oferta predominante na economia mun-
res, mas o controle permanece com as maiores. As pequenas
dial é o oligopólio (a prática de mercado em que a oferta
empresas não dispõem de acesso independente ao mercado,
de um produto ou serviço, que tem vários compradores, é
atuando mais como apêndices dependentes das grandes cor-
controlada por pequeno grupo de vendedores). O oligo-
porações do que como negociadores independentes.
pólio é favorecido, inclusive, pela própria relação entre as
As transnacionais são controladas pelo poder da tecno-
cracia dos seus gestores, enquanto a propriedade dilui-se nos empresas competidoras, que não é apenas de concorrên-
sistemas de investimento de longo prazo de fundos de pen- cia, mas também de cooperação.
são e seguradoras. Há dois tipos de concentração industrial: vertical e ho-
Dowbor (1997: p. 49) afirma que o poder de seus lobbies jun- rizontal.
to aos governos, seus bilhões de dólares utilizados na mídia, sua Quando uma indústria concentra todas as fases da pro-
capacidade de compra, transformação, revenda ou controle de dução de uma matéria-prima, da extração até a colocação
empresas concorrentes ou complementares, sua direção é mane- do produto final no mercado, trata-se de uma concentra-
jada cada vez mais por especialistas multinacionais que formam ção vertical. Como exemplo, podemos citar o empresário
uma casta política em termos sociais, econômicos e culturais. têxtil que possui áreas de plantação de algodão, fábricas
Com efeito, formou-se uma classe em nível mundial, e de fios, tecelagens para produção de tecidos e, finalmente,
não mais no âmbito nacional, que concentra a tomada de de- uma confecção de roupas.
cisões. Suas mensagens, valores e opiniões são rapidamente A concentração horizontal ocorre pela fusão ou ab-
absorvidos pelo planeta. Suas opções tecnológicas definem sorção de empresas que trabalham com o mesmo tipo de
o que e quem deve consumir. Esses especialistas gerem um produção industrial, ou seja, consiste no agrupamento de
universo que drena recursos de bilhões de seres humanos, empresas que produzem determinado produto, porém,
através de um universo complexo de serviços de intermedia- sem controlar os produtores de matéria-prima. No Brasil,
ção, uma fase do capitalismo monopolista onde a produção um exemplo é a AMBEV: as maiores cervejarias brasileiras
segue sendo importante, mas cresce a importância do direito uniram-se formando a AMBEV, uma grande empresa que
de trânsito da mercadoria na esfera econômica mundial. praticamente controla o setor.
O que importa é a “griffe” e não onde a mercadoria foi O crescimento econômico, gerado por esses modelos
produzida. Um exemplo é a Nike, onde a produção de tênis, de concentração industrial, acabou criando sistemas de in-
independente de o mesmo ter sido produzido em Hong Kong tegração mistos:
ou no Paraguai, a um custo de US$ 6 o par, com o acréscimo - Integração complementar - ocorre pela fusão de em-
da marca passa a valer entre US$ 70 e US$ 130. O salto do pre- presas que produzem bens que se relacionam. Por exem-
ço se dá na intermediação global e não no produtor. O cam- plo, uma fábrica de automóveis e pneus.
ponês que produz ópio para a fabricação de drogas concen- - Integração lateral - é a fusão de empresas que pro-
tradas, na Tailândia, recebe cerca de US$ 150 por mês, menos duzem bens diferentes, mas com processos de produção
de um centésimo do preço do produto no mercado. Porém, similares.
quem controla a intermediação capta bilhões de dólares.

18
GEOGRAFIA

Outros tipos de concentração industrial Ao investigar a problemática dos investimentos industriais,


é fundamental especificar os seus determinantes e os condi-
Empresas podem se unir de diferentes formas, segun- cionantes que estão envolvidos no processo de ajuda técnica e
do seus estatutos jurídicos ou outras características, de or- financeira ao homem que inventa e inova na dinâmica da pro-
dem técnica: dução, acompanhando os riscos e as imperfeições existentes
- Trustes - a expressão é adaptada do inglês trust, que no sistema mercadológico que culminam com as desigualda-
significa “confiança”. Designa empresas ou grupos que, sob des sociais que formam os grandes (big) e os pequenos em-
a mesma orientação, mas sem perder a autonomia, se reú- preendimentos (small corporations) industriais. Assim sendo, é
nem com o objetivo de dominar o mercado e suprimir a li- importante também investigar o porque os empresários inves-
vre concorrência. São grandes grupos que controlam todas tem, isto significa dizer, averiguar sobre as decisões de investir
as etapas da produção. A maior vantagem dos trustes é a dos homens de produção e negócios industriais, sabendo que
economia de escala, ou seja, a produção de grandes volu- na economia encontra-se um leque de oportunidades á dis-
mes e a redução dos custos, o que permite vender a preços posição dos investidores para conseguirem altos lucros, coisa
mais baixos que os praticados pelas pequenas empresas. que na atividade de transformação, talvez não seja tão lucrativa
Esse tipo de união levou, em muitos países, à criação de maneira geral. Daí já se ver que a atividade da manufatu-
de leis antitrustes, a fim de proteger a livre concorrência. Os ra envolve muitas dificuldades que contrapõem uma efetiva
trustes também podem ser verticais ou horizontais. aplicação de recursos financeiros por excelência, levando ou
- Holdings - sociedades financeiras que investem em sangrando recursos para áreas improdutivas da economia sem
indústrias, dominando uma parcela importante das ações querer ser partícipe da filosofia marxista da teoria do caos que
e, dessa forma, controlando a tomada de decisões. Repre- não ajuda no desenvolvimento.
sentam, portanto, uma forma de concentração de capital, No entanto, sabe-se que as empresas não nascem com um
porém não necessariamente da produção. tamanho ideal e já finalizado, para implantação de uma indus-
- Cartéis - formação de acordos explícitos ou implícitos trial. Todavia, sempre se deixa um excesso de capacidade nega-
entre concorrentes, cujo objetivo é, por meio da fixação de tivo para que o empresário possa crescer, atendendo a deman-
preços (ou cotas de produção) e da divisão de clientes e da que se expande em busca de bens para a satisfação de suas
de mercados, eliminar a concorrência, aumentar o preço necessidades imediatas ou não, cujo industrial tem obrigação
e ampliar o lucro das empresas participantes. Trata-se de de suprir tal deficiência. Contudo, não se deve esquecer que
uma concentração horizontal, pois os cartéis são formados existem empresários que são aversos ao risco, não se aventu-
por empresas que produzem mercadorias semelhantes. ram frente às incertezas do mercado em busca do desconhe-
Cartéis são considerados grave lesão ao sistema de cido tecnológico e vivem na apatia de sua acomodação, usu-
livre concorrência. Segundo estimativas da Organização fruindo seus parcos ganhos que lhe garantem a sobrevivência
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), como empresário e como ser humano, que necessita do mí-
os cartéis geram um sobrepreço de 10% a 20% (quando nimo básico para a vida, dentro de suas exigências normais. A
comparado ao preço de um produto semelhante, em um propósito, tudo que se dinamiza num sistema econômico tem
mercado competitivo). uma grande soma de gastos, ou despesas ao considerar que
as pessoas envolvidas necessitam de recursos para adquirir os
OS INVESTIMENTOS INDUSTRIAIS seus pertences de consumo final, bem como fazerem também
as suas aplicações para poder aumentar o seu capital privado,
Com o progresso tecnológico gera-se a dinâmica da ou como se diz no senso comum, particular. 
produção que envolve não somente o produzir determina- Uma das fontes de investimento que a economia está
do ou determinados produtos que a sociedade necessita, sempre acenando aos empresários é quanto á abertura do
mas os fatores necessários á produção para que o produto sistema econômico para o mundo, ou se formando blocos re-
seja gerado, isto significa dizer que haja investimentos den- gionais para protegerem o investidor local das atrocidades do
tro da economia, especificamente no setor industrial, tendo capital explorador do primeiro mundo, ou hegemônico, que já
em vista que sem recursos monetários, não existem con- está agrupado em cartéis, com vistas a sua expansão merca-
dições de se obter uma produção. A efetivação do investi- dológica. Foi neste sentido que surgiu o MERCOSUL, que tem
mento significa, antes de alguma coisa, o aumento de capi- como um de seus objetivos a de melhor alocar os investimen-
tal. São também aplicações feitas na economia com vistas tos industriais de cada nação participante deste bloco que visa
a aumentar a renda nacional, isto é, incrementar o estoque evacuar a produção doméstica de cada país e expandir o pro-
de formação de capital do país em termos de maquinarias e cesso de formação de capital a nações carentes de recursos
equipamentos que objetivam melhorar o bem-estar da po- para implementação de suas aptidões regionais. Sem dúvida,
pulação em todos os sentidos que se imaginar, assim como, o MERCOSUL está dinamizando a economia de transformação
quanto á formação de produtos novos, de emprego e de dos países membros, que necessitam de uma política de subs-
condições sociais. A base de toda economia está pautada, tituição de importação séria. Finalmente, pode-se dizer que os
justamente, nos investimentos que são efetivados a todo investimentos devem ser perseguidos, mesmo que sejam pau-
instante, pois, sem eles não há como se ter crescimento e tados numa estrutura de riscos intensivos, porque são somente
nem tão pouco há desenvolvimento no que respeita á tec- eles que fazem a economia crescer, desenvolver a sociedade
nologia que se expande com o aprendizado e a fabricação civil e proporcionar o melhor bem-estar possível a todos que
de novas maquinarias para transformação da sociedade. fazem a população economicamente ativa de um país.

19
GEOGRAFIA

Relação Campo-Cidade Nessa perspectiva, o reconhecimento do rural deve ba-


sear-se na concepção de que ele não pode ser definido por
A relação cidade-campo2 é uma temática complexa, po- oposição, mas em sua relação com as cidades, devendo-se
lêmica, instigante e muito relevante na ciência geográfica, atentar sempre para a manutenção de suas especificidades.
uma vez que a distinção e delimitação entre a cidade e o A ênfase às particularidades e singularidades que marcam
campo tornaram-se uma tarefa mais difícil a partir da acen- tanto o rural quanto o urbano é realizada nos estudos de
tuação das articulações entre esses espaços. As inúmeras Rua, ao tentar uma visão mais integradora a partir de uma
transformações sócio espaciais observadas no campo e na abordagem mais territorial, ou seja, a partir das territoria-
cidade são advindas da internacionalização do capital, que lidades em que o urbano e o rural se mesclam. Segundo
engendrou mudanças substanciais na economia brasileira, Rua (2005), a identidade do rural contemporâneo pode ser
podendo-se destacar a maior integração socioeconômica apreendida a partir da consideração de uma série de “mis-
entre as regiões do país. A diversificação dos serviços, im- tos”, já que o rural de hoje não é mais o rural “pleno” de
pulsionada por uma infraestrutura de transportes e comuni- algumas décadas atrás. A incorporação de “urbanidades”,
cações mais moderna e dinâmica nas cidades e a moderni- entendidas como a manifestação de elementos urbanos no
zação do campo, que mesmo não tendo ocorrido de forma campo, produz uma interação que dá lugar a territorialida-
homogênea, reestruturou-o, intensificaram os fluxos entre des ímpares, que restam ser definidas e mais importante,
esses espaços. Esses fluxos foram possibilitados pela maior serem compreendidas.
presença da técnica e da ciência no processo produtivo e, Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é mostrar a
consequentemente, nas relações que a cidade e o campo complexidade que os estudiosos da relação cidade-campo
estabelecem. Essas relações precisam ser encaradas a par- precisam enfrentar na realização de suas pesquisas.
tir da superação das visões tradicionalmente associadas ao Por meio de uma revisão bibliográfica, foi feito um le-
campo e à cidade, que ora são reconhecidos pela oposição vantamento dos principais autores que abordam essa te-
e distinção, de maneira dicotômica e ora são relacionados a mática, mostrando as diferentes linhas de abordagem. O
uma subordinação, na qual a cidade avança pelo campo, su- objetivo dessa discussão foi mostrar que a contraposição
primindo suas especificidades e homogeneizando-o, sendo
urbano-rural vai muito além da diferenciação entre cidade
essa homogeneização marcada pela contiguidade espacial e
e campo e que esses espaços não podem ser identificados
também social que constituiria um continuum rural-urbano.
como dicotômicos, já que a modernização da sociedade
No Brasil, a vertente do continuum é compartilhada por
engendrou profundas transformações nestes dois espaços,
alguns autores, que segundo Rua (2005) defendem a ideia
estreitando e intensificando as relações estabelecidas entre
de “urbanização do rural”. Podemos citar como principais re-
eles. Nesse sentido, ressaltamos a necessidade de que o ur-
presentantes dessa corrente de pensamento Milton Santos,
Octávio Ianni e José Graziano da Silva. bano e o rural precisam ser encarados como espacialidades
É necessário considerar que essa visão dos autores que interdependentes e complementares, as quais se mesclam,
consideram o desenvolvimento rural como sinônimo do pro- formando um híbrido que complexifica ainda mais a aná-
cesso de “urbanização do campo”, utilizando-a para justificar lise. (Texto adaptado de Flávia Aparecida Vieira de Araújo).
a corrente do continuum rural-urbano pode ser dividida em
duas vertentes analíticas principais, conforme nos aponta O Estado E A Produção Do Espaço
Rua (2005). O autor nos esclarece que a primeira vertente O que é o Estado?
corresponde a uma visão “urbano-centrada”, na qual o polo
urbano do continuum é privilegiado e representa a fonte de Juntamente com a atividade industrial, o Estado é o
progresso e dos valores dominantes que são impostos à so- grande produtor do espaço geográfico na sociedade mo-
ciedade. O polo rural é visto como atrasado, apresentando a derna. Mas o que é Estado? É o conjunto das instituições
tendência de redução e desaparecimento frente à avassala- que formam a organização político-administrativa de um
dora influência do polo urbano. povo ou de uma nação: o governo, as forças armadas, as
De forma contrária, a segunda vertente considera que a escolas públicas, as prisões, os tribunais, a polícia, os pos-
aproximação e integração entre os dois polos são resultantes tos de saúde, os hospitais públicos, etc.
do continuum rural-urbano. A perspectiva é de que, apesar O governo é a cúpula, isto é, a parte que administra
das semelhanças entre os dois extremos e a continuidade ou comanda o Estado. Por isso, muitas vezes confundimos
entre o rural e o urbano serem ressaltadas nessa abordagem, Estado com governo, pois trata-se de termos com signifi-
considera-se que as particularidades, tanto do campo quanto cados semelhantes. A diferença é que o governo – mesmo
da cidade, não são destruídas na relação que estabelecem, sendo decisivo, o que comanda – é somente uma parte do
não representando, portanto, o fim do rural. O continuum se Estado. Este é mais amplo e, como vimos, engloba outros
delineia entre o polo urbano e o polo rural, que apresentam setores, além de compreender todos os níveis de governo
distinções, as quais intensificam o processo constante de mu- – federal, estadual e municipal – e todas as atividades a
dança que ocorre nas relações que são estabelecidas entre eles ligadas.
eles. Como adeptos dessa abordagem que enfatiza o rural, Dessa forma, cada Estado normalmente corresponde a
por meio da ideia de “novas ruralidades”, podemos desta- um povo ou uma nação: o Estado francês, o Estado inglês,
car os estudos de Maria José Carneiro, Roberto José Moreira, o Estado brasileiro, etc. Mas existem inúmeras exceções,
José Eli da Veiga, Ricardo Abramovay, Sérgio Schneider e Ma- como o Estado canadense, que engloba uma população
ria de Nazareth Baudel Wanderley (RUA, 2005, p. 51). de origem francesa, concentrada na província de Quebec,

20
GEOGRAFIA

a qual gostaria de ter o seu próprio Estado, independente cisa de autorização do governo para ser realizada. Ninguém
do atual, onde predominam as pessoas de origem inglesa. pode construir uma casa, por exemplo, sem a autorização da
Também o povo basco – ou pelo menos uma parte dele –, repartição pública responsável. Dessa forma, mesmo quando
que vive numa região fronteiriça entre a Espanha e a Fran- as atividades de grande porte, que causam maiores modifi-
ça, almeja criar um Estado independente , da mesma forma cações no espaço geográfico, não são realizadas pelo Estado,
que o povo curdo, que vive numa região que abrange par- este tem o dever de fiscalizar ou coordenar essas ações.
tes do Irã, do Iraque, da Síria e da Turquia. Outro exemplo O Estado também age diretamente sobre o espaço. Po-
é o povo tibetano, que vive na China. É o Estado chinês demos afirmar que ele é o seu principal agente transforma-
que controla o Tibete desde que o invadiu em 1959. Os dor, praticamente no mundo todo. Com raras exceções, é ele
tibetanos, contudo, mantém um ideal separatista, pois são quem constrói obras gigantescas, como usinas hidrelétricas
um povo diferente dos chineses, no idioma, na história e ou nucleares, imensas estradas, grandes ferrovias e pontes
nas tradições. sobre o mar ou sobre grandes lagos. E, em geral, é ele quem
A palavra Estado pode ter ainda outro significado, o possui recursos para fabricar e lançar no espaço satélites arti-
de indicar as divisões territoriais de um país. No Brasil, por ficiais, para financiar a realização de grandes projetos agrope-
exemplo, Minas Gerais, Paraná e Amazonas são tidos como cuários, para abrir linhas de metrô nas grandes cidades, para
Estado, ou seja, são unidades que compõem o território produzir e distribuir energia elétrica, para construir extensos
brasileiro. Em alguns países, essas divisões territoriais rece- sistemas de reservatório onde a água é tratada e distribuída
bem o nome de províncias e, em outros, de cantões ou de à população, etc. Isso quer dizer que, normalmente, o Estado
departamentos. constrói a infraestrutura – serviços de eletricidade, transporte
coletivo, asfalto, água encanada, comunicações, etc. – que é
Quais as funções do Estado? necessária à população e às empresas em geral.
A importância do Estado na produção do espaço geográ-
Em síntese, o Estado engloba todas as funções e ati- fico mundial pode ser percebida com clareza quando obser-
vidades que não são privadas ou particulares, e sim pu- vamos um mapa-múndi político. O que vemos nesse mapa é
blicas ou coletivas: da escola pública ou a arrecadação de um conjunto de Estados, separados por mares ou por linhas
impostos, da polícia ao poder judiciário, das relações ex- divisórias, que são as fronteiras.
As fronteiras marcam os limites de da soberania de cada
ternas à fiscalização das atividades privadas, do controle
Estado-nação. São elas que estabelecem onde começa e onde
das estradas ao governo federal, etc. A função principal do
termina a hegemonia ou a dominação de cada Estado. Não
Estado é servir a sociedade: ele existe para controlar a lei e
são eternas, mas um determinado equilíbrio entre povos ou
a ordem, para defender o território das ameaças externas
Estado. Assim, podem ser alteradas: recuam, avançam ou dei-
e para organizar certos serviços básicos à população (edu-
xam de existir. Essas alterações são determinadas por várias
cação, saúde, aposentadoria). É o Estado – principalmente
causas: guerras (conquista e perda de territórios por um Esta-
as autoridades governamentais – que representa a socie- do), rebeliões internas (independência de uma colônia ou de
dade ou nação nas relações exteriores, isto é, nas relações uma região, por exemplo), reunificações ou uniões de Estado
internacionais, que podem ser diplomáticas, comerciais, fi- que eram distintos ou tratados diplomáticos, que podem ser
nanceiras, militares, culturais, etc. É o Estado, portanto, que impostos pelo vencedor de uma guerra ou negociados, esta-
faz a geopolítica: ele representa a sociedade nacional nas belecendo a troca de território por dinheiro ou outros bens.
relações internacionais e realiza tanto a diplomacia quanto Se observássemos o mapa-múndi de 50 anos atrás, no-
as guerras. taríamos grandes diferenças em relação ao de hoje. Muitos
países possuíam um território maior; outros eram menores;
O papel do Estado na produção do espaço geográ- um grande número de países, principalmente na África, ain-
fico da não existia, pois seus territórios eram colônias europeias,
com fronteiras diferentes das atuais. Portanto, determinadas
Na sociedade moderna, o papel do Estado na produção mudanças que ocorrem nos Estado podem ser observadas no
do espaço geográfico é muito importante. Como ele repre- próprio espaço geográfico e, consequentemente, nos mapas.
senta o poder público de uma sociedade, praticamente todas
as grandes obras, aquelas que ocasionam maiores modifica- Criação de empresas estatais
ções na paisagem, são realizadas pelo Estado ou precisam de
sua aprovação para serem realizadas. As atividades estatais cresceram muito durante uma boa
O espaço onde vivemos, o espaço geográfico é per- parte do séc. XX, dos anos 1930 até a década de 1970. O Es-
manentemente modificado pela ação humana. A natureza tado, que até o séc. XVIII era percebido quase somente na
original é transformada em áreas construídas, que também capital ou nas principais cidades, passou a estar presente em
sofrem constantes alterações. E normalmente é o Estado todas as regiões de qualquer país, mesmo nos vilarejos. Inú-
que coordena essas grandes ações que modificam muito meras empresas estatais foram criadas e diversos serviços,
esse espaço. Entre essas ações ou atividades, muitas não são antes realizados apenas por empresas particulares, pouco a
realizadas diretamente pelo Estado, como desmatamentos, pouco foram se tornando públicas ou estatais: o combate aos
construção de edifícios, cultivos no meio rural e algumas es- incêndios, o fornecimento de água encanada e de eletricida-
tradas; em geral, elas são feitas por construtoras ou pelos de, os transportes coletivos, inúmeros serviços médicos e até
proprietários das áreas. Porém, a maioria dessas áreas pre- mesmo bancos e fábricas. (Texto adaptado).

21
GEOGRAFIA

Organizações Econômicas e Políticas Internacionais As Principais Organizações Financeiras

Em se tratando de comércio internacional, o pós-guer- Vejamos abaixo as principais organizações e seus obje-
ra foi caracterizado por mudanças relacionadas aos produ- tivos:
tos a serem comercializados e à participação dos países, BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento –
como: uma organização financeira internacional que financiava
- A superioridade dos EUA no comercio entre os países projetos de desenvolvimento econômico, social e institu-
capitalistas. cional pra a integração comercial regional na área da Amé-
- Com a visão de proteger suas produções internas, rica latina e o Caribe.
alguns países acabaram criando obstáculos ao comercio BIRD - Banco Internacional para a Reconstrução e o
externo. Desenvolvimento – financiava a reconstrução dos países
- O Japão participava cada vez mais do comercio inter- arruinados durante a Segunda Guerra Mundial, atualmente
nacional. luta contra a pobreza por meio de financiamento e em-
- Constituíram-se uniões alfandegárias como: préstimos aos países em desenvolvimento.
CECA- Comunidade Europeia do carvão e do Aço  FMI - Fundo Monetário Internacional – certificar o bom
AELC- Associação Europeia de Livre Comércio.  funcionamento do sistema financeiro mundial através do
CEE- Comunidade Econômica Europeia, que posterior- monitoramento das taxas de câmbio e da balança de paga-
mente daria origem ao processo de unificação da europa mentos, pela assistência técnica e financeira.
(entre outros).
- Em 1990, as organizações de comércio dos países so- As Principais Organizações Militares
cialistas, tendo a ex-URSS o maior número de transações,
foram desativadas. Vejamos abaixo as principais organizações e seus ob-
- Já os países de terceiro mundo substituíram as impor- jetivos:
tações por parques industriais. OTAN - Organização do Tratado do Atlântico norte –
- Em 1948 foram criados a GATT e UNCTAD, para de- constitui uma frente oposta ao bloco socialista.
fender e regular o comércio internacional, seus objetivos PACTO DE VARSVIA- Tratado de Assistência Mútua da
eram:  Europa Oriental – comprometimento de uma nação ajudar
GATT – (acordo geral sobre Tarifas Aduaneiras e Co- a outra em caso de agressões armadas de outras nações.
mércios) – eliminar as tarifas restritivas atualmente atribui-
ções da OMC (organização Mundial do Comercio). Mobilidade espacial
UNCTAD – (Conferência das Nações Unidas sobre Co-
mércio e Desenvolvimento), firmar acordos e regras para Refere-se ao direito e capacidade individual de “ir e vir”
transações comerciais. nos espaços públicos da cidade, dentro da nação e entre
Mesmo diante disso os problemas de integração entre nações. Em princípio, todos tem este direito, próprio do
os países continuavam, em destaque na América latina. exercício da cidadania e o mesmo só é restrito aos indiví-
duos, por ação judicial que resulte em prisão. Porém, reco-
AS Principais Organizações Econômicas  nhece-se na prática, as dificuldades de garantir este pleno
acesso à todos. A organização de rotas de transporte pú-
Foram criadas torno de 29 Organizações Econômicas, blico, os horários de funcionamento do mesmo, pode difi-
vejamos abaixo algumas delas e seus objetivos: cultar o acesso dos pobres a certas regiões, que só podem
apec- Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico – ser atingidas pelo transporte individual privado. A maior ou
diminuir taxas e obstáculos alfandegários da região Pací- menor restrição ao pleno direito de mobilidade, vincula-se
fico-asiática, impulsionando o desenvolvimento da econo- as condições das redes, as tecnologias dos meios disponí-
mia da região. veis e, as diferenças de renda da população usuária. Como
OMC- Organização Mundial do Comércio – inspecio- a mobilidade é afetada pelas diferenças dos preços dos
nar acordos sobre as “regras do comércio” entre os seus transportes, resulta em maior liberdade de movimentos es-
estados/membros. paciais aos detentores de mais altas rendas.
ALADI - Associação Latino-Americana de Integração
– aumenta a integração da região, para garantir seu desen- O Crescimento Populacional No Mundo
volvimento econômico e social.
OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvi- O mundo está cada vez mais populoso. No mundo
mento Econômico – ajudar o desenvolvimento econômico atual existem bilhões de pessoas, mas nem sempre foi as-
e social pelo mundo inteiro, despertando o interesse dos sim, houve períodos na história da humanidade em que o
países nos desenvolvidos em relação aos investimentos número de habitantes era muito reduzido, no ano de 400
CEI - Comunidade dos Estados Independentes – faz a.C o mundo detinha uma população de somente 250 mi-
parte de organização que envolve 11 repúblicas que per- lhões de pessoas. Para dobrar a população mundial foram
tenciam à antiga União Soviética. necessários cerca de 1.250 anos. No ano de 1.850 a po-
pulação mundial pela primeira vez ultrapassou a casa dos
bilhões, apresentando um número jamais alcançado, 1,2

22
GEOGRAFIA

bilhão de habitantes. Em 1900, a população total somava A população continuará aumentando, porém as por-
1,6 bilhão, 50 anos depois o número saltou para 2,4 bi- centagens de crescimento estão despencando. A urbani-
lhões de pessoas. Na década de 70 a população teve um zação, a queda da fecundidade da mulher, o planejamento
considerável aumento, alcançando a marca de3,6 bilhões, familiar, a utilização de métodos de prevenção à gravidez,
em 1980 somavam 4,5 bilhões de pessoas e no ano 2.000 a mudança ideológica da população, são todos fatores que
cerca de 6bilhões de habitantes. Diante desses dados fi- contribuem para a redução do crescimento populacional.
cam explícitas as mudanças modestas e lentas em certos Nos anos de 1960, as mulheres brasileiras tinham uma mé-
períodos e mudanças extremamente rápidas quanto ao dia de 6,3 filhos, atualmente essa média é de 2,3 filhos,
crescimento populacional, especialmente no século XX. A que está abaixo da média mundial, que é de 2,6. Conforme
explicação para esse fato é voltada para as imensas evolu- estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ções ocorridas na tecnologia, que favoreceram melhorias e (IBGE), em 2050 a população brasileira será de aproximada-
avanços na medicina, agricultura, transporte, informação, mente 259,8 milhões de pessoas, nesse mesmo ano a taxa
sanitária entre muitas outras. A ONU (Organização das Na- de crescimento vegetativo será de 0,24, bem diferente da
ções Unidas) divulgou no dia 05 de agosto de 2008 um re- década de 1950, que apresentou taxa de crescimento ve-
latório que apresentava as perspectivas de crescimento da getativo positivo de 2,40%. Apesar dessa queda brusca no
população mundial para o futuro. De acordo com o estudo crescimento vegetativo, a população brasileira não irá re-
realizado, a população mundial, em julho de 2008, é de 6,7 duzir rapidamente, pois a expectativa de vida está aumen-
bilhões de pessoas. Outro dado de grande relevância divul- tando, em virtude do desenvolvimento de novas tecnolo-
gado no relatório é quanto à expectativa de crescimento gias medicinais, além de cuidados e preocupação com a
da população mundial, essa alcançará no ano de 2050 o saúde, o que não ocorria com tanta frequência nas décadas
incrível contingente de 9,2 bilhões de habitantes. O alicerce anteriores. Ocorrerá sim, o envelhecimento da população.
para a consolidação dessa perspectiva partiu de mudanças
sociais no planeta, que são determinantes para tal cresci- Origem da Divisão Internacional do Trabalho
mento, como maior abrangência no tratamento da AIDS e
aumento da esperança de vida, isso de acordo com a pes- No final do século 15, o ciclo de reprodução do ca-
pital estava assentado, principalmente, na circulação e na
quisa conduzida pelo Departamento de Assuntos Sociais e
distribuição de mercadorias entre metrópoles e colônias.
Econômicos (DESA).O relatório afirma ainda que os índices
As regiões do mundo passaram a desenvolver funções
de crescimento da população vão ocorrer basicamente em
diferenciadas, uma vez que cada uma se especializou em
países em desenvolvimento. Nos países centrais não serão
fornecer produtos manufaturados, matérias-primas, metais
percebidas grandes alterações, uma vez que alguns países
preciosos, etc.
europeus desenvolvidos não a presentam crescimento al-
Os diferentes papéis assumidos pelos países inaugura-
gum nesse sentido. ram a divisão internacional do trabalho, inicialmente carac-
O crescimento da população brasileira Em razão do terizada pela exportação de manufaturas pelas metrópoles
constante aumento populacional ocorrido no Brasil, princi- e pela produção de matérias-primas pelas colônias.
palmente a partir da década de 1960, se intensificando nas A necessidade europeia de expandir seu capital mer-
últimas décadas, o país ocupa hoje a quinta posição dos cantil resultou na conquista de novas terras. A partir des-
países mais populosos do planeta, ficando atrás apenas se momento, várias partes do mundo foram submetidas a
da China, Índia, Estados Unidos e Indonésia. A população uma dinâmica de produção e circulação comandada pelos
brasileira atualmente é de, aproximadamente, 191.806.911 europeus. Ou seja, a Europa impunha funções econômicas
milhões de pessoas. O crescimento populacional de um a vários outros países. Foi o início de um domínio que se
determinado território ocorre através de dois fatores: a mi- estende até os nossos dias.
gração e o crescimento vegetativo, esse último é a relação
entre as taxas de natalidade e as de mortalidade. Quando Primeira Divisão Internacional do Trabalho
a taxa de natalidade é maior que a de mortalidade, tem-
se um crescimento vegetativo positivo; caso contrário, o Com a consolidação do sistema capitalista no século
crescimento é negativo; e quando as duas taxas são equi- 18, ocorreu uma intensa transformação no processo pro-
valentes, o crescimento vegetativo é nulo. No Brasil, o cres- dutivo, a Revolução Industrial. Nesse período, a Divisão In-
cimento vegetativo é o principal responsável pelo aumento ternacional do Trabalho sofre modificações, causadas pelo
populacional, já que os fluxos migratórios ocorreram de surgimento de um novo modelo de produção, no qual as
forma mais intensa entre 1800e 1950. Nesse período, a fábricas tomam o lugar da produção artesanal. Essa nova
população brasileira totalizava 51.944,397 habitantes, bem fase irá se estender da Revolução Industrial até a Segunda
longe dos atuais 191.806.911. Guerra Mundial.
Nos últimos 50 anos houve uma explosão demográfica Com a primeira Revolução Industrial (1780-1820), a In-
no território brasileiro, o país teve um aumento de aproxi- glaterra surgiu como o país da industrialização, transfor-
madamente 130 milhões de pessoas. No curto período de mando-se na grande oficina do mundo ao longo do século
1991 a 2005, a população brasileira teve um crescimento 19. A combinação entre seu poder militar e as formas supe-
próximo a 38 milhões de indivíduos. No entanto, acompa- riores de produção industrial colocou a Inglaterra em uma
nhando uma tendência mundial, o crescimento demográfi- posição de hegemonia na economia mundial, assumindo o
co brasileiro vem sofrendo reduções nos últimos anos. centro do capitalismo mundial.

23
GEOGRAFIA

Nesse momento, o mundo está dividido em países que Cada vez mais indústrias poluidoras tendem a se insta-
se especializaram em fornecer matérias-primas e países lar nos países subdesenvolvidos, pois elas consomem gran-
que, utilizando essas matérias-primas, fornecem produtos des quantidades de matéria-prima e de energia, além de
industrializados. De forma geral, os primeiros ficaram atre- necessitarem de muita mão-de-obra. Em outras palavras,
lados ao subdesenvolvimento - e os demais, especializados as empresas transnacionais têm buscado seus próprios
em produzir produtos de maior valor, desenvolveram-se e interesses, sem considerar as consequências sociais, eco-
tornaram-se líderes do sistema capitalista. nômicas e ambientais que ocorrem nos países onde suas
filiais estão instaladas.
Segunda Divisão Internacional do Trabalho
A Divisão Territorial Do Trabalho
A partir do início do século 20, a Inglaterra passou a
registrar sinais de fragilidade na sua condição de potência Quando a sociedade humana começa a interferir na
hegemônica, agravada por duas guerras mundiais e tam- paisagem natural modificando-a de acordo com suas ne-
bém pela crise de 1929. Depois da Segunda Guerra Mun- cessidades e não mais apenas aproveitando o que esta lhe
dial, os Estados Unidos assumem, então, a posição de na- oferecia, criando outros gêneros de vida além do extrativo,
ção hegemônica. tais como o pastoril e o agrícola, começa a haver a fixação
Essa nova fase do desenvolvimento do capitalismo desta sociedade em determinados locais que lhes eram fa-
ficou conhecida como capitalismo financeiro - e causou voráveis.
novas modificações na Divisão Internacional do Trabalho. Mas a divisão do trabalho só surgirá quando aqueles
Nessa época, os países subdesenvolvidos começaram a ser que produzem, sentindo-se ameaçados por invasores que
financiados pelos países detentores de capital, e muitas vinham em busca da produção e das boas condições exis-
empresas passaram a instalar filiais em diferentes nações tentes no local, solo fértil, água potável entre outras, con-
do mundo, o que acabou transformando muitos países cordaram em produzir além de suas necessidades de so-
subdesenvolvidos - que eram apenas produtores primários brevivência para que outros se encarregassem da proteção
e, sentindo-se impotentes contra a fúria da natureza, que,
- em exportadores de produtos industrializados, alterando
de tempos em tempos, lhes ceifava vidas e lhes destruía
as relações comerciais que predominavam no mundo.
ou impedia a produção de alimentos, acharam justo que
Outro fato a ser destacado é que o modelo de pro-
uma parte deste excedente de produção fosse destinada a
dução começou a ser substituído, uma vez que o fordis-
alguns que lidassem apenas com o culto aos deuses.
mo não dava mais conta da demanda e não atendia mais
A cidade surge quando os “soldados” se reúnem em
às exigências do mercado internacional.
fortificações e os religiosos em templos e mosteiros, ao
redor dos quais outras habitações, a dos servos especiali-
Terceira Divisão Internacional do Trabalho zados, que igualmente deixaram de ser produtores diretos,
são edificadas.
Superada a destruição provocada pela Segunda Guerra Com a instituição da propriedade privada, até então
Mundial, a economia mundial voltou a crescer num ritmo tudo era apropriado em comum, consolidam-se as classes
mais acelerado do que antes. As empresas dos países in- sociais e a luta de classes, que, por sua vez, faz surgir o
dustrializados assumiram proporções gigantescas, torna- Estado cuja função é a de atenuar o choque entre ricos e
ram-se grandes conglomerados e se expandiram cada vez pobres, protegendo o direito à propriedade.
mais pelo mundo, encarregando-se de globalizar não ape- Nesse ínterim, a cidade diferencia-se enormemente do
nas a produção, mas também o consumo. campo, conforme Singer (1978):
Assim, desde a década de 1970 assiste-se uma modi- A cidade não inventa o comércio, mas muda-lhe o ca-
ficação substancial na Divisão Internacional do Trabalho, ráter, transformando-o de mero escambo irregular de ex-
ocasionada por dois vetores principais: o processo de rees- cedentes agrícolas em intercâmbio regular de bens de luxo,
truturação empresarial, acompanhado da uma nova Revo- em geral manufaturados. Com a cidade surge a produção
lução Tecnológica, e a expansão de investimentos de gran- regular e especializada de bens mais sofisticados (amule-
des empresas no exterior. tos, joias, armas) de cujo intercâmbio generalizado se des-
Gradativamente, grandes empresas construíram filiais taca uma mercadoria que, pouco a pouco, se transforma
em vários países (inclusive subdesenvolvidos e recém-inde- em equivalente geral de todas as outras, tornando-se moe-
pendentes, na Ásia e na África). Esse processo, intensificado da, e é a troca monetária que finalmente torna possível a
pela globalização, transformou muitos países subdesenvol- ampliação da divisão social do trabalho...
vidos - que, no passado, eram meros produtores primários A constituição da cidade é, ao mesmo tempo, uma ino-
- em exportadores de produtos industrializados, alterando vação na técnica de dominação e na organização da pro-
as relações comerciais que predominavam no mundo. dução.
Essas empresas tornaram-se, assim, multinacionais ou As novas técnicas criadas pela cidade, tais como a roda,
transnacionais. É o que explica, fundamentalmente, o fato diminuem distâncias, dominam outros territórios antes im-
de alguns países subdesenvolvidos terem se industrializado próprios à produção (drenagem de pântanos, irrigação de
nesse período. No entanto, esse processo de industrializa- terras secas etc.) e impõem modas de vestuário, desperso-
ção é desigual, uma vez que os tipos de indústria e tecno- nalizando o campo para torná-lo dependente dos produ-
logia empregados não são os mesmos das matrizes. tos manufaturados.

24
GEOGRAFIA

Moreira (1998) faz referência ao surgimento dos três mo- Fim da Guerra Fria
dos de produção, que, nesta transição, aglutinam os gêneros
de vida: A Guerra Fria começou a esfriar durante a década de
- Modo de produção asiático: comunidades de aldeia 1980. Em 1989, a queda do muro de Berlim foi o ato simbó-
circundadas pelos campos, dominadas por uma comunidade lico que decretou o encerramento de décadas de disputas
superior, em geral com uma cidade central. econômicas, ideológicas e militares entre o bloco capitalis-
- Modo escravista: latifúndios no campo, poder centrali- ta, comandado por Estados Unidos e o socialista, dirigido
zado fortemente na elite urbana. pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Na
- Modo feudal: paisagem atomizada e celularmente arru- sequência deste fato, ocorreu a reunificação da Alemanha
mada em anéis concêntricos do feudo, cada anel diferencian- (Ocidental com Oriental).
do-se do outro por sua atividade de produção específica (po- Podemos afirmar que a crise nos países socialistas fun-
mares, cereais, gado comunitário, reserva florestal, na ordem cionou como um catalisador do fim da Guerra Fria. Os paí-
do afastamento da aldeia central), o conjunto compondo o ses do bloco socialistas, incluindo a União Soviética, pas-
domínio territorial inconteste do senhor. savam por uma grave crise econômica na década de 1980.
A partir do momento em que o excedente de produção A falta de concorrência, os baixos salários e a falta de pro-
é apropriado pela elite urbana, não mais apenas como valor dutos causaram uma grave crise econômica. A falta de de-
de uso, subsistência, mas como valor de troca, mercadoria, mocracia também gerava uma grande insatisfação popular.
a cidade transforma-se em centro de produção, surge uma No começo da década de 1990, o presidente da União
nova classe de “produtores urbanos”, outrora trabalhadores Soviética Mikhail Gorbachev começou a implementar a
rurais, que será explorada por uma nova classe dominante Glasnost (reformas políticas priorizando a liberdade) e a
que acumula “riqueza móvel”, os comerciantes. Segundo Sin- Perestroika (reestruturação econômica). A União Soviética
ger (1978): estava pronta para deixar o socialismo, ruma a economia
Nesta fase, a cidade deixa de ser meramente a sede da de mercado capitalista, com mais abertura política e demo-
antiga classe dominante para tornar-se o centro de uma nova crática. Na sequência, as diversas repúblicas que compu-
classe rival de mercadores, usurários, especuladores, coleto-
nham a União Soviética foram retomando sua independên-
res de impostos etc. (...) Tudo isso colocou pressupostos so-
cia política. Futuros acordos militares entre Estados Unidos
ciais e econômicos que possibilitaram um notável avanço das
e Rússia garantiriam o início de um processo de desarma-
forças produtivas.
mento nuclear.
A necessidade cada vez maior de novos mercados força
Na década de 1990, sem a pressão soviética, os outros
a união de várias cidades-estado formando impérios, no inte-
países socialistas (Polônia, Hungria, Romênia, Bulgária, en-
rior dos quais surgirá a divisão regional do trabalho devido à
criação de especializações produtivas em cada local, as quais tre outros) também foram implementando mudanças polí-
nascem interdependentes entre si de modo a manter a uni- ticas e econômica no sentido do retorno da democracia e
dade do território. engajamento na economia de mercado.
Com a acumulação de capital e com os avanços técni- Portanto, a década de 1990 marcou o fim da Guerra
cos, surge a primeira revolução industrial que irá redefinir a Fria e também da divisão do mundo em dois blocos ideoló-
divisão territorial do trabalho, atraindo o camponês para a gicos. O temor de uma guerra nuclear e as disputas arma-
cidade, gerando um verdadeiro esvaziamento do campo. mentistas e ideológicas também foram sepultadas.
A imigração do campo para a cidade desliga o campo-
nês de seu meio de produção, a terra, enquanto, simultanea- Desagregação Da URSS
mente, a técnica impõe ao artesão novos meios de produção
mais sofisticados, dos quais ele não é mais o proprietário. Em abril de 1985, Mikhail Gorbachev assumiu o poder
Ambos são obrigados a alienar ou o fruto de seu trabalho, ou da União Soviética e lançou um programa de reformas que
sua força de trabalho. provocaram transformações profundas no mundo sovié-
Segundo Moreira (1998): tico. Esses programas ficaram conhecidos como Glasnot
A divisão territorial do trabalho é o esqueleto dessa arru- (transparência) e Perestroika (reestruturação).
mação do espaço industrial (...) aprofundando sua distinção Através da glasnot, Gorbachev pretendia provocar uma
pela diferença funcional. Doravante, campo é sinônimo de gradual abertura política do regime soviético, como a di-
agricultura e pecuária. Fragmentação em múltiplos espaços minuição da censura na imprensa e maior liberdade de ex-
especializados e diversificados de produção, que elevam a pressão nas artes. Dentro desse processo presos políticos
produtividade agrícola, liberam excedentes para a cidade e ganharam a liberdade e velhos políticos foram substituídos
diminuem rapidamente sua população. Cidade é sinônimo por reformistas.
de centro exclusivo da produção industrial e prestação de Através da Perestroika, Gorbachev almejava reorgani-
serviços. Ponto destacado na paisagem do território para zar a economia, tornando-a menos controlada pelo Estado
onde e de onde fluem as linhas de comunicação e transporte. e mais dinâmica. Estas reformas se faziam imprescindíveis,
Ainda segundo o autor, logo a indústria transporá para tendo em vista o arcaísmo das estruturas políticas e eco-
o plano mundial essa diferenciação cidade-campo, onde a nômicas que engessavam a vida soviética. A corrida arma-
cidade serão os países desenvolvidos e o campo os subde- mentista da Guerra Fria, havia canalizado os investimentos
senvolvidos, mas isso já é assunto para um próximo artigo, A e o trabalho das Nações Soviéticas e prejudicara o desen-
Divisão Internacional do Trabalho. volvimento dos setores produtivos voltados para a paz.

25
GEOGRAFIA

Era visível e motivo de descontentamento da população, Os acontecimentos do leste europeu refletiram-se em


abaixa qualidade dos bens de consumo. Do ponto de vista todo o mundo socialista, e aportaram nas Republicas So-
tecnológico, a URSS também não conseguia acompanhar viéticas, e Mikhail Gorbachev não pode conter o processo.
os avanços que ocorria no mundo capitalista. Para resolver Considera-se, portanto, que foi uma combinação de
parte dessa situação Gorbachev, se aproximou dos EUA, elementos que resultou no colapso e desaparecimento da
com o objetivo de diminuir o ritmo da corrida armamen- União Soviética em 1991. Resumindo então, as causas his-
tista. A abertura política por sua vez, possibilitou o renasci- tóricas, políticas, sociais e econômicas principais que mais
mento de várias demandas e, entre elas, a mais importante contribuíram para tal desfecho foram:
de todas, para a desagregação da URSS, a aspiração da au- - o atraso material e cultural da velha Rússia para iniciar
tonomia política o sentimento nacionalista tomou conta da a construção do socialismo;
população e de seus lideres. Assim, os diversos povos da - o isolamento da Revolução Russa, fruto, entre outros
URSS, como: os Muçulmanos da Ásia Central, os Caucasia- fatores, do reformismo político que paralisou a classe ope-
nos Cristãos, as Populações do Báltico, os Eslavos Católicos rária no Ocidente;
e os Ortodoxos da Ucrânia, todos queriam construir países - as agressões militares que a URSS sofreu, com suas
autônomos. imensas perdas humanas e os custos insuportáveis de de-
A aspiração da Ordem Socialista, não capaz de conter o fesa, derivados da ameaça permanente que vinha do exte-
crescimento das reivindicações nacionalistas. O sistema de rior, que contribuíram para exauri-la economicamente;
produção socialista e a sua estrutura política não consegui- - a natureza ditatorial do sistema político, como ele-
ra trazer a prosperidade material e o exercício da liberdade mento central, que acelerou a industrialização e a moderni-
sempre almejados. zação em uma primeira fase, trouxe, por outro lado, imen-
As propostas reformistas de Gorbachev foram derrota- sos prejuízos humanos e funcionou a partir de certo ponto
das por uma crise avassaladora. no tempo como uma trava à continuidade do desenvolvi-
Com o fim da URSS, as novas republicas se organiza- mento da economia e da sociedade;
ram a partir de princípios da economia capitalista. Naquele - o esgotamento do modelo extensivo de crescimento
momento, muitos queriam afirmar que a própria ideia do na virada para os anos 70, a desaceleração econômica que
socialismo havia acabado. Enquanto outros sustentavam chegou à estagnação no início dos anos 80 e o acentuado
que o “capitalismo vitorioso” ainda não era capaz de resol- atraso tecnológico em relação ao mundo capitalista, verifi-
ver as suas profundas desigualdades sociais. Essa situação cado já na década de 70; 
de crise da ordem socialista se avolumava desde a queda - As grandes transformações sociais, culturais e com-
do muro de Berlim, em novembro de 1989. portamentais ocorridas no mundo e na URSS, a Revolução
Atos simbólicos do fim de uma época a destruição da Informação e as mobilizações democráticas em todo
do muro foi o resultado da liberalização política propos- Leste Europeu, que erodiram as fundações do sistema so-
ta por Gorbachev, quando ela chegou nos países do leste viético; 
europeu. Eram países governados por velhos comunistas, - A Perestroika, que como programa de reformas ace-
refratários a reformas que se viram as voltas com uma po- lerou a democratização do regime político, levando à de-
pulação descontente com as estruturas políticas e sociais sagregação do velho mecanismo burocrático de planeja-
do socialismo. No Ano de 1989, por exemplo, milhares de mento e gestão estatais da economia, o que por sua vez
alemães da Republica Oriental (Comunista) migraram para gerou caos; 
Alemanha Ocidental (capitalista). - As mobilizações nacionalistas e a ofensiva restaura-
Era expressão mais contundente do descontentamento cionista selaram a desagregação do sistema soviético. 
de expressivos setores sociais e da incapacidade do socia- O processo final que levou ao colapso da URSS parece
lismo atender suas demandas. As pressões contra o poder mais uma combinação de progressivas revoluções ou mo-
comunista cresceram e o muro foi derrubado. No ano se- bilizações democráticas – que em muito se assemelham às
guinte (1990) foram realizadas eleições com participação revoluções burguesas, já que suas bandeiras e demandas
de vários partidos políticos e a Alemanha foi unificada. não diferem muito daquelas levantadas nas revoluções de
O mesmo ocorria em outros países do leste europeu: os 1789 e 1848 – com a implosão de um sistema político debi-
movimentos sociais e políticos tomavam as ruas, exigiam litado e ultrapassado, onde já não cabiam as forças produ-
reformas e “destronavam” os velhos dirigentes comunis- tivas e sociais que dentro dele se desenvolviam.
tas. Eleições livres e pluripartidárias eram convocadas na
Hungria, Polônia, Tchecoslováquia, Bulgária e na Romênia. A Nova Ordem Mundial
Neste último país devido à resistência do ditador Nicolai
Ceausescu, o caminho se deu pela via da Guerra Civil e Com o fim da oposição capitalismo X socialismo, o
milhares foram mortos, antes que as forças reformadoras mundo se defrontou com uma realidade marcada pela
assegurassem as mudanças. Na Iugoslávia, com a libera- existência de um único sistema político-econômico, o ca-
lização política, os grupos étnicos irromperam com fúria pitalismo. Exceto por Cuba, China e Coreia do Norte, que
inimaginável e esfacelaram o país. Foi a Guerra Civil mais ainda apresentam suas economias fundamentadas no so-
cruel da crise socialista a até hoje não alcançou o pleno cialismo, o capitalismo é o sistema mundial desde o início
apaziguamento. da década de 90.

26
GEOGRAFIA

À fragmentação do socialismo somaram-se as profun- Por produzirem seus diferentes produtos em muitos
das transformações que já vinham afetando as principais países, tais empresas ficaram consagradas como multina-
economias capitalistas desde a segunda metade do séc. cionais. Nesse contexto, opera-se pois, uma profunda alte-
XX, resultando na chamada nova ordem mundial. ração na divisão internacional do trabalho, porquanto mui-
As origens dessa nova ordem estão no período imedia- tos países deixam de ser apenas fornecedores de alimentos
tamente posterior à Segunda Guerra Mundial, no momen- e matérias-primas para o mercado internacional para se
to em que os Estados Unidos assumiram a supremacia do tornarem produtores e até exportadores de produtos in-
sistema capitalista. A supremacia dos EUA se fundamentava dustrializados. O Brasil é um bom exemplo.
no segredo da arma nuclear, no uso do dólar como pa-
drão monetário internacional, na capacidade de financiar A globalização
a reconstrução dos países destruídos com a guerra e na
ampliação dos investimentos das empresas transnacionais Nos anos 80, a maior parte da riqueza mundial perten-
nos países subdesenvolvidos. cia às grandes corporações internacionais. Pôr outro lado,
Durante a Segunda Guerra, os EUA atravessaram um os Estados desenvolvidos revelaram finanças arruinadas,
período de crescimento econômico acelerado. Assim, depois de se mostrarem incapazes de continuar atendendo
quando o conflito terminou, sua economia estava dinami- às onerosas demandas da sua população: aposentadoria,
zada, e esse país assumia o papel de maior credor do mun- amparo à velhice, assistência médica, salário-desemprego,
do capitalista. Além disso, a conferência de Bretton Woods, etc. Com o esgotamento do Estado do bem-estar Social
que em 1944 estabeleceu as regras da economia mundial, (Welfare state), o neoliberalismo ganhou prestigio e força.
determinou que o dólar substituiria o ouro como padrão Agora, a lucratividade tem de ser obtida mediante van-
monetário internacional. tagens sobre a concorrência, para o que é necessário ofe-
Os EUA também financiaram a reconstrução da econo- recer ao mercado produtos mais baratos, preferentemente
mia japonesa, visando criar um polo capitalista desenvol- de melhor qualidade. Para tanto, urge reduzir custos de
vido na Ásia e, desse modo, também impedir o avançado produção.
socialismo no continente.
Então, os avanços tecnológicos, particularmente nos
A ascensão da economia japonesa foi acompanhada
transportes e comunicações, permitiram que as grandes
de uma expansão econômica e financeira do país em di-
corporações adotassem um novo procedimento - a estra-
reção aos seus vizinhos da Ásia, originando uma região de
tégia global de fabricação - que consiste em decompor
forte dinamismo econômico.
o processo produtivo e dispersar suas etapas em escala
mundial, cada qual em busca de menores custos opera-
A internacionalização do capital
cionais. A produção deixa de ser local para ser mundial, o
que também ocorre com o consumo, uma vez que os mes-
Desde que surgiu, e devido à sua essência - produzir
para o mercado, objetivando o lucro e, consequentemente, mos produtos são oferecidos à venda nos mais diversos
a acumulação da riqueza - o capitalismo sempre tendeu à recantos do planeta. Os fluxos econômicos se intensificam
internacionalização, ou seja, à incorporação do maior nú- extraordinariamente, promovidos sobretudo pelas grandes
mero possível de povos ou nações ao espaço sob o seu empresas, agora chamadas de transnacionais. A divisão in-
domínio. ternacional do trabalho fica subvertida, pois torna-se difícil
No princípio, a Divisão Internacional do Trabalho fun- identificar o lugar em que determinado artigo industrial foi
cionava através do chamado pacto colonial, segundo o produzido.
qual a atividade industrial era privilégio das metrópoles Após a derrocada do socialismo, a internacionaliza-
que vendiam seus produtos às colônias. ção do capitalismo atinge praticamente todo o planeta e
Agora, para escapar dos pesados encargos sociais e do se intensifica a tal ponto que merece uma denominação
pagamento dos altos salários conquistados pelos trabalha- especial - globalização -, marcada basicamente pela mun-
dores de seus países, as grandes empresas industriais dos dialização da produção, da circulação e do consumo, vale
países desenvolvidos optaram pela estratégia de, em vez dizer, de todo o ciclo de reprodução do capital. Nessas con-
de apenas continuarem exportando seus produtos, tam- dições, a eliminação de barreiras entre as nações torna-se
bém produzi-los nos países subdesenvolvidos, até então uma necessidade, a fim de que o capital possa fluir sem
importadores dos produtos industrializados que consu- obstáculos. Daí o enfraquecimento do Estado, que perde
miam. Dessa maneira, barateando custos, graças ao em- poder face ao das grandes corporações.
prego de mão-de-obra bem mais barata, menos encargos O “motor” da globalização é a competitividade. Visan-
sociais, incentivos fiscais etc., e, assim, mantendo , ou até do à obtenção de produtos competitivos no mercado, as
aumentando, lucros, puderam praticar altas taxas de inves- grandes empresas financiam ou promovem pesquisa, do
timento e acumulação. que resulta um acelerado avanço tecnológico. Esse avanço
Grandes empresas de países desenvolvidos, também implica informatização de atividades e automatização da
conhecidas como corporações, instalaram filiais em países indústria, incluindo até a robotização de fábricas. Em con-
subdesenvolvidos, onde passaram a produzir um elenco sequência, o desemprego torna-se o maior problema da
cada vez maior de produtos. atual fase do capitalismo.

27
GEOGRAFIA

Embora a globalização seja mais intensa na economia, Países Emergentes - Alguns países, mesmo que sub-
ela também ocorre na informação, na cultura, na ciência, na desenvolvidos, são industrializados ou estão em fase de in-
política e no espaço. Não se pode pensar, contudo, que a dustrialização; por isso, oferecem boas oportunidades para
globalização tende a homogeneizar o espaço mundial. Ao investimentos internacionais. Entre os países emergentes
contrário, ela é seletiva. Assim, enquanto muitos lugares e destacam-se a China, a Rússia e o Brasil. Para os grandes
grupos de pessoas se globalizam, outros, ficam excluídos investidores, esse grupo representa um atraente mercado
do processo. Por esse motivo, a globalização tende a tornar consumidor, devido ao volume de sua população. Apesar
o espaço mundial cada vez mais heterogêneo. Além disso, disso, são países que oferecem grandes riscos, se for consi-
ela tem provocado uma imensa concentração de riqueza, derada sua instabilidade econômica ou política.
aumentando as diferenças entre países e, no interior de Com o objetivo de construir uma imagem atraente aos
cada um deles, entre classes e segmentos sociais. investidores, os países emergentes tentam se adequar aos
De qualquer modo, para se entender melhor o espaço padrões da economia global. Para isso, têm sempre em vista
de hoje, com as profundas alterações causadas pela globa- os critérios utilizados internacionalmente por quem preten-
lização, é preciso ter presente alguns conceitos essenciais: de selecionar um país para receber investimentos:
- cultura compatível com o desenvolvimento capitalista;
Fábrica Global - A expressão indica que a produção e - governo que administra bem os seus gastos;
- disponibilidade de recursos para crescer sem inflação
o consumo se mundializaram de tal forma que cada etapa
e sem depender excessivamente de recursos externos;
do processo produtivo é desenvolvida em um país diferen-
- estímulo às empresas nacionais para aprimorarem sua
te, de acordo com as vantagens e as possibilidades de lucro
produção;
que oferece. - custo da mão-de-obra adequado à competição inter-
nacional;
Aldeia Global - Essa expressão reflete a existência de - existência de investimentos para educar a população
uma comunidade mundial integrada pela grande possibi- e reciclar os trabalhadores.
lidade de comunicação e informação. Com os diferentes
sistemas de comunicação, uma pessoa pode acompanhar Regionalização: uma face da globalização
os acontecimentos de qualquer parte do mundo no exato
momento em que ocorrem. Uma só imagem é transmitida Aos agentes da globalização – as grandes corporações
para o mundo todo, uma só visão. Os avanço possibilitam internacionais – interessa a eliminação das fronteiras nacio-
a criação de uma opinião pública mundial. Nesse contexto nais, mais precisamente a remoção de qualquer entrave à li-
de massificação da informação é que surgiu a IINTERNET, vre circulação do capital. Por outro lado, ao Estado interessa
uma rede mundial de comunicação por computador que defender a nacionalidade, cujo sentimento não desaparece
liga a quase totalidade dos países. Estima-se que, hoje, facilmente junto à população; em muitos casos, inclusive,
mais de 100 milhões de pessoas estejam se comunicando ele permanece forte. Por isso, embora enfraquecidos diante
pela Internet. Esse sistema permite troca de informações, do poder do grande capital privado, os Estados resistem à
com a transferência de arquivos de som, imagem e texto. É ideia de perda do poder político sobre o seu território.
possível conversar por escrito ou de viva voz, mandar fotos Os resultados desse jogo de interesses, face à acirra-
e até fazer compras em qualquer país conectado. da competição internacional, é a formação de blocos, cada
qual reunindo um conjunto de países, em geral, vizinhos
Economia Mundo - Ao se difundir mundialmente, as ou próximos territorialmente. Os blocos ou alianças, consti-
empresas transnacionais romperam as fronteiras nacionais tuídos por acordos ou tratados, representam pois uma for-
e estabeleceram uma relação de interdependência econô- ma conciliatória de atender aos interesses tanto dos países
mica com raízes muito profundas, inaugurando a chamada quanto da economia mundo.
economia mundo. A formação de blocos econômicos significa uma forma
de regionalização do espaço mundial
Interdependência - No sistema globalizado, os con-
Etapas da integração econômica
ceitos de conceitos descritos anteriormente envolvem a
interdependência. Os países são dependentes uns dos ou- A integração de economias regionais obtém-se pela
tros, pois os governos nacionais não conseguem resolver aproximação das políticas econômicas e da pertinente le-
individualmente seus principais problemas econômicos, gislação dos países que fazem parte de uma aliança. Com
sociais ou ambientais. isso, pretende-se criar um bloco econômico que possibilite
As novas questões relacionadas com a economia glo- um maior desenvolvimento para todos os membros da as-
balizada fazem parte de um contexto mundial, refletem os sociação. Vejamos a seguir cada etapa do processo:
grandes problemas internacionais, e as soluções depen- Primeira etapa: zona de livre comércio – criação de uma
dem de medidas que devem ser tomadas por um grande zona em que as mercadorias provenientes dos países mem-
conjunto de países. bros podem circular livremente. Nessa zona, as tarifas alfan-
degárias são eliminadas e há flexibilidade nos padrões de
produção, controle sanitário e de fronteiras.

28
GEOGRAFIA

Segunda etapa: união aduaneira – além da zona de li-


vre comércio, essa etapa envolve a negociação de tarifas 3. O PROCESSO DE OCUPAÇÃO E
alfandegárias comuns para o comércio realizado com ou-
PRODUÇÃO DO ESPAÇO BRASILEIRO.
tros países.
3.1. A formação territorial do Brasil e sua
Terceira etapa: mercado comum – engloba as duas fa-
relação com a natureza.
ses anteriores e acrescenta a livre circulação de pessoa, ser-
viços e capitais. 3.2. O processo de industrialização brasileira
Quarta etapa: união monetária – essa fase pressupõe a e a internacionalização do capital.
existência de um mercado comum em pleno funcionamen- 3.2.1. Urbanização, metropolização e qualidade
to. Consiste na coordenação das políticas econômicas dos de vida.
países membros e na criação de um único banco central 3.2.2. Estrutura e produção agrária e
para emitir a moeda que será utilizada por todos. impactos ambientais.
Quinta etapa: união política – a união política engloba 3.2.3. População: crescimento, estrutura e
todas as anteriores e envolve também a unificação das po- migrações, condições de vida e de trabalho.
líticas de relações internacionais, defesa, segurança interna 3.3. O papel do Estado e as políticas territoriais.
e externa. 3.4. A regionalização do Brasil:
desenvolvimento desigual e combinado.
Os polos de poder na economia globalizada

Na nova ordem mundial, a bipolaridade representada A formação do relevo brasileiro decorre da ação de di-
por Estados Unidos e União Soviética foram substituídas versos elementos, como a estrutura geológica do território, os
pela multipolaridade. Os polos de poder econômico são agentes internos, o tectonismo e o vulcanismo, e os agentes
União Europeia, Nafta e Apec; os de importância secundá- externos: as águas correntes e o intemperismo.
ria, Mercosul e Asean. Entre as principais características do nosso relevo, desta-
Apesar de a economia globalizada ser definida como ca-se o predomínio das formações sedimentares recentes, que
multipolar, os principais dados referentes ao desempenho ocupam 64% da superfície. Tais formações se sobrepõem aos
terrenos pré-cambrianos, mais antigos, que formam o emba-
econômico internacional demonstram que existem três
samento de nosso relevo, de origem cristalina, e que afloram
grandes polos que lideram a economia do mundo: o bloco
em 36% do território. Como reflexo dessa estrutura geológi-
americano, o asiático e o europeu, que controlam mais de
ca, de base sedimentar, a altimetria de do relevo brasileiro vai
80% dos investimentos mundiais. caracterizar-se pelo predomínio das baixas e médias altitudes.
O bloco americano, liderado pelos Estados Unidos, rea- O relevo brasileiro, em sua formação, não sofreu a ação
liza grande parte de seus negócios na América Latina, sua dos movimentos orogenéticos recentes, responsáveis pelo
tradicional área de influência: o bloco asiático, liderado pelo surgimento dos chamados dobramentos modernos e, por
Japão, faz mais de 50% de seus investimentos no leste e no isso, caracteriza-se pela presença de três grandes formas: os
sudeste da Ásia: e a União europeia concentra dois terços planaltos as depressões e as planícies. Os planaltos e as de-
de sua atuação econômica nos países do leste europeu. pressões representam as formas predominantes, ocupando
Pode-se observar, portanto, que a economia globaliza- cerca de 95% do território, e têm origem e tanto cristalina
da é, na verdade, tripolar. A influência econômica está nas quanto sedimentar. Em alguns pontos do território, especial-
mãos dos países que representam as sete maiores econo- mente nas bordas dos planaltos, o relevo apresenta-se muito
mias do mundo: Estados unidos, Japão, Alemanha, França, acidentado, como a ocorrência de serras e escarpas. As planí-
Itália, Reino Unido e Canadá. Por sua vez, no interior desses cies representam os 5% restantes do território brasileiro e são
países são principalmente as grandes empresas transnacio- exclusivamente de origem sedimentar.
nais que têm condições de liderar o mercado internacional.
Classificação do relevo brasileiro

Existem várias classificações do nosso relevo, porém al-


gumas delas se tornaram mais conhecidas e tiveram grande
importância em momentos diferentes da nossa história.
A mais antiga delas é a que foi elaborada pelo professor
Aroldo de Azevedo, na década de 40, que utilizava como cri-
tério para a definição das formas o nível altimétrico. Assim, a
superfícies aplainadas que superassem a marca dos 200 m de
altitude seriam classificadas como planaltos, e as superfícies
aplainadas que apresentassem altitudes inferiores a 200 m
seriam classificadas como planícies. Com base nisso, o Brasil
dividia-se em oito unidades de relevo, sendo 4 planaltos, que
ocupavam 59% do território e 4 planícies, que ocupavam os
41% restante.

29
GEOGRAFIA

No final da década de 50, o professor Aziz Nacib Ab’Sa- O clima subtropical predomina ao sul do Trópico de
ber apresentou uma nova classificação, com maior rigor Capricórnio, compreendendo parte de São Paulo, Paraná e
científico, que utilizava como critério para a definição das Mato Grosso do Sul e os Estados de Santa Catarina e Rio
formas o tipo de alteração dominante na superfície, ou seja, Grande do Sul. Caracteriza-se por temperaturas médias infe-
o processo de erosão e sedimentação. Planalto correspon- riores a 18º C, com amplitude térmica entre 9º C e 13º C. Nas
deria a superfície aplainada, onde o processo erosivo esta- áreas mais elevadas, o verão é suave e o inverno frio, com
ria predominando sobre o sedimentar, enquanto a planície nevascas ocasionais. Chove entre 1.500 mm e 2.000 mm.
(ou terras baixas) se caracterizaria pelo inverso, ou seja, o A mais recente classificação do relevo brasileiro é a
processo sedimentar estaria se sobrepondo ao processo proposta pelo professor Jurandyr Ross, divulgada em 1995.
erosivo. Por essa divisão, o relevo brasileiro se compunha Fundamentando suas pesquisas nos dados obtidos a partir
de 10 unidades, sendo 7 planaltos, que ocupavam 75% do de um detalhado levantamento da superfície do território
território, e três planícies, que ocupavam os 25 restantes. brasileiro, realizado através de sistema de radares do projeto
A localização de 92% do território brasileiro na zona Radambrasil, do Ministério de Minas e Energia, o professor
intertropical e as baixas altitudes do relevo explicam a pre- Ross apresenta uma subdivisão do relevo brasileiro em 28
dominância de climas quentes, com médias de temperatu- unidades, sendo 11 planaltos,11 depressões e 6 planícies.
ra superiores a 20º C. Os tipos de clima presentes no Brasil Essa nova classificação utilizou como critério a associa-
são: equatorial, tropical, tropical de altitude, tropical atlân- ção de informações sobre o processo de erosão, sedimenta-
tico, semi-árido e subtropical. ção dominante na atualidade, com a base geológica e estru-
O clima equatorial domina a região amazônica e se tural do terreno e ainda com o nível altimétrico do lugar. As-
caracteriza por temperaturas médias entre 24º C e 26º C sim, define-se planalto como uma superfície irregular, com
e amplitude térmica anual (diferença entre a máxima e a altitudes superiores a 300 m, e que teve origem a partir da
mínima registrada durante um ano) de até 3º C. As chuvas erosão sobre rochas cristalinas ou sedimentares; depressão
são abundantes (mais de 2.500 mm/ano) e regulares, cau- é uma superfície mais plana, com altitudes entre 100 e 500
sadas pela ação da massa equatorial continental. No inver- m, apresentando inclinação suave, resultante de prolongado
no, a região pode receber frentes frias originárias da massa processo erosivo, também sobre rochas cristalinas ou sedi-
polar atlântica. Elas são as responsáveis pelo fenômeno da mentares; e planície é uma superfície extremamente plana e
friagem, a queda brusca na temperatura, que pode chegar formada pelo acúmulo recente de sedimentos fluviais, mari-
a 10º C. nhos ou lacustres.
Extensas áreas do planalto central e das regiões Nor- Vejamos uma síntese com as características mais impor-
deste e Sudeste são dominadas pelo clima tropical. Nelas, o tantes de cada uma das subunidades do relevo brasileiro,
verão é quente e úmido e o inverno, frio e seco. As tempe- segundo a mais recente classificação (a do professor Juran-
raturas médias excedem os 20º C, com amplitude térmica dyr Ross).
anual de até 7º C. As chuvas variam de 1.000 a 1.500 mm/  
ano. Planaltos
O tropical de altitude predomina nas partes altas do
Planalto Atlântico do Sudeste, estendendo-se pelo norte 1) Planalto da Amazônia Oriental - constitui-se de ter-
do Paraná e sul do Mato Grosso do Sul. Apresenta tem- renos de uma bacia sedimentar e localiza-se na metade leste
peraturas médias entre 18º C e 22º C e amplitude térmica da região, numa estreita faixa que acompanha o rio Amazo-
anual entre 7º C e 9º C. O comportamento pluviométrico nas, do curso médio até a foz. Suas altitudes atingem cerca
é igual ao do clima tropical. As chuvas de verão são mais de 400 m na porção norte e 300 m na porção sul.
intensas devido à ação da massa tropical atlântica. No in-
verno, as frentes frias originárias da massa polar atlântica 2) Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba - cons-
podem provocar geadas. tituem-se também de terrenos de uma bacia sedimentar,
A faixa litorânea que vai do Rio Grande do Norte ao Pa- estendendo-se das áreas centrais do país (GO-TO), até as
raná sofre atuação do clima tropical atlântico. As tempera- proximidades do litoral, onde se alargam, na faixa entre Pará
turas variam entre 18º C e 26º C, com amplitudes térmicas e Piauí, sendo cortados de norte a sul, pelas águas do rio
crescentes conforme se avança para o sul. Chove cerca de Parnaíba. Aí encontramos a predominância das formas tabu-
1.500 mm/ano. No litoral do Nordeste, as chuvas intensi- lares, conhecidas como chapadas.
ficam-se no outono e no inverno. Mais ao sul, são mais
fortes no verão. 3) Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná - carac-
O clima semi-árido predomina nas depressões entre terizam-se pela presença de terrenos sedimentares e pelos
planaltos do sertão nordestino e no trecho baiano do vale depósitos de rocha de origem vulcânica, da era mesozoica.
do Rio São Francisco. Suas características são temperaturas Localizam-se na porção meridional do país, acompanhando
médias elevadas, em torno de 27º C, e amplitude térmica os cursos dos afluentes do rio Paraná, estendendo-se desde
em torno de 5º C. As chuvas, além de irregulares, não exce- os estados de Mato Grosso e Goiás, até o Rio Grande do Sul,
dem os 800 mm/ano, o que leva às “secas do Nordeste”, os ocupando a faixa ocidental dessa região, atingindo altitudes
longos períodos de estiagem. em torno de 1.000 m.

30
GEOGRAFIA

4) Planalto e Chapada dos Parecis - estendendo-se por 11) Planalto Sul-rio-grandense - superfície caracteriza-
uma larga faixa no sentido leste-oeste na porção centro-oci- da pela presença de rochas de diversas origens geológicas,
dental do país, indo do Mato Grosso até Rondônia. Domina- apresenta um certo predomínio de material pré cambriano.
dos pela presença de terrenos sedimentares, suas altitudes Localiza-se na extremidade meridional do país, no sul do Rio
atingem cerca de 800 m, exercendo a função de divisor de Grande do Sul, onde encontramos as famosas “coxilhas”, que
águas das bacias dos rios Amazonas, Paraguai e Guaporé. são superfícies convexas, caracterizadas por colinas suave-
mente onduladas, com altitudes inferiores a 450 m.
5) Planaltos Residuais Norte-Amazônicos - ocupam
uma área onde se mesclam terrenos sedimentares e crista- Depressões
linos, na porção mais setentrional do país, do Amapá até o
Amazonas, caracterizando-se em alguns pontos pela defini- 12) Depressão da Amazônia Ocidental - corresponde
ção das fronteiras brasileiras e em outros, pela presença das a uma enorme área de origem sedimentar no oeste da Ama-
maiores altitudes do Brasil, como o Pico da Neblina (3014 zônia, com altitudes em torno de 200 m, apresentando uma
m), na divisa do estado de Roraima com a Venezuela. superfície aplainada, atravessada ao centro pelas águas do
rio Amazonas.
6) Planaltos Residuais Sul-Amazônicos - também
ocupam terrenos onde se mesclam o rochas sedimentares 13) Depressão Marginal Norte Amazônia - localizada
e cristalinas, estendendo se por uma larga faixa de terras ao na porção norte da Amazônia, entre o planalto da Amazônia
sul do Rio Amazonas, desde a porção meridional do Pará até oriental e os planaltos residuais norte amazônicos, com alti-
Rondônia. O destaque dessa subunidade é a presença de al- tudes que variam entre 200 e 300 m. Com rochas cristalinas e
gumas formações em que são encontradas jazidas minerais sedimentares antigas, e estende-se entre o litoral do Amapá
de grande porte (é o caso da serra dos Carajás, no Pará). e a fronteira do estado do Amazonas com a Colômbia.

7) Planaltos e Serras do Atlântico Leste e Sudeste - 14) Depressão Marginal Sul Amazônia - com terrenos
ocupam uma larga faixa de terras na porção oriental do país predominantemente sedimentares e altitudes variando en-
e, em terrenos predominantemente cristalinos, onde obser- tre 100 e 400 m, está localizado na porção meridional da
vamos a presença de superfícies bastante acidentadas, com Amazônia, intercalando-se com as terras dos planaltos resi-
sucessivas escarpas de planalto; daí o fato de ser chamada a duais sul amazônicos.
região de “domínio dos mares de morros”. Aí encontramos
também formações de elevadas altitudes, como as serras do 15) Depressão do Araguaia - acompanha quase todo
Mar e da Mantiqueira, que caracterizam este planalto como o vale do rio Araguaia e apresenta terrenos sedimentares,
sendo a “região das terras altas”. Na porção mais interior com uma topografia muito plana e altitudes entre 200 e 350
dessas subunidade, em Minas Gerais, encontramos uma m. Em seu interior encontramos a planície do rio Araguaia.
importante área rica em minério, na serra do Espinhaço, na
região denominada Quadrilátero Ferrífero. 16) Depressão Cuiabana - localizada no centro do país,
encaixada entre os planaltos da bacia do Paraná, dos Parecis
8) Planaltos Serras de Goiás-Minas - terrenos de for- e do alto Paraguai, caracteriza-se pelo predomínio dos ter-
mação antiga, predominantemente cristalinos, que se esten- renos sedimentares de baixa altitude, variando entre 150 e
dem do sul de Tocantins até Minas Gerais, caracterizando-se 400 m.
por formas muito acidentadas que como a serra da Canastra,
onde estão as nascentes do rio São Francisco - entremeadas 17) Depressão do Alto Paraguai-Guaporé - superfície
de formas tabulares, como as chapadas nas proximidades do caracterizada pelo predomínio das rochas sedimentares, lo-
Distrito Federal. caliza-se entre os rios Jauru e Guaporé, no estado de Mato
Grosso.
9) Serras e Residuais do Alto Paraguai - ocupam uma
área de rochas cristalinas e rochas sedimentares antigas, que 18) Depressão do Miranda - atravessada pelo rio Mi-
se concentram ao norte e ao sul da grande planície do Pan- randa, localiza-se no MS, ao sul do Pantanal. É uma área em
tanal, no oeste brasileiro. Aí, na porção meridional, destaca- que predominam rochas cristalinas pré cambrianas, com al-
se a serra da Bodoquena, onde as altitudes alcançam cerca titudes extremamente baixas, entre 100 e 150 m.
de 800 m.
19) Depressão Sertaneja e do São Francisco - ocupam
10) Planalto da Borborema - corresponde a uma área uma extensa faixa de terras que se alonga desde as proxi-
de terrenos formados de rochas pré cambrianos e sedimen- midades do litoral do Ceará e Rio Grande do Norte, até o
tares antigas, aparecendo na porção oriental no nordeste interior de Minas Gerais, acompanhando quase todo o curso
brasileiro, a leste do estado de Pernambuco, como um gran- do rio São Francisco. Apresentam variedade de formas e de
de núcleo cristalino e isolado, atingindo altitudes em torno estruturas geológicas, porém destaca-se a presença do re-
de 1.000 m. levo tabular, as chapadas, como as do Araripe (PE-CE) e do
Apodi (RN).

31
GEOGRAFIA

20) Depressão do Tocantins - acompanha todo o trajeto Passado o verão, com a estiagem do inverno, o rio retorna
do Rio Tocantins, quase sempre em terrenos de formação cris- ao seu leito normal, e o Pantanal transforma-se então numa
talinas pré cambriana. Suas altitudes declinam de norte para enorme área plana, coberta de campos, como uma planície
sul, variando entre 200 e 500 m. comum.

21) Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do 27) Planície da Lagoa dos Patos e Mirim - ocupa quase
Paraná - caracterizada pelo predomínio dos terrenos sedi- a totalidade do litoral gaúcho, expandindo-se na porção mais
mentares das eras Paleozoica e Mesozoica, aparece como meridional até o território do Uruguai. A originalidade dessa
uma larga faixa de terras, localizada entre as terras dos pla- planície está em sua formação dominantemente marinha e
naltos da bacia do Paraná e do Atlântico leste e sudeste. Suas lacustres, com mínima participação da deposição de origem
altitudes oscilam entre 600 e 700 m. fluvial.

22) Depressão Periféricas sul-rio-grandense - ocupam 28) Planícies e Tabuleiros Litorâneos - correspondem
as terras sedimentares drenadas pelas águas do rio Jacuí e a inúmeras porções do litoral brasileiro e quase sempre ocu-
do Rio Ibicuí, no Rio Grande do Sul. Caracteriza-se por baixas pam áreas muito pequenas. Geralmente localizam se na foz
altitudes, que variam em torno dos 200 m. de rios que deságuam no mar, especialmente daqueles de
menor porte. Apresentam-se muito largas no litoral norte e
Planícies quase desaparecem no litoral sudeste. E em trechos do litoral
nordestino, essas pequenas planícies apresentam-se interca-
23) Planície do Rio Amazonas - a região das terras bai- ladas com áreas de maior elevação as barreiras-, também de
xas amazônicas era considerada uma das maiores planícies do origem sedimentar.
mundo, mas atualmente todo esse espaço divide-se em várias
unidades, classificadas como planaltos, depressões e planície. Indústria Brasileira
Se considerássemos apenas a origem, seus,1,6 milhões de
quilômetros quadrados formariam uma grande planície, pois A produção da indústria brasileira registrou leve alta de
a origem é sedimentar. Se considerássemos a altimetria, tam-
0,3% em julho, na comparação com o mês anterior de acordo
bém denominaríamos esta região de planície, pois não ultra-
com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Es-
passa 150 m de altitude. Considerando-se, no entanto, o pro-
tatística (IBGE), divulgado nesta terça-feira. Esse é o segundo
cesso erosivo e deposicional, percebemos que mais de 95%
resultado positivo seguido. Na comparação com o mesmo
dessas terras baixas são, na verdade, planaltos ou depressões
período de 2011, a atividade fabril brasileira recuou 2,9% - a
de baixa altitude, onde o processo erosivo se sobrepõe ao
de sedimentação restando à planície verdadeira uma estreita 11ª taxa negativa seguida nesse tipo de comparação, no en-
faixa de terras às margens dos grandes rios da região. tanto, a menos intensa desde março, quando registrara queda
de 2,3%.
24) Planície do Rio Araguaia - é uma planície estreita De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de
que se estende no sentido norte-sul, margeando o trecho Veículos Automotores (Anfavea), esse foi o melhor julho e o
médio do rio Araguaia, em terras dos estados de Goiás e 2º melhor mês da história do setor automotivo. Na avaliação
Tocantins. Em seu interior, o maior destaque fica com a ilha da associação, os bons resultados de julho vieram da redu-
do Bananal que, com uma área de cerca de 20.000 km2 , é a ção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que foi
maior ilha fluvial do planeta. prorrogada na última semana. O resultado pode sinalizar uma
retomada da indústria no terceiro trimestre de 2012, já que,
25) Planície e Pantanal do Rio Guaporé - trata-se de de abril a junho, o setor registrou recuo de 2,5%, segundo os
uma faixa bastante estreita de terras planas e muito baixas, números do PIB, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geo-
que se alonga pelas fronteiras ocidentais do país, penetrando grafia e Estatística (IBGE) na semana passada. Nos sete primei-
a noroeste, no território boliviano, tendo seu eixo marcado ros meses do ano, o índice acumula queda de 3,7%, abaixo
pelas águas do rio Guaporé. do observado no fechamento do primeiro semestre do ano
(-3,8%). Já nos últimos 12 meses, a taxa tem recuo de 2,5%.
26) Planície e Pantanal Mato-grossense - correspon- Na comparação mensal, dos 27 ramos da indústria pes-
de a uma grande área que ocupa porção mais ocidental do quisados pelo IBGE, 12 tiveram alta, com destaque para os
Brasil Central. É de formação extremamente recente, datando setores de veículos automotores (4,9%), de alimentos (2,1%) e
do período quaternário da era Cenozoica; por isso apresen- de máquinas e equipamentos (3,0%). Outros aumentos foram
ta altitudes muito modestas, em torno de 100 m acima do observados nos setores de equipamentos de instrumentação
nível do mar. É considerada a mais típica planície brasileira, médico-hospitalar, ópticos e outros (16,8%), outros produtos
pois está em constante processo de sedimentação. Todo ano, químicos (1,8%), borracha e plástico (3,2%) e minerais não
durante o verão, as chuvas aumentam o nível de águas dos metálicos (2,7%). Entre os tipos de atividade que mostraram
rios, que transbordam. Como o declive do relevo é mínimo, baixa na produção estão produtos de metal (-6,7%), outros
o fluxo maior das águas que descem para o Pantanal supe- equipamentos de transporte (-7,4%), farmacêutica (-4,8%),
ra a capacidade de escoamento do rio Paraguai, eixo fluvial material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunica-
que atravessa a planície de norte a sul, ocasionando, então, ções (-4,1%) e máquinas para escritório e equipamentos de
as grandes enchentes que transformam toda a planície numa informática (-4,8%).
enorme área alagada (vem daí o nome “pantanal”).

32
GEOGRAFIA

Na comparação entre as categorias de uso, a maior alta Indústria brasileira reage e empregos no setor cres-
partiu de bens de capital (1,0%), que registrou o segundo re- cem 0,2% em julho, diz IBGE
sultado positivo consecutivo. Os setores produtores de bens
de consumo duráveis cresceram 0,8% e de bens intermediá- A indústria brasileira apresentou reação positiva em
rios, 0,5%. Na contramão, só o segmento de bens de consu- julho, após uma série de medidas de estímulo à economia
mo semi e não duráveis tiveram recuo, de 0,6%. anunciadas pelo governo neste ano. Os empregos no se-
tor voltaram a crescer e registraram alta de 0,2% no mês,
Na comparação com o ano passado em relação a junho, segundo pesquisa divulgada nesta se-
gunda-feira (12), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Sobre julho de 2011, a produção industrial recuou 2,9% Estatística (IBGE). A alta interrompe uma série de quatro
em julho de 2012, ritmo de queda menor que o observado meses seguidos de queda. Os números são da série livre
em abril (-3,5%), maio (-4,4%) e junho (-5,6%). Do total de de influências sazonais (temporárias).
atividades, 17 registraram queda na produção. Ao contrário Segundo o IBGE, as variações mais positivas foram re-
do que ocorreu na comparação mensal, os ramos de veículos gistradas no Paraná (1,5%) e Minas Gerais (1,0%), com des-
automotores (-12,3%) e de edição, impressão e reprodução taque para os setores de máquinas e aparelhos eletroele-
de gravações (-22,0%) pressionaram o resultado para bai- trônicos e de comunicações (32,5%) e alimentos e bebidas
xo. “Houve queda na fabricação de caminhões, caminhão-tra- (5,7%), na indústria paranaense, e de produtos de metal
tor para reboques e semirreboques, motores diesel para ca- (8,9%), indústrias extrativas (8,4%) e meios de transporte
minhões e ônibus, autopeças e chassis com motor para cami- (4,5%), no setor industrial mineiro.
nhões e ônibus, no primeiro setor, e de livros, revistas, jornais, Para o presidente do Banco Central (BC), Alexandre
cds e impressos diversos para fins comerciais, no segundo.” Tombini, a indústria começou a apresentar sinais modera-
Também registraram queda as produções dos seto- dos de recuperação na produção porque o ambiente está
res de alimentos (-5,3%), material eletrônico, aparelhos e mais favorável: os estoques estão em níveis adequados,
equipamentos de comunicações (-20,0%), metalurgia bási- o nível da capacidade de utilização das empresas voltou
ca (-4,9%), fumo (-14,5%), máquinas, aparelhos e materiais a subir, a produção vem crescendo nos últimos meses e
elétricos (-6,2%) e máquinas para escritório e equipamen- observa-se uma expansão do emprego industrial, além da
tos de informática (-6,7%). Já entre os dez setores que tive- melhora na confiança dos empresários e nas condições de
ram aumento na produção, os de maior destaque são pro- competitividade.
dutos químicos (5,4%), máquinas e equipamentos (4,0%), Esse ambiente mais favorável se deve a um conjunto
farmacêutica (7,5%), refino de petróleo e produção de ál- de estímulos introduzidos desde o ano passado, com o
cool (3,9%) e outros equipamentos de transportes (8,3%), objetivo de favorecer a retomada da economia, como a
“impulsionados em grande parte pelos itens herbicidas redução da taxa básica de juros (Selic), em queda desde
para uso na agricultura, no primeiro ramo, refrigeradores e agosto do ano passado, para os atuais 7,5% ao ano, dis-
congeladores, no segundo, medicamentos, no terceiro, ga- se Alexandre Tobini durante audiência pública no Senado
solina automotiva, óleo diesel e outros óleos combustíveis, nesta quarta-feira. Nesta terça-feira (11), a presidenta Dil-
no quarto, e aviões no último”, disse o IBGE. Por categorias ma Rousseff anunciou uma de até 28% na tarifa de energia
de uso, a indústria de bens de capital recuou 9,1%, acima elétrica do setor industrial. Tombini também destacou a
do total da indústria (-2,9%). Tiveram recuos menores bens melhoria da liquidez por meio da redução dos depósitos
de consumo duráveis (-2,7%), bens de consumo semi e não compulsórios, o que resultou na injeção de quase R$ 70
duráveis (-2,3%) e bens intermediários (-1,7%). bilhões na economia desde dezembro de 2011, e a me-
lhoria das condições de financiamento para as empresas e
Em 2012 famílias, ao lado de incentivos fiscais e tributários. Apesar
da reação favorável que começa a se desenhar, a indústria
Nos sete primeiros meses do ano, o recuo foi de 3,7% ainda está negativa, na comparação com os resultados do
para o total da indústria. Dezoito ramos dos 27 pesquisa- ano passado. Em relação a julho de 2011, o emprego in-
dos tiveram queda, puxada pelo recuo de 17,2% de veículos dustrial caiu 1,6% neste ano.
automotores,. Também tiveram resultado negativo as pro- Em sua apresentação, o presidente do Banco Central
duções de material eletrônico, aparelhos e equipamentos citou ainda, como fatores positivos para a retomada do
de comunicações (-17,6%), alimentos (-2,8%), metalurgia crescimento da economia, que a safra de grãos deve bater
básica (-4,8%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos novo recorde em 2012. O setor de serviços continua cres-
(-9,0%), máquinas e equipamentos (-2,7%), máquinas para cendo acima do produto interno bruto, mas o ritmo vem
escritório e equipamentos de informática (-11,1%), edição, moderando e continuam presentes importantes fatores de
impressão e reprodução de gravações (-4,8%), borracha sustentação da demanda (emprego, renda e crédito)”, dis-
e plástico (-4,6%), fumo (-17,4%) e vestuário e acessórios se ele.
(-12,0%). Entre as categorias de uso, a de bens de capi-
tal apresentou a maior queda, de 12,0%, seguida por bens
de consumo duráveis (-8,4%), e por bens intermediários, -
2,5%. A de bens de consumo semi e não duráveis mostrou
variação negativa de 0,5%.

33
GEOGRAFIA

Urbanização do Brasil Indústria e cidade

O processo de urbanização no Brasil vincula-se a trans- As cidades ofereciam oportunidades de trabalho e de


formações sociais que vêm mobilizando a população dos melhoria da qualidade de vida, atraindo a população do
espaços rurais e incorporando-a à economia urbana, bem campo, onde novas técnicas agrícolas e a mecanização da
como aos padrões de sociabilidade e cultura da cidade. A agricultura tornavam cada vez menores a necessidade de
inserção no mercado de trabalho capitalista e a busca por mão de obra.
estratégias de sobrevivência e mobilidade social implicam A aceleração da urbanização no Brasil é intensificada
na instalação em centros urbanos e em uma mobilidade es- no governo de Getúlio Vargas, cujas ações políticas visa-
pacial constantemente reiterada, que se desenrola no espa- vam à modernização do país com medidas sociais e econô-
ço da cidade ou tem nela sua base principal. micas, baseadas, principalmente, em maciços investimen-
A maioria dos brasileiros vivem em cidades. Isso signi- tos na industrialização. Junte-se a isso a fase da explosão
fica que pouco resta da sociedade rural que caracterizava demográfica, entre os anos de 1940 a 1970. Tais processos
o país nos anos 1940, quando cerca de 70% da população aliados intensificaram o ritmo de crescimento urbano. Só
brasileira morava no campo. para se ter uma ideia da rápida urbanização, no sentido his-
O processo de urbanização no Brasil difere do europeu tórico, em 1860, São Paulo ainda era uma cidade modesta,
pela rapidez de seu crescimento. Ao passo em que na Euro- com 15.200 habitantes, dos quais 46% ainda viviam na re-
pa esse processo começou no século 18, impulsionado pela gião rural do município; diferente da cidade do Rio de Ja-
Revolução Industrial, em nosso país ele só se acentuou a neiro, com agricultura nos municípios circunvizinhos. Uma
partir de 1950, com a intensificação da industrialização. das características marcantes da urbanização brasileira é a
O êxodo rural aumentou na década de 70 do século 20, chamada macrocefalia, ou seja, o crescimento acelerado
com a cidade de São Paulo assumindo a posição de principal dos grandes centros urbanos e a diminuição progressiva da
pólo de atração. Por conta desse crescimento descontrolado população relativa das pequenas cidades.
nos últimos 30 anos, 40 municípios que envolvem a capital Além disso, existia, principalmente nesse momento de
paulista estão fisicamente unidos, formando uma mancha
explosão demográfica, uma grande falácia na mente das
demográfica chamada conurbação.
pessoas de outras regiões que a cidade grande poderia
gerar melhor condição de emprego e renda para todos.
Histórico da urbanização brasileira
Temos, dessa forma, uma decepção e consequente con-
formação com a situação de exclusão. Como nos demais
Na segunda metade do século 19, a cafeicultura - que
países da América Latina, o crescimento demográfico não
transformou definitivamente o Sudeste na principal região
econômica do país - ajudou a promover a urbanização do foi acompanhado do correspondente crescimento econô-
Rio de Janeiro e de São Paulo e deu início a um pequeno mico. Não houve, por exemplo, um processo simultâneo de
processo de industrialização no país. desenvolvimento e geração de empregos e de mudanças
Foi somente durantes os governos de Getúlio Vargas estruturais para absorver os contingentes da população
(1930-1945) que se promoveram as primeiras medidas para e a ausência de reformas sociais, tanto no campo, quan-
se industrializar significativamente o país, o que deslocaria to na cidade tem agravado os problemas destas últimas,
o eixo populacional do país do campo para a cidade. A im- expandindo suas mazelas até mesmo para aquelas de pe-
plantação da indústria automobilística no governo de Jusce- queno porte. A rapidez com que as cidades se formaram e
lino Kubitschek (1955-1960) deu novo impulso ao processo. cresceram tornaram a vida cada vez mais difícil e selvagem
Vemos que a característica exportadora da agricultura no âmbito social. Na segunda metade do século XX, o nú-
brasileira originou consigo uma onda de desenvolvimento mero de pessoas nos centros urbanos mais que duplicou
também para as incipientes cidades. À medida que a expor- e, em decorrência disso, as demandas por infraestrutura,
tação de café aumenta, a receita aumenta, possibilitando ao moradia, transporte, também cresceram consideravelmen-
governo estadual empreendimentos para a agricultura, que te, muito mais a que a capacidade atual das cidades aten-
favorecem também o desenvolvimento industrial, facilitan- derem-nas. As cidades multiplicaram-se de forma nunca
do, inclusive, a imigração” (para que fossem ocupados pos- ocorrida anteriormente, em número, tamanho da popula-
tos na indústria e também em algumas lavouras especificas), ção áreas ocupadas, e complexidade dos impactos sobre
sem contar, ainda, a construção de estradas de ferro. É na os locais onde elas vieram a se assentar. Nessas condições,
dependência das lavouras, como já citamos anteriormen- encontramos campo para a discussão da viabilidade dessas
te, que as cidades crescem e se desenvolvem. Instalam-se cidades que são verdadeiros contínuos de terra ocupada
bancos, para financiar os cafezais, necessita-se também de por bolsões cada vez maiores de pobreza.
produção para a nova sociedade, voltada para o mercado A industrialização teve continuidade durante cerca de
interno. A industrialização é acelerada pelo êxodo rural que 15 anos do Regime militar (1964-1985), o qual procurou
se torna mais intenso, como já citado, a partir da década de atrair investimentos estrangeiros para o país, ao mesmo
1930, baseado, principalmente, por dois fatores: tempo que fez o Estado assumir atividades empresariais.
Sendo uma decorrência da industrialização, a urbanização
1. aumento da produtividade do trabalhador e do país se deu nesse período histórico breve e recente.
2. integração da agropecuária à indústria

34
GEOGRAFIA

População urbana Região Nordeste

Desse modo, se em 1940, a população urbana brasileira Com cerca de 50 milhões de habitantes e peculiarida-
se compunha de 31,2% do total dos habitantes do país, esse des geográficas como as secas, nunca efetivamente com-
percentual cresceu aceleradamente: em 1970, mais da metade batidas desde os tempos do Império, o Nordeste é a região
dos brasileiros já viviam nas cidades (55,9%). De acordo com o brasileira com o maior número de municípios (1.792), mas
censo de 2000, a população brasileira é agora majoritariamen- somente 65% de sua população é urbana. Só recentemen-
te urbana (81,2%). O país, entretanto, sempre foi uma terra de te as cidades de Recife, Salvador e Fortaleza se tornaram
contrastes e, nesse aspecto, também não ocorrerá uma exce- pólos industriais.
ção: a urbanização do país não se distribui igualitariamente por
todo o território nacional. Muito pelo contrário, ela se concen- Agricultura Brasileira
tra na Região Sudeste, formada pelos Estados de São Paulo, Rio
de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Organização econômica

Região Sudeste O ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Flo-


rence, apontou o Plano Safra da Agricultura Familiar como
Apesar destes quatro Estados ocuparem somente 10% de um avanço em todos os instrumentos e políticas dispo-
nosso território, neles se encontram cerca de 40% da popula- níveis para o setor. “O Plano Safra avança na organização
ção nacional: são aproximadamente 72 milhões de habitantes, econômica da agricultura familiar brasileira, que conquista
90% dos quais vivem em cidades. É também no Sudeste que uma dimensão superior para o próximo período. Avança-
se encontram três das cidades brasileiras com mais de 1 mi- mos no apoio à comercialização, criamos condições mais
lhão de habitantes (São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte), atrativas no crédito, na industrialização, nos seguros”.
bem como 50% das cidades com população entre 500 mil e 1 Florence ressaltou que os instrumentos do plano refor-
milhão de habitantes. As sucessivas crises econômicas que o çam a geração de renda da agricultura familiar, com avan-
país conheceu nas últimas duas décadas fez seu ritmo de cres-
ços nas políticas de comercialização como o aumento de
cimento em geral diminuir e com isso o fluxo migratório para o
recursos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)
Sudeste se reduziu e continua em declínio.
e o Programa Nacional de Alimentação Escola (PNAE). “Os
agricultores sabem que podem plantar porque vão ter ga-
Região Centro-Oeste
rantia de renda.”
A presidenta Dilma também assinou alterações no
A segunda região de maior população urbana no país é a
Centro-Oeste, onde 89% dos habitantes vivem em cidades. A decreto que dispõe sobre as regras do Sistema Único de
urbanização dessa região é ainda mais recente e se explica pela Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA). As mudanças
criação de Brasília, bem como de uma explosão do agronegó- simplificam a fiscalização dos produtos da agricultura fami-
cio. A agropecuária impulsionou a urbanização do Centro-Oes- liar. O objetivo é ampliar o mercado das famílias para além
te, cujas cidades apresentam atividades econômicas essencial- de seus municípios. “Queremos que a agricultura familiar
mente de caráter agro-industrial. agregue valor, se expanda, que possa vender seus produtos
para a maior parte das pessoas no Brasil”.
Região Sul
Importância econômica
A região Sul, apesar de contar com o terceiro maior contingen-
te populacional do país - cerca de 25 milhões de habitantes - e uma A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, exaltou a es-
economia vigorosa, também baseada na agropecuária - apresen- colha de Francisco Beltrão para o lançamento do Plano por
ta um índice mais baixo de urbanização. Isso se explica devido ao ser um berço da organização da agricultura familiar no país,
modo como as atividades econômicas se desenvolveram na região. “a agricultura que coloca comida na mesa do brasileiro”. O
A pequena propriedade e o trabalho familiar foram as ca- governador do Paraná, Beto Richa, lembrou a forte vocação
racterísticas essenciais do modo de produção agrícola na re- agrícola do estado e destacou a importância da agricultura
gião, o que ajudou a fixar as populações no campo. Esse mo- familiar para a economia do Paraná. “Os estabelecimen-
delo, entretanto, está passando por mudanças e o êxodo rural tos familiares representam 82% das unidades produtivas
já se tornou uma realidade também nessa região. do estado”, lembrou o governador. “Aqui temos a força
da agricultura familiar conquistada com muito trabalho e
Região Norte que melhora a qualidade de vida da população”, reforçou o
prefeito de Francisco Beltrão, Wilmar Reichembach. O pre-
A região Norte tem o menor número de municípios do país e sidente da Unicafes, José Crisóstomo, destacou a articula-
cerca de 15 milhões de habitantes. No entanto, é a região com o ção das políticas de crédito, comercialização e assistência
menor percentual de população urbana no país (62%). Além de ter- técnica e apontou o cooperativismo como um instrumento
se inserido tardiamente na dinâmica econômica nacional, a região de força para o setor. Alberto Broch, da Contag, disse que
tem sua peculiaridade geográfica - a floresta Amazônica - que re- valorizar a agricultura familiar significa desenvolvimento,
presenta um obstáculo ao êxodo rural. Ainda assim, Manaus (AM) e superação da fome e um Brasil mais justo. Elisângela Araú-
Belém (PA) têm população superior a 1 milhão de habitantes. jo, da Fetraf, comemorou a criação da PGPM-AF.

35
GEOGRAFIA

Os números se referem à safra 2011/2012 e foram le- Pulverizadores e colhedeiras incorporando os mais re-
vantados de 22 a 28 de julho. Apesar de a safra ainda não centes avanços tecnológicos estão sendo oferecidos, onde
estar encerrada, o levantamento já aponta produção recor- os operadores destes equipamentos trabalham com todo o
de, de acordo com o ministro. O valor fechado da produção conforto possível, com toda sorte de parafernálias eletrô-
de grãos será divulgado em setembro. A quantidade de nicas embarcadas que lhes proporcionam condições para
grãos produzidas até o final de julho já representa aumento trabalhos eficientes. Ar condicionado e GPS já é coisa co-
de 1,9% em relação à safra passada, quando atingiu 162,8 mum, mas computadores fornecem informações imediatas
milhões de toneladas. Mendes Ribeiro fez o anúncio após sobre as produções que estão sendo alcançadas, e todos
reunir-se nesta manhã com a presidente Dilma Rousseff, os sistemas hidráulicos permitem manobras mais sofistica-
no Palácio do Planalto. “Eu comuniquei a presidente Dilma, das com o mínimo esforço, tirando o máximo proveito da
que ficou enormemente feliz, a maior safra da história do maneabilidade dos novos equipamentos.
país”, disse a jornalistas após a reunião. Tantas são as oportunidades para verificar o funcio-
O ministro estuda revisar o Plano Safra deste ano (safra namento destes equipamentos avançados que foram di-
2012/2013), lançado em junho de 2012 e que prevê dispo- vididos em quatro grupos: agricultura (preparo do solo,
nibilização de R$ 115,2 bilhões para a agricultura empre- cultivadores, plantio, pulverizações, colheita e tecnologias
sarial e mais R$ 22,3 bilhões para agricultores familiares. diversas); agricultura (demonstrações por grandes empre-
“Alcançamos 165,92 milhões de toneladas na produção sas); agricultura de pequenas áreas (demonstrações de
brasileira com uma área plantada referente a 50,81 milhões campo por empresa, hortifruticultura, pulverizações, plan-
de hectares e, se nós reparamos, o numero que nós chega- tios, colheita de milho, tecnologias diversas, máquinas es-
mos, isso pode nos levar a uma situação que talvez tenha- tacionárias) e pecuária (forrageira de milho, forrageira de
mos que revisar a nossa projeção da safra que nós fizemos capim, recolhedora de forragem, fenação, vagões e mistu-
quando lançamos o Plano Safra”, afirmou. Ribeiro espera radores, forrageira de cana, manejo animal).
que o país atinja, até o final do ano, 170 milhões de tone- Programas governamentais procuram dar suporte a
ladas de alimentos. A safra recorde, afirmou, mostra que estas atividades, que por seu dinamismo acabam exigindo
política agrícola brasileira é eficiente. No próximo ano os
aperfeiçoamentos constantes para acompanhar o que vem
resultados poderão ainda ser melhores devido à maior dis-
sendo inovado pelo setor privado, não somente de grandes
ponibilização de crédito, o Plano Nacional de Armazena-
empresas, como até de pequenos produtores que necessi-
mento e ao maior volume de recursos ao médio produtor.
tam de novas tecnologias para se manterem competitivos
“Tenho certeza que no ano que vem isso ficará mais claro
num mercado cada vez mais sofisticado.
e será mais significativo nos números”, disse. “Eu acredito
Aqueles que imaginam os agricultores brasileiros como
que as noticias são boas”.
pobres produtores das décadas passadas devem efetuar
Mendes Ribeiro destacou a produção de milho, cuja
suas revisões. Um professor titular da Universidade de São
produção saltou de 16,10 milhões de toneladas na safra
Paulo imaginava que DNA era um conhecimento científico
2010/2011 para 22,46 milhões de toneladas, aumento de
71%. “A safrinha do milho se tornou ‘safrão’. Foi surpreen- da área médica. Hoje, muitos produtores agrícolas contam
dente e, sem dúvida, contribuiu de forma decisiva para que com sofisticados laboratórios para a criação e seleção de
elevassem esses números”, afirmou. novas variedades inclusive em pequenas propriedades,
tudo exigindo tecnologias de ponta, que estão sendo
Um Retrato da Situação da Agricultura no Brasil transferidos para ganhos de produtividade, fazendo com
Atual que a agropecuária brasileira continue ampliando suas ex-
portações, apesar do câmbio desfavorável, juros elevados,
O suplemento agrícola do jornal O Estado de S.Paulo e custos das ineficiências da infraestrutura.
de hoje dá um bom retrato de como se encontra a agri- Com um pouco de melhoria fora da porteira, o Brasil
cultura brasileira no momento. A exposição que se repe- poderia se consolidar realmente como o celeiro do mun-
te pela décima oitava vez na região mais desenvolvida da do, pois até empresários agrícolas de países desenvolvidos
agricultura brasileira, Ribeirão Preto, dando sequência ao estão procurando acompanhar e participar do que se faz
que vem ocorrendo em outras “capitais” agrícolas de todo por aqui.
o Brasil, reflete bem a euforia que toma conta do setor. A Existe a ação das cooperativas agrícolas e das empre-
safra agrícola em andamento é recorde, bem como os pre- sas industriais, que, ao assegurarem a aquisição da safra
ços das principais commodities agropecuárias no mercado (seja elas em moldes capitalistas ou de base familiar cam-
internacional estão em patamares elevados. A marca mais ponesa), estimulam o cultivo e a especialização agrícola em
expressiva é a intensa apresentação e demonstrações de determinadas áreas do país. Frutas tropicais e soja são os
equipamentos de alta tecnologia que estão sendo ofereci- principais produtos, cujos espaços de produção mais mar-
dos e negociados, nacionais como importados, com o su- cantes são, respectivamente, os vales irrigados do Sertão
porte dos financiamentos do sistema bancário que chega Nordestino (rios São Francisco e Açu) e o oeste baiano.
ao número de 800 exibições.

36
GEOGRAFIA

Merecem ser mencionados os seguintes produtos da Histórico


agricultura comercial brasileira:
Introduzido no Brasil por volta de 1530 em São Vicente
- café: durante muito tempo, manteve-se circunscrito (S.P.), e logo após no Nordeste (Recife e Salvador), o gado
ao Paraná e a São Paulo, produzindo pelo regime de par- bovino espalhou-se com o tempo para as diversas regiões
ceria. Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo conservam do país da seguinte maneira:
a dianteira da produção. Bahia e Rondônia surgiram como de São Vicente, o gado atingiu o interior paulista (re-
novas áreas produtoras, com uma particularidade: são cul- gião da França) e daí dirigiu-se para as regiões Sul e Centro
tivadas, principalmente, por paranaenses, antigos produ- – Oeste.
tores do norte do Paraná. O Paraná tem aumentado em do litoral nordestino, o gado se espalhou pelo Vale do
grande quantidade sua produção de café nos últimos anos, São Francisco, Sertão Nordestino, região Norte (P.A.) e M.G.
pela introdução de espécies novas (café adensado), desen- A partir do séc. XIX as raças indianas (zebu) foram in-
volvidas pelo IAPAR (Instituto Agronômico do Paraná);
troduzidas na região Sudeste, principalmente em M.G. ,
onde adaptaram-se bem e expandiram-se. Seu cruzamen-
- soja: expandiu-se com maior vigor no país, durante
to com raças nacionais de qualidade inferior, originou um
os anos 70, notadamente nos estados do Paraná e do Rio
gado mestiço indubrasil.
Grande do Sul. Cultura típica de exportação, está cada vez
mais voltada para o mercado interno em razão do cres- No final do séc. XIX iniciou-se a importação de raças
cente consumo de margarinas e óleos na alimentação do europeias selecionadas, principalmente para o Sul do país,
brasileiro. Atualmente, verifica-se sua expansão nas áreas região que permitiu boa aclimatização e grande expansão.
do cerrado, sobretudo nos estados do Mato Grosso do Sul,
Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Bahia; Importância da Pecuária no Brasil
No decorrer de sua expansão geográfica, a pecuária
- cana-de-açúcar: apesar de ser cultivada no Brasil des- desempenhou importante papel no processo de povoa-
de o século XVI, sua produção foi estimulada, a partir de mento do território brasileiro, sobre tudo nas regiões Nor-
1975, com a criação do Proálcool. O Estado de São Paulo deste (sertão) e Centro – Oeste, mas também no sul do país
detém mais da metade da produção nacional, mas também (Campanha Gaúcha).
é encontrada em Goiás, Paraná, Rio de Janeiro, além de es-
tados nordestinos (Zona da Mata); O Rebanho Bovino
O gado bovino representa a principal criação do país, e
- laranja: produto largamente cultivado para atender apresenta como características:
à demanda da indústria de sucos, tem no estado de São
Paulo seu principal produtor. Paraná e Minas Gerais estão O rebanho brasileiro é na maior parte de baixa qualida-
se convertendo em novas e importantes áreas de produ- de, e portanto de baixo valor econômico;
ção. O Brasil é um grande exportador de suco concentrado, A relação bovino/habitante no Brasil é muito baixa
principalmente para os EUA; quando comparado à países Argentina, Austrália e Uruguai.
A idade média do gado para abate no Brasil é de 4 anos,
- arroz: o Rio Grande do Sul é o maior produtor nacio- muito elevada em relação a países como Argentina, E.U.A e
nal de arroz irrigado. Outros estados se destacam na pro- Inglaterra (cerca de 2 anos). O peso médio também é muito
dução dessa cultura alimentar básica: Santa Catarina, Minas baixo ainda, 230 a 240 quilos, contra mais de 600 quilos na
Gerais, Mato Grosso, Maranhão, Goiás e São Paulo. Argentina, E.U.A e Inglaterra. Como consequência dos fato-
res idade e peso, ocorre que a taxa de desfrute (percentual
Outros produtos de destaque são: o trigo, apesar de
do rebanho abatido anualmente) no Brasil é muito baixa,
ser insuficiente para abastecer o mercado interno; o algo-
cerca de 15% a 20% contra 30% da média mundial e 40%
dão, fortemente controlado pela indústria têxtil e de ali-
dos E.U.A
mentos (óleo). O cacau, cultura ecológica, encontra-se em
crise, notadamente na Bahia, seu maior produtor. A pecuária brasileira é caracterizada pelo baixo valor
econômico e pelo mau aproveitamento do potencial do
Vale lembrar que muitos produtores do Sul, princi- rebanho, resultantes principalmente de deficiências tecno-
palmente do Paraná e do Rio Grande do Sul, trocaram de lógicas tais como:
território. Entre as principais causas, está o preço da terra.
Com isso, muitos migraram para outros estados do país, Zootécnicas: falta de aprimoramento racial;
tornando-se produtores de soja e café, principalmente. Ou- Alimentos: deficiência das pastagens (a maior parte é
tros transferiram-se para países vizinhos, como a Bolívia e o natural) e de rações complementares;
Paraguai. Como já foi dito, a questão da terra não é apenas Sanitário: elevada incidência de doenças infectoconta-
nacional, ela já se transforma em uma questão transnacio- giosas e precária inspeção sanitária.
nal.

37
GEOGRAFIA

Principais áreas de Criação: Região Centro – Oeste

Região Sudeste Possui o maior rebanho bovino do país, distribuídos por


G.O., M.S., M.T. e D.F.
Possui o 2º maior rebanho bovino do país distribuídos A pecuária do C.O. é predominantemente extensiva de corte
em M.G., S.P., R.J. e E.S. e destinada, na maior parte, ao abastecimento de mercado pau-
Nesta região predomina a raça zebu (Nelore, Gir, Guze- lista. Apesar de estar disseminada por toda a região, abrangendo
rá), aparecendo raças europeias e mistas, destinadas tanto ao tanto as áreas de cerrado como o pantanal, as maiores densi-
corte como a produção de leite. As principais áreas de gado dades de gado aparecem no sudoeste de M.T. (Chapada dos
de corte são: Parecia) e centro – leste (vales dos rios Cristalino e das Mortes),
SP: Alta Sorocabana (Presidente Prudente) e Alta Nor- sudeste de G.O. e maior parte de M.S. (pantanal e centro – sul)
deste (Araçatuba); A maio parte do C.O., oferece boas possibilidades de ex-
MG: Triângulo Mineiro e Centro – Norte do estado (Mon- pansão pecuária porque sua posição geográfica é favorável,
te Claros); é muito exterior, tem abundância de pastagens naturais, boa
ES: Norte do estado (bacia do rio S. Mateus) pluviosidade no verão, os preços das terras são mais acessíveis
em relação aos do Sudeste e Sul e é próxima do maior cen-
As principais áreas de gado leiteiro estão em: tro consumidor do país. Na verdade a quantidade de cabeças
SP: Vale do Paraíba, encosta da Mantiqueira (S. João da vem crescendo, porém a qualidade deixa muito a desejar.
Boa Vista, S. José do Rio Pardo e Mococa) e região de Araras A pecuária leiteira é pouco significativa ainda; aparecen-
Araraquara; do principalmente na Porção Sudeste de Goiás (Vale do Paraí-
MG: Zona da Mata, região de Belo Horizonte e Sul do ba), que abastece as regiões de Goiânia e D.F.
estado
RJ: Vale do Paraíba e norte do estado Região Nordeste
ES: Sul do estado (cachoeirinha de itapemirim)
Possui o 4º maior rebanho bovino do país , concentrado
OBS.: A região Sudeste possui a maior bacia leiteira e a principalmente em: B.A., M.A., C.E., P.E. e P.I.
maior concentração industrial de laticínios no país, abaste- A pecuária bovina do nordeste é predominantemente ex-
cendo os maiores mercados consumidores, representados tensiva de corte. Apesar de estar difundida por toda a região,
por S.P., R.J. e B.H. a principal área pecuarista é o Sertão.
A pecuária leiteira ocupa posição secundária e está mais
Região Sul concentrada no Agreste, onde se destacam duas bacias leitei-
ras, a bacia do Recife (Pesqueira, Cachoeirinha, Alogoinhas e
Guranhum) e a de Batalha em Alagoas
Possui o 3º maior rebanho distribuído pelo R.S., P.R. e S.C.
A produtividade do rebanho nordestino é das mais baixas
Esta região destaca-se por possuir o rebanho que além
do país, tanto em carne como em leite.
de numeroso, é o de melhor qualidade no Brasil. O rebanho
é constituído por raças europeias (Hereford, Devon, Shor-
Região Norte
thorn) e conta com técnicas aprimoradas de criação e condi-
ções naturais favoráveis, como: relevo suave, pasto de melhor Possui o menor rebanho bovino do país, concentrado
qualidade, clima subtropical com temperaturas mais baixas e principalmente no estado do Pará. Apesar de ser o menor, foi
chuvas regulares. o que mais cresceu no último decênio.
No Sul prevalece a pecuária de corte. A principal área de Nesta região predomina a pecuária extensiva de corte,
criação é a Campanha Gaúcha , onde se localizam a maior e as áreas tradicionais de criação correspondem aos campos
parte do rebanho e importantes frigoríficos, tais como Anglo naturais do:
(Pelotas), Swift (Rosário). A pecuária nesta região destina-se Pará: Campos de Marajó, médio e baixo Amazonas.
principalmente à obtenção de carne, couro e charque para Amazonas: médio Amazonas e as regiões dos rios Negro
atender ao mercado interno e externo. A pecuária leiteira é e Solimões
menos importante, aparecendo principalmente nas áreas: Acre: Alto Peirus e alto Jureiá
RS: porção norte – nordeste , abrangendo Vacuria, Lagoa Amapá: Litoral
Vermelha e Vale do Jacuí; Rondônia: Vale do rio madeira
SC: regiões de lagoas e Vale do Itajaí
PR: porção leste do estado, abrangendo as regiões de Nas ultimas décadas a expansão pecuária na região Norte
Curitiba, Castro e Ponta Grossa. tem sido muito grande, mesmo a custa de desmatamento in-
discriminado, invasão de terras indígenas e restrição das áreas
Além da pecuária bovina, a região Sul possui os maiores de lavoura. Essas áreas de expansão estão principalmente
rebanhos nacionais de ovinos, concentrados principalmente no leste e sudeste do Pará (Paragominas, Conceição do Ara-
na Campanha Gaúcha ( Uruguaiana, Alegrete, Santana do guaia), Amazonas, Rondônia e Acre.
Livramento e Bagé) e de suínos, que aparecem no norte – A pecuária leiteira é muito restrita e aparece nas proxi-
nordeste de R.S. (Santana Rosa e Erexim), sudoeste do Paraná midades das capitais Belém, Manaus e etc. Esta região conta
e no oeste catarinense ( concórdia e Chapecó), onde se loca- com o maior rebanho de búfalos do país, concentrados prin-
lizam os principais frigoríficos como a Sadia. cipalmente na ilha de Marajó (P.A.).

38
GEOGRAFIA

Divisão Político-Administrativa

Os estudos da Divisão Regional do IBGE tiveram início


em 1941 sob a coordenação do Prof. Fábio Macedo Soares
Guimarães. O objetivo principal de seu trabalho foi de sis-
tematizar as várias “divisões regionais” que vinham sendo
propostas, de forma que fosse organizada uma única Di-
visão Regional do Brasil para a divulgação das estatísticas
brasileiras. Com o prosseguimento desses trabalhos, foi
aprovada, em 31/01/42, através da Circular nº1 da Presi-
dência da República, a primeira Divisão do Brasil em re-
giões, a saber: Norte, Nordeste, Leste, Sul e Centro-Oeste.
A Resolução 143 de 6 de julho de 1945, por sua vez, esta-
belece a Divisão do Brasil em Zonas Fisiográficas, baseadas
em critérios econômicos do agrupamento de municípios.
Estas Zonas Fisiográficas foram utilizadas até 1970 para a
divulgação das estatísticas produzidas pelo IBGE e pelas
Unidades da Federação. Já na década de 60, em decorrên-
cia das transformações ocorridas no espaço nacional, fo-
ram retomados os estudos para a revisão da Divisão Regio-
nal, a nível macro e das Zonas Fisiográficas.
Hoje, nos parece tão óbvio que o Brasil seja dividido Brasil dividido = pequenos ‘brasis’
em cinco regiões, que nem paramos para perguntar por
que ele foi organizado desse jeito. Da mesma forma, não A primeira divisão do território do Brasil em grandes
regiões foi proposta em 1913, para ser usada no ensino
questionamos por que um estado pertence a determinada
de geografia. Os critérios usados para fazê-la foram físi-
região e não a outra. O Brasil é o maior país da América do
cos: levou-se em consideração o relevo, o clima e a vegeta-
Sul. De acordo com dados de 1999, do Instituto Brasileiro
ção, por exemplo. Não foi à toa! Na época, a natureza era
de Geografia e Estatística (IBGE), sua área é de 8.547.403,5
considerada duradoura e as atividades humanas, mutáveis.
quilômetros quadrados. Apenas quatro países no mundo
Considerava-se que a divisão regional deveria ser baseada
inteiro -- Rússia, Canadá, China e Estados Unidos -- têm
em critérios que resistissem por bastante tempo. Observe
território maior do que o brasileiro. Dividir o Brasil em re-
o mapa e veja que interessante:
giões facilita o ensino de geografia e a pesquisa, coleta e
organização de dados sobre o país, o seu número de habi-
tantes e a idade média da população.
A razão é simples: os estados que formam uma grande
região não são escolhidos ao acaso. Eles têm característi-
cas semelhantes. As primeiras divisões regionais propostas
para o país, por exemplo, eram baseadas apenas nos as-
pectos físicos -- ou seja, ligados à natureza, como clima,
vegetação e relevo. Mas logo se começou a levar em conta
também as características humanas -- isto é, as que resul-
tam da ação do homem, como atividades econômicas e
o modo de vida da população, para definir quais estados
fariam parte de cada região.
Então, se os estados de uma região brasileira têm mui-
to em comum, o que é mais útil: estudá-los separadamente
ou em conjunto? Claro que a segunda opção é melhor. Para Em 1913, o território nacional foi dividido em cinco
a pesquisa, coleta e organização de dados, também. Assim “brasis” e não em regiões. O Brasil Setentrional ou Amazô-
é possível comparar informações de uma região com as nico reunia Acre, Amazonas e Pará. Maranhão, Piauí, Ceará,
de outra e notar as diferenças entre elas. Dessa forma, por Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas for-
exemplo, os governantes podem saber em qual região há mavam o Brasil Norte-Oriental. O Brasil Oriental agregava
mais crianças fora da escola. E investir nela para resolver o Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro - onde ficava
problema. o Distrito Federal, a sede do governo brasileiro - e Minas
Gerais. São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul faziam parte do Brasil Meridional. E Goiás e Mato Gros-
so, do Brasil Central.

39
GEOGRAFIA

A forma como foi feita a divisão revela que, na épo- Divisão para valer
ca, havia uma preocupação muito grande em fortalecer a
imagem do Brasil como uma nação, uma vez que a Re- Após fazer estudos e analisar diferentes propostas, o
pública havia sido proclamada há poucos anos, em 15 de IBGE sugeriu que fosse adotada a divisão feita em 1913
novembro de 1889. A divisão em grandes regiões proposta com algumas mudanças nos nomes das regiões. A escolha
em 1913 influenciou estudos e pesquisas até a década de foi aceita pelo presidente da República e adotada em 1942.
1930. Nesse período, surgiram muitas divisões do território Logo ela seria alterada com a criação de novos Territórios
do Brasil, cada uma usando um critério diferente. Acontece Federais. Em 1942, o arquipélago de Fernando de Noronha
que, em 1938, foi preciso escolher uma delas para fazer o foi transformado em território e incluído na região Nordes-
Anuário Estatístico do Brasil, um documento que contém te. Em 1943, foram fundados os territórios de Guaporé, Rio
informações sobre a população, o território e o desenvolvi- Branco e Amapá - todos parte da região Norte, o território
mento da economia que é atualizado todos os anos. Mas, de Iguaçu foi anexado à região Sul e o de Ponta Porã, colo-
para organizar as informações, era necessário adotar uma cado na região Centro-Oeste. É bom lembrar que a divisão
divisão regional para o país. Então, a divisão usada pelo em grandes regiões tinha de acompanhar as transforma-
Ministério da Agricultura foi a escolhida. Observe o mapa e ções que estavam ocorrendo na divisão em estados e terri-
note quantas diferenças! tórios do país. Assim, a divisão regional do Brasil em 1945
era a seguinte:

Maranhão e Piauí - que atualmente fazem parte da re- Na região Norte, estavam os estados do Amazonas e
gião Nordeste - foram incluídos na região Norte, junto com Pará, os territórios do Acre, Amapá, Rio Branco e Guaporé.
o território do Acre e os estados do Amazonas e do Pará. A região Nordeste foi dividida em ocidental e oriental. No
No Nordeste, ficavam Ceará, Rio Grande do Norte, Paraí- Nordeste ocidental, encontravam-se Maranhão e Piauí. No
ba, Pernambuco e Alagoas. Não existia a região Sudeste, oriental, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco
mas, sim, uma região chamada Este, onde se localizavam e Alagoas, além do território de Fernando de Noronha. Ain-
os estados de Sergipe, Bahia e Espírito Santo. Na região da não existia a região Sudeste, mas uma região chamada
Sul, veja só, estavam o Rio de Janeiro - que, na época, era Leste, dividida em setentrional e meridional. Sergipe e Bah-
a capital do país - e São Paulo, que hoje fazem parte da re- ia estavam na parte setentrional. Na meridional, ficavam
gião Sudeste. Além deles, ficavam na região Sul os estados Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro (na época,
do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A região sede do Distrito Federal). A região Sul incluía os estados de
Centro-Oeste não existia, mas, sim, a região chamada Cen- São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, além
tro, onde estavam Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, que do território de Iguaçu. E, na região Centro-Oeste, os esta-
hoje em dia localiza-se na região Sudeste. Como a divisão dos de Mato Grosso e Goiás e o território de Ponta Porã.
proposta em 1913, esta organização do território brasileiro Em 1946, os territórios federais de Iguaçu e Ponta Porã
não era oficial. Mas, em 1936, o Instituto Brasileiro de Geo- foram extintos. Em 1960, Brasília foi construída e o Distrito
grafia e Estatística (IBGE) foi criado. E começou uma cam- Federal, capital do país, foi transferido para o Centro-Oes-
panha para adotar uma divisão regional oficial para o Brasil. te. Na região Leste, o antigo Distrito Federal tornou-se o
estado da Guanabara. Em 1969, uma nova divisão regional
foi proposta porque a divisão de 1942 já não era consi-
derada útil para o ensino de geografia ou para a coleta e
divulgação de dados sobre o país. Veja como ficou o mapa
do Brasil em 1970:

40
GEOGRAFIA

Apenas em 1969, o IBGE elaborou uma nova divisão re-


gional, adorando dessa vez o critério de regiões homogê-
neas. O conceito de região homogênea é mais abrangente
do que o de região natural, pois vai além dos aspectos cria-
dos pela natureza, E definido pelo conjunto de elementos
naturais, sociais e econômicos da região. A principal mo-
dificação em relação à divisão anterior foi a criação da re-
gião Sudeste, em virtude da cristalização dessa área como
o “coração econômico do país”. A divisão regional de 1969
continua vigorando, apesar de a Constituição de 1988 ter
aprovado algumas modificações; os territórios de Roraima
c do Amapá foram transformados em estados; Fernando de
Noronha foi anexado ao estado de Pernambuco; o estado
de Tocantins foi desmembrado do estado de Goiás e incor-
porado à região Norte.
Na região Norte, estão os estados do Acre, Amazonas e A divisão atual do Brasil compreende 27 unidades po-
Pará; Territórios de Rondônia, Roraima e Amapá. Na região lítico administrativas, sendo 26 estados e o Distrito Fede-
Nordeste, os estados de Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande ral. O Brasil é formado por cinco diferentes regiões: Norte,
do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, e Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste. A região Sudeste é
o Território de Fernando de Noronha. A região Leste sumiu! a mais populosa e desenvolvida, e é onde está situada as
Quem a substituiu foi a região Sudeste, formada por Minas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. O nordeste é turisti-
Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, estado da Guanabara camente conhecido por suas praias, e possui duas grandes
e São Paulo. Na região Sul, localizavam-se Paraná, Santa Ca- cidades: Salvador e Recife. Historicamente a região Nordes-
tarina e Rio Grande do Sul. Na região Centro-Oeste, Goiás, te foi a mais rica, exportando cana-de-açúcar e madeira
Mato Grosso e Distrito Federal (a cidade de Brasília). (principalmente o pau-brasil). A região Norte é a menos
Atualmente, continua em vigor essa proposta em 1970. desenvolvida e populosa de todas, e onde está situada a
Apenas algumas alterações foram feitas. Em 1975, o estado Floresta Amazônica, conhecida mundialmente por sua ex-
da Guanabara foi transformado em município do Rio de Ja- tensão e grande quantidade de rios. Suas cidades mais
neiro. Em 1979, Mato Grosso foi dividido, dando origem ao importantes são: Manaus e Belém. A Região Centro-Oeste
estado do Mato Grosso do Sul. A Constituição Federal de abriga a cidade de Brasília, capital do país, que foi construí-
1988 dividiu o estado de Goiás e criou o estado de Tocantins, da na década de 60 pelo presidente Juscelino Kubitchek,
que foi incluído na Região Norte. Com o fim dos territórios e projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer. A região sul é
federais, Rondônia, Roraima e Amapá tornaram-se estados e marcada pela imigração italiana e alemão (principalmente),
Fernando de Noronha foi anexado ao estado de Pernambuco. possui diversas cidades com grande influência da cultura
República Federativa do Brasil, com 26 estados e l Dis- desses países europeus. Possui apenas três estados, e as
trito Federal, nosso país teve outros sistemas de organiza- três capitais são cidades importantes: Porto Alegre no Rio
ção político-administrativa: capitanias hereditárias (1534- Grande do Sul, Florianópolis em Santa Catarina e Curitiba
1548), governo-geral (1549-1808), vice-reino (1808-1822), no Paraná.
monarquia (1822-1889) e república (de 1889 até hoje). Des-
de a década de 1940 existe um centro de estudos e pes- Estados e Capitais
quisa especializado em “descobrir” nosso país, o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Recentemente, Região Norte
acompanhamos a divulgação pela mídia de que o Brasil ul- - Amapá – AP (Capital: Macapá)
trapassou os 169 milhões de habitantes. Essas informações - Acre - AC (Capital: Rio Branco)
e outras, como. por exemplo, sobre desempenho econômi- - Roraima - RR (Capital: Boa Vista)
co ou mortalidade infantil, são de responsabilidade do IBGE. - Rondônia – RO (Capital: Porto Velho)
- Amazonas – AM (Capital: Manaus)
O IBGE e a divisão regional do Brasil - Pará - PA (Capital: Belém)
- Tocantins - TO (Capital: Palmas)
Foi com o objetivo de conhecer o território nacional e
os dados estatísticos da população brasileira que Getúlio Região Nordeste
Vargas fundou o IBGE em 1938. Para realizar essa tarefa, era - Bahia – BA (Capital: Salvador)
preciso considerar as grandes diferenças existentes entre - Sergipe - SE (Capital: Aracaju)
as diversas áreas do país. Dessa forma, entre 1941 e 1945 - Alagoas - AL (Capital: Maceió)
foram feitas as duas primeiras divisões regionais do Brasil, - Paraíba - PB (Capital: João Pessoa)
baseadas no critério de região natural. Compreende-se por - Pernambuco – PE (Capital: Recife)
região natural uma determinada área geográfica que passa - Rio Grande do Norte – RN (Capital: Natal)
a ser caracterizada segundo um ou mais aspectos naturais, - Maranhão - MA (Capital: São Luís)
como o clima, o relevo ou a vegetação, Veja como o IBGE - Piauí - PI (Capital: Teresina)
dividiu inicialmente o Brasil. - Ceará - CE (Capital: Fortaleza)

41
GEOGRAFIA

Região Centro-Oeste
- Goiás - GO (Capital: Goiânia)
- Mato Grosso - MT (Capital: Cuiabá)
- Mato Grosso do Sul - MS (Capital: Campo Grande)
- Distrito Federal – DF

Região Sudeste
- São Paulo – SP (Capital: São Paulo)
- Rio de Janeiro - RJ (Capital: Rio de Janeiro)
- Espírito Santo - ES (Capital: Vitória)
- Minas Gerais - MG (Capital: Belo Horizonte)

Região Sul
- Paraná – PR (Capital: Curitiba)
- Rio Grande do Sul – RS (Capital: Porto Alegre)
- Santa Catarina – SC (Capital: Florianópolis).

Censos Demográficos

Os censos populacionais produzem informações imprescindíveis para a definição de políticas públicas e a tomada de
decisões de investimento, sejam eles provenientes da iniciativa privada ou de qualquer nível de governo, e constituem a
única fonte de referência sobre a situação de vida da população nos municípios e em seus recortes internos, como distritos,
bairros e localidades, rurais ou urbanas, cujas realidades dependem de seus resultados para serem conhecidas e terem seus
dados atualizados. A realização de um levantamento como o Censo Demográfico representa o desafio mais importante
para um instituto de estatística, sobretudo em um país de dimensões continentais como o Brasil, com 8.514.215,3 km2,
composto por 27 Unidades da Federação e 5.507 municípios existentes na data de referência da pesquisa, abrangendo um
total de 54.265.618 de domicílios pesquisados.

QUESTÕES

01. Dono de belezas naturais exuberantes o rio de janeiro tem na floresta da tijuca uma de suas glórias. Na floresta da
tijuca podemos encontrar preservada áreas de:
a) Tundra
b) Savana
c) Deserto
d) Mata atlântica
e) Cerrado amazônico

02. Mata de baixada, restingas e manguezais podem ser encontradas preservadas nas seguintes localidades:
a) Madureira e Copacabana
b) Méier e Grumari
c) Prainha e Grumari
d) Copacabana e São Cristóvão
e) Penha e Barra da Tijuca
03. O ponto mais alto do relevo do Rio de Janeiro é:
a) Pico das agulhas negras
b) Pico maior de Friburgo
c) Pedra do sino
d) Pedra – Açu
e) Morro cara de cão

42
GEOGRAFIA

04. Responda a questão 10 com base nos textos 1 e 2 a seguir:

TEXTO 1

TEXTO 2 CRATERAS ENGOLEM QUILÔMETROS DE TERRAS PRODUTIVAS NO CENTRO-OESTE

[...] Crateras imensas, chamadas de voçorocas, estão engolindo quilômetros de terras produtivas no Centro-Oeste do
país. É um alerta a todos que se preocupam com o meio ambiente. Do alto, um imenso tapete verde. É lavoura de soja que
só acaba na cabeceira de uma voçoroca.
[...] A delegacia do Meio Ambiente de Goiás sobrevoou nove municípios do estado. Localizou 50 voçorocas de todos
os tamanhos. Algumas até ganharam nome para facilitar a identificação. Uma delas, no município de Mineiros, é a Urtiga.
Dentro dela cabem cinco estádios de futebol, dos grandes. A profundidade em alguns pontos equivale a um prédio de
quinze andares. Os investigadores descobriram a área há cerca de três anos [...] e, desde então, eles vêm acompanhando o
avanço da degradação do meio ambiente.
[...] Outra voçoroca, que não tem nome, está perto do Parque Nacional das Emas, patrimônio natural da humanidade.
Não muito longe, há um trecho de cerrado virando deserto.
[...] O agricultor Milton Fries gastou R$ 800 mil reais na tentativa de controlar a Chitolina, uma das maiores voçorocas
do país. Ela tem 2,5 km de extensão e até 80 metros de largura.

A) não têm relação uma vez que o primeiro mostra um esquema de uso correto de solo de áreas íngremes e o segundo
trata do surgimento de voçorocas, crateras provocadas apenas pelas chuvas fortes sobre terrenos planos e argilosos como
os do Centro-Oeste do Brasil.
B) se complementam, pois evidenciam a erosão pluvial em áreas de relevo acidentado e solos litólicos lateríticos, are-
nosos e profundos, com grande incidência de chuvas. Trata-se de um contexto único que ocorre na região Centro-Oeste,
onde não há meteorização intensa.
C) têm íntima relação uma vez que abordam o uso incorreto do solo, o que poderá ocasionar a perda de milhares de
toneladas desse recurso, sobretudo em consequência do intemperismo químico, associado ao desgaste, transporte e acú-
mulo de sedimentos.
D) abordam o uso incorreto do solo que pode levar à formação de voçorocas, uma vez que, sendo provocadas pelas
chuvas, um fator natural, o movimento de massas é inevitável em áreas planas, de climas quentes e com alto índice de
pluviosidade, como o estado de Goiás.

05. Sobre o domínio amazônico, assinale a alternativa falsa:           


a) Compõe-se em sua maior parte por baixos planaltos e planícies.
b) A hidrografia é riquíssima, com furos, igarapés, paranás-mirins e lagos da várzea.
c) Devido a riqueza mineral orgânica das águas dos rios é grande a piscosidade.
d) Devido à exportação de peixes a matança tem-se descontrolado, colocando em risco várias espécies.
e) O solo amazônico tem-se mostrado fertilíssimo, prestando-se a grande monocultura exportadora.

43
GEOGRAFIA

06. (VUNESP) Assinale a alternativa que apresenta o (B) pela ação deliberada do Estado em fazer investi-
que têm em comum as seguintes cadeias montanhosas: mentos em infraestrutura nas áreas mais pobres como res-
Andes, Himalaia, Alpes e Rochosas. posta à necessidade de melhorar o equilíbrio intrarregional;
a) Geologicamente recentes e resultantes de desdobra- (C) pelos vetores externos comandados pelo capital
mentos. financeiro e pelas grandes corporações, que concentram
b) Geologicamente antigas e resultantes de desdobra- seus investimentos em pesquisa e tecnologia nos espaços
mentos. das suas matrizes;
c) Localizam-se nas porções orientais dos continentes (D) com a guerra fiscal entre as unidades da federação
por onde ocorrem. brasileira, que favorece os investimentos nas áreas mais di-
d) Geologicamente constituídas por terrenos cristali- nâmicas em detrimento das atividades das mais atrasadas;
nos antigos. (E) pelas migrações internas, que favorecem o desloca-
e) Os grandes desníveis foram provocados por falha- mento da força de trabalho mais qualificada para os bol-
mentos em terrenos cristalinos. sões tradicionais de emprego.

07. Área localizada entre as serras do Mar e Manti- 12. (GRF49) A Amazônia brasileira constitui imenso
queira. Ocupada por extensos cafezais no século passado, patrimônio de terras e de capital natural onde ocorrem dis-
atualmente se caracteriza por atividades pecuárias e gran- putas pelo uso do território segundo interesses de diferen-
de desenvolvimento urbano industrial. O texto se refere ao tes atores, que expressam visões distintas das potencialida-
Vale do Rio des desse patrimônio. Um grande conflito contemporâneo
a) Ribeira. ocorre entre:
b) Paranapanema. (A) os interesses dos seringueiros que exploram a relva
c) Paraíba do Sul. nativa e os investimentos nas plantações de novos serin-
d) Piracicaba. gais;
e) Jundiaí. (B) a atuação das ONGs nacionais que defendem as re-
servas de extrativistas e as internacionais que defendem a
08. Os terrenos cristalinos de origem proterozoica do
exploração da biodiversidade;
Brasil caracterizam-se:
(C) a fronteira do capital natural valorizado pela escala
a) por formarem extensas planícies aluvionais.
global e a fronteira de recursos ainda dominante na escala
b) pela grande riqueza em minerais metálicos.
nacional;
c) pelas altitudes superiores a 3000m.
(D) os plantadores de soja articulados com o merca-
d) pela ocorrência de combustíveis fósseis.
do internacional e os pecuaristas voltados para o mercado
e) pelo solo tipo terra roxa.
nacional;
09. Geomorfologicamente a Serra do Mar é classifica- (E) os investimentos privados para a expansão da fron-
da como: teira de recursos e os investimentos públicos na política de
a) uma escarpa de planalto. preservação do meio ambiente.
b) um altiplano.
c) uma sucessão de montanhas. 13. (GRF49) Ao longo do tempo, cada lugar é alvo de
d) uma bacia de sedimentação. um movimento de sucessivas divisões do trabalho que se
e) um dobramento terciário. superpõem em cortes temporais específicos. Isso quer di-
zer que formas novas convivem com formas antigas e as-
10. Os escudos ou maciços antigos brasileiros forma- sinalam, a cada momento histórico, distintas combinações
ram-se na era: técnicas e sociais do trabalho. No período atual, esse movi-
a) cenozoica mento é comandado por fluxos muitas vezes não materiais,
b) terciária compostos de:
c) pré-cambriana (A) capital, informações, ordens e mensagens;
d) mesozoica (B) pessoas, tecnologia, ideologia e cultura;
e) quaternária (C) poder, crenças, ajuda humanitária e solidariedade;
(D) trocas simbólicas, influência e bens materiais;
11. (GRF49) - No contexto atual existem forças que (E) inteligência, cooperação e solidariedade.
impactam de modo diferenciado a dinâmica regional do
Brasil, opondo o dinamismo de “ilhas dinâmicas” localiza- 14. (GRF49) Informações do Banco Mundial apontam
das nas distintas macro regiões às áreas menos competi- que as políticas protecionistas para a agricultura, pratica-
tivas. As forças que tendem a ampliar a heterogeneidade das pelos países desenvolvidos, causam anualmente sérios
intrarregional no país têm sido estimuladas: prejuízos para os países em desenvolvimento. A razão des-
(A) pela abertura comercial que favorece as áreas vol- ses subsídios é:
tadas para exportação e a seletividade dos investimentos (A) a proteção das culturas alimentares em pequenas
industriais devido à competitividade e às mudanças tec- propriedades familiares frente à competição dos grandes
nológicas; latifúndios do Terceiro Mundo;

44
GEOGRAFIA

(B) a proteção do trabalhador assalariado frente à super 18. Nos últimos dias o Supremo Tribunal Federal to-
exploração da mão-de-obra “escrava” nos países em desen- mou uma decisão sobre a Lei da Ficha Limpa que impedia
volvimento; 149 candidatos de tomar posse por causa de condenações
(C) o forte “lobby” dos produtores rurais nos parlamen- judiciais, assinale a decisão tomada pelo STF:
tos desses países que reforça a lógica nacionalista do capital a) Anulou
agrícola; b) Aumentou o prazo
(D) a proteção dos lucros dos produtores nacionais frente c) Impetrou
à maior competitividade dos produtos agrícolas de exporta- d) promulgou
ção dos países em desenvolvimento; e) sancionou
(E) o esgotamento dos solos da agricultura desses países,
que resulta em produtividade muito baixa e exigência de gran- 19. Com a visita do presidente Barack Obama a presi-
des investimentos de capital. denta Dilma bateu de frente com os EUA com dois assuntos
polêmicos:
15. A cidade do rio de janeiro tem, hoje, o status político de: a) A intervenção na crise política em Honduras e a De-
a) Capital da república fesa do programa nuclear iraniano.
b) Patrimônio da humanidade b) A exploração de petróleo da reserva Pré-sal e a cria-
c) Cidade irmã de Boston ção de novas usinas nucleares.
d) Capital cultural do Brasil c) A guerra cambial diante da baixa do dólar e o valor
e) Capital do estado do Rio de Janeiro da baixa taxa de importação.
d) A crise do dólar por causa das exportações e o in-
16. (GRF49) Em cerimônia no plenário da Câmara dos centivo as importações.
Deputados, em 5 de outubro de 1988, o deputado Ulysses e) Apoio ao governo da Líbia e o incentivo a constru-
Guimarães, presidente da Constituinte, declarou promulgada ções de novas usinas nucleares.
a nova Constituição. Sobre a Constituição Brasileira, analise as
afirmativas a seguir: 20. Leia a notícia a seguir.
I. Estabeleceu o Estado de direito, ou seja, uma estrutura A Comissão Europeia autorizou ontem a Espanha a
política e jurídica a serviço da liberdade e dos direitos indivi- barrar a entrada de trabalhadores da Romênia até o fim de
duais. 2012, depois de avaliar a “dramática situação” do desem-
II. Decidiu que os representantes do Poder Executivo, do prego no país, que chegou a 21%. É a primeira vez que a
Legislativo e do Judiciário seriam eleitos pelo voto direto e se- União Europeia permite a volta das fronteiras em um caso
creto dos cidadãos brasileiros. concreto desde que alguns países do Leste Europeu foram
III. Criou o Ministério Público que tem, entre suas atribui- incorporados ao bloco e a livre circulação transformou-se
ções, a defesa da sociedade contra os abusos do poder pú- em lei.
blico. (http://www.estadao.com.br)
IV. Aprovou medidas com vistas a reduzir as desigualdades
socioeconômicas, como a ampliação dos direitos trabalhistas. Além da Romênia e da Espanha, também fazem parte
As afirmativas corretas são somente: da União Europeia:
(A) I e III; (A) Suíça e Rússia.
(B) II e IV; (B) Noruega e Geórgia.
(C) I, II e III; (C) Portugal e Armênia.
(D) I, III e IV; (D) Macedônia e Ucrânia.
(E) I, II, III e IV. (E) França e Itália.

17. (GRF49) Com o colapso da União Soviética, em 1991,


e o fim da bipolaridade, iniciou-se um novo ciclo nas relações
internacionais. São tendências que passaram a marcar os no- RESPOSTAS
vos tempos:
I. O avanço do processo de integração econômica e políti- 01 – D 02 – C 03 – A 04 – C 05 – E
ca da União Europeia, após o Tratado de Maastricht; 06 – A 07 – C 08 – B 09 – A 10 – C
II. a explosão de numerosos conflitos nacionalistas com 11 – A 12 – C 13 – A 14 – D 15 – E
origem em reivindicações de natureza étnica ou religiosa; 16 – D 17 – E 18 – D 19 – A 20 – E
III. as intervenções políticas e econômicas dos Estados
Unidos reforçando a sua posição de potência hegemônica.
A(s) afirmativas(s) correta(s) é/são somente:
(A) I;
(B) III;
(C) I e II;
(D) II e III;
(E) I, II e III.

45
GEOGRAFIA

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

46
LÍNGUA PORTUGUESA

1. NORMA ORTOGRÁFICA..................................................................................................................................................................................... 01
2. MORFOSSINTAXE................................................................................................................................................................................................. 08
2.1. Classes de palavras..................................................................................................................................................................................... 08
2.2. Processos de derivação............................................................................................................................................................................ 08
2.3. Processos de flexão verbal e nominal................................................................................................................................................. 08
2.4. Concordância nominal e verbal............................................................................................................................................................. 08
2.5. Regência nominal e verbal...................................................................................................................................................................... 08
2.6. Coordenação e subordinação................................................................................................................................................................ 08
3. COLOCAÇÃO DAS PALAVRAS......................................................................................................................................................................... 08
4. CRASE....................................................................................................................................................................................................................... 71
5. PONTUAÇÃO......................................................................................................................................................................................................... 76
6. LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO....................................................................................................................................................... 79
7. ORGANIZAÇÃO TEXTUAL................................................................................................................................................................................. 84
7.1. Mecanismos de Coesão e Coerência.................................................................................................................................................. 84
8. FIGURAS DE LINGUAGEM................................................................................................................................................................................. 87
9. SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS...................................................................................................................................................................... 91
10. LITERATURA BRASILEIRA: desde as origens até a atualidade.......................................................................................................... 96
11. LITERATURA PORTUGUESA: desde as origens até o Primeiro Modernismo (século XX)....................................................108
LÍNGUA PORTUGUESA

O fonema z:
1. NORMA ORTOGRÁFICA.
Escreve-se com S e não com Z:
*os sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs-
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês,
ORTOGRAFIA freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa, etc.
*os sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, me-
A ortografia é a parte da língua responsável pela gra- tamorfose.
fia correta das palavras. Essa grafia baseia-se no padrão *as formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis,
culto da língua. quiseste.
As palavras podem apresentar igualdade total ou par- *nomes derivados de verbos com radicais terminados
cial no que se refere a sua grafia e pronúncia, mesmo ten- em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender -
do significados diferentes. Essas palavras são chamadas empresa / difundir - difusão
de homônimas (canto, do grego, significa ângulo / canto, *os diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís -
do latim, significa música vocal). As palavras homônimas Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis - lapisinho
dividem-se em homógrafas, quando têm a mesma grafia *após ditongos: coisa, pausa, pouso
(gosto, substantivo e gosto, 1ª pessoa do singular do verbo *em verbos derivados de nomes cujo radical termina
gostar) e homófonas, quando têm o mesmo som (paço, pa- com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar - pesquisar
lácio ou passo, movimento durante o andar).
Quanto à grafia correta em língua portuguesa, devem- Escreve-se com Z e não com S:
se observar as seguintes regras: *os sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adje-
tivo: macio - maciez / rico - riqueza
O fonema s: *os sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de
origem não termine com s): final - finalizar / concreto - con-
Escreve-se com S e não com C/Ç as palavras substan- cretizar
tivadas derivadas de verbos com radicais em nd, rg, rt, pel, *como consoante de ligação se o radical não terminar
corr e sent: pretender - pretensão / expandir - expansão / com s: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal ≠ lápis +
ascender - ascensão / inverter - inversão / aspergir aspersão inho - lapisinho
/ submergir - submersão / divertir - diversão / impelir - im-
pulsivo / compelir - compulsório / repelir - repulsa / recorrer O fonema j:
- recurso / discorrer - discurso / sentir - sensível / consentir
- consensual Escreve-se com G e não com J:
*as palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
Escreve-se com SS e não com C e Ç os nomes deri- gesso.
vados dos verbos cujos radicais terminem em gred, ced, *estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim.
prim ou com verbos terminados por tir ou meter: agredir *as terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com
- agressivo / imprimir - impressão / admitir - admissão / poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge.
ceder - cessão / exceder - excesso / percutir - percussão /
regredir - regressão / oprimir - opressão / comprometer - Observação: Exceção: pajem
compromisso / submeter - submissão *as terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio,
*quando o prefixo termina com vogal que se junta com litígio, relógio, refúgio.
a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimé- *os verbos terminados em ger e gir: eleger, mugir.
trico / re + surgir - ressurgir *depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur-
*no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exem- gir.
plos: ficasse, falasse *depois da letra “a”, desde que não seja radical termi-
nado com j: ágil, agente.
Escreve-se com C ou Ç e não com S e SS os vocábulos
de origem árabe: cetim, açucena, açúcar Escreve-se com J e não com G:
*os vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, *as palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
Juçara, caçula, cachaça, cacique *as palavras de origem árabe, africana ou exótica: ji-
*os sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu, boia, manjerona.
uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço, *as palavras terminada com aje: aje, ultraje.
esperança, carapuça, dentuço
*nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / O fonema ch:
deter - detenção / ater - atenção / reter - retenção
*após ditongos: foice, coice, traição Escreve-se com X e não com CH:
*palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r): *as palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba-
marte - marciano / infrator - infração / absorto - absorção caxi, muxoxo, xucro.

1
LÍNGUA PORTUGUESA

*as palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J): Confira o dia e a estação em que os artistas se apresen-
xampu, lagartixa. tarão e divirta-se!
*depois de ditongo: frouxo, feixe. Para que o texto atenda à norma-padrão, devem-se
*depois de “en”: enxurrada, enxoval. preencher as lacunas, correta e respectivamente, com as
expressões
Observação: Exceção: quando a palavra de origem A) A fim ...a partir ... as
não derive de outra iniciada com ch - Cheio - (enchente) B) A fim ...à partir ... às
C) A fim ...a partir ... às
Escreve-se com CH e não com X: D) Afim ...a partir ... às
*as palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, E) Afim ...à partir ... as
chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
04. Assinale a alternativa que não apresenta erro de
As letras e e i: ortografia:
A) Ela interrompeu a reunião derrepente.
*os ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. B) O governador poderá ter seu mandato caçado.
Com “i”, só o ditongo interno cãibra. C) Os espectadores aplaudiram o ministro.
*os verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são D) Saiu com descrição da sala.
escritos com “e”: caçoe, tumultue. Escrevemos com “i”, os
verbos com infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói, possui. 05.Em qual das alternativas a frase está corretamente
- atenção para as palavras que mudam de sentido escrita?
quando substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (su- A) O mindingo não depositou na cardeneta de pou-
perfície), ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expan- pansa.
dir) / emergir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de B) O mendigo não depositou na caderneta de poupan-
estância, que anda a pé), pião (brinquedo). ça.
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupans-
Fonte: sa.
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
D) O mendingo não depozitou na carderneta de pou-
tografia
pansa.
Questões sobre Ortografia
06. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
LO – ADVOGADO - VUNESP/2013) Analise a propaganda
01. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013) Assinale a alter-
do programa 5inco Minutos.
nativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas
do trecho a seguir, de acordo com a norma-padrão.
Além disso, ___certamente ____entre nós ____do fenôme-
no da corrupção e das fraudes.
(A) a … concenso … acerca
(B) há … consenso … acerca
(C) a … concenso … a cerca
(D) a … consenso … há cerca
(E) há … consenço … a cerca

02. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013). Assinale a alter-


nativa cujas palavras se apresentam flexionadas de acordo
com a norma- -padrão.
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento.
(B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório lo-
cal. Em norma-padrão da língua portuguesa, a frase da
(D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos. propaganda, adaptada, assume a seguinte redação:
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos! (A) 5INCO MINUTOS: às vezes, dura mais, mas não ma-
tem-na porisso.
03. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – (B) 5INCO MINUTOS: as vezes, dura mais, mas não ma-
2013). Suponha-se que o cartaz a seguir seja utilizado para tem-na por isso.
informar os usuários sobre o festival Sounderground. (C) 5INCO MINUTOS: às vezes, dura mais, mas não a
Prezado Usuário matem por isso.
________ de oferecer lazer e cultura aos passageiros do (D) 5INCO MINUTOS: as vezes, dura mais, mas não lhe
metrô, ________ desta segunda-feira (25/02), ________ 17h30, matem por isso.
começa o Sounderground, festival internacional que presti- (E) 5INCO MINUTOS: às vezes, dura mais, mas não a
gia os músicos que tocam em estações do metrô. matem porisso.

2
LÍNGUA PORTUGUESA

GABARITO O “lhe” é usado para objeto indireto. Se não tivéssemos a


conjunção “mas” nem o advérbio “não”, a forma “matem-
01. B 02. D 03. C 04. C 05. B 06. C na” estaria correta, já que, após vírgula, o ideal é que utili-
zemos ênclise – pronome oblíquo após o verbo).
RESOLUÇÃO
HÍFEN
1-) O exercício quer a alternativa que apresenta cor-
reção ortográfica. Na primeira lacuna utilizaremos “há”, já O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado
que está empregado no sentido de “existir”; na segunda, para ligar os elementos de palavras compostas (couve-flor,
“consenso” com “s”; na terceira, “acerca” significa “a res- ex-presidente) e para unir pronomes átonos a verbos (ofe-
peito de”, o que se encaixa perfeitamente no contexto. “Há receram-me; vê-lo-ei).
cerca” = tem cerca (de arame, cerca viva, enfim...); “a cerca” Serve igualmente para fazer a translineação de pala-
= a cerca está destruída (arame, madeira...) vras, isto é, no fim de uma linha, separar uma palavra em
duas partes (ca-/sa; compa-/nheiro).
2-)
Uso do hífen que continua depois da Reforma Or-
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento. = ta-
tográfica:
beliães
(B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
1. Em palavras compostas por justaposição que formam
= cidadãos uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório lo- para formam um novo significado: tio-avô, porto-alegrense,
cal. = certidões luso-brasileiro, tenente-coronel, segunda-feira, conta-gotas,
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos = de- guarda-chuva, arco- -íris, primeiro-ministro, azul-escuro.
graus
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e
3-) Prezado Usuário zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora-
A fim de oferecer lazer e cultura aos passageiros do menina, erva-doce, feijão-verde.
metrô, a partir desta segunda-feira (25/02), às 17h30, co-
meça o Sounderground, festival internacional que prestigia 3. Nos compostos com elementos além, aquém, recém
os músicos que tocam em estações do metrô. e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, recém-casa-
Confira o dia e a estação em que os artistas se apresen- do, aquém- -fiar, etc.
tarão e divirta-se!
A fim = indica finalidade; a partir: sempre separado; 4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algu-
antes de horas: há crase mas exceções continuam por já estarem consagradas pelo
uso: cor- -de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-
4-) de-meia, água-de- -colônia, queima-roupa, deus-dará.
A) Ela interrompeu a reunião derrepente. =de repente
B) O governador poderá ter seu mandato caçado. = 5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio-
cassado Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações
D) Saiu com descrição da sala. = discrição históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, Al-
sácia-Lorena, etc.
5-)
A) O mindingo não depositou na cardeneta de pou- 6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su-
per- quando associados com outro termo que é iniciado
pansa. = mendigo/caderneta/poupança
por r: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, etc.
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupans-
sa. = mendigo/caderneta/poupança
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor,
D) O mendingo não depozitou na carderneta de pou-
ex- -presidente, vice-governador, vice-prefeito.
pansa. =mendigo/depositou/caderneta/poupança
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-:
6-) A questão envolve colocação pronominal e orto- pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc.
grafia. Comecemos pela mais fácil: ortografia! A palavra
“por isso” é escrita separadamente. Assim, já descartamos 9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abra-
duas alternativas (“A” e “E”). Quanto à colocação pronomi- ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
nal, temos a presença do advérbio “não”, que sabemos ser
um “ímã” para o pronome oblíquo, fazendo-nos aplicar a 10. Nas formações em que o prefixo tem como segun-
regra da próclise (pronome antes do verbo). Então, a for- do termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, ele-
ma correta é “mas não A matem” (por que A e não LHE? tro-higrómetro, geo-história, neo-helênico, extra-humano,
Porque quem mata, mata algo ou alguém, objeto direto. semi-hospitalar, super- -homem.

3
LÍNGUA PORTUGUESA

11. Nas formações em que o prefixo ou pseudo prefixo D) Nossos antepassados realizaram vários anteproje-
termina na mesma vogal do segundo elemento: micro-on- tos.
das, eletro-ótica, semi-interno, auto-observação, etc. E) O autodidata fez uma autoanálise.

Obs: O hífen é suprimido quando para formar outros 03.Assinale a alternativa incorreta quanto ao emprego
termos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar. do hífen, respeitando-se o novo Acordo.
A) O semi-analfabeto desenhou um semicírculo.
- Lembre-se: ao separar palavras na translineação (mu- B) O meia-direita fez um gol de sem-pulo na semifinal
dança de linha), caso a última palavra a ser escrita seja for- do campeonato.
mada por hífen, repita-o na próxima linha. Exemplo: escre- C) Era um sem-vergonha, pois andava seminu.
verei anti-inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. Na D) O recém-chegado veio de além-mar.
linha debaixo escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas E) O vice-reitor está em estado pós-operatório.
as linhas).
04.Segundo o novo Acordo, entre as palavras pão duro
Não se emprega o hífen:
(avarento), copo de leite (planta) e pé de moleque (doce) o
hífen é obrigatório:
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo
termina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou A) em nenhuma delas.
“s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: antir- B) na segunda palavra.
religioso, contrarregra, infrassom, microssistema, minissaia, C) na terceira palavra.
microrradiografia, etc. D) em todas as palavras.
E) na primeira e na segunda palavra.
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se com 05.Fez um esforço __ para vencer o campeonato __.
vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoes- Qual alternativa completa corretamente as lacunas?
trada, autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoes- A) sobreumano/interregional
cola, infraestrutura, etc. B) sobrehumano-interregional
C) sobre-humano / inter-regional
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos D) sobrehumano/ inter-regional
“dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o h inicial: desu- E) sobre-humano /interegional
mano, inábil, desabilitar, etc.
GABARITO
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
o segundo elemento começar com “o”: cooperação, coo-
brigação, coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, 01. B 02. B 03. A 04. E 05. C
etc.
RESOLUÇÃO
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
de composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedis- 1-)
ta, etc. A) autocrítica
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei- C) pontapé
to, benquerer, benquerido, etc.
D) supermercado
E) infravermelhos
Questões sobre Hífen
2-)B) Nas circunvizinhanças há uma casa mal-assom-
01.Assinale a alternativa em que o hífen, conforme o
novo Acordo, está sendo usado corretamente: brada.
A) Ele fez sua auto-crítica ontem. 3-) A) O semianalfabeto desenhou um semicírculo.
B) Ela é muito mal-educada.
C) Ele tomou um belo ponta-pé. 4-)
D) Fui ao super-mercado, mas não entrei. a) pão-duro / b) copo-de-leite (planta) / c) pé de mo-
E) Os raios infra-vermelhos ajudam em lesões. leque (doce)
a) Usa-se o hífen nas palavras compostas que não
02.Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do apresentam elementos de ligação.
hífen: b) Usa-se o hífen nos compostos que designam espé-
A) Pelo interfone ele comunicou bem-humorado que cies animais e botânicas (nomes de plantas, flores, frutos,
faria uma superalimentação. raízes, sementes), tenham ou não elementos de ligação.
B) Nas circunvizinhanças há uma casa malassombrada. c) Não se usa o hífen em compostos que apresentam
C) Depois de comer a sobrecoxa, tomou um antiácido. elementos de ligação.

4
LÍNGUA PORTUGUESA

5-) Fez um esforço sobre-humano para vencer o cam- acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”,
peonato inter-regional. “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: Ex.:
- Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h. tâmara – Atlântico – pêssego – supôs
- Usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma
letra com que se inicia a outra palavra acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com
artigos e pronomes. Ex.: à – às – àquelas – àqueles
ACENTUAÇÃO
trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi total-
A acentuação é um dos requisitos que perfazem as re- mente abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado
gras estabelecidas pela Gramática Normativa. Esta se com-
em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros. Ex.:
põe de algumas particularidades, às quais devemos estar
mülleriano (de Müller)
atentos, procurando estabelecer uma relação de familia-
ridade e, consequentemente, colocando-as em prática na
linguagem escrita. til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vo-
À medida que desenvolvemos o hábito da leitura e a gais nasais. Ex.: coração – melão – órgão – ímã
prática de redigir, automaticamente aprimoramos essas
competências, e logo nos adequamos à forma padrão. Regras fundamentais:

Regras básicas – Acentuação tônica Palavras oxítonas:


Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”,
A acentuação tônica implica na intensidade com que “o”, “em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – ci-
são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá pó(s) – armazém(s)
de forma mais acentuada, conceitua-se como sílaba tônica. Essa regra também é aplicada aos seguintes casos:
As demais, como são pronunciadas com menos intensida-
de, são denominadas de átonas. Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se-
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifi- guidos ou não de “s”. Ex.: pá – pé – dó – há
cadas como:
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, se-
última sílaba. Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel
guidas de lo, la, los, las. Ex. respeitá-lo – percebê-lo – com-
pô-lo
Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai
na penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – retrato
– passível Paroxítonas:
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica - i, is : táxi – lápis – júri
está na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tím- - us, um, uns : vírus – álbuns – fórum
pano – médico – ônibus - l, n, r, x, ps : automóvel – elétron - cadáver – tórax –
fórceps
Como podemos observar, os vocábulos possuem mais - ã, ãs, ão, ãos : ímã – ímãs – órfão – órgãos
de uma sílaba, mas em nossa língua existem aqueles com
uma sílaba somente: são os chamados monossílabos que, -- Dica da Zê!: Memorize a palavra LINURXÃO. Para
quando pronunciados, apresentam certa diferenciação quê? Repare que essa palavra apresenta as terminações
quanto à intensidade. das paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua
Tal diferenciação só é percebida quando os pronun- UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará mais fácil a memo-
ciamos em uma dada sequência de palavras. Assim como rização!
podemos observar no exemplo a seguir:
“Sei que não vai dar em nada, -ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
Seus segredos sei de cor”.
não de “s”: água – pônei – mágoa – jóquei
Os monossílabos classificam-se como tônicos; os de-
mais, como átonos (que, em, de). Regras especiais:

Os acentos Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos


abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
acento agudo (´) – Colocado sobre as letras «a», «i», de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
«u» e sobre o «e» do grupo “em” - indica que estas letras palavras paroxítonas.
representam as vogais tônicas de palavras como Amapá,
caí, público, parabéns. Sobre as letras “e” e “o” indica, além * Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma
da tonicidade, timbre aberto.Ex.: herói – médico – céu (di- palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são
tongos abertos) acentuados. Ex.: herói, céu, dói, escarcéu.

5
LÍNGUA PORTUGUESA

Antes Agora Antes Depois


assembléia assembleia apazigúe (apaziguar) apazigue
idéia ideia averigúe (averiguar) averigue
geléia geleia argúi (arguir) argui
jibóia jiboia
apóia (verbo apoiar) apoia Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa
paranóico paranoico do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo
vir)
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acom-
panhados ou não de “s”, haverá acento. Ex.: saída – faísca A regra prevalece também para os verbos conter, ob-
– baú – país – Luís ter, reter, deter, abster.
ele contém – eles contêm
Observação importante: ele obtém – eles obtêm
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando ele retém – eles retêm
hiato quando vierem depois de ditongo: Ex.: ele convém – eles convêm

Antes Agora Não se acentuam mais as palavras homógrafas que


bocaiúva bocaiuva antes eram acentuadas para diferenciá-las de outras seme-
feiúra feiura lhantes (regra do acento diferencial). Apenas em algumas
Sauípe Sauipe exceções, como:
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do
abolido. Ex.: pretérito perfeito do modo indicativo) ainda continua sen-
do acentuada para diferenciar-se de pode (terceira pessoa
Antes Agora do singular do presente do indicativo). Ex:
crêem creem
Ela pode fazer isso agora.
lêem leem
Elvis não pôde participar porque sua mão não deixou...
vôo voo
enjôo enjoo
O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da
preposição por.
- Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos
- Quando, na frase, der para substituir o “por” por “co-
que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais
locar”, estaremos trabalhando com um verbo, portanto:
acento como antes: CRER, DAR, LER e VER.
“pôr”; nos outros casos, “por” preposição. Ex:
Repare: Faço isso por você.
1-) O menino crê em você Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
Os meninos creem em você.
2-) Elza lê bem! Questões sobre Acentuação Gráfica
Todas leem bem!
3-) Espero que ele dê o recado à sala. 01. “Cadáver” é paroxítona, pois:
Esperamos que os garotos deem o recado! A) Tem a última sílaba como tônica.
4-) Rubens vê tudo! B) Tem a penúltima sílaba como tônica.
Eles veem tudo! C) Tem a antepenúltima sílaba como tônica.
D) Não tem sílaba tônica.
* Cuidado! Há o verbo vir:
Ele vem à tarde! 02. Assinale a alternativa correta.
Eles vêm à tarde! A palavra faliu contém um:
A) hiato
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quan- B) dígrafo
do seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, ru C) ditongo decrescente
-im, con-tri-bu-in-te, sa-ir, ju-iz D) ditongo crescente

Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti- 03. Em “O resultado da experiência foi, literalmen-
verem seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha. te, aterrador.” a palavra destacada encontra-se acentuada
pelo mesmo motivo que:
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem A) túnel
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba B) voluntário
As formas verbais que possuíam o acento tônico na C) até
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de D) insólito
“e” ou “i” não serão mais acentuadas. Ex.: E) rótulos

6
LÍNGUA PORTUGUESA

04. Assinale a alternativa correta. GABARITO


A) “Contrário” e “prévias” são acentuadas por serem
paroxítonas terminadas em ditongo. 01. B 02. C 03. B 04. A 05. E
B) Em “interruptor” e “testaria” temos, respectivamen- 06. A 07. A 08. B 09. D
te, encontro consonantal e hiato.
C) Em “erros derivam do mesmo recurso mental” as RESOLUÇÃO
palavras grifadas são paroxítonas.
1-) Separando as sílabas: Ca – dá – ver: a penúltima
D) Nas palavras “seguida”, “aquele” e “quando” as par- sílaba é a tônica (mais forte; nesse caso, acentuada). Penúl-
tes destacadas são dígrafos. tima sílaba tônica = paroxítona
E) A divisão silábica está correta em “co-gni-ti-va”, “p-
si-có-lo-ga” e “a-ci-o-na”. 2-) fa - liu - temos aqui duas vogais na mesma sí-
laba, portanto: ditongo. É decrescente porque apresenta
05. Todas as palavras abaixo são hiatos, EXCETO: uma vogal e uma semivogal. Na classificação, ambas são
A) saúde semivogais, mas quando juntas, a que “aparecer” mais na
B) cooperar pronúncia será considerada “vogal”.
C) ruim
3-) ex – pe - ri – ên - cia : paroxítona terminada em
D) creem
ditongo crescente (semivogal + vogal)
E) pouco a-) Tú –nel: paroxítona terminada em L
b-) vo – lun - tá – rio : paroxítona terminada em diton-
06. “O episódio aconteceu em plena via pública de go
Assis. Dez mulheres começaram a cantar músicas pela paz c-) A - té – oxítona
mundial. A partir daquele momento outras pessoas que d-) in – só – li – to : proparoxítona
passavam por ali decidiram integrar ao grupo. Rapidamen- e-) ró – tu los – proparoxítona
te, uma multidão aderiu à ideia. Assim começou a forma-
ção do maior coral popular de Assis”. O vocábulo subli- 4-)
nhado tem sua acentuação gráfica justificada pelo mesmo a-) correta
motivo das palavras: b-) inteRRuptor: não é encontro consonantal, mas sim
DÍGRAFO
A) eminência, ímpio, vácuo, espécie, sério
c-) todas são, exceto MENTAL, que é oxítona
B) aluá, cárie, pátio, aéreo, ínvio d-) são dígrafos, exceto QUANDO, que “ouço” o som
C) chinês, varíola, rubéola, período, prêmio do U, portanto não é caso de dígrafo
D) sábio, sábia, sabiá, curió, sério e-) cog – ni - ti – va / psi – có- lo- ga

07. Assinale a opção CORRETA em que todas as pala- 5-) sa - ú - de / co - o - pe – rar / ru – im /


vras estão acentuadas na mesma posição silábica. cre - em / pou - co (ditongo)
A) Nazaré - além - até - está - também.
B) Água - início - além - oásis - religião. 6-) e - pi - só - dio - paroxítona terminada em di-
C) Município - início - água - século - oásis tongo
a-) ok
D) Século - símbolo - água - histórias - missionário
b-) a – lu –á :oxítona, então descarte esse item
E) Missionário - símbolo - histórias - século – município c-) chi – nês : oxítona, idem
d-) sa – bi – á : idem
08. Considerando as palavras: também / revólver / lâm-
pada / lápis. Assinale a única alternativa cuja justificativa de 7-)
acentuação gráfica não se refere a uma delas: a-) oxítona – TODAS
A) palavra paroxítona terminada em - is b-) paroxítona – paroxítona – oxítona – paroxítona –
B) palavra proparoxítona terminada em - em não acentuada
C) palavra paroxítona terminada em - r c-) paroxítona – idem – idem – proparoxítona – paro-
D) palavra proparoxítona - todas devem ser acentua- xítona
das d-) proparoxítona – idem – paroxítona – idem – idem
e-) paroxítona – proparoxítona – paroxítona – proparo-
xítona – paroxítona
09. Assinale a alternativa incorreta:
A) Os vocábulos sábio, régua e decência são paroxíto- 8-) tam – bém: oxítona / re – vól – ver: paroxítona / lâm
nos terminadas em ditongos crescentes. – pa – da: proparoxítona / lá – pis :paroxítona
B) O vocábulo armazém é acentuado por ser um oxíto- a-) é a regra do LÁPIS
no terminado em em. b-) todas as proparoxítonas são acentuadas, indepen-
C) Os vocábulos baú e cafeína são hiatos. dente de sua terminação
D) O vocábulo véu é acentuado por ser um oxítono c-) regra para REVÓLVER
terminado em u. d-) relativa à palavra lâmpada

7
LÍNGUA PORTUGUESA

9-) As alternativas A, B e C contêm afirmativas corretas. África afro- / Cultura afro-americana


Na D, há erro, pois véu é monossílabo acentuado por ter- Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
minar em ditongo aberto. América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
2. MORFOSSINTAXE. Europa euro- / Negociações euro-americanas
2.1. Classes de palavras. França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
2.2. Processos de derivação. Grécia greco- / Filmes greco-romanos
2.3. Processos de flexão verbal e nominal. Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
2.4. Concordância nominal e verbal. Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
2.5. Regência nominal e verbal.
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros
2.6. Coordenação e subordinação.
3. COLOCAÇÃO DAS PALAVRAS. Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.


Classes de palavras
Gênero dos Adjetivos
Adjetivo
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos
característica do ser e se relaciona com o substantivo. substantivos, classificam-se em:
Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, per- Biformes - têm duas formas, sendo uma para o mas-
culino e outra para o feminino. Por exemplo: ativo e ativa,
cebemos que, além de expressar uma qualidade, ela pode
mau e má, judeu e judia.
ser colocada ao lado de um substantivo: homem bondoso,
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no
moça bondosa, pessoa bondosa.
feminino somente o último elemento. Por exemplo: o moço
Já com a palavra bondade, embora expresse uma qua-
norte-americano, a moça norte-americana.
lidade, não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: ho-
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
mem bondade, moça bondade, pessoa bondade. Bondade,
portanto, não é adjetivo, mas substantivo.
Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino
como para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher
Morfossintaxe do Adjetivo feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função feminino. Por exemplo: conflito político-social e desavença
dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando político-social.
como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito
ou do objeto). Número dos Adjetivos
Adjetivo Pátrio (ou gentílico) Plural dos adjetivos simples

Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acor-
Observe alguns deles: do com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos
Estados e cidades brasileiros: substantivos simples. Por exemplo: mau e maus, feliz e feli-
Alagoas alagoano zes, ruim e ruins boa e boas
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça
Amazonas amazonense ou baré função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra
Belo Horizonte belo-horizontino que estiver qualificando um elemento for, originalmente,
Brasília brasiliense um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo:
Cabo Frio cabo-friense a palavra cinza é originalmente um substantivo; porém, se
Campinas campineiro ou campinense estiver qualificando um elemento, funcionará como adje-
tivo. Ficará, então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos
Adjetivo Pátrio Composto cinza.
Veja outros exemplos:
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro Motos vinho (mas: motos verdes)
elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, eru- Paredes musgo (mas: paredes brancas).
dita. Observe alguns exemplos: Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).

8
LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivo Composto Observe que:


a) As formas menor e pior são comparativos de supe-
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- rioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau, res-
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas pectivamente.
o último elemento concorda com o substantivo a que se b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações fei-
um dos elementos que formam o adjetivo composto seja tas entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-
um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto fica- se usar as formas analíticas mais bom, mais mau,mais gran-
rá invariável. Por exemplo: a palavra rosa é originalmente de e mais pequeno. Por exemplo:
um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemen-
to, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra pala- Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois ele-
vra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um mentos.
substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
invariável. Por exemplo: duas qualidades de um mesmo elemento.
Camisas rosa-claro.
Ternos rosa-claro. Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In-
Olhos verde-claros. ferioridade
Calças azul-escuras e camisas verde-mar. Sou menos passivo (do) que tolerante.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
Superlativo
Obs.: - Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-
quer adjetivo composto iniciado por cor-de-... são sempre O superlativo expressa qualidades num grau muito
invariáveis. elevado ou em grau máximo. O grau superlativo pode ser
- Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha absoluto ou relativo e apresenta as seguintes modalidades:
têm os dois elementos flexionados. Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de
um ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apre-
Grau do Adjetivo
senta-se nas formas:
Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de pala-
Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a inten-
vras que dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo:
sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo:
O secretário é muito inteligente.
o comparativo e o superlativo.
Sintética: a intensificação se faz por meio do acrésci-
mo de sufixos. Por exemplo: O secretário é inteligentíssimo.
Comparativo
Observe alguns superlativos sintéticos:
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri-
benéfico beneficentíssimo
buída a dois ou mais seres ou duas ou mais característi-
cas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de bom boníssimo ou ótimo
igualdade, de superioridade ou de inferioridade. Observe comum comuníssimo
os exemplos abaixo: cruel crudelíssimo
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade difícil dificílimo
No comparativo de igualdade, o segundo termo da doce dulcíssimo
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou fácil facílimo
quão. fiel fidelíssimo

Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Supe- Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de
rioridade Analítico um ser é intensificada em relação a um conjunto de seres.
No comparativo de superioridade analítico, entre os Essa relação pode ser:
dois substantivos comparados, um tem qualidade supe- De Superioridade: Clara é a mais bela da sala.
rior. A forma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...do De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala.
que” ou “mais...que”.
Note bem:
O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Supe- 1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
rioridade Sintético dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,
etc., antepostos ao adjetivo.
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de su- 2) O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob
perioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São eles: duas formas : uma erudita, de origem latina, outra popular,
bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, de origem vernácula. A forma erudita é constituída pelo
grande/maior, baixo/inferior. radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, -imo

9
LÍNGUA PORTUGUESA

ou érrimo. Por exemplo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em
forma popular é constituída do radical do adjetivo portu- quando, de quando em quando, a qualquer momento, de
guês + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. tempos em tempos, em breve, hoje em dia
3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, preca- de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá,
riíssimo, necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí,
as formas seríssimo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o de- abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures,
sagradável hiato i-í. adentro, afora, alhures, nenhures, aquém, embaixo, exter-
namente, a distância, à distancia de, de longe, de perto, em
Advérbio cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta
de negação : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum
O advérbio, assim como muitas outras palavras exis-
de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, provavel-
tentes na Língua Portuguesa, advém de outras línguas.
mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe
Assim sendo, tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a
de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, efe-
ideia de proximidade, contiguidade. Essa proximidade faz tivamente, certo, decididamente, realmente, deveras, indubi-
referência ao processo verbal, no sentido de caracterizá-lo, tavelmente (=sem dúvida).
ou seja, indicando as circunstâncias em que esse processo de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, so-
se desenvolve. mente, simplesmente, só, unicamente
O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no sen- de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam-
tido de caracterizar os processos expressos por ele. Contu- bém
do, ele não é modificador exclusivo desta classe (verbos), de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente
pois também modifica o adjetivo e até outro advérbio. Se- de designação: Eis
guem alguns exemplos: de interrogação: onde? (lugar), como? (modo), quan-
Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto, do? (tempo), por quê? (causa), quanto? (preço e intensidade),
você está até bem informado. para quê? (finalidade)
Temos o advérbio “distantemente” que modifica o ad-
jetivo alheio, representando uma qualidade, característica. Locução adverbial

O artista canta muito mal. É reunião de duas ou mais palavras com valor de ad-
vérbio. Exemplo:
Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifi-
Carlos saiu às pressas. (indicando modo)
ca outro advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos
Maria saiu à tarde. (indicando tempo)
pudemos verificar que se tratava de somente uma palavra
funcionando como advérbio. No entanto, ele pode estar Há locuções adverbiais que possuem advérbios corres-
demarcado por mais de uma palavra, que mesmo assim pondentes. Exemplo: Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu
não deixará de ocupar tal função. Temos aí o que chama- apressadamente.
mos de locução adverbial, representada por algumas ex- Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de
pressões, tais como: às vezes, sem dúvida, frente a frente, de modo são flexionados, sendo que os demais são todos in-
modo algum, entre outras. variáveis. A única flexão propriamente dita que existe na
Dependendo das circunstâncias expressas pelos advér- categoria dos advérbios é a de grau:
bios, eles se classificam em distintas categorias, uma vez Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe
expressas por: - longíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente -
de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pres- inconstitucionalissimamente, etc.;
sas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos Diminutivo: diminui a intensidade. Exemplos: perto -
poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, pertinho, pouco - pouquinho, devagar - devagarinho.
frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior
parte dos que terminam em -”mente”: calmamente, triste- Artigo
mente, propositadamente, pacientemente, amorosamente,
docemente, escandalosamente, bondosamente, generosa- Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo,
indica se ele está sendo empregado de maneira definida ou
mente
indefinida. Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o
de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em
gênero e o número dos substantivos.
excesso, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto,
quão, tanto, que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, Classificação dos Artigos
de todo, de muito, por completo.
de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora, Artigos Definidos: determinam os substantivos de
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, maneira precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal.
doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, en- Artigos Indefinidos: determinam os substantivos de
fim, afinal, breve, constantemente, entrementes, imediata- maneira vaga: um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu matei
mente, primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às um animal.

10
LÍNGUA PORTUGUESA

Combinação dos Artigos - O artigo também é usado para substantivar palavras


oriundas de outras classes gramaticais: Não sei o porquê de
É muito presente a combinação dos artigos definidos tudo isso.
e indefinidos com preposições. Veja a forma assumida por
essas combinações: - Nunca deve ser usado artigo depois do pronome re-
lativo cujo (e flexões).
Preposições Artigos Este é o homem cujo amigo desapareceu.
o, os Este é o autor cuja obra conheço.
a ao, aos
de do, dos - Não se deve usar artigo antes das palavras casa ( no
em no, nos sentido de lar, moradia) e terra ( no sentido de chão firme),
por (per) pelo, pelos a menos que venham especificadas.
a, as um, uns uma, umas Eles estavam em casa.
à, às - - Eles estavam na casa dos amigos.
da, das dum, duns duma, dumas Os marinheiros permaneceram em terra.
na, nas num, nuns numa, numas Os marinheiros permanecem na terra dos anões.
pela, pelas - -
- Não se emprega artigo antes dos pronomes de trata-
- As formas à e às indicam a fusão da preposição a mento, com exceção de senhor(a), senhorita e dona: Vossa
com o artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é excelência resolverá os problemas de Sua Senhoria.
conhecida por crase.
- Não se une com preposição o artigo que faz parte do
Constatemos as circunstâncias nome de revistas, jornais, obras literárias: Li a notícia em O
em que os artigos se manifestam Estado de S. Paulo.

Morfossintaxe
- Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do
numeral “ambos”: Ambos os garotos decidiram participar
Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas
das olimpíadas.
relações com o substantivo. Assim, nas orações da língua
portuguesa, o artigo exerce a função de adjunto adnominal
- Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso
do substantivo a que se refere. Tal função independe da
do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza,
função exercida pelo substantivo:
A Bahia...
A existência é uma poesia.
Uma existência é a poesia.
- Quando indicado no singular, o artigo definido pode
indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem. Conjunção
- No caso de nomes próprios personativos, denotando Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso ou dois termos semelhantes de uma mesma oração. Por
do artigo: O Pedro é o xodó da família. exemplo:
A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as
- No caso de os nomes próprios personativos estarem amiguinhas.
no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias,
os Incas, Os Astecas... Deste exemplo podem ser retiradas três informações:
1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu
- Usa-se o artigo depois do pronome indefinido to- as amiguinhas
do(a) para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele
(o artigo), o pronome assume a noção de qualquer. Cada informação está estruturada em torno de um ver-
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) bo: segurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três ora-
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- ções:
dos. (qualquer classe) 1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e
mostrou 3ª oração: quando viu as amiguinhas.
- Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e
facultativo: a terceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”.
Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo. As palavras “e” e “quando” ligam, portanto, orações.
Observe: Gosto de natação e de futebol.
- A utilização do artigo indefinido pode indicar uma Nessa frase as expressões de natação, de futebol são
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve ter partes ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra
é uns vinte anos. “e” está ligando termos de uma mesma oração.

11
LÍNGUA PORTUGUESA

Morfossintaxe da Conjunção - CONFORMATIVAS


Principais conjunções conformativas: como, segundo,
As conjunções, a exemplo das preposições, não exer- conforme, consoante
cem propriamente uma função sintática: são conectivos. Cada um colhe conforme semeia.
Classificação Expressam uma ideia de acordo, concordância, confor-
- Conjunções Coordenativas midade.
- Conjunções Subordinativas
- CONSECUTIVAS
Conjunções coordenativas Expressam uma ideia de consequência.
Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”,
“tanto”, “tão”, “tamanho”).
Dividem-se em:
Falou tanto que ficou rouco.
- ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma. Ex.
Gosto de cantar e de dançar. - FINAIS
Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas Expressam ideia de finalidade, objetivo.
também, não só...como também. Todos trabalham para que possam sobreviver.
Principais conjunções finais: para que, a fim de que,
- ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de opo- porque (=para que),
sição, de compensação. Ex. Estudei, mas não entendi nada.
Principais conjunções adversativas: mas, porém, contu- - PROPORCIONAIS
do, todavia, no entanto, entretanto. Principais conjunções proporcionais: à medida que,
quanto mais, ao passo que, à proporção que.
- ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância. À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha.
Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho.
- TEMPORAIS
Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora,
Principais conjunções temporais: quando, enquanto,
quer...quer, já...já.
logo que.
- CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às ora- Quando eu sair, vou passar na locadora.
ções. Ex. Estudei muito, por isso mereço passar.
Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois Diferença entre orações causais e explicativas
(depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim.
Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais
- EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex. (OSA) e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos de-
É melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá paramos com a dúvida de como distinguir uma oração
fora. causal de uma explicativa. Veja os exemplos:
Principais conjunções explicativas: que, porque, pois 1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser
(antes do verbo), porquanto. atropelado”:
a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificati-
Conjunções subordinativas va ou uma explicação do fato expresso na oração anterior.
b) As orações são coordenadas e, por isso, indepen-
dentes uma da outra. Neste caso, há uma pausa entre as
- CAUSAIS
orações que vêm marcadas por vírgula.
Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado.
uma vez que, como (= porque). Outra dica é, quando a oração que antecede a OC
Ele não fez o trabalho porque não tem livro. (Oração Coordenada) vier com verbo no modo imperativo,
ela será explicativa.
- COMPARATIVAS Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo im-
Principais conjunções comparativas: que, do que, tão... perativo)
como, mais...do que, menos...do que.
Ela fala mais que um papagaio. 2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra
cidade porque não havia cemitério no local.”
- CONCESSIVAS a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordinada
Principais conjunções concessivas: embora, ainda que, (parte destacada) mostra a causa da ação expressa pelo
mesmo que, apesar de, se bem que. verbo da oração principal. Outra forma de reconhecê-la é
colocá-la no início do período, introduzida pela conjunção
Indicam uma concessão, admitem uma contradição,
como - o que não ocorre com a CS Explicativa.
um fato inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”. Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar
Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de os mortos em outra cidade.
estar cansada) b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente
Apesar de ter chovido fui ao cinema. dependentes uma da outra.

12
LÍNGUA PORTUGUESA

Interjeição 2) Sintetizar uma frase apelativa


Cuidado! Saia da minha frente.
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
ções, sensações, estados de espírito, ou que procura agir As interjeições podem ser formadas por:
sobre o interlocutor, levando-o a adotar certo comporta- - simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô.
mento sem que, para isso, seja necessário fazer uso de es- - palavras: Oba!, Olá!, Claro!
truturas linguísticas mais elaboradas. Observe o exemplo: - grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!,
Droga! Preste atenção quando eu estou falando! Ora bolas!

No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo. A ideia expressa pela interjeição depende muitas ve-
Toda sua raiva se traduz numa palavra: Droga! Ele poderia zes da entonação com que é pronunciada; por isso, pode
ter dito: - Estou com muita raiva de você! Mas usou sim- ocorrer que uma interjeição tenha mais de um sentido. Por
plesmente uma palavra. Ele empregou a interjeição Droga! exemplo:
As sentenças da língua costumam se organizar de for- Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contra-
ma lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e riedade)
os distribui em posições adequadas a cada um deles. As in- Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria)
terjeições, por outro lado, são uma espécie de “palavra-fra-
se”, ou seja, há uma ideia expressa por uma palavra (ou um Classificação das Interjeições
conjunto de palavras - locução interjetiva) que poderia ser
colocada em termos de uma sentença. Veja os exemplos: Comumente, as interjeições expressam sentido de:
Bravo! Bis! - Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!,
bravo e bis: interjeição = sentença (sugestão): “Foi Atenção!, Olha!, Alerta!
muito bom! Repitam!” - Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!
Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé... ai: interjeição = senten- - Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva!
ça (sugestão): “Isso está doendo!” ou “Estou com dor!” - Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!
A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em - Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!,
Eia!, Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca!
que não há uma ideia organizada de maneira lógica, como
- Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!,
são as sentenças da língua, mas sim a manifestação de um
Boa!
suspiro, um estado da alma decorrente de uma situação
- Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã!
particular, um momento ou um contexto específico. Exem-
- Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!,
plos:
Safa!, Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora!
Ah, como eu queria voltar a ser criança!
- Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
- Desculpa: Perdão!
Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
- Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!,
hum: expressão de um pensamento súbito = interjei- Oh!, Eh!
ção - Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!,
Epa!, Ora!
O significado das interjeições está vinculado à maneira - Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!,
como elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que Quê!, Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?,
dita o sentido que a expressão vai adquirir em cada contex- Cruz!, Putz!
to de enunciação. Exemplos: - Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!,
Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expres- Raios!, Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora!
são na rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te - Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade!
chamando! Ei, espere!” - Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!,
Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expres- Adeus!, Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-
são em um hospital; significado da interjeição (sugestão): me, Deus!
“Por favor, faça silêncio!” - Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio!
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio! - Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh!
puxa: interjeição; tom da fala: euforia
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte! Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto
puxa: interjeição; tom da fala: decepção é, não sofrem variação em gênero, número e grau como
os nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções: e voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al-
1) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria, gumas interjeições sofrem variação em grau. Deve-se ter
tristeza, dor, etc. claro, neste caso, que não se trata de um processo natural
Você faz o que no Brasil? dessa classe de palavra, mas tão só uma variação que a
Eu? Eu negocio com madeiras. linguagem afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo,
Ah, deve ser muito interessante. até loguinho.

13
LÍNGUA PORTUGUESA

Locução Interjetiva Numeral

Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma Numeral é a palavra que indica os seres em termos
expressão com sentido de interjeição. Por exemplo : Ora numéricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os
bolas! Quem me dera! Virgem Maria! Meu Deus! situa em determinada sequência.
Ó de casa! Ai de mim! Valha-me Deus! Graças a Deus! Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco.
Alto lá! Muito bem! [quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”]

Eu quero café duplo, e você?


Observações:
...[duplo: numeral = atributo numérico de “café”]
- As interjeições são como frases resumidas, sintéticas.
Por exemplo: Ué! = Eu não esperava por essa!, Perdão! = A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor!
Peço-lhe que me desculpe. ...[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequên-
cia de “fila”]
- Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o
seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que
gramaticais podem aparecer como interjeições. os números indicam em relação aos seres. Assim, quando
Viva! Basta! (Verbos) a expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se
Fora! Francamente! (Advérbios) trata de numerais, mas sim de algarismos.
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
- A interjeição pode ser considerada uma “palavra-fra- ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala-
se” porque sozinha pode constituir uma mensagem. Ex.: vras consideradas numerais porque denotam quantidade,
Socorro!, Ajudem-me!, Silêncio!, Fique quieto! proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década,
dúzia, par, ambos(as), novena.
- Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imita- Classificação dos Numerais
tivas, que exprimem ruídos e vozes. Ex.: Pum! Miau! Bum-
ba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, Cardinais: indicam contagem, medida. É o número bá-
etc. sico: um, dois, cem mil, etc.
- Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série
a sua homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria, dada: primeiro, segundo, centésimo, etc.
tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois do” oh!” exclamativo Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a
e não a fazemos depois do “ó” vocativo. divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.
“Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos
Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac) seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumenta-
da: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
- Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas
Leitura dos Numerais
de palavras de outras classes, podem aparecer flexionadas
no diminutivo ou no superlativo: Calminha! Adeusinho! Separando os números em centenas, de trás para fren-
Obrigadinho! te, obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas
e, no início, também de dezenas ou unidades. Entre esses
Interjeições, leitura e produção de textos conjuntos usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela con-
junção “e”.
Usadas com muita frequência na língua falada informal, 1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos
quando empregadas na língua escrita, as interjeições cos- e vinte e seis.
tumam conferir-lhe certo tom inconfundível de coloquiali- 45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.
dade. Além disso, elas podem muitas vezes indicar traços
pessoais do falante - como a escassez de vocabulário, o Flexão dos numerais
temperamento agressivo ou dócil, até mesmo a origem
geográfica. É nos textos narrativos - particularmente nos Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/du-
diálogos - que comumente se faz uso das interjeições com
zentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatro-
o objetivo de caracterizar personagens e, também, graças à
centas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam
sua natureza sintética, agilizar as falas. Natureza sintética e em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais
conteúdo mais emocional do que racional fazem das inter- são invariáveis.
jeições presença constante nos textos publicitários. Os numerais ordinais variam em gênero e número:
primeiro segundo milésimo
Fonte: primeira segunda milésima
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89. primeiros segundos milésimos
php primeiras segundas milésimas

14
LÍNGUA PORTUGUESA

Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e con-
seguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas do
medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas terças
partes
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sen-
tido. É o que ocorre em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)

Emprego dos Numerais

*Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo
e a partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo:

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são lar-
gamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância da solidariedade. Ambos agora participam das atividades
comunitárias de seu bairro.

Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos

15
LÍNGUA PORTUGUESA

cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos


sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

Preposição

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normal-
mente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura
da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.

Tipos de Preposição

1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, con-
tra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições: como, durante,
exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma
delas: abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor
de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.

A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto pode unir-se a outras palavras e assim estabelecer concordância
em gênero ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela.
Vale ressaltar que essa concordância não é característica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com outra palavra pode se dar a partir de dois processos:

1. Combinação: A preposição não sofre alteração.


preposição a + artigos definidos o, os
a + o = ao
preposição a + advérbio onde
a + onde = aonde
2. Contração: Quando a preposição sofre alteração.

Preposição + Artigos
De + o(s) = do(s)
De + a(s) = da(s)
De + um = dum
De + uns = duns
De + uma = duma
De + umas = dumas
Em + o(s) = no(s)
Em + a(s) = na(s)
Em + um = num
Em + uma = numa

16
LÍNGUA PORTUGUESA

Em + uns = nuns 2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio


Em + umas = numas das preposições:
A + à(s) = à(s) Destino = Irei para casa.
Por + o = pelo(s) Modo = Chegou em casa aos gritos.
Por + a = pela(s) Lugar = Vou ficar em casa;
Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência.
Preposição + Pronomes Tempo = A prova vai começar em dois minutos.
De + ele(s) = dele(s) Causa = Ela faleceu de derrame cerebral.
De + ela(s) = dela(s) Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o tra-
De + este(s) = deste(s) tamento.
De + esta(s) = desta(s) Instrumento = Escreveu a lápis.
De + esse(s) = desse(s) Posse = Não posso doar as roupas da mamãe.
De + essa(s) = dessa(s) Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom.
De + aquele(s) = daquele(s) Companhia = Estarei com ele amanhã.
Matéria = Farei um cartão de papel reciclado.
De + aquela(s) = daquela(s)
Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco.
De + isto = disto
Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
De + isso = disso
Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume.
De + aquilo = daquilo
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
De + aqui = daqui Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista.
De + aí = daí
De + ali = dali Fonte:
De + outro = doutro(s) http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
De + outra = doutra(s)
Em + este(s) = neste(s) Pronome
Em + esta(s) = nesta(s)
Em + esse(s) = nesse(s) Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou
Em + aquele(s) = naquele(s) a ele se refere, ou que acompanha o nome, qualificando-o
Em + aquela(s) = naquela(s) de alguma forma.
Em + isto = nisto
Em + isso = nisso A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus so-
Em + aquilo = naquilo nhos!
A + aquele(s) = àquele(s) [substituição do nome]
A + aquela(s) = àquela(s)
A + aquilo = àquilo A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bo-
nita!
Dicas sobre preposição [referência ao nome]

1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome Essa moça morava nos meus sonhos!
pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a” [qualificação do nome]
seja um artigo, virá precedendo um substantivo. Ele servirá
para determiná-lo como um substantivo singular e femi- Grande parte dos pronomes não possuem significados
nino. fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro
de um contexto, o qual nos permite recuperar a referên-
A dona da casa não quis nos atender.
cia exata daquilo que está sendo colocado por meio dos
Como posso fazer a Joana concordar comigo?
pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos pro-
nomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes
- Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
têm por função principal apontar para as pessoas do dis-
termos e estabelece relação de subordinação entre eles. curso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação
Cheguei a sua casa ontem pela manhã. no tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica,
Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para pro- os pronomes apresentam uma forma específica para cada
curar um tratamento adequado. pessoa do discurso.

- Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
lugar e/ou a função de um substantivo. [minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala]
Temos Maria como parte da família. / Nós a temos como
parte da família Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. [tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se
/ Creio que a conhecemos melhor que ninguém. fala]

17
LÍNGUA PORTUGUESA

A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
se fala] dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
me até aqui”.
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme- Obs.: frequentemente observamos a omissão do pro-
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência nome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as pró-
através do pronome seja coerente em termos de gênero prias formas verbais marcam, através de suas desinências,
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto, as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado. boa viagem. (Nós)

Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nos- Pronome Oblíquo


sa escola neste ano.
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância
sentença, exerce a função de complemento verbal (objeto
adequada]
direto ou indireto) ou complemento nominal.
[neste: pronome que determina “ano” = concordância
Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
adequada]
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor- Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma
dância inadequada] variante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, indica a função diversa que eles desempenham na oração:
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo
marca o complemento da oração.
Pronomes Pessoais Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou
São aqueles que substituem os substantivos, indicando tônicos.
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve
assume os pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”, Pronome Oblíquo Átono
“vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se dirige e
“ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à pessoa São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
ou às pessoas de quem fala. são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- fraca: Ele me deu um presente.
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim con-
ou do caso oblíquo. figurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): me
Pronome Reto - 2ª pessoa do singular (tu): te
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen- - 1ª pessoa do plural (nós): nos
tença, exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito. - 2ª pessoa do plural (vós): vos
Nós lhe ofertamos flores. - 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
Observações:
O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gê-
apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união en-
nero (apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a
tre o pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por
principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso.
acompanhar diretamente uma preposição, o pronome
Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim confi-
“lhe” exerce sempre a função de objeto indireto na oração.
gurado: Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos
diretos como objetos indiretos.
- 1ª pessoa do singular: eu Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como
- 2ª pessoa do singular: tu objetos diretos.
- 3ª pessoa do singular: ele, ela Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combi-
- 1ª pessoa do plural: nós nar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a for-
- 2ª pessoa do plural: vós mas como mo, mos , ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha,
- 3ª pessoa do plural: eles, elas lhas; no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las.
Observe o uso dessas formas nos exemplos que seguem:
Atenção: esses pronomes não costumam ser usados - Trouxeste o pacote?
como complementos verbais na língua-padrão. Frases - Sim, entreguei-to ainda há pouco.
como “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram - Não contaram a novidade a vocês?
eu até aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser - Não, no-la contaram.

18
LÍNGUA PORTUGUESA

No português do Brasil, essas combinações não são - A combinação da preposição “com” e alguns prono-
usadas; até mesmo na língua literária atual, seu emprego mes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo,
é muito raro. conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos fre-
quentemente exercem a função de adjunto adverbial de
Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas companhia.
especiais depois de certas terminações verbais. Quando o Ele carregava o documento consigo.
verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome assume a forma
lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a terminação verbal - As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
é suprimida. Por exemplo: por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais
fiz + o = fi-lo são reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios,
fazeis + o = fazei-lo todos, ambos ou algum numeral.
dizer + a = dizê-la
Você terá de viajar com nós todos.
Quando o verbo termina em som nasal, o pronome as- Estávamos com vós outros quando chegaram as más
sume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo: notícias.
viram + o: viram-no Ele disse que iria com nós três.
repõe + os = repõe-nos
retém + a: retém-na Pronome Reflexivo
tem + as = tem-nas
São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
Pronome Oblíquo Tônico nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito
da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos expressa pelo verbo.
por preposições, em geral as preposições a, para, de e com. O quadro dos pronomes reflexivos é assim configura-
Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função
do:
de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica
- 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
forte.
Eu não me vanglorio disso.
Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.
quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim con-
figurado:
- 2ª pessoa do singular (tu): te, ti.
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
Assim tu te prejudicas.
- 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
Conhece a ti mesmo.
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
- 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.
- 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas Guilherme já se preparou.
Ela deu a si um presente.
Observe que as únicas formas próprias do pronome tô- Antônio conversou consigo mesmo.
nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As
demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto. - 1ª pessoa do plural (nós): nos.
- As preposições essenciais introduzem sempre prono- Lavamo-nos no rio.
mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da - 2ª pessoa do plural (vós): vos.
língua formal, os pronomes costumam ser usados desta Vós vos beneficiastes com a esta conquista.
forma:
Não há mais nada entre mim e ti. - 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. Eles se conheceram.
Não há nenhuma acusação contra mim. Elas deram a si um dia de folga.
Não vá sem mim.
A Segunda Pessoa Indireta
Atenção: Há construções em que a preposição, apesar
de surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se
uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o quando utilizamos pronomes que, apesar de indicarem
verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pro- nosso interlocutor (portanto, a segunda pessoa), utilizam
nome, deverá ser do caso reto. o verbo na terceira pessoa. É o caso dos chamados prono-
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. mes de tratamento, que podem ser observados no quadro
Não vá sem eu mandar. seguinte:

19
LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes de Tratamento

Vossa Alteza V. A. príncipes, duques


Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos
Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e oficiais-generais
Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores de universidades
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
Vossa Santidade V. S. Papa
Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento cerimonioso
Vossa Onipotência V. O. Deus

Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no
tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são largamente empregados no português
do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito
à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.

Observações:
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em rela-
ção à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.

*Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.

- Os pronomes de tratamento representam uma forma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratar-
mos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos endereçando à excelência que esse deputado suposta-
mente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.

- 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a
3ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar
na 3ª pessoa.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.

- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do
texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, não
poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (errado)
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus cabelos. (correto)
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (correto)

Pronomes Possessivos

São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa
possuída).
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular)

NÚMERO PESSOA PRONOME


singular primeira meu(s), minha(s)
singular segunda teu(s), tua(s)
singular terceira seu(s), sua(s)
plural primeira nosso(s), nossa(s)
plural segunda vosso(s), vossa(s)
plural terceira seu(s), sua(s)
Note que: A forma do possessivo depende da pessoa gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam com
o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele momento difícil.

20
LÍNGUA PORTUGUESA

Observações: No tempo:
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resul- Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se
tar da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, refere ao ano presente.
seu José. Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se
refere a um passado próximo.
2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele
posse. Podem ter outros empregos, como: está se referindo a um passado distante.
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
- Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 invariáveis, observe:
anos. Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
la(s).
Invariáveis: isto, isso, aquilo.
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
- Também aparecem como pronomes demonstrativos:
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
o pronome possessivo fica na 3ª pessoa: Vossa Excelência Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
trouxe sua mensagem? Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela
que te indiquei.)
4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi-
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e - mesmo(s), mesma(s): Estas são as mesmas pessoas
anotações. que o procuraram ontem.

5- Em algumas construções, os pronomes pessoais - próprio(s), própria(s): Os próprios alunos resolveram


oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir- o problema.
lhe os passos. (= Vou seguir seus passos.)
- semelhante(s): Não compre semelhante livro.
Pronomes Demonstrativos
- tal, tais: Tal era a solução para o problema.
Os pronomes demonstrativos são utilizados para ex-
plicitar a posição de uma certa palavra em relação a outras Note que:
ou ao contexto. Essa relação pode ocorrer em termos de - Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em
espaço, no tempo ou discurso. construções redundantes, com finalidade expressiva, para
salientar algum termo anterior. Por exemplo: Manuela, essa
No espaço: é que dera em cheio casando com o José Afonso. Desfrutar
Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o das belezas brasileiras, isso é que é sorte!
carro está perto da pessoa que fala.
Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o - O pronome demonstrativo neutro ou pode represen-
carro está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da tar um termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso
pessoa que fala. em que aparece, geralmente, como objeto direto, predi-
cativo ou aposto: O casamento seria um desastre. Todos o
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que
pressentiam.
o carro está afastado da pessoa que fala e daquela com
quem falo.
- Para evitar a repetição de um verbo anteriormente
expresso, é comum empregar-se, em tais casos, o verbo
Atenção: em situações de fala direta (tanto ao vivo fazer, chamado, então, verbo vicário (= que substitui, que
quanto por meio de correspondência, que é uma moda- faz as vezes de): Ninguém teve coragem de falar antes que
lidade escrita de fala), são particularmente importantes o ela o fizesse.
este e o esse - o primeiro localiza os seres em relação ao
emissor; o segundo, em relação ao destinatário. Trocá-los - Em frases como a seguinte, este se refere à pessoa
pode causar ambiguidade. mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em
Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar primeiro lugar: O referido deputado e o Dr. Alcides eram
informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da univer- amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. [ou então: este
sidade destinatária). solteiro, aquele casado]
Reafirmamos a disposição desta universidade em parti-
cipar no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universi- - O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
dade que envia a mensagem). irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?

21
LÍNGUA PORTUGUESA

- Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em Indefinidos Sistemáticos


com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta,
disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no Ao observar atentamente os pronomes indefinidos,
= naquilo) percebemos que existem alguns grupos que criam oposi-
ção de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm
Pronomes Indefinidos sentido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm
sentido negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade
São palavras que se referem à terceira pessoa do dis- afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade
curso, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando negativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e
quantidade indeterminada. algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza,
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém e qualquer, que generaliza.
-plantadas. Essas oposições de sentido são muito importantes na
construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa vezes dependem a solidez e a consistência dos argumen-
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma tos expostos. Observe nas frases seguintes a força que os
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu- pronomes indefinidos destacados imprimem às afirmações
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é des- de que fazem parte:
conhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em: Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu- prático.
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são
São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, nin- pessoas quaisquer.
guém, outrem, quem, tudo.
Algo o incomoda? Pronomes Relativos
Quem avisa amigo é.
São aqueles que representam nomes já mencionados
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade as orações subordinadas adjetivas.
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). O racismo é um sistema que afirma a superioridade de
Cada povo tem seus costumes. um grupo racial sobre outros.
Certas pessoas exercem várias profissões. (afirma a superioridade de um grupo racial sobre ou-
tros = oração subordinada adjetiva).
Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos, O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema”
ora pronomes indefinidos adjetivos: e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), “sistema” é antecedente do pronome relativo que.
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, O antecedente do pronome relativo pode ser o prono-
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, me demonstrativo o, a, os, as.
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), Não sei o que você está querendo dizer.
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
Menos palavras e mais ações. expresso.
Alguns se contentam pouco. Quem casa, quer casa.

Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va- Observe:


riáveis e invariáveis. Observe: Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
= algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, tanto, ou- quantas.
tro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, vária, Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, nenhuns,
todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos, algu- Note que:
mas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, ou- - O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego,
tras, quantas. sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser subs-
tituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, antecedente for um substantivo.
algo, cada. O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a
São locuções pronominais indefinidas: cada qual, qual)
cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que), Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= quais)
certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc. As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as
Cada um escolheu o vinho desejado. quais)

22
LÍNGUA PORTUGUESA

- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente Pronomes Interrogativos


pronomes relativos: por isso, são utilizados didaticamente
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que São usados na formulação de perguntas, sejam elas di-
podem ter várias classificações) são pronomes relativos. retas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
Todos eles são usados com referência à pessoa ou coisa referem- -se à 3ª pessoa do discurso de modo
por motivo de clareza ou depois de determinadas preposi- impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual
ções: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, (e variações), quanto (e variações).
o qual me deixou encantado. (O uso de “que”, neste caso, Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço.
geraria ambiguidade.) Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas preferes.
dúvidas? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.) Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quan-
- O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e tos passageiros desembarcaram.
se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou
Sobre os pronomes
de ser poeta, que era a sua vocação natural.
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função
- O pronome “cujo” não concorda com o seu antece-
de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo
dente, mas com o consequente. Equivale a do qual, da qual, quando desempenha função de complemento. Vamos en-
dos quais, das quais. tender, primeiramente, como o pronome pessoal surge na
Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas. frase e que função exerce. Observe as orações:
(antecedente) (consequente) 1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
- “Quanto” é pronome relativo quando tem por antece- lhe ajudar.
dente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo: Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele”
Emprestei tantos quantos foram necessários. exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
(antecedente) reto. Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe”
Ele fez tudo quanto havia falado. exercendo função de complemento, e, consequentemente,
(antecedente) é do caso oblíquo.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso,
- O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre o pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para
precedido de preposição. a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se
É um professor a quem muito devemos. devia ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe).
(preposição)
Importante: Em observação à segunda oração, o em-
- “Onde”, como pronome relativo, sempre possui an- prego do pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do ver-
tecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A bo intransitivo “ajudar” porque o pronome oblíquo pode
casa onde morava foi assaltada. estar antes, depois ou entre locução verbal, caso o verbo
principal (no caso “ajudar”) esteja no infinitivo ou gerúndio.
- Na indicação de tempo, deve-se empregar quando Eu desejo lhe perguntar algo.
ou em que. Eu estou perguntando-lhe algo.
Sinto saudades da época em que (quando) morávamos Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
no exterior.
diferentemente dos segundos que são sempre precedidos
de preposição.
- Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa-
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que
lavras: eu estava fazendo.
- como (= pelo qual): Não me parece correto o modo - Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim
como você agiu semana passada. o que eu estava fazendo.
- quando (= em que): Bons eram os tempos quando po-
díamos jogar videogame. Colocação Pronominal

- Os pronomes relativos permitem reunir duas orações A colocação pronominal é a posição que os prono-
numa só frase. mes pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação
O futebol é um esporte. ao verbo a que se referem. São pronomes oblíquos átonos:
O povo gosta muito deste esporte. me, te, se, o, os, a, as, lhe, lhes, nos e vos.
O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. O pronome oblíquo átono pode assumir três posições
na oração em relação ao verbo:
- Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode 1. próclise: pronome antes do verbo
ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de 2. ênclise: pronome depois do verbo
gente que conversava, (que) ria, (que) fumava. 3. mesóclise: pronome no meio do verbo

23
LÍNGUA PORTUGUESA

Próclise Mesóclise

A próclise é aplicada antes do verbo quando temos: A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado
- Palavras com sentido negativo: no futuro do presente ou no futuro do pretérito:
Nada me faz querer sair dessa cama. A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela
Não se trata de nenhuma novidade. se realizará)
Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma
- Advérbios: proposta a você)
Nesta casa se fala alemão.
Naquele dia me falaram que a professora não veio. Questões sobre Pronome

- Pronomes relativos: 01. (ESCREVENTE TJ SP – VUNESP/2012).


A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje. Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não
Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram. está claro até onde pode realmente chegar uma política ba-
- Pronomes indefinidos: seada em melhorar a eficiência sem preços adequados para
Quem me disse isso? o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a terra.
Todos se comoveram durante o discurso de despedida. É verdade que mesmo que a ameaça dos preços do carbono
e da água faça em si diferença, as companhias não podem
- Pronomes demonstrativos: suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dólares por
Isso me deixa muito feliz! tonelada de carbono, sem qualquer preparação. Portanto,
Aquilo me incentivou a mudar de atitude! elas começam a usar preços-sombra. Ainda assim, ninguém
encontrou até agora uma maneira de quantificar adequada-
- Preposição seguida de gerúndio: mente os insumos básicos. E sem eles a maioria das políticas
Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais de crescimento verde sempre será a segunda opção.
(Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado)
indicado à pesquisa escolar.
Os pronomes “elas” e “eles”, em destaque no texto, re-
- Conjunção subordinativa:
ferem- -se, respectivamente, a
Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram.
(A) dúvidas e preços.
(B) dúvidas e insumos básicos.
Ênclise
(C) companhias e insumos básicos.
(D) companhias e preços do carbono e da água.
A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta
(E) políticas de crescimento e preços adequados.
não aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos áto-
nos. A ênclise vai acontecer quando:
02. (AGENTE DE APOIO ADMINISTRATIVO – FCC –
- O verbo estiver no imperativo afirmativo: 2013- adap.). Fazendo-se as alterações necessárias, o tre-
Amem-se uns aos outros. cho grifado está corretamente substituído por um prono-
Sigam-me e não terão derrotas. me em:
A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-lo
- O verbo iniciar a oração: B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-
Diga-lhe que está tudo bem. lhes desalentado
Chamaram-me para ser sócio. C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem
de conhecê-lo?
- O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da pre- D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
posição “a”: parecia ser-lhe
Naquele instante os dois passaram a odiar-se. E) incomodaram o general... − incomodaram-no
Passaram a cumprimentar-se mutuamente.
03.(AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC – 2013-
- O verbo estiver no gerúndio: adap.). A substituição do elemento grifado pelo pronome
Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de despreo- correspondente, com os necessários ajustes, foi realizada
cupada. de modo INCORRETO em:
Despediu-se, beijando-me a face. A) mostrando o rio= mostrando-o.
B) como escolher sítio= como escolhê-lo.
- Houver vírgula ou pausa antes do verbo: C) transpor [...] as matas espessas= transpor-lhes.
Se passar no concurso em outra cidade, mudo-me no D) Às estreitas veredas[...] nada acrescentariam =
mesmo instante. nada lhes acrescentariam.
Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas. E) viu uma dessas marcas= viu uma delas.

24
LÍNGUA PORTUGUESA

04. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VUNESP – 2013). 09. (TRF 3ª REGIÃO- TÉCNICO JUDICIÁRIO - /2014)
Assinale a alternativa em que o pronome destacado está As sereias então devoravam impiedosamente os tripu-
posicionado de acordo com a norma-padrão da língua. lantes.
(A) Ela não lembrava-se do caminho de volta. ... ele conseguiu impedir a tripulação de perder a ca-
(B) A menina tinha distanciado-se muito da família. beça...
(C) A garota disse que perdeu-se dos pais. ... e fez de tudo para convencer os tripulantes...
(D) O pai alegrou-se ao encontrar a filha.
(E) Ninguém comprometeu-se a ajudar a criança. Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
grifados acima foram corretamente substituídos por um
05. (ESCREVENTE TJ SP – VUNESP 2011). Assinale a pronome, na ordem dada, em:
alternativa cujo emprego do pronome está em conformi- (A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
dade com a norma padrão da língua. (B) devoravam-lhe − impedi-las − convencer-lhes
(A) Não autorizam-nos a ler os comentários sigilosos. (C) devoravam-no − impedi-las − convencer-lhes
(B) Nos falaram que a diplomacia americana está aba- (D) devoravam-nos − impedir-lhe − convencê-los
lada. (E) devoravam-lhes − impedi-la − convencê-los
(C) Ninguém o informou sobre o caso WikiLeaks.
(D) Conformado, se rendeu às punições. 10. (AGENTE DE VIGILÂNCIA E RECEPÇÃo – VUNESP
(E) Todos querem que combata-se a corrupção. – 2013- adap.). No trecho, – Em ambos os casos, as câmeras
dos estabelecimentos felizmente comprovam os aconteci-
06. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL - VUNESP - 2013). mentos, e testemunhas vão ajudar a polícia na investiga-
Assinale a alternativa correta quanto à colocação pronomi- ção. – de acordo com a norma-padrão, os pronomes que
nal, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. substituem, corretamente, os termos em destaque são:
(A) Para que se evite perder objetos, recomenda-se A) os comprovam … ajudá-la.
que eles sejam sempre trazidos junto ao corpo. B) os comprovam …ajudar-la.
(B) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situa- C) os comprovam … ajudar-lhe.
ção de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida. D) lhes comprovam … ajudar-lhe.
(C) Nos sentimos impotentes quando não consegui- E) lhes comprovam … ajudá-la.
mos restituir um objeto à pessoa que o perdeu.
(D) O homem se indignou quando propuseram-lhe GABARITO
que abrisse a bolsa que encontrara.
(E) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma 01. C 02. E 03. C 04. D 05. C
tendência natural das pessoas em devolvê-los a seus do- 06. A 07. C 08. E 09. A 10. A
nos.
RESOLUÇÃO
07. (AGENTE DE APOIO OPERACIONAL – VUNESP –
2013). 1-)
Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produ- Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro,
tos______ não necessitam e______ tendo de pagar tudo______ não está claro até onde pode realmente chegar uma po-
prazo. lítica baseada em melhorar a eficiência sem preços ade-
Assinale a alternativa que preenche as lacunas, correta quados para o carbono, a água e (na maioria dos países
e respectivamente, considerando a norma culta da língua. pobres) a terra. É verdade que mesmo que a ameaça dos
A) a que … acaba … à preços do carbono e da água faça em si diferença, as com-
B) com que … acabam … à panhias não podem suportar ter de pagar, de repente, di-
C) de que … acabam … a gamos, 40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer
D) em que … acaba … a preparação. Portanto, elas começam a usar preços-som-
E) dos quais … acaba … à bra. Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma-
neira de quantificar adequadamente os insumos básicos.
08. (AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO – VUNESP E sem eles a maioria das políticas de crescimento verde
– 2013-adap.). Assinale a alternativa que substitui, correta e sempre será a segunda opção.
respectivamente, as lacunas do trecho.
______alguns anos, num programa de televisão, uma jo- 2-)
vem fazia referência______ violência______ o brasileiro estava A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-los
sujeito de forma cômica. B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-os
A) Fazem... a ... de que desalentado
B) Faz ...a ... que C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de
C) Fazem ...à ... com que conhecê-las ?
D) Faz ...à ... que D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
E) Faz ...à ... a que parecia sê-lo

25
LÍNGUA PORTUGUESA

3-) -lugares: Alemanha, Porto Alegre...


transpor [...] as matas espessas= transpô-las -sentimentos: raiva, amor...
-estados: alegria, tristeza...
4-) -qualidades: honestidade, sinceridade...
(A) Ela não se lembrava do caminho de volta. -ações: corrida, pescaria...
(B) A menina tinha se distanciado muito da família.
(C) A garota disse que se perdeu dos pais. Morfossintaxe do substantivo
(E) Ninguém se comprometeu a ajudar a criança
Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em
5-) geral exerce funções diretamente relacionadas com o ver-
(A) Não nos autorizam a ler os comentários sigilosos. bo: atua como núcleo do sujeito, dos complementos ver-
(B) Falaram-nos que a diplomacia americana está aba- bais (objeto direto ou indireto) e do agente da passiva.
lada. Pode ainda funcionar como núcleo do complemento no-
(D) Conformado, rendeu-se às punições.
minal ou do aposto, como núcleo do predicativo do sujeito,
(E) Todos querem que se combata a corrupção.
do objeto ou como núcleo do vocativo. Também encontra-
mos substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e
6-)
(B) O passageiro ao lado jamais se imaginou na situa- de adjuntos adverbiais - quando essas funções são desem-
ção de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida. penhadas por grupos de palavras.
(C) Sentimo-nos impotentes quando não conseguimos
restituir um objeto à pessoa que o perdeu. Classificação dos Substantivos
(D) O homem indignou-se quando lhe propuseram
que abrisse a bolsa que encontrara. 1- Substantivos Comuns e Próprios
(E) Em se tratando de objetos encontrados, há uma
tendência natural das pessoas em devolvê-los a seus do- Observe a definição: s.f. 1: Povoação maior que vila,
nos. com muitas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas
(no Brasil, toda a sede de município é cidade). 2. O centro de
7-) uma cidade (em oposição aos bairros).
Há pessoas que, mesmo sem condições, compram pro-
dutos de que não necessitam e acabam tendo de Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
pagar tudo a prazo. e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo
8-) comum.
Faz alguns anos, num programa de televisão, uma Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
jovem fazia referência à violência a que o brasileiro uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
estava sujeito de forma cômica. homem, mulher, país, cachorro.
Faz, no sentido de tempo passado = sempre no sin- Estamos voando para Barcelona.
gular
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es-
9-) pécie cidade. Esse substantivo é próprio. Substantivo Pró-
devoravam - verbo terminado em “m” = pronome prio: é aquele que designa os seres de uma mesma espécie
oblíquo no/na (fizeram-na, colocaram-no)
de forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
impedir - verbo transitivo direto = pede objeto direto;
“lhe” é para objeto indireto
2 - Substantivos Concretos e Abstratos
convencer - verbo transitivo direto = pede objeto dire-
to; “lhe” é para objeto indireto
(A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los LÂMPADA MALA

10-) Os substantivos lâmpada e mala designam seres com


– Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimen- existência própria, que são independentes de outros seres.
tos felizmente comprovam os acontecimentos, e testemu- São substantivos concretos.
nhas vão ajudar a polícia na investigação.
felizmente os comprovam ... ajudá-la Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que
(advérbio) existe, independentemente de outros seres.

Substantivo Obs.: os substantivos concretos designam seres do


mundo real e do mundo imaginário.
Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Subs- Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
tantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, as quais Brasília, etc.
denominam os seres. Além de objetos, pessoas e fenôme- Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas-
nos, os substantivos também nomeiam: ma, etc.

26
LÍNGUA PORTUGUESA

Observe agora:
Beleza exposta
Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual.

O substantivo beleza designa uma qualidade.

Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que dependem de outros para se manifestar ou existir.
Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou
coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser para se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo abstrato.
Os substantivos abstratos designam estados, qualidades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser abstraí-
dos, e sem os quais não podem existir: vida (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento).

3 - Substantivos Coletivos

Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra abelha, mais outra abelha.
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.

Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi necessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, mais
outra abelha...
No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural.
No terceiro caso, empregou-se um substantivo no singular (enxame) para designar um conjunto de seres da mesma
espécie (abelhas).
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mesmo estando no singular, designa um conjunto de seres da mes-
ma espécie.

Substantivo coletivo Conjunto de:


assembleia pessoas reunidas
alcateia lobos
acervo livros
antologia trechos literários selecionados
arquipélago ilhas
banda músicos
bando desordeiros ou malfeitores
banca examinadores
batalhão soldados
cardume peixes
caravana viajantes peregrinos
cacho frutas
cáfila camelos
cancioneiro canções, poesias líricas
colmeia abelhas
chusma gente, pessoas
concílio bispos
congresso parlamentares, cientistas.
elenco atores de uma peça ou filme
esquadra navios de guerra
enxoval roupas
falange soldados, anjos
fauna animais de uma região
feixe lenha, capim
flora vegetais de uma região
frota navios mercantes, ônibus
girândola fogos de artifício
horda bandidos, invasores
junta médicos, bois, credores, examinadores
júri jurados
legião soldados, anjos, demônios

27
LÍNGUA PORTUGUESA

leva presos, recrutas


malta malfeitores ou desordeiros
manada búfalos, bois, elefantes,
matilha cães de raça
molho chaves, verduras
multidão pessoas em geral
ninhada pintos
nuvem insetos (gafanhotos, mosquitos, etc.)
penca bananas, chaves
pinacoteca pinturas, quadros
quadrilha ladrões, bandidos
ramalhete flores
rebanho ovelhas
récua bestas de carga, cavalgadura
repertório peças teatrais, obras musicais
réstia alhos ou cebolas
romanceiro poesias narrativas
revoada pássaros
sínodo párocos
talha lenha
tropa muares, soldados
turma estudantes, trabalhadores
vara porcos

Formação dos Substantivos

Substantivos Simples e Compostos

Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra.


O substantivo chuva é formado por um único elemento ou radical. É um substantivo simples.

Substantivo Simples: é aquele formado por um único elemento.


Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois elemen-
tos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo.

Substantivos Primitivos e Derivados

Meu limão meu limoeiro,


meu pé de jacarandá...

O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de nenhum outro dentro de língua portuguesa.
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O substan-
tivo limoeiro é derivado, pois se originou a partir da palavra limão.
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de outra palavra.

Flexão dos substantivos

O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por exemplo,
pode sofrer variações para indicar:
Plural: meninos Feminino: menina
Aumentativo: meninão Diminutivo: menininho
Flexão de Gênero

Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar sexo real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há dois
gêneros: masculino e feminino. Pertencem ao gênero masculino os substantivos que podem vir precedidos dos artigos o,
os, um, uns. Veja estes títulos de filmes:

28
LÍNGUA PORTUGUESA

O velho e o mar - Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: côn-


Um Natal inesquecível sul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque
Os reis da praia - duquesa / conde - condessa / profeta - profetisa

Pertencem ao gênero feminino os substantivos que - Substantivos que formam o feminino trocando o -e
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas: final por -a: elefante - elefanta
A história sem fim
Uma cidade sem passado - Substantivos que têm radicais diferentes no masculi-
As tartarugas ninjas no e no feminino: bode – cabra / boi - vaca

Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes - Substantivos que formam o feminino de maneira es-
pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar no- czar – czarina réu - ré
mes de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está
relacionado ao sexo do ser, havendo, portanto, duas for- Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes
mas, uma para o masculino e outra para o feminino. Obser-
ve: gato – gata, homem – mulher, poeta – poetisa, prefeito Epicenos:
- prefeita Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.

Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso
uma única forma, que serve tanto para o masculino quanto ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma
para o feminino. Classificam-se em: para indicar o masculino e o feminino.
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
- Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos: a para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha-
mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver
cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré
a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras
fêmea.
macho e fêmea.
- Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pes-
A cobra macho picou o marinheiro.
soas: a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio,
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
o ídolo, o indivíduo.
- Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pes-
Sobrecomuns:
soas por meio do artigo: o colega e a colega, o doente e a
Entregue as crianças à natureza.
doente, o artista e a artista.
A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo mas-
Saiba que: Substantivos de origem grega terminados culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem
em ema ou oma, são masculinos: o fonema, o poema, o o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o
sistema, o sintoma, o teorema. sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
- Existem certos substantivos que, variando de gêne- A criança chorona chamava-se João.
ro, variam em seu significado: o rádio (aparelho receptor) A criança chorona chamava-se Maria.
e a rádio (estação emissora) o capital (dinheiro) e a capital
(cidade) Outros substantivos sobrecomuns:
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes criatura.
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
- Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno Marcela faleceu
- aluna.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao Comuns de Dois Gêneros:
masculino: freguês - freguesa Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
de três formas: Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma
- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme.
-troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona A distinção de gênero pode ser feita através da análise
Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti-
- sultana vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem
- uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran-
- Substantivos terminados em -or: cês - repórter francesa
- acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora - A palavra personagem é usada indistintamente nos
- troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz dois gêneros.

29
LÍNGUA PORTUGUESA

a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada (recipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente
preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens (vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade,
os personagens dos contos de carochinha. bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o femini- nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva
no: O problema está nas mulheres de mais idade, que não a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala
aceitam a personagem. (poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, antepa-
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo ro), o rádio (aparelho receptor), a rádio (estação emissora), o
fotográfico Ana Belmonte. voga (remador), a voga (moda, popularidade).
Observe o gênero dos substantivos seguintes:
Flexão de Número do Substantivo
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó
(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o Em português, há dois números gramaticais: o singular,
maracajá, o clã, o hosana, o herpes, o pijama, o suéter, o que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
soprano, o proclama, o pernoite, o púbis. indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica
do plural é o “s” final.
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a
cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido, Plural dos Substantivos Simples
a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
- São geralmente masculinos os substantivos de ori- “n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo- ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon
grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o - cânones.
telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o - Os substantivos terminados em “m” fazem o plural
eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o traco- em “ns”: homem - homens.
ma, o hematoma.
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu-
ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
Atenção: O plural de caráter é caracteres.
Gênero dos Nomes de Cidades
- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
Com raras exceções, nomes de cidades são femininos.
se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
A histórica Ouro Preto.
col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul
A dinâmica São Paulo.
e cônsules.
A acolhedora Porto Alegre.
Uma Londres imensa e triste. - Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. duas maneiras:
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
Gênero e Significação - Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
Muitos substantivos têm uma significação no masculi- Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas
no e outra no feminino. Observe: o baliza (soldado que, que maneiras: répteis ou reptis (pouco usada).
à frente da tropa, indica os movimentos que se deve realizar
em conjunto; o que vai à frente de um bloco carnavalesco, - Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
manejando um bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que duas maneiras:
marca um limite ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe), - Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
a cabeça (parte do corpo), o cisma (separação religiosa, dissi- acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
dência), a cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor - Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva-
cinzenta), a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinhei- riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
ro), a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma
(cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), - Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural
a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na de três maneiras.
administração da crisma e de outros sacramentos), a crisma - substituindo o -ão por -ões: ação - ações
(sacramento da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de - substituindo o -ão por -ães: cão - cães
curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície - substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
de vegetação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (docu-
mento, pena grande das asas das aves), o grama (unidade de - Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis:
peso), a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa o látex - os látex.

30
LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Substantivos Compostos Pese bem os prós e os contras.


O aluno errou na prova dos noves.
-A formação do plural dos substantivos compostos de- Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
pende da forma como são grafados, do tipo de palavras
que formam o composto e da relação que estabelecem en- Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou
tre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se “z” não variam no plural: Nas provas mensais consegui mui-
como os substantivos simples: aguardente/aguardentes, tos seis e alguns dez.
girassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malme-
queres. Plural dos Diminutivos
O plural dos substantivos compostos cujos elementos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final
discussões. Algumas orientações são dadas a seguir: e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
pãe(s) + zinhos = pãezinhos
- Flexionam-se os dois elementos, quando formados
animai(s) + zinhos = animaizinhos
de:
botõe(s) + zinhos = botõezinhos
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
feitos farói(s) + zinhos = faroizinhos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho- tren(s) + zinhos = trenzinhos
mens colhere(s) + zinhas = colherezinhas
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras flore(s) + zinhas = florezinhas
mão(s) + zinhas = mãozinhas
- Flexiona-se somente o segundo elemento, quando papéi(s) + zinhos = papeizinhos
formados de: nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas funi(s) + zinhos = funizinhos
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
alto- -falantes pai(s) + zinhos = paizinhos
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-re- pé(s) + zinhos = pezinhos
cos pé(s) + zitos = pezitos

- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando Plural dos Nomes Próprios Personativos
formados de:
substantivo + preposição clara + substantivo = água- Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
de-colônia e águas-de-colônia sempre que a terminação preste-se à flexão.
substantivo + preposição oculta + substantivo = cava- Os Napoleões também são derrotados.
lo-vapor e cavalos-vapor As Raquéis e Esteres.
substantivo + substantivo que funciona como deter-
minante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo Plural dos Substantivos Estrangeiros
do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba
-relógio - bombas-relógio, notícia-bomba - notícias-bomba, Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es-
homem-rã - homens-rã, peixe-espada - peixes-espada. critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exce-
to quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os
- Permanecem invariáveis, quando formados de:
jazz.
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa-
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acor-
ca-rolhas
do com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os
- Casos Especiais jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons,
o louva-a-deus e os louva-a-deus os réquiens.
o bem-te-vi e os bem-te-vis Observe o exemplo:
o bem-me-quer e os bem-me-queres Este jogador faz gols toda vez que joga.
o joão-ninguém e os joões-ninguém. O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.

Plural das Palavras Substantivadas Plural com Mudança de Timbre

As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras Certos substantivos formam o plural com mudança de
classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam, timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato
no plural, as flexões próprias dos substantivos. fonético chamado metafonia (plural metafônico).

31
LÍNGUA PORTUGUESA

Singular Plural Verbo

corpo (ô) corpos (ó) Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pessoa,
esforço esforços número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros
fogo fogos processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover);
forno fornos ocorrência (nascer); desejo (querer).
fosso fossos
imposto impostos O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não
olho olhos os seus possíveis significados. Observe que palavras como
osso (ô) ossos (ó) corrida, chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo
ovo ovos ao de alguns verbos mencionados acima; não apresentam,
poço poços porém, todas as possibilidades de flexão que esses verbos
porto portos possuem.
posto postos
tijolo tijolos Estrutura das Formas Verbais

Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol- Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc. apresentar os seguintes elementos:

- Radical: é a parte invariável, que expressa o significa-


Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne),
do essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am.
de molho (ó) = feixe (molho de lenha).
(radical fal-)
Particularidades sobre o Número dos Substantivos
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que in-
dica a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo:
- Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
fala-r
norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
São três as conjugações: 1ª - Vogal Temática - A - (fa-
- Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
lar), 2ª - Vogal Temática - E - (vender), 3ª - Vogal Temática
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
- I - (partir).
- Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade,
- Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
bom nome) e honras (homenagem, títulos). signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
- Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.)
com sentido de plural: falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.)
Aqui morreu muito negro.
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas - Desinência número-pessoal: é o elemento que de-
improvisadas. signa a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (sin-
gular ou plural):
Flexão de Grau do Substantivo falamos (indica a 1ª pessoa do plural.)
falavam (indica a 3ª pessoa do plural.)
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em: Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados
- Grau Normal - Indica um ser de tamanho considera- (compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação,
do normal. Por exemplo: casa pois a forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”,
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho apesar de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em
do ser. Classifica-se em: algumas formas do verbo: põe, pões, põem, etc.
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adje-
tivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande. Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
cador de aumento. Por exemplo: casarão. Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura
- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce-
do ser. Pode ser: bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, nutro, por
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena. exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi- no radical, mas sim na terminação verbal: opinei, aprende-
cador de diminuição. Por exemplo: casinha. rão, nutriríamos.

32
LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação dos Verbos * Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conju-
gam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do
Classificam-se em: plural.
A fruta amadureceu.
- Regulares: são aqueles que possuem as desinências As frutas amadureceram.
normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca alte-
rações no radical: canto cantei cantarei cantava Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como
cantasse. verbos pessoais na linguagem figurada: Teu irmão amadu-
receu bastante.
- Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca altera-
ções no radical ou nas desinências: faço fiz farei fi- Entre os unipessoais estão os verbos que significam
zesse. vozes de animais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodi-
lo, cacarejar: galinha, coaxar: sapo, cricrilar: grilo
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conju-
gação completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais Os principais verbos unipessoais são:
e pessoais: 1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser
* Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Nor- (preciso, necessário, etc.):
malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos
principais verbos impessoais são: bastante.)
** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali- Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
zar-se ou fazer (em orações temporais). É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram) 2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, segui-
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão) dos da conjunção que.
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz) Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de
fumar.)
** fazer, ser e estar (quando indicam tempo) Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo
Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil. Cláudia. (Sujeito: que não vejo Cláudia)
Era primavera quando a conheci.
Estava frio naquele dia. Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.
** Todos os verbos que indicam fenômenos da natu-
reza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, * Pessoais: não apresentam algumas flexões por moti-
amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, vos morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
“Amanheci mal- -humorado”, usa-se o verbo “ama-
nhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo impessoal, - verbo falir. Este verbo teria como formas do presente
empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal do indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o
para ser pessoal. que provavelmente causaria problemas de interpretação
Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu) em certos contextos.
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu) - verbo computar. Este verbo teria como formas do
presente do indicativo computo, computas, computa - for-
** São impessoais, ainda: mas de sonoridade considerada ofensiva por alguns ouvi-
1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando dos gramaticais. Essas razões muitas vezes não impedem o
tempo: Já passa das seis. uso efetivo de formas verbais repudiadas por alguns gra-
2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição máticos: exemplo disso é o próprio verbo computar, que,
de, indicando suficiência: Basta de tolices. Chega de blas- com o desenvolvimento e a popularização da informática,
fêmias. tem sido conjugado em todos os tempos, modos e pes-
3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está soas.
bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem re-
ferência a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda, - Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma
nesse caso, classificar o sujeito como hipotético, tornando- forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno
se, tais verbos, então, pessoais. costuma ocorrer no particípio, em que, além das formas re-
4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente gulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas
de “ser possível”. Por exemplo: formas curtas (particípio irregular). Observe:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uns trocados?

33
LÍNGUA PORTUGUESA

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Anexar Anexado Anexo
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Matar Matado Morto
Morrer Morrido Morto
Pegar Pegado Pego
Soltar Soltado Solto

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais,
ides, fui, foste, pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal,
quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar as moscas.
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora do debate.


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Os noivos foram cumprimentados por todos os presentes.


(verbo auxiliar) (verbo principal no particípio)

Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pretérito Imp. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

34
LÍNGUA PORTUGUESA

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imperf. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Pret.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


haja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

35
LÍNGUA PORTUGUESA

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Preté.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
Tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


Tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no
próprio sentido do verbo (reflexivos essenciais). Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já
está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula inte-
grante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia
reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem

- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto repre-
sentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em
geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados,
formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: Maria se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo:
Maria penteou-me.

Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.

36
LÍNGUA PORTUGUESA

- Há verbos que também são acompanhados de pro- Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em
nomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente curso; na forma composta, uma ação concluída. Por exem-
pronominais, são os verbos reflexivos. Nos verbos refle- plo:
xivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.
idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exem- Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.
plo:
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me - Particípio: quando não é empregado na formação
(objeto direto) - 1ª pessoa do singular dos tempos compostos, o particípio indica geralmente o
resultado de uma ação terminada, flexionando-se em gê-
Modos Verbais nero, número e grau. Por exemplo:
Terminados os exames, os candidatos saíram.
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas
pelo verbo na expressão de um fato. Em Português, exis- Quando o particípio exprime somente estado, sem
tem três modos: nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a
função de adjetivo (adjetivo verbal). Por exemplo: Ela foi a
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu aluna escolhida para representar a escola.
sempre estudo.
Tempos Verbais
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade:
Talvez eu estude amanhã. Tomando-se como referência o momento em que se
fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estuda tempos. Veja:
agora, menino.
1. Tempos do Indicativo
Formas Nominais
- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste
colégio.
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda for-
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido
mas que podem exercer funções de nomes (substantivo,
num momento anterior ao atual, mas que não foi comple-
adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas
tamente terminado: Ele estudava as lições quando foi inter-
nominais. Observe:
rompido.
- Infinitivo Impessoal: exprime a significação do ver-
- Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num
bo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função
momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado:
de substantivo. Por exemplo:
Ele estudou as lições ontem à noite.
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à) - Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato
ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já tinha es-
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presen- tudado as lições quando os amigos chegaram. (forma com-
te (forma simples) ou no passado (forma composta). Por posta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram.
exemplo: (forma simples).
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro. - Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve
ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento
- Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três atual: Ele estudará as lições amanhã.
pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do im- - Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode
pessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira: ocorrer posteriormente a um determinado fato passado:
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu) Se eu tivesse dinheiro, viajaria nas férias.
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós) 2. Tempos do Subjuntivo
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós)
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles) - Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no mo-
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma mento atual: É conveniente que estudes para o exame.
boa colocação. - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado,
mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele ven-
- Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo cesse o jogo.
ou advérbio. Por exemplo:
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de ad- Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas cons-
vérbio) truções em que se expressa a ideia de condição ou desejo.
Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do cam-
adjetivo) peonato.

37
LÍNGUA PORTUGUESA

- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à
loja, levará as encomendas.

Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª/2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

38
LÍNGUA PORTUGUESA

Futuro do Pretérito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).

1ª conjug. 2ª conjug. 3ª conju. Des. temporal Des.temporal Desinên. pessoal


1ª conj. 2ª/3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número
e pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e
pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM PartiREM R EM

39
LÍNGUA PORTUGUESA

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo


Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

Observações:

- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

Questões sobre Verbo

01. (AGENTE POLÍCIA - VUNESP 2013) Considere o trecho a seguir.


É comum que objetos ___________ esquecidos em locais públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as pes-
soas _____________ a atenção voltada para seus pertences, conservando-os junto ao corpo.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto.
(A) sejam … mantesse
(B) sejam … mantivessem
(C) sejam … mantém
(D) seja … mantivessem
(E) seja … mantêm

40
LÍNGUA PORTUGUESA

02. (MGS - TÉCNICO CONTÁBIL – IBFC/2017-adapta- (B) Não haverá prova do crime se o réu se manter em
da) silêncio.
Em “Assim, muitos casais têm quatro, seis, dez filhos”, (C) Vão pagar horas-extras aos que se disporem a tra-
nota--se que o acento do verbo em destaque deve-se a balhar no feriado.
uma exigência de concordância. Assinale a alternativa cor- (D) Ficarão surpresos quando o verem com a toga...
reta em relação ao emprego desse mesmo verbo. (E) Se você quer a promoção, é necessário que a reque-
a) No Brasil, a sociedade têm várias questões. ra a seu superior.
b) O jovem têm um grande desafio pela frente.
c) As pessoas tem muitos planos. 07. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL VUNESP 2013-adap.)
d) A mentira tem perna curta. Assinale a alternativa que substitui, corretamente e sem al-
terar o sentido da frase, a expressão destacada em – Se a
03. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013-adap.) Sem criança se perder, quem encontrá-la verá na pulseira ins-
querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de um truções para que envie uma mensagem eletrônica ao gru-
ser cujas interações sociais terminam, 99% das vezes, diante po ou acione o código na internet.
da pergunta “débito ou crédito?”. (A) Caso a criança se havia perdido…
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de (B) Caso a criança perdeu…
(A) considerar ao acaso, sem premeditação. (C) Caso a criança se perca…
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido (D) Caso a criança estivera perdida…
dela. (E) Caso a criança se perda…
(C) adotar como referência de qualidade.
(D) julgar de acordo com normas legais. 08. (AGENTE DE APOIO OPERACIONAL – VUNESP –
(E) classificar segundo ideias preconcebidas. 2013-adap.). Assinale a alternativa em que o verbo desta-
cado está no tempo futuro.
04. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013) Assinale a al- A) Os consumidores são assediados pelo marketing …
ternativa contendo a frase do texto na qual a expressão B) … somente eles podem decidir se irão ou não com-
verbal destacada exprime possibilidade. prar.
(A) ... o cientista Theodor Nelson sonhava com um sis- C) É como se abrissem em nós uma “caixa de neces-
tema capaz de disponibilizar um grande número de obras sidades”…
literárias... D) … de onde vem o produto…?
(B) Funcionando como um imenso sistema de informa- E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas…
ção e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme
arquivo virtual. 09. (AGERBA - TÉCNICO EM REGULAÇÃO – IBFC/
(C) Isso acarreta uma textualidade que funciona por 2017-adaptada)
associação, e não mais por sequências fixas previamente A flexão de alguns verbos, sobretudo os irregulares,
estabelecidas. pode causar confusão. O verbo “quis”, presente em “Minha
(D) Desde o surgimento da ideia de hipertexto, esse mãe sempre quis viajar” é um exemplo típico. Nesse sen-
conceito está ligado a uma nova concepção de textuali- tido, assinale a alternativa em que se indica INCORRETA-
dade... MENTE a sua flexão.
(E) Criou, então, o “Xanadu”, um projeto para disponi- a) queres – Presente do Indicativo.
bilizar toda a literatura do mundo... b) queria – Futuro do Pretérito do Indicativo.
c) quisera – Pretérito mais-que-perfeito do Indicativo.
05.(POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO d) queira – Presente do Subjuntivo.
SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) No trecho: “O e) quisesse – Pretérito Imperfeito do Subjuntivo.
crescimento econômico, se associado à ampliação do empre-
go, PODE melhorar o quadro aqui sumariamente descrito.”, 10. (AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA PENITEN-
se passarmos o verbo destacado para o futuro do pretérito CIÁRIA – VUNESP – 2013-adap.). Leia as frases a seguir.
do indicativo, teremos a forma: I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de ma-
A) puder. deira no animal.
B) poderia. II. Existiam muitos ferimentos no boi.
C) pôde. III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida
D) poderá. movimentada.
E) pudesse. Substituindo-se o verbo Haver pelo verbo Existir e este
pelo verbo Haver, nas frases, têm-se, respectivamente:
06. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013) Assinale a al- A) Existia – Haviam – Existiam
ternativa em que todos os verbos estão empregados de B) Existiam – Havia – Existiam
acordo com a norma- -padrão. C) Existiam – Haviam – Existiam
(A) Enviaram o texto, para que o revíssemos antes da D) Existiam – Havia – Existia
impressão definitiva. E) Existia – Havia – Existia

41
LÍNGUA PORTUGUESA

GABARITO C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessi-


dades”… = pretérito do Subjuntivo
01. B 02. D 03. E 04. B 05. B D) … de onde vem o produto…? = presente
06. A 07. C 08. B 09. B 10. D E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas… =
pretérito perfeito
RESOLUÇÃO
9-)
1-) Vamos aos itens:
É comum que objetos sejam esquecidos em locais a) queres – Presente do Indicativo = eu quero, tu que-
públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se res - correta.
as pessoas mantivessem a atenção voltada para seus b) queria – Futuro do Pretérito do Indicativo = eu que-
pertences, conservando-os junto ao corpo. reria, tu quererias, ele quereria - incorreta.
c) quisera – Pretérito mais-que-perfeito do Indicativo =
2-)
eu quisera, ele quisera – correta.
Analisemos:
d) queira – Presente do Subjuntivo = que eu queira,
a) No Brasil, a sociedade têm várias questões. = a so-
que tu queiras, que ele queira - correta
ciedade tem (verbo no singular)
b) O jovem têm um grande desafio pela frente. = o e) quisesse – Pretérito Imperfeito do Subjuntivo = se eu
jovem tem (verbo no singular) quisesse, se tu quisesses, se ele quisesse – correta.
c) As pessoas tem muitos planos. = as pessoas têm RESPOSTA: B
(verbo no plural)
d) A mentira tem perna curta. = correta 10-)
RESPOSTA: D I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de
madeira no animal.
3-) II. Existiam muitos ferimentos no boi.
Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata- III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida
se de um ser cujas interações sociais terminam, 99% das movimentada.
vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”. Haver – sentido de existir= invariável, impessoal;
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de existir = variável. Portanto, temos:
classificar segundo ideias preconcebidas. I – Existiam onze pessoas...
II – Havia muitos ferimentos...
4-) III – Existia muita gente...
(B) Funcionando como um imenso sistema de informa-
ção e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme Vozes do Verbo
arquivo virtual. = verbo no futuro do pretérito
Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo
5-) para indicar se o sujeito gramatical é agente ou paciente
Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do da ação. São três as vozes verbais:
Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós pode-
ríamos, vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração - Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a
é crescimento econômico (singular), portanto, terceira pes- ação expressa pelo verbo. Por exemplo:
soa do singular (ele) = poderia.
Ele fez o trabalho.
sujeito agente ação objeto
6-)
(paciente)
(B) Não haverá prova do crime se o réu se mantiver em
silêncio.
(C) Vão pagar horas-extras aos que se dispuserem a - Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a
trabalhar no feriado. ação expressa pelo verbo. Por exemplo:
(D) Ficarão surpresos quando o virem com a toga... O trabalho foi feito por ele.
(E) Se você quiser a promoção, é necessário que a re- sujeito paciente ação agente da pas-
queira a seu superior. siva

7-) - Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agen-


Caso a criança se perca…(perda = substantivo: Houve te e paciente, isto é, pratica e recebe a ação. Por exemplo:
uma grande perda salarial...) O menino feriu-se.

8-) Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com


A) Os consumidores são assediados pelo marketing = a noção de reciprocidade: Os lutadores feriram-se. (um ao
presente outro)

42
LÍNGUA PORTUGUESA

Formação da Voz Passiva Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva

A voz passiva pode ser formada por dois processos: Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar subs-
analítico e sintético. tancialmente o sentido da frase.
Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa)
1- Voz Passiva Analítica Sujeito da Ativa objeto Direto
Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particí-
pio do verbo principal. Por exemplo: A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Pas-
A escola será pintada. siva)
O trabalho é feito por ele. Sujeito da Passiva Agente da Passiva

Obs.: o agente da passiva geralmente é acompanhado Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o
da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a sujeito da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo
assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de solda-
Observe mais exemplos:
dos.
- Os mestres têm constantemente aconselhado os alu-
- Pode acontecer ainda que o agente da passiva não
nos.
esteja explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar mestres.
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transforma-
ção das frases seguintes: - Eu o acompanharei.
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo) Ele será acompanhado por mim.
O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indi-
cativo) Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado,
não haverá complemento agente na passiva. Por exemplo:
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo)
Saiba que:
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) - Aos verbos que não são ativos nem passivos ou refle-
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) xivos, são chamados neutros.
O vinho é bom.
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume Aqui chove muito.
o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa.
Observe a transformação da frase seguinte: - Há formas passivas com sentido ativo:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio) É chegada a hora. (= Chegou a hora.)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nas-
cido.)
Obs.: é menos frequente a construção da voz passi- És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou)
va analítica com outros verbos que podem eventualmente
funcionar como auxiliares. Por exemplo: A moça ficou mar- - Inversamente, usamos formas ativas com sentido
cada pela doença. passivo:
Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas)
Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado)
2- Voz Passiva Sintética
- Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido
A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com
cirúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o
o verbo na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE.
sujeito é paciente.
Por exemplo: Chamo-me Luís.
Abriram-se as inscrições para o concurso. Batizei-me na Igreja do Carmo.
Destruiu-se o velho prédio da escola. Operou-se de hérnia.
Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva Vacinaram-se contra a gripe.
sintética. Fonte:
Curiosidade: A palavra passivo possui a mesma raiz la- http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.
tina de paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacio- php
nam com o significado sofrimento, padecimento. Daí vem Questões sobre Vozes dos Verbos
o significado de voz passiva como sendo a voz que expres-
sa a ação sofrida pelo sujeito. Na voz passiva temos dois 01. (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMI-
elementos que nem sempre aparecem: SUJEITO PACIENTE NISTRAÇÃO – AOCP/2010) Em “Os dados foram divulgados
e AGENTE DA PASSIVA. ontem pelo Instituto Sou da Paz.”, a expressão destacada é

43
LÍNGUA PORTUGUESA

(A) adjunto adnominal. 07. (METRÔ/SP – TÉCNICO SISTEMAS METROVIÁRIOS


(B) sujeito paciente. CIVIL – FCC/2014 - ADAPTADA) ...’sertanejo’ indicava indis-
(C) objeto indireto. tintamente as músicas produzidas no interior do país...
(D) complemento nominal. Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a for-
(E) agente da passiva. ma verbal resultante será:
(A) vinham indicadas.
02. (FCC-COPERGÁS – AUXILIAR TÉCNICO ADMINIS- (B) era indicado.
TRATIVO - 2011) Um dia um tufão furibundo abateu-o pela (C) eram indicadas.
raiz. Transpondo- -se a frase acima para a voz passiva, (D) tinha indicado.
a forma verbal resultante será: (E) foi indicada.
(A) era abatido.
(B) fora abatido. 08. (GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO –
PROCON – AGENTE ADMINISTRATIVO – CEPERJ/2012 -
(C) abatera-se.
adaptada) Um exemplo de construção na voz passiva está
(D) foi abatido.
em:
(E) tinha abatido
(A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos”
(B) “o consumidor pode solicitar a devolução do di-
03. (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) nheiro”
... valores e princípios que sejam percebidos pela socie- (C) “enviar o brinquedo por sedex”
dade como tais. (D) “A empresa também é obrigada pelo Código de
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo pas- Defesa do Consumidor”
sará a ser, corretamente, (E) “A empresa fez campanha para recolher”
(A) perceba.
(B) foi percebido. 09. (METRÔ/SP –SECRETÁRIA PLENO – FCC/2010)
(C) tenham percebido. Transpondo-se para a voz passiva a construção Mais tarde
(D) devam perceber. vim a entender a tradução completa, a forma verbal resul-
(E) estava percebendo. tante será:
(A) veio a ser entendida.
04. (TJ/RJ – TÉCNICO DE ATIVIDADE JUDICIÁRIA SEM (B) teria entendido.
ESPECIALIDADE – FCC/2012) As ruas estavam ocupadas (C) fora entendida.
pela multidão... (D) terá sido entendida.
A forma verbal resultante da transposição da frase aci- (E) tê-la-ia entendido.
ma para a voz ativa é:
(A) ocupava-se. 10. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIONAL
(B) ocupavam. PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011 - ADAP-
(C) ocupou. TADA)
(D) ocupa. ... ele empreende, de maneira quase clandestina, a série
(E) ocupava. Mulheres.
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a for-
05. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) ma verbal resultante será:
(A) foi empreendida.
A frase que NÃO admite transposição para a voz passiva
(B) são empreendidos.
está em:
(C) foi empreendido.
(A) Quando Rodolfo surgiu...
(D) é empreendida.
(B) ... adquiriu as impressoras...
(E) são empreendidas.
(C) ... e sustentar, às vezes, família numerosa.
(D) ... acolheu-o como patrono. GABARITO
(E) ... que montou [...] a primeira grande folhetaria do
Recife ... 01. E 02. D 03. A 04. E 05. A
06. B 07. C 08. D 09. A 10. D
06. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
FCC/2010) O engajamento moral e político não chegou a RESOLUÇÃO
constituir um deslocamento da atenção intelectual de Said ...
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a for- 1-)
ma verbal resultante é: No enunciado temos uma oração com a voz passiva
a) se constituiu. do verbo. Transformando-a em ativa, teremos: “O Instituto
b) chegou a ser constituído. Sou da Paz divulgou dados”. Nessa, “Instituto Sou da Paz”
c) teria chegado a constituir. funciona como sujeito da oração, ou seja, na passiva sua
d) chega a se constituir. função é a de agente da passiva. O sujeito paciente é “os
e) chegaria a ser constituído. dados”.

44
LÍNGUA PORTUGUESA

2-) No português, para verificar se um verbo sofre altera-


Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. = Ele ções, basta conjugá-lo no presente e no pretérito perfeito
foi abatido... do indicativo. Ex: faço – fiz, trago – trouxe, posso - pude.
Não é considerada irregularidade a alteração gráfica
3-) do radical de certos verbos para conservação da regulari-
... valores e princípios que sejam percebidos pela so- dade fônica. Ex: embarcar – embarco, fingir – finjo.
ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te-
remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e Exemplo de conjugação do verbo “dar” no presente do
princípios... indicativo:
Eu dou
4-) Tu dás
As ruas estavam ocupadas pela multidão = dois verbos Ele dá
na passiva, um verbo na ativa:
Nós damos
A multidão ocupava as ruas.
Vós dais
Eles dão
5-)
B = as impressoras foram adquiridas...
Percebe-se que há alteração do radical, afastando-se
C = família numerosa é sustentada...
D – foi acolhido como patrono... do original “dar” durante a conjugação, sendo considerado
E – a primeira grande folhetaria do Recife foi montada... verbo irregular.

6-) Exemplo: Conjugação do verbo valer:


O engajamento moral e político não chegou a consti-
tuir um deslocamento da atenção intelectual de Said = dois
verbos na voz ativa, mas com presença de preposição e, Modo Indicativo
um deles, no infinitivo, então o verbo auxiliar “ser” ficará no
infinitivo (na voz passiva) e o verbo principal (constituir) fi- Presente
cará no particípio: Um deslocamento da atenção intelectual eu valho
de Said não chegou a ser constituído pelo engajamento... tu vales
ele vale
7-) nós valemos
’sertanejo’ indicava indistintamente as músicas produ- vós valeis
zidas no interior do país. eles valem
As músicas produzidas no país eram indicadas pelo
sertanejo, indistintamente. Pretérito Perfeito do Indicativo
eu vali
8-) tu valeste
(A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos” = voz ativa ele valeu
(B) “o consumidor pode solicitar a devolução do di- nós valemos
nheiro” = voz ativa vós valestes
(C) “enviar o brinquedo por sedex” = voz ativa eles valeram
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de
Defesa do Consumidor” = voz passiva
Pretérito Imperfeito do Indicativo
(E) “A empresa fez campanha para recolher” = voz ativa
eu valia
tu valias
9-)
ele valia
Mais tarde vim a entender a tradução completa...
A tradução completa veio a ser entendida por mim. nós valíamos
vós valíeis
10-) eles valiam
ele empreende, de maneira quase clandestina, a série
Mulheres. Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo
A série de mulheres é empreendida por ele, de maneira eu valera
quase clandestina. tu valeras
ele valera
Verbos irregulares são verbos que sofrem alterações nós valêramos
em seu radical ou em suas desinências, afastando-se do vós valêreis
modelo a que pertencem. eles valeram

45
LÍNGUA PORTUGUESA

Futuro do Presente do Indicativo valham eles


eu valerei Imperativo Negativo
tu valerás --
ele valerá não valhas tu
nós valeremos não valha ele
vós valereis não valhamos nós
eles valerão não valhais vós
não valham eles
Futuro do Pretérito do Indicativo
eu valeria Infinitivo
tu valerias
ele valeria Infinitivo Pessoal
nós valeríamos por valer eu
vós valeríeis por valeres tu
eles valeriam por valer ele
por valermos nós
Mais-que-perfeito Composto do Indicativo por valerdes vós
eu tinha valido por valerem eles
tu tinhas valido
ele tinha valido Infinitivo Impessoal = valer
nós tínhamos valido Particípio = Valido
vós tínheis valido
eles tinham valido Acompanhe abaixo uma lista com os principais verbos
irregulares:
Gerúndio do verbo valer = valendo
Dizer
Modo Subjuntivo Presente do indicativo: Digo, dizes, diz, dizemos, di-
Presente zeis, dizem.
que eu valha
que tu valhas Pretérito perfeito do indicativo: Disse, disseste, disse,
que ele valha dissemos, dissestes, disseram.
que nós valhamos
que vós valhais Futuro do presente do indicativo: Direi, dirás, dirá,
que eles valham diremos, direis, dirão.
Fazer
Pretérito Imperfeito do Subjuntivo Presente do indicativo: Faço, fazes, faz, fazemos, fa-
se eu valesse zeis, fazem.
se tu valesses
se ele valesse Pretérito perfeito do indicativo: Fiz, fizeste, fez, fize-
se nós valêssemos mos, fizestes, fizeram.
se vós valêsseis
se eles valessem Futuro do presente do indicativo: Farei, farás, fará,
faremos, fareis, farão.
Futuro do Subjuntivo
quando eu valer Ir
quando tu valeres Presente do indicativo: Vou, vais, vai, vamos, ides, vão.
quando ele valer
quando nós valermos Pretérito perfeito do indicativo: Fui, foste, foi, fomos,
quando vós valerdes fostes, foram.
quando eles valerem
Futuro do presente do indicativo: Irei, irás, irá, ire-
Imperativo mos, ireis, irão.

Imperativo Afirmativo Futuro do subjuntivo: For, fores, for, formos, fordes,


-- forem.
vale tu
valha ele Querer
valhamos nós Presente do indicativo: Quero, queres, quer, queremos,
valei vós quereis, querem.

46
LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito perfeito do indicativo: Quis, quiseste, quis, Observação:


quisemos, quisestes, quiseram. - No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto
adnominal no plural, o verbo permanecerá no singular ou
Presente do subjuntivo: Queira, queiras, queira, quei- poderá ir para o plural:
ramos, queirais, queiram. Uma multidão de pessoas saiu aos gritos.
Uma multidão de pessoas saíram aos gritos.
Ver
Presente do indicativo: Vejo, vês, vê, vemos, vedes, 3) Quando o sujeito é representado por expressões
veem. partitivas, representadas por “a maioria de, a maior parte
de, a metade de, uma porção de” entre outras, o verbo tanto
Pretérito perfeito do indicativo: Vi, viste, viu, vimos, pode concordar com o núcleo dessas expressões quanto
vistes, viram. com o substantivo que a segue: A maioria dos alunos resol-
veu ficar. A maioria dos alunos resolveram ficar.
Futuro do presente do indicativo:Verei, verás, verá,
veremos, vereis, verão. 4) No caso de o sujeito ser representado por expres-
sões aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”,
Futuro do subjuntivo: Vir, vires, vir, virmos, virdes, vi- o verbo concorda com o substantivo determinado por elas:
rem. Cerca de mil candidatos se inscreveram no concurso.

Vir 5) Em casos em que o sujeito é representado pela ex-


Presente do indicativo: Venho, vens, vem, vimos, vin- pressão “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais
des, vêm. de um candidato se inscreveu no concurso de piadas.
Observação:
Pretérito perfeito do indicativo: Vim, vieste, veio, vie- - No caso da referida expressão aparecer repetida ou
mos, viestes, vieram. associada a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo,
necessariamente, deverá permanecer no plural:
Futuro do presente do indicativo: Virei, virás, virá, vi- Mais de um aluno, mais de um professor contribuíram
na campanha de doação de alimentos.
remos, vireis, virão.
Mais de um formando se abraçaram durante as soleni-
dades de formatura.
Futuro do subjuntivo: Vier, vieres, vier, viermos, vier-
des, vierem.
6) Quando o sujeito for composto da expressão “um
dos que”, o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi
CONCORDÂNCIA
um dos que atuaram na Copa América.
Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos
7) Em casos relativos à concordância com locuções
nos referindo à relação de dependência estabelecida entre
pronominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
um termo e outro mediante um contexto oracional. Desta
quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário
feita, os agentes principais desse processo são representa-
nos atermos a duas questões básicas:
dos pelo sujeito, que no caso funciona como subordinante;
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no
e o verbo, o qual desempenha a função de subordinado.
plural, o verbo poderá com ele concordar, como poderá
Dessa forma, temos que a concordância verbal carac- também concordar com o pronome pessoal: Alguns de nós
teriza-se pela adaptação do verbo, tendo em vista os que- o receberemos. / Alguns de nós o receberão.
sitos “número e pessoa” em relação ao sujeito. Exemplifi- - Quando o primeiro pronome da locução estiver ex-
cando, temos: O aluno chegou atrasado. Temos que o verbo presso no singular, o verbo permanecerá, também, no sin-
apresenta-se na terceira pessoa do singular, pois faz refe- gular: Algum de nós o receberá.
rência a um sujeito, assim também expresso (ele). Como
poderíamos também dizer: os alunos chegaram atrasados. 8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo
pronome “quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa
Casos referentes a sujeito simples do singular ou poderá concordar com o antecedente desse
pronome: Fomos nós quem contou toda a verdade para
1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com ela. / Fomos nós quem contamos toda a verdade para ela.
o núcleo em número e pessoa: O aluno chegou atrasado.
9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela
2) Nos casos referentes a sujeito representado por palavra “que”, o verbo deverá concordar com o termo que
substantivo coletivo, o verbo permanece na terceira pes- antecede essa palavra: Nesta empresa somos nós que toma-
soa do singular: A multidão, apavorada, saiu aos gritos. mos as decisões. / Em casa sou eu que decido tudo.

47
LÍNGUA PORTUGUESA

10) No caso de o sujeito aparecer representado por ex- 5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinô-
pressões que indicam porcentagens, o verbo concordará nimas ou ordenado por elementos em gradação, o verbo
com o numeral ou com o substantivo a que se refere essa poderá permanecer no singular ou ir para o plural: Minha
porcentagem: 50% dos funcionários aprovaram a decisão vitória, minha conquista, minha premiação são frutos de
da diretoria. / 50% do eleitorado apoiou a decisão. meu esforço. / Minha vitória, minha conquista, minha pre-
miação é fruto de meu esforço.
Observações:
- Caso o verbo apareça anteposto à expressão de por-
centagem, esse deverá concordar com o numeral: Aprova- Concordância nominal é o ajuste que fazemos aos
ram a decisão da diretoria 50% dos funcionários. demais termos da oração para que concordem em gênero
- Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no sin- e número com o substantivo. Teremos que alterar, portan-
gular: 1% dos funcionários não aprovou a decisão da dire- to, o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso,
toria. temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira.
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o prono-
determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural: me concordam em gênero e número com o substantivo.
Os 50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria. - A pequena criança é uma gracinha.
- O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
11) Nos casos em que o sujeito estiver representado
por pronomes de tratamento, o verbo deverá ser empre-
gado na terceira pessoa do singular ou do plural: Vossas Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à
Majestades gostaram das homenagens. Vossa Majestade regra geral mostrada acima.
agradeceu o convite. a) Um adjetivo após vários substantivos
- Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o
12) Casos relativos a sujeito representado por substan- plural ou concorda com o substantivo mais próximo.
tivo próprio no plural se encontram relacionados a alguns - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
aspectos que os determinam: - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do ver-
bo ser, este permanece no singular, contanto que o predi- - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural
cativo também esteja no singular: Memórias póstumas de masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.
Brás Cubas é uma criação de Machado de Assis.
- Ela tem pai e mãe louros.
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo tam-
bém permanece no plural: Os Estados Unidos são uma po- - Ela tem pai e mãe loura.
tência mundial.
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoria-
ele nem aparece, o verbo permanece no singular: Estados mente para o plural.
Unidos é uma potência mundial. - O homem e o menino estavam perdidos.
- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.
Casos referentes a sujeito composto
b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos
1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas - Adjetivo anteposto normalmente concorda com o
gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, es-
mais próximo.
tando relacionado a dois pressupostos básicos:
Comi delicioso almoço e sobremesa.
- Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as
demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio. Provei deliciosa fruta e suco.
- Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexio-
nar na 2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. Tu e ele são - Adjetivo anteposto funcionando como predicativo:
primos. concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
Estavam feridos o pai e os filhos.
2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer an- Estava ferido o pai e os filhos.
teposto ao verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus
dois filhos compareceram ao evento. c) Um substantivo e mais de um adjetivo
- antecede todos os adjetivos com um artigo.
3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao ver-
Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
bo, este poderá concordar com o núcleo mais próximo ou
permanecer no plural: Compareceram ao evento o pai e seus
dois filhos. Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos. - coloca o substantivo no plural.
Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola.
4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém
com mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no d) Pronomes de tratamento
singular: Meu esposo e grande companheiro merece toda a - sempre concordam com a 3ª pessoa.
felicidade do mundo. Vossa Santidade esteve no Brasil.

48
LÍNGUA PORTUGUESA

e) Anexo, incluso, próprio, obrigado m) Meio


- Concordam com o substantivo a que se referem. - Como advérbio: invariável.
As cartas estão anexas. Estou meio (um pouco) insegura.
A bebida está inclusa.
Precisamos de nomes próprios. - Como numeral: segue a regra geral.
Obrigado, disse o rapaz. Comi meia (metade) laranja pela manhã.

f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a) n) Só


- Após essas expressões o substantivo fica sempre no - apenas, somente (advérbio): invariável.
singular e o adjetivo no plural. Só consegui comprar uma passagem.
Renato advogou um e outro caso fáceis.
Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe. - sozinho (adjetivo): variável.
Estiveram sós durante horas.
g) É bom, é necessário, é proibido
- Essas expressões não variam se o sujeito não vier pre- Fonte:
cedido de artigo ou outro determinante. http://www.brasilescola.com/gramatica/concordancia-
Canja é bom. / A canja é boa. verbal.htm
É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A en- Questões sobre Concordância Nominal e Verbal
trada é proibida.
h) Muito, pouco, caro 01.(TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A con-
- Como adjetivos: seguem a regra geral. cordância verbal e nominal está inteiramente correta na
Comi muitas frutas durante a viagem. frase:
Pouco arroz é suficiente para mim. (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e va-
Os sapatos estavam caros. lores que determinam as escolhas dos governantes, para
conferir legitimidade a suas decisões.
- Como advérbios: são invariáveis. (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de-
Comi muito durante a viagem. vem ser embasados na percepção dos valores e princípios
Pouco lutei, por isso perdi a batalha. que regem a prática política.
Comprei caro os sapatos. (C) Eleições livres e diretas é garantia de um verdadei-
ro regime democrático, em que se respeita tanto as liber-
i) Mesmo, bastante dades individuais quanto as coletivas.
- Como advérbios: invariáveis (D) As instituições fundamentais de um regime demo-
Preciso mesmo da sua ajuda. crático não pode estar subordinado às ordens indiscrimi-
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego. nadas de um único poder central.
(E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados
- Como pronomes: seguem a regra geral. para o momento eleitoral, que expõem as diferentes opi-
Seus argumentos foram bastantes para me convencer. niões existentes na sociedade.
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.
j) Menos, alerta 02. (Agente Técnico – FCC – 2013). As normas de con-
- Em todas as ocasiões são invariáveis. cordância verbal e nominal estão inteiramente respeitadas
Preciso de menos comida para perder peso. em:
Estamos alerta para com suas chamadas. A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa
leitura, que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimo-
k) Tal Qual ramento intelectual, estão na capacidade de criação do au-
- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda tor, mediante palavras, sua matéria-prima.
com o consequente. B) Obras que se considera clássicas na literatura sem-
As garotas são vaidosas tais qual a tia. pre delineia novos caminhos, pois é capaz de encantar o
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos. leitor ao ultrapassar os limites da época em que vivem seus
autores, gênios no domínio das palavras, sua matéria-pri-
l) Possível ma.
- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “me- C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas,
lhor” ou “pior”, acompanha o artigo que precede as ex- lhe permitem criar todo um mundo de ficção, em que per-
pressões. sonagens se transformam em seres vivos a acompanhar os
A mais possível das alternativas é a que você expôs. leitores, numa verdadeira interação com a realidade.
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da em- D) As possibilidades de comunicação entre autor e lei-
presa. tor somente se realiza plenamente caso haja afinidade de
As piores situações possíveis são encontradas nas fave- ideias entre ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o
las da cidade. crescimento intelectual deste último e o prazer da leitura.

49
LÍNGUA PORTUGUESA

E) Consta, na literatura mundial, obras-primas que Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases I e
constitui leitura obrigatória e se tornam referências por seu II, a concordância segue as mesmas regras, na ordem dos
conteúdo que ultrapassa os limites de tempo e de época. exemplos, em:
(A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o
03. (Escrevente TJ-SP – Vunesp/2012) Leia o texto para próximo ano. Será que alguém tem opinião diferente da
responder à questão. maioria?
_________dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, (B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas juninas.
não está claro até onde pode realmente chegar uma políti- Vêm pessoas de muito longe para brincar de quadrilha.
ca baseada em melhorar a eficiência sem preços adequados (C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. Quase
para o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a todos quiseram ficar até o nascer do sol na praia.
terra. É verdade que mesmo que a ameaça dos preços do (D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, mas
carbono e da água em si ___________diferença, as compa- também existem umas que não merecem nossa atenção.
nhias não podem suportar ter de pagar, de repente, digamos, (E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam.
40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer prepara-
ção. Portanto, elas começam a usar preços- -sombra. 06. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira Os folheteiros vivem em feiras, mercados, praças e locais de
de quantificar adequadamente os insumos básicos. E sem peregrinação.
eles a maioria das políticas de crescimento verde sempre O verbo da frase acima NÃO pode ser mantido no plu-
___________ a segunda opção. ral caso o segmento grifado seja substituído por:
(Carta Capital, (A) Há folheteiros que
27.06.2012. Adaptado) (B) A maior parte dos folheteiros
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, (C) O folheteiro e sua família
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e res- (D) O grosso dos folheteiros
pectivamente, com: (E) Cada um dos folheteiros
(A) Restam… faça… será
07. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
(B) Resta… faz… será
Todas as formas verbais estão corretamente flexionadas
(C) Restam… faz... serão
em:
(D) Restam… façam… serão
(A) Enquanto não se disporem a considerar o cordel
(E) Resta… fazem… será
sem preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir
dessas criações poéticas tão originais.
04 (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Assinale a alterna-
(B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status
tiva em que o trecho
atribuído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje
– Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma- nas melhores universidades do país.
neira de quantificar adequadamente os insumos básicos.– (C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que
está corretamente reescrito, de acordo com a norma-pa- a situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles
drão da língua portuguesa. mesmos requizessem o respeito que faziam por merecer.
(A) Ainda assim, temos certeza que ninguém encon- (D) Se não proveem do preconceito, a desvalorização e
trou até agora uma maneira adequada de se quantificar os a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode ser
insumos básicos. resultado do puro e simples desconhecimento.
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- (E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu que os proble-
trou até agora uma maneira adequada de os insumos bási- mas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta de
cos ser quantificados. representatividade.
(C) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou
até agora uma maneira adequada para que os insumos bá- 08. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
sicos sejam quantificado. FCC/2010) Observam-se corretamente as regras de con-
(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- cordância verbal e nominal em:
trou até agora uma maneira adequada para que os insu- a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como
mos básicos seja quantificado. entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofistica-
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- das às mais humildes, são cada vez mais comuns nos dias
trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem de hoje.
os insumos básicos. b) A importância de intelectuais como Edward Said e
Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões
05. (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINISTRATIVO polêmicas de seu tempo, não estão apenas nos livros que
- VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as frases do texto: escreveram.
I. Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota nega- c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre
tiva... árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto so-
II. ... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior classi- frimento, estejam próximos de serem resolvidos ou pelo
ficação do continente americano (2,0)... menos de terem alguma trégua.

50
LÍNGUA PORTUGUESA

d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a (E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol-
verdade, ainda que conscientes de que esta é até certo tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex-
ponto relativa, costumam encontrar muito mais detratores põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade.
que admiradores.
e) No final do século XX já não se via muitos intelec- 2-)
tuais e escritores como Edward Said, que não apenas era A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa
notícia pelos livros que publicavam como pelas posições leitura, que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimo-
que corajosamente assumiam. ramento intelectual, estão na capacidade de criação do au-
tor, mediante palavras, sua matéria-prima. = correta
09. (TRF - 2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) B) Obras que se consideram clássicas na literatura sem-
O verbo que, dadas as alterações entre parênteses propos- pre delineiam novos caminhos, pois são capazes de encan-
tas para o segmento grifado, deverá ser colocado no plural, tar o leitor ao ultrapassarem os limites da época em que
está em: vivem seus autores, gênios no domínio das palavras, sua
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) matéria-prima.
(B) O que não se sabe... (ninguém nas regiões do pla- C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas,
neta) lhes permite criar todo um mundo de ficção, em que per-
(C) O consumo mundial não dá sinal de trégua... (O sonagens se transformam em seres vivos a acompanhar os
consumo mundial de barris de petróleo) leitores, numa verdadeira interação com a realidade.
(D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se D) As possibilidades de comunicação entre autor e lei-
no custo da matéria-prima... (Constantes aumentos) tor somente se realizam plenamente caso haja afinidade
(E) o tema das mudanças climáticas pressiona os es- de ideias entre ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o
forços mundiais... (a preocupação em torno das mudanças crescimento intelectual deste último e o prazer da leitura.
climáticas) E) Constam, na literatura mundial, obras-primas que
constituem leitura obrigatória e se tornam referências por
10. (CETESB/SP – ESCRITURÁRIO - VUNESP/2013) Assi- seu conteúdo que ultrapassa os limites de tempo e de épo-
nale a alternativa em que a concordância das formas ver- ca.
bais destacadas está de acordo com a norma-padrão da 3-) _Restam___dúvidas
língua. mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da
(A) Fazem dez anos que deixei de trabalhar em higie- água em si __faça __diferença
nização subterrânea. a maioria das políticas de crescimento verde sempre
(B) Ainda existe muitas pessoas que discriminam os ____será_____ a segunda opção.
trabalhadores da área de limpeza. Em “a maioria de”, a concordância pode ser dupla: tan-
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos to no plural quanto no singular. Nas alternativas não há
riscos de se contrair alguma doença. “restam/faça/serão”, portanto a A é que apresenta as op-
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era ções adequadas.
sete da manhã, eu já estava fazendo meu serviço.
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, 4-)
começou a adotar medidas mais rigorosas para a proteção (A) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
de seus funcionários. trou até agora uma maneira adequada de se quantificar os
insumos básicos.
GABARITO (B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
trou até agora uma maneira adequada de os insumos bási-
01. A 02. A 03. A 04. E 05. A cos serem quantificados.
06. E 07. |B 08. D 09. D 10. C (C) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
trou até agora uma maneira adequada para que os insu-
RESOLUÇÃO mos básicos sejam quantificados.
(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
1-) Fiz os acertos entre parênteses: trou até agora uma maneira adequada para que os insu-
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e va- mos básicos sejam quantificados.
lores que determinam as escolhas dos governantes, para (E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
conferir legitimidade a suas decisões. trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de- os insumos básicos. = correta
vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos
valores e princípios que regem a prática política. 5-) Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos
(C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver- aos itens:
dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei- (A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém
tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas. tem (singular)
(D) As instituições fundamentais de um regime demo- (B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural)
crático não pode (podem) estar subordinado (subordina- (C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quise-
das) às ordens indiscriminadas de um único poder central. ram (plural)

51
LÍNGUA PORTUGUESA

(D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem (C) O consumo mundial não dá sinal de trégua ... (O
umas (plural) consumo mundial de barris de petróleo) = “dá” permane-
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas ceria no singular
as formas estão no plural) (D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se
no custo da matéria-prima... Constantes aumentos) = “re-
6-) flete” passaria para “refletem-se”
A - Há folheteiros que vivem (concorda com o objeto (E) o tema das mudanças climáticas pressiona os es-
“folheterios”) forços mundiais... (a preocupação em torno das mudanças
B – A maior parte dos folheteiros vivem/vive (opcional) climáticas) = “pressiona” permaneceria no singular
C – O folheteiro e sua família vivem (sujeito composto)
D – O grosso dos folheteiros vive/vivem (opcional)
10-) Fiz as correções:
E – Cada um dos folheteiros vive = somente no singular
(A) Fazem dez anos = faz (sentido de tempo = singular)
7-) Coloquei entre parênteses a forma verbal correta: (B) Ainda existe muitas pessoas = existem
(A) Enquanto não se disporem (dispuserem) a conside- (C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos
rar o cordel sem preconceitos, as pessoas não serão capa- riscos
zes de fruir dessas criações poéticas tão originais. (D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era
(B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status sete da manhã = eram
atribuído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje (E) As companhias de limpeza, apenas recentemente,
nas melhores universidades do país. começou = começaram
(C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que
a situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles
mesmos requizessem (requeressem) o respeito que faziam REGÊNCIA
por merecer.
(D) Se não proveem (provêm) do preconceito, a desva- Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
lorização e a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica que ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus comple-
só pode (podem) ser resultado do puro e simples desco- mentos. Ocupa-se em estabelecer relações entre as pala-
nhecimento. vras, criando frases não ambíguas, que expressem efetiva-
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu (entreviu) que
mente o sentido desejado, que sejam corretas e claras.
os problemas dos cordelistas estavam diretamente ligados
à falta de representatividade.
Regência Verbal
8-) Fiz as correções entre parênteses:
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como Termo Regente: VERBO
entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofis-
ticadas às mais humildes, são (é) cada vez mais comuns A regência verbal estuda a relação que se estabelece
(comum) nos dias de hoje. entre os verbos e os termos que os complementam (obje-
b) A importância de intelectuais como Edward Said e tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos
Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões adverbiais).
polêmicas de seu tempo, não estão (está) apenas nos livros O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nos-
que escreveram. sa capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio en- conhecermos as diversas significações que um verbo pode
tre árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto assumir com a simples mudança ou retirada de uma pre-
sofrimento, estejam (esteja) próximos (próximo) de serem posição. Observe:
(ser) resolvidos (resolvido) ou pelo menos de terem (ter) A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar,
alguma trégua. contentar.
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar
verdade, ainda que conscientes de que esta é até certo
agrado ou prazer”, satisfazer.
ponto relativa, costumam encontrar muito mais detratores
Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
que admiradores.
e) No final do século XX já não se via (viam) muitos “agradar a alguém”.
intelectuais e escritores como Edward Said, que não apenas
era (eram) notícia pelos livros que publicavam como pelas Saiba que:
posições que corajosamente assumiam. O conhecimento do uso adequado das preposições é
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência ver-
9-) bal (e também nominal). As preposições são capazes de
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) = modificar completamente o sentido do que se está sendo
“há” permaneceria no singular dito. Veja os exemplos:
(B) O que não se sabe ... (ninguém nas regiões do pla- Cheguei ao metrô.
neta) = “sabe” permaneceria no singular Cheguei no metrô.

52
LÍNGUA PORTUGUESA

No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se- Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses ver-
gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A bos para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos
oração “Cheguei no metrô”, popularmente usada a fim de adnominais).
indicar o lugar a que se vai, possui, no padrão culto da lín- Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
gua, sentido diferente. Aliás, é muito comum existirem di- Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car-
vergências entre a regência coloquial, cotidiana de alguns reira)
verbos, e a regência culta. Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu-
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos mor)
de acordo com sua transitividade. A transitividade, porém,
não é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de Verbos Transitivos Indiretos
diferentes formas em frases distintas.
Os verbos transitivos indiretos são complementados
por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
Verbos Intransitivos
gem uma preposição para o estabelecimento da relação de
regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de ter-
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
ceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos são
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los. os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não re-
- Chegar, Ir presentam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver- de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos
biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para lhe, lhes.
indicar destino ou direção são: a, para. Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
Fui ao teatro. - Consistir - Tem complemento introduzido pela pre-
Adjunto Adverbial de Lugar posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direi-
tos iguais para todos.
Ricardo foi para a Espanha.
Adjunto Adverbial de Lugar - Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple-
mentos introduzidos pela preposição “a”:
- Comparecer Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por Eles desobedeceram às leis do trânsito.
em ou a.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o - Responder - Tem complemento introduzido pela pre-
último jogo. posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a
quem” ou “ao que” se responde.
Verbos Transitivos Diretos Respondi ao meu patrão.
Respondemos às perguntas.
Os verbos transitivos diretos são complementados por Respondeu-lhe à altura.
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
para o estabelecimento da relação de regência. Ao em- Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto
pregar esses verbos, devemos lembrar que os pronomes quando exprime aquilo a que se responde, admite voz pas-
siva analítica. Veja:
oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pro-
O questionário foi respondido corretamente.
nomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamen-
verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após
te.
formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e
lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos. - Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abando- tos introduzidos pela preposição “com”.
nar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, ad- Antipatizo com aquela apresentadora.
mirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, Simpatizo com os que condenam os políticos que gover-
castigar, condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, nam para uma minoria privilegiada.
eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar,
proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar. Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
como o verbo amar: Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa-
Amo aquele rapaz. / Amo-o. nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem desta-
Amo aquela moça. / Amo-a. que, nesse grupo: Agradecer, Perdoar e Pagar. São verbos
Amam aquele rapaz. / Amam-no. que apresentam objeto direto relacionado a coisas e obje-
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. to indireto relacionado a pessoas. Veja os exemplos:

53
LÍNGUA PORTUGUESA

Agradeço aos ouvintes a audiência. Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
Objeto Indireto Objeto Direto Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
uma oração subordinada adverbial final reduzida de infini-
Paguei o débito ao cobrador. tivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
Objeto Direto Objeto Indireto
- A construção “dizer para”, também muito usada po-
pularmente, é igualmente considerada incorreta.
- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
com particular cuidado. Observe: Preferir
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto in-
Agradeci o presente. / Agradeci-o. direto introduzido pela preposição “a”. Por Exemplo:
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. Prefiro trem a ônibus.
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Paguei minhas contas. / Paguei-as. Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado
sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo
prefixo existente no próprio verbo (pre).
Informar
- Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto Mudança de Transitividade X Mudança de Signifi-
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa. cado
Informe os novos preços aos clientes. Há verbos que, de acordo com a mudança de transitivi-
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos dade, apresentam mudança de significado. O conhecimen-
preços) to das diferentes regências desses verbos é um recurso lin-
- Na utilização de pronomes como complementos, veja guístico muito importante, pois além de permitir a correta
interpretação de passagens escritas, oferece possibilidades
as construções:
expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais,
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços. estão:
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so-
bre eles) AGRADAR
- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada nhos, acariciar.
para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, pre- Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada
venir. quando o revê.
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. /
Cláudia não perde oportunidade de agradá-lo.
Comparar
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as - Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento
indireto. introduzido pela preposição “a”.
Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma O cantor não agradou aos presentes.
criança. O cantor não lhes agradou.

Pedir ASPIRAR
- Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspi-
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na
rar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
forma de oração subordinada substantiva) e indireto de
pessoa. - Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
como ambição: Aspirávamos a melhores condições de vida.
Pedi-lhe favores. (Aspirávamos a elas)
Objeto Indireto Objeto Direto
Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. pessoa, mas coisa, não se usam as formas pronominais áto-
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva nas “lhe” e “lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela
(s)”. Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
Objetiva Direta
Aspiravam a ela)
Saiba que: ASSISTIR
- A construção “pedir para”, muito comum na lingua- - Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua tar assistência a, auxiliar. Por exemplo:
culta. No entanto, é considerada correta quando a palavra As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
licença estiver subentendida. As empresas de saúde negam-se a assisti-los.

54
LÍNGUA PORTUGUESA

- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é tran-
ciar, estar presente, caber, pertencer. Exemplos: sitivo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com
Assistimos ao documentário. quem não trabalhasse arduamente.
Não assisti às últimas sessões.
Essa lei assiste ao inquilino. PROCEDER
- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se,
intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de agir. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa de adjunto adverbial de modo.
conturbada cidade. As afirmações da testemunha procediam, não havia
como refutá-las.
CHAMAR Você procede muito mal.
- Chamar é transitivo direto no sentido de convocar,
solicitar a atenção ou a presença de.
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo-
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá cha-
sição” de”) e fazer, executar (rege complemento introduzi-
má-la.
do pela preposição “a”) é transitivo indireto.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
O avião procede de Maceió.
- Chamar no sentido de denominar, apelidar pode Procedeu-se aos exames.
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predi- O delegado procederá ao inquérito.
cativo preposicionado ou não.
A torcida chamou o jogador mercenário. QUERER
A torcida chamou ao jogador mercenário. - Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
A torcida chamou o jogador de mercenário. vontade de, cobiçar.
A torcida chamou ao jogador de mercenário. Querem melhor atendimento.
CUSTAR Queremos um país melhor.
- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: - Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
Frutas e verduras não deveriam custar muito. estimar, amar.
Quero muito aos meus amigos.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo Ele quer bem à linda menina.
ou transitivo indireto. Despede-se o filho que muito lhe quer.
Muito custa viver tão longe da família.
Verbo Oração Subordinada Substantiva VISAR
Subjetiva - Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi-
Intransitivo Reduzida de Infinitivo rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela O gerente não quis visar o cheque.
atitude.
Objeto Oração Subordinada Substantiva - No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como
Subjetiva objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
Indireto Reduzida de Infinitivo
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções
público.
que atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado
por pessoa. Observe:
Custei para entender o problema. ESQUECER – LEMBRAR
Forma correta: Custou-me entender o problema. - Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (prono-
IMPLICAR minal)
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,
implicavam um firme propósito. exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
b) Ter como consequência, trazer como consequência, No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e
acarretar, provocar: Liberdade de escolha implica amadure- exigem complemento com a preposição “de”. São, portan-
cimento político de um povo. to, transitivos indiretos:
- Ele se esqueceu do caderno.
- Como transitivo direto e indireto, significa compro- - Eu me esqueci da chave.
meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões - Eles se esqueceram da prova.
econômicas. - Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

55
LÍNGUA PORTUGUESA

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve altera-
ção de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto
brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
- Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
- Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)

O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma
coisa).

SIMPATIZAR
Transitivo indireto e exige a preposição “com”: Não simpatizei com os jurados.

NAMORAR
É transitivo direto, ou seja, não admite preposição: Maria namora João.

Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.

OBEDECER
É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a preposição “a” (obedecer a): Devemos obedecer aos pais.

Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado na voz passiva: A fila não foi obedecida.

VER
É transitivo direto, ou seja, não exige preposição: Ele viu o filme.

Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome.
Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vá-
rios nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa,
nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspondentes:
todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atenta-
mente e procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a

56
LÍNGUA PORTUGUESA

Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por


Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
paralelamente a; relativa a; relativamente a.

Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

Questões sobre Regência Nominal e Verbal

01. (Administrador – FCC – 2013-adap.).


... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras ciências ...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado em:
A) ...astros que ficam tão distantes ...
B) ...que a astronomia é uma das ciências ...
C) ...que nos proporcionou um espírito ...
D) ...cuja importância ninguém ignora ...
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro ...

02.(Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013-adap.).


... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos filhos do sueco.
O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de complementos que o grifado acima está empregado em:
A) ...que existe uma coisa chamada exército...
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra?
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia...
D) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro...
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.

03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.).


... constava simplesmente de uma vareta quebrada em partes desiguais...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado em:
A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a extremos de sutileza.
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos troncos mais robustos.
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam, não raro, quem...
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na serra de Tunuí...
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio, mestre e colaborador...

04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.).


... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o da frase acima se encontra em:
A) A palavra direito, em português, vem de directum, do verbo latino dirigere...
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das sociedades...
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela justiça.
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações da justiça...
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sentimento de justiça.

05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alternativa em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp de
junho de 2012, está correto quanto à regência nominal e à pontuação.
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço seja
mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em outros.
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço seja
mais notável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!, do que em outros.

57
LÍNGUA PORTUGUESA

(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam ra- Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de
pidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o direitos dos trabalhadores domésticos.
avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um A) da
exemplo, do que em outros. B) na
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida- C) pela
mente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço D) sob a
seja mais notável em alguns países – o Brasil é um exemplo E) sobre a
– do que em outros.
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapida- GABARITO
mente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avan-
ço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exem-
01. D 02. D 03. A 04. A 05. D
plo) do que em outros.
06. A 07. C 08. A 09. C
06. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assina-
le a alternativa correta quanto à regência dos termos em RESOLUÇÃO
destaque.
(A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a 1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das
responsabilidade pelo problema. outras ciências ...
(B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter Facilitar – verbo transitivo direto
se perdido. A) ...astros que ficam tão distantes ... = verbo de li-
(C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho gação
de um índio na porta do prédio. B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo
(D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se de ligação
perdido de sua família. C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo tran-
(E) A família toda se organizou para realizar a procura sitivo direto e indireto
à garotinha. E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro =
verbo transitivo indireto
07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale
a alternativa que completa, correta e respectivamente, as
2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito
lacunas do texto, de acordo com as regras de regência.
nos filhos do sueco.
Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já
assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem Pedir = verbo transitivo direto e indireto
corporal e a exposição a imagens idealizadas pela mídia. A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = tran-
A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que sitivo direto
a mídia pode exercer sobre os jovens. B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de
A) dos … na ligação
B) nos … entre a C) ...compareceu em companhia da mulher à delega-
C) aos … para a cia... =verbo intransitivo
D) sobre os … pela E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevi-
E) pelos … sob a mento. =transitivo direto

08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças 3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada
Públicas – VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão em partes desiguais...
da língua, assinale a alternativa em que os trechos desta- Constar = verbo intransitivo
cados estão corretos quanto à regência, verbal ou nominal. B) ...eram comumente assinalados a golpes de macha-
A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais do nos troncos mais robustos. =ligação
de dez mil tomadas. C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso-
B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver
rientam, não raro, quem... =transitivo direto
um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho
C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de
criar logotipos e negociar. na serra de Tunuí... = transitivo direto
D) O taxista levou o autor a indagar no número de E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o
tomadas do edifício. gentio, mestre e colaborador...=transitivo direto
E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor re-
parasse a um prédio na marginal. 4-) ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça...
Lidar = transitivo indireto
09. (Assistente de Informática II – VUNESP – 2013). As- B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das
sinale a alternativa que substitui a expressão destacada na sociedades... =transitivo direto
frase, conforme as regras de regência da norma-padrão da C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado
língua e sem alteração de sentido. pela justiça. =ligação

58
LÍNGUA PORTUGUESA

D) Essa problematicidade não afasta a força das aspira- indicação de qualidade, estado ou modo de ser do sujeito,
ções da justiça... =transitivo direto e indireto se ele pratica uma ação ou se a sofre, se há complemento
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o verbal, se há circunstância (adjunto adverbial), etc.
sentimento de justiça. =transitivo direto Nem sempre o verbo se apresenta sozinho em uma
oração. Em muitos casos, surgem dois ou mais verbos jun-
5-) A correção do item deve respeitar as regras de pon- tos, para indicar que se pratica ou se sofre uma ação, ou
tuação também. Assinalei apenas os desvios quanto à re- que o sujeito possui uma qualidade. A essa junção, dá-se
gência (pontuação encontra-se em tópico específico) o nome de locução verbal. Toda locução verbal é formada
(A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam, por um verbo auxiliar (ou mais de um) e um verbo principal
(B) Não há dúvida de que (erros quanto à pon- (somente um).
tuação) O verbo auxiliar é o que se relaciona com o sujeito,
(C) Não há dúvida de que as mulheres, (erros quanto por isso concorda com este, ou seja, se o sujeito estiver
à pontuação) no singular, o verbo auxiliar também ficará no singular; se
(E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapi- o sujeito estiver no plural, o verbo auxiliar também ficará
no plural. Na Língua Portuguesa os verbos auxiliares são os
damente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o
seguintes: ser, estar, ter, haver, dever, poder, ir, dentre outros.
avanço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um
O verbo principal é o que indica se o sujeito possui
exemplo) do que em outros.
uma qualidade, se ele pratica uma ação ou se a sofre. É o
6-)
mais importante da locução. Na Língua Portuguesa, o verbo
(B) A menina tinha o receio de levar uma bronca por principal surge sempre no infinitivo (terminado em –ar, -er,
ter se perdido. ou –ir), no gerúndio (terminado em –ndo) ou no particípio
(C) A garota tinha apenas a lembrança do desenho de (terminado em –ado ou –ido, dentre outras terminações).
um índio na porta do prédio. Veja alguns exemplos de locuções verbais:
(D) A menina não tinha orgulho do fato de ter se per-
dido de sua família. Os funcionários FORAM CONVOCADOS pelo diretor.
(E) A família toda se organizou para realizar a procura (aux.: SER; princ.: CONVOCAR)
pela garotinha.
Os estudantes ESTÃO RESPONDENDO às questões.
7-) Os estudos aos quais a pesquisadora se re- (aux.: ESTAR; princ.: RESPONDER)
portou já assinalavam uma relação entre os distúrbios da
imagem corporal e a exposição a imagens idealizadas pela Os trabalhadores TÊM ENFRENTADO muitos proble-
mídia. mas.(aux.: TER; princ.: ENFRENTAR)
A pesquisa faz um alerta para a influência negativa
que a mídia pode exercer sobre os jovens. O vereador HAVIA DENUNCIADO seus companheiros.
(aux.: HAVER; princ.: DENUNCIAR)
8-)
B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de ha- Os alunos DEVEM ESTUDAR todos os dias. (aux.: DE-
ver um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé. VER; princ.: ESTUDAR)
C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em
criar logotipos e negociar. Sujeito
D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de
tomadas do edifício. Para se descobrir qual o sujeito do verbo (ou da locu-
E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor re- ção verbal), deve-se perguntar a ele (ou a ela) o seguinte:
Que(m) é que ..........? A resposta será o sujeito. Por exemplo,
parasse em um prédio na marginal.
analisemos a primeira frase dentre as apresentadas acima:
Os funcionários foram convocados pelo diretor.
9-) Muitas organizações lutaram pela igualdade de
direitos dos trabalhadores domésticos.
O princípio é o verbo. Procura-se, portanto, o verbo: é
a locução verbal foram convocados. - - Pergunta-se a ela:
SINTAXE Que(m) é que foi convocado?
- Resposta: Os funcionários.
O princípio é o verbo. - O sujeito da oração, então, é o seguinte: os funcio-
nários.
Essa é a premissa fundamental da Sintaxe, que é a par- Encontrado o sujeito, parte-se para a análise do verbo:
te da gramática que estuda as palavras enquanto elementos Se ele indicar que o sujeito possui uma qualidade, um
de uma frase, as suas relações de concordância, de subor- estado ou um modo de ser, sem praticar ação alguma, será
dinação e de ordem. Significa que, ao se realizar a análise denominado de VERBO DE LIGAÇÃO. Os verbos de ligação
sintática de uma oração, sempre se inicia pelo verbo. É a mais comuns são os seguintes: ser, estar, parecer, ficar, per-
partir dele que se descobre qual o sujeito da oração, se há a manecer e continuar. Não se esqueça, porém, de que só

59
LÍNGUA PORTUGUESA

será verbo de ligação o que indicar qualidade, estado ou Os verbos “dar” e “emprestar” são, aparentemente,
modo de ser do sujeito, sem praticar ação alguma. Observe transitivos diretos e indiretos, uma vez que se encaixam nas
as seguintes frases: frases Quem dá, dá algo a alguém e Quem empresta, em-
O político continuou seu discurso mesmo com todas as presta algo a alguém. Ocorre, porém, que não há o “algo”.
vaias recebidas. Quem dá o que aos pobres empresta o que a Deus? Não
Continuar, nesta frase, não é de ligação já que não in- aparece na oração; não há, portanto, o objeto direto. Como
dica qualidade do sujeito, e sim ação. não o há, os verbos não podem ser transitivos diretos e
A professora estava na sala de aula. indiretos, e sim somente transitivos indiretos.
Estar, nesta frase, não é de ligação já que não indica
qualidade do sujeito, e sim fato. FONTE:
http://www.gramaticaonline.com.br/texto/1231
A garota estava muito alegre.
Estar é verbo de ligação porque indica qualidade do Questões sobre Análise Sintática
sujeito.
01. (AGENTE DE APOIO ADMINISTRATIVO – FCC –
Se o verbo indicar que o sujeito pratica uma ação, ou 2013). Os trabalhadores passaram mais tempo na escola...
que participa ativamente de um fato, será denominado de O segmento grifado acima possui a mesma função sin-
VERBO INTRANSITIVO ou VERBO TRANSITIVO, de acordo tática que o destacado em:
com o seguinte: A) ...o que reduz a média de ganho da categoria.
B) ...houve mais ofertas de trabalhadores dessa clas-
- Quem ............ , ................. : Todo verbo que se encaixar se.
nessa frase será INTRANSITIVO. Por exemplo, o verbo cor- C) O crescimento da escolaridade também foi impul-
rer: Quem corre, corre. sionado...
D) ...elevando a fatia dos brasileiros com ensino mé-
- Quem ............ , ................. algo/alguém: Todo verbo dio...
que se encaixar nessa frase será TRANSITIVO DIRETO. Por E) ...impulsionado pelo aumento do número de uni-
versidades...
exemplo, o verbo comer: Quem come, come algo; ou o ver-
bo amar: Quem ama, ama alguém.
02.(AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC – 2013).
Donos de uma capacidade de orientação nas brenhas selva-
- Quem ............ , ................. + prep. + algo/alguém: Todo
gens [...], sabiam os paulistas como...
verbo que se encaixar nessa frase será TRANSITIVO INDI-
O segmento em destaque na frase acima exerce a mes-
RETO. Por exemplo, o verbo gostar: Quem gosta, gosta de
ma função sintática que o elemento grifado em:
algo ou de alguém. As preposições mais comuns são as
A) Nas expedições breves serviam de balizas ou mos-
seguintes: a, de, em, por, para, sem e com. tradores para a volta.
B) Às estreitas veredas e atalhos [...], nada acrescenta-
- Quem ............ , ................. algo/alguém + prep. + algo/ riam aqueles de considerável...
alguém: Todo verbo que se encaixar nessa frase será TRAN- C) Só a um olhar muito exercitado seria perceptível o
SITIVO DIRETO E INDIRETO - também denominado de BI- sinal.
TRANSITIVO. Por exemplo, o verbo mostrar: Quem mostra, D) Uma sequência de tais galhos, em qualquer flores-
mostra algo a alguém; ou o verbo informar: Quem informa, ta, podia significar uma pista.
informa alguém de algo ou Quem informa, informa algo a E) Alguns mapas e textos do século XVII apresentam-
alguém. nos a vila de São Paulo como centro...
É importante salientar que um verbo só será TRAN- 03. Há complemento nominal em:
SITIVO se houver complemento (objeto direto ou objeto A)Você devia vir cá fora receber o beijo da madrugada.
indireto). A análise de um verbo depende, portanto, do B)... embora fosse quase certa a sua possibilidade de
ambiente sintático em que ele se encontra. Um verbo que ganhar a vida.
aparentemente seja transitivo direto pode ser, na realida- C)Ela estava na janela do edifício.
de, intransitivo, caso não haja complemento. Por exemplo, D)... sem saber ao certo se gostávamos dele.
observe a seguinte frase: E)Pouco depois começaram a brincar de bandido e
O pior cego é aquele que não quer ver. mocinho de cinema.
O verbo “ver” é, aparentemente, transitivo direto, uma
vez que se encaixa na frase Quem vê, vê algo. Ocorre, po- 04. (ESPM-SP) Em “esta lhe deu cem mil contos”, o ter-
rém, que não há o “algo”. O pior cego é aquele que não mo destacado é:
quer ver o quê? Não aparece na oração; não há, portanto, A) pronome possessivo
o objeto direto. Como não o há, o verbo não pode ser tran- B) complemento nominal
sitivo direto, e sim intransitivo. C) objeto indireto
Observe, agora, esta frase: Quem dá aos pobres, em- D) adjunto adnominal
presta a Deus. E) objeto direto

60
LÍNGUA PORTUGUESA

05. Assinale a alternativa correta e identifique o sujeito C) seria perceptível o sinal. = predicativo
das seguintes orações em relação aos verbos destacados: D) Uma sequência de tais galhos = sujeito
- Amanhã teremos uma palestra sobre qualidade de E) apresentam-nos a vila de São Paulo como = objeto
vida. direto
- Neste ano, quero prestar serviço voluntário.
3-)
A)Tu – vós A) o beijo da madrugada. = adjunto adnominal
B)Nós – eu B)a sua possibilidade de ganhar a vida. = complemento
C)Vós – nós nominal (possibilidade de quê?)
D) Ele - tu C)na janela do edifício. = adjunto adnominal
D)... sem saber ao certo se gostávamos dele. = objeto
06. Classifique o sujeito das orações destacadas no tex- indireto
to seguinte e, a seguir, assinale a sequência correta. E) a brincar de bandido e mocinho de cinema = objeto
É notável, nos textos épicos, a participação do sobrena- indireto
tural. É frequente a mistura de assuntos relativos ao nacio- 4-)
nalismo com o caráter maravilhoso. Nas epopeias, os deu- esta lhe deu cem mil contos = o verbo DAR é bitransiti-
ses tomam partido e interferem nas aventuras dos heróis, vo, ou seja, transitivo direto e indireto, portanto precisa de
ajudando-os ou atrapalhando- -os. dois complementos – dois objetos: direto e indireto.
A)simples, composto Deu o quê? = cem mil contos (direto)
B)indeterminado, composto Deu a quem? lhe (=a ele, a ela) = indireto
C)simples, simples
D) oculto, indeterminado 5-)
- Amanhã ( nós ) teremos uma palestra sobre qualida-
07. (ESPM-SP) “Surgiram fotógrafos e repórteres”. de de vida.
- Neste ano, ( eu ) quero prestar serviço voluntário.
Identifique a alternativa que classifica corretamente a fun-
ção sintática e a classe morfológica dos termos destacados:
6-)
A) objeto indireto – substantivo
É notável, nos textos épicos, a participação do sobrena-
B) objeto direto - substantivo
tural. É frequente a mistura de assuntos relativos ao nacio-
C) sujeito – adjetivo
nalismo com o caráter maravilhoso. Nas epopeias, os deu-
D) objeto direto – adjetivo
ses tomam partido e interferem nas aventuras dos heróis,
E) sujeito - substantivo
ajudando-os ou atrapalhando-os.
Ambos os termos apresentam sujeito simples
GABARITO
7-)
01. C 02. D 03. B 04. C 05. B 06. C 07. E Surgiram fotógrafos e repórteres.
O sujeito está deslocado, colocado na ordem indireta
RESOLUÇÃO (final da oração). Portanto: função sintática: sujeito (com-
posto); classe morfológica (classe de palavras): substanti-
1-) vos.
Os trabalhadores passaram mais tempo na escola
= SUJEITO Frase é todo enunciado de sentido completo, podendo
A) ...o que reduz a média de ganho da categoria. = ob- ser formada por uma só palavra ou por várias, ter verbos ou
jeto direto não. A frase exprime, através da fala ou da escrita: ideias,
B) ...houve mais ofertas de trabalhadores dessa classe. emoções, ordens, apelos. Define-se pelo seu propósito co-
= objeto direto municativo, ou seja, pela sua capacidade de, num intercâm-
C) O crescimento da escolaridade também foi impul- bio linguístico, transmitir um conteúdo satisfatório para a
sionado... = sujeito paciente situação em que é utilizada. Exemplos:
D) ...elevando a fatia dos brasileiros com ensino mé- O Brasil possui um grande potencial turístico.
dio... = objeto direto Espantoso!
E) ...impulsionado pelo aumento do número de univer- Não vá embora.
sidades... = agente da passiva Silêncio!
O telefone está tocando.
2-)
Donos de uma capacidade de orientação nas brenhas Observação: a frase que não possui verbo denomina-
selvagens [...], sabiam os paulistas como... = SUJEITO se Frase Nominal.
A) Nas expedições breves = ADJUNTO ADVERBIAL Na língua falada, a frase é caracterizada pela entoa-
B) nada acrescentariam aqueles de considerável...= ad- ção, que indica nitidamente seu início e seu fim. A entoação
junto adverbial pode vir acompanhada por gestos, expressões do rosto, do

61
LÍNGUA PORTUGUESA

olhar, além de ser complementada pela situação em que o - Frases Exclamativas: nesse tipo de frase o emissor
falante se encontra. Esses fatos contribuem para que fre- exterioriza um estado afetivo. Apresentam entoação ligei-
quentemente surjam frases muito simples, formadas por ramente prolongada. Por Exemplo:
apenas uma palavra. Observe: Que prova difícil!
Rua! É uma delícia esse bolo!
Ai!
- Frases Declarativas: ocorrem quando o emissor
Essas palavras, dotadas de entoação própria, e acom- constata um fato. Esse tipo de frase informa ou declara al-
panhadas de gestos peculiares, são suficientes para satisfa- guma coisa. Podem ser afirmativas ou negativas.
zer suas necessidades expressivas. Obrigaram o rapaz a sair. (Afirmativa)
Na língua escrita, a entoação é representada pelos si- Ela não está em casa. (Negativa)
nais de pontuação, os quais procuram sugerir a melodia
- Frases Optativas: são usadas para exprimir um dese-
frasal. Desaparecendo a situação viva, o contexto é forne-
jo. Por Exemplo:
cido pelo próprio texto, o que acaba tornando necessário
Deus te acompanhe!
que as frases escritas sejam linguisticamente mais comple-
Bons ventos o levem!
tas. Essa maior complexidade linguística leva a frase a obe-
decer às regras gerais da língua. Portanto, a organização De acordo com a construção, as frases classificam-se
e a ordenação dos elementos formadores da frase devem em:
seguir os padrões da língua. Por isso é que: As meninas Frase Nominal: é a frase construída sem verbos. Exem-
estavam alegres. = constitui uma frase, enquanto: Alegres plos:
meninas estavam as. = não é considerada uma frase da lín- Fogo!
gua portuguesa. Cuidado!
Belo serviço o seu!
Tipos de Frases Trabalho digno desse feirante.

Muitas vezes, as frases assumem sentidos que só po- Frase Verbal: é a frase construída com verbo. Por
dem ser integralmente captados se atentarmos para o con- Exemplo:
texto em que são empregadas. É o caso, por exemplo, das O sol ilumina a cidade e aquece os dias.
situações em que se explora a ironia. Pense, por exemplo, Os casais saíram para jantar.
na frase “Que educação!”, usada quando se vê alguém in- A bola rolou escada abaixo.
vadindo, com seu carro, a faixa de pedestres. Nesse caso,
ela expressa exatamente o contrário do que aparentemen- Estrutura da Frase
te diz.
A entoação é um elemento muito importante da frase As frases que possuem verbo são geralmente estrutu-
falada, pois nos dá uma ampla possibilidade de expressão. radas a partir de dois elementos essenciais: sujeito e pre-
Dependendo de como é dita, uma frase simples como “É dicado. Isso não significa, no entanto, que tais frases de-
ela.” pode indicar constatação, dúvida, surpresa, indigna- vam ser formadas, no mínimo, por dois vocábulos. Na frase
ção, decepção, etc. Na língua escrita, os sinais de pontua- “Saímos”, por exemplo, há um sujeito implícito na termina-
ção podem agir como definidores do sentido das frases. ção do verbo: nós.
Existem alguns tipos de frases cuja entoação é mais ou O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo
em número e pessoa. É normalmente o “ser de quem se
menos previsível, de acordo com o sentido que transmi-
declara algo”, “o tema do que se vai comunicar”.
tem. São elas:
O predicado é a parte da frase que contém “a infor-
- Frases Interrogativas: ocorrem quando uma per-
mação nova para o ouvinte”. Normalmente, ele se refere
gunta é feita pelo emissor da mensagem. São empregadas
ao sujeito, constituindo a declaração do que se atribui ao
quando se deseja obter alguma informação. A interrogação sujeito. É sempre muito importante analisar qual é o nú-
pode ser direta ou indireta. cleo significativo da declaração: se o núcleo da declaração
Você aceita um copo de suco? (Interrogação direta) estiver no verbo, teremos um predicado verbal (ocorre nas
Desejo saber se você aceita um copo de suco. (Interro- frases verbais); se o núcleo da declaração estiver em algum
gação indireta) nome, teremos um predicado nominal (ocorre nas frases
nominais que possuem verbo de ligação). Observe: O amor
- Frases Imperativas: ocorrem quando o emissor da é eterno.
mensagem dá uma ordem, um conselho ou faz um pedido, O tema, o ser de quem se declara algo, o sujeito, é “O
utilizando o verbo no modo imperativo. Podem ser afirma- amor”. A declaração referente a “o amor”, ou seja, o predi-
tivas ou negativas. cado, é «é eterno». É um predicado nominal, pois seu nú-
Faça-o entrar no carro! (Afirmativa) cleo significativo é o nome «eterno». Já na frase: Os rapazes
Não faça isso. (Negativa) jogam futebol. O sujeito é “Os rapazes”, que identificamos
Dê-me uma ajudinha com isso! (Afirmativa) por ser o termo que concorda em número e pessoa com o

62
LÍNGUA PORTUGUESA

verbo “jogam”. O predicado é “jogam futebol”, cujo núcleo - Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
significativo é o verbo “jogam”. Temos, assim, um predica- (Período Composto =locução verbal, verbo, duas orações)
do verbal. - Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um
protetor solar. (Período Composto = três verbos, três ora-
Oração ções).

Uma frase verbal pode ser também uma oração. Para Cada verbo ou locução verbal sublinhada acima cor-
isso é necessário: responde a uma oração. Isso implica que o primeiro exem-
- que o enunciado tenha sentido completo; plo é um período simples, pois tem apenas uma oração, os
- que o enunciado tenha verbo (ou locução verbal). dois outros exemplos são períodos compostos, pois têm
Por Exemplo: Camila terminou a leitura do livro. mais de uma oração.
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer
Obs.: Na oração as palavras estão relacionadas entre si, entre as orações de um período composto: uma relação de
como partes de um conjunto harmônico: elas são os ter-
coordenação ou uma relação de subordinação.
mos ou as unidades sintáticas da oração. Assim, cada ter-
Duas orações são coordenadas quando estão juntas
mo da oração desempenha uma função sintática.
em um mesmo período (ou seja, em um mesmo bloco de
Atenção: Nem toda frase é oração. Por Exemplo: Que informações, marcado pela pontuação final), mas têm, am-
dia lindo! bas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
Esse enunciado é frase, pois tem sentido. Esse enun- - Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
ciado não é oração, pois não possui verbo. Assim, não pos- (Período Composto)
suem estrutura sintática, portanto não são orações, frases Podemos dizer:
como: 1. Estou comprando um protetor solar.
Socorro! - Com Licença! - Que rapaz ignorante! 2. Irei à praia.
A frase pode conter uma ou mais orações. Veja: Separando as duas, vemos que elas são independentes.
Brinquei no parque. (uma oração) É esse tipo de período que veremos: o Período Com-
Entrei na casa e sentei-me. (duas orações) posto por Coordenação.
Cheguei, vi, venci. (três orações) Quanto à classificação das orações coordenadas, te-
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas
Período Sindéticas.

Período é a frase constituída de uma ou mais orações, Coordenadas Assindéticas


formando um todo, com sentido completo. O período
pode ser simples ou composto. São orações coordenadas entre si e que não são liga-
Período Simples: é aquele constituído por apenas uma das através de nenhum conectivo. Estão apenas justapos-
oração, que recebe o nome de oração absoluta. Exemplos: tas.
O amor é eterno. Coordenadas Sindéticas
As plantas necessitam de cuidados especiais.
Quero aquelas rosas. Ao contrário da anterior, são orações coordenadas en-
O tempo é o melhor remédio. tre si, mas que são ligadas através de uma conjunção coor-
denativa. Esse caráter vai trazer para esse tipo de oração
Período Composto: é aquele constituído por duas ou
uma classificação. As orações coordenadas sindéticas são
mais orações. Exemplos:
classificadas em cinco tipos: aditivas, adversativas, alterna-
Quando você partiu minha vida ficou sem alegrias.
tivas, conclusivas e explicativas.
Quero aquelas flores para presentear minha mãe.
Vou gritar para todos ouvirem que estou sabendo o que
acontece ao anoitecer. Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas prin-
Cheguei, jantei e fui dormir. cipais conjunções são: e, nem, não só... mas também, não
só... como, assim... como.
Saiba que: Como toda oração está centrada num verbo - Não só cantei como também dancei.
ou numa locução verbal, a maneira prática de saber quan- - Nem comprei o protetor solar, nem fui à praia.
tas orações existem num período é contar os verbos ou - Comprei o protetor solar e fui à praia.
locuções verbais.
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas
Período Composto principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretan-
to, porém, no entanto, ainda, assim, senão.
O período composto caracteriza-se por possuir mais - Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
de uma oração em sua composição. Sendo Assim: - Ainda que a noite acabasse, nós continuaríamos dan-
çando.
- Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma - Não comprei o protetor solar, mas mesmo assim fui à
oração) praia.

63
LÍNGUA PORTUGUESA

Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como
principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer; quase toda a cultura humanística, têm pouca relevância
seja...seja. para nossa vida prática.
- Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador. C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase
- Ora sei que carreira seguir, ora penso em várias carrei- toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos-
ras diferentes. sa vida prática.
- Quer eu durma quer eu fique acordado, ficarei no D) Joyce e Mozart são ótimos, todavia eles, como qua-
quarto. se toda a cultura humanística, têm pouca relevância para
nossa vida prática.
Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase
principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por con- toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos-
seguinte, consequentemente, pois (posposto ao verbo) sa vida prática.
- Passei no vestibular, portanto irei comemorar.
- Conclui o meu projeto, logo posso descansar. 04. (ANALISTA ADMINISTRATIVO – VUNESP – 2013-
- Tomou muito sol, consequentemente ficou adoentada. adap.) Em – ...fruto não só do novo acesso da população
- A situação é delicada; devemos, pois, agir ao automóvel mas também da necessidade de maior nú-
Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas mero de viagens... –, os termos em destaque estabelecem
principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verda- relação de
de, pois (anteposto ao verbo). A) explicação.
- Só passei na prova porque me esforcei por muito tem- B) oposição.
po. C) alternância.
- Só fiquei triste por você não ter viajado comigo. D) conclusão.
- Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do- E) adição.
mingo.
05. Analise a oração destacada: Não se desespere, que
Fonte: estaremos a seu lado sempre.
Marque a opção correta quanto à sua classificação:
http://www.infoescola.com/portugues/oracoes-coor-
A) Coordenada sindética aditiva.
denadas-assindeticas-e-sindeticas/
B) Coordenada sindética alternativa.
C) Coordenada sindética conclusiva.
Questões sobre Orações Coordenadas
D) Coordenada sindética explicativa.
01. A oração “Não se verificou, todavia, uma transplan-
GABARITO
tação integral de gosto e de estilo” tem valor:
A) conclusivo 01. B 02. E 03. D 04. E 05. D
B) adversativo
C) concessivo RESOLUÇÃO
D) explicativo
E) alternativo 1-)
“Não se verificou, todavia, uma transplantação integral
02. “Estudamos, logo deveremos passar nos exames”. de gosto e de estilo” = conjunção adversativa, portanto:
A oração em destaque é: oração coordenada sindética adversativa
a) coordenada explicativa
b) coordenada adversativa 2-)
c) coordenada aditiva Estudamos, logo deveremos passar nos exames = a
d) coordenada conclusiva oração em destaque não é introduzida por conjunção, en-
e) coordenada assindética tão: coordenada assindética

03. (AGENTE EDUCACIONAL – VUNESP – 2013-adap.) 3-)


Releia o seguinte trecho: Joyce e Mozart são ótimos, mas eles... = conjunção (e
Joyce e Mozart são ótimos, mas eles, como quase toda a ideia) adversativa
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como
prática. quase toda a cultura humanística, têm pouca relevância
Sem que haja alteração de sentido, e de acordo com a para nossa vida prática. = conclusiva
norma- -padrão da língua portuguesa, ao se substituir o B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como
termo em destaque, o trecho estará corretamente reescrito quase toda a cultura humanística, têm pouca relevância
em: para nossa vida prática. = conformativa
A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase
quase toda a cultura humanística, têm pouca relevância toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos-
para nossa vida prática. sa vida prática. = conclusiva

64
LÍNGUA PORTUGUESA

E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida
prática. = explicativa

Dica: conjunção pois como explicativa = dá para eu substituir por porque; como conclusiva: substituo por portanto.

4-)
fruto não só do novo acesso da população ao automóvel mas também da necessidade de maior número de viagens...
estabelecem relação de adição de ideias, de fatos

5-)
Não se desespere, que estaremos a seu lado sempre.
= conjunção explicativa (= porque) - coordenada sindética explicativa

Subordinação

Observe o exemplo abaixo de Vinícius de Moraes:

“Eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto.”


Oração Principal Oração Subordinada

Observe que na oração subordinada temos o verbo “existe”, que está conjugado na terceira pessoa do singular do pre-
sente do indicativo. As orações subordinadas que apresentam verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do
indicativo, subjuntivo e imperativo), são chamadas de orações desenvolvidas ou explícitas. Podemos modificar o período
acima. Veja:

Eu sinto existir em meu gesto o teu gesto.


Oração Principal Oração Subordinada

A análise das orações continua sendo a mesma: “Eu sinto” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração subordi-
nada “existir em meu gesto o teu gesto”. Note que a oração subordinada apresenta agora verbo no infinitivo. Além disso,
a conjunção “que”, conectivo que unia as duas orações, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo surge numa das
formas nominais (infinitivo - flexionado ou não -, gerúndio ou particípio) chamamos orações reduzidas ou implícitas.
Obs.: as orações reduzidas não são introduzidas por conjunções nem pronomes relativos. Podem ser, eventualmente,
introduzidas por preposição.

1) ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS

A oração subordinada substantiva tem valor de substantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção integrante
(que, se).

Suponho que você foi à biblioteca hoje.


Oração Subordinada Substantiva

Você sabe se o presidente já chegou?


Oração Subordinada Substantiva

Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também introduzem as orações subordinadas substantivas, bem como
os advérbios interrogativos (por que, quando, onde, como). Veja os exemplos:

O garoto perguntou qual era o telefone da moça.


Oração Subordinada Substantiva

Não sabemos por que a vizinha se mudou.


Oração Subordinada Substantiva

65
LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação das Orações Subordinadas - Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e
Substantivas “se”:
A professora verificou se todos alunos estavam presen-
De acordo com a função que exerce no período, a ora- tes.
ção subordinada substantiva pode ser: - Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às
vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
a) Subjetiva O pessoal queria saber quem era o dono do carro im-
portado.
É subjetiva quando exerce a função sintática de sujeito
do verbo da oração principal. Observe: - Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às
É fundamental o seu comparecimento à reunião. vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
Sujeito Eu não sei por que ela fez isso.

É fundamental que você compareça à reunião. c) Objetiva Indireta


Oração Principal Oração Subordinada Substantiva
Subjetiva A oração subordinada substantiva objetiva indireta
atua como objeto indireto do verbo da oração principal.
Atenção: Observe que a oração subordinada substan- Vem precedida de preposição.
tiva pode ser substituída pelo pronome “ isso”. Assim, te-
mos um período simples: Meu pai insiste em meu estudo.
É fundamental isso. ou Isso é fundamental. Objeto Indireto
Dessa forma, a oração correspondente a “isso” exerce- Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai in-
rá a função de sujeito siste nisso)
Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração
Oração Subordinada Substantiva
principal:
Objetiva Indireta
1- Verbos de ligação + predicativo, em construções
do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo
Obs.: em alguns casos, a preposição pode estar elíptica
- É claro - Está evidente - Está comprovado
na oração.
É bom que você compareça à minha festa.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
2- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se - Soube-
Oração Subordinada Substantiva
se - Conta-se - Diz-se - Comenta-se - É sabido - Foi anun-
Objetiva Indireta
ciado - Ficou provado
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
d) Completiva Nominal
3- Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar -
importar - ocorrer - acontecer A oração subordinada substantiva completiva nominal
Convém que não se atrase na entrevista. completa um nome que pertence à oração principal e tam-
Obs.: quando a oração subordinada substantiva é sub- bém vem marcada por preposição.
jetiva, o verbo da oração principal está sempre na 3ª. pes-
soa do singular. Sentimos orgulho de seu comportamento.
b) Objetiva Direta Complemento Nominal

A oração subordinada substantiva objetiva direta exer- Sentimos orgulho de que você se comportou. (=
ce função de objeto direto do verbo da oração principal. Sentimos orgulho disso.)
Oração Subordinada Substantiva
Todos querem sua aprovação no concurso. Completiva Nominal
Objeto Direto
Lembre-se: as orações subordinadas substantivas ob-
Todos querem que você seja aprovado. (= Todos jetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto
querem isso) que orações subordinadas substantivas completivas nomi-
Oração Principal oração Subordinada Substantiva nais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma
Objetiva Direta da outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
tado. Essa é, aliás, a diferença entre o objeto indireto e o
As orações subordinadas substantivas objetivas diretas complemento nominal: o primeiro complementa um verbo,
desenvolvidas são iniciadas por: o segundo, um nome.

66
LÍNGUA PORTUGUESA

e) Predicativa Obs.: para que dois períodos se unam num período


composto, altera-se o modo verbal da segunda oração.
A oração subordinada substantiva predicativa exerce
papel de predicativo do sujeito do verbo da oração princi- Atenção: Vale lembrar um recurso didático para re-
pal e vem sempre depois do verbo ser. conhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser
Nosso desejo era sua desistência. substituído por: o qual - a qual - os quais - as quais
Predicativo do Sujeito Refiro-me ao aluno que é estudioso.
Essa oração é equivalente a:
Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso dese- Refiro-me ao aluno o qual estuda.
jo era isso)
Oração Subordinada Substantiva Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
Predicativa
Quando são introduzidas por um pronome relativo e
Obs.: em certos casos, usa-se a preposição expletiva apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
“de” para realce. Veja o exemplo: A impressão é de que não orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvi-
fui bem na prova. das. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas
reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo
f) Apositiva (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o
verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
A oração subordinada substantiva apositiva exerce particípio).
função de aposto de algum termo da oração principal. Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
Fernanda tinha um grande sonho: a chegada do dia de
seu casamento. No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
Aposto jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome
(Fernanda tinha um grande sonho: isso.) relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito
perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração subor-
Fernanda tinha um grande sonho: que o dia do seu ca- dinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome re-
samento chegasse. lativo e seu verbo está no infinitivo.
Oração Subordinada
Substantiva Apositiva Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas

2) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS Na relação que estabelecem com o termo que caracte-
rizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de
Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou
valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As especificam o sentido do termo a que se referem, indivi-
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem dualizando-o. Nessas orações não há marcação de pausa,
a função de adjunto adnominal do antecedente. Observe sendo chamadas subordinadas adjetivas restritivas. Existem
o exemplo: também orações que realçam um detalhe ou amplificam
dados sobre o antecedente, que já se encontra suficiente-
Esta foi uma redação bem-sucedida. mente definido, as quais denominam-se subordinadas ad-
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal) jetivas explicativas.
Exemplo 1:
Note que o substantivo redação foi caracterizado pelo Jamais teria chegado aqui, não fosse a gentileza de um
adjetivo bem-sucedida. Nesse caso, é possível formarmos homem que passava naquele momento.
outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo pa- Oração Subordinada Adjetiva
pel. Veja: Restritiva

Esta foi uma redação que fez sucesso. Nesse período, observe que a oração em destaque res-
Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva tringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: trata-
se de um homem específico, único. A oração limita o uni-
Perceba que a conexão entre a oração subordinada ad- verso de homens, isto é, não se refere a todos os homens,
jetiva e o termo da oração principal que ela modifica é feita mas sim àquele que estava passando naquele momento.
pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou relacio- Exemplo 2:
nar) duas orações, o pronome relativo desempenha uma O homem, que se considera racional, muitas vezes
função sintática na oração subordinada: ocupa o papel que age animalescamente.
seria exercido pelo termo que o antecede. Oração Subordinada Adjetiva Explicativa

67
LÍNGUA PORTUGUESA

Nesse período, a oração em destaque não tem sentido Circunstâncias Expressas


restritivo em relação à palavra “homem”; na verdade, essa pelas Orações Subordinadas Adverbiais
oração apenas explicita uma ideia que já sabemos estar
contida no conceito de “homem”. a) Causa
Saiba que:
A oração subordinada adjetiva explicativa é separada A ideia de causa está diretamente ligada àquilo que
da oração principal por uma pausa, que, na escrita, é repre- provoca um determinado fato, ao motivo do que se declara
sentada pela vírgula. É comum, por isso, que a pontuação na oração principal. “É aquilo ou aquele que determina um
seja indicada como forma de diferenciar as orações expli- acontecimento”.
cativas das restritivas; de fato, as explicativas vêm sempre Principal conjunção subordinativa causal: PORQUE
isoladas por vírgulas; as restritivas, não. Outras conjunções e locuções causais: como (sempre
introduzido na oração anteposta à oração principal), pois,
3) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS pois que, já que, uma vez que, visto que.
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
Uma oração subordinada adverbial é aquela que exer- Como ninguém se interessou pelo projeto, não houve al-
ce a função de adjunto adverbial do verbo da oração prin- ternativa a não ser cancelá-lo.
cipal. Dessa forma, pode exprimir circunstância de tempo, Já que você não vai, eu também não vou.
modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando desen-
volvida, vem introduzida por uma das conjunções subor- b) Consequência
dinativas (com exclusão das integrantes). Classifica-se de
acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que a in- As orações subordinadas adverbiais consecutivas ex-
troduz. primem um fato que é consequência, que é efeito do que
se declara na oração principal. São introduzidas pelas con-
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. junções e locuções: que, de forma que, de sorte que, tanto
Oração Subordinada Adverbial que, etc., e pelas estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...
Observe que a oração em destaque agrega uma cir- que.
cunstância de tempo. É, portanto, chamada de oração su- Principal conjunção subordinativa consecutiva: QUE
bordinada adverbial temporal. Os adjuntos adverbiais são (precedido de tal, tanto, tão, tamanho)
termos acessórios que indicam uma circunstância refe- É feio que dói. (É tão feio que, em consequência, causa
rente, via de regra, a um verbo. A classificação do adjunto dor.)
adverbial depende da exata compreensão da circunstância Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con-
que exprime. Observe os exemplos abaixo: cretizando-os.
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzi-
minha vida. da de Infinitivo)
Quando vi a estátua, senti uma das maiores emoções de
minha vida. c) Condição

No primeiro período, “naquele momento” é um ad- Condição é aquilo que se impõe como necessário para
junto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal a realização ou não de um fato. As orações subordinadas
“senti”. No segundo período, esse papel é exercido pela adverbiais condicionais exprimem o que deve ou não ocor-
oração “Quando vi a estátua”, que é, portanto, uma oração rer para que se realize ou deixe de se realizar o fato expres-
subordinada adverbial temporal. Essa oração é desenvol- so na oração principal.
vida, pois é introduzida por uma conjunção subordinativa Principal conjunção subordinativa condicional: SE
(quando) e apresenta uma forma verbal do modo indicati- Outras conjunções condicionais: caso, contanto que,
vo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria possível desde que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que,
reduzi-la, obtendo-se: sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo).
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado,
Ao ver a estátua, senti uma das maiores emoções de certamente o melhor time será campeão.
minha vida. Uma vez que todos aceitem a proposta, assinaremos o
contrato.
A oração em destaque é reduzida, pois apresenta uma Caso você se case, convide-me para a festa.
das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é
introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma d) Concessão
preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
As orações subordinadas adverbiais concessivas in-
Obs.: a classificação das orações subordinadas adver- dicam concessão às ações do verbo da oração principal,
biais é feita do mesmo modo que a classificação dos ad- isto é, admitem uma contradição ou um fato inesperado. A
juntos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela ideia de concessão está diretamente ligada ao contraste, à
oração. quebra de expectativa.

68
LÍNGUA PORTUGUESA

Principal conjunção subordinativa concessiva: EMBORA Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigos.
Utiliza-se também a conjunção: conquanto e as locu- Felipe abriu a porta do carro para que sua namorada
ções ainda que, ainda quando, mesmo que, se bem que, pos- entrasse.
to que, apesar de que.
Só irei se ele for. h) Proporção

A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” As orações subordinadas adverbiais proporcionais ex-
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita. Com- primem ideia de proporção, ou seja, um fato simultâneo ao
pare agora com: expresso na oração principal.
Irei mesmo que ele não vá. Principal locução conjuntiva subordinativa proporcio-
nal: À PROPORÇÃO QUE
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: Outras locuções conjuntivas proporcionais: à medida
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A que, ao passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...
oração destacada é, portanto, subordinada adverbial con- (maior), quanto maior...(menor), quanto menor...(maior),
cessiva. Observe outros exemplos: quanto menor...(menor), quanto mais...(mais), quanto mais...
Embora fizesse calor, levei agasalho. (menos), quanto menos...(mais), quanto menos...(menos).
Conquanto a economia tenha crescido, pelo menos me- À proporção que estudávamos, acertávamos mais ques-
tade da população continua à margem do mercado de con- tões.
sumo. Visito meus amigos à medida que eles me convidam.
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em- Quanto maior for a altura, maior será o tombo.
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
i) Tempo
e) Comparação
As orações subordinadas adverbiais temporais acres-
As orações subordinadas adverbiais comparativas es- centam uma ideia de tempo ao fato expresso na oração
tabelecem uma comparação com a ação indicada pelo ver-
principal, podendo exprimir noções de simultaneidade, an-
bo da oração principal.
terioridade ou posterioridade.
Principal conjunção subordinativa comparativa: COMO
Principal conjunção subordinativa temporal: QUANDO
Ele dorme como um urso.
Outras conjunções subordinativas temporais: enquan-
to, mal e locuções conjuntivas: assim que, logo que, todas as
Saiba que: É comum a omissão do verbo nas orações
vezes que, antes que, depois que, sempre que, desde que, etc.
subordinadas adverbiais comparativas. Por exemplo:
Agem como crianças. (agem) Quando você foi embora, chegaram outros convidados.
Oração Subordinada Adverbial Comparativa Sempre que ele vem, ocorrem problemas.
No entanto, quando se comparam ações diferentes, Mal você saiu, ela chegou.
isso não ocorre. Por exemplo: Ela fala mais do que faz. Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi-
(comparação do verbo falar e do verbo fazer). nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)

f) Conformidade Fonte:
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint29.
As orações subordinadas adverbiais conformativas in- php
dicam ideia de conformidade, ou seja, exprimem uma re-
gra, um modelo adotado para a execução do que se decla- Questões sobre Orações Subordinadas
ra na oração principal.
Principal conjunção subordinativa conformativa: CON- 01. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VUNESp/2013).
FORME Mais denso, menos trânsito
Outras conjunções conformativas: como, consoante e
segundo (todas com o mesmo valor de conforme). As grandes cidades brasileiras estão congestionadas e
Fiz o bolo conforme ensina a receita. em processo de deterioração agudizado pelo crescimento
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm econômico da última década. Existem deficiências evidentes
direitos iguais. em infraestrutura, mas é importante também considerar o
planejamento urbano.
g) Finalidade Muitas grandes cidades adotaram uma abordagem de
desconcentração, incentivando a criação de diversos centros
As orações subordinadas adverbiais finais indicam a urbanos, na visão de que isso levaria a uma maior facilidade
intenção, a finalidade daquilo que se declara na oração de deslocamento.
principal. Mas o efeito tem sido o inverso. A criação de diversos
Principal conjunção subordinativa final: A FIM DE QUE centros e o aumento das distâncias multiplicam o número de
Outras conjunções finais: que, porque (= para que) e a viagens, dificultando o investimento em transporte coletivo e
locução conjuntiva para que. aumentando a necessidade do transporte individual.

69
LÍNGUA PORTUGUESA

Se olharmos Los Angeles como a região que levou a


desconcentração ao extremo, ficam claras as consequências.
Numa região rica como a Califórnia, com enorme investi-
mento viário, temos engarrafamentos gigantescos que vira-
ram característica da cidade.
Os modelos urbanos bem-sucedidos são aqueles com
elevado adensamento e predominância do transporte coleti-
vo, como mostram Manhattan e Tóquio.
O centro histórico de São Paulo é a região da cidade
mais bem servida de transporte coletivo, com infraestrutura
de telecomunicação, água, eletricidade etc. Como em outras
grandes cidades, essa deveria ser a região mais adensada da
metrópole. Mas não é o caso. Temos, hoje, um esvaziamento
gradual do centro, com deslocamento das atividades para
diversas regiões da cidade.
A visão de adensamento com uso abundante de trans-
porte coletivo precisa ser recuperada. Desse modo, será pos-
sível reverter esse processo de uso cada vez mais intenso do
transporte individual, fruto não só do novo acesso da popu-
lação ao automóvel, mas também da necessidade de maior
número de viagens em função da distância cada vez maior (Dik Browne, Folha de S. Paulo, 26.01.2013)
entre os destinos da população.
(Henrique Meirelles, Folha de S.Paulo, 13.01.2013. É correto afirmar que a expressão contanto que esta-
Adaptado)
belece entre as orações relação de
As expressões mais denso e menos trânsito, no título,
A) causa, pois Honi quer ter filhos e não deseja traba-
estabelecem entre si uma relação de
lhar depois de casada.
(A) comparação e adição.
B) comparação, pois o namorado espera ter sucesso
(B) causa e consequência.
como cantor romântico.
(C) conformidade e negação.
C) tempo, pois ambos ainda são adolescentes, mas já
(D) hipótese e concessão.
pensam em casamento.
(E) alternância e explicação
D) condição, pois Lute sabe que exercendo a profissão
de músico provavelmente ganhará pouco.
02. (AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA PENITEN- E) finalidade, pois Honi espera que seu futuro marido
CIÁRIA – VUNESP – 2013). No trecho – Tem surtido um torne-se um artista famoso.
efeito positivo por eles se tornarem uma referência positi-
va dentro da unidade, já que cumprem melhor as regras, 05. (ANALISTA ADMINISTRATIVO – VUNESP – 2013).
respeitam o próximo e pensam melhor nas suas ações, re- Em – Apesar da desconcentração e do aumento da ex-
fletem antes de tomar uma atitude. – o termo em destaque tensão urbana verificados no Brasil, é importante desen-
estabelece entre as orações uma relação de volver e adensar ainda mais os diversos centros já existen-
A) condição. B) causa. C) comparação. D) tempo. tes... –, sem que tenha seu sentido alterado, o trecho em
E) concessão. destaque está corretamente reescrito em:
A) Mesmo com a desconcentração e o aumento da Ex-
03. (UFV-MG) As orações subordinadas substantivas tensão urbana verificados no Brasil, é importante desenvol-
que aparecem nos períodos abaixo são todas subjetivas, ver e adensar ainda mais os diversos centros já existentes...
exceto: B) Uma vez que se verifica a desconcentração e o au-
A) Decidiu-se que o petróleo subiria de preço. mento da extensão urbana no Brasil, é importante desen-
B) É muito bom que o homem, vez por outra, reflita volver e adensar ainda mais os diversos centros já existen-
sobre sua vida. tes...
C) Ignoras quanto custou meu relógio? C) Assim como são verificados a desconcentração e o
D) Perguntou-se ao diretor quando seríamos recebi- aumento da extensão urbana no Brasil, é importante de-
dos. senvolver e adensar ainda mais os diversos centros já exis-
E) Convinha-nos que você estivesse presente à reunião tentes...
D) Visto que com a desconcentração e o aumento da
04. (AGENTE DE VIGILÂNCIA E RECEPÇÃO – VUNESP extensão urbana verificados no Brasil, é importante desen-
– 2013). Considere a tirinha em que se vê Honi conversan- volver e adensar ainda mais os diversos centros já existen-
do com seu Namorado Lute. tes...

70
LÍNGUA PORTUGUESA

E) De maneira que, com a desconcentração e o aumen- A oração não atende aos requisitos de tais orações, ou
to da extensão urbana verificados no Brasil, é importante seja, não se inicia com verbo de ligação, tampouco pelos
desenvolver e adensar ainda mais os diversos centros já verbos “convir”, “parecer”, “importar”, “constar” etc., e tam-
existentes... bém não inicia com as conjunções integrantes “que” e “se”.

06. (ANALISTA ADMINISTRATIVO – VUNESP – 2013). 4-)


Em – É fundamental que essa visão de adensamento com a expressão contanto que estabelece uma relação de
uso abundante de transporte coletivo seja recuperada para condição (condicional)
que possamos reverter esse processo de uso… –, a expres-
são em destaque estabelece entre as orações relação de 5-)
A) consequência. Apesar da desconcentração e do aumento da extensão
B) condição. urbana verificados no Brasil = conjunção concessiva
C) finalidade. B) Uma vez que se verifica a desconcentração e o au-
D) causa. mento da extensão urbana no Brasil, = causal
E) concessão. C) Assim como são verificados a desconcentração e o
aumento da extensão urbana no Brasil = comparativa
07. (ANALISTA DE SISTEMAS – VUNESP – 2013 – D) Visto que com a desconcentração e o aumento da
adap.). Considere o trecho: “Como as músicas eram de extensão urbana verificados no Brasil = causal
protesto, naquele mesmo ano foi enquadrado na lei de se- E) De maneira que, com a desconcentração e o aumen-
gurança nacional pela ditadura militar e exilado.” O termo to da extensão urbana verificados no Brasil = consecutivas
Como, em destaque na primeira parte do enunciado, ex-
pressa ideia de 6-)
A) contraste e tem sentido equivalente a porém. para que possamos = conjunção final (finalidade)
B) concessão e tem sentido equivalente a mesmo que.
C) conformidade e tem sentido equivalente a confor- 7-)
me. “Como as músicas eram de protesto = expressa ideia
D) causa e tem sentido equivalente a visto que. de causa da consequência “foi enquadrado” = causa e
E) finalidade e tem sentido equivalente a para que. tem sentido equivalente a visto que.

08. (ANALISTA EM PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E 8-)


FINANÇAS PÚBLICAS – VUNESP – 2013-adap.) No tre- com tanto orgulho que chega a contaminar-me. – a
cho – “Fio, disjuntor, tomada, tudo!”, insiste o motorista, com construção estabelece uma relação de causa e consequên-
tanto orgulho que chega a contaminar-me. –, a construção cia. (a causa da “contaminação” – consequência)
tanto ... que estabelece entre as construções [com tanto or-
gulho] e [que chega a contaminar-me] uma relação de
A) condição e finalidade.
B) conformidade e proporção. 4. CRASE.
C) finalidade e concessão.
D) proporção e comparação.
E) causa e consequência.
A palavra crase é de origem grega e significa “fusão”,
GABARITO “mistura”. Na língua portuguesa, é o nome que se dá à
“junção” de duas vogais idênticas. É de grande importân-
01. B 02. B 03. C 04. D cia a crase da preposição “a” com o artigo feminino “a”
05. A 06. C 07. D 08. E (s), com o “a” inicial dos pronomes aquele(s), aquela (s),
aquilo e com o “a” do relativo a qual (as quais). Na escri-
RESOLUÇÃO ta, utilizamos o acento grave ( ` ) para indicar a crase. O
uso apropriado do acento grave depende da compreensão
1-) da fusão das duas vogais. É fundamental também, para o
mais denso e menos trânsito = mais denso, conse- entendimento da crase, dominar a regência dos verbos e
quentemente, menos trânsito, então: causa e consequência nomes que exigem a preposição “a”. Aprender a usar a cra-
se, portanto, consiste em aprender a verificar a ocorrência
2-) simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome.
já que cumprem melhor as regras = estabelece entre Observe:
as orações uma relação de causa com a consequência de Vou a + a igreja.
“tem um efeito positivo”. Vou à igreja.

3-) No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição


Ignoras quanto custou meu relógio? = oração subor- “a”, exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência
dinada substantiva objetiva direta do artigo “a” que está determinando o substantivo femi-

71
LÍNGUA PORTUGUESA

nino igreja. Quando ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem, a união delas é indicada pelo acento grave.
Observe os outros exemplos:
Conheço a aluna.
Refiro-me à aluna.

No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não
pode ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto (referir--se a algo ou a alguém) e exige a preposição “a”.
Portanto, a crase é possível, desde que o termo seguinte seja feminino e admita o artigo feminino “a” ou um dos pronomes
já especificados.

Casos em que a crase NÃO ocorre:

- diante de substantivos masculinos:


Andamos a cavalo.
Fomos a pé.
Passou a camisa a ferro.
Fazer o exercício a lápis.
Compramos os móveis a prazo.

- diante de verbos no infinitivo:


A criança começou a falar.
Ela não tem nada a dizer.
Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos exemplos acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase.

- diante da maioria dos pronomes e das expressões de tratamento, com exceção das formas senhora, senhorita
e dona:
Diga a ela que não estarei em casa amanhã.
Entreguei a todos os documentos necessários.
Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem.
Peço a Vossa Senhoria que aguarde alguns minutos.

Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes podem ser identificados pelo método: troque a palavra
feminina por uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao, ocorrerá crase. Por exemplo:
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.)
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao senhor.)
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio Cláudio para sair mais cedo.)

- diante de numerais cardinais:


Chegou a duzentos o número de feridos.
Daqui a uma semana começa o campeonato.

Casos em que a crase SEMPRE ocorre:

- diante de palavras femininas:


Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega.
Sempre vamos à praia no verão.
Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores.
Sou grata à população.
Fumar é prejudicial à saúde.
Este aparelho é posterior à invenção do telefone.

- diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de” (mesmo que a expressão moda de fique subentendida):
O jogador fez um gol à (moda de) Pelé.
Usava sapatos à (moda de) Luís XV.
Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho.
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro.

- na indicação de horas:
Acordei às sete horas da manhã.
Elas chegaram às dez horas.
Foram dormir à meia-noite.

72
LÍNGUA PORTUGUESA

- em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de que participam palavras femininas. Por exemplo:
à tarde às ocultas às pressas à medida que
à noite às claras às escondidas à força
à vontade à beça à larga à escuta
às avessas à revelia à exceção de à imitação de
à esquerda às turras às vezes à chave
à direita à procura à deriva à toa
à luz à sombra de à frente de à proporção que
à semelhança de às ordens à beira de

Crase diante de Nomes de Lugar

Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo “a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que
diante deles haverá crase, desde que o termo regente exija a preposição “a”. Para saber se um nome de lugar admite ou não
a anteposição do artigo feminino “a”, deve-se substituir o termo regente por um verbo que peça a preposição “de” ou “em”.
A ocorrência da contração “da” ou “na” prova que esse nome de lugar aceita o artigo e, por isso, haverá crase. Por exemplo:
Vou à França. (Vim da [de+a] França. Estou na [em+a] França.)
Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto Alegre.)

*- Dica da Zê!: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou A volto DE, crase PRA QUÊ?”
Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
Vou à praia. = Volto da praia.

- ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado, ocorrerá crase. Veja:


Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
Irei à Salvador de Jorge Amado.

Crase diante dos Pronomes Demonstrativos

Aquele (s), Aquela (s), Aquilo

Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo regente exigir a preposição “a”. Por exemplo:
Refiro-me a + aquele atentado.
Preposição Pronome
Refiro-me àquele atentado.

O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo indireto referir (referir-se a algo ou alguém) e exige preposição,
portanto, ocorre a crase. Observe este outro exemplo:
Aluguei aquela casa.

O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não exige preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Veja
outros exemplos:
Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho.
Quero agradecer àqueles que me socorreram.
Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai.
Não obedecerei àquele sujeito.
Assisti àquele filme três vezes.
Espero aquele rapaz.
Fiz aquilo que você disse.
Comprei aquela caneta.

Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais

A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e as quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses pro-
nomes exigir a preposição “a”, haverá crase. É possível detectar a ocorrência da crase nesses casos utilizando a substituição
do termo regido feminino por um termo regido masculino. Por exemplo:

73
LÍNGUA PORTUGUESA

A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade. Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a Ro-
O monumento ao qual me refiro fica no centro da ci- berto.
dade. Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao Ro-
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a berto.
crase. Veja outros exemplos: - diante de pronome possessivo feminino:
São normas às quais todos os alunos devem obedecer. Observação: é facultativo o uso da crase diante de pro-
Esta foi conclusão à qual ele chegou. nomes possessivos femininos porque é facultativo o uso do
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam artigo. Observe:
responder nenhuma das questões. Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está esperan-
A sessão à qual assisti estava vazia. do por você.
A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está es-
Crase com o Pronome Demonstrativo “a” perando por você.
Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de
A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo
pronomes possessivos femininos, então podemos escrever
“a” também pode ser detectada através da substituição do
as frases abaixo das seguintes formas:
termo regente feminino por um termo regido masculino.
Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.
Veja:
Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.
Minha revolta é ligada à do meu país.
Meu luto é ligado ao do meu país.
As orações são semelhantes às de antes. - depois da preposição até:
Os exemplos são semelhantes aos de antes. Fui até a praia. ou Fui até à praia.
Suas perguntas são superiores às dele. Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o
Seus argumentos são superiores aos dele. até à porta.
Sua blusa é idêntica à de minha colega. A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A
Seu casaco é idêntico ao de minha colega. palestra vai até às cinco horas da tarde.

A Palavra Distância Questões sobre Crase

Se a palavra distância estiver especificada, determina- 01.( Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) No Brasil, as dis-
da, a crase deve ocorrer. Por exemplo: Sua casa fica à dis- cussões sobre drogas parecem limitar-se ______aspectos ju-
tância de 100km daqui. (A palavra está determinada) rídicos ou policiais. É como se suas únicas consequências
Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A estivessem em legalismos, tecnicalidades e estatísticas cri-
palavra está especificada.) minais. Raro ler ____respeito envolvendo questões de saúde
pública como programas de esclarecimento e prevenção, de
Se a palavra distância não estiver especificada, a crase tratamento para dependentes e de reintegração desses____
não pode ocorrer. Por exemplo: vida. Quantos de nós sabemos o nome de um médico ou
Os militares ficaram a distância. clínica ____quem tentar encaminhar um drogado da nossa
Gostava de fotografar a distância. própria família?
Ensinou a distância. (Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Pau-
Dizem que aquele médico cura a distância. lo, 17.09.2012. Adaptado)
Reconheci o menino a distância. As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e
respectivamente, com:
Observação: por motivo de clareza, para evitar ambi-
(A) aos … à … a … a
guidade, pode-se usar a crase. Veja:
(B) aos … a … à … a
Gostava de fotografar à distância.
(C) a … a … à … à
Ensinou à distância.
Dizem que aquele médico cura à distância. (D) à … à … à … à
(E) a … a … a … a
Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA
02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013).Leia
- diante de nomes próprios femininos: o texto a seguir.
Observação: é facultativo o uso da crase diante de no- Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, cor-
mes próprios femininos porque é facultativo o uso do ar- reu ______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira
tigo. Observe: causa do procedimento de Camilo. Vimos que ______ carto-
Paula é muito bonita. Laura é minha amiga. mante restituiu--lhe ______ confiança, e que o rapaz repreen-
A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga. deu-a por ter feito o que fez.
(Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias.
Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo Rio de Janeiro: Globo, 1997, p. 6)
feminino diante de nomes próprios femininos, então pode- Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na
mos escrever as frases abaixo das seguintes formas: ordem dada:

74
LÍNGUA PORTUGUESA

A) à – a – a A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas


B) a – a – à com as dificuldades para lidar com as frustrações de seus
C) à – a – à desejos.
D) à – à – a B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações
E) a – à – à nos mecanismos biológicos de controle emocional.
C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
03 “Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ proble- D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunida-
mas já expostos ___ V. Sª ___ alguns dias”. de alimentam a violência crescente nas cidades.
a) à - àqueles - a - há E) Um ambiente desfavorável à formação da personali-
b) a - àqueles - a - há dade atinge os mais vulneráveis.
c) a - aqueles - à - a 08. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013).
d) à - àqueles - a - a O sinal indicativo de crase está correto em:
e) a - aqueles - à - há
A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na
área de biotecnologia.
04.(Agente Técnico – FCC – 2013-adap.) Claro que não
B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar
me estou referindo a essa vulgar comunicação festiva e
à educação dos filhos.
efervescente.
C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar
O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase
se o segmento grifado for substituído por: as instalações do prédio.
A) leitura apressada e sem profundidade. D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer
B) cada um de nós neste formigueiro. detalhe que envolva a segurança das pessoas.
C) exemplo de obras publicadas recentemente. E) É função da política é dedicar-se à todo problema
D) uma comunicação festiva e virtual. que comprometa o bem-estar do cidadão.
E) respeito de autores reconhecidos pelo público.
09. (Agente Educacional – VUNESP – 2013). Assinale
05. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU- a alternativa em que a sequência da frase a seguir traz o
NESP – 2013). uso correto do acento indicativo de crase, de acordo com a
O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP) norma-padrão da língua portuguesa.
também desenvolve atividades lúdicas de apoio______ res-
socialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará- Um bom conhecimento de matemática é indispensável
-lo para o retorno______ sociedade. Dessa forma, quando em A) à todo e qualquer estudante.
liberdade, ele estará capacitado______ ter uma profissão e B) à estudantes de nível superior.
uma vida digna. C) à quem pretende carreiras no campo de exatas.
(Disponível em: www.metropolitana.com.br/blog/ D) à construção do saber nas mais diversas áreas.
qual_e_a_importancia_da_ressocializacao_de_presos. Aces- E) à uma boa formação profissional.
so em: 18.08.2012. Adaptado)
GABARITO
Assinale a alternativa que preenche, correta e respecti-
vamente, as lacunas do texto, de acordo com a norma-pa- 01. B 02. A 03. B 04. A 05. D
drão da língua portuguesa. 06. A 07. E 08. B 09. D
A) à … à … à
B) a … a … à
RESOLUÇÃO
C) a … à … à
D) à … à ... a
1-) limitar-se _aos _aspectos jurídicos ou policiais.
E) a … à … a
Raro ler __a__respeito (antes de palavra masculina
não há crase)
06. O Ministro informou que iria resistir _____ pressões
contrárias _____ modificações relativas _____ aquisição da de reintegração desses_à_ vida. (reintegrar a + a
casa própria. vida = à)
a) às - àquelas _ à o nome de um médico ou clínica __a_quem tentar en-
b) as - aquelas - a caminhar um drogado da nossa própria família? (antes de
c) às àquelas - a pronome indefinido/relativo)
d) às - aquelas - à
e) as - àquelas - à 2-) correu _à (= para a ) cartomante para consultá-la
sobre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vi-
07. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU- mos que _a__cartomante (objeto direto)restituiu-lhe ___a___
NESP – 2013-adap) O acento indicativo de crase está cor- confiança (objeto direto), e que o rapaz repreendeu-a por
retamente empregado em: ter feito o que fez.

75
LÍNGUA PORTUGUESA

3-) “Nesta oportunidade, volto _a_ referir-me àqueles__ C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar
problemas já expostos a _ V. Sª _há_ alguns dias”. as instalações do prédio. (verbo no infinitivo)
- a referir = antes de verbo no infinito não há crase; D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer
- quem faz referência, faz referência A algo ou A al- detalhe que envolva a segurança das pessoas. (pronome
guém ( a regência do verbo pede preposição) indefinido)
- antes de pronome de tratamento não há crase (exce- E) É função da política é dedicar-se à todo problema
ção à senhora, que admite artigo); que comprometa o bem-estar do cidadão. (pronome in-
- há no sentido de tempo passado.
definido)
9-) Um bom conhecimento de matemática é indispen-
4-) Claro que não me estou referindo à leitura apressa-
da e sem profundidade. sável à construção do saber nas mais diversas áreas.
a cada um de nós neste formigueiro. (antes de prono- A) à todo e qualquer estudante. (pronome indefinido)
me indefinido) B) à estudantes de nível superior. (“a” no singular antes
a exemplo de obras publicadas recentemente. (palavra de palavra no plural)
masculina) C) à quem pretende carreiras no campo de exatas.
a uma comunicação festiva e virtual. (artigo indefini- (pronome indefinido/relativo)
do) E) à uma boa formação profissional. (artigo indefinido)
a respeito de autores reconhecidos pelo público. (pa-
lavra masculina)

5-) O Instituto Nacional de Administração Prisio-


nal (INAP) também desenvolve atividades lúdicas de 5. PONTUAÇÃO.
apoio___à__ ressocialização do indivíduo preso, com o ob-
jetivo de prepará--lo para o retorno___à__ sociedade. Dessa
forma, quando em liberdade, ele estará capacitado__a___
ter uma profissão e uma vida digna. Os sinais de pontuação são marcações gráficas que
- Apoio a ? Regência nominal pede preposição; servem para compor a coesão e a coerência textual, além
- retorno a? regência nominal pede preposição; de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. Ve-
- antes de verbo no infinitivo não há crase. jamos as principais funções dos sinais de pontuação co-
nhecidos pelo uso da língua portuguesa.
6-) O Ministro informou que iria resistir _às__ pressões
contrárias àquelas_ modificações relativas __à_ aquisição Ponto
da casa própria. 1- Indica o término do discurso ou de parte dele.
- resistir a? regência verbal pede preposição; - Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em
- contrária a? regência nominal pede preposição; que se encontra.
- relativas a? regência nominal pede preposição. - Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite.
- Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava.
7-)
A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas
com as dificuldades para lidar com as frustrações de seus 2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr.
desejos. (antes de verbo no infinitivo não há crase)
B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações Ponto e Vírgula ( ; )
nos mecanismos biológicos de controle emocional. (se 1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
o “a” está no singular e antecede palavra no plural, não há importância.
crase) - “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo
C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade. pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida;
(artigo indefinido) os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunida-
de alimentam a violência crescente nas cidades. (palavra 2- Separa partes de frases que já estão separadas por
masculina) vírgulas.
E) Um ambiente desfavorável à formação da personali- - Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, monta-
dade atinge os mais vulneráveis. = correta (regência nomi-
nhas, frio e cobertor.
nal: desfavorável a?)

8-) 3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo-


A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na tivos, decreto de lei, etc.
área de biotecnologia. (artigo indefinido) - Ir ao supermercado;
B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar - Pegar as crianças na escola;
à educação dos filhos. = correta (regência verbal: dedicar - Caminhada na praia;
a) - Reunião com amigos.

76
LÍNGUA PORTUGUESA

Dois pontos b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão


1- Antes de uma citação produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
- Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto: c) das expressões explicativas ou corretivas: As indús-
trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não
2- Antes de um aposto querem abrir mão dos lucros altos.
- Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
tarde e calor à noite. - Para marcar inversão:
a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fe-
- Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, viven-
do a rotina de sempre. chadas.
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
4- Em frases de estilo direto pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
Maria perguntou: c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
- Por que você não toma uma decisão? maio de 1982.

Ponto de Exclamação - Para separar entre si elementos coordenados (dispos-


1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, tos em enumeração):
susto, súplica, etc. Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
- Sim! Claro que eu quero me casar com você! A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.
2- Depois de interjeições ou vocativos
- Ai! Que susto! - Para marcar elipse (omissão) do verbo:
- João! Há quanto tempo!
Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.
- Para isolar:
Ponto de Interrogação
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres. - o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasilei-
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze- ra, possui um trânsito caótico.
vedo) - o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.

Reticências Fontes:
1- Indica que palavras foram suprimidas. http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
- Comprei lápis, canetas, cadernos... http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgu-
la.htm
2- Indica interrupção violenta da frase.
“- Não... quero dizer... é verdad... Ah!” Questões sobre Pontuação
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida
01. (Agente Policial – Vunesp – 2013). Assinale a alter-
- Este mal... pega doutor?
nativa em que a pontuação está corretamente empregada,
4- Indica que o sentido vai além do que foi dito de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
- Deixa, depois, o coração falar... (A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,
embora, experimentasse, a sensação de violar uma intimi-
Vírgula dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando en-
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua
Não se usa vírgula dona.
*separando termos que, do ponto de vista sintático, li- (B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e,
gam-se diretamente entre si: embora experimentasse a sensação, de violar uma intimi-
- entre sujeito e predicado. dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando en-
Todos os alunos da sala foram advertidos. contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua
Sujeito predicado dona.
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,
- entre o verbo e seus objetos.
embora experimentasse a sensação de violar uma intimida-
O trabalho custou sacrifício aos realiza-
de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar
dores.
V.T.D.I. O.D. O.I. algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e,
Usa-se a vírgula: embora experimentasse a sensação de violar uma intimi-
- Para marcar intercalação: dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, en-
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun- contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua
dância, vem caindo de preço. dona.

77
LÍNGUA PORTUGUESA

(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, (D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida-
embora, experimentasse a sensação de violar uma intimi- mente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço
dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, en- seja mais notável em alguns países – o Brasil é um exemplo
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua – do que em outros.
dona. (E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapida-
02. Assinale a opção em que está corretamente indica- mente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avan-
ço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exem-
da a ordem dos sinais de pontuação que devem preencher
plo) do que em outros.
as lacunas da frase abaixo: 05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.).
“Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas Assinale a alternativa em que a frase mantém-se correta
devem ser consideradas ____ uma é a contribuição teórica após o acréscimo das vírgulas.
que o trabalho oferece ___ a outra é o valor prático que possa (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na
ter. pulseira instruções para que envie, uma mensagem eletrô-
nica ao grupo ou acione o código na internet.
A) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula (B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de
B) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula; onde o código foi acionado.
C) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula; (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastra-
D) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula; dos, recebem automaticamente, uma mensagem dizendo
E) ponto e vírgula, vírgula, vírgula. que a criança foi encontrada.
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega
03. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013). Os primeiro às, areias do Guarujá.
(E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o te-
sinais de pontuação estão empregados corretamente em:
lefone de quem a encontrou e informar um ponto de re-
A) Duas explicações, do treinamento para consultores ferência
iniciantes receberam destaque, o conceito de PPD e a cons-
trução de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar das 06. Assinale a série de sinais cujo emprego correspon-
metas de vendas associadas aos dois temas. de, na mesma ordem, aos parênteses indicados no texto:
B) Duas explicações do treinamento para consultores “Pergunta-se ( ) qual é a ideia principal desse pará-
iniciantes receberam destaque: o conceito de PPD e a cons- grafo ( ) A chegada de reforços ( ) a condecoração ( ) o
trução de tabelas Price; mas, por outro lado, faltou falar das escândalo da opinião pública ou a renúncia do presidente (
metas de vendas associadas aos dois temas. ) Se é a chegada de reforços ( ) que relação há ( ) ou mos-
C) Duas explicações do treinamento para consultores trou seu autor haver ( ) entre esse fato e os restantes ( )”.
iniciantes receberam destaque; o conceito de PPD e a cons- A) vírgula, vírgula, interrogação, interrogação, interro-
trução de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das gação, vírgula, vírgula, vírgula, ponto final
metas de vendas associadas aos dois temas. B) dois pontos, interrogação, vírgula, vírgula, interroga-
ção, vírgula, travessão, travessão, interrogação
D) Duas explicações do treinamento para consulto-
C) travessão, interrogação, vírgula, vírgula, ponto final,
res iniciantes, receberam destaque: o conceito de PPD e travessão, travessão, ponto final, ponto final
a construção de tabelas Price, mas, por outro lado, faltou D) dois pontos, interrogação, vírgula, ponto final, tra-
falar das metas de vendas associadas aos dois temas. vessão, vírgula, vírgula, vírgula, interrogação
E) Duas explicações, do treinamento para consulto- E) dois pontos, ponto final, vírgula, vírgula, interroga-
res iniciantes, receberam destaque; o conceito de PPD e a ção, vírgula, vírgula, travessão, interrogação
construção de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar
das metas, de vendas associadas aos dois temas. 07. (SRF) Das redações abaixo, assinale a que não está
pontuada corretamente:
04.(Escrevente TJ SP – Vunesp 2012). Assinale a alter- A) Os candidatos, em fila, aguardavam ansiosos o re-
nativa em que o período, adaptado da revista Pesquisa sultado do concurso.
Fapesp de junho de 2012, está correto quanto à regência B) Em fila, os candidatos, aguardavam, ansiosos, o re-
nominal e à pontuação. sultado do concurso.
C) Ansiosos, os candidatos aguardavam, em fila, o re-
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapida-
sultado do concurso.
mente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço D) Os candidatos ansiosos aguardavam o resultado do
seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, concurso, em fila.
do que em outros. E) Os candidatos aguardavam ansiosos, em fila, o resul-
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam ra- tado do concurso.
pidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o
avanço seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um 08. A frase em que deveria haver uma vírgula é:
exemplo!, do que em outros. A) Comi uma fruta pela manhã e outra à tarde.
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam ra- B) Eu usei um vestido vermelho na festa e minha irmã
pidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o usou um vestido azul.
avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um C) Ela tem lábios e nariz vermelhos.
exemplo, do que em outros. D) Não limparam a sala nem a cozinha.

78
LÍNGUA PORTUGUESA

GABARITO 4-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inade-


quadas
01. C 02. C 03. B 04. D 05. E (A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam , (X)
06. B 07. B 08. B rapidamente , (X) seu espaço na carreira científica (, ) ainda
que o avanço seja mais notável em alguns países, o Brasil é
um exemplo, do que em outros.
RESOLUÇÃO (B) Não há dúvida de que , (X) as mulheres , (X) am-
pliam rapidamente seu espaço na carreira científica ; (X)
1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas ainda que o avanço seja mais notável , (X) em alguns paí-
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, ses, o Brasil é um exemplo ! (X) , do que em outros.
embora, (X) experimentasse , (X) a sensação de violar uma (C) Não há dúvida de que as mulheres , (X) ampliam
intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando rapidamente seu espaço , (X) na carreira científica , (X) ain-
encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a da que o avanço seja mais notável, em alguns países : (X) o
Brasil é um exemplo, do que em outros.
sua dona.
(E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida-
(B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa mente , (X) seu espaço na carreira científica, ainda que , (X)
e, embora experimentasse a sensação , (X) de violar uma o avanço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um
intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando exemplo) do que em outros.
encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a
sua dona. 5-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inade-
(D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa quadas
e, embora experimentasse a sensação de violar uma inti- (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la , (X) verá
midade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) na pulseira instruções para que envie , (X) uma mensagem
eletrônica ao grupo ou acione o código na internet.
encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a
(B) Um geolocalizador também , (X) avisará , (X) os
sua dona. pais de onde o código foi acionado.
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastra-
embora , (X) experimentasse a sensação de violar uma in- dos , (X) recebem ( , ) automaticamente, uma mensagem
timidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , dizendo que a criança foi encontrada.
(X) encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha , (X) che-
a sua dona. ga primeiro às , (X) areias do Guarujá.

2-) Quando se trata de trabalho científico , duas coisas 6-) Pergunta-se ( : ) qual é a ideia principal desse pa-
rágrafo
devem ser consideradas : uma é a contribuição teórica
( ? ) A chegada de reforços ( , ) a condecoração ( , ) o
que o trabalho oferece ; a outra é o valor prático que pos-
escândalo da opinião pública ou a renúncia do presidente
sa ter. vírgula, dois pontos, ponto e vírgula (? ) Se é a chegada de reforços ( , ) que relação há ( - )
ou mostrou seu autor haver ( - ) entre esse fato e os res-
3-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inade- tantes ( ? )
quadas
A) Duas explicações , (X) do treinamento para consul- 7-) Em fila, os candidatos , (X) aguardavam, ansiosos, o
tores iniciantes receberam destaque , (X) o conceito de resultado do concurso.
PPD e a construção de tabelas Price; mas por outro lado,
8-) Eu usei um vestido vermelho na festa , e minha
faltou falar das metas de vendas associadas aos dois temas.
irmã usou um vestido azul.
C) Duas explicações do treinamento para consultores
Há situações em que é possível usar a vírgula antes do
iniciantes receberam destaque ; (X) o conceito de PPD e a “e”. Isso ocorre quando a conjunção aditiva coordena ora-
construção de tabelas Price , (X) mas por outro lado, faltou ções de sujeitos diferentes nas quais a leitura fluente pode
falar das metas de vendas associadas aos dois temas. ser prejudicada pela ausência da pontuação.
D) Duas explicações do treinamento para consultores
iniciantes , (X) receberam destaque: o conceito de PPD e a
construção de tabelas Price , (X) mas, por outro lado, faltou 6. LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO.
falar das metas de vendas associadas aos dois temas.
E) Duas explicações , (X) do treinamento para consul-
tores iniciantes , (X) receberam destaque ; (X) o conceito
É muito comum, entre os candidatos a um cargo públi-
de PPD e a construção de tabelas Price , (X) mas por outro co, a preocupação com a interpretação de textos. Por isso,
lado, faltou falar das metas , (X) de vendas associadas aos vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar no momento
dois temas. de responder às questões relacionadas a textos.

79
LÍNGUA PORTUGUESA

Texto – é um conjunto de ideias organizadas e rela- Interpretar X compreender


cionadas entre si, formando um todo significativo capaz de
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar e Interpretar significa
decodificar ). - Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
- Através do texto, infere-se que...
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. - É possível deduzir que...
Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz - O autor permite concluir que...
ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando con- - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
dições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido.
Compreender significa
A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que
- intelecção, entendimento, atenção ao que realmente
o relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma está escrito.
frase for retirada de seu contexto original e analisada se- - o texto diz que...
paradamente, poderá ter um significado diferente daquele - é sugerido pelo autor que...
inicial. - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
ção...
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- - o narrador afirma...
rências diretas ou indiretas a outros autores através de ci-
tações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. Erros de interpretação

Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia de erros de interpretação. Os mais frequentes são:
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, - Extrapolação (viagem): Ocorre quando se sai do con-
ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, texto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer por
conhecimento prévio do tema quer pela imaginação.
que levem ao esclarecimento das questões apresentadas
na prova.
- Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção
apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um con-
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a: junto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do
entendimento do tema desenvolvido.
- Identificar – é reconhecer os elementos fundamen-
tais de uma argumentação, de um processo, de uma época - Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias con-
(neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo-
definem o tempo). cadas e, consequentemente, errando a questão.
- Comparar – é descobrir as relações de semelhança Observação - Muitos pensam que há a ótica do es-
ou de diferenças entre as situações do texto. critor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa
- Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado prova de concurso, o que deve ser levado em consideração
com uma realidade, opinando a respeito. é o que o autor diz e nada mais.
- Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secun-
dárias em um só parágrafo. Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
- Parafrasear – é reescrever o texto com outras pala- relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si.
vras. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um
pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono-
Condições básicas para interpretar me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se
vai dizer e o que já foi dito.
Fazem-se necessários:
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia
- Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros
-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e
literários, estrutura do texto), leitura e prática; do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do
- Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode esquecer
texto) e semântico; também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante-
Observação – na semântica (significado das palavras) cedente.
incluem--se: homônimos e parônimos, denotação e cono- Os pronomes relativos são muito importantes na in-
tação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua- terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
gem, entre outros. coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
- Capacidade de observação e de síntese e existe um pronome relativo adequado a cada circunstância,
- Capacidade de raciocínio. a saber:

80
LÍNGUA PORTUGUESA

- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden- No texto, o substantivo usado para ressaltar o universo
te, mas depende das condições da frase. reduzido no qual o menino detém sua atenção é
- qual (neutro) idem ao anterior. (A) fresta.
- quem (pessoa) (B) marca.
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois (C) alma.
o objeto possuído. (D) solidão.
- como (modo) (E) penumbra.
- onde (lugar)
quando (tempo) 2-) (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
quanto (montante) PE/2012)
O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca a
Exemplo: totalidade do universo, toda a sociedade, a história, a con-
Falou tudo QUANTO queria (correto) cepção de mundo. É uma verdade que se diz sobre o mundo,
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria que se estende a todas as coisas e à qual nada escapa. É,
aparecer o demonstrativo O ). de alguma maneira, o aspecto festivo do mundo inteiro, em
todos os seus níveis, uma espécie de segunda revelação do
Dicas para melhorar a interpretação de textos mundo.
Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo:
assunto; Hucitec, 1987, p. 73 (com adaptações).
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa
a leitura; Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente tex-
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto tual “O riso”.
pelo menos duas vezes; ( ) CERTO ( ) ERRADO
- Inferir;
3-) (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE/2010)
- Voltar ao texto quantas vezes precisar;
Só agora, quase cinco meses depois do apagão que atin-
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do
giu pelo menos 1.800 cidades em 18 estados do país, surge
autor;
uma explicação oficial satisfatória para o corte abrupto e
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor
generalizado de energia no final de 2009.
compreensão;
Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elé-
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de
trica (ANEEL), a responsabilidade recai sobre a empresa es-
cada questão;
tatal Furnas, cujas linhas de transmissão cruzam os mais de
- O autor defende ideias e você deve percebê-las.
900 km que separam Itaipu de São Paulo.
Equipamentos obsoletos, falta de manutenção e de in-
Fonte:
vestimentos e também erros operacionais conspiraram para
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu- produzir a mais séria falha do sistema de geração e distri-
gues/como-interpretar-textos buição de energia do país desde o traumático racionamento
de 2001.
QUESTÕES Folha de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adapta-
ções).
1-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 –
FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à ques- Considerando os sentidos e as estruturas linguísticas
tão, considere o texto abaixo. do texto acima apresentado, julgue os próximos itens.
A marca da solidão A oração “que atingiu pelo menos 1.800 cidades em 18
Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de estados do país” tem, nesse contexto, valor restritivo.
paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a ( ) CERTO ( ) ERRADO
testa pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de
penumbra na tarde quente. 4-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011)
Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, den- Um carteiro chega ao portão do hospício e grita:
tro de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com — Carta para o 9.326!!!
pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando peque- Um louco pega o envelope, abre-o e vê que a carta está
nas plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de quem é em
capaz de parar de viver para, apenas, ver. Quando se tem a branco, e um outro pergunta:
marca da solidão na alma, o mundo cabe numa fresta. — Quem te mandou essa carta?
(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Ja- — Minha irmã.
neiro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47) — Mas por que não está escrito nada?

81
LÍNGUA PORTUGUESA

— Ah, porque nós brigamos e não estamos nos falando! Meus amigos partem para as suas férias, cansados de
Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com tanto trabalho; de tanta luta com os motoristas da contra-
adaptações). mão; enfim, cansados, cansados de serem obrigados a viver
numa grande cidade, isto que já está sendo a negação da
O efeito surpresa e de humor que se extrai do texto própria vida.
acima decorre E eu vou para a Ilha do Nanja.
A) da identificação numérica atribuída ao louco. Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui. Passarei as
B) da expressão utilizada pelo carteiro ao entregar a férias lá, onde, à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio
carta no hospício. cresce como um bosque. Nem preciso fechar os olhos: já es-
C) do fato de outro louco querer saber quem enviou tou vendo os pescadores com suas barcas de sardinha, e a
a carta. moça à janela a namorar um moço na outra janela de outra
D) da explicação dada pelo louco para a carta em bran- ilha.
co. (Cecília Meireles, O que se diz e o que se entende.
E) do fato de a irmã do louco ter brigado com ele. Adaptado)

5-) (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR – FGV *fissuras: fendas, rachaduras


PROJETOS/2010)
6-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO
Painel do leitor (Carta do leitor) – VUNESP/2013) No primeiro parágrafo, ao descrever a
maneira como se preparam para suas férias, a autora mos-
Resgate no Chile tra que seus amigos estão
(A) serenos.
Assisti ao maior espetáculo da Terra numa operação de (B) descuidados.
salvamento de vidas, após 69 dias de permanência no fundo (C) apreensivos.
de uma mina de cobre e ouro no Chile. (D) indiferentes.
Um a um os mineiros soterrados foram içados com (E) relaxados.
sucesso, mostrando muita calma, saúde, sorrindo e cum-
primentando seus companheiros de trabalho. Não se pode 7-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO
esquecer a ajuda técnica e material que os Estados Unidos,
– VUNESP/2013) De acordo com o texto, pode-se afirmar
Canadá e China ofereceram à equipe chilena de salvamen-
que, assim como seus amigos, a autora viaja para
to, num gesto humanitário que só enobrece esses países. E,
(A) visitar um lugar totalmente desconhecido.
também, dos dois médicos e dois “socorristas” que, demons-
(B) escapar do lugar em que está.
trando coragem e desprendimento, desceram na mina para
(C) reencontrar familiares queridos.
ajudar no salvamento.
(D) praticar esportes radicais.
(Douglas Jorge; São Paulo, SP; www.folha.com.br – pai-
(E) dedicar-se ao trabalho.
nel do leitor – 17/10/2010)

Considerando o tipo textual apresentado, algumas ex- 8-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO
pressões demonstram o posicionamento pessoal do leitor – VUNESP/2013) Ao descrever a Ilha do Nanja como um
diante do fato por ele narrado. Tais marcas textuais podem lugar onde, “à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio
ser encontradas nos trechos a seguir, EXCETO: cresce como um bosque” (último parágrafo), a autora su-
A) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...” gere que viajará para um lugar
B) “... após 69 dias de permanência no fundo de uma (A) repulsivo e populoso.
mina de cobre e ouro no Chile.” (B) sombrio e desabitado.
C) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e material...” (C) comercial e movimentado.
D) “... gesto humanitário que só enobrece esses países.” (D) bucólico e sossegado.
E) “... demonstrando coragem e desprendimento, des- (E) opressivo e agitado.
ceram na mina...”
(DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO – 9-) (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013)
VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder às Grandes metrópoles em diversos países já aderiram. E
questões de números 6 a 8. o Brasil já está falando sobre isso. O pedágio urbano divide
opiniões e gera debates acalorados. Mas, afinal, o que é mais
Férias na Ilha do Nanja justo? O que fazer para desafogar a cidade de tantos carros?
Prepare-se para o debate que está apenas começando.
Meus amigos estão fazendo as malas, arrumando as (Adaptado de Superinteressante, dezembro2012, p.34)
malas nos seus carros, olhando o céu para verem que tempo
faz, pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas, Marque N(não) para os argumentos contra o pedágio
fissuras* – sem falar em bandidos, milhões de bandidos entre urbano; marque S(sim) para os argumentos a favor do pe-
as fissuras, as pedras soltas e as barreiras... dágio urbano.

82
LÍNGUA PORTUGUESA

( ) A receita gerada pelo pedágio vai melhorar o trans- 4-)


porte público e estender as ciclovias. Geralmente o efeito de humor desses gêneros textuais
( ) Vai ser igual ao rodízio de veículos em algumas cida- aparece no desfecho da história, ao final, como nesse: “Ah,
des, que não resolveu os problemas do trânsito. porque nós brigamos e não estamos nos falando”.
( ) Se pegar no bolso do consumidor, então todo mun- RESPOSTA: “D”.
do vai ter que pensar bem antes de comprar um carro. 5-)
( ) A gente já paga garagem, gasolina, seguro, estacio- Em todas as alternativas há expressões que represen-
namento, revisão....e agora mais o pedágio? tam a opinião do autor: Assisti ao maior espetáculo da
( ) Nós já pagamos impostos altos e o dinheiro não é Terra / Não se pode esquecer / gesto humanitário que só
investido no transporte público. enobrece / demonstrando coragem e desprendimento.
( ) Quer andar sozinho dentro do seu carro? Então pa- RESPOSTA: “B”.
gue pelo privilégio!
( ) O trânsito nas cidades que instituíram o pedágio 6-)
urbano melhorou. “pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas,
fissuras – sem falar em bandidos, milhões de bandidos en-
A ordem obtida é: tre as fissuras, as pedras soltas e as barreiras...” = pensar
a) (S) (N) (N) (S) (S) (S) (N) nessas coisas, certamente, deixa-os apreensivos.
b) (S) (N) (S) (N) (N) (S) (S) RESPOSTA: “C”.
c) (N) (S) (S) (N) (S) (N) (S)
d) (S) (S) (N) (S) (N) (S) (N) 7-)
e) (N) (N) (S) (S) (N) (S) (N) Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui = resposta
da própria autora!
10-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ – RESPOSTA: “B”.
ADMINISTRADOR - UFPR/2013) Assinale a alternativa que
apresenta um dito popular que parafraseia o conteúdo ex- 8-)
presso no excerto: “Se você está em casa, não pode sair. Se Pela descrição realizada, o lugar não tem nada de ruim.
você está na rua, não pode entrar”. RESPOSTA: “D”.
a) “Se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come”.
b) “Quando o gato sai, os ratos fazem a festa”. 9-)
c) “Um dia da caça, o outro do caçador”. (S) A receita gerada pelo pedágio vai melhorar o trans-
d) “Manda quem pode, obedece quem precisa”. porte público e estender as ciclovias.
(N) Vai ser igual ao rodízio de veículos em algumas ci-
Resolução dades, que não resolveu os problemas do trânsito.
(S) Se pegar no bolso do consumidor, então todo mun-
1-) do vai ter que pensar bem antes de comprar um carro.
Com palavras do próprio texto responderemos: o mun- (N) A gente já paga garagem, gasolina, seguro, estacio-
do cabe numa fresta. namento, revisão....e agora mais o pedágio?
RESPOSTA: “A”. (N) Nós já pagamos impostos altos e o dinheiro não é
investido no transporte público.
2-) (S) Quer andar sozinho dentro do seu carro? Então pa-
Vamos ao texto: O riso é tão universal como a serie- gue pelo privilégio!
dade; ele abarca a totalidade do universo (...). Os termos (S) O trânsito nas cidades que instituíram o pedágio
relacionam-se. O pronome “ele” retoma o sujeito “riso”. urbano melhorou.
RESPOSTA: “CERTO”. S - N - S - N - N - S - S
RESPOSTA: “B”.
3-)
Voltemos ao texto: “depois do apagão que atingiu pelo 10-)
menos 1.800 cidades”. O “que” pode ser substituído por Dentre as alternativas apresentadas, a que reafirma a
“o qual”, portanto, trata-se de um pronome relativo (ora- ideia do excerto (não há muita saída, não há escolhas) é:
ção subordinada adjetiva). Quando há presença de vírgula, “Se você está em casa, não pode sair. Se você está na rua,
temos uma adjetiva explicativa (generaliza a informação não pode entrar”.
da oração principal. A construção seria: “do apagão, que RESPOSTA: “A”.
atingiu pelo menos 1800 cidades em 18 estados do país”);
quando não há, temos uma adjetiva restritiva (restringe,
delimita a informação – como no caso do exercício).
RESPOSTA: “CERTO’.

83
LÍNGUA PORTUGUESA

Coesão
7. ORGANIZAÇÃO TEXTUAL.
7.1. Mecanismos de Coesão e Coerência. - assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
- situa-se na superfície do texto, estabelece conexão
sequencial;
Coesão e Coerência - relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as
partes componentes do texto;
Não basta conhecer o conteúdo das partes de um tra- - Estabelece relações entre os vocábulos no interior
balho: introdução, desenvolvimento e conclusão. Além de
das frases.
saber o que se deve (e o que não se deve) escrever em
cada parte constituinte do texto, é preciso saber escrever
obedecendo às normas de coerência e coesão. Antes de Coerência e coesão são responsáveis pela inteligibili-
mais nada, é necessário definir os termos: coerência diz res- dade ou compreensão do texto. Um texto bem redigido
peito à articulação do texto, à compatibilidade das ideias, tem parágrafos bem estruturados e articulados pelo enca-
à lógica do raciocínio, a seu conteúdo. Coesão refere-se à deamento das ideias neles contidas. As estruturas frasais
expressão linguística, ao nível gramatical, às estruturas fra- devem ser coerentes e gramaticalmente corretas, no que
sais e ao emprego do vocabulário. diz respeito à sintaxe. O vocabulário precisa ser adequado
Coerência e coesão relacionam-se com o processo de e essa adequação só se consegue pelo conhecimento dos
produção e compreensão do texto. A coesão contribui para significados possíveis de cada palavra. Talvez os erros mais
a coerência, mas nem sempre um texto coerente apresenta comuns de redação sejam devidos à impropriedade do vo-
coesão. Pode ocorrer que o texto sem coerência apresente cabulário e ao mau emprego dos conectivos (conjunções,
coesão, ou que um texto tenha coesão sem coerência. Em que têm por função ligar uma frase ou período a outro). Eis
outras palavras: um texto pode ser gramaticalmente bem
alguns exemplos de impropriedade do vocabulário, colhi-
construído, com frases bem estruturadas, vocabulário cor-
dos em redações sobre censura e os meios de comunica-
reto, mas apresentar ideias sem nexo, sem uma sequência
lógica: há coesão, mas não coerência. Por outro lado, um ção e outras.
texto pode apresentar ideias coerentes e bem encadeadas,
sem que no plano da expressão as estruturas frasais sejam “Nosso direito é frisado na Constituição.”
gramaticalmente aceitáveis: há coerência, mas não coesão. Nosso direito é assegurado pela Constituição. = correta
A coerência textual subjaz ao texto e é responsável
pela hierarquização dos elementos textuais, ou seja, ela “Estabelecer os limites as quais a programação deveria
tem origem nas estruturas profundas, no conhecimento do estar exposta.”
mundo de cada pessoa, aliada à competência linguística. Estabelecer os limites aos quais a programação deveria
Deduz-se que é difícil ensinar coerência textual, intima- estar sujeita. = correta
mente ligada à visão de mundo, à origem das ideias no
pensamento. A coesão, porém, refere-se à expressão lin- “A censura deveria punir as notícias sensacionalistas.”
guística, aos processos sintáticos e gramaticais do texto. A censura deveria proibir (ou coibir) as notícias sensa-
O seguinte resumo caracteriza coerência e coesão:
cionalistas ou punir os meios de comunicação que veiculam
Coerência: rede de sintonia entre as partes e o todo de tais notícias. = correta
um texto. Conjunto de unidades sistematizadas numa ade-
quada relação semântica, que se manifesta na compatibi- “Retomada das rédeas da programação.”
lidade entre as ideias. (Na linguagem popular: “dizer coisa Retomada das rédeas dos meios de comunicação, no
com coisa” ou “uma coisa bate com outra”). que diz respeito à programação. = correta
Coesão: conjunto de elementos posicionados ao longo
do texto, numa linha de sequência e com os quais se es- O emprego de vocabulário inadequado prejudica mui-
tabelece um vínculo ou conexão sequencial. Se o vínculo tas vezes a compreensão das ideias. É importante, ao redi-
coesivo faz-se via gramática, fala-se em coesão gramatical. gir, empregar palavras cujo significado seja conhecido pelo
Se se faz por meio do vocabulário, tem-se a coesão lexical. enunciador, e cujo emprego faça parte de seus conheci-
mentos linguísticos. Muitas vezes, quem redige conhece o
Coerência significado de determinada palavra, mas não sabe empre-
gá-la adequadamente, isso ocorre frequentemente com o
- assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do
emprego dos conectivos (preposições e conjunções). Não
texto;
- situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão basta saber que as preposições ligam nomes ou sintagmas
conceitual; nominais no interior das frases e que as conjunções ligam
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o frases dentro do período; é necessário empregar adequa-
todo, com o aspecto global do texto; damente tanto umas como outras. É bem verdade que, na
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e fra- maioria das vezes, o emprego inadequado dos conectivos
ses. remete aos problemas de regência verbal e nominal.

84
LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplos: - Para dar ideia de oposição ou contradição, a articu-


lação sintática faz-se por meio de conjunções adversativas:
“Estar inteirada com os fatos” significa participação, in- mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto. Po-
teração. dem também ser empregadas as conjunções concessivas
“Estar inteirada dos fatos” significa ter conhecimento e locuções prepositivas para introduzir a ideia de oposição
dos fatos, estar informada. aliada à concessão: embora, ou muito embora, apesar de,
ainda que, conquanto, posto que, a despeito de, não obs-
“Ir de encontro” significa divergir, não concordar. tante.
“Ir ao encontro” quer dizer concordar. - A articulação sintática de causa pode ser feita por
meio de conjunções e locuções conjuntivas: pois, porque,
“Ameaça de liberdade de expressão e transmissão de como, por isso que, visto que, uma vez que, já que. Também
ideias” significa a liberdade não é ameaça; podem ser empregadas as preposições e locuções preposi-
“Ameaça à liberdade de expressão e transmissão de tivas: por, por causa de, em vista de, em virtude de, devido a,
ideias”, isto é, a liberdade fica ameaçada. em consequência de, por motivo de, por razões de.
- O principal articulador sintático de condição é o “se”:
Quanto à regência verbal, convém sempre consul- Se o time ganhar esse jogo, será campeão. Pode-se também
tar um dicionário de verbos, pois muitos deles admitem expressar condição pelo emprego dos conectivos: caso,
duas ou três regências diferentes; cada uma, porém, tem contanto que, desde que, a menos que, a não ser que.
um significado específico. Lembre-se, a propósito, de que
- O emprego da preposição “para” é a maneira mais
as dúvidas sobre o emprego da crase decorrem do fato
comum de expressar finalidade. “É necessário baixar as ta-
de considerar-se crase como sinal de acentuação apenas,
xas de juros para que a economia se estabilize” ou para a
quando o problema refere-se à regência nominal e verbal.
Exemplos: economia estabilizar-se. “Teresa vai estudar bastante para
fazer boa prova.” Há outros articuladores que expressam
O verbo assistir admite duas regências: finalidade: a fim de, com o propósito de, na finalidade de,
assistir o/a (transitivo direto) significa dar ou prestar com a intenção de, com o objetivo de, com o fito de, com o
assistência (O médico assiste o doente): intuito de.
Assistir ao (transitivo indireto): ser espectador (Assisti - A ideia de conclusão pode ser introduzida por meio
ao jogo da seleção). dos articuladores: assim, desse modo, então, logo, portanto,
pois, por isso, por conseguinte, de modo que, em vista disso.
Pedir o =n(transitivo direto) significa solicitar, pleitear Para introduzir mais um argumento a favor de determinada
(Pedi o jornal do dia). conclusão emprega- -se ainda. Os articuladores aliás,
Pedir que =,contém uma ordem (A professora pediu além do mais, além disso, além de tudo, introduzem um ar-
que fizessem silêncio). gumento decisivo, cabal, apresentado como um acréscimo,
Pedir para = pedir permissão (Pediu para sair da clas- para justificar de forma incontestável o argumento contrá-
se); significa também pedir em favor de alguém (A Diretora rio.
pediu ajuda para os alunos carentes) em favor dos alunos, - Para introduzir esclarecimentos, retificações ou de-
pedir algo a alguém (para si): (Pediu ao colega para ajudá senvolvimento do que foi dito empregam-se os articu-
-lo); pode significar ainda exigir, reclamar (Os professores ladores: isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras. A
pedem aumento de salário). conjunção aditiva “e” anuncia não a repetição, mas o de-
senvolvimento do discurso, pois acrescenta uma informa-
O mau emprego dos pronomes relativos também pode ção nova, um dado novo, e se não acrescentar nada, é pura
levar à falta de coesão gramatical. Frequentemente, em- repetição e deve ser evitada.
prega-se no qual ou ao qual em lugar do que, com prejuízo - Alguns articuladores servem para estabelecer uma
da clareza do texto; outras vezes, o emprego é desnecessá- gradação entre os correspondentes de determinada escala.
rio ou inadequado. No alto dessa escala acham-se: mesmo, até, até mesmo; no
“Pela manhã o carteiro chegou com um envelope para
plano mais baixo: ao menos, pelo menos, no mínimo.
mim no qual estava sem remetente”. (Chegou com um en-
velope que (o qual) estava sem remetente).
Correlação Verbal
“Encontrei apenas belas palavras o qual não duvido da
sensibilidade...” Damos o nome de correlação verbal à coerência que,
Encontrei belas palavras e não duvido da sensibilidade em uma frase ou sequência de frases, deve haver entre as
delas (palavras cheias de sensibilidade). formas verbais utilizadas. Ou seja, é preciso que haja articu-
lação temporal entre os verbos, que eles se correspondam,
Para evitar a falta de coerência e coesão na articulação de maneira a expressar as ideias com lógica. Tempos e mo-
das frases, aconselha-se levar em conta as seguintes suges- dos verbais devem, portanto, combinar entre si.
tões para o emprego correto dos articuladores sintáticos Vejamos este exemplo:
(conjunções, preposições, locuções prepositivas e locuções Seu eu dormisse durante as aulas, jamais aprenderia a
conjuntivas). lição.

85
LÍNGUA PORTUGUESA

No caso, o verbo dormir está no pretérito imperfeito Atividades


do subjuntivo. Sabemos que o subjuntivo expressa dúvi-
da, incerteza, possibilidade, eventualidade. Assim, em que 1-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRATIVO
tempo o verbo aprender deve estar, de maneira a garantir - FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias, vê deze-
que o período tenha lógica? nas de caminhões parados”, revelou o analista ambiental
Na frase, aprender é usado no futuro do pretérito Geraldo Motta.
(aprenderia), um tempo que expressa, dentre outras ideias, Substituindo-se Quando por Se, os verbos sublinha-
uma afirmação condicionada (que depende de algo), quan- dos devem sofrer as seguintes alterações:
(A) entrar − vira
do esta se refere a fatos que não se realizaram e que, pro-
(B) entrava − tinha visto
vavelmente, não se realizarão. O período, portanto, está
(C) entrasse − veria
correto, já que a ideia transmitida por dormisse é exata-
(D) entraria − veria
mente a de uma dúvida, a de uma possibilidade que não (E) entrava − teria visto
temos certeza se ocorrerá.
Para tornar mais clara a questão, vejamos o mesmo 2-) (UNESP/SP - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRA-
exemplo, mas sem correlação verbal: TIVO - VUNESP/2012) A correlação entre as formas verbais
Se eu dormisse durante as aulas, jamais aprenderei a está correta em:
lição. (A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o pla-
neta não resistiu.
Temos dormir no subjuntivo, novamente. Mas aprender (B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto
está conjugado no futuro do presente, um tempo verbal poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um colapso.
que expressa, dentre outras ideias, fatos certos ou prová- (C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebida,
veis. o do jogo, o do sexo e o do consumo não conhecesse dis-
Ora, nesse caso não podemos dizer que jamais apren- torções patológicas, não haverá vícios.
deremos a lição, pois o ato de aprender está condiciona- (D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tornado
do não a uma certeza, mas apenas à hipótese (transmitida tão eficientes, talvez as coisas não ficaram tão baratas.
pelo pretérito imperfeito do subjuntivo) de dormir. (E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons-
cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia.
Correlações verbais corretas
3-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁRIA –
VUNESP/2010) Assinale a alternativa que preenche ade-
A seguir, veja alguns casos em que os tempos verbais quadamente e de acordo com a norma culta a lacuna da
são concordantes: frase: Quando um candidato trêmulo ______ eu lhe faria a
presente do indicativo + presente do subjuntivo: Exijo pergunta mais deliciosa de todas.
que você faça o dever. (A) entrasse
(B) entraria
pretérito perfeito do indicativo + pretérito imperfeito (C) entrava
do subjuntivo: Exigi que ele fizesse o dever. (D) entrar
(E) entrou
presente do indicativo + pretérito perfeito composto
do subjuntivo: Espero que ele tenha feito o dever. 4-) (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
pretérito imperfeito do indicativo + mais-que-perfei- FCC/2010) Se a tendência se mantiver, teremos cada vez
to composto do subjuntivo: Queria que ele tivesse feito o mais...
dever. Ao substituir o segmento grifado acima por “Caso a
tendência”, a continuação que mantém a correção e o sen-
futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicati- tido da frase original é:
vo: Se você fizer o dever, eu ficarei feliz. a) se mantenha, teremos cada vez mais...
b) fosse mantida, teríamos cada vez mais...
c) se manter, teremos cada vez mais...
pretérito imperfeito do subjuntivo + futuro do pretérito
d) for mantida, teremos cada vez mais...
do indicativo: Se você fizesse o dever, eu leria suas respostas. e) seja mantida, teríamos cada vez mais...
pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo +
futuro do pretérito composto do indicativo: Se você tivesse 5-) (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP -
feito o dever, eu teria lido suas respostas. AGENTE OPERACIONAL – VUNESP/2012 - ADAPTADA)
Assinale a alternativa que apresenta o trecho – ... o dou-
futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicati- torando enviou seu estudo para a Sociedade Britânica de
vo: Quando você fizer o dever, dormirei. Psicologia para apreciação e não esperava que houvesse
tanta publicidade. – reescrito de acordo com a norma-pa-
futuro do subjuntivo + futuro do presente composto drão, com indicação de ação a se realizar e correta corre-
do indicativo: Quando você fizer o dever, já terei dormido. lação verbal.

86
LÍNGUA PORTUGUESA

(A) ... o doutorando enviaria seu estudo para a Socieda- 4-)


de Britânica de Psicologia para apreciação e não esperava Ao empregarmos o termo “caso a”, conjugaremos o
que haveria tanta publicidade. verbo utilizando o modo hipotético (Subjuntivo). A trans-
(B) ... o doutorando envia seu estudo para a Sociedade formação será: Caso a tendência se mantenha, teremos
Britânica de Psicologia para apreciação e não esperará que cada vez mais...
houvesse tanta publicidade. RESPOSTA: “A”.
(C) ... o doutorando enviara seu estudo para a Socieda-
de Britânica de Psicologia para apreciação e não esperara 5-)
que haverá tanta publicidade. O exercício quer que conjuguemos o verbo no futuro
(D) ... o doutorando enviará seu estudo para a Socieda- do presente (ação a se realizar). Como o enunciado é es-
de Britânica de Psicologia para apreciação e não esperará pecífico (quer determinado tempo verbal), não fiz as cor-
que haja tanta publicidade. reções nas demais alternativas, pois, em um concurso, per-
deríamos tempo consertando os itens que não nos interes-
6-) (METRÔ/SP – ENGENHEIRO JÚNIOR CIVIL – sam. Vamos à construção: o doutorando enviou (enviará)
FCC/2012) Está plenamente adequada a correlação entre seu estudo para a Sociedade Britânica de Psicologia para
tempos e modos verbais na frase: apreciação e não esperava (esperará) que houvesse (haja)
(A) Nem bem saí pela porta automática e subi as esca- tanta publicidade. = enviará / esperará / haja.
das rolantes, logo me encontraria diante da luz do sol e do RESPOSTA: “D”.
ar fresco da manhã.
(B) Eu havia presumido que aquela viagem de metrô 6-)
satisfizesse plenamente as expectativas que venho alimen- (A) Nem bem saí pela porta automática e subi as esca-
tando. das rolantes, logo me encontraria (encontrei) diante da luz
(C) Se as minhocas dispusessem de olhos, provavel- do sol e do ar fresco da manhã.
mente não terão reclamado por as expormos à luz do dia. (B) Eu havia presumido que aquela viagem de metrô
(D) Não fossem as urgências impostas pela vida mo- satisfizesse (satisfaria) plenamente as expectativas que ve-
derna, não teria sido necessário acelerar tanto o ritmo de nho alimentando.
nossas viagens urbanas. (C) Se as minhocas dispusessem de olhos, provavel-
(E) Como haveremos de comparar as antigas viagens mente não terão (teriam) reclamado por as expormos à luz
de trem com estas que realizássemos por meio de túneis do dia.
(D) Não fossem as urgências impostas pela vida mo-
entre estações subterrâneas?
derna, não teria sido necessário acelerar tanto o ritmo de
nossas viagens urbanas.
RESOLUÇÃO
(E) Como haveremos de comparar as antigas viagens
de trem com estas que realizássemos (realizamos) por
1-)
meio de túneis entre estações subterrâneas?
Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, ve-
RESPOSTA: “D”.
ria = entrasse / veria.
RESPOSTA: “C”.

2-)
Fiz as correções necessárias: 8. FIGURAS DE LINGUAGEM.
(A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o plane-
ta não resistiu = resistirá
(B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto FIGURAS DE LINGUAGEM.
poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um colapso.
(C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebida,
o do jogo, o do sexo e o do consumo não conhecesse dis- Segundo Mauro Ferreira, a importância em reconhecer
torções patológicas, não haverá = haveria figuras de linguagem está no fato de que tal conhecimento,
(D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tornado além de auxiliar a compreender melhor os textos literários,
tão eficientes, talvez as coisas não ficaram = ficariam (ou deixa-nos mais sensíveis à beleza da linguagem e ao
teriam ficado) significado simbólico das palavras e dos textos.
(E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons- Definição: Figuras de linguagem são certos recursos
cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia = não--convencionais que o falante ou escritor cria para dar
crescerá maior expressividade à sua mensagem.
RESPOSTA: “B”.
3-) Metáfora
O verbo “faria” está no futuro do pretérito, ou seja, in- É o emprego de uma palavra com o significado de outra
dica que é uma ação que, para acontecer, depende de ou- em vista de uma relação de semelhanças entre ambas. É
tra. Exemplo: Quando um candidato entrasse, eu faria / Se uma comparação subentendida.
ele entrar, eu farei / Caso ele entre, eu faço... Minha boca é um túmulo.
RESPOSTA: “A”. Essa rua é um verdadeiro deserto.

87
LÍNGUA PORTUGUESA

Comparação Eufemismo
Consiste em atribuir características de um ser a outro, Consiste em suavizar palavras ou expressões que são
em virtude de uma determinada semelhança. desagradáveis.
O meu coração está igual a um céu cinzento. Ele foi repousar no céu, junto ao Pai. (repousar no céu
O carro dele é rápido como um avião. = morrer)
Os homens públicos envergonham o povo. (homens
Prosopopeia públicos = políticos)
É uma figura de linguagem que atribui características
humanas a seres inanimados. Também podemos chamá-la Hipérbole
de PERSONIFICAÇÃO. É um exagero intencional com a finalidade de tornar
O céu está mostrando sua face mais bela. mais expressiva a ideia.
O cão mostrou grande sisudez. Ela chorou rios de lágrimas.
Muitas pessoas morriam de medo da perna cabeluda.
Sinestesia
Consiste na fusão de impressões sensoriais diferentes Ironia
(mistura dos cinco sentidos). Consiste na inversão dos sentidos, ou seja, afirmamos o
Raquel tem um olhar frio, desesperador. contrário do que pensamos.
Aquela criança tem um olhar tão doce. Que alunos inteligentes, não sabem nem somar.
Se você gritar mais alto, eu agradeço.
Catacrese
É o emprego de uma palavra no sentido figurado por Onomatopeia
falta de um termo próprio. Consiste na reprodução ou imitação do som ou voz
O menino quebrou o braço da cadeira. natural dos seres.
A manga da camisa rasgou. Com o au-au dos cachorros, os gatos desapareceram.
Miau-miau. – Eram os gatos miando no telhado a noite
Metonímia toda.
É a substituição de uma palavra por outra, quando
existe uma relação lógica, uma proximidade de sentidos Aliteração
que permite essa troca. Ocorre metonímia quando Consiste na repetição de um determinado som
empregamos: consonantal no início ou interior das palavras.
O rato roeu a roupa do rei de Roma.
- O autor pela obra.
Li Jô Soares dezenas de vezes. (a obra de Jô Soares) Elipse
Consiste na omissão de um termo que fica subentendido
- o continente pelo conteúdo. no contexto, identificado facilmente.
O ginásio aplaudiu a seleção. (ginásio está substituindo Após a queda, nenhuma fratura.
os torcedores)
Zeugma
- a parte pelo todo. Consiste na omissão de um termo já empregado
Vários brasileiros vivem sem teto, ao relento. (teto anteriormente.
substitui casa) Ele come carne, eu verduras.

- o efeito pela causa. Pleonasmo


Suou muito para conseguir a casa própria. (suor substitui Consiste na intensificação de um termo através da sua
o trabalho) repetição, reforçando seu significado.
Nós cantamos um canto glorioso.
Perífrase
É a designação de um ser através de alguma de suas Polissíndeto
características ou atributos, ou de um fato que o celebrizou. É a repetição da conjunção entre as orações de um
A Veneza Brasileira também é palco de grandes período ou entre os termos da oração.
espetáculos. (Veneza Brasileira = Recife) Chegamos de viagem e tomamos banho e saímos para
A Cidade Maravilhosa está tomada pela violência. dançar.
(Cidade Maravilhosa = Rio de Janeiro)
Assíndeto
Antítese Ocorre quando há a ausência da conjunção entre duas
Consiste no uso de palavras de sentidos opostos. orações.
Nada com Deus é tudo. Chegamos de viagem, tomamos banho, depois saímos
Tudo sem Deus é nada. para dançar.

88
LÍNGUA PORTUGUESA

Anacoluto 3) Paradoxo
Consiste numa mudança repentina da construção É uma proposição aparentemente absurda, resultante
sintática da frase. da união de ideias que se contradizem referindo-se ao
Ele, nada podia assustá-lo. mesmo termo. Os paradoxos viciosos são denominados
- Nota: o anacoluto ocorre com frequência na linguagem Oxímoros (ou oximoron). Exemplos:
falada, quando o falante interrompe a frase, abandonando “Menino do Rio / Calor que provoca arrepio...”
o que havia dito para reconstruí-la novamente. “Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e
não se sente; / É um contentamento descontente; / É dor que
Anáfora desatina sem doer;” (Camões)
Consiste na repetição de uma palavra ou expressão
para reforçar o sentido, contribuindo para uma maior 4) Eufemismo
expressividade. Consiste em empregar uma expressão mais suave,
Cada alma é uma escada para Deus, mais nobre ou menos agressiva, para atenuar uma verdade
Cada alma é um corredor-Universo para Deus,
tida como penosa, desagradável ou chocante. Exemplos:
Cada alma é um rio correndo por margens de Externo
“E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir Deus
Para Deus e em Deus com um sussurro noturno.
lhe pague”. (Chico Buarque).
(Fernando Pessoa)
paz derradeira = morte
Silepse
Ocorre quando a concordância é realizada com a ideia 5) Gradação
e não sua forma gramatical. Existem três tipos de silepse: Na gradação temos uma sequência de palavras que
gênero, número e pessoa. intensificam a mesma ideia. Exemplo:
- De gênero: Vossa excelência está preocupado com as “Aqui... além... mais longe por onde eu movo o passo.”
notícias. (a palavra vossa excelência é feminina quanto à (Castro Alves).
forma, mas nesse exemplo a concordância se deu com a
pessoa a que se refere o pronome de tratamento e não 6) Hipérbole
com o sujeito). É a expressão intencionalmente exagerada com o
- De número: A boiada ficou furiosa com o peão e intuito de realçar uma ideia, proporcionando uma imagem
derrubaram a cerca. (nesse caso a concordância se deu com emocionante e de impacto. Exemplos:
a ideia de plural da palavra boiada). “Faz umas dez horas que essa menina penteia esse
- De pessoa: As mulheres decidimos não votar em cabelo”.
determinado partido até prestarem conta ao povo. (nesse Ele morreu de tanto rir.
tipo de silepse, o falante se inclui mentalmente entre os
participantes de um sujeito em 3ª pessoa). 7) Ironia
Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação,
Fonte:http://juliobattisti.com.br/tutoriais/josebferraz/ pela contradição de termos, pretende-se questionar
figuraslinguagem001.asp certo tipo de pensamento. A intenção é depreciativa ou
sarcástica. Exemplos:
São conhecidas pelo nome de figuras de pensamento Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que
os recursos estilísticos utilizados para incrementar o estão por perto.
significado das palavras no seu aspecto semântico. “Moça linda, bem tratada, / três séculos de família, /
São oito as figuras de pensamento: burra como uma porta: / um amor.” (Mário de Andrade).
1) Antítese
É a aproximação de palavras ou expressões de sentidos
8) Prosopopeia ou Personificação
opostos. O contraste que se estabelece serve para dar uma
Consiste na atribuição de ações, qualidades ou
ênfase aos conceitos envolvidos, o que não ocorreria com
características humanas a seres não humanos. Exemplos:
a exposição isolada dos mesmos. Exemplos:
Viverei para sempre ou morrerei tentando. Chora, viola.
Do riso se fez o pranto. A morte mostrou sua face mais sinistra.
Hoje fez sol, ontem, porém, choveu muito. O morro dos ventos uivantes.

2) Apóstrofe Figuras de construção ou sintaxe integram as


É assim denominado o chamamento do receptor chamadas figuras de linguagem, representando um
da mensagem, seja ele de natureza imaginária ou não. É subgrupo destas. Dessa forma, tendo em vista o padrão não
utilizada para dar ênfase à expressão e realiza-se por meio convencional que prevalece nas figuras de linguagem (ou
do vocativo. Exemplos: seja, a subjetividade, a sensibilidade por parte do emissor,
Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes? deixando às claras seus aspectos estilísticos), devemos
Pai Nosso, que estais no céu; compreender sua denominação. Em outras palavras, por
Ó meu querido Santo António; que “figuras de construção ou sintaxe”?

89
LÍNGUA PORTUGUESA

Podemos afirmar que assim se denominam em virtude Era uma estrela tão alta!
de apresentarem algum tipo de modificação na estrutura Era uma estrela tão fria!
da oração, tendo em vista os reais e já ressaltados objetivos Era uma estrela sozinha
da enunciação (do discurso) – sendo o principal conferir Luzindo no fim do dia.
ênfase a ela. [...]
Assim sendo, comecemos entendendo que, em termos Manuel Bandeira
convencionais, a estrutura sintática da nossa língua se
perfaz de uma sequência, demarcada pelos seguintes Notamos a utilização de termos que se repetem
elementos: sucessivamente em cada verso da criação de Manuel
Bandeira.
SUJEITO + PREDICADO + COMPLEMENTO
Polissíndeto
(Nós) CHEGAMOS ATRASADOS À REUNIÃO. Figura cuja principal característica se define pela
repetição enfática do conectivo, geralmente representado
Temos, assim, um sujeito oculto – nós; um predicado pela conjunção coordenada “e”. Observemos um verso
verbal – chegamos atrasados; e um complemento,
extraído de uma criação de Olavo Bilac, intitulada “A um
representado por um adjunto adverbial de lugar – à reunião.
poeta”: “Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!”
Quando há uma ruptura dessa sequência lógica,
materializada pela inversão de termos, repetição ou até
mesmo omissão destes, é justamente aí que as figuras em Assíndeto
questão se manifestam. Desse modo, elas se encontram Diferentemente do que ocorre no polissíndeto,
muito presentes na linguagem literária, na publicitária e manifestado pela repetição da conjunção, no assíndeto
na linguagem cotidiana de forma geral. Vejamos cada uma ocorre a omissão deste. Vejamos: Vim, vi, venci (Júlio César)
delas de modo particular: Depreendemos que se trata de orações assindéticas,
justamente pela omissão do conectivo “e”.
Elipse
Tal figura se caracteriza pela omissão de um termo na Anacoluto
oração não expresso anteriormente, contudo, facilmente Trata-se de uma figura que se caracteriza pela
identificado pelo contexto. Vejamos um exemplo: interrupção da sequência lógica do pensamento, ou seja,
em termos sintáticos, afirma-se que há uma mudança na
Rondó dos cavalinhos construção do período, deixando algum termo desligado
[...] do restante dos elementos. Vejamos:
Essas crianças de hoje, elas estão muito evoluídas.
Os cavalinhos correndo, Notamos que o termo em destaque, que era para
E nós, cavalões, comendo... representar o sujeito da oração, encontra-se desligado dos
O Brasil politicando, demais termos, não cumprindo, portanto, nenhuma função
Nossa! A poesia morrendo... sintática.
O sol tão claro lá fora,
O sol tão claro, Esmeralda, Inversão (ou Hipérbato)
E em minhalma — anoitecendo! Trata-se da inversão da ordem direta dos termos da
Manuel Bandeira oração. Constatemos: Eufórico chegou o menino.
Deduzimos que o predicativo do sujeito (pois se trata
Notamos que em todos os versos há a omissão do verbo de um predicado verbo-nominal) encontra-se no início da
estar, sendo este facilmente identificado pelo contexto.
oração, quando este deveria estar expresso no final, ou
seja: O menino chegou eufórico.
Zeugma
Ao contrário da elipse, na zeugma ocorre a omissão
de um termo já expresso no discurso. Constatemos: Maria Pleonasmo
gosta de Matemática, eu de Português. Figura que consiste na repetição enfática de uma ideia
Observamos que houve a omissão do verbo gostar. antes expressa, tanto do ponto de vista sintático quanto
semântico, no intuito de reforçar a mensagem. Exemplo:
Anáfora Vivemos uma vida tranquila.
Essa figura de linguagem se caracteriza pela repetição O termo em destaque reforça uma ideia antes
intencional de um termo no início de um período, frase ou ressaltada, uma vez que viver já diz respeito à vida. Temos
verso. Observemos um caso representativo: uma repetição de ordem semântica.
A Estrela A ele nada lhe devo.

Vi uma estrela tão alta, Percebemos que o pronome oblíquo (lhe) faz referência
Vi uma estrela tão fria! à terceira pessoa do singular, já expressa. Trata-se, portanto,
Vi uma estrela luzindo de uma repetição de ordem sintática demarcada pelo que
Na minha vida vazia. chamamos de objeto direto pleonástico.

90
LÍNGUA PORTUGUESA

Observação importante: O pleonasmo utilizado sem A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
a intenção de conferir ênfase ao discurso, torna-se o que significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é
denominamos de vício de linguagem – ocorrência que deve polissemia porque os diferentes significados para a palavra
ser evitada. Como, por exemplo: subir para cima, descer manga têm origens diferentes, e por isso alguns estudiosos
para baixo, entrar para dentro, entre outras circunstâncias mencionam que a palavra manga deveria ter mais do que
linguísticas. uma entrada no dicionário.
“Letra” é uma palavra polissêmica. Letra pode significar
o elemento básico do alfabeto, o texto de uma canção ou
9. SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS. a caligrafia de um determinado indivíduo. Neste caso, os
diferentes significados estão interligados porque remetem
para o mesmo conceito, o da escrita.
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
Polissemia e ambiguidade

Consideremos as seguintes frases: Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na


Paula tem uma mão para cozinhar que dá inveja! interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode
Vamos! Coloque logo a mão na massa! ser ambíguo, ou seja, apresenta mais de uma interpreta-
As crianças estão com as mãos sujas. ção. Essa ambiguidade pode ocorrer devido à colocação
Passaram a mão na minha bolsa e nem percebi. específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em
uma frase. Vejamos a seguinte frase: Pessoas que têm uma
Chegamos à conclusão de que se trata de palavras alimentação equilibrada frequentemente são felizes. Neste
idênticas no que se refere à grafia, mas será que possuem caso podem existir duas interpretações diferentes. As pes-
o mesmo significado? soas têm alimentação equilibrada porque são felizes ou são
Existe uma parte da gramática normativa denominada felizes porque têm uma alimentação equilibrada.
Semântica. Ela trabalha a questão dos diferentes significa- De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela
dos que uma mesma palavra apresenta de acordo com o pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma inter-
contexto em que se insere. pretação. Para fazer a interpretação correta é muito impor-
Tomando como exemplo as frases já mencionadas,
tante saber qual o contexto em que a frase é proferida.
analisaremos os vocábulos de mesma grafia, de acordo
Na língua portuguesa, uma PALAVRA (do latim parabo-
com seu sentido denotativo, isto é, aquele retratado pelo
dicionário. la, que por sua vez deriva do grego parabolé) pode ser de-
Na primeira, a palavra “mão” significa habilidade, efi- finida como sendo um conjunto de letras ou sons de uma
ciência diante do ato praticado. Nas outras que seguem o língua, juntamente com a ideia associada a este conjunto.
significado é de: participação, interação mediante a uma
tarefa realizada; mão como parte do corpo humano e por Sentido Próprio e Figurado das Palavras
último simboliza o roubo, visto de maneira pejorativa.
Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per- Pela própria definição acima destacada podemos per-
cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de ceber que a palavra é composta por duas partes, uma delas
algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se em relacionada a sua forma escrita e os seus sons (denominada
consideração as situações de aplicabilidade. significante) e a outra relacionada ao que ela (palavra) ex-
Há uma infinidade de outros exemplos em que pode- pressa, ao conceito que ela traz (denominada significado).
mos verificar a ocorrência da polissemia, como por exem- Em relação ao seu SIGNIFICADO as palavras subdivi-
plo: dem-se assim:
O rapaz é um tremendo gato.
O gato do vizinho é peralta. - Sentido Próprio - é o sentido literal, ou seja, o senti-
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse. do comum que costumamos dar a uma palavra.
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
sobrevivência
- Sentido Figurado - é o sentido “simbólico”, “figura-
O passarinho foi atingido no bico.
do”, que podemos dar a uma palavra.
Polissemia e homonímia
Vamos analisar a palavra cobra utilizada em diferentes
A confusão entre polissemia e homonímia é bastante contextos:
comum. Quando a mesma palavra apresenta vários signifi- 1. A cobra picou o menino. (cobra = réptil peçonhento)
cados, estamos na presença da polissemia. Por outro lado, 2. A sogra dele é uma cobra. (cobra = pessoa desagra-
quando duas ou mais palavras com origens e significados dável, que adota condutas pouco apreciáveis)
distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos uma ho- 3. O cara é cobra em Física! (cobra = pessoa que co-
monímia. nhece muito sobre alguma coisa, “expert”)

91
LÍNGUA PORTUGUESA

No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido co- Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de
mum (ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado (A) considerar ao acaso, sem premeditação.
em sentido figurado. (B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido
Podemos então concluir que um mesmo significante dela.
(parte concreta) pode ter vários significados (conceitos). (C) adotar como referência de qualidade.
(D) julgar de acordo com normas legais.
(E) classificar segundo ideias preconcebidas.
Denotação e Conotação
3-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
- Denotação: verifica-se quando utilizamos a palavra
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 -
com o seu significado primitivo e original, com o sentido ADAPTADA) Para responder a esta questão, considere as
do dicionário; usada de modo automatizado; linguagem palavras destacadas nas seguintes passagens do texto:
comum. Veja este exemplo: Cortaram as asas da ave para Desde o surgimento da ideia de hipertexto...
que não voasse mais. ... informações ligadas especialmente à pesquisa aca-
Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido dêmica,
próprio, comum, usual, literal. ... uma “máquina poética”, algo que funcionasse por
analogia e associação...
MINHA DICA - Procure associar Denotação com Di- Quando o cientista Vannevar Bush [...] concebeu a
cionário: trata-se de definição literal, quando o termo é uti- ideia de hipertexto...
lizado em seu sentido dicionarístico. ... 20 anos depois de seu artigo fundador...

- Conotação: verifica-se quando utilizamos a palavra As palavras destacadas que expressam ideia de tempo
com o seu significado secundário, com o sentido amplo (ou são:
simbólico); usada de modo criativo, figurado, numa lingua- (A) algo, especialmente e Quando.
gem rica e expressiva. Veja este exemplo: (B) Desde, especialmente e algo.
Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes (C) especialmente, Quando e depois.
(D) Desde, Quando e depois.
que seja tarde demais.
(E) Desde, algo e depois.
Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma
figurada, fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle 4-) (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
de ações; disciplina, limitação de conduta e comportamen- A importância de Rodolfo Coelho Cavalcante para o mo-
to. vimento cordelista pode ser comparada à de outros dois
grandes nomes...
Fonte: Sem qualquer outra alteração da frase acima e sem
http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/oficial-de- prejuízo da correção, o elemento grifado pode ser subs-
justica-tjm-sp/lingua-portuguesa-sentido-proprio-e-figu- tituído por:
rado-das-palavras.html (A) contrastada.
(B) confrontada.
Questões sobre Denotação e Conotação (C) ombreada.
(D) rivalizada.
1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- (E) equiparada.
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013) O
sentido de marmóreo (adjetivo) equivale ao da expressão 5-) (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO – AGENTE COMU-
de mármore. Assinale a alternativa contendo as expressões NITÁRIO DE SAÚDE – VUNESP/2012) No verso – Não te
com sentidos equivalentes, respectivamente, aos das pala- abras com teu amigo – o verbo em destaque foi emprega-
do em sentido figurado.
vras ígneo e pétreo.
Assinale a alternativa em que esse mesmo verbo “abrir”
(A) De corda; de plástico.
continua sendo empregado em sentido figurado.
(B) De fogo; de madeira.
(A) Ao abrir a porta, não havia ninguém.
(C) De madeira; de pedra. (B) Ele não pôde abrir a lata porque não tinha um abri-
(D) De fogo; de pedra. dor.
(E) De plástico; de cinza. (C) Para aprender, é preciso abrir a mente.
(D) Pela manhã, quando abri os olhos, já estava em
2-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- casa.
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 (E) Os ladrões abriram o cofre com um maçarico.
- ADAPTADO) Para responder à questão, considere a se-
guinte passagem: Sem querer estereotipar, mas já estereoti- 6-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 –
pando: trata-se de um ser cujas interações sociais terminam, FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à ques-
99% das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”. tão, considere o texto abaixo.

92
LÍNGUA PORTUGUESA

A marca da solidão 8-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN-


DES/2012) Considere o emprego do verbo levar no trecho:
Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de “Uma competição não dura apenas alguns minutos. Leva
paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a anos”. A frase em que esse verbo está usado com o mesmo
testa pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de sentido é:
penumbra na tarde quente. (A) O menino leva o material adequado para a escola.
Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, den- (B) João levou uma surra da mãe.
tro de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com (C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo.
pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando peque- (D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso.
nas plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de quem é (E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar
capaz de parar de viver para, apenas, ver. Quando se tem a a prova.
marca da solidão na alma, o mundo cabe numa fresta.
(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Ja- RESOLUÇÃO
neiro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47)
No primeiro parágrafo, a palavra utilizada em sentido 1-)
figurado é Questão que pode ser resolvida usando a lógica ou as-
(A) menino. sociação de palavras! Veja: a ignição do carro lembra-nos
(B) chão. fogo, combustão... Pedra, petrificado. Encontrou a respos-
(C) testa. ta?
(D) penumbra.
(E) tenda. RESPOSTA: “D”.

7-) (UFTM/MG – AUXILIAR DE BIBLIOTECA – VU- 2-)


Classificar conforme regras conhecidas, mas não con-
NESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder à
firmadas se verdadeiras.
questão.
RESPOSTA: “E”.
RIO DE JANEIRO – A Prefeitura do Rio está lançando a
Operação Lixo Zero, que vai multar quem emporcalhar a ci-
3-)
dade. Em primeira instância, a campanha é educativa. Equi- As palavras que nos dão a noção, ideia de tempo são:
pes da Companhia Municipal de Limpeza Urbana estão per- desde, quando e depois.
correndo as ruas para flagrar maus cidadãos jogando coisas
onde não devem e alertá-los para o que os espera. Em breve, RESPOSTA: “D”.
com guardas municipais, policiais militares e 600 fiscais em 4-)
ação, as multas começarão a chegar para quem tratar a via Ao participar de um concurso, não temos acesso a di-
pública como a casa da sogra. cionários para que verifiquemos o significado das palavras,
Imagina-se que, quando essa lei começar para valer, os por isso, caso não saibamos o que significam, devemos
recordistas de multas serão os cerca de 300 jovens golpistas analisá-las dentro do contexto em que se encontram. No
que, nas últimas semanas, se habituaram a tomar as ruas, exercício acima, a que se “encaixa” é “equiparada”.
pichar monumentos, vandalizar prédios públicos, quebrar
orelhões, arrancar postes, apedrejar vitrines, depredar ban- RESPOSTA: “E”.
cos, saquear lojas e, por uma estranha compulsão, destruir
lixeiras, jogar o lixo no asfalto e armar barricadas de fogo 5-)
com ele. Em todas as alternativas o verbo “abrir” está empre-
É verdade que, no seu “bullying” político, eles não estão gado em seu sentido denotativo. No item C, conotativo
nem aí para a cidade, que é de todos – e que, por algum (“abrir a mente” = aberto a mudanças, novas ideias).
motivo, parecem querer levar ao colapso.
Pois, já que a lei não permite prendê-los por vandalis- RESPOSTA: “C”.
mo, saque, formação de quadrilha, desacato à autoridade,
resistência à prisão e nem mesmo por ataque aos órgãos 6-)
públicos, talvez seja possível enquadrá-los por sujar a rua. Novamente, responderemos com frase do texto: seu
(Ruy Castro, Por sujar a rua. Folha de S.Paulo, 21.08.2013. rosto formando uma tenda.
Adaptado)
RESPOSTA: “E”.
Na oração – ... parecem querer levar ao colapso. – (3.º
parágrafo), o termo em destaque é sinônimo de 7-)
(A) progresso. Pela leitura do texto, compreende-se que a intenção
(B) descaso. do autor ao utilizar a expressão” levar ao colapso” refere-se
(C) vitória. à queda, ao fim, à ruína da cidade.
(D) tédio.
(E) ruína. RESPOSTA: “E”.

93
LÍNGUA PORTUGUESA

8-) e cede; comprimento e cumprimento; tetânico e titânico; au-


No enunciado, o verbo “levar” está empregado com o tuar e atuar; degradar e degredar; infligir e infringir; deferir
sentido de “duração/tempo” e diferir; suar e soar.
(A) O menino leva o material adequado para a escola.
= carrega http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-an-
(B) João levou uma surra da mãe. = apanhou tonimos,-homonimos-e-paronimos
(C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo. = arrasta
(D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso. = Questões sobre Significação das Palavras
direciona
(E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar a 01. Assinale a alternativa que preenche corretamente
prova = duração/tempo as lacunas da frase abaixo:
Da mesma forma que os italianos e japoneses _________
RESPOSTA: “E”.
para o Brasil no século passado, hoje os brasileiros ________
para a Europa e para o Japão, à busca de uma vida melhor;
- Sinônimos
internamente, __________ para o Sul, pelo mesmo motivo.
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto
a) imigraram - emigram - migram
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir.
Observação: A contribuição greco-latina é responsável b) migraram - imigram - emigram
pela existência de numerosos pares de sinônimos: adver- c) emigraram - migram - imigram.
sário e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e he- d) emigraram - imigram - migram.
miciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e e) imigraram - migram – emigram
diálogo; transformação e metamorfose; oposição e antítese.
Agente de Apoio – Microinformática – VUNESP – 2013
- Antônimos - Leia o texto para responder às questões de números 02
São palavras de significação oposta: ordem - anarquia; e 03.
soberba - humildade; louvar - censurar; mal - bem.
Observação: A antonímia pode originar-se de um pre- Alunos de colégio fazem robôs com sucata eletrônica
fixo de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer;
simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e dis- Você comprou um smartphone e acha que aquele seu
córdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e an- celular antigo é imprestável? Não se engane: o que é lixo
ticomunista; simétrico e assimétrico. para alguns pode ser matéria-prima para outros. O CMID
– Centro Marista de Inclusão Digital –, que funciona junto
O que são Homônimos e Parônimos: ao Colégio Marista de Santa Maria, no Rio Grande do Sul,
- Homônimos ensina os alunos do colégio a fazer robôs a partir de lixo
a) Homógrafos: são palavras iguais na escrita e diferen- eletrônico.
tes na pronúncia: Os alunos da turma avançada de robótica, por exemplo,
rego (subst.) e rego (verbo); constroem carros com sensores de movimento que respon-
colher (verbo) e colher (subst.); dem à aproximação das pessoas. A fonte de energia vem de
jogo (subst.) e jogo (verbo); baterias de celular. “Tirando alguns sensores, que precisa-
denúncia (subst.) e denuncia (verbo); mos comprar, é tudo reciclagem”, comentou o instrutor de
providência (subst.) e providencia (verbo). robótica do CMID, Leandro Schneider. Esses alunos também
aprendem a consertar computadores antigos. “O nosso pro-
b) Homófonos: são palavras iguais na pronúncia e di-
jeto só funciona por causa do lixo eletrônico. Se tivéssemos
ferentes na escrita:
que comprar tudo, não seria viável”, completou.
acender (atear) e ascender (subir);
Em uma época em que celebridades do mundo digital
concertar (harmonizar) e consertar (reparar);
cela (compartimento) e sela (arreio); fazem campanha a favor do ensino de programação nas es-
censo (recenseamento) e senso ( juízo); colas, é inspirador o relato de Dionatan Gabriel, aluno da
paço (palácio) e passo (andar). turma avançada de robótica do CMID que, aos 16 anos, já
sabe qual será sua profissão. “Quero ser programador. No
c) Homógrafos e homófonos simultaneamente: São início das aulas, eu achava meio chato, mas depois fui me
palavras iguais na escrita e na pronúncia: interessando”, disse.
caminho (subst.) e caminho (verbo); (Giordano Tronco, www.techtudo.com.br, 07.07.2013.
cedo (verbo) e cedo (adv.); Adaptado)
livre (adj.) e livre (verbo).
02. A palavra em destaque no trecho –“Tirando alguns
- Parônimos sensores, que precisamos comprar, é tudo reciclagem”... –
São palavras parecidas na escrita e na pronúncia: coro pode ser substituída, sem alteração do sentido da mensa-
e couro; cesta e sesta; eminente e iminente; osso e ouço; sede gem, pela seguinte expressão:

94
LÍNGUA PORTUGUESA

A) Pelo menos O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse


B) A contar de trecho, é:
C) Em substituição a A) de desprendimento.
D) Com exceção de B) de responsabilidade.
E) No que se refere a C) de abnegação.
D) de amor.
03. Assinale a alternativa que apresenta um antônimo E) de egoísmo.
para o termo destacado em – …“No início das aulas, eu
achava meio chato, mas depois fui me interessando”, disse. 07. Assinale o único exemplo cuja lacuna deve ser
A) Estimulante. preenchida com a primeira alternativa da série dada nos
B) Cansativo. parênteses:
C) Irritante. A) Estou aqui _______ de ajudar os flagelados das en-
D) Confuso. chentes. (afim- a fim).
E) Improdutivo. B) A bandeira está ________. (arreada - arriada).
C) Serão punidos os que ________ o regulamento. (in-
04. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU- flingirem - infringirem).
NESP – 2013). Analise as afirmações a seguir. D) São sempre valiosos os ________ dos mais velhos.
I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso (concelhos - conselhos).
por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituí- E) Moro ________ cem metros da praça principal. (a cer-
do, sem alteração do sentido do texto, por “faz”. ca de - acerca de).
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser
reescrita da seguinte forma – Todo preso aspira à liberta- 08. Assinale a alternativa correta, considerando que à
ção. direita de cada palavra há um sinônimo.
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma dife- a) emergir = vir à tona; imergir = mergulhar
rente aqui no presídio devido ao bom comportamento. – b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país)
pode-se substituir a expressão em destaque por “em razão c) delatar = expandir; dilatar = denunciar
do”, sem alterar o sentido do texto. d) deferir = diferenciar; diferir = conceder
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação
está correto o que se afirma em
A) I, II e III. GABARITO
B) III, apenas.
C) I e III, apenas. 01. A 02. D 03. A 04. A
D) I, apenas. 05. D 06. E 07. E 08. A
E) I e II, apenas.
RESOLUÇÃO
05. Leia as frases abaixo:
1 - Assisti ao ________ do balé Bolshoi; 1-) Da mesma forma que os italianos e japoneses
2 - Daqui ______ pouco vão dizer que ______ vida em imigraram para o Brasil no século passado, hoje os bra-
Marte. sileiros emigram para a Europa e para o Japão, à busca
3 - As _________ da câmara são verdadeiros programas de uma vida melhor; internamente, migram para o
de humor. Sul, pelo mesmo motivo.
4 - ___________ dias que não falo com Alfredo.
2-) “Com exceção de alguns sensores, que precisamos
Escolha a alternativa que oferece a sequência correta comprar, é tudo reciclagem”...
de vocábulos para as lacunas existentes:
a) concerto – há – a – cessões – há; 3-) antônimo para o termo destacado : “No início das
b) conserto – a – há – sessões – há; aulas, eu achava meio chato, mas depois fui me interes-
c) concerto – a – há – seções – a; sando”
d) concerto – a – há – sessões – há; “No início das aulas, eu achava meio estimulante, mas
e) conserto – há – a – sessões – a . depois fui me interessando”

06. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU- 4-)


NESP – 2013-adap.). Considere o seguinte trecho para res- I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso
ponder à questão. por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituí-
do, sem alteração do sentido do texto, por “faz”. = correta
Adolescentes vivendo em famílias que não lhes trans- II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser
mitiram valores sociais altruísticos, formação moral e não reescrita da seguinte forma – Todo preso aspira à liberta-
lhes impuseram limites de disciplina. ção. = correta

95
LÍNGUA PORTUGUESA

III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma dife-


rente aqui no presídio devido ao bom comportamento. – 10. LITERATURA BRASILEIRA: desde as origens
pode-se substituir a expressão em destaque por “em razão até a atualidade.
do”, sem alterar o sentido do texto. = correta

5-)
1 - Assisti ao concerto do balé Bolshoi; Literatura Brasileira
2 - Daqui a pouco vão dizer que há (= existe)
Quinhentismo
vida em Marte.
3 – As sessões da câmara são verdadeiros pro-
Todas as manifestações literárias produzidas no Brasil,
gramas de humor.
durante o séc. XVI à época do seu descobrimento corres-
4- Há dias que não falo com Alfredo. (=
ponde ao Quinhentismo. Muitos viajantes, navegadores,
tempo passado) missionários e aventureiros que aqui estiveram escreveram
relatos sobre o que viam no Brasil, seus habitantes, suas
6-) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes características físicas, sua fauna e flora, etc. Esses escritos
transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e formam o que chamamos de Literatura informativa.
não lhes impuseram limites de disciplina.
O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse O primeiro documento oficial sobre o Brasil foi a carta
trecho, é de egoísmo escrita por Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel I, infor-
mando-o de que foram encontradas novas terras no cami-
Altruísmo é um tipo de comportamento encontrado nho para as Índias. Essa carta descrevia o Brasil e as impres-
nos seres humanos e outros seres vivos, em que as ações sões de Pero Vaz de Caminha acerca desta terra. Hoje ela
de um indivíduo beneficiam outros. É sinônimo de filan- está guardada na Torre do Tombo, arquivo nacional portu-
tropia. No sentido comum do termo, é muitas vezes per- guês, em Lisboa.
cebida, também, como sinônimo de solidariedade. Esse
conceito opõe-se, portanto, ao egoísmo, que são as incli- Principais obras da literatura informativa
nações específica e exclusivamente individuais (pessoais ou
coletivas). - Diálogo sobre a conversão do gentio, padre Manuel
da Nóbrega.
7-) - Tratado da Terra do Brasil e história da Província de
A) Estou aqui a fim de de ajudar os flagelados das Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil, Pero de
enchentes. (afim = O adjetivo “afim” é empregado para in- Magalhães Gandavo.
dicar que uma coisa tem afinidade com a outra. Há pessoas - Tratado descritivo do Brasil, Gabriel Soares Souza.
que têm temperamentos afins, ou seja, parecidos) - História do Brasil, Frei Vicente do Salvador.
B) A bandeira está arriada . (arrear = colocar - Diálogos das grandezas do Brasil, Ambrósio Fernan-
arreio no cavalo) des Brandão.
- Tratados da terra e da gente do Brasil, Fernão Cardim.
C) Serão punidos os que infringirem o regulamen-
to. (inflingirem = aplicarem a pena)
O autor mais importante do séc. XVI foi José de An-
D) São sempre valiosos os conselhos dos mais ve-
chieta que nasceu em 1534, nas Ilhas Canárias (Espanha).
lhos; (concelhos= Porção territorial ou parte administrativa
Aos 17 anos ingressou na Companhia de Jesus e em 1553
de um distrito).
veio para o Brasil e aqui ficou até morrer em 1597. Par-
E) Moro a cerca de cem metros da praça principal. ticipou da fundação da cidade de São Paulo e trabalhou
(acerca de = Acerca de é sinônimo de “a respeito de”.). com a catequização dos índios. Anchieta produziu poesias
líricas, épicas, peças de teatro e uma importante gramática
8-) da língua tupi.
b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país) =
significados invertidos Barroco
c) delatar = expandir; dilatar = denunciar = signifi-
cados invertidos O Barroco foi um movimento literário e artístico que
d) deferir = diferenciar; diferir = conceder = signifi- se estendeu do séc. XVII ao séc. XVIII por isso podendo ser
cados invertidos chamado também de Seiscentismo. Tendo surgido com a
e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação = unificação da Península Ibérica, o que culminou num for-
significados invertidos te domínio espanhol em todas as suas atividades. Daí o
nome Escola Espanhola ou Barroco Lusitano. Surgiu após
o Renascimento e manteve-se até 1756 com a fundação

96
LÍNGUA PORTUGUESA

da Arcádia Lusitana dando origem ao Arcadismo. No Bra- Esta razão me obriga a confiar,
sil teve seu marco inicial com Bento Teixeira com sua obra que, por mais que pequei, neste conflito
“Prosopopeia”. No campo da literatura podemos destacar: espero em vosso amor de me salvar.
- Gregório de Matos (1663-1696): baiano, era conside- Nesta poesia está presente a preocupação do poeta
rado o maior barroco do país; cultista por fazer uso de uma com sua salvação espiritual, teme pelos seus pecados, mas,
linguagem culta. Era um escritor satírico, irônico e crítico. espera pela bondade de Deus em salvá-lo. Nela podemos
Todo esse senso crítico lhe rendeu o apelido de “Boca do perceber a angústia de ter pecado agravada pela sensação
Inferno”. Não teve nenhum livro publicado em vida, o que de brevidade da vida humana e efemeridade do tempo,
se conhece é fruto de pesquisas em coletâneas. onde tudo passa muito rápido. Estas constituem algumas
- Bento Teixeira Pinto (1560-1618): Poeta português, das características marcantes do estilo barroco em sua
nascido na cidade do Porto, escreveu a primeira obra bar- construção literária.
roca brasileira: Prosopopeia (1601), considerada pobre e
uma cópia mal escrita de “Os Lusíadas” de Camões. Foi a O Barroco nas Artes Plásticas
sua única obra.
- Padre Antônio Vieira (1608-1697): Era conceptista O estilo barroco nas artes plásticas foi bastante difun-
(ideias complicadas), nasceu em Lisboa e faleceu na Bahia dido. Na escultura, suas obras são marcadas pela religio-
em 1697. Foi um grande orador religioso e foi marcante sidade e seus momentos dolorosos, como a crucificação
por ter escrito sermões admiráveis com o “Sermão da Sexa- de Cristo, por exemplo. Na arquitetura rompeu com o es-
gésima”, onde apresentou uma teoria sobre a arte de pre- tilo renascentista de linhas retas e rígidas e propôs linhas
gar. Seus sermões eram cheios de crítica às causas políticas. sinuosas. O que o Barroco mais buscava era embelezar
- Manuel Botelho de Oliveira e Frei Manuel de Santa portas e janelas e ornamentar interiores. Colunas, altares
Maria Itaparica também marcaram o movimento com suas e púlpitos eram decorados com figuras de anjos, monstros
obras. e flores.
Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814):
Alguns aspectos são marcantes neste movimento, é considerado por suas obras de esculturas e arquiteturas
onde podemos elencar: como um dos maiores representantes do movimento bar-
- O cultismo, definido pelo uso de linguagem culta; roco.
- O conceptismo, definido pelo jogo de ideias, de con-
ceitos; Arcadismo Ou Neoclassicismo
- O escritor barroco sempre marca seus textos com as-
pectos religiosos conflitantes, onde o homem está sempre O Arcadismo foi um estilo literário bastante influencia-
dividido entre fé e razão, corpo e alma, material e espiritual, do pelos acontecimentos do séc. XVIII, que foi marcado por
Deus e diabo, vida e morte, amor e ódio, entre outros. grandes revoltas que buscavam a Independência.
- Sempre coloca a emoção acima da razão, são satíri-
cos, apresentam características de homens atormentados Cronologia dos fatos históricos do séc. XVIII
e confusos. Preocupam sobremaneira com a brevidade da
vida humana e a efemeridade do tempo. 1720- Revolta em Vila Rica em oposição às Casas de
- Também é comum o uso de figuras de linguagem Fundição;
como hipérboles, metáforas, anacolutos e antíteses. 1750- Marquês de Pombal é nomeado ministro do rei
D. José I;
Como exemplo deste movimento apresentamos a poe- 1751- Pensadores franceses, como Voltaire, Diderot
sia sacra de Gregório de Matos para elucidar os aspectos publicam obras que combatem a religião e colocam a ra-
barrocos: zão e a ciência como responsáveis pelo progresso social,
político e econômico.
A Jesus Cristo Crucificado 1756- Fundação da Arcádia Lusitana, o que dá início ao
Estando o Poeta para Morrer Arcadismo em Portugal;
1759- Expulsão dos jesuítas de Portugal e do Brasil
Meu Deus, que estais pendente de um madeiro, pelo Marquês de Pombal;
em cuja lei protesto de viver, 1783- Independência dos Estados Unidos;
em cuja santa lei hei de morrer 1789- Inicia-se a Revolução Francesa;
animoso, constante , firme e inteiro: 1792- Tiradentes é enforcado no Rio de Janeiro;
1798- Conjuração Baiana que termina com a execução
neste lance, por ser o derradeiro, e exílio de vários participantes.
pois vejo a minha vida anoitecer,
é, meu Jesus, a hora de se ver Foi esse clima de luta por liberdade e igualdade espa-
a brandura de um pai, manso cordeiro. lhado pela Revolução Francesa que acabou por influenciar
Mui grande é o vosso amor e o meu delito; movimentos de independência em vários países, inclusive
porém pode ter fim todo o pecar, no Brasil. Teve grande influência de filósofos iluministas
E não o vosso amor, que é infinito. como Montesquieu, Rousseau, Diderot e D’Alembert. Dian-

97
LÍNGUA PORTUGUESA

te desse cenário surgiu o Arcadismo no Brasil que já estava Principais obras do Arcadismo brasileiro:
em ascensão em Portugal e tinha por característica um es-
tilo diferente do Barroco. - Obras (1768): poesias de Cláudio Manuel da Costa;
O Arcadismo expressava uma visão mais materialista - O Uraguai (1769): poema de Basílio da Gama;
da existência, pregando o gozo pelo momento presente, os - Caramuru (1781): poema de José de Santa Rita Durão
prazeres do amor físico, uma vida simples em contato com e;
a natureza. Era uma ideologia pela vida campestre, onde os - Marília de Dirceu (1792): poesias de Tomás Antonio
textos eram povoados por pastores e pastoras que viviam Gonzaga.
felizes cuidando de sues rebanhos. Defendiam o bucolismo Romantismo
(vida simples e em contato com a natureza). Os poetas ár-
cades, por identificarem-se com os pastores, criaram pseu- O Romantismo surgiu na Inglaterra e na Alemanha na
dônimos gregos e latinos; entre eles o mais conhecido é metade do séc. XVIII a partir de escritores que descreviam
os tempos medievais; valorizavam os heróis nacionais e os
“Dirceu”, pseudônimo de Tomás Antonio Gonzaga.
sentimentos populares; falavam de amor e saudade de for-
A figura da mulher era idealizada, nutriam por elas
ma pessoal e íntima. Esse subjetivismo era intenso na nova
um amor platônico, como foi o caso de Dirceu por Marília,
literatura e então surgiu o Romantismo. Esse estilo chega
Daí a coletânea de poesias “Marília de Dirceu”. No Brasil, o
à França e estende-se aos demais países da Europa. É um
Arcadismo encontrou suas maiores expressões em Minas estilo rico de características, onde algumas delas são:
Gerais em torno de Vila Rica (a atual Ouro Preto). Vila Rica - busca por liberdade política;
era um dos principais centros econômicos do país devi- - valorização da natureza, sinal da manifestação divina
do à descoberta de ouro e diamante naquela região, daí que serve como refúgio para o homem angustiado;
o surgimento da Conjuração mineira que lutava contra os - exposição de sentimentos íntimos, dos estados da
abusos da cobrança de impostos sobre as pedras preciosas alma e das paixões;
encontradas. - preferência por ambientes noturnos, solitários que
propiciam aos desabafos mais íntimos.
Os principais poetas árcades no Brasil foram: - descarta a ideia centrada na razão do estilo anterior e
inspira-se em subjetividades como a fé, o sonho, a intuição,
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810): Nasceu em a saudade e as lendas nacionais.
Portugal, viveu alguns anos no Brasil e foi exilado para
Moçambique por ter se envolvido com o movimento da O que propiciou que o Romantismo se difundisse com
Conjuração mineira. Lá ele constituiu família e morreu. Em maior velocidade foi o desenvolvimento do meio de comu-
seu exílio escreveu sob o pseudônimo de Dirceu, poesias nicação jornalístico e a ascensão da classe burguesa que
líricas que falavam do amor que sentia pela pastora Marí- tinha acesso aos jornais, onde começaram a ser publicados
lia. Escreveu também, uma obra satírica em versos: “Cartas os folhetins com histórias românticas e de suspense publi-
chilenas”, que circulou anonimamente ridicularizando o cadas em capítulos. Então, a literatura começou a popula-
governador da capitania de Minas, Cunha Meneses. Os no- rizar-se.
mes das pessoas e da região foram substituídos. Também
escreveu sobre o tempo que passou na prisão onde refletia O Romantismo no Brasil
sobre o destino e a justiça dos homens.
No Brasil, o Romantismo inicia-se com a publicação
Cláudio Manuel da Costa (1729-1789): Mineiro, escre- do livro de poesias de Gonçalves de Magalhães, “Suspiros
poéticos e saudades” e no mesmo ano é lançada em Pa-
veu um livro de poesias líricas chamado “Obras”. Um poe-
ris a revista “Niterói” por iniciativa de Araujo Porto Alegre,
meto épico chamado Vila Rica e outras obras de menor
Torres Homem, Pereira da Silva e Gonçalves de Magalhães.
importância.
Tornando uma porta-voz dos ideais românticos. Também,
junto à política o Romantismo se expressou envolvido pelo
Basílio da Gama (1740-1795): Também mineiro; mor- entusiasmo da independência proclamada em 1822, sur-
reu em Portugal. Escreveu o poema épico “O Uraguai” que gindo daí o desejo de criar uma literatura com autentici-
criticava a atitude dos jesuítas que incitaram a guerra de dade nacional, apesar dessa atitude ser bastante criticada
espanhóis e portugueses contra os índios na região dos por alguns autores puristas que prezavam pela linguagem
Sete Povos das Missões do Uruguai. poética praticada em Portugal.

Santa Rita Durão, Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto O Romantismo e o teatro


também contribuíram com este estilo literário.
Com a ascensão sociocultural dos brasileiros e com a
Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa e chegada da família real em 1808, que trouxe consigo cos-
Silva Alvarenga eram escritores líricos. Basílio da Gama, tumes da corte portuguesa; o Brasil era frequentemente
santa Rita Durão e Cláudio Manuel da Costa eram escrito- visitado por companhias portuguesas de teatro e ópera.
res épicos. Tomás Antônio Gonzaga era satírico. Então, foi crescendo a vontade pela criação de um teatro

98
LÍNGUA PORTUGUESA

brasileiro. O ator e empresário João Caetano fundou, em rabá”. Como poeta lírico-amoroso escreveu: “Se se morre
1834, a Companhia Dramática Nacional e deu a seu teatro de amor”, “Como? és tu?”, “Ainda uma vez – adeus!”, “Seus
o nome de Teatro Nacional. Em 1836, o poeta Gonçalves de olhos”.
Magalhães lhe entregou a peça “Antônio José ou o Poeta
e a Inquisição”, encenada em 1838, representando a pri- Álvares de Azevedo: Manuel Antônio Álvares de Aze-
meira obra teatral de assunto e autor brasileiros. O teatro vedo nasceu em São Paulo, em 1831 e faleceu em 1852.
brasileiro ampliou-se com o comediógrafo Martins Pena Considerado o melhor autor ultra-romântico, com influên-
tornando-se autenticamente popular. Em 1843, foi criado cia dos poetas europeus como Byron. Seus poemas são
o Conservatório Dramático e em 1855, o teatro Ginásio marcados por mulheres perfeitas e inacessíveis, por isso se
Dramático, recebendo o apoio de escritores como José de lamenta. Também é marcante em sua obra o tema “morte”,
Alencar e Joaquim Manuel de Macedo. cheios de carga emotiva, fazendo dele um dos poetas mais
lidos do nosso Romantismo. Escreveu o poema “Lira dos
O Indianismo romântico
vinte anos”, uma obra dramática “Macário” e um volume de
contos “Noite na taverna”.
Nos países da Europa os autores voltavam-se aos he-
róis nacionais dos tempos medievais. No Brasil, a literatura
Castro Alves: Antônio de Castro Alves nasceu na Bahia
desenvolveu a corrente indianista responsável pelo nacio-
nalismo romântico. Como exemplo dessa linha podemos em 1847 e ali morreu em 1871. Abolicionista, ficou conhe-
citar o romance “O guarani”, de José de Alencar, onde o cido como “Poeta dos escravos” por manifestar em seus
índio Peri salva Cecília, filha do colonizador português D. versos a indignação perante a escravidão.
Antônio de Mariz em razão de um ataque indígena onde Também escreveu poesias amorosas, diferentemente
toda a família de Cecília é morta. Os índios ganham uma dos outros românticos, a mulher tinha uma imagem bas-
imagem de herói neste estilo literário, é considerado no- tante erótica e sensual. Suas obras mais importantes são:
bre, valoroso, fiel e cavalheiro na intenção de valorizar as “Espumas flutuantes”, “A cachoeira de Paulo Afonso”, “Os
origens da nacionalidade. O índio surge com símbolo do escravos”, “Navio negreiro” e a “Canção do africano”.
nacionalismo romântico, umas das características básicas
do Romantismo. Outros poetas românticos e suas obras

Romantismo (poesia) Junqueira Freire: Inspirações do Claustro;


Casimiro de Abreu: As primaveras;
As três gerações de poetas românticos: Fagundes Varela: Vozes da América; Estandarte auriver-
de; Cantos do ermo e da cidade; Cantos religiosos; Diário
Primeira geração romântica: foi a geração que intro- de Lazaro; Anchieta ou O Evangelho nas selvas.
duziu as ideias românticas no Brasil e tem como caracte-
rísticas principais a exaltação da natureza, o indianismo, a Romantismo (prosa)
expressão da religiosidade e o sentimento amoroso. Repre-
sentantes dessa geração são: Gonçalves Dias e Gonçalves Com o Romantismo surgiu o romance brasileiro. O ro-
de Magalhães. mance tornou-se popular entre os jovens da classe média,
principalmente do Rio de Janeiro; liam apenas por distra-
Segunda geração romântica: considerada “mal do sé- ção. Acompanhavam as histórias dos folhetins e torciam
culo” ou “ultra-romântica” é uma geração que tem uma vi- por um final feliz que sempre acontecia.
são trágica da existência e um profundo desencanto pela
vida. Seus poemas falam de morte, tédio, solidão e melan-
Principais romances do Romantismo
colia. Seus poetas morreram muito jovens. Seus melhores
representantes foram: Álvares de Azevedo, Junqueira Frei-
1844- A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo.
re, Casimiro de Abreu e Fagundes Varela.
1845- O moço loiro, de Joaquim Manuel de Macedo.
Terceira geração romântica: sua característica princi- 1852/53- Memórias de um sargento de milícias, de
pal é a preocupação com os problemas sociais, tendo com Manuel Antônio de Almeida.
objetivo denunciar as injustiças e lutar pela liberdade. Seu 1856- Cinco minutos, de José de Alencar.
maior representante é Castro Alves. 1857- O guarani, de José de Alencar.
1862- Lucíola, de José de Alencar
Gonçalves Dias: Nasceu no Maranhão em 1823, for- 1865- Iracema, de José de Alencar.
mou-se em direito em Coimbra e morreu num naufrágio 1872- Inocência, de Taunay; O seminarista, de Bernardo
em 1864. Escreveu poemas de amor, mas é sempre lem- Guimarães
brado como poeta indianista. Exaltou a honra e a valentia 1874- Ubirajara, de José de Alencar.
do índio em poemas como “I-Juca Pirama”, “Canção do Ta- 1875- Senhora e o Sertanejo, de José de Alencar; A es-
moio”, ”Canto do Piaga”, “Deprecação”, entre outros. Em crava Isaura, de Bernardo Guimarães.
poemas de amor escreveu “Leito de folhas verdes” e “Ma- 1876- O cabeleira, de Franklin Távora.

99
LÍNGUA PORTUGUESA

Joaquim Manuel de Macedo: Nasceu no Rio de Janeiro, meses devolve à Aurélia o dinheiro que recebeu por ter se
em 1820 e ali morreu em 1882. Escrevia textos com assun- casado com ela. Sem terem mais motivo para ficarem sepa-
tos corriqueiros e tradicionais, reproduzia a vida social da rados, os dois se reconciliam e vivem um grande amor. Esse
burguesia, com seus mocinhos e mocinhas, casos amoro- romance é uma crítica à sociedade que dava mais valor ao
sos, cenas engraçadas e finais felizes. Não há análises so- dinheiro do que ao caráter e por isso, seu livro é dividido
ciais, mas um pouco de suspense e muita emoção passa- em quatro capítulos que representam o sistema financeiro:
geira. preço, quitação, posse e resgate.

A moreninha: Conta a história de uma aposta entre Realismo


dois rapazes, Filipe e Augusto. Augusto, que se diz incapaz
de se apaixonar por uma mulher, aposta com Filipe que se O Realismo foi um estilo oposto ao Romantismo, seus
isso acontecer ele irá escrever um romance contando sua autores escreviam sobre a realidade de forma nua e crua,
história de amor. Ele encontra seu grande amor, Carolina, foi um abandono das realidades do modo de vida burguês
irmã de Filipe. Ele perde a aposta e escreve o romance inti- para a realidade da população anônima, marginalizada da
tulado A moreninha. sociedade do séc.XIX. Teve início na França, em 1857,com
a publicação do romance “Madame Bovary”, de Gustave
Manuel Antonio de Almeida: Anonimamente escreveu Flaubert. Em 1881, iniciou no Brasil com a publicação do
o folhetim “Memórias de um sargento de milícias”, que fez romance de Machado de Assis “Memórias póstumas de
muito sucesso entre os leitores. Este folhetim retratava com Brás Cubas”, e de Aluísio de Azevedo “O mulato”.
riqueza de detalhes os becos, as praças, as tradições e os Foi uma época de apogeu dos progressos científicos na
moradores da cidade do Rio de Janeiro. Mais tarde publi- medicina, nas ciências, biológicas, genética e das filosofias
cou a história em livro e se destacou entre os escritores do (Positivismo de Augusto Conte, Determinismo de Hippolyte
romance brasileiro. Taine, Darwinismo de Charles Darwin, Evolucionismo social
Memórias de um sargento de milícias: Conta a histó- de Herbert Spencer, Socialismo Utópico de Saint-Simon e
ria de um menino, Leonardo, filho enjeitado de Leonardo Socialismo científico de Karl Marx). O Realismo apresenta
Pataca. Relata seus dramas cotidianos, casos engraçados um trabalho realizado na realidade da vida humana e deixa
e o cotidiano da vila onde morava. Diferentemente de “A o sentimentalismo e o subjetivismo romântico de lado, o
moreninha” sai do ambiente burguês e dá ao romance um romance deixa de ser visto como pura distração e passa a
toque de realismo. ser crítico e realista.

José de Alencar: José Martiniano de Alencar nasceu Principais romances realistas


no Ceará em 1829 e morreu no Rio de Janeiro em 1877.
É o mais importante prosador do nosso Romantismo. Ele 1881- O mulato, de Aluísio Azevedo; Memórias póstu-
abrange com seus romances as quatro linhas da época: mas de Brás Cubas, de Machado de Assis
1884- Casa de pensão, de Aluísio Azevedo
Social ou urbana: Cinco minutos; A viuvinha; Lucíola; 1888- O missionário, de Inglês de Sousa; O Ateneu, de
Diva; A pata da gazela; Sonhos d’ ouro, Senhora(considera- Raul Pompéia
do seu 2º melhor livro); Encarnação. 1890- O cortiço, de Aluísio Azevedo
Regionalista: O gaucho, O tronco do ipê, Til, O serta- 1891- Quincas Borba, de Machado de Assis
nejo. 1893- A normalista, de Adolfo Caminha
Histórica: O guarani (livro épico, considerado seu me- 1895- Bom-crioulo, de Adolfo Caminha
lhor livro), As minas de prata, A guerra dos Mascates. 1899- Dom Casmurro, de Machado de Assis
Indianista: Iracema, Ubirajara. 1903- Luzia-Homem, de Domingos Olímpio
1904- Esaú e Jacó, de Machado de Assis
Senhora: Romance baseado na história de uma mulher 1908- Memorial de Aires, de Machado de Assis
(Aurélia) que dividida entre o amor e o desejo de vingan-
ça por ter sido abandonada quando era pobre; ao herdar Aluísio Azevedo: Aluísio Tancredo Gonçalves de Azeve-
uma herança resolve comprar o homem que a abandonou do nasceu em São Luís, no Maranhão e faleceu em 1913,
(Fernando Seixas) em busca de um casamento rico e espera em Buenos Aires, na Argentina. Escreveu várias obras, mas
ansiosamente que ele não aceite o trato feito por Lemos, nem todas tinham a mesma qualidade literária. As melho-
seu porta-voz. Mas, para seu descontentamento ele aceita res são os romances “O mulato”, “Casa de Pensão” e “O
se casar por dinheiro e aceita também a condição de co- cortiço”.
nhecer a noiva apenas alguns dias antes da cerimônia.
Quando Fernando descobre quem é a noiva fica feliz O cortiço: Este romance tem como personagem princi-
porque ele ainda a ama, mas ele cai no conceito de Aurélia pal João Romão, vendeiro português, que tem por meta de
que o maltrata e o humilha após o casamento. Apaixonado vida ascender socialmente; tinha por amante uma escrava
e ferido ele resolve trabalhar com afinco e depois de onze fugida que o ajudou a enriquecer (Bertoleza). Seu sonho

100
LÍNGUA PORTUGUESA

era adquirir boa posição social com a de seu patrício Mi- - a raça, que determina o comportamento humano
randa, que tinha um sobrado ao lado do cortiço, e ficar previsível.
noivo de sua filha. Mas para isso ele tinha de se livrar de - o meio, que forma o homem em seus aspectos mo-
Bertoleza que poderia atrapalhar sua ascensão. Então, ele a rais, e
delata como escrava fugida. Ao perceber a traição de João, - a situação social, que define o homem social e cultu-
Bertoleza suicida-se. É um texto povoado de tipos huma- ralmente.
nos como lavadeiras, operários, prostitutas, mascates que
vivem num ambiente marginalizado, degradante e corrup- Portanto, o ser humano era fruto da ação do meio so-
tor. cial em que vivia e da sua hereditariedade. Então, o homem
era previsível, teria sempre as mesmas reações, instintivas e
Machado de Assis: Joaquim Maria Machado de As- incontroláveis. Era uma análise dessas reações com base na
sis nasceu no Rio de Janeiro, em 1839, e ali morreu em Biologia, na Psicologia e na Sociologia sem interferência de
1908. Mestiço, gago, epilético foi considerado símbolo de ordem pessoal ou moral.
esforço por nunca ter ido à escola. Foi tipógrafo, revisor, Esses escritores sofreram a influência do francês Émi-
colaborador da imprensa da época e primeiro presidente le Zola, um dos mais importantes autores naturalistas. No
da Academia Brasileira de Letras, que ajudou a fundar em Brasil, o primeiro romance naturalista publicado foi “O mu-
1897; o melhor escritor brasileiro do séc. XIX e um dos mais lato”, de Aluísio Azevedo.
importantes de toda a história literária em língua portu-
guesa. Possuía um estilo preciso, não falava demais nem Parnasianismo
de menos, usava frases curtas, tinha um misto de graça e
amargura. O Parnasianismo é um estilo poético que teve origem
na França, em 1866, com a publicação do livro “O Parnaso
Os contos: Machado de Assis tinha uma grande habi- contemporâneo”. Parnaso era o nome de uma montanha,
lidade para escrever histórias curtas baseadas na realida- na Grécia, consagrada a Apolo, deus da luz e das artes, e
de e na análise do comportamento humano (os contos). às musas, entidades mitológicas ligadas às artes. No Bra-
sil, a publicação que deu início ao Parnasianismo foi a do
Seus contos eram verdadeiras obras-primas. Dentre eles,
livro “Fanfarras”, de Teófilo Dias. A principal característica
estão: “O enfermeiro”, “ A cartomante”,”A igreja do diabo”,
do Parnasianismo é o cuidado com a forma do poema que
“O alienista”, “Pai contra mãe”, “A causa secreta”,”Conto de
deve ser objetivo, deve prezar pelas rimas ricas e raras e
escola”, “Umas férias”, “Noite de almirante”, “O espelho”,
pelo uso de linguagem elaborada e perfeita. A expressão
“Missa do galo”, “Uns braços” etc.
poética não era o fundamental. Era um estilo bastante des-
critivo e detalhista. É o que podemos observar neste sone-
Os romances: Na primeira fase de sua produção, Ma-
to de Alberto de Oliveira:
chado de Assis, escreveu quatro romances com traços ro-
mânticos: Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Hele- Vaso chinês
na (1876), Iaiá Garcia (1878). Após essa fase ele assume um
aspecto realista em suas obras com Memórias póstumas Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o
de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891), Dom casmurro Casualmente, uma vez, de um perfumado
(1899), Esaú e Jacó (1904), Memorial de Aires (1908) e apro- Contador sobre o mármor luzidio,
funda suas análises psicológicas dos personagens. Entre um leque e o começo de um bordado.
Dom Casmurro: É um de seus romances mais famosos
pela incerteza que ele nos causa em relação à ambigüidade Fino artista chinês, enamorado,
da personagem Capitu, onde ao final da história, não se Nele pusera o coração doentio
sabe se ela traiu ou não seu marido Bentinho com seu ami- Em rubras flores de um sutil lavrado,
go Escobar. Bentinho fez o seminário, mas, por influência Na tinta ardente, de um calor sombrio.
de Capitu, não se ordenou padre para casar-se com ela e, Mas, talvez por contraste à desventura-
Escobar, seu amigo de seminário, casou-se com a melhor Quem o sabe?- de um velho mandarim
amiga de Capitu, tornando-se muito próximos. Bentinho Também lá estava a singular figura:
e Capitu têm um filho, mas ele desconfia que o filho seja Que arte, em pintá-la! A gente acaso vendo-a
do suposto amante de Capitu. Bentinho é apelidado Dom Sentia um não-sei-quê com aquele chim
Casmurro por viver recluso e o texto é uma retrospectiva De olhos cortados à feição de amêndoa.
de sua vida.
Estilo de texto descritivo comum ao Parnasianismo
Naturalismo onde o autor descreve detalhes de um vaso chinês, um
objeto de arte. O texto é construído sob formas perfeitas,
Em obras de alguns autores brasileiros realistas pode- com rimas ricas, bem trabalhadas, porém, é um texto sem
mos notar certas características que definem o Realismo expressão, o que se percebe é a impessoalidade e a inex-
extremo como Naturalismo. É um estilo que classifica os pressividade do autor. É um texto bem escrito, porém po-
homens de acordo com: bre de conteúdo.

101
LÍNGUA PORTUGUESA

Nem todos os poetas conseguiam construir o poema ou sílabas numa mesma oração) e das assonâncias (repeti-
com a perfeição das rimas e quando isso acontecia e o sen- ção fônica das vogais). Todo esse jogo de palavras causa o
timento fluía nos versos, belas poesias eram escritas. que os poetas simbolistas tanto buscam, que é transmitir
Os principais poetas do Parnasianismo foram: seus anseios e angustias com musicalidade.
Os maiores representantes deste movimento no Brasil
Alberto de Oliveira (1857-1937): Canções românticas, foram Cruz e Sousa e Alphonsus Guimaraens. O Simbolis-
Meridionais, Sonetos e poemas, Versos e rimas. mo teve origem com a publicação de dois livros de Cruz e
Raimundo Correia (1860-1911): Primeiros sonhos, Sin- Sousa “Missal” e “Broquéis”.
fonias, Versos e versões, Aleluias, Poesias.
Olavo Bilac (1856-1918): Via láctea, Sarças de fogo, Cruz e Sousa: João da Cruz e Sousa nasceu em 1861,
Alma inquieta, O caçador de esmeraldas, Tarde. em Santa Catarina, e morreu em 1898, em Minas Gerais.
Vicente de Carvalho (1866-1924): Ardentias, Relicário, Um dos poetas mais importantes da nossa literatura, filho
Rosa, rosa de amor, Poemas e canções. de escravos, de vida difícil. Todas essas condições fizeram
com que ele voltasse seus versos para os marginalizados
O parnasianismo continua manifestando-se paralela- da sociedade. Cruz e Sousa escreveram os livros: Faróis, Úl-
mente ao surgimento do Simbolismo e início do Moder- timos sonetos e Evocações. Com Virgilio Várzea escreveu
nismo. Tropos e Fantasias.

Simbolismo O grande sonho

No Brasil, o Simbolismo surge numa época de conflitos Sonho profundo, ó Sonho doloroso,
políticos, marcados pela transição do regime escravocrata Doloroso e profundo Sentimento!
para o regime assalariado, onde alguns escritores defen- Vai, vai às harpas trêmulas do vento
diam a causa das liberdades civis. O Simbolismo foi uma Chorar o teu mistério tenebroso.
reação ao materialismo e ao cientificismo preconizados
pelo Realismo e pelo Parnasianismo. Surgiu na França no fi- Sobe dos astros ao clarão radioso,
nal do séc.XIX e foi um movimento poético de revalorização Aos leves fluidos do luar nevoento,
do poder sugestivo das imagens poéticas, do subjetivismo Às urnas de cristal do firmamento,
e da vida espiritual. Deu ao estilo poético uma musicalida- Ó velho Sonho amargo e majestoso!
de inexistente nos estilos anteriores. Vejamos estes versos
do poeta Cruz e Souza com sua expressão simbolista: Sobe às estrelas rútilas e frias,
Brancas e virginais eucaristias,
Busca palavras límpidas e castas, De onde uma luz de eterna paz escorre.
Novas e raras, de clarões ruidosos,
Dentre as ondas mais pródigas, mais vastas Nessa Amplidão das Amplidões austeras
Dos sentimentos mais maravilhosos. Chora o Sonho profundo das Esferas,
Que nas azuis melancolias morre...
Enche de estranhas vibrações sonoras
A tua estrofe, majestosamente... Perceba neste poema uma característica marcante de
Põe nela todo o incêndio das auroras Cruz e Sousa e outros poetas simbolistas, que é a utilização
para torná-la emocional e ardente. de palavras iniciadas com letra maiúscula no meio do poe-
ma. Também faz uso dos sentidos quando se refere a cores,
Derrama luz e cânticos e poemas sons, perfumes e sensações.
No verso, e torna-o musical e doce,
Como se o coração nesses supremas Alphonsus de Guimaraens: Afonso Henrique da Costa
Estrofes, puro e diluído fosse. Guimarães, nasceu em 1870 em Minas Gerais e ali faleceu
É um poema que ensina como deve ser escrito um em 1921. Teve uma vida solitária e sua poesia remetia ao
poema, que ele transmita musicalidade, que seja român- espiritualismo, carregada de rituais católicos, sonhos e de-
tico sem ser sofrido. Vai na contramão do Parnasianismo vaneios. Muito se preocupava com a morte, um dos seus
que considera o poeta um escultor de obras perfeitas e va- temas. Escreveu Sentenário das dores de Nossa Senhora,
loriza o ritmo, as sensações, o uso dos sentidos ( o cheiro, Câmara ardente, Dona mística, Kiriale, Pastoral aos crentes
o sabor), das sugestões. Retratam anseios e angústias que do amor e da morte.
atormentam o espírito sensível do poeta. Augusto dos Anjos: Augusto de Carvalho Rodrigues
Os poetas simbolistas fazem uso da sinestesia (sensa- dos Anjos nasceu na Paraíba, em 1884, e morreu em 1914,
ção produzida pela interpenetração dos órgãos do sentido: em Minas Gerais. Foi considerado um poeta original, ocu-
(cheiro doce), de figuras de linguagem para melhor expres- pando um lugar á parte em nossa literatura por revelar tra-
sar seus sentimentos, como aliterações (repetição de letras ços parnasianos e simbolistas ao usar a beleza do simbolis-

102
LÍNGUA PORTUGUESA

mo e as ciências biológicas do parnasianismo. Seus o que era influenciou bastante o seu trabalho. Seu estilo é
temas preferidos eram a morte, a decomposição da maté- simples e comunicativo, por isso o chamavam de deslei-
ria e o vazio da existência. Auto intitulava-se o poeta das xado. Tinha uma visão crítica da sociedade e sensibilidade
coisas mortas e deixei apenas um livro publicado chamado para representar a população humilde e marginalizada do
“Eu”, em 1912. subúrbio. Sua visão critica da realidade o fez ocupar um lu-
gar de destaque na literatura brasileira, no entanto, nunca
Pré-Modernismo foi convidado a participar da Academia Brasileira de Letras.
Escreveu crônicas, contos e romances, deixou também
O Pré-Modernismo não é um movimento literário um livro de memórias “O cemitério dos vivos”, fruto de sua
como vimos acontecer até o momento, não se resume a dolorosa experiência passada no Hospício Nacional, onde
textos para distrair. É o período dos primeiros 20 anos do esteve internado por causa de suas crise de alcoolismo.
Séc.XX onde as mudanças políticas e sociais estavam alte- Suas obras de destaque são Triste fim de Policarpo Quares-
rando a sociedade brasileira e alguns escritores usavam de ma, Recordações do escrivão Isaías Caminha, Vida e morte
suas obras para fazer uma análise crítica da realidade bra- de M. J. Gonzaga de Sá e os contos resumidos no volume
sileira. Seus maiores representantes foram Monteiro Loba- Histórias e sonhos.
to, Euclides da Cunha, Lima Barreto e Graça Aranha. Esses Monteiro Lobato: José Bento Renato Monteiro Lobato
escritores queriam despertar seus leitores para a realidade nasceu em Taubaté, em 1882, e morreu em 1948. Exerceu
e usavam de sua literatura para isso. Vejamos os aconteci- muitas funções; foi promotor, fazendeiro, jornalista, adido
mentos sociais importantes dessa época: comercial nos Estados Unidos e lutou arduamente na cam-
panha pela nacionalização do petróleo. Ficou por algum
1903- Osvaldo Cruz é nomeado diretor-geral da saúde tempo preso, devido à pressão de empresas estrangeiras.
pública para combater a febre amarela que dizimou quase Depois, foi um exímio editor, contribuindo muito com nos-
mil pessoas em 1902 só no Rio de Janeiro. so mercado editorial. A estética de Monteiro Lobato
1906- Começa a política do café-com-leite. Afonso tem traços clássicos, conservadores e puristas, por isso ele
Pena é eleito Presidente. Explodem as greves dos operários. não pode ser considerado como genuíno modernista já
1907- Uma grande greve operária explode em São que temia que essa nova linguagem pudesse ser apenas
Paulo. O movimento é duramente reprimido pela polícia uma influência estrangeira passageira. Mas sua face mo-
e os operários se unem por uma jornada de trabalho de 8 derna é revelada quanto faz críticas à sociedade e quando
horas.
demonstra um nacionalismo lúcido e objetivo.
1908-Sancionada a lei do serviço militar obrigatório.
Ele tornou-se bastante popular pelos livros infantis
1910- rebelam-se mais de dois mil marinheiros contra
que constituem metade de sua obra, onde as mais famosas
os maus tratos e castigos físicos recebidos de oficiais. Nes-
são “Reinações de Narizinho (1931), Caçadas de Pedrinho
sa revolta o Rio de Janeiro fica sob a mira de canhões. Dois
(1933) e O Picapau Amarelo (1939).” Seu primeiro livro im-
meses após solucionada a revolta vários de seus líderes são
portante foi “A menina do narizinho arrebitado”, em 1920,
presos e desaparecem.
que nunca foi re-editado, apenas por uma edição fac simi-
1912- Eclosão da Guerra do Contestado no sul do país.
le em 1981. Suas histórias infantis normalmente passavam
1913- Mobilização dos operários que lutam por melho-
res condições de trabalho e ainda pela jornada de 8 horas. em um sítio no interior do Brasil, que tinham como perso-
1914- No dia 28 de julho começa a Primeira Guerra nagens a Dona Benta, seus netos Narizinho e Pedrinho e a
Mundial. empregada Tia Anastácia. As histórias eram complementa-
1971- O Brasil declara guerra à Alemanha. das por personagens do folclore brasileiro e animais que
1918-Termina, no dia 11 de novembro, a Primeira ganhavam características humanas, e se passavam em lu-
Guerra Mundial. gares fantasiosos como o fundo do mar, por exemplo. Tam-
1919- Mais greves operárias explodem no país. bém escreveu contos,crônicas, romances, artigos e ensaio.
1920- A população do país atinge a marca de 30,6 mi- Alguns dos livros de conto são “Urupês”, “Cidades mortas”
lhões de habitantes, onde 800 mil são de operários. e “Negrinha”.

Euclides da Cunha: Nasceu no Rio de Janeiro, em 1866, Modernismo


e ali morreu assassinado em 1909. Cursou a escola militar
e a politécnica, formou-se em Engenharia. Após desligado O Modernismo tem seu marco inicial com a Semana de
do exercito trabalhou no jornal o estado de são Paulo, por Arte Moderna de 1922 que foi uma época de culminância
quem foi designado a ir para a Bahia cobrir a Guerra de de todo um processo de transformação pelo qual o país vi-
Canudos. Baseando-se nesse trabalho, Euclides da Cunha nha passando nas áreas tecnológicas, cientificas e culturais.
escreve o livro “Os sertões”, que causa um grande impacto Nos primeiros anos do séc. XX, os pré-modernistas já se
na sociedade por sua coragem e estilo. rebelavam contra o estilo Parnasiano. Eles buscavam algo
novo, que abandonasse a cópia de estilos internacionais.
Lima Barreto: Afonso Henrique de Lima Barreto nasceu Foram buscar novas formas de expressão, daí temos o ad-
em 1881, no Rio de Janeiro e ali morreu em 1922. Pobre, fi- vento do Futurismo, do Cubismo, do Expressionismo e do
lho de pais mestiços, sofreu muito preconceito por sua cor Surrealismo.

103
LÍNGUA PORTUGUESA

Dividindo didaticamente o Modernismo temos duas cada poema; Paulicéia desvairada; Losango Cáqui; Clã do
fases: jabuti; Remate de males; Poesias; Lira paulistana. Prosas:
1ª fase, de 1922-1930, marcada pela “destruição” ou Primeiro andar;Amar, verbo intransitivo; Macunaíma; O he-
“combate” das antigas construções, principalmente do Par- rói sem nenhum caráter; Belazarte; Contos novos.
nasianismo.
2ª fase, de1930-1945, período chamado de “constru- Antônio de Alcântara Machado (1901-1935): Apesar de
ção”, é quando se consolidam as ideias do Modernismo e o ter morrido jovem, ele contribui bastante com o Modernis-
movimento assume características definidas. mo tendo colaborado com as revistas Terra roxa e outras
A Semana de Arte Moderna ocorreu entre 13 e 18 de terras, Revista de Antropofagia e Revista nova. Suas me-
fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo. Muitas lhores obras são os contos de Brás, Bexiga e Barra Funda e
foram as atividades realizadas neste evento. Havia confe- Laranja da China, que hoje estão reunidos no livro Novelas
rências, dança, música e leitura de poemas. O grupo que li- paulistanas.
derou a Semana foi chamado de Grupo dos cinco, formado
pelos escritores Mário de Andrade, Oswald de Andrade e A segunda fase (1930-1945)
Menotti Del Picchia e pelas pintoras Anita Malfatti e Tarsila
do Amaral, que contou com a participação de Manuel Ban- Nesta fase, o romance apresenta várias tendências:
deira, Di Cavalcanti, Graça Aranha, Guilherme de Almeida e - Romance social nordestino: Jorge Amado, José Lins
muitos outros. do Rego, José Américo de Almeida, Rachel de Queiroz, Gra-
Foi um evento bastante criticado, principalmente por ciliano Ramos e outros.
um artigo publicado por Monteiro Lobato no jornal “O - Romance intimista e psicológico: Lúcio Cardoso, Cor-
Estado de S. Paulo” intitulado “Paranóia ou mistificação?”. nélio Pires e Ciro dos Anjos.
Neste artigo, Monteiro Lobato mostrou-se bastante avesso - Romance de temática social urbana: Érico Veríssimo,
ao que era considerado moderno, chegando a ridicularizar Dionélio Machado e Marques Rebelo.
a pintura de Anita Malfatti. A repercussão do artigo foi ins-
tantânea, quadros que haviam sido comprados foram de- O romance social nordestino neo-realista é considera-
volvidos. Apesar das críticas, a Semana de Arte Moderna foi do o estilo mais importante desse período. O início desse
uma das maiores influências sobre a arte até os dias atuais. trabalho acontece com a publicação do livro “A bagaceira”,
de José Américo de Almeida, que tem por principal objeti-
A primeira fase (1922-1930) vo denunciar as injustiças sócias no Nordeste, a exploração
do povo e o drama dos retirantes da seca.
Apontaremos algumas características desta fase:
- conquista definitiva do verso livre; Rachel de Queiroz (1910-2003): destacou-se ainda bem
- acentuada inspiração nacionalista; jovem com a publicação do romance O quinze. Também
- grande liberdade de criação; conhecida por outras obras, como: João Miguel, Caminhos
- maior aproximação entre a língua falada e a escrita. de Pedra, As três Marias, Memorial de Maria Moura.

Alguns autores desse período: Jorge Amado (1912-2001): um dos maiores escritores
brasileiros. Em seus primeiros romances fazia denúncia so-
Oswald de Andrade (1890-1954): inovador, dinânmi- cial e participava na política. Dessa fase constam Cacau,
co, polêmico. Foi jornalista, poeta, romancista e autor de Jubiabá, Mar morto, Capitães da areia, Terras do sem-fim.
peças teatrais. Suas principais obras são: Poesia Pau-Brasil; Posteriormente modifica suas obras e passa a predominar
Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald De Andrade; a crítica aos costumes e a sátira. Dessa fase destacam-se
Poesias reunidas; Memórias sentimentais de João Miramar; Gabriela, cravo e canela; Os pastores da noite, Dona flor
Serafim Ponte Grande;Os condenados e peças teatrais: O e seus dois maridos; Tenda dos milagres, Tieta do agreste,
homem e o cavalo, A morta, O rei da vela. entre outros.

Manuel Bandeira (1886-1968): professor de literatura,- Graciliano Ramos (1892-1953): considerado o mais im-
tradutor e crítico literário. Escreveu os seguintes livros de portante prosador do Modernismo. Escreveu os romances
poesia: A cinza das horas; Carnaval; Ritmo dissoluto; Liber- Caetés, São Bernardo; Angústia, Vidas secas, o conto Insô-
tinagem; Estrela da manhã; Lira dos Cinquent’anos; Mafuá nia, memórias Infância e memórias do cárcere e literatura
do Malungo; Belo belo;Opus; Estrela da tarde. Em prosa infantil Histórias de Alexandre.
escreveu: Crônicas da Província do Brasil, Itinerário de Pa-
sárgada; Os reis vagabundos e mais cinquenta crônicas; José Lins do Rego (1901-1957): suas obras têm um
Andorinha, andorinha. aspecto memorialista, faz alusão à época da Infância e da
adolescência passadas no engenho do avô, na Paraíba.
Mário de Andrade (1893-1945): foi um escritor mui- Tratava nestes textos da decadência das estruturas eco-
to fecundo, escreveu poesias, contos, romances, crônicas nômicas do Nordeste e dos desmandos dos senhores de
e ensaios. Exerceu grande influência no Modernismo por engenho. Suas obras “Menino de Engenho”. “Doidinho”,
ser crítico e dinâmico. Poesias: Há uma gota de sangue em “Bangüê”, “Usina” e “Fogo morto”, formam o ciclo que

104
LÍNGUA PORTUGUESA

ele classifica de ciclo da cana-de-açúcar. “Pedra bonita” e 1- Uma de suas principais características é o bucolis-
“Cangaceiros” compõem o ciclo do cangaço e “O moleque mo, a idealização da vida campestre. ( )
Ricardo”, “Pureza”, “Riacho doce”, “Água-mãe” e “Eurídice”, 2- Estilo que faz uso exagerado de hipérboles e antí-
falam do misticismo e da seca. teses. ( )
3- Movimento político de revalorização do subjetivis-
Érico Veríssimo (1905-1975): nasceu no Rio Grande do mo e da vida espiritual, que desprezava a descrição deta-
Sul e por isso algumas de suas histórias são naquele ce-
lhada do Parnasianismo. ( )
nário. Na primeira fase de suas obras os romances trans-
4- Estilo literário em que foi escrito “Macunaíma”. (
correm em ambiente urbano e contemporâneo. As obras
dessa fase são: ”Clarissa”, “Música ao longe”, “Um lugar ao )
sol”,” Olhai os lírios do campo”, “Saga” e “O resto é silên-
cio”. Sua segunda fase é um retorno aos tempos passados 3) Os autores das obras “Marília de Dirceu” e “A mo-
do Rio Grande do Sul, onde ele discute sua formação social. reninha”, respectivamente, são:
Os romances que compõem essa fase recebem o título de a) Santa Rita Durão e Basílio da Gama.
“O tempo e o vento”, do qual fazem parte os romances “O b) Gonçalves Dias e Joaquim Manuel de Macedo.
continente”, “ O retrato” e “O arquipélago”. Em seus últi- c) Tomás Antônio Gonzaga e Joaquim Manuel de
mos trabalhos há um retorno a contemporaneidade quan- Macedo.
do escreve “O prisioneiro”, “O senhor embaixador” e “Inci- d) Gregório de Matos e Tomás Antônio Gonzaga.
dente em Antares”. Após, publica seu último livro, um livro
de memórias “Solo de Clarineta”. 4) Podemos afirmar sobre Gregório de Matos:
No estilo poético dessa segunda fase do Modernismo
os principais poetas foram: Carlos Drummond de Andrade
I) escreveu apenas poesias satíricas, razão pela qual fi-
(além de ser o mais importante poeta desta fase, também
cou conhecido pelo apelido de “Boca do Inferno”.
foi cronista, contista e tradutor), Cecília Meireles, Murilo
Mendes, Mário Quintana e Vinícius de Moraes. II) escreveu o “ Sermão da Sexagésima” e outros ser-
mões.
Neo-Realismo III) não teve nenhum livro publicado em vida, o que
conhecemos é fruto de pesquisas em coletâneas da época.
O neo-realismo foi um movimento que aconteceu em IV) escreveu o poema “Caramuru”.
meados do séc.XX; um estilo que resgata o realismo, ba-
seado na veracidade das situações e tem o intuito de inter- a) I e III são verdadeiras
vir e lutar contra as injustiças sociais. É um retorno ao estilo b) I, II e IV são verdadeiras
realista e naturalista com forte influência do Modernismo c) II, III e IV são verdadeiras
e do Marxismo. Este estilo é iniciado com a publicação do d ) todas as alternativas são verdadeiras
livro de José Américo de Almeida, “A bagaceira” e outros
autores como, Jorge Amado, José Lins do Rego, Rachel de 5) Que obra representou uma crítica à Cunha Mene-
Queiroz, Graciliano Ramos adotam este estilo em suas pro-
ses, governador da capitania de Minas?
duções literárias.
a) Marília de Dirceu.
Questões b) O sermão da sexagésima.
c) Cartas chilenas
1) A história da literatura passou por vários estilos. d) Prosopopeia.
Cada estilo recebeu um nome, como Barroco, por exemplo,
que foi um estilo que predominou no séc. XVIII. Então, po- 6) Leia este trecho do texto do padre Vieira:
demos dizer que estilo literário:
a) É a exata expressão do modo de pensar de todos “Os senhores poucos, os escravos muitos; os senho-
os escritores de uma certa época. res rompendo galas, os escravos despidos e nus; os senho-
b) É o conjunto dos estilos individuais de todos os res banqueteando, os escravos perecendo á fome; os se-
autores de uma certa época. nhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados
c) É a forma como cada autor escreve. de ferros”.
d) São os procedimentos artísticos e as concepções
do mundo predominante nas obras de uma certa época.
A que estilo literário pertence este texto? Qual a figura
de linguagem utilizada pelo autor?
2) Relacione:
(a) Arcadismo a) Simbolismo e pleonasmo.
(b) Barroco b) Arcadismo e hipérbole.
(c) Modernismo c) Barroco e antítese.
(d) Simbolismo d) Realismo e aliteração.

105
LÍNGUA PORTUGUESA

7) Complete as lacunas com as palavras correspon- 13) Lima Barreto é um autor que se caracteriza por criar
dentes: tipos:
a) aristocratas do campo.
Podemos dizer que, historicamente, o Parnasianismo b) aristocratas da cidade
brasileiro teve início no século _____, com a publicação do c) popular do subúrbio
livro ____ em ___ pelo escritor ____. d) rústico do campo

a) século XIX, Fanfarras, 1882, Teófilo Dias. 14) Coloque V para verdadeiro e F para falso:
b) século XIX, Fanfarras, 1886, Olavo Bilac.
I- a análise crítica da realidade brasileira é uma das
c) século XVIII, O Parnaso contemporâneo, 1780, Teó-
características em comum entre Monteiro Lobato e Lima
filo Dias.
Barreto.( )
d) século XVIII, O Parnaso contemporâneo, 1780, Olavo II- Lima Barreto produziu dois livros de memórias:
Bilac. Diário íntimo e O cemitério dos vivos. ( )
III- Negrinha e Cidades mortas são contos de Montei-
8) Relacione autores e obras: ro Lobato. ( )
(a ) Bernardo Guimarães ( ) Lucíola IV- Os sertões, de Euclides da Cunha, pode ser consi-
(b ) José de Alencar ( ) Inocência derado uma obra de história e literatura. ( )
(c ) Joaquim M. de Macedo ( ) A escrava
Isaura a) III e IV são verdadeiras,
(d ) Taunay ( ) O moço loiro b) I,II e III são verdadeiras,
c) I e III são verdadeiras
9) Qual das obras citadas abaixo não foi escrita por d) Todas as alternativas são verdadeiras.
José de Alencar?
a) O guarani. 15) Os romances abaixo citados estão numa sequencia
b) Cinco minutos. cronologicamente correta, exceto na alternativa:
c) A viuvinha. a) A moreninha - Grande sertão: veredas – O Ateneu.
d) O seminarista. b) Iracema – O cortiço – Triste fim de Policarpo Qua-
resma.
10) Assinale dois importantes autores que se destaca-
c) Senhora – Quincas Borba – O quinze.
ram no Romantismo e seus respectivos estilos literários.
d) Lucíola – Dom Casmurro – Fogo morto.
16) Assinale a alternativa correta:
a) Gonçalves Dias (prosa) e José de Alencar (poesia). a) Cecília Meireles – Modernismo – séc. XX.
b) Tomás Antônio Gonzaga (poesia) e Basílio da Gama b) Cruz e Sousa – Simbolismo – Séc.XVII
(poesia). c) Graciliano Ramos – Realismo – séc. XVI
c) Aluísio Azevedo (romance) e Machado de Assis (con- d) Érico Veríssimo – Modernismo – séc.XIX.
to)
d) Gonçalves Dias (poesia) e José de Alencar (prosa). 17) Assinale a alternativa incorreta:
a) O autor de Fogo morto também escreveu Menino
11) Qual estilo literário tem as seguintes característi- de engenho.
cas? b) O autor de O quinze também escreveu Memorial
- Apresenta como uma de suas principais característi- de Maria Moura.
cas o bucolismo e a idealização da vida campestre. c) O autor de Incidente em Antares também escre-
- Uso da razão em contraposição à fé. veu Clarissa.
- Sofreu influências dos filósofos iluministas. d) O autor de Vidas Secas também escreveu Capitães
a) Barroco da areia.
b) Arcadismo
18) Assinale a cronologia correta dos movimentos lite-
c) Romantismo
rários no Brasil:
d) Neo-realismo
a) Quinhentismo – Barroco – Romantismo.
b) Quinhentismo – Arcadismo – Simbolismo.
12) Podemos dizer que o Simbolismo: c) Quinhentismo – Romantismo – Barroco.
a) retoma o espírito nacionalista do Romantismo. d) Quinhentismo – Barroco – Arcadismo.
b) Valoriza o poder sugestivo das imagens poéticas e
a musicalidade da linguagem. 19) Quais acontecimentos históricos marcaram o Ar-
c) busca obsessivamente a objetividade, por isso dá cadismo?
preferência ao soneto descritivo. a) Primeira Guerra Mundial e Conjuração Mineira.
d) faz da poesia uma forma de denúncia social, asse- b) Conjuração Mineira e Fundação da Arcádia Lusita-
melhando-se, nesse ponto ao Realismo. na.

106
LÍNGUA PORTUGUESA

c) Revolução Francesa e Segunda Guerra Mundial. 7) a, Foi com o livro “Fanfarras”, de Teófilo Dias, que
d) Semana de Arte Moderna e Fundação da Arcádia o Parnasianismo tem início em 1882. Foi o livro que crista-
Lusitana. lizou o estilo naquele século.
8) Bernardo Guimarães escreveu “A escrava Isaura”,
20) Formaram o Grupo dos cinco na Semana de Arte seu livro mais conhecido, foi publicado em 1875, o roman-
moderna: ce virou novelas em algumas redes de televisão do país e
a) Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti foi exportado para mais de 150 países.
Del Picchia, Anita Malfatti e Tarsila do Amaral. José de Alencar escreveu “Lucíola”, que faz parte dos
b) Mário de Andrade, Monteiro Lobato, Menotti Del vários livros a quem ele intitula com adjetivos ou nomes
Picchia, Anita Malfatti e Tarsila do Amaral. femininos: Senhora, Diva e Lucíola.
c) José Lins do Rego, Oswald de Andrade, Menotti Joaquim Manuel de Macedo escreveu “O moço loiro”
Del Picchia, Anita Malfatti e Tarsila do Amaral. em 1845.
d) Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Érico Ve- Alfredo Maria Adriano d’EscragnolleTaunay, primeiro e
ríssimo, Anita Malfatti e Tarsila do Amaral. único Visconde de Taunay escreveu “Inocência” em 1872.
9) d, os livros “O guarani”, ”Cinco minutos” e “A viu-
Respostas vinha” foram escritos por José de Alencar. “O seminarista”
foi escrito por Bernardo Guimarães em 1872.
1) d, em cada época predomina um estilo literário, 10) d, Gonçalves Dias foi um importante poeta do Ro-
geralmente baseado nos acontecimentos históricos e na mantismo e José de Alencar teve a prosa romântica como
cultura vigente naquele momento. Mas, nem todos que fa- uma de suas principais vertentes e seus livros são bastante
zem parte deste contexto produzem sua obra da mesma requisitados em vestibulares.
forma, é apenas algo predominante. 11) b, o estilo que assume estas características é o Ar-
2) 1-a, os poetas árcades prezavam por uma vida cadismo, são bucólicos; e por valorizarem o material estão
simples em contato com a natureza, o que é chamado de sempre a favor da razão e não usam a fé com tábua de
bucolismo. salvação e acima de tudo porque eram influenciados por
2-b, os escritores barrocos faziam uso de uma lingua- filósofos iluministas que buscavam na razão reformar a so-
ciedade. Foi um movimento contra os abusos da igreja e do
gem bastante trabalhada, culta, por isso em seus textos
estado.
sempre havia figuras de linguagem.
12) b, o Simbolismo foi um estilo marcado pela subje-
3-d, os simbolistas estavam cansados do estilo deta-
tividade, pela musicalidade, por aquilo que a imagem su-
lhista e sem expressão do Parnasianismo, por isso resgata-
gere e não pelo que ela é fisicamente, como é o caso do
ram a expressividade e a musicalidade em suas obras.
Parnasianismo, que dá riqueza de detalhes mas tem pobre-
4-c, Macunaíma, foi um rapsódia (compilação numa
za de expressões e de sentimentos.
mesma obra de temas ou assuntos heterogêneos) cons-
13) c, Lima Barreto, por ser filho de mestiços e pobres,
truída a partir de um conjunto de escritos folclóricos, por
foi vítima de preconceito e esse preconceito marcou toda
Mário de Andrade em 1928, durante, portanto, o Moder-
a sua obra onde ele criou tipos populares que viviam nos
nismo. subúrbios do Rio de Janeiro. Sentia-se em suas obras, um
3) c, Tomás Antônio Gonzaga, escrevia sob o pseu- pouco de sua própria história.
dônimo de Dirceu à sua amada Marília, daí a coletânea de 14) d, todas as alternativas são verdadeiras porque,
poesias que formou um livro chamado “Marília de Dirceu”. Monteiro Lobato e Lima Barreto fizeram, cada um a seu
Joaquim Manuel Macedo escrevia textos com assuntos modo, críticas à sociedade, Monteiro preza pelo naciona-
corriqueiros e tradicionais, reproduzia a vida social da bur- lismo tentando proteger o nosso petróleo de empresas
guesia, com mocinhos e mocinhas, daí nasceu o romance estrangeiras e Lima Barreto defende as classes menos fa-
“A moreninha”. vorecidas da sociedade. As obras destacadas na alterna-
4) a, Gregório de Matos em suas obras fazia críticas tiva II foram produzidas por Lima Barreto; as destacadas
ao governo, por isso suas poesias são consideradas satíri- na alternativa III são, de fato, de Monteiro Lobato e “Os
cas e recebeu o apelido de “Boca do Inferno”. Quem escre- sertões”, de Euclides da Cunha, pode ser considerado tanto
veu o Sermão da sexagésima foi o padre Vieira e caramuru literatura quanto história, porque é um livro baseado em
foi escrito por Santa Rita Durão em 1781. fatos reais pois ele esteve na Guerra de Canudos, no sertão,
5) c, Cartas chilenas são poemas satíricos que critica- como jornalista.
vam o governador. Tinha esse nome porque supostamente 15) a,
sua história se passava no Chile. Esta era uma forma das A moreninha – 1844
poesias não serem censuradas e seu autor punido. Grande sertão: veredas – 1956
6) c, esse trecho é considerado Barroco porque foi O Ateneu-1888
escrito no séc.XVII, onde predominava esse estilo e o uso
da figura de linguagem Antítese se prova quando o autor Iracema – 1865
faz uso de ideias contrárias, opostas. Ele fala de banquete e O cortiço – 1890
de fome, de poucos e de muitos, entre outros. Triste fim de Policarpo Quaresma -1911

107
LÍNGUA PORTUGUESA

Senhora – 1875 Marco inicial


Quincas Borba – 1892
O quinze -1930 O marco inicial do Trovadorismo é a “Cantiga da Ri-
beirinha” (conhecida também como “Cantiga da Garvaia”),
Lucíola – 1862 escrita por Paio Soares de Taveirós no ano de 1189. Esta
Dom Casmurro – 1899 fase da literatura portuguesa vai até o ano de 1418, quando
Fogo morto -1943 começa o Quinhentismo.
16) a, só nesta alternativa encontramos a relação cor- Os trovadores de maior destaque na lírica galego-por-
reta pois, Cruz e Sousa, pertence ao Simbolismo, mas no tuguesa são: Dom Duarte, Dom Dinis, Paio Soares de Ta-
séc.XIX; Graciliano Ramos,pertence ao Modernismo no séc. veirós, João Garcia de Guilhade, Aires Nunes e Meendinho.
XX e Érico Veríssimo também pertence ao Modernismo no
séc.XX. O Trovadorismo foi um período da literatura portugue-
sa compreendido entre 1189 e 1434. Nessa época Portugal
17) d, O autor de “Fogo Morto” e “Menino de enge- estava em processo de consolidação do estado português.
nho” é José Lins do Rego, o autor de “O quinze” e “Me- Enquanto o mundo estava em pleno Feudalismo, e o Teo-
morial de Maria Moura” é Rachel de Queiroz, o autor de centrismo dominava o planeta. Quanto ao contexto cultu-
“Incidente em Antares” e “Clarissa” é Érico Veríssimo, mas o ral e artístico, podemos afirmar que toda a Idade Média foi
autor de “Vidas Secas” é Graciliano Ramos e o de “Capitães fortemente influenciada pela Igreja, a qual detinha o poder
da areia” é Jorge Amado. político e econômico, mantendo-se acima até de toda a
nobreza feudal. Nesse ínterim, figurava uma visão de mun-
18) d, O Quinhentismo ou Literatura informativa é o do baseada tão somente no teocentrismo, cuja ideologia
primeiro, pois, data da época do Descobrimento, logo após afirmava que Deus era o centro de todas as coisas. Assim, o
vem o Barroco,no séc.XVII e o Arcadismo no séc. XVIII. homem mantinha-se totalmente crédulo e religioso, cujos
19) b, o Arcadismo português teve origem com a Fun- posicionamentos estavam sempre à mercê da vontade di-
dação da Arcádia Lusitana e quando chegou ao Brasil, o vina, assim como todos os fenômenos naturais.
país estava em luta por independência. Um dos movimen- Na arquitetura, toda a produção artística esteve volta-
da para a construção de igrejas, mosteiros, abadias e cate-
tos com esse ideal foi a Conjuração mineira.
drais, tanto na Alta Idade Média, na qual predominou o es-
tilo romântico, quanto na Baixa Idade Média, predominan-
20) a, Esse grupo defendia as ideias modernistas tanto
do o estilo gótico. No que tange às produções literárias,
na literatura, quanto em outras artes e eles encabeçaram
todas elas eram feitas em galego-português, denominadas
a Semana de Arte Moderna de 22, foram duramente cri-
de cantigas.
ticados por alguns conservadores, inclusive por Monteiro
Lobato, mas foram aplaudidos por muitos.
Os textos do Trovadorismo eram acompanhados de
música e geralmente cantados em coro, por isso são cha-
mados de cantigas. As cantigas podem ser classificadas em
dois grandes grupos: cantigas líricas e cantigas satíricas. As
11. LITERATURA PORTUGUESA: desde as líricas se subdividem em cantigas de amor e de amigo; as
origens até o Primeiro Modernismo satíricas em cantigas de escárnio e maldizer.
(século XX). Cantigas Líricas → De Amor; De Amigo.
Cantigas Satíricas → De Escárnio; De Maldizer
Cantigas de Amor

Literatura Portuguesa As cantigas de amor são sempre escritas em primeira


pessoa e o eu-poético declara seu amor a uma dama, ten-
Trovadorismo do como pano de fundo o ambiente de um palácio. A mu-
lher é vista como um ser inatingível, uma figura idealizada,
Trovadorismo, também conhecido como Primeira Épo- a quem é dedicado um amor sublimado, idealizado.
ca Medieval, é o primeiro movimento literário da língua Neste tipo de cantiga o trovador destaca todas as qua-
portuguesa. Seu surgimento ocorreu no mesmo período lidades da mulher amada, colocando-se numa posição in-
em que Portugal começou a despontar como nação inde- ferior (de vassalo) a ela. O tema mais comum é o amor não
pendente, no século XII; porém, as suas origens deram-se correspondido. As cantigas de amor reproduzem o sistema
na Occitânia, de onde se espalhou por praticamente toda hierárquico na época do feudalismo, pois o trovador passa
a Europa. Apesar disso, a lírica medieval galaico-português a ser o vassalo da amada (suserana) e espera receber um
possuiu características próprias, uma grande produtividade benefício em troca de seus “serviços” (as trovas, o amor
e um número considerável de autores conservados. dispensado, sofrimento pelo amor não correspondido).

108
LÍNGUA PORTUGUESA

Tratam, geralmente, de um relacionamento amoroso, respeito à temática e à forma, além de serem mais antigas.
em que o trovador canta seu amor a uma dama, normal- Diferentemente da cantiga de amor, na qual o sentimento
mente de posição social superior, inatingível. Refletindo expresso é masculino, a cantiga de amigo é expressa em
a relação social de servidão, o trovador roga a dama que uma voz feminina, embora seja de autoria masculina, em
aceite sua dedicação e submissão. Eu-lírico – masculino virtude de que naquela época às mulheres não era conce-
O sentimento oriundo da submissão entre o servo e o dido o direito de alfabetização.
senhor feudal transformou-se no que chamamos de vas- Tais cantigas tinham como cenário a vida campesina ou
salagem amorosa, preconizando, assim, um amor cortês. nas aldeias, e geralmente exprimiam o sofrimento da mu-
O amante vive sempre em estado de sofrimento, também
lher separada de seu amado (também chamado de amigo),
chamado de coita, visto que não é correspondido. Ainda
vivendo sempre ausente em virtude de guerras ou viagens
assim dedica à mulher amada (senhor) fidelidade, respeito
e submissão. Nesse cenário, a mulher é tida como um ser inexplicadas. O eu lírico, materializado pela voz feminina,
inatingível, à qual o cavaleiro deseja servir como vassalo. A sempre tinha um confidente com o qual compartilhava
título de ilustração, observemos, pois, um exemplo: seus sentimentos, representado pela figura da mãe, amigas
ou os próprios elementos da natureza, tais como pássaros,
Cantiga da Ribeirinha fontes, árvores ou o mar. Constatemos um exemplo:

No mundo non me sei parelha, Ai flores, ai flores do verde pinho


entre me for como me vai, se sabedes novas do meu amigo,
Cá já moiro por vós, e - ai! ai deus, e u é?
Mia senhor branca e vermelha. Ai flores, ai flores do verde ramo,
Queredes que vos retraya se sabedes novas do meu amado,
Quando vos eu vi em saya! ai deus, e u é?
Mau dia me levantei, Se sabedes novas do meu amigo,
Que vos enton non vi fea! aquele que mentiu do que pôs comigo,
E, mia senhor, desdaqueldi, ai! ai deus, e u é?
Me foi a mi mui mal, Se sabedes novas do meu amado,
E vós, filha de don Paai
aquele que mentiu do que me há jurado
Moniz, e bem vos semelha
ai deus, e u é?
Dhaver eu por vós guarvaia,
(...)
Pois eu, mia senhor, dalfaia
Nunca de vós houve nem hei D. Dinis
Valia dua correa.
Cantigas satíricas
Paio Soares de Taveirós
De origem popular, essas cantigas retratavam uma te-
Vocabulário: mática originária de assuntos proferidos nas ruas, praças e
Nom me sei parelha: não conheço ninguém igual a feiras. Tendo como suporte o mundo boêmio e marginal
mim. dos jograis, fidalgos, bailarinas, artistas da corte, aos quais
Mentre: enquanto. se misturavam até mesmo reis e religiosos, tinham por fi-
Ca: pois. nalidade retratar os usos e costumes da época por meio
Branca e vermelha: a cor branca da pele, contrastando de uma crítica mordaz. Assim, havia duas categorias: a de
com o vermelho do rosto, escárnio e a de maldizer.
rosada. Apesar de a diferença entre ambas ser sutil, as cantigas
Retraya: descreva, pinte, retrate. de escárnio eram aquelas em que a crítica não era feita de
En saya: na intimidade; sem manto. forma direta. Rebuscadas de uma linguagem conotativa,
Que: pois.
não indicavam o nome da pessoa satirizada. Verifiquemos:
Des: desde.
Ai, dona fea, foste-vos queixar
Semelha: parece.
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
D’haver eu por vós: que eu vos cubra.
Guarvaya: manto vermelho que geralmente é usado mais ora quero fazer um cantar
pela nobreza. em que vos loarei toda via;
Alfaya: presente. e vedes como vos quero loar:
Valia d’ua correa: objeto de pequeno valor. dona fea, velha e sandia!...

Cantigas de amigo João Garcia de Guilhade

Surgidas na própria Península Ibérica, as cantigas de Nas cantigas de maldizer, como bem nos retrata o
amigo eram inspiradas em cantigas populares, fato que as nome, a crítica era feita de maneira direta, e mencionava
concebe como sendo mais ricas e mais variadas no que diz o nome da pessoa satirizada. Assim, envolvidas por uma

109
LÍNGUA PORTUGUESA

linguagem chula, destacavam-se palavrões, geralmente Durante o período renascentista várias mudanças
envoltos por um tom de obscenidade, fazendo referência a ocorreram. A princípio, a denominação deste movimen-
situações relacionadas a adultério, prostituição, imoralida- to cultural propõe uma ressurreição do passado clássico,
de dos padres, entre outros aspectos. Vejamos, pois: fonte de inspiração e modelo seguido. Durante os séculos
XV e XVI intensificou-se, na Europa, a produção artística e
Roi queimado morreu con amor científica. Esse período ficou conhecido como Renascimen-
Em seus cantares por Sancta Maria to ou Renascença. Logo, o homem é valorizado, bem como
por ua dona que gran bem queria a natureza, pois é concreta e visível. O humanismo e antro-
e por se meter por mais trovador pocentrismo se despontam em oposição ao teocentrismo,
porque lhela non quis [o] benfazer ao divino, ao sobrenatural.
fez-sel en seus cantares morrer O ser humano começa a se vangloriar por sua razão,
mas ressurgiu depois ao tercer dia!... por sua capacidade de raciocínio, por seu cientificismo.
Pero Garcia Burgalês Logo, todas as formas de arte refletem esse ideário: a li-
teratura, a filosofia, a escultura e a pintura. Nessa última
Renascimento destacam-se: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael e
Botticelli.
Contexto histórico
características principais deste período são as seguin-
O Renascimento em Portugal refere-se à influência e tes :
evolução do Renascimento em Portugal, de meados do sé- - Valorização da cultura greco-romana. Para os artis-
culo XV a finais do século XVI. O movimento cultural que tas da época renascentista, os gregos e romanos possuíam
assinalou o final da Idade Média e o início da Idade Mo- uma visão completa e humana da natureza, ao contrário
derna foi marcado por transformações em muitas áreas da dos homens medievais;
vida humana. Renascimento, nome que designa o período - As qualidades mais valorizadas no ser humano pas-
das grandes transformações culturais, políticas e econômi-
sam a ser a inteligência, o conhecimento e o dom artístico;
cas, ocorridas nos séculos XVI e XVII. Essas transformações
- Enquanto na Idade Média a vida do homem devia
trouxeram profundas mudanças para toda a sociedade da
estar centrada em Deus (teocentrismo), nos séculos XV e
época, o estabelecimento definitivo do capitalismo, criou
XVI o homem passa a ser o principal personagem (antro-
novas relações de trabalho, firmou o comércio e este pas-
pocentrismo).
sou a ter grande importância, introduziu novos valores, tais
- A razão e a natureza passam a ser valorizados com
como o dinheiro e a vida nas cidades, que não existiam
grande intensidade. O homem renascentista, principal-
no período medieval, várias invenções e melhoramentos
mente os cientistas, passam a utilizar métodos experimen-
técnicos foram criados em função da crescente procura de
tais e de observação da natureza e universo.
mercadorias. Houve uma crise religiosa pois, a Igreja teve
que enfrentar os protestantes liderados por Martinho Lu-
tero, que contava com o apoio da burguesia. Essa foi tam- Renascimento Cultural
bém a época dos grandes descobrimentos, que levaram o
homem a encarar o Universo e o próprio homem de ma- Durante os séculos XIV e XV as cidades italianas como,
neira diferente daquela pregada pela Igreja. Foi inventada por exemplo Gênova, Veneza e Florença, passam a acumu-
a imprensa, que possibilitou uma maior circulação de escri- lar grandes riquezas provenientes do comércio. Estes ricos
tos e portanto de cultura. Copérnico formulou a teoria do comerciantes começam a investir nas artes, aumentando
heliocentrismo que propunha o Sol como centro do Uni- assim o desenvolvimento artístico e cultural. Por isso, a
verso e Galileu comprovou o duplo movimento da Terra. Itália é conhecida como o berço do Renascimento. Porém,
Todos esses fatores levaram a velha ordem feudal a um este movimento cultural não se limitou à Península Itálica.
desgaste e conseqüente desmoronamento, sendo necessá- Espalhou-se para outros países europeus como, por exem-
ria uma nova organização nos planos político, econômico e plo, Inglaterra, Espanha, Portugal, França e Países Baixos.
social.As produções artísticas desse período refletem essas Principais representantes do Renascimento Italiano e
profundas mudanças. suas principais obras:
Como pioneiro da exploração europeia, Portugal flo- - Michelangelo Buonarroti (1475-1564)- destacou-se
resceu no final do século XV com as navegações para o em arquitetura, pintura e escultura.
oriente, auferindo lucros imensos que fizeram crescer a - obras principais: Davi, Pietá, Moisés, pinturas da Ca-
burguesia comercial e enriquecer a nobreza, permitindo pela Sistina.
luxos e o cultivar do espírito. O contacto com o Renasci- - Rafael Sanzio (1483-1520) - pintou várias madonas
mento chegou através da influência de ricos mercadores (representações da Virgem Maria com o menino Jesus).
italianos e flamengos que investiam no comércio marítimo. - Leonardo da Vinci (1452-1519)- pintor, escultor, cien-
O contato comercial com a França, Espanha e Inglaterra era tista, engenheiro, físico, escritor, etc obras principais :Mona
assíduo, e o intercâmbio cultural se intensificou. Lisa, Última Ceia.

110
LÍNGUA PORTUGUESA

Na área científica A sextilha: composição de seis estrofes de seis versos


com uma forma muito engenhosa, em que as palavras fi-
Podemos mencionar a importância dos estudos de as- nais dos versos de todas as outras, apenas com a ordem
tronomia do polonês Nicolau Copérnico. Este defendeu a trocada;
revolucionária idéia do heliocentrismo (teoria que defen- Os ditirâmos: canto festivo para celebrar o prazer dos
dia que o Sol estava no centro do sistema solar).Copér- banquetes.
nico também estudou os movimentos das estrelas. Nesta
mesma área, o italiano Galileu Galilei desenvolveu instru- Literatura Renascentista
mentos ópticos, além de construir telescópios para apri-
morar o estudo celeste. Este cientista também defendeu Nasce uma atitude antropocentrista, semelhante à da
a idéia de que a Terra girava em torno do Sol. Este motivo Antiguidade clássica, em oposição ao teocentrismo medie-
fez com que Galileu fosse perseguido, preso e condenado val. A natureza é o modelo básico para o conhecimento
pela Igreja Católica, que considerava esta idéia como sen- humano.
do uma heresia. Galileu teve que desmentir suas idéias para A influência greco-romana está presente nos Lusíadas,
fugir da fogueira. de Luís de Camões, Luís de Camões (1525?-1580), freqüen-
ta a nobreza e os círculos boêmios de Lisboa. Viaja muito,
A Linguagem Clássico-Renascentista chegando até a Índia e a China, quase sempre a serviço do
governo português. Sua obra mais importante, Os Lusía-
A linguagem clássico-renascentista é a expansão das das (1572), funde elementos épicos e líricos. Mescla fatos
idéias e dos sentimentos do homem do século XVI. Seus da história portuguesa às intrigas dos deuses do Olimpo,
temas e sua construção traduzem, de um lado, o espírito que buscam ajudar ou atrapalhar Portugal. Sintetiza duas
de aventuras trazido pelas navegações: de outro, refletem importantes vertentes do renascimento português: as ex-
a busca dos modelos literários greco-latinos e dos huma- pedições ultramarinas e o humanismo.
nistas italianos.
Emprego da medida nova: Os humanistas passaram a Principais Autores e Obras
empregar sistematicamente o verso decassílabo, denomi-
nado então de medida nova, em oposição às redondilhas Luís Vaz de Camões: (1525?-1580), O escritor mais co-
nhecido e destacado do classicismo português. Escreveu
medievais, chamadas de medida velha. Gosto pelo soneto:
poesias líricas e épicas, além de várias peças teatrais.
No Renascimento também foi criado o soneto, um tipo de
Obras - Obras de Camões
composição poética formada por duas quadras e dois ter-
cetos, com versos decassílabos, que até hoje é cultivado
1572- Os Lusíadas,Lírica
pelos poetas. Essa nova forma de fazer poesia foi chama-
1595 - Amor é fogo que arde sem se ver
do de “dolce stil nuovo”, ou “doce novo estilo”, por Dante.
1595 - Eu cantarei o amor tão docemente
Formas de inspiração clássica: Além de criarem o soneto, os
1595 - Verdes são os campos
humanistas italianos recuperaram outras formas, já cultiva-
1595 - Que me quereis, perpétuas saudades?
das pela literatura grega e latina:
1595 - Sobolos rios que vão
A écloga: composição geralmente dialogada, em que o 1595 - Transforma-se o amador na cousa amada
poeta idealiza assuntos sobre a vida no campo. Suas perso- 1595 - Sete anos de pastor Jacob servia
nagens são pastores (éclogas pastoris), pescadores (éclo- 1595 - Alma minha gentil, que te partiste
gas pisctórias) ou caçadores (éclogas venatórias); 1595 - Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
A elegia: poema de fundo melancólico; 1595 - Quem diz que Amor é falso ou enganoso Teatro
A ode: composição pequena, de caráter erudito, com 587 - El-Rei Seleuco.
elevação do pensamento, sobre vários assuntos. As odes 587 - Auto de Filodemo.
podem ser classificadas em pendáricas (cantam heróis ou 587 – Anfitriões
acontecimentos grandiosos), anacreônicas (cantam o amor
e a beleza), e satíricas (celebram assuntos morais e / ou Francisco de Miranda: (1495-1558), seus trabalhos gi-
filosóficos); raram em torno da poesia e a comédia.
A epístola: composição em que o autor expõe suas
idéias e opiniões, em estilo calmo e familiar. Pode ser dou- Artes
trinária, amorosa ou satírica;
O epitalâmio: composição em honra aos recém casa- A obra renascentista tem, em geral, mais movimento
dos, própria para ser recitada em bodas; que as figuras medievais anteriores.
A canção: composição erudita, de longas estrofes, ver- Arquitetura Renascentista
sos decassílabos por vezes entremeados com outros de
seis sílabas (heróicos) e de caráter amoroso; Caracterizou-se pelos grandes monumentos e pelas
O epigrama: composição de 2 ou 3 versos com pensa- construções de grande porte, destacando-se a Catedral de
mentos engenhosos e de estilo cintilante; São Pedro, em Roma, obra magestral do arquiteto italiano

111
LÍNGUA PORTUGUESA

Bramante (1444 – 1514), da qual também participaram o Características gerais:


pintor Rafael e o arquiteto Michelangelo, autor da grandio-
sa Cúpula dessa Igreja. - rompimento com o imobilismo e a hierarquia da pin-
tura medieval
A escultura Renascentista - valorização do individualismo e dos detalhes huma-
nos
Teve em Michelangelo sua maior expressão. Dentre
suas óbras destacam-se: David, Moisés e Pietá. Neste cam- Quatrocento
po também sobressaíram Donatello (1386 – 1466), autor da
primeira estátua eqüestre de caráter monumental; Guiberti Durante o Quattrocento (século XV) o Renascimento
(1378 – 1455), que lavrou as portas de bronze do batistério espalha-se pela península itálica, atingindo seu auge. Nes-
de Florença; e Gian Lorenzo Bermini (1598 – 1680). te período atuam Masaccio, Mantegna, Botticelli, Leonar-
do da Vinci, Rafael e, no seu final, Michelangelo (que já
Pintura do Renascimento prenuncia certos ideais anti-clássicos utilizando-se da lin-
guagem clássica, o que caracteriza o Maneirismo, a etapa
A definição de Pintura renascentista surge em Itália final do Renascimento), considerados os três últimos o “trio
durante o século XV inserida, de um modo geral, no Re- sagrado” da Renascença.
nascimento. Esta pintura funda um espírito novo, forjado
de ideais novos e em novas forças criadoras. Desenvolve- Características gerais:
se nas cidades italianas de Roma,Nápoles, Mântua, Ferra- - inspiração greco-romana (paganismo e línguas clás-
ra, Urbino e, sobretudo, em Florença e Veneza (principais sicas),
centros que possuíam, entre os séculos XV e XVI, condi- - racionalismo,
ções económicas, políticas, sociais e culturais propícias ao - experimentalismo.
desenvolvimento das artes como a pintura). Não se pode
dizer, no entanto, que seja um estilo na verdadeira acepção
Cinquecento
do termo, mas antes uma arte variada definida pelas indivi-
dualidades que lhe transmitiram características estilísticas,
O Renascimento torna-se no século XVI um movimen-
técnicas e estéticas distintas.
to universal europeu, tendo, no entanto, iniciado sua deca-
As raízes baseiam-se na Antiguidade Clássica (tomadas
dência. Ocorrem as primeiras manifestações maneiristas e
a partir da cultura e mitologia grega e romana, e dos ves-
a Contra reforma instaura o Barroco como estilo oficial da
tígios quer arquitectónicos quer escultóricos existentes na
Igreja Católica. Na literatura atuaram Ludovico Ariosto, Tor-
península itálica) e na Idade Média (captadas em sentido
quato Tasso e Nicolau Maquiavel. Já na pintura, continuam
evolutivo e sobretudo da obra de Giotto que teve na sua
se destacando Rafael e Michelangelo.
arte do século XIII, o pronúncio dos princípios orientadores
da pintura do Renascimento).
Ideais do Renascimento
Gastronomia
Podem ser apontados como valores e ideais defendi-
Servir refeições criativas e bonitas passou a ser uma dos pelo Renascimento o Antropocentrismo, o Hedonismo,
obrigação. Foi quando começaram a aparecer livros de o Racionalismo, o Otimismo e o Individualismo, bem como
culinária. A carne de caça era coberta com molhos finos um tratamento leigo dado a obras religiosas, uma valoriza-
e as sopas, que podiam ser de cebola, de favas, peixe ou ção do abstrato, expresso pelo matemático, além também
mostarda, viraram moda. Em fins do século XVI, cozinheiros de algumas noções artísticas como proporção e profundi-
e massageiros italianos espalharam-se pelo mundo, divul- dade, e, finalmente, a introdução de novas técnicas artísti-
gando essa arte. cas, como a pintura a óleo. Algumas das características dos
principais ideais do Renascimento podem ser vistas aqui:
Fases do Renascimento
Antropocentrismo
Costuma-se dividir o Renascimento em três grandes
fases, correspondentes aos séculos XIV ao XVI. O antropocentrismo é uma concepção que considera
que a humanidade deve permanecer no centro do entendi-
Trecento mento dos humanos, isto é, tudo no universo deve ser ava-
liado de acordo com a sua relação com o homem. O termo
O Trecento (em referência ao século XIV) manifesta-se tem duas aplicações principais. Por um lado, trata-se de um
predominantemente na Itália, mais especificamente na ci- lugar comum na historiografia qualificar como antropocên-
dade de Florença, pólo político, econômico e cultural da trica a cultura renascentista e moderna, em contraposição
região. Giotto, Dante Alighieri, Boccaccio e Petrarca estão ao suposto teocentrismo da Idade Média. A transição da
entre seus representantes. cultura medieval à moderna é frequentemente vista como

112
LÍNGUA PORTUGUESA

a passagem de uma perspectiva filosófica e cultural centra- conhecê-lo totalmente e de fruir as delícias e os prazeres
da em Deus a uma outra, centrada no homem – ainda que da vida. Daí a exaltação do homem-aventura (Os Lusía-
esse modelo tenha sido reiteradamente questionado por das), do homem-cortesão, que canta, sabe da música e da
numerosos autores que buscaram mostrar a continuidade poesia, e do homem-soldado, que luta, não para ganhar o
entre a perspectiva medieval e a renascentista. céu, mas para deixar no mundo a sua presença. Equilíbrio
e harmonia de forma e fundo. Clareza, mentalidade aber-
Hedonismo ta, intensidade vital, ímpeto progressista, euforia, ânsia de
glória e perenidade, apreço pelo humano, sentido do nu
O hedonismo é uma teoria ou doutrina filosófico-mo- artístico, ausência de afetações. Universalismo, apego aos
ral que afirma ser o prazer individual e imediato o supremo valores transcendentais (o Belo, o Bem, a Verdade, a Perfei-
bem da vida humana. Surgiu na Grécia, na época pós-so- ção) e aos sistemas racionais; simplificação por lucidez téc-
crática, e um dos maiores defensores da doutrina foi Aris- nica, simetria. Cultivo da antigüidade Greco-Latina. Deuses
tipo de Cirene. O hedonismo moderno procura fundamen- pagãos usados como figuras literárias e claras alegorias.
tar-se numa concepção ampla de prazer entendida como
felicidade para o maior número de pessoas. Humanismo

Individualismo O Humanismo português vai desde a nomeação de


Fernão Lopes para o cargo de cronista-mor da Torre do
É um conceito político, moral e social que exprime a Tombo, em 1434, até o retorno de Sá de Miranda da Itália,
afirmação e liberdade do indivíduo frente a um grupo, es- em 1527, quando começou a introduzir em Portugal a nova
pecialmente à sociedade e ao Estado. Usualmente toma-se estética clássica.
por base a liberdade no que concerne a propriedade priva- O termo Humanismo literário é usado comumente
da e a limitação do poder do Estado. O individualismo em
para designar o estudo das letras humanas em oposição à
si opõe-se a toda forma de autoridade, ou controle sobre
Teologia. Na Idade Média, predomina a concepção teocên-
os indivíduos; e coloca-se como antítese do colectivismo.
trica, em que tudo gira em torno dos valores religiosos. A
Conceituar o individualismo depende muito da noção de
partir do Humanismo desenvolve-se uma nova concepção
indivíduo, que varia ao longo da história humana, e de so-
de vida: os eruditos defendem a reforma total do homem;
ciedade para sociedade.
acentuam-se o valor do homem na terra, tudo o que possa
Não se deve confundir o individualismo com o egoís-
tornar conhecido o ser humano; preocupam-se com o de-
mo. É compatível com o individualismo permanecer dentro
senvolvimento da personalidade humana, das suas facul-
de organizações, desde que o indivíduo e sua opinião seja
dades criadoras; têm como objetivo atualizar, dinamizar e
preponderante. Embora, na prática, geralmente exista uma
relação inversa entre individualismo e o tamanho de um dar uma nova vida aos estudos tradicionais; empenham-se
Estado ou organização. em fazer a reforma educacional.
A produção literária portuguesa desse período pode
Optimismo ser subdividida em:
- Prosa:
Optimismo se caracteriza por ser uma forma de pensa- a) Crônicas de Fernão Lopes,
mento. É sinónimo de pensamento positivo, ou seja, uma b) Prosa doutrinária e
pessoa optimista é uma pessoa que vê as coisas pelo lado c) Novela de cavalaria
bom. O optimismo é a posição contrária a do pessimismo. - Poesia: Poesia palaciana
No Renascimento ele significa poder fazer tudo sem ne- - Teatro: Obra de Gil Vicente
nhuma restrição e abertura ao novo.
O humanismo foi uma época de transição entre a Ida-
Racionalismo de Média e o Renascimento. Como o próprio nome já diz,
o ser humano passou a ser valorizado. Foi nessa época que
O racionalismo é a corrente filosófica que iniciou com surgiu uma nova classe social: a burguesia. Os burgueses
a definição do raciocínio que é a operação mental, discur- não eram nem servos e nem comerciantes. Com o apareci-
siva e lógica. Este usa uma ou mais proposições para extrair mento desta nova classe social foram aparecendo as cida-
conclusões se uma ou outra proposição é verdadeira, falsa des e muitos homens que moravam no campo se mudaram
ou provável. Essa era a ideia central comum ao conjunto de para morar nestas cidades, como conseqüência o regime
doutrinas conhecidas tradicionalmente como racionalismo. feudal de servidão desapareceu. Foram criadas novas leis e
o poder parou nas mãos daqueles que, apesar de não se-
Principais características do Renascimento rem nobres, eram ricos. O “status” econômico passou a ser
muito valorizado, muito mais do que o título de nobreza.
O interesse pelo homem e pelo que ele pode realizar As Grandes Navegações trouxeram ao homem con-
de alto, profundo e glorioso (Humanismo) inspira o con- fiança de sua capacidade e vontade de conhecer e des-
ceito de homem integral, senhor do mundo, sequioso para cobrir várias coisas. A religião começou a decair (mas não

113
LÍNGUA PORTUGUESA

desapareceu) e o teocentrismo deu lugar ao antropocen- de 1502, quando na noite de 7 para 8 de junho, recitou
trismo, ou seja, o homem passou a ser o centro de tudo e o Monologo do vaqueiro no quarto de D. Maria, esposa
não mais Deus. de D. Manuel, que acabava de dar a luz ao futuro rei D.
Os artistas começaram a dar mais valor às emoções João III. Durante 34 anos produziu textos teatrais e algumas
humanas. É bom ressaltar que todas essas mudanças não poesias, sendo que sua última peça – Floresta de enganos
ocorreram do dia para a noite. – data de 1536. Se nada se sabe a respeito de sua origem,
podemos afirmar com certeza que viveu a vida palaciana
Humanismo = Teocentrismo X Antropocentrismo como funcionário da corte e que possuía bons conheci-
mentos da língua portuguesa, bem como do castelhano,
Humanismo deriva, etimologicamente, da palavra fran- do latim e de assuntos teológicos. O teatro vicentino é ba-
cesa humanisme. Segundo alguns autores, Humanismo é sicamente caracterizado pela sátira, criticando o compor-
a “doutrina dos humanistas da Renascença que ressusci- tamento de todas as camadas sociais: a nobreza, o clero e
taram o culto da línguas e das literaturas antigas”. No en- o povo.
tanto, literariamente, convencionou-se relacionar a palavra
Humanismo ao movimento artístico iniciado na Itália no - Poesia: Em 1516 foi publicada a obra “Cancioneiro
século XIV. Petrarca, poeta italiano, é considerado o pai do Geral”, uma coletânea de poemas de época. O cancioneiro
Humanismo, pois foi o principal precursor desse movimen- geral resume 2865 autores que tratam de diversos assuntos
to que espalhou-se pela Europa, no período que corres- em poemas amorosos, satíricos, religiosos entre outros.
ponde à transição da Idade Média à Idade Moderna.
O Humanismo abrange praticamente todas as artes - Prosa: Crônicas: registravam a vida dos personagens
como por exemplo a pintura, a arquitetura, a escultura, a e acontecimentos históricos. Fernão Lopes foi o mais im-
música e a literatura. As obras desse período tinham como portante cronista(historiador) da época, tendo sido consi-
centro de interesse o próprio homem. Assim, enquanto no derado o “Pai da História de Portugal”. Foi também o 1º
Trovadorismo Deus era o centro de tudo (teocentrismo) no cronista que atribuiu ao povo um papel importante nas
Humanismo o homem passa a ser o centro de interesse mudanças da história, essa importância era, anteriormente
da cultura (antropocentrismo). O Humanismo foi a própria atribuída somente à nobreza.
alma do Renascimento. Era um apelo ao homem universal.
Traduzia-se sobretudo pelo enaltecimento da cultura da Obras
Antiguidade Clássica”. “Crônica d’El-Rei D. Pedro”
Os principais destaques do Humanismo são: na Itália, “Crônica d’El-Rei D. Fernando”
berço do Renascimento, Dante Alighieri, Giovanni Boccac- “Crônica d’El-Rei D. João I”
cio e Francesco Petrarca. Em Portugal merece destaque o
teatro poético de Gil Vicente Classicismo

O movimento Literário Classicismo, ou Quinhentismo (século XV) é o nome


dado ao período literário que surgiu na época do Renas-
O período compreendido como Humanismo na Lite- cimento (Europa séc. XV a XVI). Um período de grandes
ratura Portuguesa vai desde a nomeação de Fernão Lopes transformações culturais, políticas e econômicas. Vários
a cronista-mor da Torre do Tombo, em 1434, até o retorno foram os fatores que levaram a tais transformações, den-
de Francisco Sá de Miranda da Itália, quando introduziu tre eles a crise religiosa (era a época da Reforma Protes-
uma nova estética, o Classicismo, em 1527. Algumas ma- tante, liderada por Lutero), as grandes navegações (onde
nifestações o homem foi além dos limites da sua terra) e a invenção
da Imprensa que contribuiu muito para a divulgação das
- Teatro: O teatro foi a manifestação literária onde fica- obras de vários autores gregos e latinos (cultura clássica)
vam mais claras as características desse período. Gil Vicen- proporcionando mais conhecimento para todos.
te foi o nome que mais se destacou, ele escreveu mais de O Classicismo foi conseqüência do Renascimento,
40 peças. Sua obra pode ser dividida em 2 blocos: Autos: importante movimento de renovação científica e cultural
peças teatrais cujo assunto principal é a religião. “Auto da ocorrido na Europa que marca o nascimento da Idade Mo-
alma” e “Trilogia das barcas” são alguns exemplos. Farsas: derna. O classicismo é profundamente influenciado pelos
peças cômicas curtas. Enredo baseado no cotidiano. “Far- ideais humanistas, que colocam o homem como o centro
sa de Inês Pereira”, “Farsa do velho da horta”, “Quem tem do Universo. Reproduz o mundo real, de forma verossímil,
farelos?” são alguns exemplos. Gil Vicente é considerado o mas moldando-o segundo o que é considerado ideal. É im-
criador do teatro português pela apresentação, em 1502 portante que as obras sejam harmônicas e reflitam deter-
de seu Monologo do Vaqueiro (também conhecido como minados princípios, como ordem, lógica, equilíbrio, sime-
Auto da Visitação). tria, contenção, objetividade, refinamento e decoro.
Sobre a vida de Gil Vicente pouco se sabe. Supõe-se A razão tem mais importância do que a emoção. As
que tenha nascido por vota de 1465 e morrido cerca de adaptações aos ideais e aos problemas dos novos tempos
1536. A primeira data seguramente ligada ao poeta é o ano fazem com que o classicismo não seja mera imitação da

114
LÍNGUA PORTUGUESA

Antiguidade. Na época renascentista, por exemplo, a alta da. Racionalismo: a razão predomina sobre o sentimento,
burguesia italiana em ascensão, na disputa de luxo e poder ou seja, a expressão dos sentimentos era controlada pela
com a nobreza, identifica-se com os valores laicos da arte razão.
greco-romana.
O aperfeiçoamento da imprensa possibilitou uma - Universalismo: os assuntos pessoais ficaram de lado
maior difusão de idéias novas, contribuindo para o enri- e as verdades universais (de preocupação universal) passa-
quecimento do ambiente cultural. As grandes navegações ram a ser privilegiadas.
alargaram a visão de mundo do europeu, que entrou em
contato com culturas diferentes. A matemática se desen-
- Perfeição formal: métrica, rima, correção gramatical,
volveu, bem como o estudo das línguas, surgindo as pri-
meiras gramáticas de língua portuguesa. Todo esse con- tudo isso passa a ser motivo de atenção e preocupação.
texto fez nascer uma visão antropocêntrica de mundo. Ou
seja, o homem é visto como centro do universo. O cristia- - Presença da mitologia greco-latina.
nismo continua imperando, mas o homem renascentista já
não é tão angustiado com as questões religiosas como o - Humanismo: o homem dessa época se liberta dos
era o homem medieval. dogmas da Igreja e passa a se preocupar com si próprio,
valorizando a sua vida aqui na Terra e cultivando a sua ca-
Os artistas – pintores, escultores, arquitetos – inspira- pacidade de produzir e conquistar. Porém, a religiosidade
vam-se nas obras dos antigos gregos e romanos, que se não desapareceu por completo.
transformaram em modelos. Por isso mesmo, dizia-se que
a gloriosa arte antiga estava renascendo. Em seu conteúdo, Classicismo em Portugal
mostravam o paganismo, o ideal platônico de amor e ou-
tras marcas específicas da tradição antiga. As notas medie-
O marco inicial do Classicismo português é em 1527,
vais quinhentistas contêm um impulso que se tornou pre-
quando se dá o retorno do escritor Sá de Miranda de uma
sente, explicitamente ou não, ao longo de toda a literatura
portuguesa, cruzando os séculos. viagem feita à Itália, de onde trouxe as idéias de renovação
literária e as novas formas de composição poética, como o
Seus lirismos tradicionais, caracterizados por ser anti- soneto. O período encerra em 1580, ano da morte de Luís
metafísico, popular, sentimental e individualista, irá dialo- Vaz de Camões e do domínio espanhol sobre Portugal.
gar com as novas modas e sobreviverá. A própria força da
terra portuguesa, chamando os escritores para o seu con- Classicismo Literário
vívio, explica a permanência desse remoto lirismo através
dos séculos. A definição do novo ideário estético em Por- Os escritores classicistas retomaram a idéia de que a
tugal deu-se em 1527, com o regresso de Sá de Miranda arte deve fundamentar-se na razão, que controla a expres-
da Itália, trazendo uma valiosa bagagem doutrinária. Sua são das emoções. Por isso, buscavam o equilíbrio entre
influência foi decisiva na produção e promoção do novo os sentimentos e a razão, procurando assim alcançar uma
gosto literário. representação universal da realidade, desprezando o que
fosse puramente ocasional ou particular. Os versos deixam
Características
de ser escritos em redondilhas (cinco ou sete sílabas poé-
Busca do homem universal – passaram o mundo, o ticas) – que passa a ser chamada medida velha – e passam
homem e a vida a serem vistos sob o prisma da razão. O a ser escritos em decassílabos (dez sílabas poéticas) – que
homem renascentista procurou entender a harmonia do recebeu a denominação de medida nova. Introduz-se o so-
universo e suas noções de Beleza, Bem e Verdade, sem- neto, 14 versos decassilábicos distribuídos em dois quarte-
pre baseando seus conceitos no equilíbrio entre a razão tos e dois tercetos.
e a emoção. Estavam longe de aceitar a “arte pela arte”,
ao modo parnasiano do século XIX, mas apresentavam um Luís de Camões (1525-1580): poeta soldado Escritor de
alto objetivo ético: o do aperfeiçoamento do homem na dados biográficos muito obscuros, Camões é o maior autor
contemplação das paixões humanas postas em arte - a ca- do período. Sabe-se que, em 1547, embarcou como solda-
tarse grega. do para a África, onde, em combate, perdeu o olho direito.
Valores greco-latinos – os renascentistas adotaram a Em 1553, voltou a embarcar, dessa vez para as Índias, onde
mitologia pagã, própria dos antigos, recorrendo a entida- participou de várias expedições militares. Em 1572, Camões
des mitológicas para pedir inspiração, simbolizar emoções
publica Os Lusíadas, poema que celebrava os recentes fei-
e exemplificar comportamentos. Consideravam que os an-
tos marítimos e guerreiros de Portugal. A obra fez tanto
tigos haviam atingido a perfeição formal, desejando os ar-
tistas da Renascença reproduzi-la e perpetuá-la. sucesso que o escritor recebeu do rei D. Sebastião uma
Novas medidas e formatos – surgiram novas formas de pensão anual – que mesmo assim não o livrou da extrema
composição, como o soneto, o verso decassílabo e a oitava pobreza que vivia. Camões morreu no dia 10 de junho de
rima, que foram introduzidas em Portugal por Sá de Miran- 1580.

115
LÍNGUA PORTUGUESA

A Poesia Épica de Camões em língua portuguesa, não por conter oito mil e oitocen-
tos e dezesseis verbos decassílabos distribuídos em 1102
Como tema para o seu poema épico, Luís de Camões estrofes de oito versos cada, mas pelo seu valor poético e
escolheu a história de Portugal, intenção explicitada no tí- histórico. Obedecendo com rigor às regras da Antigüidade
tulo do poema: Os lusíadas. O cerne da ação desenvolve-se clássica apresentam em suas estrofes os aspectos formais
em torno da viagem de Vasco da Gama às Índias. A palavra (métrica, ritmo e rima) com extrema regularidade, demons-
“lusíada” é um neologismo inventado por André de Resen- trando o engenho e a arte do poeta. Todas as estrofes
de para designar os portugueses como descendentes de apresentam o esquema conhecido como oitava-rima, com
Luso (filho ou companheiro do deus Baco). três rimas cruzadas seguidas de uma emparelhada (AB AB
AB CC). A palavra lusíadas significa “lusitanos”, e Camões
A Estrutura
foi buscá-la numa epístola de André de Resende. Os Lu-
síadas são os próprios lusos, tanto em sua alma como em
Os lusíadas apresenta 1102 estrofes, todas em oitava
-rima (esquema ABABABCC), organizadas em dez cantos. sua ação. O herói da epopéia é o próprio povo português
Divisão dos Cantos e não apenas Vasco da Gama, como pode parecer à uma
1ª parte: Introdução leitura superficial da obra. Ao cantar “as armas e os ba-
Estende-se pelas 18 estrofes do Canto I e subdivide-se rões assinalados” que navegaram “por mares nunca dantes
em: navegados”, Camões engloba todo o povo lusitano nave-
Proposição: é a apresentação do poema, com a iden- gador, que enfrentou a morte pelos mares desconhecidos.
tificação do tema e do herói (constituem as três primeiras Pode-se afirmar, então, que o poema épico apresenta um
estrofes do canto I). herói coletivo.
Invocação: o poeta invoca as Tágides, ninfas do rio Tejo, O poeta deixou expresso o tema da epopéia já nas duas
pedindo a elas inspiração para fazer o poema. primeiras estrofes: a glória do povo navegador português,
Dedicatória: o poeta dedica o poema a D. Sebastião, que conquistou as Índias e edificou o Império Português
rei de Portugal. no Oriente, bem como a memória dos reis portugueses,
que tentaram ampliar o Império. Portanto, Camões cantou
2ª parte: Narração as conquistas de Portugal, a glória de seus navegadores e
Na narração (da estrofe 19 do Canto I até a estrofe 144 os reis do passado. Cantou, enfim, a História de Portugal.
do Canto X), o poeta relata a viagem propriamente dita dos Características de uma epopéia
portugueses ao Oriente.
- É escrita em versos.
- O tema é sempre grandioso e heróico e refere-se à
3ª parte: Epílogo
É a conclusão do poema (estrofes 145 a 156 do Canto história de um povo.
X), em que o poeta pede às musas que o inspiraram que - É composta de proposição, invocação, dedicatória,
calem a voz de sua lira, pois está desiludido com uma pátria narração e epílogo.
que já não merece as glórias do seu canto.
Principais Autoes e Obras
A Lírica Camoniana
- Luís Vaz de Camões: Um dos maiores nomes da Lite-
Camões escreveu versos tanto na medida velha quanto ratura Universal, e certamente, o maior nome da Literatu-
na medida nova. Seus poemas heptassílabos geralmente ra Portuguesa. Escreveu poesias (líricas e épicas) e peças
são compostos por um mote e uma ou mais estrofes que teatrais, porém sua obra mais conhecida e consagrada é a
constituíam glosas (ou voltas a ele). Os sonetos, porém, são epopéia “Os Lusíadas” considerada uma obra-prima. Essa
a parte mais conhecida da lírica camoniana. Com estrutu- obra é dividida em 10 partes (cantos) com 8816 versos dis-
ra tipicamente silogística, normalmente apresentam duas tribuídos em 1120 estrofes e narra a viagem de Vasco da
premissas e uma conclusão, que costuma ser revelada Gama às Índias enfatizando alguns momentos importantes
no último terceto, fechando, assim, o raciocínio. Camões da história de Portugal.
demonstra, em seus sonetos, uma luta constante entre o Outros escritores existiram, porém não tiveram tanto
amor material, manifestação da carnalidade e do desejo, e
destaque quanto Camões, são eles: Sá de Miranda, Bernar-
o amor idealizado, puro, espiritualizado, capaz de conduzir
dim Ribeiro e Antonio Ferreira. O Classicismo terminou em
o homem à realização plena. Nessa perspectiva, o poeta
concilia o amor como idéia e o amor como forma, tendo 1580, com a passagem de Portugal ao domínio espanhol e
a mulher como exemplo de perfeição, ansiando pelo amor também com a morte de Camões.
em sua integridade e universalidade.
Barroco
A Epopeia Camoniana
Teve início em 1580 após a morte de Camões, quando
Os Lusíadas, que narra a aventura marítima de Vasco Portugal entra em decadência após o desaparecimento do
da Gama, é a grande epopéia do povo lusitano. Publica- Rei D. Sebastião motivo pelo qual Portugal nunca mais teve
da em 1572, é considerada o maior poema épico escrito o mesmo prestígio ( início do Sebastianismo). O tempo

116
LÍNGUA PORTUGUESA

barroco denomina genericamente todas as manifestações Em Salvador, sobreviveu precariamente: advogado ser re-
artísticas dos anos 1600 e início dos anos 1700. Além da cursos, boêmio inveterado, satírico arrasador. Exilado em
literatura, estende-se à música, pintura, escultura e arqui- Angola, voltou ao Brasil em 1695, para o Recife. Morreu
tetura da época. no ano seguinte. Durante sua vida, sua obra permaneceu
A base para esse movimento foi o drama humano , que inédita.
na pintura barroca foi bem encenado com gestos teatrais Características:
muitíssimo expressivos, sendo iluminado por um extraordi- - A primeira grande voz da poesia brasileira.
nário claro-escuro e caracterizado por fortes combinações - Obra poética de múltiplas faces: lírica, satírica, filosó-
cromáticas.O termo Barroco é usado para designar o estilo fica, religiosa, pornográfica, encomiástica (elogiosa).
que, partindo das artes plásticas teve seu apogeu literário - Influenciado pela tradição portuguesa e espanhola e,
no século XVII, prolongando-se até meados do século XVIII. ao mesmo tempo, inventivo e original.
Essa época foi marcada pelas oposições e pelos confli- - Introdutor da linguagem coloquial, popular, “mesti-
tos espirituais. Esse contexto histórico acabou influencian- ça”, das ruas, na poesia brasileira.
- Poeta maldito – conhecido como “Boca do Inferno”, o
do na produção literária, gerando o fenômeno do barroco.
maior satírico da literatura brasileira.
As obras são marcadas pela angústia e pela oposição entre
o mundo material e o espiritual. Metáforas, antíteses e hi-
Análise do poema “a instabilidade das cousas do mun-
pérboles são as figuras de linguagem mais usadas neste
do” de Gregório de Matos
período. Podemos citar como principais representantes Nasce o sol e não dura mais que um dia. (antítese vida/
desta época: Bento Teixeira, autor de Prosopopéia; Gregó- morte)
rio de Matos Guerra ( Boca do Inferno ), autor de várias Depois da luz, se segue a noite escura, (ant. claro/es-
poesias críticas e satíricas; e padre Antônio Vieira, autor de curo)
Sermão de Santo Antônio ou dos Peixes. Num cenário em Em tristes sombras morre a formosura, (ant.feio/belo)
que se tenta fundir idéias opostas, as obras tratam de amor Em contínuas tristezas a alegria. (ant. tristeza/alegria)
e sofrimento, vida e morte, religiosidade e erotismo. São Porém, se acaba o sol, porque nascia? (dúvida)
frequentes a sátira social e a humanização do sobrenatural. Se é tão formosa a luz, porque não dura? Como a be-
Há convicção de que é preciso aproveitar a vida, porque leza assim se trasfigura? Como o gosto da pena assim se
valores e sentimentos são mutáveis. fia? (sofrimento)
A maior produção é a de poesia. A prosa se restringe Mas no sol e na luz falta a firmeza; Na formosura, não
aos sermões, cujo principal autor no Brasil é o orador sacro se dê constância
e missionário jesuíta português Antônio Vieira. E, na alegria, sinta-se tristeza. (ant. tristeza/alegria)
Período literário caracterizado pelos contrastes, oposi- Começa o mundo, enfim pela ignorância, E tem qual-
ções e dilemas. O homem do barroco buscava a salvação quer dos bens por natureza: A firmeza somente na incons-
ao mesmo tempo que queria usufruir dos prazeres mun- tância.
danos,daí surgiram os conflitos. É o antropocentrismo (ho- (Gregório de Matos.Obra Completa.)
mem) opondo-se ao Teocentrismo (Deus). O homem deste O poema acima é formado por 2 quartetos e 2 tercetos,
período está entre o céu e a Terra. Mesmo se valorizan- num total de 14 versos. Esta é a estrutura de um soneto. Se
do, ele vivia atormentado pela idéia do pecado,então vivia notarmos bem veremos que há uma figura constante: a an-
buscando a salvação. títese.Figura pela qual se faz a contraposição de palavras.
Exemplos.
Características Verso 1: vida/morte
Verso 2: claro/escuro
Verso 3: feio/belo
1-Culto dos contrastes.Presença da antítese.
Verso 4: tristeza/alegria
claro/escuro
Verso 11: tristeza/alegria
vida/morte
tristeza/alegria
O traço comum a todos os versos da segunda estrofe
2-Pessimismo é a interrogação, a dúvida e a incerteza. O Barroco enfatiza
3-Intensidade = presença da hipérbole (figura de lin- tudo que é inconstante,que muda de aparência,que está
guagem caracterizada pelo exagero da expressão) em movimento. Padre Antônio Vieira (Lisboa, 1608 – Mara-
4-Linguagem muito rebuscada nhão, 1697). Menino, veio com os pais para a Bahia. Estu-
dou no Colégio dos Jesuítas, ordenando-se em 1634. Com
Autores e obras a restauração portuguesa, após 60 anos de domínio espa-
nhol, mudou-se para Portugal. Duas idéias messiânicas, im-
Gregóriio de Matos (Bahia, 1636 – Recide, 1696). Filho pregnadas de sebastianismo, sobre um Império Português
de família abastada, estudou com os jesuítas em Salvador. e católico – o 5º Império – de ascendência sobre o mundo
Aos 14 anos, foi estudar em Portugal, formando-se em entraram em choque com a realidade da corte lusitana e
Direito na Universidade de Coimbra. Casou-se, tornou-se o momento histórico de Portugal, que caminhava para a
juiz, morou na metrópole até 1681. Viúvo, voltou ao Brasil. decadência.

117
LÍNGUA PORTUGUESA

Vieira também entrou em choque com a Inquisição por Origens e contexto


causa dos cristãos-novos (judeus convertidos ao cristianis-
mo); ficou preso por dois anos e foi-lhe cassado o direito O nascimento do Neoclassicismo se deve em linhas ge-
de pregar. Voltou ao Brasil, para o Maranhão, e entrou em rais ao crescente interesse pela antiguidade clássica que se
choque com os colonos por fazer defesa dos nativos e tam- observou na Europa em meados do século XVIII, associado
bém dos escravos negros. Morreu aos 89 anos. com a influência dos ideais do Iluminismo, que tinham base
Características: no racionalismo, combatiam as superstições e dogmas re-
- Pertence à literatura brasileira e portuguesa. ligiosos, e enfatizavam o aperfeiçoamento pessoal e o pro-
- O maior orador do Barroco, no Brasil e em Portugal, gresso social dentro de uma forte moldura ética. Os acadê-
o maior da língua portuguesa e um dos maiores da cultura micos da época iniciaram pesquisas mais sistemáticas da
ocidental. arte e cultura antiga, incluindo escavações arqueológicas,
- A mais alta expressão da prosa conceptista em nossa formaram-se importantes coleções públicas e privadas de
literatura. arte e artefatos antigos, e o número de estudos especiali-
- Seus sermões apresentam termos religiosos e tam- zados cresceu significativamente.
bém político-sociais. O movimento teve também conotações políticas, já
- Além de complexos esquemas lógicos, de jogos su- que a origem da inspiração neoclássica era a cultura gre-
tis de raciocínio – típicos do conceptismo -, seus sermões ga e sua democracia, e a romana com sua república, com
apresentam muitas analogias entre passagens da Bíblia e os valores associados de honra, dever, heroísmo, civismo e
fatos do cotidiano. patriotismo. Como consequência, o estilo neoclássico foi
adotado pelo governo revolucionário francês, assumindo
Neoclassicismo os nomes sucessivos de estilo Diretório, estilo Convenção e
mais tarde, sob Napoleão, estilo Império, influenciando ou-
O Neoclassicismo foi um movimento cultural nascido tros países. Nos Estados Unidos, no tumultuado processo
na Europa em meados do século XVIII, que teve larga in- de conquista de sua própria independência e inspirados no
fluência em toda a arte e cultura do ocidente até meados modelo da Roma republicana, o Neoclassicismo se tornou
do século XIX. Teve como base os ideais do Iluminismo e um padrão e foi conhecido como estilo Federal. Entretanto,
um renovado interesse pela cultura da Antiguidade clás- desde logo o Neoclassicismo se tornou também um estilo
sica, advogando os princípios da moderação, equilíbrio e cortesão, e em virtude de suas associações com o glorio-
idealismo como uma reação contra os excessos decorati- so passado clássico, foi usado pelos monarcas e príncipes
vistas e dramáticos do Barroco e Rococó. como veículo de propaganda para suas personalidades e
Movimento literário, derivado do espírito crítico do feitos.
Iluminismo, que visa à reabilitação e restauração dos gé- Características histórico-político-sociais e estéticas
neros, das formas, “das técnicas e da expressão clássicas”, - Revalorização dos ideais clássicos: o equilíbrio, o bom
que vingaram em Portugal no séc. XVI. Esta renovação fa- senso, a apologia da experiência;
z-se acompanhar duma severa disciplina estética e dum - Referência ao despotismo esclarecido, ao iluminismo
purismo estreme, que procura libertar a língua de termos e aos estrangeirados;
estranhos, restituindo-lhe uma sobriedade castiça e o rigor - Predominância dos motivos e temas clássicos: o locus
do sentido. amoenus, o ideal da aurea mediocritas, o carpe diem , refe-
O Neoclassicismo propõe um retorno à simplicidade e rências mitológicas...
perfeição do primeiro Classicismo e a condenação do Bar- - Uso exclusivo de formas poéticas clássicas: soneto,
roco. A rima, como mero artifício sonoro deve ser abolida e odes, epigramas, epístolas, cantatas, canções, elegias, sá-
a mitologia suavemente usada. tiras;
A grande mestra é a Natureza, que deve ser imitada - Reação contra os excessos ideológico-formais do
como o fizeram os Antigos. A poesia tem um elevado papel Barroco (Séc. XVII) através da criação das academias;
didático, contribuindo para a transformação das mentali- - Papel preponderante dos salões literários e dos cafés
dades. Tudo isto deve ser orientado pelos critérios da razão na animação cultural do país e na transmissão de uma nova
e da verdade. sensibilidade que se adivinha: o Pré-Romantismo (Segunda
As Arcádias - a Lusitana, a Portuense e a Nova Arcá- metade do século XVIII);
dia - tiveram um papel relevante na exposição e divulga- - Época de grandes mudanças a nível mundial ( in-
ção desses ideais. Contudo, o grande número de normas dependência dos EUA em 1776 e Revolução Francesa em
impostas aos escritores limitou muito a sua criatividade 1789);
e imaginação. A Arcádia Lusitana, fundada em Março de - Valorização da liberdade, quer a nível social, quer es-
1756, é uma assembleia de escritores portugueses do séc. tético e individual.
XVIII, que tomam o nome de velhos pastores da Grécia,
querendo significar com isso que desejam regressar ao vi- Principais características do Neoclassicismo
ver chão da Natureza e eu estão dispostos a levar a arte - Formalismo e racionalismo
literária a uma correspondente simplicidade de expressão. - Exatidão nos contornos
O seu emblema era um lírio branco e usava como divisa a - Harmonia do colorido
frase latina “inutilia truncat” - corta o inútil. - Retorno ao estilo greco-romano

118
LÍNGUA PORTUGUESA

- Academicismo e técnicas apuradas século, fazendo com que ele, acima das contingências polí-
- Culto a teoria de Aristóteles ticas, fosse o pintor oficial da revolução francesa e, depois,
- Ideal da época: democracia do regime de Napoleão Bonaparte. Outro pintor de desta-
- Pinceladas que não marcavam a superfície que é Dominique Ingres (1780-1867), de A Banhista de Val-
- Volta ao equilíbrio renascentista. pinçon. Entre os italianos, sobressai Tiepolo (1696-1770).
- Todo conhecimento vem da experiência e da reflexão.
- Afrancesamento da arte, da cultura e da vida. Escultura: Na escultura o movimento buscava inspira-
ção no passado. A estatuária grega foi o modelo favorito
- Campestre, bucólico e pastoril.
pela harmonia das proporções, regularidade das formas
- Razão e inteligência. e serenidade da expressão. Apesar disso, não atingiram a
- Objetivismo. amplitude nem o espírito da escultura grega. Também foi
- Temas pagãos e greco-latino, como a mitologia. menos ousada que a pintura e arquitetura de seu tempo.
Entre os principais escultores destaca-se o italiano Antonio
Literatura Canova (1757-1822), que retrata personagens contempo-
râneos como divindades mitológicas como Pauline Bo-
Os textos empregam linguagem clara, sintética, grama- naparte Borghese como Vênus.
ticalmente correta e nobre. A forma liberta-se um pouco
do rigor do Classicismo anterior. A principal expressão do Música: O período normalmente designado como
movimento na literatura é o Arcadismo, manifestado na neoclássico é, em música, reconhecido como classicismo,
Itália, em Portugal e no Brasil. ou período clássico. Grosso modo, a segunda metade do
A sua principal expressão na literatura, o Arcadismo foi século XVIII, período marcado pela simplificação das es-
truturas Barrocas, tornando a música mais simples através
um movimento literário que buscava basicamente a sim-
da mudança de um estilo contrapontístico para outro ho-
plicidade, oposto a confusão e do retrocedimento Barroco.
mofônico. São considerados o auge deste estilo os com-
Retrata a vida pastoril e harmônica do campo. As referên- positores Mozart e Haydn, pelo modo como sintetizaram
cias clássicas voltam, e as obras são recheadas de seres da os trabalhos de seus antecessores, dando forma definida
mitologia grega. Porém se observa que a mitologia, que à Sonata, à música de câmara, ao concerto e à Sinfonia.
era um acervo cultural concreto de Grécia, Roma e mesmo Beethoven é considerado o compositor responsável pela
do Renascimento, agora se converte apenas num recurso transição do estilo clássico para o romântico.
poético de valor duvidoso. Também se destaca Éclogas de Arquitetura neoclássica: A Arquitetura neoclássica foi
Virgílio e dos Idílios de Teócrito, obras clássicas que retra- produto da reacção antibarroco e antirococó, levada a
tam a natureza harmônica, e por isso são os dois autores cabo pelos novos artistas-intelectuais do século XVIII. Os
mais imitados pelos árcades. Arquitectos formados no clima cultural do racionalismo
Os árcades, ao contrario do Barroco, preferiam uma vi- iluminista e educados no entusiasmo crescente pela Civili-
são equilibrada do mundo. Sem exageros, sem conflitos, zação Clássica, cada vez mais conhecida e estudada devido
apenas a simplicidade. aos progressos da Arqueologia e da História.

Algumas características deste movimento artístico na


Artes plásticas arquitetura são:
- Materiais nobres (pedra, mármore, granito, madeiras)
A arte neoclássica busca inspiração no equilíbrio e na - Processos técnicos avançados
simplicidade, bases da criação na Antiguidade. As caracte- - Sistemas construtivos simples
rísticas marcantes são o caráter ilustrativo e literário, mar- - Esquemas mais complexos, a par das linhas ortogo-
cados pelo formalismo e pela linearidade, poses escultóri- nais
cas, com anatomia correta e exatidão nos contornos, temas - Formas regulares, geométricas e simétricas
“dignos” e clareza. A arte neoclassica nasceu na Europa, nas - Volumes corpóreos, maciços, bem definidos por pla-
últimas décadas do século XVIII e nas três primeiras déca- nos murais lisos
das do século XIX, foi uma reação ao barroco e ao rococó. - Uso de abóbada de berço ou de aresta
Não foi apenas um movimento artístico mas também - Uso de cúpulas, com frequência marcadas pela mo-
cultural que refletiu as mudanças que ocorriam na época numentalidade
- Espaços interiores organizados segundo critérios
marcadas pela ascensão da burguesia. Este estilo procurou
geométricos e formais de grande racionalidade
expressar e interpretar os interesses, a mentalidade e os
- Pórticos colunados
habitos da burguesia manufatureira e mercantil da época - Entablamentos direitos
da revolução francesa e do Império Napoleonico. - Frontões triangulares
- A decoração recorreu a elementos estruturais com
Pintura: Uma amostra de pintura neoclássica nesse formas clássicas, à pintura rural e ao relevo em estuque
período é O Juramento dos Horácios, do francês Jacques - Valorizou a intimidade e o conforto nas mansões fa-
-Louis David (1748-1825). A pintura neoclássica de David miliares
dominou o panorama artístico francês durante quase meio - Decoração de caráter estrutural

119
LÍNGUA PORTUGUESA

Teatro: No teatro neoclássico a racionalidade predomi- Características do Romantismo


na, revalorizam-se o texto e a linguagem poética. A tragé-
dia mantém o padrão solene da Antiguidade. Entre os prin- Subjetivismo: o autor trata os assuntos de uma forma
cipais autores está Voltaire. A comédia revitaliza-se com o pessoal, de acordo com o que sente, aproximando-se da
francês Pierre Marivaux (1688-1763), autor de O Jogo do fantasia.
Amor e do Acaso. Os italianos Carlo Goldoni (1707-1793), Sentimentalismo: exaltam-se os sentidos, e tudo o que
é provocado pelo impulso é permitido.
de A Viúva Astuciosa, e Carlo Gozzi (1720-1806), de O Amor
Culto ao fantástico: a presença do mistério, do sobre-
de Três Laranjas, estão entre os principais dramaturgos do natural, representando o sonho, a imaginação; frutos da
gênero. Outro importante autor de comédias é o francês pura fantasia, que não carecem de fundamentação lógica,
Caron de Beaumarchais (1732-1799), de O Barbeiro de Se- do uso da razão.
vilha e de As Bodas de Fígaro, retratos da decadência do Idealização: motivado pela fantasia e pela imaginação,
Antigo Regime e uma inspiração para as óperas de Mozart o artista romântico passa a idealizar tudo; as coisas não são
(1756-1791) e Rossini (1792-1868). vistas como realmente são, mas como deveriam ser segun-
do uma ótica pessoal.
Romantismo Egocentrismo: cultua-se o “eu” interior, atitude nar-
cisista, em que o individualismo prevalece; microcosmos
Romantismo, foi um movimento artístico, político e (mundo interior) X macrocosmos (mundo exterior).
Escapismo psicológico: espécie de fuga. Já que o ro-
filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na
mântico não aceita a realidade, procura modos de refugiar-
Europa que perdurou por grande parte do século XIX. Ca- se, por exemplo, no passado, no sonho ou na morte.
racterizou-se como uma visão de mundo contrária ao ra- Liberdade de criação: O escritor romântico recusa for-
cionalismo e ao iluminismo e buscou um nacionalismo que mas poéticas, usa o verso livre e branco, libertando-se dos
viria a consolidar os estados nacionais na Europa. modelos greco-latinos, tão valorizados pelos clássicos, e
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espí- aproximando-se da linguagem coloquial.
rito, o Romantismo toma mais tarde a forma de um movi- Medievalismo: há um grande interesse dos românticos
mento, e o espírito romântico passa a designar toda uma pelas origens de seu país, de seu povo. Na Europa, retor-
visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores român- nam à idade média e cultuam seus valores, por ser uma
ticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando época obscura.
Condoreirismo: corrente de poesia político-social os
o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e dese-
autores defendem a justiça social e a liberdade.
jos de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objeti-
Nativismo: fascinação pela natureza. Muitas vezes, o
vidade, pelo Iluminismo e pela razão, o início do século XIX nacionalismo romântico é exaltado através da natureza, da
seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emo- força da paisagem.
ção e pelo eu. Luta entre o liberalismo e o absolutismo: poder do
O termo romântico refere-se ao movimento estético povo X poder da monarquia. Até na escolha do herói, o
ou, em um sentido mais lato, à tendência idealista ou poé- romântico dificilmente optava por um nobre. Geralmente,
tica de alguém que carece de sentido objetivo. O Roman- adotava heróis grandiosos, muitas vezes personagens his-
tismo é a arte do sonho e fantasia. Valoriza as forças criati- tóricos, que foram de algum modo infelizes: vida trágica,
vas do indivíduo e da imaginação popular. Opõe-se à arte amantes recusados, patriotas exilados.
equilibrada dos clássicos e baseia-se na inspiração fugaz Byronismo: atitude amplamente cultivada entre os poe-
tas da segunda geração romântica e relacionada ao poeta
dos momentos fortes da vida subjetiva: na fé, no sonho, na
inglês Lord Byron. Caracteriza-se por mostrar um estilo de
paixão, na intuição, na saudade, no sentimento da natureza
vida e uma forma particular de ver o mundo; um estilo de
e na força das lendas nacionais vida boêmia, noturna, voltada para o vício e os prazeres da
bebida, do fumo e do sexo. Sua forma de ver o mundo é
Contexto histórico egocêntrica, pessimista, angustiada e, por vezes, satânica.
Religiosidade: como uma reação ao racionalismo ma-
- Em Portugal o Romantismo durou cerca de 40 anos terialista dos clássicos, a vida espiritual e a crença em Deus
1825 a 1865. são enfocadas como pontos de apoio ou válvulas de esca-
- A Invasão de Napoleão fez com que a corte portu- pe diante das frustrações do mundo real.
guesa fugisse para o Brasil. Nacionalismo (também denominado patriotismo): é a
- Absolutistas versus Liberais exaltação da Pátria, de forma exagerada, em que somente
as qualidades são enaltecidas.
- D. Pedro IV foi defensor de uma constituição liberal e
Pessimismo: também conhecido como o “mal-do-sé-
seu irmão D. Miguel defendia idéias absolutistas. Por isso culo”. O artista vê-se diante da impossibilidade de realizar
D. Pedro reuniu um exército para enfrentar seu irmão. o sonho do “eu” e, desse modo, cai em profunda tristeza,
- Independência do Brasil angústia, solidão, inquietação, desespero, frustração, le-
- D. Pedro IV declara a independência do Brasil e se vando-o, muitas vezes, ao suicídio, solução definitiva para
proclama imperador, como D. Pedro I. o mal-do-século.

120
LÍNGUA PORTUGUESA

Fusão do grotesco e do sublime: o romantismo procu- - Dona Branca


ra captar o homem em sua plenitude, enfocando também - Lírica de João Mínimo
o lado feio e obscuro de cada ser humano. - Flores sem fruto
- Folhas caídas
Primeira geração Prosa
- Viagens na minha terra
- Entre os anos de 1825 e 1840. - O Arco de Sant’Ana
- Bastante ligado ao Classicismo, contribui para a con-
solidação do liberalismo em Portugal. Teatro
- Os ideais românticos dessa geração estão embasa- - Catão
dos na pureza e Originalidade, Subjetivismo, Idealização da - Mérope
mulher,do amor e da natureza, Nacionalismo, Historicismo - Um auto de Gil Vicente
e Medievalismo. - O alfageme de Santarém
- Frei Luís de Sousa
Principais autores - D. Filipa de Vilhena
- Falar verdade a mentir
Alexandre Herculano nasceu em 1810 e faleceu em
1877. Ficou conhecido por suas narrativas históricas. Lutou António Feliciano de Castilho: Nasceu em 1800. Fale-
contra democratas (nome que se dava na altura aos de- ceu em 1875. Perdeu a visão quase completamente aos 6
fensores da “democracia de massas”) e tornou-se defensor anos. Contou com o apoio de seu irmão, Augusto Frederico
das ideias liberais conservadoras. Tendências: Medievalis- de Castilho, que o incentivou a continuar a estudar. Com
mo, Ficção e Nacionalismo. muita força de vontade conseguiu se formar em Direito na
Universidade de Coimbra. Além disso era tradutor. A partir
Obras: de 1842 passou a dirigir a “Revista Universal Lisbonense”,
o que lhe permitiu exercer influência sobre o meio cultural
Historiografia
português.
- História de Portugal
- História da origem e estabelecimento da inquisição
Obras:
em Portugal
- Cartas de Eco a Narciso, 1821
- A Primavera, 1822
Polêmicas
- Amor e Melancolia ou a Novíssima Heloísa, 1828
- Eu e o Clero
- A Noite do Castelo, 1836
- Opúsculos
- Os Ciúmes do Bardo, 1836
- Estudo sobre o casamento civil
- A voz do profeta - Quadros Históricos de Portugal, 1838
- A ciência arábica-acadêmica - Escavações Poéticas, 1844
- Mil e Um Mistérios, 1845
Poesia - Crônica Certa e Muito Verdadeira de Maria da Fonte,
- A semana Santa 1846
- A voz - A Felicidade pela Agricultura, 1849
- Tratado de Versificação Portuguesa, 1851
Poema - Felicidade pela Instrução, 1854
- A Harpa do Crente - A Chave do Enigma, 1861
Prosa - O Outono, 1863!
- Eurico, o Presbítero - Segunda geração
- O Monge do Cister - Entre os anos 1840 e 1860
- Lendas e Narrativas - Também conhecido como Ultra-Romantismo.
- O Bobo - Marcado pelo Exagero, Desequilíbrio, Sentimentalis-
mo.
Almeida Garrett: Nasceu em 1799 em Porto. Faleceu - Maior emoção nas obras, dando valor ao: tédio, me-
em 1854 em Lisboa. Considerado o iniciador do romantis- lancolia, desespero, pessimismo, fantasia.
mo. Dedicou-se também a literatura e ao jornalismo. Lutou - Liberdade de expressão.
contra absolutismo ao lado de Pedro I. Foi exilado duas
vezes. Tendências: Nacionalismo e Ideologia Liberal. Camilo Castelo Branco: Nasceu em 1825. Faleceu em
1890. Acontecimentos de sua vida são retratados no enre-
Obras: do de seus livros. Tendências: situações ridículas e originais,
Poesia novelas passionais, acontecimentos dramáticos e finais trá-
- Camões gicos.

121
LÍNGUA PORTUGUESA

Obras: João de Deus: Nasceu em 1830. Faleceu em 1896. Re-


tomou a tradição lírica portuguesa. Foi admirado pelos rea-
Ultra românticas listas. Teófilo Braga foi quem reuniu seus poemas e os pu-
- Amor de Perdição blicou sob o título “Campos de Flores” (1893). Tendências:
- Amor de Salvação Pré-Realistas, Idealismo amoroso, a visão espiritualizada da
- Carlota Ângela mulher.
- O romance de um homem rico
- A Doida do Candal Realismo ao simbolismo
Obras satíricas
- A Queda de um Anjo O simbolismo foi um movimento que se desenvolveu
- Coração, Cabeça e Estômago nas artes plásticas, teatro e literatura. Surgiu na França,
- Eusébio Macário no final do século XIX, em oposição ao Naturalismo e ao
- A Corja Realismo. O Simbolismo foi um movimento literário que
surgiu antes da Primeira Guerra Mundial, e surgiu como
uma reação às correntes materialistas e cientificistas da-
Soares de Passos: nasceu em Porto em 1826. Faleceu
quela época.
em 1860. Estudou na Universidade de Coimbra onde fun-
dou o jornal “O Novo Trovador”. Nele muitos poetas da
Características do Simbolismo
época publicaram algo. E em 1856, Soares Passos reuniu
todas essas poesias publicadas em um livro chamado “Poe- - Ênfase em temas místicos, imaginários e subjetivos;
sias”. Mesmo tendo uma vida curta, é considerado um dos - Caráter individualista
poetas ultra-românticos portugueses mais importantes. - Desconsideração das questões sociais abordadas
Tendências: Liberdade, exaltação cívica, confiante na vitória pelo Realismo e Naturalismo;
do homem, poesia delicada, reflexo da dor pessoal. - Estética marcada pela musicalidade (a poesia aproxi-
ma-se da música);
Obras: - Produção de obras de arte baseadas na intuição, des-
cartando a lógica e a razão
Poesia - Utilização de recursos literários como, por exemplo, a
- O firmamento aliteração (repetição de um fonema consonantal) e a asso-
- A Camões nância (repetição de fonemas vocálicos).
- Retorno à segunda fase romântica que ficou conhe-
Terceira geração cida como mal do século. No entanto, o Simbolismo foi
- Entre os anos 1860 a 1870 mais profundo no universo metafísico do que a geração
- É considerado momento de transição, por já anunciar marcada por Álvares de Azevedo.
o Realismo. - Apesar da métrica definida, o Simbolismo desrespei-
- Traz um Romantismo mais equilibrado, regenerado tava a gramática com o intuito de não limitar o artista.
(corrigido, reconstituído). - Atenção exclusiva ao “eu”, explorando-o através de
- Autores pré-realistas. uma linguagem pessimista e musical, de modo que a carga
- Lirismo simples e sincero emotiva das palavras é ressaltada. A poesia é aproximada
da música pelo uso de aliterações.
Júlio Dinis: Nasceu em 1839. Faleceu em 1871. Visão
detalhada do ambiente. Romances ambientados no cam- Misticismo e espiritualismo: Os simbolistas negam o
po. Tendências: Pré-realista. espírito científico e materialista dos realistas/naturalistas,
valorizando as manifestações místicas e mesmo sobrena-
turais do ser humano.
Obras:
Subjetivismo: Os simbolistas terão maior interesse pelo
Romances particular e individual do que pelo geral e universal. A visão
- As Pupilas do Senhor Reitor objectiva da realidade não desperta mais interesse, e sim a
- Uma família inglesa realidade focalizada sob o ponto de vista de una indivíduo.
- Sertões da província Tentativa de aproximar a poesia da música: Para conse-
- A Morgadinha dos canaviais guir aproximação da poesia com a música, os simbolistas
- Os fidalgos da Casa Mourisca lançaram mão de alguns recursos, como a aliteração, por
- Inédito e esparsos exemplo. Expressão da realidade de maneira vaga e im-
precisa;
Poesias
- Poesias Ênfase na sugestão: Um dos princípios básicos dos
simbolistas era sugerir através das palavras sem nomear
Teatro objetivamente os elementos da realidade. Ênfase no imagi-
- Teatro inédito nário e na fantasia.

122
LÍNGUA PORTUGUESA

Percepção intuitiva da realidade: Para interpretar a rea- onde Realismo e Naturalismo se confundem, a nova escola
lidade, os simbolistas se valem da intuição e não da razão implantava-se definitivamente. Mas na década de 1890, o
ou da lógica. Realismo, cada vez mais confundido com o Naturalismo, já
havia perdido muito de sua força.
Principais autores
Contexto Histórico
Cruz e Souza era brasileiro e é um dos principais repre-
sentantes do Simbolismo no Brasil. Seus textos eram carre- - Surgiu a partir da segunda metade do século XIX.
gados de erotismo e satanismo, e de vez quando misticis- - As ideias do Liberalismo e Democracia ganham mais
mo; apresentavam uma visão trágica da vida. Cruz e Souza espaço.
tinha uma obsessão pela cor branca, e criava analogias e - As ciências evoluem e os métodos de experimenta-
entre o abstrato e o concreto. Obras: Tropos e Fantasias; ção e observação da realidade passam a ser vistos como os
Missal e Broquéis, 1893 (poesia); Evocações, 1898(prosa); únicos capazes de explicar o mundo físico.
Faróis, 1900 (poesia); Últimos Sonetos, 1905 (poesia). - Em 1870, iniciam-se os primeiros sintomas da agita-
ção cultural, sobretudo nas academias de Recife, SP, Bahia
Eugênio de Castro é um autor português e foi o res- e RJ, devido aos seus contatos freqüentes com as grandes
ponsável por inaugurar o Simbolismo português. As obras cidades européias.
de Eugênio de Castro possuem versos livres, vocabulário - Houve também uma transformação no aspecto social
erudito, pessimismo e ambigüidade nos temas trabalha- com o surgimento da população urbana, a desigualdade
dos. Obras: Oaristo (1890), Horas (1891), Silva e Interlúdio econômica e o aparecimento do proletariado.
(1894). Características do Realismo
- Oposição ao idealismo romântico. Não há envolvi-
Realismo mento sentimental
- Representação mais fiel da realidade
O Realismo teve seu início na França em 1857, quando - Romance como meio de combate e crítica às institui-
Gustave Flaubert publicou sua obra Madame Bovary, em ções sociais decadentes, como o casamento, por exemplo.
que sua principal personagem buscava um amor românti- - Análise dos valores burgueses com visão crítica de-
co, perfeito e impossível, mas a dura realidade, sem emo- nunciando a hipocrisia e corrupção da classe
ções, não permitia realizar suas pretensões, e ela acabou - Influência dos métodos experimentais
por se suicidar. O Realismo se iniciou em Portugal com a - Narrativa minuciosa (com muitos detalhes)
Questão Coimbrã, polêmica literária entre Antero de Quen- - Personagens analisadas psicologicamente
tal, Teófilo Braga e os jovens literatos que surgiram na dé-
cada de 1860, e os representantes da geração anterior, en- Objetivismo, impassibilidade, observação e análise.
tre os quais se destacava Castilho. Busca de uma explicação lógica e cientificamente aceitável
As características principais do Realismo incluíam a para os fatos e ações.
busca da realidade de vida, mostrada como realmente é, Sensorialismo. Impressões sensoriais nítidas e precisas.
com os lados positivos e negativos; um pessimismo latente, Predomínio da descrição objetiva. Narrativa lenta, devido
onde as criaturas eram más e mal intencionadas, ao contrá- ao acúmulo de pormenores. A ação e o enredo perdem
rio do Romantismo, onde eram tratadas como bondosas; a importância para a caracterização das personagens. Per-
uso de temas de caráter grosseiro, para chocar os padrões sonagens esféricas, complexas, multiformes, imprevisíveis
morais do leitor; preocupação em relatar os fatos comuns e dinâmicas. Densidade psicológica. Ruptura com a linea-
do dia-a-dia, que no Romantismo eram preteridos pelo ridade das personagens românticas (Herói x Vilão, Bem x
extraordinário, pelo invulgar; tudo descrito com minúcias, Mal). O autor ausenta-se da narrativa, colocando-se como
muitas vezes em demasia. observador neutro. O “romance que se narra a si mesmo”
O Realismo não foi tanto uma escola literária como (Flaubert).
um sentimento novo, uma nova atitude espiritual em que Temas Contemporâneos. Crítica social à burguesia, ao
couberam direções muito divergentes, que se alçou con- clero, ao obscurantismo provinciano; ao capitalismo selva-
tra um idealismo sem ideias. A sua conseqüência mais vi- gem, ao preconceito racial, à monarquia. Romance social,
tal e duradoura foi romper com o patriotismo provinciano psicológico e de tese. Sexo, adultério, degradação das per-
dos ultra-românticos, abrindo o espírito nacional a todas sonagens, assassinatos, triunfo do mal.
influências externas e ampliando a gama de escolha dos Preocupação formal. Clareza, concisão, precisão lexical,
motivos literários. purismo, vernaculidade. Predomínio da denotação. A me-
Em Portugal, as semelhanças entre Realismo e Natura- táfora cede lugar à metonímia.
lismo eram muito fortes. O principal representante do Rea- As características da literatura realista se contrapõem
lismo português foi Eça de Queirós, com a publicação do com as românticas. Os cenários passaram a ser urbanos
conto Singularidades duma rapariga loira que, na opinião e o ambiente social passou a ser valorizado ao invés do
de Fialho de Almeida, foi a primeira narrativa realista escri- natural. O amor e o casamento, os quais eram elementos
ta em português. Com o aparecimento de O crime do pa- de felicidade no Romantismo, transformaram-se em con-
dre Amaro e de O primo Basílio, ambos de Eça de Queirós, venções sociais de aparência.

123
LÍNGUA PORTUGUESA

Autores Principais Modernismo em Portugal

Machado de Assis: É considerado o maior escritor do Movimento artístico e literário que se desenvolveu na
século XIX, escreveu romances e contos, mas também última década do séc. XIX e na primeira metade do séc.
aventurou-se pelo mundo da poesia, teatro, crônica e cri- XX, que surgiu por oposição ao tradicional ou clássico. Ca-
tica literária. Nasceu no Rio de Janeiro em 1839 e morreu racterizou-se fundamental pelo progresso, da aceleração
em 1908. Foi tipógrafo e revisor tornando-se colaborador das inovações e experiências conduzidas pelos movimen-
da imprensa da época. Sua infância foi muito pobre e a sua tos da vanguarda, em função da ideologia do novo como
ascensão artística se deve a muito trabalho e dedicação. valor ético e estético, da autonomia da arte, e da recusa
Sua esposa, Carolina Xavier, o incentivou muito na carreira da realidade como modelo para esta última. Do ponto de
literária, tanto que foi o primeiro presidente da Academia vista literário, o modernismo apresenta várias correntes ou
Brasileira de Letras. Como romancista escreveu: ”A mão e a subcorrentes, de inspiração ideológica profundamente di-
luva”, “Ressurreição”, ”Helena” e “Iaiá Garcia”. vergente: do saudosismo e decadentismo ao futurismo, ao
Embora sejam romances, essas obras também revelam paulismo e ao interseccionismo, passando pelo simbolismo
algumas características que futuramente marcarão a fase e existencialismo. Razão pela qual é comum afirmar que o
realista e madura do autor, como a análise psicológica dos modernismo é uma corrente com muitos “ismos”.
personagens, o humor, monólogos interiores e cortes na No início da década de 1890, pensou-se que seria ne-
narrativa (uma das suas principais características). cessário mudar completamente as normas, e em vez de
“Memórias Póstumas da Brás Cubas” (considerado o apenas rever o conhecimento passado à luz das novas téc-
divisor de águas na obra machadiana) “Quincas Borba”, nicas, seria necessário fazer mudanças profundas.
“Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó” e “Memorial de Aires”, re- Paralelamente surgiram desenvolvimentos como a
velam o interesse cada vez maior do autor de aprofundar a Teoria da Relatividade na física, o aumento da integração
análise do comportamento do homem, revelando algumas do combustível interno na industrialização. As teorias de
características próprias do ser-humano como a inveja, a lu- Freud foram influenciadas pelo modernismo, que argu-
xúria, o egoísmo e a vaidade, todas encobertas por uma mentou que a mente tinha uma estrutura básica e funda-
aparência boa e honesta. mental, e que essa experiência subjetiva fora baseada na
Como contista Machado escreveu: ”A Cartomante”,”O interação das partes do cérebro. Isto representou o corte
Alienista”,”O Enfermeiro”,”O Espelho” dentre outros. Como com o passado, antes acreditava-se que a realidade externa
cronista escreveu, entre 1892 e 1897, para a Gazeta de No- e absoluta podia imprimir ela mesmo no indivíduo, como,
tícias, sob o título “A Semana”. Embora suas peças teatrais por exemplo, na doutrina da tábua rasa de John Locke.
não tenham o mesmo nível que seus contos e romances, A influência da comunicação, transportes e do rápido
ele nos deixou “Quase ministro” e “Os deuses da casaca”. desenvolvimento científico começaram a melhorar os esti-
Como crítico literário, além de vários prefácios e ensaios los arquiteturais, nos quais a construção era mais barata e
destacam-se 3 estudos: ”Instinto de nacionalidade”,”A nova menos ornamentada. A escrita era mais curta, mais clara,
geração” e “O primo Basílio” (a respeito do romance de e fácil de ler. A origem do cinema na primeira década do
mesmo nome de Eça de Queirós). século vinte deu ao modernismo uma forma de arte que
era unicamente dele Esta onda e tentou redefinir as várias
Outros Autores formas de arte de uma forma radical. O marco inicial do
Modernismo em Portugal foi a publicação da revista Or-
Raul Pompéia: “O Ateneu” pheu, em 1915, influenciada pelas grandes correntes esté-
Aluísio Azevedo: “O cortiço”,”O Mulato”, “Casa de pen- ticas europeias, como o Futurismo, o Expressionismo, etc.,
são” reunindo Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e Almada
Inglês de Souza: “O missionário” Negreiros, entre outros.
Adolfo Caminha: “A normalista”, “Bom-Crioulo”
Domingos Olímpio: ”Luzia-Homem” Características:
- Atitude irreverente em relação aos padrões estabe-
Cronologia dos principais romances do realismo lecidos;
- Reação contra o passado, o clássico e o estático;
1881 “O Mulato”, “Memórias póstumas de Brás Cubas” - Temática mais particular, individual e não tanto uni-
1884 “Casa de pensão” versal e genérica;
1888 “O missionário”, “O Ateneu” - Preferência pelo dinamismo e velocidade vitais;
1890 “O cortiço” - Busca do imprevisível e insólito
1891 “Quincas Borba” - Abstenção do sentimentalismo fácil e falso;
1893 “A normalista” - Comunicação direta das ideias: linguagem cotidiana.
1895 “Bom-Crioulo” - Esforço de originalidade e autenticidade;
1899 “Dom Casmurro” - Interesse pela vida interior (estados de alma, espíri-
1903 “Luzia-Homem” to..)
1904 “Esaú e Jacó” - Aparente hermetismo, expressão indireta pela suges-
1908 “Memorial de Aires” tão e associação verbal em vez de absoluta clareza.

124
LÍNGUA PORTUGUESA

- Valorização do prosaico e bom humor; Fernando Pessoa (ele mesmo) - considerado por al-
- Liberdade forma: verso livre, ritmo livre, sem rima, guns críticos também uma espécie de heterônimo, o Fer-
sem estrofação preestabelecida. nando Pessoa ortônimo produz uma poesia lírica de ten-
- Esquecimento do passado e o propósito de construir dência saudosista e nacionalista.
e criar o futuro;
- O desprezo por tudo o que é clássico, tradicional e Principais autores/obras do modernismo em portu-
estático (museus, academias, servilismo aos mestres, etc);
gal
- Repúdio de sentimentalismo pelo ingresso frenético
na vida ativa através da exaltação do homem de ação e
simultaneamente através do repúdio do homem contem- Primeira Geração: GERAÇÃO ORPHEU (predomínio
plativo; da poesia)
- Culto da liberdade, da veracidade, da energia, da for-
ça física, da máquina, da violência, do perigo; Mário de Sá Carneiro (1890-1916)
- Culto da originalidade através de uma busca inces- Poemas: “Dispersão” , “Indícios de Oiro “
sante de expressividade máxima; Prosa: “Princípio”, “Céu em Fogo” e “A Confissão de
- Novo conceito de arte: deve ser a força, o dinamismo, Lúcio”
o domínio dos outros; Teatro; “Amizade”
- O universalismo.
José Sobral de Almada Negreiros (1893-1970)
Três grandes gerações de autores: Poemas : “A Cena do Ódio” - Prosa : “Nome de Guer-
ra”
1ª geração - o Orfismo : Fernando Pessoa, Mário de Sá
Criador de quadros e gravuras de Fernando Pessoa.
Carneiro, Almada Negreiros e outros;
2ª geração - o Presencismo: José Régio, João Gaspar
Simões, Branquinho da Fonseca e outros; Segunda Geração: GERAÇÃO PRESENÇA (predomínio
3ª geração - o Neo-Realismo: Alves Redol, Ferreira de da poesia)
Castro, Jorge de Sena e outros.
As grandes revelações literárias desse período, Mário José Maria dos Reis Pereira, ou José Régio (1901-1969)
de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa, surgem justamente nas Poemas: “Poemas de Deus e do Diabo “, ‘As encruzilha-
páginas de Orpheu. Mário de Sá-Carneiro (1890 – 1916) - das de Deus” , “Fado “, “Mas Deus é grande “, “A chaga do
influenciado pelo decadentismo e pela estética simbolista, Fado” e “O Filho do Homem”.
construiu uma obra marcada por inesperada e inquietan- Prosa: “Jogo da Cabra Cega”, “O Príncipe com orelhas
te angustia existencialista. Afastando-se da preocupação de burro” (ambos infantis) e “A casa velha”.
meramente estética, aborda o tema da cisão do sujeito na Teatro: “Jacob e o Anjo” e “Benilde”
enunciação de si próprio e na formulação de sua percepção Adolfo Correia da Rocha ou Miguel Torga (1907)
de mundo. Fernando Pessoa (1888 – 1935) - sua obra é
Poesia: “Ansiedade”, “Tributo” , Cantiga do Homem” e
caracterizada pela busca da despersonalização e da frag-
mentação do “eu” do poeta em múltiplas personalidades – “Orpheu rebelde”
o que possibilita a criação de um universo literário em que Prosa: “A criação do mundo” e “Bichos”
sinceridade e fingimento são discutidos de maneira rica,
densa e intrigante. Para compreendê-lo é fundamental co- Adolfo Casais Monteiro (1908-1972, no Brasil)
nhecer a produção de seus heterônimos. Poesia: “Confusão”, “Poemas do tempo incerto”, “Sem-
pre e sem fim “, “Canções da terra”, “Voo sem pássaro den-
Heterônimos de Fernando Pessoa tro”
Destaque: é o primeiro a estudar Fernando Pessoa e
Alberto Caeiro: poeta bucólico, está em contato direto seus heterônimos
com a natureza, aproximando a sua lógica da ordem na-
tural das coisas. Caeiro “pensa” com os sentidos e vê as Antônio Tomás Botto (1902-1959, no Brasil) , com seu
coisas como elas são, desprovidas de conceitos e valores livros de poemas “Canções”
pré-concebidos.
Ricardo Reis - poeta de inspiração neoclássica, é um
Terceira Geração: GERAÇÃO NEO-REALISTA (predo-
latinista cuja preocupação em gozar o momento remete
ao carpe diem. Para ele, é preciso estar atento para apro- mínio da Prosa)
veitar os instantes volúveis da vida, com serenidade e sem
excessos. Antônio Alves Redol (1911-1969) : sua obra “Gaibéus”
Álvaro de Campos - poeta inquieto e adepto do de- inaugura a prosa neo-realista portuguesa , mas sua obra
cadentismo, constrói sua obra a partir de experiências fu- -prima é o romance “Barranco dos Cegos”.
turistas,nas quais é nítida a influência do norte americano
Walt Whitman. Mas Campos esgota essa vertente e adere à Fernando Namora (1919): com os romances “Retalhos
poesia intimista e melancólica, evoluindo ao sensacionismo da vida de um médico’, que o tornou famoso, “Casa de
– para o qual a sensação é a única realidade da vida. Malta” e o mais lido do autor; “Domingo à tarde”.

125
LÍNGUA PORTUGUESA

Fernando Monteiro de Castro Soromenho (1910-1968): os seus intelectuais bateram-se pelo primado do individual
nascido em Moçambique, mudou-se para Angola, lugar sobre o colectivo, do psicológico sobre o social, da intuição
que o inspirou a escrever sua obra-prima, “A terra morta”, sobre a razão.
em que caracteriza a cultura africana (em especial, a reli- - Além da produção nacional, a presença divulgou tam-
gião, com seus deuses e mitos) bém textos de escritores europeus, sobretudo franceses.
- Escritores do Segundo Modernismo: Miguel Torga,
José Maria Ferreira de Castro (1898-1974): é conside- Adolfo Casais Monteiro, Aquilino Ribeiro, Ferreira de Cas-
rado o melhor e mais importante neo-realista português. tro, Vitorino Nemésio, Pedro Homem de Mello, Tomás de
Em sua obra “A Selva”, retrata a exploração e os perigos Figueiredo e Eça Leal.
por que passa o seringueiro na selva amazônica. Escreveu
também “Emigrantes” (retirantes da seca do nordeste do Neo-Realismo
Brasil).
Aquilino Ribeiro (1885-1963) : era filósofo e quando Corrente literária de influência italiana que anexa algu-
morreu estava em liberdade condicional por causa de um mas componentes da literatura brasileira, nomeadamente
processo oriundo da publicação da obra “Quando os lobos a da denúncia das injustiças sociais do romance nordesti-
uivam “. Sua obra-prima é “Estrada de Santiago”, em que se no. Quer na poesia, quer na prosa, o neo-realismo assu-
destaca o conto “Malhadinhas” me uma dimensão de intervenção social, agudizada pelo
pós-guerra e pela sedução dos sistemas socialistas que o
O Modernismo na Literatura clima português de ditadura mitifica. A sua matriz poética
concentra-se no grupo do Novo Cancioneiro, colecção de
O modernismo na literatura foi praticado por duas ge- poesia, com Sidónio Muralha, João José Cochofel, Carlos
rações de intelectuais ligados a duas publicações literárias: de Oliveira, Manuel da Fonseca, Mário Dionísio, Fernando
um primeiro modernismo surgido em 1915, em torno da Namora e outros.
revista Orpheu; um segundo modernismo organizado em No romance, Soeiro Pereira Gomes, com Esteiros, e Al-
1927, em torno da revista Presença. ves Redol, com Gaibéus, de 1940, inauguraram, na ficção,
O Primeiro Modernismo – a Revista Orpheu uma obra extensa e representativa, que também muitos
- Os únicos dois números desta revista, lançados em
dos outros poetas mencionados (sobretudo os quatro pri-
Março e Junho de 1915, marcaram a introdução do moder-
meiros) contribuíram para enriquecer.
nismo em Portugal.
O romance neo-realista reactiva os mecanismos da
- Tratava-se de uma revista onde Mário de Sá-Carneiro,
representação narrativa, inspirando-se das categorias mar-
Almada Negreiros e Fernando Pessoa, entre outros inte-
xistas de consciência de classe e de luta de classes, fundan-
lectuais de menor vulto, subordinados às novas formas e
do-se nos conflitos sociais que põem sobretudo em cena
aos novos temas, publicaram os seus primeiros poemas de
intervenção na contestação da velha ordem literária. camponeses, operários, patrões e senhores da terra, mas os
- O primeiro número provocou o escândalo e a troça melhores dos seus textos analisam de forma acutilante as
dos críticos, conforme era desejo dos autores. O segun- facetas diversas dessas diversas entidades, o que se pode
do número, que já incluiu também pinturas futuristas de verificar, nomeadamente, em Uma Abelha na Chuva, de
Santa-Rita Pintor, suscitou as mesmas reacções. Perante o Carlos de Oliveira, Seara de Vento, de Manuel da Fonseca,
insucesso financeiro, a revista teve de «fechar portas». O Dia Cinzento, de Mário Dionísio e Domingo à Tarde, de
- No entanto, não se desfez o movimento organizado Fernando Namora.
em torno da publicação. Pelo contrário, reforçou-se com a Na confluência com o existencialismo e com certas
adesão de novos criadores e passou a desenvolver intensa componentes da modernidade, são de salientar as obras
actividade na denúncia inconformista da crise de consciên- mais tardias de José Cardoso Pires, O Anjo Ancorado e O
cia intelectual disfarçada pela mediocridade académica e Hóspede de Job, de Urbano Tavares Rodrigues, Bastardos
provinciana da produção literária instalada na cultura por- do Sol, de Alexandre Pinheiro Torres, A Nau de Quixibá, ou
tuguesa desde o fim da geração de 70, de que Júlio Dantas de Orlando da Costa, Podem Chamar-me Eurídice.
(alvo do Manifesto Anti-Dantas, de Almada) constituia um O neorrealismo foi uma corrente artística de meados
bom exemplo. do século XX, com um caráter ideológico marcadamente
de esquerda / marxista, que teve ramificações em várias
O Segundo Modernismo – a revista Presença formas de arte (literatura, pintura, música) mas atingiu o
- A revista Presença, ou «folha de arte e crítica», foi seu expoente máximo no Cinema neorrealista, sobretudo
fundada em 1927, em Coimbra, por Branquinho da Fon- no realismo poético francês e no neorrealismo italiano.
seca, João Gaspar Simões e José Régio. Não obstante ter Quer na poesia, quer na prosa, o neo-realismo assume
passado tempos difíceis, não só financeira como intelec- uma dimensão de intervenção social, firmada pelo pós-
tualmente, foi publicada até 1940. guerra e pela sedução dos sistemas socialistas que o clima
- O movimento que surgiu em torno desta publicação português de ditadura mitifica. Sua matriz poética concen-
inseriu-se intelectualmente na linha de pensamento e in- tra-se no grupo do Novo Cancioneiro, coleção de poesia,
tervenção iniciada com o movimento Orpheu, que acabou com Sidónio Muralha, João José Cochofel, Carlos de Olivei-
por integrar. Continuou a luta pela crítica livre contra o ra, Manuel da Fonseca, Mário Dionísio, Fernando Namora
academismo literário e, inspirados na psicanálise de Freud, e outros.

126
LÍNGUA PORTUGUESA

O romance neo-realista reativa os mecanismos da re- Essa ficção neorrealista e pós modernista (no sentido
presentação narrativa, inspirando-se das categorias mar- de ser posterior ao movimento modernista) sofre as in-
xistas de consciência de classe e de luta de classes, fun- fluências do Modernismo, especialmente a liberdade lin-
dando-se nos conflitos sociais que põem sobretudo em guística e o intimismo freudiano à Virginia Woolf. Elemen-
cena camponeses, operários, patrões e senhores da terra, tos que se tornarão mais fortes num segundo momento do
mas os melhores dos seus textos analisam de forma aguda neorrealismo, culminando na prosa existencialista do meio
as facetas diversas dessas várias entidades, o que se pode do século XX.
verificar, nomeadamente, em Uma Abelha na Chuva, de
Carlos de Oliveira, Seara de Vento, de Manuel da Fonseca, Neorrealismo na pintura
O Dia Cinzento, de Mário Dionísio e Domingo à Tarde, de
Fernando Namora. O neorrealismo marcou as propostas de pintura de
pendor social dos anos 30 e 40. Ligada às questões de
Características gerais do Neo-Realismo Português carácter social e de denúncia, marcada pelo fervor revo-
lucionário comunista, pelas vontades de demarcação das
Literatura “engajada”, antifascista, de denúncia social.
massas, pintores como Orozco e Rivera no México (exaltam
Busca a conscientização do leitor, a realidade social e a mi-
o povo mexicano e as suas origens pré-colombianas, valo-
séria moral. Tensão dialética: literatura ativa - instrumento
de transformação social. Reação contra a “alienação” e o rizando o seu esforço na luta pela liberdade-anticolonia-
evasionismo da Geração Presença. Negação da “arte pela lismo e na construção do progresso do seu país), Cândido
arte”, privilegiando o conteúdo e a função social da arte. Portinari no Brasil, artistas soviéticos e portugueses apro-
Simplificando da expressão artística, aproximações veitaram para gravar em grandes murais, no caso da Amé-
com a técnica jornalística e com a linguagem cinemato- rica Latina sobretudo, os grandes acontecimentos sociais e
gráfica, visando à comunicação com o grande público. Em históricos que marcaram a época. Pintura mural figurativa
seu limite inferior, o Neo-Realismo resvala no panfletário, de grandes dimensões em edíficios de encomenda pública.
na literatura “de comício”, desvitalizando o propósito de
denúncia pela dissociação entre o conteúdo e a forma ar- Cinema neo-realista Português
tística.
Influências Norte-Americanas (Steinbeck, Hemingway O Verismo havia decidido abrir mão dos floreios e ir di-
e John dos Passos), francesas (o Existencialismo e o “novo reto ao ponto. Mas como “Riso Amaro”, no entanto, aponta
romance”) e brasileiras (José Lins, Graciliano Ramos, Érico para um retorno ao melodrama e ao estrelismo glamouro-
Veríssimo e Jorge Amado). so, o movimento é posto em xeque. O “uso” (indevido?) de
uma estética, construída com firmes propósitos contesta-
Neorrealismo na literatura dores, para uma indústria cultural que, no final das contas,
servia à manutenção do status quo, decepciona alguns dos
A literatura neorrealista teve no Brasil e em Portugal mais engajados. Afinal, “a batalha foi perdida”? O Cinema
motivações semelhantes, resgatando valores do realismo submeteu-se à indústria? Não valeu o esforço de tentar
e naturalismo do fim do século XIX com forte influência do despir a sociedade? O Cinema, como instrumento de mobi-
modernismo, marxismo e da psicanálise freudiana. lização, foi percebido logo de início por vários realizadores
O determinismo social e psicológico do naturalismo é (e forças políticas). Bastaria citar o uso que os soviéticos e
mantido, assim como a analogia entre o homem e o bicho os nazistas fizeram dos filmes para corroborar essa afirma-
(vide Angústia - Filme, de 1936), a busca pela objetividade ção. É discutível, porém, até que ponto esse potencial de
e neutralidade como formas de dar credibilidade à narra-
influência cultural/ideológica se manteve, se reduziu ou se
ção.
ampliou a partir da introdução da televisão como meio de
Entretanto, se no naturalismo as mazelas da sociedade
eram expostas pelos romancistas com algum pessimismo, comunicação de massa, da década de 1950 em diante.
sem perspectiva de solução a não ser o resgate ao pas- Talvez houvesse, entre os cineastas Neo-realistas, um
sado A Ilustre Casa de Ramires, os escritores neorrealistas alto grau de ingenuidade em acreditar que a simples ex-
são sobretudo ativistas políticos, leitores de Marx, da pro- posição das mazelas sociais fosse mobilizar a sociedade
sa revolucionária de Górki e tomam posição na chamada italiana para uma reforma radical espontânea. Não basta
luta de classes, denunciando as desigualdades sociais e os conhecer um problema para querer (e poder) resolvê-lo.
desmandos das elites. Vale lembrar que a industrialização Ao mesmo tempo, não há como negar, por exemplo, a alta
somente no século XX deixou escancarada a distância entre penetração que as esquerdas críticas (desalinhadas com
os donos dos meios de produção e os trabalhadores. Moscou) tiveram entre os trabalhadores italianos no pós-
Enquanto internacionalmente a crise de 1929 foi es- Guerra, e é impossível desligar esse fato, nessa época, do
topim para o neorrealismo italiano e depois português, no comprometimento crítico da arte e da cultura (não só o
Brasil a situação precária dos nordestinos foi retratada já a cinema Neo-Realista).
partir de A bagaceira, de 1928. Os realizadores de um filme, quando inseridos numa
E se o neorrealismo optou pela ficção, tanto no Brasil indústria cultural que serve ao modo de produção capi-
quanto em Portugal, se deve principalmente aos governos talista, podem não perceber seu papel de “doutrinadores”
ditatoriais, quais sejam o Estado Novo de Getúlio Vargas no (ou agentes de um doutrinamento) ou, se percebem, não
Brasil e o Salazarismo em Portugal. combatem o sistema ao qual pertencem. Por outro lado, é

127
LÍNGUA PORTUGUESA

mais do que claro que o cineasta que identifica esse sis- Publicou ainda, em poesia, as seguintes obras: Planí-
tema e decide “nadar contra a corrente” tem noção exata cie (1941), Poemas Completos (1958) e Poemas Dispersos
do seu alcance e é consciente da sua capacidade de mo- (1958). Em ficção, publicou: Aldeia Nova (contos, 1942),
bilizar através da exposição pública do seu trabalho. Ele Cerromaior (romance, 1943), O Fogo e as Cinzas (contos,
é, ao mesmo tempo, artista e comunicador, e o produto 1951), Seara de Vento (romance, 1958), Um Anjo no Tra-
audiovisual é tanto seu suporte artístico como sua mídia. pézio (novela e contos, 1968), Tempo de Solidão (contos,
Analogamente, o cineasta e o designer gráfico são ambos, 1973). Publicou ainda a colectânea de crónicas intitulada
em última análise, comunicadores visuais, convergindo nos Crónicas Algarvias (1986).
fins e divergindo nos meios (o suporte).
Toda forma de arte pressupõe sua materialização em Carlos de Oliveira (1921-1981) nasceu em Belém do
obras de arte. Se o Cinema é a “Sétima Arte”, o filme é a Pará, Brasil, e faleceu em Lisboa. Licenciou-se na Univer-
obra — material — à qual se aplicam todas as “leis” do uni- sidade de Coimbra em Ciências Histórico-Filosóficas. A
verso da Arte. Entendendo uma obra como reflexo inevitá- sua obra poética e ficcional centra-se na vida campestre.
vel das condições em que é produzido (o seu tempo, o seu Obras poéticas: Turismo (1942), Mãe Pobre (1945), Desci-
local, o seu autor, o seu público...), é possível deduzir dela a da aos Infernos (1949), Terra de harmonia (1950), Canta-
visão de mundo predominante na sua origem. O filme Neo ta (1960), Sobre o Lado Esquerdo (1968), Micropaisagem
-realista, assim, é uma forma de encarar a realidade que (1969), Entre Duas Memórias (1971), Trabalho Poético (2
atendia ao momento e espaço da Itália arrasada do pós- vols., 1977-1978), Pastoral (1977). Obras de ficção: Casa na
Guerra, influenciada, em muito, por uma óptica marxista e Duna (1943), Alcateia (1944), Pequenos Burgueses (1948),
opositora da artificialidade da cultura de massas. Uma Abelha na Chuva (1953), Finisterra (1978). Crónicas: O
Aprendiz de Feiticeiro (1971).
Principais autores da poesia Neo-Realista
Surrealismo
João José Cochofel (1919-1982) natural de Coimbra
onde se licenciou em Ciências Histórico-Filosóficas. Al- O Surrealismo foi um movimento artístico e literário
gumas das suas obras: Os Dias Íntimos, poesia, Coimbra, surgido primeiramente em Paris nos anos 20, inserido no
1950; Uma Rosa no Tempo, poesia, Lisboa, 1970; Obra Poé-
contexto das vanguardas que viriam a definir o modernis-
tica, Lisboa, 1988
mo no período entre as duas Grandes Guerras Mundiais.
Reúne artistas anteriormente ligados ao Dadaísmo ga-
Joaquim Namorado (1914-1986) nasceu em Alter do
nhando dimensão internacional. Fortemente influenciado
Chão, Alentejo. Licenciou-se em Ciências Matemáticas pela
pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud (1856-1939),
Unviersidade de Coimbra, dedicando-se ao ensino. Nota-
bilizou-se como poeta neo-realista, tendo colaborado nas o surrealismo enfatiza o papel do inconsciente na atividade
revistas Seara Nova, Sol Nascente, Vértice, etc. Obras poé- criativa. Um dos seus objetivos foi produzir uma arte que,
ticas: Aviso à Navegação (1941), Incomodidade (1945), A segundo o movimento, estava sendo destruída pelo racio-
Poesia Necessária (1966). Ensaio: Uma Poética da Culutra nalismo. O poeta e crítico André Breton (1896-1966) é o
(1994). principal líder e mentor deste movimento.
A palavra surrealismo supõe-se ter sido criada em 1917
José Gomes Ferreira (1900-1985) nasceu no Porto e pelo poeta Guillaume Apollinaire (1886-1918), jovem artis-
faleceu em Lisboa. Foi poeta e ficcionista, tendo evoluído ta ligado ao Cubismo, e autor da peça teatral As Mamas
de um romantismo saudosista para uma postura literária de Tirésias (1917), considerada uma precursora do movi-
de algum modo ligada ao Neo-realismo. A sua poesia en- mento.
contra-se reunida em Poesia Militante (volumes I, II e III). Um dos principais manifestos do movimento é o Mani-
Aventuras de João Sem Medo (histórias humorísticas do festo Surrealista de (1924). Além de Breton, seus represen-
mundo juvenil), Tempo Escandinavo (contos, 1969) e O Sa- tantes mais conhecidos são Antonin Artaud no teatro, Luis
bor das Trevas (romance-alegoria, 1976) são algumas das Buñuel no cinema e Max Ernst, René Magritte e Salvador
suas obras de ficção. Dedicou-se igualmente à literatura de Dalí no campo das artes plásticas. Vale lembrar que nesse
memórias, tendo escrito: Imitação dos Dias – Diário Inven- momento, o pensamento do psicanalista Sigmund Freud
tado (1965), A Memória das Palavras ou o Gosto de Falar de trazia inovações ao revelar que muitos dos atos humanos
Mim (1965), Calçada do Sol (1983), Dias Comuns – I. Passos não estão ligados ao encadeamento lógico. A ausência de
Efémeros (obra póstuma, 1990), Dias Comuns – II. A Idade controle exercido pela razão e o “automatismo psíquico
do Malogro (obra póstuma, 1998). puro” indicavam os novos rumos da arte.
Manuel Dias da Fonseca nasceu no dia 15 de Outu- O marco de início do surrealismo foi a publicação do
bro de 1911 em Santiago do Cacém e faleceu no dia 11 Manifesto Surrealista, feito pelo poeta e psiquiatra francês
de Março de 1993. Fez os estudos secundários em Lisboa, André Breton, em 1924. Neste manifesto, foram declarados
tendo-se dedicado desde cedo ao jornalismo. Colaborou os principais princípios do movimento surrealista: ausência
em várias publicações, de que se destacam as revistas Afi- da lógica, adoção de uma realidade “maravilhosa” (supe-
nidades, Altitude, Árvore, Vértice e os jornais O Diabo e rior), exaltação da liberdade de criação, entre outros. Os ar-
Diário. Juntou-se ao grupo de escritores neo-realistas que tistas ligados ao surrealismo, além de rejeitarem os valores
publicaram no Novo Cancioneiro. Estreou-se em livro com ditados pela burguesia, vão criar obras repletas de humor,
a colectânea poética Rosa dos Ventos (1940). sonhos, utopias e qualquer informação contrária a lógica.

128
LÍNGUA PORTUGUESA

Outros marcos importantes do surrealismo foram a pu- O surrealismo, na sua origem, quis ser libertação inte-
blicação da revista A Revolução Socialista e o segundo Ma- gral da poesia, e, através dela, da vida. O que queremos: a
nifesto Surrealista, ambos de 1929. Os artistas do surrealis- independência da arte para a revolução, para a libertação
mo que de destacaram mais na década de 1920 foram: o definitiva da arte. (André Breton)
escultor italiano Alberto Giacometti, o dramaturgo francês
Antonin Artaud, os pintores espanhóis Salvador Dalí e Joan Questões
Miró, o belga René Magritte, o alemão Max Ernst, e o ci-
neasta espanhol Luis Buñuel e os escritores franceses Paul 1- Sobre a poesia trovadoresca em Portugal, é incorre-
Éluard, Louis Aragon e Jacques Prévert. A década de 1930 to afirmar que:
é conhecida como o período de expansão surrealista pelo a) refletiu o pensamento da época, marcada pelo teo-
mundo. Artistas, cineastas, dramaturgos e escritores do centrismo, o feudalismo e valores altamente moralistas.
mundo todo assimilam as idéias e o estilo do surrealismo. b) representou um claro apelo popular à arte, que pas-
Porém, no final da década de 1960 o grupo entra em crise sou a ser representada por setores mais baixos da socie-
e acaba se dissolvendo.
dade.
c) pode ser dividida em lírica e satírica.
Características do Surrealismo:
d) em boa parte de sua realização, teve influência pro-
Valoriza a intervenção fantasiosa na realidade; ressalta vençal.
o automatismo contra o domínio da consciência; as formas e) as cantigas de amigo, apesar de escritas por trova-
da realidade são completamente abandonadas. Explorar o dores, expressam o eu-lírico feminino.
inconsciente, o sonho, a loucura; aproximar-se de tudo que
fosse antagônico à lógica e estivesse fora do controle da 2- Interpretando historicamente a relação de vassa-
consciência. Atividade experimental na prática do automa- lagem entre homem amante/mulher amada, ou mulher
tismo e na prospecção dos estados segundos, através da amante/homem amado, pode-se afirmar que:
escrita automática e do sono provocado ou hipnótico. a) o Trovadorismo corresponde ao Renascimento.
- Preocupação em explorar o inconsciente b) o Trovadorismo corresponde ao movimento huma-
- Prospecção sistemática dos sonhos, das coincidên- nista.
cias, de fenômenos do acaso c) o Trovadorismo corresponde ao Feudalismo.
- Psicanálise d) o Trovadorismo e o Medievalismo só poderiam ser
- Inquéritos acerca da sexualidade e do amor provençais.
- Atividade lúdica - sobretudo através de jogos, como e) tanto o Trovadorismo como Humanismo são expres-
o cadáver exquisito sões da decadência
- Escrito e desenhado
- Esoterismo e magia 3- Relacionar autor e obra:
- Humor negro, cuja presença corrosiva é, por excelên- 1. Gil Vicente
cia,, o princípio de subversão da linguagem. 2. Luís Vaz de Camões
Os artistas do surrealismo que de destacaram mais na 3. Giovanni Boccaccio
década de 1920 foram: o escultor italiano Alberto Giaco- 4. Dante Alighieri
metti, o dramaturgo francês Antonin Artaud, os pintores 5. Erasmo de Rotherdan
espanhóis Salvador Dalí e Joan Miró, o belga René Magrit- 6. Ariosto
te, o alemão Max Ernst, e o cineasta espanhol Luis Buñuel e ( ) Os Lusíadas
os escritores franceses Paul Éluard, Louis Aragon e Jacques
( ) Decameron
Prévert. Surrealismo: O amor, o sonho, a liberdade.
( ) Orlando Furioso
- Superação da destrutividade radical da arte dadá e
inaugurada de um novo conceito do real: o surreal. ( ) O elogio da Loucura
- Principais expoentes: na literatura:André Breton; na ( ) Auto da Visitação
pintura: Salvador Dali. ( ) A Divina Comédia
Não será o temor da loucura que nos forçará a hastear
a bandeira da imaginação a meio pau (...) 4- Este famoso soneto corresponde às questões 4 e 5
Surrealismo: automatismo psíquico pelo qual alguém Amor é fogo que arde sem se ver;
se propõe a exprimir seja verbalmente, seja por escrito, seja É ferida que dói e não se sente;
de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pen- É um contentamento descontente;
samento. Ditado do pensamento, na ausência de todo con- É dor que desatina sem doer;
trole exercido pela razão, fora de qualquer preocupação É um não querer mais que
estética ou moral. O Surrealismo assenta na crença da rea- [bem-querer;
lidade superior de certas formas de associação, negligen- É andar solitário por entre a gente;
ciadas até aqui, no sonho todo-poderoso, no jogo desinte- É nunca contentar-se de contente;
ressado do pensamento. Tende a arruinar definitivamente É cuidar que se ganha em se perder.
todos os outros mecanismos psíquicos e a substituir-se a É querer estar preso por vontade;
eles na solução dos principais problemas da vida (...) É servir a quem vence, o vencedor;
(Gilberto Mendonça Teles ) É ter com quem nos mata lealdade.

129
LÍNGUA PORTUGUESA

Mas como causar pode seu favor g) ( ) apesar de refletir a ideologia do Renascimento há
Nos corações humanos amizade, em alguns episódios como Os Doze Pares da Inglaterra e
Se tão contrário a si é o mesmo O Velho do Restelo forte presença da mentalidade e gosto
[Amor? medievais.
h) ( ) na Literatura Brasileira, obras como: Prosopopéia
Este soneto, um dos mais perfeitos que foram produzi- (Bento Teixeira),
dos em Língua Portuguesa, pertence ao estilo de época do Vila Rica (Cláudio M. Da Costa),
Renascimento, portanto criado no século: Caramuru (Santa Rita Durão), Uraguai
a) XV. (Basílio da Gama – de forma não-sistemática), A Con-
b) XVI. federação dos Tamoios (Gonçalves de Magalhães) e até In-
c) XVII. venção do Orfeu (do modernista Jorge de Lima) – refletem,
d) XVIII em maior ou menor grau, a influência de Os Lusíadas.
e) XIX.
9- Assinale a alternativa correta, em relação às caracte-
5- Indique o nome do autor desse soneto: rísticas do classicismo:
a) Bocage. a) subjetivismo, função emotiva da linguagem, ideali-
b) Camilo Pessanha. zação, escapismo, mal do século e nacionalismo.
c) Camões. b) objetivismo, descritivismo, busca da forma perfeita,
d) Gil Vicente. aproximação de poesia e arte plásticas, não-envolvimento
e) Manuel Bandeira. emocional, temas arqueológicos, estética de nomeação.
c) objetividade, racionalismo, universalismo, antropo-
6- Assinale a alternativa incorreta: O classicismo centrismo, retomada de valores grego-latinos, referenciali-
a) é o estilo dominante na literatura ocidental durante dade, harmonia e equilíbrio.
o século XVI ou Quinhentismo. d) estética de sugestão, musicalidade, temas vagos e
b) correponde à época do Renascimento em que se místicos, conotação, sinestesia, não-separação de sujeito-
observa a recuperação dos valores culturais gregos e la- objeto.
tinos. e) dualismo, fusionismo, uso do contraste, bifrontismo,
c) é o estilo que incorpora os valores humanistas do metalinguagem, excesso de figuras de linguagem.
Renascimento: antropocentrismo, racionalismo, universa-
10- Sobre a lírica camoniana, é incorreto afirmar que:
lismo.
a) boa parte de sua realização se encontra na poesia de
d) começa no Brasil em 1500, com a carta, de Per Vaz
inspiração clássica.
de Caminha.
b) sua temática é variada, encontrando-se desde temas
abstratos até tradicionais.
7- As primeiras peças teatrais portuguesas escritas com c) no aspecto formal, é toda construída em versos de-
objetivo de serem levadas a público são de autoria de: cassílabos em oitava rima.
a) Manuel Maria Barbosa du Bocage. d) sonda o sombrio mundo do “eu” da mulher, da Pá-
b) Paio Soares de Taveirós. tria e de Deus.
c) D. Diniz. e) muitas vezes, o poeta procura conceituar o Amor,
d) Camões. lançando mão de antíteses e paradoxos.
e) Gil Vicente.
11- Sobre Os Lusíadas, é incorreto afirmar que:
8- Assinale a(s) alternativa(s) incorreta(s) sobre Os Lu- a) quando a ação do poema começa, as naus portu-
síadas: guesas estão navegando em pleno Oceano Índico, portan-
a) ( ) herói coletivo – o povo português; herói individual to a meio da viagem.
– Vasco da Gama. b) na invocação, o poeta se dirige às Tágides, musas
b) ( ) modelo: A Eneida de Virgílio; seguido das epo- do Rio Tejo.
péias de Homero: A Ilíada e A Odisseia. c) na Ilha dos Amores, após o banquete, Tethys conduz
c) ( ) estrutura clássica, 5 partes, dez cantos, 1.102 es- o capitão ao ponto mais alto da ilha, onde lhe desvenda “a
trofes, em oitavarima (ABABABCC), versos decassílabos he- máquina do mundo”.
róicos. d) tem como núcleo narrativo a viagem de Vasco da
d) ( ) concomitância do “maravilhoso”, pagão e cristão; Gama a fim de estabelecer contato marítimo com as Índias.
da ideologia burguesa, expansionista e do espírito de cru- e) é composto em sonetos decassílabos, mantendo,
zada medieval; do épico e do lírico; do plano histórico e do em 1102 estrofes, o mesmo esquema de rima.
mitológico.
e) ( ) a narrativa inicia-se já no meio da ação (viagem de 12- O digno representante do povo português, herói
Vasco da Gama às Índias). de Os Lusíadas, foi:
f ) ( ) na proposição o poeta privilegia: os navegadores a) Alexandre, o Grande.
(“as armas e os barões”); os reis de Portugal (“e as memó- b) Trajano.
rias gloriosas daqueles Reis que foram dilatando a fé”); e c) Vasco da Gama.
os heróis da pátria (“aqueles que se vão da lei da morte d) Ulisses.
libertando”). e) Virgílio.

130
LÍNGUA PORTUGUESA

13- A respeito do Pe. Antônio Vieira, pode-se afirmar a) Cruz e Silva.


que: b) Domingo Caldas Barbosa.
a) embora vivesse no Brasil, por sua formação lusitana, c) Filinto Elísio.
não se ocupou de problemas locais. d) Almeida Garret.
b) procura adequar os textos bíblicos às realidades de e) Bocage.
que tratava.
c) dada sua espiritualidade, demonstrava desinteresse 17- (Quando o poeta neoclássico pinta uma paisagem
por assuntos mundanos. como um “estado de alma”, podemos dizer que estamos
d) em função de seu zelo para com Deus, utilizava-o diante de uma paisagem:
para justificar todos os acontecimentos políticos e sociais. a) tipicamente neoclássica.
e) mostrou-se tímido diante dos interesses dos pode- b) sugestivamente simbólica.
rosos. c) rebuscadamente barroca.
14- Assinale a(s) afirmação(ões) incorreta(s) ou não re- d) prenunciadora do parnasianismo.
lacionada(s) ao período e) antecipadamente romântica.
Barroco em Portugal:
a) ( ) Contra-reforma – Inquisição. 18- São características comuns aos movimentos ro-
b) ( ) Decadência política e econômica. mântico e modernista:
c) ( ) Domínio espanhol. a) sentimento trágico da vida; desilusão e sofrimento.
d) ( ) Mito sebastianista. b) visão da natureza como refúgio acolhedor; atração
e) ( ) Predomínio da prosa sobre a poesia. por ambiente noturnos.
f ) ( ) Sermonística, prosa didática e moralizante. c) projeção na natureza do estado de espírito do poeta;
g) ( ) Elitização, frivolidade da produção acadêmica. religiosidade cristã.
h) ( ) Academias dos Generosos e dos Singulares. d) nacionalismo; liberdade; desejo de reformas sociais.
i) ( ) Academias dos Esquecidos e dos Renascidos e) idealização da mulher; morte encarada como liber-
tação.
15-
19- Assinale a característica não-aplicável à poesia ro-
Que és terra, homem, e em terra hás de tornar mântica:
Te lembra hoje Deus por sua Igreja; a) o artista goza de liberdade na metrificação e na dis-
De pó te fez espelho, em que se veja tribuição rítmica.
A vil matéria, de que quis formar-te. b) o importante é o culto da forma, a arte pela arte.
c) a poesia é primordialmente pessoal, intimista e amo-
Conforme surgere o excerto acima, o poeta barroco rosa.
não raro expressa: d) enfatiza-se a auto-expressão, o subjetivismo, o in-
a) o medo de ser infeliz; uma intensa angústia em face dividualismo.
da vida, a que não consegue dar sentido; a desilusão diante e) a linguagem do poeta é a mesma do povo: simples,
da falência de valores terrenos e divinos. espontânea.
b) a consciência de que o mundo terreno é efêmero e
vão; o sentimento de nulidade diante do poder divino. 20- A chamada época do Realismo caracterizou-se, na
c) a percepção de que há saídas para o homem; a cer- literatura portuguesa:
teza de que o aguardam o inferno e a desgraça espiritual. a) pelo culto da literatura de caráter nacionalista e in-
d) a necessidade de ser piedoso e caritativo, paralela à dividualista.
vontade de fruir até as últimas consequências o lado ma- b) pelo culto de uma literatura empenhada numa revo-
terial da vida. lução política, social, moral e mental que superasse a deca-
e) a revolta contra os aspectos fatais que os deuses dência em que se precipitara Portugal.
imprimem a seu destino e à vida na terra. c) pelo gosto da literatura inspirada no pitoresco da
paisagem e dos portugueses.
16- Ele é considerado um dos três maiores sonetistas d) pelo culto de uma literatura empenhada na defesa
da língua portuguesa, ao lado de Camões e de Antero de dos ideais que fizeram a revolução de 1820.
Quental. Sua poesia lírica, extremamente pessoal, é marca- e) pelo culto de uma literatura que idealizasse a so-
da por um rebelde libertarismo emocional. Às vezes violen- ciedade portuguesa, entregue a profunda religiosidade e
to, às vezes calmo. Sua vasta obra poética apresenta dois nacionalismo.
aspectos fundamentais: o satírico e o lírico; mas é no lírico
que o poeta se realiza plenamente e fica famoso. Foi, sem Gabarito: 01-B / 02-C / 03-2,3,6,5,1,4 / 04-B / 05-C /
dúvida, o maior poeta português do século XVIII. Seu pseu- 06-E / 07-E / 08-G / 09-C / 10-A / 11-E / 12-C / 13-B /
dônimo Arcádio é Elmano Sadino. Trata-se de: 14-G,H,I / 15-B / 16-E / 17-E / 18-C / 19-B / 20-B

131
LÍNGUA PORTUGUESA

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES 03-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – AGEN-


TE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA DE CLASSE I – VU-
NESP/2013) Assinale a alternativa em que o acento indicati-
vo de crase está empregado corretamente.
01-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – AGEN- (A) O problema deve ser atribuído à nós mesmos.
TE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA DE CLASSE I – VU- (B) A extinção do dinheiro certamente nos levaria à ado-
NESP/2013) Assinale a alternativa em que a concordância tar novos hábitos.
se dá em conformidade com a norma-padrão. (C) Acreditamos que o dinheiro pode nos levar à todos
(A) Afinal, é com o dinheiro que os bens de consumo os lugares.
são adquirido. (D) Ela deu atenção à reportagem de capa de um jornal.
(B) Imaginei como reagiríamos se fôssemos surpreen- (E) A autora voltou os olhos à uma certa fase de sua
dido com a notícia da extinção do dinheiro. infância.
(C) Eu pensava que as folhas de cheque poderiam ser
facilmente preenchida. (A) O problema deve ser atribuído à nós = a nós (pro-
(D) A maior parte de nossos anseios é concretizada nome)
com o auxílio do dinheiro. (B) A extinção do dinheiro certamente nos levaria à
(E) Foi realizado uma pesquisa em treze países, inclu-
adotar = a adotar (verbo no infinitivo)
sive o Brasil.
(C) Acreditamos que o dinheiro pode nos levar à todos
= a todos (pronome)
(A) Afinal, é com o dinheiro que os bens de consumo
(D) Ela deu atenção à reportagem = (objeto indireto do
são adquirido.(adquiridos)
verbo “dar”)
(B) Imaginei como reagiríamos se fôssemos surpreen-
(E) A autora voltou os olhos à uma =a uma (artigo in-
dido (surpreendidos) com a notícia da extinção do dinheiro.
definido)
(C) Eu pensava que as folhas de cheque poderiam ser
facilmente preenchida.(preenchidas)
(D) A maior parte de nossos anseios é concretizada com RESPOSTA: “D”.
o auxílio do dinheiro.
(E) Foi realizado (realizada) uma pesquisa em treze paí- 04-) (GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ – ESCRIVÃO E
ses, inclusive o (no) Brasil. INVESTIGADOR DE POLÍCIA CIVIL – SEAD/2013) No tre-
cho: Quantas vezes ao acordar pela manhã e bater o dedo
RESPOSTA: “D”. na beira da cama já não saiu esbravejando e dizendo que o
dia começou ruim? A repetição do conectivo “e” tem efeito
02-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – AGEN- de marcar uma:
TE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA DE CLASSE I – VU- (A) sequência cronológica dos fatos.
NESP/2013) Assinale a alternativa em que a colocação pro- (B) repetição dos acontecimentos.
nominal se dá em conformidade com a norma-padrão. (C) descontinuidade de fatos.
(A) Algumas atitudes dos adultos não pareciam-me fa- (D) implicação natural de consequência dos fatos.
zer sentido. (E) coordenação entre as ideias do período.
(B) O que preocupa-me é o fato de nos endividarmos Se retirarmos o conectivo “e” (conjunção aditiva), o pe-
para comprar coisas das quais não precisamos. ríodo não perderá o sentido, ou seja, as orações são inde-
(C) Espantei-me com o resultado da pesquisa de opi- pendentes entre si. Coordenadas.
nião.
(D) Eu ficava intrigada quando diziam-me que não po- RESPOSTA: “E”.
diam comprar alguma coisa.
(E) Eu já tinha convencido-me de que precisamos de di- 05-) (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
nheiro para realizar muitos de nossos sonhos. – POLÍCIA CIVIL – ASSISTENTE SOCIAL – FUNCAB/2013)
Como ficaria o verbo da frase “[...] a própria noite aguçou
(A) Algumas atitudes dos adultos não pareciam-me = seus ouvidos”, flexionado na voz passiva analítica?
não me (advérbio) A) são aguçados.
(B) O que preocupa-me = ( o que me ) coisas das quais B) seriam aguçados.
não (correto) precisamos. C) fossem aguçados.
(C) Espantei-me = (início de período) D) foram aguçados.
(D) Eu ficava intrigada quando diziam-me (quando me E) aguçou-se.
diziam) que não (correto)podiam comprar alguma coisa.
(E) Eu já tinha convencido-me (tinha me convencido – a própria noite aguçou seus ouvidos = voz ativa
geralmente o pronome fica entre o verbo auxiliar e o prin- Se na voz ativa temos um verbo, na passiva teremos
cipal) dois: Seus ouvidos foram aguçados pela própria noite.

RESPOSTA: “C”. RESPOSTA: “D”.

132
LÍNGUA PORTUGUESA

06-) (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO bo “querer” pede objeto direto (quer o quê? quer quem?).
– POLÍCIA CIVIL – ASSISTENTE SOCIAL – FUNCAB/2013) Então, a função da oração destacada é de objeto direto:
Assinale a alternativa em que o complemento do verbo oração subordinada substantiva objetiva direta.
transitivo da frase foi, de acordo com a norma-padrão e as
regras de colocação pronominal, corretamente substituído RESPOSTA: “C”.
por um pronome oblíquo.
A) “e a própria noite aguçou SEUS OUVIDOS.” / e a 09-) (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SAN-
própria noite aguçou-OS. TO – POLÍCIA CIVIL – DELEGADO DE POLÍCIA – FUN-
B) “Romeu deu VOZ ao sublime Bardo” / Romeu deu- CAB/2013) Em: “dão satisfação À OPINIÃO PÚBLICA”, man-
LHE ao sublime Bardo. tém-se o acento grave no “a” caso se faça a substituição do
C) “Esquece ESTE ÚLTIMO SÍMILE. ” / Esquece-LHE. termo em destaque por:
D) É verdade que admirava A SUA BOCA/ É verdade A) a toda e qualquer opinião.
que admirava-A. B) a uma opinião pública por vezes desorientada.
E) As palavras do jovem desafiavam O SEU ENTENDI- C) a ela, opinião pública internacional.
MENTO. / As palavras do jovem desafiavam-LHES. D) as opiniões públicas mais variadas.
E) a opiniões muitas vezes forjadas pela mídia.
A) “e a própria noite aguçou SEUS OUVIDOS.” / e a
própria noite aguçou-OS. A) a toda = sem acento grave (pronome)
B) “Romeu deu VOZ ao sublime Bardo” / Romeu deu- B) a uma opinião = sem acento grave (artigo indefini-
LHE ao sublime Bardo. = deu-A do)
C) “Esquece ESTE ÚLTIMO SÍMILE. ” / Esquece-LHE.S = C) a ela = sem acento grave (pronome)
esquece-O D) as opiniões públicas = às opiniões (objeto indireto
D) É verdade que admirava A SUA BOCA/ É verdade do verbo “dar”)
que admirava-A. = que A admirava E) a opiniões = sem acento grave
E) As palavras do jovem desafiavam O SEU ENTENDI-
MENTO. / As palavras do jovem desafiavam-LHES. = desa- RESPOSTA: ‘D”.
fiavam-NO
10-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN-
RESPOSTA: “A”. DES/2012) As orações abaixo, separadas por vírgula, po-
dem ter a relação entre elas explicitada por meio de uma
07-) (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO expressão.
– POLÍCIA CIVIL – ASSISTENTE SOCIAL – FUNCAB/2013) “Algumas precisam beber mais água, outras precisam
A função sintática do segmento destacado em “[...] Romeu de isotônico.”
deu voz AO SUBLIME BARDO[...]” é: A expressão que mantém o sentido original está em-
A) adjunto adverbial. pregada em:
B) complemento nominal. (A) Algumas precisam beber mais água, a fim de que
C) agente da passiva. outras precisem de isotônico.
D) objeto indireto. (B) Algumas precisam beber mais água, ao passo que
E) objeto direto. outras precisam de isotônico.
(C) Já que algumas precisam beber mais água, outras
Romeu deu voz (objeto direto) ao sublime bardo (ob- precisam de isotônico.
jeto indireto). (D) Por mais que algumas precisem beber mais água,
outras precisam de isotônico.
RESPOSTA: ‘D”. (E) Contanto que algumas precisem beber mais água,
outras precisam de isotônico.
08-) (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
– POLÍCIA CIVIL – ASSISTENTE SOCIAL – FUNCAB/2013) O sentido exposto no período é de que, enquanto
A oração destacada em “Ela quer QUE EU A ESCUTE!” está umas algumas precisam beber água, outras precisam de
corretamente classificada em: isotônico. Analisando as opções apresentadas, a única coe-
A) subordinada adverbial consecutiva. rente com o que foi relatado é a “ao passo que”.
B) subordinada substantiva predicativa.
C) subordinada substantiva objetiva direta. RESPOSTA: “B”.
D) coordenada sindética explicativa.
E) subordinada adjetiva restritiva. 11-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN-
DES/2012) A frase em que o verbo concorda com o sujeito,
Ela quer “isso”. Se dá para substituirmos a oração su- de acordo com a norma-padrão, é
bordinada pelo pronome “isso”, “disso”, teremos uma su- (A) A desobediência às normas do comitê e a lesão do
bordinada substantiva. Agora analisemos qual tipo: O ver- atleta levará ao seu afastamento.

133
LÍNGUA PORTUGUESA

(B) Cada um dos atletas das Olimpíadas terá tratamen- (D) Este fato é comum à todo = a todo (pronome)
to individualizado. (E) Tenho todas essas contas à pagar.= a pagar (verbo
(C) Mais de um médico poderão impedir o atleta de no infinitivo)
participar de determinada prova.
(D) O comitê técnico sem a equipe de saúde deverão RESPOSTA: “A”.
avaliar os atletas periodicamente.
(E) A potencialidade do atleta e o arsenal de recurso 14-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN-
científico garantirá altas performances. DES/2012 - ADAPTADA) Em algumas circunstâncias, o ver-
bo poder apresenta mudança gráfica em seu radical, como
Grifei o sujeito: em “para que técnico e atleta possam utilizá-las”. Um verbo
(A) A desobediência às normas do comitê e a lesão do que sofre também alteração em seu radical é
atleta levará = levarão (A) sujar
(B) Cada um dos atletas das Olimpíadas terá (B) mostrar
(C) Mais de um médico poderão = poderá (C) morrer
(D) O comitê técnico sem a equipe de saúde deverão (D) valer
= deverá (E) sorrir
(E) A potencialidade do atleta e o arsenal de recurso Dentre os verbos apresentados, o que também sofre
científico garantirá = garantirão alteração em seu radical é o “valer”: presente do Indicativo:
eu valho / presente do Subjuntivo: que eu valha.
RESPOSTA: “B”.
RESPOSTA: “D”.
12-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN-
DES/2012 - ADAPTADA) Ao passar para o plural a palavra 15-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN-
atleta de “Na prática, o atleta de alto rendimento pode dis- DES/2012) Considere o emprego do verbo levar no trecho:
“Uma competição não dura apenas alguns minutos. Leva
por desde novos equipamentos”, o trecho ficará de acordo
anos”. A frase em que esse verbo está usado com o mesmo
com a norma-padrão em:
sentido é:
(A) Nas práticas, o atleta de alto rendimento pode dis-
(A) O menino leva o material adequado para a escola.
por desde novos equipamentos...
(B) João levou uma surra da mãe.
(B) Na prática, os atletas de altos rendimentos pode
(C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo.
disporem desde novos equipamentos...
(D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso.
(C) Na prática, os atletas de alto rendimento podem
(E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar
dispor desde novos equipamentos...
a prova.
(D) Na prática, os atletas de alto rendimentos podem
disporem desde novos equipamentos... No enunciado, o verbo “levar” está empregado com o
(E) Na prática, os atletas de alto rendimento podem sentido de “duração/tempo”
disporem desde novos equipamentos... (A) O menino leva o material adequado para a escola.
= carrega
Na prática, os atletas de alto rendimento podem dispor (B) João levou uma surra da mãe. = apanhou
desde novos equipamentos. (C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo. = arrasta
(D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso. =
RESPOSTA: “C”. direciona
(E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar a
13-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN- prova = duração/tempo
DES/2012) A frase em que o sinal indicativo de crase está
usado de acordo com a norma-padrão é: RESPOSTA: “E”.
(A) As determinações do comitê destinam-se àqueles
atletas indicados.
(B) Ele se apoderou à bola e saiu correndo.
(C) Ele ajuntou-se à um conjunto de mulheres inteli-
gentes.
(D) Este fato é comum à todo campeonato mundial.
(E) Tenho todas essas contas à pagar.

(A) As determinações do comitê destinam-se àqueles


atletas
(B) Ele se apoderou à bola = da bola
(C) Ele ajuntou-se à um = a um (artigo indefinido, mas-
culino)

134
LÍNGUA INGLESA

1. Compreensão geral do sentido e do propósito do texto.................................................................................................................... 01


2. Compreensão de ideias específicas expressas em parágrafos e frases e a relação entre parágrafos e frases do
texto.....................................................................................................................................................................................................................01
3. Localização e identificação de informações específicas em um ou mais trechos do texto.................................................... 01
4. Identificação de marcadores textuais como conjunções, advérbios, preposições etc. e compreensão de sua função
essencial no texto..................................................................................................................................................................................................... 03
5. Compreensão do significado de itens lexicais fundamentais para a correta interpretação do texto seja por meio de
substituição (sinonímia) ou de explicação da carga semântica do termo ou expressão............................................................. 06
6. Localização de referência textual específica de elementos, tais como pronomes, advérbios, entre outros, sempre em
função de sua relevância para a compreensão das ideias expressas no texto................................................................................ 07
7. Compreensão da função de elementos linguísticos específicos na produção de sentido no contexto em que são
utilizados...................................................................................................................................................................................................................... 33
LÍNGUA INGLESA

de, argumentos, conhecimento de causa, exemplos a citar,


etc. sua redação será pobre. Da mesma maneira, se o leitor
1. COMPREENSÃO GERAL DO SENTIDO E DO de um texto técnico em língua inglesa não tiver conheci-
PROPÓSITO DO TEXTO. mento de mundo, vivência, experiências variadas de vida,
2. COMPREENSÃO DE IDEIAS ESPECÍFICAS conhecimento prévio sobre o assunto, seu nível de com-
EXPRESSAS EM PARÁGRAFOS E FRASES E A preensão será mais superficial. Por isso, o ponto de partida
RELAÇÃO ENTRE PARÁGRAFOS E FRASES DO para uma leitura eficiente está sempre em você. Mas tam-
TEXTO. bém não adianta buscar apenas informação de coisas que
3. LOCALIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE te atraem, coisas que você gosta de saber. É preciso am-
INFORMAÇÕES ESPECÍFICAS EM UM OU MAIS pliar sua visão de mundo. Se você for mulher, busque saber
TRECHOS DO TEXTO. algo sobre futebol também, sobre carros, sobre coisas do
mundo masculino. Se você for homem, busque também
conhecer assuntos do mundo feminino como cosméticos
e vestuário. Busquem ambos interessar-se por assuntos
TÉCNICA DE LEITURA relacionados a crianças, idosos, povos diferentes do seu,
países variados, regiões do mundo sobre as quais que você
No Brasil, de um modo geral, o inglês instrumental é normalmente não sabe nada. Leia jornais, revistas, sites da
uma das abordagens do ensino do Inglês que centraliza a internet, pesquise coisas curiosas, assista a programas de
língua técnica e científica focalizando o emprego de estra- TV jornalísticos, de variedades, de humor, de esportes, de
tégias específicas, em geral, voltadas à leitura. Seu foco é ciência, de religião, de saúde, de entretenimento, converse
desenvolver a capacidade de compreensão de textos de di- com pessoas de opiniões, idades e classes sociais diferen-
versas áreas do conhecimento. O estudo da gramática res- tes da sua, dê valor a todos os assuntos porque você nunca
tringe-se a um mínimo necessário normalmente associado sabe qual tema será abordado num texto de uma prova.
a um texto atual ou similar que foi veiculado em periódicos. Esteja preparado para todos eles. Desta forma podemos
O conhecimento de uma boa quantidade de palavras tam- agilizar sua compreensão acerca de um texto. Desta forma
bém faz parte das técnicas que serão relacionadas abaixo. você terá mais prazer ao ler, pois compreenderá os mais
Dependendo do objetivo de sua leitura, você terá que variados textos. Desta forma você verá que é capaz de ad-
saber utilizar algum dos três níveis diferentes de com- quirir conhecimento em uma língua estrangeira. Desta for-
preensão: ma poderemos minimizar seus problemas e aumentar suas
Compreensão Geral: obtida através de uma leitura chances de obter o sucesso.
rápida, “uma passada de olho rápida no texto”, para cap- Skimming (ler ou examinar superficialmente; desnatar;
tarmos as informações gerais acerca dele, ou seja, aquilo retirar aquilo de maior peso ou importância): é uma técnica
que é de maior importância, seu tema geral, seu assunto que permite rapidez e eficiência na busca de algum dire-
principal. cionamento inicial acerca do texto. Realizar o skimming
Compreensão de Pontos Principais: exige que tenha- significa ler rapidamente o texto para saber o assunto prin-
mos maior atenção na busca das informações principais cipal trabalhado pelo autor. Esta atividade de leitura nos
espalhadas pelo texto, observando cada parágrafo distin- proporciona um nível de compreensão geral, visando nos
tamente para identificar dados específicos que o autor quis dar uma visão global, aberta e ampla do texto. Ao reali-
destacar. zarmos o skimming, não podemos nos deter em detalhes
Compreensão Detalhada: requer um nível de leitura como palavras novas nem palavras das quais nos esquece-
mais aprofundado que nos níveis anteriores. Exige a com- mos. Estamos em busca do assunto principal e do sentido
preensão de detalhes do texto, minúcias, palavra por pa- geral do texto.
lavra, e demanda, assim, mais tempo e atenção do leitor. Prediction: Com esta estratégia o leitor lança mão
Para tanto, em alguns casos, será preciso reler várias vezes do seu próprio conhecimento, através das experiências de
o texto. vida que possui, e da informação linguística e contextual.
Para obter um bom nível de acerto durante os níveis de Após realizar o skimming, o leitor precisa concentrar-se
compreensão, temos que por em prática algumas técnicas para tentar ativar as informações que já possui sobre o
de auxílio à leitura que passaremos a ver agora. tema e prever que tipos de palavras, frases ou argumentos
Background knowledge (conhecimento prévio): para podem estar presentes naquele texto. É um momento de
que um leitor consiga identificar e entender certas infor- reflexão. É a hora de buscar na memória tudo o que foi lido,
mações em qualquer tipo de texto, torna-se extremamen- estudado, discutido, e visto na mídia a respeito daquele
te importante que ele possua algum conhecimento prévio tema. Além do mais, esta é uma estratégia de leitura que
sobre seu assunto. Podemos comparar esta situação com a também permite ao leitor prever o que vem a seguir em
de um estudante tentando fazer uma prova de redação. Se um texto. Trata-se do desenvolvimento sequenciado do
ele nunca tiver lido, discutido, estudado ou ouvido falar do pensamento. Isso só é possível porque quem escreve, o
tema daquela redação, como poderá dissertar? Suas ideias faz de maneira organizada, porque as pessoas pensam
podem até ir para o papel, mas correrá um grande risco de de maneira semelhante e porque alguns tipos de textos
não ter o vocabulário necessário, consistência, profundida- possuem estruturas previsíveis levando nós leitores a

1
LÍNGUA INGLESA

atingir certas formas de compreensão. Quanto mais ex- É preciso lembrar que estas estratégias serão mais ou
periente for o leitor, maior será sua capacidade de pre- menos eficazes dependendo do tamanho do vocabulário
ver. Nesta etapa, passamos a associar o assunto do texto que você possui e também do seu nível de conhecimento
com as dicas tipográficas usadas pelo autor para transmitir gramatical.
significados. Há estudos que relacionaram as palavras que mais apa-
Grifo de palavras cognatas, das palavras já conhe- recem em textos e livros técnicos em língua inglesa. Desses
cidas pelo leitor e das repetidas: Muito comuns entre as estudos foram feitas diferentes listas com as 500 palavras
línguas inglesa e portuguesa, os cognatos são termos bas- mais comuns, ou as 700 palavras mais comuns. Para faci-
tante parecidos tanto na escrita como no significado em litar seu estudo, incluímos aqui as 318 mais comuns para
ambas as línguas. Grifar todas estas palavras em um texto serem estudadas. Ao memorizar estas palavras você obterá
é um recurso psicológico e técnico que visa mostrar e pro- um magnífico subsídio preparando-se para enfrentar qual-
var visualmente para o leitor que ele tem conhecimento de quer texto. Você verá que várias destas palavras já são co-
muitas das palavras daquele texto e de que, assim, ele é nhecidas por você, assim, na verdade, terá que memorizar
capaz de fazer uso dessas informações para responder às
bem menos destas.
questões propostas. Trata-se de um recurso que usamos
para dar mais relevância e importância às palavras que já
DICAS TOPOGRÁFICAS
sabemos em um texto, pois é nelas que nos apoiaremos
Qualquer porção de linguagem, seja ela falada, escri-
para resolver exercícios e para entender os textos. É muito
mais inteligente voltar nosso foco para as palavras que têm ta, gesticulada, desenhada etc., pode ser considerada tex-
algum significado para nós do que destacar aquelas que to. Assim, um texto pode constituir-se de uma frase, uma
não conhecemos. Além disso, ao grifar, você acaba relen- palavra, um sinal, uma imagem, ou alguma porção maior
do as informações de uma maneira mais lenta, o que faz e mais longa como um romance ou uma novela. Por isso,
com que perceba certos detalhes que não havia percebido a comunicação não envolve somente a linguagem verbal,
antes. É uma forma de quantificar em porcentagem apro- como na escrita e na fala, mas também envolve a lingua-
ximada o quanto se sabe daquele texto. É preciso lembrar gem não-verbal. Este tipo de linguagem se desenvolve de
que há um número muito grande de palavras repetidas nos maneira complexa na sociedade contemporânea e relacio-
textos e isso facilita para o estudante, pois ele poderá grifar na-se com outras linguagens como a moda, os gestos, a
mais de uma vez a mesma palavra. arte, os sinais, etc.
Scanning: esta técnica de leitura visa dar agilidade na Além das técnicas mencionadas anteriormente, o leitor
busca por informações específicas. Muitas vezes, após ler deve sempre se apoiar em informações universais como
um texto, nós queremos reencontrar alguma frase ou al- imagens, números e símbolos. Neste exemplo a imagem
guma palavra já lida anteriormente. Para efetuar esta busca podemos identificar que se trata de uma propaganda de
não precisamos ler o texto inteiro de novo, podemos sim- fraldas. O estudante consegue identificar o preço de trinta
plesmente ir direto ao ponto aonde podemos encontrar tal e três centavos nos outros supermercados. O desconto de
informação. Isso é o scanning, significa encontrar respostas 45% oferecido fazendo com que o preço fique em dezoito
de uma forma rápida e direta sem perder tempo relendo centavos no local da promoção “ALDI”.
o texto todo. Esta técnica em geral deve ser aplicada após ? ! , ; 4 / A a % = @ + “. Símbolos, cores, formatos, fo-
uma ou mais leituras completas do texto em questão. As- tos, desenhos, tamanhos de letras utilizados, estilos de le-
sim o leitor diminuirá o risco de confundir informações, tras escolhidos, elementos de pontuação, algarismos, etc.,
perder tempo ou de dar respostas erradas. Se desejar, o es- ajudam-nos a desvendar muitas minúcias do conteúdo de
tudante pode ler o que os exercícios pedirão antes de fazer um texto.
o scanning, pois assim ele irá selecionar mais facilmente o Esses elementos são conhecidos como marcas, evi-
que for mais importante para responder àquelas questões
dências ou dicas tipográficas que os mais variados textos
direcionando-se melhor.
utilizam para comunicar. São elementos que transmitem
Lexical Inference (inferência lexical): Inferir significa
informações além das palavras, complementando-as. Sa-
deduzir. Às vezes será preciso deduzir o sentido de um ter-
ber reconhecê-las e também extrair delas algum sentido
mo, decifrando o que ele quer dizer. Mas isso não pode ser
feito de qualquer maneira. Para inferirmos bem, é necessá- complementar para o texto fornece um grande auxílio à
rio entender o significado daquela palavra desconhecida leitura e à interpretação das ideias transmitidas.
através do contexto no qual ela está inserida, observando
as palavras vizinhas, as frases anteriores e posteriores, o
parágrafo onde ela está, as noções gerais que temos do
texto, etc. Precisamos observar o meio no qual a palavra
está posta. Neste caso teremos de nos fazer valer de nos-
sos conhecimentos de classes gramaticais (substantivos,
adjetivos, preposições, verbo, etc.), de afixos, de singular
e plural, conhecimento sobre a estrutura de textos, etc.
Tudo isso em conjunto pode ajudar numa aproximação do
sentido real daquele termo que não sabemos.

2
LÍNGUA INGLESA

FORMAÇÃO DAS PALAVRAS


4. IDENTIFICAÇÃO DE MARCADORES A formação de palavras acontece graças à morfolo-
gia. Tal formação acontece para criar uma flexibilidade na
TEXTUAIS COMO CONJUNÇÕES, ADVÉRBIOS,
língua, fazendo com que o orador possa fazer a transição
PREPOSIÇÕES ETC. E COMPREENSÃO DE SUA de uma classe de palavras para outra sem tanto choque
FUNÇÃO ESSENCIAL NO TEXTO. ao ouvinte. Conhecer o processo da formação das palavras
ajuda o estudante de língua estrangeira com o processo le-
xical, ou seja, a habilidade de tentar compreender palavras
CONJUNÇÕES desconhecidas de um texto por conta própria.
Uma conjunção é uma palavra ou grupo de palavras Assim como na língua portuguesa o processo de for-
(locuções conjuntivas ou locuções adverbiais) que juntam mação das palavras em Inglês também ocorre através dos
duas partes de uma sentença ou que unem uma cláusu- prefixos e sufixos. Os prefixos são aqueles que vem no ini-
la dependente subordinada a uma cláusula principal. As cio da palavra e os sufixos são aqueles que vem no final. Os
conjunções auxiliam na coesão textual, garantindo a in- sufixos possuem uma maior frequência na língua do que os
terligação de ideias. prefixos. Os prefixos por sua vez normalmente não alteram
Inicialmente, podemos considerar as conjunções sob a categoria gramatical da palavra, mas sim o seu sentido.
três aspectos básicos:
-Conjunções podem ser apenas uma palavra: Exemplos:
And, but, because, although, or, nor, for, yet, so, since,
unless, however, though.
-Conjunções podem ser compostas de mais de uma expensive –
color – colorful hope – hopeful
palavra: inexpensive
Provided that, as long as, in order to, in spite of. normal - abnor-
big - biggest nice - nicer
-Conjunções podem ser correlativas, cercando um ad- mal
vérbio ou adjetivo:
So... that, neither… nor. FALSOS COGNATOS
Além disso, as conjunções podem expressar diversos Falsos cognatos são as palavras que se escrevem de
tipos de ideias: forma semelhantes tanto na língua Inglesa quanto na Por-
-Tempo: after, as, while, when, before, until, till, next, tuguesa, porém seus significados são diferentes. Falsos
meanwhile, finally. cognatos são popularmente conhecidos como “armadi-
-Acréscimo de ideias: and, also, furthermore, as well lhas” ou “pegadinhas”.
as, in other words, in addition to, besides, moreover,
both...and, not only... but also. Enroll – inscrever-se, alistar-se, registrar-se
-Alternativa: or, either... or. Exciting – empolgante
-Negação: neither... nor. Fabric – tecido
-Condição: if, as long as, provided that, unless, whe- Grip – agarrar firme
ther. Intend – pretender, ter intenção
-Causa ou razão: as, because, since, for. Lamp – luminária
-Consequência ou resultado: so, therefore, then, Library – biblioteca
accordingly, thus, for this reason, as a result of, conse- Lunch – almoço
quently, hence. Novel – romance
-Finalidade ou propósito: so that, so. Parents – pais
-Modo: as, as if, as though. Pasta – massa (alimento)
-Contraste: although, instead of, rather than, though,
Pretend – fingir
but, yet, even though, however, in spite of that, neverthe-
Procure – conseguir, adquirir
less, whereas, while, on the other hand.
Pull – puxar
-Comparação: like, alike, likewise, correspondingly, si-
Push – empurrar
milarly, in the same way, in this manner.
Resume – retomar, reiniciar
Exemplos:
Résumé – curriculum vitae, currículo
Jack and Jill went to the mountains.
Retired – aposentado
The water was warm, but I didn’t enter.
Senior – idoso
I went swimming although it was cold.
Russia is a beautiful country. It’s very cold, though.
I don’t care what you did as long as you love me. IDIOMS
He is so strong that broke the brick with his fist. Idioms, também chamadas de idiomatic expressions
são expressoes da língua que não podem ser traduzidas
palavra por palavra pois a expressão perde totalmente o
significado. Idioms só podem ser traduzidos por outros
idioms similares na outra língua.

3
LÍNGUA INGLESA

Uma expressão muito usada em português é “(alguém) Low high


está em cima do muro” [indeciso], Se traduzirmos esta ex- Loyal disloyal
pressão para a língua Inglesa, palavra por palavra, o ouvin- Mad sane
te americano ou inglês ficará confuso quanto ao significa- Master servant
do da frase. Para isso precisamos traduzir o idiom para algo Mature immature
similar em Inglês que seria “(someone) is on the fence”. A Maximum minimum
tradução literal do idiom para o português seria que fulano Me you
está em cima da cerca. Em português a expressão é muro. Merry mirthless, sad
Em Inglês a mesma expressão usa cerca. Minority majority
Outro exemplo. Em Inglês temos a expressão “kick the Miser spendthrift
bucket”. Em Português ao pé da letra ficaria “chutar o bal- Misunderstand understand
de”. Entretanto a expressão inglesa se refere ao nosso “ba- Narrow wide
ter as botas”. Near far, distant
Neat untidy
COLOCAÇÕES New old
Colocações são expresses criadas com duas ou mais Night day
palavras que combinam. Não existe uma regra gramatical Noisy quiet
que explique as colocações, apenas o seu próprio uso. North South
Exemplos: Obedient disobedient
Nós dizemos “Take a break” e não “Have a break” (faça Odd even
um intervalo) Offer refuse
Nós dizemos “make a cup of coffee” e “do your ho- Open shut
mework” (Faça um copo de café. Faça a sua tarefa) e não o Optimist pessimist
oposto “do a cup of coffee” e “make your homework”. Out in
Nos exemplos abaixo, as palavras grifadas não podem Parent child
ser trocadas ou possuem significados diferentes. Observe Past present
as traduções: Patient impatient
That man is handsome. That woman is beautiful. Peace war
(Aquele homem é bonito. Aquela mulher é bonita). Permanent temporary
There are some high mountains in Chile. The trees in Please displease
our garden are tall. Plentiful scarce
(Existem algumas montanhas altas no Chile. As arvores Possible impossible
em nosso jardim são altas). Poverty wealth
John is high. Peter is tall. Powerful feeble, weak
(John está “chapado” [alcool - drogas]. Peter é alto). Polite impolite, rude
Anna is a great woman. Willians is a big man. Private public
(Anna é uma grande mulher [qualidade]. Willians é um Prudent imprudent
homem grande [fisicamente grande]). Pretty unsightly, ugly
Pure impure
SEMÂNTICA / SINONÍMIA E ANTONÍMIA Qualified unqualified
Sinônimas são palavras diferentes, mas que possuem Rapid slow
significados quase idênticos ou semelhantes. O estado de Regularly irregularly
ser sinônimo é chamado de sinonímia. Rich poor
Antônimas são palavras com significados opostos ou Right wrong, left
quase opostos. O estado de ser antônimo é chamado de Rigid pliable, soft
antonímia. Rough smooth
Estudos e prática mostram que aprender palavras Satisfactory unsatisfactory
combinadas com outras melhora nossa retenção. E tam- Security insecurity
bém que é preciso muita, muita repetição. Ler em voz alta Scatter collect
também ajuda. Serious trivial
A seguinte lista de antônimos (opostos) está apresen- Second-hand new
tada por ordem alfabética, como grupos. Sense nonsense
Cunning simple Shopkeeper customer
Leader follower Singular plural
Little large, much, big Simple complicated
Lofty lowly Slim thick, stout
Long short Solid liquid
Loud soft Sober drunk
Loss find, win Speaker listener

4
LÍNGUA INGLESA

Sour sweet Break even point - o momento a partir do qual custos e


Sorrow joy receitas de um negócio se equilibram. 
Stand lie Broad band - banda larga. 
Straight crooked Budget - orçamento. 
Strong weak Cash - dinheiro vivo. 
Success failure CEO  -  chief executive officer - É o cargo mais alto
Sunny cloudy da empresa. É chamado também de presidente, princi-
Take give pal  executivo, diretor geral, entre outros.
Tall short CFO - chief financial officer - Um nome mais sofisti-
Tame wild cado para diretor de finanças. 
Teacher pupil Chairman - presidente do conselho que dirige a em-
Thick thin presa. 
Tight slack, loose CHRO - chief human resources officer - É o cargo de
Top bottom
diretor de recursos humanos. 
Transparent opaque
CIO - chief information officer - Responsável pelo
Truth untruth, lie
planejamento e estratégia por trás da tecnologia.
Up down
Commodity - produto primário, geralmente com
Vacant occupied
Valuable valueless grande participação no comércio internacional. 
Victory defeat COO - chief operating officer - executivo chefe de
Virtue vice operações. Geralmente o braço direito dos CEO´s 
Visible invisible Core business - negócio principal da empresa. 
Voluntary compulsory Corporate purpose - objetivo da empresa. 
Vowel consonant Downsizing - redução no número de funcionários da
With without empresa. 
Factoring - prática de algumas empresas que consis-
VOCABULÁRIO DE INFORMÁTICA E TECNOLOGIA te em comprar cheques pré- datados de lojistas cobrando
Computing professionals - profissionais da área da comissão. 
computação. Follow-up - dar prosseguimento a uma discussão ou
Information Technology - Tecnologia da Informação. debate.
(sigla IT) Forecast - previsão. 
IT Department - Departamento de TI. (sigla acima) Headhunter - caça-talentos do mundo corporativo.
IT Professional - Profissional em TI. (sigla acima) Income - renda. 
Software Development - Desenvolvimento de Soft- Intrapreneur  (não confundir com entrepreneur) -
wares. empreendedor interno, pessoa que dirige uma unidade do
Systems Integration - Integração de Sistemas. negócio como se ela fosse uma empresa independente. 
Data Management - Gerenciamento de Dados. Market share - fatia de mercado. 
Computer Networks - Redes de Computadores. Markup - é um sobrepreço que se acrescentado ao
Wireless Networking - Redes de Tecnologia Sem Fio. preço final do produto.
Information Security - Segurança da Informação. MBA: master of business administration - pós-gra-
Technical Support – SuporteTécnico. duação em administração de empresas. 
Computer Engineering - Engenharia da Computação. Sales manager - gerente de vendas.
Computer Science - Ciência da Computação.  
Target - alvo.   
Software Engineering - Engenharia de Softwares.  
Trend - tendência. 
Digital Signature - Assinatura Digital.

VOCABULÁRIO CORPORATIVO
B2B – Business to Business - É o comércio entre empre-
sas sem a participação do consumidor.
B2C – Business to Consumer – É a venda direta da em-
presa para o consumidor.
Benchmark - Parâmetros de excelência, exemplos de
coisas boas. 
Board - Conselho diretor. 
Brainstorm - literalmente, significa “tempestade cere-
bral”. É uma reunião para se fazer exatamente isso: trocar
ideias, geralmente para se criar algo novo.
Breakthrough - trata-se de um avanço em determinada
área, quando um desafio é vencido. 

5
LÍNGUA INGLESA

Sufixação: pode mudar a classe gramatical da palavra,


5. COMPREENSÃO DO SIGNIFICADO DE ITENS mas sem alterar-lhe o sentido inicial, primitivo. Ou seja, se
a palavra primitiva era um advérbio, a nova pode passar a
LEXICAIS FUNDAMENTAIS PARA A CORRETA
ser um substantivo dependendo do sufixo utilizado, mas
INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEJA POR MEIO ambas continuarão a falar sobre algo do mesmo tema, do
DE SUBSTITUIÇÃO (SINONÍMIA) OU DE mesmo assunto, do mesmo sentido.
EXPLICAÇÃO DA CARGA SEMÂNTICA DO
TERMO OU EXPRESSÃO. Sufixos formadores de verbos:
-en => freshen, blacken, shorten, threaten
-ify => simplify, solidify
-ize => centralize, modernize
Synonymy
Relação estabelecida entre duas ou mais palavras que Sufixos formadores de advérbios:
apresentam significados iguais ou semelhantes, ou seja, os -ly (-mente) => carefully, daily, yearly
sinônimos. -ward (em direção a) => downward, homeward, inward
Examples: kind - charitable ; far - away; comic – funny
(bondoso – caridoso; distante – afastado; cômico – en- Sufixos formadores de substantivos:
graçado.) -ance, -ence => tolerance, preference
-er, -or => trainer, employer, teacher, actor, governor
Antonymy -ee => trainee, emplyee
Relação estabelecida entre duas ou mais palavras que -ist => economist, scientist
apresentam significados diferentes, contrários, ou seja, os -ion => education, collision
antônimos. -ment => investment, development
Examples: kind - evil ; good - bad; save - spend. -ity => sincerity, generosity
(bondoso – maldoso; bom – ruim; economizar – gas- -ism => modernism, Buddhism, Christianism
tar.) -ness => happiness => darkness
-dom => freedom, kingdom
Derivação de Palavras pelos processos de Prefixa- -hood => childhood, brotherhood
ção e Sufixação. -ship => friendship, partnership
Há certas palavras que aparecem nos textos que me-
recem um pouco mais de atenção do leitor para reconhe- Sufixos formadores de adjetivos:
cê-las durante a leitura. Elas são conhecidas como palavras -able, ible => desirable, admirable, convincible
derivadas. Ou seja, elas foram formadas a partir de outras -an, -ian => Brazilian, Sagittarian, suburban
palavras que já existiam combinadas com afixos – prefixos -ful => powerful, hopeful
e sufixos. Para que você amplie seu vocabulário é necessá- -y => tasty, healthy
rio reconhecer os afixos mais comumente usados na língua -ic => poetic democratic
inglesa juntamente com seus significados. -ical, al => sociological, magical, parental
-less => homeless, childless, wireless, topless
Quando acrescentamos sufixos ou prefixos às palavras,
nós criamos novos significados, podendo, ou não, alterar Há também os adjetivos terminados em -ed em em
a classe gramatical da palavra. Passemos, então, a falar de -ing. Suas formas são parecidas mas os sentidos diferentes.
alguns dos afixos mais usados. Os adjetivos terminados em -ed descrevem como você se
sente, como está frente a uma situação. Por outro lado, os
Prefixação: altera o significado da palavra primitiva, terminados em -ing descrevem algum ser, alguma coisa ou
mas sem mudar a classe gramatical. Ou seja, se a palavra pessoa que faz com que você se sinta daquela forma.
primitiva era um adjetivo, então a nova palavra também
será um adjetivo, etc. Ou seja, podemos memorizar que alguma coisa -ING
me faz ficar -ED.
a (sem) => amoral, apolitical, asexual Exemplos:
anti (contra) =>anti-clockwise, anti-nuclear, antichrist I’m worried because the situation is worrying. (Estou
dis (oposto) =>disagree, dishonest, disloyal preocupado porque a situação é preocupante)
il, ir, im, in, (não) =>illegal, irregular, imperfect, incom- The boss is satisfied because the resolutions were sa-
plete tisfying. (O chefe está satisfeito porque as soluções foram
mis (errado) =>misunderstand, misdirect, misaddress satisfatórias.)
non (não) =>nonsense, non-fiction, non-alcoholic Greg is interested in that interesting book. (Greg está
un (não) =>unintelligent, uncommon, unprofessional interessado naquele livro interessante)
out, over (excesso, além) =>overweight, overdose, We are confused because of this confusing story. (Esta-
overeat, outnumber mos confusos por causa desta história confusa)
pre (antes) =>premarital, prefix, prehistory

6
LÍNGUA INGLESA

Advérbios de Negação: no, not, não.


6. LOCALIZAÇÃO DE REFERÊNCIA TEXTUAL Advérbios de Ordem: firstly, primeiramente; secondly,
em segundo lugar; thirdly, em terceiro lugar; etc.
ESPECÍFICA DE ELEMENTOS, TAIS COMO
Advérbios de Tempo: already, já; always, sempre; early,
PRONOMES, ADVÉRBIOS, ENTRE OUTROS, cedo; immediately, imediatamente; late, tarde; lately, ulti-
SEMPRE EM FUNÇÃO DE SUA RELEVÂNCIA mamente; never, nunca; now, agora; soon, em breve, bre-
PARA A COMPREENSÃO DAS IDEIAS vemente; still, ainda; then, então; today, hoje; tomorrow,
EXPRESSAS NO TEXTO. amanhã; when, quando; yesterday, ontem; etc.
Advérbios Interrogativos: how, como; when, quando;
where, onde; why, por que; etc.
Alguns exemplos:
Advérbios She moved slowly and spoke quietly. (Ela se moveu
Tipos: Frequência, Modo, Lugar, Tempo, Intensidade, lentamente e falou sussurrando)
Dúvida, Afirmação. She still lives there now. (Ela ainda mora lá agora)
Expressões Adverbiais. It’s starting to get dark now. (Está começando a ficar
escuro agora)
Advérbios são palavras que modificam: She finished her tea first. (Primeiramente ela terminou
Um verbo (He ate slowly. = Ele comeu lentamente) - seu chá)
Como ele comeu? She left early. (Ela saiu cedo)
Um adjetivo (He drove a very slow car. = Ele pilotou um Oscar is a very bright man. (Oscar é um homem muito
carro muito lento) - Como era a rapidez do carro? brilhante)
Outro advérbio (She walked quite slowly down the ais- The children behaved very badly. (As crianças se com-
le. = Ela andou bem lentamente pelo corredor) - Com que portaram muito mal)
lentidão ela andou? This apartment is too small for us. (Esse apartamento é
pequeno demais para nós)
Advérbios frequentemente nos dizem quando, onde, The coffee is too sweet. (O café está doce demais)
por que, ou em quais condições alguma coisa acontece ou Jack is much taller than Peter. (Jack é muito mais alto
aconteceu. do que Peter)
São Paulo is far bigger than Recife. (São Paulo é muito
O advérbios são geralmente classificados em: maior que Recife)
Advérbios de Afirmação: certainly, certamente; indeed, The test was pretty easy. (A prova estava um tanto fácil)
sem dúvida; obviously, obviamente; yes, sim; surely, certa-
mente; etc. Duas ou mais palavras podem ser usadas em con-
Advérbios de Dúvida: maybe, possivelmente; perhaps, junto, formando, assim, as Locuções Adverbiais, como:
talvez; possibly, possivelmente; etc. Locução Adverbial de Afirmação: by all means, certa-
Advérbios de Frequência: daily, diariamente; mon- mente; in fact, de fato, na verdade; no doubt, sem dúvida;
thly, mensalmente; occasionally, ocasionalmente; often/ of course, com certeza, certamente, naturalmente; etc.
frequently, frequentemente; yearly, anualmente; seldom/ Locução Adverbial de Dúvida: very likely, provavelmente.
Locução Adverbial de Frequência: again and again, re-
rarely, raramente; weekly, semanalmente; always, sempre;
petidamente; day by day, dia a dia; every other day, dia sim,
never, nunca; sometimes, às vezes; hardly ever, quase nun-
dia não; hardly ever, raramente; every now and then, once
ca, raramente; usually/generally, geralmente; etc.
in a while, de quando em quando; etc.
Advérbios de Intensidade: completely, completamente;
Locução Adverbial de Intensidade: at most, no máximo;
enough, suficientemente, bastante; entirely, inteiramente;
little by little, pouco a pouco; more or less, mais ou menos;
much, muito; nearly, quase, aproximadamente; pretty, bas-
next to nothing, quase nada; on the whole, ao todo; to a
tante; quite, completamente; slightly, ligeiramente; equally,
certain extent, até certo ponto; to a great extent, em gran-
igualmente; exactly, exatamente; greatly, grandemente; de parte; etc.
very, muito; sufficiently, suficientemente; too, muito, de- Locução Adverbial de Lugar: at home, em casa; at the
masiadamente; largely, grandemente; little, pouco; merely, seaside, à beira-mar; far and near, por toda parte; on board,
meramente; etc. a bordo; on shore, em terra firme; to and from, para lá e
Advérbios de Lugar: anywhere, em qualquer lugar; para cá; etc.
around, ao redor; below, abaixo; everywhere, em todo Locução Adverbial de Modo: arm in arm, de braços da-
lugar; far, longe; here, aqui; near, perto; nowhere, em ne- dos; at random, ao acaso; fairly well, razoavelmente; hand
nhum lugar; there, lá; where, onde; etc. in hand, de mãos dadas; head over heels, de cabeça para
Advérbios de Modo: actively, ativamente; wrongly, er- baixo; just so, assim mesmo; neck and neck, emparelhados;
roneamente; badly, mal; faithfully, fielmente; fast, rapida- on credit, a crédito.
mente; gladly, alegremente; quickly, rapidamente; simply, Locução Adverbial de Negação: by no means, de ma-
simplesmente; steadily, firmemente; truly, verdadeiramen- neira alguma; in no case, em hipótese alguma; none of that,
te; well, bem; etc. nada disso; not at all, absolutamente; etc.

7
LÍNGUA INGLESA

Locução Adverbial de Tempo: all of a sudden, subita- Em Inglês, existe um “atalho” para este tipo de situação
mente; at first, a princípio; at present, atualmente; at once, usando o ‘s.
imediatamente; from now on, doravante, daqui em diante;
in after years, em anos vindouros; sooner or late, mais cedo Exemplos:
ou mais tarde; up to now, até agora; in a jiffy, in a trice, in Maria’s car.
a twinkling of an eye, in two shakes of a dog’s tail, in two João’s pen.
ticks, em um momento, num abrir e fechar de olhos; etc.
ATENÇAO: Não podemos confundir este ‹s possessivo
Mais exemplos: com o ‹s (abreviação to verbo TO BE “is”).
She has lived on the island all her life. (Ela viveu na ilha
a vida toda) Exemplos:
She takes the boat every day. (Ela pega o barco todos João’s a doctor.
os dias) João é um médico.
He ate too much and felt sick. (Ele comeu em excesso
e ficou enjoado) João’s doctor.
I like studying English very much. (Gosto muito de es- O médico de João.
tudar Inglês)
Para evitar esse tipo de confusão quando formos uti-
Cláusulas Subordinadas lizar o to be diretamente com um nome nós não abre-
Elas são também chamadas de dependent clauses ou viamos este to be “is” com ‘s. Deixamos o ‘s com nomes
cláusulas dependentes. Vejamos a definição de cláusula: sempre para os possessivos.
são grupos de palavras com um sujeito e um verbo. Lem-
bremos que os sujeitos nos falam sobre quem ou sobre o Exemplos:
quê a sentença se refere, e verbos mostram uma ação ou He’s a good friend.
um estado do ser. Alguns exemplos de cláusulas: Ele é um bom amigo.

I sharpened my pencil. (Eu apontei meu lápis.) Jack is a good friend.


My cat ran around the corner. (Meu gato correu para Jack é um bom amigo.
a esquina.)
Whenever I sharpen my pencil. (Toda a vez em que eu Tom is Jack’s good friend.
aponto meu lápis.) Tom é um bom amigo de Jack.
Until my cat ran around the corner. (Até o momento
em que meu correu para a esquina.) Outros detalhes quanto ao ‘s.
Caso existam múltiplos “donos” o ‘s vai apenas no úl-
Você provavelmente percebeu que apesar de cada timo.
uma dessas cláusulas possuir um sujeito e um verbo, nem
todas elas poderiam permanecer desacompanhadas. Os Exemplo:
últimos dois exemplos não fazem sentido por si mesmos. Kate and Cindy’s parents.
Ista ocorre porque eles são dependentes ou subordinados. Os pais de Kate e Cindy.
Eles não são sentenças completas, eles são fragmentos de
sentenças. Caso o “dono” seja terminado em S por conta de sua
Então, se você revisar nossa definição, verá que uma pluralidade, fazemos apenas o acréscimo do ‘ já no S exis-
cláusula subordinada é um grupo de palavras com um su- tente ficando s’.
jeito e um verbo que não pode permanecer sozinha.
Exemplos:
Quando falamos de posse, geralmente em inglês se usa My brother’s house.
os pronomes adjetivos ou possessivos. Porém em algumas A casa do meu irmão.
situações nós queremos relacionar o objeto em questão (Apenas um irmão)
diretamente ao nome de seu proprietário.
My brothers’ house.
Exemplos: A casa dos meus irmãos.
The car of Maria. (Mais de um irmão – plural)
O carro de Maria.
O ‘s é muito usado para informação de grau de pa-
The pen of João. rentesco o que pode confundir um pouco o estudante,
A caneta de João. portanto faça a leitura com calma deste tipo de estrutura.

8
LÍNGUA INGLESA

Exemplos:
Jack is my father’s brother.
Jack é o irmão de meu pai.
Peter is her brother’s best friend.
Peter é o melhor amigo do irmão dela.

William is David’s last name.


William é o sobre nome do David.

Há dois tipos de pronomes pessoais: sujeitos e objetos.

Pronome Pessoal Sujeito Tradução Pronome Pessoal Objeto


I eu Me
You você You
He ele Him
She ela Her
It ele/ela (para coisas ou animais) It
We nós Us
You vocês You
They eles/elas Them

Os pronomes pessoais sujeitos vêm antes do verbo, como sujeito da frase.


Os pronomes pessoais objetos vêm depois de verbo ou de preposição. Além de virem depois, o verbo principal da frase
está fazendo uma ação relacionada ao pronome pessoal objeto em questão.
A tabela criada acima já trás os sujeitos do lado esquerdo e os objetos do lado direto justamente para fazer a represen-
tação descrita acima, facilitando assim o entendimento por parte do candidato.

Exemplos:
She loves him a lot.
Ela ama ele muito.

I saw her at the party yesterday.


Eu vi ela na festa ontem.

We are going to meet them in front of the stadium.


Nós vamos encontrar eles na frente do estádio.

They waited for us for two hours.


Eles esperaram por nós por duas horas.

Can you send this e-mail for me, please?


Você pode enviar este e-mail para mim, por favor?

Alguns verbos podem ter dois objetos. A coisa é como objeto direto e a pessoa como objeto indireto. Assim podemos
alternar a posição dos dois na frase.

Exemplo:
Give me that letter.
Me dê esta carta.

Give that letter to me.


Dê esta carta para mim.

Quando a pessoa (objeto indireto) é usado logo após o verbo, nós não utilizamos a preposição to. No outro caso
quando a pessoa (objeto indireto) vem após a coisa (objeto direto) nós precisamos utilizar a preposição to para a maioria
dos verbos (exemplo: show, give, tell, send, write, etc.) ou a preposição for com a minoria dos verbos (exemplo: buy, bring,
find, cook, etc.)

9
LÍNGUA INGLESA

Exemplos:
Write them an e-mail.
Escreva a eles um e-mail.

Write an e-mail to them.


Escreva um e-mail para eles.

Show me your new cellphone.


Me mostre seu novo celular.

Show your new cellphone to me.


Mostre o seu novo celular para mim.

Give us your e-mail address.


Nos dê seu endereço de e-mail.

Give your e-mail address to us.


De seu endereço de e-mail para nós.

Na tirinha:

Ok, Ok I’ll put mine down if you put yours down first.
Ok, Ok, eu irei abaixar o meu se você abaixar o seu primeiro.

10
LÍNGUA INGLESA

Há dois tipos de pronomes possessivos: adjetivos e substantivos.

Pron. Possessivo Adjetivo Tradução Pron. Possessivo Substantivo


My meu(s)/minha(s) Mine
Your seu/sua Yours
His dele His
Her dela Hers
Its dele/dela (coisas ou animais) Its
Our nosso(s)/ nossa(s) Ours
Your seus/suas Yours
Their deles/delas Theirs

Os pronomes possessivos adjetivos vem antes do substantivo.

Os pronomes possessivos substantivos podem vir após o substantivo ou podem substituir o substantivo a qual se re-
ferem assim reduzindo a frase.
Para facilitar o entendimento do candidato, nos exemplos abaixos os substantivos ficarão sublinhados.

Exemplos:
His kid is playing with hers.
O filho dele está brincando com o dela.

No exemplo acima:
His – pronome possessivo adjetivo, antes do substantivo “kid”.
Hers – pronome possessivo substantivo, substituindo o substantivo “kid”, para evitar a repetição da mesma palavra
várias vezes na mesma frase.

Exemplos:
My friends went to the club with yours.
Meus amigos foram ao clube com os seus.

Our mother likes pizza.


Nossa mãe gosta de pizza.

Did you prefer his presentation or hers?


Você preferiu a apresentação dele ou a dela?

11
LÍNGUA INGLESA

Na ilustração:

Nós usamos os pronomes reflexivos quando o pronome faz e recebe a ação. (Pronomes reflexivos agem como objetos
e não como sujeitos).
Certo:
“Eu me machuquei.”
“Ela se vestiu.”
“Eles se contradisseram.”
“Ele se trancou para fora do carro.”

Errado:
“John e eu mesmo estamos doentes.”
“Eles amaram Sam e eles mesmos.”

Os Pronomes reflexivos são usados quando a ação do verbo recai sobre o próprio sujeito. O pronome reflexivo vem
logo após o verbo e concorda com o sujeito. Eles se caracterizam pelas terminações -self (nas pessoas do singular) e -sel-
ves (nas pessoas do plural).

12
LÍNGUA INGLESA

Pronome Reflexivo Tradução SOME – Formas compostas

Exemplos:
Myself A mim mesmo Somebody / someone - alguém.
Somewhere - algum lugar.
Yourself A ti, a você mesmo(a)
Something - alguma coisa.
Himself A si, a ele mesmo Sometime - alguma vez / alguma hora.
Herself A si, a ela mesma
Exemplos:
Itself A si mesmo(a)
There is somebody at the door.
Ourselves A nós mesmos Tem alguém na porta.
Yourselves A vós, a vocês mesmos
Liz lives somewhere in Atlanta.
Themselves A si, a eles mesmos Liz vive em algum lugar em Atlanta.
Exemplos: I need something from the drugstore.
She is looking at herself in the mirror. Eu preciso de alguma coisa da farmácia.
Ela está olhando para si mesma no espelho.
Let’s have dinner together sometime tonight.
He hurt himself with a knife.
Vamos jantar juntos alguma hora hoje a noite.
Ele machucou a si mesmo com a faca.
ANY
O Pronome reflexivo também é empregado certas ve-
Algum, nenhum, qualquer.
zes para dar ênfase à pessoa que pratica a ação dizendo
Utilizamos any nas perguntas e respostas negativas,
que ele mesmo por si só praticou tal ação. Para tanto, po-
antes do substantivo.
demos posicioná-lo logo após o sujeito ou no fim da frase.
Este tipo de estrutura também é conhecida como Emphatic Nas perguntas any se refere a qualquer quantidade,
pronouns. por exemplo quando perguntamos se você tem alguma
quantidade de dinheiro.
Exemplos:
Carlos himself did the homework. Exemplo:
O próprio Carlos fez a tarefa. Do you have any money?
Você tem qualquer (quantidade de) dinheiro?
Marilyn herself wrote that message.
A própria Marilyn escreveu aquela mensagem. Nas negativas, any tem a função de nada, zero, vazio,
Os Pronomes reflexivos podem ser precedidos pela etc. Porém não podemos fazer negativas em Inglês negan-
preposição  by.  Nesse caso, dão o sentido de  que alguém do no auxiliar e em seguida com no quando queremos em-
fez algo sozinho, sem ajuda ou companhia de ninguém. pregar esta função:

Exemplos: Exemplos:
Did you go to the party by yourself? There aren’t no fruits in the kitchen.
Você foi à festa sozinho? Não tem nenhuma fruta na cozinha.

That old man wants to live by himself. There aren’t any fruits in the kitchen.
Aquele senhor quer viver sozinho. Não tem qualquer fruta na cozinha.

Os pronomes indefinidos, também conhecidos como There are no fruits in the kitchen.
Indefinite Pronouns são utilizados para falarmos de lugares, Tem nenhuma fruta na cozinha.
coisas e pessoas indefinidas, de modo vago ou impreciso. Auxiliar na afirmativa seguido de no também está cor-
reto.
SOME
Algum, alguma, alguns, algumas Lembre-se que não existe o que chamamos de dupla
É utilizado nas frases afirmativas e antes do substantivo. negativa. Ou se nega no auxiliar ou se nega no pronome
indefinido, não em ambos ao mesmo tempo.
Exemplos:
There are some trees in the park.
I have no wine Correto
Tem algumas árvores no parquet.
I don’t have any wine Correto
Paul and Linda have some money. I don’t have no wine Errado
Paul e Linda tem algum dinheiro.

13
LÍNGUA INGLESA

ANY – Formas compostas NONE


nenhum, nenhuma, ninguém ou nada
Exemplos:
Anybody / anyone - Alguém, ninguém, qualquer um. Utilizado no começo ou no fim da frase quando o ver-
Anywhere - Algum lugar, nenhum lugar, qualquer bo está na forma afirmativa, mas a idéia é negativa. None é
lugar. usado no lugar de um pronome ou substantivo.
Anything - Alguma coisa, nenhuma coisa, qualquer
coisa. Exemplos:
Do you have any money?
Exemplos: None.
Is anybody out there?
Tem alguém aí? Você tem algum dinheiro?
Nada.
You can buy bread anywhere.
Você consegue comprar pão em qualquer lugar. None of them is my brother.
Nenhum deles é meu irmão.
Do you have anything interesting? Os Relative Pronouns são usados quando queremos
Você tem alguma coisa interessante? identificar ou adicionar alguém ou alguma coisa em uma
oração ou quando queremos informações que comple-
EVERY – Formas compostas mentem a oração anterior. Podemos também dizer que
os pronomes relativos unem duas orações, estabelecendo
Exemplos: uma “relação” entre elas. Por isso, são chamados “relativos”.
Everybody / everyone - todos, todas, todo mundo.
Everywhere - todos os lugares. Who – quem / que - usado para pessoas.
Everything - tudo.
Exemplo:
Exemplos: That is the girl. She gave me a kiss.
Everybody at the party is happy. Aquela é a garota. Ela me deu um beijo.
Todo mundo na festa está feliz
OBS: Apesar do pronome everybody e everyone passar That is the girl who gave me a kiss.
a idéia de coletividade, de pluracidade, na verdade eles são Aquela é a garota que me deu um beijo.
concordados com o verbo no singular, neste exemplo is.
Whom – que / quem / o qual / a qual - usado para pes-
Nowadays violence is everywhere. soas, normalmente após preposição. É utilizado em frases
Hoje em dia a violencia está em todos os lugares. mais formais.

In this store everything is very expensive. Exemplo:


Nesta loja tudo é muito caro. We need to listen to my brother. My brother has a lot
of experience with this.
NO – Formas compostas Nós precisamos escutar o meu irmão. Meu irmão tem
muita experiencia com isto.
Exemplos:
Nobody / no one - ninguém. My brother is the one to whom we need to listen to
No way - de modo algum. because he has a lot of experience with this.
Nowhere - em lugar algum. Meu irmão é quem devemos ouvir porque ele tem
Nothing - nada. muita experiência com isto.

Exemplos: Which – que - usado para coisas e animais.


Nobody helped me.
Ninguém me ajudou. Exemplo:
I watched a movie. The movie was fantastic.
No way you are going to that party. Eu assisti um filme. O filme foi fantástico.
De modo algum você irá para aquela festa.
I watched a movie which was fantastic.
It is raining nowhere. Eu assisti um filme que foi fantástico.
Está chovendo em lugar algum.
Where – onde / em que / no qual / na qual - refere-se
Nothing makes him happy. a lugares.
Nada o faz feliz.

14
LÍNGUA INGLESA

Exemplo:
I stayed in a hotel last night. In the hotel I saw Michael Jordan.
Eu fiquei em um hotel ontem a noite. No hotel eu vi Michael Jordan.

I stayed in a hotel last night where I saw Michael Jordan.


Eu fiquei em um hotel ontem a noite onde eu vi Michael Jordan.
Whose – cujo / cuja / de quem - usado para indicar posse.

Exemplo:
This is the boy. The boy’s father is my boss.
Este é o menino. O pai do menino é meu chefe.

This is the boy whose father is my boss.


Este é o garoto cujo pai é meu patrão.

That – que - Refere-se a coisas e pessoas. Ou seja, tem a mesma função que who e which.

Exemplo:
My city has a nice club. This club is promoting a big party.
Minha cidade tem um belo clube. Este clube está promovendo uma grande festa.

My city has a nice club that is promoting a big party.


Minha cidade tem um belo clube que está promovento uma grande festa.

15
LÍNGUA INGLESA

Os  Pronomes Interrogativos também chamados de To whom were you speaking last night?
Question Words, são utilizados para obtermos informações Com quem você estava falando ontem à noite?
mais específicas a respeito de algo ou alguém. As pergun- Whose – De quem
tas formuladas com eles são conhecidas também como
wh-questions porque todos estes pronomes interrogati- Exemplos:
vos possuem as letras wh. Na grande maioria das vezes, os Whose pen is this?
pronomes interrogativos são posicionados antes de verbos De quem é esta caneta?
auxiliares ou modais, no início de frases.
Whose mansion is that?
What – O que, que, qual - usado para questões com De quem é aquela mansão?
opções mais amplas de resposta.
Which – Qual, quais - usado para questões com opções
Exemplos: limitadas de resposta.
What time is it now?
Que horas são agora?
Exemplos:
Which of those girls is your sister?
What are you doing here?
Qual daquelas meninas é a sua irmã?
O que você está fazendo aqui?
Where – Onde
Which color do you prefer: yellow or blue?
Exemplos: Qual cor você prefere: amarelo ou azul?
Where do you work?
Onde você trabalha? Existem diversas formas compostas dos pronomes in-
terrogativos. Podemos juntar outras palavras a estes antes
Where do your kids study? dos verbos auxiliares, para especificar alguma informação.
Onde seus filhos estudam?
Exemplos:
When – Quando What kind of movies do you like?
Que tipo de filmes você gosta?
Exemplos:
When did they move? What sports do you practice?
Quando eles se mudaram? Que esportes você pratica?

When did you travel to Europe? What soccer team are you a fan of?
Quando você viajou para a Europa? Para que time de futebol você torce?

Who – Quem How often do you go to the gym?


Com que frequência você vai à academia?
Exemplos:
Who is that girl? How long is the Amazon river?
Quem é aquela garota? Qual o comprimento do rio Amazonas?
Who arrived first in the race?
How much does this newspaper cost?
Quem chegou primeiro na corrida?
Quanto custa este jornal?
Why – Por que
How many brothers do you have?
Exemplos: Quantos irmãos você tem?
Why did you cry?
Por que você chorou? How good are you at tennis?
O quanto você é bom em tênis?
Why are you late for class?
Por que você está atrasado para a aula? How old are you?
Quantos anos você tem?
Whom – Quem – mais formal que who e geralmente How far is São Paulo from Rio?
vem após uma preposição. Qual a distância entre São Paulo e Rio?

Exemplos: How deep is this river?


With whom did you go to the park? Quão profundo é este rio?
Com quem você foi ao parque?

16
LÍNGUA INGLESA

Quando uma pergunta questiona sobre o sujeito da oração, não se usa verbo auxiliar. Assim, o pronome interrogativo
inicia a pergunta seguido das outras palavras na ordem afirmativa. Observe:

Exemplos:
Who likes to eat vegetables?
Quem gosta de comer vegetais?

What broke the window?


O que quebrou a janela?

Who speaks English in this room?


Quem fala inglês nesta sala?

How many people survived the accident?


Quantas pessoas sobreviveram ao acidente?

Em muitos casos, as perguntas são finalizadas por preposições que complementam seu sentido:

Exemplos:
Where are you from?
De onde você é?

What is your city like?


Como é a sua cidade?

Who did you play against?


Contra quem você jogou?

Where did you send the letter to?


Para onde você enviou a carta?

What is this for?


Para que é isto?

17
LÍNGUA INGLESA

VERBS

Quanto à forma, podemos classificar os verbos ingleses em Regulares, Irregulares e Modais.

São chamados de regulares os verbos que geralmente seguem a mesma regra.


No caso do presente, verbos regulares são aqueles que recebem -s:

Exemplo:
Play – plays, sing – sings
No caso do passado, verbos regulares são aqueles que recebem -ed:

Exemplo:
Play – played, cook – cooked

Verbos irregulares são aqueles que não seguem uma mesma regra.
Tanto no caso do presente ou do passado, os verbos sofrem modificações individuais.

Exemplos:
Presente:
have – has, do – does

Passado:
Sing – sang, eat – ate

Os verbos irregulares não têm uniformidade quanto à escrita do passado simples e do particípio. Confira os três últimos
exemplos na tabela abaixo.

Infinitivo Simple Past tense Past Participle Tradução


to accept accepted accepted aceitar
to add added added adicionar, somar
to arrive arrived arrived chegar
to be was, were been ser, estar
to begin began begun começar, iniciar
to buy bought bought comprar

18
LÍNGUA INGLESA

Abaixo segue uma tabela dos verbos mais utilizados na língua inglesa. Assim como as palavras mais comuns (aquela
lista não possui verbos) os verbos também são parte fundamental das frases. Quanto mais verbos o estudante souber –
mais facilmente ele entenderá todas as frases de um texto.

# Infinitive Simple Past Tradução


1 Accept Accepted Aceitar
2 Agree Agreed Concordar
3 Answer Answered Responder
4 Appear Appeared Aparecer
5 Arrive Arrived Chegar
6 Ask Asked Perguntar
7 Attack Attacked Atacar
8 Bake Baked Assar
9 Be Was, were Ser, estar
10 Become Became Tornar-se
11 Begin Began Começar
12 Believe Believed Acreditar, crer
13 Bet Bet Apostar
14 Bite Bit Morder, picar
15 Bleed Bled Sangrar
16 Borrow Borrowed Pedir emprestado
17 Break Broke Quebrar, interromper
18 Bring Brought Trazer
19 Build Built Construir
20 Burn Burned, burnt Queimar
21 Buy Bought Comprar
22 Call Called Ligar, chamar
23 Cancel Canceled Cancelar
24 Carry Carried Carregar
25 Celebrate Celebrated Celebrar, comemorar
26 Change Changed Trocar, mudar
27 Chat Chatted Bater papo
28 Clap Clapped, clapt Bater palma
29 Clean Cleaned Limpar
30 Climb Climbed Subir, escalar
31 Close Closed Fechar
32 Come Came Vir, chegar
33 Complain Complained Reclamar
34 Cook Cooked Cozinhar
35 Cost Cost Custar
36 Broadcast Broadcast Transmitir
37 Create Created Criar
38 Cry Cried Chorar
39 Cut Cut Cortar

19
LÍNGUA INGLESA

40 Damage Damaged Danificar, estragar


41 Dance Danced Dançar
42 Date Dated Sair para um encontro, namorar
43 Decide Decided Decidir
44 Deliver Delivered Entregar
45 Depend Depended Depender
46 Dive Dived, dove Mergulhar
47 Do Did Fazer, executar
48 Draw Drew Desenhar
49 Dream Dreamt, dreamed Sonhar
50 Drink Drank Beber
51 Drive Drove Dririgir (4 rodas)
52 Eat Ate Comer
53 End Ended Terminar
54 Enjoy Enjoyed Apreciar, desfrutar, gostar
55 Exercise Exercised Exercitar-se, fazer exercícios
56 Fall Fell Cair
57 Feed Fed Alimentar(se), alguém
58 Fight Fought Lutar
59 Find Found Encontrar
60 Finish Finished Terminar
61 Fish Fished Pescar
62 Fix Fixed Consertar, arrumar
63 Fly Flew Voar
64 Follow Followed Seguir
65 Forget Forgot Esquecer(se)
66 Fry Fried Fritar
67 Get Got Conseguir, ganhar
68 Get up Got up Levantar-se
69 Give Gave Dar, conceder
70 Go Went Ir
71 Grow Grew Crescer, cultivar
72 Guess Guessed Adivinhar, supor
73 Happen Happened Acontecer
74 Hate Hated Odiar
75 Have Had Ter, possuir
76 Hear Heard Ouvir
77 Help Helped Ajudar
78 Hide Hid Esconder, ocultar(se)
79 Hit Hit Bater
80 Hunt Hunted Caçar
81 Hurt Hurt Machucar
82 Improve Improved Melhorar, aperfeiçoar

20
LÍNGUA INGLESA

83 Interview Interviewed Entrevistar


84 Jog Jog Caminhar (exercício físico)
85 Jump Jumped Pular, saltar
86 Keep Kept Guardar, manter, permanecer
87 Kiss Kissed Beijar
88 Know Knew Saber, conhecer
89 Listen Listened Escutar
90 Live Lived Viver, ao vivo
91 Look Looked Olhar, parecer
92 Lose Lost Perder
93 Love Loved Amar
94 Make Made Fazer, produzir, fabricar
95 Marry Married Casar
96 Meet Met Encontrar-se com
97 Miss Missed Sentir saudades, perder a hora
98 Move Moved Mexer, mudar-se
99 Need Needed Precisar, necessitar
100 Offer Offered Oferecer
101 Open Opened Abrir
102 Paint Painted Pintar
103 Park Parked Estacionar
104 Pay Paid Pagar
105 Plant Planted Plantar
106 Play Played Tocar instrumento, brincar
107 Practice Practiced Praticar, treinar
108 Prefer Prefered Preferir
109 Pull Pulled Puxar
110 Push Pushed Empurrar
111 Quit Quit Desistir, sair, abandonar
112 Rain Rained Chover
113 Read Read Ler
114 Relax Relaxed Relaxar, descansar
115 Remember Remembered Lembrar, recordar
116 Repair Repaired Reparar, consertar
117 Repeat Repeated Repetir
118 Rescue Rescued Resgatar, socorrer
119 Respond Responded Responder
120 Rest Rested Relaxar, descansar
121 Review Reviewd Revisar
122 Ride Rode Cavalgar (2 rodas)
123 Run Run Correr, administrar
124 Save Saved Salvar, economizar (dinheiro)
125 Say Said Dizer

21
LÍNGUA INGLESA

126 Search Seached Pesquisar, procurer, buscar.


127 See Saw Ver
128 Sell Sold Vender
129 Send Sent Enviar
130 Sing Sang Cantar
131 Sink Sank Afundar, naufragar
132 Sit Sat Sentar
133 Skate Skated Patinar, andar de skate
134 Ski Skied Esquiar
135 Sleep Slept Dormir
136 Smell Smelt Cheirar
137 Snow Snowed Nevar
138 Speak Spoke Falar
139 Spell Spelled Soletrar
140 Spend Spent Gastar tempo ou dinheiro
141 Spill Spilled, spilt Derramar liquido
142 Start Started Iniciar, começar
143 Steal Stole Roubar
144 Stop Stopped Parar, deter
145 Study Studied Estudar
146 Suggest Suggested Sugerir
147 Swear Swore Jurar, falar palavrão
148 Sweat Sweat, sweated Suar
149 Sweep Swept Varrer
150 Swim Swam Nadar
151 Take Took Tomar, pegar
152 Talk Talked Falar
153 Teach Taught Ensinar
154 Tell Told Contar, dizer
155 Thank Thanked Agradecer
156 Think Thought Pensar, achar (opnião)
157 Throw Threw Jogar, arremessar.
158 Touch Touched Tocar
159 Travel Traveled Viajar
160 Try Tried Tentar
161 Turn Turn Girar, rodar, virar
162 Understand Understood Entender, compreender
163 Upset Upset Ficar nervoso, com raiva
164 Use Used Usar
165 Visit Visited Visitar
166 Wait Waited Esperar
167 Wake up Waked up, woke up Acordar
168 Walk Walked Caminhar, andar

22
LÍNGUA INGLESA

169 Want Wanted Querer


170 Wash Washed Lavar
171 Watch Watched Assistir, vigiar
172 Water Watered Regar
173 Wear Wore Vestir
174 Welcome Welcomed Dar boas vindas
175 Win Won Ganhar, vencer
176 Wish Wished Desejar
177 Work Worked Trabalhar, funcionar
178 Worry Worried Preocupar-se
179 Write Wrote Escrever

PRESENTE CONTÍNUO: indica algo que acontece no exato momento da fala. As frases neste tempo verbal mostram o
que alguém está fazendo (gerúndio). Necessita do verbo to be (am, is, are) e mais algum outro verbo com terminação -ing
(-ando, endo, -indo, -ondo):

Exemplos:
I am writing a book.
Eu estou escrevendo um livro.

You are reading.


Você está lendo.

He is listening to music.
Ele está escutando música.

She is making lunch.


Ela está fazendo o almoço.

It is playing with a ball.


Ele/Ela está brincando com uma bola.

We are learning together.


Nós estamos aprendendo juntos.

You are studying English.


Vocês estão estudando Inglês.

They are traveling.


Eles estão viajando.

*O pronome it é usado para coisas e animais. Pode referir-se a pessoas quando não se sabe o sexo.

Tudo o que foi descrito nestas frases está acontecendo agora, neste exato momento. Por isso usamos o presente con-
tínuo. Para tornar todas estas frases negativas, basta posicionar a palavra not após o to be, ou fazer uma contração ente
eles (am not, isn’t, aren’t).

Exemplos:
I am not writing a book. (O to be am negativo não possui forma contraida)

You aren’t reading.


Você não está lendo.

He isn’t listening to music.


Ele não está escutando música.

23
LÍNGUA INGLESA

She isn’t making lunch. He was listening to music.


Ela não está fazendo o almoço. Ele estava ouvindo musica.

It isn’t playing with a ball. She was making lunch.


Ele/Ela não está brincando com uma bola. Ela estava fazendo o almoço.
It was playing with a ball.
We aren’t learning together. Ele/ela (animal) estava brincando com a bola.
Nós não estamos aprendendo juntos.
You aren’t studying English. We were learning together.
Vocês não estão estudando Inglês. Nós estamos aprendendo juntos.

They aren’t traveling. You were studying English.


Eles não estão viajando. Você estava estudando Inglês.

Agora, para transformarmos as frases em interro- They were traveling.


gações, devemos mudar a posição do to be. Precisamos Eles estavam viajando.
posicioná-lo (am, is, are) antes dos sujeitos das frases. As
outras palavras permanecem em suas posições originais. Perceba que usamos was com I/He/She/It, e que usa-
Claro que não podemos esquecer do ponto de interroga- mos were com You/We/They. Agora, para formar a negati-
ção. Veja: va (wasn’t, weren’t) e a interrogativa (Was I...?, Were you...?),
basta proceder da mesma forma que vimos no caso do
Exemplos: Presente Contínuo.
Am I writing a book?
Eu estou escrevendo um livro? FUTURO CONTÍNUO: para relatar aquilo que alguém es-
tará fazendo em um determinado momento no futuro, é só
Are you reading? utilizar will be e mais qualquer outro verbo terminado em -ing.
Você está lendo?
I will be writing a book tomorrow night.
Eu estarei escrevendo um livro amanhã a noite.
Is he listening to music?
Ele está ouvindo música?
You will be reading when she arrives.
Você estará lendo quando ela chegar.
Is she making lunch?
Ela está fazendo o almoço? He will be listening to music this Saturday.
Ele estará ouvindo música este sábado.
Is It playing with a ball?
Ele/ela (animal) está brincando com a bola? She will be making lunch tomorrow at noon.
Ela estará fazendo o almoço.
Are we learning together?
Nós estamos aprendendo juntos? It will be playing with a ball Monday.
Ele/ela (animal) estará brincando com a bola segunda-feira.
Are you studying English?
Você está estudando Inglês? We will be learning together during the trip to Spain.
Nós estaremos aprendendo juntos durante a viagem
Are they traveling? para a Espanha.
Eles estão viajando?
You will be studying English next semester.
PASSADO CONTÍNUO: se você quiser colocar todas as Você estará estudando Inglês durante o próximo se-
frases que acabamos de estudar no passado, para relatar o mestre.
que alguém estava fazendo, é muito simples. Basta trocar
verbo to be que estava no presente pelo to be no passado They will be traveling to Germany next summer.
(was, were). Apenas tenha atenção na hora de saber qual Eles estarão viajando para a Alemanha no próximo ve-
pessoa usará was e qual usará were. rão (férias).

Exemplos: Nas negativas, simplesmente posicionamos not logo


I was writing a book. após o auxiliar will, ou fazemos uma contração com eles
Eu estava escrevendo um livro. (will+not= won’t).

You were reading. Para interrogar, faz-se a colocação do auxiliar will antes
Você estava lendo. do sujeito das frases (Will I...?, Will you...?).

24
LÍNGUA INGLESA

PRESENTE SIMPLES: este tempo verbal nos fala de si- I don’t work in the evening.
tuações que acontecem rotineiramente. Estas situações Eu não trabalho a noite (no período da noite).
não acontecem no exato momento da fala, mas usual-
mente durante o dia a dia. Por exemplo, você pode dizer You don’t like to dance.
em português “eu trabalho”. Essas suas palavras indicam Você não gosta de dançar.
algo rotineiro para você, não querem dizer que você es-
teja trabalhando agora, neste exato momento. É essa no- He doesn’t sleep a lot.
ção de que algo acontece no presente mas como uma Ele não dorme muito.
rotina é o que o presente simples indica. Vamos ver a
conjugação de alguns verbos no presente simples com She doesn’t cook well.
frases afirmativas primeiro: Ela não cozinha bem.

I work in the evening. It doesn’t bark too much.


Eu trabalho a noite (no período da noite). Ele/ela* não late muito. (Lembrando que o pronome
it é utilizado como ele/ela quando se refere a animais ou
You like to dance. objetos, neste caso um cachorro ou cadela).
Você gosta de dançar.
We don’t speak English fluently.
He sleeps a lot. Nós não falamos Inglês fluentemente.
Ele dorme muito. You don’t drive fast.
Você não dirige rapidamente.
She cooks well.
Ela cozinha bem. They don’t drink beer.
Eles não bebem cerveja.
It barks too much.
Ele/ela* late muito. (Lembrando que o pronome it é Para fazermos perguntas, posicionaremos do e does
utilizado como ele/ela quando se refere a animais ou ob- antes do sujeito da frase e acrescentaremos o ponto de
jetos, neste caso um cachorro ou cadela). interrogação.

We speak English fluently. Do I work in the evening?


Nós falamos Inglês fluentemente. Você trabalha a noite (no período da noite)?

You drive fast. Do you like to dance?


Você dirige rapidamente. Você gosta de dançar?

They drink beer. Does he sleep a lot?


Eles bebem cerveja. Ele dorme muito?

Perceba que basta seguir a ordem “sujeito + verbo no Does she cook well?
infinitivo sem to (+complemento)” para formar algumas Ela cozinha bem?
sentenças. É a ordem natural das palavras em Português
também. Assim, se você souber uma boa gama de ver- Does it bark too much?
bos, poderá montar muitas frases para praticar. Ele/ela* late muito? (Lembrando que o pronome it é
utilizado como ele/ela quando se refere a animais ou ob-
Neste caso de sentenças afirmativas somente neces- jetos, neste caso um cachorro ou cadela).
sitamos tomar cuidado com os detalhes em negrito e em
sublinhado. Todas as vezes em que o sujeito da frase for Do we speak English fluently?
a terceira pessoa do singular (he/she/it), devemos acres- Nós falamos Inglês fluentemente?
centar um -s no final do verbo. Em algumas situações
será um -es, e no caso do verbo ter (to have) a forma será Do you drive fast?
has. Repito: só nas afirmativas com 3ª pessoa singular. Você dirige rapidamente?

As negativas precisam fazer o uso dos verbos auxilia- Do they drink beer?
res do e does, acrescidos de not (do+not=don’t / does+- Eles bebem cerveja?
not=doesn’t). Doesn’t será usado somente com 3ª pes-
soa singular. Exemplos:

25
LÍNGUA INGLESA

Ótimo. Agora, para finalizarmos o presente simples, Finalizando, para transformarmos estas frases em in-
passemos ao principal verbo inglês: o to be. A conjugação terrogações, temos que por o to be antes dos sujeitos.
do presente do to be possui três formas: am, is e are. Este Lembrete: ponto de interrogação! Assim:
verbo significa duas coisas ao mesmo tempo: ser e estar.
Mas como identificar se numa frase ele quer se referir ao Am I a teacher?
verbo ser ou se ao verbo estar? Resposta: depende da fra- Eu sou um(a) professor(a)?
se, depende do contexto. Veja:
Are you a student?
I am a teacher. Você é um(a) aluno(a)?
Eu sou um(a) professor(a).
Is he late?
You are a student. Ele está atrasado?
Você é um(a) aluno(a).
Is she early?
He is late. Ela está adiantada?
Ele está atrasado.
Is it tall?
She is early. Ele/ela* é alto(a)?
Ela está adiantada. Are we Brazilians?
Nós somos brasileiros?
It is tall.
Ele/Ela é alto(a). Are you busy?
Você está ocupado?
We are Brazilians.
Nós somos brasileiros. Are they happy?
You are busy. Eles estão felizes?
Você(s) está(ão) ocupado(s).

They are happy. PASSADO SIMPLES: indica alguma ação completa no


Eles/Elas estão/são felizes. passado, ou seja, algo já finalizado. O passado simples ca-
racteriza-se pela adição da terminação -ed aos verbos RE-
Note que am é usado na primeira pessoa do singular, GULARES nas afirmativas. Nas interrogativas, usamos Did
is na terceira do singular e are nas outras. antes dos sujeitos das frases e, nas negativas, did not ou
didn’t. Vejamos:
Para negarmos, usamos not logo após o to be ou faze-
mos contração entre eles. I worked yesterday.
Eu trabalhei ontem.
I am not a teacher.
Eu não sou um(a) professor(a). You answered my e-mail.
You aren’t a student. Você respondeu ao meu e-mail.
Você não é um(a) aluno(a).
He traveled a lot.
He isn’t late. Ele viajou muito.
Ele não está atrasado.
She watched the movie.
She isn’t early. Ela assitiu o filme.
Ela não está adiantada.
It barked all night.
It isn’t tall. Ele/Ela* latiu a noite toda.
Ele/ela não é alto(a).
We stayed here.
We aren’t Brazilians. Nós ficamos aqui.
Nós não somos Brasileiros(as)
You played very well.
You aren’t busy. Vocês jogaram muito bem.
Você não é(são)/não está(estão) ocupado(a)(s).
They parked far.
They aren’t happy. Eles estacionaram longe.
Eles não estão/são feliz(es).

26
LÍNGUA INGLESA

I didn’t work yesterday. He drank too much. (to drink: beber)


Eu não trabalhei ontem. Ele bebeu demais.

You didn’t answer my e-mail. She had a sister. (to have: ter)
Você não respondeu ao meu e-mail. Ela tinha uma irmã.

He didn’t travel a lot. It slept under the bed. (to sleep: dormir)
Ele não viajou muito. Ele/Ela* dormiu embaixo da cama.
We ate pizza last night. (to eat: comer)
She didn’t watch the movie. Nós comemos pizza ontem a noite.
Ela não assistiu o filme.
You won together. (to win: vencer, ganhar)
It didn’t bark all night. Vocês venceram juntos.
Ele/Ela* não latiu a noite toda.
They cut the meat. (to cut: cortar)
We didn’t stay here.
Eles cortaram a carne.
Nós não ficamos aqui.
FUTURO SIMPLES: Usamos o futuro simples para dizer
You didn’t play very well. que algo vai acontecer ou deverá acontecer, para expressar
Vocês não jogaram muito bem. ações que iremos fazer mas que não tínhamos planejado an-
teriormente, para fazer previsões sobre o futuro, uma vez que
They didn’t park far. não temos certeza se essa previsão irá mesmo se concretizar ou
Eles não estacionaram longe. não. Usamos também o futuro simples para promessas, ofertas
e propostas. A estrutura é formado pela utilização do auxiliar
Did I work yesterday? will após o sujeito seguido de algum verbo. A negativa é obtida
Eu trabalhei ontem? com will not ou com a contração won’t. Para perguntar no futu-
ro simples, é só colocar will antes do sujeito. Exemplos:
Did you answer my e-mail?
Você respondeu ao meu e-mail? I will buy a car.
Eu vou comprar um carro.
Did he travel a lot?
Ele viajou muito? You will have a baby.
Você vai ter um bebê.
Did she watch the movie?
Ela assistiu o filme? He will study abroad.
Ele irá estudar no exterior.
Did it bark all night?
Ele/Ela* latiu a noite toda? She will go to the park.
Ela irá para o parque.
Did we stay here?
Nós ficamos aqui? It will stay at the veterinarian.
Ele/ela* irá permanecer no veterinário.
Did you play very well?
We will make a barbecue.
Vocês jogaram muito bem?
Nós iremos fazer um churrasco.
Did they park far? You will help me later.
Eles estacionaram longe? Você irá me ajudar depois.
Quanto aos verbos irregulares, procederemos da mes- They will be partners.
ma forma. A única diferença é nas afirmações, pois eles não Eles serão parceiros.
recebem terminação -ed. É essencial memorizar as formas
irregulares. Vejamos: FUTURO IMEDIATO: Utilizamos o futuro imediato para ex-
pressar algo que já foi planejado e por isso existe a certeza de
I went to the beach. (to go: ir) que irá acontecer. Por ser algo que temos certeza que iremos
Eu fui para a praia. fazer o futuro imediato acaba sendo usado frequentemente
para expressar ações que acontecerão num futuro bem próxi-
You left early. (to leave: sair, deixar) mo, por isso chamado de imediato. A estrutura do futuro ime-
Você saiu cedo. diato é o sujeito + o verbo to be no presente (am, is, are) +
going to + verbo principal + complemento.

27
LÍNGUA INGLESA

I’m going to visit my mother tonight. Se quisermos, podemos acrescentar no final da frase a
Eu irei visitar minha mãe hoje a noite. palavra yet, que significa tal ação “ainda” não aconteceu.
(apenas nas negativas)
Jack is going to swim tomorrow.
Jack irá nadar amanhã. I haven’t made my bed yet.
Eu ainda não arrumei minha cama.
It is going to rain in a few minutes. Mike hasn’t seen the ocean yet.
Irá chover em alguns minutos. Mike ainda não viu o oceano.
Como o futuro imediato é composto do to be, para
fazermos frases interrogativas e negativas, basta utilizar as
Sheila and Susan haven’t been to New York yet.
mesmas regras acrescentando not após o to be, ou colocan-
do o mesmo antes do sujeito para a interrogativa. Sheila e Susan ainda não estiveram em Nova Iorque.

Steve is not going to dance samba. Para fazermos perguntas no present perfect, basta
Steve não irá dançar samba. colocar have ou has antes do sujeito da frase. Às vezes,
fazemos uso da palavra ever, que significa “alguma vez”,
They aren’t going to play soccer. em perguntas: (o uso da palavra ever é opcional)
Eles não irão jogar futebol.
Have you bought Milk for the baby?
Is he going to buy a new car? Você comprou leite para o bebê?
Ele vai comprar um carro novo?
Has he talked to the police officer?
Are you going to call Ann? Ele falou com o policial?
Você irá ligar pra Ann?
Has Tina ever traveled to Salvador?
Apenas em conversas e diálogos informais o going to A Tina viajou para Salvador alguma vez?
pode ser substituído pela expressão/abreviação gonna:
Have you ever seen a famous person?
I’m gonna study tonight.
Você alguma vez viu uma pessoa famosa?
Eu irei estudar hoje a noite.

Are you gonna help me? PRESENTE PERFEITO CONTÍNUO: formado pela uti-
Você irá me ajudar? lização do auxiliar have ou has (has para he, she, it) mais o
presente perfeito do verbo be e o gerúndio do verbo prin-
PRESENTE PERFEITO: formado pela utilização do auxiliar cipal. Esta forma verbal enfatiza uma ação que começou
have ou has (has para he, she, it) mais a forma do particípio de no passado e que contina se repetindo até hoje.
outro verbo (conhecida como “a terceira forma do verbo”). Indica
quando descrevemos situações que já ocorreram, mas que não I have been playing tennis for one hour.
sabemos quando. O tempo é indefinido, não interessa, ou sim- Eu estou jogando tennis há uma hora.
plesmente não importa, pois o que importa é o fato acontecido.
Daniel has been waiting for two hours.
Mike has seen the ocean many times. Daniel está esperando a duas horas.
Mike viu o oceano muitas vezes.
Anna has been teaching in the university since April.
Sheila and Susan have already been to New York. Anna tem lecionado na universidade desde Abril.
Sheila e Susan já estiveram em Nova Iorque.
As formas negativas:
I have already made my bed.
Eu já arrumei minha cama.
She has not been working at that company for three
As formas negativas serão: years.
Ela não tem trabalhado naquela companhia a três
I haven’t made my bed. anos.
Eu não arrumei minha cama.
I haven’t been watching much television lately.
Mike hasn’t seen the ocean. Eu não tenho assistido muita televisão ultimamente.
Mike não viu o oceano.
Roberto hasn’t been feeling well in the past few days.
Sheila and Susan haven’t been to New York. Roberto não tem se sentido bem nos últimos dias.
Sheila e Susan não estiveram em Nova Iorque.

28
LÍNGUA INGLESA

Para fazermos perguntas no present perfect conti- Os verbos auxiliares não possuem tradução nas frases:
nuos, basta colocar have ou has antes do sujeito da frase.
Do you play volleyball?
Has David been doing his homework everyday? Voce joga volei?
David está fazendo sua tarefa todos os dias?
A presença de um verbo auxiliar numa frase nos indica
Have Donald and Mike been training for the race? em que tempo verbal ela está (no presente, no passado
Donald e Mike estão treinando para aquela corrida? ou no futuro), dependendo do auxiliar que foi usado. Do e
does indicam tempo presente, did indica tempo passado, e
Have you been playing video games all day? will indica tempo futuro.
Você está jogando video games o dia inteiro?
Suas formas negativas são don’t (do not), didn’t (did
PASSADO PERFEITO: usado para dizer que alguma not) e won’t (will not).
coisa ocorreu antes de outra no passado. Formado por had
mais o particípio de algum verbo. Veja no próximo exemplo Para montarmos interrogações, basta posicionar o au-
que há duas situações acontecendo, mas, aquela que acon- xiliary desejado antes do sujeito da frase.
teceu primeiro está usando o past perfect. E aquela que
aconteceu em seguida está no passado simples. Ambas as O auxiliar também pode facilitar as coisas nas respos-
orações estão unidas por when. tas. Ele pode substituir o verbo e todos os seus comple-
mentos. Assim, se alguém faz um pergunta muito longa,
I had already left when my father called home. você pode responder rapidamente:
Eu já tinha saído quando meu pai ligou para casa.
Do you always go to work by car on weekdays?
She had called a taxi when I told her I would pick her Você sempre vai para o trabalho de carro nos dias da
up. semana?
Ela já tinha chamado um taxi quando eu disse a ela que
a pegaria. Sua resposta pode ser, simplesmente, “Yes, I do”.
Estas respostas curtas são conhecidas como short ans-
O passado perfeito não precisa acontecer obrigatoria- wers.
mente com as duas situações em uma mesma oração.
Os verbos auxiliares seguidos de um verbo principal
David had bought meat for the barbecue this morning. são usados praticamente só em perguntas ou frases ne-
David tinha comprado carne para o churrasco hoje de gativas:
manhã.
Do you like pizza?
A negativa é formada com had not ou hadn’t. Para per- Você gosta de pizza?
guntar, devemos posicionar o had antes do sujeito.
I don’t like pizza
He hadn’t gone to the bar. Eu não gosto de pizza.
Ele não tinha ido ao bar.
Numa frase afirmativa diríamos:
Had you brought me those documents?
Você tinha me trazido aqueles documentos? I like pizza.
Eu gosto de pizza.
Em perguntas você pode mudar o tempo verbal de As formas does e doesn’t são usadas quando o sujeito
uma frase simplesmente alterando o verbo auxiliar. Por da frase no presente for terceira pessoa do singular (he,
exemplo: she, it).

Do you work? I don’t eat pizza.


Você trabalha? Eu não como pizza.

Does He work? You don’t eat pizza.


Ele trabalha? Você não come pizza.

Did you work? She doesn’t eat pizza.


Você trabalhou? Ela não come pizza.

Will you work? He doesn’t eat pizza.


Você vai trabalhar? Ele não come pizza.

29
LÍNGUA INGLESA

It doesn’t eat pizza. Não temos como fazer essa frase usando um sujeito
Ela/Ele* não come pizza. pois ninguém possui, é dono do cachorro.

We don’t eat pizza. Assim como utilizamos is e are para os pronomes no


Nós não comemos pizza. singular e plural no presente simples, aqui utilizamos eles
quando nos referimos a coisas no singular ou no plural.
You don’t eat pizza.
Vocês não comem pizza. Exemplos:
There is a red car parked in front of my house.
They don’t eat pizza. Tem um carro vermelho estacionado em frente a mi-
Eles não comem pizza. nha casa.
Do I eat pizza?
There are four guys playing soccer in that field.
Eu como pizza?
Tem quarto caras jogando futebol naquele campo.
Do you eat pizza?
É importante que o candidato se lembre que para os
Você come pizza?
substantivos incontáveis sempre utilizamos is.
Does she eat pizza?
Ela come pizza? Exemplos:
There is much information in this newspaper.
Does he eat pizza? Tem muita informação neste jornal.
Ele come pizza?
There is much water inside that jar.
Does it eat pizza? Tem muita água dentro daquela jara.
Ela/Ele* come pizza?
Assim como utilizamos was e were para os pronomes
Do we eat pizza? no singular e plural no passado simples, aqui utilizamos eles
Nós comemos pizza? quando nos referimos a coisas no singular ou no plural.

Do you eat pizza? Exemplos:


Vocês comem pizza? There was a party yesterday but my parentes didn’t
let me go.
Do they eat pizza? Havia uma festa ontem mas meus pais não me deixa-
Eles comem pizza? ram ir.

As estruturas gramaticais “there is” e “there are” são There were five good movies playing on TV last wee-
utilizada para apontarmos que algo existe sem a necessida- kend.
de de afirmarmos que um sujeito possui tal algo. Haviam cinco bons filmes passando na TV no final de
semana passado.
Exemplo:
My city has much crime.
Para as frases interrogativas, usamos o mesmo proces-
Minha cidade tem muito crime.
so do to be. Simplesmente colocamos o to be no começo
da frase.
Esta é a estrutura gramatical mais tradicional (Sujeito
+ verbo + objeto). A mesma frase com a estrutura “there
is” fica: Exemplos:
Is there a pharmacy near here?
Exemplo: Existe uma farmácia por perto?
There is much crime in my city.
Tem/Existe muito crime em minha cidade. Are there eleven or twelve desks in that classroom?
Tem onze ou doze carteiras naquela sala de aula?
Algumas frases não podemos fazer da forma tradicio-
nal (sujeito + verbo + objeto) pois algo simplesmente exis- Was there an apple on the table earlier?
te em algum lugar sem ligação direta de posse. Tinha uma maça na mesa agora pouco?

Exemplo: Were there four policeman chasing the thief?


There is a dog in the street. Tinha quarto policiais perseguindo o ladrão?
Tem um cachorro na rua.

30
LÍNGUA INGLESA

Para as frases negativas, usamos o mesmo processo do to be. Simplesmente colocamos o not após o to be.

There is not anyone here to help you.


There isn’t anyone here to help you.
Não tem ninguém aqui para ajuda-lo.

There are not two teacher in this school. There are six teachers.
There aren’t two teacher in this school. There are six teachers.
Não tem dois professores nesta escola. Existem seis professores.

There was not a party yesterday. It got canceled in the last minute.
There wasn’t a party yesterday. It got canceled in the last minute.
Não houve uma festa ontem. Ela foi cancelada na última hora.

There were not three books inside your backpack.


There weren’t three books inside your backpack.
Não haviam três livros dentro da sua mochila.

O Inglês tem uma grande variedade de two-word verbs (verbos de duas palavras). Talvez o melhor termo para identifi-
cá-los seja phrasal verbs (verbos frasais), assim chamados pelo fato de serem compostos, possuindo mais de uma palavra,
parecendo-se com um tipo de frase. Um phrasal verb é composto por um verbo regular ou irregular junto com alguma
partícula, que pode ser uma preposição ou um advérbio, ou ambos. Os phrasal verbs têm significados novos, diferentes das
palavras que os compõem lidas separadamente. Eles precisam ser entendidos como um grupo e não com suas palavras de
forma isolada.

31
LÍNGUA INGLESA

Para ver a diferença, considere o significado do verbo The scientists wrote up their research.
to turn segundo o Dicionário Cambridge e, em seguida, as Os cientistas escreveram algo sobre sua pesquisa.
sentenças com phrasal verbs derivados do mesmo verbo:
The traffic cop wrote up the offender.
“TURN verb [I/T] (GO AROUND) to move or cause so- O guarda de trânsito deu uma multa ao infrator.
mething to move in a circle around a central point or line.”
= Mover ou fazer com que algo se movimente em círculos Fred flipped off the policeman.
ao redor de um ponto ou de uma linha central. Fred fez um gesto ofensivo para o policial.
Quanto a posição do phrasal verb.
Fred turned on the light. Quando falamos de substantivos a grande maioria dos
Fred acendeu a luz. phrasal verbs aceitam ser colocados de duas maneiras:

Mary turned down the gas. I’ll hang up my coat.


Mary diminuiu o gas. I’ll hang my coat up.
Ralph turned up the stereo. Eu vou pendurar o meu casaco.
Ralph aumentou o volume do aparelho de som.
O substantivo pode vir após o phrasal verb ou no meio
Susan turned over the pancake. dele.
Susan virou a panqueca. Entretanto, quando falamos de pronomes, eles obriga-
toriamente devem vir no meio do phrasal verb:
The committee turned down the request.
O comitê recusou o pedido. I’ll hang it up
Eu vou pendurar ele. [o meu casaco.]
Para entender como um two-word verb funciona, você
tem que refletir sobre o significado básico de “turned”. Ge- Let’s help him out.
ralmente, se for possível substituir o verbo e sua preposição Vamos ajudar ele.
por outra palavra, uma palavra que signifique exatamente
a mesma coisa, então, o verbo é realmente um two-word
Palavras de Relação: Preposições
verb. Poderíamos reescrever as frases da seguinte maneira:
Preposições são palavras que usamos junto aos nomes
e pronomes para mostrar sua relação com outros elemen-
Fred put the light in the «on” position.
tos da frase. Apresentamos as principais preposições e seu
Fred pôs a luz na posição “ligada”.
uso:
Mary lowered the gas.
Mary reduziu o gás. In: usamos com nomes de meses, anos, estações, par-
tes do dia, cidades, estados, países, continentes.
Ralph raised the volume on the stereo. I was Born in January.
Ralph aumentou o volume do som. He lived here in 2012.
The classes start in the summer.
Susan flipped the pancake. He works in the morning/in the afternoon, in the eve-
Susan girou a panqueca. ning.
I have a house in Belo Horizonte.
The committee refused the request. She lives in Paraná but works in Argentina.
O comitê recusou o pedido. Steven has worked in Europe since 2011.

Muitos phrasal verbs não têm objeto: On: usado para dias da semana, datas (mês+dia), datas
comemorativas, ruas, praças e avenidas.
After their fight, Susan and Paul made up. I go to the church on Saturdays and on Sundays.
Após a briga, Susan e Paul fizeram as pazes. Their baby was born on April 10TH.
I always have fun on New Year’s Day.
During the wedding, the groom passed out. The supermarket is on Brazil street.
Durante o casamento, o noivo passou mal. The shopping mall is on Portugal square.

Contudo, outros phrasal verbs pedem objeto: At: usado com horas, com palavra night, com endere-
ços (rua+número), lugares numa cidade.
They put up with the inconvenience. I got up at 7:00.
Eles toleraram a inconveniência. The store is at 456 Lincoln street.
He arrived late at night.
We decided on the rose wallpaper. My father is at the airport now.
Nós selecionamos o papel de parede rosa.

32
LÍNGUA INGLESA

Na dúvida, algumas das seguintes sugestões podem Inside/outside: dentro de/fora de: Let the dog sleep in-
ajudar, mas lembre-se: o uso das preposições nem sempre side/outside the house.
segue a regra geral. Confira sempre num dicionário as pos- Instead of: em vez de: You should study more instead
sibilidades de uso. of playing video-games.
Into: para dentro, em: The plane disappeared into the
Use in para indicar “dentro de alguma coisa”: cloud.
In the box Near: perto de: The post office is near here.
In the refrigerator Off: para fora (de uma superfície): Mark fell off his mo-
In a shop torcycle.
In a garden Out of: para fora de: Put these books out of the box.
In France Over: sobre, acima de, por cima de, mais que: There
were over 1.000 people in the show.
Use on para indicar contato: Through: através de: The guys walked through the fo-
On a bookshelf rest.
On a plate Till/until: até (tempo): The message will arrive until to-
On the grass morrow.
To: para: Teresa will go to Italy next week.
Use at para indicar um lugar definido. Nesse caso, seu Towards: para, em direção a: The boy threw the rock
sentido é o de “junto a”, “na”: towards the window.
At the bus stop Under: em baixo de: The cat sleeps under the bed.
At the top With/without: com/sem: Come with me. I can’t live wi-
At the bottom thout you.
Within: dentro de: I will go there within a week.
Outras preposições, seus significados e exemplos
com frases:
About: sobre, a respeito de: Tell me about your expe-
riences.
Above: acima de: John’s apartment is above mine. 7. COMPREENSÃO DA FUNÇÃO DE ELEMENTOS
Across: através de, do outro lado: The dog ran across LINGUÍSTICOS ESPECÍFICOS NA PRODUÇÃO
the forest. DE SENTIDO NO CONTEXTO EM QUE SÃO
After: depois de: She always wakes up after 9:00. UTILIZADOS.
Against: contra: The car crashed against the wall.
Among: entre (vários ítens): The little boy was among
many criminals.
Around: em volta de: They traveled all around the cou- Ordem Das Palavras Na Oração
ntry.
Before: antes de: She always arrives before 7 o’clock. Para começar, vejamos a ordem das palavras em sen-
Behind: atrás de: Tim sits behind Peter. tenças afirmativas:
Below: abaixo de: Answer the questions below.
Beside/Next to: ao lado de: The microphone is beside/ sujeito verbo objeto
next to the monitor. I study English.
Besides: além de: Besides English, she can also speak I play tennis.
Spanish.
Between: entre (dois ítens): He was sitting between two Se você já é um estudante um pouco mais avançado,
beatuful girls. lembre-se da seguinte regra:
Beyond: além de, após, atrás de: The lake is beyond the
mountains.
But: exceto: Everybody went to the party, but Chris. Sujeito verbo objeto indireto objeto direto
By: por, junto, ao lado de: Let’s sleep by the fireplace. lugar tempo
Down: abaixo, para baixo: Their house is down the hill. I will tell you
Up: acima, para cima: Their house is halfway up the hill. the story at school tomorrow.
During: durante: He was in the army during the war.
For: a favor de: Who’s not for us is against us. A ordem das palavras em sentenças negativas é a
For: por, para, há (tempo): Do it for me! Fish is good for mesma que nas afirmativas. Note, entretanto, que nas
health. They’ve lived here for many years. negativas nós normalmente precisamos de um verbo
From: de (origem): Where is he from? auxiliar:
In front of: na frente de: Peter sits in front of the teacher
in the classroom.

33
LÍNGUA INGLESA

Sujeito verbo objeto indireto


objeto direto lugar tempo

I will not tell you the story at school tomorrow.

Em cláusulas subordinadas, a ordem das palavras é a mesma que nas sentenças afirmativas. Conjunções são frequen-
temente usadas entre duas cláusulas:

Conjunção sujeito verbo objeto


indireto objeto direto lugar tempo

I will tell you the story at school tomorrow


because I don’t have time now.

-Posição de Expressões de Tempo (recently, now, then, yesterday, etc.)

Advérbios de tempo são normalmente postos no final da sentença.

Sujeito verbo objeto indireto objeto direto tempo


I will tell you the story tomorrow.

Se você não quiser dar ênfase ao tempo, você pode também posicionar o advérbio de tempo no início da sentença.
Tempo sujeito verbo objeto indireto objeto direto
Tomorrow I will tell you the story

Note que algumas expressões de tempo são advérbios de frequência (always, never, usually, seldom, sometimes, etc.).
Estas são normalmente postas antes do verbo principal da frase, exceto quando o “to be” é o verbo principal.

Sujeito auxiliar/to be advérbio verbo principal objeto, lugar ou tempo


I often go swimming in the evenings.
He doesn’t always play tennis.
We are usually here in the summer.
I have never been abroad.

-Posição de Advérbio de modo (slowly, carefully, awfully, etc.)

Estes são postos atrás do objeto direto, ou atrás do verbo se não houver objeto direto.

Sujeito verbo objeto direto advérbio

He drove the car carefully.


He drove carefully.
- Advérbios de lugar (here, there, behind, above, etc.)

Assim como os advérbios de modo, estes são colocados atrás do objeto direto ou do verbo.

Sujeito verbo objeto direto advérbio

I didn’t see him there.


He stayed behind.

- Advérbios de tempo (recently, now, then, yesterday, etc.)


Advérbios de tempo são normalmente colocados no final da sentença.

Sujeito verbo objeto indireto objeto direto tempo


I will tell you the story tomorrow.
Se você não quiser impor ênfase no tempo da ação, você pode por o advérbio de tempo no início da sentença.
Tempo sujeito verbo objeto indireto objeto direto
Tomorrow I will tell you the story.

34
LÍNGUA INGLESA

-Advérbios de Frequência (always, never, seldom, usually, etc.)


São posicionados diretamente antes do verbo principal. Se o “to be” for o verbo principal e não houver nenhum verbo
auxiliar, os advérbios de frequência devem ser postos atrás do “to be”. Se houver um verbo auxiliar, entretanto, advérbios
de frequência são posicionados antes do “to be”.

Sujeito auxiliar/to be advérbio verbo principal objeto, lugar ou tempo


I often go swimming in the evenings.
He doesn’t always play tennis.
We are usually here in the summer.
I have never been abroad.

-Ordem de palavras em sentenças interrogativas:

Em perguntas, a ordem sujeito-verbo-objeto é a mesma que nas sentenças afirmativas. A única coisa que pode se al-
terar é que você normalmente tem que interpor o verbo auxiliar antes do sujeito. Pronomes Interrogativos são colocados
no início das sentenças:

nterrog. verbo aux. Suj. outro verbo obj. indireto obj. direto lugar tempo
What would you like to tell me?
Did you have a party at home yesterday?
When were you there?

Não podemos usar um verbo auxiliar quando procuramos ou perguntamos pelo sujeito da oração. Neste caso, o pro-
nome interrogativo simplesmente toma o lugar do sujeito.
Interrogativo verbo(s) objeto
Who invited you?

The Infinitive And The “-Ing” Form.

FORMA INFINITIVA – Conhecida como a forma “padrão” ou “normal” dos verbos.


Usamos o verbo na forma infinitiva com a maioria dos verbos, por exemplo:
Forget, help, learn, teach, train, choose, expect, hope, need, offer, want, would like, agree, encourage, pretend, promise,
allow, decide, etc...
Exemplos:
I go to the gym everyday. (Eu vou pra a academia todos os dias).
You work for the goverment. (Você trabalha para o governo).
I eat luch in my house with my family. (Eu como o almoço na minha casa com minha família).

Também usamos o infinitivo sempre após os adjetivos.


Exemplos:
I was happy to help you. (Eu fiquei feliz em lhe ajudar).
She will be delighted to see you. (Ela ficará muito feliz em lhe ver).
The water was too cold to swim. (A água está muito fria para nadar).

FORMA COM -ING – A forma –ing é usada quando a palavra em questão é o sujeito da frase.
Exemplos:
Swimming is good exercise. (Nadar é um bom exercício).
Doctors say that smoking is bad for you. (Os medicos dizem que fumar faz mal para você).

A forma –ing também é usada após preposições.


Exemplos:
I look forward to meeting you. (Eu estou ancioso para te conhecer).
They left without saying «Goodbye.» (Eeles se foram sem dizer “tchau”).
A forma –ing também é usada após certos verbos especiais. (ao invés de se colocar to entre os verbos).
Alguns verbos:
Avoid, dislike, enjoy, finish, give up, mind/not mind, practise.

35
LÍNGUA INGLESA

Exemplos: Exemplo:
Would you mind opening the window? (Você se importa Mike is your father, isn’t he? (Mike é seu pai, não é?)
em abrir a janela?). Regras para question tags:
I avoid talking about my uncle. (Eu evito falar sobre o - A question tag sempre vem na forma oposta a frase.
meu tio). (Frase afirmativa, question tag na negativa. Frase na negativa,
Alguns verbos aceitam ambas as formas infinitivas ou –ing. question tag na afirmativa);
Alguns verbos: begin, continue, hate, intend, like, love, - A question tag sempre vem após virgula;
prefer, propose, start. - A question tag sempre vem no mesmo verbal que a
Exemplos: frase principal (e é importante que o leitor saiba qual tempo
It started to rain. It started raining. (Começou a chover). verbal a frase se encontra e qual o seu respectivo verbo auxi-
I like to play tennis. I like playing tennis. (Eu gosto de liar mesmo quando este não está evidente);
jogar tennis). Exemplos:
The company opened yesterday, didn’t it? (A empresa
Passemos a falar, então, de sentenças Condicionais com abriu onde, não abriu?)
a palavra if (tradução: se). Eles são normalmente usados para Marcus will travel to Spain, won’t he? (Marcus irá viajar
falar sobre possíveis eventos e seus efeitos. Existem quatro para Espanha, não irá?)
tipos principais: You should study more, shouldn’t you? (Você deveria es-
tudar mais, não deveria?)
-Zero Conditional: não é um condicional verdadeiro, pois Peter and Sue didn’t buy a new house, did they? (Peter e
ambos os eventos descritos vêm a ocorrer (If/When+present Sue não compraram uma casa nova, compraram?)
tense; present tense). Exemplos: Roberto speaks Chinese, doesn’t he? (Roberto fala Chi-
nês, não fala?)
If I stay up late, I feel awful the next day. (Se eu fico acor-
dado até tarde, sinto-me mau no outro dia) DISCURSO DIRETO E INDIRETO
When the moon passes between the earth and the sun, Podemos relatar o que alguém disse de duas maneiras:
there is an eclipse. (Quando a lua passa entre a terra e o sol, a) Pelo discurso direto (direct speech): quando repetimos
há um eclipse) o que foi dito por alguém usando as mesmas palavras desta
pessoa. Exemplo:
-First Conditional: usado para falar sobre prováveis even- -He said: “I feel well”.
tos no futuro se alguma coisa vier a acontecer (If+present -Ele disse: “Eu me sinto bem”.
tense; future tense will). Exemplos: b) Pelo discurso indireto (indirect speech): quando con-
If I pass the exam, I will have a big party! (Se eu passar no tamos usando nossas próprias palavras o que foi dito por
exame, eu farei uma grande festa!) alguém.
If you don’t stop talking, I will send you to the principal. Exemplo:
(Se você não parar de falar, eu vou te enviar ao diretor) -He said that he felt well.
-Ele disse que se sentia bem.
-Second Conditional: usado para falar sobre situações Ao reproduzir o que alguém disse de forma indireta pre-
improváveis ou impossíveis (If+past tense; would, could, cisamos efetuar algumas modificações na estrutura da frase.
might). Exemplos:’’ Veja algumas das mudanças mais frequentes:
If I won the lottery, I would give all the money to an or-
phanage. (Se eu ganhasse na loteria, eu daria todo dinheiro Direct Speech: Indirect Speech:(Simple Present) He said:
a um orfanato) She works with me. (Simple Past) He said (that) she worked
People might behave differently if they had the chance with him.
to repeat their lives. (As pessoas poderiam se comportar di- (Present Continuous) She is working with me. (Past Con-
ferentemente se elas tivessem a chance de repetir suas vidas) tinuous) She was working with him.(Past Continuous) She
was working with me. (Past Perfect Continuous) She had been
-Third Conditional: usado para especular sobre o passa- working with him.
do (If+past perfect; would have, could have, might have+past (Simple Future) She will work with me. (Simple Conditio-
participle). Exemplos: nal) She would work with him.
If we had saved more money, we would have gone to Outras trocas de palavras e expressões que devem ser
Canada last year. (Se nós tivéssemos economizado mais di- feitas do discurso direto para o indireto são as seguintes:
nheiro, nós teríamos ido ao Canadá ano passado) Direct Speech: Indirect Speech:
If you had told me the truth, I wouldn’t have asked the Today That day
teacher. (Se você tivesse me dito a verdade, eu não teria per- Yesterday The day before
guntado ao professor) Last night The night before
Now Then
Question Tags e Tag Answers Here There
Question tags  são perguntas curtas que aparecem no Tomorrow The next day
final das frases com o intuito de questionar ou confirmar a This That
informação dita previamente. These Those

36
LÍNGUA INGLESA

-Quando se relata uma ordem ou comando de alguém, Usamos a passiva quando queremos dar mais ênfase ao
usa-se o infinitivo no discurso indireto. objeto do que ao agente, e também quando não conhece-
He said: “Close the door”. (Ele me disse: “Feche a porta”) mos o sujeito, o agente da voz ativa:
He told me to close the door. (Ele me disse para fechar Kennedy was killed by Lee Harvey Oswald. (Kennedy foi
a porta) He said: “Don’t close the door”. (Ele me disse: “Não morto por Lee Harvey Oswald)
feche a porta”) My wallet has been stolen. (Minha carteira foi roubada)
He told me not to close the door. (Ele me disse para não
fechar a porta) O primeiro exemplo dá mais importância ao objeto da
ativa. Já no segundo, o agente da ativa é desconhecido.
-Quando se relata uma pergunta, coloca-se a frase na Podemos conjugar a voz passiva em qualquer tempo.
forma afirmativa fazendo as devidas transformações: She Por exemplo:
said: Where is Bill? present simple: It is made in Brazil. (É feito no Brasil)
She asked where Bill was. (Ela perguntou onde Bill estava)
present continuous: It is being made in Brazil. (Está sen-
He said: “Is Mary here?”
do feito no Brasil)
He asked if Mary was there. (Ele perguntou se Mary es-
present perfect: It  has been  made in Brazil. (Tem sido
tava lá)
feito no Brasil)
-Should, Could, Must, Might e Would não alteram sua
forma: QUESTÕES
She said: “I could go”.
She said that she could go. (Ela disse que ela poderia ir) Leia o seguinte texto e responda às perguntas de 01 a 07:
Brazil is The “Economic World Cup Winner”
-Say é usado com ou sem objeto indireto precedido de According to CNN International
to. No discurso indireto, tell é usado com objeto indireto pre- Brazil may not have won the world cup but the Latin
cedido de to. American country’s story of success is an “Economic World
Bill said: “I love Ann”. (Bill disse: “Eu amo Ana”) Cup Winner” according to CNN International. 
Bill said that he loved Ann. (Bill disse que amava Ana) Looking at the performance of the final 8 countries who
Bill said to Ann: “I love you”. (Bill disse para Ana: “Eu te made it through the group stages of the South Africa World
amo”) Cup, CNN’s Quest Means Business primetime programme
Bill told Ann that he loved her. (Bill disse para Ana que was keen to find out more about booming Brazil, one of
a amava) the hot favourites predicted to win the title. Seeking expert
-Em frases que apresentam sugestões o verbo introdutó- advice, CNN International visited the central London offi-
rio do discurso indireto é to suggest. E a forma let’s é alterada ces of Experience International where resident expert, Dale
para we should. Anderson, himself an investor in Brazil, talked passionately
He said: “Let’s take a taxi”. about why Brazil is such an attractive investment. 
He suggested (that) we should take a taxi. Dale explained to viewers why Brazil provides investors
a strong opportunity due to its strong economic growth,
Voz Ativa e Voz Passiva. high volume of foreign direct investment, an abundance
Há duas vozes verbais: ativa e passiva of natural resources, no restrictions on foreign ownership,
A voz ativa é a voz “normal” do verbo, pois é com ela freehold titles available and a clear and simple buying pro-
que normalmente nos comunicamos. Nela, o objeto recebe
cess. In addition the quick increase of the Brazilian middle-
a ação do verbo. Observe os exemplos sob a ótica da ordem
class with access to mortgages provides a great exit strate-
normal das palavras numa frase (Sujeito+verbo+objeto):
gy for the future. 
Cats eat fish. (Gatos comem peixes)
The World Cup Effect
A voz passiva é menos comum de ser usada. Ela é mais Dale also remarked on how the World Cup, which was
formal. Nela, o sujeito recebe a ação do verbo. Se comparar- watched by millions of people around the world, has ena-
mos com a voz ativa, veremos uma inversão no posiciona- bled South Africa to shine in a very positive light and now
mento do sujeito e do objeto. everyone will be looking to the next host nation – Brazil.
Fish are eaten by cats. (Peixes são comidos por gatos) He stated, “The effect of the 2014 World Cup on Brazil will
be significant with over 600,000 visitors expected, boosting
A estrutura da voz passiva é bem simples: sujeito + be + GDP by nearly $30 million.” 
verbo principal no particípio. Around $310 million has already been invested into the
Exemplos: host cities which include Fortaleza, Recife and Natal in the
Parks are destroyed by our bad habits. (Parques são des- up and coming north east according to the Ministry of Tou-
truídos por nossos maus hábitos) rism for Brazil. The value of Land for sale in Brazil in this
Many people were called by this company. (Muitas pes- region are forecast to increase by up to twenty percent in
soas foram chamadas por esta empresa) the run up to the World Cup as demand for quality accom-
Note, também, que, às vezes, é necessário acrescentar a modation rises.
preposição by para apresentar o objeto da passiva.

37
LÍNGUA INGLESA

1. Qual foi o benefício que o Brasil teve, mesmo não 10) Assinale qual dos seguintes grupos de palavras pode
vencendo a Copa doo? ser encontrado no texto anterior:
____________________________________________________ a) Velejar / emergir / impossível de afundar / montanha
de gelo flutuante.
2. De acordo com o texto, podemos afirmar que o Brasil b) Linha férrea / vagões / estação / descarrilar.
está tendo um período de crescimento econômico maior?- c) Periscópio / escotilha / tripulação / submergir.
Justifique. d) Roda / aro / pedalar / selim.
____________________________________________________ e) Co-piloto / hélice / manche / pairar.

3. Seria correto substituir “over” por “more than”, no tre- 11) Qual o nome do diretor mencionado no texto?
cho “with over 600,000 visitors ________________________________________
____________________________________________________
4. Qual a melhor tradução para “Talked passionately 12) Transcreva do texto, em inglês, os seguintes grupos
about why Brazil is such an attractive ient”?___________________ nominais:
_____________________________________________________ a) “Amor proibido”: _______________________________________
_________________________________________
5. Retire do texto: b) “Caso de amor passional”:
a.Um verbo: ____________________ ____________________________________________________________
b.Um adjetivo: __________________
c.Um substantivo: _______________ RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS
6. A melhor tradução para “primetime programme” é:
1.Programa de auditório. 1. “The World Cup, which was watched by millions of peo-
2.Program de horário nobre. ple around the world, has enabled South Africa to shine in a very
3.Programa semanal positive light and now everyone will be looking to the next host
nation – Brazil. He stated.” A copa do mundo, que foi assistida por
milhões de pessoas ao redor do mundo, deu a chance à África do
7. No título do texto “Brazil is The “Economic World Cup
Sul de brilhar com uma luz muito positiva a agora todos estarão
Winner” According to CNN International”, podemos afirmar
olhando para a próxima nação sede – Brasil. Afirmou ele.
que “winner” é um adjetivo que significa _____________________
_____________________________________________________
2. Sim. Dale explicou aos telespectadores porque o Brasil
fornece aos investidores uma forte oportunidade graças ao
Leia o seguinte texto e responda às questões de 08 a 12:
seu forte crescimento econômico. “Dale explained to viewers
Nothing on earth can rival the epic spectacle and brea- why Brazil provides investors a strong opportunity due to its
thtaking grandeur of Titanic, the sweeping love story that sai- strong economic growth.”
led into the hearts of moviegoers around the world, ultima-
tely emerging as the most popular motion picture of all time. 3. .Sim,seria correto.
Leonardo DiCaprio and Oscar®-nominee Kate Winslet 4. “Falou empolgadamente sobre porque o Brasil é um
light up the screen as Jack and Rose, the young lovers who investimento tão chamativo.”
find one another on the maiden voyage of the “unsinkable”
R.M.S. Titanic. But when the doomed luxury liner collides with 5.a)Watch;
an iceberg in the frigid North Atlantic, their passionate love b)Strong;
affair becomes a thrilling race for survival. c)People.

From acclaimed filmmaker James Cameron comes a tale 6. Programa de horário nobre.
of forbidden love and courage in the face of disaster that
triumphs as true cinematic masterpiece. 7. Não.”Winner” é um substantivo que significa vencedor.

8) Em português, explique sobre o que fala o texto: 8. O texto fala sobre o fascinante filme “Titanic”, seus ato-
____________________________________________________________ res e personagens principais bem como de seu aclamado di-
________________________________________________________________ retor que o transformou numa obra-prima.
________________________________________________________________
_____________________________ 9. a) ultimately; b) around the world

9) Copie do texto, em inglês, os seguintes advérbio e lo- 10. a) Velejar / emergir / impossível de afundar / monta-
cução adverbial: nha de gelo flutuante.

a) “Ultimamente”: ____________________________ 11. James Cameron


b) “Ao redor do mundo”: _______________________
12. a) forbidden love; b) passionate love affair

38
Polícia Militar do Estado de São Paulo

PM-SPAluno - Oficial PM
Volume II
Edital de Concurso Público Nº DP-2/321/17

ST063-B-2017
DADOS DA OBRA

Título da obra: Polícia Militar do Estado de São Paulo - PM-SP

Cargo: Aluno - Oficial PM

(Baseado no Edital de Concurso Público Nº DP-2/321/17)

Volume I
• História
• Filosofia
• Sociologia
• Geografia
• Língua Portuguesa
• Língua Inglesa

Volume II
• Língua Espanhola
• Matemática
• Noções de Administração Pública
• Noções Básicas de Informática

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Produção Editorial/Revisão
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Suelen Domenica Pereira
Camila Lopes

Capa
Bruno Fernandes

Editoração Eletrônica
Marlene Moreno

Gerente de Projetos
Bruno Fernandes
APRESENTAÇÃO

PARABÉNS! ESTE É O PASSAPORTE PARA SUA APROVAÇÃO.

A Nova Concursos tem um único propósito: mudar a vida das pessoas.


Vamos ajudar você a alcançar o tão desejado cargo público.
Nossos livros são elaborados por professores que atuam na área de Concursos Públicos. Assim a
matéria é organizada de forma que otimize o tempo do candidato. Afinal corremos contra o tempo,
por isso a preparação é muito importante.
Aproveitando, convidamos você para conhecer nossa linha de produtos “Cursos online”, conteúdos
preparatórios e por edital, ministrados pelos melhores professores do mercado.
Estar à frente é nosso objetivo, sempre.
Contamos com índice de aprovação de 87%*.
O que nos motiva é a busca da excelência. Aumentar este índice é nossa meta.
Acesse www.novaconcursos.com.br e conheça todos os nossos produtos.
Oferecemos uma solução completa com foco na sua aprovação, como: apostilas, livros, cursos on-
line, questões comentadas e treinamentos com simulados online.
Desejamos-lhe muito sucesso nesta nova etapa da sua vida!
Obrigado e bons estudos!

*Índice de aprovação baseado em ferramentas internas de medição.

CURSO ONLINE

PASSO 1
Acesse:
www.novaconcursos.com.br/passaporte

PASSO 2
Digite o código do produto no campo indicado no
site.
O código encontra-se no verso da capa da apostila.
*Utilize sempre os 8 primeiros dígitos.
Ex: FV054-17

PASSO 3
Pronto!
Você já pode acessar os conteúdos online.
SUMÁRIO

Língua Espanhola

1. Compreensão geral do sentido e do propósito do texto.................................................................................................................... 01


2. Compreensão de ideias específicas expressas em parágrafos e frases e a relação entre parágrafos e frases do
texto......................................................................................................................................................................................................................01
3. Localização e identificação de informações específicas em um ou mais trechos do texto.................................................... 01
4. Identificação de marcadores textuais como conjunções, advérbios, preposições etc. e compreensão de sua função
essencial no texto..................................................................................................................................................................................................... 02
5. Compreensão do significado de itens lexicais fundamentais para a correta interpretação do texto seja por meio de
substituição (sinonímia) ou de explicação da carga semântica do termo ou expressão............................................................. 08
6. Localização de referência textual específica de elementos, tais como pronomes, advérbios, entre outros, sempre em
função de sua relevância para a compreensão das ideias expressas no texto................................................................................. 12
7. Compreensão da função de elementos linguísticos específicos na produção de sentido no contexto em que são
utilizados...................................................................................................................................................................................................................... 16

Matemática

1. CONJUNTOS NUMÉRICOS............................................................................................................................................................................... 01
1.1. Números naturais e números inteiros: indução finita, divisibilidade, máximo divisor comum e mínimo múltiplo
comum, decomposição em fatores primos.............................................................................................................................................. 01
1.2. Números racionais e noção elementar de números reais: operações e propriedades, ordem, valor absoluto,
desigualdades....................................................................................................................................................................................................... 01
1.3. Números complexos: representação e operações nas formas algébrica e trigonométrica, raízes da unidade..... 01
1.4. Sequências: noção de sequência, progressões aritmética e geométrica, noção de limite de uma sequência, soma
da série geométrica, representação decimal de um número real.................................................................................................... 01
1.5. Grandezas direta e inversamente proporcionais............................................................................................................................ 29
1.6. Porcentagem; juros simples e compostos......................................................................................................................................... 38
2. POLINÔMIOS......................................................................................................................................................................................................... 48
2.1. Polinômios: conceito, grau e propriedades fundamentais......................................................................................................... 48
2.2. Operações com polinômios, divisão de um polimônio por um binômio da forma x-a, divisão de um polinômio
por outro polinômio de grau menor ou igual......................................................................................................................................... 48
3. EQUAÇÕES ALGÉBRICAS................................................................................................................................................................................... 54
3.1. Equações algébricas: definição, conceito de raiz, multiplicidade de raízes, enunciado do Teorema Fundamental
da Álgebra.............................................................................................................................................................................................................. 54
3.2. Relações entre coeficientes e raízes. Pesquisa de raízes múltiplas. Raízes: racionais, reais e complexas................ 54

4. ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE.......................................................................................................................................... 56


4.1. Princípio fundamental de contagem................................................................................................................................................... 56
4.2. Arranjos, permutações e combinações simples.............................................................................................................................. 56
4.3. Binômio de Newton................................................................................................................................................................................... 56
4.4. Eventos. Conjunto universo. Conceituação de probabilidade................................................................................................... 56
4.5. Eventos mutuamente exclusivos. Probabilidade da união e da intersecção de dois ou mais eventos..................... 56
4.6. Probabilidade condicional. Eventos independentes..................................................................................................................... 56
5. NOÇÕES BÁSICAS DE ESTATÍSTICA.............................................................................................................................................................. 64
5.1. Representação gráfica (barras, segmentos, setores, histogramas).......................................................................................... 64
5.2. Medidas de tendência central (média, mediana e moda).......................................................................................................... 64
6. MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS LINEARES............................................................................................................................ 79
6.1. Matrizes: operações, matriz inversa..................................................................................................................................................... 79
6.2. Sistemas lineares. Matriz associada a um sistema. Resolução e discussão de um sistema linear............................... 79
6.3. Determinante de uma matriz quadrada: propriedades e aplicações, regras de Cramer................................................ 79
7. GEOMETRIA ANALÍTICA..................................................................................................................................................................................101
7.1. Coordenadas cartesianas na reta e no plano. Distância entre dois pontos.......................................................................101
SUMÁRIO

7.2. Equação da reta: formas reduzida, geral e segmentária; coeficiente angular. Intersecção de retas, retas paralelas
e perpendiculares. Feixe de retas. Distância de um ponto a uma reta. Área de um triângulo...........................................101
7.3. Equação da circunferência; tangentes a uma circunferência; intersecção de uma reta a uma circunferência.....101
7.4. Elipse, hipérbole e parábola: equações reduzidas.......................................................................................................................101
8. FUNÇÕES...............................................................................................................................................................................................................110
8.1. Gráficos de funções injetoras, sobrejetoras e bijetoras; função composta; função inversa........................................110
8.2. Função e função quadrática.................................................................................................................................................................110
8.3. Função exponencial e função logarítmica. Teoria dos logaritmos; uso de logaritmos em cálculos........................110
8.4. Equações e inequações: lineares, quadráticas, exponenciais e logarítmicas.....................................................................110
9. TRIGONOMETRIA...............................................................................................................................................................................................132
9.1. Arcos e ângulos: medidas, relações entre arcos...........................................................................................................................132
9.2. Razões trigonométricas: Cálculo dos valores em /6, /4 e /3....................................................................................................132
9.3. Resolução de triângulos retângulos..................................................................................................................................................132
9.4. Resolução de triângulos quaisquer: lei dos senos e lei dos cossenos.1.............................................................................132
9.5. Funções trigonométricas: periodicidade, gráficos, simetrias...................................................................................................132
9.6. Fórmulas de adição, subtração, duplicação e bissecção de arcos. Transformações de somas de funções
trigonométricas em produtos......................................................................................................................................................................132
9.7. Equações e inequações trigonométricas.........................................................................................................................................132
10. GEOMETRIA PLANA........................................................................................................................................................................................142
10.1. Figuras geométricas simples: reta, semirreta, segmento, ângulo plano, polígonos planos, circunferência e
círculo....................................................................................................................................................................................................................142
10.2. Congruência de figuras planas.........................................................................................................................................................142
10.3. Semelhança de triângulos...................................................................................................................................................................142
10.4. Relações métricas nos triângulos, polígonos regulares e círculos......................................................................................142
10.5. Áreas de polígonos, círculos, coroa e sector circular................................................................................................................142
11. GEOMETRIA ESPACIAL...................................................................................................................................................................................162
11.1. Retas e planos no espaço. Paralelismo e perpendicularismo...............................................................................................162
11.2. Ângulos diedros e ângulos poliédricos. Poliedros: poliedros regulares...........................................................................162
11.3. Prismas, pirâmides e respectivos troncos. Cálculo de áreas e volumes............................................................................162
11.4. Cilindro, cone e esfera: cálculo de áreas e volumes.................................................................................................................162

Noções de Administração Pública

1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL. de 2017, quinta-feira pág. 373 a 378...................................................................................................... 01


1.1. Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais: Capítulo II – Dos Direitos Sociais;.................................................... 01
1.2. Título III – Da Organização do Estado: Capítulo VII – Da Administração Pública: Seção II – Dos Servidores Públicos;
Seção III – Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios................................................................................ 07
2. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO........................................................................................................................................... 20
2.1. Título I – Dos Fundamentos do Estado.............................................................................................................................................. 20
2.2. Título II – Da Organização e Poderes: Capítulo I – Disposições Preliminares; e Capítulo III – Do Poder
Executivo........................................................................................................................................................................................................20
2.3. Título III – Da Organização do Estado: Capítulo I – Da Administração Pública: Seção I – Disposições Gerais: artigos
111 a 114, e 115 “caput” e incisos I a X, XVIII, XIX, XXIV, XXVI e XXVII; Capítulo II – Dos Servidores Públicos do Estado:
Seção I – Dos Servidores Públicos Civis: artigo 124 “caput”, e artigos 125 a 137; Seção II – Dos Servidores Públicos
Militares; Capítulo III – Da Segurança Pública: Seção I – Disposições Gerais; Seção III – Da Polícia Militar.................... 28
2.4. Título VII – Da Ordem Social: Capítulo III – Da Educação, da Cultura e dos Esportes e Lazer: Seção I – Da Educação:
artigos 237 a 249 e 251 a 258; Capítulo VII – Da Proteção Especial: Seção I – Da Família, da Criança, do Adolescente,
do Jovem, do Idoso e dos Portadores de Deficiência.......................................................................................................................... 32
2.5. Título VIII – Disposições Constitucionais Gerais: Artigos 284 a 291. ..................................................................................... 35
3. LEI Nº 10.261, de 28 de outubro de 1968 – Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado....................................... 36
4. LEI Nº 10.177, de 30 de dezembro de 1998 – Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública
Estadual........................................................................................................................................................................................................................ 60
SUMÁRIO

5. LEI COMPLEMENTAR Nº 893, de 09 de março de 2001 – Institui o Regulamento Disciplinar da Polícia Militar –
RDPM........................................................................................................................................................................................................................67
6. LEI COMPLEMENTAR Nº 1.080, de 17 de dezembro de 2008 – Institui Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários
para os servidores das classes que especifica............................................................................................................................................... 80
6.1. Capítulo I – Disposição Preliminar........................................................................................................................................................ 80
6.2. Capítulo II – Do Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários: Seção I – Disposições Gerais; Seção II – Do
Ingresso; Seção III – Do Estágio Probatório; Seção IV – Da Jornada de Trabalho, dos Vencimentos e das Vantagens
Pecuniárias; Seção VII – Da Progressão; Seção VIII – Da Promoção; Seção IX – Da Substituição....................................... 80
6.3. Capítulo IV – Disposições Finais: artigos 54 a 56........................................................................................................................... 83
7. LEI FEDERAL Nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 – Lei de Acesso à Informação; Decreto n° 58.052, de 16 de maio
de 2012.....................................................................................................................................................84

Noções Básicas de Informática

MS-Windows 7: conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos, área de trabalho, área de transferência, manipulação de
arquivos e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de aplicativos MS-Office 2010. ..............01
MS-Word 2010: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágrafos, fontes, colunas,
marcadores simbólicos e numéricos, tabelas, impressão, controle de quebras e numeração de páginas, legendas, índices,
inserção de objetos, campos predefinidos, caixas de texto. ...........................................................................................................................09
MS-Excel 2010: estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colunas, pastas e gráficos, elaboração de ta-
belas e gráficos, uso de fórmulas, funções e macros, impressão, inserção de objetos, campos predefinidos, controle de
quebras e numeração de páginas, obtenção de dados externos, classificação de dados. ...............................................................34
MS-PowerPoint 2010: estrutura básica das apresentações, conceitos de slides, anotações, régua, guias, cabeçalhos e ro-
dapés, noções de edição e formatação de apresentações, inserção de objetos, numeração de páginas, botões de ação,
animação e transição entre slides. ..............................................................................................................................................................................59
Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos. .....................................74
Internet: Navegação Internet, conceitos de URL, links, sites, busca e impressão de páginas...........................................................83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

MS-Windows 7: conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos, área de trabalho, área de transferência, manipulação de
arquivos e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de aplicativos MS-Office 2010. .............01
MS-Word 2010: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágrafos, fontes, colunas,
marcadores simbólicos e numéricos, tabelas, impressão, controle de quebras e numeração de páginas, legendas, índices,
inserção de objetos, campos predefinidos, caixas de texto. ..........................................................................................................................09
MS-Excel 2010: estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colunas, pastas e gráficos, elaboração de tabelas
e gráficos, uso de fórmulas, funções e macros, impressão, inserção de objetos, campos predefinidos, controle de quebras
e numeração de páginas, obtenção de dados externos, classificação de dados. .................................................................................34
MS-PowerPoint 2010: estrutura básica das apresentações, conceitos de slides, anotações, régua, guias, cabeçalhos e ro-
dapés, noções de edição e formatação de apresentações, inserção de objetos, numeração de páginas, botões de ação,
animação e transição entre slides. .............................................................................................................................................................................59
Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos. ....................................74
Internet: Navegação Internet, conceitos de URL, links, sites, busca e impressão de páginas...........................................................83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Apesar do Windows 7 conter muitos novos recursos


MS-WINDOWS 7: CONCEITO DE PASTAS, o número de capacidades e certos programas que faziam
DIRETÓRIOS, ARQUIVOS E ATALHOS, ÁREA parte do Windows Vista não estão mais presentes ou mu-
DE TRABALHO, ÁREA DE TRANSFERÊNCIA, daram, resultando na remoção de certas funcionalidades.
MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS E PASTAS, Mesmo assim, devido ao fato de ainda ser um sistema ope-
USO DOS MENUS, PROGRAMAS E racional em desenvolvimento, nem todos os recursos po-
dem ser definitivamente considerados excluídos. Fixar na-
APLICATIVOS, INTERAÇÃO COM O
vegador de internet e cliente de e-mail padrão no menu
CONJUNTO DE APLICATIVOS
Iniciar e na área de trabalho (programas podem ser fixados
MS-OFFICE 2010.
manualmente).

Windows Photo Gallery, Windows Movie Maker, Win-


dows Mail e Windows
Windows 7
O Windows 7 foi lançado para empresas no dia 22 de
Calendar foram substituídos pelas suas respectivas con-
julho de 2009, e começou a ser vendido livremente para
trapartes do Windows Live, com a perda de algumas funcio-
usuários comuns dia 22 de outubro de 2009.
nalidades. O Windows 7, assim como o Windows Vista, es-
Diferente do Windows Vista, que introduziu muitas no-
vidades, o Windows 7 é uma atualização mais modesta e tará disponível em cinco diferentes edições, porém apenas
direcionada para a linha Windows, tem a intenção de tor- o Home Premium, Professional e Ultimate serão vendidos
ná-lo totalmente compatível com aplicações e hardwares na maioria dos países, restando outras duas edições que se
com os quais o Windows Vista já era compatível. concentram em outros mercados, como mercados de em-
Apresentações dadas pela companhia no começo de presas ou só para países em desenvolvimento. Cada edição
2008 mostraram que o Windows 7 apresenta algumas va- inclui recursos e limitações, sendo que só o Ultimate não
riações como uma barra de tarefas diferente, um sistema tem limitações de uso. Segundo a Microsoft, os recursos
de “network” chamada de “HomeGroup”, e aumento na para todas as edições do Windows 7 são armazenadas no
performance. computador.
· Interface gráfica aprimorada, com nova barra de tare- Um dos principais objetivos da Microsoft com este novo
fas e suporte para telas touch screen e multi-táctil (multi- Windows é proporcionar uma melhor interação e integra-
touch) ção do sistema com o usuário, tendo uma maior otimização
· Internet Explorer 8; dos recursos do Windows 7, como maior autonomia e me-
· Novo menu Iniciar; nor consumo de energia, voltado a profissionais ou usuários
· Nova barra de ferramentas totalmente reformulada; de internet que precisam interagir com clientes e familiares
· Comando de voz (inglês); com facilidade, sincronizando e compartilhando facilmente
· Gadgets sobre o desktop; arquivos e diretórios.
· Novos papéis de parede, ícones, temas etc.;
· Conceito de Bibliotecas (Libraries), como no Windows Recursos
Media Player, integrado ao Windows Explorer;
· Arquitetura modular, como no Windows Server 2008; Segundo o site da própria Microsoft, os recursos en-
· Faixas (ribbons) nos programas incluídos com o Win- contrados no Windows 7 são fruto das novas necessidades
dows (Paint e WordPad, por exemplo), como no Office encontradas pelos usuários. Muitos vêm de seu antecessor,
2007; Windows Vista, mas existem novas funcionalidades exclusi-
· Aceleradores no Internet Explorer 8;
vas, feitas para facilitar a utilização e melhorar o desempe-
· Aperfeiçoamento no uso da placa de vídeo e memória
nho do SO (Sistema Operacional) no computador.
RAM;
Vale notar que, se você tem conhecimentos em outras
· Home Groups;
versões do Windows, não terá que jogar todo o conheci-
· Melhor desempenho;
· Windows Media Player 12; mento fora. Apenas vai se adaptar aos novos caminhos e
· Nova versão do Windows Media Center; aprender “novos truques” enquanto isso.
· Gerenciador de Credenciais;
· Instalação do sistema em VHDs; Tarefas Cotidianas
· Nova Calculadora, com interface aprimorada e com
mais funções; Já faz tempo que utilizar um computador no dia a dia
· Reedição de antigos jogos, como Espadas Internet, se tornou comum. Não precisamos mais estar em alguma
Gamão Internet e Internet Damas; empresa enorme para precisar sempre de um computador
· Windows XP Mode; perto de nós. O Windows 7 vem com ferramentas e funções
· Aero Shake; para te ajudar em tarefas comuns do cotidiano.

1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Grupo Doméstico

Ao invés de um, digamos que você tenha dois ou mais


computadores em sua casa. Permitir a comunicação entre
várias estações vai te poupar de ter que ir fisicamente aonde
a outra máquina está para recuperar uma foto digital arma-
zenada apenas nele.
Com o Grupo Doméstico, a troca de arquivos fica sim-
plificada e segura. Você decide o que compartilhar e qual os
privilégios que os outros terão ao acessar a informação, se é
apenas de visualização, de edição e etc.

Tela sensível ao toque

O Windows 7 está preparado para a tecnologia sensível


ao toque com opção a multitoque, recurso difundido pelo
iPhone.
O recurso multitoque percebe o toque em diversos pon-
tos da tela ao mesmo tempo, assim tornando possível di-
mensionar uma imagem arrastando simultaneamente duas
pontas da imagem na tela.
O Touch Pack para Windows 7 é um conjunto de aplica-
Exemplo de arquivos recentes no Paint.
tivos e jogos para telas sensíveis ao toque. O Surface Collage
é um aplicativo para organizar e redimensionar fotos. Nele é
Pode, inclusive, fixar conteúdo que você considere im-
possível montar slide show de fotos e criar papeis de parede
portante. Se a edição de um determinado documento é
personalizados. Essas funções não são novidades, mas por
serem feitas para usar uma tela sensível a múltiplos toques constante, vale a pena deixá-lo entre os “favoritos”, visto
as tornam novidades. que a lista de recentes se modifica conforme você abre e
fecha novos documentos.

Snap
Ao se utilizar o Windows por muito tempo, é comum
ver várias janelas abertas pelo seu monitor. Com o recur-
so de Snap, você pode posicioná-las de um jeito prático e
divertido. Basta apenas clicar e arrastá-las pelas bordas da
tela para obter diferentes posicionamentos.
O Snap é útil tanto para a distribuição como para a
comparação de janelas. Por exemplo, jogue uma para a es-
querda e a outra na direita. Ambas ficaram abertas e divi-
dindo igualmente o espaço pela tela, permitindo que você
as veja ao mesmo tempo.

Windows Search
O sistema de buscas no Windows 7 está refinado e es-
tendido. Podemos fazer buscas mais simples e específicas
Microsoft Surface Collage, desenvolvido para usar tela diretamente do menu iniciar, mas foi mantida e melhorada
sensível ao toque. a busca enquanto você navega pelas pastas.

Lista de Atalhos Menu iniciar


As pesquisas agora podem ser feitas diretamente do
Novidade desta nova versão, agora você pode abrir di- menu iniciar. É útil quando você necessita procurar, por
retamente um arquivo recente, sem nem ao menos abrir o exemplo, pelo atalho de inicialização de algum programa
programa que você utilizou. Digamos que você estava edi- ou arquivo de modo rápido.
tando um relatório em seu editor de texto e precisou fechá “Diferente de buscas com as tecnologias anteriores do
-lo por algum motivo. Quando quiser voltar a trabalhar nele, Windows Search, a pesquisa do menu início não olha ape-
basta clicar com o botão direito sob o ícone do editor e o nas aos nomes de pastas e arquivos.
arquivo estará entre os recentes. Considera-se o conteúdo do arquivo, tags e proprieda-
Ao invés de ter que abrir o editor e somente depois se des também” (Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg 770).
preocupar em procurar o arquivo, você pula uma etapa e vai
Os resultados são mostrados enquanto você digita e
diretamente para a informação, ganhando tempo.
são divididos em categorias, para facilitar sua visualização.

2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Abaixo as categorias nas quais o resultado de sua bus- A busca não se limita a digitação de palavras. Você
ca pode ser dividido. pode aplicar filtros, por exemplo, buscar, na pasta músicas,
· Programas todas as canções do gênero Rock. Existem outros, como
· Painel de Controle data, tamanho e tipo. Dependendo do arquivo que você
· Documentos procura, podem existir outras classificações disponíveis.
· Música Imagine que todo arquivo de texto sem seu computa-
· Arquivos dor possui um autor. Se você está buscando por arquivos
de texto, pode ter a opção de filtrar por autores.

Você observará que o Windows Explorer traz a janela


dividida em duas partes.

Fonte: http://ead.go.gov.br/ficead/mod/book/tool/
print/index.php?id=53&chapterid=56

Controle dos pais


Não é uma tarefa fácil proteger os mais novos do que
Ao digitar “pai” temos os itens que contêm essas letras visualizam por meio do computador. O Windows 7 ajuda
em seu nome. a limitar o que pode ser visualizado ou não. Para que essa
funcionalidade fique disponível, é importante que o com-
Windows Explorer putador tenha uma conta de administrador, protegida por
O que você encontra pelo menu iniciar é uma pequena senha, registrada. Além disso, o usuário que se deseja res-
parte do total disponível. tringir deve ter sua própria conta.
Fazendo a busca pelo Windows Explorer – que é acio- As restrições básicas que o 7 disponibiliza:
nado automaticamente quando você navega pelas pastas · Limite de Tempo: Permite especificar quais horas do
do seu computador – você encontrará uma busca mais dia que o PC pode ser utilizado.
abrangente. · Jogos: Bloqueia ou permite jogar, se baseando pelo
Em versões anteriores, como no Windows XP, antes de horário e também pela classificação do jogo. Vale notar
se fazer uma busca é necessário abrir a ferramenta de bus- que a classificação já vem com o próprio game.
ca. No 7, precisamos apenas digitar os termos na caixa de · Bloquear programas: É possível selecionar quais apli-
busca, que fica no canto superior direito. cativos estão autorizados a serem executados.
Fazendo download de add-on’s é possível aumentar a
quantidade de restrições, como controlar as páginas que
são acessadas, e até mesmo manter um histórico das ativi-
dades online do usuário.

Central de ações
A central de ações consolida todas as mensagens de
segurança e manutenção do Windows. Elas são classifica-
das em vermelho (importante – deve ser resolvido rapida-
mente) e amarelas (tarefas recomendadas).
O painel também é útil caso você sinta algo de estra-
nho no computador. Basta checar o painel e ver se o Win-
Windows Explorer com a caixa de busca (Jim Boyce; dows detectou algo de errado.
Windows 7 Bible, pg 774).

3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A central de ações e suas opções.


- Do seu jeito Gadgets de calendário e relógio.
O ambiente que nos cerca faz diferença, tanto para
nossa qualidade de vida quanto para o desempenho no Temas
trabalho. O computador é uma extensão desse ambiente. Como nem sempre há tempo de modificar e deixar to-
das as configurações exatamente do seu gosto, o Windows
O Windows 7 permite uma alta personalização de ícones,
7 disponibiliza temas, que mudam consideravelmente os
cores e muitas outras opções, deixando um ambiente mais
aspectos gráficos, como em papéis de parede e cores.
confortável, não importa se utilizado no ambiente profis-
sional ou no doméstico.
ClearType
Muitas opções para personalizar o Windows 7 estão
“Clear Type é uma tecnologia que faz as fontes pare-
na página de Personalização1, que pode ser acessada por
cerem mais claras e suaves no monitor. É particularmente
um clique com o botão direito na área de trabalho e em
efetivo para monitores LCD, mas também tem algum efeito
seguida um clique em Personalizar. nos antigos modelos CRT(monitores de tubo). O Windows
É importante notar que algumas configurações podem 7 dá suporte a esta tecnologia” (Jim Boyce; Windows 7 Bib-
deixar seu computador mais lento, especialmente efeitos le, pg 163, tradução nossa).
de transparência. Abaixo estão algumas das opções de per-
sonalização mais interessantes. Novas possibilidades
Os novos recursos do Windows 7 abrem, por si só, no-
Papéis de Parede vas possibilidades de configuração, maior facilidade na na-
Os papéis de parede não são tamanha novidade, virou vega, dentre outros pontos. Por enquanto, essas novidades
praticamente uma rotina entre as pessoas colocarem fotos foram diretamente aplicadas no computador em uso, mas
de ídolos, paisagens ou qualquer outra figura que as agra- no 7 podemos também interagir com outros dispositivos.
de. Uma das novidades fica por conta das fotos que você
encontra no próprio SO. Variam de uma foto focando uma Reproduzir em
única folha numa floresta até uma montanha. Permitindo acessando de outros equipamentos a um
A outra é a possibilidade de criar um slide show com computador com o Windows 7, é possível que eles se co-
várias fotos. Elas ficaram mudando em sequência, dando a muniquem e seja possível tocar, por exemplo, num aparelho
impressão que sua área de trabalho está mais viva. de som as músicas que você tem no HD de seu computador.
É apenas necessário que o aparelho seja compatível
Gadgets com o Windows 7 – geralmente indicado com um logotipo
As “bugigangas” já são conhecidas do Windows Vista, “Compatível com o Windows 7”.
mas eram travadas no canto direito. Agora elas podem ficar
em qualquer local do desktop. Streaming de mídia remoto
Servem para deixar sua área de trabalho com ele- Com o Reproduzir em é possível levar o conteúdo do
mentos sortidos, desde coisas úteis – como uma pequena computador para outros lugares da casa. Se quiser levar
agenda – até as de gosto mais duvidosas – como uma que para fora dela, uma opção é o Streaming de mídia remoto.
mostra o símbolo do Corinthians. Fica a critério do usuário Com este novo recurso, dois computadores rodando
o que e como utilizar. Windows 7 podem compartilhar músicas através do Win-
O próprio sistema já vem com algumas, mas se sentir dows Media Player 12. É necessário que ambos estejam as-
necessidade, pode baixar ainda mais opções da internet. sociados com um ID online, como a do Windows Live.

4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Personalização O print screen agora tem um aplicativo que permite cap-


Você pode adicionar recursos ao seu computador al- turar de formas diferentes a tela, como por exemplo, a tela
terando o tema, a cor, os sons, o plano de fundo da área inteira, partes ou áreas desenhadas da tela com o mouse.
de trabalho, a proteção de tela, o tamanho da fonte e a
imagem da conta de usuário. Você pode também selecionar
“gadgets” específicos para sua área de trabalho.
Ao alterar o tema você inclui um plano de fundo na área
de trabalho, uma proteção de tela, a cor da borda da janela
sons e, às vezes, ícones e ponteiros de mouse.
Você pode escolher entre vários temas do Aero, que é
um visual premium dessa versão do Windows, apresentan-
do um design como o vidro transparente com animações
de janela, um novo menu Iniciar, uma nova barra de tarefas
e novas cores de borda de janela. Use o tema inteiro ou
crie seu próprio tema personalizado alterando as imagens,
cores e sons individualmente. Você também pode locali-
zar mais temas online no site do Windows. Você também
pode alterar os sons emitidos pelo computador quando,
por exemplo, você recebe um e-mail, inicia o Windows ou
desliga o computador.
O plano de fundo da área de trabalho, chamado de pa-
pel de parede, é uma imagem, cor ou design na área de Aplicativo de copiar tela (botão print screen).
trabalho que cria um fundo para as janelas abertas. Você
pode escolher uma imagem para ser seu plano de fundo de O Paint foi reformulado, agora conta com novas ferra-
área de trabalho ou pode exibir uma apresentação de slides mentas e design melhorado, ganhou menus e ferramentas
de imagens. Também pode ser usada uma proteção de tela
que parecem do Office 2007.
onde uma imagem ou animação aparece em sua tela quan-
do você não utiliza o mouse ou o teclado por determinado
Paint com novos recursos.
período de tempo. Você pode escolher uma variedade de
proteções de tela do Windows. Aumentando o tamanho da
O WordPad também foi reformulado, recebeu novo vi-
fonte você pode tornar o texto, os ícones e outros itens da
sual mais próximo ao Word 2007, também ganhou novas
tela mais fáceis de ver. Também é possível reduzir a escala
ferramentas, assim se tornando um bom editor para quem
DPI, escala de pontos por polegada, para diminuir o tama-
nho do texto e outros itens na tela para que caibam mais não tem o Word 2007.
informações na tela. A calculadora também sofreu mudanças, agora conta
Outro recurso de personalização é colocar imagem de com 2 novos modos, programador e estatístico. No modo
conta de usuário que ajuda a identificar a sua conta em um programador ela faz cálculos binários e tem opção de álge-
computador. A imagem é exibida na tela de boas vindas e bra booleana. A estatística tem funções de cálculos básicos.
no menu Iniciar. Você pode alterar a imagem da sua conta Também foi adicionado recurso de conversão de uni-
de usuário para uma das imagens incluídas no Windows ou dades como de pés para metros.
usar sua própria imagem. E para finalizar você pode adicio-
nar “gadgets” de área de trabalho, que são miniprogramas
personalizáveis que podem exibir continuamente informa-
ções atualizadas como a apresentação de slides de imagens
ou contatos, sem a necessidade de abrir uma nova janela.

Aplicativos novos
Uma das principais características do mundo Linux é
suas versões virem com muitos aplicativos, assim o usuário
não precisa ficar baixando arquivos após instalar o sistema,
o que não ocorre com as versões Windows.
O Windows 7 começa a mudar essa questão, agora
existe uma serie de aplicativos juntos com o Windows 7,
para que o usuário não precisa baixar programas para ati-
vidades básicas.
Com o Sticky Notes pode-se deixar lembretes no desk-
top e também suportar entrada por caneta e toque.
No Math Input Center, utilizando recursos multitoque,
equações matemáticas escritas na tela são convertidas em Calculadora: 2 novos modos.
texto, para poder adicioná-la em um processador de texto.

5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Atualização
“Atualizar é a forma mais conveniente de ter o Windows
7 em seu computador, pois mantém os arquivos, as configu-
rações e os programas do Windows Vista no lugar” (Site da
Microsoft, http://windows.microsoft.com/pt-

BR/windows7/help/upgrading-from-windows-vista-to-
windows-7).
É o método mais adequado, se o usuário não possui co-
nhecimento ou tempo para fazer uma instalação do método
tradicional. Optando por essa opção, ainda devesse tomar
cuidado com a compatibilidade dos programas, o que fun-
ciona no Vista nem sempre funcionará no 7.

Instalação
Por qualquer motivo que a atualização não possa ser
WordPad remodelado efetuada, a instalação completa se torna a opção mais viável.
Neste caso, é necessário fazer backup de dados que se
Requisitos deseja utilizar, como drivers e documentos de texto, pois to-
Apesar desta nova versão do Windows estar mais leve das as informações no computador serão perdidas. Quan-
em relação ao Vista, ainda é exigido uma configuração de do iniciar o Windows 7, ele vai estar sem os programas que
hardware (peças) relativamente boa, para que seja utilizado você havia instalado e com as configurações padrão.
sem problemas de desempenho.
Esta é a configuração mínima: Desempenho
· Processador de 1 GHz (32-bit)
De nada adiantariam os novos recursos do Windows 7
· Memória (RAM) de 1 GB
se ele mantivesse a fama de lento e paranóico, adquirida
· Placa de Vídeo compatível com DirectX 9.0 e 32 MB de
por seu antecessor. Testes indicam que a nova versão tem
memória (sem Windows Aero)
ganhou alguns pontos na velocidade.
· Espaço requerido de 16GB
O 7 te ajuda automaticamente com o desempenho:
· DVD-ROM
“Seu sistema operacional toma conta do gerenciamento do
· Saída de Áudio
processador e memória para você” (Jim Boyce; Windows 7
Bible, pg 1041, tradução nossa).
Se for desejado rodar o sistema sem problemas de len-
tidão e ainda usufruir de recursos como o Aero, o reco- Além disso, as tarefas recebem prioridades. Apesar de
mendado é a seguinte configuração. não ajudar efetivamente no desempenho, o Windows 7 prio-
Configuração Recomendada: riza o que o usuário está interagindo (tarefas “foreground”).
· Processador de 2 GHz (32 ou 64 bits) Outras, como uma impressão, tem baixa prioridade pois
· Memória (RAM) de 2 GB são naturalmente lentas e podem ser executadas “longe da
· Espaço requerido de disco rígido: 16 GB visão” do usuário, dando a impressão que o computador
· Placa de vídeo com suporte a elementos gráficos Di- não está lento.
rectX 9 com 256 MB de memória (para habilitar o tema do Essa característica permite que o usuário não sinta uma
Windows Aero) lentidão desnecessária no computador.
· Unidade de DVD-R/W Entretanto, não se pode ignorar o fato que, com cada
· Conexão com a Internet (para obter atualizações) vez mais recursos e “efeitos gráficos”, a tendência é que o
sistema operacional se torne um forte consumidor de me-
Atualizar de um SO antigo mória e processamento. O 7 disponibiliza vários recursos de
ponta e mantêm uma performance satisfatória.
O melhor cenário possível para a instalação do Win-
dows 7 é com uma máquina nova, com os requisitos apro- Monitor de desempenho
priados. Entretanto, é possível utilizá-lo num computador Apesar de não ser uma exclusividade do 7, é uma fer-
antigo, desde que atenda as especificações mínimas. ramenta poderosa para verificar como o sistema está se
Se o aparelho em questão possuir o Windows Vista portando. Podem-se adicionar contadores (além do que já
instalado, você terá a opção de atualizar o sistema opera- existe) para colher ainda mais informações e gerar relatórios.
cional. Caso sua máquina utilize Windows XP, você deverá
fazer a re-instalação do sistema operacional. Monitor de recursos
Utilizando uma versão anterior a do XP, muito prova- Com o monitor de recursos, uma série de abas mostra
velmente seu computador não atende aos requisitos míni- informações sobre o uso do processador, da memória, disco
mos. Entretanto, nada impede que você tente fazer a re- e conexão à rede.
instalação.

6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS VERSÕES Para isso foram desenvolvidos aplicativos como o
Domain Join, que ajuda os computadores de uma rede a
Windows 7 Starter “se enxergarem” e conseguirem se comunicar. O Location
Como o próprio título acima sugere, esta versão do Aware Printing, por sua vez, tem como objetivo tornar mui-
Windows é a mais simples e básica de todas. A Barra de to mais fácil o compartilhamento de impressoras.
Tarefas foi completamente redesenhada e não possui su- Como empresas sempre estão procurando maneiras
porte ao famoso Aero Glass. Uma limitação da versão é para se proteger de fraudes, o Windows 7 Professional traz
que o usuário não pode abrir mais do que três aplicativos o Encrypting File System, que dificulta a violação de dados.
ao mesmo tempo. Esta versão também será encontrada em lojas de varejo ou
Esta versão será instalada em computadores novo ape- computadores novos.
nas nos países em desenvolvimento, como Índia, Rússia e
Brasil. Disponível apenas na versão de 32 bits. Windows 7 Enterprise, apenas para vários
Sim, é “apenas para vários” mesmo. Como esta é uma
Windows 7 Home Basic versão mais voltada para empresas de médio e grande por-
Esta é uma versão intermediária entre as edições Star-
te, só poderá ser adquirida com licenciamento para diver-
ter e Home Premium (que será mostrada logo abaixo). Terá
sas máquinas. Acumula todas as funcionalidades citadas na
também a versão de 64 bits e permitirá a execução de mais
edição Professional e possui recursos mais sofisticados de
de três aplicativos ao mesmo tempo.
segurança.
Assim como a anterior, não terá suporte para o Aero Glass
nem para as funcionalidades sensíveis ao toque, fugindo um Dentre esses recursos estão o BitLocker, responsável
pouco da principal novidade do Windows 7. Computadores pela criptografia de dados e o AppLocker, que impede a
novos poderão contar também com a instalação desta edi- execução de programas não-autorizados. Além disso, há
ção, mas sua venda será proibida nos Estados Unidos. ainda o BrachCache, para turbinar transferência de arqui-
vos grandes e também o DirectAccess, que dá uma super
Windows 7 Home Premium ajuda com a configuração de redes corporativas.
Edição que os usuários domésticos podem chamar de
“completa”, a Home Premium acumula todas as funciona- Windows 7 Ultimate, o mais completo e mais caro
lidades das edições citadas anteriormente e soma mais al- Esta será, provavelmente, a versão mais cara de todas,
gumas ao pacote. pois contém todas as funcionalidades já citadas neste ar-
Dentre as funções adicionadas, as principais são o su- tigo e mais algumas. Apesar de sua venda não ser restrita
porte à interface Aero Glass e também aos recursos Touch às empresas, o Microsoft disponibilizará uma quantidade
Windows (tela sensível ao toque) e Aero Background, que limitada desta versão do sistema.
troca seu papel de parede automaticamente no intervalo Isso porque grande parte dos aplicativos e recursos
de tempo determinado. Haverá ainda um aplicativo nativo presentes na Ultimate são dedicados às corporações, não
para auxiliar no gerenciamento de redes wireless, conheci- interessando muito aos usuários comuns.
do como Mobility Center.

Esta edição será colocada à venda em lojas de varejo e Usando a Ajuda e Suporte do Windows
também poderá ser encontrada em computadores novos. A Ajuda e Suporte do Windows é um sistema de ajuda
interno do Windows, no qual você obtém respostas rápidas
Windows 7 Professional, voltado às pequenas empresas a dúvidas comuns, sugestões para solução de problemas e
Mais voltada para as pequenas empresas, a versão instruções sobre diversos itens e tarefas. Caso precise de
Professional do Windows 7 possuirá diversos recursos que ajuda com relação a um programa que não faz parte do
visam facilitar a comunicação entre computadores e até Windows, consulte a Ajuda desse programa (consulte “Ob-
mesmo impressoras de uma rede corporativa. tendo ajuda sobre um programa”, a seguir).

7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para abrir a Ajuda e Suporte do Windows, clique no botão Iniciar e, em seguida, clique em Ajuda e Suporte.
Obter o conteúdo mais recente da Ajuda
Se você estiver conectado à Internet, verifique se o Centro de Ajuda e Suporte do Windows está configurado como Aju-
da Online. A Ajuda Online inclui novos tópicos da Ajuda e as versões mais recentes dos tópicos existentes.
Clique no botão Iniciar  e em Ajuda e Suporte.
Na barra de ferramentas Ajuda e Suporte do Windows, clique em Opções e em Configurações.
Em  Resultados da pesquisa, marque a caixa de seleção  Melhorar os resultados de pesquisa usando a Ajuda online
(recomendado) e clique em OK. Quando você estiver conectado, as palavras Ajuda Online serão exibidas no canto inferior
direito da janela Ajuda e Suporte.

Pesquisar na Ajuda
A maneira mais rápida de obter ajuda é digitar uma ou duas palavras na caixa de pesquisa. Por exemplo, para obter in-
formações sobre rede sem fio, digite rede sem fio e pressione Enter. Será exibida uma lista de resultados, com os mais úteis
na parte superior. Clique em um dos resultados para ler o tópico.

A caixa de pesquisa na Ajuda e Suporte do Windows

Pesquisar Ajuda
Você pode pesquisar tópicos da Ajuda por assunto. Clique no botão Pesquisar Ajuda e, em seguida, clique em um item na
lista de títulos de assuntos que será exibida. Esses títulos podem conter tópicos da Ajuda ou outros títulos de assuntos. Clique em
um tópico da Ajuda para abri-lo ou clique em outro título para investigar mais a fundo a lista de assuntos.

Navegando em tópicos da Ajuda por assunto

8
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

MS-WORD 2010: ESTRUTURA BÁSICA DOS


DOCUMENTOS, EDIÇÃO E FORMATAÇÃO
DE TEXTOS, CABEÇALHOS, PARÁGRAFOS,
FONTES, COLUNAS, MARCADORES
SIMBÓLICOS E NUMÉRICOS, TABELAS,
IMPRESSÃO, CONTROLE DE QUEBRAS E
NUMERAÇÃO DE PÁGINAS, LEGENDAS,
ÍNDICES, INSERÇÃO DE OBJETOS, CAMPOS
PREDEFINIDOS, CAIXAS DE TEXTO.

MS WORD

O Word faz parte da suíte de aplicativos Office, e é considerado um dos principais produtos da Microsoft sendo a suíte
que domina o mercado de suítes de escritório, mesmo com o crescimento de ferramentas gratuitas como Google Docs e
Open Office.

Interface

No cabeçalho de nosso programa temos a barra de títulos do documento


, que como é um novo documento apresenta como título “Documen-
to1”. Na esquerda temos a Barra de acesso rápido, que permite acessar alguns comandos mais rapidamen-
te como salvar, desfazer. Você pode personalizar essa barra, clicando no menu de contexto (flecha para baixo) à direita dela.

Mais a esquerda tem a ABA Arquivo.


Através dessa ABA, podemos criar novos documentos, abrir arquivos existentes, salvar documentos, imprimir, preparar
o documento (permite adicionar propriedades ao documento, criptografar, adicionar assinaturas digitais, etc.). Vamos uti-
lizar alguns destes recursos no andamento de nosso curso.

ABAS

Os comandos para a edição de nosso texto agora ficam agrupadas dentro destas guias. Dentro destas guias temos
os grupos de ferramentas, por exemplo, na guia Inicio, temos “Fonte”, “Parágrafo”, etc., nestes grupos fica visíveis para os
usuários os principais comandos, para acessar os demais comandos destes grupos de ferramentas, alguns destes grupos
possuem pequenas marcações na sua direita inferior.

9
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Word possui também guias contextuais quando determinados elementos dentro de seu texto são selecionados, por
exemplo, ao selecionar uma imagem, ele criar na barra de guias, uma guia com a possibilidade de manipulação do elemen-
to selecionado.

Trabalhando com documentos


Ao iniciarmos o Word temos um documento em branco que é sua área de edição de texto. Vamos digitar um pequeno
texto conforme abaixo:

10
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Salvando Arquivos Abrindo um arquivo do Word


É importante ao terminar um documento, ou durante a di-
gitação do mesmo, quando o documento a ser criado é longo, Para abrir um arquivo, você precisa clicar na ABA Ar-
salvar seu trabalho. Salvar consiste em armazenar se documen- quivo.
to em forma de arquivo em seu computador, pendrive, ou outro
dispositivo de armazenamento. Para salvar seu documento, cli-
que no botão salvar no topo da tela. Será aberta uma tela onde
você poderá definir o nome, local e formato de seu arquivo.

Na esquerda da janela, o botão abrir é o segundo abai-


xo de novo, observe também que ele mostra uma relação
de documentos recentes, nessa área serão mostrados os
últimos documentos abertos pelo Word facilitando a aber-
tura. Ao clicar em abrir, será necessário localizar o arquivo
no local onde o mesmo foi salvo.
Observe na janela de salvar que o Word procura salvar
seus arquivos na pasta Documents do usuário, você pode
mudar o local do arquivo a ser salvo, pela parte esquerda da
janela. No campo nome do arquivo, o Word normalmente
preenche com o título do documento, como o documento
não possui um título, ele pega os primeiros 255 caracteres e
atribui como nome, é aconselhável colocar um nome menor e
que se aproxime do conteúdo de seu texto. “Em Tipo a maior
mudança, até versão 2003, os documentos eram salvos no
formato”. DOC”, a partir da versão 2010, os documentos são
salvos na versão”. DOCX”, que não são compatíveis com as
versões anteriores. Para poder salvar seu documento e manter
ele compatível com versões anteriores do Word, clique na di-
reita dessa opção e mude para Documento do Word 97-2003.

Caso necessite salvar seu arquivo em outro formato,


outro local ou outro nome, clique no botão Office e esco-
lha Salvar Como.

Visualização do Documento

Podemos alterar a forma de visualização de nosso do-


cumento. No rodapé a direta da tela temos o controle de
Zoom.·. Anterior a este controle de zoom temos os botões
de forma de visualização de seu documento,
que podem também ser acessados pela Aba Exibição.
Observe que o nome de seu arquivo agora aparece na
barra de títulos.

11
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Configuração de Documentos
Um dos principais cuidados que se deve ter com seus
documentos é em relação à configuração da página. A
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) possui um
Os cinco primeiros botões são os mesmos que temos manual de regras para documentações, então é comum es-
em miniaturas no rodapé. cutar “o documento tem que estar dentro das normas”, não
• Layout de Impressão: Formato atual de seu docu- vou me atentar a nenhuma das normas especificas, porém
mento é o formato de como seu documento ficará na folha vou ensinar como e onde estão as opções de configuração
impressa. de um documento.
• Leitura em Tela Inteira: Ele oculta as barras de No Word 2010 a ABA que permite configurar sua pági-
seu documento, facilitando a leitura em tela, observe que na é a ABA Layout da Página.
no rodapé do documento à direita, ele possui uma flecha
apontado para a próxima página. Para sair desse modo de
visualização, clique no botão fechar no topo à direita da
tela.
• Layout da Web: Aproxima seu texto de uma visua-
lização na Internet, esse formato existe, pois muitos usuá-
rios postam textos produzidos no Word em sites e blogs
na Internet.
• Estrutura de Tópicos: Permite visualizar seu docu-
mento em tópicos, o formato terá melhor compreensão
quando trabalharmos com marcadores.
• Rascunho: É o formato bruto, permite aplicar di-
versos recursos de produção de texto, porém não visualiza
como impressão nem outro tipo de meio.
O terceiro grupo de ferramentas da Aba exibição per-
mite trabalhar com o Zoom da página. Ao clicar no botão
Zoom o Word apresenta a seguinte janela:

O grupo “Configurar Página”, permite definir as mar-


gens de seu documento, ele possui alguns tamanhos pré-
definidos, como também personalizá-las.
Ao personalizar as margens, é possível alterar as mar-
gens superior, esquerda, inferior e direita, definir a orien-
tação da página, se retrato ou paisagem, configurar a fora
de várias páginas, como normal, livro, espelho. Ainda nessa
mesma janela temos a guia Papel.

Onde podemos utilizar um valor de zoom predefinido,


ou colocarmos a porcentagem desejada, podemos visuali-
zar o documento em várias páginas. E finalizando essa aba
temos as formas de exibir os documentos aberto em uma
mesma seção do Word.

Nesta guia podemos definir o tipo de papel, e fonte de


alimentação do papel.

12
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao clicar em mais Colunas, é possível personalizar as


suas colunas, o Word disponibiliza algumas opções pré-
definidas, mas você pode colocar em um número maior de
colunas, adicionar linha entre as colunas, definir a largura
e o espaçamento entre as colunas. Observe que se você
pretende utilizar larguras de colunas diferentes é preciso
desmarcar a opção “Colunas de mesma largura”. Atente
também que se preciso adicionar colunas a somente uma
parte do texto, eu preciso primeiro selecionar esse texto.

A terceira guia dessa janela chama-se Layout. A primei-


ra opção dessa guia chama-se seção. Aqui se define como
será uma nova seção do documento, vamos aprender mais
frente como trabalhar com seções.
Em cabeçalhos e rodapés podemos definir se vamos Números de Linha
utilizar cabeçalhos e rodapés diferentes nas páginas pares
e ímpares, e se quero ocultar as informações de cabeçalho É bastante comum em documentos acrescentar nume-
e rodapé da primeira página. Em Página, pode-se definir o ração nas páginas dos documentos, o Word permite que
alinhamento do conteúdo do texto na página. O padrão é você possa fazer facilmente, clicando no botão “Números
o alinhamento superior, mesmo que fique um bom espa- de Linhas”.
ço em branco abaixo do que está editado. Ao escolher a
opção centralizada, ele centraliza o conteúdo na vertical. A
opção números de linha permite adicionar numeração as
linhas do documento.

Ao clicar em “Opções de Numeração de Linhas...”,


abre-se a janela que vimos em Layout.

Plano de Fundo da Página

Colunas

Podemos adicionar as páginas do documento, marcas


d’água, cores e bordas. O grupo Plano de Fundo da Página
possui três botões para modificar o documento.

13
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique no botão Marca d’água.

O botão Bordas da Página, já estudamos seu funciona-


mento ao clicar nas opções de Margens.

Selecionando Textos

Embora seja um processo simples, a seleção de tex-


tos é indispensável para ganho de tempo na edição de seu
texto. Através da seleção de texto podemos mudar a cor,
tamanho e tipo de fonte, etc.

Selecionando pelo Mouse

Ao posicionar o mouse mais a esquerda do texto, o


cursor aponta para a direita.
• Ao dar um clique ele seleciona toda a linha
• Ao dar um duplo clique ele seleciona todo o pa-
rágrafo.
• Ao dar um triplo clique seleciona todo o texto
Com o cursor no meio de uma palavra:
• Ao dar um clique o cursor se posiciona onde foi
clicado
• Ao dar um duplo clique, ele seleciona toda a pa-
O Word apresenta alguns modelos, mais abaixo temos lavra.
o item Personalizar Marca D’água. Clique nessa opção. • Ao dar um triplo clique ele seleciona todo o pa-
rágrafo

Podemos também clicar, manter o mouse pressionado


e arrastar até onde se deseja selecionar. O problema é que
se o mouse for solto antes do desejado, é preciso reiniciar
o processo, ou pressionar a tecla SHIFT no teclado e clicar
ao final da seleção desejada. Podemos também clicar onde
começa a seleção, pressionar a tecla SHIFT e clicar onde
termina a seleção. É possível selecionar palavras alternadas.
Selecione a primeira palavra, pressione CTRL e vá selecio-
nando as partes do texto que deseja modificar.

Copiar e Colar
O copiar e colar no Word funciona da mesma forma
que qualquer outro programa, pode-se utilizar as teclas de
atalho CTRL+C (copiar), CTRL+X (Recortar) e CTRL+V(Co-
lar), ou o primeiro grupo na ABA Inicio.

Nesta janela podemos definir uma imagem como mar-


ca d’água, basta clicar em Selecionar Imagem, escolher a
imagem e depois definir a dimensão e se a imagem fica-
rá mais fraca (desbotar) e clicar em OK. Como também é
possível definir um texto como marca d’água. O segundo
botão permite colocar uma cor de fundo em seu texto, um
recurso interessante é que o Word verifica a cor aplicada e Este é um processo comum, porém um cuidado impor-
automaticamente ele muda a cor do texto. tante é quando se copia texto de outro tipo de meio como,
por exemplo, da Internet. Textos na Internet possuem for-

14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

matações e padrões deferentes dos editores de texto. Ao • Usar caracteres curinga: Procura somente as pa-
copiar um texto da Internet, se você precisa adequá-lo ao lavras que você especificou com o caractere coringa. Ex.
seu documento, não basta apenas clicar em colar, é ne- Se você digitou *ão o Word vai localizar todas as palavras
cessário clicar na setinha apontando para baixo no botão terminadas em ão.
Colar, escolher Colar Especial. • Semelhantes: Localiza palavras que tem a mesma
sonoridade, mas escrita diferente. Disponível somente para
palavras em inglês.
• Todas as formas de palavra: Localiza todas as for-
mas da palavra, não será permitida se as opções usar carac-
tere coringa e semelhantes estiverem marcadas.
• Formatar: Localiza e Substitui de acordo com o es-
pecificado como formatação.
• Especial: Adiciona caracteres especiais à caixa lo-
calizar. A caixa de seleção usar caracteres curinga.

Formatação de texto
Um dos maiores recursos de uma edição de texto é a
possibilidade de se formatar o texto. No Office 2010 a ABA
responsável pela formatação é a Inicio e os grupo Fonte,
Parágrafo e Estilo.

Observe na imagem que ele traz o texto no formato


HTML. Precisa-se do texto limpo para que você possa ma-
nipulá-lo, marque a opção Texto não formatado e clique Formatação de Fonte
em OK. A formatação de fonte diz respeito ao tipo de letra,
tamanho de letra, cor, espaçamento entre caracteres, etc.,
para formatar uma palavra, basta apenas clicar sobre ela,
Localizar e Substituir
para duas ou mais é necessário selecionar o texto, se quiser
Ao final da ABA Inicio temos o grupo edição, dentro
formatar somente uma letra também é necessário selecio-
dela temos a opção Localizar e a opção Substituir. Clique
nar a letra. No grupo Fonte, temos visível o tipo de letra,
na opção Substituir.
tamanho, botões de aumentar fonte e diminuir fonte, lim-
par formatação, negrito, itálico, sublinhado, observe que ao
lado de sublinhado temos uma seta apontando para baixo,
ao clicar nessa seta, é possível escolher tipo e cor de linha.

A janela que se abre possui três guias, localizar, Substi-


tuir e Ir para. A guia substituir que estamos vendo, permi-
te substituir em seu documento uma palavra por outra. A
substituição pode ser feita uma a uma, clicando em subs-
tituir, ou pode ser todas de uma única vez clicando-se no
botão Substituir Tudo.
Algumas vezes posso precisar substituir uma palavra
por ela mesma, porém com outra cor, ou então somente
quando escrita em maiúscula, etc., nestes casos clique no
botão Mais. As opções são: Ao lado do botão de sublinhado temos o botão Ta-
• Pesquisar: Use esta opção para indicar a direção chado – que coloca um risco no meio da palavra, botão
da pesquisa; subscrito e sobrescrito e o botão Maiúsculas e Minúsculas.
• Diferenciar maiúsculas de minúsculas: Será locali-
zada exatamente a palavra como foi digitada na caixa lo-
calizar.
• Palavras Inteiras: Localiza uma palavra inteira e
não parte de uma palavra. Ex: Atenciosamente.

15
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Este botão permite alterar a colocação de letras maiús-


culas e minúsculas em seu texto. Após esse botão temos
o de realce – que permite colocar uma cor de fundo para
realçar o texto e o botão de cor do texto.

Podemos definir a escala da fonte, o espaçamento en-


tre os caracteres que pode ser condensado ou comprimido,
a posição é referente ao sobrescrito e subscrito, permitindo
que se faça algo como: .

Kerning: é o acerto entre o espaço dentro das palavras,


pois algumas vezes acontece de as letras ficaram com es-
paçamento entre elas de forma diferente. Uma ferramenta
interessante do Word é a ferramenta pincel, pois com ela
você pode copiar toda a formatação de um texto e aplicar
em outro.
Podemos também clicar na Faixa no grupo Fonte.
Formatação de parágrafos

A principal regra da formatação de parágrafos é que


independente de onde estiver o cursor a formatação será
aplicada em todo o parágrafo, tendo ele uma linha ou mais.
Quando se trata de dois ou mais parágrafos será necessá-
rioselecionar os parágrafos a serem formatados. A forma-
tação de parágrafos pode ser localizada na ABA Inicio, e os
recuos também na ABA Layout da Página.

A janela fonte contém os principais comandos de


formatação e permite que você possa observar as alte- No grupo da Guia Inicio, temos as opções de marcado-
rações antes de aplica. Ainda nessa janela temos a opção res (bullets e numeração e listas de vários níveis), diminuir
Avançado. e aumentar recuo, classificação e botão Mostrar Tudo, na
segunda linha temos os botões de alinhamentos: esquer-
da, centralizado, direita e justificado, espaçamento entre li-
nhas, observe que o espaçamento entre linhas possui uma
seta para baixo, permitindo que se possa definir qual o es-
paçamento a ser utilizado.

16
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cor do Preenchimento do Parágrafo.

Bordas no parágrafo.

As opções disponíveis são praticamente as mesmas


disponíveis pelo grupo.

Podemos trabalhar os recuos de texto também pelas


réguas superiores.

Marcadores e Numeração

Os marcadores e numeração fazem parte do grupo


parágrafos, mas devido a sua importância, merecem um
destaque. Existem dois tipos de marcadores: Símbolos e
Na guia parágrafo da ABA Layout de Página temos Numeração.
apenas os recuos e os espaçamentos entre parágrafos. Ao
clicar na Faixa do grupo Parágrafos, será aberta a janela de
Formatação de Parágrafos.

17
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao clicar em Símbolo, será mostrada a seguinte janela:

A opção vários níveis é utilizada quando nosso texto Onde você poderá escolher a Fonte (No caso acon-
tenha níveis de marcação como, por exemplo, contratos e selha-se a utilizar fontes de símbolos como a Winddings,
petições. Os marcadores do tipo Símbolos como o nome já Webdings), e depois o símbolo. Ao clicar em Imagem, você
diz permite adicionar símbolos a frente de seus parágrafos. poderá utilizar uma imagem do Office, e ao clicar no botão
Se precisarmos criar níveis nos marcadores, basta clicar importar, poderá utilizar uma imagem externa.
antes do inicio da primeira palavra do parágrafo e pressio-
nar a tecla TAB no teclado. Bordas e Sombreamento

Podemos colocar bordas e sombreamentos em nosso


texto. Podem ser bordas simples aplicadas a textos e pará-
grafos. Bordas na página como vimos quando estudamos a
ABA Layout da Página e sombreamentos. Selecione o texto
ou o parágrafo a ser aplicado à borda e ao clicar no botão
de bordas do grupo Parágrafo, você pode escolher uma
borda pré-definida ou então clicar na última opção Bordas
e Sombreamento.
Você pode observar que o Word automaticamente
adicionou outros símbolos ao marcador, você pode alte-
rar os símbolos dos marcadores, clicando na seta ao lado
do botão Marcadores e escolhendo a opção Definir Novo
Marcador.

18
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Podemos começar escolhendo uma definição de borda (caixa, sombra, 3D e outra), ou pode-se especificar cada uma
das bordas na direita onde diz Visualização. Pode-se pelo meio da janela especificar cor e largura da linha da borda. A Guia
Sombreamento permite atribuir um preenchimento de fundo ao texto selecionado. Você pode escolher uma cor base, e
depois aplicar uma textura junto dessa cor.

Cabeçalho e Rodapé
O Word sempre reserva uma parte das margens para o cabeçalho e rodapé. Para acessar as opções de cabeçalho e
rodapé, clique na ABA Inserir, Grupo Cabeçalho e Rodapé.

Ele é composto de três opções Cabeçalho, Rodapé e Número de Página.

19
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao clicar em Cabeçalho o Word disponibiliza algumas opções de caixas para que você possa digitar seu texto. Ao clicar
em Editar Cabeçalho o Word edita a área de cabeçalho e a barra superior passa a ter comandos para alteração do cabeça-
lho.

A área do cabeçalho é exibida em um retângulo pontilhado, o restante do documento fica em segundo plano. Tudo
o que for inserido no cabeçalho será mostrado em todas as páginas, com exceção se você definiu seções diferentes nas
páginas.

Para aplicar números de páginas automaticamente em seu cabeçalho basta clicar em Números de Página, apenas tome
o cuidado de escolher Inicio da Página se optar por Fim da Página ele aplicará o número da página no rodapé. Podemos
também aplicar cabeçalhos e rodapés diferentes a um documento, para isso basta que ambos estejam em seções diferentes
do documento. O cuidado é ao aplicar o cabeçalho ou o rodapé, desmarcar a opção Vincular ao anterior.
O funcionamento para o rodapé é o mesmo para o cabeçalho, apenas deve-se clicar no botão Rodapé.

20
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Data e Hora

O Word Permite que você possa adicionar um campo de Data e Hora em seu texto, dentro da ABA Inserir, no grupo
Texto, temos o botão Data e Hora.

Basta escolher o formato a ser aplicado e clicar em OK. Se precisar que esse campo sempre atualize data, marque a
opção Atualizar automaticamente.

Inserindo Elementos Gráficos


O Word permite que se insira em seus documentos arquivos gráficos como Imagem, Clip-art, Formas, etc., as opções
de inserção estão disponíveis na ABA Inserir.

Imagens
O primeiro elemento gráfico que temos é o elemento Imagem. Para inserir uma imagem clique no botão com o mesmo
nome no grupo Ilustrações na ABA Inserir. Na janela que se abre, localize o arquivo de imagem em seu computador.

21
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A imagem será inserida no local onde estava seu cursor.


O que será ensinado agora é praticamente igual para todo os elementos gráficos, que é a manipulação dos elementos
gráficos. Ao inserir a imagem é possível observar que a mesma enquanto selecionada possui uma caixa pontilhadas em
sua volta, para mover a imagem de local, basta clicar sobre ela e arrastar para o local desejado, se precisar redimensionar a
imagem, basta clicar em um dos pequenos quadrados em suas extremidades, que são chamados por Alças de redimensio-
namento. Para sair da seleção da imagem, basta apenas clicar em qualquer outra parte do texto. Ao clicar sobre a imagem,
a barra superior mostra as configurações de manipulação da imagem.

O primeiro grupo é o Ajustar, dentre as opções temos Brilho e Contraste, que permite clarear ou escurecer a imagem e
adicionar ou remover o contraste. Podemos recolorir a imagem.

Entre as opções de recolorir podemos colocar nossa imagem em tons de cinza, preto e branco, desbotar a imagem e
remover uma cor da imagem. Este recurso permite definir uma imagem com fundo transparente. A opção Compactar Ima-
gens permite deixar sua imagem mais adequada ao editor de textos. Ao clicar nesta opção o Word mostra a seguinte janela:

Pode-se aplicar a compactação a imagem selecionada, ou a todas as imagens do texto. Podemos alterar a resolução
da imagem. A opção Redefinir Imagem retorna a imagem ao seu estado inicial, abandonando todas as alterações feitas.
O próximo grupo chama-se Sombra, como o próprio nome diz, permite adicionar uma sombra a imagem que foi inserida.

22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No botão Efeitos de Sombra, você poderá escolher al-


gumas posições de sombra (Projetada, Perspectiva) e cor
da sombra. Ao lado deste botão é possível definir a posi-
ção da sombra e no meio a opção de ativar e desativar a
sombra. No grupo Organizar é possível definir a posição da
imagem em relação ao texto.

O primeiro dos botões é a Posição, ela permite defi-


nir em qual posição a imagem deverá ficar em relação ao
texto.

O último grupo é referente às dimensões da imagem.

Ao clicar na opção Mais Opções de Layout abre-se a


janela Layout Avançado que permite trabalhar a disposição
da imagem em relação ao bloco de texto no qual ela esta
inserida. Essas mesmas opções estão disponíveis na opção
Quebra Automática de Texto nesse mesmo grupo. Ao colo-
car a sua imagem em uma disposição com o texto, é habi- Neste grupo você pode cortar a sua imagem, ou redi-
litado alguns recursos da barra de imagens. Como bordas mensionar a imagem definindo Largura e Altura.

Os comandos vistos até o momento estavam dispo-


níveis da seguinte forma, pois nosso documento esta sal-
vo em.DOC – versão compatível com Office XP e 2003. Ao
salvar o documento em .DOCX compatível somente com
a versão 2010, acontecem algumas alterações na barra de
imagens.
Através deste grupo é possível acrescentar bordas a
sua imagem E no grupo Organizar ele habilita as opções de
Trazer para Frente, Enviar para Trás e Alinhar. Ao clicar no
botão Trazer para Frente, ele abre três opções: Trazer para
Frente e Avançar, são utilizadas quando houver duas ou
mais imagens e você precisa mudar o empilhamento delas.
A opção Trazer para Frente do Texto faz com que a ima-
gem flutue sobre o Texto. Ao ter mais de uma imagem e ao
selecionar as imagens (Utilize a tecla SHIFT), você poderá
alinhar as suas imagens.

23
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No grupo Ajustar já temos algumas alterações, ao cli-


car no item Cor. Em estilos de imagem podemos definir
bordas e sombreamentos para a imagem.

Podemos aplicar também os Efeitos de Imagem

Clique sobre a imagem a ser adicionada ao seu texto


com o botão direito e escolha Copiar (CTRL+C). Clique em
seu texto onde o Clip-Art deve ser adicionado e clique em
Colar (CTRL+V) As configurações de manipulação do clip
-art são as mesmas das imagens.

Formas
Podemos também adicionar formas ao nosso conteú-
do do texto

Clip Art

Clip-Art são imagens, porém são imagens que fazem


parte do pacote Office. Para inserir um clipart, basta pela
ABA Inserir, clicar na opção Clip-Art. Na direita da tela
abre-se a opção de consulta aos clip-Art.

24
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para desenhar uma forma, o processo é simples, basta


clicar na forma desejada e arrastar o mouse na tela para
definir as suas dimensões. Ao desenhar a sua forma a barra
passa a ter as propriedade para modificar a forma.

O primeiro grupo chama-se Inserir Forma, ele possui


a ferramenta de Inserir uma forma. Ao lado temos a fer-
ramenta Editar Forma essa ferramenta permite trabalhar
os nós da forma – Algumas formas bloqueiam a utilização
dessa ferramenta. Abaixo dela temos a ferramenta de caixa
de texto, que permite adicionar uma caixa de texto ao seu
documento. Estando com uma forma fechada, podemos
transformar essa forma em uma caixa de texto. Ao lado
temos o Grupo Estilos de Forma.

Os primeiros botões permitem aplicar um estilo a sua


forma.
A opção Imagem preenche sua forma com alguma
imagem. A opção Gradação permite aplicar tons de gra-
diente em sua forma.

Ainda nesse grupo temos a opção de trabalharmos as


cores, contorno e alterar a forma.

25
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao clicar em Mais Gradações, será possível personalizar


a forma como será o preenchimento do gradiente.

Ao clicar em Pré-definidas, o Office possui algumas co-


res de preenchimento prontas.

Na guia gradiente, temos as opções de Uma cor, Duas


cores e Pré-definidas.
Ao escolher uma cor você pode escolher a cor a ser
aplicada, se quer ela mais para o claro ou escuro, pode de-
finir a transparência do gradiente e como será o sombrea-
mento.

A Guia Textura permite aplicar imagens como texturas


ao preenchimento, a guia Padrão permite aplicar padrões
de preenchimento e imagem permite aplicar uma imagem
Após o grupo Estilos de Forma temos o grupo sombra e
após ele o grupo Efeitos 3D.

Ao clicar na opção Duas Cores, você pode definir a cor


1 e cor 2, o nível de transparência e o sombreamento.

26
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Basta selecionar o tipo de organograma a ser trabalha-


do e clique em OK. Porém se o formato de seu documento
for DOCX, a janela a ser mostrada será:

Em hierarquia, escolha o primeiro da segunda linha e


clique em OK.
Podemos aplicar efeitos tridimensionais em nossas
formas. Além de aplicar o efeitos podemos mudar a cor
do 3D, alterar a profundidade, a direção, luminosidade e
superfície. As demais opções da Forma são idênticas as das
imagens.

SmartArt

O SmartArt permite ao você adicionar Organogramas


ao seu documento. Se você estiver usando o Office 2003
ou seu documento estiver salvo em DOC, ao clicar nesse
botão, ele habilita a seguinte janela:

Altere os textos conforme a sua necessidade. Ao clicar


no topo em Ferramentas SmartArt, serão mostradas as op-
ções de alteração do objeto.

O primeiro botão é o de Adicionar uma forma. Basta


clicar em um botão do mesmo nível do que será criado
e clicar neste botão. Outra forma de se criar novas caixas
dentro de um mesmo nível é ao terminar de digitar o texto
pressionar ENTER. Ainda no grupo Criar Gráfico temos os
botões de Elevar / Rebaixar que permite mudar o nível hie-
rárquico de nosso organograma.

27
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No grupo Layout podemos mudar a disposição de nos- Será solicitado a digitação do texto do WordArt. Digite
so organograma. seu texto e clique em OK. Será mostrada a barra do Wor-
O próximo grupo é o Estilos de SmartArt que permite dArt
mudar as cores e o estilo do organograma.

O primeiro grupo é o Texto, nesse grupo podemos edi-


tar o texto digitado e definir seu espaçamento e alinha-
mentos. No grupo Estilos de WordArt pode-se mudar a
forma do WordArt, depois temos os grupos de Sombra,
Efeitos 3D, Organizar e Tamanho.

Tabelas
As tabelas são com certeza um dos elementos mais im-
portantes para colocar dados em seu documento.
Use tabelas para organizar informações e criar formas
de páginas interessantes e disponibilizar seus dados.
Para inserir uma tabela, na ABA Inserir clique no botão
Tabela.

WordArt

Para finalizarmos o trabalho com elementos gráficos


temo os WordArt que já um velho conhecido da suíte
Office, ele ainda mantém a mesma interface desde a ver-
são do Office 97 No grupo Texto da ABA Inserir temos
o botão de WorArt Selecione um formato de WordArt e
clique sobre ele.

Ao clicar no botão de Tabela, você pode definir a quan-


tidade de linhas e colunas, pode clicar no item Inserir Ta-
bela ou Desenhar a Tabela, Inserir uma planilha do Excel ou
usar uma Tabela Rápida que nada mais são do que tabelas
prontas onde será somente necessário alterar o conteúdo.

28
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você pode criar facilmente uma tabela mais complexa, por exemplo, que contenha células de diferentes alturas ou um
número variável de colunas por linha semelhante à maneira como você usa uma caneta para desenhar uma tabela.

Ao desenhar a caixa que fará parte da tabela, você pode utilizar o topo

Ferramentas de Tabela.

Através do grupo Opções de Estilo de Tabela é possível definir células de cabeçalho. O grupo Estilos de Tabela permite
aplicar uma formatação a sua tabela e o grupo Desenhar Bordas permite definir o estilo, espessura e cor da linha. O botão
Desenhar Tabela transforma seu cursor em um lápis para desenhar as células de sua tabela, e o botão Borracha apaga as
linhas da tabela.

Você pode observar também que ao estar com alguma célula da tabela com o cursor o Word acrescenta mais uma ABA
ao final, chamada Layout, clique sobre essa ABA.

O primeiro grupo Tabela permite selecionar em sua tabela, apenas uma célula, uma linha, uma coluna ou toda a tabela.

29
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao clicar na opção Propriedades será aberto uma jane- Ao clicar na Faixa deste grupo ele abre uma janela onde
la com as propriedades da janela. é possível deslocar células, inserir linhas e colunas. O ter-
ceiro grupo é referente à divisão e mesclagem de células.

A opção Mesclar Células, somente estará disponível se


você selecionar duas ou mais células. Esse comando permi-
te fazer com que as células selecionadas tornem-se uma só.

A opção dividir células permite dividir uma célula. Ao


clicar nessa opção será mostrada uma janela onde você
deve definir em quantas linhas e colunas a célula será di-
Nesta janela existem quatro Guias. vidida.
A primeira é relativa à tabela, pode-se definir a largura
da tabela, o alinhamento e a quebra do texto na tabela. Ao
clicar no botão Bordas e Sombreamento abre-se a janela
de bordas e sombreamento estudada anteriormente. Ao
clicar em Opções é possível definir as margens das células
e o espaçamento entre as células.

A opção dividir tabela insere um parágrafo acima da


célula que o cursor está, dividindo a tabela. O grupo Tama-
nho da Célula permite definir a largura e altura da célula.
A opção AutoAjuste tem a função de ajustar sua célula de
acordo com o conteúdo dentro dela.

O grupo Alinhamento permite definir o alinhamento


O segundo grupo é o Linhas e Colunas permite adicio- do conteúdo da tabela. O botão Direção do Texto permite
nar e remover linhas e colunas de sua tabela. mudar a direção de seu texto. A opção Margens da Célula,
permite alterar as margens das células como vimos ante-
riormente.

30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O grupo Dados permite classificar, criar cálculos, etc., em sua tabela.

A opção classificar como o próprio nome diz permite classificar os dados de sua tabela.

Ele abre a seguinte janela e coloca sua primeira linha como a linha de cabeçalho, você pode colocar até três colunas
como critérios de classificação.
O botão Converter em Texto permite transformar sua tabela em textos normal. A opção fórmula permite fazer cálculos
na tabela.

ABA Revisão

A ABA revisão é responsável por correção, proteção, comentários etc., de seu documento.

O primeiro grupo Revisão de Texto tem como principal botão o de ortografia e Gramática, clique sobre ele.

31
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O objetivo desta ferramenta e verificar todo o seu do- Para aplicar um estilo ao um texto é simples. Se você
cumento em busca de erros. clicar em seu texto sem selecioná-lo, e clicar sobre um esti-
lo existente, ele aplica o estilo ao parágrafo inteiro, porém
Os de ortografia ele marca em vermelho e os de gra- se algum texto estiver selecionado o estilo será aplicado
mática em verde. É importante lembrar que o fato dele somente ao que foi selecionado.
marcar com cores para verificação na impressão sairá com
as cores normais. Ao encontrar uma palavra considerada
pelo Word como errada você pode:
• Ignorar uma vez: Ignora a palavra somente nessa
parte do texto.
• Ignorar Todas: Ignora a palavra quando ela apare-
cer em qualquer parte do texto.
• Adicionar ao dicionário: Adiciona a palavra ao Observe na imagem acima que foi aplicado o estilo Tí-
dicionário do Word, ou seja, mesmo que ela apareça em tulo2 em ambos os textos, mas no de cima como foi clicado
outro texto ela não será grafada como errada. Esta opção somente no texto, o estilo está aplicado ao parágrafo, na
deve ser utilizada quando palavras que existam, mas que linha de baixo o texto foi selecionado, então a aplicação do
ainda não façam parte do Word. estilo foi somente no que estava selecionado. Ao clicar no
• Alterar: Altera a palavra. Você pode alterá-la por botão Alterar Estilos é possível acessar a diversas defini-
uma palavra que tenha aparecido na caixa de sugestões, ou ções de estilos através da opção Conjunto de Estilos.
se você a corrigiu no quadro superior.
• Alterar Todas: Faz a alteração em todas as palavras
que estejam da mesma forma no texto.

Impressão

Para imprimir seu documento o processo é muito sim-


ples. Clique no botão

Office e ao posicionar o mouse em Imprimir ele abre


algumas opções.

Podemos também se necessário criarmos nossos pró-


prios estilos. Clique na Faixa do grupo Estilo.

Estilos

Os estilos podem ser considerados formatações pron-


tas a serem aplicadas em textos e parágrafos. O Word dis-
ponibiliza uma grande quantidade de estilos através do
grupo estilos.

32
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Será mostrado todos os estilos presentes no docu-


mento em uma caixa à direita. Na parte de baixo da janela
existem três botões, o primeiro deles chama-se Novo Esti-
lo, clique sobre ele.

No exemplo dei o nome de Citações ao meu estilo,


defini que ele será aplicado a parágrafos, que a base de
criação dele foi o estilo corpo e que ao finalizar ele e iniciar
um novo parágrafo o próximo será também corpo.
Abaixo definir a formatação a ser aplicada no mesmo.
Na parte de baixo mantive a opção dele aparecer nos esti-
los rápidos e que o mesmo está disponível somente a este
documento. Ao finalizar clique em OK. Veja um exemplo
do estilo aplicado:

Será mostrada uma janela de configuração de seu índi-


ce. Clique no botão Opções.

Índices

Sumário

O Sumário ou Índice Analítico é o mais utilizado, ele


normalmente aparece no inicio de documentos. A prin-
cipal regra é que todo parágrafo que faça parte de seu
índice precisa estar atrelado a um estilo. Clique no local
onde você precisa que fique seu índice e clique no botão
Sumário. Serão mostrados alguns modelos de sumário, cli-
que em Inserir Sumário.

33
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Será aberta outra janela, nesta janela aparecem todos


os estilos presentes no documento, então é nela que você MS-EXCEL 2010: ESTRUTURA BÁSICA DAS
define quais estilos farão parte de seu índice. PLANILHAS, CONCEITOS DE CÉLULAS,
No exemplo apliquei o nível 1 do índice ao estilo Título LINHAS, COLUNAS, PASTAS E GRÁFICOS,
1, o nível 2 ao Título 2 e o nível 3 ao Título 3. Após definir
ELABORAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS,
quais serão suas entradas de índice clique em OK.
USO DE FÓRMULAS, FUNÇÕES E MACROS,
Retorna-se a janela anterior, onde você pode definir
qual será o preenchimento entre as chamadas de índice e IMPRESSÃO, INSERÇÃO DE OBJETOS,
seu respectivo número de página e na parte mais abaixo, CAMPOS PREDEFINIDOS, CONTROLE DE
você pode definir o Formato de seu índice e quantos níveis QUEBRAS E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS,
farão parte do índice. OBTENÇÃO DE DADOS EXTERNOS,
CLASSIFICAÇÃO DE DADOS.
Ao clicar em Ok, seu índice será criado.

MS EXCEL

O Excel é uma das melhores planilhas existentes no


mercado. As planilhas eletrônicas são programas que se
assemelham a uma folha de trabalho, na qual podemos
Quando houver necessidade de atualizar o índice, bas- colocar dados ou valores em forma de tabela e aproveitar
ta clicar com o botão direito do mouse em qualquer parte a grande capacidade de cálculo e armazenamento do
do índice e escolher Atualizar Campo. computador para conseguir efetuar trabalhos que,
normalmente, seriam resolvidos com uma calculadora, lápis
e papel. A tela do computador se transforma numa folha
onde podemos observar uma série de linhas (números) e
colunas (letras). A cada encontro de uma linha com uma
coluna temos uma célula onde podemos armazenar um
texto, um valor, funções ou fórmula para os cálculos. O
Excel oferece, inicialmente, em uma única pasta de trabalho
três planilhas, mas é claro que você poderá inserir mais
planilhas conforma sua necessidade.

Interface
A interface do Excel segue o padrão dos aplicativos Of-
fice, com ABAS, Botão Office, controle de Zoom na direita.
Na janela que se abre escolha Atualizar o índice inteiro. O que muda são alguns grupos e botões exclusivos do Ex-
cel e as guias de planilha no rodapé à esquerda:

Guias de Planilha

34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Um arquivo do Excel ao iniciar com três guias de plani- Se precisar selecionar células alternadamente, clique
lha, estas guias permite que se possa em um único arqui- sobre a primeira célula a ser selecionada, pressione CTRL e
vo armazenar mais de uma planilha, inicialmente o Excel vá clicando nas que você quer selecionar.
possui três planilhas, e ao final da Plan3 temos o ícone de
inserir planilha que cria uma nova planilha. Você pode clicar
com o botão direito do mouse em uma planilha existente
para manipular as planilhas.

Podemos também nos movimentar com o teclado,


neste caso usamos a combinação das setas do teclado com
a tecla SHIFT.

Na janela que é mostrada é possível inserir uma nova


planilha, excluir uma planilha existente, renomear uma pla-
nilha, mover ou copiar essa planilha, etc...

Movimentação na planilha
Para selecionar uma célula ou torná-la ativa, basta movi-
mentar o retângulo (cursor) de seleção para a posição desejada.
A movimentação poderá ser feita através do mouse ou teclado.
Com o mouse para selecionar uma célula basta dar um
clique em cima dela e observe que a célula na qual você
clicou é mostrada como referência na barra de fórmulas. Entrada de textos e números
Na área de trabalho do Excel podem ser digitados ca-
racteres, números e fórmulas. Ao finalizar a digitação de
seus dados, você pode pressionar a tecla ENTER, ou com
as setas mudar de célula, esse recurso somente não será
válido quando estiver efetuando um cálculo. Caso preci-
se alterar o conteúdo de uma célula sem precisar redigitar
tudo novamente, clique sobre ela e pressione F2, faça sua
alteração e pressione ENTER em seu teclado.

Salvando e Abrindo Arquivos


Para salvar uma planilha o processo é igual ao feito no
Word, clique no botão Office e clique me Salvar.

Se você precisar selecionar mais de uma célula, basta


manter pressionado o mouse e arrastar selecionando as
células em sequência.

35
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dê um nome ao seu arquivo, defina o local onde ele Vamos montar uma planilha simples.
deverá ser salvo e clique em Salvar, o formato padrão das
planilhas do Excel 2010 é o xlsx, se precisar salvar em xls
para manter compatibilidade com as versões anteriores é
preciso em tipo definir como Pasta de Trabalho do Excel
97 – 2003.
Para abrir um arquivo existente, clique no botão Office
e depois no botão Abrir, localize seu arquivo e clique sobre
ele e depois em abrir.

Observe que o conteúdo de algumas células é maior


que a sua largura, podemos acertar isso da seguinte forma.
Se precisar trabalhar a largura de uma coluna, posicio-
no o mouse entre as colunas, o mouse fica com o formato
de uma flecha de duas pontas, posso arrastar para definir a
nova largura, ou posso dar um duplo clique que fará com
que a largura da coluna acerte-se com o conteúdo. Posso
também clicar com o botão direito do mouse e escolher
Largura da Coluna.
Operadores e Funções

A função é um método utilizado para tornar mais fácil


e rápido a montagem de fórmulas que envolvem cálculos
mais complexos e vários valores.
Existem funções para os cálculos matemáticos, fi-
nanceiros e estatísticos. Por exemplo, na função: =SOMA
(A1:A10) seria o mesmo que (A1+A2+A3+A4+A5+A6+A7
+A8+A9+A10), só que com a função o processo passa a
ser mais fácil. Ainda conforme o exemplo pode-se observar
que é necessário sempre iniciar um cálculo com sinal de
igual (=) e usa-se nos cálculos a referência de células (A1) e
não somente valores.
A quantidade de argumentos empregados em uma
função depende do tipo de função a ser utilizada. Os ar-
gumentos podem ser números, textos, valores lógicos, re-
ferências, etc...

Operadores
Operadores são símbolos matemáticos que permitem
fazer cálculos e comparações entre as células. Os operado-
res são:

O objetivo desta planilha é calcularmos o valor total de


cada produto (quantidade multiplicado por valor unitário)
e depois o total de todos os produtos.
Para o total de cada produto precisamos utilizar o ope-
rador de multiplicação (*), no caso do Mouse temos que
a quantidade está na célula A4 e o valor unitário está na
célula C4, o nosso caçulo será feito na célula D4.

36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Poderíamos fazer o seguinte cálculo =1*20 que me Para calcular o total você poderia utilizar o seguinte
traria o resultado, porém bastaria alterar o valor da quan- cálculo D4+D5+D6+D7+D8, porém isso não seria nada
tidade ou o V. unitário que eu precisaria fazer novamente pratico em planilhas maiores. Quando tenho sequências
o cálculo. O correto é então é fazer =A4*C4 com isso eu de cálculos o Excel permite a utilização de funções.
multiplico referenciando as células, independente do con- No caso a função a ser utilizada é a função SOMA, a
teúdo dela, ele fará a multiplicação, desde que ali se tenha sua estrutura é =SOMA(CelIni:Celfim), ou seja, inicia-se
um número. com o sinal de igual (=), escreve-se o nome da função,
abrem-se parênteses, clica-se na célula inicial da soma
e arrasta-se até a última célula a ser somada, este intervalo
é representado pelo sinal de dois pontos (:), e fecham-se
os parênteses.

Embora você possa fazer manualmente na célula o Ex-


cel possui um assistente de função que facilita e muito a
utilização das mesmas em sua planilha. Na ABA Inicio do
Excel dentro do grupo Edição existe o botão de função.

Observe que ao fazer o cálculo é colocado também na


barra de fórmulas, e mesmo após pressionar ENTER, ao cli-
car sobre a célula onde está o resultado, você poderá ver
como se chegou ao resultado pela barra de fórmulas.

A primeira função é justamente Soma, então clique na


célula e clique no botão de função.

Para o cálculo do teclado é necessário então fazer o


cálculo da segunda linha A5*C5 e assim sucessivamente.
Observamos então que a coluna representada pela letra Observe conforme a imagem que o Excel acrescenta a
não muda, muda-se somente o número que representa a soma e o intervalo de células pressione ENTER e você terá
linha, e se nossa planilha tivesse uma grande quantidade seu cálculo.
de produtos, repetir o cálculo seria cansativo e com certe-
za sujeita a erros. Quando temos uma sequência de cálcu-
los como a nossa planilha o Excel permite que se faça um
único cálculo e ao posicionar o cursor do mouse no canto
inferior direito da célula o cursor se transforma em uma
cruz (não confundir com a seta branca que permite mover
o conteúdo da célula e ao pressionar o mouse e arrastar ele
copia a fórmula poupando tempo).

37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formatação de células
A formatação de células é muito semelhante a que vimos para formatação de fonte no Word, basta apenas que a célula
onde será aplicada a formatação esteja selecionada, se precisar selecionar mais de uma célula, basta selecioná-las.
As opções de formatação de célula estão na ABA Inicio.

Temos o grupo Fonte que permite alterar a fonte a ser utilizada, o tamanho, aplicar negrito, itálico e sublinhado, linhas
de grade, cor de preenchimento e cor de fonte. Ao clicar na faixa do grupo será mostrada a janela de fonte.

A guia mostrada nesta janela é a Fonte nela temos o tipo da letra, estilo, tamanho, sublinhado e cor, observe que exis-
tem menos recursos de formatação do que no Word.
A guia Número permite que se formatem os números de suas células. Ele dividido em categorias e dentro de cada
categoria ele possui exemplos de utilização e algumas personalizações como, por exemplo, na categoria Moeda em que é
possível definir o símbolo a ser usado e o número de casas decimais.

38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A guia Preenchimento permite adicionar cores de


preenchimento às suas células.

A guia Alinhamento permite definir o alinhamento do


conteúdo da célula na horizontal e vertical, além do con-
trole do texto. Vamos então formatar nossa planilha, inicialmente sele-
cione todas as células de valores em moeda. Você pode uti-
lizar a janela de formatação como vimos antes, como pode
também no grupo Número clicar sobre o botão moeda.

A guia Bordas permite adicionar bordas a sua planilha,


embora a planilha já possua as linhas de grade que faci- Vamos colocar também a linha onde estão Quant, Pro-
litam a identificação de suas células, você pode adicionar duto etc... em negrito e centralizado.
bordas para dar mais destaque. O título Relação de Produtos ficará melhor visualmente
se estiver centralizado entra a largura da planilha, então
selecione desde a célula A1 até a célula D1 depois clique
no botão Mesclar e Centralizar centralize e aumente um
pouco o tamanho da fonte.

39
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para finalizar selecione toda a sua planilha e no botão


de bordas, selecione uma borda externa.

Ele acrescenta uma coluna superior com indicações de


colunas e abre uma nova ABA chamada Design

Estilos No grupo Opções de Estilo de Tabela desmarque a op-


Esta opção é utilizada par aplicar, automaticamente um ção Linhas de Cabeçalho.
formato pré-definido a uma planilha selecionada. Para poder manipular também os dados de sua pla-
nilha é necessário selecionar as células que pretende ma-
nipular como planilha e no grupo Ferramentas clique no
botão Converter em Intervalo.

O botão estilo de Célula permite que se utilize um esti-


lo de cor para sua planilha.

Auto Preenchimento das Células


Vimos no exemplo anterior que é possível copiar uma
fórmula que o Excel entende que ali temos uma fórmula e
faz a cópia. Podemos usar este recurso em outras situações,
se eu tiver um texto comum ou um número único, e aplicar
este recurso, ele copia sem alterar o que será copiado, mas
posso utilizar este recurso para ganhar tempo.
Se eu criar uma sequência numérica, por exemplo, na
célula A1 o número 1 e na célula A2 o número 2, ao se-
lecionar ambos, o Excel entende que preciso copiar uma
sequência.
Se eu colocar na célula A1 o número 1 e na célula A2
o número 3, ele entende que agora a sequência é de dois
A segunda opção Formatar como Tabela permite tam- em dois.
bém aplicar uma formatação a sua planilha, porém ele já
começa a trabalhar com Dados.

Esta mesma sequência pode ser aplicada a dias da se-


mana, horas, etc...

40
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Inserção de linhas e colunas


Para adicionar ou remover linhas e colunas no Excel é simples. Para adicionar, basta clicar com o botão direito do mouse
em uma linha e depois clicar em Inserir, a linha será adicionada acima da selecionada, no caso a coluna será adicionada à
esquerda. Para excluir uma linha ou uma coluna, basta clicar com o botão direito na linha ou coluna a ser excluída.
Este processo pode ser feito também pelo grupo Células que está na ABA inicio.

Através da opção Formatar podemos também definir a largura das linhas e colunas.

Congelar Painéis

Algumas planilhas quando muito longas necessitam que sejam mantidos seus cabeçalho e primeiras linhas, evitando-se
assim a digitação de valores em locais errados. Esse recurso chama-se congelar painéis e está disponível na ABA exibição.

No grupo Janela temos o botão Congelar Painéis, clique na opção congelar primeira linha e mesmo que você role a
tela a primeira linha ficará estática.

41
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Trabalhando com Referências


Percebemos que ao copiar uma fórmula, automatica-
mente são alteradas as referências, isso ocorre, pois traba-
lhamos até o momento com valores relativos.
Porém, vamos adicionar em nossa planilha mais
uma coluna onde pretendo calcular qual a porcentagem
cada produto representa no valor total

Ainda dentro desta ABA podemos criar uma nova ja-


nela da planilha Ativa clicando no botão Nova Janela, po-
demos organizar as janelas abertas clicando no botão Or-
ganizar Tudo,
O cálculo ficaria para o primeiro produto =D4/D9 e de-
pois bastaria aplicar a formatação de porcentagem e acres-
centar duas casas decimais.

Pelo grupo Mostrar / Ocultar podemos retirar as linhas


de grade, as linhas de cabeçalho de coluna e linha e a barra
de formulas.

42
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Porém se utilizarmos o conceito aprendido de copiar Pressione ENTER e agora você poderá copiar a sua cé-
a célula E4 para resolver os demais cálculos na célula E5 à lula.
fórmula ficará =D5/D10, porém se observarmos o correto
seria ficar =D5/D9, pois a célula D9 é a célula com o valor
total, ou seja, esta é a célula comum a todos os cálculos a
serem feitos, com isso não posso copiar a fórmula, pelo
menos não como está.
Uma solução seria fazer uma a uma, mas a ideia de
uma planilha é ganhar-se tempo.
A célula D9 então é um valor absoluto, ele não muda é
também chamado de valor constante.
A solução é então travar a célula dentro da formula,
para isso usamos o símbolo do cifrão ($), na célula que fize-
mos o cálculo E4 de clique sobre ela, depois clique na barra
de fórmulas sobre a referência da célula D9.

No exemplo acima foi possível travar toda a células,


existem casos em que será necessário travar somente a li-
nha e casos onde será necessário travar somente a coluna.
As combinações então ficariam (tomando como base
a célula D9)
D9 - Relativa, não fixa linha nem coluna
$D9 - Mista, fixa apenas a coluna, permitindo a varia-
ção da linha.
D$9 - Mista, fixa apenas a linha, permitindo a variação
da coluna.
$D$9 - Absoluta, fixa a linha e a coluna.

Algumas outras funções

Pressione em seu teclado a tecla F4. Será então adi- Vamos inicialmente montar a seguinte planilha
cionado o símbolo de cifrão antes da letra D e antes do
número 9. $D$9.

Em nosso controle de atletas vamos através de algu-


mas outras funções saber algumas outras informações de
nossa planilha.
O Excel possui muitas funções, você pode conhecer
mais sobre elas através do assistente de função.

43
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Máximo

Mostra o valor MAIOR de uma seleção de células.


Em nossa planilha vamos utilizar essa função para sa-
ber é a maior idade, maior peso e a maior altura.
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de
idade na linha de valores máximos E15 e monte a seguin-
te função =MAXIMO(E4:E13). Com essa função estamos
buscando no intervalo das células E4 à E13 qual é valor
máximo encontrado.

Vamos repetir o processo para os valores máximos do


peso e da altura.
Ao clicar na opção Mais Funções abre-se a tela de In- MIN
serir Função, você pode digitar uma descrição do que gos- Mostra o valor mínimo de uma seleção de células.
taria de saber calcular, pode buscar por categoria, como Vamos utilizar essa função em nossa planilha para sa-
Financeira,m Data Hora etc..., ao escolher uma categoria, ber os valores mínimos nas características de nossos atle-
na caixa central serão mostradas todas as funções relativas tas.
a essa categoria. Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de
Ao selecionar, por exemplo, a categoria Estatística e idade na linha de valores máximos E16 e monte a seguinte
dentro do conjunto de funções desta categoria a função função =MIN(E4:E13). Com essa função está buscando no
Máximo abaixo é apresentado uma breve explicação da uti- intervalo das células E4 à E13 qual é valor máximo encon-
lização desta função. Se precisar de mais detalhes da utili- trado.
zação da função clique sobre o link Ajuda sobre esta função.

Para calcular os valores mínimos para o peso e a altura


o processo é o mesmo.

44
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Média Esta função retorna um valor de teste_lógico que per-


mite avaliar uma célula ou um cálculo e retornar um valor
Calcula a média aritmética de uma seleção de valores. verdadeiro ou um valor falso.
Vamos utilizar essa função em nossa planilha para sa-
ber os valores médios nas características de nossos atletas. Sua sintaxe é =SE (TESTELÓGICO;VALOR
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna VERDADEIRO;VALOR FALSO).
de idade na linha de valores máximos E17 e monte a se- =SE - Atribuição de inicio da função;
guinte função =MEDIA(E4:E13). Com essa função estamos
buscando no intervalo das células E4 à E13 qual é valor TESTELÓGICO - Teste a ser feito par validar a célula;
máximo encontrado. VALOR VERDADEIRO - Valor a ser apresentado na cé-
lula quando o teste lógico for verdadeiro, pode ser outra
célula, um caçulo, um número ou um texto, apenas lem-
brando que se for um texto deverá estar entre aspas.
VALOR FALSO - Valor a ser apresentado na célula quan-
do o teste lógico for falso, pode ser outra célula, um caçulo,
um número ou um texto, apenas lembrando que se for um
texto deverá estar entre aspas.
Para exemplificar o funcionamento da função vamos
acrescentar em nossa planilha de controle de atletas uma
coluna chamada categoria.

Para o peso e a altura basta apenas repetir o processo


Vamos utilizar essa função em nossa planilha de con-
trole de atletas. Vamos utilizar a função nos valores médios
da planilha, deixaremos com duas casas decimais.

Vamos aproveitar também o exemplo para utilizarmos


um recurso muito interessante do Excel que é o aninha-
mento de funções, ou seja, uma função fazendo parte de
outra.
A função para o cálculo da média da Idade é =MÉ-
DIA(E4:E13) clique na célula onde está o cálculo e depois Vamos atribuir inicialmente que atletas com idade me-
clique na barra de fórmulas. nor que 18 anos serão da categoria Juvenil e acima disso
Altere a função para =ARRED(MÉDIA(E4:E13);1) com categoria Profissional. Então a lógica da função será que
isso fizemos com que caso exista números após a vírgu- quando a Idade do atleta for menor que 18 ele será Juvenil
la o mesmo será arredonda a somente uma casa decimal. e quando ela for igual ou maior que 18 ele será Profissional.
Caso você não queira casas decimais coloque após o ponto Convertendo isso para a função e baseando-se que a
e vírgula o número zero. idade do primeiro atleta está na célula E4 à função ficará:
=SE(E4<18;”Juvenil”;”Profissional”.)
Nesta situação deve-se ter uma atenção grande em re-
lação aos parênteses, observe que foi aberto uma após a
função ARRED e um a pós a função MÉDIA então se deve
ter o cuidado de fechá-los corretamente. O que auxilia no
fechamento correto dos parênteses é que o Excel vai colo-
rindo os mesmos enquanto você faz o cálculo.

Função SE Explicando a função.


Esta é com certeza uma das funções mais importantes =SE(E4<18: inicio da função e teste lógico, aqui é veri-
do Excel e provavelmente uma das mais complexas para ficado se o conteúdo da célula E4 é menor que 18.
quem está iniciando. “Juvenil”: Valor a ser apresentado como verdadeiro.
“Profissional”: Valor a ser apresentado como falso.

45
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vamos incrementar um pouco mais nossa planilha, va- Adicione as seguintes linhas abaixo de sua planilha
mos criar uma tabela em separado com a seguinte defini-
ção. Até 18 anos será juvenil, de 18 anos até 30 anos será
considerado profissional e acima dos 30 anos será consi-
derado Master.

Nossa planilha ficará da seguinte forma.

Então vamos utilizar a função CONT.SE para buscar em


nossa planilha quantos atletas temos em cada categoria.

Temos então agora na coluna J a referência de idade, e


na coluna K a categoria.

Então agora preciso verificar a idade de acordo com


o valor na coluna J e retornar com valores verdadeiros e
falsos o conteúdo da coluna K. A função então ficará da
seguinte forma:

A função ficou da seguinte forma =CONT.SE(H4:H13;K4)


onde se faz a contagem em um intervalo de H3:H13 que é
o resultado calculado pela função
SE e retorna a célula K4 onde está a categoria juvenil de
atletas. Para as demais categorias basta repetir o cálculo
=SE(E4<J4;K4;SE(E4<J5;K5;K6)) mudando-se somente a categoria que está sendo buscada.
Temos então:
=SE(E4<J4: Aqui temos nosso primeiro teste lógico, Funções de Data e Hora
onde verificamos se a idade que consta na célula E4 é Podemos trabalhar com diversas funções que se ba-
menor que o valor que consta na célula J4. seiam na data e hora de seu computador. As principais fun-
K4: Célula definida a ser retornada como verdadeiro ções de data e hora são:
deste teste lógico, no caso o texto “Juvenil”. =HOJE( ) Retorna a data atual.
SE(E4<J5: segundo teste lógico, onde verificamos se =MÊS(HOJE()) Retorna o mês atual
valor da célula E4 é menor que 30, se for real retorna o =ANO(HOJE()) Retorna o ano atual
segundo valor verdadeiro, é importante ressaltar que este =HORA(AGORA()) Retorna à hora atual
teste lógico somente será utilizado se o primeiro teste der =MINUTO(AGORA()) Retorna o minuto atual
como falso. =SEGUNDO(AGORA()) Retorna o segundo atual
K5: Segundo valor verdadeiro, será retornado se o se- =AGORA( ) Retorna a data e à hora
gundo teste lógico estiver correto. =DIA.DA.SEMANA(HOJE()) Retorna o dia da semana
K6: Valor falso, será retornado se todos os testes lógi- em número
cos derem como falso. =DIAS360( ) Calcula o número de dias que há entre
Permite contar em um intervalo de valores quantas ve- uma data inicial e uma data final.
zes se repete determinado item. Vamos aplicar a função
em nossa planilha de controle de atletas

46
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para exemplificar monte a seguinte planilha. Após isso coloque o valor em formato Moeda.

Em V.Diário, vamos calcular quantas horas foram tra-


balhadas durante cada dia. Para os demais cálculos o V.Hora será igual há todos
=B3-B2+B5-B4, pegamos a data de saída e subtraímos os dias então ele precisa ser fixo para que o cálculo possa
pela data de entrada de manhã, com isso sabemos quan- ser copiado, o número 60 por ser um número não é muda.
tas horas foram trabalhadas pela manhã na mesma função
faço a subtração da saída no período da tarde pela entrada =HORA(B6)*$B$7+MINUTO(B6)*$B$7/60
do período da tarde e somo os dois períodos. Para sabermos quantas horas o funcionário trabalhou
na semana, faça a soma de todos os dias trabalhados.

Repita o processo para todos os demais dias da sema-


na, somente no sábado é preciso apenas calcular a parte da
manhã, ou seja, não precisa ser feito o cálculo do período
da tarde. Ao observar atentamente o valor calculado ele mostra
20:40, porém nessa semana o funcionário trabalhou mais
de 40 horas, isso ocorre pois o cálculo de horas zera ao
chegar em 23:59:59, então preciso fazer com que o Excel
entenda que ele precisa continuar a contagem. Clique na
faixa do grupo número na ABA Inicio, na janela que se abre
clique na categoria Hora e escolha o formato 37:30:55 esse
formato faz com que a contagem continue.

Para calcular o V. da hora que o funcionário recebe co-


loque um valor, no caso adicione 15 e coloquei no formato
Moeda. Vamos agora então calcular quanto ele ganhou por
dia, pois temos quantas horas ele trabalhou durante o dia
e sabemos o valor da hora. Como temos dois formatos de
números precisamos durante o cálculo fazer a conversão.
Para a segunda-feira o cálculo fica da seguinte forma:
=HORA(B6)*B7+MINUTO(B6)*B7/60.
Inicialmente utilizamos a função HORA e pegamos
como referência de hora o valor da célula B6, multiplica-
mos pelo valor que está em B7, essa parte calcula somente
à hora cheia então precisamos somar os minutos que pega
a função MINUTO e multiplica a quantidade de horas pelo
valor da hora, como o valor é para a hora o dividimos então
por 60

47
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Crie um novo campo abaixo da Tabela e coloque V. a


receber e faça a soma dos valores totais.

Planilhas 3D Renomeie essa planilha para valores

O conceito de planilha 3D foi implantado no Excel Retorne a planilha resultado e coloque um valor qual-
na versão 5 do programa, ele é chamado dessa forma quer no campo onde será digitado valor.
pois permite que se façam referências de uma planilha
em outra.

Posso por exemplo fazer uma soma de valores que es-


tejam em outra planilha, ou seja quando na planilha matriz
algum valor seja alterado na planilha que possui referência
com ela também muda.

Vamos a um exemplo

Clique agora no campo onde será colocado o valor de


compra do dólar na célula B4 e clique na célula onde está
o valor que acabou de digitar célula B2, adicione o sinal de
divisão (/) e depois clique na planilha valores ele vai colocar
o nome da planilha seguido de um ponto de exclamação
(!) e clique onde está o valor de compra do dólar. A função
ficará da seguinte forma =B2/valores!B2.

Faremos uma planilha para conversão de valores, en-


tão na planilha 1 vamos ter um campo para que se coloque
o valore em real e automaticamente ele fará a conversão
para outras moedas, monte a seguinte planilha.

Vamos renomear a planilha para resultado.

Com isso toda vez que eu alterar na planilha valores o


valor do dólar, ele atualiza na planilha resultado.
Para isso dê um duplo clique no nome de sua planilha Faça o cálculo para o valor do dólar para venda, a fun-
Plan1 e digite o novo nome. ção ficará da seguinte forma: =B2/valores!C2.
Para poder copiar a fórmula para as demais células,
Salve seu arquivo e clique na guia Plan2 e digite a se- bloqueie a célula B2 que é referente ao valor em real.
guinte planilha

48
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O ideal nesta planilha é que a única célula onde o usuário possa manipular seja a célula onde será digitado valor em
real para a conversão, então vamos bloquear a planilha deixando essa célula desprotegia.
Clique na célula onde será digitado o valor em real depois na ABA Inicio no grupo Fonte clique na faixa e na janela que
se abre clique na guia Proteção.
Desmarque a opção Bloqueadas, isso é necessário, pois esta célula é a única que poderá receber dados.

Clique agora na ABA Revisão e no grupo Alterações clique no botão Proteger Planilha.

Será mostrada mais uma janela coloque uma senha (recomendável)

49
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao tentar alterar uma célula protegida será mostrado o seguinte aviso

Se precisar alterar alguma célula protegida basta clicar no botão Desproteger Planilha no grupo Alterações.

Inserção de Objetos

A inserção de objetos no Excel é muito semelhante ao que aprendemos no Word, as opções de inserção de objetos
estão na ABA Inserir.

Podemos inserir Imagens, clip-arts, formas, SmartArt, caixas de texto, WordArt, objetos, símbolos, etc.
Como a maioria dos elementos já sabemos como implementar vamos focar em Gráficos.

Gráficos
A utilização de um gráfico em uma planilha além de deixá-la com uma aparência melhor também facilita na hora de
mostrar resultados. As opções de gráficos, esta no grupo Gráficos na ABA Inserir do Excel

50
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para criar um gráfico é importante decidir quais dados serão avaliados para o gráfico. Vamos utilizar a planilha Atletas
para criarmos nosso gráfico, vamos criar um gráfico que mostre os atletas x peso.
Selecione a coluna com o nome dos atletas, pressione CTRL e selecione os valores do peso.

Ao clicar em um dos modelos de gráfico no grupo Gráficos você poderá selecionar um tipo de gráfico disponível, no
exemplo cliquei no estilo de gráfico de colunas.

51
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Escolha no subgrupo coluna 2D a primeira opção e seu gráfico será criado.

Para mover o gráfico para qualquer parte de sua planilha basta clicar em uma área em branco de o gráfico manter o
mouse pressionado e arrastar para outra parte.
Na parte superior do Excel é mostrada a ABA Design (Acima dela Ferramentas de Gráfico).

Se você quiser mudar o estilo de seu gráfico, você pode clicar no botão Alterar Tipo de Gráfico.

Para alterar a exibição entre linhas e colunas, basta clicar no botão Alterar Linha/Coluna.

52
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ainda em Layout do Gráfico podemos modificar a dis- Podemos também deixar nosso gráfico isolado em
tribuição dos elementos do Gráfico. uma nova planilha, basta clicar no botão Mover Gráfico.

Podemos também modificar o estilo de nosso gráfico


através do grupo Estilos de Gráfico Dados

O Excel possui uma ABA chamada Dados que permite


importar dados de outras fontes, ou trabalhar os dados de
uma planilha do Excel

Classificação

Vamos agora trabalhar com o gerenciamento de dados


criados no Excel.
Vamos utilizar para isso a planilha de Atletas.
Classificar uma lista de dados é muito fácil, e este re-
curso pode ser obtido pelo botão Classificar e Filtrar na
ABA Inicio, ou pelo grupo Classificar e Filtrar na ABA Dados.

53
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vamos então selecionar os dados de nossa planilha que serão classificados.

Clique no botão Classificar.

Você precisa definir quais serão os critérios de sua classificação, onde diz
Classificar por clique e escolha nome, depois clique no botão Adicionar Nível e coloque Modalidade.

54
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Antes de clicar em OK, verifique se está marcada a opção Meus dados contêm cabeçalhos, pois selecionamos a linha
de títulos em nossa planilha e clique em OK.

Você pode mudar a ordem de classificação sempre que for necessário, basta clicar no botão de Classificar.

Auto Filtro
Este é um recurso que permite listar somente os dados que você precisa visualizar no momento em sua planilha. Com
seus dados selecionados clique no botão Filtro e observe que será adicionado junto a cada célula do cabeçalho da planilha
uma seta.

Estas setas permite visualizar somente os dados que te interessam na planilha, por exemplo caso eu precise da relação
de atletas do sexo feminino, basta eu clicar na seta do cabeçalho sexo e marcar somente Feminino, que os demais dados
da planilha ficarão ocultos.

55
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Posso ainda refinar mais a minha filtragem, caso precise saber dentro do sexo feminino quantos atletas estão na cate-
goria Profissional, eu faço um novo filtro na coluna Categoria.

Observe que as colunas que estão com filtro possuem um ícone em forma de funil no lugar da seta.
Para remover os filtros, basta clicar nos cabeçalhos com filtro e escolher a opção selecionar tudo.
Você também pode personalizar seus filtros através da opção Filtros de Texto e Filtro de número (quando conteúdo da
célula for um número).

56
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Observe na esquerda que são mostrados os níveis de


visualização dos subtotais e que ele faz um total a cada
sequência do sexo dos atletas.
Para remover os subtotais, basta clicar no botão Subto-
tal e na janela que aparece clique em Remover Todos.

Subtotais Impressão
Podemos agrupar nossos dados através de seus valo- O processo de impressão no Excel é muito parecido
res, vamos inicialmente classificar nossa planilha pelo sexo com o que fizemos no Word.
dos atletas relacionado com a idade. Clique no botão Office e depois em Imprimir e escolha
Visualizar Impressão.

Depois clique no botão Subtotal.


Em A cada alteração em: coloque sexo e em Adicionar
subtotal a deixe marcado apenas Peso, depois clique em OK.

No caso escolhi a planilha atletas, podemos observar


que a mesma não cabe em uma única página. Clique no
botão Configurar Página.

57
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Marque a opção Paisagem e clique em OK. CTRL + Sinal de adição (+): quando você precisar inse-
rir células, linhas ou colunas no meio dos dados, ao invés
de clicar com o mouse no número da linha ou na letra da
coluna, basta pressionar esse comando.
*Utilize o sinal de adição do teclado numérico ou a
combinação CTRL + SHIFT + Sinal de adição que fica à es-
querda da tecla backspace, pois ela tem o mesmo efeito.
CTRL + Sinal de subtração (-): para excluir células, li-
nhas ou colunas inteiras, pressione essas teclas. Esse co-
mando funciona tanto no teclado normal quanto no tecla-
do numérico.
CTRL + D: você pode precisar que todas as células de
determinada coluna tenham o mesmo valor. Apertando
CTRL + D, você fará com que a célula ativa seja preenchi-
da com o mesmo valor da célula que está acima dela. Por
Teclas de atalho do Excel exemplo: você digitou o número 5432 na célula A1 e quer
que ele se repita até a linha 30. Selecione da célula A1 até
CTRL + !: quando se está trabalhando com planilhas a A30 e pressione o comando. Veja que todas as células
grandes, quando os dados precisam ser apresentados a um serão preenchidas com o valor 5432.
gerente, ou mesmo só para facilitar sua vida, a melhor ma- CTRL + R: funciona da mesma forma que o comando
neira de destacar certas informações é formatar a célula, de acima, mas para preenchimento de colunas. Exemplo: sele-
modo que a fonte, a cor do texto, as bordas e várias outras cione da célula A1 até a E1 e pressione CTRL + R. Todas as
configurações de formatação. Mas ter que usar o mouse células selecionadas terão o mesmo valor da A1.
para encontrar as opções de formatação faz você perder CTRL + ALT + V: você já deve ter cometido o erro de co-
muito tempo. Portanto, pressionando CTRL + !, você fará piar uma célula e colar em outro local, acabando com a for-
com que a janela de opções de formatação da célula seja matação que tinha definido anteriormente, pois as células
exibida. Lembre-se que você pode selecionar várias células de origem eram azuis e as de destino eram verdes. Ou seja,
para aplicar a formatação de uma só vez. você agora tem células azuis onde tudo deveria ser verde.
CTRL + (: muitas vezes você precisa visualizar dados Para que isso não aconteça, você pode utilizar o comando
que não estão próximos uns dos outros. Para isso o Excel “colar valores”, que fará com que somente os valores das
fornece a opção de ocultar células e colunas. Pressionan- células copiadas apareçam, sem qualquer formatação. Para
do CTRL + (, você fará com que as linhas correspondentes não precisar usar o mouse, copie as células desejadas e na
à seleção sejam ocultadas. Se houver somente uma célula hora de colar utilize as teclas CTRL + ALT + V.
ativa, só será ocultada a linha correspondente. Por exem- CTRL + PAGE DOWN: não há como ser rápido utilizan-
plo: se você selecionar células que estão nas linhas 1, 2, 3 do o mouse para alternar entre as planilhas de um mesmo
e 4 e pressionar as teclas mencionadas, essas quatro linhas arquivo. Utilize esse comando para mudar para a próxima
serão ocultadas. planilha da sua pasta de trabalho.
Para reexibir aquilo que você ocultou, selecione uma CTRL + PAGE UP: similar ao comando anterior. Porém,
célula da linha anterior e uma da próxima, depois utilize executando-o você muda para a planilha anterior.
as teclas CTRL + SHIFT + (. Por exemplo: se você ocultou a *É possível selecionar as planilhas que estão antes ou
linha 14 e precisa reexibi-la, selecione uma célula da linha depois da atual, pressionando também o SHIFT nos dois
13, uma da linha 15 e pressione as teclas de atalho. comando acima.
CTRL + ): esse atalho funciona exatamente como o
anterior, porém, ele não oculta linhas, mas sim COLUNAS. Teclas de função
Para reexibir as colunas que você ocultou, utilize as teclas Poucas pessoas conhecem todo o potencial das teclas
CTRL + SHIFT + ). Por exemplo: você ocultou a coluna C e que ficam na mesma linha do “Esc”. Assim como o CTRL,
quer reexibi-la. Selecione uma célula da coluna B e uma da as teclas de função podem ser utilizadas em combinação
célula D, depois pressione as teclas mencionadas. com outras, para produzir comandos diferentes do padrão
CTRL + SHIFT + $: quando estiver trabalhando com va- atribuído a elas. Veja alguns deles abaixo.
lores monetários, você pode aplicar o formato de moeda F2: se você cometer algum erro enquanto está inse-
utilizando esse atalho. Ele coloca o símbolo R$ no número rindo fórmulas em uma célula, pressione o F2 para poder
e duas casas decimais. Valores negativos são colocados en- mover o cursor do teclado dentro da célula, usando as se-
tre parênteses. tas para a direita e esquerda. Caso você pressione uma da
CTRL + SHIFT + Asterisco (*): esse comando é extre- setas sem usar o F2, o cursor será movido para outra célula.
mamente útil quando você precisa selecionar os dados ALT + SHIFT + F1: inserir novas planilhas dentro de um
que estão envolta da célula atualmente ativa. Caso existam arquivo do Excel também exige vários cliques com o mou-
células vazias no meio dos dados, elas também serão se- se, mas você pode usar o comando ALT + SHIFT + F1 para
lecionadas. Veja na imagem abaixo um exemplo. A célula ganhar algum tempo. As teclas SHIFT + F11 produzem o
selecionada era a D6. mesmo efeito.

58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

F8: use essa tecla para ligar ou desligar o modo de se- Etapa 1: Abrir o PowerPoint
leção estendida. Esse pode ser usado da mesma forma que Quando você inicia o PowerPoint, ele é aberto no modo
o SHIFT. Porém, ele só será desativado quando for pres- de exibição chamado Normal, onde você cria e trabalha em
sionado novamente, diferente do SHIFT, que precisa ser slides.
mantido pressionado para que você possa selecionar várias
células da planilha.

Veja abaixo outros comandos úteis:


CTRL + Setas de direção: move o cursor para a última
célula preenchida. Se houve alguma célula vazia no meio,
o cursor será movido para a última célula preenchida que
estiver antes da vazia.
END: pressione essa tecla uma vez para ativar ou de-
sativar o “Modo de Término”. Sua função é parecida com o
comando anterior. Pressiona uma vez para ativar e depois
pressione uma tecla de direção para mover o cursor para a
última célula preenchida.
*Se a tecla Scroll Lock estiver ativada, pressionar END
fará com que o cursor seja movido para a célula que estiver
visível no canto inferior direito da janela.
CTRL + BARRA DE ESPAÇO: utilize essa atalho se você
quiser selecionar a coluna inteira onde está o cursor. Uma imagem do PowerPoint 2010 no modo Normal
SHIFT + BARRA DE ESPAÇOS: semelhante ao comando que possui vários elementos rotulados.
acima, porém, seleciona a linha inteira onde está o cursor. 1 No painel Slide, você pode trabalhar em slides indi-
viduais.
2 As bordas pontilhadas identificam os espaços reser-
vados, onde você pode digitar texto ou inserir imagens,
gráficos e outros objetos.
MS-POWERPOINT 2010: ESTRUTURA
3 A guia Slides mostra uma versão em miniatura de
BÁSICA DAS APRESENTAÇÕES, cada slide inteiro mostrado no painel Slide. Depois de adi-
CONCEITOS DE SLIDES, ANOTAÇÕES, cionar outros slides, você poderá clicar em uma miniatu-
RÉGUA, GUIAS, CABEÇALHOS E RODAPÉS, ra na guia Slides para fazer com que o slide apareça no
NOÇÕES DE EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE painel Slide ou poderá arrastar miniaturas para reorganizar
APRESENTAÇÕES, INSERÇÃO DE OBJETOS, os slides na apresentação. Também é possível adicionar ou
NUMERAÇÃO DE PÁGINAS, BOTÕES DE excluir slides na guia Slides.
AÇÃO, ANIMAÇÃO E TRANSIÇÃO ENTRE 4 No painel Anotações, você pode digitar observações
SLIDES. sobre o slide atual. Também pode distribuir suas anotações
para a audiência ou consultá-las no Modo de Exibição do
Apresentador durante a apresentação.

POWERPOINT Etapa 2: Começar com uma apresentação em branco


Por padrão, o PowerPoint 2010 aplica o modelo Apre-
O PowerPoint é um aplicativo visual e gráfico, usado sentação em Branco, mostrado na ilustração anterior, às
principalmente para criar apresentações. Com ele, você novas apresentações. Apresentação em Branco é o mais
pode criar, visualizar e mostrar apresentações de slides que simples e o mais genérico dos modelos no PowerPoint
combinam texto, formas, imagens, gráficos, animações, ta- 2010 e será um bom modelo a ser usado quando você co-
belas, vídeos e muito mais. meçar a trabalhar com o PowerPoint.
Para criar uma nova apresentação baseada no modelo
Familiarizar-se com o espaço de trabalho do Power- Apresentação em Branco, faça o seguinte:
Point 1. Clique na guia Arquivo.
2. Aponte para Novo e, em Modelos e Temas Dispo-
O espaço de trabalho, ou modo de exibição Normal, foi níveis, selecione Apresentação em Branco.
desenvolvido para ajudá-lo a encontrar e usar facilmente 3. Clique em Criar.
os recursos do Microsoft PowerPoint 2010.
Este artigo contém instruções passo a passo para aju- Etapa 3: Ajustar o tamanho do painel de anotações
dá-lo a se preparar para criar apresentações com o Power- Depois que você abre o modelo Apresentação em
Point 2010 Branco, somente uma pequena parte do painel Anotações
fica visível. Para ver uma parte maior desse painel e ter mais
espaço para digitar, faça o seguinte:

59
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1. Aponte para a borda superior do painel Anota- Principais recursos da Faixa de Opções
ções.
2. Quando o ponteiro se transformar em uma , ar-
raste a borda para cima a fim de criar mais espaço para as
anotações do apresentador, como mostrado na ilustração
a seguir.

A Faixa de Opções exibida no lado esquerdo da guia


Página Inicial do PowerPoint 2010.
1 Uma guia da Faixa de Opções, neste caso a guia Pá-
gina Inicial. Cada guia está relacionada a um tipo de ativi-
dade, como inserir mídia ou aplicar animações a objetos.
2 Um grupo na guia Página Inicial, neste caso o grupo
Fonte. Os comandos são organizados em grupos lógicos e
reunidos nas guias.
3 Um botão ou comando individual no grupo Slides,
Observe que o slide no painel Slide se redimensiona neste caso o botão Novo Slide.
automaticamente para se ajustar ao espaço disponível.
Outros recursos da Faixa de Opções
Etapa 4: Criar a apresentação
Agora que preparou o espaço de trabalho para ser usa-
do, você está pronto para começar a adicionar texto, for-
mas, imagens, animações (e outros slides também) à apre-
sentação. Próximo à parte superior da tela, há três botões
que podem ser úteis quando você iniciar o trabalho:
• Desfazer , que desfaz sua última alteração
(para ver uma dica de tela sobre qual ação será desfeita,
coloque o ponteiro sobre o botão. Para ver um menu de
outras alterações recentes que também podem ser desfei-
tas, clique na seta à direita de Desfazer ). Outros elementos que podem ser exibidos na Faixa de
• Você também pode desfazer uma alteração pres- Opções são as guias contextuais, as galerias e os iniciado-
sionando CTRL+Z. res de caixa de diálogo.
• Refazer ou Repetir , que repete ou refaz
sua última alteração, dependendo da ação feita anterior-  Uma galeria, neste caso a galeria de formas no gru-
mente (para ver uma dica de tela sobre qual ação será re- po Desenho. As galerias são janelas ou menus retangulares
petida ou refeita, coloque o ponteiro sobre o botão). Você que apresentam uma gama de opções visuais relacionadas.
também pode repetir ou refazer uma alteração pressionan-
do CTRL+Y.  Uma guia contextual, neste caso a guia Ferramentas
• A Ajuda do Microsoft Office PowerPoint , que de Imagem. Para diminuir a poluição visual, algumas guias
abre o painel Ajuda do PowerPoint. Você também pode são mostradas somente quando necessárias. Por exemplo,
abrir a Ajuda pressionando F1. a guia Ferramentas de Imagem será mostrada somente se
você inserir uma imagem a um slide e a selecionar.
Familiarizar-se com a Faixa de Opções do Power-
Point 2010   Um Iniciador da Caixa de Diálogo, neste caso, um
Ao iniciar o Microsoft PowerPoint 2010 pela primeira que inicia a caixa de diálogo Formatar Forma.
vez, você perceberá que os menus e as barras de ferra-
mentas do PowerPoint 2003 e das versões anteriores foram Localização dos comandos conhecidos na Faixa de Op-
substituídos pela Faixa de Opções. ções

O que é a Faixa de Opções? Para encontrar a localização de comandos específicos


A Faixa de Opções contém os comandos e os outros em guias e grupos, consulte os diagramas a seguir.
itens de menu presentes nos menus e barras de ferramen-
tas do PowerPoint 2003 e de versões anteriores. A Faixa de
Opções foi projetada para ajudá-lo a localizar rapidamente
os comandos necessários para concluir uma tarefa.

60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A guia Arquivo

A guia Arquivo é o local onde é possível criar um novo arquivo, abrir ou salvar um existente e imprimir sua apresenta-
ção.
1 Salvar como
2 Abrir
3 Novo
4 Imprimir

A guia Página Inicial

A guia Página Inicial é o local onde é possível inserir novos slides, agrupar objetos e formatar texto no slide.

1 Se você clicar na seta ao lado de Novo Slide, poderá escolher entre vários layouts de slide.
2 O grupo Fonte inclui os botões Fonte, Negrito, Itálico e Tamanho da Fonte.
3 O grupo Parágrafo inclui Alinhar Texto à Direita, Alinhar Texto à Esquerda, Justificar e Centralizar.
4 Para localizar o comando Agrupar, clique em Organizar e, em Agrupar Objetos, selecione Agrupar.

Guia Inserir

A guia Inserir é o local onde é possível inserir tabelas, formas, gráficos, cabeçalhos ou rodapés em sua apresentação.
1 Tabela
2 Formas
3 Gráfico
4 Cabeçalho e Rodapé

61
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Guia Design

A guia Design é o local onde é possível personalizar o plano de fundo, o design e as cores do tema ou a configuração
de página na apresentação.
1 Clique em Configurar Página para iniciar a caixa de diálogo Configurar Página.
2 No grupo Temas, clique em um tema para aplicá-lo à sua apresentação.
3 Clique em Estilos de Plano de Fundo para selecionar uma cor e design de plano de fundo para sua apresentação.

Guia Transições

A guia Transições é o local onde é possível aplicar, alterar ou remover transições no slide atual.
1 No grupo Transições para este Slide, clique em uma transição para aplicá-la ao slide atual.
2 Na lista Som, você pode selecionar entre vários sons que serão executados durante a transição.
3 Em Avançar Slide, você pode selecionar Ao Clicar com o Mouse para fazer com que a transição ocorra ao clicar.

Guia Animações

A guia Animações é o local onde é possível aplicar, alterar ou remover animações em objetos do slide.
1 Clique em Adicionar Animação e selecione uma animação que será aplicada ao objeto selecionado.
2 Clique em Painel de Animação para iniciar o painel de tarefas Painel de Animação.
3 O grupo Intervalo inclui áreas para definir o Página Inicial e a Duração.

Guia Apresentação de Slides

A guia Apresentação de Slides é o local onde é possível iniciar uma apresentação de slides, personalizar as configura-
ções da apresentação de slides e ocultar slides individuais.
1 O grupo Iniciar Apresentação de Slides, que inclui Do Começo e Do Slide Atual.
2 Clique em Configurar Apresentação de Slides para iniciar a caixa de diálogo Configurar Apresentação.
3 Ocultar Slide

Guia Revisão

62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A guia Revisão é o local onde é possível verificar a ortografia, alterar o idioma da apresentação ou comparar alterações
na apresentação atual com outra.
1 Ortografia, para iniciar o verificador ortográfico.
2 O grupo Idioma, que inclui Editando Idiomas, onde é possível selecionar o idioma.
3 Comparar, onde é possível comparar as alterações na apresentação atual com outra.

Guia Exibir

A guia Exibir é o local onde é possível exibir o slide mestre, as anotações mestras, a classificação de slides. Você também
pode ativar ou desativar a régua, as linhas de grade e as guias de desenho.
1 Classificação de Slides
2 Slide Mestre
3 O grupo Mostrar, que inclui Régua e Linhas de Grade.

Eu não vejo o comando de que preciso!    


Alguns comandos, como Recortar ou Compactar, são guias contextuais.
Para exibir uma guia contextual, primeiramente selecione o objeto que será trabalhado e verifique se uma guia con-
textual é exibida na Faixa de Opções.

Localizar e aplicar um modelo


O PowerPoint 2010 permite aplicar modelos internos ou os seus próprios modelos personalizados e pesquisar vários
modelos disponíveis no Office.com. O Office.com fornece uma ampla seleção de modelos do PowerPoint populares, in-
cluindo apresentações e slides de design.
Para localizar um modelo no PowerPoint 2010, siga este procedimento:
Na guia Arquivo, clique em Novo.
Em Modelos e Temas Disponíveis, siga um destes procedimentos:
• Para reutilizar um modelo usado recentemente, clique em Modelos Recentes, clique no modelo desejado e depois
em Criar.
• Para utilizar um modelo já instalado, clique em Meus Modelos, selecione o modelo desejado e clique em OK.
• Para utilizar um dos modelos internos instalados com o PowerPoint, clique em Modelos de Exemplo, clique no
modelo desejado e depois em Criar.
• Para localizar um modelo no Office.com, em Modelos do Office.com, clique em uma categoria de modelo, selecio-
ne o modelo desejado e clique em Baixar para baixar o modelo do Office.com para o computador.

Observação- Você também pode pesquisar modelos no Office.com de dentro do PowerPoint. Na caixa Pesquisar mo-
delos no Office.com, digite um ou mais termos de pesquisa e clique no botão de seta para pesquisar.

63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Criar uma apresentação • Para que uma apresentação só possa ser aberta
1. Clique na guia Arquivo e clique em Novo. no PowerPoint 2010 ou no PowerPoint 2007, na lista Salvar
2. Siga um destes procedimentos: como tipo, selecione Apresentação do PowerPoint (*.pptx).
• Clique em Apresentação em Branco e em Criar. • Para uma apresentação que possa ser aberta no
• Aplique um modelo ou tema, seja interno forneci- PowerPoint 2010 ou em versões anteriores do PowerPoint,
do com o PowerPoint 2010 ou baixado do Office.com. selecione Apresentação do PowerPoint 97-2003 (*.ppt).
3. No painel esquerdo da caixa de diálogo Salvar
Abrir uma apresentação como, clique na pasta ou em outro local onde você queira
1. Clique na guia Arquivo e em Abrir. salvar sua apresentação.
2. No painel esquerdo da caixa de diálogo Abrir, cli- 4. Na caixa Nome de arquivo, digite um nome para a
que na unidade ou pasta que contém a apresentação de- apresentação ou aceite o nome padrão e clique em Salvar.
sejada. De agora em diante, você pode pressionar CTRL+S ou
3. No painel direito da caixa de diálogo Abrir, abra a pode clicar em Salvar, próximo à parte superior da tela, para
pasta que contém a apresentação.
salvar rapidamente a apresentação, a qualquer momento.
4. Clique na apresentação e clique em Abrir.
Observação: Para salvar a apresentação em um forma-
 Observação   Por padrão, o PowerPoint 2010 mostra
to diferente de .pptx, clique na lista Salvar como tipo e se-
somente apresentações do PowerPoint na caixa de diálogo
lecione o formato de arquivo desejado.
Abrir. Para exibir outros tipos de arquivos, clique em Todas
as Apresentações do PowerPoint e selecione o tipo de ar- O Microsoft PowerPoint 2010 oferece uma série de ti-
quivo que deseja exibir. pos de arquivo que você pode usar para salvar; por exem-
plo, JPEGs (.jpg), arquivos Portable Document Format (.pdf),
páginas da Web (.html), Apresentação OpenDocument
(.odp), inclusive como vídeo ou filme etc.
Também é possível abrir vários formatos de arquivo
diferentes com o PowerPoint 2010, como Apresentações
OpenDocument, páginas da Web e outros tipos de arqui-
vos.

Adicionar, reorganizar e excluir slides


O único slide que é exibido automaticamente ao abrir
o PowerPoint tem dois espaços reservados, sendo um for-
matado para um título e o outro formatado para um sub-
título. A organização dos espaços reservados em um slide
é chamada layout. O Microsoft PowerPoint 2010 também
oferece outros tipos de espaços reservados, como aqueles
de imagens e elementos gráficos de SmartArt.
Salvar uma apresentação Ao adicionar um slide à sua apresentação, siga este
procedimento para escolher um layout para o novo slide
ao mesmo tempo:
1. No modo de exibição Normal, no painel que con-
tém as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides e clique
abaixo do único slide exibido automaticamente ao abrir o
PowerPoint.
2. Na guia Página Inicial, no grupo Slides, clique na
seta ao lado de Novo Slide. Ou então, para que o novo sli-
de tenha o mesmo layout do slide anterior, basta clicar em
Novo Slide em vez de clicar na seta ao lado dele.

Como com qualquer programa de software, é uma boa


ideia nomear e salvar a apresentação imediatamente e sal-
var suas alterações com frequência enquanto você traba-
lha: Será exibida uma galeria que mostra as miniaturas dos
1. Clique na guia Arquivo. vários layouts de slide disponíveis.
2. Clique em Salvar como e siga um destes procedi- • O nome identifica o conteúdo para o qual cada
mentos: slide foi criado.

64
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Os espaços reservados que exibem ícones colo-


ridos podem conter texto, mas você também pode clicar
nos ícones para inserir objetos automaticamente, incluindo
elementos gráficos SmartArt e clip-art.
3. Clique no layout desejado para o novo slide.

Se houver uma grande quantidade de material para


apresentar sobre qualquer um dos pontos ou áreas princi-
pais, talvez você queira criar um subagrupamento de slides
para esse material, usando a mesma estrutura de tópicos
básica.
Dica: Pense em quanto tempo cada slide deve ficar vi-
sível na tela durante a sua apresentação. Uma boa estima-
O novo slide agora aparece na guia Slides, onde está tiva padrão é de dois a cinco minutos por slide.
realçado como o slide atual, e também como o grande sli- Aplicar um novo layout a um slide
de à direita no painel Slide. Repita esse procedimento para Para alterar o layout de um slide existente, faça o se-
cada novo slide que você deseja adicionar. guinte:
• No modo de exibição Normal, no painel que con-
Determinar quantos slides são necessários tém as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides e clique
no slide ao qual deseja aplicar um novo layout.
Para calcular o número de slides necessários, faça um • Na guia Página Inicial, no grupo Slides, clique em
rascunho do material que você planeja abordar e, em se- Layout e, em seguida, clique no novo layout desejado.
guida, divida o material em slides individuais. Você prova-  Observação   Se você aplicar um layout que não pos-
velmente deseja pelo menos: sua tipos de espaços reservados suficientes para o conteú-
• Um slide de título principal do que já existe no slide, serão criados espaços reservados
• Um slide introdutório que lista os pontos princi- adicionais automaticamente para armazenar esse conteú-
pais ou áreas da sua apresentação do.
• Um slide para cada ponto ou área que esteja lista-
da no slide introdutório Copiar um slide
• Um slide de resumo que repete a lista de pontos Se você deseja criar dois ou mais slides que tenham
ou áreas principais da sua apresentação conteúdo e layout semelhantes, salve o seu trabalho crian-
Usando essa estrutura básica, se você possui três pon- do um slide que tenha toda a formatação e o conteúdo que
tos ou áreas principais para apresentar, planeje ter um mí- será compartilhado por ambos os slides, fazendo uma có-
nimo de seis: um slide de título, um slide introdutório, um pia desse slide antes dos retoques finais em cada um deles.
slide para cada um dos três pontos ou áreas principais e 1. No modo de exibição Normal, no painel que con-
um slide de resumo. tém as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides, clique
com o botão direito do mouse no slide que deseja copiar
e clique em Copiar.
2. Na guia Slides, clique com o botão direito do
mouse onde você deseja adicionar a nova cópia do slide e
clique em Colar.
Você também pode usar esse procedimento para inse-
rir uma cópia de um slide de uma apresentação para outra.

65
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Reorganizar a ordem dos slides


No modo de exibição Normal, no painel que contém as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides, clique no slide que
deseja mover e arraste-o para o local desejado.
Para selecionar vários slides, clique em um slide que deseja mover, pressione e mantenha pressionada a tecla CTRL
enquanto clica em cada um dos outros slides que deseja mover.

Excluir um slide
No modo de exibição Normal, no painel que contém as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides, clique com o botão
direito do mouse no slide que deseja excluir e clique em Excluir Slide.

Adicionar formas ao slide


1. Na guia Início, no grupo Desenho, clique em Formas.

2. Clique na forma desejada, clique em qualquer parte do slide e arraste para colocar a forma.
Para criar um quadrado ou círculo perfeito (ou restringir as dimensões de outras formas), pressione e mantenha a tecla
SHIFT pressionada ao arrastar.

Exibir uma apresentação de slides


Para exibir a apresentação no modo de exibição Apresentação de Slides a partir do primeiro slide, siga este procedi-
mento:

Na guia Apresentação de Slides, no grupo Iniciar Apresentação de Slides, clique em Do Começo (ou pressione F5).

Para exibir a apresentação no modo de exibição Apresentação de Slides a partir do slide atual, siga este procedimen-
to(ou pressione Shift+F5):
Na guia Apresentação de Slides, no grupo Iniciar Apresentação de Slides, clique em Do Slide Atual.

Imprimir uma apresentação


1. Clique na guia Arquivo e clique em Imprimir.
2. Em Imprimir, siga um destes procedimentos:
• Para imprimir todos os slides, clique em Tudo.
• Para imprimir somente o slide exibido no momento, clique em Slide Atual.
• Para imprimir slides específicos por número, clique em Intervalo Personalizado de Slides e digite uma lista de slides
individuais, um intervalo, ou ambos.

66
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Observação   Use vírgulas para separar os números, sem espaços. Por exemplo: 1,3,5-12.
3. Em Outras Configurações, clique na lista Cor e selecione a configuração desejada.
4. Ao concluir as seleções, clique em Imprimir.

• Criar e imprimir folhetos


Você pode imprimir as apresentações na forma de folhetos, com até nove slides em uma página, que podem ser utili-
zados pelo público para acompanhar a apresentação ou para referência futura.

O folheto com três slides por página possui espaços entre as linhas para anotações.
Você pode selecionar um layout para os folhetos em visualização de impressão (um modo de exibição de um documen-
to da maneira como ele aparecerá ao ser impresso).

Organizar conteúdo em um folheto:


Na visualização de impressão é possível organizar o conteúdo no folheto e visualizá-lo para saber como ele será im-
presso. Você pode especificar a orientação da página como paisagem ou retrato e o número de slides que deseja exibir
por página.
Você pode adicionar visualizar e editar cabeçalhos e rodapés, como os números das páginas. No layout com um slide
por página, você só poderá aplicar cabeçalhos e rodapés ao folheto e não aos slides, se não desejar exibir texto, data ou
numeração no cabeçalho ou no rodapé dos slides.

Aplicar conteúdo e formatação em todos os folhetos:


Se desejar alterar a aparência, a posição e o tamanho da numeração, da data ou do texto do cabeçalho e do rodapé em
todos os folhetos, faça as alterações no folheto mestre. Para incluir um nome ou logotipo em todas as páginas do folheto,
basta adicioná-lo ao mestre. As alterações feitas no folheto mestre também são exibidas na impressão da estrutura de
tópicos.

Imprimir folhetos:
1. Abrir a apresentação em que deseja imprimir os folhetos.
2. Clicar na aba Arquivo, clicar na seleção de layout de slides para impressão na seção ‘Configurações’ e escolher o
modo de impressão(aqui também podemos selecionar os modos ‘Anotações’ e ‘Estrutura de tópicos’)

67
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Então basta começar a digitar.

Formatar texto
Para alterar um texto, é necessário primeiro selecioná
-lo. Para selecionar um texto ou palavra, basta clicar com
o boto esquerdo sobre o ponto em que se deseja iniciar
a seleção e manter o botão pressionado, arrastar o mouse
até o ponto desejado e soltar o botão esquerdo.

O formato Folhetos (3 Slides por Página) possui linhas


para anotações do público.

Para especificar a orientação da página, clicar na seta


em Orientação e, em seguida, clicar em Paisagem ou Re-
trato. 1 – Fonte
Clicar em Imprimir. Altera o tipo de fonte
2 – Tamanho da fonte
Inserir texto Altera o tamanho da fonte
Para inserir um texto no slide clicar com o botão es- 3 – Negrito
querdo do mouse no retângulo (Clique para adicionar um Aplica negrito ao texto selecionado. Também pode ser
título), após clicar o ponto de inserção (cursor será exibido). acionado através do comando Ctrl+N.

68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

4 – Itálico
Aplica Itálico ao texto selecionado. Também pode ser
acionado através do comando Ctrl+I.
5 – Sublinhado
Sublinha o texto selecionado. Também pode ser acio-
nado através do comando Ctrl+S.
6 – Tachado
Desenha uma linha no meio do texto selecionado.
7 – Sombra de Texto
Adiciona uma sombra atrás do texto selecionado para
destacá-lo no slide.
8 – Espaçamento entre Caracteres
Ajusta o espaçamento entre caracteres.
9 – Maiúsculas e Minúsculas
Altera todo o texto selecionado para MAIÚSCULAS, 5. Clicar em Inserir e em seguida Fechar.
minúsculas, ou outros usos comuns de maiúsculas/minús-
culas. Marcadores e numeração
10 – Cor da Fonte Com a guia Início acionada, clicar no botão , para
Altera a cor da fonte. criar parágrafos com marcadores. Para escolher o tipo de
11 – Alinhar Texto à Esquerda marcador clicar na seta.
Alinha o texto à esquerda. Também pode ser acionado
através do comando Ctrl+Q.
12 – Centralizar
Centraliza o texto. Também pode ser acionado através
do comando Ctrl+E.
13 – Alinhar Texto à Direita
Alinha o texto à direita. Também pode ser acionado
através do comando Ctrl+G.
14 – Justificar
Alinha o texto às margens esquerda e direita, adicio-
nando espaço extra entre as palavras conforme o neces-
sário, promovendo uma aparência organizada nas laterais
esquerda e direita da página.
15 – Colunas
Divide o texto em duas ou mais colunas.

Limpar formatação
Para limpar toda a formatação de um texto basta se-
lecioná-lo e clicar no botão , localizado na guia Início. Com a guia Início acionada, clicar no botão , para ini-
ciar uma lista numerada. Para escolher diferentes formatos
Inserir símbolos especiais de numeração clicar na seta.
Além dos caracteres que aparecem no teclado, é pos-
sível inserir no slide vários caracteres e símbolos especiais.
1. Posicionar o cursor no local que se deseja inserir o
símbolo.
2. Acionar a guia Inserir.

3. Clicar no botão Símbolo.


4. Selecionar o símbolo.

69
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Inserir figuras Animar textos e objetos


Para animar um texto ou objeto, selecionar o texto ou
objeto, clicar na guia Animações, e depois em Animações
Personalizadas, abrirá um painel à direita, clicar em Adicio-
nar efeito. Nele se encontram várias opções de animação
de entrada, ênfase, saída e trajetórias de animação.

Inserir botão de ação


Para inserir uma figura no slide clicar na guia Inserir, e Um botão de ação consiste em um botão já existen-
clicar em um desses botões: te que pode ser inserido na apresentação e para o qual
• Imagem do Arquivo: insere uma imagem de um ar- pode definir hiperlinks. Os botões de ação contêm formas,
quivo. como setas para direita e para esquerda e símbolos de fá-
• Clip-art: é possível escolher entre várias figuras que cil compreensão referentes às ações de ir para o próximo,
acompanham o Microsoft Office. anterior, primeiro e último slide, além de executarem filmes
• Formas: insere formas prontas, como retângulos e ou sons. Eles são mais comumente usados para apresen-
círculos, setas, linhas, símbolos de fluxograma e textos ex- tações autoexecutáveis — por exemplo, apresentações que
plicativos. são exibidas várias vezes em uma cabine ou quiosque (um
• SmartArt: insere um elemento gráfico SmartArt para computador e monitor, geralmente localizados em uma
comunicar informações visualmente. Esses elementos grá- área frequentada por muitas pessoas, que pode incluir tela
ficos variam desde listas gráficas e diagramas de processos sensível ao toque, som ou vídeo.
até gráficos mais complexos, como diagramas de Venn e Os quiosques podem ser configurados para executar
organogramas. apresentações do PowerPoint de forma automática, contí-
• Gráfico: insere um gráfico para ilustrar e comparar nua ou ambas).
dados.
• WordArt: insere um texto com efeitos especiais. 1. Na guia Inserir, no grupo Ilustrações, clicar na seta
abaixo de Formas e, em seguida, clique no botão Mais .
Alterar plano de fundo 2. Em Botões de Ação, clicar no botão que se deseja
Para alterar o plano de fundo de um slide, basta clicar
adicionar.
com o botão direito do mouse sobre ele, e em seguida
3. Clicar sobre um local do slide e arrastar para dese-
clicar em Formatar Plano de Fundo.
nhar a forma para o botão.
4. Na caixa Configurar Ação, seguir um destes proce-
dimentos:
• Para escolher o comportamento do botão de ação
quando você clicar nele, clicar na guia Selecionar com o
Mouse.
• Para escolher o comportamento do botão de ação
quando você mover o ponteiro sobre ele, clicar na guia Se-
lecionar sem o Mouse.
5. Para escolher o que acontece quando você clica ou
move o ponteiro sobre o botão de ação, siga um destes
procedimentos:
• Se você não quiser que nada aconteça, clicar em Ne-
Depois escolher entre as opções clicar Aplicar a tudo nhuma.
para aplicar a mudança a todos os slides, se for alterar ape- • Para criar um hiperlink, clicar em Hiperlink para e se-
nas o slide atual clicar em fechar. lecionar o destino para o hiperlink.
• Para executar um programa, clicar em Executar pro-
grama e, em seguida, clicar em Procurar e localizar o pro-
grama que você deseja executar.
• Para executar um macro (uma ação ou um conjunto
de ações que você pode usar para automatizar tarefas. Os
macros são gravados na linguagem de programação Visual
Basic for Applications), clicar em Executar macro e selecio-
nar a macro que você deseja executar.
As configurações de Executar macro estarão disponí-
veis somente se a sua apresentação contiver um macro.
• Se você deseja que a forma escolhida como um botão
de ação execute uma ação, clicar em Ação do objeto e sele-
cionar a ação que você deseja que ele execute.

70
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As configurações de Ação do objeto estarão disponí- 4. Para alterar a ordem em que os slides são exibidos,
veis somente se a sua apresentação contiver um objeto OLE em Slides na apresentação personalizada, clicar em um sli-
(uma tecnologia de integração de programa que pode ser de e, em seguida, clicar em uma das setas para mover o
usada para compartilhamento de informações entre pro- slide para cima ou para baixo na lista.
gramas. Todos os programas do Office oferecem suporte 5. Digitar um nome na caixa Nome da apresentação de
para OLE; por isso, você pode compartilhar informações slides e clicar em OK. Para criar apresentações personaliza-
por meio de objetos vinculados e incorporados). das adicionais com quaisquer slides da sua apresentação,
• Para tocar um som, marcar a caixa de seleção Tocar repetir as etapas de 1 a 5.
som e selecionar o som desejado. Para visualizar uma apresentação personalizada, clicar
no nome da apresentação na caixa de diálogo Apresenta-
Criar apresentação personalizada ções Personalizadas e, em seguida, clicar em Mostrar.
Existem dois tipos de apresentações personalizadas: 2 – Apresentação Personalizada com Hiperlink
básica e com hiperlinks. Utilizar uma apresentação personalizada com hiper-
Uma apresentação personalizada básica é uma apre- links para organizar o conteúdo de uma apresentação. Por
sentação separada ou uma apresentação que inclui alguns exemplo, se você cria uma apresentação personalizada
slides originais. principal sobre a nova organização geral da sua empresa,
Uma apresentação personalizada com hiperlinks é uma é possível criar uma apresentação personalizada para cada
forma rápida de navegar para uma ou mais apresentações departamento da sua organização e vinculá-los a essas exi-
separadas. bições da apresentação principal.
1 – Apresentação Personalizada Básica
Utilizar uma apresentação personalizada básica para
fornecer apresentações separadas para diferentes grupos
da sua organização. Por exemplo, se sua apresentação
contém um total de cinco slides, é possível criar uma apre-
sentação personalizada chamada “Site 1” que inclui apenas
os slides 1, 3 e 5. É possível criar uma segunda apresenta-
ção personalizada chamada “Site 2” que inclui os slides 1, 2,
4 e 5. Quando você criar uma apresentação personalizada
a partir de outra apresentação, é possível executá-la, na ín-
1. Na guia Apresentações, no grupo Iniciar Apresen-
tegra, em sua sequência original.
tação de Slides, clicar na seta ao lado de Apresentação de
Slides Personalizada e, em seguida, clicar em Apresenta-
ções Personalizadas.
2. Na caixa de diálogo Apresentações Personalizadas,
clicar em Novo.
3. Em Slides na apresentação, clicar nos slides que
você deseja incluir na apresentação personalizada principal
e, em seguida, clicar em Adicionar.
Para selecionar diversos slides sequenciais, clicar no
primeiro slide e, em seguida, manter pressionada a tecla
SHIFT enquanto clica no último slide que deseja selecio-
nar. Para selecionar diversos slides não sequenciais, manter
pressionada a tecla CTRL enquanto clica em cada slide que
queira selecionar.
4. Para alterar a ordem em que os slides são exibidos,
1. Na guia Apresentações de Slides, no grupo Iniciar em Slides na apresentação personalizada, clicar em um sli-
Apresentação de Slides, clicar na seta ao lado de Apre- de e, em seguida, clicar em uma das setas para mover o
sentação de Slides Personalizada e, em seguida, clicar em slide para cima ou para baixo na lista.
Apresentações Personalizadas. 5. Digitar um nome na caixa Nome da apresentação de
2. Na caixa de diálogo Apresentações Personalizadas, slides e clicar em OK. Para criar apresentações personaliza-
clicar em Novo. das adicionais com quaisquer slides da sua apresentação,
3. Em Slides na apresentação, clicar nos slides que repetir as etapas de 1 a 5.
você deseja incluir na apresentação personalizada e, em 6. Para criar um hiperlink da apresentação principal
seguida, clicar em Adicionar. para uma apresentação de suporte, selecionar o texto ou
Para selecionar diversos slides sequenciais, clicar no objeto que você deseja para representar o hiperlink.
primeiro slide e, em seguida, manter pressionada a tecla 7. Na guia Inserir, no grupo Vínculos, clicar na seta
SHIFT enquanto clica no último slide que deseja selecio- abaixo de Hiperlink.
nar. Para selecionar diversos slides não sequenciais, manter 8. Em Vincular para, clicar em Colocar Neste Docu-
pressionada a tecla CTRL enquanto clica em cada slide que mento.
queira selecionar. 9. Seguir um destes procedimentos:

71
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Para se vincular a uma apresentação personalizada, 3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este
na lista Selecionar um local neste documento, selecionar a Slide, clicar no efeito de transição de slides que você deseja
apresentação personalizada para a qual deseja ir e marcar para esse slide.
a caixa de seleção Mostrar e retornar. 4. Para consultar mais efeitos de transição, na lista Es-
• Para se vincular a um local na apresentação atual, na tilos Rápidos, clicar no botão Mais.
lista Selecione um local neste documento, selecionar o sli- 5. Para definir a velocidade de transição de slides, no
de para o qual você deseja ir. grupo Transição para Este Slide, clicar na seta ao lado de
Para visualizar uma apresentação personalizada, clicar Velocidade da Transição e, em seguida, selecionar a veloci-
no nome da apresentação na caixa de diálogo Apresenta- dade desejada.
ções Personalizadas e, em seguida, clicar em Mostrar. 6. Para adicionar uma transição de slides diferente a
outro slide em sua apresentação, repetir as etapas 2 a 4.
Transição de slides • Adicionar som a transições de slides
As transições de slide são os efeitos semelhantes à ani- 1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides,
mação que ocorrem no modo de exibição Apresentação clicar na guia Slides.
de Slides quando você move de um slide para o próximo. 2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide.
É possível controlar a velocidade de cada efeito de 3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este
transição de slides e também adicionar som. Slide, clicar na seta ao lado de Som de Transição e, em se-
O Microsoft Office PowerPoint 2010 inclui vários tipos guida, seguir um destes procedimentos:
diferentes de transições de slides, incluindo (mas não se • Para adicionar um som a partir da lista, selecionar o
limitando) as seguintes: som desejado.
• Para adicionar um som não encontrado na lista, se-
lecionar Outro Som, localizar o arquivo de som que você
deseja adicionar e, em seguida, clicar em OK.
4. Para adicionar som a uma transição de slides dife-
rente, repetir as etapas 2 e 3.

1. Sem transição Configurar apresentação de slides


• Tipo de apresentação
2. Persiana Horizontal
Usar as opções na seção Tipo de apresentação para
3. Persiana Vertical
especificar como você deseja mostrar a apresentação para
4. Quadro Fechar
sua audiência.
5. Quadro Abrir
o Para fazer sua apresentação diante de uma audiência
6. Quadriculado na Horizontal
ao vivo, clicar em Exibida por um orador (tela inteira).
7. Quadriculado na Vertical
o Para permitir que a audiência exiba sua apresentação
8. Pente Horizontal a partir de um disco rígido ou CD em um computador ou
9. Pente Vertical na Internet, clicar em Apresentada por uma pessoa (janela).
o Para permitir que a audiência role por sua apresen-
Para consultar mais efeitos de transição, na lista Estilos tação de auto execução a partir de um computador autô-
Rápidos, clicar no botão Mais, conforme mostrado no dia- nomo, marcar a caixa de seleção Mostrar barra de rolagem.
grama acima. o Para entregar uma apresentação de auto execução
• Adicionar a mesma transição de slides a todos os sli- executada em um quiosque (um computador e monitor,
des em sua apresentação: geralmente localizados em uma área frequentada por mui-
1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides, tas pessoas, que pode incluir tela sensível ao toque, som ou
clicar na guia Slides. vídeo. Os quiosques podem ser configurados para executar
2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide. apresentações do PowerPoint de forma automática, con-
3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este tínua ou ambas), clicar em Apresentada em um quiosque
Slide, clicar em um efeito de transição de slides. (tela inteira).
4. Para consultar mais efeitos de transição, na lista Es- • Mostrar slides
tilos Rápidos, clicar no botão Mais. Usar as opções na seção Mostrar slides para especifi-
5. Para definir a velocidade de transição de slides, no car quais slides estão disponíveis em uma apresentação ou
grupo Transição para Este Slide, clicar na seta ao lado de para criar uma apresentação personalizada (uma apresen-
Velocidade da Transição e, em seguida, selecionar a veloci- tação dentro de uma apresentação na qual você agrupa
dade desejada. slides em uma apresentação existente para poder mostrar
6. No grupo Transição para Este Slide, clicar em Aplicar essa seção da apresentação para um público em particular).
a Tudo. o Para mostrar todos os slides em sua apresentação,
• Adicionar diferentes transições de slides aos slides clicar em Tudo.
em sua apresentação o Para mostrar um grupo específico de slides de sua
1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides, apresentação, digitar o número do primeiro slide que você
clicar na guia Slides. deseja mostrar na caixa De e digitar o número do último
2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide. slide que você deseja mostrar na caixa Até.

72
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

o Para iniciar uma apresentação de slides personaliza-


da que seja derivada de outra apresentação do PowerPoint,
clicar em Apresentação personalizada e, em seguida, clicar
na apresentação que você deseja exibir como uma apre-
sentação personalizada (uma apresentação dentro de uma
apresentação na qual você agrupa slides em uma apresen-
tação existente para poder mostrar essa seção da apresen-
tação para um público em particular).
• Opções da apresentação
Usar as opções na seção Opções da apresentação para
especificar como você deseja que arquivos de som, narra-
ções ou animações sejam executados em sua apresentação.
o Para executar um arquivo de som ou animação con-
tinuamente, marcar a caixa de opções Repetir até ‘Esc’ ser No modo de exibição do Apresentador, os ícones e
pressionada. botões são grandes o suficiente para uma fácil navegação,
o Para mostrar uma apresentação sem executar uma
mesmo quando você está usando um teclado ou mouse
narração incorporada, marcar a caixa de seleção Apresen-
desconhecido. A seguinte ilustração mostra as várias fer-
tação sem narração.
ramentas disponibilizadas pelo modo de exibição Apresen-
o Para mostrar uma apresentação sem executar uma
animação incorporada, marcar a caixa de seleção Apresen- tador.
tação sem animação.
o Ao fazer sua apresentação diante de uma audiência
ao vivo, é possível escrever nos slides. Para especificar uma
cor de tinta, na lista Cor da caneta, selecionar uma cor de
tinta.

A lista Cor da caneta estará disponível apenas se Exibi-


da por um orador (tela inteira) (na seção Tipo de apresen-
tação) estiver selecionada.
• Avançar slides
Usar as opções na seção Avançar slides para especificar
como mover de um slide para outro.
o Para avançar para cada slide manualmente durante a
apresentação, clicar em Manualmente.
o Para usar intervalos de slide para avançar para cada
slide automaticamente durante a apresentação, clicar em
Usar intervalos, se houver.
• Vários Monitores

É possível executar sua apresentação do Microsoft Of- 1. Miniaturas dos slides que você pode clicar para
fice PowerPoint 2010 de um monitor (por exemplo, em um pular um slide ou retornar para um slide já apresentado.
pódio) enquanto o público a vê em um segundo monitor. 2. O slide que você está exibindo no momento para
Usando dois monitores, é possível executar outros pro- o público.
gramas que não são vistos pelo público e acessar o modo
3. O botão Finalizar Apresentação, que você pode
de exibição Apresentador. Este modo de exibição oferece
clicar a qualquer momento para finalizar a sua apresenta-
as seguintes ferramentas para facilitar a apresentação de
ção.
informação:
o É possível utilizar miniaturas para selecionar os slides 4. O botão Escurecer, que você pode clicar para es-
de uma sequência e criar uma apresentação personalizada curecer a tela do público temporariamente e, em seguida,
para o seu público. clicar de novo para exibir o slide atual.
o A visualização de texto mostra aquilo que o seu pró- 5. Avançar para cima, que indica o slide que o seu
ximo clique adicionará à tela, como um slide novo ou o público verá em seguida.
próximo marcador de uma lista. 6. Botões que você pode selecionar para mover para
o As anotações do orador são mostradas em letras frente ou para trás na sua apresentação.
grandes e claras, para que você possa utilizá-las como um 7. O Número do slide (por exemplo, Slide 7 de 12)
script para a sua apresentação. 8. O tempo decorrido, em horas e minutos, desde o
o É possível escurecer a tela durante sua apresenta- início da sua apresentação.
ção e, depois, prosseguir do ponto em que você parou. 9. As anotações do orador, que você pode usar como
Por exemplo, talvez você não queira exibir o conteúdo do um script para a sua apresentação.
slide durante um intervalo ou uma seção de perguntas e Requisitos para o uso do modo de exibição Apresen-
respostas. tador:

73
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para utilizar o modo de exibição Apresentador, faça o


seguinte: CORREIO ELETRÔNICO: USO DE CORREIO
o Certifique-se que o computador usado para a apre- ELETRÔNICO, PREPARO E ENVIO DE
sentação tem capacidade para vários monitores. MENSAGENS, ANEXAÇÃO DE ARQUIVOS.
o Ativar o suporte a vários monitores
o Ativar o modo de exibição Apresentador.

Ativar o suporte a vários monitores: CORREIO ELETRÔNICO


Embora os computadores possam oferecer suporte a
mais de dois monitores, o PowerPoint oferece suporte para O correio eletrônico1 se parece muito com o correio
o uso de até dois monitores para uma apresentação. Para tradicional. Todo usuário tem um endereço próprio e uma
desativar o suporte a vários monitores, selecionar o segun- caixa postal, o carteiro é a Internet. Você escreve sua men-
do monitor e desmarcar a caixa de seleção Estender a área sagem, diz pra quem quer mandar e a Internet cuida do
de trabalho do Windows a este monitor.
resto. Mas por que o e-mail se popularizou tão depressa?
A primeira coisa é pelo custo. Você não paga nada por uma
1. Na guia Apresentação de Slides, no grupo Monito-
comunicação via e-mail, apenas os custos de conexão com
res, clicar em Mostrar Modo de Exibição do Apresentador.
2. Na caixa de diálogo Propriedades de Vídeo, na guia a Internet. Outro fator é a rapidez, enquanto o correio tra-
Configurações, clicar no ícone do monitor para o monitor dicional levaria dias para entregar uma mensagem, o ele-
do apresentador e desmarcar a caixa de seleção Usar este trônico faz isso quase que instantaneamente e não utiliza
dispositivo como monitor primário. papel. Por último, a mensagem vai direto ao destinatário,
Se a caixa de seleção Usar este dispositivo como moni- não precisa passa de mão-em-mão (funcionário do correio,
tor primário estiver marcada e não disponível, o monitor foi carteiro, etc.), fica na sua caixa postal onde somente o dono
designado como o monitor primário. Somente é possível tem acesso e, apesar de cada pessoa ter seu endereço pró-
selecionar um monitor primário por vez. Se você clicar em prio, você pode acessar seu e-mail de qualquer computa-
um ícone de monitor diferente, a caixa de seleção Usar este dor conectado à Internet. Bem, o e-mail mesclou a faci-
dispositivo como monitor primário é desmarcada e torna- lidade de uso do correio convencional com a velocidade
se disponível novamente. do telefone, se tornando um dos melhores e mais utilizado
É possível mostrar o modo de exibição Apresentador e meio de comunicação.
executar a apresentação de apenas um monitor — geral-
mente, o monitor 1. Estrutura e Funcionalidade do e-mail
3. Clicar no ícone do monitor para o monitor do públi-
co e marcar a caixa de seleção Estender a área de trabalho Como no primeiro e-mail criado por Tomlinson, todos
do Windows a este monitor. os endereços eletrônicos seguem uma estrutura padrão,
Executar uma apresentação em dois monitores usando nome do usuário + @ + host, onde:
o modo de exibição do Apresentador: » Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo
Após configurar seus monitores, abrir a apresentação usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: sergiodecas-
que deseja executar e fazer o seguinte: tro.
1. Na guia Apresentação de Slides, no grupo Configu- » @ - é o símbolo, definido por Tomlinson, que separa
ração, clicar em Configurar a Apresentação de Slides. o nome do usuário do seu provedor.
2. Na caixa de diálogo Configurar Apresentação, esco- » Host – é o nome do provedor onde foi criado o ende-
lher as opções desejadas e clicar em OK.
reço eletrônico. Exemplo: click21.com.br .
3. Para começar a entrega da apresentação, na guia
» Provedor – é o host, um computador dedicado ao
Exibir, no grupo Modos de Exibição de Apresentação, clicar
serviço 24 horas por dia.
em Apresentação de Slides.
• Desempenho
Usar as opções na seção Desempenho para especificar Vejamos um exemplo real: sergiodecastro@click21.
o nível de clareza visual da apresentação. com.br
o Para acelerar o desenho de elementos gráficos na
apresentação, selecionar Usar aceleração de elementos A caixa postal é composta pelos seguintes itens:
gráficos do hardware. » Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as men-
o Na lista Resolução da apresentação de slides, clicar sagens recebidas.
na resolução, ou número de pixels por polegada, que você » Caixa de Saída – Armazena as mensagens ainda não
deseja. Quanto mais pixels, mais nítida será a imagem, con- enviadas.
tudo mais lento será o desempenho do computador. Por » E-mails Enviados – Como o nome diz, ficam os e-mails
exemplo, uma tela de 640 x 480 pixels é capaz de exibir 640 que foram enviados.
pontos distintos em cada uma das 480 linhas, ou aproxi- » Rascunho – Guarda as mensagens que você ainda
madamente 300.000 pixels. Essa é a resolução com desem- não terminou de redigir.
penho mais rápido, contudo fornece a menor qualidade. » Lixeira – Armazena as mensagens excluídas.
Em contraste, uma tela com 1280 x 1024 pixels fornece as 1 Fonte: http://juliobattisti.com.br/tutoriais/sergiocastro/correioeletronico-
imagens mais nítidas, mas com desempenho mais lento. ewebmail001.asp

74
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao redigir mensagem, os seguintes campos estão pre- WebMail


sentes:
» Para – é o campo onde será inserido o endereço do O WebMail, como descrito acima, é uma aplicação
destinatário. acessada diretamente na Internet, sem a necessidade de
» Cc – este campo é utilizado para mandar cópias da usar programa de correio eletrônico. Praticamente todos os
mesma mensagem, ao usar este campo os endereços apa- e-mails possuem aplicações para acesso direto na Internet. É
recerão para todos os destinatários. grande o número de provedores que oferecem correio ele-
» Cco – sua funcionalidade é igual ao campo anterior, trônico gratuitamente, logo abaixo segue uma lista dos mais
no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos populares.
donos. » Outlook (antigo Hotmail) – http://www.outlook.com
» Assunto – campo destinado ao assunto da mensa- » GMail – http://www.gmail.com
gem. » Bol (Brasil on line) – http://www.bol.com.br
» Anexos – são dados que são anexados à mensagem » iG Mail – http://www.ig.com.br
» Yahoo – http://www.yahoo.com.br
(imagens, programas, música, arquivos de texto, etc.).
» Corpo da Mensagem – espaço onde será redigida a
Para criar seu e-mail basta visitar o endereço acima e se-
mensagem. guir as instruções do site. Outro importante fator a ser obser-
vado é o tamanho máximo permitido por anexo, este foi ou-
Alguns nomes podem mudar de servidor para servidor, tro fator que aumentou muito de tamanho, há pouco tempo
porém representando as mesmas funções. Além dos destes a maioria dos provedores permitiam em torno de 2 Mb, mas
campos tem ainda os botões para EVIAR, ENCAMINHAR e atualmente a maioria já oferecem em média 25 Mb. Além de
EXCLUIR as mensagens, este botões bem como suas fun- caixa postal os provedores costumam oferecer serviços de
cionalidades veremos em detalhes, mais à frente. agenda e contatos.
Para receber seus e-mails você não precisa estar co- Todos os WebMail acima são ótimos, então fica a critério
nectado à Internet, pois o e-mail funciona com provedores. de cada um escolher o seu, ou até mesmo os seus, eu, por
Mesmo você não estado com seu computador ligado, seus exemplo, procuro aqueles que oferecem uma interface com
e-mail são recebidos e armazenados na sua caixa postal, o menor propaganda possível.
localizada no seu provedor. Quando você acessa sua caixa » Criando seu e-mail
postal, pode ler seus e-mail on-line (diretamente na Inter- Fazer sua conta de e-mail é uma tarefa extremamente
net, pelo WebMail) ou baixar todos para seu computador simples, eu escolhi o Outlook.com, pois a interface deste
através de programas de correio eletrônico. Um programa WebMail não tem propagandas e isso ajudar muito os en-
muito conhecido é o Outlook Express, o qual detalhar mais tendimentos, no entanto você pode acessar qualquer dos
à frente. endereços informados acima ou ainda qualquer outro que
A sua caixa postal é identificada pelo seu endereço de você conheça. O processo de cadastro é muito simples, basta
e-mail e qualquer pessoa que souber esse endereço, pode preencher um formulário e depois você terá sua conta de
enviar mensagens para você. Também é possível enviar e-mail pronta para ser usada. Vamos aos passos:
mensagens para várias pessoas ao mesmo tempo, para isto 1. Acesse a página do provedor (www.ibestmail.com.br)
basta usar os campos “Cc” e “Cco” descritos acima. ou qualquer outro de sua preferência.
Atualmente, devido à grande facilidade de uso, a maio- 2. Clique no link “Não tem uma conta? Crie uma!”, será
ria das pessoas acessa seu e-mail diretamente na Internet aberto um formulário, preencha-o observando todos os
campos. Os campos do formulário têm suas particularidades
através do navegador. Este tipo de correio é chamado de
de provedor para provedor, no entanto todos trazem a mes-
WebMail. O WebMail é responsável pela grande populari-
ma ideia, colher informações do usuário. Este será a primeira
zação do e-mail, pois mesmo as pessoas que não tem com-
parte do seu e-mail e é igual a este em qualquer cadastro, no
putador, podem acessar sua caixa postal de qualquer lugar exemplo temos “@outlook.com”. A junção do nome de usuá-
(um cyber, casa de um amigo, etc.). Para ter um endereço rio com o nome do provedor é que será seu endereço eletrô-
eletrônico basta querer e acessar a Internet, é claro. Existe nico. No exemplo ficaria o seguinte: seunome@outlook.com.
quase que uma guerra por usuários. Os provedores, tam- 3. Após preencher todo o formulário clique no botão
bém, disputam quem oferece maior espaço em suas caixas “Criar conta”, pronto seu cadastro estará efetivado.
postais. Há pouco tempo encontrar um e-mail com mais Pelo fato de ser gratuito e ter muitos usuários é comum
de 10 Mb, grátis, não era fácil. Lembro que, quando a Em- que muitos nomes já tenham sido cadastrados por outros
bratel ofereceu o Click21 com 30 Mb, achei que era muito usuários, neste caso será exibida uma mensagem lhe in-
espaço, mas logo o iBest ofereceu 120 Mb e não parou por formando do problema. Isso acontece porque dentro de
ai, a “guerra” continuo culminando com o anúncio de que um mesmo provedor não pode ter dois nomes de usuários
o Google iria oferecer 1 Gb (1024 Mb). A última campanha iguais. A solução é procurar outro nome que ainda esteja
do GMail, e-mail do Google, é de aumentar sua caixa postal livre, alguns provedores mostram sugestões como: seuno-
constantemente, a última vez que acessei estava em 2663 me2005; seunome28, etc. Se ocorrer isso com você (o que
Mb. é bem provável que acontecerá) escolha uma das sugestões
ou informe outro nome (não desista, você vai conseguir),
finalize seu cadastro que seu e-mail vai está pronto para
ser usado.

75
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

» Entendendo a Interface do WebMail 13. Painel de Visualização – Espaço destinado a exibir


A interface é a parte gráfica do aplicativo de e-mail que as mensagens. Por padrão, ao abrir sua caixa postal, é exi-
nos liga do mundo externo aos comandos do programa. bido o conteúdo da Caixa de Entrada, mas este painel exibe
Estes conhecimentos vão lhe servir para qualquer WebMail também as mensagens das diversas pastas existentes na
que você tiver e também para o Outlook, que é um progra- sua caixa postal. A observação feita no item anterior, sobre
ma de gerenciamento de e-mails, vamos ver este programa negrito, também é válida para esta seção. Observe as caixas
mais adiante. de seleção localizadas do lado esquerdo de cada mensa-
1. Chegou e-mail? – Este botão serve para atualizar sua gem, é através delas que as mensagens são selecionadas. A
caixa de entrar, verificando se há novas mensagens no ser- seleção de todos os itens ao mesmo tempo, também pode
vidor. ser feito pela caixa de seleção do lado esquerdo do título
2. Escrever – Ao clicar neste botão a janela de edição da coluna “Remetente”. O título das colunas, além de no-
de e-mail será aberta. A janela de edição é o espaço no meá-las, também serve para classificar as mensagens que
qual você vai redigir, responder e encaminhar mensagens. por padrão estão classificadas através da coluna “Data”,
Semelhante à função novo e-mail do Outlook. para usar outra coluna na classificação basta clicar sobre
3. Contatos – Abre a seção de contatos. Aqui os seus nome dela.
endereços de e-mail são previamente guardados para uti- 14. Gerenciador de Pastas – Nesta seção é possível adi-
lização futura, nesta seção também é possível criar grupos cionar, renomear e apagar as suas pastas. As pastas são
para facilitar o gerenciamento dos seus contatos. um modo de organizar seu conteúdo, armazenando suas
4. Configurações – Este botão abre (como o próprio mensagens por temas. Quando seu e-mail é criado não
nome já diz) a janela de configurações. Nesta janela podem existem pastas nesta seção, isso deve ser feito pelo usuário
ser feitas diversas configurações, tais como: mudar senha, de acordo com suas necessidades.
definir número de e-mail por página, assinatura, resposta 15. Contas Externas – Este item é um link que abrirá a
automática, etc. seção onde pode ser feita uma configuração que permitirá
5. Ajuda – Abre, em outra janela do navegador, uma você acessar outras caixas postais diretamente da sua. O
seção com vários tópicos de ajuda. próximo link, como o nome já diz, abre a janela de confi-
6. Sair – Este botão é muito importante, pois é através guração dos e-mails bloqueados e mais abaixo o link para
dele que você vai fechar sua caixa postal, muito recomen- baixar um plug-in que lhe permite fazer uma configuração
dado quando o uso de seu e-mail ocorrer em computado- automática do Outlook Express. Estes dois primeiros links
res de terceiros. são os mesmos apresentados no item 10.
7. Espaço – Esta seção é apenas informativa, exibe seu
endereço de e-mail; quantidade total de sua caixa posta; MS OUTLOOK 2010
parte utilizada em porcentagem e um pequeno gráfico.
8. Seção atual – Mostra o nome da seção na qual você O Microsoft Outlook 2010 oferece excelentes ferra-
está, no exemplo a Caixa de Entrada. mentas de gerenciamento de emails profissionais e pes-
9. Número de Mensagens – Exibe o intervalo de men- soais para mais de 500 milhões de usuários do Microsoft
sagens que estão na tela e também o total da seção sele- Office no mundo todo. Com o lançamento do Outlook
cionada. 2010, você terá uma série de experiências mais ricas para
10. Caixa de Comandos – Neste menu suspenso estão atender às suas necessidades de comunicação no trabalho,
todos os comandos relacionados com as mensagens exi- em casa e na escola.
bidas. Para usar estes comandos, selecione uma ou mais Do visual redesenhado aos avançados recursos de or-
mensagens o comando desejado e clique no botão “OK”. O ganização de emails, pesquisa, comunicação e redes so-
botão “Bloquear”, bloqueia o endereço de e-mail da men- ciais, o Outlook 2010 proporciona uma experiência fantás-
sagem, útil para bloquear e-mails indesejados. Já o botão tica para você se manter produtivo e em contato com suas
“Contas externas” abre uma seção para configurar outras redes pessoais e profissionais.
contas de e-mails que enviarão as mensagens a sua caixa
postal. Para o correto funcionamento desta opção é preci- Adicionar uma conta de email
so que a conta a ser acessada tenha serviço POP3 e SMTP. Antes de poder enviar e receber emails no Outlook
11. Lista de Páginas – Este menu suspenso exibe a lista 2010, você precisa adicionar e configurar uma conta de
de página, que aumenta conforme a quantidade de e-mails email. Se tiver usado uma versão anterior do Microsoft
na seção. Para acessar selecione a página desejada e clique Outlook no mesmo computador em que instalou o Outlook
no botão “OK”. Veja que todos os comandos estão dispo- 2010, suas configurações de conta serão importadas auto-
níveis também na parte inferior, isto para facilitar o uso de maticamente.
sua caixa postal. Se você não tem experiência com o Outlook ou se es-
12. Pastas do Sistema – Exibe as pastas padrões de um tiver instalando o Outlook 2010 em um computador novo,
correio eletrônico. Caixa de Entrada; Mensagens Enviadas; o recurso Configuração Automática de Conta será iniciado
Rascunho e Lixeira. Um detalhe importante é o estilo do automaticamente e o ajudará a configurar as definições
nome, quando está normal significa que todas as mensa- de suas contas de email. Essa configuração exige somente
gens foram abertas, porém quando estão em negrito, acu- seu nome, endereço de email e senha. Se não for possí-
sam que há uma ou mais mensagens que não foram lidas, vel configurar sua conta de email automaticamente, será
o número entre parêntese indica a quantidade. Este deta- necessário digitar as informações adicionais obrigatórias
lhe funciona para todas as pastas e mensagens do correio. manualmente.

76
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1. Clique na guia Arquivo.


2. Em Dados da Conta e clique em Adicionar Conta.

Sobre contas de email


O Outlook dá suporte a contas do Microsoft Exchange,
POP3 e IMAP. Seu ISP (provedor de serviços de Internet) ou
administrador de emails pode lhe fornecer as informações
necessárias para a configuração da sua conta de email no Observação: Quando o seu computador está conecta-
Outlook. do a um domínio de rede de uma organização que usa o
Contas de email estão contidas em um perfil. Um perfil Microsoft Exchange Server, suas informações de email são
é composto de contas, arquivos de dados e configurações automaticamente inseridas. A senha não aparece porque a
que especificam onde as suas mensagens de email são sal- sua senha de rede é usada. Um indicador de progresso é
vas. Um novo perfil é criado automaticamente quando o exibido à medida que a sua conta está sendo configurada.
Outlook é executando pela primeira vez. O processo de configuração pode levar vários minutos.
Adicionar uma conta de email ao iniciar o Outlook
2010 pela primeira vez
Se você ainda não tem experiência com o Outlook ou
se estiver instalando o Outlook 2010 em um computador
novo, o recurso Configuração Automática de Conta será
iniciado automaticamente e o ajudará a definir as configu-
rações das suas contas de email. Esse processo exige so-
mente seu nome, endereço de email e senha. Se não for
possível configurar a sua conta de email automaticamente,
você precisará inserir as informações adicionais obrigató-
rias manualmente.
1. Inicie o Outlook.
2. Quando solicitado a configurar uma conta de
email, clique em Avançar.

Se a tentativa inicial de configurar a conta falhar, uma


segunda tentativa poderá ser feita com o uso de uma co-
nexão não criptografada com o servidor de email. Se você
vir essa mensagem, clique em Avançar para continuar. Se a
conexão não criptografada também falhar, não será possí-
vel configurar a sua conta de email automaticamente.

3. Para adicionar uma conta de email, clique em Sim


e depois em Avançar.
4. Insira seu nome, endereço de email e senha e cli-
que em Avançar.

77
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique em Repetir ou marque a caixa de seleção Confi- 3. Em Perfis, clique em Mostrar Perfis.
gurar servidor manualmente. 4. Clique em Adicionar.
Depois que a conta for adicionada com êxito, você 5. Na caixa de diálogo Novo Perfil, digite um nome
poderá adicionar mais contas clicando em Adicionar outra para o perfil e, em seguida, clique em OK.
conta. Trata-se do nome que você vê ao iniciar o Outlook caso
configure o Outlook para solicitar o perfil a ser usado.
6. Clique em Contas de Email.

Configurar manualmente uma conta POP3 ou IMAP


Uma conta POP3 é o tipo mais comum de conta de
email.
Uma conta IMAP é um tipo avançado de conta de
email que oferece várias pastas de email em um servidor
de emails. As contas do Google GMail e da AOL podem ser
usadas no Outlook 2010 como contas IMAP.
Se não souber ao certo qual é o tipo da sua conta, en-
tre em contato com o seu provedor de serviços de Internet
(ISP) ou administrador de email.
1. Clique em Definir manualmente as configurações
5. Para sair da caixa de diálogo Adicionar Nova Con- do servidor ou tipos de servidor adicionais e em Avançar.
ta, clique em Concluir. 2. Clique em Email da Internet e em Avançar.
Se você tiver adicionado uma conta do Exchange Ser- 3. Em Informações do Usuário, faça o seguinte:
ver, deverá sair e reiniciar o Outlook para que essa conta • Na caixa Nome, digite seu nome da forma que
apareça e possa ser usada no Outlook. aparecerá para as outras pessoas.
 Observação: Se o seu perfil já tiver uma conta do Mi- • Na caixa Endereço de Email, digite o endereço de
crosoft Exchange Server e você quiser adicionar outra, será email completo atribuído por seu administrador de email
necessário usar a Configuração Automática de Conta. Para ou ISP. Não se esqueça de incluir o nome de usuário, o
configurar manualmente uma conta adicional do Exchange símbolo @ e o nome do domínio como, por exemplo, pat@
Server, você deve sair do Outlook e depois usar o módulo contoso.com.
Email no Painel de Controle. • Nas caixas Senha e Confirmar Senha, digite a se-
nha atribuída ou criada por você.
Adicionar uma conta de email manualmente  Dica: A senha poderá diferenciar maiúsculas de mi-
Existem três maneiras de adicionar manualmente sua núsculas. Verifique se a tecla CAPS LOCK foi pressionada
conta de email. A maioria das pessoas só possui um perfil e durante a inserção da sua senha.
deverá usar a seção Adicionar ao perfil em execução. 4. Em Informações do Servidor, faça o seguinte:
 Observação   A configuração manual de contas do Mi- • Na caixa de listagem Tipo de Conta, escolha POP3
crosoft Exchange não pode ser feita enquanto o Outlook ou IMAP.
estiver em execução. Use as etapas das seções Adicionar a • Na caixa Servidor de entrada de emails, digite o
um perfil existente ou Adicionar a um novo perfil. nome completo do servidor fornecido pelo provedor de
Adicionar ao perfil em execução serviços de Internet ou pelo administrador de email. Geral-
1. Clique na guia Arquivo. mente, é mail. seguido do nome de domínio, por exemplo,
2. Na guia Info, em Informações da Conta, clique em mail.contoso.com.
Configurações de Conta.
• Na caixa Servidor de saída de emails (SMTP), digite
3. Clique em Configurações de Conta.
o nome completo do servidor fornecido pelo provedor de
4. Clique em Adicionar Conta.
serviços de Internet ou pelo administrador de email. Geral-
Adicionar a um perfil existente
mente, é mail. seguido do nome do domínio, por exemplo,
1. Feche o Outlook.
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes mail.contoso.com.
em Email. 5. Em Informações de Logon, faça o seguinte:
A barra de título da caixa de diálogo Configurar Email • Na caixa Nome de Usuário, digite o nome do
contém o nome do perfil atual. Para selecionar um perfil usuário fornecido pelo provedor ou pelo administrador de
diferente já existente, clique em Mostrar Perfis, selecione email. Ele pode fazer parte do seu endereço de email antes
o nome do perfil e, em seguida, clique em Propriedades. do símbolo @, como pat, ou pode ser o seu endereço de
3. Clique em Contas de Email. email completo, como pat@contoso.com.
Adicionar a um novo perfil • Na caixa Senha, digite a senha fornecida pelo pro-
1. Feche o Outlook. vedor ou pelo administrador de email ou uma senha que
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes tenha sido criada por você.
no módulo Email. • Marque a caixa de seleção Lembrar senha.

78
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

 Observação: Você tem a opção de salvar sua senha A configuração manual de contas do Microsoft Exchan-
digitando-a na caixa Senha e marcando a caixa de seleção ge não pode ser feita enquanto o Outlook estiver em exe-
Lembrar senha. Se você escolheu essa opção, não precisará cução. Para adicionar uma conta do Microsoft Exchange,
digitar a senha sempre que acessar a conta. No entanto, siga as etapas de Adicionar a um perfil existente ou Adi-
isso também torna a conta vulnerável a qualquer pessoa cionar a um novo perfil e siga um destes procedimentos:
que tenha acesso ao seu computador. 1. Clique em Definir manualmente as configurações
Opcionalmente, você poderá denominar sua conta de do servidor ou tipos de servidor adicionais e em Avançar.
email como ela aparece no Outlook. Isso será útil caso você 2. Clique em Microsoft Exchange e, em seguida, cli-
esteja usando mais de uma conta de email. Clique em Mais que em Avançar.
Configurações. Na guia Geral, em Conta de Email, digite 3. Digite o nome atribuído pelo administrador de
um nome que ajudará a identificar a conta, por exemplo, email para o servidor executando o Exchange.
Meu Email de Provedor de Serviços de Internet Residencial. 4. Para usar as Configurações do Modo Cache do Ex-
A sua conta de email pode exigir uma ou mais das con- change, marque a caixa de seleção Usar o Modo Cache do
figurações adicionais a seguir. Entre em contato com o seu Exchange.
ISP se tiver dúvidas sobre quais configurações usar para 5. Na caixa Nome de Usuário, digite o nome do
sua conta de email. usuário atribuído ao administrador de email. Ele não costu-
• Autenticação de SMTP     Clique em Mais Confi- ma ser seu nome completo.
gurações. Na guia Saída, marque a caixa de seleção Meu 6. Opcionalmente, siga um destes procedimentos:
servidor de saída de emails requer autenticação, caso isso • Clique em Mais Configurações. Na guia Geral em
seja exigido pela conta. Conta de Email, digite o nome que ajudará a identificar a
• Criptografia de POP3    Para contas POP3, clique conta, por exemplo, Meu Email de Trabalho.
em Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números • Clique em Mais Configurações. Em qualquer uma
das portas do servidor, em Servidor de entrada (POP3), das guias, configure as opções desejadas.
marque a caixa de seleção O servidor requer uma conexão • Clique em Verificar Nomes para confirmar se o
criptografada (SSL), caso o provedor de serviços de Inter- servidor reconhece o seu nome e se o computador está
net instrua você a usar essa configuração. conectado com a rede. Os nomes de conta e de servidor
• Criptografia de IMAP    Para contas IMAP, clique especificados nas etapas 3 e 5 devem se tornar sublinha-
em Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números dos. Se isso não acontecer, entre em contato com o admi-
das portas do servidor, em Servidor de entrada (IMAP), nistrador do Exchange.
7. Se você clicou em Mais Configurações e abriu a
para a opção Usar o seguinte tipo de conexão criptogra-
caixa de diálogo Microsoft Exchange Server, clique em OK.
fada, clique em Nenhuma, SSL, TLS ou Automática, caso o
8. Clique em Avançar.
provedor de serviços de Internet instrua você a usar uma
9. Clique em Concluir.
dessas configurações.
• Criptografia de SMTP    Clique em Mais Configu-
Remover uma conta de email
rações. Na guia Avançada, em Números das portas do ser-
1. Clique na guia Arquivo.
vidor, em Servidor de saída (SMTP), para a opção Usar o
2. Em Informações da Conta, clique em Configura-
seguinte tipo de conexão criptografada, clique em Nenhu-
ções de Conta e depois em Configurações de Conta.
ma, SSL, TLS ou Automática, caso o provedor de serviços
de internet instrua você a usar uma dessas configurações.
Opcionalmente, clique em Testar Configurações da
Conta para verificar se a conta está funcionando. Se houver
informações ausentes ou incorretas, como a senha, será so-
licitado que sejam fornecidas ou corrigidas. Verifique se o
computador está conectado com a Internet.
Clique em Avançar.
Clique em Concluir.

Configurar manualmente uma conta do Microsoft


Exchange
As contas do Microsoft Exchange são usadas por or-
ganizações como parte de um pacote de ferramentas de 3. Selecione a conta de email que você deseja remo-
colaboração incluindo mensagens de email, calendário e ver e clique em Remover.
agendamento de reuniões e controle de tarefas. Alguns 4. Para confirmar a remoção da conta, clique em Sim.
provedores de serviços de Internet (ISPs) também ofere- Para remover uma conta de email de um perfil diferen-
cem contas do Exchange hospedadas. Se não estiver certo te, encerre e reinicie o Outlook com o outro perfil e siga as
sobre o tipo de conta que utiliza, entre em contato com o etapas anteriores. Você também pode remover contas de
seu ISP ou administrador de email. outros perfis da seguinte forma:

79
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1. Saia do Outlook. Responder ao remetente ou a outros destinatários


2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes Você poder responder apenas ao remetente de uma
em Email. mensagem ou a qualquer combinação de pessoas existen-
te nas linhas Para e Cc. Pode também adicionar novos des-
A barra de título da caixa de diálogo Configurar Email tinatários.
contém o nome do perfil atual. Para selecionar um perfil 1. Na guia Página Inicial ou na guia Mensagem, no
diferente já existente, clique em Mostrar Perfis, selecione grupo Responder, clique em Responder ou em Responder
o nome do perfil e, em seguida, clique em Propriedades. a Todos.
3. Clique em Contas de Email.  Observação: O nome da guia depende da condição da
4. Selecione a conta e clique em Remover. mensagem, se está selecionada na lista de mensagens ou
5. Para confirmar a remoção da conta, clique em Sim. se está aberta na respectiva janela.
 Observações  Para remover o nome das linhas Para e Cc, clique no
• A remoção de uma conta de email POP3 ou IMAP nome e pressione DELETE. Para adicionar um destinatário,
não exclui os itens enviados e recebidos com o uso dessa clique na caixa Para, Cc ou Cco e especifique o destinatário.
conta. Se você estiver usando uma conta POP3, ainda po- 2. Escreva sua mensagem.
derá usar o Arquivo de Dados do Outlook (.pst) para traba- 3. Clique em Enviar.
lhar com os seus itens.  Dica   Seja cuidadoso ao clicar em Responder a Todos,
• Se estiver usando uma conta do Exchange, seus principalmente quando houver listas de distribuição ou um
dados permanecerão no servidor de email, a não ser que grande número de destinatários em sua resposta. Geral-
eles sejam movidos para um Arquivo de Dados do Outlook mente, o melhor é usar Responder e adicionar somente
(.pst). os destinatários necessários, ou então usar Responder a
Todos, mas remover os destinatários desnecessários e as
Criar uma mensagem de email listas de distribuição.
1. Na guia Página Inicial, no grupo Novo, clique em
Novo Email. Encaminhar uma mensagem
Ao encaminhar uma mensagem, ela incluirá todos os
anexos que estavam incluídos na mensagem original. Para
incluir mais anexos, consulte Anexar um arquivo ou outro
item a uma mensagem de email.
1. Na guia Página Inicial ou Mensagem, no grupo
Responder, clique em Encaminhar.
Observação: O nome da guia depende da condição da
mensagem, se está selecionada na lista de mensagens ou
se está aberta na respectiva janela.
Atalho do teclado  Para criar uma mensagem de email 2. Especifique destinatários nas caixas Para, Cc ou
a partir de qualquer pasta do Outlook, pressione CTR- Cco.
L+SHIFT+M 3. Escreva sua mensagem.
2. Na caixa Assunto, digite o assunto da mensagem. 4. Clique em Enviar.
3. Insira os endereços de email ou os nomes dos Dica: Se quiser encaminhar duas ou mais mensagens
destinatários na caixa Para, Cc ou Cco. Separe vários desti- para os mesmos destinatários, como se fossem uma só, em
natários por ponto-e-vírgula. Email, clique em uma das mensagens, pressione CTRL e cli-
Para selecionar os nomes dos destinatários em uma lis- que em cada mensagem adicional. Na guia Página Inicial,
ta no Catálogo de Endereços, clique em Para, Cc ou Cco e no grupo Responder, clique em Encaminhar. Cada mensa-
clique nos nomes desejados. gem será encaminhada como anexo de uma nova mensa-
4. Depois de redigir a mensagem, clique em Enviar. gem.

Responder ou encaminhar uma mensagem de email Adicionar um anexo a uma mensagem de email
Quando você responde a uma mensagem de email, o Arquivos podem ser anexados a uma mensagem de
remetente da mensagem original é automaticamente adi- email. Além disso, outros itens do Outlook, como men-
cionado à caixa Para. De modo semelhante, quando você sagens, contatos ou tarefas, podem ser incluídos com as
usa Responder a Todos, uma mensagem é criada e endere- mensagens enviadas.
çada ao remetente e a todos os destinatários adicionais da 1. Crie uma mensagem ou, para uma mensagem
mensagem original. Seja qual for sua escolha, você poderá existente, clique em Responder, Responder a Todos ou En-
alterar os destinatários nas caixas Para, Cc e Cco. caminhar.
2. Na janela da mensagem, na guia Mensagem, no
Ao encaminhar uma mensagem, as caixas Para, Cc e grupo Incluir, clique em Anexar Arquivo.
Cco ficam vazias e é preciso fornecer pelo menos um des-
tinatário.

80
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Salvar um anexo
Após abrir e exibir um anexo, você pode preferir salvá
-lo em uma unidade de disco. Se a mensagem tiver mais de
um anexo, você poderá salvar os vários anexos como um
grupo ou um de cada vez.
Salvar um único anexo de mensagem
Execute um dos seguintes procedimentos:
• Se a mensagem estiver no formato HTML ou de
Abrir e salvar anexos texto sem formatação     Clique no anexo, no Painel de
Anexos são arquivos ou itens que podem ser incluídos Leitura, ou abra a mensagem. Na guia Anexos, no grupo
em uma mensagem de email. As mensagens com anexos Ações, clique em Salvar como. É possível clicar com o botão
são identificadas por um ícone de clipe de papel   na lis- direito do mouse no anexo e então clicar em Salvar como.
ta de mensagens. Dependendo do formato da mensagem • Se a mensagem estiver no formato RTF     No Pai-
recebida, os anexos são exibidos em um de dois locais na nel de Leitura ou na mensagem aberta, clique com o botão
mensagem. direito do mouse no anexo e clique em Salvar como.
• Se o formato da mensagem for HTML ou texto Escolha uma local de pasta e clique em Salvar.
sem formatação, os anexos serão exibidos na caixa de ane- Salvar vários anexos de uma mensagem
xo, sob a linha Assunto. 1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, se-
• Se o formato da mensagem for o formato menos lecione os anexos a serem salvos. Para selecionar vários
comum RTF (Rich Text Format), os anexos serão exibidos anexos, clique neles mantendo pressionada a tecla CTRL.
no corpo da mensagem. Mesmo que o arquivo apareça no 2. Execute um dos seguintes procedimentos:
corpo da mensagem, ele continua sendo um anexo sepa- • Se a mensagem estiver no formato HTML ou de
rado. texto sem formatação     Na guia Anexos, no grupo Ações,
Observação   O formato utilizado na criação da men- clique em Salvar como.
sagem é indicado na barra de título, na parte superior da • Se a mensagem estiver no formato RTF     Clique
mensagem. com o botão direito do mouse em uma das mensagens
selecionadas e depois clique em Salvar como.
3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.
Abrir um anexo Salvar todos os anexos de uma mensagem
Um anexo pode ser aberto no Painel de Leitura ou em 1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, cli-
uma mensagem aberta. Em qualquer um dos casos, clique que em um anexo.
duas vezes no anexo para abri-lo. 2. Siga um destes procedimentos:
Para abrir um anexo na lista de mensagens, clique com • Se a mensagem estiver no formato HTML ou de
o botão direito do mouse na mensagem que contém o texto sem formatação     Na guia Anexos, no grupo Ações,
anexo, clique em Exibir Anexos e clique no nome do anexo. clique em Salvar Todos os Anexos.
 Observações  • Se a mensagem estiver no formato RTF     Clique
• Você pode visualizar anexos de mensagens HTML na guia Arquivo para abrir o modo de exibição Backstage.
ou com texto sem formatação no Painel de Leitura e em Em seguida, clique em Salvar anexos e depois em OK.
mensagens abertas. Clique no anexo a ser visualizado e ele 3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.
será exibido no corpo da mensagem. Para voltar à mensa-
gem, na guia Ferramentas de Anexo, no grupo Mensagem, Adicionar uma assinatura de email às mensagens
clique em Mostrar Mensagem. O recurso de visualização Você pode criar assinaturas personalizadas para suas
não está disponível para mensagens RTF. mensagens de email que incluem texto, imagens, seu Car-
• Por padrão, o Microsoft Outlook bloqueia arqui- tão de Visita Eletrônico, um logotipo ou até mesmo uma
vos de anexo potencialmente perigosos (inclusive os ar- imagem da sua assinatura manuscrita.
quivos .bat, .exe, .vbs e .js), os quais possam conter vírus. Criar uma assinatura
Se o Outlook bloquear algum arquivo de anexo em uma • Abra uma nova mensagem. Na guia Mensagem,
mensagem, uma lista dos tipos de arquivos bloqueados no grupo Incluir, clique em Assinatura e em Assinaturas.
será exibida na Barra de Informações, na parte superior da
mensagem.

• Na guia Assinatura de Email, clique em Novo.

81
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Adicionar uma assinatura Para mensagens de email, contatos e tarefas


• Em uma nova mensagem, na guia Mensagem, no • Na guia Página Inicial, no grupo Marcas, clique em
grupo Incluir, clique em Assinatura e clique na assinatura Acompanhar e em Adicionar Lembrete.
desejada.

Criar um compromisso de calendário


Compromissos são atividades que você agenda no seu
calendário e que não envolvem convites a outras pessoas
nem reserva de recursos.
• Em Calendário, na guia Página Inicial, no grupo
Novo, clique em Novo Compromisso. Como alternativa,
você pode clicar com o botão direito do mouse em um
bloco de tempo em sua grade de calendário e clicar em  Dica: Você pode sinalizar rapidamente mensagens de
Novo Compromisso. email como itens de tarefas pendentes usando lembretes.
Clique com o botão direito do mouse na coluna Status do
Sinalizador na lista de mensagens. Ou, se a mensagem es-
tiver aberta, na guia Mensagem, no grupo Controle, clique
em Acompanhamento e, em seguida, clique em Adicionar
Lembrete.

Criar um contato
Atalho do teclado: Para criar um compromisso, pressio- Contatos podem ser tão simples quanto um nome e
ne CTRL+SHIFT+A. endereço de email ou incluir outras informações detalha-
Agendar uma reunião com outras pessoas das, como endereço físico, vários telefones, uma imagem,
Uma reunião é um compromisso que inclui outras pes- datas de aniversário e quaisquer outras informações que se
soas e pode incluir recursos como salas de conferência. As relacionem ao contato.
respostas às suas solicitações de reunião são exibidas na • Em Contatos, na guia Página Inicial, no grupo
Caixa de Entrada. Novo, clique em Novo Contato.
• Em Calendário, na guia Página Inicial, no grupo
Novo, clique em Nova Reunião.

Atalho do teclado: Para criar um contato de qualquer


Atalho do teclado: Para criar uma nova solicitação de pasta no Outlook, pressione CTRL+SHIFT+C.
reunião de qualquer pasta no Outlook, pressione CTR-
L+SHIFT+Q. Criar uma tarefa
 Muitas pessoas mantêm uma lista de coisas a fazer  —
Definir um lembrete em papel, em uma planilha ou com uma combinação de
Você pode definir ou remover lembretes para vários papel e métodos eletrônicos. No Microsoft Outlook, você
itens, incluindo mensagens de email, compromissos e con- pode combinar várias listas em uma só, receber lembretes
tatos. e controlar o andamento das tarefas.
Para compromissos ou reuniões • Em Tarefas, na guia Página Inicial, no grupo Novo,
Em um item aberto, na guia Compromisso ou Reunião, clique em Nova Tarefa.
no grupo Opções, na lista suspensa Lembrete, selecione o
período de tempo antes do compromisso ou da reunião
para que o lembrete apareça. Para desativar um lembrete,
selecione Nenhum.

82
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Com esses avanços, em 1972 é criado o correio eletrô-


nico, o E-mail, permitindo a troca de mensagens entre as
máquinas que compunham aquela rede de pesquisa, assim
no ano seguinte a rede se torna internacional.
Na década de 80, a Fundação Nacional de Ciência do
Brasil conectou sua grande rede à ARPANET, gerando aqui-
lo que conhecemos hoje como internet, auxiliando portan-
Atalho do teclado: Para criar uma nova tarefa, pressio- to o processo de pesquisa em tecnologia e outras áreas a
ne CTRL+SHIFT+K. nível mundial, além de alimentar as forças armadas brasi-
leiras de informação de todos os tipos, até que em 1990
Criar uma anotação caísse no domínio público.
Anotações são o equivalente eletrônico de notas ade- Com esta popularidade e o surgimento de softwares
sivas em papel. Use-as para rascunhar dúvidas, ideias, lem- de navegação de interface amigável, no fim da década de
bretes e qualquer coisa que você escreveria em papel. 90, pessoas que não tinham conhecimentos profundos de
• Em Anotações, no grupo Novo, clique em Nova
informática começaram a utilizar a rede internacional.
Anotação.
Acesso à Internet
O ISP, Internet Service Provider, ou Provedor de Serviço
de Internet, oferece principalmente serviço de acesso à In-
ternet, adicionando serviços como e-mail, hospedagem de
sites ou blogs, ou seja, são instituições que se conectam
à Internet com o objetivo de fornecer serviços à ela
relacionados, e em função do serviço classificam-se em:
Atalho do teclado: Para criar uma anotação, pressione • Provedores de Backbone: São instituições que cons-
CTRL+SHIFT+N. troem e administram backbones de longo alcance, ou seja,
estrutura física de conexão, com o objetivo de fornecer
acesso à Internet para redes locais;
INTERNET: NAVEGAÇÃO INTERNET, • Provedores de Acesso: São instituições que se conec-
CONCEITOS DE URL, LINKS, SITES, BUSCA E tam à Internet via um ou mais acessos dedicados e disponi-
IMPRESSÃO DE PÁGINAS. bilizam acesso à terceiros a partir de suas instalações;
• Provedores de Informação: São instituições que dis-
ponibilizam informação através da Internet.

INTERNET Endereço Eletrônico ou URL


Para se localizar um recurso na rede mundial, deve-se
“Imagine que fosse descoberto um continente tão conhecer o seu endereço.
vasto que suas dimensões não tivessem fim. Imagine Este endereço, que é único, também é considerado sua
um mundo novo, com tantos recursos que a ganância URL (Uniform Resource Locator), ou Localizador de Recur-
do futuro não seria capaz de esgotar; com tantas oportuni- sos Universal. Boa parte dos endereços apresenta-se assim:
dades que os empreendedores seriam poucos para apro- www.xxxx.com.br
veitá-las; e com um tipo peculiar de imóvel que se Onde:
expandiria com o desenvolvimento.”
www = protocolo da World Wide Web
John P. Barlow
xxx = domínio
Os Estados Unidos temiam que em um ataque nuclear
com = comercial
ficassem sem comunicação entre a Casa Branca e o Pentá-
br = brasil
gono.
Este meio de comunicação “infalível”, até o fim da dé-
cada de 60, ficou em poder exclusivo do governo conec- WWW = World Wide Web ou Grande Teia Mundial
tando bases militares, em quatro localidades.
Nos anos 70, seu uso foi liberado para instituições É um serviço disponível na Internet que possui um con-
norte-americanas de pesquisa que desejassem aprimorar junto de documentos espalhados por toda rede e disponi-
a tecnologia, logo vinte e três computadores foram conec- bilizados a qualquer um.
tados, porém o padrão de conversação entre as máquinas Estes documentos são escritos em hipertexto, que uti-
se tornou impróprio pela quantidade de equipamentos. liza uma linguagem especial, chamada HTML.
Era necessário criar um modelo padrão e univer-
sal para que as máquinas continuassem trocando da- Domínio
dos, surgiu então o Protocolo Padrão TCP/IP, que permi- Designa o dono do endereço eletrônico em ques-
tiria portanto que mais outras máquinas fossem inseridas tão, e onde os hipertextos deste empreendimento estão
àquela rede. localizados. Quanto ao tipo do domínio, existem:

83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

.com = Instituição comercial ou provedor de serviço HIERARQUIAS DE PROTOCOLOS


.edu = Instituição acadêmica Para reduzir a complexidade de projeto, a maioria das
.gov = Instituição governamental redes é organizada em camadas ou níveis, cada uma cons-
.mil = Instituição militar norte-americana truída sobre sua predecessora. O número de camadas, o
.net = Provedor de serviços em redes nome, o conteúdo e a função de cada camada diferem de
.org = Organização sem fins lucrativos uma rede para outra. No entanto, em todas as redes, o pro-
pósito de cada camada é oferecer certos serviços às cama-
HTTP, Hyper Texto Transfer Protocol ou Protocolo de das superiores, protegendo essas camadas dos detalhes de
Trasferência em Hipertexto como os serviços oferecidos são de fato implementados.
É um protocolo ou língua específica da internet, res- A camada n em uma máquina estabelece uma con-
versão com a camada n em outra máquina. As regras e
ponsável pela comunicação entre computadores.
convenções utilizadas nesta conversação são chamadas
Um hipertexto é um texto em formato digital, e coletivamente de protocolo da camada n, conforme ilus-
pode levar a outros, fazendo o uso de elementos espe- trado na Figura abaixo para uma rede com sete camadas.
ciais (palavras, frases, ícones, gráficos) ou ainda um Mapa As entidades que compõem as camadas correspondentes
Sensitivo o qual leva a outros conjuntos de informação na em máquinas diferentes são chamadas de processos par-
forma de blocos de textos, imagens ou sons. ceiros. Em outras palavras, são os processos parceiros que
Assim, um link ou hiperlink, quando acionado com o se comunicam utilizando o protocolo.
mouse, remete o usuário à outra parte do documento ou Na verdade, nenhum dado é transferido diretamente
outro documento. da camada n em uma máquina para a camada n em outra
máquina. Em vez disso, cada camada passa dados e infor-
Home Page mações de controle para a camada imediatamente abaixo,
Sendo assim, home page designa a página inicial, prin- até que o nível mais baixo seja alcançado. Abaixo do nível
cipal do site ou web page. 1 está o meio físico de comunicação, através do qual a co-
municação ocorre. Na Figura abaixo, a comunicação virtual
É muito comum os usuários confundirem um Blog ou
é mostrada através de linhas pontilhadas e a comunicação
Perfil no Orkut com uma Home Page, porém são coisas dis-
física através de linhas sólidas.
tintas, aonde um Blog é um diário e um Perfil no Orkut é
um Profile, ou seja um hipertexto que possui informações
de um usuário dentro de uma comunidade virtual.

HTML, Hyper Text Markut language ou Linguagem de


Marcação de Hipertexto
É a linguagem com a qual se cria as páginas para a
web.
Suas principais características são:
• Portabilidade (Os documentos escritos em HTML de-
vem ter aparência semelhante nas diversas plataformas de
trabalho);
• Flexibilidade (O usuário deve ter a liberdade de “cus-
tomizar” diversos elementos do documento, como o tama-
nho padrão da letra, as cores, etc);
• Tamanho Reduzido (Os documentos devem ter
um tamanho reduzido, a fim de economizar tempo na Entre cada par de camadas adjacentes há uma interfa-
transmissão através da Internet, evitando longos perío- ce. A interface define quais operações primitivas e serviços
dos de espera e congestionamento na rede). a camada inferior oferece à camada superior. Quando os
projetistas decidem quantas camadas incluir em uma rede
Browser ou Navegador e o que cada camada deve fazer, uma das considerações
É o programa específico para visualizar as páginas da mais importantes é definir interfaces limpas entre as cama-
web. das. Isso requer, por sua vez, que cada camada desempe-
O Browser lê e interpreta os documentos escritos em nhe um conjunto específico de funções bem compreendi-
HTML, apresentando as páginas formatadas para os das. Além de minimizar a quantidade de informações que
deve ser passada de camada em camada, interfaces bem
usuários.
definidas também tornam fácil a troca da implementação
de uma camada por outra implementação completamente
ARQUITETURAS DE REDES diferente (por exemplo, trocar todas as linhas telefônicas
As modernas redes de computadores são projetadas por canais de satélite), pois tudo o que é exigido da nova
de forma altamente estruturada. Nas seções seguintes exa- implementação é que ela ofereça à camada superior exa-
minaremos com algum detalhe a técnica de estruturação. tamente os mesmos serviços que a implementação antiga
oferecia.

84
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O conjunto de camadas e protocolos é chamado de Classes de endereços IP


arquitetura de rede. A especificação de arquitetura deve Neste ponto, você já sabe que os endereços IP podem
conter informações suficientes para que um implementa- ser utilizados tanto para identificar o seu computador den-
dor possa escrever o programa ou construir o hardware de tro de uma rede, quanto para identificá-lo na internet.
cada camada de tal forma que obedeça corretamente ao Se na rede da empresa onde você trabalha o seu com-
protocolo apropriado. Nem os detalhes de implementação putador tem, como exemplo, IP 172.31.100.10, uma má-
nem a especificação das interfaces são parte da arquitetura, quina em outra rede pode ter este mesmo número, afinal,
pois esses detalhes estão escondidos dentro da máquina e ambas as redes são distintas e não se comunicam, sequer
não são visíveis externamente. Não é nem mesmo neces- sabem da existência da outra. Mas, como a internet é uma
sário que as interfaces em todas as máquinas em uma rede rede global, cada dispositivo conectado nela precisa ter um
sejam as mesmas, desde que cada máquina possa usar cor- endereço único. O mesmo vale para uma rede local: nesta,
retamente todos os protocolos. cada dispositivo conectado deve receber um endereço úni-
co. Se duas ou mais máquinas tiverem o mesmo IP, tem-se
O endereço IP então um problema chamado “conflito de IP”, que dificulta
Quando você quer enviar uma carta a alguém, você... a comunicação destes dispositivos e pode inclusive atrapa-
Ok, você não envia mais cartas; prefere e-mail ou deixar um lhar toda a rede.
recado no Facebook. Vamos então melhorar este exemplo: Para que seja possível termos tanto IPs para uso em re-
quando você quer enviar um presente a alguém, você ob- des locais quanto para utilização na internet, contamos com
tém o endereço da pessoa e contrata os Correios ou uma um esquema de distribuição estabelecido pelas entidades
transportadora para entregar. É graças ao endereço que é IANA (Internet Assigned Numbers Authority) e ICANN (In-
possível encontrar exatamente a pessoa a ser presenteada. ternet Corporation for Assigned Names and Numbers) que,
Também é graças ao seu endereço - único para cada resi- basicamente, divide os endereços em três classes principais
dência ou estabelecimento - que você recebe suas contas e mais duas complementares. São elas:
de água, aquele produto que você comprou em uma loja Classe A: 0.0.0.0 até 127.255.255.255 - permite até 128
on-line, enfim. redes, cada uma com até 16.777.214 dispositivos conecta-
Na internet, o princípio é o mesmo. Para que o seu dos;
computador seja encontrado e possa fazer parte da rede Classe B: 128.0.0.0 até 191.255.255.255 - permite até
mundial de computadores, necessita ter um endereço úni-
16.384 redes, cada uma com até 65.536 dispositivos;
co. O mesmo vale para websites: este fica em um servidor,
Classe C: 192.0.0.0 até 223.255.255.255 - permite até
que por sua vez precisa ter um endereço para ser localiza-
2.097.152 redes, cada uma com até 254 dispositivos;
do na internet. Isto é feito pelo endereço IP (IP Address),
Classe D: 224.0.0.0 até 239.255.255.255 - multicast;
recurso que também é utilizado para redes locais, como a
Classe E: 240.0.0.0 até 255.255.255.255 - multicast re-
existente na empresa que você trabalha, por exemplo.
servado.
O endereço IP é uma sequência de números composta
As três primeiras classes são assim divididas para aten-
de 32 bits. Esse valor consiste em um conjunto de quatro
der às seguintes necessidades:
sequências de 8 bits. Cada uma destas é separada por um
ponto e recebe o nome de octeto ou simplesmente byte, já
que um byte é formado por 8 bits. O número 172.31.110.10
é um exemplo. Repare que cada octeto é formado por nú- - Os endereços IP da classe A são usados em locais
meros que podem ir de 0 a 255, não mais do que isso. onde são necessárias poucas redes, mas uma grande quan-
tidade de máquinas nelas. Para isso, o primeiro byte é utili-
zado como identificador da rede e os demais servem como
identificador dos dispositivos conectados (PCs, impresso-
ras, etc);
- Os endereços IP da classe B são usados nos casos
onde a quantidade de redes é equivalente ou semelhante
à quantidade de dispositivos. Para isso, usam-se os dois
primeiros bytes do endereço IP para identificar a rede e os
restantes para identificar os dispositivos;
A divisão de um IP em quatro partes facilita a organi- - Os endereços IP da classe C são usados em locais que
zação da rede, da mesma forma que a divisão do seu en- requerem grande quantidade de redes, mas com poucos
dereço em cidade, bairro, CEP, número, etc, torna possível dispositivos em cada uma. Assim, os três primeiros bytes
a organização das casas da região onde você mora. Neste são usados para identificar a rede e o último é utilizado
sentido, os dois primeiros octetos de um endereço IP po- para identificar as máquinas.
dem ser utilizados para identificar a rede, por exemplo. Em Quanto às classes D e E, elas existem por motivos es-
uma escola que tem, por exemplo, uma rede para alunos peciais: a primeira é usada para a propagação de pacotes
e outra para professores, pode-se ter 172.31.x.x para uma especiais para a comunicação entre os computadores, en-
rede e 172.32.x.x para a outra, sendo que os dois últimos quanto que a segunda está reservada para aplicações futu-
octetos são usados na identificação de computadores. ras ou experimentais.

85
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vale frisar que há vários blocos de endereços reserva-


dos para fins especiais. Por exemplo, quando o endereço Identifica-
Identifica- Máscara de sub-
começa com 127, geralmente indica uma rede “falsa”, isto Classe Endereço IP dor do com-
dor da rede -rede
é, inexistente, utilizada para testes. No caso do endereço putador
127.0.0.1, este sempre se refere à própria máquina, ou seja, A 10.2.68.12 10 2.68.12 255.0.0.0
ao próprio host, razão esta que o leva a ser chamado de
localhost. Já o endereço 255.255.255.255 é utilizado para B 172.31.101.25 172.31 101.25 255.255.0.0
propagar mensagens para todos os hosts de uma rede de C 192.168.0.10 192.168.0 10 255.255.255.0
maneira simultânea.
Você percebe então que podemos ter redes com más-
Endereços IP privados cara 255.0.0.0, 255.255.0.0 e 255.255.255.0, cada uma indi-
Há conjuntos de endereços das classes A, B e C que são cando uma classe. Mas, como já informado, ainda pode ha-
privados. Isto significa que eles não podem ser utilizados ver situações onde há desperdício. Por exemplo, suponha
na internet, sendo reservados para aplicações locais. São, que uma faculdade tenha que criar uma rede para cada um
essencialmente, estes: de seus cinco cursos. Cada curso possui 20 computadores.
-Classe A: 10.0.0.0 à 10.255.255.255; A solução seria então criar cinco redes classe C? Pode ser
-Classe B: 172.16.0.0 à 172.31.255.255; melhor do que utilizar classes B, mas ainda haverá desper-
-Classe C: 192.168.0.0 à 192.168.255.255. dício. Uma forma de contornar este problema é criar uma
Suponha então que você tenha que gerenciar uma rede rede classe C dividida em cinco sub-redes. Para isso, as
com cerca de 50 computadores. Você pode alocar para es- máscaras novamente entram em ação.
tas máquinas endereços de 192.168.0.1 até 192.168.0.50, Nós utilizamos números de 0 a 255 nos octetos, mas
por exemplo. Todas elas precisam de acesso à internet. O estes, na verdade, representam bytes (linguagem binária).
que fazer? Adicionar mais um IP para cada uma delas? Não. 255 em binário é 11111111. O número zero, por sua vez,
Na verdade, basta conectá-las a um servidor ou equipa- é 00000000. Assim, a máscara de um endereço classe C,
mento de rede - como um roteador - que receba a cone- 255.255.255.0, é:
xão à internet e a compartilhe com todos os dispositivos 11111111.11111111.11111111.00000000
conectados a ele. Com isso, somente este equipamento Perceba então que, aqui, temos uma máscara forma-
precisará de um endereço IP para acesso à rede mundial da por 24 bits 1: 11111111 + 11111111 + 11111111. Para
de computadores. criarmos as nossas sub-redes, temos que ter um esquema
com 25, 26 ou mais bits, conforme a necessidade e as pos-
Máscara de sub-rede sibilidades. Em outras palavras, precisamos trocar alguns
As classes IP ajudam na organização deste tipo de en- zeros do último octeto por 1.
dereçamento, mas podem também representar desperdí- Suponha que trocamos os três primeiros bits do últi-
cio. Uma solução bastante interessante para isso atende mo octeto (sempre trocamos da esquerda para a direita),
pelo nome de máscara de sub-rede, recurso onde parte resultando em:
dos números que um octeto destinado a identificar dis- 11111111.11111111.11111111.11100000
positivos conectados (hosts) é “trocado” para aumentar a Se fizermos o número 2 elevado pela quantidade de
capacidade da rede. Para compreender melhor, vamos en- bits “trocados”, teremos a quantidade possível de sub-re-
xergar as classes A, B e C da seguinte forma: des. Em nosso caso, temos 2^3 = 8. Temos então a possi-
- A: N.H.H.H; bilidade de criar até oito sub-redes. Sobrou cinco bits para
- B: N.N.H.H; o endereçamento dos host. Fazemos a mesma conta: 2^5
- C: N.N.N.H. = 32. Assim, temos 32 dispositivos em cada sub-rede (esta-
N significa Network (rede) e H indica Host. Com o mos fazendo estes cálculos sem considerar limitações que
uso de máscaras, podemos fazer uma rede do N.N.H.H se possam impedir o uso de todos os hosts e sub-redes).
“transformar” em N.N.N.H. Em outras palavras, as máscaras 11100000 corresponde a 224, logo, a máscara resultan-
de sub-rede permitem determinar quantos octetos e bits te é 255.255.255.224.
são destinados para a identificação da rede e quantos são Perceba que esse esquema de “trocar” bits pode ser
utilizados para identificar os dispositivos. empregado também em endereços classes A e B, conforme
Para isso, utiliza-se, basicamente, o seguinte esquema: a necessidade. Vale ressaltar também que não é possível
se um octeto é usado para identificação da rede, este re- utilizar 0.0.0.0 ou 255.255.255.255 como máscara.
ceberá a máscara de sub-rede 255. Mas, se um octeto é IP estático e IP dinâmico
aplicado para os dispositivos, seu valor na máscara de sub IP estático (ou fixo) é um endereço IP dado permanen-
-rede será 0 (zero). A tabela a seguir mostra um exemplo temente a um dispositivo, ou seja, seu número não muda,
desta relação: exceto se tal ação for executada manualmente. Como
exemplo, há casos de assinaturas de acesso à internet via
ADSL onde o provedor atribui um IP estático aos seus as-
sinantes. Assim, sempre que um cliente se conectar, usará
o mesmo IP.

86
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O IP dinâmico, por sua vez, é um endereço que é dado


a um computador quando este se conecta à rede, mas que
muda toda vez que há conexão. Por exemplo, suponha que
você conectou seu computador à internet hoje. Quando
você conectá-lo amanhã, lhe será dado outro IP. Para en-
tender melhor, imagine a seguinte situação: uma empresa
tem 80 computadores ligados em rede. Usando IPs dinâ-
micos, a empresa disponibiliza 90 endereços IP para tais
máquinas. Como nenhum IP é fixo, um computador rece-
berá, quando se conectar, um endereço IP destes 90 que
não estiver sendo utilizado. É mais ou menos assim que os
provedores de internet trabalham. O IPv6 não consiste, necessariamente, apenas no au-
O método mais utilizado na distribuição de IPs dinâ- mento da quantidade de octetos. Um endereço do tipo
micos é o protocolo DHCP (Dynamic Host Configuration pode ser, por exemplo:
Protocol). FEDC:2D9D:DC28:7654:3210:FC57:D4C8:1FFF

IP nos sites Finalizando


Você já sabe que os sites na Web também necessitam Com o surgimento do IPv6, tem-se a impressão de que
de um IP. Mas, se você digitar em seu navegador www.in- a especificação tratada neste texto, o IPv4, vai sumir do
fowester.com, por exemplo, como é que o seu computador mapa. Isso até deve acontecer, mas vai demorar bastante.
sabe qual o IP deste site ao ponto de conseguir encontrá Durante essa fase, que podemos considerar de transição,
-lo? o que veremos é a “convivência” entre ambos os padrões.
Quando você digitar um endereço qualquer de um site, Não por menos, praticamente todos os sistemas operacio-
um servidor de DNS (Domain Name System) é consultado. nais atuais e a maioria dos dispositivos de rede estão aptos
Ele é quem informa qual IP está associado a cada site. O sis- a lidar tanto com um quanto com o outro. Por isso, se você
tema DNS possui uma hierarquia interessante, semelhante é ou pretende ser um profissional que trabalha com redes
a uma árvore (termo conhecido por programadores). Se, ou simplesmente quer conhecer mais o assunto, procure se
por exemplo, o site www.infowester.com é requisitado, o aprofundar nas duas especificações.
sistema envia a solicitação a um servidor responsável por A esta altura, você também deve estar querendo des-
terminações “.com”. Esse servidor localizará qual o IP do cobrir qual o seu IP. Cada sistema operacional tem uma
endereço e responderá à solicitação. Se o site solicitado forma de mostrar isso. Se você é usuário de Windows, por
termina com “.br”, um servidor responsável por esta termi- exemplo, pode fazê-lo digitando cmd em um campo do
nação é consultado e assim por diante. Menu Iniciar e, na janela que surgir, informar ipconfig /all
e apertar Enter. Em ambientes Linux, o comando é ifconfig.
IPv6
O mundo está cada vez mais conectado. Se, em um
passado não muito distante, você conectava apenas o PC
da sua casa à internet, hoje o faz com o celular, com o seu
notebook em um serviço de acesso Wi-Fi no aeroporto e
assim por diante. Somando este aspecto ao fato de cada
vez mais pessoas acessarem a internet no mundo inteiro,
nos deparamos com um grande problema: o número de
IPs disponíveis deixa de ser suficiente para toda as (futuras)
aplicações.
A solução para este grande problema (grande mesmo,
afinal, a internet não pode parar de crescer!) atende pelo
nome de IPv6, uma nova especificação capaz de suportar
até - respire fundo - 340.282.366.920.938.463.463.374.607. Perceba, no entanto, que se você estiver conectado a
431.768.211.456 de endereços, um número absurdamente partir de uma rede local - tal como uma rede wireless -
alto! visualizará o IP que esta disponibiliza à sua conexão. Para
saber o endereço IP do acesso à internet em uso pela rede,
você pode visitar sites como whatsmyip.org.

Provedor
O provedor é uma empresa prestadora de serviços que
oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é neces-
sário conectar-se com um computador que já esteja na In-
ternet (no caso, o provedor) e esse computador deve per-
mitir que seus usuários também tenham acesso a Internet.

87
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No Brasil, a maioria dos provedores está conectada Identificação de endereços de um site


à Embratel, que por sua vez, está conectada com outros Exemplo: http://www.pelotas.com.br
computadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link, http:// -> (Hiper Text Tranfer Protocol) protocolo de
que é a conexão física que interliga o provedor de acesso comunicação
com a Embratel. Neste caso, a Embratel é conhecida como WWW -> (World Wide Web) Grande rede mundial
backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet no Bra- pelotas -> empresa ou organização que mantém o site
sil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse uma ave- .com -> tipo de organização
nida de três pistas e os links como se fossem as ruas que ......br -> identifica o país
estão interligadas nesta avenida. Tipos de Organizações:
Tanto o link como o backbone possui uma velocidade .edu -> instituições educacionais. Exemplo: michigam.
de transmissão, ou seja, com qual velocidade ele transmite edu
os dados. Esta velocidade é dada em bps (bits por segun- .com -> instituções comerciais. Exemplo: microsoft.
do). Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso, com
.gov -> governamental. Exemplo: fazenda.gov
que fornecerá um nome de usuário, uma senha de acesso
.mil -> instalação militar. Exemplo: af.mil
e um endereço eletrônico na Internet.
.net -> computadores com funções de administrar re-
des. Exemplo: embratel.net
URL - Uniform Resource Locator .org -> organizações não governamentais. Exemplo:
Tudo na Internet tem um endereço, ou seja, uma iden- care.org
tificação de onde está localizado o computador e quais re-
cursos este computador oferece. Por exemplo, a URL: Home Page
http://www.novaconcursos.com.br Pela definição técnica temos que uma Home Page é
Será mais bem explicado adiante. um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de compu-
tadores rodando um Navegador (Browser), que permite o
Como descobrir um endereço na Internet? acesso às informações em um ambiente gráfico e multimí-
dia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de informações
Para que possamos entender melhor, vamos exempli- dentro das Home Pages.
ficar. O endereço de Home Pages tem o seguinte formato:
Você estuda em uma universidade e precisa fazer algu- http://www.endereço.com/página.html
mas pesquisas para um trabalho. Onde procurar as infor- Por exemplo, a página principal da Pronag:
mações que preciso? http://www.pronag.com.br/index.html
Para isso, existem na Internet os “famosos” sites de
procura, que são sites que possuem um enorme banco de PLUG-INS
dados (que contém o cadastro de milhares de Home Pa- Os plug-ins são programas que expandem a capacida-
ges), que permitem a procura por um determinado assun- de do Browser em recursos específicos - permitindo, por
to. Caso a palavra ou o assunto que foi procurado exista exemplo, que você toque arquivos de som ou veja filmes
em alguma dessas páginas, será listado toda esta relação em vídeo dentro de uma Home Page. As empresas de soft-
de páginas encontradas. ware vêm desenvolvendo plug-ins a uma velocidade im-
A pesquisa pode ser realizada com uma palavra, refe- pressionante. Maiores informações e endereços sobre plu-
rente ao assunto desejado. Por exemplo, você quer pesqui- g-ins são encontradas na página:
sar sobre amortecedores, caso não encontre nada como http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/Soft-
ware/Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/Indi-
amortecedores, procure como autopeças, e assim suces-
ces/
sivamente.
Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo
temos uma relação de alguns deles:
Barra de endereços - 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime,
etc.).
- Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.).
- Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP,
A Barra de Endereços possibilita que se possa navegar PCX, etc.).
em páginas da internet, bastando para isto digitar o ende- - Negócios e Utilitários
reço da página. - Apresentações
Alguns sites interessantes:
• www.diariopopular.com.br (Jornal Diário Popular) FTP - Transferência de Arquivos
• www.ufpel.tche.br (Ufpel) Permite copiar arquivos de um computador da Internet
• www.cefetrs.tche.br (Cefet) para o seu computador.
• www.servidor.gov.br (Informações sobre servidor pú- Os programas disponíveis na Internet podem ser:
blico) • Freeware: Programa livre que pode ser distribuí-
• www.siapenet.gog.br (contracheque) do e utilizado livremente, não requer nenhuma taxa para
• www.pelotas.com.br (Site Oficial de Pelotas) sua utilização, e não é considerado “pirataria” a cópia deste
• www.mec.gov.br (Ministério da Educação) programa.

88
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Shareware: Programa demonstração que pode ser O WWW não dispunha de gráficos em seus primór-
utilizado por um determinado prazo ou que contém alguns dios, apenas de hipertexto. Entretanto, em 1993, o projeto
limites, para ser utilizado apenas como um teste do progra- WWW ganhou força extra com a inserção de um visualiza-
ma. Se o usuário gostar ele compra, caso contrário, não usa dor (também conhecido como browser) de páginas capaz
mais o programa. Na maioria das vezes, esses programas não apenas de formatar texto, mas também de exibir grá-
exibem, de tempos em tempos, uma mensagem avisando ficos, som e vídeo. Este browser chamava-se Mosaic e foi
que ele deve ser registrado. Outros tipos de shareware têm desenvolvido dentro da NCSA, por um time chefiado por
tempo de uso limitado. Depois de expirado este tempo de Mark Andreesen. O sucesso do Mosaic foi espetacular.
teste, é necessário que seja feito a compra deste programa. Depois disto, várias outras companhias passaram a
produzir browsers que deveriam fazer concorrência ao
Navegar nas páginas Mosaic. Mark Andreesen partiu para a criação da Netscape
Consiste percorrer as páginas na internet a partir de Communications, criadora do browser Netscape.
um documento normal e de links das próprias páginas. Surgiram ainda o Cello, o AIR Mosaic, o SPRY Mosaic,
o Microsoft Internet Explorer, o Mozilla Firefox e muitos
Como salvar documentos, arquivos e sites outros browsers.
Clique no menu Arquivo e na opção Salvar como.

Como copiar e colar para um editor de textos


Selecionar o conteúdo ou figura da página. Clicar com
o botão direito do mouse e escolha a opção Copiar.
Busca e pesquisa na web

Os sites de busca servem para procurar por um deter-


minado assunto ou informação na internet.
Alguns sites interessantes:
• www.google.com.br
• http://br.altavista.com
• http://cade.search.yahoo.com
• http://br.bing.com/

Como fazer a pesquisa


Abra o editor de texto clique em colar
Digite na barra de endereço o endereço do site de pes-
quisa. Por exemplo:
Navegadores www.google.com.br
O navegador de WWW é a ferramenta mais importante
para o usuário de Internet. É com ele que se podem vi-
sitar museus, ler revistas eletrônicas, fazer compras e até
participar de novelas interativas. As informações na Web
são organizadas na forma de páginas de hipertexto, cada
um com seu endereço próprio, conhecido como URL. Para
começar a navegar, é preciso digitar um desses endereços
no campo chamado Endereço no navegador. O software
estabelece a conexão e traz, para a tela, a página corres-
pondente.
O navegador não precisa de nenhuma configuração
especial para exibir uma página da Web, mas é necessário
ajustar alguns parâmetros para que ele seja capaz de enviar
e receber algumas mensagens de correio eletrônico e aces-
sar grupos de discussão (news). Em pesquisar pode-se escolher onde será feita a pes-
O World Wide Web foi inicialmente desenvolvido no quisa.
Centro de Pesquisas da CERN (Conseil Europeen pour la
Recherche Nucleaire), Suíça. Originalmente, o WWW era
um meio para físicos da CERN trocar experiências sobre
suas pesquisas através da exibição de páginas de texto. Fi-
cou claro, desde o início, o imenso potencial que o WWW
possuía para diversos tipos de aplicações, inclusive não
científicas.

89
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os sites de pesquisa em geral não fazem distinção na • menos são excluídas da pesquisa.
pesquisa com letras maiúsculas e minúsculas e nem pala- • Resultado de um cálculo: pode ser efetuado um
vras com ou sem acento. cálculo em um site de pesquisa.

Opções de pesquisa Por exemplo: 3+4

Irá retornar:

Web: pesquisa em todos os sites O resultado da pesquisa


Imagens: pesquisa por imagens anexadas nas páginas. O resultado da pesquisa é visualizado da seguinte for-
Exemplo do resultado se uma pesquisa. ma:

INTRANET
A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de
uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma
Grupos: pesquisa nos grupos de discussão da Usenet. empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes de
Exemplo: comunicação internas baseadas na tecnologia usada na In-
ternet. Como um jornal editado internamente, e que pode
ser acessado apenas pelos funcionários da empresa.
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais e
departamentos, mesclando (com segurança) as suas infor-
mações particulares dentro da estrutura de comunicações
da empresa.
O grande sucesso da Internet, é particularmente da
World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na
evolução da informática nos últimos anos.
Diretórios: pesquisa o conteúdo da internet organiza- Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos
dos por assunto em categorias. Exemplo: interligados através de vínculos, ou links) e a enorme fa-
cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos
multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democratiza-
ram o acesso à informação através de redes de computa-
dores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca base de
usuários, já familiarizados com conhecimentos básicos de
informática e de navegação na Internet. Finalmente, surgi-
ram muitas ferramentas de software de custo zero ou pe-
queno, que permitem a qualquer organização ou empresa,
Como escolher palavra-chave sem muito esforço, “entrar na rede” e começar a acessar e
colocar informação. O resultado inevitável foi a impressio-
• Busca com uma palavra: retorna páginas que in- nante explosão na informação disponível na Internet, que
cluam a palavra digitada. segundo consta, está dobrando de tamanho a cada mês.
• “Busca entre aspas”: a pesquisa só retorna páginas Assim, não demorou muito a surgir um novo conceito,
que incluam todos os seus termos de busca, ou seja, toda a que tem interessado um número cada vez maior de em-
sequência de termos que foram digitadas. presas, hospitais, faculdades e outras organizações interes-
• Busca com sinal de mais (+): a pesquisa retorna sadas em integrar informações e usuários: a intranet. Seu
páginas que incluam todas advento e disseminação promete operar uma revolução
• as palavras aleatoriamente na página. tão profunda para a vida organizacional quanto o apare-
• Busca com sinal de menos (-): as palavras que fi- cimento das primeiras redes locais de computadores, no
cam antes do sinal de final da década de 80.

90
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O que é Intranet? • Navegação - É possível passar de um documento a


O termo “intranet” começou a ser usado em meados de outro através de referências ou vínculos de hipertexto, que
1995 por fornecedores de produtos de rede para se refe- facilitam o acesso não linear aos documentos;
rirem ao uso dentro das empresas privadas de tecnologias • Execução Distribuída - Determinadas tarefas de
projetadas para a comunicação por computador entre em- acesso ou manipulação na intranet só podem ocorrer gra-
presas. Em outras palavras, uma intranet consiste em uma ças à execução de programas aplicativos, que podem es-
rede privativa de computadores que se baseia nos padrões tar no servidor, ou nos microcomputadores que acessam a
de comunicação de dados da Internet pública, baseadas na rede (também chamados de clientes, daí surgiu à expres-
tecnologia usada na Internet (páginas HTML, e-mail, FTP, são que caracteriza a arquitetura da intranet: cliente-servi-
etc.) que vêm, atualmente fazendo muito sucesso. Entre dor). A vantagem da intranet é que esses programas são
as razões para este sucesso, estão o custo de implantação ativados através da WWW, permitindo grande flexibilidade.
relativamente baixo e a facilidade de uso propiciada pelos Determinadas linguagens, como Java, assumiram grande
programas de navegação na Web, os browsers. importância no desenvolvimento de softwares aplicativos
que obedeçam aos três conceitos anteriores.
Objetivo de construir uma Intranet
Como montar uma Intranet
Organizações constroem uma intranet porque ela é
Basicamente a montagem de uma intranet consiste em
uma ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficiente usar as estruturas de redes locais existentes na maioria das
para economizar tempo, diminuir as desvantagens da dis- empresas, e em instalar um servidor Web.
tância e alavancar sobre o seu maior patrimônio de capital- Servidor Web - É a máquina que faz o papel de repo-
funcionários com conhecimentos das operações e produ- sitório das informações contidas na intranet. É lá que os
tos da empresa. clientes vão buscar as páginas HTML, mensagens de e-mail
ou qualquer outro tipo de arquivo.
Aplicações da Intranet
Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de comu- Protocolos - São os diferentes idiomas de comunica-
nicações corporativas em uma intranet dá para simplificar o ção utilizados. O servidor deve abrigar quatro protocolos.
trabalho, pois estamos virtualmente todos na mesma sala. O primeiro é o HTTP, responsável pela comunicação do
De qualquer modo, é cedo para se afirmar onde a intranet browser com o servidor, em seguida vem o SMTP ligado ao
vai ser mais efetiva para unir (no sentido operacional) os envio de mensagens pelo e-mail, e o FTP usado na transfe-
diversos profissionais de uma empresa. Mas em algumas rência de arquivos. Independentemente das aplicações uti-
áreas já se vislumbram benefícios, por exemplo: lizadas na intranet, todas as máquinas nela ligadas devem
• Marketing e Vendas - Informações sobre produ- falar um idioma comum: o TCP/IP, protocolo da Internet.
tos, listas de preços, promoções, planejamento de eventos;
• Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação Identificação do Servidor e das Estações - Depois de
de Trabalho), planejamentos, listas de responsabilidades definidos os protocolos, o sistema já sabe onde achar as
de membros das equipes, situações de projetos; informações e como requisitá-las. Falta apenas saber o
• Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, sis- nome de quem pede e de quem solicita. Para isso existem
temas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões), ma- dois programas: o DNS que identifica o servidor e o DHCP
nuais de qualidade; (Dinamic Host Configuration Protocol) que atribui nome às
• Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apos- estações clientes.
tilas, políticas da companhia, organograma, oportunidades Estações da Rede - Nas estações da rede, os funcio-
nários acessam as informações colocadas à sua disposição
de trabalho, programas de desenvolvimento pessoal, be-
no servidor. Para isso usam o Web browser, software que
nefícios.
permite folhear os documentos.
Para acessar as informações disponíveis na Web corpo-
rativa, o funcionário praticamente não precisa ser treinado. Comparando Intranet com Internet
Afinal, o esforço de operação desses programas se resume Na verdade as diferenças entre uma intranet e a In-
quase somente em clicar nos links que remetem às novas ternet, é uma questão de semântica e de escala. Ambas
páginas. No entanto, a simplicidade de uma intranet termi- utilizam as mesmas técnicas e ferramentas, os mesmos
na aí. Projetar e implantar uma rede desse tipo é uma tarefa protocolos de rede e os mesmos produtos servidores. O
complexa e exige a presença de profissionais especializa- conteúdo na Internet, por definição, fica disponível em es-
dos. Essa dificuldade aumenta com o tamanho da intranet, cala mundial e inclui tudo, desde uma home-page de al-
sua diversidade de funções e a quantidade de informações guém com seis anos de idade até as previsões do tempo.
nela armazenadas. A maior parte dos dados de uma empresa não se destina
A intranet é baseada em quatro conceitos: ao consumo externo, na verdade, alguns dados, tais como
• Conectividade - A base de conexão dos computa- as cifras das vendas, clientes e correspondências legais, de-
dores ligados através de uma rede, e que podem transferir vem ser protegidos com cuidado. E, do ponto de vista da
qualquer tipo de informação digital entre si; escala, a Internet é global, uma intranet está contida den-
• Heterogeneidade - Diferentes tipos de computa- tro de um pequeno grupo, departamento ou organização
dores e sistemas operacionais podem ser conectados de corporativa. No extremo, há uma intranet global, mas ela
forma transparente; ainda conserva a natureza privada de uma Internet menor.

91
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A Internet e a Web ficaram famosas, com justa razão, • Ausência de Replicação Embutida – As intranets não
por serem uma mistura caótica de informações úteis e ir- apresentam nenhuma replicação embutida para usuários
relevantes, o meteórico aumento da popularidade de sites remotos. A HMTL não é poderosa o suficiente para desen-
da Web dedicados a índices e mecanismos de busca é uma volver aplicativos cliente/servidor.
medida da necessidade de uma abordagem organizada. Como a Intranet é ligada à Internet
Uma intranet aproveita a utilidade da Internet e da Web
num ambiente controlado e seguro.

Vantagens e Desvantagens da Intranet


Alguns dos benefícios são:
• Redução de custos de impressão, papel, distribuição
de software, e-mail e processamento de pedidos;
• Redução de despesas com telefonemas e pessoal no
suporte telefônico;
• Maior facilidade e rapidez no acesso as informações
técnicas e de marketing;
• Maior rapidez e facilidade no acesso a localizações
remotas;
• Incrementando o acesso a informações da concor-
rência;
• Uma base de pesquisa mais compreensiva;
• Facilidade de acesso a consumidores (clientes) e par- Segurança da Intranet
ceiros (revendas); Três tecnologias fornecem segurança ao armazena-
• Aumento da precisão e redução de tempo no acesso mento e à troca de dados em uma rede: autenticação, con-
à informação; trole de acesso e criptografia.
• Uma única interface amigável e consistente para Autenticação - É o processo que consiste em verificar
aprender e usar; se um usuário é realmente quem alega ser. Os documen-
• Informação e treinamento imediato (Just in Time); tos e dados podem ser protegidos através da solicitação
• As informações disponíveis são visualizadas com cla- de uma combinação de nome do usuário/senha, ou da ve-
reza; rificação do endereço IP do solicitante, ou de ambas. Os
• Redução de tempo na pesquisa a informações; usuários autenticados têm o acesso autorizado ou negado
• Compartilhamento e reutilização de ferramentas e a recursos específicos de uma intranet, com base em uma
informação; ACL (Access Control List) mantida no servidor Web;
• Redução no tempo de configuração e atualização dos
sistemas; Criptografia - É a conversão dos dados para um for-
• Simplificação e/ou redução das licenças de software mato que pode ser lido por alguém que tenha uma chave
e outros; secreta de descriptografia. Um método de criptografia am-
• Redução de custos de documentação; plamente utilizado para a segurança de transações Web é a
• Redução de custos de suporte; tecnologia de chave pública, que constitui a base do HTTPS
• Redução de redundância na criação e manutenção - um protocolo Web seguro;
de páginas;
Firewall - Você pode proporcionar uma comunicação
• Redução de custos de arquivamento;
segura entre uma intranet e a Internet através de servi-
• Compartilhamento de recursos e habilidade.
dores proxy, que são programas que residem no firewall
e permitem (ou não) a transmissão de pacotes com base
no serviço que está sendo solicitado. Um proxy HTTP, por
Alguns dos empecilhos são: exemplo, pode permitir que navegadores Webs internos
• Aplicativos de Colaboração - Os aplicativos de cola- da empresa acessem servidores Web externos, mas não o
boração, não são tão poderosos quanto os oferecidos pe- contrário.
los programas para grupos de trabalho tradicionais. É ne- Dispositivos para realização de Cópias de Segurança
cessário configurar e manter aplicativos separados, como Os dispositivos para a realização de cópias de seguran-
e-mail e servidores Web, em vez de usar um sistema unifi- ça do(s) servidor(es) constituem uma das peças de especial
cado, como faria com um pacote de software para grupo importância. Por exemplo, unidades de disco amovíveis
de trabalho; com grande capacidade de armazenamento, tapes...
• Número Limitado de Ferramentas - Há um número Queremos ainda referir que para o funcionamento de
limitado de ferramentas para conectar um servidor Web a uma rede existem outros conceitos como topologias/con-
bancos de dados ou outros aplicativos back-end. As intra- figurações (rede linear, rede em estrela, rede em anel, rede
nets exigem uma rede TCP/IP, ao contrário de outras solu- em árvore, rede em malha …), métodos de acesso, tipos
ções de software para grupo de trabalho que funcionam de cabos, protocolos de comunicação, velocidade de trans-
com os protocolos de transmissão de redes local existentes; missão …

92
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

EXTRANET Comentários: Para desinstalar um programa de forma


A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de segura deve-se acessar Painel de Controle / Adicionar ou
computadores que faz uso da Internet para partilhar com remover programas
segurança parte do seu sistema de informação. Resposta – Letra A
A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de
computadores que faz uso da Internet para partilhar com 2- Nos sistemas operacionais como o Windows, as in-
segurança parte do seu sistema de informação. formações estão contidas em arquivos de vários formatos,
Tomado o termo em seu sentido mais amplo, o concei- que são armazenados no disco fixo ou em outros tipos de
to confunde-se com Intranet. Uma Extranet também pode mídias removíveis do computador, organizados em:
ser vista como uma parte da empresa que é estendida a (A) telas.
usuários externos (“rede extra-empresa”), tais como repre- (B) pastas.
sentantes e clientes. Outro uso comum do termo Extranet (C) janelas.
ocorre na designação da “parte privada” de um site, onde (D) imagens.
somente “usuários registrados” podem navegar, previa- (E) programas.
mente autenticados por sua senha (login).
Comentários: O Windows Explorer, mostra de forma
Empresa estendida bem clara a organização por meio de PASTAS, que nada
O acesso à intranet de uma empresa através de um mais são do que compartimentos que ajudam a organizar
Portal (internet) estabelecido na web de forma que pessoas os arquivos em endereços específicos, como se fosse um
e funcionários de uma empresa consigam ter acesso à in- sistema de armário e gavetas.
tranet através de redes externas ao ambiente da empresa. Resposta: Letra B
Uma extranet é uma intranet que pode ser acessada via
Web por clientes ou outros usuários autorizados. Uma in- 3- Um item selecionado do Windows XP pode ser ex-
tranet é uma rede restrita à empresa que utiliza as mesmas cluído permanentemente, sem colocá-Lo na Lixeira, pres-
tecnologias presentes na Internet, como e-mail, webpages, sionando-se simultaneamente as teclas
servidor FTP etc. (A) Ctrl + Delete.
A ideia de uma extranet é melhorar a comunicação en- (B) Shift + End.
tre os funcionários e parceiros além de acumular uma base (C) Shift + Delete.
de conhecimento que possa ajudar os funcionários a criar (D) Ctrl + End.
novas soluções. (E) Ctrl + X.
Exemplificando uma rede de conexões privadas, basea-
da na Internet, utilizada entre departamentos de uma em- Comentário: Quando desejamos excluir permanente-
presa ou parceiros externos, na cadeia de abastecimento, mente um arquivo ou pasta no Windows sem enviar antes
trocando informações sobre compras, vendas, fabricação, para a lixeira, basta pressionarmos a tecla Shift em conjun-
distribuição, contabilidade entre outros. to com a tecla Delete. O Windows exibirá uma mensagem
do tipo “Você tem certeza que deseja excluir permanente-
QUESTÕES GERAIS mente este arquivo?” ao invés de “Você tem certeza que
deseja enviar este arquivo para a lixeira?”.
1- Com relação ao sistema operacional Windows, assi- Resposta: C
nale a opção correta.
(A) A desinstalação de um aplicativo no Windows deve
ser feita a partir de opção equivalente do Painel de Con- 4- Qual a técnica que permite reduzir o tamanho de
trole, de modo a garantir a correta remoção dos arquivos arquivos, sem que haja perda de informação?
relacionados ao aplicativo, sem prejuízo ao sistema opera- (A) Compactação
cional. (B) Deleção
(B) O acionamento simultâneo das teclas CTRL, ALT e (C) Criptografia
DELETE constitui ferramenta poderosa de acesso direto aos (D) Minimização
diretórios de programas instalados na máquina em uso. (E) Encolhimento adaptativo
(C) O Windows oferece acesso facilitado a usuários de
um computador, pois bastam o nome do usuário e a senha Comentários: A compactação de arquivos é uma téc-
da máquina para se ter acesso às contas dos demais usuá- nica amplamente utilizada. Alguns arquivos compactados
rios possivelmente cadastrados nessa máquina. podem conter extensões ZIP, TAR, GZ, RAR e alguns exem-
(D) O Windows oferece um conjunto de acessórios plos de programas compactadores são o WinZip, WinRar,
disponíveis por meio da instalação do pacote Office, entre SolusZip, etc.
eles, calculadora, bloco de notas, WordPad e Paint. Resposta: A
(E) O comando Fazer Logoff, disponível a partir do bo-
tão Iniciar do Windows, oferece a opção de se encerrar o
Windows, dar saída no usuário correntemente em uso na
máquina e, em seguida, desligar o computador.

93
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

5- A figura a seguir foi extraída do MS-Excel: Principais Vantagens do Gerenciador de e-mail:


• Pode ler e escrever mensagens mesmo quando
está desconectado da Internet;
• Permite armazenar as mensagens localmente (no
computador local);
• Permite utilizar várias caixas de e-mail ao mesmo
tempo;
Maiores Desvantagens:
• Ocupam espaço em disco;
  • Compatibilidade com os servidores de e-mail
Se o conteúdo da célula D1 for copiado (Ctrl+C) e co- (nem sempre são compatíveis).
lado (Ctrl+V) na célula D3, seu valor será: A seguir, uma lista de gerenciadores de e-mail (em ne-
(A) 7 grito os mais conhecidos e utilizados atualmente):
(B) 56 Microsoft Office Outlook
(C) 448 Microsoft Outlook Express;
(D) 511 Mozilla Thunderbird;
(E) uma mensagem de erro IcrediMail
  Eudora
Comentários: temos que D1=SOMA(A1:C1). Quando Pegasus Mail
copiamos uma célula que contém uma fórmula e colamos Apple Mail (Apple)
em outra célula, a fórmula mudará ajustando-se à nova po- Kmail (Linux)
sição. Veja como saber como ficará a nova fórmula ao ser Windows Mail
copiada de D1 para D3: A questão cita o Yahoo Mail, mas este é um WEBMAIL,
ou seja, não é instalado no computador local. Logo, é o
gabarito da questão.
Resposta: B.
7- Sobre os conceitos de utilização da Internet e cor-
reio eletrônico, analise:
I. A URL digitada na barra de Endereço é usada pelos
navegadores da Web (Internet Explorer, Mozilla e Goo-
gle Chrome) para localizar recursos e páginas da Internet
(Exemplo: http://www.google.com.br).
II. Download significa descarregar ou baixar; é a trans-
Agora é só substituir os valores: A fórmula diz para so- ferência de dados de um servidor ou computador remoto
mar todas as células de A3 até C3(dois pontos significam para um computador local.
‘até’), sendo assim teremos que somar A3,  , B3, C3 obten- III. Upload é a transferência de dados de um computa-
do-se o resultado 448. dor local para um servidor ou computador remoto.
Resposta: C. IV. Anexar um arquivo em mensagem de e-mail signifi-
ca movê-lo definitivamente da máquina local, para envio a
um destinatário, com endereço eletrônico.
6- “O correio eletrônico é um método que permite Estão corretas apenas as afirmativas:
compor, enviar e receber mensagens através de sistemas A) I, II, III, IV
eletrônicos de comunicação”. São softwares gerenciadores B) I, II
de email, EXCETO: C) I, II, III
A) Mozilla Thunderbird. D) I, II, IV
B) Yahoo Messenger. E) I, III, IV
C) Outlook Express. Comentários: O URL é o endereço (único) de um recur-
D) IncrediMail. so na Internet. A questão parece diferenciar um recurso de
E) Microsoft Office Outlook 2003. página, mas na verdade uma página é um recurso (o mais
conhecido, creio) da Web. Item verdadeiro.
Comentários: Podemos citar vários gerenciadores de É comum confundir os itens II e III, por isso memorize:
e-mail (eletronic mail ou correio eletrônico), mas devemos down = baixo = baixar para sua máquina, descarregar. II e
memorizar que os sistemas que trabalham o correio eletrô- III são verdadeiros.
nico podem funcionar por meio de um software instalado
em nosso computador local ou por meio de um progra-
ma que funciona dentro de um navegador, via acesso por
Internet. Este programa da Internet, que não precisa ser
instalado, e é chamado de WEBMAIL, enquanto o software
local é o gerenciador de e-mail citado pela questão.

94
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

(A) Domínio é o nome dado a um servidor que controla


a entrada e a saída de conteúdo em uma rede, como ocorre
na Internet.
(B) A intranet só pode ser acessada por usuários da
Internet que possuam uma conexão http, ao digitarem na
barra de endereços do navegador: http://intranet.com.
(C) Um modem ADSL não pode ser utilizado em uma
rede local, pois sua função é conectar um computador à
rede de telefonia fixa.
(D) O modelo cliente/servidor, em que uma máquina
denominada cliente requisita serviços a outra, denominada
servidor, ainda é o atual paradigma de acesso à Internet.
No item IV encontramos o item falso da questão, o que (E) Um servidor de páginas web é a máquina que ar-
nos leva ao gabarito – letra C. Anexar um arquivo em men- mazena os nomes dos usuários que possuem permissão de
sagem de e-mail significa copiar e não mover! acesso a uma quantidade restrita de páginas da Internet.
Resposta: C. Comentários: O modelo cliente/servidor é questionado
em termos de internet pois não é tão robusto quanto re-
des P2P pois, enquanto no primeiro modelo uma queda do
8- A respeito dos modos de utilização de aplicativos do servidor central impede o acesso aos usuários clientes, no
ambiente MS Office, assinale a opção correta. segundo mesmo que um servidor “caia” outros servidores
(A) Ao se clicar no nome de um documento gravado ainda darão acesso ao mesmo conteúdo permitindo que
com a extensão .xls a partir do Meu Computador, o Win- o download continue. Ex: programas torrent, Emule, Lime-
dows ativa o MS Access para a abertura do documento em ware, etc.
tela. Em relação às outras letras:
(B) As opções Copiar e Colar, que podem ser obtidas letra A – Incorreto – Domínio é um nome que serve
ao se acionar simultaneamente as teclas CTRL + C e CTRL para localizar e identificar conjuntos de computadores na
+ V,respectivamente, estão disponíveis no menu Editar de Internet e corresponde ao endereço que digitamos no na-
todos os aplicativos da suíte MS Office. vegador.
(C) A opção Salvar Como, disponível no menu das apli-
letra B – Incorreto – A intranet é acessada da mesma
cações do MS Office, permite que o usuário salve o docu-
forma que a internet, contudo, o ambiente de acesso a rede
mento correntemente aberto com outro nome. Nesse caso,
é restrito a uma rede local e não a internet como um todo.
a versão antiga do documento é apagada e só a nova ver-
letra C – Incorreto – O modem ADSL conecta o compu-
são permanece armazenada no computador.
tador a internet, como o acesso a intranet se faz da mesma
(D) O menu Exibir permite a visualização do documen-
forma só que de maneira local, o acesso via ADSL pode sim
to aberto correntemente, por exemplo, no formato do MS
acessar redes locais.
Word para ser aberto no MS PowerPoint.
letra E – Incorreto – Um servidor é um sistema de com-
(E) Uma das vantagens de se utilizar o MS Word é a ela-
boração de apresentações de slides que utilizem conteúdo putação que fornece serviços a uma rede de computado-
e imagens de maneira estruturada e organizada. res. E não necessariamente armazena nomes de usuários e/
ou restringe acessos.
Comentários: O menu editar geralmente contém os co- Resposta: D
mandos universais dos programas da Microsoft como é o 10- Com relação à Internet, assinale a opção correta.
caso dos atalhos CTRL + C, CTRL + V, CTRL + X, além do (A) A URL é o endereço físico de uma máquina na Inter-
localizar. net, pois, por esse endereço, determina-se a cidade onde
Em relação às outras letras: está localizada tal máquina.
Letra A – Incorreto – A extensão .xls abre o aplicativo (B) O SMTP é um serviço que permite a vários usuários
Excel e não o Access se conectarem a uma mesma máquina simultaneamente,
Letra C – Incorreto – A opção salvar como, cria uma como no caso de salas de bate-papo.
cópia do arquivo corrente e não apaga a sua versão antiga. (C) O servidor Pop é o responsável pelo envio e recebi-
Letra D – Incorreto – O menu exibir mostra formas de mento de arquivos na Internet.
exibição do documento dentro do contexto de cada pro- (D) Quando se digita o endereço de uma página web,
grama e não de um programa para o outro como é o caso o termo http significa o protocolo de acesso a páginas em
da afirmativa. formato HTML, por exemplo.
Letra E – Incorreto – O Ms Word não faz apresentação (E) O protocolo FTP é utilizado quando um usuário de
de slides e sim o Ms Power Point. correio eletrônico envia uma mensagem com anexo para
Resposta: B outro destinatário de correio eletrônico.
Comentários: Os itens apresentados nessa questão es-
9- Com relação a conceitos de Internet e intranet, assi- tão relacionados a protocolos de acesso. Segue abaixo os
nale a opção correta. protocolos mais comuns:

95
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- HTTP(Hypertext Transfer Protocol) – Protocole de car- Os funcionários serão estimulados a realizar pesquisas
regamento de páginas de Hipertexto –  HTML na internet visando o atendimento do nível de qualidade da
- IP (Internet Protocol) – Identificação lógica de uma informação prestada à sociedade, pelo órgão.
máquina na rede O ambiente operacional de computação disponível para
- POP (Post Office Protocol) – Protocolo de recebimen- realizar estas operações envolve o uso do MS-Windows, do
to de emails direto no PC via gerenciador de emails MS-Office, das ferramentas Internet Explorer e de correio
- SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) – Protocolo pa- eletrônico, em português e em suas versões padrões mais
drão de envio de emails utilizadas atualmente.
- IMAP(Internet Message Access Protocol) – Semelhan- Observação: Entenda-se por mídia removível disquetes,
te ao POP, no entanto, possui mais recursos e dá ao usuário CD’s e DVD’s graváveis, Pen Drives (mídia removível acopla-
a possibilidade de armazenamento e acesso a suas mensa- da em portas do tipo USB) e outras funcionalmente seme-
gens de email direto no servidor. lhantes.
- FTP(File Transfer Protocol) – Protocolo para transfe-
rência de arquivos 12- As células que contêm cálculos feitos na planilha
Resposta: D eletrônica,
(A) quando “coladas” no editor de textos, apresentarão
resultados diferentes do original.
11- Quanto ao Windows Explorer, assinale a opção cor- (B) não podem ser “coladas” no editor de textos.
reta. (C) somente podem ser copiadas para o editor de tex-
(A) O Windows Explorer é utilizado para gerenciar pas- tos dentro de um limite máximo de dez linhas e cinco co-
tas e arquivos e por seu intermédio não é possível acessar o lunas.
Painel de Controle, o qual só pode ser acessado pelo botão (D) só podem ser copiadas para o editor de texto uma
Iniciar do Windows. a uma.
(B) Para se obter a listagem completa dos arquivos sal- (E) quando integralmente selecionadas, copiadas e
vos em um diretório, exibindo-se tamanho, tipo e data de “coladas” no editor de textos, serão exibidas na forma de
modificação, deve-se selecionar Detalhes nas opções de tabela.
Modos de Exibição.  
(C) No Windows Explorer, o item Meus Locais de Rede Comentários: Sempre que se copia células de uma pla-
oferece um histórico de páginas visitadas na Internet para nilha eletrônica e cola-se no Word, estas se apresentam
acesso direto a elas. como uma tabela simples, onde as fórmulas são esqueci-
(D) Quando um arquivo estiver aberto no Windows e das e só os números são colados.
a opção Renomear for acionada no Windows Explorer com Resposta: E
o botão direito do mouse,será salva uma nova versão do
arquivo e a anterior continuará aberta com o nome antigo.
(E) Para se encontrar arquivos armazenados na estrutu- 13- O envio do arquivo que contém o texto, por meio
ra de diretórios do Windows, deve-se utilizar o sítio de bus- do correio eletrônico, deve considerar as operações de
ca Google, pois é ele que dá acesso a todos os diretórios de (A) anexação de arquivos e de inserção dos endereços
máquinas ligadas à Internet. eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”.
(B) de desanexação de arquivos e de inserção dos en-
Comentários: Na opção Modos de Exibição, os arqui- dereços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”.
vos são mostrados de várias formas como Listas, Miniatu- (C) de anexação de arquivos e de inserção dos endere-
ras e Detalhes. ços eletrônicos dos destinatários no campo “Cc”.
Resposta: B (D) de desanexação de arquivos e de inserção dos en-
dereços eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”.
Atenção: Para responder às questões de números (E) de anexação de arquivos e de inserção dos endere-
12 e 13, considere integralmente o texto abaixo: ços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”.
Todos os textos produzidos no editor de textos padrão  
deverão ser publicados em rede interna de uso exclusivo do Comentários: Claro que, para se enviar arquivos pelo
órgão, com tecnologia semelhante à usada na rede mundial correio eletrônico deve-se recorrer ao uso de anexação, ou
de computadores. seja, anexar o arquivo à mensagem. Quando colocamos
Antes da impressão e/ou da publicação os textos deve- os endereços dos destinatários no campo Cco, ou seja, no
rão ser verificados para que não contenham erros. Alguns campo “com cópia oculta”, um destinatário não ficará sa-
artigos digitados deverão conter a imagem dos resultados bendo quem mais recebeu aquela mensagem, o que aten-
obtidos em planilhas eletrônicas, ou seja, linhas, colunas, va- de a segurança solicitada no enunciado.
lores e totais. Resposta: A
Todo trabalho produzido deverá ser salvo e cuidados de-
vem ser tomados para a recuperação em caso de perda e
também para evitar o acesso por pessoas não autorizadas às
informações guardadas.

96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

14. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Comentários:


Novo - CESGRANRIO/2012) Usado para o manuseio  Up – Cima / Down – baixo  / Load – Carregar;
de arquivos em lotes, também denominados scripts, o Upload – Carregar para cima (enviar).
shell de comando é um programa que fornece comuni- Download – Carregar para baixo (receber ou “baixar”)
cação entre o usuário e o sistema operacional de forma 17- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011)
direta e independente. Nos sistemas operacionais Win- Assinale a alternativa que contém os nomes dos menus
dows XP, esse programa pode ser acessado por meio de do programa Microsoft Word XP, em sua configuração
um comando da pasta Acessórios denominado padrão, que, respectivamente, permitem aos usuários:
(A) Prompt de Comando (I) numerar as páginas do documento, (II) contar as pa-
(B) Comandos de Sistema lavras de um parágrafo e (III) adicionar um cabeçalho
(C) Agendador de Tarefas ao texto em edição.
(D) Acesso Independente a) Janela, Ferramentas e Inserir.
(E) Acesso Direto b) Inserir, Ferramentas e Exibir.
c) Formatar, Editar e Janela.
Resposta: “A” d) Arquivo, Exibir e Formatar.
e) Arquivo, Ferramentas e Tabela.
Comentários Resposta: “B”
Prompt de Comando é um recurso do Windows que ofe- Comentário:
rece um ponto de entrada para a digitação de comandos do • Ação numerar - “INSERIR”
MSDOS (Microsoft Disk Operating System) e outros coman- • Ação contar paginas - “FERRAMENTAS”
dos do computador. O mais importante é o fato de que, ao • Ação adicionar cabeçalho - “EXIBIR”
digitar comandos, você pode executar tarefas no computa-
dor sem usar a interface gráfica do Windows. O Prompt de 18- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011)
Comando é normalmente usado apenas por usuários avan-
çados.

15. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário


Novo - CESGRANRIO/2012) Seja o texto a seguir di-
gitado no aplicativo Word. Aplicativos para edição de
textos. Aplicando-se a esse texto o efeito de fonte Ta-
chado, o resultado obtido será

Resposta: “C”
a) 3, 0 e 7.
Comentários: b) 5, 0 e 7.
Temos 3 itens com a formatação taxado aplicada: c, d, c) 5, 1 e 2.
e. Entretanto, temos que observar que na questão os itens d) 7, 5 e 2.
d, e, além de receberem taxado, também ficaram em caixa e) 8, 3 e 4.
alta. O único que recebe apenas o taxada, sem alterar outras
formatações foi o item c. Resposta: “C”

16. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Comentário:


Novo - CESGRANRIO/2012) O envio e o recebimento Expressão =MÉDIA(A1:A3)
de um arquivo de textos ou de imagens na internet, en- São somadas as celular A1, A2 e A3, sendo uma média é
tre um servidor e um cliente, constituem, em relação ao dividido por 3 (pois tem 3 células): (8+3+4)/3 = 5
cliente, respectivamente, um Expressão =MENOR(B1:B3;2)
(A) download e um upload Da célula B1 até a B3, deve mostrar o 2º menor número,
(B) downgrade e um upgrade que seria o número 1. Para facilitar coloque esses números
(C) downfile e um upfile em ordem crescente.
(D) upgrade e um downgrade Expressão =MAIOR(C1:C3;3)
(E) upload e um download Da célula C1 até a C3, deve mostrar o 3º maior número,
que seria o número 2. Para facilitar coloque esses números
Resposta: “E”. em ordem decrescente.

97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

19- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 – II) Passo 3


Assim, a célula com interrogação (A3) apresenta, após a
propagação, o resultado

a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5 20- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No Po-
werPoint 2007, a inserção de um novo comentário pode
Resposta: “D” ser feita na guia
a) Geral.
Comentário: b) Inserir.
Passo 1 c) Animações.
A célula A1 contém a fórmula =B$1+C1 d) Apresentação de slides.
e) Revisão.
Resposta: “E”
Comentário:

21- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No âmbi-


Passo 2 to das URLs, considere o exemplo: protocolo://xxx.yyy.
que foi propagada pela alça de preenchimento para A2 zzz.br. O domínio de topo (ou TLD, conforme sigla em
e A3 inglês) utilizado para classificar o tipo de instituição, no
exemplo dado acima, é o
a) protocolo.
b) xxx.
c) zzz.
d) yyy.
e) br.

Resposta: “C”
Comentários:
a) protocolo. protocolo HTTP
b) xxx. o nome do domínio
c) zzz. o tipo de domínio
d) yyy. subdomínios
Click na imagem para melhor visualizar e) br. indicação do país ao qual pertence o domínio

98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

22. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) Comentário:


Analise a régua horizontal do Microsoft Word, na sua
configuração padrão, exibida na figura.

Assinale a alternativa que contém apenas os indica-


dores de tabulação.
(A) II, III, IV e V.
(B) III e VI.
(C) I, IV e V.
(D) III, IV e V.
(E) I, II e VI.
Resposta: D
Comentário:

Você pode usar a régua para definir tabulações manuais


no lado esquerdo, no meio e no lado direito do documento.
Obs.: Se a régua horizontal localizada no topo do do-
cumento não estiver sendo exibida, clique no botão Exibir
Régua no topo da barra de rolagem vertical.
É possível definir tabulações rapidamente clicando no
seletor de tabulação na extremidade esquerda da régua
até que ela exiba o tipo de tabulação que você deseja. Em
seguida, clique na régua no local desejado.
Uma tabulação Direita define a extremidade do texto
à direita. Conforme você digita, o texto é movido para a es-
querda.
Uma tabulação Decimal alinha números ao redor de Nesta questão, foram colocadas várias funções, destrin-
um ponto decimal. Independentemente do numero de dígi- chadas no exemplo acima (arredondamento, mínimo e so-
tos, o ponto decimal ficará na mesma posição. matório) em uma única questão. A função ARRED é para
Uma tabulação Barra não posiciona o texto. Ela insere arredondamento e pertence a mesma família de INT(parte
uma barra vertical na posição de tabulação. inteira) e TRUNCAR (parte do valor sem arredondamento).
A resposta está no item 2 que indica a quantidade de casas
23. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) decimais. Sendo duas casas decimais, não poderia ser letra
Uma planilha do Microsoft Excel, na sua configuração A, C ou D. A função SOMA efetua a soma das três células
padrão, possui os seguintes valores nas células: B1=4, (B1:B3->B1 até B3). A função MÍNIMO descobre o menor
B2=1 e B3=3. A fórmula =ARRED(MÍNIMO(SOMA entre os dois valores informados (2,66666 - dízima periódi-
(B1:B3)/3;2,7);2) inserida na célula B5 apresentará o se- ca - e 2,7). A função ARRED arredonda o número com duas
guinte resultado: casas decimais.
(A) 2 Considere a figura que mostra o Windows Explorer
(B) 1,66 do Microsoft Windows XP, em sua configuração origi-
(C) 2,667 nal, e responda às questões de números 24 e 25.
(D) 2,7
(E) 2,67
Resposta: E

99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

25. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) Ao


se clicar em , localizado abaixo do menu Favoritos,
será fechado
(A) o Meu computador.
(B) o Disco Local (C:).
(C) o painel Pastas.
(D) Meus documentos.
(E) o painel de arquivos.

Resposta: C

Comentário:

24. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) O


arquivo zaSetup_en se encontra
(A) no disquete.
(B) no DVD.
(C) em Meus documentos.
(D) no Desktop.
(E) na raiz do disco rígido.

Resposta: E

Comentário:
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das
pastas em seu computador e todos os arquivos e pastas loca-
lizados em cada pasta selecionada. Ele é especialmente útil
para copiar e mover arquivos.
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis:
O painel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquiza-
da que mostra todas as unidades de disco, a Lixeira, a área
de trabalho ou Desktop (também tratada como uma pasta);
O painel da direita exibe o conteúdo do item selecionado à Este botão, contido na barra de ferramentas, exibe/
esquerda e funciona de maneira idêntica às janelas do Meu oculta o painel PASTAS.
Computador (no Meu Computador, como padrão ele traz a
janela sem divisão, as é possível dividi-la também clicando
no ícone Pastas na Barra de Ferramentas)

100
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES e leveza ao tocar na tela de seu tablet, dispensando total-


mente o uso das inconvenientes canelas stykus. Possui saí-
01. (POLÍCIA FEDERAL - PAPILOSCOPIS- da mini HDMI, para curtir seus vídeos favoritos da internet
TA DA POLÍCIA FEDERAL – CESPE/2012) - Acer- ou de seu computador, na sua televisão ou projetor, com
ca de conceitos de hardware, julgue o item seguinte. entrada HDMI. Além de acompanhar um lindo case com
Diferentemente dos computadores pessoais ou PCs teclado para utilização de tablet comparada com a de um
tradicionais, que são operados por meio de teclado e notebook com grande performance.
mouse, os tablets, computadores pessoais portáteis, - Modelo: PHASER KINNO.
dispõem de recurso touch-screen. Outra diferença entre - Capacidade: 4GB. Expansível para 32GB via Micro SD.
esses dois tipos de computadores diz respeito ao fato - Memória: 512MB.
de o tablet possuir firmwares, em vez de processadores, - Tela:7 Polegadas capacitiva, sensível ao toque.
como o PC. - Câmera:frontal 2 megapixels.
( ) Certo - Conectividade: Wi-Fi - LAN 802.11b/g/n.
( ) Errado - Processador:Allwinner A10 de 1.0~1.2 Ghz.
- Sistema Operacional:Android 2.3.4.
Firmwares não são hardwares, e sim códigos de pro-
gramação existentes no próprio hardware, inclusos em
chips de memória (ROM, PROM, EPROM, EEPROM, flash)
durante sua fabricação. Sua natureza, na maioria das vezes,
é não volátil, ou seja, não perde seus dados durante a au-
sência de energia elétrica, mas quando presentes em tipos
de memória como PROM ou EPROM, podem ser atualiza-
dos.
Por esse motivo, os firmwares não substituem proces-
sadores inteiros.
A seguir, veja alguns modelos de tablets e observe a
presença do processador em sua configuração:

Tablet Multilaser Diamond NB005 8GB Android 2.3


Tela 7 Polegadas
Wi-Fi HDMI
Informações técnicas
Marca: Multilaser
Capacidade :8 Gb. Memória expansível até 32 GB por
cartão micro SD.
Processador: Boxchip 1.5 GHz.
Sistema Operacional: Android. 2.3.
TV e vídeo: Somente vídeo: Vídeos suportados - MKV
(H.264HP), AVI, RM/BMVB, FLV eMPEG-1/2.
Tamanho da tela: 7 “. LCD Multi toque.
Resolução: 800 x 480.
Tablet Softronic PHASER KINNO 4GB Android 2.3.4 Wi-Fi:Sim.
Tela 7 Polegadas Resolução: 1.3 megapixels e filmadora digital.
Características do Produto Localização
Tablet 4GB - Softronic Sensores: Sensor de gravidade: gira a tela conforme a
APRESENTAÇÃO DO PRODUTO: Com o novo Phaser- posição do tablet.
kinno Plus, você possui muito mais interatividade e rapidez
na palma de suas mãos, graças ao seu poderoso processa- Áudio Formatos suportados:
dor A10 de 1.2 Ghz, ele consegue ser totalmente multi-ta- MP3, WMA, WAV, APE, AC3, FLAC e AAC.
refas para você que se desdobra em dez durante o seu dia Duração aproximada da bateria:
a dia, podendo ler um livro, escutar suas músicas e conti- - 06 horas reproduzindo vídeo ou wi-fi ligado;
nuar acompanhando sua vida em redes sociais e sincroni- - 48 horas em standby.
zando e-mails. Tudo isso sem se preocupar com a lentidão Alimentação do Tablet:
do sistema. Para você que precisa estar conectado a todo Bateria recarregável.
o momento, o PhaserKinno Plus ainda oferece suporte a
modem externo. Ele conta com uma tela touchscreen capa- RESPOSTA: “ERRADO”.
citiva de 7 polegadas que permite uma maior sensibilidade

101
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

02. (UFFS - TÉCNICO DE LABORATÓRIO ÁREA por esses conectores é a Plugand Play, onde basta conectar
INFORMÁTICA – FEPESE/2012)- São componentes de o dispositivo para que o sistema o reconheça precisando
hardware de um micro-computador: de poucos ou quase nenhum caminho de configuração
a. ( ) Disco rígido, patch-panel, BIOS, firmware, para poder utilizá-lo.
mouse. O tipo de memória que o pendrive utiliza - memó-
b. ( ) RJ-11, processador, memória RAM, placa de ria flash - é do tipo EEPROM (Electrically-ErasablePro-
rede, pen-drive. grammableRead-OnlyMemory), uma memória não vo-
c. ( ) Memória ROM, placa de vídeo, BIOS, proces- látil, ou seja, não depende da permanência de energia
sador, placa mãe. elétrica para manter os dados,de leitura e gravação. Os
d. ( ) Memória RAM, Memória ROM, Disco rígido, chips de memória flash ocupam pouco espaço físico, mas
processador, placa e rede. grande poder de armazenamento.
e. ( ) Memória RAM, BIOS, Disco rígido, processa- Veja imagens de pendrives:
dor, placa de rede.

Já vimos a respeito de Memória RAM, Memória ROM,


Disco Rígido e Processador.
Placa de rede é um hardware especificamente proje-
tado para possibilitar a comunicação entre computadores.

Tipos de pendrive

Placa de rede RESPOSTA: “D”.

RESPOSTA: “D”. 04. (ANE - ANALISTA EDUCACIONAL – NÍVEL I –


GRAU A – INSPETOR ESCOLAR – FCC/2012) - Marco Au-
03. (TRE - ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2012) - rélio estava digitando um documento na sala dos pro-
Em relação a hardware e software, é correto afirmar: fessores da escola ABCD quando uma queda de energia
a) Para que um software aplicativo esteja pronto fez com que o computador que usava desligasse.
para execução no computador, ele deve estar carregado Após o retorno da energia elétrica, Marco Aurélio
na memória flash. ligou o computador e percebeu que havia perdido o
b) O fator determinante de diferenciação entre um documento digitado, pois não o havia gravado. Como
processador sem memória cache e outro com esse re- tinha conhecimentos gerais sobre informática, concluiu
curso reside na velocidade de acesso à memória RAM. que perdera o documento porque, enquanto estava di-
c) Processar e controlar as instruções executadas no gitando, ele estava armazenado em um dispositivo de
computador é tarefa típica da unidade de aritmética e hardware que perde seu conteúdo quando o computa-
lógica. dor desliga. O nome desse dispositivo é
d) O pendrive é um dispositivo de armazenamento a) memória RAM.
removível, dotado de memória flash e conector USB, b) HD.
que pode ser conectado em vários equipamentos ele- c) memória ROM.
trônicos. d) pen drive.
e) Dispositivos de alta velocidade, tais como discos
rígidos e placas de vídeo, conectam-se diretamente ao RAM – Randon AcessMemory, ou Memória de Acesso
processador. Randômico, é um hardware considerado como memória
O pendrive, por ser um dispositivo portátil, de grande primária, volátil. Ela mantém os dados armazenados en-
poder de armazenamento e conector USB (Universal Serial quanto estes estão à disposição das solicitações do proces-
Bus) que permite sua rápida aceitação em vários disposi- sador, mantendo-os através de pulsos elétricos. As infor-
tivos de hardware, popularizou-se rapidamente. Hoje, en- mações mantidas nesse tipo de memória são informações
contramos pendrives de vários GBs, como 2, 4, 8, 16 e até que estão em uso em um programa em execução, como no
512GB. caso de textos que estão sendo digitados e não foram sal-
A tecnologia USB está sendo largamente utilizada para vos no disco rígido ainda. Como as informações são man-
padronizar entradas e conectores, possibilitando um mes- tidas por pulsos elétricos, caso haja falta de energia, seja
mo tipo de conector para diversos tipos de equipamentos pelo desligamento do computador, seja por uma queda
como mouses, teclados, impressoras e outros. Por esse mo- brusca que cause o desligamento inesperado do equipa-
tivo, os equipamentos atuais possuem uma grande quan- mento, os dados presentes nesse tipo de memória serão
tidade de conectores USB. Além disso, a tecnologia usada perdidos.

102
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Veja a seguir imagens ilustrativas da memória RAM. (D)O estabilizador é um equipamento eletrônico exter-
no ao gabinete do computador, onde os demais cabos de
energia da máquina são ligados. Geralmente, o estabiliza-
dor é ligado diretamente na rede elétrica e tem a função de
estabilizar a tensão desta para evitar danos ao equipamen-
to devido às variações e picos de tensão.
(E)BIT é a sigla para BinaryDigit, ou Dígito Binário, que
pode ser representado apenas pelo 0 ou pelo 1 (verdadeiro
ou falso) que representam a menor unidade de informação
transmitida na computação ou informática.

RESPOSTA: “C”.

06. (TCE/SP - AGENTE DE FISCALIZAÇÃO FINAN-


CEIRA – FCC/2012) - O processador do computador (ou
CPU) é uma das partes principais do hardware do com-
Tipos de memória RAM putador e é responsável pelos cálculos, execução de ta-
refas e processamento de dados. Sobre processadores,
RESPOSTA: “A”. considere:
I. Contém um conjunto restrito de células de me-
05. (TCE/SP - AGENTE DE FISCALIZAÇÃO FINAN- mória chamados registradores que podem ser lidos e
CEIRA – FCC/2012) - Sobre os computadores é correto escritos muito mais rapidamente que em outros dispo-
afirmar: sitivos de memória.
a) O BIOS é um software armazenado em um chip II. Em relação a sua arquitetura, se destacam os mo-
de memória RAM fixado na placa mãe. Tem a função de delos RISC (ReducedInstruction Set Computer) e CISC
armazenar o Sistema Operacional. (ComplexInstruction Set Computer).
b) A fonte de alimentação transforma a tensão elé- III. Possuem um clock interno de sincronização que
trica que entra no computador, de 240 V para 110 V, define a velocidade com que o processamento ocorre.
pois os componentes internos suportam apenas a ten- Essa velocidade é medida em Hertz.
são de 110 V. Está correto o que se afirma em
b) Barramentos são circuitos integrados que fazem
a transmissão física de dados de um dispositivo a outro. a) III, apenas.
d) Quando o sistema de fornecimento de energia b) I e II, apenas.
falha, um estabilizador comum tem como principal ob- c) II e III, apenas.
jetivo manter o abastecimento por meio de sua bateria d) II, apenas.
até que a energia volte ou o computador seja desligado. e) I, II e III.
e) Um bit representa um sinal elétrico de exatos 5
V que é interpretado pelos componentes de hardware O processador é um chip que executa instruções inter-
do computador. nas do computador (em geral, operações matemáticas e
lógicas, leitura e gravação de informações). Todas as ações
(A)BIOS é a sigla do termo Basic Input/Output System, estão presentes na memória do computador e requisitadas
ou Sistema Básico de Entrada/Saída. É um software grava- pelo sistema. A velocidade do processador é medida em
do na memória não volátil ou memória ROM, que é a sigla ciclos denominados clocks e sua unidade é expressa atra-
para ReadOnlyMemory, ou Memória de Somente Leitura, vés de Hz.
que não altera ou perde os dados com o desligamento ou Os registradores são unidades de memória que repre-
ausência de energia do computador. Esse software não ar- sentam o meio mais caro e rápido de armazenamento de
mazena o Sistema Operacional. É o primeiro software que dados. Por isso são usados em pequenas quantidades nos
é executado quando ligamos o computador. processadores.
(B)A fonte de alimentação do computador é um equi- Quanto às arquiteturas RISC e CISC, podemos nos valer
pamento eletrônico, fixada ao gabinete e ligada aos conec- das palavras de Nicholas Carter, em seu livro Arquitetura
tores da placa mãe e alguns drives. Fornece energia aos de Computadores, editora Bookman:
demais componentes da máquina. Ela transforma a cor- ... RISC são arquiteturas de carga-armazenamento, en-
rente elétrica alternada (que tem o sentido variável com quanto que a maior parte das arquiteturas CISC permite que
o tempo) em uma corrente constante ao longo do tempo. outras operações também façam referência à memória.
(C)Os barramentos são como vias de tráfego presentes Podemos citar também o autor Rogério Amigo De Oli-
na placa mãe, por onde sinais elétricos (representando da- veira, que em seu livro Informática – Teoria e Questões de
dos) podem percorrer toda sua extensão se comunicando Concursos com Gabarito, editora Campus, fala a respeito do
com todos os dispositivos. clock, da seguinte maneira:

103
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Em um computador, a velocidade do clock se refere ao Dizemos que um computador está travado quando sua
número de pulsos por segundo gerados por um oscilador tela fica estática, impossibilitando abertura, fechamento ou
(dispositivo eletrônico que gera sinais), que determina o execução de qualquer tarefa no computador. Um trava-
tempo necessário para o processador executar uma instru- mento aleatório é aquele que não ocorre sempre em um
ção. Assim para avaliar a performance de um processador, mesmo programa ou em determinado momento do traba-
medimos a quantidade de pulsos gerados em 1 segundo e, lho do computador.
para tanto, utilizamos uma unidade de medida de frequên- I – O processador é a peça do computador responsável
cia, o Hertz. pela execução lógica e aritmética das tarefas e operações
de busca, leitura e gravação de dados do computador. A
RESPOSTA: “E”. entrada e saída contínua de informações transformadas
em linguagem de máquina e os registradores presentes no
07. (TCE/SP - AGENTE DE FISCALIZAÇÃO FINAN-
processador são todos mantidos por pulsos elétricos e o
CEIRA – FCC/2012) - O armazenamento de informações
em computadores é feito pela utilização de dispositivos aquecimento é resultado da aceleração dos processadores.
chamados de memória, que as mantêm de forma volátil Processadores mais velozes tendem a ser mais aquecidos.
ou permanente. Entre esses dispositivos, está a memó- Por esse motivo os processadores são utilizados sob pastas
ria RAM ou memória térmicas e coolers, que são apropriados para cada tipo de
a) magnética. processador. O aquecimento do processador pode causar
b) secundária. travamentos e inclusive o desligamento inesperado da má-
c) cache. quina.
d) principal. II- A memória RAM é o hardware responsável pelo
e) de armazenamento em massa. armazenamento temporário das informações que serão
usadas pelo computador. Essas informações também são
A memória RAM, sigla de Random Access Memory, ou mantidas por pulsos elétricos, o que faz com que se per-
memória de acesso randômico, é um dispositivo eletrôni- cam caso haja a interrupção no fornecimento de energia.
co de armazenamento temporário de dados que permite a Vários erros no sistema são causados por defeitos na me-
leitura e escrita, ou seja, as informações ocupam lugar nes- mória RAM como a “tela azul”, a reinicialização inesperada
sa memória enquanto aguardam serem usadas pelo pro- do sistema e travamentos aleatórios. Um dos motivos des-
cessador. Os dados da memória RAM são representados ses travamentos ocorre quando o computador tenta gravar
por pulsos elétricos e são descartados assim que o forne-
momentaneamente uma informação na RAM e não recebe
cimento de energia elétrica é interrompido, seja pelo des-
ligamento do computador, ou por uma queda de energia. permissão para essa tarefa devido a um defeito no local de
Por esse motivo, essas memórias também são chamadas locação da memória, ou quando a informação não conse-
de memórias voláteis. Devido a sua importância para o fun- gue ser lida pelo processador.
cionamento do computador, a memória RAM é considera- III – Todo o funcionamento do computador é impulsio-
da um tipo de memória principal. Existem ainda outros ti- nado pela eletricidade. Picos ou ausências dela causam de-
pos de memórias que são consideradas desse grupo, como feitos em hardware, problemas no funcionamento correto
a memória ROM, sigla de ReadOnlyMemory, ou memória dos procedimentos computacionais e podem ocasionar os
de somente leitura, onde os dados são geralmente grava- travamentos aleatórios.
dos na fábrica e não são perdidos em caso de ausência de
energia. Por esse motivo, a memória ROM é considerada RESPOSTA: “C”.
memória não volátil. 09. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO EM
MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) -
RESPOSTA: “D”. São vários os fatores que causam a não detecção do HD
pelo Setup. Assim sendo, todas as alternativas abaixo
08. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO EM são responsáveis por esse defeito, EXCETO:
MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012)- a) HD com defeito físico
Com relação aos fatores que podem levar ao travamen- b) Defeito na placamãe
to aleatório em um computador:
c) Defeito no cabo de alimentação do HD
I. Aquecimento excessivo do processador;
II. Defeito na memória RAM; d) Defeito no cabo de dados do HD
III. Inconstância na rede elétrica; e) HD sem formatação
IV. Bateria da placamãe descarregada.
HD é a sigla para Hard Disk e representa o hardwa-
Dentre os fatores listados anteriormente, estão cor- re responsável pelo armazenamento das informações de
retos dados salvos pelo usuário, de programas instalados e até
a) apenas I, III e IV. informações presentes em memória virtual para posterior
b) apenas II, III e IV. uso em processamentos de informação.
c) apenas I, II e III. O HD é ligado por um cabo flat ao conector IDE da
d) apenas I e II. placa mãe. Além dessa conexão, há também a conexão do
e) apenas III e IV. cabo da fonte de alimentação de energia.

104
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Se conectarmos um HD não formatado e ligarmos o CD é a sigla para CompactDisc, que pode ser um CD
computador, a mensagem de detecção ocorrerá normal- -RCompactDiscRecordable) e CD-RW (CompactDiscRecor-
mente, mas aparecerá outra mensagem que indica que não dableRewritable),respectivamente gravado uma única vez e
há sistema operacional instalado. depois apenas lido e gravado e regravado.
A informação de quantos minutos a reprodução terá
RESPOSTA: “E”. em um CD de 650 MB pode ser conseguida através dos
seguintes dados:
10. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO EM
MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012)- X = 150 KB por segundo
Quando o computador começa a exibir a mensagem de 1Byte= 8 bits
erro “CMOS CHECKSUM FAILURE” após ser ligado, sig- 1kiloByte ( kb ) = 1 024 Bytes
nifica que o usuário deve realizar 1megaByte(Mb) = 1 024 kb = 1 048 576 Bytes
a) a substituição da RAM. 1 gigaByte (Gb) = 1 024 Mb = 1 073 741 824 Bytes
b) a troca da bateria da placamãe. 1 teraByte (Tb) = 1 024 Gb = 1 099 511 627 776 Bytes
c) a formatação do HD. 1 petaByte (Pb) = 1 024 Tb = 1 125 899 906 842 624
d) a inicialização do computador. Bytes
e) a operação de Boot pelo CD. 650 MB = 665600 kb
665600/150=4437,33 (dados gravados por segundo).
CMOS é a sigla para Complementary Metal Oxide Se-
miconductor, uma tecnologia usada em semicondutores Um minuto tem 60 segundos, então,4437,33/60=
que requerem pouquíssima energia. O termo se popula- 73,9555 que, aproximando e devido à dízima periódica,
rizou com o significado de uma pequena área de arma- será equivalente a 74 minutos.
zenamento em que o sistema controla determinados pa-
râmetros de hardware como, por exemplo, o tamanho do RESPOSTA: “D”.
disco rígido, o número de portas seriais que o computador
possui e assim por diante. 12. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO EM
Checksum é um controlador de erro que funciona rea- MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012)-
lizando soma e conferência de bits. Todas as alternativas abaixo representam as partes de
Failure significa falha. um disco rígido, EXCETO:
Então, com a mensagem CMOS CHECKSUM FAILURE, a) placa controladora lógica;
nós temos a informação de que houve uma falha na checa- b) conectores internos padrão IDE;
gem dos dados que o CMOS é responsável por armazenar. c) cabeças de leitura e gravação;
Esses dados são preservados pela bateria da placa mãe e d) platter;
por esse motivo sua troca pode resolver o problema. e) componentes internos de controle do atuador.

As imagens a seguir, retiradas do site www.infowester.


com, permitem a comprovação das opções corretas.

Bateria de placa mãe

RESPOSTA: “B”.

11. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO EM HD indicando a placa lógica e o motor


MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) -
Assinale a alternativa correta, que especifica o tempo
de reprodução de um CD, cuja capacidade de armaze-
namento é de 650 MB:
a) 70 min
b) 76 min
c) 80 min
d) 74 min
e) 84 min

105
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

5. Link Power Management: interfere na gestão


da energia elétrica, fazendo com que o HD receba energia
conforme um dos seus estados: ativo, parcialmente ativo ou
inativo.
6. NativeCommandQueuing:é uma tecnologia que
permite ao HD organizar as solicitações de gravação ou lei-
tura de dados numa ordem que faz com que as cabeças se
movimentem o mínimo possível, aumentando (pelo menos
teoricamente) o desempenho do dispositivo e sua vida útil.

EnhancedIDE é a sigla para EnhancedIntegrated Drive


Electronics, que se trata de uma outra tecnologia para dis-
cos rígidos, que não faz parte das tecnologias SATA.

RESPOSTA: “B”.
HD indicando os discos, motor, atuador, cabeça de
leitura e gravação e braço 14. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO EM
MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) -
IDE é a sigla para Intergrated Drive Electronics e trata- Qual das alternativas abaixo especifica a menor quan-
se dos conectores presentes na placa mãe para o encaixe tidade de informação que um sistema operacional con-
do cabo flat que terá uma de suas extremidades ligadas ao segue gerenciar em um disco rígido?
HD ou a um drive de gravação de CD/DVD. a) cilindro.
b) cluster.
c) trilha.
d) segmento.
e) setor.
Um cluster é a menor parte do disco rígido reconheci-
da pelo sistema operacional, e pode ser formada por vários
setores. Um cluster não armazena mais de um arquivo, mas
se o tamanho do arquivo exceder o tamanho do cluster, ele
será gravado em mais de um cluster.
Conectores IDE em uma placa mãe

RESPOSTA: “B”.

13. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO EM


MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) -
Qual das alternativas abaixo NÃO representa uma tec-
nologia relacionada ao padrão SATA?
a) Staggered Spin-UP.
b) Enhanced IDE.
c) Hot Plug.
d) Link Power Management.
e) Native Command Queuing.
Esquema para demonstração de cluster
1. SATA é a sigla para Serial Advanced Technology
Attachment.É o nome dado para uma tecnologia empre- RESPOSTA: “B”.
gada em HDs, unidades óticas e outros dispositivos de ar-
mazenamento. Com essa tecnologia, a transmissão dos bits 15. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO EM
é em série. MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) -
2. As tecnologias relacionadas ao SATA são: Em um computador o termo barramento refere-se aos
3. Staggered Spin-Up: entre outras funções, permite contatos físicos que conduzem sinais entre o processa-
o trabalho com um dos discos do HD, independente de in- dor e qualquer dispositivo periférico. Assim sendo, assi-
terferência com outros, e melhora a distribuição de energia nale a alternativa que contém o padrão de barramento
entre os discos. de dados que permite a conexão de vários periféricos
4. Hot Plug: recurso usado principalmente para HDs externos ao computador, por meio de uma única inter-
externos ou removíveis, que permite a conexão desse hard- face e um único protocolo, eliminando a necessidade
ware com o computador ligado. de instalação de placas externas:

106
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

a) DDR utiliza o laser azul para leitura e gravação, o que permite ar-
b) PCI mazenar mais dados que um DVD ou um CD. Os discos para
c) DIMM esse formato são de BD, existindo os modelos BD-ROM, disco
d) USB de somente leitura, o BR-R, disco gravável e o BD-RW disco
e) AGP regravável. Os discos BDs suportam camadas únicas 23,3 /
25 /27 GB ou em camada dupla 46,6 / 50 / 54 GB.
Conector USB, ou Universal Serial BUS, é um barramen-
to com uma entrada (porta-conector) única para diversos
tipos de periféricos como teclados, mouses, impressoras e
outros. Além de simplificar a vida do usuário na hora de co-
nectar os periféricos, esse padrão utiliza a tecnologia plug
and play, que oferece suporte rápido para a configuração
do software necessário para o funcionamento do hardware
conectado, com poucos ou nenhum clique do usuário.

Blu-ray camada simples, capacidade 25 GB.

RESPOSTA: “E”.
17. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO MA-
NUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012)-Em
Detalhes do conector USB relação aos componentes de um processador, analise as
sentenças abaixo:
I. A Unidade de Controle é responsável por executar
instruções lógicas;
II. Registrador de Instrução registra a execução de
uma instrução;
III. A Unidade de Gerenciamento de Memória é um
dispositivo de hardware que transforma endereços físi-
cos em virtuais.
Dentre os componentes listados anteriormente, en-
tão corretos
a) apenas a sentença I
b) apenas a sentença III
Detalhes do barramento da placa de circuitos. c) apenas a sentença II
d) apenas as sentenças I e II
RESPOSTA: “D”. e) apenas as sentenças II e III

16. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO MA- Veja o esquema a seguir que representa um proces-
NUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) - A sador:
capacidade de armazenamento de um disco Blu-ray,ge-
ralmente, pode ser classificada em camada simples ou
camada dupla. Assim sendo, qual das alternativas abai-
xo define, corretamente, a capacidade em Gigabytes de
um disco Blu-ray de camada simples:
a) 15GB
b) 30GB
c) 40GB
d) 50GB
e) 25GB
Esquema das unidades do processador
Blu-ray: vem se consagrando como o formato de disco
óptico da nova geração para uso de vídeo de alta definição Esse esquema demonstra a troca de informações entre a
e grande volume de armazenamento de dados. O blu-ray Unidade de controle e a Unidade lógica e aritmética.

107
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As principais funções da Unidade de controle são: Memória RAM, que é uma das memórias principais do
- Controle de entrada de dados computador, conhecida pela sua capacidade de armazena-
- Interpretação de cada instrução de um programa mento temporário das informações que serão usadas pelo
- Coordenação do armazenamento de informações processador; mantém seu conteúdo por pulsos elétricos e
- Análise das instruções dos programas por isso os perde quando há a interrupção de energia. Pelo
- Controle de saída dos dados mesmo motivo é conhecida como memória volátil.
Quando um programa solicita uma operação matemáti-
ca ao computador, a unidade de controle entrega para a uni- RESPOSTA: “D”.
dade de lógica e aritmética os dados envolvidos e a operação
a ser utilizada. A unidade de aritmética e lógica executa o 20. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO MA-
NUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) - O
cálculo, e imediatamente devolve os dados para a unidade
barramento HyperTransport 3.0 é utilizado por proces-
de controle.
sadores com soquete
a) de 775 pinos.
RESPOSTA: “C”. b) Socket A.
c) AM3.
d) de 482 pinos.
18. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO e) Socket 7.
MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) -
Marque a alternativa correta, que define o tipo de me- Soquete é o encaixe do processador na placa mãe.
mória, nos computadores atuais, cuja função é atender
as demandas de velocidade do processador.
a) cache.
b) EEPROM.
c) RAM.
d) principal.
e) ROM.

Esta memória é um atalho para o processador porque


diminui o tempo de espera ocasionado pela busca de infor-
mações em memórias mais lentas. Nela são guardadas as
Soquete AM3
últimas tarefas feitas no micro. Essa memória tem como ca-
racterística principal ser de altíssima velocidade. Apesar de Ele determina quantos pinos o processador deverá ter
mais comum a utilização de 2 níveis de cache, os processa- para ser usado em determinada placa mãee corresponde
dores atuais podem trabalhar vários níveis de cache, como ao número de vias de barramento que poderão ser aces-
por exemplo: sados.
Cache (L1) – onde os dados são inicialmente procurados. Esse tipo de soquete suporta o HyperTransport 3.0 que
Fica localizada no próprio processador. determina o barramento de troca de dados, que suporta
Cache (L2) – normalmente encapsulada com o processa- frequências de funcionamento como 1,8 GHz, 2,0 GHz, 2,4
dor e operando na mesma frequência dele. GHz e 2,6 GHz.
Cache (L3) – quando utilizada fica na CPU e serve como
intermediária entre o cache L2 e a memória principal. RESPOSTA: “C”.

RESPOSTA: “A”. 21. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO MA-


NUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) - A
taxa de transferência de uma unidade de CD-ROM de
19. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO quádrupla velocidade (4x) é de
a) 600 Kbps.
MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012)
b) 150 Kbps.
- Qual das alternativas abaixo representa um compo-
c) 300 Kbps.
nente básico do computador que a todo instante tem
d) 900 Kbps.
seu conteúdo alterado e descartado quando não está e) 1200 Kbps.
mais energizado?
a) Memória USB Flash Drive. A resposta dessa questão baseia-se na seguinte fun-
b) Memória ROM. ção:
c) HD. X = 150 KB por segundo
d) Memória RAM. 4*150kb = 600 KB
e) Processador.
RESPOSTA: “A”.

108
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

22. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO A resolução para essa questão é matemática.


MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) - Se temos uma resolução de
Para utilizar os recursos de som e vídeo em microcom- 800x600x24 bits, temos 11520000 bits
putadores é preciso de 1 byte = 8 bits, então:
a) um kit multimídia. 11520000 bits = (11520000/8) bytes = 1 440 000 bytes
b) um compact disk.
c) uma placa de fax/modem. RESPOSTA: “E”.
d) uma placa de rede.
e) uma placa de SCSI. 25. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO MA-
NUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) - So-
bre barramentos, analise:
Um kit multimídia envolve equipamentos como caixa
I. SCSI e IDE são barramentos utilizados na comuni-
de som, placa de som, microfone, gravador/leitor de DVD cação entre a CPU e os adaptadores de vídeo;
ou CD, dando o suporte de hardware necessário para o uso II. FIREWIRE é um barramento que pode trabalhar
de recursos de som e vídeo em um microcomputador. com até 63 dispositivos ao mesmo tempo;
III. USB é um tipo de barramento que estendeu o
RESPOSTA: “A”. conceito de Plugand Play para os periféricos externos
23. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO ao computador;
MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) - IV. ISA e VESA são barramentos internos destina-
Uma impressora jato de tinta utiliza em seu processo de dos, exclusivamente, para estabelecer a comunicação
impressão o sistema cores entre os diversos tipos de memória e a CPU.
a) HSB. É correto afirmar que
b) RGB. a) apenas a II é verdadeira.
c) YIQ. b) apenas a III é verdadeira.
c) apenas a IV é verdadeira.
d) CMYK.
d) apenas a III e a IV são verdadeiras.
e) DPI. e) apenas a II e a III são verdadeiras.
CMYK é a sigla para as cores ciano (Cyan), magenta II - Firewire é um barramento externo, semelhante ao
(Magenta), amarelo (Yellow) e preto (blacK). Este esquema USB, mas mais veloz na transferência de dados, também
combina essas cores criando praticamente qualquer outra conhecido como IEEE 1394.
cor perceptível aos olhos humanos. Cada porta USB permite a conexão de até 127 perifé-
ricos e a porta Firewire permite a conexão de até 63 peri-
féricos.
III - Conector USB, ou Universal Serial BUS, é um bar-
ramento com uma entrada (porta-conector) única para
diversos tipos de periféricos como teclados, mouses,
impressoras e outros.

RESPOSTA: “E”.

26. (TRE/SP - TÉCNICO JUDICIÁRIO ÁREA ADMI-


NISTRATIVA – FCC/2012) - Durante a operação de um
computador, caso ocorra interrupção do fornecimento
Imagem de uma impressora jato de tinta como esque- de energia elétrica e o computador seja desligado, os
ma de cores CMYK. dados em utilização que serão perdidos estão armaze-
nados
RESPOSTA: “D”. a) no disco rígido e memória RAM.
b) em dispositivos removidos com segurança.
24. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO MA- c) no disco rígido.
NUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) - As- d) na memória RAM.
sinale a alternativa correta, que determina a quantidade e) no disco rígido decorrentes de atividades dos-
programas que estavam em execução.
mínima de memória necessária em uma placa de vídeo
capaz de suportar a resolução de 800 x 600 em 24 bits.
Os dados de programas em execução são armazena-
a) 960 000 bytes. dos temporariamente na memória RAM para aguardar às
b) 1 920 000 bytes. solicitações do processador. A memória RAM é mantida
c) 2 400 000 bytes. por pulsos elétricos e falta de energia elétrica, seja qual for
d) 3 220 000 bytes. o motivo, faz com que ela perca os dados que nela estive-
e) 1 440 000 bytes rem alocados.
RESPOSTA: “D”.

109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

27. (TRE/SP - TÉCNICO JUDICIÁRIO ÁREA ADMI- 29. (BRDE – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
NISTRATIVA – FCC/2012) - Para que o computador de AOCP/2012) - Qual é o tipo de memória RAM que é
uma residência possa se conectar à Internet, utilizando uma memória estática, que tem baixo consumo de
a rede telefônica fixa, é indispensável o uso de um har- energia e é extremamente rápida?
dware chamado  
a) hub. a) SSDRAM
b) modem. b) SRAM
c) acess point. c) SDRAM
d) adaptador 3G. d) DRAM
e) switch. e) EPRAM
O modem é uma peça de computador capaz de co-
nectar uma linha telefônica ao computador, modular e de- SRAM é a sigla para StaticRandom - Acess Memory, ou
modular dados para que esses sejam interpretados pelo seja, memória estática de acesso randômico. É o tipo de
computador e pela estrutura física da rede. Esse tipo de memória usada como cache L1 e L2, que tem uma perfor-
conexão é chamado conexão discada ou dial up. mance que permite a troca de informações entre elas e o
processador de forma que este perca menos desempenho.
RESPOSTA: “B”. É considerada uma memória estática, pois os dados ficam
armazenados nela, desde que sua alimentação de energia
28. (TRE/SP - TÉCNICO JUDICIÁRIO ÁREA ADMI- externa seja mantida, sem a necessidade de refresh (atuali-
NISTRATIVA – FCC/2012) - O sistema operacional de um zação contínua) como é o caso de outros tipos de memó-
computador consiste em um ria, pelo fato de usar vários transistores por bit.
a) conjunto de procedimentos programados, arma-
zenados na CMOS, que é ativado tão logo o computa- RESPOSTA: “B”.
dor seja ligado.
b) conjunto de procedimentos programados, arma- 30. (PC/AL - DELEGADO DE POLÍCIA - CESPE –
zenados na BIOS, que é ativado tão logo o computador 2012) - A respeito de conceitos básicos relacionados à
seja ligado. informática e dosmodos de utilização das tecnologias
c) conjunto de dispositivos de hardware para pro- de informação, julgue os itensque se seguem.A memó-
ver gerenciamento e controle de uso dos componentes ria RAM (Random Access Memory) permite apenas a
de hardware, software e firmware. leitura de dados, pois é gravada pelos fabricantes, não
d) hardware de gerenciamento que serve de inter- podendo ser alterada.
face entre os recursos disponíveis para uso do compu-
tador e o usuário, sem que este tenha que se preocupar ( ) Certo
com aspectos técnicos do software. ( ) Errado
e) software de gerenciamento, que serve de inter-
face entre os recursos disponíveis para uso do compu- A memória RAM armazena dados que serão usados
tador e o usuário, sem que este tenha que se preocupar pelo processador, por exemplo, durante a execução de um
com aspectos técnicos do hardware. programa. Esses dados ficam alocados na memória RAM
enquanto estiverem recebendo pulsos elétricos. Quando
O sistema operacional é uma espécie de gerente execu- há a interrupção do fornecimento de energia, os dados ar-
tivo, ou seja, aquela parte de um sistema de computador que mazenados temporariamente nela são perdidos. Dizemos
administra todos os componentes de hardware e de softwa- que a RAM é uma memória de leitura e gravação, pois os
re. Em termos mais específicos, o sistema operacional con- dados são armazenados nela (gravação) e usados pelo pro-
trola cada arquivo, dispositivo, seção de memória principal e cessador (leitura). A descrição do enunciado seria apropria-
nanossegundo de tempo de processamento. Controla quem da para a memória ROM, sigla que se refere à memória de
pode utilizar o sistema e de que maneira. somente leitura.
Portanto, quando o usuário envia um comando, o siste-
ma operacional deve garantir que esse comando seja execu- RESPOSTA: “ERRADO”.
tado ou, caso isso não seja possível, providenciar uma men-
sagem que explique ao usuário o que aconteceu. Isso não
significa necessariamente que o sistema operacional executa
o comando ou envia a mensagem de erro – mas que ele con-
trola as partes do sistema que o fazem.
(FORTE: INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS OPERACIO-
NAIS - POR IDA M FLYNN)

RESPOSTA: “E”.

110
NOME DA MATÉRIA

1. Compreensão geral do sentido e do propósito do texto.................................................................................................................... 01


2. Compreensão de ideias específicas expressas em parágrafos e frases e a relação entre parágrafos e frases do
texto.....................................................................................................................................................................................................................01
3. Localização e identificação de informações específicas em um ou mais trechos do texto.................................................... 01
4. Identificação de marcadores textuais como conjunções, advérbios, preposições etc. e compreensão de sua função
essencial no texto..................................................................................................................................................................................................... 02
5. Compreensão do significado de itens lexicais fundamentais para a correta interpretação do texto seja por meio de
substituição (sinonímia) ou de explicação da carga semântica do termo ou expressão............................................................. 08
6. Localização de referência textual específica de elementos, tais como pronomes, advérbios, entre outros, sempre em
função de sua relevância para a compreensão das ideias expressas no texto................................................................................ 12
7. Compreensão da função de elementos linguísticos específicos na produção de sentido no contexto em que são
utilizados...................................................................................................................................................................................................................... 16
NOME DA MATÉRIA

1. COMPREENSÃO GERAL DO SENTIDO E DO


PROPÓSITO DO TEXTO.
2. COMPREENSÃO DE IDEIAS ESPECÍFICAS
EXPRESSAS EM PARÁGRAFOS E FRASES E A
RELAÇÃO ENTRE PARÁGRAFOS E FRASES DO
TEXTO.
3. LOCALIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE
INFORMAÇÕES ESPECÍFICAS EM UM OU MAIS
TRECHOS DO TEXTO.

É importante que você tome cuidado com os “falsos amigos” na prova de espanhol, ou seja, palavras que são pare-
cidas em ambas as línguas mas possuem significados diferentes. Por isso, é importante revisar a gramática espanhola e
estar familiarizado com os significados das palavras que parecem iguais ao português.
Quando o texto é em uma língua diferente da nossa língua materna é preciso ter mais cautela ao lê-lo e interpretá-lo,
principalmente se o texto for em Espanhol, onde os falsos amigos às vezes nos pregam peças…
Não existe uma regra especifica para se interpretar textos. Cada pessoa tem o seu método: uns preferem ler o texto
todo e depois responder às questões. Outros preferem ir direto para as questões e depois voltar ao texto para encontrar
a resposta.
O importante é entender a ideia central do texto e escolher a melhor alternativa para as questões.

Atenção com as “Pegadinhas”


No espanhol,  vocábulos, principalmente conectivos, muito comuns nos textos, são essenciais ao entendimento do
aluno, por exemplo, exemplos a palavra “mientras”, que significa “enquanto”, ou a expressão “sin embargo”, que significa
“entretanto”. Não conhecer expressões como essas pode ser crucial.

Segue algumas dicas para ajudá-los na hora da prova:


- Ler o texto e as questões com calma.
- Voltar ao texto, quando vezes for preciso, para escolher qual é a melhor alternativa. Marquem o parágrafo onde vocês
acham que está a resposta com uma chave ou um colchete.
- Ler com atenção o enunciado da questão; ver o que a questão pede. As bancas às vezes colocam pegadinhas nas per-
guntas. Atentar para as palavras: subrayada (sublinhada) / hueco (espaço) / con excepción de (com exceção de)/ en negrita
( em negrito) / señalado ( assinalado) / palabra destacada del texto / correcta / incorrecta.
- Atenção com os falsos amigos. Isso é importantíssimo!!! Não se deixem levar pelas aparências das palavras. Nem
tudo o que parece em espanhol é igual em português e vice-versa.
- Na dúvida entre duas alternativas, escolham a que parecer mais completa, mais condizente com o texto.
- Ao ler o texto, se fixem também nos advérbios, conjunções, preposições e as famosas expressões idiomáticas - isso
faz toda a diferença no contexto textual.

Mais algumas dicas:


Que tipo de questões os concursos podem cobrar nas provas com relação à interpretação de textos?
- Para não alterar o sentido do texto, você pode substituir essas palavras ___________ por...
- A expressão ... significa que...
- O texto permite concluir que...
- Segundo o texto / De acordo com o texto...
- (palavra extraída do texto) pode ser substituída por...
- Com base na leitura do texto, é CORRETO / INCORRETO afirmar que...
- En el texto, la palabra _____ se refiere a ?
- Dado el contexto del texto, se puede deducir que?
- La palabra ______ se puede traducir al portugués por ?.
- La causa del problema planteado, según el articulista, reside en?
- Indique lo que NO está de acuerdo con lo que dice el texto
- En el ___ párrafo el término ....  podría sustituirse por?
- El objetivo del texto es?
- La palabra _____ es sinónimo de?

1
NOME DA MATÉRIA

- Es una idea presente en el texto que?


- De la lectura del texto se infiere que?
- La alternativa que presenta una idea NO expresada en el texto es?
- La expresión ______ (línea?.) puede ser reemplazada por?
- Es posible sustituir la expresión _____ en la frase _____ sin cambiar el sentido del texto por?

Nas questões gramaticais, fique atento:


- Ao uso dos tempos verbais

Os tempos (Los tiempos)


O tempo do verbo indica o momento em que se realiza a ação: presente, pretérito ou futuro. Em espanhol, os tempos
verbais classificam-se em:

simples: formados unicamente pelo verbo principal.


compuestos: formados pelo verbo auxiliar haber e o particípio do verbo principal.
perfectos: ressaltam a delimitação temporal. O termo perfecto tem o sentido de
completo, acabado.
imperfectos: indicam a continuidade da ação.

4. IDENTIFICAÇÃO DE MARCADORES
TEXTUAIS COMO CONJUNÇÕES, ADVÉRBIOS,
PREPOSIÇÕES ETC. E COMPREENSÃO DE SUA
FUNÇÃO ESSENCIAL NO TEXTO.

CONJUNÇÕES - CONJUNCIONES
As conjunções são palavras que unem dois termos  de uma mesma oração ou duas orações. Estas orações podem
estabelecer uma relação de coordenação, ou seja, uma está relacionada à outra mas não há dependência entre elas, ou
estabelecem relação de subordinação, ou seja, uma depende da outra para ter sentido completo.

Adversativas
Unem termos ou orações que se contrapõem entre si:

Me gustaría ir, pero no tengo dinero. (= mas)


(Gostaria de ir, mas não tenho dinheiro.)
No quiero té sino café solo. (mas sim)
(Não quero chá, mas sim café preto.)
No les gustan comer frutas sino manzanas. (exceto)
(Não gostam de comer frutas, exceto maçãs.)
Esta chica no hace otra cosa sino llorar. (a não ser)
(Esta menina não faz outra coisa a não ser chorar.)
Saldré esta mañana aunque llueva.
(Sairé esta manhã mesmo que chova.)

Tenía muchos motivos para hacerlo hablar, sin embargo no lo hizo.


(Tinha muitos motivos para fazê-lo falar, no entanto não o fiz.)
Outras conjunções que designam ideias contrárias: excepto, no obstante, antes, antes bien, a pesar de, con todo, más
bien, fuera de.

Concesivas
Expressam concessão ou ainda uma oposição à ideia expressa pelo verbo da oração principal:
Aunque no lo merezcas, te ayudaré. (embora)
(Embora não mereças, te ajudarei.)
Outras conjunções que designam concessão: a pesar de que, y eso que, si bien, etc.

2
NOME DA MATÉRIA

Temporales
Expressam diferentes matrizes do tempo em que ocorre a ação expressa pelo verbo da oração principal:

Mientras me baño, tu haces las tareas. (enquanto - simultaneidade)


(Enquanto tomo banho, tu fazes as tarefas.)
En cuanto lleguen los invitados, avísame. (tão logo, assim que)
(Assim que chegarem os convidados, avisa-me.)
Te llamaré apenas llegue a Madrid. (tão logo, assim que)
(Te ligarei tão logo chegue em Madrid.)
Cuando era niña, ¿te gustaba ir al cine?
(Quando era menina, gostava de ir ao cinema?)

- Aos falsos cognatos, que são palavras semelhantes no português e no espanhol, mas com sentidos totalmente dife-
rentes, como acordar (chegar a um acordo), luego (depois) etc.
Os falsos amigos costumam ser palavras derivadas do latim, as quais aparecem em idiomas com morfologia seme-
lhante, e que têm, portanto, a mesma origem. No entanto, muitas vezes o falante pode estabelecer uma correspondência
de significados inadequada, acreditando numa relação de amizade semântica falsa. Assim, pode confundir-se diante de
palavras com grafia ou pronúncia parecidas, mas que na realidade possuem significados totalmente diferentes. Entre o
espanhol e o português, são frequentes os falsos amigos, também chamados heterosemânticos. Observe:

BILLETERA CIGARRO COMETA


Falsos Amigos (em espanhol) Significado Não confundir com
Acordar Lembrar Sair do sono
Acreditar Creditar Ter fé / achar
Agasajar Tratar com atenção / Agradar Agasalhar
Alejado Afastado / Distante Aleijado
Aniversário de um acontecimento
Aniversario Dia em que se completa anos
ou da morte de alguém
Apellido Sobrenome Apelido
Asignatura Disciplina / Matéria Assinatura
Asistir Frequentar Ver
Aula Sala de aula Ato de dar aula
Balcón Varanda / Sacada Balcão
Berro Agrião Grito
Billetera Carteira Bilheteira
Bolso Bolsa Bolso de roupa
Borracha Bêbada Objeto utilizado para apagar
Borrar Apagar Fazer borrões
Botiquín Maleta de primeiros socorros Botequim
Divertir-se de forma infantil, zom-
Brincar Pular
bar
Brinco Pulo / Salto Jóia ou bijuteria usada na orelha
Cajón Gaveta Caixão
Calzada Rua / Via / Caminho/ Estrada Calçada

3
NOME DA MATÉRIA

Cana Cabelo branco Planta


Cancelar Pagar Anular
Caprichoso Teimoso Cuidadoso
Carné Carteira (documento) Carnê de pagamentos
Carpeta Pasta (papéis) Carpete
Cartón Papelão Não significa apenas “cartão”
Celoso Ciumento Que tem zelo
Cena Janta / Jantar Cena
Cigarro Charuto Cigarro
Colar Coar Ato de unir, usando cola.
Não significa apenas o “corpo
Cometa Pipa (papagaio)
celeste”
Não significa apenas “habilidade
Competência Competição
para desempenhar algo”.
Concierto Show / Concerto Conserto
Contestar Responder Contradizer / replicar
Contestador Secretária Eletrônica Pessoa que contesta
Copo Floco Objeto utilizado para beber
Crianza Criação / Educação Criança
Conozco Conheço Conosco
Cubiertos Talheres Cobertos
Cuello Pescoço / Gola Coelho
 
- À ocorrência de apócopes, que são o corte de uma ou duas letras de alguns adjetivos ou advérbios antes de substan-
tivos. Exemplo: buen hombre e hombre bueno; gran persona e persona grande.

Apócope
Chama-se apócope a supressão da letra ou da sílaba final em alguns adjetivos.
a) Os adjetivos alguno, bueno, malo, ninguno, primero, postrero, tercero e uno perdem a letra o final quando pre-
cedem um substantivo masculino singular:

Algún chico (algum menino)


Buen hombre (bom homem)
Mal tiempo (mau tempo)
    Ningún libro (nenhum livro)
    Primer lugar (primeiro lugar)
    Postrer día (último dia)
    Tercer piso (terceiro andar)
    Un profesor (um professor)

b) O adjetivo ciento perde a sílaba final to quando precede substantivos plurais, masculinos ou femininos, mesmo que
se interponha um adjetivo:
Cien hombres (cem homens)
Cien mujeres (cem mulheres)
Cienlindas muchachas (cem lindas mulheres)

c) O adjetivo cualquiera perde a letra a final quando precede substantivos singulares, masculinos ou femininos:

Cualquier libro (qualquer livro)


Cualquier carpeta (qualquer pasta*)
* material de escritório para guardar
documentos.

O plural CUALESQUIERA também sofre apócope: cualesquier hombres / cualesquier mujeres.

4
NOME DA MATÉRIA

d) O adjetivo grande perde a sílaba final de quando b) Os  quatro adverbios; más, menos, antes e después.
precede substantivos singulares, masculinos ou femininos: Exemplos:Mucho más, mucho menos, mucho antes,
Gran chico (grande menino) mucho después
Gran chica (grande menina)
- Às palavras heterogenéricas, que possuem for-
e) O adjetivo santo perde a sílaba final to quando pre- ma igual ou semelhante em espanhol e português, mas
cede nomes próprios masculinos de santos, exceto diante pertencem a gêneros diferentes (“el color” e “a cor”, por
de Domingo, Tomás, Tomé e Toribio: exemplo).
San Juán
Palavras que têm gêneros diferentes em cada uma
- À diferença entre Haber y Tener. das línguas, ou seja, em português são femininas e em
espanhol masculinas ou vice-versa.... ai vai:
USOS DEL VERBO HABER: Espanhol Português
- FORMA IMPERSONAL DEL VERBO HABER: Masculino Feminino
* HAY: el árbol a árvore
el color a cor
- expresa existencia de algo. Ej. Hay gente/ libros en la el cuchillo a faca
clase el cútis a cútis
- para preguntar o informar sobre algo que no se ha el desorden a desordem
mencionado. Ej. el dolor a dor
¿Dónde hay una gasolinera? el equipo a equipe
+ artículo indeterminado un/una/unos/unas. Ej. Hay un el estreno a estreia
libro en la mesa el lavarropas a lava-roupas
+ números. Ej. Hay 3 libros sobre la mesa el lunes, el martes, el miércoles, el jueves, el viernes
+ partitivo (muchos). Ej. Hay muchos libros en la mesa
a segunda-feira, a terça-feira, a quarta-feira, a quin-
+ partícula (nada). Ej. No hay nada encima de la mesa
ta-feira, a sexta-feira
+ sin ningún tipo de partícula. Ej. ¿Hay pan en casa?
el manzano (e outras árvores frutíferas) a macieira
+ con la pregunta: ¿Qué hay….? Hay un libro en la mesa
el mensaje (e outras palavras terminadas en -AJE) a
mensagem
* Hay es una forma impersonal del verbo Haber. Por lo
el puente a ponte
tanto, es una forma única y no tiene plural.
el vals a valsa
•USOS DEL VERBO TENER:
el vértigo a vertigem
TENER:
el viaje a viagem
- posesión. Ej. Tengo un coche
Espanhol Português
- edad. Ej. Juan tiene 40 años Feminino Masculino
locuciones: tener frío/ hambre/ calor/ sueño/ miedo/ la a, la be, la ce (nombre de letras) o a, o bê, o cê
ganas de… Ej. Tengo mucho frío la aspiradora de polvo o aspirador de pó
la computadora o computador
- À diferença entre os advérbios muy (usado antes de la costumbre (e outros terminados em -UMBRE) o
adjetivo e advérbio) e mucho (usado antes de substantivos costume
e depois de verbos). la estufa o aquecedor (de ambiente)
Muy e mucho ambos tem o mesmo significado, que é la leche o leite
muito. la licuadora o liquidificador
Mas como posso saber se devo usar muy ou mucho?, la miel o mel
veja as regras abaixo: la multiprocesadora o multiprocessador
la nariz o nariz
Regras la protesta o protesto
Muy + adjetivo advérbio la radio (medio de difusión / aparato) o rádio (apa-
É usado o «muy» antes destes adjetivos e advérbios ; relho)
a) adjetivo: muy alto, muy fácill, muy malo etc. la rodilla o joelho
b) adverbios: muy bien, muy mal, muy tarde. la sal o sal
la sangre o sangue
Mas existem algumas exceções que não seguem a la sonrisa o sorriso
regra; la tiza o giz
a) Esses quatro adjetivos:mejor,peor, mayor, menor.
Exemplos: mucho mejor, mucho peor, mucho menor.

5
NOME DA MATÉRIA

Veja mais exemplos: 57.el pelaje - a pelagem


Palavras que são masculinas em espanhol e femininas 58.el pétalo - a pétala
em português. 59.el pillaje - a pilhagem
1.el ábside - a ábside / abside 60.el plumaje - a plumagem
2.el alcanfor - a cânfora 61.el porcentaje - a porcentagem
3.el almacenaje - a armazenagem 62.el pupilaje - a pupilagem
4.el arquitrabe - a arquitrave 63.el ramaje a ramagem
5.el arte - a arte 64.el retrete - a retrete (latrina)
6.el áspid - a áspide 65.el reuma a reuma
7.el bagaje - a bagagem 66.el rodaje - a rodagem
8.el cabotaje - a cabotagem 67.el ropaje - a roupagem
9.el camionaje - a camionagem 68.el sabotaje - a sabotagem
10.el cartílago - a cartilagem 69.el síncope - a síncope
11.el cartonaje a cartonagem 70.el tatuaje - a tatuagem
12.el carretaje - a carretagem 71.el testigo - a testemunha
13.el carruaje - a carruagem 72.el tilo - a tília
14.el centinela - a sentinela 73.el tiraje - a tiragem
15.el chantaje - a chantagem 74.el tiroides - a tiróide
16.el cólico - a cólica 75.el tonelaje a tonelagem
17.el concordato - a concordata 76.el torrente - a torrente
18.el coraje - a coragem 77.el tranvía - a tranvia
19.el corcho - a cortiça 78.el tulipán - a tulipa
20.el correaje - a corretagem 79.el vasallaje - a vassalagem
21.el desgaire - a desgaira 80.el vendaje - a vendagem
22.el epígrafe - a epígrafe 81.el voltaje - a voltagem
23.el equipaje - a equipagem
24.el espionaje - a espionagem Palavras que são femininas em espanhol e masculi-
25.el estante - a estante nas em português.
26.el estiaje - a estiagem 1.la alarma - o alarme
27.el follaje - a folhagem 2.la amalgama - o amálgama
28.el forraje - a forragem 3.la baraja - o baralho
29.el fraude - a fraude 4.la cárcel - o cárcere
30.el garaje - a garagem 5.la coz - o coice
31.el guante - a luva 6.la corteza o córtex
32.el hollín - a fuligem 7.la crema - o creme
33.el homenaje - a homenagem 8.la cumbre - o cume
34.el hospedaje - a hospedagem 9.la chambra - o chambre
35.el kilometraje - a quilometragem 10.la chinche - o chinche
36.el lavaje - a lavagem 11.la diabetes - o diabetes, a diabetes
37.el lenguaje - a linguagem 12.la diadema - o diadema
38.el linaje - a linhagem 13.la dínamo - o dínamo
39.los maitinis - as matinas 14.la dote o dote
40.el mareaje - a mareagem 15.la epifonema - o epifonema
41.el masaje - a massagem 16.la epítema - o epítema
42.el matalotaje - a matalotagem 17.la estambre - o estame
43.el menaje - a menagem 18.la hiel - o fel
44.el mensaje a mensagem 19.la labor - o labor
45.el miraje - a miragem 20.la legumbre o legume
46.el montaje - a montagem 21.la lumbre - o lume
47.el muelle - a mola 22.la mar - o mar
48.el neuma - a neuma (gesto) 23.la nada - o nada
49.el omóplato a omoplata 24.la óniz u ónice - o ônix
50.el origen - a origem 25.la pagoda - o pagode
51.el paisaje - a paisagem 26.la paradoja - o paradoxo
52.el pantalón - a calça 27.la pelvis - o pélvis
53.el paraje - a paragem (lugar) 28.la pesadilla - o pesadelo
54.el párpado - a pálpebra 29.la portapaz - o porta-paz
55.el pasaje - a passagem 30.la señal - o sinal
56.el patinaje - a patinagem

6
NOME DA MATÉRIA

- Às palavras homônimas, que têm significado diferente de acordo com o artigo que a antecede (por exemplo,
el cólera, que é a doença, e la cólera, que significa raiva).

Substantivos Homônimos
São palavras com a mesma grafia que, ao mudarem de gênero, mudam também de significado.
el cólera (doença) / la cólera (raiva)
el guarda (cobrador de ônibus) / la guarda (tutela)
el policía (agente) / la policía (administração)
el mañana (futuro) / la mañana (parte do dia)

¡Ojo!
Alguns nomes tem uma só forma para designar o masculino e o feminino, determinando o gênero pelo artigo que se
emprega.

el/la periodista (jornalista)


el/la turista (turista)
el/la cantante (cantor/a)
el/la atleta (atleta)

- Às conjunções y/e (usa-se “e” antes de palavras iniciadas em “i” ou “hi”, e “y” antes das outras) e às conjunções o/u
(usa-se “u” antes de palavras iniciadas em “o” ou “ho” e “u” antes das outras).
A conjunção y muda para e quando a palavra que segue começa por i, hi, seguida de consoante.

Este libro es facil e interesante.


(Este livro é fácil e interessante.)
Son padre e hijo.
(São pai e filho.)

Unem termos ou orações que expressam ideias opostas, estabelecendo relação de exclusão:
Hay que tener dos o tres alumnos.
(Tem que ter dois ou três alunos.)

Cuidado!
A conjunção o muda para u quando a palavra que segue começa por o, ho.
¿Son siete u ocho?
(São sete ou oito?)
¿Tu perro es mujer u hombre?
(Teu cachorro é mulher ou homem?)

7
NOME DA MATÉRIA

5. COMPREENSÃO DO SIGNIFICADO DE ITENS


LEXICAIS FUNDAMENTAIS PARA A CORRETA
INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEJA POR MEIO
DE SUBSTITUIÇÃO (SINONÍMIA) OU DE
EXPLICAÇÃO DA CARGA SEMÂNTICA DO
TERMO OU EXPRESSÃO.

São palavras variáveis que se antepõem ao substantivo ou a qualquer palavra /oração que tenha valor de substantivo,
indicando-lhe o gênero e o número.

Los terratenientes son dueños de grandes extensiones


agrícolas.
(Os fazendeiros são donos de grandes extensões agrícolas.)
Unas mujeres hicieron los vestidos para la fiesta de Ana.
(Umas mulheres fizeram os vestidos para a festa de Ana.)

Definidos e Indefinidos (Definidos e Indefinidos)


Assim como a língua portuguesa, a língua espanhola apresenta duas formas de artigo, o definido e o indefinido, que
indicam, respectivamente, que o substantivo se refere a algo já conhecido, determinado ou já mencionado, ou que o subs-
tantivo se refere a algo não conhecido ou não mencionado no texto.

Definidos Indefinidos
Masculino Masculino
El Un
Singular Singular
Masculino Plural Los Masculino Plural Unos
Feminino Singular La Feminino Singular Una
Feminino Plural Las Feminino Plural Unas

Exemplos:

Definidos Indefinidos
El auto (O carro) Um hombre (Um homem)
Unos hombres (Uns
Los autos (Os carros)
homens)
La casa (A casa) Una mujer (Uma mulher)
Unas mujeres (Umas
Las casas (As casas)
mulheres)

Casos Particulares
1) É obrigatório o uso de artigo determinado para informar as horas, dias da semana e datas.
Son las seis en punto.
(São seis em ponto.)
El resultado de los exámenes saldrá el lunes.
(O resultado dos exames sairá segunda-feira.)
Nascí el 19 de febrero de 1982.
(Nasci dia 19 de fevereiro de 1982.)

8
NOME DA MATÉRIA

a) Diante dos números que indicam as horas se usa Cuidado!


artigo e se omite a palavra horas: O artigo neutro LO é utilizado antes de adjetivo +
Son las siete. preposição. Se depois do adjetivo não tiver preposição,
(São sete horas.) usa-se o artigo definido masculino singular EL.
Lo bonito en un partido es ver goles.
b) Diante dos dias da semana se usa o artigo, sem pre- (O bonito em uma partida é ver gols.)
posição:
El domingo voy a la feria. El bello coche de Pablo fue muy caro.
(Domingo vou à feira.) (O belo carro de Pablo foi muito caro.)

2) Diante de um nome de pessoa, país, região ou con- Também se utiliza diante do pronome relativo que.
tinente, não se usa o artigo, salvo quando estiver deter- Equivale a aquilo que, o que.
minado por um adjetivo, oração relativa ou complemento. Lo que me encanta en ti es tu inteligencia.
España es un Estado de la Unión Europea. (O que me fascina em ti é a tua inteligência.)
(Espanha é um Estado da União Europeia.)
La Italia del Norte es muy linda. ¡Atención!
(A Itália do Norte é muito linda.) Nunca coloque o artigo neutro “lo” na frente de
Exceções: La Habana, La Argentina, La India, Los Esta- substantivos masculinos. É muito comum os brasileiros
dos Unidos, El Japón, etc. cometerem esse erro, confundindo lo com o (artigo mas-
culino, em português). Substantivos masculinos aceitam
3) Diante das formas de tratamento, exceto Don. somente o artigo el.
El general San Martín vino cenar conmigo. Expressões coloquiais com Lo
(O general São Martín veio jantar comigo.) Emprega-se o artigo neutro lo em diversas expres-
La señora Mercedes duerme mucho.
sões coloquiais. Por ele não apresentar variação para gê-
(A senhora Mercedes dorme muito.)
nero e número, chama-se neutro. Veja alguns exemplos:
Don Ricardo es muy guapo.
(Don Ricardo é muito bonito.)
Lo + adjetivo + que: intensifica o valor do adjetivo.
No sabes lo complicada que es mi situación en la ofi-
4) Emprega-se el no lugar de la e un no lugar de una
cina.
diante de um substantivo feminino singular iniciado por a
(Você não sabe o quanto é complicada minha situa-
ou por ha tônico para evitar cacofonia.
ção no escritório.)
el agua (a água) / el alma (a alma)
un águila (uma águia) / un hada (uma fada)
Lo + advérbio + que: intensifica o valor do advérbio.
Quando o substantivo feminino estiver no plural, man- No me di cuenta de lo rápido que pasó este año.
tém-se a forma original: (Não me dei conta do quanto passou rápido este
las aguas / las almas / las águilas / las hadas ano.)

5) Artigos não precedem adjetivos possessivos, mas Lo + participio + que: intensifica o valor do particípio.
precedem pronomes. Em português, para esse caso o uso Mira lo roto que está este traje!
do artigo é facultativo. (Olha que rasgada que está esta roupa!)
Los mis libros. (errado) / Los míos. (correto)
Mi familia es enorme. Contração do Artigo (Contracción del Artículo)
(Minha família é enorme.) A língua espanhola possui apenas dois tipos de con-
Me entregaron su periódico. tração: al e del.
Entregaram-me seu jornal.) AL: Preposição a + artigo el
Voy al puerto.
O Artigo Neutro Lo (El Artículo Neutro Lo) (Vou ao porto.)
O artigo neutro lo, inexistente em língua portuguesa, é
utilizado para substantivar adjetivos e advérbios. DEL: Preposição de + artigo el
Lo mejor de todo fue la fiesta. (mejor = melhor - ad- Vengo del puerto.
jetivo) (Venho do porto.)
(O melhor de tudo foi a festa.) Os substantivos são palavras variáveis - possuem
gênero masculino ou feminino - que nomeiam os se-
La paz es lo más valioso sentimiento. (más = mais - res, pessoas, objetos, ações, lugares, sentimentos e es-
advérbio) tados. Além do gênero, podem variar de acordo com o
(A paz é o mais valioso sentimento.) número ou o grau.

9
NOME DA MATÉRIA

Classificam-se em: Espanhol Português


Próprios: Pablo, Perú
Comuns: perro (cachorro), taza (xícara) el pétalo a pétala
Concretos: puerta (porta), Juan el cráter a cratera
Abstratos: amistad (amizade), belleza (beleza) el maratón a maratona
Simples: ojo (olho), zapato (sapato)
Composto: pararrayos (pára-raios), económico-social el humo a fumaça
(econômico-social) el estante a estante
Primitivos e Derivados: tinta (tinta) e tintero (tinteiro)
el guante a luva
Coletivos: rebaño (rebanho), muchedumbre (multidão)
el estreno a estreia
Substantivos Heterogênico (Sustantivos Heteroge- el equipo a equipe
néricos)
el pantalón a calça
Ao tratarmos de conceitos e de seres inanimados, o
gênero passa a ser determinado de forma arbitrária (gêne- el viaje a viagem
ro gramatical). Devido à origem comum do vocabulário, o el paisaje a paisagem
gênero dos substantivos espanhóis costuma ser o mesmo
que em português, mas isso não ocorre sempre. Nestes ca- el análisis a análise
sos, chamamos estes substantivos de heterogênicos, pois el dolor a dor
possuem um gênero em espanhol e outro em português. el color a cor
el origen a origem
Espanhol Português
el puente a ponte
la baraja o baralho
el árbol a árvore
la costumbre o costume
el orden a ordem
la cumbre o cume
la sonrisa o sorriso
la risa o riso
Substantivos Homônimos
la nariz o nariz São palavras com a mesma grafia que, ao mudarem de
la sal o sal gênero, mudam também de significado.
el cólera (doença) / la cólera (raiva)
la leche o leite
el guarda (cobrador de ônibus) / la guarda (tutela)
la sangre o sangue el policía (agente) / la policía (administração)
la labor o trabalho el mañana (futuro) / la mañana (parte do dia)
la percha o cabide
¡Ojo!
la alarma o alarme Alguns nomes tem uma só forma para designar o mas-
la coz o coice culino e o feminino, determinando o gênero pelo artigo
que se emprega.
la crema o creme el/la periodista (jornalista)
la paradoja o paradoxo el/la turista (turista)
la legumbre o legume el/la cantante (cantor/a)
el/la atleta (atleta)
la miel o mel
la pesadilla o pesadelo Grau dos Substantivos (Grado de los Sustantivos)
la protesta o protesto Os substantivos podem sofrer flexão de grau, dando
a ideia de aumento (grau aumentativo) ou de diminuição
la señal o sinal (grau diminutivo).
las gafas os óculos Para o grau aumentativo, o sufixo mais frequente é on/
ona.
tabla (tábua) - tablón (tabuão)
mujer (mulher) - mujerona (mulherona)

Também são usados os seguintes: azo/aza, ote/ota,


acho/acha, achón/achona.
amigo - amigote (amigão)
rico - ricachón (ricaço)

10
NOME DA MATÉRIA

Para o grau diminutivo, o sufixo mais frequente no es- Antónimos Recíprocos


panhol geral é ito/ita. Es cuando el significado de uno implica al otro. No
libro (livro) puede existir uno si no existiera el otro.
librito (livrinho) Como ejemplo tenemos comprar, no se puede com-
prar si alguien no está vendiendo.
Utilizam-se também: illo/illa, ico/ica, ín/ina, uco/uca,
uelo/uela. A escolha de um ou outro não afeta a conota- Alguns exemplos:
ção que acrescentam às palavras, isto é, as formas costu- 1. Aburrir = divertir
mam expressar a mesma ideia: librito, librico, librillo. 2. Aceptar =rechazar
3. Acceso = salida
¡Atención! 4. Aceitar = desengrasar
- Nas palavras terminadas em n e r e nas palavras de 5. Acentuar = atenuar
duas sílabas terminadas em e, o sufixo aparece precedido 6. Acicalar = descuidar
por um c (cito/cita). 7. Acertar = confundir
rinconcito (cantinho), pastorcito (pastorzinho), pobre- 8. Acortar = ampliar
cito (pobrezinho) 9. Acosar = liberar
- Nos monossílabos e nas palavras de duas sílabas que 10. Actual = pasado
apresentam ditongo tônico, o sufixo aparece precedido 11. Acurrucado = erguido
por ec (ecito/ecita). 12. Acusar= encubrir
florecita (florzinha), viejecita (velhinha) 13. Adecuar = desarreglar
14. Adelantar = retrasar
O adjetivo é a palavra que funciona como modificador 15. Ademán = sobriedad
direto do substantivo, qualificando-o. Concorda sempre 16. Adepto = adversario
com o substantivo que acompanha, sofrendo, assim, va- 17. Aderezado = dejado
riação de gênero, número e grau. 18. Adeudo = abono
19. Adiós = hola
Variação de gênero: La camisa amarilla. 20. Adivinar = desatinar
(A camisa amarela.)
SINÓNIMOS
Variação de número: Los alumnos estudiosos. Los sinónimos son palabras que se escriben diferente
(Os alunos estudiosos.) y tienen el mismo significado. Se utilizan para evitar la
repetición de palabras y adornar o embellecer un escrito.
Variação de grau: Victor es más fuerte que Javier. Por ejemplo en un poema, en una novela o hasta en una
(Victor é mais forte que Javier.) carta o tarea donde no queremos repetir la misma palabra
varias veces.
ANTÓNIMOS
Los antónimos son lo opuesto a los sinónimos, son pa- Alguns exemplos:
labras que significa lo contrario u opuesto. cabello pelo
La palabra antónimo proviene del idioma griego an- cálido caliente, caluroso
tónimos que se traduce en (antónimos) y deriva de anti cama lecho
(contrario), y noma (nombre), quedando la traducción de: camino vía, sendero
“contrario al nombre”. causa motivo
Tipos de antónimos: comité junta, delegación
Existen 3 clases de antónimos, las clases son: danza baile
ebrio borracho
Antónimos Graduales economizar ahorrar
Los antónimos graduales, son aquellos que significan edén paraíso
lo contrario, pero existe un grado de contrariedad. educar enseñar
El ejemplo más claro sucede en los colores: Blanco y elegir escoger
negro (podría ser gris) o en las temperaturas como: frío y
caliente (podría ser helado, tibio, templado) Fonte: http://www.ejemplode.com/12

Antónimos Complementarios
Es cuando el significado de una elimina a la otra.
Por ejemplo: vivo y muerto, feliz y triste, difícil y fácil,
día y noche

11
NOME DA MATÉRIA

6. LOCALIZAÇÃO DE REFERÊNCIA TEXTUAL


ESPECÍFICA DE ELEMENTOS, TAIS COMO
PRONOMES, ADVÉRBIOS, ENTRE OUTROS,
SEMPRE EM FUNÇÃO DE SUA RELEVÂNCIA
PARA A COMPREENSÃO DAS IDEIAS
EXPRESSAS NO TEXTO.

Conjugação dos verbos (Conjugación de los verbos)


Modo indicativo
Tempo simples

PRESENTE
Indica um fato atual, contínuo ou permanente.
Exemplo: Yo hablo. (agora, sempre)

  Hablar Temer Partir


Yo habl o tem o part o
Tú habl as tem es part es
Él / usted habl a tem e part e
Nosotros habl amos tem emos part imos
Vosotros habl áis tem éis part ís
Ellos / ustedes habl an tem en part en

Irregulares!

O - UE E - IE C - ZC acrescenta G
Acordar Pensar Tener
Conocer
acuerdo pienso tengo
conozco
acuerdas piensas tienes
conoces
acuerda piensa tiene
conoce
acordamos pensamos tenemos
conocemos
acordáis pensáis tenéis
conocéis
acuerdan piensan tienen
conocen
* concordar, almorzar, colar, * acertar, cerrar, comenzar, em- * salir, poner, caer,
* nacer, reconocer, dedu-
contar, encontrar, recordar, pezar, despertar, negar, sentar, decir, hacer, oír, traer,
cir, producir, traducir, etc.
llover, mover, dormir, etc. entender, encender, etc. valer, venir, etc.

Cuidado!
* A 1ª e a 2ª pessoa do plural não são afetadas pelas irregularidades UE e IE.
* As irregularidades ZC e G ocorrem apenas na 1ª pessoa do singular.
* essas irregularidades também aparecem no Modo Subjuntivo.

12
NOME DA MATÉRIA

PRETÉRITO IMPERFECTO
Indica uma ação habitual ocorrida no passado, mas que pode perdurar até o presente.
Exemplos: Él cantaba cuando era chico. (Ele cantava quando era menino.)
Él cantaba y sigue cantando. (Ele cantava e segue/continua cantando.)

Hablar Temer Partir


Yo habl aba tem ía part ía
Tú habl abas tem ías part ías
Él / usted habl aba tem ía part ía
Nosotros habl ábamos tem íamos part íamos
Vosotros habl abais tem íais part íais
Ellos / ustedes habl aban tem ían part ían

PRETÉRITO INDEFINIDO (Pretérito Perfecto Simple)


Indica um fato passado, concluído, que não guarda nenhuma relação com o presente.
Exemplo: Llegué a casa de Rosa a las diez de la noche. (Cheguei a casa de Rosa às dez da noite.)

Hablar Temer Partir


Yo habl é tem í part í
Tú habl aste tem iste part iste
Él / usted habl ó tem ió part ió
Nosotros habl amos tem imos part imos
Vosotros habl asteis tem isteis part isteis
Ellos / ustedes habl aron tem ieron part ieron

FUTURO IMPERFECTO
Indica uma ação que ocorrerá depois do momento atual.
Exemplo: Ellos vendrán. (Eles virão.)

  Hablar Temer Partir


Yo habl aré tem eré part iré
Tú habl arás tem erás part irás
Él / usted habl ará tem erá part irá
Nosotros habl aremos tem eremos part iremos
Vosotros habl aréis tem eréis part iréis
Ellos / ustedes habl arán tem erán part irán

Irregulares!

Tiramos as terminações (ER, IR) Tiramos as terminações (ER) e


e acrescentamos... acrescentamos...
Tener Saber
DRÉ RÉ
Poner Caber
DRAS RÁS
Valer Haber
DRÁ RÁ
Salir Poder
DREMOS REMOS
Venir Querer
DRÉIS RÉIS
DRÁN RÁN

13
NOME DA MATÉRIA

CONDICIONAL IMPERFECTO (Potencial)


Expressa feitos prováveis que se referem a uma ação futura possível.
Exemplo: Yo partiría se me llamaran. (llamasen) (Eu partiria se me chamassem.)

Hablar Temer Partir


Yo habl aría tem ería part iría
Tú habl arías tem erías part irías
Él / usted habl aría tem ería part iría
Nosotros habl aríamos tem eríamos part iríamos
Vosotros habl aríais tem eríais part iríais
Ellos / ustedes habl arían tem erían part irían

- Aos pronomes átonos (lo,la, los las, le, les, se).


Pronome Pessoal Complemento (Pronombre Personal Complemento)
São aqueles que exercem função sintática de objeto direto, objeto indireto ou pronome reflexivo. Aparecem nas se-
guintes formas:
Átonas: Não precedidas de preposição.
Tônicas: Sempre precedidas de preposição.

FORMAS ÁTONAS: me / te / se / nos / os / se

As formas átonas são empregadas nos seguintes casos:


a)Na conjugação de verbos reflexivos

Esteban se lava.
(Esteban lava-se.)

Cálzate los zapatos.


(Calça-te os sapatos.)

Mañana me despierto a las diez.


(Acordo-me às dez horas amanhã.)

b) Como complemento direto ou indireto


    No nos llames tan tarde. (objeto direto)
    (Não nos chame tão tarde.)
    Me mandaron un regalo. (objeto indireto)
    (Mandaram-me um presente.)

14
NOME DA MATÉRIA

c) Como expressão de involuntariedade 2) Entregaron los premios para los vencedores.


Utiliza-se quando a ação não ocorre por intervenção (Entregaram os prêmios para os vencedores.)
deliberada de um agente, mas acidentalmente. Usa-se se + Les entregaron los premios.
pronome átono + verbo na 3ª pessoa (concordando com (Entregaram-lhes os prêmios.)
o substantivo).
    ¡Cuidado! ¡El perro se te está escapando! Saiba que...
    (Cuidado! O cachorro está escapando!) Um traço marcante na língua espanhola é a repetição
dos complementos.
Assim, dentro da mesma frase, o complemento pode
     Se me rompió la taza. aparecer duas vezes:
    (A xícara quebrou.) A él le pareció que José tenía razón.
     Se nos cayeron los relojes. (A ele pareceu-lhe que José tinha razão.*)
    (Os relógios caíram.) El auto lo compré de Gabriel.
(O carro, comprei de Gabriel.*)
FORMAS ÁTONAS: lo / la / los / las
* Estas construções são inadequadas em língua portu-
Empregam-se sempre como complemento direto, ou guesa.
seja, substituindo objetos diretos.
Construções Valorativas
São aquelas nas quais as formas átonas são utilizadas
1) Llama un taxi, por favor. com verbos e expressões que se referem a sensações, rea-
(Chama um táxi, por favor.) ções físicas e emotivas. Note que, neste caso, o verbo con-
Llámalo, por favor. corda como o sujeito gramatical da oração, ou seja, aquele
(Chama-o, por favor.) que provoca a sensação/reação.

2) Visitaré a mi familia en mis Verbo Gustar


vacaciones.
(Visitarei minha família em A ti te gusta la comida japonesa.
minhas férias.) sujeito gramatical
La visitaré en mis vacaciones.
(Eu a visitarei em minhas férias.)

3) ¿Has encontrado a tus amigos?


(Encontraste teus amigos?)
No, los estoy buscando. A mí me gustan las papas fritas.
(Não, estou procurando-os.) sujeito gramatical

FORMAS ÁTONAS: le / les

Empregam-se sempre como complemento indireto,


ou seja, substituindo objetos indiretos.
A nosotros nos gustan los días de lluvia.
sujeito gramatical
1) ¿Has hablado con tu hermano?
(Falou com teu irmão?)
No, le he escrito un e-mail.
(Não, escrevi-lhe um e-mail.)

Outros verbos que formam construções valorativas:


apetecer, doler, encantar, fastidiar, interesar, molestar, preo-
cupar, etc.

15
NOME DA MATÉRIA

Pronome Neutro LO Esta regra tem por ordem acentuar as palavras que
O pronome neutro lo é empregado como complemen- formam um hiato, que é a separação de uma vogal forte
to direto quando se refere a um substantivo masculino e de uma vogal fraca. Neste caso, colocamos um acento
singular ou a uma frase já mencionada anteriormente. na vogal fraca para assinalar a sílaba tônica da palavra.
Vogais fortes: A, E e O.
Yo tengo dinero, tú no lo tienes. Vogais fracas: I e U.
(Eu tenho dinheiro, tu não o tens.) Exemplos: todaví a (ainda), dí a, frí o, analogí a, tecno-
Me dijo que no tenía dinero, pero no se lo crí. logí a, ba ú, garú a (garoa), pa ís, grú a (guincho), ma íz (mi-
(Disse-me que não tinha dinheiro, mas não acreditei.) lho), continú a,...

Heterotônicos
São palavras que possuem a mesma grafia do portu-
guês, ou semelhante, mas que a sílaba tônica se desloca.

Português Espanhol
academia academia
hidrogênio hidrógeno
nostalgia nostalgia
- Às conjunções, dando especial atenção às adver- elogio elogio
sativas e concessivas (pero, sino, sin embargo, aunque, cérebro cerebro
mientras, etc.). aristocrata aristócrata
nível... nivel...

Chama-se apócope a supressão da letra ou da sílaba


7. COMPREENSÃO DA FUNÇÃO DE ELEMENTOS final em alguns adjetivos.
LINGUÍSTICOS ESPECÍFICOS NA PRODUÇÃO
DE SENTIDO NO CONTEXTO EM QUE SÃO a) Os adjetivos alguno, bueno, malo, ninguno, primero,
UTILIZADOS. postrero, tercero e uno perdem a letra o final quando pre-
cedem um substantivo masculino singular:

Primer lugar (primeiro lugar)


O acento é a maior força de uma determinada sílaba
ao pronunciar uma palavra. Ele pode ocorrer na última Postrer día último dia(
sílaba (aguda), na penúltima (grave), na antepenúltima Tercer piso (terceiro andar)
(esdrújula) ou na anterior à antepenúltima (sobresdrú- Un profesor (um professor)
jula). Na língua espanhola só existe um acento gráfico (la
tilde) que se coloca sobre a vogal da sílaba tônica. b) O adjetivo ciento perde a sílaba final to quando pre-
cede substantivos plurais, masculinos ou femininos, mes-
Oxítonas (agudas) mo que se interponha um adjetivo:
São acentuadas as palavras terminadas em  vo- Cien hombres (cem homens)
gal, n ou s. Cien mujeres (cem mulheres)
Exemplos: león, café, sofá, dominó, quizás,... Cien lindas muchachas (cem lindas mulheres)

Paroxítonas (graves) c) O adjetivo cualquiera perde a letra a final quando


São acentuadas as palavras terminadas em consoan- precede substantivos singulares, masculinos ou femininos:
te, EXCETO n e s.
Exemplos: árbol, tórax,... Cualquier libro (qualquer livro)
Cualquier carpeta (qualquer pasta*)
Proparoxítonas (esdrújulas) * material de escritório para guardar documentos.
Todas são acentuadas. O plural CUALESQUIERA também sofre apócope:
Exemplos: oxígeno, análisis, ejército,... cualesquier hombres / cualesquier mujeres.
“Super proparoxítonas” (sobresdrújulas)
Todas são acentuadas. d) O adjetivo grande perde a sílaba final de quando
Exemplos: explíquemela, cómpratelo,... precede substantivos singulares, masculinos ou femininos:
Obs.: são verbos no imperativo + pronome. Gran chico (grande menino)
Gran chica (grande menina)
Regra do Hiato (Regla del Hiato)

16
NOME DA MATÉRIA

e) O adjetivo santo perde a sílaba final to quando precede nomes próprios masculinos de santos, exceto diante de
Domingo, Tomás, Tomé e Toribio:
San Juán

- Los heterotónicos son palabras con grafia semejante en portugués y en español, pero tienen la pronunciación de la
sílaba tónica diferente. Ex:
Democracia, academia, demócrata, etc.

- Los heterosemánticos son palabras muy semejantes en la grafía y en la pronunciación del portugués y del español,
pero poseen significados diferentes en cada lengua. Ex:

lienzo tela, quadro lenço pañuelo


mala má mala maleta
no não no en el

- Los heterogenéricos son los sustantivos que cambian de género de un idioma a otro, es decir, poseen un género en
portugués y otro en español. Son sustantivos que son masculinos en español y femeninos en portugués o viceversa. Ex:

el árbol a árvore
el color a cor
el contestador automático a secretária eletrônica

17
NOME DA MATÉRIA

QUESTÕES

Leia o anúncio publicitário a seguir.

(Vogue, Septiembre, 2011, p.177.)

a) Com base nos elementos apresentados no anúncio, estabeleça a relação entre o produto anunciado e a afirmação de Marta.

b) A que se refere cada uma das partículas destacadas nos fragmentos de texto a seguir?
1. La Ley de Marta dice que si no podemos salir fuera
con los amigos, será porque es un buen día para
invitarlos a comer a casa.

2. El agua, que al ser de mineralización muy débil, te


ayuda a eliminar toxinas y a quedarte sólo con lo
bueno.

Respostas:
Conteúdo: Compreensão de texto: chegar a conclusões relacionando argumentos à ideia principal; fazer inferências lógicas;
compreender a organização textual; estabelecer relações entre diferentes partes do texto; identificar ideias no texto e relações
entre elas, como, por exemplo, probabilidade, causa e efeito; explicar possíveis leituras ou interpretações de um texto.

18
NOME DA MATÉRIA

a) Relação estabelecida é de que sempre é tempo de estar com os amigos. E, para recebê-los bem, é importante ofe-
recer-lhes o que há de melhor, incluindo bons produtos como a água mineral Bezoya.

b) Indicar as partículas estabelecem as referências a seguir.


1. los – refere-se aos amigos.
2. lo – refere-se à qualidade da água.

Leia o texto a seguir:

Carlos Fuentes llegó a Buenos Aires a comienzos de mayo para asistir a la Feria del Libro. Acababa de entregar un libro
a su editorial y ya tenía otro en la cabeza, iba de un almuerzo a una cena, firmó ejemplares durante tres horas, recibió a
decenas de periodistas, uno detrás de otro, respondió a cientos de preguntas sin titubear, sin demorarse, sin dudar en un
nombre ni una fecha. Y siguió paseando sus 83 años entre América y Europa, sin atisbo de cansancio. El secreto tiene mucho
que ver con su pasión por la escritura.
“Mi sistema de juventud es trabajar mucho, tener siempre un proyecto pendiente. Ahora he terminado un libro, Federico
en su balcón, pero ya tengo uno nuevo, El baile del centenario, que empiezo a escribirlo el lunes em México”.
Pregunta. ¿Sin horror al vacío de la página en blanco?
Respuesta. Miedos literarios no tengo ninguno. Siempre he sabido muy bien lo que quiero hacer y me levanto y lo hago.
Me levanto por la mañana y a las siete y ocho estoy escribiendo. Ya tengo mis notas y ya empiezo.
Así que entre mis libros, mi mujer, mis amigos y mis amores, ya tengo bastantes razones para seguir viviendo.
(Adaptado de: <http://cultura.elpais.com/cultura/2012/05/14/actualidad/1336991040_045502.html>. Acesso em: 20
jun. 2012.)

a) Qual é a opinião de Carlos Fuentes sobre a vida e a morte?


b) Qual é a relação do autor com seu trabalho? Destaque o fragmento do texto que comprova sua resposta.

Respostas:
Conteúdo: Compreensão de texto: reconhecer relações ou contradições entre textos; reconhecer valores e crenças sub-
jacentes ao texto; chegar a conclusões relacionando argumentos à ideia principal; localizar e interpretar informações de um
texto; identificar, distinguir e interpretar recursos e segmentos do texto que sustentam a argumentação.

a) Identificar as opiniões a seguir.


A vida – Sobre a vida, Carlos Fuentes entende que esta se apoia em sua dedicação ao trabalho e na certeza de que tem
o necessário para viver bem (amigos, família e trabalho).
Citação: “Así que entre mis libros, mi mujer, mis amigos y mis amores, ya tengo bastantes razones para seguir viviendo.”
A morte – Carlos Fuentes destaca dois aspectos sobre a morte. Primeiro, ele afirma que a morte iguala todos os seres
humanos. Segundo, ele reconhece a ignorância do homem sobre a morte, ou seja, o desconhecimento do que ela realmen-
te significa.

b) A relação do autor com seu trabalho é de intensidade e vivacidade. De acordo com o texto, o trabalho é sua fórmula
de juventude e ter sempre novos projetos é fundamental para que ele mantenha seu vigor.
Citação: “Mi sistema de juventud es trabajar mucho, tener siempre un proyecto pendiente.”

19
NOME DA MATÉRIA

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

20
NOME DA MATÉRIA

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

21
NOME DA MATÉRIA

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

22
MATEMÁTICA

1. CONJUNTOS NUMÉRICOS............................................................................................................................................................................... 01
1.1. Números naturais e números inteiros: indução finita, divisibilidade, máximo divisor comum e mínimo múltiplo
comum, decomposição em fatores primos.............................................................................................................................................. 01
1.2. Números racionais e noção elementar de números reais: operações e propriedades, ordem, valor absoluto,
desigualdades....................................................................................................................................................................................................... 01
1.3. Números complexos: representação e operações nas formas algébrica e trigonométrica, raízes da unidade..... 01
1.4. Sequências: noção de sequência, progressões aritmética e geométrica, noção de limite de uma sequência, soma
da série geométrica, representação decimal de um número real.................................................................................................... 01
1.5. Grandezas direta e inversamente proporcionais............................................................................................................................ 29
1.6. Porcentagem; juros simples e compostos......................................................................................................................................... 38
2. POLINÔMIOS......................................................................................................................................................................................................... 48
2.1. Polinômios: conceito, grau e propriedades fundamentais......................................................................................................... 48
2.2. Operações com polinômios, divisão de um polimônio por um binômio da forma x-a, divisão de um polinômio
por outro polinômio de grau menor ou igual......................................................................................................................................... 48
3. EQUAÇÕES ALGÉBRICAS................................................................................................................................................................................... 54
3.1. Equações algébricas: definição, conceito de raiz, multiplicidade de raízes, enunciado do Teorema Fundamental da
Álgebra.................................................................................................................................................................................................................... 54
3.2. Relações entre coeficientes e raízes. Pesquisa de raízes múltiplas. Raízes: racionais, reais e complexas................ 54
4. ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE.......................................................................................................................................... 56
4.1. Princípio fundamental de contagem................................................................................................................................................... 56
4.2. Arranjos, permutações e combinações simples.............................................................................................................................. 56
4.3. Binômio de Newton................................................................................................................................................................................... 56
4.4. Eventos. Conjunto universo. Conceituação de probabilidade................................................................................................... 56
4.5. Eventos mutuamente exclusivos. Probabilidade da união e da intersecção de dois ou mais eventos..................... 56
4.6. Probabilidade condicional. Eventos independentes..................................................................................................................... 56
5. NOÇÕES BÁSICAS DE ESTATÍSTICA.............................................................................................................................................................. 64
5.1. Representação gráfica (barras, segmentos, setores, histogramas).......................................................................................... 64
5.2. Medidas de tendência central (média, mediana e moda).......................................................................................................... 64
6. MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS LINEARES............................................................................................................................ 79
6.1. Matrizes: operações, matriz inversa..................................................................................................................................................... 79
6.2. Sistemas lineares. Matriz associada a um sistema. Resolução e discussão de um sistema linear............................... 79
6.3. Determinante de uma matriz quadrada: propriedades e aplicações, regras de Cramer................................................ 79
7. GEOMETRIA ANALÍTICA..................................................................................................................................................................................101
7.1. Coordenadas cartesianas na reta e no plano. Distância entre dois pontos.......................................................................101
7.2. Equação da reta: formas reduzida, geral e segmentária; coeficiente angular. Intersecção de retas, retas paralelas
e perpendiculares. Feixe de retas. Distância de um ponto a uma reta. Área de um triângulo...........................................101
7.3. Equação da circunferência; tangentes a uma circunferência; intersecção de uma reta a uma circunferência.....101
7.4. Elipse, hipérbole e parábola: equações reduzidas.......................................................................................................................101
8. FUNÇÕES...............................................................................................................................................................................................................110
8.1. Gráficos de funções injetoras, sobrejetoras e bijetoras; função composta; função inversa........................................110
8.2. Função e função quadrática.................................................................................................................................................................110
8.3. Função exponencial e função logarítmica. Teoria dos logaritmos; uso de logaritmos em cálculos........................110
8.4. Equações e inequações: lineares, quadráticas, exponenciais e logarítmicas.....................................................................110
9. TRIGONOMETRIA...............................................................................................................................................................................................132
9.1. Arcos e ângulos: medidas, relações entre arcos...........................................................................................................................132
9.2. Razões trigonométricas: Cálculo dos valores em /6, /4 e /3....................................................................................................132
9.3. Resolução de triângulos retângulos..................................................................................................................................................132
9.4. Resolução de triângulos quaisquer: lei dos senos e lei dos cossenos.1.............................................................................132
9.5. Funções trigonométricas: periodicidade, gráficos, simetrias...................................................................................................132
9.6. Fórmulas de adição, subtração, duplicação e bissecção de arcos. Transformações de somas de funções
trigonométricas em produtos......................................................................................................................................................................132
9.7. Equações e inequações trigonométricas.........................................................................................................................................132
MATEMÁTICA

10. GEOMETRIA PLANA........................................................................................................................................................................................142


10.1. Figuras geométricas simples: reta, semirreta, segmento, ângulo plano, polígonos planos, circunferência e
círculo....................................................................................................................................................................................................................142
10.2. Congruência de figuras planas.........................................................................................................................................................142
10.3. Semelhança de triângulos...................................................................................................................................................................142
10.4. Relações métricas nos triângulos, polígonos regulares e círculos......................................................................................142
10.5. Áreas de polígonos, círculos, coroa e sector circular................................................................................................................142
11. GEOMETRIA ESPACIAL...................................................................................................................................................................................162
11.1. Retas e planos no espaço. Paralelismo e perpendicularismo...............................................................................................162
11.2. Ângulos diedros e ângulos poliédricos. Poliedros: poliedros regulares...........................................................................162
11.3. Prismas, pirâmides e respectivos troncos. Cálculo de áreas e volumes............................................................................162
11.4. Cilindro, cone e esfera: cálculo de áreas e volumes.................................................................................................................162
MATEMÁTICA

- Se um número natural é sucessor de outro, então os


1. CONJUNTOS NUMÉRICOS. dois números juntos são chamados números consecutivos.
1.1. Números naturais e números inteiros: Exemplos:
a) 1 e 2 são números consecutivos.
indução finita, divisibilidade, máximo
b) 5 e 6 são números consecutivos.
divisor comum e mínimo múltiplo comum, c) 50 e 51 são números consecutivos.
decomposição em fatores primos.
1.2. Números racionais e noção elementar - Vários números formam uma coleção de números na-
de números reais: operações e propriedades, turais consecutivos se o segundo é sucessor do primeiro, o
ordem, valor absoluto, desigualdades. terceiro é sucessor do segundo, o quarto é sucessor do ter-
1.3. Números complexos: representação ceiro e assim sucessivamente.
e operações nas formas algébrica e Exemplos:
a) 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 são consecutivos.
trigonométrica, raízes da unidade. b) 5, 6 e 7 são consecutivos.
1.4. Sequências: noção de sequência, c) 50, 51, 52 e 53 são consecutivos.
progressões aritmética e geométrica, noção
de limite de uma sequência, soma da série - Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um
geométrica, representação decimal de um antecessor (número que vem antes do número dado).
número real. Exemplos: Se m é um número natural finito diferente de
zero.
a) O antecessor do número m é m-1.
b) O antecessor de 2 é 1.
NÚMEROS NATURAIS c) O antecessor de 56 é 55.
d) O antecessor de 10 é 9.
O conjunto dos números naturais é representado pela O conjunto abaixo é conhecido como o conjunto dos
letra maiúscula N e estes números são construídos com os números naturais pares. Embora uma sequência real seja ou-
algarismos: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, que também são co- tro objeto matemático denominado função, algumas vezes
nhecidos como algarismos indo-arábicos. No século VII, os utilizaremos a denominação sequência dos números natu-
árabes invadiram a Índia, difundindo o seu sistema numéri- rais pares para representar o conjunto dos números naturais
pares: P = { 0, 2, 4, 6, 8, 10, 12, ...}
co. Embora o zero não seja um número natural no sentido
O conjunto abaixo é conhecido como o conjunto dos
que tenha sido proveniente de objetos de contagens na- números naturais ímpares, às vezes também chamados, a
turais, iremos considerá-lo como um número natural uma sequência dos números ímpares. I = { 1, 3, 5, 7, 9, 11, 13, ...}
vez que ele tem as mesmas propriedades algébricas que
os números naturais. Na verdade, o zero foi criado pelos Operações com Números Naturais
hindus na montagem do sistema posicional de numeração Na sequência, estudaremos as duas principais opera-
para suprir a deficiência de algo nulo. ções possíveis no conjunto dos números naturais. Pratica-
Na sequência consideraremos que os naturais têm mente, toda a Matemática é construída a partir dessas duas
início com o número zero e escreveremos este conjunto operações: adição e multiplicação.
como: N = { 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, ...}
Representaremos o conjunto dos números naturais A adição de números naturais
com a letra N. As reticências (três pontos) indicam que este A primeira operação fundamental da Aritmética tem por
conjunto não tem fim. N é um conjunto com infinitos nú- finalidade reunir em um só número, todas as unidades de
dois ou mais números. Antes de surgir os algarismos indo-a-
meros.
rábicos, as adições podiam ser realizadas por meio de tábuas
Excluindo o zero do conjunto dos números naturais, o
de calcular, com o auxílio de pedras ou por meio de ábacos.
conjunto será representado por: N* = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8,
9, 10, ...} Propriedades da Adição
- Fechamento: A adição no conjunto dos números na-
A construção dos Números Naturais turais é fechada, pois a soma de dois números naturais é
ainda um número natural. O fato que a operação de adição
- Todo número natural dado tem um sucessor (número é fechada em N é conhecido na literatura do assunto como:
que vem depois do número dado), considerando também A adição é uma lei de composição interna no conjunto N.
o zero. - Associativa: A adição no conjunto dos números natu-
Exemplos: Seja m um número natural. rais é associativa, pois na adição de três ou mais parcelas de
a) O sucessor de m é m+1. números naturais quaisquer é possível associar as parcelas
b) O sucessor de 0 é 1. de quaisquer modos, ou seja, com três números naturais,
somando o primeiro com o segundo e ao resultado obtido
c) O sucessor de 1 é 2.
somarmos um terceiro, obteremos um resultado que é igual
d) O sucessor de 19 é 20.
à soma do primeiro com a soma do segundo e o terceiro. (A
+ B) + C = A + (B + C)

1
MATEMÁTICA

- Elemento neutro: No conjunto dos números naturais, Divisão de Números Naturais


existe o elemento neutro que é o zero, pois tomando um Dados dois números naturais, às vezes necessitamos
número natural qualquer e somando com o elemento neu- saber quantas vezes o segundo está contido no primeiro.
tro (zero), o resultado será o próprio número natural. O primeiro número que é o maior é denominado dividendo
- Comutativa: No conjunto dos números naturais, a e o outro número que é menor é o divisor. O resultado da
adição é comutativa, pois a ordem das parcelas não altera divisão é chamado quociente. Se multiplicarmos o divisor
a soma, ou seja, somando a primeira parcela com a segun- pelo quociente obteremos o dividendo.
da parcela, teremos o mesmo resultado que se somando a No conjunto dos números naturais, a divisão não é
segunda parcela com a primeira parcela. fechada, pois nem sempre é possível dividir um número
natural por outro número natural e na ocorrência disto a
divisão não é exata.
Multiplicação de Números Naturais
É a operação que tem por finalidade adicionar o pri-
Relações essenciais numa divisão de números naturais
meiro número denominado multiplicando ou parcela, tan-
- Em uma divisão exata de números naturais, o divisor
tas vezes quantas são as unidades do segundo número de- deve ser menor do que o dividendo. 35 : 7 = 5
nominadas multiplicador. - Em uma divisão exata de números naturais, o dividen-
do é o produto do divisor pelo quociente. 35 = 5 x 7
Exemplo - A divisão de um número natural n por zero não é pos-
4 vezes 9 é somar o número 9 quatro vezes: 4 x 9 = 9 sível pois, se admitíssemos que o quociente fosse q, então
+ 9 + 9 + 9 = 36 poderíamos escrever: n ÷ 0 = q e isto significaria que: n = 0
O resultado da multiplicação é denominado produto x q = 0 o que não é correto! Assim, a divisão de n por 0 não
e os números dados que geraram o produto, são chama- tem sentido ou ainda é dita impossível.
dos fatores. Usamos o sinal × ou · ou x, para representar a
multiplicação. Potenciação de Números Naturais
Para dois números naturais m e n, a expressão mn é um
Propriedades da multiplicação produto de n fatores iguais ao número m, ou seja: mn = m
- Fechamento: A multiplicação é fechada no conjunto . m . m ... m . m → m aparece n vezes
N dos números naturais, pois realizando o produto de dois O número que se repete como fator é denominado
ou mais números naturais, o resultado estará em N. O fato base que neste caso é m. O número de vezes que a base
que a operação de multiplicação é fechada em N é conhe- se repete é denominado expoente que neste caso é n. O
cido na literatura do assunto como: A multiplicação é uma resultado é denominado potência. Esta operação não passa
lei de composição interna no conjunto N. de uma multiplicação com fatores iguais, como por exem-
- Associativa: Na multiplicação, podemos associar 3 ou plo: 23 = 2 × 2 × 2 = 8 → 43 = 4 × 4 × 4 = 64
mais fatores de modos diferentes, pois se multiplicarmos o
primeiro fator com o segundo e depois multiplicarmos por Propriedades da Potenciação
um terceiro número natural, teremos o mesmo resultado - Uma potência cuja base é igual a 1 e o expoente na-
que multiplicar o terceiro pelo produto do primeiro pelo tural é n, denotada por 1n, será sempre igual a 1.
Exemplos:
segundo. (m . n) . p = m .(n . p) → (3 . 4) . 5 = 3 . (4 . 5) = 60
a- 1n = 1×1×...×1 (n vezes) = 1
- Elemento Neutro: No conjunto dos números naturais
b- 13 = 1×1×1 = 1
existe um elemento neutro para a multiplicação que é o 1.
c- 17 = 1×1×1×1×1×1×1 = 1
Qualquer que seja o número natural n, tem-se que: 1 . n =
n.1=n→1.7=7.1=7 - Se n é um número natural não nulo, então temos que
- Comutativa: Quando multiplicamos dois números na- no=1. Por exemplo:
turais quaisquer, a ordem dos fatores não altera o produto, - (a) nº = 1
ou seja, multiplicando o primeiro elemento pelo segundo - (b) 5º = 1
elemento teremos o mesmo resultado que multiplicando o - (c) 49º = 1
segundo elemento pelo primeiro elemento. m . n = n . m →
3 . 4 = 4 . 3 = 12 - A potência zero elevado a zero, denotada por 0o, é
carente de sentido no contexto do Ensino Fundamental.
Propriedade Distributiva
Multiplicando um número natural pela soma de dois - Qualquer que seja a potência em que a base é o nú-
números naturais, é o mesmo que multiplicar o fator, por mero natural n e o expoente é igual a 1, denotada por n1, é
cada uma das parcelas e a seguir adicionar os resultados igual ao próprio n. Por exemplo:
obtidos. m . (p + q) = m . p + m . q → 6 x (5 + 3) = 6 x 5 + - (a) n¹ = n
6 x 3 = 30 + 18 = 48 - (b) 5¹ = 5
- (c) 64¹ = 64

2
MATEMÁTICA

- Toda potência 10n é o número formado pelo algaris- A) R$ 150,00.


mo 1 seguido de n zeros. B) R$ 175,00.
Exemplos: C) R$ 200,00.
a- 103 = 1000 D) R$ 225,00.
b- 108 = 100.000.000
c- 10o = 1 5 - PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPERACIO-
NAIS – MAKIYAMA/2013) Ontem, eu tinha 345 bolinhas de
QUESTÕES gude em minha coleção. Porém, hoje, participei de um cam-
peonato com meus amigos e perdi 67 bolinhas, mas ganhei
1 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) A partir de 1º de outras 90. Sendo assim, qual a quantidade de bolinhas que te-
março, uma cantina escolar adotou um sistema de recebi- nho agora, depois de participar do campeonato?
mento por cartão eletrônico. Esse cartão funciona como A) 368
uma conta corrente: coloca-se crédito e vão sendo debi- B) 270
tados os gastos. É possível o saldo negativo. Enzo toma C) 365
lanche diariamente na cantina e sua mãe credita valores no D) 290
cartão todas as semanas. Ao final de março, ele anotou o E) 376
seu consumo e os pagamentos na seguinte tabela:
6 – (Pref. Niterói) João e Maria disputaram a prefeitura de
uma determinada cidade que possui apenas duas zonas elei-
torais. Ao final da sua apuração o Tribunal Regional Eleitoral
divulgou a seguinte tabela com os resultados da eleição. A
quantidade de eleitores desta cidade é:
1ª Zona Eleitoral 2ª Zona Eleitoral
João 1750 2245
Maria 850 2320
Nulos 150 217
No final do mês, Enzo observou que tinha Brancos 18 25
A) crédito de R$ 7,00.
B) débito de R$ 7,00. Abstenções 183 175
C) crédito de R$ 5,00.
D) débito de R$ 5,00. A) 3995
E) empatado suas despesas e seus créditos. B) 7165
C) 7532
2 - (PREF. IMARUI/SC – AUXILIAR DE SERVIÇOS GERAIS D) 7575
- PREF. IMARUI/2014) José, funcionário público, recebe sa- E) 7933
lário bruto de R$ 2.000,00. Em sua folha de pagamento vem
o desconto de R$ 200,00 de INSS e R$ 35,00 de sindicato. 7 - (PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPERACIO-
Qual o salário líquido de José? NAIS – MAKIYAMA/2013) Durante um mutirão para promover
A) R$ 1800,00 a limpeza de uma cidade, os 15.000 voluntários foram igual-
B) R$ 1765,00 mente divididos entre as cinco regiões de tal cidade. Sendo as-
C) R$ 1675,00 sim, cada região contou com um número de voluntários igual a:
D) R$ 1665,00 A) 2500
B) 3200
3 – (Professor/Pref.de Itaboraí) O quociente entre dois C) 1500
números naturais é 10. Multiplicando-se o dividendo por D) 3000
cinco e reduzindo-se o divisor à metade, o quociente da E) 2000
nova divisão será:
A) 2 8 - (PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPERACIO-
B) 5 NAIS – MAKIYAMA/2013) Em determinada loja, o pagamento
C) 25 de um computador pode ser feito sem entrada, em 12 parcelas
D) 50 de R$ 250,00. Sendo assim, um cliente que opte por essa forma
E) 100 de pagamento deverá pagar pelo computador um total de:
A) R$ 2500,00
4 - (PREF. ÁGUAS DE CHAPECÓ – OPERADOR DE MÁ- B) R$ 3000,00
QUINAS – ALTERNATIVE CONCURSOS) Em uma loja, as C) R$1900,00
compras feitas a prazo podem ser pagas em até 12 vezes D) R$ 3300,00
sem juros. Se João comprar uma geladeira no valor de R$ E) R$ 2700,00
2.100,00 em 12 vezes, pagará uma prestação de:

3
MATEMÁTICA

9 – (CREFITO/SP – ALMOXARIFE – VUNESP/2012) O su- 5 - RESPOSTA: “A”.


cessor do dobro de determinado número é 23. Esse mesmo 345-67=278
determinado número somado a 1 e, depois, dobrado será Depois ganhou 90
igual a 278+90=368
A) 24.
B) 22. 6 - RESPOSTA: “E”.
C) 20. Vamos somar a 1ª Zona: 1750+850+150+18+183 = 2951
D) 18. 2ª Zona : 2245+2320+217+25+175 = 4982
E) 16. Somando os dois: 2951+4982 = 7933

10 - (SABESP – ANALISTA DE GESTÃO I -CONTABILIDA- 7 - RESPOSTA: “D”.


DE – FCC/2012) Uma montadora de automóveis possui cinco
unidades produtivas num mesmo país. No último ano, cada
uma dessas unidades produziu 364.098 automóveis. Toda
a produção foi igualmente distribuída entre os mercados Cada região terá 3000 voluntários.
consumidores de sete países. O número de automóveis
que cada país recebeu foi 8 - RESPOSTA: “B”.
A) 26.007 250∙12=3000
B) 26.070 O computador custa R$3000,00.
C) 206.070
D) 260.007 9 - RESPOSTA: “A”.
E) 260.070 Se o sucessor é 23, o dobro do número é 22, portanto
Respostas o número é 11.
(11+1) → 2=24
1 - RESPOSTA: “B”.
crédito: 40+30+35+15=120 10 - RESPOSTA: “E”.
débito: 27+33+42+25=127 364098 → 5=1820490 automóveis
120-127=-7
Ele tem um débito de R$ 7,00.

2 - RESPOSTA: “B”.
2000-200=1800-35=1765
O salário líquido de José é R$1765,00. NÚMEROS INTEIROS – Z

3 - RESPOSTA: “E”. Definimos o conjunto dos números inteiros como a re-


D= dividendo união do conjunto dos números naturais (N = {0, 1, 2, 3,
d= divisor 4,..., n,...}, o conjunto dos opostos dos números naturais e o
Q = quociente = 10 zero. Este conjunto é denotado pela letra Z (Zahlen=núme-
R= resto = 0 (divisão exata) ro em alemão). Este conjunto pode ser escrito por: Z = {...,
Equacionando: -4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4, ...}
D= d.Q + R O conjunto dos números inteiros possui alguns sub-
D= d.10 + 0 → D= 10d conjuntos notáveis:

Pela nova divisão temos: - O conjunto dos números inteiros não nulos:
Z* = {..., -4, -3, -2, -1, 1, 2, 3, 4,...};
Z* = Z – {0}

Isolando Q temos: - O conjunto dos números inteiros não negativos:


Z+ = {0, 1, 2, 3, 4,...}
Z+ é o próprio conjunto dos números naturais: Z+ = N

- O conjunto dos números inteiros positivos:


Z*+ = {1, 2, 3, 4,...}

4 - RESPOSTA: “B”. - O conjunto dos números inteiros não positivos:


Z_ = {..., -5, -4, -3, -2, -1, 0}

- O conjunto dos números inteiros negativos:


Cada prestação será de R$175,00 Z*_ = {..., -5, -4, -3, -2, -1}

4
MATEMÁTICA

Módulo: chama-se módulo de um número inteiro a dis- A subtração é a operação inversa da adição.
tância ou afastamento desse número até o zero, na reta numé-
rica inteira. Representa-se o módulo por | |. Observe que: 9 – 5 = 4 4+5=9
O módulo de 0 é 0 e indica-se |0| = 0 diferença
O módulo de +7 é 7 e indica-se |+7| = 7 subtraendo
O módulo de –9 é 9 e indica-se |–9| = 9 minuendo
O módulo de qualquer número inteiro, diferente de zero,
é sempre positivo. Considere as seguintes situações:

Números Opostos: Dois números inteiros são ditos 1- Na segunda-feira, a temperatura de Monte Sião
opostos um do outro quando apresentam soma zero; assim, passou de +3 graus para +6 graus. Qual foi a variação da
os pontos que os representam distam igualmente da origem. temperatura?
Exemplo: O oposto do número 2 é -2, e o oposto de -2 é Esse fato pode ser representado pela subtração: (+6)
2, pois 2 + (-2) = (-2) + 2 = 0 – (+3) = +3
No geral, dizemos que o oposto, ou simétrico, de a é – a, e
vice-versa; particularmente o oposto de zero é o próprio zero. 2- Na terça-feira, a temperatura de Monte Sião, duran-
te o dia, era de +6 graus. À Noite, a temperatura baixou de
Adição de Números Inteiros 3 graus. Qual a temperatura registrada na noite de terça-
feira?
Para melhor entendimento desta operação, associaremos Esse fato pode ser representado pela adição: (+6) +
aos números inteiros positivos a idéia de ganhar e aos núme- (–3) = +3
ros inteiros negativos a idéia de perder. Se compararmos as duas igualdades, verificamos que
Ganhar 5 + ganhar 3 = ganhar 8 (+5) + (+3) = (+8) (+6) – (+3) é o mesmo que (+6) + (–3).
Perder 3 + perder 4 = perder 7 (-3) + (-4) = (-7)
Ganhar 8 + perder 5 = ganhar 3 (+8) + (-5) = (+3)
Temos:
Perder 8 + ganhar 5 = perder 3 (-8) + (+5) = (-3)
(+6) – (+3) = (+6) + (–3) = +3
(+3) – (+6) = (+3) + (–6) = –3
O sinal (+) antes do número positivo pode ser dispensa-
(–6) – (–3) = (–6) + (+3) = –3
do, mas o sinal (–) antes do número negativo nunca pode ser
dispensado.
Daí podemos afirmar: Subtrair dois números inteiros
é o mesmo que adicionar o primeiro com o oposto do se-
Propriedades da adição de números inteiros: O conjun-
to Z é fechado para a adição, isto é, a soma de dois números gundo.
inteiros ainda é um número inteiro.
Multiplicação de Números Inteiros
Associativa: Para todos a,b,c em Z:
a + (b + c) = (a + b) + c A multiplicação funciona como uma forma simplificada
2 + (3 + 7) = (2 + 3) + 7 de uma adição quando os números são repetidos. Podería-
mos analisar tal situação como o fato de estarmos ganhan-
Comutativa: Para todos a,b em Z: do repetidamente alguma quantidade, como por exemplo,
a+b=b+a ganhar 1 objeto por 30 vezes consecutivas, significa ganhar
3+7=7+3 30 objetos e esta repetição pode ser indicada por um x,
isto é: 1 + 1 + 1 ... + 1 + 1 = 30 x 1 = 30
Elemento Neutro: Existe 0 em Z, que adicionado a cada z Se trocarmos o número 1 pelo número 2, obteremos: 2
em Z, proporciona o próprio z, isto é: + 2 + 2 + ... + 2 + 2 = 30 x 2 = 60
z+0=z Se trocarmos o número 2 pelo número -2, obteremos:
7+0=7 (–2) + (–2) + ... + (–2) = 30 x (-2) = –60
Observamos que a multiplicação é um caso particular
Elemento Oposto: Para todo z em Z, existe (-z) em Z, tal que da adição onde os valores são repetidos.
z + (–z) = 0 Na multiplicação o produto dos números a e b, pode
9 + (–9) = 0 ser indicado por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal
entre as letras.
Subtração de Números Inteiros Para realizar a multiplicação de números inteiros, deve-
mos obedecer à seguinte regra de sinais:
A subtração é empregada quando: (+1) x (+1) = (+1)
- Precisamos tirar uma quantidade de outra quantidade; (+1) x (-1) = (-1)
- Temos duas quantidades e queremos saber quanto uma (-1) x (+1) = (-1)
delas tem a mais que a outra; (-1) x (-1) = (+1)
- Temos duas quantidades e queremos saber quanto falta
a uma delas para atingir a outra.

5
MATEMÁTICA

Com o uso das regras acima, podemos concluir que: - A divisão nem sempre pode ser realizada no conjunto
Z. Por exemplo, (+7) : (–2) ou (–19) : (–5) são divisões que
não podem ser realizadas em Z, pois o resultado não é um
Sinais dos números Resultado do produto
número inteiro.
Iguais Positivo - No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é as-
sociativa e não tem a propriedade da existência do ele-
Diferentes Negativo mento neutro.
1- Não existe divisão por zero.
Propriedades da multiplicação de números intei- Exemplo: (–15) : 0 não tem significado, pois não existe
ros: O conjunto Z é fechado para a multiplicação, isto é, a um número inteiro cujo produto por zero seja igual a –15.
multiplicação de dois números inteiros ainda é um número 2- Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente
inteiro. de zero, é zero, pois o produto de qualquer número inteiro
por zero é igual a zero.
Associativa: Para todos a,b,c em Z: Exemplos: a) 0 : (–10) = 0 b) 0 : (+6) = 0 c) 0 : (–1)
a x (b x c) = (a x b) x c =0
2 x (3 x 7) = (2 x 3) x 7
Potenciação de Números Inteiros
Comutativa: Para todos a,b em Z:
axb=bxa A potência an do número inteiro a, é definida como um
3x7=7x3 produto de n fatores iguais. O número a é denominado a
base e o número n é o expoente.
Elemento neutro: Existe 1 em Z, que multiplicado por an = a x a x a x a x ... x a
todo z em Z, proporciona o próprio z, isto é: a é multiplicado por a n vezes
zx1=z
7x1=7 Exemplos:33 = (3) x (3) x (3) = 27
(-5)5 = (-5) x (-5) x (-5) x (-5) x (-5) = -3125
Elemento inverso: Para todo inteiro z diferente de (-7)² = (-7) x (-7) = 49
zero, existe um inverso z–1=1/z em Z, tal que (+9)² = (+9) x (+9) = 81
z x z–1 = z x (1/z) = 1
9 x 9–1 = 9 x (1/9) = 1 - Toda potência de base positiva é um número inteiro
positivo.
Distributiva: Para todos a,b,c em Z: Exemplo: (+3)2 = (+3) . (+3) = +9
a x (b + c) = (a x b) + (a x c)
3 x (4+5) = (3 x 4) + (3 x 5) - Toda potência de base negativa e expoente par é
um número inteiro positivo.
Divisão de Números Inteiros Exemplo: (– 8)2 = (–8) . (–8) = +64

Dividendo divisor dividendo: - Toda potência de base negativa e expoente ímpar é


Divisor = quociente 0 um número inteiro negativo.
Quociente . divisor = dividendo Exemplo: (–5)3 = (–5) . (–5) . (–5) = –125

Propriedades da Potenciação:
Sabemos que na divisão exata dos números naturais:
40 : 5 = 8, pois 5 . 8 = 40 Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-
36 : 9 = 4, pois 9 . 4 = 36 se a base e somam-se os expoentes. (–7)3 . (–7)6 = (–7)3+6
= (–7)9
Vamos aplicar esses conhecimentos para estudar a di-
visão exata de números inteiros. Veja o cálculo: Quocientes de Potências com bases iguais: Conser-
(–20) : (+5) = q  (+5) . q = (–20)  q = (–4) va-se a base e subtraem-se os expoentes. (+13)8 : (+13)6 =
Logo: (–20) : (+5) = - 4 (+13)8 – 6 = (+13)2

Considerando os exemplos dados, concluímos que, Potência de Potência: Conserva-se a base e multipli-
para efetuar a divisão exata de um número inteiro por ou- cam-se os expoentes. [(+4)5]2 = (+4)5 . 2 = (+4)10
tro número inteiro, diferente de zero, dividimos o módulo
do dividendo pelo módulo do divisor. Daí: Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (+9)1
- Quando o dividendo e o divisor têm o mesmo sinal, o = +9 (–13)1 = –13
quociente é um número inteiro positivo.
- Quando o dividendo e o divisor têm sinais diferentes, Potência de expoente zero e base diferente de zero:
o quociente é um número inteiro negativo. É igual a 1. Exemplo: (+14)0 = 1 (–35)0 = 1

6
MATEMÁTICA

Radiciação de Números Inteiros QUESTÕES

A raiz n-ésima (de ordem n) de um número inteiro a é 1 - (TRF 2ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2012) Uma
a operação que resulta em outro número inteiro não ne- operação λ é definida por:
gativo b que elevado à potência n fornece o número a. O wλ = 1 − 6w, para todo inteiro w.
número n é o índice da raiz enquanto que o número a é o Com base nessa definição, é correto afirmar que a
radicando (que fica sob o sinal do radical). soma 2λ + (1λ) λ é igual a
A raiz quadrada (de ordem 2) de um número inteiro a A) −20.
B) −15.
é a operação que resulta em outro número inteiro não ne-
C) −12.
gativo que elevado ao quadrado coincide com o número a.
D) 15.
E) 20.
Observação: Não existe a raiz quadrada de um núme-
ro inteiro negativo no conjunto dos números inteiros. 2 - (UEM/PR – AUXILIAR OPERACIONAL – UEM/2014)
Ruth tem somente R$ 2.200,00 e deseja gastar a maior
Erro comum: Frequentemente lemos em materiais di- quantidade possível, sem ficar devendo na loja.
dáticos e até mesmo ocorre em algumas aulas aparecimen- Verificou o preço de alguns produtos:
to de: TV: R$ 562,00
√9 = ±3 DVD: R$ 399,00
mas isto está errado. O certo é: Micro-ondas: R$ 429,00
√9 = +3 Geladeira: R$ 1.213,00
Na aquisição dos produtos, conforme as condições
Observamos que não existe um número inteiro não mencionadas, e pagando a compra em dinheiro, o troco
negativo que multiplicado por ele mesmo resulte em um recebido será de:
número negativo. A) R$ 84,00
A raiz cúbica (de ordem 3) de um número inteiro a é a B) R$ 74,00
operação que resulta em outro número inteiro que elevado C) R$ 36,00
D) R$ 26,00
ao cubo seja igual ao número a. Aqui não restringimos os
E) R$ 16,00
nossos cálculos somente aos números não negativos.
3 - (PREF. JUNDIAI/SP – ELETRICISTA – MAKIYA-
Exemplos MA/2013) Analise as operações a seguir:
3
(a) 8 = 2, pois 2³ = 8. I abac=ax
(b)
3
− 8 = –2, pois (–2)³ = -8.
3
(c) 27 = 3, pois 3³ = 27.
II
(d)
3
− 27 = –3, pois (–3)³ = -27.

Observação: Ao obedecer à regra dos sinais para o III


produto de números inteiros, concluímos que:
(a) Se o índice da raiz for par, não existe raiz de número De acordo com as propriedades da potenciação, temos
inteiro negativo. que, respectivamente, nas operações I, II e III:
(b) Se o índice da raiz for ímpar, é possível extrair a raiz A) x=b-c, y=b+c e z=c/2.
B) x=b+c, y=b-c e z=2c.
de qualquer número inteiro.
C) x=2bc, y=-2bc e z=2c.
D) x=c-b, y=b-c e z=c-2.
E) x=2b, y=2c e z=c+2.

4 - (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-


GRANRIO/2013) Multiplicando-se o maior número inteiro
menor do que 8 pelo menor número inteiro maior do que
- 8, o resultado encontrado será
A) - 72
B) - 63
C) - 56
D) - 49
E) – 42

7
MATEMÁTICA

5 - (SEPLAG - POLÍCIA MILITAR/MG - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - FCC/2012) Em um jogo de tabuleiro, Carla


e Mateus obtiveram os seguintes resultados:

Ao término dessas quatro partidas,


A) Carla perdeu por uma diferença de 150 pontos.
B) Mateus perdeu por uma diferença de 175 pontos.
C) Mateus ganhou por uma diferença de 125 pontos.
D) Carla e Mateus empataram.

6 – (Operador de máq./Pref.Coronel Fabriciano/MG) Quantos são os valores inteiros e positivos de x para os quais
é um número inteiro?

A) 0
B) 1
C) 2
D) 3
E) 4

7- (CASA DA MOEDA) O quadro abaixo indica o número de passageiros num vôo entre Curitiba e Belém, com duas
escalas, uma no Rio de Janeiro e outra em Brasília. Os números indicam a quantidade de passageiros que subiram no avião
e os negativos, a quantidade dos que desceram em cada cidade.

Curtiba +240
-194
Rio de Janeiro
+158
-108
Brasília
+94

O número de passageiros que chegou a Belém foi:


A) 362
B) 280
C) 240
D) 190
E) 135

RESPOSTAS

1 - RESPOSTA:“E”.
Pela definição:
Fazendo w=2

8
MATEMÁTICA

2 - RESPOSTA: “D”. No conjunto Q destacamos os seguintes subconjuntos:


Geladeira + Microondas + DVD = 1213+429+399 = 2041 - Q* = conjunto dos racionais não nulos;
Geladeira + Microondas + TV = 1213+429+562 = - Q+ = conjunto dos racionais não negativos;
2204, extrapola o orçamento - Q*+ = conjunto dos racionais positivos;
Geladeira +TV + DVD=1213+562+399=2174, é a maior - Q _ = conjunto dos racionais não positivos;
quantidade gasta possível dentro do orçamento. - Q*_ = conjunto dos racionais negativos.
Troco:2200-2174=26 reais
Representação Decimal das Frações
3 - RESPOSTA: “B”. p
Tomemos um número racional q , tal que p não seja
I da propriedade das potências, temos: múltiplo de q. Para escrevê-lo na forma decimal, basta
efetuar a divisão do numerador pelo denominador.
Nessa divisão podem ocorrer dois casos:
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula,
II um número finito de algarismos. Decimais Exatos:

III 2 = 0,4
5

1 = 0,25
4 - RESPOSTA: “D”. 4
Maior inteiro menor que 8 é o 7
Menor inteiro maior que -8 é o -7. 35 = 8,75
Portanto: 7⋅(-7)=-49 4
5 - RESPOSTA: “C”. 153 = 3,06
Carla: 520-220-485+635=450 pontos 50
Mateus: -280+675+295-115=575 pontos
Diferença: 575-450=125 pontos
2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula,
infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se
6 - RESPOSTA:“C”.
periodicamente. Decimais Periódicos ou Dízimas Periódicas:
Fazendo substituição dos valores de x, dentro dos con-
juntos do inteiros positivos temos: 1
= 0,333...
3
x=0 ; x=1
1 = 0,04545...
22

167 = 2,53030...
, logo os únicos números que satisfa- 66
zem a condição é x= 0 e x=5 , dois números apenas.
Representação Fracionária dos Números Decimais
7 - RESPOSTA:“D”.
240- 194 +158 -108 +94 = 190 Trata-se do problema inverso: estando o número
racional escrito na forma decimal, procuremos escrevê-lo
NÚMEROS RACIONAIS – Q na forma de fração. Temos dois casos:
1º) Transformamos o número em uma fração cujo
m Um número racional é o que pode ser escrito na forma numerador é o número decimal sem a vírgula e o denominador
, onde m e n são números inteiros, sendo que n deve é composto pelo numeral 1, seguido de tantos zeros quantas
n
forem as casas decimais do número decimal dado:
ser diferente de zero. Frequentemente usamos m/n para
significar a divisão de m por n. 0,9 = 9
Como podemos observar, números racionais podem 10
ser obtidos através da razão entre dois números inteiros,
57
razão pela qual, o conjunto de todos os números racionais 5,7 =
é denotado por Q. Assim, é comum encontrarmos na lite- 10
ratura a notação:
0,76 = 76
m
Q={ : m e n em Z, n diferente de zero} 100
n

9
MATEMÁTICA

3,48 = 348 Soma (Adição) de Números Racionais


100
Como todo número racional é uma fração ou pode ser
0,005 = 5 = 1 escrito na forma de uma fração, definimos a adição entre
a c
1000 200 os números racionais e , da mesma forma que a
soma de frações, através de: d
b
2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada;
a ad + bc
para tanto, vamos apresentar o procedimento através de + c =
b d bd
alguns exemplos:
Propriedades da Adição de Números Racionais
Exemplo 1
Seja a dízima 0, 333... . O conjunto Q é fechado para a operação de adição, isto
é, a soma de dois números racionais ainda é um número
Façamos x = 0,333... e multipliquemos ambos os racional.
membros por 10: 10x = 0,333 - Associativa: Para todos a, b, c em Q: a + ( b + c ) = (
Subtraindo, membro a membro, a primeira igualdade a+b)+c
da segunda: - Comutativa: Para todos a, b em Q: a + b = b + a
10x – x = 3,333... – 0,333... ⇒ 9x = 3 ⇒ x = 3/9 - Elemento neutro: Existe 0 em Q, que adicionado a
todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q + 0 = q
Assim, a geratriz de 0,333... é a fração 3 . - Elemento oposto: Para todo q em Q, existe -q em Q,
9 tal que q + (–q) = 0
Exemplo 2
Subtração de Números Racionais
Seja a dízima 5, 1717...
A subtração de dois números racionais p e q é a própria
Façamos x = 5,1717... e 100x = 517,1717... . operação de adição do número p com o oposto de q, isto é:
Subtraindo membro a membro, temos: p – q = p + (–q)
99x = 512 ⇒ x = 512/99
Multiplicação (Produto) de Números Racionais
Assim, a geratriz de 5,1717... é a fração 512 .
99 Como todo número racional é uma fração ou pode ser
Exemplo 3 escrito na forma de uma fração, definimos o produto de
a
dois números racionais e c , da mesma forma que o
Seja a dízima 1, 23434... b
produto de frações, através de:d
a c ac
Façamos x = 1,23434... 10x = 12,3434... 1000x = x =
b d bd
1234,34... .
Subtraindo membro a membro, temos: O produto dos números racionais a e b também pode
990x = 1234,34... – 12,34... ⇒ 990x = 1222 ⇒ x ser indicado por a × b, axb, a.b ou ainda ab sem nenhum
= 1222/990 sinal entre as letras.
Para realizar a multiplicação de números racionais,
Simplificando, obtemos x = 611 , a fração geratriz da devemos obedecer à mesma regra de sinais que vale em
dízima 1, 23434... 495 toda a Matemática:
(+1) × (+1) = (+1)
Módulo ou valor absoluto: É a distância do ponto que (+1) × (-1) = (-1)
representa esse número ao ponto de abscissa zero. (-1) × (+1) = (-1)
(-1) × (-1) = (+1)
Podemos assim concluir que o produto de dois
Exemplo: Módulo de - 3 é 3 . Indica-se - 3 = 3 números com o mesmo sinal é positivo, mas o produto de
2 2 2 2 dois números com sinais diferentes é negativo.

Propriedades da Multiplicação de Números


3
Módulo de + 3 é 3 . Indica-se + 3 = Racionais
2 2 2 2 O conjunto Q é fechado para a multiplicação, isto é,
o produto de dois números racionais ainda é um número
Números Opostos: Dizemos que – 32 e 32 são números racional.
racionais opostos ou simétricos e cada um deles é o oposto - Associativa: Para todos a, b, c em Q: a × ( b × c ) = (
do outro. As distâncias dos pontos – 3 e 3 ao ponto zero a×b)×c
2 2
da reta são iguais. - Comutativa: Para todos a, b em Q: a × b = b × a

10
MATEMÁTICA

- Elemento neutro: Existe 1 em Q, que multiplicado por - Toda potência com expoente par é um número
todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q × 1 = q positivo.
- Elemento inverso: Para todo q = a em Q, q diferente 2
de zero, existe q-1 = b em Q: q × q-1 b= 1 a x ⎛ 1⎞ ⎛ 1⎞ ⎛ 1⎞ 1
b =1 a b ⎜⎝ − ⎟⎠ = ⎜⎝ − ⎟⎠ .⎜⎝ − ⎟⎠ =
5 5 5 25
a - Distributiva: Para todos a, b, c em Q: a × ( b + c ) = (
a×b)+(a×c) ‘- Produto de potências de mesma base. Para reduzir
um produto de potências de mesma base a uma só
Divisão de Números Racionais
potência, conservamos a base e somamos os expoentes.
A divisão de dois números racionais p e q é a própria
operação de multiplicação do número p pelo inverso de q,
2 3 2+3 5
⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2 2⎞ ⎛ 2 2 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞
isto é: p ÷ q = ⎜⎝ ⎟⎠ .⎜ ⎟ = ⎜ . ⎟ .⎜ . . ⎟ = ⎜ ⎟ =⎜ ⎟
5 ⎝ 5⎠ ⎝ 5 5⎠ ⎝ 5 5 5⎠ ⎝ 5⎠ ⎝ 5⎠
Potenciação de Números Racionais
- Quociente de potências de mesma base. Para reduzir
A potência qn do número racional q é um produto de um quociente de potências de mesma base a uma só
n fatores iguais. O número q é denominado a base e o potência, conservamos a base e subtraímos os expoentes.
número n é o expoente.
qn = q × q × q × q × ... × q, (q aparece n vezes)

Exemplos:
3
⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ 8
a) ⎜ ⎟ = ⎜ ⎟ .⎜ ⎟ .⎜ ⎟ =
⎝ 5 ⎠ ⎝ 5 ⎠ ⎝ 5 ⎠ ⎝ 5 ⎠ 125
- Potência de Potência. Para reduzir uma potência de
potência a uma potência de um só expoente, conservamos
a base e multiplicamos os expoentes
b)

c) (–5)² = (–5) . ( –5) = 25

d) (+5)² = (+5) . (+5) = 25


Radiciação de Números Racionais
Propriedades da Potenciação: Toda potência com Se um número representa um produto de dois ou mais
expoente 0 é igual a 1. fatores iguais, então cada fator é chamado raiz do número.
0 Vejamos alguns exemplos:
⎛ 2⎞ = 1
⎜⎝ + ⎟⎠
5 Exemplo 1
4 Representa o produto 2 . 2 ou 22. Logo, 2 é a raiz
- Toda potência com expoente 1 é igual à própria base. quadrada de 4. Indica-se √4= 2.
1
⎛ 9⎞ 9
⎜⎝ − ⎟⎠ = - 4 Exemplo 2
4
2
1
Representa o produto 3 . 3 ou
1 1 ⎛ 1⎞ . Logo,
1
é a raiz
⎜⎝ ⎟⎠
- Toda potência com expoente negativo de um número 9 3 3
quadrada de 19 .Indica-se 1 = 3
1
racional diferente de zero é igual a outra potência que tem 9
a base igual ao inverso da base anterior e o expoente igual
ao oposto do expoente anterior. Exemplo 3
−2 2 0,216 Representa o produto 0,6 . 0,6 . 0,6 ou (0,6)3.
⎛ 3⎞ ⎛ 5 ⎞ 25 Logo, 0,6 é a raiz cúbica de 0,216. Indica-se 3 0,216 = 0,6.
⎜⎝ − ⎟⎠ .⎜⎝ − ⎟⎠ =
5 3 9
Assim, podemos construir o diagrama:
- Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo
sinal da base.
N Z Q
3
⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ 8
⎜⎝ ⎟⎠ = ⎜⎝ ⎟⎠ .⎜⎝ ⎟⎠ .⎜⎝ ⎟⎠ =
3 3 3 3 27

11
MATEMÁTICA

Um número racional, quando elevado ao quadrado, dá 5 - (Pref. Niterói) Simplificando a expressão abaixo
o número zero ou um número racional positivo. Logo, os
números racionais negativos não têm raiz quadrada em Q. Obtém-se :
-100
A) ½
O número 9 não tem raiz quadrada em Q, pois tanto B) 1
-10
como +10 , quando elevados ao quadrado, dão 100 . C) 3/2
3 9
Um número
3 racional positivo só tem raiz quadrada no D) 2
conjunto dos números racionais se ele for um quadrado E) 3
perfeito.
2 6 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Em um jogo
O número 3 não tem raiz quadrada em Q, pois não matemático, cada jogador tem direito a 5 cartões marcados
existe número racional que elevado ao quadrado dê 2 . com um número, sendo que todos os jogadores recebem
3 os mesmos números. Após todos os jogadores receberem
Questões seus cartões, aleatoriamente, realizam uma determinada
tarefa que também é sorteada. Vence o jogo quem cumprir
1 - (PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPE- a tarefa corretamente. Em uma rodada em que a tarefa era
RACIONAIS – MAKIYAMA/2013) Na escola onde estudo, colocar os números marcados nos cartões em ordem cres-
¼ dos alunos tem a língua portuguesa como disciplina favo- cente, venceu o jogador que apresentou a sequência
rita, 9/20 têm a matemática como favorita e os demais têm
ciências como favorita. Sendo assim, qual fração representa
os alunos que têm ciências como disciplina favorita?
A) 1/4
B) 3/10
C) 2/9
D) 4/5
E) 3/2

2 - (UEM/PR – AUXILIAR OPERACIONAL – UEM/2014)


Dirce comprou 7 lapiseiras e pagou R$ 8,30, em cada uma
delas. Pagou com uma nota de 100 reais e obteve um des-
conto de 10 centavos. Quantos reais ela recebeu de troco? 7 – (Prof./Prefeitura de Itaboraí) Se x = 0,181818...,
A) R$ 40,00 então o valor numérico da expressão:
B) R$ 42,00
C) R$ 44,00
D) R$ 46,00
E) R$ 48,00
A) 34/39
3 - (FUNDAÇÃO CASA – AGENTE DE APOIO OPERA- B) 103/147
CIONAL – VUNESP/2013) De um total de 180 candidatos, C) 104/147
2/5 estudam inglês, 2/9 estudam francês, 1/3estuda espa- D) 35/49
nhol e o restante estuda alemão. O número de candidatos E) 106/147
que estuda alemão é:
A) 6. 8 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Mariana abriu
B) 7. seu cofrinho com 120 moedas e separou-as:
C) 8. − 1 real: ¼ das moedas
D) 9. − 50 centavos: 1/3 das moedas
E) 10. − 25 centavos: 2/5 das moedas
− 10 centavos: as restantes
4 - (FUNDAÇÃO CASA – AGENTE DE APOIO OPERA- Mariana totalizou a quantia contida no cofre em
CIONAL – VUNESP/2013) Em um estado do Sudeste, um A) R$ 62,20.
Agente de Apoio Operacional tem um salário mensal de: B) R$ 52,20.
salário­base R$ 617,16 e uma gratificação de R$ 185,15. No C) R$ 50,20.
mês passado, ele fez 8 horas extras a R$ 8,50 cada hora, mas D) R$ 56,20.
precisou faltar um dia e foi descontado em R$ 28,40. No mês E) R$ 66,20.
passado, seu salário totalizou
A) R$ 810,81. 9 - (PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB/2014)
B) R$ 821,31. Numa operação policial de rotina, que abordou 800 pes-
C) R$ 838,51. soas, verificou-se que 3/4 dessas pessoas eram homens e
D) R$ 841,91. 1/5 deles foram detidos. Já entre as mulheres abordadas,
E) R$ 870,31. 1/8 foram detidas.

12
MATEMÁTICA

Qual o total de pessoas detidas nessa operação policial? 5 - RESPOSTA: “B”.


A) 145 1,3333= 12/9 = 4/3
B) 185 1,5 = 15/10 = 3/2
C) 220
D) 260
E) 120

10 - (PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS


OPERACIONAIS – MAKIYAMA/2013) Quando pergunta- 6 - RESPOSTA: “D”.
do sobre qual era a sua idade, o professor de matemática
respondeu:
“O produto das frações 9/5 e 75/3 fornece a minha
idade!”.
Sendo assim, podemos afirmar que o professor tem:
A) 40 anos.
B) 35 anos. A ordem crescente é :
C) 45 anos.
D) 30 anos. 7 - RESPOSTA: “B”.
E) 42 anos. x=0,181818... temos então pela transformação na fra-
ção geratriz: 18/99 = 2/11, substituindo:
Respostas

1 - RESPOSTA: “B”.
Somando português e matemática:

8 - RESPOSTA: “A”.

O que resta gosta de ciências:

2 - RESPOSTA: “B”.

Como recebeu um desconto de 10 centavos, Dirce pa- Mariana totalizou R$ 62,20.


gou 58 reais
Troco:100-58=42 reais 9 - RESPOSTA: “A”.

3 - RESPOSTA: “C”.

Mmc(3,5,9)=45
Como 3/4 eram homens, 1/4 eram mulheres

ou 800-600=200 mulheres
O restante estuda alemão: 2/45

Total de pessoas detidas: 120+25=145


4 - RESPOSTA: “D”.
10 - RESPOSTA: “C”.

Salário foi R$ 841,91.

13
MATEMÁTICA

NÚMEROS REAIS Podemos concluir que na representação dos números


Reais sobre uma reta, dados uma origem e uma unidade, a
O conjunto dos números reais R é uma expansão do cada ponto da reta corresponde um número Real e a cada
conjunto dos números racionais que engloba não só os inteiros número Real corresponde um ponto na reta.
e os fracionários, positivos e negativos, mas também todos os
números irracionais. Os números reais são números usados para
representar uma quantidade contínua (incluindo o zero e os
negativos). Pode-se pensar num número real como uma fração
decimal possivelmente infinita, como 3,141592(...). Os números reais
têm uma correspondência biunívoca com os pontos de uma reta.
Denomina-se corpo dos números reais a coleção dos
elementos pertencentes à conclusão dos racionais, formado
pelo corpo de frações associado aos inteiros (números
racionais) e a norma associada ao infinito. Existem também
outras conclusões dos racionais, uma para cada número primo Ordenação dos números Reais
p, chamadas números p-ádicos. O corpo dos números p-ádicos
é formado pelos racionais e a norma associada a p! A representação dos números Reais permite definir uma
relação de ordem entre eles. Os números Reais positivos são
Propriedade maiores que zero e os negativos, menores.  Expressamos
O conjunto dos números reais com as operações binárias de a relação de ordem da seguinte maneira:  Dados dois
soma e produto e com a relação natural de ordem formam um números Reais a e b, 
corpo ordenado. Além das propriedades de um corpo ordenado, a≤b↔b–a≥0
R tem a seguinte propriedade: Se R for dividido em dois conjuntos
(uma partição) A e B, de modo que todo elemento de A é menor Exemplo: -15 ≤ ↔ 5 – (-15) ≥ 0
que todo elemento de B, então existe um elemento x que separa 5 + 15 ≥ 0
os dois conjuntos, ou seja, x é maior ou igual a todo elemento de
A e menor ou igual a todo elemento de B. Propriedades da relação de ordem

- Reflexiva: a ≤ a
- Transitiva: a ≤ b e b ≤ c → a ≤ c
- Anti-simétrica: a ≤ b e b ≤ a → a = b
Ao conjunto formado pelos números Irracionais e pelos
números Racionais chamamos de conjunto dos números Reais. - Ordem total: a < b ou b < a ou a = b 
Ao unirmos o conjunto dos números Irracionais com o conjunto
dos números Racionais, formando o conjunto dos números Expressão aproximada dos números Reais
Reais, todas as distâncias representadas por eles sobre uma
reta preenchem-na por completo; isto é, ocupam todos os seus
pontos. Por isso, essa reta é denominada reta Real.

Os números Irracionais possuem infinitos algarismos


decimais não-periódicos. As operações com esta classe
de números sempre produzem erros quando não se
utilizam todos os algarismos decimais. Por outro lado, é
impossível utilizar todos eles nos cálculos. Por isso, somos
obrigados a usar aproximações, isto é, cortamos o decimal
em algum lugar e desprezamos os algarismos restantes. Os
algarismos escolhidos serão uma aproximação do número
Real. Observe como tomamos a aproximação de e do
número nas tabelas.

14
MATEMÁTICA

Aproximação por
Falta Excesso
Erro menor que π π
1 unidade 1 3 2 4
1 décimo 1,4 3,1 1,5 3,2
1 centésimo 1,41 3,14 1,42 3,15
1 milésimo 1,414 3,141 1,415 3,142
1 décimo de
1,4142 3,1415 1,4134 3,1416
milésimo

Operações com números Reais


Operando com as aproximações, obtemos uma
sucessão de intervalos fixos que determinam um número
Real. É assim que vamos trabalhar as operações adição,
subtração, multiplicação e divisão.  Relacionamos, em
seguida, uma série de recomendações úteis para operar
com números Reais:
- Vamos tomar a aproximação por falta.
- Se quisermos ter uma ideia do erro cometido,
escolhemos o mesmo número de casas decimais em ambos
os números.
- Se utilizamos uma calculadora, devemos usar a
aproximação máxima admitida pela máquina (o maior
número de casas decimais).
- Quando operamos com números Reais, devemos
fazer constar o erro de aproximação ou o número de casas
decimais.
- É importante adquirirmos a idéia de aproximação
em função da necessidade. Por exemplo, para desenhar o
Questões
projeto de uma casa, basta tomar medidas com um erro de
centésimo.
1 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Um comer-
- Em geral, para obter uma aproximação de n  casas
ciante tem 8 prateleiras em seu empório para organizar os
decimais, devemos trabalhar com números Reais
produtos de limpeza. Adquiriu 100 caixas desses produtos
aproximados, isto é, com n + 1 casas decimais.
com 20 unidades cada uma, sendo que a quantidade total
Para colocar em prática o que foi exposto, vamos
de unidades compradas será distribuída igualmente entre
fazer as quatro operações indicadas: adição, subtração,
essas prateleiras. Desse modo, cada prateleira receberá um
multiplicação e divisão com dois números Irracionais. 
número de unidades, desses produtos, igual a
A) 40
B) 50
C) 100
D) 160
E) 250
Valor Absoluto
2 - (CÂMARA DE CANITAR/SP – RECEPCIONISTA –
Como vimos, o erro  pode ser:
INDEC/2013) Em uma banca de revistas existem um total
- Por excesso: neste caso, consideramos o erro positivo.
de 870 exemplares dos mais variados temas. Metade das
- Por falta: neste caso, consideramos o erro negativo.
revistas é da editora A, dentre as demais, um terço são pu-
Quando o erro é dado sem sinal, diz-se que está dado
blicações antigas. Qual o número de exemplares que não
em valor absoluto. O valor absoluto de um número a  é
são da Editora A e nem são antigas?
designado por |a| e coincide com o número positivo, se for
A) 320
positivo, e com seu oposto, se for negativo. 
B) 290
Exemplo: Um livro nos custou 8,50 reais. Pagamos com
C) 435
uma nota de 10 reais. Se nos devolve 1,60 real de troco, o
D) 145
vendedor cometeu um erro de +10 centavos. Ao contrário,
se nos devolve 1,40 real, o erro cometido é de 10 centavos. 

15
MATEMÁTICA

3 - (TRT 6ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO- ADMINISTRA- 7 - (UFOP/MG – ADMINISTRADOR DE EDIFICIOS –


TIVA – FCC/2012) Em uma praia chamava a atenção um UFOP/2013) Uma pessoa caminha 5 minutos em ritmo normal
catador de cocos (a água do coco já havia sido retirada). e, em seguida, 2 minutos em ritmo acelerado e, assim, sucessi-
Ele só pegava cocos inteiros e agia da seguinte maneira: vamente, sempre intercalando os ritmos da caminhada (5 minu-
o primeiro coco ele coloca inteiro de um lado; o segundo tos normais e 2 minutos acelerados). A caminhada foi iniciada
ele dividia ao meio e colocava as metades em outro lado; em ritmo normal, e foi interrompida após 55 minutos do início.
o terceiro coco ele dividia em três partes iguais e coloca- O tempo que essa pessoa caminhou aceleradamente foi:
va os terços de coco em um terceiro lugar, diferente dos A) 6 minutos
outros lugares; o quarto coco ele dividia em quatro partes B) 10 minutos
iguais e colocava os quartos de coco em um quarto lugar C) 15 minutos
diferente dos outros lugares. No quinto coco agia como D) 20 minutos
se fosse o primeiro coco e colocava inteiro de um lado, o
seguinte dividia ao meio, o seguinte em três partes iguais, 8 - (PREF. IMARUÍ – AGENTE EDUCADOR – PREF. IMA-
RUÍ/2014) Sobre o conjunto dos números reais é CORRETO dizer:
o seguinte em quatro partes iguais e seguia na sequência:
A) O conjunto dos números reais reúne somente os núme-
inteiro, meios, três partes iguais, quatro partes iguais. Fez
ros racionais.
isso com exatamente 59 cocos quando alguém disse ao B) R* é o conjunto dos números reais não negativos.
catador: eu quero três quintos dos seus terços de coco e C) Sendo A = {-1,0}, os elementos do conjunto A não são
metade dos seus quartos de coco. O catador consentiu e números reais.
deu para a pessoa D) As dízimas não periódicas são números reais.
A) 52 pedaços de coco.
B) 55 pedaços de coco. 9 - (TJ/SP - AUXILIAR DE SAÚDE JUDICIÁRIO - AUXI-
C) 59 pedaços de coco. LIAR EM SAÚDE BUCAL – VUNESP/2013) Para numerar as
D) 98 pedaços de coco. páginas de um livro, uma impressora gasta 0,001 mL por cada
E) 101 pedaços de coco. algarismo impresso. Por exemplo, para numerar as páginas 7, 58
e 290 gasta-se, respectivamente, 0,001 mL, 0,002 mL e 0,003 mL
4 - (UEM/PR – AUXILIAR OPERACIONAL – UEM/2014) de tinta. O total de tinta que será gasto para numerar da página
A mãe do Vitor fez um bolo e repartiu em 24 pedaços, to- 1 até a página 1 000 de um livro, em mL, será
dos de mesmo tamanho. A mãe e o pai comeram juntos, ¼ A) 1,111.
do bolo. O Vitor e a sua irmã comeram, cada um deles, ¼ B) 2,003.
do bolo. Quantos pedaços de bolo sobraram? C) 2,893.
A) 4 D) 1,003.
B) 6 E) 2,561.
C) 8
D) 10 10 - (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESGRAN-
E) 12 RIO/2013) Gilberto levava no bolso três moedas de R$ 0,50,
5 - (UEM/PR – AUXILIAR OPERACIONAL – UEM/2014) cinco de R$ 0,10 e quatro de R$ 0,25. Gilberto retirou do bolso
Paulo recebeu R$1.000,00 de salário. Ele gastou ¼ do sa- oito dessas moedas, dando quatro para cada filho.
lário com aluguel da casa e 3/5 do salário com outras des- A diferença entre as quantias recebidas pelos dois filhos de
pesas. Do salário que Paulo recebeu, quantos reais ainda Gilberto é de, no máximo,
A) R$ 0,45
restam?
B) R$ 0,90
A) R$ 120,00
C) R$ 1,10
B) R$ 150,00
D) R$ 1,15
C) R$ 180,00 E) R$ 1,35
D) R$ 210,00
E) R$ 240,00 RESPOSTAS
6 - (UFABC/SP – TECNÓLOGO-TECNOLOGIA DA IN- 1 - RESPOSTA: “E”.
FORMAÇÃO – VUNESP/2013) Um jardineiro preencheu Total de unidades: 100⋅20=2000 unidades
parcialmente, com água, 3 baldes com capacidade de 15
litros cada um. O primeiro balde foi preenchido com 2/3 unidades em cada prateleira.
de sua capacidade, o segundo com 3/5 da capacidade, e
o terceiro, com um volume correspondente à média dos
volumes dos outros dois baldes. A soma dos volumes de 2 - RESPOSTA: “B”.
água nos três baldes, em litros, é editora A: 870/2=435 revistas
A) 27. publicações antigas: 435/3=145 revistas
B) 27,5.
C) 28.
D) 28,5. O número de exemplares que não são da Editora A e
E) 29. nem são antigas são 290.

16
MATEMÁTICA

3 - RESPOSTA: “B”. 7 - RESPOSTA: “C”.


A caminhada sempre vai ser 5 minutos e depois 2 minutos,
então 7 minutos ao total.
Dividindo o total da caminhada pelo tempo, temos:
14 vezes iguais
Coco inteiro: 14
Metades:14.2=28
Terça parte:14.3=42 Assim, sabemos que a pessoa caminhou 7. (5 minutos +2
Quarta parte:14.4=56 minutos) +6 minutos (5 minutos+1 minuto)
3 cocos: 1 coco inteiro, metade dos cocos, terça parte Aceleradamente caminhou: (7.2)+1➜ 14+1=15 minutos
Quantidade total
Coco inteiro: 14+1=15 8 - RESPOSTA: “D”.
A) errada - O conjunto dos números reais tem os conjun-
Metades: 28+2=30
tos: naturais, inteiros, racionais e irracionais.
Terça parte:42+3=45
B) errada – R* são os reais sem o zero.
Quarta parte :56
C) errada - -1 e 0 são números reais.

9 - RESPOSTA: “C”.
1 a 9 =9 algarismos=0,001⋅9=0,009 ml
De 10 a 99, temos que saber quantos números tem.
4 - RESPOSTA “B”. 99-10+1=90.
OBS: soma 1, pois quanto subtraímos exclui-se o primeiro
número.
90 números de 2 algarismos: 0,002⋅90=0,18ml
De 100 a 999
Sobrou 1/4 do bolo. 999-100+1=900 números
900⋅0,003=2,7ml
1000=0,004ml
Somando: 0,009+0,18+2,7+0,004=2,893

10 - RESPOSTA: “E”.
5 - RESPOSTA: “B”. Supondo que as quatro primeiras moedas sejam as 3 de
R$ 0,50 e 1 de R$ 0,25(maiores valores).
Aluguel: Um filho receberia : 1,50+0,25=R$1,75
E as ouras quatro moedas sejam de menor valor: 4 de R$
Outras despesas: 0,10=R$ 0,40.
A maior diferença seria de 1,75-0,40=1,35
Dica: sempre que fala a maior diferença tem que o maior
valor possível – o menor valor.
Restam :1000-850=R$150,00
MMC

O mmc de dois ou mais números naturais é o menor


6 - RESPOSTA: “D”.
número, excluindo o zero, que é múltiplo desses números.
Primeiro balde:
Cálculo do m.m.c.
Vamos estudar dois métodos para encontrar o mmc de
dois ou mais números:
Segundo balde: 1)  Podemos calcular o m.m.c. de dois ou mais números uti-
lizando a fatoração. Acompanhe o cálculo do m.m.c. de 12 e 30:
1º) decompomos os números em fatores primos
2º) o m.m.c. é o produto dos fatores primos comuns e
Terceiro balde: não comuns:
                   12   =  2  x  2  x  3
                   30   =          2  x  3   x  5
m.m.c (12,30)  = 2  x  2  x  3   x  5
A soma dos volumes é : 10+9+9,5=28,5 litros Escrevendo a fatoração dos números na forma de potên-
cia, temos:
12 = 22  x  3
30 = 2   x  3  x  5 
m.m.c (12,30)  = 22  x  3  x  5

17
MATEMÁTICA

O mmc de dois ou mais números, quando fatorados, Regra prática:


é o produto dos fatores comuns e não comuns , cada um 1º) dividimos o número maior pelo número menor;
com seu maior expoente     48 / 30 = 1 (com resto 18)
2º) dividimos o divisor 30, que é divisor da divisão an-
2) Método da decomposição simultânea terior, por 18, que é o resto da divisão anterior, e assim
Vamos encontrar o mmc (15, 24, 60) sucessivamente;
    30 / 18 = 1 (com resto 12)
18 / 12 = 1 (com resto 6)
12 / 6 = 2 (com resto zero - divisão exata)

3º) O divisor da divisão exata é 6. Então m.d.c.(48,30) = 6.


OBS:
1.Dois ou mais números são primos entre si quando o
máximo divisor comum entre eles é o número.
2.Dados dois ou mais números, se um deles é divisor
de todos os outros, então ele é o mdc dos números dados.
Neste processo decompomos todos os números ao
mesmo tempo, num dispositivo como mostra a figura aci- Problemas
ma. O produto dos fatores primos que obtemos nessa de-
composição é o m.m.c. desses números. 1. Uma indústria de tecidos fabrica retalhos de mes-
Portanto, m.m.c.(15,24,60) = 2 x 2 x 2 x 3 x 5 = 120 mo comprimento. Após realizarem os cortes necessários,
OBS: verificou-se que duas peças restantes tinham as seguintes
1. Dados dois ou mais números, se um deles é múlti- medidas: 156 centímetros e 234 centímetros. O gerente
plo de todos os outros, então ele é o m.m.c. dos números de produção ao ser informado das medidas, deu a ordem
dados. para que o funcionário cortasse o pano em partes iguais e
2. Dados dois números primos entre si, o mmc deles é de maior comprimento possível. Como ele poderá resolver
o produto desses números. essa situação? 

MDC 2. Uma empresa de logística é composta de três áreas:


administrativa, operacional e vendedores. A área adminis-
Máximo divisor comum (mdc) trativa é composta de 30 funcionários, a operacional de 48
e a de vendedores com 36 pessoas. Ao final do ano, a em-
É o maior divisor comum entre dois ou mais núme- presa realiza uma integração entre as três áreas, de modo
ros naturais. Usamos a abreviação MDC que todos os funcionários participem ativamente. As equi-
Cálculo do m.d.c pes devem conter o mesmo número de funcionários com
o maior número possível. Determine quantos funcionários
Vamos estudar dois métodos para encontrar o mdc de devem participar de cada equipe e o número possível de
dois ou mais números equipes. 
1) Um modo de calcular o m.d.c. de dois ou mais nú-
meros é utilizar a decomposição desses números em fato- 3. (PUC–SP) Numa linha de produção, certo tipo de
res primos: manutenção é feita na máquina A a cada 3 dias, na máqui-
- Decompomos os números em fatores primos; na B, a cada 4 dias, e na máquina C, a cada 6 dias. Se no dia
- O m.d.c. é o produto dos fatores primos comuns. 2 de dezembro foi feita a manutenção nas três máquinas,
Acompanhe o cálculo do m.d.c. entre 36 e 90: após quantos dias as máquinas receberão manutenção no
36 = 2 x 2 x 3 x 3 mesmo dia. 
90 = 2 x 3 x 3 x 5
O m.d.c. é o produto dos fatores primos comuns => 4. Um médico, ao prescrever uma receita, determina
m.d.c.(36,90) = 2 x 3 x 3 que três medicamentos sejam ingeridos pelo paciente de
Portanto m.d.c.(36,90) = 18. acordo com a seguinte escala de horários: remédio A, de 2
Escrevendo a fatoração do número na forma de potên- em 2 horas, remédio B, de 3 em 3 horas e remédio C, de 6
cia temos: em 6 horas. Caso o paciente utilize os três remédios às 8
36 = 22 x 32 horas da manhã, qual será o próximo horário de ingestão
90 = 2  x 32 x 5 dos mesmos?
Portanto m.d.c.(36,90) = 2 x 32 = 18.
2) Processo das divisões sucessivas : Nesse processo 5. João tinha 20 bolinhas de gude e queria distribuí-las
efetuamos várias divisões até chegar a uma divisão exata. entre ele e 3 amigos de modo que cada um ficasse com
O divisor desta divisão é o m.d.c. Acompanhe o cálculo do um número par de bolinhas e nenhum deles ficasse com o
m.d.c.(48,30). mesmo número que o outro. Com quantas bolinhas ficou
cada menino? 

18
MATEMÁTICA

Resposta Adição de números complexos: Para somarmos dois


números complexos basta somarmos, separadamente,
1. Calculamos o MDC entre 156 e 234 e o resultado é as partes reais e imaginárias desses números. Assim, se
:  os retalhos devem ter 78 cm de comprimento.  z=a+bi e z2=c+di, temos que:
z1+z2=(a+c) + (b+d)
2. Calculamos o MDC entre 30, 48 e 36. O número de
equipes será igual a 19, com 6 participantes cada uma.  Subtração de números complexos: Para subtrairmos
dois números complexos basta subtrairmos, separadamente,
3. Calculamos o MMC entre 3, 4 e 6. Concluímos que as partes reais e imaginárias desses números. Assim, se
após 12 dias, a manutenção será feita nas três máquinas. z=a+bi e z2=c+di, temos que:
Portanto, dia 14 de dezembro.  z1-z2=(a-c) + (b-d)
Potências de i
4. Calculamos o MMC entre 2, 3 e 6. De 6 Se, por definição, temos que i = - (-1)1/2, então:
em 6 horas os três remédios serão ingeridos jun- i0 = 1
tos. Portanto, o próximo horário será às 14 horas.  i1 = i
5. Se o primeiro menino ficar com 2 bolinhas, sobrarão 18 i2 = -1
bolinhas para os outros 3 meninos. Se o segundo receber i3 = i2.i = -1.i = -i
4, sobrarão 14 bolinhas para os outros dois meninos. O ter- i4 = i2.i2=-1.-1=1
ceiro menino receberá 6 bolinhas e o quarto receberá 8 i5 = i4. 1=1.i= i
bolinhas. i6 = i5. i =i.i=i2=-1
i7 = i6. i =(-1).i=-i ......
NÚMEROS COMPLEXOS, Observamos que no desenvolvimento de in (n
pertencente a N, com n variando, os valores repetem-se
Quantas vezes, ao calcularmos o valor de Delta (b2- 4ac) de 4 em 4 unidades. Desta forma, para calcularmos in basta
na resolução da equação do 2º grau, nos deparamos com calcularmos ir onde r é o resto da divisão de n por 4.
um valor negativo (Delta < 0). Nesse caso, sempre dizemos Exemplo: i63 => 63 / 4 dá resto 3, logo i63=i3=-i
ser impossível a raiz no universo considerado (normalmente
no conjunto dos reais- R). A partir daí, vários matemáticos Multiplicação de números complexos: Para
estudaram este problema, sendo Gauss e Argand os multiplicarmos dois números complexos basta efetuarmos
que realmente conseguiram expor uma interpretação a multiplicação de dois binômios, observando os valores
geométrica num outro conjunto de números, chamado de das potência de i. Assim, se z1=a+bi e z2=c+di, temos que:
números complexos, que representamos por C. z1.z2 = a.c + adi + bci + bdi2
z1.z2= a.c + bdi2 = adi + bci
Números Complexos z1.z2= (ac - bd) + (ad + bc)i
Chama-se conjunto dos números complexos, e Observar que : i2= -1
representa-se por C, o conjunto de pares ordenados, ou
seja: Conjugado de um número complexo: Dado z=a+bi,
z = (x,y) define-se como conjugado de z (representa-se por z-) ==>
onde x pertence a R e y pertence a R. z-= a-bi
Então, por definição, se z = (x,y) = (x,0) + (y,0)(0,1) onde Exemplo:
i=(0,1), podemos escrever que: z=3 - 5i ==> z- = 3 + 5i
z=(x,y)=x+yi z = 7i ==> z- = - 7i
z = 3 ==> z- = 3
Exemplos:
(5,3)=5+3i Divisão de números complexos: Para dividirmos dois
(2,1)=2+i números complexos basta multiplicarmos o numerador e o
(-1,3)=-1+3i denominador pelo conjugado do denominador. Assim, se
z1= a + bi e z2= c + di, temos que:
Dessa forma, todo o números complexo z=(x,y) pode z1 / z2 = [z1.z2-] / [z2z2-] = [ (a+bi)(c-di) ] / [ (c+di)(c-di) ]
ser escrito na forma z=x+yi, conhecido como forma
algébrica, onde temos: Módulo de um número complexo: Dado z = a+bi,
x=Re(z, parte real de z chama-se módulo de z ==> | z | = (a2+b2)1/2, conhecido
y=Im(z), parte imaginária de z como ro

Igualdade entre números complexos: Dois números Interpretação geométrica: Como dissemos, no início,
complexos são iguais se, e somente se, apresentam a interpretação geométrica dos números complexos é que
simultaneamente iguais a parte real e a parte imaginária. deu o impulso para o seu estudo. Assim, representamos o
Assim, se z1=a+bi e z2=c+di, temos que: complexo z = a+bi da seguinte maneira
z1=z2<==> a=c e b=d

19
MATEMÁTICA

Respostas

Resolução 01.
Temos que:
z1 + z2 = (2x + 1 -y) + (y +2) = 0
logo, é preciso que:
2x+1 - y =0 e y+2 = 0
Resolvendo, temos que y = -2 e x = -3/2

Resolução 02.
Forma polar dos números complexos: Da Efetuando a multiplicação, temos que:
interpretação geométrica, temos que: z = x + (x+2)i + 2i2
z= (x-2) + (x+2)i
Para z ser imaginário puro é necessário que (x-2)=0,
logo x=2

Resolução 03.
Efetuando a divisão, temos que:
que é conhecida como forma polar ou trigonométrica z = (2+i) / (7-3i) . (7+3i) / (7+3i) = (11 + 3i) / 58
de um número complexo. O conjugado de Z seria, então z- = 11/58 - 13i/58

Operações na forma polar: Sejam z1=ro1(cos t11) e Resolução 04.


z2=ro1(cos t1+i sent1). Então, temos que: Então, |z1= (x2 + 20)1/2 = |z2 = [(x-2)2 + 36}1/2
Em decorrência,
a)Multiplicação x2 + 20 = x2 - 4x + 4 + 36
20 = -4x + 40
4x = 20, logo x=5

Divisão Resolução 05.


Efetuando-se a divisão, temos:
z = [(1+i). -i] / -i2 = (-i -i2) = 1 – i
Para a forma trigonométrica, temos que:
r = (1 + 1)1/2 = 21/2
sen t = -1/21/2 = - 21/2 / 2
Potenciação cos t = 1 / 21/2 = 21/2 / 2
Pelos valores do seno e cosseno, verificamos que t =
315º
Lembrando que a forma trigonométrica é dada por:
Radiciação z = r(cos t + i sen t), temos que:
z = 21/2 (cos 315º + i sen 315º)

Progressão Aritmética (PA)


para n = 0, 1, 2, 3, ..., n-1
Podemos, no nosso dia-a-dia, estabelecer diversas se-
Exercícios quências como, por exemplo, a sucessão de cidades que
temos numa viagem de automóvel entre Brasília e São Pau-
1 - Sejam os complexos z1=(2x+1) + yi e z2=-y + 2i. lo ou a sucessão das datas de aniversário dos alunos de
Determine x e y de modo que z1 + z2 = 0 uma determinada escola.
Podemos, também, adotar para essas sequências uma
2 - Determine x, de modo que z = (x+2i)(1+i) seja ordem numérica, ou seja, adotando a1 para o 1º termo, a2
imaginário puro. para o 2º termo até an para o n-ésimo termo. Dizemos que
o termo an é também chamado termo geral das sequências,
3 - Qual é o conjugado de z = (2+i) / (7-3i)? em que n é um número natural diferente de zero. Eviden-
temente, daremos atenção ao estudo das sequências nu-
4 - Os módulos de z1 = x + 201/2i e z2= (x-2) + 6i são méricas.
iguais, qual o valor de x? As sequências podem ser finitas, quando apresentam
um último termo, ou, infinitas, quando não apresentam um
5 - Escreva na forma trigonométrica o complexo z = último termo. As sequências infinitas são indicadas por re-
(1+i) / i ticências no final.

20
MATEMÁTICA

Exemplos: Teremos:
- Sequência dos números primos positivos: (2, 3, 5, a12 = 45 – 4 . 12 a a12 = -3
7, 11, 13, 17, 19, ...). Notemos que esta é uma sequência a23 = 45 – 4 . 23 a a23 = -47
infinita com a1 = 2; a2 = 3; a3 = 5; a4 = 7; a5 = 11; a6 = 13 etc.
- Sequência dos números ímpares positivos: (1, 3, 5, 7, 3. Lei de Recorrências
9, 11, ...). Notemos que esta é uma sequência infinita com Uma sequência pode ser definida quando oferecemos
a1 = 1; a2 = 3; a3 = 5; a4 = 7; a5 = 9; a6 = 11 etc. o valor do primeiro termo e um “caminho” (uma formula)
- Sequência dos algarismos do sistema decimal de que permite a determinação de cada termo conhecendo-
numeração: (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9). Notemos que esta é se o seu antecedente. Essa forma de apresentação de uma
uma sequência finita com a1 = 0; a2 = 1; a3 = 2; a4 = 3; a5 = sucessão é dita de recorrências.
4; a6 = 5; a7 = 6; a8 = 7; a9 = 8; a10 = 9.
Exemplos
1. Igualdade - Escrever os cinco primeiros termos de uma sequência
As sequências são apresentadas com os seus termos em que:
entre parênteses colocados de forma ordenada. Sucessões a1 = 3 e an+1 = 2 . an - 4, em que n € N*.
que apresentarem os mesmos termos em ordem diferente
serão consideradas sucessões diferentes. Teremos:
Duas sequências só poderão ser consideradas iguais a1 = 3
se, e somente se, apresentarem os mesmos termos, na a2 = 2 . a1 – 4 a a2 = 2 . 3 – 4 a a2 = 2
mesma ordem. a3 = 2 . a2 – 4 a a3 = 2 . 2 - 4 a a3 = 0
a4 = 2 . a3 – 4 a a4 = 2 . 0 - 4 a a4 = -4
Exemplo a5 = 2 . a4 – 4 a a5 = 2 .(-4) – 4 a a5 = -12
A sequência (x, y, z, t) poderá ser considerada igual à
sequência (5, 8, 15, 17) se, e somente se, x = 5; y = 8; z = - Determinar o termo a5 de uma sequência em que:
15; e t = 17. a1 = 12 e an+ 1 = an – 2, em que n € N*.
Notemos que as sequências (0, 1, 2, 3, 4, 5) e (5, 4, 3,
2, 1) são diferentes, pois, embora apresentem os mesmos a2 = a1 – 2 → a2 = 12 – 2 → a2=10
elementos, eles estão em ordem diferente. a3 = a2 – 2 → a3 = 10 – 2 → a3 = 8
a4 = a3 – 2 → a4 = 8 – 2 → a4 = 6
2. Formula Termo Geral a5 = a4 – 2 → a5 = 6 – 2 → a5 = 4
Podemos apresentar uma sequência através de uma
determina o valor de cada termo an em função do valor de Observação 1
n, ou seja, dependendo da posição do termo. Esta formula
que determina o valor do termo an e chamada formula do Devemos observar que a apresentação de uma se-
termo geral da sucessão. quência através do termo geral é mais pratica, visto que
podemos determinar um termo no “meio” da sequência
Exemplos sem a necessidade de determinarmos os termos interme-
- Determinar os cincos primeiros termos da sequência diários, como ocorre na apresentação da sequência através
cujo termo geral e igual a: da lei de recorrências.
an = n – 2n,com n € N* a
Teremos: Observação 2
A1 = 12 – 2 . 1 a a1 = 1
A2 = 22 – 2 . 2 a a2 = 0 Algumas sequências não podem, pela sua forma “de-
A3 = 32 – 2 . 3 a a3 = 3 sorganizada” de se apresentarem, ser definidas nem pela
A4 = 42 – 4 . 2 a a4 = 8 lei das recorrências, nem pela formula do termo geral. Um
A5 = 55 – 5 . 2 a a5 = 15 exemplo de uma sequência como esta é a sucessão de nú-
meros naturais primos que já “destruiu” todas as tentativas
- Determinar os cinco primeiros termos da seqüência de se encontrar uma formula geral para seus termos.
cujo termo geral é igual a:
an = 3 . n + 2, com n € N*. 4. Artifícios de Resolução
a1 = 3 . 1 + 2 a a1 = 5
a2 = 3 . 2 + 2 a a2 = 8 Em diversas situações, quando fazemos uso de apenas
a3 = 3 . 3 + 2 a a3 = 11 alguns elementos da PA, é possível, através de artifícios de
a4 = 3 . 4 + 2 a a4 = 14 resolução, tornar o procedimento mais simples:
a5 = 3 . 5 + 2 a a5 = 17 PA com três termos: (a – r), a e (a + r), razão igual a r.
PA com quatro termos: (a – 3r), (a – r), (a + r) e (a + 3r),
- Determinar os termos a12 e a23 da sequência cujo razão igual a 2r.
termo geral é igual a: PA com cinco termos: (a – 2r), (a – r), a, (a + r) e (a + 2r),
an = 45 – 4 + n, com n € N*. razão igual a r.

21
MATEMÁTICA

Exemplo Propriedade
Numa PA com n termos, a soma de dois termos
- Determinar os números a, b e c cuja soma é, igual a equidistantes dos extremos é igual à soma destes extremos.
15, o produto é igual a 105 e formam uma PA crescente.
Exemplo
Teremos: Sejam, numa PA de n termos, ap e ak termos equidistantes
Fazendo a = (b – r) e c = (b + r) e sendo a + b + c = dos extremos.
15, teremos:
(b – r) + b + (b + r) = 15 → 3b = 15 → b = 5. Teremos, então:
I - ap = a1 + (p – 1) . r a ap = a1 + p . r – r
Assim, um dos números, o termo médio da PA, já é II - ak = a1 + (k – 1) . r a ak = a1 + k . r – r
conhecido. Fazendo I + II, teremos:
Dessa forma a sequência passa a ser: Ap + ak = a1 + p . r – r + a1 + k . r – r
(5 – r), 5 e ( 5 + r ), cujo produto é igual a 105, ou seja: Ap + ak = a1 + a1 + (p + k – 1 – 1) . r

(5 – r) .5 . (5 + r) = 105 → 52 – r2 = 21 Considerando que p + k = n + 1, ficamos com:


r2 = 4 → 2 ou r = -2. ap + ak = a1 + a1 + (n + 1 – 1) . r
Sendo a PA crescente, ficaremos apenas com r= 2. ap + ak = a1 + a1 + (n – 1) . r
Finalmente, teremos a = 3, b = 5 e c= 7. ap + ak = a1 + an

5. Propriedades Portanto numa PA com n termos, em que n é um


numero ímpar, o termo médios (am) é a media aritmética
P1: para três termos consecutivos de uma PA, o termo dos extremos.
médio é a media aritmética dos outros dois termos. a1 + an
Am =
2
Exemplo
7. Soma dos n Primeiros Termos de uma PA
Vamos considerar três termos consecutivos de uma PA:
an-1, an e an+1. Podemos afirmar que: Vamos considerar a PA (a1, a2, a3,…,an-2, an-1,an ) e
I - an = an-1 + r representar por Sn a soma dos seus n termos, ou seja:
II - an = an+ 1 –r Sn = a1 + a2 + a3 + …+ an-2 + an-1 + an
(igualdade I)
Fazendo I + II, obteremos:
2an = an-1 + r + an +1 - r Podemos escrever também:
2an = an -1+ an + 1 Sn = an + an-1 + an-2 + ...+ a3 + a2 + a1
(igualdade II)
an + 1
Logo: an = an-1 +
2 Somando-se I e II, temos:
Portanto, para três termos consecutivos de uma PA o
termo médio é a media aritmética dos outros dois termos. 2Sn = (a1 + an) + (a2 + an-1) + (a3 + an-2) + …+ (an-2 + a3) +
6. Termos Equidistantes dos Extremos (an-1 + a2) + (an + a1)

Numa sequência finita, dizemos que dois termos são Considerando que todas estas parcelas, colocadas
equidistantes dos extremos se a quantidade de termos que entre parênteses, são formadas por termos equidistantes
precederem o primeiro deles for igual à quantidade de ter- dos extremos e que a soma destes termos é igual à soma
mos que sucederem ao outro termo. Assim, na sucessão: dos extremos, temos:

(a1, a2, a3, a4,..., ap,..., ak,..., an-3, an-2, an-1, an), temos: 2Sn = (a1 + an) + (a1 + an) + (a1 + an) + (a1 + an) +
+… + (a1 + an) → 2Sn = ( a1 + an) . n
a2 e an-1 são termos equidistantes dos extremos;
a3 e an-2 são termos equidistantes dos extremos; E, assim, finalmente:
a4 an-3 são termos equidistantes dos extremos. (a1 + an ).n
Sn =
Notemos que sempre que dois termos são equidistantes 2
dos extremos, a soma dos seus índices é igual ao valor de
n + 1. Assim sendo, podemos generalizar que, se os termos
ap e ak são equidistantes dos extremos, então: p + k = n+1.

22
MATEMÁTICA

Exemplo Classificação
- Ache a soma dos sessenta primeiros termos da PA (2
, 5, 8,...). As classificações geométricas são classificadas assim:
Dados: a1 = 2 - Crescente: Quando cada termo é maior que o anterior.
Isto ocorre quando a1 > 0 e q > 1 ou quando a1 < 0 e 0 < q < 1.
r=5–2=3 - Decrescente: Quando cada termo é menor que o an-
terior. Isto ocorre quando a1 > 0 e 0 < q < 1 ou quando a1
Calculo de a60: < 0 e q > 1.
- Alternante: Quando cada termo apresenta sinal con-
A60 = a1 + 59r → a60 = 2 + 59 . 3 trario ao do anterior. Isto ocorre quando q < 0.
a60 = 2 + 177 - Constante: Quando todos os termos são iguais. Isto
a60 = 179 ocorre quando q = 1. Uma PG constante é também uma PA
de razão r = 0. A PG constante é também chamada de PG
Calculo da soma: estacionaria.
]
(a1 + an )n (a + a ).60 - Singular: Quando zero é um dos seus termos. Isto
Sn = → S60 = 1 60 ocorre quando a1 = 0 ou q = 0.
2 2

(2 + 179).60 Formula do Termo Geral


S60 =
2 A definição de PG está sendo apresentada por meio de
S60 = 5430 uma lei de recorrências, e nos já aprendemos nos módu-
los anteriores que a formula do termo geral é mais pratica.
Resposta: 5430 Por isso, estaremos, neste item, procurando estabelecer, a
partir da lei de recorrências, a fórmula do termo geral da
Progressão Geométrica (PG)
progressão geométrica.
PG é uma sequência numérica onde cada termo, a partir
Vamos considerar uma PG de primeiro termo a1 e
do segundo, é o anterior multiplicado por uma constante q
razão q. Assim, teremos:
chamada razão da PG.
a2 = a1 . q
an+1 = an . q
a3 = a2 . q = a1 . q2
Com a1 conhecido e n € N*
a4 = a3 . q = a1 . q3
Exemplos a5 = a4 . q = a1 . q4
. .
- (3, 6, 12, 24, 48,...) é uma PG de primeiro termo a1 = . .
3 e razão q = 2. . .
an= a1 . qn-1
- (-36, -18, -9, −9 , −9 ,...) é uma PG de primeiro termo
2 4 Exemplos
a1= -36 e razão q = 1 . - Numa PG de primeiro termo a1 = 2 e razão q = 3,
2 temos o termo geral na igual a:
- (15, 5, 5 , 5 ,...) é uma PG de primeiro termo a1 = 15
e razão q = 13 . 9 an = a1 . qn-1 → an = 2 . 3n-1
3
- (-2, -6, -18, -54, ...) é uma PG de primeiro termo a1 = Assim, se quisermos determinar o termo a5 desta PG,
-2 e razão q = 3. faremos:
- (1, -3, 9, -27, 81, -243, ...) é uma PG de primeiro termo
a1 = 1 e razão q = -3. A5 = 2 . 34 → a5 = 162
- (5, 5, 5, 5, 5, 5,...) é uma PG de primeiro termo a1 = 5
e razão q = 1. - Numa PG de termo a1 = 15 e razão q = , temos o
- (7, 0, 0, 0, 0, 0,...) é uma PG de primeiro termo a1 = 7 termo geral na igual a:
e razão q = 0.
- (0, 0, 0, 0, 0, 0,...) é uma PG de primeiro termo a1 = 0 an = a1 . qn-1 → an = 15 . n-1
e razão q qualquer.
Assim, se quisermos determinar o termo a6 desta PG,
Observação: Para determinar a razão de uma PG, basta faremos:
efetuar o quociente entre dois termos consecutivos: o 5
posterior dividido pelo anterior.
(1).5
A6 = 15 . → a6 =
2 81
an + 1
q= (an ≠ 0)
an

23
MATEMÁTICA

- Numa PG de primeiro termo a1 = 1 e razão = -3 temos Exemplo


o termo geral na igual a: Vamos considerar três termos consecutivos de uma PG:
an = a1 . qn-1 → an = 1 . (-3)n-1 an-1, an e an+1. Podemos afirmar que:

Assim, se quisermos determinar o termo a4 desta PG, I – an = an-1 . q e


faremos: II – an = an+1
A4 = 1 . (-3)3 → a4 = -27 q

Artifícios de Resolução Fazendo I . II, obteremos:

Em diversas situações, quando fazemos uso de apenas an+1


(an)2 = (an-1 . q). ( ) a (an )2 = an-1 . an+1
alguns elementos da PG, é possível através de alguns q
elementos de resolução, tornar o procedimento mais Logo: (an)2 = an-1 . an+1
simples.
Observação: Se a PG for positive, o termo médio será a
PG com três termos: media geométrica dos outros dois:
a a; aq an = √an-1 . an+1
q P2: Numa PG, com n termos, o produto de dois termos
equidistantes dos extremos é igual ao produto destes
PG com quatro termos: extremos.
a q
; ; aq; aq3 Exemplo
q3 q
Sejam, numa PG de n termos, ap e ak dois termos
equidistantes dos extremos.
PG com cinco termos:

a q ; a; aq; aq2 Teremos, então:


;
q2 q I – ap = a1 . qp-1
II – ak = a1 . qk-1
Exemplo
Considere uma PG crescente formada de três números. Multiplicando I por II, ficaremos com:
Determine esta PG sabendo que a soma destes números é ap . ak = a1 . qp-1 . a1 . qk-1
13 e o produto é 27. ap . ak = a1 . a1 . qp-1+k-1
Vamos considerar a PG em questão formada pelos
termos a, b e c, onde a = e c = b . q. Considerando que p + k = n + 1, ficamos com:
Assim, ap . ak = a1 . an
Portanto, numa PG, com n termos, o produto de dois
b . b . bq = 27 → b3 = 27 → b = 3. termos equidistantes dos extremos é igual ao produto
q destes extremos.
Observação: Numa PG positiva, com n termos, onde
Temos: n é um numero impar, o termo médio (am) é a media
geométrica dos extremos ou de 2 termos equidistantes dos
3 extremos.
+ 3 +3q = 13 → 3q2 – 10q + 3 = 0 a
q
am = √a1 . an
q = 3 ou q = 1
3 Soma dos termos de uma PG
Sendo a PG crescente, consideramos apenas q = 3. E,
assim, a nossa PG é dada pelos números: 1, 3 e 9. Soma dos n Primeiros Termos de uma PG
Vamos considerar a PG (a1, a2, a3, ..., an-2, an-1, an), com
Propriedades q diferente de 1 e representar por Sn a soma dos seus n
P1: Para três termos consecutivos de uma PG, o termos, ou seja:
quadrado do termo médio é igual ao produto dos outros
dois. Sn = a1 + a2 + a3 + ...+an-2 + an-1 + an
( igualdade I)

24
MATEMÁTICA

Podemos escrever, multiplicando-se, membro a E, portanto, a série correspondente será:


membro, a igualdade ( I ) por q:
S1 = 4
q . Sn = q . a1 + q . a2 + q . a3 + ...+ q . an-2 + S2 = 4 + 2 = 6
+ q . an-1 + q . an S3 = 4 + 2 + 1 = 7
1 15
Utilizando a formula do termo geral da PG, ou seja, an S4 = 4 + 2 + 1 + = = 7, 5
= a1 . qn-1, teremos: 2 2
1 1 31
q . Sn = a2 + a3 + ... + an-2 + an-1 + an + a1 . qn S5 = 4 + 2 + 1 + + = = 7, 75
2 4 4
(igualdade II)
1 1 1 63
Subtraindo-se a equação I da equação II, teremos: S6 = 4 + 2 + 1 + + + = = 7, 875
2 4 8 8
q . Sn – Sn = a1 . qn – a1 → sn . (q – 1) = 1 1 1 1 127
= a1 . (qn – 1) S7 = 4 + 2 + 1 + + + + = = 7, 9375
2 4 8 16 16
E assim: S = a1 .(q − 1)
n
1 1 1 1 1 255
n
q −1 S8 = 4 + 2 + 1 + + + + + = = 7, 96875
2 4 8 16 32 32
Se tivéssemos efetuado a subtração das equações em
ordem inversa, a fórmula da soma dos termos da PG ficaria: 1 1 1 1 1 1 511
S9 = 4 + 2 + 1 + + + + + + =
n
a1 .(1+ q ) 2 4 8 16 32 64 64 = 7,
Sn = 984375
1− q
Evidentemente que por qualquer um dos “caminhos” 1 1 1 1 1 1 1 1023
S10 = 4 + 2 + 1 + + + + + + + =
o resultado final é o mesmo. É somente uma questão de 2 4 8 16 32 64 128 128
= 7, 9921875
forma de apresentação.
Devemos notar que a cada novo termo calculado,
Observação: Para q = 1, teremos sn = n . a1
na PG, o seu valor numérico cada vez mais se aproxima
de zero. Dizemos que esta é uma progressão geométrica
Série Convergente – PG Convergente
convergente.
Dada a sequência ( a1, a2, a3, a4, a5,..., an-2, an-1, an),
chamamos de serie a sequência S1, S2, S3, S4, S5,..., Sn-2, sn-1,
Por outro lado, na serie, é cada vez menor a parcela que
sn,tal que:
se acrescenta. Desta forma, o ultimo termos da serie vai
S1 = a1 tendendo a um valor que parece ser o limite para a série em
S2 = a1 + a2 estudo. No exemplo numérico, estudado anteriormente,
S3 = a1 + a2 + a3 nota-se claramente que este valor limite é o numero 8.
S4 = a1 + a2 + a3 + a4
S5 = a1 + a2 + a3 + a4 + a5 Bem, vamos dar a esta discussão um caráter matemático.
. É claro que, para a PG ser convergente, é necessário
. que cada termo seja, um valor absoluto, inferior ao anterior
Sn-2 = a1 + a2 + a3 + a4 + a5 + ...+ an-2 a ele. Assim, temos que:
Sn-1 = a1 + a2 + a3 + a4 + a5 + ...+ an-2 + an-1
Sn = a1 + a2 + a3 + a4 + a5 + ...+ an-2 + an-1 + an PG convergente → | q | < 1

Vamos observar como exemplo, numa PG com primeiro ou


termo a1 = 4 e razão q = , à série que ela vai gerar.
PG convergente → -1 < 1
Os termos que vão determinar a progressão geométrica
são: (4, 2, 1, 1 , 1, 1, 1, 1, 1, 2, 4, 8, 16, 32, 64, 1 1 1 Resta estabelecermos o limite da serie, que é o Sn para
, ,
...) 2 128 256 512 quando n tende ao infinito, ou seja, estabelecermos a soma
dos infinitos termos da PG convergente.

Vamos partir da soma dos n primeiros termos da PG:

a1 .(1+ q n )
Sn =
1− q

25
MATEMÁTICA

Estando q entre os números -1e 1 e, sendo n um Exercícios


expoente que tende a um valor muito grande, pois estamos
somando os infinitos termos desta PG, é fácil deduzir que qn 1. Uma progressão aritmética e uma progressão geo-
vai apresentando um valor cada vez mais próximo de zero. métrica têm, ambas, o primeiro termo igual a 4, sendo que
Para valores extremamente grandes de n não constitui erro os seus terceiros termos são estritamente positivos e coin-
considerar que qn é igual a zero. E, assim, teremos: cidem. Sabe-se ainda que o segundo termo da progressão
aritmética excede o segundo termo da progressão geomé-
a1 trica em 2. Então, o terceiro termo das progressões é:
S= a) 10
1− q b) 12
c) 14
Observação: Quando a PG é não singular (sequência d) 16
com termos não nulos) e a razão q é de tal forma que q | ≥ e) 18
1, a serie é divergente. Séries divergentes não apresentam
soma finita. 2. O valor de n que torna a sequência (2 + 3n; –5n; 1 –
4n) uma progressão aritmética pertence ao intervalo:
Exemplos a) [– 2, –1]
b) [– 1, 0]
- A medida do lado de um triângulo equilátero é 10. c) [0, 1]
Unindo-se os pontos médios de seus lados, obtém-se o d) [1, 2]
segundo triângulo equilátero. Unindo-se os pontos médios e) [2, 3]
dos lados deste novo triangulo equilátero, obtém-se um 3. Os termos da sequência (10; 8; 11; 9; 12; 10; 13; …)
terceiro, e assim por diante, indefinidamente. Calcule a obedecem a uma lei de formação. Se an, em que n pertence
soma dos perímetros de todos esses triângulos. a N*, é o termo de ordem n dessa sequência, então a30 +
a55 é igual a:
a) 58
Solução:
b) 59
c) 60
d) 61
e) 62

4. A soma dos elementos da sequência numérica infini-


ta (3; 0,9; 0,09; 0,009; …) é:
a) 3,1
b) 3,9
c) 3,99
d) 3, 999
e) 4

5. A soma dos vinte primeiros termos de uma progres-


são aritmética é -15. A soma do sexto termo dessa PA., com
Temos: perímetro do 1º triangulo = 30 o décimo quinto termo, vale:
perímetro do 2º triangulo = 15 a) 3,0
perímetro do 3º triangulo = 15 b) 1,0
2 c) 1,5
d) -1,5
Logo, devemos calcular a soma dos termos da PG e) -3,0
infinita 30, 15, 15 ,... na qual a1 = 30 e q =. 1
2 2 6. Os números que expressam os ângulos de um qua-
30 30 drilátero, estão em progressão geométrica de razão 2. Um
S = a1 → s = 1− q = 1 = 60. desses ângulos mede:
1− a) 28°
2
b) 32°
c) 36°
d) 48°
e) 50°

26
MATEMÁTICA

7. Sabe-se que S = 9 + 99 + 999 + 9999 + ... + 999...9 2) Resposta “B”.


onde a última parcela contém n algarismos. Nestas condi- Solução: Para que a sequência se torne uma PA de ra-
ções, o valor de 10n+1 - 9(S + n) é: zão r é necessário que seus três termos satisfaçam as igual-
a) 1 dades (aplicação da definição de PA):
b) 10 (1) -5n = 2 + 3n + r
c) 100 (2) 1 – 4n = -5n + r
d) -1 Determinando o valor de r em (1) e substituindo em (2):
e) -10 (1) → r = -5n – 2 – 3n = -8n – 2
(2) → 1 – 4n = -5n – 8n – 2 → 1 – 4n = -13n – 2
8. Se a soma dos três primeiros termos de uma PG de- → 13n – 4n = -2 – 1 → 9n = -3 → n = -3/9 = -1/3
crescente é 39 e o seu produto é 729, então sendo a, b e c
os três primeiros termos, pede-se calcular o valor de a2 + Ou seja, -1 < n < 0 e, portanto, a resposta correta é a b.
b2 + c2.
3) Resposta “B”.
Solução: Primeiro, observe que os termos ímpares da
sequência é uma PA de razão 1 e primeiro termo 10 - (10;
9. O limite da expressão   onde x
11; 12; 13; …). Da mesma forma os termos pares é uma PA
é positivo, quando o número de radicais aumenta indefini- de razão 1 e primeiro termo igual a 8 - (8; 9; 10; 11; …).
damente é igual a:
a) 1/x Assim, as duas PA têm como termo geral o seguinte
b) x formato:
c) 2x (1) ai = a1 + (i - 1).1 = a1 + i – 1
d) n.x Para determinar a30 + a55 precisamos estabelecer a regra
e) 1978x geral de formação da sequência, que está intrinsecamente
relacionada às duas progressões da seguinte forma:
10. Quantos números inteiros existem, de 1000 a 10000, - Se n (índice da sucessão) é impar temos que n = 2i - 1,
que não são divisíveis nem por 5 nem por 7 ? ou seja, i = (n + 1)/2;
- Se n é par temos n = 2i ou i = n/2.
Respostas Daqui e de (1) obtemos que:
an = 10 + [(n + 1)/2] - 1 se n é ímpar
1) Resposta “D”. an = 8 + (n/2) - 1 se n é par
Solução: Logo:
Sejam (a1, a2, a3,…) a PA de r  e (g1, g2, g3, …) a PG de a30 = 8 + (30/2) - 1 = 8 + 15 - 1 = 22 e
razão q. Temos como condições iniciais: a55 = 10 + [(55 + 1)/2] - 1 = 37
1 - a1 = g1 = 4
2 - a3 > 0, g3 > 0 e a3 = g3 E, portanto:
3 - a2 = g2 + 2 a30 + a55 = 22 + 37 = 59.

Reescrevendo (2) e (3) utilizando as fórmulas gerais dos 4) Resposta “E”.


termos de uma PA e de uma PG e (1) obtemos o seguinte Solução: Sejam S as somas dos elementos da sequên-
cia e S1 a soma da PG infinita (0,9; 0,09; 0,009;…) de razão q
sistema de equações:
= 10 - 1 = 0,1. Assim:
4 - a3 = a1 + 2r e g3 = g1 . q2 → 4 + 2r = 4q2
S = 3 + S1
5 - a2 = a1 + r e g2 = g1 . q → 4 + r = 4q + 2
Como -1 < q < 1 podemos aplicar a fórmula da soma
de uma PG infinita para obter S1:
Expressando, a partir da equação (5), o valor de r em S1 = 0,9/(1 - 0,1) = 0,9/0,9 = 1 → S = 3 + 1 = 4
função de q e substituindo r em (4) vem:
5 - r = 4q + 2 – 4 → r = 4q – 2 5) Resposta “D”.
4 - 4 + 2(4q – 2) = 4q2 → 4 + 8q – 4 = 4q2 → 4q2 – 8q = 0 Solução: Aplicando a fórmula da soma dos 20 primei-
→ q(4q – 8) = 0 → q = 0 ou 4q – 8 = 0 → q = 2 ros termos da PA:
S20 = 20(a1 + a20)/2 = -15
Como g3 > 0, q não pode ser zero e então q = 2. Para Na PA finita de 20 termos, o sexto e o décimo quinto
obter r basta substituir q na equação (5): são equidistantes dos extremos, uma vez que:
r = 4q – 2 → r = 8 – 2 = 6 15 + 6 = 20 + 1 = 21
Para concluir calculamos a3 e g3: E, portanto:
a3 = a1 + 2r → a3 = 4 + 12 = 16 a6 + a15 = a1 + a20
g3 = g1.q2 → g3 = 4.4 = 16
Substituindo este valor na primeira igualdade vem:
20(a6 + a15)/2 = -15 → 10(a6 + a15) = -15 → a6 + a15 =
-15/10 = -1,5.

27
MATEMÁTICA

6) Resposta “D”. Dividindo por 3 e ordenando, fica: 3q2  – 10q + 3 = 0,


Solução: Seja x o menor ângulo interno do quadrilá- que é uma equação do segundo grau.
tero em questão. Como os ângulos estão em Progressão Resolvendo a equação do segundo grau acima encon-
Geométrica de razão 2, podemos escrever a PG de 4 ter- traremos q = 3 ou q = 1/3.
mos: Como é dito que a PG é decrescente, devemos consi-
(x, 2x, 4x, 8x). derar apenas o valor 
Ora, a soma dos ângulos internos de um quadrilátero q = 1/3, já que para q = 3, a PG seria crescente.
vale 360º.
Portanto, a PG é: 9/q, 9, 9q, ou substituindo o valor de
Logo, q vem: 27, 9, 3.
x + 2x + 4x + 8x = 360º O problema pede a soma dos quadrados, logo:
15.x = 360º a2 + b2 + c2 = 272 + 92 + 32 = 729 + 81 + 9 = 819.

Portanto,  x = 24º. Os ângulos do quadrilátero são, 9) Resposta “B”.


portanto: 24º, 48º, 96º e 192º. Solução: Observe que a expressão dada pode ser es-
O problema pede um dos ângulos. Logo, alternativa D. crita como:

7) Resposta “B”. x1/2. x1/4 . x1/8 . x1/16 . ... = x1/2 + 1 / 4 + 1/8 + 1/16 + ...
Solução: Observe que podemos escrever a soma S
como: O expoente é a soma dos termos de uma PG infinita de
S = (10 – 1) + (100 – 1) + (1000 – 1) + (10000 – 1) + ... primeiro termo a1 = 1 /2 e razão q = 1 /2.
+ (10n – 1)
S = (10 – 1) + (102  – 1) + (103  – 1) + (104  – 1) + ... + Logo, a soma valerá:
(10 – 1)

S = a1 / (1 – q) = (1 /2) / 1 – (1 /2) = 1
Como existem n parcelas, observe que o número (– 1) Então, x1/2 + 1 / 4 + 1/8 + 1/16 + ... = x1 = x
é somado n vezes, resultando em n(-1) = - n. 10) Resposta “6171”.
Logo, poderemos escrever: Solução: Dados:
S = (10 + 102 + 103 + 104 + ... + 10n ) – n M(5) = 1000, 1005, ..., 9995, 10000.
Vamos calcular a soma Sn = 10 + 102 + 103 + 104 + ... + M(7) = 1001, 1008, ..., 9996.
10n, que é uma PG de primeiro termo a1 = 10, razão q = 10 M(35) = 1015, 1050, ... , 9975.
e último termo an = 10n. M(1) = 1, 2, ..., 10000.
Teremos: Para múltiplos de 5, temos: an = a1+ (n-1).r → 10000 =
Sn  = (an.q – a1) / (q –1) = (10n  . 10 – 10) / (10 – 1) = 1000 + (n - 1). 5 → n = 9005/5 → n = 1801.
(10n+1 – 10) / 9 Para múltiplos de 7, temos: an = a1+ (n-1).r → 9996 =
1001 + (n - 1). 7 → n = 9002/7 → n = 1286.
Substituindo em S, vem: Para múltiplos de 35, temos: an = a1 + (n - 1).r → 9975
S = [(10n+1 – 10) / 9] – n = 1015 + (n - 1).35 → n = 8995/35 → n = 257.
Para múltiplos de 1, temos: an = a1 = (n -1).r → 10000
Deseja-se calcular o valor de 10n+1 - 9(S + n) = 1000 + (n - 1).1 → n = 9001.
Temos que S + n = [(10n+1  – 10) / 9] – n + n = (10n+1  – Sabemos que os múltiplos de 35 são múltiplos comuns
10) / 9 de 5 e 7, isto é, eles aparecem no conjunto dos múltiplos de
5 e no conjunto dos múltiplos de 7 (daí adicionarmos uma
Substituindo o valor de S + n encontrado acima, fica: vez tal conjunto de múltiplos).
10n+1  – 9(S + n) = 10n+1  – 9(10n+1  – 10) / 9 = 10n+1  – Total = M(1) - M(5) - M(7) + M(35).
(10n+1 – 10) = 10. Total = 9001 - 1801 - 1286 + 257 = 6171

8) Resposta “819”.
Solução: Sendo q a razão da PG, poderemos escrever
a sua forma genérica: (x/q, x, xq).
Como o produto dos 3 termos vale 729, vem:
x/q . x . xq = 729 de onde concluímos que: x3 = 729 =
3 = 33 . 33 = 93 , logo, x = 9.

Portanto a PG é do tipo: 9/q, 9, 9q


É dado que a soma dos 3 termos vale 39, logo:
9/q + 9 + 9q = 39 de onde vem: 9/q + 9q – 30 = 0

Multiplicando ambos os membros por q, fica: 9 + 9q2 –


30q = 0

28
MATEMÁTICA

Como as sucessões são diretamente proporcionais, as


1.5. GRANDEZAS DIRETA E INVERSAMENTE razões são iguais, isto é:
PROPORCIONAIS. 2 8 y
= =
3 x 21
2 8 2 y
NÚMEROS DIRETAMENTE PROPORCIONAIS = =
3 x 3 21
Considere a seguinte situação: 2x = 3 . 8 3y = 2 . 21
2x = 24 3y = 42
Joana gosta de queijadinha e por isso resolveu aprender 24 42
a fazê-las. Adquiriu a receita de uma amiga. Nessa receita, os x= y=
2 3
ingredientes necessários são:
x=12 y=14
3 ovos
1 lata de leite condensado Logo, x = 12 e y = 14
1 xícara de leite
2 colheres das de sopa de farinha de trigo Exemplo 2: Para montar uma pequena empresa, Júlio,
1 colher das de sobremesa de fermento em pó César e Toni formaram uma sociedade. Júlio entrou com R$
1 pacote de coco ralado 24.000,00, César com R$ 27.000,00 e Toni com R$ 30.000,00.
1 xícara de queijo ralado Depois de 6 meses houve um lucro de R$ 32.400,00 que foi
1 colher das de sopa de manteiga repartido entre eles em partes diretamente proporcionais
à quantia investida. Calcular a parte que coube a cada um.
Veja que:
Solução:
- Para se fazerem 2 receitas seriam usados 6 ovos para 4 Representando a parte de Júlio por x, a de César por y,
colheres de farinha; e a de Toni por z, podemos escrever:
- Para se fazerem 3 receitas seriam usados 9 ovos para 6
 x + y + z = 32400 
colheres de farinha;  
- Para se fazerem 4 receitas seriam usados 12 ovos para  x y z 
 24000 = 27000 = 30000 
8 colheres de farinha;
- Observe agora as duas sucessões de números: 
32400

x y z x+ y+z
= = =
Sucessão do número de ovos: 6 9 12 24000 27000 30000 24000
 +
27000
+ 30000

Sucessão do número de colheres de farinha: 4 6 8 81000

Nessas sucessões as razões entre os termos Resolvendo as proporções:


correspondentes são iguais:
6 3
= 9 3 12 3 x 32400 4
4 2
= = =
6 2 8 2 24000 8100010

6 9 12 3
Assim: = = = 10x = 96 000
4 6 8 2
x = 9 600
Dizemos, então, que: y 4
=
27000 10
- os números da sucessão 6, 9, 12 são diretamente pro-
porcionais aos da sucessão 4, 6, 8;
- o número 2 , que é a razão entre dois termos corres- 10y = 108 000
3

pondentes, é chamado fator de proporcionalidade. y = 10 800


Duas sucessões de números não-nulos são diretamente
z 4
proporcionais quando as razões entre cada termo da primei- =
ra sucessão e o termo correspondente da segunda sucessão 3000 10
são iguais. 10z = 120 000
Exemplo 1: Vamos determinar x e y, de modo que as z = 12 000
sucessões sejam diretamente proporcionais:
Logo, Júlio recebeu R$ 9.600,00, César recebeu R$
2 8 y 10.800,00 e Toni, R$ 12.000,00.
3 x 21

29
MATEMÁTICA

Números Inversamente Proporcionais Para que as sucessões sejam inversamente


proporcionais, os produtos dos termos correspondentes
Considere os seguintes dados, referentes à produção deverão ser iguais. Então devemos ter:
de sorvete por uma máquina da marca x-5: 4 . 20 = 16 . x = 8 . y

1 máquina x-5 produz 32 litros de sorvete em 120 min.


2 máquinas x-5 produzem 32 litros de sorvete em 60 16 . x = 4 . 20 8 . y = 4 . 20
min. 16x = 80 8y = 80
4 máquinas x-5 produzem 32 litros de sorvete em 30 x = 80/16 y = 80/8
min. x=5 y = 10
6 máquinas x-5 produzem 32 litros de sorvete em 20
min. Logo, x = 5 e y = 10.

Observe agora as duas sucessões de números: Exemplo 2: Vamos dividir o número 104 em partes
inversamente proporcionais aos números 2, 3 e 4.
Sucessão do número de máquinas: 1 2 4 6
Sucessão do número de minutos: 120 60 30 20 Representamos os números procurados por x, y e z. E
como as sucessões (x, y, z) e (2, 3, 4) devem ser inversamente
Nessas sucessões as razões entre cada termo da proporcionais, escrevemos:
primeira sucessão e o inverso do termo correspondente da 
104

segunda são iguais: x y z x y z x+ y+z
= = = = =
1
=
2
=
4
=
6
= 120 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 + +
120 60 30 20
2 3 4 2 3 4 2 3 4

Dizemos, então, que:


- os números da sucessão 1, 2, 4, 6 são inversamente
Como, vem
proporcionais aos da sucessão 120, 60, 30, 20;
- o número 120, que é a razão entre cada termo da
primeira sucessão e o inverso do seu correspondente na
segunda, é chamado fator de proporcionalidade.

Observando que
1 4 é mesmo que
é o mesmo que 1.120=120
1 1
Logo, os números procurados são 48, 32 e 24.
20 30
4.30=120 Grandezas Diretamente Proporcionais

2 é o mesmo que 2.60=120 6 é o mesmo que Considere uma usina de açúcar cuja produção, nos
cinco primeiros dias da safra de 2005, foi a seguinte:
1 1
60 20 Dias Sacos de açúcar
6.20= 120 1 5 000
2 10 000
Podemos dizer que: Duas sucessões de números 3 15 000
não-nulos são inversamente proporcionais quando os 4 20 000
produtos de cada termo da primeira sucessão pelo termo 5 25 000
correspondente da segunda sucessão são iguais.
Com base na tabela apresentada observamos que:
Exemplo 1: Vamos determinar x e y, de modo que as
sucessões sejam inversamente proporcionais: - duplicando o número de dias, duplicou a
produção de açúcar;
4 x 8 - triplicando o número de dias, triplicou a produção
20 16 y de açúcar, e assim por diante.

30
MATEMÁTICA

Nesse caso dizemos que as grandezas tempo e


30 6
produção são diretamente proporcionais. = inverso da razão 12
60 12 6
Observe também que, duas a duas, as razões entre o
número de dias e o número de sacos de açúcar são iguais: 30 4
= inverso da razão 12
90 12 4

30 3 inverso da razão 12
=
120 12 3

60 4 6
= inverso da razão
90 6 4
Isso nos leva a estabelecer que: Duas grandezas são
diretamente proporcionais quando a razão entre os valores 60 3
= inverso da razão 6
da primeira é igual à razão entre os valores da segunda. 120 6 3

90 3 inverso da razão 4
Tomemos agora outro exemplo. =
120 6 3
Com 1 tonelada de cana-de-açúcar, uma usina produz
70l de álcool.
De acordo com esses dados podemos supor que: Podemos, então, estabelecer que: Duas grandezas são
inversamente proporcionais quando a razão entre os valores da
primeira é igual ao inverso da razão entre os valores da segunda.
- com o dobro do número de toneladas de cana, a usina
Acompanhe o exemplo a seguir:
produza o dobro do número de litros de álcool, isto é, 140l;
- com o triplo do número de toneladas de cana, a usina Cinco máquinas iguais realizam um trabalho em 36 dias. De
produza o triplo do número de litros de álcool, isto é, 210l. acordo com esses dados, podemos supor que:
- o dobro do número de máquinas realiza o mesmo trabalho
Então concluímos que as grandezas quantidade de cana- na metade do tempo, isto é, 18 dias;
de-açúcar e número de litros de álcool são diretamente - o triplo do número de máquinas realiza o mesmo trabalho
proporcionais. na terça parte do tempo, isto é, 12 dias.
Então concluímos que as grandezas quantidade de
Grandezas Inversamente Proporcionais máquinas e tempo são inversamente proporcionais.

Considere uma moto cuja velocidade média e o tempo QUESTÕES


gasto para percorrer determinada distância encontram-se
1 - (PGE/BA – ASSISTENTE DE PROCURADORIA –
na tabela:
FCC/2013) Uma faculdade irá inaugurar um novo espaço para
sua biblioteca, composto por três salões. Estima-se que, nesse
Velocidade Tempo espaço, poderão ser armazenados até 120.000 livros, sendo
30 km/h 12 h 60.000 no salão maior, 15.000 no menor e os demais no in-
termediário. Como a faculdade conta atualmente com apenas
60 km/h 6h 44.000 livros, a bibliotecária decidiu colocar, em cada salão, uma
90 km/h 4h quantidade de livros diretamente proporcional à respectiva ca-
pacidade máxima de armazenamento. Considerando a estima-
120 km/h 3h tiva feita, a quantidade de livros que a bibliotecária colocará no
salão intermediário é igual a
Com base na tabela apresentada observamos que: A) 17.000.
B) 17.500.
- duplicando a velocidade da moto, o número de horas C) 16.500.
fica reduzido à metade; D) 18.500.
- triplicando a velocidade, o número de horas fica E) 18.000.
reduzido à terça parte, e assim por diante.
2 - (PREF. PAULISTANA/PI – PROFESSOR DE MATEMÁTI-
Nesse caso dizemos que as grandezas velocidade e CA – IMA/2014) Uma herança de R$ 750.000,00 deve ser repar-
tempo são inversamente proporcionais. tida entre três herdeiros, em partes proporcionais a suas idades
que são de 5, 8 e 12 anos. O mais velho receberá o valor de:
Observe que, duas a duas, as razões entre os números
A) R$ 420.000,00
que indicam a velocidade são iguais ao inverso das razões B) R$ 250.000,00
que indicam o tempo: C) R$ 360.000,00
D) R$ 400.000,00
E) R$ 350.000,00

31
MATEMÁTICA

3 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMI- 7 - (SAMU/SC – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –


NISTRATIVO – FCC/2014) Uma empresa foi constituída por SPDM/2012) Carlos dividirá R$ 8.400,00 de forma inversa-
três sócios, que investiram, respectivamente, R$60.000,00, mente proporcional à idade de seus dois filhos: Marcos, de12
R$40.000,00 e R$20.000,00. No final do primeiro ano de anos, e Fábio, de 9 anos. O valor que caberá a Fábio será de:
funcionamento, a empresa obteve um lucro de R$18.600,00 A) R$ 3.600,00
para dividir entre os sócios em quantias diretamente pro- B) R$ 4.800,00
porcionais ao que foi investido. O sócio que menos investiu C) R$ 7.000,00
deverá receber D) R$ 5.600,00
A) R$2.100,00.
B) R$2.800,00. 8 - (TRT – FCC) Três técnicos judiciários arquivaram um
C) R$3.400,00. total de 382 processos, em quantidades inversamente pro-
D) R$4.000,00. porcionais as suas respectivas idades: 28, 32 e 36 anos. Nes-
E) R$3.100,00. sas condições, é correto afirmar que o número de processos
arquivados pelo mais velho foi:
4 - (METRÔ/SP - AGENTE DE SEGURANÇA METRO- A) 112
VIÁRIA I - FCC/2013) Um mosaico foi construído com B) 126
triângulos, quadrados e hexágonos. A quantidade de po- C) 144
lígonos de cada tipo é proporcional ao número de lados D) 152
do próprio polígono. Sabe-se que a quantidade total de E) 164
polígonos do mosaico é 351. A quantidade de triângulos e
quadrados somada supera a quantidade de hexágonos em RESPOSTAS
A) 108.
B) 27. 1 - RESPOSTA: “C”.
C) 35. Como é diretamente proporcional, podemos analisar da
seguinte forma:
D) 162.
No salão maior, percebe-se que é a metade dos livros, no
E) 81.
salão menor é 1/8 dos livros.
Então, como tem 44.000 livros, no salão maior ficará com
5 - (PC/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VU-
22.000 e no salão menor é 5.500 livros.
NESP/2014) Foram construídos dois reservatórios de
22000+5500=27500
água. A razão entre os volumes internos do primeiro e do
Salão intermediário:44.000-27.500=16.500 livros.
segundo é de 2 para 5, e a soma desses volumes é 14m³.
Assim, o valor absoluto da diferença entre as capacidades 2 - RESPOSTA: “C”.
desses dois reservatórios, em litros, é igual a 5x+8x+12x=750.000
A) 8000. 25x=750.000
B) 6000. X=30.000
C) 4000. O mais velho receberá:12⋅30000=360.000,00
D) 6500.
E) 9000. 3 - RESPOSTA: “E”.
20000 :40000 :60000
6 – (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMI- 1: 2: 3
NISTRATIVO – FCC/2014) Na tabela abaixo, a sequência k+2k+3k=18600
de números da coluna A é inversamente proporcional à se- 6k=18600
quência de números da coluna B. k=3100
O sócio que investiu R$20.000,00 receberá R$3.100,00.

4 - RESPOSTA: “B”.

A letra X representa o número

A) 90.
B) 80.
C) 96.
D) 84.
E) 72.
189-162= 27

32
MATEMÁTICA

5 - RESPOSTA: “B”. Razão


Primeiro:2k
Segundo:5k Sejam dois números reais a e b, com b ≠ 0. Chama-se
2k+5k=14 razão entre a e b (nessa ordem) o quociente a b, ou .
7k=14 A razão é representada por um número racional, mas é
K=2 lida de modo diferente.
Primeiro=2.2=4
Segundo=5.2=10 Exemplos
Diferença=10-4=6m³
3
1m³------1000L a) A fração lê-se: “três quintos”.
5
6--------x
X=6000 l 3
b) A razão lê-se: “3 para 5”.
6 - RESPOSTA: “B”. 5
Os termos da razão recebem nomes especiais.
O número 3 é numerador
3
a) Na fração
5
O número 5 é denominador

X=80 O número 3 é antecedente

7 - RESPOSTA: “B”. a) Na razão 3


Marcos: a 5 O número 5 é consequente
Fábio: b
Exemplo 1
a+b=8400
b=4800
A razão entre 20 e 50 é 20 = 2 ; já a razão entre 50 e
20 é 50 5 . 50 5
=
20 2
Exemplo 2

Numa classe de 42 alunos há 18 rapazes e 24 moças. A


razão
18 3entre o número de rapazes e o número de moças é
= , o que significa que para “cada 3 rapazes há 4 mo-
24 4
ças”. Por outro lado, a razão entre o número de rapazes e o
total de alunos é dada por 18 = 3 , o que equivale a dizer
que “de cada 7 alunos na classe,
42 37 são rapazes”.

Razão entre grandezas de mesma espécie


8 - RESPOSTA “A”.
A razão entre duas grandezas de mesma espécie é o
quociente dos números que expressam as medidas dessas
grandezas numa mesma unidade.

Exemplo
Uma sala tem 18 m2. Um tapete que ocupar o centro
dessa sala mede 384 dm2. Vamos calcular a razão entre a
área do tapete e a área da sala.
382 ➜Somamos os inversos dos números, ou seja: Primeiro, devemos transformar as duas grandezas em
uma mesma unidade:
. Dividindo-se os denominadores por 4, Área da sala: 18 m2 = 1 800 dm2
Área do tapete: 384 dm2
ficamos com: = . Eliminando- Estando as duas áreas na mesma unidade, podemos
se os denominadores, temos  191 que corresponde a uma escrever a razão:
soma. Dividindo-se a soma pela soma: 384dm 2 384 16
2
= =
1800dm 1800 75

33
MATEMÁTICA

Razão entre grandezas de espécies diferentes Exemplo 4

Exemplo 1 Uma sala tem 8 m de comprimento. Esse comprimento


é representado num desenho por 20 cm. Qual é a escala
Considere um carro que às 9 horas passa pelo quilô- do desenho?
metro 30 de uma estrada e, às 11 horas, pelo quilômetro
170. comprimento i no i desenho 20cm 20cm 1
Escala = = = = ou1: 40
comprimento i real 8m 800cm 40
Distância percorrida: 170 km – 30 km = 140 km
Tempo gasto: 11h – 9h = 2h
A razão entre um comprimento no desenho e o corres-
Calculamos a razão entre a distância percorrida e o pondente comprimento real, chama-se Escala.
tempo gasto para isso:
Proporção
140km
= 70km / h
2h A igualdade entre duas razões recebe o nome de pro-
porção.
A esse tipo de razão dá-se o nome de velocidade mé- 3 6
dia. Na proporção 5 = 10 (lê-se: “3 está para 5 assim como
6 está para 10”), os números 3 e 10 são chamados extre-
Observe que: mos, e os números 5 e 6 são chamados meios.
- as grandezas “quilômetro e hora” são de naturezas
diferentes; Observemos que o produto 3 x 10 = 30 é igual ao pro-
- a notação km/h (lê-se: “quilômetros por hora”) deve duto 5 x 6 = 30, o que caracteriza a propriedade fundamen-
acompanhar a razão. tal das proporções:
Exemplo 2
“Em toda proporção, o produto dos meios é igual
A Região Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de ao produto dos extremos”.
Janeiro e São Paulo) tem uma área aproximada de 927 286 Exemplo 1
km2 e uma população de 66 288 000 habitantes, aproxi-
2 6
madamente, segundo estimativas projetadas pelo Instituto Na proporção = , temos 2 x 9 = 3 x 6 = 18;
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o ano de 3 9
1995. e em 1 = 4 , temos 4 x 4 = 1 x 16 = 16.
4 16
Dividindo-se o número de habitantes pela área, obte-
remos o número de habitantes por km2 (hab./km2): Exemplo 2

6628000
≅ 71,5hab. / km 2 Na bula de um remédio pediátrico recomenda-se a
927286 seguinte dosagem: 5 gotas para cada 2 kg do “peso” da
A esse tipo de razão dá-se o nome de densidade de- criança.
mográfica.
A notação hab./km2 (lê-se: ”habitantes por quilômetro Se uma criança tem 12 kg, a dosagem correta x é dada
quadrado”) deve acompanhar a razão. por:

Exemplo 3 5gotas x
= → x = 30gotas
2kg 12kg
Um carro percorreu, na cidade, 83,76 km com 8 L de
gasolina. Dividindo-se o número de quilômetros percor- Por outro lado, se soubermos que foram corretamente
ridos pelo número de litros de combustível consumidos, ministradas 20 gotas a uma criança, podemos concluir que
teremos o número de quilômetros que esse carro percorre seu “peso” é 8 kg, pois:
com um litro de gasolina:
5gotas
83, 76km = 20gotas / p → p = 8kg
≅ 10, 47km / l 2kg
8l
(nota: o procedimento utilizado nesse exemplo é co-
A esse tipo de razão dá-se o nome de consumo mé- mumente chamado de regra de três simples.)
dio.
A notação km/l (lê-se: “quilômetro por litro”) deve
acompanhar a razão.

34
MATEMÁTICA

Propriedades da Proporção Questões

O produto dos extremos é igual ao produto dos meios: 1 - (VUNESP - AgSegPenClasseI-V1 - 2012) – Em um con-
essa propriedade possibilita reconhecer quando duas ra- curso participaram 3000 pessoas e foram aprovadas 1800. A
zões formam ou não uma proporção. razão do número de candidatos aprovados para o total de
candidatos participantes do concurso é:
4 12 A) 2/3
e B) 3/5
3 9 formam uma proporção, pois
C) 5/10
Produtos dos extremos ← 4.9
 = 3.12
 → Produtos dos D) 2/7
meios. 36 36 E) 6/7

A soma dos dois primeiros termos está para o primeiro 2 – (VNSP1214/001-AssistenteAdministrativo-I – 2012)
(ou para o segundo termo) assim como a soma dos dois – Em uma padaria, a razão entre o número de pessoas que
últimos está para o terceiro (ou para o quarto termo). tomam café puro e o número de pessoas que tomam café com
leite, de manhã, é 2/3. Se durante uma semana, 180 pessoas
tomarem café de manhã nessa padaria, e supondo que essa
5 10 ⎧ 5 + 2 10 + 4 7 14 razão permaneça a mesma, pode-se concluir que o número de
= ⇒⎨ = ⇒ =
2 4 ⎩ 5 10 5 10 pessoas que tomarão café puro será:
ou A) 72
B) 86
5 10 ⎧ 5 + 2 10 + 4 7 14 C) 94
= ⇒⎨ = ⇒ = D) 105
2 4 ⎩ 2 4 2 4
E) 112
A diferença entre os dois primeiros termos está para
3 - (PREF. NEPOMUCENO/MG – TÉCNICO EM SEGURAN-
o primeiro (ou para o segundo termo) assim como a dife-
ÇA DO TRABALHO – CONSULPLAN/2013) Num zoológico, a
rença entre os dois últimos está para o terceiro (ou para o
razão entre o número de aves e mamíferos é igual à razão en-
quarto termo).
tre o número de anfíbios e répteis. Considerando que o núme-
4 8 4 − 3 8 − 6 1 2 ro de aves, mamíferos e anfíbios são, respectivamente, iguais a
= ⇒ = ⇒ = 39, 57 e 26, quantos répteis existem neste zoológico?
3 6  4 8 4 8
A) 31
ou B) 34
4 8 4 − 3 8 − 6 1 2 C) 36
= ⇒ = ⇒ = D) 38
3 6  3 6 3 6
E) 43
A soma dos antecedentes está para a soma dos con-
sequentes assim como cada antecedente está para o seu 4 - (TRT - Técnico Judiciário) Na figura abaixo, os pontos E
consequente. e F dividem o lado AB do retângulo ABCD em segmentos de
mesma medida.
12 3 ⎧12 + 3 12 15 12
= ⇒⎨ = ⇒ =
8 2 ⎩ 8+2 8 10 8
ou
12 3 ⎧12 + 3 3 15 3
= ⇒⎨ = ⇒ =
8 2 ⎩ 8 + 2 2 10 2

A diferença dos antecedentes está para a diferença dos


consequentes assim como cada antecedente está para o
seu consequente.

3 1 ⎧ 3−1 3 2 3
= ⇒⎨ = ⇒ = A razão entre a área do triângulo (CEF) e a área do retân-
15 5 ⎩15 − 5 15 10 15 gulo é:
ou a) 1/8
3 1 ⎧ 3−1 1 2 1 b) 1/6
= ⇒⎨ = ⇒ = c) 1/2
15 5 ⎩15 − 5 5 10 5 d) 2/3
e) 3/4

35
MATEMÁTICA

5 - (CREFITO/SP – ALMOXARIFE – VUNESP/2012) Na 8 - (TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-


biblioteca de uma faculdade, a relação entre a quantidade NESP/2013) Em um dia de muita chuva e trânsito caótico,
de livros e de revistas era de 1 para 4. Com a compra de 2/5 dos alunos de certa escola chegaram atrasados, sendo
novos exemplares, essa relação passou a ser de 2 para 3. que 1/4 dos atrasados tiveram mais de 30 minutos de atra-
Assinale a única tabela que está associada corretamen- so. Sabendo que todos os demais alunos chegaram no ho-
te a essa situação. rário, pode-se afirmar que nesse dia, nessa escola, a razão
entre o número de alunos que chegaram com mais de 30
A) minutos de atraso e número de alunos que chegaram no
Nº de livros Nº de revistas horário, nessa ordem, foi de
A) 2:3
Antes da compra 50 200 B) 1:3
Após a compra 200 300 C) 1:6
D) 3:4
B) E) 2:5
Nº de livros Nº de revistas
9 - (PMPP1101/001-Escriturário-I-manhã – 2012) – A
Antes da compra 50 200 razão entre as idades de um pai e de seu filho é hoje de
Após a compra 300 200 5/2. Quando o filho nasceu, o pai tinha 21 anos. A idade do
filho hoje é de
C) A) 10 anos
B) 12 anos
Nº de livros Nº de revistas C) 14 anos
Antes da compra 200 50 D) 16 anos
Após a compra 200 300 E) 18 anos

10 - (FAPESP – ANALISTA ADMINISTRATIVO – VU-


D)
NESP/2012) Em uma fundação, verificou-se que a razão
Nº de livros Nº de revistas entre o número de atendimentos a usuários internos e o
Antes da compra 200 50 número de atendimento total aos usuários (internos e ex-
ternos), em um determinado dia, nessa ordem, foi de 3/5.
Após a compra 300 200 Sabendo que o número de usuários externos atendidos foi
140, pode-se concluir que, no total, o número de usuários
E) atendidos foi
Nº de livros Nº de revistas A) 84
Antes da compra 200 200 B) 100
C) 217
Após a compra 50 300 D) 280
E) 350
6 - (CREFITO/SP – ALMOXARIFE – VUNESP/2012)
Uma rede varejista teve um faturamento anual de 4,2 bi-
lhões de reais com 240 lojas em um estado. Considerando
que esse faturamento é proporcional ao número de lojas,
em outro estado em que há 180 lojas, o faturamento anual,
em bilhões de reais, foi de
A) 2,75
B) 2,95
C) 3,15
D) 3,35
E) 3,55

7 - (PREF. IMARUÍ – AGENTE EDUCADOR – PREF. IMA-


RUÍ/2014) De cada dez alunos de uma sala de aula, seis são
do sexo feminino. Sabendo que nesta sala de aula há de-
zoito alunos do sexo feminino, quantos são do sexo mas-
culino?
A) Doze alunos.
B) Quatorze alunos.
C) Dezesseis alunos.
D) Vinte alunos.

36
MATEMÁTICA

Respostas

1 – Resposta “B”

2 – Resposta “A”
Sejam CP e CL o número de pessoas que consumiram café puro e café com leite respectivamente. Como na semana o
número total de pessoas que consumiram café foi de 180, temos que:
CP+CL = 180

A relação encontrada entre eles é de ; assim aplicando a propriedade da proporção teremos:

  180.2 = CP.5  CP =  CP = 72

3 - RESPOSTA: “D”

Aplicando-se o produto dos meios pelos extremos temos:

4 - Resposta “B”

5 - RESPOSTA: “A”
Para cada 1 livro temos 4 revistas
Significa que o número de revistas é 4x o número de livros.
50 livros: 200 revistas

Depois da compra
2 livros :3 revistas
200 livros: 300 revistas

37
MATEMÁTICA

6 - RESPOSTA: “C”
1.6. PORCENTAGEM; JUROS SIMPLES E
COMPOSTOS.

240.x = 4,2.180 → 240x = 756 → x = 3,15 bilhões PORCENTAGEM

7 - RESPOSTA: “A” É uma fração de denominador centesimal, ou seja, é uma


Como 6 são do sexo feminino, 4 são do sexo masculi- fração de denominador 100. Representamos porcentagem pelo
no(10-6 = 4) .Então temos a seguinte razão: símbolo % e lê-se: “por cento”. 50
Deste modo, a fração é uma porcentagem que
100
podemos representar por 50%.
 6x = 72  x = 12 Forma Decimal: É comum representarmos uma
porcentagem na forma decimal, por exemplo, 35% na forma
decimal seriam representados por 0,35.
8- RESPOSTA: “C” 75
75% = = 0,75
100
Se 2/5 chegaram atrasados
Cálculo de uma Porcentagem: Para calcularmos uma
chegaram no horário porcentagem p% de V, basta multiplicarmos a fração p por V.
100
p
P% de V = .V
100
Exemplo 1
tiveram mais de 30 minutos de atraso
23
23% de 240 = . 240 = 55,2
100
Exemplo 2

Em uma pesquisa de mercado, constatou-se que 67%


de uma amostra assistem a um certo programa de TV. Se a
população é de 56.000 habitantes, quantas pessoas assistem ao
tal programa?
67
Resolução: 67% de 56 000 = .56000 = 37520
9 – RESPOSTA: “C” 100
Resposta: 37 520 pessoas.
A razão entre a idade do pai e do filho é respectiva-
mente , se quando o filho nasceu o pai tinha 21, sig- Porcentagem que o lucro representa em relação ao
nifica que hoje o pai tem x + 21 , onde x é a idade do filho. preço de custo e em relação ao preço de venda
Montando a proporção teremos:
Chamamos de lucro em uma transação comercial de
compra e venda a diferença entre o preço de venda e o preço
de custo.
Lucro = preço de venda – preço de custo
Caso essa diferença seja negativa, ela será chamada de
prejuízo.

Assim, podemos escrever:


Preço de custo + lucro = preço de venda
Preço de custo – prejuízos = preço de venda
10 - RESPOSTA: “E”
Usuários internos: I Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem de
Usuários externos : E duas formas:
Lucro sobre o custo = lucro/preço de custo. 100%
 5I = 3I+420 2I = 420 I = 210 Lucro sobre a venda = lucro/preço de venda. 100%

Observação: A mesma análise pode ser feita para o caso


I+E = 210+140 = 350 de prejuízo.

38
MATEMÁTICA

Exemplo Aumentos e Descontos Sucessivos: Consideremos


um valor inicial V, e vamos considerar que ele irá sofrer
Uma mercadoria foi comprada por R$ 500,00 e vendida dois aumentos sucessivos de p1% e p2%. Sendo V1 o valor
por R$ 800,00. após o primeiro aumento, temos:
Pede-se: p
V1 = V . (1 + 1 )
- o lucro obtido na transação; 100
- a porcentagem de lucro sobre o preço de custo; Sendo V2 o valor após o segundo aumento, temos:
- a porcentagem de lucro sobre o preço de venda.
V2 = V1 . (1 + p2 )
Resposta: 100
Lucro = 800 – 500 = R$ 300,00
Lc = 300 = 0,60 = 60% V2 = V . (1 +
p1 p
) . (1 + 2 )
500
100 100
300
Lv = = 0,375 = 37,5%
800 Sendo V um valor inicial, vamos considerar que ele irá
sofrer dois descontos sucessivos de p1% e p2%.
Aumento

Aumento Percentual: Consideremos um valor inicial Sendo V1 o valor após o primeiro desconto, temos:
V que deve sofrer um aumento de p% de seu valor. V1 = V. (1 – p1 )
100
Chamemos de A o valor do aumento e VA o valor após o
aumento. Então, A = p% de V = p . V Sendo V2 o valor após o segundo desconto, temos:
100
p2
V2 = V1 . (1 – )
p 100
VA = V + A = V + .V
100 V2 = V . (1 – p1 ) . (1 – p2 )
p 100 100
VA = ( 1 + ).V
100
p
Sendo V um valor inicial, vamos considerar que ele irá
Em que (1 + 100 ) é o fator de aumento. sofrer um aumento de p1% e, sucessivamente, um desconto
de p2%.
Sendo V1 o valor após o aumento, temos:
p
Desconto V1 = V . (1+ 1 )
100

Desconto Percentual: Consideremos um valor inicial Sendo V2 o valor após o desconto, temos:
V que deve sofrer um desconto de p% de seu valor. V2 = V1 . (1 – p2 )
Chamemos de D o valor do desconto e VD o valor após o 100
desconto. Então, D = p% de V = p . V V2 = V . (1 + p1 ) . (1 – p2 )
100 100 100

p Exemplo
VD = V – D = V – .V (VUNESP-SP) Uma instituição bancária oferece um
100
p rendimento de 15% ao ano para depósitos feitos numa
VD = (1 – ).V certa modalidade de aplicação financeira. Um cliente deste
100
banco deposita 1 000 reais nessa aplicação. Ao final de n
p anos, o capital que esse cliente terá em reais, relativo a esse
Em que (1 – ) é o fator de desconto.
100 depósito, são:
Exemplo
n
 p 
Resolução: VA = 1 +  .v
 100 
Uma empresa admite um funcionário no mês de janeiro
sabendo que, já em março, ele terá 40% de aumento. Se a n

empresa deseja que o salário desse funcionário, a partir de VA = 1. 15  .1000


 100 
março, seja R$ 3 500,00, com que salário deve admiti-lo?
V = 1 000 . (1,15)n
A

Resolução: VA = 1,4 . V VA = 1 000 . 1,15n


VA = 1 150,00n
3 500 = 1,4 . V
3500
V= = 2500
1,4

Resposta: R$ 2 500,00

39
MATEMÁTICA

QUESTÕES

1 - (PREF. AMPARO/SP – AGENTE ESCOLAR – CONRIO/2014) Se em um tanque de um carro for misturado 45 litros de
etanol em 28 litros de gasolina, qual será o percentual aproximado de gasolina nesse tanque?
A) 38,357%
B) 38,356%
C) 38,358%
D) 38,359%

2 - (CEF / Escriturário) Uma pessoa x pode realizar uma certa tarefa em 12 horas. Outra pessoa, y, é 50% mais eficiente
que x. Nessas condições, o número de horas necessárias para que y realize essa tarefa é :
A) 4
B) 5
C) 6
D) 7
E) 8

3 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Observe a tabela que indica o consumo mensal de uma mesma torneira da pia
de uma cozinha, aberta meia volta por um minuto, uma vez ao dia.

Em relação ao cosumo mensal da torneira alimentada pela água da rua, o da torneira alimentada pela água da caixa
representa, aproximadamente,
A) 20%
B) 26%
C) 30%
D) 35%
E) 40%

4 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FCC/2014) O preço de uma mercadoria, na loja J, é
de R$ 50,00. O dono da loja J resolve reajustar o preço dessa mercadoria em 20%. A mesma mercadoria, na loja K, é vendida
por R$ 40,00. O dono da loja K resolve reajustar o preço dessa mercadoria de maneira a igualar o preço praticado na loja J
após o reajuste de 20%. Dessa maneira o dono da loja K deve reajustar o preço em
A) 20%.
B) 50%.
C) 10%.
D) 15%.
E) 60%.

5 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FCC/2014) O preço de venda de um produto, des-
contado um imposto de 16% que incide sobre esse mesmo preço, supera o preço de compra em 40%, os quais constituem
o lucro líquido do vendedor. Em quantos por cento, aproximadamente, o preço de venda é superior ao de compra?
A) 67%.
B) 61%.
C) 65%.
D) 63%.
E) 69%.

6 - (DPE/SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC/2013) Um comerciante comprou uma mercadoria por R$
350,00. Para estabelecer o preço de venda desse produto em sua loja, o comerciante decidiu que o valor deveria ser suficiente
para dar 30% de desconto sobre o preço de venda e ainda assim garantir lucro de 20% sobre o preço de compra. Nessas
condições, o preço que o comerciante deve vender essa mercadoria é igual a
A) R$ 620,00.
B) R$ 580,00.
C) R$ 600,00.
D) R$ 590,00.
E) R$ 610,00.

40
MATEMÁTICA

7 - (DPE/SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – Vitor arrematou um lote, pagou o combinado no ato
FCC/2013) Uma bolsa contém apenas 5 bolas brancas e 7 da arrematação e os R$28.800,00 restantes no dia 10 de
bolas pretas. Sorteando ao acaso uma bola dessa bolsa, a dezembro. Com base nas informações contidas no texto,
probabilidade de que ela seja preta é calcule o valor total gasto por Vitor nesse leilão.
A) maior do que 55% e menor do que 60%. A) R$34.600,00
B) menor do que 50%. B) R$36.000,00
C) maior do que 65%. C) R$35.400,00
D) maior do que 50% e menor do que 55%. D) R$32.000,00
E) maior do que 60% e menor do que 65%. E) R$37.800,00

8 - PREF. JUNDIAI/SP – ELETRICISTA – MAKIYA- RESPOSTAS


MA/2013) Das 80 crianças que responderam a uma en-
quete referente a sua fruta favorita, 70% eram meninos. 1 - RESPOSTA: “B”.
Dentre as meninas, 25% responderam que sua fruta favori- Mistura:28+45=73
ta era a maçã. Sendo assim, qual porcentagem representa, 73------100%
em relação a todas as crianças entrevistadas, as meninas 28------x
que têm a maçã como fruta preferida? X=38,356%
A) 10%
B) 1,5%
C) 25% 2 - RESPOSTA “C”.
D) 7,5% 12 horas → 100 %
E) 5% 50 % de 12 horas = = 6 horas
9 - (PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB/2014) X = 12 horas → 100 % = total de horas trabalhado
Numa liquidação de bebidas, um atacadista fez a seguinte
Y = 50 % mais rápido que X.
promoção:
Então, se 50% de 12 horas equivalem a 6 horas, logo Y
faz o mesmo trabalho em 6 horas.

3 - RESPOSTA: “B”.

Alexandre comprou duas embalagens nessa promoção


e revendeu cada unidade por R$3,50. O lucro obtido por 4 - RESPOSTA: “B”.
ele com a revenda das latas de cerveja das duas embala-
gens completas foi:
A) R$33,60
B) R$28,60
C) R$26,40
D) R$40,80
E) R$43,20 O reajuste deve ser de 50%.

10 - (PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB/2014)


Leilão de veículos apreendidos do Detran aconteceu no dia 5 - RESPOSTA: “A”.
7 de dezembro. Preço de venda: PV
Preço de compra: PC
O Departamento Estadual de Trânsito de Sergipe – De- Note que: 1,4 = 100%+40% ou 1+0,4.Como ele supe-
tran/SE – realizou, no dia 7 de dezembro, sábado, às 9 ho- rou o preço de venda (100%) em 40% , isso significa soma
ras, no Espaço Emes, um leilão de veículos apreendidos em aos 100% mais 40%, logo 140%= 1,4.
fiscalizações de trânsito. Ao todo foram leiloados 195 veí- PV - 0,16PV = 1,4PC
culos, sendo que 183 foram comercializados como sucatas 0,84PV=1,4PC
e 12 foram vendidos como aptos para circulação.
Quem arrematou algum dos lotes disponíveis no leilão
pagou 20% do lance mais 5% de comissão do leiloeiro no
ato da arrematação. Os 80% restantes foram pagos impre-
terivelmente até o dia 11 de dezembro. O preço de venda é 67% superior ao preço de compra.
Fonte: http://www.ssp.se.gov.br05/12/13 (modificada).

41
MATEMÁTICA

6 - RESPOSTA: “C”. JUROS SIMPLES


Preço de venda: PV
Preço de compra: 350 Toda vez que falamos em juros estamos nos referindo
30% de desconto, deixa o produto com 70% do seu a uma quantia em dinheiro que deve ser paga por um
valor. devedor, pela utilização de dinheiro de um credor (aquele
Como ele queria ter um lucro de 20% sobre o preço que empresta).
de compra, devemos multiplicar por 1,2(350+0,2.350) ➜
0,7PV = 1,2 . 350 - Os juros são representados pela letra j.
- O dinheiro que se deposita ou se empresta chamamos
de capital e é representado pela letra C.
- O tempo de depósito ou de empréstimo é
O preço de venda deve ser R$600,00. representado pela letra t.
- A taxa de juros é a razão centesimal que incide sobre
um capital durante certo tempo. É representado pela letra i
7 - RESPOSTA: “A”. e utilizada para calcular juros.
Ao todo tem 12 bolas, portanto a probabilidade de se
tirar uma preta é: Chamamos de simples os juros que são somados ao
capital inicial no final da aplicação.

Devemos sempre relacionar taxa e tempo numa mesma


unidade:
8 - RESPOSTA: “D”. Taxa anual --------------------- tempo em anos
Tem que ser menina E gostar de maçã. Taxa mensal-------------------- tempo em meses
Meninas:100-70=30% Taxa diária---------------------- tempo em dias

Consideremos, como exemplo, o seguinte problema:


, simplificando temos ➜
P = 0,075 . 100% = 7,5%.
Uma pessoa empresta a outra, a juros simples, a quan-
tia de R$ 3. 000,00, pelo prazo de 4 meses, à taxa de 2% ao
mês. Quanto deverá ser pago de juros?
9 - RESPOSTA: “A”.
Resolução:
- Capital aplicado (C): R$ 3.000,00
- Tempo de aplicação (t): 4 meses
- Taxa (i): 2% ou 0,02 a.m. (= ao mês)

Fazendo o cálculo, mês a mês:


- No final do 1º período (1 mês), os juros serão: 0,02 x
R$ 3.000,00 = R$ 60,00
- No final do 2º período (2 meses), os juros serão: R$
60,00 + R$ 60,00 = R$ 120,00
- No final do 3º período (3 meses), os juros serão: R$
O lucro de Alexandre foi de R$33,60. 120,00 + R$ 60,00 = R$ 180,00
- No final do 4º período (4 meses), os juros serão: R$
180,00 + R$ 60,00 = R$ 240,00
10 - RESPOSTA: “E”. Desse modo, no final da aplicação, deverão ser pagos
R$ 240,00 de juros.
R$28.800-------80%
x------------------100% Fazendo o cálculo, período a período:
- No final do 1º período, os juros serão: i.C
- No final do 2º período, os juros serão: i.C + i.C
- No final do 3º período, os juros serão: i.C + i.C + i.C
-----------------------------------------------------------
- No final do período t, os juros serão: i.C + i.C + i.C +
... + i.C

Valor total: R$36.000,00+R$1.800,00=R$37.800,00 Portanto, temos:

J=C.i.t

42
MATEMÁTICA

Observações: Observe que o crescimento do principal segundo juros


simples é LINEAR enquanto que o crescimento segundo
1) A taxa i e o tempo t devem ser expressos na mesma juros compostos é EXPONENCIAL, e, portanto tem um
unidade. crescimento muito mais “rápido”. Isto poderia ser ilustrado
2) Nessa fórmula, a taxa i deve ser expressa na forma graficamente da seguinte forma:
decimal.
3) Chamamos de montante (M) a soma do capital
com os juros, ou seja: Na fórmula J= C . i . t, temos quatro
variáveis. Se três delas forem valores conhecidos, podemos
calcular o 4º valor.

M=C+ j

Exemplo

A que taxa esteve empregado o capital de R$ 20.000,00


Na prática, as empresas, órgãos governamentais e
para render, em 3 anos, R$ 28.800,00 de juros? (Observação:
Como o tempo está em anos devemos ter uma taxa anual.) investidores particulares costumam reinvestir as quantias
geradas pelas aplicações financeiras, o que justifica o
C = R$ 20.000,00 emprego mais comum de juros compostos na Economia.
t = 3 anos Na verdade, o uso de juros simples não se justifica em
j = R$ 28.800,00 estudos econômicos.
i = ? (ao ano)
Fórmula para o cálculo de Juros compostos
j = C.i.t Considere o capital inicial (principal P) $1000,00
100 aplicado a uma taxa mensal de juros compostos ( i ) de
10% (i = 10% a.m.). Vamos calcular os montantes (principal
20000..i.3
28 800 = + juros), mês a mês:
100 Após o 1º mês, teremos: M1 = 1000 x 1,1 = 1100 = 1000(1
28 800 = 600 . i + 0,1)
Após o 2º mês, teremos: M2 = 1100 x 1,1 = 1210 = 1000(1
i = 28.800 + 0,1)2
600 Após o 3º mês, teremos: M3 = 1210 x 1,1 = 1331 = 1000(1
i = 48 + 0,1)3
.................................................................................................
Resposta: 48% ao ano.
Após o nº (enésimo) mês, sendo S o montante, teremos
JUROS COMPOSTOS evidentemente: S = 1000(1 + 0,1)n
O capital inicial (principal) pode crescer, como já De uma forma genérica, teremos para um principal
sabemos, devido aos juros, segundo duas modalidades, a P, aplicado a uma taxa de juros compostos i durante o
saber:
período n : S = P (1 + i)n onde S = montante, P = principal,
Juros simples - ao longo do tempo, somente o principal
i = taxa de juros e n = número de períodos que o principal
rende juros.
P (capital inicial) foi aplicado.
Juros compostos - após cada período, os juros são
Nota: Na fórmula acima, as unidades de tempo
incorporados ao principal e passam, por sua vez, a render
juros. Também conhecido como “juros sobre juros”. referentes à taxa de juros (i) e do período (n), tem de ser
Vamos ilustrar a diferença entre os crescimentos de um necessariamente iguais. Este é um detalhe importantíssimo,
capital através juros simples e juros compostos, com um que não pode ser esquecido! Assim, por exemplo, se a taxa
exemplo: Suponha que $100,00 são empregados a uma for 2% ao mês e o período 3 anos, deveremos considerar
taxa de 10% a.a. (ao ano) Teremos: 2% ao mês durante 3x12=36 meses.

43
MATEMÁTICA

Exemplos 2. (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMI-


NISTRATIVO – FCC/2014) José Luiz aplicou R$60.000,00 num
1 – Expresse o número de períodos n de uma aplicação, fundo de investimento, em regime de juros compostos, com
em função do montante S e da taxa de aplicação i por período. taxa de 2% ao mês. Após 3 meses, o montante que José Luiz
poderá sacar é
Solução: A) R$63.600,00.
Temos S = P(1+i)n B) R$63.672,48.
Logo, S/P = (1+i)n C) R$63.854,58.
Pelo que já conhecemos de logaritmos, poderemos D) R$62.425,00.
escrever: E) R$62.400,00.
n = log (1+ i ) (S/P) . Portanto, usando logaritmo decimal (base
10), vem: 3. CREA/PR – AGENTE ADMINISTRATIVO – FUNDA-
log(S / P) log S − log P TEC/2013) Um empréstimo de R$ 50.000,00 será pago no pra-
n= = zo de 5 meses, com juros simples de 2,5% a.m. (ao mês). Nes-
log(1+ i) log(1+ i) se sentido, o valor da dívida na data do seu vencimento será:
A) R$6.250,00.
Temos também da expressão acima que: n.log(1 + i) = logS B) R$16.250,00.
– logP C) R$42.650,00.
D) R$56.250,00.
Deste exemplo, dá para perceber que o estudo dos E) R$62.250,00.
juros compostos é uma aplicação prática do estudo dos
logaritmos. 4. (PREF. JUNDIAI/SP – ELETRICISTA – MAKIYAMA/2013)
2 – Um capital é aplicado em regime de juros compostos a Teresa pagou uma conta no valor de R$ 400,00 com seis dias
uma taxa mensal de 2% (2% a.m.). Depois de quanto tempo este de atraso. Por isso, foi acrescido, sobre o valor da conta, juro
capital estará duplicado? de 0,5% em regime simples, para cada dia de atraso. Com isso,
qual foi o valor total pago por Teresa?
Solução: Sabemos que S = P (1 + i)n. Quando o capital A) R$ 420,00.
inicial estiver duplicado, teremos S = 2P. B) R$ 412,00.
Substituindo, vem: 2P = P(1+0,02)n [Obs: 0,02 = 2/100 = 2%] C) R$ 410,00.
Simplificando, fica: D) R$ 415,00.
2 = 1,02n , que é uma equação exponencial simples. E) R$ 422,00.
Teremos então: n = log1,022 = log2 /log1,02 = 0,30103 /
0,00860 = 35 5. PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB/2014) Polí-
cia autua 16 condutores durante blitz da Lei Seca
Nota: log2 = 0,30103 e log1,02 = 0,00860; estes valores No dia 27 de novembro, uma equipe da Companhia de
podem ser obtidos rapidamente em máquinas calculadoras Polícia de Trânsito(CPTran) da Polícia Militar do Estado de Ser-
científicas. Caso uma questão assim caia no vestibular, o gipe realizou blitz da Lei Seca na Avenida Beira Mar. Durante a
examinador teria de informar os valores dos logaritmos ação, a polícia autuou 16 condutores.
necessários, ou então permitir o uso de calculadora na prova, o Segundo o capitão Fábio <achado, comandante da CP-
que não é comum no Brasil. Tran, 12 pessoas foram notificadas por infrações diversas e
Portanto, o capital estaria duplicado após 35 meses (observe quatro por desobediência à Lei Seca[...].
que a taxa de juros do problema é mensal), o que equivale a 2 O quarteto detido foi multado em R$1.910,54 cada e teve
anos e 11 meses. a Carteira Nacional de Trânsito (CNH) suspensa por um ano.
Resposta: 2 anos e 11 meses. (Fonte: PM/SE 28/11/13, modificada)
Investindo um capital inicial no valor total das quatros
EXERCÍCIOS mulas durante um período de dez meses, com juros de 5% ao
mês, no sistema de juros simples, o total de juros obtidos será:
1. (SABESP – ANALISTA DE GESTÃO I -CONTABILIDA- A) R$2.768,15
DE – FCC/2012) Renato aplicou uma quantia no regime de B) R$1.595,27
capitalização de juros simples de 1,25% ao mês. Ao final de C) R$3.821,08
um ano, sacou todo o dinheiro da aplicação, gastou meta- D) R$9.552,70
de dele para comprar um imóvel e aplicou o restante, por E) R$1.910,54
quatro meses, em outro fundo, que rendia juros simples de
1,5% ao mês. Ao final desse período, ele encerrou a aplica- 6. (CÂMARA DE CANITAR/SP – RECEPCIONISTA – IN-
ção, sacando um total de R$ 95.082,00. A quantia inicial, em DEC/2013) Uma aplicação financeira rende mensalmente
reais, aplicada por Renato no primeiro investimento foi de 0,72%. Após 3 meses, um capital investido de R$ 14.000,00
A) 154.000,00 renderá: (Considere juros compostos)
B) 156.000,00 A) R$ 267,92
C) 158.000,00 B) R$ 285,49
D) 160.000,00 C) R$300,45
E) 162.000,00 D) R$304,58

44
MATEMÁTICA

7. (CÂMARA DE CANITAR/SP – RECEPCIONISTA – INDEC/2013) Qual a porcentagem de rendimento mensal de um


capital de R$ 5.000,00 que rende R$ 420,00 após 6 meses?
(Considere juros simples)
A) 2,2%
B) 1,6%
C) 1,4%
D) 0,7%

8. (PM/SP – OFICIAL – VUNESP/2013) Pretendendo aplicar em um fundo que rende juros compostos, um investidor
fez uma simulação. Na simulação feita, se ele aplicar hoje R$ 10.000,00 e R$ 20.000,00 daqui a um ano, e não fizer nenhuma
retirada, o saldo daqui a dois anos será de R$ 38.400,00. Desse modo, é correto afirmar que a taxa anual de juros conside-
rada nessa simulação foi de
A) 12%.
B) 15%.
C) 18%.
D) 20%.
E) 21%.

9. (TRT 1ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC/2013) Juliano possui R$ 29.000,00 aplicados em
um regime de juros compostos e deseja comprar um carro cujo preço à vista é R$30.000,00. Se nos próximos meses essa
aplicação render 1% ao mês e o preço do carro se mantiver, o número mínimo de meses necessário para que Juliano tenha
em sua aplicação uma quantia suficiente para comprar o carro é
A) 7.
B) 4.
C) 5.
D) 6.
E) 3.

10. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – CESGRANRIO/2012) João tomou um empréstimo de R$900,00 a juros com-
postos de 10% ao mês. Dois meses depois, João pagou R$600,00 e, um mês após esse pagamento, liquidou o empréstimo.
O valor desse último pagamento foi, em reais, aproximadamente,
A) 240,00
B) 330,00
C) 429,00
D) 489,00
E) 538,00

RESPOSTAS

1 - RESPOSTA: “B”.
Quantia inicial: C= 25.000 ; i=1,25% a.m = 0,0125 ; t= 1 ano = 12 meses
M= J+C e J= C.i.t da junção dessas duas fórmulas temos : M=C.(1+i.t),aplicando

Como ele gastou metade e a outra metade ele aplicou a uma taxa i=1,5% a.m=0,015 e t=4m e sacou após esse período
R$ 95.082,00

95.082 = 0,6095C ➜ ➜ C= 156.000

A quantia inicial foi de R$ 156.000,00.

45
MATEMÁTICA

2 - RESPOSTA: “B”.
C=60.000 ; i = 2% a.m = 0,02 ; t = 3m

O montante a ser sacado será de R$ 63.672,48.

3 - RESPOSTA: “D”.
J=C.i.t C = 50.000 ; i = 2,5% a.m = 0,025 ; t = 5m
J=50 000.0,025.5
J=6250
M=C+J
M=50 000+6 250=56250
O valor da dívida é R$56.250,00.

4 – RESPOSTA: “B”.

C = 400 ; t = 6 d ; i = 0,5% a.d = 0,005

O valor que ela deve pagar é R$412,00.

5 - RESPOSTA: “C”.

O juros obtido será R$3.821,08.

6 - RESPOSTA: “D”.
i = 0,72%a.m = 0,0072 ; t = 3m ; C = 14.000

Como ele quer saber os juros:


M = C+J ➜ J = 14304,58-14000 = 304,58
A aplicação renderá R$ 304,58.

7 - RESPOSTA: “C”.
C = 5.000 ; J = 420 ; t = 6m
J=C.i.t ➜ 420=5000.i.6

A porcentagem será de 1,4%.

46
MATEMÁTICA

8 - RESPOSTA: “D”.
C1º ano = 10.000 ; C2º ano = 20.000

M1+M2 = 384000

Têm se uma equação do segundo grau, usa-seentão a fórmula de Bhaskara:

É correto afirmar que a taxa é de 20%

9 - RESPOSTA: “B”.
C=29.000 ; M=30.000 ; i=1%a.m = 0,01

Teremos que substituir os valores de t, portanto vamos começar dos números mais baixos:
1,013=1,0303, está próximo, mas ainda é menor
1,014=1,0406
Como t=4 passou o número que precisava(1,0344), então ele tem que aplicar no mínimo por 4 meses.

10 - RESPOSTA: “E”.
C = 900 ; i = 10% a.m=0,10 ; t = 2m ; pagou 2 meses depois R$ 600,00 e liquidou após 1 mês

Depois de dois meses João pagou R$ 600,00.


1089-600=489

47
MATEMÁTICA

Exemplo 2
Adicionando 4x2 – 10x – 5 e 6x + 12, teremos:
2. POLINÔMIOS. (4x2 – 10x – 5) + (6x + 12) → eliminar os parênteses
2.1. Polinômios: conceito, grau e propriedades utilizando o jogo de sinal.
fundamentais. 4x2 – 10x – 5 + 6x + 12 → reduzir os termos semelhantes.
2.2. Operações com polinômios, divisão de 4x2 – 10x + 6x – 5 + 12
um polimônio por um binômio da forma x-a, 4x2 – 4x + 7
divisão de um polinômio por outro polinômio Portanto: (4x2 – 10x – 5) + (6x + 12) = 4x2 – 4x + 7
de grau menor ou igual. Subtração

Exemplo 1
Polinômios Subtraindo –3x2 + 10x – 6 de 5x2 – 9x – 8.
(5x2 – 9x – 8) – (–3x2 + 10x – 6) → eliminar os parênteses
Para polinômios podemos encontrar várias definições utilizando o jogo de sinal.
diferentes como: – (–3x2) = +3x2
Polinômio é uma expressão algébrica com todos os – (+10x) = –10x
termos semelhantes reduzidos. Polinômio é um ou mais – (–6) = +6
monômios separados por operações.
As duas podem ser aceitas, pois se pegarmos um 5x2 – 9x – 8 + 3x2 –10x +6 → reduzir os termos semelhantes.
polinômio encontraremos nele uma expressão algébrica e 5x2 + 3x2 – 9x –10x – 8 + 6
monômios separados por operações. 8x2 – 19x – 2
Portanto: (5x2 – 9x – 8) – (–3x2 + 10x – 6) = 8x2 – 19x – 2
- 3xy é monômio, mas também considerado polinômio,
Exemplo 2
assim podemos dividir os polinômios em monômios
Se subtrairmos 2x³ – 5x² – x + 21 e 2x³ + x² – 2x + 5
(apenas um monômio), binômio (dois monômios) e
teremos:
trinômio (três monômios).
(2x³ – 5x² – x + 21) – (2x³ + x² – 2x + 5) → eliminando os
parênteses através do jogo de sinais.
- 3x + 5 é um polinômio e uma expressão algébrica.
2x³ – 5x² – x + 21 – 2x³ – x² + 2x – 5 → redução de termos
semelhantes.
Como os monômios, os polinômios também possuem
2x³ – 2x³ – 5x² – x² – x + 2x + 21 – 5
grau e é assim que eles são separados. Para identificar o 0x³ – 6x² + x + 16
seu grau, basta observar o grau do maior monômio, esse – 6x² + x + 16
será o grau do polinômio. Portanto: (2x³ – 5x² – x + 21) – (2x³ + x² – 2x + 5) = – 6x²
Com os polinômios podemos efetuar todas as + x + 16
operações: adição, subtração, divisão, multiplicação,
potenciação. Exemplo 3
O procedimento utilizado na adição e subtração Considerando os polinômios A = 6x³ + 5x² – 8x + 15, B =
de polinômios envolve técnicas de redução de termos 2x³ – 6x² – 9x + 10 e C = x³ + 7x² + 9x + 20. Calcule:
semelhantes, jogo de sinal, operações envolvendo sinais a) A + B + C
iguais e sinais diferentes. Observe os exemplos a seguir: (6x³ + 5x² – 8x + 15) + (2x³ – 6x² – 9x + 10) + (x³ + 7x² +
9x + 20)
Adição 6x³ + 5x² – 8x + 15 + 2x³ – 6x² – 9x + 10 + x³ + 7x² + 9x
+ 20
Exemplo 1 6x³ + 2x³ + x³ + 5x² – 6x² + 7x² – 8x – 9x + 9x + 15 + 10
+ 20
Adicionar x2 – 3x – 1 com –3x2 + 8x – 6. 9x³ + 6x² – 8x + 45
(x2 – 3x – 1) + (–3x2 + 8x – 6) → eliminar o segundo
parênteses através do jogo de sinal. A + B + C = 9x³ + 6x² – 8x + 45
+(–3x2) = –3x2
+(+8x) = +8x b) A – B – C
+(–6) = –6 (6x³ + 5x² – 8x + 15) – (2x³ – 6x² – 9x + 10) – (x³ + 7x² +
x2 – 3x – 1 –3x2 + 8x – 6 → reduzir os termos semelhantes. 9x + 20)
6x³ + 5x² – 8x + 15 – 2x³ + 6x² + 9x – 10 – x³ – 7x² – 9x – 20
x2 – 3x2 – 3x + 8x – 1 – 6 6x³ – 2x³ – x³ + 5x² + 6x² – 7x² – 8x + 9x – 9x + 15 – 10 – 20
–2x2 + 5x – 7 6x³ – 3x³ + 11x² – 7x² – 17x + 9x + 15 – 30
Portanto: (x2 – 3x – 1) + (–3x2 + 8x – 6) = –2x2 + 5x – 7 3x³ + 4x² – 8x – 15

A – B – C = 3x³ + 4x² – 8x – 15

48
MATEMÁTICA

A multiplicação com polinômio (com dois ou mais • Polinômio é uma expressão algébrica racional e
monômios) pode ser realizada de três formas: inteira, por exemplo:
Multiplicação de monômio com polinômio. x2y
Multiplicação de número natural com polinômio. 3x – 2y
Multiplicação de polinômio com polinômio. x + y5 + ab
As multiplicações serão efetuadas utilizando as seguintes
propriedades: • Monômio é um tipo de polinômio que possui apenas
- Propriedade da base igual e expoente diferente: an . am um termo, ou seja, que possui apenas coeficiente e parte
=a n+m literal. Por exemplo:
- Monômio multiplicado por monômio é o mesmo que a2 → 1 é o coeficiente e a2 parte literal.
multiplicar parte literal com parte literal e coeficiente com 3x2y → 3 é o coeficiente e x2y parte literal.
coeficiente. -5xy6 → -5 é o coeficiente e xy6 parte literal.
• Divisão de monômio por monômio
Multiplicação de monômio com polinômio
Ao resolvermos uma divisão onde o dividendo e o
- Se multiplicarmos 3x por (5x + 3x – 1), teremos:
2 divisor são monômios devemos seguir a regra: dividimos
3x . (5x2 + 3x – 1) → aplicar a propriedade distributiva. coeficiente com coeficiente e parte literal com parte literal.
3x . 5x2 + 3x . 3x + 3x . (-1) Exemplos: 6x3 : 3x = 6 . x3 = 2x2 3x2
15x3 + 9x2 – 3x
                
Portanto: 3x (5x2 + 3x – 1) = 15x3 + 9x2 – 3x
- Se multiplicarmos -2x2 por (5x – 1), teremos: Observação: ao dividirmos as partes literais temos
-2x2 (5x – 1) → aplicando a propriedade distributiva. que estar atentos à propriedade que diz que base igual na
-2x2 . 5x – 2x2 . (-1) divisão, repete a base e subtrai os expoentes.
Depois de relembrar essas definições veja alguns
- 10x3 + 2x2
exemplos de como resolver divisões de polinômio por
monômio.
Portanto: -2x2 (5x – 1) = - 10x3 + 2x2
Exemplo: (10a3b3 + 8ab2) : (2ab2)
Multiplicação de número natural
O dividendo 10a3b3 + 8ab2 é formado por dois
monômios. Dessa forma, o divisor 2ab2, que é um monômio,
- Se multiplicarmos 3 por (2x2 + x + 5), teremos: irá dividir cada um deles, veja:
3 (2x2 + x + 5) → aplicar a propriedade distributiva. (10a3b3 + 8ab2) : (2ab2)
3 . 2x2 + 3 . x + 3 . 5
6x2 + 3x + 15.

Portanto: 3 (2x2 + x + 5) = 6x2 + 3x + 15. Assim, transformamos a divisão de polinômio por


monômio em duas divisões de monômio por monômio.
Multiplicação de polinômio com polinômio Portanto, para concluir essa divisão é preciso dividir
coeficiente por coeficiente e parte literal por parte literal.
- Se multiplicarmos (3x – 1) por (5x2 + 2)
(3x – 1) . (5x2 + 2) → aplicar a propriedade distributiva.
3x . 5x2 + 3x . 2 – 1 . 5x2 – 1 . 2
15x3 + 6x – 5x2 – 2

Portanto: (3x – 1) . (5x2 + 2) = 15x3 + 6x – 5x2 – 2


- Multiplicando (2x2 + x + 1) por (5x – 2), teremos:
(2x2 + x + 1) (5x – 2) → aplicar a propriedade distributiva.
2x2 . (5x) + 2x2 . (-2) + x . 5x + x . (-2) + 1 . 5x + 1 . (-2)
10x3 – 4x2 + 5x2 – 2x + 5x – 2
10x3+ x2 + 3x – 2 ou

Portanto: (2x2 + x + 1) (5x – 2) = 10x3+ x2 + 3x – 2 Portanto, (10a3b3 + 8ab2) : (2ab2) = 5a2b + 4


Exemplo: (9x2y3 – 6x3y2 – xy) : (3x2y)
Divisão
A compreensão de como funciona a divisão de O dividendo 9x2y3 – 6x3y2 – xy é formado por três
polinômio por monômio irá depender de algumas definições monômios. Dessa forma, o divisor 3x2y, que é um monômio
e conhecimentos. Será preciso saber o que é um monômio, irá dividir cada um deles, veja:
um polinômio e como resolver a divisão de monômio por
monômio. Dessa forma, veja a seguir uma breve explicação
sobre esses assuntos.

49
MATEMÁTICA

Assim, transformamos a divisão de polinômio por Respostas


monômio em três divisões de monômio por monômio.
Portanto, para concluir essa divisão é preciso dividir 1) Resposta “13y reais”.
coeficiente por coeficiente e parte literal por parte literal. Solução: 4y + 6y + 3y =
= (4 + 6 + 3)y =
= 13y
Logo, as três juntas gastaram 13y reais.

2) Resposta “36x4”.
Solução:
Portanto, Área: (6x²)² = (6)² . (x)² = 36x4
Logo, a área é expressa por 36x4.

3) Resposta “7x + 3y”.


Exercícios Solução:
7 cadernos a x reais cada um: 7x reais
1. Um Caderno custa y reais. Gláucia comprou 4 3 cadernos a y reais cada um: 3y reais.
cadernos, Cristina comprou 6, e Karina comprou 3. Qual é
Portanto, a quantia que Noêmia gastará na compra dos
o monômio que expressa a quantia que as três gastaram
cadernos é expressa por:
juntas?
7x + 3y → uma expressão algébrica que indica a adição
de monômios.
2. Suponha que a medida do lado de um quadrado
seja expressa por 6x², em que x representa um número real
4) Resposta “2,3x – 1,65xy + 0,8y”.
positivo. Qual o monômio que vai expressar a área desse
Solução:
quadrado?
0,3x – 5xy + 1,8y + 2x – y + 3,4xy =
3. Um caderno de 200 folhas custa x reais, e um = 0,3x + 2x – 5xy + 3,4xy + 1,8y – y = → propriedade
caderno de 100 folhas custa y reais. Se Noêmia comprar 7 comutativa
cadernos de 200 folhas e 3 cadernos de 100 folhas, qual é = 2,3x – 1,65xy + 0,8y → reduzindo os termos
a expressão algébrica que irá expressar a quantia que ela semelhantes
irá gastar? Então: 2,3x – 1,65xy + 0,8y é a forma reduzida do
polinômio dado.
4. Escreve de forma reduzida o polinômio: 0,3x – 5xy +
1,8y + 2x – y + 3,4xy. 5) Resposta “5x + 2xy – 4y”.
Solução: 1˚ Modo:
5. Calcule de dois modos (7x – 2xy – 5y) + (-2x + 4xy (7x – 2xy – 5y) + (–2x + 4xy + y) =
+ y) = 7x – 2xy – 5y – 2x + 4xy + y =
= 7x – 2x – 2xy + 4xy – 5y + y =
6. Determine P1 + P2 – P3, dados os Polinômios: = 5x + 2xy – 4y
2˚ Modo:
7x – 2xy – 5y
P1 = 3x² + x²y² - 7y²
– 2x + 4xy + y
P2 = 2x² + 8x²y² + 3y²
-------------------------
P3 = 5x² + 7x²y² - 9y² 5x + 2xy – 4y
7. Qual é o polinômio P que, adicionado ao polinômio
2y5 – 3y4 + y² – 5y + 3, dá como resultado o polinômio 3y5 6) Resposta “–3x² + 2x²y² + 5y²”.
– 2y4 – 2y3 + 2y² – 4y + 1? Solução:
(3x² + x²y² - 7y²) + (x² + 8x²y² + 3y²) – (5x² + 7x²y² -
8. Qual é a forma mais simples de se escrever o 9y²) =
polinômio expresso por: 2x(3a – 2x) + a(2x – a) – 3x(a + x)? = 3x² + x²y² – 7y² – x² + 8x²y² + 3y² – 5x² – 7x²y² + 9y² =
= 3x² – x² – 5x² + x²y² + 8x²y² – 7x²y² – 7y² + 3y² + 9y² =
9. Qual a maneira para se calcular a multiplicação do = –3x² + 2x²y² + 5y²
seguinte polinômio: (2x + y)(3x – 2y)?
Logo, P1 + P2 – P3 = –3x² + 2x²y² + 5y².
10. Calcule: (12a5b² – 20a4b³ + 48a³b4) (4ab).

50
MATEMÁTICA

7) Resposta “y5 + y4 – 2y3 + y² + y – 2”. Monômio: os números e letras estão ligados apenas
Solução: por produtos.
P + (2y5 – 3y4 + y² – 5y + 3) = (3y5 – 2y4 – 2y3 + 2y² – 4y Ex : 4x
+ 1). Daí:
P = (3y5 – 2y4 – 2y3 + 2y² – 4y + 1) – (2y5 – 3y4 + y² – 5y Polinômio: é a soma ou subtração de monômios.  
+ 3) = Ex: 4x+2y
= 3y5 – 2y4 – 2y3 + 2y² – 4y + 1 – 2y5 + 3y4 – y² + 5y – 3 =
= 3y5 – 2y5 – 2y4 + 3y4 – 2y3 + 2y² – y² – 4y + 5y + 1 – 3 = Termos semelhantes: são aqueles que possuem partes
= y5 + y4 – 2y3 + y² + y – 2. literais iguais ( variáveis )
Ex: 2 x³ y² z e 3 x³ y² z » são termos semelhantes pois
Logo, o polinômio P procurado é y5 + y4 – 2y3 + y² + possuem a mesma parte literal.
y – 2.
Adição e Subtração de expressões algébricas
8)Resposta “5ax – 7x² – a²”. Para determinarmos a soma ou subtração de expressões
Solução: algébricas, basta somar ou subtrair os termos semelhantes.
2x(3a – 2x) + a(2x – a) – 3x(a + x) = Assim: 2 x³ y² z + 3x³ y² z = 5x³ y² z ou 2 x³ y² z - 3x³
= 6ax – 4x² + 2ax – a² – 3ax – 3x² = y² z = -x³ y² z
= 6ax + 2ax – 3ax – 4x² – 3x² – a² =
= 5ax – 7x² – a² Convém lembrar dos jogos de sinais.
Na expressão ( x³ + 2 y² + 1 ) – ( y ² - 2 ) = x³ +2 y² +
9) Resposta “6x² – xy – 2y²”. 1 – y² + 2 = x³ + y² +3
Solução: Nesse caso podemos resolve de duas
maneiras: Multiplicação e Divisão de expressões algébricas
1˚ Maneira: (2x + y)(3x – 2y) = Na multiplicação e divisão de expressões algébricas, de-
= 2x . 3x – 2x . 2y + y . 3x – y . 2y = vemos usar a propriedade distributiva.
= 6x² – 4xy + 3xy – 2y² = Exemplos:
= 6x² – xy – 2y² 1) a ( x+y ) = ax + ay
2) (a+b)(x+y) = ax + ay + bx + by
2˚ Maneira: 3) x ( x ² + y ) = x³ + xy
3x – 2y
x 2x + y Para multiplicarmos potências de mesma base, conser-
------------------- vamos a base e somamos os expoentes.
6x² – 4xy Na divisão de potências devemos conservar a base e
+ 3xy – 2y² subtrair os expoentes
--------------------- Exemplos:
6x² – xy – 2y² 1) 4x² : 2 x = 2 x
2) ( 6 x³ - 8 x ) : 2 x = 3 x² - 4
10) Resposta “3a4b – 5a³b² + 12a²b³”. 3) (x4 - 5x3 + 9x2 - 7x+2) :(x2 - 2x + 1) = x2 - 3x +2
Solução:
(12a5b² – 20a4b³ + 48a³b4) (4ab) = Resolução:
= (12a5b² 4ab) – (20a4b³ 4ab) + (48a³b4 4ab) = x4 - 5x3 + 9x2 - 7x+2 x2 - 2x + 1
= 3a4b – 5a³b² + 12a²b³ -x4 + 2x3 - x2 x2 - 3x + 2
3 2
-3x + 8x -7x
Cálculos Algébricos 3x3 - 6x2 -3x
2x2 - 4x + 2
Expressões Algébricas são aquelas que contêm nú- -2x2 + 4x - 2
meros e letras. 0
Ex: 2ax²+bx
Para iniciarmos as operações devemos saber o que são
Variáveis são as letras das expressões algébricas que termos semelhantes.
representam um número real e que de princípio não  pos- Dizemos que um termo é semelhante do outro quando
suem um valor definido. suas partes literais são idênticas.
Valor numérico de uma expressão algébrica é o nú-
mero que obtemos substituindo as variáveis por números e Veja: 
efetuamos suas operações. 5x2 e 42x são dois termos, as suas partes literais são x2
e x, as letras são iguais, mas o expoente não, então esses
Ex: Sendo x =1 e y = 2, calcule o valor numérico (VN) termos não são semelhantes. 
da expressão: 7ab2 e 20ab2 são dois termos, suas partes literais são ab2
x² + y » 1² + 2 =3 Portando o valor numérico da e ab2, observamos que elas são idênticas, então podemos
expressão é 3. dizer que são semelhantes.

51
MATEMÁTICA

Adição e subtração de monômios (3a2b) . (- 5ab3) na multiplicação dos dois monômios,


Só podemos efetuar a adição e subtração de devemos multiplicar os coeficientes 3 . (-5) e na parte literal
monômios entre termos semelhantes. E quando os termos multiplicamos as que têm mesma base para que possamos
envolvidos na operação de adição ou subtração não forem usar a propriedade am . an = am + n.
semelhantes, deixamos apenas a operação indicada.
Veja: 3 . ( - 5) . a2 . a . b . b3
Dado os termos 5xy2, 20xy2, como os dois termos são -15 a2 +1 b1 + 3
semelhantes eu posso efetuar a adição e a subtração deles. -15 a3b4
5xy2 + 20xy2 devemos somar apenas os coeficientes e
conservar a parte literal. Divisão de monômios
25 xy2
5xy2 - 20xy2 devemos subtrair apenas os coeficientes e Para dividirmos os monômios não é necessário que
eles sejam semelhantes, basta dividirmos coeficiente
conservar a parte literal.
com coeficiente e parte literal com parte literal. Sendo
- 15 xy2
que quando dividirmos as partes literais devemos usar a
propriedade da potência que diz: am : an = am - n (bases iguais
Veja alguns exemplos:
na divisão repetimos a base e diminuímos os expoentes),
- x2 - 2x2 + x2 como os coeficientes são frações devemos sendo que a ≠ 0.
tirar o mmc de 6 e 9.
(-20x2y3) : (- 4xy3) na divisão dos dois monômios,
3x2 - 4 x2 + 18 x2 devemos dividir os coeficientes -20 e - 4 e na parte literal
            18 dividirmos as que têm mesma base para que possamos
17x2 usar a propriedade am : an = am – n.
18
- 4x2 + 12y3 – 7y3 – 5x2 devemos primeiro unir os termos -20 : (– 4) . x2 : x . y3 : y3
semelhantes. 12y3 – 7y3 + 4x2 – 5x2 agora efetuamos a soma 5 x2 – 1 y3 – 3
e a subtração. 5x1y0
-5y3 – x2 como os dois termos restantes não são 5x
semelhantes, devemos deixar apenas indicado à operação
dos monômios. Potenciação de monômios

Reduza os termos semelhantes na expressão 4x2 – 5x Na potenciação de monômios devemos novamente


-3x + 2x2. Depois calcule o seu valor numérico da expressão. utilizar uma propriedade da potenciação:
4x2 – 5x - 3x + 2x2 reduzindo os termos semelhantes. 4x2 +
2x2 – 5x - 3x (I) (a . b)m = am . bm
6x2 - 8x os termos estão reduzidos, agora vamos achar (II) (am)n = am . n
o valor numérico dessa expressão. Veja alguns exemplos:
Para calcularmos o valor numérico de uma expressão (-5x2b6)2 aplicando a propriedade
devemos ter o valor de sua incógnita, que no caso do
exercício é a letra x. (I). (-5)2 . (x2)2 . (b6)2 aplicando a propriedade
(II) 25 . x4 . b12 25x4b12
Vamos supor que x = - 2, então substituindo no lugar
do x o -2 termos:
Exercícios
6x - 8x
2
1. Determine o 7º termo do binômio (2x + 1)9, desen-
6 . (-2)2 – 8 . (-2) = volvido segundo as potências decrescentes de x.
6 . 4 + 16 =
24 + 16 2. Qual o termo médio do desenvolvimento de (2x +
40 3y)8?

Multiplicação de monômios 3. Desenvolvendo o binômio (2x - 3y)3n, obtemos um


polinômio de 16 termos. Qual o valor de n?
Para multiplicarmos monômios não é necessário que
eles sejam semelhantes, basta multiplicarmos coeficiente 4. Determine o termo independente de x no desenvol-
com coeficiente e parte literal com parte literal. Sendo vimento de (x + 1/x )6.
que quando multiplicamos as partes literais devemos usar
a propriedade da potência que diz: am . an = am + n (bases 5. Calcule: (3x²+2x-1) + (-2x²+4x+2).
iguais na multiplicação repetimos a base e somamos os
expoentes). 6. Efetue e simplifique o seguinte calculo algébrico:
(2x+3).(4x+1).

52
MATEMÁTICA

7. Efetue e simplifique os seguintes cálculos algébricos: 4) Resposta “20”.


a) (x - y).(x² - xy + y²) Solução: Sabemos que o termo independente de x é
b) (3x - y).(3x + y).(2x - y) aquele que não depende de x, ou seja, aquele que não pos-
sui x.
8. Dada a expressão algébrica bc – b2, determine o seu Temos no problema dado:
valor numérico quando b = 2,2 e c = 1,8. a=x

9. Calcule o valor numérico da expressão 2x3 – 10y, b=


1
quando x = -3 e y = -4. x
10. Um caderno curta y reais. Gláucia comprou 4 ca- n = 6.
dernos, Cristina comprou 6 cadernos, e Karina comprou 3. Pela fórmula do termo geral, podemos escrever:
Qual é o monômio que expressa a quantia que as três gas-
taram juntas?
Tp+1 = C6,p . x6-p . ( 1 )p = C6,p . x6-p . x-p = C6,p . x6-2p.
x
Respostas
Ora, para que o termo seja independente de x, o ex-
poente desta variável deve ser zero, pois x0 = 1.
1) Resposta “672x3”.
Solução: Primeiro temos que aplicar a fórmula do ter- Logo, fazendo 6 - 2p = 0, obtemos p = 3. Substituindo
mo geral de (a + b)n, onde: então p por 6, teremos o termo procurado. Temos então:
T3+1 = T4 = C6,3 . x0 = C6,3 = 6! = 6.5.4.3! =20
a = 2x [(6-3)!.3!] 3!.2.1
b=1
n=9 Logo, o termo independente de x é o T4 (quarto termo)
Como queremos o sétimo termo, fazemos p = 6 na fór- que é igual a 20.
mula do termo geral e efetuamos os cálculos indicados.
Temos então: 5) Solução:
T6+1 = T7 = C9,6 . (2x)9-6 × (1)6 = 9! ×(2x)3×1= (3x²+2x-1) + (-2x²+4x+2)
[(9-6)! x6!] 3x² + 2x – 1 – 2x² + 4x + 2 =
9.8.7.6!
= ×8x³=672x³ x² + 6x + 1
3.2.1.6!
Portanto o sétimo termo procurado é 672x3. 6) Solução:
(2x+3).(4x+1)
2) Resposta “90720x4y4”. 8x² + 2x + 12x + 3 =
Solução: Temos: 8x² + 14x + 3
a = 2x
b = 3y 7) a - Solução:
n=8 (x - y).(x² - xy + y²)
Sabemos que o desenvolvimento do binômio terá 9 x³ - x²y + xy² - x²y + xy² - y³ =
termos, porque n = 8. Ora sendo T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 os x³ - 2x²y + 2xy² - y³ =
termos do desenvolvimento do binômio, o termo do meio
(termo médio) será o T5 (quinto termo). b - Solução:
Logo, o nosso problema resume-se ao cálculo do T5. (3x - y).(3x + y).(2x - y)
Para isto, basta fazer p = 4 na fórmula do termo geral e
(3x - y).(6x² - 3xy + 2xy - y²) =
efetuar os cálculos decorrentes. Teremos:
(3x - y).(6x² - xy - y²) =
8! 18x³ - 3x²y - 3xy² - 6x²y + xy² + y³ =
T4+1 = T5 = C8,4 . (2x)8-4 . (3y)4 = . (2x)4 . (3y)4 =
[(8-4)! .4!] 18x³ - 9x²y - 2xy² + y³
= 8.7.6.5.4! . 16x4 . 81y4
(4!.4.3.2.1 8) Resposta “-0,88”.
Fazendo as contas vem:  Solução:
bc – b2 =
T5 = 70.16.81.x4 . y4 = 90720x4y4 , que é o termo médio 2,2 . 1,8 – 2,22 = (Substituímos as letras pelos valores
procurado. passados no enunciado)
3,96 – 4,84 =
3) Resposta “5”. -0,88.
Solução: Ora, se o desenvolvimento do binômio possui Portanto, o valor procurado é 0,88.
16 termos, então o expoente do binômio é igual a 15.
Logo,
3n = 15 de onde se conclui que n = 5.

53
MATEMÁTICA

9) Resposta “-14”. x = 2 é raiz com multiplicidade 1 ou raiz simples da


Solução: equação p(x) = 0
2x3 – 10y = De maneira geral, dizemos que r é uma raiz de multipli-
2.(-3)² - 10.(-4) = (Substituímos as letras pelos valores cidade n, com n ≥ 1, da equação p(x) = 0, se:
do enunciado da questão)
2.(27) – 10.(-4) = 𝑝 𝑥 = 𝑥 − 𝑟 𝑚 ∙ 𝑞 𝑥 ; 𝑐𝑜𝑚 𝑞(𝑟) ≠ 0
(-54) – (-40) =
-54 + 40 = -14. Teorema Fundamental da Álgebra
Portanto -14 é o valor procurado na questão. Toda equação polinomial de grau n, com n≥1, tem pelo
menos uma raiz complexa.
10) Resposta “13y reais”.
Solução: Como Gláucia gastou 4y reais, Cristina 6y reais e Relação de Girard(Relação entre Coeficiente e Raiz)
Karina 3y reais, podemos expressar essas quantias juntas por:
4y + 6y + 3y = Dada uma equação polinomial de grau n, podemos
(4 + 6 + 3)y = estabelecer n relações entre seus coeficientes e as raízes,
13y denominadas relações de Girard.

Importante: Numa expressão algébrica, se todos os Equação de grau n


monômios ou termos são semelhantes, podemos tornar
mais simples a expressão somando algebricamente os coe- ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn=0, com an≠0 de raízes
ficientes numéricos e mantendo a parte literal. valem as n relações:
𝑎𝑛−1
𝛼1 + 𝛼2 + ⋯ + 𝛼𝑛 =
𝑎𝑛
3. EQUAÇÕES ALGÉBRICAS. 𝑎𝑛−2
𝛼1 𝛼2 + 𝛼1 𝛼3 + ⋯ + 𝛼1 𝛼𝑛 + 𝛼2 𝛼3 + ⋯ + 𝛼𝑛−1 𝛼𝑛 =
3.1. Equações algébricas: definição, conceito 𝑎𝑛
de raiz, multiplicidade de raízes, enunciado do −1 𝑛𝑎0
Teorema Fundamental da Álgebra. 𝛼1 ∙ 𝛼2 ∙ 𝛼3 … 𝛼𝑛 =
𝑎𝑛
3.2. Relações entre coeficientes e raízes.
Pesquisa de raízes múltiplas. Raízes: racionais,
reais e complexas. Raízes complexas e reais

“Toda equação polinomial, de grau n, com n ≥ 1 possui


pelo menos 1 raiz complexa (real ou imaginário)”.
Denomina-se equação algébrica de grau n, na variável Obs.:  Lembrar que os números complexos englobam
x∈C, toda equação que pode ser reduzida à forma: os números reais, ou seja, um número real é também um
número complexo.
𝑎𝑛𝑥𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑥𝑛−1 + 𝑎𝑛−2 𝑥𝑛−2 + ⋯ + 𝑎1 𝑥 + 𝑎0 = 0 “Toda equação polinomial que possua uma raiz imagi-
nária possuirá também o conjugado dessa raiz como raiz”.
Exemplos Ou seja, se  z=a+bi  é raiz de uma equação polino-
3x-4=0 mial z=a−bi também será raiz. Sendo a,b∈? e i2=−1 .
X³+x²-x+1=0 Exemplo: Sabendo-se que a equação polino-
mial  x3−2x2+x−2=0  possui uma raiz imaginária igual a  i,
Conceito de Raiz com i2=−1 encontrar as outras raízes.
Dado um polinômio P(x)=x³-1 Se i é uma raiz então -i, seu conjugado, é outra e con-
X=1 é uma raiz, pois P(1)=0 segue-se encontrar a terceira raiz que é 2.

Multiplicidade
Se um polinômio fatorado resulta a seguinte expres- Raízes racionais
são: “Se um número racional p/q , com p e q primos entre si,
é raiz de uma equação polinomial de coeficientes inteiros
do tipo  P(x)=anxn+an−1xn−1+…+a2x2+a1x+a0então  p  é
divisor de a0 e q é divisor de an “.

Podemos dizer que:


x = -5 é raiz com multiplicidade 3 ou raiz tripla da
equação p(x) = 0
x = -4 é raiz com multiplicidade 2 ou raiz dupla da
equação p(x) = 0

54
MATEMÁTICA

EXERCÍCIOS 3.RESPOSTA: “E”.


As possíveis raízes racionais são:
1. (PM/SP – CABO – CETRO/2012) Se 1 é raiz da
equação ,3x³-15x²-3x+m=0 então as outras duas raízes são 1 1 3 3
A) -1 e 5. ,− ,− ,
B) -2 e 3. 2 2 2 2
C) -1 e -5.
D) -2 e -3. A raiz racional é -1/2

2. Escreva uma equação algébrica de grau mínimo tal


que 2 seja raiz dupla e – 1, raiz simples.

3. (PUCCAMP) Sabe-se que a equação  2x3  + x2  - 6x


- 3  = 0 admite uma única raiz racional e não inteira. As 2x²-6=0
demais raízes dessa equação são: 
a) inteiras e positivas; 𝑥2 = 3
b) inteiras e de sinais contrários;
c) não reais; 𝑥=± 3
d) irracionais e positivas;
e) irracionais e de sinais contrários. 
4.
4. Resolver a equação x - 5x - 10x - 6 = 0, sabendo-
4  2 

se que duas de suas raízes são -1 e 3.

RESPOSTAS

1. RESPOSTA: “A”.
X=1
3-15-3+m=0
m=15 𝑥2 + 2𝑥 + 2 = 0
Dividindo por 3:
x³-5x²-x+5=0
∆= 4 − 8 = −4

−2 ± 2𝑖
𝑥=
2
𝑥1 = −1 + 𝑖
x²-4x-5=0 𝑥2 = −1 − 𝑖

∆= 16 + 20 = 36
4±6
𝑥= 2
𝑥1 = 5 𝑥2 = −1

2.

𝑥−2 2 𝑥+ 1 = 0
𝑥3 − 3𝑥2 + 4 = 0

55
MATEMÁTICA

Resolução: Segundo o Principio Fundamental da


4. ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE Contagem, Alice tem 3×5 opções para fazer, ou seja,ela poderá
optar por 15 carros diferentes. Vamos representar as 15 opções
4.1. Princípio fundamental de contagem.
na árvore de possibilidades:
4.2. Arranjos, permutações e combinações
simples.
4.3. Binômio de Newton.
4.4. Eventos. Conjunto universo. Conceituação
de probabilidade.
4.5. Eventos mutuamente exclusivos.
Probabilidade da união e da intersecção de dois
ou mais eventos.
4.6. Probabilidade condicional. Eventos
independentes.

Análise Combinatória

Análise combinatória é uma parte da matemática que


estuda, ou melhor, calcula o número de possibilidades, e
estuda os métodos de contagem que existem em acertar
algum número em jogos de azar. Esse tipo de cálculo nasceu
no século XVI, pelo matemático italiano Niccollo Fontana
(1500-1557), chamado também de Tartaglia. Depois,
apareceram os franceses Pierre de Fermat (1601-1665) e
Blaise Pascal (1623-1662). A análise desenvolve métodos que
Generalizações: Um acontecimento é formado por k
permitem contar, indiretamente, o número de elementos de
estágios sucessivos e independentes, com n1, n2, n3, … , nk
um conjunto. Por exemplo, se quiser saber quantos números
possibilidades para cada. O total de maneiras distintas de
de quatro algarismos são formados com os algarismos 1, 2,
ocorrer este acontecimento é n1, n2, n3, … , nk
3, 4, 5, 6, 7 e 9, é preciso aplicar as propriedades da análise
Técnicas de contagem: Na Técnica de contagem não
combinatória. Veja quais propriedades existem: importa a ordem.
- Princípio fundamental da contagem
- Fatorial Considere A = {a; b; c; d; …; j} um conjunto formado por 10
- Arranjos simples elementos diferentes, e os agrupamentos ab, ac e ca”.
- Permutação simples
- Combinação ab e ac são agrupamentos sempre distintos, pois se
- Permutação com elementos repetidos diferenciam pela natureza de um dos elemento.
ac e ca são agrupamentos que podem ser considerados
Princípio fundamental da contagem: é o mesmo que distintos ou não distintos pois se diferenciam somente pela
a Regra do Produto, um princípio combinatório que indica ordem dos elementos.
quantas vezes e as diferentes formas que um acontecimento
pode ocorrer. O acontecimento é formado por dois estágios Quando os elementos de um determinado conjunto A
caracterizados como sucessivos e independentes: forem algarismos, A = {0, 1, 2, 3, …, 9}, e com estes algarismos
pretendemos obter números, neste caso, os agrupamentos
• O primeiro estágio pode ocorrer de m modos distintos. de 13 e 31 são considerados distintos, pois indicam números
• O segundo estágio pode ocorrer de n modos distintos. diferentes.
Quando os elementos de um determinado conjunto A
Desse modo, podemos dizer que o número de formas forem pontos, A = {A1, A2, A3, A4, A5…, A9}, e com estes pontos
diferente que pode ocorrer em um acontecimento é igual pretendemos obter retas, neste caso os agrupamentos
ao produto m . n são iguais, pois indicam a mesma reta.
Exemplo: Alice decidiu comprar um carro novo, e
inicialmente ela quer se decidir qual o modelo e a cor do Conclusão: Os agrupamentos...
seu novo veículo. Na concessionária onde Alice foi há 3
tipos de modelos que são do interesse dela: Siena, Fox e 1. Em alguns problemas de contagem, quando os
Astra, sendo que para cada carro há 5 opções de cores: agrupamentos se diferirem pela natureza de pelo menos um de
preto, vinho, azul, vermelho e prata. Qual é o número total seus elementos, os agrupamentos serão considerados distintos.
de opções que Alice poderá fazer? ac = ca, neste caso os agrupamentos são denominados
combinações.

56
MATEMÁTICA

Pode ocorrer: O conjunto A é formado por pontos e o No Princípio Fundamental da Contagem (An, k), o número
problema é saber quantas retas esses pontos determinam. total de arranjos simples dos n elementos de A (tomados k a
2. Quando se diferir tanto pela natureza quanto pela k), temos:
ordem de seus elementos, os problemas de contagem
serão agrupados e considerados distintos. An,k = n (n - 1) . (n - 2) . ... . (n – k + 1)
ac ≠ ca, neste caso os agrupamentos são denominados (é o produto de k fatores)

arranjos.
Multiplicando e dividindo por (n – k)!
Pode ocorrer: O conjunto A é formado por algarismos
e o problema é contar os números por eles determinados.

Fatorial: Na matemática, o fatorial de um número


natural n, representado por n!, é o produto de todos os
inteiros positivos menores ou iguais a n. A notação n! foi
introduzida por Christian Kramp em 1808. A função fatorial Note que n (n – 1) . (n – 2). ... .(n – k + 1) . (n – k)! = n!
é normalmente definida por:

Podemos também escrever

Permutações: Considere A como um conjunto com n


Por exemplo, 5! = 1 . 2 . 3 . 4 . 5 = 120 elementos. Os arranjos simples n a n dos elementos de A, são
denominados permutações simples de n elementos. De acordo
Note que esta definição implica em particular que 0! com a definição, as permutações têm os mesmos elementos.
= 1, porque o produto vazio, isto é, o produto de nenhum São os n elementos de A. As duas permutações diferem entre si
número é 1. Deve-se prestar atenção neste valor, pois somente pela ordem de seus elementos.
este faz com que a função recursiva (n + 1)! = n! . (n + 1) Cálculo do número de permutação simples:
funcione para n = 0.
Os fatoriais são importantes em análise combinatória. O número total de permutações simples de n elementos
Por exemplo, existem n! caminhos diferentes de arranjar indicado por Pn, e fazendo k = n na fórmula An,k = n (n – 1) (n –
n objetos distintos numa sequência. (Os arranjos são 2) . … . (n – k + 1), temos:
chamados permutações) E o número de opções que podem
ser escolhidos é dado pelo coeficiente binomial. Pn = An,n= n (n – 1) (n – 2) . … . (n – n + 1) = (n – 1) (n – 2)
. … .1 = n!

Portanto: Pn = n!

Combinações Simples: são agrupamentos formados com


Arranjos simples: são agrupamentos sem repetições os elementos de um conjunto que se diferenciam somente pela
em que um grupo se torna diferente do outro pela ordem natureza de seus elementos. Considere A como um conjunto com
ou pela natureza dos elementos componentes. Seja A um n elementos k um natural menor ou igual a n. Os agrupamentos
conjunto com n elementos e k um natural menor ou igual de k elementos distintos cada um, que diferem entre si apenas
a n. Os arranjos simples k a k dos n elementos de A, são os pela natureza de seus elementos são denominados combinações
agrupamentos, de k elementos distintos cada, que diferem simples k a k, dos n elementos de A.
entre si ou pela natureza ou pela ordem de seus elementos. Exemplo: Considere A = {a, b, c, d} um conjunto com
Cálculos do número de arranjos simples: elementos distintos. Com os elementos de A podemos formar 4
combinações de três elementos cada uma: abc – abd – acd – bcd
Na formação de todos os arranjos simples dos n Se trocarmos ps 3 elementos de uma delas:
elementos de A, tomados k a k: Exemplo: abc, obteremos P3 = 6 arranjos disdintos.

n → possibilidades na escolha do 1º elemento. abc abd acd bcd


n - 1 → possibilidades na escolha do 2º elemento, pois acb
um deles já foi usado. bac
bca
n - 2 → possibilidades na escolha do 3º elemento, pois
dois deles já foi usado. cab
. cba
n - (k - 1) → possibilidades na escolha do kº elemento,
pois l-1 deles já foi usado.

57
MATEMÁTICA

Se trocarmos os 3 elementos das 4 combinações Simbolicamente representado por Pnα, β, γ, …, λ o


obtemos todos os arranjos 3 a 3: número de permutações distintas que é possível formarmos
com os n elementos:
abc abd acd bcd
acb adb adc bdc
bac bad cad cbd
bca bda cda cdb Combinações Completas: Combinações completas de
cab dab dac dbc n elementos, de k a k, são combinações de k elementos
cba dba dca dcb não necessariamente distintos. Em vista disso, quando
vamos calcular as combinações completas devemos levar
(4 combinações) x (6 permutações) = 24 arranjos em consideração as combinações com elementos distintos
(combinações simples) e as combinações com elementos
Logo: C4,3 . P3 = A4,3 repetidos. O total de combinações completas de n
elementos, de k a k, indicado por C*n,k
Cálculo do número de combinações simples: O número
total de combinações simples dos n elementos de A
representados por C n,k, tomados k a k, analogicamente ao
exemplo apresentado, temos:
a) Trocando os k elementos de uma combinação k a k,
obtemos Pk arranjos distintos. QUESTÕES
b) Trocando os k elementos das Cn,k . Pk arranjos
distintos. 01. Quantos números de três algarismos distintos
podem ser formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 7 e 8?
Portanto: Cn,k . Pk = An,k ou
02. Organiza-se um campeonato de futebol com 14
A n,k clubes, sendo a disputa feita em dois turnos, para que cada
C n,k = clube enfrente o outro no seu campo e no campo deste. O
Pk número total de jogos a serem realizados é:
Lembrando que: (A)182
(B) 91
(C)169
(D)196
(E)160
Também pode ser escrito assim:
03. Deseja-se criar uma senha para os usuários de um
sistema, começando por três letras escolhidas entre as cinco
A, B, C, D e E, seguidas de quatro algarismos escolhidos
entre 0, 2, 4, 6 e 8. Se entre as letras puder haver repetição,
Arranjos Completos: Arranjos completos de n mas se os algarismos forem todos distintos, o número total
elementos, de k a k são os arranjos de k elementos de senhas possíveis é:
não necessariamente distintos. Em vista disso, quando (A) 78.125
vamos calcular os arranjos completos, deve-se levar (B) 7.200
em consideração os arranjos com elementos distintos (C) 15.000
(arranjos simples) e os elementos repetidos. O total de (D) 6.420
arranjos completos de n elementos, de k a k, é indicado (E) 50
simbolicamente por A*n,k dado por: A*n,k = nk
04. (UFTM) – João pediu que Cláudia fizesse cartões
Permutações com elementos repetidos com todas as permutações da palavra AVIAÇÃO. Cláudia
executou a tarefa considerando as letras A e à como
Considerando: diferentes, contudo, João queria que elas fossem
consideradas como mesma letra. A diferença entre o
α elementos iguais a a, número de cartões feitos por Cláudia e o número de
β elementos iguais a b, cartões esperados por João é igual a
γ elementos iguais a c, …, (A) 720
λ elementos iguais a l, (B) 1.680
(C) 2.420
Totalizando em α + β + γ + … λ = n elementos. (D) 3.360
(E) 4.320

58
MATEMÁTICA

05. (UNIFESP) – As permutações das letras da palavra PROVA Resoluções


foram listadas em ordem alfabética, como se fossem palavras de
cinco letras em um dicionário. A 73ª palavra nessa lista é 01.
(A) PROVA.
(B) VAPOR.
(C) RAPOV.
(D) ROVAP. 02. O número total de jogos a serem realizados é A14,2
(E) RAOPV. = 14 . 13 = 182.
06. (MACKENZIE) – Numa empresa existem 10 diretores,
dos quais 6 estão sob suspeita de corrupção. Para que se 03.
analisem as suspeitas, será formada uma comissão especial com
5 diretores, na qual os suspeitos não sejam maioria. O número
de possíveis comissões é:
Algarismos
(A) 66
(B) 72
(C) 90
(D) 120
(E) 124 Letras
As três letras poderão ser escolhidas de 5 . 5 . 5 =125
07. (ESPCEX) – A equipe de professores de uma escola maneiras.
possui um banco de questões de matemática composto de 5 Os quatro algarismos poderão ser escolhidos de 5 . 4 .
questões sobre parábolas, 4 sobre circunferências e 4 sobre retas. 3 . 2 = 120 maneiras.
De quantas maneiras distintas a equipe pode montar uma prova O número total de senhas distintas, portanto, é igual a
com 8 questões, sendo 3 de parábolas, 2 de circunferências e 3 125 . 120 = 15.000.
de retas?
(A) 80 04.
(B) 96 I) O número de cartões feitos por Cláudia foi
(C) 240
(D) 640
(E) 1.280
II) O número de cartões esperados por João era
08. Numa clínica hospitalar, as cirurgias são sempre
assistidas por 3 dos seus 5 enfermeiros, sendo que, para uma
eventualidade qualquer, dois particulares enfermeiros, por serem
os mais experientes, nunca são escalados para trabalharem Assim, a diferença obtida foi 2.520 – 840 = 1.680
juntos. Sabendo-se que em todos os grupos participa um dos
dois enfermeiros mais experientes, quantos grupos distintos de
3 enfermeiros podem ser formados? 05. Se as permutações das letras da palavra PROVA
(A) 06 forem listadas em ordem alfabética, então teremos:
(B) 10
P4 = 24 que começam por A
(C) 12
P4 = 24 que começam por O
(D) 15
P4 = 24 que começam por P
(E) 20

09. Seis pessoas serão distribuídas em duas equipes para A 73.ª palavra nessa lista é a primeira permutação que
concorrer a uma gincana. O número de maneiras diferentes de começa por R. Ela é RAOPV.
formar duas equipes é
(A) 10
(B) 15 06. Se, do total de 10 diretores, 6 estão sob suspeita de
(C) 20 corrupção, 4 não estão. Assim, para formar uma comissão
(D) 25 de 5 diretores na qual os suspeitos não sejam maioria,
(E) 30 podem ser escolhidos, no máximo, 2 suspeitos. Portanto, o
número de possíveis comissões é
10. Considere os números de quatro algarismos do sistema
decimal de numeração. Calcule:
a) quantos são no total;
b) quantos não possuem o algarismo 2;
c) em quantos deles o algarismo 2 aparece ao menos uma vez;
d) quantos têm os algarismos distintos;
e) quantos têm pelo menos dois algarismos iguais.

59
MATEMÁTICA

07. C5,3 . C4,2 . C4,3 = 10 . 6 . 4 = 240 Multiplicamos o coeficiente de a pelo seu expoente e
dividimos o resultado pela ordem do termo. O resultado
será o coeficiente do próximo termo. Assim por exemplo,
08. para obter o coeficiente do terceiro termo do item (d) aci-
I) Existem 5 enfermeiros disponíveis: 2 mais experientes ma teríamos:
e outros 3. 5.4 = 20; agora dividimos 20 pela ordem do termo an-
II) Para formar grupos com 3 enfermeiros, conforme o terior (2 por se tratar do segundo termo) 20:2 = 10 que é o
enunciado, devemos escolher 1 entre os 2 mais experientes e coeficiente do terceiro termo procurado.
2 entre os 3 restantes. Observe que os expoentes da variável a decrescem de
III) O número de possibilidades para se escolher 1 entre n até 0 e os expoentes de b crescem de 0 até n. Assim o
os 2 mais experientes é terceiro termo é 10 a3b2 (observe que o expoente de a de-
cresceu de 4 para 3 e o de b cresceu  de 1 para 2).
Usando a regra prática acima, o desenvolvimento do
binômio de Newton (a + b)7 será:
IV) O número de possibilidades para se escolher 2 entre (a + b)7 = a7 + 7 a6b + 21 a5b2 + 35 a4b3 + 35 a3b4 + 21
3 restantes é a b + 7 ab6 + b7
2 5

Como obtivemos, por exemplo, o coeficiente do 6º ter-


mo (21 a2b5) ?
Pela regra: coeficiente do termo anterior = 35. Multipli-
camos 35 pelo expoente de a que é igual a 3 e dividimos o
V) Assim, o número total de grupos que podem ser resultado pela ordem do termo que é 5.
formados é 2 . 3 = 6 Então, 35 . 3 = 105 e dividindo por 5 (ordem do termo
anterior) vem 105:5 = 21, que é o coeficiente do sexto ter-
09. mo, conforme se vê acima.

Observações:
1) o desenvolvimento do binômio (a + b)n é um poli-
10.
nômio.
a) 9 . A*10,3 = 9 . 103 = 9 . 10 . 10 . 10 = 9000
2) o desenvolvimento de (a + b)n possui n + 1 termos .
b) 8 . A*9,3 = 8 . 93 = 8 . 9 . 9 . 9 = 5832
3) os coeficientes dos termos equidistantes dos extre-
c) (a) – (b): 9000 – 5832 = 3168
mos , no desenvolvimento De (a + b)n são iguais .
d) 9 . A9,3 = 9 . 9 . 8 . 7 = 4536
4) a soma dos coeficientes de (a + b)n é igual a 2n .
e) (a) – (d): 9000 – 4536 = 4464 Fórmula do termo geral de um Binômio de Newton
Binômio de Newton Um termo genérico Tp+1 do desenvolvimento de (a+b)n
, sendo p um número natural, é dado por
Denomina-se Binômio de Newton , a todo binômio da
forma (a + b)n , sendo n um número natural . ⎛ n⎞
T p+1 = ⎜ ⎟ .a n− p .b p
Exemplo:  ⎝ p⎠
B = (3x - 2y)4 ( onde a = 3x, b = -2y e n = 4 [grau do onde
binômio] ).
⎛ n⎞ n!
Exemplos de desenvolvimento de binômios de Newton : ⎜⎝ p ⎟⎠ = Cn. p = p!(n − p)!
a) (a + b)2 = a2 + 2ab + b2
b) (a + b)3 = a3 + 3 a2b + 3ab2 + b3
c) (a + b)4 = a4 + 4 a3b + 6 a2b2 + 4ab3 + b4 é denominado Número Binomial e Cn.p é o número de
d) (a + b)5 = a5 + 5 a4b + 10 a3b2 + 10 a2b3 + 5ab4 + b5 combinações simples de n elementos, agrupados p a p, ou
seja, o número de combinações simples de n elementos
Nota: de taxa p.
Este número é também conhecido como Número
Não é necessário memorizar as fórmulas acima, já que Combinatório.
elas possuem uma lei de formação bem definida, senão ve-
jamos: Probabilidade
Vamos tomar, por exemplo, o item (d) acima:
Observe que o expoente do primeiro e últimos termos Ponto Amostral, Espaço Amostral e Evento
são iguais ao expoente do binômio, ou seja, igual a 5. Em uma tentativa com um número limitado de
A partir do segundo termo, os coeficientes podem ser resultados, todos com chances iguais, devemos considerar:
obtidos a partir da seguinte regra prática de fácil memori- Ponto Amostral: Corresponde a qualquer um dos
zação: resultados possíveis.

60
MATEMÁTICA

Espaço Amostral: Corresponde ao conjunto dos


resultados possíveis; será representado por S e o número
de elementos do espaço amostra por n(S).
Evento: Corresponde a qualquer subconjunto do
espaço amostral; será representado por A e o número de
elementos do evento por n(A). União de Eventos
Considere A e B como dois eventos de um espaço
Os conjuntos S e Ø também são subconjuntos de S, amostral S, finito e não vazio, temos:
portanto são eventos.
Ø = evento impossível. A
S = evento certo.

Conceito de Probabilidade B
As probabilidades têm a função de mostrar a chance S
de ocorrência de um evento. A probabilidade de ocorrer
um determinado evento A, que é simbolizada por P(A), de
um espaço amostral S ≠ Ø, é dada pelo quociente entre
o número de elementos A e o número de elemento S.
Representando:
Logo: P(A B) = P(A) + P(B) - P(A B)

Eventos Mutuamente Exclusivos


Exemplo: Ao lançar um dado de seis lados, numerados
de 1 a 6, e observar o lado virado para cima, temos: A
- um espaço amostral, que seria o conjunto S {1, 2, 3,
4, 5, 6}.
- um evento número par, que seria o conjunto A1 = {2,
4, 6} C S. B
- o número de elementos do evento número par é S
n(A1) = 3.
- a probabilidade do evento número par é 1/2, pois Considerando que A ∩ B, nesse caso A e B serão
denominados mutuamente exclusivos. Observe que A ∩ B
= 0, portanto: P(A B) = P(A) + P(B). Quando os eventos
A1, A2, A3, …, An de S forem, de dois em dois, sempre
Propriedades de um Espaço Amostral Finito e Não mutuamente exclusivos, nesse caso temos, analogicamente:
Vazio
- Em um evento impossível a probabilidade é igual a P(A1 A2 A3 … An) = P(A1) + P(A2) + P(A3) + ... +
zero. Em um evento certo S a probabilidade é igual a 1. P(An)
Simbolicamente: P(Ø) = 0 e P(S) = 1.
- Se A for um evento qualquer de S, neste caso: 0 ≤ Eventos Exaustivos
P(A) ≤ 1. Quando os eventos A1, A2, A3, …, An de S forem, de dois
- Se A for o complemento de A em S, neste caso: P(A) em dois, mutuamente exclusivos, estes serão denominados
= 1 - P(A). exaustivos se A1 A2 A3 … An = S

Demonstração das Propriedades


Considerando S como um espaço finito e não vazio,
temos:

Então, logo:

Portanto: P(A1) + P(A2) + P(A3) + ... + P(An) = 1

61
MATEMÁTICA

Probabilidade Condicionada Problema: Realizando-se a experiência descrita


exatamente n vezes, qual é a probabilidade de ocorrer o
Considere dois eventos A e B de um espaço amostral S, evento A só k vezes?
finito e não vazio. A probabilidade de B condicionada a A é
dada pela probabilidade de ocorrência de B sabendo que Resolução:
já ocorreu A. É representada por P(B/A). - Se num total de n experiências, ocorrer somente k vezes
o evento A, nesse caso será necessário ocorrer exatamente n
– k vezes o evento A.
Veja: - Se a probabilidade de ocorrer o evento A é p e do
evento A é 1 – p, nesse caso a probabilidade de ocorrer k
vezes o evento A e n – k vezes o evento A, ordenadamente, é:

- As k vezes em que ocorre o evento A são quaisquer


entre as n vezes possíveis. O número de maneiras de escolher
k vezes o evento A é, portanto Cn,k.
- Sendo assim, há Cn,k eventos distintos, mas que
Eventos Independentes possuem a mesma probabilidade pk . (1 – p)n-k, e portanto a
Considere dois eventos A e B de um espaço amostral probabilidade desejada é: Cn,k . pk . (1 – p)n-k
S, finito e não vazio. Estes serão independentes somente
quando: QUESTÕES
P(A/N) = P(A) P(B/A) = P(B)
01. A probabilidade de uma bola branca aparecer ao se
retirar uma única bola de uma urna que contém, exatamente,
Intersecção de Eventos
4 bolas brancas, 3 vermelhas e 5 azuis é:
Considerando A e B como dois eventos de um espaço
amostral S, finito e não vazio, logo:
(A) (B) (C) (D) (E)

02. As 23 ex-alunas de uma turma que completou o


Ensino Médio há 10 anos se encontraram em uma reunião
comemorativa. Várias delas haviam se casado e tido filhos. A
distribuição das mulheres, de acordo com a quantidade de
filhos, é mostrada no gráfico abaixo. Um prêmio foi sorteado
Assim sendo: entre todos os filhos dessas ex-alunas. A probabilidade de
que a criança premiada tenha sido um(a) filho(a) único(a) é
P(A ∩ B) = P(A) . P(B/A)
P(A ∩ B) = P(B) . P(A/B)

Considerando A e B como eventos independentes, logo


P(B/A) = P(B), P(A/B) = P(A), sendo assim: P(A ∩ B) = P(A)
. P(B). Para saber se os eventos A e B são independentes,
podemos utilizar a definição ou calcular a probabilidade de
A ∩ B. Veja a representação:

A e B independentes ↔ P(A/B) = P(A) ou (A) (B) (C) (D) (E)


A e B independentes ↔ P(A ∩ B) = P(A) . P(B)

Lei Binominal de Probabilidade 03. Retirando uma carta de um baralho comum de 52


Considere uma experiência sendo realizada diversas cartas, qual a probabilidade de se obter um rei ou uma dama?
vezes, dentro das mesmas condições, de maneira que
os resultados de cada experiência sejam independentes. 04. Jogam-se dois dados “honestos” de seis faces,
Sendo que, em cada tentativa ocorre, obrigatoriamente, numeradas de 1 a 6, e lê-se o número de cada uma das duas
um evento A cuja probabilidade é p ou o complemento A faces voltadas para cima. Calcular a probabilidade de serem
cuja probabilidade é 1 – p. obtidos dois números ímpares ou dois números iguais?

62
MATEMÁTICA

05. Uma urna contém 500 bolas, numeradas de 1 a 500. Respostas


Uma bola dessa urna é escolhida ao acaso. A probabilidade
de que seja escolhida uma bola com um número de três 01.
algarismos ou múltiplo de 10 é
(A) 10% 02.
(B) 12% A partir da distribuição apresentada no gráfico:
(C) 64% 08 mulheres sem filhos.
(D) 82% 07 mulheres com 1 filho.
(E) 86% 06 mulheres com 2 filhos.
02 mulheres com 3 filhos.
06. Uma urna contém 4 bolas amarelas, 2 brancas e 3
bolas vermelhas. Retirando-se uma bola ao acaso, qual a Comoas 23 mulheres têm um total de 25 filhos, a
probabilidade de ela ser amarela ou branca? probabilidade de que a criança premiada tenha sido um(a)
filho(a) único(a) é igual a P = 7/25.
07. Duas pessoas A e B atiram num alvo com
probabilidade 40% e 30%, respectivamente, de acertar. 03. P(dama ou rei) = P(dama) + P(rei) =
Nestas condições, a probabilidade de apenas uma delas
acertar o alvo é:
(A) 42%
(B) 45%
(C) 46%
(D) 48% 04. No lançamento de dois dados de 6 faces, numeradas
(E) 50% de 1 a 6, são 36 casos possíveis. Considerando os eventos
A (dois números ímpares) e B (dois números iguais), a
08. Num espaço amostral, dois eventos independentes probabilidade pedida é:
A e B são tais que P(A U B) = 0,8 e P(A) = 0,3. Podemos
concluir que o valor de P(B) é:
(A) 0,5
(B) 5/7
(C) 0,6 05. Sendo Ω, o conjunto espaço amostral, temos n(Ω)
(D) 7/15 = 500
(E) 0,7
A: o número sorteado é formado por 3 algarismos;
09. Uma urna contém 6 bolas: duas brancas e quatro A = {100, 101, 102, ..., 499, 500}, n(A) = 401 e p(A) =
pretas. Retiram-se quatro bolas, sempre com reposição de 401/500
cada bola antes de retirar a seguinte. A probabilidade de só B: o número sorteado é múltiplo de 10;
a primeira e a terceira serem brancas é: B = {10, 20, ..., 500}.

Para encontrarmos n(B) recorremos à fórmula do termo


(A) (B) (C) (D) (E) geral da P.A., em que
a1 = 10
an = 500
10. Uma lanchonete prepara sucos de 3 sabores: r = 10
laranja, abacaxi e limão. Para fazer um suco de laranja, são Temos an = a1 + (n – 1) . r → 500 = 10 + (n – 1) . 10 →
utilizadas 3 laranjas e a probabilidade de um cliente pedir n = 50
esse suco é de 1/3. Se na lanchonete, há 25 laranjas, então
a probabilidade de que, para o décimo cliente, não haja Dessa forma, p(B) = 50/500.
mais laranjas suficientes para fazer o suco dessa fruta é:
A Ω B: o número tem 3 algarismos e é múltiplo de 10;
(A) 1 (B) (C) (D) (E) A Ω B = {100, 110, ..., 500}.
De an = a1 + (n – 1) . r, temos: 500 = 100 + (n – 1) . 10
→ n = 41 e p(A B) = 41/500

Por fim, p(A.B) =

63
MATEMÁTICA

06. 10. Supondo que a lanchonete só forneça estes três tipos


Sejam A1, A2, A3, A4 as bolas amarelas, B1, B2 as brancas de sucos e que os nove primeiros clientes foram servidos com
e V1, V2, V3 as vermelhas. apenas um desses sucos, então:
Temos S = {A1, A2, A3, A4, V1, V2, V3 B1, B2} → n(S) = 9 I- Como cada suco de laranja utiliza três laranjas, não é
A: retirada de bola amarela = {A1, A2, A3, A4}, n(A) = 4 possível fornecer sucos de laranjas para os nove primeiros
B: retirada de bola branca = {B1, B2}, n(B) = 2 clientes, pois seriam necessárias 27 laranjas.
II- Para que não haja laranjas suficientes para o próximo
cliente, é necessário que, entre os nove primeiros, oito tenham
pedido sucos de laranjas, e um deles tenha pedido outro suco.
A probabilidade de isso ocorrer é:

Como A B = , A e B são eventos mutuamente


exclusivos;
Logo: P(A B) = P(A) + P(B) =

5. NOÇÕES BÁSICAS DE ESTATÍSTICA


5.1. Representação gráfica (barras, segmentos,
setores, histogramas).
07. 5.2. Medidas de tendência central (média,
Se apenas um deve acertar o alvo, então podem ocorrer mediana e moda).
os seguintes eventos:
(A) “A” acerta e “B” erra; ou
(B) “A” erra e “B” acerta.
Assim, temos: A estatística é, hoje em dia, um instrumento útil e, em
P (A B) = P (A) + P (B) alguns casos, indispensável para tomadas de decisão em di-
versos campos: científico, econômico, social, político…
P (A B) = 40% . 70% + 60% . 30%
Todavia, antes de chegarmos à parte de interpretação
P (A B) = 0,40 . 0,70 + 0,60 . 0,30
para tomadas de decisão, há que proceder a um indispen-
P (A B) = 0,28 + 0,18
sável trabalho de recolha e organização de dados, sendo a
P (A B) = 0,46 recolha feita através de recenseamentos (ou censos ou levan-
P (A B) = 46% tamentos estatísticos) ou sondagens.
Existem indícios que há 300 mil anos a.C. já se faziam cen-
sos na China, Babilônia e no Egito. Censos estes que se desti-
08. navam à taxação de impostos.
Sendo A e B eventos independentes, P(A B) = P(A) . Estatística pode ser pensada como a ciência de aprendi-
P(B) e como P(A B) = P(A) + P(B) – P(A B). Temos: zagem a partir de dados. No nosso quotidiano, precisamos
P(A B) = P(A) + P(B) – P(A) . P(B) tomar decisões, muitas vezes decisões rápidas.
0,8 = 0,3 + P(B) – 0,3 . P(B)
0,7 . (PB) = 0,5
P(B) = 5/7.

09. Representando por a Em linhas gerais a Estatística fornece métodos que auxi-
probabilidade pedida, temos: liam o processo de tomada de decisão através da análise dos
dados que possuímos.
Em Estatística, um resultado é significante, portanto, tem
=
significância estatística, se for improvável que tenha ocorrido
por acaso (que em estatística e probabilidade é tratado pelo
= conceito de chance), caso uma determinada hipótese nula
seja verdadeira, mas não sendo improvável caso a hipótese
base seja falsa. A expressão teste de significância foi cunhada
por Ronald Fisher.
Mais concretamente, no teste de hipóteses com base em
frequência estatística, a significância de um teste é a probabi-
lidade máxima de rejeitar acidentalmente uma hipótese nula
verdadeira (uma decisão conhecida como erro de tipo I). O
nível de significância de um resultado é também chamado de
α e não deve ser confundido com o valor p (p-value).

64
MATEMÁTICA

Por exemplo, podemos escolher um nível de significância de, Panorama Geral:


digamos, 5%, e calcular um valor crítico de um parâmetro (por
exemplo a média) de modo que a probabilidade de ela exceder esse Variáveis: São características que são medidas, contro-
valor, dada a verdade da hipótese nulo, ser 5%. Se o valor estatístico ladas ou manipuladas em uma pesquisa. Diferem em muitos
calculado (ou seja, o nível de 5% de significância anteriormente es- aspectos, principalmente no papel que a elas é dado em uma
colhido) exceder o valor crítico, então é significante “ao nível de 5%”. pesquisa e na forma como podem ser medidas.
Se o nível de significância (ex: 5% anteriormente dado) é
menor, o valor é menos provavelmente um extremo em rela- Pesquisa “Correlacional” X Pesquisa “Experimental”:
ção ao valor crítico. Deste modo, um resultado que é “signifi- A maioria das pesquisas empíricas pertencem claramente a
cante ao nível de 1%” é mais significante do que um resultado uma dessas duas categorias gerais: em uma pesquisa correla-
que é significante “ao nível de 5%”. No entanto, um teste ao cional (Levantamento) o pesquisador não influencia (ou ten-
nível de 1% é mais susceptível de padecer do erro de tipo II do ta não influenciar) nenhuma variável, mas apenas as mede e
que um teste de 5% e por isso terá menos poder estatístico. procura por relações (correlações) entre elas, como pressão
Ao divisar um teste de hipóteses, o técnico deverá ten- sangüínea e nível de colesterol. Em uma pesquisa experimen-
tar maximizar o poder de uma dada significância, mas ulti- tal (Experimento) o pesquisador manipula algumas variáveis e
mamente tem de reconhecer que o melhor resultado que se então mede os efeitos desta manipulação em outras variáveis;
pode obter é um compromisso entre significância e poder, em por exemplo, aumentar artificialmente a pressão sangüínea
outras palavras, entre os erros de tipo I e tipo II. e registrar o nível de colesterol. A análise dos dados em uma
É importante ressaltar que os valores p Fisherianos são filoso- pesquisa experimental também calcula “correlações” entre
ficamente diferentes dos erros de tipo I de Neyman-Pearson. Esta variáveis, especificamente entre aquelas manipuladas e as
confusão é infelizmente propagada por muitos livros de estatística. que foram afetadas pela manipulação. Entretanto, os dados
experimentais podem demonstrar conclusivamente relações
Divisão da Estatística: causais (causa e efeito) entre variáveis. Por exemplo, se o pes-
quisador descobrir que sempre que muda a variável A então
- Estatística Descritiva: Média (Aritmética, Geométrica, a variável B também muda, então ele poderá concluir que A
Harmônica, Ponderada) - Mediana - Moda - Variância - Desvio “influencia” B. Dados de uma pesquisa correlacional podem
padrão - Coeficiente de variação. ser apenas “interpretados” em termos causais com base em
- Inferência Estatística: Testes de hipóteses - Significân- outras teorias (não estatísticas) que o pesquisador conheça,
cia - Potência - Hipótese nula/Hipótese alternativa - Erro de mas não podem ser conclusivamente provar causalidade.
tipo I - Erro de tipo II - Teste T - Teste Z - Distribuição t de
Student - Normalização - Valor p - Análise de variância. Variáveis dependentes e variáveis independentes: Va-
- Estatística Não-Paramétrica: Teste Binomial - Teste riáveis independentes são aquelas que são manipuladas en-
Qui-quadrado (uma amostra, duas amostras independentes, quanto que variáveis dependentes são apenas medidas ou
k amostras independentes) - Teste Kolmogorov-Smirnov (uma registradas. Esta distinção confunde muitas pessoas que dizem
amostra, duas amostras independentes) - Teste de McNemar que “todas variáveis dependem de alguma coisa”. Entretanto,
- Teste dos Sinais - Teste de Wilcoxon - Teste de Walsh - Teste uma vez que se esteja acostumado a esta distinção ela se torna
Exata de Fisher - Teste Q de Cochran - Teste de Kruskal-Wallis indispensável. Os termos variável dependente e independente
- Teste de Friedman. aplicam-se principalmente à pesquisa experimental, onde algu-
- Análise da Sobrevivência: Função de sobrevivência - mas variáveis são manipuladas, e, neste sentido, são “indepen-
Kaplan-Meier - Teste log-rank - Taxa de falha - Proportional dentes” dos padrões de reação inicial, intenções e característi-
hazards models. cas dos sujeitos da pesquisa (unidades experimentais).Espera-
- Amostragem: Amostragem aleatória simples (com re- se que outras variáveis sejam “dependentes” da manipulação
posição, sem reposição) - Amostragem estratificada - Amos- ou das condições experimentais. Ou seja, elas dependem “do
tragem por conglomerados - Amostragem sistemática - esti- que os sujeitos farão” em resposta. Contrariando um pouco a
mador razão - estimador regressão. natureza da distinção, esses termos também são usados em
- Distribuição de Probabilidade: Normal - De Pareto - estudos em que não se manipulam variáveis independentes, li-
De Poisson - De Bernoulli - Hipergeométrica - Binomial - Bi- teralmente falando, mas apenas se designam sujeitos a “grupos
nomial negativa - Gama - Beta - t de Student - F-Snedecor. experimentais” baseados em propriedades pré-existentes dos
- Correlação: Variável de confusão - Coeficiente de cor- próprios sujeitos. Por exemplo, se em uma pesquisa compara-
relação de Pearson - Coeficiente de correlação de postos de se a contagem de células brancas (White Cell Count em inglês,
Spearman - Coeficiente de correlação tau de Kendall). WCC) de homens e mulheres, sexo pode ser chamada de variá-
Regressão: Regressão linear - Regressão não-linear - Re- vel independente e WCC de variável dependente.
gressão logística - Método dos mínimos quadrados - Modelos  
Lineares Generalizados - Modelos para Dados Longitudinais. Níveis de Mensuração: As variáveis diferem em “quão
- Análise Multivariada: Distribuição normal multiva- bem” elas podem ser medidas, isto é, em quanta informação seu
riada - Componentes principais - Análise fatorial - Análise nível de mensuração pode prover. Há obviamente algum erro
discriminante - Análise de “Cluster” (Análise de agrupa- em cada medida, o que determina o “montante de informação”
mento) - Análise de Correspondência. que se pode obter, mas basicamente o fator que determina a
- Séries Temporais: Modelos para séries temporais - quantidade de informação que uma variável pode prover é o
Tendência e sazonalidade - Modelos de suavização expo- seu tipo de nível de mensuração. Sob este prisma as variáveis
nencial - ARIMA - Modelos sazonais. são classificadas como nominais, ordinais e intervalares.

65
MATEMÁTICA

- Variáveis nominais permitem apenas classificação qua- Aspectos básicos da relação entre variáveis: As duas
litativa. Ou seja, elas podem ser medidas apenas em termos propriedades formais mais elementares de qualquer relação
de quais itens pertencem a diferentes categorias, mas não entre variáveis são a magnitude (“tamanho”) e a confiabilida-
se pode quantificar nem mesmo ordenar tais categorias. Por de da relação.
exemplo, pode-se dizer que 2 indivíduos são diferentes em - Magnitude é muito mais fácil de entender e medir do
termos da variável A (sexo, por exemplo), mas não se pode que a confiabilidade. Por exemplo, se cada homem em nossa
dizer qual deles “tem mais” da qualidade representada pela amostra tem um WCC maior do que o de qualquer mulher da
variável. Exemplos típicos de variáveis nominais são sexo, amostra, poderia-se dizer que a magnitude da relação entre
raça, cidade, etc. as duas variáveis (sexo e WCC) é muito alta em nossa amos-
- Variáveis ordinais permitem ordenar os itens medidos tra. Em outras palavras, poderia-se prever uma baseada na
em termos de qual tem menos e qual tem mais da qualidade outra (ao menos na amostra em questão).
representada pela variável, mas ainda não permitem que se - Confiabilidade é um conceito muito menos intuitivo,
diga “o quanto mais”. Um exemplo típico de uma variável or- mas extremamente importante. Relaciona-se à “representati-
dinal é o status sócio-econômico das famílias residentes em vidade” do resultado encontrado em uma amostra específica
uma localidade: sabe-se que média-alta é mais “alta” do que de toda a população. Em outras palavras, diz quão provável
média, mas não se pode dizer, por exemplo, que é 18% mais será encontrar uma relação similar se o experimento fosse
alta. A própria distinção entre mensuração nominal, ordinal e feito com outras amostras retiradas da mesma população,
intervalar representa um bom exemplo de uma variável or- lembrando que o maior interesse está na população. O inte-
dinal: pode-se dizer que uma medida nominal provê menos resse na amostra reside na informação que ela pode prover
informação do que uma medida ordinal, mas não se pode sobre a população. Se o estudo atender certos critérios es-
dizer “quanto menos” ou como esta diferença se compara à pecíficos (que serão mencionados posteriormente) então a
diferença entre mensuração ordinal e intervalar. confiabilidade de uma relação observada entre variáveis na
- Variáveis intervalares permitem não apenas ordenar amostra pode ser estimada quantitativamente e representa-
em postos os itens que estão sendo medidos, mas também da usando uma medida padrão (chamada tecnicamente de
nível-p ou nível de significância estatística).
quantificar e comparar o tamanho das diferenças entre eles.
Por exemplo, temperatura, medida em graus Celsius constitui
Significância Estatística (nível-p): A significância es-
uma variável intervalar. Pode-se dizer que a temperatura de
tatística de um resultado é uma medida estimada do grau
40C é maior do que 30C e que um aumento de 20C para 40C
em que este resultado é “verdadeiro” (no sentido de que seja
é duas vezes maior do que um aumento de 30C para 40C.
realmente o que ocorre na população, ou seja no sentido de
 
“representatividade da população”). Mais tecnicamente, o va-
Relações entre variáveis: Duas ou mais variáveis quais-
lor do nível-p representa um índice decrescente da confiabi-
quer estão relacionadas se em uma amostra de observações
lidade de um resultado. Quanto mais alto o nível-p, menos
os valores dessas variáveis são distribuídos de forma consis- se pode acreditar que a relação observada entre as variáveis
tente. Em outras palavras, as variáveis estão relacionadas se na amostra é um indicador confiável da relação entre as res-
seus valores correspondem sistematicamente uns aos outros pectivas variáveis na população. Especificamente, o nível-p
para aquela amostra de observações. Por exemplo, sexo e representa a probabilidade de erro envolvida em aceitar o
WCC seriam relacionados se a maioria dos homens tivesse resultado observado como válido, isto é, como “representa-
alta WCC e a maioria das mulheres baixa WCC, ou vice-versa; tivo da população”. Por exemplo, um nível-p de 0,05 (1/20)
altura é relacionada ao peso porque tipicamente indivíduos indica que há 5% de probabilidade de que a relação entre as
altos são mais pesados do que indivíduos baixos; Q.I. está variáveis, encontrada na amostra, seja um “acaso feliz”. Em
relacionado ao número de erros em um teste se pessoas com outras palavras, assumindo que não haja relação entre aque-
Q.I.’s mais altos cometem menos erros. las variáveis na população, e o experimento de interesse seja
repetido várias vezes, poderia-se esperar que em aproxima-
Importância das relações entre variáveis: Geralmente damente 20 realizações do experimento haveria apenas uma
o objetivo principal de toda pesquisa ou análise científica é em que a relação entre as variáveis em questão seria igual
encontrar relações entre variáveis. A filosofia da ciência ensi- ou mais forte do que a que foi observada naquela amostra
na que não há outro meio de representar “significado” exceto anterior. Em muitas áreas de pesquisa, o nível-p de 0,05 é
em termos de relações entre quantidades ou qualidades, e costumeiramente tratado como um “limite aceitável” de erro.
ambos os casos envolvem relações entre variáveis. Assim, o
avanço da ciência sempre tem que envolver a descoberta de Como determinar que um resultado é “realmente”
novas relações entre variáveis. Em pesquisas correlacionais significante: Não há meio de evitar arbitrariedade na decisão
a medida destas relações é feita de forma bastante direta, final de qual nível de significância será tratado como realmen-
bem como nas pesquisas experimentais. Por exemplo, o ex- te “significante”. Ou seja, a seleção de um nível de significância
perimento já mencionado de comparar WCC em homens e acima do qual os resultados serão rejeitados como inválidos
mulheres pode ser descrito como procura de uma correla- é arbitrária. Na prática, a decisão final depende usualmente
ção entre 2 variáveis: sexo e WCC. A Estatística nada mais de: se o resultado foi previsto a priori ou apenas a posteriori
faz do que auxiliar na avaliação de relações entre variáveis. no curso de muitas análises e comparações efetuadas no con-
  junto de dados; no total de evidências consistentes do con-

66
MATEMÁTICA

junto de dados; e nas “tradições” existentes na área particular Há interesse em duas variáveis (sexo: homem, mulher;
de pesquisa. Tipicamente, em muitas ciências resultados que WCC: alta, baixa) e há apenas quatro sujeitos na amostra (2
atingem nível-p 0,05 são considerados estatisticamente signi- homens e 2 mulheres). A probabilidade de se encontrar, pu-
ficantes, mas este nível ainda envolve uma probabilidade de ramente por acaso, uma relação de 100% entre as duas variá-
erro razoável (5%). Resultados com um nível-p 0,01 são co- veis pode ser tão alta quanto 1/8. Explicando, há uma chan-
mumente considerados estatisticamente significantes, e com ce em oito de que os dois homens tenham alta WCC e que
nível-p 0,005 ou nível-p 0,001 são freqüentemente chamados as duas mulheres tenham baixa WCC, ou vice-versa, mesmo
“altamente” significantes. Estas classificações, porém, são con- que tal relação não exista na população. Agora considere-se
venções arbitrárias e apenas informalmente baseadas em ex- a probabilidade de obter tal resultado por acaso se a amostra
periência geral de pesquisa. Uma conseqüência óbvia é que consistisse de 100 sujeitos: a probabilidade de obter aquele
um resultado considerado significante a 0,05, por exemplo, resultado por acaso seria praticamente zero.
pode não sê-lo a 0,01. Observando um exemplo mais geral. Imagine-se uma po-
pulação teórica em que a média de WCC em homens e mu-
Significância estatística e o número de análises rea- lheres é exatamente a mesma. Supondo um experimento em
lizadas: Desnecessário dizer quanto mais análises sejam que se retiram pares de amostras (homens e mulheres) de um
realizadas em um conjunto de dados, mais os resultados certo tamanho da população e calcula-se a diferença entre a
atingirão “por acaso” o nível de significância convenciona- média de WCC em cada par de amostras (supor ainda que o
do. Por exemplo, ao calcular correlações entre dez variáveis experimento será repetido várias vezes). Na maioria dos expe-
(45 diferentes coeficientes de correlação), seria razoável es- rimento os resultados das diferenças serão próximos de zero.
perar encontrar por acaso que cerca de dois (um em cada Contudo, de vez em quando, um par de amostra apresentará
20) coeficientes de correlação são significantes ao nível-p uma diferença entre homens e mulheres consideravelmente
0,05, mesmo que os valores das variáveis sejam totalmente diferente de zero. Com que freqüência isso acontece? Quanto
aleatórios, e aquelas variáveis não se correlacionem na po- menor a amostra em cada experimento maior a probabilidade
pulação. Alguns métodos estatísticos que envolvem muitas de obter esses resultados errôneos, que, neste caso, indica-
comparações, e portanto uma boa chance para tais erros, riam a existência de uma relação entre sexo e WCC obtida
incluem alguma “correção” ou ajuste para o número total de uma população em que tal relação não existe. Observe-se
de comparações. Entretanto, muitos métodos estatísticos mais um exemplo (“razão meninos para meninas”, Nisbett et
(especialmente análises exploratórias simples de dados) não al., 1987):
oferecem nenhum remédio direto para este problema. Cabe Há dois hospitais: no primeiro nascem 120 bebês a cada
então ao pesquisador avaliar cuidadosamente a confiabili- dia e no outro apenas 12. Em média a razão de meninos para
dade de descobertas não esperadas. meninas nascidos a cada dia em cada hospital é de 50/50.
Contudo, certo dia, em um dos hospitais nasceram duas vezes
Força X Confiabilidade de uma relação entre variá- mais meninas do que meninos. Em que hospital isso prova-
veis: Foi dito anteriormente que força (magnitude) e confia- velmente aconteceu? A resposta é óbvia para um estatístico,
bilidade são dois aspectos diferentes dos relacionamentos mas não tão óbvia para os leigos: é muito mais provável que
entre variáveis. Contudo, eles não são totalmente indepen- tal fato tenha ocorrido no hospital menor. A razão para isso é
dentes. Em geral, em uma amostra de um certo tamanho que a probabilidade de um desvio aleatório da média da po-
quanto maior a magnitude da relação entre variáveis, mais pulação aumenta com a diminuição do tamanho da amostra
confiável a relação. (e diminui com o aumento do tamanho da amostra).
Assumindo que não há relação entre as variáveis na po-
pulação, o resultado mais provável deveria ser também não Por que pequenas relações podem ser provadas como
encontrar relação entre as mesmas variáveis na amostra da significantes apenas por grandes amostras: Os exemplos
pesquisa. Assim, quanto mais forte a relação encontrada na dos parágrafos anteriores indicam que se um relacionamento
amostra menos provável é a não existência da relação corres- entre as variáveis em questão (na população) é pequeno, en-
pondente na população. Então a magnitude e a significância tão não há meio de identificar tal relação em um estudo a não
de uma relação aparentam estar fortemente relacionadas, e ser que a amostra seja correspondentemente grande. Mesmo
seria possível calcular a significância a partir da magnitude que a amostra seja de fato “perfeitamente representativa” da
e vice-versa. Entretanto, isso é válido apenas se o tamanho população o efeito não será estatisticamente significante se a
da amostra é mantido constante, porque uma relação de amostra for pequena. Analogamente, se a relação em questão
certa força poderia ser tanto altamente significante ou não é muito grande na população então poderá ser constatada
significante de todo dependendo do tamanho da amostra. como altamente significante mesmo em um estudo baseado
Por que a significância de uma relação entre variá- em uma pequena amostra. Mais um exemplo:
veis depende do tamanho da amostra: Se há muito pou- Se uma moeda é ligeiramente viciada, de tal forma que
cas observações então há também poucas possibilidades quando lançada é ligeiramente mais provável que ocorram ca-
de combinação dos valores das variáveis, e então a probabi- ras do que coroas (por exemplo uma proporção 60% para 40%).
lidade de obter por acaso uma combinação desses valores Então dez lançamentos não seriam suficientes para convencer
que indique uma forte relação é relativamente alta. Consi- alguém de que a moeda é viciada, mesmo que o resultado ob-
dere-se o seguinte exemplo: tido (6 caras e 4 coroas) seja perfeitamente representativo do
viesamento da moeda. Entretanto, dez lançamentos não são

67
MATEMÁTICA

suficientes para provar nada? Não, se o efeito em questão for - Se todos os valore de WCC de homens são exatamente
grande o bastante, os dez lançamentos serão suficientes. Por iguais a 100 e os das mulheres iguais a 102 então todos os
exemplo, imagine-se que a moeda seja tão viciada que não im- desvios da média conjunta na amostra seriam inteiramente
porte como venha a ser lançada o resultado será cara. Se tal causados pelo sexo. Poderia-se dizer que nesta amostra sexo
moeda fosse lançada dez vezes, e cada lançamento produzisse é perfeitamente correlacionado a WCC, ou seja, 100% das di-
caras, muitas pessoas considerariam isso prova suficiente de ferenças observadas entre os sujeitos relativas a suas WCC’s
que há “algo errado” com a moeda. Em outras palavras, seria devem-se a seu sexo.
considerada prova convincente de que a população teórica de - Se todos os valores de WCC estão em um intervalo de 0
um número infinito de lançamentos desta moeda teria mais a 1000, a mesma diferença (de 2) entre a WCC média de ho-
caras do que coroas. Assim, se a relação é grande, então poderá mens e mulheres encontrada no estudo seria uma parte tão
ser considerada significante mesmo em uma pequena amostra. pequena na diferença global dos valores que muito provavel-
mente seria considerada desprezível. Por exemplo, um sujei-
Pode uma “relação inexistente” ser um resultado sig- to a mais que fosse considerado poderia mudar, ou mesmo
nificante: Quanto menor a relação entre as variáveis maior reverter, a direção da diferença. Portanto, toda boa medida
o tamanho de amostra necessário para prová-la significante. das relações entre variáveis tem que levar em conta a dife-
Por exemplo, imagine-se quantos lançamentos seriam neces- renciação global dos valores individuais na amostra e avaliar
sários para provar que uma moeda é viciada se seu viesa- a relação em termos (relativos) de quanto desta diferenciação
mento for de apenas 0,000001 %! Então, o tamanho mínimo se deve à relação em questão.
de amostra necessário cresce na mesma proporção em que
a magnitude do efeito a ser demonstrado decresce. Quan- “Formato geral” de muitos testes estatísticos: Como
do a magnitude do efeito aproxima-se de zero, o tamanho o objetivo principal de muitos testes estatísticos é avaliar re-
de amostra necessário para prová-lo aproxima-se do infini- lações entre variáveis, muitos desses testes seguem o princí-
to. Isso quer dizer que, se quase não há relação entre duas pio exposto no item anterior. Tecnicamente, eles representam
variáveis o tamanho da amostra precisa quase ser igual ao uma razão de alguma medida da diferenciação comum nas
tamanho da população, que teoricamente é considerado variáveis em análise (devido à sua relação) pela diferenciação
infinitamente grande. A significância estatística representa global daquelas variáveis. Por exemplo, teria-se uma razão
a probabilidade de que um resultado similar seja obtido se da parte da diferenciação global dos valores de WCC que
toda a população fosse testada. Assim, qualquer coisa que podem se dever ao sexo pela diferenciação global dos valo-
fosse encontrada após testar toda a população seria, por de- res de WCC. Esta razão é usualmente chamada de razão da
finição, significante ao mais alto nível possível, e isso também variação explicada pela variação total. Em estatística o termo
inclui todos os resultados de “relação inexistente”. variação explicada não implica necessariamente que tal va-
riação é “compreendida conceitualmente”. O termo é usado
Como medir a magnitude (força) das relações entre apenas para denotar a variação comum às variáveis em ques-
variáveis: Há muitas medidas da magnitude do relaciona- tão, ou seja, a parte da variação de uma variável que é “expli-
mento entre variáveis que foram desenvolvidas por estatísti- cada” pelos valores específicos da outra variável e vice-versa.
cos: a escolha de uma medida específica em dadas circuns-
tâncias depende do número de variáveis envolvidas, níveis de Como é calculado o nível de significância estatístico:
mensuração usados, natureza das relações, etc. Quase todas, Assuma-se que já tenha sido calculada uma medida da rela-
porém, seguem um princípio geral: elas procuram avaliar a ção entre duas variáveis (como explicado acima). A próxima
relação comparando-a de alguma forma com a “máxima re- questão é “quão significante é esta relação”? Por exemplo,
lação imaginável” entre aquelas variáveis específicas. Tecnica- 40% da variação global ser explicada pela relação entre duas
mente, um modo comum de realizar tais avaliações é obser- variáveis é suficiente para considerar a relação significante?
var quão diferenciados são os valores das variáveis, e então “Depende”. Especificamente, a significância depende princi-
calcular qual parte desta “diferença global disponível” seria palmente do tamanho da amostra. Como já foi explicado, em
detectada na ocasião se aquela diferença fosse “comum” amostras muito grandes mesmo relações muito pequenas
(fosse apenas devida à relação entre as variáveis) nas duas entre variáveis serão significantes, enquanto que em amos-
(ou mais) variáveis em questão. Falando menos tecnicamen- tras muito pequenas mesmo relações muito grandes não
te, compara-se “o que é comum naquelas variáveis” com “o poderão ser consideradas confiáveis (significantes). Assim,
que potencialmente poderia haver em comum se as variáveis para determinar o nível de significância estatística torna-se
fossem perfeitamente relacionadas”. Outro exemplo: necessária uma função que represente o relacionamento en-
Em uma amostra o índice médio de WCC é igual a 100 em tre “magnitude” e “significância” das relações entre duas va-
homens e 102 em mulheres. Assim, poderia-se dizer que, em riáveis, dependendo do tamanho da amostra. Tal função di-
média, o desvio de cada valor da média de ambos (101) con- ria exatamente “quão provável é obter uma relação de dada
tém uma componente devida ao sexo do sujeito, e o tamanho magnitude (ou maior) de uma amostra de dado tamanho,
desta componente é 1. Este valor, em certo sentido, representa assumindo que não há tal relação entre aquelas variáveis na
uma medida da relação entre sexo e WCC. Contudo, este valor população”. Em outras palavras, aquela função forneceria o
é uma medida muito pobre, porque não diz quão relativamen- nível de significância (nível-p), e isso permitiria conhecer a
te grande é aquela componente em relação à “diferença glo- probabilidade de erro envolvida em rejeitar a idéia de que a
bal” dos valores de WCC. Há duas possibilidades extremas: S relação em questão não existe na população. Esta hipótese
“alternativa” (de que não há relação na população) é usual-

68
MATEMÁTICA

mente chamada de hipótese nula. Seria ideal se a função de Todos os testes estatísticos são normalmente dis-
probabilidade fosse linear, e por exemplo, apenas tivesse di- tribuídos: Não todos, mas muitos são ou baseados na
ferentes inclinações para diferentes tamanhos de amostra. distribuição normal diretamente ou em distribuições a ela
Infelizmente, a função é mais complexa, e não é sempre exa- relacionadas, e que podem ser derivadas da normal, como
tamente a mesma. Entretanto, em muitos casos, sua forma é as distribuições t, F ou Chi-quadrado (Qui-quadrado). Tipi-
conhecida e isso pode ser usado para determinar os níveis camente, estes testes requerem que as variáveis analisadas
de significância para os resultados obtidos em amostras de sejam normalmente distribuídas na população, ou seja, que
certo tamanho. Muitas daquelas funções são relacionadas a elas atendam à “suposição de normalidade”. Muitas variá-
um tipo geral de função que é chamada de normal (ou gaus- veis observadas realmente são normalmente distribuídas,
siana). o que é outra razão por que a distribuição normal repre-
senta uma “característica geral” da realidade empírica. O
Por que a distribuição normal é importante: A “dis- problema pode surgir quando se tenta usar um teste ba-
tribuição normal” é importante porque em muitos casos ela seado na distribuição normal para analisar dados de variá-
se aproxima bem da função introduzida no item anterior. A veis que não são normalmente distribuídas. Em tais casos
distribuição de muitas estatísticas de teste é normal ou segue há duas opções. Primeiramente, pode-se usar algum teste
alguma forma que pode ser derivada da distribuição normal. “não paramétrico” alternativo (ou teste “livre de distribui-
Neste sentido, filosoficamente, a distribuição normal repre- ção”); mas isso é freqüentemente inconveniente porque
senta uma das elementares “verdades acerca da natureza ge- tais testes são tipicamente menos poderosos e menos fle-
ral da realidade”, verificada empiricamente, e seu status pode xíveis em termos dos tipos de conclusões que eles podem
ser comparado a uma das leis fundamentais das ciências na- proporcionar. Alternativamente, em muitos casos ainda
turais. A forma exata da distribuição normal (a característica se pode usar um teste baseado na distribuição normal se
“curva do sino”) é definida por uma função que tem apenas apenas houver certeza de que o tamanho das amostras é
dois parâmetros: média e desvio padrão. suficientemente grande. Esta última opção é baseada em
Uma propriedade característica da distribuição normal é um princípio extremamente importante que é largamente
que 68% de todas as suas observações caem dentro de um
responsável pela popularidade dos testes baseados na dis-
intervalo de 1 desvio padrão da média, um intervalo de 2
tribuição normal. Nominalmente, quanto mais o tamanho
desvios padrões inclui 95% dos valores, e 99% das observa-
da amostra aumente, mais a forma da distribuição amos-
ções caem dentro de um intervalo de 3 desvios padrões da
tral (a distribuição de uma estatística da amostra) da média
média. Em outras palavras, em uma distribuição normal as
aproxima-se da forma da normal, mesmo que a distribui-
observações que tem um valor padronizado de menos do
ção da variável em questão não seja normal. Este princípio
que -2 ou mais do que +2 tem uma freqüência relativa de
5% ou menos (valor padronizado significa que um valor é é chamado de Teorema Central do Limite.
expresso em termos de sua diferença em relação à média,
dividida pelo desvio padrão). Como se conhece as consequências de violar a supo-
Ilustração de como a distribuição normal é usada em sição de normalidade: Embora muitas das declarações fei-
raciocínio estatístico (indução): Retomando o exemplo já tas anteriormente possam ser provadas matematicamente,
discutido, onde pares de amostras de homens e mulheres algumas não têm provas teóricas e podem demonstradas
foram retirados de uma população em que o valor médio de apenas empiricamente via experimentos Monte Carlo (si-
WCC em homens e mulheres era exatamente o mesmo. Em- mulações usando geração aleatória de números). Nestes
bora o resultado mais provável para tais experimentos (um experimentos grandes números de amostras são geradas
par de amostras por experimento) é que a diferença entre a por um computador seguindo especificações pré-designa-
WCC média em homens e mulheres em cada par seja pró- das e os resultados de tais amostras são analisados usando
xima de zero, de vez em quando um par de amostras apre- uma grande variedade de testes. Este é o modo empírico
sentará uma diferença substancialmente diferente de zero. de avaliar o tipo e magnitude dos erros ou viesamentos a
Quão freqüentemente isso ocorre? Se o tamanho da amos- que se expõe o pesquisador quando certas suposições teó-
tra é grande o bastante, os resultados de tais repetições são ricas dos testes usados não são verificadas nos dados sob
“normalmente distribuídos”, e assim, conhecendo a forma da análise. Especificamente, os estudos de Monte Carlo foram
curva normal pode-se calcular precisamente a probabilidade usados extensivamente com testes baseados na distribui-
de obter “por acaso” resultados representando vários níveis ção normal para determinar quão sensíveis eles eram à vio-
de desvio da hipotética média populacional 0 (zero). Se tal lações da suposição de que as variáveis analisadas tinham
probabilidade calculada é tão pequena que satisfaz ao cri- distribuição normal na população. A conclusão geral destes
tério previamente aceito de significância estatística, então estudos é que as conseqüências de tais violações são me-
pode-se concluir que o resultado obtido produz uma melhor nos severas do que se tinha pensado a princípio. Embora
aproximação do que está acontecendo na população do que estas conclusões não devam desencorajar ninguém de se
a “hipótese nula”. Lembrando ainda que a hipótese nula foi preocupar com a suposição de normalidade, elas aumenta-
considerada apenas por “razões técnicas” como uma refe- ram a popularidade geral dos testes estatísticos dependen-
rência contra a qual o resultado empírico (dos experimentos) tes da distribuição normal em todas as áreas de pesquisa.
foi avaliado.

69
MATEMÁTICA

Objeto da Estatística: Estatística é uma ciência exata Conclusão


que visa fornecer subsídios ao analista para coletar, organi-
zar, resumir, analisar e apresentar dados. Trata de parâmetros A média aritmética dos n elementos do conjunto numérico
extraídos da população, tais como média ou desvio padrão. A é a soma de todos os seus elementos, dividida por n.
A estatística fornece-nos as técnicas para extrair informação
de dados, os quais são muitas vezes incompletos, na medida Exemplo
em que nos dão informação útil sobre o problema em estu-
do, sendo assim, é objetivo da Estatística extrair informação Calcular a média aritmética entre os números 3, 4, 6, 9, e 13.
dos dados para obter uma melhor compreensão das situa-
ções que representam. Quando se aborda uma problemática Resolução
envolvendo métodos estatísticos, estes devem ser utilizados Se x for a média aritmética dos elementos do conjunto (3,
mesmo antes de se recolher a amostra, isto é, deve-se pla- 4, 6, 9, 13), então x será a soma dos 5 elementos, dividida por
nejar a experiência que nos vai permitir recolher os dados, 5. Assim:
de modo que, posteriormente, se possa extrair o máximo de 3 + 4 + 6 + 9 + 13 35
informação relevante para o problema em estudo, ou seja, x= ↔x= ↔x=7
15 5
para a população de onde os dados provêm. Quando de
posse dos dados, procura-se agrupá-los e reduzi-los, sob A média aritmética é 7.
forma de amostra, deixando de lado a aleatoriedade pre-
sente. Seguidamente o objetivo do estudo estatístico pode Média Aritmética Ponderada
ser o de estimar uma quantidade ou testar uma hipótese,
utilizando-se técnicas estatísticas convenientes, as quais Definição
realçam toda a potencialidade da Estatística, na medida em
que vão permitir tirar conclusões acerca de uma população, A média dos elementos do conjunto numérico A relativa à
baseando-se numa pequena amostra, dando-nos ainda uma adição e na qual cada elemento tem um “determinado peso” é
chamada média aritmética ponderada.
medida do erro cometido.
Exemplo: Ao chegarmos a uma churrascaria, não preci-
Cálculo da média aritmética ponderada
samos comer todos os tipos de saladas, de sobremesas e de
Se x for a média aritmética ponderada dos elementos do
carnes disponíveis, para conseguirmos chegar a conclusão
conjunto numérico A = {x1; x2; x3; ...; xn} com “pesos” P1; P2; P3; ...;
de que a comida é de boa qualidade. Basta que seja provado
Pn, respectivamente, então, por definição:
um tipo de cada opção para concluirmos que estamos sen-
do bem servidos e que a comida está dentro dos padrões. P1 . x + P2 . x + P3 . x + ... + Pn . x =
= P1 . x1 + P2 . x2 + P3 . x3 + ... + Pn . xn
Noção Geral de Média (P1 + P2 + P3 + ... + Pn) . x =
= P1 . x1 + P2 . x2 + P3 . x3 + ... + Pn . xn e, portanto,
Considere um conjunto numérico A = {x1; x2; x3; ...; xn} e
efetue uma certa operação com todos os elementos de A. P1 .x1; P2 .x2 ; P3 .x3;...Pn xn
Se for possível substituir cada um dos elementos do x=
conjunto A por um número x de modo que o resultado da P1 + P2 + P3 + ...+ Pn
operação citada seja o mesmo diz-se, por definição, que x Observe que se P1 = P2 = P3 = ... = Pn = 1, então:
será a média dos elementos de A relativa a essa operação. x1; x2 ; x3;...; xn que é a média aritmética simples.
x=
n
Média Aritmética
Conclusão
Definição A média aritmética ponderada dos n elementos do
conjunto numérico A é a soma dos produtos de cada elemento
A média dos elementos do conjunto numérico A multiplicado pelo respectivo peso, dividida pela soma dos
relativa à adição é chamada média aritmética. pesos.
Cálculo da média aritmética
Exemplo
Se x for a média aritmética dos elementos do conjunto Calcular a média aritmética ponderada dos números 35, 20
numérico A = {x1; x2; x3; ...; xn}, então, por definição: e 10 com pesos 2, 3, e 5, respectivamente.

Resolução
Se x for a média aritmética ponderada, então:
n parcelas 2.35 + 3.20 + 5.10 70 + 60 + 50 180
e, portanto, x= ↔x= ↔x= ↔ x = 18
2 + 3+ 5 10 10
x1; x2 ; x3;...; xn A média aritmética ponderada é 18.
x= Observação: A palavra média, sem especificar se é
n
aritmética, deve ser entendida como média aritmética.

70
MATEMÁTICA

Exercícios 4) Resposta “164”.


Solução: Quando falamos de média aritmética simples, ao
1. Determine a média aritmética entre 2 e 8. diminuirmos um dos valores que a compõe, precisamos au-
mentar a mesma quantidade em outro valor, ou distribuí-la
2. Determine a média aritmética entre 3, 5 e 10. entre vários outros valores, de sorte que a soma total não se
altere, se quisermos obter a mesma média.
3. Qual é a média aritmética simples dos números 11, 7, Neste exercício,  três  dos elementos devem ter o menor
13 e 9? valor possível, de sorte que o quarto elemento tenha o maior
valor dentre eles, tal que a média aritmética seja igual a 44.
4. A média aritmética simples de 4 números pares distin- Este será o maior valor que o quarto elemento poderá assumir.
tos, pertences ao conjunto dos números inteiros não nulos Em função do enunciado, os três menores valores in-
é igual a 44. Qual é o maior valor que um desses números teiros, pares, distintos e não nulos são:2, 4 e 6. Identificando
pode ter?
como x este quarto valor, vamos montar a seguinte equação:
5. Calcule a média aritmética simples em cada um dos 2+4+6+x
seguintes casos: = 44
4
a) 15; 48; 36
b) 80; 71; 95; 100 Solucionando-a temos:
c) 59; 84; 37; 62; 10 Logo, o maior valor que um desses números pode ter é 164.
d) 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9
5) Solução:
6. Qual é a média aritmética ponderada dos números 10, 14, 18 a) (15 + 48 + 36)/3 =
e 30 sabendo-se que os seus pesos são respectivamente 1, 2, 3 e 5? 99/3 = 33

7. Calcular a média ponderada entre 3, 6 e 8 para os b) (80 + 71 + 95 + 100)/4=


respectivos pesos 5 , 3 e 2. 346/4 = 86,5

8. Numa turma de 8ª série 10 alunos possuem 14 anos, c) (59 + 84 + 37 + 62 + 10)/5=


12 alunos possuem 15 anos e oito deles 16 anos de idade. = 252/5
Qual será a idade média dessa turma? = 50,4

9. Determine a média salarial de uma empresa, cuja folha d) (1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9)/9=


de pagamento é assim discriminada: 45/9 =
Profissionais → Quantidade → Salário =5
Serventes → 20 profissionais → R$ 320,00
Técnicos → 10 profissionais → R$ 840,00 6) Resposta “22”.
Solução: Neste caso a solução consiste em multiplicar-
Engenheiros → 5 profissionais → R$ 1.600,00
mos cada número pelo seu respectivo peso e somarmos
10. Calcule a média ponderada entre 5, 10 e 15 para os todos estes produtos. Este total deve ser então dividido
respectivos pesos 10, 5 e 20. pela soma total dos pesos:
10.1+ 14.2 + 18.3 + 30.5 10 + 28 + 54 + 150 242
Respostas = = = 22
1+ 2 + 3 + 5 11 11
1) Resposta “5”. Logo, a média aritmética ponderada é 22.
Solução:
M.A. ( 2 e 8 ) = 2 + 8 / 2 = 10 / 2 = 5 → M.A. ( 2 e 8 ) = 5.
7) Resposta “4,9”.
2) Resposta “6”. Solução:
Solução:
3.5 + 6.3 + 8.2 15 + 18 + 16 49
M.A. ( 3, 5 e 10 ) = 3 + 5 + 10 / 3 = 18 / 3 = 6 → M.A. ( 3, MP = = = = 4,9
5 e 10 ) = 6. 5 + 3+ 2 10 10

3) Resposta “10”.
Solução: Para resolver esse exercício basta fazer a soma 8) Resposta “ ±14,93 ”
dos números e dividi-los por quatro, que é a quantidade de Solução:
números, portanto:
14.10 + 15.12 + 16.8 140 + 180 + 128 448
11+ 7 + 13 + 9 40 MP = = = = ±14,93
M .A = = = 10 10 + 12 + 8 30 30
4 4
Logo, a média aritmética é 10.

71
MATEMÁTICA

9) Resposta “ ≅ R$651, 43 ”
Solução: Estamos diante de um problema de média aritmética ponderada, onde as quantidades de profissionais serão
os pesos. E com isso calcularemos a média ponderada entre R$ 320,00 , R$ 840,00 e R$ 1 600,00 e seus respectivos pesos
20 , 10 e 5. Portanto:
320.20 + 840.10 + 1600.5 22.800
MP = = ≅ R$651, 43
20 + 10 + 5 35

10) Resposta “11,42”.


Solução:
5.10 + 10.5 + 15.20 50 + 50 + 300 400
MP = = = = 11, 42
10 + 5 + 20 35 35

Média Geométrica
Este tipo de média é calculado multiplicando-se todos os valores e extraindo-se a raiz de índice n deste produto.
Digamos que tenhamos os números 4, 6 e 9, para obtermos o valor médio geométrico deste conjunto, multiplicamos
os elementos e obtemos o produto 216.
Pegamos então este produto e extraímos a sua raiz cúbica, chegando ao valor médio 6.
Extraímos a raiz cúbica, pois o conjunto é composto de 3 elementos. Se fossem n elementos, extrairíamos a raiz de
índice n.
Neste exemplo teríamos a seguinte solução:
3
4.6.9 ⇒ 3 216 ⇒ 6

Utilidades da Média Geométrica

Progressão Geométrica

Uma das utilizações deste tipo de média é na definição de uma progressão geométrica que diz que em toda PG.,
qualquer termo é média geométrica entre o seu antecedente e o seu consequente:
an = an−1 .an+1
Tomemos como exemplo três termos consecutivos de uma PG.: 7, 21 e 63.
Temos então que o termo 21 é média geométrica dos termos 7 e 63.
Vejamos:
7.63 ⇒ 441 ⇒ 21

Variações Percentuais em Sequência


Outra utilização para este tipo de média é quando estamos trabalhando com variações percentuais em sequência.

Exemplo

Digamos que uma categoria de operários tenha um aumento salarial de  20%  após um mês,  12%  após dois meses
e 7% após três meses. Qual o percentual médio mensal de aumento desta categoria?
Sabemos que para acumularmos um aumento de 20%, 12% e 7% sobre o valor de um salário, devemos multiplicá-lo
sucessivamente por 1,2, 1,12 e 1,07 que são os fatores correspondentes a tais percentuais.
A partir dai podemos calcular a média geométrica destes fatores:
3
1,2.1,12.1,07 ⇒ 3 1, 43808 ⇒ 1,128741

Como sabemos, um fator de 1, 128741 corresponde a 12, 8741% de aumento.


Este é o valor percentual médio mensal do aumento salarial, ou seja, se aplicarmos três vezes consecutivas o percentual 12,
8741%, no final teremos o mesmo resultado que se tivéssemos aplicado os percentuais 20%, 12% e 7%.

72
MATEMÁTICA

Digamos que o salário desta categoria de operários seja de R$ 1.000,00, aplicando-se os sucessivos aumentos temos:

Salário Inicial + % Informado Salário final Salário inicial + % médio Salário final
R$ 1.000,00 20% R$ 1.200,00 R$ 1.000,00 12, 8417 R$ 1.128,74
R$ 1.200,00 12% R$ 1.334,00 R$ 1.287,74 12, 8417 R$ 1.274,06
R$ 1.334,00 7% R$ 1.438,00 R$ 1.274,06 12, 8417 R$ 1.438,08

Observe que o resultado final de R$ 1.438,08 é o mesmo nos dois casos. Se tivéssemos utilizado a média aritmética no
lugar da média geométrica, os valores finais seriam distintos, pois a média aritmética de 13% resultaria em um salário final
de R$ 1.442,90, ligeiramente maior como já era esperado, já que o percentual de 13% utilizado é ligeiramente maior que
os 12, 8417% da média geométrica.

Cálculo da Média Geométrica

Em uma fórmula: a média geométrica de a1, a2, ..., an é


1/n
⎛ n ⎞
⎜⎝ ∏ ai ⎟⎠ = (a1 .a2 ...an )1/n = n a1 .a2 ...an
i=1

A média geométrica de um conjunto de números é sempre menor ou igual à média aritmética dos membros desse
conjunto (as duas médias são iguais se e somente se todos os membros do conjunto são iguais). Isso permite a definição
da média aritmética geométrica, uma mistura das duas que sempre tem um valor intermediário às duas.
A média geométrica é também a média aritmética harmônica no sentido que, se duas sequências (an) e (hn) são definidas:
an + hn x+y
an+1 = ,a1 =
2 2
E
2 2
hn+1 = ,h =
1 1 1 1 1
+ +
an hn x y
então an e hn convergem para a média geométrica de x e y.

Cálculo da Media Geométrica Triangular


Bom primeiro observamos o mapa e somamos as áreas dos quadrados catetos e dividimos pela hipotenusa e no final
pegamos a soma dos ângulos subtraindo o que esta entre os catetos e dividimos por PI(3,1415...) assim descobrimos a
media geométrica dos triângulos.
Exemplo
A média geométrica entre os números 12, 64, 126 e 345, é dada por:
G = R4[12 ×64×126×345] = 76,013

Aplicação Prática
Dentre todos os retângulos com a área igual a 64 cm², qual é o retângulo cujo perímetro é o menor possível, isto é, o
mais econômico? A resposta a este tipo de questão é dada pela média geométrica entre as medidas do comprimento a e
da largura b, uma vez que a.b = 64.
A média geométrica G entre a e b fornece a medida desejada.
G = R[a × b] = R[64] = 8

Resposta
É o retângulo cujo comprimento mede 8 cm e é lógico que a altura também mede 8 cm, logo só pode ser um quadrado!
O perímetro neste caso é p = 32 cm. Em qualquer outra situação em que as medidas dos comprimentos forem diferentes
das alturas, teremos perímetros maiores do que 32 cm.

73
MATEMÁTICA

Interpretação gráfica Respostas

A média geométrica entre dois segmentos de reta pode 1) Resposta “4”.


ser obtida geometricamente de uma forma bastante simples. Solução:
Sejam AB e BC segmentos de reta. Trace um segmento
M .G.(2e8) = 2 2 × 8 = 16 = 4 ⇒ M .G.(2e8) = 4
de reta que contenha a junção dos segmentos AB e BC, de
forma que eles formem segmentos consecutivos sobre a
mesma reta. 2) Resposta “2”.
Solução:
M .G.(1,2e4) = 3 1× 2 × 4 = 3 8 = 2 ⇒ M .G.(1,2e4) = 2
Observação: O termo média proporcional deve ser,
apenas, utilizado para a média geométrica entre dois nú-
meros.

3) Resposta “6”.
Dessa junção aparecerá um novo segmento AC.
Solução: Aplicando a relação: g2 = a.h, teremos:
Obtenha o ponto médio O deste segmento e com um
compasso centrado em O e raio OA, trace uma semi- g2 = 4.9 → g2 = 36 → g = 6 → MG. (4, 9) = 6.
circunferência começando em A e terminando em C. O
segmento vertical traçado para cima a partir de B encontrará
o ponto D na semi-circunferência. A medida do segmento 27
4) Resposta “ ”
BD corresponde à média geométrica das medidas dos 8
segmentos AB e BC. Solução: Se a média geométrica entre 3 números é 4,
podemos escrever:
Exercícios
M .G. = 3 x.y.z ⇒ 4 = 3 x.y.z ⇒ x.y.z = 64
1. Determine a média proporcional ou geométrica
entre 2 e 8. Se multiplicarmos um deles por m, a nova média será:
4 + 2 = 3 x.y.z.m ⇒ 6 = 3 x.y.z.m ⇒ x.y.z.m = 216
2. Determine a média geométrica entre 1, 2 e 4. 216 27
e como x . y . z = 64 → 64 . m = 216 → m = =
64 8
3. Determine a média geométrica entre dois números
sabendo que a média aritmética e a média harmônica entre 5) Resposta “8”.
eles são, respectivamente, iguais a 4 e 9. Solução: Se dispusermos de uma calculadora científica,
este exercício pode ser solucionado multiplicando-se todos
4. A média geométrica entre 3 números é 4. Quanto os números e extraindo-se do produto final, a raiz de índice
devo multiplicar um desses números para que a média cinco, pois se tratam de cinco números:
aumente 2 unidades ? 5
2.4.8.16.32 ⇒ 5 32768 ⇒ 8
5. Qual é a média geométrica dos núme-
ros 2, 4, 8, 16 e 32?
Se não dispusermos de uma calculadora científica esta
solução ficaria meio inviável, pois como iríamos extrair tal
6. Dados dois números quaisquer, a média aritmética
raiz, isto sem contar na dificuldade em realizarmos as mul-
simples e a média geométrica deles são respectivamente
tiplicações?
20 e 20,5. Quais são estes dois números? Repare que todos os números são potência de 2, pode-
mos então escrever:
7. A média geométrica entre dois números é igual a 6.
Se a eles juntarmos o número 48, qual será a média geo- 5
2.4.8.16.32 ⇒ 5 2.2 2.2 3.2 4.2 5
métrica entre estes três números?
Como dentro do radical temos um produto de potên-
8. Calcule a média geométrica entre 4 e 9. cias de mesma base, somando-se os expoentes temos:

9. Calcule a média geométrica entre 3, 3, 9 e 81


5
2.2 2.2 3.2 4.2 5 ⇒ 5 215

10. Calcule a média geométrica entre 1, 1, 1, 32 e 234. Finalmente dividindo-se o índice e o expoente por 5 e
resolvendo a potência resultante:
5
215 ⇒ 1 2 3 ⇒ 2 3 ⇒ 8
Logo, a média geométrica deste conjunto é 8.

74
MATEMÁTICA

6) Resposta “16, 25”. Elevando ambos os membros desta equação ao qua-


Solução: Chamemos de  a e b estes dois números. A drado, iremos obter o valor numérico do produto destes
média aritmética deles pode ser expressa como: dois números:
a+b 2
P = 6 ⇒ ( P) = 6 2 ⇒ P = 36
= 20,5
2
Já média geométrica pode ser expressa como: Agora que sabemos que o produto de um número pelo
outro é igual 36, resta-nos multiplicá-lo por 48 e extraímos
a.b = 20 a raiz cúbica deste novo produto para encontrarmos a mé-
dia desejada:
Vamos isolar a na primeira equação:
M = 3 36.48 ⇒ M = 3 (2 2.32 ).(2 4.3) ⇒ M = 3 2 6.33
a+b
= 20,5 ⇒ a + b = 20,5.2 ⇒ a = 41− b ⇒ M = 2 2.3 ⇒ M = 4.3 ⇒ M = 12
2
Agora para que possamos solucionar a segunda equa- Note que para facilitar a extração da raiz cúbica, rea-
ção, é necessário que fiquemos com apenas uma variável na lizamos a decomposição dos números 36 e 48 em fatores
mesma. Para conseguirmos isto iremos substituir a por 41 - b: primos. Acesse a página decomposição de um número na-
tural em fatores primos para maiores informações sobre
( ) = 20
2
a.b = 20 ⇒ (41− b).b = 20 ⇒ 41b − b 2 2
este assunto.
Logo, ao juntarmos o número 48 aos dois números ini-
⇒ 41b − b 2 = 400 ⇒ −b 2 + 41b − 400 = 0 ciais, a média geométrica passará a ser 12.
Note que acabamos obtendo uma equação do segun-
do grau: 8) Resposta “6”.
Solução: G = 2 4.9 = 6
-b2 + 41b - 400 = 0
Solucionando a mesma temos: 9) Resposta “9”.
Solução: G = 4 3.3.9.81 = 9
−41 ± 412 − 4.(−1).(−400)
−b 2 + 41b − 400 = 0 ⇒ b =
2.(−1) 10) Resposta “6”.
Solução: G = 5 1.1.1.32.243 = 6
⎧ −41+ 81 −41+ 9 −32
⎪⎪b1 = ⇒ b1 = ⇒ b1 = ⇒ b1 = 16
Mediana: é o valor que tem tantos dados antes dele,
−2 −2 −2
⇒⎨
como depois dele. Para se medir a mediana, os valores de-
⎪b = −41− 81 ⇒ b = −41+ 9 ⇒ b = −50 ⇒ b = 25 vem estar por ordem crescente ou decrescente. No caso do
⎪⎩ 2 −2
2
−2
2
−2
2
número de dados ser ímpar, existe um e só um valor central
O número b pode assumir, portanto os valores 16 e 25. que é a mediana. Se o número de dados é par, toma-se a
É de se esperar, portanto que quando  b  for igual a  16, média aritmética dos dois valores centrais para a mediana.
que a seja igual a 25 e quando b for igual a 25, que a seja É uma medida de localização do centro da distribui-
igual a 16. Vamos conferir. ção dos dados, definida do seguinte modo: Ordenados os
Sabemos que a = 41 - b, portanto atribuindo a b um de elementos da amostra, a mediana é o valor (pertencente
seus possíveis valores, iremos encontrar o valor de a. ou não à amostra) que a divide ao meio, isto é, 50% dos
elementos da amostra são menores ou iguais à mediana e
Para b = 16 temos: os outros 50% são maiores ou iguais à mediana. 
Para a sua determinação utiliza-se a seguinte regra, de-
a = 41 - b ⇒ 41 - 16 ⇒ a = 25 pois de ordenada a amostra de n elementos: Se n é ímpar,
a mediana é o elemento médio. Se n é par, a mediana é a
Para b = 25 temos: semi-soma dos dois elementos médios.
A mediana, m, é uma medida de localização do centro
a = 41 - b ⇒ a = 41 - 25 ⇒ a = 16 da distribuição dos dados, definida do seguinte modo:
Ordenados os elementos da amostra, a mediana é o va-
Logo, os dois números são 16, 25. lor (pertencente ou não à amostra) que a divide ao meio, isto
é, 50% dos elementos da amostra são menores ou iguais à
7) Resposta “12”. mediana e os outros 50% são maiores ou iguais à mediana.
Solução: Se chamarmos de  P  o produto destes dois Para a sua determinação utiliza-se a seguinte regra, de-
números, a partir do que foi dito no enunciado podemos pois de ordenada a amostra de n elementos:
montar a seguinte equação: - Se n é ímpar, a mediana é o elemento médio.
- Se n é par, a mediana é a semi-soma dos dois ele-
P =6 mentos médios.

75
MATEMÁTICA

Se se representarem os elementos da amostra orde-


nada com a seguinte notação: X1:n, X2:n, ..., Xn:n; então uma
expressão para o cálculo da mediana será:

Dado um histograma é fácil obter a posição da media-


na, pois esta está na posição em que passando uma linha
Como medida de localização, a mediana é mais robusta vertical por esse ponto o histograma fica dividido em duas
do que a média, pois não é tão sensível aos dados. Consi- partes com áreas iguais.
deremos o seguinte exemplo: um aluno do 10º ano obteve
as seguintes notas: 10, 10, 10, 11, 11, 11, 11, 12. A média e a
mediana da amostra anterior são respectivamente.

=10.75 e =11

Como medida de localização, a mediana é mais resis-


tente do que a média, pois não é tão sensível aos dados.
- Quando a distribuição é simétrica, a média e a me-
Admitamos que uma das notas de 10 foi substituída
diana coincidem.
por uma de 18. Neste caso a mediana continuaria a ser
- A mediana não é tão sensível, como a média, às ob-
igual a 11, enquanto que a média subiria para 11.75.
servações que são muito maiores ou muito menores do
que as restantes (outliers). Por outro lado a média reflete o
valor de todas as observações.

Assim, não se pode dizer em termos absolutos qual


Média e Mediana: Se se representarmos os elementos
destas medidas de localização é preferível, dependendo do
da amostra ordenada com a seguinte notação: X1:n, X2:n,
contexto em que estão a ser utilizadas.
..., Xn: “n” então uma expressão para o cálculo da mediana
Exemplo: Os salários dos 160 empregados de uma
será:
determinada empresa, distribuem-se de acordo com a se-
guinte tabela de frequências:
Como medida de localização, a mediana é mais robus-
ta do que a média, pois não é tão sensível aos dados.
- Quando a distribuição é simétrica, a média e a me- Salário (em euros) 75 100 145 200 400 1700
diana coincidem. Frequência absoluta 23 58 50 20 7 2
- A mediana não é tão sensível, como a média, às ob- Frequência
23 81 131 151 158 160
servações que são muito maiores ou muito menores do acumulada
que as restantes (outliers). Por outro lado a média reflete o
valor de todas as observações. Calcular a média e a mediana  e comentar os resulta-
A média ao contrário da mediana, é uma medida muito dos obtidos.
influenciada por valores “muito grandes” ou “muito peque- Resolução: = = (75.23+100.58+...+400.7+1700.2)/16
nos”, mesmo que estes valores surjam em pequeno núme- 0 = 156,10
ro na amostra. Estes valores são os responsáveis pela má Resolução: euros. m = semi-soma dos elementos de
utilização da média em muitas situações em que teria mais ordem 80 e 81 = 100 euros.
significado utilizar a mediana. Comentário: O fato de termos obtido uma média de
A partir do exposto, deduzimos que se a distribuição 156,10 e uma mediana de 100, é reflexo do fato de exis-
dos dados: tirem alguns, embora poucos, salários muito altos, relati-
- for aproximadamente simétrica, a média aproxima-se vamente aos restantes. Repare-se que, numa perspectiva
da mediana. social, a mediana é uma característica mais importante do
- for enviesada para a direita (alguns valores grandes que a média. Na realidade 50% dos trabalhadores têm sa-
como “outliers”), a média tende a ser maior que a mediana. lário menor ou igual a 100 €, embora a média de 156,10 €
- for enviesada para a esquerda (alguns valores peque- não transmita essa ideia.
nos como “outliers”), a média tende a ser inferior à mediana.

76
MATEMÁTICA

Vejamos de uma outra forma: Sabes, quando a distribui- noção de quartil de ordem p, com 0<p<1, como sendo
ção dos dados é simétrica ou aproximadamente simétrica, o valor Qp tal que 100p% dos elementos da amostra são
as medidas de localização do centro da amostra (média e menores ou iguais a Qp e os restantes 100 (1-p)% dos ele-
mediana) coincidem ou são muito semelhantes. O mesmo mentos da amostra são maiores ou iguais a Qp.
não se passa quando a distribuição dos dados é assimétrica, Tal como a mediana, é uma medida que se calcula a partir
fato que se prende com a pouca resistência da média. da amostra ordenada. Um processo de obter os quartis é uti-
lizando a Função Distribuição Empírica.
Representando as distribuições dos dados (esta obser- Generalizando ainda a expressão para o cálculo da media-
vação é válida para as representações gráficas na forma de na, temos uma expressão análoga para o cálculo dos quartis:
diagramas de barras ou de histograma) na forma de uma
mancha, temos, de um modo geral:

Qp =

onde representamos por [a], o maior inteiro contido em a.


Moda: é o valor que ocorre mais vezes numa distri- Aos quartis de ordem 1/4 e 3/4 , damos respectivamente
buição, ou seja, é o de maior efetivo e, portanto, de maior o nome de 1º quartil e 3º quartil. Exemplo: Tendo-se decidi-
frequência. Define-se moda como sendo: o valor que surge do registrar os pesos dos alunos de uma determinada turma
com mais frequência se os dados são discretos, ou, o inter- prática do 10º ano, obtiveram-se os seguintes valores (em kg):
valo de classe com maior frequência se os dados são contí-
nuos. Assim, da representação gráfica dos dados, obtém-se 52 56 62 54 52 51 60 61 56 55 56 54 57 67 61 49
imediatamente o valor que representa a moda ou a classe
modal. Esta medida é especialmente útil para reduzir a infor- a) Determine os quantis de ordem 1/7, 1/2 e os 1º e 3º
mação de um conjunto de dados qualitativos, apresentados quartis.
sob a forma de nomes ou categorias, para os quais não se b) Um aluno com o peso de 61 kg, pode ser considera-
pode calcular a média e por vezes a mediana. do “normal”, isto é nem demasiado magro, nem demasiado
Para um conjunto de dados, define-se moda como sen- gordo?
do: o valor que surge com mais frequência  se os dados são Resolução: Ordenando a amostra anterior, cuja dimensão
discretos, ou, o intervalo de classe com maior frequência se é 16, temos:
os dados são contínuos. Assim, da representação gráfica dos 49 51 52 52 54 54 55 56 56 56 57 60 61 61 62 67
dados, obtém-se imediatamente o valor que representa a
moda ou a classe modal. a) 16 . 1/7 = 16/7, onde [16/7] = 2 e Q1/7 = x3 : 16 = 52
16 . 1/4 = 4, onde Q1/2 = [x8 : 16 + x9 : 16]/2 = 56
16 . 1/2 = 8, onde Q1/4 = [x4 : 16 + x5 : 16]/2 = 53
16 . 3/4 = 12, onde Q3/4 = [x12 : 16 + x13 : 16]/2 = 60.5

b) Um aluno com 61 kg pode ser considerado um pouco


“forte”, pois naquela turma só 25% dos alunos é que têm peso
maior ou igual a 60.5 kg.

Escalas – Tabelas – Gráficos


Esta medida é especialmente útil para reduzir a infor-
mação de um conjunto de dados qualitativos, apresentados Tipos de gráficos: Os dados podem então ser represen-
sob a forma de nomes ou categorias, para os quais não se tados de várias formas:
pode calcular a média e por vezes a mediana (se não forem Diagramas de Barras
susceptíveis de ordenação).

Quartis: Generalizando a noção de mediana m, que


como vimos anteriormente é a medida de localização, tal
que 50% dos elementos da amostra são menores ou iguais
a m, e os outros 50% são maiores ou iguais a m, temos a

77
MATEMÁTICA

Diagramas Circulares Eventualmente, faixas de tamanho desigual podem ser


convenientes para representar valores nas extremidades da
tabela. Exemplo:

Histogramas

Gráfico de Barras: Para construir um gráfico de barras,


representamos os valores da variável no eixo das abscissas
e suas as frequências ou porcentagens no eixo das orde-
nadas. Para cada valor da variável desenhamos uma barra
com altura correspondendo à sua freqüência ou porcenta-
gem. Este tipo de gráfico é interessante para as variáveis
qualitativas ordinais ou quantitativas discretas, pois permi-
te investigar a presença de tendência nos dados. Exemplo:
Pictogramas

1ª (10)
2ª (8)
3ª (4)
4ª (5)
5ª (4)
= 1 unidade

Tabela de Frequências: Como o nome indica, conterá


os valores da variável e suas respectivas contagens, as quais
são denominadas frequências absolutas ou simplesmente,
frequências. No caso de variáveis qualitativas ou quantitativas
discretas, a tabela de freqüência consiste em listar os valores
possíveis da variável, numéricos ou não, e fazer a contagem na Diagrama Circular: Para construir um diagrama circu-
tabela de dados brutos do número de suas ocorrências. A fre- lar ou gráfico de pizza, repartimos um disco em setores
quência do valor i será representada por ni, a frequência total circulares correspondentes às porcentagens de cada valor
por n e a freqüência relativa por fi = ni/n. (calculadas multiplicando-se a frequência relativa por 100).
Para variáveis cujos valores possuem ordenação natural Este tipo de gráfico adapta-se muito bem para as variáveis
(qualitativas ordinais e quantitativas em geral), faz sentido in- qualitativas nominais. Exemplo:
cluirmos também uma coluna contendo as frequências acu-
muladas f ac, obtidas pela soma das frequências de todos os
valores da variável, menores ou iguais ao valor considerado.
No caso das variáveis quantitativas contínuas, que podem
assumir infinitos valores diferentes, é inviável construir a tabe-
la de frequência nos mesmos moldes do caso anterior, pois
obteríamos praticamente os valores originais da tabela de da-
dos brutos. Para resolver este problema, determinamos classes
ou faixas de valores e contamos o número de ocorrências em
cada faixa. Por ex., no caso da variável peso de adultos, pode-
ríamos adotar as seguintes faixas: 30 |— 40 kg, 40 |— 50 kg, 50
|— 60, 60 |— 70, e assim por diante. Apesar de não adotarmos
nenhuma regra formal para estabelecer as faixas, procurare-
mos utilizar, em geral, de 5 a 8 faixas com mesma amplitude.

78
MATEMÁTICA

Histograma: O histograma consiste em retângulos


contíguos com base nas faixas de valores da variável e com
área igual à frequência relativa da respectiva faixa. Desta
forma, a altura de cada retângulo é denominada densidade
de frequência ou simplesmente densidade definida pelo
quociente da área pela amplitude da faixa. Alguns autores
utilizam a frequência absoluta ou a porcentagem na cons-
trução do histograma, o que pode ocasionar distorções (e,
consequentemente, más interpretações) quando amplitu-
des diferentes são utilizadas nas faixas. Exemplo:

6. MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS


LINEARES.
6.1. Matrizes: operações, matriz inversa.
6.2. Sistemas lineares. Matriz associada a um
sistema. Resolução e discussão de um sistema
linear.
Gráfico de Linha ou Sequência: Adequados para 6.3. Determinante de uma matriz quadrada:
apresentar observações medidas ao longo do tempo, enfa- propriedades e aplicações, regras de Cramer.
tizando sua tendência ou periodicidade. Exemplo:
Matriz

A tabela seguinte mostra a situação das equipes no


Campeonato Paulista de Basquete masculino.
Campeonato Paulista – Classificação
Time Pontos
1º Tilibra/Copimax/Bauru 20
2º COC/Ribeirão Preto 20
3º Unimed/Franca 19
4º Hebraica/Blue Life 17
5º Uniara/Fundesport 16
6º Pinheiros 16
7º São Caetano 16
8º Rio Pardo/Sadia 15
9º Valtra/UBC 14
Polígono de Frequência: 10º Unisanta 14
Semelhante ao histograma, mas construído a partir dos
11º Leitor/Casa Branca 14
pontos médios das classes. Exemplo:
12º Palmeiras 13
13º Santo André 13
14º Corinthians 12
15º São José 12

Fonte: FPB (Federação Paulista de Basquete)


Folha de S. Paulo – 23/10/01

Observando a tabela, podemos tirar conclusões por meio


de comparações das informações apresentadas, por exemplo:
Gráfico de Ogiva: → COC/Ribeirão lidera a classificação com 20 pontos
Apresenta uma distribuição de frequências acumuladas, juntamente com Tilibra/Bauru
utiliza uma poligonal ascendente utilizando os pontos extremos. → Essa informação encontra-se na 2ª linha e 3ª coluna.

79
MATEMÁTICA

Definições ⎡ ⎤
a11 a12 a13 ... a1n
⎢ ⎥
Chamamos de matriz m x n (m Є N* e n Є N*) qualquer ⎢ a21 a22 a23 ... a2n ⎥
tabela formada por m . n elementos (informações) dispostos ⎢ ⎥
A=⎢ ⎥
em m linhas e n colunas ... a32 a33 ... a3n
⎢ ⎥
⎢ ⎥
Exemplos ⎢⎣ am1 am 2 am 3 ... amn ⎥⎦
1°) Ou com a notação abreviada: A = (aij)m x n
⎡ 1 0 −2 3 ⎤
⎢ ⎥ Matrizes Especiais
⎣ 1 1 3 2 ⎦ é uma matriz 2 x 4
Apresentamos aqui a nomenclatura de algumas
2º) matrizes especiais:
⎡ 1 0 1 ⎤
⎢ ⎥ 1ª. Matriz Linha
⎢ 2 3 3 ⎥ É a matriz que possui uma única linha.
⎢⎣ 1 4 2 ⎥⎦
é uma matriz 3 x 3
Exemplos
3º) - A = [-1, 0]
- B = [1 0 0 2]
⎡⎣ 1 0 3 ⎤⎦
é uma matriz 1 x 3
2ª. Matriz Coluna
4º) É a matriz que possui uma única coluna.
⎡ 2 ⎤
⎢ ⎥ Exemplos
⎣ 0 ⎦ é uma matriz 2 x 1 ⎡ 0 ⎤
⎡ 2 ⎤ ⎢ ⎥
−A = ⎢ ⎥ −B = ⎢ −1 ⎥
O nome de uma matriz é dado utilizando letras ⎣ 1 ⎦ ⎢⎣ 3 ⎥⎦
maiúsculas do alfabeto latino, A, por exemplo, enquanto
os elementos da matriz são indicados por letras latinas
minúsculas, a mesma do nome de matriz, afetadas por dois 3ª) Matriz Nula
índices, que indicam a linha e a coluna que o elemento É a matriz que possui todos os elementos iguais a
ocupa na matriz. zero.
Assim, um elemento genérico da matriz A é
representado por aij. Exemplos
O primeiro índice, i, indica a linha que esse elemento
⎡ 0 0 ⎤ ⎡ 0 0 0 ⎤
ocupa na matriz, e o segundo índice, j, a coluna desse
1 )A = ⎢ ⎥ 2 )B = ⎢ ⎥
comando. ⎢⎣ 0 0 ⎥⎦ ⎢⎣ 0 0 0 ⎥⎦
A = ⎡⎣ aij ⎤⎦ ← i − ésima ⋅linha
4ª. Matriz Quadrada
↑ É a matriz que possui o número de linhas igual ao
j − ésima ⋅ coluna número de linhas igual ao número de colunas.

Exemplos
Exemplo
Na matriz B de ordem 2 x 3 temos: ⎡ 1 3 ⎤
1 )A = ⎢ ⎥
⎡ 1 0 3 ⎤ ⎢⎣ 2 −1 ⎥⎦ É a matriz quadrada de ordem 2.
B=⎢ ⎥
⎢⎣ 2 −1 4 ⎥⎦
Observações: Quando uma matriz não é quadrada, ela
b11 = 1; b12 = 0; b13 = 3; é chamada de retangular.
b21 = 2; b22 = -1; b23 = 4 Dada uma matriz quadrada de ordem n, chamamos de
Observação: O elemento b23, por exemplo, lemos assim: diagonal principal da matriz ao conjunto dos elementos
“b dois três” que possuem índices iguais.
Exemplo
De uma forma geral, a matriz A, de ordem m x n, é {a11, a22, a33, a44} é a diagonal principal da matriz A.
representada por:

80
MATEMÁTICA

3ª) Dada a matriz quadrada de ordem n, chamamos de Definição


diagonal secundária da matriz ao conjunto dos elementos Duas matrizes A e B são iguais se, e somente se, têm a
que possuem a soma dos dois índices igual a n + 1. mesma ordem e os elementos correspondentes são iguais.
Indica-se:
Exemplo A=B
{a14, a23, a32, a41} é a diagonal secundária da matriz A. Então:
A = (aij)n x n e B = (bij)p x q
5ª. Matriz Diagonal
É a matriz quadrada que apresenta todos os elementos, Observações: Dada uma matriz A = (aij)m x n , dizemos
não pertencentes à diagonal principal, iguais a zero. que uma matriz B = (bij)m x n é oposta de A quando bij = -aij
Exemplos para todo i, Ī ≤ i ≤ m, e todo j, Ī ≤ j ≤ n.
⎡ 2 0 0 ⎤ Indicamos que B = -A.
⎢ ⎥
1 )A = ⎢ 0 1 0 ⎥ Exemplo
⎢ ⎥
⎢⎣ 0 0 3 ⎥⎦ ⎡ 3 −1 ⎤ ⎡ −3 1 ⎤
A=⎢ ⎥ ⇒ B= ⎢ ⎥
⎢⎣ 2 4 ⎥⎦ ⎢⎣ −2 −4 ⎥⎦
6ª) Matriz Identidade
É a matriz diagonal que apresenta todos os elementos - Dizemos que uma matriz quadrada A = (aij)m x n é
da diagonal principal iguais a 1. simétrica quando aij = aji para todo i, Ī ≤ i ≤ m, e todo j, Ī ≤
Representamos a matriz identidade de ordem n por In. j ≤ n. Isto é, A = At.
Exemplos
⎡ 1 0 0 ⎤ - Dizemos que uma matriz quadrada A = (aij)m x n é anti-
⎡ 1 0 ⎤ ⎢ ⎥ simétrica quando aij = -aij para todo i, Ī ≤ i ≤ m, e todo j, Ī ≤
1 )I 2 = ⎢

⎥ 2 )I 3 = ⎢ 0 1 0 ⎥

j ≤ n. Isto é, A é anti-simétrica quando At = -A.
⎢⎣ 0 1 ⎥⎦ ⎢ ⎥
⎢⎣ 0 0 1 ⎥⎦
Adição e Subtração de Matrizes
Observação: Para uma matriz identidade In = (aij)n x n
Definição
7ª. Matriz Transposta Dadas duas matrizes A e B, de mesma ordem m x n,
Dada uma matriz A, chamamos de matriz transposta denominamos soma da matriz A com a matriz B à matriz
de A à matriz obtida de A trocando-se “ordenadamente”, C, de ordem m x n, cujos elementos são obtidos quando
suas linhas por colunas. Indicamos a matriz transposta de somamos os elementos correspondentes das matrizes A e
A por At. B. Indicamos:
Exemplo C=A+B
⎡ 1 2 ⎤
⎡ 1 0 3 ⎤ ⎢ ⎥
A=⎢ ⎥ ,então At =⎢ 0 1 ⎥ Assim:
⎢⎣ 2 1 4 ⎥⎦ ⎢ ⎥
⎢⎣ 3 4 ⎥⎦ ⎡ 1 3 4 ⎤ ⎡ 2 1 1 ⎤ ⎡ 3 4 5 ⎤
⎢ ⎥+⎢ ⎥=⎢ ⎥
Observação: Se uma matriz A é de ordem m x n, a ⎢⎣ 2 1 −2 ⎥⎦ ⎢⎣ 3 2 3 ⎥⎦ ⎢⎣ 5 3 1 ⎥⎦
matriz At, transposta de A, é de ordem n x m.
Propriedades da Adição
Igualdade de Matrizes
Sendo A, B e C matrizes m x n e O a matriz nula m s n,
Sendo A e B duas matriz de mesma ordem, dizemos valem as seguintes propriedades.
que um elemento de matriz A é correspondente a um - A + B = B + A (comutativa)
elemento de B quando eles ocupam a mesma posição nas - (A + B) + C = A + (B + C) (associativa)
respectivas matrizes. - A + O = O + A = A (elemento neutro)
Exemplo - A + (-A) = (-A) + A = O (elemento oposto)
Sendo A e B duas matrizes de ordem 2 x 2, - (A + B)t = At + Bt
⎡ a11 a12 ⎤ ⎡ b11 b12 ⎤
Definição
A=⎢ ⎥ e B= ⎢ ⎥
Consideremos duas matrizes A e B, ambas de mesma
⎢ a a ⎥ ⎢ b b ⎥
⎣ 21 22 ⎦ ⎣ 21 22 ⎦ ordem m x n. Chamamos de diferença entre A e B (indicamos
com A – B) a soma de A com a oposta de B.
São elementos correspondentes de A e B, os pares:
a11 e b11; a12 e b12; a21 e b21; a22 e b22. A – B = A + (B)

81
MATEMÁTICA

Exemplo Propriedades
Sendo: Sendo A uma matriz de ordem m x n, B e C matrizes
convenientes e, são válidas as seguintes propriedades.
⎡ 3 2 ⎤ ⎡ 4 5 ⎤ - ( A . B) . C = A . (B . C) (associativa)
A=⎢ ⎥ e B=⎢ ⎥ - C . (A + B) = C . A + C . B (distributiva pela esquerda)
⎢⎣ 1 −2 ⎥⎦ ⎢⎣ −2 1 ⎥⎦ , então - (A + B) . C = A . C + B (distributiva pela direita)
- A . In = Im . A = A (elemento neutro)
⎡ 3 2 ⎤ ⎡ 4 5 ⎤
A− B= ⎢ ⎥−⎢ ⎥ - (α . A) . B = A . (α . B ) = . (A . B)
⎢⎣ 1 −2 ⎥⎦ ⎢⎣ −2 1 ⎥⎦ - A . On x p = Om x p e Op x m . A = Op x n
- (A . B)t = Bt . At
⎡ 3 2 ⎤ ⎡ −4 −5 ⎤
A− B= ⎢ ⎥+⎢ ⎥
⎢⎣ 1 −2 ⎥⎦ ⎢⎣ 2 −1 ⎥⎦ Observação: Para a multiplicação de matrizes não vale
a propriedade comutativa (A . B ≠ B . A). Esta propriedade
só é verdadeira em situações especiais, quando dizemos
A-B= que as matrizes são comutáveis.
⎡ −1 −3 ⎤
A− B= ⎢ ⎥ Devemos levar em consideração os fatos seguintes:
⎢⎣ 3 −3 ⎥⎦ 1º) (A + B) ≠ A2 + 2AB + B2, pois (A + B)2 = (A + B)(A+B)
+ A + AB + BA + B2
2

2º) (A . B)t ≠ At . Bt, pois, pela 7ª propriedade, devemos


Observação: Na prática, para obtermos a subtração de ter (A . B)t = Bt . At
matrizes de mesma ordem, basta subtrairmos os elementos Matriz Inversa
correspondentes.
No conjunto dos números reais, para todo a ≠ 0, existe
Multiplicação de Matrizes por um Número Real um número b, denominado inverso de a, satisfazendo a
condição:
Definição a.b=b.a=1
Consideremos uma matriz A, de ordem m x n, e um 1
número real. O produto de por A é uma matriz B, de ordem Normalmente indicamos o inverso de a por a ou a-1.
m x n, obtida quando multiplicamos cada elemento de A por. Analogamente para as matrizes temos o seguinte:
Indicamos:
Definição
B= α . A
Uma matriz A, quadrada de ordem n, diz-se inversível
se, e somente se, existir uma matriz B, quadrada de ordem
Exemplo n, tal que:
Sendo: A.B=B.A=In
A matriz B é denominada inversa de A e indicada por A-1.
⎡ 1 3 ⎤
A=⎢ ⎥ Exemplos
⎢⎣ 2 5 ⎥⎦ , temos 4 − 3
- Verifique que a matriz B=   é a inversa da matriz
⎡ 2.1 2.3 ⎤ ⎡ 2 6 ⎤ A= 1 3 − 1 1 
1 4 
2 . A =⎢ ⎥=⎢ ⎥  
⎢⎣ 2.2 2.5 ⎥⎦ ⎢⎣ 4 10 ⎥⎦
Matrizes – Produtos Resolução
1 3 4 − 3 1 0
Multiplicação de Matrizes A.B=   .   =
1 4  − 1 1  0 1
O produto (linha por coluna) de uma matriz A = (aij)
m x p
por uma matriz B = (bij)p x n é uma matriz C = (cij)m x
, de modo que cada elemento cij é obtido multiplicando- B.A= 4 − 3 . 1 3 = 1 0
n
se ordenadamente os elementos da linha i de A pelos − 1 1  1 4  0 1
     
elementos da coluna j de B, e somando-se os produtos
assim obtidos. Indicamos: Como A.B=B.A=12, a matriz B é a inversa de A, isto é,
B=A-1.
B= α . A
Observação: É bom observarmos que, de acordo com a
Da definição, decorre que: definição, a matriz A também é a inversa de B, isto é, A=B-1,
- Só existe o produto de uma matriz A por uma matriz ou seja, A=(A-1)-1.
B se o número de colunas de A é igual ao número de 3 1
linhas de B. - Encontre a matriz inversa da matriz A=   , se existir.
- A matriz C, produto de Am x p por BP x n, é do tipo m x n. 2 1

82
MATEMÁTICA

Resolução Determinantes
a b 
Supondo que B=   é a matriz inversa de A, temos: Chamamos de determinante a teoria desenvolvida por
c d  matemáticos dos séculos XVII e XVIII, como Leibniz e Seki
3 1 a b  1 0 Shinsuke Kowa, que procuravam uma fórmula para determi-
A.B=  . = nar as soluções de um “Sistema linear”, assunto que estuda-
2 1 c d  0 1
remos a seguir.
3a + c 3b + d  1 0 Esta teoria consiste em associar a cada matriz quadrada A,
2a + c 2b + d  = 0 1 um único número real que denominamos determinante de
    A e que indicamos por det A ou colocamos os elementos da
matriz A entre duas barras verticais, como no exemplo abaixo:
Assim:
1 2  12
3a + c = 1 e 3b + d = 0 A=   → det A=
   4 5 45
2a + c = 0 2b + d = 1
Definições
Resolvendo os sistemas, encontramos:
A=1,b=-1,c=-2 e d=3 Determinante de uma Matriz de Ordem 1
1 −1 Seja a matriz quadrada de ordem 1: A=[a11]
Assim, B=   Chamamos determinante dessa matriz o número:
− 2 3
det A=[ a11]= a11
Por outro lado:
 1 − 1  3 1 1 0 Exemplos
B.A=  . =  1º) A=[-2] → det A= -2
− 2 3 2 1 0 1
2º) B=[5] → det B=5
Portanto, a matriz A é inversível e sua inversa é a matriz:
3º) C=[0] → det C=0
1 −1
B=A-1= − 2 3
  Determinante de uma Matriz de ordem 2
Observação: Quando uma matriz é inversível, dizemos
Seja a matriz quadrada de ordem 2:
que ela é uma matriz não-singular; caso a matriz não seja
inversível, dizemos que ela é uma matriz singular. ⎡ a11 a12 ⎤
A=⎢ ⎥
Propriedades ⎢ a a ⎥
Sendo A e B matrizes quadradas de ordem n e ⎣ 21 22 ⎦
inversíveis, temos as seguintes propriedades:
- (A-1)-1=A Chamamos de determinante dessa matriz o número:
- (A-1)t= At)-1 ⎡ a11 a12 ⎤
- (A.B)-1=B-1..A-1 det A = ⎢ ⎥=a . a −a . a
- Dada A, se existir A-1, então A-1 é única. ⎢ a a ⎥ 11 22 21 12

⎣ 21 22 ⎦
Exemplo
Sendo A, B e X matrizes inversíveis de ordem n, isolar Para facilitar a memorização desse número, podemos
X em (X.A)-1‑=B. dizer que o determinante é a diferença entre o produto dos
elementos da diagonal principal e o produto dos elemen-
Resolução tos da diagonal secundária. Esquematicamente:
(X.A)-1=B­⇒ A-1.X-1=B ⎡ a11 a12 ⎤
det A = ⎢ ⎥=a . a −a . a
Multiplicando os dois membros à esquerda por A, ⎢ a a ⎥ 11 22 21 12

encontramos: ⎣ 21 22 ⎦
A.A-1.X-1=A.B
Como A.A-1=In, então: Exemplos
In.X-1=A.B 1 2
Como In é elemento neutro na multiplicação de - A=  
matrizes, temos: 5 3
X-1=A.B det A=1.3-5.2=-7
Elevando os dois membros da igualdade, ao expoente
-1, temos: 2 − 1
(X-1)-1=(A.B)-1 - B=  
Assim, X=(A.B)-1, ou então X=B-1.A-1 2 3 
O sistema obtido está escalonado e é do 2º det B=2.3-2.(-1)=8

83
MATEMÁTICA

Determinante de uma Matriz de Ordem 3 Propriedade 2: Se B é a matriz que se obtém de uma


matriz quadrada A, quando trocamos entre si a posição de
Seja a matriz quadrada de ordem 3: duas filas paralelas, então:
⎡ a11 a12 a13 ⎤ detB = -detA
⎢ ⎥
A = ⎢ a21 a22 a23 ⎥ Exemplo
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢⎣ a31 a32 a33 ⎥⎦ a b  c d 
A=   e B=  
c d  a b 
Chamamos determinante dessa matriz o numero:
B foi obtida trocando-se a 1º pela 2º linha de A.
detA=ad-bc
detB=BC-ad=-(ad-bc)=-detA
Assim,
detB=-detA

Consequência da Propriedade 2: Uma matriz A que


detA= a11 a22 a33+ a12 a23 a31+a32 a21 a13-a31 a22 a13+ possui duas filas paralelas “iguais”tem determinante igual a
-a12 a21 a33-a32 a23 a11 zero.
Justificativa: A matriz que obtemos de A, quando
Para memorizarmos a definição de determinante de ordem trocamos entre si as duas filas (linha ou coluna “iguais”, é
3, usamos a regra prática denominada Regra de Sarrus: igual a A. Assim, de acordo com a propriedade 2, escrevemos
que detA = -detA
Assim: detA = 0
1º) Repetimos a 1º e a 2º colunas às direita da matriz.
a11 a12 a13 a11 a12
Propriedade 3: Sendo B uma matriz que obtemos de
a21 a22 a23 a21 a22
uma matriz quadrada A, quando multiplicamos uma de sua
a31 a32 a33 a31 a32
filas (linha ou coluna) por uma constante k, então detB =
k.detA
2º) Multiplicando os termos entre si, seguindo os traços em
diagonal e associando o sinal indicado dos produtos, temos:
Consequência da Propriedade 3: Ao calcularmos um
determinante, podemos “colocar em evidência”um “fator
comum” de uma fila (linha ou coluna).

Exemplo
ka kb ⎡ a b ⎤
detA= a11 a22 a33+ a12 a23 a31+a13 a21 a32-a13 a22 a31+ = k. ⎢ ⎥
-a11 a23 a32-a12 a21 a33
c d ⎢⎣ c d ⎥⎦
- Sendo A uma matriz quadrada de ordem n, a matriz k. A
Observação: A regra de Sarrus também pode ser utilizada é obtida multiplicando todos os elementos de A por k, então:
repetindo a 1º e 2º linhas, ao invés de repetirmos a 1º e 2º
colunas. det(k.A)=kn.detA

Determinantes – Propriedades - I Exemplo


Apresentamos, a seguir, algumas propriedades que visam ⎡ a b c ⎤ ⎡ ka kb kc ⎤
a simplificar o cálculo dos determinantes: ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
A = ⎢ d e f ⎥ ⇒ k.A = ⎢ kd ke kf ⎥
Propriedade 1: O determinante de uma matriz A é igual ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
ao de sua transposta At. ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢⎣ g h i ⎥⎦ ⎢⎣ kg kh ki ⎥⎦
Exemplo ⎡ ka kb kc ⎤ ⎡ a b c ⎤
a b  a c  ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
A=   ⇒ At=   det(k.A) = ⎢ kd ke kf ⎥ = k.k.k ⎢ d e f ⎥
c d  b d  ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
det A = ad − bc  ⎢⎣ kg kh ki ⎥⎦ ⎢⎣ g h i ⎥⎦
 ⇒ det A = det A
t

det At = ad − bc  Assim:
det(k.A)=k3.detA

84
MATEMÁTICA

Propriedade 4: Se A, B e C são matrizes quadradas de Em seguida, vamos multiplicar a 1ª coluna por 2, somar
mesma ordem, tais que os elementos correspondentes de com a 3ª coluna e calcular:
A, B e C são iguais entre si, exceto os de uma fila, em que
os elementos de C são iguais às somas dos seus elementos
correspondentes de A e B, então.
detC = detA + detB
D1=48+0+0-100-0-0=-52
Exemplos:
Observe que D1=D, de acordo com a propriedade.
a b x a b r a b x + r
Consequência
c d y + c d s = c d y + s Quando uma fila de um determinante é igual à soma
de múltiplos de filas paralelas (combinação linear de filas
e f z e f z e f z + t paralelas), o determinante é igual a zero.

Exemplo
Propriedades dos Determinantes
1 2 8
Propriedades 5 (Teorema de Jacobi) SejaD = 3 2 12
O determinante não se altera, quando adicionamos
uma fila qualquer com outra fila paralela multiplicada por 4 −1 05
um número.
Observe que cada elemento de 3ª coluna é igual à
abc 1ª coluna multiplicada por 2 somada com a 2ª coluna
Exemplo multiplicada por 3.
Considere o determinante detA= d e f 8 = 2(1) + 3(2) = 2 + 6
g hi 12 = 2(3) + 3(2) = 6 + 6
5 = 2(4) + 3(-1) = 8 - 3
Somando a 3ª coluna com a 1ª multiplicada por m, Portanto, pela consequência da propriedade 5, D = 0
teremos: Use a regra de Sarrus e verifique.

a b c + ma a b c a b ma Propriedade 6 (Teorema de Binet)


Sendo A e B matrizes quadradas de mesma ordem, então:
d e f + md (P4) d e f + d e md det(A.B) = detA . detB

g h i + mg g h i g h mg Exemplo
1 2 
A=   ⇒ detA=3
a b c + ma a b a  0 3
 4 3
d e f + md = det A + m d e d B=   ⇒ detB=-2
2 1
g h i + mg g h g
8 5 
A.B=   ⇒ det(A.B)=-6
 6 3
Igual a zero Logo, det(AB)=detA. detB
a b c + ma Consequências: Sendo A uma matriz quadrada e n ∈ N*,
temos:
d e f + md = det A det(An) = (detA)n
Sendo A uma matriz inversível, temos:
g h i + mg
1
detA-1=
det A
Exemplo Justificativa: Seja A matriz inversível.
A-1.A=I
Vamos calcular o determinante D abaixo. det(A-1.A)=det I
detA-1.detA=det I
1
detA-1=
det A
D=8+0+0-60-0-0=-52
Uma vez que det I=1, onde i é a matriz identidade.

85
MATEMÁTICA

Determinantes – Teorema de Laplace


3 2
A21=(-1)2+1. =1
Menor complementar e Co-fator 2 1
Dada uma matriz quadrada A=(aij­)nxn (n ≥ 2), chamamos 1 2
menor complementar do elemento aij e indicamos por Mij o A22=(-1)2+2.
4 1 =-7
determinante da matriz quadrada de ordem n-1, que se obtém
suprimindo a linha i e a coluna j da matriz A.
Exemplo 1 3
1 2 3  A23=(-1)2+3. =10
4 2
4 1 0 
Sendo A=   , temos: 3 2
2 1 2 A31=(-1)3+1. =-3
0 −1
1 0
M11= =2
1 2 1 2
A32=(-1)3+2. =3
1 −1
M12= 4 0 =8
2 2 1 3
A33=(-1)3+3. =-3
M13= 4 1 =2 1 0
2 1 Assim:
⎡ 2 −5 2 ⎤ ⎡ 2 1 −3 ⎤
Chamamos co-fatorn do elemento aij e indicamos com Aij ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
o número (-1)i+j.Mij, em que Mij é o menor complementar de aij. cofA = ⎢ 1 −7 10 ⎥ e adjA = ⎢ −5 −7 3 ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
Exemplo ⎢⎣ −3 3 −3 ⎥⎦ ⎢⎣ 2 10 −3 ⎥⎦
 3 −1 4
Sendo A  2 1 3  , temos: Determinante de uma Matriz de Ordem n
− 1 3 0
1 3 Definição.
A11=(-1)1+1.M11=(-1)2. =-9 Vimos até aqui a definição de determinante para
3 0 matrizes quadradas de ordem 1, 2 e 3.
2 3 Seja A uma matriz quadrada de ordem n.
A12=(-1)1+2.M12=(-1)3. − 1 0 =-3
Então:
3 −1 - Para n = 1
A33=(-1)3+3.M33=(-1)6. =5 A=[a11] ⇒ det A=a­11
2 1
- Para n ≥ 2:
Dada uma matriz A=(aij)nxm, com n ≥ 2, chamamos matriz
co-fatora de A a matriz cujos elementos são os co-fatores
dos elementos de A; indicamos a matriz co-fatora por cof A. a11 a12 .... a1n 
A transposta da matriz co-fatora de A é chamada de matriz a 
 21 a2 ... a2 n
n
 ⇒ det A = a . A
adjunta de A, que indicamos por adj. A. A= .......................  ∑
j =1
1j 1j

 
Exemplo an1 an 2 ... an 
 1 3 2
Sendo A=  1 0 − 1 , temos: ou seja:
  detA = a11.A11+a12.A12+…+a1n.A1n
 4 2 1 
0 −1 Então, o determinante de uma matriz quadrada de
A11=(-1)1+1. =2 ordem n, n ≥ 2 é a soma dos produtos dos elementos da
2 1
primeira linha da matriz pelos respectivos co-fatores.
1 −1
A12=(-1)1+2. 4 1 =-5 Exemplos
⎡ a11 a12 ⎤
1º) Sendo A = ⎢ ⎥ , temos:
1 0 ⎢ a a ⎥
A13=(-1)1+3. =2 ⎣ 21 22 ⎦
4 2

86
MATEMÁTICA

detA=a11.A11+a12.A12, onde: Observações Importantes: No cálculo do determinante


A11=(-1)1+1.|a22|=a22 de uma matriz de ordem n, recaímos em determinantes de
A12=(-1)1+2.|a21|=a21 matrizes de ordem n-1, e no cálculo destes, recaímos em
determinantes de ordem n-2, e assim sucessivamente, até
Assim: recairmos em determinantes de matrizes de ordem 3, que
detA=a11.a22+a12.(-a21) calculamos com a regra de Sarrus, por exemplo.
detA=a11.a22-a21.a12
- O cálculo de um determinante fica mais simples, quando
Nota: Observamos que esse valor coincide com a escolhemos uma fila com a maior quantidade de zeros.
definição vista anteriormente.
- A aplicação sucessiva e conveniente do teorema
de Jacobi pode facilitar o cálculo do determinante pelo
teorema de Laplace.
Exemplo  1 2 3 1
⎡ 3 0 ⎤ 0 0  0 −1 2 1 
⎢ ⎥ Calcule det A sendo A= 
⎢ −2 3 2
1 2 3 2 ⎥ 
1

− Sendo A = ⎢ ⎥ ,temos :  3 4 6 3
⎢ 23 5 4 3 ⎥
⎢ ⎥
⎢⎣ −9 3 0 2 ⎥⎦ A 1ª coluna ou 2ª linha tem a maior quantidade de
zeros. Nos dois casos, se aplicarmos o teorema de Laplace,
calcularemos ainda três co-fatores.
det A = 3.A11 + 0.A12 + 0.A13 + 0.A14
  Para facilitar, vamos “fazer aparecer zero”em A31=-2 e
zero
A41=3 multiplicando a 1ª linha por 2 e somando com a 3ª e
 2 3 2 multiplicando a 1ª linha por -3 e somando com a 4ª linha;
A11=(-1)1+1. 1 4 3 =-11 fazendo isso, teremos:
 
3 0 2 
 1 2 3 1
Assim:  0 − 1 2 1 
A= 
detA=3.(-11) ⇒ det A = -33  0 7 7 4
 
 0 − 2 − 3 0
Nota: Observamos que quanto mais “zeros”
aparecerem na primeira linha, mais o cálculo é facilitado. Agora, aplicamos o teorema de Laplace na 1ª coluna:

Teorema de Laplace  −1 2 1   −1 2 1
 4  =  7
Seja A uma matriz quadrada de ordem n, n ⇒ 2, seu detA=1.(-1)1+1.  7 7
 7 4 
determinante é a soma dos produtos dos elementos de  − 2 − 3 0  − 2 − 3 0
uma fila (linha ou coluna) qualquer pelos respectivos co-
fatores. Aplicamos a regra de Sarrus,

Exemplo
5 0 1 2
3 2 1 0 
Sendo A= 
4 1 0 0
 
3 − 2 2 0
Devemos escolher a 4ª coluna para a aplicação do det A=(0-16-21)-(-14+12+0)
teorema de Laplace, pois, neste caso, teremos que calcular detA=0-16-21+14-12-0=-49+14
apenas um co-fator. detA=-35

Assim: Uma aplicação do Teorema de Laplace


detA=2.A14+0.A24+0.A34+0.A44
Sendo A uma matriz triangular, o seu determinante é
3 2 1 o produto dos elementos da diagonal principal; podemos
A14=(-1)1+4   =+21 verificar isso desenvolvendo o determinante de A através
4 1 0  da 1ª coluna, se ela for triangular superior, e através da 1ª
3 − 2 2  linha, se ela for triangular superior, e através da 1ª linha, se
detA=2.21=42 ela for triangular inferior.

87
MATEMÁTICA

Assim: Propriedade
1ª) A é triangular superior Um determinante de Vandermonde é igual ao produto
de todas as diferenças que se obtêm subtraindo-se de
a11 a12 a13 .... a1n  cada um dos elementos característicos os elementos
0 precedentes, independente da ordem do determinante.
 a22 a23 ... a2 n 
A= 0 0 a33 ... a3n  Exemplo
 
 ... ... ... ... ... 
 0 Calcule o determinante:
 0 0 ... ann 
1 2 4
detA=a11.a22.a33. ... .ann
2ª) A é triangular inferior det A = 1 4 16

a11 a12 a13 .... a1n  1 7 49


 
a a22 0 ... a2 n 
A=  21 Sabemos que detA=detAt, então:
a31 a32 a33 ... a3n 
 
 ... ... ... ... ...  1 1 1
a 
 n1 an 2 an 3 ... ann  det A = 2 4
t
7

detA=a11.a22.a33. ... .ann 1 16 49

1 0 0  0 Que é um determinante de Vandermonde de ordem


 0 1 0 
 0  3, então:
detA=(4-2).(7-2).(7-4)=2.5.3=30
In=  0 0 1  0
 
     Exercícios
 0 0 0  1
1. Escreva a matriz A = (aij)2 x 3 tal que aij = 2i + j.
det/n=1

Determinante de Vandermonde e Regra de Chió 2. Obtenha o valor de x e y sabendo que a matriz A


= é nula.
Uma determinante de ordem n ≥ 2 é chamada
determinante de Vandermonde ou determinante das 3. Calcule a soma dos elementos da diagonal
potências se, e somente se, na 1ª linha (coluna) os principal com os elementos da diagonal secundária da
elementos forem todos iguais a 1; na 2ª, números matriz .
quaisquer; na 3ª, os seus quadrados; na 4ª, os seus cubos e
assim sucessivamente.

Exemplos
4. Calcule o valor a e b, sabendo que =
1º) Determinante de Vandermonde de ordem 3
1 1 1
a b c
a 2 b2 c2 5. Sabendo que a matriz A = é
matriz diagonal, calcule x, y e z.
2º) Determinante de Vandermonde de ordem 4
1 1 1 1
6. Sabendo que I2 = calcule x e y.
a b c d
a2 b2 c2 d 2 7. Escreva a matriz oposta de A = (aij) 2x 2 sabendo que
aij = i + j.
a 3 b3 c3 d 3 8. Escreva a matriz transposta A = (aij)3 x 3 dada por
aij = i – 2j.
Os elementos da 2ª linha são denominados elementos
característicos.

88
MATEMÁTICA

9. Dada a matriz A = calcule o valor de a


⎡ 2 3 ⎤ ⎡ −2 −3 ⎤
para que A seja simétrica.
Logo, A = ⎢ ⎥e − A = ⎢ ⎥
⎢⎣ 3 4 ⎥⎦ ⎢⎣ −3 −4 ⎥⎦
10. Calcule A + B sabendo que A = e

B=
8) Solução:
Respostas ⎡ a11 a12 a13 ⎤
⎢ ⎥
1) Solução: Sendo a matriz A do tipo 2 x 3, temos: A = ⎢ a 21 a22 a23 ⎥
⎢ ⎥
⎡ a11 a12 a13 ⎤ ⎢ ⎥
A=⎢ ⎥ ⎢⎣ a31 a32 a33 ⎥⎦
⎢ a a a23 ⎥
⎣ 21 22 ⎦ a11 = 1 – 2 . 1 = -1
a12 = 1 – 2 . 2 = -3
a11 = 2 . 1 + 1 = 3 a13 = 1 – 2 . 3 = -5
a12 = 2 . 1 + 2 = 4 a21 = 2 – 2 . 1 = 0
a13 = 2 . 1 + 3 = 5 a22 = 2 – 2 . 2 = -2
a21 = 2 . 2 + 1 = 5 a23 = 2 – 2 . 3 = -4
a22 = 2 . 2 + 2 = 6 a31 = 3 – 2 . 1 = 1
a23 = 2 . 2 + 3 = 7 a32 = 3 – 2 . 2 = -1
a33 = 3 – 2 . 3 = -3
Portanto, A = ⎡ −1 −3 −5 ⎤ ⎡ −1 0 1 ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
2) Solução: Como a matriz A é nula, então todos os Portanto, A = ⎢ 0 −2 −4 ⎥ e At = ⎢ −3 −2 −1 ⎥
seus elementos são nulos. Logo: . ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢⎣ 1 −1 −3 ⎥⎦ ⎢⎣ −5 −4 −3 ⎥⎦
x + 1 = 0 → x = -1
y – 2 = 0 → y = -2

3) Solução: Os elementos da diagonal principal são 1, 5 9) Solução: A matriz A será simétrica se At = A.


e 9; logo, 1 + 5 + 9 = 15.
Os elementos da diagonal secundária são 3, 5 e 7; logo,
3 + 5 + 7 = 15. At = .
Portanto, a soma procurada é 15 + 15, ou seja, 30.

4) Solução: Como as matrizes são iguais, devemos ter: Então devemos ter → a² = 4
a+4=5→a=1
b² = 4 → b = 2 ou b = -2 Portanto, a = 2 ou a = -2.

5) Solução: Como a matriz A é matriz diagonal,


devemos ter: 10) Solução:
x + 2 = 0 → x = -2
⎡ 1 0 3 ⎤ ⎡ −1 1 2 ⎤
y–1=0→y=1
A+ B= ⎢ ⎥+⎢ ⎥
z – 4 = 0 → z = 4. ⎢⎣ −2 4 2 ⎥⎦ ⎢⎣ 3 −2 5 ⎥⎦
Portanto, x = -2, y = 1 e z = 4.
⎡ 1+ ( −1) 0 + 1 3 + 2 ⎤ ⎡ 0 1 5 ⎤
6) Solução: =⎢ ⎥=⎢ ⎥
⎢ ⎥ ⎢ 1 2 7 ⎥
⎢⎣ −2 + 3 4 + (−2) 2 + 5 ⎥⎦ ⎣ ⎦
Como I2 = , devemos ter x – y = 1 e x + y = 0.
Resolvendo o sistema encontramos x =

7) Solução:

⎡ a11 a12 ⎤
A=⎢ ⎥
⎢ a a ⎥
⎣ 21 22 ⎦ → a11 = 1 + 1 = 2, a12 = 1 + 2 = 3, a21
= 2 + 1 = 3, a22 = 2 + 2 = 4.

89
MATEMÁTICA

Sistema Linear Observação: Em uma equação linear com 2 incógnitas,


o conjunto solução pode ser representado graficamente
O estudo dos sistemas de equações lineares é de pelos pontos de uma reta do plano cartesiano.
fundamental importância em Matemática e nas ciências em Assim, por exemplo, na equação
geral. Você provavelmente já resolveu sistemas do primeiro 2x + y = 2
grau, mais precisamente aqueles com duas equações e
duas incógnitas. Algumas soluções são (1, 0), (2, -2), (3, -4), (4, -6), (0, 2),
Vamos ampliar esse conhecimento desenvolvendo (-1,4), etc.
métodos que permitam resolver, quando possível, sistemas Representando todos os pares ordenados que são
de equações do primeiro grau com qualquer número de soluções da equação dada, temos:
equações e incógnitas. Esses métodos nos permitirão não
só resolver sistemas, mas também classificá-los quanto ao
número de soluções.

Equações Lineares
Equação linear é toda equação do tipo a1x1 + a2x2 +
a3x3+...anxn = b, onde a1, a2, a3,.., an e b são números reais e
x1, x2, x3,.., xn são as incógnitas.
Os números reais a1, a2, a3,.., an são chamados de
coeficientes e b é o termo independente.

Exemplos
- São equações lineares:
x1 - 5x2 + 3x3 = 3 Equação Linear Homogênea
2x – y + 2z = 1 Uma equação linear é chamada homogênea quando o
seu termo independente for nulo.
0x + 0y + 0z = 2
0x + 0y + 0z = 0
Exemplo
- Não são equações lineares:
2x1 + 3x2 - 4x3 + 5x4 - x5 = 0
x3-2y+z = 3
(x3 é o impedimento)
Observação: Toda equação homogênea admite como
2x1 – 3x1x2 + x3 = -1
solução o conjunto ordenado de “zeros” que chamamos
(-3x1x2 é o impedimento)
solução nula ou solução trivial.
2x1 – 3 3 + x3 = 0 Exemplo
x2
(0, 0, 0) é solução de 3x + y - z – 0
( 3 é o impedimento)
x2
Equações Lineares Especiais
Observação: Uma equação é linear quando os Dada a equação:
expoentes das incógnitas forem iguais a l e em cada termo a1x1 + a2x2 +a3x3+...anxn = b, temos:
da equação existir uma única incógnita.
- Se a1 = a2 = a3 =...= na = b = 0, ficamos com:
Solução de ama Equação Linear 0x1 + 0x2 +0x3 +...+0xn, e, neste caso, qualquer
Uma solução de uma equação linear a1xl +a2x2 +a3x3+... seqüências (α1, α2, α3,..., αn) será solução da equação dada.
anxn = b, é um conjunto ordenado de números reais α1, α2, - Se a1 = a2 = a3 =... = an = 0 e b ≠ 0, ficamos com:
α3,..., αn para o qual a sentença a1{α1) + a2{αa2) + a3(α3) +... 0x1 +0x2 + 0x3 +...+0xn= b ≠0, e, neste caso, não existe
+ an(αn) = b é verdadeira. seqüências de reais (α1, α2, α3,...,αn) que seja solução da
equação dada.
Exemplos
- A terna (2, 3, 1) é solução da equação: Sistema Linear 2 x 2
x1 – 2x2 + 3x3 = -1 pois: Chamamos de sistema linear 2 x 2 o conjunto de
(2) – 2.((3) + 3.(1) = -1 equações lineares a duas incógnitas, consideradas
- A quadra (5, 2, 7, 4) é solução da equação: simultaneamente.
0x1 - 0x2 + 0x3 + 0x4 = 0 pois: Todo sistema linear 2 x 2 admite a forma geral abaixo:
0.(5) + 0.(2) + 0.(7) + 0.(4) = 0
a1 x + b1 y = c1

Conjunto Solução a2 + b2 y = c2
Chamamos de conjunto solução de uma equação linear
o conjunto formado por todas as suas soluções. Um par (α1, α2) é solução do sistema linear 2 x 2 se, e
somente se, for solução das duas equações do sistema.

90
MATEMÁTICA

Exemplo Resolvendo o sistema pelo método da substituição temos:


8 − 2x
(3, 4) é solução do sistema Da equação (I), obtemos y = , que substituímos
⎧ x − y = −1 na equação (II). 3

⎩2x + y = 10  8 − 2x 
-4x-6.   =-16 →-4x-2(8-2x)=-16
3/ 

pois é solução de suas 2 equações: -4x-16+4x=-16→-16=-16


(3)-(4) = -l e 2.(3) + (4) = 10 - 16= -16 é uma igualdade verdadeira e existem
infinitos pares ordenados que são soluções do sistema.
Resolução de um Sistema 2 x 2 5   8
Resolver um sistema linear 2 x 2 significa obter o Entre outros, (1, 2), (4, 0),  ,1 e  0,  são soluções
2   3
conjunto solução do sistema. do sistema.
Os dois métodos mais utilizados para a resolução de Sendo a, um número real qualquer, dizemos que
um sistema linear 2x2 são o método da substituição e o ⎛ 8 − 2α ⎞
método da adição. ⎜⎝ α , ⎟ é solução do sistema.
3 ⎠
Para exemplificar, vamos resolver o sistema 2 x 2 abaixo
usando os dois métodos citados. (Obtemos 8 − 2α substituindo x =α na equação (I)).
2x + 3y = 8 3

x - y = - 1
Sistema Linear 2 x 2 com nenhuma solução

1. Método da Substituição: Quando duas equações lineares têm os mesmos


coeficientes, porém os termos independentes são
2x + 3y = 8 (I) diferentes, dizemos que não existe solução comum para as

x - y = - 1 (II) duas equações, pois substituindo uma na outra, obtemos
uma igualdade sempre falsa.
Da equação (II), obtemos x = y -1, que substituímos na
Exemplo
equação (I)
2x+3y=6(I) e 2x+3y=5(II)
2(y- 1) +3y = 8  5y = 10  y = 2
Substituindo 2x+3y da equação (I) na equação (II)
Fazendo y = 2 na equação (I), por exemplo, obtemos:
obtemos:
Assim: S = {(1,2)}
6=5 que é uma igualdade falsa. Se num sistema
2x2 existir um número real que, multiplicado por uma
2. Método da Adição: das equações, resulta uma equação com os mesmos
2x + 3y = 8 (I) coeficientes da outra equação do sistema, porém com
 termos independentes diferentes, dizemos que não existe
x - y = - 1 (II)
par ordenado que seja solução do sistema.
Multiplicamos a equação II por 3 e a adicionamos, Exemplo
membro a membro, com a equação I.
 2x + 3y = 8  x + 2 y = 5( I )
 3 x − 3 y = −3 
 2 x + 4 y = 7( II )

5x = 5 ⇒ x = 5 = 1
 5 Multiplicando-se equação (I) por 2 obtemos:
2x+4y=10
Fazendo x = 1 na equação (I), por exemplo, obtemos:
Assim: S = {(1,2)} Que tem os mesmo coeficientes da equação (II), porém
os termos independentes são diferentes.
Sistema Linear 2 x 2 com infinitas soluções Se tentarmos resolver o sistema dado pelo método de
Quando uma equação de um sistema linear 2 x 2 substituição, obtemos uma igualdade que é sempre falsa,
puder ser obtida multiplicando-se a outra por um número independente das incógnitas.
real, ao tentarmos resolver esse sistema, chegamos numa  x + 2 y = 5( I )
igualdade que é sempre verdadeira, independente das 
2 x + 4 y = 7( II )
incógnitas. Nesse caso, existem infinitos pares ordenados 5− x 

que são soluções do sistema. Da equação (I), obtemos ,  y = 2  que substituímos
 
na equação (II)
Exemplo
5 − x
⎧2x + 3y = 8(I ) 2x- 4.   =7→2x+2(5-x)=7
 2/ 

⎩−4x − 6y = −16(II ) 2x+10-2x=7→10=7
Note que multiplicando-se a equação (I) por (-2) 10=7 é uma igualdade falsa e não existe par ordenado
obtemos a equação (II). que seja solução do sistema.

91
MATEMÁTICA

Classificação Matriz Incompleta


De acordo com o número de soluções, um sistema Chamamos de matriz incompleta do sistema linear a
linear 2x2 pode ser classificado em: matriz formada pelos coeficientes das incógnitas.
- Sistema Impossíveis ou Incompatíveis: são os sistemas
que não possuem solução alguma. a a12 a13  a1n 
- Sistemas Possíveis ou compatíveis: são os sistemas  11 
que apresentam pelo menos uma solução.  
- Sistemas Possíveis Determinados: se possuem uma a21 a22 a23  a2 n 
 
única solução. A = a31 a32 a33  a3n 
- Sistemas Possíveis Indeterminados: se possuem  
infinitas soluções. ..................................... 
 
Sistema Linear m x n am1 am 2 am 3  amn 
Chamamos de sistema linear M x n ao conjunto de m  
equações a n incógnitas, consideradas simultaneamente, Exemplo
que podem ser escrito na forma: No sistema:

a11 x1 + a12 x2 + a13 x3 + ... + a1n xn = b1 x − y + 2z = 1
a x + a x + a x + ... + a x = b 
 21 1 22 2 23 3 2n n 2 x + z=0

a31 x1 + a32 x2 + a33 x3 + ... + a3n xn = b3 − x + y = 5
......................................................... 

am1 x1 + am 2 x2 + am 3 x3 + ... + amn xn = bm A matriz incompleta é:
 
Onde:  1 −1 2 
X1, x2, x3,…,xn são as incógnitas;  
aij, com 1 ≤ i ≤ m e 1 ≤ n, são os coeficientes das A= 1 0 1
 
incógnitas; bi, com 1 ≤ i ≤ m, são os termos independentes.  
 − 1 1 0
Exemplos  
1.
 x − 2 y + 3z = 5
 Forma Matricial
x + y − z + 2 Consideremos o sistema linear M x n:
(sistema 2 x 3)
a11 x1 + a12 x2 + a13 x3 +  + a1n xn = b1
2. 
a21 x1 + a22 x2 + a23 x3 +  + a2 n xn = b2
 x1 + 3 x2 − 2 x3 + x4 = 0 
 a31 x1 + a32 x2 + a33 x3 +  + a3n xn = b3
 x1 + 2 x2 − 3 x3 + x4 = 2 ........................................................
x − x + x + x = 5 
 1 2 3 4
am1 x1 + am 2 x2 + am 3 x3 +  + amn xn = bm
(sistema 3 x 4) 

3. Sendo A a Matriz incompleta do sistema chamamos,


x + 2 y = 1 respectivamente, as matrizes

x − y = 4  x1   
2 x − 3 y = 0   b1 

 x2  b2 
 
(sistema 3 x 2) X =  x3  e B = b3 
   
   
   
 xn  bm 
de matriz incógnita e matriz termos independentes.
E dizemos que a forma matricial do sistema é A.X=B,
ou seja:

92
MATEMÁTICA

Resolução
a11 a12 a13  a1n      Isolando a incógnita x na equação (I) e substituindo nas
   x1  b1  equações (II) e (III), temos:
a a a  a   x2  b2 
 21 22 23 2n     
   x3  b3  x + 2y – z = -1 → x = -2y + z - 1
a31 a32 a33  a3n     
      Na equação (II)
...................................     
   xn  bm  2(-2y + z - 1) – y + z = 5 →5y + 3z = 7 (IV)
am1 am 2 am 3  amn 
  Na equação (III)
(-2y + z - 1) + 3y - 2z = -4 → y – z = -3 (V)
Sistemas Lineares – Escalonamento (I)
Resolução de um Sistema por Substituição Tomando agora o sistema formado pelas equações (IV) e
Resolvemos um sistema linear m x n por substituição, (V):
do mesmo modo que fazemos num sistema linear 2 x 2.
Assim, observemos os exemplos a seguir.
⎧⎪−5y + 3z = 7 (IV )

⎩⎪ y − z = −3 (V )
Exemplos
- Resolver o sistema pelo método da substituição.
Isolando a incógnita y na equação (V) e substituindo na
 x + 2 y − z = −1 ( I ) equação (IV), temos:


2 x − y + z = 5 ( II ) y – z = -3 → y = z - 3
 -5(z - 3) + 3z = 7 → z = 4
 x + 3 y − 2 z = −4( III )

Substituindo z = 4 na equação (V)
y – 4 = -3 → y = 1
Resolução
Isolando a incógnita x na equação (I) e substituindo nas
Substituindo y = 1 e z = 4 na equação (I)
equações (II) e (III), temos:
x + 2(1) - (4) = -1 → x = 1
x + 2y – z - 1→ x = -2y + z - 1
Na equação (II)
Assim:
2(-2y + z - 1) – y + z = 5 → -5y + 3z = 7 (IV) S={(1, 1, 4)}
Na equação (III)
(-2y + z - 1) + 3y - 2z = -4 → y – z = -3 (V) 2º) Resolver o sistema pelo método da substituição:
Tomando agora o sistema formado pelas equações (IV)
e (V): ⎧ x + 3y − z = 1 (I )

⎨ y + 2z = 10 (II )
⎪⎧−5y + 3z = 7 (IV ) ⎪
⎨ 3z = 12 (III )
⎪⎩ y − z = −3 (V ) ⎩
Isolando a incógnita y na equação (V) e substituindo na Resolução
equação (IV), temos: Na equação (III), obtemos:
y – z = -3 → y = z - 3 3z = 12 → z = 4
-5 (z - 3) + 3z = 7→ z = 4 Substituindo z = 4 na equação (II), obtemos:
y + 2 . 4 = 10 → y = 2
Substituindo z = 4 na equação (V) Substituindo z = 4 e y = 2 na equação (I), obtemos:
y – 4 = -3 → y = 1 x + 3 . 2 – 4 = 1 → x = -1
Substituindo y = 1 e z = 4 na equação (I) Assim:
x + 2 (1) - (4) = -1 →x = 1 S{(-1, 2, 4)}
Assim:
S={(1, 1, 4)} Observação: Podemos observar que a resolução de sistemas
pelo método da substituição pode ser demasiadamente longa e
2º) Resolver o sistema pelo método da substituição: trabalhosa, quando os sistemas não apresentam alguma forma
simplificada como no primeiro exemplo. No entanto, quando o
⎧ x + 3y − z = 1 (I ) sistema apresenta a forma simples do segundo exemplo, que
⎪ denominamos “forma escalonada”, a resolução pelo método
⎨ y + 2z = 10 (II ) da substituição é rápida e fácil.
⎪ Veremos, a seguir, como transformar um sistema linear m x
⎩ 3z = 12 (III )
n qualquer em um sistema equivalente na “forma escalonada”.

93
MATEMÁTICA

Sistemas Lineares Escalonados Como D ≠ 0, os sistemas deste tipo são possíveis e


Dizemos que um sistema linear é um sistema determinados e, para obtermos a solução única, partimos da
escalonado quando: n-ésima equação que nos dá o valor de xn; por substituição
- Em cada equação existe pelo menos um coeficiente nas equações anteriores, obtemos sucessivamente os
não-nulo; valores de xn-1,xn-2,…,x3,x2 e x1.
- O número de coeficiente nulos, antes do primeiro
coeficiente não-nulo, cresce “da esquerda para a direita, de Exemplo
equação para equação”.
Exemplos Resolver o sistema:

2 x + y − z = 3 ⎧2x + y − z + t = 5(I )


1º)  ⎪
 2 y + 3 z = 2 ⎪ y + z + 3t = 9(II )

⎪ 2z − t = 0(III )
 ⎪
x + 2 y − 3z = 4 ⎩ 3t = 6(IV )
2º) 

 y + 2z = 3
 Resolução
 z =1 Na equação (IV), temos:

3t = 6 → t = 2
Substituindo t = 2 na equação (III), temos:
x+ y+ z+t =5
3º)  2z – 2 = 0 → z = 1

 y−t =2 Substituindo t = 2 e z = 1 na equação (II), temos:
y + 1 +3 . 2 = 9 → y = 2
 2 x1 + 3x2 − x3 + x4 = 1 Substituindo t = 2, z = 1 e y = 2, na equação (I), temos:
 2x + 2 – 1 + 2 = 5 → x = 1

4º)  x 2 + x3 − x 4 = 0 Assim:
 S {(1, 2, 1, 2)}
 3 x4 = 5

Tipo: número de equações menor que o número de
Existem dois tipos de sistemas escalonados: incógnitas.
Para resolvermos os sistemas lineares deste tipo,
Tipo: número de equações igual ao número de devemos transformá-los em sistemas do 1º tipo, do
incógnitas. seguinte modo:
- As incógnitas que não aparecem no inicio de
a11 x1 + a12 x2 + a13 x 3 +  + a1n xn = b1 nenhuma das equações do sistema, chamadas variáveis
 livres, devem ser “passadas” para os segundos membros
 a22 x2 + a23 x3 +  + a2 n xn = b2 das equações. Obtemos, assim, um sistema em que
 consideramos incógnitas apenas as equações que
 “sobraram” nos primeiros membros.
 a33 x33 +  + a3n xn = b3
- Atribuímos às variáveis livres valores literais, na
 verdade “valores variáveis”, e resolvemos o sistema por
................................................... substituição.

 ann xn = bn
Exemplo
Notamos que os sistemas deste tipo podem ser
analisados pelo método de Cramer, pois são sistemas n x n. Resolver o sistema:
Assim, sendo D o determinante da matriz dos coeficientes
 x + y + 2 z = 1
(incompleta), temos:  2y − z = 2


a11a12 a13  a1n


0 a22 a23  a2 n Resolução
A variável z é uma “variável livre” no sistema.
D = 0 0 a33  a3n = D = a11 .a22 .a33 ..ann ≠ 0 Então:

.................  x + y = 1 − 2 z
 2y = 2 + z
0 0 0 ann 

94
MATEMÁTICA

Fazendo z = α, temos: - Multiplicar (ou dividir) uma equação por um número


real não-nulo.
⎧⎪ x + y = 1− 2α
⎨ Exemplo
⎪⎩ 2y = 2 + α
2 +α x + 2 y = 3  x + 2 y = 3
2y = 2 + α → y = ( S ) ~ ( S1 )
2
3 x − y = 1 6 x − 2 y = 3
Substituindo y =
2 + α na 1ª equação, temos:
2 Multiplicamos a 2ª equação de S por 2, para obtermos S1.
2 +α
x+ = 1− 2α - Adicionar a uma equação uma outra equação do
2 sistema, previamente multiplicada por um número real
Agora para continuar fazemos o mmc de 2, e teremos: não-nulo.
2x + 2α = 2(1-2α) Exemplo
2x + 2α = 2 - 4α
4α + 2x + 2 + α - 2 = 0  x + 3 y = 5
5α + 2x = 0 x + 3 y = 5
2x = -5α
(S ) =  ~ ( S1 )
x = −5α 2 x + y = 3  − 5 y = −7
2

Assim: Multiplicamos a 1ª equação do S por -2 e a adicionamos


⎧⎛ 5α 2 + α ⎞ ⎫ à 2ª equação para obtermos s1.
S = ⎨⎜ , , α ⎟ , α ∈R ⎬
⎩ ⎝ 2 2 ⎠ ⎭
Para transformarmos um sistema linear (S) em outro,
equivalente e escalonado (S1), seguimos os seguintes
Observações: Para cada valor real atribuído a α,
passos.
encontramos uma solução do sistema, o que permite
concluir que o sistema é possível e indeterminado.
- Usando os recursos das três primeiras transformações
- A quantidade de variáveis livres que um sistema
apresenta é chamada de grau de liberdade ou grau de elementares, devemos obter um sistema em que a 1ª
indeterminação do sistema. equação tem a 1ª incógnita com o coeficiente igual a 1.
- Usando a quarta transformação elementar, devemos
Sistema Lineares – Escalonamento (II) “zerar” todos os coeficientes da 1ª incógnita em todas as
equações restantes.
Escalonamento de um Sistema - “Abandonamos”a 1ª equação e repetimos os dois
Todo sistema linear possível pode ser transformado primeiros passos com as equações restantes, e assim por
num sistema linear escalonado equivalente, através das diante, até a penúltima equação do sistema.
transformações elementares a seguir. Exemplos
- Trocar a ordem em que as equações aparecem no 1º) Escalonar e classificar o sistema:
sistema.
Exemplo 2 x + y + z = 5

3 x − y 2 z = −2
x + 3 y = 2 2 x − y = 5 x + 2 y − z = 1
(S ) =  ~ ( S1 ) 
2 x − y = 5 x + 3 y = 2
Resolução
- Inverter a ordem em que as incógnitas aparecem nas
equações. ⎧ x + 2y − z = 1 ⎧ x + 2y − z = 1 ⎧ x + 2y − z = 1
⎪ ⎪ ⎪
Exemplo ⎨ 3x − y − 2z = −2 ~ ⎨ 3x − y − 2z = −2 ← −3 ~ ⎨−7y + z = −5
⎪2x + y + z = 5 ⎪ ⎪
  ⎩ ⎩ 2x + y + z = 5 ← −2 ⎩−3y + 3z = 3 : −3
x + 2 y + z = 5 2 y + z + x = 5
  ⎧ x + 2y − z = 1
(S ) =  x + 2 z = 1 ~ ( S1 ) 2z + x = 1 ⎧ x + 2y − z = −1 ⎧ x + 2y − z = 1
⎪ ⎪ ⎪
  ⎨−7y + z = 5 ~ ⎨ y − z = −1 ~ ⎨ y − z = −1
 3x = 5  3x = 5 ⎪ y − z = −1 ⎪−7y + z = −5 ← 7 ⎪
  ⎩ ⎩ ⎩ − 6z = −12

95
MATEMÁTICA

O sistema obtido está escalonado e é do 1º tipo (nº Observação


de equações igual ao nº de incógnitas), portanto, é um
sistema possível e determinado. Dado um sistema linear, sempre podemos “tentar” o
seu escalonamento. Caso ele seja impossível, isto ficará
2º) Escalonar e classificar o sistema: evidente pela presença de uma equação que não é satisfeita
por valores reais (exemplo: 0x + 0y = 3). No entanto, se o
3 x + y − z = 3 sistema é possível, nós sempre conseguimos um sistema
 escalonado equivalente, que terá nº de equações igual ao
2 x − y + 3 z = 5 nº de incógnitas (possível e determinado), ou então o nº
8 x + y + z = 11 de equações será menor que o nº de incógnitas (possível e

indeterminado).
Este tratamento dado a um sistema linear para a sua
Resolução resolução é chamado de método de eliminação de Gauss.

Sistemas Lineares – Discussão (I)


Discutir um sistema linear é determinar; quando ele é:
- Possível e determinado (solução única);
- Possível e indeterminado (infinitas soluções);
- Impossível (nenhuma solução), em função de um ou
mais parâmetros presentes no sistema.
Estudaremos as técnicas de discussão de sistemas com
o auxilio de exemplos.
O sistema obtido está escalonado e é do 2º tipo (nº de
equações menor que o nº de incógnitas), portanto, é um Sistemas com Número de Equações Igual ao
sistema possível e indeterminado. Número de Incógnitas

(*) A terceira equação foi eliminada do sistema, visto Quando o sistema linear apresenta nº de equações
igual ao nº de incógnitas, para discutirmos o sistema,
que ela é equivalente à segunda equação. Se nós não
inicialmente calculamos o determinante D da matriz dos
tivéssemos percebido essa equivalência, no passo seguinte
coeficientes (incompleta), e:
obteríamos na terceira equação: 0x+0z=0, que é uma
1º) Se D ≠ 0, o sistema é possível e determinado.
equação satisfeita para todos os valores reais de x e z. 2º) Se D = 0, o sistema é possível e indeterminado ou
impossível.
3º) Escalonar e classificar o sistema: Para identificarmos se o sistema é possível, indeterminado
ou impossível, devemos conseguir um sistema escalonado

2 x + 5 y + z = 5 equivalente pelo método de eliminação de Gauss.

 x + 2y − z = 3
 Exemplos
4 x + 9 y − z = 8 01 – Discutir, em função de a, o sistema:
⎧ x + 3y = 5

Resolução
⎩2x + ay = 1

Resolução
1 3
D= = a−6
2 a

D = 0⇒ a−6 = 0⇒ a = 6

Assim, para a≠6, o sistema é possível e determinado.


Para a≠6, temos:
 x + 3 y = 5 x + 3 y = 5
2 x + 6 y = 1 ← −2
~
 0 x + 0 y = −9
O sistema obtido é impossível, pois a terceira equação que é um sistema impossível.
nunca será verificada para valores reais de y e z.
Assim, temos:
a≠6 → SPD (Sistema possível e determinado)
a=6 → SI (Sistema impossível)

96
MATEMÁTICA

02 – Discutir, em função de a, o sistema: Para m=-1, temos:

⎧x + y − z = 1

⎨2x + 3y + az = 3
⎪ x + ay + 3z = 2
⎩ Se k2+k=0, ou seja, k=0 k=-1, o sistema é possível e
indeterminado.
Resolução Se k2+k≠0, ou seja, k≠0 k≠-1, o sistema é indeterminado.
1 1−1 Assim, temos:
D2 3 1 = 9 + a − 2a + 3 − 6 − a 2 m = +1 e k = 0 ou k = 1 ⎫

1 a 3 ou ⎬ ⇒ SPI
m = −1 e k = 0 ou k = −1⎪⎪
D=0 → -a2-a+6=0 → a=-3 ou a=2 ⎭
m = +1 e k ≠ 0 ou k ≠ 1 ⎫
Assim, para a≠-3 e a≠2, o sistema é possível e ⎪
determinado. ou ⎬ ⇒ SI
Para a=-3, temos: m = −1 e k ≠ 0 ou k ≠ −1⎪⎪

 x + y − z =1  
 x + y − z = 1 x + y − z = 1
  
2 x + 3 y − 3 z = 3 ← −2 ~  y − z =1 ~  y − z =1 Sistemas com Número de Equações Diferente do

 x − 3 y + 3z = 2 ← −1

− 4 y + 4 z = 1 ←4

 y + z = 5 sistema impossível Número de Incógnitas
   Quando o sistema linear apresenta número de equa-
Para a=2, temos: ções diferente do número de incógnitas, para discuti-lo,
devemos obter um sistema escalonado equivalente pelo

 x + y − z =1 
x + y − z = 1
método de eliminar de Gauss.
 x + y − z = 1
  
 2 x + 3 y + 2 z = 3 ← −2 ~  y + 4z = 1 ~
y + 4z = 1 sistema possível in det er min ado

 x + 2 y + 3 z = 2 ← −1

 y + 4z = 1

Exemplos
 

Assim, temos: 01 – Discutir, em função de m, o sistema:


a≠-3 e a ≠ 2 →SPD
a=-3 → SI ⎧x + y = 3

a=2 → SPI ⎨2x + 3y = 8
⎪ x − my = 3
03 – Discutir, em função de m e k, o sistema: ⎩
⎧ mx + y = k
⎨ Resolução
⎩⎪ x + my = k
2

⎧ x+y= 3
Resolução ⎪⎪
m 1 ⎨2z + 3y = 8 → −2 ~

D= = m2 −1 ⎪⎩ x − my = 3 → −1
1 m
⎧ x+y= 3 ⎧x + y = 3
D=0 → m2-1=0→ m=+1 ou m=-1 ⎪⎪ ⎪
~⎨ y=2 ~ ⎨y = 2
Assim, para m≠+1 e m≠-1, o sistema é possível e ⎪ ⎪0y = 2 + 2m
determinado. ⎪⎩(−1− m)y = 0 → 1+ m ⎩
Para m=1, temos: 2+2m=0→m=-1
 x + y = K x + y = K Assim, temos:
 x + y = K 2 ← −1 ~  m≠-1→ SI
0 x + 0 y = − K + K
2

m=-1→ SPD
Se –k + k2=0, ou seja, k=0 ou k=1, o sistema é possível
e indeterminado.

Se –K+k2≠0, ou seja, k≠0 ou k≠1, o sistema é impossível.

97
MATEMÁTICA

02 – Discutir, em função de k, o sistema: Vejamos alguns exemplos:

⎧ x + 2y − z = 5 01 – Classifique e resolva o sistema:



⎪2x + 5y + 3z = 12 3 x + y + z = 0
⎨ 
⎪ 3x + 7y − 2z = 17 x + 5 y − z = 0
⎪5x + 12y + kz = 29 x + 2 y − z = 0
⎩ 

Resolução: Resolução

3 1 1
D = 1 5 − 1 = −12
1 2 −1
Como D≠0, o sistema é possível e determinado
admitindo só a solução trivial, logo:

02 – Classifique e resolva o sistema:


a + b + 2c = 0

Assim, para ∀k ∈ R , o sistema é possível e a − 3b − 2c = 0
determinado. 2 a − b + c = 0

Sistemas Lineares – Discussão (II)
Resolução
Sistema Linear Homogêneo
1 1 2
Já sabemos que sistema linear homogêneo é todo D = 1− 3 − 2 = 0
sistema cujas equações têm todos os termos independentes
iguais a zero. 2 −1 1
São homogêneos os sistemas:
Como D=0, o sistema homogêneo é indeterminado.
3 x + 4 y = 0
01  Fazendo o escalonamento temos:
x − 2 y = 0
 a + b + 2c = 0  a + b + 2c = 0
   a + b + 2c = 0
x + 2 y + 2z = 0   
a − 3b + −2c = 0 ~ 0 − 4b − 4c = 0 ~ 0 + b + 4c = 0
   0 + 0 + 0 = 0
02 3 x − y + z = 0
2a − b + c = 0 0 − 3b − 3c = 0 
5 x + 3 y − 7 z = 0
 Teremos, então:

Observe que a dupla (0,0) é solução do sistema 01 e a a + b + 2c = 0


terna (0,0,0) é solução do sistema 02.  b+c =0

Todo sistema linear homogêneo admite como solução
uma seqüência de zero, chamada solução nula ou solução Fazendo c=t, teremos:
trivial. Observamos também que todo sistema homogênea =-c→b=-t
é sempre possível podendo, eventualmente, apresentar a-t+2t=0→a=-t
outras soluções além da solução trivial, que são chamadas
soluções próprias. Portanto:
S = {( −t,−t,t ) ,t ∈R}
Discussão e Resolução
Note que variando t obteremos várias soluções,
Lembre-se que: todo sistema linear homogêneo inclusive a trivial para t=0.
tem ao menos a solução trivial, portanto será sempre
possível.

98
MATEMÁTICA

03 – Determine K de modo que o sistema abaixo tenha 9. Resolva o seguinte sistema usando a regra de
solução diferente da trivial. Cramer:
x + 3y - 2z = 3
⎧x + y + z = 0 2x - y + z = 12

⎨ x − ky + z = 0 4x + 3y - 5z = 6
⎪ kx − y − z = 0
⎩ 2 x − y = 7
10. Resolver o sistema  .
Resolução  x + 5 y = −2
O sistema é homogêneo e, para apresentar soluções
diferentes da trivial, devemos ter D=0
1 1 1 Respostas

D = 1− k 1 = k 2 + 2k + 1 = (k + 1) 2 = 0 ⇒ k = −1 1) Resposta “S= {(1, 2)}”.


Solução: Calculemos inicialmente D, Dx e Dy:
k −1−1
2 3
Resposta: k=-1 D= = −4 − 9 = −13
3 −2
Exercícios
2 x + 3 y = 8 8 3
1. Resolver e classificar o sistema:  Dx = = −16 + 3 = 13
3 x − 2 y = −1 −1 −2

2. Determinar m real, para que o sistema seja 2 8


possível e determinado: ⎧2x + 3y = 5 Dy = = −2 − 24 = −26
⎨ 3 −1
⎩ x + my = 2
Como D =-13 ≠ 0, o sistema é possível e determinado e:
3 x − y + z = 5 Dx −13 D −26
 x= = =1 y = y = =2
3. Resolver e classificar o sistema:  x + 3 y = 7 D −13 −13
e D
2 x + y − 2 z = −4 Assim: S= {(1, 2)} e o sistema são possíveis e

determinados.
4. Determinar m real para que o sistema seja
possível e determinado. ⎧ x + 2y + z = 5
2) Resposta “ m ∈ R / m ≠  ”.
3

⎨2x − y + 2z = 5  2
⎪ 3x + y + mz + 0 Solução: Segundo a regra de Cramer, devemos ter D

≠ 0, em que:
5. Se o terno ordenado (2, 5, p) é solução da equação 2 3
linear 6x - 7y + 2z = 5, qual o valor de p? D= = 2m − 3
1 m
6. Escreva a solução genérica para a equação linear
5x - 2y + z = 14, sabendo que o terno ordenado ( , 3
, ) é solução. Assim: 2m -3 ≠ 0 → m ≠
2
7.  Determine o valor de m de modo que o sistema Então, os valores reais de m, para que o sistema seja
de equações abaixo,  possível e determinado, são dados pelos elementos do
2x - my = 10 conjunto:
3x + 5y = 8, seja impossível. ⎧ 3⎫
⎨ m ∈R / m ≠ ⎬
8. Se os sistemas: ⎩ 2⎭
S1: x + y = 1 e S2: ax – by = 5
X – 2y = -5 ay – bx = -1
São equivalentes, então o valor de a2 + b2 é igual a:
a) 1
b) 4
c) 5
d) 9
e) 10

99
MATEMÁTICA

3) Resposta “ S = {(1, 2, 4)}”. 6) Solução:


Solução: Calculemos inicialmente D, Dx, Dy e Dz Podemos escrever: 5 α- 2 β + γ = 14. Daí, tiramos: γ =
14 - 5 α + 2 β. Portanto, a solução genérica será o terno
ordenado (α,β, 14 - 5 α + 2 β).
Observe que se arbitrando os valores para α e β, a ter-
ceira variável ficará determinada em função desses valores.
Por exemplo, fazendo-se α = 1, β= 3, teremos:
γ = 14 - 5 α+ 2 β = 14 – 5 . 1 + 2 . 3 = 15,
ou seja, o terno (1, 3, 15) é solução, e assim, sucessi-
vamente.
Verificamos, pois que existem infinitas soluções para a
equação linear dada, sendo o terno ordenado (α, β, 14 - 5
α + 2β) a solução genérica.

7) Solução:
Teremos, expressando x em função de m, na primeira
equação:
x = (10 + my) / 2

Substituindo o valor de x na segunda equação, vem:


3[(10+my) / 2] + 5y = 8

Multiplicando ambos os membros por 2, desenvolven-


do e simplificando, vem:
3(10+my) + 10y = 16
30 + 3my + 10y = 16
(3m + 10)y = -14
Como D= -25 ≠ 0, o sistema é possível e determinado e: y = -14 / (3m + 10)
Ora, para que não exista o valor de y e, em consequên-
Dx −25 D −50 D 100
x= = = 1; y = y = = 2; z = z = =4 cia não exista o valor de x, deveremos ter o denominador
D −25 D −25 D −25 igual a zero, já que , como sabemos, não existe divisão por
zero.
Assim: S = {(1, 2, 4)} e o sistema são possíveis e Portanto, 3m + 10 = 0, de onde se conclui m = -10/3,
determinados. para que o sistema seja impossível, ou seja, não possua
solução.

4) Resposta “ {m ∈R / m ≠ 3} ”. 8) Resposta “E”.


Solução: Segundo a regra de Cramer, devemos ter D ≠ 0. Solução: Como os sistemas são equivalentes, eles pos-
Assim: suem a mesma solução. Vamos resolver o sistema:
1 2 1 S 1: x + y = 1
x - 2y = -5
D = 2 − 1 2 = −m + 12 + 2 + 3 − 2 − 4m
3 1 m Subtraindo membro a membro, vem: x - x + y - (-2y)
= 1 - (-5).
D = -5m + 15 Logo, 3y = 6 \ y = 2.
Assim: -5m + 15 ≠ 0 → m ≠ 3 Portanto, como x + y = 1, vem, substituindo: x + 2 =
Então, os valores reais de m, para que o sistema seja 1 \ x = -1.
possível e determinado, são dados pelos elementos do O conjunto solução é, portanto S = {(-1, 2)}.
conjunto:
{m ∈R / m ≠ 3} Como os sistemas são equivalentes, a solução acima é
também solução do sistema S2.
5) Resposta “14”. Logo, substituindo em S2 os valores de x e y encontra-
Solução: dos para o sistema S1, vem:
Teremos por simples substituição, observando que x =
2, y = 5 e z = p, 6 . 2 – 7 . 5 + 2 . p = 5. a(-1) - b(2) = 5 → - a - 2b = 5
a(2) - b (-1) = -1 → 2 a + b = -1
Logo, 12 - 35 + 2p = 5.
Daí vem imediatamente que 2p = 28 e, portanto, p = Multiplicando ambos os membros da primeira equa-
14. ção por 2, fica:

100
MATEMÁTICA

-2 a - 4b = 10
Somando membro a membro esta equação obtida 7. GEOMETRIA ANALÍTICA.
com a segunda equação, fica: 7.1. Coordenadas cartesianas na reta e no
-3b = 9 \ b = - 3 plano. Distância entre dois pontos.
Substituindo o valor encontrado para b na equação em 7.2. Equação da reta: formas reduzida, geral e
vermelho acima (poderia ser também na outra equação em
segmentária; coeficiente angular. Intersecção
azul), teremos:
2 a + (-3) = -1 \ a = 1. de retas, retas paralelas e perpendiculares.
Portanto, a2 + b2 = 12 + (-3)2 = 1 + 9 = 10. Feixe de retas. Distância de um ponto a uma
reta. Área de um triângulo.
9) Resposta “S = {(5, 2, 4)}”. 7.3. Equação da circunferência; tangentes a
Solução: Teremos: uma circunferência; intersecção de uma reta a
uma circunferência.
1 3 −2 7.4. Elipse, hipérbole e parábola: equações
Δ = 2 −1 1 = 24 reduzidas.
4 3 −5

1 3 −2 A Geometria Analítica é a parte da Matemática que


Δx1 = 12 −1 1 = 120 trata de resolver problemas cujo enunciado é geométrico,
6 3 −5 empregando processos algébricos.
Criada por René Descartes (1596-1650), a Geometria
Analítica contribui para a visão moderna da Matemática
1 3 3 como um todo, substituindo assim a visão parcelada
Δx3 = 2 −1 12 = 96 das chamadas “matemáticas”, que colocava em
4 3 6 compartilhamentos separados Geometria, Álgebra e
Trigonometria.
Essa integração da Geometria com Álgebra é muito rica
1 3 −2 em seus resultados, propriedades e interpretações. São
Δx2 = 2 12 1 = 48 inúmeras as aplicações da Geometria Analítica nas Ciências
4 6 −5 e na Técnica.

Portanto, pela regra de Cramer, teremos: 1- Abscissa de um ponto


x1 = D x1 / D = 120 / 24 = 5
x2 = D x2 / D = 48 / 24 = 2 Considere-se uma reta r. Sobre ela, marque-se um
x3 = D x3 / D = 96 / 24 = 4 ponto O arbitrário, que chamaremos de origem, e seja
Logo, o conjunto solução do sistema dado é S = {(5, adotada uma unidade (u) de comprimento com a qual
2, 4)}. serão medidos os segmentos contidos na reta r.
O r
10) Solução: u

⎡ 2 −1 ⎤ Tome-se na reta r os pontos P à direita de O e P’ à


A=⎢ ⎥ ⇒ det A = 11 esquerda de O, tais que, relativamente a (u), os segmentos
⎣ 1 5 ⎦ e tenham a mesma medida m.
P’ O P r
⎡ 7 −1 ⎤
A1 = ⎢ ⎥ ⇒ det A1 = 33
⎣ −2 5 ⎦
m m

O sentido de O para P será considerado positivo e


⎡ 2 7 ⎤ indicado por uma ponta de seta. Assim associa-se ao ponto
A2 = ⎢ ⎥ ⇒ det A2 = −11 P o número real positivo m e ao ponto P’, o número –m.
⎣ 1 −2 ⎦
P’(-m) O P(m) r
det A1 33
x= = =3
det A 11 Dessa forma, associa-se a cada ponto da reta r um
único número real, que será denominado abscissa (ou
det A2 −11
y= = = −1 coordenada) do ponto; a abscissa é positiva se, a partir
det A 11 da origem, o ponto for marcado no sentido positivo, e é
Resposta: S={(3,-1)} negativa em caso contrário.

101
MATEMÁTICA

Exemplo 2
B O A r
a) A(3)
3 = XB – XA = 10 – 3 = 7
-2 B(10)

A(3): ponto A de abscissa 3 b) A(1)


= XB – XA = 1 – 8 = 7
B (-2): ponto B de abscissa -2 B(8)

O conjunto {reta, origem, unidade, sentido} será Observações


chamado eixo.
1) Quando o sentido de é o mesmo do eixo, a
Notas medida algébrica é positiva; em caso contrário, é
negativa. Nessas condições, se tem medida algébrica
1) A abscissa da origem é o número real 0 (zero). positiva, então tem medida algébrica negativa.
2) Cada ponto de um eixo possui uma única abscissa, e
reciprocamente para cada abscissa existe um único ponto 2) O comprimento d de um segmento orientado ,é
do eixo. o módulo (valor absoluto) da medida algébrica de , ou
3) Costuma-se indicar pela letra x a abscissa de um seja, .
ponto. Em símbolos:
d= = |XB - XA|
Exemplo 1

Marcar sobre o eixo x, representado abaixo, os pontos Exemplo 3


A(2), B(-3) e C .
a) O comprimento do segmento orientado , dados
0 1 x
A(2) e B(11) é
= |XB - XA| = |11 – 2| = |9| = 9

b) O comprimento do segmento orientado , dados


Resolução
A(3) e B(8) é
-3 0 ½ 1 2 x
= |XB - XA| = |3 - 8| = |-5| = 5
B C A
2- Segmento Orientado
Exemplo 4
Na figura abaixo, os pontos A, B e C estão sobre o eixo
Dado um segmento de reta AB, é possível associar a ele
x de origem O.
o sentido de A para B ou o sentido de B para A. adotando- A O C B
se, por exemplo, o sentido de A para B, tem-se o segmento x
orientado de origem A e extremidade B. -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4

Calcular:
A B
a)

b)
3- Medida Algébrica

Considere-se sobre um eixo r um segmento orientado c)


.
r Resolução
A B
Da figura, tem-se XA = -3, XB = 4 e XC = 2.
Assim,
A medida algébrica de , que será indicada por a) = XC – XA = 2 – (-3) = 5
, é definida pelo número XB – XA, onde XB e XA são
respectivamente as abscissas de B e de A. b) = XO – XB = 0 – 4 = -4
Assim:
= XB – XA c)

102
MATEMÁTICA

Exemplo 7
Exemplo 5Dados os pontos A(1) e B(9), determinar o Determinar o ponto médio M do segmento , nos
ponto C tal que . seguintes casos:
a) A(1) e B(7)
Resolução
Seja XC a abscisssa do ponto C: Resolução

Resposta: M(4).
Substituindo-se as coordenadas dos pontos:
XC – 1 = 3(9 - XC) → XC = 7 b) A(-3) e B(15)
Resposta: C(7).
Resolução

Exemplo 6
Dado o ponto A(3), determinar um ponto B que diste 5 Resposta: M(6).
unidades do ponto A.
c) A(-1) e B(-12)
Resolução
Seja XB a abscissa de B. Tem-se: = 5, ou seja, |XB - Resolução
XA| = 5

XB – 3 = 5 → XB = 8
Então |XB – 3| = 5 ou Resposta: M .
XB – 3 = -5 → XB = -2

De fato, existem dois pontos B que distam 5 unidades Exemplo 8


de A: Dados os pontos A(1) e B(16), obter os pontos que
dividem o segmento em três partes congruentes.
-2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8
B A B Resolução
Considere-se a figura abaixo, onde R e S são os pontos
5 5 pedidos.
Resposta: B(8) ou B(-2). 1 16

4- Ponto Médio A R S B
Como são iguais, pode-se escrever
Considerem-se os pontos A(XA) e B(XB). Sendo M(XM) o , ou seja,
ponto médio de (ou de ), tem-se: XS – XA = 2(XB – XS)
XS – 1 = 2(16 – XS) ∴ XS = 11
Sendo R o ponto médio de , vem:

Resposta: R(6) e S(11).


De fato,
XA XB Sistema Cartesiano

A B B 1- Coordenadas de um ponto

Sejam x e y dois eixos perpendiculares entre si e com


origem O comum, conforme a figura abaixo. Nessas
condições, diz-se que x e y formam um sistema cartesiano
retangular (ou ortogonal), e o plano por eles determinado
é chamado plano cartesiano.
Portanto, a abscissa do ponto médio M do segmento
(ou de ) é a média aritmética das abscissas de A e Eixo x (ou Ox): eixo das abscissas
de B. Eixo y (ou Ou): eixo das ordenadas
O: origem do sistema

103
MATEMÁTICA

y Nota
Neste estudo, será utilizado somente o sistema cartesiano
retangular, que se chamará simplesmente sistema cartesiano.

Observações
1 x 1) Os eixos x e y dividem o plano cartesiano em quatro
regiões ou quadrantes (Q), que são numeradas, como na
0 1 figura abaixo.
y

2º Q 1º Q

A cada ponto P do plano corresponderão dois x


números: a (abscissa) e b (ordenada), associados às
projeções ortogonais de P sobre o eixo x e sobre o eixo y, 0
respectivamente.
Assim, o ponto P tem coordenadas a e b e será indicado 3º Q 4º Q
analiticamente pelo par ordenado (a, b).
2) Neste curso, a reta suporte das bissetrizes do 1º e
y 3º quadrantes será chamada bissetriz dos quandrantes
ímapares e indica-se por bi.a do 2º e 4º quadrantes será
• P chamado bissetriz dos quadrantes pares e indica-se por bp.
b y
bp
bi
x
• • x
0 a 0

2- Propriedades
Exemplo 1
1) Todo ponto P(a, b) do 1º quadrante tem abscissa
Os pontos, no sistema cartesiano abaixo, têm suas positiva (a > 0) e ordenada positiva (b > 0) e reciprocamente.
coordenadas escritas ao lado da figura.
A (3, 2) P(a, b) 1º Q a>0eb>0
B (0, 2)
C (-3, 2) Assim P(3, 2) 1º Q
D (-3, 0) y
E (-3, -2)
F (0, -2) 2 P
G (3, -2) x
H (3, 0)
0
O (0, 0)
3
y
2) Todo ponto P(a, b) do 2º quadrante tem abscissa
negativa (a < 0) e ordenada positiva (B > 0) e reciprocamente.
C B A
2
P(a, b) 2º Q a<0eb>0
1 1 2 3 x
-3 -2 -1

D 0 H Assim P(-3, 2) 2º quadrante


-1 y
-2
E F G
P 2
x
-3 0

104
MATEMÁTICA

3) Todo ponto P(a, b) do 3º quadrante tem abscissa 6) Todo ponto do eixo das ordenadas tem abscissa nula
negativa (a < 0) e ordenada negativa (b < 0) e reciprocamente. e reciprocamente.

P(a, b) 3º Q a<0eb<0 P(a, b) Oy a=0

Assim P(-3, -2) 3º Q Assim P(0, 3) Oy


y

x
3 P
-3
0
P -2

x
0
4) Todo ponto P(a, b) do 4º quadrante tem abscissa
positiva (a > 0) e ordenada negativa (B < 0) e reciprocamente.
7) Todo ponto P(a, b) da bissetriz dos quadrantes ímpares
P(a, b) 4º Q a>0eb<0 tem abscissa e ordenada iguais (a = b) e reciprocamente.

Assim P(3, -2) 4º Q P(a, b) bi a=b


y Assim P(-2, -2) bi

3 x
0

-2
P -2 0 x

5) Todo eixo das abscissas tem ordenada nula e


reciprocamente.
P -2

P(a, b) Ox b=0
8) Todo ponto P(a, b) da bissetriz dos quadrantes pares
Assim P(3, 0) Ox
tem abscissa e ordenada opostas (a = -b) e reciprocamente.
y
P(a, b) bp a = -b

Assim P(-2, 2) bp
P x
0
y
3

P
2

x
-2 0

105
MATEMÁTICA

Exemplo 2 Analogicamente, para o eixo y, tem-se


Obter a, sabendo-se que o ponto A(4, 3ª -6) está no
eixo das abscissas.

Resolução Portanto, as coordenadas do ponto médio M do


A Ox 3a – 6 = 0 ∴ a = 2 segmento (ou ) são respectivamente as médias das
Resposta: 2. abscissas de A e B e das ordenadas de A e B.

Exemplo 4
Exemplo 3
Obter o ponto médio M do segmento , sendo dados:
Obter m, sabendo-se que o ponto M(2m – 1, m + 3) A(-1, 3) e B(0, 1).
está na bissetriz dos quadrantes ímpares.
Resolução
Resolução

M bi 2m – 1 = m + 3 ∴ m = 4
Resposta: 4.

3- Ponto Médio
Resposta: .
Considerem-se os pontoa A(xA, yA) e B(xB, yB). Sendo
M(xM, yM) o ponto médio de (ou ), tem-se:
4 – Baricentro
e , ou seja,
Seja o triângulo ABC de vértices A(xA, yA), B(xB, yB) e C(xC,
o ponto médio é dado por: yC). sendo G(xG, yG) o baricentro (ponto de encontro das
medianas) do triângulo ABC, tem-se:

ou seja, o ponto G é dado por


y

B’’ (yB)

M’’ (yM)
y

C
A’’ (yA)

x
M
0 A’ (yA) M’ (yM) B’ (yB) G

De fato:
Se M é o ponto médio de (ou ), pelo teorema de A
Tales, para o eixo x pode-se escrever:
B x

0 A’(xA) G’(xG) M’(xM)

De fato, considerando a mediana AM, o baricentro G é


tal que

106
MATEMÁTICA

Pelo Teorema de Tales, para o eixo x podemos escrever Portanto:

Observações
e, como , vem
1) Como (xB - xA)2 = (xA - xB)2, a ordem escolhida para a
diferença das abscissas não altera o cálculo de d. O mesmo
ocorre com a diferença das ordenadas.
ou seja,
2) A fórmula para o cálculo da distância continua válida
Analogamente, para o eixo y, tem-se se o segmento é paralelo a um dos eixos, ou ainda se
os pontos A e B coincidem, caso em que d = 0.

Exemplo 6
Portanto, as coordenadas do baricentro de um triângulo
ABC são, respectivamente, as médias aritméticas das Calcular a distância entre os pontos A e B, nos seguintes
abscissas de A, B e C e das ordenadas A, B e C. casos:
a) A(1, 8) e B(4, 12)
Exemplo 5
Resolução
Sendo A(1, -1), B(0, 2) e C(11, 5) os vértices de um
triângulo, obter o baricentro G desse triângulo.

Resolução
b) A(0, 2) e B(-1, -1)

Resolução
Logo, G(4, 2).

5- Distância Entre Dois Pontos


Exemplo 7
Considerem-se dois pontos distintos A(xA, yA) e B(xB,
yB), tais que o segmento não seja paralelo a algum dos Qual é o ponto da bissetriz dos quadrantes pares cuja
eixos coordenados. distância ao ponto A(2, 2) é 4?
Traçando-se por A e B as retas paralelas aos eixos
coordenados que se interceptam em C, tem-se o triângulo Resolução
ACB, retângulo em C.
y
Seja P o ponto procurado.
Como P pertence à bissetriz dos quadrantes pares (bp),
pode-se representá-lo por P(a, -a).
B
Sendo 4 a distância entre A e P, tem-se

Quadrando
A

C
(2 – a)2 + (2 + a )2 = 16
x

0 a=2
4 – 4a + a2 + 4 + 4a + a2 = 16 ∴ a2 = 4 ou
A distância entre os pontos A e B qie se indica por d é a = -2
tal que
Assim se a = 2, tem-se o ponto (2, -2)
se a = -2, tem-se o ponto (-2, 2)

107
MATEMÁTICA

De fato, existem dois pontos P da bissetriz dos 05- A distância entre dois pontos (2, -1) e (-1, 3) é igual a:
quadrantes pares (bp) cuja distância ao ponto A(2, 2) é 4. a) zero
Observe-se a figura:
b)
y

bp c)
P 2 A d) 5
e) n.d.a.

06- Sendo A(3,1), B(4, -4) e C(-2, 2) os vértices de um


x
0
triângulo, então esse triângulo é:
-2 2
a) retângulo e não isósceles.
b) retângulo e isósceles.
-2
P c) equilátero.
d) isósceles e não retângulo.
e) escaleno.

07- Achar o ponto T da bissetriz dos quadrantes ímpares


Exercícios que enxerga o segmento de extremindades A(2, 1) e B(5, 2)
sob ângulo reto.
01- Dar as coordenadas dos pontos A, B, C, D, E, F e G
da figura abaixo: 08- O paralelogramo ABCD tem lados , , e
. Sendo A(0, 0), B(4, 2) e D(8, 0), determine as coordenadas
y do ponto C.

Respostas
B
C
A 01- Resposta: A(5, 1); B(0, 3); C(-3, 2); D(-2, 0); E(-1, -4);
D
1
x F(0, -2); G(4, -3).

02- Resposta: E.
F
Resolução
G
Como A pertence à bissetriz dos quadrantes ímapres xA
E = yA ⇒ 3p – 1 = p – 3 ⇒ p = 1.
Logo, o ponto A(-4, -4) tem ordenada igual a -4.
02- Seja o ponto A(3p – 1, p – 3) um ponto pertencente
à bissetriz dos quadrantes ímpares, então a ordenada do 03- Resposta: B’(5, 3).
ponto A é:
a) 0 Resolução
b) –1 Se A pertence ao eixo das ordenadas, temos que p – 2
c) –2 = 0 ⇒ p = 2, logo, B(5, –3).
Como B’ é o simétrico de B em relação ao eixo das
d) abscissas, temos a mesma abscissa e a ordenada oposta,
logo, B’(5, 3) é o ponto procurado.
e) –4

03- O ponto A(p – 2, 2p – 3) pertence ao eixo das


ordenadas. Obter o ponto B’ simétrico de B(3p – 1, p – 5)
em relação ao eixo das abscissas.

04- Um triângulo equilátero de lado 6 tem um vértice


no eixo das abscissas. Determine as coordenadas do 3º
vértice, sabendo que ele está no 4º quadrante (faça a
figura).

108
MATEMÁTICA

07- Resposta; T1(2, 2) e T2(3, 3).


04- Resposta: C(3, ).
Resolução
Resolução
T∈ bissetriz dos quadrantes ímpares ⇒ T(x, x).
Lembrando que a altura do triângulo equilátero mede
Se T enxerga sob ângulo reto, então o triângulo ATB
, temos: . é retângulo em T.

T
x
A (0, 0) B (6, 0) y

B

C (3, )


Assim:
[(x - 2)2 + (x - 1)2] + [(x – 5)2 (x – 2)2] = [(2 – 5)2 + (1 – 2)2]
X2 – 4x + 4 + x2 – 2x + 1 + x2 – 10x + 25 + x2 – 4x + 4 =
9+1
05- Resposta: D 4x2 – 20x + 24 = 0
X2 – 5x + 6 = 0 ⇒ x = 2 ou x = 3.
Resolução
Δx = 2 – (–1) = 3 e Δy = –1 –3 = –4
08- Resposta: C(12, 2).

Resolução
d=5
B (4,2) C(a, b)

06- Resposta: D
Resolução M

A (0,0) D (8,0)

M é o ponto de encontro das diagonais, portanto ponto


ee médio dos segmentos e . Dados B e D, temos M(6, 1)
e agora temos A e M, logo:

Portanto, o Δ ABC é isósceles e não retângulo.


109
MATEMÁTICA

Vamos definir a função f de A em B com f(x) = x + 1.


Tomamos um elemento do conjunto A, representado
8. FUNÇÕES. por x, substituímos este elemento na sentença f(x),
8.1. Gráficos de funções injetoras, sobrejetoras efetuamos as operações indicadas e o resultado será a
e bijetoras; função composta; função inversa. imagem do elemento x, representada por y.
8.2. Função e função quadrática.
8.3. Função exponencial e função logarítmica.
Teoria dos logaritmos; uso de logaritmos em
cálculos.
8.4. Equações e inequações: lineares,
quadráticas, exponenciais e logarítmicas.

Função do 1˚ Grau f: A → B
y = f(x) = x + 1
Dados dois conjuntos A e B, não-vazios, função é
uma relação binária de A em B de tal maneira que todo Tipos de Função
elemento x, pertencente ao conjunto A, tem para si um
único correspondente y, pertencente ao conjunto B, que é Injetora: Quando para ela elementos distintos do
chamado de imagem de x. domínio apresentam imagens também distintas no
contradomínio.

Reconhecemos, graficamente, uma função injetora


Notemos que, para uma relação binária dos conjuntos quando, uma reta horizontal, qualquer que seja interceptar
A e B, nesta ordem, representarem uma função é preciso o gráfico da função, uma única vez.
que:

- Todo elemento do conjunto A tenha algum


correspondente (imagem) no conjunto B;
- Para cada elemento do conjunto A exista um único
correspondente (imagem) no conjunto B.

Assim como em relação, usamos para as funções, que


são relações especiais, a seguinte linguagem:

Domínio: Conjunto dos elementos que possuem f(x) é injetora g(x) não é injetora
imagem. Portanto, todo o conjunto A, ou seja, D = A. (interceptou o gráfico mais
de uma vez)
Contradomínio: Conjunto dos elementos que se
colocam à disposição para serem ou não imagem dos Sobrejetora: Quando todos os elementos do
elementos de A. Portanto, todo conjunto B, ou seja, CD = B. contradomínio forem imagens de pelo menos um elemento
do domínio.
Conjunto Imagem: Subconjunto do conjunto B
formado por todos os elementos que são imagens dos
elementos do conjunto A, ou seja, no exemplo anterior: Im
= {a, b, c}.

Exemplo

Consideremos os conjuntos A = {0, 1, 2, 3, 5} e B = {0,


1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}.

110
MATEMÁTICA

Reconhecemos, graficamente, uma função sobrejetora Função constante: A função f(x), num determinado
quando, qualquer que seja a reta horizontal que interceptar intervalo, é constante se, para quaisquer x1 < x2, tivermos
o eixo no contradomínio, interceptar, também, pelo menos f(x1) = f(x2).
uma vez o gráfico da função.

f(x) é sobrejetora g(x) não é sobrejetora Gráficos de uma Função


(não interceptou o A apresentação de uma função por meio de seu gráfico
gráfico) é muito importante, não só na Matemática como nos
diversos ramos dos estudos científicos.
Bijetora: Quando apresentar as características de
função injetora e ao mesmo tempo, de sobrejetora, ou Exemplo
seja, elementos distintos têm sempre imagens distintas e Consideremos a função real f(x) = 2x – 1. Vamos
todos os elementos do contradomínio são imagens de pelo construir uma tabela fornecendo valores para x e, por meio
menos um elemento do domínio. da sentença f(x), obteremos as imagens y correspondentes.

x y = 2x – 1
–2 –5
–1 –3
0 –1
1 1
Função crescente: A função f(x), num determinado
intervalo, é crescente se, para quaisquer x1 e x2 pertencentes 2 3
a este intervalo, com x1<x2, tivermos f(x1)<f(x2). 3 5

Transportados os pares ordenados para o plano


cartesiano, vamos obter o gráfico correspondente à função
f(x).

x1<x2 → f(x1)<f(x2)

Função decrescente: Função f(x), num determinado


intervalo, é decrescente se, para quaisquer x1 e x2
pertencente a este intervalo, com x1 < x2, tivermos f(x1)>f(x2).

x1<x2 → f(x1)>f(x2)

111
MATEMÁTICA

Exemplo para a > 0 Zeros da Função do 1º grau:


Consideremos f(x) = 2x – 1. Chama-se zero ou raiz da função do 1º grau y = ax +
b o valor de x que anula a função, isto é, o valor de x para
x f(x) que y seja igual à zero.
-1 -3 Assim, para achar o zero da função y = ax + b, basta
resolver a equação ax + b = 0.
0 -1
1 1 Exemplo
2 3 Determinar o zero da função:
y = 2x – 4.
2x – 4 = 0
2x = 4

x= 4
2
x=2

O zero da função y = 2x – 4 é 2.
No plano cartesiano, o zero da função do 1º grau é
Exemplo para a < 0
representado pela abscissa do ponto onde a reta corta o
Consideremos f(x) = –x + 1.
eixo x.
x f(x)
x y (x,y)
-1 2
1 -2 (1, -2)
0 1
3 2 (3,2)
1 0
2 -1

Observe que a reta y = 2x – 4 intercepta o eixo x no


ponto (2,0), ou seja, no ponto de abscissa 2, que é o zero
da função.
Conhecido o zero de uma função do 1º grau e
lembrando a inclinação que a reta pode ter, podemos
Consideremos a função f(x) = ax + b com a ≠ 0, em que esboçar o gráfico da função.
x0 é a raiz da função f(x).
Estudo do sinal da função do 1º grau:
Estudar o sinal da função do 1º grau y = ax + b é
a>0 a<0 determinar os valores reais de x para que:
- A função se anule (y = 0);
- A função seja positiva (y > 0);
- A função seja negativa (y < 0).

Exemplo
Estudar o sinal da função y = 2x – 4 (a = 2 > 0).
a) Qual o valor de x que anula a função?
y=0
x>x0⇒f(x)>0 x>x0⇒f(x)<0 2x – 4 = 0
2x = 4
x=x0⇒f(x)=0 x=x0⇒f(x)=0
4
x<x0⇒f(x)<0 x<x0⇒f(x)>0 x=
2
Conclusão: O gráfico de uma função do 1º grau é uma x=2
reta crescente para a > 0 e uma reta decrescente para a < 0. A função se anula para x = 2.

112
MATEMÁTICA

b) Quais valores de x tornam positiva a função? Portanto, quando tivermos para outra equipe a
y>0 informação de que a sua situação é (2, -8) entenderemos,
2x – 4 > 0 que esta equipe apresenta 2 pontos ganhos e saldo de gols
2x > 4 -8. Note que é importante a ordem em que se apresenta
este par de números, pois a situação (3, 5) é totalmente
x> 4 diferente da situação (5,3). Fica, assim, estabelecida a
2
idéia de par ordenado: um par de valores cuja ordem de
x>2 apresentação é importante.
Observações: (a, b) = (c, d) se, e somente se, a = c e b
A função é positiva para todo x real maior que 2. =d
(a, b) = (b, a) se, o somente se, a = b
c) Quais valores de x tornam negativa a função?
Produto Cartesiano
y<0 Dados dois conjuntos A e B, chamamos de produto
2x – 4 < 0 cartesiano A x B ao conjunto de todos os possíveis pares
2x < 4 ordenados, de tal maneira que o 1º elemento pertença ao
4 1º conjunto (A) e o 2º elemento pertença ao 2º conjunto
x< (B).
2
x<2 A x B= {(x,y) / x ∈ A e y ∈ B}
A função é negativa para todo x real menor que 2. Quando o produto cartesiano for efetuado entre o
conjunto A e o conjunto A, podemos representar A x A =
Podemos também estudar o sinal da função por meio de A2. Vejamos, por meio de o exemplo a seguir, as formas de
seu gráfico:
apresentação do produto cartesiano.

Exemplo

Sejam A = {1, 4, 9} e B = {2, 3}. Podemos efetuar o


produto cartesiano A x B, também chamado A cartesiano B,
e apresentá-lo de várias formas.

a) Listagem dos elementos


Apresentamos o produto cartesiano por meio da
listagem, quando escrevemos todos os pares ordenados
que constituam o conjunto. Assim, no exemplo dado,
teremos:
A e B = {(1, 2),(1, 3),(4, 2),(4, 3),(9, 2),(9, 3)}

- Para x = 2 temos y = 0; Vamos aproveitar os mesmo conjuntos A e B e efetuar


- Para x > 2 temos y > 0; o produto B e A (B cartesiano A): B x A = {(2, 1),(2, 4),(2, 9),(3,
- Para x < 2 temos y < 0. 1),(3, 4),(3, 9)}.

Relação Binária Observando A x B e B x A, podemos notar que o produto


cartesiano não tem o privilégio da propriedade comutativa,
Par Ordenado ou seja, A x B é diferente de B x A. Só teremos a igualdade A
Quando representamos o conjunto (a, b) ou (b, a) estamos, x B = B x A quando A e B forem conjuntos iguais.
na verdade, representando o mesmo conjunto. Porém, em Observação: Considerando que para cada elemento do
alguns casos, é conveniente distinguir a ordem dos elementos. conjunto A o número de pares ordenados obtidos é igual
Para isso, usamos a idéia de par ordenado. A princípio, ao número de elementos do conjunto B, teremos: n(A x B)
trataremos o par ordenado como um conceito primitivo = n(A) x n(B).
e vamos utilizar um exemplo para melhor entendê-lo.
Consideremos um campeonato de futebol e que desejamos b) Diagrama de flechas
apresentar, de cada equipe, o total de pontos ganhos e o saldo Apresentamos o produto cartesiano por meio do
de gols. Assim, para uma equipe com 12 pontos ganhos e diagrama de flechas, quando representamos cada um
saldo de gols igual a 18, podemos fazer a indicação (12, 18), dos conjuntos no diagrama de Euler-Venn, e os pares
já tendo combinado, previamente, que o primeiro número se ordenados por “flechas” que partem do 1º elemento do
refere ao número de pontos ganhos, e o segundo número, ao par ordenado (no 1º conjunto) e chegam ao 2º elemento
saldo de gols. do par ordenado (no 2º conjunto).

113
MATEMÁTICA

Considerando os conjuntos A e B do nosso exemplo, 2n


o produto cartesiano A x B fica assim representado no 1ª y= √f(x) f(x)≥(n∈N*)
diagrama de flechas:
2ª y= 1 ⇒ f(x)≠0
f(x(
Vejamos alguns exemplos de determinação de domínio
de uma função real.
Exemplos
Determine o domínio das seguintes funções reais.

- f(x)=3x2 + 7x – 8
D=R

- f(x)=√x+7
x – 7 ≥ 0→ x ≥ 7
c) Plano cartesiano D = {x∈R/x ≥ 7}
Apresentamos o produto cartesiano, no plano
- f(x)= √x+1
3
cartesiano, quando representamos o 1º conjunto num eixo
horizontal, e o 2º conjunto num eixo vertical de mesma D=R
origem e, por meio de pontos, marcamos os elementos
desses conjuntos. Em cada um dos pontos que representam Observação: Devemos notar que, para raiz de índice
os elementos passamos retas (horizontais ou verticais). Nos impar, o radicando pode assumir qualquer valor real,
cruzamentos dessas retas, teremos pontos que estarão inclusive o valor negativo.
representando, no plano cartesiano, cada um dos pares 3
- f(x)=
ordenados do conjunto A cartesiano B (B x A). √x+8
x + 8 > 0 → x > -8
D = {x∈R/x > -8}

- f(x)= √x+5
x-8
x–5≥0→x≥5
x–8≥0→x≠8
D = {x∈R/x ≥ 5 e x ≠ 8}

Exercícios

1. Determine o domínio das funções reais


apresentadas abaixo.
Domínio de uma Função Real a) f(x) = 3x2 + 7x – 8
Para uma função de R em R, ou seja, com elementos b) f(x)=
3
no conjunto dos números reais e imagens também no 3x-6
conjunto dos números reais, será necessária, apenas, a c) f(x)= √x+2
apresentação da sentença que faz a “ligação” entre o
elemento e a sua imagem. d) f(x)= √2x+1
3

Porém, para algumas sentenças, alguns valores reais


não apresentam imagem real. e) f(x)= 4x
Por exemplo, na função f(x) = √(x-1) , o número real 0 √7x+5
não apresenta imagem real e, portanto, f(x) características
de função, precisamos limitar o conjunto de partida, 2. Um número mais a sua metade é igual a 150.
eliminando do conjunto dos números reais os elementos Qual é esse número?
que, para essa sentença, não apresentam imagem. Nesse
caso, bastaria estabelecermos como domínio da função f(x) 3. Considere a função f, de domínio N, definida por
o conjunto D = {x∈R/x ≥ 1}. f(1) = 4 e f(x+1) = 3f(x)-2. O valor de f(0) é:
Para determinarmos o domínio de uma função, a) 0
portanto, basta garantirmos que as operações indicadas na b) 1
sentença são possíveis de serem executadas. Dessa forma, c) 2
apenas algumas situações nos causam preocupação e elas d) 3
serão estudadas a seguir. e) 4

114
MATEMÁTICA

4. Sejam f e g funções definidas em R por f(x)=2x-1 e 2) Resposta “100”.


g(x)=x-3. O valor de g(f(3)) é: Solução:
a) -1 n + n/2 = 150
b) 1 2n/2 + n/2 = 300/2
c) 2 2n + n = 300
d) 3 3n = 300
e) 4 n = 300/3
n = 100.
5. Numa loja, o salário fixo mensal de um vendedor
é 500 reais. Além disso, ele recebe de comissão 50 reais 3. Resposta “C”.
por produto vendido. Solução : Com a função dada  f(x + 1) = 3f(x) – 2
a) Escreva uma equação que expresse o ganho men- substituímos o valor de x por x = 0:
sal y desse vendedor, em função do número x de pro- f(0 + 1) = 3f (0) – 2
duto vendido. f(1) = 3f(0) - 2
b) Quanto ele ganhará no final do mês se vendeu 4
produtos? É dito que f(1) = 4, portanto:
c) Quantos produtos ele vendeu se no final do mês 4 = 3f(0) - 2
recebeu 1000 reais? Isolando f(0):
4+2 = 3f(0)
6. Considere a função dada pela equação y = x + 1, 6 = 3f(0)
determine a raiz desta função. f(0) = 6/3 = 2.

7. Determine a raiz da função y = - x + 1 e esboce 4) Resposta “E”.


o gráfico. Solução: Começamos encontrando f(3):
f(3) = 2.(3) + 1, ou seja, f(3) = 7
Se está pedindo g[f(3)] então está pedindo g(7):
8. Determine o intervalo das seguintes funções para
g(7) = 7 - 3 = 4
que f(x) > 0 e f(x) < 0.
Logo, a resposta certa, letra “E”.
a) y = f(x) = x + 1
b) y = f(x) = -x + 1
5) Solução
a) y = salário fixo + comissão
9. Determine o conjunto imagem da função:
y = 500 + 50x
D(f) = {1, 2, 3}
y = f(x) = x + 1 b) y = 500 + 50x , onde x = 4
y = 500 + 50 . 4 = 500 + 200 = 700
10. Determine o conjunto imagem da função:
D(f) = {1, 3, 5} c) y = 500 + 50x , onde y = 1000
y = f(x) = x² 1000 = 500 + 50x  
50x = 1000 – 500
Respostas 50x = 500
x = 10.
1) Solução:
a) D = R 6) Solução: Basta determinar o valor de x para termos
y=0
b) 3x – 6 ≠ 0 x+1=0
x≠2 x = -1
D = R –{2} Dizemos que -1 é a raiz ou zero da função.

c) x + 2 ≥ 0
x ≥ -2
D = {x ∈ R/ x ≥ -2}

d) D = R
Devemos observar que o radicando deve ser maior ou
igual a zero para raízes de índice par.

e) Temos uma raiz de índice par no denominado, assim:


7x + 5 > 0
x > - 7/5 Note que o gráfico da função y = x + 1, interceptará
D = {x ∈ R/ x > -5/7}. (cortará) o eixo x em -1, que é a raiz da função.

115
MATEMÁTICA

7) Solução: Fazendo y = 0, temos: Função do 2º Grau


0 = -x + 1
x=1 Chama-se função do 2º grau ou função quadrática
toda função f de R em R definida por um polinômio do 2º
Gráfico: grau da forma f(x) = ax2 + bx + c ou y = ax2 + bx + c , com
a, b e c reais e a ≠ 0.

Exemplo

- y = x2 – 5x + 4, sendo a = 1, b = –5 e c = 4
- y = x2 – 9, sendo a = 1, b = 0 e c = –9
- y = x2, sendo a = 1, b = 0 e c = 0

Representação gráfica da Função do 2º grau

Exemplo

Note que o gráfico da função y = -x + 1, interceptará Se a função f de R em R definida pela equação y =


(cortará) o eixo x em 1, que é a raiz da função. x2 – 2x – 3. Atribuindo à variável x qualquer valor real,
obteremos em correspondência os valores de y:
8) Solução:
a) y = f(x) = x + 1 Para x = –2 temos y = (–2)2 – 2(–2) –3 = 4 + 4 – 3 = 5
x+1>0 Para x = –1 temos y = (–1)2 – 2(–1) –3 = 1 + 2 – 3 = 0
x > -1 Para x = 0 temos y = (0)2 – 2(0) –3 = – 3
Logo, f(x) será maior que 0 quando x > -1 Para x = 1 temos y = (1)2 – 2(1) –3 = 1 – 2 – 3 = –4
x+1<0 Para x = 2 temos y = (2)2 – 2(2) –3 = 4 – 4 – 3 = –3
x < -1 Para x = 3 temos y = (3)2 – 2(3) –3 = 9 – 6 – 3 = 0
Logo, f(x) será menor que 0 quando x < -1 Para x = 4 temos y = (4)2 – 2(4) –3 = 16 – 8 – 3 = 5

b) y = f(x) = -x + 1
* -x + 1 > 0
-x > -1
x<1
Logo, f(x) será maior que 0 quando x < 1

-x + 1 < 0
-x < -1
x>1
Logo, f(x) será menor que 0 quando x > 1
(*ao multiplicar por -1, inverte-se o sinal da desigual-
dade).

9) Solução:
f(1) = 1 + 1 = 2
f(2) = 2 + 1 = 3
f(3) = 3 + 1 = 4
Logo: Im(f) = {2, 3, 4}.

10) Solução: x y (x,y)


f(1) = 1² = 1
f(3) = 3² = 9 –2 5 (–2,5)
f(5) = 5² = 25 –1 0 (–1,0)
Logo: Im(f) = {1, 9, 25} 0 –3 (0, –3)
1 –4 (1, –4)
2 –3 (2, –3)
3 0 (3,0)
4 5 (4,5)

116
MATEMÁTICA

O gráfico da função de 2º grau é uma curva aberta Conjunto Imagem: Projeção ortogonal do gráfico da
chamada parábola. função no eixo y. Assim, Im = [c, d].
O ponto V indicado na figura chama-se vértice da
parábola.

Concavidade da Parábola
No caso das funções do 2º grau, a parábola pode ter
sua concavidade voltada para cima (a > 0) ou voltada para
baixo (a < 0).

Zeros da Função do 2º grau

a>0 a<0 As raízes ou zeros da função quadrática f(x) = ax2 + bx


+ c são os valores de x reais tais que f(x) = 0 e, portanto, as
Podemos por meio do gráfico de uma função, soluções da equação do 2º grau.
reconhecer o seu domínio e o conjunto imagem.
ax2 + bx + c = 0
Consideremos a função f(x) definida por A = [a, b] em R.
A resolução de uma equação do 2º grau é feita com o
auxílio da chamada “fórmula de Bhaskara”.

Δ
-b +- √
x=
2.a Onde Δ = b2 – 4.a.c

As raízes (quando são reais), o vértice e a intersecção


com o eixo y são fundamentais para traçarmos um esboço
do gráfico de uma função do 2º grau.

f(x) = ax2 + bx + c com a ≠ 0


Δ>0 Δ=0 Δ<0
a>0

Domínio: Projeção ortogonal do gráfico da função no


eixo x. Assim, D = [a, b] = A
a<0

117
MATEMÁTICA

Coordenadas do vértice da parábola - Se a < 0, o vértice é o ponto da parábola que tem


ordenada máxima. Nesse caso, o vértice é ponto de máximo
A parábola que representa graficamente a função do e a ordenada do vértice é chamada valor máximo da função.
2º grau apresenta como eixo de simetria uma reta vertical
que intercepta o gráfico num ponto chamado de vértice.
As coordenadas do vértice são:
-b -Δ
xv = e xv =
2a 4a

   

Vértice (V)
Construção do gráfico da função do 2º grau
- Determinamos as coordenadas do vértice;
- Atribuímos a x valores menores e maiores que xv e
calculamos os correspondentes valores de y;
- Construímos assim uma tabela de valores;
- Marcamos os pontos obtidos no sistema cartesiano;
O Conjunto Imagem de uma função do 2º grau está - Traçamos a curva.
associado ao seu ponto extremo, ou seja, à ordenada do
vértice (yv). Exemplo
y = x2 – 4x + 3

Coordenadas do vértice:
-(-4)
xv = -b = = 4 =2 V (2, –1)
2a 2(1) 2
yV = (2)2 – 4(2) + 3 = 4 – 8 + 3 = –1

Tabela:
Para x = 0 temos y = (0)2 – 4(0) + 3 = 0 – 0 + 3 = 3
Para x = 1 temos y = (1)2 – 4(1) + 3 = 1 – 4 + 3 = 0
Exemplo Para x = 3 temos y = (3)2 – 4(3) + 3 = 9 – 12 + 3 = 0
Para x = 4 temos y = (4)2 – 4(4) + 3 = 16 – 16 + 3 = 3
Vamos determinar as coordenadas do vértice da
parábola da seguinte função quadrática: y = x2 – 8x + 15.
x y (x,y)
Cálculo da abscissa do vértice: 0 3 (0,3)
1 0 (1,0)
xv= -b =
-(-8)
= 8 =4 2 –1 (2,–1)Vértice
2a 2(1) 2 3 0 (3,0)
4 3 (4,3)
Cálculo da ordenada do vértice:
Substituindo x por 4 na função dada: Gráfico:

yV = (4)2 – 8(4) + 15 = 16 – 32 + 15 = –1

Logo, o ponto V, vértice dessa parábola, é dado por V


(4, –1).

Valor máximo e valor mínimo da função do 2º grau

- Se a > 0, o vértice é o ponto da parábola que tem


ordenada mínima. Nesse caso, o vértice é chamado ponto
de mínimo e a ordenada do vértice é chamada valor
mínimo da função;

118
MATEMÁTICA

Estudos do sinal da função do 2º grau Respostas


Estudar o sinal de uma função quadrática é determinar
os valores reais de x que tornam a função positiva, negativa 1) Resposta “3”.
ou nula. Solução: Sendo x o número de filhos de Pedro, temos
que 3x2 equivale ao triplo do quadrado do número de filhos
Exemplo e que 63 - 12x equivale a 63 menos 12 vezes o número de
y = x2 – 6x + 8 filhos. Montando a sentença matemática temos:
3x2 = 63 - 12x
Zeros da função: Esboço do Gráfico
y = x2 – 6x + 8 Que pode ser expressa como:
Δ = (–6)2 – 4(1)(8) 3x2 + 12x - 63 = 0
Δ = 36 – 32 = 4
√Δ= √4 = 2 Temos agora uma sentença matemática reduzida à
forma  ax2  +  bx  +  c  =  0, que é denominada  equação do
Estudo do Sinal: 2° grau. Vamos então encontrar as raízes da equação, que
será a solução do nosso problema:
Primeiramente calculemos o valor de Δ:
6+2 8 Para x < 2 ou x > 4 temos y > 0 Δ = b2 - 4.a.c = 122 - 4 . 3 .(-63) = 144 + 756 = 900
6±2 = =4
x= 2 2 Para x = 2 ou x = 4 temos y = 0
2 6−2 4 Para 2 < x < 4 temos y < 0 Como Δ é maior que zero, de antemão sabemos que
= =2 a equação possui duas raízes reais distintas. Vamos calcu-
2 2
lá-las:
Exercícios
3x2 + 12 - 63 = 0 ⇒ x = -12 ± √Δ ⇒
2.3
1. O triplo do quadrado do número de filhos de Pedro
é igual a 63 menos 12 vezes o número de filhos. Quantos -12 + √900 18
filhos Pedro tem? x1 = ⇒x1 = -12 ± 30 ⇒ x1 = ⇒ x1 = 3
6 6 6
2. Uma tela retangular com área de 9600cm2  tem de -12 - √900 -42
x2 = ⇒x1 = -12 - 30 ⇒ x2 = ⇒ x2 = -7
largura uma vez e meia a sua altura. Quais são as dimensões 6 6 6
desta tela?
A raízes encontradas são 3 e -7, mas como o número de
3. O quadrado da minha idade menos a idade que eu filhos de uma pessoa não pode ser negativo, descartamos
tinha 20 anos atrás e igual a 2000. Quantos anos eu tenho então a raiz -7.
agora? Portanto, Pedro tem 3 filhos.
4. Comprei 4 lanches a um certo valor unitário. De outro
tipo de lanche, com o mesmo preço unitário, a quantidade 2) Resposta “80cm; 120 cm”.
comprada foi igual ao valor unitário de cada lanche. Paguei Solução: Se chamarmos de  x  altura da tela, temos
com duas notas de cem reais e recebi R$  8,00 de troco. que 1,5x  será a sua largura. Sabemos que a área de uma
Qual o preço unitário de cada produto? figura geométrica retangular
é calculada multiplicando-se a medida da sua largura,
5. O produto da idade de Pedro pela idade de Paulo é pela medida da sua altura. Escrevendo o enunciado na for-
igual a 374. Pedro é 5 anos mais velho que Paulo. Quantos ma de uma sentença matemática temos:
anos tem cada um deles? x . 1,5x = 9600
Que pode ser expressa como:
6. Há dois números cujo triplo do quadrado é a igual 15 1,5x2 - 9600 = 0
vezes estes números. Quais números são estes? Note que temos uma equação do 2° grau incompleta,
que como já vimos terá duas raízes reais opostas, situação
7. Quais são as raízes da equação x2 - 14x + 48 = 0? que ocorre sempre que o coeficiente b é igual a zero. Va-
mos aos cálculos:
8. O dobro do quadrado da nota final de Pedrinho é
zero. Qual é a sua nota final? 9600
1,5x2 - 9600 = 0 ⇒ 1,5x2 = 9600 ⇒ x2 =
1,5
9. Solucione a equação biquadrada: -x4 + 113x2 - 3136 ⇒ x = ±√6400 ⇒ x = ±80
= 0.
As raízes reais encontradas são  -80  e  80, no entanto
10. Encontre as raízes da equação biquadrada: x4 - 20x2 como uma tela não pode ter dimensões negativas, deve-
- 576 = 0. mos desconsiderar a raiz -80.

119
MATEMÁTICA

Como  1,5x  representa a largura da tela, temos então 5) Resposta “22; 17”.
que ela será de 1,5 . 80 = 120. Solução: Se chamarmos de x a idade de Pedro, teremos
Portanto, esta tela tem as dimensões de 80cm de altu- que x - 5 será a idade de Paulo. Como o produto das idades
ra, por 120cm de largura. é igual a 374, temos que x . (x - 5) = 374.
Esta sentença matemática também pode ser expressa
como:
3) Resposta “45”. x.(x - 5) = 374 ⇒ x2 - 5x = 374 ⇒ x2 - 5x - 374 = 0
Solução: Denominando x a minha idade atual, a partir
do enunciado podemos montar a seguinte equação: Primeiramente para obtermos a idade de Pedro, vamos
x2 - (x - 20) = 2000 solucionar a equação:
Ou ainda:
-(-5) ± √(-5)2 - 4 . 1 . (-374)
x2 - (x - 20) = 2000 ⇒ x2 - x + 20 = 2000 ⇒ x2 - x - 1980 x2 - 5x - 374 = 0 ⇒
=0 2.1
A solução desta equação do 2° grau completa nós dará 5 ± √1521
⇒x=
a resposta deste problema. Vejamos: 2 5 + 39
x1 = ⇒ x1 = 22
-(-1) ± √(-1)2 - 4 . 1 . (-1980) 2
x2 - x - 1980 = ⇒ x = ⇒ x=
5 ± 39

2.1 2 5 - 39
x2 = ⇒ x2 = -17
1 ± √7921 2
⇒x=
2
1 + 89 As raízes reais encontradas são -17 e 22, por ser nega-
x1 = ⇒ x1 = 45
1 ± 89 2 tiva, a raiz -17 deve ser descartada.
⇒x= ⇒ 1 - 89 Logo a idade de Pedro é de 22 anos.
2 x2 = ⇒ x2 = -44
2 Como Pedro é 5 anos mais velho que Paulo, Paulo tem
então 17 anos.
Logo, Pedro tem 22 anos e Paulo tem 17 anos.
As raízes reais da equação são -44 e 45. Como eu não
posso ter -44 anos, é óbvio que só posso ter 45 anos.
6) Resposta “0; 5”.
Logo, agora eu tenho 45 anos.
Solução: Em notação matemática, definindo a incóg-
nita como x, podemos escrever esta sentença da seguinte
forma:
4) Resposta “12”.
3x2 = 15x
Solução: O enunciado nos diz que os dois tipos de lan-
che têm o mesmo valor unitário. Vamos denominá-lo então Ou ainda como:
de x. 3x2 - 15x = 0
Ainda segundo o enunciado, de um dos produtos eu A fórmula geral de resolução ou fórmula de Bhaskara
comprei 4 unidades e do outro eu comprei x unidades. pode ser utilizada na resolução desta equação, mas por se
Sabendo-se que recebi  R$  8,00  de troco ao pa- tratar de uma equação incompleta, podemos solucioná-la
gar R$ 200,00 pela mercadoria, temos as informações ne- de outra forma.
cessárias para montarmos a seguinte equação: Como apenas o coeficiente c é igual a zero, sabemos
4 . x + x . x + 8 = 200 que esta equação possui duas raízes reais. Uma é igual aze-
Ou então: ro e a outra é dada pelo oposto do coeficiente b dividido
4.x + x . x + 8 = 200 ⇒ 4x + x2 + 8 = 200 ⇒ x2 + 4x - pelo coeficiente a. Resumindo podemos dizer que:
192=0
x1 = 0
Como x representa o valor unitário de cada lanche, va- ax2 + bx = 0 ⇒ b
x2 = -
mos solucionar a equação para descobrimos que valor é a
este:
Temos então:
-4 ± √42 - 4 . 1 . (-192)
x2 + 4x - 192 = 0 ⇒ x = b -15
2.1 x=- ⇒x= ⇒x=5
-4 ± √784 a 3
⇒x=
2 -4 + 28
x1 = ⇒ x1 = 12
2 7) Resposta “6; 8”.
-4 ± 28
⇒x= ⇒ -4 - 89 Solução: Podemos resolver esta equação simplesmente
2 x2 = ⇒ x2 = -16 respondendo esta pergunta:
2
Quais são os dois números que somados totalizam 14
As raízes reais da equação são -16 e 12. Como o preço e que multiplicados resultam em 48?
não pode ser negativo, a raiz igual -16 deve ser descartada. Sem qualquer esforço chegamos a 6 e 8, pois 6 + 8 =
Assim, o preço unitário de cada produto é de R$ 12,00. 14 e 6 . 8 = 48.

120
MATEMÁTICA

Segundo as relações de Albert Girard, que você encon- x3 = √64 ⇒ x3 = 8


tra em detalhes em outra página deste site, estas são as
raízes da referida equação. x = 64 ⇒ x ±√64 ⇒
2
x4 = - √64 ⇒ x4 = -8
Para simples conferência, vamos solucioná-la também
através da fórmula de Bhaskara:
Assim sendo, as raízes da equação biquadrada -x4 + 113x2 -
-(-14) ± √(-14)2 - 4 . 1 . 48 3136 = 0 são: -8, -7, 7 e 8.
x - 14x + 48 = 0 ⇒ x =
2
2.1
⇒x= 14 ± √4
2 10) Resposta “-6; 6”.
⇒x =
14 ± 2 Solução: Iremos substituir x4 por y2 e x2 e y, obtendo uma
2 equação do segundo grau:
y2 - 20y - 576 = 0
14 + 2
x1 = ⇒ x1 = 8
2 Ao resolvermos a mesma temos:

14 - 2 −20 ± (−20)2 − 4.1.(−576)
x2 = ⇒ x2 = 6
2 y2 - 20y - 576 = 0 ⇒
2.3
20 + 2704 20 + 52 72
y1= ⇒y1= ⇒y1= ⇒y1=36
8) Resposta “0”. 2 2 2
Solução: Sendo x a nota final, matematicamente temos:
2x2 = 0 −32
Podemos identificar esta sentença matemática como 20 − 2704 20 − 52
y2= ⇒y2= ⇒y2= 2 ⇒y2=-16
sendo uma equação do segundo grau incompleta, cujos 2 2
coeficientes b e c são iguais a zero.
Conforme já estudamos este tipo de equação sempre Substituindo os valores de y na expressão x2 = y obtemos
terá como raiz real o número zero. Apenas para verificação as raízes da equação biquadrada:
vejamos:
Para y1 temos:
0
2x2 = 0 ⇒ x2 = ⇒ x2 = 0 ⇒ x ±√0 ⇒ x =0
2 x1 = √36 ⇒ x1= 6
x2 = 36 ⇒ x = ±√36 ⇒
9) Resposta “-8; -7; 7 e 8”. x2 = -√36 ⇒ x2= -6
Solução: Substituindo na equação  x4  por  y2  e tam-
bém x2 e y temos: Para y2, como não existe raiz quadrada real de um número
-y2 + 113y - 3136 = 0 negativo, o valor de -16 não será considerado.
Resolvendo teremos: Desta forma, as raízes da equação biquadrada x4  - 20x2  -
576 = 0 são somente: -6 e 6.
−113 ± 1132 − 4.(−1).(−3136)
-y2 + 113y - 3136 = 0 ⇒ y =
2 + (−1) Função Exponencial
−113 + 225 -113 + 15
y1 = ⇒ y1 = Uma função é uma maneira de associar a cada valor do ar-
−2 -2 gumento x um único valor da função f(x). Isto pode ser feito es-
⇒ pecificando através de uma fórmula um  relacionamento gráfico
−113 − 225
y2 = ⇒ y2 = -113 - 15 entre diagramas representando os dois conjuntos, e/ou uma re-
−2 -2 gra de associação, mesmo uma tabela de correspondência pode
ser construída; entre conjuntos numéricos é comum represen-
-98
y1 = ⇒ y1 = 49 tarmos funções por seus gráficos, cada par de elementos rela-
-2 cionados pela função determina um ponto nesta representação,
⇒ a restrição de unicidade da imagem implica em um único ponto
y2 = -128 ⇒ y2 = 64 da função em cada linha de chamada do valor independente x.
-2 Como um termo matemático, “função” foi introduzido por
Leibniz em 1694, para descrever quantidades relacionadas a
Substituindo os valores de y na expressão x2 = y temos: uma curva; tais como a inclinação da curva ou um ponto es-
Para y1 temos: pecífico da dita curva. Funções relacionadas à curvas são atual-
x1 = √49 ⇒ x1 = 7 mente chamadas funções diferenciáveis e são ainda o tipo de
x2 = 49 ⇒ x ±√49 ⇒ funções mais encontrado por não-matemáticos. Para este tipo
x2 = - √49 ⇒ x2 = -7 de funções, pode-se falar em limites e derivadas; ambos sendo
medida da mudança nos valores de saída associados à variação
Para y2 temos: dos valores de entrada, formando a base do cálculo infinitesimal.

121
MATEMÁTICA

A palavra função foi posteriormente usada por Euler em Gráficos da Função Exponencial
meados do século XVIII para descrever uma expressão envol-
vendo vários argumentos; i.e:y = F(x). Ampliando a definição de
funções, os matemáticos foram capazes de estudar “estranhos”
objetos matemáticos tais como funções que não são diferen-
ciáveis em qualquer de seus pontos. Tais funções, inicialmente
tidas como puramente imaginárias e chamadas genericamen-
te de “monstros”, foram já no final do século XX, identificadas
como importantes para a construção de modelos físicos de fe-
nômenos tais como o movimento Browniano.
Durante o Século XIX, os matemáticos começaram a for-
malizar todos os diferentes ramos da matemática. Weierstrass
defendia que se construisse o cálculo infinitesimal sobre a Arit-
mética ao invés de sobre a Geometria, o que favorecia a defi-
nição de Euler em relação à de Leibniz (veja aritmetização da
análise). Mais para o final do século, os matemáticos começa-
ram a tentar formalizar toda a Matemática usando Teoria dos
conjuntos, e eles conseguiram obter definições de todos os
objetos matemáticos em termos do conceito de conjunto. Foi
Dirichlet quem criou a definição “formal” de função moderna.

Função Exponencial
Propriedades da Função Exponencial  
Conta a lenda que um rei solicitou aos seus súditos que
lhe inventassem um novo jogo, a fim de diminuir o seu té-
Se a, x e y são dois números reais quaisquer e k é um
dio. O melhor jogo teria direito a realizar qualquer desejo. Um
número racional, então:
dos seus súditos inventou, então, o jogo de xadrez. O Rei ficou
- ax ay= ax + y
maravilhado com o jogo e viu-se obrigado a cumprir a sua
- ax / ay= ax - y
promessa. Chamou, então, o inventor do jogo e disse que ele
- (ax) y= ax.y
poderia pedir o que desejasse. O astuto inventor pediu então
- (a b)x = ax bx
que as 64 casas do tabuleiro do jogo de xadrez fossem preen-
- (a / b)x = ax / bx
chidas com moedas de ouro, seguindo a seguinte condição:
na primeira casa seria colocada uma moeda e em cada casa - a-x = 1 / ax  
seguinte seria colocado o dobro de moedas que havia na casa Estas relações também são válidas para exponenciais
anterior. O Rei considerou o pedido fácil de ser atendido e or- de base e (e = número de Euller = 2,718...)
denou que providenciassem o pagamento. Tal foi sua surpresa - y = ex se, e somente se, x = ln(y)
quando os tesoureiros do reino lhe apresentaram a suposta - ln(ex) =x
conta, pois apenas na última casa o total de moedas era de - ex+y= ex.ey
263, o que corresponde a aproximadamente 9 223 300 000 - ex-y = ex/ey
000 000 000 = 9,2233.1018. Não se pode esquecer ainda que - ex.k = (ex)k
o valor entregue ao inventor seria a soma de todas as moedas  
contidas em todas as casas. O rei estava falido! A Constante de Euler
A lenda nos apresenta uma aplicação de funções expo- Existe uma importantíssima constante matemática de-
nenciais, especialmente da função y = 2x. finida por
As funções exponenciais são aquelas que crescem ou de- e = exp(1)
crescem muito rapidamente. Elas desempenham papéis fun- O número e é um número irracional e positivo e em
damentais na Matemática e nas ciências envolvidas com ela, função da definição da função exponencial, temos que:
como: Física, Química, Engenharia, Astronomia, Economia, Ln(e) = 1
Biologia, Psicologia e outras. Este número é denotado por e em homenagem ao ma-
Definição temático suíço Leonhard Euler (1707-1783), um dos primei-
ros a estudar as propriedades desse número.
A função exponencial é a definida como sendo a inversa O valor deste número expresso com 40 dígitos deci-
da função logarítmica natural, isto é: mais, é:

logab = x ⇔ ax = b e = 2,718281828459045235360287471352662497757

Podemos concluir, então, que a função exponencial é de- Se x é um número real, a função exponencial exp(.)
finida por: pode ser escrita como a potência de base e com expoente
y= ax , com 1 ≠ a > 0 x, isto é: 
ex = exp(x)

122
MATEMÁTICA

Função Logarítmica Neste caso temos a seguinte condição de existência:


0
625x > 0 ⇒ x > ⇒x>0
Toda equação que contém a incógnita na base ou no 625
logaritmando de um logaritmo é denominada equação Voltando à equação temos:
42
logarítmica. Abaixo temos alguns exemplos de equações 7 log 5 625x = 42 ⇒ log 5 625x = ⇒ log 5 625x = 6
logarítmicas: 7
log 2 x = 3
Aplicando a mesma propriedade que aplicamos nos casos
log x = 100 = 2 anteriores e desenvolvendo os cálculos temos: Como 25 satis-
7 log 5 = 625x = 42 faz a condição de existência, então S = {25} é o conjunto solu-
3log 2 x 64 = 9 ção da equação. Se quisermos recorrer a outras propriedades
dos logaritmos também podemos resolver este exercício assim:
log −6−x 2x = 1 ⇒ log5 x=2 ⇔ 52 = x ⇒ x = 25

Perceba que nestas equações a incógnita encontra-se Lembre-se que logb(M.N) = logb M + logb N e que log5 625
ou no logaritmando, ou na base de um logaritmo. Para = 4, pois 54 = 625.
solucionarmos equações logarítmicas recorremos a mui- 3log2x64 = 9
tas das propriedades dos logaritmos.
Neste caso a condição de existência em função da base do
Solucionando Equações Logarítmicas logaritmo é um pouco mais complexa:
0
2x > 0 ⇒ x > ⇒x>0
Vamos solucionar cada uma das equações acima, co- 2
meçando pela primeira: log2 x = 3
E, além disto, temos também a seguinte condição:
Segundo a definição de logaritmo nós sabemos que: 1
log2 x = 3 ⇔ 23 = x 2x ≠ 1 ⇒ x ≠
2
Logo x é igual a 8:23 = x ⇒ X = 2.2.2 ⇒ x= 8 ⎧1 ⎫
Portanto a condição de existência é: x ∈R+ − ⎨ ⎬
*

⎩2 ⎭
De acordo com a definição de logaritmo o logarit-
Agora podemos proceder de forma semelhante ao exem-
mando deve ser um número real positivo e já que 8 é um
plo anterior: Como x = 2 satisfaz a condição de existência da
número real positivo, podemos aceitá-lo como solução da equação logarítmica, então 2 é solução da equação. Assim
equação. A esta restrição damos o nome de condição de como no exercício anterior, este também pode ser solucionado
existência. recorrendo-se à outra propriedade dos logaritmos: log-6-x 2x = 1
logx 100 = 2 Neste caso vamos fazer um pouco diferente. Primeiro va-
mos solucionar a equação e depois vamos verificar quais são as
Pela definição de logaritmo a base deve ser um núme- condições de existência: Então x = -2 é um valor candidato à
ro real e positivo além de ser diferente de 1. Então a nossa solução da equação. Vamos analisar as condições de existência
condição de existência da equação acima é que: da base -6 - x:
x ∈R+* − {1} Veja que embora x ≠ -7, x não é menor que -6, portanto x
= -2 não satisfaz a condição de existência e não pode ser solu-
ção da equação. Embora não seja necessário, vamos analisar a
Em relação a esta segunda equação nós podemos es- condição de existência do logaritmando 2x:
crever a seguinte sentença: logx 100 = 2 ⇔ x2 = 100 2x > 0 ⇒ x > 0
Como x = -2, então x também não satisfaz esta condição
Que nos leva aos seguintes valores de x: de existência, mas não é isto que eu quero que você veja. O que
⎧ x = −10 eu quero que você perceba, é que enquanto uma condição diz
x 2 = 100 ⇒ x = ± 100 ⇒ ⎨ que x < -6, a outra diz que x > 0. Qual é o número real que
⎩ x = 10 além de ser menor que -6 é também maior que 0?
Como não existe um número real negativo, que sendo
Note que x = -10 não pode ser solução desta equação, menor que -6, também seja positivo para que seja maior que
pois este valor de x não satisfaz a condição de existência, já zero, então sem solucionarmos a equação nós podemos per-
que -10 é um número negativo. ceber que a mesma não possui solução, já que nunca con-
Já no caso de x = 10 temos uma solução da equação, seguiremos satisfazer as duas condições simultaneamente. O
pois 10 é um valor que atribuído a x satisfaz a condição de conjunto solução da equação é portanto S = {}, já que não
existência, visto que 10 é positivo e diferente de 1. existe nenhuma solução real que satisfaça as condições de
7log5 625x = 42 existência da equação.

123
MATEMÁTICA

Função Logarítmica - por fim, o gráfico de y=a.ln(x+m)+k sofreu uma


A função logaritmo natural mais simples é a função y=- translação vertical de k unidades, pois, para cada abscissa,
f0(x)=lnx. Cada ponto do gráfico é da forma (x, lnx) pois a as ordenadas dos pontos do gráfico de y=a.ln(x+m)+k fica-
ordenada é sempre igual ao logaritmo natural da abscissa. ram acrescidas de k, quando comparadas às ordenadas dos
pontos do gráfico de y=a.ln(x+m).

O estudo dos gráficos das funções envolvidas auxilia


na resolução de equações ou inequações, pois as opera-
ções algébricas a serem realizadas adquirem um signifi-
cado que é visível nos gráficos das funções esboçados no
mesmo referencial cartesiano.

Função logarítmica de base a é toda função


f : *+ →  , definida por f (x) = log a x com a ∈ + e a ≠ 1 .
*

Podemos observar neste tipo de função que a variável


independente x é um logaritmando, por isto a denomina-
mos função logarítmica. Observe que a base a é um valor
  real constante, não é uma variável, mas sim um número
real.
A função logarítmica de *+ →  é inversa da função
exponencial de  →  + e vice-versa, pois:
*
O domínio da função ln é R+ =]0,∞[ e a imagem é o
*

conjunto R+* =] − ∞,+∞[ . O eixo vertical é uma assíntota ao


gráfico da função. De fato, o gráfico se aproxima cada vez Representação da Função Logarítmica no Plano
mais da reta x=0 Cartesiano
Podemos representar graficamente uma função lo-
O que queremos aqui é descobrir como é o gráfico de
garítmica da mesma forma que fizemos com a função
uma função logarítmica natural geral, quando comparado
exponencial, ou seja, escolhendo alguns valores para x e
ao gráfico de y=ln x, a partir das transformações sofridas
montando uma tabela com os respectivos valores de f(x).
por esta função. Consideremos uma função logarítmica
Depois localizamos os pontos no plano cartesiano e traça-
cuja expressão é dada por y=f1(x)=ln x+k, onde k é uma
mos a curva do gráfico. Vamos representar graficamente a
constante real. A pergunta natural a ser feita é: qual a ação
função f(x) = log x e como estamos trabalhando com um
da constante k no gráfico dessa nova função quando com-
logaritmo de base 10, para simplificar os cálculos vamos
parado ao gráfico da função inicial y=f0(x)=ln x ?
escolher para x alguns valores que são potências de 10:
Ainda podemos pensar numa função logarítmica que 0,001, 0,01, 0,1, 1, 10 e 2.
seja dada pela expressão y=f2(x)=a.ln x onde a é uma cons-
tante real, a ≠ 0. Observe que se a=0, a função obtida não Temos então a seguinte tabela:
será logarítmica, pois será a constante real nula. Uma ques-
tão que ainda se coloca é a consideração de funções lo-
garítmicas do tipo y=f3(x)=ln(x+m), onde m é um número x y = log x
real não nulo. Se g(x)=3.ln(x-2) + 2/3, desenhe seu gráfico, 0,001 y = log 0,001 = -3
fazendo os gráficos intermediários, todos num mesmo par 0,01 y = log 0,01 = -2
de eixos.
y=a.ln(x+m)+k 0,1 y = log 0,1 = -1
1 y = log 1 = 0
Conclusão: Podemos, portanto, considerar funções lo- 10 y = log 10 = 1
garítmicas do tipo y = f4(x) = a In (x + m) + k, onde o coe-
ficiente a não é zero, examinando as transformações do
gráfico da função mais simples y = f0 (x) = In x, quando
fazemos, em primeiro lugar, y=ln(x+m); em seguida, y=a.
ln(x+m) e, finalmente, y=a.ln(x+m)+k.

Analisemos o que aconteceu:


- em primeiro lugar, y=ln(x+m) sofreu uma translação
horizontal de -m unidades, pois x=-m exerce o papel que
x=0 exercia em y=ln x;
- a seguir, no gráfico de y=a.ln(x+m) ocorreu mudan-
ça de inclinação pois, em cada ponto, a ordenada é igual
àquela do ponto de mesma abscissa em y=ln(x+m) multi-
plicada pelo coeficiente a;

124
MATEMÁTICA

Ao lado temos o gráfico desta função logarítmica, no Se 0 < a < 1 temos uma função logarítmica decres-
qual localizamos cada um dos pontos obtidos da tabela e cente em todo o domínio da função. Neste outro gráfico
os interligamos através da curva da função: Veja que para podemos observar que à medida que x aumenta, y dimi-
valores de y < 0,01 os pontos estão quase sobre o eixo nui. Graficamente observamos que a curva da função é de-
das ordenadas, mas de fato nunca chegam a estar. Note crescente. No gráfico também observamos que para dois
também que neste tipo de função uma grande variação no valores de x (x1 e x2), que log a x2 < log a x1 ⇔ x2 > x1 , isto
valor de x implica numa variação bem inferior no valor de y. para x1, x2 e a números reais positivos, com 0 < a < 1. É
Por exemplo, se passarmos de x = 100 para x = 1000000, a importante frisar que independentemente de a função ser
variação de y será apenas de 2 para 6. Isto porque: crescente ou decrescente, o gráfico da função sempre cruza
o eixo das abscissas no ponto (1, 0), além de nunca cruzar
⎧ f (100) = log100 = 2 o eixo das ordenadas e que o log a x2 = log a x1 ⇔ x2 = x1 ,
⎨ isto para x1, x2 e a números reais positivos, com a ≠ 1.
⎩ f (1000000) = log1000000 = 6
Função Polinomial
Função Crescente e Decrescente
Assim como no caso das funções exponenciais, as fun- Um polinômio (função polinomial) com coeficientes
ções logarítmicas também podem ser classificadas como reais na variável x é uma função matemática f: R R
função crescente ou função decrescente. Isto se dará em definida por: p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn, onde
função da base a ser maior ou menor que 1. Lembre-se que ao, a1, a2, ..., an são números reais, denominados coeficientes
segundo a definição da função logarítmica f :  + →  , do polinômio. O coeficiente ao é o termo constante.
*

definida por f(x) = Loga x, temos que e a > 0 e a ≠ 1 Se os coeficientes são números inteiros, o polinômio é
denominado polinômio inteiro em x.
Função Logarítmica Crescente Uma das funções polinomiais mais importantes é f: R
R definida por:
f(x) = a x² + b x + c

O gráfico desta função é a curva plana denominada


parábola, que tem algumas características utilizadas em
estudos de Cinemática, radares, antenas parabólicas e
faróis de carros.
O valor numérico de um polinômio p = p(x) em x = a
é obtido pela substituição de x pelo número a, para obter
p(a).

Exemplo

O valor numérico de p(x) = 2x² + 7x - 12 para x = 3 é


Se a > 1 temos uma função logarítmica crescente, dado por:
qualquer que seja o valor real positivo de x. No gráfico da p(3) = 2 × (3)² + 7 × 3 - 12 = 2 × 9 + 21 - 12 = 18 + 9
função ao lado podemos observar que à medida que x au- = 27
menta, também aumenta f(x) ou y. Graficamente vemos
que a curva da função é crescente. Também podemos ob- Grau de um polinômio
servar através do gráfico, que para dois valor de x (x1 e x2),
que log a x2 > log a x1 ⇔ x1 > x2 , isto para x1, x2 e a números Em um polinômio, o termo de mais alto grau que possui
reais positivos, com a > 1. um coeficiente não nulo é chamado termo dominante e o
coeficiente deste termo é o coeficiente do termo dominante.
Função Logarítmica Decrescente O grau de um polinômio p = p(x) não nulo, é o expoente
de seu termo dominante, que aqui será denotado por gr(p).
Acerca do grau de um polinômio, existem várias
observações importantes:
- Um polinômio nulo não tem grau uma vez que não
possui termo dominante. Em estudos mais avançados,
define-se o grau de um polinômio nulo, mas não o faremos
aqui.
- Se o coeficiente do termo dominante de um polinômio
for igual a 1, o polinômio será chamado Mônico.
- Um polinômio pode ser ordenado segundo as suas
potências em ordem crescente ou decrescente.
- Quando existir um ou mais coeficientes nulos, o
polinômio será dito incompleto.

125
MATEMÁTICA

- Se o grau de um polinômio incompleto for n, o Comutativa


número de termos deste polinômio será menor do que n
+ 1. Quaisquer que sejam p, q em P[x], tem-se que:
- Um polinômio será completo quando possuir todas as p+q=q+p
potências consecutivas desde o grau mais alto até o termo
constante. Elemento neutro
- Se o grau de um polinômio completo for n, o número
de termos deste polinômio será exatamente n + 1. Existe um polinômio po (x) = 0 tal que:
po + p = p, qualquer que seja p em P[x].
- É comum usar apenas uma letra p para representar a
função polinomial p = p(x) e P[x] o conjunto de todos os
Elemento oposto
polinômios reais em x.
Para cada p em P[x], existe outro polinômio q = -p em
Igualdade de polinômios P[x] tal que
p+q=0
Os polinômios p e q em P[x], definidos por:
p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn Com estas propriedades, a estrutura (P[x],+) é
q(x) = bo + b1x + b2x² + b3x³ +...+ bnxn denominada um grupo comutativo.

São iguais se, e somente se, para todo k = 0,1,2,3,...,n: Produto de polinômios
ak = bk
Sejam p, q em P[x], dados por:
Teorema p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn
q(x) = bo + b1x + b2x² + b3x³ +...+ bnxn
Uma condição necessária e suficiente para que um
polinômio inteiro seja identicamente nulo é que todos os Definimos o produto de p e q, como outro polinômio
seus coeficientes sejam nulos. r em P[x]:
r(x) = p(x) · q(x) = co + c1x + c2x² + c3x³ +...+ cnxn
Assim, um polinômio: p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+
Tal que:
anxn será nulo se, e somente se, para todo k = 0,1,2,3,...,n: ck = aobk + a1bk-1 + a2 bk-2 + a3bk-3 +...+ ak-1 b1 + akbo
ak= 0
Para cada ck (k = 1, 2, 3,..., m+n). Observamos que para
O polinômio nulo é denotado por po= 0 em P[x]. cada termo da soma que gera ck, a soma do índice de a
O polinômio unidade (identidade para o produto) p1 = com o índice de b sempre fornece o mesmo resultado k.
1 em P[x], é o polinômio: A estrutura matemática (P[x],·) formada pelo conjunto
de todos os polinômios com o produto definido acima,
p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ + ...+ anxn possui várias propriedades:
tal que ao = 1 e ak = 0, para todo k = 1, 2, 3,..., n.
Associativa
Soma de polinômio
Quaisquer que sejam p, q, r em P[x], tem-se que:
Consideremos p e q polinômios em P[x], definidos por: (p · q) · r = p · (q · r)
p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +... + anxn
q(x) = bo + b1x + b2x² + b3x³ +... + bnxn Comutativa

Quaisquer que sejam p, q em P[x], tem-se que:


Definimos a soma de p e q, por:
p·q=q·p
(p + q)(x) = (ao + bo) + (a1 + b1)x + (a2 + b2)x² +... + (an
+ bn)xn Elemento nulo
A estrutura matemática (P[x],+) formada pelo conjunto Existe um polinômio po(x) = 0 tal que
de todos os polinômios com a soma definida acima, possui po · p = po, qualquer que seja p em P[x].
algumas propriedades:
Associativa Elemento Identidade

Quaisquer que sejam p, q, r em P[x], tem-se que: Existe um polinômio p1(x) = 1 tal que
(p + q) + r = p + (q + r) po · p = po, qualquer que seja p em P[x]. A unidade
polinomial é simplesmente denotada por p1 = 1.
Existe uma propriedade mista ligando a soma e o
produto de polinômios:

126
MATEMÁTICA

Distributiva 2) Resposta “15x5 + 24x4 – 3x3”.   


Solução:
Quaisquer que sejam p, q, r em P[x], tem-se que: (3x2) x (5x3 + 8x2 – x) → aplicar a propriedade distributiva
p · (q + r) = p · q + p · r da multiplicação
15x5 + 24x4 – 3x3.
Com as propriedades relacionadas com a soma e o
produto, a estrutura matemática (P[x],+,·) é denominada 3) Resposta “x³ + x² – 8x + 6”.
anel comutativo com identidade. Solução:
(x – 1) . (x2 + 2x - 6) 
Exercícios x2 . (x – 1) + 2x . (x – 1) – 6 . (x – 1)
(x³ – x²) + (2x² – 2x) – (6x – 6)
1. Considerando os polinômios –2x² + 5x – 2 e –3x³ x³ – x² + 2x² – 2x – 6x + 6 → reduzindo os termos
semelhantes.
+ 2x – 1. Efetue a adição e a subtração entre eles.
x³ + x² – 8x + 6.
2. Transforme o seguinte polinômio em monômio:
4) Resposta “6”.
(3x2) x (5x3 + 8x2 – x). Solução: Teremos, substituindo a variável x por x =
-1 → p(-1) = (-1)3 - 5(-1) + 2 = -1 + 5 + 2 = 6
3. Efetue a multiplicação de polinômio (x – 1) x ∴ p(-1) = 6.
(x2 + 2x - 6)  por polinômio.
5) Resposta “1296”.
4. Qual o valor numérico do polinômio p(x) = x3 - 5x Solução: Teremos:
+ 2 para x = -1? Para x = 1: 
S = T(1) = (5.1 + 1)4 = 64 = 6 . 6 . 6 . 6 = 1296.
5. Qual a soma dos coeficientes do polinômio T(x)
= (5x + 1)4? 6) Resposta “10”.
Solução: Se 2 é raiz de P(x), então sabemos que P(2) =
6. Sendo P(x) = Q(x) + x2 + x + 1 e sabendo que 2 0 e se 1 é raiz de Q(x) então Q(1) = 0.
é raiz de P(x) e 1 é raiz de Q(x) , calcule o valor de P(1) Temos então substituindo x por 1 na expressão dada:
- Q(2).
P(1) = Q(1) + 12 + 1 + 1 ∴
7. Qual o grau mínimo da equação P(x) = 0, P(1) = 0 + 1 + 1 + 1 = 3. Então P(1) = 3. Analogamente,
sabendo-se que três de suas raízes são os números 5,   3 poderemos escrever:
+ 2i  e   4 - 3i.
P(2) = Q(2) + 22 + 2 + 1  0 = Q(2) + 7,
8. Multiplicando (2x2 + x + 1) por (5x – 2), teremos: Logo Q(2) = -7.
Conclui-se que P(1) - Q(2) = 3 - (-7) = 3 + 7 = 10.
9. Se multiplicarmos 3 por (2x2 + x + 5), teremos:
7) Resposta “5”.
10. Se multiplicarmos -2x2 por (5x – 1), teremos:  Solução: Pela propriedade P3, os complexos conjugados 3 - 2i
e 4 + 3i são também raízes. Logo, por P1, concluímos que o grau
mínimo de P(x) é igual a 5, ou seja, P(x) possui no mínimo 5 raízes.
Respostas
8) Resposta “10x3 + x2 + 3x – 2”.
1) Solução: Adição Solução:
(–2x² + 5x – 2) + (–3x³ + 2x – 1) → eliminar os parênteses (2x2 + x + 1) (5x – 2) → aplicar a propriedade distributiva.
fazendo o jogo de sinal 2x2 . (5x) + 2x2 . (-2) + x . 5x + x . (-2) + 1 . 5x + 1 . (-2)
–2x² + 5x – 2 – 3x³ + 2x – 1 → reduzir os termos 10x3 – 4x2 + 5x2 – 2x + 5x – 2
semelhantes 10x3 + x2 + 3x – 2.
–2x² + 7x – 3x³ – 3 → ordenar de forma decrescente de
acordo com a potência 9) Resposta “6x2 + 3x + 15”.
–3x³ – 2x² + 7x – 3. Solução:
3 (2x2 + x + 5) → aplicar a propriedade distributiva.
Subtração 3 . 2x2 + 3 . x + 3 . 5
(–2x² + 5x – 2) – (–3x³ + 2x – 1) → eliminar os parênteses 6x2 + 3x + 15.
realizando o jogo de sinal
–2x² + 5x – 2 + 3x³ – 2x + 1 → reduzir os termos 10) Resposta “- 10x3 + 2x2”.
semelhantes Solução:
–2x² + 3x – 1 + 3x³ → ordenar de forma decrescente de -2x2 (5x – 1) → aplicando a propriedade distributiva.
acordo com a potência -2x2 . 5x – 2x2 . (-1)
3x³ – 2x² + 3x – 1 - 10x3 + 2x2

127
MATEMÁTICA

Equação 1º grau A idade de Pedro hoje, em anos, é igual ao dobro da


Equação é toda sentença matemática aberta represen- soma das idades de seus dois filhos,
tada por uma igualdade, em que exista uma ou mais letras Pe=2(Pi+Pa)
que representam números desconhecidos. Pe=2Pi+2Pa
Equação do 1º grau, na incógnita x, é toda equação re-
dutível à forma ax+b=0, em que a e b são números reais, Lembrando que:
chamados coeficientes, com a≠0. Pi=Pa+3
Uma raiz da equação ax+b =0(a≠0) é um valor numéri-
co de x que, substituindo no 1º membro da equação, tor- Substituindo em Pe
na-se igual ao 2º membro. Pe=2(Pa+3)+2Pa
Pe=2Pa+6+2Pa
Nada mais é que pensarmos em uma balança. Pe=4Pa+6

Pa+3+10=2Pa+3
Pa=10
Pi=Pa+3
Pi=10+3=13
Pe=40+6=46
Soma das idades: 10+13+46=69

A balança deixa os dois lados iguais para equilibrar, a Resposta: B.


equação também.
No exemplo temos: Equação 2º grau
3x+300
Outro lado: x+1000+500 A equação do segundo grau é representada pela fór-
E o equilíbrio? mula geral:
3x+300=x+1500

Quando passamos de um lado para o outro invertemos Onde a, b e c são números reais,
o sinal
3x-x=1500-300 Discussão das Raízes
2x=1200
X=600
1.
Exemplo
(PREF. DE NITERÓI/RJ – Fiscal de Posturas –
FGV/2015) A idade de Pedro hoje, em anos, é igual ao do-
bro da soma das idades de seus dois filhos, Paulo e Pierre.
Pierre é três anos mais velho do que Paulo. Daqui a dez
anos, a idade de Pierre será a metade da idade que Pedro Se for negativo, não há solução no conjunto dos
tem hoje. números reais.
A soma das idades que Pedro, Paulo e Pierre têm hoje é:
(A) 72; Se for positivo, a equação tem duas soluções:
(B) 69;
(C) 66;
(D) 63;
(E) 60. Exemplo
Resolução
A ideia de resolver as equações é literalmente colocar
na linguagem matemática o que está no texto.
“Pierre é três anos mais velho do que Paulo”
Pi=Pa+3
“Daqui a dez anos, a idade de Pierre será a metade da
idade que Pedro tem hoje.”
, portanto não há solução real.

128
MATEMÁTICA

Exemplo
2.
Dada as raízes -2 e 7. Componha a equação do 2º grau.

Solução
S=x1+x2=-2+7=5
P=x1.x2=-2.7=-14
Então a equação é: x²-5x-14=0

Exemplo

(IMA – Analista Administrativo Jr – SHDIAS/2015) A


soma das idades de Ana e Júlia é igual a 44 anos, e, quando
3. somamos os quadrados dessas idades, obtemos 1000. A
mais velha das duas tem:
(A) 24 anos
(B) 26 anos
(C) 31 anos
(D) 33 anos

Se não há solução, pois não existe raiz quadrada Resolução


real de um número negativo. A+J=44
A²+J²=1000
Se , há duas soluções iguais: A=44-J

(44-J)²+J²=1000
1936-88J+J²+J²=1000
Se , há soluções reais diferentes:
2J²-88J+936=0
Dividindo por2:
J²-44J+468=0
∆=(-44)²-4.1.468
∆=1936-1872=64
Relações entre Coeficientes e Raízes

Dada as duas raízes:

Soma das Raízes

Inequação
Uma inequação é uma sentença matemática expressa
por uma ou mais incógnitas, que ao contrário da equação
Produto das Raízes que utiliza um sinal de igualdade, apresenta sinais de desi-
gualdade. Veja os sinais de desigualdade:

>: maior 
<: menor
Composição de uma equação do 2ºgrau, conhecidas ≥: maior ou igual 
as raízes ≤: menor ou igual 
O princípio resolutivo de uma inequação é o mesmo da
Podemos escrever a equação da seguinte maneira: equação, onde temos que organizar os termos semelhan-
tes em cada membro, realizando as operações indicadas.
No caso das inequações, ao realizarmos uma multiplicação
x²-Sx+P=0
de seus elementos por –1 com o intuito de deixar a parte
da incógnita positiva, invertemos o sinal representativo da
desigualdade.

129
MATEMÁTICA

Exemplo 1 Sistema de Inequação do 1º Grau


4x + 12 > 2x – 2
4x – 2x > – 2 – 12 Um sistema de inequação do 1º grau é formado por duas
2x > – 14 ou mais inequações, cada uma delas tem apenas uma variável
x > –14/2 sendo que essa deve ser a mesma em todas as outras inequa-
x>–7 ções envolvidas. 
Veja alguns exemplos de sistema de inequação do 1º grau: 
Inequação-Produto

Quando se trata de inequações-produto, teremos uma


desigualdade que envolve o produto de duas ou mais fun-
ções. Portanto, surge a necessidade de realizar o estudo da
desigualdade em cada função e obter a resposta final reali-
zando a intersecção do conjunto resposta das funções.
Vamos achar a solução de cada inequação. 
Exemplo
4x + 4 ≤ 0 
a)(-x+2)(2x-3)<0 4x ≤ - 4 
x ≤ - 4 : 4 
x ≤ - 1 

S1 = {x   R | x ≤ - 1} 

Fazendo o cálculo da segunda inequação temos: 


x + 1 ≤ 0 
Inequação-Quociente
x ≤ - 1 
Na inequação-quociente, tem-se uma desigualdade de
funções fracionárias, ou ainda, de duas funções na qual uma
está dividindo a outra. Diante disso, deveremos nos atentar
ao domínio da função que se encontra no denominador, pois
não existe divisão por zero. Com isso, a função que estiver
no denominador da inequação deverá ser diferente de zero.
O método de resolução se assemelha muito à resolução A “bolinha” é fechada, pois o sinal da inequação é igual. 
de uma inequação-produto, de modo que devemos analisar
o sinal das funções e realizar a intersecção do sinal dessas S2 = { x   R | x ≤ - 1} 
funções.
Calculando agora o CONJUTO SOLUÇÃO da inequação
Exemplo temos: 
Resolva a inequação a seguir: S = S1 ∩ S2

x-2≠0
x≠2

Portanto: 
S = { x   R | x ≤ - 1} ou S = ] - ∞ ; -1]

Substituindo em A
A=44-26=18
Ou A=44-18=26
Resposta: B.

130
MATEMÁTICA

Inequação 2º grau Escolhemos a equação 1 e isolamos o x: 


Chama-se inequação do 2º grau, toda inequação que x + y = 20 
pode ser escrita numa das seguintes formas: x = 20 – y 
ax²+bx+c>0
ax²+bx+c≥0 Agora na equação 2 substituímos o valor de x = 20 – y. 
ax²+bx+c<0
ax²+bx+c<0  3x   +   4 y   = 72 
ax²+bx+c≤0 3 (20 – y) + 4y = 72 
ax²+bx+c≠0  60-3y + 4y  = 72 
 -3y + 4y   =   72 – 60
Exemplo y = 12 
Vamos resolver a inequação 3x² + 10x + 7 < 0. Descobrimos o valor de y, para descobrir o valor de x
basta substituir 12 na equação 
Resolvendo Inequações x = 20 – y. 
Resolver uma inequação significa determinar os valores x = 20 – y 
reais de x que satisfazem a inequação dada. x = 20 – 12 
Assim, no exemplo, devemos obter os valores reais de x x = 8 
que tornem a expressão 3x² + 10x +7 negativa. Portanto, a solução do sistema é S = (8, 12) 

Método da adição 
Esse método consiste em adicionar as duas equações
de tal forma que a soma de uma das incógnitas seja zero.
Para que isso aconteça será preciso que multipliquemos
algumas vezes as duas equações ou apenas uma equação
por números inteiros para que a soma de uma das incóg-
nitas seja zero. 

Dado o sistema: 

S = {x ∈ R / –7/3 < x < –1}


Para adicionarmos as duas equações e a soma de uma
Sistemas de equações primeiro grau das incógnitas de zero, teremos que multiplicar a primeira
Duas  equações de 1º grau, com duas incógnitas for- equação por – 3. 
mam um “sistema de equações”.
Para encontramos o par ordenado solução de um siste-
ma pode-se utilizar dois métodos para a sua solução. 
Esses dois métodos são: Substituição e Adição. 

Método da substituição 
Esse método consiste em escolher uma das duas equa-
ções, isolar uma das incógnitas e substituir na outra equa- Agora, o sistema fica assim:
ção, veja como: 

Dado o sistema , enumeramos as equa-


ções. 

Adicionando as duas equações: 


       - 3x – 3y = - 60 
+     3x + 4y = 72
                y   = 12 

131
MATEMÁTICA

Para descobrirmos o valor de x basta escolher uma das


duas equações e substituir o valor de y encontrado:  9. TRIGONOMETRIA.
x + y = 20  9.1. Arcos e ângulos: medidas, relações entre
x + 12 = 20  arcos.
x = 20 – 12 
9.2. Razões trigonométricas: Cálculo dos
x = 8 
Portanto, a solução desse sistema é: S = (8, 12).  valores em /6, /4 e /3.
Se resolver um sistema utilizando qualquer um dois 9.3. Resolução de triângulos retângulos.9.4.
métodos o valor da solução será sempre o mesmo. Resolução de triângulos quaisquer: lei
dos senos e lei dos cossenos.9.5. Funções
(MPE/SP – Oficial de Promotoria I – VUNESP/2016) trigonométricas: periodicidade, gráficos,
Um artesão produz três tipos de peças: A, B e C. Em um simetrias.9.6. Fórmulas de adição,
mesmo dia ele só produz um desses tipos de peça, sendo subtração, duplicação e bissecção de arcos.
que ele consegue produzir, por dia, 7 peças do tipo A, ou Transformações de somas de funções
10 peças do tipo B, ou 15 do tipo C. Em 30 dias de trabalho, trigonométricas em produtos.9.7. Equações e
ele produziu um total de 333 peças. O número de dias que inequações trigonométricas.
ele trabalhou produzindo peças do tipo B foi 13 a mais do
que o número de dias trabalhados produzindo peças do
tipo A. Nesses 30 dias, o número de peças do tipo C que
ele produziu foi Trigonometria no Triângulo Retângulo
(A) 180.
(B) 135. Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo
(C) 150.
(D) 120. Definiremos algumas relações e números obtidos a
(E) 165. partir dos lados de triângulos retângulos. Antes, porém,
precisamos rever algumas de suas propriedades.
Resposta: B.
Sabemos que se somarmos a produção dará 30 dias, e se A fig. 1 apresenta um triângulo onde um de seus ân-
multiplicarmos as peças pelos dias dará 333 peças produzidas. π
gulos internos é reto (de medida 90º ou rad), o que nos
2
permite classificá-lo como um triângulo retângulo.

Substituindo III em I
A+A+13+C=30
2A+C=30-13
2A+C=17
C=17-2A (IV) Lembremo-nos de que, qualquer que seja o triângulo,
Substituindo III e IV em II a soma dos seus três ângulos internos vale 180º. Logo, a
7A+10(A+13)+15(17-2A)=333
respeito do triângulo ABC apresentado, dizemos que:
7A+10A +130+255-30A=333
-13A=-52
α + β + 90 = 180 ⇒ α + β = 90
A=4
Trabalhou 4 dias produzindo a peça A.
Com isso, podemos concluir:
C=17-8=9 dias produzindo a peça C
- Que os ângulos α e β são complementares, isto é, são
Devemos multiplicar por 15, pois ele produz 15 peças
ângulos cujas medidas somam 90º;
por dia de C
- Uma vez que são complementares ambos terão me-
9x15=135 peças
dida inferior a 90º.

Portanto, dizemos que todo triângulo retângulo tem


um ângulo interno reto e dois agudos, complementares
entre si.
De acordo com a figura, reconhecemos nos lados b e
c os catetos do triângulo retângulo e em a sua hipotenusa.

132
MATEMÁTICA

Lembremo-nos de que a hipotenusa será sempre o Ao que acabamos de ver, aliemos um conhecimento
lado oposto ao ângulo reto em, ainda, o lado maior do adquirido da Geometria. Ela nos ensina que dois triângulos
triângulo. Podemos relacioná-los através do Teorema de de lados proporcionais são semelhantes.
Pitágoras, o qual enuncia que o quadrado sobre a hipo- Se multiplicarmos, então, os comprimentos dos lados
tenusa de um triângulo retângulo é igual à soma dos qua- de nosso triângulo pitagórico semelhante, com os novos
drados sobre os catetos (sic) ou, em linguajar moderno, “a lados (6, ,8 e 10) igualmente satisfazendo o Teorema de
soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da Pitágoras.
hipotenusa de um triângulo retângulo”.
Aplicado ao nosso triângulo, e escrito em linguagem Na fig. 3, apresentamos o resultado dessa operação,
matemática, o teorema seria expresso como segue: em que mostramos o triângulo ABC, já conhecido na fig.
a2 = b2 + c2 1 e A1BC1.
Seno, Co-seno e Tangente de um Ângulo Agudo

A fig. 2 ilustra um triângulo retângulo conhecido como


triângulo pitagórico, classificação devida ao fato de que,
segundo a tradição grega, através dele Pitágoras enunciou
seu Teorema.

Observemos que os ângulos α e β permanecem sendo


os ângulos agudos internos do triângulo recém-construído.
Lançando Mao das medidas dos novos lados
A1 B, BC 1eA1C1 (respectivamente 8, 10 e 6 unidades de com-
De fato, as medidas de seus lados (3, 4 e 5 unidades de primento), calculemos, para o ângulo α, os valores de seno,
comprimento) satisfazem a sentença 52 = 32 + 42. co-seno e tangente:
Apesar de nos apoiarmos particularmente no triângulo
8
pitagórico, as relações que iremos definir são válidas para sen α = = 0,6
todo e qualquer triângulo retângulo. Apenas queremos, 10
dessa forma, obter alguns resultados que serão compara-
dos adiante. cos α = 8 = 0,8
Definimos seno, co-seno e tangente de um ângulo 10
agudo de um triângulo retângulo pelas relações apresen-
tadas no quadro a seguir: tg α = 6 = 0,75
8
Seno do ângulo = cateto ⋅ oposto ⋅ ao ⋅ ângulo Nosso intuito, na repetição dessas operações, é mos-
hipotenusa
trar que, não importando se o triângulo PE maior ou me-
nor, as relações definidas como seno, co-seno e tangente
Co-seno do ângulo = cateto ⋅ adjacente ⋅ ao ⋅ ângulo
hipotenusa têm, individualmente, valores constantes, desde que calcu-
lados para os mesmo ângulos.
cateto ⋅ oposto ⋅ ao ⋅ ângulo Em outras palavras, seno, co-seno e tangente são fun-
Tangente do ângulo =
cateto ⋅ adjacente ⋅ ao ⋅ ângulo ções apenas dos ângulos internos do triângulo, e não de
seus lados.
A partir dessas definições, o cálculo de seno, co-seno
e tangente do ângulo α, por exemplo, nos fornecerão os Outras Razões Trigonométricas – Co-tangente, Se-
seguintes valores: cante e Co-secante

sen α = 3 = 0,6 Além das razões com que trabalhamos até aqui, são
5 definidas a co-tangente, secante e co-secante de um ângu-
lo agudo de triângulo retângulo através de relações entre
cos α = 4 = 0,8 seus lados, como definimos no quadro a seguir:
5
cot do ângulo = cateto ⋅ adjacente ⋅ ao ⋅ ângulo
tg α = 3 = 0,75 cateto ⋅ oposto ⋅ ao ⋅ ângulo
4

133
MATEMÁTICA

hipotenusa c b
sec do ângulo = cotg α = cotg β =
cateto ⋅ adjacente ⋅ ao ⋅ ângulo b c
cosec do ângulo = hipotenusa Verifica-se facilmente que:
cateto ⋅ oposto ⋅ ao ⋅ ângulo
sen α = cos β; cos α = sen β;
Por exemplo, para um triângulo retângulo de lados 3, tg α = cotg β; cotg α = tg β.
4 e 5 unidades de comprimento, como exibido na fig. 6,
teríamos, para o ângulo α, Exemplo
Um triângulo retângulo tem catetos cujas medidas são
cotg α = 4 5 cm e 12 cm. Determine o valor de seno, co-seno e tan-
3 gente dos seus ângulos agudos.

sec α = 5
4

cosec α = 5
3

Resolução
Para respondermos ao que se pede, necessitaremos do
comprimento da hipotenusa do triângulo. Aplicando o Teo-
rema de Pitágoras, temos que:

a2 = b2 + c2 → a2 = 52 + 122 = 169

Logo, a = 13 cm. Assim, obtemos para seno, co-seno e


Seno, Co-seno, Tangente e Co-tangente de Ângulos
tangente dos ângulos da Figura, os seguintes valores:
Complementares
Já foi visto que em todo triângulo retângulo os ângulos 5 12 5
agudos são complementares. senα = ¥ conα = ¥ tgα =
13 13 12
12 5 12
senβ = ¥ conβ = ¥ tgβ =
13 13 5

Ângulos Notáveis

Seno, Co-seno e Tangente dos Ângulos Notáveis

Uma vez definidos os conceitos de seno, co-seno e


α + β = 90 tangente de ângulos agudos internos a um triângulo retân-
gulo, passaremos a determinar seus valores para ângulos
de grande utilização em diversas atividades profissionais e
Sabemos ainda que: encontrados facilmente em situações cotidianas.
Por exemplo, na Mecânica, demonstra-se que o ângulo
b c de lançamento, tomado com relação à horizontal, para o
sen α = sen β = qual se obtém o máximo alcance com uma mesma veloci-
a a dade de tiro, é de 45o; uma colméia é constituída, interior-
mente, de hexágonos regulares, que por sua vez, são divisí-
c b veis, cada um, em seis triângulos equiláteros, cujos ângulos
cos α = cos β = internos medem 60o; facilmente encontram-se coberturas
a a de casas, de regiões tropicais, onde não há neve, com ân-
gulo de inclinação definido nos 30o, etc.
b c Vamos selecionar, portanto, figuras planas em que pos-
tg α = tg β = samos delimitar ângulo com as medidas citadas (30o, 45o e
c b 60o). Para isso, passaremos a trabalhar com o quadrado e o
triângulo equilátero.

134
MATEMÁTICA

Observemos, na figura 4 e na figura 5, que a diagonal


de um quadrado divide ângulos internos opostos, que são l 3
retos, em duas partes de 45 + o+, e que o segmento que de- sen 60 = = 2 = 3
oh
fine a bissetriz (e altura) de um ângulo interno do triângulo l 1 2
equilátero permite-nos reconhecer, em qualquer das meta-
des em que este é dividido, ângulos de medidas 30o e 60o. l
cos 60 = = l .1 = 1
o2
l 2 l 2

l 3
tg 60o= h 3 2
= 2 = . = 3
l l 2 1
2 2
Seno, Co-seno e Tangente de 45o

A partir do quadrado representado na figura 4, de lado


Primeiramente, vamos calcular os comprimentos da a e diagonal a 2 , podemos calcular:
diagonal do quadrado (identificado na figura 4 por d) e a
altura h, do triângulo equilátero (figura 5). a a 1 2 2
Uma vez que as regiões sombreadas nas figuras são sen 45o= = = . =
d a 2 2 2 2
triângulos retângulos, podemos aplicar o teorema de Pitá-
goras para cada um deles.
Para o meio-quadrado, temos que: a a 1 2 2
cos 45o= = = . =
D =a + a → d = 2 . a
2 2 2 2 2 d a 2 2 2 2

∴d = a 2 tg 45 o =
a
=1
a
Quanto ao triângulo equilátero, podemos escrever o
seguinte: Os resultados que obtivemos nos permitem definir, a
seguir, uma tabela de valores de seno, co-seno e tangente
2
⎛ 1⎞ l2 3l 2 l 3
l = ⎜ ⎟ + h2 ⇒ h2 = l 2 − ⇒ h2 =
2
⇒∴ h = dos ângulos notáveis, que nos será extremamente útil.
⎝ 2⎠ 4 4 2

Sabemos, agora, que o triângulo hachurado no interior 30o 45o 60o


do quadrado tem catetos de medida a e hipotenusa a 2 sen
. Para o outro triângulo sombreado, teremos catetos e me-
1 2 3
didas 1 e l 3 , enquanto sua hipotenusa tem comprimento l. 2 2 2
2 2
Passemos, agora, ao cálculo de seno, co-seno e tan- cos 1
gente dos ângulos de 30om 45o e 60o. 3 2
2 2 2
Seno, Co-seno e Tangente de 30o e 60o.
Tomando por base o triângulo equilátero da figura 5, e tg
conhecendo as medidas de seus lados, temos: 3 3
1
l 3
sen 30 = 2 = 1 .1 = 1
o

l 2 l 2 Identidades Trigonométricas
É comum a necessidade de obtermos uma razão tri-
l 3 gonométrica, para um ângulo, a partir de outra razão cujo
cos 30 = = 2 = 3
h o valor seja conhecido, ou mesmo simplificar expressões ex-
l l 2 tensas envolvendo várias relações trigonométricas para um
mesmo ângulo.
l l Nesses casos, as identidades trigonométricas que ire-
tg 30o= 2 l 2 1 3 3 mos deduzir neste tópico são ferramentas de grande apli-
= 2 = . . = cabilidade.
h l 3 2 l 3= 3 3 3
Antes de demonstrá-las, é necessário que definamos o
2 que vem a ser uma identidade.

135
MATEMÁTICA

Identidade em uma ou mais variáveis é toda igualdade Façamos outro desenvolvimento. Tomemos um dos
verdadeira para quaisquer valores a elas atribuídos, desde ângulos agudos do triângulo ABC, da figura A. Por exem-
que verifiquem as condições de existência de expressão. plo, α. Dividindo-se sen α por cos α, obtemos:
2 2x + 4
2

Por exemplo, a igualdade x + x = 2x é uma identidade b


em x, pois é verdadeira para todo x real, desde q x≠0 (divisão sen α a b a b
= = . = = tg α
por zero é indeterminado ou inexistente). cos β c a c c
a
De forma análoga, o leitor obterá o mesmo resultado
se tomar o ângulo β. Dizemos, portanto, que, para um ân-
gulo x, tal que cós x ≠ 0,
sen x
tg x =
cos x

Podemos observar, também, que a razão b , que re-


Vamos verificar agora como se relacionam as razões tri- c
presenta tg α, se invertida (passando a bc ), vem a consti-
gonométricas que já estudamos. Para isso, faremos uso do tuir cotg α. Em virtude disso, e aproveitando a identidade
triângulo ABC apresentado na figura A, retângulo em A. enunciada anteriormente, podemos dizer que, para todo
Aplicando as medidas de seus lados no teorema de Pitá- ângulo x de seno não-nulo:
goras, obtemos a seguinte igualdade:
cotg x = 1 cos x
b2 + c2 = a2 =
tg x sen x
Dividindo os seus membros por a2, não alteraremos a
Tais inversões ocorrem também e se tratando das re-
igualdade. Assim, teremos:
lações seno, co-seno, secante e co-secante. Vejamos que:
2 2
b2 c2 a2 ⎛ b⎞ ⎛ c⎞
+ 2 = 2 ⇒⎜ ⎟ +⎜ ⎟ =1 ⎧ a ⎧ c
⎝ a⎠ ⎝ a⎠ ⎪⎪ sen α = b E ⎪⎪cos α = a
2
a a a
⎨ ⎨
Observemos que as frações entre parênteses podem ⎪cos ec α = a ⎪sec α = a
definir, com relação ao nosso triângulo, que: ⎪⎩ b ⎪⎩ c

sen2α + cos2α = 1 e cos2β + sen2 β = 1 Teríamos encontrado inversões semelhantes se utili-


zássemos o ângulo β.
Podemos afirma, portanto, que a soma dos quadrados Dizemos, assim, que, para um dado ângulo x,
de seno e co-seno de um ângulo x é igual à unidade, ou seja: 1
sec x =
Sen2x + cos2x = 1
cox x

cosec x = 1
Expliquemos o significado da partícula co, que inicia o
nome das relações co-seno, cotangente e co-secante. Ela foi sen x
introduzida por Edmund Gunter, em 1620, querendo indicar
a razão trigonométrica do complemento. Por exemplo, co- Desde que seja respeitada a condição de os denomi-
seno de 22o tem valor idêntico ao seno de 68o (complemen- nadores dos segundos membros dessas identidades não
tar de 22o) serem nulos.
Assim, as relações co-seno, co-tangente e co-secante
de um ângulo indicam, respectivamente, seno, tangente e Exercícios
secante do complemento desse ângulo.
Assim, indicando seno, tangente e secante simplesmen- 1. Sabe-se que, em qualquer triângulo retângulo,
te pelo nome de razão, podemos dizer que: a medida da mediana relativa à hipotenusa é igual à
metade da medida da hipotenusa. Se um triângulo re-
co-razão x = razão (90o –x) tângulo tem catetos medindo 5cm e 2cm, calcule a re-
presentação decimal da medida da mediana relativa a
Facilmente podemos concluir, com base no triângulo hipotenusa nesse triângulo.
apresentado na figura A, que:
2. Um quadrado e um triângulo equilátero têm o
sen α=cos β sen β=cos α mesmo perímetro. Sendo h a medida da altura do triângulo
tg α=cotg β tg β=cotg α e d a medida da diagonal do quadrado. Determine o valor
sec α=cossec β sec β=cossec α da razão h/d.

136
MATEMÁTICA

Respostas

1) Solução:
h2 = 52 + 22
h 2 = 25 + 4
h 2 = 29
h = 29
3. As raízes da equação x² - 14x + 48 = 0 expressam 29 5, 38
em centímetros as medidas dos catetos de um triângu- mediana = = = 2,69
lo retângulo. Determine a medida da hipotenusa e o 2 2
perímetro desse triângulo.

4. Seja o triângulo ABC, mostrado na figura, onde 2) Solução:


a = 20, b = 10 2 e B = 30. Calcular o raio do círculo
circunscrito e o ângulo C. 4L 2 = 3L1
3
L2 = L 1
4
d 2 = L2 2 +L2 2
d 2 = 2L2 2
d = L2 2
5. Os lados adjacentes de um paralelogramo me-
dem 1388m e 2526m e o ângulo formado entre estes la- 3
dos mede 54,42º. Determinar o comprimento da maior d = L1 2
4
diagonal desse quadrilátero. 2
⎛L ⎞
L1 2
= ⎜ 1 ⎟ + h2
⎝ 2⎠
L1 2
h 2 = L1 2 −
4
6. Os lados de um triângulo são 3, 4 e 6. O cosseno 4L −L1 2
2
h2 = 1
do maior ângulo interno desse triângulo vale: 4
a) 11 / 24 3L 2
b) - 11 / 24 h2 = 1
c) 3 / 8 4
d) - 3 / 8 3L1 2
e) - 3 / 10 h=
4
7. Se x e y são dois arcos complementares, então L1 3
podemos afirmar que A = (cosx - cosy)2 + (senx + seny)2 h=
é igual a: 2
a) 0 L1 3
b) ½ h L 3 4 4 3 2 4 6 6
c) 3/2 = 2 = 1 × = × = =
d) 1 d 3L1 2 2 3L1 2 6 2 2 12 3
e) 2 4
8. Calcule sen 2x sabendo-se que tg x + cotg x = 3.

9. Qual o domínio e o conjunto imagem da função


y = arcsen 4x?

10. Calcule o triplo do quadrado do coseno de um


arco cujo quadrado da tangente vale 2.

137
MATEMÁTICA

3) Solução: 62  = 32  + 42  - 2 . 3 . 4 . cos  b  \  36 - 9 - 16 = - 24 .


cos b \ cos b = - 11 / 24 e, portanto, a alternativa correta
x2 − 14x + 48 = 0
é a letra B.
14 ± (−14)2 − 4.148 Lembrete: TC - Teorema dos cossenos: Em todo triân-
x= gulo, o quadrado de um lado é igual à soma dos quadra-
2.1
dos dos outros dois, menos o dobro do produto desses
14 ± 196 − 192 lados pelo cosseno do angulo que eles formam.
x=
2
14 + 2 7) Resposta “E”.
x= Solução: Desenvolvendo os quadrados, vem:
2
A = cos2 x - 2 . cosx . cosy + cos2 y + sen2 x + 2 . senx .
14 + 2
x1 = =8 seny + sen2 y
2
14 − 2 Organizando convenientemente a expressão, vem:
x2 = =6
2 A = (cos2 x + sen2 x) + (sen2 y + cos2 y) - 2 . cosx . cosy
+ 2 . senx . seny
h 2 = 62 + 82
A = 1 + 1 - 2 . cosx . cosy + 2 . senx . seny
h 2 = 36 + 64 A = 2 - 2 . cosx . cosy + 2 . senx . seny
Como os arcos são complementares, isto significa que
h 2 = 100
x + y = 90º \ y = 90º - x. 
h = 100 Substituindo, vem:
h = 10cm A = 2 - 2 . cosx . cos(90º - x) + 2 . senx . sen(90º - x)
Mas, cos(90º - x) = senx e sen(90º - x) = cosx, pois sa-
P = 6 + 8 + 10 = 24cm bemos que o seno de um arco é igual ao cosseno do seu
complemento e o cosseno de um arco é igual ao seno do
4) Solução: seu complemento.
Pela Lei dos senos, b = 2R . sen(B), logo 10 2 = 2R . Logo, substituindo, fica:
sen(30) e desse modo R = 10 2 . A = 2 - 2 . cosx . senx + 2 . senx . cosx
Como a soma dos ângulos internos de um triângulo é A = 2 + (2senxcosx - 2senxcosx) = 2 + 0 = 2 , e portanto
igual a 180º, calcularemos o ângulo A. a alternativa correta é a letra E.
Pela Lei dos Senos, b . sem (A) = a . sen(B), de onde
segue que 10 2 . sem(A) = 20 . sen(30), assim, sem (A) = 8) Solução:
2 Escrevendo a tgx e cotgx em função de senx e cosx ,
2 vem:
Como A é um dos ângulos do triângulo então A = 45º
senx cos x sen 2 x + cos 2 x 1
ou A = 135º. + = 3∴ = 3∴ =3
Como B = 30°, da relação A + B + C = 180º, segue que cos x senx senx cos x senxconx
A + C = 150° e temos duas possibilidades:
1. A = 45º e C = 105º Daí, vem: 1 = 3 . senx . cosx \ senx . cosx = 1 / 3. Ora,
2. A = 135º e C = 15º. sabemos que sen 2x = 2 . senx . cosx e portanto senx .
cosx = (sen 2x) / 2 , que substituindo vem:
5) Solução: (sen 2x) / 2 = 1 / 3 e, portanto, sen 2x = 2 / 3.
No triângulo ABC, A + C = 54,42º, então: B = 180º -
54,42º = 125,58º 9. Solução:
A lei dos cossenos: Podemos escrever: 4x = seny. Daí, vem:
b² = a² + c² - 2ac cos(B) Para x: -1 £ 4x £ 1 Þ -1/4 £ x £ 1/4. Portanto, Domínio
= D = [-1/4, 1/4].
garante que: Para y: Da definição vista acima, deveremos ter
b² = (1388)² + (2526)² - 2(1388)(2526) cos(125,58º) -p /2 £ y £ p /2.
Resposta:  D = [-1/4, 1/4] e Im = [-p /2, p /2].
Assim, b = 3519,5433 e então garantimos que a maior
diagonal do paralelogramo mede aproximadamente 10) Solução:
3519,54 metros. Seja x o arco. Teremos:
tg2x = 2
6) Resposta “B”.
Solução: Sabemos que num triângulo, ao maior lado Desejamos calcular 3.cos2x, ou seja, o triplo do quadra-
opõe-se o maior ângulo. Logo, o maior ângulo será aquele do do coseno do arco.
oposto ao lado de medida 6. Teremos então, aplicando a lei Sabemos da Trigonometria que: 1 + tg2x = sec2x
dos cossenos:

138
MATEMÁTICA

Portanto, substituindo, vem: 1 + 2 = sec2x = 3 Tangente


Como sabemos que:
secx = 1/cosx , quadrando ambos os membros vem: Seja a reta t tangente à circunferência trigonométrica
sec2x = 1/ cos2x \ cos2x = 1/sec2x = 1/3 \ 3cos2x = 3(1/3) = 1 no ponto A=(1,0). Tal reta é perpendicular ao eixo OX. A
reta que passa pelo ponto M e pelo centro da circunferên-
Portanto, o triplo do quadrado do coseno do arco cuja cia intersecta a reta tangente t no ponto T=(1,t’). A ordena-
tangente vale 2, é igual à unidade. da deste ponto T, é definida como a tangente do arco AM
Resposta: 1 correspondente ao ângulo a.

Circunferência Trigonométrica

Dada uma circunferência trigonométrica contendo o


ponto A=(1,0) e um número real x, existe sempre um arco
orientado AM sobre esta circunferência, cuja medida algé-
brica corresponde a x radianos.
Seno: No plano cartesiano, consideremos uma circun-
ferência trigonométrica, de centro em (0,0) e raio unitário.
Seja M=(x’,y’) um ponto desta circunferência, localizado no
primeiro quadrante, este ponto determina um arco AM que
corresponde ao ângulo central a. A projeção ortogonal do Assim a tangente do ângulo a é dada pelas suas várias
ponto M sobre o eixo OX determina um ponto C=(x’,0) e a determinações: tan(AM) = tan(a) = tan(a+k ) = µ(AT) = t’
projeção ortogonal do ponto M sobre o eixo OY determina Podemos escrever M=(cos(a),sen(a)) e T=(1,tan(a)),
outro ponto B=(0,y’). para cada ângulo a do primeiro quadrante. O seno, o cos-
A medida do segmento OB coincide com a ordenada seno e a tangente de ângulos do primeiro quadrante são
y’ do ponto M e é definida como o seno do arco AM que todos positivos.
corresponde ao ângulo a, denotado por sen(AM) ou sen(a). Um caso particular importante é quando o ponto M
está sobre o eixo horizontal OX. Neste caso: cos(0)=1,
sen(0)=0 e tan(0)=0
Ampliaremos estas noções para ângulos nos outros
quadrantes

Ângulos no segundo quadrante

Se na circunferência trigonométrica, tomamos o ponto


M no segundo quadrante, então o ângulo a entre o eixo
OX e o segmento OM pertence ao intervalo /2<a< . Do
mesmo modo que no primeiro quadrante, o cosseno está
Como temos várias determinações para o mesmo ân- relacionado com a abscissa do ponto M e o seno com a or-
gulo, escreveremos sen(AM)=sen(a)=sen(a+2k )=y’ denada deste ponto. Como o ponto M=(x,y) possui abscis-
Para simplificar os enunciados e definições seguintes, sa negativa e ordenada positiva, o sinal do seno do ângulo
escreveremos sen(x) para denotar o seno do arco de me- a no segundo quadrante é positivo, o cosseno do ângulo a
dida x radianos. é negativo e a tangente do ângulo a é negativa.

Cosseno: O cosseno do arco AM correspondente ao


ângulo a, denotado por cos(AM) ou cos(a), é a medida do
segmento 0C, que coincide com a abscissa x’ do ponto M.

Outro caso particular importante é quando o ponto M


está
sobre o eixo vertical OY e neste caso: cos( /2)=0    e  
sen( /2)=1
Como antes, existem várias determinações para este A tangente não está definida, pois a reta OM não inter-
ângulo, razão pela qual, escrevemos cos(AM) = cos(a) = cepta a reta t, pois elas são paralelas.
cos(a+2k ) = x’

139
MATEMÁTICA

Ângulos no terceiro quadrante Sejam A=(1,0) um ponto da circunferência, a o ângulo


correspondente ao arco AM e b o ângulo correspondente
O ponto M=(x,y) está localizado no terceiro quadrante, ao arco AM’, obtemos:
o que significa que o ângulo pertence ao intervalo: <a<3 sen(a) = -sen(b)
/2. Este ponto M=(x,y) é simétrico ao ponto M’=(-x,-y) do cos(a) = cos(b)
primeiro quadrante, em relação à origem do sistema, indi- tan(a) = -tan(b)
cando que tanto a sua abscissa como a sua ordenada são
negativos. O seno e o cosseno de um ângulo no terceiro Simetria em relação ao eixo OY
quadrante são negativos e a tangente é positiva.
Seja M um ponto da circunferência trigonométrica lo-
calizado no primeiro quadrante, e seja M’ simétrico a M em
relação ao eixo OY, estes pontos M e M’ possuem a mesma
ordenada e as abscissa são simétricas.

Em particular, se a= radianos, temos que cos( )=-1,  


sen( )=0    e    tan( )=0

Ângulos no quarto quadrante

O ponto M está no quarto quadrante, 3 /2<a< 2 . O


Sejam A=(1,0) um ponto da circunferência, a o ângulo
seno de ângulos no quarto quadrante é negativo, o cosse-
correspondente ao arco AM e b o ângulo correspondente
no é positivo e a tangente é negativa.
ao arco AM’. Desse modo:
sen(a) = sen(b)
cos(a) = -cos(b)
tan(a) = -tan(b)

Simetria em relação à origem

Seja M um ponto da circunferência trigonométrica lo-


calizado no primeiro quadrante, e seja M’ simétrico de M
em relação a origem, estes pontos M e M’ possuem orde-
nadas e abscissas simétricas.
Quando o ângulo mede 3 /2, a tangente não está de-
finida pois a reta OP não intercepta a reta t, estas são para-
lelas. Quando a=3 /2, temos: cos(3 /2)=0,   sin(3 /2)=-1

Simetria em relação ao eixo OX


Em uma circunferência trigonométrica, se M é um pon-
to no primeiro quadrante e M’ o simétrico de M em relação
ao eixo OX, estes pontos M e M’ possuem a mesma abscis-
sa e as ordenadas possuem sinais opostos.

Sejam A=(1,0) um ponto da circunferência, a o ângulo


correspondente ao arco AM e b o ângulo correspondente
ao arco AM’. Desse modo:
sen(a) = -sen(b)
cos(a) = -cos(b)
tan(a) = tan(b)

140
MATEMÁTICA

Senos e cossenos de alguns ângulos notáveis Segunda relação fundamental

Uma maneira de obter o valor do seno e cosseno de Outra relação fundamental na trigonometria, muitas
alguns ângulos que aparecem com muita frequência em vezes tomada como a definição da função tangente, é dada
exercícios e aplicações, sem necessidade de memorização, por:
é através de simples observação no círculo trigonométrico.
sen(a)
tan(a) =
cos(a)

Deve ficar claro, que este quociente somente fará sen-


tido quando o denominador não se anular.
Se a=0, a= ou a=2 , temos que sen(a)=0, implican-
do que tan(a)=0, mas se a= /2 ou a=3 /2, segue que
cos(a)=0 e a divisão acima não tem sentido, assim a relação
tan(a)=sen(a)/cos(a) não é verdadeira para estes últimos
valores de a.
Para a 0, a ,a 2 ,a /2 e a 3 /2, con-
sidere novamente a circunferência trigonométrica na figura
seguinte.

Primeira relação fundamental

Uma identidade fundamental na trigonometria, que


realiza um papel muito importante em todas as áreas da
Matemática e também das aplicações é: sin²(a) + cos²(a) =
1 que é verdadeira para todo ângulo a.
Necessitaremos do conceito de distância entre dois
pontos no plano cartesiano, que nada mais é do que a re-
lação de Pitágoras. Sejam dois pontos, A=(x’,y’) e B=(x”,y”).

Os triângulos OMN e OTA são semelhantes, logo:


AT OA
=
MN ON
Como AT=|tan(a)|, MN=|sen(a)|, OA=1 e ON=|cos(a)|,
para todo ângulo a, 0<a<2 com a /2 e a 3 /2
temos
sen(a)
tan(a) =
Definimos a distância entre A e B, denotando-a por cos(a)
d(A,B), como:
Forma polar dos números complexos

Se M é um ponto da circunferência trigonométrica, cujas Um número complexo não nulo z=x+yi, pode ser re-
coordenadas são indicadas por (cos(a),sen(a)) e a distância presentado pela sua forma polar:
deste ponto até a origem (0,0) é igual a 1. Utilizando a fór- z = r [cos(c) + i sen(c)]
mula da distância, aplicada a estes pontos, d(M,0)=[(cos(a)
-0)²+(sen(a)-0)²]1/2, de onde segue que 1=cos²(a)+sin²(a). onde r=|z|=R[x²+y²], i²=-1 e c é o argumento (ângulo
formado entre o segmento Oz e o eixo OX) do número
complexo z.

141
MATEMÁTICA

A multiplicação de dois números complexos na forma Dividindo a expressão de cima pela de baixo, obtemos:
polar:
A = |A| [cos(a)+isen(a)] sen(a)cos(b) + cos(a)sen(b)
B = |B| [cos(b)+isen(b)] tan(a + b) =
cos(a)cos(b) − sen(a)sen(b)
é dada pela Fórmula de De Moivre:
AB = |A||B| [cos(a+b)+isen(a+b)]
Isto é, para multiplicar dois números complexos em Dividindo todos os quatro termos da fração por cos(a)
suas formas trigonométricas, devemos multiplicar os seus cos(b), segue a fórmula:
módulos e somar os seus argumentos.
Se os números complexos A e B são unitários então tan(a) + tan(b)
tan(a + b) =
|A|=1 e |B|=1, e nesse caso 1− tan(a)tan(b)
A = cos(a) + i sen(a)
B = cos(b) + i sen(b)
Como
Multiplicando A e B, obtemos sen(a-b) = sen(a)cos(b) - cos(a)sen(b)
AB = cos(a+b) + i sen(a+b) cos(a-b) = cos(a)cos(b) + sen(a)sen(b)
podemos dividir a expressão de cima pela de baixo,
Existe uma importantíssima relação matemática, atri- para obter:
buída a Euler (lê-se “óiler”), garantindo que para todo nú- tan(a) − tan(b)
mero complexo z e também para todo número real z: tan(a − b) =
eiz = cos(z) + i sen(z) 1+ tan(a)tan(b)
Tal relação, normalmente é demonstrada em um curso
de Cálculo Diferencial, e, ela permite uma outra forma para
representar números complexos unitários A e B, como: 10. GEOMETRIA PLANA.
A = eia = cos(a) + i sen(a) 10.1. Figuras geométricas simples: reta,
B = eib = cos(b) + i sen(b) semirreta, segmento, ângulo plano, polígonos
planos, circunferência e círculo.
onde a é o argumento de A e b é o argumento de B. 10.2. Congruência de figuras planas.
Assim, ei(a+b) = cos(a+b)+isen(a+b)
10.3. Semelhança de triângulos.
10.4. Relações métricas nos triângulos,
Por outro lado ei(a+b) = eia . eib = [cos(a)+isen(a)]
[cos(b)+isen(b)] polígonos regulares e círculos.
e desse modo ei(a+b) = cos(a)cos(b) - sen(a)sen(b) + i 10.5. Áreas de polígonos, círculos, coroa e
[cos(a)sen(b) + cos(b)sen(a)] sector circular.

Para que dois números complexos sejam iguais, suas


partes reais e imaginárias devem ser iguais, logo A Geometria é a parte da matemática que estuda as
cos(a+b) = cos(a)cos(b) - sen(a)sen(b) figuras e suas propriedades. A geometria estuda figuras
sen(a+b) = cos(a)sen(b) + cos(b)sen(a) abstratas, de uma perfeição não existente na realidade.
Apesar disso, podemos ter uma boa ideia das figuras
Para a diferença de arcos, substituímos b por -b nas geométricas, observando objetos reais, como o aro da
fórmulas da soma cesta de basquete que sugere uma circunferência, as portas
cos(a+(-b)) = cos(a)cos(-b) - sen(a)sen(-b) e janelas que sugerem retângulos e o dado que sugere um
sen(a+(-b)) = cos(a)sen(-b) + cos(-b)sen(a) cubo.

para obter Reta, semirreta e segmento de reta


cos(a-b) = cos(a)cos(b) + sen(a)sen(b)
sen(a-b) = cos(b)sen(a) - cos(a)sen(b)

Seno, cosseno e tangente da soma e da diferença

Na circunferência trigonométrica, sejam os ângulos a e


b com 0£a£2 e 0£b£2 , a>b, então;
sen(a+b) = sen(a)cos(b) + cos(a)sen(b)
cos(a+b) = cos(a)cos(b) - sen(a)sen(b)

142
MATEMÁTICA

Definições.
a) Segmentos congruentes.
Dois segmentos são congruentes se têm a mesma
medida.

b) Ponto médio de um segmento.


Um ponto P é ponto médio do segmento AB se
pertence ao segmento e divide AB em dois segmentos
congruentes.

c) Mediatriz de um segmento.
É a reta perpendicular ao segmento no seu ponto Colocaríamos 25m de rodapé.
médio A soma de todos os lados da planta baixa se chama
Perímetro.
Ângulo Portanto, Perímetro é a soma dos lados de uma figura
plana.

Área
Área é a medida de uma superfície.
A área do campo de futebol é a medida de sua
superfície (gramado).
Se pegarmos outro campo de futebol e colocarmos
em uma malha quadriculada, a sua área será equivalente
à quantidade de quadradinho. Se cada quadrado for uma
Definições. unidade de área:
a) Ângulo é a região plana limitada por duas semirretas
de mesma origem.

b) Ângulos congruentes: Dois ângulos são ditos


congruentes se têm a mesma medida.

c) Bissetriz de um ângulo: É a semirreta de origem no


vértice do ângulo que divide esse ângulo em dois ângulos
congruentes.

Perímetro: entendendo o que é perímetro.


Veremos que a área do campo de futebol é 70 unidades
Imagine uma sala de aula de 5m de largura por 8m de de área.
comprimento. A unidade de medida da área é: m² (metros quadrados),
Quantos metros lineares serão necessários para cm² (centímetros quadrados), e outros.
colocar rodapé nesta sala, sabendo que a porta mede 1m Se tivermos uma figura do tipo:
de largura e que nela não se coloca rodapé?

A conta que faríamos seria somar todos os lados da Sua área será um valor aproximado. Cada é uma
sala, menos 1m da largura da porta, ou seja: unidade, então a área aproximada dessa figura será de 4
P = (5 + 5 + 8 + 8) – 1 unidades.
P = 26 – 1 No estudo da matemática calculamos áreas de figuras
P = 25 planas e para cada figura há uma fórmula pra calcular a
sua área.

143
MATEMÁTICA

Retângulo Quadrado
É o quadrilátero que tem os lados congruentes e todos
É o quadrilátero que tem todos os ângulos internos os ângulos internos a congruentes (90º).
congruentes e iguais a 90º.

Sua área também é calculada com o produto da base


No cálculo da área de qualquer retângulo podemos pela altura. Mas podemos resumir essa fórmula:
seguir o raciocínio:

Como todos os lados são iguais, podemos dizer que


base é igual a e a altura igual a , então, substituindo na
fórmula A = b . h, temos:

A= .
Pegamos um retângulo e colocamos em uma malha A= ²
quadriculada onde cada quadrado tem dimensões de 1
cm. Se contarmos, veremos que há 24 quadrados de 1 cm Trapézio
de dimensões no retângulo. Como sabemos que a área é É o quadrilátero que tem dois lados paralelos. A altura de
a medida da superfície de uma figuras podemos dizer que um trapézio é a distância entre as retas suporte de suas bases.
24 quadrados de 1 cm de dimensões é a área do retângulo.

O retângulo acima tem as mesmas dimensões que o


outro, só que representado de forma diferente. O cálculo Em todo trapézio, o segmento que une os pontos
da área do retângulo pode ficar também da seguinte forma: médios dos dois lados não paralelos, é paralelo às bases e
vale a média aritmética dessas bases.
A = 6 . 4 A = 24 cm²
Podemos concluir que a área de qualquer retângulo é:

A=b
.h A área do trapézio está relacionada com a área do
triângulo que é calculada utilizando a seguinte fórmula:
A = b . h (b = base e h = altura).
2

144
MATEMÁTICA

Observe o desenho de um trapézio e os seus elementos


mais importantes (elementos utilizados no cálculo da sua área): AT = B . h + b . h → colocar a altura (h) em evi-
2
dência, pois é um termo comum aos dois fatores.

AT = h (B + b)
2

Portanto, no cálculo da área de um trapézio qualquer


Um trapézio é formado por uma base maior (B), por utilizamos a seguinte fórmula:
uma base menor (b) e por uma altura (h).
Para fazermos o cálculo da área do trapézio é preciso A = h (B + b)
dividi-lo em dois triângulos, veja como: 2
Primeiro: completamos as alturas no trapézio:
h = altura
B = base maior do trapézio
b = base menor do trapézio

Losango

É o quadrilátero que tem os lados congruentes.


Segundo: o dividimos em dois triângulos:

Em todo losango as diagonais são:


A área desse trapézio pode ser calculada somando as
áreas dos dois triângulos (∆CFD e ∆CEF). a) perpendiculares entre si;
Antes de fazer o cálculo da área de cada triângulo
separadamente observamos que eles possuem bases b) bissetrizes dos ângulos internos.
diferentes e alturas iguais.
A área do losango é definida pela seguinte fórmula:
Cálculo da área do ∆CEF: d .D Onde D é a diagonal maior e d é a menor.
S=
2
A∆1 = B . h
Triângulo
2
Cálculo da área do ∆CFD: Figura geométrica plana com três lados.

A∆2 = b . h
2
Somando as duas áreas encontradas, teremos o cálculo
da área de um trapézio qualquer:

AT = A∆1 + A∆2

AT = B . h + b . h
2 2

145
MATEMÁTICA

Ângulo externo. O ângulo externo de qualquer 4) Em todo triângulo isósceles, os ângulos da base são
polígono convexo é o ângulo formado entre um lado e o congruentes. Observação - A base de um triângulo isósceles
prolongamento do outro lado. é o seu lado diferente.

Classificação dos triângulos.

a) quanto aos lados:


- triângulo equilátero.
- triângulo isósceles.
- triângulo escaleno.

b) quanto aos ângulos:


- triângulo retângulo.
- triângulo obtusângulo. Altura - É a distância entre o vértice e a reta suporte do
- triângulo acutângulo. lado oposto.

Propriedades dos triângulos Área do triangulo

1) Em todo triângulo, a soma das medidas dos 3


ângulos internos é 180º.

Segmentos proporcionais
Teorema de Tales.

Em todo feixe de retas paralelas, cortado por uma


reta transversal, a razão entre dois segmento quaisquer
2) Em todo triângulo, a medida de um ângulo externo de uma transversal é igual à razão entre os segmentos
é igual à soma das medidas dos 2 ângulos internos não correspondentes da outra transversal.
adjacentes.

Semelhança de triângulos

3) Em todo triângulo, a soma das medidas dos 3 Definição.


ângulos externos é 360º. Dois triângulos são semelhantes se têm os ângulos dois
a dois congruentes e os lados correspondentes dois a dois
proporcionais.

Definição mais “popular”.


Dois triângulos são semelhantes se um deles é a redução
ou a ampliação do outro.
Importante - Se dois triângulos são semelhantes, a
proporcionalidade se mantém constante para quaisquer
dois segmentos correspondentes, tais como: lados,
medianas, alturas, raios das circunferências inscritas, raios das
circunferências circunscritas, perímetros, etc.

146
MATEMÁTICA

7. Na figura, os ângulos assinalados sao iguais, AC=2 e


AB=6. A medida de AE é:
a)6/5 b)7/4 c)9/5 d)3/2 e)5/4

8. Na figura a seguir, as distâncias dos pontos A e B à


Exercícios reta valem 2 e 4. As projeções ortogonais de A e B sobre
essa reta são os pontos C e D. Se a medida de CD é 9, a que
1. Seja um paralelogramo com as medidas da base e da distância de C deverá estar o ponto E, do segmento CD,
altura respectivamente, indicadas por b e h. Se construir- para que CÊA=DÊB
mos um outro paralelogramo que tem o dobro da base e o a)3
dobro da altura do outro paralelogramo, qual será relação b)4
entre as áreas dos paralelogramos? c)5
d)6
2. Os lados de um triângulo equilátero medem 5 mm. e)7
Qual é a área deste triângulo equilátero?

3. Qual é a medida da área de um paralelogramo cujas me-


didas da altura e da base são respectivamente 10 cm e 2 dm? 9. Para ladrilhar uma sala são necessários exatamente
400 peças iguais de cerâmica na forma de um quadrado.
4. As diagonais de um losango medem 10 cm e 15 cm. Sabendo-se que a área da sala tem 36m², determine:
Qual é a medida da sua superfície? a) a área de cada peça, em m².
b) o perímetro de cada peça, em metros.
5. Considerando as informações constantes no triangulo
PQR, pode-se concluir que a altura PR desse triângulo mede: 10. Na figura, os ângulos ABC, ACD, CÊD, são retos. Se
AB=2 3 m e CE= 3 m, a razão entre as áreas dos triângu-
los ABC e CDE é:

a)6
b)4
c)3
d)2
e) 3

a)5 b)6 c)7 d)8


Respostas
6. Num cartão retangular, cujo comprimento é igual ao
dobro de sua altura, foram feitos dois vincos AC e BF, que 1. A2 = (2b)(2h) = 4bh = 4A1
formam, entre si, um ângulo reto (90°). Observe a figura:
2. Segundo o enunciado temos:
l=5mm

Substituindo na fórmula:
l² 3 5² 3
=
S ⇒=S = 6, 25 3 ⇒ =
S 10,8
4 4
3. Sabemos que 2 dm equivalem a 20 cm, temos:
h=10
b=20
Considerando AF=16cm e CB=9cm, determine: Substituindo na fórmula:
a) as dimensões do cartão;
b) o comprimento do vinco AC =
S b= = 100cm
.h 20.10 = ² 2dm²

147
MATEMÁTICA

4. Para o cálculo da superfície utilizaremos a fórmula 9.


que envolve as diagonais, cujos valores temos abaixo:
d1=10
d2=15

Utilizando na fórmula temos:


d1.d 2 10.15
S= ⇒ = 75cm ²
2 2

5. 4 6 36
= ⇒ PR = =6 10.
PR 9 6

x 9 6.
= ⇒ x ² = 144 ⇒ x = 12
16 x
= =
a ) x 12( altura ); 2 x 24(comprimento)
b) AC = 9² + x ² = 81 + 144 = 15

Ângulos
7.
Ângulo: Do latim - angulu (canto, esquina), do grego
- gonas; reunião de duas semi-retas de mesma origem não
colineares.

8.

Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do


que 90º.

148
MATEMÁTICA

Ângulo Central: Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do


que 90º.
- Da circunferência: é o ângulo cujo vértice é o centro
da circunferência;
- Do polígono: é o ângulo, cujo vértice é o centro do
polígono regular e cujos lados passam por vértices conse-
cutivos do polígono.

Ângulo Raso:

- É o ângulo cuja medida é 180º;


- É aquele, cujos lados são semi-retas opostas.

Ângulo Circunscrito: É o ângulo, cujo vértice não per-


tence à circunferência e os lados são tangentes à ela.

Ângulo Reto:

- É o ângulo cuja medida é 90º;


- É aquele cujos lados se apóiam em retas perpendi-
culares.

Ângulo Inscrito: É o ângulo cujo vértice pertence a


uma circunferência e seus lados são secantes a ela.

Ângulos Complementares: Dois ângulos são comple-


0
mentares se a soma das suas medidas é 90 .

149
MATEMÁTICA

Ângulos Congruentes: São ângulos que possuem a Poligonal: Linha quebrada, formada por vários seg-
mesma medida. mentos formando ângulos.

Ângulos Opostos pelo Vértice: Dois ângulos são Grado: (gr.): Do latim - gradu; dividindo a circunferên-
opostos pelo vértice se os lados de um são as respectivas cia em 400 partes iguais, a cada arco unitário que corres-
semi-retas opostas aos lados do outro. ponde a 1/400 da circunferência denominamos de grado.

Grau: (º): Do latim - gradu; dividindo a circunferência


em 360 partes iguais, cada arco unitário que corresponde a
1/360 da circunferência denominamos de grau.

Exercícios

1. As retas f e g são paralelas (f // g). Determine a me-


dida do ângulo â, nos seguintes casos:

a)
Ângulos Replementares: Dois ângulos são ditos re-
0
plementares se a soma das suas medidas é 360 .

b)

Ângulos Suplementares: Dois ângulos são ditos su-


plementares se a soma das suas medidas de dois ângulos
é 180º.

c)

150
MATEMÁTICA

2. As retas a e b são paralelas. Quanto mede o ângulo î? 4. Usando uma equação, determine a medida de cada
ângulo do triângulo:

Quanto mede a soma dos ângulos de um quadrado?

5. Dois ângulos são complementares tais que o triplo


de um deles é igual ao dobro do outro. Determine o suple-
mento do menor.
3. Obtenha as medidas dos ângulos assinalados:
6. A metade de um ângulo menos a quinta parte de seu
a) complemento mede 38 graus. Qual é esse angulo?

7. Cinco semi-retas partem de um mesmo ponto V, for-


mando cinco ângulos que cobrem todo o plano e são pro-
porcionais aos números 2, 3, 4, 5 e 6. Calcule o maior dos
ângulos.

8. Na figura, o ângulo x mede a sexta parte do ângulo


y, mais a metade do ângulo z. Calcule y.

b)

c)

9. Observe a figura abaixo e determine o valor de m e n.

d)

151
MATEMÁTICA

10. Determine o valor de a na figura seguinte: d) Sabemos que os ângulos laranja + verde formam
180°, pois são exatamente a metade de um círculo.
Então, 138° + x = 180°
x = 180° - 138°
x = 42°
Logo, o ângulo x mede 42°.

4) Solução: Sabemos que a soma dos ângulos do triân-


gulo é 180°.
Então, 6x + 4x + 2x = 180°
12x = 180°
Respostas x = 180°/12
x = 15°
1) Resposta Os ângulos são: 30° 60° e 90°.
a) 55˚
b) 74˚ a) Um quadrado tem quatro ângulos de 90º, e, portan-
c) 33˚ to a soma deles vale 360º.

2) Resposta “130”. 5) Resposta “144˚”.


Solução: Imagine uma linha cortando o ângulo î, for- Solução:
mando uma linha paralela às retas “a” e “b”. - dois ângulos são complementares, então a + b = 90º
Fica então decomposto nos ângulos ê e ô. - o triplo de um é igual ao dobro do outro, então 3a = 2b
É um sistema de equações do 1º grau. Se fizermos a =
2b/3, substituímos na primeira equação:
2b/3 + b = 90
5b/3 = 90
b = 3/5 * 90
b = 54 → a = 90 – 54 = 36º

Como a é o menor ângulo, o suplemento de 36 é 180-


36 = 144º.

6) Resposta “80˚”.
Sendo assim, ê = 80° e ô = 50°, pois o ângulo ô é igual Solução: (a metade de um ângulo) menos seu a [quinta
ao complemento de 130° na reta b. parte] de seu [complemento] mede 38º.
Logo, î = 80° + 50° = 130°. [a/2] – [1/5] [(90-a)] = 38
a/2 – 90/5 + a/5 = 38
3) Solução: a/2 + a/5 = 38 + 90/5
a) 160° - 3x = x + 100°         7a/10 = 38 + 18
160° - 100° = x + 3x     a = 10/7 * 56
60° = 4x      a = 80º
x = 60°/4    
x = 15°   7) Resposta “180˚”.
Então 15°+100° = 115° e 160°-3*15° = 115° Solução: Seja x a constante de proporcionalidade, te-
mos para os ângulos: a, b, c, d, e…, a seguinte proporção
b) 6x + 15° + 2x + 5º = 180° com os números 2, 3, 4, 5 e 6:
6x + 2x = 180° -15° - 5° a/2 = x → a = 2x
8x = 160° b/3 = x → b = 3x
x = 160°/8 c/4 = x → c = 4x
x = 20° d/5 = x → d = 5x
Então, 6*20°+15° = 135° e 2*20°+5° = 45° e/6 = x → e = 6x
Assim as semi-retas: a + b + c + d + e = 2x + 3x + 4x
c) Sabemos que a figura tem 90°. + 5x + 6x = 360º
Agora a soma das retas: 20x
Então x + (x + 10°) + (x + 20°) + (x + 20°) = 90°
4x + 50° = 90° Então: 20x = 360º → x = 360°/20
4x = 40° x = 18°
x = 40°/4 Agora sabemos que o maior é 6x, então 6 . 18° = 108°.
x = 10°

152
MATEMÁTICA

8) Resposta “135˚”. Triângulos


Solução: Na figura, o ângulo x mede a sexta parte do
ângulo y, mais a metade do ângulo z. Calcule y. Triângulo é um polígono de três lados. É o polígono
Então vale lembrar que: que possui o menor número de lados. Talvez seja o polí-
gono mais importante que existe. Todo triângulo possui al-
x + y = 180 então y = 180 – x. guns elementos e os principais são: vértices, lados, ângulos,
alturas, medianas e bissetrizes.
E também como x e z são opostos pelo vértice, x = z Apresentaremos agora alguns objetos com detalhes
sobre os mesmos.
E de acordo com a figura:  o ângulo x mede a sexta
parte do ângulo y, mais a metade do ângulo z. Calcule y.

x = y/6 + z/2
Agora vamos substituir lembrando que y = 180 - x e x
=z
Então:
1. Vértices: A,B,C.
x = 180° - x/6 + x/2 agora resolvendo fatoração: 2. Lados: AB,BC e AC.
6x = 180°- x + 3x | 6x = 180° + 2x 3. Ângulos internos: a, b e c.
6x – 2x = 180°
4x = 180°
x=180°/4 Altura: É um segmento de reta traçada a partir de um
x=45º vértice de forma a encontrar o lado oposto ao vértice for-
mando um ângulo reto. BH é uma altura do triângulo.
Agora achar y, sabendo que y = 180° - x
y=180º - 45°
y=135°.

9) Resposta “11º; 159º”.


Solução:
3m - 12º e m + 10º, são ângulos opostos pelo vérti-
ce logo são iguais.

3m - 12º = m + 10º Mediana: É o segmento que une um vértice ao ponto


3m - m = 10º + 12º médio do lado oposto. BM é uma mediana.
2m = 22º
m = 22º/2
m = 11º
m + 10º e n são ângulos suplementares logo a soma
entre eles é igual a 180º.
(m + 10º) + n = 180º
(11º + 10º) + n = 180º
21º + n = 180º
n = 180º - 21º
n = 159º Bissetriz: É a semi-reta que divide um ângulo em duas
partes iguais. O ângulo B está dividido ao meio e neste
Resposta: m = 11º e n = 159º. caso Ê = Ô.

10) Resposta “45˚”.


É um ângulo oposto pelo vértice, logo, são ângulos
iguais.

153
MATEMÁTICA

Ângulo Interno: É formado por dois lados do triângulo. Classificação dos triângulos quanto às medidas dos
Todo triângulo possui três ângulos internos. ângulos

Triângulo Acutângulo: Todos os ângulos internos são


agudos, isto é, as medidas dos ângulos são menores do
que 90º.

Ângulo Externo: É formado por um dos lados do triân-


gulo e pelo prolongamento do lado adjacente (ao lado).

Classificação dos triângulos quanto ao número de lados

Triângulo Equilátero: Os três lados têm medidas Triângulo Obtusângulo: Um ângulo interno é obtuso,
iguais. m(AB) = m(BC) = m(CA) isto é, possui um ângulo com medida maior do que 90º.

Triângulo Isóscele: Pelo menos dois lados têm medi-


das iguais. m(AB) = m(AC).

Triângulo Retângulo: Possui um ângulo interno reto


(90 graus).

Triângulo Escaleno: Todos os três lados têm medidas


diferentes.

Medidas dos Ângulos de um Triângulo

Ângulos Internos: Consideremos o triângulo ABC. Po-


deremos identificar com as letras a, b e c as medidas dos
ângulos internos desse triângulo. Em alguns locais escre-
vemos as letras maiúsculas A, B e C para representar os
ângulos.

A soma dos ângulos internos de qualquer triângulo é


sempre igual a 180 graus, isto é: a + b + c = 180º

154
MATEMÁTICA

Exemplo Dois triângulos são congruentes, se os seus elementos


correspondentes são ordenadamente congruentes, isto é,
Considerando o triângulo abaixo, podemos escrever os três lados e os três ângulos de cada triângulo têm res-
que: 70º + 60º + x = 180º e dessa forma, obtemos x = 180º pectivamente as mesmas medidas.
- 70º - 60º = 50º. Para verificar se um triângulo é congruente a outro,
não é necessário saber a medida de todos os seis elemen-
tos, basta conhecerem três elementos, entre os quais esteja
presente pelo menos um lado. Para facilitar o estudo, indi-
caremos os lados correspondentes congruentes marcados
com símbolos gráficos iguais.

Casos de Congruência de Triângulos


Ângulos Externos: Consideremos o triângulo ABC.
Como observamos no desenho, em anexo, as letras minús- LLL (Lado, Lado, Lado): Os três lados são conhecidos.
culas representam os ângulos internos e as respectivas le- Dois triângulos são congruentes quando têm, respec-
tras maiúsculas os ângulos externos. tivamente, os três lados congruentes. Observe que os ele-
mentos congruentes têm a mesma marca.

Todo ângulo externo de um triângulo é igual à soma


dos dois ângulos internos não adjacentes a esse ângulo
externo. Assim: A = b+c, B = a+c, C = a+b LAL (Lado, Ângulo, Lado): Dados dois lados e um ân-
gulo
Exemplo Dois triângulos são congruentes quando têm dois la-
dos congruentes e os ângulos formados por eles também
No triângulo desenhado: x=50º+80º=130º. são congruentes.

Congruência de Triângulos

A idéia de congruência: Duas figuras planas são con- ALA (Ângulo, Lado, Ângulo): Dados dois ângulos e
gruentes quando têm a mesma forma e as mesmas dimen- um lado
sões, isto é, o mesmo tamanho. Dois triângulos são congruentes quando têm um lado
Para escrever que dois triângulos ABC e DEF são con- e dois ângulos adjacentes a esse lado, respectivamente,
gruentes, usaremos a notação: ABC ~ DEF congruentes.
Para os triângulos das figuras abaixo, existe a con-
gruência entre os lados, tal que:
AB ~ RS, BC ~ ST, CA ~ T e entre os ângulos: A ~ R , B
~S,C~T

Se o triângulo ABC é congruente ao triângulo RST, es-


crevemos: ABC ~ RST

155
MATEMÁTICA

LAAo (Lado, Ângulo, Ângulo oposto): Conhecido um Casos de Semelhança de Triângulos


lado, um ângulo e um ângulo oposto ao lado.
Dois triângulos são congruentes quando têm um lado, Dois ângulos congruentes: Se dois triângulos tem
um ângulo, um ângulo adjacente e um ângulo oposto a dois ângulos correspondentes congruentes, então os triân-
esse lado respectivamente congruente. gulos são semelhantes.

Semelhança de Triângulos Se A~D e C~F então: ABC~DEF

A idéia de semelhança: Duas figuras são semelhantes Dois lados congruentes: Se dois triângulos tem dois
quando têm a mesma forma, mas não necessariamente o lados correspondentes proporcionais e os ângulos forma-
mesmo tamanho. dos por esses lados também são congruentes, então os
Se duas figuras R e S são semelhantes, denotamos: R~S. triângulos são semelhantes.

Exemplo
As ampliações e as reduções fotográficas são figuras
semelhantes. Para os triângulos:

Como m(AB) / m(EF) = m(BC) / m(FG) = 2


Então ABC ~ EFG

os três ângulos são respectivamente congruentes, isto Exemplo


é: A~R, B~S, C~T Na figura abaixo, observamos que um triângulo pode
ser “rodado” sobre o outro para gerar dois triângulos se-
Observação: Dados dois triângulos semelhantes, tais melhantes e o valor de x será igual a 8.
triângulos possuem lados proporcionais e ângulos con-
gruentes. Se um lado do primeiro triângulo é proporcio-
nal a um lado do outro triângulo, então estes dois lados
são ditos homólogos. Nos triângulos acima, todos os lados
proporcionais são homólogos.
Realmente:

AB~RS pois m(AB)/m(RS) = 2


BC~ST pois m(BC)/m(ST) = 2 Realmente, x pode ser determinado a partir da seme-
AC~RT pois m(AC)/m(RT) = 2 lhança de triângulos.

Como as razões acima são todas iguais a 2, este valor Três lados proporcionais: Se dois triângulos têm os
comum é chamado razão de semelhança entre os triângu- três lados correspondentes proporcionais, então os triân-
los. Podemos concluir que o triângulo ABC é semelhante gulos são semelhantes.
ao triângulo RST.
Dois triângulos são semelhantes se, têm os 3 ângulos
e os 3 lados correspondentes proporcionais, mas existem
alguns casos interessantes a analisar.

156
MATEMÁTICA

Exercícios 5. Determine os valores literais indicados na figura:

1. Neste triângulo ABC, vamos calcular a, h, m e n:

2. Determine os valores literais indicados na figura:

6. Determine a altura de um triângulo equilátero de


lado l.

3. Determine os valores literais indicados na figura:

7. Determine x nas figuras.

4. Determine os valores literais indicados na figura:

157
MATEMÁTICA

8. Determine a diagonal de um quadrado de lado l. 3) Solução:


52 = 32 + x2
25 = 9 + x2
x2 = 16
x = √16 = 4

32 = 5m
9
m=
5
4 = 5n
2

9. Calcule o perímetro do triângulo retângulo ABC da


figura, sabendo que o segmento BC é igual a 10 m e cos
16
n=
α = 3/5 5
9 16
h2 = x
5 5
144
h2 =
25
144
h=
25
10. Calcule a altura de um triângulo equilátero que 12
tem 10 cm de lado. h=
5

4) Solução:

AC = 10 → e ← AB = 24

(O é o centro da circunferência)

Solução:

Respostas (BC)2 = 10 2 + 24 2
1) Solução: (BC)2 = 100 + 576
a² = b² + c² → a² = 6² + 8² → a² = 100 → a = 10
b.c = a.h → 8.6 = 10.h → h = 48/10 = 4,8
c² = a.m → 6² = 10.m → m = 36/10 = 3,6
(BC)2 = 676
b² = a.n → 8² = 10.n → n = 64/10 = 6,4
BC = 676 = 26
2) Solução: 26
13² = 12² + x² x= = 13
169 = 144 + x² 2
x² = 25
x=5 5) Solução:
d2 = 52 + 42
5.12 = 13.y d2 = 25 + 16
y = 60/13 d2 = 41
d = √41

158
MATEMÁTICA

6) Solução: 10) Solução:


2
⎛ 1⎞
l 2 = h2 ⎜ ⎟
⎝ 2⎠
12
l =h +
2 2

4
12
h2 = l 2 −
4
4l − l 2
2
h2 =
4
2
10 2 = 5 2 + h 2
3l
h2 = h 2 = 100 − 25
4 h 2 = 75
2
3l l 3 h = 75 = 5 2.3 = 5 3cm
h= =
4 2
Quadrilátero

7) Solução: O triângulo ABC é equilátero. Quadriláteros e a sua classificação

l 3 Quadrilátero é um polígono com quatro lados e os


x=
2 principais quadriláteros são: quadrado, retângulo, losango,
trapézio e trapezóide.
8 3
x= =4 3
2

8) Solução:
d2 = l2 + 12
d2 = 2l2
d = √2l2
d = 1√2

9) Solução:
No quadrilátero acima, observamos alguns elementos
x
cos α = geométricos:
10 - Os vértices são os pontos: A, B, C e D.
- Os ângulos internos são A, B, C e D.
3 x - Os lados são os segmentos AB, BC, CD e DA.
=
5 10
Observação: Ao unir os vértices opostos de um quadri-
5x = 30 látero qualquer, obtemos sempre dois triângulos e como a
soma das medidas dos ângulos internos de um triângulo é
30 180 graus, concluímos que a soma dos ângulos internos de
x= =6 um quadrilátero é igual a 360 graus.
5
10 2 = 6 2 + y 2
100 = 36 + y2
y 2 = 100 − 36
y 2 = 64 ⇒ y = 64 = 8
P = 10 + 6 + 8 = 24m

159
MATEMÁTICA

Classificação dos Quadriláteros Exercícios

Paralelogramo: É o quadrilátero que tem lados opos- 1. Determine a medida dos ângulos indicados:
tos paralelos. Num paralelogramo, os ângulos opostos são a)
congruentes. Os paralelogramos mais importantes rece-
bem nomes especiais:
- Losango: 4 lados congruentes
- Retângulo: 4 ângulos retos (90 graus)
- Quadrado: 4 lados congruentes e 4 ângulos retos.

b)

Trapézio: É o quadrilátero que tem apenas dois lados


opostos paralelos. Alguns elementos gráficos de um trapé-
zio (parecido com aquele de um circo). c)

- AB é paralelo a CD 2. As medidas dos ângulos internos de um quadrilátero


- BC é não é paralelo a AD são: x + 17°; x + 37°; x + 45° e x + 13°. Determine as medi-
- AB é a base maior das desses ângulos.
- DC é a base menor
3. No paralelogramo abaixo, determine as medidas de
Os trapézios recebem nomes de acordo com os triân- x e y.
gulos que têm características semelhantes. Um trapézio
pode ser:

- Retângulo: dois ângulos retos


- Isósceles: lados não paralelos congruentes
- Escaleno: lados não paralelos diferentes

4. A figura abaixo é um losango. Determine o valor de


x e y, a medida da diagonal AC , da diagonal BD e o pe-
rímetro do triângulo BMC.

160
MATEMÁTICA

5. No retângulo abaixo, determine as medidas de x e y Respostas


indicadas:
1) Solução:
a) x + 105° + 98º + 87º = 360º
x + 290° = 360°
x = 360° - 290°
x = 70º

b) x + 80° + 82° = 180°


x + 162° = 180°
6. Determine as medidas dos ângulos do trapézio da x = 180º - 162º
figura abaixo: x = 18°
18º + 90º + y + 90º = 360°
y + 198° = 360°
y = 360º - 198°
y = 162º

c) 3a / 2 + 2a + a / 2 + a = 360º
(3a + 4a + a + 2a) / 2 = 720° /2
10a = 720º
a = 720° / 10
a =  72°
72° + b + 90° = 180°
7. A figura abaixo é um trapézio isósceles, onde a, b, c b + 162° = 180°
representam medidas dos ângulos internos desse trapézio. b = 180° - 162°
Determine a medida de a, b, c. b = 18°.

2) Solução:
x + 17° + x + 37° + x + 45° + x + 13° = 360°
4x + 112° = 360°
4x = 360° - 112°
x = 248° / 4
x = 62°

8. Sabendo que x é a medida da base maior, y é a medi- Então, os ângulos são:


da da base menor, 5,5 cm é a medida da base média de um x + 17° = 79°
trapézio e que x - y = 5 cm, determine as medidas de x e y. x + 37° = 99°
x + 45° = 107º
9. Seja um paralelogramo com as medidas da base e da x + 13° = 75°.
altura respectivamente, indicadas por b e h. Se construir-
mos um outro paralelogramo que tem o dobro da base e o
3) Solução:
dobro da altura do outro paralelogramo, qual será relação
9y + 16° = 7y + 40°
entre as áreas dos paralelogramos?
9y = 7y + 40° - 16°
9y = 7y + 24°
10. É possível obter a área de um losango cujo lado 9y - 7y = 24°
mede 10 cm? 2y = 24°
y = 24º /2
y = 12°

Então:
x + (7 * 12° + 40°) = 180°
x = 180º - 124°
x = 56°

161
MATEMÁTICA

4) Solução: 2x + 0 = 16
x = 15 2x = 16/2
y = 20 x=8
AC = 20 + 20 = 40
BD = 15 + 15 = 30 x + y = 11 
BMC = 15 + 20 + 25 = 60. 8 + y = 11
y = 11 – 8
y=3
5) Solução:
12 x + 2° + 5 x + 3° = 90°
17 x + 5° = 90° 9) Solução:
17 x = 90° - 5° A2 = (2b)(2h) = 4 bh = 4 A1
17 x = 85°
x = 85° / 17° = 5°
y = 5x + 3° 10) Solução:
y = 5 (5°) + 3° Não, pois os ângulos entre os lados de dois losangos,
y = 28° podem ser diferentes.

6) Solução:
x + 27° + 90° = 180°
x + 117° = 180° 11. GEOMETRIA ESPACIAL.
x = 180° - 117° 11.1. Retas e planos no espaço. Paralelismo e
x = 63° perpendicularismo.
11.2. Ângulos diedros e ângulos poliédricos.
y + 34° + 90° = 180° Poliedros: poliedros regulares.
y + 124° = 180° 11.3. Prismas, pirâmides e respectivos troncos.
y = 180° - 124° Cálculo de áreas e volumes.
y = 56° 11.4. Cilindro, cone e esfera: cálculo de áreas e
volumes.
As medidas dos ângulos são:
63° ; 56° ; 90° + 27° = 117° ; 90 + 34° = 124°.

Sólidos Geométricos
7) Solução:
c = 117° Para explicar o cálculo do volume de figuras geométri-
a + 117° = 180° cas, podemos pedir que visualizem a seguinte figura:
a = 180° - 117°
a = 63°
b = 63°

8) Solução:

⎧x + y ⎫
⎪ = 5,5 ⎪
⎨ 2 ⎬ a) A  figura representa a planificação de um prisma reto;
b) O volume de um prisma reto é igual ao produto da
⎪⎩ x − y = 5 ⎪⎭ área da base pela altura do sólido, isto é

x+y V = Ab x a
= 5,5
2 c) O cubo e o paralelepípedo retângulo são prismas;
d) O volume do cilindro também se pode calcular da
x + y = 11 mesma forma que o volume de um prisma reto.
Os formulários seguintes, das figuras geométricas são
x + y = 11 para calcular da mesma forma que as acima apresentadas:
x-y=5
__________

162
MATEMÁTICA

Figuras Geométricas: Classificação do cone

Quando observamos a posição relativa do eixo em re-


lação à base, os cones podem ser classificados como retos
ou oblíquos. Um cone é dito reto quando o eixo é perpen-
dicular ao plano da base e é oblíquo quando não é um
cone reto. Ao lado apresentamos um cone oblíquo.

Observação: Para efeito de aplicações, os cones mais


importantes são os cones retos. Em função das bases, os
cones recebem nomes especiais. Por exemplo, um cone é
dito circular se a base é um círculo e é dito elíptico se a
base é uma região elíptica.

O conceito de cone

Observações sobre um cone circular reto


1. Um cone circular reto é chamado cone de revolução
por ser obtido pela rotação (revolução) de um triângulo
retângulo em torno de um de seus catetos
Considere uma região plana limitada por uma curva 2. A seção meridiana do cone circular reto é a interse-
suave (sem quinas), fechada e um ponto P fora desse pla- ção do cone com um plano que contem o eixo do cone. No
no. Chamamos de cone ao sólido formado pela reunião de caso acima, a seção meridiana é a região triangular limitada
todos os segmentos de reta que têm uma extremidade em pelo triângulo isósceles VAB.
P e a outra num ponto qualquer da região.
3. Em um cone circular reto, todas as geratrizes são
Elementos do cone congruentes entre si. Se g é a medida de cada geratriz en-
- Base: A base do cone é a região plana contida no tão, pelo Teorema de Pitágoras, temos: g2 = h2 + R2
interior da curva, inclusive a própria curva.
- Vértice: O vértice do cone é o ponto P. 4. A Área Lateral de um cone circular reto pode ser
- Eixo: Quando a base do cone é uma região que pos- obtida em função de g (medida da geratriz) e R (raio da
sui centro, o eixo é o segmento de reta que passa pelo base do cone):ALat = Pi R g
vértice P e pelo centro da base.
- Geratriz: Qualquer segmento que tenha uma extre- 5. A Área total de um cone circular reto pode ser ob-
midade no vértice do cone e a outra na curva que envolve tida em função de g (medida da geratriz) e R (raio da base
a base. do cone):
- Altura: Distância do vértice do cone ao plano da base. ATotal = Pi R g + Pi R2
- Superfície lateral: A superfície lateral do cone é a
reunião de todos os segmentos de reta que tem uma extre-
midade em P e a outra na curva que envolve a base.
- Superfície do cone: A superfície do cone é a reunião
da superfície lateral com a base do cone que é o círculo.
- Seção meridiana: A seção meridiana de um cone é
uma região triangular obtida pela interseção do cone com
um plano que contem o eixo do mesmo.

163
MATEMÁTICA

Cones Equiláteros Aplicação: volumes de líquidos

Um problema fundamental para empresas que arma-


zenam líquidos em tanques esféricos, cilíndricos ou esfé-
ricos e cilíndricos é a necessidade de realizar cálculos de
volumes de regiões esféricas a partir do conhecimento da
altura do líquido colocado na mesma. Por exemplo, quan-
do um tanque é esférico, ele possui um orifício na parte
superior (pólo Norte) por onde é introduzida verticalmente
uma vara com indicadores de medidas. Ao retirar a vara,
Um cone circular reto é um cone equilátero se a sua observa-se o nível de líquido que fica impregnado na vara
seção meridiana é uma região triangular equilátera e neste e esta medida corresponde à altura de líquido contido na
região esférica. Este não é um problema trivial, como ob-
caso a medida da geratriz é igual à medida do diâmetro
servaremos pelos cálculos realizados na sequência.
da base.
A área da base do cone é dada por:
ABase=Pi R2

Pelo Teorema de Pitágoras temos:


(2R)2 = h2 + R2
h2 = 4R2 - R2 = 3R2

Assim:
h=R
Como o volume do cone é obtido por 1/3 do produto
da área da base pela altura, então: A seguir apresentaremos elementos esféricos básicos e
algumas fórmulas para cálculos de áreas na esfera e volu-
V = (1/3) Pi R3 mes em um sólido esférico.
Como a área lateral pode ser obtida por:
ALat = Pi R g = Pi R 2R = 2 Pi R2 A superfície esférica
então a área total será dada por: A esfera no espaço R³ é o conjunto de todos os pontos
ATotal = 3 Pi R2 do espaço que estão localizados a uma mesma distância
denominada raio de um ponto fixo chamado centro.
Uma notação para a esfera com raio unitário centrada
O conceito de esfera na origem de R³ é:
S² = { (x,y,z) em R³: x² + y² + z² = 1 }
A esfera no espaço R³ é uma superfície muito impor- Uma esfera de raio unitário centrada na origem de R4
tante em função de suas aplicações a problemas da vida. é dada por:
Do ponto de vista matemático, a esfera no espaço R³ é con- S³ = { (w,x,y,z) em R4: w² + x² + y² + z² = 1 }
fundida com o sólido geométrico (disco esférico) envolvido
Você conseguiria imaginar espacialmente tal esfera?
pela mesma, razão pela quais muitas pessoas calculam o
Do ponto de vista prático, a esfera pode ser pensada
volume da esfera. Na maioria dos livros elementares sobre
como a película fina que envolve um sólido esférico. Em
Geometria, a esfera é tratada como se fosse um sólido, he-
uma melancia esférica, a esfera poderia ser considerada a
rança da Geometria Euclidiana. película verde (casca) que envolve a fruta.
Embora não seja correto, muitas vezes necessitamos É comum encontrarmos na literatura básica a definição
falar palavras que sejam entendidas pela coletividade. De de esfera como sendo o sólido esférico, no entanto não
um ponto de vista mais cuidadoso, a esfera no espaço R³ é se devem confundir estes conceitos. Se houver interesse
um objeto matemático parametrizado por duas dimensões, em aprofundar os estudos desses detalhes, deve-se tomar
o que significa que podemos obter medidas de área e de algum bom livro de Geometria Diferencial que é a área da
comprimento, mas o volume tem medida nula. Há outras Matemática que trata do detalhamento de tais situações.
esferas, cada uma definida no seu respectivo espaço n-di-
mensional. Um caso interessante é a esfera na reta unidi-
mensional:
So = {x em R: x²=1} = {+1,-1}
Por exemplo, a esfera
S1 = { (x,y) em R²: x² + y² = 1 }
é conhecida por nós como uma circunferência de raio
unitário centrada na origem do plano cartesiano.

164
MATEMÁTICA

O disco esférico é o conjunto de todos os pontos do es- Se tomarmos um arco contido na circunferência ma-
paço que estão localizados na casca e dentro da esfera. Do ximal cujas extremidades são os pontos (0,0,R) e (0,p,q) tal
ponto de vista prático, o disco esférico pode ser pensado que p²+q²=R² e rodarmos este arco em torno do eixo OZ,
como a reunião da película fina que envolve o sólido esféri- obteremos uma superfície denominada calota esférica.
co com a região sólida dentro da esfera. Em uma melancia
esférica, o disco esférico pode ser visto como toda a fruta.
Quando indicamos o raio da esfera pela letra R e o cen-
tro da esfera pelo ponto (0,0,0), a equação da esfera é dada
por:
x² + y² + z² = R²

e a relação matemática que define o disco esférico é o


conjunto que contém a casca reunido com o interior, isto é: Na prática, as pessoas usam o termo calota esférica
x² + y² + z² < R² para representar tanto a superfície como o sólido geomé-
trico envolvido pela calota esférica. Para evitar confusões,
Quando indicamos o raio da esfera pela letra R e o cen- usarei “calota esférica” com aspas para o sólido e sem aspas
tro da esfera pelo ponto (xo,yo,zo), a equação da esfera é para a superfície.
dada por: A partir da rotação, construiremos duas calotas em
(x-xo)² + (y-yo)² + (z-zo)² = R² uma esfera, de modo que as extremidades dos arcos se-
jam (0,0,R) e (0,p,q) com p²+q²=R² no primeiro caso (calota
e a relação matemática que define o disco esférico é o Norte) e no segundo caso (calota Sul) as extremidades dos
conjunto que contém a casca reunido com o interior, isto é, arcos (0,0,-R) e (0,r,-s) com r²+s²=R² e retirarmos estas duas
o conjunto de todos os pontos (x,y,z) em R³ tal que: calotas da esfera, teremos uma superfície de revolução de-
(x-xo)² + (y-yo)² + (z-zo)² < R² nominada zona esférica.

Da forma como está definida, a esfera centrada na ori-


gem pode ser construída no espaço euclidiano R³ de modo
que o centro da mesma venha a coincidir com a origem do
sistema cartesiano R³, logo podemos fazer passar os eixos
OX, OY e OZ, pelo ponto (0,0,0).

De um ponto de vista prático, consideremos uma me-


lancia esférica. Com uma faca, cortamos uma “calota esféri-
ca” superior e uma “calota esférica” inferior. O que sobra da
melancia é uma região sólida envolvida pela zona esférica,
algumas vezes denominada zona esférica.
Consideremos uma “calota esférica” com altura h1 e
Seccionando a esfera x²+y²+z²=R² com o plano z=0, raio da base r1 e retiremos desta calota uma outra “calota
obteremos duas superfícies semelhantes: o hemisfério Nor- esférica” com altura h2 e raio da base r2, de tal modo que
te (“boca para baixo”) que é o conjunto de todos os pontos os planos das bases de ambas sejam paralelos. A região só-
da esfera onde a cota z é não negativa e o hemisfério Sul lida determinada pela calota maior menos a calota menor
(“boca para cima”) que é o conjunto de todos os pontos da recebe o nome de segmento esférico com bases paralelas.
esfera onde a cota z não é positiva.
Se seccionarmos a esfera x²+y²+z²=R² por um plano
vertical que passa em (0,0,0), por exemplo, o plano x=0, te-
remos uma circunferência maximal C da esfera que é uma
circunferência contida na esfera cuja medida do raio coinci-
de com a medida do raio da esfera, construída no plano YZ
e a equação desta circunferência será:
x=0, y² + z² = R2
sendo que esta circunferência intersecta o eixo OZ nos No que segue, usaremos esfera tanto para o sólido
pontos de coordenadas (0,0,R) e (0,0,-R). Existem infinitas como para a superfície, “calota esférica” para o sólido en-
circunferências maximais em uma esfera. volvido pela calota esférica, a letra maiúscula R para en-
Se rodarmos esta circunferência maximal C em torno do tender o raio da esfera sobre a qual estamos realizando
eixo OZ, obteremos a esfera através da rotação e por este os cálculos, V será o volume, A(lateral) será a área lateral e
motivo, a esfera é uma superfície de revolução. A(total) será a área total.

165
MATEMÁTICA

Algumas fórmulas (relações) para objetos esféricos A integral dupla que representa o volume da calota em
função da altura h é dada por:
Objeto Relações e fórmulas Vc(h) = ∫ ∫ s (h − z)dxdy
Volume = (4/3) Pi R³
Esfera
A(total) = 4 Pi R²
ou seja
R² = h (2R-h)
A(lateral) = 2 Pi R h Vc(h) = ∫ ∫ s (h − R + R 2 − (x 2 + y 2 ))dxdy
Calota esférica (altura h,
A(total) = Pi h (4R-h)
raio da base r)
V=Pi.h²(3R- Escrita em Coordenadas Polares, esta integral fica na
h)/3=Pi(3R²+h²)/6 forma:
R² = a² + [(r1² -r2²-h²)/2h)]²
Segmento esférico
2x R

(altura h, raios das


A(lateral) = 2 Pi R h
A(total) = Pi(2Rh+r1²+r2²)
Vc(h) = ∫ ∫ (h − R + R 2 − m 2 )mdmdt
bases r1>r²)
t=0 m=0
Volume=Pi.h(3r1²+3r2²+h²)/6
Após realizar a integral na variável t, podemos separá
Estas fórmulas podem ser obtidas como aplicações do -la em duas integrais:
Cálculo Diferencial e Integral, mas nós nos limitaremos a R R
apresentar um processo matemático para a obtenção da Vc(h) = 2π { ∫ (h − R)m dm + ∫ R 2 − m 2 mdm}
fórmula do cálculo do volume da “calota esférica” em fun- 0 0
ção da altura da mesma. ou seja:
R
Volume de uma calota no hemisfério Sul Vc(h) = π {(h − R)R 2 − ∫ R 2 − m 2 (−2m)dm}
Consideremos a esfera centrada no ponto (0,0,R) com 0
raio R.
Com a mudança de variável u=R²-m² e du=(-2m)dm
poderemos reescrever:
R2

Vc(h) = π {(h − R)R + ∫


2
u du}
u=0

Após alguns cálculos obtemos:


VC(h) = Pi (h-R) [R² -(h-R)²] - (2/3)Pi[(R-h)³ - R³]
e assim temos a fórmula para o cálculo do volume da
calota esférica no hemisfério Sul com a altura h no intervalo
[0,R], dada por:
VC(h) = Pi h²(3R-h)/3
A equação desta esfera será dada por: Volume de uma calota no hemisfério Norte
x² + y² + (z-R)² = R² Se o nível do líquido mostra que a altura h já ultrapas-
sou o raio R da região esférica, então a altura h está no
A altura da calota será indicada pela letra h e o plano intervalo [R,2R]
que coincide com o nível do líquido (cota) será indicado
por z=h. A interseção entre a esfera e este plano é dado
pela circunferência
x² + y² = R² - (h-R)²

Obteremos o volume da calota esférica com a altura


h menor ou igual ao raio R da esfera, isto é, h pertence ao
intervalo [0,R] e neste caso poderemos explicitar o valor de
z em função de x e y para obter:
z = R − R 2 − (x 2 + y 2 )
Lançaremos mão de uma propriedade de simetria da
esfera que nos diz que o volume da calota superior assim
Para simplificar as operações algébricas, usaremos a como da calota inferior somente depende do raio R da es-
letra r para indicar: fera e da altura h e não da posição relativa ocupada.
r² = R² - (h-R)² = h(2R-h) Aproveitaremos o resultado do cálculo utilizado para a
A região circular S de integração será descrita por calota do hemisfério Sul. Tomaremos a altura tal que: h=2R
x²+y²<R² ou em coordenadas polares através de: -d, onde d é a altura da região que não contém o líquido.
0<m<R, 0<t<2Pi Como o volume desta calota vazia é dado por:

166
MATEMÁTICA

VC(d) = Pi d²(3R-d)/3 Prisma


e como h=2R-d, então para h no intervalo [R,2R], po-
deremos escrever o volume da calota vazia em função de h: Prisma é um sólido geométrico delimitado por faces
VC(h) = Pi (2R-h)²(R+h)/3 planas, no qual as bases se situam em planos paralelos.
Quanto à inclinação das arestas laterais, os prismas podem
Para obter o volume ocupado pelo líquido, em função ser retos ou oblíquos.
da altura, basta tomar o volume total da região esférica e
retirar o volume da calota vazia, para obter: Prisma reto
V(h) = 4Pi R³/3 - Pi (2R-h)²(R+h)/3
que pode ser simplificada para: As arestas laterais têm o mesmo comprimento.
V(h) = Pi h²(3R-h)/3 As arestas laterais são perpendiculares ao plano da
base.
Independentemente do fato que a altura h esteja no As faces laterais são retangulares.
intervalo [0,R] ou [R,2R] ou de uma forma geral em [0,2R], o
cálculo do volume ocupado pelo líquido é dado por: Prisma oblíquo
V(h) = Pi h²(3R-h)/3
As arestas laterais têm o mesmo comprimento.
Poliedro As arestas laterais são oblíquas ao plano da base.
Poliedro é um sólido limitado externamente por planos As faces laterais não são retangulares.
no espaço R³. As regiões planas que limitam este sólido são
as faces do poliedro. As interseções das faces são as arestas
do poliedro. As interseções das arestas são os vértices do po- Bases: regiões poligonais
liedro. Cada face é uma região poligonal contendo n lados. congruentes
Poliedros convexos são aqueles cujos ângulos diedrais for- Altura: distância entre
mados por planos adjacentes têm medidas menores do que as bases
180 graus. Outra definição: Dados quaisquer dois pontos de Arestas laterais
um poliedro convexo, o segmento que tem esses pontos como paralelas: mesmas
extremidades, deverá estar inteiramente contido no poliedro. medidas
Faces laterais:
Poliedros Regulares paralelogramos
Prisma reto Aspectos comuns Prisma oblíquo
Um poliedro é regular se todas as suas faces são re-
giões poligonais regulares com n lados, o que significa que Seções de um prisma
o mesmo número de arestas se encontram em cada vértice.
Seção transversal
Hexaedro É a região poligonal obtida pela interseção do prisma
Tetraedro Octaedro com um plano paralelo às bases, sendo que esta região
(cubo)
poligonal é congruente a cada uma das bases.

Seção reta (seção normal)


É uma seção determinada por um plano perpendicular
às arestas laterais.
Princípio de Cavaliere
Consideremos um plano P sobre o qual estão apoiados
dois sólidos com a mesma altura. Se todo plano paralelo
Áreas e Volumes ao plano dado interceptar os sólidos com seções de áreas
iguais, então os volumes dos sólidos também serão iguais.
Poliedro regular Área Volume
Prisma regular
Tetraedro a2 R[3] (1/12) a³ R[2] É um prisma reto cujas bases são regiões poligonais
Hexaedro 6 a2 a³ regulares.
Octaedro 2 a2 R[3] (1/3) a³ R[2]
3 a 2
(1/4) a³ Exemplos:
Dodecaedro Um prisma triangular regular é um prisma reto cuja
R{25+10·R[5]} (15+7·R[5])
(5/12) a³ base é um triângulo equilátero.
Icosaedro 5a2 R[3] Um prisma quadrangular regular é um prisma reto cuja
(3+R[5])
base é um quadrado.
Nesta tabela, a notação R[z] significa a raiz quadra-
da de z>0.

167
MATEMÁTICA

Planificação do prisma A reta que contém o segmento PQ é denominada gera-


triz e a curva que fica no plano do “chão” é a diretriz.

Um prisma é um sólido formado por todos os pontos


do espaço localizados dentro dos planos que contêm as fa- Em função da inclinação do segmento PQ em relação
ces laterais e os planos das bases. As faces laterais e as ba- ao plano do “chão”, o cilindro será chamado reto ou oblí-
ses formam a envoltória deste sólido. Esta envoltória é uma quo, respectivamente, se o segmento PQ for perpendicular
“superfície” que pode ser planificada no plano cartesiano. ou oblíquo ao plano que contém a curva diretriz.
Tal planificação se realiza como se cortássemos com
uma tesoura esta envoltória exatamente sobre as arestas Objetos geométricos em um “cilindro”
para obter uma região plana formada por áreas congruen- Num cilindro, podemos identificar vários elementos:
tes às faces laterais e às bases. - Base É a região plana contendo a curva diretriz e todo
A planificação é útil para facilitar os cálculos das áreas o seu interior. Num cilindro existem duas bases.
lateral e total. - Eixo É o segmento de reta que liga os centros das
Volume de um prisma bases do “cilindro”.
O volume de um prisma é dado por: - Altura A altura de um cilindro é a distância entre os
dois planos paralelos que contêm as bases do “cilindro”.
Vprisma = Abase . h - Superfície Lateral É o conjunto de todos os pontos
do espaço, que não estejam nas bases, obtidos pelo deslo-
Área lateral de um prisma reto com base poligonal camento paralelo da geratriz sempre apoiada sobre a curva
regular diretriz.
A área lateral de um prisma reto que tem por base uma - Superfície Total É o conjunto de todos os pontos
região poligonal regular de n lados é dada pela soma das da superfície lateral reunido com os pontos das bases do
áreas das faces laterais. Como neste caso todas as áreas das cilindro.
faces laterais são iguais, basta tomar a área lateral como: - Área lateral É a medida da superfície lateral do ci-
lindro.
- Área total É a medida da superfície total do cilindro.
- Seção meridiana de um cilindro É uma região poli-
gonal obtida pela interseção de um plano vertical que pas-
sa pelo centro do cilindro com o cilindro.
Classificação dos cilindros circulares
Cilindros Cilindro circular oblíquo Apresenta as geratrizes oblí-
quas em relação aos planos das bases.
Cilindro circular reto As geratrizes são perpendicula-
res aos planos das bases. Este tipo de cilindro é também
chamado de cilindro de revolução, pois é gerado pela rota-
ção de um retângulo.
Cilindro equilátero É um cilindro de revolução cuja se-
Seja P um plano e nele vamos construir um círculo de ção meridiana é um quadrado.
raio r. Tomemos também um segmento de reta PQ que não
seja paralelo ao plano P e nem esteja contido neste plano P. Volume de um “cilindro”
Um cilindro circular é a reunião de todos os segmen-
tos congruentes e paralelos a PQ com uma extremidade Em um cilindro, o volume é dado pelo produto da área
no círculo. da base pela altura.
Observamos que um cilindro é uma superfície no es- V = Abase × h
paço R3, mas muitas vezes vale a pena considerar o cilindro Se a base é um círculo de raio r, então:
com a região sólida contida dentro do cilindro. Quando nos V = r2 h
referirmos ao cilindro como um sólido usaremos aspas, isto
é, “cilindro” e quando for à superfície, simplesmente escre-
veremos cilindro.

168
MATEMÁTICA

Áreas lateral e total de um cilindro circular reto 3) Solução:


hprisma = 12
Quando temos um cilindro circular reto, a área lateral Abase do prisma = Abase do cone = A
é dada por: Vprisma = 2 Vcone
Alat = 2 r h A hprisma = 2(A h)/3
onde r é o raio da base e h é a altura do cilindro. 12 = 2.h/3
Atot = Alat + 2 Abase h =18 cm
Atot = 2 r h + 2 r2
Atot = 2 r(h+r)
4) Solução:
Exercícios
V = Vcilindro - Vcone
1. Dado o cilindro circular equilátero (h = 2r), calcular a V = Abase h - (1/3) Abase h
área lateral e a área total. V = Pi R2 h - (1/3) Pi R2 h
V = (2/3) Pi R2 h cm3
2. Seja um cilindro circular reto de raio igual a 2cm e
altura 3cm. Calcular a área lateral, área total e o seu volume.

3. As áreas das bases de um cone circular reto e de um


prisma quadrangular reto são iguais. O prisma tem altura
12 cm e volume igual ao dobro do volume do cone. Deter-
minar a altura do cone.

4. Anderson colocou uma casquinha de sorvete dentro


de uma lata cilíndrica de mesma base, mesmo raio R e mes-
ma altura h da casquinha. Qual é o volume do espaço (va-
zio) compreendido entre a lata e a casquinha de sorvete?

Respostas

1) Solução: No cilindro equilátero, a área lateral e a área


total é dada por:

Alat = 2 r. 2r = 4 r2
Atot = Alat + 2 Abase
Atot = 4 r2 + 2 r2 = 6 r2
V = Abase h = r2. 2r = 2 r3

2) Solução: Cálculo da Área lateral Alat = 2 r h = 2


2.3 = 12 cm2
Cálculo da Área total Atot = Alat + 2 Abase Atot = 12 + 2
22 = 12 + 8 = 20 cm2
Cálculo do Volume V = Abase × h = r2 × h V = 22 ×
3 = × 4 × 3 = 12 cm33

169
MATEMÁTICA

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES 15 técnicos arquivam e classificam


46-15=31 arquivam e atendem
1. (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMI- 4 classificam e atendem
NISTRATIVO – FCC/2014) Dos 43 vereadores de uma ci- Classificam:15+4=19 como são 27 faltam 8
dade, 13 dele não se inscreveram nas comissões de Edu-
cação, Saúde e Saneamento Básico. Sete dos vereadores
se inscreveram nas três comissões citadas. Doze deles se
inscreveram apenas nas comissões de Educação e Saúde e
oito deles se inscreveram apenas nas comissões de Saúde e
Saneamento Básico. Nenhum dos vereadores se inscreveu
em apenas uma dessas comissões. O número de vereado-
res inscritos na comissão de Saneamento Básico é igual a
A) 15.
B) 21.
C) 18.
D) 27. RESPOSTA: “B”.
E) 16.
3. (METRÔ/SP – OFICIAL LOGISTICA –ALMOXARI-
7 vereadores se inscreveram nas 3. FADO I – FCC/2014) O diagrama indica a distribuição de
APENAS 12 se inscreveram em educação e saúde (o 12 atletas da delegação de um país nos jogos universitários
não deve ser tirado de 7 como costuma fazer nos conjuntos, por medalha conquistada. Sabe-se que esse país conquis-
pois ele já desconsidera os que se inscreveram nos três) tou medalhas apenas em modalidades individuais. Sabe-se
APENAS 8 se inscreveram em saúde e saneamento básico. ainda que cada atleta da delegação desse país que ganhou
São 30 vereadores que se inscreveram nessas 3 comis- uma ou mais medalhas não ganhou mais de uma meda-
sões, pois 13 dos 43 não se inscreveram. lha do mesmo tipo (ouro, prata, bronze). De acordo com o
Portanto, 30-7-12-8=3 diagrama, por exemplo, 2 atletas da delegação desse país
Se inscreveram em educação e saneamento 3 verea- ganharam, cada um, apenas uma medalha de ouro.
dores.

A análise adequada do diagrama permite concluir cor-


retamente que o número de medalhas conquistadas por
esse país nessa edição dos jogos universitários foi de
Só em saneamento se inscreveram: 3+7+8=18 A) 15.
RESPOSTA: “C”. B) 29.
C) 52.
2. (TRT 19ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2014) Dos D) 46.
46 técnicos que estão aptos para arquivar documentos 15 E) 40.
deles também estão aptos para classificar processos e os
demais estão aptos para atender ao público. Há outros 11 O diagrama mostra o número de atletas que ganharam
técnicos que estão aptos para atender ao público, mas não medalhas.
são capazes de arquivar documentos. Dentre esses últimos No caso das intersecções, devemos multiplicar por 2
técnicos mencionados, 4 deles também são capazes de por ser 2 medalhas e na intersecção das três medalhas mul-
classificar processos. Sabe-se que aqueles que classificam tiplica-se por 3.
processos são, ao todo, 27 técnicos. Considerando que to- Intersecções:
dos os técnicos que executam essas três tarefas foram cita- 6 ∙ 2 = 12
dos anteriormente, eles somam um total de 1∙2=2
A) 58.
4∙2=8
B) 65.
C) 76. 3∙3=9
D) 53. !Somando as outras:
E) 95. 2+5+8+12+2+8+9=46
RESPOSTA: “D”.

170
MATEMÁTICA

4. (PREF. CAMAÇARI/BA – TÉC. VIGILÂNCIA EM SAÚ-


DE NM – AOCP/2014) Qual é o número de elementos que
formam o conjunto dos múltiplos estritamente positivos do
número 3, menores que 31?
A) 9
B) 10
C) 11
D) 12
E) 13
A={3,6,9,12,15,18,21,24,27,30}

10 elementos O número de pessoas que preferem apenas a marca C2


RESPOSTA: “B”. é zero.
RESPOSTA: “A”.
5. (PREF. CAMAÇARI/BA – TÉC. VIGILÂNCIA EM SAÚDE
NM – AOCP/2014) Considere dois conjuntos A e B, sabendo 7. (PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPERA-
que ! ∩ ! = {!}, ! ∪ ! = {!; !; !; !; !}!!!! − ! = {!; !},!! CIONAIS – MAKIYAMA/2013) Em determinada loja, o paga-
assinale a alternativa que apresenta o conjunto B. mento de um computador pode ser feito sem entrada, em
A) {1;2;3} 12 parcelas de R$ 250,00. Sendo assim, um cliente que opte
B) {0;3} por essa forma de pagamento deverá pagar pelo computa-
C) {0;1;2;3;5} dor um total de:
D) {3;5} A) R$ 2500,00
E) {0;3;5} B) R$ 3000,00
C) R$1900,00
D) R$ 3300,00
A intersecção dos dois conjuntos, mostra que 3 é ele-
E) R$ 2700,00
mento de B.
A-B são os elementos que tem em A e não em B.
Então de A ∪ B, tiramos que B={0;3;5}. 250 ∙ 12 = 3000
RESPOSTA: “E”. !O computador custa R$3000,00.
RESPOSTA: “B”.
6. (TJ/BA – ANAISTA JUDICIARIO – BANCO DE DA-
DOS – FAPERP/2012) Foi realizada uma pesquisa, com um 8. (PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPERA-
grupo de pessoas, envolvendo a preferência por até duas CIONAIS – MAKIYAMA/2013) De acordo com determinada
marcas de carros dentre as marcas C1, C2 e C3. A pesquisa receita de bolo, são necessários 3/4de xícara de açúcar para
apresentou os seguintes dados: fazer meia receita. Se Joaquim deseja fazer uma quantidade
-59 preferem a marca C1 equivalente a duas receitas, temos que serão necessárias:
40 preferem a marca C2 A) 2 xícaras de açúcar.
-50 preferem a marca C3. B) 1,5 xícara de açúcar.
-17 preferem as marcas C1 e C2. C) 3 xícaras de açúcar.
-12 preferem as marcas C1 e C3 D) 2,5 xícaras de açúcar.
-23 preferem as marcas C2 e C3 E) 3,5 xícaras de açúcar.
-49 não preferem nenhuma das três marcas.
Como são duas receitas, 0,5.4=2
O número de pessoas que preferem apenas a marca
! !"
C2 é igual a ∙4= =3
! !
A) 0
B) 15
!
RESPOSTA: “C”.
C) 25.
D) 40. 9. (PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPE-
RACIONAIS – MAKIYAMA/2013) Na escola onde estudo,
1/4dos alunos tem a língua portuguesa como disciplina fa-
vorita, 9/20 têm a matemática como favorita e os demais
têm ciências como favorita. Sendo assim, qual fração repre-
senta os alunos que têm ciências como disciplina favorita?
A) 1/4
B) 3/10
C) 2/9
D) 4/5
E) 3/2

171
MATEMÁTICA

Somando português e matemática: A)120°.


B)110°.
1 9 5 + 9 14 7 C)100°.
+ = = =
4 20 20 20 10 D)90°.
! E)80°.
O que resta gosta de ciências:
! + ! + ! = 180
7 3 40° + ! + ! = 180
1− = ! + ! = 140
10 10
! ! − ! = 60
RESPOSTA: “B”. ! + ! = 140
! − ! = 60
10. (CÂMARA DE CANITAR/SP – RECEPCIONISTA – IN- !
DEC/2013) Em uma banca de revistas existe um total de 870 Somando as duas equações:
exemplares dos mais variados temas. Metade das revistas é
da editora A, dentre as demais, um terço são publicações an- 2! = 200
tigas. Qual o número de exemplares que não são da Editora ! = 100°!! ∴ ! = 40°
A e nem são antigas? !
A) 320 O maior ângulo é 100°!!!
B) 290 RESPOSTA: “C”.
C) 435
D) 145 13. (SEED/SP – AGENTE DE ORGANIZAÇÃO ESCOLAR
– VUNESP/2012) Em um gráfico de setores (ou gráfico de
editora A: 870/2=435 revistas “pizza”) que mostra o resultado de uma pesquisa, um se-
tor que representa 30% do total de indivíduos pesquisados
publicações antigas: 435/3=145 revistas
deve ser construído com ângulo central de medida igual a
A) 54°.
435 + 145 = 580 B) 108°.
870 − 580 = 290 C) 126°.
!O número de exemplares que não são da Editora A e D) 150°.
E) 252°.
nem são antigas são 290.
RESPOSTA: “B”. 100%---360°
30%----X
11. (TRF 2ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2012) Uma X=108°
operação λ é definida por: wλ = 1 − 6w, para todo inteiro w. RESPOSTA: “B”.
Com base nessa definição, é correto afirmar que a soma
2λ + (1λ) λ é igual a 14. (FAPESP – ANALISTA ADMINISTRATIVO – VU-
A) −20. NESP/2012) Sobre as medidas m e n, respectivamente dos
B) −15. ângulos e , sabe-se o seguinte: a soma delas é equivalente
C) −12. à medida de um ângulo raso e a diferença entre elas é equi-
D) 15. valente à medida de um ângulo reto. Supondo-se o ângulo
E) 20. com a maior medida, uma possível relação entre m e n é
A) m = 2n.
Pela definição: B) m = 3n.
Fazendo w=2 C) m = 4n.
D) m = 5n.
2! = 1 − 6 ∙ 2 = −11 E) m = 6n.
1! = 1 − 6 ∙ 1 = −5
!
1! = 1 − 6 ∙ −5 = 31 ! + ! = 180!
!
2! + 1! = −11 + 31 = 20!! ! − ! = 90
RESPOSTA:“E”. Somando as duas equações
! 2m=270
12. (COREN/SP – AGENTE ADMINISTRATIVO – VU- m=135
NESP/2013) Sabe-se que, em um triângulo, o ângulo  mede n=180-135=45
40°, e que, subtraindo-se a medida do ângulo da medida do m=3n
ângulo , obtém-se 60°. Nesse caso, é correto afirmar que a
medida, em graus, do maior ângulo desse triângulo é RESPOSTA: “B”.

172
MATEMÁTICA

15. (CPTM – ALMOXARIFE – MAKIYAMA/2013) Em um ! 8


triângulo isósceles, o ângulo suplementar a um dos ângu- != = = 4!!
los congruentes mede 100°. A soma da medida do maior 2 2
ângulo interno com o menor ângulo interno deste triân-
gulo é: π=3,14.
A) 100°
B) 80° !!!"#! = !! ! = 3,14 ∙ 4! = 50,24!! !
C) 160°
D) 120° RESPOSTA: “D”.
E) 90°
18. (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Um terreno re-
tangular de 500 metros de comprimento por 750 metros
de largura será cercado com 4 fios de arame farpado. A
quantidade necessária de arame farpado, expressa em qui-
lômetros, é
A) 10
B) 8
C) 7,5
D) 7
Z=100° E) 5
Z=x+y
Portanto, a soma dos ângulos internos é 100°

RESPOSTA: “A”.

16. (PREF. AMPARO/SP – AGENTE ESCOLAR – CON-


RIO/2014) A área do terreno é de 60 m². Ele mede (X+4)
metros de comprimento por X metros de largura. Descubra
qual é a medida do comprimento desse terreno.
A) 4 metros.
B) 6 metros.
C) 8 metros. P=500+500+750+750=2500
D) 10 metros. Como são 4 fios: 2500 ⋅ 4=10000m=10km
RESPOSTA: “A”.

!!"##"$% = !!"#â!"#$% = ! + 4 ! 19. (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMI-


NISTRATIVO – FCC/2014) Para se obter a área de um círculo,
60 = !² + ! multiplica-se o quadrado de medida do raio pelo número
! ! + 4! − 60 = 0 π, que vale aproximadamente 3,14. Para se obter a área de
∆= 16 + 240 = 256 um quadrado, basta elevar a medida do lado ao quadrado.
!!±!" Na figura, temos um círculo inscrito em um quadrado de
!= ! área igual a 100cm².
!!! = 6!
!! = −10 !ã!!!"#$é!
!
Comprimento:x+4=6+4=10

RESPOSTA: “D”.

A área aproximada da região do quadrado não coberta


17. (PREF. AMPARO/SP – AGENTE ESCOLAR – CON- pelo círculo, em centímetro quadrados, é
RIO/2014) Uma circunferência tem um diâmetro de 8 me- A) 78,5.
tros. Calcule a sua área. B) 84,3.
A) 50,21 m² C) 21,5.
B) 50,22 m² D) 157.
C) 50,23 m² E) 62,7.
D) 50,24 m²

173
MATEMÁTICA

Amarela: x
!!"#$%#$& = ! ! Vermelha: y
Branca: z
100 = ! ! X=y+50
! 10 Y=z-30
! = 10 ∴ ! = = =5 Z=y+30
2 2
!
!!"#! = !! = 3,14 ∙ 5² = 78,5 ! + ! + ! = 1040
!!"#$ã! = !!"#$%#$& − !!"#! = 100 − 78,5 = 21,5!"² ! = ! + 50
! ! = ! + 30
RESPOSTA: “C”. !
Substituindo a II e a III equação na I:
20. (PGE/BA – ASSISTENTE DE PROCURADORIA – ! + 50 + ! + ! + 30 = 1040
FCC/2013) Uma faculdade irá inaugurar um novo espaço 3! = 1040 − 80
para sua biblioteca, composto por três salões. Estima-se ! Y=320
que, nesse espaço, poderão ser armazenados até 120.000
livros, sendo 60.000 no salão maior, 15.000 no menor e os Substituindo na equação II
demais no intermediário. Como a faculdade conta atual- X=320+50=370
mente com apenas 44.000 livros, a bibliotecária decidiu co- Z=320+30=350
locar, em cada salão, uma quantidade de livros diretamente A equipe que mais arrecadou foi a amarela com 370kg
proporcional à respectiva capacidade máxima de armaze- RESPOSTA: “E”.
namento. Considerando a estimativa feita, a quantidade de
livros que a bibliotecária colocará no salão intermediário é 22. (PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB/2014)
igual a Os cidadãos que aderem voluntariamente à Campanha Na-
A) 17.000. cional de Desarmamento recebem valores de indenização
B) 17.500. entre R$150,00 e R$450,00 de acordo com o tipo e calibre
C) 16.500. do armamento. Em uma determinada semana, a campa-
D) 18.500. nha arrecadou 30 armas e pagou indenizações somente de
E) 18.000. R$150,00 e R$450,00, num total de R$7.500,00.

Como é diretamente proporcional, podemos analisar Determine o total de indenizações pagas no valor de
da seguinte forma: No salão maior, percebe-se que é a me- R$150,00.
tade dos livros, no salão menor é 1/8 dos livros. A) 20
Então, como tem 44.000 livros, no salão maior ficará B) 25
com 22.000 e no salão menor é 5.500 livros. C) 22
D) 24
22000+5500=27500 E) 18
Salão intermediário:44.000=27.500=16.500 livros
RESPOSTA: “C”.
Armas de R$150,00: x
Armas de R$450,00: y
21. (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Em uma gincana
entre as três equipes de uma escola (amarela, vermelha e 150! + 450! = 7500
branca), foram arrecadados 1 040 quilogramas de alimen- !
! + ! = 30
tos. A equipe amarela arrecadou 50 quilogramas a mais
x=30-y
que a equipe vermelha e esta arrecadou 30 quilogramas
a menos que a equipe branca. A quantidade de alimen- Substituindo na 1ªequação:
tos arrecadada pela equipe vencedora foi, em quilogramas,
igual a
150 30 − ! + 450! = 7500
A) 310 4500 − 150! + 450! = 7500
B) 320 300! = 3000
C) 330 ! = 10
D) 350 ! = 30 − 10 = 20
E) 370 !
O total de indenizações foi de 20.

RESPOSTA: “A”.

174
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL. de 2017, quinta-feira pág. 373 a 378...................................................................................................... 01


1.1. Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais: Capítulo II – Dos Direitos Sociais;.................................................... 01
1.2. Título III – Da Organização do Estado: Capítulo VII – Da Administração Pública: Seção II – Dos Servidores Públicos;
Seção III – Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios................................................................................ 07
2. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO........................................................................................................................................... 20
2.1. Título I – Dos Fundamentos do Estado.............................................................................................................................................. 20
2.2. Título II – Da Organização e Poderes: Capítulo I – Disposições Preliminares; e Capítulo III – Do Poder
Executivo........................................................................................................................................................................................................20
2.3. Título III – Da Organização do Estado: Capítulo I – Da Administração Pública: Seção I – Disposições Gerais: artigos
111 a 114, e 115 “caput” e incisos I a X, XVIII, XIX, XXIV, XXVI e XXVII; Capítulo II – Dos Servidores Públicos do Estado:
Seção I – Dos Servidores Públicos Civis: artigo 124 “caput”, e artigos 125 a 137; Seção II – Dos Servidores Públicos
Militares; Capítulo III – Da Segurança Pública: Seção I – Disposições Gerais; Seção III – Da Polícia Militar.................... 28
2.4. Título VII – Da Ordem Social: Capítulo III – Da Educação, da Cultura e dos Esportes e Lazer: Seção I – Da Educação:
artigos 237 a 249 e 251 a 258; Capítulo VII – Da Proteção Especial: Seção I – Da Família, da Criança, do Adolescente,
do Jovem, do Idoso e dos Portadores de Deficiência.......................................................................................................................... 32
2.5. Título VIII – Disposições Constitucionais Gerais: Artigos 284 a 291. ..................................................................................... 35
3. LEI Nº 10.261, de 28 de outubro de 1968 – Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado....................................... 36
4. LEI Nº 10.177, de 30 de dezembro de 1998 – Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública
Estadual........................................................................................................................................................................................................................ 60
5. LEI COMPLEMENTAR Nº 893, de 09 de março de 2001 – Institui o Regulamento Disciplinar da Polícia Militar –
RDPM........................................................................................................................................................................................................................67
6. LEI COMPLEMENTAR Nº 1.080, de 17 de dezembro de 2008 – Institui Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários
para os servidores das classes que especifica............................................................................................................................................... 80
6.1. Capítulo I – Disposição Preliminar........................................................................................................................................................ 80
6.2. Capítulo II – Do Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários: Seção I – Disposições Gerais; Seção II – Do
Ingresso; Seção III – Do Estágio Probatório; Seção IV – Da Jornada de Trabalho, dos Vencimentos e das Vantagens
Pecuniárias; Seção VII – Da Progressão; Seção VIII – Da Promoção; Seção IX – Da Substituição....................................... 80
6.3. Capítulo IV – Disposições Finais: artigos 54 a 56........................................................................................................................... 83
7. LEI FEDERAL Nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 – Lei de Acesso à Informação; Decreto n° 58.052, de 16 de maio
de 2012.....................................................................................................................................................84
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser


1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL. alcançada pelo Estado em prol da consolidação da igual-
1.1. TÍTULO II – DOS DIREITOS E GARANTIAS dade material. Sendo assim, o Estado buscará o crescente
FUNDAMENTAIS: CAPÍTULO II – DOS DIREITOS aperfeiçoamento da oferta de serviços públicos com quali-
SOCIAIS; dade para que todos os nacionais tenham garantidos seus
direitos fundamentais de segunda dimensão da maneira
mais plena possível.
Há se ressaltar também que o Estado não possui apenas
Direitos sociais um papel direto na promoção dos direitos econômicos, so-
A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no ciais e culturais, mas também um indireto, quando por meio
capítulo II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria de sua gestão permite que os indivíduos adquiram condi-
normas programáticas e que necessitam de uma postura in- ções para sustentarem suas necessidades pertencentes a
terventiva estatal em prol da implementação. esta categoria de direitos.
Os direitos assegurados nesta categoria encontram
menção genérica no artigo 6º, CF: Reserva do possível e mínimo existencial
Os direitos sociais serão concretizados gradualmente,
Artigo 6º, CF. Art. 6º São direitos sociais a educação, a notadamente porque estão previstos em normas progra-
saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transpor- máticas e porque a implementação deles gera um ônus
te, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à para o Estado. Diferentemente dos direitos individuais, que
maternidade e à infância, a assistência aos desampara- dependem de uma postura de abstenção estatal, os direi-
dos, na forma desta Constituição.  tos sociais precisam que o Estado assuma um papel ativo
em prol da efetivação destes.
Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma
Social de Direito. Em suma, são elencados os direitos huma- Constituição, a despeito de um instante bem-intencionado
nos de 2ª dimensão, notadamente conhecidos como direi- de palavras promovido pelo constituinte, pode levar à ne-
tos econômicos, sociais e culturais. Em resumo, os direitos gativa, paradoxal – e, portanto, inadmissível – consequên-
sociais envolvem prestações positivas do Estado (diferente cia de uma Carta Magna cujas finalidades não condigam
dos de liberdade, que referem-se à postura de abstenção com seus próprios prescritos, fato que deslegitima o Poder
estatal), ou seja, políticas estatais que visem consolidar o Público como determinador de que particulares respeitem
princípio da igualdade não apenas formalmente, mas mate- os direitos fundamentais, já que sequer eles próprios, os
rialmente (tratando os desiguais de maneira desigual). administradores, conseguem cumprir o que consta de seu
Por seu turno, embora no capítulo específico do Título Estatuto Máximo1.
II que aborda os direitos sociais não se perceba uma intensa Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar
regulamentação destes, à exceção dos direitos trabalhistas, a cláusula da reserva do possível como argumento para a
o Título VIII da Constituição Federal, que aborda a ordem não implementação de determinado direito social – seja
social, se concentra em trazer normativas mais detalhadas a pela absoluta ausência de recursos (reserva do possível fá-
respeitos de direitos indicados como sociais. tica), seja pela ausência de previsão orçamentária nos ter-
mos do artigo 167, CF (reserva do possível jurídica).
Igualdade material e efetivação dos direitos sociais O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que
Independentemente da categoria de direitos que esteja os direitos sociais “não pode converter-se em promessa
sendo abordada, a igualdade nunca deve aparecer num sen- constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Públi-
tido meramente formal, mas necessariamente material. Sig- co, fraudando justas expectativas nele depositadas pela co-
nifica que discriminações indevidas são proibidas, mas exis- letividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento
tem certas distinções que não só devem ser aceitas, como de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de
também se mostram essenciais. infidelidade governamental ao que determina a própria Lei
No que tange aos direitos sociais percebe-se que a Fundamental do Estado”2.
igualdade material assume grande relevância. Afinal, esta Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do
categoria de direitos pressupõe uma postura ativa do Es- possível, embora viável, não pode servir de muleta para
tado em prol da efetivação. Nem todos podem arcar com que o Estado não arque com obrigações básicas. Neste
suas despesas de saúde, educação, cultura, alimentação e viés, geralmente, quando invocada a cláusula é afastada,
moradia, assim como nem todos se encontram na posição entendendo o Poder Judiciário que não cabe ao Estado se
eximir de garantir direitos sociais com o simples argumen-
de explorador da mão-de-obra, sendo a grande maioria da
to de que não há orçamento específico para isso – ele de-
população de explorados. Estas pessoas estão numa clara
veria ter reservado parcela suficiente de suas finanças para
posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar para que
atender esta demanda.
progressivamente atinjam uma posição de igualdade real, já
1 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possível e mínimo
que não é por conta desta posição desfavorável que se pode
existencial: a pretensão de eficácia da norma constitucional em face da reali-
afirmar que são menos dignos, menos titulares de direitos dade. Curitiba: Juruá, 2012, p. 56-57.
fundamentais. 2 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO.

1
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial, Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de ser-
que tem por fulcro limitar a discricionariedade político-ad- viço.
ministrativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas a
serem seguidas, sob pena de caber a intervenção do Poder Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para pro-
Judiciário em prol de sua efetivação. teger o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é
constituído de contas vinculadas, abertas em nome de
Princípio da proibição do retrocesso cada trabalhador, quando o empregador efetua o primeiro
Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que uma depósito. O saldo da conta vinculada é formado pelos de-
conquista garantida na Constituição Federal sofra um retro- pósitos mensais efetivados pelo empregador, equivalentes
cesso, de modo que um direito social garantido não pode a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de atua-
deixar de o ser. lização monetária e juros. Com o FGTS, o trabalhador tem
Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso deve a oportunidade de formar um patrimônio, que pode ser
ser tomada com reservas, até mesmo porque segundo en- sacado em momentos especiais, como o da aquisição da
tendimento predominante as normas do artigo 7º, CF não casa própria ou da aposentadoria e em situações de dificul-
são cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alteração. Se for dades, que podem ocorrer com a demissão sem justa causa
alterada normativa sobre direito trabalhista assegurado no ou em caso de algumas doenças graves.
referido dispositivo, não sendo o prejuízo evidente, entende-
se válida (por exemplo, houve alteração do prazo prescricio- Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacio-
nal diferenciado para os trabalhadores agrícolas). O que, em nalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades
hipótese alguma, pode ser aceito é um retrocesso evidente, vitais básicas e às de sua família com moradia, alimenta-
seja excluindo uma categoria de direitos (ex.: abolir o Sistema ção, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, trans-
Único de Saúde), seja diminuindo sensivelmente a abrangên- porte e previdência social, com reajustes periódicos que
cia da proteção (ex.: excluindo o ensino médio gratuito). lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincula-
Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso: ção para qualquer fim.
se uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direi-
T
to social, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador
rata-se de uma visível norma programática da Cons-
alterar a Constituição para retirar este avanço? Por um lado,
tituição que tem por pretensão um salário mínimo que
a proibição do retrocesso merece ser tomada em conceito
atenda a todas as necessidades básicas de uma pessoa e
amplo, abrangendo inclusive decisões judiciais; por outro
de sua família. Em pesquisa que tomou por parâmetro o
lado, a decisão judicial não tem por fulcro alterar a norma,
preceito constitucional, detectou-se que “o salário mínimo
o que somente é feito pelo legislador, e ele teria o direito
de prever que aquela decisão judicial não está incorporada do trabalhador brasileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47
na proibição do retrocesso. A questão é polêmica e não há em abril para que ele suprisse suas necessidades básicas e
entendimento dominante. da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, 07,
pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Direito individual do trabalho Socioeconômicos (Dieese)”3.
O artigo 7º da Constituição enumera os direitos individuais
dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos individuais Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e
tipicamente trabalhistas, mas que não excluem os demais di- à complexidade do trabalho.
reitos fundamentais (ex.: honra é um direito no espaço de tra-
balho, sob pena de se incidir em prática de assédio moral). Cada trabalhador, dentro de sua categoria de empre-
go, seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário,
Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra construtor civil, enfermeiro, recebe um salário base, chama-
despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei do de Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento den-
complementar, que preverá indenização compensatória, den- tro de seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é esta-
tre outros direitos. belecido em conformidade com a data base da categoria,
por isso ele é definido em conformidade com um acordo,
Significa que a demissão, se não for motivada por justa cau- ou ainda com um entendimento entre patrão e trabalhador.
sa, assegura ao trabalhador direitos como indenização compen-
satória, entre outros, a serem arcados pelo empregador. Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o
disposto em convenção ou acordo coletivo.
Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de desem-
prego involuntário. O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão
redução implique num prejuízo maior, por exemplo, demis-
Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida do são em massa durante uma crise, situações que devem ser
empregador, o trabalhador que fique involuntariamente desem- negociadas em convenção ou acordo coletivo.
pregado – entendendo-se por desemprego involuntário o que
tenha origem num acordo de cessação do contrato de trabalho
– tem direito ao seguro-desemprego, a ser arcado pela previdên- 3 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario-minimo-
cia social, que tem o caráter de assistência financeira temporária. -deveria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril

2
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do
ao mínimo, para os que percebem remuneração variável. dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.

O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores, Salário-família é o benefício pago na proporção do


mesmo daqueles que recebem remuneração variável (ex.: respectivo número de filhos ou equiparados de qualquer
baseada em comissões por venda e metas); condição até a idade de quatorze anos ou inválido de qual-
quer idade, independente de carência e desde que o salá-
Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na rio-de-contribuição seja inferior ou igual ao limite máximo
remuneração integral ou no valor da aposentadoria. permitido. De acordo com a Portaria Interministerial MPS/
MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário-família será de
Também conhecido como gratificação natalina, foi ins- R$ 35,00, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido,
tituída no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o tra- para quem ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que
balhador receba o correspondente a 1/12 (um doze avos) receber de R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário-
da remuneração por mês trabalhado, ou seja, consiste no família por filho de até 14 anos de idade ou inválido de
pagamento de um salário extra ao trabalhador e ao apo- qualquer idade será de R$ 24,66.
sentado no final de cada ano.
Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não su-
Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno perior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
superior à do diurno. facultada a compensação de horários e a redução da jorna-
da, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.
O adicional noturno é devido para o trabalho exercido
durante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a re- Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraor-
dução de 7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acrés- dinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
cimo de 12,5% sobre o valor da hora diurna. Considera-se normal.
noturno, nas atividades urbanas, o trabalho realizado entre
as 22:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; nas A legislação trabalhista vigente estabelece que a du-
atividades rurais, é considerado noturno o trabalho execu- ração normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de
tado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais,
do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00 no máximo. Todavia, poderá a jornada diária de trabalho
horas do dia seguinte. dos empregados maiores ser acrescida de horas suple-
mentares, em número não excedentes a duas, no máximo,
Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei, para efeito de serviço extraordinário, mediante acordo in-
constituindo crime sua retenção dolosa. dividual, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença
normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade im-
Quanto ao possível crime de retenção de salário, não periosa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente
há no Código Penal brasileiro uma norma que determina a permitido. A remuneração do serviço extraordinário, des-
ação de retenção de salário como crime. Apesar do artigo de a promulgação da Constituição Federal, deverá cons-
7º, X, CF dizer que é crime a retenção dolosa de salário, tar, obrigatoriamente, do acordo, convenção ou sentença
o dispositivo é norma de eficácia limitada, pois depende normativa, e será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento)
de lei ordinária, ainda mais porque qualquer norma penal superior à da hora normal.
incriminadora é regida pela legalidade estrita (artigo 5º,
XXXIX, CF). Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o traba-
lho realizado em turnos ininterruptos de revezamento,
Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resul- salvo negociação coletiva.
tados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
participação na gestão da empresa, conforme definido em O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 ho-
lei. ras para os turnos ininterruptos de revezamento, expres-
samente ressalvando a hipótese de negociação coletiva,
A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é objetivou prestigiar a atuação da entidade sindical. Entre-
conhecida também por Programa de Participação nos Re- tanto, a jurisprudência evoluiu para uma interpretação res-
sultados (PPR), está prevista na Consolidação das Leis do tritiva de seu teor, tendo como parâmetro o fato de que
Trabalho (CLT) desde a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgas-
de 2000. Ela funciona como um bônus, que é ofertado pelo tante, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisio-
empregador e negociado com uma comissão de trabalha- lógica para o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito
dores da empresa. A CLT não obriga o empregador a forne- psicossocial já que dificulta o convívio em sociedade e com
cer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado. a própria família.

3
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, pre- Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tempo
ferencialmente aos domingos. de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei.

O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e Nas relações de emprego, quando uma das partes de-
quatro) horas consecutivas, devendo ser concedido prefe- seja rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por
rencialmente aos domingos, sendo garantido a todo traba- prazo indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar à
lhador urbano, rural ou doméstico. Havendo necessidade outra parte, através do aviso prévio. O aviso prévio tem por
de trabalho aos domingos, desde que previamente auto- finalidade evitar a surpresa na ruptura do contrato de traba-
rizados pelo Ministério do Trabalho, aos trabalhadores é lho, possibilitando ao empregador o preenchimento do car-
assegurado pelo menos um dia de repouso semanal re- go vago e ao empregado uma nova colocação no mercado
munerado coincidente com um domingo a cada período, de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser trabalhado
dependendo da atividade (artigo 67, CLT). ou indenizado.

Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao tra-
com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. balho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.

O salário das férias deve ser superior em pelo menos Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambien-
um terço ao valor da remuneração normal, com todos os te do trabalho salubre. Fiorillo4 destaca que o equilíbrio do
adicionais e benefícios aos quais o trabalhador tem direi- meio ambiente do trabalho está sedimentado na salubrida-
to. A cada doze meses de trabalho – denominado período de e na ausência de agentes que possam comprometer a
aquisitivo – o empregado terá direito a trinta dias corridos incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores.
de férias, se não tiver faltado injustificadamente mais de
cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias das férias Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as
serão diminuídos de acordo com o número de faltas). atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da
lei.
Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo
do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, mo-
dias. lesto, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que
não é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção
O salário da trabalhadora em licença é chamado de e vigilância acima do comum. Ainda não há na legislação
salário-maternidade, é pago pelo empregador e por ele específica previsão sobre o adicional de penosidade.
descontado dos recolhimentos habituais devidos à Previ- São consideradas atividades ou operações insalubres as
dência Social. A trabalhadora pode sair de licença a partir que se desenvolvem excesso de limites de tolerância para:
do último mês de gestação, sendo que o período de licen- ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto, exposi-
ça é de 120 dias. A Constituição também garante que, do ção ao calor e ao frio, radiações, certos agentes químicos e
momento em que se confirma a gravidez até cinco meses biológicos, vibrações, umidade, etc. O exercício de trabalho
após o parto, a mulher não pode ser demitida. em condições de insalubridade assegura ao trabalhador a
percepção de adicional, incidente sobre o salário base do
Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fi- empregado (súmula 228 do TST), ou previsão mais benéfi-
xados em lei. ca em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalente a 40%
(quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo;
O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio;
para estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a 10% (dez por cento), para insalubridade de grau mínimo.
mãe nos processos pós-operatórios. O adicional de periculosidade é um valor devido ao em-
pregado exposto a atividades perigosas. São consideradas
Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da atividades ou operações perigosas, aquelas que, por sua na-
mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei. tureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado
em virtude de exposição permanente do trabalhador a infla-
Embora as mulheres sejam maioria na população de máveis, explosivos ou energia elétrica; e a roubos ou outras
10 anos ou mais de idade, elas são minoria na população espécies de violência física nas atividades profissionais de
ocupada, mas estão em maioria entre os desocupados. segurança pessoal ou patrimonial. O valor do adicional de
Acrescenta-se ainda, que elas são maioria também na po- periculosidade será o salário do empregado acrescido de
pulação não economicamente ativa. Além disso, ainda há 30%, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prê-
relevante diferença salarial entre homens e mulheres, sen- mios ou participações nos lucros da empresa.
do que os homens recebem mais porque os empregadores O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem entendi-
entendem que eles necessitam de um salário maior para mento unânime sobre a possibilidade de cumulação destes
manter a família. Tais disparidades colocam em evidência adicionais.
que o mercado de trabalho da mulher deve ser protegido 4 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambien-
de forma especial. tal brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21.

4
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. lho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho, pro-
vocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause
A aposentadoria é um benefício garantido a todo traba- a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária,
lhador brasileiro que pode ser usufruído por aquele que te- da capacidade para o trabalho.
nha contribuído ao Instituto Nacional de Seguridade Social Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contribui-
(INSS) pelos prazos estipulados nas regras da Previdência ção com natureza de tributo que as empresas pagam para
Social e tenha atingido as idades mínimas previstas. Aliás, o custear benefícios do INSS oriundos de acidente de trabalho
direito à previdência social é considerado um direito social ou doença ocupacional, cobrindo a aposentadoria especial.
no próprio artigo 6º, CF. A alíquota normal é de um, dois ou três por cento sobre
a remuneração do empregado, mas as empresas que ex-
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e de- põem os trabalhadores a agentes nocivos químicos, físicos
pendentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em e biológicos precisam pagar adicionais diferenciados. Assim,
creches e pré-escolas. quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas atualmente o
Ministério da Previdência Social pode alterar a alíquota se a
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias com empresa investir na segurança do trabalho.
mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um espaço físi- Neste sentido, nada impede que a empresa seja res-
co para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, enquan- ponsabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando o
to elas trabalham. Caso não ofereçam esse espaço aos be- trabalhador. Na atualidade entende-se que a possibilidade
bês, a empresa é obrigada a dar auxílio-creche a mulher para de cumulação do benefício previdenciário, assim compreen-
que ela pague uma creche para o bebê de até 6 meses. O dido como prestação garantida pelo Estado ao trabalhador
valor desse auxílio será determinado conforme negociação acidentado (responsabilidade objetiva) com a indenização
coletiva na empresa (acordo da categoria ou convenção). A devida pelo empregador em caso de culpa (responsabilida-
empresa que tiver menos de 30 funcionárias registradas não de subjetiva), é pacífica, estando amplamente difundida na
tem obrigação de conceder o benefício. É facultativo (ela jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho;
pode oferecer ou não). Existe a possibilidade de o benefício
ser estendido até os 6 anos de idade e incluir o trabalhador Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultan-
homem. A duração do auxílio-creche e o valor envolvido va- tes das relações de trabalho, com prazo prescricional de
riarão conforme negociação coletiva na empresa. cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
limite de dois anos após a extinção do contrato de tra-
Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e balho.
acordos coletivos de trabalho.
Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela
Neste dispositivo se funda o direito coletivo do trabalho, jurisdicional para assegurar direitos violados. Sendo assim,
que encontra regulamentação constitucional nos artigo 8º há um período de tempo que o empregado tem para re-
a 11 da Constituição. Pelas convenções e acordos coletivos, querer seu direito na Justiça do Trabalho. A prescrição tra-
entidades representativas da categoria dos trabalhadores balhista é sempre de 2 (dois) anos a partir do término do
entram em negociação com as empresas na defesa dos inte- contrato de trabalho, atingindo as parcelas relativas aos 5
resses da classe, assegurando o respeito aos direitos sociais; (cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante a
vigência do contrato de trabalho.
Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação, na
forma da lei. Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários,
de exercício de funções e de critério de admissão por motivo
Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo de sexo, idade, cor ou estado civil.
homem, que pode ser feita, notadamente, qualificando o
profissional para exercer trabalhos que não possam ser de- Há uma tendência de se remunerar melhor homens
sempenhados por uma máquina (ex.: se criada uma máquina brancos na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo
que substitui o trabalhador, deve ser ele qualificado para que patente a diferença remuneratória para com pessoas de
possa operá-la). diferente etnia, faixa etária ou sexo. Esta distinção atenta
contra o princípio da igualdade e não é aceita pelo consti-
Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de traba- tuinte, sendo possível inclusive invocar a equiparação sala-
lho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que rial judicialmente.
este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discrimina-
Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tratar ção no tocante a salário e critérios de admissão do trabalha-
do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a defi- dor portador de deficiência.
nição de doenças e acidentes do trabalho. Não se trata de
legislação específica sobre o tema, mas sim de uma norma A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas li-
que dispõe sobre as modalidades de benefícios da previdên- mitações, possui condições de ingressar no mercado de
cia social. Referida Lei, em seu artigo 19 da preceitua que trabalho e não pode ser preterida meramente por conta de
acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do traba- sua deficiência.

5
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre traba- II - é vedada a criação de mais de uma organização
lho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
respectivos. profissional ou econômica, na mesma base territorial, que
será definida pelos trabalhadores ou empregadores interes-
Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igual- sados, não podendo ser inferior à área de um Município;
mente relevantes e contribuem todos para a sociedade, III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes-
não cabendo a desvalorização de um trabalho apenas por ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
se enquadrar numa ou outra categoria. questões judiciais ou administrativas;
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno, se tratando de categoria profissional, será descontada em
perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qual- folha, para custeio do sistema confederativo da representa-
quer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na ção sindical respectiva, independentemente da contribuição
prevista em lei;
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos.
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
filiado a sindicato;
Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabele-
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
cendo-se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se
negociações coletivas de trabalho;
o trabalho em condições desfavoráveis. VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo-
tado nas organizações sindicais;
Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o tra- VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicali-
balhador com vínculo empregatício permanente e o tra- zado a partir do registro da candidatura a cargo de direção
balhador avulso. ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente,
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta
Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias em- grave nos termos da lei.
presas, mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se
de mão-de-obra, possuindo os mesmos direitos que um à organização de sindicatos rurais e de colônias de pes-
trabalhador com vínculo empregatício permanente. cadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como
PEC das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único O direito de greve, por seu turno, está previsto no ar-
do artigo 7º: tigo 9º, CF:

Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à cate- Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos
goria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, sobre os interesses que devam por meio dele defender.
XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais
estabelecidas em lei e observada a simplificação do cum- e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis
primento das obrigações tributárias, principais e acessórias, da comunidade.
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às
previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como penas da lei.
a sua integração à previdência social. 
A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe so-
bre o exercício do direito de greve, define as atividades es-
Direito coletivo do trabalho
senciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis
Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos
da comunidade, e dá outras providências. Enquanto não
dos trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalha-
for disciplinado o direito de greve dos servidores públicos,
dores, coletivamente ou no interesse de uma coletivida- esta é a legislação que se aplica, segundo o STF.
de, quais sejam: associação profissional ou sindical, greve, O direito de participação é previsto no artigo 10, CF:
substituição processual, participação e representação clas-
sista5. Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos traba-
A liberdade de associação profissional ou sindical tem lhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos pú-
escopo no artigo 8º, CF: blicos em que seus interesses profissionais ou previdenciá-
rios sejam objeto de discussão e deliberação.
Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindi-
cal, observado o seguinte: Por fim, aborda-se o direito de representação classista
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para no artigo 11, CF:
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos em-
intervenção na organização sindical; pregados, é assegurada a eleição de um representante
5 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematiza- destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o enten-
do. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. dimento direto com os empregadores.

6
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

lei anterior editando a matéria para que seja preservado o


1.2. TÍTULO III – DA ORGANIZAÇÃO DO princípio da legalidade). A origem deste princípio está na
criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio
ESTADO: CAPÍTULO VII – DA ADMINISTRAÇÃO
Estado deve respeitar as leis que dita.
PÚBLICA: SEÇÃO II – DOS SERVIDORES
PÚBLICOS; SEÇÃO III – DOS MILITARES DOS b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes-
ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS ses que representa, a administração pública está proibida
TERRITÓRIOS. de promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar
alguém de forma diferente dos demais, privilegiando ou
prejudicando. Segundo este princípio, a administração pú-
1) Princípios da Administração Pública blica deve tratar igualmente todos aqueles que se encon-
Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permi- trem na mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou
tem que ele consolide o bem comum e garanta a preser- igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalida-
vação dos interesses da coletividade, se encontram exte- de no que tange à contratação de serviços. O princípio da
riorizados em princípios e regras. Estes, por sua vez, são impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade,
estabelecidos na Constituição Federal e em legislações in- pelo qual o alvo a ser alcançado pela administração públi-
fraconstitucionais, a exemplo das que serão estudadas nes- ca é somente o interesse público. Com efeito, o interesse
te tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90 particular não pode influenciar no tratamento das pessoas,
e Lei n° 8.429/92. já que deve-se buscar somente a preservação do interesse
Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no coletivo.
setor público partem da Constituição Federal, que estabe-
lece alguns princípios fundamentais para a ética no setor c) Princípio da moralidade: A posição deste princí-
público. Em outras palavras, é o texto constitucional do ar- pio no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de
tigo 37, especialmente o caput, que permite a compreen- uma espécie de moralidade administrativa, intimamente
são de boa parte do conteúdo das leis específicas, porque relacionada ao poder público. A administração pública não
possui um caráter amplo ao preconizar os princípios fun- atua como um particular, de modo que enquanto o des-
damentais da administração pública. Estabelece a Consti- cumprimento dos preceitos morais por parte deste parti-
tuição Federal: cular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento
jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento
Artigo 37, CF. A administração pública direta e indireta imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito da moralidade deve se fazer presente não só para com os
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legali- administrados, mas também no âmbito interno. Está indis-
dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, sociavelmente ligado à noção de bom administrador, que
também, ao seguinte: [...] não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos
princípios éticos regentes da função administrativa. TODO
São princípios da administração pública, nesta ordem:
ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS
Legalidade
IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios
Impessoalidade
anteriores.
Moralidade
Publicidade
d) Princípio da publicidade: A administração pública
Eficiência
é obrigada a manter transparência em relação a todos seus
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras for-
mam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da atos e a todas informações armazenadas nos seus ban-
Administração Pública. É de fundamental importância um cos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e
olhar atento ao significado de cada um destes princípios, a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão
posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que
no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de
tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho6 e servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ne-
Spitzcovsky7: gar indevidamente a fornecer informações ao administrado
caracteriza ato de improbidade administrativa.
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legali- No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que
dade significa a permissão de fazer tudo o que a lei não o princípio da publicidade seja deturpado em propaganda
proíbe. Contudo, como a administração pública representa político-eleitoral:
os interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relação
de subordinação, pela qual só poderá fazer o que a lei ex- Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas,
pressamente determina (assim, na esfera estatal, é preciso obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
6 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi- caráter educativo, informativo ou de orientação social,
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
7 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servido-
Paulo: Método, 2011. res públicos.

7
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Somente pela publicidade os indivíduos controlarão a lega- Em relação à necessidade de motivação dos atos admi-
lidade e a eficiência dos atos administrativos. Os instrumentos nistrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um único
para proteção são o direito de petição e as certidões (art. 5°, comportamento possível) e dos atos discricionários (aqueles
XXXIV, CF), além do habeas data e - residualmente - do mandado que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta um ou mais
de segurança. Neste viés, ainda, prevê o artigo 37, CF em seu §3º:  comportamentos possíveis, de acordo com um juízo de con-
veniência e oportunidade), a doutrina é uníssona na determi-
Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de participa- nação da obrigatoriedade de motivação com relação aos atos
ção do usuário na administração pública direta e indireta, administrativos vinculados; todavia, diverge quanto à referida
regulando especialmente: necessidade quanto aos atos discricionários.
I -  as reclamações relativas à prestação dos serviços públi- Meirelles9 entende que o ato discricionário, editado sob os
cos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendi- limites da Lei, confere ao administrador uma margem de liberda-
mento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da de para fazer um juízo de conveniência e oportunidade, não sen-
qualidade dos serviços; do necessária a motivação. No entanto, se houver tal fundamen-
II -  o acesso dos usuários a registros administrativos e a tação, o ato deverá condicionar-se a esta, em razão da necessi-
informações sobre atos de governo, observado o disposto no art. dade de observância da Teoria dos Motivos Determinantes. O
5º, X e XXXIII; entendimento majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo
III -  a disciplina da representação contra o exercício negligente no ato discricionário, é necessária a motivação para que se sai-
ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública. ba qual o caminho adotado pelo administrador. Gasparini10, com
respaldo no art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive a supera-
e) Princípio da eficiência: A administração pública deve ção de tais discussões doutrinárias, pois o referido artigo exige a
manter o ampliar a qualidade de seus serviços com controle de motivação para todos os atos nele elencados, compreendendo
gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pessoas (o concurso entre estes, tanto os atos discricionários quanto os vinculados.
público seleciona os mais qualificados ao exercício do cargo),
ao manter tais pessoas em seus cargos (pois é possível exone- 2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos servi-
rar um servidor público por ineficiência) e ao controlar gastos dores
(limitando o teto de remuneração), por exemplo. O núcleo des- O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os princí-
te princípio é a procura por produtividade e economicidade. pios da administração pública estudados no tópico anterior,
Alcança os serviços públicos e os serviços administrativos inter- aos quais estão sujeitos servidores de quaisquer dos Poderes
nos, se referindo diretamente à conduta dos agentes. em qualquer das esferas federativas, e, em seus incisos, regras
Além destes cinco princípios administrativo-constitucio- mínimas sobre o serviço público:
nais diretamente selecionados pelo constituinte, podem ser
apontados como princípios de natureza ética relacionados à Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas são
função pública a probidade e a motivação: acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabe-
a) Princípio da probidade:  um princípio constitucional lecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei.
incluído dentro dos princípios específicos da licitação, é o de-
ver de todo o administrador público, o dever de honestidade Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº
e fidelidade com o Estado, com a população, no desempenho 8.112/1990, que prevê:
de suas funções. Possui contornos mais definidos do que a mo-
ralidade. Diógenes Gasparini8 alerta que alguns autores tratam Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para in-
veem como distintos os princípios da moralidade e da probi- vestidura em cargo público:
dade administrativa, mas não há  características que permitam I - a nacionalidade brasileira;
tratar os mesmos como procedimentos distintos, sendo no II - o gozo dos direitos políticos;
máximo possível afirmar que a probidade administrativa é um III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
aspecto particular da moralidade administrativa. IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao V - a idade mínima de dezoito anos;
administrador de motivar todos os atos que edita, gerais ou VI - aptidão física e mental.
de efeitos concretos. É considerado, entre os demais princípios, § 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência
um dos mais importantes, uma vez que sem a motivação não de outros requisitos estabelecidos em lei. [...]
há o devido processo legal, uma vez que a fundamentação sur- § 3º As universidades e instituições de pesquisa científica
ge como meio interpretativo da decisão que levou à prática e tecnológica federais poderão prover seus cargos com pro-
do ato impugnado, sendo verdadeiro meio de viabilização do fessores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as
controle da legalidade dos atos da Administração. normas e os procedimentos desta Lei.
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicável ao
caso concreto e relacionar os fatos que concretamente levaram Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº
à aplicação daquele dispositivo legal. Todos os atos administra- 8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no artigo 207
tivos devem ser motivados para que o Judiciário possa contro- da Constituição, permitindo que estrangeiros assumam cargos
lar o mérito do ato administrativo quanto à sua legalidade. Para no ramo da pesquisa, ciência e tecnologia.
efetuar esse controle, devem ser observados os motivos dos 9 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro.
atos administrativos. São Paulo: Malheiros, 1993.
8 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Pau- 10 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Pau-
lo: Saraiva, 2004. lo: Saraiva, 2004.

8
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas
ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.

Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990:


Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de prévia habilita-
ção em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade.
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão
estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira na Administração Pública Federal e seus regulamentos.

No concurso de provas o candidato é avaliado apenas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos concursos de provas
e títulos o seu currículo em toda sua atividade profissional também é considerado. Cargo em comissão é o cargo de confiança, que
não exige concurso público, sendo exceção à regra geral.
Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.

Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de
provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira.

Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990:

Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá validade de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por
igual período.
§1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário
Oficial da União e em jornal diário de grande circulação.
§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com prazo de validade não
expirado.

O edital delimita questões como valor da taxa de inscrição, casos de isenção, número de vagas e prazo de validade. Havendo
candidatos aprovados na vigência do prazo do concurso, ele deve ser chamado para assumir eventual vaga e não ser realizado novo
concurso.
Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê:
Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade
responsável, nos termos da lei.

Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabilização daquele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingresso no serviço
público, que em regra se dá por concurso de provas ou de provas e títulos.
Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-
se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.

Observa-se o seguinte quadro comparativo11:

Função de Confiança Cargo em Comissão


Exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de Qualquer pessoa, observado o percentual mínimo re-
cargo efetivo. servado ao servidor de carreira.
Com concurso público, já que somente pode exercê-la o Sem concurso público, ressalvado o percentual míni-
servidor de cargo efetivo, mas a função em si não prescin- mo reservado ao servidor de carreira.
dível de concurso público.
Somente são conferidas atribuições e responsabilidade É atribuído posto (lugar) num dos quadros da
Administração Pública, conferida atribuições e
responsabilidade àquele que irá ocupá-lo
Destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e as- Destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia
sessoramento e assessoramento
De livre nomeação e exoneração no que se refere à função De livre nomeação e exoneração
e não em relação ao cargo efetivo.

11 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/quadro-comparativo-funcao-de-confianca.html

9
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores públi-
direito à livre associação sindical. cos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente po-
derão ser fixados ou alterados por lei específica, observada
A liberdade de associação é garantida aos servidores a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral
públicos tal como é garantida a todos na condição de di- anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices.
reito individual e de direito social.
Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos ocu-
Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos pantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, res-
termos e nos limites definidos em lei específica. salvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts.
39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores
públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea
pela preservação da sociedade quando exercê-lo. Enquan- de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou
to não for elaborada uma legislação específica para os fun- dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, empre-
cionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral de gre- go ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na
ve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89 forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em
(Mandado de Injunção nº 20). comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração.

Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos car- Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos arti-
gos e empregos públicos para as pessoas portadoras de gos 40 e 41:
deficiência e definirá os critérios de sua admissão.
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercí-
Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990: cio de cargo público, com valor fixado em lei.

Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de de- Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
ficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabeleci-
público para provimento de cargo cujas atribuições sejam das em lei.
compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para § 1º A remuneração do servidor investido em função ou
tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das cargo em comissão será paga na forma prevista no art. 62.
vagas oferecidas no concurso. § 2º O servidor investido em cargo em comissão de órgão
ou entidade diversa da de sua lotação receberá a remunera-
Prossegue o artigo 37, CF: ção de acordo com o estabelecido no § 1º do art. 93.
§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vanta-
Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contra- gens de caráter permanente, é irredutível.
tação por tempo determinado para atender a necessidade § 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos
temporária de excepcional interesse público. de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou
entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens
A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Cons- de caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de
tituição, definindo a natureza da relação estabelecida en- trabalho.
tre o servidor contratado e a Administração Pública, para § 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao
atender à “necessidade temporária de excepcional interes- salário mínimo.
se público”.
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de rela- Ainda, o artigo 37 da Constituição:
ção que comporta dependência jurídica do servidor peran-
te o Estado, duas opções se ofereciam: ou a relação seria Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos ocu-
trabalhista, agindo o Estado iure gestionis, sem usar das pantes de cargos, funções e empregos públicos da admi-
prerrogativas de Poder Público, ou institucional, estatutária, nistração direta, autárquica e fundacional, dos membros
preponderando o ius imperii do Estado. Melhor dizendo: de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
o sistema preconizado pela Carta Política de 1988 é o do Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo
contrato, que tanto pode ser trabalhista (inserindo-se na e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou
esfera do Direito Privado) quanto administrativo (situando- outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou
se no campo do Direito Público). [...] Uma solução inter- não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer ou-
mediária não deixa, entretanto, de ser legítima. Pode-se, tra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em
com certeza, abonar um sistema híbrido, eclético, no qual espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, apli-
coexistam normas trabalhistas e estatutárias, pondo-se em cando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefei-
contiguidade os vínculos privado e administrativo, no sen- to, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do
tido de atender às exigências do Estado moderno, que pro- Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos
cura alcançar os seus objetivos com a mesma eficácia dos para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público.
empreendimentos não-governamentais”12. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_39/Arti-
12 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servidores gos/Art_Gustavo.htm>. Acesso em: 23 dez. 2014.

10
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Le- A preocupação do constituinte, ao implantar tal pre-
gislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de ceito, foi de que não eclodisse no sistema remuneratório
Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centé- dos servidores, ou seja, evitar que se utilize uma vantagem
simos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Mi- como base de cálculo de um outro benefício. Dessa forma,
nistros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder qualquer gratificação que venha a ser concedida ao servi-
Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério dor só pode ter como base de cálculo o próprio vencimen-
Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos. to básico. É inaceitável que se leve em consideração outra
vantagem até então percebida.
Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder
Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superio- Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remune-
res aos pagos pelo Poder Executivo. rada de cargos públicos, exceto, quando houver com-
patibilidade de horários, observado em qualquer caso o
Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42: disposto no inciso XI: a)  a de dois cargos de professor;
b)   a de um cargo de professor com outro, técnico ou
Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá per- científico; c)  a de dois cargos ou empregos privativos
ceber, mensalmente, a título de remuneração, importância de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.
superior à soma dos valores percebidos como remuneração,
em espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos Po- Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se
deres, pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso a empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal. Parágra- empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
fo único. Excluem-se do teto de remuneração as vantagens subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indire-
previstas nos incisos II a VII do art. 61. tamente, pelo poder público.

Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem apro- Segundo Carvalho Filho13, “o fundamento da proibição
fundamentos sobre o mencionado inciso XI: é impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que
o servidor não execute qualquer delas com a necessária efi-
Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efei- ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons-
to dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em
caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota-
previstas em lei. se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em
consequência, se a acumulação só encerra a percepção de
Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso vencimentos por uma das fontes, não incide a regra cons-
XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao titucional proibitiva”.
Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a ques-
respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite úni- tão:
co, o subsídio mensal dos Desembargadores do respec-
tivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e Artigo 118, Lei nº 8.112/1990.  Ressalvados os casos pre-
vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos vistos na Constituição, é vedada a acumulação remunera-
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o da de cargos públicos.
disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Esta- § 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos, em-
duais e Distritais e dos Vereadores. pregos e funções em autarquias, fundações públicas, em-
presas públicas, sociedades de economia mista da União,
Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equi- do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Mu-
paração salarial: nicípios.
§ 2o  A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica con-
Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equipara- dicionada à comprovação da compatibilidade de horá-
ção de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de rios.
remuneração de pessoal do serviço público. § 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção
de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com
Os padrões de vencimentos são fixados por conselho proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que
de política de administração e remuneração de pessoal, decorram essas remunerações forem acumuláveis na ati-
integrado por servidores designados pelos respectivos vidade.
Poderes (artigo 39, caput e § 1º), sem qualquer garantia
constitucional de tratamento igualitário aos cargos que se Art. 119, Lei nº 8.112/1990.  O servidor não poderá
mostrem similares. exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso
previsto no parágrafo único do art. 9o, nem ser remunerado
Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebi- pela participação em órgão de deliberação coletiva. 
dos por servidor público não serão computados nem acu- 13 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
mulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores. nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

11
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se apli- Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica pode-
ca à remuneração devida pela participação em conselhos de rá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso,
quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou in- definir as áreas de sua atuação.
diretamente, detenha participação no capital social, observado
o que, a respeito, dispuser legislação específica. Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislati-
va, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
Art. 120, Lei nº 8.112/1990.  O servidor vinculado ao re-
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação
gime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos,
de qualquer delas em empresa privada.
quando investido em cargo de provimento em comissão, ficará
afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que
houver compatibilidade de horário e local com o exercício de Órgãos da administração indireta somente podem ser
um deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou criados por lei específica e a criação de subsidiárias des-
entidades envolvidos. tes dependem de autorização legislativa (o Estado cria e
controla diretamente determinada empresa pública ou so-
“Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da ciedade de economia mista, e estas, por sua vez, passam
acumulação de cargos e funções públicas, regulamentam, no a gerir uma nova empresa, denominada subsidiária. Ex.:
âmbito do serviço público federal a vedação genérica cons- Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos um parên-
tante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da Repúbli- tese para observar que quase todos os autores que abor-
ca. De fato, a acumulação ilícita de cargos públicos constitui dam o assunto afirmam categoricamente que, a despeito
uma das infrações mais comuns praticadas por servidores da referência no texto constitucional a ‘subsidiárias das
públicos, o que se constata observando o elevado número entidades mencionadas no inciso anterior’, somente em-
de processos administrativos instaurados com esse objeto. O presas públicas e sociedades de economia mista podem ter
sistema adotado pela Lei nº 8.112/90 é relativamente bran- subsidiárias, pois a relação de controle que existe entre a
do, quando cotejado com outros estatutos de alguns Estados, pessoa jurídica matriz e a subsidiária seria própria de pes-
visto que propicia ao servidor incurso nessa ilicitude diver- soas com estrutura empresarial, e inadequada a autarquias
sas oportunidades para regularizar sua situação e escapar da
e fundações públicas. OUSAMOS DISCORDAR. Parece-nos
pena de demissão. Também prevê a lei em comentário, um
que, se o legislador de um ente federado pretendesse, por
processo administrativo simplificado (processo disciplinar de
rito sumário) para a apuração dessa infração – art. 133” 14. exemplo, autorizar a criação de uma subsidiária de uma
fundação pública, NÃO haveria base constitucional para
Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e seus considerar inválida sua autorização”16.
servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e Ainda sobre a questão do funcionamento da adminis-
jurisdição, precedência sobre os demais setores administra- tração indireta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto
tivos, na forma da lei. nos §§ 8º e 9º do artigo 37, CF:

Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamen-
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, tária e financeira dos órgãos e entidades da administração
atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato,
por servidores de carreiras específicas, terão recursos priori- a ser firmado entre seus administradores e o poder público,
tários para a realização de suas atividades e atuarão de que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho
forma integrada, inclusive com o compartilhamento de ca- para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
dastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. I -  o prazo de duração do contrato;
II -  os controles e critérios de avaliação de desempenho,
“O Estado tem como finalidade essencial a garantia do bem direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
-estar de seus cidadãos, seja através dos serviços públicos que
III -  a remuneração do pessoal.
disponibiliza, seja através de investimentos na área social (edu-
cação, saúde, segurança pública). Para atingir esses objetivos pri-
mários, deve desenvolver uma atividade financeira, com o intuito Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às
de obter recursos indispensáveis às necessidades cuja satisfação empresas públicas e às sociedades de economia mista
se comprometeu quando estabeleceu o “pacto” constitucional e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos
de 1988. [...] A importância da Administração Tributária foi re- Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para paga-
conhecida expressamente pelo constituinte que acrescentou, no mento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
artigo 37 da Carta Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a sua
precedência e de seus servidores sobre os demais setores da
Administração Pública, dentro de suas áreas de competência”15.
14 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Pú-
blicos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.br/ sao_paulo.htm
artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013. 16 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo Descom-
15 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_tributaria_ plicado. São Paulo: GEN, 2014.

12
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Continua o artigo 37, CF: tagem do prazo para que, retornando, comece do zero. Da
abertura da sindicância ou processo administrativo discipli-
Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados nar até a decisão final proferida por autoridade competente
na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo começa
contratados mediante processo de licitação pública que a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais propor
assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, ação disciplinar.
com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação restrições ao ocupante de cargo ou emprego da adminis-
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumpri- tração direta e indireta que possibilite o acesso a informações
mento das obrigações. privilegiadas.

A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta o A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre o
art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego do
para licitações e contratos da Administração Pública e dá Poder Executivo federal e impedimentos posteriores ao exer-
outras providências. Licitação nada mais é que o conjunto cício do cargo ou emprego; e revoga dispositivos da Lei nº
de procedimentos administrativos (administrativos porque 9.986, de 18 de julho de 2000, e das Medidas Provisórias nºs
parte da administração pública) para as compras ou serviços 2.216-37, de 31 de agosto de 2001, e 2.225-45, de 4 de setem-
contratados pelos governos Federal, Estadual ou Municipal, bro de 2001.
ou seja todos os entes federativos. De forma mais simples, Neste sentido, conforme seu artigo 1º:
podemos dizer que o governo deve comprar e contratar
serviços seguindo regras de lei, assim a licitação é um pro- Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configuram
cesso formal onde há a competição entre os interessados. conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou em-
prego no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos e res-
Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de pres- trições a ocupantes de cargo ou emprego que tenham acesso a
crição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor informações privilegiadas, os impedimentos posteriores ao exer-
ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as res- cício do cargo ou emprego e as competências para fiscalização,
pectivas ações de ressarcimento. avaliação e prevenção de conflitos de interesses regulam-se pelo
disposto nesta Lei.
A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encon-
tra disciplina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990: 3) Responsabilidade civil do Estado e de seus ser-
vidores
Art. 142, Lei nº 8.112/1990.  A ação disciplinar pres- O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do
creverá: direito obrigacional, uma vez que a principal consequência da
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com prática de um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e de reparar o dano, mediante o pagamento de indenização que
destituição de cargo em comissão; se refere às perdas e danos. Afinal, quem pratica um ato ou in-
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; corre em omissão que gere dano deve suportar as consequên-
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. cias jurídicas decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.17
§ 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data em A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, poden-
que o fato se tornou conhecido. do recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os limites
§ 2o  Os prazos de prescrição previstos na lei penal apli- da herança, embora existam reflexos na ação que apure a res-
cam-se às infrações disciplinares capituladas também como ponsabilidade civil conforme o resultado na esfera penal (por
crime. exemplo, uma absolvição por negativa de autoria impede a
§ 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de pro- condenação na esfera cível, ao passo que uma absolvição por
cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final falta de provas não o faz).
proferida por autoridade competente. A responsabilidade civil do Estado acompanha o raciocí-
§ 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo co- nio de que a principal consequência da prática de um ato ilícito
meçará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção. é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o dano,
mediante o pagamento de indenização que se refere às per-
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do das e danos. Todos os cidadãos se sujeitam às regras da res-
direito de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5 ponsabilidade civil, tanto podendo buscar o ressarcimento do
anos para as infrações mais graves, 2 para as de gravidade dano que sofreu quanto respondendo por aqueles danos que
intermediária (pena de suspensão) e 180 dias para as menos causar. Da mesma forma, o Estado tem o dever de indenizar os
graves (pena de advertência), contados da data em que o membros da sociedade pelos danos que seus agentes causem
fato se tornou conhecido pela administração pública. Se a durante a prestação do serviço, inclusive se tais danos caracte-
infração disciplinar for crime, valerão os prazos prescricio- rizarem uma violação aos direitos humanos reconhecidos.
nais do direito penal, mais longos, logo, menos favoráveis 17 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed.
ao servidor. Interrupção da prescrição significa parar a con- São Paulo: Saraiva, 2005.

13
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Trata-se de responsabilidade extracontratual porque Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:
não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de
elementos genéricos pré-determinados, que perpassam Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito público
pela leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187 e as de direito privado prestadoras de serviços públicos res-
e 927) com a Constituição Federal (artigo 37, §6°). ponderão pelos danos que seus agentes, nessa qualida-
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil de, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
se encontram no art. 186 do Código Civil: contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão vo- Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurídi-
luntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar ca autônoma entre o Estado e o agente público que causou
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato o dano no desempenho de suas funções. Nesta relação, a
ilícito. responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá ao Es-
tado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao qual
Este é o artigo central do instituto da responsabilidade foi anteriormente condenado a reparar. Direito de regresso
civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária é justamente o direito de acionar o causador direto do dano
(agir como não se deve ou deixar de agir como se deve), para obter de volta aquilo que pagou à vítima, considerada a
culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma existência de uma relação obrigacional que se forma entre a
violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo cau- vítima e a instituição que o agente compõe.
sal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e o dano Assim, o Estado responde pelos danos que seu agente
causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo agente, que causar aos membros da sociedade, mas se este agente agiu
pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econô- com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que foi pago
mico e não econômico). à vítima. O agente causará danos ao praticar condutas in-
1) Dano - somente é indenizável o dano certo, especial compatíveis com o comportamento ético dele esperado.18
e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é o dano A responsabilidade civil do servidor exige prévio proces-
específico, individualizado, que atinge determinada ou de- so administrativo disciplinar no qual seja assegurado contra-
terminadas pessoas. Anormal é o dano que ultrapassa os ditório e ampla defesa. Trata-se de responsabilidade civil
problemas comuns da vida em sociedade (por exemplo, in- subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou omissão com cul-
felizmente os assaltos são comuns e o Estado não responde pa do servidor que gere dano ao erário (Administração) ou a
por todo assalto que ocorra, a não ser que na circunstância terceiro (administrado), o servidor terá o dever de indenizar.
específica possuía o dever de impedir o assalto, como no Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos vio-
caso de uma viatura presente no local - muito embora o ladores de direitos humanos se sujeitam à responsabilidade
direito à segurança pessoal seja um direito humano reco- penal e à responsabilidade administrativa, todas autôno-
nhecido). mas uma com relação à outra e à já mencionada responsa-
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe den- bilidade civil. Neste sentido, o artigo 125 da Lei nº 8.112/90:
tro da administração pública, tenha ingressado ou não por
concurso, possua cargo, emprego ou função. Envolve os Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais e
agentes políticos, os servidores públicos em geral (funcio- administrativas poderão cumular-se, sendo independentes en-
nários, empregados ou temporários) e os particulares em tre si.
colaboração (por exemplo, jurado ou mesário).
3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta No caso da responsabilidade civil, o Estado é diretamen-
qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão te acionado e responde pelos atos de seus servidores que
das prerrogativas do cargo, não agindo como um particular. violem direitos humanos, cabendo eventualmente ação de
Sem estes três requisitos, não será possível acionar o regresso contra ele. Contudo, nos casos da responsabilidade
Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por penal e da responsabilidade administrativa aciona-se o agen-
mais relevante que tenha sido a esfera de direitos atingida. te público que praticou o ato.
Assim, não é qualquer dano que permite a responsabiliza- São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser
ção civil do Estado, mas somente aquele que é causado por praticados pelo agente público no exercício de sua função
um agente público no exercício de suas funções e que ex- que violam direitos humanos. A título de exemplo, peculato,
ceda as expectativas do lesado quanto à atuação do Estado. consistente em apropriação ou desvio de dinheiro público
É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os (art. 312, CP), que viola o bem comum e o interesse da cole-
direitos humanos, porque o Estado é uma ficção formada tividade; concussão, que é a exigência de vantagem indevida
por um grupo de pessoas que desempenham as atividades (art. 316, CP), expondo a vítima a uma situação de constran-
estatais diversas. Assim, viola direitos humanos não o Esta- gimento e medo que viola diretamente sua dignidade; tor-
do em si, mas o agente que o representa, fazendo com que tura, a mais cruel forma de tratamento humano, cuja pena é
o próprio Estado seja responsabilizado por isso civilmente, agravada quando praticada por funcionário público (art. 1º,
pagando pela indenização (reparação dos danos materiais §4º, I, Lei nº 9.455/97); etc.
e morais). Sem prejuízo, com relação a eles, caberá ação de 18 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
regresso se agiram com dolo ou culpa. Paulo: Método, 2011.

14
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Quanto à responsabilidade administrativa, menciona- IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
se, a título de exemplo, as penalidades cabíveis descritas exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
no art. 127 da Lei nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo contado para todos os efeitos legais, exceto para promo-
funcionário que violar a ética do serviço público, como ad- ção por merecimento;
vertência, suspensão e demissão. V - para efeito de benefício previdenciário, no caso
Evidencia-se a independência entre as esferas civil, pe- de afastamento, os valores serão determinados como se no
nal e administrativa no que tange à responsabilização do exercício estivesse.
agente público que cometa ato ilícito.
Tomadas as exigências de características dos danos aci- 5) Regime de remuneração e previdência dos servi-
ma colacionadas, notadamente a anormalidade, considera- dores públicos
se que para o Estado ser responsabilizado por um dano, ele Regulamenta-se o regime de remuneração e previdên-
deve exceder expectativas cotidianas, isto é, não cabe exigir cia dos servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Consti-
do Estado uma excepcional vigilância da sociedade e a ple- tuição Federal:
na cobertura de todas as fatalidades que possam acontecer
em território nacional. Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Diante de tal premissa, entende-se que a responsa- Municípios instituirão conselho de política de administra-
bilidade civil do Estado será objetiva apenas no caso de ção e remuneração de pessoal, integrado por servidores
ações, mas subjetiva no caso de omissões. Em outras pa- designados pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela
lavras, verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas con- Emenda Constitucional nº 19, de 1998 e aplicação suspensa
dições de não ter se omitido, isto é, ter deixado de agir pela ADIN nº 2.135-4, destacando-se a redação anterior: “A
quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarretando em União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios institui-
prejuízo dentro de sua previsibilidade. rão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e
São casos nos quais se reconheceu a responsabilida- planos de carreira para os servidores da administração pú-
de omissiva do Estado: morte de filho menor em creche blica direta, das autarquias e das fundações públicas”).
municipal, buracos não sinalizados na via pública, tentativa § 1º  A fixação dos padrões de vencimento e dos de-
de assalto a usuário do metrô resultando em morte, danos mais componentes do sistema remuneratório observará:
provocados por enchentes e escoamento de águas pluviais I -  a natureza, o grau de responsabilidade e a complexi-
quando o Estado sabia da problemática e não tomou pro- dade dos cargos componentes de cada carreira;
vidência para evitá-las, morte de detento em prisão, incên- II -  os requisitos para a investidura;
dio em casa de shows fiscalizada com negligência, etc. III -  as peculiaridades dos cargos.
Logo, não é sempre que o Estado será responsabili- § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
zado. Há excludentes da responsabilidade estatal, nota- escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento
damente: a) caso fortuito (fato de terceiro) ou força maior dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos
(fato da natureza) fora dos alcances da previsibilidade do cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, fa-
dano; b) culpa exclusiva da vítima. cultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos
entre os entes federados.
4) Exercício de mandato eletivo por servidores pú- § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo
blicos público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,
A questão do exercício de mandato eletivo pelo servi- XV,XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei
dor público encontra previsão constitucional em seu artigo estabelecer requisitos diferenciados de admissão quan-
38, que notadamente estabelece quais tipos de mandatos do a natureza do cargo o exigir.
geram incompatibilidade ao serviço público e regulamenta § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eleti-
a questão remuneratória: vo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Mu-
nicipais serão remunerados exclusivamente por subsídio
Artigo 38, CF.  Ao servidor público da administração fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer
direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de represen-
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: tação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qual-
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou quer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido,
sua remuneração; em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.
III - investido no mandato de Vereador, havendo compa- § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pu-
tibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, blicarão anualmente os valores do subsídio e da remunera-
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo ção dos cargos e empregos públicos.
eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a
norma do inciso anterior;

15
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos § 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribuição
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamen- serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no §
tários provenientes da economia com despesas correntes 1º, III, a, para o professor que comprove exclusivamente tem-
em cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no po de efetivo exercício das funções de magistério na educa-
desenvolvimento de programas de qualidade e produtivi- ção infantil e no ensino fundamental e médio.
dade, treinamento e desenvolvimento, modernização, rea- § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos car-
parelhamento e racionalização do serviço público, inclusive gos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a
sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade. percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regi-
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organiza- me de previdência previsto neste artigo.
dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. § 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pen-
são por morte, que será igual:
Artigo 40, CF.  Aos servidores titulares de cargos efeti- I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor faleci-
vos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- do, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regi-
cípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado me geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido
regime de previdência de caráter contributivo e solidário, de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso
mediante contribuição do respectivo ente público, dos ser- aposentado à data do óbito; ou
vidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados cri- II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no
térios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo
disposto neste artigo. estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previ- social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da
dência de que trata este artigo serão aposentados, calcula- parcela excedente a este limite, caso em atividade na data do
dos os seus proventos a partir dos valores fixados na forma óbito.
dos §§ 3º e 17: § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro- preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decor- critérios estabelecidos em lei.
rente de acidente em serviço, moléstia profissional ou § 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou muni-
doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; cipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais de serviço correspondente para efeito de disponibilidade.
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, § 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de con-
ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de tagem de tempo de contribuição fictício.
lei complementar; § 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma to-
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mí- tal dos proventos de inatividade, inclusive quando decorren-
nimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público tes da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como
e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposenta- de outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral
doria, observadas as seguintes condições: de previdência social, e ao montante resultante da adição de
a)  sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui- proventos de inatividade com remuneração de cargo acumulá-
ção, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta vel na forma desta Constituição, cargo em comissão declarado
de contribuição, se mulher; em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.
b)  sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses- § 12. Além do disposto neste artigo, o regime de previ-
senta anos de idade, se mulher, com proventos propor- dência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo ob-
cionais ao tempo de contribuição. servará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para
§ 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por o regime geral de previdência social.
ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remu- § 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em
neração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração
se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a bem como de outro cargo temporário ou de emprego público,
concessão da pensão. aplica-se o regime geral de previdência social.
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
por ocasião da sua concessão, serão consideradas as re- pios, desde que instituam regime de previdência complemen-
munerações utilizadas como base para as contribuições do tar para os seus respectivos servidores titulares de cargo efe-
servidor aos regimes de previdência de que tratam este ar- tivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pensões
tigo e o art. 201, na forma da lei. a serem concedidas pelo regime de que trata este artigo, o
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios dife- limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
renciados para a concessão de aposentadoria aos abran- geral de previdência social de que trata o art. 201.
gidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos § 15. O regime de previdência complementar de que trata
termos definidos em leis complementares, os casos de ser- o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder
vidores: Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos,
I -  portadores de deficiência; no que couber, por intermédio de entidades fechadas de pre-
II -  que exerçam atividades de risco; vidência complementar, de natureza pública, que oferecerão
III -  cujas atividades sejam exercidas sob condições es- aos respectivos participantes planos de benefícios somente
peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. na modalidade de contribuição definida.

16
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o ser-
disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que vidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará su-
tiver ingressado no serviço público até a data da publicação jeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro)
do ato de instituição do correspondente regime de previ- meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão ob-
dência complementar. jeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados os seguinte fatores:
para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devida- I - assiduidade;
mente atualizados, na forma da lei. II - disciplina;
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de apo- III - capacidade de iniciativa;
sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata IV - produtividade;
este artigo que superem o limite máximo estabelecido para V - responsabilidade.
os benefícios do regime geral de previdência social de que tra- § 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do está-
ta o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os gio probatório, será submetida à homologação da autori-
servidores titulares de cargos efetivos. dade competente a avaliação do desempenho do servidor,
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha realizada por comissão constituída para essa finalidade,
completado as exigências para aposentadoria voluntária de acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da
estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade
atividade fará jus a um abono de permanência equivalente ao de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do
valor da sua contribuição previdenciária até completar as exi- caput deste artigo.
gências para aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II. § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo an-
próprio de previdência social para os servidores titulares teriormente ocupado, observado o disposto no parágrafo
de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do único do art. 29.
respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o dispos- § 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer
to no art. 142, § 3º, X.
quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá
de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou enti-
apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e
dade de lotação, e somente poderá ser cedido a outro ór-
de pensão que superem o dobro do limite máximo estabeleci-
gão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Especial,
do para os benefícios do regime geral de previdência social de
cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e
que trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário,
Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou
na forma da lei, for portador de doença incapacitante.
equivalentes.
6) Estágio probatório e perda do cargo § 4º Ao servidor em estágio probatório somente pode-
Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a rão ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos
ser lido em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990: nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afasta-
mento para participar de curso de formação decorrente de
Artigo 41, CF.  São estáveis após três anos de efetivo aprovação em concurso para outro cargo na Administração
exercício os servidores nomeados para cargo de provi- Pública Federal.
mento efetivo em virtude de concurso público. § 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o,
I -  em virtude de sentença judicial transitada em jul- 86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso de
gado; formação, e será retomado a partir do término do impedi-
II -  mediante processo administrativo em que lhe seja mento.
assegurada ampla defesa;
III -  mediante procedimento de avaliação periódica O estágio probatório pode ser definido como um lapso
de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada de tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor serão
ampla defesa. avaliadas de acordo com critérios de assiduidade, discipli-
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do ser- na, capacidade de iniciativa, produtividade e responsabili-
vidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante dade. O servidor não aprovado no estágio probatório será
da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anterior-
direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto mente ocupado. Não existe vedação para um servidor em
em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo estágio probatório exercer quaisquer cargos de provimen-
de serviço. to em comissão ou funções de direção, chefia ou assesso-
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, ramento no órgão ou entidade de lotação.
o servidor estável ficará em disponibilidade, com remune- Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disci-
ração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado plina do estágio probatório mudou, notadamente aumen-
aproveitamento em outro cargo. tando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista que a
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é norma constitucional prevalece sobre a lei federal, mesmo
obrigatória a avaliação especial de desempenho por comis- que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir o dispos-
são instituída para essa finalidade. to no artigo 41 da Constituição Federal.

17
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Uma vez adquirida a aprovação no estágio probató- A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de im-
rio, o servidor público somente poderá ser exonerado nos probidade administrativa em três categorias:
casos do §1º do artigo 40 da Constituição Federal, notada- a) Ato de improbidade administrativa que importe en-
mente: em virtude de sentença judicial transitada em jul- riquecimento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992)
gado; mediante processo administrativo em que lhe seja O grupo mais grave de atos de improbidade administrativa
assegurada ampla defesa; ou mediante procedimento se caracteriza pelos elementos: enriquecimento + ilícito + re-
de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei sultante de uma vantagem patrimonial indevida + em razão
complementar, assegurada ampla defesa (sendo esta lei do exercício de cargo, mandato, emprego, função ou outra ati-
complementar ainda inexistente no âmbito federal. vidade nas entidades do artigo 1° da Lei nº 8.429/1992.
O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não se
7) Atos de improbidade administrativa opõe que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos dita-
A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administra- mes morais, notadamente no desempenho de função de inte-
tiva, que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinôni- resse estatal.
mo de desonestidade administrativa. A improbidade é uma Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimonial ilícita.
lesão ao princípio da moralidade, que deve ser respeita- Contudo, é dispensável que efetivamente tenha ocorrido dano
do estritamente pelo servidor público. O agente ímprobo aos cofres públicos (por exemplo, quando um policial recebe
sempre será um violador do princípio da moralidade, pelo propina pratica ato de improbidade administrativa, mas não
qual “a Administração Pública deve agir com boa-fé, since- atinge diretamente os cofres públicos).
ridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”19. Como fica difícil imaginar que alguém possa se enriquecer
A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada ilicitamente por negligência, imprudência ou imperícia, todas as
devido ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes condutas configuram atos dolosos (com intenção). Não cabe
do serviço público que se intensificavam com a ineficácia prática por omissão.20
do diploma então vigente, o Decreto-Lei nº 3240/41. De- b) Ato de improbidade administrativa que importe le-
correu, assim, da necessidade de acabar com os atos aten- são ao erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992)
O grupo intermediário de atos de improbidade administra-
tatórios à moralidade administrativa e causadores de pre-
tiva se caracteriza pelos elementos: causar dano ao erário ou
juízo ao erário público ou ensejadores de enriquecimento
aos cofres públicos + gerando perda patrimonial ou dilapi-
ilícito, infelizmente tão comuns no Brasil.
dação do patrimônio público. Assim como o artigo anterior, o
Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes públi-
caput descreve a fórmula genérica e os incisos algumas atitudes
cos passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos
específicas que exemplificam o seu conteúdo21.
atos de improbidade administrativa descritos nos artigos
Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies: desvio,
9º, 10 e 11, ficando sujeitos às penas do art. 12. A exis- que é o direcionamento indevido; apropriação, que é a transfe-
tência de esferas distintas de responsabilidade (civil, penal rência indevida para a própria propriedade; malbaratamento, que
e administrativa) impede falar-se em bis in idem, já que, significa desperdício; e dilapidação, que se refere a destruição22.
ontologicamente, não se trata de punições idênticas, em- O objeto da tutela é a preservação do patrimônio público,
bora baseadas no mesmo fato, mas de responsabilização em todos seus bens e valores. O pressuposto exigível é a ocor-
em esferas distintas do Direito. rência de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos.
Destaca-se um conceito mais amplo de agente públi- Este artigo admite expressamente a variante culposa, o
co previsto pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e 2º que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no REsp n°
porque o agente público pode ser ou não um servidor pú- 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconstituciona-
blico. Ele poderá estar vinculado a qualquer instituição ou lidade do artigo. Contudo, “a jurisprudência do STJ con-
órgão que desempenhe diretamente o interesse do Estado. solidou a tese de que é indispensável a existência de dolo nas
Assim, estão incluídos todos os integrantes da administra- condutas descritas nos artigos 9º e 11 e ao menos de culpa nas
ção direta, indireta e fundacional, conforme o preâmbulo hipóteses do artigo 10, nas quais o dano ao erário precisa ser
da legislação. Pode até mesmo ser uma entidade privada comprovado. De acordo com o ministro Castro Meira, a con-
que desempenhe tais fins, desde que a verba de criação duta culposa ocorre quando o agente não pretende atingir o
ou custeio tenha sido ou seja pública em mais de 50% resultado danoso, mas atua com negligência, imprudência ou
do patrimônio ou receita anual. Caso a verba pública que imperícia (REsp n° 1.127.143)”23. Para Carvalho Filho24, não há
tenha auxiliado uma entidade privada a qual o Estado não inconstitucionalidade na modalidade culposa, lembrando que é
tenha concorrido para criação ou custeio, também have- possível dosar a pena conforme o agente aja com dolo ou culpa.
rá sujeição às penalidades da lei. Em caso de custeio/cria-
ção pelo Estado que seja inferior a 50% do patrimônio ou 20 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
Paulo: Método, 2011.
receita anual, a legislação ainda se aplica. Entretanto, nes-
tes dois casos, a sanção patrimonial se limitará ao que o 21 Ibid.
ilícito repercutiu sobre a contribuição dos cofres públicos. 22 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
Significa que se o prejuízo causado for maior que a efetiva
contribuição por parte do poder público, o ressarcimento 23 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade ad-
ministrativa: desonestidade na gestão dos recursos públicos. Disponí-
terá que ser buscado por outra via que não a ação de im- vel em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.
probidade administrativa. area=398&tmp.texto=103422>. Acesso em: 26 mar. 2013.
19 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematiza- 24 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
do. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

18
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O ponto central é lembrar que neste artigo não se exi- mento ilícito, devendo o valor adquirido ser tomado pelo
ge que o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevi- Estado). Já no artigo 11, o máximo que pode ocorrer é o
das, basta o dano ao erário. Se tiver recebido vantagem dano ao erário, com o devido ressarcimento. Além disso,
indevida, incide no artigo anterior. Exceto pela não per- em todos os casos há perda da função pública. Nas três
cepção da vantagem indevida, os tipos exemplificados se categorias, são estabelecidas sanções de suspensão dos
aproximam muito dos previstos nos incisos do art. 9°. direitos políticos, multa e vedação de contratação ou per-
c) Ato de improbidade administrativa que atente cepção de vantagem, graduadas conforme a gravidade do
contra os princípios da administração pública (artigo ato. É o que se depreende da leitura do artigo 12 da Lei nº
11, Lei nº 8.429/1992) 8.929/1992 como §4º do artigo 37, CF, que prevê: “Os atos
Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “cons- de improbidade administrativa importarão a suspensão
titui ato de improbidade administrativa que atenta contra dos direitos políticos, a perda da função pública, a in-
os princípios da administração pública qualquer ação ou disponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
omissão que viole os deveres de honestidade, imparciali- na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
dade, legalidade, e lealdade às instituições [...]”. O grupo penal cabível”.
mais ameno de atos de improbidade administrativa se A única sanção que se encontra prevista na Lei nº
caracteriza pela simples violação a princípios da admi- 8.429/1992 mas não na Constituição Federal é a de mul-
nistração pública, ou seja, aplica-se a qualquer atitude do ta. (art. 37, §4°, CF). Não há nenhuma inconstitucionalidade
sujeito ativo que viole os ditames éticos do serviço público. disto, pois nada impediria que o legislador infraconstitu-
Isto é, o legislador pretende a preservação dos princípios cional ampliasse a relação mínima de penalidades da Cons-
gerais da administração pública25. tituição, pois esta não limitou tal possibilidade e porque a
O objeto de tutela são os princípios constitucionais. lei é o instrumento adequado para tanto26.
Basta a vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis Carvalho Filho27 tece considerações a respeito de algu-
o enriquecimento ilícito e o dano ao erário. Somente é pos- mas das sanções:
sível a prática de algum destes atos com dolo (intenção), - Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre
embora caiba a prática por ação ou omissão.
os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade.
Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalidade
Se alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria
para não permitir a caracterização de abuso de poder, dian-
sem escora constitucional. Além disso, o acréscimo deve
te do conteúdo aberto do dispositivo. Na verdade, trata-
derivar de origem ilícita”.
se de tipo subsidiário, ou seja, que se aplica quando o ato
- Ressarcimento integral do dano: há quem entenda
de improbidade administrativa não tiver gerado obtenção
que engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção mo-
de vantagem
netária e juros de mora.
Com efeito, os atos de improbidade administrativa não
são crimes de responsabilidade. Trata-se de punição na - Perda de função pública: “se o agente é titular de
esfera cível, não criminal. Por isso, caso o ato configure mandato, a perda se processa pelo instrumento de cassa-
simultaneamente um ato de improbidade administrativa ção. Sendo servidor estatutário, sujeitar-se-á à demissão
desta lei e um crime previsto na legislação penal, o que do serviço público. Havendo contrato de trabalho (servido-
é comum no caso do artigo 9°, responderá o agente por res trabalhistas e temporários), a perda da função pública
ambos, nas duas esferas. se consubstancia pela rescisão do contrato com culpa do
Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte empregado. No caso de exercer apenas uma função públi-
forma: inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito pas- ca, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação
sivo) e daqueles que podem praticar os atos de improbida- da designação”. Lembra-se que determinadas autoridades
de administrativa (sujeito ativo); ainda, aborda a reparação se sujeitam a procedimento especial para perda da função
do dano ao lesionado e o ressarcimento ao patrimônio pú- pública, ponto em que não se aplica a Lei de Improbidade
blico; após, traz a tipologia dos atos de improbidade ad- Administrativa.
ministrativa, isto é, enumera condutas de tal natureza; se- - Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo,
guindo-se à definição das sanções aplicáveis; e, finalmente, mas flexibilidade dentro deste limite, podendo os julga-
descreve os procedimentos administrativo e judicial. dos nesta margem optar pela mais adequada. Há ainda
No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente ob- variabilidade na base de cálculo, conforme o tipo de ato
tém um enriquecimento ilícito (vantagem econômica inde- de improbidade (a base será o valor do enriquecimento ou
vida) e pode ainda causar dano ao erário, por isso, deverá o valor do dano ou o valor da remuneração do agente). A
não só reparar eventual dano causado mas também co- natureza da multa é de sanção civil, não possuindo caráter
locar nos cofres públicos tudo o que adquiriu indevida- indenizatório, mas punitivo.
mente. Ou seja, poderá pagar somente o que enriqueceu - Proibição de receber benefícios: não se incluem as
indevidamente ou este valor acrescido do valor do prejuízo imunidades genéricas e o agente punido deve ser ao me-
causado aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou nos sócio majoritário da instituição vitimada.
deixou de ganhar). No caso do artigo 10, não haverá en- - Proibição de contratar: o agente punido não pode
riquecimento ilícito, mas sempre existirá dano ao erário, o participar de processos licitatórios.
qual será reparado (eventualmente, ocorrerá o enriqueci- 26 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
25 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
Paulo: Método, 2011. 27 Ibid.

19
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Seção III
DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDE-
2. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO.
RAL E DOS TERRITÓRIOS 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18,
2.1. TÍTULO I – DOS FUNDAMENTOS
de 1998) DO ESTADO.

Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de


Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO
hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Dis-
trito Federal e dos Territórios. (Redação dada pela Emenda Texto constitucional promulgado em 5 de outubro
Constitucional nº 18, de 1998) de 1989, com as alterações adotadas pelas Emendas
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Constitucionais  nº 1/1990 a 28/2009.
Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em
lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. PREÂMBULO
142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor
sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as pa- O Povo Paulista, invocando a proteção de Deus, e inspi-
tentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governado- rado nos princípios constitucionais da República e no ideal
res. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de de a todos assegurar justiça e bem-estar, decreta e promul-
15/12/98) ga, por seus representantes, a
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado TÍTULO I 
em lei específica do respectivo ente estatal. (Redação dada Dos Fundamentos do Estado
pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
Artigo 1º - O Estado de São Paulo, integrante da Repú-
Seção IV blica Federativa do Brasil, exerce as competências que não
DAS REGIÕES lhe são vedadas pela Constituição Federal.
Artigo 2º - A lei estabelecerá procedimentos judiciários
Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá ar- abreviados e de custos reduzidos para as ações cujo objeto
ticular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico principal seja a salvaguarda dos direitos e liberdades funda-
mentais.
e social, visando a seu desenvolvimento e à redução das
Artigo 3º - O Estado prestará assistência jurídica inte-
desigualdades regionais.
gral e gratuita aos que declararem insuficiência de recursos.
§ 1º - Lei complementar disporá sobre:
Artigo 4º - Nos procedimentos administrativos, qual-
I - as condições para integração de regiões em desen-
quer que seja o objeto, observar-se-ão, entre outros requi-
volvimento;
sitos de validade, a igualdade entre os administrados e o
II - a composição dos organismos regionais que execu-
devido processo legal, especialmente quanto à exigência da
tarão, na forma da lei, os planos regionais, integrantes dos
publicidade, do contraditório, da ampla defesa e do despa-
planos nacionais de desenvolvimento econômico e social, cho ou decisão motivados.
aprovados juntamente com estes.
§ 2º - Os incentivos regionais compreenderão, além de
outros, na forma da lei:
I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens 2.2. TÍTULO II – DA ORGANIZAÇÃO E PODERES:
de custos e preços de responsabilidade do Poder Público; CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES; E
II - juros favorecidos para financiamento de atividades CAPÍTULO III – DO PODER EXECUTIVO.
prioritárias;
III - isenções, reduções ou diferimento temporário de
tributos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas; TÍTULO II 
IV - prioridade para o aproveitamento econômico e so- Da Organização dos Poderes
cial dos rios e das massas de água represadas ou represá- CAPÍTULO I 
veis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas. Disposições Preliminares
§ 3º - Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União in-
centivará a recuperação de terras áridas e cooperará com Artigo 5º - São Poderes do Estado, independentes e
os pequenos e médios proprietários rurais para o estabele- harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
cimento, em suas glebas, de fontes de água e de pequena § 1º - É vedado a qualquer dos Poderes delegar atribui-
irrigação. ções.
§ 2º - O cidadão, investido na função de um dos Pode-
res, não poderá exercer a de outro, salvo as exceções previs-
tas nesta Constituição.
Artigo 6º - O Município de São Paulo é a Capital do
Estado.

20
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 7º - São símbolos do Estado a bandeira, o brasão - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 12, de
de armas e o hino. 28/6/2001.
Artigo 8º - Além dos indicados no artigo 26 da Consti- Artigo 11 - Os membros da Mesa e seus substitutos
tuição Federal, incluem-se entre os bens do Estado os terre- serão eleitos para um mandato de dois anos.
nos reservados às margens dos rios e lagos do seu domínio. § 1º - A eleição far-se-á, em primeiro escrutínio, pela
maioria absoluta da Assembleia Legislativa.
CAPÍTULO II  § 2º - É vedada a recondução para o mesmo cargo na
Do Poder Legislativo eleição imediatamente subsequente.
SEÇÃO I  Artigo 12 - Na constituição da Mesa e das Comissões
Da Organização do Poder Legislativo assegurar-se-á, tanto quanto possível, a representação pro-
porcional dos partidos políticos com assento na Assembleia
Artigo 9º - O Poder Legislativo é exercido pela Assem- Legislativa.
bleia Legislativa, constituída de Deputados, eleitos e investi- Artigo 13 - A Assembleia Legislativa terá Comissões
dos na forma da legislação federal, para uma legislatura de permanentes e temporárias, na forma e com as atribuições
quatro anos. previstas no Regimento Interno.
§ 1º - A Assembleia Legislativa reunir-se-á, em sessão le- § 1º - Às comissões, em razão da matéria de sua com-
gislativa anual, independentemente de convocação, de 1º de petência, cabe:
fevereiro a 30 de junho e de 1º de agosto a 15 de dezembro. 1 - discutir e votar projetos de lei que dispensarem, na
§ 2º - No primeiro ano da legislatura, a Assembleia Legis- forma do Regimento Interno, a competência do Plenário,
lativa reunir-se-á, da mesma forma, em sessões preparatórias, salvo se houver, para decisão deste, requerimento de um
a partir de 15 de março, para a posse de seus membros e
décimo dos membros da Assembleia Legislativa;
eleição da Mesa. (NR)
2 - convocar Secretário de Estado, sem prejuízo do dis-
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de
posto no artigo 52-A, para prestar pessoalmente, no prazo
11/11/1996.
de 30 (trinta dias), informações sobre assunto previamente
§ 3º - As reuniões marcadas para as datas fixadas no §
determinado, importando crime de responsabilidade a au-
1º serão transferidas para o primeiro dia útil subsequente,
sência sem justificação adequada; (NR)
quando recaírem em sábado, domingo ou feriado.
-item 2 acrescentado pela Emenda Constitucional nº 27,
§ 4º - A sessão legislativa não será interrompida sem
aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias e de 15 /6/2009.
sem deliberação sobre o projeto de lei do orçamento e sobre 3 - convocar dirigentes de autarquias, empresas públi-
as contas prestadas pelo Governador, referentes ao exercício cas, sociedades de economia mista e fundações instituídas
anterior. (NR) ou mantidas pelo Poder Público, para prestar informações
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de sobre assuntos de área de sua competência, previamente
18/12/1998. determinados, no prazo de trinta dias, sujeitando-se, pelo
§ 5º - A convocação extraordinária da Assembleia Legis- não comparecimento sem justificação adequada, às penas
lativa far-se-á: da lei;
1 - pelo Presidente, nos seguintes casos: 4 - convocar o Procurador-Geral de Justiça, o Procura-
a) decretação de estado de sítio ou de estado de defesa dor-Geral do Estado e o Defensor Público Geral, para prestar
que atinja todo ou parte do território estadual; informações a respeito de assuntos previamente fixados, re-
b) intervenção no Estado ou em Município; lacionados com a respectiva área;
c) recebimento dos autos de prisão de Deputado, na hi- 5 - acompanhar a execução orçamentária;
pótese de crime inafiançável. 6 - realizar audiências públicas dentro ou fora da sede
2 - pela maioria absoluta dos membros da Assembleia do Poder Legislativo;
Legislativa ou pelo Governador, em caso de urgência ou inte- 7 - receber petições, reclamações, representações ou
resse público relevante. queixas, de qualquer pessoa contra atos ou omissões das
§ 6º - Na sessão legislativa extraordinária, a Assembleia autoridades ou entidades públicas;
Legislativa somente deliberará sobre a matéria para a qual 8 - velar pela completa adequação dos atos do Poder
foi convocada, vedado o pagamento de parcela indenizatória Executivo que regulamentem dispositivos legais;
de valor superior ao subsídio mensal. (NR) 9 - tomar o depoimento de autoridade e solicitar o de
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de cidadão;
14/2/2006. 10 - fiscalizar e apreciar programas de obras, planos es-
Artigo 10 – A Assembleia Legislativa funcionará em ses- taduais, regionais e setoriais de desenvolvimento e, sobre
sões públicas, presente, nas sessões deliberativas, pelo menos eles, emitir parecer;
um quarto de seus membros e, nas sessões exclusivamente 11 - convocar representantes de empresa resultante
de debates, pelo menos um oitavo de seus membros.” (NR) de sociedade desestatizada e representantes de empresa
§ 1º - Salvo disposição constitucional em contrário, as prestadora de serviço público concedido ou permitido, para
deliberações da Assembleia Legislativa e de suas Comissões prestar informações sobre assuntos de sua área de compe-
serão tomadas por maioria de votos, presente a maioria ab- tência, previamente determinados, no prazo de 30 (trinta)
soluta de seus membros. dias, sujeitando-se, pelo não comparecimento sem adequa-
§ 2º - O voto será público. (NR) da justificação, às penas da lei. (NR)

21
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

- Item acrescentado pela Emenda Constitucional nº 10, § 6º - Os Deputados não serão obrigados a testemunhar
de 20/2/2001. sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exer-
§ 2º - As comissões parlamentares de inquérito, que te- cício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram
rão poderes de investigação próprios das autoridades judi- ou deles receberam informações. (NR)
ciais, além de outros previstos no Regimento Interno, serão - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de
criadas mediante requerimento de um terço dos membros 12/3/2002.
da Assembleia Legislativa, para apuração de fato determi- § 7º - A incorporação às Forças Armadas de Deputados,
nado e por prazo certo, sendo suas conclusões, quando for embora militares e ainda que em tempo de guerra, depende-
o caso, encaminhadas aos órgãos competentes do Estado rá de prévia licença da Assembleia Legislativa. (NR)
para que promovam a responsabilidade civil e criminal de - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de
quem de direito. 12/3/2002.
§ 3º - O Regimento Interno disporá sobre a competência § 8º - As imunidades de Deputados subsistirão durante o
da comissão representativa da Assembleia Legislativa que estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de
funcionará durante o recesso, quando não houver convoca- dois terços dos membros da Assembleia Legislativa, nos casos
ção extraordinária. de atos praticados fora do recinto dessa Casa, que sejam in-
§ 4º – Aplicam-se ao Conselho de Defesa das Prerro- compatíveis com a execução da medida. (NR)
gativas Parlamentares da Assembleia Legislativa as compe-         - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14,
tências previstas nos itens 2, 3, 7 e 11 do § 1º deste artigo, de 12/03/2002.
para apuração de fatos e informações estritamente afetos à § 9º - O Deputado ou Deputada, sempre que represen-
inobservância ou infringência das prerrogativas das Deputa- tando uma das Comissões Permanentes ou a Assembleia Le-
das e Deputados. gislativa, neste último caso mediante deliberação do Plenário,
terá livre acesso às repartições públicas, podendo diligenciar
SEÇÃO II  pessoalmente junto aos órgãos da administração direta e in-
Dos Deputados direta, sujeitando-se os respectivos responsáveis às sanções
civis, administrativas e penais previstas em lei, na hipótese de
Artigo 14 - Os Deputados são invioláveis, civil e pe- recusa ou omissão. (NR)
nalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.         - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28 de
(NR) 2/9/2009. 
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de § 9º-A - Em cumprimento a decisão de comissão parla-
12/3/2002. mentar de inquérito ou de comissão permanente da Assem-
§ 1º - Os Deputados, desde a expedição do diploma, bleia Legislativa, o Deputado poderá diligenciar pessoalmen-
serão submetidos a julgamento perante o Tribunal de Jus- te junto aos órgãos da administração direta e indireta, e às
tiça. (NR) Agências Reguladoras, devendo ser atendido pelos respecti-
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de vos responsáveis. (NR)
14/2/2006. - Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional nº
§ 2º - Desde a expedição do diploma, os membros da 24, de 23/1/2008.
Assembleia Legislativa não poderão ser presos, salvo em § 10 - No caso de inviolabilidade por quaisquer opiniões,
flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão palavras, votos e manifestações verbais ou escritas de depu-
remetidos dentro de vinte e quatro horas à Assembleia Le- tado em razão de sua atividade parlamentar, impende-se o
gislativa, para que, pelo voto da maioria de seus membros, arquivamento de inquérito policial e o imediato não-conhe-
resolva sobre a prisão. (NR) cimento de ação civil ou penal promovida com inobservância
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de deste direito do Poder Legislativo, independentemente de
12/3/2002. prévia comunicação ao deputado ou à Assembleia Legislativa.
§ 3º - Recebida a denúncia contra Deputado, por cri- (NR)
me ocorrido após a diplomação, o Tribunal de Justiça dará - Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional nº
ciência à Assembleia Legislativa que, por iniciativa de partido 15, de 15/5/2002.
político nela representado e pelo voto da maioria de seus § 11 - Salvo as hipóteses do § 10, os procedimentos inves-
membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento tigatórios e as suas diligências de caráter instrutório somen-
da ação. (NR) te serão promovidos perante o Tribunal de Justiça, e sob seu
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de controle, a quem caberá ordenar toda e qualquer providência
12/3/2002. necessária à obtenção de dados probatórios para demonstra-
§ 4º - O pedido de sustação será apreciado pela Assem- ção de alegado delito de deputado. (NR)
bleia Legislativa no prazo improrrogável de quarenta e cinco - Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional nº
dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. (NR) 15, de 15/5/2002.
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de Artigo 15 - Os Deputados não poderão:
12/3/2002. I - desde a expedição do diploma:
§ 5º - A sustação do processo suspende a prescrição, a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de di-
enquanto durar o mandato. (NR) reito público, autarquia, empresa pública, sociedade de eco-
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de nomia mista ou empresa concessionária de serviço público,
12/03/2002. salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;

22
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remune- § 3º - Na hipótese do inciso I deste artigo, o Deputado po-
rado, incluindo os de que sejam demissíveis “ad nutum”, nas derá optar pelo subsídio fixado aos parlamentares estaduais. (NR)
entidades constantes da alínea anterior; - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
II - desde a posse: 14/2/2006.
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empre- Artigo 18 - O subsídio dos Deputados Estaduais será
sa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa ju- fixado por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão
rídica de direito público, ou nela exercer função remunerada; de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele estabe-
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis “ad lecido, em espécie, para os Deputados Federais, observado
nutum”, nas entidades referidas na alínea “a” do inciso I; o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153,
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das § 2º, I, da Constituição Federal. (NR)
entidades a que se refere a alínea “a” do inciso I; - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato eletivo 14/2/2006.
federal, estadual ou municipal. Parágrafo único - Os Deputados farão declaração públi-
Artigo 16 - Perderá o mandato o Deputado: ca de bens, no ato da posse e no término do mandato.
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no
artigo anterior; SEÇÃO III 
II - cujo procedimento for declarado incompatível com o Das Atribuições do Poder Legislativo
decoro parlamentar;
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, Artigo 19 - Compete à Assembleia Legislativa, com a
à terça-parte das sessões ordinárias, salvo licença ou missão sanção do Governador, dispor sobre todas as matérias de
autorizada pela Assembleia Legislativa; competência do Estado, ressalvadas as especificadas no art.
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; 20, e especialmente sobre:
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previs- I - sistema tributário estadual, instituição de impostos,
tos na Constituição Federal; taxas, contribuições de melhoria e contribuição social;
VI - que sofrer condenação criminal em sentença transi-
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamen-
tada em julgado, nos crimes apenados com reclusão, atenta-
to anual, operações de crédito, dívida pública e empréstimos
tórios ao decoro parlamentar. (NR)
externos, a qualquer título, pelo Poder Executivo;
- Inciso acrescentado pela Emenda Constitucional nº 18,
III - criação, transformação e extinção de cargos, empre-
de 30/3/2004.
gos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 47,
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos
XIX, “b”; (NR)
casos definidos no Regimento Interno, o abuso das prerroga-
tivas asseguradas ao Deputado ou a percepção de vantagens - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
indevidas. 14/2/2006.
§ 2º - Nos casos dos incisos I, II e VI deste artigo, a per- IV - autorização para a alienação de bens imóveis do Es-
da do mandato será decidida pela Assembleia Legislativa, por tado ou a cessão de direitos reais a eles relativos, bem como
votação nominal e maioria absoluta, mediante provocação da o recebimento, pelo Estado, de doações com encargo, não se
Mesa ou de partido político representado no Legislativo, as- considerando como tal a simples destinação específica do bem;
segurada ampla defesa. (NR) V - autorização para cessão ou para concessão de uso
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 11, de de bens imóveis do Estado para particulares, dispensado o
28/6/2001. consentimento nos casos de permissão e autorização de uso,
§ 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será outorgada a título precário, para atendimento de sua desti-
declarada pela Mesa, de ofício ou mediante provocação de nação específica;
qualquer dos membros da Assembleia Legislativa ou de parti- VI - criação e extinção de Secretarias de Estado e órgãos
do político nela representado, assegurada ampla defesa. da administração pública; (NR)
Artigo 17 - Não perderá o mandato o Deputado: - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
I - investido na função de Ministro de Estado, Governa- 14/2/2006.
dor de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de VII - bens do domínio do Estado e proteção do patrimô-
Território, de Prefeitura de Capital ou Chefe de Missão Diplo- nio público;
mática temporária; VIII - organização administrativa, judiciária, do Ministé-
II - licenciado pela Assembleia Legislativa por motivo de rio Público, da Defensoria Pública e da Procuradoria Geral do
doença ou para tratar, sem subsídio, de interesse particular, Estado;
desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e IX - normas de direito financeiro.
vinte dias por sessão legislativa. (NR) Artigo 20 - Compete exclusivamente à Assembleia Le-
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de gislativa:
14/2/2006. I - eleger a Mesa e constituir as comissões;
§ 1º - O Suplente será convocado nos casos de vaga, com II - elaborar seu Regimento Interno;
a investidura nas funções previstas neste artigo ou de licença III- dispor sobre a organização de sua Secretaria, funcio-
superior a cento e vinte dias. namento, polícia, criação, transformação ou extinção dos car-
§ 2º - Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á gos, empregos e funções de seus serviços ea iniciativa de lei
eleição, se faltarem mais de quinze meses para o término do para fixação da respectiva remuneração, observados os parâ-
mandato. metros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (NR)

23
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de
14/2/2006. 23/1/2008.
IV - dar posse ao Governador e ao Vice-Governador XVII - declarar a perda do mandato do Governador;
eleitos e conceder-lhes licença para ausentar-se do Estado, XVIII - autorizar referendo e convocar plebiscito, exceto
por mais de quinze dias; nos casos previstos nesta Constituição;
V - apresentar projeto de lei para fixar, para cada exercí- XIX - autorizar ou aprovar convênios, acordos ou con-
cio financeiro, os subsídios do Governador, do Vice-Gover- tratos de que resultem para o Estado encargos não previstos
nador, dos Secretários de Estado e dos Deputados Estaduais; na lei orçamentária;
(NR) XX - mudar temporariamente sua sede;
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, XXI - zelar pela preservação de sua competência legis-
de 8/4/2005. lativa em face da atribuição normativa de outros Poderes;
VI - tomar e julgar, anualmente, as contas prestadas pela XXII - solicitar intervenção federal, se necessário, para
Mesa da Assembleia Legislativa, pelo Governador e pelo assegurar o livre exercício de suas funções;
Presidente do Tribunal de Justiça, respectivamente do Poder XXIII - destituir o Procurador-Geral de Justiça, por deli-
Legislativo, do Poder Executivo e do Poder Judiciário, e apre- beração da maioria absoluta de seus membros;
ciar os relatórios sobre a execução dos Planos de Governo; XXIV – solicitar ao Governador, na forma do Regimento
VII - decidir, quando for o caso, sobre intervenção esta- Interno, informações sobre atos de sua competência privati-
dual em Município; va, bem como ao Presidente do Tribunal de Justiça, informa-
VIII - autorizar o Governador a efetuar ou contrair em- ções de natureza eminentemente administrativa;
préstimos, salvo com Município do Estado, suas entidades (**) Redação dada pela Emenda Constitucional nº
descentralizadas e órgãos ou entidades federais; 41, de 17 de setembro de 2015 
IX - sustar os atos normativos do Poder Executivo que XXV - receber a denúncia e promover o respectivo pro-
exorbitem do poder regulamentar; cesso, no caso de crime de responsabilidade do Governador
X - fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo, in- do Estado;
clusive os da administração descentralizada; XXVI - apreciar, anualmente, as contas do Tribunal de
XI - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas.
Contas do Estado, após arguição em sessão pública;
XII - aprovar previamente, após arguição em sessão pú- SEÇÃO IV 
blica, a escolha dos titulares dos cargos de Conselheiros do Do Processo Legislativo
Tribunal de Contas, indicados pelo Governador do Estado;
(NR) Artigo 21 - O processo legislativo compreende a ela-
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 12, de boração de:
28/6/2001. I - emenda à Constituição;
XIII - suspender, no todo ou em parte, a execução de II - lei complementar;
lei ou ato normativo declarado inconstitucional em decisão III - lei ordinária;
irrecorrível do Tribunal de Justiça; IV - decreto legislativo;
XIV - convocar Secretários de Estado, dirigentes, direto- V - resolução.
res e Superintendentes de órgãos da administração pública Artigo 22 - A Constituição poderá ser emendada me-
indireta e fundacional e Reitores das universidades públicas diante proposta:
estaduais para prestar, pessoalmente, informações sobre as- I - de um terço, no mínimo, dos membros da Assembleia
suntos previamente determinados, no prazo de trinta dias, Legislativa;
importando crime de responsabilidade a ausência sem jus- II - do Governador do Estado;
tificativa; (NR) III - de mais de um terço das Câmaras Municipais do Es-
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 9, de tado, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa
19/5/2000. de seus membros;
XV - convocar o Procurador-Geral de Justiça, o Procura- IV - de cidadãos, mediante iniciativa popular assinada,
dor-Geral do Estado e o Defensor Público Geral, para prestar no mínimo, por um por cento dos eleitores.
informações sobre assuntos previamente determinados, no § 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vi-
prazo de trinta dias, sujeitando-se às penas da lei, na ausên- gência de estado de defesa ou de estado de sítio.
cia sem justificativa; § 2º - A proposta será discutida e votada em dois tur-
XVI - requisitar informações dos Secretários de Estado, nos, considerando-se aprovada quando obtiver, em ambas
dirigentes, diretores e superintendentes de órgãos da admi- as votações, o voto favorável de três quintos dos membros
nistração pública indireta e fundacional, do Procurador-Ge- da Assembleia Legislativa.
ral de Justiça, dos Reitores das universidades públicas esta- § 3º - A emenda à Constituição será promulgada pela
duais e dos diretores de Agência Reguladora sobre assunto Mesa da Assembleia Legislativa, com o respectivo número
relacionado com sua pasta ou instituição, importando crime de ordem.
de responsabilidade não só a recusa ou o não atendimento, § 4º - A matéria constante de proposta de emenda re-
no prazo de trinta dias, bem como o fornecimento de infor- jeitada não poderá ser objeto de nova proposta na mesma
mações falsas; (NR) sessão legislativa.

24
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 23 - As leis complementares serão aprovadas - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
pela maioria absoluta dos membros da Assembleia Legis- 14/2/2006.
lativa, observados os demais termos da votação das leis or- 3 - organização da Procuradoria Geral do Estado e da Defen-
dinárias. soria Pública do Estado, observadas as normas gerais da União;
Parágrafo único - Para os fins deste artigo consideram- 4 - servidores públicos do Estado, seu regime jurídico,
se complementares: provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; (NR)
1 - a Lei de Organização Judiciária; - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
2 - a Lei Orgânica do Ministério Público; 14/2/2006.
3 - a Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Estado; 5 - militares, seu regime jurídico, provimento de cargos,
4 - a Lei Orgânica da Defensoria Pública; promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferên-
5 - a Lei Orgânica da Polícia Civil; cia para inatividade, bem como fixação ou alteração do efetivo
6 - a Lei Orgânica da Polícia Militar; da Polícia Militar; (NR)
7 - a Lei Orgânica do Tribunal de Contas; - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
8 - a Lei Orgânica das Entidades Descentralizadas; 14/2/2006.
9 - a Lei Orgânica do Fisco Estadual; 6 - criação, alteração ou supressão de cartórios notariais e
10 - os Estatutos dos Servidores Civis e dos Militares; de registros públicos.
11 - o Código de Educação; § 3º - O exercício direto da soberania popular realizar-se-á
12 - o Código de Saúde; da seguinte forma:
13 - o Código de Saneamento Básico; 1 - a iniciativa popular pode ser exercida pela apresenta-
14 - o Código de Proteção ao Meio Ambiente; ção de projeto de lei subscrito por, no mínimo, cinco décimos
15 - o Código Estadual de Proteção contra Incêndios e de unidade por cento do eleitorado do Estado, assegurada a
Emergências; defesa do projeto, por representante dos respectivos respon-
16 - a Lei sobre Normas Técnicas de Elaboração Legis- sáveis, perante as comissões pelas quais tramitar;
lativa; 2 - um por cento do eleitorado do Estado poderá requerer
17 - a Lei que institui regiões metropolitanas, aglomera- à Assembleia Legislativa a realização de referendo sobre lei;
ções urbanas e microrregiões; 3 - as questões relevantes aos destinos do Estado poderão
18 - a Lei que impuser requisitos para a criação, a incor- ser submetidas a plebiscito, quando, pelo menos um por cento
poração, a fusão e o desmembramento de Municípios ou do eleitorado o requerer ao Tribunal Regional Eleitoral, ouvida
para a sua classificação como estância de qualquer natureza. a Assembleia Legislativa;
Artigo 24 - A iniciativa das leis complementares e ordi- 4 - o eleitorado referido nos itens anteriores deverá estar
nárias cabe a qualquer membro ou comissão da Assembleia distribuído em, pelo menos, cinco dentre os quinze maiores
Legislativa, ao Governador do Estado, ao Tribunal de Justiça, Municípios com não menos de dois décimos de unidade por
ao Procurador-Geral de Justiça e aos cidadãos, na forma e cento de eleitores em cada um deles;
nos casos previstos nesta Constituição. 5 - não serão suscetíveis de iniciativa popular matérias de
§ 1º - Compete, exclusivamente, à Assembleia Legislati- iniciativa exclusiva, definidas nesta Constituição;
va a iniciativa das leis que disponham sobre: 6 - o Tribunal Regional Eleitoral, observada a legislação
1 - criação, incorporação, fusão e desmembramento de federal pertinente, providenciará a consulta popular prevista
Municípios; nos itens 2 e 3, no prazo de sessenta dias.
2 - regras de criação, organização e supressão de distri- § 4º - Compete, exclusivamente, ao Tribunal de Justiça a
tos nos Municípios. (NR) iniciativa das leis que disponham sobre:
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 2, de 1 - criação e extinção de cargos e a remuneração dos seus
21/2/1995. serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem
3 - subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes,
Secretários de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, incluído o Tribunal de Justiça Militar; (NR)
XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I, da Constituição Fe- - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
deral. (NR) 14/2/2006.
- Item acrescentado pela Emenda Constitucional nº 21, 2 - organização e divisão judiciárias, bem como criação,
de 14/2/2006. alteração ou supressão de ofícios e cartórios judiciários.
4 - declaração de utilidade pública de entidades de di- § 5º - Não será admitido o aumento da despesa prevista:
reito privado. (NR) 1 - nos projetos de iniciativa exclusiva do Governador, res-
- Item acrescentado pela Emenda Constitucional nº 24, salvado o disposto no art. 174, §§ 1º e 2º;
de 23/1/2008. 2 - nos projetos sobre organização dos serviços adminis-
§ 2º - Compete, exclusivamente, ao Governador do Esta- trativos da Assembleia Legislativa, do Poder Judiciário e do Mi-
do a iniciativa das leis que disponham sobre: nistério Público.
1 - criação e extinção de cargos, funções ou empregos § 6º – A atribuição de denominação de próprio públi-
públicos na administração direta e autárquica, bem como a co dar-se-á concorrentemente pela Assembleia Legislativa e
fixação da respectiva remuneração; Governador do Estado, na forma de legislação competente a
2 - criação e extinção das Secretarias de Estado e órgãos cada um, atendidas as regras da legislação específica.
da administração pública, observado o disposto no art. 47, (**) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 43,
XIX; (NR) de 10 de novembro de 2016 

25
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 25 - Nenhum projeto de lei que implique a cria- SEÇÃO V 


ção ou o aumento de despesa pública será sancionado sem Da Procuradoria da Assembleia Legislativa
que dele conste a indicação dos recursos disponíveis, pró-
prios para atender aos novos encargos. Artigo 30 - À Procuradoria da Assembleia Legislativa
Parágrafo único - O disposto neste artigo não se aplica compete exercer a representação judicial, a consultoria e o
a créditos extraordinários. assessoramento técnico-jurídico do Poder Legislativo.
Artigo 26 - O Governador poderá solicitar que os proje- Parágrafo único - Lei de iniciativa da Mesa da Assem-
tos de sua iniciativa tramitem em regime de urgência. bleia Legislativa organizará a Procuradoria da Assembleia
Parágrafo único – Se a Assembleia Legislativa não deli- Legislativa, observados os princípios e regras pertinentes
berar em até quarenta e cinco dias, o projeto será incluído na da Constituição Federal e desta Constituição, disciplinará
ordem do dia até que se ultime sua votação. (NR) sua competência e disporá sobre o ingresso na classe inicial,
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de mediante concurso público de provas e títulos.
25/5/2006.
Artigo 27 - O Regimento Interno da Assembleia Legis-
SEÇÃO VI 
lativa disciplinará os casos de decreto legislativo e de reso-
Do Tribunal de Contas
lução cuja elaboração, redação, alteração e consolidação
serão feitas com observância das mesmas normas técnicas
relativas às leis. Artigo 31 - O Tribunal de Contas do Estado, integra-
Artigo 28 - Aprovado o projeto de lei, na forma regi- do por sete Conselheiros, tem sede na Capital do Estado,
mental, será ele enviado ao Governador que, aquiescendo, o quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território
sancionará e promulgará. estadual, exercendo, no que couber, as atribuições previstas
§ 1º - Se o Governador julgar o projeto, no todo ou em no artigo 96 da Constituição Federal.
parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, ve- § 1º - Os Conselheiros do Tribunal serão nomeados den-
tá-lo-á, total ou parcialmente, dentro de quinze dias úteis, tre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:
contados da data do recebimento, comunicando, dentro de 1 - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco
quarenta e oito horas, ao Presidente da Assembleia Legisla- anos de idade;
tiva, o motivo do veto. 2 - idoneidade moral e reputação ilibada;
§ 2º - O veto parcial deverá abranger, por inteiro, o arti- 3 - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econô-
go, o parágrafo, o inciso, o item ou alínea. micos e financeiros ou de administração pública;
§ 3º - Sendo negada a sanção, as razões do veto serão 4 - mais de dez anos de exercício de função ou de efe-
comunicadas ao Presidente da Assembleia Legislativa e pu- tiva atividade profissional que exija conhecimentos mencio-
blicadas se em época de recesso parlamentar. nados no item anterior.
§ 4º  -  Decorrido  o prazo, em silêncio, considerar-se-á § 2º – Os Conselheiros do Tribunal serão escolhidos na
sancionado o projeto, sendo obrigatória a sua promulgação seguinte ordem, sucessivamente:
pelo Presidente da Assembleia Legislativa no prazo de dez
dias. 1 – dois terços pela Assembleia Legislativa;
§ 5º - A Assembleia Legislativa deliberará sobre a maté- 2 – um terço pelo Governador do Estado, com aprova-
ria vetada, em único turno de discussão e votação, no prazo ção pela Assembleia Legislativa, observadas as regras conti-
de trinta dias de seu recebimento, considerando-se aprova- das no inciso I do § 2º do artigo 73 da Constituição Federal.
da quando obtiver o voto favorável da maioria absoluta dos
seus membros.
§ 3º - Os Conselheiros terão as mesmas garantias, prer-
§6º - Esgotado, sem deliberação, o prazo estabelecido
rogativas, impedimentos, subsídios e vantagens dos Desem-
no §5º, o veto será incluído na ordem do dia da sessão ime-
bargadores do Tribunal de Justiça do Estado, aplicando-se
diata, até sua votação final. (NR)
lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constan-
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de
25/5/2006. tes do art. 40 da Constituição Federal e do art. 126 desta
§ 7º - Se o veto for rejeitado, será o projeto enviado para Constituição. (NR)
promulgação, ao Governador. - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
§ 8º - Se, na hipótese do § 7º, a lei não for promulgada 14/2/2006.
dentro de quarenta e oito horas pelo Governador, o Presi- § 4º - Os Conselheiros, nas suas faltas e impedimentos,
dente da Assembleia Legislativa promulgará e, se este não serão substituídos na forma determinada em lei, depois de
o fizer, em igual prazo, caberá ao Primeiro Vice-Presidente aprovados os substitutos, pela Assembleia Legislativa.
fazê-lo. § 5º - Os Substitutos de Conselheiros, quando no efetivo
Artigo 29 - A matéria constante de projeto de lei rejei- exercício da substituição, terão as mesmas garantias e impe-
tado somente poderá ser renovada, na mesma sessão legis- dimentos do titular.
lativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros § 6º - Os Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado
da Assembleia Legislativa. (NR) farão declaração pública de bens, no ato da posse e no tér-
A expressão “Ressalvados os projetos de iniciativa exclu- mino do exercício do cargo.
siva”, que iniciava o dispositivo, foi declarada inconstitucio-
nal, pelo Supremo Tribunal Federal.

26
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

SEÇÃO VII  X - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote
Da Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária as providências necessárias ao exato cumprimento da lei,
se verificada a ilegalidade;
Artigo 32 - A fiscalização contábil, financeira, orçamen- XI - sustar, se não atendido, a execução do ato impug-
tária, operacional e patrimonial do Estado, das entidades da nado, comunicando a decisão à Assembleia Legislativa;
administração direta e indireta e das fundações instituídas ou XII - representar ao Poder competente sobre irregula-
mantidas pelo Poder Público, quanto à legalidade, legitimi- ridades ou abusos apurados;
dade, economicidade, aplicação de subvenções e renúncia XIII - emitir parecer sobre a prestação anual de contas
de receitas, será exercida pela Assembleia Legislativa, me- da administração financeira dos Municípios, exceto a dos
diante controle externo, e pelo sistema de controle interno que tiverem Tribunal próprio;
de cada Poder. XIV - comunicar à Assembleia Legislativa qualquer ir-
Parágrafo único - Prestará contas qualquer pessoa física regularidade verificada nas contas ou na gestão públicas,
ou jurídica, de direito público ou de direito privado que uti- enviando-lhe cópia dos respectivos documentos.
lize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens § 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será ado-
e valores públicos ou pelos quais o Estado responda, ou que, tado diretamente pela Assembleia Legislativa que solicita-
em nome deste, assuma obrigações de natureza pecuniária. rá, de imediato, ao Poder Executivo, as medidas cabíveis.
Artigo 33 - O controle externo, a cargo da Assembleia § 2º - Se a Assembleia Legislativa ou o Poder Executivo,
Legislativa, será exercido com auxílio do Tribunal de Contas no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas
do Estado, ao qual compete: no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Gover- § 3º - O Tribunal encaminhará à Assembleia Legislativa,
nador do Estado, mediante parecer prévio que deverá ser trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
elaborado em sessenta dias, a contar do seu recebimento; Artigo 34 - A Comissão a que se refere o art. 33, inciso
II - julgar as contas dos administradores e demais res- V, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda
ponsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da adminis- que sob a forma de investimentos não programados ou
de subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade
tração direta e autarquias, empresas públicas e sociedades de
governamental responsável que, no prazo de cinco dias,
economia mista, incluídas as fundações instituídas ou man-
preste os esclarecimentos necessários.
tidas pelo Poder Público estadual, e as contas daqueles que
§ 1º - Não prestados os esclarecimentos, ou conside-
derem perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
rados esses, insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal
prejuízo ao erário;
pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos
trinta dias.
de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração § 2º - Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Co-
direta e autarquias, empresas públicas e empresas de eco- missão, se julgar que o gasto possa causar dano irreparável
nomia mista, incluídas as fundações instituídas ou mantidas ou grave lesão à economia pública, proporá à Assembleia
pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de Legislativa sua sustação.
provimento em comissão, bem como a das concessões de Artigo 35 - Os Poderes Legislativo, Executivo e Judi-
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melho- ciário manterão, de forma integrada, sistema de controle
rias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato interno com a finalidade de:
concessório; I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano
IV - avaliar a execução das metas previstas no plano plu- plurianual, a execução dos programas de governo e dos
rianual, nas diretrizes orçamentárias e no orçamento anual; orçamentos do Estado;
V - realizar, por iniciativa própria, da Assembleia Legisla- II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados
tiva, de comissão técnica ou de inquérito, inspeções e audito- quanto à eficácia e eficiência da gestão orçamentária, fi-
ria de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacio- nanceira e patrimonial nos órgãos e entidades da adminis-
nal e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes tração estadual, bem como da aplicação de recursos públi-
Legislativo, Executivo e Judiciário, do Ministério Público e cos por entidades de direito privado;
demais entidades referidas no inciso II; III - exercer o controle sobre o deferimento de van-
VI  - fiscalizar as aplicações estaduais em empresas de tagens e a forma de calcular qualquer parcela integrante
cujo capital social o Estado participe de forma direta ou indi- do subsídio, vencimento ou salário de seus membros ou
reta, nos termos do respectivo ato constitutivo; servidores; (NR)
VII - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repas- - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
sados ao Estado e pelo Estado, mediante convênio, acordo, 14/2/2006.
ajuste ou outros instrumentos congêneres; IV - exercer o controle das operações de crédito, avais
VIII - prestar as informações solicitadas pela Assembleia e garantias, bem como dos direitos e haveres do Estado;
Legislativa ou por comissão técnica sobre a fiscalização con- V - apoiar o controle externo, no exercício de sua mis-
tábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e são institucional.
sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; § 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao toma-
IX - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de rem conhecimento de qualquer irregularidade, ilegalidade,
despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em ou ofensa aos princípios do artigo 37 da Constituição Fe-
lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa propor- deral, dela darão ciência ao Tribunal de Contas do Estado,
cional ao dano causado ao erário; sob pena de responsabilidade solidária.

27
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 2º - Qualquer cidadão, partido político, associação Artigo 113  - A lei  deverá fixar prazos para a prática
ou entidade sindical é parte legítima para, na forma da lei, dos atos administrativos e estabelecer recursos adequados
denunciar irregularidades ao Tribunal de Contas ou à As- à sua revisão, indicando seus efeitos e forma de processa-
sembleia Legislativa. mento.
Artigo 36 - O Tribunal de Contas prestará suas contas, Artigo 114 - A administração é obrigada a fornecer a
anualmente, à Assembleia Legislativa, no prazo de sessenta qualquer cidadão, para a defesa de seus direitos e esclare-
dias, a contar da abertura da sessão legislativa. cimentos de situações de seu interesse pessoal, no prazo
máximo de dez dias úteis, certidão de atos, contratos, deci-
sões ou pareceres, sob pena de responsabilidade da auto-
ridade ou servidor que negar ou retardar a sua expedição.
2.3. TÍTULO III – DA ORGANIZAÇÃO DO No mesmo prazo deverá atender às requisições judiciais, se
ESTADO: CAPÍTULO I – DA ADMINISTRAÇÃO outro não for fixado pela autoridade judiciária.
PÚBLICA: SEÇÃO I – DISPOSIÇÕES GERAIS: Artigo 115 - Para a organização da administração pú-
ARTIGOS 111 A 114, E 115 CAPUT E INCISOS I blica direta e indireta, inclusive as fundações instituídas ou
A X, XVIII, XIX, XXIV, XXVI E XXVII; CAPÍTULO mantidas por qualquer dos Poderes do Estado, é obrigató-
II – DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO: rio o cumprimento das seguintes normas:
SEÇÃO I – DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS: I - os cargos, empregos e funções públicas são aces-
ARTIGO 124 “CAPUT”, E ARTIGOS 125 A síveis aos brasileiros que preenchem os requisitos estabe-
lecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da
137; SEÇÃO II – DOS SERVIDORES PÚBLICOS
lei; (NR)
MILITARES; CAPÍTULO III – DA SEGURANÇA
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
PÚBLICA: SEÇÃO I – DISPOSIÇÕES GERAIS; 14/2/2006.
SEÇÃO III – DA POLÍCIA MILITAR. II - a investidura em cargo ou emprego público depen-
de de aprovação prévia, em concurso público de provas ou
de provas e títulos, ressalvadas as nomeações para cargo
em comissão, declarado em lei, de livre nomeação e exo-
TÍTULO III  neração;
Da Organização do Estado III - o prazo de validade do concurso público será de
CAPÍTULO I  até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período. A
Da Administração Pública nomeação do candidato aprovado obedecerá à ordem de
 SEÇÃO I  classificação;
Disposições Gerais IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital
de convocação, o aprovado em concurso público de pro-
Artigo 111 - A administração pública direta, indireta vas ou de provas e títulos será convocado com priorida-
ou fundacional, de qualquer dos Poderes do Estado, obe- de sobre novos concursados para assumir cargo ou empre-
decerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mo- go, na carreira;
ralidade, publicidade, razoabilidade, finalidade, motivação, V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente
interesse público e eficiência. (NR) por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira
14/2/2006. nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em
Artigo 111-A – É vedada a nomeação de pessoas que lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e
se enquadram nas condições de inelegibilidade nos termos assessoramento; (NR)
da legislação federal para os cargos de Secretário de Estado, - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
Secretário-Adjunto, Procurador Geral de Justiça, Procurador 14/2/2006.
Geral do Estado, Defensor Público Geral, Superintendentes VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre
e Diretores de órgãos da administração pública indireta, associação sindical, obedecido o disposto no artigo 8º da
fundacional, de agências reguladoras e autarquias, Dele- Constituição Federal;
gado Geral de Polícia, Reitores das universidades públicas VII - o servidor e empregado público gozarão de es-
estaduais e ainda para todos os cargos de livre provimento tabilidade no cargo ou emprego desde o registro de sua
dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do Estado. candidatura para o exercício de cargo de representação
sindical ou no caso previsto no inciso XXIII deste artigo,
(**) Redação dada pela Emenda Constitucional nº até um ano após o término do mandato, se eleito, salvo se
34, de 21 de março de 2012  cometer falta grave definida em lei;
VIII - o direito de greve será exercido nos termos e nos
Artigo 112 - As leis e atos administrativos externos de- limites definidos em lei específica; (NR)
verão ser publicados no órgão oficial do Estado, para que - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
produzam os seus efeitos regulares. A publicação dos atos 14/2/2006.
não normativos poderá ser resumida.

28
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

IX - a lei reservará percentual dos cargos e empregos CAPÍTULO II 


públicos para os portadores de deficiências, garantindo as Dos Servidores Públicos do Estado
adaptações necessárias para a sua participação nos con- SEÇÃO I 
cursos públicos e definirá os critérios de sua admissão; Dos Servidores Públicos Civis
X - a lei estabelecerá os casos de contratação por tem-
po determinado, para atender a necessidade temporária Artigo 124 - Os servidores da administração pública
de excepcional interesse público; direta, das autarquias e das fundações instituídas ou manti-
XVIII - é vedada a acumulação remunerada de cargos das pelo Poder Público terão regime jurídico único e planos
públicos, exceto quando houver compatibilidade de ho- de carreira.
rários: § 1º - A lei assegurará aos servidores da administração
a) de dois cargos de professor; direta isonomia de vencimentos para cargos de atribuições
b) de um cargo de professor com outro técnico ou iguais ou assemelhados do mesmo Poder, ou entre servi-
científico; dores dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, res-
c) a de dois cargos ou empregos privativos de pro- salvadas as vantagens de caráter individual e as relativas à
fissionais de saúde, com profissões regulamentadas; (NR) natureza ou ao local de trabalho.
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de § 2º - No caso do parágrafo anterior, não haverá al-
14/2/2006. teração nos vencimentos dos demais cargos da carreira a
XIX - a proibição de acumular estende-se a empregos que pertence aquele cujos vencimentos foram alterados
e funções e abrange autarquias, fundações, empresas pú- por força da isonomia.
blicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e § 3º - Aplica-se aos servidores a que se refere o «caput»
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo Po- deste artigo e disposto no art. 7º, IV, VI, VII, VIII, IX, XII, XIII,
der Público; (NR) XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII, XXIII e XXX da Constituição
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de Federal.
14/2/2006. § 4º - Lei estadual poderá estabelecer a relação entre
XXIV - é obrigatória a declaração pública de bens, a maior e a menor remuneração dos servidores públicos,
antes da posse e depois do desligamento, de todo o di- obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI, da
rigente de empresa pública, sociedade de economia mis- Constituição Federal e no art. 115, XII, desta Constituição.
ta, autarquia e fundação instituída ou mantida pelo Poder (NR)
Público; - Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional
XXVI - ao servidor público que tiver sua capacidade nº 21, de 14/2/2006.
de trabalho reduzida em decorrência de acidente de traba- Artigo 125 - O exercício do mandato eletivo por ser-
lho ou doença do trabalho será garantida a transferência vidor público far-se-á com observância do art. 38 da Cons-
para locais ou atividades compatíveis com sua situação; tituição Federal.
XXVII - é vedada a estipulação de limite de idade para § 1º - Fica assegurado ao servidor público, eleito para
ingresso por concurso público na administração direta, ocupar cargo em sindicato de categoria, o direito de afas-
empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia tar-se de suas funções, durante o tempo em que durar o
e fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público, mandato, recebendo seus vencimentos e vantagens, nos
respeitando-se apenas o limite constitucional para apo- termos da lei.
sentadoria compulsória; § 2º - O tempo de mandato eletivo será computado
Artigo 122 - Os serviços públicos, de natureza indus- para fins de aposentadoria especial.
trial ou domiciliar, serão prestados aos usuários por méto- Artigo 126 - Aos servidores titulares de cargos efe-
dos que visem à melhor qualidade e maior eficiência e à tivos do Estado, incluídas suas autarquias e fundações, é
modicidade das tarifas. assegurado regime de previdência de caráter contributivo
Parágrafo único - Cabe ao Estado explorar diretamen- e solidário, mediante contribuição do respectivo ente pú-
te, ou mediante concessão, na forma da lei, os serviços de blico, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas,
gás canalizado em seu território, incluído o fornecimento observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro
direto a partir de gasodutos de transporte, de maneira a e atuarial e o disposto neste artigo. (NR)
atender às necessidades dos setores industrial, domiciliar, - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
comercial, automotivo e outros. (NR) 14/2/2006.
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de § 1º - Os servidores abrangidos pelo regime de previ-
18/12/1998. dência de que trata este artigo serão aposentados:
Artigo 123 - Revogado. 1 - por invalidez permanente, sendo os proventos pro-
- Artigo revogado pela Emenda Constitucional nº 21, porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente
de 14/2/2006. de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença
grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;
2 - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com
proventos proporcionais ao tempo de contribuição;

29
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

3 - voluntariamente, desde que cumprido tempo míni- 1 - ao valor da totalidade dos proventos do servidor
mo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e falecido, até o limite máximo estabelecido para os benefí-
cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentado- cios do regime geral de previdência social de que trata o
ria, observadas as seguintes condições: art. 201 da Constituição Federal, acrescido de setenta por
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui- cento da parcela excedente a este limite, caso aposentado
ção, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta à data do óbito; ou
de contribuição, se mulher; 2 - ao valor da totalidade da remuneração do servidor
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessen- no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite
ta anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais máximo estabelecido para os benefícios do regime geral
ao tempo de contribuição. (NR) de previdência social de que trata o art. 201 da Constitui-
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de ção Federal, acrescido de setenta por cento da parcela ex-
14/2/2006. cedente a este limite, caso em atividade na data do óbito.
§ 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, (NR)
por ocasião de sua concessão, não poderão exceder a re- - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
muneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que 14/2/2006.
se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a § 8º - Declarado inconstitucional, em controle con-
concessão da pensão. (NR) centrado, pelo Supremo Tribunal Federal;
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de § 8º A - É assegurado o reajustamento dos benefícios
14/2/2006. para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real,
§ 3º - Para o cálculo dos proventos de aposentado- conforme critérios estabelecidos em lei. (NR)
ria, por ocasião da sua concessão, serão consideradas as             - Redação dada pela Emenda Constitucional nº
remunerações utilizadas como base para as contribuições 21, de 14/2/2006.
do servidor aos regimes de previdência de que tratam este § 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou
artigo e o art. 201 da Constituição Federal, na forma da lei. municipal será contado para efeito de aposentadoria e o
(NR) tempo de serviço correspondente para efeito de disponi-
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de bilidade. (NR)
14/02/2006. - Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional
§ 4º - É vedada a adoção de requisitos e critérios dife- nº 21, de 14/2/2006.
renciados para a concessão de aposentadoria aos abran- § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
gidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, contagem de tempo de contribuição fictício. (NR)
nos termos definidos em leis complementares, os casos de - Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional
servidores: nº 21, de 14/2/2006.
1 - portadores de deficiência; § 11  - Aplica-se o limite fixado no art. 115, XII, des-
2 - que exerçam atividades de risco; ta Constituição e do art. 37, XI, da Constituição Federal à
3 - cujas atividades sejam exercidas sob condições es- soma total dos proventos de inatividade, inclusive quando
peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. decorrentes da acumulação de cargos ou empregos públi-
(NR) cos, bem como de outras atividades sujeitas a contribuição
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de para o regime geral de previdência social, e ao montante
14/2/2006. resultante da adição de proventos de inatividade com re-
§ 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribui- muneração de cargo acumulável na forma desta Constitui-
ção serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto ção, cargo em comissão declarado em lei de livre nomea-
no § 1º, 3, “a”, para o professor que comprove exclusiva- ção e exoneração, e de cargo eletivo. (NR)
mente tempo de efetivo exercício das funções de magisté- - Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional
rio na educação infantil e no ensino fundamental e médio. nº 21, de 14/2/2006.
(NR) § 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de pre-
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de vidência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo
14/2/2006. observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados
§ 6º - Declarado inconstitucional, em controle con- para o regime geral de previdência social. (NR)
centrado, pelo Supremo Tribunal Federal; - Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional
§ 6º  A - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes nº 21, de 14/2/2006.
dos cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é ve- § 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo
dada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone-
do regime de previdência previsto neste artigo. (NR) ração bem como de outro cargo temporário ou de empre-
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de go público, aplica-se o regime geral de previdência social.
14/2/2006. (NR)
§ 7º - Lei disporá sobre a concessão do benefício de - Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional
pensão por morte, que será igual: nº 21, de 14/02/2006.

30
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 14 - O Estado, desde que institua regime de previ- estabelecido para os benefícios do regime geral de previ-
dência complementar para os seus respectivos servidores dência social de que trata o art. 201 da Constituição Fede-
titulares de cargo efetivo, poderá fixar, para o valor das ral, quando o beneficiário, na forma da lei, for portador de
aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime doença incapacitante. (NR)
de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para - Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional
os benefícios do regime geral de previdência social de que nº 21, de 14/2/2006.
trata o art. 201 da Constituição Federal. (NR) § 22 - O servidor, após noventa dias decorridos da
- Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional apresentação do pedido de aposentadoria voluntária, ins-
nº 21, de 14/2/2006. truído com prova de ter completado o tempo de contribui-
§ 15 - O regime de previdência complementar de que ção necessário à obtenção do direito, poderá cessar o exer-
trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respec- cício da função pública, independentemente de qualquer
tivo Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e formalidade. (NR)
seus parágrafos, da Constituição Federal, no que couber, - Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional
por intermédio de entidades fechadas de previdência com- nº 21, de 14/2/2006.
plementar, de natureza pública, que oferecerão aos respec- Artigo 127 - Aplica-se aos servidores públicos esta-
tivos participantes planos de benefícios somente na moda- duais, para efeito de estabilidade, o disposto no art. 41 da
lidade de contribuição definida. (NR) Constituição Federal.
- Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional Artigo 128 - As vantagens de qualquer natureza só
nº 21, de 14/2/2006. poderão ser instituídas por lei e quando atendam efetiva-
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, mente ao interesse público e às exigências do serviço.
o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor Artigo 129 - Ao servidor público estadual é assegu-
que tiver ingressado no serviço público até a data da publi- rado o percebimento do adicional por tempo de servi-
cação do ato de instituição do correspondente regime de ço, concedido no mínimo, por quinquênio, e vedada a sua
previdência complementar. (NR) limitação, bem como a sexta-parte dos vencimentos inte-
- Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional grais, concedida aos vinte anos de efetivo exercício, que se
nº 21, de 14/2/2006. incorporarão aos vencimentos para todos os efeitos, ob-
§ 17 - Todos os valores de remuneração considerados servado o disposto no artigo 115, XVI, desta Constituição.
para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devida- Artigo 130 - Ao servidor será assegurado o direito de
mente atualizados, na forma da lei. (NR) remoção para igual cargo ou função, no lugar de residência
- Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional do cônjuge, se este também for servidor e houver vaga,
nº 21, de 14/2/2006. nos termos da lei.
§ 18 - Incidirá contribuição sobre os proventos de apo- Parágrafo único - O disposto neste artigo aplica-se
sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata também ao servidor cônjuge de titular de mandato eletivo
este artigo que superem o limite máximo estabelecido para estadual ou municipal.
os benefícios do regime geral de previdência social de que Artigo 131 - O Estado responsabilizará os seus ser-
trata o art. 201 da Constituição Federal, com percentual vidores por alcance e outros danos causados à adminis-
igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos tração, ou por pagamentos efetuados em desacordo com
efetivos. (NR) as normas legais, sujeitando-os ao sequestro e perdimento
- Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional dos bens, nos termos da lei.
nº 21, de 14/2/2006. Artigo 132 - Os servidores titulares de cargos efetivos
§ 19 - O servidor de que trata este artigo que tenha do Estado, incluídas suas autarquias e fundações, desde que
completado as exigências para aposentadoria  voluntária tenham completado cinco anos de efetivo exercício, terão
estabelecidas no § 1º, 3, “a”, e que opte por permanecer em computado, para efeito de aposentadoria, nos termos da
atividade fará jus a um abono de permanência equivalente lei, o tempo de contribuição ao regime geral de previdên-
ao valor da sua contribuição previdenciária até completar cia social decorrente de atividade de natureza privada, rural
as exigências para aposentadoria compulsória contidas no ou urbana, hipótese em que os diversos sistemas de previ-
§ 1º, 2. (NR) dência social se compensarão financeiramente, segundo os
- Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional critérios estabelecidos em lei. (NR)
nº 21, de 14/2/2006. - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
§ 20 - Fica vedada a existência de mais de um regime 14/2/2006.
próprio de previdência social para os servidores titulares de Artigo 133 - O servidor, com mais de cinco anos de
cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do res- efetivo exercício, que tenha exercido ou venha a exercer
pectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o disposto cargo ou função que lhe proporcione remuneração supe-
no art. 142, § 3º, X, da Constituição Federal. (NR) rior à do cargo de que seja titular, ou função para a qual foi
- Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional admitido, incorporará um décimo dessa diferença, por ano,
nº 21, de 14/02/2006. até o limite de dez décimos.
§ 21 - A contribuição prevista no § 18 deste artigo in- - A expressão “a qualquer título”, que integrava o dispo-
cidirá apenas sobre as parcelas de proventos de aposenta- sitivo, teve a sua execução suspensa pela Resolução nº 51, de
doria e de pensão que superem o dobro do limite máximo 13/07/2005, do Senado Federal.

31
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 134 - O servidor, durante o exercício do mandato SEÇÃO III 


de vereador, será inamovível. Da Polícia Militar
Artigo 135 - Ao servidor público titular de cargo efeti-
vo do Estado será contado, como efetivo exercício, para efeito Artigo 141 - À Polícia Militar, órgão permanente, incum-
de aposentadoria e disponibilidade, o tempo de contribuição be, além das atribuições definidas em lei, a polícia ostensiva
decorrente de serviço prestado em cartório não oficializado, e a preservação da ordem pública.
mediante certidão expedida pela Corregedoria-Geral da Jus- § 1º - O Comandante Geral da Polícia Militar será no-
tiça. (NR) meado pelo Governador do Estado dentre oficiais da ativa,
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de ocupantes do último posto do Quadro de Oficiais Policiais
14/2/2006. Militares, conforme dispuser a lei, devendo fazer declaração
Artigo 136 - O servidor público civil demitido por ato pública de bens no ato da posse e de sua exoneração.
administrativo, se absolvido pela Justiça, na ação referente § 2º - Lei Orgânica e Estatuto disciplinarão a organização,
ao ato que deu causa à demissão, será reintegrado ao serviço o funcionamento, direitos, deveres, vantagens e regime de
público, com todos os direitos adquiridos. trabalho da Polícia Militar e de seus integrantes, servidores
Artigo 137 - A lei assegurará à servidora gestante mu- militares estaduais, respeitadas as leis federais concernentes.
dança de função, nos casos em que for recomendado, sem § 3º - A criação e manutenção da Casa Militar e Assesso-
prejuízo de seus vencimentos ou salários e demais vantagens rias Militares somente poderão ser efetivadas nos termos em
do cargo ou função-atividade. que a lei estabelecer.
§ 4º - O Chefe da Casa Militar será escolhido pelo Gover-
SEÇÃO II  nador do Estado entre oficiais da ativa, ocupantes do último
Dos Servidores Públicos Militares posto do Quadro de Oficiais Policiais Militares.
Artigo 142 - Ao Corpo de Bombeiros, além das atri-
Artigo 138 - São servidores públicos militares estaduais buições definidas em lei, incumbe a execução de  ativida-
os integrantes da Polícia Militar do Estado. des de defesa civil, tendo seu quadro próprio e funcionamen-
§ 1º - Aplica-se, no que couber, aos servidores a que se
to definidos na legislação prevista no § 2º do artigo anterior.
refere este artigo, o disposto no artigo 42 da Constituição Fe-
deral.
§ 2º - Naquilo que não colidir com a legislação específica,
aplica-se aos servidores mencionados neste artigo o disposto 2.4. TÍTULO VII – DA ORDEM SOCIAL:
na Seção anterior. CAPÍTULO III – DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA
§ 3º - O servidor público militar demitido por ato admi- E DOS ESPORTES E LAZER: SEÇÃO I – DA
nistrativo, se absolvido pela Justiça, na ação referente ao ato EDUCAÇÃO: ARTIGOS 237 A 249 E 251 A 258;
que deu causa à demissão, será reintegrado à Corporação com CAPÍTULO VII – DA PROTEÇÃO ESPECIAL:
todos os direitos restabelecidos. SEÇÃO I – DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO
§ 4º - O oficial da Polícia Militar só perderá o posto e a pa-
ADOLESCENTE, DO JOVEM, DO IDOSO E DOS
tente se for julgado indigno do Oficialato ou com ele incom-
patível, por decisão do Tribunal de Justiça Militar do Estado. PORTADORES DE DEFICIÊNCIA.
§ 5º - O oficial condenado na Justiça comum ou militar à
pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença
transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto
no parágrafo anterior. TÍTULO VII 
§ 6º - O direito do servidor militar de ser transferido para a Da Ordem Social
reserva ou ser reformado será assegurado, ainda que respon- CAPÍTULO III 
dendo a inquérito ou processo em qualquer jurisdição, nos Da Educação, da Cultura e dos Esportes e Lazer
casos previstos em lei específica. SEÇÃO I 
Da Educação
CAPÍTULO III 
Da Segurança Pública Artigo 237 - A educação, ministrada com base nos
SEÇÃO I  princípios estabelecidos no artigo 205 e seguintes da Cons-
Disposições Gerais tituição Federal e inspirada nos princípios de liberdade e
solidariedade humana, tem por fim:
Artigo 139 - A Segurança Pública, dever do Estado, direito I - a compreensão dos direitos e deveres da pessoa
e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da humana, do cidadão, do Estado, da família e dos demais
ordem pública e incolumidade das pessoas e do patrimônio. grupos que compõem a comunidade;
§ 1º - O Estado manterá a Segurança Pública por meio de II - o respeito à dignidade e às liberdades fundamen-
sua polícia, subordinada ao Governador do Estado. tais da pessoa humana;
§ 2º - A polícia do Estado será integrada pela Polícia Civil, III - o fortalecimento da unidade nacional e da solida-
Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. riedade internacional;
§ 3º - A Polícia Militar, integrada pelo Corpo de Bombeiros IV - o desenvolvimento integral da personalidade hu-
é força auxiliar, reserva do Exército. mana e a sua participação na obra do bem comum;

32
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

V - o preparo do indivíduo e da sociedade para o do- Artigo 245 - Nos três níveis de ensino, será estimulada
mínio dos conhecimentos científicos e tecnológicos que a prática de esportes individuais e coletivos, como comple-
lhes permitam utilizar as possibilidades e vencer as dificul- mento à formação integral do indivíduo.
dades do meio, preservando-o; Parágrafo Único - A prática referida no “caput”, sempre
VI - a preservação, difusão e expansão do patrimônio que possível, será levada em conta em face das necessida-
cultural; des dos portadores de deficiências.
VII - a condenação a qualquer tratamento desigual por Artigo 246 - É vedada a cessão de uso de próprios pú-
motivo de convicção filosófica, política ou religiosa, bem blicos estaduais, para o funcionamento de estabelecimen-
como a quaisquer preconceitos de classe, raça ou sexo; tos de ensino privado de qualquer natureza.
VIII - o desenvolvimento da capacidade de elaboração Artigo 247 - A educação da criança de zero a seis anos,
e reflexão crítica da realidade. integrada ao sistema de ensino, respeitará as características
Artigo 238 - A lei organizará o Sistema de Ensino do próprias dessa faixa etária.
Artigo 248 - O órgão próprio de educação do Estado
Estado de São Paulo, levando em conta o princípio da des-
será responsável pela definição de normas, autorização de
centralização.
funcionamento, supervisão e fiscalização das creches e pré
Artigo 239 - O Poder Público organizará o Sistema Es-
-escolas públicas e privadas no Estado.
tadual de Ensino, abrangendo todos os níveis e modalida-
Parágrafo único - Aos Municípios, cujos sistemas de
des, incluindo a especial, estabelecendo normas gerais de ensino estejam organizados, será delegada competência
funcionamento para as escolas públicas estaduais e muni- para autorizar o funcionamento e supervisionar as institui-
cipais, bem como para as particulares. ções de educação das crianças de zero a seis anos de idade.
§ 1º - Os Municípios organizarão, igualmente, seus sis- Artigo 249 - O ensino fundamental, com oito anos de
temas de ensino. duração é obrigatório para todas as crianças, a partir dos
§ 2º - O Poder Público oferecerá atendimento espe- sete anos de idade, visando a propiciar formação básica e
cializado aos portadores de deficiências, preferencialmen- comum indispensável a todos.
te na rede regular de ensino. § 1º - É dever do Poder Público o provimento, em todo
§ 3º - As escolas particulares estarão sujeitas à fiscali- o território paulista, de vagas em número suficiente para
zação, controle e avaliação, na forma da lei. atender à demanda do ensino fundamental obrigatório e
§ 4° – O Poder Público adequará as escolas e tomará gratuito.
as medidas necessárias quando da construção de novos § 2º - A atuação da administração pública estadual no
prédios, visando promover a acessibilidade das pessoas ensino público fundamental dar-se-á por meio de rede pró-
com deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a pria ou em cooperação técnica e financeira com os Muni-
supressão de barreiras e obstáculos nos espaços e mobi- cípios, nos termos do art. 30, VI, da Constituição Federal,
liários. assegurando a existência de escolas com corpo técnico
(**) Acrescido pela Emenda Constitucional nº 39, qualificado e elevado padrão de qualidade, devendo ser de-
de 27 de janeiro de 2014  . finidas com os Municípios formas de colaboração, de modo
Artigo 240 - Os Municípios responsabilizar-se-ão a assegurar a universalização do ensino obrigatório. (NR)
prioritariamente pelo ensino fundamental, inclusive para - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
os que a ele não tiveram acesso na idade própria, e pré-es- 14/2/2006.
colar, só podendo atuar nos níveis mais elevados quando § 3º - O ensino fundamental público e gratuito será
a demanda naqueles níveis estiver plena e satisfatoriamen- também garantido aos jovens e adultos que, na idade pró-
pria, a ele não tiveram acesso, e terá organização adequada
te atendida, do ponto de vista qualitativo e quantitativo.
às características dos alunos.
Artigo 241 - O Plano Estadual de Educação, estabe-
§ 4º - Caberá ao Poder Público prover o ensino funda-
lecido em lei, é de responsabilidade do Poder Público Es-
mental diurno e noturno, regular e supletivo, adequado às
tadual, tendo sua elaboração coordenada pelo Executivo,
condições de vida do educando que já tenha ingressado no
consultados os órgãos descentralizados do Sistema Esta- mercado de trabalho.
dual de Ensino, a comunidade educacional, e considerados § 5º - É permitida a matrícula no ensino fundamental, a
os diagnósticos e necessidades apontados nos Planos Mu- partir dos seis anos de idade, desde que plenamente aten-
nicipais de Educação. dida a demanda das crianças de sete anos de idade.
Artigo 242 - O Conselho Estadual de Educação é órgão Artigo 251 - A lei assegurará a valorização dos pro-
normativo, consultivo e deliberativo do sistema de ensino fissionais de ensino, mediante fixação de planos de carrei-
do Estado de São Paulo, com suas atribuições, organização ra para o magistério público, com piso salarial profissional,
e composição definidas em lei. carga horária compatível com o exercício das funções e
Artigo 243 - Os critérios para criação de Conselhos ingresso exclusivamente por concurso público de provas e
Regionais e Municipais de Educação, sua composição e títulos.
atribuições, bem como as normas para seu funcionamento, Artigo 252 - O Estado manterá seu próprio sistema de
serão estabelecidos e regulamentados por lei. ensino superior, articulado com os demais níveis.
Artigo 244 - O ensino religioso, de matrícula faculta- Parágrafo único - O sistema de ensino superior do Es-
tiva, constituirá disciplina dos horários normais das esco- tado de São Paulo incluirá universidades e outros estabele-
las públicas de ensino fundamental. cimentos.

33
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 253 - A organização do sistema de ensino su- CAPÍTULO VII 


perior do Estado será orientada para a ampliação do núme- Da Proteção Especial
ro de vagas oferecidas no ensino público diurno e noturno, SEÇÃO I 
respeitadas as condições para a manutenção da qualidade Da Família, da Criança, do Adolescente, do Idoso e
de ensino e do desenvolvimento da pesquisa. dos Portadores de Deficiências
Parágrafo único - As universidades públicas estaduais
deverão manter cursos noturnos que, no conjunto de suas Artigo 277 - Cabe ao Poder Público, bem como à
unidades, correspondam a um terço pelo menos, do total família, assegurar à criança, ao adolescente, ao idoso e
das vagas por elas oferecidas. aos portadores de deficiências, com absoluta prioridade, o
Artigo 254 - A autonomia da universidade será exer- direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer,
cida, respeitando, nos termos do seu estatuto, a necessária à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
democratização do ensino e a responsabilidade pública da liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
instituição, observados os seguintes princípios: colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discrimi-
I - utilização dos recursos de forma a ampliar o atendi- nação, exploração, violência, crueldade e agressão.
mento à demanda social, tanto mediante cursos regulares, Parágrafo único - O direito à proteção especial, con-
quanto atividades de extensão; forme a lei, abrangerá, entre outros, os seguintes aspectos:
II - representação e participação de todos os segmen- 1 - garantia à criança e ao adolescente de conheci-
tos da comunidade interna nos órgãos decisórios e na es- mento formal do ato infracional que lhe seja atribuído,
colha de dirigentes, na forma de seus estatutos. de igualdade na relação processual, representação legal,
§ 1º - A lei criará formas de participação da sociedade, acompanhamento psicológico e social, e defesa técnica por
por meio de instâncias públicas externas à universidade, profissionais habilitados;
na avaliação do desempenho da gestão dos recursos. (NR) 2 - obrigação de empresas e instituições, que recebam
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de do Estado recursos financeiros para a realização de progra-
14/2/2006. mas, projetos e atividades culturais, educacionais, de lazer
e outros afins, de preverem o acesso e a participação de
§ 2º - É facultado às universidades admitir professores,
portadores de deficiências.
técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei. (NR)
Artigo 278 - O Poder Público promoverá programas
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
especiais, admitindo a participação de entidades não go-
14/2/2006.
vernamentais e tendo como propósito:
§ 3º - O disposto no parágrafo anterior aplica-se às
I - assistência social e material às famílias de baixa ren-
instituições de pesquisa científica e tecnológica. (NR)
da dos egressos de hospitais psiquiátricos do Estado, até
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
sua reintegração na sociedade;
14/2/2006. II - concessão de incentivo às empresas para adequa-
Artigo 255 - O Estado aplicará, anualmente, na ma- ção de seus equipamentos, instalações e rotinas de traba-
nutenção e no desenvolvimento do ensino público, no mí- lho aos portadores de deficiências.
nimo, trinta por cento da receita resultante de impostos, III - garantia às pessoas idosas de condições de vida
incluindo recursos provenientes de transferências. apropriadas, frequência e participação em todos os equi-
Parágrafo único  - A lei definirá as despesas que se pamentos, serviços e programas culturais, educacionais,
caracterizem como manutenção e desenvolvimento do en- esportivos, recreativos e de lazer, defendendo sua dignida-
sino. de e visando à sua integração à sociedade;
Artigo 256 - O Estado e os Municípios publicarão, até IV  - integração social de portadores de deficiências,
trinta dias após o encerramento de cada trimestre, infor- mediante treinamento para o trabalho, convivência e facili-
mações completas sobre receitas arrecadadas e transferên- tação do acesso aos bens e serviços coletivos.
cias de recursos destinados à educação, nesse período e V - criação e manutenção de serviços de prevenção,
discriminadas por nível de ensino. orientação, recebimento e encaminhamento de denúncias
Artigo 257 - A distribuição dos recursos públicos as- referentes à violência;
segurará prioridade ao atendimento das necessidades do VI - instalação e manutenção de núcleos de atendi-
ensino fundamental. mento especial e casas destinadas ao acolhimento provi-
Parágrafo único - Parcela dos recursos públicos desti- sório de crianças, adolescentes, idosos, portadores de defi-
nados à educação deverá ser utilizada em programas inte- ciências e vítimas de violência, incluindo a criação de servi-
grados de aperfeiçoamento e atualização para os educado- ços jurídicos de apoio às vítimas, integrados a atendimento
res em exercício no ensino público. psicológico e social;
Artigo 258 - O Poder Público poderá, mediante convê- VII - nos internamentos de crianças com até doze anos
nio, destinar parcela dos recursos de que trata o artigo 255 nos hospitais vinculados aos órgãos da administração dire-
a instituições filantrópicas, definidas em lei, para a manu- ta ou indireta, é assegurada a permanência da mãe, tam-
tenção e o desenvolvimento de atendimento educacional, bém nas enfermarias, na forma da lei.
especializado e gratuito a educandos portadores de neces- VIII - prestação de orientação e informação sobre a
sidades especiais. (NR) sexualidade humana e conceitos básicos da instituição da
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 13, família, sempre que possível, de forma integrada aos con-
de 4/12/2001. teúdos curriculares do ensino fundamental e médio;

34
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

IX - criação e manutenção de serviços e programas de


prevenção e orientação contra entorpecentes, álcool e dro-
2.5. TÍTULO VIII – DISPOSIÇÕES
gas afins, bem como de encaminhamento de denúncias e
CONSTITUCIONAIS GERAIS:
atendimento especializado, referentes à criança, ao adoles-
cente, ao adulto e ao idoso dependentes. ARTIGOS 284 A 291.
Artigo 279 - Os Poderes Públicos estadual e municipal
assegurarão condições de prevenção de deficiências, com
prioridade para a assistência pré-natal e à infância, bem TÍTULO VIII 
como integração social de portadores de deficiências, me- Disposições Constitucionais Gerais
diante treinamento para o trabalho e para a convivência,
mediante: Artigo 284 - O Estado comemorará, anualmente, no
I  - criação de centros profissionalizantes para treina- período de 3 a 9 de julho, a Revolução Constitucionalista
mento, habilitação e reabilitação profissional de portado- de 1932.
res de deficiências, oferecendo os meios adequados para Artigo 285 - Fica assegurado a todos livre e amplo
esse fim aos que não tenham condições de frequentar a acesso às praias do litoral paulista.
rede regular de ensino; § 1º - Sempre que, de qualquer forma, for impedido
II - implantação de sistema “Braille” em estabelecimen- ou dificultado esse acesso, o Ministério Público tomará
tos da rede oficial de ensino, em cidade pólo regional, de imediata providência para a garantia desse direito.
forma a atender às necessidades educacionais e sociais dos § 2º - O Estado poderá utilizar-se da desapropriação
portadores de deficiências. para abertura de acesso a que se refere o “caput”.
Parágrafo único - As empresas que adaptarem seus Artigo 286 - Fica assegurada a criação de creches nos
equipamentos para o trabalho de portadores de deficiên-
presídios femininos e, às mães presidiárias, a adequada
cias poderão receber incentivos, na forma da lei.
assistência aos seus filhos durante o período de amamen-
Artigo 280 - É assegurado, na forma da lei, aos por-
tação.
tadores de deficiências e aos idosos, acesso adequado aos
Artigo 287 - Declarado inconstitucional, em controle
logradouros e edifícios de uso público, bem como aos veí-
culos de transporte coletivo urbano. concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal.
Artigo 281 - O Estado propiciará, por meio de finan- Parágrafo único - Declarado inconstitucional, em
ciamentos, aos portadores de deficiências, a aquisição dos controle concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal.
equipamentos que se destinam a uso pessoal e que permi- Artigo 288 - É assegurada a participação dos servi-
tam a correção, diminuição e superação de suas limitações, dores públicos nos colegiados e diretorias dos órgãos pú-
segundo condições a serem estabelecidas em lei. blicos em que seus interesses profissionais, de assistência
médica e previdenciários sejam objeto de discussão e de-
SEÇÃO II  liberação, na forma da lei.
Dos Índios Artigo 289 - O Estado criará crédito educativo, por
meio de suas entidades financeiras, para favorecer os estu-
Artigo 282 - O Estado fará respeitar os direitos, bens dantes de baixa renda, na forma que dispuser a lei.
materiais, crenças, tradições e todas as demais garantias Artigo 290 - Toda e qualquer pensão paga pelo Esta-
conferidas aos índios na Constituição Federal. do, a qualquer título, não poderá ser de valor inferior ao
§ 1º - Compete ao Ministério Público a defesa judicial do salário mínimo vigente no País.
dos direitos e interesses das populações indígenas, bem Artigo 291 - Todos terão o direito de, em caso de
como intervir em todos os atos do processo em que os condenação criminal, obter das repartições policiais e ju-
índios sejam partes. diciais competentes, após reabilitação, bem como no caso
§ 2º - A Defensoria Pública prestará assistência jurídica de inquéritos policiais arquivados, certidões e informações
aos índios do Estado, suas comunidades e organizações. de folha corrida, sem menção aos antecedentes, salvo em
§ 3º - O Estado protegerá as terras, as tradições, usos e caso de requisição judicial, do Ministério Público, ou para
costumes dos grupos indígenas integrantes do patrimônio fins de concurso público.
cultural e ambiental estadual. Parágrafo único - Observar-se-á o disposto neste ar-
Artigo 283 - A lei disporá sobre formas de proteção do tigo quando o interesse for de terceiros.
meio ambiente nas áreas contíguas às reservas e áreas tra-
dicionalmente ocupadas por grupos indígenas, observado
o disposto no artigo 231 da Constituição Federal.

35
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

TÍTULO II
3. LEI Nº 10.261, DE 28 DE OUTUBRO DE 1968 DO PROVIMENTO, DO EXERCÍCIO E DA VACÂNCIA
– ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DOS CARGOS PÚBLICOS
CIVIS DO ESTADO. CAPÍTULO I
Do Provimento

Artigo 11 - Os cargos públicos serão providos por:


LEI Nº 10.261, DE 28 DE OUTUBRO DE 1968 I - nomeação;
II - transferência;
(Atualizada até a Lei Complementar nº 1.196, de III - reintegração;
27 de fevereiro de 2013) IV - acesso;
Dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis V - reversão;
VI - aproveitamento; e
do Estado
VII - readmissão.
Artigo 12 - Não havendo candidato habilitado em con-
TÍTULO I
curso, os cargos vagos, isolados ou de carreira, só poderão
Disposições Preliminares ser ocupados no regime da legislação trabalhista, até o prazo
máximo de 2 (dois) anos, considerando-se findo o contrato
Artigo 1º - Esta lei institui o regime jurídico dos funcio- após esse período, vedada a recondução.
nários públicos civis do Estado.
Parágrafo único - As suas disposições, exceto no que CAPÍTULO II
colidirem com a legislação especial, aplicam-se aos funcio- Das Nomeações
nários dos 3 Poderes do Estado e aos do Tribunal de Contas SEÇÃO I
do Estado. Das Formas de Nomeação
Artigo 2º - As disposições desta lei não se aplicam aos
empregados das autarquias, entidades paraestatais e ser- Artigo 13 - As nomeações serão feitas:
viços públicos de natureza industrial, ressalvada a situação I - em caráter vitalício, nos casos expressamente previstos
daqueles que, por lei anterior, já tenham a qualidade de na Constituição do Brasil;
funcionário público. II - em comissão, quando se tratar de cargo que em virtu-
Parágrafo único - Os direitos, vantagens e regalias dos de de lei assim deva ser provido; e
funcionários públicos só poderão ser estendidos aos em- III - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo de pro-
pregados das entidades a que se refere este artigo na for- vimento dessa natureza.
ma e condições que a lei estabelecer.
Artigo 3º - Funcionário público, para os fins deste Es- SEÇÃO II
tatuto, é a pessoa legalmente investida em cargo público. Da Seleção de Pessoal
Artigo 4º - Cargo público é o conjunto de atribuições e SUBSEÇÃO I
responsabilidades cometidas a um funcionário. Do Concurso
Artigo 5º - Os cargos públicos são isolados ou de car-
reira. Artigo 14 - A nomeação para cargo público de provimen-
Artigo 6º - Aos cargos públicos serão atribuídos valo- to efetivo será precedida de concurso público de provas ou
de provas e títulos.
res determinados por referências numéricas, seguidas de
Parágrafo único - As provas serão avaliadas na escala de
letras em ordem alfabética, indicadoras de graus.
0 (zero) a 100 (cem) pontos e aos títulos serão atribuídos, no
Parágrafo único - O conjunto de referência e grau
máximo, 50 (cinquenta) pontos.
constitui o padrão do cargo. Artigo 15 - A realização dos concursos será centralizada
Artigo 7º - Classe é o conjunto de cargos da mesma num só órgão.
denominação. Artigo 16 - As normas gerais para a realização dos con-
Artigo 8º - Carreira é o conjunto de classes da mesma cursos e para a convocação e indicação dos candidatos para o
natureza de trabalho, escalonadas segundo o nível de com- provimento dos cargos serão estabelecidas em regulamento.
plexidade e o grau de responsabilidade. Artigo 17 - Os concursos serão regidos por instruções es-
Artigo 9º - Quadro é o conjunto de carreiras e de car- peciais, expedidas pelo órgão competente.
gos isolados. Artigo 18 - As instruções especiais determinarão, em fun-
Artigo 10 - É vedado atribuir ao funcionário serviços ção da natureza do cargo:
diversos dos inerentes ao seu cargo, exceto as funções de I - se o concurso será:
chefia e direção e as comissões legais. 1 - de provas ou de provas e títulos; e
2 - por especializações ou por modalidades profissionais,
quando couber;
II - as condições para provimento do cargo referentes a:
1 - diplomas ou experiência de trabalho;
2 - capacidade física; e
3 - conduta;

36
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

III - o tipo e conteúdo das provas e as categorias de títulos; Artigo 28 - A transferência será feita para cargo do mesmo
IV - a forma de julgamento das provas e dos títulos; padrão de vencimento ou de igual remuneração, ressalvados
V - os critérios de habilitação e de classificação; e os casos de transferência a pedido, em que o vencimento ou a
VI - o prazo de validade do concurso. remuneração poderá ser inferior.
Artigo 19 - As instruções especiais poderão determinar Artigo 29 - A transferência por permuta se processará a
que a execução do concurso, bem como a classificação dos requerimento de ambos os interessados e de acordo com o
habilitados, seja feita por regiões. prescrito neste capítulo.
Artigo 20 - A nomeação obedecerá à ordem de classifica- - Nota: vide Decreto nº 4.633, de 01/10/1974.
ção no concurso.
CAPÍTULO V
SUBSEÇÃO II Da Reintegração
Das Provas de Habilitação
Artigo 30 - A reintegração é o reingresso no serviço pú-
Artigo 21 - As provas de habilitação serão realizadas pelo blico, decorrente da decisão judicial passada em julgado, com
órgão encarregado dos concursos, para fins de transferência e ressarcimento de prejuízos resultantes do afastamento.
de outras formas de provimento que não impliquem em crité- Artigo 31 - A reintegração será feita no cargo anterior-
rio competitivo. mente ocupado e, se este houver sido transformado, no cargo
Artigo 22 - As normas gerais para realização das provas de resultante.
habilitação serão estabelecidas em regulamento, obedecendo, § 1º - Se o cargo estiver preenchido, o seu ocupante será
no que couber, ao estabelecido para os concursos. exonerado, ou, se ocupava outro cargo, a este será reconduzi-
do, sem direito a indenização.
CAPÍTULO III § 2º - Se o cargo houver sido extinto, a reintegração se
Das Substituições fará em cargo equivalente, respeitada a habilitação profissio-
nal, ou, não sendo possível, ficará o reintegrado em disponibi-
lidade no cargo que exercia.
Artigo 23 - Haverá substituição no impedimento legal e
Artigo 32 - Transitada em julgado a sentença, será expedi-
temporário do ocupante de cargo de chefia ou de direção.
do o decreto de reintegração no prazo máximo de 30 (trinta)
Parágrafo único - Ocorrendo a vacância, o substituto pas-
dias.
sará a responder pelo expediente da unidade ou órgão corres-
pondente até o provimento do cargo.
CAPÍTULO VI
Artigo 24 - A substituição, que recairá sempre em funcio-
Do Acesso
nário público, quando não for automática, dependerá da ex-
pedição de ato de autoridade competente. Artigo 33 - Acesso é a elevação do funcionário, dentro do
§ 1º - O substituto exercerá o cargo enquanto durar o im- respectivo quadro a cargo da mesma natureza de trabalho,
pedimento do respectivo ocupante. de maior grau de responsabilidade e maior complexidade de
§ 2º - O substituto, durante todo o tempo em que exer- atribuições, obedecido o interstício na classe e as exigências a
cer a substituição terá direito a perceber o valor do padrão e serem instituídas em regulamento.
as vantagens pecuniárias inerentes ao cargo do substituído e § 1º - Serão reservados para acesso os cargos cujas atri-
mais as vantagens pessoais a que fizer jus. buições exijam experiência prévia do exercício de outro cargo.
§ 3º - O substituto perderá, durante o tempo da substi- § 2º - O acesso será feito mediante aferição do mérito
tuição, o vencimento ou a remuneração e demais vantagens dentre titulares de cargos cujo exercício proporcione a expe-
pecuniárias inerentes ao seu cargo, se pelo mesmo não optar. riência necessária ao desempenho das atribuições dos cargos
Artigo 25 - Exclusivamente para atender à necessidade referidos no parágrafo anterior.
de serviço, os tesoureiros, caixas e outros funcionários que te- Artigo 34 - Será de 3 (três) anos de efetivo exercício o in-
nham valores sob sua guarda, em caso de impedimento, serão terstício para concorrer ao acesso.
substituídos por funcionários de sua confiança, que indicarem,
respondendo a sua fiança pela gestão do substituto. CAPÍTULO VII
Parágrafo único - Feita a indicação, por escrito, ao chefe da Da Reversão
repartição ou do serviço, este proporá a expedição do ato de
designação, aplicando-se ao substituto a partir da data em que Artigo 35 - Reversão é o ato pelo qual o aposentado rein-
assumir as funções do cargo, o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 24. gressa no serviço público a pedido ou ex-officio.
§ 1º - A reversão ex-officio será feita quando insubsisten-
CAPÍTULO IV tes as razões que determinaram a aposentadoria por invalidez.
Da Transferência § 2º - Não poderá reverter à atividade o aposentado que
contar mais de 58 (cinquenta e oito) anos de idade.
Artigo 26 - O funcionário poderá ser transferido de um § 3º -  No caso de reversão ex-officio, será permitido o
para outro cargo de provimento efetivo. reingresso além do limite previsto no parágrafo anterior.
Artigo 27 - As transferências serão feitas a pedido do § 4º - A reversão só poderá efetivar-se quando, em inspe-
funcionário ou “ex-officio”, atendidos sempre a conveniência ção médica, ficar comprovada a capacidade para o exercício
do serviço e os requisitos necessários ao provimento do cargo. do cargo.

37
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 5º - Se o laudo médico não for favorável, poderá ser pro- § 2º - Observado o disposto no parágrafo anterior, se a
cedida nova inspeção de saúde, para o mesmo fim, decorridos demissão tiver sido a bem do serviço público, a readmissão
pelo menos 90 (noventa) dias. não poderá ser decretada antes de decorridos 5 (cinco) anos
§ 6º - Será tornada sem efeito a reversão ex-officio e cas- do ato demissório.
sada a aposentadoria do funcionário que reverter e não tomar Artigo 40 - A readmissão será feita no cargo anteriormen-
posse ou não entrar em exercício dentro do prazo legal. te exercido pelo ex-funcionário ou, se transformado, no cargo
Artigo 36 - A reversão far-se-á no mesmo cargo. resultante da transformação.
§ 1º - Em casos especiais, a juízo do Governo, poderá o
aposentado reverter em outro cargo, de igual padrão de ven- CAPÍTULO X
cimentos, respeitada a habilitação profissional. Da Readaptação
§ 2º - A reversão a pedido, que será feita a critério da Ad-
ministração, dependerá também da existência de cargo vago, Artigo 41 - Readaptação é a investidura em cargo mais
que deva ser provido mediante promoção por merecimento. compatível com a capacidade do funcionário e dependerá
sempre de inspeção médica.
CAPÍTULO VIII Artigo 42 - A readaptação não acarretará diminuição,
Do Aproveitamento nem aumento de vencimento ou remuneração e será feita
mediante transferência.
Artigo 37 - Aproveitamento é o reingresso no serviço pú-
blico do funcionário em disponibilidade. CAPÍTULO XI
Artigo 38 - O obrigatório aproveitamento do funcionário Da Remoção
em disponibilidade ocorrerá em vagas existentes ou que se
verificarem nos quadros do funcionalismo. Artigo 43 - A remoção, que se processará a pedido do
§ 1º - O aproveitamento dar-se-á, tanto quanto possível, funcionário ou ex-officio, só poderá ser feita:
em cargo de natureza e padrão de vencimentos correspon- I - de uma para outra repartição, da mesma Secretaria; e
dentes ao que ocupava, não podendo ser feito em cargo de II - de um para outro órgão da mesma repartição.
padrão superior. Parágrafo único - A remoção só poderá ser feita respeita-
§ 2º - Se o aproveitamento se der em cargo de padrão da a lotação de cada repartição.
inferior ao provento da disponibilidade, terá o funcionário di- Artigo 44 - A remoção por permuta será processada a re-
reito à diferença. querimento de ambos os interessados, com anuência dos res-
§ 3º - Em nenhum caso poderá efetuar -se o aproveita- pectivos chefes e de acordo com o prescrito neste Capítulo.
mento sem que, mediante inspeção médica, fique provada a Artigo 45 - O funcionário não poderá ser removido ou
capacidade para o exercício do cargo. transferido ex-officio para cargo que deva exercer fora da lo-
§ 4º - Se o laudo médico não for favorável, poderá ser calidade de sua residência, no período de 6 (seis) meses antes
procedida nova inspeção de saúde, para o mesmo fim, decor- e até 3 (três) meses após a data das eleições.
ridos no mínimo 90 (noventa) dias. Parágrafo único - Essa proibição vigorará no caso de elei-
§ 5º - Será tornado sem efeito o aproveitamento e cas- ções federais, estaduais ou municipais, isolada ou simultanea-
sada a disponibilidade do funcionário que, aproveitado, não mente realizadas.
tomar posse e não entrar em exercício dentro do prazo legal.
§ 6º - Será aposentado no cargo anteriormente ocupado, CAPÍTULO XII
o funcionário em disponibilidade que for julgado incapaz para Da Posse
o serviço público, em inspeção médica.
§ 7º - Se o aproveitamento se der em cargo de provi- Artigo 46 - Posse é o ato que investe o cidadão em cargo
mento em comissão, terá o aproveitado assegurado, no novo público.
Artigo 47 - São requisitos para a posse em cargo público:
cargo, a condição de efetividade que tinha no cargo anterior-
I - ser brasileiro;
mente ocupado. (NR)
II - ter completado 18 (dezoito) anos de idade;
- § 7º acrescentado pelo Decreto-Lei nº 76, de 27/05/1969.
III - estar em dia com as obrigações militares;
IV - estar no gozo dos direitos políticos;
CAPÍTULO IX
V - ter boa conduta;
Da Readmissão
VI - gozar de boa saúde, comprovada em inspeção rea-
lizada por órgão médico oficial do Estado, para provimento
Artigo 39 - Readmissão é o ato pelo qual o ex-funcio- de cargo efetivo, ou mediante apresentação de Atestado de
nário, demitido ou exonerado, reingressa no serviço público, Saúde Ocupacional, expedido por médico registrado no Con-
sem direito a ressarcimento de prejuízos, assegurada, apenas, selho Regional correspondente, para provimento de cargo em
a contagem de tempo de serviço em cargos anteriores, para comissão; (NR)
efeito de aposentadoria e disponibilidade. - Inciso VI com redação dada pela Lei Complementar nº
§ 1º - A readmissão do ex-funcionário demitido será obri- 1.123, de 01/07/2010.
gatoriamente precedida de reexame do respectivo processo VII - possuir aptidão para o exercício do cargo; e
administrativo, em que fique demonstrado não haver incon- VIII - ter atendido às condições especiais prescritas para
veniente, para o serviço público, na decretação da medida. o cargo.

38
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Parágrafo único - A deficiência da capacidade física, CAPÍTULO XIII


comprovadamente estacionária, não será considerada impe- Da Fiança
dimento para a caracterização da capacidade psíquica e so-
mática a que se refere o item VI deste artigo, desde que tal Artigo 56 - Revogado.
deficiência não impeça o desempenho normal das funções - Artigo 56 revogado pela Lei Complementar nº 575, de
inerentes ao cargo de cujo provimento se trata. 11/11/1988.
Artigo 48 - São competentes para dar posse:
I - Os Secretários de Estado, aos diretores gerais, aos di- CAPÍTULO XIV
retores ou chefes das repartições e aos funcionários que lhes Do Exercício
são diretamente subordinados; e
II - Os diretores gerais e os diretores ou chefes de re- Artigo 57 - O exercício é o ato pelo qual o funcionário
partição ou serviço, nos demais casos, de acordo com o que assume as atribuições e responsabilidades do cargo.
dispuser o regulamento. § 1º - O início, a interrupção e o reinicio do exercício se-
Artigo 49 - A posse verificar-se-á mediante a assinatura rão registrados no assentamento individual do funcionário.
de termo em que o funcionário prometa cumprir fielmente os § 2º - O início do exercício e as alterações que ocorre-
deveres do cargo. rem serão comunicados ao órgão competente, pelo chefe
Parágrafo único - O termo será lavrado em livro próprio e da repartição ou serviço em que estiver lotado o funcionário.
assinado pela autoridade que der posse. Artigo 58 - Entende-se por lotação, o número de funcio-
Artigo 50 - A posse poderá ser tomada por procuração nários de carreira e de cargos isolados que devam ter exercí-
quando se tratar de funcionário ausente do Estado, em co- cio em cada repartição ou serviço.
missão do Governo ou, em casos especiais, a critério da auto- Artigo 59 - O chefe da repartição ou de serviço em que
ridade competente. for lotado o funcionário é a autoridade competente para
Artigo 51 - A autoridade que der posse deverá verificar, sob dar-lhe exercício.
pena de responsabilidade, se foram satisfeitas as condições es- Parágrafo único - É competente para dar exercício ao
tabelecidas, em lei ou regulamento, para a investidura no cargo.
funcionário, com sede no Interior do Estado, a autoridade a
Artigo 52 - A posse deverá verificar-se no prazo de 30
que o mesmo estiver diretamente subordinado.
(trinta) dias, contados da data da publicação do ato de provi-
Artigo 60 - O exercício do cargo terá início dentro do
mento do cargo, no órgão oficial.
prazo de 30 (trinta) dias, contados:
§ 1º - O prazo fixado neste artigo poderá ser prorrogado
I - da data da posse; e
por mais 30 (trinta) dias, a requerimento do interessado.
II - da data da publicação oficial do ato, no caso de re-
§ 2º - O prazo inicial para a posse do funcionário em fé-
moção.
rias ou licença, será contado da data em que voltar ao serviço.
§ 3º - Se a posse não se der dentro do prazo, será tornado § 1º - Os prazos previstos neste artigo poderão ser pror-
sem efeito o ato de provimento. rogados por 30 (trinta) dias, a requerimento do interessado
Artigo 53 - A contagem do prazo a que se refere o artigo e a juízo da autoridade competente.
anterior poderá ser suspensa nas seguintes hipóteses: (NR) § 2º - No caso de remoção, o prazo para exercício de
I - por até 120 (cento e vinte) dias, a critério do órgão funcionário em férias ou em licença, será contado da data
médico oficial, a partir da data de apresentação do candidato em que voltar ao serviço.
junto ao referido órgão para perícia de sanidade e capacidade § 3º - No interesse do serviço público, os prazos previs-
física, para fins de ingresso, sempre que a inspeção médica tos neste artigo poderão ser reduzidos para determinados
exigir essa providência; (NR) cargos.
II - por 30 (trinta) dias, mediante a interposição de recurso § 4º - O funcionário que não entrar em exercício dentro
pelo candidato contra a decisão do órgão médico oficial (NR). do prazo será exonerado.
§ 1º - o prazo a que se refere o inciso I deste artigo re- Artigo 61 - Em caso de mudança de sede, será conce-
começará a correr sempre que o candidato, sem motivo jus- dido um período de trânsito, até 8 (oito) dias, a contar do
tificado, deixe de submeter-se aos exames médicos julgados desligamento do funcionário.
necessários. (NR) Artigo 62 - O funcionário deverá apresentar ao órgão
§ 2º - a interposição de recurso a que se refere o inciso competente, logo após ter tomado posse e assumido o exer-
II deste artigo dar-se-á no prazo máximo de 5 (cinco) dias, a cício, os elementos necessários à abertura do assentamento
contar da data de decisão do órgão médico oficial. (NR) individual.
- Artigo 53 com redação dada pela Lei Complementar nº Artigo 63 - Salvo os casos previstos nesta lei, o funcio-
1.123, de 01/07/2010. nário que interromper o exercício por mais de 30 (trinta) dias
Artigo 54 - O prazo a que se refere o art. 52 para aquele consecutivos, ficará sujeito à pena de demissão por abando-
que, antes de tomar posse, for incorporado às Forças Arma- no de cargo.
das, será contado a partir da data da desincorporação. Artigo 64 - O funcionário deverá ter exercício na reparti-
Artigo 55 - o funcionário efetivo, nomeado para cargo em ção em cuja lotação houver claro.
comissão, fica dispensado, no ato da posse, da apresentação Artigo 65 - Nenhum funcionário poderá ter exercício em
do atestado de que trata o inciso VI do artigo 47 desta lei. (NR) serviço ou repartição diferente daquela em que estiver lota-
- Artigo 55 com redação dada pela Lei Complementar nº do, salvo nos casos previstos nesta lei, ou mediante autori-
1.123, de 01/07/2010. zação do Governador.

39
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 66 - Na hipótese de autorização do Governador, o § 2º - É vedada a remoção ou transferência do funcioná-


afastamento só será permitido, com ou sem prejuízo de ven- rio durante o exercício do mandato. (NR)
cimentos, para fim determinado e prazo certo. - Artigo 74 com redação dada pela Lei Complemen-
Parágrafo único - O afastamento sem prejuízo de venci- tar nº 87, de 25/04/1974.
mentos poderá ser condicionado ao reembolso das despesas Artigo 75 - O funcionário, devidamente autorizado pelo
efetuadas pelo órgão de origem, na forma a ser estabelecida Governador, poderá afastar-se do cargo para participar de
em regulamento. (NR) provas de competições desportivas, dentro ou fora do Estado.
- Parágrafo único acrescentado pela Lei Complementar nº § 1º - O afastamento de que trata este artigo, será prece-
1.043, de 09/05/2008. dido de requisição justificada do órgão competente.
Artigo 67 - O afastamento do funcionário para ter exercí- § 2º - O funcionário será afastado por prazo certo, nas
cio em entidades com as quais o Estado mantenha convênios, seguintes condições:
reger-se-á pelas normas nestes estabelecidas. I - sem prejuízo do vencimento ou remuneração, quando
Artigo 68 - O funcionário poderá ausentar-se do Estado representar o Brasil, ou o Estado, em competições desportivas
ou deslocar-se da respectiva sede de exercício, para missão ou oficiais; e
estudo de interesse do serviço público, mediante autorização II - com prejuízo do vencimento ou remuneração, em
expressa do Governador. quaisquer outros casos.
Artigo 69 - Os afastamentos de funcionários para parti-
cipação em congressos e outros certames culturais, técnicos CAPÍTULO XV
ou científicos, poderão ser autorizados pelo Governador, na Da Contagem de Tempo de Serviço
forma estabelecida em regulamento.
Artigo 70 - O servidor preso em flagrante, preventiva ou - Suspensa a aplicabilidade pela Administração com base
temporariamente ou pronunciado será considerado afastado no pronunciamento do Secretário de Estado - Chefe da Casa
do exercício do cargo, com prejuízo da remuneração, até a Civil de 04/08/1971, publicado no DOE de 06/08/1971, pág. 3.
condenação ou absolvição transitada em julgado. (NR)  Artigo 76 - O tempo de serviço público, assim conside-
§ 1º - Estando o servidor licenciado, sem prejuízo de sua rado o exclusivamente prestado ao Estado e suas Autarquias,
remuneração, será considerada cessada a licença na data em será contado singelamente para todos os fins. 
que o servidor for recolhido à prisão. (NR)  Parágrafo único - O tempo de serviço público prestado
§ 2º - Se o servidor for, ao final do processo judicial, con- à União, outros Estados e Municípios, e suas autarquias, an-
denado, o afastamento sem remuneração perdurará até o teriormente ao ingresso do funcionário no serviço público
cumprimento total da pena, em regime fechado ou semia- estadual, será contado integralmente para os efeitos de apo-
berto, salvo na hipótese em que a decisão condenatória de- sentadoria e disponibilidade.
terminar a perda do cargo público. (NR) - Artigo 76 com redação dada pela Lei Complementar nº
- Artigo 70 com redação dada pela Lei Complementar nº 318, de 10/03/1983.
1.012, de 05/04/2007. Nota: O artigo 1º da Lei Complementar nº 437, de
Artigo 71 - As autoridades competentes determinarão o 23/12/1985, fixou a vigência deste artigo para 21/12/1984.
afastamento imediato do trabalho, do funcionário que apre- Artigo 77 - A apuração do tempo de serviço será feita
sente indícios de lesões orgânicas ou funcionais causadas por em dias.
raios X ou substâncias radioativas, podendo atribuir-lhe con- § 1º - Serão computados os dias de efetivo exercício, do
forme o  caso, tarefas sem risco de radiação ou conceder-lhe registro de frequência ou da folha de pagamento.
licença “ex-officio” na forma do art. 194 e seguintes. § 2º - O número de dias será convertido em anos, con-
Artigo 72 - O funcionário, quando no desempenho do siderados sempre estes como de 365 (trezentos e sessenta e
mandato eletivo federal ou estadual, ficará afastado de seu cinco) dias.
cargo, com prejuízo do vencimento ou remuneração. § 3º - Feita a conversão de que trata o parágrafo anterior, os
Artigo 73 - O exercício do mandato de Prefeito, ou o de dias restantes, até 182 (cento e oitenta e dois), não serão com-
Vereador, quando remunerado, determinará o afastamento putados, arredondando-se para 1 (um) ano, na aposentadoria
do funcionário, com a faculdade de opção entre os subsídios compulsória ou por invalidez, quando excederem esse número.
do mandato e os vencimentos ou a remuneração do cargo, Artigo 78 - Serão considerados de efetivo exercício, para
inclusive vantagens pecuniárias, ainda que não incorporadas. todos os efeitos legais, os dias em que o funcionário estiver
(NR) afastado do serviço em virtude de:
Parágrafo único - O disposto neste artigo aplica-se igual- I - férias;
mente à hipótese de nomeação de Prefeito. (NR) II - casamento, até 8 (oito) dias;
- Artigo 73 com redação dada pela Lei Complemen- III - falecimento do cônjuge, filhos, pais e irmãos, até 8
tar nº 87, de 25/04/1974. (oito) dias;
Artigo 74 - Quando não remunerada a vereança, o afas- IV - falecimento dos avós, netos, sogros, do padrasto ou
tamento somente ocorrerá nos dias de sessão e desde que o madrasta, até 2 (dois) dias; (NR)
horário das sessões da Câmara coincida com o horário normal - Inciso IV com redação dada pela Lei Complementar nº
de trabalho a que estiver sujeito o funcionário. (NR) 318, de 10/03/1983.
§ 1º - Na hipótese prevista neste artigo, o afastamento se V - serviços obrigatórios por lei;
dará sem prejuízo de vencimentos e vantagens, ainda que não VI - licença quando acidentado no exercício de suas atri-
incorporadas, do respectivo cargo.(NR) buições ou atacado de doença profissional;

40
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

VII - licença à funcionária gestante; Artigo 84 - É vedada a acumulação de tempo de serviço


VIII - licenciamento compulsório, nos termos do art. 206; concorrente ou simultaneamente prestado, em dois ou mais
IX - licença-prêmio; cargos ou funções, à União, Estados, Municípios ou Autar-
X - faltas abonadas nos termos do parágrafo 1º do art. quias em geral.
110, observados os limites ali fixados; Parágrafo único - Em regime de acumulação é vedado
XI - missão ou estudo dentro do Estado, em outros pon- contar tempo de um dos cargos para reconhecimento de di-
tos do território nacional ou no estrangeiro, nos termos do reito ou vantagens no outro.
art. 68; Artigo 85 - Não será computado, para nenhum efeito, o
XII - nos casos previstos no art. 122; tempo de serviço gratuito.
XIII - afastamento por processo administrativo, se o fun-
cionário for declarado inocente ou se a pena imposta for de CAPÍTULO XVI
repreensão ou multa; e, ainda, os dias que excederem o total Da Vacância
da pena de suspensão efetivamente aplicada;
XIV - trânsito, em decorrência de mudança de sede de Artigo 86 - A vacância do cargo decorrerá de:
exercício, desde que não exceda o prazo de 8 (oito) dias; e I - exoneração;
XV - provas de competições desportivas, nos termos do II - demissão;
item I, do § 2º, do art. 75. III - transferência;
XVI - licença-paternidade, por 5 (cinco) dias; (NR) IV - acesso;
- Inciso XVI acrescentado pela Lei Complementar nº 1.054, V - aposentadoria; e
de 07/07/2008. VI - falecimento.
Artigo 79 - Os dias em que o funcionário deixar de com- § 1º - Dar-se-á a exoneração:
parecer ao serviço em virtude de mandato legislativo muni- 1 - a pedido do funcionário;
cipal serão considerados de efetivo exercício para todos os 2 - a critério do Governo, quando se tratar de ocupante
eleitos legais. (NR) de cargo em comissão; e
- Artigo 79, “caput”, com redação dada pela Lei Comple- 3 - quando o funcionário não entrar em exercício dentro
mentar nº 124, de 11/11/1975. do prazo legal.
Parágrafo único — No caso de vereança remunerada, § 2º - A demissão será aplicada como penalidade nos
os dias de afastamento não serão computados para fins de casos previstos nesta lei.
vencimento ou remuneração, salvo se por eles tiver optado  
o funcionário. TÍTULO III
Artigo 80 - Será contado para todos os efeitos, salvo para DA PROMOÇÃO
a percepção de vencimento ou remuneração: CAPÍTULO ÚNICO
I - o afastamento para provas de competições desporti-
Da Promoção
vas nos termos do item II do § 2º do art. 75; e
II - as licenças previstas nos arts. 200 e 201.
Artigo 87 - Promoção é a passagem do funcionário de
Artigo 81 - Os tempos adiante enunciados serão conta-
um grau a outro da mesma classe e se processará obedeci-
dos: (NR)
dos, alternadamente, os critérios de merecimento e de anti-
I - para efeito de concessão de adicional por tempo de
guidade na forma que dispuser o regulamento.
serviço, sexta-parte, aposentadoria e disponibilidade: (NR)
Artigo 88 - O merecimento do funcionário será apurado
a) o de afastamento nos termos dos artigos 65 e 66 junto
a outros poderes do Estado, a fundações instituídas pelo Esta- em pontos positivos e negativos.
do ou empresas em que o Estado tenha participação majori- § 1º - Os pontos positivos se referem a condições de efi-
tária pela sua Administração Centralizada ou Descentralizada, ciência no cargo e ao aperfeiçoamento funcional resultante
bem como junto a órgãos da Administração Direta da União, do aprimoramento dos seus conhecimentos.
de outros Estados e Municípios, e de suas autarquias; (NR) § 2º - Os pontos negativos resultam da falta de assidui-
b) o de afastamento nos termos do artigo 67; (NR) dade e da indisciplina.
II - para efeito de disponibilidade e aposentadoria, o de Artigo 89 - Da apuração do merecimento será dada
licença para tratamento de saúde.(NR) ciência ao funcionário.
- Artigo 81 com redação dada pela Lei Complementar nº Artigo 90 - A antiguidade será determinada pelo tempo
318, de 10/03/1983. de efetivo exercício no cargo e no serviço público, apurado
Artigo 82 - O tempo de mandato federal e estadual, bem em dias.
como o municipal, quando remunerado, será contado para Artigo 91 - As promoções serão feitas em junho e de-
fins de aposentadoria e de promoção por antiguidade. (NR) zembro de cada ano, dentro de limites percentuais a serem
Parágrafo único - O disposto neste artigo aplica-se à hi- estabelecidos em regulamento e corresponderão às condi-
pótese de nomeação de Prefeito. (NR) ções existentes até o último dia do semestre imediatamente
- Artigo 82 com redação dada pela Lei Complementar nº anterior.
87, de 25/04/1974. Artigo 92 - Os direitos e vantagens que decorrerem da
Artigo 83 - Para efeito de aposentadoria será contado o promoção serão contados a partir da publicação do ato, sal-
tempo em que o funcionário esteve em disponibilidade. vo quando publicado fora do prazo legal, caso em que vigo-
rará a contar do último dia do semestre a que corresponder.

41
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Parágrafo único - Ao funcionário que não estiver em IV - a partir da data em que o funcionário assumir o
efetivo exercício, só se abonarão as vantagens a partir da exercício do cargo reclassificado ou transformado.
data da reassunção. Artigo 103 - Será contado como tempo no cargo o efe-
Artigo 93 - Será declarada sem efeito a promoção inde- tivo exercício que o funcionário houver prestado no mesmo
vida, não ficando o funcionário, nesse caso, obrigado a res- cargo, sem solução de continuidade, desde que por prazo
tituições, salvo na hipótese de declaração falsa ou omissão superior a 6 (seis) meses:
intencional. I - como substituto; e
Artigo 94 - Só poderão ser promovidos os servidores II - no desempenho de função gratificada, em período
que tiverem o interstício de efetivo exercício no grau. anterior à criação do respectivo cargo.
Parágrafo único - O interstício a que se refere este artigo Artigo 104 - As promoções obedecerão à ordem de
será estabelecido em regulamento. classificação.
Artigo 95 - Dentro de cada quadro, haverá para cada Artigo 105 - Haverá em cada Secretaria de Estado uma
classe, nos respectivos graus, uma lista de classificação, para Comissão de Promoção que terá as seguintes atribuições:
os critérios de merecimento e antiguidade. I - eleger o respectivo presidente;
Parágrafo único - Ocorrendo empate terão preferência, II - decidir as reclamações contra a avaliação do mérito,
sucessivamente: podendo alterar, fundamentalmente, os pontos atribuídos
1 - na classificação por merecimento: ao reclamante ou a outros funcionários;
a) os títulos e os comprovantes de conclusão de cursos, III - avaliar o mérito do funcionário quando houver di-
relacionados com a função exercida; vergência igual ou superior a 20 (vinte) pontos entre os to-
b) a assiduidade; tais atribuídos pelas autoridades avaliadoras;
c) a antiguidade no cargo; IV - propor à autoridade competente a penalidade que
d) os encargos de família; e couber ao responsável pelo atraso na expedição e remessa
e) a idade; do Boletim de Promoção, pela falta de qualquer informação
2 - na classificação por antiguidade: ou de elementos solicitados, pelos fatos de que decorram
a) o tempo no cargo; irregularidade ou parcialidade no processamento das pro-
b) o tempo de serviço prestado ao Estado; moções;
c) o tempo de serviço público; V - Avaliar os títulos e os certificados de cursos apresen-
d) os encargos de família; e tados pelos funcionários; e
e) a idade. VI - dar conhecimento aos interessados mediante afixa-
Artigo 96 - O funcionário em exercício de mandato ele- ção na repartição:
tivo federal ou estadual ou de mandato de prefeito, somente 1 - das alterações de pontos feitos nos Boletins de Pro-
poderá ser promovido por antiguidade. moção; e
Artigo 97 - Não serão promovidos por merecimento, 2 - dos pontos atribuídos pelos títulos e certificados de
ainda que classificados dentro dos limites estabelecidos no cursos.
regulamento, os funcionários que tiverem sofrido qualquer Artigo 106 - No processamento das promoções cabem
penalidade nos dois anos anteriores à data de vigência da as seguintes reclamações:
promoção. I - da avaliação do mérito; e
Artigo 98 - O funcionário submetido a processo admi- II - da classificação final.
nistrativo poderá ser promovido, ficando, porém, sem efeito § 1º - Da avaliação do mérito podem ser interpostos pe-
a promoção por merecimento no caso de o processo resul- didos de reconsideração e recurso, e, da classificação final,
tar em penalidade. apenas recurso.
Artigo 99 - Para promoção por merecimento é indispen- § 2º - Terão efeito suspensivo as reclamações relativas à
sável que o funcionário obtenha número de pontos não in- avaliação do mérito.
ferior à metade do máximo atribuível. § 3º - Serão estabelecidos em regulamento as normas
Artigo 100 - O merecimento do funcionário é adquirido e os prazos para o processamento das reclamações de que
na classe. trata este artigo.
Artigo 101 - Revogado. Artigo 107 - A orientação das promoções do funciona-
- Artigo 101 revogado pela Lei Complementar nº 318, de lismo público civil será centralizada, cabendo ao órgão a que
10/03/1983. for deferida tal competência:
Artigo 102 - O tempo no cargo será o efetivo exercício, I - expedir normas relativas ao processamento das pro-
contado na seguinte conformidade: moções e elaborar as respectivas escalas de avaliação, com a
I - a partir da data em que o funcionário assumir o exer- aprovação do Governador;
cício do cargo, nos casos de nomeação, transferência a pedi- II - orientar as autoridades competentes quanto à ava-
do, reversão e aproveitamento; liação das condições de promoção;
II - como se o funcionário estivesse em exercício, no III - realizar estudos e pesquisas no sentido de averiguar
caso de reintegração; a eficiência do sistema em vigor, propondo medidas tenden-
III - a partir da data em que o funcionário assumir o tes ao seu aperfeiçoamento; e
exercício do cargo do qual foi transferido, no caso de trans- IV - opinar em processos sobre assuntos de promoção,
ferência ex-officio; e sempre que solicitado.

42
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

TÍTULO IV Artigo 115 - O vencimento ou remuneração do funcio-


DOS DIREITOS E DAS VANTAGENS DE ORDEM PE- nário não poderá sofrer outros descontos, exceto os obriga-
CUNIÁRIA tórios e os autorizados por lei.
CAPÍTULO I Artigo 116 - As consignações em folha, para efeito de
Do Vencimento e da Remuneração desconto de vencimentos ou remuneração, serão disciplina-
SEÇÃO I das em regulamento.
Disposições Gerais
  SEÇÃO II
Artigo 108 - Vencimento é a retribuição paga ao fun- Do Horário e do Ponto
cionário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente ao
valor do respectivo padrão fixado em lei, mais as vantagens Artigo 117 - O horário de trabalho nas repartições será
a ele incorporadas para todos os efeitos legais. fixado pelo Governo de acordo com a natureza e as necessi-
Artigo 109 - Remuneração é a retribuição paga ao fun- dades do serviço.
cionário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente a Artigo 118 - O período de trabalho, nos casos de com-
2/3 (dois terços) do respectivo padrão, mais as quotas ou provada necessidade, poderá ser antecipado ou prorrogado
porcentagens que, por lei, lhe tenham sido atribuídas e as pelo chefe da repartição ou serviço.
vantagens pecuniárias a ela incorporadas. Parágrafo único - No caso de antecipação ou prorroga-
Artigo 110 - O funcionário perderá: ção, será remunerado o trabalho extraordinário, na forma es-
I - o vencimento ou remuneração do dia. quando não tabelecida no art. 136.
comparecer ao serviço, salvo no caso previsto no § 1º deste Artigo 119 - Nos dias úteis, só por determinação do Go-
artigo; e vernador poderão deixar de funcionar as repartições públicas
II - 1/3 (um terço) do vencimento ou remuneração diá- ou ser suspenso o expediente.
ria, quando comparecer ao serviço dentro da hora seguinte Artigo 120 - Ponto é o registro pelo qual se verificará,
à marcada para o início do expediente ou quando dele reti- diariamente, a entrada e saída do funcionário em serviço.
rar-se dentro da última hora. § 1º - Para registro do ponto serão usados, de preferên-
§ 1º - As faltas ao serviço, até o máximo de 6 (seis) por cia, meios mecânicos.
ano, não excedendo a uma por mês, em razão de moléstia § 2º - É vedado dispensar o funcionário do registro do
ou outro motivo relevante, poderão ser abonadas pelo su- ponto, salvo os casos expressamente previstos em lei.
perior imediato, a requerimento do funcionário, no primeiro § 3º - A infração do disposto no parágrafo anterior deter-
dia útil subsequente ao da falta. (NR) minará a responsabilidade da autoridade que tiver expedido
- § 1º com redação dada pela Lei Complementar nº 294, a ordem, sem prejuízo da ação disciplinar cabível.
de 02/09/1982. Artigo 121 - Para o funcionário estudante, conforme dis-
§ 2º - No caso de faltas sucessivas, justificadas ou in- puser o regulamento, poderão ser estabelecidas normas es-
justificadas, os dias intercalados — domingos, feriados e peciais quanto à frequência ao serviço.
aqueles em que não haja expediente — serão computados Artigo 122 - O funcionário que comprovar sua contri-
exclusivamente para efeito de desconto do vencimento ou buição para banco de sangue mantido por órgão estatal ou
remuneração. paraestatal, ou entidade com a qual o Estado mantenha con-
Artigo 111 - As reposições devidas pelo funcionário e vênio, fica dispensado de comparecer ao serviço no dia da
as indenizações por prejuízos que causar à Fazenda Pública doação.
Estadual, serão descontadas em parcelas mensais não ex- Artigo 123 - Apurar-se-á a frequência do seguinte modo:
cedentes da décima parte do vencimento ou remuneração I - pelo ponto; e
ressalvados os casos especiais previstos neste Estatuto. II - pela forma determinada, quanto aos funcionários não
Artigo 112 - Só será admitida procuração para efeito sujeitos a ponto.
de recebimento de quaisquer importâncias dos cofres es-
taduais, decorrentes do exercício do cargo, quando o fun- CAPÍTULO II
cionário se encontrar fora da sede ou comprovadamente Das Vantagens de Ordem Pecuniária
impossibilitado de locomover-se. SEÇÃO I
Artigo 113 - O vencimento, remuneração ou qualquer Disposições Gerais
vantagem pecuniária atribuídos ao funcionário, não poderão
ser objeto de arresto, sequestro ou penhora, salvo: Artigo 124 - Além do valor do padrão do cargo, o funcio-
I - quando se tratar de prestação de alimentos, na forma nário só poderá receber as seguintes vantagens pecuniárias:
da lei civil; e I - adicionais por tempo de serviço;
II - nos casos previstos no Capítulo II do Título VI deste II - gratificações;
Estatuto. III - diárias;
Artigo 114 - É proibido, fora dos casos expressamente IV - ajudas de custo;
consignados neste Estatuto, ceder ou gravar vencimento, re- V - salário-família e salário-esposa;
muneração ou qualquer vantagem decorrente do exercício VI - Revogado;
de cargo público. - Inciso VI revogado pelo Decreto-lei de 27/02/1970.
VII - quota-parte de multas e porcentagens fixadas em lei;

43
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

VIII - honorários, quando fora do período normal ou Artigo 130 - O funcionário que completar 25 (vinte e cin-
extraordinário de trabalho a que estiver sujeito, for designa- co) anos de efetivo exercício perceberá mais a sexta-parte do
do para realizar investigações ou pesquisas científicas, bem vencimento ou remuneração, a estes incorporada para todos
como para exercer as funções de auxiliar ou membro de ban- os efeitos.
cas e comissões de concurso ou prova, ou de professor de Artigo 131 - O funcionário que exercer cumulativamente
cursos de seleção e aperfeiçoamento ou especialização de cargos ou funções, terá direito aos adicionais de que trata esta
servidores, legalmente instituídos, observadas as proibições Seção, isoladamente, referentes a cada cargo ou a função.
atinentes a regimes especiais de trabalho fixados em lei; Artigo 132 - O ocupante de cargo em comissão fará jus
IX - honorários pela prestação de serviço peculiar à pro- aos adicionais previstos nesta Seção, calculados sobre o ven-
fissão que exercer e, em função dela, à Justiça, desde que cimento que perceber no exercício desse cargo, enquanto
não a execute dentro do período normal ou extraordinário nele permanecer.
de trabalho a que estiver sujeito e sejam respeitadas as res- Artigo 133 - Ao funcionário no exercício de cargo em
trições estabelecidas em lei pela subordinação a regimes es- substituição aplica-se o disposto no artigo anterior.
peciais de trabalho; e Artigo 134 - Para efeito dos adicionais a que se refere esta
X - outras vantagens ou concessões pecuniárias previs- Seção, será computado o tempo de serviço, na forma estabe-
tas em leis especiais ou neste Estatuto. lecida nos arts. 76 e 78.
§ 1º - Excetuados os casos expressamente previstos nes-
te artigo, o funcionário não poderá receber, a qualquer títu- SEÇÃO III
lo, seja qual for o motivo ou forma de pagamento, nenhuma Das Gratificações
outra vantagem pecuniária dos órgãos do serviço público,
das entidades autárquicas ou paraestatais ou outras organi- Artigo 135 - Poderá ser concedida gratificação ao fun-
zações públicas, em razão de seu cargo ou função nos quais cionário:
tenha sido mandado servir. I - pela prestação de serviço extraordinário;
§ 2º - O não cumprimento do que preceitua este artigo II - pela elaboração ou execução de trabalho técnico ou
científico ou de utilidade para o serviço público;
importará na demissão do funcionário, por procedimento
III - a título de representação, quando em função de ga-
irregular, e na imediata reposição, pela autoridade ordena-
binete, missão ou estudo fora do Estado ou designação para
dora do pagamento, da importância indevidamente paga.
função de confiança do Governador;
§ 3º - Nenhuma importância relativa às vantagens cons-
IV - quando designado para fazer parte de órgão legal de
tantes deste artigo será paga ou devida ao funcionário, seja
deliberação coletiva; e
qual for o seu fundamento, se não houver crédito próprio,
V - outras que forem previstas em lei.
orçamentário ou adicional.
Artigo 136 - A gratificação pela prestação de serviço ex-
Artigo 125 - As porcentagens ou quotas-partes, atri- traordinário será paga por hora de trabalho prorrogado ou
buídas em virtude de multas ou serviços de fiscalização e antecipado, na mesma razão percebida pelo funcionário em
inspeção, só serão creditadas ao funcionário após a entrada cada hora de período normal de trabalho a que estiver sujeito.
da importância respectiva, a título definitivo, para os cofres Parágrafo único - A prestação de serviço extraordinário
públicos. não poderá exceder a duas horas diárias de trabalho.
Artigo 126 - O funcionário não fará jus à percepção de Artigo 137 - É vedado conceder gratificação por serviço
quaisquer vantagens pecuniárias, nos casos em que deixar extraordinário, com o objetivo de remunerar outros serviços
de perceber o vencimento ou remuneração, ressalvado o ou encargos.
disposto no parágrafo único do art. 160. § 1º - O funcionário que receber importância relativa a
serviço extraordinário que não prestou, será obrigado a res-
SEÇÃO Il tituí-la de uma só vez, ficando ainda sujeito à punição disci-
Dos Adicionais por Tempo de Serviço plinar.
§ 2º - Será responsabilizada a autoridade que infringir o
Artigo 127 - O funcionário terá direito, após cada perío- disposto no caput deste artigo.
do de 5 (cinco) anos, contínuos, ou não, à percepção de adi- Artigo 138 - Será punido com pena de suspensão e, na
cional por tempo de serviço, calculado à razão de 5% (cinco reincidência, com a de demissão, a bem do serviço público, o
por cento) sobre o vencimento ou remuneração, a que se funcionário:
incorpora para todos os efeitos. I - que atestar falsamente a prestação de serviço extraor-
Nota: A Lei Complementar nº 792, de 20/3/1995 foi de- dinário; e
clarada Inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal nos II - que se recusar, sem justo motivo, à prestação de ser-
autos da ADI nº 3.167, julgada em 18/06/2007. viço extraordinário.
Parágrafo único — O adicional por tempo de serviço Artigo 139 - O funcionário que exercer cargo de direção
será concedido pela autoridade competente, na forma que não poderá perceber gratificação por serviço extraordinário.
fôr estabelecida em regulamento. § 1º - O disposto neste artigo não se aplica durante o
Artigo 128 - A apuração do quinquênio será feita em período em que subordinado de titular de cargo nele men-
dias e o total convertido em anos, considerados estes sem- cionado venha a perceber, em consequência do acréscimo da
pre como de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias. gratificação por serviço extraordinário, quantia que iguale ou
Artigo 129 - Vetado. ultrapasse o valor do padrão do cargo de direção.

44
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 2º - Aos titulares de cargos de direção, para efeito do § 1º - A ajuda de custo destina-se a indenizar o funcio-
parágrafo anterior, apenas será paga gratificação por serviço nário das despesas de viagem e de nova instalação .
extraordinário correspondente à quantia a esse título perce- § 2º - O transporte do funcionário e de sua família com-
bida pelo subordinado de padrão mais elevado. preende passagem e bagagem e correrá por conta do Go-
Artigo 140 - A gratificação pela elaboração ou execu- verno.
ção de trabalho técnico ou científico, ou de utilidade para o Artigo 150 - A ajuda de custo, desde que em território
serviço, será arbitrada pelo Governador, após sua conclusão. do País, será arbitrada pelos Secretários de Estado, não po-
Artigo 141 - A gratificação a título de representação, dendo exceder importância correspondente a 3 (três) vezes
quando o funcionário for designado para serviço ou estudo o valor do padrão do cargo.
fora do Estado, será arbitrada pelo Governador, ou por auto- Parágrafo único - O regulamento fixará o critério para
ridade que a lei determinar, podendo ser percebida cumula- o arbitramento, tendo em vista o número de pessoas que
tivamente com a diária. acompanham o funcionário, as condições de vida na nova
Artigo 142 - A gratificação relativa ao exercício em órgão sede, a distância a ser percorrida, o tempo de viagem e os
legal de deliberação coletiva, será fixada pelo Governador. recursos orçamentários disponíveis.
Artigo 143 - A gratificação de representação de gabine- Artigo 151 - Não será concedida ajuda de custo:
te, fixada em regulamento, não poderá ser percebida cumu- I - ao funcionário que se afastar da sede ou a ela voltar,
lativamente com a referida no inciso I do art. 135. em virtude de mandato eletivo; e
II  - ao que for afastado junto a outras Administrações.
SEÇÃO IV Parágrafo único - O funcionário que recebeu ajuda de
Das Diárias custo, se for obrigado a mudar de sede dentro do período
  de 2 (dois) anos poderá receber, apenas, 2/3 (dois terços) do
Artigo 144 - Ao funcionário que se deslocar temporaria- benefício que lhe caberia.
mente da respectiva sede, no desempenho de suas atribui- Artigo 152 - Quando o funcionário for incumbido de
ções, ou em missão ou estudo, desde que relacionados com serviço que o obrigue a permanecer fora da sede por mais
o cargo que exerce, poderá ser concedida, além do trans- de 30 (trinta) dias, poderá receber ajuda de custo sem pre-
porte, uma diária a título de indenização das despesas de juízos das diárias que lhe couberem.
alimentação e pousada. Parágrafo único - A importância dessa ajuda de custo
§ 1º - Não será concedida diária ao funcionário removi- será fixada na forma do art. 150, não podendo exceder a
do ou transferido, durante o período de trânsito. quantia relativa a 1 (uma) vez o valor do padrão do cargo.
§ 2º - Não caberá a concessão de diária quando o des- Artigo 153 - Restituirá a ajuda de custo que tiver rece-
locamento de funcionário constituir exigência permanente bido:
do cargo ou função. I - o funcionário que não seguir para a nova sede den-
§ 3º - Entende-se por sede o município onde o funcio- tro dos prazos fixados, salvo motivo independente de sua
nário tem exercício. vontade, devidamente comprovado sem prejuízo da pena
§ 4º - O disposto no “caput” deste artigo não se aplica disciplinar cabível;
aos casos de missão ou estudo fora do País. II - o funcionário que, antes de concluir o serviço que lhe
§ 5º - As diárias relativas aos deslocamentos de funcio- foi cometido, regressar da nova sede, pedir exoneração ou
nários para outros Estados e Distrito Federal, serão fixadas abandonar o cargo.
por decreto. § 1º - A restituição poderá ser feita parceladamente, a
Artigo 145 - O valor das diárias será fixado em decreto. juízo da autoridade que houver concedido a ajuda de custo,
(NR) salvo no caso de recebimento indevido, em que a impor-
- Artigo 145 com redação dada pela Lei Complementar tância por devolver será descontada integralmente do ven-
nº 556, de 15/07/1988. cimento ou remuneração, sem prejuízo da pena disciplinar
Artigo 146 - A tabela de diárias, bem como as autorida- cabível.
des que as concederem, deverão constar de decreto. § 2º - A responsabilidade pela restituição de que trata
Artigo 147 - O funcionário que indevidamente receber este artigo, atinge exclusivamente a pessoa do funcionário.
diária, será obrigado a restituí-la de uma só vez, ficando ain- § 3º - Se o regresso do funcionário for determinado pela
da sujeito à punição disciplinar. autoridade competente ou por motivo de força maior devi-
Artigo 148 - É vedado conceder diárias com o objetivo damente comprovado, não ficará ele obrigado a restituir a
de remunerar outros encargos ou serviços. ajuda de custo.
Parágrafo único - Será responsabilizada a autoridade Artigo 154 - Caberá também ajuda de custo ao funcio-
que infringir o disposto neste artigo. nário designado para serviço ou estudo no estrangeiro.
Parágrafo único - A ajuda de custo de que trata este
SEÇÃO V artigo será arbitrada pelo Governador.
Das Ajudas de Custo

Artigo 149 - A juízo da Administração, poderá ser con-


cedida ajuda de custo ao funcionário que no interesse do
serviço passar a ter exercício em nova sede.

45
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

SEÇÃO VI Artigo 165 - Poderá ser concedido transporte à família


Do Salário-Família e do Salário-Esposa do funcionário, quando este falecer fora da sede de exercí-
cio, no desempenho de serviço.
Artigo 155 - O salário-família será concedido ao funcio- § 1º - A mesma concessão poderá ser feita à família do
nário ou ao inativo por: funcionário falecido fora do Estado.
I - filho menor de 18 (dezoito) anos; e § 2º - Só serão atendidos os pedidos de transporte for-
II - filho inválido de qualquer idade. mulados dentro do prazo de 1 (um) ano, a partir da data em
Parágrafo único - Consideram-se dependentes, desde que houver falecido o funcionário.
que vivam total ou parcialmente às expensas do funcionário, Artigo 166 - Revogado.
os filhos de qualquer condição, os enteados e os adotivos, - Artigo 166 revogado pelo Decreto-lei de 27/02/1970.
equiparando-se a estes os tutelados sem meios próprios de Artigo 167 - A concessão de que trata o artigo anterior
subsistência. só poderá ser deferida ao funcionário que se encontre no
Artigo 156 - A invalidez que caracteriza a dependência é exercício do cargo e mantenha contato com o público, pa-
a incapacidade total e permanente para o trabalho. gando ou recebendo em moeda corrente.
Artigo 157 - Quando o pai e a mãe tiverem ambos a (NR)
condição de funcionário público ou de inativo e viverem em Artigo 168 - Ao cônjuge, ao companheiro ou compa-
comum, o salário-família será concedido a um deles. nheira ou, na falta destes, à pessoa que provar ter feito des-
Parágrafo único - Se não viverem em comum, será con- pesas em virtude do falecimento de funcionário ativo ou
cedido ao que tiver os dependentes sob sua guarda, ou a inativo será concedido auxílio-funeral, a título de benefício
ambos, de acordo com a distribuição de dependentes. assistencial, de valor correspondente a 1 (um) mês da res-
Artigo 158 - Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto e pectiva remuneração. (NR)
a madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos § 1º - o pagamento será efetuado pelo órgão compe-
incapazes. tente, mediante apresentação de atestado de óbito pelas
Artigo 158-A - Fica assegurada, nas mesmas bases e pessoas indicadas no “caput” deste artigo, ou procurador
condições, ao cônjuge supérstite ou ao responsável legal
legalmente habilitado, feita a prova de identidade. (NR)
pelos filhos do casal, a percepção do salário-família a que
§ 2º - no caso de integrante da carreira de Agente de
tinha direito o funcionário ou inativo falecidos. (NR)
Segurança Penitenciária ou da classe de Agente de Escolta
- Artigo 158-A acrescentado pela Lei Complementar nº
e Vigilância Penitenciária, se ficar comprovado, por meio de
177, de 28/04/1978.
competente apuração, que o óbito decorreu de lesões rece-
Artigo 159 - A concessão e a supressão do salário-famí-
bidas no exercício de suas funções, o benefício será acresci-
lia serão processadas na forma estabelecida em lei.
do do valor correspondente a mais 1 (um) mês da respecti-
Artigo 160 - Não será pago o salário-família nos casos
em que o funcionário deixar de perceber o respectivo venci- va remuneração, cujo pagamento será efetivado mediante
mento ou remuneração. apresentação de alvará judicial. (NR)
Parágrafo único - O disposto neste artigo não se aplica § 3º - o pagamento do benefício previsto neste artigo,
aos casos disciplinares e penais, nem aos de licença por mo- caso as despesas tenham sido custeadas por terceiros, em
tivo de doença em pessoa da família. virtude da contratação de planos funerários, somente será
Artigo 161 - É vedada a percepção de salário-família por efetivado mediante apresentação de alvará judicial. (NR)
dependente em relação ao qual já esteja sendo pago este - Artigo 168 com redação dada pela Lei Complementar
benefício por outra entidade pública federal, estadual ou nº 1.123, de 01/07/2010.
municipal, ficando o infrator sujeito às penalidades da lei. Artigo 169 - O Governo do Estado poderá conceder prê-
Artigo 162 - O salário esposa será concedido ao fun- mios em dinheiro, dentro das dotações orçamentárias pró-
cionário que não perceba vencimento ou remuneração de prias, aos funcionários autores dos melhores trabalhos, clas-
importância superior a 2 (duas) vezes o valor do menor ven- sificados em concursos de monografias de interesse para o
cimento pago pelo Estado, desde que a mulher não exerça serviço público.
atividade remunerada. Artigo 170 - Revogado.
Parágrafo único - A concessão do benefício a que se re- - Artigo 170 com revogado pelo Decreto-Lei nº 24, de
fere este artigo será objeto de regulamento. 28/03/1969.

SEÇÃO VII CAPÍTULO III


Outras Concessões Pecuniárias Das Acumulações Remuneradas

Artigo 163 - O Estado assegurará ao funcionário o direi- Artigo 171 - É vedada a acumulação remunerada, ex-
to de pleno ressarcimento de danos ou prejuízos, decorren- ceto:
tes de acidentes no trabalho, do exercício em determinadas I - a de um juiz e um cargo de professor;
zonas ou locais e da execução de trabalho especial, com ris- II - a de dois cargos de professor;
co de vida ou saúde. III - a de um cargo de professor e outro técnico ou cien-
Artigo 164 - Ao funcionário licenciado, para tratamento tífico; e
de saúde poderá ser concedido transporte, se decorrente do IV - a de dois cargos privativos de médico.
tratamento, inclusive para pessoa de sua família.

46
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

- Nota: vide art. 37, XVI da Constituição Federal. § 4º - Durante as férias, o funcionário terá direito a todas
§ 1º - Em qualquer dos casos, a acumulação somente é as vantagens, como se estivesse em exercício.
permitida quando haja correlação de matérias e compatibili- Artigo 177 - Atendido o interesse do serviço, o funcio-
dade de horários. nário poderá gozar férias de uma só vez ou em dois perío-
§ 2º - A proibição de acumular se estende a cargos, fun- dos iguais.
ções ou empregos em autarquias, empresas públicas e socie- Artigo 178 - Somente depois do primeiro ano de exercí-
dades de economia mista. cio no serviço público, adquirirá o funcionário direito a férias.
§ 3º - A proibição de acumular proventos não se aplica Parágrafo único - Será contado para efeito deste artigo
aos aposentados, quanto ao exercício de mandato eletivo, o tempo de serviço prestado em outro cargo público, desde
cargo em comissão ou ao contrato para prestação de serviços que entre a cessação do anterior e o início do subsequente
técnicos ou especializados. exercício não haja interrupção superior a 10 (dez) dias.
Artigo 172 - O funcionário ocupante de cargo efetivo, ou Artigo 179 - Caberá ao chefe da repartição ou do servi-
em disponibilidade, poderá ser nomeado para cargo em co- ço, organizar, no mês de dezembro, a escala de férias para
missão, perdendo, durante o exercício desse cargo, o venci- o ano seguinte, que poderá alterar de acordo com a conve-
mento ou remuneração do cargo efetivo ou o provento, salvo niência do serviço.
se optar pelo mesmo. Artigo 180 - O funcionário transferido ou removido,
Artigo 173 - Não se compreende na proibição de acumu- quando em gozo de férias, não será obrigado a apresentar-
lar, desde que tenha correspondência com a função principal, se antes de terminá-las.
a percepção das vantagens enumeradas no art. 124.
Artigo 174 - Verificado, mediante processo administrati- CAPÍTULO II
vo, que o funcionário está acumulando, fora das condições Das Licenças
previstas neste Capítulo, será ele demitido de todos os cargos SEÇÃO I
e funções e obrigado a restituir o que indevidamente houver Disposições Gerais
recebido.
§ 1º - Provada a boa-fé, o funcionário será mantido no
Artigo 181 - O funcionário efetivo poderá ser licencia-
cargo ou função que exercer há mais tempo.
do:(NR)
§ 2º -  Em caso contrário, o funcionário demitido ficará
I - para tratamento de saúde; (NR)
ainda inabilitado pelo prazo de 5 (cinco) anos, para o exercí-
II - quando acidentado no exercício de suas atribuições
cio de função ou cargo público, inclusive em entidades que
ou acometido por doença profissional; (NR)
exerçam função delegada do poder público ou são por este
III - no caso previsto no artigo 198; (NR)
mantidas ou administradas.
IV - por motivo de doença em pessoa de sua família;
Artigo 175 - As autoridades civis e os chefes de servi-
ço, bem como os diretores ou responsáveis pelas entidades (NR)
referidas no parágrafo 2º do artigo anterior e os fiscais ou V - para cumprir obrigações concernentes ao serviço
representantes dos poderes públicos junto às mesmas, que militar; (NR)
tiverem conhecimento de que qualquer dos seus subordina- VI - para tratar de interesses particulares; (NR)
dos ou qualquer empregado da empresa sujeita à fiscalização VII - no caso previsto no artigo 205; (NR)
está no exercício de acumulação proibida, farão a devida co- VIII - compulsoriamente, como medida profilática; (NR)
municação ao órgão competente, para os fins indicados no IX - como prêmio de assiduidade. (NR)
artigo anterior. § 1º - Ao funcionário ocupante exclusivamente de cargo
Parágrafo único - Qualquer cidadão poderá denunciar a em comissão serão concedidas as licenças previstas neste
existência de acumulação ilegal. artigo, salvo as referidas nos incisos IV, VI e VII. (NR)
§ 2º - As licenças previstas nos incisos I a III serão con-
TÍTULO V cedidas ao funcionário de que trata o § 1º deste artigo me-
DOS DIREITOS E VANTAGENS EM GERAL diante regras estabelecidas pelo regime geral de previdência
CAPÍTULO I social. (NR)
Das Férias - Artigo 181 com redação dada pela Lei Complementar
nº 1.123, de 01/07/2010.
Artigo 176 - O funcionário terá direito ao gozo de 30 (trin- Artigo 182 - As licenças dependentes de inspeção mé-
ta) dias de férias anuais, observada a escala que for aprovada. dica serão concedidas pelo prazo indicado pelos órgãos ofi-
§ 1º - É proibido levar à conta de férias qualquer falta ao ciais competentes. (NR)
trabalho. - Artigo 182 com redação dada pela Lei Complementar
§ 2º - É proibida a acumulação de férias, salvo por abso- nº 1.123, de 01/07/2010.
luta necessidade de serviço e pelo máximo de 2 (dois) anos Artigo 183 - Finda a licença, o funcionário deverá reas-
consecutivos. sumir, imediatamente, o exercício do cargo.(NR)
§ 3º - O período de férias será reduzido para 20 (vinte) § 1º - o disposto no “caput” deste artigo não se aplica às
dias, se o servidor, no exercício anterior, tiver, considerados licenças previstas nos incisos V e VII do artigo 181, quando
em conjunto, mais de 10 (dez) não comparecimentos corres- em prorrogação. (NR)
pondentes a faltas abonadas, justificadas e injustificadas ou às
licenças previstas nos itens IV, VI e VII do art. 181.

47
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 2º - a infração do disposto no “caput” deste artigo Artigo 193 - A licença para tratamento de saúde depen-
importará em perda total do vencimento ou remuneração derá de inspeção médica oficial e poderá ser concedida: (NR)
correspondente ao período de ausência e, se esta exceder a I - a pedido do funcionário; (NR)
30 (trinta) dias, ficará o funcionário sujeito à pena de demis- II - “ex officio”. (NR)
são por abandono de cargo. (NR) § 1º - A inspeção médica de que trata o “caput” des-
- Artigo 183 com redação dada pela Lei Complementar te artigo poderá ser dispensada, a critério do órgão oficial,
nº 1.123, de 01/07/2010. quando a análise documental for suficiente para comprovar
Artigo 184 - O funcionário licenciado nos termos dos a incapacidade laboral, observado o estabelecido em decre-
itens I a IV do art. 181, é obrigado a reassumir o exercício, se to. (NR)
for considerado apto em inspeção médica realizada ex-of- § 2º - A licença “ex officio” de que trata o inciso II deste
ficio ou se não subsistir a doença na pessoa de sua família. artigo será concedida por decisão do órgão oficial: (NR)
Parágrafo único - O funcionário poderá desistir da licen- 1 - quando as condições de saúde do funcionário assim
ça, desde que em inspeção médica fique comprovada a ces- o determinarem; (NR)
sação dos motivos determinantes da licença. 2 - a pedido do órgão de origem do funcionário. (NR)
Artigo 185 - As licenças previstas nos incisos I, II e IV do § 3º - O funcionário poderá ser dispensado da inspeção
artigo 181 não serão concedidas em prorrogação, cabendo médica de que trata o “caput” deste artigo em caso de licen-
ao funcionário ou à autoridade competente ingressar, quan- ça para tratamento de saúde de curta duração, conforme
do for o caso, com um novo pedido. (NR) estabelecido em decreto. (NR);
- Artigo 185 com redação dada pela Lei Complementar - Artigo 193 com redação dada pela Lei complementar nº
nº 1.123, de 01/07/2010. 1.196, de 27/02/2013.
Artigo 186 - Revogado.
- Artigo 186 revogado pela Lei Complementar nº 1.123, SEÇÃO III
de 01/07/2010. Da Licença ao Funcionário Acidentado no Exercício
Artigo 187 - O funcionário licenciado nos termos dos de suas Atribuições ou Atacado de Doença Profissional
itens I e II do art. 181 não poderá dedicar-se a qualquer ati-
Artigo 194 - O funcionário acidentado no exercício de
vidade remunerada, sob pena de ser cassada a licença e de
suas atribuições ou que tenha adquirido doença profissional
ser demitido por abandono do cargo, caso não reassuma o
terá direito à licença com vencimento ou remuneração. (NR)
seu exercício dentro do prazo de 30 (trinta) dias.
Parágrafo único - Considera-se também acidente: (NR)
Artigo 188 - Revogado.
1 - a agressão sofrida e não provocada pelo funcionário,
- Artigo 188 revogado pela Lei Complementar nº 1.123,
no exercício de suas funções; (NR)
de 01/07/2010.
2 - a lesão sofrida pelo funcionário, quando em trânsito,
Artigo 189 - Revogado.
no percurso usual para o trabalho. (NR)
- Artigo 189 revogado pela Lei Complementar nº 1.123, - Artigo 194 com redação dada pela Lei Complementar
de 01/07/2010. nº 1.123, de 01/07/2010.
Artigo 190 - O funcionário que se recusar a submeter-se Artigo 195 - A licença prevista no artigo anterior não
à inspeção médica, quando julgada necessária, será punido poderá exceder de 4 (quatro) anos.
com pena de suspensão. Parágrafo único - No caso de acidente, verificada a in-
Parágrafo único - A suspensão cessará no dia em que se capacidade total para qualquer função pública, será desde
realizar a inspeção. logo concedida aposentadoria ao funcionário.
Artigo 196 - A comprovação do acidente, indispensá-
SEÇÃO II vel para a concessão da licença, será feita em procedimento
Da Licença para Tratamento de Saúde próprio, que deverá iniciar-se no prazo de 10 (dez) dias, con-
tados da data do acidente. (NR)
Artigo 191 - Ao funcionário que, por motivo de saúde, § 1º - O funcionário deverá requerer a concessão da li-
estiver impossibilitado para o exercício do cargo, será con- cença de que trata o “caput” deste artigo junto ao órgão de
cedida licença até o máximo de 4 (quatro) anos, com venci- origem. (NR)
mento ou remuneração. (NR) § 2º - Concluído o procedimento de que trata o “caput”
- Artigo 191 com redação dada pela Lei complementar nº deste artigo caberá ao órgão médico oficial a decisão. (NR)
1.196, de 27/02/2013. § 3º - O procedimento para a comprovação do acidente
§ 1º - Findo o prazo, previsto neste artigo, o funcionário de que trata este artigo deverá ser cumprido pelo órgão de
será submetido à inspeção médica e aposentado, desde que origem do funcionário, ainda que não venha a ser objeto de
verificada a sua invalidez, permitindo-se o licenciamento licença. (NR)
além desse prazo, quando não se justificar a aposentadoria. - Artigo 196 com redação dada pela Lei Complementar
§ 2º - Será obrigatória a reversão do aposentado, desde nº 1.123, de 01/07/2010.
que cessados os motivos determinantes da aposentadoria. Artigo 197 -  Para a conceituação do acidente da doença
Artigo 192 - O funcionário ocupante de cargo em co- profissional, serão adotados os critérios da legislação federal
missão poderá ser aposentado, nas condições do artigo an- de acidentes do trabalho.
terior, desde que preencha os requisitos do art. 227.

48
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

SEÇÃO IV § 3º - Quando a desincorporação se verificar em lugar di-


Da Licença à Funcionária Gestante verso do da sede, os prazos para apresentação serão os previs-
tos no art. 60.
Artigo 198 - À funcionária gestante será concedida licença Artigo 201 - Ao funcionário que houver feito curso para
de 180 (cento e oitenta) dias com vencimento ou remuneração, ser admitido como oficial da reserva das Forças Armadas, será
observado o seguinte: (NR) também concedida licença sem vencimento ou remuneração,
I - a licença poderá ser concedida a partir da 32ª (trigésima durante os estágios prescritos pelos regulamentos militares.
segunda) semana de gestação, mediante documentação mé-
dica que comprove a gravidez e a respectiva idade gestacional; SEÇÃO VII
(NR). Da Licença para Tratar de Interesses Particulares
- Artigo 198, “caput” e Inciso I com redação dada pela Lei
complementar nº 1.196, de 27/02/2013. Artigo 202 - Depois de 5 (cinco) anos de exercício, o fun-
II - ocorrido o parto, sem que tenha sido requerida a licen- cionário poderá obter licença, sem vencimento ou remunera-
ça, será esta concedida mediante a apresentação da certidão ção, para tratar de interesses particulares, pelo prazo máximo
de nascimento e vigorará a partir da data do evento, podendo de 2 (dois) anos.
retroagir até 15 (quinze) dias; (NR) § 1º - Poderá ser negada a licença quando o afastamento
III - durante a licença, cometerá falta grave a servidora que do funcionário for inconveniente ao interesse do serviço.
exercer qualquer atividade remunerada ou mantiver a criança § 2º - O funcionário deverá aguardar em exercício a con-
em creche ou organização similar; (NR) cessão da licença.
Parágrafo único - No caso de natimorto, será concedida a § 3º - A licença poderá ser gozada parceladamente a juí-
licença para tratamento de saúde, a critério médico, na forma zo da Administração, desde que dentro do período de 3 (três)
prevista no artigo 193. (NR) anos.
- Incisos II,III e parágrafo único com redação dada pela Lei § 4º - O funcionário poderá desistir da licença, a qualquer
complementar nº 1.054, de 07/07/2008. tempo, reassumindo o exercício em seguida.
Artigo 203 - Não será concedida licença para tratar de
SEÇÃO V interesses particulares ao funcionário nomeado, removido ou
Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Famí- transferido, antes de assumir o exercício do cargo.
lia Artigo 204 - Só poderá ser concedida nova licença depois
  de decorridos 5 (cinco) anos do término da anterior.
Artigo 199 - O funcionário poderá obter licença, por moti-
vo de doença do cônjuge e de parentes até segundo grau. (NR) SEÇÃO VIII
§ 1º - Provar-se-á a doença em inspeção médica na forma Da Licença à Funcionária Casada com Funcionário ou
prevista no artigo 193. (NR) Militar
§ 2º - A licença de que trata este artigo será concedida
com vencimentos ou remuneração até 1 (um) mês e com os Artigo 205 - A funcionária casada com funcionário esta-
seguintes descontos: (NR) dual ou com militar terá direito à licença, sem vencimento ou
1 - de 1/3 (um terço), quando exceder a 1 (um) mês até 3 remuneração, quando o marido for mandado servir, indepen-
(três); (NR) dentemente de solicitação, em outro ponto do Estado ou do
2 - 2/3 (dois terços), quando exceder a 3 (três) até 6 (seis); (NR) território nacional ou no estrangeiro.
3 - sem vencimento ou remuneração do sétimo ao vigési- Parágrafo único - A licença será concedida mediante pedi-
mo mês. (NR) do devidamente instruído e vigorará pelo tempo que durar a
§ 3º - Para os efeitos do § 2º deste artigo, serão somadas comissão ou a nova função do marido.
as licenças concedidas durante o período de 20 (vinte) meses,
contado da primeira concessão. (NR) SEÇÃO IX
- Artigo 199 com redação dada pela Lei Complementar nº Da Licença Compulsória
1.123, de 01/07/2010.
Artigo 206 - O funcionário, ao qual se possa atribuir a con-
SEÇÃO VI dição de fonte de infecção de doença transmissível, poderá ser
Da Licença para Atender a Obrigações Concernentes licenciado, enquanto durar essa condição, a juízo de autoridade
ao Serviço Militar sanitária competente, e na forma prevista no regulamento.
Artigo 207 - Verificada a procedência da suspeita, o fun-
Artigo 200 - Ao funcionário que for convocado para o ser- cionário será licenciado para tratamento de saúde na forma
viço militar e outros encargos da segurança nacional, será con- prevista no art. 191, considerando-se incluídos no período da
cedida licença sem vencimento ou remuneração. licença os dias de licenciamento compulsório.
§ 1º - A licença será concedida mediante comunicação do Artigo 208 - Quando não positivada a moléstia, deverá o
funcionário ao chefe da repartição ou do serviço, acompanha- funcionário retornar ao serviço, considerando -se como de efe-
da de documentação oficial que prove a incorporação. tivo exercício para todos os efeitos legais, o período de licença
§ 2º - O funcionário desincorporado reassumirá imedia- compulsória.
tamente o exercício, sob pena de demissão por abandono do
cargo, se a ausência exceder a 30 (trinta) dias.

49
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

SEÇÃO X CAPÍTULO III


Da licença-prêmio Da Estabilidade

Artigo 209 - O funcionário terá direito, como prêmio de Artigo 217 - É assegurada a estabilidade somente ao
assiduidade, à licença de 90 (noventa) dias em cada período funcionário que, nomeado por concurso, contar mais de 2
de 5 (cinco) anos de exercício ininterrupto, em que não haja (dois) anos de efetivo exercício.
sofrido qualquer penalidade administrativa. Artigo 218 - O funcionário estável só poderá ser demi-
Parágrafo único - O período da licença será considerado tido em virtude de sentença judicial ou mediante processo
de efetivo exercício para todos os efeitos legais, e não acarre- administrativo, assegurada ampla defesa.
tará desconto algum no vencimento ou remuneração. Parágrafo único - A estabilidade diz respeito ao serviço
Artigo 210 - Para fins da licença prevista nesta Seção, não público e não ao cargo, ressalvando-se à Administração o
se consideram interrupção de exercício: direito de aproveitar o funcionário em outro cargo de igual
I - os afastamentos enumerados no art. 78, excetuado o padrão, de acordo com as suas aptidões.
previsto no item X; e
II - as faltas abonadas, as justificadas e os dias de licença CAPÍTULO IV
a que se referem os itens I e IV do art. 181 desde que o total Da Disponibilidade
de todas essas ausências não exceda o limite máximo de 30  
(trinta) dias, no período de 5 (cinco) anos. Artigo 219 - O funcionário poderá ser posto em dispo-
Artigo 211 - Revogado. nibilidade remunerada:
- Artigo 211 revogado pela Lei Complementar nº 318, de I - no caso previsto no § 2º do art. 31; e
10/03/1983. II - quando, tendo adquirido estabilidade, o cargo for
Artigo 212 - A licença-prêmio será concedida mediante extinto por lei.
certidão de tempo de serviço, independente de requerimento Parágrafo único - O funcionário ficará em disponibilida-
do funcionário, e será publicada no Diário Oficial do Estado, de até o seu obrigatório aproveitamento em cargo equiva-
nos termos da legislação em vigor. (NR) lente.
- Artigo 212 com redação dada pela Lei Complementar nº Artigo 220 - O provento da disponibilidade não pode-
1048, de 10/06/2008. rá ser superior ao vencimento ou remuneração e vantagens
Artigo 213 - O funcionário poderá requerer o gozo da li- percebidos pelo funcionário.
cença-prêmio: (NR) Artigo 221 - Qualquer alteração do vencimento ou re-
I - por inteiro ou em parcelas não inferiores a 15 (quinze) muneração e vantagens percebidas pelo funcionário em vir-
dias; (NR) tude de medida geral, será extensiva ao provento do dispo-
II - até o implemento das condições para a aposentadoria nível, na mesma proporção.
voluntária. (NR)
§ 1º - Caberá à autoridade competente: (NR) CAPÍTULO V
1 - adotar, após manifestação do chefe imediato, sem pre- Da Aposentadoria
juízo para o serviço, as medidas necessárias para que o funcio-
nário possa gozar a licença-prêmio a que tenha direito; (NR) Artigo 222 - O funcionário será aposentado:
2 - decidir, após manifestação do chefe imediato, observa- I - por invalidez;
da a opção do funcionário e respeitado o interesse do serviço, II - compulsoriamente, aos 70 (setenta) anos; e
pelo gozo da licença-prêmio por inteiro ou parceladamente. III - voluntariamente, após 35 (trinta e cinco) anos de
(NR) serviço.
§ 2º - A apresentação de pedido de passagem à inativida- § 1º - No caso do item III, o prazo é reduzido a 30 (trinta)
de, sem a prévia e oportuna apresentação do requerimento de anos para as mulheres.
gozo, implicará perda do direito à licença-prêmio. (NR) § 2º - Os limites de idade e de tempo de serviço para
- Artigo 213 com redação dada pela Lei Complementar nº a aposentadoria poderão ser reduzidos, nos termos do pa-
1.048, de 10/06/2008. rágrafo único do art. 94 da Constituição do Estado de São
Artigo 214 - O funcionário deverá aguardar em exercício a Paulo.
apreciação do requerimento de gozo da licença-prêmio. (NR) Artigo 223 - A aposentadoria prevista no item I do arti-
Parágrafo único - O gozo da licença-prêmio dependerá de go anterior, só será concedida, após a comprovação da inva-
novo requerimento, caso não se inicie em até 30 (trinta) dias lidez do funcionário, mediante inspeção de saúde realizada
contados da publicação do ato que o houver autorizado. (NR) em órgão médico oficial.
- Artigo 214 com redação dada pela Lei Complementar nº Artigo 224 - A aposentadoria compulsória prevista no
1.048, de 10/06/2008. item II do art. 222 é automática.
Artigo 215 - Revogado. Parágrafo único - O funcionário se afastará no dia ime-
- Artigo 215 revogado pela Lei Complementar nº 644, de diato àquele em que atingir a idade limite, independente-
26/12/1989. mente da publicação do ato declaratório da aposentadoria.
Artigo 216 - Revogado. Artigo 225 - O funcionário em disponibilidade poderá
- Artigo 216 revogado pela Lei Complementar nº 644, de ser aposentado nos termos do art. 222.
26/12/1989.

50
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 226 - O provento da aposentadoria será: CAPÍTULO VII


I - igual ao vencimento ou remuneração e demais vanta- Do Direito de Petição
gens pecuniárias incorporadas para esse efeito:
1 - quando o funcionário, do sexo masculino, contar 35 Artigo 239 - É assegurado a qualquer pessoa, física ou jurídi-
(trinta e cinco) anos de serviço e do sexo feminino, 30 (trinta) ca, independentemente de pagamento, o direito de petição con-
anos; e tra ilegalidade ou abuso de poder e para defesa de direitos. (NR)
2 - quando ocorrer a invalidez. § 1º - Qualquer pessoa poderá reclamar sobre abuso, erro,
II - proporcional ao tempo de serviço, nos demais casos. omissão ou conduta incompatível no serviço público.(NR)
Artigo 227 - As disposições dos itens I e II do art. 222 § 2º - Em nenhuma hipótese, a Administração poderá re-
aplicam-se ao funcionário ocupante de cargo em comissão, cusar-se a protocolar, encaminhar ou apreciar a petição, sob
que contar mais de 15 (quinze) anos de exercício ininterrupto pena de responsabilidade do agente. (NR)
nesse cargo, seja ou não ocupante de cargo de provimento - Artigo 239 com redação dada pela  Lei Complementar n°
efetivo. 942, de 06/06/2003.
Artigo 228 - A aposentadoria prevista no item III do art. Artigo 240 - Ao servidor é assegurado o direito de reque-
222 produzirá efeito a partir da publicação do ato no “Diário rer ou representar, bem como, nos termos desta lei comple-
Oficial”. mentar, pedir reconsideração e recorrer de decisões, no prazo
Artigo 229 - O pagamento dos proventos a que tiver di- de 30 (trinta) dias, salvo previsão legal específica. (NR)
reito o aposentado deverá iniciar-se no mês seguinte ao em - Artigo 240 com redação dada pela  Lei Complementar n°
que cessar a percepção do vencimento ou remuneração. 942, de 06/06/2003.
Artigo 230 - O provento do aposentado só poderá sofrer
descontos autorizados em lei. TÍTULO VI
Artigo 231 - O provento da aposentadoria não poderá DOS DEVERES, DAS PROIBIÇÕES E DAS RESPONSABI-
ser superior ao vencimento ou remuneração e demais vanta- LIDADES
gens percebidas pelo funcionário. CAPÍTULO I
Artigo 232 - Qualquer alteração do vencimento ou remu- Dos Deveres e das Proibições
neração e vantagens percebidas pelo funcionário em virtude SEÇÃO I
de medida geral, será extensiva ao provento do aposentado, Dos Deveres
na mesma proporção.  
Artigo 241 - São deveres do funcionário:
CAPÍTULO VI I - ser assíduo e pontual;
Da Assistência ao Funcionário II - cumprir as ordens superiores, representando quando
  forem manifestamente ilegais;
Artigo 233 - Nos trabalhos insalubres executados pelos III - desempenhar com zelo e presteza os trabalhos de
funcionários, o Estado é obrigado a fornecer-lhes gratuita- que for incumbido;
mente equipamentos de proteção à saúde. IV - guardar sigilo sobre os assuntos da repartição e, espe-
Parágrafo único - Os equipamentos aprovados por órgão cialmente, sobre despachos, decisões ou providências;
competente, serão de uso obrigatório dos funcionários, sob V - representar aos superiores sobre todas as irregularida-
pena de suspensão. des de que tiver conhecimento no exercício de suas funções;
Artigo 234 - Ao funcionário é assegurado o direito de VI - tratar com urbanidade as pessoas; (NR)
remoção para igual cargo no local de residência do cônjuge, - Inciso VI com redação dada pela Lei Complementar nº
se este também for funcionário e houver vaga. 1.096, de 24/09/2009.
Artigo 235 - Havendo vaga na sede do exercício de am- VII - residir no local onde exerce o cargo ou, onde auto-
bos os cônjuges, a remoção poderá ser feita para o local indi- rizado;
cado por qualquer deles, desde que não prejudique o serviço. VIII - providenciar para que esteja sempre em ordem, no
Artigo 236 - Somente será concedida nova remoção por assentamento individual, a sua declaração de família;
união de cônjuges ao funcionário que for removido a pedido IX - zelar pela economia do material do Estado e pela con-
para outro local, após transcorridos 5 (cinco) anos. servação do que for confiado à sua guarda ou utilização;
Artigo 237 - Considera-se local, para os fins dos arts. 234 X - apresentar -se convenientemente trajado em serviço
a 236, o município onde o cônjuge tem sua residência. ou com uniforme determinado, quando for o caso;
Artigo 238 - O ato que remover ou transferir o funcioná- XI - atender prontamente, com preferência sobre qualquer
rio estudante de uma para outra cidade ficará suspenso se, outro serviço, às requisições de papéis, documentos, informa-
na nova sede, não existir estabelecimento congênere, oficial, ções ou providências que lhe forem feitas pelas autoridades
reconhecido ou equiparado àquele em que o interessado es- judiciárias ou administrativas, para defesa do Estado, em Juízo;
teja matriculado. XII - cooperar e manter espírito de solidariedade com os
§ 1º - Efetivar-se-á a transferência, se o funcionário con- companheiros de trabalho,
cluir o curso, deixar de cursá-lo ou for reprovado durante 2 XIII - estar em dia com as leis, regulamentos, regimen-
(dois) anos. tos, instruções e ordens de serviço que digam respeito às suas
§ 2º - Anualmente, o interessado deverá fazer prova, pe- funções; e
rante a repartição a que esteja subordinado, de que está fre- XIV - proceder na vida pública e privada na forma que
quentando regularmente o curso em que estiver matriculado. dignifique a função pública.

51
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

SEÇÃO II Artigo 244 - É vedado ao funcionário trabalhar sob as or-


Das Proibições dens imediatas de parentes, até segundo grau, salvo quando
se tratar de função de confiança e livre escolha, não podendo
Artigo 242 - Ao funcionário é proibido: exceder a 2 (dois) o número de auxiliares nessas condições.
I -  Revogado.
- Inciso I revogado pela Lei Complementar nº 1.096, de CAPÍTULO II
24/09/2009. Das Responsabilidades
II - retirar, sem prévia permissão da autoridade compe-  
tente, qualquer documento ou objeto existente na repartição; Artigo 245 - O funcionário é responsável por todos os
III - entreter-se, durante as horas de trabalho, em pales- prejuízos que, nessa qualidade, causar à Fazenda Estadual,
tras, leituras ou outras atividades estranhas ao serviço; por dolo ou culpa, devidamente apurados.
IV - deixar de comparecer ao serviço sem causa justificada; Parágrafo único - Caracteriza-se especialmente a res-
V - tratar de interesses particulares na repartição; ponsabilidade:
VI - promover manifestações de apreço ou desapreço I - pela sonegação de valores e objetos confiados à sua
dentro da repartição, ou tornar-se solidário com elas; guarda ou responsabilidade, ou por não prestar contas, ou
VII - exercer comércio entre os companheiros de serviço, por não as tomar, na forma e no prazo estabelecidos nas leis,
promover ou subscrever listas de donativos dentro da repar- regulamentos, regimentos, instruções e ordens de serviço;
tição; e II - pelas faltas, danos, avarias e quaisquer outros prejuí-
VIII - empregar material do serviço público em serviço zos que sofrerem os bens e os materiais sob sua guarda, ou
particular. sujeitos a seu exame ou fiscalização;
Artigo 243 - É proibido ainda, ao funcionário: III - pela falta ou inexatidão das necessárias averbações
I - fazer contratos de natureza comercial e industrial com o nas notas de despacho, guias e outros documentos da recei-
Governo, por si, ou como representante de outrem; ta, ou que tenham com eles relação; e
II - participar da gerência ou administração de empresas IV - por qualquer erro de cálculo ou redução contra a
bancárias ou industriais, ou de sociedades comerciais, que
Fazenda Estadual.
mantenham relações comerciais ou administrativas com o Go-
Artigo 246 - O funcionário que adquirir materiais em
verno do Estado, sejam por este subvencionadas ou estejam
desacordo com disposições legais e regulamentares, será
diretamente relacionadas com a finalidade da repartição ou
responsabilizado pelo respectivo custo, sem prejuízo das
serviço em que esteja lotado;
penalidades disciplinares cabíveis, podendo-se proceder ao
III - requerer ou promover a concessão de privilégios, ga-
desconto no seu vencimento ou remuneração.
rantias de juros ou outros favores semelhantes, federais, es-
Artigo 247 - Nos casos de indenização à Fazenda Es-
taduais ou municipais, exceto privilégio de invenção própria;
IV - exercer, mesmo fora das horas de trabalho, emprego tadual, o funcionário será obrigado a repor, de uma só vez,
ou função em empresas, estabelecimentos ou instituições que a importância do prejuízo causado em virtude de alcance,
tenham relações com o Governo, em matéria que se relacione desfalque, remissão ou omissão em efetuar recolhimento ou
com a finalidade da repartição ou serviço em que esteja lotado; entrada nos prazos legais.
V - aceitar representação de Estado estrangeiro, sem au- Artigo 248 - Fora dos casos incluídos no artigo ante-
torização do Presidente da República; rior, a importância da indenização poderá ser descontada do
VI - comerciar ou ter parte em sociedades comerciais nas vencimento ou remuneração não excedendo o desconto à
condições mencionadas no item II deste artigo, podendo, em 10ª (décima) parte do valor destes.
qualquer caso, ser acionista, quotista ou comanditário; Parágrafo único - No caso do item IV do parágrafo único
VII - incitar greves ou a elas aderir, ou praticar atos de do art. 245, não tendo havido má-fé, será aplicada a pena de
sabotagem contra o serviço público; repreensão e, na reincidência, a de suspensão.
VIII - praticar a usura; Artigo 249 - Será igualmente responsabilizado o funcio-
IX - constituir-se procurador de partes ou servir de inter- nário que, fora dos casos expressamente previstos nas leis,
mediário perante qualquer repartição pública, exceto quando regulamentos ou regimentos, cometer a pessoas estranhas
se tratar de interesse de cônjuge ou parente até segundo grau; às repartições, o desempenho de encargos que lhe compe-
X - receber estipêndios de firmas fornecedoras ou de enti- tirem ou aos seus subordinados.
dades fiscalizadas, no País, ou no estrangeiro, mesmo quando Artigo 250 - A responsabilidade administrativa não exi-
estiver em missão referente à compra de material ou fiscaliza- me o funcionário da responsabilidade civil ou criminal que
ção de qualquer natureza; no caso couber, nem o pagamento da indenização a que fi-
XI - valer-se de sua qualidade de funcionário para desem- car obrigado, na forma dos arts. 247 e 248, o exame da pena
penhar atividade estranha às funções ou para lograr, direta ou disciplinar em que incorrer.
indiretamente, qualquer proveito; e § 1º - A responsabilidade administrativa é independente
XII - fundar sindicato de funcionários ou deles fazer parte. da civil e da criminal.(NR)
Parágrafo único — Não está compreendida na proibição § 2º - Será reintegrado ao serviço público, no cargo que
dos itens II e VI deste artigo, a participação do funcionário em ocupava e com todos os direitos e vantagens devidas, o ser-
sociedades em que o Estado seja acionista, bem assim na di- vidor absolvido pela Justiça, mediante simples comprovação
reção ou gerência de cooperativas e associações de classe, ou do trânsito em julgado de decisão que negue a existência de
como seu sócio. sua autoria ou do fato que deu origem à sua demissão.(NR)

52
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 3º - O processo administrativo só poderá ser sobresta- - Inciso II com redação dada pela Lei Complementar n°
do para aguardar decisão judicial por despacho motivado da 942, de 06/06/2003.
autoridade competente para aplicar a pena.(NR) III - revelar segredos de que tenha conhecimento em ra-
- §§ 1º ao 3º acrescentados pela  Lei Complementar n° 942, zão do cargo, desde que o faça dolosamente e com prejuízo
de 06/06/2003. para o Estado ou particulares;
IV - praticar insubordinação grave;
TÍTULO VII V - praticar, em serviço, ofensas físicas contra funcioná-
DAS PENALIDADES, DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDA- rios ou particulares, salvo se em legítima defesa;
DE E DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES (NR) VI - lesar o patrimônio ou os cofres públicos;
- Título VII com redação dada pela  Lei Complemen- VII - receber ou solicitar propinas, comissões, presen-
tar n° 942, de 06/06/2003 tes ou vantagens de qualquer espécie, diretamente ou por
CAPÍTULO I intermédio de outrem, ainda que fora de suas funções mas
Das Penalidades e de sua Aplicação em razão delas;
VIII - pedir, por empréstimo, dinheiro ou quaisquer va-
Artigo 251 - São penas disciplinares: lores a pessoas que tratem de interesses ou o tenham na
I - repreensão; repartição, ou estejam sujeitos à sua fiscalização;
II - suspensão; IX - exercer advocacia administrativa; e
III - multa; X - apresentar com dolo declaração falsa em matéria de
IV - demissão; salário-família, sem prejuízo da responsabilidade civil e de
V - demissão a bem do serviço público; e procedimento criminal, que no caso couber.
VI - cassação de aposentadoria ou disponibilidade XI - praticar ato definido como crime hediondo, tortura,
Artigo 252 - Na aplicação das penas disciplinares serão tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e terrorismo;
consideradas a natureza e a gravidade da infração e os danos (NR)
que dela provierem para o serviço público. XII - praticar ato definido como crime contra o Sistema
Artigo 253 - A pena de repreensão será aplicada por es- Financeiro, ou de lavagem ou ocultação de bens, direitos ou
crito, nos casos de indisciplina ou falta de cumprimento dos valores; (NR)
deveres. XIII - praticar ato definido em lei como de improbidade.
Artigo 254 - A pena de suspensão, que não excederá de (NR)
90 (noventa) dias, será aplicada em caso de falta grave ou de - Incisos XI ao XIII acrescentados pela  Lei Complementar
reincidência. n° 942, de 06/06/2003.
§ 1º -  O funcionário suspenso perderá todas as vanta- Artigo 258 - O ato que demitir o funcionário mencionará
gens e direitos decorrentes do exercício do cargo. sempre a disposição legal em que se fundamenta.
§ 2º - A autoridade que aplicar a pena de suspensão po- Artigo 259 - Será aplicada a pena de cassação de apo-
derá converter essa penalidade em multa, na base de 50% sentadoria ou disponibilidade, se ficar provado que o inativo:
(cinquenta por cento) por dia de vencimento ou remunera- I - praticou, quando em atividade, falta grave para a qual
ção, sendo o funcionário, nesse caso, obrigado a permanecer é cominada nesta lei a pena de demissão ou de demissão a
em serviço. bem do serviço público;
Artigo 255 - A pena de multa será aplicada na forma e II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública;
nos casos expressamente previstos em lei ou regulamento. III - aceitou representação de Estado estrangeiro sem
Artigo 256 - Será aplicada a pena de demissão nos casos de: prévia autorização do Presidente da República; e
I - abandono de cargo; IV - praticou a usura em qualquer de suas formas.
II - procedimento irregular, de natureza grave; Artigo 260 - Para aplicação das penalidades previstas no
III - ineficiência no serviço; artigo 251, são competentes: (NR)
IV - aplicação indevida de dinheiros públicos, e I - o Governador; (NR)
V - ausência ao serviço, sem causa justificável, por mais II - os Secretários de Estado, o Procurador Geral do Esta-
de 45 (quarenta e cinco) dias, interpoladamente, durante 1 do e os Superintendentes de Autarquia; (NR)
(um) ano. III - os Chefes de Gabinete, até a de suspensão; (NR)
§ 1º - Considerar-se-á abandono de cargo, o não compa- IV - os Coordenadores, até a de suspensão limitada a 60
recimento do funcionário por mais de (30) dias consecutivos (sessenta) dias; e (NR)
ex-vi do art. 63. V - os Diretores de Departamento e Divisão, até a de
§ 2º - A pena de demissão por ineficiência no serviço, só suspensão limitada a 30 (trinta) dias. (NR)
será aplicada quando verificada a impossibilidade de readap- Parágrafo único - Havendo mais de um infrator e diver-
tação. sidade de sanções, a competência será da autoridade res-
Artigo 257 - Será aplicada a pena de demissão a bem do ponsável pela imposição da penalidade mais grave. (NR)
serviço público ao funcionário que: - Artigo 260 com redação dada pela  Lei Complementar
I - for convencido de incontinência pública e escandalosa n° 942, de 06/06/2003.
e de vício de jogos proibidos; Artigo 261 - Extingue-se a punibilidade pela prescrição:
II - praticar ato definido como crime contra a administra- (NR)
ção pública, a fé pública e a Fazenda Estadual, ou previsto nas I - da falta sujeita à pena de repreensão, suspensão ou
leis relativas à segurança e à defesa nacional; (NR) multa, em 2 (dois) anos; (NR)

53
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

II - da falta sujeita à pena de demissão, de demissão a § 2º - Não concluída no prazo a apuração, a autoridade
bem do serviço público e de cassação da aposentadoria ou deverá imediatamente encaminhar ao Chefe de Gabinete re-
disponibilidade, em 5 (cinco) anos; (NR) latório das diligências realizadas e definir o tempo necessário
III - da falta prevista em lei como infração penal, no pra- para o término dos trabalhos. (NR)
zo de prescrição em abstrato da pena criminal, se for supe- § 3º - Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade de-
rior a 5 (cinco) anos. (NR) verá opinar fundamentadamente pelo arquivamento ou pela
§ 1º - A prescrição começa a correr: (NR) instauração de sindicância ou de processo administrativo. (NR)
1 - do dia em que a falta for cometida; (NR) - Artigo 265 com redação dada pela Lei Complementar n°
2 - do dia em que tenha cessado a continuação ou a 942, de 06/06/2003.
permanência, nas faltas continuadas ou permanentes. (NR) Artigo 266 - Determinada a instauração de sindicância
§ 2º - Interrompem a prescrição a portaria que instaura ou processo administrativo, ou no seu curso, havendo conve-
sindicância e a que instaura processo administrativo.(NR) niência para a instrução ou para o serviço, poderá o Chefe de
§ 3º - O lapso prescricional corresponde: (NR) Gabinete, por despacho fundamentado, ordenar as seguintes
1 - na hipótese de desclassificação da infração, ao da providências: (NR)
pena efetivamente aplicada; (NR) I - afastamento preventivo do servidor, quando o reco-
2 - na hipótese de mitigação ou atenuação, ao da pena mendar a moralidade administrativa ou a apuração do fato,
em tese cabível. (NR) sem prejuízo de vencimentos ou vantagens, até 180 (cento e oi-
§ 4º - A prescrição não corre: (NR) tenta) dias, prorrogáveis uma única vez por igual período; (NR)
1 - enquanto sobrestado o processo administrativo para II - designação do servidor acusado para o exercício de
aguardar decisão judicial, na forma do § 3º do artigo 250; atividades exclusivamente burocráticas até decisão final do
(NR) procedimento; (NR)
2 - enquanto insubsistente o vínculo funcional que ve- III - recolhimento de carteira funcional, distintivo, armas e
nha a ser restabelecido. (NR) algemas; (NR)
§ 5º - Extinta a punibilidade pela prescrição, a autori- IV - proibição do porte de armas; (NR)
dade julgadora determinará o registro do fato nos assenta- V - comparecimento obrigatório, em periodicidade a ser
mentos individuais do servidor. (NR) estabelecida, para tomar ciência dos atos do procedimento.
§ 6º - A decisão que reconhecer a existência de pres- (NR)
crição deverá desde logo determinar, quando for o caso, as § 1º - A autoridade que determinar a instauração ou pre-
providências necessárias à apuração da responsabilidade sidir sindicância ou processo administrativo poderá represen-
pela sua ocorrência. (NR) tar ao Chefe de Gabinete para propor a aplicação das medidas
- Artigo 261 com redação dada pela  Lei Complementar previstas neste artigo, bem como sua cessação ou alteração.
n° 942, de 06/06/2003. (NR)
Artigo 262 - O funcionário que, sem justa causa, deixar § 2º - O Chefe de Gabinete poderá, a qualquer momento,
de atender a qualquer exigência para cujo cumprimento seja por despacho fundamentado, fazer cessar ou alterar as medi-
marcado prazo certo, terá suspenso o pagamento de seu das previstas neste artigo. (NR)
vencimento ou remuneração até que satisfaça essa exigên- - Artigo 266 com redação dada pela Lei Complementar n°
cia. 942, de 06/06/2003.
Parágrafo único - Aplica-se aos aposentados ou em dis- Artigo 267 - O período de afastamento preventivo com-
ponibilidade o disposto neste artigo. puta-se como de efetivo exercício, não sendo descontado da
Artigo 263 - Deverão constar do assentamento indivi- pena de suspensão eventualmente aplicada. (NR)
dual do funcionário todas as penas que lhe forem impostas. - Artigo 267 com redação dada pela Lei Complementar n°
942, de 06/06/2003.
CAPÍTULO II
Das Providências Preliminares (NR) TÍTULO VIII
- Capítulo II com redação dada pela Lei Comple- DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR (NR)
mentar n° 942, de 06/06/2003 CAPÍTULO I
Das Disposições Gerais (NR)
Artigo 264 - A autoridade que, por qualquer meio, ti- - Título VIII e Capítulo I com redação dada pela Lei
ver conhecimento de irregularidade praticada por servidor é Complementar n° 942, de 06/06/2003.
obrigada a adotar providências visando à sua imediata apu-  
ração, sem prejuízo das medidas urgentes que o caso exigir. Artigo 268 - A apuração das infrações será feita mediante
(NR) sindicância ou processo administrativo, assegurados o contra-
- Artigo 264 com redação dada pela  Lei Complementar ditório e a ampla defesa. (NR)
n° 942, de 06/06/2003. - Artigo 268 com redação dada pela Lei Complementar n°
Artigo 265 - A autoridade realizará apuração preliminar, 942, de 06/06/2003.
de natureza simplesmente investigativa, quando a infração Artigo 269 - Será instaurada sindicância quando a falta
não estiver suficientemente caracterizada ou definida auto- disciplinar, por sua natureza, possa determinar as penas de
ria. (NR) repreensão, suspensão ou multa. (NR)
§ 1º - A apuração preliminar deverá ser concluída no - Artigo 269 com redação dada pela Lei Complementar n°
prazo de 30 (trinta) dias. (NR) 942, de 06/06/2003.

54
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 270 - Será obrigatório o processo administrativo Artigo 277 - O processo administrativo deverá ser ins-
quando a falta disciplinar, por sua natureza, possa determi- taurado por portaria, no prazo improrrogável de 8 (oito) dias
nar as penas de demissão, de demissão a bem do serviço do recebimento da determinação, e concluído no de 90 (no-
público e de cassação de aposentadoria ou disponibilidade. venta) dias da citação do acusado. (NR)
(NR) § 1º - Da portaria deverão constar o nome e a identifica-
- Artigo 270 com redação dada pela Lei Complementar n° ção do acusado, a infração que lhe é atribuída, com descri-
942, de 06/06/2003. ção sucinta dos fatos, a indicação das normas infringidas e a
Artigo 271 - Os procedimentos disciplinares punitivos penalidade mais elevada em tese cabível. (NR)
serão realizados pela Procuradoria Geral do Estado e presi- § 2º - Vencido o prazo, caso não concluído o processo, o
didos por Procurador do Estado confirmado na carreira. (NR) Procurador do Estado que o presidir deverá imediatamente
- Artigo 271 com redação dada pela Lei Complementar n° encaminhar ao seu superior hierárquico relatório indicando
942, de 06/06/2003. as providências faltantes e o tempo necessário para término
dos trabalhos. (NR)
CAPÍTULO II § 3º - O superior hierárquico dará ciência dos fatos a
Da Sindicância que se refere o parágrafo anterior e das providências que
houver adotado à autoridade que determinou a instauração
Artigo 272 - São competentes para determinar a instau- do processo. (NR)
ração de sindicância as autoridades enumeradas no artigo - Artigo 277 com redação dada pela Lei Complementar n°
260. (NR) 942, de 06/06/2003.
Parágrafo único - Instaurada a sindicância, o Procurador Artigo 278 - Autuada a portaria e demais peças pree-
do Estado que a presidir comunicará o fato ao órgão setorial xistentes, designará o presidente dia e hora para audiência
de pessoal. (NR) de interrogatório, determinando a citação do acusado e a
- Artigo 272 com redação dada pela  Lei Complementar notificação do denunciante, se houver. (NR)
n° 942, de 06/06/2003. § 1º - O mandado de citação deverá conter: (NR)
Artigo 273 - Aplicam-se à sindicância as regras previstas 1 - cópia da portaria; (NR)
nesta lei complementar para o processo administrativo, com 2 - data, hora e local do interrogatório, que poderá ser
as seguintes modificações: (NR) acompanhado pelo advogado do acusado; (NR)
I - a autoridade sindicante e cada acusado poderão ar- 3 - data, hora e local da oitiva do denunciante, se hou-
rolar até 3 (três) testemunhas; (NR) ver, que deverá ser acompanhada pelo advogado do acusa-
II - a sindicância deverá estar concluída no prazo de 60 do; (NR)
(sessenta) dias; (NR) 4 - esclarecimento de que o acusado será defendido
III - com o relatório, a sindicância será enviada à autori- por advogado dativo, caso não constitua advogado próprio;
dade competente para a decisão. (NR) (NR)
- Artigo 273 com redação dada pela  Lei Complementar 5 - informação de que o acusado poderá arrolar teste-
n° 942, de 06/06/2003. munhas e requerer provas, no prazo de 3 (três) dias após a
data designada para seu interrogatório; (NR)
CAPÍTULO III 6 - advertência de que o processo será extinto se o acu-
Do Processo Administrativo (NR) sado pedir exoneração até o interrogatório, quando se tra-
- Capítulo III com redação dada pela Lei Comple- tar exclusivamente de abandono de cargo ou função, bem
mentar n° 942, de 06/06/2003. como inassiduidade. (NR)
§ 2º - A citação do acusado será feita pessoalmente, no
Artigo 274 - São competentes para determinar a instau- mínimo 2 (dois) dias antes do interrogatório, por intermédio
ração de processo administrativo as autoridades enumera- do respectivo superior hierárquico, ou diretamente, onde
das no artigo 260, até o inciso IV, inclusive. (NR) possa ser encontrado. (NR)
- Artigo 274 com redação dada pela Lei Complementar n° § 3º - Não sendo encontrado em seu local de trabalho
942, de 06/06/2003. ou no endereço constante de seu assentamento individual,
Artigo 275 - Não poderá ser encarregado da apuração, furtando-se o acusado à citação ou ignorando-se seu pa-
nem atuar como secretário, amigo íntimo ou inimigo, pa- radeiro, a citação far-se-á por edital, publicado uma vez no
rente consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até Diário Oficial do Estado, no mínimo 10 (dez) dias antes do
o terceiro grau inclusive, cônjuge, companheiro ou qualquer interrogatório. (NR)
integrante do núcleo familiar do denunciante ou do acusa- - Artigo 278 com redação dada pela Lei Complementar n°
do, bem assim o subordinado deste. (NR) 942, de 06/06/2003.
- Artigo 275 com redação dada pela Lei Complementar n° Artigo 279 - Havendo denunciante, este deverá prestar
942, de 06/06/2003. declarações, no interregno entre a data da citação e a fixada
Artigo 276 - A autoridade ou o funcionário designado para o interrogatório do acusado, sendo notificado para tal
deverão comunicar, desde logo, à autoridade competente, o fim. (NR)
impedimento que houver. (NR) § 1º - A oitiva do denunciante deverá ser acompanhada
- Artigo 276 com redação dada pela Lei Complementar n° pelo advogado do acusado, próprio ou dativo. (NR)
942, de 06/06/2003.

55
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 2º - O acusado não assistirá à inquirição do denun- § 2º - Ao servidor que se recusar a depor, sem justa cau-
ciante; antes porém de ser interrogado, poderá ter ciência sa, será pela autoridade competente adotada a providência
das declarações que aquele houver prestado. (NR) a que se refere o artigo 262, mediante comunicação do pre-
- Artigo 279 com redação dada pela Lei Complementar n° sidente. (NR)
942, de 06/06/2003. § 3º - O servidor que tiver de depor como testemunha
Artigo 280 - Não comparecendo o acusado, será, por fora da sede de seu exercício, terá direito a transporte e diá-
despacho, decretada sua revelia, prosseguindo-se nos de- rias na forma da legislação em vigor, podendo ainda expe-
mais atos e termos do processo. (NR) dir-se precatória para esse efeito à autoridade do domicílio
- Artigo 280 com redação dada pela Lei Complementar n° do depoente. (NR)
942, de 06/06/2003. § 4º - São proibidas de depor as pessoas que, em razão
Artigo 281 - Ao acusado revel será nomeado advogado de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar se-
dativo. (NR) gredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quise-
- Artigo 281 com redação dada pela Lei Complementar n° rem dar o seu testemunho. (NR)
942, de 06/06/2003. - Artigo 285 com redação dada pela Lei Complementar n°
Artigo 282 - O acusado poderá constituir advogado que 942, de 06/06/2003.
o representará em todos os atos e termos do processo. (NR) Artigo 286 - A testemunha que morar em comarca di-
§ 1º - É faculdade do acusado tomar ciência ou assistir versa poderá ser inquirida pela autoridade do lugar de sua
aos atos e termos do processo, não sendo obrigatória qual- residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória,
quer notificação. (NR) com prazo razoável, intimada a defesa. (NR)
§ 2º - O advogado será intimado por publicação no Diá- § 1º - Deverá constar da precatória a síntese da impu-
rio Oficial do Estado, de que conste seu nome e número de tação e os esclarecimentos pretendidos, bem como a adver-
inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, bem como os tência sobre a necessidade da presença de advogado. (NR)
dados necessários à identificação do procedimento. (NR) § 2º - A expedição da precatória não suspenderá a ins-
§ 3º - Não tendo o acusado recursos financeiros ou ne- trução do procedimento. (NR)
§ 3º - Findo o prazo marcado, o procedimento poderá
gando-se a constituir advogado, o presidente nomeará ad-
prosseguir até final decisão; a todo tempo, a precatória, uma
vogado dativo. (NR)
vez devolvida, será juntada aos autos. (NR)
§ 4º — O acusado poderá, a qualquer tempo, constituir
- Artigo 286 com redação dada pela Lei Complementar n°
advogado para prosseguir na sua defesa. (NR)
942, de 06/06/2003
- Artigo 282 com redação dada pela Lei Complementar n°
Artigo 287 - As testemunhas arroladas pelo acusado
942, de 06/06/2003.
comparecerão à audiência designada independente de no-
  Artigo 283 - Comparecendo ou não o acusado ao in-
tificação. (NR)
terrogatório, inicia-se o prazo de 3 (três) dias para requerer a
§ 1º - Deverá ser notificada a testemunha cujo depoi-
produção de provas, ou apresentá-las. (NR) mento for relevante e que não comparecer espontaneamen-
§ 1º - O presidente e cada acusado poderão arrolar até te. (NR)
5 (cinco) testemunhas. (NR) § 2º - Se a testemunha não for localizada, a defesa po-
§ 2º - A prova de antecedentes do acusado será feita ex- derá substituí-la, se quiser, levando na mesma data desig-
clusivamente por documentos, até as alegações finais. (NR) nada para a audiência outra testemunha, independente de
§ 3º - Até a data do interrogatório, será designada a notificação. (NR)
audiência de instrução. (NR) - Artigo 287 com redação dada pela Lei Complementar n°
- Artigo 283 com redação dada pela Lei Complementar n° 942, de 06/06/2003.
942, de 06/06/2003 Artigo 288 - Em qualquer fase do processo, poderá o
Artigo 284 - Na audiência de instrução, serão ouvidas, presidente, de ofício ou a requerimento da defesa, ordenar
pela ordem, as testemunhas arroladas pelo presidente e diligências que entenda convenientes. (NR)
pelo acusado. (NR) § 1º - As informações necessárias à instrução do pro-
Parágrafo único - Tratando-se de servidor público, seu cesso serão solicitadas diretamente, sem observância de
comparecimento poderá ser solicitado ao respectivo supe- vinculação hierárquica, mediante ofício, do qual cópia será
rior imediato com as indicações necessárias. (NR) juntada aos autos. (NR)
- Artigo 284 com redação dada pela Lei Complementar n° § 2º - Sendo necessário o concurso de técnicos ou peri-
942, de 06/06/2003. tos oficiais, o presidente os requisitará, observados os impe-
Artigo 285 - A testemunha não poderá eximir-se de dimentos do artigo 275. (NR)
depor, salvo se for ascendente, descendente, cônjuge, ain- - Artigo 288 com redação dada pela Lei Complementar n°
da que legalmente separado, companheiro, irmão, sogro 942, de 06/06/2003.
e cunhado, pai, mãe ou filho adotivo do acusado, exceto Artigo 289 - Durante a instrução, os autos do procedi-
quando não for possível, por outro modo, obter-se ou inte- mento administrativo permanecerão na repartição compe-
grar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. (NR) tente. (NR)
§ 1º - Se o parentesco das pessoas referidas for com § 1º - Será concedida vista dos autos ao acusado, me-
o denunciante, ficam elas proibidas de depor, observada a diante simples solicitação, sempre que não prejudicar o cur-
exceção deste artigo.(NR) so do procedimento. (NR)

56
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 2º - A concessão de vista será obrigatória, no prazo Artigo 295 - Recebendo o processo relatado, a autori-
para manifestação do acusado ou para apresentação de dade que houver determinado sua instauração deverá, no
recursos, mediante publicação no Diário Oficial do Estado. prazo de 20 (vinte) dias, proferir o julgamento ou determinar
(NR) a realização de diligência, sempre que necessária ao esclare-
§ 3º - Não corre o prazo senão depois da publicação cimento de fatos. (NR)
a que se refere o parágrafo anterior e desde que os autos - Artigo 295 com redação dada pela Lei Complementar n°
estejam efetivamente disponíveis para vista. (NR) 942, de 06/06/2003.
§ 4º - Ao advogado é assegurado o direito de retirar os Artigo 296 - Determinada a diligência, a autoridade
autos da repartição, mediante recibo, durante o prazo para encarregada do processo administrativo terá prazo de 15
manifestação de seu representado, salvo na hipótese de pra- (quinze) dias para seu cumprimento, abrindo vista à defesa
zo comum, de processo sob regime de segredo de justiça ou para manifestar-se em 5 (cinco) dias. (NR)
quando existirem nos autos documentos originais de difícil - Artigo 296 com redação dada pela Lei Complementar n°
restauração ou ocorrer circunstância relevante que justifique 942, de 06/06/2003.
a permanência dos autos na repartição, reconhecida pela Artigo 297 - Quando escaparem à sua alçada as penali-
autoridade em despacho motivado. (NR) dades e providências que lhe parecerem cabíveis, a autorida-
- Artigo 289 com redação dada pela Lei Complementar n° de que determinou a instauração do processo administrati-
942, de 06/06/2003. vo deverá propô-las, justificadamente, dentro do prazo para
Artigo 290 - Somente poderão ser indeferidos pelo pre- julgamento, à autoridade competente. (NR)
sidente, mediante decisão fundamentada, os requerimentos - Artigo 297 com redação dada pela  Lei Complementar
de nenhum interesse para o esclarecimento do fato, bem n° 942, de 06/06/2003.
como as provas ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou Artigo 298 - A autoridade que proferir decisão determi-
protelatórias. (NR) nará os atos dela decorrentes e as providências necessárias
- Artigo 290 com redação dada pela Lei Complementar n° a sua execução. (NR)
942, de 06/06/2003. - Artigo 298 com redação dada pela  Lei Complementar
n° 942, de 06/06/2003.
Artigo 291 - Quando, no curso do procedimento, surgi-
Artigo 299 - As decisões serão sempre publicadas no
rem fatos novos imputáveis ao acusado, poderá ser promo-
Diário Oficial do Estado, dentro do prazo de 8 (oito) dias,
vida a instauração de novo procedimento para sua apura-
bem como averbadas no registro funcional do servidor. (NR)
ção, ou, caso conveniente, aditada a portaria, reabrindo-se
- Artigo 299 com redação dada pela  Lei Complementar
oportunidade de defesa. (NR)
n° 942, de 06/06/2003.
- Artigo 291 com redação dada pela Lei Complementar n°
Artigo 300 - Terão forma processual resumida, quando
942, de 06/06/2003.
possível, todos os termos lavrados pelo secretário, quais se-
Artigo 292 - Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista
jam: autuação, juntada, conclusão, intimação, data de rece-
dos autos à defesa, que poderá apresentar alegações finais, bimento, bem como certidões e compromissos. (NR)
no prazo de 7 (sete) dias. (NR) § 1º - Toda e qualquer juntada aos autos se fará na or-
Parágrafo único - Não apresentadas no prazo as alega- dem cronológica da apresentação, rubricando o presidente
ções finais, o presidente designará advogado dativo, assi- as folhas acrescidas. (NR)
nando-lhe novo prazo. (NR) § 2º - Todos os atos ou decisões, cujo original não cons-
- Artigo 292 com redação dada pela Lei Complementar n° te do processo, nele deverão figurar por cópia. (NR)
942, de 06/06/2003. - Artigo 300 com redação dada pela  Lei Complementar
Artigo 293 - O relatório deverá ser apresentado no pra- n° 942, de 06/06/2003.
zo de 10 (dez) dias, contados da apresentação das alegações Artigo 301 - Constará sempre dos autos da sindicância
finais. (NR) ou do processo a folha de serviço do indiciado. (NR)
§ 1º - O relatório deverá descrever, em relação a cada - Artigo 301 com redação dada pela  Lei Complementar
acusado, separadamente, as irregularidades imputadas, as n° 942, de 06/06/2003.
provas colhidas e as razões de defesa, propondo a absolvi- Artigo 302 - Quando ao funcionário se imputar crime,
ção ou punição e indicando, nesse caso, a pena que enten- praticado na esfera administrativa, a autoridade que deter-
der cabível. (NR) minou a instauração do processo administrativo providen-
§ 2º - O relatório deverá conter, também, a sugestão de ciará para que se instaure, simultaneamente, o inquérito
quaisquer outras providências de interesse do serviço pú- policial. (NR)
blico. (NR) Parágrafo único - Quando se tratar de crime praticado
- Artigo 293 com redação dada pela Lei Complementar n° fora da esfera administrativa, a autoridade policial dará ciên-
942, de 06/06/2003. cia dele à autoridade administrativa. (NR)
Artigo 294 - Relatado, o processo será encaminhado à - Artigo 302 com redação dada pela  Lei Complementar
autoridade que determinou sua instauração. (NR) n° 942, de 06/06/2003.
- Artigo 294 com redação dada pela Lei Complementar n° Artigo 303 - As autoridades responsáveis pela condução
942, de 06/06/2003. do processo administrativo e do inquérito policial se auxi-
liarão para que os mesmos se concluam dentro dos prazos
respectivos. (NR)

57
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

- Artigo 303 com redação dada pela  Lei Complementar Artigo 311 - A defesa só poderá versar sobre força maior,
n° 942, de 06/06/2003. coação ilegal ou motivo legalmente justificável. (NR)
Artigo 304 - Quando o ato atribuído ao funcionário for - Artigo 311 com redação dada pela  Lei Complementar
considerado criminoso, serão remetidas à autoridade com- n° 942, de 06/06/2003.
petente cópias autenticadas das peças essenciais do proces-
so. (NR) CAPÍTULO V
- Artigo 304 com redação dada pela  Lei Complementar Dos Recursos (NR)
n° 942, de 06/06/2003. - Capítulo V com redação dada pela  Lei Comple-
Artigo 305 - Não será declarada a nulidade de nenhum mentar n° 942, de 06/06/2003.
ato processual que não houver influído na apuração da ver-
dade substancial ou diretamente na decisão do processo ou Artigo 312 - Caberá recurso, por uma única vez, da deci-
sindicância. (NR) são que aplicar penalidade. (NR)
- Artigo 305 com redação dada pela  Lei Complementar § 1º - O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, conta-
n° 942, de 06/06/2003. dos da publicação da decisão impugnada no Diário Oficial
Artigo 306 - É defeso fornecer à imprensa ou a outros do Estado ou da intimação pessoal do servidor, quando for
meios de divulgação notas sobre os atos processuais, salvo o caso. (NR)
no interesse da Administração, a juízo do Secretário de Esta- § 2º - Do recurso deverá constar, além do nome e qua-
do ou do Procurador Geral do Estado. (NR) lificação do recorrente, a exposição das razões de inconfor-
- Artigo 306 com redação dada pela  Lei Complementar mismo. (NR)
n° 942, de 06/06/2003. § 3º - O recurso será apresentado à autoridade que apli-
Artigo 307 - Decorridos 5 (cinco) anos de efetivo exer- cou a pena, que terá o prazo de 10 (dez) dias para, motiva-
cício, contados do cumprimento da sanção disciplinar, sem damente, manter sua decisão ou reformá-la. (NR)
cometimento de nova infração, não mais poderá aquela ser § 4º - Mantida a decisão, ou reformada parcialmente,
considerada em prejuízo do infrator, inclusive para efeito de será imediatamente encaminhada a reexame pelo superior
hierárquico. (NR)
reincidência. (NR)
§ 5º - O recurso será apreciado pela autoridade compe-
Parágrafo único - A demissão e a demissão a bem do
tente ainda que incorretamente denominado ou endereça-
serviço público acarretam a incompatibilidade para nova in-
do. (NR)
vestidura em cargo, função ou emprego público, pelo prazo
- Artigo 312 com redação dada pela  Lei Complementar
de 5 (cinco) e 10 (dez) anos, respectivamente. (NR)
n° 942, de 06/06/2003.
- Artigo 307 com redação dada pela  Lei Complementar
Artigo 313 - Caberá pedido de reconsideração, que não
n° 942, de 06/06/2003.
poderá ser renovado, de decisão tomada pelo Governador
do Estado em única instância, no prazo de 30 (trinta) dias.
CAPÍTULO IV (NR)
Do Processo por Abandono do Cargo ou Função e - Artigo 313 com redação dada pela Lei Complementar n°
por Inassiduidade (NR) 942, de 06/06/2003.
- Capítulo IV com redação dada pela  Lei Comple- Artigo 314 - Os recursos de que trata esta lei comple-
mentar n° 942, de 06/06/2003. mentar não têm efeito suspensivo; os que forem providos
darão lugar às retificações necessárias, retroagindo seus
Artigo 308 - Verificada a ocorrência de faltas ao serviço efeitos à data do ato punitivo. (NR)
que caracterizem abandono de cargo ou função, bem como - Artigo 314 com redação dada pela Lei Complementar n°
inassiduidade, o superior imediato comunicará o fato à au- 942, de 06/06/2003.
toridade competente para determinar a instauração de pro-
cesso disciplinar, instruindo a representação com cópia da CAPÍTULO VI
ficha funcional do servidor e atestados de frequência. (NR) Da Revisão (NR)
- Artigo 308 com redação dada pela  Lei Complementar - Capítulo VI com redação dada pela  Lei Comple-
n° 942, de 06/06/2003. mentar n° 942, de 06/06/2003.
Artigo 309 - Não será instaurado processo para apurar  
abandono de cargo ou função, bem como inassiduidade, se Artigo 315 - Admitir-se-á, a qualquer tempo, a revisão
o servidor tiver pedido exoneração. (NR) de punição disciplinar de que não caiba mais recurso, se sur-
- Artigo 309 com redação dada pela  Lei Complementar girem fatos ou circunstâncias ainda não apreciados, ou vícios
n° 942, de 06/06/2003. insanáveis de procedimento, que possam justificar redução
Artigo 310 - Extingue-se o processo instaurado exclu- ou anulação da pena aplicada. (NR)
sivamente para apurar abandono de cargo ou função, bem § 1º - A simples alegação da injustiça da decisão não
como inassiduidade, se o indiciado pedir exoneração até a constitui fundamento do pedido. (NR)
data designada para o interrogatório, ou por ocasião deste. § 2º - Não será admitida reiteração de pedido pelo mes-
(NR) mo fundamento. (NR)
- Artigo 310 com redação dada pela Lei Complementar n° § 3º - Os pedidos formulados em desacordo com este
942, de 06/06/2003. artigo serão indeferidos. (NR)
  § 4º - O ônus da prova cabe ao requerente. (NR)

58
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

- Artigo 315 com redação dada pela Lei Complementar n° Disposições Transitórias


942, de 06/06/2003.
Artigo 316 - A pena imposta não poderá ser agravada Artigo 325 - Aplicam-se aos atuais funcionários interinos
pela revisão. (NR) as disposições deste Estatuto, salvo as que colidirem com a
- Artigo 316 com redação dada pela  Lei Complementar natureza precária de sua investidura e, em especial, as relati-
n° 942, de 06/06/2003. vas a acesso, promoção, afastamentos, aposentadoria volun-
Artigo 317 - A instauração de processo revisional poderá tária e às licenças previstas nos itens VI, VII e IX do artigo 181.
ser requerida fundamentadamente pelo interessado ou, se Artigo 326 - Serão obrigatoriamente exonerados os ocu-
falecido ou incapaz, por seu curador, cônjuge, companheiro, pantes interinos de cargos para cujo provimento for realizado
ascendente, descendente ou irmão, sempre por intermédio concurso.
de advogado. (NR) Parágrafo único - As exonerações serão efetivadas den-
Parágrafo único - O pedido será instruído com as provas tro de 30 (trinta) dias, após a homologação do concurso.
que o requerente possuir ou com indicação daquelas que Artigo 327 - Revogado.
pretenda produzir. (NR) - Artigo 327 revogado pelo Decreto-lei nº 60, de
- Artigo 317 com redação dada pela  Lei Complementar 15/05/1969.
n° 942, de 06/06/2003. Artigo 328 - Dentro de 120 (cento e vinte) dias proceder-
Artigo 318 - A autoridade que aplicou a penalidade, ou se-á ao levantamento geral das atuais funções gratificadas,
que a tiver confirmado em grau de recurso, será competente para efeito de implantação de novo sistema retribuitório dos
para o exame da admissibilidade do pedido de revisão, bem encargos por elas atendidos.
como, caso deferido o processamento, para a sua decisão Parágrafo único - Até a implantação do sistema de que
final. (NR) trata este artigo, continuarão em vigor as disposições legais
- Artigo 318 com redação dada pela Lei Complementar n° referentes à função gratificada.
942, de 06/06/2003. Artigo 329 - Ficam expressamente revogadas:
Artigo 319 - Deferido o processamento da revisão, será I - as disposições de leis gerais ou especiais que estabe-
leçam contagem de tempo em divergência com o disposto
este realizado por Procurador de Estado que não tenha fun-
no Capítulo XV do Título II, ressalvada, todavia, a contagem,
cionado no procedimento disciplinar de que resultou a pu-
nos termos da legislação ora revogada, do tempo de serviço
nição do requerente. (NR)
prestado anteriormente ao presente Estatuto;
- Artigo 319 com redação dada pela  Lei Complementar
II - a Lei nº 1.309, de 29 de novembro de 1951 e as de-
n° 942, de 06/06/2003.
mais disposições atinentes aos extranumerários; e
Artigo 320 - Recebido o pedido, o presidente provi-
III - a Lei nº 2.576, de 14 de janeiro de 1954.
denciará o apensamento dos autos originais e notificará o
Artigo 330 - Vetado.
requerente para, no prazo de 8 (oito) dias, oferecer rol de Artigo 331 - Revogam-se as disposições em contrário.
testemunhas, ou requerer outras provas que pretenda pro- Palácio dos Bandeirantes, aos 28 de outubro de 1968.
duzir. (NR) ROBERTO COSTA DE ABREU SODRÉ
Parágrafo único - No processamento da revisão serão Luiz Francisco da Silva Carvalho, Secretário da Justiça
observadas as normas previstas nesta lei complementar para Luiz Arrobas Martins, Secretário da Fazenda
o processo administrativo. (NR) Herbert  Victor Levy, Secretário da Agricultura
- Artigo 320 com redação dada pela  Lei Complementar Eduardo Riomey Yassuda, Secretário dos Serviços e
n° 942, de 06/06/2003. Obras Públicas
Artigo 321 - A decisão que julgar procedente a revisão Firmino Rocha de Freitas, Secretário dos Transportes
poderá alterar a classificação da infração, absolver o punido, Antonio Barros de Ulhôa Cintra, Secretário da Educação
modificar a pena ou anular o processo, restabelecendo os Hely Lopes Meirelles, Secretário da Segurança Pública
direitos atingidos pela decisão reformada. (NR) José Felício Castellano, Secretário da Promoção Social
- Artigo 321 com redação dada pela  Lei Complementar Raphael Baldacci, Secretário do Trabalho, Indústria e Co-
n° 942, de 06/06/2003. mércio
Onadyr Marcondes, Secretário da Economia e Planeja-
Disposições Finais mento
Walter Sidnei Pereira Leser, Secretário da Saúde Pública
Artigo 322 - O dia 28 de outubro será consagrado ao Waldemar Lopes Ferraz, Secretário do Interior
“Funcionário Público Estadual”. Orlando Gabriel Zancaner, Secretário da Cultura Esportes
Artigo 323 - Os prazos previstos neste Estatuto serão e Turismo
todos contados por dias corridos. José Henrique Turner, Secretário para os Assuntos da
Parágrafo único - Não se computará no prazo o dia ini- Casa Civil
cial, prorrogando-se o vencimento, que incidir em sábado, Hélio Lourenço de Oliveira, Vice-Reitor no exercício da
domingo, feriado ou facultativo, para o primeiro dia útil se- Reitoria da Universidade de São Paulo
guinte. Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa aos 28 de
Artigo 324 - As disposições deste Estatuto se aplicam outubro de 1968
aos extranumerários, exceto no que colidirem com a preca- Nelson Petersen da Costa, Diretor Administrativo subs-
riedade de sua situação no Serviço Público. tituto

59
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CAPÍTULO II
4. LEI Nº 10.177, DE 30 DE DEZEMBRO DE 1998 Da Invalidade dos Atos
– REGULA O PROCESSO ADMINISTRATIVO
Artigo 8.º - São inválidos os atos administrativos que
NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA desatendam os pressupostos legais e regulamentares de sua
ESTADUAL. edição, ou os princípios da Administração, especialmente nos
casos de:
I - incompetência da pessoa jurídica, órgão ou agente de
LEI N.º 10.177, DE 30 DE DEZEMBRO DE 1998 que emane;
II - omissão de formalidades ou procedimentos essen-
Regula o processo administrativo no âmbito da Adminis- ciais;
tração Pública Estadual III - impropriedade do objeto;
IV - inexistência ou impropriedade do motivo de fato ou
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO: de direito;
Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu V - desvio de poder;
promulgo a seguinte lei: VI - falta ou insuficiência de motivação.
Parágrafo único - Nos atos discricionários, será razão de
TÍTULO I invalidade a falta de correlação lógica entre o motivo e o con-
Das Disposições Preliminares teúdo do ato, tendo em vista sua finalidade.
Artigo 9.º - A motivação indicará as razões que justifi-
Artigo 1.º - Esta lei regula os atos e procedimentos ad- quem a edição do ato, especialmente a regra de competência,
ministrativos da Administração Pública centralizada e des- os fundamentos de fato e de direito e a finalidade objetivada.
centralizada do Estado de São Paulo, que não tenham disci- Parágrafo único - A motivação do ato no procedimen-
plina legal específica. to administrativo poderá consistir na remissão a pareceres ou
manifestações nele proferidos.
Parágrafo único - Considera-se integrante da Adminis-
Artigo 10 - A Administração anulará seus atos inválidos,
tração descentralizada estadual toda pessoa jurídica contro-
de ofício ou por provocação de pessoa interessada, salvo
lada ou mantida, direta ou indiretamente, pelo Poder Públi-
quando:
co estadual, seja qual for seu regime jurídico.
I - ultrapassado o prazo de 10 (dez) anos contado de sua
Artigo 2.º - As normas desta lei aplicam-se subsidiaria-
produção;
mente aos atos e procedimentos administrativos com disci-
II - da irregularidade não resultar qualquer prejuízo;
plina legal específica.
III - forem passíveis de convalidação.
Artigo 3.º - Os prazos fixados em normas legais especí- Artigo 11 - A Administração poderá convalidar seus atos
ficas prevalecem sobre os desta lei.  inválidos, quando a invalidade decorrer de vício de compe-
tência ou de ordem formal, desde que:
TÍTULO II I - na hipótese de vício de competência, a convalidação
Dos Princípios da Administração Pública seja feita pela autoridade titulada para a prática do ato, e não
se trate de competência indelegável;
Artigo 4.º - A Administração Pública atuará em obe- II - na hipótese de vício formal, este possa ser suprido de
diência aos princípios da legalidade, impessoalidade, mora- modo eficaz.
lidade, publicidade, razoabilidade, finalidade, interesse pú- § 1.º - Não será admitida a convalidação quando dela
blico e motivação dos atos administrativos. resultar prejuízo à Administração ou a terceiros ou quando se
Artigo 5.º - A norma administrativa deve ser interpreta- tratar de ato impugnado.
da e aplicada da forma que melhor garanta a realização do § 2.º - A convalidação será sempre formalizada por ato
fim público a que se dirige. motivado. 
Artigo 6.º - Somente a lei poderá:
I - criar condicionamentos aos direitos dos particulares CAPÍTULO III
ou impor-lhes deveres de qualquer espécie; e Da Formalização dos Atos
II - prever infrações ou prescrever sanções. 
Artigo 12 - São atos administrativos:
TÍTULO III I - de competência privativa:
Dos Atos Administrativos a) do Governador do Estado, o Decreto;
CAPÍTULO I b) dos Secretários de Estado, do Procurador Geral do Es-
Disposição Preliminar tado e dos Reitores das Universidades, a Resolução;
c) dos órgãos colegiados, a Deliberação;
Artigo 7.º - A Administração não iniciará qualquer atua- II - de competência comum:
ção material relacionada com a esfera jurídica dos particu- a) à todas as autoridades, até o nível de Diretor de Servi-
lares sem a prévia expedição do ato administrativo que lhe ço; as autoridades policiais; aos dirigentes das entidades des-
sirva de fundamento, salvo na hipótese de expressa previsão centralizadas, bem como, quando estabelecido em norma le-
legal.  gal específica, a outras autoridades administrativas, a Portaria;

60
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

b) à todas as autoridades ou agentes da Administração, os CAPÍTULO VI


demais atos administrativos, tais como Ofícios, Ordens de Servi- Da Delegação e da Avocação
ço, Instruções e outros.
§ 1.º - Os atos administrativos, excetuados os decretos, Artigo 19 - Salvo vedação legal, as autoridades superiores
aos quais se refere a Lei Complementar n. 60, de 10 de julho de poderão delegar a seus subordinados a prática de atos de sua
1972, e os referidos no Artigo 14 desta lei, serão numerados em competência ou avocar os de competência destes.
séries próprias, com renovação anual, identificando-se pela sua Artigo 20 - São indelegáveis, entre outras hipóteses de-
denominação, seguida da sigla do órgão ou entidade que os correntes de normas específicas:
tenha expedido. I - a competência para a edição de atos normativos que
§ 2.º - Aplica-se na elaboração dos atos administrativos, no regulem direitos e deveres dos administrados;
que couber, o disposto na Lei Complementar n. 60, de 10 de II - as atribuições inerentes ao caráter político da autori-
julho de 1972. dade;
Artigo 13 - Os atos administrativos produzidos por escrito III - as atribuições recebidas por delegação, salvo autori-
indicarão a data e o local de sua edição, e conterão a identifica- zação expressa e na forma por ela determinada;
ção nominal, funcional e a assinatura da autoridade responsável. IV - a totalidade da competência do órgão;
Artigo 14 - Os atos de conteúdo normativo e os de cará- V - as competências essenciais do órgão, que justifiquem
ter geral serão numerados em séries específicas, seguidamente, sua existência.
sem renovação anual. Parágrafo único - O órgão colegiado não pode delegar
Artigo 15 - Os regulamentos serão editados por decreto, suas funções, mas apenas a execução material de suas delibe-
observadas as seguintes regras: rações. 
I - nenhum regulamento poderá ser editado sem base em
lei, nem prever infrações, sanções, deveres ou condicionamen- TITULO IV
tos de direitos nela não estabelecidos; Dos Procedimentos Administrativos
II - os decretos serão referendados pelos Secretários de Es- CAPÍTULO I
tado em cuja área de atuação devam incidir, ou pelo Procurador Normas Gerais
Geral do Estado, quando for o caso; Seção I
III - nenhum decreto regulamentar será editado sem ex- Dos Princípios
posição de motivos que demonstre o fundamento legal de sua
edição, a finalidade das medidas adotadas e a extensão de seus Artigo 21 - Os atos da Administração serão precedidos
efeitos; do procedimento adequado à sua validade e à proteção dos
IV - as minutas de regulamento serão obrigatoriamente direitos e interesses dos particulares.
submetidas ao órgão jurídico competente, antes de sua apre- Artigo 22 - Nos procedimentos administrativos observar-
ciação pelo Governador do Estado.  se-ão, entre outros requisitos de validade, a igualdade entre os
administrados e o devido processo legal, especialmente quan-
CAPÍTULO IV to à exigência de publicidade, do contraditório, ampla defesa
Da Publicidade dos Atos e, quando for o caso, do despacho ou decisão motivados.
§ 1.º - Para atendimento dos princípios previstos neste
Artigo 16 - Os atos administrativos, inclusive os de caráter artigo, serão assegurados às partes o direito de emitir mani-
geral, entrarão em vigor na data de sua publicação, salvo dispo- festação, de oferecer provas e acompanhar sua produção, de
sição expressa em contrário. obter vista e de recorrer. 
Artigo 17 - Salvo norma expressa em contrário, a publici- § 2.º - Somente poderão ser recusadas, mediante decisão
dade dos atos administrativos consistirá em sua publicação no fundamentada, as provas propostas pelos interessados quan-
Diário Oficial do Estado, ou, quando for o caso, na citação, noti- do sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelató-
ficação ou intimação do interessado. rias. 
Parágrafo único - A publicação dos atos sem conteúdo
normativo poderá ser resumida. Seção II
Do Direito de Petição
CAPÍTULO V
Do Prazo para a Produção dos Atos Artigo 23 - É assegurado a qualquer pessoa, física ou jurí-
dica, independentemente de pagamento, o direito de petição
Artigo 18 - Será de 60 (sessenta) dias, se outra não for a contra ilegalidade ou abuso de poder e para a defesa de di-
determinação legal, o prazo máximo para a prática de atos ad- reitos.
ministrativos isolados, que não exijam procedimento para sua Parágrafo único - As entidades associativas, quando ex-
prolação, ou para a adoção, pela autoridade pública, de outras pressamente autorizadas por seus estatutos ou por ato espe-
providências necessárias à aplicação de lei ou decisão adminis- cial, e os sindicatos poderão exercer o direito de petição, em
trativa. defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais de seus
Parágrafo único - O prazo fluirá a partir do momento em membros.
que, à vista das circunstâncias, tornar-se logicamente possível a Artigo 24 - Em nenhuma hipótese, a Administração po-
produção do ato ou a adoção da medida, permitida prorroga- derá recusar-se a protocolar a petição, sob pena de responsa-
ção, quando cabível, mediante proposta justificada. bilidade do agente. 

61
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Seção III § 1.º - O prazo fluirá a partir do momento em que, à vista
Da Instrução das circunstâncias, tornar-se logicamente possível a produção
do ato ou a adoção da providência.
Artigo 25 - Os procedimentos serão impulsionados e § 2.º - Os prazos previstos neste artigo poderão ser, caso
instruídos de ofício, atendendo-se à celeridade, economia, a caso, prorrogados uma vez, por igual período, pela auto-
simplicidade e utilidade dos trâmites. ridade superior, à vista de representação fundamentada do
Artigo 26 - O órgão ou entidade da Administração esta- agente responsável por seu cumprimento.
dual que necessitar de informações de outro, para instrução Artigo 33 - O prazo máximo para decisão de requeri-
de procedimento administrativo, poderá requisitá-las direta- mentos de qualquer espécie apresentados à Administração
mente, sem observância da vinculação hierárquica, mediante será de 120 (cento e vinte) dias, se outro não for legalmente
ofício, do qual uma cópia será juntada aos autos. estabelecido.
Artigo 27 - Durante a instrução, os autos do procedimen- § 1.º - Ultrapassado o prazo sem decisão, o interessado
to administrativo permanecerão na repartição competente. poderá considerar rejeitado o requerimento na esfera admi-
Artigo 28 - Quando a matéria do processo envolver as- nistrativa, salvo previsão legal ou regulamentar em contrário.
sunto de interesse geral, o órgão competente poderá, me- § 2.º - Quando a complexidade da questão envolvida não
diante despacho motivado, autorizar consulta pública para permitir o atendimento do prazo previsto neste artigo, a au-
manifestação de terceiros, antes da decisão do pedido, se não toridade cientificará o interessado das providências até então
houver prejuízo para a parte interessada. tomadas, sem prejuízo do disposto no parágrafo anterior.
§ 1.º - A abertura da consulta pública será objeto de di- § 3.º - O disposto no § 1.° deste artigo não desonera a
vulgação pelos meios oficiais, a fim de que os autos possam autoridade do dever de apreciar o requerimento. 
ser examinados pelos interessados, fixando-se prazo para
oferecimento de alegações escritas. Seção V
§ 2.º - O comparecimento à consulta pública não confere, Da Publicidade
por si, a condição de interessado no processo, mas constitui
o direito de obter da Administração resposta fundamentada. Artigo 34 - No curso de qualquer procedimento admi-
Artigo 29 - Antes da tomada de decisão, a juízo da auto- nistrativo, as citações, intimações e notificações, quando feitas
ridade, diante da relevância da questão, poderá ser realizada pessoalmente ou por carta com aviso de recebimento, obser-
audiência pública para debates sobre a matéria do processo. varão as seguintes regras:
Artigo 30 - Os órgãos e entidades administrativas, em I - constitui ônus do requerente informar seu endereço
matéria relevante, poderão estabelecer outros meios de parti- para correspondência, bem como alterações posteriores;
cipação dos administrados, diretamente ou por meio de orga- II - considera-se efetivada a intimação ou notificação por
nizações e associações legalmente reconhecidas. carta com sua entrega no endereço fornecido pelo interes-
Artigo 31 - Os resultados da consulta e audiência pública sado;
e de outros meios de participação dos administrados deverão III - será obrigatoriamente pessoal a citação do acusado,
ser acompanhados da indicação do procedimento adotado. em procedimento sancionatório, e a intimação do terceiro in-
teressado, em procedimento de invalidação;
Seção IV IV - na citação, notificação ou intimação pessoal, caso o
Dos Prazos destinatário se recuse a assinar o comprovante de recebimen-
to, o servidor encarregado certificará a entrega e a recusa;
Artigo 32 - Quando outros não estiverem previstos nesta V - quando o particular estiver representado nos autos
lei ou em disposições especiais, serão obedecidos os seguin- por procurador, a este serão dirigidas as notificações e intima-
tes prazos máximos nos procedimentos administrativos: ções, salvo disposição em contrário.
I - para autuação, juntada aos autos de quaisquer ele- Parágrafo único - Na hipótese do inciso III, não encon-
mentos, publicação e outras providências de mero expedien- trado o interessado, a citação ou a intimação serão feitas por
te: 2 (dois) dias; edital publicado no Diário Oficial do Estado.
II - para expedição de notificação ou intimação pessoal: Artigo 35 - Durante a instrução, será concedida vista dos
6 (seis) dias; autos ao interessado, mediante simples solicitação, sempre
III - para elaboração e apresentação de informes sem ca- que não prejudicar o curso do procedimento.
ráter técnico ou jurídico: 7 (sete) dias; Parágrafo único - A concessão de vista será obrigatória,
IV - para elaboração e apresentação de pareceres ou in- no prazo para manifestação do interessado ou para apresen-
formes de caráter técnico ou jurídico: 20 (vinte) dias, prorro- tação de recursos, mediante publicação no Diário Oficial do
gáveis por 10 (dez) dias quando a diligência requerer o deslo- Estado.
camento do agente para localidade diversa daquela onde tem Artigo 36 - Ao advogado e assegurado o direito de reti-
sua sede de exercício; rar os autos da repartição, mediante recibo, durante o prazo
V - para decisões no curso do procedimento: 7 (sete) dias; para manifestação de seu constituinte, salvo na hipótese de
VI - para manifestações do particular ou providências a prazo comum.
seu cargo: 7 (sete) dias;
VII - para decisão final: 20 (vinte) dias;
VIII - para outras providências da Administração: 5 (cinco) dias.

62
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CAPÍTULO II Artigo 44 - Salvo disposição legal em contrário, o prazo


Dos Recursos para apresentação de recurso ou pedido de reconsideração
Seção I será de 15 (quinze) dias contados da publicação ou notifica-
Da Legitimidade para Recorrer ção do ato.
Artigo 45 - Conhecer-se-á do recurso erroneamente
Artigo 37 - Todo aquele que for afetado por decisão designado, quando de seu conteúdo resultar induvidosa a
administrativa poderá dela recorrer, em defesa de interesse impugnação do ato. 
ou direito.
Artigo 38 - À Procuradoria Geral do Estado compete Seção V
recorrer, de ofício, de decisões que contrariarem Súmula Dos Efeitos dos Recursos
Administrativa ou Despacho Normativo do Governador do
Estado, sem prejuízo da possibilidade de deflagrar, de ofício, Artigo 46 - O recurso será recebido no efeito meramen-
o procedimento invalidatório pertinente, nas hipóteses em te devolutivo, salvo quando:
que já tenha decorrido o prazo recursal.  I - houver previsão legal ou regulamentar em contrário;
e
Seção II II - além de relevante seu fundamento, da execução do
Da Competência para Conhecer do Recurso ato recorrido, se provido, puder resultar a ineficácia da de-
cisão final.
Artigo 39 - Quando norma legal não dispuser de outro Parágrafo único - Na hipótese do inciso II, o recorrente
modo, será competente para conhecer do recurso a auto- poderá requerer, fundamentadamente, em petição anexa ao
ridade imediatamente superior àquela que praticou o ato. recurso, a concessão do efeito suspensivo. 
Artigo 40 - Salvo disposição legal em contrário, a ins-
tância máxima para o recurso administrativo será: Seção VI
I - na Administração centralizada, o Secretário de Estado Da Tramitação dos Recursos
ou autoridade a ele equiparada, excetuados os casos em que
o ato tenha sido por ele praticado originariamente; e Artigo 47 - A tramitação dos recursos observará as se-
II - na Administração descentralizada, o dirigente supe- guintes regras:
rior da pessoa jurídica. I - a petição será juntada aos autos em 2 (dois) dias,
Parágrafo único - O disposto neste artigo não se aplica contados da data de seu protocolo;
ao recurso previsto no Artigo 38.  II - quando os autos em que foi produzida a decisão
recorrida tiverem de permanecer na repartição de origem
Seção III para quaisquer outras providências cabíveis, o recurso será
Das Situações Especiais autuado em separado, trasladando-se cópias dos elementos
necessários;
Artigo 41 - São irrecorríveis, na esfera administrativa, os III - requerida a concessão de efeito suspensivo, a auto-
atos de mero expediente ou preparatórios de decisões. ridade recorrida apreciará o pedido nos 5 (cinco) dias sub-
Artigo 42 - Contra decisões tomadas originariamente sequentes;
pelo Governador do Estado ou pelo dirigente superior de IV - havendo outros interessados representados nos au-
pessoa jurídica da Administração descentralizada, caberá tos, serão estes intimados, com prazo comum de 15 (quinze)
pedido de reconsideração, que não poderá ser renovado, dias, para oferecimento de contrarrazões;
observando-se, no que couber, o regime do recurso hierár- V - com ou sem contrarrazões, os autos serão submeti-
quico. dos ao órgão jurídico, para elaboração de parecer, no prazo
Parágrafo único - O pedido de reconsideração só será máximo de 20 (vinte) dias, salvo na hipótese do Artigo 38;
admitido se contiver novos argumentos, e será sempre diri- VI - a autoridade recorrida poderá reconsiderar seu ato,
gido à autoridade que houver expedido o ato ou proferido nos 7 (sete) dias subsequentes;
a decisão.  VII - mantido o ato, os autos serão encaminhados à au-
toridade competente para conhecer do recurso, para deci-
Seção IV são, em 30 (trinta) dias.
Dos Requisitos da Petição de Recurso § 1.º - As decisões previstas nos incisos III, VI e VII serão
encaminhadas, em 2 (dois) dias, à publicação no Diário Ofi-
Artigo 43 - A petição de recurso observará os seguintes cial do Estado.
requisitos: § 2.º - Da decisão prevista no inciso III, não caberá recur-
I - será dirigida à autoridade recorrida e protocolada no so na esfera administrativa.
órgão a que esta pertencer; Artigo 48 - Os recursos dirigidos ao Governador do Es-
II - trará a indicação do nome, qualificação e endereço tado serão, previamente, submetidos à Procuradoria Geral
do recorrente; do Estado ou ao órgão de consultoria jurídica da entidade
III - conterá exposição, clara e completa, das razões da descentralizada, para parecer, a ser apresentado no prazo
inconformidade. máximo de 20 (vinte) dias. 

63
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Seção VII VI - terminada a instrução, a autoridade decidirá, em


Da Decisão e seus Efeitos despacho motivado, nos 20 (vinte) dias subsequentes;
VII - da decisão caberá recurso hierárquico.
Artigo 49 - A decisão de recurso não poderá, no mes- Artigo 56 - Quando duas ou mais pessoas pretenderem
mo procedimento, agravar a restrição produzida pelo ato ao da Administração o reconhecimento ou atribuição de direi-
interesse do recorrente, salvo em casos de invalidação. tos que se excluam mutuamente, será instaurado procedi-
Artigo 50 - Ultrapassado, sem decisão, o prazo de 120 mento administrativo para a decisão, com observância das
(cento e vinte) dias contado do protocolo do recurso que normas do artigo anterior, e das ditadas pelos princípios da
tramite sem efeito suspensivo, o recorrente poderá conside- igualdade e do contraditório. 
rá-lo rejeitado na esfera administrativa.
§ 1.º - No caso do pedido de reconsideração previsto no Seção II
Artigo 42, o prazo para a decisão será de 90 (noventa) dias. Do Procedimento de Invalidação
§ 2.º - O disposto neste artigo não desonera a autorida-
de do dever de apreciar o recurso. Artigo 57 - Rege-se pelo disposto nesta Seção o proce-
Artigo 51 -  Esgotados os recursos, a decisão final to- dimento para invalidação de ato ou contrato administrativo
mada em procedimento administrativo formalmente regular e, no que couber, de outros ajustes.
não poderá ser modificada pela Administração, salvo por Artigo 58 - O procedimento para invalidação provoca-
anulação ou revisão, ou quando o ato, por sua natureza, for da observará as seguintes regras:
revogável.  I - o requerimento será dirigido à autoridade que prati-
cou o ato ou firmou o contrato, atendidos os requisitos do
CAPÍTULO III Artigo 54;
Dos Procedimentos em Espécie II - recebido o requerimento, será ele submetido ao ór-
Seção I gão de consultoria jurídica para emissão de parecer, em 20
Do Procedimento de Outorga (vinte) dias;
III - o órgão jurídico opinará sobre a procedência ou não
Artigo 52 - Regem-se pelo disposto nesta Seção os pe- do pedido, sugerindo, quando for o caso, providências para
didos de reconhecimento, de atribuição ou de liberação do a instrução dos autos e esclarecendo se a eventual invalida-
exercício do direito. ção atingirá terceiros;
Artigo 53 - A competência para apreciação do requeri- IV - quando o parecer apontar a existência de terceiros
mento será do dirigente do órgão ou entidade encarregados interessados, a autoridade determinará sua intimação, para,
da matéria versada, salvo previsão legal ou regulamentar em em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito;
contrário. V - concluída a instrução, serão intimadas as partes para,
Artigo 54 - O requerimento será dirigido à autoridade em 7 (sete) dias, apresentarem suas razões finais;
competente para sua decisão, devendo indicar: VI - a autoridade, ouvindo o órgão jurídico, decidirá em
I - o nome, a qualificação e o endereço do requerente; 20 (vinte) dias, por despacho motivado, do qual serão inti-
II - os fundamentos de fato e de direito do pedido; madas as partes;
III - a providência pretendida; VII - da decisão, caberá recurso hierárquico.
IV - as provas em poder da Administração que o reque- Artigo 59 - O procedimento para invalidação ofício ob-
rente pretende ver juntadas aos autos. servará as seguintes regras:
Parágrafo único - O requerimento será desde logo ins- I - quando se tratar da invalidade de ato ou contrato, a
truído com a prova documental de que o interessado dis- autoridade que o praticou, ou seu superior hierárquico, sub-
ponha. meterá o assunto ao órgão de consultoria jurídica;
Artigo 55 - A tramitação dos requerimentos de que tra- II - o órgão jurídico opinará sobre a validade do ato ou
ta esta Seção observará as seguintes regras: contrato, sugerindo, quando for o caso, providências para
I - protocolado o expediente, o órgão que o receber instrução dos autos, e indicará a necessidade ou não da ins-
providenciará a autuação e seu encaminhamento à reparti- tauração de contraditório, hipótese em que serão aplicadas
ção competente, no prazo de 2 (dois) dias; as disposições dos incisos IV a VII do artigo anterior.
II - o requerimento será desde logo indeferido, se não Artigo 60 - No curso de procedimento de invalidação,
atender aos requisitos dos incisos I a IV do artigo anterior, a autoridade poderá, de ofício ou em face de requerimento,
notificando-se o requerente; suspender a execução do ato ou contrat , para evitar prejuí-
III - se o requerimento houver sido dirigido a órgão in- zos de reparação onerosa ou impossível.
competente, este providenciará seu encaminhamento à uni- Artigo 61 - Invalidado o ato ou contrato, a adminis-
dade adequada, notificando-se o requerente; tração tomará as providências necessárias para desfazer os
IV -  a autoridade determinará as providências ade- efeitos produzidos, salvo quanto a terceiros de boa fé, deter-
quadas à instrução dos autos, ouvindo, em caso de dúvida minando a apuração de eventuais responsabilidades. 
quanto à matéria jurídica, o órgão de consultoria jurídica;
V - quando os elementos colhidos puderem conduzir ao
indeferimento, o requerente será intimado, com prazo de 7
(sete) dias, para manifestação final;

64
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Seção III II - o protocolo do requerimento suspende, nos termos


Do Procedimento Sancionatório da legislação pertinente, a prescrição da ação de responsabili-
dade contra o Estado, pelo período que durar sua tramitação;
Artigo 62 - Nenhuma sanção administrativa será apli- III - o requerimento conterá os requisitos do Artigo 54,
cada à pessoa física ou jurídica pela administração Pública, devendo trazer indicação precisa do montante atualizado da
sem que lhe seja assegurada ampla defesa, em procedimen- indenização pretendida, e declaração de que o interessado
to sancionatório.  concorda com as condição contidas neste artigo e no sub-
Parágrafo único - No curso do procedimento ou, em sequente;
caso de extrema urgência, antes dele, a Administração pode- IV - o procedimento, dirigido por Procurador do Estado,
rá adotar as medidas cautelares estritamente indispensáveis observará as regras do Artigo 55;
à eficácia do ato final.  V - a decisão do requerimento caberá ao Procurador Ge-
Artigo 63 - O procedimento sancionatório observará, ral do Estado ou ao dirigente da entidade descentralizada,
salvo legislação específica, as seguintes regras: que recorrerão de ofício ao Governador, nas hipóteses previs-
I - verificada a ocorrência de infração administrativa, será tas em regulamento;
instaurado o respectivo procedimento para sua apuração; VI -  acolhido em definitivo o pedido, total ou parcial-
II - o ato de instauração, expedido pela autoridade com- mente, será feita, em 15 (quinze) dias, a inscrição, em registro
petente, indicará os fatos em que se baseia e as normas per- cronológico, do valor atualizado do débito, intimando-se o
tinentes à infração e à sanção aplicável; interessado;
III - o acusado será citado ou intimado, com cópia do VII - a ausência de manifestação expressa do interessado,
ato de instauração, para, em 15 (quinze) dias, oferecer sua em 10 (dez) dias, contados da intimação, implicará em con-
defesa e indicar as provas que pretende produzir; cordância com o valor inscrito; caso não concorde com esse
IV - caso haja requerimento para produção de provas, valor, o interessado poderá, no mesmo prazo, apresentar de-
a autoridade apreciará sua pertinência, em despacho mo- sistência, cancelando-se a inscrição e arquivando-se os autos;
tivado; VIII - os débitos inscritos até 1.° de julho serão pagos até
V - o acusado será intimado para: o último dia útil do exercício seguinte, à conta de dotação
a) manifestar-se, em 7 (sete) dias, sobre os documentos orçamentária específica;
juntados aos autos pela autoridade, se maior prazo não lhe IX - o depósito, em conta aberta em favor do interessado,
for assinado em face da complexidade da prova; do valor inscrito, atualizado monetariamente até o mês do pa-
b) acompanhar a produção das provas orais, com ante- gamento, importará em quitação do débito;
cedência mínima de 2 (dois) dias; X - o interessado, mediante prévia notificação à Adminis-
c) formular quesitos e indicar assistente técnico, quando tração, poderá considerar indeferido seu requerimento caso o
necessária prova pericial, em 7 (sete) dias; pagamento não se realize na forma e no prazo previstos nos
d) concluída a instrução, apresentar, em 7 (sete) dias, incisos VIII e IX.
suas alegações finais; § 1.º - Quando o interessado utilizar-se da faculdade pre-
VI - antes da decisão, será ouvido o órgão de consulto- vista nos incisos VII, parte final, e X, perderá qualquer efeito
ria jurídica; o ato que tiver acolhido o pedido, não se podendo invocá-lo
VII - a decisão, devidamente motivada, será proferida no como reconhecimento da responsabilidade administrativa.
prazo máximo de 20 (vinte) dias, notificando-se o interessa- § 2.º - Devidamente autorizado pelo Governador, o Pro-
do por publicação no Diário Oficial do Estado; curador Geral do Estado poderá delegar, no âmbito da Ad-
VIII - da decisão caberá recurso. ministração centralizada, a competência prevista no inciso V,
Artigo 64 - O procedimento sancionatório será sigiloso hipótese em que o delegante tornar-se-á a instância máxima
até decisão final, salvo em relação ao acusado, seu procura- de recurso.
dor ou terceiro que demonstre legítimo interesse. Artigo 66 - Nas indenizações pagas nos termos do artigo
Parágrafo único - Incidirá em infração disciplinar grave anterior, não incidirão juros, honorários advocatícios ou qual-
o servidor que, por qualquer forma, divulgar irregularmente quer outro acréscimo.
informações relativas à acusação, ao acusado ou ao proce- Artigo 67 - Na hipótese de condenação definitiva do Es-
dimento. tado ao ressarcimento de danos, deverá o fato ser comunica-
do ao Procurador Geral do Estado, no prazo de 15 (quinze)
Seção IV dias, pelo órgão encarregado de oficiar no feito, sob pena de
Do Procedimento de Reparação de Danos responsabilidade. lidade.
Artigo 68 - Recebida a comunicação, o Procurador Geral
Artigo 65 - Aquele que pretender, da Fazenda Pública, do Estado, no prazo de 10 (dez) dias, determinará a instaura-
ressarcimento por danos causados por agente público, agin- ção de procedimento, cuja tramitação obedecerá o disposto
do nessa qualidade, poderá requerê-lo administrativamente, na Seção III para apuração de eventual responsabilidade civil
observadas as seguintes regras: de agente público, por culpa ou dolo.
I - o requerimento será protocolado na Procuradoria Parágrafo único - O Procurador Geral do Estado, de ofí-
Geral do Estado, até 5 (cinco) anos contados do ato ou fato cio, determinará a instauração do procedimento previsto nes-
que houver dado causa ao dano; te artigo, quando na forma do Artigo 65, a Fazenda houver
ressarcido extrajudicialmente o particular.

65
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 69 - Concluindo-se pela responsabilidade civil I - o interessado apresentará, ao órgão ou entidade do
do agente, será ele intimado para, em 30 (trinta) dias, reco- qual pretende as informações, requerimento escrito manifes-
lher aos cofres públicos o valor do prejuízo suportado pela tando o desejo de conhecer tudo o que a seu respeito conste
Fazenda, atualizado monetariamente. das fichas ou registros existentes;
Artigo 70 - Vencido, sem o pagamento, o prazo estipu- II - as informações serão fornecidas no prazo máximo de
lado no artigo anterior, será proposta, de imediato, a respec- 10 (dez) dias úteis, contados do protocolo do requerimento;
tiva ação judicial para cobrança do débito. III - as informações serão transmitidas em linguagem clara
Artigo 71 - Aplica-se o disposto nesta Seção às entida- e indicarão, conforme for requerido pelo interessado:
des descentralizadas, observada a respectiva estrutura ad- a) o conteúdo integral do que existir registrado;
ministrativa.  b) a fonte das informações e dos registros;
c) o prazo até o qual os registros serão mantidos;
Seção V d) as categorias de pessoas que, por suas funções ou por
Do Procedimento para Obtenção de Certidão necessidade do serviço, tem, diretamente, acesso aos registros;
e) as categorias de destinatários habilitados a receber co-
Artigo 72 - É assegurada, nos termos do Artigo 5.° , municação desses registros; e
XXXIV, «b», da Constituição Federal, a expedição de certidão f) se tais registros são transmitidos a outros órgãos esta-
sobre atos, contratos, decisões ou pareceres constantes de duais, e quais são esses órgãos.
registros ou autos de procedimentos em poder da Adminis- Artigo 79 - Os dados existentes, cujo conhecimento hou-
tração Pública, ressalvado o disposto no Artigo 75. ver sido ocultado ao interessado, quando de sua solicitação de
Parágrafo único - As certidões serão expedidas sob a informações, não poderão, em hipótese alguma, ser utilizados
forma de relato ou mediante cópia reprográfica dos elemen- em quaisquer procedimentos que vierem a ser contra o mes-
tos pretendidos. mo instaurados.
Artigo 73 - Para o exercício do direito previsto no ar- Artigo 80 - Os órgãos ou entidades da Administração, ao
tigo anterior, o interessado deverá protocolar requerimen- coletar informações, devem esclarecer aos interessados:
I - o caráter obrigatório ou facultativo das respostas;
to no órgão competente, independentemente de qualquer
II - as consequências de qualquer incorreção nas respos-
pagamento, especificando os elementos que pretende ver
tas;
certificados.
III - os órgãos aos quais se destinam as informações; e
Artigo 74 - O requerimento será apreciado, em 5 (cinco)
IV - a existência do direito de acesso e de retificação das
dias úteis, pela autoridade competente, que determinará a
informações.
expedição da certidão requerida em prazo não superior a 5
Parágrafo único - Quando as informações forem colhi-
(cinco) dias úteis.
das mediante questionários impressos, devem eles conter os
Artigo 75 - O requerimento será indeferido, em despa- esclarecimentos de que trata este artigo.
cho motivado, se a divulgação da informação solicitada co- Artigo 81 - É proibida a inserção ou conservação em fi-
locar em comprovado risco a segurança da sociedade ou do chário ou registro de dados nominais relativos a opiniões po-
Estado, violar a intimidade de terceiros ou não se enquadrar líticas, filosóficas ou religiosas, origem racial, orientação sexual
na hipótese constitucional.  e filiação sindical ou partidária.
§ 1.º - Na hipótese deste artigo, a autoridade compe- Artigo 82 - É vedada a utilização, sem autorização prévia
tente, antes de sua decisão, ouvirá o órgão de consultoria do interessado, de dados pessoais para outros fins que não
jurídica, que se manifestará em 3 (três) dias úteis.  aqueles para os quais foram prestados.
 § 2.º - Do indeferimento do pedido de certidão caberá
recurso.  Seção VII
Artigo 76 - A expedição da certidão independerá de Do Procedimento para Retificação de Informações
qualquer pagamento quando o requerente demonstrar sua Pessoais
necessidade para a defesa de direitos ou esclarecimento de
situações de interesse pessoal. Artigo 83 - Qualquer pessoa tem o direito de exigir, da
Parágrafo único - Nas demais hipóteses, o interessado Administração:
deverá recolher o valor correspondente, conforme legislação I - a eliminação completa de registros de dados falsos a
específica.  seu respeito, os quais tenham sido obtidos por meios ilícitos,
ou se refiram às hipóteses vedadas pelo Artigo 81;
Seção VI II -  a retificação, complementação, esclarecimento ou
Do Procedimento para Obtenção de Informações atualização de dados incorretos, incompletos, dúbios ou de-
Pessoais satualizados.
Parágrafo único - Aplicam-se ao procedimento de retifi-
Artigo 77 - Toda pessoa terá direito de acesso aos re- cação as regras contidas nos Artigos 54 e 55.
gistros nominais que a seu respeito constem em qualquer Artigo 84 - O fichário ou o registro nominal devem ser
espécie de fichário ou registro, informatizado ou não, dos completados ou corrigidos, de ofício, assim que a entidade ou
órgãos ou entidades da Administração, inclusive policiais. órgão por eles responsável tome conhecimento da incorreção,
Artigo 78 - O requerimento para obtenção de informa- desatualização ou caráter incompleto de informações neles
ções observará as seguintes regras: contidas.

66
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 85 - No caso de informação já fornecida a tercei- Palácio dos Bandeirantes, 30 de dezembro de 1998.
ros, sua alteração será comunicada a estes, desde que requeri- MÁRIO COVAS
da pelo interessado, a quem dará cópia da retificação. Belisário dos Santos Júnior
Secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania
Seção VIII Fernando Leça
Do Procedimento de Denúncia Secretário-Chefe da Casa Civil
Antonio Angarita
Artigo 86 - Qualquer pessoa que tiver conhecimento de Secretário do Governo e Gestão Estratégica
violação da ordem jurídica, praticada por agentes administra- Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 30 de de-
tivos, poderá denunciá-la à Administração. zembro de 1998.
Artigo 87 - A denúncia conterá a identificação do seu au-
tor, devendo indicar o fato e suas circunstâncias, e, se possível,
seus responsáveis ou beneficiários.
5. LEI COMPLEMENTAR Nº 893, DE 09 DE
Parágrafo único - Quando a denúncia for apresentada ver-
balmente, a autoridade lavrará termo, assinado pelo denunciante. MARÇO DE 2001 – INSTITUI O REGULAMENTO
Artigo 88 - Instaurado o procedimento administrativo, a DISCIPLINAR DA POLÍCIA MILITAR – RDPM.
autoridade responsável determinará as providências necessá-
rias à sua instrução, observando-se os prazos legais e as se-
guintes regras:
I - é obrigatória a manifestação do órgão de consultoria LEI COMPLEMENTAR Nº 893, DE 09 DE MARÇO DE
jurídica; 2001
II - o denunciante não é parte no procedimento, podendo, (Atualizada até a Lei Complementar nº 915, de 22 de
entretanto, ser convocado para depor; março de 2002)
III - o resultado da denúncia será comunicado ao autor, se
este assim o solicitar. Institui o Regulamento Disciplinar da Polícia Militar
Artigo 89 - Incidirá em infração disciplinar grave a autori-
dade que não der andamento imediato, rápido e eficiente ao O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
procedimento regulado nesta Seção.  Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu
promulgo a seguinte lei complementar:
TÍTULO V
Disposições Finais CAPÍTULO I
Das Disposições Gerais
Artigo 90 - O descumprimento injustificado, pela Admi-
nistração, dos prazos previstos nesta lei gera responsabilidade
Artigo 1º - A hierarquia e a disciplina são as bases da
disciplinar, imputável aos agentes públicos encarregados do
organização da Polícia Militar.
assunto, não implicando, necessariamente, em nulidade do
Artigo 2º - Estão sujeitos ao Regulamento Disciplinar
procedimento.
da Polícia Militar os militares do Estado do serviço ativo, da
§ 1.º - Respondem também os superiores hierárquicos
reserva remunerada, os reformados e os agregados, nos ter-
que se omitirem na fiscalização dos serviços de seus subor-
mos da legislação vigente.
dinados, ou que de algum modo concorram para a infração.
Parágrafo único - O disposto neste artigo não se aplica:
§ 2.º - Os prazos concedidos aos particulares poderão ser
devolvidos, mediante requerimento do interessado, quando 1 - aos militares do Estado, ocupantes de cargos públi-
óbices injustificados, causados pela Administração, resultarem cos ou eletivos;
na impossibilidade de atendimento do prazo fixado. 2 - aos Magistrados da Justiça Militar.
Artigo 91 - Os prazos previstos nesta lei são contínuos, Artigo 3º - Hierarquia policial-militar é a ordenação
salvo disposição expressa em contrário, não se interrompendo progressiva da autoridade, em graus diferentes, da qual
aos domingos ou feriados. decorre a obediência, dentro da estrutura da Polícia Militar,
Artigo 92 - Quando norma não dispuser de forma diver- culminando no Governador do Estado, Chefe Supremo da
sa, os prazos serão computados excluindo-se o dia do começo Polícia Militar.
e incluindo-se o do vencimento. § 1º - A ordenação da autoridade se faz por postos e
§ 1.º - Só se iniciam e vencem os prazos em dia de expe- graduações, de acordo com o escalonamento hierárquico, a
diente no órgão ou entidade. antiguidade e a precedência funcional.
§ 2.º - Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia § 2º - Posto é o grau hierárquico dos oficiais, conferido
útil subsequente se, no dia do vencimento, o expediente for por ato do Governador do Estado e confirmado em Carta
encerrado antes do horário normal. Patente ou Folha de Apostila.
Artigo 93  - Esta lei entrará em vigor em 120 (cento e § 3º - Graduação é o grau hierárquico das praças, confe-
vinte) dias contados da data de sua publicação. rida pelo Comandante Geral da Polícia Militar.
Artigo 94  - Revogam-se as disposições em contrário, es- Artigo 4º - A antiguidade entre os militares do Estado,
pecialmente o Decreto-lei n. 104, de 20 de junho de 1969 e a em igualdade de posto ou graduação, será definida pela:
Lei n. 5.702, de 5 de junho de 1987. I - data da última promoção;

67
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

II - prevalência sucessiva dos graus hierárquicos anteriores; I - cultuar os símbolos e as tradições da Pátria, do Estado
III - classificação no curso de formação ou habilitação; de São Paulo e da Polícia Militar e zelar por sua inviolabilidade;
IV - data de nomeação ou admissão; II - cumprir os deveres de cidadão;
V - maior idade. III - preservar a natureza e o meio ambiente;
Parágrafo único - Nos casos de promoção a aspirante-a IV - servir à comunidade, procurando, no exercício da su-
-oficial, a aluno-oficial, a 3º sargento, a cabo ou nos casos de prema missão de preservar a ordem pública, promover, sempre,
nomeação de oficiais, alunos-oficiais ou admissão de soldados o bem estar comum, dentro da estrita observância das normas
prevalecerá, para efeito de antiguidade, a ordem de classifica- jurídicas e das disposições deste Regulamento;
ção obtida nos respectivos cursos ou concursos. V - atuar com devotamento ao interesse público, colocan-
Artigo 5º - A precedência funcional ocorrerá quando, em do-o acima dos anseios particulares;
igualdade de posto ou graduação, o oficial ou a praça: VI - atuar de forma disciplinada e disciplinadora, com res-
I - ocupar cargo ou função que lhe atribua superioridade peito mútuo de superiores e subordinados, e preocupação com
funcional sobre os integrantes do órgão ou serviço que dirige, a integridade física, moral e psíquica de todos os militares do
comanda ou chefia; Estado, inclusive dos agregados, envidando esforços para bem
II - estiver no serviço ativo, em relação aos inativos. encaminhar a solução dos problemas apresentados;
VII - ser justo na apreciação de atos e méritos dos subor-
CAPÍTULO II dinados;
Da Deontologia Policial-Militar VIII - cumprir e fazer cumprir, dentro de suas atribuições
SEÇÃO I legalmente definidas, a Constituição, as leis e as ordens legais
Disposições Preliminares das autoridades competentes, exercendo suas atividades com
responsabilidade, incutindo-a em seus subordinados;
Artigo 6º - A deontologia policial-militar é constituída pe- IX - dedicar-se integralmente ao serviço policial-militar,
los valores e deveres éticos, traduzidos em normas de conduta, buscando, com todas as energias, o êxito e o aprimoramento
que se impõem para que o exercício da profissão policial-mili- técnico-profissional e moral;
X - estar sempre preparado para as missões que desem-
tar atinja plenamente os ideais de realização do bem comum,
penhe;
mediante a preservação da ordem pública.
XI - exercer as funções com integridade e equilíbrio, se-
§ 1º - Aplicada aos componentes da Polícia Militar, inde-
gundo os princípios que regem a administração pública, não
pendentemente de posto ou graduação, a deontologia po-
sujeitando o cumprimento do dever a influências indevidas;
licial-militar reúne valores úteis e lógicos a valores espirituais
XII - procurar manter boas relações com outras catego-
superiores, destinados a elevar a profissão policial-militar à
rias profissionais, conhecendo e respeitando-lhes os limites de
condição de missão. competência, mas elevando o conceito e os padrões da própria
§ 2º - O militar do Estado prestará compromisso de honra, profissão, zelando por sua competência e autoridade;
em caráter solene, afirmando a consciente aceitação dos va- XIII -  ser fiel na vida policial-militar, cumprindo os com-
lores e deveres policiais-militares e a firme disposição de bem promissos relacionados às suas atribuições de agente público;
cumpri-los. XIV - manter ânimo forte e fé na missão policial-militar,
mesmo diante das dificuldades, demonstrando persistência no
SEÇÃO II trabalho para solucioná-las;
Dos Valores Policiais-Militares XV - zelar pelo bom nome da Instituição Policial-Militar
e de seus componentes, aceitando seus valores e cumprindo
Artigo 7º - Os valores fundamentais, determinantes da seus deveres éticos e legais;
moral policial-militar, são os seguintes: XVI - manter ambiente de harmonia e camaradagem na
I - o patriotismo; vida profissional, solidarizando-se nas dificuldades que esteja
II - o civismo; ao seu alcance minimizar e evitando comentários desairosos
III - a hierarquia; sobre os componentes das Instituições Policiais;
IV - a disciplina; XVII - não pleitear para si, por meio de terceiros, cargo ou
V - o profissionalismo; função que esteja sendo exercido por outro militar do Estado;
VI - a lealdade; XVIII - proceder de maneira ilibada na vida pública e par-
VII - a constância; ticular;
VIII - a verdade real; XIX - conduzir-se de modo não subserviente sem ferir os
IX - a honra; princípios de respeito e decoro;
X - a dignidade humana; XX - abster-se do uso do posto, graduação ou cargo para
XI - a honestidade; obter facilidades pessoais de qualquer natureza ou para enca-
XII - a coragem. minhar negócios particulares ou de terceiros;
XXI - abster-se, ainda que na inatividade, do uso das desig-
SEÇÃO III nações hierárquicas em:
Dos Deveres Policiais-Militares a) atividade político-partidária, salvo quando candidato a
cargo eletivo;
Artigo 8º - Os deveres éticos, emanados dos valores po- b) atividade comercial ou industrial;
liciais-militares e que conduzem a atividade profissional sob o c) pronunciamento público a respeito de assunto policial,
signo da retidão moral, são os seguintes: salvo os de natureza técnica;

68
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

d) exercício de cargo ou função de natureza civil; CAPÍTULO III


XXII - prestar assistência moral e material ao lar, conduzin- Da Disciplina Policial-Militar
do-o como bom chefe de família;
XXIII - considerar a verdade, a legalidade e a responsabili- Artigo 9º - A disciplina policial-militar é o exato cumpri-
dade como fundamentos de dignidade pessoal; mento dos deveres, traduzindo-se na rigorosa observância e
XXIV - exercer a profissão sem discriminações ou restri- acatamento integral das leis, regulamentos, normas e ordens,
ções de ordem religiosa, política, racial ou de condição social; por parte de todos e de cada integrante da Polícia Militar.
XXV - atuar com prudência nas ocorrências policiais, evi- § 1º - São manifestações essenciais da disciplina:
tando exacerbá-las; 1 - a observância rigorosa das prescrições legais e regu-
XXVI - respeitar a integridade física, moral e psíquica da lamentares;
pessoa do preso ou de quem seja objeto de incriminação; 2 - a obediência às ordens legais dos superiores;
XXVII - observar as normas de boa educação e ser discreto 3 - o emprego de todas as energias em benefício do serviço;
nas atitudes, maneiras e na linguagem escrita ou falada; 4 - a correção de atitudes;
XXVIII - não solicitar ou provocar publicidade visando a 5 - as manifestações espontâneas de acatamento dos va-
própria promoção pessoal; lores  e deveres éticos;
XXIX - observar os direitos e garantias fundamentais, 6 - a colaboração espontânea na disciplina coletiva e na
agindo com isenção, equidade e absoluto respeito pelo ser hu- eficiência da Instituição.
mano, não usando sua condição de autoridade pública para a § 2º - A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser
prática de arbitrariedade; mantidos, permanentemente, pelos militares do Estado, tanto
XXX - exercer a função pública com honestidade, não acei- no serviço ativo, quanto na inatividade.
tando vantagem indevida, de qualquer espécie; § 3º - A camaradagem é indispensável à formação e ao
XXXI - não usar meio ilícito na produção de trabalho in- convívio na Polícia Militar, incumbindo aos comandantes in-
telectual ou em avaliação profissional, inclusive no âmbito do centivar e manter a harmonia e a solidariedade entre os seus
ensino; comandados, promovendo estímulos de aproximação e cor-
XXXII - não abusar dos meios do Estado postos à sua dis- dialidade.
posição, nem distribuí-los a quem quer que seja, em detrimen- § 4º - A civilidade é parte integrante da educação poli-
to dos fins da administração pública, coibindo ainda a transfe- cial-militar, cabendo a superiores e subordinados atitudes de
rência, para fins particulares, de tecnologia própria das funções respeito e deferência mútuos.
policiais; Artigo 10 - As ordens legais devem ser prontamente
XXXIII -  atuar com eficiência e probidade, zelando pela executadas, cabendo inteira responsabilidade à autoridade
economia e conservação dos bens públicos, cuja utilização lhe que as determinar.
for confiada; § 1º - Quando a ordem parecer obscura, compete ao su-
XXXIV - proteger as pessoas, o patrimônio e o meio am- bordinado, ao recebê-la, solicitar os esclarecimentos necessá-
biente com abnegação e desprendimento pessoal; rios ao seu total entendimento.
XXXV - atuar onde estiver, mesmo não estando em servi- § 2º - Cabe ao executante que exorbitar no cumprimento
ço, para preservar a ordem pública ou prestar socorro, desde da ordem recebida a responsabilidade pelo abuso ou excesso
que não exista, naquele momento, força de serviço suficiente. que cometer.
§ 1º - Ao militar do Estado em serviço ativo é vedado exer-
cer atividade de segurança particular, comércio ou tomar parte CAPÍTULO IV
da administração ou gerência de sociedade comercial ou dela Da Violação dos Valores, dos Deveres e da Disciplina
ser sócio ou participar, exceto como acionista, cotista ou co- SEÇÃO I
manditário. Disposições Preliminares
§ 2º - Compete aos Comandantes de Unidade e de Subu-
nidade destacada fiscalizar os subordinados que apresentarem Artigo 11 - A ofensa aos valores e aos deveres vulnera a
sinais exteriores de riqueza, incompatíveis com a remuneração disciplina policial-militar, constituindo infração administrativa,
do respectivo cargo, fazendo-os comprovar a origem de seus penal ou civil, isolada ou cumulativamente.
bens, mediante instauração de procedimento administrativo, § 1º - O militar do Estado é responsável pelas decisões ou
observada a legislação específica. atos que praticar, inclusive nas missões expressamente deter-
§ 3º - Aos militares do Estado da ativa são proibidas ma- minadas, bem como pela não-observância ou falta de exação
nifestações coletivas sobre atos de superiores, de caráter rei- no cumprimento de seus deveres.
vindicatório e de cunho político-partidário, sujeitando-se as § 2º - O superior hierárquico responderá solidariamente, na
manifestações de caráter individual aos preceitos deste Regu- esfera administrativa disciplinar, incorrendo nas mesmas san-
lamento. ções da transgressão praticada por seu subordinado quando:
§ 4º - É assegurado ao militar do Estado inativo o direi- 1 - presenciar o cometimento da transgressão deixando
to de opinar sobre assunto político e externar pensamento e de atuar para fazê-la cessar imediatamente;
conceito ideológico, filosófico ou relativo a matéria pertinente 2 - concorrer diretamente, por ação ou omissão, para o
ao interesse público, devendo observar os preceitos da ética cometimento da transgressão, mesmo não estando presente
policial-militar e preservar os valores policiais-militares em suas no local do ato.
manifestações essenciais. § 3º - A violação da disciplina policial-militar será tão mais gra-
ve quanto mais elevado for o grau hierárquico de quem a cometer.

69
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

SEÇÃO II 12 - espalhar boatos ou notícias tendenciosas em prejuí-


Da Transgressão Disciplinar zo da boa ordem civil ou policial-militar ou do bom nome da
Polícia Militar (M);
Artigo 12 - Transgressão disciplinar é a infração admi- 13 - provocar ou fazer-se, voluntariamente, causa ou ori-
nistrativa caracterizada pela violação dos deveres policiais- gem de alarmes injustificados (M);
militares, cominando ao infrator as sanções previstas neste 14 - concorrer para a discórdia, desarmonia ou cultivar
Regulamento. inimizade entre companheiros (M);
§ 1º - As transgressões disciplinares compreendem: 15 - liberar preso ou detido ou dispensar parte de ocor-
1 - todas as ações ou omissões contrárias à disciplina po- rência sem competência legal para tanto (G);
licial-militar, especificadas no artigo 13 deste Regulamento; 16 - entender-se com o preso, de forma velada, ou deixar que
2 - todas as ações ou omissões não especificadas no arti- alguém o faça, sem autorização de autoridade competente (M);
go 13 deste Regulamento, mas que também violem os valores 17 - receber vantagem de pessoa interessada no caso de
e deveres policiais-militares. furto, roubo, objeto achado ou qualquer outro tipo de ocor-
§ 2º - As transgressões disciplinares previstas nos itens 1 e rência ou procurá-la para solicitar vantagem (G);
2 do § 1º, deste artigo, serão classificadas como graves, desde 18 - receber ou permitir que seu subordinado receba, em
que venham a ser: razão da função pública, qualquer objeto ou valor, mesmo
1 - atentatórias às instituições ou ao Estado; quando oferecido pelo proprietário ou responsável (G);
2 - atentatórias aos direitos humanos fundamentais; 19 - apropriar-se de bens pertencentes ao patrimônio
3 - de natureza desonrosa. público ou particular (G);
§ 3º - As transgressões previstas no item 2 do § 1º e não 20 - empregar subordinado ou servidor civil, ou desviar
enquadráveis em algum dos itens do § 2º, deste artigo, serão qualquer meio material  ou financeiro sob sua responsabilida-
classificadas pela autoridade competente como médias ou le- de ou não, para a execução de atividades diversas daquelas
ves, consideradas as circunstâncias do fato. para as quais foram destinadas, em proveito próprio ou de
§ 4º - Ao militar do Estado, aluno de curso da Polícia Mi- outrem (G);
litar, aplica-se, no que concerne à disciplina, além do previsto 21 - provocar desfalques ou deixar de adotar providên-
neste Regulamento, subsidiariamente, o disposto nos regula- cias, na esfera de suas atribuições, para evitá-los (G);
mentos próprios dos estabelecimentos de ensino onde estiver 22 - utilizar-se da condição de militar do Estado para ob-
matriculado. ter facilidades pessoais de qualquer natureza ou para encami-
§ 5º - A aplicação das penas disciplinares previstas neste nhar negócios particulares ou de terceiros (G);
Regulamento independe do resultado de eventual ação penal. 23 - dar, receber ou pedir gratificação ou presente com
Artigo 13 - As transgressões disciplinares são classifica- finalidade de retardar, apressar ou obter solução favorável em
das de acordo com sua gravidade em graves (G), médias (M) qualquer ato de serviço (G);
e leves (L). 24 - contrair dívida ou assumir compromisso superior às
Parágrafo único - As transgressões disciplinares são: suas possibilidades, desde que venha a expor o nome da Po-
1 - desconsiderar os direitos constitucionais da pessoa no lícia Militar (M);
ato da prisão (G); 25 - fazer, diretamente ou por intermédio de outrem,
2 - usar de força desnecessária no atendimento de ocor- agiotagem ou transação pecuniária envolvendo assunto de
rência ou no ato de efetuar prisão (G); serviço, bens da administração pública ou material cuja co-
3 - deixar de providenciar para que seja garantida a inte- mercialização seja proibida (G);
gridade física das pessoas que prender ou detiver (G); 26 - exercer ou administrar, o militar do Estado em ser-
4 - agredir física, moral ou psicologicamente preso sob viço ativo, a função de segurança particular ou qualquer ati-
sua guarda ou permitir que outros o façam (G); vidade estranha à Instituição Policial-Militar com prejuízo do
5 - permitir que o preso, sob sua guarda, conserve em serviço ou com emprego de meios do Estado (G);
seu poder instrumentos ou outros objetos proibidos, com que 27 - exercer, o militar do Estado em serviço ativo, o co-
possa ferir a si próprio ou a outrem (G); mércio ou tomar parte na administração ou gerência de so-
6 - reter o preso, a vítima, as testemunhas ou partes não ciedade comercial com fins lucrativos ou dela ser sócio, exceto
definidas por mais tempo que o necessário para a solução do como acionista, cotista ou comanditário (G);
procedimento policial, administrativo ou penal (M); 28 - deixar de fiscalizar o subordinado que apresentar si-
7 - faltar com a verdade (G); nais exteriores de riqueza incompatíveis com a remuneração
8 - ameaçar, induzir ou instigar alguém para que não decla- do cargo (G);
re a verdade em procedimento administrativo, civil ou penal (G); 29 - não cumprir, sem justo motivo, a execução de qual-
9 - utilizar-se do anonimato para fins ilícitos (G); quer ordem legal recebida (G);
10 - envolver, indevidamente, o nome de outrem para es- 30 - retardar, sem justo motivo, a execução de qualquer
quivar-se de responsabilidade (G); ordem legal recebida (M);
11 - publicar, divulgar ou contribuir para a divulgação ir- 31 - dar, por escrito ou verbalmente, ordem manifesta-
restrita de fatos, documentos ou assuntos administrativos ou mente ilegal que possa acarretar responsabilidade ao subor-
técnicos de natureza policial, militar ou judiciária, que possam dinado, ainda que não chegue a ser cumprida (G);
concorrer para o desprestígio da Polícia Militar, ferir a hierar- 32 - deixar de assumir a responsabilidade de seus atos ou
quia ou a disciplina, comprometer a segurança da sociedade e pelos praticados por subordinados que agirem em cumpri-
do Estado ou violar a honra e a imagem de pessoa (G); mento de sua ordem (G);

70
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

33 - aconselhar ou concorrer para não ser cumprida qual- 57 - deixar de encaminhar à autoridade competente, no
quer ordem legal de autoridade competente, ou serviço, ou mais curto prazo e pela via hierárquica, documento ou pro-
para que seja retardada, prejudicada ou embaraçada a sua cesso que receber, se não for de sua alçada a solução (M);
execução (G); 58 - omitir, em boletim de ocorrência, relatório ou qual-
34 - interferir na administração de serviço ou na execução quer documento, dados indispensáveis ao esclarecimento
de ordem ou missão sem ter a devida competência para tal (M); dos fatos (G);
35 - deixar de comunicar ao superior a execução de or- 59 - subtrair, extraviar, danificar ou inutilizar documentos
dem dele recebida, no mais curto prazo possível (L); de interesse da administração pública ou de terceiros (G);
36 - dirigir-se, referir-se ou responder a superior de modo 60 - trabalhar mal, intencionalmente ou por desídia, em
desrespeitoso (G); qualquer serviço, instrução ou missão (M);
37 - recriminar ato legal de superior ou procurar descon- 61 - deixar de assumir, orientar ou auxiliar o atendimento
siderá-lo (G); de ocorrência, quando esta, por sua natureza ou amplitude,
38 - ofender, provocar ou desafiar superior ou subordina- assim o exigir (G);
do hierárquico (G); 62 - retardar ou prejudicar o serviço de polícia judiciária
39 - promover ou participar de luta corporal com supe- militar que deva promover ou em que esteja investido (M);
rior, igual, ou subordinado hierárquico (G); 63 - desrespeitar medidas gerais de ordem policial, judi-
40 - procurar desacreditar seu superior ou subordinado ciária ou administrativa, ou embaraçar sua execução (M);
hierárquico (M); 64 - não ter, pelo preparo próprio ou de seus subordina-
41 - ofender a moral e os bons costumes por atos, pala- dos ou instruendos, a dedicação imposta pelo sentimento do
vras ou gestos (G); dever (M);
42 - desconsiderar ou desrespeitar, em público ou pela 65 - causar ou contribuir para a ocorrência de acidente de
imprensa, os atos ou decisões das autoridades civis ou dos serviço ou instrução (M);
órgãos dos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário ou de 66 - consentir, o responsável pelo posto de serviço ou a
qualquer de seus representantes (G); sentinela, na formação de grupo ou permanência de pessoas
43 - desrespeitar, desconsiderar ou ofender pessoa por
junto ao seu posto (L);
palavras, atos ou gestos, no atendimento de ocorrência poli-
67 - içar ou arriar, sem ordem, bandeira ou insígnia de
cial ou em outras situações de serviço (G);
autoridade (L);
44 - deixar de prestar a superior hierárquico continência ou
68 - dar toques ou fazer sinais, previstos nos regulamen-
outros sinais de honra e respeito previstos em regulamento (M);
tos, sem ordem de autoridade competente (L);
45 - deixar de corresponder a cumprimento de seu su-
69 - conversar ou fazer ruídos em ocasiões ou lugares
bordinado (M);
46 - deixar de exibir, estando ou não uniformizado, docu- impróprios (L);
mento de identidade funcional ou recusar-se a declarar seus 70 - deixar de comunicar a alteração de dados de qualifi-
dados de identificação quando lhe for exigido por autoridade cação pessoal ou mudança de endereço residencial (L);
competente (M); 71 - apresentar comunicação disciplinar ou representa-
47 - evadir-se ou tentar evadir-se de escolta, bem como ção sem fundamento ou interpor recurso disciplinar sem ob-
resistir a ela (G); servar as prescrições regulamentares (M);
48 - retirar-se da presença do superior hierárquico sem 72 - dificultar ao subordinado o oferecimento de repre-
obediência às normas regulamentares (L); sentação ou o exercício do direito de petição (M);
49 - deixar, tão logo seus afazeres o permitam, de apre- 73 - passar a ausente (G);
sentar-se ao seu superior funcional, conforme prescrições re- 74 - abandonar serviço para o qual tenha sido desig-
gulamentares (L); nado ou recusar-se a executá-lo na forma determinada (G);
50 - deixar, nas solenidades, de apresentar-se ao superior 75 - faltar ao expediente ou ao serviço para o qual esteja
hierárquico de posto ou graduação mais elevada e de saudar nominalmente escalado (G);
os demais, de acordo com as normas regulamentares (L); 76 - faltar a qualquer ato em que deva tomar parte ou
51 - deixar de fazer a devida comunicação disciplinar (M); assistir, ou ainda, retirar-se antes de seu encerramento sem a
52 - tendo conhecimento de transgressão disciplinar, dei- devida autorização (M);
xar de apurá-la (G); 77 - afastar-se, quando em atividade policial-militar com
53 - deixar de punir o transgressor da disciplina, salvo se veículo automotor, aeronave, embarcação ou a pé, da área
houver causa de justificação (M); em que deveria permanecer ou não cumprir roteiro de pa-
54 - não levar fato ilegal ou irregularidade que presenciar trulhamento predeterminado (G);
ou de que tiver ciência, e não lhe couber reprimir, ao conheci- 78 - afastar-se de qualquer lugar em que deva estar por
mento da autoridade para isso competente (M); força de dispositivo ou ordem legal (M);
55 - deixar de comunicar ao superior imediato ou, na ausência 79 - chegar atrasado ao expediente, ao serviço para o
deste, a qualquer autoridade superior toda informação que tiver qual esteja nominalmente escalado ou a qualquer ato em
sobre iminente perturbação da ordem pública ou grave alteração que deva tomar parte ou assistir (L);
do serviço ou de sua marcha, logo que tenha conhecimento (G); 80 - deixar de comunicar a tempo, à autoridade compe-
56 - deixar de manifestar-se nos processos que lhe fo- tente, a impossibilidade de comparecer à Organização Poli-
rem encaminhados, exceto nos casos de suspeição ou impe- cial Militar (OPM) ou a qualquer ato ou serviço de que deva
dimento, ou de absoluta falta de elementos, hipótese em que participar ou a que deva assistir (L);
essas circunstâncias serão fundamentadas (M);

71
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

81 - permutar serviço sem permissão da autoridade com- 105 - não ter o devido zelo, danificar, extraviar ou inuti-
petente (M); lizar, por ação ou omissão, bens ou animais pertencentes ao
82 - simular doença para esquivar-se ao cumprimento do patrimônio público ou particular, que estejam ou não sob sua
dever (M); responsabilidade (M);
83 - deixar de se apresentar às autoridades competentes 106 - negar-se a utilizar ou a receber do Estado farda-
nos casos de movimentação ou quando designado para co- mento, armamento, equipamento ou bens que lhe sejam des-
missão ou serviço extraordinário (M); tinados ou devam ficar em seu poder ou sob sua responsa-
84 - não se apresentar ao seu superior imediato ao tér- bilidade (M);
mino de qualquer afastamento do serviço ou, ainda, logo que 107 - retirar ou tentar retirar de local sob administração
souber que o mesmo tenha sido interrompido ou suspenso policial-militar material, viatura, aeronave, embarcação ou ani-
(M); mal, ou mesmo deles servir-se, sem ordem do responsável ou
85 - dormir em serviço de policiamento, vigilância ou se- proprietário (G);
gurança de pessoas ou instalações (G); 108 - entrar, sair ou tentar fazê-lo, de OPM, com tropa,
86 - dormir em serviço, salvo quando autorizado (M); sem prévio conhecimento da autoridade competente, salvo
87 - permanecer, alojado ou não, deitado em horário de para fins de instrução autorizada pelo comando (G);
expediente no interior da OPM, sem autorização de quem de 109 - deixar o responsável pela segurança da OPM de
direito (L); cumprir as prescrições regulamentares com respeito a entra-
88 - fazer uso, estar sob ação ou induzir outrem ao uso de da, saída e permanência de pessoa estranha (M);
substância proibida, entorpecente ou que determine depen- 110 - permitir que pessoa não autorizada adentre prédio
dência física ou psíquica, ou introduzi-las em local sob admi- ou local interditado (M);
nistração policial-militar (G); 111 - deixar, ao entrar ou sair de OPM onde não sirva, de
89 - embriagar-se quando em serviço ou apresentar-se dar ciência da sua presença ao Oficial-de-Dia ou de serviço e,
embriagado para prestá-lo (G); em seguida, se oficial, de procurar o comandante ou o oficial
90 - ingerir bebida alcoólica quando em serviço ou apre- de posto mais elevado ou seu substituto legal para expor a
sentar-se alcoolizado para prestá-lo (M); razão de sua presença, salvo as exceções regulamentares pre-
91 - introduzir bebidas alcoólicas em local sob adminis- vistas (M);
tração policial-militar, salvo se devidamente autorizado (M); 112 - adentrar, sem permissão ou ordem, aposentos des-
92 - fumar em local não permitido (L); tinados a superior ou onde este se encontre, bem como qual-
93 - tomar parte em jogos proibidos ou jogar a dinheiro quer outro lugar cuja entrada lhe seja vedada (M);
os permitidos, em local sob administração policial-militar, ou 113 - abrir ou tentar abrir qualquer dependência da OPM,
em qualquer outro, quando uniformizado (L); desde que não seja a autoridade competente ou sem sua or-
94 - portar ou possuir arma em desacordo com as nor- dem, salvo em situações de emergência (M);
mas vigentes (G); 114 - permanecer em dependência de outra OPM ou lo-
95 - andar ostensivamente armado, em trajes civis, não se cal de serviço sem consentimento ou ordem da autoridade
achando de serviço (G); competente (M);
96 - disparar arma por imprudência, negligência, imperí- 115 - permanecer em dependência da própria OPM ou
cia, ou desnecessariamente (G); local de serviço, desde que a ele estranho, sem consentimen-
97 - não obedecer às regras básicas de segurança ou não to ou ordem da autoridade competente (L);
ter cautela na guarda de arma própria ou sob sua responsa- 116 - entrar ou sair, de qualquer OPM, por lugares que
bilidade (G); não sejam para isso designados (L);
98 - ter em seu poder, introduzir, ou distribuir em local 117 - deixar de exibir a superior hierárquico, quando por
sob administração policial-militar, substância ou material in- ele solicitado, objeto ou volume, ao entrar ou sair de qualquer
flamável ou explosivo sem permissão da autoridade compe- OPM (M);
tente (M); 118 - ter em seu poder, introduzir ou distribuir, em local
99 -  dirigir viatura policial com imprudência, imperícia, sob administração policial-militar, publicações, estampas ou
negligência, ou sem habilitação legal (G); jornais que atentem contra a disciplina, a moral ou as insti-
100 - desrespeitar regras de trânsito, de tráfego aéreo ou tuições (L);
de navegação marítima, lacustre ou fluvial (M); 119 - apresentar-se, em qualquer situação, mal unifor-
101 - autorizar, promover ou executar manobras perigo- mizado, com o uniforme alterado ou diferente do previsto,
sas com viaturas, aeronaves, embarcações ou animais (M); contrariando o Regulamento de Uniformes da Polícia Militar
102 - conduzir veículo, pilotar aeronave ou embarcação ou norma a respeito (M);
oficial, sem autorização do órgão competente da Polícia Mili- 120 - usar no uniforme, insígnia, medalha, condecoração
tar, mesmo estando habilitado (L); ou distintivo, não regulamentares ou de forma indevida (M);
103 - transportar na viatura, aeronave ou embarcação 121 - usar vestuário incompatível com a função ou des-
que esteja sob seu comando ou responsabilidade, pessoal ou curar do asseio próprio ou prejudicar o de outrem (L);
material, sem autorização da autoridade competente (L); 122 - estar em desacordo com as normas regulamentares
104 - andar a cavalo, a trote ou galope, sem necessidade, de apresentação pessoal (L);
pelas ruas da cidade ou castigar inutilmente a montada (L); 123 - recusar ou devolver insígnia, salvo quando a regu-
lamentação o permitir (L);

72
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

124 - comparecer, uniformizado, a manifestações ou re- SEÇÃO III


uniões de caráter político-partidário, salvo por motivo de ser- Da Repreensão
viço (M);
125 - frequentar ou fazer parte de sindicatos, associa- Artigo 16 - A repreensão é a sanção feita por escrito ao
ções profissionais com caráter de sindicato, ou de associações transgressor, publicada de forma reservada ou ostensiva, de-
cujos estatutos não estejam de conformidade com a lei (G); vendo sempre ser averbada nos assentamentos individuais.
126 - autorizar, promover ou participar de petições ou Parágrafo único - A sanção de que trata o “caput” aplica-
manifestações de caráter reivindicatório, de cunho político se às faltas de natureza leve e média.
-partidário, religioso, de crítica ou de apoio a ato de superior,
para tratar de assuntos de natureza policial-militar, ressalva- SEÇÃO IV
dos os de natureza técnica ou científica havidos em razão do Da Permanência Disciplinar
exercício da função policial (M);
127 - aceitar qualquer manifestação coletiva de subordi- Artigo 17 - A permanência disciplinar é a sanção em que
nados, com exceção das demonstrações de boa e sã cama- o transgressor ficará na OPM, sem estar circunscrito a determi-
radagem e com prévio conhecimento do homenageado (L); nado compartimento.
128 - discutir ou provocar discussão, por qualquer veículo Parágrafo único - O militar do Estado nesta situação
de comunicação, sobre assuntos políticos, militares ou poli- comparecerá a todos os atos de instrução e serviço, internos
ciais, excetuando-se os de natureza exclusivamente técnica, e externos.
quando devidamente autorizado (L); Artigo 18 - A pedido do transgressor, o cumprimento da
129 - frequentar lugares incompatíveis com o decoro so- sanção de permanência disciplinar poderá, a juízo devidamente
cial ou policial-militar, salvo por motivo de serviço (M); motivado, da autoridade que aplicou a punição, ser convertido
130 - recorrer a outros órgãos, pessoas ou instituições, em prestação de serviço extraordinário, desde que não impli-
exceto ao Poder Judiciário, para resolver assunto de interesse que prejuízo para a manutenção da hierarquia e da disciplina.
pessoal relacionados com a Polícia Militar (M); § 1º - Na hipótese da conversão, a classificação do com-
131 - assumir compromisso em nome da Polícia Militar, portamento do militar do Estado será feita com base na san-
ou representá-la em qualquer ato, sem estar devidamente au- ção de permanência disciplinar.
torizado (M); § 2º - Considerar-se-á 1 (um) dia de prestação de serviço
132 - deixar de cumprir ou fazer cumprir as normas legais extraordinário equivalente ao cumprimento de 1 (um) dia de
ou regulamentares, na esfera de suas atribuições (M). permanência.
§ 3º - O prazo para o encaminhamento do pedido de con-
CAPÍTULO V versão será de 3 (três) dias, contados da data da publicação da
Das Sanções Administrativas Disciplinares sanção de permanência.
SEÇÃO I § 4º - O pedido de conversão elide o pedido de reconsi-
Disposições Gerais deração de ato.
Artigo 19 - A prestação do serviço extraordinário, nos ter-
Artigo 14 - As sanções disciplinares aplicáveis aos mi- mos do “caput” do artigo anterior, consiste na realização de
litares do Estado, independentemente do posto, graduação atividades, internas ou externas, por período nunca inferior a 6
ou função que ocupem, são: (seis) ou superior a 8 (oito) horas, nos dias em que o militar do
I - advertência; Estado estaria de folga.
II - repreensão; § 1º - O limite máximo de conversão da permanência dis-
III - permanência disciplinar; ciplinar em serviço extraordinário é de 5 (cinco) dias.
IV - detenção; § 2º - O militar do Estado, punido com período superior
V - reforma administrativa disciplinar; a 5 (cinco) dias de permanência disciplinar, somente poderá
VI - demissão; pleitear a conversão até o limite previsto no parágrafo anterior,
VII - expulsão; a qual, se concedida, será sempre cumprida na fase final do
VIII - proibição do uso do uniforme. período de punição.
Parágrafo único - Todo fato que constituir transgressão § 3º - A prestação do serviço extraordinário não poderá
deverá ser levado ao conhecimento da autoridade compe- ser executada imediatamente após o término de um serviço
tente para as providências disciplinares. ordinário.

SEÇÃO II SEÇÃO V
Da Advertência Da Detenção

Artigo 20 - A detenção consiste na retenção do militar


Artigo 15 - A advertência, forma mais branda de san-
do Estado no âmbito de sua OPM, sem participar de qualquer
ção, é aplicada verbalmente ao transgressor, podendo ser
serviço, instrução ou atividade.
feita particular ou ostensivamente, sem constar de publica-
§ 1º - Nos dias em que o militar do Estado permanecer
ção ou dos assentamentos individuais.
detido perderá todas as vantagens e direitos decorrentes do
Parágrafo único - A sanção de que trata o “caput” apli-
exercício do posto ou graduação, tempo esse não computado
ca-se exclusivamente às faltas de natureza leve.
para efeito algum, nos termos da legislação vigente.

73
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 2º - A detenção somente poderá ser aplicada quando SEÇÃO VIII


da reincidência no cometimento de transgressão disciplinar de Da Expulsão
natureza grave.
Artigo 21 - A detenção será aplicada pelo Secretário da Artigo 24 - A expulsão será aplicada, mediante processo
Segurança Pública, pelo Comandante Geral e pelos demais ofi- regular, à praça que atentar contra a segurança das instituições
ciais ocupantes de funções próprias do posto de coronel. nacionais ou praticar atos desonrosos ou ofensivos ao decoro
§ 1º - A autoridade que entender necessária a aplicação profissional.
desta sanção disciplinar providenciará para que a documenta-
ção alusiva à respectiva transgressão seja remetida à autorida- SEÇÃO IX
de competente. Da Proibição do Uso de Uniformes
§ 2º - Ao Governador do Estado compete conhecer desta
sanção disciplinar em grau de recurso, quando tiver sido apli- Artigo 25 - A proibição do uso de uniformes policiais-mi-
cada pelo Secretário da Segurança Pública. litares será aplicada, nos termos deste Regulamento, tempora-
riamente, ao inativo que atentar contra o decoro ou a dignida-
SEÇÃO VI de policial-militar, até o limite de 1 (um) ano.
Da Reforma Administrativa Disciplinar
CAPÍTULO VI
Artigo 22 - A reforma administrativa disciplinar poderá Do Recolhimento Disciplinar
ser aplicada, mediante processo regular:
I - ao oficial julgado incompatível ou indigno profissional- Artigo 26 - O recolhimento de qualquer transgressor à
mente para com o oficialato, após sentença passada em jul- prisão, sem nota de punição publicada em boletim, poderá
gado no tribunal competente, ressalvado o caso de demissão; ocorrer quando:
II - à praça que se tornar incompatível com a função poli- I - houver indício de autoria de infração penal e for neces-
cial-militar, ou nociva à disciplina, e tenha sido julgada passível sário ao bom andamento das investigações para sua apuração;
de reforma. II - for necessário para a preservação da ordem e da dis-
Parágrafo único - O militar do Estado que sofrer reforma ciplina policial-militar, especialmente se o militar do Estado
administrativa disciplinar receberá remuneração proporcional mostrar-se agressivo, embriagado ou sob ação de substância
ao tempo de serviço policial-militar. entorpecente.
§ 1º - São autoridades competentes para determinar o re-
SEÇÃO VII colhimento disciplinar aquelas elencadas no artigo 31 deste
Da Demissão Regulamento.
§ 2º - A condução do militar do Estado à autoridade com-
Artigo 23 - A demissão será aplicada ao militar do Estado petente para determinar o recolhimento somente poderá ser
na seguinte forma: efetuada por superior hierárquico.
I - ao oficial quando: § 3º - As decisões de aplicação do recolhimento disciplinar
a) for condenado a pena restritiva de liberdade superior a serão sempre fundamentadas e comunicadas ao Juiz Correge-
2 (dois) anos, por sentença passada em julgado; dor da polícia judiciária militar.
b) for condenado a pena de perda da função pública, por § 4º - O militar do Estado preso nos termos deste artigo
sentença passada em julgado; poderá permanecer nessa situação pelo prazo máximo de 5
c) for considerado moral ou profissionalmente inidôneo (cinco) dias.
para a promoção ou revelar incompatibilidade para o exercício
da função policial-militar, por sentença passada em julgado no CAPÍTULO VII
tribunal competente; Do Procedimento Disciplinar
II - à praça quando: SEÇÃO I
a) for condenada, por sentença passada em julgado, a Da Comunicação Disciplinar
pena restritiva de liberdade por tempo superior a 2 (dois) anos;
b) for condenada, por sentença passada em julgado, a Artigo 27 - A comunicação disciplinar dirigida à autorida-
pena de perda da função pública; de policial-militar competente destina-se a relatar uma trans-
c) praticar ato ou atos que revelem incompatibilidade com a gressão disciplinar cometida por subordinado hierárquico.
função policial-militar, comprovado mediante processo regular; Artigo 28 - A comunicação disciplinar deve ser clara, con-
d) cometer transgressão disciplinar grave, estando há mais cisa e precisa, contendo os dados capazes de identificar as
de 2 (dois) anos consecutivos ou 4 (quatro) anos alternados no pessoas ou coisas envolvidas, o local, a data e a hora do fato,
mau comportamento, apurado mediante processo regular; além de caracterizar as circunstâncias que o envolveram, bem
e) houver cumprido a pena consequente do crime de de- como as alegações do faltoso, quando presente e ao ser inter-
serção; pelado pelo signatário das razões da transgressão, sem tecer
f)  considerada desertora e capturada ou apresentada, comentários ou opiniões pessoais.
tendo sido submetida a exame de saúde, for julgada incapaz § 1º - A comunicação disciplinar deverá ser apresentada
definitivamente para o serviço policial-militar. no prazo de 5 (cinco) dias, contados da constatação ou co-
Parágrafo único - O oficial demitido perderá o posto e a nhecimento do fato, ressalvadas as disposições relativas ao
patente, e a praça, a graduação. recolhimento disciplinar, que deverá ser feita imediatamente.

74
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 2º - A comunicação disciplinar deve ser a expressão da CAPÍTULO VIII


verdade, cabendo à autoridade competente encaminhá-la ao Da Competência, do Julgamento, da Aplicação e do
acusado para que, por escrito, manifeste-se preliminarmente Cumprimento das Sanções Disciplinares
sobre os fatos, no prazo de 3 (três) dias. SEÇÃO I
§ 3º - Conhecendo a manifestação preliminar e consi- Da Competência
derando praticada a transgressão, a autoridade competente
elaborará termo acusatório motivado, com as razões de fato Artigo 31 - A competência disciplinar é inerente ao car-
e de direito, para que o militar do Estado possa exercitar, por go, função ou posto, sendo autoridades competentes para
escrito, o seu direito a ampla defesa e ao contraditório, no pra- aplicar sanção disciplinar:
zo de 5 (cinco) dias. I - o Governador do Estado: a todos os militares do Esta-
§ 4º - Estando a autoridade convencida do cometimento do sujeitos a este Regulamento;
da transgressão, providenciará o enquadramento disciplinar, II - o Secretário da Segurança Pública e o Comandante
mediante nota de culpa ou, se determinar outra solução, de- Geral: a todos os militares do Estado sujeitos a este Regula-
verá fundamentá-la por despacho nos autos. mento, exceto ao Chefe da Casa Militar;
§ 5º - Poderá ser dispensada a manifestação preliminar III - o Subcomandante da Polícia Militar: a todos os inte-
quando a autoridade competente tiver elementos de convic- grantes de seu comando e das unidades subordinadas e às
ção suficientes para a elaboração do termo acusatório, deven- praças inativas;
do esta circunstância constar do respectivo termo. IV -  os oficiais da ativa da Polícia Militar do posto de
Artigo 29 - A solução do procedimento disciplinar é da coronel a capitão: aos militares do Estado que estiverem sob
inteira responsabilidade da autoridade competente, que de- seu comando ou integrantes das OPM subordinadas.
verá aplicar sanção ou justificar o fato, de acordo com este § 1º - Ao Secretário da Segurança Pública e ao Coman-
Regulamento. dante Geral da Polícia Militar compete conhecer das sanções
§ 1º - A solução será dada no prazo de 30 (trinta) dias, disciplinares aplicadas aos inativos, em grau de recurso, res-
contados a partir do recebimento da defesa do acusado, pror- pectivamente, se oficial ou praça.
rogável no máximo por mais 15 (quinze) dias, mediante decla-
§ 2º - Aos oficiais, quando no exercício interino das fun-
ração de motivos no próprio enquadramento.
ções de posto igual ou superior ao de capitão, ficará atribuí-
§ 2º - No caso de afastamento regulamentar do transgres-
da a competência prevista no inciso IV deste artigo.
sor, os prazos supracitados serão interrompidos, reiniciada a
contagem a partir da sua reapresentação.
SEÇÃO II
§ 3º - Em qualquer circunstância, o signatário da comu-
Dos Limites de Competência das Autoridades
nicação deverá ser notificado da respectiva solução, no prazo
máximo de 90 (noventa) dias da data da comunicação.
§ 4º - No caso de não cumprimento do prazo do parágra- Artigo 32 - O Governador do Estado é competente para
fo anterior, poderá o signatário da comunicação solicitar, obe- aplicar todas as sanções disciplinares previstas neste Regu-
decida a via hierárquica, providências a respeito da solução. lamento, cabendo às demais autoridades as seguintes com-
petências:
SEÇÃO II I - ao Secretário da Segurança Pública e ao Comandante
Da Representação Geral: todas as sanções disciplinares exceto a demissão de
oficiais;
Artigo 30 - Representação é toda comunicação que se II - ao Subcomandante da Polícia Militar: as sanções
referir a ato praticado ou aprovado por superior hierárquico disciplinares de advertência, repreensão, permanência disci-
ou funcional, que se repute irregular, ofensivo, injusto ou ilegal. plinar, detenção e proibição do uso de uniformes de até os
§ 1º - A representação será dirigida à autoridade funcional limites máximos previstos;
imediatamente superior àquela contra a qual é atribuída a prá- III - aos oficiais do posto de coronel: as sanções disci-
tica do ato irregular, ofensivo, injusto ou ilegal. plinares de advertência, repreensão, permanência disciplinar
§ 2º - A representação contra ato disciplinar será feita so- de até 20 (vinte) dias e detenção de até 15 (quinze) dias;
mente após solucionados os recursos disciplinares previstos IV - aos oficiais do posto de tenente-coronel: as sanções
neste Regulamento e desde que a matéria recorrida verse so- disciplinares de advertência, repreensão e permanência dis-
bre a legalidade do ato praticado. ciplinar de até 20 (vinte) dias;
§ 3º - A representação nos termos do parágrafo anterior V - aos oficiais do posto de major: as sanções disciplina-
será exercida no prazo estabelecido no § 1º, do artigo 62. res de advertência, repreensão e permanência disciplinar de
§ 4º - O prazo para o encaminhamento de representação até 15 (quinze) dias;
será de 5 (cinco) dias contados da data do conhecimento do VI - aos oficiais do posto de capitão: as sanções discipli-
ato ou fato que a motivar. nares de advertência, repreensão e permanência disciplinar
de até 10 (dez) dias.

75
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

SEÇÃO III II - tipificação da transgressão disciplinar;


Do Julgamento III - discriminação, em incisos e artigos, das causas de justi-
ficação ou das circunstâncias atenuantes e ou agravantes;
Artigo 33 - Na aplicação das sanções disciplinares serão IV - decisão da autoridade impondo, ou não, a sanção;
sempre considerados a natureza, a gravidade, os motivos de- V -  classificação do comportamento policial-militar em
terminantes, os danos causados, a personalidade e os antece- que o punido permaneça ou ingresse;
dentes do agente, a intensidade do dolo ou o grau da culpa. VI - alegações de defesa do transgressor;
Artigo 34 - Não haverá aplicação de sanção disciplinar quan- VII - observações, tais como:
do for reconhecida qualquer das seguintes causas de justificação: a) data do início do cumprimento da sanção disciplinar;
I - motivo de força maior ou caso fortuito, plenamente b) local do cumprimento da sanção, se for o caso;
comprovados; c) determinação para posterior cumprimento, se o trans-
II - benefício do serviço, da preservação da ordem pública gressor estiver baixado, afastado do serviço ou à disposição de
ou do interesse público; outra autoridade;
III - legítima defesa própria ou de outrem; d) outros dados que a autoridade competente julgar ne-
IV - obediência a ordem superior, desde que a ordem rece- cessários;
bida não seja manifestamente ilegal; VIII - assinatura da autoridade.
V - uso de força para compelir o subordinado a cumprir Artigo 39 - A publicação é a divulgação oficial do ato ad-
rigorosamente o seu dever, no caso de perigo, necessidade ministrativo referente à aplicação da sanção disciplinar ou à sua
urgente, calamidade pública ou manutenção da ordem e da justificação, e dá início a seus efeitos.
disciplina. Parágrafo único -  A advertência não deverá constar de
Artigo 35 - São circunstâncias atenuantes: publicação em boletim, figurando, entretanto, no registro de
I - estar, no mínimo, no bom comportamento; informações de punições para os oficiais, ou na nota de corre-
II - ter prestado serviços relevantes; tivo das praças.
III - ter admitido a transgressão de autoria ignorada ou, se Artigo 40 - As sanções de oficiais, aspirantes-a-oficial, alu-
nos-oficiais, subtenentes e sargentos serão publicadas somen-
conhecida, imputada a outrem;
te para conhecimento dos integrantes dos seus respectivos cír-
IV - ter praticado a falta para evitar mal maior;
culos e superiores hierárquicos, podendo ser dadas ao conheci-
V - ter praticado a falta em defesa de seus próprios direitos
mento geral se as circunstâncias ou a natureza da transgressão
ou dos de outrem;
e o bem da disciplina assim o recomendarem.
VI - ter praticado a falta por motivo de relevante valor social;
Artigo 41 - Na aplicação das sanções disciplinares previs-
VII - não possuir prática no serviço;
tas neste Regulamento, serão rigorosamente observados os
VIII - colaborar na apuração da transgressão disciplinar. seguintes limites:
Artigo 36 - São circunstâncias agravantes: I - quando as circunstâncias atenuantes preponderarem, a
I - mau comportamento; sanção não será aplicada em seu limite máximo;
II - prática simultânea ou conexão de duas ou mais trans- II - quando as circunstâncias agravantes preponderarem,
gressões; poderá ser aplicada a sanção até o seu limite máximo;
III - reincidência específica; III - pela mesma transgressão não será aplicada mais de
IV - conluio de duas ou mais pessoas; uma sanção disciplinar.
V - ter sido a falta praticada durante a execução do serviço; Artigo 42 - A sanção disciplinar será proporcional à gravi-
VI - ter sido a falta praticada em presença de subordinado, dade e natureza da infração, observados os seguintes limites:
de tropa ou de civil; I - as faltas leves são puníveis com advertência ou repreen-
VII - ter sido a falta praticada com abuso de autoridade são e, na reincidência específica, com permanência disciplinar
hierárquica ou funcional. de até 5 (cinco) dias;
§ 1º - Não se aplica a circunstância agravante prevista no II - as faltas médias são puníveis com permanência dis-
inciso V quando, pela sua natureza, a transgressão seja inerente ciplinar de até 8 (oito) dias e, na reincidência específica, com
à execução do serviço. permanência disciplinar de até 15 (quinze) dias;
§ 2º -  Considera-se reincidência específica o enquadra- III - as faltas graves são puníveis com permanência de até 10
mento da falta praticada num mesmo item dos previstos no (dez) dias ou detenção de até 8 (oito) dias e, na reincidência espe-
artigo 13 ou no item II do § 1º do artigo 12. cífica, com permanência de até 20 (vinte) dias ou detenção de até
15 (quinze) dias, desde que não caiba demissão ou expulsão.
SEÇÃO IV Artigo 43 - O início do cumprimento da sanção disciplinar
Da Aplicação dependerá de aprovação do ato pelo Comandante da Uni-
dade ou pela autoridade funcional imediatamente superior,
Artigo 37 - A aplicação da sanção disciplinar abrange a quando a sanção for por ele aplicada, e prévia publicação
análise do fato, nos termos do artigo 33 deste Regulamento, a em boletim, salvo a necessidade de recolhimento disciplinar
análise das circunstâncias que determinaram a transgressão, o previsto neste Regulamento.
enquadramento e a decorrente publicação. Artigo 44 - A sanção disciplinar não exime o punido da
Artigo 38 - O enquadramento disciplinar é a descrição da responsabilidade civil e criminal emanadas do mesmo fato.
transgressão cometida, dele devendo constar, resumidamente, Parágrafo único - A instauração de inquérito ou ação cri-
o seguinte: minal não impede a imposição, na esfera administrativa, de san-
I - indicação da ação ou omissão que originou a transgressão; ção pela prática de transgressão disciplinar sobre o mesmo fato.

76
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 45 - Na ocorrência de mais de uma transgressão, CAPÍTULO IX


sem conexão entre elas, serão impostas as sanções correspon- Do Comportamento
dentes isoladamente; em caso contrário, quando forem pratica-
das de forma conexa, as de menor gravidade serão considera- Artigo 53 - O comportamento da praça policial-militar
das como circunstâncias agravantes da transgressão principal. demonstra o seu procedimento na vida profissional e particu-
Artigo 46 -  Na ocorrência de transgressão disciplinar lar, sob o ponto de vista disciplinar.
envolvendo militares do Estado de mais de uma Unidade, Artigo 54 - Para fins disciplinares e para outros efeitos, o
caberá ao comandante do policiamento da área territorial comportamento policial-militar classifica-se em:
onde ocorreu o fato apurar ou determinar a apuração e, ao I - excelente - quando, no período de 10 (dez) anos, não
final, se necessário, remeter os autos à autoridade funcional lhe tenha sido aplicada qualquer sanção disciplinar;
superior comum aos envolvidos. II - ótimo - quando, no período de 5 (cinco) anos, lhe
Artigo 47 - Quando duas autoridades de níveis hierárqui- tenham sido aplicadas até 2 repreensões;
cos diferentes, ambas com ação disciplinar sobre o transgressor, III - bom - quando, no período de 2 (dois) anos, lhe te-
conhecerem da transgressão disciplinar, competirá à de maior nham sido aplicadas até 2 (duas) permanências disciplinares;
hierarquia apurá-la ou determinar que a menos graduada o faça. IV - regular - quando, no período de 1 (um) ano, lhe te-
Parágrafo único - Quando a apuração ficar sob a incum- nham sido aplicadas até 2 (duas) permanências disciplinares
bência da autoridade menos graduada, a punição resultante ou 1 (uma) detenção;
será aplicada após a aprovação da autoridade superior, se esta V - mau - quando, no período de 1 (um) ano, lhe tenham
assim determinar. sido aplicadas mais de 2 (duas) permanências disciplinares ou
Artigo 48 - A expulsão será aplicada, em regra, quando a mais  de 1 (uma) detenção.
praça policial-militar, independentemente da graduação ou fun- § 1º - A contagem de tempo para melhora do compor-
ção que ocupe, for condenado judicialmente por crime que tam- tamento se fará automaticamente, de acordo com os prazos
bém constitua infração disciplinar grave e que denote incapaci- estabelecidos neste artigo.
dade moral para a continuidade do exercício de suas funções. § 2º - Bastará uma única sanção disciplinar acima dos li-
mites estabelecidos neste artigo para alterar a categoria do
comportamento.
SEÇÃO V
§ 3º - Para a classificação do comportamento fica estabe-
Do Cumprimento e da Contagem de Tempo
lecido que duas repreensões equivalerão a uma permanência
disciplinar.
Artigo 49 - A autoridade que tiver de aplicar sanção a su-
§ 4º - Para efeito de classificação, reclassificação ou me-
bordinado que esteja a serviço ou à disposição de outra autori-
lhoria do comportamento, ter-se-ão como base as datas em
dade requisitará a apresentação do transgressor. que as sanções foram publicadas.
Parágrafo único - Quando o local determinado para o Artigo 55 - Ao ser admitida na Polícia Militar, a praça po-
cumprimento da sanção não for a respectiva OPM, a autorida- licial-militar será classificada no comportamento “bom”.
de indicará o local designado para a apresentação do punido.
Artigo 50 - Nenhum militar do Estado será interrogado ou CAPÍTULO X
ser-lhe-á aplicada sanção se estiver em estado de embriaguez, Dos Recursos Disciplinares
ou sob a ação de substância entorpecente ou que determine
dependência física ou psíquica, devendo, se necessário, ser, Artigo 56 - O militar do Estado, que considere a si pró-
desde logo, recolhido disciplinarmente. prio, a subordinado seu ou a serviço sob sua responsabilidade
Artigo 51 - O cumprimento da sanção disciplinar, por militar prejudicado, ofendido ou injustiçado por ato de superior hie-
do Estado afastado do serviço, deverá ocorrer após a sua apre- rárquico, poderá interpor recursos disciplinares.
sentação na OPM, pronto para o serviço policial-militar, salvo nos Parágrafo único - São recursos disciplinares:
casos de interesse da preservação da ordem e da disciplina. 1 - pedido de reconsideração de ato;
Parágrafo único - A interrupção de afastamento regu- 2 - recurso hierárquico.
lamentar, para cumprimento de sanção disciplinar, somente Artigo 57 - O pedido de reconsideração de ato é recurso
ocorrerá quando determinada pelo Governador do Estado, Se- interposto, mediante parte ou ofício, à autoridade que pra-
cretário da Segurança Pública ou pelo Comandante Geral. ticou, ou aprovou, o ato disciplinar que se reputa irregular,
Artigo 52 - O início do cumprimento da sanção disciplinar ofensivo, injusto ou ilegal, para que o reexamine.
deverá ocorrer no prazo máximo de 5 (cinco) dias após a ciên- § 1º - O pedido de reconsideração de ato deve ser encami-
cia, pelo punido, da sua publicação. nhado, diretamente, à autoridade recorrida e por uma única vez.
§ 1º - A contagem do tempo de cumprimento da sanção § 2º - O pedido de reconsideração de ato, que tem efeito
começa no momento em que o militar do Estado iniciá-lo, com- suspensivo, deve ser apresentado no prazo máximo de 5 (cin-
putando-se cada dia como período de 24 (vinte e quatro) horas. co) dias, a contar da data em que o militar do Estado tomar
§ 2º - Não será computado, como cumprimento de sanção ciência do ato que o motivou.
disciplinar, o tempo em que o militar do Estado passar em gozo § 3º - A autoridade a quem for dirigido o pedido de re-
de afastamentos regulamentares, interrompendo-se a conta- consideração de ato deverá, saneando se possível o ato pra-
gem a partir do momento de seu afastamento até o seu retorno. ticado, dar solução ao recurso, no prazo máximo de 10 (dez)
§ 3º - O afastamento do militar do Estado do local de cumpri- dias, a contar da data de recebimento do documento, dando
mento da sanção e o seu retorno a esse local, após o afastamento conhecimento ao interessado, mediante despacho funda-
regularmente previsto no § 2º, deverão ser objeto de publicação. mentado que deverá ser publicado.

77
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 4º - O subordinado que não tiver oficialmente conhe- CAPÍTULO XI


cimento da solução do pedido de reconsideração, após 30 Da Revisão dos Atos Disciplinares
(trinta) dias contados da data de sua solicitação, poderá inter-
por recurso hierárquico no prazo previsto no item 1 do § 3º, Artigo 62 - As autoridades competentes para aplicar
do artigo 58. sanção disciplinar, exceto as ocupantes do posto de major
§ 5º - O pedido de reconsideração de ato deve ser redigi- e capitão, quando tiverem conhecimento, por via recursal
do de forma respeitosa, precisando o objetivo e as razões que ou de ofício, da possível existência de irregularidade ou ile-
o fundamentam, sem comentários ou insinuações, podendo galidade na aplicação da sanção imposta por elas ou pelas
ser acompanhado de documentos comprobatórios. autoridades subordinadas, podem praticar um dos seguintes
§ 6º - Não será conhecido o pedido de reconsideração in- atos:
tempestivo, procrastinador ou que não apresente fatos novos I - retificação;
que modifiquem a decisão anteriormente tomada, devendo II - atenuação;
este ato ser publicado, obedecido o prazo do § 3º deste ar- III - agravação;
tigo. IV - anulação.
Artigo 58 - O recurso hierárquico, interposto por uma § 1º - A anulação de sanção administrativa disciplinar so-
única vez, terá efeito suspensivo e será redigido sob a forma mente poderá ser feita no prazo de 5 (cinco) anos, a contar da
de parte ou ofício e endereçado diretamente à autoridade data da publicação do ato que se pretende invalidar.
imediatamente superior àquela que não reconsiderou o ato § 2º - Os atos previstos neste artigo deverão ser motiva-
tido por irregular, ofensivo, injusto ou ilegal. dos e publicados.
§ 1º - A interposição do recurso de que trata este artigo, Artigo 63 - A retificação consiste na correção de irregu-
a qual deverá ser precedida de pedido de reconsideração do laridade formal sanável, contida na sanção disciplinar aplicada
ato, somente poderá ocorrer depois de conhecido o resultado pela própria autoridade ou por autoridade subordinada.
deste pelo requerente, exceto na hipótese prevista pelo § 4º Artigo 64 - Atenuação é a redução da sanção proposta
do artigo anterior. ou aplicada, para outra menos rigorosa ou, ainda, a redução
§ 2º - A autoridade que receber o recurso hierárquico de- do número de dias da sanção, nos limites do artigo 42, se as-
verá comunicar tal fato, por escrito, àquela contra a qual está sim o exigir o interesse da disciplina e a ação educativa sobre
sendo interposto. o militar do Estado.
§ 3º - Os prazos referentes ao recurso hierárquico são: Artigo 65 - Agravação é a ampliação do número dos dias
1 - para interposição: 5 (cinco) dias, a contar do conheci- propostos para uma sanção disciplinar ou a aplicação de san-
mento da solução do pedido de reconsideração pelo interes- ção mais rigorosa, nos limites do artigo 42, se assim o exigir
sado ou do vencimento do prazo do § 4º do artigo anterior; o interesse da disciplina e a ação educativa sobre o militar do
2 - para comunicação: 3 (três) dias, a contar do protocolo Estado.
da OPM da autoridade destinatária; Parágrafo único - Não caberá agravamento da sanção
3 - para solução: 10 (dez) dias, a contar do recebimento em razão da interposição de recurso disciplinar.
da interposição do recurso no protocolo da OPM da autori- Artigo 66 - Anulação é a declaração de invalidade da
dade destinatária. sanção disciplinar aplicada pela própria autoridade ou por
§ 4º - O recurso hierárquico, em termos respeitosos, pre- autoridade subordinada, quando, na apreciação do recurso,
cisará o objeto que o fundamenta de modo a esclarecer o ato verificar a ocorrência de ilegalidade, devendo retroagir à data
ou fato, podendo ser acompanhado de documentos compro- do ato.
batórios.
§ 5º - O recurso hierárquico não poderá tratar de assunto CAPÍTULO XII
estranho ao ato ou fato que o tenha motivado, nem versar Das Recompensas Policiais-Militares
sobre matéria impertinente ou fútil.
§ 6º - Não será conhecido o recurso hierárquico intem- Artigo 67 - As recompensas policiais-militares consti-
pestivo, procrastinador ou que não apresente fatos novos que tuem reconhecimento dos bons serviços prestados pelo mi-
modifiquem a decisão anteriormente tomada, devendo ser litar do Estado e consubstanciam-se em prêmios concedidos
cientificado o interessado, e publicado o ato em boletim, no por atos meritórios e serviços relevantes.
prazo de 10 (dez) dias. Artigo 68 - São recompensas policiais-militares:
Artigo 59 - Solucionado o recurso hierárquico, encerra- I - elogio;
se para o recorrente a possibilidade administrativa de revisão II - cancelamento de sanções.
do ato disciplinar sofrido, exceto nos casos de representação Parágrafo único - O elogio individual, ato administrativo
previstos nos §§ 3º e 4º do artigo 30. que coloca em relevo as qualidades morais e profissionais do
Artigo 60 - Solucionados os recursos disciplinares e ha- militar, poderá ser formulado independentemente da classifi-
vendo sanção disciplinar a ser cumprida, o militar do Estado cação de seu comportamento e será registrado nos assenta-
iniciará o seu cumprimento dentro do prazo de 3 (três) dias: mentos.
I - desde que não interposto recurso hierárquico, no caso Artigo 69 - A dispensa do serviço não é uma recompen-
de solução do pedido de reconsideração; sa policial-militar e somente poderá ser concedida quando
II - após solucionado o recurso hierárquico. houver, a juízo do Comandante da Unidade, motivo de força
Artigo 61 - Os prazos para a interposição dos recursos maior.
de que trata este Regulamento são decadenciais.

78
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Parágrafo único - A concessão de dispensas do serviço, SEÇÃO III


observado o disposto neste artigo, fica limitada ao máximo Do Conselho de Disciplina
de 6 (seis) dias por ano, sendo sempre publicada em boletim.
Artigo 70 - O cancelamento de sanções disciplinares Artigo 76 - O Conselho de Disciplina destina-se a declarar
consiste na retirada dos registros realizados nos assentamen- a incapacidade moral da praça para permanecer no serviço ati-
tos individuais do militar do Estado, relativos às penas discipli- vo da Polícia Militar e será instaurado:
nares que lhe foram aplicadas. I - por portaria do Comandante da Unidade a que perten-
§ 1º - O cancelamento de sanções é ato do Comandante cer o acusado;
Geral, praticado a pedido do interessado, e o seu deferimen- II - por ato de autoridade superior à mencionada no inciso
to deverá atender aos bons serviços por ele prestados, com- anterior.
provados em seus assentamentos, e depois de decorridos 10 Parágrafo único - A instauração do Conselho de Disciplina
(dez) anos de efetivo serviço, sem qualquer outra sanção, a poderá ser feita durante o cumprimento de sanção disciplinar.
contar da data da última pena imposta. Artigo 77 - As autoridades referidas no artigo anterior po-
§ 2º - O cancelamento de sanções não terá efeito retroa- dem, com base na natureza da falta ou na inconsistência dos
tivo e não motivará o fatos apontados, considerar, desde logo, insuficiente a acusa-
ireito de revisão de outros atos administrativos decorren- ção e, em consequência, deixar de instaurar o Conselho de Dis-
tes das sanções canceladas. ciplina, sem prejuízo de novas diligências.
Artigo 78 - O Conselho será composto por 3 (três) oficiais
CAPÍTULO XIII da ativa.
Do Processo Regular § 1º - O mais antigo do Conselho, no mínimo um capitão, é
SEÇÃO I o presidente, e o que lhe seguir em antiguidade ou precedência
Disposições Gerais funcional é o interrogante, sendo o relator e escrivão o mais
moderno.
Artigo 71 - O processo regular a que se refere este Regu- § 2º - Entendendo necessário, o presidente poderá nomear
lamento, para os militares do Estado, será: um subtenente ou sargento para funcionar como escrivão no
I - para oficiais: o Conselho de Justificação; processo, o qual não integrará o Conselho.
II - para praças com 10 (dez) ou mais anos de serviço Artigo 79 - O Conselho poderá ser instaurado, indepen-
policial-militar: o Conselho de Disciplina; dentemente da existência ou da instauração de inquérito po-
III - para praças com menos de 10 (dez) anos de serviço licial comum ou militar, de processo criminal ou de sentença
policial-militar: o Processo Administrativo Disciplinar. criminal transitada em julgado.
Artigo 72 - O militar do Estado submetido a processo Parágrafo único - Se no curso dos trabalhos do Conselho
regular deverá, quando houver possibilidade de prejuízo para surgirem indícios de crime comum ou militar, o presidente de-
a hierarquia, disciplina ou para a apuração do fato, ser desig- verá extrair cópia dos autos, remetendo-os por ofício à autori-
nado para o exercício de outras funções, enquanto perdurar dade competente para início do respectivo inquérito policial ou
o processo, podendo ainda a autoridade instauradora proibir- da ação penal cabível.
lhe o uso do uniforme, como medida cautelar. Artigo 80 - Será instaurado apenas um processo quando
o ato ou atos motivadores tenham sido praticados em concur-
SEÇÃO II so de agentes.
Do Conselho de Justificação § 1º - Havendo dois ou mais acusados pertencentes a
OPM diversas, o processo será instaurado pela autoridade ime-
Artigo 73 - O Conselho de Justificação destina-se a apu- diatamente superior, comum aos respectivos comandantes das
rar, na forma da legislação específica, a incapacidade do oficial OPM dos acusados.
para permanecer no serviço ativo da Polícia Militar. § 2º - Existindo concurso ou continuidade infracional, de-
Parágrafo único - O Conselho de Justificação aplica-se verão todos os atos censuráveis constituir o libelo acusatório
também ao oficial inativo presumivelmente incapaz de per- da portaria.
manecer na situação de inatividade. § 3º - Surgindo, após a elaboração da portaria, elementos
Artigo 74 -  O oficial submetido a Conselho de Justifi- de autoria e materialidade de infração disciplinar conexa, em
cação e considerado culpado, por decisão unânime, poderá continuidade ou em concurso, esta poderá ser aditada, abrin-
ser agregado disciplinarmente mediante ato do Comandante do-se novos prazos para a defesa.
Geral, até decisão final do tribunal competente, ficando: Artigo 81 - A decisão da autoridade instauradora, devida-
I - afastado das suas funções e adido à Unidade que lhe mente fundamentada, será aposta nos autos, após a apreciação
for designada; do Conselho e de toda a prova produzida, das razões de defesa
II - proibido de usar uniforme; e do relatório, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do seu
III - percebendo 1/3 (um terço) da remuneração; recebimento.
IV - mantido no respectivo Quadro, sem número, não Artigo 82 - A autoridade instauradora, na sua decisão,
concorrendo à promoção. considerará a acusação procedente, procedente em parte ou
Artigo 75 - Ao Conselho de Justificação aplica-se o pre- improcedente, devendo propor ao Comandante Geral, confor-
visto na legislação específica, complementarmente ao dispos- me o caso, a aplicação das sanções administrativas cabíveis.
to neste Regulamento. Parágrafo único - A decisão da autoridade instauradora
será publicada em boletim.

79
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 83 - Recebidos os autos, o Comandante Geral, den-


tro do prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, fundamentado seu 6. LEI COMPLEMENTAR Nº 1.080, DE 17 DE
despacho, emitirá a decisão final, da qual não caberá recurso,
DEZEMBRO DE 2008 – INSTITUI PLANO GERAL
salvo na hipótese do que dispõe o § 3º do artigo 138 da Cons-
tituição do Estado. (NR) DE CARGOS, VENCIMENTOS E SALÁRIOS PARA
- Artigo 83 com redação dada pela Lei Complementar nº OS SERVIDORES DAS CLASSES QUE ESPECIFICA.
915, de 22/03/2002. 6.1. CAPÍTULO I – DISPOSIÇÃO PRELIMINAR.

SEÇÃO IV
Do Processo Administrativo Disciplinar LEI COMPLEMENTAR Nº 1.080, DE 17 DE DEZEMBRO
DE 2008
Artigo 84 - O Processo Administrativo Disciplinar segui-
rá rito próprio ao qual se aplica o disposto nos incisos I, II e Institui Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários para
parágrafo único do artigo 76 e os artigos 79, 80 e 82 deste os servidores das classes que especifica
Regulamento.
Parágrafo único - Recebido o processo, o Comandan- O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
te Geral emitirá a decisão final, da qual não caberá recurso, Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu pro-
salvo na hipótese do que dispõe o § 3º do artigo 138 da mulgo a seguinte lei complementar:
Constituição do Estado. (NR)
CAPÍTULO I
- Parágrafo único com redação dada pela Lei Comple-
Disposição Preliminar
mentar nº 915, de 22/03/2002.
 
Artigo 1º - Fica instituído, na forma desta lei complemen-
CAPÍTULO XIV tar, Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários aplicável aos
Disposições Finais servidores das Secretarias de Estado, da Procuradoria Geral do
Estado e das Autarquias, titulares de cargos e ocupantes de
Artigo 85 - A ação disciplinar da Administração prescre- funções-atividades expressamente indicados nos Anexos I e II.
verá em 5 (cinco) anos, contados da data do cometimento
da transgressão disciplinar.
§ 1º - A punibilidade da transgressão disciplinar tam-
6.2. CAPÍTULO II – DO PLANO GERAL DE
bém prevista como crime prescreve nos prazos estabeleci-
dos para o tipo previsto na legislação penal, salvo se esta CARGOS, VENCIMENTOS E SALÁRIOS:
prescrição ocorrer em prazo inferior a 5 (cinco) anos. SEÇÃO I – DISPOSIÇÕES GERAIS; SEÇÃO
§ 2º - A interposição de recurso disciplinar interrompe II – DO INGRESSO; SEÇÃO III – DO ESTÁGIO
a prescrição da punibilidade até a solução final do recurso. PROBATÓRIO; SEÇÃO IV – DA JORNADA
Artigo 86 - Para os efeitos deste Regulamento, conside- DE TRABALHO, DOS VENCIMENTOS E DAS
ra-se Comandante de Unidade o oficial que estiver exercen- VANTAGENS PECUNIÁRIAS; SEÇÃO VII – DA
do funções privativas dos postos de coronel e de tenente- PROGRESSÃO; SEÇÃO VIII – DA PROMOÇÃO;
coronel. SEÇÃO IX – DA SUBSTITUIÇÃO.
Parágrafo único - As expressões diretor, corregedor e
chefe têm o mesmo significado de Comandante de Unidade.
Artigo 87 - Aplicam-se, supletivamente, ao Conselho CAPÍTULO II
de Disciplina as disposições do Código de Processo Penal Do Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários
Militar. SEÇÃO I
Artigo 88 - O Comandante Geral baixará instruções Disposições Gerais
complementares, necessárias à interpretação, orientação e
Artigo 2º - O Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários,
fiel aplicação do disposto neste Regulamento.
de que trata esta lei complementar, organiza as classes que o in-
Artigo 89 - Esta lei complementar entra em vigor na
tegram, tendo em vista a complexidade das atribuições, os graus
data de sua publicação, revogadas as disposições em con-
diferenciados de formação, de responsabilidade e de experiência
trário. profissional requeridos, bem como as demais condições e requi-
Palácio dos Bandeirantes, aos 09 de março de 2001. sitos específicos exigíveis para seu exercício, compreendendo:
Geraldo Alckmin I - a identificação, agregação e alteração de nomenclatura
Marco Vinicio Petrelluzzi de cargos e funções-atividades e suas respectivas atribuições,
Secretário da Segurança Pública na forma indicada nos Anexos I a III;
João Caramez II - o estabelecimento de um sistema retribuitório que
Secretário - Chefe da Casa Civil estrutura os vencimentos e salários de acordo com o nível de
Antonio Angarita escolaridade e o grau de complexidade das atribuições dos car-
Secretário do Governo e Gestão Estratégica gos e funções-atividades, por intermédio de 5 (cinco) escalas
Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 09 de de vencimentos, compostas de referências e graus ou de refe-
março de 2001. rências, na forma indicada nos Anexos V a XII;

80
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

III - a instituição de perspectivas de mobilidade funcional, I - assiduidade;


mediante progressão e promoção. II - disciplina;
Artigo 3º - Para fins de aplicação deste Plano Geral de III - capacidade de iniciativa;
Cargos, Vencimentos e Salários, considera-se: IV - produtividade;
I - classe: o conjunto de cargos e funções-atividades de V - responsabilidade.
mesma natureza e igual denominação; § 1º - O período de estágio probatório será acompanhado
II - referência: o símbolo indicativo do vencimento do car- por Comissão Especial de Avaliação de Desempenho constituí-
go ou do salário da função-atividade; da para este fim, em conjunto com o órgão setorial de recursos
III - grau: valor do vencimento ou salário dentro da refe- humanos e as chefias imediata e mediata, que deverão:
rência; 1 - propiciar condições para a adaptação do servidor ao
IV - padrão: conjunto de referência e grau; ambiente de trabalho;
V - vencimento: retribuição pecuniária, fixada em lei, paga 2 - orientar o servidor no desempenho de suas atribuições;
mensalmente ao servidor pelo efetivo exercício do cargo; 3 - verificar o grau de adaptação ao cargo e a necessidade
VI - salário: retribuição pecuniária, fixada em lei, paga men- de submeter o servidor a programa de treinamento.
salmente ao servidor pelo efetivo exercício da função-atividade; § 2º - A avaliação será promovida semestralmente pelo
VII - remuneração: o valor correspondente ao vencimento órgão setorial de recursos humanos, com base em critérios es-
ou salário, acrescido das vantagens pecuniárias a que o servi- tabelecidos em decreto. (NR)
dor faça jus, previstas em lei. - § 2º com redação dada pela Lei Complementar nº 1.123,
de 01/07/2010, retroagindo seus efeitos a 01/10/2008.
SEÇÃO II Artigo 8º - Decorridos 30 (trinta) meses do período de es-
Do Ingresso tágio probatório, o responsável pelo órgão setorial de recursos
humanos encaminhará à Comissão Especial de Avaliação de De-
Artigo 4º - O ingresso nos cargos e funções-atividades sempenho, no prazo de 30 (trinta) dias, relatório circunstanciado
constantes dos Sub anexos 2 e 3 dos Anexos I e II desta lei sobre a conduta e o desempenho profissional do servidor, com
complementar far-se-á no padrão inicial da respectiva classe, proposta fundamentada de confirmação no cargo ou exoneração.
mediante concurso público de provas ou de provas e títulos, § 1º - A Comissão Especial de Avaliação de Desempenho
obedecidos os seguintes requisitos mínimos: poderá solicitar informações complementares para referendar
I - para as classes de nível intermediário: certificado de a proposta de que trata o “caput” deste artigo.
conclusão do ensino médio ou equivalente; § 2º - No caso de ter sido proposta a exoneração, a Comis-
II - para as classes de nível universitário: diploma de gra- são Especial de Avaliação de Desempenho abrirá prazo de 10
duação em curso de nível superior. (dez) dias para o exercício do direito de defesa do interessado, e
§ 1º - Os editais fixarão os requisitos específicos, de acordo decidirá pelo voto da maioria absoluta de seus membros.
com a área de atuação, para cada concurso público. § 3º - A Comissão Especial de Avaliação de Desempenho
§ 2º - As atribuições básicas das classes de que trata este encaminhará ao Titular do órgão ou entidade, para decisão fi-
artigo são as fixadas no Anexo III desta lei complementar. nal, proposta de confirmação no cargo ou de exoneração do
Artigo 5º - Os cargos em comissão e as funções atividades servidor.
em confiança obedecerão aos requisitos mínimos de escolari- § 4º - Os atos decorrentes do cumprimento do período
dade e experiência profissional fixados no Anexo IV desta lei de estágio probatório deverão ser publicados pela autoridade
complementar. competente, na seguinte conformidade: (NR)
Artigo 6º - Os cargos e as funções-atividades de super- 1 - os de exoneração do cargo, até o primeiro dia útil sub-
visão, chefia e encarregatura indicados no Sub anexo 4 dos sequente ao encerramento do estágio probatório; (NR)
Anexos I e II serão providos ou preenchidas, privativamente, 2 - os de confirmação no cargo, até 45 (quarenta e cinco)
por servidores públicos estaduais titulares de cargos efetivos dias úteis após o término do estágio. (NR)
ou ocupantes de funções atividades de natureza permanente. - § 4º com redação dada pela Lei Complementar nº 1.199,
Parágrafo único - Excetuam-se do disposto no “caput” de 22/05/2013.
deste artigo, os cargos de Chefe de Cerimonial e Chefe de Ga- Artigo 9º - Durante o período de estágio probatório, o
binete identificados no Sub anexo 4 do Anexo I e os cargos e servidor não poderá ser afastado ou licenciado do seu cargo,
funções-atividades de Chefe de Gabinete de Autarquia iden- exceto nas hipóteses previstas nos artigos 69, 72, 75 e 181, inci-
tificados no Sub anexo 4 do Anexo II desta lei complementar. sos I a V, VII e VIII, da Lei nº 10.261, de 28 de outubro de 1968,
para participação em curso específico de formação e quando
SEÇÃO III nomeado ou designado para o exercício de cargo em comissão
Do Estágio Probatório ou função em confiança, no âmbito do órgão ou entidade em
que estiver lotado, na forma a ser regulamentada em decreto.
Artigo 7º - Nos 3 (três) primeiros anos de efetivo exercí- Parágrafo único - Fica suspensa, para efeito de estágio
cio nos cargos das classes a que se refere o artigo 4º desta lei probatório, a contagem de tempo dos períodos de afastamen-
complementar, que se caracteriza como estágio probatório, o tos referidos neste artigo, excetuadas as hipóteses previstas em
servidor será submetido à avaliação especial de desempenho, seu inciso III, bem como nos artigos 69 e 75 da Lei nº 10.261, de
verificando-se a sua aptidão e capacidade para o exercício das 28 de outubro de 1968. (NR)
atribuições inerentes ao cargo que ocupa, por intermédio dos - Artigo 9º com redação dada pela Lei Complementar nº
seguintes critérios: 1.123, de 01/07/2010, retroagindo seus efeitos a 01/10/2008.

81
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 10 - O servidor confirmado no cargo de provimen- V - acréscimo de 1/3 (um terço) das férias;
to efetivo fará jus à progressão automática do grau “A” para VI - ajuda de custo;
o grau “B” da respectiva referência da classe a que pertença, VII - diárias;
independentemente do limite estabelecido no artigo 23 desta VIII - gratificações e outras vantagens pecuniárias previs-
lei complementar. tas em lei.

SEÇÃO IV SEÇÃO VII


Da Jornada de Trabalho, dos Vencimentos e das Van- Da Progressão
tagens Pecuniárias
Artigo 22 - Progressão é a passagem do servidor de um
Artigo 11 - Os cargos e as funções-atividades abrangidos grau para outro imediatamente superior dentro de uma mes-
por esta lei complementar serão exercidos em Jornada Com- ma referência da respectiva classe.
pleta de Trabalho, caracterizada pela exigência da prestação de Artigo 23 - A progressão será realizada anualmente,
40 (quarenta) horas semanais de trabalho. mediante processo de avaliação de desempenho, obedecido
Parágrafo único - Excetuam-se do disposto no “caput” o limite de até 20% (vinte por cento) do total de servidores
deste artigo, os cargos e as funções-atividades cujos ocupan- titulares de cargos ou ocupantes de funções-atividades inte-
tes estejam sujeitos a Jornada Comum de Trabalho, caracteri- grantes de cada classe de nível elementar, nível intermediário e
zada pela exigência da prestação de 30 (trinta) horas semanais nível universitário prevista nesta lei complementar, no âmbito
de trabalho. de cada órgão ou entidade.
Artigo 12 - Os vencimentos ou salários dos servidores Artigo 24 - Poderão participar do processo de progres-
abrangidos pelo Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salá- são, os servidores que tenham:
rios, de que trata esta lei complementar, ficam fixados de acor- I - cumprido o interstício mínimo de 2 (dois) anos de efeti-
do com as Escalas de Vencimentos a seguir mencionadas: vo exercício, no padrão da classe em que seu cargo ou função
I - Escala de Vencimentos - Nível Intermediário, constituí- -atividade estiver enquadrado;
da de 3 (três) referências e 10 (dez) graus; (NR) II - o desempenho avaliado anualmente, por meio de pro-
II - Escala de Vencimentos - Nível Universitário, compos- cedimentos e critérios estabelecidos em decreto.
ta de 2 (duas) Estruturas de Vencimentos, sendo a Estrutura I Parágrafo único - O cômputo do interstício a que se refe-
constituída de 3 (três) referências e 10 (dez) graus, e a Estrutura re o inciso I deste artigo terá início a partir do cumprimento do
II constituída de 3 (três) referências e 10 (dez) graus; (NR) estágio probatório de 3 (três) anos de efetivo exercício.
- Incisos II e III com redação dada pela Lei Complementar nº Artigo 25 - Observado o limite estabelecido no artigo 23
1.250, de 03/07/2014. desta lei complementar, somente poderão ser beneficiados com
III - Escala de Vencimentos - Nível Universitário, compos- a progressão os servidores que tiverem obtido resultados finais
ta de 2 (duas) Estruturas de Vencimentos, sendo a Estrutura I positivos no processo anual de avaliação de desempenho.
constituída de 2 (duas) referências e 10 (dez) graus, e a Estrutu- Artigo 26 - Interromper-se-á o interstício quando o servi-
ra II constituída de 2 (duas) referências e 10 (dez) graus; dor estiver afastado de seu cargo ou função-atividade, exceto se:
IV - Escala de Vencimentos - Comissão, constituída de 18 I - nomeado para cargo em comissão ou designado, nos
(dezoito) referências. termos da legislação trabalhista, para exercício de função-ati-
vidade em confiança;
Artigo 13 - As Escalas de Vencimentos a que se refere o II - designado para função retribuída mediante gratifica-
artigo 12 desta lei complementar são constituídas de tabelas, ção “pro labore”, a que se referem os artigos 16 a 18 desta lei
aplicáveis aos cargos e funções-atividades, de acordo com a complementar;
jornada de trabalho a que estejam sujeitos os seus ocupantes, III - designado para função de serviço público retribuí-
na seguinte conformidade: da mediante “pro labore”, nos termos do artigo 28 da Lei nº
I - Tabela I, para os sujeitos à Jornada Completa de Tra- 10.168, de 10 de julho de 1968;
balho; IV - designado como substituto ou para responder por
II - Tabela II, para os sujeitos à Jornada Comum de Trabalho. cargo vago de comando;
Artigo 14 - A remuneração dos servidores abrangidos V - afastado nos termos dos artigos 65 e 66 da Lei nº
pelo Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários, de que 10.261, de 28 de outubro de 1968, sem prejuízo de vencimen-
trata esta lei complementar, compreende, além dos vencimen- tos, junto a órgãos da Administração Direta ou Autárquica do
tos e salários de que trata o artigo 12, as seguintes vantagens Estado;
pecuniárias: VI - afastado nos termos dos artigos 67, 78, 79 e 80 da Lei
I - adicional por tempo de serviço de que trata o artigo nº 10.261, de 28 de outubro de 1968, ou nos termos do inciso
129 da Constituição do Estado, que será calculado na base de I do artigo 15 e dos artigos 16 e 17 da Lei nº 500, de 13 de
5% (cinco por cento) sobre o valor do vencimento ou salário, novembro de 1974;
por quinquênio de prestação de serviço, observado o disposto VII - afastado, sem prejuízo dos vencimentos ou salários,
no inciso XVI do artigo 115 da mesma Constituição; para participação em cursos, congressos ou demais certames
II - sexta-parte; afetos à respectiva área de atuação, pelo prazo máximo de 90
III - gratificação “pro labore” a que se referem os artigos (noventa) dias;
16 a 19 desta lei complementar; VIII - afastado nos termos do § 1º do artigo 125 da Cons-
IV - décimo-terceiro salário; tituição do Estado de São Paulo;

82
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

IX - afastado nos termos da Lei Complementar nº 367, de SEÇÃO IX


14 de dezembro de 1984, alterada pela Lei Complementar nº Da Substituição
1.054, de 7 de julho de 2008.
X - licenciado para tratamento de saúde, no limite de 45 Artigo 32 - Para os servidores abrangidos por esta lei com-
(quarenta e cinco) dias por ano; (NR) plementar poderá haver a substituição de que tratam os artigos
XI - ausente em virtude de consulta ou sessão de trata- 80 a 83 da Lei Complementar nº 180, de 12 de maio de 1978,
mento de saúde, nos termos da Lei Complementar nº 1.041, para os cargos de coordenação, direção, chefia, supervisão e en-
de 14 de abril de 2008. (NR) carregatura, constantes da Escala de Vencimentos - Comissão.
- Incisos X e XI acrescentados pela Lei Complementar nº § 1º - Se o período de substituição for igual ou superior a
1.199, de 22/05/2013, retroagindo seus efeitos a partir de 15 (quinze) dias, o servidor fará jus à diferença entre o valor do
01/10/2008. padrão ou da referência em que estiver enquadrado o cargo de
Artigo 27 - Os demais critérios relativos à progressão se- que é titular ou a função-atividade de que é ocupante, acrescido
rão estabelecidos em decreto. da Gratificação Executiva, de que trata o inciso I do artigo 38
desta lei complementar, dos adicionais por tempo de serviço e
SEÇÃO VIII da sexta-parte, se for o caso, e do valor da referência do cargo
Da Promoção em comissão acrescido das mesmas vantagens, proporcional
aos dias substituídos.
Artigo 28 - Promoção é a passagem do servidor da re- § 2º - O disposto neste artigo aplica-se, também, às hipó-
ferência 1 para a referência 2 de sua respectiva classe, devido teses de designação para funções de serviço público retribuídas
à aquisição de competências adicionais às exigidas para in- mediante “pro labore” de que trata o artigo 28 da Lei nº 10.168,
gresso no cargo de que é titular ou função-atividade de que de 10 de julho de 1968, e para as funções previstas nos artigos
é ocupante. 16 e 17 desta lei complementar.
Parágrafo único - Quando o valor do vencimento ou sa- § 3º - Na hipótese de substituição em funções-atividades
lário do grau “A” da referência final for inferior àquele ante- em confiança, no âmbito das Autarquias, aplica-se, no que cou-
riormente percebido, o enquadramento far-se-á no grau com ber, o disposto neste artigo.
valor imediatamente superior. § 4º - Os servidores integrantes de classes pertencentes a
Artigo 29 - A promoção permitirá a passagem da refe- outros sistemas retribuitórios que venham a exercer a substitui-
rência 1 para a referência 2 dos servidores integrantes das se- ção em cargos abrangidos por este Plano, receberão o paga-
guintes classes: mento dessa substituição de acordo com critérios de cálculo a
I - de nível intermediário: serem estabelecidos em decreto.
a) Oficial Administrativo;
b) Oficial Operacional;
c) Oficial Sociocultural;
II - de nível universitário: 6.3. CAPÍTULO IV – DISPOSIÇÕES FINAIS:
a) Analista Administrativo; ARTIGOS 54 A 56.
b) Analista de Tecnologia;
c) Analista Sociocultural;
d) Executivo Público.
Artigo 30 - São requisitos para fins de promoção: CAPÍTULO IV
I - contar, no mínimo, 5 (cinco) anos de efetivo exercício Disposições Finais
em um mesmo cargo ou função-atividade pertencente às clas-
ses identificadas no artigo 29 desta lei complementar; Artigo 54 - Poderá ser convertida em pecúnia, mediante
II - ser aprovado em avaliação teórica ou prática para afe- requerimento, uma parcela de 30 (trinta) dias de licença-prêmio
rir a aquisição de competências necessárias ao exercício de aos integrantes dos Quadros das Secretarias de Estado, da Pro-
suas funções na referência superior; curadoria Geral do Estado e das Autarquias, regidos por esta
III - possuir diploma de: lei complementar, que se encontrem em efetivo exercício nas
a) graduação em curso de nível superior, para os integran- unidades desses órgãos e entidades.
tes das classes referidas no inciso I do artigo 29 desta lei com- § 1º  - Os 60 (sessenta) dias de licença-prêmio restantes,
plementar; do período aquisitivo considerado, somente poderão ser usu-
b) pós-graduação “stricto” ou “lato sensu”, para os inte- fruídos em ano diverso daquele em que o beneficiário recebeu
grantes das classes referidas no inciso II do artigo 29 desta lei a indenização, observado o disposto no artigo 213 da Lei nº
complementar. 10.261, de 28 de outubro de 1968, com a redação dada pela Lei
Artigo 31 - Os cursos a que se referem as alíneas “a” e “b” Complementar nº 1048, de 10 de junho de 2008.
do inciso III do artigo 30 desta lei complementar e os demais § 2º - O disposto neste artigo não se aplica aos servidores
critérios relativos ao processo de promoção serão estabeleci- dos Quadros das Secretarias de Economia e Planejamento e da
dos em decreto. Fazenda regidos por esta lei complementar.
Artigo 55 - O pagamento da indenização de que trata o
artigo 54 restringir-se-á às licenças-prêmio cujos períodos aqui-
sitivos se completem a partir da data da vigência desta lei com-
plementar e observará o seguinte:

83
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

I - será efetivado no 5º dia útil do mês de aniversário do Art. 2o  Aplicam-se as disposições desta Lei, no que cou-
requerente; ber, às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam,
II - corresponderá ao valor da remuneração do servidor para realização de ações de interesse público, recursos pú-
no mês-referência de que trata o inciso anterior. blicos diretamente do orçamento ou mediante subvenções
Artigo 56 - O servidor de que trata o artigo 54 desta sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios,
lei complementar que optar pela conversão em pecúnia, de acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres. 
30 (trinta) dias de licença-prêmio, deverá apresentar reque- Parágrafo único.  A publicidade a que estão submetidas
rimento no prazo de 3 (três) meses antes do mês do seu as entidades citadas no caput refere-se à parcela dos recur-
aniversário. sos públicos recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das
§ 1º - O órgão setorial ou subsetorial de recursos huma- prestações de contas a que estejam legalmente obrigadas. 
nos competente deverá instruir o requerimento com: Art. 3o  Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-
1 - informações relativas à publicação do ato de conces- se a assegurar o direito fundamental de acesso à informação
são da licença-prêmio e ao período aquisitivo; e devem ser executados em conformidade com os princí-
2 - declaração de não-fruição de parcela de licença-prê- pios básicos da administração pública e com as seguintes
mio no ano considerado, relativa ao mesmo período aqui- diretrizes: 
sitivo. I - observância da publicidade como preceito geral e do
§ 2º - Caberá à autoridade competente decidir sobre o sigilo como exceção; 
deferimento do pedido, com observância: II - divulgação de informações de interesse público, in-
1 - da necessidade do serviço; dependentemente de solicitações; 
2 - da assiduidade e da ausência de penas disciplinares, III - utilização de meios de comunicação viabilizados
no período de 1 (um) ano imediatamente anterior à data do pela tecnologia da informação; 
requerimento do servidor. IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transpa-
rência na administração pública; 
V - desenvolvimento do controle social da administra-
ção pública. 
7. LEI FEDERAL Nº 12.527, DE 18 DE Art. 4o  Para os efeitos desta Lei, considera-se: 
NOVEMBRO DE 2011 – LEI DE ACESSO À I - informação: dados, processados ou não, que podem
INFORMAÇÃO; DECRETO N° 58.052, DE 16 DE ser utilizados para produção e transmissão de conhecimen-
MAIO DE 2012. to, contidos em qualquer meio, suporte ou formato; 
II - documento: unidade de registro de informações,
qualquer que seja o suporte ou formato; 
LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011. III - informação sigilosa: aquela submetida temporaria-
mente à restrição de acesso público em razão de sua impres-
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII cindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado; 
do art. 5o, no inciso II do § 3o  do art. 37 e no § 2o  do art. IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa na-
216 da Constituição Federal; altera a Lei no  8.112, de 11 de tural identificada ou identificável; 
dezembro de 1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de V - tratamento da informação: conjunto de ações refe-
2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; rentes à produção, recepção, classificação, utilização, acesso,
e dá outras providências. reprodução, transporte, transmissão, distribuição, arquiva-
mento, armazenamento, eliminação, avaliação, destinação
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- ou controle da informação; 
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:  VI - disponibilidade: qualidade da informação que pode
ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou
CAPÍTULO I sistemas autorizados; 
DISPOSIÇÕES GERAIS VII - autenticidade: qualidade da informação que tenha
sido produzida, expedida, recebida ou modificada por deter-
Art. 1o  Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem minado indivíduo, equipamento ou sistema; 
observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municí- VIII - integridade: qualidade da informação não modifi-
pios, com o fim de garantir o acesso a informações previsto cada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino; 
no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § IX - primariedade: qualidade da informação coletada na
2º do art. 216 da Constituição Federal.  fonte, com o máximo de detalhamento possível, sem modi-
Parágrafo único.  Subordinam-se ao regime desta Lei:  ficações. 
I - os órgãos públicos integrantes da administração dire- Art. 5o  É dever do Estado garantir o direito de acesso à
ta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de informação, que será franqueada, mediante procedimentos
Contas, e Judiciário e do Ministério Público;  objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em lingua-
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas gem de fácil compreensão. 
públicas, as sociedades de economia mista e demais entida-
des controladas direta ou indiretamente pela União, Estados,
Distrito Federal e Municípios. 

84
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CAPÍTULO II § 6o  Verificada a hipótese prevista no § 5o deste artigo, o


DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGAÇÃO responsável pela guarda da informação extraviada deverá, no
prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas
Art. 6o  Cabe aos órgãos e entidades do poder público, que comprovem sua alegação. 
observadas as normas e procedimentos específicos aplicá- Art. 8o  É dever dos órgãos e entidades públicas promo-
veis, assegurar a:  ver, independentemente de requerimentos, a divulgação em
I - gestão transparente da informação, propiciando am- local de fácil acesso, no âmbito de suas competências, de in-
plo acesso a ela e sua divulgação;  formações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas
II - proteção da informação, garantindo-se sua disponi- ou custodiadas. 
bilidade, autenticidade e integridade; e  § 1o  Na divulgação das informações a que se refere
III - proteção da informação sigilosa e da informação o caput, deverão constar, no mínimo: 
pessoal, observada a sua disponibilidade, autenticidade, in- I - registro das competências e estrutura organizacional,
tegridade e eventual restrição de acesso.  endereços e telefones das respectivas unidades e horários de
Art. 7o  O acesso à informação de que trata esta Lei com- atendimento ao público; 
preende, entre outros, os direitos de obter:  II - registros de quaisquer repasses ou transferências de
I - orientação sobre os procedimentos para a consecu- recursos financeiros; 
ção de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser III - registros das despesas; 
encontrada ou obtida a informação almejada;  IV - informações concernentes a procedimentos licitató-
II - informação contida em registros ou documentos, rios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a
produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, todos os contratos celebrados; 
recolhidos ou não a arquivos públicos;  V - dados gerais para o acompanhamento de programas,
III - informação produzida ou custodiada por pessoa físi- ações, projetos e obras de órgãos e entidades; e 
ca ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. 
seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha § 2o  Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos
cessado;  e entidades públicas deverão utilizar todos os meios e instru-
IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada;  mentos legítimos de que dispuserem, sendo obrigatória a di-
V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos vulgação em sítios oficiais da rede mundial de computadores
e entidades, inclusive as relativas à sua política, organização (internet). 
e serviços;  § 3o  Os sítios de que trata o § 2o deverão, na forma de
VI - informação pertinente à administração do patrimô- regulamento, atender, entre outros, aos seguintes requisitos: 
nio público, utilização de recursos públicos, licitação, contra- I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permi-
tos administrativos; e  ta o acesso à informação de forma objetiva, transparente, clara
VII - informação relativa:  e em linguagem de fácil compreensão; 
a) à implementação, acompanhamento e resultados dos II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos forma-
programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públi- tos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais como
cas, bem como metas e indicadores propostos;  planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das informações; 
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas exter-
tomadas de contas realizadas pelos órgãos de controle in- nos em formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina; 
terno e externo, incluindo prestações de contas relativas a IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para es-
exercícios anteriores.  truturação da informação; 
§ 1o  O acesso à informação previsto no caput não com- V - garantir a autenticidade e a integridade das informa-
preende as informações referentes a projetos de pesquisa e ções disponíveis para acesso; 
desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja VI - manter atualizadas as informações disponíveis para
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.  acesso; 
§ 2o  Quando não for autorizado acesso integral à in- VII - indicar local e instruções que permitam ao interessa-
formação por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o do comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão
acesso à parte não sigilosa por meio de certidão, extrato ou ou entidade detentora do sítio; e 
cópia com ocultação da parte sob sigilo.  VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a aces-
§ 3o  O direito de acesso aos documentos ou às informa- sibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos ter-
ções neles contidas utilizados como fundamento da tomada mos do art. 17 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000,
de decisão e do ato administrativo será assegurado com a e do art. 9o da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
edição do ato decisório respectivo.  Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo no 186, de 9 de
§ 4o  A negativa de acesso às informações objeto de pe- julho de 2008. 
dido formulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1o, § 4o  Os Municípios com população de até 10.000 (dez
quando não fundamentada, sujeitará o responsável a medi- mil) habitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória
das disciplinares, nos termos do art. 32 desta Lei.  na internet a que se refere o § 2o, mantida a obrigatoriedade de
§ 5o  Informado do extravio da informação solicitada, divulgação, em tempo real, de informações relativas à execu-
poderá o interessado requerer à autoridade competente a ção orçamentária e financeira, nos critérios e prazos previstos
imediata abertura de sindicância para apurar o desapareci- no art. 73-B da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de
mento da respectiva documentação.  2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal). 

85
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 9o  O acesso a informações públicas será assegurado § 5o  A informação armazenada em formato digital será
mediante:  fornecida nesse formato, caso haja anuência do requerente. 
I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos ór- § 6o  Caso a informação solicitada esteja disponível ao pú-
gãos e entidades do poder público, em local com condições blico em formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro
apropriadas para:  meio de acesso universal, serão informados ao requerente, por
a) atender e orientar o público quanto ao acesso a infor- escrito, o lugar e a forma pela qual se poderá consultar, obter
mações;  ou reproduzir a referida informação, procedimento esse que
b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas desonerará o órgão ou entidade pública da obrigação de seu
respectivas unidades;  fornecimento direto, salvo se o requerente declarar não dispor
c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a de meios para realizar por si mesmo tais procedimentos. 
informações; e  Art. 12.  O serviço de busca e fornecimento da informação
II - realização de audiências ou consultas públicas, incen- é gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de documen-
tivo à participação popular ou a outras formas de divulgação.  tos pelo órgão ou entidade pública consultada, situação em
que poderá ser cobrado exclusivamente o valor necessário ao
CAPÍTULO III ressarcimento do custo dos serviços e dos materiais utilizados. 
DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO Parágrafo único.  Estará isento de ressarcir os custos previs-
Seção I tos no caput todo aquele cuja situação econômica não lhe per-
Do Pedido de Acesso mita fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da família, de-
clarada nos termos da Lei no 7.115, de 29 de agosto de 1983. 
Art. 10.  Qualquer interessado poderá apresentar pedido Art. 13.  Quando se tratar de acesso à informação contida
de acesso a informações aos órgãos e entidades referidos no em documento cuja manipulação possa prejudicar sua inte-
art. 1o desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedi- gridade, deverá ser oferecida a consulta de cópia, com certifi-
do conter a identificação do requerente e a especificação da cação de que esta confere com o original. 
informação requerida.  Parágrafo único.  Na impossibilidade de obtenção de có-
§ 1o  Para o acesso a informações de interesse público, a pias, o interessado poderá solicitar que, a suas expensas e sob
identificação do requerente não pode conter exigências que supervisão de servidor público, a reprodução seja feita por
inviabilizem a solicitação.  outro meio que não ponha em risco a conservação do docu-
§ 2o  Os órgãos e entidades do poder público devem via- mento original. 
bilizar alternativa de encaminhamento de pedidos de acesso Art. 14.  É direito do requerente obter o inteiro teor de
por meio de seus sítios oficiais na internet.  decisão de negativa de acesso, por certidão ou cópia. 
§ 3o  São vedadas quaisquer exigências relativas aos moti-
vos determinantes da solicitação de informações de interesse Seção II
público.  Dos Recursos
Art. 11.  O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou
conceder o acesso imediato à informação disponível.  Art. 15.  No caso de indeferimento de acesso a informa-
§ 1o  Não sendo possível conceder o acesso imediato, na ções ou às razões da negativa do acesso, poderá o interessa-
forma disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o do interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias
pedido deverá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias:  a contar da sua ciência. 
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a con- Parágrafo único.  O recurso será dirigido à autoridade hie-
sulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão;  rarquicamente superior à que exarou a decisão impugnada,
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total que deverá se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias. 
ou parcial, do acesso pretendido; ou  Art. 16.  Negado o acesso a informação pelos órgãos ou
III - comunicar que não possui a informação, indicar, se entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá
for do seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no
ou, ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, prazo de 5 (cinco) dias se: 
cientificando o interessado da remessa de seu pedido de in- I - o acesso à informação não classificada como sigilosa
formação.  for negado; 
§ 2o  O prazo referido no § 1o poderá ser prorrogado por II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou
mais 10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual parcialmente classificada como sigilosa não indicar a autori-
será cientificado o requerente.  dade classificadora ou a hierarquicamente superior a quem
§ 3o  Sem prejuízo da segurança e da proteção das infor- possa ser dirigido pedido de acesso ou desclassificação; 
mações e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou III - os procedimentos de classificação de informação si-
entidade poderá oferecer meios para que o próprio requeren- gilosa estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e 
te possa pesquisar a informação de que necessitar.  IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros pro-
§ 4o  Quando não for autorizado o acesso por se tratar de cedimentos previstos nesta Lei. 
informação total ou parcialmente sigilosa, o requerente de- § 1o  O recurso previsto neste artigo somente poderá ser
verá ser informado sobre a possibilidade de recurso, prazos e dirigido à Controladoria-Geral da União depois de submetido
condições para sua interposição, devendo, ainda, ser-lhe indi- à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamen-
cada a autoridade competente para sua apreciação.  te superior àquela que exarou a decisão impugnada, que de-
liberará no prazo de 5 (cinco) dias. 

86
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 2o  Verificada a procedência das razões do recurso, a Seção II


Controladoria-Geral da União determinará ao órgão ou enti- Da Classificação da Informação quanto ao Grau e
dade que adote as providências necessárias para dar cumpri- Prazos de Sigilo
mento ao disposto nesta Lei. 
§ 3o  Negado o acesso à informação pela Controladoria- Art. 23.  São consideradas imprescindíveis à segurança
Geral da União, poderá ser interposto recurso à Comissão da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de classi-
Mista de Reavaliação de Informações, a que se refere o art. 35.  ficação as informações cuja divulgação ou acesso irrestrito
Art. 17.  No caso de indeferimento de pedido de desclas- possam: 
sificação de informação protocolado em órgão da administra- I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a
ção pública federal, poderá o requerente recorrer ao Ministro integridade do território nacional; 
de Estado da área, sem prejuízo das competências da Comis- II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negocia-
são Mista de Reavaliação de Informações, previstas no art. 35, ções ou as relações internacionais do País, ou as que tenham
e do disposto no art. 16.  sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e or-
§ 1o  O recurso previsto neste artigo somente poderá ser ganismos internacionais; 
dirigido às autoridades mencionadas depois de submetido à III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da po-
apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente pulação; 
superior à autoridade que exarou a decisão impugnada e, no IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, eco-
caso das Forças Armadas, ao respectivo Comando.  nômica ou monetária do País; 
§ 2o  Indeferido o recurso previsto no caput que tenha V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações es-
como objeto a desclassificação de informação secreta ou ul- tratégicos das Forças Armadas; 
trassecreta, caberá recurso à Comissão Mista de Reavaliação VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa
de Informações prevista no art. 35.  e desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como a
Art. 18.  Os procedimentos de revisão de decisões dene- sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estratégico
gatórias proferidas no recurso previsto no art. 15 e de revisão nacional; 
de classificação de documentos sigilosos serão objeto de re-
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas
gulamentação própria dos Poderes Legislativo e Judiciário e
autoridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou 
do Ministério Público, em seus respectivos âmbitos, assegura-
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como
do ao solicitante, em qualquer caso, o direito de ser informa-
de investigação ou fiscalização em andamento, relacionadas
do sobre o andamento de seu pedido. 
com a prevenção ou repressão de infrações. 
Art. 19.  (VETADO). 
Art. 24.  A informação em poder dos órgãos e entidades
§ 1o  (VETADO). 
públicas, observado o seu teor e em razão de sua imprescin-
§ 2o  Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Públi-
co informarão ao Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho dibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, poderá
Nacional do Ministério Público, respectivamente, as decisões ser classificada como ultrassecreta, secreta ou reservada. 
que, em grau de recurso, negarem acesso a informações de § 1o  Os prazos máximos de restrição de acesso à infor-
interesse público.  mação, conforme a classificação prevista no caput, vigoram
Art. 20.  Aplica-se subsidiariamente, no que couber, a Lei a partir da data de sua produção e são os seguintes: 
no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento de que I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos; 
trata este Capítulo.  II - secreta: 15 (quinze) anos; e 
III - reservada: 5 (cinco) anos. 
CAPÍTULO IV § 2o  As informações que puderem colocar em risco a
DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO segurança do Presidente e Vice-Presidente da República e
Seção I respectivos cônjuges e filhos(as) serão classificadas como
Disposições Gerais reservadas e ficarão sob sigilo até o término do mandato em
exercício ou do último mandato, em caso de reeleição. 
Art. 21.  Não poderá ser negado acesso à informação ne- § 3o  Alternativamente aos prazos previstos no § 1o, pode-
cessária à tutela judicial ou administrativa de direitos funda- rá ser estabelecida como termo final de restrição de acesso
mentais.  a ocorrência de determinado evento, desde que este ocorra
Parágrafo único.  As informações ou documentos que antes do transcurso do prazo máximo de classificação. 
versem sobre condutas que impliquem violação dos direi- § 4o  Transcorrido o prazo de classificação ou consuma-
tos humanos praticada por agentes públicos ou a mando de do o evento que defina o seu termo final, a informação tor-
autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição de nar-se-á, automaticamente, de acesso público. 
acesso.  § 5o  Para a classificação da informação em determinado
Art. 22.  O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóte- grau de sigilo, deverá ser observado o interesse público da
ses legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses informação e utilizado o critério menos restritivo possível,
de segredo industrial decorrentes da exploração direta de ati- considerados: 
vidade econômica pelo Estado ou por pessoa física ou entida- I - a gravidade do risco ou dano à segurança da socie-
de privada que tenha qualquer vínculo com o poder público.  dade e do Estado; e 
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento
que defina seu termo final. 

87
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Seção III § 3o  A autoridade ou outro agente público que classifi-


Da Proteção e do Controle de Informações Sigilosas car informação como ultrassecreta deverá encaminhar a de-
cisão de que trata o art. 28 à Comissão Mista de Reavaliação
Art. 25.  É dever do Estado controlar o acesso e a divul- de Informações, a que se refere o art. 35, no prazo previsto
gação de informações sigilosas produzidas por seus órgãos em regulamento. 
e entidades, assegurando a sua proteção. (Regulamento) Art. 28.  A classificação de informação em qualquer grau
§ 1o  O acesso, a divulgação e o tratamento de informa- de sigilo deverá ser formalizada em decisão que conterá, no
ção classificada como sigilosa ficarão restritos a pessoas que mínimo, os seguintes elementos: 
tenham necessidade de conhecê-la e que sejam devidamen- I - assunto sobre o qual versa a informação; 
te credenciadas na forma do regulamento, sem prejuízo das II - fundamento da classificação, observados os critérios
atribuições dos agentes públicos autorizados por lei.  estabelecidos no art. 24; 
§ 2o  O acesso à informação classificada como sigilosa cria a III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, me-
obrigação para aquele que a obteve de resguardar o sigilo.  ses ou dias, ou do evento que defina o seu termo final, con-
§ 3o  Regulamento disporá sobre procedimentos e medidas forme limites previstos no art. 24; e 
a serem adotados para o tratamento de informação sigilosa, IV - identificação da autoridade que a classificou. 
de modo a protegê-la contra perda, alteração indevida, acesso, Parágrafo único.  A decisão referida no caput será man-
transmissão e divulgação não autorizados.  tida no mesmo grau de sigilo da informação classificada. 
Art. 26.  As autoridades públicas adotarão as providências Art. 29.  A classificação das informações será reavaliada
necessárias para que o pessoal a elas subordinado hierarquica- pela autoridade classificadora ou por autoridade hierarqui-
mente conheça as normas e observe as medidas e procedimen- camente superior, mediante provocação ou de ofício, nos
tos de segurança para tratamento de informações sigilosas.  termos e prazos previstos em regulamento, com vistas à sua
Parágrafo único.  A pessoa física ou entidade privada que, desclassificação ou à redução do prazo de sigilo, observado
em razão de qualquer vínculo com o poder público, executar o disposto no art. 24.  (Regulamento)
atividades de tratamento de informações sigilosas adotará as § 1o  O regulamento a que se refere o caput deverá con-
providências necessárias para que seus empregados, prepostos siderar as peculiaridades das informações produzidas no ex-
ou representantes observem as medidas e procedimentos de se- terior por autoridades ou agentes públicos. 
gurança das informações resultantes da aplicação desta Lei.  § 2o  Na reavaliação a que se refere o caput, deverão ser
examinadas a permanência dos motivos do sigilo e a possi-
Seção IV bilidade de danos decorrentes do acesso ou da divulgação
Dos Procedimentos de Classificação, Reclassificação e da informação. 
Desclassificação § 3o  Na hipótese de redução do prazo de sigilo da in-
formação, o novo prazo de restrição manterá como termo
Art. 27.  A classificação do sigilo de informações no âmbito inicial a data da sua produção. 
da administração pública federal é de competência:   (Regula- Art. 30.  A autoridade máxima de cada órgão ou entida-
mento) de publicará, anualmente, em sítio à disposição na internet e
I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:  destinado à veiculação de dados e informações administra-
a) Presidente da República;  tivas, nos termos de regulamento: 
b) Vice-Presidente da República;  I - rol das informações que tenham sido desclassificadas
c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prer- nos últimos 12 (doze) meses; 
rogativas;  II - rol de documentos classificados em cada grau de
d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; e  sigilo, com identificação para referência futura; 
e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanen- III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedi-
tes no exterior;  dos de informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem
II - no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso como informações genéricas sobre os solicitantes. 
I, dos titulares de autarquias, fundações ou empresas públicas e § 1o  Os órgãos e entidades deverão manter exemplar
sociedades de economia mista; e  da publicação prevista no caput para consulta pública em
III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos in- suas sedes. 
cisos I e II e das que exerçam funções de direção, comando ou § 2o  Os órgãos e entidades manterão extrato com a lis-
chefia, nível DAS 101.5, ou superior, do Grupo-Direção e Asses- ta de informações classificadas, acompanhadas da data, do
soramento Superiores, ou de hierarquia equivalente, de acordo grau de sigilo e dos fundamentos da classificação. 
com regulamentação específica de cada órgão ou entidade, ob-
servado o disposto nesta Lei.  Seção V
§ 1o  A competência prevista nos incisos I e II, no que se re- Das Informações Pessoais
fere à classificação como ultrassecreta e secreta, poderá ser dele-
gada pela autoridade responsável a agente público, inclusive em Art. 31.  O tratamento das informações pessoais deve
missão no exterior, vedada a subdelegação.  ser feito de forma transparente e com respeito à intimidade,
§ 2o  A classificação de informação no grau de sigilo ultras- vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como às
secreto pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e” do inciso liberdades e garantias individuais. 
I deverá ser ratificada pelos respectivos Ministros de Estado, no § 1o  As informações pessoais, a que se refere este artigo,
prazo previsto em regulamento.  relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem: 

88
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

I - terão seu acesso restrito, independentemente de clas- I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Ar-
sificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a madas, transgressões militares médias ou graves, segundo os
contar da sua data de produção, a agentes públicos legalmente critérios neles estabelecidos, desde que não tipificadas em lei
autorizados e à pessoa a que elas se referirem; e  como crime ou contravenção penal; ou 
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por II - para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11 de dezem-
terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso da bro de 1990, e suas alterações, infrações administrativas, que
pessoa a que elas se referirem.  deverão ser apenadas, no mínimo, com suspensão, segundo
§ 2o  Aquele que obtiver acesso às informações de que trata os critérios nela estabelecidos. 
este artigo será responsabilizado por seu uso indevido.  § 2o  Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar
§ 3o  O consentimento referido no inciso II do § 1o não será ou agente público responder, também, por improbidade ad-
exigido quando as informações forem necessárias:  ministrativa, conforme o disposto nas Leis nos 1.079, de 10 de
I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa es- abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho de 1992. 
tiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única e exclu- Art. 33.  A pessoa física ou entidade privada que detiver in-
sivamente para o tratamento médico;  formações em virtude de vínculo de qualquer natureza com o
II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evi- poder público e deixar de observar o disposto nesta Lei estará
dente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo vedada sujeita às seguintes sanções: 
a identificação da pessoa a que as informações se referirem;  I - advertência; 
III - ao cumprimento de ordem judicial;  II - multa; 
IV - à defesa de direitos humanos; ou  III - rescisão do vínculo com o poder público; 
V - à proteção do interesse público e geral preponderante.  IV - suspensão temporária de participar em licitação e
§ 4o  A restrição de acesso à informação relativa à vida pri- impedimento de contratar com a administração pública por
vada, honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada com prazo não superior a 2 (dois) anos; e 
o intuito de prejudicar processo de apuração de irregularidades V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
em que o titular das informações estiver envolvido, bem como com a administração pública, até que seja promovida a reabi-
litação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade. 
em ações voltadas para a recuperação de fatos históricos de
§ 1o  As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser
maior relevância. 
aplicadas juntamente com a do inciso II, assegurado o direito
§ 5o  Regulamento disporá sobre os procedimentos para
de defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo de
tratamento de informação pessoal. 
10 (dez) dias. 
§ 2o  A reabilitação referida no inciso V será autorizada
CAPÍTULO V
somente quando o interessado efetivar o ressarcimento ao ór-
DAS RESPONSABILIDADES
gão ou entidade dos prejuízos resultantes e após decorrido o
prazo da sanção aplicada com base no inciso IV. 
Art. 32.  Constituem condutas ilícitas que ensejam respon- § 3o  A aplicação da sanção prevista no inciso V é de com-
sabilidade do agente público ou militar:  petência exclusiva da autoridade máxima do órgão ou entida-
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos de pública, facultada a defesa do interessado, no respectivo
desta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou for- processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista. 
necê-la intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou Art. 34.  Os órgãos e entidades públicas respondem dire-
imprecisa;  tamente pelos danos causados em decorrência da divulgação
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inu- não autorizada ou utilização indevida de informações sigilosas
tilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, infor- ou informações pessoais, cabendo a apuração de responsa-
mação que se encontre sob sua guarda ou a que tenha acesso bilidade funcional nos casos de dolo ou culpa, assegurado o
ou conhecimento em razão do exercício das atribuições de car- respectivo direito de regresso. 
go, emprego ou função pública;  Parágrafo único.  O disposto neste artigo aplica-se à pes-
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de soa física ou entidade privada que, em virtude de vínculo de
acesso à informação;  qualquer natureza com órgãos ou entidades, tenha acesso a
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir informação sigilosa ou pessoal e a submeta a tratamento in-
acesso indevido à informação sigilosa ou informação pessoal;  devido. 
V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal
ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido CAPÍTULO VI
por si ou por outrem;  DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente
informação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em pre- Art. 35.  (VETADO). 
juízo de terceiros; e  § 1o  É instituída a Comissão Mista de Reavaliação de In-
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos formações, que decidirá, no âmbito da administração pública
concernentes a possíveis violações de direitos humanos por federal, sobre o tratamento e a classificação de informações
parte de agentes do Estado.  sigilosas e terá competência para: 
§ 1o  Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa I - requisitar da autoridade que classificar informação
e do devido processo legal, as condutas descritas no caput se- como ultrassecreta e secreta esclarecimento ou conteúdo, par-
rão consideradas:  cial ou integral da informação; 

89
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

II - rever a classificação de informações ultrassecretas ou § 4o  As informações classificadas como secretas e ultras-
secretas, de ofício ou mediante provocação de pessoa interes- secretas não reavaliadas no prazo previsto no caput serão
sada, observado o disposto no art. 7o e demais dispositivos consideradas, automaticamente, de acesso público. 
desta Lei; e  Art. 40.  No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vigên-
III - prorrogar o prazo de sigilo de informação classificada cia desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou entidade
como ultrassecreta, sempre por prazo determinado, enquanto da administração pública federal direta e indireta designará
o seu acesso ou divulgação puder ocasionar ameaça externa autoridade que lhe seja diretamente subordinada para, no
à soberania nacional ou à integridade do território nacional âmbito do respectivo órgão ou entidade, exercer as seguintes
ou grave risco às relações internacionais do País, observado o atribuições: 
prazo previsto no § 1o do art. 24.  I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao aces-
§ 2o  O prazo referido no inciso III é limitado a uma única so a informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos
renovação.  desta Lei; 
§ 3o  A revisão de ofício a que se refere o inciso II do § II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e
1o deverá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após a apresentar relatórios periódicos sobre o seu cumprimento; 
reavaliação prevista no art. 39, quando se tratar de documen- III - recomendar as medidas indispensáveis à implemen-
tos ultrassecretos ou secretos.  tação e ao aperfeiçoamento das normas e procedimentos ne-
§ 4o  A não deliberação sobre a revisão pela Comissão cessários ao correto cumprimento do disposto nesta Lei; e 
Mista de Reavaliação de Informações nos prazos previstos no IV - orientar as respectivas unidades no que se refere ao
§ 3o implicará a desclassificação automática das informações.  cumprimento do disposto nesta Lei e seus regulamentos. 
§ 5o  Regulamento disporá sobre a composição, organi- Art. 41.  O Poder Executivo Federal designará órgão da
zação e funcionamento da Comissão Mista de Reavaliação de administração pública federal responsável: 
Informações, observado o mandato de 2 (dois) anos para seus I - pela promoção de campanha de abrangência nacio-
integrantes e demais disposições desta Lei.  (Regulamento) nal de fomento à cultura da transparência na administração
Art. 36.  O tratamento de informação sigilosa resultante de pública e conscientização do direito fundamental de acesso à
tratados, acordos ou atos internacionais atenderá às normas e informação; 
recomendações constantes desses instrumentos.  II - pelo treinamento de agentes públicos no que se refere
Art. 37.  É instituído, no âmbito do Gabinete de Segurança ao desenvolvimento de práticas relacionadas à transparência
Institucional da Presidência da República, o Núcleo de Segu- na administração pública; 
rança e Credenciamento (NSC), que tem por objetivos:  (Regu- III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito da
lamento) administração pública federal, concentrando e consolidando a
I - promover e propor a regulamentação do credencia- publicação de informações estatísticas relacionadas no art. 30; 
mento de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de
entidades para tratamento de informações sigilosas; e  relatório anual com informações atinentes à implementação
II - garantir a segurança de informações sigilosas, inclusive desta Lei. 
aquelas provenientes de países ou organizações internacionais Art. 42.  O Poder Executivo regulamentará o disposto nes-
com os quais a República Federativa do Brasil tenha firmado ta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data
tratado, acordo, contrato ou qualquer outro ato internacional, de sua publicação. 
sem prejuízo das atribuições do Ministério das Relações Exte- Art. 43.  O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11 de
riores e dos demais órgãos competentes.  dezembro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação: 
Parágrafo único.  Regulamento disporá sobre a composi- “Art. 116.  ...................................................................
ção, organização e funcionamento do NSC.  ............................................................................................ 
Art. 38.  Aplica-se, no que couber, a Lei no 9.507, de 12 de VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão
novembro de 1997, em relação à informação de pessoa, física do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando
ou jurídica, constante de registro ou banco de dados de enti- houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de
dades governamentais ou de caráter público.  outra autoridade competente para apuração;
Art. 39.  Os órgãos e entidades públicas deverão proceder .................................................................................” (NR) 
à reavaliação das informações classificadas como ultrassecre- Art. 44.  O Capítulo IV do Título IV da Lei no 8.112, de 1990,
tas e secretas no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A: 
termo inicial de vigência desta Lei.  “Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado
§ 1o  A restrição de acesso a informações, em razão da civil, penal ou administrativamente por dar ciência à autorida-
reavaliação prevista no caput, deverá observar os prazos e de superior ou, quando houver suspeita de envolvimento des-
condições previstos nesta Lei.  ta, a outra autoridade competente para apuração de informa-
§ 2o  No âmbito da administração pública federal, a reava- ção concernente à prática de crimes ou improbidade de que
liação prevista no caput poderá ser revista, a qualquer tempo, tenha conhecimento, ainda que em decorrência do exercício
pela Comissão Mista de Reavaliação de Informações, observa- de cargo, emprego ou função pública.” 
dos os termos desta Lei. Art. 45.  Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni-
§ 3o  Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação cípios, em legislação própria, obedecidas as normas gerais es-
previsto no caput, será mantida a classificação da informação tabelecidas nesta Lei, definir regras específicas, especialmente
nos termos da legislação precedente.  quanto ao disposto no art. 9o e na Seção II do Capítulo III. 
Art. 46.  Revogam-se: 

90
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

I - a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005; e  Artigo 2º - O direito fundamental de acesso a documen-


II - os arts. 22 a 24 da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991.  tos, dados e informações será assegurado mediante:
Art. 47.  Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias I - observância da publicidade como preceito geral e do
após a data de sua publicação.   sigilo como exceção;
II - implementação da política estadual de arquivos e ges-
Brasília, 18 de novembro de 2011; 190o da Independência tão de documentos;
e 123o da República.   III - divulgação de informações de interesse público, inde-
pendentemente de solicitações;
Decreto nº 58.052, de 16 de maio de 2012 IV - utilização de meios de comunicação viabilizados pela
tecnologia da informação;
Regulamenta a Lei federal n° 12.527, de 18 de novembro V - fomento ao desenvolvimento da cultura de transpa-
de 2011, que regula o acesso a informações, e dá providências rência na administração pública;
correlatas VI - desenvolvimento do controle social da administração
pública.
Artigo 3º - Para os efeitos deste decreto, consideram-se as
GERALDO ALCKMIN, GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO seguintes definições:
PAULO, no uso de suas atribuições legais, I - arquivos públicos: conjuntos de documentos produzi-
Considerando que é dever do Poder Público promover a dos, recebidos e acumulados por órgãos públicos, autarquias,
gestão dos documentos públicos para assegurar o acesso às fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público, empre-
informações neles contidas, de acordo com o § 2º do artigo sas públicas, sociedades de economia mista, entidades priva-
216 da Constituição Federal e com o artigo 1º da Lei federal nº das encarregadas da gestão de serviços públicos e organiza-
8.159, de 8 de janeiro de 1991; ções sociais, no exercício de suas funções e atividades;
Considerando que cabe ao Estado definir, em legislação II - autenticidade: qualidade da informação que tenha sido
própria, regras específicas para o cumprimento das determi- produzida, expedida, recebida ou modificada por determina-
nações previstas na Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro do indivíduo, equipamento ou sistema;
de 2011, que regula o acesso a informações; III - classificação de sigilo: atribuição, pela autoridade com-
Considerando as disposições das Leis estaduais nº 10.177, petente, de grau de sigilo a documentos, dados e informações;
de 30 de dezembro de 1998, que regula o processo adminis- IV - credencial de segurança: autorização por escrito con-
trativo e nº 10.294, de 20 de abril de 1999, que dispõe so- cedida por autoridade competente, que habilita o agente pú-
bre proteção e defesa do usuário de serviços públicos, e dos blico estadual no efetivo exercício de cargo, função, emprego
Decretos estaduais nº 22.789, de 19 de outubro de 1984, que ou atividade pública a ter acesso a documentos, dados e infor-
institui o Sistema de Arquivos do Estado de São Paulo - SAESP, mações sigilosas;
nº 44.074, de 1º de julho de 1999, que regulamenta a compo- V - criptografia: processo de escrita à base de métodos
sição e estabelece a competência das Ouvidorias, nº 54.276, lógicos e controlados por chaves, cifras ou códigos, de forma
de 27 de abril de 2009 Legislação do Estado, que reorgani- que somente os usuários autorizados possam reestabelecer
za a Unidade do Arquivo Público do Estado, da Casa Civil, nº sua forma original;
55.479, de 25 de fevereiro de 2010 Legislação do Estado, que VI - custódia: responsabilidade pela guarda de documen-
institui na Casa Civil o Comitê Gestor do Sistema Informatizado tos, dados e informações;
Unificado de Gestão Arquivística de Documentos e Informa- VII - dado público: sequência de símbolos ou valores, re-
ções - SPdoc, alterado pelo de nº 56.260, de 6 de outubro de presentado em algum meio, produzido ou sob a guarda go-
2010 Legislação do Estado, nº 55.559, de 12 de março de 2010 vernamental, em decorrência de um processo natural ou artifi-
Legislação do Estado, que institui o Portal do Governo Aberto cial, que não tenha seu acesso restrito por legislação específica;
SP e nº 57.500, de 8 de novembro de 2011 Legislação do Es- VIII - desclassificação: supressão da classificação de sigilo
tado, que reorganiza a Corregedoria Geral da Administração e por ato da autoridade competente ou decurso de prazo, tor-
institui o Sistema Estadual de Controladoria; e nando irrestrito o acesso a documentos, dados e informações
Considerando, finalmente, a proposta apresentada pelo sigilosas;
Grupo Técnico instituído pela Resolução CC-3, de 9 de janeiro IX - documentos de arquivo: todos os registros de infor-
de 2012, junto ao Comitê de Qualidade da Gestão Pública, mação, em qualquer suporte, inclusive o magnético ou óptico,
produzidos, recebidos ou acumulados por órgãos e entidades
Decreta: da Administração Pública Estadual, no exercício de suas fun-
ções e atividades;
CAPÍTULO I X - disponibilidade: qualidade da informação que pode
Disposições Gerais ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sis-
temas autorizados;
Artigo 1º - Este decreto define procedimentos a serem XI - documento: unidade de registro de informações,
observados pelos órgãos e entidades da Administração Públi- qualquer que seja o suporte ou formato;
ca Estadual, e pelas entidades privadas sem fins lucrativos que XII - gestão de documentos: conjunto de procedimentos
recebam recursos públicos estaduais para a realização de ati- e operações técnicas referentes à sua produção, classificação,
vidades de interesse público, à vista das normas gerais estabe- avaliação, tramitação, uso, arquivamento e reprodução, que
lecidas na Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. assegura a racionalização e a eficiência dos arquivos;

91
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

XIII - informação: dados, processados ou não, que podem CAPÍTULO II


ser utilizados para produção e transmissão de conhecimento, Do Acesso a Documentos, Dados e Informações
contidos em qualquer meio, suporte ou formato; SEÇÃO I
XIV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa na- Disposições Gerais
tural identificada ou identificável;
XV - informação sigilosa: aquela submetida temporaria- Artigo 4º - É dever dos órgãos e entidades da Adminis-
mente à restrição de acesso público em razão de sua impres- tração Pública Estadual:
cindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado; I - promover a gestão transparente de documentos,
XVI - integridade: qualidade da informação não modifica- dados e informações, assegurando sua disponibilidade, au-
da, inclusive quanto à origem, trânsito e destino; tenticidade e integridade, para garantir o pleno direito de
XVII - marcação: aposição de marca assinalando o grau de acesso;
sigilo de documentos, dados ou informações, ou sua condição II - divulgar documentos, dados e informações de inte-
de acesso irrestrito, após sua desclassificação; resse coletivo ou geral, sob sua custódia, independentemen-
XVIII - metadados: são informações estruturadas e codi- te de solicitações;
ficadas que descrevem e permitem gerenciar, compreender, III - proteger os documentos, dados e informações sigi-
preservar e acessar os documentos digitais ao longo do tempo losas e pessoais, por meio de critérios técnicos e objetivos, o
e referem-se a: menos restritivo possível.
a) identificação e contexto documental (identificador úni-
co, instituição produtora, nomes, assunto, datas, local, código SEÇÃO II
de classificação, tipologia documental, temporalidade, desti- Da Gestão de Documentos, Dados e Informações
nação, versão, documentos relacionados, idioma e indexação);
b) segurança (grau de sigilo, informações sobre criptogra- Artigo 5º - A Unidade do Arquivo Público do Estado,
fia, assinatura digital e outras marcas digitais); na condição de órgão central do Sistema de Arquivos do
c) contexto tecnológico (formato de arquivo, tamanho de Estado de São Paulo - SAESP, é a responsável pela formu-
arquivo, dependências de hardware e software, tipos de mí- lação e implementação da política estadual de arquivos e
dias, algoritmos de compressão) e localização física do docu- gestão de documentos, a que se refere o artigo 2º, inciso
mento; II deste decreto, e deverá propor normas, procedimentos e
XIX - primariedade: qualidade da informação coletada na requisitos técnicos complementares, visando o tratamento
fonte, com o máximo de detalhamento possível, sem modifi- da informação.
cações; Parágrafo único - Integram a política estadual de arqui-
XX - reclassificação: alteração, pela autoridade competen- vos e gestão de documentos:
te, da classificação de sigilo de documentos, dados e informa- 1. os serviços de protocolo e arquivo dos órgãos e en-
ções; tidades;
XXI - rol de documentos, dados e informações sigilosas e 2. as Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso -
pessoais: relação anual, a ser publicada pelas autoridades má- CADA, a que se refere o artigo 11 deste decreto;
ximas de órgãos e entidades, de documentos, dados e infor- 3. o Sistema Informatizado Unificado de Gestão Arqui-
mações classificadas, no período, como sigilosas ou pessoais, vística de Documentos e Informações - SPdoc;
com identificação para referência futura; 4. os Serviços de Informações ao Cidadão - SIC.
XXII - serviço ou atendimento presencial: aquele prestado Artigo 6º - Para garantir efetividade à política de arqui-
na presença física do cidadão, principal beneficiário ou interes- vos e gestão de documentos, os órgãos e entidades da Ad-
sado no serviço; ministração Pública Estadual deverão:
XXIII - serviço ou atendimento eletrônico: aquele prestado I - providenciar a elaboração de planos de classificação
remotamente ou à distância, utilizando meios eletrônicos de e tabelas de temporalidade de documentos de suas ativida-
comunicação; des-fim, a que se referem, respectivamente, os artigos 10 a
XXIV - tabela de documentos, dados e informações sigi- 18 e 19 a 23, do Decreto nº 48.897, de 27 de agosto de 2004
losas e pessoais: relação exaustiva de documentos, dados e Legislação do Estado;
informações com quaisquer restrição de acesso, com a indi- II - cadastrar todos os seus documentos no Sistema In-
cação do grau de sigilo, decorrente de estudos e pesquisas formatizado Unificado de Gestão Arquivística de Documen-
promovidos pelas Comissões de Avaliação de Documentos e tos e Informações - SPdoc.
Acesso - CADA, e publicada pelas autoridades máximas dos Parágrafo único - As propostas de planos de classifica-
órgãos e entidades; ção e de tabelas de temporalidade de documentos deverão
XXV - tratamento da informação: conjunto de ações refe- ser apreciadas pelos órgãos jurídicos dos órgãos e entidades
rentes à produção, recepção, classificação, utilização, acesso, e encaminhadas à Unidade do Arquivo Público do Estado
reprodução, transporte, transmissão, distribuição, arquiva- para aprovação, antes de sua oficialização.
mento, armazenamento, eliminação, avaliação, destinação ou Artigo 7º - Ficam criados, em todos os órgãos e enti-
controle da informação. dades da Administração Pública Estadual, os Serviços de
Informações ao Cidadão - SIC, a que se refere o artigo 5º,
inciso IV, deste decreto, diretamente subordinados aos seus
titulares, em local com condições apropriadas, infraestrutura
tecnológica e equipe capacitada para:

92
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

I - realizar atendimento presencial e/ou eletrônico na II - dado ou informação contida em registros ou docu-
sede e nas unidades subordinadas, prestando orientação ao mentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou enti-
público sobre os direitos do requerente, o funcionamento do dades, recolhidos ou não a arquivos públicos;
Serviço de Informações ao Cidadão - SIC, a tramitação de do- III - documento, dado ou informação produzida ou cus-
cumentos, bem como sobre os serviços prestados pelas res- todiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de
pectivas unidades do órgão ou entidade; qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que
II - protocolar documentos e requerimentos de acesso a esse vínculo já tenha cessado;
informações, bem como encaminhar os pedidos de informa- IV - dado ou informação primária, íntegra, autêntica e
ção aos setores produtores ou detentores de documentos, atualizada;
dados e informações; V - documento, dado ou informação sobre atividades
III - controlar o cumprimento de prazos por parte dos exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua
setores produtores ou detentores de documentos, dados e política, organização e serviços;
informações, previstos no artigo 15 deste decreto; VI - documento, dado ou informação pertinente à admi-
IV - realizar o serviço de busca e fornecimento de docu- nistração do patrimônio público, utilização de recursos públi-
mentos, dados e informações sob custódia do respectivo ór- cos, licitação, contratos administrativos;
gão ou entidade, ou fornecer ao requerente orientação sobre VII - documento, dado ou informação relativa:
o local onde encontrá-los. a) à implementação, acompanhamento e resultados dos
§ 1º - As autoridades máximas dos órgãos e entidades da programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas,
Administração Pública Estadual deverão designar, no prazo de bem como metas e indicadores propostos;
30 (trinta) dias, os responsáveis pelos Serviços de Informações b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e to-
ao Cidadão - SIC. madas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno
§ 2º - Para o pleno desempenho de suas atribuições, os e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios
Serviços de Informações ao Cidadão - SIC deverão: anteriores.
1. manter intercâmbio permanente com os serviços de § 1º - O acesso aos documentos, dados e informações
protocolo e arquivo; previsto no «caput» deste artigo não compreende as infor-
mações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento
2. buscar informações junto aos gestores de sistemas in-
científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à se-
formatizados e bases de dados, inclusive de portais e sítios
gurança da sociedade e do Estado.
institucionais;
§ 2º - Quando não for autorizado acesso integral ao docu-
3. atuar de forma integrada com as Ouvidorias, instituídas
mento, dado ou informação por ser ela parcialmente sigilosa, é
pela Lei estadual nº 10.294, de 20 de abril de 1999, e organiza-
assegurado o acesso à parte não sigilosa por meio de certidão,
das pelo Decreto nº 44.074, de 1º de julho de 1999.
extrato ou cópia com ocultação da parte sob sigilo.
§ 3º - Os Serviços de Informações ao Cidadão - SIC, inde- § 3º - O direito de acesso aos documentos, aos dados ou
pendentemente do meio utilizado, deverão ser identificados às informações neles contidas utilizados como fundamento da
com ampla visibilidade. tomada de decisão e do ato administrativo será assegurado
Artigo 8º - A Casa Civil deverá providenciar a contratação com a edição do ato decisório respectivo.
de serviços para o desenvolvimento de “Sistema Integrado de § 4º - A negativa de acesso aos documentos, dados e in-
Informações ao Cidadão”, capaz de interoperar com o SPdoc, formações objeto de pedido formulado aos órgãos e entida-
a ser utilizado por todos os órgãos e entidades nos seus res- des referidas no artigo 1º deste decreto, quando não funda-
pectivos Serviços de Informações ao Cidadão - SIC. mentada, sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos
Artigo 9º - A Unidade do Arquivo Público do Estado, da termos do artigo 32 da Lei federal nº 12.527, de 18 de novem-
Casa Civil, deverá adotar as providências necessárias para a bro de 2011.
organização dos serviços da Central de Atendimento ao Cida- § 5º - Informado do extravio da informação solicitada,
dão - CAC, instituída pelo Decreto nº 54.276, de 27 de abril de poderá o interessado requerer à autoridade competente a
2009, com a finalidade de: imediata instauração de apuração preliminar para investigar o
I - coordenar a integração sistêmica dos Serviços de Infor- desaparecimento da respectiva documentação.
mações ao Cidadão - SIC, instituídos nos órgãos e entidades; § 6º - Verificada a hipótese prevista no § 5º deste artigo, o
II - realizar a consolidação e sistematização de dados a responsável pela guarda da informação extraviada deverá, no
que se refere o artigo 26 deste decreto, bem como a elabora- prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas
ção de estatísticas sobre as demandas de consulta e os perfis que comprovem sua alegação.
de usuários, visando o aprimoramento dos serviços.
Parágrafo único - Os Serviços de Informações ao Cidadão SEÇÃO III
- SIC deverão fornecer, periodicamente, à Central de Atendi- Das Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso
mento ao Cidadão - CAC, dados atualizados dos atendimen-
tos prestados. Artigo 11 - As Comissões de Avaliação de Documentos de
Artigo 10 - O acesso aos documentos, dados e informa- Arquivo, a que se referem os Decretos nº 29.838, de 18 de abril
ções compreende, entre outros, os direitos de obter: de 1989, e nº 48.897, de 27 de agosto de 2004, instituídas nos
I - orientação sobre os procedimentos para a consecução órgãos e entidades da Administração Pública Estadual, passa-
de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encon- rão a ser denominadas Comissões de Avaliação de Documen-
trado ou obtido o documento, dado ou informação almejada; tos e Acesso - CADA.

93
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 1º - As Comissões de Avaliação de Documentos e Artigo 13 - À Unidade do Arquivo Público do Estado,


Acesso - CADA deverão ser vinculadas ao Gabinete da au- órgão central do Sistema de Arquivos do Estado de São
toridade máxima do órgão ou entidade. Paulo - SAESP, responsável por propor a política de acesso
§ 2º - As Comissões de Avaliação de Documentos e aos documentos públicos, nos termos do artigo 6º, inciso
Acesso - CADA serão integradas por servidores de nível su- XII, do Decreto nº 22.789, de 19 de outubro de 1984, caberá
perior das áreas jurídica, de administração geral, de admi- o reexame, a qualquer tempo, das tabelas de documentos,
nistração financeira, de arquivo e protocolo, de tecnologia dados e informações sigilosas e pessoais dos órgãos e enti-
da informação e por representantes das áreas específicas da dades da Administração Pública Estadual.
documentação a ser analisada.
§ 3º - As Comissões de Avaliação de Documentos e SEÇÃO IV
Acesso - CADA serão compostas por 5 (cinco), 7 (sete) ou Do Pedido
9 (nove) membros, designados pela autoridade máxima do
órgão ou entidade. Artigo 14 - O pedido de informações deverá ser apresen-
Artigo 12 - São atribuições das Comissões de Avaliação tado ao Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do órgão ou
de Documentos e Acesso - CADA, além daquelas previstas entidade, por qualquer meio legítimo que contenha a identifica-
para as Comissões de Avaliação de Documentos de Arquivo ção do interessado (nome, número de documento e endereço)
nos Decretos nº 29.838, de 18 de abril de 1989, e nº 48.897, e a especificação da informação requerida.
de 27 de agosto de 2004: Artigo 15 - O Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do
I - orientar a gestão transparente dos documentos, da- órgão ou entidade responsável pelas informações solicitadas
dos e informações do órgão ou entidade, visando assegurar deverá conceder o acesso imediato àquelas disponíveis.
o amplo acesso e divulgação; § 1º - Na impossibilidade de conceder o acesso imediato, o
II - realizar estudos, sob a orientação técnica da Unidade Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do órgão ou entidade,
do Arquivo Público do Estado, órgão central do Sistema de em prazo não superior a 20 (vinte) dias, deverá:
Arquivos do Estado de São Paulo - SAESP, visando à iden- 1. comunicar a data, local e modo para se realizar a consul-
tificação e elaboração de tabela de documentos, dados e ta, efetuar a reprodução ou obter a certidão;
informações sigilosas e pessoais, de seu órgão ou entidade; 2. indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou
III - encaminhar à autoridade máxima do órgão ou en- parcial, do acesso pretendido;
tidade a tabela mencionada no inciso II deste artigo, bem 3. comunicar que não possui a informação, indicar, se for
como as normas e procedimentos visando à proteção de do seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou,
documentos, dados e informações sigilosas e pessoais, para ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, cienti-
oitiva do órgão jurídico e posterior publicação; ficando o interessado da remessa de seu pedido de informação.
IV - orientar o órgão ou entidade sobre a correta apli- § 2º - O prazo referido no § 1º deste artigo poderá ser pror-
cação dos critérios de restrição de acesso constantes das rogado por mais 10 (dez) dias, mediante justificativa expressa,
tabelas de documentos, dados e informações sigilosas e da qual será cientificado o interessado.
pessoais; § 3º - Sem prejuízo da segurança e da proteção das infor-
V - comunicar à Unidade do Arquivo Público do Estado mações e do cumprimento da legislação aplicável, o Serviço de
a publicação de tabela de documentos, dados e informa- Informações ao Cidadão - SIC do órgão ou entidade poderá
ções sigilosas e pessoais, e suas eventuais alterações, para oferecer meios para que o próprio interessado possa pesquisar
consolidação de dados, padronização de critérios e realiza- a informação de que necessitar.
ção de estudos técnicos na área; § 4º - Quando não for autorizado o acesso por se tratar de
VI - propor à autoridade máxima do órgão ou entidade informação total ou parcialmente sigilosa, o interessado deverá
a renovação, alteração de prazos, reclassificação ou desclas- ser informado sobre a possibilidade de recurso, prazos e condi-
sificação de documentos, dados e informações sigilosas; ções para sua interposição, devendo, ainda, ser-lhe indicada a
VII - manifestar-se sobre os prazos mínimos de restrição autoridade competente para sua apreciação.
de acesso aos documentos, dados ou informações pessoais; § 5º - A informação armazenada em formato digital será
VIII - atuar como instância consultiva da autoridade má- fornecida nesse formato, caso haja anuência do interessado.
xima do órgão ou entidade, sempre que provocada, sobre § 6º - Caso a informação solicitada esteja disponível ao pú-
os recursos interpostos relativos às solicitações de acesso a blico em formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro
documentos, dados e informações não atendidas ou inde- meio de acesso universal, serão informados ao interessado, por
feridas, nos termos do parágrafo único do artigo 19 deste escrito, o lugar e a forma pela qual se poderá consultar, obter
decreto; ou reproduzir a referida informação, procedimento esse que
IX - informar à autoridade máxima do órgão ou enti- desonerará o órgão ou entidade pública da obrigação de seu
dade a previsão de necessidades orçamentárias, bem como fornecimento direto, salvo se o interessado declarar não dispor
encaminhar relatórios periódicos sobre o andamento dos de meios para realizar por si mesmo tais procedimentos.
trabalhos. Artigo 16 - O serviço de busca e fornecimento da infor-
Parágrafo único - Para o perfeito cumprimento de suas mação é gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de docu-
atribuições as Comissões de Avaliação de Documentos e mentos pelo órgão ou entidade pública consultada, situação em
Acesso - CADA poderão convocar servidores que possam que poderá ser cobrado exclusivamente o valor necessário ao
contribuir com seus conhecimentos e experiências, bem ressarcimento do custo dos serviços e dos materiais utilizados, a
como constituir subcomissões e grupos de trabalho. ser fixado em ato normativo pelo Chefe do Executivo.

94
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Parágrafo único - Estará isento de ressarcir os custos previs- § 2º - Verificada a procedência das razões do recurso, a
tos no “caput” deste artigo todo aquele cuja situação econômica Corregedoria Geral da Administração determinará ao órgão
não lhe permita fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da ou entidade que adote as providências necessárias para dar
família, declarada nos termos da Lei federal nº 7.115, de 29 de cumprimento ao disposto na Lei federal nº 12.527, de 18 de
agosto de 1983. novembro de 2011, e neste decreto.
Artigo 17 - Quando se tratar de acesso à informação conti- (*) Nova redação dada pelo Decreto nº 61.175, de 18 de
da em documento cuja manipulação possa prejudicar sua inte- março de 2015 (art.32) Legislação do Estado :
gridade, deverá ser oferecida a consulta de cópia, com certifica- “§ 1º - O recurso previsto neste artigo somente poderá ser
ção de que esta confere com o original. dirigido à Ouvidoria Geral do Estado depois de submetido à
Parágrafo único - Na impossibilidade de obtenção de có- apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente
pias, o interessado poderá solicitar que, a suas expensas e sob superior àquela que exarou a decisão impugnada, nos termos
Grupo Técnico supervisão de servidor público, a reprodução do parágrafo único do artigo 19 deste decreto.”; (NR)
seja feita por outro meio que não ponha em risco a conservação “§ 2º - Verificada a procedência das razões do recurso, a
do documento original. Ouvidoria Geral do Estado determinará ao órgão ou entidade
Artigo 18 - É direito do interessado obter o inteiro teor de que adote as providências necessárias para dar cumprimento
decisão de negativa de acesso, por certidão ou cópia. ao disposto na Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de
2011, e neste decreto.”; (NR)
SEÇÃO V Artigo 21 - Negado o acesso ao documento, dado ou in-
Dos Recursos formação pela Corregedoria Geral da Administração, o reque-
rente poderá, no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência,
Artigo 19 - No caso de indeferimento de acesso aos do- interpor recurso à Comissão Estadual de Acesso à Informação,
cumentos, dados e informações ou às razões da negativa do de que trata o artigo 76 deste decreto.
acesso, bem como o não atendimento do pedido, poderá o (*) Nova redação dada pelo Decreto nº 61.175, de 18 de
interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 março de 2015 (art.32) Legislação do Estado :
(dez) dias a contar de sua ciência. “Artigo 21 – Negado o acesso ao documento, dado ou
Parágrafo único - O recurso será dirigido à apreciação de informação pela Ouvidoria Geral do Estado, o requerente po-
pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior à que derá, no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência, interpor
exarou a decisão impugnada, que deverá se manifestar, após recurso à Comissão Estadual de Acesso à Informação, de que
eventual consulta à Comissão de Avaliação de Documentos e trata o artigo 76 deste decreto.”; (NR)
Acesso - CADA, a que se referem os artigos 11 e 12 deste de-
creto, e ao órgão jurídico, no prazo de 5 (cinco) dias. Artigo 22 - Aplica-se, no que couber, a Lei estadual nº
Artigo 20 - Negado o acesso ao documento, dado e infor- 10.177, de 30 de dezembro de 1998, ao procedimento de que
mação pelos órgãos ou entidades da Administração Pública trata este Capítulo.
Estadual, o interessado poderá recorrer à Corregedoria Geral
da Administração, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: CAPÍTULO III
(*) Nova redação dada pelo Decreto nº 61.175, de 18 de Da Divulgação de Documentos, Dados e Informações
março de 2015 (art.32) Legislação do Estado :
“Artigo 20 – Negado o acesso ao documento, dado e in- Artigo 23 - É dever dos órgãos e entidades da Administra-
formação pelos órgãos ou entidades da Administração Pública ção Pública Estadual promover, independentemente de reque-
Estadual, o interessado poderá recorrer, no prazo de 10 (dez) rimentos, a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de
dias, à Ouvidoria Geral do Estado, da Secretaria de Governo, suas competências, de documentos, dados e informações de
que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se:”; (NR) interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas.
I - o acesso ao documento, dado ou informação não clas- § 1º - Na divulgação das informações a que se refere o
sificada como sigilosa for negado; «caput» deste artigo, deverão constar, no mínimo:
II - a decisão de negativa de acesso ao documento, dado 1. registro das competências e estrutura organizacional,
ou informação, total ou parcialmente classificada como sigi- endereços e telefones das respectivas unidades e horários de
losa, não indicar a autoridade classificadora ou a hierarquica- atendimento ao público;
mente superior a quem possa ser dirigido o pedido de acesso 2. registros de quaisquer repasses ou transferências de re-
ou desclassificação; cursos financeiros;
III - os procedimentos de classificação de sigilo estabeleci- 3. registros de receitas e despesas;
dos na Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, não 4. informações concernentes a procedimentos licitatórios,
tiverem sido observados; inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos
IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros pro- os contratos celebrados;
cedimentos previstos na Lei federal nº 12.527, de 18 de no- 5. relatórios, estudos e pesquisas;
vembro de 2011. 6. dados gerais para o acompanhamento da execução or-
§ 1º - O recurso previsto neste artigo somente poderá ser çamentária, de programas, ações, projetos e obras de órgãos
dirigido à Corregedoria Geral da Administração depois de sub- e entidades;
metido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierar- 7. respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.
quicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada,
nos termos do parágrafo único do artigo 19 deste decreto.

95
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 2º - Para o cumprimento do disposto no «caput» deste V - periodicidade de atualização;


artigo, os órgãos e entidades estaduais deverão utilizar todos VI - software da base de dados;
os meios e instrumentos legítimos de que dispuserem, sendo VII - existência ou não de sistema de consulta à base de
obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede mundial de dados e sua linguagem de programação;
computadores (internet). VIII - formas de consulta, acesso e obtenção à base de
§ 3º - Os sítios de que trata o § 2º deste artigo deverão dados.
atender, entre outros, aos seguintes requisitos: § 1º - Os órgãos e entidades da Administração Pública Es-
1. conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permi- tadual deverão indicar o setor responsável pelo fornecimento
ta o acesso à informação de forma objetiva, transparente, clara e atualização permanente de dados e informações que com-
e em linguagem de fácil compreensão; põem o «Catálogo de Sistemas e Bases de Dados da Adminis-
2. possibilitar a gravação de relatórios em diversos forma- tração Pública do Estado de São Paulo - CSBD».
tos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais como § 2º - O desenvolvimento do «Catálogo de Sistemas e Ba-
planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das informações; ses de Dados da Administração Pública do Estado de São Pau-
3. possibilitar o acesso automatizado por sistemas exter- lo - CSBD», coleta de informações, manutenção e atualização
nos em formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina; permanente ficará a cargo da Fundação Sistema Estadual de
4. divulgar em detalhes os formatos utilizados para estru- Análise de Dados - SEADE.
turação da informação; § 3º - O «Catálogo de Sistemas e Bases de Dados da Ad-
5. garantir a autenticidade e a integridade das informa- ministração Pública do Estado de São Paulo - CSBD», bem
ções disponíveis para acesso; como as bases de dados da Administração Pública Estadual
6. manter atualizadas as informações disponíveis para deverão estar disponíveis no Portal do Governo Aberto e no
acesso; Portal da Transparência, nos termos dos Decretos nº 57.500,
7. indicar local e instruções que permitam ao interessado de 8 de novembro de 2011, e nº 55.559, de 12 de março de
comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou 2010, com todos os elementos necessários para permitir sua
entidade detentora do sítio; utilização por terceiros, como a arquitetura da base e o dicio-
8. adotar as medidas necessárias para garantir a acessibi- nário de dados.
lidade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos termos (*) Nova redação dada pelo Decreto nº 61.175, de 18 de
do artigo 17 da Lei federal nº 10.098, de 19 de dezembro de março de 2015 (art.32) Legislação do Estado :
2000, artigo 9° da Convenção sobre os Direitos das Pessoas “§ 3º - O “Catálogo de Sistemas e Bases de Dados da
com Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo nº 186, de Administração Pública do Estado de São Paulo – CSBD”, bem
9 de julho de 2008, e da Lei estadual n° 12.907, de 15 de abril como as bases de dados da Administração Pública Estadual
de 2008. deverão estar disponíveis no Portal Governo Aberto SP e no
Artigo 24 - Os documentos que contenham informações Portal da Transparência Estadual, nos termos da legislação per-
que se enquadrem nos casos referidos no artigo anterior de- tinente, com todos os elementos necessários para permitir sua
verão estar cadastrados no Sistema Informatizado Unificado utilização por terceiros, como a arquitetura da base e o dicio-
de Gestão Arquivística de Documentos e Informações - SPdoc. nário de dados.”; (NR)
Artigo 25 - A autoridade máxima de cada órgão ou en-
tidade estadual publicará, anualmente, em sítio próprio, bem CAPÍTULO IV
como no Portal da Transparência e do Governo Aberto: Das Restrições de Acesso a Documentos, Dados e
I - rol de documentos, dados e informações que tenham Informações
sido desclassificadas nos últimos 12 (doze) meses; SEÇÃO I
II - rol de documentos classificados em cada grau de sigi- Disposições Gerais
lo, com identificação para referência futura;
III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedi- Artigo 27 - São consideradas passíveis de restrição de
dos de informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem acesso, no âmbito da Administração Pública Estadual, duas
como informações genéricas sobre os solicitantes. categorias de documentos, dados e informações:
Parágrafo único - Os órgãos e entidades da Administra- I - Sigilosos: aqueles submetidos temporariamente à
ção Pública Estadual deverão manter exemplar da publicação restrição de acesso público em razão de sua imprescindibili-
prevista no “caput” deste artigo para consulta pública em suas dade para a segurança da sociedade e do Estado;
sedes, bem como o extrato com o rol de documentos, dados e II - Pessoais: aqueles relacionados à pessoa natural iden-
informações classificadas, acompanhadas da data, do grau de tificada ou identificável, relativas à intimidade, vida privada,
sigilo e dos fundamentos da classificação. honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e ga-
Artigo 26 - Os órgãos e entidades da Administração Pú- rantias individuais.
blica Estadual deverão prestar no prazo de 60 (sessenta) dias, Parágrafo único - Cabe aos órgãos e entidades da Ad-
para compor o “Catálogo de Sistemas e Bases de Dados da ministração Pública Estadual, por meio de suas respectivas
Administração Pública do Estado de São Paulo - CSBD”, as se- Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso - CADA, a
guintes informações: que se referem os artigos 11 e 12 deste decreto, promover
I - tamanho e descrição do conteúdo das bases de dados; os estudos necessários à elaboração de tabela com a iden-
II - metadados; tificação de documentos, dados e informações sigilosas e
III - dicionário de dados com detalhamento de conteúdo; pessoais, visando assegurar a sua proteção.
IV - arquitetura da base de dados;

96
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 28 - Não poderá ser negado acesso à informa- § 2º - Os documentos, dados e informações que puderem
ção necessária à tutela judicial ou administrativa de direitos colocar em risco a segurança do Governador e Vice-Governa-
fundamentais. dor do Estado e respectivos cônjuges e filhos (as) serão clas-
Parágrafo único - Os documentos, dados e informações sificados como reservados e ficarão sob sigilo até o término
que versem sobre condutas que impliquem violação dos di- do mandato em exercício ou do último mandato, em caso de
reitos humanos praticada por agentes públicos ou a mando reeleição.
de autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição § 3º - Alternativamente aos prazos previstos no § 1º deste
de acesso. artigo, poderá ser estabelecida como termo final de restrição
Artigo 29 - O disposto neste decreto não exclui as de- de acesso a ocorrência de determinado evento, desde que este
mais hipóteses legais de sigilo e de segredo de justiça nem ocorra antes do transcurso do prazo máximo de classificação.
as hipóteses de segredo industrial decorrentes da explora- § 4º - Transcorrido o prazo de classificação ou consumado
ção direta de atividade econômica pelo Estado ou por pes- o evento que defina o seu termo final, o documento, dado ou
soa física ou entidade privada que tenha qualquer vínculo informação tornar-se-á, automaticamente, de acesso público.
com o poder público. § 5º - Para a classificação do documento, dado ou infor-
mação em determinado grau de sigilo, deverá ser observado
SEÇÃO II o interesse público da informação, e utilizado o critério menos
Da Classificação, Reclassificação e Desclassificação restritivo possível, considerados:
de Documentos, Dados e Informações Sigilosas 1. a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade
e do Estado;
Artigo 30 - São considerados imprescindíveis à segu- 2. o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que
rança da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de defina seu termo final.
classificação de sigilo, os documentos, dados e informações Artigo 32 - A classificação de sigilo de documentos, dados
cuja divulgação ou acesso irrestrito possam: e informações no âmbito da Administração Pública Estadual
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a deverá ser realizada mediante:
integridade do território nacional; I - publicação oficial, pela autoridade máxima do órgão ou
entidade, de tabela de documentos, dados e informações sigi-
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negocia-
losas e pessoais, que em razão de seu teor e de sua imprescin-
ções ou as relações internacionais do País, ou as que tenham
dibilidade à segurança da sociedade e do Estado ou à proteção
sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e or-
da intimidade, da vida privada, da honra e imagem das pessoas,
ganismos internacionais;
sejam passíveis de restrição de acesso, a partir do momento de
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da po-
sua produção,
pulação;
(*) Revogado pelo Decreto nº 61.836, de 18 de fevereiro de
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, eco- 2016 Legislação do Estado
nômica ou monetária do País; II - análise do caso concreto pela autoridade responsável
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações es- ou agente público competente, e formalização da decisão de
tratégicos das Forças Armadas; classificação, reclassificação ou desclassificação de sigilo, bem
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa como de restrição de acesso à informação pessoal, que conte-
e desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como a rá, no mínimo, os seguintes elementos:
sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estratégico a) assunto sobre o qual versa a informação;
nacional; b) fundamento da classificação, reclassificação ou desclas-
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas sificação de sigilo, observados os critérios estabelecidos no
autoridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; artigo 31 deste decreto, bem como da restrição de acesso à
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como informação pessoal;
de investigação ou fiscalização em andamento, relacionadas c) indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou
com a prevenção ou repressão de infrações. dias, ou do evento que defina o seu termo final, conforme limi-
Artigo 31 - Os documentos, dados e informações si- tes previstos no artigo 31 deste decreto, bem como a indicação
gilosas em poder de órgãos e entidades da Administração do prazo mínimo de restrição de acesso à informação pessoal;
Pública Estadual, observado o seu teor e em razão de sua d) identificação da autoridade que a classificou, reclassifi-
imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, cou ou desclassificou.
poderão ser classificados nos seguintes graus: Parágrafo único - O prazo de restrição de acesso contar-
I - ultrassecreto; se-á da data da produção do documento, dado ou informação.
II - secreto; Artigo 33 - A classificação de sigilo de documentos, dados
III - reservado. e informações no âmbito da Administração Pública Estadual, a que
§ 1º - Os prazos máximos de restrição de acesso aos se refere o inciso II do artigo 32 deste decreto, é de competência:
documentos, dados e informações, conforme a classificação I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:
prevista no «caput» e incisos deste artigo, vigoram a partir a) Governador do Estado;
da data de sua produção e são os seguintes: b) Vice-Governador do Estado;
1. ultrassecreto: até 25 (vinte e cinco) anos; c) Secretários de Estado e Procurador Geral do Estado;
2. secreto: até 15 (quinze) anos; d) Delegado Geral de Polícia e Comandante Geral da Po-
3. reservado: até 5 (cinco) anos. lícia Militar;

97
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

II - no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso SEÇÃO III


I deste artigo, das autoridades máximas de autarquias, funda- Da Proteção de Documentos, Dados e Informações
ções ou empresas públicas e sociedades de economia mista; Pessoais
III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos
incisos I e II deste artigo e das que exerçam funções de di- Artigo 35 - O tratamento de documentos, dados e infor-
reção, comando ou chefia, ou de hierarquia equivalente, de mações pessoais deve ser feito de forma transparente e com
acordo com regulamentação específica de cada órgão ou en- respeito à intimidade, vida privada, honra e imagem das pes-
tidade, observado o disposto neste decreto. soas, bem como às liberdades e garantias individuais.
§ 1º - A competência prevista nos incisos I e II deste ar- § 1º - Os documentos, dados e informações pessoais, a
tigo, no que se refere à classificação como ultrassecreta e que se refere este artigo, relativas à intimidade, vida privada,
secreta, poderá ser delegada pela autoridade responsável a honra e imagem:
agente público, vedada a subdelegação. 1. terão seu acesso restrito, independentemente de clas-
§ 2º - A classificação de documentos, dados e informa- sificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a
ções no grau de sigilo ultrassecreto pelas autoridades previs- contar da sua data de produção, a agentes públicos legalmen-
tas na alínea «d» do inciso I deste artigo deverá ser ratificada te autorizados e à pessoa a que elas se referirem;
pelo Secretário da Segurança Pública, no prazo de 10 (dez) 2. poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por
dias. terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso
§ 3º - A autoridade ou outro agente público que classifi- da pessoa a que elas se referirem.
car documento, dado e informação como ultrassecreto deve- § 2º - Aquele que obtiver acesso às informações de que
rá encaminhar a decisão de que trata o inciso II do artigo 32 trata este artigo será responsabilizado por seu uso indevido.
deste decreto, à Comissão Estadual de Acesso à Informação, § 3º - O consentimento referido no item 2 do § 1º deste ar-
a que se refere o artigo 76 deste diploma legal, no prazo pre- tigo não será exigido quando as informações forem necessárias:
visto em regulamento. 1. à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa
(*) Nova redação dada pelo Decreto nº 61.559, de 15 de estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única e
outubro de 2015 (art.1º) Legislação do Estado : exclusivamente para o tratamento médico;
“Artigo 33 - A classificação de sigilo de documentos, da- 2. à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evi-
dos e informações no âmbito da Administração Pública Esta- dente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo veda-
dual, Direta e Indireta, a que se refere o inciso II do artigo 32 da a identificação da pessoa a que as informações se referirem;
deste decreto, é de competência das seguintes autoridades: 3. ao cumprimento de ordem judicial;
I - Governador do Estado; 4. à defesa de direitos humanos;
II - Vice-Governador do Estado; 5. à proteção do interesse público e geral preponderante.
III - Secretários de Estado e Procurador Geral do Estado. § 4º - A restrição de acesso aos documentos, dados e in-
§ 1º - É vedada a delegação da competência estabelecida formações relativos à vida privada, honra e imagem de pessoa
neste artigo. não poderá ser invocada com o intuito de prejudicar processo
§ 2º - A decisão da autoridade prevista no inciso III deste de apuração de irregularidades em que o titular das informa-
artigo que classificar documentos, dados e informações nos ções estiver envolvido, bem como em ações voltadas para a
graus de sigilo reservado, secreto e ultrassecreto, deverá ser recuperação de fatos históricos de maior relevância.
ratificada pela Comissão Estadual de Acesso à Informação.”. § 5º - Os documentos, dados e informações identificados
(NR) como pessoais somente poderão ser fornecidos pessoalmen-
Artigo 34 - A classificação de documentos, dados e infor- te, com a identificação do interessado.
mações será reavaliada pela autoridade classificadora ou por
autoridade hierarquicamente superior, mediante provocação SEÇÃO IV
ou de ofício, nos termos e prazos previstos em regulamento, Da Proteção e do Controle de Documentos, Dados e
com vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo de Informações Sigilosos
sigilo, observado o disposto no artigo 31 deste decreto.
§ 1º - O regulamento a que se refere o «caput» deste Artigo 36 - É dever da Administração Pública Estadual
artigo deverá considerar as peculiaridades das informações controlar o acesso e a divulgação de documentos, dados e in-
produzidas no exterior por autoridades ou agentes públicos. formações sigilosos sob a custódia de seus órgãos e entidades,
§ 2º - Na reavaliação a que se refere o «caput» deste ar- assegurando a sua proteção contra perda, alteração indevida,
tigo deverão ser examinadas a permanência dos motivos do acesso, transmissão e divulgação não autorizados.
sigilo e a possibilidade de danos decorrentes do acesso ou da § 1º - O acesso, a divulgação e o tratamento de documen-
divulgação da informação. tos, dados e informações classificados como sigilosos ficarão
§ 3º - Na hipótese de redução do prazo de sigilo da infor- restritos a pessoas que tenham necessidade de conhecê-la e
mação, o novo prazo de restrição manterá como termo inicial que sejam devidamente credenciadas na forma dos artigos 62
a data da sua produção. a 65 deste decreto, sem prejuízo das atribuições dos agentes
públicos autorizados por lei.
§ 2º - O acesso aos documentos, dados e informações
classificados como sigilosos ou identificados como pessoais,
cria a obrigação para aquele que as obteve de resguardar res-
trição de acesso.

98
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 37 - As autoridades públicas adotarão as providên- Artigo 43 - Cabe aos agentes públicos credenciados res-
cias necessárias para que o pessoal a elas subordinado hierar- ponsáveis pelo recebimento de documentos sigilosos:
quicamente conheça as normas e observe as medidas e pro- I - verificar a integridade na correspondência recebida e
cedimentos de segurança para tratamento de documentos, registrar indícios de violação ou de qualquer irregularidade,
dados e informações sigilosos e pessoais. dando ciência do fato ao seu superior hierárquico e ao desti-
Parágrafo único - A pessoa física ou entidade privada que, natário, o qual informará imediatamente ao remetente;
em razão de qualquer vínculo com o poder público executar II - proceder ao registro do documento e ao controle de
atividades de tratamento de documentos, dados e informa- sua tramitação.
ções sigilosos e pessoais adotará as providências necessárias Artigo 44 - O envelope interno só será aberto pelo desti-
para que seus empregados, prepostos ou representantes ob- natário, seu representante autorizado ou autoridade compe-
servem as medidas e procedimentos de segurança das infor- tente hierarquicamente superior, observados os requisitos do
mações resultantes da aplicação deste decreto. artigo 62 deste decreto.
Artigo 38 - O acesso a documentos, dados e informações Artigo 45 - O destinatário de documento sigiloso comuni-
sigilosos, originários de outros órgãos ou instituições privadas, cará imediatamente ao remetente qualquer indício de violação
custodiados para fins de instrução de procedimento, processo ou adulteração do documento.
administrativo ou judicial, somente poderá ser realizado para Artigo 46 - Os documentos, dados e informações sigilosos
outra finalidade se autorizado pelo agente credenciado do serão mantidos em condições especiais de segurança, na for-
respectivo órgão, entidade ou instituição de origem. ma do regulamento interno de cada órgão ou entidade.
Parágrafo único - Para a guarda de documentos secretos e
SUBSEÇÃO I ultrassecretos deverá ser utilizado cofre forte ou estrutura que
Da Produção, do Registro, Expedição, Tramitação e ofereça segurança equivalente ou superior.
Guarda Artigo 47 - Os agentes públicos responsáveis pela guarda
ou custódia de documentos sigilosos os transmitirão a seus
Artigo 39 - A produção, manuseio, consulta, transmissão, substitutos, devidamente conferidos, quando da passagem ou
manutenção e guarda de documentos, dados e informações transferência de responsabilidade.
sigilosos observarão medidas especiais de segurança.
Artigo 40 - Os documentos sigilosos em sua expedição e SUBSEÇÃO II
tramitação obedecerão às seguintes prescrições: Da Marcação
I - deverão ser registrados no momento de sua produção,
prioritariamente em sistema informatizado de gestão arquivís- Artigo 48 - O grau de sigilo será indicado em todas as
tica de documentos; páginas do documento, nas capas e nas cópias, se houver,
II - serão acondicionados em envelopes duplos; pelo produtor do documento, dado ou informação, após
III - no envelope externo não constará qualquer indicação classificação, ou pelo agente classificador que juntar a ele
do grau de sigilo ou do teor do documento; documento ou informação com alguma restrição de acesso.
IV - o envelope interno será fechado, lacrado e expedido § 1º - Os documentos, dados ou informações cujas par-
mediante relação de remessa, que indicará, necessariamente, tes contenham diferentes níveis de restrição de acesso de-
remetente, destinatário, número de registro e o grau de sigilo vem receber diferentes marcações, mas no seu todo, será
do documento; tratado nos termos de seu grau de sigilo mais elevado.
V - para os documentos sigilosos digitais deverão ser ob- § 2º - A marcação será feita em local que não compro-
servadas as prescrições referentes à criptografia. meta a leitura e compreensão do conteúdo do documento
Artigo 41 - A expedição, tramitação e entrega de docu- e em local que possibilite sua reprodução em eventuais có-
mento ultrassecreto e secreto, deverá ser efetuadas pessoal- pias.
mente, por agente público credenciado, sendo vedada a sua § 3º - As páginas serão numeradas seguidamente, de-
postagem. vendo a juntada ser precedida de termo próprio consignan-
Parágrafo único - A comunicação de informação de natu- do o número total de folhas acrescidas ao documento.
reza ultrassecreta e secreta, de outra forma que não a prescrita § 4º - A marcação deverá ser necessariamente datada.
no “caput” deste artigo, só será permitida excepcionalmente e Artigo 49 - A marcação em extratos de documentos, es-
em casos extremos, que requeiram tramitação e solução ime- boços, desenhos, fotografias, imagens digitais, multimídia,
diatas, em atendimento ao princípio da oportunidade e consi-
negativos, diapositivos, mapas, cartas e fotocartas obedece-
derados os interesses da segurança da sociedade e do Estado,
rá ao prescrito no artigo 48 deste decreto.
utilizando-se o adequado meio de criptografia.
§ 1º - Em fotografias e reproduções de negativos sem
Artigo 42 - A expedição de documento reservado poderá
legenda, a indicação do grau de sigilo será no verso e nas
ser feita mediante serviço postal, com opção de registro, men-
respectivas embalagens.
sageiro oficialmente designado, sistema de encomendas ou,
§ 2º - Em filmes cinematográficos, negativos em rolos
quando for o caso, mala diplomática.
contínuos e microfilmes, a categoria e o grau de sigilo serão
Parágrafo único - A comunicação dos documentos de que
trata este artigo poderá ser feita por outros meios, desde que indicados nas imagens de abertura e de encerramento de
sejam usados recursos de criptografia compatíveis com o grau cada rolo, cuja embalagem será tecnicamente segura e exi-
de sigilo do documento, conforme previsto nos artigos 51 a birá a classificação do conteúdo.
56 deste decreto.

99
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 3º - Os esboços, desenhos, fotografias, imagens digi- § 2º - O agente público referido no § 1º deste artigo
tais, multimídia, negativos, diapositivos, mapas, cartas e fo- deverá providenciar as condições de segurança necessárias
tocartas de que trata esta seção, que não apresentem con- ao resguardo do sigilo de documentos, dados e informações
dições para a indicação do grau de sigilo, serão guardados durante sua produção, tramitação e guarda, em suporte
em embalagens que exibam a classificação correspondente magnético ou óptico, bem como a segurança dos equipa-
à classificação do conteúdo. mentos e sistemas utilizados.
Artigo 50 - A marcação da reclassificação e da desclas- § 3º - As cópias de segurança de documentos, dados e
sificação de documentos, dados ou informações sigilosos informações sigilosos deverão ser criptografados, observa-
obedecerá às mesmas regras da marcação da classificação. das as disposições dos §§ 1º e 2º deste artigo.
Parágrafo único - Havendo mais de uma marcação, pre- Artigo 55 - Os equipamentos e sistemas utilizados para
valecerá a mais recente. a produção e guarda de documentos, dados e informações
sigilosos poderão estar ligados a redes de comunicação de
SUBSEÇÃO III dados desde que possuam sistemas de proteção e seguran-
Da Criptografia ça adequados, nos termos das normas gerais baixadas pelo
Comitê de Qualidade da Gestão Pública - CQGP.
Artigo 51 - Fica autorizado o uso de código, cifra ou Artigo 56 - Cabe ao órgão responsável pela criptografia
sistema de criptografia no âmbito da Administração Pública de documentos, dados e informações sigilosos providenciar
Estadual e das instituições de caráter público para assegurar a sua descriptação após a sua desclassificação.
o sigilo de documentos, dados e informações.
Artigo 52 - Para circularem fora de área ou instalação SUBSEÇÃO IV
sigilosa, os documentos, dados e informações sigilosos, pro- Da Preservação e Eliminação
duzidos em suporte magnético ou óptico, deverão necessa-
riamente estar criptografados. Artigo 57 - Aplicam-se aos documentos, dados e in-
Artigo 53 - A aquisição e uso de aplicativos de cripto- formações sigilosos os prazos de guarda estabelecidos na
grafia no âmbito da Administração Pública Estadual sujeitar- Tabela de Temporalidade de Documentos das Atividades-
se-ão às normas gerais baixadas pelo Comitê de Qualidade Meio, oficializada pelo Decreto nº 48.898, de 27 de agosto
da Gestão Pública - CQGP. de 2004 Legislação do Estado, e nas Tabelas de Temporali-
Parágrafo único - Os programas, aplicativos, sistemas e dade de Documentos das Atividades-Fim, oficializadas pelos
equipamentos de criptografia são considerados sigilosos e órgãos e entidades da Administração Pública Estadual, res-
deverão, antecipadamente, ser submetidos à certificação de salvado o disposto no artigo 59 deste decreto.
conformidade. Artigo 58 - Os documentos, dados e informações sigi-
Artigo 54 - Aplicam-se aos programas, aplicativos, sis- losos considerados de guarda permanente, nos termos dos
temas e equipamentos de criptografia todas as medidas de Decretos nº 48.897 Legislação do Estado e nº 48.898, ambos
segurança previstas neste decreto para os documentos, da- de 27 de agosto de 2004 Legislação do Estado, somente po-
dos e informações sigilosos e também os seguintes proce- derão ser recolhidos à Unidade do Arquivo Público do Esta-
dimentos: do após a sua desclassificação.
I - realização de vistorias periódicas, com a finalidade Parágrafo único - Excetuam-se do disposto no “caput”
de assegurar uma perfeita execução das operações cripto- deste artigo, os documentos de guarda permanente de ór-
gráficas; gãos ou entidades extintos ou que cessaram suas ativida-
II - elaboração de inventários completos e atualizados des, em conformidade com o artigo 7, § 2º, da Lei federal nº
do material de criptografia existente; 8.159, de 8 de janeiro de 1991, e com o artigo 1º, § 2º, do
III - escolha de sistemas criptográficos adequados a Decreto nº 48.897, de 27 de agosto de 2004.
cada destinatário, quando necessário; Artigo 59 - Decorridos os prazos previstos nas tabelas
IV - comunicação, ao superior hierárquico ou à autorida- de temporalidade de documentos, os documentos, dados e
de competente, de qualquer anormalidade relativa ao sigilo, informações sigilosos de guarda temporária somente pode-
à inviolabilidade, à integridade, à autenticidade, à legitimi- rão ser eliminados após 1 (um) ano, a contar da data de sua
dade e à disponibilidade de documentos, dados e informa- desclassificação, a fim de garantir o pleno acesso às informa-
ções sigilosos criptografados; ções neles contidas.
V - identificação e registro de indícios de violação ou in- Artigo 60 - A eliminação de documentos dados ou in-
terceptação ou de irregularidades na transmissão ou recebi- formações sigilosos em suporte magnético ou ótico que não
mento de documentos, dados e informações criptografados. possuam valor permanente deve ser feita, por método que
§ 1º - A autoridade máxima do órgão ou entidade da sobrescreva as informações armazenadas, após sua desclas-
Administração Pública Estadual responsável pela custódia sificação.
de documentos, dados e informações sigilosos e detentor Parágrafo único - Se não estiver ao alcance do órgão a
de material criptográfico designará um agente público res- eliminação que se refere o “caput” deste artigo, deverá ser
ponsável pela segurança criptográfica, devidamente creden- providenciada a destruição física dos dispositivos de arma-
ciado, que deverá observar os procedimentos previstos no zenamento.
«caput» deste artigo.

100
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

SUBSEÇÃO V § 2º - A reprodução e autenticação de cópias de documen-


Da Publicidade de Atos Administrativos tos, dados e informações sigilosos serão realizadas por agentes
públicos credenciados.
Artigo 61 - A publicação de atos administrativos referentes § 3º - Serão fornecidas certidões de documentos sigilosos
a documentos, dados e informações sigilosos poderá ser efe- que não puderem ser reproduzidos integralmente, em razão
tuada mediante extratos, com autorização da autoridade clas- das restrições legais ou do seu estado de conservação.
sificadora ou hierarquicamente superior. § 4º - A reprodução de documentos, dados e informações
§ 1º - Os extratos referidos no «caput» deste artigo limi- pessoais que possam comprometer a intimidade, a vida priva-
tar-se-ão ao seu respectivo número, ao ano de edição e à sua da, a honra ou a imagem de terceiros poderá ocorrer desde
ementa, redigidos por agente público credenciado, de modo a que haja autorização nos termos item 2 do § 1º do artigo 35
não comprometer o sigilo. deste decreto.
§ 2º - A publicação de atos administrativos que trate de do- Artigo 67 - O responsável pela preparação ou reprodução
cumentos, dados e informações sigilosos para sua divulgação de documentos sigilosos deverá providenciar a eliminação de
ou execução dependerá de autorização da autoridade classifi- provas ou qualquer outro recurso, que possam dar origem à
cadora ou autoridade competente hierarquicamente superior. cópia não autorizada do todo ou parte.
Artigo 68 - Sempre que a preparação, impressão ou, se for
SUBSEÇÃO VI o caso, reprodução de documentos, dados e informações si-
Da Credencial de Segurança gilosos forem efetuadas em tipografias, impressoras, oficinas
gráficas, ou similares, essa operação deverá ser acompanhada
Artigo 62 - O credenciamento e a necessidade de conhecer por agente público credenciado, que será responsável pela ga-
são condições indispensáveis para que o agente público esta- rantia do sigilo durante a confecção do documento.
dual no efetivo exercício de cargo, função, emprego ou ativida-
de tenha acesso a documentos, dados e informações sigilosos SUBSEÇÃO VIII
equivalentes ou inferiores ao de sua credencial de segurança. Da Gestão de Contratos
Artigo 63 - As credenciais de segurança referentes aos
graus de sigilo previstos no artigo 31 deste decreto, serão clas- Artigo 69 - O contrato cuja execução implique o acesso
sificadas nos graus de sigilo ultrassecreta, secreta ou reservada. por parte da contratada a documentos, dados ou informações
Artigo 64 - A credencial de segurança referente à informa- sigilosos, obedecerá aos seguintes requisitos:
ção pessoal, prevista no artigo 35 deste decreto, será identifica- I - assinatura de termo de compromisso de manutenção
da como personalíssima. de sigilo;
Artigo 65 - A emissão da credencial de segurança compete II - o contrato conterá cláusulas prevendo:
às autoridades máximas de órgãos e entidades da Administra- a) obrigação de o contratado manter o sigilo relativo ao
ção Pública Estadual, podendo ser objeto de delegação. objeto contratado, bem como à sua execução;
§ 1º - A credencial de segurança será concedida median- b) obrigação de o contratado adotar as medidas de se-
te termo de compromisso de preservação de sigilo, pelo qual gurança adequadas, no âmbito de suas atividades, para a ma-
os agentes públicos responsabilizam-se por não revelarem ou nutenção do sigilo de documentos, dados e informações aos
divulgarem documentos, dados ou informações sigilosos dos quais teve acesso;
quais tiverem conhecimento direta ou indiretamente no exercí- c) identificação, para fins de concessão de credencial de
cio de cargo, função ou emprego público. segurança, das pessoas que, em nome da contratada, terão
§ 2º - Para a concessão de credencial de segurança serão acesso a documentos, dados e informações sigilosos.
avaliados, por meio de investigação, os requisitos profissionais, Artigo 70 - Os órgãos contratantes da Administração Pú-
funcionais e pessoais dos propostos. blica Estadual fiscalizarão o cumprimento das medidas neces-
§ 3º - A validade da credencial de segurança poderá ser sárias à proteção dos documentos, dados e informações de
limitada no tempo e no espaço. natureza sigilosa transferidos aos contratados ou decorrentes
§ 4º - O compromisso referido no «caput» deste artigo da execução do contrato.
persistirá enquanto durar o sigilo dos documentos a que tive-
ram acesso. CAPÍTULO V
Das Responsabilidades
SUBSEÇÃO VII
Da Reprodução e Autenticação Artigo 71 - Constituem condutas ilícitas que ensejam res-
ponsabilidade do agente público:
Artigo 66 - Os Serviços de Informações ao Cidadão - SIC I - recusar-se a fornecer documentos, dados e informa-
dos órgãos e entidades da Administração Pública Estadual for- ções requeridas nos termos deste decreto, retardar delibera-
necerão, desde que haja autorização expressa das autoridades damente o seu fornecimento ou fornecê-la intencionalmente
classificadoras ou das autoridades hierarquicamente superio- de forma incorreta, incompleta ou imprecisa;
res, reprodução total ou parcial de documentos, dados e infor- II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir,
mações sigilosos. inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente,
§ 1º - A reprodução do todo ou de parte de documentos, documento, dado ou informação que se encontre sob sua
dados e informações sigilosos terá o mesmo grau de sigilo dos guarda ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão do
documentos, dados e informações originais. exercício das atribuições de cargo, emprego ou função pública;

101
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de Artigo 75 - Os órgãos e entidades estaduais respondem
acesso a documento, dado e informação; diretamente pelos danos causados em decorrência da divul-
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou per- gação não autorizada ou utilização indevida de documentos,
mitir acesso indevido ao documento, dado e informação sigi- dados e informações sigilosos ou pessoais, cabendo a apura-
losos ou pessoal; ção de responsabilidade funcional nos casos de dolo ou culpa,
V - impor sigilo a documento, dado e informação para ob- assegurado o respectivo direito de regresso.
ter proveito pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação Parágrafo único - O disposto neste artigo aplica-se à pes-
de ato ilegal cometido por si ou por outrem; soa física ou entidade privada que, em virtude de vínculo de
VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente qualquer natureza com órgãos ou entidades estaduais, tenha
documento, dado ou informação sigilosos para beneficiar a si acesso a documento, dado ou informação sigilosos ou pessoal
ou a outrem, ou em prejuízo de terceiros; e a submeta a tratamento indevido.
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos
concernentes a possíveis violações de direitos humanos por CAPÍTULO VI
parte de agentes do Estado. Disposições Finais
§ 1º - Atendido o princípio do contraditório, da ampla
defesa e do devido processo legal, as condutas descritas no Artigo 76 - O tratamento de documento, dado ou infor-
«caput» deste artigo serão apuradas e punidas na forma da mação sigilosos resultante de tratados, acordos ou atos inter-
legislação em vigor. nacionais atenderá às normas e recomendações constantes
§ 2º - Pelas condutas descritas no «caput» deste artigo, desses instrumentos.
poderá o agente público responder, também, por improbida- Artigo 77 - Aplica-se, no que couber, a Lei federal nº 9.507,
de administrativa, conforme o disposto na Lei federal nº 8.429, de 12 de novembro de 1997, em relação à informação de pes-
de 2 de junho de 1992. soa, física ou jurídica, constante de registro ou banco de dados
Artigo 72 - O agente público que tiver acesso a documen- de entidades governamentais ou de caráter público.
tos, dados ou informações sigilosos, nos termos deste decreto, Artigo 78 - Cabe à Secretaria de Gestão Pública:
é responsável pela preservação de seu sigilo, ficando sujeito às (*) Nova redação dada pelo Decreto nº 61.175, de 18 de
sanções administrativas, civis e penais previstas na legislação, março de 2015 (art.32) Legislação do Estado :
em caso de eventual divulgação não autorizada. “Artigo 78 – Cabe à Secretaria de Governo:”; (NR)
Artigo 73 - Os agentes responsáveis pela custódia de I - realizar campanha de abrangência estadual de fomento
documentos e informações sigilosos sujeitam-se às normas à cultura da transparência na Administração Pública Estadual e
referentes ao sigilo profissional, em razão do ofício, e ao seu conscientização do direito fundamental de acesso à informação;
código de ética específico, sem prejuízo das sanções legais. II - promover treinamento de agentes públicos no que se
Artigo 74 - A pessoa física ou entidade privada que detiver refere ao desenvolvimento de práticas relacionadas à transpa-
documentos, dados e informações em virtude de vínculo de rência na Administração Pública Estadual;
qualquer natureza com o poder público e deixar de observar o III - formular e implementar política de segurança da infor-
disposto na Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, mação, em consonância com as diretrizes da política estadual
e neste decreto estará sujeita às seguintes sanções: de arquivos e gestão de documentos;
I - advertência; IV - propor e promover a regulamentação do credencia-
II - multa; mento de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e
III - rescisão do vínculo com o poder público; entidades da Administração Pública Estadual para tratamento
IV - suspensão temporária de participar em licitação e im- de informações sigilosas e pessoais.
pedimento de contratar com a Administração Pública Estadual Artigo 79 - A Corregedoria Geral da Administração será
por prazo não superior a 2 (dois) anos; responsável pela fiscalização da aplicação da Lei federal nº
V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar 12.527, de 18 de novembro de 2011, e deste decreto no âmbi-
com a Administração Pública Estadual, até que seja promovi- to da Administração Pública Estadual, sem prejuízo da atuação
da a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a dos órgãos de controle interno.
penalidade. (*) Nova redação dada pelo Decreto nº 61.175, de 18 de
§ 1º - As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste artigo março de 2015 (art.32) Legislação do Estado :
poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso II, assegura- “Artigo 79 – A Ouvidoria Geral do Estado, será responsável
do o direito de defesa do interessado, no respectivo processo, pela fiscalização da aplicação da Lei federal nº 12.527, de 18 de
no prazo de 10 (dez) dias. novembro de 2011, e deste decreto no âmbito da Administra-
§ 2º - A reabilitação referida no inciso V deste artigo será ção Pública Estadual, sem prejuízo da atuação dos órgãos de
autorizada somente quando o interessado efetivar o ressarci- controle interno.”. (NR)
mento ao órgão ou entidade dos prejuízos resultantes e de- Artigo 80 - Este decreto e suas disposições transitórias en-
corrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso IV. tram em vigor na data de sua publicação.
§ 3º - A aplicação da sanção prevista no inciso V deste
artigo é de competência exclusiva da autoridade máxima do DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
órgão ou entidade pública, facultada a defesa do interessado, Artigo 1º - Fica instituído Grupo Técnico, junto ao Comitê
no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de Qualidade da Gestão Pública - CQGP, visando a promover
de vista. os estudos necessários à criação, composição, organização e
funcionamento da Comissão Estadual de Acesso à Informação.

102
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Parágrafo único - O Presidente do Comitê de Qualidade EXERCÍCIOS


da Gestão Pública designará, no prazo de 30 (trinta) dias, os
membros integrantes do Grupo Técnico. 1. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre o conceito de
Artigo 2º - Os órgãos e entidades da Administração Públi- Constituição, assinale a alternativa CORRETA.
ca Estadual deverão proceder à reavaliação dos documentos, (A) É o estatuto que regula as relações entre Estados so-
dados e informações classificados como ultrassecretos e se- beranos.
cretos no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo (B) É o conjunto de normas que regula os direitos e de-
inicial de vigência da Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro veres de um povo.
de 2011. (C) É a lei fundamental e suprema de um Estado, que
§ 1º - A restrição de acesso a documentos, dados e infor- contém normas referentes à estruturação, à formação dos po-
mações, em razão da reavaliação prevista no «caput» deste deres públicos, direitos, garantias e deveres dos cidadãos.
artigo, deverá observar os prazos e condições previstos na Lei (D) É a norma maior de um Estado, que regula os direitos
federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. e deveres de um povo nas suas relações.
§ 2º - No âmbito da administração pública estadual, a rea-
valiação prevista no «caput» deste artigo poderá ser revista, a 2. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Dentre as formas de
qualquer tempo, pela Comissão Estadual de Acesso à Informa- classificação das Constituições, uma delas é quanto à origem.
ção, observados os termos da Lei federal nº 12.527, de 18 de Em relação às características de uma Constituição quanto
novembro de 2011, e deste decreto. à sua origem, assinale a alternativa CORRETA.
§ 3º - Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação (A) Dogmáticas ou históricas.
previsto no «caput» deste artigo, será mantida a classificação (B) Materiais ou formais.
dos documentos, dados e informações nos termos da legisla- (C) Analíticas ou sintéticas.
ção precedente. (D) Promulgadas ou outorgadas.
§ 4º - Os documentos, dados e informações classificados
como secretos e ultrassecretos não reavaliados no prazo pre- 3. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre a supremacia
da Constituição da República, assinale a alternativa CORRETA.
visto no «caput» deste artigo serão considerados, automatica-
(A) A supremacia está no fato de o controle da constitucio-
mente, de acesso público.
nalidade das leis só ser exercido pelo Supremo Tribunal Federal.
Artigo 3º - No prazo de 30 (trinta) dias, a contar da vigên-
(B) A supremacia está na obrigatoriedade de submissão
cia deste decreto, a autoridade máxima de cada órgão ou enti-
das leis aos princípios que norteiam o Estado por ela instituído.
dade da Administração Pública Estadual designará subordina-
(C) A supremacia está no fato de a interpretação da
do para, no âmbito do respectivo órgão ou entidade, exercer
constituição não depender da observância dos princípios que
as seguintes atribuições: a norteiam.
I - planejar e propor, no prazo de 90 (noventa) dias, os (D) A supremacia está no fato de que os princípios e funda-
recursos organizacionais, materiais e humanos, bem como as mentos da constituição se resumam na declaração de soberania.
demais providências necessárias à instalação e funcionamento
dos Serviços de Informações ao Cidadão - SIC, a que se refere 4. (PC/PI - Delegado de Polícia – UESPI/2014) Entre os
o artigo 7º deste decreto; chamados sentidos doutrinariamente atribuídos à Constitui-
II - assegurar o cumprimento das normas relativas ao ção, existe um que realiza a distinção entre Constituição e lei
acesso a documentos, dados ou informações, de forma efi- constitucional. Assinale a alternativa que o contempla.
ciente e adequada aos objetivos da Lei federal nº 12.527, de (A) Sentido político
18 de novembro de 2011, e deste decreto; (B) Sentido sociológico.
III - orientar e monitorar a implementação do disposto na (C) Sentido jurídico.
Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e neste (D) Sentido culturalista.
decreto, e apresentar relatórios periódicos sobre o seu cum- (E) Sentido simbólico.
primento;
IV - recomendar as medidas indispensáveis à implemen- 5. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Repú-
tação e ao aperfeiçoamento das normas e procedimentos ne- blica Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
cessários ao correto cumprimento do disposto neste decreto; Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Es-
V - promover a capacitação, o aperfeiçoamento e a atua- tado Democrático de Direito (art. 1º da CF).
lização de pessoal que desempenhe atividades inerentes à Com base no enunciado acima é correto afirmar, exceto:
salvaguarda de documentos, dados e informações sigilosos e (A) são objetivos fundamentais da república federativa
pessoais. do Brasil erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
Artigo 4º - As Comissões de Avaliação de Documentos e desigualdades sociais e regionais.
Acesso - CADA deverão apresentar à autoridade máxima do (B) a soberania, a cidadania e o pluralismo político não
órgão ou entidade, plano e cronograma de trabalho, no prazo são fundamentos da república federativa do brasil.
de 30 (trinta) dias, para o cumprimento das atribuições previs- (C) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer al-
tas no artigo 6º, incisos I e II, e artigo 32, inciso I, deste decreto. guma coisa senão em virtude de lei.
(D) é livre a manifestação de pensamento, sendo vedado
o anonimato.
(E) construir uma sociedade livre, justa e solidária é um
dos objetivos fundamentais da república federativa do Brasil.

103
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

6. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Cons- (B) a República Federativa do Brasil tem como objeti-
tituição brasileira inicia com o Título I dedicado aos “princí- vos fundamentais: construir uma sociedade livre, justa e so-
pios fundamentais”, que são as regras informadoras de todo lidária; garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a po-
um sistema de normas, as diretrizes básicas do ordenamento breza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais
constitucional brasileiro. São regras que contêm os mais im- e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de
portantes valores que informam a elaboração da Constitui- origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
ção da República Federativa do Brasil. discriminação.
Diante dessa afirmação, analise as questões a seguir e (C) todo o poder emana do povo, que o exerce unica-
assinale a alternativa correta. mente por meio de representantes eleitos.
I - Nas relações internacionais, a República brasileira re- (D) entre outros, são princípios adotados pela Repúbli-
ge-se, entre outros, pelos seguintes princípios: autodetermi- ca Federativa do Brasil nas suas relações internacionais, os
nação dos povos, defesa da paz, igualdade entre os Estados, seguintes: a independência nacional, a prevalência dos direi-
concessão de asilo político. tos humanos e o repúdio ao terrorismo e ao racismo.
II - Os princípios não são dotados de normatividade, ou (E) a autodeterminação dos povos, a não intervenção e
seja, possuem efeito vinculante, mas constituem regras jurí- a defesa da paz são princípios regedores das relações inter-
nacionais da República Federativa do Brasil.
dicas efetivas.
III - Violar um princípio é muito mais grave que trans-
9. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O art.
gredir uma norma qualquer, pois implica ofensa a todo o
5º da Constituição Federal trata dos direitos e deveres in-
sistema de comandos.
dividuais e coletivos, espécie do gênero direitos e garantias
IV - São princípios que norteiam a atividade econômica fundamentais (Título II). Assim, apesar de referir-se, de modo
no Brasil: a soberania nacional, a função social da proprieda- expresso, apenas a direitos e deveres, também consagrou as
de, a livre concorrência, a defesa do consumidor; a proprie- garantias fundamentais. (LENZA, Pedro. Direito Constitucio-
dade privada. nal Esquematizado, São Paulo: Saraiva, 2009,13ª. ed., p. 671).
V - A diferença de salários, de critério de admissão por Com base na afirmação acima, analise as questões a se-
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil a qualquer dos guir e assinale a alternativa correta.
trabalhadores urbanos e rurais fere o princípio da igualdade I - Os direitos são bens e vantagens prescritos na norma
do caput do art. 5º da Constituição Federal. constitucional, enquanto as garantias são os instrumentos
(A) Apenas I, II, III estão corretas. através dos quais se assegura o exercício dos aludidos di-
(B) Apenas II e IV estão corretas. reitos.
(C) Apenas III e V estão corretas. II - O rol dos direitos expressos nos 78 incisos e parágra-
(D) Apenas I, III, IV e V estão corretas. fos do art. 5º da Constituição Federal é meramente exem-
(E) Todas as afirmações estão corretas. plificativo.
III - Os direitos e garantias expressos na Constituição
7. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A propó- Federal não excluem outros decorrentes do regime e dos
sito dos princípios fundamentais da República Federativa do princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais
Brasil, reconhece-se que: em que o Brasil seja parte.
(A) o pluralismo político está inserido entre seus ob- IV - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
jetivos. e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização
(B) a livre iniciativa é um de seus fundamentos e se pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
contrapõe ao valor social do trabalho. V - É inviolável a liberdade de consciência e de cren-
(C) a dignidade é também do nascituro, o que desau- ça, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
toriza, portanto, a prática da interrupção da gravidez quan- e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto
do decorrente de estupro. e suas liturgias.
(A) Apenas I, II e III estão corretas.
(D) a promoção do bem de todos, sem preconceito de
(B) Apenas II, III e IV estão corretas.
origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outra forma de dis-
(C) Apenas III e V estão corretas.
criminação, é um de seus objetivos.
(D) Apenas IV e V estão corretas.
(E) o legislativo, o executivo e o judiciário, dependen-
(E) Todas as questões estão corretas.
tes e harmônicos entre si, são poderes da união.
10. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Os
8. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária - remédios constitucionais são as formas estabelecidas pela
FGV/2014) Sobre os Princípios Fundamentais da República Constituição Federal para concretizar e proteger os direitos
Federativa do Brasil, à luz do texto constitucional de 1988, é fundamentais a fim de que sejam assegurados os valores es-
INCORRETO afirmar que: senciais e indisponíveis do ser humano.
(A) a República Federativa do Brasil tem como funda- Assim, é correto afirmar, exceto:
mentos: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa hu- (A) O habeas corpus pode ser formulado sem advoga-
mana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o do, não tendo de obedecer a qualquer formalidade proces-
pluralismo político. sual, e o próprio cidadão prejudicado pode ser o autor.

104
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

(B) O habeas corpus é utilizado sempre que alguém so- (A) Apenas I, II e IV estão corretas.
frer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em (B) Apenas I, III e V estão corretas.
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de (C) Apenas III e IV estão corretas.
poder. (D) Apenas IV e V estão corretas.
(C) O autor da ação constitucional de habeas corpus (E) Todas as questões estão corretas.
recebe o nome de impetrante; o indivíduo em favor do qual
se impetra, paciente, podendo ser o mesmo impetrante, e 13. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
a autoridade que pratica a ilegalidade, autoridade coatora. Sobre a Lei Penal, é CORRETO afirmar que
(D) Caberá habeas corpus em relação a punições disci- (A) não retroage, salvo para beneficiar o réu.
plinares militares. (B) não retroage, salvo se o fato criminoso ainda não
(E) O habeas corpus será preventivo quando alguém se for conhecido.
achar ameaçado de sofrer violência, ou repressivo, quando (C) retroage, salvo disposição expressa em contrário.
for concreta a lesão. (D) retroage, se ainda não houver processo penal ins-
taurado.
11. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Ainda
em relação aos outros remédios constitucionais analise as 14. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
questões a seguir e assinale a alternativa correta. Sobre as garantias fundamentais estabelecidas na Constitui-
I - O habeas data assegura o conhecimento de informa- ção Federal, é CORRETO afirmar que
ções relativas à pessoa do impetrante, constantes de regis- (A) a Lei Penal é sempre irretroativa.
tros ou banco de dados de entidades governamentais ou de (B) a prática do racismo constitui crime inafiançável e
caráter público. imprescritível.
II - Será concedido habeas data para a retificação de (C) não haverá pena de morte em nenhuma circuns-
dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, tância.
judicial ou administrativo. (D) os templos religiosos, entendidos como casas de
III - Em se tratando de registro ou banco de dados de
Deus, possuem garantia de inviolabilidade domiciliar.
entidade governamental, o sujeito passivo na ação de ha-
beas data será a pessoa jurídica componente da administra-
15. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
ção direta e indireta do Estado.
NÃO figura entre as garantias expressas no artigo 5º da
IV - O mandado de injunção serve para requerer à au-
Constituição Federal:
toridade competente que faça uma lei para tornar viável o
(A) a obtenção de certidões em repartições públicas.
exercício dos direitos e liberdades constitucionais.
(B) a defesa do consumidor, prevista em estatuto próprio.
V - O pressuposto lógico do mandado de injunção é a
demora legislativa que impede um direito de ser efetivado (C) o respeito à integridade física dos presos, garantido
pela falta de complementação de uma lei. pela lei de execução penal.
(A) Todas as afirmações estão corretas. (D) a remuneração do trabalho noturno superior ao
(B) Apenas I, II e III estão corretas. diurno, posto que contido na legislação ordinária trabalhista.
(C) Apenas II, III e IV estão corretas.
(D) Apenas II, III e V estão corretas. 16. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
(E) Apenas IV e V estão corretas. A casa é asilo inviolável do indivíduo, podendo-se nela en-
trar, sem permissão do morador, EXCETO
12. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O devi- (A) em caso de desastre.
do processo legal estabelecido como direito do cidadão na (B) em caso de flagrante delito.
Constituição Federal configura dupla proteção ao indivíduo, (C) para prestar socorro.
pois atua no âmbito material de proteção ao direito de li- (D) por determinação judicial, a qualquer hora.
berdade e no âmbito formal, ao assegurar-lhe paridade de
condições com o Estado para defender-se. 17. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Administrador
Com base na afirmação acima, analise as questões a se- - FGV/2014) Em tema de direitos e garantias fundamentais,
guir e assinale a alternativa correta. o artigo 5º da Constituição da República estabelece que é:
I - Ninguém será processado nem sentenciado senão (A) livre a manifestação do pensamento, sendo fomen-
pela autoridade competente. tado o anonimato;
II - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos pro- (B) assegurado o direito de resposta, proporcional ao
cessuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social agravo, que substitui o direito à indenização por dano mate-
o exigirem. rial, moral ou à imagem;
III - São admissíveis, no processo, as provas obtidas por (C) assegurado a todos o acesso à informação e resguarda-
meios ilícitos. do o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
IV - Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, (D) livre a expressão da atividade intelectual, artística, cientí-
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fica e de comunicação, ressalvados os casos de censura ou licença;
fiança. (E) direito de todos receber dos órgãos públicos informa-
V - Não haverá prisão civil por dívida, nem mesmo a do ções de seu interesse particular, sendo vedada a alegação de sigi-
depositário infiel. lo por imprescindibilidade à segurança da sociedade e do Estado.

105
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

18. (TJ-RJ - Técnico de Atividade Judiciária - (C) não encontra amparo constitucional, uma vez que a
FGV/2014) A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004, obtenção de certidões em repartições públicas será atendida
os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu- apenas se o objeto do pedido for para defesa de direitos ou
manos: para esclarecimento de situações de interesse pessoal.
(A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a (D) encontra amparo constitucional, pois todos têm direi-
sua aprovação, pelo Congresso Nacional e a promulgação, to a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
na ordem interna, pelo Chefe do Poder Executivo; particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão presta-
(B) sempre terão a natureza jurídica de emenda cons- das no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
titucional, exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo Con- aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da socieda-
gresso Nacional, se dê em dois turnos de votação, com o de e do Estado.
voto favorável de dois terços dos respectivos membros; (E) é constitucionalmente previsto, devendo ser respondi-
(C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitu- do em 48 (quarenta e oito) horas, pois a todos, no âmbito judicial
cional, desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacional, e administrativo, são assegurados a razoável duração do proces-
se dê em dois turnos de votação, com o voto favorável de so e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
três quintos dos respectivos membros;
(D) podem ter a natureza jurídica de lei complementar, 21. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) A teoria da
desde que o Congresso Nacional venha a aprová-los com reserva do possível
observância do processo legislativo ordinário; (A) significa a inoponibilidade do arbítrio estatal à efetiva-
(E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito ção dos direitos sociais, econômicos e culturais.
internacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à (B) gira em torno da legitimidade constitucional do con-
ordem jurídica interna. trole e da intervenção do poder judiciário em tema de imple-
mentação de políticas públicas, quando caracterizada hipótese
19. (OAB - Exame de Ordem Unificado - FGV/2014) de omissão governamental.
Pedro promoveu ação em face da União Federal e seu pedi- (C) considera que as políticas públicas são reservadas
discricionariamente à análise e intervenção do poder judiciário,
do foi julgado procedente, com efeitos patrimoniais venci-
que as limitará ou ampliará, de acordo com o caso concreto.
dos e vincendos, não havendo mais recurso a ser interposto.
(D) é sinônima, em significado e extensão, à teoria do
Posteriormente, o Congresso Nacional aprovou lei, que foi
mínimo existencial, examinado à luz da violação dos direitos
sancionada, extinguindo o direito reconhecido a Pedro. Após
fundamentais sociais, culturais e econômicos, como o direito à
a publicação da referida lei, a Administração Pública federal
saúde e à educação básica.
notificou Pedro para devolver os valores recebidos, comuni-
(E) defende a integridade e a intangibilidade dos direitos
cando que não mais ocorreriam os pagamentos futuros, em
fundamentais, independentemente das possibilidades finan-
decorrência da norma em foco.
ceiras e orçamentárias do estado.
Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção
correta 22. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador - FCC/2014)
(A) A lei não pode retroagir, porque a situação versa A Emenda Constitucional nº 72, promulgada em 2 de abril de
sobre direitos indisponíveis de Pedro 2013, tem por finalidade estabelecer a igualdade de direitos
(B) A lei não pode retroagir para prejudicar a coisa jul- entre os trabalhadores domésticos e os demais trabalhadores
gada formada em favor de Pedro. urbanos e rurais. Nos termos de suas disposições, a Emenda
(C) A lei pode retroagir, pois não há direito adquirido (A) determinou a extensão ao trabalhador doméstico,
de Pedro diante de nova legislação. dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço extraor-
(D) A lei pode retroagir, porque não há ato jurídico per- dinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento a do nor-
feito em favor de Pedro diante de pagamentos pendentes. mal e à proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
incentivos específicos.
20. (SP-URBANISMO - Analista Administrativo - Ju- (A) instituiu vedação ao legislador para conferir trata-
rídico - VUNESP/2014) João apresenta requerimento jun- mento diferenciado aos trabalhadores domésticos, em relação
to à Prefeitura do Município de São Paulo, pleiteando que aos trabalhadores urbanos e rurais.
lhe seja informado o número de licitações, na modalidade (B) não determinou a extensão ao trabalhador domésti-
pregão, realizadas pela São Paulo Urbanismo desde 2010. O co, dentre outros, dos direitos à proteção em face da automa-
pleito de João ção e à proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
(A) não encontra previsão expressa como direito fun- incentivos específicos.
damental na Constituição Federal, mas, todavia, deverá ser (C) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, den-
acolhido em virtude do texto constitucional prever que a tre outros, dos direitos à proteção em face da automação e ao piso
lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho.
ameaça a direito (D) não determinou a extensão ao trabalhador domésti-
(B) é constitucionalmente previsto, pois é a todos asse- co, dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço ex-
gurado, mediante o pagamento de taxa, o direito de petição traordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento a do
aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilega- normal e ao piso salarial proporcional à extensão e à comple-
lidade ou abuso de poder xidade do trabalho.

106
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

23. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) 27. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) No
Com referência à CF, aos direitos e garantias fundamentais, caso de condenação criminal transitada em julgado, enquanto
à organização político-administrativa, à administração pú- durarem seus efeitos, o condenado terá seus direitos políticos:
blica e ao Poder Judiciário, julgue os itens subsecutivos. (A) mantidos.
A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e (B) cassados.
determina que cabe à lei definir os serviços ou atividades (C) perdidos.
essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades (D) suspensos.
inadiáveis da comunidade.
Certo ( ) 28. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) No que con-
Errado ( ) cerne às condições de elegibilidade para o cargo de prefeito
previstas na CRFB/88, assinale a opção correta.
24. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a (A) José, ex-prefeito, que renunciou ao cargo 120 dias
alternativa correta. antes da eleição poderá candidatar-se à reeleição ao cargo de
(A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e se- prefeito.
guintes é exaustivo. (B) João, brasileiro, solteiro, 22 anos, poderá candidatar-
(B) É vedada a redução proporcional do salário do tra- se, pela primeira vez, ao cargo de prefeito.
balhador sob qualquer hipótese. (C) Marcos, brasileiro, 35 anos e analfabeto, poderá can-
(C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias didatar-se ao cargo de prefeito.
anuais remuneradas com, no mínimo, um terço a mais do (D) Luís, capitão do exército com 5 anos de serviço, mas
que o salário normal. que não pretende e nem irá afastar-se das atividades militares,
(D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e poderá candidatar-se ao cargo de prefeito.
do salário, não está constitucionalmente prevista, mas é de-
terminada pela CLT. 29. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) Assinale a alternativa
(E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do correta a respeito dos partidos políticos.
emprego e do salário, não está constitucionalmente previs- (A) É vedado a eles o recebimento de recursos financeiros
to, mas é determinado pela CLT. por parte de empresas transnacionais.
(B) É assegurado a eles o acesso gratuito à propaganda
25. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário - no rádio e na televisão, exceto aqueles que não possuam repre-
FCC/2014) Pietro, nascido na Itália, naturalizou-se brasileiro sentação no Congresso Nacional.
no ano de 2012. No ano de 2011, Pietro acabou cometendo (C) Os partidos devem, obrigatoriamente, ter caráter na-
um crime de roubo, cuja autoria foi apurada apenas no ano cional.
de 2013, sendo instaurada a competente ação penal, culmi- (D) Os partidos devem, após cada campanha, apresentar
nando com a condenação de Pietro, pela Justiça Pública, ao ao Congresso Nacional a sua prestação de contas para apro-
cumprimento da pena de 05 anos e 04 meses de reclusão, em vação.
regime inicial fechado, por sentença transitada em julgado. (E) Em razão de sua importante função institucional, os
Neste caso, nos termos estabelecidos pela Constituição fede- partidos políticos possuem natureza jurídica de direito público.
ral, Pietro
(A) não poderá ser extraditado, tendo em vista a quanti- 30. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - CES-
dade de pena que lhe foi imposta pelo Poder Judiciário. PE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à organização
(B) não poderá ser extraditado, pois o crime foi cometi- político-administrativa da República Federativa do Brasil.
do antes da sua naturalização. O poder constituinte dos estados, dada a sua condição de
(C) poderá ser extraditado. ente federativo autônomo, é soberano e ilimitado.
(D) não poderá ser extraditado, pois não cometeu crime Certo ( )
hediondo ou de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afim. Errado ( )
(E) não poderá ser extraditado, pois a sentença conde-
natória transitou em julgado após a naturalização. 31. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - CES-
PE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à organização
26. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) É pri- político-administrativa da República Federativa do Brasil.
vativo de brasileiro nato o cargo de A despeito de serem entes federativos, os territórios fede-
(A) Ministro do Supremo Tribunal Federal. rais carecem de autonomia.
(B) Senador. Certo ( )
(C) Juiz de Direito. Errado ( )
(D) Delegado de Polícia.
(E) Deputado Federal.

107
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

32. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT 35. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside-
23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a alterna- rando as regras constitucionais sobre a administração públi-
tiva INCORRETA: ca, analise as afirmativas.
(A) A administração pública direta e indireta de qualquer I. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, moralida- Poder Executivo.
de, publicidade, eficiência e impessoalidade. II. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,
(B) É garantido ao servidor público civil o direito à livre funções e empregos públicos da administração direta, autár-
associação sindical. quica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes
(C) A administração fazendária e seus servidores fiscais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, prece- dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
dência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei. políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remu-
(D) A proibição de acumulação remunerada de cargos neratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as
públicos se estende a emprego e funções, não abrangendo, vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não po-
pois, sociedades de economia mista. derão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros
(E) As funções de confiança, exercidas exclusivamente por do Supremo Tribunal Federal.
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comis- III. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer
são, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de
condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se, pessoal do serviço público.
apenas, às atribuições de direção, chefia e assessoramento. Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
(A) I, II e III.
33. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A ad- (B) I, apenas.
ministração pública pode ser definida objetivamente como a (C) I e II, apenas.
atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve para a (D) I e III, apenas.
consecução dos interesses coletivos e subjetivamente como o (E) II e III, apenas.
conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei atri-
bui o exercício da função administrativa do Estado”. (MORAES, 36. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) Assinale
Alexandre de, Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2007, 22. a alternativa que está de acordo com o disposto na Consti-
ed., p. 310) tuição Federal.
Com base no que determina a Constituição Federal a res- (A) Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino
peito da administração pública é correto afirmar, exceto: fundamental e na educação infantil, enquanto os Estados e
(A) A investidura em cargo ou emprego público depende o Distrito Federal atuarão exclusivamente nos ensinos fun-
de aprovação prévia em concurso público de provas e títulos, damental e médio.
de acordo com a natureza e complexidade do cargo, ressalva- (B) As pessoas físicas que praticarem condutas e ati-
das as nomeações para cargo em comissão. vidades consideradas lesivas ao meio ambiente ficarão su-
(B) A Administração pública direta e indireta obedecerá jeitas às respectivas sanções penais e administrativas, e as
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, pu- pessoas jurídicas serão obrigadas, exclusivamente, a reparar
blicidade e eficiência. os danos causados ao meio ambiente.
(C) O prazo de validade do concurso público será de até (C) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
dois anos, prorrogável uma vez, por igual período. destinam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usu-
(D) A Constituição Federal não veda a acumulação remu- fruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos
nerada de cargos públicos. nelas existentes.
(E) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos (D) É vedado às universidades e às instituições de pes-
praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem quisa científica e tecnológica admitir professores, técnicos e
prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressar- cientistas estrangeiros.
cimento.
37. (SEAP/DF - Analista Direito - IADES/2014) Acerca
34. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Com relação da organização do Estado, em consonância com a Constitui-
à competência privativa da União para legislar, é INCORRETO ção Federal, assinale a alternativa correta.
afirmar que compete privativamente à União legislar sobre (A) É competência comum da União, dos estados, do
(A) registros públicos. Distrito Federal e dos municípios proporcionar os meios de
(B) comércio exterior e interestadual. acesso à cultura, à educação e à ciência.
(C) organização do sistema nacional de emprego e con- (B) É competência exclusiva da União proteger os do-
dições para o exercício de profissões. cumentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico
(D) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho. os sítios arqueológicos.
(E) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, (C) É competência exclusiva dos estados impedir a eva-
defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio am- são, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de
biente e controle da poluição. outros bens de valor histórico, artístico ou cultural.

108
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

(D) Compete, exclusivamente, à União legislar sobre a 40. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014)
proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico Compete privativamente à União legislar sobre
e paisagístico. (A) produção e consumo.
(E) Compete, exclusivamente, aos estados legislar so- (B) assistência jurídica e defensoria pública.
bre educação, cultura, ensino e desporto. (C) trânsito e transporte.
(D) direito tributário, financeiro, penitenciário, econô-
38. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - mico e urbanístico.
FCC/2014) O exercício do direito de greve pelos servidores (E) educação, cultura, ensino e desporto.
públicos civis da Administração direta
(A) deve ser considerado inconstitucional, até que seja 41. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) Os
editada a lei definidora dos termos e limites em que possa atos de improbidade administrativa importarão, nos termos
ser exercido, a fim de preservar a continuidade da prestação da Constituição Federal, dentre outros,
(A) a prisão provisória, sem direito à fiança.
dos serviços públicos.
(B) a indisponibilidade dos bens.
(B) deve ser considerado abusivo se exercido por servi-
(C) a impossibilidade de deixar o país.
dores públicos em estágio probatório.
(D) a suspensão dos direitos civis.
(C) é constitucional, visto que previsto em norma da
(E) o pagamento de multa ao fundo de proteção social.
constituição federal com aplicabilidade imediata, não neces-
sitando de regulamentação, nem de integração normativa, 42. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) José é ci-
para que o direito nela previsto possa ser exercido. dadão do município W, onde está localizado o distrito de B.
(D) é constitucional, devendo, no entanto, observar a Após consultas informais, José verifica o desejo da popula-
regulamentação legislativa da greve dos trabalhadores em ção distrital de obter a emancipação do distrito em relação
geral, que se aplica, naquilo que couber, aos servidores pú- ao município de origem.
blicos enquanto não for promulgada lei específica para o De acordo com as normas constitucionais federais, den-
exercício desse direito. tre outros requisitos para legitimar a criação de um novo
(E) é constitucional e poderá ensejar convenção cole- Município, são indispensáveis:
tiva em que seja prevista a majoração dos vencimentos dos (A) lei estadual e referendo.
servidores públicos. (B) lei municipal e plebiscito.
(C) lei municipal e referendo.
39. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - (D) lei estadual e plebiscito.
FCC/2014) Certo Município editou lei municipal que disci-
plinou o horário de funcionamento de farmácias e droga- 43. (MPE/MG - Promotor de Justiça - MPE/2014) As-
rias. O sindicato dos empregados do comércio da região sinale a afirmativa INCORRETA:
pretende impugnar judicialmente a referida norma, sob o (A) O federalismo por agregação surge quando Esta-
argumento de que o Município não teria competência para dos soberanos cedem uma parcela de sua soberania para
legislar sobre a matéria, mesmo na ausência de lei federal e formar um ente único.
estadual sobre o tema. Considerando a Constituição Federal (B) O federalismo dualista caracteriza-se pela sujeição
e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a pretensão dos Estados federados à União.
do sindicato (C) O federalismo centrípeto se caracteriza pelo forta-
(A) não encontra fundamento constitucional, uma vez lecimento do poder central decorrente da predominância de
atribuições conferidas à União.
que cabe aos Municípios fixar o horário de funcionamen-
(D) No federalismo atípico, constata-se a existência de
to desses estabelecimentos, inserindo-se a matéria na sua
três esferas de competências: União, Estados e Municípios.
competência para legislar sobre assuntos de interesse local.
(B) não encontra fundamento constitucional, uma vez
44. (UNICAMP - Procurador - VUNESP/2014) Consi-
que, apesar da matéria se inserir na competência residual derando o disposto na Constituição Federal sobre o Poder
dos Estados, cabe aos Municípios suprir a ausência de lei Judiciário, assinale a alternativa correta.
estadual para atender as suas peculiaridades locais. (A) As decisões administrativas dos tribunais serão mo-
(C) encontra fundamento constitucional, uma vez que tivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas
a ausência de norma federal disciplinando a matéria não po- pelo voto da maioria absoluta de seus membros, em sessão
deria ser suprida por lei estadual, nem por lei municipal. secreta.
(D) encontra fundamento constitucional, uma vez que, (B) Os servidores dos cartórios judiciais receberão de-
inexistindo lei federal a respeito, apenas os Estados pode- legação para a prática de atos de administração e atos de
riam legislar sobre a matéria para atender as suas peculia- mero expediente, limitados às decisões de caráter interlo-
ridades. cutório.
(E) encontra fundamento constitucional, uma vez que (C) Um quinto dos lugares dos Tribunais dos Estados
a matéria insere-se na competência residual dos Estados será composto de advogados de notório saber jurídico e de
para legislar sobre as competências que não lhes sejam ve- reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade
dadas pela Constituição. profissional, indicados em lista tríplice pelos órgãos de re-
presentação das respectivas classes.

109
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

(D) Aos juízes é vedado exercer a advocacia no juízo ou 47. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
tribunal do qual se afastou, antes de decorridos cinco anos 23ªR/2014) Sob a égide da Constituição Federal, assinale a
do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. alternativa INCORRETA:
(E) O juiz goza da garantia da inamovibilidade, mas, (A) é vedada a edição de medida provisória sobre maté-
havendo interesse público, poderá ser removido, por deci- ria já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo congresso
são da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conse- nacional e pendente de sanção ou veto presidencial.
lho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa. (B) as decisões administrativas dos tribunais serão mo-
tivadas e em sessão pública.
45. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT (C) as decisões administrativas de natureza disciplinar
23ªR/2014) Assinale a alternativa CORRETA: serão tomadas pelo voto de dois terços dos membros do tri-
(A) Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e bunal.
julgar, originariamente, o litígio entre Estado estrangeiro ou (D) o número de juízes na unidade jurisdicional será
proporcional à efetiva demanda judicial com à Respectiva
organismo internacional e a União, Estados, Distrito Federal
população.
ou Município.
(E) a inamovibilidade e a irredutibilidade salarial são
(B) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em
garantias da magistratura, mas não são absolutas, posto que
recurso extraordinário, o habeas corpus, habeas data, man-
comportem exceções, ditadas em lei.
dado de segurança e mandado de injunção decididos, em
instância única, pelos Tribunais Superiores, se denegatória 48. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside-
a decisão. rando as regras constitucionais sobre as funções essenciais
(C) Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em da justiça, analise.
grau de recurso especial, os conflitos de competência entre I. Constituem garantias do Ministério Público: vitalicie-
quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no artigo 102, I, dade, após 2 anos de exercício, não podendo perder o cargo
“o”, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados, e senão por sentença judicial transitada em julgado, e inamovi-
entre juízes vinculados a tribunais diversos. bilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante de-
(D) Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar cisão do órgão colegiado competente do Ministério Público,
e julgar, originariamente, os conflitos de atribuições entre pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada
autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre ampla defesa. Constituem vedações do Ministério Público:
autoridades Judiciárias de um Estado e administrativas de participar de sociedade comercial, na forma da lei, exercer
outro ou do Distrito Federal, ou entre as destes e da União. atividade político-partidária e exercer, ainda que em disponi-
(E) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em bilidade, qualquer outra função pública, sem exceções.
recurso ordinário, os conflitos de competência entre o Supe- II. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, direta-
rior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais. mente ou por meio de órgão vinculado, representa a União,
judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei
46. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT complementar que dispuser sobre sua organização e fun-
23ªR/2014) Sobre o Estatuto da Magistratura, NÃO É COR- cionamento, as atividades de consultoria e assessoramento
RETO afirmar: jurídico do Poder Executivo e a representação da União na
(A) A aferição do merecimento, para fins de promoção, execução da dívida ativa de natureza tributária.
ocorrerá conforme o desempenho e pelos critérios objetivos III. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal,
de produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de
concurso público de provas e títulos, com a participação fa-
frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhe-
cultativa da Ordem dos Advogados do Brasil, exercerão a re-
cidos de aperfeiçoamento.
presentação judicial e a consultoria jurídica das respectivas
(B) Não será promovido o juiz que, injustificadamente,
unidades federadas.
retiver os autos em seu poder além do prazo legal, não po-
Está(ão) INCORRETA(S) a(s) afirmativa(s):
dendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou (A) I, II e III.
decisão. (B) II, apenas.
(C) Na apuração da antiguidade, o Tribunal somente (C) I e II, apenas.
poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado (D) I e III, apenas.
de dois terços dos membros presentes à sessão, conforme (E) II e III, apenas.
procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetin-
do-se a votação até fixar-se a indicação. 49. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) “Joaquina
(D) O juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo impetra mandado de segurança no Tribunal de Justiça do lo-
autorização do Tribunal. cal em que reside por ter direito líquido e certo que foi viola-
(E) A distribuição de processos será imediata em todos do por abuso de autoridade da autoridade coatora envolvi-
os graus de jurisdição. da na situação. Considere que, nessa hipótese, a autoridade
coatora era o Governador do Estado, que possuía foro por
prerrogativa de função e que, por essa razão, a competência
para julgamento do writ era mesmo do Tribunal de Justiça
local. Considere, ainda, que a impetração ocorreu tempesti-

110
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

vamente, e que todos os requisitos de admissibilidade foram 53. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária -
observados. Entretanto, mesmo com a observância de todos FGV/2014) A Emenda Constitucional nº 45, de 2004, adi-
os requisitos formais, meritoriamente, foi denegatória a de- cionou o art. 103-B na Constituição da República, criando o
cisão do mandado de segurança impetrado por Joaquina.” Conselho Nacional de Justiça, órgão composto por membros
Tendo em vista todos os aspectos apresentados no caso do Judiciário, do Ministério Público, advogados e cidadãos,
anterior, assinale a opção que indica, acertadamente, o re- com o intuito mor de supervisionar a atuação administrativa
curso a ser interposto por Joaquina. e financeira do Poder Judiciário e o cumprimento dos deve-
(A) Recurso especial para o STJ. res funcionais dos juízes, além de outras atribuições constan-
(B) Recurso ordinário para o STJ. tes no Estatuto da Magistratura e outras que a própria Cons-
(C) Embargos infringentes para o STJ. tituição lhe atribui. Com base no disposto na Constituição da
(D) Agravo de instrumento para o STJ. República, constitui uma atribuição do Conselho Nacional de
(E) Recurso extraordinário para o STF. Justiça:
(A) determinar a aposentadoria de juiz federal com sub-
50. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) De acordo sídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço, asse-
com o texto constitucional, lei complementar, de iniciativa do gurada a ampla defesa.
Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Ma- (B) encaminhar projeto de lei orçamentária referente a
gistratura, observados, entre outros, os seguintes princípios: tribunal de justiça que não o tenha feito no prazo devido.
(A) o ato de remoção, disponibilidade, demissão e apo- (C) expedir atos regulamentares, no âmbito de sua
sentadoria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á competência, que só terão eficácia depois de sancionados
em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal pelo presidente da república.
ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa. (D) rever unicamente, mediante provocação, os proces-
(B) um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Fe- sos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados
derais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Ter- há menos de um ano.
ritórios será composto de membros, do Ministério Público, (E) declarar, observando a reserva de plenário, a incons-
com mais de dez anos de carreira, e de advogados de no- titucionalidade das leis que envolvam conflitos de massa.
tório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez
anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêx- 54. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) A respeito do Conse-
tupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. lho Nacional de Justiça, assinale a alternativa correta.
(C) todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judi- (A) Possui como função a fiscalização do Poder Judiciá-
ciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, rio e, eminentemente, função jurisdicional.
sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em (B) Tem competência para julgar magistrados por crime
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, de autoridade
ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do (C) Tem como função apreciar a legalidade dos atos
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique administrativos praticados por membros do Poder Judiciário.
o interesse da Administração Pública. (D) Não possui competência para rever processos disci-
(D) nos tribunais com número superior a vinte e cinco plinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos
julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mí- de um ano.
nimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para (E) O CNJ pode suspender e fiscalizar decisão concessi-
o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais va de mandado de segurança.
delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se
metade das vagas por antiguidade, e a outra metade por 55. (TRT 3ª Região/MG - Juiz do Trabalho - TRT
merecimento. 3R/2014) Sobre as funções institucionais do Ministério Pú-
blico é incorreto afirmar:
51. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) M. (A) Defender judicialmente os direitos e interesses das
T. foi condenado, em primeira instância, pela prática de crime populações indígenas, inclusive através de Promotor de Jus-
político. Contra a referida sentença condenatória é cabível: tiça ad hoc.
(A) recurso em sentido estrito para o Tribunal de Justiça. (B) Promover, privativamente, a ação penal pública, na
(B) apelação para o Tribunal Regional Federal. forma da lei.
(C) recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal. (C) Promover o inquérito civil e a ação civil pública, para
(D) recurso inominado para o Superior Tribunal de Justiça. a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente
e de outros interesses difusos e coletivos.
52. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) O (D) Expedir notificações nos procedimentos adminis-
processo e julgamento da execução de carta rogatória, após trativos de sua competência, requisitando informações e
o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homologa- documentos para instruí-los, na forma da lei complementar
ção, é de competência: respectiva.
(A) dos Tribunais Regionais Federais. (E) Exercer o controle externo da atividade policial, na
(B) dos juízes federais. forma da lei complementar.
(C) do Supremo Tribunal Federal.
(D) do Superior Tribunal de Justiça.

111
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

56. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) No (B) As denominadas normas constitucionais de eficá-
que se refere aos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, cia plena não necessitam de providência ulterior para sua
bem como às funções essenciais à justiça, julgue os seguin- aplicação, a exemplo do disposto no art. 37, I, da CF, que
tes itens. prevê o acesso a cargos, empregos e funções públicas a
A CF garante autonomia funcional e administrativa à de- brasileiros e estrangeiros.
fensoria pública estadual e ao Ministério Público. (C) O dispositivo constitucional que assegura a gra-
tuidade nos transportes coletivos urbanos aos maiores de
Certo ( )
sessenta e cinco anos não configura norma de eficácia ple-
Errado ( )
na e aplicabilidade imediata, pois demanda uma lei inte-
grativa infraconstitucional para produzir efeitos.
57. (TJ/SE - Titular de Serviços de Notas e de Regis- (D) A norma constitucional de eficácia contida é aque-
tro - CESPE/2014) No que se refere às funções essenciais à la que, embora tenha aplicabilidade direta e imediata, pode
justiça, assinale a opção correta de acordo com a CF. ter sua abrangência reduzida pela norma infraconstitucio-
(A) De acordo com a CF, a representação judicial dos nal, como ocorre com o artigo da CF que confere aos es-
Estados, do Distrito Federal e dos municípios cabe exclusi- tados a competência para a instituição de regiões metro-
vamente aos procuradores organizados em carreira, depen- politanas.
dendo o ingresso nessa carreira de aprovação em concurso (E) Conforme o método jurídico ou hermenêutico
público de provas e títulos. clássico, a Constituição deve ser considerada como uma lei
(B) As defensorias públicas dos Estados, do Distrito Fe- e, em decorrência, todos os métodos tradicionais de her-
deral e da União possuem autonomia funcional e adminis- menêutica devem ser utilizados na atividade interpretativa,
trativa, sendo-lhes assegurada a iniciativa de suas propostas mediante a utilização de vários elementos de exegese, tais
como o filológico, o histórico, o lógico e o teleológico.
orçamentárias na forma estabelecida na CF.
(C) Cabe ao Ministério Público Federal representar a
60. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) No to-
União na execução de sua dívida ativa de natureza tributária. cante à eficácia e à aplicabilidade das normas constitucio-
(D) A CF estabelece um rol exemplificativo de funções nais, as
institucionais do MP, como, por exemplo, a função de pro- (A) definidoras dos direitos e garantias fundamentais
mover, privativamente, as ações civil e penal públicas, na for- são programáticas, dependendo sempre de regulamenta-
ma da lei. ção infraconstitucional.
(E) À imunidade profissional do advogado não se po- (B) de eficácia contida ou prospectiva têm aplicabili-
dem aplicar restrições de qualquer natureza. dade indireta e imediata, não integral, produzindo efeitos
restritos e limitados infraconstitucionalmente quando de
58. (PGE/PI - Procurador do Estado Substituto - sua promulgação.
CESPE/2014) Acerca da interpretação das normas consti- (C) de eficácia limitada são de aplicabilidade mediata
tucionais, assinale a opção correta. e diferida, mas sem vinculação com as normas infracons-
(A) Em razão do caráter aberto e indeterminado de titucionais subsequentes, ou seja, sem relevância jurídica
muitas de suas normas, a CF admite o fenômeno da cons- interpretativa e integrativa.
trução jurídica, sem que isso configure necessariamente (D) de eficácia plena e aplicabilidade direta, imediata
usurpação de poder constituinte. e integral são aquelas normas que, no momento em que a
constituição entra em vigor, já estão aptas a produzir todos
(B) Lacunas constitucionais devem ser preenchidas
os seus efeitos, independentemente de norma integrativa
por meio dos processos formais de mudança constitucio-
infraconstitucional.
nal, não se admitindo a via interpretativa como mecanismo
(E) declaratórias de princípios programáticos veicu-
de solução dessas deficiências.
lam programas a serem implementados pelos cidadãos,
(C) A existência de métodos específicos de interpre- sem interferência estatal, visando à realização de fins so-
tação constitucional exclui a incidência dos métodos tra- ciais e culturais.
dicionais.
(D) A normatividade constitucional não é compatível 61. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário -
com as chamadas normas implícitas. FCC/2014) Nos termos estabelecidos pela Constituição fe-
(E) Interpretação extensiva e analogia são procedi- deral NÃO é atribuição constitucional do Tribunal de Con-
mentos estranhos ao direito constitucional. tas da União
(A) julgar as contas as contas dos administradores e
59. (TJ/DF - Juiz - CESPE/2014) No que se refere à demais responsáveis por recursos públicos.
aplicabilidade e à interpretação das normas constitucio- (B) julgar as contas do presidente da república.
nais, assinale a opção correta. (C) sustar, se não atendido, a execução de ato impug-
(A) Conforme o método de interpretação denomina- nado, comunicando à câmara dos deputados e ao senado
do científico-espiritual, a análise da norma constitucional federal.
deve-se fixar na literalidade da norma, de modo a extrair (D) apreciar, em regra, para fins de registro, a legalida-
seu sentido sem que se leve em consideração a realidade de dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
social. administração direta.

112
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

(E) fiscalizar as contas nacionais das empresas supra- (B) A vacância dos cargos de Presidente e Vice-Pre-
nacionais de cujo capital social a união participe, de forma sidente da República, verificada nos últimos dois anos do
direta ou indireta, nos termos do tratado consultivo. mandato, ensejará a realização de eleição, pelo Congresso
Nacional, para ambos os cargos vagos, a ser realizada trinta
62. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador- FCC/2014) dias depois da última vaga.
Ao analisar o funcionamento do bicameralismo brasileiro (C) Do Conselho da República participam, também,
no âmbito do processo legislativo, Manoel Gonçalves Fer- seis cidadãos brasileiros, com mais de trinta e cinco anos
reira Filho apresenta a seguinte lição: “as Câmaras no pro- de idade, nomeados pelo Presidente da República, todos
cesso legislativo brasileiro não estão em pé de igualdade” com mandato de quatro anos, admitida uma única recon-
(cf. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 39. dução.
ed., 2013). Alude, assim, o autor ao caráter assimétrico, im- (D) Os requisitos constitucionais para assumir o cargo
perfeito ou desigual que informa a atuação das Casas do de Ministro de Estado, auxiliar do Presidente da República,
são os seguintes: ter mais de vinte e um anos de idade; es-
Congresso Nacional nos processos de
tar no exercício dos direitos políticos; e ser brasileiro nato.
(A) apreciação dos vetos presidenciais e de elabora-
(E) Nos crimes de responsabilidade, o Presidente da
ção das leis ordinárias e complementares.
República é julgado pela Câmara dos Deputados, sob a di-
(B) conversão de medida provisória em lei e de elabo-
reção do Presidente do Supremo Tribunal Federal, com a
ração das leis ordinárias e complementares. necessária autorização prévia do Senado Federal.
(C) revisão constitucional e de elaboração das leis or-
dinárias e complementares. 66. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) Imagine
(D) conversão de medida provisória em lei e de elabo- a hipótese na qual o avião presidencial sofre um acidente,
ração das emendas constitucionais. vindo a vitimar o Presidente da República e seu Vice, após
(E) elaboração das emendas constitucionais e de a conclusão do terceiro ano de mandato.
aprovação de tratados e convenções internacionais sobre A partir da hipótese apresentada, assinale a afirmativa
direitos humanos com estatura equivalente às emendas correta.
constitucionais. (A) O Presidente do Senado Federal assume o cargo e
completa o mandato.
63. (PC-SE - Escrivão substituto - IBFC/2014) Segun- (B) O Presidente da Câmara dos Deputados assume o
do a Constituição Federal, no capítulo “Do Poder Executi- cargo e convoca eleições que realizar-se-ão noventa dias
vo”, compete ao Presidente da República, exceto: depois de abertas as vagas.
(A) Manter relações com Estados estrangeiros e acre- (C) O Presidente do Congresso Nacional assume o
ditar seus representantes diplomáticos. cargo e completa o mandato.
(B) Conceder indulto e comutar penas, com audiência, (D) O Presidente da Câmara dos Deputados assume
se necessário, dos órgãos instituídos em lei. o cargo e convoca eleições que serão realizadas trinta dias
(C) Suspender a execução, no todo ou em parte, de lei após a abertura das vagas, pelo Congresso Nacional, na
declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supre- forma da lei.
mo Tribunal Federal
(D) Dispor, mediante decreto, sobre organização e RESPOSTAS
funcionamento da administração federal, quando não im-
plicar aumento de despesa nem criação ou extinção de ór- 1. Resposta: “C”. Constituição é muito mais do que
gãos públicos. um documento escrito que fica no ápice do ordenamento
jurídico nacional estabelecendo normas de limitação e or-
64. (PC-SE - Agente de Polícia Judiciária - IBFC/2014) ganização do Estado, mas tem um significado intrínseco so-
Segundo a Constituição Federal, no capítulo “Do Poder ciológico, político, cultural e econômico. Independente do
Executivo”, o Presidente e o Vice-Presidente da República conceito, percebe-se que o foco é a organização do Estado
poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se e a limitação de seu poder.
do país, sob pena de perda do cargo, por até:
(A) 15 dias. 2. Resposta: “D”. Quanto à origem, a Constituição pode
(B) 30 dias. ser outorgada, quando imposta unilateralmente pelo agen-
(C) 45 dias. te revolucionário, ou promulgada, quando é votada, sendo
(D) 60 dias. também conhecida como democrática ou popular.

65. (PC/PI - Delegado de Polícia – UESPI/2014) Con- 3. Resposta: “B”. A Constituição Federal e os demais
siderando o que estabelecem as normas constitucionais atos normativos que compõem o denominado bloco de
sobre o Poder Executivo, assinale a alternativa CORRETA. constitucionalidade, notadamente, emendas constitucio-
(A) A perda do cargo é a consequência inafastável nais e tratados internacionais de direitos humanos aprova-
para o Prefeito que assumir outro cargo ou função na Ad- dos com quórum especial após a Emenda Constitucional nº
ministração Pública, seja direta ou indireta. 45/2004, estão no topo do ordenamento jurídico. Sendo as-

113
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

sim, todos os atos abaixo deles devem guardar uma estrita restritas, pode-se afirmar que a democracia indireta é predo-
compatibilidade, sob pena de serem inconstitucionais. Por minantemente adotada no Brasil, por meio do sufrágio uni-
isso, estes atos que estão abaixo na pirâmide, se sujeitam a versal e do voto direto e secreto com igual valor para todos.
controle de constitucionalidade. Contudo, não é a única maneira de se exercer o poder (artigo
14, CF e artigo 1º, parágrafo único, CF).
4. Resposta: “A”. Carl Schmitt propõe que o conceito de
Constituição não está na Constituição em si, mas nas deci- 9. Resposta: “E”. “I” está correta porque a principal di-
sões políticas tomadas antes de sua elaboração. Sendo assim, ferença entre direitos e garantias é que os primeiros servem
o conceito de Constituição será estruturado por fatores como para determinar os bens jurídicos tutelados e as segundas
o regime de governo e a forma de Estado vigentes no mo- são os instrumentos para assegurar estes (ex: direito de li-
mento de elaboração da lei maior. A Constituição é o produto berdade de locomoção – garantia do habeas corpus). “II”
de uma decisão política e variará conforme o modelo político está correta, afinal, o próprio artigo 5º prevê em seu §2º que
à época de sua elaboração. “os direitos e garantias expressos nesta Constituição não ex-
cluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
5. Resposta: “B”. Todas as alternativas descrevem carac- adotados, ou dos tratados internacionais em que a Repú-
terísticas, atributos do Estado Democrático de Direito que é blica Federativa do Brasil seja parte”, fundamento que tam-
a República Federativa brasileira, notadamente: erradicação bém demonstra que o item “III” está correto. O item IV traz
da pobreza e diminuição de desigualdades (artigo 3º, III, CF); cópia do artigo 5º, X, CF, que prevê que “são invioláveis a
soberania, cidadania e pluralismo político (artigo 1º, I, II e V, intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
CF); princípio da legalidade (artigo 5º, II, CF); liberdade de ex- assegurado o direito a indenização pelo dano material ou
pressão (artigo 5º, IV, CF); construção de sociedade justa, livre moral decorrente de sua violação”; o que faz também o item
e solidária (artigo 3º, I, CF). Sendo assim, incorreta a afirma- V com relação ao artigo 5º, VI, CF que diz que “é inviolável
ção de que soberania, cidadania e pluralismo político não são a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o
fundamentos da República Federativa do Brasil, pois estão livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da
como tais enumerados no artigo 1º, CF, além de decorrerem lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”. Sendo
da própria estrutura de um Estado Democrático de Direito. assim, todas afirmativas estão corretas.

6. Resposta: “D”. O item “I” descreve alguns dos prin- 10. Resposta: “D”. O habeas corpus é garantia pre-
cípios que regem as relações internacionais brasileiras, enu- vista no artigo 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus
merados no artigo 4º, CF, estando correto; o item “II” afasta a sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
normatividade dos princípios, o que é incorreto, pois os prin- violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
cípios têm forma normativa e, inclusive, podem ser aplicados ilegalidade ou abuso de poder”. A respeito dele, a lei bus-
de forma autônoma se não houver lei específica a respeito ca torná-lo o mais acessível possível, por ser diretamente
ou se esta se mostrar inadequada, por isso mesmo, correta relacionado a um direito fundamental da pessoa humana.
a afirmação do item “III”; os princípios descritos no item “IV” O objeto de tutela é a liberdade de locomoção; a propo-
são alguns dos que regem a ordem econômica, enumerados situra não depende de advogado; o que propõe a ação é
no artigo 170, CF, restando correta; o item “V” traz um exem- denominado impetrante e quem será por ela beneficiado é
plo de violação ao princípio da igualdade material, assegura- chamado paciente (podendo a mesma pessoa ser os dois),
do no artigo 5º, CF e refletido em todo texto constitucional, contra quem é proposta a ação é a denominada autoridade
estando assim correto. Logo, apenas o item “II” está incorreto. coatora; e é possível utilizar habeas corpus repressivamente
e preventivamente. Por sua vez, a Constituição Federal prevê
7. Resposta: “D”. O artigo 1º, CF traz os princípios fun- no artigo 142, §2º que “não caberá habeas corpus em relação
damentais (fundamentos) da República Federativa do Brasil: a punições disciplinares militares”.
“I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa
humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre inicia- 11. Resposta: “A”. No que tange ao tema, destaque
tiva; V - o pluralismo político”. O princípio de “A” se encontra para os seguintes incisos do artigo 5º da CF: “LXXI - conce-
no inciso V; o de “B” no inciso IV; o de “C” no inciso III, pois der-se-á mandado de injunção sempre que a falta de nor-
viola a dignidade humana da mãe forçá-la a dar luz à um ma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos
filho que resulte de estupro; o de “E” decorre dos incisos I e e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
II e é previsão do artigo 2º, que dispõe que “são Poderes da nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXII - conceder-
União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de in-
Executivo e o Judiciário”. Somente resta a alternativa “D”, que formações relativas à pessoa do impetrante, constantes de
apesar de realmente trazer um objetivo da República Federa- registros ou bancos de dados de entidades governamentais
tiva brasileira – previsto no artigo 3º, IV, não tem a ver com os ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quan-
princípios fundamentais, mas sim com os objetivos. do não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo”. Os itens “I” e “II” repetem o teor do artigo
8. Resposta: “C”. A democracia brasileira adota a moda- 5º, LXXII, CF. Já o item “III” decorre logicamente da previsão
lidade semidireta, porque possibilita a participação popular dos direitos fundamentais como limitadores da atuação do
direta no poder por intermédio de processos como o plebis- Estado, logo, as informações requeridas serão contra uma
cito, o referendo e a iniciativa popular. Como são hipóteses entidade governamental da administração direta ou indire-

114
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ta. Por sua vez, o item “IV” reflete o artigo 5º, LXXI, CF, do 18. Resposta: “C”. Estabelece o §3º do artigo 5º,CF: “Os
qual decorre logicamente o item “V”, posto que a demora tratados e convenções internacionais sobre direitos hu-
do legislador em regulamentar uma norma constitucional de manos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
aplicabilidade mediata, que necessita do preenchimento de Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
seu conteúdo, evidencia-se em risco aos direitos fundamen- respectivos membros, serão equivalentes às emendas cons-
tais garantidos pela Constituição Federal. titucionais”. Logo, é necessário o preenchimento de determi-
nados requisitos para a incorporação.
12. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 5º, LIII, CF, “nin-
guém será processado nem sentenciado senão pela autori- 19. Resposta: “B”. No que tange à segurança jurídica,
dade competente”, restando o item “I” correto; pelo artigo tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: “XXXVI - a lei não
5º, LX, CF, “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coi-
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse sa julgada”. A coisa julgada se formou a favor de Pedro e
social o exigirem”, motivo pelo qual o item “II” está correto; não pode ser quebrada por lei posterior que altere a situação
e prevê o artigo 5º, LXVI, CF que “ninguém será levado à pri- fático-jurídica, sob pena de se atentar contra a segurança ju-
são ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provi- rídica.
sória, com ou sem fiança”, confirmando o item “IV”. Por sua
vez, o item “III” está incorreto porque “são inadmissíveis, no 20. Resposta: “D”. Trata-se de garantia constitucional
processo, as provas obtidas por meios ilícitos” (artigo 5º, LVI, prevista no artigo 5º, XXXIII, CF: “todos têm direito a receber
CF); e o item “V” está incorreto porque a jurisprudência atual dos órgãos públicos informações de seu interesse particular,
ainda aceita a prisão civil do devedor de alimentos, sendo ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra-
que o texto constitucional autoriza tanto esta quanto a do zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas
depositário infiel (artigo 5º, LXVII, CF). cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado”.
13. Resposta: “A”. Preconiza o artigo 5º, XL, CF: “XL - a
lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. Assim, 21. Resposta: “B”. A teoria da reserva do possível busca
se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de cri- impedir que se argumente por uma obrigação infinita do Es-
mes ou que confira tratamento mais benéfico (diminuindo a tado de atender direitos econômicos, sociais e culturais. No
pena ou alterando o regime de cumprimento, notadamen- entanto, não pode ser invocada como muleta para impedir
te), ela será aplicada. que estes direitos adquiram efetividade. Se a invocação da
reserva do possível não demonstrar cabalmente que o Es-
14. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, tado não tem condições de arcar com as despesas, o Poder
CF: “XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável Judiciário irá intervir e sanar a omissão.
e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da
lei”, restando “B” correta. “A” é incorreta porque a lei penal 22. Resposta: “C”. A Emenda Constitucional nº 72/2013,
retroage para beneficiar o réu; “C” é incorreta porque é acei- que ficou conhecida no curso de seu processo de votação
ta a pena de morte para os crimes militares praticados em como PEC das domésticas, deu redação ao parágrafo único
tempo de guerra; “D” é incorreta porque igrejas não pos- do artigo 7º, o qual estende alguns dos direitos enumera-
suem inviolabilidade domiciliar. dos nos incisos do caput para a categoria dos trabalhadores
domésticos, quais sejam: “IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII,
15. Resposta: “D”. Embora o direito previsto na alterna- XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas
tiva “D” seja um direito fundamental, não é um direito indi- as condições estabelecidas em lei e observada a simplifica-
vidual, logo, não está previsto no artigo 5º, e sim no artigo ção do cumprimento das obrigações tributárias, principais e
7º, CF, em seu inciso IX (“remuneração do trabalho noturno acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas pecu-
superior à do diurno”). liaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII,
bem como a sua integração à previdência social”. Os direitos
16. Resposta: “D”. A propósito, o artigo 5º, XI, CF dis- descritos na alternativa “C” estão previstos nos incisos XXVII e
põe: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela po- XX do artigo 7º da Constituição, não estendidos aos empre-
dendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em gados domésticos pela emenda.
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro,
ou, durante o dia, por determinação judicial”. Sendo assim, 23. Resposta: “Certo”. O artigo 9º, CF disciplina o direito
não cabe o ingresso por determinação judicial a qualquer de greve: “É assegurado o direito de greve, competindo aos
hora, mas somente durante o dia. trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e
sobre os interesses que devam por meio dele defender. § 1º
17. Resposta: C. Dispõe o artigo 5º, CF em seu inciso A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá
XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e resguar- sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comu-
dado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício pro- nidade. § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis
fissional”. às penas da lei”.

115
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

24. Resposta: “C”. “A” está incorreta porque o rol de di- pessoa humana e observados os seguintes preceitos: I - ca-
reitos sociais do artigo 7º é apenas exemplificativo, não ex- ráter nacional; II - proibição de recebimento de recursos
cluindo outros que decorram das normas trabalhistas, dos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de su-
direitos humanos internacionais e das convenções e acordos bordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça Eleito-
coletivos; “B” está incorreta porque a redução proporcional ral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. § 1º
pode ser aceita se intermediada por negociação coletiva, evi- É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir
tando cenário de demissão em massa; “D” está incorreta por- sua estrutura interna, organização e funcionamento e para
que a licença-gestante encontra arcabouço constitucional, tal adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações
como a licença-paternidade, restando “E” também incorreta eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candi-
(artigo 7º, XVIII e XIX, CF. Sendo assim, “C” está correta, con- daturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal,
forme disposto no artigo 7º: “gozo de férias anuais remu- devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e
neradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário fidelidade partidária. § 2º Os partidos políticos, após adqui-
normal” (artigo 7º, XVII, CF). rirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão
seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. § 3º Os parti-
25. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 5º, LI, CF, “ne- dos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e
nhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei. § 4º É
caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou vedada a utilização pelos partidos políticos de organização
de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpe- paramilitar”.
centes e drogas afins, na forma da lei”. Embora a condena-
ção tenha ocorrido após a naturalização, o crime comum foi 30. Resposta: “Errado”. A soberania é elemento intrín-
praticado antes dela, permitindo a extradição de Pietro. seco ao Estado nacional, ou seja, à União. O Brasil, enquan-
to Estado Nacional, é soberano. Suas unidades federativas,
26. Resposta: “A”. Conforme disciplina o artigo 12, § por seu turno, não possuem o atributo da soberania, tanto
3º, CF, “São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de que não podem dele se desvincularem (atitudes neste sen-
Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente tido podem gerar intervenção federal por atentarem contra
da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Fe- o regime federativo). Logo, os Estados-membros possuem
deral; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da autonomia relativa, limitada ao previsto pela Constituição, e
carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas; VII não possuem soberania.
- de Ministro de Estado da Defesa”. O motivo da vedação é
que em determinadas circunstâncias o Ministro do Supremo 31. Resposta: “Errado”. Os Territórios, atualmente não
Tribunal Federal pode assumir substitutivamente a Presidên- existentes no país, se vierem a existir, possuem vinculação
cia da República. com a União e não a autonomia enquanto entes federativos.
Somente são entes federativos a União, os Estados, O distri-
27. Resposta: “D”. Os direitos políticos nunca podem to Federal e os Municípios.
ser cassados ou perdidos, mas no máximo suspensos. A con-
denação criminal transitada em julgado justifica a suspensão 32. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição
dos direitos políticos, o que é disposto no artigo 15, III, CF: Federal colaciona os cinco princípios descritos na alterna-
“é vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou sus- tiva “A” como de necessária observância na Administração
pensão só se dará nos casos de: [...] III - condenação criminal Pública em todas suas esferas e em todos os seus Poderes.
transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos”. Já a alternativa “B” repete previsão expressa do artigo 37, VI,
CF; assim como a alternativa “C” traz a previsão do artigo
28. Resposta: “B”. Prevê o artigo 14, § 3º, CF: São con- 37, XVIII, CF; e a alternativa “E” repete o previsto no artigo
dições de elegibilidade, na forma da lei: [...] VI - a idade míni- 37, V, CF.
ma de: c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Somente resta a alternativa “D”, que contraria o teor do
artigo 37, XVII, CF: “A proibição de acumular estende-se a
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz”, de
empregos e funções e abrange autarquias, fundações, em-
modo que João preenche o requisito etário para a candida-
presas públicas, sociedades de economia mista, suas subsi-
tura. “A” está errada porque a renúncia é exigida para cargo
diárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente,
diverso (artigo 14, §6º, CF); “C” está errada porque o analfa-
pelo poder público”. Com efeito, as sociedades de economia
beto não pode se eleger (artigo 14, §4º, CF); “D” está errada
mista não estão excluídas da proibição de acumulação re-
porque o afastamento neste caso é exigido (artigo 14, §8º,
munerada de cargos, razão pela qual a alternativa é incor-
I, CF).
reta.
29. Resposta: “C”. O artigo 17 da Constituição Federal 33. Resposta: “D”. A alternativa “A” colaciona a exigên-
regulamenta os partidos políticos e coloca o caráter nacional cia do artigo 37, II, CF; a alternativa “B” traz os clássicos prin-
como preceito que deva necessariamente se observado: “É cípios da Administração Pública previstos no caput do artigo
livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos 37; em “C” percebe-se o prazo de validade de um concurso
políticos, resguardados a soberania nacional, o regime de- público e sua possibilidade de prorrogação nos moldes exa-
mocrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da

116
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

tos do artigo 37, III, CF; e “E” repete o teor do artigo 37, §5º, 37. Resposta: “A”. A alternativa “A” traz competência
CF. Por sua vez, a vedação de acumulações ao servidor públi- descrita no artigo 23, V, CF: “Art. 23. É competência comum
co está prevista no artigo 37, XVI, CF: “é vedada a acumula- da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
ção remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver pios: [...] V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à
compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o educação e à ciência”. Todas as demais estão incorretas: “B”
disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de professor; b) a competência concorrente entre todos os entes federados
de um cargo de professor com outro técnico ou científico; c) (artigo 24, III, CF); “C” competência concorrente entre todos
a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de os entes federados (artigo 24, IV, CF); “D” competência con-
saúde, com profissões regulamentadas”. corrente entre União, estados e DF (artigo 24, VII, CF); “E”
competência concorrente entre União, estados e DF (artigo
34. Resposta: “E”. A competência descrita em “E” é co- 24, IX, CF).
mum entre União, Estados e Distrito Federal: “Art. 24. Compe-
te à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concor- 38. Resposta: “D”. A greve é um direito do servidor
rentemente sobre: [...] VI - florestas, caça, pesca, fauna, con- público, previsto no inciso VII do artigo 37 da Constituição
servação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, Federal de 1988, portanto, trata-se de um direito consti-
proteção do meio ambiente e controle da poluição”. O artigo tucional. Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de
22, CF descreve nos incisos XXV, VIII, XVI e I competências Justiça ao julgar o recurso no Mandado de Segurança nº
privativas da União que constam, nesta ordem, as alternativas
2.677, que, em suas razões, aduziu que “o servidor público,
“A”, “B”, “C” e “D”.
independente da lei complementar, tem o direito público,
subjetivo, constitucionalizado de declarar greve”. Esse di-
35. Resposta: “A”. O item I traz o teor do artigo 37, XII,
CF: “os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do reito abrange o servidor público em estágio probatório,
Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo não podendo ser penalizado pelo exercício de um direito
Poder Executivo”. O item II corresponde ao artigo 37, XI, CF: constitucionalmente garantido.
“XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,
funções e empregos públicos da administração direta, autár- 39. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 30, I, CF,
quica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes “Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de in-
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, teresse local”. A questão é que o Município tem autonomia
dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes para legislar sobre temas de seu particularizado interesse
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remu- e não de forma privativa. A mera alegação de que se faz
neratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as necessária a existência de lei delimitando o interesse local
vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não po- do Município apresenta-se apenas como outra possibilida-
derão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros de de atuação. Nada impede a elaboração de legislação
do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos definindo o que seria de interesse do Município, mas em
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito sua ausência, a Carta Constitucional conferiu-lhe autono-
Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Po- mia para decidir o que seria de seu interesse.
der Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais
no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembar- 40. Resposta: “C”. A competência privativa legislativa
gadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e da União está descrita no artigo 22 da Constituição e a pre-
vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em visão da alternativa “C” é a do seu inciso XI. Sobre produção
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âm- e consumo, a competência é legislativa concorrente entre
bito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros União, estados e Distrito Federal (artigo 24, V, CF), assim
do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Pú- como a de legislar sobre assistência jurídica e Defensoria
blicos”. O item III refere-se ao inciso XIII do artigo 37, CF: “é Pública (artigo 24, XIII, CF), a de legislar sobre direito tri-
vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies butário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico
remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
(artigo 24, I, CF) e a de legislar sobre educação, cultura,
serviço público”. Logo, as três afirmativas estão corretas.
ensino e desporto (artigo 24, IX, CF).
36. Resposta: “C”. A alternativa “C” traz o teor do arti-
go 231, §2º, CF: “As terras tradicionalmente ocupadas pelos 41. Resposta: “B”. Nos moldes do artigo 37, §4º, CF,
índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o “os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
nelas existentes”, restando correta. “A” está errada porque o indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
artigo 211, §3º, CF prevê que “os Estados e o Distrito Federal na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio”, penal cabível”. Dentre as alternativas, somente “B” descreve
não exclusivamente nestes. “B” está errada porque pessoas previsão do dispositivo retro.
jurídicas se sujeitam também a sanções penais e administra-
tivas (artigo 225, §3º, CF). “D” está incorreta porque nestes
casos estrangeiros podem ser admitidos (artigo 207, §1º, CF).

117
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

42. Resposta: “D”. Disciplina o artigo 18, §4º, CF: “§ 4º Resta a alternativa “D”, que vai de encontro com o artigo
A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de 105, I, “g”, CF, competindo originariamente ao Superior Tribu-
Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período de- nal de Justiça processar e julgar “os conflitos de atribuições
terminado por Lei Complementar Federal, e dependerão de entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou
consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Mu- entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas
nicípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabili- de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União”.
dade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei”.
46. Resposta: “C”. O Estatuto da Magistratura tem suas
43. Resposta: “B”. O federalismo dualista é caracterizado regulamentações gerais descritas no artigo 93 da CF, sendo
por uma rígida separação de competências entre o ente cen- que todas as alternativas, exceto a “C” estão em compatibili-
tral (união) e os entes regionais (estados-membros). Sendo dade com este dispositivo. Neste sentido, o artigo 93, II, “d”,
assim, não há uma relação mais intensa de submissão e sim CF prevê que “na apuração de antiguidade, o tribunal somente
de autonomia. poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de
dois terços de seus membros, conforme procedimento pró-
44. Resposta: “E”. “A” está incorreta porque a decisão, prio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até
mesmo sobre infrações disciplinares, é tomada em sessão fixar-se a indicação”. Sendo assim, não consideram-se apenas
pública; “B” está incorreta porque o único legitimado para os membros presentes, mas todos os membros do Tribunal.
decidir é o juiz e não seu servidor, ainda que por delegação;
“C” está incorreta porque a lista é sêxtupla; “D” está incorreta 47. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 93, X, CF, “as
porque o prazo em que se proíbe o exercício é de três anos. decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em
Somente resta a alternativa “D”, aplicando-se o artigo 95, CF: sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da
Os juízes gozam das seguintes garantias: [...] II - inamovibilida- maioria absoluta de seus membros”, logo, o quórum é de
de, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, maioria absoluta e não de 2/3, e as decisões são motivadas e
VIII”. Logo, o motivo de interesse público pode gerar a quebra tomadas em sessão pública, afastando-se a alternativa “C” e
da garantia da inamovibilidade. confirmando-se a alternativa “B”. A alternativa “A” está de acor-
do com o artigo 62, §1º, IV, CF; a “D” com o artigo 93, XIII, CF; e
a “E” segue o disposto no artigo 95, II e III, CF.
45. Resposta: “D”. As competências de processamento e
julgamento estão previstas nos artigos 102, CF – em relação
48. Resposta: “A”. O item I está praticamente inteiro corre-
ao Supremo Tribunal Federal – e 105, CF – quanto ao Superior
to, somente se percebendo o erro ao final, quando afirma que
Tribunal de Justiça. As regras de competências previstas nas
não há exceções para o exercício de outra função pública por-
alternativas “A”, “B”, “C” e “E” estão incorretas, pelos seguintes
que a própria Constituição prevê uma exceção no artigo 128,
motivos: §5º, II, “d” – uma atividade de magistério. II está incorreta porque
Quanto à alternativa “A”, o art. 102, I, “e”, CF prevê que o a Advocacia Geral da União não representa o Executivo fede-
Supremo Tribunal Federal processa e julga originariamente “o ral na execução de dívida ativa de natureza tributária: “Artigo
litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e 131, §3º, CF. Na execução da dívida ativa de natureza tributária,
a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território”, excluindo a representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda
os Municípios. Nacional, observado o disposto em lei”. III está incorreta porque
Em relação à alternativa “B”, o artigo 102, II, “a”, CF, prevê a participação da Ordem dos Advogados do Brasil no concurso
que compete ao Supremo Tribunal Federal “julgar, em recurso de provas e títulos é obrigatória em todas as fases (artigo 132,
ordinário: a) o ‘habeas corpus’, o mandado de segurança, o CF). Neste sentido, as três afirmativas estão incorretas.
‘habeas data’ e o mandado de injunção decididos em única
instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a deci- 49. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 105, I, “b”, CF:
são”, logo, o recurso é ordinário, não extraordinário. “Compete ao Superior Tribunal de Justiça: [...] II - julgar, em recurso
No que tange à alternativa “C”, o artigo 105, I, “d”, CF pre- ordinário: [...] b) os mandados de segurança decididos em única ins-
vê que o Superior Tribunal de Justiça processará e julgará ori- tância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Esta-
ginariamente “os conflitos de competência entre quaisquer dos, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão”.
tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, ‘o’, bem como
entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vin- 50. Resposta: “B”. A regra do quinto constitucional está
culados a tribunais diversos”, de modo que o julgamento é prevista na Constituição Federal com o seguinte teor: “Art. 94,
originário, não em sede de recurso especial. CF. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais,
Sobre a alternativa “E”, “os conflitos de competência en- dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios
tre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre será composto de membros, do Ministério Público, com mais
Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal” de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber ju-
são julgados pelo Supremo Tribunal Federal, conforme artigo rídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva
102, I, “o”, CF, mas não em sede de recurso ordinário, e sim atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos ór-
originariamente. gãos de representação das respectivas classes. Parágrafo úni-
co. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice,
enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subse-
quentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação”.

118
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

51. Resposta: “C”. Os crimes políticos são julgados em 54. Resposta: “C”. Preconiza o artigo 103-B, § 4º, II:
recurso ordinário pelo Supremo Tribunal Federal sempre, con- “Compete ao Conselho o controle da atuação administra-
forme artigo 102, II, “b”, CF: “Compete ao Supremo Tribunal tiva e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos
Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo- deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras
lhe: [...] II - julgar, em recurso ordinário: [...] b) o crime político”. atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Ma-
gistratura: [...] II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar,
52. Resposta: “B”. Nos termos do artigo 109, X, CF, “aos de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos
juízes federais compete processar e julgar: [...] X - os crimes de administrativos praticados por membros ou órgãos do
ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fi-
de carta rogatória, após o exequatur, e de sentença estrangei- xar prazo para que se adotem as providências necessárias ao
ra, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do
inclusive a respectiva opção, e à naturalização”. Nota para a Tribunal de Contas da União” (grifo nosso).
pergunta capciosa do examinador, afinal, a competência para
conceder o exequatur é do Superior Tribunal de Justiça (artigo 55. Resposta: “A”. O artigo 129, CF, estabelece as fun-
105, I, “i”, CF). ções institucionais do Ministério Público, nos seguintes ter-
mos: “Art. 129. São funções institucionais do Ministério Pú-
53. Resposta: “A”. As competências do Conselho Na- blico: I - promover, privativamente, a ação penal pública,
cional de Justiça estão descritas no artigo 103-B, § 4º, CF: “§ na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes
4º Compete ao Conselho o controle da atuação administra- Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos as-
tiva e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos segurados nesta Constituição, promovendo as medidas ne-
deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras cessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil e a
atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Ma- ação civil pública, para a proteção do patrimônio público
gistratura: I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos
cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir e coletivos; IV - promover a ação de inconstitucionalidade
atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou re- ou representação para fins de intervenção da União e dos
comendar providências; II - zelar pela observância do art. 37 Estados, nos casos previstos nesta Constituição; V - defen-
e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade der judicialmente os direitos e interesses das populações
dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos indígenas; VI - expedir notificações nos procedimentos
do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou administrativos de sua competência, requisitando infor-
fixar prazo para que se adotem as providências necessárias mações e documentos para instruí-los, na forma da lei
ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência complementar respectiva; VII - exercer o controle exter-
do Tribunal de Contas da União; III - receber e conhecer das no da atividade policial, na forma da lei complementar
reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judi- mencionada no artigo anterior; VIII - requisitar diligências
ciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e investigatórias e a instauração de inquérito policial, indica-
órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que dos os fundamentos jurídicos de suas manifestações pro-
atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem cessuais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferi-
prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribu- das, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe
nais, podendo avocar processos disciplinares em curso e de- vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de
terminar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria entidades públicas”. Com efeito, embora o Ministério Públi-
com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de co possa promover a defesa dos direitos e dos interessas
serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegura- das populações indígenas, não o faz por promotor ad hoc,
da ampla defesa; IV - representar ao Ministério Público, no figura não mais aceita, nos termos do artigo 129, §2º, CF,
caso de crime contra a administração pública ou de abuso que prevê: “As funções do Ministério Público só podem ser
de autoridade; V - rever, de ofício ou mediante provocação, exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na
os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe
julgados há menos de um ano; VI - elaborar semestralmente da instituição”.
relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas,
por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder 56. Resposta: “Certo”. A autonomia funcional e admi-
Judiciário; VII - elaborar relatório anual, propondo as provi- nistrativa do Ministério Público é garantida no artigo 127,
dências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder §2º, CF e a autonomia funcional e administrativa da Defen-
Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve soria Pública estadual é garantida no artigo 134, §2º, CF.
integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Fe-
deral a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da 57. Resposta: “B”. “B” está correta porque autonomia
abertura da sessão legislativa”. Conforme grifos no inciso III funcional e administrativa pertencem às Defensorias Públi-
do referido dispositivo, um juiz federal, como funcionário do cas como um todo, conforme artigo 134, CF: “§ 2º Às De-
Poder Judiciário, pode ter sua aposentadoria determinada fensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia
pelo Conselho Nacional de Justiça com subsídios ou proven- funcional e administrativa e a iniciativa de sua propos-
tos proporcionais ao tempo de serviço, tendo preservado ta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de
seu direito à ampla defesa. diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art.

119
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

99, § 2º. § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias 61. Resposta: “A”. As atribuições do Tribunal de Con-
Públicas da União e do Distrito Federal” (grifo nosso). Por tas da União estão descritas no artigo 71 da Constituição
seu turno, “A” está incorreta porque nas carreiras iniciais de Federal, sendo a competência descrita na letra “A” prevista
fato o ingresso se dá por concurso de provas e títulos, mas logo no inciso II: “Art. 71. O controle externo, a cargo do
o Advogado-Geral da União é de livre nomeação do Presi- Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tri-
dente da República (artigo 131, §1º, CF); “C” está incorreta bunal de Contas da União, ao qual compete: I - apreciar
porque tal incumbência é da Procuradoria-Geral da Fazenda as contas prestadas anualmente pelo Presidente da Repú-
Nacional (artigo 131, §1º, CF); “D” está incorreta porque a blica, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado
competência de promover ação civil pública não é privativa
em sessenta dias a contar de seu recebimento; II - julgar
do Ministério Público e nem mesmo a de promover a ação
as contas dos administradores e demais responsáveis
penal, já que o constituinte assegura a ação penal subsidiária
da pública; “E” está incorreta porque logicamente a imunida- por dinheiros, bens e valores públicos da administra-
de profissional do advogado sofre restrições. ção direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as con-
58. Resposta: “A”. Desde a metade do século XX, o tas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra
discurso do Positivismo não mais se adéqua às exigências irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; III
jurídicas; no entanto, o pós-positivismo não promoveu um - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de
simples retorno ao jusnaturalismo, mas uma inclusão no admissão de pessoal, a qualquer título, na administração
ordenamento jurídico das ideias de justiça e legitimidade, direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e manti-
bem como dos princípios como o da dignidade humana, das pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para car-
da razoabilidade, da solidariedade e da reserva de justiça. go de provimento em comissão, bem como a das conces-
No Brasil, desde o ano de 2001, 13 anos depois da Consti- sões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as
tuição Federal de 1988, parece estar se formando um novo melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal
direito constitucional. Neste novo Direito constitucional se do ato concessório; IV - realizar, por iniciativa própria, da
percebe uma onda de ativismo na qual o intérprete assume Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
o papel de efetivador da norma, não mais se contentando técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza
com a interpretação literal. Quando se vai além no proces- contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimo-
so de interpretação, num fenômeno de construção jurídica,
nial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo,
se está legitimado pela própria ordem constitucional, salvo
Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inci-
se houver evidente abuso da prerrogativa.
so II; V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supra-
59. Resposta: “E”. O método científico-espiritual vai nacionais de cujo capital social a União participe, de forma
além da literalidade da norma, envolvendo a compreen- direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; VI
são da Constituição como uma ordem de valores e como - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados
elemento do processo de integração. O artigo 37, I, CF pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros
não traz norma de aplicabilidade plena. Conforme doutri- instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou
na constitucionalista o art. 230, §2º, CF trata-se de norma a Município; VII - prestar as informações solicitadas pelo
de eficácia plena, produzindo ampla e irrestritamente seus Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
efeitos. A regulamentação sobre a competência de institui- qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização
ção de regiões metropolitanas é norma de eficácia plena, contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimo-
não contida. nial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;
Com efeito, somente resta a alternativa “E”, consideran- VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de
do que o método jurídico ou hermenêutico-clássico parte despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas
da premissa de que a Constituição é uma lei, devendo ser em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa
interpretada como tal, dispondo o intérprete dos seguintes proporcional ao dano causado ao erário; IX - assinar prazo
elementos tradicionais ou clássicos da hermenêutica jurídi- para que o órgão ou entidade adote as providências neces-
ca, que remontam à Escola Histórica do Direito de Savigny,
sárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalida-
de 1840: gramatical (ou literal); histórico; sistemático (ou
de; X - sustar, se não atendido, a execução do ato impug-
lógico); teleológico (ou racional); e genético.
nado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e
60. Resposta: “D”. As normas que definem direitos e ao Senado Federal; XI - representar ao Poder competente
garantias fundamentais são de eficácia imediata, motivo sobre irregularidades ou abusos apurados”.
pelo qual “A” está incorreta. As de eficácia contida também,
mas podem ter a eficácia restringida por lei, estando “B” 62. Resposta: “B”. Na apreciação e elaboração de leis
incorreta. As normas de eficácia limitada possuem relevân- e emendas constitucionais, no geral, ambas Casas do Con-
cia jurídica interpretativa e integrativa, motivo pelo qual gresso Nacional possuem a mesma força, seja quando deli-
“C” está errada. E as normas programáticas trazem metas beram de forma conjunta, seja quando deliberam de forma
a serem atingidas e efetivadas pelo Estado, então “E” está autônoma. Na deliberação conjunta, como no caso do veto
incorreta. “D”, por seu turno, traz adequada conceituação (art. 66, §4º, CF) e da revisão constitucional (art. 3º, ADCT),
das normas de eficácia plena e aplicabilidade direta. a força dos membros é equivalente. Da mesma forma, em

120
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

matéria de emenda constitucional e equivalentes, a deli-


beração tem a mesma força (art. 60, CF). Nos casos de leis ANOTAÇÕES
ordinárias, conversão de medidas provisórias em leis e de
leis complementares, quase sempre a deliberação principal
se fará na Câmara dos Deputados, o que a coloca numa ___________________________________________________
posição de destaque no sistema jurídico-constitucional.
___________________________________________________
63. Resposta: “C”. A incumbência descrita na assertiva
___________________________________________________
“C” é privativa do Senado Federal: “Art. 52. Compete priva-
tivamente ao Senado Federal: [...] X - suspender a execução, ___________________________________________________
no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por
decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal”. ___________________________________________________

64. Resposta: “A”. Prevê o artigo 83, CF: “O Presidente ___________________________________________________


e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença ___________________________________________________
do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período
superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo”. ___________________________________________________

65. Resposta: “B”. Disciplina, neste sentido, o artigo ___________________________________________________


81, §1º, CF: “Vagando os cargos de Presidente e Vice-Pre-
sidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois ___________________________________________________
de aberta a última vaga. § 1º Ocorrendo a vacância nos úl- ___________________________________________________
timos dois anos do período presidencial, a eleição para am-
bos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, ___________________________________________________
pelo Congresso Nacional, na forma da lei”.
___________________________________________________
66. Resposta: “D”. Quem assume no lugar do Vice
___________________________________________________
-Presidente, segundo a ordem prevista no artigo 80, CF,
é sucessivamente, “o Presidente da Câmara dos Depu- ___________________________________________________
tados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Fe-
deral”. Como vagaram os dois cargos, Presidência e Vice ___________________________________________________
-Presidência, “[...] far-se-á eleição noventa dias depois de
aberta a última vaga (artigo 81, caput, CF), mas “ocorrendo ___________________________________________________
a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a ___________________________________________________
eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois
da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei” ___________________________________________________
(artigo 81, §1º, CF).
___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

121
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

122
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

123
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

124
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

125
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

126

Você também pode gostar