Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Aluno - Oficial PM
Volume I
Edital de Concurso Público Nº DP-2/321/17
ST063-A-2017
DADOS DA OBRA
Volume I
• História
• Filosofia
• Sociologia
• Geografia
• Língua Portuguesa
• Língua Inglesa
Volume II
• Língua Espanhola
• Matemática
• Noções de Administração Pública
• Noções Básicas de Informática
Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza
Produção Editorial/Revisão
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Suelen Domenica Pereira
Camila Lopes
Capa
Bruno Fernandes
Editoração Eletrônica
Marlene Moreno
Gerente de Projetos
Bruno Fernandes
APRESENTAÇÃO
CURSO ONLINE
PASSO 1
Acesse:
www.novaconcursos.com.br/passaporte
PASSO 2
Digite o código do produto no campo indicado no
site.
O código encontra-se no verso da capa da apostila.
*Utilize sempre os 8 primeiros dígitos.
Ex: FV054-17
PASSO 3
Pronto!
Você já pode acessar os conteúdos online.
SUMÁRIO
História
1. MUNDO MODERNO........................................................................................................................................................................................... 01
1.1 A Renascença: a Reforma e a Contrarreforma.................................................................................................................................. 01
1.2. A expansão marítimo-comercial e o processo de colonização da América, África e Ásia............................................. 01
1.3. Formação e evolução das monarquias nacionais; as revoluções burguesas do século XVII; Iluminismo e Despotismo.
1.4. A política econômica mercantilista; a crise do sistema colonial e a independência no continente americano.... 01
2. MUNDO CONTEMPORÂNEO.......................................................................................................................................................................... 10
2.1. A Revolução Francesa; o período napoleônico; os movimentos de............................................................................................. 10
independência das Colônias Latino-Americanas; o ideal europeu de unificação nacional................................................... 10
2.2. A Revolução Industrial; a expansão e o universo capitalista; o apogeu da......................................................................... 10
europeia................................................................................................................................................................................................................. 10
2.3. A corrida imperialista; a Primeira Guerra Mundial; a Revolução Russa de 1917 e a formação da URSS................. 10
2.4. O período Entre Guerras; as democracias liberais e os regimes totalitários....................................................................... 10
2.5. A Segunda Guerra Mundial; a descolonização afro-asiática; a Guerra Fria; a..................................................................... 10
estrutura de espoliação da América Latina............................................................................................................................................... 10
2.6. A fase do Pós-Guerra; os oprimidos do Terceiro Mundo; as grandes linhas do desenvolvimento científico e
tecnológico do século XX................................................................................................................................................................................ 10
2.7. O petróleo, o Oriente Médio e as lutas religiosas......................................................................................................................... 10
3. BRASIL COLÔNIA................................................................................................................................................................................................. 39
3.1. A expansão marítima portuguesa e o descobrimento do Brasil; o reconhecimento geográfico e a exploração do
pau-brasil; a ameaça externa e os primórdios da colonização.............................................................................................................. 39
3.2. A organização político-administrativa; a expansão territorial; os tratados de limites..................................................... 39
3.3. A agricultura de exportação como solução; a presença holandesa; a................................................................................... 39
interiorização da colonização; a mineração e a economia colonial................................................................................................ 39
3.4. A sociedade colonial; os indígenas e a reação à conquista; as lutas dos negros; os movimentos nativistas........ 39
3.5. A arte e a literatura da fase colonial; a ação missionária e a educação................................................................................ 39
4. BRASIL IMPÉRIO................................................................................................................................................................................................... 52
4.1. A crise do antigo sistema colonial e o processo de emancipação política do................................................................... 52
Brasil; o reconhecimento internacional...................................................................................................................................................... 52
4.2. O processo político no Primeiro Reinado; as rebeliões provinciais; a abdicação de D. Pedro I.................................. 52
4.3. O centralismo político e os conflitos sociais do Período Regencial; a evolução político-administrativa do Segundo
Reinado; a política externa e os conflitos latino-americanos do século XIX............................................................................... 52
4.4. A sociedade brasileira da fase imperial, o surto do café, as transformações econômicas, a imigração, a abolição
da escravidão, as questões religiosa e militar.......................................................................................................................................... 52
4.5. As manifestações culturais; as ciências, as artes e a literatura no período imperial........................................................ 52
5. BRASIL REPÚBLICA.............................................................................................................................................................................................. 70
5.1. A crise do sistema monárquico imperial e a solução republicana; a Constituição de 1891......................................... 70
5.2. A Primeira República (1889-1930) e sua evolução político-administrativa; as................................................................... 70
dissidências oligárquicas e a Revolução de 1930; a vida econômica e os movimentos sociais no campo e nas cidades.
5.3. A Segunda República e sua trajetória político-institucional; do Estado Novo ao golpe militar de 1964; a curta
experiência parlamentarista; as Constituições de 1946, 1967 e 1988............................................................................................ 70
5.4. As transformações socioeconômicas ao longo dos cem anos de vida................................................................................. 70
republicana; o café e o processo de industrialização; as crises e as lutas operárias; o processo de internacionalização
da economia brasileira e o endividamento externo.............................................................................................................................. 70
5.5. Aspectos do desenvolvimento cultural e científico do Brasil no século XX......................................................................... 70
5.6. A globalização e as questões ambientais.......................................................................................................................................... 70
6. ANTIGUIDADE....................................................................................................................................................................................................... 91
6.1. Os povos do Oriente Próximo e suas organizações políticas................................................................................................... 91
6.2. As cidades-estados da Grécia................................................................................................................................................................ 91
6.3. Formação, desenvolvimento e declínio do Império Romano do Ocidente......................................................................... 91
6.4. A vida socioeconômica e religiosa dos mesopotâmicos, egípcios, fenícios e hebreus................................................... 91
6.5. O legado cultural dos gregos e dos romanos................................................................................................................................. 91
SUMÁRIO
7. MUNDO MEDIEVAL............................................................................................................................................................................................. 97
7.1. Formação e desenvolvimento do sistema feudal........................................................................................................................... 97
7.2. A organização política feudal; os reinos cristãos da Península Ibérica.................................................................................. 97
7.3. O crescimento comercial-urbano e a desagregação do feudalismo...................................................................................... 97
7.4. A Civilização Muçulmana......................................................................................................................................................................... 97
7.5. O legado cultural do Mundo Medieval.............................................................................................................................................. 97
7.6. A Civilização Bizantina.............................................................................................................................................................................. 97
Filosofia
1. INTRODUÇÃO À FILOSOFIA:............................................................................................................................................................................ 01
1.1. História da Filosofia: instrumentos de pesquisa............................................................................................................................. 01
1.2. Introdução à Filosofia da Ciência......................................................................................................................................................... 01
1.3. Introdução à Filosofia da Cultura......................................................................................................................................................... 01
1.4. Introdução à Filosofia da Arte................................................................................................................................................................ 01
1.5. O intelecto: empirismo e criticismo..................................................................................................................................................... 01
1.6. Democracia e justiça.................................................................................................................................................................................. 01
1.7. Os direitos humanos.................................................................................................................................................................................. 01
2. FILOSOFIA E EDUCAÇÃO:.................................................................................................................................................................................. 13
2.1. O eu racional: introdução ao sujeito ético........................................................................................................................................ 13
2.2. Introdução à bioética................................................................................................................................................................................ 13
2.3. A técnica......................................................................................................................................................................................................... 13
3. IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA PARA A CIDADANIA:.............................................................................................................................. 16
3.1. O homem como um ser da natureza.................................................................................................................................................. 16
3.2. A concepção platônica da desigualdade........................................................................................................................................... 16
3.3. A desigualdade segundo Rousseau..................................................................................................................................................... 16
Sociologia
Geografia
1. A RELAÇÃO SOCIEDADE-NATUREZA........................................................................................................................................................... 01
1.1. Os mecanismos da natureza.................................................................................................................................................................. 01
1.2. Os recursos naturais e a sobrevivência do homem....................................................................................................................... 01
1.2.1. As desigualdades na distribuição e na apropriação dos recursos naturais no mundo............................................... 01
1.2.2. O uso dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente........................................................................................ 01
2. ESTRUTURAÇÃO ECONÔMICA, SOCIAL E POLÍTICA DO ESPAÇO MUNDIAL............................................................................... 15
2.1. Capitalismo, industrialização e transnacionalização do capital................................................................................................ 15
2.1.1. Economias industriais e não industriais: articulação e desigualdades............................................................................... 15
2.1.2. As transformações na relação cidade-campo.............................................................................................................................. 15
2.2. Industrialização e desenvolvimento tecnológico: dominação/subordinação político-econômica............................ 15
2.3. O papel do Estado e as organizações político-econômicas na produção do espaço..................................................... 15
2.4. Fundamentos econômicos, sociais e políticos da mobilidade espacial e do crescimento demográfico................. 15
2.5. A divisão internacional e territorial do trabalho............................................................................................................................. 15
2.6. O fim da Guerra Fria. A desagregação da URSS. A nova ordem econômica mundial..................................................... 15
3. O PROCESSO DE OCUPAÇÃO E PRODUÇÃO DO ESPAÇO BRASILEIRO.......................................................................................... 29
3.1. A formação territorial do Brasil e sua relação com a natureza................................................................................................. 29
3.2. O processo de industrialização brasileira e a internacionalização do capital..................................................................... 29
3.2.1. Urbanização, metropolização e qualidade de vida.................................................................................................................... 29
3.2.2. Estrutura e produção agrária e impactos ambientais............................................................................................................... 29
3.2.3. População: crescimento, estrutura e migrações, condições de vida e de trabalho....................................................... 29
3.3. O papel do Estado e as políticas territoriais..................................................................................................................................... 29
3.4. A regionalização do Brasil: desenvolvimento desigual e combinado.................................................................................... 29
SUMÁRIO
Língua Portuguesa
1. NORMA ORTOGRÁFICA..................................................................................................................................................................................... 01
2. MORFOSSINTAXE................................................................................................................................................................................................. 08
2.1. Classes de palavras..................................................................................................................................................................................... 08
2.2. Processos de derivação............................................................................................................................................................................ 08
2.3. Processos de flexão verbal e nominal................................................................................................................................................. 08
2.4. Concordância nominal e verbal............................................................................................................................................................. 08
2.5. Regência nominal e verbal...................................................................................................................................................................... 08
2.6. Coordenação e subordinação................................................................................................................................................................ 08
3. COLOCAÇÃO DAS PALAVRAS......................................................................................................................................................................... 08
4. CRASE....................................................................................................................................................................................................................... 71
5. PONTUAÇÃO......................................................................................................................................................................................................... 76
6. LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO....................................................................................................................................................... 79
7. ORGANIZAÇÃO TEXTUAL................................................................................................................................................................................. 84
7.1. Mecanismos de Coesão e Coerência.................................................................................................................................................. 84
8. FIGURAS DE LINGUAGEM................................................................................................................................................................................. 87
9. SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS...................................................................................................................................................................... 91
10. LITERATURA BRASILEIRA: desde as origens até a atualidade.......................................................................................................... 96
11. LITERATURA PORTUGUESA: desde as origens até o Primeiro Modernismo (século XX)....................................................108
Língua Inglesa
1. MUNDO MODERNO........................................................................................................................................................................................... 01
1.1 A Renascença: a Reforma e a Contrarreforma.................................................................................................................................. 01
1.2. A expansão marítimo-comercial e o processo de colonização da América, África e Ásia............................................. 01
1.3. Formação e evolução das monarquias nacionais; as revoluções burguesas do século XVII; Iluminismo e Despotismo.
1.4. A política econômica mercantilista; a crise do sistema colonial e a independência no continente americano.... 01
2. MUNDO CONTEMPORÂNEO.......................................................................................................................................................................... 10
2.1. A Revolução Francesa; o período napoleônico; os movimentos de............................................................................................. 10
independência das Colônias Latino-Americanas; o ideal europeu de unificação nacional................................................... 10
2.2. A Revolução Industrial; a expansão e o universo capitalista; o apogeu da......................................................................... 10
europeia................................................................................................................................................................................................................. 10
2.3. A corrida imperialista; a Primeira Guerra Mundial; a Revolução Russa de 1917 e a formação da URSS................. 10
2.4. O período Entre Guerras; as democracias liberais e os regimes totalitários....................................................................... 10
2.5. A Segunda Guerra Mundial; a descolonização afro-asiática; a Guerra Fria; a..................................................................... 10
estrutura de espoliação da América Latina............................................................................................................................................... 10
2.6. A fase do Pós-Guerra; os oprimidos do Terceiro Mundo; as grandes linhas do desenvolvimento científico e
tecnológico do século XX................................................................................................................................................................................ 10
2.7. O petróleo, o Oriente Médio e as lutas religiosas......................................................................................................................... 10
3. BRASIL COLÔNIA................................................................................................................................................................................................. 39
3.1. A expansão marítima portuguesa e o descobrimento do Brasil; o reconhecimento geográfico e a exploração do
pau-brasil; a ameaça externa e os primórdios da colonização.............................................................................................................. 39
3.2. A organização político-administrativa; a expansão territorial; os tratados de limites..................................................... 39
3.3. A agricultura de exportação como solução; a presença holandesa; a................................................................................... 39
interiorização da colonização; a mineração e a economia colonial................................................................................................ 39
3.4. A sociedade colonial; os indígenas e a reação à conquista; as lutas dos negros; os movimentos nativistas........ 39
3.5. A arte e a literatura da fase colonial; a ação missionária e a educação................................................................................ 39
4. BRASIL IMPÉRIO................................................................................................................................................................................................... 52
4.1. A crise do antigo sistema colonial e o processo de emancipação política do................................................................... 52
Brasil; o reconhecimento internacional...................................................................................................................................................... 52
4.2. O processo político no Primeiro Reinado; as rebeliões provinciais; a abdicação de D. Pedro I.................................. 52
4.3. O centralismo político e os conflitos sociais do Período Regencial; a evolução político-administrativa do Segundo
Reinado; a política externa e os conflitos latino-americanos do século XIX............................................................................... 52
4.4. A sociedade brasileira da fase imperial, o surto do café, as transformações econômicas, a imigração, a abolição
da escravidão, as questões religiosa e militar.......................................................................................................................................... 52
4.5. As manifestações culturais; as ciências, as artes e a literatura no período imperial........................................................ 52
5. BRASIL REPÚBLICA.............................................................................................................................................................................................. 70
5.1. A crise do sistema monárquico imperial e a solução republicana; a Constituição de 1891......................................... 70
5.2. A Primeira República (1889-1930) e sua evolução político-administrativa; as................................................................... 70
dissidências oligárquicas e a Revolução de 1930; a vida econômica e os movimentos sociais no campo e nas cidades.
5.3. A Segunda República e sua trajetória político-institucional; do Estado Novo ao golpe militar de 1964; a curta
experiência parlamentarista; as Constituições de 1946, 1967 e 1988............................................................................................ 70
5.4. As transformações socioeconômicas ao longo dos cem anos de vida................................................................................. 70
republicana; o café e o processo de industrialização; as crises e as lutas operárias; o processo de internacionalização
da economia brasileira e o endividamento externo.............................................................................................................................. 70
5.5. Aspectos do desenvolvimento cultural e científico do Brasil no século XX......................................................................... 70
5.6. A globalização e as questões ambientais.......................................................................................................................................... 70
6. ANTIGUIDADE....................................................................................................................................................................................................... 91
6.1. Os povos do Oriente Próximo e suas organizações políticas................................................................................................... 91
6.2. As cidades-estados da Grécia................................................................................................................................................................ 91
6.3. Formação, desenvolvimento e declínio do Império Romano do Ocidente......................................................................... 91
6.4. A vida socioeconômica e religiosa dos mesopotâmicos, egípcios, fenícios e hebreus................................................... 91
6.5. O legado cultural dos gregos e dos romanos................................................................................................................................. 91
7. MUNDO MEDIEVAL............................................................................................................................................................................................. 97
7.1. Formação e desenvolvimento do sistema feudal........................................................................................................................... 97
7.2. A organização política feudal; os reinos cristãos da Península Ibérica.................................................................................. 97
7.3. O crescimento comercial-urbano e a desagregação do feudalismo...................................................................................... 97
7.4. A Civilização Muçulmana......................................................................................................................................................................... 97
7.5. O legado cultural do Mundo Medieval.............................................................................................................................................. 97
7.6. A Civilização Bizantina.............................................................................................................................................................................. 97
HISTÓRIA
1
HISTÓRIA
2
HISTÓRIA
particular”. Calvino morreu em Genebra, em 1564. Porém, terrestre tornou-se inviável. Neste momento se inaugurou a
mesmo após sua morte, as igrejas reformadas mantiveram- rota marítima, ligando a Itália ao mar do Norte, via Mediter-
se em contínua expansão. râneo e oceano Atlântico.
O Anglicanismo na Inglaterra Esta rota transformou Portugal num importante entre-
Na Inglaterra, o principal fato que desencadeou a Refor- posto de abastecimento dos navios italianos que iam para
ma religiosa foi a negação do papa Clemente VII a consentir a o mar do Norte, estimulando o grupo mercantil luso a par-
anulação do casamento do rei Henrique VIII com Catarina de ticipar cada vez mais intensamente do desenvolvimento
Aragão, impedindo a consolidação da monarquia Tudor. Ma- comercial europeu. No início do século XV, Portugal partiu
nipulando o clero, Henrique VIII atingiu seu objetivo: tornou- para as grandes navegações, objetivando contornar a África
se chefe supremo da Igreja inglesa, anulou seu casamento e alcançaras Índias, para obter ali, diretamente, as lucrativas
e casou-se com Ana Bolena. A reação do papa foi imediata: especiarias orientais.
excomungou o soberano e, em consequência, o Parlamen- A expansão marítima lusa foi acompanhada, em seguida,
to rompeu com Roma, dando ao rei o direito de governar a pela espanhola e depois por vários outros. Estados europeus,
Igreja, de lutar contra as heresias e de excomungar. Conso-
integrando quase todo o mundo ao desenvolvimento co-
lidada a ruptura, Henrique VIII, através de seus conselheiros,
mercial capitalista da Europa.
organizou a Igreja na Inglaterra.
Motivos Para As Expansões
Entretanto, a reforma de Henrique VIII constituiu mais
uma alteração política do que doutrinária. As reais alterações Entre as principais razões que levaram a Europa à expan-
teológicas surgiram no reinado de seu filho, Eduardo VI, que são, destacam-se as seguintes:
introduziu algumas modificações fortemente influenciadas - visto que a rota do Mediterrâneo era monopólio das
pelo calvinismo. Foi no reinado de Elizabeth I, porém, que cidades italianas, havia a ambição de descobrir uma nova
consolidou-se a Igreja Anglicana. A supremacia do Estado rota comercial que possibilitasse às demais nações da Euro-
sobre a Igreja foi afirmada e Elizabeth I tornou-se chefe da pa estabelecer relações comerciais com o Oriente. Com isso,
Igreja Anglicana independente. A Reforma na Inglaterra re- elas também poderiam usufruir do lucrativo comércio de
presentou uma necessidade de fortalecimento do Estado, na especiarias (cravo, canela, pimenta, gengibre, noz-moscada,
medida em que o rei transformou a religião numa via de do- etc.). Uma nova rota poderia, ainda, baratear os preços de-
minação sobre seus súditos. masiadamente altos dos produtos, intensificando o comércio
A Contrarreforma europeu, já que as especiarias italianas passavam por vários
A reação oficial da Igreja contra a expansão do protes- intermediários no seu transporte do Oriente para o Ocidente;
tantismo ficou conhecida como Contrarreforma. Em 1542, - o acesso aos metais preciosos para cunhagem de moe-
o papa Paulo III introduziu a Inquisição Romana, confiando das, muito escassos na Europa e essenciais para a manuten-
aos dominicanos a função de impô-las aos Estados italianos. ção do desenvolvimento econômico obtido nos séculos an-
A nova instituição perseguiu todos aqueles que, através do teriores;
humanismo ou das teologias luterana e calvinista, contra- - o aumento do poder econômico dos mercadores (bur-
riavam a ortodoxia católica ou cometiam heresias. A Inqui- guesia) e consequente ambição por ampliar os negócios;
sição também foi aplicada em outros países, como Portugal - o aumento do poder real, fundamental para a organiza-
e Espanha. Em 1545, a Igreja Católica tomou outra medida: ção das expedições marítimas;
uma comissão de reforma convocou o Concílio de Trento, - o desenvolvimento tecnológico europeu alcança do
desenvolvido em três fases principais, entre 1545 e 1563, fi- com o progresso comercial dos séculos anteriores, como a
xou definitivamente o conteúdo da fé católica, praticamente bússola, o astrolábio, a pólvora e a melhoria das técnicas de
reafirmando suas antigas doutrinas. Confirmou-se também navegação e construção de navios, que possibilitaram o su-
o celibato clerical e sua hierarquia. Em 1559 criou-se ainda
cesso das empresas marítimas europeias.
o Índice de Livros Proibidos, composto de uma lista de livros
É importante destacar que a tomada de Constantinopla
cuja leitura era proibida aos cristãos, por comprometer a fé e
os costumes católicos. (principal entreposto comercial entre o Ocidente e o Orien-
Expansão Marítima te), pelos turco otomanos em 1453, bloqueou o acesso dos
A grande expansão marítima europeia dos séculos XV mercadores às valiosas especiarias orientais. Isto veio apenas
e XVI teve à frente Portugal e Espanha, conquistando novas acrescentar um novo elemento às dificuldades comerciais
terras e novas rotas de comércio, como o continente ameri- que já se apresentavam. Na verdade, a expansão marítima ti-
cano e o caminho para as Índias pelo sul da África. vera seu início muito antes, em 1415, quando os portugueses
Desde o Renascimento comercial da Baixa Idade Mé- tomaram a cidade de Ceuta, no norte da África.
dia até a expansão ultramarina, as cidades italianas eram os A Expansão Marítima Portuguesa
principais polos de desenvolvimento econômico europeu. Enquanto a Europa achava-se envolvida com os efeitos
Elas detinham o monopólio comercial do mar Mediterrâneo, da crise do século XIV Portugal organizava um governo cen-
abastecendo os mercados Europeus com os produtos obti- tralizado, forte e aliado da burguesia. A precoce centraliza-
dos no Oriente (especiarias), especialmente Constantinopla ção política lusitana, conjugada a outros fatores, valeu-lhe
e Alexandria. o pioneirismo no processo de expansão marítima comercial
Durante a Idade Média, as mercadorias italianas eram le- europeia.
vadas por terra para o norte da Europa, especialmente para O infante D. Henrique, filho do rei D. João, compreen-
o norte da França e Países Baixos. Contudo, no século XIV, dendo a importância de uma modernização tecnológica para
diante da Guerra dos Cem Anos e da peste negra, a rota o desenvolvimento comercial português, fundou a Escola de
3
HISTÓRIA
Sagres, na qual se realizaram importantes avanços na arte Infelizmente para Colombo, descobriu-se pouco depois
de navegar. Desfrutando de uma localização privilegiada, os que ele não havia chegado às Índias, e “apenas” tinha desco-
navegadores lusos lançaram-se ao oceano Atlântico, visando, berto um novo continente, que recebeu o nome de América,
primordialmente, romper com o monopólio comercial italia- em homenagem a Américo Vespúcio que foi o navegador
no sobre as especiarias orientais. que constatou isso. Colombo caiu em desgraça, morreu na
Em 1415, os portugueses estabeleceram seu domínio miséria e a primeira viagem em torno da terra foi realizada
sobre Ceuta, um importante entre posto comercial árabe no em 1519 por Fernão de Magalhães e Sebastião Del Cano. Ti-
norte da África. A partir de então, Portugal deu início à con- veram início no século XV. Os europeus começaram a desen-
quista progressiva de toda acosta atlântica africana. Passo a volver o comércio entre a Europa e o Oriente (na Ásia, prin-
passo, os portugueses foram contornando a África, estabele- cipalmente na região das índias). Os produtos de maior valor
cendo feitorias e fortificações milhares por toda a costa, dan- comercial na época eram: as chamadas especiarias (cravo,
do início ao périplo africano. canela, noz-moscada, gengibre). Sedas, porcelanas, tapetes,
Durante o reinado de D. João IP (1485-1495), os portu- perfumes, marfins, pedras preciosas etc.
gueses alcançaram o extremo sul africano, o cabo da Boa Es- Do Mediterrâneo Para O Atlântico
perança (1488), com a viagem de Bartolomeu Dias, definindo Desde a Antiguidade, a história do Ocidente esteve res-
a rota a ser seguida para se atingir as índias, o principal celei- trita à navegação no Mediterrâneo. No início da Idade Mo-
ro das tão desejadas especiarias. Finalmente, em1498, Vasco derna, o oceano Atlântico era totalmente desconhecido. A
da Gama desembarcou em Calicute, na índia, passando Por- navegação limitava-se à região costeira da Europa: de Portu-
tugal a deter o controle sobre o comércio das mercadorias gal aos países escandinavos- Dinamarca, Noruega e Suécia.
orientais. Dois anos depois, em 22 de abril de 1500, Pedro Devido aos altos riscos, a exploração do Atlântico não atraía
Álvares Cabral e sua esquadra chegavam ao Brasil. investimentos particulares. Em consequência, a expansão só
Dessa forma, no limiar do século XVl, a cidade de Lisboa poderia ser feita com a iniciativa do Estado, pois era o úni-
transformara-se num dos mais importantes centros econô- co agentes capaz de investir grandes recursos sem temer os
micos da Europa e o Atlântico Sul convertera-se numa região prejuízos, já que esses recursos provinham da arrecadação
de predomínio português. de impostos em escala nacional. Daí a importância da cen-
As Consequências Da Expansão Ultramarina tralização, sem a qual esse agente investidor da expansão
marítima não existiria.
A expansão marítima propiciou aos europeus o estabe-
Na realidade, a constituição do Estado nacional ou a cen-
lecimento de contatos com todas as regiões do planeta, as
tralização política foi um pré-requisito da expansão. Assim,
quais passaram a integrar-se ao modo de vida europeu. A
depois de Portugal, lançaram-se à expansão, sucessivamente,
atividade comercial, que até então se desenvolvia lentamen-
Espanha, Países Baixos, França e, finalmente, Inglaterra, à me-
te, recebeu um grande impulso com o a fluxo dos novos pro- dida que lograram a centralização.
dutos americanos, especialmente os metais preciosos. No caso de Portugal, deve-se mencionar ainda a impor-
Essa atividade passou a constituir-se no eixo da vida tância da Escola de Sagres, dirigida pelo infante D. Henrique,
econômica da Europa da idade Moderna, estabelecendo o o Navegador. O Estado financiava as pesquisas e as viagens
capitalismo comercial, em que a acumulação de capital se dá, de exploração, estabelecendo, em compensação, o monopó-
principalmente, na esfera da circulação de mercadorias. lio régio do ultramar.
A burguesia teve, então, aumentada sua riqueza e pres- A Espanha E O “Descobrimento” Da América
tigio saciar e os monarcas ampliaram seus próprios pode- Enquanto os portugueses exploravam a costa africana e
res, transformando-se em governantes absolutistas, O eixo descobriam o caminho para a Índia, os espanhóis, através de
comercial deslocou-se do mar Mediterrâneo para o oceano Cristóvão Colombo, chegavam à América (1492). A audaciosa
Atlântico, com as cidades italianas perdendo a primazia co- viagem de Colombo tinha por objetivo atingir a China através
mercial que desfrutavam desde a Baixa Idade Média. A difu- do Atlântico. Nesse sentido, a América era um obstáculo e,
são do cristianismo e das línguas ibéricas (português e espa- de imediato, não despertou interesse da Coroa Espanhola.
nhol) foi outra importante consequência do expansionismo. O mesmo aconteceu com o Brasil, em 1500, quando aqui
Conquistas Espanholas chegou a esquadra de Pedro Álvares Cabral. Com a entrada
Espanha começou a navegar mais tarde, só após con- em cena da Espanha, teve início uma disputa dos domínios
seguir expulsar os árabes de seu território. Mas em 1492, de além-mar com Portugal. O acordo foi estabelecido com
Cristóvão Colombo obteve do rei espanhol as três caravelas, o Tratado de Tordesilhas (1494), que dividiu os domínios
Santa Maria, Pinta e Nina com as quais deveria dar a volta respectivos entre os dois Estados. Por esse motivo, resolve-
ao mundo e chegar às Índias. Após um mês de angústias e ram procurar um novo caminho para as Índias, viajando pelo
apreensões chegou a terra firme, pensando ter atingido seu Oceano Atlântico, contornando o sul da África. Começou
destino. Retorna à Espanha, recebendo todas as glórias pelo nesse período a época das Grandes Navegações. Contribuí-
seu feito. Portugal apressou-se a garantir também para si as ram para o desenvolvimento das navegações:
vantagens dessa descoberta e, em 1494, assinou com a Es- - a procura de um novo caminho para as Índias.
panha o famoso Tratado das Tordesilhas, que simplesmente - as invenções: caravela, bússola, astrolábio, pólvora, pa-
dividia o mundo entre os dois pioneiros das grandes nave- pel e imprensa.
gações. Foi traçada uma linha imaginária que passava a 370 As Revoluções Inglesas
léguas de Cabo Verde. As terras a Leste desta linha seriam No decorrer dos séculos XVI e XVII, a burguesia desen-
portuguesas e as que ficavam a Oeste seriam espanholas. Foi volveu-se, graças a ampliação da produção de mercadorias e
assim que parte do Brasil ficou pertencendo há Portugal seis das práticas do mercantilismo - que auxiliaram no processo
anos antes de Portugal aqui chegar. de acumulação de capitais.
4
HISTÓRIA
No entanto, a partir de um certo desenvolvimento das Em 1651 foi decretado os Atos de Navegações, que pro-
chamadas forças produtivas, a intervenção do Estado Abso- tegiam os mercadores ingleses e provocaram o enfraqueci-
lutista nos assuntos econômicos passaram a se constituir em mento comercial da Holanda. Com este ato a Inglaterra passa
um obstáculo para o pleno desenvolvimento do capitalismo. a ter o domínio do comércio marítimo.
A burguesia passa a defender a liberdade comercial e a criti- Oliver Cromwell, sob o pretexto de punir um massacre
car o Absolutismo. que católicos irlandeses tinham realizado contra os protes-
O absolutismo inglês desenvolveu-se sob duas dinastias, tantes, invadiu a Irlanda, promovendo a morte de milhares
a dinastia Tudor e a dinastia Stuart. Durante a dinastia Tudor de irlandeses, originando um profundo conflito entre Irlanda
houve um grande desenvolvimento econômico inglês- prin- e Inglaterra, que perdura ainda hoje.
cipalmente no reinado da rainha Elizabeth I: consolidação do Após a morte do Lorde Protetor (1658), inicia-se um pe-
anglicanismo; adoção das práticas mercantilistas; início da ríodo de instabilidade política até o ano de 1660, quando o
colonização da América do Norte e o processo da política Parlamento resolveu restaurar a monarquia.
dos cercamentos, para ampliar as áreas de pastagens e a pro- A Restauração e a Revolução Gloriosa.
dução de lã. Assim, a burguesia inglesa vinha enriquecendo Carlos II (1660/1685) - filho de Carlos I, que no ano de
rapidamente, ampliando cada vez mais seus negócios e do-
1683 dissolveu o Parlamento. Em seu reinado, o Parlamento
minado a economia inglesa.
dividiu-se em dois partidos: Whig, composto pela burguesia
Além deste intenso desenvolvimento econômico a Ingla-
liberal e adeptos de um governo controlado pelo Parlamento
terra dos séculos XVI e XVII apresentava uma outra caracte-
rística: os intensos conflitos religiosos. e Tory, formado pelos conservadores e adeptos do absolu-
A religião oficial, adotada pelo Estado era o anglicanis- tismo.
mo, existiam outras correntes religiosas: os protestantes (cal- Jaime II (1685/1688) - Era católico e com a morte de Car-
vinistas, luteranos e presbiterianos), chamados de modo ge- los II assumiu o poder e procurou restaurar o absolutismo
ral, de puritanos. Havia ainda católicos no país. A monarquia monárquico, tendo oposição dos Whigs. No ano de 1688, há
inglesa - anglicana - perseguia católicos e puritanos, gerando o nascimento de um herdeiro filho de um segundo casamen-
os conflitos religiosos. to com uma católica. Temendo a sucessão de um governante
Grupos Religiosos E Posições Políticas católico, Whigs (puritanos) e Torys (anglicanos), aliaram-se
Os católicos a partir da Reforma Anglicana passam a dei- contra Jaime II, oferecendo o trono a Guilherme de Orange,
xar de ter importância na economia inglesa; protestante e casado com Maria Stuart - filha do primeiro
Os calvinistas -grupo mais numeroso -eram compostos casamento de Jaime com uma protestante.
por pequenos proprietários e pelas camadas populares. O Guilherme só foi proclamado rei quando aceitou a De-
espírito calvinista, da poupança e do trabalho refletia os inte- claração dos Direitos (Bill of Rights),que limitava os poderes
resses da burguesia inglesa. do rei e estabelecia a superioridade do Parlamento. Deter-
Os Conflitos Entre Monarquia E Parlamento minou-se também a criação de um exército permanente, a
No século XVII, o Parlamento inglês contava com um garantia da liberdade de imprensa e liberdade individual e
grande número de puritanos- que representavam os interes- proteção à propriedade privada.
ses da burguesia- e não aceitavam mais a interferência do A Revolução Gloriosa foi um complemento da Revolução
Estado Absolutista. Com a morte de Elizabeth I, o trono inglês Puritana, garantindo a supremacia da burguesia, através do
fica com os Stuarts. Foi durante esta dinastia que ocorreram controle do Parlamento. Também garantiu o fim do absolu-
as Revoluções Inglesas. tismo monárquico na Inglaterra e o surgimento do primeiro
Revolução Puritana Estado burguês, sob a forma de uma monarquia parlamentar.
A guerra civil mostrou dois lados da sociedade inglesa, O Iluminismo e o “Despotismo Esclarecido”
de um lado estava o partido dos Cavaleiros, que apoiavam o Os escritores franceses do século XVIII provocaram uma
rei: a nobreza proprietária de terras, os católicos e os anglica-
revolução intelectual na história do pensamento moderno.
nos; de outro estava os Cabeças Redondas (pois não usavam
Suas ideias caracterizavam-se pela importância dada à razão:
cabeleiras compridas como os nobres) partidários do Parla-
mento. rejeitavam as tradições e procuravam uma explicação racio-
As forças do Parlamento, organizadas em um exército de nal para tudo. Filósofos e economistas procuravam novos
rebeldes, eram lideradas por Oliver Cromwell. Após uma in- meios para dar felicidade aos homens. Atacavam a injustiça,
tensa guerra civil (1641/1649), os Cabeças Redondas derrota- a intolerância religiosa, os privilégios. Suas opiniões abriram
ram os Cavaleiros- aprisionando e decapitando o rei, Carlos I, caminho para a Revolução Francesa, pois denunciaram erros
em 1649. Após a morte de Carlos I foi estabelecida uma repú- e vícios do Antigo Regime.
blica na Inglaterra, período denominado “Common wealth”. As novas ideias conquistaram numerosos adeptos, a
A revolução puritana marca, pela primeira vez, a execu- quem pareciam trazer luz e conhecimento. Por isto, os filóso-
ção de um monarca por ordem do Parlamento, colocando fos que as divulgaram foram chamados iluministas; sua ma-
em xeque o princípio político da origem divina do poder do neira de pensar, Iluminismo; e o movimento, Ilustração.
rei- influenciando os filósofos do século XVIII (Iluminismo). Os Novos Déspotas
República Puritana (1649/1658) Muitos príncipes puseram em prática as novas ideias.
Período marcado por intolerância e rigidez de Oliver Sem abandonar o poder absoluto, procuraram governar con-
Cromwell. Este dissolveu o Parlamento em 1653 e iniciou forme a razão e os interesses do povo. Esta aliança de prin-
uma ditadura pessoal, assumindo o título de Lorde Protetor cípios filosóficos e poder monárquico deu origem ao regime
da República. de governo típico do século XVIII, o despotismo esclarecido.
5
HISTÓRIA
Seus representantes mais destacados foram Frederico II da Protecionismo Alfandegário: os reis criavam impostos
Prússia; Catarina II da Rússia; José II da Áustria; Pombal, mi- e taxas para evitar ao máximo a entrada de produtos vindos
nistro português; e Aranda, ministro da Espanha. do exterior. Era uma forma de estimular a indústria nacional e
Frederico II (1740-1786), discípulo de Voltaire e indife- também evitar a saída de moedas para outros países.
rente à religião, deu liberdade de culto ao povo prussiano. Pacto Colonial: as colônias europeias deveriam fazer
Tornou obrigatório o ensino básico e atraiu os jesuítas, por comércio apenas com suas metrópoles. Era uma garantia
suas qualidades de educadores, embora quase todos os de vender caro e comprar barato, obtendo ainda produtos
países estivessem expulsando-os, por suas ligações com o não encontrados na Europa. Dentro deste contexto histórico
papado. A tortura foi abolida e organizado novo código de ocorreu o ciclo econômico do açúcar no Brasil Colonial.
justiça. O rei exigia obediência mas dava total liberdade de Balança Comercial Favorável: o esforço era para ex-
expressão. Estimulou a economia, adotando medidas prote- portar mais do que importar, desta forma entraria mais moe-
cionistas, apesar de contrárias às ideias iluministas. Preservou das do que sairia, deixando o país em boa situação financeira.
a ordem: a Prússia permaneceu um Estado feudal, com ser- Além de suas medidas características, o Mercantilis-
vos sujeitos à classe dominante, dos proprietários. mo também é muito identificado pela forte intervenção do
O Estado que mais fez propaganda e menos praticou as Estado na economia, como já dito. Os Estados ricos e com
novas ideias foi a Rússia. Catarina II (1762-1796) atraiu filó- economias mais solidificadas impunham rígidas normas para
sofos, manteve correspondência com eles, muito prometeu e defender seus interesses. O consumo interno era controlado
pouco fez. A czarina deu liberdade religiosa ao povo e edu- por práticas protecionistas que também se empenhavam em
cou as altas classes sociais, que se afrancesaram. A situação desenvolver indústrias locais. Enquanto isso, a colonização
dos servos se agravou. Os proprietários chegaram a ter direi- se encarregava de explorar novos territórios para garantir o
to de condená-los à morte. acesso a matérias-primas e um canal para o escoamento dos
José II (1780-1790) foi o déspota esclarecido típico. Abo- produtos gerados nas metrópoles. O Mercantilismo só seria
liu a servidão na Áustria, deu igualdade a todos perante a lei contestado a partir da segunda metade do século XVIII e a
e os impostos, uniformizou a administração do Império, deu principal ideologia econômica que o substituiria seria o Li-
liberdade de culto e direito de emprego aos não católicos. beralismo.
O Marquês de Pombal, ministro de Dom José I de Portu-
Crise No Sistema Colonial
gal, fez importantes reformas. A indústria cresceu, o comércio
A partir do século XVIII, a América Colonial passa a co-
passou ao controle de companhias que detinham o mono-
nhecer movimentos que reivindicam a separação política em
pólio nas colônias, a agricultura foi estimulada; nobreza e cle-
relação à metrópole. Vários foram os fatores que conduziram
ro foram perseguidos para fortalecer o poder real.
a esta situação, entre eles houve o chamado desenvolvimen-
Aranda também fez reformas na Espanha: liberou o co-
to interno da colônia. Vamos iniciar o estudo da crise do sis-
mércio, estimulou a indústria de luxo e de tecidos, dinamizou
tema colonial observando este aspecto.
a administração com a criação dos intendentes, que fortale-
ceram o poder do Rei Carlos III. O desenvolvimento interno do Brasil colônia pode ser
A política econômica mercantilista constatado pela expansão territorial e pelo desenvolvimen-
O Mercantilismo é a prática econômica típica da Idade to do sentimento nativista, que passou a expressar a repulsa
Moderna e é marcado, sobretudo, pela intervenção do Esta- dos colonos com o absolutismo metropolitano.
do na economia. Durante aproximadamente três séculos foi A Expansão Territorial
a prática econômica principal adotada pelos países europeus, Durante o século XVI, a colonização portuguesa no Brasil
o que só seria quebrado com o questionamento sobre a in- limitava-se ao litoral brasileiro, região onde se concentrava
terferência do Estado na economia e o consequente advento os engenhos para a produção do açúcar, e onde se realizava
das ideias liberais. Em resumo, o Mercantilismo era o conjun- a extração do pau-brasil.
to de ideias econômicas que considerava a riqueza do Estado No século XVII tem início o processo de expansão terri-
baseada na quantidade de capital que teriam guardado em torial, ou seja, a interiorização da colonização. Contribuíram
seus cofres. para este processo a pecuária, o bandeirantismo, a União
Podemos citar como principais características do sis- Ibérica, as missões jesuíticas e a mineração.
tema econômico mercantilista: Os Bandeirantes
Metalismo: o ouro e a prata eram metais que deixavam Fenômeno vinculado a região de São Vicente, onde, dife-
uma nação muito rica e poderosa, portanto os governantes rentemente das áreas coloniais nordestina, praticava-se uma
faziam de tudo para acumular estes metais. Além do comér- economia de subsistência. São Vicente era uma área de mui-
cio externo, que trazia moedas para a economia interna do ta miséria e pobreza.
país, a exploração de territórios conquistados era incentivada A expansão dos bandeirantes foi motivada pela necessi-
neste período. Foi dentro deste contexto histórico, que a Es- dade de procurar riquezas no interior, tais como metais pre-
panha explorou toneladas de ouro das sociedades indígenas ciosos e mão de obra indígena.
da América como, por exemplo, os maias, incas e astecas. A partir de São Vicente, os colonos iniciam a ocupação
Industrialização: o governo estimulava o desenvolvi- do interior do planalto paulista, sendo esta ocupação mar-
mento de indústrias em seus territórios. Como o produto cada pela predominância de atividades econômicas de sub-
industrializado era mais caro do que matérias-primas ou gê- sistência.
neros agrícolas, exportar manufaturados era certeza de bons A expansão patrocinada pelos bandeirantes pode ser
lucros. observada nos chamados “ciclos”.
6
HISTÓRIA
7
HISTÓRIA
8
HISTÓRIA
9
HISTÓRIA
Portugal como tentativa de controlar as manifestações dos Quando a França, respondendo a uma provocação de
burgueses de tal localidade que se viam prejudicados em Bismarck, declarou guerra à Prússia, todos os alemães se uni-
função do distanciamento da coroa. Porém no Brasil ficou ram para enfrentá-la.
o príncipe regente Dom Pedro I, o qual foi convencido pela A Guerra Franco Prussiana teve início em 1868 e esten-
nova elite local a tornar o Brasil independente e ainda ser o deu-se por dois anos.
primeiro imperador do mesmo. Dom Pedro I interessou-se Depois e vencerem os franceses na Batalha de Sedam, em
pela proposta e declarou a independência brasileira em 1822. 1º de setembro de 1870, e de aprisionarem Napoleão III, os
No Brasil não houve guerra contra Portugal, mas sim guerras alemães atravessaram Paris e chegaram a Versalhes, onde, em
internas para afirmar toda a extensão do território perten- 18 de janeiro de 1871, na Sala dos Espelhos do palácio, Gui-
cente ao novo imperador. lherme I foi coroado imperador do II Reich (império) alemão.
Bismarck, O “Chanceler De Ferro” Meses depois, franceses e alemães assinaram o Tratado
Corria o ano de 1862 quando Guilherme I, rei da Prússia, de Frankfurt, um acordo de paz através do qual a França fi-
confiou o cargo de primeiro-ministro ao astuto, habilidoso e cava obrigava a pagar para a Alemanha uma vultosa indeni-
determinado Otto Von Bismarck. zação (5 bilhões de francos ouro) e a entregar-lhe a Alsácia
Bismarck era um Junker (membro da aristocracia prus- Lorena, região riquíssima em minério de ferro.
siana), imbuído de fortes sentimentos nacionalistas e monar- Unificada, dona de um território rico em carvão e ferro,
quistas convicto. Em política, era favorável à solução de força. com um governo amplamente favorável à industrialização, a
Dizia ele: “Os grandes problemas de hoje não se decidem Alemanha progrediu de modo espetacular a partir de 1871.
com discursos, nem tampouco com o voto das maiorias (...) Duas décadas depois, já tinha se tornado a primeira potência
Decidem-se com sangue e ferro”. industrial da Europa.
Como primeiro-ministro, Bismarck incentivou e moderni-
zou o exército prussiano e propôs a liderar a unificação alemã.
Conduzida por Bismarck, a unificação alemã concreti- 2. MUNDO CONTEMPORÂNEO.
zou-se por meio de três guerras: contra a Dinamarca (1864) 2.1. A Revolução Francesa; o período
contra a Áustria (1866) e contra a França (1868-1870). napoleônico; os movimentos de independência
Com o objetivo de conquistar os ducados dinamarque-
das Colônias Latino-Americanas; o ideal
ses de Schleswig e Holstein, cuja população era predominan-
europeu de unificação nacional.
temente alemã, a Prússia aliada à Áustria, atacou e, meses
depois, venceu a pequena Dinamarca. 2.2. A Revolução Industrial; a expansão e
Em consequência dessa guerra, os vencedores dividiram o universo capitalista; o apogeu da
os territórios conquistados: a Prússia ficou com o Schleswig e hegemonia europeia.
a Áustria com o Holstein. 2.3. A corrida imperialista; a Primeira Guerra
Tempos depois, Bismarck usou como desculpa o fato Mundial; a Revolução Russa de 1917 e a
de que a administração austríaca no ducado de Holstein era formação da URSS.
ineficiente e ocupou-o militarmente, com o objetivo de pro- 2.4. O período Entre-Guerras; as democracias
vocar a Áustria. liberais e os regimes totalitários.
O resultado dessa provocação foi a explosão da Guerra 2.5. A Segunda Guerra Mundial; a
Austro-Prussiana, na qual a Prússia, ajudada pela Itália e pe-
descolonização afro asiática; a Guerra Fria; a
los Estados alemães do norte, venceu a Áustria em apenas
estrutura de espoliação da América Latina.
sete semanas. Curvando-se ao poderio prussiano, a Áustria
foi obrigada a aceitar a dissolução da Confederação Germâ- 2.6. A fase do Pós-Guerra; os oprimidos
nica e assinar o Tratado de Praga, pelo qual ficava estabele- do Terceiro Mundo; as grandes linhas do
cido que: desenvolvimento científico e tecnológico do
- os Estados alemães do Norte, sob a liderança da Prús- século XX.
sia, passavam a formar a Confederação Germânica dos Esta- 2.7. O petróleo, o Oriente Médio e as lutas
dos do Norte; religiosas.
- a Áustria reconhecia o direito da Prússia sobre os duca-
dos de Schleswig e Holstein e entregava Veneza à Itália.
Os Estados do Sul, por sua vez, recusava-se a aceitar a
liderança prussiana e mantiveram-se neutros. De sua parte, Revolução Francesa
Bismarck preferiu contornar a situação e evitou entrar em
conflito com os alemães do Sul. Como a Revolução Francesa não teve apenas por objeti-
O “Chanceler de Ferro” entendia que, para completar a vo mudar um governo antigo, mas abolir a forma antiga da
unificação alemã, o ideal era “fabricar” uma guerra contra um sociedade, ela teve de ver-se a braços a um só tempo com
inimigo externo, pois isso uniria todos os alemães em torno todos os poderes estabelecidos, arruinar todas as influências
do ideal nacionalista. reconhecidas, apagar as tradições, renovar costumes e os
Essa guerra, na opinião dele, deveria ser contra a França, usos e, de alguma maneira, esvaziar o espírito humano de
país que vinha dando inúmeras provas de que não desejava todas as ideias sobre as quais se tinham fundado até então o
a união da Alemanha. respeito e a obediência.
10
HISTÓRIA
11
HISTÓRIA
No dia 9 de julho de 1789, reúne-se uma Assembleia Na- No recinto da Assembleia, sentava-se à esquerda o par-
cional Constituinte, incumbida de elaborar uma Constituição tido liderado por Robespierre, que se aproximava do povo:
para a França. Isso significava que o Rei deixaria de ser o se- eram os Jacobinos ou Montanheses (assim chamados por se
nhor absoluto do reino. sentarem nas partes mais altas da Assembleia); ao lado, um
A burguesia francesa, por sua vez, apelou para o povo. pequeno grupo ligado aos Jacobinos, chamados Cordeliers,
No dia 14 de julho de 1789, toda a população parisiense onde apareceram nomes como Marat, Danton, Hebert e ou-
avança, num movimento nunca visto, para a Bastilha, a prisão tros; no centro, sentavam-se os constitucionalistas, defen-
política da época, onde o responsável pela prisão foi preso e sores da alta burguesia e a nobreza liberal, grupo que mais
enforcado. tarde ficará conhecido pelo nome de planície; à direita, ficava
O momento agora e dos camponeses, que percebem a um grupo que mais tarde ficará conhecido como Girondi-
fraqueza da nobreza e invadem os castelos, executando fa- nos, defensores dos interesses da burguesia francesa e que
mílias inteiras de nobres numa espécie de vingança, de uma temiam a radicalização da revolução; na extrema direita, en-
raiva acumulada durante séculos. Avançam sobre a proprie- contram-se alguns remanescentes da aristocracia que ainda
dade feudal e exigem reformas. A burguesia, na Assembleia, não emigrara, conhecidos pelo nome de negros ou aristocra-
temerosa de que as exigências chegassem também às suas tas, que pretendiam a restauração do poder absoluto.
propriedades, propõe que se extingam os direitos feudais Quanto a situação externa, o clima era de total apreen-
como única saída para conter o furor revolucionário dos cam- são. As monarquias absolutas vizinhas olhavam para o que
poneses. A 4 de agosto de 1789, extingue-se aquilo que por estava acontecendo na França com grande temor. Tanto é
muitos séculos significou a opressão sobre os camponeses. verdade, que alguns elementos emigrados da nobreza fran-
A burguesia, preocupada em estabelecer as bases teó- cesa pretendiam que países como a Áustria e a Prússia ini-
ricas de sua revolução, fez aprovar, no dia 26 de agosto do ciassem imediatamente uma guerra contra a França. A As-
mesmo ano, um documento que se tornou mundialmente sembleia Legislativa, sabedor dessa situação, raciocinava da
famoso: A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. seguinte forma: ou expandimos o ideal revolucionário para
O Processo Revolucionário esses países ou, então, a França Revolucionaria ver-se-á iso-
1ª fase - Assembleia Nacional Constituinte lada e condenada ao fracasso. Daí a Assembleia também
Um dos atos mais importantes da Assembleia foi o con- pensar na guerra.
fisco dos bens do clero francês, que seriam usados como 2ª fase - Assembleia Legislativa
uma espécie de lastro para os bônus emitidos para superar a A Assembleia Legislativa francesa exigiu da Áustria e da
crise financeira. Parte do clero reage e começa a se organizar
Prússia um compromisso de não invasão e, como não foi
Como resposta, a Assembleia decreta a Constituição Civil do
atendida pelas monarquias absolutas, declarou guerra a 20
Clero isto é, o clero passa a ser funcionário do Estado, e qual-
de abril de 1792.
quer gesto de rebeldia levara a prisão.
Luís XVI exultava, pois esperava que os exércitos france-
A situação estava muito confusa. A Assembleia não con-
ses fossem derrotados para que ele pudesse voltar ao poder
seguia manter a disciplina e controlar o caos econômico. O
Rei entra em contato com os emigrados no exterior (prin- como Rei absoluto; dessa forma, o Rei e a Rainha, a famosa
cipalmente na Prússia e na Áustria) e começam a conspirar Maria Antonieta, entram em contato com os inimigos, pas-
para invadir a França, derrubar o governo revolucionário e sando-lhes segredos de guerra.
restaurar o absolutismo. A atuação dos exércitos franceses foi um fracasso no
Para organizar a contrarrevolução, o monarca foge da campo de batalha.
França para a Prússia, mas no caminho e reconhecido por Na Assembleia, Robespierre denuncia a traição do Rei e
camponeses, é preso e enviado à Paris. Na capital, os setores dos generais ligados a ele, que também estavam interessa-
mais moderados da Assembleia conseguiram que o Rei per- dos na derrota da França Revolucionaria. Num discurso aos
manecesse em seu posto. jacobinos, Robespierre dizia:
A partir daí uma grande agitação tem início, pois seria “Não! Eu não me fio nos generais e, fazendo exceções
votada e aprovada a Constituição de 1791. Esta constituição honrosas, digo que quase todos têm saudades da velha or-
estabelecia, na França, a Monarquia Parlamentar, ou seja, o dem, dos favores de que dispõe a Corte. Só confio no povo,
Rei ficaria limitado pela atuação do poder legislativo (Parla- unicamente o povo.”
mento). Nas ruas de Paris e das grandes cidades, os sans culottes
Neste poder legislativo era escolhido através do voto (maneira como os pobres das cidades se identificavam) se
censitário e isso equivalia dizer que o poder continuava nas agitavam pedindo a prisão dos responsáveis pelas derrotas
mãos de uma minoria, de uma parte privilegiada da burgue- da França diante dos exércitos austríacos e prussianos.
sia. Resumindo, o que temos é uma Monarquia Parlamentar
dominada pela alta burguesia e pela aristocracia liberal, lide- 3ª fase - A Convenção Nacional
rada, por exemplo, pelo famoso La Fayette, é o total afasta- A 2 de setembro, pela manha, chegou a Paris a notícia
mento do povo francês. de que Verdun estava sitiada; Verdun, a última fortaleza entre
Os setores populares estavam descontentes, porque Paris e a fronteira. Imediatamente, foi lançada uma proclama-
continuavam ainda sob o despotismo, não o da monarquia ção aos cidadãos: “À s armas cidadãos, às armas! O inimigo
absoluta mas o despotismo dos homens do dinheiro, seto- está às portas !” Vários prisioneiros, suspeitos de ligação com
res tradicionais da nobreza e do clero conspiravam, com a o antigo regime, foram massacrados pela população.
anuência do Rei, para tentar restaurar o antigo regime. No dia 20 de setembro de 1792, chegou a Paris a notí-
Os grupos políticos organizavam-se para definir suas po- cia da esmagadora vitória dos exércitos franceses sobre os
sições: exércitos prussianos e, no mesmo dia. foi oficializada a pro-
12
HISTÓRIA
clamação da República, a primeira da França. Agora, o órgão de todas as faixas da população e sim medidas mais ligadas
que governará a França será a Convenção eleita por voto à pequena burguesia francesa.
universal. No dia 13 de julho de 1793, o ídolo popular Marat é as-
A situação dos “partidos” políticos ficou mais nítida com sassinado por uma mulher membro do partido girondino.
a Convenção: A partir daí a população exige a radicalização da revolução.
- À direita, o grupo dos girondinos defendendo os inte- Inicia-se o terror: todos os elementos suspeitos de ligações
resses da burguesia, que nesse momento estava dominando com os girondinos e com a aristocracia contrarrevolucionária
a Convenção. são massacrados ou executados nas guilhotinas, depois de
- No centro, o grupo da planície (ou pântano), defen- julgamentos populares.
dendo os interesses da burguesia financeira, mas tendo uma Reformas imediatas são feitas: a principal foi a redistribui-
atitude oportunista dizia-se estar do lado de quem estava no ção da propriedade, surgindo condições para o aparecimento
poder. de três milhões de pequenas propriedades na França. As re-
- À esquerda e no alto, a montanha (jacobinos), defenso- formas atingem até mesmo o calendário oficial, que adquire
res dos interesses da burguesia e do povo. características marcadas e anticlericais e passa a basear-se nos
O que fazer com o Rei? Os girondinos queriam mantê-lo fenômenos da natureza. Por exemplo, o mês do calor (julho,
vivo, pois temiam que sua execução fizesse com que o povo na Europa) transforma-se no mês do Termidor; dezembro, o
quisesse mais reformas, o que ia contra seus interesses. Os mês das neves (inverno), transforma-se no Nevoso.
jacobinos queriam que o Rei fosse julgado e executado como Robespierre tenta, com alguma habilidade inicial, man-
traidor da pátria. A proposta jacobina saiu vencedora e o Rei ter-se no centro para governar. Aos poucos começa a ata-
foi executado. Os jacobinos tornavam-se cada vez mais po- car seus aliados da esquerda: foram presos e executados
pulares e eram apoiados pelos sans culottes. elementos como Hebert e Jacques Roux. Com a liquidação
Por sua vez, os exércitos franceses aproveitavam suas vi- dos elementos de extrema esquerda, Robespierre não pode
torias para propagar os ideais da revolução, e os países de contar com um apoio seguro dos sans culottes. Quer, a todo
governos absolutistas se sentiam cada vez mais sujeitos à custo manter-se no meio da esquerda, incorruptivelmente.
propaganda liberal. Golpeia depois seus companheiros que tinham uma posição
O novo governo revolucionário francês fez reformas de mais próxima da direita moderada; como exemplo, temos a
vários níveis, mas todas elas extremamente moderadas, de execução de Danton.
tal forma que não questionassem o poder dos girondinos. Robespierre, durante a ditadura dos jacobinos, consegue
Entretanto, os girondinos no poder viam na guerra uma uma série de êxitos: liquida a contra revolução da Vendeia e
forma de aumentarem suas fortunas e, por isso, quanto mais obtém várias vitórias contra os inimigos externos da revo-
altos os preços dos produtos (alimentos, roupas), melhor lução (entre esses inimigos, contava-se não só a Prússia e a
para eles. Na verdade, eram eles que os vendiam e quem Áustria, mas também a poderosa Inglaterra); acelera os pro-
os comprava era o povo que, em sua extrema pobreza, não cessos do segundo terror, que executa, na guilhotina, vários
podia comprar mercadorias caras. E nessa contradição que contrarrevolucionários.
vamos entender o porque da queda do governo da Conven- Mas o problema persistia. Robespierre tomava algumas
ção do jacobinos. medidas que, ao povo, pareciam antipopulares, e outras, que
Os sans culottes, nas ruas de Paris, exigiam reformas, desagradavam a burguesia (como, por exemplo, o fato de
controle dos preços, mercadorias baratas, salários altos, e os não haver liberdade de comércio). Conspirava-se. A alta bur-
girondinos exigiam exatamente o contrário. Nesse momento, guesia financeira, que na sua posição oportunista dentro do
os jacobinos (montanheses) começam a liderar as reivindi- partido da planície, conseguiu sobreviver ao período do ter-
cações e conseguem que se forme a Comissão de Salvação ror, conspirava contra o governo jacobino. Robespierre apela
Publica, tendo por obrigação controlar os preços e denunciar para os sans culottes, a fim de salvar seu governo. Mas onde
os abusos feitos pelos altos comerciantes girondinos. estavam os lideres que podiam mobilizá-los? Todos executa-
A agitação aumenta, os girondinos ficam cada vez mais dos. O governo jacobino estava só.
temerosos diante das manifestações dos sans culottes. Au- 4ª fase - O Diretório
mentando a crise, uma região inteira da França, chamada Em setembro de 1795, prepara-se a nova Constituição.
Vendéia, instigada pelo clero e pelos ingleses, levanta-se A Convenção Revolucionaria desaparecia e cedia lugar a um
num movimento contrarrevolucionário. tipo de governo exercido por um Diretório, composto por
Entre maio e junho de 1793, o povo se levanta em Paris, cinco membros representando o poder executivo, e duas
cerca o prédio da Convenção e exige a prisão dos Deputados Câmaras; uma delas era o Conselho dos Anciãos, e a outra,
traidores, isto é, dos girondinos. Os jacobinos (montanheses) o Conselho dos Quinhentos, ambos representando o poder
aproveitaram as manifestações de apoio dos sans culottes legislativo. O governo do Diretório suprimiu o voto universal,
e depuseram os girondinos, instaurando um novo governo. implementado pela Convenção e restabeleceu o voto censi-
A Fase do Terror - A Ditadura dos Jacobinos tário. Isto significa que todos os esforços feitos pela maioria
Agora que os jacobinos estavam no poder, era preciso do povo francês foram aproveitados pelas novas classes ricas.
controlar os movimentos populares. O governo dos jacobi- A Política Interna do Diretório
nos terá como característica principal sua posição moderada Internamente, a política do Diretório era totalmente vol-
na esquerda. Os jacobinos fazem parte de um governo po- tada às novas classes ricas. O comércio ficou totalmente libe-
pular, mas não tomam medidas que atendam aos interesses rado e sem restrições, significando que os setores pobres da
13
HISTÓRIA
população arcavam com a alta dos preços e com a inflação. mento permanecem até os dias de hoje na administração
A corrupção havia se tornado quase oficial. A alta burguesia francesa. O remanejamento administrativo centralizou o go-
jogava desenfreadamente na bolsa para auferir lucros cada verno sob a égide de Paris. No aspecto político tudo levava
vez maiores. a crer que na verdade a sociedade francesa estaria diante de
Alguns antigos militantes jacobinos, liderados por Gra- uma autocracia mal disfarçada.
cus Babeuf, exprimiam suas insatisfações no jornal A Tribuna O Código Civil fixado em 1804 foi responsável pela fixa-
do Povo, de propriedade do líder. Esse jornal clamava pela ção dos tragos da moderna sociedade francesa e também
volta da Constituição de 1793 e pelo fim dos privilégios. Pe- servil de exemplo para diversos Estados europeus que nele
dia também que o que fora proposto na Declaração dos Di- se inspiraram, adotando-lhe seus princípios e reproduzindo-
reitos do Homem não continuasse só no papel, como até lhe as disposições.
então. Babeuf começa a conspirar e a organizar uma grande Como estadista Napoleão ratificou a redistribuição de
rebelião popular para tomar o poder e estabelecer uma so- terras levada a efeito pela Revolução permitindo inclusive
ciedade mais justa e sem privilégios. que o camponês médio continuasse a ser um lavrador inde-
Mas, um dos seus agentes militares denunciou a Con- pendente reformou o sistema tributário fundando o Banco
juração dos Iguais (movimento assim conhecido). No dia l0 Francês com o objetivo de exercer maior controle nos ne-
de maio de 1796, imediatamente, Babeuf e seu companheiro gócios fiscais. As obras publicas, drenagem dos pântanos,
Buonarotti foram presos. Depois de um ano, Babeuf foi con- construção de pontes e redes de estradas e canais, foram
denado à morte pela guilhotina. Esta tentativa de estabelecer realizadas sobretudo com objetivos militares bem como para
um governo popular na França foi violentamente reprimida conquistar o apoio da burguesia.
pelas altas classes enriquecidas. A educação mereceu atenção especial por parte do im-
A Política Externa do Diretório perador que instalou escolas publicas elementares em cada
Essa política pautava-se pela tentativa de vencer os ini- aldeia ou cidade francesa e fundou um escola normal em Pa-
migos da França e, se possível, aumentar os domínios fran- ris para preparação dos professores.
ceses na Europa, numa tentativa de anexação dos territórios A política externa de Napoleão Bonaparte foi marcada
conquistados, principalmente a leste (pedaços da atual Ale-
pelo fim da diplomacia tradicional fundamentada sobretudo
manha até o Rio Reno) e ao sul (a anexação de uma região
sobre alianças dinásticas, acordos matrimoniais ou conveniên-
chamada Lombardia, ao norte da Itália). O militar encarre-
cia dos soberanos Durante o período em que esteve a frente
gado dessas anexações foi o jovem e habilidoso General
do governo francês deparou com inúmeras guerras, que re-
Napoleão Bonaparte, que cumpriu perfeitamente a missão
sultaram em importantes mudanças na orientação da historia
expansionista, já delineada nessa nova fase do capitalismo.
contemporânea, provocando a ira e a oposição das forças con-
Napoleão garantiu todos esses territórios ao governo do Di-
retório assinando um tratado com a Áustria, na cidade de servadoras e reacionárias representadas pela Santa Aliança.
Campo Fórmio, no qual esta reconhecia o direito da França A exemplo da guerra de conquista e exploração imperial
de se apossar dessas regiões em troca de outras concessões. destacamos um conflito fundamental que alterou as relações
18 de Brumário europeias, durante o período em questão, entre a França e a
A situação era extremamente grave. A burguesia, em ge- Grã-Bretanha, refletindo na política comercial europeia. No
ral, apavorada com a instabilidade, esquecia seus ideais de dia 21 de novembro de 1806 foi decretado, pelo governo
liberdade, pregados alguns anos antes, e pensava num go- francês, o bloqueio continental vedando aos neutros o aces-
verno forte, numa ditadura, se fosse preciso, para restaurar so aos portos franceses e proibindo a introdução de todos
a lei e a ordem, para restabelecer as condições de se ganhar os produtos britânicos no continente. Tal medida justificada
dinheiro de uma forma segura. Todos sabiam que a única pelo desejo de Napoleão eliminar seu principal concorren-
pessoa que poderia exercer um governo desse tipo deveria te para alcançar total predomínio comercial nos mercados
ser um elemento de prestigio popular e ao mesmo tempo europeus bem como o controle dos mercados coloniais e
forte o suficiente para manter com mão de ferro a estabili- ultramarinos.
dade exigida pela burguesia. Nesse momento, quem reunia Todo esse quadro a nível interno e externo, fez surgir o
essas condições era o jovem general que tantas glórias já ha- mito napoleônico, o “pequeno cabo” como era denominado
via trazido para a França (e outras mais ainda estavam por ser pelos seus aficionados, e o bonapartismo, doutrina pregada
conseguidas): Napoleão Bonaparte. por aqueles que eram a favor do modelo imperial estabeleci-
No dia 10 de novembro de 1799 (18 de Brumário, pelo do por Napoleão na França.
calendário revolucionário), Napoleão retorna do Egito, e, com Entretanto não se pode negar que Napoleão Bonaparte
o apoio de dois outros políticos, dissolvem o Diretório e esta- destruiu o legado da Revolução jacobina, inspirada no sonho
belecem um governo conhecido pelo nome de O Consulado. da igualdade, liberdade e fraternidade. Pela sua tirania foi
O Governo de Napoleão Bonaparte (1799-1814) acusado por seus opositores de ter sido o principal respon-
Foi a partir do golpe do 18 Brumário, 9 de novembro de sável pela “experiência abortada da França”.
1799, que Napoleão Bonaparte assumiu o governo francês. Período Napoleônico
sua chegada ao poder significou a solução para os distúrbios A Era Napoleônica tem ínicio após o Golpe de Estado
de um governo anterior que oscilava entre a ameaça terroris- do 18 Brumário, que foi o que marcou o final do processo
ta e a ameaça monarquista. revolucionário na França.
As reformas administrativas implementadas na período Napoleão Bonaparte é considerado, para muitos france-
napoleônico foram um dos aspectos de maior durabilidade ses, o governante mais bem-sucedido da história da França.
do governo. Medidas que foram implantadas naquele mo- Algumas pessoas dizem que ele foi tão bem-sucedido devi-
14
HISTÓRIA
do sua habilidade como estrategista, seu espírito de lideran- Governo dos cem dias
ça e seu talento para empolgar os soldados com promessas Napoleão conseguiu fugir da Ilha de Elba e voltar à Fran-
de glória e riqueza após cada vitória. ça em março de 1815. Ele foi recebido em Paris como herói e
Podemos dividir o governo de Napoleão em três perío- com gritos de “viva o imperador!”, ele se instalou no poder,
dos: Consolado, Império e Governo dos cem dias. obrigando a família real a fugir, mas a sua permanência no
Consulado poder durou apenas cem dias.
Este período se caracterizou pela recuperação econômi- A coligação militar da Europa se reorganizou e derrota-
ca e pela reorganização jurídica e administrativa na França. ram definitivamente Napoleão na Batalha de Waterloo. Na-
O governo do consulado era republicano e controlado poleão foi mandado para a Ilha de Santa Helena, onde ficou
até sua morte.
por militares, onde três cônsules chefiavam o poder execu-
Independência Das Colônias Espanholas
tivo (Napoleão, Roger Ducos e Sieyés), mas como Napoleão Durante as três primeiras décadas do século XIX, as co-
foi eleito primeirocônsul da república era ele quem realmen- lônias espanholas lutaram pela independência em relação à
te governava. Apesar do cunho democrático criado pela nova metrópole. Não se tratou de um movimento único, mas de
constituição, era ele quem comandava o exército, propunha vários processos distintos. Entretanto, podemos dizer que
novas leis, nomeava os membros da administração e contro- alguns elementos comuns contribuíram para as luta pela in-
lava a política externa. dependência.
Durante o governo do consulado as oposições foram O pensamento liberal do Iluminismo, que influenciou a
aniquiladas, a alta burguesia consolidou-se e os projetos de independência dos Estados Unidos (1776) e os grupos da Re-
emancipação dos setores populares foram sufocados. volução Francês (1789), também se difundiu entre sectores
Com os resultados obtidos neste período Napoleão foi da elite colonial espanhola. Muitos dos ideais antiabsolutistas
nomeado cônsul vitalício em 1802, devido ao apoio das elites defendidos pelo liberalismo serviram de justificativa filosófica
francesas, que estavam entusiasmadas com os avanços. para a luta contra o domínio colonial espanhol.
Império Assim, as críticas contra o absolutismo europeu se trans-
O Império foi implantado definitivamente após a mobili- formaram em anticolonialismo na América.
zação da opinião pública. Em 1804 foi realizado um plebisci- Além das ideias liberais, as lutas pela independência fo-
to, onde foi restabelecido o regime monárquico e a indicação ram impulsionadas pela consciência das elites coloniais de
que os laços com o governo espanhol dificultavam seu do-
de Napoleão ao trono. Em 2 de Dezembro foi oficializado
mínio mais pleno sobre as áreas da América. Essa elite era
Napoleão I, na Catedral de Notre Dame. constituída, sobretudo, pelos crioulos (filhos de espanhóis
Napoleão liderou uma série de guerras, expandindo o nascidos na América).
domínio francês. Em algum tempo o exército francês se tor- A metrópole espanhola era responsável por várias medi-
nou o mais poderoso da Europa. Os ingleses preocupados das que prejudicavam a elite crioula:
com o poderio francês, formaram coligações internacionais a) dificultava o acesso dos crioulos aos altos cargos do
contra o expansionismo francês. governo e administração colonial. A maioria desses cargos
Em 1805 a França tentou invadir a Inglaterra, mas foi der- era ocupada por pessoas nascidas na Espanha.
rotada. Decorrente deste fato o governo Napoleônico tentou b) cobrava elevados tributos sobre produtos de expor-
enfraquecer a Inglaterra outras formas. Em 1806 decretou o tação.
Bloqueio Continental, o qual dizia que todos os países da Eu- c) restringia o desenvolvimento de produtos manufac-
ropa deveriam fechar seus portos ao comércio inglês. Mas turados que concorressem com a produção metropolitana.
este decreto não surtiu o efeito esperado, pois a França não As elites coloniais formavam um conjunto diversificado
conseguia abastecer todo o mercado da Europa. no qual encontramos grupos de latifundiários (produtores
A Rússia tinha aderido a esse decreto após um acordo de gêneros de exportação como cacau, açúcar etc.), comer-
com a França (Paz de Tilsit), mas como era um país essencial- ciantes urbanos, proprietários de minas etc. Não tinham o
mente agrícola e estava enfrentando uma grave crise econô- mesmo pensamento político ou econômico, mas, em geral,
concordavam em querer ampliar seus poderes locais e dese-
mica viu-se obrigado a abandonar o Bloqueio Continental.
javam conquistar direito ao livre comércio.
Em vingança a decisão do Czar Alexandre I, o governo
Por meio de várias revoltas emancipacionistas, que
napoleônico decidiu invadir a Rússia em 1812. abrangeram o período de 1810 a 1828, diversas áreas da
Os generais acostumados com grandes vitórias condu- América espanhola foram conquistando sua independência
ziam suas tropas pelo imenso território russo, enquanto as política.
tropas czaristas recuavam colocando fogo nas plantações e Na América do Sul, as lutas pela independência conta-
em tudo que servisse aos invasores. Em Moscou as tropas ram com a liderança de homens como José San Martín e Si-
russas começaram a enfrentar as tropas francesas que esta- món Bolívar.
vam mal alimentadas e desgatadas, devido isso Napoleão San Martín comandou um poderoso exército contra as
não teve outra escolha a não ser em ir embora. forças espanholas, obtendo importantes vitórias nas regiões
A desastrosa campanha militar na Rússia encorajou ou- sul e central da América do Sul. É considerado libertador da
tros países europeus a reagirem contra a supremacia france- Argentina, Chile e Peru.
sa. Em 6 de Abril de 1814 um exército formado por ingleses, Simón Bolívar destacou-se como líder militar e político
austríacos, russos e prussianos tomaram Paris e capturaram nas lutas pela independência travadas mais ao norte da Amé-
Napoleão enviando-o para a Ilha de Elba. O trono francês foi rica do Sul. É considerado libertador da Venezuela, da Colôm-
entregue a Luís XVII. bia, do Equador, da Bolívia e também do Peru.
15
HISTÓRIA
“O fato de a chamada elite crioula ter sido a promotora ções democráticas, que excluíam a maior parte da população
da independência determinou simultaneamente, as finalida- até mesmo do elementar direito ao voto.
des e os limites desta. Constituindo-se em classe dominan- A independência que acabou se efetivando na América
te, não tinha, é claro, nenhum interesse em alterar a ordem espanhola, na prática, promoveu o rompimento das relações
social vigente. A estrutura interna latino-americana estava entre colônia e metrópole advindas do pacto colonial, mas
montada em função da articulação com os mercados euro- manteve estruturas sociais herdadas do antigo sistema colo-
peus, para onde iam as matérias-primas e de onde vinham nial. Para isso, contribuíram diversos fatores, especialmente
as manufaturas. O monopólio exercido por Espanha e Portu- o controle que as elites crioulas e locais assumiram nas lutas
gal, tornando insuportável o pacto colonial, motivou, a partir pela independência.
de certo momento, a rebelião de independência. Por trás de A independência política, contudo, se por um lado per-
um discurso de liberdade, o que houve foi a oposição aos mitiu o rompimento do pacto colonial, favorecendo as tran-
seculares privilégios gerados no mercantilismo: a cobrança sações comerciais entre as nações recém-emancipadas e os
de impostos, a proibição de produzir e negociar livremente centros de desenvolvimento capitalista, por outro, impôs a
e a obrigação de os navios, que vinham ou saíam do Novo dependência econômica latino-americana às grandes potên-
Mundo, de passarem, obrigatoriamente, por portos ibéricos”. cias capitalistas do século XIX.
A Revolução Francesa e o Império Napoleônico também As nações latino-americanas permaneciam desempe-
exerceram influência na independência das colônias. A Re- nhando o papel de fornecedoras de matérias-primas e con-
volução foi uma luta contra o absolutismo e o mercantilismo sumidoras de artigos industrializados. As elites locais, defen-
(que era também a luta dos colonos). E Napoleão, ao invadir a dendo seus próprios interesses, aliaram-se às potências he-
Península Ibérica, acabou acelerando o processo da indepen- gemônicas (primeiramente Inglaterra, e, depois, Estados Uni-
dência. A ocupação francesa desorganizou completamente o dos), colaborando para perpetuar a situação de dependência
sistema colonial na América e possibilitou o aparecimento de em que se achava a América do Sul, desde o século XVI.
circunstâncias favoráveis ao movimento libertador. “para aqueles que não dispunham de recursos, quer eco-
Impedida de reagir, a metrópole apenas assistiu às su- nômicos, quer culturais, os novos tempos não trouxeram be-
cessivas manifestações de rompimento político por parte dos nesses ou regalias. Reformas sociais de peso, terra, salários
povos da América. Quando, finalmente, se libertou do domí- dignos, participação política, educação popular, cidadania,
nio francês, em 1815, a Coroa espanhola tentou, por meio de respeito cultural às diferenças, tudo isso iria ter de esperar.
violenta repressão, impedir novos movimentos. Mas já não As ações de governos autoritários cobririam e deixariam suas
havia a menor possibilidade de sucesso. O imenso Império marcas registradas na América Latina durante a maior parte
espanhol desmoronou em menos de vinte anos. do século XIX. Os de baixo teriam de se organizar, lutar, sofrer
Quando Napoleão Bonaparte dominou a Espanha e de- e morrer para alcançar seus objetivos. Não foram as lutas de
pôs o rei, as colônias se recusaram a obedecer aos franceses, independência que mudaram sua vida”.
organizando Juntas Governativas, que iriam cuidar da admi- Embora os pobres tivessem, em muitas oportunidades,
nistração até que a situação internacional se definisse. lutado ao lado de seus senhores, a independência não lhes
Numa primeira etapa (1810-1815), que corresponde ao trouxe alterações definitivas. Permaneceram à margem dos
período em que a Espanha estava ocupada pelos franceses, benefícios, garantindo o poder econômico e político dos
deu-se a independência da Argentina, do Paraguai, da Vene- caudilhos, os chefes políticos dos novos países do continente.
zuela, do Equador e do Chile. O México também tentou, mas “A ausência de um poder político institucionalizado na fase
foi dominado. A Venezuela e o Equador foram reconquista- posterior à independência abriu espaço às múltiplas manifes-
dos pelos espanhóis. tações autonomistas do latifúndio e foi assim que surgiram
Na segunda fase (1816-1828), quando o rei Fernando VII os caudilhos, lideres locais que funcionaram como porta-vo-
já havia reassumido o trono espanhol, ocorreram as indepen- zes das diferentes fracções da classe dominante em variados
dências da Bolívia, do México, do Peru e da América Central. O momentos, valendo-se do amplo espaço que lhes permitia a
Uruguai, que naquela época havia sido anexado ao Brasil, ini- falta de Estados juridicamente organizados. Com os caudilhos,
ciou a luta pela libertação em 1825, conseguindo-a, em 1828. fortaleceu-se uma tradição que se perpetuaria mesmo depois
“Por que se insurgem as colônias da Espanha? Será por de a América espanhola ter definido seus Estados e fronteiras:
que os grandes latifundiários (habitualmente produtores acima de leis ou instituições, com seu discurso ideológico, há
para a exportação), os proprietários de minas, os donos de o capricho de um chefe, com seu arbítrio e sua capacidade de
milhões de índios e os poderosos mercadores de além-mar arregimentar forças”.
forma seduzidos pelos filósofos franceses e alguns liberais Os capitais estrangeiros entravam na América Latina sob
pensadores espanhóis? É claro que houve excepções (e Bolí- a forma de empréstimos, que eram aplicados em ferrovias,
var foi uma delas), mas a imensa maioria moveu-se por moti- portos, eletrificação, melhorias urbanas, telégrafos, etc. O
vos mais prosaicos. Havia chegado o momento de afastar um pagamento de tais empréstimos representava um lucro ex-
sócio incômodo: o poder da Coroa espanhola...” traordinário para os credores estrangeiros e provocava o es-
O nascimento dos Estados Nacionais na América Latina coamento do dinheiro para fora dos países devedores.
ficou marcado por uma dupla limitação: economicamente, Banqueiros e comerciantes europeus e norte-america-
pela inserção na nova divisão internacional do trabalho, na nos instalaram filiais de suas empresas nas principais cidades
condição de área periférica, o que garantia a manutenção do da América do Sul de onde controlavam os negócios. É ver-
latifúndio e do trabalho escravo; politicamente, pelas limita- dade que essas aplicações de capital trouxeram uma certa
16
HISTÓRIA
modernização para algumas cidades do continente, mas pa- serção internacional se explicam, em grande parte, pela situa-
gava-se um preço muito alto por ela. Além disso, ela não sig- ção política platina. Nos anos seguintes a essa abertura, o Pa-
nificava benefícios para toda a população, e como ocorrera raguai teve boas relações com o Império do Brasil e manteve-
na Europa, uma minoria de privilegiados usufruía dos novos se afastado da Confederação Argentina, da qual se aproximara
investimentos. nos anos de 1850, ao mesmo tempo que vivia momentos de
A independência política não significou autonomia eco- tensão com o Rio de Janeiro. Na primeira metade da década
nômica e, tampouco, a superação de algumas características de 1860, o governo paraguaio, presidido por Francisco Solano
coloniais. A base da riqueza continuou sendo o extração mi- López, buscou ter participação ativa nos acontecimentos plati-
neral e vegetal, a agricultura de monocultura e latifundiária, nos, apoiando o governo uruguaio hostilizado pela Argentina
voltados para o mercado externo. e pelo Império. Desse modo, o Paraguai entrou em rota de
“Investimentos no estrangeiro, especialmente os na Amé- colisão com seus dois maiores vizinhos e Solano López acabou
rica Latina, cresceram rapidamente na ultima metade do sécu- por ordenar a invasão de Mato Grosso e Corrientes e iniciou
lo XIX. Ainda que o total do capital britânico na América Lati- uma guerra que se estenderia por cinco anos”.
na, em 1850, fosse pequeno, ele aumentou em ritmo constante Indepêndencia Da Colônia Portuguesa-Brasil
durante as décadas de 1850 e 1860”. Durante o período colonial, houve varias rebeliões en-
O Paraguai manteve, até 1865, uma política fortemente volvendo parcelas da população, em conflito com represen-
nacionalista e de busca de sua independência econômica. tantes da metrópole. Foi o caso, da Revolta dos Beckman,
OS governos paraguaios do pós-independência procu- da Guerra dos Mascates, da Guerra de Vila Rica. De maneira
ravam manter o país menos dependente dos estrangeiros. geral, essas revoltas expressavam conflitos localizados, ou
Mesmo com poucos recursos, o país contava com algumas seus líderes pretendiam modificar aspectos da política co-
fábricas que produziam de tecidos a navios, com matérias lonial. Não havia nessas revoltas o objetivo de separação de
-primas e técnica desenvolvidas no próprio país. Portugal.
Por ser um país afastado do mar, era muito importante No final do século XVIII, aconteceram outras revoltas,
para o Paraguai manter a livre navegação no estuário do rio entre as quais, destacamos a Conjuração Mineira (1789) e
da Prata, pois era sua única saída para o Oceano Atlântico. A
a Conjuração Baiana (1798), que, entre seus planos, tinham
passagem dos navios paraguaios pelo Prata dependia, pois,
como objectivo romper com a dominação colonial e esta-
de suas relações com os países que controlavam o estuário,
belecer a independência política em relação a Portugal. No
sobretudo a Argentina e o Uruguai. Os brasileiros também
entanto, o interesse dos revoltosos concentrava-se em tornar
utilizavam a bacia do Prata para atingir as vastas regiões do
independentes as regiões em que eles viviam.
centro-oeste do império, dadas as dificuldades de acesso por
“Podemos dizer que foram movimentos de revolta regio-
via terrestre. Essa situação fazia com que fosse necessário,
nal e não revoluções nacionais”.
para todos esses países, manter estáveis as relações entre
Esses movimentos foram duramente reprimidos, porém
eles e evitar o fechamento do Rio da Prata.
Mas as relações entre esses países nem sempre foram outros fatos auxiliaram para que o Brasil se tornasse indepen-
tranquilas, e desde o período colonial, a região era alvo de dente. Fatos tanto nacionais quanto internacionais.
acirradas disputas. Após as independências, fortes hostili- No início do século XIX, uma guerra abalou a Europa. Os
dades marcavam as relações entre o Paraguai, de um lado, exércitos de Napoleão Bonaparte, imperador da França, do-
Argentina e Brasil, de outro. A Inglaterra aproveitou a tensão minavam diversos países europeus. Praticamente as únicas
local, estimulando a formação de uma aliança contra o Para- forças capazes de resistir ao exercito francês foram as ingle-
guai, formada pelo Brasil, a Argentina e o Uruguai. Alegan- sas, que se protegiam com uma poderosa marinha de guerra.
do problemas de invasão de território, a Tríplice Aliança en- Sem conseguir dominar a Inglaterra pela força militar,
volveu-se numa guerra contra a nação guarani, iniciada em Bonaparte tentou vencê-la pela força econômica. Para isso,
1865 e terminada em 1870. Terminada a guerra, o Paraguai, em 1806 decretou o Bloqueio Continental, pelo qual os paí-
derrotado, sucumbiu aos interesses externos e à dependên- ses do continente europeu deveriam fechar seus portos ao
cia econômica. comércio inglês.
Embora a imensa maioria dos países houvesse se orga- Nessa época, Portugal era governado pelo príncipe D.
nizado sob a forma republicana (as únicas excepções foram João, que não podia cumprir as ordens de Napoleão e aderir
o México e o Brasil, que viveram experiências monárquicas), ao Bloqueio Continental, pois os comerciantes de Portugal
eles se caracterizaram pela instabilidade política. Tal instabi- tinham importantes relações com o mercado inglês. D. João
lidade pode ser explicada, pelo menos, em parte, porque o pretendia manter-se neutro no conflito entre franceses e in-
poder, quase sempre, era tomado à força por grupos rivais. gleses. Os exércitos franceses não aceitaram essa indefinição
Um caudilho (dono de terras e chefe de exércitos particula- e invadiram Portugal, com o apoio de tropas espanholas.
res), por meio de um golpe, desaloja o outro do poder, com o Sem condições de resistir à invasão das tropas franco-es-
auxílio de suas tropas particulares e de outros donos de terra panholas, D. João e a corte portuguesa fugiram para o Brasil,
que lhe davam apoio. sob a proteção naval inglesa.
“A história do Paraguai esteve intimamente ligada à do O governo inglês tratou de tirar o máximo proveito da
Brasil e à da Argentina, principais polos do subsistema de re- proteção militar que deu ao governo português. Interessado
lações internacionais na região do Rio da Prata. O isolamento na expansão do mercado para suas indústrias pressionou D.
paraguaio, até a década de 1840, bem como sua abertura e in- João a acabar com o monopólio do comércio colonial.
17
HISTÓRIA
Em 28 de Janeiro de 1808, seis dias após o desembarque Havia divergências entre os representantes das elites so-
no Brasil, D. João decretou a abertura dos portos ao comércio bre como deveria se dar a independência. Alguns desejavam
internacional, isto é, às “nações amigas”. Com essa medida, que se proclamasse a Republica, como todos haviam feito na
o monopólio comercial ficava extinto, excepto para alguns América.
poucos produtos, como sal e pau-brasil. Outros pensavam que a ruptura com Portugal deveria
Os comerciantes da colônia ganhavam liberdade de co- ser da maneira mais tranquila possível, para evita que sur-
mércio, e abria-se o caminho para a emancipação do Brasil. gissem propostas radicais, como a de abolir a escravidão ou
No Rio de Janeiro, D. João organizou a estrutura admi- mudar a estrutura da posse da terra.
nistrativa da monarquia portuguesa: nomeou ministros de O grupo que apoiava esta última ideia é que tomou a
Estado, colocou em funcionamento diversos órgãos públicos, frente do movimento, conduzindo todas as ações para conse-
instalou Tribunais de Justiça e criou o Banco do Brasil. Entre guir uma independência que tivesse um caráter conservador.
as medidas do governo de D. João, algumas contribuíram O que se pretendia, e que foi afinal realizado, era uma
para o processo de emancipação política brasileira. separação política em relação a Portugal, mantendo-se as es-
Em 1815, o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido truturas sociais e econômicas sem qualquer mudança.
de Portugal e Algarves. Para isso, os representantes das elites entenderam que
Com essa medida, na prática, o Brasil deixava de ser co- seria da mais alta importância contar com o príncipe D. Pe-
lônia de Portugal. Tornava-se Reino Unido e, com isso, adqui- dro, mesmo sendo ele português.
ria autonomia administrativa. Todas as ações foram encaminhadas para fazer D. Pe-
“Na condição de sede do Reino, a cidade do Rio de Janei- dro permanecer no Brasil e, mais do que isso convencê-lo a
ro viu multiplicarem-se as edificações, os chafarizes, as ruas participar, ativamente, do processo de independência, com a
calçadas – e também a quantidade de novos e velhos ofícios. promessa de tornar-se imperador do Brasil.
Contratado como pintor da Corte, Debret foi aos poucos O primeiro passo foi “obrigar” D. Pedro a ficar no Bra-
desviando os olhos do interior do palácio e voltando-se noutra sil, pois as Cortes estavam exigindo sua volta. Pressionado,
direcção, onde a vida realmente fervilhava: as ruas da cidade. ele concordou em ficar (Janeiro de 1822 – o Dia do Fico).
O que tinham elas de especial? Amontoavam hábeis ar- Em seguida, o ministro José Bonifácio procurou fortalecer a
tífices, quituteiras, barbeiros ambulantes, vendedores de toda autoridade do príncipe, ao mesmo tempo em que tentava
sorte e tantos outros trabalhadores em frenética atividade, convencê-lo da independência.
numa mistura de negros alforriadas, brancos ocupados e es- O passo seguinte foi retirar a tropas portuguesas que
cravos urbanos, muitas vezes semilibertos, que compunham a ficavam no Rio e que poderiam atrapalhar os planos. José
nova paisagem do Rio de Janeiro”. Bonifácio conseguiu que D. Pedro expulsasse o comandante
Em Agosto de 1820, os comerciantes da cidade portu- português.
guesa do Porto lideraram um movimento que ficou conheci- Chegaram novos navios portugueses, trazendo ordens
do como Revolução Liberal. de prisão para todos os que desobedecessem às determina-
Essa revolução espalhou-se rapidamente por Portugal, ções das Cortes. E insistiam para que D. Pedro regressasse a
encontrando apoio em diversos sectores da população: cam- Portugal.
poneses, funcionários públicos, militares, profissionais libe- No dia primeiro de Agosto, José Bonifácio redigiu um
rais. Chegou, inclusive, a conquistar adeptos no Brasil. manifesto às varias províncias. Nesse manifesto, assinado por
“Além de não ter sabido prever nem dominar a revolução D. Pedro, comunicava-se que a independência já era realida-
desencadeada em Lisboa, deixaram igualmente os ministros de e conclamava-se a todos para lutarem por ela.
de D. João VI que ela invadisse, e quase com rapidez do re- Cinco dias depois, um novo manifesto foi enviado, des-
lâmpago, todas as províncias do Brasil, onde alguns patriotas ta vez às nações amigas. Novamente comunicava-se que o
esclarecidos já vinham organizando uma revolução cujos obje- Brasil estava independente de Portugal e pedia-se o apoio
tivos e princípios a maioria da população brasileira ignorava”. dessas nações, que poderiam ser beneficiadas com privilé-
Vitoriosos, os revoltosos conquistaram o poder em Por- gios comerciais.
tugal e decidiram elaborar uma constituição de caráter libe- Finalmente, a sete de Setembro, ocorreu o famoso “Grito
ral, limitando os poderes de D. João VI. Pretendiam também do Ipiranga”. Ali, na realidade, D. Pedro tornou público o seu
fazer com que o Brasil voltasse a ser uma colônia de Portugal rompimento com as Cortes, definindo que iria ficar no Brasil,
(recolonização). como imperador.
Contrariado pelos acontecimentos, o rei queria ficar no “o processo de emancipação política do Brasil configurou
Brasil, e adiou quanto pôde seu regresso à metrópole. Tropas uma revolução, uma vez que rompeu com a dominação colo-
portuguesas no Rio de Janeiro, porém, obrigaram-no a deci- nial, alterando a estrutura do poder político – com a exclusão
dir-se a voltar a Portugal. da metrópole portuguesa. Revolução, entretanto, que levaria
Assim, D. João VI retornou à sua pátria no dia 26 de abril o Brasil do Antigo Sistema Colonial português para um novo
de 1821, deixando seu filho Pedro como príncipe regente do sistema mundial de dependências”.
Brasil. Porém, a independência só se consolida com o reconhe-
As Cortes portuguesas, apesar de liberais em relação a cimento.
Portugal, mostraram-se bastante reacionárias com relação ao O primeiro país a reconhecer a independência do Brasil
Brasil, pois tentaram recolonizá-lo. foi os Estados Unidos, em 1824.
A tentativa de recolonização, no entanto, não foi bem Em 1825, venceram os tratados que a Inglaterra havia
aceita pelas elites coloniais, que optaram por caminhar rumo assinado com Portugal em 1810, por meio dos quais os seus
à independência. pagavam menos impostos no Brasil. Querendo renovar esses
18
HISTÓRIA
tratados, a Inglaterra pressionou o governo português que, No Japão, só nas últimas décadas do século XIX, quando
finalmente, reconheceu a independência do Brasil apesar de o Estado se ligou à burguesia (o governo emprestava dinhei-
ter feito algumas exigências para isso: ro para os empresários que quisessem ampliar seus negócios,
- D. João VI teria o título de Imperador do Brasil. além de montar e vender indústrias para as famílias ricas), é
- O Brasil não poderia comercializar com as colônias por- que a industrialização começou a crescer. O Estado japonês
tuguesas. esforçava-se ao máximo para incentivar o desenvolvimento
- O Brasil pagaria uma indemnização a Portugal (dois mi- capitalista e industrial.
lhões de libras esterlinas). Adam Smith (pensador escocês) escreveu em 1776 o li-
Assim, repetia-se no Brasil o que já ocorrera na América vro “A Riqueza das Nações”, nessa obra (que é considerada
espanhola: a independência fora realizada, mas sem transfor- a obra fundadora da ciência econômica), Smith afirma que o
mações na estrutura econômica e social do país. A exclusão individualismo é bom para toda a sociedade.
social continuava a ser uma triste realidade. Para ele, o Estado deveria interferir o mínimo possível na
“A descolonização é um processo lento, difícil e doloroso,
economia. Adam Smith também considerava que as ativida-
comparável à convalescença de uma longa e grave enfermi-
des que envolvem o trabalho humano são importantes e que
dade”.
a indústria amplia a divisão do trabalho aumentando a pro-
Revolução Industrial
As máquinas foram inventadas, com o propósito de pou- dutividade, ou seja, cada um deve se especializar em uma só
par o tempo do trabalho humano. tarefa para que o trabalho renda mais.
Uma delas era a máquina a vapor que foi construída na A Revolução Industrial trouxe riqueza para os burgueses;
Inglaterra durante o século XVIII. porém, os trabalhadores viviam na miséria.
Graças a essas máquinas, a produção de mercadorias Muitas mulheres e crianças faziam o trabalho pesado e
ficou maior e os lucros também cresceram. Vários empresá- ganhavam muito pouco, a jornada de trabalho variava de 14
rios; então, começaram a investir nas indústrias. a 16 horas diárias para as mulheres, e de 10 a 12 horas por
Com tanto avanço, as fábricas começaram a se espalhar dia para as crianças.
pela Inglaterra trazendo várias mudanças. Esse período é Enquanto os burgueses se reuniam em grandes festas
chamado pelos historiadores de Revolução Industrial e ela para comemorar os lucros, os trabalhadores chegavam à
começou na Inglaterra. conclusão que teriam que começar a lutar pelos seus direitos.
A burguesia inglesa era muito rica e durante muitos anos O chamado Ludismo, foi uma das primeiras formas de
continuou ampliando seus negócios de várias maneiras: luta dos trabalhadores. O movimento ludita era formado por
- financiando ataques piratas (corsários) grupos de trabalhadores que invadiam as fábricas e quebra-
- traficando escravos vam as máquinas.
- emprestando dinheiro a juros Os ludistas conseguiram algumas vitórias, por exemplo,
- pagando baixos salários aos artesãos que trabalhavam alguns patrões não reduziram os salários com medo de uma
nas manufaturas rebelião.
- vencendo guerras Além do ludismo, surgiram outras organizações operá-
- comerciando rias, além dos sindicatos e das greves.
- impondo tratados a países mais fracos Em 1830, formou-se na Inglaterra o movimento cartista.
Os ingleses davam muita importância ao comércio Os cartistas redigiram um documento chamado “Carta do
(quanto mais comércio havia, maior era a concorrência). Povo” e o enviaram ao parlamento inglês. A principal reivin-
Quando se existe comércio, existe concorrência e para dicação era o direito do voto para todos os homens (sufrágio
acabar com ela, era preciso baixar os preços. Logo, a burgue-
universal masculino), mas somente em 1867 esse direito foi
sia inglesa começou a aperfeiçoar suas máquinas e a investir
conquistado.
nas indústrias.
Thomas Malthus foi um economista inglês que afirmava
Vários camponeses foram trabalhar nas fábricas e forma-
que o crescimento da população era culpa dos pobres que
ram uma nova classe social: o proletariado.
O desenvolvimento industrial arruinou os artesãos, pois os tinham muitos filhos e não tinham como alimentá-los. Para
produtos eram confeccionados com mais rapidez nas fábricas. ele, as catástrofes naturais e as causadas pelos homens ti-
A valorização da ciência, a liberdade individual e a crença nham o papel de reduzir a população, equilibrando, assim, a
no progresso incentivaram o homem a inventar máquinas. quantidade de pessoas e a de comida.
O governo inglês dava muita importância à educação e Além disso, Malthus criticava a distribuição de renda. O
aos estudos científicos e isso também favoreceu as desco- seu raciocínio era muito simples: os responsáveis pelo de-
bertas tecnológicas. senvolvimento cultural eram os ricos e cobrar impostos deles
Graças à Marinha Inglesa (que era a maior do mundo para ajudar os pobres era errado, afinal de contas era a classe
e estava em quase todos os continentes) a Inglaterra podia rica que patrocinava a cultura.
vender seus produtos em quase todos os lugares do planeta. O Parlamento inglês (que aparentemente pensava como
No século XIX a Revolução Industrial chegou até a França Malthus) adotou, em 1834, uma lei que abolia qualquer tipo
e com o desenvolvimento das ferrovias cresceu ainda mais. de ajuda do governo aos pobres. A desculpa usada foi a que
Em 1850, chegou até a Alemanha e só no final do século ajudando os pobres, a preguiça seria estimulada. O desam-
XIX; na Itália e na Rússia, já nos EUA, o desenvolvimento in- paro serviria como um estímulo para que eles procurassem
dustrial só se deu na segunda metade do século XIX. emprego.
19
HISTÓRIA
20
HISTÓRIA
Como conclusão, pode-se afirmar que os colonialistas Os Principais Conflitos e os Antecedentes da Guerra
do século XIX, só se interessavam pelo lucro que eles ob- - Conflito Franco-Alemão – A França queria o revan-
tinham através do trabalho que os habitantes das colônias chismo sobre a Alsácia e Lorena, esta última extremamente
prestavam para eles. Eles não se importavam com as condi- rica em minério de ferro. Os alemães tomaram esses territó-
ções de trabalho e tampouco se os nativos iriam ou não so- rios após vitória sobre os franceses na guerra de 1870. A par-
breviver a esta forma de exploração desumana e capitalista. tir daí, a burguesia francesa alimentou na imprensa, igrejas,
Foi somente no século XX que as colônias conseguiram suas escolas e quartéis, cada vez mais, o espírito de revanche, que
independências, porém herdaram dos europeus uma série foi largamente responsável pela Grande Guerra. Esse conflito
de conflitos e países marcados pela exploração, subdesen-
tornou-se mais agudo à medida que os dois países disputa-
volvimento e dificuldades políticas.
Primeira Guerra Mundial vam, na África, o Marrocos.
Fatores Estruturais e Conjunturais - Conflito Anglo Alemão – O crescimento industrial
Por volta do final do século XIX e da primeira década do alemão criou a concorrência comercial anglo alemã; parale-
século XX, a Europa vivia um clima de otimismo e confiança, lamente a isso, crescia também a rivalidade naval. O desen-
ao mesmo tempo em que o avanço da industrialização (Se- volvimento da Marinha alemã abalou o domínio inglês nos
gunda Revolução Industrial – Difusão) e da corrida imperia- mares.
lista (neocolonialismo) denotavam uma fase do capitalismo Por outro lado, a Alemanha penetrava comercialmente
capaz de gerar crises. no Império turco, e a prova disso foi o plano de construir a
A constante disputa por mercados fornecedores e con- estrada de ferro Berlim – Bagdá. Esse empreendimento tor-
sumidores trazia uma forte inquietação e o prenúncio de um nava mais fácil o acesso ao petróleo existente naquela região
conflito iminente entre as potências europeias. Esse embate, (Oriente Médio).
conhecido como Primeira Guerra Mundial (1914/18), ocorreu - Conflito Germano- Russo – Devido à disputa dos dois
como resultado de um conjunto de fatores determinantes
imperialismos no Leste europeu, sobretudo na Turquia.
que, em nível conjuntural e estrutural, passaremos a analisar.
O imperialismo resultante da evolução do sistema ca- - Conflito Austro Russo – Esse conflito girou em torno
pitalista para o chamado capitalismo monopolista, do qual da Séria (região que, em 1830, tornou-se independente do
teve origem a expansão colonialista em direção à África e Império turco).
Ásia, culminou num clima de disputas territoriais entre os Havia o pan eslavismo da Rússia, política pela qual essa
países industrializados, contribuindo sobremaneira para o nação procurava proteger os povos eslavos, presentes na Eu-
agravamento das tensões mundiais. ropa Central e nos Bálcãs, subjugados aos impérios turco e
O rompimento do equilíbrio europeu após o surgimento austríacos.
da Alemanha pós-unificação (1871) foi um fator de grande O crescimento da Sérvia se colocava em função da inde-
importância para a eclosão do conflito. O crescimento eco- pendência e do agrupamento de uma série de povos eslavos,
nômico da Alemanha, apesar de uma unificação e industria- como os bosnianos, os croatras e os montenegrinos. Dessa
lização tardia, foi surpreendente, pela rapidez e dimensão forma, criava-se a Grande Sérvia ou atual Iusgolávia; entre-
alcançadas. Num curto espaço de tempo, a Alemanha conse- tanto, esse anseio chocava-se com os domínios dos impérios
guiu superar economicamente a França e, no início do século
turco e austríaco.
XX, disputava com a Grã-Bretanha sua posição hegemônica
em reação à Europa e ao mundo. A guerra foi antecedida por uma corrida armamentista
Nesse clima de disputa por mercados entre os países desenvolvida pelos países europeus a partir das crises do
europeus industrializados, começou a se desenhar uma con- Marrocos e dos Bálcãs.
juntura de “Paz Armada”, que levou os países industrializados Causa Imediata
a aumentarem sua produção de material bélico antevendo A crise diplomática surgiu com o assassinato do arque-
uma possível guerra. duque da Áustria, Francisco Ferdinando (28/7/1914) em Sa-
O nacionalismo crescente nas múltiplas minorias na- rajevo (Bósnia), por um patriota sérvio da sociedade secreta
cionais, que foram englobadas às grandes monarquias eu- “Mão Negra”.
ropeias (Congresso de Viena, 1814/15), contribuiu para Em Viena, decidiu-se eliminar, por uma humilhação di-
acentuar as tensões no continente europeu. O Império aus- plomática ou guerra, a Sérvia, que era sempre fator de agita-
tro-húngaro pode ser lembrado como o exemplo mais claro ção antiaustríaca. Berlim concordou, mas a Rússia não aceitou
desse momento. a repressão, pois a Sérvia era instrumento do pan-eslavismo.
O Império era composto por um conjunto de peque-
Em 23 de julho, um ultimato austríaco à Sérvia exigia que
nas nacionalidades (húngaros, croatas, romenos, tchecos,
eslovacos, bósnios etc.) que não conseguiam manter laços se desfizessem todas as agitações sérvias e que aceitassem a
de unidade e organizavam-se para questionar, por meio de participação de funcionários austríacos nas perícias sobre o
movimentos nacionalistas, a monarquia dual austro húngara assassinato do arqueduque Francisco Ferdinando.
e lutar contra ela. Sob o conselho da Rússia, a Sérvia rejeitou as imposições,
Em decorrência do clima de rivalidade e crescente hos- alegando que o ultimato atentava contra a sua soberania. A
tilidade que envolvia a Europa, acentuou-se a “Política de Áustria declarou guerra à Sérvia, a Rússia mobilizou suas tro-
Alianças”, que teve em Bismarck, ao final da unificação ale- pas destinadas a operar sobre as fronteiras austro russas.
mã, o seu precursor. A Tríplice Aliança era formada pela Ale- A Alemanha exigiu a desmobilização da Rússia e, como
manha, Áustria-Hungria e Itália, enquanto a Tríplice Entente não obteve resposta, mobilizou-se. Quando a Alemanha in-
era composta por Inglaterra, França e Rússia. vadiu a Bélgica para atacar a França, esta lhe declarou guerra.
21
HISTÓRIA
22
HISTÓRIA
rio” consistia na formação de uma série de pequenos países de Versalhes veio apenas acentuar os conflitos já existentes,
dominados por ditaduras de extrema direita, nas fronteiras uma vez acentuou o revanchismo europeu (Alemanha) e ge-
europeias da União Soviética. rou um desequilíbrio econômico com suas retaliações, que
Fundação da Liga das Nações proporcionaram os agentes desencadeadores das crises do
Por uma proposta de Wilson, surgiu, em Versalhes (1919), entreguerra a recessão, o desemprego e a inflação.
a Liga das Nações. Entretanto, o congresso norte-americano Nessa conjuntura pós-guerra, o surgimento de governos
não ratificou o Tratado de Versalhes e, assim, os EUA nunca totalitários de direita (nazi-fascistas) ou de esquerda (socia-
chegaram a fazer parte da Liga das Nações. listas) tornou-se inevitável, com a falência das “Democracias
Historicamente, a Liga das Nações limitou-se a resolver Liberais” nos países mais atingidos pelos reflexos da Primeira
possíveis divergências entre os países vencedores, bem como Guerra.
“proteger” o mundo capitalista da influência bolchevique. Marcados pelo autoritarismo, nacionalismo expansionis-
Entretanto, as tentativas de assegurar a paz internacio- ta e militarista, corporativismo e valorização do sentimento
nal, tão defendida pelas nações vencedoras da guerra, apre- em detrimento da razão, ergueram-se Estados ditatoriais na
sentavam seus limites. A crise econômica e social, provocada Europa e no mundo entreguerras.
pelas pesadas indenizações impostas aos países vencidos, a O Fascismo na Itália
opressão das minorias nacionais, e as rivalidades imperialis- De 1919 a 1922, a Itália atravessou uma tríplice crise de
tas entre os vencedores prepararam o caminho para a Se- extrema violência.
gunda Guerra Mundial. Crise moral
Tratados de Saint-Germain, Neully, Trianon e Sèvres Apesar de estar no bloco vencedor, não teve reparações
No tratado de Saint-Germain, a Áustria estendia territó- financeiras e retirou-se humilhada da Conferência de Paris.
rios à Hungria, Tchecoslováquia, Romênia, Iusgolávia e Po- Crise econômica
lônia. Ao mesmo tempo, o governo austríaco era forçado a Inflação, alta nos preços (a lira é desvalorizada em 75%),
reconhecer a independência desses novos países. pobreza; o país possuía poucas indústrias e a que maior força
A Itália recebeu Trento, Trieste, Ístria e Fiume. tinha, a Fiat, oprimia os operários; os pequenos proprietários
Pelo mesmo tratado, ficava proibido qualquer tipo de rurais eram explorados pelos grandes latifundiários.
aliança com a Alemanha. Crise política
Por meio do Tratado de Neully, a Bulgária perdia territó- A confederação Geral do Trabalho lançava apelos de
rios para a Romênia, Iugoslávia e Grécia. greve e desocupação das fábricas. Os governos liberais eram
Com o término do conflito, a Hungria passava a ser um apoiados por uma coligação de liberais e populares, mas as
Estado soberano, já que se desmembrara da monarquia aus- disseminações proibiam todas as iniciativas governamentais.
tro húngara. A fraqueza governamental fazia surgir uma força de de-
O tratado de Trianon reduziu o território húngaro, com fesa contra o anarquismo: o fascismo.
a cessão da Eslováquia à Tchecoslováquia, da Transilvânia à Benito Mussolini, jornalista, abandonava o jornal socialis-
Romênia e da Croácia-Eslavônia à Iugoslávia. ta (Avanti) em 1914, para sustentar a tese da guerra contra a
O tratado de Sèvres fez com que a maior porção do ter- Áustria (para os fascistas a guerra passa a ser um símbolo de
ritório turco na Europa fosse cedida à Grécia. glória). Os fascistas queriam restaurar a grandeza do passado
Consequências da Primeira Guerra Mundial italiano e acabar com a anarquia.
- Progressiva degradação dos ideais liberais e democráti- Financiados pelos grandes proprietários capitalistas, ar-
cos, resultante das crises do período Pós-Guerra (entre guer- mados pelos militares organizados em brigadas (Squadri), os
ras 1919 a 1939) e do avanço dos totalitarismos de direita e camisanegras rompiam as greves e puniam os chefes sindi-
de esquerda (nazifascismo e ditadura soviética). calistas e socialistas.
- Fortalecimento das paixões e dos sentimentos nacio- Em agosto de 1922, os fascistas substituíram a força pú-
nalistas, gerados pelos tratados de paz (ex.: Versalhes), que blica e obrigaram a CGLI a suspender uma ordem de greve
levaram à manutenção do “revanchismo europeu” (especial- geral; a prévia foi feita nesse momento, sem nenhum obstá-
mente por parte da Alemanha e da Itália). culo; o caminho ao poder estava livre.
- Com a desmobilização ao final do conflito, verificou-se Em outubro, Mussolini, o Duce, reuniu suas tropas em
um grande desemprego nos países europeus. Perouse e Nápoles. Os 27 presidentes do Conselho de Facta,
- A Primeira Guerra Mundial expôs a fragilidade européia demissionários, são ameaçados pela marcha dos fascistas,
e o progressivo declínio dos países europeus no contexto em Roma.
mundial. Vitor Emanuel III abandona o Conselho de Facta e convi-
- O equilíbrio europeu desapareceu à medida que o re- da Mussolini para formar um ministérios.
sultado do conflito e as alterações político-territoriais permi- Habitualmente, Mussolini se introduz nos gabinetes libe-
tiram a supremacia da França e da Grã-Bretanha, em detri- rais e populares, obtendo plenos poderes da Câmara e dei-
mento do resto da Europa. xando intatas as liberdades públicas.
- Ascensão dos Estados Unidos como grande potência Em 1924, os fascistas só conseguiram 60% das cadeiras.
mundial. Matteotti, um socialista, denunciou na tribuna os crimes do
O Avanço Nazi-fascista fascismo e foi assassinado.
A Primeira Guerra Mundial (1914/18) não conseguiu re- A partir desse momento, Mussolini perdeu posição, mas
solver as contradições e os problemas econômicos e políticos por pouco tempo – “Se o fascismo é uma associação de cri-
que a geraram.Ao contrário, a paz determinada pelo Tratado minosos, eu me responsabilizo”. Mussolini excluiu os depu-
23
HISTÓRIA
tados da oposição, suprimiu os partidos políticos, menos o ção, dependente do capital estrangeiro, que fez surgir um
Fascista, dissolveu os sindicatos, fechou os jornais hostis, exi- proletariado concentrado nos grandes centros urbanos, vi-
lou seus adversários etc. vendo em péssimas condições e sem direitos trabalhistas. O
Em suma, pode-se dizer que uma ditadura, um cesaris- descontentamento era generalizado, o que possibilitou uma
mo democrático que ambiciona restaurar uma Roma Impe- progressiva conscientização e mobilização popular, amea-
rial, pesava sobre a Itália que, passivamente, permitia. çando diretamente o czarismo.
Mussolini impôs à Itália a ditadura do fascismo de 1925 O czarismo
a 1943. O fascismo possuía uma nova concepção (ou talvez É o nome que se dá à monarquia absoluta e autocrática
fosse uma síntese de concepções antigas); criou um siste- russa em que o czar governava por decreto. As condições de
ma político original, transformou a economia italiana numa vida do povo eram duras e os protestos, generalizados. A vio-
economia poderosa e procurou levar a Itália a partilhar do lenta repressão de uma manifestação (o chamado Domingo
mundo colonial, enfim, a constituir-se num Império Colonial. Sangrento) fez estourar, em 1905, uma revolução liberal o
O fascismo poderia ser uma projeção violenta sobre o ‘ensaio geral’. Dela, surgiram os sovietes ou comitês de tra-
mundo exterior da personalidade de Mussolini. Entretanto, a balhadores. O czar aprovou a formação de uma assembleia
ação do Duce é a síntese de Nitzche, George Sorel Maurras e legislativa, a Duma, e ampliou os direitos civis, porém só na
até mesmo da encílica Rerum Novarum de leão XIII, de 1891. aparência. O czarismo sobreviveu ao movimento de 1905,
De acordo com os princípios do pensamento fascista: mas nunca mais apresentaria a antiga força e estabilidade.
- O indivíduo nada mais é do que uma fração do Estado. As Revoluções
O indivíduo deve estar a serviço do Estado e deve procurar Revolução de Fevereiro: A Revolução de fevereiro de
exaltar a grandeza da pátria. 1917 pode ser considerada uma primeira etapa que envolvia
- A vida é um combate perpétuo contra as forças des- o contexto específico da Rússia e da economia mundial da
truidoras do Estado, a guerra exalta e enobrece o homem, época. A deposição do poder monárquico russo foi uma de-
regenera os povos ociosos e decadentes, reafirma a virilidade monstração de poder capaz de assinalar a fragilidade do sis-
que a paz destrói. tema capitalista, principalmente no que tange às consequên-
- As lutas de classe, que enfraquecem o Estado, cessarão, cias trazidas por uma guerra mundial feita para se definir de
os trabalhadores e patrões solidários unir-se-ão em corpora-
forma brutal o papel econômico das principais potências.
ções para uma melhor produção, sob o comando do Estado,
A Rússia, que participou dos conflitos da Primeira Guerra
ao jugo do interesse nacional.
Mundial (1918 – 1918), possuía uma extensa população cin-
Do Duce se tornou presidente do Conselho, responsá-
gida por enorme fosso social. De um lado, havia massa de
vel somente diante do rei, governava por decretos, nomeava
camponeses sem condições de sobreviver fora da domina-
ministros e era assistido por um grande conselho fascista. Os
ção opressora dos grandes proprietários. Do outro, a forma-
trabalhadores foram reunidos em sindicatos fascistas, e os
patrões, nas federações industriais, formando corporações ção de uma extensa classe de operários explorados por um
presididas por delegados do Duce que regulamentavam o parque industrial fomentado pela ação de grupos econômi-
trabalho e os preços. cos estrangeiros.
Em 11 de fevereiro de 1929, era assinado o Acordo de Foi nesse quadro específico que Leon Trotsky conseguiu
Latrão, que estabelecia o reconhecimento da soberania do arregimentar grande parte da população russa em torno de
Estado do Vaticano e proclamava o catolicismo como religião um projeto político revolucionário. Dessa forma, o partido
do Estado. Mussolini restabeleceu as relações com o Vatica- bolchevique se formou com a promessa de uma transforma-
no, rompidas em 1870. ção imediata que atenderia a demanda das classes trabalha-
A imigração passa a ser proibida, com o programa fascis- doras da nação continental. No âmbito externo, as baixas na
ta de colonização da Tripolitânia. A agricultura e a indústria se Primeira Guerra somente vieram a fortificar o potencial revo-
desenvolviam, sanando o desemprego e a falência de bancos lucionário ao piorar as condições de uma economia que mal
e indústrias, comuns depois de 1929. sustentava sua população civil.
Fruto dessa situação, surge a Guerra da Etiópia. Em 1935, Nos primeiros meses de 1917 a situação chegara a um
o general Badoglio toma Addis-Abeba. Ainda foi criado o ponto completamente insustentável. Diversas lojas de man-
Instituto de Reconstrução Industrial, um organismo financei- timentos começaram a ser saqueadas pela população, os
ro que impulsionava a indústria. movimentos grevistas foram articulados e uma onda de pro-
As relações ítalo alemãs resultavam da oposição franco testos contra o governo czarista tomava as ruas da capital Pe-
inglesa à Itália. trogrado. As forças repressoras, que já também não reconhe-
Em 1936, Mussolini proclamou o eixo Roma Berlim. Mas ciam o poder estabelecido, tomaram parte da derrubada do
a Itália se aproximava da Alemanha com a Guerra Civil Espa- governo ocorrida em 26 de fevereiro daquele mesmo ano.
nhola, em que alemães e italianos entram em favor de Franco. Pressionado pelo levante popular, o czar Nicolau II abdi-
Os italianos ocupavam a Albânia, enquanto os alemães cou do poder monárquico instaurando uma situação política
ocupavam a Boêmia e a Moravia, em 1939. dúbia no país. Ao mesmo tempo em que o parlamento de
A Rússia no princípio do século XX maioria burguesa assumiu o novo governo, os sovietes rus-
O Império russo possuía uma economia agrária arcai- sos começaram a se concentrar na capital na esperança de
ca e defasada. A aristocracia e alguns grandes agricultores ter suas reivindicações atendidas. Na época, as organizações
eram proprietários da terra. A massa de camponeses pobres trabalhadoras (sovietes) eram ainda dominadas por uma cor-
era obrigada a partir para as cidades em busca de trabalho. rente de pensamento reformista favorável a uma transforma-
Em algumas zonas, iniciou-se um processo de industrializa- ção gradual.
24
HISTÓRIA
O projeto de ruptura proposto pelos partidários bolche- Durante a Terceira Conferência de Comitês de Fábrica de
viques só tomou força no momento em que Lênin retornou Toda a Rússia, a maioria dos sovietes se mostrava completa-
de seu exílio e publicou as “Teses de Abril”. A sua obra pre- mente aliada a essa ideia de uma nova tomada do poder. No
gava uma reformulação do cenário político ao se opor a uma dia 25 de outubro de 1917, o soviete de Petrogrado promo-
ordem onde o parlamento seria o instrumento de ação po- veu uma insurreição organizada pelo seu Comitê Militar Re-
lítica direta. Em seu discurso, Lênin realizou um quadro ain- volucionário. O levante obteve sucesso e, dessa forma, Lênin
da mais urgente onde as classes trabalhadoras deveriam ter passou a comandar o governo dos comissários do povo. A
poder decisório imediato. partir de então, o Partido Bolchevique passaria a controlar as
Ao contrário do que parecia, Lênin não defendia a im- cartas desse processo de transformação.
posição imediata de um regime de ordem socialista. Em sua A ascensão desse novo governo abriu caminho para a
perspectiva, a revolução deveria alcançar uma segunda etapa ocorrência de movimentos de independência nos domínios
onde os trabalhadores iriam decidir como a recuperação da da antiga Rússia czarista. Na Finlândia e na Ucrânia, movi-
Rússia iria se elaborar. Os opositores de Lênin diziam que ele mentos de independência selaram o caso da subordinação
às autoridades russas. Pouco interessado em se desgastar em
forçava uma outra revolução com pretensões de desestabili-
mais lutas, as lideranças bolcheviques cederam à pressão das
zar o “novo” governo em ação. No fim das contas, a proposta
nações dissidentes e se voltaram à resolução dos problemas
de Lênin ganhou força frente às medidas do governo da bur-
internos.
guesia parlamentar. De imediato, o governo bolchevique lançou decretos
Em abril de 1917, o governo burguês deu um verdadei- que tratavam das questões referentes à paz, a distribuição de
ro “tiro no pé” ao manter a Rússia nos conflitos da Primeira terras, os limites dos órgãos de comunicação e os direitos da
Guerra. Miliukov, chefe do governo provisório, renunciou ao população civil e militar. O poder de ação política dos sovie-
cargo dando margem para a configuração de um comando tes foi notório e o Congresso Pan-Russo tratava de garantir o
partilhado entre burgueses e trabalhadores. O novo gover- direito de participação popular por meio do Conselho Execu-
no conseguiu conter os levantes populares e reorganizar os tivo e do Conselho dos Comissários do Povo.
exércitos russos. No entanto, a partir de junho, novas derro- No plano externo, o novo governo russo teve que aceitar
tas militares somente mostraram a inviabilidade do governo as deploráveis condições do Tratado de Brest-Litovski para
composto por trabalhadores e burgueses. sair da Primeira Guerra Mundial. Os países aliados acabaram
Os protestos se potencializaram com força maior, no en- dominando um quarto da população e das terras férteis da
tanto, os levantes concentrados na capital não eram suficien- Rússia. Além disso, uma guerra civil se iniciaria contra os bol-
tes para trazer um novo governo. Os conservadores aprovei- cheviques. Tropas estrangeiras e setores burgueses e conser-
taram da situação para tentar excluir os populares do cenário vadores da Rússia apoiavam a oposição militar à ditadura de
político. Muitos deles passaram a acusar os bolcheviques de trabalhadores.
serem comprometidos com os interesses dos inimigos de Com isso, teve início uma sangreta guerra civil entre os
guerra ao propor uma rendição pacífica das tropas russas. exércitos vermelho (revolucionários) e branco (antissocialis-
Além disso, os conservadores tentaram apoiar um fracassado tas). Contrariando a situação de penúria dos exércitos ver-
golpe militar conduzido pelo general Kornilov. melhos, a guerra civil foi vencida pelos partidários do novo
A tentativa de golpe de Estado foi o incidente final e ne- governo bolchevique. A partir de então, o novo governo re-
cessário para que a perspectiva política de Lênin tivesse for- volucionário teria condições mais amplas e favoráveis para,
ça. Os operários e soldados russos fizeram oposição massiva enfim, enfrentar batalhas muito mais duras nos campos so-
contra uma nova ordem de governo ditatorial. Os militares cial e econômico.
começaram a abandonar os campos de batalha da Primei- No ano de 1918, uma série de atos legislativos preten-
diam tomar medidas em relação ao trabalho, salário e às
ra Guerra, os camponeses intensificaram seus protestos e as
condições de vida dos trabalhadores. O sistema judiciário foi
ideias de Lênin ganharam maioria dentro dos sovietes. Uma
reformulado com uma nova lógica de prescrições que, no
nova revolução se preparava.
máximo, atingiam a pena de cinco anos de detenção. Em cár-
Revolução de Outubro: A partir de fevereiro de 1917, os cere, os detentos passavam a frequentar escolas que recupe-
rumos tomados pelo novo contexto político russo tomariam rassem os criminosos.
outros destinos. O governo provisório não abriu portas para De modo geral, a Revolução de Outubro abriu portas
que os sovietes tivessem participação plena nas decisões para o período de recuperação vislumbrado pela estrutura
políticas a serem tomadas. Mesmo sendo a grande força de democrática garantida junto ao pragmatismo de Lênin. As
transformação política do período, o novo governo tomou novas ações de seu governo trariam a reorganização de uma
medidas alheias aos anseios presentes em tais unidades de nova Rússia capaz de transformar sua realidade. No entanto,
participação política popular. a morte de Lênin trouxe à tona uma nova questão definidora
Além do insucesso nos projetos de recuperação da eco- aos destinos dessa revolução.
nomia interna, o governo provisório de fevereiro optou pela Formação da União Soviética
manutenção das tropas russas na Primeira Guerra Mundial. A União Soviética foi o país que representou o bloco co-
Tais fatos contribuíram para que a tendência à postura polí- munista no mundo a partir de 1922 e combateu a polaridade
tica tomada por Lênin ganhasse força. De acordo com esse capitalista até 1991.
revolucionário, a Rússia só poderia engendrar eficazmente as No começo do século XX, a Rússia ainda era um país
transformações necessárias no momento em que os sovietes muito atrasado em relação aos demais. O modo de produ-
controlassem diretamente o governo. ção russo ainda era feudal, o país era absolutista e governado
25
HISTÓRIA
por um czar. Ainda no final do século XIX, foi construída uma tava mais satisfeita com as promessas comunistas e se revol-
estrada que permitiu uma rápida industrialização de regiões tara contra as rígidas regras impostas pela União Soviética ao
como Moscou e São Petersburgo, só que a Rússia não tinha longo dos anos. Em 1989 foi derrubado o Muro de Berlim,
estrutura para suportar uma drástica mudança. Os campone- símbolo da Guerra Fria. Muitos consideram a ocasião como
ses acabaram ficando na mesma situação de miséria. o marco do fim do socialismo no mundo, mas o mais certo
Em 1905, as insatisfações da população russa culmina- seria dizer que é o marco da vitória do capitalismo no mun-
ram em um movimento de contestação ao sistema que, mes- do. A União Soviética, por sua vez, chegou realmente ao fim
mo sem uma liderança definida ou propósitos muito claros, em 1991 quando foi desmembrada em vários outros países.
resultou na chamada Revolução Russa de 1905. O evento é Período Entre Guerras
considerado um ensaio geral para a grande revolução que É denominado período entre guerras a fase da história
ocorreria no ano de 1917 e transformaria significativamen- do século XX que vai do final da Primeira Guerra Mundial até
te a estrutura do país. Em 1905, o czar perdeu a admiração o início da Segunda Guerra Mundial, ou seja, entre 1918 a
que sustentava dos súditos, conseguiu ainda se sustentar no 1939. A época é marcada por vários acontecimentos de im-
poder até 1917, mas a Revolução Russa de 1917 condenou portância que contribuíram para delinear a geopolítica inter-
o czar Nicolau II à morte. Este movimento foi conduzido
nacional nas décadas seguintes.
pelo Partido Bolchevique, o qual reunia um grupo mais ra-
Logo a seguir ao fim do primeiro conflito, o que se ob-
dical que defendia mudanças através da ação revolucionária.
serva são importantes mudanças políticas e de rearranjos ter-
Foi em 1922 que se constituiu oficialmente a União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Esta se formou como ritoriais na Europa, África e Ásia. As Potências Centrais, Ale-
um grande país de dimensões continentais e reuniu Rússia, manha, Áustria-Hungria e Império Turco Otomano pagarão
Ucrânia, Bielorrússia, Transcaucásia, Estônia, Lituânia, Letô- preços altíssimos pela derrota na guerra. A Áustria-Hungria,
nia, Moldávia, Georgia, Armênia, Azerbaijão, Cazaquistão, uma potência na Europa Central há séculos, deixa de existir,
Uzbequistão, Turcomenistão, Quirguizão e Tadjiquistão. O fragmentando-se em várias novas nações, com importância
transcorrer da Primeira Guerra Mundial foi vital para o novo diminuta no cenário político mundial. Caso similar ocorre
movimento revolucionário na Rússia e a formação de um com o Império Turco Otomano, que antes da guerra já se
grande país de cunho comunista. encontrava em crise, mas, com a derrota, irá perder todos
Lênin foi o grande nome da formação da União Sovié- os seus territórios: o Egito passará formalmente ao controle
tica, ele foi o responsável por conduzir os trabalhadores na britânico, Síria, Líbano, Palestina e Iraque passarão a ser ad-
revolução e por estruturar a política e a economia do novo ministrados por meio de mandatos da Liga das Nações pelos
país. Após sua morte, Stalin assumiu o controle da União So- vitoriosos na guerra, França e Reino Unido. O que restou do
viética, instalando uma ditadura socialista que se estenderia antigo território Otomano, a atual Turquia, sofrerá uma inten-
até a década de 1950. sa onda de reformas, dando origem a um estado moderno,
A União Soviética conheceu grande crescimento e, por secular, que pouco lembra o antigo Império Turco Otomano.
se tratar de um país com bases comunistas, passou ilesa Mas, sem dúvida, as piores consequências da guerra caí-
pela Crise de 1929 que abalou profundamente vários países ram sobre a Alemanha, que perdeu todas as suas colônias na
capitalistas. Na Segunda Guerra Mundial, a União Soviética África, Ásia e Oceania, foi forçada a pagar uma indenização
foi uma das grandes vencedoras, ao lado dos Estados Uni- brutal em bens e dinheiro (que nunca foi quitada) e que ar-
dos. Os dois países foram os grandes ganhadores da guerra, ruinou a economia do país, indo desembocar em uma hipe-
entretanto um deles, Estados Unidos, defendia a ideologia rinflação poucas vezes vista.
capitalista, enquanto a União Soviética defendia a ideologia A crise econômica que devastou a Alemanha iria ressoar
comunista. A polaridade entre os dois países dividiu o mun- através da Europa e chegar aos Estados Unidos em 1929, fa-
do em um novo confronto a partir de 1945, a Guerra Fria. zendo enormes estragos neste país, em especial no seu auge,
A Guerra Fria foi um confronto ideológico que colocou
em 1932. Conscientes de que a Alemanha, um importante
em choque as ideologias capitalistas e comunistas no mundo.
elemento no arranjo da economia mundial não poderia ser
Os líderes do capitalismo eram os Estados Unidos e do co-
eternamente relegado a um plano inferior devido às dívidas
munismo era a União Soviética. Como ambos os países, ven-
cedores da Segunda Guerra Mundial, desfrutavam de arma- de guerra, as potências mundiais passam a tratar de modo
mento capaz de realizar uma mútua destruição, o confronto mais condescendente o país, procurando reinseri-lo dentro
direto entre eles não ocorreu. Em lugar disso, vários conflitos da esfera das grandes economias da época.
surgiram no mundo tendo a influência e o apoio, militar e Ao mesmo tempo em que a Alemanha é “perdoada” no
econômico, de tais países. O grande símbolo da Guerra Fria cenário mundial, a situação interna ainda é de mágoa e de
foi o Muro de Berlim, o qual cortou a cidade alemã de Berlim revanchismo. O desejo de retribuir as humilhações impostas
em lado ocidental e lado oriental, sendo ocidental capitalista pela perda da guerra são personalizadas na figura do partido
e oriental comunista. nazista e seu líder, Adolf Hitler, que personaliza o desejo dos
A União Soviética travou grande conflito com os Esta- alemães de reerguer seu país e torná-lo uma potência mun-
dos Unidos pela influência ideológica no mundo durante al- dial de fato e de direito.
gumas décadas. No início da década de 1980, entretanto, a Há um sentimento similar na Itália, desejosa de aumentar
União Soviética já se mostrava desgastada e incapaz de se sua importância política e econômica, e que sai da guerra
sustentar em sua ideologia. Seus produtos e estrutura políti- sentindo-se pouco recompensada por seus esforços. O líder
ca já estavam sucateados, várias medidas foram implantadas fascista, Benito Mussolini irá se identificar bastante com os
para tentar dar sobrevida ao sistema. A população já não es- objetivos de conquista alemães. Outro participante do lado
26
HISTÓRIA
vitorioso, o Japão, assim como a Itália, quer expandir o seu mente. Na Península Ibérica, golpes políticos engendrados
império, que já contava com a Coreia, Taiwan e o Mandato por setores militares e apoiados pela burguesia deram início
das Ilhas do Pacífico que pertenciam à Alemanha. ao franquismo, na Espanha, e ao salazarismo, em Portugal.
Assim, o cenário de crise econômica, as promessas de Em outras regiões da Europa a experiência totalitária
regimes totalitários como o fascismo e o nazismo, de realiza- também chegou ao poder pregando o fim das liberdades
ção e progresso, além do sentimento de revanchismo contra civis e a constituição de governos autoritários. Na grande
os principais atores da política mundial irão desembocar em maioria dos casos, a derrocada do nazifascismo após a Se-
um novo conflito mundial em 1939, que foi desencadeado gunda Guerra Mundial, serviu para que esses grupos extre-
em boa parte como uma espécie de acerto de contas não mistas fossem banidos do poder com o amplo apoio dos
resolvidas na primeira guerra. A prova disso foi um desejo grupos simpáticos à reconstrução da democracia e dos di-
simbólico de Hitler de trazer para a França o mesmo vagão reitos civis.
em que foi assinada a rendição da Alemanha em 1918, para Estado
que os franceses assinassem sua própria rendição em 1940, É comunidade de homens, fixada sobre um território,
quando a França foi conquistada pelas forças nazistas. com potestade superior de ação, de mando e de coerção. É
Regimes Totalitários Pessoa Jurídica de Direito Público Interno.
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, a Europa teve de Socialismo
enfrentar uma de suas piores crises econômicas. O uso do Ideologia política que se desenvolve a partir do século
território europeu como principal palco de batalha acarretou XIX em oposição ao capitalismo e ao liberalismo. Propõe a
na redução dos setores produtivos e inseriu a população de abolição da propriedade privada, da sociedade de classes e
todo continente em um delicado período de pobreza e mi- da chamada exploração do homem pelo homem. Defende a
séria. Além dos problemas de ordem material, os efeitos da revolução proletária e a tomada do poder pelas classes tra-
Grande Guerra também incidiram de forma direta nos movi- balhadoras.
mentos políticos e ideologias daquela época. Tipos de socialismo:
Como seria possível retirar a Europa daquela crise? Essa Socialismo utópico – Representa a primeira formula-
era uma questão que preocupava a população como um ção do pensamento socialista. Esta denominação deve-se ao
todo e, com isso, diversas respostas começaram a surgir. Em fato de que seus teóricos, após criticarem a sociedade de sua
um primeiro momento, a ajuda financeira concedida pelos época, expunham os princípios de uma sociedade ideal, sem
Estados Unidos seria uma das soluções para aquela imensa indicar os meios para torná-la real. Apontavam a socialização
crise. No entanto, as esperanças de renovação sustentadas dos meios de produção, a supressão da herança, a proteção
pelo desenvolvimento do capitalismo norte-americano fo- do indivíduo mediante leis sociais, a abolição da moeda, a
ram completamente frustradas com a crise de 1929. produção sem finalidade de lucro, o ensino para todos e a
Dessa maneira, a sociedade europeia se mostrava com- igualdade de direitos entre homens e mulheres. Seus princi-
pletamente desamparada com relação ao seu futuro. As pais representantes foram Saint-Simon (1760-1825), Charles
doutrinas liberais e capitalistas haviam entrado em total des- Fourier (1772-1837), Louis Blanc (1811-1882) e Robert Owen
crédito mediante sucessivos episódios de fracasso e indefini- (1771-1858).
ção. Paralelamente, socialistas e comunistas – principalmente Socialismo científico – Através da análise da realidade
após a Revolução Russa de 1917 – tentavam mobilizar a clas- econômica e da evolução histórica do capitalismo, Karl Marx
se trabalhadora em diversos países para que novos levantes (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) formulam princí-
populares viessem a tomar o poder. pios para o estabelecimento de uma sociedade sem classes e
A crise, somada às possibilidades de novas revoluções igualitária. São influenciados pela filosofia de Hegel (dialéti-
populares, fez com que muitos vislumbrassem uma nova ca) e os escritos da economia política inglesa (David Ricardo).
onda de instabilidade. Foi nesse momento em que novos Eles consideram que a evolução histórica é determinada pela
partidos afastados do ideário liberal e contrários aos ideais luta de classes e pelas condições econômicas de cada época.
de esquerda começaram a ganhar força política. De forma Defendem a organização da classe trabalhadora como força
geral, tais partidos tentavam solucionar a crise com a insta- revolucionária, a fim de tomar o poder político.
lação de um governo forte, centralizado e apoiado por um Socialismo cristão – Também chamado de catolicismo
sentimento nacionalista exacerbado. social, surge em fins do século XIX, em oposição às ideias so-
Apresentando essa perspectiva com ares de renovação, cialistas, e prega a aplicação dos ensinamentos cristãos para
tais partidos conseguiram se aproximar dos trabalhadores, corrigir os males criados pela industrialização. Defende a or-
profissionais liberais e integrantes da burguesia. A partir de ganização sindical e a justiça social. Com a encíclica Rerum
então, alguns governos começaram a presenciar a ascensão novarum (1891), tida como uma resposta conservadora ao
de regimes totalitários que, por meio de golpe ou do apoio Manifesto Comunista (1848), o Papa Leão XIII (1878-1903)
de setores influentes, passaram a controlar o Estado. Obser- reconhece a gravidade da questão social produzida pelo ca-
vamos dessa forma o abandono às liberdades políticas, e as pitalismo, mas rejeita as soluções revolucionárias ou iguali-
ideologias sendo enfraquecidas por um governo de caráter tárias.
autoritário. Social-Democracia
Na Itália e na Alemanha, países profundamente afetados Tentando compatibilizar socialismo e democracia, um
pela crise, o nazismo e o fascismo ascenderam ao poder sob grupo de políticos e pensadores esforçou-se por renunciar,
a liderança de Benito Mussolini e Adolf Hitler, respectiva- na gestão pública, ao dirigismo econômico absoluto e à do-
27
HISTÓRIA
minação total da economia pelo Estado. Compreendeu, pela Com a morte de Lenin, assume o político Josef Stalin (1879-
visão dos fatos, que o dirigismo socialista provocava sem- 1953). Ele suprime a oposição, promove a coletivização da
pre ineficiência econômica e despotismo político. Mas não terra, a industrialização acelerada, o planejamento centraliza-
abriu mão da ideia da coletividade prevalecendo sobre o in- do e controla os partidos comunistas de todo o mundo. Sua
divíduo. Buscam a igualdade por meio do “Estado protetor”, política é chamada de stalinismo.
que atenda às necessidades elementares da população, sem Após a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), comunistas to-
renunciar à “orientação oficial” da economia. Insistindo em mam o poder nos países do Leste Europeu libertados do
juntar contrários, tendem à burocratização para administrar nazismo pelo Exército soviético. Em 1949, os comunistas li-
o Estado e a sociedade. A social-democracia defende a liber- derados por Mao Tsé-tung (1893-1976) tomam o poder na
dade individual, tal como os liberais, mas enxerga o indivíduo China. O sistema se espalha por vários países do sudeste
como uma célula apenas da comunidade. asiático e da África e em Cuba. Na década de 80, os governos
Liberalismo chinês e soviético passam a adotar alguns princípios capita-
O Liberalismo do Século XIX é contraditório, feito por fi- listas, como a permissão para pequenas propriedades priva-
lósofos que não tinham completa ciência dos fatos sociais, das. Com a queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de
que estavam mais preocupados em minimizar o poder do 1989, a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Sovié-
Estado para garantir uma falsa liberdade socioeconômica ticas e a formação da CEI (Comunidade de Estados Indepen-
do que em averiguar os fatos e enxergarem o real papel do dentes), em 1991, os governos comunistas entram em crise.
Poder Estatal. Seus ideais dizem respeito a uma sociedade Totalitarismo
civil com cidadãos capazes de distinguir o certo do errado, O termo “totalitarismo” refere-se a uma concepção po-
respeitosos da lei, fazendo com que assim o papel do esta- lítica que exalta o Estado, a nação ou uma classe social, às
do (garantir o equilíbrio social) seja dispensável. O problema quais o indivíduo deve estar totalmente submetido. A todos
do pensamento liberal é justamente não conseguir enxergar os aspectos de sua vida privada passam para um segundo
a importância do Estado em relação à liberdade individual. plano, imolando-se o indivíduo no altar do coletivismo gros-
Sim, o Estado pode privar o indivíduo de sua liberdade, mas seiro. Daí o argumento de Adolf Hitler, inspirador do totalita-
acima de tudo é seu dever garantir sua segurança, e quando rismo nazista: “... a missão principal dos Estados Germânicos
isto é cumprido, o ideal liberal não se cumpre. é cuidar e pôr um paradeiro a uma progressiva mistura de
Comunismo raças”.
Doutrina e sistema econômico e social baseado na pro- O totalitarismo e a ditadura têm poucas diferenças, assim
priedade coletiva dos meios de produção. Sistema social, po- como o socialismo e o comunismo. O fascismo é totalitário, e
lítico e econômico desenvolvido teoricamente por Karl Marx, o Estado fascista; síntese e unidade de todo valor interpreta,
e proposto pelos partidos comunistas como etapa posterior movimenta e domina toda a vida do povo.
ao socialismo Tem como ideal a primazia do interesse co- Ditadura
mum da sociedade sobre o de indivíduos isolados. Esta no- É o exercício temporário do poder político, unipessoal
ção surge já na Antiguidade. Os ideais comunistas acompa- ou colegiado, caracterizado pela concentração de atribuições
nham a civilização cristã na Idade Média e no Renascimento. pré-fixadas e destinado a sanar mal público iminente ou real.
As grandes utopias sobre o comunismo surgem nos séculos Tal definição pode parecer estranha a quem estiver habitua-
XVI e XVII. do ao uso indiscriminado do vocábulo, que, por ter natureza
Conceitos a partir do pensamento dos Marxistas e do analógica - apresenta vários sentidos correlatos, análogos,
próprio governo comunista: embora não idênticos - presta-se a uma série de preconcei-
Comunismo marxista – O Manifesto Comunista, escrito tos e mal-entendidos.
em 1848 pelos pensadores alemães Karl Marx(1818-1883) e Nazismo
Friedrich Engels (1820-1895), afirma que o comunismo seria Nazismo é um movimento autoritário que nasceu na
o estágio final da organização político-econômica humana. Alemanha após 1ª guerra mundial e cresceu quando Hitler
A sociedade viveria num coletivismo, sem divisão de classes subiu ao poder na Alemanha em 1933. O Nazismo se baseia
nem a presença de um Estado coercitivo. Para chegar ao co- no anticomunismo, no antissemitismo, e na crença na supe-
munismo, os marxistas preveem um estágio intermediário de rioridade da raça ariana em relação às outras raças e pregava
organização, o socialismo, que instala uma ditadura do pro- a “limpeza racial” no país com a perseguição a outros povos
letariado para garantir a transição. Essa ditadura promove a como judeus, curdos, etc...Também queria a expansão da Ale-
destruição completa da burguesia, abole as classes sociais e manha Nazista na Europa.
desenvolve as forças de produção de modo que cada indiví- Ao final da 1ª Guerra Mundial, além de perder territórios
duo dê sua contribuição segundo sua capacidade e receba para França, Polônia, Dinamarca e Bélgica, os alemães são
segundo suas necessidades. Para os marxistas, a construção obrigados, por determinação do Tratado de Versalhes, a pa-
de uma situação de abundância permitiria a supressão dos gar pesadas reparações financeiras aos países vencedores. O
salários e a extinção total do Estado.Governos comunistas pagamento dessa penalidade provoca o crescimento da dívi-
– Em 1917, a Revolução Russa instala no poder os defenso- da externa e compromete os investimentos internos, geran-
res do comunismo. Sob a liderança do russo Vladimir Lenin do falências, inflação e desemprego em massa: as tentativas
(1870-1924), é estabelecida a ditadura do proletariado e o fracassadas de revolução socialista (1919, 1921 e 1923) e as
Partido Comunista controla o governo com o objetivo de fa- sucessivas quedas de gabinetes de orientação social-demo-
zer a transição entre o capitalismo e o socialismo. Os princí- crata criam condições favoráveis ao surgimento e à expansão
pios e métodos adotados são conhecidos como leninismo. do nazismo no país.
28
HISTÓRIA
29
HISTÓRIA
30
HISTÓRIA
Além de contabilizar o enfraquecimento europeu, deve- URSS. Até mesmo porque, estes dois países estavam arma-
mos ainda falar sobre a situação dos EUA e da União Soviética dos com centenas de mísseis nucleares. Um conflito armado
após a Segunda Guerra. Depois de 1945, essas duas nações direto significaria o fim dos dois países e, provavelmente, da
se fortaleceram enormemente e apresentavam condições de vida no planeta Terra. Porém ambos acabaram alimentando
disputarem entre si as várias áreas de influência econômica conflitos em outros países como, por exemplo, na Coreia e
deixadas pela Europa. Contudo, ambas sabiam que o conflito no Vietnã.
direto seria um preço alto demais a ser pago em um cenário Paz Armada
internacional desgastado por grandes agitações. Na verdade, uma expressão explica muito bem este pe-
Não por acaso, temos o início da Guerra Fria, tempo em ríodo: a existência da Paz Armada. As duas potências envol-
que norte-americanos e soviéticos buscaram se aproximar veram-se numa corrida armamentista, espalhando exércitos
dos governos independentes que se formavam nas regiões e armamentos em seus territórios e nos países aliados. En-
antes dominadas pela antiga política imperialista. Somente quanto houvesse um equilíbrio bélico entre as duas potên-
entre as décadas de 1950 e 1960, mais de quarenta novos cias, a paz estaria garantida, pois haveria o medo do ataque
países surgiam no interior do território afro-asiático. Nesse
inimigo.
meio tempo, EUA e URSS participaram direta ou indireta-
Nesta época, formaram-se dois blocos militares, cujo ob-
mente dos conflitos que resolveriam o novo poder a ser ins-
jetivo era defender os interesses militares dos países mem-
talado em tais países.
Mais do que marcar as disputas da Guerra Fria, a forma- bros. A OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte
ção desses países também foi responsável pelo surgimen- (surgiu em abril de 1949) era liderada pelos Estados Unidos
to de um novo grupo geopolítico conhecido como Terceiro e tinha suas bases nos países membros, principalmente na
Mundo. Em linhas gerais, os países terceiro-mundistas tinham Europa Ocidental. O Pacto de Varsóvia era comandado pela
uma economia frágil e ainda enfrentavam grandes entraves União Soviética e defendia militarmente os países socialistas.
para a consolidação do Estado e a resolução de seus pro- Alguns países membros da OTAN : Estados Unidos, Ca-
blemas de ordem social. Além das nações descolonizadas, o nadá, Itália, Inglaterra, Alemanha Ocidental, França, Suécia,
Terceiro Mundo também era formado por grande parte das Espanha, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Áustria e Grécia.
nações da América Latina. Alguns países membros do Pacto de Varsóvia : URSS,
Mediante esse novo quadro, vários chefes de Estado, re- Cuba, China, Coreia do Norte, Romênia, Alemanha Oriental,
presentantes desse novo grupo, decidiram se reunir na cha- Albânia, Tchecoslováquia e Polônia.
mada Conferência de Bandung, em 1955. Em outras ques- Corrida Espacial
tões, essa reunião tinha como objetivo maior discutir quais EUA e URSS travaram uma disputa muito grande no que
seriam as medidas comuns a serem tomadas no sentido de se refere aos avanços espaciais. Ambos corriam para tentar
preservar a soberania das nações recém-formadas e a criação atingir objetivos significativos nesta área. Isso ocorria, pois
de medidas de cooperação mútua. Paralelamente, seus parti- havia uma certa disputa entre as potências, com o objetivo
cipantes abraçaram o combate ao racismo e apoiaram todas de mostrar para o mundo qual era o sistema mais avançado.
as lutas de caráter anticolonial. No ano de 1957, a URSS lança o foguete Sputnik com um
Além de apresentar alguns “membros” do Terceiro Mun- cão dentro, o primeiro ser vivo a ir para o espaço. Doze anos
do para a comunidade internacional, tal foi de grande impor- depois, em 1969, o mundo todo pôde acompanhar pela te-
tância para que a ONU exigisse das nações européias o re- levisão a chegada do homem a lua, com a missão espacial
conhecimento da autonomia política desses novos Estados. norte-americana.
Apesar de representar o fim de uma era, a descolonização Caça às Bruxas
abria porta para outros desafios que ainda promovem guer- Os EUA liderou uma forte política de combate ao co-
ras e conflitos em tais continentes. Miséria, fome e corrupção
munismo em seu território e no mundo. Usando o cinema,
são apenas alguns dos problemas que ainda atingem essas
a televisão, os jornais, as propagandas e até mesmo as his-
nações pós-coloniais.
tórias em quadrinhos, divulgou uma campanha valorizando
Guerra Fria
A Guerra Fria tem início logo após a Segunda Guerra o “american way of life”. Vários cidadãos americanos foram
Mundial, pois os Estados Unidos e a União Soviética vão dis- presos ou marginalizados por defenderem ideias próximas
putar a hegemonia política, econômica e militar no mundo. ao socialismo. O Macartismo, comandado pelo senador re-
A União Soviética possuía um sistema socialista, basea- publicano Joseph McCarthy, perseguiu muitas pessoas nos
do na economia planificada, partido único (Partido Comu- EUA. Essa ideologia também chegava aos países aliados dos
nista), igualdade social e falta de democracia. Já os Estados EUA, como uma forma de identificar o socialismo com tudo
unidos, a outra potência mundial, defendia a expansão do que havia de ruim no planeta.
sistema capitalista, baseado na economia de mercado, siste- Na URSS não foi diferente, já que o Partido Comunista
ma democrático e propriedade privada. Na segunda metade e seus integrantes perseguiam, prendiam e até matavam to-
da década de 1940 até 1989, estas duas potências tentaram dos aqueles que não seguiam as regras estabelecidas pelo
implantar em outros países os seus sistemas políticos e eco- governo. Sair destes países, por exemplo, era praticamente
nômicos. impossível. Um sistema de investigação e espionagem foi
A definição para a expressão guerra fria é de um conflito muito usado de ambos os lados. Enquanto a espionagem
que aconteceu apenas no campo ideológico, não ocorrendo norte-americana cabia aos integrantes da CIA, os funcioná-
um embate militar declarado e direto entre Estados Unidos e rios da KGB faziam os serviços secretos soviéticos.
31
HISTÓRIA
“Cortina de Ferro” mais a cada ciclo estudado. Assim, desde quando aportaram
Após a Segunda Guerra, a Alemanha foi dividida em naus europeias em terras ameríndias o continente sustentou
duas áreas de ocupação entre os países vencedores. A Repú- os países europeus na época do imperialismo ibérico, e, de-
blica Democrática da Alemanha, com capital em Berlim, ficou pois por meio do capitalismo através da espoliação sofrida, e,
sendo zona de influência soviética e, portanto, socialista. A estes, agora, num contexto imperialista neoliberal continuam
República Federal da Alemanha, com capital em Bonn (parte a enganar, dominando, fazendo com que os latinos olhem a
capitalista), ficou sob a influência dos países capitalistas. A si mesmos com os olhos dos dominadores, ludibriando com
cidade de Berlim foi dividida entre as quatro forças que ven- uma falácia ideológica que não ameniza a dor, nem o sofri-
ceram a guerra : URSS, EUA, França e Inglaterra. No final da mento, muito menos a miséria; e promove, no fim, a desvalo-
década de 1940 é levantado Muro de Berlim, para dividir a rização do ser humano e a supervalorização do capital.
cidade em duas partes : uma capitalista e outra socialista. É a O vírus do capitalismo tem consumido internamente o
vergonhosa “cortina de ferro”. doentio Continente Latino-Americano, extraindo sua força
Plano Marshall e COMECON vital, suas defesas, sua beleza, deixando-a sem brilho, sem
As duas potências desenvolveram planos para desenvol- fontes, sem renda, sem trabalho, sem dignidade, sem nada...!
ver economicamente os países membros. No final da déca- Não é de estranhar a frase de Galeano que diz que “no fim
da de 1940, os EUA colocaram em prática o Plano Marshall, das contas, tampouco em nosso tempo a existência dos cen-
oferecendo ajuda econômica, principalmente através de tros ricos do capitalismo pode explicar-se sem a existência
empréstimos, para reconstruir os países capitalistas afetados das periferias pobres e submetidas: umas e outras integram
pela Segunda Guerra Mundial. Já o COMECON foi criado pela o mesmo sistema.” (GALEANO, 2009). Essa constatação nos
URSS em 1949 com o objetivo de garantir auxílio mútuo en- remete aos efeitos colaterais de uma enfermidade endêmica.
tre os países socialistas. As “minas de ouro”, tão almejadas pelo capitalismo estão no
Envolvimentos Indiretos coração da América Latina, e, para tomá-las é preciso anes-
Guerra da Coreia: Entre os anos de 1951 e 1953 a Co- tesiar, estudar, imolar, e, promover a permanente invalidez,
reia foi palco de um conflito armado de grandes proporções. tornando este continente incapaz de reação e recuperação,
Após a Revolução Maoista ocorrida na China, a Coreia sofre perpetuando a espoliação de suas riquezas.
pressões para adotar o sistema socialista em todo seu terri- O lado nefasto do capitalismo age nas periferias miserá-
tório. A região sul da Coreia resiste e, com o apoio militar dos veis como fábrica de miséria e miseráveis, e, está, na verdade,
Estados Unidos, defende seus interesses. A guerra dura dois produzindo uma massa de excluídos tão vultosa que assusta
anos e termina, em 1953, com a divisão da Coreia no paralelo
até mesmo o pior dos pessimistas. A acentuação das desi-
38. A Coreia do Norte ficou sob influência soviética e com
gualdades pode perturbar a já tão conturbada ordem mun-
um sistema socialista, enquanto a Coreia do Sul manteve o
dial. Haverá (ou, já houve) um tempo na qual o enfermo, de-
sistema capitalista.
pois de descoberto o diagnóstico, procurará o remédio para
Guerra do Vietnã: Este conflito ocorreu entre 1959 e
1975 e contou com a intervenção direta dos EUA e URSS. Os sua enfermidade. Então a luta por sobrevivência não terá he-
soldados norte-americanos, apesar de todo aparato tecno- róis, nem mocinhos, mas, tão somente... Sobreviventes. Ou-
lógico, tiveram dificuldades em enfrentar os soldados viet- vem-se os gritos de independência, sentem-se as dores da
congues (apoiados pelos soviéticos) nas florestas tropicais escravidão, veem-se as misérias dos miseráveis.
do país. Milhares de pessoas, entre civis e militares morre- O acúmulo de capital a qualquer custo, realmente custou
ram nos combates. Os EUA saíram derrotados e tiveram que a vida de pessoas e populações inteiras. Desde seus primór-
abandonar o território vietnamita de forma vergonhosa em dios, o sistema capitalista vem colecionando uma massa de
1975. O Vietnã passou a ser socialista. excluídos e “doentes terminais” que, agora, estão buscando
Fim da Guerra Fria uma solução para suas crises. A esperança depois da exaus-
A falta de democracia, o atraso econômico e a crise nas tão, após tantos séculos de contínua exploração, é uma vir-
repúblicas soviéticas acabaram por acelerar a crise do socia- tude, na qual o doente se agarra para levantar-se, curar-se,
lismo no final da década de 1980. Em 1989 cai o Muro de andar sozinho, buscar autonomia, deixar de depender de
Berlim e as duas Alemanhas são reunificadas. No começo da médicos que não curam, mas que fazem de tudo para o
década de 1990, o então presidente da União Soviética Gor- doente permanecer... doente..., com fins duvidosos! É o caso
bachev começou a acelerar o fim do socialismo naquele país dos médicos do terceiro Reich, como o Dr. Sigmundo Ras-
e nos aliados. Com reformas econômicas, acordos com os cher em Birkenau, Dachau e Auschwitz, que, a pretexto de
EUA e mudanças políticas, o sistema foi se enfraquecendo. descobrir técnicas de reanimação depois do congelamento,
Era o fim de um período de embates políticos, ideológicos e apoiados pelo comando nazista, promoveram “experimen-
militares. O capitalismo vitorioso, aos poucos, iria sendo im- tos” com jovens judeus onde para congelá-los, colocavam
plantado nos países socialistas. a vítima numa cuba de água gelada, nus, e com uma sonda,
A Espoliação da América Latina que media a queda de temperatura corporal, introduzida no
O principal motivo por trás do aprofundamento da crise reto da vítima.
capitalista na América Latina relaciona-se com o aumento da Enquanto a Europa se transformava com a espoliação
espoliação imperialista com o objetivo de desviá-la dos paí- dos tesouros latino americanos, esses optavam pelo suicídio
ses centrais, principalmente dos EUA, que considera à Améri- para evitar sofrimento maior com a obrigatoriedade do tra-
ca Latina o seu pátio traseiro. balho escravo, além de matarem seus próprios filhos.
É insaciável a fome capitalista, onde muitos são subme- Em sua busca por tesouros e bens, os europeus extermi-
tidos em condições subumanas para o capricho de uma mi- navam pessoas, culturas e tudo que não lhes interessavam.
noria, cuja disparidade da desigualdade aumenta cada vez Amparada pela fé católica, que se debatiam sobre a questão
32
HISTÓRIA
da alma dos negros e índios, os exploradores foram legitima- tos de enfrentamentos desses movimentos, principalmente,
dos quando combatiam os pagãos e os expatriavam de suas quando são confrontados com os latifundiários, industriários,
heranças (terra, cultura, dignidade humana): os europeus, varejistas, construtores, banqueiros, entre outros.
sim, eram os verdadeiros selvagens. O Mundo Pós Guerra
Essa visão, errônea, de mundo, escravizou os negros afri- No dia 9 de novembro de 1989 mudou o panorama po-
canos, aprisionaram os índios, não respeitando a pessoa, a lítico do século XX. Nessa data foi destruído o símbolo con-
dignidade humana, produzindo desigualdades sem limite na creto da divisão do mundo em dois sistemas (capitalismo e
América Latina, embora, a “roda” da economia dependesse socialismo), que caracterizou o período da guerra fria.
desses pobres miseráveis. Os dominadores surrupiaram a ri- A década de 1990 começou sem o mundo socialista, e o
queza dos nativos, deixando um rastro de violência, pobre- modo de produção capitalista voltou a ser o único a reger a
za e miséria, pilhando milhares à margem da sociedade. Até economia mundial. Antes de analisar o capitalismo dos últi-
hoje, oligarquias lutam para manter seus poderes e domínios mos anos do século XX, é muito importante dar uma atenção
em detrimento da maioria “de índios, pobres e negros”. Al- especial às mudanças ocorridas durante a guerra fria nos paí-
guns problemas ainda existentes são a intolerância religiosa ses que adotavam esse sistema.
e étnica, além das desigualdades sociais. O Capitalismo Na Guerra Fria
As grandes transformações ocorridas no século XX contri- Durante a guerra fria, apesar da ameaça de expansão do
buíram para acirrarem mais ainda as dificuldades, já enormes, socialismo, o capitalismo se manteve em sua terceira fase - o
dos países latino-americanos. O desenvolvimento do capita- capitalismo financeiro - nos países que adotavam esse siste-
lismo gerou em seu seio um sem número de contradições ma econômico. Porém muita coisa mudou no lado capitalis-
que, aliado ao imperialismo, patrocinou o aprofundamento ta. Veja quais foram as principais modificações:
da miséria, sofrimento e decadência da América Latina. Des- - Os Estados Unidos assumiram a liderança do bloco
tacamos que o capitalismo e o imperialismo contribuíram, ocidental, em Bretton Woods, quando o Banco Mundial e o
sim, para a situação terceiro-mundista do considerado sub- FMI iniciaram sua fase de dominação sobre os países subde-
continente. A instabilidade patrocinada pelo capital, que se senvolvidos, e o dólar tornou-se a moeda forte da economia
desdobram em muito sofrimento, desigualdades, injustiças; capitalista.
provocaram miséria, fome e empobrecimento intelectual e - Novos países surgiram com a descolonização da Ásia
cultural, além do sequestro de terras e mentes, fazendo dos e da África.
latino-americanos uma região castigada pela selvageria do - As transnacionais se espalharam pelo mundo em busca
capitalismo e de seu aliado: o imperialismo, que domina e de mão de obra e matéria-prima baratas e de mercado con-
nos faz pensar como marionetes para manutenção de seu sumidor. Alguns países subdesenvolvidos se industrializaram,
poder dominador. na dependência dos países ricos.
O capitalismo, em sua práxis, está fundado em três pon- - Na Europa ocidental, a Comunidade Econômica Eu-
tos principais: concentração de renda e terra; exploração de ropeia preparou o caminho para sua integração total, que
mão de obra; consumismo. Esses fatores, articulados durante ocorreu nos anos 1990, com a criação da União Europeia.
a história, em diversos contextos, locais e épocas, produziram A década de 1980 assistiu ao início das transformações
muita miséria, dor, sofrimento, além de indignação, revolta e que culminariam com o fim do mundo socialista e a antiga
desejo legítimo de liberdade. Na América Latina, a história rivalidade dos tempos da guerra fria, no início dos anos 1990.
não foi diferente. Longe do centro do poder político e eco- Nova Ordem Mundial — O Mundo Multipolar
nômico, sofreu com as atrocidades advindas, primeiramente, Com o fim da bipolaridade, os Estados Unidos viram-
da colonização europeia, que introduziu seu domínio, com se transformados na potência “vencedora” da guerra fria e
as armas, produzindo muita violência, com a finalidade de assumiram o papel da grande potência mundial. Entretanto,
explorar o máximo que puder das novas terras. apesar do indiscutível poderio americano, Japão e Alemanha
Colonização, escravidão e latifúndio são fatores que (hoje reunificada e integrando a União Europeia) também
marcaram a formação política brasileira, contaminando todas apareciam como polos da economia mundial, que se tornou,
as relações políticas. então, multipolar.
O “encobrimento” da cultura nativa no novo mundo, Essa nova situação, que o presidente norte-americano
conforme Dussel, marca a existência da América Latina, com- George Bush chamou de nova ordem mundial na Conferên-
prometendo a originalidade e privilegiando a reprodução, cia de Malta, em 1989, na verdade não trouxe muita coisa de
levando-nos à dependência extrema externa, desnudando novo. O que deixava de existir era a velha ordem bipolar e a
a realidade da dominação e opressão que foi submetida os rivalidade entre sistemas econômicos opostos que buscavam
países sul-americanos. Assim, a espoliação do Brasil foi aju- competir usando a capacidade militar.
dada pela figura do homem cordial, incapaz de se desvincu- Com a volta do mundo (com raras exceções) ao capitalis-
lar da família, que favorece o ímpeto de dominação externa mo, que prioriza o lucro e a propriedade privada, a economia
dominado pelo colonizador ibérico, que busca status e rique- mundial passou a funcionar segundo a lógica desse sistema.
za fáceis. A multipolaridade, isto é, o aparecimento de novos pó-
A América Latina é um dos continentes mais injustos, los econômicos, nada mudou na distribuição da riqueza no
socialmente, do mundo. As discrepâncias sociais beiram o mundo. Os países ricos continuam ricos. E os pobres (ex-Ter-
absurdo, o fosso das diferenças sociais, e, de renda, são fe- ceiro Mundo) continuam pobres. Sem inimigo a ser vencido,
nomenais. As reformas necessárias nunca ocorrem, e o que a corrida armamentista perdeu força. A busca de novas es-
se vê é uma luta silenciosa, que vez ou outra, desponta na tratégias para ganhar mercados passou a ter prioridade na
mídia, interessada apenas em destacar os piores momen- ordenação econômica do mundo.
33
HISTÓRIA
34
HISTÓRIA
35
HISTÓRIA
Por isso, no Estado judeu encontram-se inúmeros grupos ét- Os atentados suicidas se intensificam em 2002, e Israel
nicos cujas culturas, tradições, orientações políticas e práticas amplia as invasões das áreas autônomas, sitiando Arafat e
religiosas variam muito e são livremente expressas. destruindo boa parte da infraestrutura palestina. Os israelen-
O Conflito Árabe Israelense ses reocupam as grandes cidades autônomas e impõem o
Acontecimentos Históricos Pós 2ª Guerra Mundial toque de recolher. Acusado por EUA e Israel de conivência
Em 14 de maio de 1948, uma resolução das Nações Uni- com o terrorismo e de manter um governo corrupto, Ara-
das divide o território da então Palestina entre árabes e ju- fat promove reformas em seu ministério em junho e anuncia
deus. No entanto apenas o Estado de Israel é efetivamente eleições presidenciais para janeiro. Em dezembro, a ANP adia
criado, já em meio a uma guerra com os vizinhos árabes. A o pleito para depois da retirada das tropas de Israel.
guerra de 1948-49 é a primeira de muitas que Israel viria a
enfrentar. Divergências Entre Israelenses E Palestinos
Esta primeira guerra cria um dos mais complicados pro- Jerusalém: Israel conquistou Jerusalém Oriental e a Cis-
blemas para a paz na região: um imenso número de refu- jordânia na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Tradicionalmente
giados palestinos. Já na época eles eram mais de 700 mil. afirma que Jerusalém é a sua capital eterna e indivisível. Os
Os palestinos, árabes que viviam na região antes da criação
palestinos reivindicam a parte leste da cidade como capital
do Estado de Israel, ficam sem nação. Muitos fogem para o
de seu futuro Estado.
Líbano, para Gaza ou para Jordânia.
Os assentamentos: Mais de 170 mil judeus vivem em
A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) nasce
em 1964. assentamentos nos territórios ocupados por Israel, que quer
Em 1967, Israel toma a Cisjordânia (controlada pela Jor- mantê-los sob soberania israelense. Os palestinos querem o
dânia), incluindo parte leste da cidade de Jerusalém, as Coli- fim dos assentamentos.
nas de Golan (que pertenciam a Síria), a Faixa de Gaza (Egito) Água: Israel reivindica controle total dos recursos hídri-
e o deserto do Sinai (Egito). A guerra de 1967 que dura ape- cos, incluindo os lençóis subterrâneos na Cisjordânia, cuja
nas seis dias, origina uma nova leva de refugiados palestinos administração é reivindicada pelos palestinos.
que viviam nas áreas invadidas e ocupadas. Refugiados Palestinos: Há mais de 3,5 milhões de refu-
Em 1973 estoura a Guerra do Yom Kipur. Na principal giados palestinos em países da região. Israel rechaça a ideia
festa religiosa judaica (Dia do Perdão), Israel é atacado pelos de permitir a volta de todos eles a seu território.
exércitos egípcio e sírio, mas consegue manter as fronteiras
estabelecidas durante a Guerra dos Seis Dias. A Atual Intifada
Através de um acordo, assinado em 1979 com o Egito, No dia 26 de setembro de 2000, o líder do partido Likud
Israel devolve a Península do Sinai. Em 1982 Israel ocupa o sul (direita), Ariel Sharon, fez uma visita à Esplanada das Mesqui-
do Líbano, retirando-se de lá apenas no ano 2000. tas, ou Monte Templo para os judeus, local sagrado para os
A partir da década de 70 começam a surgir importantes dois povos. A presença de Sharon provocou protestos dos
grupos terroristas palestinos. palestinos, que viram a visita como uma provocação.
Em 1987 começa a primeira Intifada (revolta popular pa- Os palestinos protestaram de forma violenta, atirando
lestina). pedras nos judeus. As forças israelenses reagiram duramente,
O então primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin (as- matando quatro manifestantes. Os manifestantes palestinos
sassinado em 1995 por um extremista judeu) e o líder pa- intensificaram a violência. Israel voltou a reagir. Mais de 90
lestino Yasser Arafat fecham em 1993 um acordo que daria pessoas morreram e cerca de 2 mil ficaram feridas (a maioria
o controle de parte da Cisjordânia e da Faixa de Gaza aos palestinos) em 11 dias de confrontos.
palestinos. Conhecido como o Acordo de Oslo, é a base para O surto de violência impediu acordos e apressou a que-
o processo de paz entre Israel e a Autoridade Nacional Pales- da do governo do primeiro-ministro israelense Ehud Barak.
tina (ANP). Israel retira-se de boa parte dos centros urbanos
Ariel Sharon venceu as eleições para a chefia de governo com
palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, dando auto-
grande maioria.
nomia administrativa aos palestinos, mas mantendo encla-
ves protegidos em cidades como Hebron, Gaza e Nablus. Os Em junho de 2003 é assinado o denominado mapa da
acordos de Oslo preveem um acordo final até maio de 1999. paz, elaborado pelo quarteto: Estados Unidos, Rússia, ONU
O prazo é adiado devido à falta de avanço nos temas mais e União Europeia, além, é claro, dos representantes de Israel
polêmicos (veja quadro sobre as divergências). e dos palestinos. Este novo mapa da paz prevê a criação do
Pelo acordo de Wye Plantation (1998), Israel faz novas Estado Palestino em 2005. A etapa inicial previa o imediato
retiradas na Cisjordânia, até março de 2000. cessar fogo, algo que não foi respeitado pelos grupos extre-
As negociações chegam a um impasse na fase que defi- mistas islâmicos e nem pelas forças israelenses.
niria o status final dos territórios palestinos. O primeiro-mi-
nistro israelense, Ehud Barak, e Arafat reúnem-se em Camp Guerra No Iraque
David (EUA), em julho de 2000, para tratar das questões mais Os Estados Unidos derrubaram o regime de Saddam
difíceis, mas não chegam a um acordo. Hussein em apenas três semanas de Guerra contra os ira-
A frustração palestina resulta na segunda Intifada, inicia- quianos, com um mínimo de baixas em combate (o número
da em Setembro de 2000. Entre os fatores que dificultam a de soldados mortos está sendo maior agora, durante o perío-
retomada do diálogo, destacam-se os atentados em Israel, do da ocupação no Iraque). Mas essa vitória foi conseguida
a expansão das colônias judaicas em zonas árabes e o blo- ao preço de um isolamento internacional sem precedentes.
queio militar a cidades palestinas. A ONU recusou-se a legitimar a ação militar anglo-america-
36
HISTÓRIA
na, apesar da denúncia (nunca comprovada) de que o Iraque no em Cabul, em dezembro de 2001. Quem deu a largada
teria em seu poder armas de destruição em massa, o que o para a ofensiva retórica anti-Saddam foi o próprio Bush. Num
tornaria uma ameaça à segurança dos demais países. discurso ao Congresso, em janeiro de 2002, ele incluiu o Ira-
A invasão do Iraque provocou uma divisão entre os paí- que, ao lado do Irã e da Coreia do Norte, no que chamou de
ses ocidentais que se tinham aliado contra o comunismo na “eixo do mal”. Esses três países foram apontados como uma
Guerra Fria. França e Alemanha se opuseram à intervenção ameaça à estabilidade mundial e, portanto, candidatos a se
militar. Rússia e China, que colaboram com os EUA no com- tornar alvo de um “ataque preventivo” (peça chave na nova
bate ao terrorismo, recusaram-se a apoiar a intervenção. A doutrina estratégica dos EUA).
Espanha ficou a favor de Washington, assim como o Reino Para muitos analistas, a insistência na opção militar tinha
Unido, que enviou tropas para o golfo Pérsico, formando outras explicações, ligadas ao petróleo, ao domínio político
com os norte-americanos as forças de coalizão. Milhões de do Oriente Médio e à afirmação da hegemonia global dos
manifestantes saíram às ruas, em todos os continentes, para EUA. Esse raciocínio tem a ver com a importância estratégica
protestar contra a guerra. do Iraque, dono da segunda maior reserva de petróleo do
A ação militar foi uma opção política e estratégica do planeta.
presidente George W. Bush. Na visão do presidente e de seus Os EUA e o Reino Unido iniciaram a guerra contra o Ira-
que com um maciço bombardeio em 20 de março. Enquanto
principais assessores em política externa, os EUA erraram em
centenas de mísseis Tomahawk e bombas guiadas por saté-
1991 ao deter a ofensiva vitoriosa das tropas norte-america-
lite explodiam sobre palácios e ministérios em Bagdá, milha-
nas na fronteira com o Iraque, em vez de avançar até Bagdá. res de soldados norte-americanos e ingleses atravessaram a
Na época, o presidente George H. Bush, pai de George W. fronteira do Kuweit, no sul, e invadiram o país. No norte e no
Bush, entendia que a invasão do Iraque violaria o mandato oeste, tropas especiais, lançadas de pára-quedas, ocuparam
concedido pela ONU. Qualquer passo além da libertação do pistas de pouso e poços de petróleo.
Kuweit romperia a aliança com os países árabes que partici- Quando teve início a investida terrestre sobre a capital,
param na empreitada. E os norte-americanos receavam que as defesas iraquianas já haviam sido estraçalhadas. A Guarda
a derrubada de Saddam abrisse caminho à formação de uma Republicana, força militar de elite encarregada de enfrentar
República Curda no norte do Iraque, o que estimularia as rei- os invasores, debandou sem oferecer resistência.
vindicações territoriais dos curdos da Turquia. Um perigo ain- Depois que os norte-americanos entraram em Bagdá e a
da mais grave seria a instalação, pela maioria xiita iraquiana, guarda de Saddam fugiu, a capital iraquiana mergulhou no
de um regime islâmico à imagem e semelhança do Irã dos caos. Sem policiais, um quebra-quebra gigantesco tomou
aiatolás. Por isso os EUA não levantaram uma palha quando conta da cidade. Com exceção do Ministério de Petróleo,
Saddam se mobilizou para esmagar as manifestações dos protegido pelas tropas ocupação, todos os prédios do go-
curdos e dos xiitas, matando 30 mil pessoas, aproximada- verno foram incendiados. A pilhagem não poupou nem os
mente. museus, onde estavam relíquias de civilizações como a assíria
A invasão do Iraque entrou para os planos de Washin- e a babilônica.
gton com a chegada de Bush filho à presidência, no fim de Saddam foi capturado no Iraque em dezembro de 2003,
2000. Durante a campanha ele deixou claro essa intenção. nas proximidades de Tikrit (sua terra natal).
Desde o início do seu governo, a política externa norte-ame-
ricana passou a ser influenciada por uma corrente de pensa- Divisão Étnica E Religiosa
mento marginalizada no governo anterior – o neoconserva- A equação do poder no Iraque é complicada por uma
dorismo, favorável ao uso irrestrito das armas para consolidar profunda divisão religiosa e étnica. Os árabes, que são a
a hegemonia dos EUA no mundo, sem se deixar restringir por grande maioria da população, dividem-se em sunitas e xiitas
tratados e nem por instituições de âmbito internacional. Os – os dois ramos da religião muçulmana. Os xiitas totalizam
60% dos habitantes, mas nunca exerceram o poder no país.
neoconservadores sempre defenderam uma ação militar que
Os árabes sunitas – cerca de 20% da população - são a elite
encerrasse de uma vez por todas o desafio representado por
intelectual e universitária. Apesar de minoritários, sempre do-
Saddam. O ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 mu-
minaram a vida política iraquiana.
dou o cenário político, que se tornou mais propício a inicia- No norte do Iraque, concentra-se a mais numerosa das
tivas belicistas. O presidente, sob a batuta de seus auxiliares minorias do país, os curdos – 15% da população. Eles são
da linha dura, reeditou um discurso que parecia ultrapassado também muçulmanos de maioria sunita, mas caracterizam-
desde o fim da Guerra Fria – a redução dos complexos pro- se antes de tudo por lutar em favor da criação de um país
blemas do planeta a uma luta maniqueísta entre o “bem” e independente que os represente, o Curdistão, cujo contorno
o “mal”. Nas palavras de Bush, “quem não está conosco está abrangeria também parte da Turquia, da Síria, da Armênia e
contra nós”. do Irã. No momento, as lideranças curdas parecem mais inte-
Depois dos atentados, a Casa Branca cogitou o uso ime- ressadas em preservar a autonomia na região que controlam
diato da força contra o Iraque. Mas desistiu diante das evi- do que reivindicar essa independência.
dências da cumplicidade do governo do Afeganistão, contro-
lado pela milícia islâmica fundamentalista Taleban, em apoio Guerra de Suez (1956)
à rede terrorista de Osama Bin laden, principal suspeito dos Com o objetivo de garantir o acesso dos ocidentais (prin-
atentados. O Iraque voltou ao topo da agenda de Washing- cipalmente franceses e ingleses) ao comércio oriental, antes
ton após a vitória militar no Afeganistão, com a derrocada realizado pelo contorno do sul da África. O controle das ope-
do Taleban e sua substituição por um regime pró-america- rações realizadas no canal ficou sob o domínio inglês e con-
37
HISTÓRIA
38
HISTÓRIA
39
HISTÓRIA
Mesmo com a descoberta das terras brasileiras, Portu- 1547), então Rei da França, deu a Jean Ango, um corsário,
gal continuava empenhado no comércio com as Índias, pois uma carta de marca que o autorizava a atacar navios portu-
as especiarias que os portugueses encontravam lá eram de gueses para se indenizar dos prejuízos sofridos. Isso fez com
grande valia para sua comercialização na Europa. As espe- que D. João III, rei de Portugal, enviasse a Paris Antônio de
ciarias comercializadas eram: cravo, pimenta, canela, noz Ataíde, o conselheiro de estado, para obter a revogação da
moscada, gengibre, porcelanas orientais, seda, etc. Enquanto carta, o que foi feito, segundo muitos autores, à custa de pre-
realizava este lucrativo comércio, Portugal realizava no Brasil sentes e subornos.
o extrativismo do pau-brasil, explorando da Mata Atlântica Logo recomeçaram as expedições francesas. O rei fran-
toneladas da valiosa madeira, cuja tinta vermelha era comer- cês, em guerra contra Carlos V, rei do Sacro Império Romano,
cializada na Europa. Neste caso foi utilizado o escambo, ou praticamente atual Alemanha, não podia moderar os súditos,
seja, os indígenas recebiam dos portugueses algumas bugi- pois sua burguesia tinha interesses no comércio clandesti-
gangas (apitos, espelhos e chocalhos) e davam em troca o no e porque o governo dele se beneficiava indiretamente, já
trabalho no corte e carregamento das toras de madeira até que os bens apreendidos pelos corsários eram vendidos por
as caravelas. conta da Coroa. As boas relações continuariam entre França
Foi somente a partir de 1530, com a expedição organi- e Portugal, e da missão de Rui Fernandes em 1535 resultou a
zada por Martin Afonso de Souza, que a coroa portuguesa criação de um tribunal de presas franco-português na cidade
começou a interessar-se pela colonização da nova terra. Isso de Baiona, embora de curta duração, suspenso pelas diver-
ocorreu, pois havia um grande receio dos portugueses em gências nele verificadas. Henrique II, atual rei da França, filho
perderem as novas terras para invasores que haviam ficado de Francisco I, iria proibir em 1543 expedições a domínios
de fora do tratado de Tordesilhas, como, por exemplo, fran- de Portugal. Até que se deixassem outra vez tentar e tenham
ceses, holandeses e ingleses. Navegadores e piratas destes pensado numa França Antártica, uma colônia tentada no Rio
povos, estavam praticando a retirada ilegal de madeira de de Janeiro, em 1555 ou numa França Equinocial.
nossas matas. A colonização seria uma das formas de ocupar
e proteger o território. Para tanto, os portugueses começa- Economia
ram a fazer experiências com o plantio da cana-de-açúcar, Apesar de a “madeira de tingir”, que já era conhecida no
visando um promissor comércio desta mercadoria na Europa. Oriente, ter importância menor dentro do contexto da ex-
pansão marítima portuguesa, são os portugueses que “antes
Descobrimento e Exploração de quaisquer outros irão se ocupar do assunto. Os espanhóis,
O litoral norte brasileiro foi certamente visitado por Vi- embora tivessem concorrido com eles nas primeiras viagens
cente Pinzón e Diego de Lepe em janeiro e fevereiro de 1500, de exploração, abandonarão o campo em respeito ao Trata-
respectivamente. Ainda que grande controvérsia cerque os do de Tordesilhas e à Bula Inter Coetera. O litoral brasileiro
locais exatos de desembarque, os seus contatos com os ín- ficava na parte lusitana e os espanhóis respeitaram seus di-
dios Potiguar foram violentos. Durante a estada de Cabral no reitos. O mesmo não se deu com os franceses, cujo rei (Fran-
litoral baiano em abril do mesmo ano, foram deixados dois cisco I) afirmaria desconhecer a cláusula do testamento de
degredados - a que se juntaram dois grumetes que deserta- Adão que reservara o mundo unicamente a portugueses e
ram - para que aprendessem a língua dos nativos. Provavel- espanhóis. Assim eles virão também, e a concorrência só se
mente a expedição de João da Nova à Índia fez uma escala resolveria pelas armas”. De início os habitantes nativos não
no Brasil, lá por abril de 1501, pois sabe-se que D. Manuel sabiam diferenciar as nacionalidades europeias rivais, ape-
dera ordens para que fizesse, mas não há evidências diretas sar de que por volta de 1530 já tinham aprendido a fazê-lo.
disso. A primeira expedição com objetivo exclusivo de ex- “Além dos portugueses marinheiros franceses e mercadores
plorar o território descoberto oficialmente por Cabral foi a da Normandia e de Rouen frequentavam a costa brasileira a
frota de três caravelas comandadas por Gonçalo Coelho, que fim de obter pau-brasil mediante trocas em escala bastante
zarpou de Lisboa em 10 de maio de 1501, levando a bordo grande e possivelmente em escala até maior do que os por-
Américo Vespúcio (possivelmente por indicação do banquei- tugueses”.
ro florentino Bartolomeu Marchionni), autor do único relato Dessa forma, durante todo o período o contato portu-
conhecido dessa viagem e que até poucas semanas antes guês com o Brasil praticamente limitou-se a mercadores e
servia os Reis Católicos da Espanha. marinheiros de passagem que vinham trocar utensílios de
A costa brasileira, sem marca de presença portuguesa ferro, bugigangas e ninharias originárias da Europa por pau
além uma ou outra feitoria abandonada, era terra aberta para -brasil, papagaio, macacos e a comida de que necessitavam
os navios do corso (os corsários) de nações não contempla- durante a estadia - prática iniciada por um português de
das na divisão do mundo no Tratado de Tordesilhas. Há notí- renome, Tapinha. Tais atividades não acarretavam nenhuma
cias de corsários holandeses e ingleses, mas foram os france- fixação permanente, apesar de vários proscritos e desertores
ses os mais ativos na costa brasileira. Para tentar evitar estes terem “virado nativos” (como João Ramalho) e se tornado
ataques, Portugal organizou e enviou ao Brasil as chamadas membros de grupos tribais ameríndios.
expedições guarda-costas, em 1516 e 1526, com poucos re- Era uma exploração rudimentar que não deixou traços
sultados. De qualquer forma, os franceses se incomodaram apreciáveis, a não ser uma destruição impiedosa e em lar-
com as expedições de Cristóvão Jacques, encarregado das ga escala das florestas nativas donde se extraía a preciosa
expedições guarda-costas, achando-se prejudicados; e sem madeira. (…) Os traficantes se aproximavam da costa, esco-
que suas reclamações fossem atendidas, Francisco I (1515- lhendo um ponto abrigado e próximo das matas onde se
40
HISTÓRIA
encontrava a essência procurada, e ali embarcavam a mer- O benefício que a Coroa obtinha com a concessão da
cadoria que lhes era trazida pelos indígenas. (…) Para facilitar exploração comercial do pau-brasil era uma parcela dos lu-
o serviço e apressar o trabalho, também se presenteavam os cros conseguidos pelo arrendatário. O primeiro negociante
índios com ferramentas mais importantes e custosas: serras, a receber autorização régia para explorá-lo foi Fernando de
machados. Assim mesmo a margem de lucros era conside- Noronha, em 1502.
rável, pois a madeira alcançava grandes preços na Europa. O ciclo de exploração do pau-brasil foi breve, já era que
O negócio, sem comparar-se embora com os que se reali- baseado numa extração predatória. Isto é, não havia a preo-
zavam no Oriente, não era desprezível, e despertou bastante cupação de repor as árvores derrubadas por meio do replan-
interesse. tio, o que resultou no rápido esgotamento desse tipo madei-
A forma da exploração do pau-brasil, para os portugue- ra. Outros aspectos importantes a serem salientados é que a
ses, era a concessão, pois toda atividade econômica ultra- exploração de pau-brasil teve impacto praticamente nulo na
marina era considerada monopólio real, que cobrava direitos ocupação do território brasileiro.
por sua exploração. A primeira concessão relativa ao pau Limitando-se à área costeira, o extrativismo não chegou
-brasil data de 1501 e foi outorgada a Fernão de Noronha a gerar núcleos de povoamento permanentes. Além disso,
(que deixou seu nome a uma ilha do Atlântico pertencente foi a primeira atividade econômica em que os negociantes
ao Brasil), associado a vários mercadores judeus. A concessão portugueses empregaram a mão-de-obra indígena no corte
era exclusiva e durou até 1504. Os franceses, pelo fato de o e carregamento da madeira para os navios.
Rei também se sujeitar ao papa, tinham uma política mais
liberal, uma vez que não podiam reclamar direito nenhum, e Martim Afonso De Souza
às atividades eram de iniciativa e responsabilidade puramen- Após 1530, o comércio entre Portugal e as Índias entrou
te individuais, que o Rei nunca endossara oficialmente. Foi em decadência. Neste mesmo período, o litoral brasileiro
rápida a decadência da exploração do pau-brasil. Em alguns passou a sofrer sistemáticas ameaças por parte de nave-
decênios esgotara-se o melhor das matas costeiras que con- gadores estrangeiros e mercenários que contrabandeavam
tinham a preciosa árvore, e o negócio perdeu seu interesse. o pau-brasil. Portugal, então, precisou tomar medidas para
Assim mesmo continuar-se-á a explorar o produto, sempre guarnecer a costa brasileira e repelir os invasores.
sob o regime de monopólio real, realizando uma pequena Expedições comandadas por Cristóvão Jacques, em 1516
exportação que durará até princípios do século XIX. Mas não
e 1519 e ainda em 1526 e 1528; tiveram por objetivo repelir
terá mais importância alguma apreciável, nem em termos ab-
os invasores, mas pouco puderam fazer em razão da enor-
solutos, nem relativamente aos outros setores da economia
me extensão do litoral brasileiro. Esses foram os principais
brasileira.
fatores que geraram preocupação com a situação das terras
brasileiras, levando a Coroa portuguesa a iniciar o processo
Legado do Período
de colonização.
Indiretamente a concorrência entre franceses e portu-
gueses deixou marcas na costa brasileira. Foram construídas Os passos iniciais da colonização do Brasil foram dados
fortificações por ambas as facções nos trechos mais ricos a partir da criação de núcleos de colonização. Em dezembro
e proveitosos para servir de proteção em caso de ataque e de 1530, partiu de Lisboa uma grande expedição composta
para armazenamento do pau-brasil a espera do embarque. por 50 embarcações transportando homens, ferramentas, se-
As fortificações não duravam muito, apenas alguns meses, mentes e víveres. Comandada por Martim Afonso de Souza,
o necessário para que se juntasse a madeira e se embarcas- teve como objetivo estabelecer os primeiros núcleos de po-
se. A exploração do pau-brasil era uma atividade que tinha voamento permanente no país.
necessariamente de ser nômade, pois a floresta era explo-
rada intensivamente e rapidamente se esgotava, não dando São Vicente E Santo André
origem a nenhum núcleo de povoamento regular e estável. A expedição chegou ao litoral brasileiro em janeiro de
E é justamente a instabilidade e a insegurança do domínio 1531. O primeiro núcleo de colonização, a vila de São Vicen-
português sobre o Brasil que estão na origem direta da ex- te, localizada no litoral, foi fundado em 1532. Em seguida
pedição de Martim Afonso de Sousa, nobre militar lusitano, criou-se a vila de Santo André da Borda do Campo, no pla-
e a posterior cessão dos direitos régios a doze donatários, nalto de Piratininga, região interiorana onde hoje se situa a
sob o sistema das capitanias hereditárias. Em 1530, D. João Grande São Paulo. Nesses núcleos concediam-se aos colonos
III mandou organizar a primeira expedição com objetivos de lotes de terra, denominados sesmarias, para que iniciassem
colonização. Esta tinha como objetivos: povoar o território as plantações para produzir os meios de subsistência e se
brasileiro, expulsar os invasores e iniciar o cultivo de cana- fixarem na região.
de-açúcar no Brasil. Também foram nomeados os primeiros administradores
e criados os primeiros órgãos fiscais e judiciários. A vila de
Monopólio real São Vicente prosperou, estimulando a criação de novos po-
A extração do pau-brasil foi declarada estanco, ou seja, voamentos em seu entorno; como Santos, em 1536; que pos-
passou a ser um monopólio real, cabendo ao rei conceder a teriormente veio a ser elevado à categoria de “vila” (1545).
permissão a alguém para explorar comercialmente a madei- Apesar disso tudo, os primeiros esforços empreendidos
ra. Mas, se o rei outorgava esse direito, cabia ao arrendatário pelos portugueses para colonizar o Brasil revelaram-se muito
executar o negócio com seus próprios meios, arcando com limitados. Os núcleos de colonização eram insuficientes para
todos os riscos do empreendimento. garantir a permanência dos colonos que aqui chegavam e
41
HISTÓRIA
expandir os povoados. Para dar prosseguimento ao povoa- Ele criava os cargos de Governador, Ouvidor-Mor, Provedor-
mento da colônia de forma ordenada e eficiente, havia a ne- Mor e Capitão-Mor. O primeiro Governador-Geral do Brasil
cessidade de vultosos recursos econômicos, de que a Coroa foi Tomé de Souza, que se estabeleceu na Bahia e exerceu
portuguesa não dispunha. seu mandato entre 1549 a 1553. Seus sucessores foram
Duarte da Costa, no período de 1553 a 1558; e Mem de Sá,
Capitanias Hereditárias entre 1558 a 1572.
Para prosseguir com o processo de colonização, Portugal Os governos-gerais asseguraram à ocupação e povoa-
recorreu ao sistema de Capitanias hereditárias. Esse sistema mento das terras brasileiras estimulando à criação das pri-
já havia sido empregado com êxito em suas possessões nos meiras cidades, o estabelecimento de instituições religiosas,
Açores, Madeira e Cabo Verde. Ele se baseava na doação de a criação dos primeiros colégios e o incremento das ativida-
um extenso lote de terra a uma pessoa ilustre e influente do des econômicas, principalmente aquelas atividades voltadas
reino, geralmente um nobre rico, que passava a ser o dona- para a agricultura e pecuária.
tário e ficava encarregado de empreender a colonização da O estabelecimento do governo-geral em território bra-
terra recebida, investindo nela seus próprios recursos. sileiro permitiu criar as condições mínimas necessárias para
Os donatários recebiam as terras não como proprietá- levar adiante o empreendimento colonial que, nos séculos
rios, mas como administradores. Ainda assim, possuíam mui- seguintes, iria gerar importantes transformações políticas,
tos direitos sobre elas, de modo que se tornassem um em- sociais e econômicas na colônia.
preendimento favorável e atrativo aos interesses dos donatá-
rios. Podiam escravizar índios e vendê-los, fundar povoações, Exportação No Brasil Pré-Colonial
conceder sesmarias, estabelecer e extrair uma parte dos im- 1500/1530 período denominado de pré-colonial
postos e tributos sobre produtos e mercadorias produzidas Na Europa vigorava o Mercantilismo (o comércio do-
para o consumo interno ou aquelas destinadas à exportação. minava a produção), por esse caráter essencial da empresa
Tinham também poder para julgar e condenar escravos e ho- ultramarina, Portugal buscava no ultramar excedente de pro-
mens livres que estivessem nos limites de sua capitania. dução para depois comercializa-lo na Europa, não tendo o
As Capitanias hereditárias foram criadas entre 1534 e Brasil esse excedente de produção, não representava lucro
1536, a partir da divisão do litoral brasileiro em extensas fai- para a Metrópole.
xas de terra que iam da costa para o Oeste, até o meridiano Foram apenas enviadas quatro expedições para o Brasil,
sendo elas de reconhecimento e policiamento do Litoral.
traçado por Tordesilhas. Ao todo foram constituídas 14 Capi-
Embora fosse uma atividade secundária, a única riqueza
tanias que foram doadas a 12 donatários.
explorada no Brasil era o Pau-Brasil, que também atraíam,
numerosos corsários ao litoral do Brasil praticando o contra-
Governo Geral
bando de madeira.
Entretanto, ao contrário do que ocorreu nos Açores,
Madeira e Cabo Verde, as Capitanias hereditárias no Brasil
Invasão Holandesa
não alcançaram os resultados esperados. Foram muitas as O Brasil foi invadido pelos holandeses por duas vezes.
razões do fracasso. Entre elas, pode ser considerados a falta No ano de 1624 ocorreu a posse de Salvador, que durou um
de terras férteis, os conflitos com os povos indígenas, que ano, e em 1630 eles tomam Pernambuco, controlando quase
ofereceram enorme resistência diante das invasões de suas todo o Nordeste por 24 anos, tendo como principal objetivo
terras e das tentativas de escravização, e a má administração. a comercialização do açúcar.
Sem falar no problema da necessidade de recursos em maior De todas as regiões nordestinas, a mais abastada do
escala, devido a enorme distância que separava a Metrópole, mundo no cultivo de açúcar era Pernambuco, e como o ob-
ou seja, Portugal, das terras brasileiras. jetivo dos holandeses era o controle deste produto na Euro-
As Capitanias que prosperaram foram justamente aque- pa, Pernambuco foi um alvo importante durante as invasões
las em que os donatários possuíam grande fortuna ou acesso holandesas.
ao crédito bancário europeu, como Martim Afonso, com a Os holandeses pretendiam alcançar a região dos enge-
capitania de São Vicente; e Duarte Coelho, com a capitania nhos, porém, eles foram obstruídos pelas Milícias dos Des-
de Pernambuco. calços – guerrilheiros que tinham o intuito de fazer oposição
Tendo fracassado o sistema de Capitanias, Portugal re- às invasões.
correu à centralização do poder, estabelecendo na colônia No ano de 1637 chegou a Pernambuco, designado pela
um governo-geral. O governo-geral, porém, não se destinava Companhia das Índias – empresa instituída pela Holanda
a substituir as Capitanias hereditárias. Seu principal objetivo para avalizar a comercialização do açúcar brasileiro -, o con-
foi o de estabelecer uma autoridade central no território co- de Maurício de Nassau, militar de nacionalidade alemã que
lonial, a fim de coordenar a administração das capitanias que para ali fora designado no intuito de consolidar o domínio
estavam funcionando de forma autônoma, quase sempre holandês.
contrariando os interesses da Coroa portuguesa. Sua primeira ação prática consistiu em ampliar a área já
subjugada instituindo um fidedigno Brasil holandês. Entre
Tomé De Sousa suas iniciativas está o alargamento do limite sul da Nova Ho-
Assim, em 17 de dezembro de 1548, o rei assinou o Regi- landa – nome que recebeu a região conquistada pelos holan-
mento que estipulava as orientações gerais necessárias para deses – até as margens do Rio São Francisco, e a criação do
o estabelecimento do governo-geral em território brasileiro. forte Maurício, próximo à vila de Penedo.
42
HISTÓRIA
Maurício de Nassau foi o responsável por um grande rantindo a presença portuguesa em uma área importante
progresso no Nordeste durante sua administração: criaram- dentro do império colonial espanhol e, ao mesmo tempo,
se muitos hospitais, asilos e várias ruas foram ladrilhadas. abrindo espaço para o contrabando inglês na bacia do Prata.
Em 1640, ocorreu um abalo em Portugal que libertou A fundação de Sacramento abriu um período de sucessivos
este do domínio Espanhol; no ano de 1641, Portugal, estan- conflitos e debates diplomáticos entre os dois países, que se
do em desavença com a Espanha, opta por um armistício de estenderam até o século XVIII.
dez anos com a Holanda, que em pouco tempo passa a valer A ocupação do Rio Grande do Sul e Santa Catarina está
também no Brasil. inserida nesse processo. No caso do território gaúcho, os ata-
Não havendo mais tentativas de se tomar outras terras, ques às missões foram os responsáveis pelo aparecimento
Nassau passou a dedicar-se inteiramente à administração do de um rebanho de gado pelos campos sulinos que, unido ao
território brasileiro holandês. gado trazido da Europa, garantiram a sua ocupação durante
Maurício de Nassau procurou obter a aceitação dos se- o século XVIII. Ainda neste século, foram introduzidas milha-
nhores de engenho e da população à ocupação holandesa, res de famílias de colonos açorianos no litoral do Rio Grande
não se preocupou em gastar o dinheiro da Companhia das do Sul e de Santa Catarina, possibilitando o aparecimento e a
Índias para realizar melhorias nas cidades, em folguedos para consolidação de importantes núcleos de povoamento, como
o povo e principalmente em comodatos aos proprietários Laguna, Florianópolis e Porto dos Casais, atual cidade de Por-
rurais que tiveram suas lavouras danificadas em virtude das to Alegre.
lutas, estimulou as artes e as ciências e instituiu uma vida cul-
tural totalmente nova e desconhecida até o momento pelo A Expansão Da Pecuária
Brasil colonial. Da sua introdução nos engenhos do litoral nordestino, o
Economicamente, tentou diferenciar a agricultura nor- gado se expandiu em direção ao sertão, no primeiro século
destina da pecuária do Rio Grande do Norte, no campo po- e meio da colonização. Com isso, o Sertão do Nordeste e o
lítico expandiu a participação das camadas gerenciadoras, Vale do Rio São Francisco surgem como as principais regiões
incluindo os judeus, portugueses e comerciantes, sendo que pecuaristas da colônia, o que garantiu a ocupação de um
holandeses tornaram-se a metade dos representantes e a
grande território do interior brasileiro.
outra se constituía de luso-brasileiros.
Outra região que se voltaria também para a pecuária se-
Em 1640, chamou-se o primeiro Parlamento da América
ria o sul de Minas Gerais, já no século XVIII. Ali, a criação de
do Sul para a instituição de uma legislação para o Brasil ho-
gado envolvia certa técnica superior, fazendas com cercados,
landês.
pastos bem cuidados e rações extras para os animais; no ma-
Em 1644, se finda o governo de Maurício de Nassau,
nejo dos rebanhos era utilizada a mão de obra escrava. O seu
sendo sua deposição aceita pela Companhia das Índias, com
mercado era representado pelas zonas urbanas mineradoras,
quem já vinha em conflito há algum tempo em virtude de
o que provocou uma diversificação da produção: gado bovi-
seus gastos considerados excessivos.
Após a partida de Maurício de Nassau, intensificaram-se no, muares, suínos, caprinos e equinos.
os conflitos entre os senhores de engenho e os comerciantes Também os Campos Gerais, correspondendo ao interior
holandeses, pois devido a várias intempéries os senhores de de São Paulo e Paraná, foram outra região de pecuária, com a
engenhos não estavam conseguindo pagar os empréstimos produção de animais de tiro para a região mineradora. Nessa
efetuados para as plantações. região predominava a mão de obra livre, constituída pelos
A Companhia das Índias resolveu assumir as dívidas dos tropeiros.
plantadores com os comerciantes, porém não o fez de graça, Por fim, a pecuária seria desenvolvida ainda no Rio Gran-
interveio nos engenhos confiscando a produção. de do Sul, no século XVIII. Nesse caso específico, a pecuária
Em 1645, após muitos confrontos, finalmente os colonos promoveu não apenas a ocupação do território rio-granden-
portugueses - apoiados por Portugal e Inglaterra - consegui- se, mas, também, o seu povoamento. A atividade criatória
ram expulsar os holandeses do território brasileiro. gaúcha utilizava-se do trabalho livre, havendo, contudo, o
Durante o tempo em que ficaram no Brasil, os holan- emprego paralelo de escravos e dos indígenas oriundos das
deses deixaram como legado várias melhorias para o país, missões. Voltada também para o abastecimento da região
como a implantação de uma sociedade urbana em Recife, das Gerais, a pecuária gaúcha desenvolveu a indústria do
por exemplo; a luta contra os invasores contribuiu também charque e a criação de gado bovino, muar, equino e ovino.
para a concepção do sentimento nativista no povo.
A interiorização como estratégia de combate à pira-
A Presença Portuguesa No Sul taria.
Os portugueses sempre tiveram interesse na região Sul, Desde os primórdios da ocupação portuguesa do Brasil,
atraídos pela prata que escoava pelos rios da bacia Platina o combate à pirataria foi uma das primeiras motivações que
e pelo rico comércio peruleiro (peruano). Desde cedo, por- conduziram a interiorização do processo colonizador.
tanto, alimentavam o sonho de criar um estabelecimento na O assédio de piratas a regiões costeiras não causava à
região. época o pânico que se poderia supor, exatamente devido a
Em 20 de janeiro de 1680, D. Manuel Lobo fundou a uma estratégia colocada em prática pelos portugueses como
Colônia do Santíssimo Sacramento, à margem esquerda do parte de seu sistema de proteção contra ataques vindos do
estuário do Prata - atual cidade uruguaia de Colônia, ga- mar.
43
HISTÓRIA
A imagem do pirata que atuava na América, hoje pre- sião de inimigos”, disparar “uma peça de rebate, que se ouvia
sente em nosso imaginário, não corresponde à concepção muito bem na cidade”, para que todos pudessem “conhecer
da época. por ela que havia inimigos na barra”.
Foi formada a partir da obra Piratas da América, impressa Ao que “outra peça de rebate, que se tinha na cidade”,
em Amsterdã em 1678, e da História dos Roubos e Assas- era disparada para que “os moradores de engenhos que es-
sínios dos Mais Notórios Piratas, impressa em Londres em tavam a três, e a quatro léguas” viessem “acudir a cidade”.
1724. As quais forjaram, no século XVIII, o mito do pirata san- Caso os inimigos conseguissem chegar em terra, todos
guinário, contraposto ao do aventureiro foragido da justiça, se recolhiam nos “arvoredos”, cercando os inimigos e vol-
condenado injustamente em sua pátria. tando a atacar com “mosqueteria” e apoio da artilharia das
No século XVI e XVII, o senso comum tinha a pirataria na fortalezas.
América como um negócio financiado por comerciantes que Procedimento adotado pelos os moradores da Paraíba,
esperavam obter lucro com seu investimento. bem como de quase todas as localidades litorâneas da Terra
Alguns prisioneiros eram inclusive melhor tratados pela de Santa Cruz, desde o início da povoação do Brasil, quando
maior parte dos piratas europeus do que por seus próprios tiveram que enfrentar ataques piratas em terra.
compatriotas. Assim, foram utilizadas táticas de guerrilha na defesa
Embora o mesmo não se aplique aos piratas asiáticos, da costa que incentivaram a interiorização da ocupação das
quando atrocidades foram registradas tanto em mar como terras, visando garantir, simultaneamente, a abundância de
em terra. alimentos e bases avançadas na luta contra invasores em po-
Seja como for, ordinariamente, os piratas costumavam tencial.
atacar a costa do Brasil de dezembro a março, justamente A despeito da introdução da pecuária, em certo senti-
devido ao regime de ventos e correntes marítimas que, neste do, decorrer desta prática, juntamente com a necessidade de
período, permitia o assalto às povoações costeiras. potencializar o aproveitamento do sertão e abastecer com
A prática era seguida da fuga rápida para o local de víveres os engenhos de açúcar.
origem ou base dos piratas no Caribe, conforme atesta um
documento não datado pertencente ao acervo do Arquivo As Drogas Do Sertão
Histórico Ultramarino, cujos indícios apontam tratar-se de Drogas do sertão é um termo que se refere a determi-
documento do início do século XVII. nadas especiarias extraídas do chamado interior brasileiro na
No período citado do ano, as populações litorâneas, so- época das entradas e das bandeiras.
bretudo as mais desprotegidas, encarregavam-se de ficar de Eram produtos nativos, não existentes na Europa e que,
prontidão, colocando homens de vigia e deixando exposta a por isso, atraíam o interesse dos portugueses, nomeando-as
menor quantidade de mercadorias possível. como novas especiarias.
Quando navios não identificados eram avistados, ha- Em busca de ervas aromáticas, plantas medicinais, cacau,
vendo todo um cerimonial de baixar e levantar bandeiras canela, baunilha, cravo, castanha e guaraná; gêneros típicos
por parte das embarcações lusitanas para fazerem-se notar da foz do rio Amazonas, europeus penetraram na região nor-
como tal, soava-se os sinos da igreja local, ao passo que a te, alargando as fronteiras coloniais.
população retirava-se para a mata levando consigo o máxi- O intenso contrabando, praticado por ingleses, franceses
mo de víveres e munição. e holandeses, por sua vez, incrementou a fundação de vilas e
Os portugueses ficavam a espreita em busca da oportu- cidades lusitanas como meio de consolidar a presença por-
nidade ideal de contra-atacar, realizando, em conjunto com tuguesa e interditar o acesso através da navegação fluvial.
os indígenas aliados, um cerco à cidade, vencendo os invaso- Para combater o contrabando, em 1616, Francisco Cal-
res pela fome e pela sede. deira Castelo Branco fundou, na foz do rio Amazonas, o forte
Neste sentido, ao contrário do que se imagina, embora do Presépio, dando origem à atual cidade de Belém.
não tenham faltado pedidos de auxilio e mercê a Coroa por Em 1637, partiu de Belém uma expedição comandada
parte dos habitantes do Brasil quinhentista, as cidades e vi- por Pedro Teixeira.
las brasileiras, inversamente a situação verificada no Oriente, Durante dois anos a expedição subiu o rio Amazonas,
eram praticamente autossuficientes quanto ao abastecimen- chegando até Quito, no Equador.
to de alimentos. A partir de então, estando mapeado o acesso por via
Segundo D. Cristovão de Moura, a cidade de Salvador, fluvial até as drogas do sertão, sua extração das matas se
em meados de 1570, por exemplo, era rica em plantações intensificou.
de “frutas” e “hortaliças”, possuindo muitas “quintas”, espa- Foi quando os jesuítas incrementaram o estabelecimen-
lhadas pelo interior, para garantir um farto abastecimento de to de missões na região e passaram a coletar as drogas, utili-
“mantimentos”. zando mão de obra indígena.
Os habitantes das zonas litorâneas, caso fosse necessária Tempos depois, a coleta passou a ser feita também por
à defesa contra piratas, retirarem-se para o interior, contando colonos nas mesmas zonas, o que gerou conflitos constan-
sempre com os “mantimentos naturais da terra”, com “muita tes com os jesuítas, provocados quase sempre pela questão
caça” e “saborosos pescados”, podendo impor aos invasores indígena.
um cerco prolongado. Nas missões comandadas pelos jesuítas, os índios eram
Mesmo em pontos da costa onde havia fortalezas, em forçados a entrar na mata e extrair as drogas, a rigor, consti-
pleno no início do século XVII, era praxe colocar de dezem- tuindo a escravização do gentil, isto pelo menos sob a ótica
bro a março alguns homens de “vigia” e, “quando havia oca- do prisma da metrópole.
44
HISTÓRIA
O que conduziu a Coroa portuguesa a afastar a igreja da capitação sobre o trabalhador escravo. Em 1739, a livre ex-
comercialização das especiarias, mero pretexto para que o tração cedeu lugar ao sistema de contrato, que deu origem
Estado assumisse o monopólio da intermediação das drogas aos ricos contratadores, como João Fernandes, estreitamente
do sertão e iniciasse de fato, através de seus colonos, a escra- ligado à figura de Xica da Silva. Diante das irregularidades e
vização dos indígenas. do desvio dos impostos, além do alto valor que alcançavam
Os índios tentaram resistir ao trabalho forçado imposto as pedras na Europa, em 1771, foi decretada a régia extração,
pelos portugueses, mas conforme as drogas foram se tor- que contava com o trabalho de escravos alugados pela co-
nando conhecidas, despertando o interesse de outras na- roa. Posteriormente, com nova liberação da exploração, foi
ções europeias e passando a suprir, não apenas o mercado criado o Livro de Capa Verde, contendo o registro dos ex-
interno, mas, constituindo também um rentável produto de ploradores, e o Regimento dos Diamantes, procurando dis-
exportação, a mão de obra nativa passou a ser largamente ciplinar a extração. Contudo, o monopólio estatal sobre os
utilizada. diamantes vigorou até 1832.
Destarte, a fundação de povoados na região norte, em
torno da extração das drogas do sertão, principalmente nas As Consequências Da Mineração
zonas cortadas por rios que serviam de via fluvial de desloca- A mineração foi responsável por impor tantes conse-
quências que se refletiram sobre a vida econômica, social,
mento e transporte; seria apenas o prelúdio da intensificação
política e administrativa da colônia. De saída, provocou uma
do povoamento do interior do Brasil.
grande migração portuguesa para a região das Gerais. Se-
A descoberta de ouro, diamantes e esmeraldas faria a
gundo alguns autores, no século XVIII, aproximadamente
população portuguesa presente no Brasil saltar de “100.000 800.000 portugueses transferiram-se para a colônia, o que
habitantes em 1600”, depois do crescimento advindo com a corresponderia a 40% da população da metrópole.
diversificação da economia colonial que a fez a demografia No Brasil, paralelamente a isto, ocorreu um deslocamen-
aumentar para “300.000 em 1700”, para atingir o extraordi- to do eixo econômico e demo gráfico do litoral para a região
nário número de “3.250.000 em 1800”. Centro-Leste, acompanhado da intensificação do tráfico ne-
Testemunho estatístico do incremento intenso da inte- greiro e do remanejamento do contingente interno de escra-
riorização do processo colonizador, sobretudo, a partir do vos. Com isso, a colônia conheceu uma verdadeira explosão
fomento propiciado pelos metais preciosos extraídos das populacional, ultrapassando com folga a casa de um milhão
Minas Gerais. de habitantes, no século XVIII.
O entorno da região mineradora, compreendendo o eixo
Mineração Minas-Rio de Janeiro, passou a ser o novo centro de gravida-
A época da mineração no período colonial abrangeu de econômica, social e política da colônia; em 1763, um de-
basicamente o século XVIII, com o seu apogeu entre 1750 e creto do marquês de Pombal transferiu a capital de Salvador
1770. Nessa fase da vida econômica da colônia que se vol- para o Rio de Janeiro.
tou quase que exclusivamente para o extrativismo mineral, as Geradora de novas necessidades, a mineração condi
principais regiões auríferas foram Minas Gerais, Mato Grosso cionou um maior desenvolvimento do comércio, associado
e Goiás. Anteriormente, já haviam ocorrido as explorações ao fenômeno da urbanização. Desenvolveu-se o mercado
do ouro de lavagem, em São Paulo, Paraná e Bahia, mas, com interno, possibilitando a dinamização de todos os quadran-
resultados inexpressivos. tes da colônia, que se organizaram para abastecer a região
Após sua extração, o ouro era levado para as Casas de do ouro. A vida urbana e o próprio caráter da exploração
Fundição. Ali, era quintado, fundido e transformado em bar- aurífera geraram uma sociedade mais aberta e heterogênea,
ras, assegurando o controle dos lucros da exploração aurífera convivendo lado a lado o trabalho livre e o trabalho escra-
pela coroa portuguesa. vo, embora este fosse predominante. Como consequência, a
A mineração dos anos setecentos foi desenvolvida a par- concentração de renda foi menor, enriquecendo, principal-
mente, os setores ligados ao abastecimento.
tir do ouro de aluvião, tendo como características o baixo
Finalmente, a “corrida do ouro” promoveu a penetração
nível técnico e o rápido esgotamento das jazidas. No extrati-
e o povoamento do interior do Brasil, anulando em definitivo
vismo aurífero, as formas de exploração mais comuns encon-
a velha demarcação de Tordesilhas.
tradas eram as lavras e a faiscação. A primeira representaria
uma empresa em que era utilizada a mão de obra escrava e Uma Cultura Mineira
se aplicava uma técnica mais apurada. Já a faiscação era a ex- Todo o conjunto de consequências, anteriormente ci
tração individual, realizada principalmente por homens livres. tadas, refletiu-se na vida cultural e intelectual da mineração,
marcada por um notável desenvolvimento artístico.
A Exploração Dos Diamantes Na literatura, destacaram-se os poetas intimamente rela-
Por volta de 1729, Bernardo da Fonseca Lobo descobriu cionados ao Arcadismo. Na arquitetura e na escultura, emer-
as primeiras jazidas diamantíferas no arraial do Tijuco ou Ser- giram as figuras de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho,
ro Frio, hoje Diamantina. Teve início, assim, a exploração dos e mestre Valentim, nomes importantes do barroco mineiro.
diamantes, que, como a do ouro, também era considerada Na música, além da disseminação de uma música popu-
um monopólio régio. lar - modinhas e lundus - sobressaíram-se os grandes mes-
Em 1733, foi criado o Distrito Diamantino, única área de- tres da música sacra - barroca, com as missas e réquiens de
marcada em que se podia explorar legalmente as jazidas. A Joaquim Emérico Lobo de Mesquita e do padre José Maurí-
exploração era livre, mediante o pagamento do quinto e da cio Nunes Garcia.
45
HISTÓRIA
Nesse contexto, a influência europeia, com os novos prin- Antilhas, na segunda metade do século XVII. A concorrência
cípios liberais disseminados pela Enciclopédia, alimentaria o e os limites da capacidade de consumo na Europa provocam
primeiro movimento de caráter emancipacionista: a Inconfi- uma rápida queda de preços no mercado.
dência Mineira.
Sociedade Colonial
Escravidão Nos dois primeiros séculos de colonização, a população
O trabalho compulsório do indígena é usado em diferen- brasileira é formada por colonos brancos, escravos negros,
tes regiões do Brasil até meados do século XVIII. A caça ao índios aculturados e mestiços. Aumentando lentamente, ela
índio é um negócio local e os ganhos obtidos com sua venda povoa uma estreita faixa litorânea, onde se concentram as
permanecem nas mãos dos colonos, sem lucros para Portu- grandes áreas produtoras de açúcar, algodão e tabaco. Com
gal. Por isso, a escravização do nativo brasileiro é gradativa- o desenvolvimento da mineração de ouro e diamante, a par-
mente desestimulada pela metrópole e substituída pela es- tir do século XVIII, a população se expande nas regiões das
cravidão negra. O tráfico negreiro é um dos mais vantajosos minas em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso e avança pelo
negócios do comércio colonial e seus lucros são canalizados interior, nas regiões da pecuária.
para o reino. Baseada na agricultura voltada para o comércio externo,
na grande propriedade e no trabalho escravo, a sociedade
Escravidão negra - A primeira leva de escravos negros
colonial é agrária, escravista e patriarcal. Em quase toda co-
que chega ao Brasil vem da Guiné, na expedição de Mar-
lônia, é em torno da grande propriedade rural que se de-
tim Afonso de Souza, em 1530. A partir de 1559, o comércio senvolve a vida econômica e social. Os povoados e as vilas
negreiro se intensifica. A Coroa portuguesa autoriza cada têm papel secundário, limitado a funções administrativas e
senhor de engenho a comprar até 120 escravos por ano. Su- religiosas. Somente a partir da expansão das atividades de
daneses são levados para a Bahia e bantus espalham-se pelo mineração é que a sociedade urbana se desenvolve na co-
Maranhão, Pará, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e São lônia, com algumas características tradicionais, como a es-
Paulo. cravidão, e características novas, como o maior número de
Tráfico de escravos - O tráfico negreiro é oficializado em funcionários, comerciantes, pequenos proprietários, artesãos
1568 pelo governador-geral Salvador Correa de Sá. Em 1590, e homens livres pobres.
só em Pernambuco registra-se a entrada de 10 mil escravos. Casa-grande - A sede das grandes fazendas, ou do en-
Não há consenso entre os historiadores sobre o número de genho, é o maior símbolo do poderio absoluto dos senhores
escravos trazidos para o Brasil. Alguns, como Roberto Simon- de terras. A família da casa-grande é numerosa: são muitos
sen e Sérgio Buarque de Holanda, estimam esse número en- filhos, tanto legítimos como ilegítimos, parentes, agregados,
tre 3 milhões e 3,6 milhões. Caio Prado Júnior supõe cerca de escravos e libertos. Todos respeitam a autoridade doméstica
6 milhões e Pandiá Calógeras chega aos 13,5 milhões. e pública do senhor, ao mesmo tempo pai, patriarca e che-
fe político. Essa é a estrutura familiar das regiões da mono-
Cana-de-açúcar cultura tropical, escravista e exportadora. Com ela convive a
O cultivo da cana-de-açúcar é introduzido no Brasil por chamada família nuclear, bem menor, formada quase sempre
Martim Afonso de Souza, na capitania de São Vicente. Seu pelo casal e por poucos filhos, quando não apenas por um
apogeu ocorre entre 1570 e 1650, principalmente em Per- dos pais e as crianças. Típica das regiões de produção pouco
nambuco. Fatores favoráveis explicam o sucesso do em- importante para o mercado externo, essa organização fami-
preendimento: experiência anterior dos portugueses nos liar predomina em São Paulo e áreas adjacentes à mineração.
engenhos das ilhas do Atlântico, solo apropriado, principal- Miscigenação - A sociedade colonial apresenta outra ca-
mente no Nordeste, abundância de mão de obra escrava e racterística, importante desde o início, mas que se intensifica
expansão do mercado consumidor na Europa. A agroindús- com o tempo: a miscigenação. Misturando raças e culturas
na convivência forçada pelo trabalho escravo dos índios e
tria açucareira exige grandes fazendas e engenhos e enormes
dos negros africanos, a sociedade colonial adquire um perfil
investimentos em equipamentos e escravos.
mestiço, personificado pelo mulato (branco europeu e negro
O engenho - Os chamados engenhos de açúcar são uni-
africano) e pelo caboclo (branco e índio). Essa miscigenação
dades de produção completas e, em geral, autossuficientes. condiciona as relações sociais e culturais entre colonizadores
Além da casa grande, moradia da família proprietária, e da e colonizados, gerando um modelo de sociedade original na
senzala, dos escravos, alguns têm capela e escola, onde os fi- colônia, heterogêneo e multirracial, aparentemente harmô-
lhos do senhor aprendem as primeiras letras. Junto aos cana- nico, sem segregação interna. Na verdade, porém, ela não
viais, uma parcela de terras é reservada para o gado e roças disfarça as desigualdades estruturais entre brancos e negros,
de subsistência. A “casa do engenho” possui toda a maqui- escravos e livres, livres ricos e livres pobres, que não acabam
naria e instalações fundamentais para a obtenção do açúcar. nem mesmo com a abolição da escravatura, no final do sé-
Economia açucareira - Estimativa do final do século XVII culo XIX.
indica a existência de 528 engenhos na colônia. Eles garan-
tem a exportação anual de 37 mil caixas, cada uma com 35 Conquista Sobre Os Indígenas
arrobas de açúcar. Dessa produção, Portugal consome ape- O controle da Bahia pelos portugueses teve um papel es-
nas 3 mil caixas anuais e exporta o resto para a Europa. O tratégico na luta contra os indígenas. Quando Tomé de Sou-
monopólio português sobre o açúcar assegura lucros consi- sa ali se instalou, em 1549, os Tupinambá já eram inimigos
deráveis aos senhores de engenho e à Coroa. Esse monopólio declarados dos portugueses. Porém, ao mesmo tempo, os
acaba quando os holandeses começam a produzir açúcar nas Tupiniquim permaneciam em paz com os moradores.
46
HISTÓRIA
A estratégia de Tomé de Sousa foi submeter os indígenas Logo, começaram os conflitos, os indígenas em defesa
amigos à sua autoridade e aniquilar os inimigos. Mas sub- de suas terras e contra a escravidão.
meter os indígenas amigos e obrigá-los a trabalhar para os Os índios não obedeciam aos mandos dos senhores de
povoadores era um problema. Os portugueses precisavam engenho. Tinham sua própria religião, caçavam pra sobre-
dos indígenas para duas funções: como mão de obra na pro- vivem, conheciam as matas e não se sujeitavam a viver em
dução de alimentos e como soldados na luta contra grupos cativeiro.
inimigos. Os indígenas viviam duplamente acuados: Os jesuítas al-
Na tentativa de resolver esse problema, o Estado por- mejavam convertê-los ao catolicismo e os brancos visavam
tuguês determinou que as ações violentas ficassem rigo- utilizá-los como mão de obra escrava.
rosamente limitadas aos indígenas inimigos, os únicos que A igreja católica, apresentada pelos jesuítas, proibiu a
podiam ser escravizados. Isso atendia às reclamações dos escravidão indígena já que seu interesse era catequizar os ín-
moradores, pois assegurava o abastecimento de mão de dios, difundindo, além da religião católica, um novo modelo
obra. Ao mesmo tempo, preservando a aliança com os povos de organização social, econômica e politica.
amigos, garantia-se a defesa da terra e também a futura ex- Entre 1530 e 1570, os maiores centros produtores de
pansão do povoamento. cana de açúcar, as capitanias de Pernambuco e Bahia, ne-
Essa política se rompeu na época do segundo governa- cessitavam cada vez mais de mão de obra nos canaviais, e a
dor-geral, Duarte da Costa, quando cinquenta indígenas de coroa portuguesa proibia a escravização dos índios.
uma aldeia revoltaram-se atacando os engenhos, numa rea- Em 1554 e 1567, os índios Tupinambás lideraram uma
ção contra os moradores que pretendiam tomar suas terras. revolta, que ficou conhecida como a Confederação dos ta-
Comandada pelo filho do governador, Álvaro da Costa, moios Esse grupo se rebelou contra os colonizadores portu-
uma tropa de setenta homens encarregou-se da repressão. gueses, envolvendo também os índios Guaianazes e Aimorés.
A rebelião foi sufocada. Essa vitória espalhou o medo entre Para compensar as perdas com escravos indígenas e
as outras tribos e assegurou aos portugueses maior controle apaziguar a briga com a Igreja Católica, o tráfico negreiro foi
sobre a Bahia; mas não significou que o perigo estava total- intensificado no Brasil Colônia, principalmente no início do
mente afastado. século XVII.
A vitória decisiva na luta contra os indígenas da Bahia
ocorreu com Mem de Sá, que derrotou os temíveis Tapuia de O Tráfico Negreiro
Paraguaçu. Esse fato teve um importante impacto psicológi- A partir da segunda metade do século XVI, começaram
co, pois, até então, acreditava-se ser impossível derrotar os a ser trazidos para a América os africanos como escravos em
povos guerreiros do sertão. número expressivo para a exploração sistemática de sua mão
Assim, com Mem de Sá, a Bahia tornou-se efetivamente de obra.
o polo central do poder, ajudando a consolidar o domínio A opção pelo africano se deu por algumas supostas van-
de todo o litoral. O primeiro passo nesse sentido foi o auxílio tagens: maior resistência física às epidemias e maiores co-
enviado ao Espírito Santo na luta contra os Aimoré. nhecimentos em trabalhos artesanais e agrícolas. A opção
Em 1560, no Rio de Janeiro, Mem de Sá enfrentou, com pelo escravo africano se deu também porque o tráfico dava
sucesso, 120 franceses e cerca de mil índios Tamoio, duran- lucros, era uma das atividades mais lucrativas do sistema co-
te três dias, afastando as ameaças que pesavam sobre São lonial. Para facilitar, nem o Estado nem a igreja católica con-
Vicente. Ordenado por Mem de Sá, seu sobrinho, Estácio de denavam a imposição da escravidão aos africanos.
Sá, iniciou o povoamento do Rio de Janeiro, consolidando o Os portugueses transportavam os escravos em suas ca-
controle territorial em linha contínua, de São Vicente a Per- ravelas vindas da África. Os holandeses também realizavam
nambuco. o tráfico de escravos para o Brasil. O número de escravos
No governo de Luís de Brito de Almeida (1573-1578), a embarcados dependia da capacidade da embarcação. Nas
atenção dos portugueses voltou-se para os Potiguara do rio caravelas, os portugueses transportavam até 500 cativos. Um
Paraíba. Contudo, as ofensivas na Paraíba só tiveram início pequeno navio podia transportar até 200 escravos, um navio
no governo de Manuel Teles Barreto (1583-1587). Aprovei- grande até 700.
tando-se da inimizade entre os Tabajara e os Potiguara, os A bordo, todos os escravos eram marcados a ferro no
portugueses conseguiram instalar seu domínio em 1586. ombro ou na coxa. Embarcados, os cativos são acorrentados
Já nesse período, as autoridades coloniais haviam con- até que se perca de vista a costa da África. Os navios negrei-
cluído que era necessário ampliar a conquista até o Rio Gran- ros embarcavam mais homens do que mulheres. O número
de do Norte, a fim de consolidar o domínio da região. De- de crianças era inferior, de 3% a 6% dos embarcados.
pois de muitos enfrentamentos com os indígenas, ao longo Angola (África Centro Ocidental) e a Costa da Mina (todo
dos anos seguintes, foi construído, em 1598, o forte dos Reis o litoral do Golfo da Guiné) eram até o século XVIII os princi-
Magos, núcleo da futura cidade de Natal. O comando desse pais fornecedores de escravos ao Brasil. Os principais grupos
forte foi entregue a Jerônimo de Albuquerque, que era des- étnicos africanos trazidos ao Brasil foram os bantos, oriundos
cendente de Tabajara pelo lado materno. A ela se deveu o de Angola, Golfo da Guiné e Congo; os sudaneses, originá-
estabelecimento da paz definitiva com os Potiguara em 1599. rios do Golfo da Guiné e do Sudão; e os maleses, sudaneses
Nessa data, os portugueses controlavam uma faixa li- islamizados.
torânea compacta, que ia de São Vicente, no sul, até o Rio Durante o século XVI e o XVII, os escravos eram trazi-
Grande do Norte, com os indígenas postos totalmente na dos principalmente ao Nordeste para a atividade açucareira,
defensiva. sobretudo, para fazendas na Bahia e em Pernambuco. Em
47
HISTÓRIA
menor número eram enviados ao Pará, Maranhão e Rio de resses entre os senhores do Brasil e os de Portugal. Entre os
Janeiro. No final do século XVII, a descoberta do ouro na pro- movimentos de destaque estão a revolta dos Beckman, no
víncia de Minas Gerais eleva o volume do tráfico, que passa Maranhão (1684); a Guerra dos Emboabas, em Minas Gerais
a levar os cativos para a região das minas. No século XVIII, o (1708), a Guerra dos Mascates, em Pernambuco (1710) e a
ouro sucede o açúcar na demanda de escravos, o café subs- Revolta de Felipe dos Santos em Minas Gerais (1720).
titui o ouro e o açúcar no século XIX. Mas é a Insurreição Pernambucana (1645-54) onde se
Entre a segunda metade do século XVI e 1850, data do localiza o marco inicial destes movimentos. Iniciada logo
fim do tráfico negreiro (Lei Eusébio de Queiroz), o número após a campanha pela expulsão dos invasores holandeses,
de escravos vindos para o Brasil é estimado entre 3.500.000 e e de sua poderosa Companhia das Índias Ocidentais, é ali
3.900.000. O Brasil teria importado 38% dos escravos trazidos que pela primeira vez que se registrou a divergência entre
da África para o Novo Mundo. os interesses dos colonos e os pretendidos pela Metrópole.
Os escravos a bordo estavam sujeitos a todos os riscos. Os habitantes de Pernambuco começaram a desenvolver a
Sua alimentação era escassa. Não fazia exercícios físicos du- noção de que a própria colônia conseguiria administrar seus
rante a viagem. A higiene a bordo era muito medíocre. Havia próprios destinos, até por que eles conseguiram expulsar os
ainda os maus-tratos a bordo e a superlotação dos porões invasores praticamente sozinhos, num esforço que reuniu ne-
insalubres e infectos. gros escravos, brancos e indígenas lutando juntos, com um
Trinta e cinco dias durava a viagem de Angola a Pernam- punhado de oficiais lusitanos nos altos postos de comando.
buco, quarenta até a Bahia, cinquenta até o Rio de Janeiro. A partir da segunda metade do século XVIII, com os des-
A mortalidade era alta a bordo. 20% dos escravos morriam dobramentos das revoltas na França e Estados Unidos, e os
durante essa longa viagem. conceitos do Iluminismo penetrando em meio à sociedade
A partir da década de 1840, a Inglaterra começa a sua brasileira, os descontentamentos vão se avolumando e a me-
guerra contra o tráfico de escravos para o Novo Mundo, ale- trópole portuguesa parece insensível a qualquer protesto.
gando razões humanitárias, mas na verdade com a finalidade Assim, os movimentos nativistas passarão a incorporar em
de ampliar o mercado consumidor de seus produtos indus- seu ideal a busca pela independência, ainda que somente da
trializados. É aprovada na Inglaterra a lei conhecida como Bill região dos revoltosos, pois a noção de um país reunindo to-
Aberdeen, que dava direito a Marinha de Guerra britânica de das as colônias portuguesas na América era algo impensado.
prender navios negreiros no Atlântico e julgar seus tripulan- O mais conhecido em meio a estes movimentos é a Inconfi-
dência Mineira de 1789, da qual surgiu o mártir da indepen-
tes.
dência, Tiradentes.
Sob pressão inglesa, o governo imperial brasileiro pro-
mulga a 4 de setembro de 1850, a lei Eusébio de Queiroz,
Revolta Beckman
que extinguia o tráfico de africanos para o Brasil. Com a ile-
Liderada pelos grandes proprietários Tomás Beckman,
galidade do tráfico, a alternativa foi a intensificação do tráfico
Manuel Beckman e Serrão de Castro, a Revolta Beckman
inter-regional e interprovincial de escravos. Assim, no século
(Maranhão - 1684) foi o resultado de um conflito entre os
XIX, os cativos vinham principalmente das províncias do Nor- jesuítas e os colonos do antigo estado do Maranhão, que
te e Nordeste para suprir as necessidades de mão de obra do compreendia a grande região que vai desde o atual estado
Sudeste cafeeiro. do Rio Grande do Norte até o Pará.
A região era próspera: produziam algodão, drogas do
Movimentos Nativistas sertão e açúcar. Para isso, escravizavam os indígenas, pois a
São chamados de movimentos nativistas dentro da his- oferta de escravos negros era insuficiente. Estes eram vendi-
toriografia brasileira o conjunto de revoltas populares que dos a preços maiores nas regiões açucareiras do Nordeste,
tinham como objetivo o protesto em relação a uma ou mais que eram as mais ricas.
condições negativas da realidade da administração colonial Como os jesuítas eram contra a escravidão indígena,
portuguesa no Brasil. Em retrospectiva, tais revoltas também logo entraram em conflito com os colonos. Assim, os padres
foram importantes em um âmbito maior. Apesar de consti- da Companhia de Jesus conseguiram o Alvará Régio de 1655,
tuírem movimentos exclusivamente locais, que não visavam que lhes davam o direito de ter os indígenas sob sua autori-
em um primeiro momento a separação política, o seu pro- dade exclusiva.
testo contra algum abuso do pacto colonial contribuiu para Os colonos, no entanto, revidaram. Liderados pelas Câ-
a construção do sentimento de nacionalidade em meio a tais maras Municipais de São Luís e Belém, as principais do antigo
comunidades. As principais revoltas ocorrem entre meados Maranhão, protestaram, prenderam os padres mais atuantes
do século XVII e começo do século XVIII, quando Portugal e expulsaram os demais. Devido a isso, os jesuítas acabaram
perdeu sua influência na Ásia, e passou a cobrir os gastos da perdendo o monopólio sobre o controle indígena, dividindo
Coroa na metrópole com a receita obtida do Brasil. A sem- -o com as outras ordens religiosas.
pre crescente cobrança de impostos, a criação frequente de Assumindo o trono após a morte de D. Afonso VI e in-
novos tributos e o abuso dos comerciantes portugueses na fluenciado pelos jesuítas, seus mestres, o regente D. Pedro II
fixação de preços começam a gerar insatisfação entre a elite restabeleceu o monopólio dos jesuítas sobre o controle dos
agrária da colônia. indígenas.
Este é o ambiente propício para o nascimento dos cha- A metrópole criou medidas para a solução do impasse:
mados movimentos nativistas, onde surgem a contestação fundou a Companhia Geral do Comércio do Estado do Ma-
de aspectos do colonialismo e primeiros conflitos de inte- ranhão, que deveria: fornecer 10 mil escravos negros, numa
48
HISTÓRIA
média de 500 por ano; abastecer a região com produtos Nesse tempo, a população paulista era composta de ma-
importados, tais como bacalhau, sal azeite de oliva e vinho; melucos e índios que falavam mais a língua tupi do que o
comprar os produtos da região e incentivar outras planta- português propriamente dito.
ções, como cacau, baunilha e cravo. Teria, também, o mono- Alguns poucos emboabas controlavam o comércio que
pólio da região por 20 anos. abastecia as minas, e em razão disso, obtinham muito lucro.
As medidas favoreciam ambas as partes. Contudo, a Por causa da sua riqueza e a dada a importância da atividade
Companhia exagerava em seu monopólio: o fornecimento que exerciam, passaram a ter grande influência. O português
dos escravos era insuficiente e a um custo muito alto; os pro- Manuel Nunes Viana era um desses ricos comerciantes e
dutos importados, além de insuficientes, sempre chegavam principal líder dos emboabas, além de ser também dono de
estragados; os navios para a região eram irregulares. Além fazendas de gado.
disso, a Companhia fraudava pesos e medidas, só aceitava A disputa pelas jazidas e vários outros desentendimen-
panos e cravos como pagamento de seus produtos. Os ou- tos deram origem a Guerra dos Emboabas.
tros produtos da região eram vendidos a preços exorbitantes Para combater o contrabando do ouro, a Coroa proibiu o
a agentes disfarçados da própria Companhia. comércio (exceto o de gado) entre Bahia e Minas; porém, ele
Indignados com tais procedências, os colonos, liderados continuou sob a liderança de Nunes Viana. Borba Gato (guar-
pelos irmãos Beckman e Serrão de Castro iniciaram o mo- da-mor das minas, logo um representante do poder real e
vimento que ficou conhecido como Revolta Beckman. Após líder dos paulistas) decidiu expulsá-lo das minas, mas Nunes
reunirem-se na Câmara Municipal de São Luís, decidiram ex- não foi embora e recebeu apoio dos emboabas.
pulsar os jesuítas, seus antigos inimigos e abolir o monopólio Após serem expulsos do lugar pelos emboabas, os pau-
da Companhia. Tomás Beckman parte para Lisboa, a fim de listas (que constituíam a minoria) foram embora, mas um
negociar com as autoridades portuguesas e lutar pelas rei- grupo deles (a maioria índios) foi cercado pelos emboabas
vindicações dos colonos. Queria, assim, afastar qualquer sus- que prometeram deixá-los vivos caso entregassem as armas.
peita de revolta contra a coroa e o rei, apenas apresentando Os paulistas aceitaram o acordo, mas foram enganados e
a justeza da queixa dos colonos. massacrados em um local que ficou conhecido como Capão
A coroa decidiu atender a uma das exigências dos co- da Traição.
lonos: aboliu o exclusivismo comercial da Companhia. Con-
Expulsos das minas, os paulistas descobriram novas jazi-
tudo, nomeou Gomes Freire de Andrade, homem enérgico
das em Goiás e Mato Grosso.
e com grande habilidade política, como novo governador
Nunes Viana foi obrigado pelo governador do Rio de Ja-
do Maranhão, dando-lhe amplos poderes para resolver a si-
neiro a deixar Minas e acabou se retirando para sua fazenda
tuação. A simples extinção do monopólio desmobilizou os
no rio São Francisco.
rebeldes, o que facilitou ao novo governador debelar a re-
Como consequência dessa guerra, foi criada em 1709, a
belião. Alguns líderes foram presos, uns obtiveram perdão,
capitania de São Paulo e Minas de Ouro (ex-capitania de São
outros deportados. Porém Manuel Beckman, considerado o
Vicente, agora rebatizada). Em 1720, a capitania de Minas foi
“cabeça” da rebelião, foi enforcado.
separada de São Paulo, formando duas capitanias diferentes:
Guerra dos Emboabas a de São Paulo e a de Minas Gerais.
A partir de meados do século XVII, o açúcar (atividade
predominante da colônia) sofreu uma forte concorrência e Guerra dos Mascates
isso fez com que a Coroa portuguesa estimulasse novamente O chamado “Escravismo Colonial” era um sistema de do-
a descoberta de metais. minação que se caracterizava por dois tipos de exploração: a
Os paulistas foram os principais exploradores e conhe- escravista (senhores de engenho sobre os escravos) e a colo-
ciam bem o sertão, em 1674, Fernão Dias Pais, descobriu o nial (a colônia sobre metrópole).
caminho para o interior de Minas e alguns anos depois, Bar- A maioria das rebeliões que ocorreram antes da Inde-
tolomeu Bueno da Silva abriu passagem para Goiás e Mato pendência, colocaram em xeque o regime colonial a que o
Grosso. Brasil estava submetido, poucas foram aquelas que contes-
A corrida do ouro começou, de fato, em 1698 quando taram a escravidão.
Antônio Dias de Oliveira descobriu as minas de Ouro Preto. A Revolta de Beckman, o Quilombo dos Palmares, a re-
A notícia correu o país inteiro fazendo com que muitos volta de Vila Rica e a Guerra dos Mascates (ocorrida entre
aventureiros que buscavam um rápido enriquecimento fos- 1709 e 1711 em Pernambuco), tiveram por base as contra-
sem para a região das minas, a boa-nova também chegou a dições entre a metrópole e a colônia e, no caso de Palmares;
Portugal; e de lá, chegavam mais de 10 mil pessoas a cada senhores e escravos.
ano durante um período de 60 anos. A Guerra dos Mascates foi um conflito entre senhores de
A população das minas era bastante heterogênea e divi- engenho de Olinda (sede do poder público) e comerciantes
dida em dois grupos rivais: paulistas (que queriam o direito de Recife (chamados de “Mascates” e eram, em sua maioria,
de explorar as minas de ouro, pois descobriram o lugar) e portugueses).
emboabas (forasteiros). Em 1630, os holandeses chegaram em Pernambuco e
O nome “Emboabas” significa em Tupi “Pássaro de Pés dominaram Recife e Olinda. Antes da chegada desses estran-
Emplumados”, e é uma ironia aos forasteiros que usavam bo- geiros, Recife não era muito notável, Olinda era o principal
tas; enquanto que os paulistas, andavam descalços. núcleo urbano, ao qual Recife encontrava-se subordinada.
49
HISTÓRIA
Com a expulsão dos holandeses, Recife cresceu, tornou- A Insurreição Pernambucana se estenderia até 1648,
se um centro comercial e, principalmente por causa do seu quando ocorreriam as Batalhas dos Guararapes, episódios
excelente porto, começou a receber um grande número de decisivos para a expulsão definitiva dos holandeses. Elas
comerciantes portugueses. foram frutos de uma resposta do povo – comandado pela
Os senhores de engenho (que controlavam Olinda) co- aristocracia açucareira – em repúdio à permanência dos ho-
meçavam a ficar incomodados com o progresso de Recife landeses no Brasil.
(controlada pelos comerciantes). Uma observação interessante a ser feita é que neste le-
Conforme Recife crescia, os mercadores começaram a vante contou-se com a valorosa junção dos índios com os
querer se libertar de Olinda e da autoridade de sua Câmara negros, lutando lado a lado por um mesmo objetivo: expulsar
Municipal. os holandeses do Brasil, além de ter sido o nosso primeiro
Em 1703, Recife conseguiu o direito de representação na movimento de insatisfação.
Câmara de Olinda; porém, as influências exercidas pelos se-
nhores de engenho fez com que esse direito não saísse do Inconfidência Mineira (Conjuração Mineira)
papel. No segunda metade do século XVIII, a exploração de
Em 1709, os recifenses ganharam sua própria Câmara e ouro em Minas Gerais começou a decair, afetando negativa-
se libertaram definitivamente da autoridade política de Olin- mente todas as camadas da população.
da. Recife passou de “povoado” à “vila”. A cobrança de impostos que era feita sobre o ouro foi
Inconformados, os senhores de engenho de Olinda se mantida pela coroa portuguesa, mesmo sabendo que os mi-
revoltaram e atacaram Recife. Somente após a intervenção neiros já não tinham como pagar o “quinto” (cerca de 100
das autoridades coloniais é que as lutas foram suspensas e arrobas de ouro por ano). Apesar da pressão feita, a coroa
em 1711, Recife finalmente conseguiu sua igualdade perante arrecadou uma média de 60 arrobas por ano por explorador.
Olinda. Bem abaixo de como era antes. Por causa disto, o rei orde-
Assim estava encerrada a Guerra dos Mascates, com a nou ao governador da capitania, Furtado de Mendonça, que
vitória dos comerciantes. executasse a chamada “derrama”, a cobrança dos impostos
atrasados.
Insurreição Pernambucana
Estes impostos atrasados foram cobrados à força, com
Levante que se sucedeu em Pernambuco em oposição à
policiais, de qualquer cidadão mineiro. As contribuições eram
autoridade que a Holanda pretensamente pretendia exercer
feitas com base nos bens que cada indivíduo tinha, e era co-
sobre Pernambuco, tendo na posição de líder um rico senhor
mum acontecerem casos de todos os bens de uma família
de engenho de nome João Fernandes Vieira, que contou
serem tomados.
com a colaboração de um índio guerreiro chamado Antônio
Foi em meio a essa crise que surgiu a Conjuração Mi-
Felipe Camarão.
neira (ou Inconfidência Mineira), uma revolta contra a me-
A agitação política ocorreu no dia 13 de junho de 1645,
já com uma razão pré estabelecida. A Holanda estava en- trópole portuguesa. Os líderes dessa conspiração eram ricos
redada em combates na Europa e, endividada, necessitava mineradores, pertencentes à elite, e também pessoas ligadas
de uma fonte que lhe gerasse os recursos financeiros para ao setor militar, e da administração da capitania. O único re-
sanar estes débitos, assim resolveu cobrar, por intermédio da presentante dos pobres era Tiradentes, que mais tarde se-
Companhia das Índias Ocidentais – possuidora do monopó- ria o mártir da revolta. A revolta foi baseada nos ideais do
lio do comércio holandês na América – os empréstimos que Iluminismo, através do conhecimento da independência dos
concedera às elites da nata rural pernambucana. Estados Unidos.
Aquele que ousasse não cumprir com o pagamento das Os objetivos que a conjuração tinha eram modestos,
suas dívidas, teria seus domínios apreendidos pelos holan- pouco definidos. O principal era tornar Minas Gerais inde-
deses. pendente, proclamação de uma república, atrair investimen-
A colônia holandesa era gerida por Maurício de Nassau, tos estrangeiros para a instalaçao de fábricas, e a construção
o qual detinha a aprovação e a solidariedade dos senhores da Universidade de Vila Rica.
de terra pernambucanos. Contudo, por conta deste clima de Os lideres da campanha não tinham uma ideia do que
tensão, o mesmo abandonara o cargo e voltara para a Euro- ocorreria com os escravos. Manter a escravidão era contra os
pa no ano antecedente. ideais que pretendiam por em prática, porém, caso os liber-
O índio Felipe Camarão estava ausente de Pernambu- tassem, achavam que os negros tentariam assassinar todos
co quando deste infortúnio, porém tratou logo de retornar os brancos e tomar o poder da região, já que eram a maioria.
e veio acompanhado de um pequeno esquadrão de parti- Ao final da história, apenas os escravos nascidos no Brasil
dários. foram libertados.
No dia 03 de agosto de 1645 houve o primeiro grande Logo o governador tomou conhecimento da revolta,
revés para os holandeses, que foram vencidos pelos pernam- mandando suspender a cobrança da Derrama e prendendo
bucanos no Monte das Tabocas, local que atualmente abriga os líderes revoltosos.
a cidade de Vitória de Santa Antão. As penas dos condenados foram muito fracas para os
As insurgências continuam a acontecer em outros pon- padrões da época. Justamente porque os líderes da conjura-
tos da capitania, desta vez os insurrectos invadem Recife, ção eram ricos e militares - pessoas importantes. O único que
instituem o Arraial Novo e nomeiam João Fernandes Vieira não tinha qualquer importância, Tiradentes, foi condenado à
governador, apoderam-se das vilas de Olinda e Itamaracá. forca.
50
HISTÓRIA
51
HISTÓRIA
(1981). Com a Missão Alemã no sul do Brasil surgiram diver- do Canadá francês. Em 1973, tornaram-se a reunir as duas
sos Colégios: Anchieta (1890) em Porto Alegre; Ginásio Gon- Províncias Central e Vice-Província Goiano-Mineira, forman-
zaga (1895) de Pelotas; Sagrado Coração de Jesus na cidade do a Província Centro-Leste. A Missão de Diamantino, fun-
do Rio Grande. O Ginásio Catarinense (1906), tornou-se cen- dada pela Província Central foi atribuída à Província do Sul.
tro de ensino e cultura científica. Mais tarde ainda vieram os Em 1995 foi criado o Distrito Missionário da Amazônia, des-
Colégios Medianeira em Curitiba, Santo Inácio em Salvador membrando da Província da Bahia os estados do Amazonas,
do Sul e o Ginásio de Itapiranga. Novas gerações de jesuítas Pará, Roraima, Amapá e Acre. Em 1999 foi criada a Região do
são formadas na casa de formação de Pareci Novo e no Co- Mato Grosso, desmembrando da Província do Sul os estados
légio Cristo Rei (S. Leopoldo), onde brilhou a santidade do do Mato Grosso e Rondônia. Atualmente os jesuítas no Brasil
Pe. João B. Réus. Merece especial atenção o apostolado so- estão distribuídos em 4 Províncias, uma Região e um Distrito.
cial através de cooperativas, fundadas por toda parte, entre
os colonos alemães. Em 1911 os jesuítas portugueses voltam
ao território norte do Brasil, formando assim a Missão Por-
tuguesa. Fundaram logo o Colégio Antônio Vieira (1911) em 4. BRASIL IMPÉRIO.
Salvador e o Instituto S. Luiz de Caiteté; o Colégio Nóbrega 4.1. A crise do antigo sistema colonial e o
(1917) no Recife, que preparou a atual Universidade Católica processo de emancipação política do Brasil;
de Pernambuco. Ao mesmo tempo fundavam-se Residências o reconhecimento internacional.
importantes em Belém do Pará e S. Luís do Maranhão. Para a 4.2. O processo político no Primeiro Reinado; as
formação de novos jesuítas construíram-se a Escola Apostó- rebeliões provinciais; a abdicação de D. Pedro I.
lica e o Noviciado de Baturité no Ceará. Mais tarde fundou-
se o Colégio Santo Inácio de Fortaleza. Salientemos ainda a
4.3. O centralismo político e os conflitos sociais
tarefa da formação do Clero. do Período Regencial; a evolução político-
Desde a fundação do Colégio Pio-Brasileiro em Roma administrativa do Segundo Reinado; a política
(1934) para a formação de sacerdotes, os jesuítas do Brasil externa e os conflitos latino-americanos do
fornecem seus dirigentes, muitos professores e auxiliares. século XIX.
Neste século, fundaram-se Casas de Exercícios Espirituais, 4.4. A sociedade brasileira da fase imperial, o
como a do Padre Anchieta no Rio; Vila Fátima, perto de Belo surto do café, as transformações econômicas,
Horizonte; Vila Manresa (Porto Alegre); Morro das Pedras,
a imigração, a abolição da escravidão, as
perto de Florianópolis; S. José (Olinda); a de Baturité, no Cea-
rá; a de Mar Grande na Bahia. Outras, são adaptações de an- questões religiosa e militar.
tigas casas, como o Centro de Espiritualidade de Itaicí (SP) e 4.5. As manifestações culturais; as ciências, as
o Centro de Espiritualidade Cristo Rei, em S. Leopoldo. Dois artes e a literatura no período imperial.
movimentos religiosos foram especialmente promovidos pe-
los jesuítas do Brasil: o Apostolado da Oração e a Congre-
gação Mariana. Quanto à obra das missões indígenas, uma
das primeiras preocupações foi restaurar as missões do Rio Crise No Sistema Colonial
Grande do Sul (1848-52). Outra tentativa foi feita em Goiás
com os índios Apinagés (1888-91) e no Mato Grosso (1923). A relação entre colônia e metrópole se traduz em duas
Mas a empresa que vingou foi a Missão de Diamantino em palavras: dependência e subordinação. Na verdade o Brasil
Mato Grosso (1927), hoje Diocese. Trabalharam aí cerca de tinha um significado ímpar para a economia lusitana, era um
quarenta missionários, que conseguiram a pacificação pau- ponto de equilíbrio para aquele país em comparação com as
latina de várias tribos. Distinguiu-se o Pe. João Bosco Penido colônias afro-asiáticas. Mas o navio afundou e levou junto a
Burnier, que sofreu o martírio em 1976. Outra missão, hoje estrutura do pacto colonial.
também Diocese, foi a de Ponta de Pedras na ilha de Marajó, A crise que se abateu sobre Portugal, e que desestrutu-
confiada aos jesuítas da Bahia. rou o pacto colonial no final do século XVIII e início do século
Os jesuítas se destacam também no apostolado intelec- XIX, tem que ser pensada em um contexto bem mais amplo
tual, principalmente no ensino universitário. Diversas Uni- e muito mais global do que uma mera analise de crise eco-
versidades do país são dirigidas pelos jesuítas: a PUC (RJ), a nômica e política. Temos que retomar o pensamento ilumi-
UNISINOS (S. Leopoldo) e a UNICAP (Recife). Alguns jesuítas nista que queimou como pólvora no coração da burguesia;
trabalham também em Universidades do Governo e em al- na Revolução Francesa e seus ideais de liberdade, igualdade
gumas Faculdades próprias ou de outras entidades. As três e fraternidade; na propagação das ideias liberais, no vapor da
antigas Missões (Alemã, Italiana e Portuguesa) passaram a
Revolução Industrial, no aburguesamento da Europa que se
ser Vice-Províncias e posteriormente Províncias. Em 1952 os
espalhou como uma doença contagiosa.
estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás constituíram
O choque entre forças renovadoras e tradicionais mar-
a Vice-Província Goiano Mineira, confiada à Província espa-
nhola de León. A Vice-Província do Norte tornou-se a Pro- cou o esgotamento da sociedade tradicional, aquela do An-
víncia do Nordeste, cedendo os estados da Bahia, Piauí, Ma- tigo Regime com resquícios ainda feudais, e fez aflorar uma
ranhão, Pará, Amazonas à Província da Bahia, constituída em nova sociedade, um novo sistema econômico, o liberalismo.
grande parte por jesuítas italianos da Província de Veneza. Portugal sofreu com a fúria das entranhas da terra, o
Por seu lado, a Província do Nordeste foi ajudada por jesuítas grande sismo de 1755; estava atrelado e intrinsecamente de-
pendente da economia inglesa, e sofreu com a crise econô-
52
HISTÓRIA
mica de 1766-1769: período marcado por déficit econômico cumprir as ordens de Napoleão e aderir ao Bloqueio Conti-
e crise na produção aurífera no Brasil. Aliado a tudo isso Por- nental, pois tinha longa relação comercial com a Inglaterra,
tugal, em plena segunda metade do século XVIII, era o pati- por outro lado o governo português temia o exército francês.
nho feio da Europa, atrasado em relação aos demais países. Sem alternativa, Portugal aceitou o Bloqueio, mas, con-
Napoleão, que o filosofo alemão Hegel intitulou como tinuou comercializando com a Inglaterra. Ao descobrir a tra-
sendo “o espírito a cavalo”, tinha como projeto transformar ma, Napoleão determinou a invasão de Portugal em novem-
a França na maior potência do mundo. Todavia, teria uma bro de 1807. Sem condições de resistir à invasão francesa,
pedra bem grande em seu sapato, a Inglaterra. Os planos D. João e toda a corte portuguesa fugiram para o Brasil, sob
de Napoleão incluíram o chamado Bloqueio Continental, se- a proteção naval da marinha inglesa. A Inglaterra ofereceu
gundo o qual as nações foram impedidas de comercializar escolta na travessia do Atlântico, mas em troca exigiu a aber-
com a Inglaterra sob a pena de invasão das poderosas tropas tura dos portos brasileiros aos navios ingleses.
napoleônicas. Para a França era fundamental o isolamento A corte portuguesa partiu às pressas de Lisboa sob as
da Inglaterra; para Inglaterra era imprescindível preservar as vaias do povo, em 29 de novembro de 1807. Na comitiva
alianças econômicas e os portos de apoio; para Portugal, ex- vinha D. João, sua mãe D. Maria I, a princesa Carlota Joaqui-
tremamente dependente da Inglaterra, restava manter a in- na; as crianças D. Miguel, D. Maria Teresa, D. Maria Isabel, D.
tegridade do império, no momento de invasão das tropas Maria Assunção, D. Ana de Jesus Maria e D. Pedro, o futuro
lideradas pelo general Junot. imperador do Brasil e mais cerca de 15 mil pessoas entre no-
A vinda da família real para o Brasil em 1808, escoltada bres, militares, religiosos e funcionários da Coroa. Trazendo
pela marinha inglesa, deve ser interpretada como uma fuga. tudo o que era possível carregar; móveis, objetos de arte,
E esse fato histórico e seus desdobramentos abalariam as es- joias, louças, livros, arquivos e todo o tesouro real imperial.
truturas do pacto colonial, decretando seu fim. Após 54 dias de viagem a esquadra portuguesa chegou
As medidas tomadas por D. João VI, então príncipe re- ao porto de Salvador na Bahia, em 22 de janeiro de 1808. Lá
gente no momento de loucura da ainda viva rainha D. Maria foram recebidos com festas, onde permaneceram por mais
“a louca”, modificariam as relações econômicas entre Portu- de um mês.
gal e Brasil. Medidas como a abertura dos portos do Brasil Seis dias após a chegada D. João cumpriu o seu acordo
as nações amigas; os favorecimentos dados à Inglaterra nas com os ingleses, abrindo os portos brasileiros às nações ami-
gas, isto é, a Inglaterra. Eliminando em parte o monopólio
tarifas aduaneiras e nos tratados de Comércio e Navegação,
comercial português, que obrigava o Brasil a fazer comércio
e de Aliança e Amizade; e quando, em 1815, o Brasil passou
apenas com Portugal.
a condição de Reino Unido a Portugal e Algarves, podemos
Mas o destino da Coroa portuguesa era a capital da co-
dizer que, teoricamente, não éramos mais uma colonial.
lônia, o Rio de Janeiro, onde D. João e sua comitiva desem-
O fato é que a chegada da família real e as medidas to-
barcaram em 8 de março de 1808 e onde foi instalada a sede
madas por D. João VI puseram fim ao exclusivismo comercial
do governo.
de Portugal para com o Brasil, que passou a manter um co- Na chegada ao Rio de Janeiro, a Corte portuguesa foi
mércio direto com a Inglaterra. Essa conjuntura era desfa- recebida com uma grande festa: o povo aglomerou-se no
vorável para Portugal que sentiu a desestruturação de suas porto e nas principais ruas para acompanhar a Família Real
bases econômicas. Essa desarticulação do eixo estrutural em procissão até a Catedral, onde, após uma missa em ação
colonial trouxe consequências políticas, econômica e sociais de graças, o rei concedeu o primeiro “beija-mão”.
que atingiria as bases do sistema colonial. A transferência da corte portuguesa para o Rio de Janei-
Portando, a desarticulação do sistema colonial e seu con- ro provocou uma grande transformação na cidade. D. João
sequente fim têm que ser pensado em um contexto muito teve que organizar a estrutura administrativa do governo.
mais global. Este está inserido no choque entre as forças re- Nomeou ministros de Estado, colocaram em funcionamento
novadores e tradicionais do fim do século XVIII e início do diversas secretarias públicas, instalou tribunais de justiça e
século XIX. Foi à pá de terra fundamental para o alvorecer criou o Banco do Brasil (1808).
de uma nova sociedade e, para o caso do Brasil, uma nova Era preciso acomodar os novos habitantes e tornar a
conjuntura política, econômica e social. cidade digna de ser a nova sede do Império português. O
vice-rei do Brasil, D. Marcos de Noronha e Brito cedeu sua
A Família Real no Brasil residência, O Palácio dos Governadores, no Lago do Paço,
que passou a ser chamado Paço Real, para o rei e sua famí-
No início do século XIX, a Europa estava agitada pelas lia e exigiu que os moradores das melhores casas da cidade
guerras. Inglaterra e França disputavam a liderança no con- fizessem o mesmo. Duas mil residências foram requisitadas,
tinente europeu. Em 1806, Napoleão Bonaparte, imperador pregando-se nas portas o “P.R.”, que significava “Príncipe Re-
da França, decretou o Bloqueio Continental, proibindo que gente”, mas que o povo logo traduziu como “Ponha-se na
qualquer país aliado ou ocupado pelas forças francesas co- Rua”. Prédios públicos, quartéis, igrejas e conventos também
mercializasse com a Inglaterra. O objetivo do bloqueio era foram ocupados. A cidade passou por uma reforma geral:
arruinar a economia inglesa. Quem não obedecesse, seria in- limpeza de ruas, pinturas nas fachadas dos prédios e apreen-
vadido pelo exército francês. são de animais.
Portugal viu-se numa situação delicada. Nessa época, As mudanças provocaram o aumento da população na
Portugal era governado pelo príncipe regente D. João, pois cidade do Rio de Janeiro, que por volta de 1820, somava mais
sua mãe, a rainha D. Maria I, enlouquecera. D. João não podia de 100 mil habitantes, entre os quais muitos eram estrangei-
53
HISTÓRIA
ros – portugueses comerciantes ingleses corpos diplomáti- D. João e sua corte não queriam retornar ao empobreci-
cos – ou mesmo resultado do deslocamento da população do Portugal. Então o Brasil foi elevado à categoria de Reino
interna que procurava novas oportunidades na capital. Unido de Portugal e Algarves (uma região ao sul de Portugal).
As construções passaram a seguir os padrões europeus. O Brasil deixava de ser Colônia de Portugal, adquiria autono-
Novos elementos foram incorporados ao mobiliário; espe- mia administrativa.
lhos, bibelôs, biombos, papéis de parede, quadros, instru- Em 1820, houve em Portugal a Revolução Liberal do Por-
mentos musicais, relógios de parede. to, terminando com o Absolutismo e iniciando a Monarquia
Com a Abertura dos Portos (1808) e os Tratados de Co- Constitucional. D. João deixava de ser monarca absoluto e
mércio e Navegação e de Aliança e Amizade (1810) estabele- passava a seguir a Constituição do Reino. Dessa forma, a As-
cendo tarifas preferenciais aos produtos ingleses, o comércio sembleia Portuguesa exigia o retorno do monarca. O novo
cresceu. O porto do Rio de Janeiro aumentou seu movimento governo português desejava recolonizar o Brasil, retirando
que passou de 500 para 1200 embarcações anuais. sua autonomia econômica.
Em 26 de abril de 1821, D. João VI cedendo às pressões,
A oferta de mercadorias e serviços diversificou-se. A
volta a Portugal, deixando seu filho D.Pedro como príncipe
Rua do Ouvidor, no centro do Rio, recebeu o cabeleireiro da
regente do Brasil.
Corte, costureiras francesas, lojas elegantes, joalherias e ta-
Se o que define a condição de colônia é o monopólio im-
bacarias. A novidade mais requintada era os chapéus, luvas,
posto pela metrópole, em 1808 com a abertura dos portos, o
leques, flores artificiais, perfumes e sabonetes. Brasil deixava de ser colônia. O monopólio não mais existia.
Para a elite, a presença da Corte e o número crescente Rompia-se o pacto colonial e atendia-se assim, os interes-
de comerciantes estrangeiros trouxeram familiaridade com ses da elite agrária brasileira, acentuando as relações com
novos produtos e padrões de comportamento em moldes a Inglaterra, em detrimento das tradicionais relações com
europeus. As mulheres seguindo o estilo francês; usavam Portugal.
vestidos leves e sem armações, com decotes abertos, cintura Esse episódio, que inaugura a política de D. João VI no
alta, deixando aparecer os sapatos de saltos baixos. Enquan- Brasil, é considerado a primeira medida formal em direção ao
to os homens usavam casacas com golas altas enfeitadas por “sete de setembro”.
lenços coloridos e gravatas de renda, calções até o joelho Há muito Portugal dependia economicamente da Ingla-
e meias. Embora apenas uma pequena parte da população terra. Essa dependência acentua-se com a vinda de D. João
usufruísse desses luxos. Sem dúvida, a vinda de D. João deu VI ao Brasil, que gradualmente deixava de ser colônia de Por-
um grande impulso à cultura no Brasil. tugal, para entrar na esfera do domínio britânico. Para Ingla-
Em abril de 1808, foi criado o Arquivo Central, que reu- terra industrializada, a independência da América Latina era
nia mapas e cartas geográficas do Brasil e projetos de obras uma promissora oportunidade de mercados, tanto fornece-
públicas. Em maio, D. João criou a Imprensa Régia e, em se- dores, como consumidores.
tembro, surgiu a Gazeta do Rio de Janeiro. Logo vieram livros Com a assinatura dos Tratados de 1810 (Comércio e
didáticos, técnicos e de poesia. Em janeiro de 1810, foi aberta Navegação e Aliança e Amizade), Portugal perdeu definiti-
a Biblioteca Real, com 60 mil volumes trazidos de Lisboa. vamente o monopólio do comércio brasileiro e o Brasil caiu
Criaram-se as Escolas de Cirurgia e Academia de Mari- diretamente na dependência do capitalismo inglês.
nha (1808), a Aula de Comércio e Academia Militar (1810) e Em 1820, a burguesia mercantil portuguesa colocou fim
a Academia Médico-cirúrgica (1813). A ciência também ga- ao absolutismo em Portugal com a Revolução do Porto. Im-
nhou com a criação do Observatório Astronômico (1808), do plantou-se uma monarquia constitucional, o que deu um ca-
Jardim Botânico (1810) e do Laboratório de Química (1818). ráter liberal ao movimento. Mas, ao mesmo tempo, por tra-
Em 1813, foi inaugurado o Teatro São João (atual João tar-se de uma burguesia mercantil que tomava o poder, essa
revolução assume uma postura recolonizadora sobre o Brasil.
Caetano). Em 1816, a Missão Francesa, composta de pintores,
D. João VI retorna para Portugal e seu filho aproxima-se ainda
escultores, arquitetos e artesãos, chegaram ao Rio de Janeiro
mais da aristocracia rural brasileira, que se sentia duplamente
para criar a Imperial Academia e Escola de Belas-Artes. Em
ameaçada em seus interesses: a intenção recolonizadora de
1820, foi a vez da Real Academia de Desenho, Pintura, Escul-
Portugal e as guerras de independência na América Espanho-
tura e Arquitetura civil. la, responsáveis pela divisão da região em repúblicas.
A presença de artistas estrangeiros, botânicos, zoólogos,
médicos, etnólogos, geógrafos e muitos outros que fizeram Os Movimentos de Emancipação
viagens e expedições regulares ao Brasil, trouxeram informa- A Inconfidência Mineira destacou-se por ter sido o pri-
ções sobre o que acontecia pelo mundo e também tornou meiro movimento social republicano emancipacionista de
este país conhecido, por meio dos livros e artigos em jornais nossa história. Eis aí sua importância maior, já que em outros
e revistas que aqueles profissionais publicavam. Foi uma mu- aspectos ficou muito a desejar. Sua composição social, por
dança profunda, mas que não alterou os costumes da grande exemplo, marginalizava as camadas mais populares, confi-
maioria da população carioca, composta de escravos e traba- gurando-se num movimento elitista estendendo-se no má-
lhadores assalariados. ximo às camadas médias da sociedade, como intelectuais,
Com a vitória das nações europeias contra Napoleão em militares, e religiosos. Outros pontos que contribuíram para
1815, ficou decidido que os reis de países invadidos, pela debilitar o movimento foram a precária articulação militar e
França deveriam voltar a ocupar seus tronos. a postura regionalista, ou seja, reivindicavam a emancipação
54
HISTÓRIA
e a república para o Brasil e na prática preocupavam-se com tacando-se a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana.
problemas locais de Minas Gerais. O mais grave contudo foi Foram os primeiros movimentos sociais da história do Brasil
a ausência de uma postura clara que defendesse a abolição a questionar o pacto colonial e assumir um caráter republica-
da escravatura. O desfecho do movimento foi assinalado no. Era apenas o início do processo de independência política
quando o governador Visconde de Barbacena suspendeu a do Brasil, que se estende até 1822 com o “sete de setem-
derrama, seria o pretexto para deflagar a revolta, e esvaziou bro”. Esta situação de crise do antigo sistema colonial era na
a conspiração, iniciando prisões acompanhadas de uma ver- verdade, parte integrante da decadência do Antigo Regime
dadeira devassa. europeu, debilitado pela Revolução Industrial na Inglaterra e
Os líderes do movimento foram presos e enviados para o principalmente pela difusão do liberalismo econômico e dos
Rio de Janeiro responderam pelo crime de inconfidência (fal- princípios iluministas, que juntos formarão a base ideológi-
ta de fidelidade ao rei), pelo qual foram condenados. Todos ca para a Independência dos Estados Unidos (1776) e para
negaram sua participação no movimento, menos Joaquim a Revolução Francesa (1789). Trata-se de um dos mais im-
José da Silva Xavier, o alferes conhecido como Tiradentes, portantes movimentos de transição na História, assinalado
que assumiu a responsabilidade de liderar o movimento. pela passagem da idade moderna para a contemporânea,
Após decreto de D. Maria I é revogada a pena de morte dos representada pela transição do capitalismo comercial para o
inconfidentes, exceto a de Tiradentes. Algum tem a pena industrial.
transformada em prisão temporária, outros em prisão perpé- A aristocracia rural brasileira encaminhou a independên-
tua. Cláudio Manuel da Costa morreu na prisão, onde prova- cia do Brasil com o cuidado de não afetar seus privilégios,
velmente foi assassinado. representados pelo latifúndio e escravismo. Dessa forma, a
O exemplo parece que não assustou a todos, já que nove independência foi imposta verticalmente, com a preocupa-
anos mais tarde iniciava-se na Bahia a Revolta dos Alfaiates, ção em manter a unidade nacional e conciliar as divergências
também chamada de Conjuração Baiana. A influência da loja existentes dentro da própria elite rural, afastando os setores
maçônica Cavaleiros da Luz deu um sentido mais intelectual mais baixos da sociedade representados por escravos e tra-
ao movimento que contou também com uma ativa partici- balhadores pobres em geral.
pação de camadas populares como os alfaiates João de Deus Com a volta de D. João VI para Portugal e as exigências
e Manuel dos Santos Lira. Eram pretos, mestiços, índios, po- para que também o príncipe regente voltasse, a aristocracia
bres em geral, além de soldados e religiosos. Justamente por rural passa a viver sob um difícil dilema: conter a recoloniza-
possuir uma composição social mais abrangente com parti- ção e ao mesmo tempo evitar que a ruptura com Portugal
cipação popular, a revolta pretendia uma república acompa- assumisse o caráter revolucionário republicano que marcava
nhada da abolição da escravatura. Controlado pelo governo, a independência da América Espanhola, o que evidentemen-
as lideranças populares do movimento foram executadas por te ameaçaria seus privilégios.
enforcamento, enquanto que os intelectuais foram absolvi- A maçonaria (reaberta no Rio de Janeiro com a loja ma-
dos. çônica Comércio e Artes) e a imprensa uniram suas forças
Outros movimentos de emancipação também foram contra a postura recolonizadora das Cortes.
controlados, como a Conjuração do Rio de Janeiro em 1794, D. Pedro é sondado para ficar no Brasil, pois sua parti-
a Conspiração dos Suaçunas em Pernambuco (1801) e a Re- da poderia representar o esfacelamento do país. Era preciso
volução Pernambucana de 1817. Esta última, já na época que ganhar o apoio de D. Pedro, em torno do qual se concretiza-
D. João VI havia se estabelecido no Brasil. Apesar de contidas riam os interesses da aristocracia rural brasileira. Um abaixo
todas essas rebeliões foram determinantes para o agrava- assinado de oito mil assinaturas foi levado por José Clemente
mento da crise do colonialismo no Brasil, já que trouxeram Pereira (presidente do Senado) a D. Pedro em 9 de janeiro
pela primeira vez os ideais iluministas e os objetivos repu- de 1822, solicitando sua permanência no Brasil. Cedendo às
blicanos. pressões, D. Pedro decidiu-se: “Como é para o bem de todos
e felicidade geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que
O Processo de Independência do Brasil fico”.
Em primeiro lugar, entender que 07 de setembro de É claro que D. Pedro decidiu ficar bem menos pelo povo
1822 não foi um ato isolado do príncipe D. Pedro, e sim um e bem mais pela aristocracia, que o apoiaria como imperador
acontecimento que integra o processo de crise do Antigo em troca da futura independência não alterar a realidade so-
Sistema Colonial, iniciada com as revoltas de emancipação cioeconômica colonial. Contudo, o Dia do fico era mais um
no final do século XVIII. Ainda é muito comum a memória passo para o rompimento definitivo com Portugal. Graças a
do estudante associar a independência do Brasil ao quadro homens como José Bonifácio de Andrada e Silva (patriarca
de Pedro Américo, “O Grito do Ipiranga”, que personifica o da independência), Gonçalves Ledo, José Clemente Pereira
acontecimento na figura de D. Pedro. e outros, o movimento de independência adquiriu um ritmo
Em segundo lugar, perceber que a independência do surpreendente com o cumpra-se, onde as leis portuguesas
Brasil, restringiu-se à esfera política, não alterando em nada a seriam obedecidas somente com o aval de D. Pedro, que aca-
realidade sócio-econômica, que se manteve com as mesmas bou aceitando o título de Defensor Perpétuo do Brasil (13 de
características do período colonial. maio de 1822), oferecido pela maçonaria e pelo Senado. Em
Desde as últimas décadas do século XVIII assinala-se na 3 de junho foi convocada uma Assembleia Geral Constituinte
América Latina a crise do Antigo Sistema Colonial. No Brasil, e Legislativa e em primeiro de agosto considerou-se inimigas
essa crise foi marcada pelas rebeliões de emancipação, des- as tropas portuguesas que tentassem desembarcar no Brasil.
55
HISTÓRIA
São Paulo vivia um clima de instabilidade para os irmãos Após a vitória na Bahia, a esquadra de Cochrane, seguin-
Andradas, pois Martim Francisco (vice-presidente da Junta do para o norte, bloqueou a cidade de São Luís. Esse blo-
Governativa de São Paulo) foi forçado a demitir-se, sendo ex- queio apressou a derrota dos portugueses não só no Mara-
pulso da província. Em Portugal, a reação tornava-se radical, nhão, mas também no Piauí.
com ameaça de envio de tropas, caso o príncipe não retor- Do Maranhão um dos navios de Cochrane continuou até
nasse imediatamente. o extremo norte, e, ameaçando a cidade de Belém, facilitou a
José Bonifácio transmitiu a decisão portuguesa ao prín- rendição dos portugueses no Grão-Pará.
cipe, juntamente com carta sua e de D. Maria Leopoldina, No extremo Sul, a cidade de Montevidéu, sitiada por ter-
que ficara no Rio de Janeiro como regente. No dia sete de ra e bloqueada por uma esquadra brasileira no rio da Prata
setembro de 1822 D. Pedro que se encontrava às margens do teve de se entregar.
riacho Ipiranga, em São Paulo, após a leitura das cartas que Com o reconhecimento da Independência pela Cisplati-
chegaram a suas mãos, bradou: “É tempo... Independência na completou-se a união de todas as províncias, sob o go-
ou morte... Estamos separados de Portugal”. Chegando ao verno de Dom Pedro I, firmando assim o Império Brasileiro.
Rio de Janeiro (14 de setembro de 1822), D. Pedro foi acla-
mado Imperador Constitucional do Brasil. Era o início do Im- O Reconhecimento da Independência
pério, embora a coroação apenas se realizasse em primeiro Unidas todas as províncias e firmado dentro do território
de dezembro de 1822. brasileiro o Império, era necessário obter o reconhecimento
A independência não marcou nenhuma ruptura com o da Independência por parte das nações estrangeiras.
processo de nossa história colonial. As bases socioeconômi- A primeira nação estrangeira a reconhecer a Indepen-
cas (trabalho escravo, monocultura e latifúndio), que repre- dência do Brasil foram os Estados Unidos em maio de 1824.
sentavam a manutenção dos privilégios aristocráticos, per- Não houve dificuldades, pois os norte-americanos eram a
maneceram inalteradas. O “sete de setembro” foi apenas a favor da independência de todas as colônias da América. (In-
consolidação de uma ruptura política, que já começara 14 dependência dos EUA)
anos atrás, com a abertura dos portos. Ocorreram muitas re- O reconhecimento por parte das nações europeia foi
voltas pela libertação do Brasil, nas quais muitos brasileiros
mais difícil porque os principais países da Europa, entre eles
perderam a vida.
Portugal, haviam-se comprometido, no Congresso de Viena
Os que morrem achavam que valia a pena sacrificar-se
em 1815, a defender o absolutismo, o colonialismo e a com-
para melhorar a situação do povo brasileiro. Queriam uma
bater as ideias de liberdade.
vida melhor, não só para eles, mas para todos os brasileiros.
Entre as primeiras nações europeias apenas uma foi
Mas a Independência do Brasil só aconteceu em 1822. E
favorável ao reconhecimento do Brasil independente: a In-
não foi uma separação total, como aconteceu em outros paí-
glaterra, que não queria nem romper com seu antigo aliado,
ses da América que, ao ficarem independentes, tornaram-se
Portugal, nem prejudicar seu comércio com o Brasil. Foi gra-
repúblicas governadas por pessoas nascidas no país liberta-
do. O Brasil independente continuou sendo um reino, e seu ças à sua intervenção e às demoradas conversações mantida
primeiro imperador foi Dom Pedro I, que era filho do rei de junto aos governos de Lisboa e do Rio de Janeiro que Dom
Portugal. João VI acabou aceitando a Independência do Brasil, fixando-
Historicamente, o processo da Independência do Brasil se as bases do reconhecimento.
ocupou as três primeiras décadas do século XIX e foi marca- A 29 de agosto de 1825 Portugal, através do embaixador
do pela vinda da família real ao Brasil em 1808 e pelas medi- inglês que o representava, assinou o Tratado luso-brasileiro
das tomadas no período de Dom João. A vinda da família real de reconhecimento. O Brasil, entretanto, teve que pagar a
fez a autonomia brasileira ter mais o aspecto de transição. Portugal uma indenização de dois milhões de libra esterlinas,
O processo da independência foi bastante acelerado e Dom João VI obteve ainda o direito de usar o título de Im-
pelo que ocorreu em Portugal em 1820. A Revolução do Por- perador do Brasil, que não lhe dava, porém qualquer direito
to comandada pela burguesia comercial da cidade do Porto, sobre a antiga colônia.
que foi um movimento que tinha características liberais para A seguir as demais nações europeias, uma a uma, reco-
Portugal, mas para o Brasil, significava uma recolonização. nheceram oficialmente a Independência e o Império do Bra-
sil.
As Guerras pela Independência Em 1826 estava firmada a posição do Brasil no cenário
A Independência havia sido proclamada, mas nem todas internacional. Enquanto o Brasil era colônia de Portugal, o
as províncias do Brasil puderam reconhecer o governo do Rio Brasil enfrentou com bravura e venceu os piratas, os france-
de Janeiro e unir-se ao Império sem pegar em armas. As Pro- ses e os holandeses. Ocorreram muitas lutas internas e mui-
víncias da Bahia, do Maranhão, do Piauí, do Grão-Pará e, por tos perderam a sua vida para tentar tornar seu país livre e
último, Cisplatina, dominadas ainda por tropas de Portugal, independente de Portugal. Essa luta durou mais de trezentos
tiveram que lutar pela sua liberdade, até fins de 1823. anos. O processo da Independência foi muito longo e por
Na Bahia, a expulsão dos portugueses só foi possível ironia do destino foi um português que a proclamou.
quando Dom Pedro I enviou para lá uma forte esquadra co-
mandada pelo almirante Cochrane, para bloquear Salvador. O Estado Brasileiro: o Estado no Brasil resultou de
Sitiados por terra e por mar, as tropas portuguesas tiveram uma enorme operação de conquista e ocupação de parte
finalmente que se render em 02 de julho de 1823. do Novo Mundo, empreendimento no qual se associaram a
56
HISTÓRIA
Coroa portuguesa, através dos seus agentes, e a Igreja Ca- lativo, Executivo e Judiciário. Através do Poder Moderador,
tólica, representada primeiramente pelos jesuítas. Política e exclusivamente exercido por Dom Pedro I, o rei poderia anu-
ideologicamente foi uma aliança entre o Absolutismo ibé- lar qualquer decisão tomada pelos outros poderes. As pro-
rico e a Contrarreforma religiosa, preocupada com a posse víncias não possuíam nenhum tipo de autonomia política,
do território recém-descoberto e com a conversão dos nati- sendo o imperador responsável por nomear o presidente e o
vos ao cristianismo. Naturalmente que transcorrido mais de Conselho Geral de cada uma das províncias.
450 anos do lançamento dos seus fundamentos, o Estado O Poder Legislativo era dividido em duas câmaras onde
brasileiro assumiu formas diversas, sendo gradativamente se agrupavam o Senado e a Câmara de Deputados. O sistema
nacionalizado e colocado a serviço do desenvolvimento eco- eleitoral era organizado de forma indireta. Somente a popu-
nômico e social. A transformação seguinte será a do Estado lação masculina, maior de 25 anos e portadora de uma renda
Imperial brasileiro, legalizada depois da proclamação da in- mínima de 100 mil-réis anuais teriam direito ao voto. Esses
dependência, em 1822, pela Constituição outorgada de 1824. primeiros votavam em um corpo eleitoral incumbido de vo-
D.Pedro I dedica-se a obter a legitimidade, contestada por
tar nos candidatos a senador e deputado. O cargo senatorial
oficiais lusitanos (general Madeira) e por líderes populares
era vitalício e só poderia ser pleiteado por indivíduos com
do Nordeste (Frei Caneca). A Carta determinou, além dos po-
renda superior a 800 mil-réis.
deres tradicionais, executivo-legislativo-judiciário, a implan-
A Igreja Católica foi apontada como religião oficial do
tação de um poder moderador (que de fato tornou-se uma
sobreposição da autoridade do imperador). Os objetivos ge- Estado. Em contrapartida, as demais confissões religiosas po-
rais do Estado Imperial, que se estendeu até 1889, podem ser deriam ser praticadas em território nacional. Os membros do
determinados pela: a) consolidação da autoridade imperial clero católico estavam diretamente subordinados ao Estado,
sobre todo o território brasileiro; b) manutenção do regime sendo esse incumbido de nomear os membros da Igreja e
escravista; c) preservação da paz interna e do reconhecimen- fornecer a devida remuneração aos integrantes dela.
to internacional. Dessa maneira, a constituição de 1824 perfilou a criação
de um Estado de natureza autoritária em meio a instituições
Constituição da Mandioca (1824): figurando um passo de aparência liberal. A contradição do período acabou ex-
fundamental para a consolidação da independência nacional, cluindo a grande maioria da população ao direito de par-
a formulação de uma carta constituinte tornou-se uma das ticipação política e, logo em seguida, motivando rebeliões
grandes questões do Primeiro Reinado. Mesmo antes de dar de natureza separatista. Com isso, a primeira constituição
fim aos laços coloniais, Dom Pedro I já havia articulado, em apoiou um governo centralizado que, por vezes, ameaçou a
1822, a formação de uma Assembleia Constituinte imbuída unidade territorial e política do Brasil.
da missão de discutir as leis máximas da nação. Essa primeira
assembleia convocou oitenta deputados de catorze provín- Reconhecimento Da Independência Do Brasil
cias. Uma das mais delicadas questões que envolvia as leis Uma vez vencida a resistência interna, o Império buscou
elaboradas pela Assembleia, fazia referência à definição dos o reconhecimento externo, francamente apoiado pela Ingla-
poderes de Dom Pedro I. Em pouco tempo, os constituin- terra no âmbito europeu, onde Portugal recusava-se a acei-
tes formaram dois grupos políticos visíveis: um liberal, de- tar a nova situação da ex-colônia. Contudo foram os Estados
fendendo a limitação dos poderes imperiais e dando maior Unidos (26/5/1824) o primeiro país a reconhecer oficialmen-
autonomia às províncias; e um conservador que apoiava um te a nação brasileira. O reconhecimento norte-americano ba-
regime político centralizado nas mãos de Dom Pedro. A partir seava-se na Doutrina Monroe, que defendia o princípio “A
de então, a relação entre o rei e os constituintes não seria América para os americanos”, reagindo à ameaça de inter-
nada tranquila. venção da Santa Aliança na América. Além disso, era parte
O primeiro anteprojeto da Constituição tendia a esta-
de uma política de resguardo dos promissores mercados da
belecer limites ao poder de ação política do imperador. No
América Latina. A partir daí, o México e a Argentina também
entanto, essa medida liberal, convivia com uma orientação
deram o seu reconhecimento.
elitista que defendia a criação de um sistema eleitoral fun-
O reconhecimento português, sob pressão inglesa, deu-
dado no voto censitário. Outro artigo desse primeiro ensaio
da Constituição estabelecia que os deputados não pudessem se em agosto de 1825, através do Tratado Luso-Brasileiro. Por
ser punidos pelo imperador. Mediante tantas restrições, Dom esse tratado, Portugal concordava com a emancipação bra-
Pedro I resolveu dissolver a primeira Assembleia Constituinte sileira, mediante o pagamento, pelo Império, de uma indeni-
do Brasil. zação de dois milhões de libras esterlinas, além da concessão
Logo em seguida, o imperador resolveu nomear um a D. João VI do título de Imperador Honorário do Brasil. Em
Conselho de Estado composto por dez membros portugue- outubro do mesmo ano, a França também reconhecia o Im-
ses. Essa ação política sinalizava o predomínio da orientação pério, em troca de vantagens comerciais.
absolutista e a aproximação do nosso governante junto os A Inglaterra reconheceu o Brasil independente apenas
portugueses. Dessa maneira, no dia 25 de março de 1824, em janeiro de 1826. Para tanto, exigiu a renovação dos tra-
Dom Pedro I, sem consultar nenhum outro poder, outorgou tados de 1810 por mais 15 anos, garantindo aos produtos
a primeira constituição brasileira. Contraditoriamente, o texto ingleses baixas taxas alfandegárias, além de do governo im-
constitucional abrigava características de orientação liberal e perial o compromisso de extinguir o tráfico negreiro, provo-
autoritária. O governo foi dividido em três poderes: Legis- cando assim, reações das elites agrárias.
57
HISTÓRIA
Primeiro Reinado (1822-1831) param do movimento foram: Pernambuco, Ceará, Rio Grande
Proclamada a independência, o Brasil assumiu a forma do Norte, Paraíba e Alagoas. Os líderes mais democráticos da
monárquica de governo. Uma monarquia imperial que te- confederação defendiam a extinção do tráfico negreiro e a
ria no príncipe D. Pedro de Alcântara, herdeiro da Casa de igualdade social para o povo.
Bragança, seu primeiro imperador. O governo de D. Pedro
I, entre 1822 e 1831, denominou-se Primeiro Reinado, mo- A guerra Cisplatina
mento em que se inicia a instalação do Estado Nacional bra- - Conflito armado entre Brasil e Argentina, disputando o
sileiro, em meio a dificuldades econômico-financeiras e aos atual Uruguai.
primeiros conflitos internos, típicos de uma fase em que se - Inglaterra interfere (por motivos econômicos) e cria o
acomodam os múltiplos interesses que marcaram a luta pela Uruguai. (Ver: Guerra da Cisplatina)
independência.
As propostas liberais da nova elite dirigente, agora dividi- A questão da sucessão portuguesa
da ao sabor de antigas divergências, entrou em choque com Com a morte de D. João VI, em 1826, D. Pedro foi acla-
o absolutismo do Imperador, provocando o rompimento da mado rei de Portugal. A aceitação do título pelo Imperador
aliança que assegurou a ruptura com Portugal. Opondo-se provocou um profundo mal-estar entre todos os brasileiros,
aos liberais brasileiros, que novamente se uniram para resistir que se viam agora ameaçados pela reunificação das duas co-
ao autoritarismo imperial, o grupo português (comerciantes, roas, o que colocava em risco a independência do Brasil.
militares e burocratas) aproximou-se de D. Pedro I, mano- Diante das sucessivas manifestações no Rio de Janeiro,
brando para garantir suas vantagens e, no limite, inviabilizar D. Pedro renunciou ao trono português em favor de D. Maria
a independência. da Glória, sua filha, que ainda era criança.
Para governar como regente, D. Pedro indicou seu irmão,
A primeira constituição - 1823 D. Miguel, de tendência absolutista e que acabou se apos
Firme oposição aos portugueses (militares e comercian- sando ilegitimamente do trono português.
tes) que ameaçavam a independência e queriam a recoloni- Sempre sob suspeita dos brasileiros e apoiado pelos
zação. constitucionalistas lusos, D. Pedro começou uma longa luta
A constituição proibia os estrangeiros de ocupar cargos contra o irmão, sustentada por recursos nacionais e pelos
públicos de representação nacional e tinha a preocupação empréstimos ingleses. A questão do trono português foi
de limitar e diminuir os poderes do imperador e aumentar o solucionada em 1830; um ano depois, abdicando ao trono
poder legislativo. brasileiro, D. Pedra se tomaria rei de Portugal. Com título de
Também tinha a intenção de manter o poder político nas Pedro IV.
mãos dos grandes proprietários rurais. O projeto estabelecia
que o eleitor precisava ter uma renda anual equivalente a, no Economia e finanças do primeiro reinado
mínimo, 150 alqueires de mandioca. Por isso o projeto ficou O início do Primeiro Reinado coincide com o início do
conhecido como Constituição da Mandioca. período, que se prolongou até 1860, em que o comércio ex-
terior brasileiro foi quase o tempo todo deficitário. Isto é, im-
A constituição outorgada de 1824 portávamos mais do que exportávamos: estávamos sempre
Em seguida à dissolução da Constituinte de 1823, D. Pe- devendo.
dro I, já governando de forma autoritária, nomeou um Con- Para pagar as dívidas, o país fazia empréstimos externos,
selho de Estado com a tarefa de redigir o novo projeto de solução que ia transferindo o problema para o futuro. Novos
Constituição, que ficou pronto em janeiro de 1824. Depois pagamentos eram acrescidos a títulos de juros e amortiza-
de enviado a todas as Câmaras Municipais do país e não ter ções. O resultado era contínuo aumento do desequilíbrio em
recebido emendas ou críticas significativas, o projeto foi as- nossas contas com o exterior.
sinado por D. Pedro I, tornando-se a Constituição do Império Em nossas exportações, destacavam-se:
do Brasil, na prática, uma carta outorgada pelo Imperador em - Açúcar, principal produto durante o primeiro reinado,
25 de março de 1824. era vendido a preços baixos, por causa concorrência das An-
Essa carta, defendida pelo Imperador como uma consti- tilhas e do açúcar de beterraba; o café transformou-se em
tuição “duplicadamente liberal” era, na realidade, uma simpli- principal produto de exportação;
ficação da Constituição da Mandioca, uma vez que se manti- - Algodão, que enfrentava a concorrência americana;
nha fiel aos princípios e às aspirações políticas da aristocracia - Fumo, cacau, arroz e couro, não tinham tanta expres-
rural. são e enfrentavam a concorrência americana (arroz) e platina
(couro).
Confederação do Equador As importações incluíam manufaturados da Inglaterra,
O nordeste atravessava uma grave crise econômica de- beneficiada ainda pelas tarifas privilegiadas em 1810; trigo
vido à queda das exportações de açúcar. Tomados por um dos Estados Unidos e da Europa; produtos alimentícios da
sentimento anti lusitano, diferentes setores da sociedade Europa; escravos da África.
uniram-se em torno de ideias contrárias à monarquia e a O Brasil enfrentava também escassez de dinheiro, resul-
centralização do poder. Diziam que o sistema de governo no tante dos seguintes fatores:
Brasil deveria ser republicano, com a descentralização do po- - Esvaziamento dos cofres da família real, quando voltou
der e autonomia para as províncias. Os estados que partici- a Portugal em 1821.
58
HISTÓRIA
- Indenização paga a Portugal para que reconhecesse algumas facções políticas distintas entre os membros da elite
nossa Independência que compunham o cenário político nacional. De forma mais
- Gastos com a guerra da Cisplatina e revoltas internas ampla, a grande discussão da época era definir os limites da
Por falta de recursos e máquinas, as indústrias não pude- autoridade imperial e o papel a ser desempenhado pelas
ram desenvolver-se. A Inglaterra tinha substituído Portugal províncias.
tanto no comércio como na criação de dificuldades para o Nesse tocante, os partidários de tendência mais liberal
desenvolvimento da indústria brasileira. O caso da indústria acreditavam que as províncias deveriam ter considerável au-
têxtil foi um exemplo típico. A Inglaterra, favorecida pelas tonomia e o imperador deveria ter seus poderes limitados
baixas taxas alfandegárias, sufocou-a colocando aqui seus pela constituição. Alguns mais radicais, apesar da pouca ex-
tecidos em melhores condições que os nossos e criando difi- pressividade, saíram em defesa do fim da ordem monárquica
culdades para a importação de máquinas por brasileiros. Em e a criação de uma república pautada na experiência dos nor-
1840, mais da metade de nossos gastos com importações te-americanos. Contudo, para os ouvidos da elite conserva-
de manufaturados referia-se ao pagamento de produtos de dora, a república ofereceria sérios riscos à ordem.
vestuário. Uma parcela significativa dos proprietários de terra era
A indústria de mineração só alcançou alguns progressos, defensora de uma estrutura política centralizada e, ao mes-
no entanto, com ajuda de capitais ingleses. mo tempo, comprometida com os interesses das elites. Não
Nas exportações, o café, que tomou a dianteira na Re- por acaso, os membros das classes mais abastadas acredita-
gência, lideraria por muito tempo, seguido de longe por ou- vam que o apoio ao governo imperial seria de suma impor-
tros produtos tropicais, como açúcar, algodão, couro e pele, tância na conservação da ordem escravista e da hegemonia
tabaco, cacau, mate e borracha. política dos agroexportadores.
As dificuldades econômicas durante meio reinado e a No ano de 1824, com a oficialização da nossa primei-
Regência atingiriam mais as cidades que as grandes proprie- ra constituição, vemos que a tendência conservadora se viu
dades rurais, pois estas eram quase autossuficientes. As cri- privilegiada com a criação do poder moderador e a adoção
ses se deviam aos empréstimos, à má administração e aos do voto censitário. Por meio destes dois instrumentos, o im-
excessivos privilégios concedidos à Inglaterra, a potência perador poderia interferir nas demais esferas de poder, e a
capitalista da época. As dificuldades e a dependência aos in- escolha dos representantes políticos não sofreria a influência
gleses não cessariam durante o segundo Reinado. Pelo Con- de grupos políticos de natureza popular. Com isso, a maioria
trário, cresceriam. da população se manteria alheia do cenário político.
Apesar de todas estas salvaguardas e empecilhos, não
O fim do primeiro reinado podemos presumir que as manifestações políticas populares
Desde 1823, D. Pedro I trilhava o caminho do absolutis- foram completamente tolhidas no século XIX. A partir do pe-
mo, aliando-se ao Partido Português e chocando-se com o ríodo regencial, entre 1831 e 1840, várias províncias se vol-
liberalismo dos brasileiros. Estes, aliados dentro do Partido taram contra a estrutura de poder centralizada. Sem contar
Brasileiro, deixaram de lado as antigas divergências e passa- com espaço nas instituições oficiais, a solução encontrada foi
ram a fazer cerrada oposição ao Imperador. A resposta foi a organizar levantes que iam contra a vigência daquela ordem
crescente violência de D. Pedro e de seus partidários. excludente e autoritária.
O rompimento da aliança D. Pedro/elites agrárias, que Nas províncias do Pará, Bahia e Maranhão, líderes de
levou à independência, iniciou-se em 1823, quando da dis- origem popular tentaram subverter o domínio do governo
solução da Constituinte pelo Imperador, seguida da outorga central através da organização de levantes que tomariam
da Carta de 1824 e da violenta repressão à Confederação do controle do poder local. Contudo, através da ação de dela-
Equador. A isso, somaram-se o envolvimento de D. Pedro tores ou a falta de apoio efetivo de outros setores da socie-
na questão sucessória portuguesa e a desastrosa Guerra da dade, essas revoltas acabaram sendo sufocadas pela violenta
Cisplatina, abertamente condenada pela opinião pública. To- ação de mercenários estrangeiros e tropas oficiais. A única
das essas ocorrências foram permeadas pela crise econômi- exceção ocorreu na região sul, onde esse tipo de movimento
co-financeira que se agravava durante o período: a falência partiu do interesse exclusivo das elites pecuaristas.
do Banco do Brasil, em 1828, espelha a situação do Brasil na
época. Cabanagem
Nesse quadro, cresceu e se fortaleceu a oposição ao im- A cabanagem foi uma revolta que aconteceu no norte
perialismo imperial, com a multiplicação dos jornais de liberal brasileiro, no Grão-Pará, o estado que continha os atuais
- “Aurora Fluminense”, “O Republico” e “A Malagueta”, entre Amazonas, Pará, Amapá, Roraima e Rondônia. Tinha como
outros -, e com os veementes pronunciamentos na Câmara objetivo aumentar a importância que o Pará tinha para o
dos Deputados, nos momento’” de curta convocação do Par- Brasil, melhorar a condição de vida do povo, que vivia em
lamento brasileiro. cabanas de barro (daí o nome da revolta) e tirar do poder dos
governadores da província, que na maioria das vezes, nunca
Revoltas Provinciais tinham ido à região.
Findado o processo brasileiro de independência, o go- Faziam parte da conspiração índios, mestiços e pes-
verno imperial tinha por obrigação estabelecer as diretrizes soas da classe média. Tomaram por duas vezes, o controle
e ações que organizariam o Brasil na qualidade de nação so- de Belém, capital da província. Na primeira vez, em agosto
berana. Dentro deste contexto, percebemos a formação de de 1835, liderados por Félix Melcher e Francisco Vinagre, as
59
HISTÓRIA
forças do governo recuperaram o poder, através de ataques dente fosse o advogado Inocêncio da Rocha Galvão, que es-
de mercenários estrangeiros, e com uma ajuda dos próprios tava exilado, e que seu vice fosse João Carneiro Rego. Cons-
lideres, que muitas vezes entravam em desacordo. truiu-se toda uma organização administrativa do novo es-
Logo após, os cabanos que se encontravam no interior tado republicano e Salvador foi dominada por aproximada-
se movimentaram para a capital, tomando o poder nova- mente quatro meses, até março de 1838. Mas o movimento
mente. O chefe dessa segunda investida foi Eduardo Ange- não foi apoiado pela classe mais baixa da sociedade naquele
lim, que, apesar de ser da classe média, favorecia demais os momento, os escravos, e nem mesmo pelas elites. Manten-
pobres, causando estranheza e abandono dos outros líderes, do-se característico da classe média urbana. Sem contar com
culminando com o fim de seu governo, que foi de agosto de um desses dois apoios, o Governo Imperial agiu com rigor.
1835 a abril de 1836. A repressão isolou a cidade de Salvador e o ataque causou
O governo reprimiu duramente os cabanos, fazendo vá- a morte de mais de cinco mil pessoas e os rebeldes captu-
rios massacres. O movimento ficou ativo entre 1836 e 1840, rados foram julgados posteriormente pelos latifundiários da
no interior da amazônia, por meio de guerrilhas, mas não região, que abusaram de crueldade. Alguns dos líderes mor-
conseguiram maiores feitos. reram durante o ataque do Governo Imperial, mas Francisco
Ao final, cerca de 30 mil pessoas haviam morrido, uma Sabino ficou preso na Fazenda Jacobina, em Mato Grosso,
grande parcela da população. Belém ficou destruída, com vá- local que era muitos distante e pouco habitado, na época. Já
rios prédios e casas queimadas. outros líderes conseguiram escapar e integraram, mais tarde,
a Revolução Farroupilha. Como é o caso de Daniel Gomes de
Sabinada Freitas e João Rios Ferreira, por exemplo.
A Sabinada foi uma revolta ocorrida na Bahia durante o
período imperial. Balaiada
Quando Dom Pedro I deixou o cargo de imperador No início do século XIX, a população maranhense era
do Brasil, iniciou-se um período em que seu sucessor não composta de escravos e de sertanejos miseráveis, enquanto
possuía idade suficiente para assumir a liderança do Impé- o poder estava nas mãos de proprietários rurais e comer-
rio. Este período foi chamado de regencial e foi comandado ciantes.
por várias pessoas, permitindo conflitos e questionamentos
Tudo isso fez com que a revolta e a insatisfação popular
sobre a centralização monárquica e introduzindo questões
se agravasse, principalmente depois que políticos conserva-
sobre o federalismo republicano. Outro movimento que ga-
dores tentaram aumentar os poderes dos prefeitos.
nhou expressão foi a manifestação contra os portugueses,
A revolta popular transformou-se em um movimento
pois controlavam a maior parte do comércio e ocupavam a
que foi capaz de mobilizar a classe marginalizada da socie-
maioria dos cargos administrativos, políticos e militares. As
dade. O início da revolta foi no dia 13 de dezembro de 1838,
manifestações eram no sentido de permitir aos brasileiros
quando um grupo de vaqueiros liderados por Raimundo Go-
maior controle em suas terras, já que a independência com-
mes invadiu a cadeia local para libertar alguns companheiros
pletava mais de uma década.
Todo esse ambiente de questionamento se repetiu na que tinham sido presos.
capital baiana e culminou com a renúncia do regente Diogo Com o sucesso da invasão e ajudados pela Guarda Na-
Antônio Feijó, que não foi capaz de controlar as revoltas. O cional os vaqueiros tomaram conta do lugarejo.
período no qual predominava o antilusitanismo foi também A Balaiada representou a luta popular contra as desigual-
marcado pela chamada crise federalista. dades e injustiças da sociedade da época (sociedade escra-
A Sabinada foi um movimento cujo nome é proveniente vista).
do médico e jornalista Francisco Sabino Vieira. Ocorrido na Toda essa insatisfação e revolta uniram cada vez mais a
capital baiana, Salvador, o movimento está inserido na tradi- classe marginalizada da sociedade.
ção da Bahia pela autonomia política como acontecera com A balaiada teve sua origem no confronto entre duas
outros movimentos: Conjuração Baiana e Independência da facções: cabanos (conservadores) e bem-te-vis (liberais). Os
Bahia, por exemplo. Sabino e seus apoiadores proclamaram membros destes dois partidos pertenciam à classe alta do
a República Baiana, no dia 7 de novembro de 1837, represen- Maranhão.
tando um rompimento com o governo imperial da época. A Até 1837, o Maranhão foi governado pelos liberais (bem-
província, então, negaria qualquer regência e só responderia te-vis); porém, com a ascensão de Araújo Lima como regente
ao Imperador Dom Pedro II, quando tivesse idade suficiente e a vitória dos conservadores no governo central do Rio de
para assumir seu cargo. Os revoltosos tomaram o Forte de Janeiro, os conservadores (cabanos) do Maranhão conquista-
São Pedro e o Governo Provincial tentou combatê-los en- ram o poder e afastaram os bem-te-vis do governo.
viando tropas do exército. Os soldados representantes do Enquanto esses dois grupos brigavam entre si, Raimun-
governo, contudo, acabaram aderindo ao movimento dos do Gomes levava a revolta para o Piauí e em 1839 contava
revoltosos, o que forçou a saída do Presidente da Província e com a participação de Manuel Francisco dos Anjos Ferreira
do Comandante das Armas em busca de refúgio. (fazedor de balaios – cestos de palha). Daí o nome do mo-
O movimento foi se expandindo gradativamente e con- vimento.
quistando adeptos. O prédio da Câmara Municipal foi ocu- Toda a agitação que a revolta causou, beneficiou os
pado. Francisco Sabino liderava o movimento pela formação bem-te-vis, pois isso refletia de forma negativa na adminis-
de um estado republicano na Bahia e defendia que seu presi- tração dos cabanos.
60
HISTÓRIA
A rebelião continuava até que em julho de 1839 os ba- apoio de outras províncias acabou desarticulando o movi-
laios tomaram a vila de Caxias (segunda cidade da Província mento pernambucano. No ano de 1851, o governo imperial
do Maranhão). deu fim aos levantes que contabilizaram cerca de oitocentas
Com a gravidade da situação, bem-te-vis e cabanos baixas.
começaram a se unir para dar início à repressão contra os
balaios. Começaram, então, a subornar os rebeldes, com a Guerra Dos Farrapos
finalidade de desmoralizar o movimento. A tática deu certo e Também chamada de Revolução Farroupilha, a Guerra
em 1839 o governo central nomeou o coronel Luís Alves de dos Farrapos foi o mais importante conflito regencial. Durou
Lima e Silva (futuro Duque de Caxias) presidente da província 10 anos (1835 – 1845) e a paz só chegou no governo de D.
e comandante de todas as forças repressivas do Maranhão. Pedro II.
Como 1ª medida, o novo presidente pagou os atrasos Os objetivos dos farroupilhas eram:
aos militares, reorganizou as tropas e começou a atacar e a - Pagar menos impostos;
cercar os redutos balaios, que estavam enfraquecidos, devido - Queriam que o governo central aumentasse as taxas
às deserções e a perda do apoio passivo dos bem-te-vis. alfandegárias sobre o charque (carne-seca), o sebo e o couro;
A anistia decretada em agosto de 1840, provocou a ren- O charque, além de ser o principal alimento dos escravos
dição imediata de cerca de 2500 balaios. Quem resistiu foi, e dos pobres, também era o principal produto da economia
logo em seguida, derrotado. Estava terminada a Balaiada. gaúcha.
Em maio de 1841, Luís Alves de Lima e Silva fez uma ava- Os comerciantes do sudeste (dominados pelos latifun-
liação positiva da sua atuação e com essa atitude dava por diários do centro e norte) compravam charque mais barato
encerrada a sua missão. do Uruguai e da Argentina. Os uruguaios e argentinos ven-
diam barato, porque a mercadoria era produzida com mão
Praieira de obra livre.
No começo do Segundo Reinado, a ascensão dos libe- A concorrência não agradava os fazendeiros gaúchos
rais que apoiaram a chegada de Dom Pedro II ao poder foi que pagavam maiores impostos do que os estrangeiros.
logo interceptada após os escândalos políticos da época. As Por causa dos impostos, a classe dominante do Rio Gran-
“eleições do cacete” tomaram os noticiários da época com a de do Sul apoiava os ideais dos federalistas (chamados de
denúncia das fraudes e agressões físicas que garantiriam a farroupilhas) que queriam diminuir o poder do centro e au-
vitória da ala liberal. Em resposta, alguns levantes liberais em mentar a autonomia provincial.
Minas e São Paulo foram preparados em repúdio às ações Em 1834, nas eleições para assembleia provincial, os fe-
políticas centralizadoras do imperador. deralistas eram a maioria e isso dificultou as relações com o
Nesses dois estados os levantes não tiveram bastante presidente da província (nomeado pelo imperador).
expressão, sendo logo contidos pelas forças militares nacio- Um grande proprietário chamado Bento Gonçalves, as-
nais. Entretanto, o estado de Pernambuco foi palco de uma sumiu o comando do exército farroupilha (formado por fa-
ação liberal de maior impacto que tomou feições de caráter zendeiros e peões) e pouco tempo depois ocuparam Porto
revolucionário. Ao longo da década de 1840, setores mais Alegre iniciando a guerra.
radicais do partido liberal recifense manifestaram seus ideias O governo imperial, então, convocou Luis Alves de Lima
através do jornal Diário Novo, localizado na Rua da Praia. Em e Silva (Duque de Caxias) para combater e derrotar os far-
pouco tempo, esses agitadores políticos ficaram conhecidos roupilhas.
como “praieiros”. O Rio Grande do Sul se rendeu; mas, conseguiram que
Entre as principais medidas defendidas por esses libe- as taxas alfandegárias sobre o charque fossem aumentadas.
rais estavam a liberdade de imprensa, a extinção do poder Apesar do nome, os farrapos não eram esfarrapados, o
moderador, o fim do monopólio comercial dos portugueses, movimento, na verdade, foi liderado por fazendeiros criado-
mudanças socioeconômicas e a instituição do voto univer- res de gado bovino.
sal. Mesmo não tendo caráter essencialmente socialista, esse
grupo político era claramente influenciado por socialistas Abdicação de D. Pedro I
utópicos do século XIX, como Pierre–Joseph Proudhon, Ro- Após oito anos pontuados por sucessivas crises, D. Pedro
bert Owen e Charles Fourier. I acabou cedendo às pressões da aristocracia rural brasileira
Em 1847, o movimento passou a ganhar força com a no- e abdicou ao trono brasileiro em favor de seu filho, também
meação de um presidente de província conservador mineiro chamado Pedro de Alcântara, dando início ao Segundo Rei-
para conter a ação dos liberais pernambucanos. Revoltados nado.
com essa ação autoritária do poder imperial, os praieiros pe-
garam em armas e tomaram conta da cidade de Olinda. A Período Regencial
essa altura, um conflito civil contando com o apoio de gran- O período regencial começa em 1831, com a abdicação
des proprietários, profissionais liberais, artesãos e populares de dom Pedro I, e estende-se até 1840, quando dom Pedro
tomou conta do estado. II é aceito como maior de idade. É uma das fases mais con-
Em fevereiro de 1849, os rebelados tomaram a cidade turbadas da história brasileira e de grande violência social.
de Recife e entraram em novo confronto com as forças im- A menoridade do príncipe herdeiro acirra as disputas pelo
periais. Nesse período, o insurgente Pedro Ivo surgiu como poder entre as diferentes facções das elites. Pela primeira vez
um dos maiores líderes dos populares. Entretanto, a falta de no país, os chefes de governo são eleitos por seus pares. Os
61
HISTÓRIA
brasileiros pobres continuam alijados da vida política da na- Enquanto os moderados batiam-se pela preservação
ção. As revoltas regionais, os motins militares e os levantes da ordem e instituições, opondo-se a qualquer alteração no
populares são violentamente reprimidos. status quo, os exaltados eram os reformistas. Defendiam o
direito de manifestação, reformas políticas, desde o estabe-
A Composição Das Forças Políticas lecimento de uma monarquia descentralizada até a procla-
Na esfera política das Regências digladiaram-se as forças mação de uma República, a reforma na Constituição de 1824,
dispostas na estrutura da sociedade imperial, basicamente a ampliando principalmente a autonomia provincial, batendo-
mesma da época colonial. Ao iniciar-se o período, eram três se pelo federalismo. Sem muita clareza, exigiam reformas na
as facções políticas entrechocando-se na luta pelo poder: os estrutura econômica e social. Apelavam para a violência, ar-
restauradores, os liberais moderados e os liberais exaltados. rastando as forças de composição variada, sob a bandeira do
Os restauradores, também denominados caramurus, federalismo. Eram também chamados de jurujubas ou far-
representavam uma parcela da classe dominante que ha roupilhas, e se organizavam em tomo da Sociedade Federal
via apoiado o Imperador, quando este tendeu ao absolu e de clubes federalistas espalhados pelas províncias.
tismo. Mesmo depois da abdicação, passaram a lutar pela
sua volta ao trono brasileiro, agitando os primeiros anos da O Avanço Liberal
Menoridade. Para eles, a monarquia não significava apenas As tendências e evolução destes grupamentos políticos
a preservação da antiga estrutura de dominação, nem dos e da própria vida política do período regencial devem ser en-
privilégios. Estavam convictos, também, de que só o regime tendidas em dois momentos que o caracterizam: o avanço
monárquico autoritário permitiria a continuidade da tranqui- liberal e o regresso conservador.
lidade e disputada preponderância. Dentre eles, muitos eram O primeiro momento decorreu entre 1831 e 1834, quan-
restauradores por interesse pessoal, como é o caso de José do as forças liberais uniram-se para combater os restaurado-
Bonifácio, agora tutor de D. Pedro de Alcântara. O seu reduto res. Juntos, também estabeleceram reformas institucionais,
era o Senado e a associação política que os representava era entendidas tradicionalmente como liberais ou descentraliza-
o Clube Militar. doras, com o objetivo de acalmar as tensões regionais la-
tentes. Na realidade, as reformas propaladas não passaram
Com a morte de D. Pedro I, em 1834, os caramurus pas-
de concessões dos moderados, então preponderantes, no
saram a compor, com os direitos liberais ou moderados, o
sentido de deter a vaga revolucionária, esvaziando-a. É evi-
“regresso conservador”. Tornaram-se parte dos maioristas
dente que a união entre moderados e exaltados era precária
em 1840 e da facção áulica do início do segundo Reinado.
e circunstancial, não se apoiando em bases sólidas. Daí, sua
Os liberais moderados, entendidos como a direita liberal,
efemeridade.
correspondiam à outra parcela da aristocracia rural. Eram
É neste primeiro momento que se desenrolam as duas
monarquistas, evidentemente, pois viam nela a proteção dos
primeiras regências trinas, assinaladas pelo precário equi
seus privilégios. Porém, desejavam-na constitu cional, uma
líbrio político.
vez que a Constituição de 1824 assegurava a sua continui-
dade na posição de mando. Defendiam a manutenção da or- - Regência Trina Provisória
dem em primeiro lugar e não pretendiam nenhuma reforma Instalada no mesmo dia da abdicação de dom Pedro I,
econômica ou social. Como opositores das reformas políti- em 7 de abril de 1831, a regência trina é uma exigência da
cas, batiam-se pela centralização político-administrativa. O Constituição para o caso de não haver parentes próximos do
liberalismo que rotulava essa facção era apenas de fachada, soberano com mais de 35 anos e em condições de assumir
adequado às suas necessidades de classe dominante. Pre- o poder. Ela é provisória porque não há quórum suficiente
ponderou durante os primeiros anos das Regências, divi- no dia da abdicação para a eleição de uma regência per-
dindo-se a partir de 1835. Eram denominados chimangos e manente. A primeira tarefa do novo governo é atenuar os
uniam-se sob a égide da Sociedade Defensora da Liberdade impasses que levaram à abdicação de dom Pedro I, quase
e Independência Nacional, fundada por Evaristo da Veiga. todos resultantes dos excessos de um poder extremamen-
Empenharam-se no combate aos restauradores e exaltados te centralizado. O último ministério deposto por dom Pedro
federalistas, na defesa da ordem e da centralização, fornecen I, de maioria liberal, é reintegrado e os presos políticos são
do subsídios para a orientação governista. anistiados. O poder dos regentes é limitado. Não podem, por
Os liberais exaltados, fazendo às vezes da esquerda li- exemplo, dissolver a Câmara, que, na prática, torna-se o cen-
beral, eram representados não só por algumas parcelas da tro do poder do país.
aristocracia rural, como também por outros segmento so- Composição política da regência – A composição do pri-
ciais. Apresentavam-se divididos em camadas sobrepostas, meiro trio de governantes é fruto de uma negociação entre
constituindo-se inicialmente por uma camada de homens os restauradores e liberais moderados. É composto pelos
livres, destituídos de propriedades, ou pequenos proprietá- senadores José Joaquim Carneiro Campos, marquês de Ca-
rios. Variando de região para região, desenvolviam atividades ravelas, representante dos restauradores; Nicolau de Cam-
nos centros urbanos ou nos campos, oscilando numa rela- pos Vergueiro, representante dos liberais moderados; e, no
ção de dependência, entre a classe dominante e a classe que papel de mediador, o brigadeiro Francisco de Lima e Silva,
fornecia o trabalho. Seguia-se o aglomerado urbano e rural representante da oficialidade mais conservadora do Exército.
marginalizado de recursos: agregados, lavradores e citadi- Os liberais radicais não participam do governo, mas obtêm
nos, dedicados a pequenos expedientes e biscates. vitórias importantes no Legislativo.
62
HISTÓRIA
63
HISTÓRIA
O período regencial começou liberal e terminou con- ficou conhecida como “eleição do cacete”, e deu vitória aos
servador. E há uma explicação para esse fato: a ascensão da liberais. Todas as outras eleições realizadas depois disso não
economia cafeeira. escaparam à regra: continuaram igualmente violentas.
Por volta de 1830, o café havia deixado de ser uma cultu-
ra experimental e marginal para se tornar o principal produto Medidas Antiliberais
de exportação, suplantando o açúcar. Os principais lideres A unidade da aristocracia rural. Apesar das disputas po-
conservadores eram representantes dos interesses cafeeiros. líticas violentas, os partidos Conservador e Liberal eram dife-
Com a formação desses dois partidos e a ascensão da rentes apenas no nome. Um e outro eram integrados pelos
economia cafeeira, a vida política brasileira parecia ganhar fi- grandes proprietários escravistas e defendiam os mesmos
nalmente a necessária estabilidade. Porém, as regras do jogo interesses: estavam unidos contra a participação do povo nas
foram quebradas pelos liberais, com o Golpe da Maioridade. decisões políticas. Liberal ou Conservador - não importava -,
Para compreendê-lo, retomemos o fio da meada. a aristocracia rural era a favor de uma política antidemocrá-
A aclamação de D. Pedro II. No Brasil, as agitações polí- tica e antipopular.
ticas e sociais tomaram conta do país logo depois da abdi- Essa evolução no sentido da maior unidade de interesse
e na defesa de uma política conservadora foi, em grande par-
cação de D. Pedro I em 7 de abril de 1831. Diante das crises
te, motivada pelo fortalecimento econômico da aristocracia
vividas pelo regime regencial, ficou parecendo a todos que
rural. Desde a década de 1830, a cafeicultura havia se deslo-
elas haviam sido facilitadas pelo caráter transitório do gover-
cado para o vale do Paraíba, onde rapidamente se tornaria a
no, que atuava apenas como substituto do poder legítimo principal atividade agroexportadora brasileira, beneficiando
do imperador, constitucionalmente impedido de exercer a particularmente as três províncias do sudeste: Rio de janei-
autoridade devido à menoridade. ro, São Paulo e Minas Gerais. A projeção política dessas três
A fim de conter as agitações e o perigo da fragmentação províncias, as mais ricas e poderosas do Brasil, já se fazia sen-
territorial, a antecipação da maioridade de D. Pedro de Alcân- tir desde a transferência da Corte, em 1808. Representadas
tara passou a ser cogitada. Levada à apreciação da Câmara, a agora pelos “barões do café”, elas fortaleceram ainda mais as
questão foi aprovada em junho de 1840. Assim, com 15 anos suas posições relativas, tornando-se capazes, efetivamente,
incompletos, D. Pedro de Alcântara jurou a Constituição e foi de impor nacionalmente a sua política.
aclamado imperador, com o título de D. Pedro II. Como segmento mais rico e próximo do poder central,
A antecipação da maioridade, entretanto, foi maquinada os barões do café estavam em condições de submeter à sua
e posta em prática, com êxito, pelos liberais, que, desde a liderança a aristocracia rural das demais províncias. Forman-
renúncia de Feijó em 1837, haviam sido alijados do poder do então um bloco cada vez mais poderoso, imprimiram uma
pelos regressistas. Tratou-se, portanto de um golpe - o Golpe direção precisa à política nacional: o centralismo e a margina-
da Maioridade. lização dos setores radicais e democráticos.
Essa manobra política que possibilitou o retorno dos li- A reforma do Código de Processo Criminal. Assim, a par-
berais ao poder teve como consequência a afirmação da aris- tir de 1840 firmou-se uma tendência política centralista e au-
tocracia rural e o estabelecimento de sua dominação sobre toritária. O primeiro passo nesse sentido foi a instituição da
todo o país. Como a burguesia, que na Europa abandonara Lei Interpretativa do Ato Adicional. Em dezembro de 1841, foi
definitivamente o ideal revolucionário, os grandes proprietá- a vez da reforma do Código de Processo Criminal, que, como
rios de terras e escravos que haviam lutado contra o domínio já vimos, havia conferido às autoridades locais uma enorme
colonial adotaram finalmente uma política conservadora e soma de poderes. Com a reforma, o antigo código foi des-
antirrevolucionária. caracterizado no seu conteúdo liberal, pois toda autoridade
O gabinete da maioridade ou o Ministério dos Irmãos. judiciária e policial foi submetida a uma rígida hierarquia e
Imediatamente após o golpe, organizou-se o ministério, o diretamente subordinada ao Ministério da Justiça. O poder
central tinha agora nas mãos instrumentos eficientes para
primeiro da maioridade, dominado pelos “maioristas”, todos
assegurar a ordem pública.
eles ligados ao Partido Liberal. Do novo gabinete participa-
A restauração do Conselho de Estado. Durante o Primei-
vam os irmãos Andrada (Antônio Carlos e Martim Francisco)
ro Reinado, o Conselho de Estado era um órgão consultivo
e os irmãos Cavalcanti (futuros viscondes de Albuquerque e do imperador D. Pedro I, para o qual ele havia nomeado
de Suassuna), donde decorreu o nome de Ministério dos Ir- membros do “partido português”. Na Regência, esse órgão
mãos. foi extinto pelo Ato Adicional (1834). Em 1841 foi restaurado
As disputas políticas, contudo, tornaram-se sangrentas e se tornou o principal órgão de assessoria direta do impera-
a partir da ascensão liberal, e governar havia se tornado si- dor, através do qual a aristocracia rural garantia a sua presen-
nônimo de exercício do poder discricionário*. Assim, para ça no centro do poder.
controlar o país, o partido que se encontrava no governo A presidência do Conselho de Ministros e o parlamenta-
estabelecia a rotina de nomear presidentes de províncias de rismo às avessas. No Primeiro Reinado foi constante o con-
seu agrado e de substituir autoridades judiciais e policiais de flito entre o poder Moderador (D. Pedro I) e a Câmara dos
fidelidade duvidosa. Deputados. Para diminuir os atritos entre os poderes, foi cria-
Nas eleições, os chefes políticos colocavam nas ruas do, em 1847, a Presidência do Conselho de Ministros. Ficou
bandos armados; o governo coagia eleitores e fraudava os convencionado que o impera dor nomearia apenas o presi-
resultados das urnas. A eleição de 13 de outubro de 1840, dente do Conselho, que, por sua vez, escolheria os demais
que deu início a esse estilo novo (e violento) de fazer política, ministros.
64
HISTÓRIA
Nascia desse modo, o parlamentarismo* brasileiro. Mas As resistências do Brasil. Apesar das crescentes pressões
esse era um parlamentarismo muito diferente daquele prati- britânicas, o tráfico continuou impune no Brasil. E a razão era
cado na Europa, que seguia o modelo inglês. simples: toda a economia brasileira, desde a época colonial,
No parlamentarismo europeu, o primeiro-ministro (que estava assentada no trabalho escravo. Em tal circunstância, a
equivale ao nosso presidente do Conselho de Ministros) era abolição do tráfico criaria enormes dificuldades à economia,
escolhido pelo Parlamento, que também tinha força para comprometendo as suas bases produtivas.
depô-lo. Além disso, o ministério era responsável perante o Ademais, desde a abdicação de D. Pedro I em 1831, os
Parlamento, ao qual era obrigado a prestar contas. Em suma, senhores rurais haviam se apropriado do poder político, o
o Legislativo contra lava o Executivo. que fortalecera consideravelmente a sua posição na socieda-
No Brasil era o contrário. O ministério era responsável de. Por isso, nenhum dos acordos assinados com a Inglaterra
perante o poder Moderador (imperador). O Parlamento (po- foi cumprido, de modo que o tráfico continuou com o con-
der Legislativo) nada podia contra os ministros, que governa- sentimento tácito das autoridades.
vam ignorando-o e prestando contas apenas ao imperador. A Inglaterra, por sua vez, esforçou-se para fazer cumprir
os termos dos tratados, de modo unilateral. E o fez em meio
Por esse motivo, esse parlamentarismo brasileiro ganhou o
a dificuldades, pois os traficantes, cercados em alto mar,
nome de “parlamentarismo às avessas”.
atiravam os negros ao oceano, atados a uma pedra que os
impedia de vir à tona. Além disso, o tráfico, ao invés de se
A Abolição do Tráfico Negreiro
extinguir, continuou a crescer incessantemente.
A pressão britânica na abolição do tráfico. Em meados Bill Aberdeen. A passividade do governo brasileiro ante
do século XIX foi extinto no Brasil o tráfico negreiro. A inicia- o tráfico e, portanto, o não cumprimento dos compromissos
tiva não foi por vontade e decisão do governo brasileiro, mas assumidos através de vários tratados fez a Inglaterra tomar
resultou da eficiente pressão britânica nesse sentido. Várias uma atitude extrema. Em 8 de agosto de 1845, o Parlamento
razões explicam essa atitude do governo britânico. Em pri- britânico aprovou uma lei, chamada Bill Aberdeen, conferin-
meiro lugar, a Revolução Industrial do século XVIII, na Ingla- do à Marinha o direito de aprisionar qualquer navio negreiro
terra, que generalizou o emprego do trabalho assalariado, e fazer os traficantes responderem diante do almirantado ou
pondo fim a toda forma compulsória de exploração do tra- de qualquer tribunal do vice almirantado dos domínios bri-
balhador, tornou a sociedade sensível ao apelo abolicionista. tânicos.
De fato, para as sociedades europeias do século XIX, que A repressão ao tráfico foi assim intensificada, e os navios
acompanhando o exemplo britânico evoluíam no sentido do britânicos chegaram a apreender navios em águas territoriais
emprego generalizado do trabalho livre assalariado, a escra- brasileiras, até mesmo entrando em seus portos.
vidão, em contraste, começou a ser vista em toda a sua de- A lei Eusébio de Queirós (1850). Em março de 1850, o
sumanidade, criando bases para uma opinião abolicionista. todo-poderoso primeiro-ministro Gladstone obrigou o Brasil
Evidentemente, os bons sentimentos por si sós eram insu- ao cumprimento dos tratados, ameaçando-o com uma guer-
ficientes para qualquer ação concreta contra a escravidão. ra de extermínio. O governo brasileiro finalmente se curvou
Na verdade, o capitalismo industrial é um sistema baseado ante as exigências britânicas e em 4 de setembro de 1850
no crescimento permanente, com abertura de novos merca- promulgou a lei de extinção do tráfico pelo ministro Eusébio
dos. Ora, os escravos, por definição, não são consumidores de Queirós. A tabela abaixo mostra os efeitos imediatos da
e, portanto, as sociedades escravistas representavam sérios medida.
bloqueios àquela expansão. Consequências da extinção do tráfico. A lei Eusébio de
Os acordos para a extinção do tráfico. Tendo abolido o Queirós, que pôs fim ao tráfico negreiro de forma súbita,
tráfico em suas colônias em 1807 e a escravatura em 1833, a como se verifica na tabela, liberou uma soma considerável
Inglaterra passou a exigir o mesmo do Brasil, a partir dos tra- de capital, que passou a ser aplicado em outros setores da
economia. As atividades comerciais, financeiras e industriais
tados de 1810. Pelo tratado de 23 de janeiro de 1815, assina-
receberam um grande estímulo.
do em Viena, estabeleceu-se a proibição do tráfico acima da
Em 1854 começou a funcionar a primeira estrada de fer-
linha equatorial, o que atingiu importantes centros fornece-
ro brasileira, de Mauá a Fragoso (futura Leopoldina Rafways);
dores de escravos, como São Jorge da Mina. Em 18 de julho em 1855, iniciou-se a construção da estrada de ferro D. Pedro
de 1817, os governos luso-brasileiro e inglês decidiram atuar II (futura Central do Brasil); o telégrafo apareceu em 1852.
conjuntamente na repressão ao tráfico ilícito, inspecionando Enfim, um novo horizonte se descortinou.
navios em alto mar. Para efeitos práticos, contudo, apenas a Com a abolição do tráfico, os dias da escravidão no Brasil
Inglaterra possuía recursos para isso. estavam contados e, portanto, os dias de existência do Impé-
Após 1822, a Inglaterra estabeleceu o fim do tráfico ne- rio, cuja riqueza baseava-se fundamentalmente no fruto do
greiro como uma das exigências para o reconhecimento da trabalho escravo, também estaria no fim. Basta que nos lem-
emancipação do Brasil. Assim, o tratado de 3 de novembro bremos de que a escravidão foi abolida em 1888 e o Império
de 1826 fixou o prazo de três anos para a sua completa ex- caiu já no ano seguinte, em 1889.
tinção. O tráfico passou a ser considerado, a partir de então,
ato de pirataria, sujeito às punições previstas no tratado. Fi- A Família Real no Brasil
nalmente, a 7 de novembro de 1831 - com atraso de dois No início do século XIX, a Europa estava agitada pelas
anos em relação ao estipulado pelo tratado de 1826 -, uma guerras. Inglaterra e França disputavam a liderança no con-
lei formalizou esse compromisso. tinente europeu. Em 1806, Napoleão Bonaparte, imperador
65
HISTÓRIA
da França, decretou o Bloqueio Continental, proibindo que pregando-se nas portas o “P.R.”, que significava “Príncipe Re-
qualquer país aliado ou ocupado pelas forças francesas co- gente”, mas que o povo logo traduziu como “Ponha-se na
mercializasse com a Inglaterra. O objetivo do bloqueio era Rua”. Prédios públicos, quartéis, igrejas e conventos também
arruinar a economia inglesa. Quem não obedecesse, seria in- foram ocupados. A cidade passou por uma reforma geral:
vadido pelo exército francês. limpeza de ruas, pinturas nas fachadas dos prédios e apreen-
Portugal viu-se numa situação delicada. Nessa época, são de animais.
Portugal era governado pelo príncipe regente D. João, pois As mudanças provocaram o aumento da população na
sua mãe, a rainha D. Maria I, enlouquecera. D. João não podia cidade do Rio de Janeiro, que por volta de 1820, somava mais
cumprir as ordens de Napoleão e aderir ao Bloqueio Conti- de 100 mil habitantes, entre os quais muitos eram estrangei-
nental, pois tinha longa relação comercial com a Inglaterra, ros – portugueses comerciantes ingleses corpos diplomáti-
por outro lado o governo português temia o exército francês. cos – ou mesmo resultado do deslocamento da população
Sem alternativa, Portugal aceitou o Bloqueio, mas, con- interna que procurava novas oportunidades na capital.
tinuou comercializando com a Inglaterra. Ao descobrir a tra- As construções passaram a seguir os padrões europeus.
ma, Napoleão determinou a invasão de Portugal em novem- Novos elementos foram incorporados ao mobiliário; espe-
bro de 1807. Sem condições de resistir à invasão francesa, lhos, bibelôs, biombos, papéis de parede, quadros, instru-
D. João e toda a corte portuguesa fugiram para o Brasil, sob mentos musicais, relógios de parede.
a proteção naval da marinha inglesa. A Inglaterra ofereceu Com a Abertura dos Portos (1808) e os Tratados de Co-
escolta na travessia do Atlântico, mas em troca exigiu a aber- mércio e Navegação e de Aliança e Amizade (1810) estabele-
tura dos portos brasileiros aos navios ingleses. cendo tarifas preferenciais aos produtos ingleses, o comércio
A corte portuguesa partiu às pressas de Lisboa sob as cresceu. O porto do Rio de Janeiro aumentou seu movimento
vaias do povo, em 29 de novembro de 1807. Na comitiva que passou de 500 para 1200 embarcações anuais.
vinha D. João, sua mãe D. Maria I, a princesa Carlota Joaqui- A oferta de mercadorias e serviços diversificou-se. A
na; as crianças D. Miguel, D. Maria Teresa, D. Maria Isabel, D. Rua do Ouvidor, no centro do Rio, recebeu o cabeleireiro da
Maria Assunção, D. Ana de Jesus Maria e D. Pedro, o futuro Corte, costureiras francesas, lojas elegantes, joalherias e ta-
imperador do Brasil e mais cerca de 15 mil pessoas entre no- bacarias. A novidade mais requintada era os chapéus, luvas,
bres, militares, religiosos e funcionários da Coroa. Trazendo leques, flores artificiais, perfumes e sabonetes.
tudo o que era possível carregar; móveis, objetos de arte, Para a elite, a presença da Corte e o número crescente
jóias, louças, livros, arquivos e todo o tesouro real imperial. de comerciantes estrangeiros trouxeram familiaridade com
Após 54 dias de viagem a esquadra portuguesa chegou novos produtos e padrões de comportamento em moldes
ao porto de Salvador na Bahia, em 22 de janeiro de 1808. Lá europeus. As mulheres seguindo o estilo francês; usavam
foram recebidos com festas, onde permaneceram por mais vestidos leves e sem armações, com decotes abertos, cintura
de um mês. alta, deixando aparecer os sapatos de saltos baixos. Enquan-
Seis dias após a chegada D. João cumpriu o seu acordo to os homens usavam casacas com golas altas enfeitadas por
com os ingleses, abrindo os portos brasileiros às nações ami- lenços coloridos e gravatas de renda, calções até o joelho
gas, isto é, a Inglaterra. Eliminando em parte o monopólio e meias. Embora apenas uma pequena parte da população
comercial português, que obrigava o Brasil a fazer comércio usufruísse desses luxos. Sem dúvida, a vinda de D. João deu
apenas com Portugal. um grande impulso à cultura no Brasil.
Mas o destino da Coroa portuguesa era a capital da co- Em abril de 1808, foi criado o Arquivo Central, que reu-
lônia, o Rio de Janeiro, onde D. João e sua comitiva desem- nia mapas e cartas geográficas do Brasil e projetos de obras
barcaram em 8 de março de 1808 e onde foi instalada a sede públicas. Em maio, D. João criou a Imprensa Régia e, em se-
do governo. tembro, surgiu a Gazeta do Rio de Janeiro. Logo vieram livros
Na chegada ao Rio de Janeiro, a Corte portuguesa foi didáticos, técnicos e de poesia. Em janeiro de 1810, foi aberta
recebida com uma grande festa: o povo aglomerou-se no a Biblioteca Real, com 60 mil volumes trazidos de Lisboa.
porto e nas principais ruas para acompanhar a Família Real Criaram-se as Escolas de Cirurgia e Academia de Mari-
em procissão até a Catedral, onde, após uma missa em ação nha (1808), a Aula de Comércio e Academia Militar (1810) e
de graças, o rei concedeu o primeiro “beija-mão”. a Academia Médico-cirúrgica (1813). A ciência também ga-
A transferência da corte portuguesa para o Rio de Janei- nhou com a criação do Observatório Astronômico (1808), do
ro provocou uma grande transformação na cidade. D. João Jardim Botânico (1810) e do Laboratório de Química (1818).
teve que organizar a estrutura administrativa do governo. Em 1813, foi inaugurado o Teatro São João (atual João
Nomeou ministros de Estado, colocaram em funcionamento Caetano). Em 1816, a Missão Francesa, composta de pintores,
diversas secretarias públicas, instalou tribunais de justiça e escultores, arquitetos e artesãos, chegaram ao Rio de Janeiro
criou o Banco do Brasil (1808). para criar a Imperial Academia e Escola de Belas-Artes. Em
Era preciso acomodar os novos habitantes e tornar a 1820, foi a vez da Real Academia de Desenho, Pintura, Escul-
cidade digna de ser a nova sede do Império português. O tura e Arquitetura civil.
vice-rei do Brasil, D. Marcos de Noronha e Brito cedeu sua A presença de artistas estrangeiros, botânicos, zoólogos,
residência, O Palácio dos Governadores, no Lago do Paço, médicos, etnólogos, geógrafos e muitos outros que fizeram
que passou a ser chamado Paço Real, para o rei e sua famí- viagens e expedições regulares ao Brasil, trouxeram informa-
lia e exigiu que os moradores das melhores casas da cidade ções sobre o que acontecia pelo mundo e também tornou
fizessem o mesmo. Duas mil residências foram requisitadas, este país conhecido, por meio dos livros e artigos em jornais
66
HISTÓRIA
e revistas que aqueles profissionais publicavam. Foi uma mu- que a cafeicultura ganha o interesse dos grandes proprietá-
dança profunda, mas que não alterou os costumes da grande rios. Torna-se rapidamente a principal atividade agrícola do
maioria da população carioca, composta de escravos e traba- país, responsável por mais da metade da renda obtida com
lhadores assalariados. exportação. A crescente importância econômica faz dos pro-
Com a vitória das nações europeias contra Napoleão em dutores de café de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Minas
1815, ficou decidido que os reis de países invadidos, pela Gerais o centro da elite dirigente do Império e da República,
França deveriam voltar a ocupar seus tronos. até quase meados do século XX.
D. João e sua corte não queriam retornar ao empobreci-
do Portugal. Então o Brasil foi elevado à categoria de Reino Expansão cafeeira
Unido de Portugal e Algarves (uma região ao sul de Portugal). Das pequenas plantações nas vizinhanças da corte, entre
O Brasil deixava de ser Colônia de Portugal, adquiria autono- 1810 e 1820, os cafeeiros espalham-se por todo o vale do rio
mia administrativa. Paraíba, primeiro na porção fluminense, depois na paulista
Em 1820, houve em Portugal a Revolução Liberal do Por- e no sul de Minas. Em meados do século XIX ocupam parte
to, terminando com o Absolutismo e iniciando a Monarquia das terras das antigas lavouras de cana-de-açúcar e algodão
Constitucional. D. João deixava de ser monarca absoluto e e invade o chamado Oeste Paulista, inicialmente a região de
passava a seguir a Constituição do Reino. Dessa forma, a As- Campinas e Sorocaba e, em seguida, Ribeirão Preto e Ara-
sembleia Portuguesa exigia o retorno do monarca. O novo raquara. No início do século XX, os cafezais cobrem extensa
governo português desejava recolonizar o Brasil, retirando faixa paralela ao litoral das regiões Sul e Sudeste, que vai do
sua autonomia econômica. Paraná ao Espírito Santo. A cafeicultura ganha a primazia en-
Em 26 de abril de 1821, D. João VI cedendo às pressões, tre as monoculturas exportadoras, desbancando a tradicional
volta a Portugal, deixando seu filho D.Pedro como príncipe agricultura canavieira.
regente do Brasil. O sucesso e a vigorosa expansão cafeeira no Sudeste
Se o que define a condição de colônia é o monopólio im- brasileiro durante o século XIX deve-se a uma combinação de
posto pela metrópole, em 1808 com a abertura dos portos, o fatores. De um lado, uma conjuntura externa favorável, com
Brasil deixava de ser colônia. O monopólio não mais existia. o crescimento do consumo na Europa e nos Estados Unidos,
Rompia-se o pacto colonial e atendia-se assim, os interes- e uma crise em importantes regiões produtoras, como Hai-
ses da elite agrária brasileira, acentuando as relações com ti, Ceilão (atual Sri Lanka) e Java, na Indonésia. Com isso, os
a Inglaterra, em detrimento das tradicionais relações com preços mantêm-se em alta nos mercados consumidores. Por
Portugal. outro lado, no Brasil há terras e escravos subutilizados nas
Esse episódio, que inaugura a política de D. João VI no lavouras tradicionais de açúcar e algodão e solos novos e fér-
Brasil, é considerado a primeira medida formal em direção ao teis, como as terras roxas no interior paulista.
“sete de setembro”.
Há muito Portugal dependia economicamente da Ingla-
A Mão de obra
terra. Essa dependência acentua-se com a vinda de D. João
A rápida ampliação das plantações de café cria também
VI ao Brasil, que gradualmente deixava de ser colônia de Por-
o primeiro problema. A escassez de mão de obra provocada
tugal, para entrar na esfera do domínio britânico. Para Ingla-
pela interrupção definitiva do tráfico de escravos africanos
terra industrializada, a independência da América Latina era
em 1850. A solução encontrada é a atração de imigrantes,
uma promissora oportunidade de mercados, tanto fornece-
com o apoio oficial. Nas últimas décadas do século XIX, as
dores, como consumidores.
fazendas de café recebem milhares de imigrantes europeus
Com a assinatura dos Tratados de 1810 (Comércio e
Navegação e Aliança e Amizade), Portugal perdeu definiti- – italianos, portugueses, espanhóis, alemães, suíços e eslavos
vamente o monopólio do comércio brasileiro e o Brasil caiu – e asiáticos, que vêm trabalhar em regime de parceria, rece-
diretamente na dependência do capitalismo inglês. bendo por produção ou como assalariado. Com a substitui-
Em 1820, a burguesia mercantil portuguesa colocou fim ção do trabalho escravo pelo livre, a cafeicultura não apenas
ao absolutismo em Portugal com a Revolução do Porto. Im- se desenvolve como também a pressa o fim da escravidão.
plantou-se uma monarquia constitucional, o que deu um ca-
ráter liberal ao movimento. Mas, ao mesmo tempo, por tra- Política do café
tar-se de uma burguesia mercantil que tomava o poder, essa Nas primeiras décadas do século XX, a continuidade do
revolução assume uma postura recolonizadora sobre o Brasil. crescimento é reforçada por uma política governamental
D. João VI retorna para Portugal e seu filho aproxima-se ainda bastante favorável aos interesses do setor, que garante cré-
mais da aristocracia rural brasileira, que se sentia duplamente dito, formação de estoques e intervenções no câmbio para
ameaçada em seus interesses: a intenção recolonizadora de compensar eventuais baixas dos preços internacionais. Isso
Portugal e as guerras de independência na América Espanho- tem efeito positivo: mantém o desenvolvimento da cafei-
la, responsáveis pela divisão da região em repúblicas. cultura, possibilitando aos fazendeiros investir parte de sua
renda em atividades comerciais e industriais, dinamizando
Ciclo do Café a economia urbana. Mas tem igualmente um efeito nocivo:
As primeiras mudas e sementes de café chegam ao Brasil no final da década de 20, a produção interna (28 milhões de
no século XVIII, por volta de 1730, vindas da América Central sacas anuais) aumenta muito mais que a demanda externa
e das Guianas. Mas é só a partir do começo do século XIX (15 milhões).
67
HISTÓRIA
Depois da Revolução de 1930 e dos abalos provocados Contudo, apenas 13 produtos do conjunto dos 126 re-
pela crise econômica mundial iniciada nos Estados Unidos presentavam 83,2% do valor global das exportações no pe-
em 1929, o governo Vargas mantém o apoio ao setor ca- ríodo de 1796 a 1811. Por ordem de importância temos: açú-
feeiro por meio do Conselho Nacional do Café e, ao mesmo car branco, algodão, açúcar mascavado, couros secos, arroz,
tempo, decide impulsionar a industrialização. Para reduzir a tabaco, cacau, café, vaquetas, aguardente, couros salgados,
oferta e melhorar os preços, manda queimar todo o seu esto- meios de sola e atanados.
que e erradicar cafezais, pagando pequena indenização aos O açúcar continua a ser o principal produto de exporta-
produtores. Em longo prazo, a produção e a exportação es- ção, pois se somarmos os valores correspondentes ao açúcar
tabilizam-se, sob a supervisão do Instituto Brasileiro do Café, branco e mascavado (27,5% + 7,2%), chegamos a 34,7%, que
criado em 1952. Na década de 50, as exportações de café representa mais de um terço do total. Considerando-se que
ainda representam a maior parte do total comercializado, e o o aguardente é um produto derivado da indústria açucareira,
Brasil permanece como o maior produtor mundial. Mas seu poderíamos acrescentar àquele total mais 1,3%, correspon-
reinado absoluto na economia brasileira chega ao fim quan- dentes, portanto, ao significado econômico para as expor-
do o setor industrial, a partir da segunda metade do século tações coloniais da indústria açucareira (36%). Trata-se de
XX, se torna o carro-chefe do desenvolvimento econômico uma parcela ainda significativa, mas que está longe da antiga
nacional. preponderância, atingida nos séculos XVI e XVII, quando o
O Brasil tinha o controle sobre grande parte da oferta valor total das exportações coloniais praticamente se con-
mundial e podia controlar os preços do café nos mercados fundia com o valor da produção açucareira e seus derivados
internacionais obtendo assim lucros elevados. A exportação exportados.
seria uma locomotiva. Toda a estrutura produtiva, os sistemas Veja-se, por exemplo, o papel destacado do algodão,
econômicos e financeiros nacional dependiam direta ou indi- com 24,4% do total das exportações. Evidentemente, esta
retamente, da exportação. Portanto o Brasil teria que passar participação está longe de corresponder ao destaque comu-
por uma modernização, para atender a produção. mente dado ao papel desempenhado pelo algodão neste
período pela grande maioria dos historiadores que trataram
Os Empréstimos Internos da questão. Porém, na medida em que é um produto de apa-
Ao manter para si a riqueza gerada pelas exportações, recimento recente na pauta de exportação, sua contribuição
São Paulo, mais ainda que Minas Gerais investiu fortemente é bastante significativa, evidenciando as conexões entre a
em sua infraestrutura e em seu próprio mercado. Criou desta produção desta fibra na Colônia e o contexto da Revolução
forma, um crescimento artificializado - segundo alguns ana- Industrial que se desenvolvia na Europa.
listas - ao contratar enorme dívida para manter o alto nível Outro ponto de rápida expansão é o arroz, comprovando
de exportações, São Paulo, portanto, financiava seu próprio os resultados da política de estímulos à agricultura sugerida
sucesso através de empréstimos, depois pagos pelo Gover- pelos ilustrados portugueses e levada à prática pelas auto-
no Federal por Getúlio Vargas. Sua infraestrutura foi durante ridades governamentais. Sua importância (4%) chega mes-
o período imensamente melhorado. O mesmo não ocorreu mo a superar o tabaco com 3,8 por cento. O cacau também
com outros estados, especialmente no Nordeste, ainda mais aparece com destaque no conjunto dos gêneros alimentícios
empobrecidos devido, não somente a sua falta de adaptação (2,7%), revelando a expansão do consumo na Europa, o mes-
ao sistema capitalista do século XX, mas, também, à fraca dis- mo acontecendo com o café, que já aparece na pauta de ex-
tribuição de recursos por parte do Governo Federal. Assim, portação com 1,8% da mesma.
passaram a fornecer migrantes para o estado de São Paulo e Alimentos e matérias-primas destacam-se neste grupo
outros da região Sudeste. de 13 produtos. A categoria couros, utilizada de forma ge-
Tudo isso somado à grande e rápida concentração po- nérica e englobando os couros secos, vaquetas, meios de
pulacional explica as posições de destaque que Minas Gerais sola, couros salgados e atanados que, somados, representam
e São Paulo hoje possuem entre os estados brasileiros. 9,8% da exportação, superando mesmo o açúcar mascavado,
considerado individualmente. Se 13 produtos correspondem
A diversificação da produção e das exportações a 82,5% da totalidade da exportação, os restantes 17,5% são
Na segunda metade do século XVIII cresceu o volume e cobertos pelos demais produtos, caracterizando-se assim a
a variedade dos produtos exportados pelo Brasil rumo aos extrema diversificação das exportações coloniais e a quebra
portos portugueses e daí repassado as demais nações es- da hegemonia monocultora que marcara os séculos prece-
trangeiras. Pelo rol das frotas de Pernambuco e do Rio de dentes.
Janeiro (do ano de 1749) concluímos que eram em número
de 35 os produtos exportados pelo Brasil. Entretanto, no ano Imigrações
de 1796, este número se elevava para 126, revelando uma A imigração no Brasil deixou fortes marcas na demogra-
ampliação excepcional da variedade de produtos que entra- fia, cultura e economia do país. Ela cresceu primeiro pres-
ram na pauta de exportação no decurso deste meio sécu- sionada pelo fim do tráfico internacional de escravos para o
lo, refletindo a política agressiva nesse sentidodesenvolvida Brasil, depois pela expansão da economia, principalmente no
pelo Marquês de Pombal e não abandonada por seus suces- período das grandes plantações de café no estado de São
sores. O resultado foi a diversificação da produção colonial, Paulo.
que rompe com o monopólio do açúcar e a preponderância Trazer imigrantes para o Brasil foi a solução encontrado
do ouro antes da emergência do café, na terceira década do por D. Pedro para suprir a ausência de mão de obra agríco-
século XIX. la para o país. Devido ao fim da escravidão, os governantes
68
HISTÓRIA
69
HISTÓRIA
70
HISTÓRIA
um regime político de castas e o voto censitário, isto é, com tropas bem mais numerosas na Guerra do Paraguai. Porém,
base na renda anual das pessoas, a ausência de um sistema o general Floriano Peixoto recusou-se a obedecer às ordens
de ensino universal, os altos índices de analfabetismo e de dadas pelo Visconde de Ouro Preto e assim justificou sua
miséria e o afastamento político do Brasil em relação a todos insubordinação, respondendo ao Visconde de Ouro Preto:
demais países do continente, que eram republicanos. “Sim, mas lá (no Paraguai) tínhamos em frente inimigos e
Assim, ao mesmo tempo em que a legitimidade imperial aqui somos todos brasileiros!”.
decaía, a proposta republicana (percebida como significan- Em seguida, aderindo ao movimento republicano, Floria-
do o progresso social) ganhava espaço. Entretanto, é impor- no Peixoto deu voz de prisão ao chefe de governo Visconde
tante notar que a legitimidade do Imperador era distinta da de Ouro Preto. O único ferido no episódio da proclamação
do regime imperial: Enquanto, por um lado, a população, de da república foi o Barão de Ladário que resistiu à ordem de
modo geral, respeitava e gostava de Dom Pedro II, por ou- prisão dada pelos amotinados e levou um tiro. Consta que
tro lado, tinha cada vez em menor conta o próprio império. Deodoro não dirigiu crítica ao Imperador D. Pedro II e que
Nesse sentido, era voz corrente, na época, que não haveria vacilava em suas palavras. Relatos dizem que foi uma estra-
um terceiro reinado, ou seja, a monarquia não continuaria a tégia para evitar um derramamento de sangue. Sabia-se que
existir após o falecimento de Dom Pedro II, seja devido à falta Deodoro da Fonseca estava com o tenente-coronel Benjamin
de legitimidade do próprio regime monárquico, seja devido Constant ao seu lado e que havia alguns líderes republicanos
ao repúdio público ao príncipe consorte, marido da princesa civis naquele momento. Na tarde do mesmo dia 15 de no-
Isabel, o francês Conde D’Eu. vembro, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, foi solene-
mente proclamada a República.
O Golpe Militar de 15 de Novembro de 1889 À noite, na Câmara Municipal do Município Neutro, o
No Rio de Janeiro, os republicanos insistiram que o Ma- Rio de Janeiro, José do Patrocínio redigiu a proclamação ofi-
rechal Deodoro da Fonseca, um monarquista, chefiasse o cial da República dos Estados Unidos do Brasil, aprovada sem
movimento revolucionário que substituiria a monarquia pela votação. O texto foi para as gráficas de jornais que apoiavam
república. Depois de muita insistência dos revolucionários, a causa, e, só no dia seguinte, 16 de novembro, foi anunciado
Deodoro da Fonseca concordou em liderar o movimento mi- ao povo a mudança do regime político do Brasil. Dom Pedro
litar. O golpe militar, que estava previsto para 20 de novem- II, que estava em Petrópolis, retornou ao Rio de Janeiro. Pen-
bro de 1889, teve de ser antecipado. No dia 14, os conspira- sando que o objetivo dos revolucionários era apenas substi-
dores divulgaram o boato de que o governo havia mandado tuir o Gabinete de Ouro Preto, o Imperador D. Pedro II tentou
prender Benjamin Constant Botelho de Magalhães e Deodo- ainda organizar outro gabinete ministerial, sob a presidência
ro da Fonseca. Posteriormente confirmou-se que era mes- do conselheiro José Antônio Saraiva. O imperador, em Petró-
mo boato. Assim, os revolucionários anteciparam o golpe de polis, foi informado e decidiu descer para a Corte. Ao saber
estado, e, na madrugada do dia 15 de novembro, Deodoro do golpe de estado, o Imperador reconheceu a queda do
iniciou o movimento de tropas do exército que pôs fim ao Gabinete de Ouro Preto e procurou anunciar um novo nome
regime monárquico no Brasil. Os conspiradores dirigiram-se para substituir o Visconde de Ouro Preto. No entanto, como
à residência do marechal Deodoro, que estava doente com nada fora dito sobre República até então, os republicanos
dispneia, e convencem-no a liderar o movimento. mais exaltados, tendo Benjamin Constant à frente, espalha-
Com esse pretexto de que Deodoro seria preso, ao ram o boato de que o Imperador escolheria Gaspar Silveira
amanhecer do dia 15 de Novembro, o marechal Deodoro Martins, inimigo político de Deodoro da Fonseca desde os
da Fonseca, saiu de sua residência, atravessou o Campo de tempos do Rio Grande do Sul, para ser o novo chefe de go-
Santana, e, do outro lado do parque, conclamou os soldados verno. Com este engodo, Deodoro da Fonseca foi convenci-
do batalhão ali aquartelado, onde hoje se localiza o Palácio do a aderir à causa republicana. O Imperador foi informado
Duque de Caxias, a se rebelarem contra o governo. Oferecem disso e, desiludido, decidiu não oferecer resistência.
um cavalo ao marechal, que nele montou, e, segundo tes- No dia seguinte, o major Frederico Sólon Sampaio Ribei-
temunhos, tirou o chapéu e proclamou “Viva a República!”. ro entregou a D. Pedro II uma comunicação, cientificando-o
Depois apeou, atravessou novamente o parque e voltou para da proclamação da república e ordenando sua partida para a
a sua residência. A manifestação prosseguiu com um desfile Europa, a fim de evitar conturbações políticas. A família im-
de tropas pela Rua Direita, atual rua 1º de Março, até o Paço perial brasileira exilou-se na Europa, só lhes sendo permitida
Imperial. Os revoltosos ocuparam o quartel-general do Rio a sua volta ao Brasil na década de 1920. É possível considerar
de Janeiro e depois o Ministério da Guerra. Depuseram o Ga- a legitimidade ou não da república no Brasil por diferentes
binete ministerial e prenderam seu presidente, Afonso Celso ângulos.
de Assis Figueiredo, Visconde de Ouro Preto. Do ponto de vista do Código Criminal do Império do
No Paço Imperial, o presidente do gabinete (primeiro- Brasil, sancionado em 16 de dezembro de 1830, o crime co-
ministro), Visconde de Ouro Preto, havia tentando resistir pe- metido pelos republicanos foi: “Artigo 87: Tentar diretamen-
dindo ao comandante do destacamento local e responsável te, e por fatos, destronizar o imperador; privá-lo em todo, ou
pela segurança do Paço Imperial, general Floriano Peixoto, em parte da sua autoridade constitucional; ou alterar a or-
que enfrentasse os amotinados, explicando ao general Flo- dem legítima da sucessão. Penas de prisão com trabalho por
riano Peixoto que havia, no local, tropas legalistas em núme- cinco a quinze anos. Se o crime se consumar: Penas de prisão
ro suficiente para derrotar os revoltosos. O Visconde de Ouro perpétua com trabalho no grau máximo; prisão com trabalho
Preto lembrou a Floriano Peixoto que este havia enfrentado por vinte anos no médio; e por dez anos no mínimo.”.
71
HISTÓRIA
O Visconde de Ouro Preto, deposto em 15 de novem- gra”, que eram negros alforriados organizados para causar
bro, entendia que a proclamação da república fora um erro confusões e desordem em comícios republicanos, além de
e que o Segundo Reinado tinha sido bom. O Império não espancar os participantes de tais comícios.
foi a ruína. Foi a conservação e o progresso. Durante meio Em relação à ausência de participação popular no movi-
século, manteve íntegro, tranquilo e unido território colossal. mento de 15 de novembro, um documento que teve grande
O império converteu um país atrasado e pouco populoso em repercussão foi o artigo de Aristides Lobo, que fora testemu-
grande e forte nacionalidade, primeira potência sul-ameri- nha ocular da proclamação da República, no Diário Popular
cana, considerada e respeitada em todo o mundo civilizado. de São Paulo, em 18 de novembro, no qual dizia: “Por ora,
Aos esforços do Império, principalmente, devem três povos a cor do governo é puramente militar e deverá ser assim. O
vizinhos o desaparecimento do despotismo mais cruel e avil- fato foi deles, deles só porque a colaboração do elemento
tante. O Império aboliu de fato a pena de morte, extinguiu civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo tudo bestializa-
a escravidão, deu ao Brasil glórias imorredouras, paz inter- do, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos
na, ordem, segurança e, mas que tudo, liberdade individual acreditaram seriamente estar vendo uma parada!”.
como não houve jamais em país algum. Quais as faltas ou Na reunião na casa de Deodoro, na noite de 15 de no-
crimes de Dom Pedro II, que em quase cinquenta anos de rei- vembro de 1889, foi decidido que se faria um referendo po-
nado nunca perseguiu ninguém, nunca se lembrou de uma pular, para que o povo brasileiro aprovasse ou não, por meio
ingratidão, nunca vingou uma injúria, pronto sempre a per- do voto, a república. Porém esse plebiscito só ocorreu 104
doar, esquecer e beneficiar? Quais os erros praticados que anos depois, determinado pelo artigo segundo do Ato das
o tornou merecedor da deposição e exílio quando, velho e Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição de
enfermo, mais devia contar com o respeito e a veneração de 1988.
seus concidadãos? A república brasileira, como foi proclama-
da, é uma obra de iniquidade. A república se levantou sobre Proclamação Da República
os broquéis da soldadesca amotinada, vem de uma origem A Proclamação da República Brasileira foi um levante
criminosa, realizou-se por meio de um atentado sem prece- político-militar ocorrido em 15 de novembro de 1889 que
dentes na história e terá uma existência efêmera! instaurou a forma republicana federativa presidencialista
O movimento de 15 de Novembro de 1889 não foi o de governo no Brasil, derrubando a monarquia constitucio-
primeiro a buscar a república, embora tenha sido o único efe- nal parlamentarista do Império do Brasil e, por conseguinte,
tivamente bem-sucedido, e, segundo algumas versões, teria pondo fim à soberania do imperador Dom Pedro II. Foi, en-
contado com apoio tanto das elites nacionais e regionais tão, proclamada a República dos Estados Unidos do Brasil.
quanto da população de um modo geral: A proclamação ocorreu na Praça da Aclamação (atual Praça
- Em 1788-1789, a Inconfidência Mineira e Tiradentes da República), na cidade do Rio de Janeiro, então capital do
não buscavam apenas a independência, mas também, a pro- Império do Brasil, quando um grupo de militares do exército
clamação de uma república na Capitania das Minas Gerais, brasileiro, liderados pelo marechal Deodoro da Fonseca, des-
seguida de uma série de reformas políticas, econômicas e tituiu o imperador e assumiu o poder no país.
sociais; Foi instituído, naquele mesmo dia 15, um governo pro-
- Em 1824, diversos estados do Nordeste criaram um visório republicano. Faziam parte, desse governo, organiza-
movimento independentista, dentre elas a Confederação do do na noite de 15 de novembro de 1889, o marechal Deo-
Equador, igualmente republicana; doro da Fonseca como presidente da república e chefe do
- Em 1839, na esteira da Revolução Farroupilha, procla- Governo Provisório; o marechal Floriano Peixoto como vice
maram-se a República Rio-grandense e a República Juliana, -presidente; como ministros, Benjamin Constant Botelho de
respectivamente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Magalhães, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa, Campos Sales,
Embora se argumente que não houve participação popu- Aristides Lobo, Demétrio Ribeiro e o almirante Eduardo Wan-
lar no movimento que terminou com o regime monárquico e denkolk, todos membros regulares da maçonaria brasileira.
implantou a república, o fato é que também não houve ma-
nifestações populares de apoio à monarquia, ao imperador Constituição de 1891
ou de repúdio ao novo regime. Alguns pesquisadores argu- A Constituição Brasileira de 1891 foi a primeira da histó-
mentam que, caso a monarquia fosse popular, haveria movi- ria da República no país.
mentos contrários à república em seguida, além da Guerra de Em 1889, chegou ao fim o Império do Brasil. Após uma
Canudos. Entretanto, o que teria ocorrido foi uma crescente série de fatores que concorreram para o desgaste do sistema
conscientização a respeito do novo regime e sua aprovação monárquico de governo no Brasil e a definitiva eliminação
pelos mais diferentes setores da sociedade brasileira. de Dom Pedro II, os militares se articularam junto com outros
Neste sentido, um caso notável de resistência à repúbli- grupos interessados na República para a sua proclamação.
ca foi o do líder abolicionista José do Patrocínio, que, en- Derrubado o regime então vigente, o Brasil iniciou uma fase
tre a abolição da escravatura e a proclamação da república, de reformulação com um governo provisório do marechal
manteve-se fiel à monarquia, não por uma compreensão das Deodoro da Fonseca. Os dois anos seguintes foram tomados
necessidades sociais e políticas do país, mas, romanticamen- de movimentações com o objetivo de estabelecer novas di-
te, apenas devido a uma dívida de gratidão com a Prince- retrizes para o Estado brasileiro.
sa Isabel. Aliás, nesse período de aproximadamente dezoito Desde a formação do governo que se estabeleceu após
meses, José do Patrocínio constituiu a chamada “Guarda Ne- a queda da monarquia, uma nova Constituição começou a
72
HISTÓRIA
ser elaborada para o Brasil. Era preciso descaracterizar o país dente Prudente de Morais, acentuando o sistema Café com
de como era no regime anterior e, em alguns casos, apagar Leite. Nesta época, cada Estado era dominado por uma série
o passado que não era mais bem visto. Entre os principais de proprietários rurais conhecidos como coronéis, que con-
elaboradores da nova Constituição brasileira estava Prudente trolavam a política local.
de Morais e Rui Barbosa, os quais foram muito influenciados De 1898 a 1902 foi a vez de Campos Sales na Presidên-
pela Constituição dos Estados Unidos. Dela seguiram princí- cia. Com a ajuda de um grande empréstimo estrangeiro, ele
pios como a descentralização dos poderes, a implantação do começou a recuperar a economia brasileira, que estava em
modelo federalista e a concessão de autonomia aos estados declínio devido aos baixos preços do café e da borracha.
e municípios. De 1902 a 1930 o Brasil teve mais nove presidentes de
A Constituição que vigorava no Império tinha marcas de Minas ou São Paulo. Esse período também ficou conhecido
um outro tempo. Características que não cabiam mais na Re- como Primeira República ou República dos Bacharéis, pois
pública e deveriam ser superadas. Nesse sentido, a principal grande parte dos presidentes eram bacharéis em Direito, e
mudança ocorrida foi a extinção do Poder Moderador. O an- quase todos eles membros da maçonaria.
tigo poder era símbolo máximo da monarquia, ele permitia No primeiro período da República predominou o ele-
ao Imperador interferir nos outros poderes e tomar as deci- mento militar e um grande receio por parte dos republicanos
sões de interesse. A Constituição republicana de 1891 abolia diante de uma possível restauração da monarquia. No se-
essa característica da antiga Constituição e determinava a gundo período predominou a política dos Estados, sustenta-
existência de apenas três poderes, o Executivo, o Legislati- da, em sua base municipal, pelo tipo carismático do coronel.
vo e o Judiciário. Para, além disso, estabelecia também que Na República Velha foi criado o decreto 85A, a primeira
os representantes dos dois primeiros seriam eleitos por voto lei de imprensa para censurar a mídia e as artes. Em 1922
popular direto. tivemos a consolidação do Tenentismo, movimento que re-
Naturalmente, a figura do imperador não era mais ade- fletia a insatisfação dos militares e o desejo de participação
quada. Seu posto foi substituído pelo de Presidente da Re- das camadas médias. No mesmo ano, aconteceu a Semana
pública. O cargo seria ocupado através de eleição por voto de Arte Moderna, na qual artistas brasileiros propuseram a
direto popular e o presidente eleito ficaria quatro anos no construção de uma nova cultura, através da renovação de
poder, sem direito à reeleição. O detalhe curioso é que, à linguagem, da busca pela experimentação e da ruptura com
época, Presidente e Vice eram eleitos individualmente. Assim, o passado.
poderia acontecer de unir candidatos de plataformas dife- Fomos o único país da América Latina a participar na Pri-
rentes no governo do país. Diferentemente do que acontece meira Guerra Mundial, de 1914 a 1918. Tivemos inicialmente
hoje, já que se elege uma chapa previamente determinada uma posição neutra, buscando não restringir o mercado e
com quem poderá vir a ser Presidente e Vice. O voto para os produtos de exportação, principalmente o café. A guerra
eleger o candidato ao cargo máximo do país e os represen- significou um alívio para a economia brasileira, pois fez com
tantes do Legislativo, contudo, não eram secretos. E só podia que os preços das matérias-primas recuperassem valores
votar quem estivesse acima do limite de uma renda mínima. mais altos.
Outra característica proveniente da Constituição Imperial Com o esgotamento da República Velha, quando a in-
que foi abolida diz respeito a relação entre Igreja e Estado. dústria sinalizava o novo dinamismo da economia e da so-
Embora o Brasil seja majoritariamente católico, o Estado pas- ciedade, foram deflagradas as primeiras greves operárias,
sou a não assumir mais uma religião específica e deixou de duramente reprimidas pelo governo federal, que tratava a
interferir nos assuntos da Igreja. Por sua vez, coube ao Estado questão social como “caso de polícia”. A desilusão com a do-
o controle da educação. E finalizando as características impe- minância dos poucos ricos agravou a situação do Tenentis-
riais, os títulos nobiliárquicos foram abolidos. mo. Em 5 de julho de 1922, na mundialmente famosa praia
A Constituição de 1891 inaugurou a orientação da Repú- Copacabana, tivemos o palco da primeira rebelião contra po-
blica no Brasil. Foi publicada no dia 24 de fevereiro daquele lítica café com leite.
ano e vigorou até 1932. Foi a diretriz do período chamado
como República Velha, comandada por oligarquias latifun- Política Do Café Com Leite
diárias, com uma economia profundamente baseada no café Ficou conhecida como “política do café-com-leite” o ar-
e dominada pelos estados de São Paulo e Minas Gerais. ranjo político que vigorou no período da Primeira República
(mais conhecida pelo nome de República Velha), envolven-
A Primeira República (1889-1930) do as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais e o governo
De 1889 a 1930 tivemos no Brasil o período conhecido central no sentido de controlar o processo sucessório, para
como República Velha, caracterizado pela política do Café que somente políticos desses dois estados fossem eleitos à
com Leite, na qual representantes de Minas Gerais e São Pau- presidência de modo alternado. Assim, ora o chefe de estado
lo se alternavam no comando do poder do Brasil. Tivemos sairia do meio político paulista, ora do mineiro.
nessa época um modelo agrário exportador e uma política Era fácil concluir com isso que os presidentes eleitos
contra a industrialização. representariam os interesses das duas oligarquias, mas não
Depois de Deodoro da Fonseca tivemos como presiden- eram necessariamente de origem mineira ou paulista, a
te, entre os anos de 1891 e 1894, Floriano Peixoto, que era exemplo do último presidente eleito por meio deste esque-
conhecido como Marechal de Ferro, devido à sua atuação ma,Washington Luís, que nasceu no Rio de Janeiro, mas fez
enérgica e ditatorial. De 1894 a 1898 tivemos como presi- toda sua carreira política em São Paulo.
73
HISTÓRIA
Após a proclamação da República, a 15 de novembro, Nacional e obtendo autoridade para obrigar o povo e os es-
dois militares se sucederam no comando do país, os mare- cravos a manter a ordem e a obediência. Com o advento da
chais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. A partir daí, a República, a Guarda Nacional é extinta, contudo os coronéis
história do Brasil foi marcada por acordos entre as elites dos sustentam o domínio sobre suas terras e os limites de sua
principais centros políticos do país, que à época eram Minas influência. O regime representativo é implantado e o direito
Gerais e São Paulo. Os “coronéis”, grandes fazendeiros, opta- de voto ampliado, os partidos políticos e as eleições se for-
vam por candidatos da política café com leite, e estes, além talecem.
de concentrar suas decisões na proteção dos negócios dos O domínio dos coronéis consistia em controlar os seus
latifundiários, concediam regalias, cargos públicos e financia- eleitores, todos eles tinham o seu “curral” eleitoral, ou seja, os
mentos. eleitores eram obrigados a votar sempre nos candidatos im-
O surgimento do nome “café com leite” batizando tal postos por eles – este voto era conhecido como “voto de ca-
acordo seria uma referência à economia de São Paulo e Mi- bresto”. Cabia a seus jagunços controlarem os votos através
nas, grandes produtores, respectivamente, de café e leite. da coerção física, caso os eleitores fossem contra a aspiração
Entretanto, alguns autores contestam tal explicação para o dos coronéis, eram punidos. O prestígio de um coronel era
surgimento da expressão, pois o Rio Grande do Sul seria o proporcional ao número de votos que ele conseguia arreba-
maior produtor de leite à época. O leite como referência a nhar junto aos seus, esta era a única maneira de alcançar o
Minas Gerais teria vindo na verdade das características da que ele desejava junto aos governantes estaduais ou federais
cozinha mineira, representada pelo queijo minas ou mesmo e de resguardar seus domínios.
pelo pão de queijo, e que assim, combinada com o a palavra
“café”, há muito associada a São Paulo (por ser este estado, Declínio Do Coronelismo
sim, o grande produtor de café e seu maior representante), O declínio do coronelismo deu-se através de simultâneas
remeteria à expressão ainda hoje conhecida de “café com lei- transformações no quadro geral da sociedade. A população
te”, usada para designar a pessoa que participa de uma ação rural cresce, as pequenas cidades incham, estradas são aber-
com neutralidade, que não pode dar conselho e não pode tas e os meios de comunicação em massa, principalmente
ser aconselhado, que participa com condições especiais em
a televisão, chegam mais rápido às partes mais longínquas
algum evento.
do território nacional – o eleitor se torna menos submisso
De qualquer modo, os dois eram estados bastante po-
e passa a exigir mais das autoridades na hora de dar o seu
pulosos, fortes politicamente e berços de duas das principais
voto. O êxodo rural é fator determinante para o declínio do
legendas republicanas: o Partido Republicano Paulista e o
coronelismo, e nas cidades surgem novos líderes; o conta-
Partido Republicano Mineiro. São Paulo era a maior força po-
to com o povo é facilitado e a televisão, com seu poder de
lítica e Minas Gerais tinha o maior eleitorado do país, como
convencimento e repasse de informações em rede nacional,
acontece ainda hoje.
torna-se uma grande aliada.
Com a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, o preço
do café brasileiro caiu drasticamente, o que levou os cafei- A história evolui ganhando cara nova, a troca de favores
cultores paulistas a terem uma crise de superprodução. Esta só muda seu jeito de ser, ou seja, a vaga na escola passa a ser
fragilidade econômica de São Paulo foi decisiva para que conseguida por intermédio de algum vereador conhecido, a
Minas Gerais se unisse ao Rio Grande do Sul e à Paraíba, for- rede de água e esgoto ou a instalação de energia elétrica
mando a chamada Aliança Liberal, a qual resultou na eleição agora é alçada do deputado federal. As privatizações desta-
do gaúcho Getúlio Vargas à presidência encerrando o ciclo cam-se no novo cenário político, os parlamentares contra-
da política café com leite. tam cabos eleitorais para ocuparem cargos importantes em
organismos públicos e atuarem nas comunidades rurais – os
Coronelismo “currais comunitários”, cultivados pelos “coronéis modernos”,
O surgimento do coronelismo remonta aos tempos de que se escondem atrás de novas funções - de deputados a
colonização do território brasileiro. Com a segmentação do senadores, de vereadores a prefeitos. No nordeste, o corone-
Brasil em capitanias hereditárias e o surgimento do donatá- lismo ainda impera, a troca de favores predomina e a distri-
rio, a Coroa punha em voga as bases do coronelismo, incons- buição de cargos aos protegidos é uma constante, sem falar
cientemente. O donatário e logo após os donos das sesma- nas fraudes frequentes, nas quais os mortos votam, assinatu-
rias – possuidores de grandes fazendas agrárias – passaram ras são falsificadas, entre outras falcatruas.
a exercer poder absoluto sobre seus bens, transformando-as
em propriedades agro econômicas inabaláveis. Analisando a Revolução de 1930
situação, percebe-se que a Independência em nada alterou A Revolução de 1930 foi o movimento armado, liderado
a condição destes coronéis, que se sentiam donos de fato pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul,
destas grandes propriedades rurais. que culminou com o golpe de Estado, o Golpe de 1930, que
O título de coronel sancionava definitivamente o poder depôs o presidente da república Washington Luís em 24 de
dos oligarcas – eles deixavam de ser apenas uma autorida- outubro de 1930, impediu a posse do presidente eleito Júlio
de de fato para serem, também, de direito, com aprovação Prestes e pôs fim à República Velha.
total do governo central. Com tantos poderes nas mãos os Em 1929, lideranças de São Paulo romperam a aliança
oligarcas resolveram financiar campanhas políticas de seus com os mineiros, conhecida como política do café com leite,
afilhados, conquistando a faculdade de acaudilhar a Guarda e indicaram o paulista Júlio Prestes como candidato à presi-
74
HISTÓRIA
dência da República. Em reação, o Presidente de Minas Ge- Assim a política do café com leite chegou ao fim e ini-
rais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada apoiou a candidatura ciou-se a articulação de uma frente oposicionista ao intento
oposicionista do gaúcho Getúlio Vargas. do presidente e dos 17 estados de eleger Júlio Prestes. Minas
Em 1 de março de 1930, foram realizadas as eleições Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba uniram-se a políticos de
para presidente da República que deram a vitória ao can- oposição de diversos estados, inclusive do Partido Demo-
didato governista, que era o presidente do estado de São crático de São Paulo, para se oporem à candidatura de Júlio
Paulo, Júlio Prestes. Porém, ele não tomou posse, em virtude Prestes, formando, em agosto de 1929, a Aliança Liberal.
do golpe de estado desencadeado a 3 de outubro de 1930, Em 20 de setembro do mesmo ano, foram lançados os
e foi exilado. Getúlio Vargas assumiu a chefia do “Governo candidatos da Aliança Liberal às eleições presidenciais: Ge-
Provisório” em 3 de novembro de 1930, data que marca o fim túlio Vargas como candidato a presidente e João Pessoa,
da República Velha. como candidato a vice-presidente. Apoiaram Aliança Liberal,
A crise da República Velha havia se prolongado ao longo intelectuais como José Américo de Almeida e Lindolfo Collor,
da década de 1920. Os expoentes políticos da República Ve- membros das camadas médias urbanas e a corrente político-
lha vinham perdendo força com a mobilização do trabalha- militar chamada “Tenentismo” (que organizou, entre outras, a
dor industrial, com as Revoltas nazifascistas e as dissidências Revolta Paulista de 1924), na qual se destacavam Cordeiro de
políticas que enfraqueceram as grandes oligarquias. Esses
Farias, Eduardo Gomes, Siqueira Campos, João Alberto Lins
acontecimentos ameaçavam a estabilidade da tradicional
de Barros, Juarez Távora e Miguel Costa e Juraci Magalhães e
aliança rural entre os estados de São Paulo e Minas Gerais - a
três futuros presidentes da república (Geisel, Médici e Castelo
política do café com leite.
Em 1926, surge a quarta e última dissidência no Partido Branco).
Republicano Paulista (PRP), e os dissidentes liderados pelo Nesse momento, setembro de 1929, já era percebido,
Dr. José Adriano de Marrey Junior fundaram o Partido demo- em São Paulo, que a Aliança Liberal, e uma eventual revolu-
crático (PD), que defendia um programa de educação supe- ção, visava especificamente São Paulo. Tendo o senador esta-
rior entre outras reformas e a derrubada do PRP do poder. dual de São Paulo Cândido Nanzianzeno Nogueira da Motta
Esta crise política em São Paulo originou-se em uma crise da denunciado na tribuna do Senado do Congresso Legislativo
maçonaria paulista presidida pelo Dr. José Adriano de Marrey do Estado de São Paulo, em 24 de setembro de 1929, que a
Júnior. São Paulo, então, chegou dividido às eleições de 1930. guerra anunciada pela chamada Aliança Liberal não é contra
Entretanto, o maior sinal do desgaste republicano era a o Sr. Júlio Prestes, É contra nosso Estado de São Paulo, e isso
superprodução de café, durante a crise de 1929, alimentada não é de hoje. A imperecível inveja contra o nosso deslum-
pelo governo com constantes “valorizações”. Assim em 1930, brante progresso que deveria ser motivo de orgulho para
São Paulo estava dividido, e o Rio Grande do Sul que estivera todo o Brasil. Em vez de nos agradecerem e apertarem em
em guerra civil em 1923, agora estava unido, com o presi- fraternos amplexos, nos cobrem de injúrias e nos ameaçam
dente do Rio Grande do Sul, Dr. Getúlio Vargas tendo feito o com ponta de lanças e patas de cavalo.
PRR e o Partido Libertador se unirem. Cândido Mota citou ainda o senador fluminense Irineu
Em Juiz de Fora, o Partido Republicano Mineiro (PRM) Machado que previra a reação de São Paulo: A reação contra
passa para a oposição, forma a Aliança Liberal com os seg- a candidatura do Dr. Júlio Prestes representa não um gesto
mentos progressistas de outros estados e lança o gaúcho contra o presidente do estado, mas uma reação contra São
Getúlio Vargas para a presidência, tendo o político paraibano Paulo, que se levantará porque isto significa um gesto de le-
João Pessoa como candidato a vice-presidente. Minas Gerais gítima defesa de seus próprios interesses.
estava dividida, não conseguindo impor um nome mineiro Essa resposta paulista à revolução de 1930 veio um ano
de consenso para a presidência da república. Parte do PRM e meio depois, com a Revolução de 1932.
apoiou a candidatura Getúlio Vargas, mas a “Concentração O presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de
Conservadora” liderada pelo vice-presidente da república Andrada diz em discurso, ainda em 1929, façamos a revolu-
Fernando de Melo Viana e pelo ministro da Justiça Augusto
ção pelo voto antes que o povo a faça pela violência . Esta
Viana do Castelo apoiam a candidatura oficial do Dr. Júlio
frase foi vista como a expressão do instinto de sobrevivência
Prestes para as eleições presidenciais de 1 de março de 1930.
de um político experiente e um presságio: Minas Gerais, se
O Problema Da Sucessão Presidencial aliando ao Rio Grande do Sul e aos tenentes, consegue pre-
Na República Velha (1889-1930), vigorava no Brasil a servar sua oligarquia. Uma revolução que fosse feita só pelos
chamada “política do café com leite”, em que políticos apoia- tenentes teria derrubado também o PRM (Partido Republica-
dos por São Paulo e de Minas Gerais se alternavam na pre- no Mineiro) do poder em Minas Gerais e o PRR do poder no
sidência da república (mas não eram necessariamente Pau- Rio Grande do Sul.
listas ou Mineiros os seus indicados). Porém, no começo de
1929, Washington Luís indicou o nome do Presidente de São As Eleições E A Revolução
Paulo, Júlio Prestes, como seu sucessor, no que foi apoiado As eleições foram realizadas no dia 1º de março de 1930
por presidentes de 17 estados. Apenas três estados negaram e deram a vitória a Júlio Prestes, que obteve 1.091.709 votos,
o apoio a Prestes: Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba. contra apenas 742.794 dados a Getúlio. Notoriamente, Getú-
Os políticos de Minas Gerais esperavam que Antônio Carlos lio teve quase 100% dos votos no Rio Grande do Sul.
Ribeiro de Andrada, o então governador do estado, fosse o A Aliança Liberal recusou-se a aceitar a validade das elei-
indicado, por Washington Luís, para ser o candidato à presi- ções, alegando que a vitória de Júlio Prestes era decorrente
dência. de fraude. Além disso, deputados eleitos em estados onde
75
HISTÓRIA
76
HISTÓRIA
77
HISTÓRIA
Durante mais de dois anos (1924 a 1926), a Coluna Pres- - Educação e Saúde Pública - o mineiro Francisco Cam-
tes percorreu 24 mil quilômetros através de 12 estados. O pos;
governo perseguia as tropas da Coluna Prestes que, por meio - Trabalho, Indústria e Comércio - o gaúcho Lindolfo Col-
de manobras militares, conseguia escapar. Em 1926 os ho- lor.
mens que permaneciam na Coluna Prestes decidiram ingres- Para Juarez Távora, pela sua admirável participação re-
sar na Bolívia e desfazer a tropa. volucionária e pelo seu prestígio como homem de ação, foi
A Coluna Prestes não conseguiu provocar revoltas capa- criada a Delegacia Regional do Norte. Pela chefia política dos
zes de ameaçar seriamente o governo, mas também não foi estados brasileiros do Espírito Santo ao Amazonas, Juarez Tá-
derrotada por eles. Isso demonstrava que o poder na Repú- vora foi chamado de O Vice-Rei do Norte.
blica Velha não era tão inatacável.
A política cafeeira da Era Vargas
A Segunda República Ou Era Vargas O capitalismo passava por uma de suas violentas crises
A chamada Era Vargas está dividida em três momentos: de superprodução. Essas crises cíclicas do capitalismo eram o
Governo Provisório, Governo Constitucional e Estado Novo. resultado da ausência de uma planificação, o que produzia a
O período inaugurou um novo tipo de Estado, denominado anarquia da produção social.
“Estado de compromisso”, em razão do apoio de diversas As nações industriais com problemas de superprodução
forças sociais e políticas: as oligarquias dissidentes, classes acirravam o imperialismo, superexplorando as nações agrá-
médias, burguesia industrial e urbana, classe trabalhadora e o rias, restringindo os créditos e adotando uma política prote-
Exército. Neste “Estado de compromisso” não existia nenhu- cionista, sobretaxando as importações.
ma força política hegemônica, possibilitando o fortalecimen- Neste contexto o café conheceu uma nova e violenta cri-
to do poder pessoal de Getúlio Vargas. se de superprodução, de mercados e de preços, que caíram
de 4 para 1 libra nos primeiros anos da década de 30.
Governo Provisório (1930/1934 ). Como o café era à base da economia nacional, a crise
Aspectos políticos e econômicos poderia provocar sérios problemas para outros setores eco-
No plano político, o governo provisório foi marcado pela
nômicos, tais como a indústria e o comércio, o que seria de-
Lei Orgânica, que estabelecia plenos poderes a Vargas. Os
sastroso.
órgãos legislativos foram extintos, até a elaboração de uma
Era preciso salvar o Brasil dos efeitos da crise mundial
nova constituição para o país. Desta forma, Vargas exerce o
de 1929. Era necessário evitar o colapso econômico do País.
poder executivo e o Legislativo. Os governadores perderam
Para evitá-lo, o governo instituiu uma nova política cafeeira,
seus mandatos – por força da Revolução de 30 – seus no-
visando o equilíbrio entre a oferta e a procura, a elevação
meados em seus lugares os interventores federais ( que eram
dos preços e a contenção dos excessos de produção, pois a
escolhidos pelos tenentes ). A economia cafeeira receberá
produção cafeeira do Brasil era superior à mundial.
atenções por parte do governo federal. Para superar os efei-
tos da crise de 1929, Vargas criou o Conselho Nacional do Para aplicar esta política, Vargas criou, em 1931, o CNC
Café, reeditando a política de valorização do café ao comprar (Conselho Nacional do Café), que foi substituído em 1933
e estocar o produto. O esquema provocou a formação de pelo DNC (Departamento Nacional do Café). Dentro desta
grandes estoques, em razão da falta de compradores, levan- nova política tornou-se fundamental destruir os milhares de
do o governo a realizar a queimados excedentes. Houve um sacas de café que estavam estocadas. O então ministro da
desenvolvimento das atividades industriais, principalmente Fazenda, Osvaldo Aranha, através de emissões e impostos
no setor têxtil e node processamento de alimentos. Este de- sobre a exportação, iniciou a destruição do excedente do
senvolvimento explica-se pela chamada política de substitui- café através do fogo e da água,
ção de importações. De 1931 a 1944, foram queimadas ou jogadas ao mar,
aproximadamente, 80 milhões de sacas. Proibiram-se novas
A composição do Governo Provisório plantações por um prazo de três anos e reduziram-se as des-
Depois de criar um Tribunal Especial - cuja ação foi nula pesas de produção através da redução dos salários e dos dé-
- com o objetivo de julgar “os crimes do governo deposto”, bitos dos fazendeiros em 50%.
o novo governo organizou um ministério que, pela compo- Por ter perdido o poder político e pelo fato de ter de
sição, nos mostra o quanto Getúlio estava compromissado se submeter às decisões econômicas do governo federal, as
com os grupos que lhe apoiaram na Revolução: oligarquias cafeeiras se opuseram à política agrária da Era
- general Leite de Castro - ministro do Exército; Vargas.
- almirante Isaías Noronha - ministro da Marinha;
- Afrânio de Melo Franco (mineiro) - ministro do Exterior; Liberalismo e Centralismo
- Osvaldo Aranha (gaúcho) - ministro da Justiça; Saber quem perdeu a Revolução de 1930 é fácil, o difícil
- José Américo de Almeida (paraibano) - ministro da Via- é saber quem ganhou, devido à extrema heterogeneidade da
ção; frente revolucionária.
- José Maria Whitaker (paulista) - ministro da Fazenda; De um lado estavam os tenentes que ocupavam um des-
- Assis Brasil (gaúcho) - ministro da Agricultura. tacado papel no governo, eram favoráveis a mudanças e, por
Dentro ainda da ideia de compromisso, foram criados isso, achavam desnecessárias as eleições, que para eles só
dois novos ministérios: trariam de volta as oligarquias tradicionais.
78
HISTÓRIA
79
HISTÓRIA
O Estado Novo (1937/1945) comandada por Filinto Muller, instaurou no Brasil o perío-
O Estado Novo – período da ditadura de Vargas – apre- do do terror: prisões, repressão, exílios, torturas etc. Como
sentou as seguintes características: intervencionismo do Es- exemplo de propaganda tem-se a criação da Hora do Brasil –
tado na economia e na sociedade e um centralização política que difundia as realizações do governo; o exemplo do terror
nas mãos do Executivo, anulando o federalismo republicano. fica por conta do caso de Olga Benário, mulher de Prestes,
que foi presa e deportada para a Alemanha (grávida). Foi as-
A constituição de 1937 sassinada num campo de concentração.
Foi outorgada em 10 de novembro de 1937 e redigida
por Francisco Campos. Baseada na constituição polonesa (daí O Brasil e a Segunda Guerra Mundial
o apelido de “polaca”) apresentava aspectos fascistas. Princi- Devido a pressões – internas e externas – Getúlio Vargas
pais características: centralização política e fortalecimento do rompeu a neutralidade brasileira, em 1942, e declarou guerra
poder presidencial; extinção do legislativo; subordinação do ao Eixo (Alemanha, Itália, Japão). A participação do Brasil foi
Poder Judiciário ao Poder Executivo; instituição dos interven- efetiva nos campos de batalha mediante o envio da FEB (For-
tores nos Estados e uma legislação trabalhista. A Constituição ça Expedicionária Brasileira) e da FAB (Força Aérea Brasileira).
de 1937 eliminava a independência sindical e extinguia os A participação brasileira na guerra provocou um paradoxo
partidos políticos. A extinção da AIB deixou os integralistas político: externamente o Brasil luta pela democracia e contra
insatisfeitos com Getúlio. Em maio de 1938 os integralistas as ditaduras, internamente há ausência democrática em ra-
tentaram um golpe contra Vargas – o Putsch Integralista – zão da ditadura. Esta situação, somada à vitória dos aliados
que consistiu numa tentativa de ocupar o palácio presiden- contra os regimes totalitários, favorece o declínio do estado
cial. Vargas reagiu até a chegada a polícia e Plínio Salgado Novo e amplia as manifestações contra o regime.
precisou fugir do país.
O fim do Estado Novo
Política Trabalhista Em 1943 Vargas prometeu eleições para o fim da guer-
O Estado Novo procurou controlar o movimento traba- ra; no mesmo ano houve o Manifesto dos Mineiros, onde
lhador através da subordinação dos sindicatos ao Ministério um grupo de intelectuais, políticos, jornalistas e profissionais
do Trabalho. Proibiram-se as greves e qualquer tipo de ma- liberais pediam a redemocratização do país. Em janeiro de
nifestação. Por outro lado, o Estado efetuou algumas conces- 1945, o Primeiro Congresso Brasileiro de Escritores exigia a
sões, tais como, o salário mínimo, a semana de trabalho de liberdade de expressão e eleições. Em fevereiro do mesmo
44 horas, a carteira profissional, as férias remuneradas. As leis ano, Vargas publicava um ato adicional marcando eleições
trabalhistas foram reunidas, em 1943, na Consolidação das presidenciais para 2 de dezembro. Para concorrer as eleições
Leis do Trabalho (CLT), regulamentando as relações entre pa- surgiram os seguinte partidos políticos:
trões e empregados. A aproximação de Vargas junto a classe - UDN (União Democrática Nacional) - Oposição liberal a
trabalhadora urbana originou, no Brasil, o populismo – forma Vargas e contra o comunismo. Tinha como candidato o bri-
de manipulação do trabalhador urbano, onde o atendimento gadeiro Eduardo Gomes;
de algumas reivindicações não interfere no controle exercido - PSD (Partido Social Democrático) – era o partido dos
pela burguesia. interventores e apoiavam a candidatura do general Eurico
Gaspar Dutra;
Política Econômica - PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) – organizado pelo
O Estado Novo iniciou o planejamento econômico, pro- Ministério do Trabalho e tendo como presidente Getúlio Var-
curando acelerar o processo de industrialização brasileiro. O gas. Apoiava, junto com o PSD, Eurico Gaspar Dutra;
Estado criou inúmeros órgãos com o objetivo de coordenar - PRP (Partido de Representação Popular) – de ideologia
e estabelecer diretrizes de política econômica. O governo integralista e fundado por Plínio Salgado;
interveio na economia criando as empresas estatais – sem - PCB (Partido Comunista Brasileiro) – tinha como candi-
questionar o regime privado. As empresas estatais encon- dato o engenheiro Yedo Fiúza. Em 1945 houve um movimen-
trava-se em setores estratégicos, como a siderurgia (Com- to popular pedindo a permanência de Vargas – contando
panhia Siderúrgica Nacional), a mineração (Companhia Vale como apoio do PCB. Este movimento ficou conhecido como
do Rio Doce), hidrelétrica (Companhia Hidrelétrica do Vale queremismo, devido ao lema da campanha “Queremos Ge-
do São Francisco), mecânica (Fábrica Nacional de Motores) e túlio “. O movimento popular assustou a classe conservado-
química (Fábrica Nacional de Álcalis). ra, temendo a continuidade de Vargas no poder. No dia 29
de outubro foi dado um golpe, liderado por Goés Monteiro
Política administrativa e Dutra. Vargas foi deposto sem resistência. O governo foi
Procurando centralizar e consolidar o poder político, o entregue a José Linhares, presidente do Supremo Tribunal
governo criou o DASP (Departamento de Administração e Federal. Em dezembro de 1945 foram realizadas as eleições
Serviço Público), órgão de controle da economia. O outro com a vitória de Eurico Gaspar Dutra.
instrumento do Estado Novo foi a criação do DIP (Departa-
mento de Imprensa e Propaganda), que realizava a propa- Golpe Militar De 1964
ganda do governo. O DIP controlava os meios de comunica- O Governo estadunidense tornou públicos, em 31 de
ção, por meio da censura. Foi o mais importante instrumento março de 2004, documentos da política dos Estados Unidos
de sustentação da ditadura que, ao lado da polícia secreta, e das operações da CIA que, ao ajudar os militares brasileiros,
80
HISTÓRIA
conduziram à deposição do presidente João Goulart, no dia sista a realidade do país. Mas, em 1937, Getúlio Vargas, ale-
1º de abril de 1964. O governo americano e os militares bra- gando ameaça comunista em dominar o Estado, decretou o
sileiros viam em João Goulart alguém perigoso porque, além Estado de Sítio e passou a exercer um governo ditatorial no
de simpatizar com o regime Castrista de Cuba, mantinha uma Brasil. Em seguida, o presidente ditador adotou a chamada
política exterior independente de Washington, e tinha nacio- Constituição Polaca estabelecendo determinações fascistas
nalizado uma subsidiaria da ITT (eumpresa norteamericana). para gerir o Estado de acordo com seus interesses. Tal carta
Além disso, Goulart tinha nacionalizado, no início de 1964, constitucional permaneceu valendo até sua deposição, em
o petróleo, bem como a terra ociosa nas mãos de grandes 1945.
latifundiários, e aprovado uma lei que limitava a quantidade Getúlio Vargas entrou em descrédito após entrar na Se-
de benefícios que as multinacionais poderiam retirar do país. gunda Guerra Mundial e um movimento de oposição con-
Outro motivo foi o Brasil ser o maior exportador de suco de seguiu retirá-lo do poder no ano de 1945. Com a queda do
laranja do mundo, fato que punha em risco a indústria norte ditador, assumiu a presidência o general Eurico Gaspar Dutra.
-americana deste setor, situada no estado da Flórida. A Constituição de cunho autoritário não era mais adequada
Em 1964, o comício organizado por Leonel Brizola e João para o Brasil e precisava ser substituída. O então presidente
convocou uma Assembleia Nacional Constituinte para que se
Goulart, na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, serviu como
pudesse promulgar uma nova carta constitucional.
estopim para o golpe. Neste comício eram anunciadas as re-
Vários intelectuais da época participaram da elabora-
formas que mudariam o Brasil, tais como um plebiscito pela
ção da nova Constituição. Pela primeira vez os comunistas
convocação de uma nova constituinte, reforma agrária e a também integraram as reuniões do Assembleia Constituinte.
nacionalização de refinarias estrangeiras. O resultado foi uma carta constitucional bastante avançada
Foi neste cenário que, depois de um encontro com tra- para a época, conquistando avanços democráticos e na liber-
balhadores, em 1964, João Goulart (eleito à época, democra- dade individual de cada cidadão. As liberdades que o próprio
ticamente, pelo Partido Trabalhista Brasileiro - PTB) foi de- Getúlio Vargas havia acrescentado à Constituição em 1934 e
posto e teve de fugir para o Rio Grande do Sul e, em seguida, que foram retiradas por ele mesmo em 1937 voltaram a inte-
para o Uruguai. Desta maneira, o Chefe Maior do Exército, o grar a carta de 1946.
General Humberto Castelo Branco, tornou-se presidente do A Constituição Brasileira foi promulgada no dia 18 de
Brasil. setembro de 1946, entre suas novas regulamentações esta-
As principais cidades brasileiras foram tomadas por sol- vam: igualdade perante a lei, ausência de censura, garantia
dados armados, tanques, jipes, etc. Os militares incendiaram de sigilo em correspondências, liberdade religiosa, liberdade
a Sede, situada no Rio de Janeiro, da União Nacional dos Es- de associação, extinção da pena de morte e separação dos
tudantes (UNE). As associações que apoiavam João Goulart três poderes.
foram tomadas pelos soldados, dentre elas podemos citar: A Constituição de 1946 ficou em vigência até o Golpe
sedes de partidos políticos e sindicatos de diversas catego- Militar, em 1964. Nessa ocasião, os militares passaram a apli-
rias. car uma série de emendas para estabelecer as diretrizes do
O golpe militar de 1964 foi amplamente apoiado à época novo regime até ser definitivamente suspensa pelos Atos Ins-
e um pouco antes por jornais como O Globo, Jornal do Bra- titucionais e pela Constituição de 1967.
sil e Diário de notícias. Um dos motivos que conduziram ao
golpe foi uma campanha, organizada pelos meios de comu- Constituição de 1967
nicação, para convencer as pessoas de que Jango levaria o Logo que os militares assumiram o poder no Brasil atra-
Brasil a um tipo de governo semelhante ao adotado por paí- vés de um Golpe de Estado, medidas foram tomadas para
ses como China e Cuba, ou seja, comunista, algo inadmissível que o exercício do regime que estabeleciam fosse viabilizado
naquele tempo, quando se dizia que o que era bom para os através de aparatos legais. A Constituição de 1967 foi uma
das medidas do novo governo, a qual reuniu todos os outros
Estados Unidos era bom para o Brasil.
decretos do regime militar iniciado em 1964.
Em 1965, as liberdades civis foram reduzidas, o poder do
O respaldo jurídico utilizado pelos militares no exercício
governo aumentou e foi concedida ao Congresso a tarefa de
da nova forma de governo aplicada no Brasil se deu através
designar o presidente e o vice-presidente da república. dos famosos Atos Institucionais. Nos primeiros anos com os
militares no comando do país foram eles que determinaram
Constituição de 1946 as novas leis e as condições para que a oposição não con-
A Constituição Brasileira de 1946 substituiu a existente seguisse se organizar e oferecer ameaça ao novo sistema.
durante o governo ditatorial de Getúlio Vargas. Já no ano de 1964 foi publicado o Ato Institucional Núme-
Desde a Independência do Brasil, o país já apresentou ro Um, que a princípio não recebia determinação numérica,
várias constituições. A primeira do período republicano foi pois acreditavam que seria o suficiente para controlar as
promulgada no ano de 1891, encerrando o governo provisó- movimentações da oposição. O tempo mostrou que não, e
rio de transição e alterando características imperiais do Brasil os Atos Institucionais foram se somando e ficando cada vez
para o novo formato, a República. mais autoritários e opressores.
Quando Getúlio Vargas chegou ao poder em 1930 atra- O Congresso Nacional foi transformado então em As-
vés de um movimento revolucionário, o país passou nova- sembleia Nacional Constituinte e teve os membros da oposi-
mente por transformação de suas estruturas tradicionais. ção afastados, os militares pressionaram para que uma nova
Novos direitos foram incorporados à Constituição Brasileira Carta Constitucional fosse elaborada para definitivamente
e também novos deveres que alteravam de maneira progres- legalizar o Golpe Militar de 1964.
81
HISTÓRIA
Em 1966, no dia 6 de dezembro, ficou pronto um projeto Na Constituição Federal do Brasil, são definidos os direi-
de constituição que foi redigido por Carlos Medeiros Silva, tos dos cidadãos, sejam eles individuais, coletivos, sociais ou
Ministro da Justiça, e por Francisco Campos. O tal projeto foi políticos; e são estabelecidos limites para o poder dos go-
criticado pela oposição, como era de se esperar, mas tam- vernantes.
bém por alguns membros do próprio partido do governo, a Após o fim do Regime Militar, em todos os segmentos
ARENA. O impasse foi resolvido através do Ato Institucional da sociedade, era unânime a necessidade de uma nova Carta,
Número Quatro (AI-4), no dia 7 de dezembro, que convocou pois a anterior havia sido promulgada em 1967, em plena Di-
o Congresso Nacional para debater e votar a nova Constitui- tadura Militar, além de ter sido modificada várias vezes com
ção entre 12 de dezembro de 1966 e 24 de janeiro de 1967. O emendas arbitrarias (vide AI-5).
AI-4 determinou a função de poder constituinte originário, o Dessa forma, em 1º de fevereiro de 1987, foi instalada
qual é “ilimitado e soberano”, ao Congresso Nacional. A for- a Assembleia Nacional Constituinte, composta por 559 con-
mulação de uma nova Constituição para o Brasil prosseguiu, gressistas (senadores e deputados federais, eleitos no ano
já que a Constituição de 1946 não era julgada mais como anterior), e presidida pelo deputado Ulysses Guimarães, do
compatível para a nova fase pela qual o país passava. Partido Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
Representando um avanço em direção a democracia, a
Enquanto a nova Constituição era debatida no Congres-
sociedade, em seus diversos setores, foi estimulada a con-
so Nacional, o governo tinha o poder de legislar através de
tribuir por meio de propostas. As propostas formuladas por
Decretos Lei para comandar a segurança nacional, a admi-
cidadãos brasileiros só seriam válidas se representadas por
nistração e as finanças do Estado. Para elaborar o texto da
alguma entidade (associação, sindicatos, etc.) e se fosse assi-
nova Carta Constituinte foram contratados por encomenda nada por, no mínimo, trinta mil pessoas. Os setores da socie-
do presidente Castelo Branco juristas nos quais o regime mi- dade, compostos por grupos que procuravam defender seus
litar depositava confiança, entre eles estavam: Levi Carneiro, interesses, fizeram pressão por meio de lobbies (grupo de
Miguel Seabra Fagundes, Orosimbo Nonato e Temístocles pressão, que exercem influência).
Brandão Cavalcanti. O texto incorporava medidas já estabe- Em relação às Constituições anteriores, a Constituição de
lecidas pelos Atos institucionais e por Atos Complementares 1988 representa um avanço. As modificações mais significa-
utilizados no regime militar. tivas foram:
No dia 24 de janeiro de 1967 foi votada a nova Consti- - Direito de voto para os analfabetos;
tuição que, aprovada, entrou em vigor no dia 15 de março de - Voto facultativo para jovens entre 16 e 18 anos;
1967 estabelecendo a Lei de Segurança Nacional. - Redução do mandato do presidente de 5 para 4 anos;
A sexta constituição brasileira institucionalizou o regime - Eleições em dois turnos (para os cargos de presidente,
militar, deixando o Poder Executivo em posição soberana em governadores e prefeitos de cidades com mais de 200 mil
relação aos outros poderes e transformando-os junto com habitantes);
a população brasileira em meros espectadores das medidas - Os direitos trabalhistas passaram a ser aplicados, além
tomadas pelos militares. Como foi debatida e votada pela de aos trabalhadores urbanos e rurais, também aos domés-
Assembleia Nacional Constituinte, a Constituição de 1967, ticos;
muito embora tenha sido amplamente elaborada de acordo - Direito a greve;
com os interesses de quem estava no poder, pode ser consi- - Liberdade sindical;
derada uma Carta Constituinte semi outorgada. Desta forma, - Diminuição da jornada de trabalho de 48 para 44 horas
os militares garantiam a imagem na política internacional de semanais;
um país de certo modo democrático, mas a prática mostra- - Licença maternidade de 120 dias (sendo atualmente
ria que o regime estabelecido no Brasil se tratava mesmo de discutida a ampliação).
uma ditadura. - Licença paternidade de 5 dias;
No ano de 1969 a Constituição de 1967 sofreu algumas - Abono de férias;
- Décimo terceiro salário para os aposentados;
alterações por causa do afastamento do presidente Costa e
- Seguro desemprego;
Silva que passava por problemas de saúde. A Junta Militar
- Férias remuneradas com acréscimo de 1/3 do salário.
que assumiu o poder em seu lugar baixou a Emenda Nº 1
Modificações no texto da Constituição só podem ser
acrescentando o Ato Institucional Número Cinco e permitin-
realizadas por meio de Emenda Constitucional, sendo que as
do o poder da Junta Militar, mesmo havendo um vice-presi- condições para uma emenda modificar a Carta estão previs-
dente. tas na própria Constituição, em seu artigo 60. Desde a pro-
A Constituição de 1967 vigorou durante o restante do mulgação, em 1988, foram aprovadas 56 emendas a Consti-
regime militar como órgão máximo da antidemocracia. Só tuição.
foi substituída em 1988, quando a ditadura já havia acabado.
Uma república nova
Constituição de 1988 Às 3 horas da tarde de 8 de novembro de 1930, a junta
A atual Constituição Federal do Brasil, chamada de militar passou o poder, no Palácio do Catete, a Getúlio Vargas,
“Constituição Cidadã”, foi promulgada no dia 5 de outubro encerrando a chamada República Velha, derrubando todas as
de 1988. A Constituição é a lei maior, a Carta Magna, que oligarquias estaduais exceto a mineira e a gaúcha. Na mes-
organiza o Estado brasileiro. ma hora, no centro do Rio de Janeiro, os soldados gaúchos
82
HISTÓRIA
cumpriam a promessa de amarrar os cavalos no obelisco da existentes. Repetia os erros da Constituição de 1891 e agra-
Avenida Rio Branco, marcando simbolicamente o triunfo da vava-os com dispositivos de pura invenção jurídica, alguns
Revolução de 1930. retrógrados e outros acenando a ideologias exóticas. Os
Getúlio tornou-se chefe do Governo Provisório com am- acontecimentos incumbiram-se de atestar-lhe a precoce ina-
plos poderes. A constituição de 1891 foi revogada e Getúlio daptação.
passou a governar por decretos. Getúlio nomeou intervento- A partir da constituição de 1937, o regime centralizador,
res para todos os Governos Estaduais, com exceção de Mi- por vezes autoritário do getulismo, ou Era Vargas, estimula
nas Gerais. Esses interventores eram na maioria tenentes que a expansão das atividades urbanas e desloca o eixo produ-
participaram da Revolução de 1930. Por sua vez, o presidente tivo da agricultura para a indústria, estabelecendo as bases
eleito e não empossado Júlio Prestes criticou duramente a da moderna economia brasileira. O balanço da revolução de
Revolução de 1930 quando, em 1931, exilado em Portugal, 1930 e de seus 15 anos de governo, por Getúlio, foi feito,
afirmou: O que não compreendem é que uma nação, como no Dia do Trabalho de 1945, em um discurso feito no Rio de
o Brasil, após mais de um século de vida constitucional e li- Janeiro, no qual disse que a qualquer observador de bom
beralismo, retrogradasse para uma ditadura sem freios e sem senso não escapa a evidência do progresso que alcançamos
limites como essa que nos degrada e enxovalha perante o no curto prazo de 15 anos. Éramos, antes de 1930, um país
mundo civilizado. fraco, dividido, ameaçado na sua unidade, retardado cultural
Um dos maiores erros da revolução de 1930 foi entre- e economicamente, e somos hoje uma nação forte e respei-
gar os estados à administração de tenentes inexperientes, tada, desfrutando de crédito e tratada de igual para igual no
um dos motivos da revolução de 1932. O despreparo dos te- concerto das potências mundiais.
nentes para governar foi denunciado, logo no início de 1932,
por um dos principais tenentes, o tenente João Cabanas, que Legado político e social
havia participado da revolução de 1924, e que usou como A nova política do Brasil
exemplo o tenente João Alberto Lins de Barros que governou Três ex-ministros de Getúlio Vargas chegaram à Presi-
São Paulo. João Cabanas, em fevereiro de 1932, no seu livro dência da República: Eurico Dutra, João Goulart e Tancredo
“Fariseus da Revolução”, criticou especialmente o descalabro Neves. Este último não chegou a assumir o cargo, pois, na
que foram as administrações dos tenentes nos estados, cha- véspera da posse, sentiu fortes dores abdominais sequenciais
mando a atenção para a grave situação paulista pouco antes durante uma cerimônia religiosa no Santuário Dom Bosco
de eclodir a Revolução de 1932: diagnosticada como uma “diverticulite”, que o levou à morte
João Alberto serve como exemplo: Se, como militar, me- em 21 de abril de 1985, em São Paulo.
rece respeito, como homem público não faz juz ao menor Três tenentes de 1930 chegaram à Presidência da Repú-
elogio. Colocado, por inexplicáveis manobras e por circuns- blica: Castelo Branco, Médici e Geisel. O ex-tenente Juarez
tâncias ainda não esclarecidas, na chefia do mais importante Távora foi o segundo colocado nas eleições presidenciais de
estado do Brasil, revelou-se de uma extraordinária, de uma 1955, e o ex-tenente Eduardo Gomes, o segundo colocado,
admirável incompetência, criando, em um só ano de gover- em 1945 e 1950. Ambos foram candidatos pela UDN, o que
no, um dos mais trágicos confucionismos de que há memória mostra também a influência dos ex-tenentes na UDN, par-
na vida política do Brasil, dando também origem a um grave tido que tinha ainda, entre seus líderes, o ex-tenente Juraci
impasse econômico (déficit de 100.000 contos), e a mais pro- Magalhães, que quase foi candidato em 1960.
funda impopularidade contra a “Revolução de Outubro” e ter Os partidos fundados por Getúlio Vargas, PSD (partido
provocado no povo paulista, um estado de alma equívoco e dos ex-interventores no Estado Novo e intervencionista na
perigoso. Nossa história não registra outro período de fra- economia) e o antigo PTB, dominaram a cena política de
casso tão completo como o do “Tenentismo inexperiente”.·. 1946 até 1964. PSD, UDN e PTB, os maiores partidos políticos
daquele período, eram liderados por mineiros (PSD e UDN) e
Consequências por gaúchos (o PTB).
Os efeitos da Revolução demoram a aparecer. A nova Apesar de quinze anos (1930-1945) não serem um pe-
Constituição só é aprovada em 1934, chamada Constituição ríodo longo em se tratando de carreira política, poucos polí-
de 1934, depois de forte pressão social, como a Revolução ticos da República Velha conseguiram retomar suas carreiras
Constitucionalista de 1932. Mas a estrutura do Estado brasi- políticas depois da queda de Getúlio em 1945. A renovação
leiro modifica-se profundamente depois de 1930, tornando- do quadro político foi quase total, tanto de pessoas quanto
se mais ajustada às necessidades econômicas e sociais do da maneira de se fazer política. Sobre a queda da qualidade
país. da representação política após 1930, Gilberto Amado em seu
Getúlio não gostou desta constituição, e, três anos e livro “Presença na Política”, explica que na República Velha, as
meio depois, decreta uma nova constituição, a Constituição eleições eram falsas, mas a representação era verdadeira… As
de 1937. E assim se posicionou em relação à Constituição de eleições não prestavam, mas os deputados e senadores eram
1934, no 10º aniversário da revolução de 1930, em discurso os melhores que podíamos ter.
de 11 de novembro de 1940. Especialmente o balanço de 1930 feito pelos paulistas
Uma constitucionalização apressada, fora de tempo, [quem?] é sombrio: Reclamam eles que, após Júlio Prestes
apresentada como panaceia de todos os males, traduziu- em 1930, nenhum cidadão nascido em São Paulo foi eleito
se numa organização política feita ao sabor de influências ou ocupou a Presidência, exceto, e por alguns dias apenas,
pessoais e partidarismo faccioso, divorciada das realidades Ranieri Mazzilli, o Dr. Ulisses Guimarães e Michel Temer. Os
83
HISTÓRIA
paulistas reclamam também que apenas em 1979 chegou balhadores brasileiros. Por isso, a organização dos operários
à presidência alguém comprometido com os ideais da re- no país esteve primeiramente ligada ao atendimento de suas
volução de 1932: João Figueiredo, filho do general Euclides demandas mais imediatas.
Figueiredo, comandante da revolução constitucionalista de No início da formação dessa classe de trabalhadores
1932 e que fora exilado na Argentina entre 1932 e 1934. João percebemos a predominância de imigrantes europeus forte-
Figueiredo fez a abertura política do regime militar. mente influenciados pelos princípios anarquistas e comunis-
Getúlio foi o primeiro a fazer no Brasil propaganda pes- tas. Contando com um inflamado discurso, convocavam os
soal em larga escala - o chamado culto da personalidade, trabalhadores fabris a se unirem em associações que, futu-
com a Voz do Brasil, - típica do fascismo e ancestral do mar- ramente, seriam determinantes no surgimento dos primeiros
keting político moderno. A aliança elite-proletariado, criada sindicatos. Com o passar do tempo, as reivindicações teriam
por Getúlio, tornou-se típica no Brasil, como a Aliança PTB maior volume e, dessa forma, as manifestações e greves te-
riam maior expressão.
-PSD apoiada pelo clandestino PCB.
Na primeira década do século XX, o Brasil já tinha um
contingente operário com mais de 100 mil trabalhadores,
A nova economia do Brasil
sendo a grande maioria concentrada nos estados do Rio de
A política trabalhista é alvo de polêmicas até hoje e foi Janeiro e São Paulo. Foi nesse contexto que as reivindica-
tachada de “paternalista” por intelectuais de esquerda. Esses ções por melhores salários, jornada de trabalho reduzida e
intelectuais acusavam Getúlio de tentar anular a influência assistência social conviveram com perspectivas políticas mais
desta esquerda sobre o proletariado, desejando transformar incisivas que lutavam contra a manutenção da propriedade
a classe operária num setor sob seu controle, nos moldes da privada e do chamado “Estado Burguês”.
Carta do Trabalho do fascista italiano Benito Mussolini. Entre os anos de 1903 e 1906, greves de menor expres-
Os defensores de Getúlio Vargas contra argumentam, di- são tomavam conta dos grandes centros industriais. Tecelões,
zendo que em nenhum outro momento da história do Brasil alfaiates, portuários, mineradores, carpinteiros e ferroviários
houve avanços comparáveis nos direitos dos trabalhadores. foram os primeiros a demonstrar sua insatisfação. Notando
O expoentes máximos dessa posição foram João Goulart e a consolidação desses levantes, o governo promulgou uma
Leonel Brizola. Brizola foi considerado, por muitos o último lei expulsando os estrangeiros que fossem considerados uma
herdeiro político do «Getulismo», ou da «Era Vargas», na lin- ameaça à ordem e segurança nacional. Essa primeira tentati-
guagem dos brasilianistas. va de repressão foi imediatamente respondida por uma gre-
A crítica de direita, ou liberal, argumenta que, em lon- ve geral que tomou conta de São Paulo, em 1907.
go prazo, estas leis trabalhistas prejudicam os trabalhadores Mediante a intransigência e a morosidade do governo,
porque aumentam o chamado custo Brasil, onerando muito uma greve de maiores proporções foi organizada em 1917,
mais uma vez, em São Paulo. Os trabalhadores dos seto-
as empresas e gerando a inflação, que corrói o valor real dos
res alimentício, gráfico, têxtil e ferroviário foram os maiores
salários.
atuantes nesse novo movimento. A tensão tomou conta das
Segundo esta versão, o custo Brasil faz com que as em- ruas da cidade e um inevitável confronto com os policiais
presas brasileiras contratem menos trabalhadores, aumen- aconteceu. Durante o embate, a polícia acabou matando um
tem a informalidade e faz que as empresas estrangeiras se jovem trabalhador que participava das manifestações.
tornem receosas de investir no Brasil. Assim, segundo a críti- Esse evento somente inflamou os operários a organiza-
ca liberal, as leis trabalhistas gerariam, além da inflação, mais rem passeatas maiores pelo centro da cidade. Atuando em
desemprego e subemprego entre os trabalhadores. outra frente, trabalhadores formaram barricadas que se es-
Os liberais afirmam também que intervencionismo esta- palharam pelo bairro do Brás resistindo ao fogo aberto pelas
tal na economia iniciado por Getúlio só cresceu com o passar autoridades. No ano seguinte, anarquistas tentaram conduzir
dos anos, com a única exceção de Castelo Branco atingin- um golpe revolucionário frustrado pela intercepção policial.
do seu máximo no governo do ex-tenente de 1930 Ernesto Vale lembrar que toda essa agitação se deu na mesma época
Geisel. Somente a partir do Governo de Fernando Collor se em que as notícias sobre a Revolução Russa ganhavam os
começou a fazer o desmonte do Estado intervencionista. Du- jornais do mundo.
rante sessenta anos, após 1930, todos os ministros da área Passadas todas essas agitações, a ação grevista serviu
econômica do governo federal foram favoráveis à interven- para a formação de um movimento mais organizado sob os
ção do Estado na economia, exceto Eugênio Gudin por sete ditames de um partido político. No ano de 1922, inspirado
meses em 1954, e a dupla Roberto Campos - Octávio Bu- pelo Partido Bolchevique Russo, foi oficializada a fundação
do PCB, Partido Comunista Brasileiro. Paralelamente, os sin-
lhões, por menos de três anos (1964 -1967).
dicatos passaram a se organizar melhor, mobilizando um
grande número de trabalhadores pertencentes a um mesmo
Movimento Operário
ramo da economia industrial.
Na República Velha temos a vivência de todo um proces-
so de transformações econômicas responsáveis pela indus- Internacionalização Da Economia Brasileira
trialização do país. Não percebendo de forma imediata tais Nos últimos 50 anos, as chamadas economias em desen-
mudanças, as autoridades da época pouco se importavam volvimento alcançaram níveis expressivos de industrialização
em trazer definições claras com respeito aos direitos dos tra- e urbanização, formando uma burguesia nacional e uma
84
HISTÓRIA
classe média de assalariados com renda relativamente ele- de estruturação produtiva ainda dependem do resguardo
vada. Esse momento pode ser compreendido através de dois estatal. Enfim, o país abraçou o neoliberalismo econômico
pressupostos: a participação do Estado como empresário e a como política de Estado.
atração de empresas transnacionais.
Após a década de 1950, ocorreu no Brasil o processo O Milagre Econômico E A Dívida Externa
de internacionalização da economia, com grande participa- No período entre 1969 e 1973, o crescimento econômico
ção do Estado como empresário e no desenvolvimento de no Brasil alcançou níveis excepcionais, e por isso ficou conhe-
infraestrutura (transportes, energia, portos) e políticas de in- cido como “Milagre Econômico”.
centivos fiscais. Todos esses fatores, aliados à disponibilidade Desde a década de 30, os governos brasileiros, tanto de
de mão de obra barata, mercado consumidor emergente e Getulio Vargas (teoria desenvolvimentista), quanto de Jusce-
acesso a matérias-primas e fontes de energia, atraíram em- lino Kubitschek (Plano de Metas, com o lema “50 anos em
presas transnacionais para o território brasileiro. Houve uma 5”) investiram em infraestrutura. Para tanto, foram realizados
grande ampliação do parque industrial, principalmente in- vários empréstimos. Se por um lado o governo Vargas foi
dústrias de bens de consumo duráveis (automóveis e eletro- marcado pelo protecionismo, pois encarava as empresas es-
domésticos). trangeiras como exploradoras, o governo de Juscelino bus-
O país conheceu a sua industrialização tardia e adotou cou no capital estrangeiro os investimentos para equipar as
plenamente o Fordismo, um sistema produtivo tradicional indústrias nacionais, e adotou medidas que privilegiavam
que considerava a capacidade de produção e os grandes esses empréstimos, facilitando o envio de lucros ao exterior,
parques industriais como fundamentos para a atividade in- e adotando uma taxa cambial favorável a essas operações.
dustrial. Esse padrão concretizado com o governo de Jusceli- Ainda no governo de Juscelino Kubitschek (1956 a 1961),
no Kubitschek (1956-1961) foi ampliado pela ditadura militar a dívida externa do país havia dobrado, o déficit na balança
(1964-1985). Os militares criaram obras estruturais em dife- comercial tornou-se motivo de preocupação, inclusive entre
rentes regiões brasileiras, a destacar as usinas hidrelétricas os investidores estrangeiros e a taxa de inflação alcançou ní-
e as rodovias. Muitos municípios do interior do estado de veis elevados. Foi nesse contexto que o FMI (Fundo Monetá-
São Paulo começaram a desenvolver seus distritos industriais. rio Internacional) passou a interferir na economia brasileira,
Durante a década de 1970, ocorreu o “milagre econômico
fazendo exigências.
brasileiro”, que elevou o país à posição de 8ª economia mun-
Os anos que se seguiram foram marcados pela crise po-
dial no ano de 1973, com taxas anuais de crescimento em
lítica, além da já instalada crise econômica. Jânio Quadros,
torno de 10%.
sucessor de Juscelino, renunciou em 1961. O governo se-
No caso brasileiro, o modelo fordista trouxe crescimento
guinte, de João Goulart, foi marcado pela entrada em grande
econômico para o país, mas não foi capaz de promover o de-
escala das empresas multinacionais americanas e europeias.
senvolvimento econômico regional. O aumento de renda per
Em 1964, João Goulart foi deposto, e os militares tomaram o
capita de um país nem sempre representa avanços na qua-
poder, com o marechal Humberto Castello Branco na presi-
lidade de vida. O crescimento que o Brasil obteve, principal-
dência.
mente durante o período correspondente ao regime militar,
Os militares, assim que assumiram, criaram o Programa
construiu um arcabouço técnico e logístico para o desenvol-
vimento, mas não o privilegiou. de Ação Econômica do Governo (PAEG), que tinha como ob-
A partir da década de 1980, ocorreu o esgotamento jetivos combater a inflação e realizar reformas estruturais,
da capacidade do Estado em promover o desenvolvimento que permitissem o crescimento. Com a “estabilidade política”,
industrial - fim do Estado empresário - devido às políticas os recursos estrangeiros retornaram ao Brasil maciçamente.
econômicas mal sucedidas que aumentaram a dívida exter- Com tamanho volume de capital, a economia se estabilizou.
na e a inflação. No plano externo, os países desenvolvidos Em 1967, a economia dava sinais de recessão. Delfim
começaram a adotar medidas neoliberais, reduzindo o pa- Netto, então encarregado pela economia do país, passou a
pel do Estado na sua participação em determinados setores investir nas empresas estatais, nas áreas de siderurgia, petro-
econômicos. química, geração de energia, entre outras. As medidas sur-
O Brasil iniciou, a partir da década de 1990, um acelera- tiram efeito, e os investimentos nas estatais renderam mui-
do programa de abertura econômica conduzido pelo gover- tos lucros. O processo de industrialização finalmente havia
no Collor. Através da redução de alíquotas de importações, chegado ao Brasil, gerando milhões de empregos. Em 1969,
desregulamentação do Estado, privatizações das empresas quando Emílio Garrastazu Médici assumiu a presidência, o
estatais e diminuição de subsídios, mudanças profundas fo- “Milagre Econômico” acontecia. O processo de industrializa-
ram implementadas na estrutura industrial do país. Apesar ção finalmente havia chegado ao Brasil, gerando milhões de
de estimular a competitividade, muitas pequenas e médias empregos.
empresas não tiveram suporte técnico e financeiro para se Como resultado, nos anos seguintes, a classe média teve
adaptarem a essas transformações. Até os dias atuais, a prin- aumentos consideráveis em sua renda, enquanto aumentava
cipal dificuldade enfrentada pelos pequenos e médios em- o abismo social no país. O aumento das desigualdades so-
preendedores no Brasil é que os investimentos em tecnolo- ciais e as divida externa assumida nessa época são as princi-
gia e o crédito necessário para a efetuação de qualquer base pais heranças do Milagre Econômico no Brasil.
85
HISTÓRIA
86
HISTÓRIA
87
HISTÓRIA
1990 Globalização
Primeiras Eleições Diretas
O século XX foi palco de inúmeras transformações histó-
Nas primeiras eleições diretas para Presidente, depois ricas que marcaram, definitivamente, a organização do mun-
de duas décadas, se enfrentam no segundo turno: Fernando do e, dentre elas, está o advento da globalização. Enquanto
Collor de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos processo, a globalização ampliou-se com o desenvolvimento
Trabalhadores (PT). do capitalismo, condição fundamental para sua dimensão al-
cançada no final da Guerra Fria entre os anos 1980 e 1990.
1990-1992 Ao final da II Guerra Mundial, o globo se dividiu em dois
Governo Collor blocos, um capitalista – representado pelos Estados Unidos
da América; e outro socialista – encabeçado pela União So-
O candidato vitorioso Fernando Collor iniciou seu gover- viética. Esse período conhecido por Guerra Fria foi marcado
no com o confisco das contas correntes e da poupança de por uma forte disputa pelo domínio ideológico entre tais blo-
toda a sociedade, além de apresentar um ambicioso progra- cos, bem como pela chamada corrida espacial e tecnológica.
ma de estabilização da economia, o “Plano Collor”. Com o Nessa disputa, o modelo capitalista saiu vitorioso, após as
fracasso do Plano volta a inflação galopante e se agrava a reformas econômicas e políticas promovidas pela União So-
recessão, presente desde a década anterior. viética quando esta já agonizava, sem condições de manter
o projeto socialista e o seu modelo de Estado de bem estar
1992 social. Ao final dos anos 1980, caiu o muro de Berlim, símbolo
O impeachment do presidente da divisão do mundo, o que significaria a vitória da ideologia
capitalista. Tem-se, desde então, a configuração de uma nova
Acusado, pelo irmão, de envolvimento em esquema de ordem mundial, iniciada pela reorganização das relações in-
corrupção, o Presidente foi investigado por uma Comissão ternacionais no tocante à divisão internacional da produção,
Parlamentar de Inquérito (CPI). Ao mesmo tempo, os “caras isto é, do trabalho.
pintadas” saem às ruas exigindo o impeachment de Collor, Fundamentalmente, a globalização teve como seu mo-
que é afastado pelo Congresso, assumindo o Vice, Itamar tor a busca pela ampliação dos mercados, dos negócios, isto
Franco. é, ampliação das relações internacionais em nome dos ob-
88
HISTÓRIA
jetivos econômicos das nações. Nesse sentido, é preciso se enfrentam, atualmente os Estados Unidos ainda possuem o
pensar no papel da ampliação do neoliberalismo como mo- poder hegemônico (embora um pouco abalado) no mundo.
delo econômico adotado pelas potências em todo o mundo, Dessa forma, as ideias de soberania e de Estado-nação ficam
defendido na década de 1980 por líderes como Margaret reduzidas diante da globalização, pois isso vai depender do
Thatcher (Inglaterra), fato que embocou numa redefinição papel que determinado país exerce no jogo da política in-
do papel do Estado. Cada vez mais, em nome da liberdade ternacional, podendo sofrer uma maior ou menor influência,
econômica, os Estados, enquanto instituições que deteriam seja ela econômica ou cultural. A retração e diminuição do
o poder na sociedade sobre as mais diversas esferas (como papel do Estado com a valorização de políticas neoliberais
a econômica), vão diminuindo sua presença nas decisões, e a permissividade ou dependência com relação ao capital
tornando-se “mínimos”. Apenas como regulamentador, as- de investidores internacionais são fatores que contribuíram
sim como os demais agentes econômicos, o próprio Estado para o aumento da pobreza e da desigualdade em países
também se submeteria às leis do mercado, preocupando-se mais pobres.
com questões como mercado financeiro, balanço cambial, Logo, a ambiguidade da globalização vem à tona quan-
competitividade internacional, entre outros aspectos do uni- do se avalia seus efeitos mais negativos sobre a população
verso do capital. mundial, principalmente do ponto de vista econômico. Com
Surgiram os chamados blocos econômicos, como a a globalização da economia, as empresas, em nome da con-
União Europeia e o Mercosul, para citar apenas dois, os quais corrência, reduzem custos, diminuindo vários postos de tra-
teriam como finalidade criar condições para melhor comer- balho, gerando o desemprego estrutural. Além disso, o de-
cialização entre seus membros, dada a situação de interde- semprego pode piorar quando há um crescimento do inves-
pendência das economias. Vale lembrar que nesse contexto timento no mercado financeiro (o qual possibilita um retorno
(e desde o final da II Guerra), instituições como a ONU, a maior e mais rápido aos grandes investidores) ao invés do
OMC, o FMI, entre outras, têm desempenhado papéis fun- investimento na produção, esta sim geradora de empregos.
damentais nas relações internacionais no âmbito dos mais Como se tem debatido atualmente, entre as causas das crises
diversos assuntos de interesse mundial. na economia mundial nos últimos anos (principalmente em
Ainda com relação a essa grande internacionalização da 2008) estariam as chamadas operações financeiras especula-
economia (ampliação do comércio e dos investimentos ex- tivas, as quais tiveram como consequência direta uma refor-
ternos em países dependentes dos mais ricos), é importante mulação do papel do Estado entre os países mais ricos, agora
pontuar que todo esse processo foi acelerado pelo desenvol-
mais intervencionistas do que antes. Buscando amenizar os
vimento tecnológico dos meios de produção (tornando-os
efeitos nocivos das crises, as medidas adotadas pelos gover-
mais eficientes) e dos meios de comunicação. Consequente-
nos na tentativa do controle do déficit público e da inflação
mente, as transações econômicas internacionais e o mercado
(juros altos), contribuem para a concentração de renda e o
financeiro também se desenvolveriam (hoje, principalmente
desemprego, fato que tem levado as populações de muitos
pela virtualização da economia pela rede mundial), permitin-
países a irem às ruas manifestarem seu descontentamento.
do que as corporações multinacionais se proliferassem pelo
mundo. Assim, sobre a globalização, pode-se afirmar ser um
Para além do aspecto econômico propriamente dito, a processo de duas vias: se há avanços por um lado (como no
globalização possibilitou uma maior aproximação das nações tocante às relações sociais, ao intercâmbio cultural e à possi-
no que tange à discussão em Conferências Internacionais, bilidade de uma maior troca comercial), há retrocessos pelo
por meio de órgãos como a ONU, acerca de assuntos de in- outro (como o aumento da miséria e da desigualdade social,
teresse geral, como a fome, a pobreza, o meio ambiente, o da intolerância religiosa e cultural, a perda de poder dos Esta-
trabalho, etc. Um bom exemplo seria como está sendo tra- dos em detrimento das grandes corporações multinacionais).
tada a questão da possibilidade da formação de um Estado
Palestino em 2011, ou as questões ambientais. Questões Ambientais
Já do ponto de vista cultural, há um processo de sobre- Embora nas últimas décadas os problemas ambien-
posição e aproximação de culturas, costumes, porém com o tais tenham ganhando importância e grande espaço nas
predomínio do padrão ocidental, processo este que pode ser discussões políticas, necessário esclarecer que as primeiras
chamado de ocidentalização do mundo. O padrão de vida, os preocupações com a qualidade do ar datam de longe, já na
valores, a cultura (música, cinema, moda) – isso sem se falar era pré-cristã, sendo tal fato devido ao uso do carvão como
no idioma inglês, que é visto como universal – enfim, direta combustível, uma vez que as cidades dessa época apresen-
ou indiretamente representam o poder hegemônico dos Es- tavam problemas relacionados à baixa qualidade do ar. Face
tados Unidos em todo o mundo. Ao passo em que se tem do agravamento da situação nas cidades da era pré-cristã, no
uma tendência à homogeneização de valores culturais, tem- final do séc. XIII foram baixados os primeiros atos de controle
se o aumento do processo de intolerância e xenofobia em de emissão de fumaça.
países como EUA e França. A questão dos atentados de 11 Em 1952, um acidente ocorrido durante o inverno na ci-
de setembro de 2001 pode ser um exemplo da intolerância dade de Londres – um episódio de inversão térmica impediu
tanto de alguns grupos do Oriente com relação ao Ociden- a dispersão de poluentes causados pelas indústrias e aque-
te, assim como também por parte do Ocidente com relação cedores domiciliares que usavam carvão como combustível
ao Oriente, haja vista a forma como os Estados Unidos em- – formou uma nuvem composta de altos teores de enxofre
preenderam um revanchismo em nome da “segurança mun- e material particulado, permanecendo por cerca de três dias,
dial” contra o terrorismo. A despeito da crise econômica que fato que ocasionou de inúmeras pessoas.
89
HISTÓRIA
90
HISTÓRIA
91
HISTÓRIA
Na medida em que a propriedade da terra estabelecia A religião politeísta romana, em muitos aspectos similar
disputas de poder, vemos que alguns genos passaram a se à da Grécia antiga foi a principal do Estado durante boa parte
mobilizar em defesa de seus territórios. Tínhamos assim, a de sua história, até 313, quando o imperador Constantino
formação das fratrias, que eram formadas como meio de institui o Edito de Milão, que tornaria o cristianismo religião
preservação das terras. Com o passar do tempo, as fratrias oficial do império até o seu final. Em 395, o imperador Teo-
também se uniriam coletivamente para a organização das dósio divide o império, estabelecendo uma duarquia, com
tribos, que também desempenhavam – em uma escala mais um imperador em Roma, responsável pela metade ociden-
ampla – a defesa das terras dos genos pertencentes a uma tal e outro em Bizâncio, responsável pela metade oriental do
determinada região. império.
A partir do momento que as demandas políticas dessas
comunidades se tornavam cada vez mais recorrentes, vemos Declínio de Roma
que essas associações de cunho militar passar a ter outro A queda do Império Romano se deveu a uma desestru-
significado. O agrupamento das tribos e a influência dos Eu- turação econômica, social e cultural, iniciada em meados do
pátridas determinaram a formação das primeiras Cidades Es- século III da Era Cristã, que fragilizaram Roma, tornando-a
tado, ou seja, as pólis gregas. Em muitas dessas pólis, vemos vulnerável às invasões de outros povos, conhecidos como
que a povoação se desenvolvia em torno da acrópole. Situa- povos bárbaros, o que conduziu o sistema à sua total aniqui-
da no ponto mais alto da cidade, esse espaço congregava os lação no século V.
palácios e templos de uma pólis. O declínio de Roma se deveu a um declínio econômico,
Por meio da criação da pólis, não determinamos somen- cultural e militar.
te o estabelecimento de uma aristocracia responsável pelo
destino político de toda uma população. Sob o ponto de vis- Declínio econômico
ta histórico, a formação das pólis instituiu um espaço em que O sistema econômico romano era pautado na escravidão
diferentes formas de organização políticas foram criadas e como sistema de produção referido aos latifúndios – grandes
desenvolvidas. Ao racionalizar a vida em sociedade, a pólis propriedades de terra. Os produtos, por sua vez, eram co-
abre caminho para outros tipos de experiência política. mercializados nas cidades e no mercado internacional. Com
os grandes lucros para os latifundiários e comerciantes, o
governo obtinha uma volumosa arrecadação fiscal, gerando,
Império Romano do Ocidente
assim, recursos financeiros suficientes para custear não só as
Recebe o nome de Império Romano (em latim, Impe-
despesas administrativas, mas também com o custeio dos
rium Romanum) o estado existente entre 27 a.C. e 476 d.C.
legionários, cuja função de promover guerras de conquistas
e que foi o sucessor da República Romana. De um sistema
e expedições estrangeiras, terminavam por abastecer Roma
republicano semelhante ao da maioria dos países modernos,
com escravos, permitindo, assim, o funcionamento do siste-
Roma passa a ser governada por um imperador vitalício, e
ma econômico.
que em 395 dividirá o poder com outro imperador baseado
A partir do século III, observamos a crise do sistema eco-
em Bizâncio, (depois rebatizada Constantinopla e atualmente
nômico de Roma em razão da crise de produção ocasionada
Istambul). Foi em sua fase imperial (por volta de 117 d.C.) pela redução do número de escravos. Com a divisão dos lati-
que Roma acumulou o máximo de seu poder e conquistou a fúndios em pequenas propriedades, a manutenção de escra-
maior quantidade de terras de sua história, algo em torno de vos se tornava cada vez mais custosa: muitas vezes, os gas-
6 milhões e meio de quilômetros quadrados, um território do tos com a alimentação e vestuário dos escravos terminavam
tamanho do Brasil, sem os estados do Pará e Mato Grosso. por consumir toda a produção, nada restando em termos de
O império tinha por característica principal uma estrutu- lucro, impedindo, assim, o investimento na manutenção de
ra muito mais comercial do que agrária. Povos conquistados aquisição de escravos para trabalhar, culminando com a re-
eram escravizados e as províncias (regiões controladas por dução na produção, culminando em um círculo vicioso de
Roma) eram uma grande fonte de recursos. O primeiro im- redução de escravos – baixa produção – altos custos – menos
perador foi Otávio, entre 27 a.C. a 14 d.C. Antes, porém, é im- lucro.
portante citar Júlio César, que com suas manobras políticas Por força desse conjunto de motivos, os proprietários de
acabou por garantir seu governo vitalício, entre 49 a.C. até terras recorreram ao sistema de arrendamento para buscar
seu assassinato em 44 a.C. Apesar de não ser considerado uma saída para a crise. Com esse sistema, os trabalhadores
imperador, César foi o verdadeiro responsável pela consoli- passaram a sustentar-se com os produtos de seu trabalho,
dação do regime; prova disso é que todos os seus sucessores cultivando uma gleba de terra arrendado pelo proprietário,
passam a receber o título de “césar”, e seu perfil é incluído que também dava casa a esses trabalhadores. Em contra-
em meio ao dos imperadores romanos na histórica obra “As partida, os trabalhadores, para recompensar o proprietário
Vidas dos Doze Césares”, de Suetônio. pelos benefícios obtidos, eram obrigados a trabalhar alguns
O Império Romano foi governado por várias dinastias: dias durante a semana nas terras desse. Dessa forma, muitos
- Dinastia Júlio-Claudiana (de 14 a 68) escravos deixaram sua condição para se tornarem colonos.
- Dinastia dos Flávios (de 69 a 96) Todavia, muitos trabalhadores livres e independentes, em
- Dinastia do Antoninos (de 96 a 192) função da crise, foram rebaixados a essa condição de colo-
- Dinastia dos Severos (de 193 a 235) nos, alguém que não era livre por estar preso à terra. Com
92
HISTÓRIA
isso, a cidade deixa de ser o centro da vida romana, haja vista O que ocorreu foi que à medida que os bárbaros foram
a grande migração de plebeus urbanos para o campo, com invadindo o Império, buscou-se estabelecer acordos com vis-
vistas a se tornarem colonos, fugindo dos problemas oriun- tas a que eles, recebendo terras, se fixassem num determina-
dos da crise política e militar romana. A economia, ruraliza- do território Em troca, ficavam a serviço do imperador para
da, permitiu o surgimento de unidades de produção autô- lutar contra os inimigos de Roma. Nesse contexto, os bárba-
nomas do resto da sociedade; surgem as vilas, construções ros não eram propriamente inseridos à sociedade romana,
protegidas por muros e fossos, onde habitavam o senhor e mas sim admitidos como grupos diferenciados, com seus lí-
seus dependentes. O senhor era o responsável por garantir deres próprios. Com o tempo, essas tribos emanciparam-se
a segurança de todos, dirigindo a vida política, econômica e da tutela romana, criando seus reinos e levando à eclosão do
militar de sua propriedade e daqueles que nela habitavam e Império.
laboravam. Os mais temidos dos povos bárbaros eram o hunos, que
Em contrapartida, houve, em função dessa crise, uma chegaram à Europa em 375. Receosos dos hunos, os visigo-
massiva inflação, promovida pelos imperadores, que emi- dos estabeleceram-se no Império Romano, nas supracitadas
tiam moeda para compensar a falta de circulação econômica, condições. Como os hunos não atacaram, os visigodos co-
destruindo a moeda corrente, tornando nulo o cálculo eco- meçaram a expandir seu domínio na região em que haviam
nômico a longo prazo, haja vista a desvalorização diuturna da se estabelecido, o que levou o imperador Valente a tentar
moeda que tornava imprevisível o retorno dos investimentos, expulsá-los, sem sucesso. Com a morte de Valente em 378,
e consequentemente a acumulação de capital. O lucro era Teodósio assumiu o império, concedendo terras aos visigo-
cada vez mais difícil e o acúmulo de capital era inútil, pois dos, no intuito de acalmá-los. Em 395, Teodósio procedeu
esse se consumia sozinho, pela altíssima inflação. A emissão uma divisão administrativa do Império em duas partes: Im-
de dinheiro, com vistas a permitir o fluxo de produtos e a pro- pério Romano do Ocidente, cuja capital era Milão, e Império
dução, gerou o excesso de moeda com escassez de bens: os Romano do Oriente, com capital em Constantinopla.
comerciantes e produtores aumentavam os preços dos seus Com a morte de Teodósio, seus dois filhos lhe sucede-
bens muito mais do que os salários podiam acompanhar: o ram: Honório, no Ocidente, e Arcádio, no Oriente. Ambos
eram auxiliados por chefes bárbaros. Nesse período têm iní-
dinheiro valia cada vez menos e as pessoas compravam tam-
cio as mais violentas investidas dos visigodos, dando início
bém cada vez menos. A inflação tornou a lucratividade ainda
à sua grande invasão, que culminou com a constituição do
mais difícil, resultando, assim, num colapso geral do sistema
Reino Visigótico, construído dentro das fronteiras do Impé-
de produção e comércio em larga escala, bem como a des-
rio Romano do Ocidente. A esse evento, seguiram-se as in-
truição da divisão do trabalho até então vigente e o êxodo
vasões dos vândalos, dos burgúndios e dos hunos. Ao final,
urbano: a migração da população para o campo.
somente restou a Itália sob o controle dos romanos. Em 476,
o Império Romano do Ocidente ruiu por completo, com o
Declínio Político-Cultural
assassinato do imperador Júlio Nepos por Orestes, um huno.
A naturalização de alguns povos bárbaros e o contato No mesmo ano, o filho de Orestes, Rômulos Augústulus, que
com outras culturas fez com que os romanos, insatisfeitos havia sido sagrado imperador no lugar de Julio Nepos, foi
com a crise, começassem a por em xeque o poder divino dos deposto por Odoacro, rei dos hérulos, que se declarou rei
imperadores, levando-os a concluir que a força desses esta- da Itália e aliado do Oriente. O Império parecia reunificado,
va referida ao poderio militar. Com isso, o exército passou mas era só aparência: o imperador tinha poder de comando
a exigir melhores salários e o Império, para atender a essas apenas no Oriente, pois no Ocidente o domínio era exclusivo
demandas, emitia mais dinheiro para pagar aos soldados, o dos bárbaros. Em 488, Zenão, imperador de Constantinopla,
que enfraqueceu a máquina estatal. celebrou um acordo com Teodorico, rei dos ostrogodos, se-
O Império, sem condições de custear a máquina esta- gundo o qual este ficaria com a Itália. Após muitas batalhas
tal, começou um processo de descentralização administra- contra os hérulos, Teodorico afirma-se como rei da Itália, fun-
tiva, atribuindo competência aos senhores para cobrar os dando o Reino Ostrogótico. Era a consolidação do fim do
impostos. Esse processo de ruralização da economia, aliada Império Romano.
à descentralização administrativa e política do Império foi o
primeiro passo para a instituição do sistema feudal, que vigo- Civilização Mesopotâmica
rou em seu apogeu na Idade Média. A Mesopotâmia é uma região histórica do Oriente Mé-
dio (Ásia), incluída no Iraque e banhada pelos rios: Tigre e
Declínio Militar Eufrates. A palavra mesopotâmia, em grego, significa região
A incapacidade de os romanos defenderem suas fron- entre rios. Estendendo-se desde o Deserto da Síria , a N.O,
teiras foi o elemento decisivo para que as invasões bárbaras até as margens do Golfo Pérsico, a S.E., compreende duas
pusessem termo ao Império no século V. Inicialmente, Roma áreas distintas:
compunha seu exército apenas com soldados de origem ro- O Planalto ou Alta Mesopotâmia, de constituição geoló-
mana. Todavia, podemos observar que havia a inclusão de gica complexa, onde predominam formas muito eruditas;
bárbaros “romanizados” nos quadros do exército, o que não A Planície ou Baixa Mesopotâmia, de origem rudimentar
gerou, em princípio, nenhuma desestabilização das relações recente, cheia de lagoas, pântanos e canais naturais.
entre soldados e pátria, uma vez que estes eram cidadãos Uma elevação de 75 metros de altura, situada nas pro-
romanos indistintamente considerados. ximidades da cidade de Bagdá, marca o limite entre ambas.
93
HISTÓRIA
É exatamente nesse ponto que se aproximam bastante Compondo uma parcela menos privilegiada da socieda-
os cursos dos dois famosos rios: o Tigre, que desce das mon- de egípcia, temos os soldados, camponeses e artesãos. Os
tanhas do Curdistão, e o Eufrates, que procede do Planalto soldados viviam dos produtos recebidos em troca dos ser-
da Anatólia, entrelaçando suas águas através de pântanos, viços por eles prestados e, em alguns momentos da história
lagos e canais. Afastam-se a seguir, para reencontrarem-se egípcia, eram recrutados entre povos estrangeiros. Os cam-
pouco antes da foz, fundindo-se num só: o Chat-el-Arab (Rio poneses trabalhavam como servos nas terras do Estado e re-
dos Árabes), que se lança no Golfo Pérsico. cebiam pouco pela função que exerciam. Da mesma forma,
Em junho e julho, as águas desses rios avolumam-se, de- os artesãos tinham uma vida bastante simples e trabalhavam
vido à fusão das galerias existentes nas cabeceiras e pelas nas construções e oficinas existentes no país.
Não exercendo grande importância, os escravos forma-
fortes chuvas que caem nos cursos superiores e transbordam
vam uma classe reduzida no interior da sociedade egípcia.
por sobre a planície, fertilizando-se nas cabeceiras.
Em geral, estes escravos eram obtidos por meio das conquis-
Essa rica planície atraiu uma série de povos, que se en- tas militares. Curiosamente, esses não viviam uma condição
contraram e se misturaram, empreenderam guerra e domi- social radicalmente subalterna com relação aos seus donos.
naram uns aos outros, formando o que denominamos “civili- Mais tolerantes aos estrangeiros que outros povos, os egíp-
zação mesopotâmica”. Entre esses povos temos: cios tinham o costume de zelar pela condição de vida dos
- Os Sumérios escravos postos sob o seu domínio.
- Os Babilônicos
- Os Assírios A escrita
- Os Caldeus A principal escrita egípcia eram os hieróglifos, que foram
decifrados em 1822 pelo francês Jean-François Champollion.
Civilização Egípcia Os egípcios também tinham outros dois tipos de escrita, a
No Egito Antigo observamos uma estrutura bastante rí- hierática que era hieroglífica simplificada e a demótica que
gida, na qual a possibilidade de ascensão era mínima entre era mais simples e rápida.
seus integrantes. No topo dessa hierarquia estava o Faraó,
governante máximo do Estado e adorado como uma divin- As artes
dade viva descendente de Amon-Rá. A função político-reli- A parte artística e cultural dos povos egípcios estava re-
giosa por ele ocupada imprimia uma natureza teocrática ao lacionada a tradições religiosas e funerárias. Pouca parte das
obras egípcias foi criada como a arte pela arte, praticamente
governo egípcio. Para a população, a prosperidade material
quase todas estavam interligadas num contexto religioso e
estava intimamente ligada às festas e rituais feitos em sua
político, como a representação do faraó.
homenagem. O que mais marcou a arquitetura foram as grandes pi-
Logo abaixo de seu sagrado governante, os sacerdotes râmides construídas no Antigo Egito, com suas proporções
compunham um primeiro e restrito grupo social privilegiado. gigantescas e com larga utilização da pedra como matéria
A função de mediadores entre os deuses e os homens lhes -prima. Até hoje nos dias atuais, ainda não se sabe direito
concedia enorme prestígio entre os demais membros da so- como foram construídas essas pirâmides, os historiadores
ciedade egípcia. Responsáveis pelo equilíbrio das atividades dizem que os egípcios utilizavam rampas de terra para co-
religiosas, tomavam a tarefa de administrar todos os bens a locar os milhares de blocos de pedra uns sobre os outros, e
serem ofertados pelos deuses. Dessa forma, acabavam acu- quanto ao transporte, teria sido usado, provavelmente, tre-
mulando uma expressiva quantidade de bens materiais ao nós. As pirâmides representavam à força política e perpétua
longo de sua vida. do governante divinizado e tinham relação com a imortali-
Muito próximos da condição privilegiada vivida pela dade da alma.
classe sacerdotal, os membros da nobreza eram originários Foram construídos também outros túmulos, além das pi-
da família do Faraó, dos líderes do Exército e dos altos fun- râmides, os hipogeus, que eram subterrâneos, e as mastabas,
cionários do governo. Logo em seguida, os escribas forma- que eram trapezoidais.
vam um setor intermediário da sociedade egípcia. Em razão Nas esculturas era observada a lei do frontalidade, ou
de sua formação escolar privilegiada, em que aprendiam a seja, o corpo humano era representado de frente e dividido
em duas partes iguais, e o hieratismo, ou seja, a rigidez.
escrita e a leitura dos hieróglifos, eram remunerados para au-
Nas pinturas era utilizada a pintura afresco, e as pintu-
xiliarem no desenvolvimento de várias atividades comerciais
ras eram representadas com o rosto, pés e pernas de perfil,
e administrativas. enquanto que os olhos e o tórax eram vistos de frente. Eram
Os comerciantes também tinham grande importância representadas cenas do cotidiano nas pinturas, e tinham
para o desenvolvimento da economia egípcia ao promo- também a função decorativa. A pintura era realizada princi-
verem a circulação de riquezas entre seu povo e as demais palmente na folha de papiro.
civilizações vizinhas. Graças à sua ação, era possível o aces- Os egípcios sabiam lidar bem com cálculos e faziam pre-
so a uma série de produtos, como a madeira, utilizada na visões das cheias do Nilo.
construção de embarcações e sarcófagos; o cobre e o esta- A literatura era basicamente em cima da ideologia reli-
nho, metais úteis na fabricação de armamentos militares; e giosa e moral. Um dos livros mais importantes da literatura
ervas, geralmente empregadas na medicina e nos processos egípcia é o Livro dos Mortos ou Livro Sagrado, que seria para
de mumificação. eles como uma bíblia.
94
HISTÓRIA
Para eles haviam 360 dias divido em 12 meses, mais 5 Por volta de 1400 a.C, os fenícios já eram os maiores co-
dias de festas religiosas. O calendário baseava-se no movi- merciantes da antiguidade. Consagrados notáveis navegado-
mento do Sol. As estações eram ditas conforme a agropecuá- res, fundaram povoados em varias regiões do Mediterrâneo.
ria: verão, estação das cheias e inverno. Com o aumento da população fenícia, eles fundaram colô-
nias no Norte da África e na Península Ibérica, chegando até
A religião as ilhas britânicas banhada pelo Oceano Atlântico.
Os egípcios acreditavam na imortalidade da alma, no As principais colônias fenícias eram a Cidade de Cartago,
juízo final e no retorno da alma ao mesmo corpo, por esse Cadiz, Sicília e Chipre.
motivo, quando mortos, os faraós eram embalsamados para O maior legado dos fenícios foi a invenção do Alfabeto
que o seu corpo se conservasse até a sua volta. Fenício, sinais que correspondiam aos sons das consoantes.
A religião era de caráter politeísta. A religião desempe- Os gregos copiaram este alfabeto e o difundiram em boa
nhou um papel de predomínio no cotidiano e no padrão cul- parte do mundo.
tural. O território da Fenícia sempre foi cobiçado por outros
A representação divina podia ser de três formas: zoo- povos da antiguidade. Em 330 a.C, a terra dos fenícios seria
mórfica, antropomórfica e antropozoomórfica. conquistada por Alexandre Magno da Macedônia.
As ricas colônias fundadas por eles no mediterrâneo se-
Civilização Fenícia ria absorvidas pelos romanos após as guerras púnicas, confli-
Povo que consagrou-se como os maiores navegadores to que envolveu Cartago contra Roma.
do Mundo Antigo.
Por volta de 2000 a.C., os Fenícios ocuparam uma estreita Civilização Hebraica
faixa de terra no mediterrâneo oriental. Os hebreus são conhecidos como israelitas ou judeus.
Nos dias de hoje, o território da antiga civilização Fenícia Antepassados do povo judeu, os hebreus têm uma histo-
corresponde as nações do Líbano e Síria.Fracassada a tenta- ria marcada por migrações e pelo monoteísmo.
tiva de praticar a agricultura em seus territórios, os Fenícios Muitas informações sobre a história dos hebreus ba-
viram no comércio a principal fonte de riqueza das cidades. seiam-se na interpretação de textos do Antigo Testamento, a
O comércio feito com os povos egípcios e mesopotâmi- primeira parte da Bíblia. O Antigo testamento foi escrito com
cos, fez com que os fenícios enricassem rapidamente. Foi ai base na tradição oral dos hebreus. Consta dele, por exemplo,
então que eles decidiram expandir a atividade comercial em a interpretação feita por esse povo da origem do mundo e de
todo o mediterrâneo. muitas das normas éticas e morais de sua sociedade. Convém
O cedro, objetos de metais, tecidos, cerâmicas, jóias e ressaltar, entretanto, que esses textos são repletos de símbo-
tinturas, eram os principais produtos comercializados pelos los e sua interpretação é bastante difícil.
Fenícios. Vestígios da sociedade hebraica continuam sendo en-
O terra natal dos fenícios, possuía uma grande floresta contrados. Eles contribuem para lançar novas luzes sobre a
repleta de Cedro, madeira usada na construção de embar- história dos hebreus.
cações. Valendo-se dessas embarcações, os Fenícios explo- Segundo a tradição, Abraão, o patriarca fundador da na-
raram as regiões costeiras do Mar Mediterrâneo a procura ção hebraica, recebeu de Deus a missão de migrar para Ca-
de recursos minerais. Com a multiplicação das embarcações, naã, terra dos cananeus, depois chamada de palestina, onde
a Fenícia transformou-se na maior potência marítima da an- se localiza hoje a Estado de Israel.
tiguidade. Após passarem um período na terra dos cananeus, os
hebreus, foram para o Egito, onde viveram em 300 e 400
A Religião anos, e acabaram transformados em escravos. Sua historia
As divindades fenícias estavam relacionadas a natureza. começa a ganhar destaque a partir do momento em que re-
Em troca da fecundidade do solo e da abundância de uma solvem sair do Egito e, sob a liderança de Moisés, voltar a Ca-
boa colheita, os deuses exigiam oferendas. Para agradar aos naã. Na história judaica, esse retorno é chamado de êxodo e
seus deuses, os fenícios realizavam sacrifícios humanos. aconteceu entre 1300 e 1250 a.C.
Baal, Astarteia, Dagon, Ayan e Anat, eram os principais Em 70 d.C., a Palestina era uma província do Império Ro-
deuses da religião fenícia. Não foram construídos templos mano; as muitas rebeliões ocorridas na região levaram o go-
religiosos em homenagem a esses deuses, os cultos eram verno imperial a expulsar os hebreus da Palestina. Esse acon-
feitos ao ar livre. tecimento é denominado de diáspora. Até 1948, quando foi
fundado o estado de Israel, os judeus viveram sem pátria,
A Sociedade Fenícia atualmente são os palestinos que não tem pátria, pois suas
A Civilização Fenícia era uma sociedade de mercadores. terras foram tomadas pelos israelenses.
Sem governo centralizado, as Cidades de Biblos, Sidon e Tiro Praticam a agricultura, o pastoreio, o artesanato e o co-
eram independentes uma das outras. Estas cidades eram go- mércio. Têm por base social o trabalho de escravos e servos.
vernadas por ricos comerciantes e aristocratas. A população As tribos são dirigidas de forma absoluta pelos chefes de
fenícia era formada de marinheiros, artífices, camponeses e família (patriarcas), que acumulam as funções de sacerdote,
escravos. juiz e chefe militar. Com a unificação destas, a partir de 1010
95
HISTÓRIA
a.C., elegem juízes para vigiar o cumprimento do culto e da Inventaram a âncora, aperfeiçoando-a de tal maneira
lei. Depois se unem em torno do rei. Produzem uma literatura que até hoje é utilizada, sem grandes modificações.
dispersa, mas importante, contida em parte na Bíblia e no Quanto a moeda, foi aperfeiçoada e transformada pelos
Talmude. gregos em instrumento normal de troca expandindo-a por
toda a parte.
Localização Os gregos inventaram e construíram o relógio de sol. Foi
A Palestina localizava-se em uma estreita faixa a sudoeste um sábio grego (Arquimedes) nascido em Siracusa, que esta-
do atual Líbano. O rio Jordão divide a região em duas partes: beleceu o princípio geral da alavanca, inventou o parafuso e
a leste a Transjordânia; e a oeste, a Cisjordânia. Essa região é porca, a roldana, as engrenagens, entre outras.
atualmente ocupada pelo estado de Israel. A ciência desenvolveu-se devido aos grandes filósofos
Até hoje a região é bastaste árida. O principal rio é o gregos, homens que se dedicavam ao estudo de vários ramos
Jordão, e assim mesmo não era suficiente para grandes obras do conhecimento humano (Física, Matemática, Astronomia,
de irrigação. Um solo pouco fértil e um clima bastante seco etc...) assim sendo, a filosofia (literalmente: amor a sabedoria)
impediam que a região fosse rica. No entanto, tinha bastante englobava todas essas ciências.
importância, pois era passagem e ligação entre a Mesopotâ- Hipócrates de Cós, ( o Pai da Medicina), estabeleceu que
mia e a Ásia Menor. E foi nessa região que assentou o povo as doenças tinham causas naturais e por isso deveriam ser
hebreu, um entre os muitos que vagaram e se estabeleceram tratadas por processos também naturais e não através de ma-
na Palestina. gias. Dessa maneira, os gregos dotaram as criações orientais
de um novo espírito, o espírito da ciência, ou seja, da explica-
Organização social e política dos hebreus ção racional dos fatos.
Após a morte de Moisés, os hebreus chegaram à pa-
lestina e, sob a liderança de Josué, que cruza o rio Jordão, Alguns Filósofos e Artistas Gregos
combate com os cananeus que então habitavam a terra pro- Tales de Mileto: admitia a existência de um elemento bá-
metida. Vencidos os cananeus, os israelitas se estabelecem sico – a água – do qual derivam todas as coisas do universo.
na Palestina. Nessa época, o povo hebreu estava dividido em Anaximandro: desenvolveu a teoria de que os primeiros
12 tribos (“os doze filhos de Israel”), que viviam em clãs com- animais viveram na água.
postos pelos patriarcas, seus filhos, mulheres e trabalhadores Pitágoras: matemático, pioneiro das ciências naturais, as-
não livres. trônomo e reformador moral.
O poder e prestígio desses clãs eram personificados Ésquilo: primeiro dos grandes dramaturgos gregos.
pelo patriarca, e os laços entre esses clãs eram muito frágeis. Fídias: escultor, escultor da estatua de Atena, protetora de
Porém, devido às lutas pelas conquistas de Canaã ou Terra Atenas, do Partenon e da estátua de Zeus Olimpo.
Prometida, surgiu necessidade do poder e do comando es- Heródoto: grande historiador considerado o “Pai da His-
tar nas mãos de chefes militares. Estes chefes passaram a ser toria”, viajava em busca de fatos.
conhecidos como Juízes. Sócrates: grande filosofo, frase celebre: “Conhece-te a ti
Com a concentração do poder em suas mãos, os juízes mesmo”.
procuraram à união das doze tribos, pois ela possibilitaria Platão: discípulo de Sócrates
a realização do objeto comum: O domínio da Palestina. As Aristóteles: discípulo de Platão, foi um dos criadores do
principais lideranças deste período foram os juízes: Sansão, método cientifico, valorizando a experiência e comprovação.
Otoniel, Gideão e Samuel, todos eram considerados enviados
de Jeová, para comandar os Hebreus. Legado Cultural Romano
A união das doze tribos era difícil de ser conseguida e Ao longo de sua história, a cultura romana foi nitidamen-
mantida, pois os juízes tinham um poder temporário e mes- te influenciada por diferentes povos. Muitas dessas trocas cul-
mo com a unidade cultural, (língua, costumes, e, principal- turais desenvolveram-se com mais intensidade na medida em
mente religião), havia muita divisão política entre as tribos. que o processo de expansão territorial romano foi ganhando
Assim foi preciso estabelecer uma unidade política. Isto foi maiores proporções. Mesmo estes chamando os estrangeiros
conseguido através da centralização do poder nas mãos de de bárbaros, termo que diferenciava aqueles que não sabiam
um monarca, Rei, o qual teria sido escolhido por Jeová para falar o latim, os romanos foram marcados principalmente pe-
governar. las civilizações da própria Península Itálica.
96
HISTÓRIA
O Jus Civile era o principal conjunto de leis e era inspirado político. Entre os germanos não existia a noção de Estado.
nos mais antigos costumes e tradições romanas. Desprovidos Cada chefe possuía autonomia, de tal forma que só em épo-
das mesmas benesses jurídicas, os estrangeiros tinham um ca de guerra ou perigo os chefes se submetiam à autoridade
código de leis próprio chamado Jus Gentium. Com relação suprema de um “rei”.
às relações familiares, o direito romano destinava o Jus Pu- Assim sendo, surgiu entre os germanos uma instituição
blicum. A tradição jurídica em Roma consolidou diversas es- chamada Comitatus. Nessa organização (na verdade um
colas de Direito que formavam os juristas responsáveis pelos bando armado), as relações entre comandante e comanda-
processos jurídicos da época. Conservando seus princípios dos eram diretas e recíprocas, baseadas em juramentos de
ao longo dos tempos, o Direito Romano influenciou a cultura lealdade e fidelidade. Tais características iriam ser mantidas
jurídica de diferentes povos europeus. nas relações políticas do feudalismo.
O processo de integração das estruturas românicas e
germânicas foi lento, cobrindo todo o período que vai do
século V ao IX. Isto porque a forma de integração dependia
7. MUNDO MEDIEVAL. dos fatores conjunturais, relacionados com as invasões que
7.1. Formação e desenvolvimento do assolaram a Europa do século V ao IX, semeando a insegu-
sistema feudal. rança, dificultando as comunicações, enfraquecendo o poder
7.2. A organização política feudal; os político e atomizando a sociedade, de forma a ter no feudo
reinos cristãos da Península Ibérica. sua unidade fundamental.
7.3. O crescimento comercial-urbano e a As invasões germânicas (séculos V e VI) visaram inicial-
desagregação do feudalismo. mente aos centros urbanos do Império, a fim de saqueá-los;
7.4. A Civilização Muçulmana. mas depois tenderam a se fixar nas regiões favoráveis às ati-
7.5. O legado cultural do Mundo Medieval. vidades agrárias. Com isso, completaram o êxodo urbano já
7.6. A Civilização Bizantina. iniciado no Baixo Império Romano e cortaram as comunica-
ções entre as unidades rurais e urbanas, enfraquecendo as
segundas e forçando as primeiras à autossuficiência. O poder
político, incapaz de conter as invasões, viu-se na contingên-
Sistema Feudal cia de transferir as funções de defesa para os proprietários
A Alta Idade Média é o período inicial da Idade Média. rurais. Dessa forma, completava-se a descentralização do po-
Começa no século V e termina no século XI. Caracteriza-se der, o qual iria se tornar localizado.
pela formação do sistema feudal – feudalismo (do século Em seguida às invasões germânicas, vieram os muçulma-
V ao IX) e por sua cristalização (do século IX ao XI), isto é, nos (século VIII). Os árabes tinham se unificado politicamente
quando o feudalismo esteve plenamente estruturado. Após depois da união religiosa conseguida por Maomé, organiza-
o século XI, o sistema feudal entrou em crise e foi substituído dor do islamismo. A religião islâmica, sintetizada no Corão
pelo sistema capitalista, num processo muito lento que só se e na Suna, pregava a guerra santa aos infiéis, justificava o
completaria no século XVIII. direito de saquear os infiéis (botim) porque não aceitavam
o Deus criador dos bens materiais. A elevada pressão demo-
Origens do sistema feudal gráfica na Arábia (havia poligamia), mais os fatores religiosos
O feudalismo é um sistema caracterizado pela economia e econômicos, explicam a fulminante conquista empreendida
de consumo, trocas naturais, sociedade estática e poder po- pelos muçulmanos. Conquistaram o Oriente Médio, o Norte
lítico descentralizado. Os fatores que explicam o surgimento da África, a Península Ibérica, o Sul da França e as ilhas do
desse sistema na Europa podem ser divididos em estruturais Mar Tirreno (Córsega, Sardenha e Sicília). Mas a pirataria mu-
e conjunturais.
çulmana impedia a navegação de barcos cristãos pelo Me-
Os fatores estruturais estão representados pelas institui-
diterrâneo. Dessa forma, a Europa ficou isolada do Oriente
ções econômicas, sociais, políticas e culturais dos romanos
e quase desapareceram o comércio, as cidades e a própria
(Império Romano do Ocidente) e dos povos germânicos que
economia de mercado, com suas trocas monetárias. Comple-
se fixaram dentro do Império a partir do século V.
Os principais elementos romanos que contribuíram para ta-se então, na Europa Meridional, o processo de ruralização
a formação do feudalismo foram: a economia agrária e autos- econômica.
suficiente das vilas romanas; as relações de meação (sendo o Quando os muçulmanos completaram sua tomada de
colonato a mais importante) existentes no campo durante o posição no sudoeste da Europa, o Ocidente europeu come-
Baixo Império; o distanciamento social entre os proprietários çava a sofrer os ataques dos normandos (vikings), proceden-
e os trabalhadores (clientes, colonos e precários); e o poder tes da Noruega e da Dinamarca. Os normandos eram ligados
político-militar localizado. Todos estes aspectos eram resulta- às atividades marítimas, pescadores e piratas que, por volta
do da crise econômica e política do Império Romano. do século IX, aterrorizaram as Ilhas Britânicas e a França com
Os elementos germânicos que entraram na formação suas incursões. Não se restringindo aos ataques no litoral,
do feudalismo foram: a economia agropastoril; o regime de subiam o curso dos rios e saqueavam as populações ribeiri-
trocas naturais; a sociedade, em que os guerreiros se sub- nhas, pilhando vilas, mosteiros e igrejas, roubando o gado e
metiam à autoridade de um chefe militar; e o individualismo escravizando os cristãos. Dado esse duplo caráter, marítimo
97
HISTÓRIA
e fluvial, de suas operações, não havia na Europa força militar A técnica adotada na agricultura era rudimentar. Somen-
adequada para contê-los. As áreas mais atingidas foram a te as terras mais férteis eram ocupadas. Adotava-se o sistema
Inglaterra e o noroeste da França, onde uma parte dos nor- de três campos (divisão da gleba em três partes, destinadas
mandos veio a se fixar, dando origem à Normandia. sucessivamente à forragem, ao plantio de cereais e ao pou-
Na Europa Oriental, ou, mais precisamente, em terras da sio), fazendo-se rotação trienal para evitar o esgotamento do
Rússia e Ucrânia atuais, os normandos da Suécia (conhecidos solo.
como varegues) realizaram uma penetração de caráter prin-
cipalmente comercial, pois as populações locais eram dema- A sociedade feudal
siado atrasadas para oferecer boas perspectivas de pilhagem.
A sociedade feudal pode ser definida como estamental,
Seguindo o curso dos rios que desembocam no Mar Negro,
devido a sua imobilidade e ao fato de a posição do indivíduo
os varegues acabaram estabelecendo contatos mercantis
ser determinada pelo nascimento. Os estamentos básicos
com Constantinopla, onde trocavam trigo e produtos da Eu-
ropa Setentrional por artigos manufaturados. eram dois: senhores e servos. O senhor se caracterizava pela
Ainda no século IX, os magiares (húngaros), procedentes posse legal da terra, pelo poder sobre os servos e pela con-
da Ásia Central, invadiram a Europa, aumentando a insegu- sequente autoridade política local; esta última incluía o poder
rança geral. A situação agravou-se com a chegada dos esla- militar, jurídico e religioso (no caso dos senhores eclesiásti-
vos, vindos das estepes russas. cos). O servo correspondia ao pólo social oposto. Era preso à
No século IX, portanto, definiu-se na Europa um quadro terra e inteiramente subordinado ao senhor (na medida em
de instabilidade generalizada, o qual criaria as condições ne- que lhe devia obrigações costumeiras); mas tinha a posse útil
cessárias para a consolidação das estruturas feudais. da terra e o direito à proteção senhorial.
Afora essas situações sociais básicas, poder-se-iam men-
O modo de produção do sistema feudal cionar algumas outras. Os escravos eram em número redu-
zido e viriam a desaparecer, fosse porque se destinavam aos
A economia feudal afazeres domésticos (função pouco relevante em uma popu-
A economia feudal era fechada, sem mercados externos; lação rarefeita), fosse por causa da proibição eclesiástica de
era também natural, pois as trocas comerciais se realizavam se escravizarem cristãos. Os vilões eram homens livres que
in natura. A produção do feudo destinava-se ao consumo trabalhavam no feudo mediante arrendamento, mas conser-
local, visando à autossuficiência (economia de subsistência). vavam o direito de ir embora, se o desejassem descendiam
O elemento essencial e definidor do feudalismo eram
de pequenos proprietários que haviam entregado sua terra
as obrigações consuetudinárias (costumeiras) devidas pelos
ao senhor, em troca de proteção. Devem ainda ser citados os
servos a seus senhores, tanto em produtos como em servi-
ços. Os bens eram possuídos privativamente, mas a terra — ministeriais, agentes do senhor feudal encangados de man-
um bem econômico fundamental — poderia ser usufruída ter a ordem no feudo e de cobrar as obrigações devidas pe-
por todos (posse coletiva), quando se tratasse de pastagens. los servos; em certas regiões, eles eram chamados de bailios;
O regime de trabalho era servil, pois os servos consti- em outras, de senescais.
tuíam a mão de obra típica do sistema. Eles estavam presos Os ministeriais representavam uma situação de permea-
à terra que cultivavam, sendo-lhes proibido abandoná-la. bilidade social porque podiam ingressar na pequena nobre-
Mas, embora privados de liberdade, não poderiam ser con- za, se o senhor lhes concedesse em benefício uma determi-
siderados escravos, pois tinham alguns direitos e recebiam nada área, como reconhecimento pelos serviços prestados.
proteção de seus senhores. Em troca, deviam-lhes diversas
obrigações, a saber: As instituições políticas
A corveia era o trabalho agrícola realizado pelo servo na Politicamente, o sistema feudal embasava-se nas rela-
reserva do senhor (também denominada manso senhorial); ções de suserania e vassalagem. Suserano era o rei ou nobre
mas podia igualmente compreender serviços como a limpeza que, em troca de determinados compromissos, concedia a
dos fossos e dos caminhos, a conservação das instalações do outro nobre um benefício — geralmente um feudo, corres-
castelo ou ainda atividades artesanais. A talha correspondia pondente a uma extensão de terra com tamanho variável.
à entrega da metade do que o servo produzia em sua gleba Foi a insegurança do período que levou reis e nobres a
(também chamada de manso servil), a qual era constituída de
estabelecer relações diretas entre si, visando à proteção recí-
faixas cultivadas descontínuas, intercaladas com as glebas de
proca. Como os nobres pertenciam a unia aristocracia guer-
outros servos. As banalidades também eram obrigações em
reira de ascendência germânica, era importante poder contar
produtos, pagas pelo uso de certas instalações pertencentes
ao senhor (lagar, forno e moinho). Havia ainda a mão-morta. com seu apoio.
paga pelo servo quando herdava a gleba devido ao faleci- Os grandes senhores procuravam ligar-se a outros se-
mento de seu pai. Finalmente, o vintém, correspondente a nhores menores, com o objetivo de contar com o maior
um vigésimo da produção do manso servil, destinava-se à apoio militar possível. Para isso, existia a subenfeudação, em
manutenção da igreja paroquial. Deve-se notar que todas que um senhor concedia parte de seu feudo em beneficio a
essas obrigações eram fruto dos costumes locais (obrigações outro nobre. Isso fazia com que os senhores feudais pudes-
consuetudinárias), e por isso variavam de uma região para sem ser, simultaneamente, vassalos de um senhor e susera-
outra. nos de outros.
98
HISTÓRIA
Oficialmente, a autoridade política máxima era o rei, por lia, vencedores dos Muçulmanos em Poitiers, no ano de 732.
ser o suserano dos grandes senhores e não prestar vassala- Em 778, depois do desastre franco de Roncesvales, a fronteira
gem a ninguém. Na realidade, porém, o poder se fragmen- cristã no Nordeste peninsular ficará mais definida num eixo
tava entre os senhores feudais, caracterizando uma estrutura entre as Vascongadas, Navarra e Catalunha, a norte, portan-
política descentralizada ou, mais corretamente, localizada. to, da linha de demarcação meridional da Marca de Espanha
Os senhores feudais não constituíam um grupo social carolíngia (criada entre 785 e811).
uniforme. Devido à existência da subenfeudação, formavam Ainda que com uma situação política indefinida em
ima hierarquia que começava no rei e se ramificava até al- termos de auto governação, Galiza, Astúrias e Cantábria, a
cançar o mais modesto dos cavaleiros. É portanto possível par dos núcleos pirenaicos, foram os embriões da aventura
classificá-los em alta nobreza (aqueles que prestavam vassa- cristã da Reconquista e base dos futuros reinos peninsulares
lagem diretamente ao rei) e pequena nobreza (aqueles que medievais. O primeiro reino independente será o das Astú-
eram vassalos de outros senhores). Tais relações se estabe- rias, criado por Pelágio, em 718, que avançará para sul até
leciam pela cerimônia de investidura, a qual compreendia ao Douro, numa primeira fase, ao sabor das suas conquistas
três partes: a homenagem, em que o vassalo reconhecia a militares, ainda em regiões montanhosas ou noutras quase
superioridade do suserano; a investidura propriamente dita, desabitadas. A corte asturiana obedecia ao modelo visigó-
quando o suserano concedia ao vassalo a posse do feudo; tico, tendo tido como primeira capital estável e urbanizada
e o juramento de fidelidade prestado pelo vassalo, o qual acidade de Oviedo.
recebia, em contrapartida, a promessa de proteção por parte Simultaneamente, ao longo do século IX, a partir da re-
do suserano. ferida fronteira carolíngia, formam-se os condados da Cata-
Eram obrigações do vassalo para com seu suserano: lunha(unificados em 985) - entre eles, o de Barcelona, quiçá
prestar auxílio militar, se convocado; hospedar o suserano e o mais poderoso - e o reino de Navarra. Este constituiu-se
sua comitiva, quando de passagem pelo feudo; participar do a partir de um desmembramento do império carolíngio, do
tribunal dos Iguais, presidido pelo suserano, para julgar um qual se aproveitam os senhores locais, que estão na base de
senhor acusado de algum crime; e ainda contribuir para o outros reinos posteriores. Assim, cerca de 840, o chefe Iñigo
dote das filhas e para a cerimônia em que os filhos do su- Arista (c. 770-852) torna-se o primeiro rei de Navarra e fun-
serano feriam armados cavaleiros. Reciprocamente, o suse- dador da dinastia Iñiga. Rapidamente este reino conquistará
rano tinha obrigações para com seu vassalo: proporcionar- posições importantes em termos militares e geográficos,o
lhe proteção militar; garanti-lo na posse do feudo dado em que não obsta a que entre gradualmente na esfera de in-
beneficio; se o vassalo fosse acusado de um crime, assegu- fluência do outro reino cristão peninsular em formação, mas
rar-lhe o direito de ser julgado por um tribunal de senhores; mais antigo, o das Astúrias, que, mercê do seu avanço até ao
exercer a tutoria dos herdeiros menores e proteger a viúva Douro - e mesmo até ao Mondego, no reinado de AfonsoIII
do vassalo falecido. (886-910) - se passa a designar de Leão (a partir de 910), em
virtude da transferência do centro de poderes e decisão as-
Reinos Cristãos da Península Ibérica turiano para aquela antiga urbe. Nesta altura dá-se, por ou-
Em 711, Tarik, governador berbere de Tânger ao servi- tro lado, o repovoamento de várias povoações do Ocidente
ço dos Omíadas, invade a Península Ibérica e em três anos peninsular, como Portucale (Porto), Coimbra, Veseo (Viseu) e
conquista-a na sua quase totalidade. O Nordeste da Galiza Lamecum (Lamego). Algumas destas reconquistas e repo-
e as Astúrias, regiões situadas a norte de sistemas monta- voamentos sofrerão sérios reveses, como em toda a Penínsu-
nhosos de difícil transposição, conseguiram evitar, por via da la, com o contra-ataque de Almançor(981-1002), atrasando
resistência também, a sua submissão ao invasor muçulmano. as linhas de reconquista dos reinos cristãos peninsulares.
Por outro lado, convém salientar que a dominação árabe na Todavia, na sequência dos avanços e dos esforços de
Península, para além de tolerante com osCristãos e Judeus povoamento das regiões reconquistadas (cuja valorização
das regiões conquistadas, só se sentia de forma efetiva e econômica logo renasce), superando-se os ritmos menos rá-
marcante a sul da linha Coimbra Toledo Saragoça, estando as pidos ou as recuperações muçulmanas, surgem outros focos
regiões a norte desta área ocupadas de forma intermitente e secessionistas dentro destes dois primeiros reinos cristãos na
basicamente por pequenos destacamentos militares, às vezes Península. Na região de Burgos, por exemplo, devido às as-
um ou outro povoado pequeno. Esta imensa região estag- pirações independentistas de um nobre terratenente, Fernán
nada e pouco arabizada proporcionou em parte a garantia González, o condado de Castela, a partir da primeira metade
de muitos sucessos da Reconquista. Autênticos bastiões cris- do século X (c. 932), ganha uma autonomia cada vez maior e
tãos herdeiros das tradições visigóticas, as populações cristãs caminha a passos largos para a independência,que só se con-
do Norte peninsular, logo a partir de 740, iniciam investidas cretizará em meados da centúria posterior. A primeira meta-
contra os Mouros, coroadas de êxito em 742 na vitória de de deste século será decisiva para o xadrez cristão peninsular.
Covadonga, povoação nas imediações de Oviedo. Até 748, a Em Navarra, por um lado, dá-se a secessão de Aragão, em
reconquista das Astúrias aproveitará as lutas entre Árabes e 1035, ao passo que o condado da Catalunha (ou de Barcelon)
Berberes na Península, empreendendo arremetidas militares- é cada vez mais forte e autónomo. A oeste, cerca de 1034,
cada vez mais afastadas das montanhas do Norte. Também Navarra ganha posições no reino de Leão, impondo uma di-
no litoral basco e em certos rincões dos Pirenéus,subsistiam nastia própria neste país e a sua hegemonia no condado de
aglomerados cristãos ciosos da sua independência, embora Castela. Sancho III de Navarra (reina entre 1000 e 1035) alar-
aqui contassem com o apoio e cobertura dos Francos da Gá- ga as suas conquistas para as regiões bascas de Guipúzcoa,
99
HISTÓRIA
Biscaia e da Rioja Alavesa. Navarra era então a ponte entre cional que fizeram com a Península, são “substituídos”pelos
a Europa cristã e a Península e o garante da segurança no Almóadas, que conseguem travar os avanços cristãos. Nesta
caminho francês de Santiago. Porém, o esplendor de Navar- altura, a Reconquista cristã na Península definia-se em três
ra não sobreviveria à morte de Sancho, nomeadamente em vetores geográficos distintos: a leste, com Aragão (desde
termos territoriais,a oeste e a sul. No testamento deste mo- 1137 unido ao condado da Catalunha), com uma frente cada
narca, nitidamente de tradição sálica - o que atesta a gran- vez mais estreita, ao centro, com uma progressão mais alar-
de influência francano seu reino - são contemplados os seus gada, Leão e Castela, e, a oeste, um novo reino em fase de
três filhos com a divisão dos territórios sob administração afirmação política e militar, Portugal, independente de Leão
navarra. O seu filho mais velho, Garcia, fica com o território desde 1143, e já a meio do século XII, com avanços substan-
de Navarra (1035-1054), Fernando torna-se no primeiro rei ciais até ao Tejo e incursões no Alentejo. Três polos definidos
de Castela (1035-1065) e Ramiro recebe Aragão (1035-1069). contra um objetivo em recuo de poderio e territorialidade, o
O grande projeto de expansão de Navarra morria com esta Islão ibérico, derrotado em Navas de Tolosa em 1212 por um
divisão testamentária, à imagem do império carolíngio, tam-
exército cristão ibérico, apoiado pelo Papa Inocêncio III e por
bém espartilhado pelos três filhos de Carlos Magno à morte
cruzados.
deste. Renasceria Navarra independente em 1134, quando
Navarra cingia-se cada vez mais a um território em torno
Afonso I de Aragão morre e os navarros elegem Garcia V Ra-
de Pamplona e das Vascongadas, apertado entre Aragão e
mirez como seu rei. O seu esplendor e autonomia não serão
mais os mesmos, aproximando-se da esfera de influência Castela. Esta última era cada vez mais a maior potência ibéri-
de Castela para resistir a Aragão ou mesmo aliando-se aos ca, unindo-se mesmo a Leão em 1230, o que desenhava um
franceses, que lhe darão mesmo três dinastias, numa altura domínio territorial vastíssimo e uma pressão sobre os reinos
em que era fortemente pressionada pelos seus dois vizinhos vizinhos cada vez maior. Portugal, fechado entre o Atlântico a
ibéricos. No século XV, todavia, acaba por ser dominada por oeste, a Galiza leonesa-castelhana a norte e a leste pelo reino
Aragão, sendo submetida a Espanha unificada em 1512. de Leão-Castela, tinha como única hipótese de avanço o Sul
Entretanto, recuando até ao século XI, Fernando I de árabe, que consegue submeter nos limites atuais aproxima-
Castela, assim que se tornou rei de Castela, logo iniciou uma dos no dealbar da metade do século XIII, com a conquista
política de afrontamento face aos senhores leoneses e gale- plena do Algarve.
gos que lhe recusavam a submissão, levando a melhor sobre A ragão, a leste, voltava-se cada vez mais para o Me-
eles. A leste, por outro lado, venceu a guerra que travava com diterrâneo, conquistando as Baleares (1229-1235) e Valên-
seu irmão Garcia, rei de Navarra. Castela, mais tarde,parti- cia(1238), lançando as bases de um “império marítimo”, in-
lhará com Aragão este território, mercê do enfraquecimento tervindo mais tarde na Itália meridional, onde se apodera,
que os vários conflitos fratricidas provocaram naquele reino em1442, do reino de Nápoles. Os séculos XIV e XV na Penín-
pirenaico. Todavia, também Fernando, na sua morte, dividirá sula Ibérica, serão, pois, marcados por uma dualidade clara
o seu reino pelos filhos, alterando-se uma vez mais o mosai- entre Aragão e Castela, que desde o século XIII se apoderara
co político peninsular: Sancho herda Castela, Afonso o reino já de Córdova (1236) e Sevilha (1248), restringindo o terri-
de Leão e Garcia o da Galiza. Foi precisamente com Afonso tório muçulmano peninsular ao pequeno reino de Granada,
VI (1035-1109) que a Reconquista ganhou novo fôlego, com reconquistado em 1492 pelos reis católicos da Espanha unifi-
os cristãos ibéricos a atingirem o Tejo, recuperando a mítica cada em torno daqueles dois antigos estados cristãos penin-
cidade visigótica de Toledo em 1085. Este soberano conse- sulares. Portugal voltava-se para uma futura vocação atlânti-
guia trazer de novo Leão para a ribalta peninsular,centrando ca, virando um pouco as “costas” aos seus vizinhos ibéricos.
o avanço da Reconquista na sua área de ação. Contara, para Longe iam já os tempos de Pelágio e dos Cristãos asturianos,
este desidério “imperial”, com a ajuda do Papa Gregório VII, que, à custa de pequenas refregas e surtidas, lançaram o gér-
dos monges de Cluny e de vários cavaleiros da Borgonha
men dos reinos cristãos peninsula resmedievais.
(compatriotas de sua mulher, Constança) que vieram em seu
auxílio. Chega mesmo a impor aos reinos taifas muçulmanos
Crise do Feudalismo
o pagamento de um tributo. Conhecera um retrocesso em
O crescimento demográfico, observado na Europa a
Zalaca, porém, em 1086, com a contraofensiva dos Almorávi-
das. Estes devastaram os territórios de povoamento leoneses partir do século X, modificou o modelo autossuficiente dos
e castelhanos. Nesta altura, uma das bandeiras da resistência feudos. Entre os séculos XI e XIII a população europeia mais
cristã foi o célebre guerreiro Rodrigo Díaz de Vivar, El Cid que dobrou. O aumento das populações impulsionou o cres-
Campeador, que se apoderou de Valência em 1094. cimento das lavouras e a dinamização das atividades comer-
Entretanto, Aragão tinha também já começado o seu ciais. No entanto, essas transformações não foram suficientes
projeto de conquista de terras a sul aos mouros, ainda que para suprir a demanda alimentar daquela época. Nesse pe-
tenha sofrido um abrandamento com as ofensivas almorá- ríodo, várias áreas florestais foram utilizadas para o aumento
vidas de 1086. Será, de facto, o reino de Aragão a sacudir a das regiões cultiváveis.
pressão muçulmana na Península e a retomar a Reconquista, A discrepância entre a capacidade produtiva e a deman-
com Afonso I (1104-1134), que atinge Saragoça (1118) e mar- da de consumo retraiu as atividades comerciais e a dieta ali-
ca a fronteira do seu reino no Ebro. Chegará mesmo a efetuar mentar das populações se empobreceu bastante. Em condi-
investidas em territórios do Al-Andaluz (1125-1126).Entre- ções tão adversas, o risco de epidemias se transformou em
tanto, enfraquecidos os Almorávidas com o contacto civiliza- um grave fator de risco. No século XIV, a peste negra se es-
100
HISTÓRIA
palhou entre as populações causando uma grande onda de Os beduínos da Arábia eram pastores de rebanhos de
mortes que ceifou, aproximadamente, um terço da Europa. cabras e camelos. Sua principal atividade era o comércio en-
No século XV, o contingente populacional europeu atingia a tre os oásis do interior e o litoral. Nas aldeias, tais como Meca
casa dos 35 milhões de habitantes. e Latribe, cultivavam a terra.
A falta de mão de obra disponível reforçou a rigidez an-
teriormente observada nas relações entre senhores e servos. Islão
Temendo perder os seus servos, os senhores feudais criavam A história da Arábia costuma ser dividida em duas gran-
novas obrigações que reforçassem o vínculo dos campone- des fases:
ses com a terra. Além disso, o pagamento das obrigações - Arábia pré-islâmica – período anterior à fundação do
sofreu uma notória mudança com a reintrodução de moedas islamismo.
na economia da época. Os senhores feudais preferiam rece- - Arábia islâmica – período caracterizado pelo islamismo.
ber parte das obrigações com moedas que, posteriormente, Arábia pré-islâmica
viessem a ser utilizadas na aquisição de mercadorias e outros Viviam na península Arábica diversos povos semitas,
gêneros agrícolas comercializados em feiras. destacando-se os:
Os camponeses, nessa época, responderam ao aumento - Árabes beduínos – povos seminômades que vagavam
de suas obrigações com uma onda de violentos protestos pelos desertos. Organizados em tribos, dedicavam-se á cria-
acontecidos ao longo do século XIV. As chamadas jacqueries ção de animais (ovelhas, cabras, camelos);
foram uma série de revoltas camponesas que se desenvolve- - Árabes urbanos – povos sedentários que habitavam as
ram em diferentes pontos da Europa. Entre 1323 e 1328, os cidades próximas ao litoral. Dedicavam-se sobretudo ao co-
camponeses da região de Flandres organizaram uma grande mércio, sendo responsáveis pelas caravanas de camelos que
revolta; no ano de 1358 uma nova revolta explodiu na França; transportavam produtos do Oriente para as regiões do mar
e, em 1381, na Inglaterra. Mediterrâneo.
Passadas as instabilidades do século XIV, o contingente Até o século VII, os árabes não eram politicamente uni-
populacional cresceu juntamente com a produção agrícola dos, isto é, não formavam um estado. Mas tinham elementos
e as atividades comerciais. Em contrapartida, a melhoria dos comuns, como o idioma árabe e as crenças religiosas. Eram
índices sociais e econômicos seguiu-se de novos problemas politeísta e adoravam cerca de 360 divindades.
a serem superados pelas sociedades europeias. A produção Numa tentativa de dar maior unidade às diversas tribos
agrícola dos feudos não conseguia abastecer os centros ur- árabes, foi construído na cidade de Meca um templo religio-
banos e os centros comerciais não conseguiam escoar as
so, a Caaba (‘casa de Deus’), que reunia as principais divin-
mercadorias confeccionadas.
dade de toda a Arábia. Na Caaba encontra-se a pedra negra
Ao mesmo tempo, o comércio vivia grandes entraves
(pedaço de meteorito), que acreditam ter sido trazida do céu
com o monopólio exercido pelos árabes e pelas cidades ita-
pelo anjo Gabriel.
lianas. As rotas comerciais e feiras por eles controladas inse-
Devido ao templo, Meca tornou-se o centro religioso e
riam um grande número de intermediários, encarecendo o
comercial dos árabes, pois a cidade transformou-se em pon-
valor das mercadorias vindas do Oriente. Como se não bas-
tassem os altos preços, a falta de moedas impedia a dinami- to de encontro de pessoas e mercadorias de diversas regiões.
zação das atividades comerciais do período. Nesse contexto,
somente a busca de novos mercados de produção e con- Arábia islâmica
sumo poderiam amenizar tamanhas dificuldades. Foi assim Maomé (570 – 632) foi o fundador do islamismo, reli-
que, nos séculos XV e XVI, a expansão marítimo-comercial se gião monoteísta, também chamada de religião muçulmana
desenvolveu. ou maometana.
Em suas pregações religiosas, Maomé dizia que todos os
Civilização Muçulmana ídolos da Caaba deviam ser destruídos, pois havia um único
Enquanto o Império Romano do Oriente lutava para Deus criador do universo. Isso provocou a reação dos sacer-
manter vivas a cultura e as tradições helenísticas, um povo de dotes de Meca, que eram politeístas e tinham interesses em
pastores semitas mudava o curso da História. manter a cidade como centro religioso e comercial dos ára-
Mobilizados pelo profeta Maomé, entraram em choque bes.
com a civilização bizantina e com os novos reinos da Europa Devido a suas pregações, Maomé foi obrigado a fugir de
ocidental. Os muçulmanos construíram a civilização mais bri- Meca para Yathrib (posteriormente denominada Medina, ‘a
lhante da Idade Média, assimilando o patrimônio cultural dos cidade do profeta’), em 622. esse episódio, conhecido como
povos do Oriente Médio e do Extremo Oriente. Atualmente, hégira, marca o inicio do calendário muçulmano.
o islamismo conta com milhões de seguidores em todo o Aos poucos, Maomé conseguiu difundir sua religião em
mundo. Medina e organizar um exercito de seguidores que, em 630,
conquistou Meca e destruiu os ídolos da Caaba.
A península dos árabes A Caaba foi transformada num centro de orações, e a
A Arábia é um imenso deserto de pedras e areia. Seus crença politeísta foi proibida.
escassos habitantes se fixaram na costa do mar Vermelho e A partir daí, Maomé expandiu o islamismo por toda a
nos oásis do interior. A península Arábica era habitada por Arábia, unificando as diversas tribos em torno da religião.
tribos de beduínos semitas, da mesma origem dos judeus, Assim, através da identidade religiosa, criou os árabes uma
fenícios e assírios. nova organização política e social.
101
HISTÓRIA
102
HISTÓRIA
103
HISTÓRIA
Um dos grandes nomes da ciência medieval foi o mon- da sociedade bizantina viviam imensamente melhor que a
ge franciscano Roger Bacon (1214-1294), que introduziu a plebe ocidental, as religiões em dado momento se diferen-
observação da natureza e o uso de experimentação com ciaram, enquanto no ocidente havia os católicos no oriente
métodos científicos. Ele ficou conhecido como doutor Ad- havia os ortodoxos. Fatos como esse tiveram grande in-
mirável, Bacon conseguiu desenvolver estudos em diversas fluencia para que o Império Bizantino se tornasse a Nova
áreas como: geografia, filosofia e física. Roma. Desenvolvimento Antes de Roma cair em completa
Na filosofia, destacaram-se santo Agostinho e Tomás decadência seu território foi dividido em Império Roma-
de Aquino. A principal preocupação deles era tentar har- no Ocidental com sua capital em Milão e Império Romano
monizar a fé cristã com a razão. Santo Agostinho era de Oriental com sua capital em Constantinopla. No Ocidente
uma corrente filosófica denominada patrística. Já São To- o império se fragmentou em diversos reinos bárbaros e o
más de Aquino, conseguiu reconstruir, dentro da visão cris- poder estava nas mãos dos senhores feudais enquanto no
tã, boa parte das teorias de Aristóteles. Oriente se consolidou a civilização bizantina com o impe-
Santo Agostinho fez a síntese da filosofia clássica com rador tendo o poder centralizado.
a platônica junto com a fé cristã. Segundo a teologia agos-
tiniana, a natureza humana é por essência corrompida.
QUESTÕES
A remissão estava na fé em Deus, a salvação eterna. As
principais obras dele foram: confissões e Cidade de Deus.
01. Entre as causas políticas imediatas da eclosão das
Essa visão pessimista em relação a natureza humana
lutas pela independência das colônias espanholas da Amé-
foi substituída na Baixa Idade média por uma concepção rica, pode-se apontar:
mais otimista e empreendedora do homem, com a filosofia a) a derrota de Napoleão Bonaparte na Batalha de Wa-
escolástica, que procurou harmonizar razão e fé , partindo terloo;
do fato que o progresso do ser humano dependia não só b) a formação da Santa Aliança;
da vontade divina,mas do esforço do próprio homem. Essa c) a imposição de José Bonaparte no trono espanhol;
atitude refletia uma tendência a valorização dos atributos d) as decisões do Congresso de Viena;
racionais do homem, não devendo existir conflito entre fé e) a invasão de Napoleão Bonaparte a Portugal e a co-
e razão, pois ambas auxiliavam o homem na busca do co- roação de D. João VI no Brasil.
nhecimento.
Se por um lado a escolástica valorizou a razão e subs- 02. O período regencial foi um dos mais agitados na
tituiu a ideia agostiniana de predestinação pela concepção história política do país e também um dos mais importan-
de livre arbítreo, isto é, de capacidade de escolha. O clero tes. Naqueles anos, esteve em jogo a unidade territorial do
tinha o papel de orientar moralmente e espiritualmente a Brasil, e o centro do debate político foi dominado pelos
sociedade, condicionando a liberdade de escolha com as temas da centralização ou descentralização do poder, do
vontades da igreja. Desse modo ao mesmo tempo que bus- grau de autonomia das províncias da organização das For-
cava assimilar as transformações sociais, tentava preservar ças Armadas. (FAUSTO, Boris. História do Brasil, 2ª ed. São
os valores do mundo feudal decadente, assegurando a su- Paulo: EDUSP, 1995. p. 161)
premacia de sua mais poderosa instituição – a igreja.
São Tomás de Aquino( 1225- 1274) deu aulas na uni- Sobre as várias revoltas nas províncias durante o perío-
versidade de Paris, foi o mais influente filósofo escolástico do de Regência, podemos afirmar corretamente que:
inspirado na tecnologia cristã e no pensamento de Aristó- a) eram levantes republicanos em sua maioria, que
teles, elaborou a Suma teológica, obra em que discorreu conseguiam sempre empolgar a população pobre e os es-
sobre os mais diversos assuntos, como religião, economia cravos;
b) a principal delas foi a Revolução Farroupilha, acon-
e política. O pensamento de São Tomás constituiu um po-
tecida nas províncias do Nordeste, que pretendia o retorno
deroso instrumento de ação do clero durante a Baixa Idade
do imperador D. Pedro I;
Média.
c) podem ser vistas como respostas à política centrali-
zadora do Império, que restringia a autonomia financeira e
Civilização Bizantina
administrativa das províncias;
O Império Bizantino teve inicio em 330, ano em que o d) em sua maioria, eram revoltas lideradas pelos gran-
imperador Constantinus I, mais conhecido como Constan- des proprietários de terras e exigiam uma posição mais for-
tino, definiu a cidade de Bizancio como a capital do império te e centralizadora do governo imperial;
romano do oriente. A civilização bizantina preservou para e) apenas a Sabinada teve caráter republicano e sepa-
acultura universal grande parte dos conhecimentos do ratista.
mundo antigo, documentos relativos ao direito romano,
fonte das normas jurídicas contemporâneas e a literatura 03. O processo de independência do Brasil caracteri-
grega. Enquanto o Império Romano do Ocidente de rura- zou-se por:
lizava, o Oriente se desenvolvia cada dia mais em aspec- a) ser conduzido pela classe dominante que manteve
tos tecnológicos e econômicos. As camadas mais pobres o governo monárquico como garantia de seus privilégios;
104
HISTÓRIA
b) ter uma ideologia democrática e reformista, alteran- b) o projeto da Lei dos Sexagenários, do gabinete im-
do o quadro social imediatamente após a independência; perial da Dantas;
c) evitas a dependência dos mercados internacionais, c) o projeto de legalizar o casamento dos homosse-
criando uma economia autônoma; xuais, de Marta Suplicy;
d) grande participação popular, fundamental na pro- d) a proposta de dobrar o salário mínimo, de Roberto
longada guerra contra as tropas metropolitanas; de Campos;
e) promover um governo liberal e descentralizado atra- e) o projeto de Luís Carlos Prestes de uma “República
vés da Constituição de 1824. Sindicalista”.
04. Do ponto de vista político, podemos considerar o 08. O Brasil ainda não conseguiu extinguir o trabalho
Primeiro Reinado como: em condições de escravidão, pois ainda existem muitos
a) um período de consolidação do Estado Nacional em trabalhadores nessa situação. Com relação a tal modali-
que o imperador, apoiado pela elite agrária, implantou mo-
dade de exploração do ser humano, analise as afirmações
dernas instituições políticas no Brasil;
abaixo.
b) um período de transição em que os grupos sociais
I. As relações entre os trabalhadores e seus emprega-
progressistas, ligados à elite agrária, conservaram-se no
dores marcam-se pela informalidade e pelas crescentes dí-
poder;
c) um período de perfeito equilíbrio entre as forças so- vidas feitas pelos trabalhadores nos armazéns dos empre-
ciais progressistas, ligados à elite agrária, conservaram-se gadores, aumentando a dependência financeira para com
no poder; eles.
d) um período de transição em que o imperador, apoia- II. Geralmente, os trabalhadores são atraídos de re-
do nas forças portuguesas, se manteve no poder; giões distantes do local de trabalho, com a promessa de
e) um período de transição em que as forças progres- bons salários, mas as situações de trabalho envolvem con-
sistas, apoiadas por Pedro I, esmagaram todos os resquí- dições insalubres e extenuantes.
cios da reação portuguesa. III. A persistência do trabalho escravo ou semiescravo
no Brasil, não obstante a legislação que o proíbe, explicasse
05. A respeito da independência do Brasil, pode-se pela intensa competitividade do mercado globalizado.
afirmar que: Está correto o que se afirma em:
a) consubstanciou os ideais propostos na Confedera- A) I, somente.
ção do Equador; B) II, somente.
b) instituiu a monarquia como forma de governo, a C) I e II, somente.
partir de um amplo movimento popular; D) II e III, somente.
c) propôs, a partir das ideias liberais das elites políticas, E) I, II e III.
a extinção do tráfico de escravos, contrariando os interes-
ses da Inglaterra; 09. Sobre as características da sociedade escravista co-
d) provocou, a partir da Constituição de 1824, profun- lonial da América portuguesa estão corretas as afirmações
das transformações nas estruturas econômicas e sociais do abaixo, À EXCEÇÃO de uma. Indique-a.
País; a) O início do processo de colonização na América por-
e) implicou na adoção da forma monárquica de gover- tuguesa foi marcado pela utilização dos índios – denomi-
no e preservou os interesses básicos dos proprietários de nados “negros da terra” – como mão-de-obra.
terras e de escravos. b) Na América portuguesa, ocorreu o predomínio da
utilização da mão-de-obra escrava africana seja em áreas
06. Na Guerra do Paraguai (1865 - 1870), o Brasil teve
ligadas à agro exportação, como o nordeste açucareiro a
como aliados:
partir do final do século XVI, seja na região mineradora a
a) Bolívia e Peru;
partir do século XVIII.
b) Uruguai e Argentina;
c) Chile e Uruguai; c) A partir do século XVI, com a introdução da mão-
d) Bolívia e Argentina; de-obra escrava africana, a escravidão indígena acabou por
e) n.d.a. completo em todas as regiões da América portuguesa.
d) Em algumas regiões da América portuguesa, os se-
07. “Será o suplício da Constituição, uma falta de cons- nhores permitiram que alguns de seus escravos pudessem
ciência e de escrúpulos, um verdadeiro roubo, a naturali- realizar uma lavoura de subsistência dentro dos latifúndios
zação do comunismo, a bancarrota do Estado, o suicídio agroexportadores, o que os historiadores denominam de
da Nação”. “brecha camponesa”.
No texto acima, o deputado brasileiro Gaspar de Silvei- e) Nas cidades coloniais da América portuguesa, escra-
ra Martins está criticando: vos e escravas trabalharam vendendo mercadorias como
a) a proposta de Getúlio Vargas de reduzir a remessa doces, legumes e frutas, sendo conhecidos como “escravos
de lucros; de ganho”.
105
HISTÓRIA
10. Trabalho escravo ou escravidão por dívida é uma d) pelo desinteresse com relação aos intelectuais, pois
forma de escravidão que consiste na privação da liberda- o governo se apoiava nos trabalhadores sindicalizados;
de de uma pessoa (ou grupo), que fica obrigada a traba- e) por uma política seletiva através da qual só os adver-
lhar para pagar uma dívida que o empregador alega ter sários frontais do regime foram reprimidos.
sido contraída no momento da contratação. Essa forma
de escravidão já existia no Brasil, quando era preponde- 13. A Era Vargas (1930 - 1945) apresentou:
rante a escravidão de negros africanos que os transforma- a) O abandono definitivo da política de proteção ao
va legalmente em propriedade dos seus senhores. As leis café.
abolicionistas não se referiram à escravidão por dívida. Na b) A crescente centralização político-administrativa.
atualidade, pelo artigo 149 do Código Penal Brasileiro, o c) Um respeito aos princípios democráticos, em toda
conceito de redução de pessoas à condição de escravos foi sua duração.
ampliado de modo a incluir também os casos de situação d) Um leve “surto industrial”, resultante da conjuntura
degradante e de jornadas de trabalho excessivas. (Adap-
da Grande Guerra (1914 - 1918).
tado de Neide Estergi. A luta contra o trabalho escravo,
e) Um caráter extremamente ditatorial, em todas as
2007).
suas três fases.
Com base no texto, considere as afirmações abaixo:
I. O escravo africano era propriedade de seus senhores
no período anterior à Abolição. 14. O governo Juscelino Kubitschek foi responsável:
II. O trabalho escravo foi extinto, em todas as suas for- a) pela eliminação das disparidades regionais;
mas, com a Lei Áurea. b) pela queda da inflação e da dívida externa;
III. A escravidão de negros africanos não é a única mo- c) por uma política nacionalista e de rejeição ao capital
dalidade de trabalho escravo na história do Brasil. estrangeiro;
IV. A privação da liberdade de uma pessoa, sob a ale- d) pela entrada maciça de capitais estrangeiros e a in-
gação de dívida contraída no momento do contrato de tra- ternacionalização de nossa economia;
balho, não é uma modalidade de escravidão. e) por práticas antidemocráticas como a violenta re-
V. As jornadas excessivas e a situação degradante de pressão às rebeliões de Jacareacanga e Aragarças;
trabalho são consideradas formas de escravidão pela legis-
lação brasileira atual. 15. No Governo de Juscelino Kubitschek, a base do seu
programa administrativo era constituída do trinômio:
São corretas apenas as afirmações: a) saúde, habitação e educação;
a) I, II e IV; b) estradas, energia e transporte;
b) I, III e V; c) indústria, exportação e importação;
c) I, IV e V; d) agricultura, pecuária e reforma agrária;
d) II, III e IV; e) comércio, sistema viário e poupança.
e) III, IV e V;
16. O projeto nacional desenvolvimentista implicou
11. O Brasil recuperou-se de forma relativamente rápi- a substituição das importações e foi implementado, princi-
da dos efeitos da Crise de 1929 por que: palmente, no governo do presidente:
a) o governo de Getúlio Vargas promoveu medidas de a) Juscelino Kubitschek;
incentivo econômico, com empréstimos obtidos no Exte- b) Jânio Quadros;
rior; c) General Emílio Médici;
b) o País, não tendo uma economia capitalista desen-
d) Marechal Costa e Silva;
volvida, ficou menos sujeito aos efeitos da crise;
e) General Eurico Dutra;
c) houve redução do consumo de bens e, com isso foi
possível equilibrar as finanças públicas;
17. Quais os partidos políticos que dominaram a vida
d) acordos internacionais, fixando um preço mínimo
para o café, facilitaram a retomada da economia; parlamentar brasileira durante o período democrático de
e) um efeito combinado positivo resultou da diversifi- 1946 e 1964?
cação das exportações e do crescimento industrial. a) PTB, UDN e PCB;
b) PL, UDN e PSD;
12. A política cultural do Estado Novo com relação aos c) PDS, MDB e PCB;
intelectuais caracterizou-se: d) PSB, UDN e PTB;
a) pela repressão indiscriminada, por serem os intelec- e) PSD, UDN e PTB;
tuais considerados adversários de regimes ditatoriais;
b) por um clima de ampla liberdade, pois o governo 18. O Parlamentarismo funcionou nas seguintes épo-
cortejava os intelectuais para obter apoio ao seu projeto cas no Brasil:
nacional; a) No governo de D. Pedro II e no governo de João
c) pela indiferença, pois os intelectuais não tinham ex- Goulart.
pressão e o governo se baseava nas forças militares; b) No primeiro Império - Governo de D. Pedro II.
106
HISTÓRIA
107
HISTÓRIA
26. “Façamos a revolução antes que o povo a faça.” 29. (PUC-SP) Segundo alguns autores, o tenentismo
A frase, atribuída ao governador de Minas Gerais, Antônio representou uma tentativa de ruptura da organização polí-
Carlos de Andrada, deixa entrever a ideologia política da tica vigente na República brasileira por que:
Revolução de 1930, promovida pelos interesses, a) os tenentes se identificaram com um programa radi-
cal de transformações sociais.
a) da burguesia cafeicultora de São Paulo, com vistas à b) a aliança partidária entre os militares e as camadas
valorização do café. médias urbanas propunha a reforma da Constituição.
b) do operariado, com o objetivo de aprofundar a in- c) o movimento visava à derrubada do governo e ao
dustrialização. estabelecimento da austeridade político-administrativa.
c) dos partidos de direita fascistas, no intuito de esta- d) os tenentes propunham o estabelecimento do regi-
belecer um Estado forte. me parlamentarista dirigido pelos elementos mais esclare-
d) das oligarquias dissidentes, aliadas ao tenentismo cidos da nação.
pela reforma do Estado. e) os militares eram portadores de uma ideologia in-
e) da burguesia industrial, na busca de uma política de dustrializante claramente definida em seu programa de
livre iniciativa. governo.
a) promover a expansão do setor primário. 32. A crise europeia dos séculos XIV e XV constituiu um
b) desregulamentar o sistema de contratação e de im- bloqueio ao desenvolvimento da economia de mercado. A
postos. superação desse processo foi realizada por meio:
c) concentrar a renda nacional nas camadas médias ur- a) da isenção de tributos para as cidades;
banas. b) do fortalecimento das corporações de ofício;
d) acabar com a organização autônoma do movimento c) da Expansão Marítima;
operário. d) de incentivo à lavoura feudal;
e) intervir nas relações de trabalho no campo. e) das Cruzadas.
108
HISTÓRIA
33. Ao final da Idade Média, a necessidade de novas e) ao caráter sistemático que assumiu a empresa mer-
rotas de comércio gerou a expansão mercantil e marítima cantil, explorando o litoral africano, mas sempre em busca
desenvolvida pelos países atlânticos. Até então, a principal da “passagem” que levaria às Índias.
via comercial europeia era o Mediterrâneo, cujo monopólio
estava concentrado nas mãos dos comerciantes: 36. O estudo comparativo das Constituições Brasileiras
a) venezianos e pisanos de 1824 (Carta Outorgada, Imperial) e de 1891 (Carta pro-
b) espanhóis e muçulmanos mulgada, Republicana) NÃO permite afirmar:
c) venezianos e mouros a) A Carta Imperial criou 4 (quatro) poderes, mas o do-
d) italianos e árabes cumento republicano estabeleceu somente 3 (três).
e) italianos e ibéricos b) Enquanto o estatuto Imperial recebeu uma emenda,
o Ato Adicional, um progresso rumo à federação, a Carta
34. “Sem dúvida, a atração para o mar foi incentiva- republicana foi emendada em 1926, com fortalecimento do
da pela posição geográfica do país, próximo às ilhas do Poder Central.
Atlântico e à costa da África. Dada a tecnologia da época, c) A Carta de 1891 estabeleceu a Federação como for-
era importante contar com correntes marítimas favoráveis, ma de Estado.
e elas começavam exatamente nos portos portugueses... d) A Carta Republicana teve inspiração européia, ao
Mas há outros fatores da história portuguesa tão ou mais passo que a lei maior imperial buscou seguir o modelo
importantes.” norte- americana.
Assinale a alternativa que apresenta outros fatores da e) A Carta de 1824 criou o Unitarismo como forma de
participação portuguesa na expansão marítima e comercial Estado, mesmo porque as Províncias eram destituídas de
europeia, além da posição geográfica: preparo político.
a) O apoio da Igreja Católica, desde a aclamação do
primeiro rei de Portugal, já visava tanto à expansão eco- 37. A Constituição Brasileira de 1988 introduziu altera-
nômica quanto à religiosa, que a expansão marítima iria ções significativas no plano jurídico-político nacional. Den-
concretizar. tre elas pode-se citar:
b) Para o grupo mercantil, a expansão marítima era co- a) instituição do habeas data, que torna passível de
mercial e aumentava os negócios, superando a crise do sé- fiança crimes como racismo, tráfico de drogas e terrorismo.
culo. Para o Estado, trazia maiores rendas; para a nobreza, b) extensão do direito de elegibilidade às mulheres e
cargos e pensões; para a Igreja Católica, maior cristianiza- voto facultativo aos jovens entre 16 e 18 anos.
ção dos “povos bárbaros”. c) proibição da greve aos setores considerados essen-
c) O pioneirismo português deve-se mais ao atraso ciais: saúde, transportes, polícia e funcionalismo público.
dos seus rivais, envolvidos em disputas dinásticas, do que a d) extensão do voto a analfabetos, proteção ao meio
fatores próprios do processo histórico, econômico, político ambiente e reconhecimento da cidadania dos índios.
e social de Portugal. e) restrição dos direitos trabalhistas apenas ao setor
d) Desde o seu início, a expansão marítima, embora produtivo urbano e eleições em dois turnos para presiden-
contasse com o apoio entusiasmado do grupo mercantil, te, governador e prefeitos.
recebeu o combate dos proprietários agrícolas, para quem
os dispêndios com o comércio eram perdulários. 38. O Brasil, desde sua emancipação política até os dias
e) Ao liderar a arraia-miúda na Revolução de Avis, a de hoje, concebeu diferentes ordens jurídicas constitucio-
burguesia manteve a independência de Portugal, centrali- nais. Muitos pesquisadores consideram as Constituições
zou o poder e impôs ao Estado o seu interesse específico brasileiras de 1934 e 1988 as mais progressistas por es-
na expansão. tabelecerem, respectivamente, dentre outros, os seguintes
avanços sociais:
35. A expansão marítima e comercial empreendida pe- a) voto feminino e crime de racismo inafiançável
los portugueses nos séculos XV e XVI está ligada: b) corporativismo sindical e voto dos analfabetos
a) aos interesses mercantis voltados para as “especia- c) Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e direito de
rias” do Oriente, responsáveis inclusive, pela não explora- greve irrestrito
ção do ouro e do marfim africanos encontrados ainda no d) voto obrigatório para maiores de 18 anos e Estatuto
século XV; da Criança e do Adolescente
b) à tradição marítima lusitana, direcionada para o “mar
Oceano” (Atlântico) em busca de ilhas fabulosas e grandes 39. Com base na charge e nos conhecimentos sobre a
tesouros; atual Constituição brasileira, é correto afirmar:
c) à existência de planos meticulosos traçados pelos a) As dificuldades de acesso aos direitos sociais ele-
sábios da Escola de Sagres, que previam poder alcançar o mentares (moradia, saúde e alimentação) têm origem na
Oriente navegando para o Ocidente; forma como a Constituição atual foi elaborada.
d) a diversas casualidades que, aliadas aos conhe- b) A Constituição de 1988 introduziu uma série de be-
cimentos geográficos muçulmanos, permitiram avançar nefícios sociais que privilegiaram as famílias dos estratos
sempre para o Sul e assim, atingir as Índias; médios em detrimento da população em geral.
109
HISTÓRIA
c) O texto da última Constituição assegura em sua for- 42. (UFMG) Leia o texto. “A língua de que [os índios]
mulação jurídica conquistas sociais e individuais aos cida- usam toda pela costa, é uma; ainda que em certos vocábu-
dãos brasileiros. los difere em algumas partes; mas não de maneira que se
d) Os dispositivos da Constituição de 1988 revogaram deixem de entender. (…) Carece de três letras, convém, a
a legislação conhecida como CLT (Consolidação das Leis saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de es-
do Trabalho). panto, porque assim não tem Fé, nem Lei, Nem Rei, e desta
e) O texto atual da Constituição é omisso em relação maneira vivem desordenadamente (…).” (GANDAVO, Pero
de Magalhães, História da Província de Santa Cruz, 1578.)
ao tema dos direitos da criança e do adolescente no Brasil.
A partir do texto, pode-se afirmar que todas as alternativas
expressam a relação dos portugueses com a cultura indí-
gena, exceto:
a) A busca de compreensão da cultura indígena era
uma preocupação do colonizador.
b) A desorganização social dos indígenas se refletia no
idioma.
c) A diferença cultural entre nativos e colonos era atri-
buída à inferioridade do indígena.
d) A língua dos nativos era caracterizada pela limitação
vocabular.
e) Os signos e símbolos dos nativos da costa marítima
eram homogêneos.
110
HISTÓRIA
44. (UNAERP-SP) Em 1534, o governo português con- d) Gabinete do Visconde de Ouro Preto formalizou
cluiu que a única forma de ocupação do Brasil seria através uma aliança pró-republicana com os militares positivistas
da colonização. Era necessário colonizar, simultaneamente, no Baile da Ilha Fiscal.
todo o extenso território brasileiro. Essa colonização dirigi- e) aliança dos militares com a Igreja acirrou as diver-
da pelo governo português se deu através da: gências entre mili tares e republicanos, culminando na
a) criação da Companhia Geral do Comércio do Estado Questão Militar.
do Brasil.
b) criação do sistema de governo-geral e câmaras mu- 48. (UNIFENAS) - Republicanos civis e militares unem-
nicipais. se para derrubar a Monarquia, que cai em 1889. A Repúbli-
c) criação das capitanias hereditárias.
ca que então se instala,
d) montagem do sistema colonial.
I. Assiste com o Marechal Deodoro, seu primeiro pre-
e) criação e distribuição das sesmarias.
sidente, a práticas autoritárias de governo, entre as quais a
45. (Cesgranrio) O início da colonização portuguesa no dissolução do Congresso;
Brasil, no chamado período “pré-colonial” (1500-1530), foi II. Foi marcada pela intensa atuação dos cafeicultores
marcado pelo (a): de uma Constituinte voltada para os seus interesses;
a) envio de expedições exploratórias do litoral e pelo III. Permite a continuidade dessa união apesar das pro-
escambo do pau-brasil; fundas diferenças entre civis e militares
b) plantio e exploração do pau-brasil, associado ao trá- IV. Nasceu Velha, pois a economia era sobretudo agrí-
fico africano. cola, continuando as populações rurais na dependência
c) deslocamento, para a América, da estrutura adminis- das oligarquias;
trativa e militar já experimentada no Oriente; V. passou, com a eleição de Prudente de Morais em
d) fixação de grupos missionários de várias ordens reli- 1894, a ser controlada pelos mineiros, controle que se pro-
giosas para catequizar os indígenas; longa até 1930.
e) implantação da lavoura canavieira, apoiada em ca-
pitais holandeses. São incorretas as afirmativas:
a) I, III e IV; b) I e II; c) I e IV; d) III e IV; e) IV. III e I.
46. (UFPA) As chamadas Questão Religiosa e Questão
Militar, verificadas no acaso do Segundo Reinado, atuaram
49. (MACKENZIE) - A hegemonia política dos Estados
no sentido de apressar o advento da república. Relativa-
mente à Questão Religiosa, assegura-se que: economicamente fortes e populosos, São Paulo e Minas
Gerais, durante a República Velha, foi viabilizada através:
a) os seus desdobramentos, na Europa, colocaram as a) do apoio de grupos militares vinculadas ao tenen-
monarquias católicas contra D. Pedro II, abalando seria- tismo.
mente o prestígio do Imperador. b) da política dos governadores que, articulando os go-
b) o fechamento de inúmeras igrejas, no Pará e em Per- vernos estadual e federal, anulava totalmente a oposição.
nambuco, a mando do Imperador, produziu um grande nú- c) de movimentos sociais populares de apoio ao Esta-
mero de opositores à monarquia dentre o clero brasileiro, do oligárquico.
que era apoiado pela maioria católica no país. d) da instituição do voto secreto e fim da representa-
c) a questão em si tornava evidente a necessidade da ção proporcional.
separação entre Igreja e Estado no Brasil, precisamente e) da Constituição de 1891, que estabeleceu um Estado
como argumentavam os defensores da República. unitário e fortemente centralizado.
d) a prisão dos bispos de Olinda e Belém levou os cató-
licos radicais brasileiros a fundar o Clube da Reforma, asso- 50. (PUC) A República criou uma cidadania precária,
ciação que passou defender a república no Brasil. porque calcada na manutenção da iniquidade das estru-
e) os seus resultados, principalmente a expulsão da turas sociais – acentuou as distâncias entre as diversas
Maçonaria do Brasil, serviram para evidenciar o caráter ab-
regiões do país, cobrindo-as com a roupagem do fede-
solutista da monarquia brasileira.
ralismo difuso da política dos governadores ou dando à
47. (MACKENZIE) - Sobre a participação dos militares continuidade à geografia oligárquica do poder que desde
na Proclamação da República é correto afirmar que: o império, diluía o formalismo do Estado e das instituições.
(Saliba, Elias Thomé, Raízes do Riso: representação hu-
a) o Partido Republicano foi influenciado pelos imi- morística na história brasileira; Belle Époque aos primeiros
grantes anarquistas a desenvolver a consciência política no tempos do rádio. São Paulo, Cia das Letras, 2002. p.67)
seio do exército. O fragmento do texto acima se refere aos primeiros
b) a proibição de debates políticos e militares pela tempos da República no Brasil. É correto afirmar que im-
imprensa, a influência das ideias de Augusto Comte e o plantação da República:
descaso do Imperador para com o exército favoreceram a a) renovou as instituições políticas, ampliando o poder
derrubada do Império. do Estado e dissolvendo os poderes locais.
c) o descaso de membros do Partido Republicano, b) alterou radicalmente a estrutura social do Império,
como Sena Madureira e Cunha Matos, em relação ao exér- devido à ascensão da burguesia e declínio da aristocracia.
cito, expresso através da imprensa, levou os “casacas”a c) introduziu um modelo federalista, que permitiu
proclamar a República. maior autonomia local e integração nacional.
111
HISTÓRIA
d) manteve os desníveis sociais presentes no Império c) Divulgação e estudo da legislação de Justiniano, co-
e não ofereceu ampliação significativa dos direitos de ci- nhecida como Corpus Juris Civilis.
dadania. d) Intercâmbio cultural ligado ao movimento das Cru-
e) centralizou agudamente o poder nas mãos dos go- zadas.
vernadores, diminuindo as atribuições das instituições po- e) Contatos comerciais das repúblicas marítimas italia-
líticas e do Presidente da República. nas com os portos bizantinos nos mares Egeu e Negro.
112
HISTÓRIA
a) O Estado controlava o uso dos recursos econômicos b) Adesão imperador Constantino ao cristianismo, di-
essenciais, extraindo uma parcela de trabalho e da produ- minuindo a força do paganismo.
ção das comunidades que controlava. c) Guerra civil envolvendo patrícios e plebeus, determi-
b) Neste sistema verifica-se a passagem da economia nando a decadência da produção agrícola.
de predação para uma economia de produção, quando o d) Édito do máximo, responsável pela ilimitação da
homem começa a plantar. produção agrícola e importação de escravos.
c) O fator condicionante dessa situação foi o meio geo- e) Crise do comércio romano pelo Mediterrâneo, dado
gráfico, responsável pela pequena produtividade. a ocupação realizada pelos povos bárbaros.
d) As relações comunitárias de produção impediram o
desenvolvimento do comércio e da mineração na Antigui- 65. (OSEC) Quanto à história de Roma, pode-se consi-
dade Oriental.
derar que:
e) Os povos que não vivam próximos aos grandes rios
não se desenvolveram e tenderam a desaparecer. a) Roma conheceu apenas dois regimes políticos: a Re-
pública e o Império;
61. As “Guerras Civis” na Roma republicana foram pro- b) na passagem da República para o Império, Roma
vocadas pela (o): deixou de ser uma democracia e transformou-se numa oli-
a) Tentativa de Julio César de tornar-se imperador. garquia;
b) Ascensão dos homens novos e militares e margina- c) os irmãos Tibério e Caio Graco foram dois tribunos
lização da plebe. da plebe que lutaram pela redistribuição das terras do Es-
c) Assassinato dos irmãos Graco, dividindo os romanos tado (ager publicus) entre todos os cidadãos romanos;
em dois partidos. d) no Império Romano, todos os homens livres - os
d) Insistência dos cristãos contra a escravidão e o culto cidadãos - eram proprietários de terras;
ao imperador. e) no Império Romano, a base da economia era o co-
e) Disputa política envolvendo os membros dos dois mércio e a indústria.
Triunviratos.
66. (OSEC) Sobre a ruralização da economia ocorrida
62. Entre os séculos IV e V os pequenos proprietários durante a crise do Império Romano, podemos afirmar que:
arruinaram0se e buscaram a proteção dos grandes latifun- a) foi conseqüência da crise econômica e da inseguran-
diários. Surgiu assim o Patrocínio, instituição pela qual, em
ça provocada pelas invasões dos bárbaros;
troca de proteção, um homem livre obrigava-se a cultivar
b) foi a causa principal da falta de escravos;
um grande lote de terra para um grande proprietário. Gran-
de parte da mão-de-obra foi recrutada entre os “bárbaros”, c) proporcionou ao Estado a oportunidade de cobrar
que invadiam as fronteiras do Império. O texto retrata: mais eficientemente os impostos;
a) A barbarização do exército e anarquia militar. d) incentivou o crescimento do comércio;
b) A principal forma de salvação do Império. e) proporcionou às cidades o aumento de suas rique-
c) A abertura das fronteiras romanas aos povos ger- zas.
mânicos.
d) A consolidação do sistema escravista de produção. 67. (PUC) A religião romana assemelhava-se à grega
e) O surgimento do colonato e das Villae, com econo- porque ambas:
mia natural. a) tinham objetivos nitidamente políticos;
b) eram terrenas e práticas, sem conteúdo espiritual e
63. No decorrer do último século de República em ético;
Roma, as conquistas se ampliaram, o exército passou a ser c) eram apoiadas por uma forte classe sacerdotal;
permanente e tornou-se profissional, o que foi fundamen- d) condenavam as injustiças sociais;
tal para: e) tinham como centro a crença na vida futura.
a) A realização das guerras civis, contra os plebeus, im-
pedindo a reforma agrária. 68. (SANTA CASA) O período do Cativeiro da Babilô-
b) Conter as invasões bárbaras que ameaçavam as
nia (586 - 539 a. C.) foi importante na evolução da religião
fronteiras ao norte.
hebraica, pois, graças ao contato com os neobabilônios, os
c) Preservar as culturas políticas, limitando as conquis-
tas realizadas pela plebe. judeus:
d) A ascensão dos militares ao poder, e conseqüente- a) passaram a conceber Jeová como identificado com
mente para decadência do Senado. seus problemas sociais;
e) Consolidar as instituições republicanas, impossibili- b) ficaram imbuídos de concepções animistas, adoran-
tando o retorno à monarquia. do as forças da Natureza;
c) adoraram a idéia do fatalismo e do caráter transcen-
64. Durante o Baixo Império, o império romano viveu dental de Deus;
grande decadência, determinada principalmente pela (o): d) abandonaram práticas ligadas à magia, como por
a) Retração das guerras, responsável pela diminuição exemplo, a necromancia;
do afluxo de riquezas, crise do escravismo e da própria pro- e) conceberam Jeová em termos antropomórficos, in-
dução. clusive com qualidades próprias dos homens.
113
HISTÓRIA
69. (OSEC) Os fenícios dedicavam-se primordialmente b) a introdução de moedas de circulação geral, como o
ao comércio marítimo porque: ducado veneziano e o florim toscano, desorganizou a eco-
a) era grande seu excedente agrícola; nomia monetária da época;
b) sua organização militar lhes garantia o domínio dos c) a procura de materiais bélicos desestimulava os
mares; novos monarcas e desenvolver o comércio, pois estavam
c) sua localização geográfica os induzia a isso; preocupados com sua própria segurança;
d) sua organização política era fortemente centraliza- d) a acumulação de capitais excedentes, oriundos das
da; especulações comerciais, marítimas ou de mineração, trou-
e) sua atividade militar lhes proporcionava numerosos xe novos horizontes de opulências e poder;
escravos para atuar nas galeras e) o sistema de manufatura desenvolvido pelas corpo-
como remadores. rações de ofícios consolidou-se, afastando-se delas o fan-
tasma da extinção.
70.
I. As cidades-Estado fenícias são consideradas a mais 74. (UnB) Verdadeiro ou Falso?
progressista forma de organização do Estado existente na A Baixa Idade Média (séculos XII - XV) assinalou a
Antigüidade Oriental. transformação do sistema feudal, ocasião em que:
II. A religião fenícia foi monoteísta, a exemplo dos he- ( ) intensificam-se as relações mercantis e as trocas
breus. monetárias;
III. A grande contribuição dos fenícios para as civiliza- ( ) o aumento populacional, ampliando o mercado
ções posteriores foi a invenção do alfabeto fonético, criado consumidor, explicitou as limitações da produção feudal,
por interesses comerciais. calcada na servidão;
a) I, II e III estão corretas. ( ) ocorreu um Renascimento Urbano, baseado no pla-
b) I, II e III estão incorretas. nejamento ordenado, que resultou em satisfatórias condi-
c) Apenas I e II estão corretas. ções de saneamento e higiene das cidades;
d) Apenas I e III estão corretas. ( ) desenvolveram-se as corporações de ofício, organi-
e) Apenas II e III estão corretas. zando a produção rural mas não intervindo em sua regu-
lamentação;
71. (TAUBATÉ) A filosofia escolástica, que predominou ( ) o comércio praticamente desapareceu do Mediter-
na Baixa idade Média, representou: râneo, substituído pelo Atlântico como eixo central da ati-
a) uma tentativa de integração dos ideais cristãos com vidade mercantil.
a filosofia aristotélica;
b) a supremacia do racionalismo sobre o misticismo; 75. (FUVEST) No século XIII, os barões ingleses, con-
c) a dominação da fé pela razão; tando com o apoio de alguns mercadores e religiosos, sub-
d) a dominação absoluta da fé pela razão; levaram-se contra as pesadas taxas e outros abusos. O rei
e) n.d.a. João Sem Terra acabou aceitando as exigências dos vas-
salos rebelados e assinou a Magna Carta. Pode-se afirmar
72. (GV) A Guerra dos Cem Anos (1337 - 1453), entre que esse documento representa um importante legado do
franceses e ingleses, teve como conseqüências principais: mundo medieval porque:
a) a consolidação do poder monárquico na França e a a) reafirmava o princípio do poder ilimitado dos mo-
expulsão quase completa dos ingleses do território francês; narcas para fixar novos tributos;
b) a consolidação do poder monárquico na Inglaterra b) freou as lutas entre os cavaleiros e instituiu o Parla-
e a expulsão quase completa dos franceses do território mento, subdividido em duas Câmaras;
inglês; c) assegurava antigas garantias a uma minoria privile-
c) a incorporação de parte do território francês pela giada, mas veiculava princípios de liberdade política;
Inglaterra e o conseqüente enfraquecimento do poder real d) limitou as ambições políticas dos papas, mesmo em
na França; se tratando de um contrato feudal;
d) a incorporação de parte do território inglês pela e) proclamava os direitos e as liberdades do homem do
França e o conseqüente enfraquecimento do poder real na povo através de 63 artigos.
Inglaterra;
e) a aliança entre franceses e flamengos e o fim da he- 76. (UnB) Verdadeiro ou Falso?
gemonia inglesa sobre o comércio europeu. No período medieval, a população enfrentou uma epi-
demia de extrema gravidade, a Peste Negra, a qual envol-
73. (CESGRANRIO) Houve uma série de mudanças que veu determinados aspectos, a saber:
assinalaram a transição da economia estática e contrária ao ( ) A epidemia foi, em seu conjunto, mais acentuada
lucro da Idade Média para o dinâmico regime capitalista do nos meios urbanos do que nos campos, e menos nas mon-
século XV e seguintes. A respeito desse processo, podemos tanhas do que nas planícies.
afirmar que: ( ) O impacto da peste fez surgir um movimento de
a) a conquista do monopólio comercial do Mediterrâ- histeria coletiva que se propagou por toda a Europa.
neo pelos turcos desenvolveu o comércio com as cidades ( ) A morte tornou-se um dos temas prediletos de ar-
mercantis da Liga Hanseática; tistas e poetas.
114
HISTÓRIA
( ) A epidemia não conseguiu afetar as relações fami- c) realização de modificações na estrutura social do
liares e sociais, estabelecendo-se no período laços profun- Egito, para eliminar as oligarquias agrárias;
dos de solidariedade. d) promoção de ampla reforma agrária, de modo a ate-
77. (ACAFE) Entre as causas da decadência do feudalis- nuar a miséria dos camponeses;
mo, é correto mencionar: e) introdução de uma religião monoteísta, a fim de li-
I. o Renascimento Comercial e Urbano; mitar a influência política dos sacerdotes.
II. o aparecimento de uma nova classe social: a bur- 81. (OSEC)
guesia; I. ( ) “Estes nomos eram cidades-Estados, nas quais se
III. a Guerra dos Cem Anos, envolvendo França e In- iniciou a dissolução da propriedade coletiva, com o surgi-
glaterra; mento, no interior de cada um, de uma espécie de aristo-
IV. a união do rei e dos senhores de terras, visando à cracia, proprietária das melhores terras.”
centralização política. II. ( ) “Era o estado, personificado na figura do che-
fe supremo, que construía os grandes canais de irrigação,
As alternativas corretas são: como meio de desenvolver a agricultura, dirigindo para
esse fim o trabalho excedente das comunidades.”
a) I e IV
III. ( ) “Tivemos também a cristalização das camadas
b) I, II e III
sociais, tendo-se formado uma poderosa burocracia estatal
c) I e II (administrativa e religiosa) que tornou seus cargos heredi-
d) II, III e IV tários.”
e) II e III IV. ( ) “Essa reforma religiosa, que estabeleceu o mo-
noteísmo no Egito, teve por finalidade enfraquecer o poder
78. (PUC) Albi é hoje uma pacata cidade do Sul da Fran- dos sacerdotes de Amon, que representavam um perigo
ça, não muito longe de Toulouse. No entanto, foi o centro para a Monarquia.”
principal de uma seita herética que, durante os séculos XII
e XIII, propagou-se até o Norte da Itália, abalando o pres- Os textos acima estão ligados, respectivamente:
tígio da Igreja. A heresia albigense negava alguns valores a) a Amenófis IV; à estratificação social dos impérios
sociais, tais como o matrimônio, a família e a propriedade. teocráticos com agricultura de regadio; ao reinado de
Anatematizados, os albigenses só desapareceram após a Ramsés II; à unificação política do Egito;
cruzada ordenada pelo papa Inocêncio III e levada a efeito b) à formação do Império Assírio; ao regime político
por Simon de Monfort. Na verdade, sendo dualistas e pro- dos impérios teocráticos com agricultura de regadio; a
curando reunir em uma síntese o cristianismo e o paganis- Amenófis IV; à formação do Novo Império Egípcio;
mo oriental, os albigenses poderiam ser chamados de: c) à formação do Império Egípcio; a Amenófis IV; à es-
a) maniqueístas tratificação social dos impérios teocráticos com agricultura
b) gnósticos de regadio; à conquista do Egito pelos hicsos;
c) agnósticos d) à formação dos reinos egípcios; ao regime político
d) anarquistas dos impérios teocráticos com agricultura de regadio; à es-
e) bárbaros tratificação social dos impérios teocráticos com agricultura
de regadio; a Amenófis IV;
79. (PUC) A atuação do Estado na vida econômica dos e) ao regime político dos impérios teocráticos com
povos da Antigüidade Oriental, principalmente em relação agricultura de regadio; à formação do império egípcio; a
à agricultura, foi bastante acentuada, sendo justificada por Amenófis IV; à implantação do monoteísmo judaico no Egi-
to.
eles como:
a) forma de garantir a produção de gêneros de primei-
82. Os Estados teocráticos da Mesopotâmia e do Egito
ra necessidade sem excedentes lucrativos; evoluíram acumulando características comuns e peculia-
b) necessária para assegurar as provisões para consu- ridades culturais. Os egípcios desenvolveram a prática de
mo do Exército; embalsamar o corpo humano porque:
c) decorrente da necessidade de controlar a produção a) se opunham ao politeísmo dominante na época;
em tempo de guerra; b) seus deuses, sempre prontos a castigar os pecado-
d) única maneira de garantir a distribuição eqüitativa res, desencadearam o Dilúvio;
da riqueza entre os súditos; c) depois da morte, a alma podia voltar ao corpo mu-
e) responsabilidade atribuída aos governantes para ze- mificado;
larem pelo bem comum. d) construíram túmulos em forma de pirâmides trunca-
das, erigidos para a eternidade;
80. (FUND. CARLOS CHAGAS) No Novo Império Egíp- e) os camponeses constituíam a categoria social infe-
cio (1580 - 525 a. C.), a revolução promovida por Amenófis rior.
IV (também chamado Akhnaton) teve grande significado
porque consistiu na: 83. (FAC. MED. AMIN) “Salve, ó Nilo (...) regas a terra
a) expulsão dos hicsos, povo semita que dominava o em toda parte, ó deus dos grãos, senhor dos peixes, pro-
Egito desde o Antigo Império; dutor do trigo e da cevada (...) Logo tuas águas se erguem
b) unificação das diferentes províncias - nomos - evi- (...) todo ventre se agita, o dorso é sacudido de alegria e os
tando assim a fragmentação do Estado; dentes rangem.”
115
HISTÓRIA
O trecho acima celebra: 87. O século VI a.C. marca a passagem do período ar-
a) o Egito, região quente e seca como o Saara; caico para o período clássico na história dos antigos gre-
b) a crença numa vida de além-túmulo e as dores do gos. O elemento que marcou essa mudança foi:
parto; a) O grande desenvolvimento cultural de Atenas, lide-
c) o relativo isolamento do vale, limitado pelos deser- rado por Péricles, permitindo à cidade liderar todo o mun-
tos da Arábia e da Líbia; do grego.
d) as nascentes desconhecidas do Rio Nilo; b) As Guerras Médicas, que possibilitaram o fortaleci-
e) o poder criador do regime das cheias e das vazan- mento de diversas cidades gregas, dando início à hegemo-
tes do rio Nilo, que deixavam no solo um lodo de grande nia dos gregos.
fertilidade. c) O antagonismo entre Atenas e Esparta, mais agu-
84. Esparta apresentou um desenvolvimento histórico çado, determinando um conjunto de internas pelo poder.
distinto da maioria das cidades-gregas, pois: d) A derrota do Império Persa, que permitiu aos gregos
a) Formou-se a partir de um governo conservador e as- o início do expansionismo sobre a parte do Oriente e a
sumiu um sistema político democrático, com a participação criação da cultura helenística.
de todos os cidadãos. e) O início de um período caracterizado pela hegemo-
b) Organizou-se na forma de governo oligárquico, cujo nia de uma cidade sobre as demais, eliminando a soberania
objetivo principal era preservar os interesses da aristocra- da maioria das polis.
cia.
c) Transitou de um governo monárquico para o regime 88. Os espartanos se utilizaram o laconismo e da xe-
de tirania, o que proporcionou uma política de equilíbrio nofobia para reforçar o status quo e evitar mudanças pre-
entre as camadas sociais. servando:
d) Assumiu a forma republicana de governo, sem pos- a) Um sistema social no qual a mulher não possuía ne-
sibilidade de ascensão dos grupos sociais. nhuma função de destaque.
e) Caracterizou-se por um governo autocrático, no qual b) A distância sócia econômica, permanecendo o pe-
o grupo dirigente reunia poderes temporais e espirituais. rieco como escravo, e o espartíata como intelectual.
c) A estrutura política que garantia o direito do voto
85. Comparando-se a educação ateniense com a es- para que todos não fossem escravos.
partana, conclui-se que: d) Os limites territoriais da cidade, que fora ameaçado
a) Os atenienses valorizavam a formação intelectual e pelo expansionismo persa.
física do homem, enquanto os espartanos, o militarismo. e) Os privilégios da elite militar, que controlava as ter-
b) As relações democráticas em Atenas possibilitavam ras férteis, consideradas propriedades estatais.
que muitas mulheres se destacassem na sociedade.
c) Em Atenas desenvolveu-se o laconismo e em Esparta 89. A vida política de Atenas, durante o período arcai-
a xenofobia. co, foi caracterizada pelas transformações que culminariam
d) Os espartanos valorizavam o militarismo e o desen- com a criação da democracia escravista.
volvimento da cidadania.
e) O desenvolvimento intelectual ateniense permitiu a Pode-se afirmar que essas transformações foram im-
instituição da democracia e o fim da escravidão. pulsionadas:
a) A partir do enriquecimento de artesãos e comercian-
86. Da coesão temporária entre aristocratas e popula- tes, que aumentaram a posição à oligarquia eupátrida.
res, provocada pela luta contra um inimigo comum, apro- b) Pelas grandes rebeliões de escravos que exigiam a
veitou-se Clístenes para fazer a reforma que implantou a liberdade de direitos políticos.
democracia em Atenas. A democracia surgiu: c) Pelo isolamento da cidade, permitindo a ausência e,
a) Com o fim das disputas entre as facções políticas, portanto, a estabilidade política.
formalizadas pela aliança entre a elite e o povo. d) Naturalmente, acompanhando o desenvolvimento
b) A partir da ascensão de Clístenes ao poder, do par- intelectual e cultural da cidade.
tido popular, que aliado a ex-escravos derrotou os aristo- e) Após a vitória ateniense sobre os persas, terminadas
cratas. as Guerras Médicas.
c) Para atender aos interesses políticos da nova elite, os
mercadores, e preservar certos privilégios da antiga aristo- 90. (MACKENZIE) As diferenças políticas e econômicas
cracia, como o latifúndio e a escravidão. entre espartanos e atenienses culminaram no conflito ar-
d) Como forma de promover maior desenvolvimento mado denominado:
da cidade, equiparando-se agricultura e comércio, basea- a) Guerras Médicas
dos nos trabalhos dos thetas. b) Guerras Púnicas
e) Devido às pretensões da elite agrária, em fazer de c) Guerra do Peloponeso
Atenas cidade hegemônica, como ocorreria no século se- d) invasão macedônica
guinte. e) Guerras Gaulesas
116
HISTÓRIA
91. (UEMT) O enfraquecimento das cidades gregas, 96. (UNIP) Sobre o feudalismo, assinale a alternativa
após a Guerra do Peloponeso (431 - 404 a. C.), possibilitou correta:
a conquista da Grécia pelos: a) A economia era dinâmica, monetária e voltada para
a) bizantinos o mercado.
b) hititas b) A sociedade era móvel, permitindo a ascensão so-
c) assírios cial.
d) persas c) O poder político estava centralizado nas mãos de um
e) macedônios monarca absolutista;
d) A mão-de-obra básica era formada por trabalhado-
92. (S. J. DO RIO PRETO) Os gregos possuíam divin- res escravos.
dades menores que inspiravam suas criações artísticas e e) As principais obrigações devidas pelos trabalhado-
científicas: assim Clio era a musa inspiradora da: res eram a corvéia e a talha.
a) Música
b) História 97. (SANTA CASA) A Alta Idade Média (séculos V - XI)
tem como uma de suas características singulares, que a de-
c) Poesia Épica
fine historicamente:
d) Astronomia
a) o desaparecimento dos reinos germânicos do Oci-
e) Comédia
dente;
b) a consolidação e generalização do trabalho servil;
93. (FUVEST) Politicamente, o feudalismo se caracteri- c) a organização das Cruzadas para combater os infiéis
zava pela: do Islão;
a) atribuição apenas do Poder Executivo aos senhores d) o desenvolvimento - com posterior centralização -
de terras; do poder real;
b) relação direta entre posse dos feudos e soberania, e) o Renascimento Comercial, que reestruturou a vida
fragmentando-se o poder central; econômica feudal.
c) relação entre a vassalagem e suserania entre merca-
dores e senhores feudais;
d) absoluta descentralização administrativa, com su- 98. (MACK) Marque a correspondência errada:
bordinação dos bispos aos senhores feudais; a) Corvéia - imposto em trabalho.
e) existência de uma legislação específica a reger a vida b) Talha - imposto em produtos.
de cada feudo. c) Banalidades - imposto em produtos.
d) Vintém - imposto em produtos.
e) Mão-morta - imposto em produtos.
94. (UNIP) O feudalismo:
a) deve ser definido como um regime político centra-
99. (MED. SANTOS) Quanto às relações entre susera-
lizado; nos e vassalos:
b) foi um sistema caracterizado pelo trabalho servil; a) senhor e servo eram categorias semelhantes a suse-
c) surgiu como conseqüência da crise do modo de pro- ranos e vassalos;
dução asiático; b) o servo prestava homenagem ao senhor feudal;
d) entrou em crise após o surgimento do comércio; c) o senhor feudal concedia o benefício ao vassalo;
e) apresentava uma considerável mobilidade social. d) as obrigações entre vassalos e suseranos eram re-
cíprocas;
95. (PUC) A característica marcante do feudalismo, sob e) o juramento de fidelidade podia ser rompido a qual-
o ponto de vista político, foi o enfraquecimento do Estado quer momento.
enquanto instituição, porque:
a) a inexistência de um governo central forte contribuiu 100. (UFRN) Os acontecimentos abaixo constituem as
para a decadência e o empobrecimento da nobreza; características principais do feudalismo, exceto:
b) a prática do enfeudamento acabou por ampliar os a) Ausência de poder centralizado.
feudos, enfraquecendo o poder político dos senhores; b) As cidades perdem sua função econômica.
c) Instauração da relação vassalagem / suserania.
c) a soberania estava vinculada a laços de ordem pes-
d) Comércio internacional intenso.
soal, tais como a fidelidade e a lealdade ao suserano;
e) Organização do trabalho com base na servidão.
d) a proteção pessoal dada pelo senhor feudal a seus
súditos onerava-lhe as rendas;
e) a competência política para centralizar o poder, re-
servada ao rei, advinha da origem divina da monarquia.
117
HISTÓRIA
Gabarito:
___________________________________________________
01) c 26) d 51) d 76) V V V F ___________________________________________________
02) c 27) b 52) d 77) b
03) a 28) d 53) a 78) a ___________________________________________________
04) d 29) b 54) b 79) e
05) e 30) d 55) b 80) e ___________________________________________________
06) b 31) b 56) b 81) d
___________________________________________________
07) b 32) c 57) c 82) c
08) c 33) d 58) V F V V V 83) e ___________________________________________________
09) c 34) b 59) c 84) b
10) b 35) e 60) a 85) a ___________________________________________________
11) e 36) d 61) b 86) c
12) e 37) d 62) c 87) e ___________________________________________________
13) b 38) a 63) d 88) e ___________________________________________________
14) d 39) c 64) a 89) a
15) e 40) c 65) c 90) c ___________________________________________________
16) b 41) e 66) a 91) e
17) e 42) a 67) b 92) b ___________________________________________________
18) a 43) d 68) c 93) b
___________________________________________________
19) a 44) c 69) c 94) b
20) d 45) a 70) d 95) c ___________________________________________________
21) e 46) c 71) a 96) e
22) d 47) b 72) a 97) b ___________________________________________________
23) e 48) d 73) d 98) a
24) a 49) b 74) V V F V V 99) d ___________________________________________________
25) d 50) d 75) c 100) d
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
ANOTAÇÕES ___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
118
FILOSOFIA
1. INTRODUÇÃO À FILOSOFIA:............................................................................................................................................................................ 01
1.1. História da Filosofia: instrumentos de pesquisa............................................................................................................................. 01
1.2. Introdução à Filosofia da Ciência.......................................................................................................................................................... 01
1.3. Introdução à Filosofia da Cultura......................................................................................................................................................... 01
1.4. Introdução à Filosofia da Arte................................................................................................................................................................ 01
1.5. O intelecto: empirismo e criticismo..................................................................................................................................................... 01
1.6. Democracia e justiça.................................................................................................................................................................................. 01
1.7. Os direitos humanos.................................................................................................................................................................................. 01
2. FILOSOFIA E EDUCAÇÃO:................................................................................................................................................................................. 13
2.1. O eu racional: introdução ao sujeito ético........................................................................................................................................ 13
2.2. Introdução à bioética................................................................................................................................................................................ 13
2.3. A técnica......................................................................................................................................................................................................... 13
3. IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA PARA A CIDADANIA:.............................................................................................................................. 16
3.1. O homem como um ser da natureza.................................................................................................................................................. 16
3.2. A concepção platônica da desigualdade........................................................................................................................................... 16
3.3. A desigualdade segundo Rousseau..................................................................................................................................................... 16
FILOSOFIA
1
FILOSOFIA
Ambas se guiam de todo modo, por um interesse co- A pretensão de todas essas correntes de pen-
mum: o de estabelecer o ponto de união entre o pensa- samento era apreender o conjunto da realidade social e
mento científico e outras áreas do pensamento. Sabe-se oferecer um modelo global segundo o qual essa realida-
que as atividades da ciência tendiam a ser consideradas de deveria organizar-se no futuro. No entanto, a crescente
como inabordáveis, tanto do ponto de vista metodológico complexidade da sociedade das últimas décadas do século
como moral, a partir de critérios não científicos. No entan- XX, a profusão de forças que surgiram no meio social com
to, a repercussão direta que muitas das conquistas da ciên- influências diversas e o fracasso da tentativa de implantar
cia tiveram sobre a vida das pessoas, radicalmente transfor- alguns dos modelos sociais com raízes mais firmes, provo-
mada por algumas delas, levou ao debate extra científico caram uma situação nova. Os filósofos, incapazes de captar
de questões como o direito de fazer certas experiências. uma realidade tão rica e cambiante, parecem ter renuncia-
O uso dado a algumas descobertas da física nuclear, do ao objetivo de estabelecer sistemas globais.
da química e da biologia, e os progressos da engenharia Surgiram assim escolas que buscavam averiguar os
genética são exemplos de problemas que sensibilizaram valores que se escondiam atrás das muitas correntes ideo-
a opinião pública. Nasceu assim uma corrente de opinião lógicas que se tornavam populares a cada momento dado.
fortemente arraigada que não considera os cientistas total- Num sentido mais geral, o filósofo atuava como observa-
mente inocentes das aplicações perniciosas dadas a seus dor social capaz de situar qualquer acontecimento, fosse
trabalhos. Exige-se deles uma atitude comprometida, in- ele de ordem política, social ou estética, num contexto no
clusive de denúncia naqueles casos em que seu trabalho qual se tornavam evidentes suas relações com outras ca-
serve para objetivos bem distintos dos que os motivaram. racterísticas da realidade.
Já que a quase totalidade dos sistemas filosóficos tem Se a organização como ciências sociais independen-
tradicionalmente aspirado não só à compreensão geral tes, no final do século XIX, de uma série de disciplinas até
da realidade, mas também ao estabelecimento de princí- então integradas à filosofia, como psicologia, sociologia
pios éticos que regulassem a organização da sociedade, e antropologia, e o extraordinário progresso de outras,
as teorias da política e do direito achamse vinculadas de como linguística e filosofia da linguagem, motivaram uma
forma indissolúvel ao progresso da filosofia. Os dois gran- crescente especialização e fragmentação nos estudos so-
des mestres do pensamento ocidental, Platão e Aristóte- bre o homem, também permitiram, com os novos méto-
les, estabeleceram em seus respectivos tratados República dos estabelecidos por essas ciências, a reorganização de
e Política o conceito da filosofia política como análise da um extraordinário caudal de conhecimentos.
origem, essência e valor do estado e, se o primeiro criou A psicanálise, a filosofia da linguagem comum, a an-
o modelo de todas as “utopias” ou descrições do estado tropologia cultural, a gramática gerativo-transformacional
ideal, o segundo, que definiu o homem como “animal po- que reavivou o problema filosófico tradicional da existên-
lítico”, estabeleceu, mediante a classificação e ponderação cia das ideias inatas são, entre muitas outras, áreas de pes-
das diferentes formas de governo, os fundamentos da mo- quisa que proporcionaram novos enfoques sobre a natu-
derna teoria política. reza humana e deram lugar a uma profunda reformulação
da concepção clássica do homem. Fruto disso tem sido
Durante a Idade Média, a doutrina política centralizou- o surgimento de uma série de disciplinas antropologia fi-
-se fundamentalmente no debate sobre as relações entre losófica, semiótica ou teoria geral dos signos, pedagogia
o poder temporal o estado e o poder espiritual a igreja. A moderna e de escolas estruturalismo, escola de Frankfurt
partir do Renascimento, sob novas condições sociais, a filo- que, de uma forma ou outra, estabelecem como objeto
sofia política ligou-se profundamente à filosofia do direito. prioritário a integração dos dados proporcionados pelas
Isso se deu em consequência da contraposição entre razão diferentes ciências sociais numa visão unitária do homem
de estado e lei natural, que ganhou atualidade, ou por es- e suas relações com o meio. Nesse aspecto, portanto, jus-
tímulo do surgimento das diversas concepções de estado tifica-se mais uma vez a afirmação tradicional de que é
direito divino dos reis, contrato social etc. que culminaram precisamente a diversidade de seus interesses que garante
no século XIX com a teoria jurídica do estado como fonte a unidade do espírito filosófico.
única do direito.
Todo modelo de organização social, em suma, todo Definição de ciência
sistema político, repousa sobre a escolha de certos princí- A palavra ciência vem do latim scintia, que significa
pios baseados no exercício da razão filosófica. A filosofia da “sabedoria”, “conhecimento”. Podemos dizer que a ciência
história, formulada fundamentalmente a partir do século se caracteriza pela sua metodologia, técnica, objeto e pes-
XIX graças a autores como Wilhelm Dilthey e Max Weber, quisa, e pela busca de conhecimento sistemático e seguro
constitui instrumento indispensável para a compreensão dos fenômenos do mundo.
da evolução das ideias políticas e dos sistemas de valores
e concepções de mundo que caracterizaram as diferentes
épocas.
2
FILOSOFIA
3
FILOSOFIA
O antropólogo inglês Edward Burnett Tylor (1832- O primeiro significado parece remeter-se ao verbo lati-
1917), considerado o pai do conceito moderno de Cultura, no colere e ao grego gewrge/w, que podem ser traduzidos
afirma que esta diz respeito ao conhecimento, às crenças, por cultivar. Sendo cultivar um verbo transitivo direto, ne-
à arte, à moral, à lei, aos costumes e a todos os outros cessariamente pede um complemento, donde a pergunta
hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro ‘cultivar o que?’. Buscando respostas nas raízes etimológi-
da sociedade”. Esta definição, grosso modo arraigada no cas, vemos que ambos os verbos dizem respeito ao cultivo
senso comum cotidiano, nos leva a refletir sobre a origem da terra, à agricultura.
de Cultura, enquanto um conceito, uma ideia: mais que à Reportam-se ao trabalho agrícola, ao cultivo do solo
expressão de um conceito, a definição de Tylor se dirige, a e a suas culturas, entendidas aqui como plantações. Indo
nosso ver, a uma enumeração de sinônimos, que não nos um pouco além, percebemos que o verbo gewrge/w pos-
parecem definir aquilo que seja a própria Cultura. sui estreita relação com o substantivo e)/rgon: ação, reali-
O que vem a ser então, propriamente dita, a Cultura? zação, execução, obra, trabalho, ocupação. Nesse sentido,
Por que a cultura pode ser pensada através da arte, do gewrge/w não diz respeito a uma simples ação ou trabalho,
conhecimento, das crenças, da moral, dos costumes, dos mas a um cultivo que envolve cuidado, de modo que culti-
hábitos, da tradição? A cultura é algo simbólico ou diz res- var a terra significa cuidar da terra, fertilizá-la e prepará-la
peito à própria realidade? (Cassirer). para receber boas sementes. Feito isso, continua o traba-
A cultura é um conjunto de ideias relativas à diversi- lho, ou seja, o cuidado para que as sementes possam vir-a-
dade humana ou é a manifestação do pensamento hu- -ser bons frutos.
mano sobre o mundo, a vida, a realidade?(Lévi-Strauss). Já grandes, os frutos serão colhidos, mas o cultivo não
Qual a essência da cultura? Há uma cultura ou culturas? A cessa, ele é um cuidado que sempre recomeça, é um pro-
cultura é por si mesma ou é um processo que se dá pela cesso, sentido que também podemos aplicar ao colere lati-
alteridade?(Max Scheler). A cultura á algo que se ensina e no. Este ainda pode ser entendido como criar, tomar conta,
aprende ou nos é inata? cuidar.
Para que possamos refletir acerca de tantas inquieta- O homem cultiva a terra e aquele que trata a terra é
ções, seguiremos o conselho de Joachim Winckelmann: o que nela habita. Nesse sentido, para que o cuidado seja
retornaremos aos antigos, eles são ao mesmo tempo ori- dado a terra para extrair dela o que há de melhor, o homem
ginais e eternos, talvez possam nos guiar na tentativa de edifica para si, junto a terra, o seu habitat. O lugar da cultu-
compreender o conceito que norteia nossa pesquisa: Cul- ra, do cultivo torna-se o lugar
tura. do próprio homem que cultiva. Surge, aí, uma primeira
De início, portanto, buscaremos apresentar as palavras relação com o substantivo h)/qoj: o lugar, a morada, a es-
gregas que possam nos remeter ao termo Cultura, quais tância humanos.
sejam, gewrge/w (cultivar) e a)/skhsij (ascese). Estas pala- Em sua origem, podemos dizer que os romanos eram
vras, por sua vez, conduzir-nos-ão a outras: te/xnh (técnica, povos agrícolas, o que explica grande parte de seu vocabu-
arte), politei/a (modo de vida do cidadão, política) e paide/ lário remeter à vida campesina. À medida que cultivavam a
ia (paidéia, educação). terra e nela edificavam sua morada, os primeiros romanos
Em um segundo momento, aprofundando-nos nesta passam a honrar e venerar deuses, pretendendo fartas co-
busca filológico-filosófica, trabalharemos com o conceito lheitas e também a honrar os amigos de labor, com quem
alemão Bildung, que juntamente com seu duplo germâni- partilhavam o trato da terra.
co Kultur, pode nos abrir horizontes para uma significância Cultivar a terra passa a significar assim culto aos deuses
mais profícua do termo Cultura. e aos amigos. O trato dado à natureza volta-se, portan-
Por fim, buscaremos relacionar a estes conceitos o to para o próprio homem, que passa a cuidar de sua pró-
Éthōs (e/) qoj e h)/qoj) grego, que, parece-nos, ainda que pria natureza, cultiva e cuida de seu espírito. Ao cuidado
não tenha nenhuma relação etimológica com a palavra dispensado à natureza, à própria vida, aos amigos e aos
Cultura, estar em sua raiz. Das palavras gregas e/)qoj e h)/ deuses, os romanos denominariam posteriormente civilitas
qoj deriva-se o termo ética, que, em latim, corresponde a (civilização).
mores (moral). Acreditamos que mesmo em constâncias di- No que diz respeito aos povos gregos, não há muita
ferentes, há uma relação muito estreita entre moralidade e diferença. No período homérico (séc. XII – VII a.C.), a socie-
cultura, principalmente se entendermos Cultura como um dade grega estava dividida em genos, uma espécie de clã
processo de formação, de transformação, tal como tenta- familiar cujos membros descendiam de um antepassado
remos apresentar neste trabalho. em comum e que cultuavam um deus protetor.
Predominava nos genos uma economia agrícola, pasto-
Cultura cultivo ril e autossuficiente. No final do período homérico, o cres-
cimento populacional somado à falta de terras produtivas e
O verbete Cultura, segundo o dicionário Aurélio, é um à crise de produção de alimentos deu origem a vários con-
substantivo feminino, cujos dois significados principais são: flitos e resultou na divisão dos genos e no surgimento da
1) ato, efeito ou modo de cultivar; 2) o complexo dos pa- vida urbana, com predomínio do comércio e do artesanato,
drões de comportamento, das crenças, das instituições, das desenvolvendo técnicas de fabricação e de troca e dimi-
manifestações artísticas, intelectuais, etc., transmitidos co- nuindo o prestígio das famílias da aristocracia proprietárias
letivamente e típicos de uma sociedade. de terras. O surgimento da vida urbana representa o que
4
FILOSOFIA
se pode denominar de nascimento da polis e, consequen- A Cultura é o mundo próprio do homem. O homem
temente, da politei/a (política). Com o surgimento da polis vive na natureza e é natureza, mas pelo espírito, transcende
surge à ideia de lei como expressão da vontade de uma a natureza, cria a cultura. É esta que o humaniza e a história
coletividade humana, de algum modo resumida nos hábi- dessa humanização é a história da cultura. Por isso a Filo-
tos e tradições (e/)qoj) daqueles que constituem a cidade. sofia da Cultura é também a filosofia da existência humana,
O culto e cultivo dessas tradições determinará a própria e não apenas as investigações.
vida social, chamada pelos gregos de politei/a, para qual há Com as criações que realiza, o homem conhece supe-
a necessidade de educar os homens. Essa formação, edu- rações, vence o demoníaco em grande parte, salva-se do
cação do corpo e do espírito dos membros da sociedade domínio absoluto do demoníaco. Por isso, pode-se dizer
corresponde ao que os gregos chamavam de paide/ia. que a cultura é também um meio de salvação.
Resumindo o que foi dito até aqui, Cultura, em seu O homem, aprendendo a cultivar a natureza, aprende
primeiro sentido – ato, efeito ou modo de cultivar -, re- também a cultivar a si mesmo, eleva-se a si mesmo, torna-
mete ao verbo latino colere e ao verbo grego gewrge/w. -se objeto de cultivo. O homem passa a ser cultura, aquilo
De modo sucinto, cultura nesse sentido, significa o cuida- que é criado, cultivado.
do do homem com a natureza, o cuidado do homem com Pode, segundo alguns filósofos – Plotino e Foucault,
os deuses e o cuidado do homem com o próprio homem, por exemplo-, tornar-se até artista de si mesmo.
isto é, sua educação. Este último significado remete-nos à Como vimos até aqui, tradição diz respeito a e/)qoj,
paide/ia e, consequentemente, as suas implicações éticas e criação nos lembra de cuidado, cultivo e, portanto, remete-
políticas de formar o homem em todas as instâncias para a -nos a colere e gewrge/w. Este, por sua vez, nos conduz
vida social. Deste modo, podemos pensar, com Marrou, “a a a)/skhsij, ou seja, o exercício que o homem faz sobre si
Paidéia como cultura entendida no seu sentido perfectivo mesmo, especialmente em direção à sabedoria e ao conhe-
que a palavra tem hoje entre nós: o estado de um espírito cimento. Na busca do conhecimento, o homem desenvolve
plenamente desenvolvido, tendo desabrochado todas as técnicas, do grego te/xnai – do qual deriva o termo latino
suas virtualidades, o do homem tornado verdadeiramente ars – arte -, de modo a facilitar a sua relação e a trans-
homem”. formação da natureza. Por não viver sozinho, o homem
Antes, porém de refletirmos sobre a equivalência exis- aprende também a tecer relações sociais e desenvolve o
tente entre Cultura e paidéia, é preciso lançar mão de ou- que chamamos de política (politei/a) e civilização (civilitas).
tro termo grego, de modo que possamos corroborar esta Juntas, todas estas informações dizem respeito a um
equivalência. processo, à formação do homem, digamos, enquanto pro-
Referimo-nos ao substantivo a)/skhsij que significa priamente homem. Esse processo é o que os gregos cha-
tanto exercício prático, quanto ascese. Deriva do verbo a) mam de Paidéia. Os alemães o designam por Bildung, in-
ske/w: trabalhar, adornar, exercitar. Que relações essas duas genuamente traduzido, às vezes, por Cultura ou Educação.
palavras podem ter com cultura? Se pensarmos cultura en- Este conceito alemão nos ajudará a compreender me-
quanto cultivo, cuidado, perceberemos que o homem é o lhor aquilo que se denominou Paidéia, visto que, como dito
ser que pode não somente trabalhar a natureza, mas que por Jaeger, não se pode acreditar que cultura e educação
pode trabalhar sobre si mesmo. O exercício prático a que sejam palavras suficientemente fortes para traduzi-la. Do
se refere a ascese é o exercício do próprio homem sobre si mesmo modo, não o são para explicar Bildung.
mesmo, no cultivo, por exemplo, da sabedoria e da memó- Segundo Hans Gadamer, no livro Verdade e Método,
ria. Essa relação nos ajuda a entender frases como Aquele o conceito de Bildung é sem dúvida alguma, a ideia mais
homem é culto e aquele outro é inculto. Parece-nos que, importante do século XVIII e é precisamente esse conceito
desde sua origem, a cultura está relacionada ao cultivo, que designa o elemento aglutinador das ciências do espíri-
que ultrapassando a esfera do domínio sobre a natureza, to do século XIX. (...) O conceito de Bildung torna evidente
recai sobre o domínio ou sobre a possibilidade de domínio a profunda transformação espiritual que fez do século de
do conhecimento e da sabedoria. Se hoje relacionamos, Goethe ainda um nosso contemporâneo, ao passo que o
de algum modo, sabedoria e cultura, podemos pensar que do Barroco nos soa hoje como antiguidade histórica. Nessa
esta relação surge quando o homem se eleva (ascende) a época, os conceitos e termos decisivos com os quais ainda
si mesmo, quando olha para si e se percebe enquanto ob- hoje operamos adquirem seu significado.
jeto a ser cultivado. Aristóteles, em sua Ética a Nicômaco Em um artigo intitulado “Nota sobre o conceito de Bil-
nos convida a essa cultura: cultivar a sabedoria, a sabedo- dung”, Rosana Suarez apresenta um breve estudo sobre o
ria prática (sofi/a) é saber viver. E essa sabedoria é e noz conceito alemão, com base no escrito “Bildung et Bildun-
conduz à felicidade, entendida como eu)daimoni/a: bom gsroman” (Formação cultural e romance de formação), de
caminho e equilíbrio. Para o estagirita, cultivar a sabedoria Antoine Berman. Suarez aproxima-nos do autor francês,
requer a prática de bons hábitos. Precisamos, segundo ele, ainda pouco conhecido no Brasil e serve-nos de apoio para
nos habituar a fazer coisas boas, a agir bem. Há, portanto, uma compreensão mais pormenorizada da Paidéia grega,
uma ética no culto da sabedoria, na cultura da vida práti- através do conceito de Bildung: A palavra alemã Bildung
ca: os bons costumes, os bons hábitos despertam em nós significa, genericamente, “cultura” e pode ser considerada
um bom modo se ser, um bom caráter. O homem de bom o duplo germânico da palavra Kultur, de origem latina. Po-
caráter é virtuoso, conhece e cuida de si mesmo. Torna-se rém, Bildung remete a vários outros registros, em virtude,
fruto de sua própria cultura, cria-se, cultiva-se, transcende- antes de tudo, de seu riquíssimo campo semântico: Bild,
-se, caminha na direção de um mundo novo: imagem, Einbildungskraft, imaginação, Ausbildung, de-
5
FILOSOFIA
senvolvimento, Bildsamkeit, flexibilidade ou plasticidade, Podemos pensar a paidéia platônica como anamnese,
Vorbild, modelo, Nachbild, cópia, e Urbild, arquétipo. Uti- como ascese, como movimento dialético; memória e eleva-
lizamos Bildung para falar no grau de “formação” de um ção, como caminho, processo de formação. Nesse sentido,
indivíduo, um povo, uma língua, uma arte: e é a partir do a cultura seria um reflexo daquilo que nós somos, ela faz
horizonte da arte que se determina, no mais das vezes, Bil- parte de nós, está em nós.
dung. Sobretudo, a palavra alemã tem uma forte conota- Em contraposição, Aristóteles, nos diz que é possível
ção pedagógica e designa a formação como processo. Por aprender a sermos bons. A prática de bons hábitos e boas
exemplo, os anos de juventude de Wilhelm Meister, no ro- virtudes nos torna melhores. Nesse processo ético, apren-
mance de Goethe, são seus Lehrjahre, seus anos de apren- demos a cultivar o Bem, o que nos permite dizer que a
dizado, onde ele aprende somente uma coisa, sem dúvida Cultura é uma prática que se realiza na medida em que
decisiva: aprende a formar-se (sich bilden). agimos em que manifestamos nosso cuidado com o mun-
Na esteira de Berman, Suarez resume o dinamismo de do e conosco.
Bildung: seu caráter de processo, prática, trabalho, viagem, Dadas estas considerações, voltamos ao estatuto, ao
romance, alteração, identificação, tradução. Em grande fundamento da própria cultura. Qual o modo de ser, qual
parte, estas definições exemplares encontram-se em Goe- o h)/qoj da cultura? Preferimos pensar que este h)/qoj é
the, Hegel, nos Românticos de Iena (Friedrich e August formação permanente, é busca incessante, processo, resul-
Schlegel) e também em Nietzsche. A “grande viagem” que tado e resultante. Remontar à ideia de cultivo, de cuidado,
caracteriza Bildung não consiste, segundo a autora, “em ir associá-la à busca de uma vida melhor, manifestá-la atra-
a um lugar qualquer, não importa aonde, mas, sim, lá onde vés das artes, das crenças, das instituições, da moralidade,
possamos nos formar e educar. Na concepção de Friedrich do conhecimento talvez possam nos ajudar a decifrar o
Schlegel, esse tour formador tem o caráter de um romance. enigma da cultura. Não podemos defini-la aqui, de forma
Diz Schlegel: Todo homem que é culto (gebildet) e se culti- definitiva. O que podemos afirmar é que o homem é cul-
va também contém um romance em seu interior”. tura e cultural. Há nele algo inato, que o impele ao cultivo,
Percebemos, portanto, que Bildung é o processo e ao cuidado.
também o resultado do processo cultural, é formação prá-
Há também algo de vir-a-ser, pelo qual ele se torna,
tica para a vida. Talvez possamos, nessa acepção, entender
junto com o mundo, objeto de cultivo e cuidado. Se al-
a Paideia grega: uma junção entre Kultur, no sentido de
guém conseguir nos dizer o que é propriamente o homem,
cultivo, cuidado, e Bildung, enquanto processo resultado
talvez aí, possamos entender o conceito e o te/loj (finalida-
do cultivo e do cuidado.
de) da cultura. (Texto adaptado de MORAES, E. V. H.).
A pergunta fundamental em filosofia da arte é: qual a
Cultura – cultivo, processo, formação, resultado.
natureza da obra de arte? Teorias da arte buscam respon-
Enquanto Bildung parece, ainda que num caráter de dê-la. Uma objeção frequente à pretensão de construir tais
formação moral, remontar diretamente à arte, à literatura, à teorias é que a arte é um fenômeno demasiado diversifi-
música, ao romance, Paidéia nos lembra a)reth/, e)/qoj, h)/ cado para que possa ser encontrada uma essência comum
qoj (virtude, ética, formação moral) e poli/teia (política). Ou a todas as suas manifestações, o que equivale a dizer que
seja, na raiz do processo de formação educacional e cultu- não podemos encontrar condições necessárias e suficien-
ral gregas, encontramos uma acepção ética e política que, tes para a sua identificação, ou seja, condições que uma vez
norteará, segundo nosso entender, todas as formas pelas presentes nos garantam que estamos diante de uma obra
quais podemos pensar hoje, o conceito de Cultura. de arte. O que há de comum, afinal, entre o teto da capela
Do trato com a natureza ao trato da própria vida, o Sixtina e as caixas de supermercado Brillo de Andy Warhol?
homem parece ter descoberto o conceito de bem e, com Muito pouco.
ele, os de Beleza e Justiça. Desde o inicio de sua forma- Essa objeção tomou uma forma articulada na sugestão,
ção, o homem grego pauta-se pelos conceitos de belo e feita por Morris Weitz, de que o conceito de arte não pode
bom (kalo\j kai\ agaqo/j). Ser belo e bom significava, desde ser definido em termos de condições necessárias e sufi-
Homero, ser virtuoso, ser melhor. Isto se refletia e reflete- cientes por se tratar de um conceito caracterizado pelo que
-se ainda hoje, tanto nas ações (vida prática), quanto nas Wittgenstein chamava de semelhanças de família, tal como
artes. A cultura nasce, assim, pelo cultivo, pela educação, os de jogo ou de religião. Para Wittgenstein, embora tais
pela formação para o que é Belo e Bom. A cultura é aquilo palavras-conceitos pareçam possuir uma essência comum
que pode fazer do homem um homem melhor. a todas as suas aplicações, na realidade elas apresentam
Nesse sentido, questionamo-nos se a cultura é algo apenas semelhanças parciais entre uma e outra aplicação,
inato, que faz parte da própria natureza humana ou se é nada possuindo de relevante que seja comum a todas as
possível adquirir cultura. aplicações. As similaridades entre as aplicações são, segun-
Para Platão, grosso modo ninguém aprende o que é o do outra metáfora de Wittgenstein, como as cerdas trança-
Bem ou o Belo, estas ideias nos são inatas, nossa tarefa é das de um mesmo fio, que apenas parecem percorrer toda
a de lembrar o que todos nós já conhecemos e esquece- a sua extensão. Weitz adiciona a isso considerações sobre a
mos por nos prendermos à aparência das coisas. Para ele, textura aberta do conceito de arte: trata-se de um conceito
tornar-se melhor é uma questão de autoconhecimento, tal em constante mutação, continuamente ampliado pela cria-
qual no oráculo délfico Nosce te ipsum (Conhece-te a ti ção de novas formas de arte.
mesmo).
6
FILOSOFIA
Essa objeção tem sua força. Mas é importante notar conceitos mais ou menos autônomos e variadamente asse-
que a noção de semelhanças de família, se interpretada melhados entre si. Sendo assim, mesmo que certo concei-
como exigindo apenas que os objetos de aplicação do to geral não possua uma essência comum relevante para
conceito possuam semelhanças quaisquer entre si, é incoe- as suas aplicações, isso não significa que os sub conceitos
rente. Qualquer coisa é, em algum aspecto, semelhante a que o constituem, quando considerados individualmente,
qualquer outra. Como Nigel Warburton notou, o edifício não possuam essências comuns aos seus campos de apli-
do Empire State e um alfinete são semelhantes no tocante cação específicos. Além disso, há sub conceitos que são
ao fato de serem ambos feitos de material inorgânico e de mais fundamentais e que importa mais analisar. Considere,
serem pontudos, o que não nos permite dizer que o Empire por exemplo, o conceito de conhecimento. Ele se divide
State é um alfinete. Se as semelhanças não forem limitadas em pelo menos três tipos relativamente autônomos: o co-
por algum critério, palavras-conceito possuidoras de seme- nhecimento como capacidade (por exemplo, “Sei nadar”),
lhanças de família entre as suas aplicações tornam-se ilimi- o conhecimento de particulares (por exemplo, “Conheço
tadamente aplicáveis, perdendo a sua função classificatória Maria”) e o conhecimento proposicional (por exemplo, “Sei
e deixando de fazer qualquer sentido. que a terra é redonda”). O último tipo de conhecimento é
Há alternativas semanticamente menos danosas. Um certamente o mais fundamental, pois concernente a tudo
meio de delimitar as semelhanças sem fazer apelo a uma aquilo a que atribuímos verdade.
essência comum consiste em estabelecer um modelo ou Ora, sendo assim uma teoria da arte pode talvez es-
paradigma, que consiste em uma série de propriedades clarecer a essência comum ao que pertence à espécie ver-
cuja presença pode contar para a aplicação do conceito, dadeiramente importante de arte, podendo ser essa uma
adicionado ao estabelecimento de uma regra criterial tarefa bem mais significativa do que a de estabelecer uma
exigindo um compartilhamento mínimo entre as proprie- regra criterial capaz de delimitar nossas aplicações da pa-
dades encontradas no objeto e as propriedades descritas lavra ‘arte’ por margens de similaridade com um paradig-
no paradigma. Dessa forma, dois objetos podem não pos- ma, em circunstâncias nas quais a busca de uma essência
suir nenhuma propriedade comum e mesmo assim com- comum revelou-se uma miragem.
partilharem suficientemente das propriedades descritas no Com essas considerações em mente quero expor e dis-
paradigma para caírem sob o mesmo conceito. Esse pode- cutir brevemente algumas teorias mais influentes acerca da
ria ser o caso, por exemplo, do conceito de religião. Uma natureza da arte em algumas de suas variantes, em busca
religião como a católica possui todas as propriedades do do que possa parecer mais relevante e esclarecedor.
paradigma. Outras, como o budismo, podem possuir ape-
nas algumas. Representativismo
E quanto à questão da textura aberta? Ela parece-me
outra. Conceitos se modificam e eventualmente se expan- O representativismo é a mais antiga concepção da obra
dem. Mas isso quer dizer apenas que as convenções que de arte, sugerindo que a sua função seja a de representar
lhes são constitutivas de algum modo foram alteradas ou alguma coisa. Platão e Aristóteles concebiam a arte como
ampliadas. A sua essência nominal – ou seja, as convenções imitação ou mímese, ou seja, como uma representação na-
conceituais que supomos designar a essência real – foi al- turalista da realidade. Assim, a pintura imita a natureza, o
terada ou ampliada. Mas isso não implica em semelhanças drama imita a ação humana. Essa concepção já era proble-
de família. Considere, por exemplo, o conceito de número: mática na antiguidade. A música instrumental, por exem-
embora ele sempre descreva quantidade ou medida, houve plo, não parece imitar coisa alguma. E a pintura moderna
uma imensa expansão, desde os números naturais, conta- tornou essa concepção ainda menos plausível. Um Teoria
dos já pelo homem das cavernas, até, digamos, números Institucional
hipercomplexos, como os biquarteniões e os sedeniões. A teoria institucional da arte surgiu na década de 1960,
Se admitimos tais respostas as teorias da arte voltam tendo sido sustentada por George Dickie. Ela enfatiza a
a fazer sentido, se não como teorias que visam estabelecer importância da comunidade de conhecedores de arte na
condições necessárias e suficientes, essências comuns para definição e ampliação dos limites daquilo que pode ser
todo o sempre, ao menos como teorias que devem estabe- chamado de arte. Dickie define a obra de arte como um
lecer as margens de similaridade a serem requeridas entre artefato que possui um conjunto de aspectos que lhe con-
o objeto e o paradigma para que ele possa ser chamado ferem o status de candidato à apreciação por parte das
de obra de arte, ou que classificam estágios históricos do pessoas pertencentes à instituição do mundo da arte. Nigel
seu desenvolvimento. O importante passa a ser que essas Warburton ilustra a teoria com a história da obra de Alfred
teorias sejam capazes de iluminar dimensões importantes Wallis. Wallis era um marinheiro que nada entendia de arte
do que entendem por arte, as quais constituem historica- e que aos 70 anos, após a morte da esposa, decidiu pintar
mente o paradigma, além das relações sistemáticas even- barcos na madeira para afugentar a solidão. Casualmente,
tualmente existentes entre elas. dois pintores de passagem pelo lugar gostaram de suas te-
Há, contudo, outra maneira de se abordar a questão, las e o descobriram como artista. Como resultado, as obras
não necessariamente conflitante com a que acabo de ex- de Wallis podem ser hoje vistas em vários museus ingleses.
por. Um conceito com aplicações muito diversificadas pode Como disse um crítico, Wallis tornou-se um artista sem se-
ser muitas vezes analisado como sendo formado por sub quer saber que era.
7
FILOSOFIA
Há duas objeções principais à teoria institucional. A pri- arte “assim chamada” (so called). Esta última, por sua vez,
meira é que, ou os entendidos em arte decidem o que deve pode ser para Collingwood de dois tipos: a arte como má-
ser considerado uma obra de arte com base em razões, gica e como entretenimento. A arte como mágica é a que
ou o fazem arbitrariamente. Se eles o fazem com base em tem uma função utilitária. Um hino patriótico, por exemplo,
razões, essas razões baseiam-se em uma teoria da arte que pode ter a função de incitar sentimentos cívicos nas pes-
não é a teoria institucional. Assim, alguém poderá dizer soas. A arte como entretenimento é a que tem uma função
que os quadros de Wallis apresentam excelentes combina- hedonista. Um filme de horror de má qualidade, por exem-
ções de cores aliadas à simplicidade formal; mas essa seria plo, objetiva produzir na audiência certas emoções canali-
uma maneira de dizer que eles possuem forma significante. zadas, que nada fazem no sentido de ampliar a consciência
Nesse caso a teoria institucional colapsa em outra concep- emocional do espectador e no final podem mesmo produ-
ção acerca do que é a arte. Suponhamos agora que os en- zir um sentimento de frustração e tédio.
tendidos em arte decidam o que deve ser considerado obra Seria pedante rejeitar a arte como entretenimento. Mas
de arte de modo meramente arbitrário. Ora, nesse caso não para Collingwood uma sociedade em que as pessoas acre-
fica claro porque devemos dar alguma importância à arte. ditam que o único objetivo da existência humana é a di-
Uma objeção adicional seria a de que a teoria institucional versão é uma sociedade inferior ou decadente. Seja como
é viciosamente circular. Obras de arte são definidas como for, nada impede que a arte própria venha misturada à arte
objetos que são aceitos como tais pelas pessoas que en- mágica ou à arte como entretenimento. A belíssima cantata
tendem de arte; e as pessoas que entendem de arte são Meus Suspiros Minhas Lágrimas, de Bach, e o livro Sexus de
definidas como as que aceitam certos objetos como sendo Henry Miller, exemplificam, respectivamente, uma e outra
obras de arte. coisa. O que essas distinções nos sugerem é que, embora
não possamos encontrar uma essência relevante do con-
Expressivismo ceito de arte em geral, podemos distinguir o subconceito
mais relevante, o de arte própria, e se formos capazes de
Segundo as teorias expressivistas, a arte é expressão esclarecer a sua essência, quem sabe mesmo em termos de
de emoções. As teorias expressivistas da arte são mais mo- condições necessárias e suficientes, já teremos encontrado
dernas, embora sinais dela já pudessem ser encontrados na tudo o que vale a pena buscar.
antiguidade, como na teoria aristotélica da função catártica
da tragédia de purgação das emoções. Para o expressivis- Como a arte própria promove a regeneração da
ta a arte é para o mundo interior das emoções um pouco consciência?
como a ciência para o mundo exterior. A ciência tem como
objeto fenômenos físicos enquanto a arte tem como objeto O ponto mais importante, porém, é que embora a teo-
as emoções humanas que ela exprime. ria de Collingwood chegue a uma caracterização da essên-
Uma versão ingênua da teoria expressivista é usual- cia da grande arte, ela o faz de uma maneira ainda alusiva.
mente, embora injustamente, atribuída a Leon Tolstoy. A emoção individuada, esclarecida e refinada que a obra
Primeiro o artista precisa ter um sentimento: Tolstoy vai à de arte evoca, seria a emoção propriamente estética. Mas
guerra e volta cheio de sentimentos únicos. Ele produz en- como caracterizá-la e distingui-la das emoções mais co-
tão uma obra de arte destinada a expressá-los de forma muns? De que maneira as emoções únicas, evocadas pela
clara, digamos, Guerra e Paz. Por sua vez, a obra evoca no representação artística, seriam capazes de nos defender da
leitor os mesmos sentimentos que o artista teve ao passar corrupção da consciência?
pela guerra. O esquema é simples: A vaga hipótese que quero propor tem a ver com o ca-
Emoções do artista -> obra de arte -> emoções no au- ráter polissêmico da arte, fazendo uso de algumas ideias da
ditório. metapsicologia freudiana. As produções simbólicas cons-
A obra de arte é aqui apenas um veículo de transmissão titutivas da obra de arte (palavras, sons, formas, cores...)
de emoções. Essa versão do expressivismo é ingênua por- são reproduzidas na consciência da audiência sob a forma
que não é capaz de distinguir a obra de arte de qualquer do que Freud chamaria de representações (Vorstellungen).
outra coisa que transmita um sentimento. Uma notícia de Essas últimas são possuidoras de alguma espécie de con-
jornal sobre a guerra pode ter profundo efeito emocional, teúdo semântico, como pretende a teoria representacio-
mas isso não a torna uma obra de arte. Se uma pessoa está nal. Também segundo Freud, representações costumam
se afogando em um rio e grita por socorro, ela expressa um associar-se a emoções, a intensidades afetivas que lhe são
sentimento de desespero pela asfixia, enquanto a pessoa próprias, àquilo que ele chamava de cargas afetivas (Beset-
que a ouve compreende muito bem o que ela deve estar zungen), e a tomada de consciência de representações cos-
sentindo. Mas isso não faz de seus gritos obras de arte. tuma vir acompanhada de uma descarga das intensidades
Há, contudo, versões mais sofisticadas do expressivis- afetivas a elas ligadas, a qual segundo ele produz prazer
mo, a melhor delas sendo talvez a do filósofo inglês R. G. pela diminuição da tensão endopsíquica. Há duas maneiras
Collingwood em seu livro The Principles of Arts. O que esse gerais pelas quais isso pode ocorrer, que são os processos
filósofo quis fazer foi desenvolver uma teoria da grande psíquicos primário e secundário. No processo secundário
arte, da arte séria, por ele chamada de arte própria (art (sekundäre Vorgang) – próprio do pensamento científico –
proper). Ele quer distinguir a arte própria da má arte, que as cargas afetivas encontram-se rigidamente associadas às
se encontra a serviço do que ele chama de corrupção da representações correspondentes. Já no processo primário
consciência, do que passa por arte sem realmente sê-lo: a (primäre Vorgang)
8
FILOSOFIA
– próprio dos sonhos, mas também das manifestações conservam que é a tese de que todo e qualquer conhe-
artísticas cimento sintético haure sua origem na experiência e só é
– as cargas encontram-se livres, sofrendo efeitos de válido quando verificado por fatos metodicamente obser-
deslocamento (Verschiebung) e condensação (Verdi- vados, ou se reduz a verdades já fundadas no processo de
chtung). No deslocamento a carga afetiva se desloca de pesquisa dos dados do real, embora, sua validade lógica
uma representação inconsciente para outra que lhe seja em possa transcender o plano dos fatos observados.
algum aspecto semelhante e capaz de passar pela censu- Como já foi dito anteriormente, existe no empirismo di-
ra de modo a tornar-se consciente, disso resultando uma vergência de pensamentos, e é exatamente esse aspecto que
liberação das tensões afetivas. Na condensação as cargas abordaremos a seguir. São três, as linhas empíricas, sendo
afetivas provenientes de uma variedade de representações elas: a integral, a moderada e a científica.
condensam-se em uma só, que é parte dessa variedade, O empirismo integral reduz todos os conhecimentos à
a qual se torna consciente, também produzindo prazer ao fonte empírica, aquilo que é produto de contato direto e ime-
liberar tensões afetivas. diato com a experiência. Quando a redução é feita à mera
Com a introdução dessas poucas categorias podemos experiência sensível, temos o sensismo (ou sensualismo). É o
agora tentar uma explicação mais precisa para a emoção caso de John Stuart Mill, que na obra Sistema da Lógica diz
estética e sua suposta função regeneradora da consciên- que todos os conhecimentos científicos resultam de proces-
cia. De que maneira? Talvez um insight proveniente do sos indutivos, não constituindo exceção as verdades mate-
idealismo alemão possa auxiliarnos. Para o idealismo de máticas, que seriam resultado de generalizações a partir de
Schelling, a beleza é a compenetração ou fusão do ideal dados da experiência. Ele apresenta a indução como único
no particular, no real, existindo onde o infinito ingressa no método científico e afirma que nela resolvem-se tanto o silo-
finito para ser contemplado em concreto; a beleza é, pois, gismo quanto os axiomas matemáticos.
a apresentação do infinito no finito. Disso Hegel concluiu O empirismo moderado, também denominado genético-
famosamente que a beleza se define como a manifestação -psicológico, explica que a origem temporal dos conheci-
sensível da ideia, sendo a ideia a verdade, aqui exterioriza- mentos parte da experiência, mas não reduz a ela a validez
da no sensível e no concreto. do conhecimento, o qual pode ser não empiricamente valido
Uma maneira de se parafrasear livremente esse insi- (como nos casos dos juízos analíticos). Uma das obras ba-
ght usando o vocabulário freudiano parte da sugestão de seadas nessa linha é a de John Locke (Ensaios sobre o Enten-
que na obra de arte temos representações polissêmicas, dimento Humano), na qual ele explica que as sensações são
capazes de se associar naturalmente a uma indetermina- ponto de partida de tudo aquilo que se conhece. Todas as
ideias são elaborações de elementos que os sentidos rece-
da variedade de outras representações. Essas associações
bem em contato com a realidade.
da representação estética com outras se dão por meio dos
Como já foi dito, para os moderados há verdades universal-
mecanismos de condensação e deslocamento do processo
mente validas, como as matemáticas, cuja validez não assenta na
primário e suas variantes. As cargas afetivas das múltiplas
experiência, e sim no pensamento. Na doutrina de Locke, existe
representações não-estéticas de que temos lembrança
a admissão de uma esfera de validade lógica a priori e, portanto
(conscientemente ou não) já se encontram de algum modo
não empírica, no que concerne aos juízos matemáticos.
ativadas e os mecanismos do processo primário permitem
que elas passem para a representação estética, dotando a Criticismo
emoção estética de sua intensidade própria. A qualidade
regenerativa da emoção estética O criticismo é o estudo metódico prévio do ato de conhe-
singular, por sua vez, advém de um movimento em di- cer e dos modos de conhecimento, ou seja, uma disposição
reção oposta: a associação entre a representação estética metódica do espírito no sentido de situar, preliminarmente
e outras representações permite reavaliá-las para a cons- o problema do conhecimento em função da relação sujeito-
ciência em termos de sua verdade e correção. Essa seria a -objeto, indagando as suas condições e pressupostos.
característica distintiva da emoção estética pertencente à Ele aceita e recusa certas afirmações do empirismo e ra-
arte própria. cionalismo, por isso, muitos autores acreditam em sua auto-
nomia. Entretanto, devemos entender tal posição como uma
Empirismo análise crítica e profunda dos pressupostos do conhecimento.
Seu maior representante, Immanuel Kant, tem como mar-
O empirismo pode ser definido como a asserção de ca a determinação a priori das condições lógicas das ciên-
que todo conhecimento sintético é baseado na experiência. cias. Ele declara que o conhecimento não pode prescindir da
Conceitua-se empirismo, como a corrente de pensamento experiência, a qual fornece o material cognoscível e nesse
que sustenta que a experiência sensorial é a origem única ponto coincide com o empirismo. Porém, sustenta também
ou fundamental do conhecimento. que o conhecimento de base empírica não pode prescindir
Originário da Grécia Antiga, o empirismo foi reformula- de elementos racionais, tanto que só adquire validade uni-
do através do tempo na Idade Média e Moderna, assumin- versal quando os dados sensoriais são ordenados pela razão.
do várias manifestações e atitudes, tornando-se notável Segundo palavras do próprio autor: “os conceitos sem as in-
as distinções e divergências existentes. Porém, é notório tuições são vazios; as intuições sem os conceitos são cegas”.
que existem características fundamentais, sem as quais se Para ele, o conhecimento é sempre uma subordinação do real
perde a essência do empirismo e a qual, todos os autores à medida do humano.
9
FILOSOFIA
Conclui-se então, que pela ótica do criticismo, o conhe- dos arranjos sociais perfeitamente justos, considerando a
cimento implica sempre numa contribuição positiva e cons- definição das instituições justas como tarefa mais importan-
trutora por parte do sujeito cognoscente em razão de algo te da teoria da justiça. A outra tradição, que reúne filósofos
que está no espírito, anteriormente à experiência do ponto iluministas diversos (Smith, Condorcet, Mary Wollstonecraft,
de vista gnosiológico. Bentham, Marx e John Stuart Mill), adotou uma variedade de
Uma teoria da Justiça, de John Rawls, publicada em 1971, abordagens para comparar os diferentes modos de vida que
é certamente a obra mais importante da filosofia política do as pessoas podem levar, considerando tanto a influência das
pós-guerra, e impregnou profundamente a reflexão sobre a instituições como os padrões de comportamento real des-
ideia de justiça. Qual o objeto e a finalidade de uma teoria sas pessoas, sua situação socioeconômica particular, os pa-
da justiça; como definir as liberdades básicas dos cidadãos e drões de avaliação cultural e outras dimensões significativas.
conciliá-las com igualdade democrática; qual a distribuição Sen se filia a essa segunda tradição, cujo ponto de partida
mais apropriada dos bens sociais básicos (liberdades, renda é comparativo, e não transcendental; e está voltado para as
e riqueza, oportunidades, bem-estar, autorrespeito); como realizações que ocorrem nas sociedades, em vez de olhar
justificar os princípios que devem orientar a configuração apenas para as instituições e as regras. Dado o predomínio
das instituições públicas de uma sociedade justa; como o da tradição do institucionalismo transcendental, se quiser-
debate público político deve estar estruturado de modo a mos atingir efetivamente o propósito prático de remover as
incluir a diversidade de interesses e valores; como conciliar injustiças, temos de mudar radicalmente nosso modo de for-
os direitos subjetivos individuais e o ideal do bem comum, mular a questão. Sen pretende alcançar esse objetivo ado-
são algumas das questões levantadas pela teoria da justiça tando uma abordagem que escapa tanto das abstrações do
de Rawls e que pautam (para alguns positivamente e para institucionalismo transcendental quanto das simplificações
outros negativamente) a agenda de discussão há pelo me- do utilitarismo, tomando a via de uma reformulação da teo-
nos quatro décadas. Com A ideia de justiça, Amartya Sen ria da escolha social à luz do espectador imparcial de Adam
desenvolve uma formulação própria da justiça que preten- Smith. Guia-se pela necessidade prática de fornecer uma
de lançar as bases de uma teoria da justiça que vá além de teoria que seja universal e objetiva em sua justificação, mas
Rawls e tenha uma influência prática mais direta na formula- que também seja capaz de lidar com as inquietantes ques-
ção de políticas públicas de eliminação das injustiças. tões postas pela realidade social, situando sua obra numa
Em vez de insistir no normativismo abstrato voltado para intersecção frutífera entre filosofia política e ciência social.
as estruturas institucionais de uma sociedade justa bem-or- Na primeira parte do livro, Sen procura deixar clara
denada, Sen pretende desenvolver uma teoria da justiça que essa sua “filiação iluminista” apresentando, numa análise de
leve em conta a posição real das pessoas no mundo, seus cunho mais epistemológico, as exigências da justiça decor-
padrões de comportamento e circunstâncias socioeconômi- rentes de uma justificação para a razão baseada em grande
cas concretas em que vivem. Essa perspectiva prática teria parte na demanda por objetividade e imparcialidade. Numa
sido excluída da filosofia política contemporânea, dominada série de referências a Rawls, Habermas e Smith, Sen defende
por um idealismo normativo à la Rawls. Na abordagem de a possibilidade de uma razão objetiva na ética e na política,
Sen, em vez dos arranjos institucionais ideais, uma teoria da sugerindo um procedimento arrazoado para formular diag-
justiça deveria levar em conta a vida que as pessoas são real- nósticos críticos das situações de injustiça e para fundamen-
mente capazes de levar. O que é central numa teoria da justi- tar nossos juízos éticos sobre questões práticas reais. O crité-
ça é a identificação de injustiças corrigíveis por meio de uma rio de objetividade é a imparcialidade que Sen vincula à ideia
análise real das assimetrias produtoras dessas injustiças na de argumentação pública: tendemos a considerar objetivos
vida das pessoas reais. “A justiça está fundamentalmente co- os juízos e as avaliações que provavelmente sobreviveriam
nectada ao modo como as pessoas vivem e não meramente “à discussão pública aberta e informada”. Ao contrário de
à natureza das instituições que a cercam”. A ideia de justiça Rawls e Habermas, que colocam exigências rigorosas à de-
pode ser considerada a incursão de maior fôlego de Sen no liberação pública, a aposta de Sen é a de que “todos nós
âmbito da filosofia política; resume e pressupõe a familiari- somos capazes de ser razoáveis sendo abertos ao acolhi-
dade dos leitores com argumentos e conceitos desenvolvi- mento de informações, refletindo sobre argumentos prove-
dos em suas obras anteriores na filosofia política, economia nientes de diferentes direções e investindo, junto a isso, em
e teoria da escolha social. Com um caráter enciclopédico, os deliberações e debates interativos sobre a forma como as
argumentos do livro são ilustrados por uma rica gama de questões subjacentes devem ser vistas”. Sen insiste no papel
anedotas e exemplos extraídos da literatura, história e acon- central da argumentação pública irrestrita não somente para
tecimentos recentes. Suas ideias centrais são relativamente a política democrática em geral, mas para a busca da justiça
poucas, ainda que de grande importância na reflexão sobre social em particular. “A argumentação pública é claramente
a justiça, e são retomadas várias vezes no desdobramento uma característica essencial da objetividade nas crenças po-
da argumentação. líticas e éticas”.
Sen contrasta duas tradições de pensamento que com- Para Sen, o modelo adequado para pensar a objetivi-
partilham o ideal iluminista de fundamentar a ideia da jus- dade na avaliação da justiça via argumentação pública é a
tiça na argumentação racional e nas exigências do debate forma de raciocínio oferecida por Adam Smith ao invocar o
público livre e inclusivo. Uma abordagem que Sen deno- espectador imparcial, que tem tanto aspectos procedimen-
mina “institucionalismo transcendental” e que está ligada tais quanto substantivos. A busca por decisões deliberadas
à tradição contratualista (Hobbes, Locke, Rousseau, Kant e publicamente sugerida pela figura do observador imparcial
mais recentemente Rawls) se concentrou na identificação de Smith implica adotar um procedimento que considere “as
10
FILOSOFIA
perspectivas e os argumentos apresentados por toda pessoa minação dos cidadãos por meio do uso público da razão.
cuja avaliação seja relevante, quer porque seus interesses As tradições de governo por meio do debate público fun-
estejam envolvidos, quer porque suas opiniões sobre essas dadas em ideias gerais de liberdade e igualdade, enraiza-
questões lançam luz sobre juízos específicos”. É necessário das no Ocidente e no Oriente, “continuam exercendo algu-
dar oportunidade para que todas as vozes sejam ouvidas ma influência sobre as ideias das pessoas, podendo inspi-
para ampliar a discussão do ponto de vista dos conteúdos, rá-; las ou desencorajá-; las, e que tem de ser levadas em
que tem de ir além das variações de interesses e priorida- conta tanto se formos motivados por elas, ou quisermos
des pessoais para evitar o etnocentrismo dos valores. A ideia opor-; lhes resistência ou transcendê-; las”.
de uma argumentação pública livre e inclusiva, na qual a Se a parte introdutória de A ideia de justiça começa
objetividade de nossos juízos depende da possibilidade de pelo contraste entre as abordagens baseadas em ideais de
sobreviverem ao teste de uma análise informada a partir de justiça abstratos e abordagens comparativas orientadas
diferentes pontos de vista, é comum a Smith, Rawls e Ha- pela posição concreta das pessoas no mundo, é curioso
bermas. A diferença é que, para Sen, os princípios que so- que a parte final dedicada à prática da democracia e aos
brevivem à análise não precisam formar um conjunto siste- direitos humanos mostre precisamente a força das ideias
mático e coerente, orientados pela rigidez de uma estrutura abstratas e o papel prático-; político desempenhado pelos
institucional única. Em vez de narrar a “história hipotética do filósofos do institucionalismo transcendental (se é que al-
desdobramento da justiça”, Sen defende a possibilidade da gum dos filósofos mencionados por Sen se encaixa nessa
coexistência de posições contrárias que não podem ser am- definição). Afinal, no início da modernidade as ideias uni-
putadas no leito de Procusto sugerido pela teoria de Rawls, versalistas de liberdade, igualdade e autonomia não repre-
que nos levaria a “um único caminho institucional”. sentavam exatamente um padrão de comportamento real
e estavam longe de ser amplamente aceitas. As boas razões
A prática da democracia para a prioridade dessas ideias tiveram de ser fundamen-
tadas a partir de concepções enfaticamente universalistas
Mas quais são as boas razões para darmos certa prio- da razão prática defendidas em grande parte pelos filó-
ridade à liberdade substantiva em nossas reflexões sobre a sofos iluministas transcendentais. Mesmo a particularidade
justiça? Sen não se preocupa em fundamentar isso de for- das democracias modernas em comparação com as anti-
ma filosófica rigorosa, o que de algum modo não nos leva- gas reside no fato de elas se fundamentarem numa auto
ria muito longe na reflexão sobre as questões da justiça. A compreensão liberal igualitária de cidadania democrática
prioridade da liberdade substantiva se justifica do ponto de cujo padrão de legitimação baseada na ideia de um acor-
vista da observação comparada de padrões comportamen- do razoável alcançado por meio do uso público da razão
tais reais de pessoas vivendo em sociedade. Daí o interesse -, formada e justificada também pela tradição do contrato
de Sen, no último capítulo do livro, em compreender as social. Certamente Sen tem razão ao apontar para a situa-
raízes da democracia no mundo e em olhar para a história ção lamentável em que se encontra uma grande parte da
da participação popular e da razão pública em diferentes filosofia política contemporânea, enredada em discussões
regiões e países. Certamente, a estrutura institucional da normativas desconectadas dos conflitos políticos e reivin-
prática contemporânea da democracia é, em grande parte, dicações concretas, mas não parece que devemos consi-
fruto das experiências europeia e americana dos últimos derar o esforço dos “institucionalistas transcendentais” do
séculos, mas a democracia, entendida como governan- passado e do presente algo desnecessário ou irrelevante
ça participativa e governo por meio do debate político e para diagnosticar as injustiças e realizar a justiça. A relação
exercício da razão pública, expressa uma tendência real na entre a filosofia política, a esfera pública e a formação de
vida social, com uma história muito mais longa e difundida, uma cultura política acostumada com as ideias de justiça,
que abrange tanto o Ocidente quanto o Oriente antigo e liberdade, igualdade de todos e direitos humanos funda-
moderno. mentais é mais complexa e tensa do que uma mera contra-
posição entre ideal e real.
Por meio de uma instrutiva reconstrução da tradição
Uma das maiores contribuições de A ideia de justi-
democrática e da prática efetiva da democracia na história,
ça é mostrar que a tarefa de responder à questão “como
Sen procura tornar plausível a ideia de que a democracia
promover uma sociedade justa, estável e cooperativa en-
como exercício da razão pública é uma herança comum do
tre pessoas autônomas livres e iguais” exige um trabalho
Oriente e do Ocidente: ambos compartilham uma forte tra-
mais cooperativo entre as ideias da filosofia política e as
dição de vida política participativa, o que demonstra que a
análises das ciências sociais em geral, e que essa respos-
ideia de liberdade substantiva como poder real de realizar
ta não pode ser meramente teórica-; conceitual, mas sim
o que desejamos após uma avaliação arrazoada portanto,
prático-; política. Trata-; se de uma tarefa que tem de ser
a formação da capacidade humana para a liberdade mere-
levada adiante pelas próprias pessoas na vida social e no
ce prioridade não por razões normativas, mas por ser um
exercício da razão pública, num debate crítico, reflexivo,
desejo e um padrão de comportamento real adotado por
aberto e ininterrupto sobre como lidar com as exigências
pessoas de diferentes culturas, que lutaram e lutam para
conflitantes entre o possível e o desejável. (Texto adaptado
fazer valer seus interesses e valores. É isso que Sen procura
de WERLE, D. L.).
comprovar nos capítulos finais sobre as origens globais da
democracia e das diferentes reivindicações por autodeter-
11
FILOSOFIA
À primeira vista, o título deste artigo levanta uma ques- A diferença é 10 vezes menor do que aquela entre um
tão: existe realmente uma filosofia dos Direitos Humanos? camundongo e um rato. Não estamos aqui negando a con-
A filosofia sempre se apresentou como a ciência dos princí- tribuição dessas ciências, apenas relativizando-a na elabo-
pios últimos, o que lhe reserva um lugar privilegiado diante ração de uma ideia comum sobre quem é o homem. Aquilo
das outras disciplinas. que determina o homem enquanto homem não se constitui
Pode-se fazer filosofia de tudo: filosofia da ciência, do objeto direto das ciências naturais, mas das ciências do espí-
direito, da política, inclusive, filosofia dos direitos huma- rito, entre as quais, a Filosofia.
nos. O que se pretende com a epígrafe filosofia dos Di- As características fundamentais que distinguem o ho-
reitos Humanos não passa de uma tentativa de buscar as mem dos outros seres e os unem entre si podem ser re-
razões últimas daqueles chamados Direitos Fundamentais sumidas em duas: inteligência e vontade livre. Ambas são
da pessoa humana, aos quais se referem tantas declara- pressupostas por todas as ciências, mas tematizadas espe-
ções, como a nossa Constituição de 1988. O início do Art. cialmente pela Filosofia. Nenhuma outra ciência senão a fi-
losofia procura as razões últimas de questões do tipo: o que
5 de nossa Carta Magna declara: “Todos são iguais perante
é o pensamento humano? Somos realmente seres livres?
a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
Inteligência e liberdade são características reduzíveis a fenô-
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a in-
menos físico-químicos ou possuem um estatuto ontológico
violabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
próprio? Não vamos entrar aqui na atual discussão sobre a
segurança e à propriedade. possibilidade de uma redução da inteligência e liberdade a
[...]”. A pergunta que todo “espírito filosófico” faz é: Por estados neuronais; discussão bastante pontual, que, porém
que todos são iguais perante a lei? O que fundamenta essa extrapola os objetivos deste artigo.
igualdade de direitos à vida, à liberdade, à segurança etc.? Nossa visão pressupõe que estados mentais (inteligên-
É a lei que me faz igual a todos ou a lei apenas reconhece cia e vontade livre) não se reduzem a estados neuronais. Tal
essa igualdade? Que direito tem o Estado de punir o indiví- pressuposto desvela o vasto campo do espírito humano, que
duo que desrespeita esses direitos? Todas essas perguntas fundamenta todo e qualquer discurso sobre os chamados
são refletidas no âmbito da filosofia e, sem esta, o debate Direitos Humanos. O adjetivo humano revela que esses direi-
sobre os Direitos Humanos perderia aquela profundidade tos são radicados numa natureza comum da qual participam
especulativa que nenhuma outra ciência pode oferecer. seres concretos e históricos. A expressão natureza humana
Neste artigo, apresento um tipo de filosofia que afirma ser talvez esteja em desuso. Podem-se até utilizar outros termos
possível uma fundamentação última dos Direitos Humanos como razão, condição humana etc. Nesse sentido, não se
e, a partir dela, traço as relações destes com os direitos civis pode negar que homens e mulheres concretos são caracteri-
e o poder estatal. zados pelos traços essenciais da inteligência e vontade livre,
. ainda que esses se apresentem de formas variadas.
Direitos humanos e fundamentação filosófica Se a elaboração de uma ideia comum sobre o homem
constitui tarefa primordial da filosofia, especialmente da An-
A reflexão sobre os Direitos Humanos está estreitamen- tropologia filosófica, tanto mais o será o problema da vali-
te relacionada à ideia do ser humano que uma sociedade dade universal de tal ideia. Como pode uma ciência arrogar
fomenta. Diferentes culturas apresentam uma pluralidade o direito de validade universal de sua visão de homem? Esse
de visões a respeito dos direitos da pessoa, o que nos leva é um dos grandes desafios de nosso tempo e exige muito
a questionar se seria possível a pretensão de universalida- diálogo, abertura e esforço intelectual. A contribuição da fi-
de elaborada pelos países ocidentais. A pergunta crucial losofia neste aspecto sobrepõe-se, uma vez que ela sempre
foi a ciência dos princípios. Embora essa visão de filosofia
de nosso tempo traduz-se em: é possível, na diversidade
tenha seus críticos, vale ressaltar que nenhuma ciência empí-
cultural na qual nos inserimos chegar a um consenso sobre
rica pode fornecer uma fundamentação última de princípios.
quem seja o ser humano e, desta forma, garantir direitos
Se justificar princípios é possível, então somente à filosofia
fundamentais válidos para todas as culturas e povos? Po-
competirá essa função.
demos chegar a um consenso sobre o que é o homem para No debate sobre os Direitos Humanos, a ela pertence a
além de suas vicissitudes históricas? específica tarefa de fundamentar de forma universalmente
A pergunta sobre aquilo que é comum a todos os ho- válida aquele princípio básico de onde emergirá o direito es-
mens e que, ao mesmo tempo, nos diferencia dos outros sencial do homem, a saber: a dignidade humana.
seres não encontra resposta apenas nas ciências naturais. A O que é o ser humano segundo a filosofia aqui defendi-
Física e a Química sozinhas não são suficientes para apon- da? Resposta: um ser que pensa! Ser capaz de pensamento
tar as diferenças essenciais existentes entre o ser humano constitui a raiz daquela dignidade que nenhum outro ser
e, por exemplo, uma pedra. Ambos têm elementos físico- possui. Afirmar que o homem é um ser pensante por nature-
-químicos iguais e, mesmo que existam elementos diferen- za parece não constituir nenhuma novidade. Torna-se vazia
ciais dessa natureza, esses não constituem aquilo que es- a palavra pensamento se não a contextualizamos ou preci-
sencialmente nos distingue enquanto seres humanos. Nem samos seu sentido. Pensar significa refletir, ou seja, dobrar-
a biologia tem mais sorte. Aquilo que nos distingue bio- -se sobre si mesmo ou sobre o mundo. De fato, somente
logicamente dos grandes primatas, como orangotangos, o homem tem consciência de si e do mundo que o cerca.
chimpanzés e gorilas não é mais que 1,4%, ou seja, 98, 6% No dizer de Pascal, o homem supera todo o universo pelo
de nosso DNA são semelhantes ao desses macacos. pensamento:
12
FILOSOFIA
O homem não passa de um caniço, o mais fraco da ideia de homem como ser pensante. Para se negar o valor
natureza, mas é um caniço pensante. Não é preciso que o deste ser pensante, será preciso pensar e refletir bastante
universo inteiro se arme para esmagá-lo. Um vapor, uma para refutá-lo, o que implicaria uma contradição, pois se
gota d’água, é o bastante para matá-lo. Mas, quando o negaria o valor de algo que já se reconheceu no ato da
universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do negação. O valor da reflexão tem então validade universal
que o que o mata, porque sabe que morre; e a vantagem e não pode ser negado sem uma contradição interna.
que o universo tem sobre ele, o universo a ignora. Toda a O mesmo argumento vale mutatis mutandis para seres
nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. pensantes somente em potência. Quem quisesse negar o
Descartes também afirmava: “Sou uma coisa que pen- valor de um ser pensante apenas em potência estaria utili-
sa, isto é, que duvida que afirma que nega que conhece zando em ato aquilo que nega do ser em potência.
poucas coisas, que ignora muitas, que ama que odeia que A contradição aparece quando o cético reconhece o
deseja que não deseja que imagina também e que sente”. valor do pensamento para si (pois para negar o pensamen-
O pensamento constitui, portanto, o diferencial do to ele precisa pensar) e ao mesmo tempo não reconhece
homem que o distingue dos outros seres e, para além de tal valor para outro que também pensa ou pode pensar.
qualquer arrogância antropocentrista, garante seu lugar Desta forma, pode-se defender o valor universal da
privilegiado na natureza. ideia de homem como ser pensante, uma vez que não
A reflexão ou a capacidade de reflexão pode ser apli- se pode negá-lo sem cair numa contradição interna. Isto
cada ao homem de forma universal. Essa premissa tem constitui a base da chamada Dignidade Humana, fonte da-
seus opositores. Se o pensar é o fundamento da dignidade queles direitos inatos, inerentes ao homem desde a con-
da pessoa humana, o que dizer de seres humanos com cepção.
deficiências mentais, seres humanos em coma profundo
ou mesmo de crianças? Possuem estes uma dignidade hu-
mana, uma vez que não exercem ou não podem exercer 2. FILOSOFIA E EDUCAÇÃO:
a reflexão? Eles detêm direitos humanos? O problema em 2.1. O EU RACIONAL:
saber quem são os legítimos portadores da dignidade e, INTRODUÇÃO AO SUJEITO ÉTICO.
consequentemente, dos direitos humanos traz bastante 2.2. INTRODUÇÃO À BIOÉTICA.
discussão e implica consequências político-ético-sociais
2.3. A TÉCNICA.
importantes.
Afirmo aqui que os portadores legítimos da dignidade
humana são todos os seres que pertencem geneticamen-
te à espécie humana. A diferença entre pessoa humana e O sujeito ético é um ser racional e consciente que sabe
ser humano não constitui nenhuma ruptura. Uma é con- o que faz, como um ser livre que decide e escolhe o que
sequência da outra. Somente seres humanos podem de- faz e como um ser responsável que responde pelo que faz.
senvolver-se como pessoa humana, ou seja, somente estes A ação ética é balizada pelas ideias de bem e mal, justo e
podem desenvolver uma inteligência e vontade livre. No injusto, virtude e vício.
entanto, nem todo ser humano desenvolve as capacidades Assim, uma ação só será ética se consciente, livre e
de pensamento e liberdade. Pensemos em crianças espe- responsável e será virtuosa se realizada em conformidade
ciais. Esse fato empírico não significa que existem seres com o bom e o justo. A ação ética só é virtuosa se for livre
humanos que não são pessoas, pelo menos em potência. e só o será se for autônoma, isto é, se resultar de uma deci-
Todo ser humano é uma pessoa, seja em ato ou em po- são interior do próprio agente e não de uma pressão exter-
tência. na. Evidentemente, isso leva a perceber que há um conflito
Isto quer dizer que há pessoas humanas que não pu- entre a autonomia da vontade do agente ético (a decisão
emana apenas do interior do sujeito) e a heteronomia dos
deram, não podem e nem poderão desenvolver as facul-
valores morais de sua sociedade (os valores são dados ex-
dades da inteligência e vontade livre devido a algum mo-
ternos ao sujeito).
tivo contingente, físico ou biológico.
Esse conflito só pode ser resolvido se o agente reco-
A questão fundamental reside em saber se o valor ou
nhecer os valores de sua sociedade como se tivessem sido
a dignidade do ser capaz de pensamento pode ser defen-
instituídos por ele, como se ele pudesse ser o autor desses
dido de forma universalmente válida. O método filosófi-
valores ou das normas morais, pois, nesse caso, ele será
co para dirimir essa questão pode ser o da retorção, que
autônomo, agindo como se tivesse dado a si mesmo sua
constitui o método de validação de argumentos baseado
própria lei de ação.
na auto contradição. Isto é, será válido todo e qualquer Enfim, a ação só é ética se realizar a natureza racional,
princípio ou axioma que não possa ser afirmado ou refuta- livre e responsável do sujeito e se este respeitar a racio-
do sem ser pressuposto. Um exemplo é o princípio de não- nalidade, liberdade e responsabilidade dos outros agentes,
-contradição. Esse é válido pelo simples fato de que nin- de sorte que a subjetividade ética é uma intersubjetividade
guém pode aceitá-lo ou negá-lo sem que ele mesmo seja socialmente determinada.
pressuposto. Quem quisesse negar esse princípio teria que
afirmá-lo para negá-lo, caindo assim em uma auto con-
tradição. O mesmo método pode ser aplicado ao valor da
13
FILOSOFIA
14
FILOSOFIA
Viemos dos outros e geramos outros fisiologicamen- Existem conflitos no termo bioética, conflitos não só na
te, culturalmente, socialmente... O caminho da autonomia nomenclatura, mas também de posição ideológica e filosó-
é, paradoxalmente, outro dependente. O ser humano não fica. Ela pode ser entendida como Ética da vida, vida é ética,
nasce “naturalmente”, por assim dizer. O ser humano acon- vida e ética, mas de qualquer forma seu objetivo maior é a
tece na dimensão intersubjetiva da vida humana e na dia- defesa da vida. Assim a bioética se apresenta de maneira
lética da interpelação e reposta, como caminho para atingir aberta e se articula com diversos temas ligados a vida. É
a autonomia ética. a bioética uma parte da ética que estuda as relações da
O avanço da biotecnociência abriu novas áreas de pes- ética com a vida. A bioética também pode ser vista como
quisas, criando novas possibilidades de intervenções hu- uma nova ciência, que se desenvolva e se torne uma ciência
manas sobre a natureza. Elaborou uma nova maneira de autônoma.
compreender a evolução, permitindo que repensemos a Mas para a bioética ser entendida como ciência é pre-
vida, tal como a sua realidade e sua complexidade. Com o ciso lembrar-se de seus objetivos, que é o estudo de nor-
desenvolvimento da ciência e da tecnologia o ser humano
mas e temas que regem a ação humana e sua intervenção
programa a sua vida, sua sociedade, provocando um novo
técnica sobre a vida humana.
habito, uma nova cultura.
Em outras palavras a bioética é a ciência do compor-
Porém essa programação não inclui todos os seres hu-
manos, continua-se a ver no mundo inúmeros sofrimentos tamento moral dos seres humanos diante de intervenção
desnecessários, exclusões, atitudes anti-humanas, nesse da biotecnociência sobre a vida humana em todo o seu
sentido faz necessário ter um cuidado maior com esta in- contexto. Pode-se entender a bioética como ciência da vida
clusão. Todos devem estar dentro do planejamento, ou seja, ou ciência da saúde, ambas se referem a ação humana, ati-
todos devem fazer parte desse desenvolvimento cientifico. tudes.
Nesse sentido a ética deve estar sempre em alerta, a A interdisciplinaridade é uma das características da
fim de refletir se essa manipulação, esse desenvolvimento bioética, pois ela necessita passar, dialogar, refletir e se co-
vem respeitando a essência humana, a dignidade huma- municar com as mais diversas áreas do conhecimento. Mas
na. Surge então a bioética, ela surge a partir dos cientistas infelizmente as ciências são por demais cartesianas, especi-
preocupados com o rumo de suas pesquisas e suas rela- ficas, fragmentadas, não tendo abertura ao dialogo com as
ções com os pacientes. Ela surge nos EUA nos anos 70 e outras ciências, filosofia, teologia e outras. Causando ai um
não demora a migrar para outros continentes e países e grande vazio no aspecto ético.
chega à América latina nos anos 90. Esse sem dúvida é um grande desafio da bioética, rom-
A relevância da bioética vem sendo crescendo na atua- per com essa fragmentação, com o pragmatismo, com o
lidade a partir do desenvolvimento genético e de suas rela- individualismo e avançar com isso no dialogo e reflexão
ções com o ser humano. São inúmeros os casos de eugenia junto com as demais ciências, ou seja, trabalhar o todo, a
que a própria mídia e os comitês de bioética vem apresen- integralidade, o holístico.
tando, são situações diversas, mas de grande importância Assim sendo a bioética precisa ser cada vez mais plural
a vida humana. em suas relações, ser cada vez mais intercultural, afim de
A coluna dorsal é a manipulação do genoma, que tem não ser mais um instrumento de dominação cultural. A es-
como objetivo um aprimoramento genético, mas que não sência e o principio da bioética a priori é sem duvida a sua
reconhece o ser humano e simplesmente o seu genótipo, relação da ética com a vida.
ou seja, cria-se um reducionismo biológico, ameaça a bio- (Texto adaptado de STIGAR, R.).
diversidade e ainda a imposição dos padrões genéticos
sendo impostos a partir daqueles que datem o poder na Ao fundo da questão central que objetiva este estudo,
sociedade.
é fato que estamos necessariamente engajados na questão
Assim a bioética tem a responsabilidade de alertar a
da técnica. Posto isso, parece necessário esclarecer breve-
sociedade da realidade existente no mundo da biotecno-
mente o que entendemos por técnica. A palavra técnica é
ciência, deve a bioética ser critica, ser analítica e reflexiva
diante das ações políticas e ideológicas. Infelizmente os derivada do grego téchne, que é sinônimo de arte, e desig-
cientistas não estão preocupados com o bem estar social na um saber-fazer.
e sim com o lucro que podem ter com a manipulação ge- “Em toda sociedade humana existe e sempre existiu
nética e outros, ou seja o fator econômico esta a frente do necessariamente um saber técnico, […] exemplo disso são,
cientifico e a bioética tem essa responsabilidade de evitar entre outros, o pousio, a rotação de terras, a agricultura
que a genética seja um fator ideológico determinista. itinerante […] Esses sistemas técnicos sem objetos técnicos
Os próprios cientistas afirmam que é a bioética é quem não eram, pois, agressivos, pelo fato de serem indissolúveis
dará respostas satisfatórias a sociedade, para a pessoa em relação à Natureza que, em sua operação, ajudavam a
humana, dando-lhes a oportunidade de escolha nas suas reconstituir […]” (Santos, 1994).
ações. O que acontece no laboratório deve ser exposto a A técnica, como reconhecem alguns críticos do tema,
sociedade e é a sociedade quem deve dizer o que fazer, ou tem sua origem histórica perdida em um passado longín-
seja a ética da sociedade deve estar presente na ética do quo, junto com a própria origem da humanidade, não se
laboratório. A bioética não nasceu com a ideia de proibir podendo nem mesmo afirmar que ela seja própria do ser
o desenvolvimento genético, mas nasceu com o principio humano, pois encontramos animais dotados de habilida-
de ter ética, no desenvolvimento da manipulação genética. des técnicas, como a abelha, o castor, o chimpanzé, e tan-
15
FILOSOFIA
tos outros. Como afirma Yves Schwartz (1995), o organismo Desse modo, se por um lado se manifesta o poder be-
vivo, em um meio natural, regido por seus determinismos, néfico da técnica, sem a qual não teria sido possível que
busca, mesmo com o perigo de sua própria vida, se instituir a humanidade e sua cultura alcançassem o atual grau de
centro de um meio, já recortado, por sua vez, por seus pró- desenvolvimento, por outro lado não se pode desconhecer
prios valores (do organismo). No entanto, podemos reco- uma série de consequências indesejáveis, que evidente-
nhecer, no caso específico do organismo humano, uma ca- mente não brotam, em sua totalidade, da essência da téc-
racterística peculiar em sua técnica, que é sua regência, por nica, mas, amiúde, de sua defeituosa inserção no domínio
um grau de intencionalidade, capaz de ir além dos artefatos global da vida.
que se possam fabricar. Uma intencionalidade, cuja natureza A técnica parece se colocar como uma manifestação do
é capaz de instituir um campo de culturas humanas que vai ser humano, em sua relação com a Natureza, seu contexto
diferenciar, instrumentar, capitalizar, simbolizar, animar valo- maior, formando neste processo iterativo um meio imedia-
res e conflitos. to, que lhe é próprio. Este, por sua vez, será continuamente
Este campo de culturas humanas, este patrimônio, vai, reconfigurado, pela dita manifestação do ser humano, pela
por conseguinte, se constituir como seu novo meio ime- técnica, e pelas possibilidades que se oferecem através das
diato, sobre o qual recursivamente o ser humano de forma fissuras disponíveis neste meio, definido por uma geração
individual e coletiva vai interagir, aperfeiçoando neste con- de técnicas. Fissuras que proporcionam aberturas na arti-
tato entre o meio e os demais seres, a técnica que nasce culação homem-meio, possibilitando o exercício
e cresce desta mesma interação. Atualmente, é realmente da criatividade humana. (Texto adaptado de CASTRO,
imensa a literatura que trata da técnica, sobre todos os as- J. C.).
pectos concebíveis: históricos, filosóficos, sociais, econômi-
cos, culturais, políticos, etc.; sem contar a legião de textos,
manuais, livros e periódicos sobre técnicas específicas, dos 3. IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA
mais diversos temas, que se possa sequer imaginar. De fato, PARA A CIDADANIA:
sob o termo técnica se esconde, desde sua origem grega, 3.1. O HOMEM COMO UM SER DA NATUREZA.
uma estranha diversidade, reunindo tanto produto final, 3.2. A CONCEPÇÃO PLATÔNICA
quanto processo de produção, ou seja: máquinas, artefa- DA DESIGUALDADE.
tos, mas também procedimentos, métodos, em sequências, 3.3. A DESIGUALDADE SEGUNDO ROUSSEAU.
por vezes, totalmente imateriais.
Neste sentido, é importante de imediato estabelecer,
na medida do possível, uma sutil distinção entre o que
acabamos de investigar, a técnica, e a tecnologia. Outrora Segundo Rousseau (Discurso sobre a origem da de-
noções tão inconfundíveis, mas que, atualmente, se torna- sigualdade entre os homens), antes de existir no estado
ram termos comumente tratados de forma intercambiável. social, isto é, de viver em sociedade, o homem existia no
estado de natureza.
O historiador das técnicas, François Sigaut (1996) esclarece
Do ponto de vista físico, esse homem primitivo, embo-
que o termo tecnologia difundiu-se muito após a última
ra fosse menos forte e ágil em certos aspectos do que mui-
grande guerra, com a acepção de conjuntos de técnicas
tos animais, no conjunto levava vantagem sobre todos eles;
modernas e de caráter científico, em oposição às práticas
a terra, naturalmente fértil e coberta de florestas imensas
supostamente empíricas dos artesãos. Entretanto, já existia
“que o machado jamais mutilou”, lhe permitia satisfazer
uma tradição europeia de emprego deste termo, especial-
todas as suas necessidades naturais (alimentação, repro-
mente na Alemanha, desde o século XVIII, para designar
dução, abrigo etc.) sem grandes dificuldades; acostumado
uma ciência das técnicas, seja as modernas ou a dos povos
desde a infância às intempéries da natureza, à intensidade
considerados primitivos. das estações, à fadiga, a defender de mãos vazias e nu a
Segundo o filósofo das técnicas Jean-Pierre Séris si mesmo e à sua prole de animais ferozes ou deles esca-
(1994), mesmo nesta confusão atual, talvez ainda se possa par correndo, valendo-se para isso apenas de seu próprio
estabelecer uma separação: de um lado, o termo tecnolo- corpo, mostrava-se fisicamente robusto e ágil, muito mais
gia referir-se-ia aos veículos, às operações e às fabricações do que qualquer homem poderia ser nos tempos atuais;
integradas a um complexo ou a um corpo, ao mesmo tem- graças à sua robustez, praticamente não conhecia doenças,
po teórico e prático, o da tecnociência; de outro, a técnica exceto os ferimentos naturalmente decorrentes da velhi-
significaria as transformações operatórias da natureza e do ce; visto que a conservação de sua vida era praticamente
meio humano, designando, no mais das vezes, o saber- sua única preocupação, era natural que os sentidos mais
-fazer desenvolvido pelo ensino ou pela prática, em certa desenvolvidos fossem aqueles mais diretamente voltados
oposição ao significado atual do termo arte. para esse objetivo (subjugar a presa ou escapar de tornar-
A filosofia da técnica, como parte da filosofia geral da -se uma), como a vista, a audição e o olfato, ao passo que
cultura, não só tem que mostrar a origem e as condições o tato e o paladar podiam permanecer rudes. Em suma,
da técnica na natureza, suas disposições, forças e necessi- a exemplo do que ocorre com os animais que, uma vez
dades, como também investigar as multiformes reações da domesticados, perdem força, vigor e coragem, também o
técnica sobre o homem e sobre a estruturação concreta da homem, no estado de natureza, é muito melhor fisicamente
vida humana no indivíduo e na comunidade. do que no estado social.
16
FILOSOFIA
Do ponto de vista moral, ao contrário dos animais que “É ela que nos leva sem reflexão em socorro daqueles
se limitam a seguir as regras prescritas pela natureza, o ho- que vemos sofrer; é ela que, no estado de natureza, faz
mem se constitui como agente livre, podendo escolher ou às vezes de lei, de costume e de virtude, com a vantagem
rejeitar essas regras. de que ninguém é tentado a desobedecer à sua doce voz;
Assim, enquanto “um pombo morre de fome perto de é ela que impede todo selvagem robusto de arrebatar a
uma vasilha cheia das melhores carnes, e um gato sobre uma criança fraca ou a um velho enfermo sua subsistên-
uma porção de frutas ou de grãos, embora ambos pudes- cia adquirida com sacrifício, se ele mesmo espera poder
sem nutrir-se com os alimentos que desdenham, se pro- encontrar a sua alhures; é ela que, em vez desta máxima
curassem experimentá-los”, o homem, dotado de vontade, sublime de justiça raciocinada, Faze a outrem o que queres
é capaz não apenas de diversificar seus alimentos, como que te façam, inspira a todos os homens esta outra máxima
também de continuar a comer quando sua necessidade de bondade natural, bem menos perfeita, porém mais útil,
natural já foi satisfeita, ainda que isso lhe cause prejuízo talvez, do que a precedente: Faze o teu bem com o menor
à saúde. mal possível a outrem”. Esta era, em linhas gerais, segundo
É justamente essa sua condição de agente livre, e a Rousseau, a situação em que vivia o homem no estado de
consciência que possui dessa liberdade, uma das diferen- natureza, no qual a desigualdade praticamente não existia.
ças entre o homem e os animais, segundo Rousseau.
“A natureza manda em todo animal. O homem expe- O estado de natureza
rimenta a mesma impressão, mas se reconhece livre de
aquiescer ou de resistir; e é sobretudo na consciência des- A origem natural do homem é uma história hipotética
sa liberdade que se mostra a espiritualidade de sua alma”. que Rousseau desenvolve através de uma cadeia de racio-
Outra característica distintiva do ser humano é a sua cínios afastando a autoridade dos fatos e dos livros científi-
perfectibilidade, isto é, sua “faculdade de se aperfeiçoar”. cos, buscando respostas na própria natureza, que segundo
Ao contrário do animal, que “é, no fim de alguns me- ele, “jamais mente”. Suas primeiras considerações recaem
ses, o que será toda a vida, e sua espécie, ao cabo de mil sobre a constituição física do homem natural. Devido às
anos, o que era no primeiro desses mil anos”, o homem incertezas que os naturalistas de sua época tinham a res-
pode, com o auxílio das circunstâncias, desenvolver suas peito da anatomia do homem primitivo, Rousseau o supõe
potencialidades, as quais se encontram tanto no indivíduo tal como o conhecemos hoje: bípede, utilizando as mãos
quanto na espécie. Infelizmente, diz Rousseau, é justamen- para manipular coisas e objetos e medindo com os olhos
te essa capacidade distintiva e quase ilimitada do homem a extensão da natureza à sua volta. As intempéries da at-
para aperfeiçoar-se a fonte de todos os seus males, uma mosfera obrigaram esse homem a suportar o calor e o frio;
vez que é ela a responsável por tirá-lo do estado de natu- para se defender de outros animais ferozes, ele se viu obri-
reza no qual ele “passaria dias tranquilos e inocentes”. gado a correr, pular, subir em árvores e em determinadas
Quanto aos valores morais, Rousseau considera que, situações, lutar. Por esses motivos, Rousseau imagina esse
no estado de natureza, os homens não eram nem bons, homem como uma criatura ágil, forte e robusta. Sobre a
nem maus, nem possuíam vícios ou virtudes, uma vez que infância, a velhice e as doenças, que obviamente poderiam
não havia entre eles nenhum tipo de relação moral ou de impor certas limitações, afirma que os dois primeiros estão
deveres recíprocos. Na realidade, a única virtude natural em conformidade com a natureza; já o terceiro tem mais a
que possuíam era a piedade, entendida como uma “repug- ver com a vida em sociedade em virtude da extrema desi-
nância inata de ver sofrer seu semelhante”. gualdade na maneira de viver.
Decorre daí a ideia do bom selvagem, frequentemen- Guiado por dois princípios, o amor de si, responsável
te associada à teoria de Rousseau. Dessa virtude natural é por sua conservação; e pela piedade, que consistia num
que resultam as virtudes sociais como a generosidade, a certo estranhamento ou incômodo pelo sofrimento alheio;
clemência, a humanidade, a benquerença e a comiseração. o homem natural era uma criatura solitária, livre e dispersa
Essa piedade natural do homem opõe-se ao seu amor- entre as outras criaturas, preocupado apenas com suas ne-
-próprio, nele gerado pela razão e pela reflexão, típicas do cessidades físicas imediatas. Ao descrevê-lo sobre o ponto
estado de sociedade. É por causa da reflexão que o homem de vista psicológico, Rousseau introduz um novo conceito,
é capaz de pensar primeiro em si e, vendo sofrer um seu a perfectibilidade. Trata-se de uma faculdade do gênero
semelhante, dizer: “Morre, se queres; estou em segurança”. humano em aperfeiçoar-se em função das circunstâncias.
E complementa Rousseau: “Pode-se impunemente degolar No entanto, esta capacidade de reagir permanece latente
o semelhante debaixo da janela; é só tapar os ouvidos e enquanto o meio externo permanecer imutável. Essencial-
argumentar um pouco, para impedir que a natureza, revol- mente, a perfectibilidade e a liberdade são as qualidades
tando-se nele, o identifique com aquele que se assassina. que tornam o homem singular entre os animais. Quando os
O homem selvagem não tem esse admirável talento, e, por terremotos, cataclismos, tempestades e outras transforma-
falta de sabedoria e de razão, vemo-lo sempre entregar-se, ções naturais afetaram a Terra e o homem, essa característi-
aturdido, ao primeiro sentimento de humanidade”. ca lhe teria assegurado a sobrevivência. É preciso esclarecer,
A piedade é, pois, para Rousseau, um sentimento natu- porém, que a perfectibilidade não está associada ao uso da
ral presente em todos os homens. Daí sua posição, de que razão, uma vez que as únicas operações presentes na alma
o homem nasce bom e a sociedade o corrompe, ser con- do homem natural resumiam-se a perceber e sentir, querer
trária a de outros pensadores, como Hobbes, por exemplo. e não querer. “Os únicos bens que conhece no universo são
17
FILOSOFIA
a alimentação, uma fêmea e o repouso; os únicos males 3. “A atividade dos homens em sociedade tem sem-
que teme, a dor e a fome”. Há nessa ideia um rompimento pre um caráter político, na medida em que a organização
com o pensamento tradicional pois, acreditava-se que os da vida material de uma maneira peculiar determina, ao
homens se distinguiam dos animais por fazerem uso da mesmo tempo, uma maneira peculiar de organização das
razão. Mas Rousseau afirma que as ideias desses homens ideias e das relações de poder. Não há vida social que não
eram muito simples; nessa época, o homem era incapaz de seja política.” (RIOS, 1995). Após análise dessa afirmativa, é
acumular ou comunicar qualquer tipo de conhecimento; a correto afirmar:
espécie se multiplicava sem qualquer progresso. A) A política e a sociedade são excludentes.
Mantendo sua discordância com o pensamento tradi- B) O estado representa apenas o poder de força junto
cional, Rousseau reserva para o estado de natureza uma si- à população.
tuação propícia à paz e não à guerra de todos contra todos C) O caráter político diz respeito apenas ao exercício da
conforme propôs Hobbes. Os conflitos existentes nesse força e do poder nos diferentes grupos sociais.
estado não eram significativos, não passavam de peque- D) O caráter político, enquanto elemento indispensável
nas disputas pela posse de um alimento e que dificilmente à vida em sociedade, é prerrogativa da própria dimensão
tinham consequências sangrentas. O homem natural era humana.
um ser pacífico pois não tinha necessidade nem disposição E) O fortalecimento das monarquias nacionais, na Ida-
para a maldade. “A tranquilidade das paixões e a ignorância de Moderna, diz respeito apenas ao exercício do poder ad-
dos vícios o impedem de agir mal”. ministrativo.
Dessa primeira parte da narrativa conclui-se que ape-
sar da desigualdade existir no estado natural, ela limitava- 4. Em relação às funções da Arte, analise as afirmativas
-se à esfera física e não tinha realidade nem influência. Já e marque com V as verdadeiras e com F, as falsas.
na segunda parte, veremos como os primeiros desenvol- ( ) A arte nunca é utilizada para fins não artísticos.
vimentos do homem foram moldando suas características ( ) O naturalismo foi muito importante na Grécia clássica.
fazendo nascer novos sentimentos e determinando prefe- ( ) A arte barroca foi utilizada como forma de manuten-
rências em seu espírito. ção dos fiéis à Igreja Católica.
( ) As três principais funções da arte são: pragmática ou
QUESTÕES utilitária, naturalista e formalista.
( ) As obras de arte, desde a antiguidade até os dias
1. A prática filosófica exige do sujeito disposição para atuais, sempre exerceram as mesmas funções.
o questionamento e a indagação. Desconfiar do óbvio é A partir da análise dessas afirmativas, a alternativa que
uma das exigências da reflexão filosófica. Com base nessa indica a sequência correta, de cima para baixo, é a
afirmativa e em seus conhecimentos filosóficos, é correto A) V V F F F C) F V F V V E) F F V F V
afirmar que a prática filosófica:
A) é necessária, pois promove a abertura mental, pos- B) F V V V F D) V F V F F
sibilitando mudanças na vida do ser humano.
B) não enxerga nada da realidade, pois seu objeto é 5. A alternativa que não é uma expressão artística bra-
apenas transcendental. sileira é a indicada em
C) é igual a qualquer outra prática humana, por ser A) o quadro Abapuru, de Tarsila do Amaral.
apenas informação. B) o Teatro do Oprimido, de Augusto Boal.
D) não trabalha com o pensamento racional. E) neces- C) a Semana de Arte Moderna de 1922.
sita apenas de bom-senso. D) o quadro Guernica, de Picasso.
E) os Profetas, de Aleijadinho.
2. “O sujeito ético procede a um descentramento, tor-
nando-se capaz de superar o narcisismo infantil, e move-se
na direção do outro, reconhecendo sua igual humanidade.” GABARITO:
(ARANHA; MARTINS, 2009). Com base nessa afirmativa, que
expressa uma atitude de um sujeito ético, é correto afirmar: 1. A / 2. E / 3. D / 4. B / 5. D
A) Respeitar aos outros é condição de não moralidade.
B) Promover discriminação e preconceito é tarefa de
um sujeito ético.
C) A submissão e o temor são marcas de uma educação
para a autonomia.
D) Incentivar a violência em qualquer nível é uma mar-
ca de um sujeito ético.
E) Considerar o outro como também um sujeito de
direitos é fundamental para a convivência democrática e
cidadã.
18
FILOSOFIA
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
19
FILOSOFIA
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
20
FILOSOFIA
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
21
FILOSOFIA
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
22
SOCIOLOGIA
1
SOCIOLOGIA
São facilmente perceptíveis as diferenças de costumes que O ser humano é o único animal capaz de sentir e expres-
existem de uma sociedade para outra. Os primeiros pensadores sar as suas próprias emoções. É o único também capaz de
sociais apontaram, com certa razão, que estes costumes são di- perceber o que realmente acontece à sua volta. E é justa-
ferentes em parte por causa da própria diferença entre os meios mente essa capacidade de construir uma análise crítica pró-
físicos em que se encontram as sociedades: em um ambiente de pria e do mundo, que o distingue dos outros animais.
clima frio, as pessoas usarão mais roupas e provavelmente fica- O que nos diferencia uns dos outros é a intensidade de
rão menos tempo fora de suas casas; em um local com alimentos um motivo e a prioridade que tal motivo tem na vida de uma
abundantes elas poderão trabalhar menos e não terão de compe- pessoa. Por isso que cada pessoa apresenta uma estrutura
tir por comida. Mas como explicar, através desta ideia de determi- motivacional diferente.
nismo físico, que em certos lugares a manipulação da comida seja Cada um de nós possui uma essência, e isso é a principal
feita com dois pauzinhos, em outros com diversos talheres e ainda diferença entre cada um de nós.
em outros com as próprias mãos? Estas diferenças são resultados É exatamente o oposto ao princípio da tábula rasa,
não da adaptação da sociedade ao meio, mas da adequação dos enunciado por John Locke, que diz que cada um de nós ao
indivíduos à vida em sociedade. É a este processo de integração nascer é como se fosse uma folha de papel em branco, e
de cada pessoa aos costumes preexistentes que damos o nome que as diferenças entre os seres humanos se dão somente a
da socialização. De maneira mais completa, define-se socialização partir das experiências que cada um vivencia.
como a internalização de ideias e valores estabelecidos coletiva- As experiências também geram diferenças entre nós, é
mente e a assimilação de papéis e de comportamentos socialmen- claro.
te desejáveis. Significa, portanto, a incorporação de cada homem As influências familiares, culturais, os grupos sociais aos
a uma identidade maior que a individual: no caso, a incorporação quais estamos inseridos.
do homem à sociedade. É importante associar de maneira correta O conceito de cultura, tal como o de sociedade, é uma
a socialização à cultura: esta se encontra profundamente ligada à das noções mais amplamente usadas em Sociologia.
estrutura social, enquanto que a socialização pode ser resumida à A cultura consiste nos valores de um dado grupo de
transmissão de padrões culturais. pessoas, nas normas que seguem e nos bens materiais que
O processo de socialização por excelência é a educação. Mas
criam. Os valores são ideias abstratas, enquanto as normas
não somente aquela que adquirimos na escola, a denominada
são princípios definidos ou regras que se espera que o povo
educação formal que consiste, entre outros conhecimentos, no
cumpra. As normas representam o «permitido» e o «interdi-
aprendizado da língua e da história do próprio povo. Há outra
to» da vida social. Assim, a monogamia – ser fiel a um único
educação, que aprendemos apenas no próprio convívio com as
parceiro matrimonial – é um valor proeminente na maioria
outras pessoas e que corresponde ao modo como devemos agir
das sociedades ocidentais. Em muitas outras culturas, uma
em momentos-chave da nossa vida. É a socialização através da
pessoa é autorizada a ter várias esposas ou esposos simul-
família, dos amigos e até mesmo de desconhecidos. As famílias
ensinam, a título de exemplo, quais das suas necessidades de- taneamente. As normas de comportamento no casamento
vem ser atendidas pelo pai e quais devem ser atendidas pela mãe. incluem, por exemplo, como se espera que os esposos se
Com os amigos aprendemos os princípios da solidariedade e a comportem com os seus parentes por afinidade. Em algu-
importância da prática de esportes. Com desconhecidos pode- mas sociedades, o marido ou a mulher devem estabelecer
mos aprender a aguardar a nossa vez em fila, sem atropelos, e uma relação próxima com os seus parentes por afinidade;
a não falar alto em locais como o teatro ou a sala de aula. Ou- noutras, espera-se que se mantenham nítidas distâncias en-
tro exemplo claro é o caso de um homem que muda de país e tre eles.
que tem de aprender o idioma e as normas da nova sociedade Quando usamos o termo, na conversa quotidiana co-
em que se encontra, isto é, os padrões segundo os quais seus mum, pensamos muitas vezes na «cultura» como equiva-
membros se relacionam. Vista dessa maneira, a socialização pode lente às «coisas mais elevadas do espírito» – arte, literatura,
ser interpretada como condicionadora das atitudes e, portan- música e pintura. Os sociólogos incluem no conceito estas
to, como uma expressão da coerção social. Mas a socialização, atividades, mas também muito mais. A cultura refere-se
justamente por se realizar de maneira difusa e fragmentada por aos modos de vida dos membros de uma sociedade, ou de
diferentes processos, deixa alguns espaços de ação livres para a grupos dessa sociedade. Inclui a forma como se vestem os
iniciativa individual espontânea, como a escolha dos amigos, do costumes de casamento e de vida familiar, as formas de tra-
local onde se deseja morar ou da atividade que se quer exercer. balho, as cerimônias religiosas e as ocupações dos tempos
Se existem diferentes processos de socialização, tanto entre livres. Abrange também os bens que criam e que se tornam
sociedades quanto dentro de uma mesma, é possível atribuir a portadores de sentido para eles – arcos e flechas, arados,
eles limites e graduações. A socialização na esfera econômica in- fábricas e máquinas, computadores, livros, habitações.
duz ao trabalho, mas não a que tipo de trabalho. Aprende-se a A cultura pode ser distinguida conceptualmente da
respeitar os mais velhos, mas nada impede a repreensão de um «sociedade», mas há conexões muito estreitas entre estas
setuagenário que solte baforadas de charuto em alguém. Há a noções. Uma sociedade é um sistema de inter-relações que
possibilidade de identificarmos indivíduos mais ou menos so- ligam os indivíduos em conjunto. Nenhuma cultura pode
cializados, isto é, mais ou menos integrados aos padrões sociais. existir sem uma sociedade. Mas, igualmente, nenhuma so-
Uma pessoa pode ser um ótimo arquiteto, ao mesmo tempo em ciedade existe sem cultura. Sem cultura, não seríamos de
que é alcoólatra. Uma pessoa pouco socializada não absorveu modo algum «humanos», no sentido em que normalmente
completamente os princípios que regem a sociedade, causando usamos este termo.
frequentemente transtornos aos que estão à sua volta.
2
SOCIOLOGIA
3
SOCIOLOGIA
4
SOCIOLOGIA
partilham. Isso acontece com os norte-americanos diante é o nível de renda e a capacidade de acumular bens de sua
dos hispânicos, e já aconteceu em outras épocas da história, própria renda; as pessoas que têm bens agem e pensam dife-
como entre os alemães e os judeus durante a Segunda Guerra rentemente do que as que não têm. E quanto menos dinheiro
Mundial. Em suma, a discussão sobre etnia nos leva a repen- você tem, maior é a diferença entre você e os que têm alguns
sar o próprio conceito de etnocentrismo. Para o professor de bens.
História, conhecer o conceito de etnia é uma exigência fun- Uma última fronteira é quanto poder e prestígio você tem,
damental, pois os programas curriculares discutem cada vez como resultado de sua renda ou natureza de seu trabalho. Pes-
mais as minorias no Brasil. Essas minorias são estudadas pela soas com poder e prestígio agem e pensam diferentemente
Antropologia como etnias, mas algumas delas ainda se iden- dos que não têm esses bens.
tificam muitas vezes como raças. É o caso dos negros brasilei- Essas fronteiras de classe são vagas, indicando que não
ros. Enquanto os antropólogos discutem a validade de termos há qualquer divisão ou rígida descontinuidade entre elas. Vol-
como raça e etnia, o que precisamos apreender de todo esse tando à questão da mobilidade social, há possibilidades de
debate e discutir com os alunos é que, seja na raça ou na etnia, mobilidade entre essas classes, mas não há grandes saltos.
o fato de um indivíduo pertencer a um desses grupos é mais Estatisticamente, é mais provável que você mude para a clas-
uma questão de sentimento, de identidade, do que de deter- se mais próxima ou acima ou abaixo. Se começar pela média
minação física ou mesmo cultural. Vale lembrar ainda que tanto baixa, você pode esperar mudar para a média sólida, ou mudar
a concepção atual de raça quanto a de etnia são conceitos que para um emprego operário mais alto. Se começar nas classes
buscam dar conta da multiplicidade de culturas, de hábitos e operárias, você pode mudar com a aquisição de diplomas para
crenças que a humanidade apresenta, e das implicações políti- as classes médias. Mas, se a economia está em recessão e se o
cas dessas diferenças. governo corta gastos, então é provável que você permaneça
(Texto adaptado de SILVA, K. V. e SILVA, M. H.). onde começou ou que até mesmo desça a escada da estratifi-
Quantas classes há na sociedade isto é, pessoas que di- cação. A maioria dos brasileiros permanece em uma classe so-
videm uma dada fatia da torta de dinheiro e prestígio e que, cial durante toda a sua vida; e, se eles mudam, não é para muito
desta forma, revelam características comuns? longe apesar de muito discurso sobre aqueles que passaram
Quão claras são as fronteiras? Quanta mobilidade de classe de muito pobres a ricos.
para classe ocorre durante uma, ou entre gerações? E quão du- Em todas as sociedades, os indivíduos categorizam-se uns
radouras são as classes? Algumas das respostas a essas pergun- ao outros como masculino ou feminino e, com base nessa dis-
tas são mais fáceis do que outras. Vamos tomá-las em ordem. tinção, as crenças culturais e normas indicam quais status os
Quantas classes existem? A resposta depende da nossa homens e as mulheres deveriam ocupar e como elas deveriam
sintonia com a realidade. Uma aproximação irregular distin- desempenhar os papéis associados com esses status. Tem ha-
guiria o seguinte: elite (ricos, poderosos e prestigiosos), mui- vido no curso da evolução humana enorme variação no que é
to ricos (riqueza acumulada e prestígio de profissões de alta definido como adequado aos homens e às mulheres, um fato
renda ou empresas), profissionais executivos de classe mé- que indica que distinções entre os sexos são mais sociocultu-
dio-alta (profissionais com alto salário ou pessoas de negócios rais do que biológicas. Esse processo de definir culturalmente
bem sucedidas que acumularam alguma riqueza), sólida classe status e papéis adequados para cada sexo é denominado de
média administrativa (renda respeitável, alguma riqueza em diferenciação de gênero; e esse conceito deveria ser distinto
fundo de pensão e participação de lucros da empresa), classe da diferenciação sexual, que denota as diferenças biológicas
média mais baixa (renda modesta, poucos bens acumulados, entre homens e mulheres As duas noções, de sexo e gênero,
talvez participação de lucros da empresa), classe trabalhadora entretanto, não são tão facilmente separadas porque muito do
alta (renda respeitável, alguma riqueza em fundos de pensão e que a população costuma ver como tendências “naturais”, bio-
participação de lucros da empresa), operária de classe média lógicas, dos sexos são culturalmente definido e reforçado atra-
(renda modesta, poucos bens acumulados), e os pobres (ren- vés de sanções. As únicas diferenças biológicas claras entre os
da baixa, desempregados, “desempregáveis” sem qualquer homens e as mulheres são diferenças geneticamente causadas
auxílio). Como importante observação, esta última classe, de nas secreções hormonais e seus efeitos no desenvolvimento
pessoas pobres, é a maior do mundo. dos órgãos sexuais e outras características anatômicas (estru-
Uma pesquisa divulgada pelo jornal “O Globo”, em 2006, tura óssea, percentual de camada de gordura e musculatura).
afirma que a riqueza está fortemente concentrada na América Pode haver outras diferenças fundamentadas geneticamente,
do Norte, na Europa e nos países de alta renda da Ásia e do Pa- mas não há evidências claras para essas. Além disso, até mes-
cífico. Os moradores desses países detêm juntos quase 90 por mo as diferenças mais inequívocas tornam-se tão elaboradas
cento do total da riqueza do planeta’’, disse a pesquisa. e impregnadas por crenças culturais e normas, e por papéis
“Nós calculamos que os 2 por cento dos adultos mais ri- sociais e práticas dentro de estruturas sociais, que tornam obs-
cos do mundo possuem mais da metade da riqueza global cura a fronteira entre o sexo e o gênero.
enquanto os 50 por cento mais pobres, 1 por cento”, disse An- Nas Ciências Sociais, e mesmo no âmbito de senso co-
thony Shorrocks, diretor do instituto. mum, o termo traduz, vulgarmente, a referência a um conjunto
As diferenças nessas classes giram em torno de diversos de indivíduos nascidos num mesmo tempo, que detêm uma
fatores. Um deles é se o trabalho é manual (operárias) ou não experiência comum, e expressa uma determinada forma de en-
manual (intelectual); esse fator é muito importante, e podemos carar a vida e os seus problemas. A geração pode também ser
sempre observar facilmente as diferenças na conduta, no es- entendida na base de um movimento cultural que emergiu
tilo de vida e em outras características das pessoas do setor em determinado momento da vida de uma sociedade, sem
administrativo e da linha de produção. Outro ponto de corte que isso tenha a ver com o tempo de nascimento daque-
5
SOCIOLOGIA
les que o representam. É com esse sentido que, por exemplo, As regiões brasileiras apresentam diferentes peculia-
se alude à geração de 70 por referência ao movimento literá- ridades culturais.
rio português do século XIX. Mas, em termos mais concretos, No Nordeste, a cultura é representada através de danças e
cada geração distancia-se das que lhe estão chegadas anterior festas como o bumba meu boi, maracatu, caboclinhos, carnaval,
e posterior por um período de 20 anos. Dizse, de forma con- ciranda, coco, reisado, frevo, cavalhada e capoeira. A culinária
sensual, que uma geração representa vinte anos e isso implica típica é representada pelo sarapatel, buchada de bode, peixes e
aceitarmos as diferenças que ela possa ter em relação a outras frutos do mar, arroz doce, bolo de fubá cozido, bolo de massa
gerações, diferenças que, naturalmente, se traduzem em todos de mandioca, broa de milho verde, pamonha, cocada, tapioca,
os domínios sociais e para as quais contribuem o progresso pé de moleque, entre tantos outros. A cultura nordestina tam-
tecnológico, a escola, as transformações econômicas e, em sen- bém está presente no artesanato de rendas. O Centro-Oeste
tido lato, as transformações de toda uma sociedade. Por isso, as brasileiro tem sua cultura representada pelas cavalhadas e procis-
diferenças entre gerações, ao existirem, têm necessariamente são do fogaréu, no estado de Goiás; e o cururu em Mato Grosso
uma relação com a sociedade em si e, mais do que isso, com a e Mato Grosso do Sul. A culinária é de origem indígena e recebe
sua própria estrutura sociodemográfica. Hoje se fala muito, nas forte influência da culinária mineira e paulista.
sociedades desenvolvidas, em conflito de gerações como uma
consequência do progressivo aumento da esperança média de O estrangeiro do ponto de vista sociológica
vida nas idades mais avançadas: as distâncias de tempo que No século XIX começaram a chegar muitos imigrantes, prin-
existem entre os jovens e os idosos é, nesta interpretação, um cipalmente da Europa, para substituírem os escravos nas lavouras,
fator de desentendimento entre gerações, dadas as distâncias por causa do fim do tráfico negreiro. Outros motivos foram: os
de valores e de universos socialmente apreendidos. Não é pa- donos de fazendas não queriam pagar salários para ex-escravos
cífica esta tese, tanto mais que, nas mesmas sociedades, nunca e havia uma política que buscava o clareamento da população. De
se deixou de valorizar, apesar de outro tipo de “concorrências”, italianos, ao contrário do que eu disse para algumas turmas, che-
o papel, por exemplo, dos avós na educação dos netos e, por garam ao Brasil aproximadamente 1,5 milhão de italianos. Destes
consequência, a sua importante ação enquanto transmissores vários imigrantes – onde se enquadram também os alemães, po-
de certa ideia da sociedade em que estão inseridos e dos valo- loneses, ucranianos, japoneses, chineses, espanhóis, sírio-libaneses,
armênios, coreanos – alguns se espalharam com suas famílias e ou-
res que partilham.
tros se organizaram em colônias ou vilas. Os grupos que se man-
Em termos analíticos, podemos ainda definir geração por um
tiveram unidos até hoje conseguiram resguardar a cultura de seus
corte efetuado sobre um conjunto de pessoas nascidas em de-
antepassados, ao contrário de outros indivíduos que simplesmente
terminado período, coincidente, normalmente, com um ano civil.
se misturaram ao resto da população brasileira. Assim, encontra-
mos colônias japonesas espalhadas pelo Brasil, assim como bairros
5. DE ONDE VEM A DIVERSIDADE SOCIAL com grupos de descendentes de grupos de imigrantes predomi-
BRASILEIRA? nantes ou até cidades fundadas por grupos de imigrantes, como,
por exemplo: as cidades de Americana e Holambra (de origem es-
5.1. A POPULAÇÃO BRASILEIRA: DIVERSIDADE
tadunidense e holandesa, respectivamente), e os bairros da Mooca,
NACIONAL E REGIONAL. do Bexiga e da Liberdade, na cidade de São Paulo (sendo os dois
5.2. O ESTRANGEIRO DO PONTO DE VISTA primeiros de origem italiana e o outro de origem japonesa). Nestes
SOCIOLÓGICO. lugares, a cultura pode ser vista nos estabelecimentos comerciais,
5.3. A FORMAÇÃO DA DIVERSIDADE: no dialeto e nas festas tradicionais. O que ainda é muito visível, in-
5.3.1. MIGRAÇÃO, EMIGRAÇÃO E IMIGRAÇÃO. dependente de onde se esteja, é o caso do fenômeno dos decas-
5.3.2. ACULTURAÇÃO E ASSIMILAÇÃO. séguis – com um grande aumento na quantidade de descendentes
de japoneses que vão para o Japão trabalhar – e, ainda sobre os
nisseis e sanseis, o fato de muitos andarem em grupos formados
por outros descendentes de japoneses. Isto se dá pela força da cul-
5.1 A população brasileira: diversidade nacional e tura que faz com que os seus pais sejam muito rígidos na formação
regional dos filhos, até mesmo sobre os seus relacionamentos.
Apesar do processo de globalização, que busca a Uma curiosidade: O “Moinho de Holambra” funciona como
mundialização do espaço geográfico – tentando, através dos os moinhos holandeses, não sendo meramente um enfeite.
meios de comunicação, criar uma sociedade homogênea –
aspectos locais continuam fortemente presentes. A cultura é A formação da diversidade
um desses aspectos: várias comunidades continuam manten- Nos processos de aculturação e de assimilação ocorrem mu-
do seus costumes e tradições. danças culturais, porem são diferentes. Estas mudanças ocorrem
O Brasil, por apresentar uma grande dimensão territorial, por causas externas, quando duas ou mais culturas entram em
possui vasta diversidade cultural. Os colonizadores europeus, contato, porém as mudanças não se dão apenas por causas
a população indígena e os escravos africanos foram os pri- externas, há mudanças por fatores internos da própria cultura.
meiros responsáveis pela disseminação cultural no Brasil. Em No final do processo de aculturação pode ocorrer a assimilação,
seguida, os imigrantes italianos, japoneses, alemães, árabes, que implica o fim da cultura de um dos grupos, uma vez que a
entre outros, contribuíram para a diversidade cultural do Bra- cultura do segundo grupo é assimilada pelo primeiro, embora
sil. Aspectos como a culinária, danças, religião, são elementos seja algo muito difícil de ocorrer (Falaremos no item 5.3.2 mais
que integram a cultura de um povo. detalhadamente sobre Aculturação e Assimilação).
6
SOCIOLOGIA
Aculturação e Assimilação:
Além do conceito de Darcy Ribeiro sobre como se fun- 6. QUAL A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO NA
dou a sociedade brasileira – através da miscigenação da VIDA SOCIAL BRASILEIRA?
“raça” branca (português), negra (povos africanos) e índio
6.1. O TRABALHO COMO MEDIAÇÃO.
(nativos brasileiros) – outros autores ao olhar de outra ma-
6.2. DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO:
neira, menos “poética”, olham, além deste primeiro momen-
to da miscigenação um tanto forçada na maior pare do tem-
6.2.1. DIVISÃO SEXUAL E ETÁRIA DO
po entre estes três grupos. TRABALHO.
Outros grupos que fizeram parte da formação da socie- 6.2.2. DIVISÃO MANUFATUREIRA DO
dade brasileira vieram, principalmente, da Europa. Muitos TRABALHO.
países da Europa tiveram sua contribuição na imigração bra- 6.3. PROCESSO DE TRABALHO E RELAÇÕES DE
sileira: Espanha, Portugal, Itália, Alemanha, Suíça, Holanda, TRABALHO.
Ucrânia. Além disso, tivemos a imigração chinesa, coreana, 6.4. TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO
japonesa, estadunidense, boliviana, sírio-libanesa, e outras TRABALHO.
imigrações menos representativas. Em todo caso, cada um 6.5. EMPREGO E DESEMPREGO NA
destes grupos possibilitaram mudanças na realidade cultural ATUALIDADE.
no Brasil desde o século XVI. É evidente, e não podemos des-
cartar, que o Brasil como colônia tinha outras características
que hoje já não são as mesmas, inclusive naquilo que ainda
é muito forte: a religião. Os dogmas católicos já resultaram O trabalho como mediação
em punições severas para os tidos como hereges ou pagãos. A palavra Trabalho deriva do latim tripalium, objeto de três
Hoje, depois de séculos de iluminismo e liberalismo, os direi- paus aguçados utilizado na agricultura e também como instru-
tos individuais se fortaleceram, como o direito a vida. mento de tortura. Mas ao trabalho associamos a transformação
Todos os povos, isolados ou não, possuem mudanças da natureza em produtos ou serviços, portanto em elementos
em sua cultura com o passar do tempo. No caso brasilei- de cultura. O trabalho é, desse modo, o esforço realizado, e
também a capacidade de reflexão, criação e coordenação.
ro, encontramos essas mudanças no idioma, na alimentação,
Ao longo da história, o trabalho assumiu múltiplas for-
no vestuário. Exemplo: Mandioca (Manioca – Tupi), Nhoque
mas. Um importante pensador sobre esse assunto foi Karl
(Gnocchi – italiano), calça jeans (genes – italiano, mas difun-
Marx. Para esse autor, o trabalho, fruto da relação do homem
dido como jeans por Levis Strauss – estadunidense). Todas
com a natureza, e do homem com o próprio homem, é o que
estas coisas, e outras mais fazem parte do nosso dia a dia e
nos distingue dos animais e move a História.
compõem nossa cultura. Um dos primeiros a estudar esse
fenômeno foi John Wesley Powell, um geólogo estaduniden-
O trabalho na vida do homem
se. Na segunda metade do século XIX, após ter estudado a
O trabalho sempre fez parte da vida dos seres humanos.
cultura indígena do oeste dos EUA, Powell começou a estu- Foi através dele que as civilizações conseguiram se desen-
dar fenômeno da imigração italiana para o país. Deste estu- volver e alcançar o nível atual. O trabalho gera conhecimen-
do, percebeu que as características de uma cultura podiam tos, riquezas materiais, satisfação pessoal e desenvolvimento
ser adquiridas pela outra a partir do contato, a modificando, econômico. Por isso ele é e sempre foi muito valorizado em
independente do distanciamento ou discriminação que um todas as sociedades.
grupo cultural possa ter em relação ao outro. A esta “troca”
de características, Powell deu o nome de aculturação. Trabalho e salário – Capitalismo
Outro fenômeno que se aproxima deste é outro, mais Nas sociedades europeias, depois da Idade Média, a
raro: a Assimilação. Neste fenômeno, um grupo cultural mais ideia do trabalho regular se impõe aos poucos. É o início do
forte “absorve” o grupo cultural mais fraco. No Brasil, mui- Capitalismo. Essa nova concepção vai além da atividade agrí-
tos dos imigrantes se casaram com brasileiros, ou os seus cola marcada pelos ciclos da natureza.
filhos, fazendo que muito do fosse uma cultura de povo, mas
isolada em uma família, se “diluísse” em meio à sociedade Diferença entre trabalho e emprego
brasileira, restando apenas algumas características do povo Vale dizer que há diferença entre trabalho e emprego.
nos descendentes destes imigrantes. Enquanto o primeiro envolve a atividade executada em si,
Outro ponto foi à destruição dos tupinambás: as mulhe- o segundo referese ao cargo ou ocupação de um indivíduo
res eram capturadas e forçadas a viver com os portugueses numa empresa ou órgão público.
que vieram morar no Brasil; os homens, ou eram escraviza-
dos, ou mortos em “guerras justas”. Os séculos que se segui- Divisão do trabalho na manufatura e divisão do tra-
ram desde a chegada das primeiras embarcações de Portu- balho na sociedade.
gal, os tupinambás e outros grupos étnicos deixaram algu- Considerando apenas o trabalho, podemos chamar a se-
mas de suas características – produtos alimentícios, técnicas paração da produção social em seus grandes ramos, agricul-
de artesanato, armas – mas a grande etnia Tupi foi dizimada. tura, indústria, etc., divisão do trabalho em geral; a diferencia-
ção desses grandes ramos em espécies e variedades, de divi-
são do trabalho em particular, e a divisão do trabalho numa
7
SOCIOLOGIA
oficina, de divisão do trabalho individualizada, singularizada. Enquanto a divisão social do trabalho, quer se proces-
A divisão social do trabalho e a correspondente limitação dos se ou não através da troca de mercadorias, é inerente às mais
indivíduos a esferas profissionais particulares desenvolvem- diversas formações econômicas da sociedade, a divisão do tra-
se, como a divisão do trabalho na manufatura. Numa família balho na manufatura é uma criação específica do modo de pro-
e posteriormente numa tribo surge uma divisão natural de dução capitalista.
trabalho, em virtude das diferenças de sexo e idade. A troca
de produtos se origina nos pontos em que diferentes famí- Processo de trabalho e relações de trabalho.
lias, tribos, comunidades entram em contato. A utilização da força de trabalho é o próprio trabalho. O
Comunidades diferentes encontram diferentes meios comprador da força de trabalho consome-a, fazendo o vende-
de produção e diferentes meios de subsistência em seu am- dor de ela trabalhar. Este, ao trabalhar, torna-se realmente no
biente natural. É essa diferença natural que provoca a troca que antes era apenas potencialmente: força de trabalho em
recíproca de produtos e em consequência a transformação ação, trabalhador. Para o trabalho reaparecer em mercadorias,
progressiva desses produtos em mercadoria. tem de ser empregado em valores-de-uso, em coisas que sir-
A troca não cria a diferença entre os ramos de produ- vam para satisfazer necessidades de qualquer natureza. O que
ção, mas estabelece relações entre os ramos diferentes e os o capitalista determina ao trabalhador produzir é, portanto um
transforma-os em atividades mais ou menos interdependen- valor-de-uso particular, um artigo especificado. A produção de
tes dentro do conjunto da produção social. A divisão social valores-de-uso muda sua natureza geral por ser levada a cabo
do trabalho surge aí através da troca entre os ramos de pro- em benefício do capitalista ou estar sob seu controle. Por isso,
dução. Mas, quando a divisão fisiológica do trabalho cons- temos inicialmente de considerar o processo de trabalho à parte
titui o ponto de partida, os órgãos particulares de um todo de qualquer estrutura social determinada.
unificado se desprendem uns dos outros, se dissociam, sob a
influência da troca de mercadorias com outras comunidades Emprego e desemprego na atualidade
e tornam-se interdependentes. Ter um emprego não só constitui o principal recurso com
O fundamento de toda a divisão do trabalho desenvol- que conta a maioria das pessoas para suprir suas necessidades
vida e processada através da troca de mercadorias é a sepa- materiais como também lhes permite plena integração social.
ração entre a cidade e o campo. Constitui condição mate- Por isso, a maior parte dos países reconhece o direito ao traba-
rial para a divisão do trabalho de manufatura o emprego ao lho como um dos direitos fundamentais dos cidadãos.
mesmo tempo de certo número de trabalhadores. A divisão Emprego é a função e a condição das pessoas que traba-
do trabalho na sociedade depende da magnitude e densida- lham, em caráter temporário ou permanente, em qualquer tipo
de da população. Sendo a produção e a circulação de mer- de atividade econômica, remunerada ou não. Por desemprego
cadorias condições fundamentais do modo de produção ca- se entende a condição ou situação das pessoas incluídas na fai-
pitalista, a divisão manufatureira do trabalho pressupõe que xa das “idades ativas” (em geral entre 14 e 65 anos), que este-
a divisão do trabalho na sociedade tenha atingido certo grau jam, por determinado prazo, sem realizar trabalho em qualquer
de desenvolvimento. A divisão manufatureira do trabalho, tipo de atividade econômica, remunerada ou não.
desenvolve e multiplica a divisão social do trabalho. Com a As possibilidades de emprego que os sistemas econômicos
diferenciação das ferramentas diferenciam-se cada vez mais podem oferecer em certo período relacionam-se com a capaci-
os ofícios que fazem essas ferramentas. dade de produção da economia, com as políticas de utilização
Apesar das numerosas analogias e das conexões entre dessa capacidade e com a tecnologia empregada na produção.
a divisão do trabalho na sociedade e a divisão do trabalho Os economistas clássicos entendiam que o estado de pleno
na manufatura, há entre elas uma diferença não só de grau emprego dos fatores de produção (entre eles o trabalho) era
mas de substância . A analogia mais se evidencia incontestá- normal, estando a economia sempre em equilíbrio. John Stuart
vel quando uma conexão íntima entrelaça diversos ramos de Mill dizia: “Se pudermos duplicar as forças produtoras de um
atividade. O criador de gado, por exemplo, produz peles, o país, duplicaremos a oferta de bens em todos os mercados, mas
curtidor transforma as peles em couro, o sapateiro, o couro ao mesmo tempo duplicaremos o poder aquisitivo para esses
em sapatos. Cada produto é uma etapa para o artigo final. bens.” Dentro dessa linha de ideias, o aparecimento de desem-
A divisão do trabalho na sociedade se processa através da pregados em certas épocas era explicado como a resultante de
compra e venda dos produtos dos diferentes ramos de tra- um desajustamento temporário. O ajustamento (ocupação da
balho, a conexão dentro da manufatura, dos trabalhos par- força de trabalho desempregada) ocorreria quando os traba-
ciais se realiza através da venda de diferentes forças de tra- lhadores decidissem aceitar voluntariamente os salários mais
balho ao mesmo capitalista que as emprega como força de baixos oferecidos pelos empresários.
trabalho coletivo. A divisão manufatureira do trabalho pres-
supõe concentração dos meios de produção nas mãos de um Desemprego na América Latina
capitalista, a divisão social do trabalho, dispersão dos meios O potencial de mão-de-obra latino-americano está longe
de produção entre produtores de mercadorias, independen- de seu pleno aproveitamento. Há na economia agropecuária um
tes entre si. A divisão manufatureira do trabalho pressupõe a desemprego latente, disfarçado e, embora generalizado, difi-
autoridade incondicional do capitalista sobre seres humanos cilmente mensurável em termos estatísticos. O mesmo ocorre
transformados em simples membros de um mecanismo que nas camadas economicamente marginais da população urba-
a ele pertence. A divisão social do trabalho faz confrontar-se na. É também cada vez maior o desemprego nos subgrupos
produtores independentes de mercadorias, os quais não re- secundário e terciário das atividades econômicas no setor
conhecem outra autoridade além da concorrência. citadino. Observamse na América Latina os diversos tipos de
8
SOCIOLOGIA
desemprego comuns à economia capitalista. Como nessa re- A relação de domínio não é percebida como uma relação
gião do mundo coexistem formas de exploração da terra em de força em que o mais forte impõe a regra e a norma ao
regime semifeudal pré-capitalista até atividades em centros mais fraco, e, não se compreendendo que deve ter começado
altamente industrializados, aí estão também desde o subem- algures no espaço e no tempo, é aceite como um dado, uma
prego rural, decorrente da concentração da propriedade da inevitabilidade e desse modo é naturalizada. Acontece ainda
terra, até o desemprego tecnológico, consequência da maior que as instituições religiosas, políticas, sociais e culturais con-
procura de mão-de-obra especializada em lugar de simples vergem no sentido de reforçarem esta característica.
trabalhadores braçais. Estanislau Fischlowitz chama a atenção Poderia parecer que a violência simbólica se exerce ape-
para o denominado “fator de patologia social do mercado do nas sobre os dominados, mas não é assim. Para que o domí-
trabalho”, ou seja, o desemprego de preponderante origem nio se perpetue e não seja detectado e denunciado, é preciso
populacional, que se delineia claramente na América Latina. A que não só as identidades dos dominados, mas também as
população cresce num ritmo tal que os contingentes de pes- dos dominantes sejam construídas em conformidade com
soas a alcançar a idade de trabalho é maior do que a capaci- estes dois modelos de comportamento, não se desculpan-
dade de absorção de mão-de-obra. Dada a alta frequência de do a mais leve transgressão, o mais ligeiro desvio à norma.
adolescentes e a melhora nos índices de sobrevivência, esse É por isso que «um homem não chora»; que um menino que
sociólogo calcula em vários milhões o número de jovens que, gosta de brincadeiras menos agressivas é um «mariquinhas»,
a cada ano, entram no mercado de trabalho, em busca do pri- que certas profissões são impróprias para homens, etc. etc.
meiro emprego remunerado. Em vários países sul-americanos, – é preciso garantir a reprodução das estruturas de domínio.
a situação seria menos sombria se não fosse a altíssima taxa de Cada homem está também sob a pressão constante de afir-
aumento demográfico, calculada em 2,7% ao ano. A situação é mar a sua virilidade e a sociedade é implacável para aqueles
particularmente grave em El Salvador, o país latinoamericano que são “frouxos” – é preciso garantir a manutenção dessas
de maior densidade populacional. estruturas. Esta pressão começa cedo, na escola, os meninos
No Brasil, um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia perseguem sempre aquele que parece não se conformar à
e Estatística, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de norma e, pela vida fora, qualquer homem sente que tem de
Domicílios (PNAD, concluiu que o Brasil tinha 62 milhões de estar à altura da ideia que tem do que é ser homem.
pessoas com algum tipo de ocupação, dos quais 40 milhões Nesta camisa de forças que é a violência simbólica – exer-
empregadas; a proporção de desempregados (2,4%) era cida através de um conjunto de mecanismos subtis de con-
relativamente baixa. Esses números escondiam acentuadas servação e reprodução das estruturas de domínio, mulheres
disparidades regionais, como a proporção de crianças de 10 a e homens têm poucas opções; estará a sua liberdade ferida
13 anos que trabalhavam: 7,3% em São Paulo, 28,4% no Piauí. de morte?
Violência física
7. O CANDIDATO EM MEIO AOS SIGNIFICADOS A violência física é o uso da força com o objetivo de ferir,
DA VIOLÊNCIA NO BRASIL. deixando ou não marcas evidentes.
São comuns, murros, estalos e agressões com diversos
7.1. VIOLÊNCIAS SIMBÓLICAS, FÍSICAS E
objetos e queimaduras.
PSICOLÓGICAS. A violência física pode ser agravada quando o agressor
7.2. DIFERENTES FORMAS DE VIOLÊNCIA: está sob o efeito do álcool, ou quando possui uma Embria-
DOMÉSTICA, SEXUAL E NA ESCOLA. gues Patológica ou um Transtorno Explosivo.
7.3. RAZÕES PARA A VIOLÊNCIA.
Violência psicológica
A violência psicológica, entendida como qualquer condu-
Violência simbólica ta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima
O conceito de violência simbólica foi cunhado por Pierre ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento
Bourdieu, sociólogo francês, e permite compreender melhor ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamen-
as motivações profundas que se encontram na origem da tos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento,
aceitação de atitudes e comportamentos de submissão. humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante,
Nas relações sociais em que o vínculo é de domínio/ perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização,
submissão, os dominados, inconsciente e involuntariamente, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro
assimilam os valores e a visão do mundo dos dominantes meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autode-
e desse modo tornam-se cúmplices da ordem estabelecida terminação
sem perceberem que são as primeiras e principais vítimas
dessa mesma ordem. Não são violentados nem por palavras 7.2. Diferentes formas de violência: doméstica, sexual
nem por atos, aparentemente não há coação nem constran- e na escola.
gimento, mas a violência continua lá sob forma subtil e es-
condida, sob forma de violência simbólica: o modo de ver, a Violência doméstica
maneira de valorar, as concepções de fundo são as dos do- Na atualidade, em razão de vários fatos ocorridos no Bra-
minantes, mas os dominados ignoram totalmente esse pro- sil, temos presenciado um sensacionalismo muito grande por
cesso de aquisição e partem ingenuamente do princípio que parte dos meios de comunicação, principalmente os televisi-
essas ideias e esses valores são os seus. vos. Porém, esse assunto existe há milhares de anos.
9
SOCIOLOGIA
10
SOCIOLOGIA
Não quero dizer com isso que antes não existia violência. de análise, a Filosofia, Sociologia, Psicologia e o Direito. Hoje,
Existia sim, e muita. “Desde que o mundo é mundo, há violência sabemos que a tendência da desfragmentação do saber é o me-
entre os jovens”. Todos os diferentes, para o bem ou para o mal, lhor caminho a trilhar. A multidisciplinaridade e a interdisciplina-
são vítimas em potencial na escola, há muito tempo. Brigas, ridade é a proposta em voga de superação da fragmentação do
agressões físicas, enfim, sempre existiram. saber. Somente através do diálogo aliado a práxis efetiva é que
O que não existia antes e, que hoje tornou comum é que poderemos amenizar o grau de violência no interior das escolas.
os jovens depredam a escola, quebram os ventiladores, portas, Esse círculo de violência deve ter um olhar mais universal, princi-
vidros, enfim, tudo que é possível destruir, eles destroem. An- palmente, por aqueles que pensam sobre a educação. É necessá-
tes, não se riscava, não murchava ou cortava o pneu do carro rio ver que a violência contra a instituição escolar, contra colegas
do professor. Agredir fisicamente ou fazer ameaças ao mestre, e professores e, de certo modo, a violência dos adultos contra as
nem pensar. Não se levava revolver e faca e não se consumia crianças, também, contém elementos de caracterização bem co-
drogas e álcool no interior das escolas. No meu tempo, por muns. A não aceitação das diferenças em toda a sua amplitude
exemplo, nunca se ouviu falar que um colega tinha assassinado – se é diferente, é hostilizado, desprezado, humilhado.
um amiguinho na sala de aula ou que alguém tinha jogado E quando a vítima reage é violentada.
álcool no colega e ateado fogo. Enfim, são muitos os relatos de
violência extrema no interior das escolas.
Muitas de nossas crianças e adolescente passam por
violências, e ficam calados – algumas delas não têm coragem 8. O QUE É CIDADANIA?
de revelar, outras, por medo da retaliação do agressor. Essa 8.1. O SIGNIFICADO DE SER CIDADÃO ONTEM
violência entre colegas não é a única. A violência entre pro- E HOJE.
fessores e alunos também tem crescido. Assustadoramente, a 8.2. DIREITOS CIVIS, DIREITOS POLÍTICOS,
violência de alunos contra professores é a regra agora, e não DIREITOS SOCIAIS E DIREITOS HUMANOS.
mais o oposto. A violência não contra um ou outro, mas contra 8.3. A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E A
a escola mesmo, em todos os sentidos e modos, também tem CONSTITUIÇÃO PAULISTA.
aumentado.
8.4. A EXPANSÃO DA CIDADANIA PARA
O que tem intrigado a todos é que esse aumento da vio-
lência veio junto com a ampliação dos direitos dos cidadãos e GRUPOS ESPECIAIS:
com o Estatuto da Criança e Adolescente. Essa é uma questão 8.4.1. CRIANÇAS E ADOLESCENTES, IDOSOS E
que não devemos desprezar. No meu ponto de vista, o Estatuto MULHERES.
prioriza os direitos em detrimento dos deveres.
Após a promulgação do Estatuto as ações contra a vio-
lência nas escolas tem se realizado a partir da mediação, con- O significado de ser cidadão ontem e hoje.
selhos, etc. O que, também, é muito bom. A mediação de A ideia de cidadania implica em uma variedade de formas
conflitos é importante, necessária, e muitos problemas são re- de pensar, sentir e agir, uma vez que, existem diversas constru-
solvidos, mas, muitas vezes, não basta. Junto com a mediação, ções de seus significados, que podem também ser divididos
infelizmente, tem que haver a punição. Vou citar um exemplo por modelos; características; paradigmas e dimensões. Apesar
que não é do ambiente escolar, mas por analogia podemos dessas classificações, as construções da cidadania são atrela-
refletir sobre essa questão. Por exemplo, o problema de dirigir das, ou seja, elas não se excluem, mas se complementam.
um veículo embriagado. A conscientização é importante? Sim. É importante e necessário pensar nesta construção de
Resolve? Não. É necessário fiscalização, multa, prisão, etc. significados presente na ideia de cidadania, uma vez que este
Não estamos conseguindo resolver o problema da violên- conceito aparece de forma veemente nos documentos oficiais
cia nas escolas e, isto é grave. Por quê? Falta, para isso, enten- que institucionalizam o ensino de Sociologia nas escolas e co-
dimento, lucidez. Ou seja, falta pensamento crítico, entender o misso, estes significados são da mesma maneira construídos
“porque” agir e “como” se deve agir. Com tais perguntas é que e reconstruídos de acordo com o processo de feitura destes
os problemas podem ser amenizados. Para resolver, de fato, é documentos.
preciso sair da mera indignação moral baseada em emoções É também importante ter em mente que a ideia de cida-
passageiras, que tantos acham magnífico expor. Aqueles que dania é construída de acordo com a necessidade como apre-
expõem suas emoções se mostram como pessoas sensíveis, senta José Murilo de Carvalho (CARVALHO, 2004) dando dois
bondosas, creem-se como antecipadamente capacitados por- aspectos de desta construção: o primeiro gera uma relação
que emotivos. Porém, não basta. As emoções em relação à vio- entre pessoas e Estado e o segundo entre pessoas e nação,
lência na escola passam e tudo continua como antes. Para isso, podendo ser um dos dois mais forte que o outro dependendo
não podemos ver o problema da violência sob um só viés. É do contexto em que se faz presente.
preciso dialética, racionalidade, determinação e, sobretudo, a Esta visão de construção de cidadania, que considera e
união de todos. destaca o Estado nação, abre o conceito em duas formas dis-
Podemos classificar inúmeras questões que levam a vio- tintas de se pensar o mesmo, sendo estas a dimensão cultural
lência para o ambiente escolar. Por exemplo, os mais gerais: di- e jurídica. A cidadania não de forma alguma um fenômenos
ferenças sociais, culturais, psicológicas, etc. e tantas outras como: moderno, porém é fortemente influenciado pela modernida-
experiências de frustrações, diferenças de personalidades, com- de. A cidadania não é um conceito pronto, mas que sofre
petição, etc. Também, podemos enumerar vários tipos, áreas, ní- transformações no tempo e no espaço é histórico e como
veis de violência. Cada área do saber tem o seu método próprio seu significado variante.
11
SOCIOLOGIA
12
SOCIOLOGIA
As instituições públicas representativas dos direitos so- lores de um povo, de uma nação. Mas, pelo contrário, é justamen-
ciais são os sistemas de seguridade e previdência social e edu- te nos países que mais violam os direitos humanos, nas socieda-
cacional. des que são mais marcadas pela discriminação, pelo preconceito
Constituição varguista e pelas mais variadas formas de racismo e intolerância, que a ideia
No Brasil, o marco da instituição dos direitos sociais ocorreu de direitos humanos permanece ambígua e deturpada. Portanto,
na época do regime do Estado Novo, com Getúlio Vargas (1930- no Brasil, hoje, é extremamente importante situar direitos huma-
1937). nos no seu lugar. A geração mais jovem, que não viveu os anos
A Constituição de 1934 instituiu uma minuciosa regulamen- da ditadura militar certamente terá ouvido falar do movimento de
tação das condições de trabalho ao estabelecer o salário mínimo, defesa dos direitos humanos em benefício daqueles que estavam
a jornada de trabalho de 8 horas, o repouso semanal, as férias sendo perseguidos por suas convicções ou por sua militância po-
remuneradas, a indenização por dispensa sem justa causa, a as- lítica, daqueles que foram presos, torturados, assassinados, exila-
sistência médica ao trabalhador e à gestante. dos, banidos. Mas talvez não saiba como cresceu, naquela época,
Foi proibido pela nova Carta o trabalho de menores. Estabe- o reconhecimento de que aquelas pessoas perseguidas tinham di-
leceu-se, ainda, a submissão do direito de propriedade ao inte- reitos invioláveis, mesmo que julgadas e apenadas, continuavam
resse social ou coletivo. portadores de direitos e se evocava, para sua defesa e proteção, a
A quarta geração de direitos garantia dos direitos humanos, o direito a ter direitos.
Desde o final do século 20 surgiram inúmeros movimentos Infelizmente, terminada a parte mais repressora do regime
sociais que atualmente lutam para ampliar a cidadania através da militar, a ideia de que todos, independentemente da posição
defesa de novos direitos. social, são merecedores da preocupação com a garantia dos di-
A quarta geração de direitos de cidadania agrega demandas reitos fundamentais – e não mais apenas aqueles chamados de
provenientes de novos tipos de movimento social, como o das presos políticos, que não mais existiam – não prosperou como
minorias étnicas e culturais, dos homossexuais, dos movimentos era de se esperar. A defesa dos direitos humanos (DH) passou
ecológicos e feministas. a ser associada à defesa dos criminosos comuns que, quando
No contexto dos novos padrões de sociabilidade e da glo- são denunciados e apenados, pertencem em sua esmagadora
balização, esses movimentos sociais possuem novas práticas maioria, às classes populares. Então, a questão deixou de ter o
participativas e de mobilização coletiva. Isso reflete o caráter di- mesmo interesse para segmentos da classe média que incluía
nâmico da cidadania. (Texto adaptado de CANCIAN, R.). familiares e amigos daqueles presos do tempo da ditadura. E aí
vemos como já se explica uma parte da ambiguidade que cerca
Direitos humanos a ideia de direitos humanos no Brasil, porque depois da defesa
Nenhum outro tema desperta tanta polêmica em relação ao dos direitos daqueles perseguidos pelo regime militar se esta-
seu significado, ao seu reconhecimento, como o de direitos hu- beleceria uma cunha, uma diferenciação profunda e cruel entre
manos. É relativamente fácil entendermos e lutarmos por ques- ricos e pobres, entre intelectuais e iletrados, entre a classe mé-
tões que dizem respeito à cidadania, à ampliação da cidadania. dia e a classe alta, de um lado, e as classes populares de outro,
A própria palavra cidadania já se incorporou de tal maneira ao incluindo-se aí, certamente, grande parte da população negra.
nosso vocabulário que, sobre certos aspectos, ela até tende a É evidente que existem exceções, pessoas e grupos que
virar substantivo, como se representasse todo o povo. Muitas continuaram a lutar pela defesa dos direitos de todos, do preso
vezes já ouvimos, por exemplo, de uma autoridade política a político ao delinquente comum. Mas também é evidente que,
expressão: a cidadania decidirá, precisamos ouvir a voz da cida- se até no meio mais “progressista” essa distinção vigorou, o que
dania! Quer dizer, usando a palavra cidadania como sinônimo dizer da incompreensão ou hostilidade dos meios mais conser-
de povo, povo no sentido de o conjunto de cidadãos, que é o vadores? Como esperar que eles percebam a necessidade de
sentido democrático de povo. Os direitos dos cidadãos são, cada se reconhecer, defender e promover os direitos humanos em
vez mais, reivindicados por todos, do “povão” à elite. Tais direitos nosso país, sem uma vigorosa campanha de esclarecimento,
estão explicitamente elencados na constituição de um país. sem um compromisso com a educação para a cidadania demo-
Mas, e em relação aos direitos humanos? Insisto que dificil- crática, desde muito cedo?
mente um tema já venha carregado de tanta ambiguidade, por
um lado, e deturpação voluntária, de outro. Provavelmente vocês
já ouviram muitas vezes referência aos direitos humanos no sen-
tido pejorativo ou excludente, no sentido de identificá-los com 9. QUAL É A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DO
direitos dos bandidos. Quantas vezes vocês já ouviram principal- ESTADO BRASILEIRO?
mente depois do noticiário sobre crimes de extrema violência: 9.1. ESTADO E GOVERNO.
Ah! E os defensores dos direitos humanos, onde é que estão? En- 9.2. SISTEMAS DE GOVERNO.
tão, a nossa primeira tarefa é deixar claro do que nós estamos fa- 9.3. ORGANIZAÇÃO DOS PODERES:
lando tanto quando nos referimos a direitos dos cidadãos, como EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO.
quando nos referimos a direitos humanos, com a premissa de
que associamos direitos humanos à ideia central de democracia
e às ideias básicas envolvidas no tema mais amplo da educação.
É bom lembrar também que, nas sociedades democráticas do Estado e governo.
chamado mundo desenvolvido, a ideia, a prática, a defesa e a É comum e indevido confundir o Estado com o governo.
promoção dos direitos humanos, de certa maneira, já estão in- O Estado é toda a sociedade política, incluindo o governo.
corporadas à vida política. Já se incorporaram no elenco de va- O governo é principalmente identificado pelo grupo políti-
13
SOCIOLOGIA
co que está no comando de um Estado. O Estado possui as é a liberdade de ação e de escolha nos limites da legalidade,
funções executiva, legislativa e judiciária. O governo, dentro mas o Estado possui princípios que limitam a opção ideológica
da função executiva, se ocupa em gerir os interesses sociais dos governos. As opções ideológicas dos governos correspon-
e econômicos da sociedade, e de acordo com sua orientação dem à fonte soberana do poder, que nas democracias é expressa
ideológica, estabelece níveis maiores ou menores de interven- pelo voto popular, mas é definida por um conjunto complexo de
ção. Assim, governo também não se confunde com o poder forças sociais que compõe uma elite efetivamente poderosa. Por
executivo, este é composto pelo governo, responsável pela di- isso o executivo não é um mero executor das decisões legislativas.
reção política do Estado, e pela administração, como conjunto A função legislativa é a essência do poder. É a fonte última das de-
técnico e burocrático que auxilia o governo e faz funcionar a cisões e por isso se confunde com o poder soberano. Nas demo-
máquina pública. cracias que justificam o poder na vontade popular afirma-se que
A diferença entre Estado e governo é atualmente mais o legislador é o representante do povo. A prática tem demons-
acentuada com a personalização jurídica do Estado, porque o trado que o poder executivo é muito mais influente. O exercício
Estado como pessoa tem vontade própria, distinta da vontade do poder legislativo é geralmente atribuído a colegiados, para se
individual do governante. No Estado Democrático e de Direito obter uma maior distribuição da representatividade e para obter
há a perspectiva de reduzir a participação do governo ao má- soluções mais discutidas e amadurecidas.
ximo possível. Fazem parte deste Estado e não fazem parte do A função judiciária é de controle. Controle sobre os atos
seu governo a Constituição, o conjunto de servidores públicos públicos e privados para a garantia da legalidade. Pela teoria de
estáveis, o patrimônio público, a máquina burocrática pública, freios de contrapesos de Montesquieu, os atos judiciários são
as forças públicas, etc. Isto porque a sociedade precisa que es- atos especiais como os atos do executivo. Eles estão na mesma
tas instituições sejam estáveis e impessoais, que não estejam categoria de identificação da lei com a realidade. Mas o judi-
sujeitas às mudanças de governo no processo eleitoral e que ciário não se limita à identificação da legalidade na sociedade,
sejam republicanas – pertencente ao conjunto da sociedade e a produção de jurisprudência no preenchimento das lacunas
não aos interesses de quem está no poder. Isto é uma peculia- da lei é uma verdadeira ação decisória. No Estado de Direito as
ridade da democracia constitucional, nos regimes autoritários a funções do Estado, caracterizadas na forma de poder, devem
ausência de limites aos governos os levam absorver ao máximo
ser separadas para não caracterizar o benefício do poder para
o Estado. O princípio republicano de responsabilidade política
o indivíduo que a ocupa, segundo a teoria de freios e contra-
dos governos está presente nas constituições modernas das
pesos. É neste sentido que as funções do Estado não devem
democracias e das monarquias, como limite ao poder e como
também se confundir com os ocupantes do governo.
identificação da coisa pública distinta do governo.
A personalização jurídica do Estado é a sua identificação
A separação de poderes e a pós-modernidade
como pessoa, com vontade própria, caracterizada nos princí-
Este modelo que garante a democracia e o Estado de Direi-
pios de sua constituição. Um governo de um Estado que se
legitima pelos princípios desse Estado terá uma margem de to com a imposição de uma separação de poderes é aplicável e
discricionariedade menor, sempre dentro destes princípios. própria da modernidade. Na pós-modernidade o Estado perde a
Excepcionalmente e geralmente em momentos de crise, os sua capacidade de articulação das funções, que estão engessadas,
governos buscam legitimação no carisma de seus líderes e de burocratizadas e sobrecarregadas. Gradativamente os Estados
seus programas, mas é a legalidade conferida na ordem pública que adotaram a separação de poderes estão criando normas que
estatal a principal fonte de legitimidade moderna. Também o implicam na ingerência de um poder no outro. E a razão é muito
processo eleitoral de composição dos governos, com a distin- simples: na pós-modernidade o fundamento moderno de legiti-
ção entre situação e oposição legitimando-se reciprocamente, midade produzido por legalidade é substituído pelo fundamento
contribui para a separação entre o Estado e o governo e para da eficiência produzida pela operatividade. A atual crise do Esta-
a sua legitimação. do afeta indistintamente todas as suas instituições. As funções do
O governo antecede ao Estado, pois é toda forma de orga- Estado continuam as mesmas, até mesmo o pragmatismo de sua
nização do poder para a orientação de uma sociedade. Ainda separação é aceito, entretanto no limite de sua eficiência, e não na
que ocupe parte da estrutura do poder executivo, o governo é necessidade de garantir um Estado Democrático e de Direito. A
As funções do estado e o governo democracia e o Estado de Direito, por consequência também es-
As funções do Estado se confundem com os seus poderes, tão afetados, não somente pela inviabilidade da absoluta separa-
porque o Estado se legitima pela sua utilidade. Ao assumir um ção de poderes, mas porque a pós-modernidade está produzindo
poder específico o associa a uma respectiva função social, ou outros parâmetros para a política. Quando o indivíduo abandona
seja, à ideia de que aquela capacidade é útil e necessária. Mas o sentido de cidadania como uma ação para a realização de inte-
aqui não será identificado como poder, e sim por essa utilidade resses públicos comuns e o substitui por uma cidadania de ação
e necessidade. pública de realização de interesses privados a democracia tal qual
O Estado é um conjunto de órgãos responsáveis pelo de- como foi idealizada para a modernidade já não faz mais sentido.
sempenho de suas funções. Os órgãos do Estado fazem o que Isto atinge todas as suas instituições, não somente a separação de
é do seu interesse, pois exercem o poder do Estado, não pos- poderes, mas também tudo que implica na relação entre Estado
suem vontade própria, por isso são órgãos. e governo. O governo será muito mais um gestor das tensões
As funções são a executiva, a legislativa e a judiciária. A função produzidas pelo individualismo e a serviço de um ideal de efi-
executiva é composta pela administração pública, como organi- ciência tipicamente privado, do que uma equipe promotora dos
zação da burocracia estatal, e pelo governo, como conjunto de ideais ideológicos de um grupo, segmento ou classe social. (Tex-
órgãos decisórios. O governo possui a discricionariedade, que to adaptado de ROCHA, M. I. C.).
14
SOCIOLOGIA
15
SOCIOLOGIA
forma direta. Por isso, o eleito goza de grande legitimidade, ordem constitucional. Por outro lado, a ascensão dos regimes
sobretudo nos momentos posteriores aos pleitos eleitorais. O totalitários na primeira metade do século, tanto na Alemanha
fato de ter sido o próprio povo que o escolheu torna-o mais quanto na Itália, se deu através do sistema parlamentarista.
habilitado a tomar decisões polêmicas. O presidencialismo, por Não foram os chefes de Estado que levaram à instauração da-
essa razão, seria um sistema mais aberto a permitir transfor- queles regimes de força e iniquidade, mas Primeiros-Ministros.
mações profundas na sociedade. É por esse motivo que gran-
de parte da esquerda brasileira, ao contrário do que costuma O sistema semipresidencialista
ocorrer no plano internacional, tem defendido o presidencialis- Sem embargo de suas virtudes, os dois modelos clássicos –
mo como sistema de governo adequado ao Brasil. parlamentarismo e presidencialismo – apresentam disfunções
Além disso, o presidencialismo garantiria maior estabilida- importantes. Esses problemas se manifestam tanto no plano
de administrativa, por conta de os mandatos serem exercidos da instauração de regimes verdadeiramente democráticos,
durante um período pré-determinado. No Brasil, o Presidente quanto no que diz respeito à governabilidade, à eficiência e
da República é eleito para cumprir o mandato e, no curso desse à capacidade estrutural de superar crises políticas. O modelo
período, não pode ser substituído, a não ser por razões excep- semipresidencialista surge como uma alternativa que busca re-
cionais, unir as qualidades desses sistemas puros, sem incidir em algu-
subsumidas às hipóteses de crime de responsabilidade, mas de suas vicissitudes. Ressalte-se, desde logo, não se tratar
apuradas em processo de impeachment. Como acima consig- de um modelo híbrido desprovido de unidade e coerência, um
nado, passa-se diferentemente no parlamentarismo, sistema agregado de elementos estanques. Pelo contrário, trata-se de
no qual o chefe de Governo pode ser substituído a qualquer uma fórmula dotada de identidade própria, capaz de oferecer
tempo, mesmo que por razões políticas. Por isso, no presiden- solução adequada para alguns dos principais problemas da
cialismo, o mandato presidencial permitiria que o programa de vida política brasileira.
governo fosse formulado considerando um prazo maior para No semipresidencialismo, o Presidente da República é o
sua implementação, com ganhos em estabilidade administrati- chefe de Estado, eleito pelo voto direto do povo, e o Primei-
va e previsibilidade da atuação estatal. ro-Ministro o chefe de Governo, nomeado pelo Presidente e
Entretanto, a despeito dessas vantagens, o presidencia- chancelado pela maioria do Parlamento. Assim como no par-
lismo também não está isento de críticas importantes. A pri- lamentarismo, no semipresidencialismo também tem lugar a
dualidade do Executivo, que se divide entre as chefias de Es-
meira delas refere-se à forte concentração de poder numa só
tado e de Governo. Contudo, enquanto no parlamentarismo a
figura, o que potencializa o risco de autoritarismo. Na história
chefia de Estado tem funções meramente formais (como as de
constitucional brasileira, a emergência de governos autoritá-
representação internacional, assinatura de tratados, geralmen-
rios sempre se deu através do fortalecimento do Executivo em
te a pedido do Primeiro Ministro), no semipresidencialismo lhe
detrimento do Legislativo. Foi o que ocorreu tanto na ditadura
são atribuídas algumas importantes funções políticas. Dentre
do Estado Novo quanto no regime militar de 1964. Mesmo em
essas se destacam, de modo geral, as seguintes: nomear o Pri-
momentos de normalidade democrática, a presença de um
meiro Ministro; dissolver o Parlamento; propor projetos de lei;
Executivo excessivamente forte tem aberto espaço a certas prá- conduzir a política externa; exercer poderes especiais em mo-
ticas arbitrárias. No Brasil, essa crítica tem sido recentemente mentos de crise; submeter leis à Corte Constitucional; exercer o
desenvolvida a propósito do uso excessivo de medidas provi- comando das Forças Armadas; nomear alguns funcionários de
sórias no período pós- alto-escalão; convocar referendos. A nota distintiva dos países
88. De fato, a ausência da responsabilidade política incre- que adotam o semipresidencialismo situa-se na maior ou me-
menta em demasia a liberdade de ação do governante. Essas nor atuação do Presidente na vida política.
ponderações são procedentes. No entanto, duas observações A principal vantagem que o semipresidencialismo herda
devem ser feitas. do parlamentarismo repousa nos mecanismos céleres para a
Em primeiro lugar, as decisões do Executivo são, em re- substituição do Governo, sem que com isso se provoquem
gra, controláveis pelo Poder Judiciário, o qual utilizará, como crises institucionais de maior gravidade. O Primeiro Minis-
parâmetros, tanto as leis quanto a Constituição. Na verdade, a tro pode ser substituído sem que tenha de se submeter aos
atuação judicial costuma ser mais incisiva no presidencialismo complexos e demorados mecanismos do impeachment e
que no parlamentarismo. Não se pode perder de vista o fato de do recall. Por outro lado, se quem está em desacordo com a
que o próprio controle de constitucionalidade tem sua origem vontade popular não é o
no sistema político norteamericano, que é também a matriz Primeiro-Ministro (ou não é apenas ele), mas o próprio
do modelo presidencialista de separação de poderes. Embora Parlamento cabe ao Presidente dissolvê-lo e convocar novas
possam ser identificadas importantes exceções em países que eleições. Do presidencialismo, o sistema semipresidencialista
adotam o parlamentarismo, em regra, é seguro afirmar que, mantém, especialmente, a eleição do Presidente da República
diante das decisões do Parlamento, os juízes costumam ser e parte de suas competências. A eleição direta garante especial
mais cautelosos que perante as decisões do Executivo. legitimidade ao mandatário, dando sentido político consistente
Em segundo lugar, tanto regimes presidencialistas quanto a sua atuação institucional. O ponto merece um comentário
parlamentaristas estão expostos a degenerações autoritárias. E adicional.
há Estados presidencialistas que não são autoritários. É o que se No semipresidencialismo, as funções do chefe de Estado
verifica historicamente. Na América Latina, as ditaduras não se aproximam daquelas atribuídas ao Poder Moderador por
se implantaram propriamente por conta do presidencialismo, Benjamin Constant. O Presidente da República se situa em
mas em razão da ruptura, pela via dos golpes militares, da uma posição de superioridade institucional em relação à che-
16
SOCIOLOGIA
fia de Governo e ao Parlamento, mas esse papel especial não O Congresso Nacional e suas Casas funcionam de forma
se legitima no exercício da política ordinária, mas na atuação organizada, tendo os seus trabalhos coordenados pelas res-
equilibrada na superação de crises políticas e na recomposi- pectivas Mesas. Em geral, a Mesa da Câmara dos Deputados
ção dos órgãos do Estado. Embora o semipresidencialismo e a do Senado Federal são presididas por um representante
esteja necessariamente vinculado à forma republicana, o fato do partido majoritário em cada Casa, com mandato de dois
de a chefia de Estado ser exercida por um Presidente eleito anos. Além do presidente, a Mesa é composta por dois vice
não é suficiente para caracterizá-lo. É possível conceber um -presidentes e quatro secretários.
sistema parlamentarista em que o chefe de Estado também A Mesa do Congresso Nacional é presidida pelo presi-
seja um Presidente eleito. O fundamental, no particular, é que dente do Senado Federal e os demais cargos ocupados, al-
seja titular de competências políticas significativas. ternadamente, pelos respectivos membros das Mesas das
O semipresidencialismo é adotado em diversos paí- duas Casas.
ses (como Colômbia, Finlândia, França, Polônia, Portugal e Compõem ainda a estrutura de cada Casa as comissões,
Romênia)22. A seguir serão examinados dois exemplos: o que têm por finalidade apreciar assuntos submetidos ao seu
português e o francês, enfatizando-se como o sistema logrou exame e sobre eles deliberar. Na constituição de cada co-
dar cabo de longos períodos de instabilidade institucional, missão é assegurada, tanto quanto possível, a representação
equilibrando a relação entre os Poderes. Em seguida, serão proporcional dos partidos e dos blocos parlamentares que
apresentadas as razões pelas quais o sistema também pode integram a Casa.
fornecer ao Brasil maior estabilidade política, ostentando Na Câmara dos Deputados há dezoito comissões per-
sensível vocação para se consolidar também como o sistema manentes em funcionamento e no Senado Federal, sete. As
de nossa maturidade institucional. (Texto adaptado e extraí- comissões podem ser ainda, temporárias, quando criadas
do do Instituto Ideias). para apreciar determinado assunto e por prazo limitado. As
comissões parlamentares de inquérito (CPIs), as comissões
Poder legislativo externas e as especiais são exemplos de comissões tempo-
É o encarregado de exercer a função legislativa do esta- rárias.
do, que consiste em regular as relações dos indivíduos entre No Congresso Nacional as comissões são integradas por
si e com o próprio Estado, mediante a elaboração de leis. deputados e senadores. A única comissão mista permanente
No Brasil, o Poder Legislativo é organizado em um sis- é a de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização. Contudo,
tema bicameral e exercido pelo Congresso Nacional que é existe também a Representação Brasileira de Comissão Par-
composto pela Câmara dos Deputados, como representante lamentar Conjunta do Mercosul. Já as comissões temporárias
do povo, e pelo Senado Federal, representante das Unidades obedecem aos mesmos critérios de criação e funcionamento
da Federação. Esse modelo bicameral confere às duas Casas adotados pela Câmara e pelo Senado.
autonomia, poderes, prerrogativas e imunidades referentes O processo legislativo compreende a elaboração de
à sua organização e funcionamento em relação ao exercício emendas à Constituição, leis complementares, leis ordiná-
de suas funções. rias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos
A Câmara dos Deputados é composta, atualmente, por e resoluções. Todos estes instrumentos legais tramitam no
513 membros eleitos pelo sistema proporcional à popula- Congresso Nacional e em suas Casas segundo procedimen-
ção de cada Estado e do Distrito Federal, com mandato de tos próprios previamente definidos em regimentos internos.
quatro anos. O número de deputados eleitos pode variar de Apesar de o Congresso Nacional ser um órgão legisla-
uma eleição para outra em razão de sua proporcionalidade à tivo, sua competência não se resume à elaboração de leis.
população de cada Estado e do Distrito Federal. No caso de Além das atribuições legislativas, o Congresso dispõe de
criação de Territórios, cada um deles elegerá quatro repre- atribuições deliberativas; de fiscalização e controle; de julga-
sentantes. A Constituição Federal de mento de crimes de responsabilidade; além de outras privati-
1988 fixou que nenhuma unidade federativa poderá ter vas de cada Casa, conforme disposto na Constituição Federal
menos de oito ou mais de 70 representantes. de 1988.
Já no Senado Federal, os 81 membros eleitos pelo sis- O Congresso está localizado na área central de Brasília,
tema majoritário (3 para cada Estado e para o Distrito Fede- próximo aos órgãos representativos dos Poderes Executivo e
ral) têm mandato de oito anos, renovando-se a cada quatro Judiciário, formando a praça dos Três Poderes. Internamente,
anos, 1/3 e 2/3 alternadamente. Nas eleições de 1998 foram o Congresso é uma verdadeira “cidade” contando com bi-
renovados 1/3 dos senadores e nas eleições de 2002, 2/3 dos bliotecas, livrarias, bancas de revistas e jornais, barbearias,
membros. bancos, restaurantes, dentre outros serviços.
Uma vez eleitos, os deputados e senadores passam a
integrar a bancada do partido ao qual pertencem. Cabe às Poder executivo
bancadas partidárias escolher, dentre seus membros, um lí- O Poder Executivo Federal é exercido, no sistema
der para representá-los. Assim, para orientar essas bancadas presidencialista, pelo Presidente da República auxiliado pelos
durante os trabalhos legislativos, há a figura do líder partidá- Ministros de Estado.
rio e suas respectivas estruturas administrativas. O governo O Presidente da República, juntamente com o Vice-Presi-
também possui líderes, na Câmara, no Senado e no Congres- dente, são eleitos pelo voto direto e secreto para um período
so, que o representa nas atividades legislativas. de quatro anos.
17
SOCIOLOGIA
18
SOCIOLOGIA
19
SOCIOLOGIA
20
SOCIOLOGIA
(D) um dado do senso comum, que não resiste ao exa- 10. Leia o trecho abaixo.
me da ciência antropológica. A internacionalização do sistema capitalista, iniciada há
(E) uma teoria positivista da cultura, cujo principal ex- séculos mas muito acelerada pelos avanços tecnológicos
poente foi Durkheim. recentes, e a criação de blocos econômicos e políticos têm
causado uma redução do Poder dos Estados e uma mudan-
6. O processo de socialização ça das identidades nacionais existentes. (CARVALHO, J. M.
(A) ocorre unicamente na infância, quando a criança de. Cidadania no Brasil: O longo caminho. Rio de Janeiro:
assimila os conteúdos dos pais e da sociedade. Civilização Brasileira, 2008, p. 13)
(B) ocorre especialmente na adolescência, quando o Segundo o texto, o processo da internacionalização da
adolescente se opõe aos valores de sua família para cons- economia
truir um valor individual. (A) é uma forma pouco entendida de defesa dos direi-
(C) diz respeito exclusivamente à transmissão de valo- tos de cidadania.
res da sociedade para os indivíduos. (B) afeta positivamente os direitos de cidadania, pois
(D) envolve identificação, construção da identidade, este processo leva progresso econômico aos países.
(C) afeta negativamente os direitos da cidadania políti-
sentimentos de pertencimento e de relação.
ca, pois implica a redução do direito de participação.
(E) opera na sociedade tornando-a homogênea e por
(D) está relacionado a uma lógica inexorável de avanço
isso dócil à autoridade.
e evolução das sociedades em que se faz presente.
(E) é uma falácia, pois a produção de riqueza e sua
7. Quanto à socialização, é INCORRETO afirmar. apropriação permanece em cada território nacional.
(A) A socialização primária está voltada à incorporação
de um saber básico, estruturante da forma como o exterior 11. Sobre as consequências subjetivas provocadas pela
é concebido, e do aprendizado primário da linguagem. experiência dos indivíduos no novo mundo do trabalho glo-
(B) A socialização secundária está relacionada à aquisi- balizado, segundo Giddens (2008), é INCORRETO afirmar:
ção de saberes específicos e de papéis relacionados à divi- (A) O declínio das fontes tradicionais de emprego pro-
são do trabalho. (C) A socialização primária está relaciona- vocou um sentimento de ansiedade que se propagou entre
da à adaptação do indivíduo ao princípio de realidade, em os operários da produção; não apenas no que diz respeito
que ele renuncia ao princípio de prazer. aos seus próprios empregos, como também em relação às
(D) A socialização secundária é a única que pode pro- perspectivas dos seus filhos.
duzir identidades e atores sociais orientados para novas (B) Os jovens sentem-se inseguros em relação ao em-
relações sociais. (E) A socialização primária está relacio- prego pois a economia em rápida globalização está levan-
nada à continuidade dos instintos infantis pois o mundo do a um número cada vez maior de fusões entre as empre-
fragmentado não disponibiliza saberes orientadores para sas e de redução em seu tamanho.
as crianças. (C) Identifica-se ansiedades relacionadas ao aumento
das responsabilidades, à medida que as estruturas orga-
8. Segundo Bourdieu (in Dubar, 2005), os conceitos de nizacionais tornam-se menos burocráticas e o processo de
habitus ligado à trajetória familiar e de capital cultural das tomada de decisões é espalhado por todo o ambiente de
famílias, para o campo escolar, trabalho.
(A) são irrelevantes, pois o que define o sucesso ou o (D) Vem ocorrendo um processo de deterioração con-
fracasso escolar é o interesse individual, de foro íntimo. (B) tínua da saúde mental dos trabalhadores porque são mais
estão ultrapassados pelas teorias cognitivas de desenvolvi- frequentemente submetidos a situações de estresse no tra-
mento de habilidades e competências. balho.
(E) Desapareceram os sentimentos de impotência, falta
(C) orientam a trajetória escolar no sentido de expec-
de sentido e isolamento, comuns à experiência do trabalho
tativas para ampliação do capital cultural e econômico da
alienado nas antigas indústrias.
família.
(D) relacionam-se a uma única geração, que está na 12. Sobre as características do trabalho humano para
escola para ampliação de seu capital cultural. Marx, é INCORRETO afirmar que
(E) negam a possibilidade de mudar a estrutura de ca- (A) a espécie humana partilha com as demais a ativida-
pitais simbólicos e culturais de cada família, já que estes de de atuar sobre a natureza de modo a transformá-la para
capitais não se intercambiam. melhor satisfazer as suas necessidades.
(B) o homem que trabalha não apenas transforma o
9. O conceito de mais-valia está relacionado à valori- material sobre o qual opera, mas imprime ao material o
zação projeto que tinha conscientemente em mira.
(A) do trabalho, e é um conceito de Marx (C) por tratar-se de uma atividade instintiva, não há di-
(B) da produtividade, e é um conceito de Taylor. ferença entre o trabalho dos seres humanos e dos animais.
(C) da comunidade, e é um conceito de Durkheim. (D) o trabalho humano é consciente e proposital, ao
(D) da racionalidade, e é um conceito de Weber. passo que o trabalho dos outros animais é instintivo.
(E) da cultura, e é um conceito de Malinowski. (E) é através do pensamento conceitual que o homem
realiza o trabalho.
21
SOCIOLOGIA
13. Segundo Marx, as relações sociais de produção ca- 16. Em relação aos direitos de cidadania, considere:
pitalistas são: I. Direitos civis são direitos fundamentais à vida, à igual-
(A) cooperativas ou antagônicas, dependendo do con- dade perante a lei, à liberdade e à propriedade. Estão rela-
trato de trabalho. cionados a uma justiça independente e acessível a todos.
(B) cooperativas porque capitalistas e os trabalhadores II. Direitos políticos estão relacionados à participação
dependem uns dos outros. dos cidadãos na vida política, ao direito de votar e de ser
(C) antagônicas porque não há equilíbrio na divisão do votado.
trabalho. Estão relacionados à existência de partidos políticos e
(D) antagônicas porque os trabalhadores detém o co- à representatividade.
nhecimento sobre o processo de produção e o controlam III. Direitos sociais estão relacionados à participação de
segundo seus interesses. todos na riqueza coletiva. Incluem o direito ao trabalho, à
(E) antagônicas porque baseadas na exploração, uma saúde, à educação. A sua existência depende de uma efi-
vez que o capitalista é capaz de apropriar-se do trabalho ciente máquina do Poder Executivo.
excedente. Está correto o que se afirma em
. (A) I, II e III.
14. Em relação ao sistema de governo, o Brasil é uma (B) I e II, apenas.
república (C) I e III, apenas.
(A) presidencialista, em que o presidente da República (D) II e III, apenas.
exerce o poder executivo. (E) I, apenas.
(B) parlamentarista composta, uma vez que possui
duas casas legislativas além do poder executivo. Gabarito
(C) parlamentarista originária, já que mantém os po-
deres autônomos e o chefe do legislativo não se confunde
com o chefe do executivo.
(D) presidencialista, uma vez que o presidente da Re-
pública exerce os poderes executivo, judiciário e legislativo.
(E) parlamentarista atípica, porque o Ministro Chefe da
casa Civil exerce o papel de Primeiro Ministro.
22
GEOGRAFIA
1. A RELAÇÃO SOCIEDADE-NATUREZA........................................................................................................................................................... 01
1.1. Os mecanismos da natureza................................................................................................................................................................... 01
1.2. Os recursos naturais e a sobrevivência do homem....................................................................................................................... 01
1.2.1. As desigualdades na distribuição e na apropriação dos recursos naturais no mundo............................................... 01
1.2.2. O uso dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente........................................................................................ 01
2. ESTRUTURAÇÃO ECONÔMICA, SOCIAL E POLÍTICA DO ESPAÇO MUNDIAL.............................................................................. 15
2.1. Capitalismo, industrialização e transnacionalização do capital................................................................................................ 15
2.1.1. Economias industriais e não industriais: articulação e desigualdades............................................................................... 15
2.1.2. As transformações na relação cidade-campo.............................................................................................................................. 15
2.2. Industrialização e desenvolvimento tecnológico: dominação/subordinação político-econômica............................. 15
2.3. O papel do Estado e as organizações político-econômicas na produção do espaço..................................................... 15
2.4. Fundamentos econômicos, sociais e políticos da mobilidade espacial e do crescimento demográfico................. 15
2.5. A divisão internacional e territorial do trabalho............................................................................................................................. 15
2.6. O fim da Guerra Fria. A desagregação da URSS. A nova ordem econômica mundial..................................................... 15
3. O PROCESSO DE OCUPAÇÃO E PRODUÇÃO DO ESPAÇO BRASILEIRO......................................................................................... 29
3.1. A formação territorial do Brasil e sua relação com a natureza................................................................................................. 29
3.2. O processo de industrialização brasileira e a internacionalização do capital..................................................................... 29
3.2.1. Urbanização, metropolização e qualidade de vida.................................................................................................................... 29
3.2.2. Estrutura e produção agrária e impactos ambientais............................................................................................................... 29
3.2.3. População: crescimento, estrutura e migrações, condições de vida e de trabalho....................................................... 29
3.3. O papel do Estado e as políticas territoriais..................................................................................................................................... 29
3.4. A regionalização do Brasil: desenvolvimento desigual e combinado.................................................................................... 29
GEOGRAFIA
1
GEOGRAFIA
2
GEOGRAFIA
3
GEOGRAFIA
Os óxidos de nitrogênio são produzidos pela combus- Nossos conhecimentos das consequências da poluição
tão dos motores de automóveis e, portanto são mais abun- atmosférica são ainda insuficientes, particularmente no que
dantes no ar das cidades. A formação de smog oxidante diz respeito aos efeitos da permanência prolongada de se-
ocorre através de mecanismos muito complexos e que se res humanos em meios fracamente poluídos. Pessoas mui-
pode esquematizar da seguinte forma: em presença de ra- to expostas a misturas poluentes permitem concluir que
diações ultravioleta, o dióxido de nitrogênio decompõe-se doenças como bronquite aumentam nitidamente, como
em monóxido de nitrogênio e oxigênio atômico. Este pode também o aparelho cardiovascular. Acredita-se que o cân-
reagir com o oxigênio molecular, formando o ozônio. São cer pulmonar possa ser provocado por diversos poluentes
muitos os prejuízos causados à agricultura pela poluição presentes no ar. Outros efeitos desastrosos são devidos
fotoquímica. à poluição atmosférica tais como enegrecimento das fa-
O monóxido de carbono não é irritante nem malchei- chadas das construções, ataque das pedras calcárias pelas
roso, mas ao combinar-se com a hemoglobina, diminui a águas das chuvas ácidas, ou pelo ácido nítrico, formado
capacidade do sangue para transportar oxigênio. As pes- por bactérias a partir do amoníaco presente no ar das ci-
soas intoxicadas sentem vertigens, dores de cabeça, cansa- dades e degradação dos telhados de zinco pela ação do
ço. A principal fonte reside nos gases de escapamento dos ácido sulfúrico.
automóveis. Esse gás se difunde rapidamente na atmosfera A poluição atmosférica custa caro em termos de saúde,
e a zona de perigo é a que se encontra ao nível do solo, na de redução das colheitas, de degradação de florestas ou
vizinhança dos pontos de emissão. imóveis. Diante desses fatos, seria mais razoável prevenir a
O dióxido de carbono, mesmo sendo um constituin- poluição, tomando as medidas necessárias.
te normal da atmosfera e indispensável aos vegetais que, Completando, seria preciso tratar da poluição sonora
graças à fotossíntese, têm nesse gás a sua fonte de carbo- que castiga o meio urbano e a vizinhança dos aeroportos.
no, tem caráter poluente quando ultrapassa um certo nível. Acima de 80 decibéis, ocorrem traumatismos psíquicos e
Antes da época industrial, o carbono tinha seu ciclo perfei- fisiológicos
tamente equilibrado: matéria orgânica formada através da A poluição dos solos pode apresentar-se sob diversos
fotossíntese era decomposta, graças à respiração dos seres aspectos. Ocorre muito frequentemente no campo, mas
pode aparecer também nas cidades, onde vemos o enfra-
vivos, e às fermentações. Assim o gás carbônico era libera-
quecimento das árvores plantadas nas praças e ao longo
do e vinha substituir, na atmosfera, o que havia sido retira-
das ruas.
do do ar pelos vegetais clorofilados. O consumo mundial
A agricultura moderna está cada vez mais industrializa-
de combustíveis fósseis tem aumentado o problema da po-
da e utiliza doses cada vez maiores de adubos. Eles são ne-
luição e criado o esgotamento das reservas não renováveis.
cessários para devolver ao solo os elementos dele retirados
O oceano desempenha um papel fundamental nesta
pelas colheitas e levados para longe. A tendência atual é de
absorção do gás carbônico suplementar. Muito se discute empregar exclusivamente adubos minerais, abandonando-
sobre as possíveis consequências deste aumento do teor se os adubos orgânicos tradicionais como o esterco. Como
de gás carbônico do ar. Por ser este gás opaco à radiação consequência teremos uma redução do teor de húmus do
infravermelha emitida pela Terra, sua presença provoca um solo e uma degradação de sua estrutura.
“efeito estufa”, isto é, um aumento da temperatura do glo- Em zonas áridas ou semiáridas, onde é necessário su-
bo. Até o ano 2000, o aumento foi de alguns décimos de prir a falta de água de chuva com a irrigação, observa-se
grau, mas isto seria suficiente para provocar fusão total dos um tipo de poluição que é a salinização dos solos. As águas
gelos polares e uma elevação do nível dos mares. Estudos de irrigação não penetram em profundidade nos solos
sobre a variação da temperatura média anual demonstram pouco permeáveis, e ao evaporar o sal nela contido depo-
que estamos, neste momento, num período de aqueci- sita-se nas camadas superiores.
mento geral. Alguns autores afirmam que a acumulação de Os praguicidas ocasionam a redução das populações
poeiras na atmosfera seja um dos fatos de resfriamento, animais e vegetais e, às vezes, sua eliminação. A toxicidade
por refletirem os raios solares no espaço. A compensação dos inseticidas pode ser aguda, quando se manifesta ime-
se daria evitando um aumento da temperatura do globo. diatamente após a absorção do inseticida por um ser vivo
O ar das cidades tem de 100 a 200 vezes mais poeiras ou pode ser crônica, quando a absorção quotidiana e con-
do que o do campo, pois a espessura da camada atmos- tínua de pequenas doses durante um período mais ou me-
férica afetada não ultrapassa algumas centenas de metros. nos longo. Os herbicidas levam a uma rarefação extrema
Do ponto de vista térmico, o clima das grandes cidades é de certas plantas que crescem, de preferência nas colheitas.
caracterizado por uma redução das amplitudes de tempe- Os insetos úteis são os mais sensíveis aos inseticidas e os
ratura, em consequência do aumento das mínimas notur- mais atingidos. Mamíferos e aves também sofrem com o
nas, principalmente no verão, e de um aumento das médias tratamento por inseticidas. Os mamíferos são, frequente-
anuais. mente, ainda mais sensíveis que os pássaros à ação dos
O metal tóxico mais abundante e mais espalhado na inseticidas. As intoxicações agudas com praguicidas ao ho-
atmosfera é o chumbo. A contaminação pelo chumbo é mem, constituem uma exceção em virtude das precauções
ainda pouco conhecida. A principal fonte de poluição é o tomadas. As únicas vítimas são as crianças ou os operários
automóvel, portanto é mais intensa nas vizinhanças das es- em contato com os praguicidas. No entanto encontram-se
tradas. pequenas quantidades de praguicidas nos alimentos e em
particular nos laticínios.
4
GEOGRAFIA
As águas podem ser poluídas de forma natural. Na flo- O lançamento de petróleo no mar é obra de navios
resta, grandes quantidades de folhas mortas caem nos pe- petroleiros que, após a limpeza dos reservatórios lançam
quenos rios e charcos, onde sofrem uma fermentação que ao mar uma mistura de água com resíduos de petróleo,
consome grande parte do oxigênio da água, causando uma que é sumariamente decantada. Esta técnica não permite
mortalidade sazonal da fauna. Aos efeitos da falta de oxigê- recuperar senão uma parte do petróleo. Cerca de dez tone-
nio, acrescenta-se o efeito tóxico de alguns elementos consti- ladas de hidrocarbonetos são lançadas ao mar de cada vez.
tuintes das folhas mortas. Muitos navios nem a praticam e atiram ao mar os produtos
Vários produtos químicos poluentes podem ser encontra- da lavagem sem perder tempo com a decantação. As refi-
dos nas águas. Os fosfatos contidos nos detergentes são, em narias lançam ao mar uma grande quantidade de resíduos,
parte responsáveis pela eutroficação de lagos e rios. Também acrescidos aos lubrificantes para automóveis, despejados
provém dos detergentes a espuma que se acumula sobre cur- na terra ou nos cursos de água, que são levados para o mar.
sos de água, impedindo as trocas de oxigênio com a atmos- Os efeitos dos hidrocarbonetos sobre a fauna e a flo-
fera e inibindo a autodepuração da água. Eles têm uma toxi- ra dependem, em grande parte, da composição química
cidade que traz sérios acidentes aos peixes. Os detergentes dos mesmos, que é muito variável. Entretanto, poucas pes-
biodegradáveis suprimiram as espumas dos rios e permitiu quisas têm sido realizadas a esse respeito. Pode-se afirmar
liberar na Natureza moléculas tóxicas de propriedades ainda que este tipo de poluição é um fenômeno mundial. Os re-
não bem conhecidas. Os efeitos bactericidas desses produtos síduos da degradação bacteriana do petróleo formam bo-
provocam um bloqueio da autodepuração ainda mais acen- las de diâmetro variável (1mm a 10 cm), que sujam todos
tuado que no caso dos detergentes não biodegradáveis. os oceanos, conforme já foi possível verificar através de
Fertilizantes como os nitratos e fosfatos, são empregados uma coleta de todos os seres vivos e partículas que se en-
em doses altas e podem ser responsáveis pela eutroficação. contram na superfície da água, apanhados com a ajuda de
É cada vez mais comum encontrarem-se nitratos infiltrados redes especiais.
nas águas subterrâneas. Também são encontrados na água Metais pesados é o nome que se dá a uma série de
muitos metais e sais minerais de origem industrial. No Japão, elementos que ocupam as colunas centrais da classificação
as águas dos arrozais, às vezes, se tornam tão poluídas pelo
periódica. Todos têm propriedades tóxicas e são encontra-
chumbo que o arroz se torna impróprio para o consumo. O
dos em pequenas doses no meio natural, sendo que alguns
mercúrio, cujos efeitos nocivos foram principalmente estuda-
deles são indispensáveis, pois entram na constituição de
dos em meio marinho, também está presente em água doce.
enzimas. Entretanto, se o meio estiver sobrecarregado de
Os inseticidas têm os mesmos efeitos em meio aquáti-
metais pesados, os animais e vegetais absorverão quanti-
co e em meio terrestre. A cada tentativa de destruir as larvas
dades excessivas destes elementos, podendo intoxicar-se.
aquáticas de insetos nocivos, como mosquitos ou borrachu-
dos, observa-se uma elevada mortalidade de peixes, princi- Os mais tóxicos são o chumbo e o mercúrio.
palmente os que são muito sensíveis aos inseticidas como o O mercúrio é o elemento mais estudado e o mais te-
D.D.T. e à rotenona. mido. Sua presença na água do mar tem sua quantidade
Poluições biológicas são as provocadas por matérias or- aumentada pelos resíduos de diversas indústrias, trazidos
gânicas suscetíveis de sofrer fermentação bacteriana. Tanto pelos rios. Ele é utilizado na fabricação de vários aparelhos
em água doce, como em meio marinho, a causa fundamental elétricos, na fabricação do cloro e da soda, na indústria de
desta poluição é a fraca solubilidade do oxigênio na água. A plásticos e de tintas anticorrosivas. Serve como bacterici-
introdução de matérias orgânicas na água desencadeia a pro- da e fungicida na fabricação da pasta de papel e é com-
liferação de bactérias que consomem muito oxigênio. ponente básico de numerosos fungicidas e herbicidas. A
Quando os resíduos de águas poluídas mais ou menos intoxicação ou envenenamento por mercúrio, causa uma
ricas em nitratos e fosfatos se tornam demasiado abundan- moléstia que ataca principalmente o sistema nervoso, e já
tes em relação à quantidade de água pura disponível, surge ocasionou muitas mortes em Minamata, de onde veio seu
o fenômeno da eutroficação. Manifesta-se nos rios lentos e nome “doença de Minamata”.
sobretudo nos lagos onde a correnteza é insuficiente para As marés vermelhas sejam, talvez a mais espetacular
evacuar as águas usadas. A eutroficação não se verifica ape- consequência da poluição. Este fenômeno é devido à pu-
nas nos lagos alpinos; ocorre em todos os lugares do mun- lulação de organismos pouco exigentes quanto ao oxigê-
do. Os Grandes Lagos da América do Norte, que constituem nio - os peridíneos (algas unicelulares). As marés vermelhas
a maior reserva de água doce do mundo, estão quase per- aparecem naturalmente, sobretudo nas regiões tropicais.
didos, por causa dos abundantes despejos de águas usadas Os peridíneos segregam na água substâncias tóxicas que
que recebem. são responsáveis pela morte maciça de peixes. Já houve
Produtos petrolíferos são lançados nos oceanos, volun- acidentes relacionados com o sistema nervoso e até casos
tariamente ou não, numa quantidade que varia de 1 a 10 de morte em pessoas que tinham comido mariscos. A toxi-
toneladas por ano. A essa poluição devem ser acrescenta- na responsável ainda não foi isolada, mas os efeitos podem
das as perdas naturais de lençóis petrolíferos submarinos ser minimizados pelo uso de anti-histamínicos.
e os transportes de hidrocarbonetos por via atmosférica. É Durante muito tempo foram descarregadas no mar
possível que a quantidade dos hidrocarbonetos evaporados águas ricas em microrganismos de todos os tipos, pois
ou produzidos pela combustão incompleta nos motores e acreditava-se que as águas do mar fossem capazes de des-
trazidos por via atmosférica seja ainda maior do que a dos truir os micróbios patogênicos estranhos nelas introduzi-
lançamentos diretos. dos. Esta teoria, da autodepuração, é muito controvertida
5
GEOGRAFIA
ultimamente, pois o grande número de casos de poluição Os seres vivos reagem diferentemente a um choque
bacteriana vem demonstrar que há nisso grande parte de térmico conforme a fase desenvolvimento em que se en-
exagero. A maior parte dos micróbios encontra, no meio contrem. Os estágios mais jovens (ovos, larvas, alevinos)
marinho, condições favoráveis à sobrevivência, à resistên- são os mais sensíveis. Os invertebrados mostram a mesma
cia, ao retorno à vida ativa. Os germes patogênicos que sensibilidade que os peixes e os mais vulneráveis são os
vão ter ao mar é, quase totalmente, de origem humana, le- crustáceos.
vados por cursos de águas poluídos, por esgotos das loca- A consequência da implantação generalizada de cen-
lidades litorâneas, por despejos selvagens de acampamen- trais trará, evidentemente, a eliminação dos peixes esteno-
tos, de navios, de veranistas. Portanto, a poluição é muito térmicos (trutas e outros salmonídeos) e sua substituição
mais grave durante os períodos de férias, em regiões em por peixes brancos de menor valor, nos rios das trutas,
que população fica quase decuplicada. caracterizadas por águas frescas e bem oxigenadas. O de-
A poluição microbiana manifesta-se principalmente senvolvimento de organismos patogênicos são favorecidos
pela incidência de doenças como as salmoneloses, febre por uma temperatura elevada, principalmente as espécies
tifoide, as paratifoides, as gastroenterites, de que há milha- termófilas anaeróbicas, que é singularmente temível para
res de casos todos os anos, com uma mortalidade às vezes o homem. Há, portanto, um grande risco para os consu-
inquietante. Muitas afecções são mais frequentes entre os midores de frutos do mar, crustáceos e peixes em serem
veranistas de beira-mar como afecções oculares semelhan- contaminados por salmonelas que, como sabemos, são os
tes à “conjuntivite das piscinas”, das afecções rinofaríngeas, agentes da febre tifóide e salmoneloses.
de várias afecções cutâneas, como as furunculoses devidas
a estafilococos ou a Candida. Um número considerável de Recursos e Riquezas Naturais em perigo
fungos patogênicos estão presentes na areia das praias,
causando doenças da pele, tais como dermatoses e mi- O fluxo de energia encontra-se totalmente modificado
coses. na sociedade industrial contemporânea. A civilização oci-
Pode haver contaminação indireta através do consumo dental consome energia de modo irrefletido. Os Estados
de produtos do mar. Basta lembrarmos a epidemia de cóle- Unidos representam 7% da população mundial e conso-
mem sozinhos um terço da produção energética do mundo.
ra, propagada por mexilhões. Já foram contraídas, também,
A passagem de uma civilização de tipo agrário para a
febre tifoide e hepatite por vírus.
civilização industrial traduziu-se, no plano energético, pelo
Um aspecto relativamente novo da poluição tem como
uso de quantidades cada vez maiores de uma energia em
causa principal a construção de centrais elétricas cada vez
forma concentrada, contida nos combustíveis fósseis, e re-
mais numerosas e cada vez mais potentes. Indústrias side-
sultante da acumulação da energia solar, transformada pe-
rúrgicas, usinas têxteis que lavam a lã e refinaria de açúcar
los vegetais fósseis. Essa acumulação foi processada duran-
influem para o aquecimento das águas, porém em menor te centenas de milhões de anos, permitindo a constituição
proporção. A central elétrica deve dispor de uma fonte das jazidas de petróleo e de hulha.
fria para poder funcionar. A mistura de águas quentes e A agricultura moderna consome uma quantidade cada
águas frias não se efetua facilmente, devido às diferenças vez maior de matérias-primas minerais e também de ener-
de densidade e viscosidade. Frequentemente há formação gia e pode ser uma das primeiras dentre as atividades hu-
de “massas” ou “plumas” térmicas que propagam as águas manas a defrontar-se com os problemas dos recursos não
quentes até pontos localizados, mais distantes. renováveis, considerando-se o desperdício desenfreado
A temperatura é um fator ecológico importante, entre- que deles faz a civilização tecnológica contemporânea.
tanto não o único, entre todos os que agem sobre os seres De maneira geral, é tão elevado o valor absoluto do ní-
vivos. Para cada espécie, é possível definir uma tempera- vel atual de consumo de energia, matérias-primas e água,
tura máxima letal e acima dela, o animal só pode sobrevi- que muitos se assustam ao descobrir, de repente, o caráter
ver durante um tempo muito limitado. Há também a tem- finito da biosfera.
peratura mínima letal, próxima a zero grau Celsius. Peixes O mau uso de energia é responsável pela maior parte
submetidos durante um certo tempo a uma temperatura da crise contemporânea do meio ambiente nas sociedades
chamada “de aclimatação” apresentam temperaturas letais tecnologicamente desenvolvidas. É fato o crescimento anár-
tanto mais elevadas quanto mais elevada é a própria tem- quico dos transportes rodoviários, de passageiros e tam-
peratura de aclimatação. bém de fretes, quando se sabe que estrada consome sete
A elevação da temperatura acarreta uma diminuição vezes mais energia e dez vezes mais espaço do que uma
do teor em gás dissolvido e consequentemente o consumo ferrovia que preste o mesmo serviço. E assim, rodovias de
de oxigênio pelos seres vivos aumenta. Este aumento de ligação vão penetrando por toda parte e invadindo pouco
necessidade é devido à ativação do metabolismo e à dimi- a pouco os últimos vestígios de grandes florestas. Os com-
nuição da afinidade da hemoglobina para com o oxigênio. bustíveis fósseis, especialmente o petróleo, são responsá-
A penúria de oxigênio no meio aquático é maior quanto veis por nove décimos das poluições.
mais povoado for esse meio. A desgaseificação rápida que Se o consumo de petróleo continuar aumentando nas
se segue ao aquecimento das águas pode provocar a mor- bases da década passada (tempo de duplicação da extração
te dos peixes por embolia, isto é, por aparecimento de mi- ligeiramente inferior a dez anos), pode-se prever que a era
núsculas bolhas de nitrogênio no sangue. útil do petróleo duraria cinquenta e oito anos na pior das
hipóteses, e sessenta e quatro anos na melhor.
6
GEOGRAFIA
Resumindo, nossos filhos verão, sem dúvida alguma, o Quando pensamos na gigantesca quantidade de água
fim dos hidrocarbonetos (produtos de petróleo) e gasosos que utilizam os países industrializados, descobrimos que a
como fonte primária de energia. água doce chega a ser rara, apesar de sua aparente abun-
Dispomos de dados geológicos que levam a concluir dância. O volume de água doce disponível é muito limitado.
que o carvão é o único substituto capaz de aliviar, em pou- O homem pode contar, teoricamente, com o volume global
co tempo, a penúria em carburantes que resulta de uma constituído pelas águas continentais: cursos de água, lagos
crise de recursos petrolíferos. A hulha pode substituir o pe- e lençóis freáticos. As estimativas mais otimistas apontam
tróleo em todos os seus usos energéticos. A Alemanha na- 900.000 quilômetros cúbicos de água continentais, embora
zista fez a guerra durante três anos, devido à gasolina sin- muitos peritos calculem um valor mais baixo, de cerca de
tética, fabricada em carvão. A massa colossal das reservas 250.000 Km³. A água doce continental representa apenas
de hulha indica-nos que se há de recorrer inevitavelmente 0,5%, quando muito, do valor global.
a esse tipo de combustível. Só na C.E.E. as quantidades de A massa hídrica utilizável é ainda mais limitada. O ho-
carvão contidas no subsolo são iguais, em equivalência mem só pode aproveitar as quantidades que as precipita-
energética, às reservas mundiais de petróleo já comprova- ções trazem às águas de superfície, isto é, águas correntes, e
das atualmente. às águas subterrâneas, as infiltrações, sob pena de secar os
A era do petróleo e, de um modo geral, a dos combus- lagos ou lençóis freáticos, ou de esgotar as fontes, consu-
tíveis fósseis, será caracterizada pelo incrível desperdício. O mindo, assim, uma parte do capital hidrogeológico regional.
recurso maciço ao petróleo e à hulha, apesar de sua brevi- Nos países industrializados, boa parte dos recursos em
dade, terá causado perdas irreparáveis ao meio ambiente. água são deteriorados pela poluição. Nos Estados Unidos,
Nossa espécie utilizou-se de um recurso natural que levou por exemplo, nove décimos das águas fluviais servem para
centenas de milhões de anos para formar-se, e que só terá carregar restos para o mar. Na França, a falta de água lim-
servido à humanidade durante um século no máximo, du- pa para indústria impede que se instalem novas usinas em
ração ínfima na escala de sua história. muitas regiões urbanas.
Atualmente, há quem deposite grandes esperanças na É certo, também, que certas fábricas consomem e po-
energia nuclear, mas essa é uma direção insegura. O recen- luem massas consideráveis de água. São necessários 300m³
de água para fabricar uma tonelada de papel e 600m³ para
te desenvolvimento de programas eletronucleares gran-
sintetizar uma tonelada de nitratos. O desenvolvimento das
diosos, baseados na energia de fissão, levanta o problema
usinas eletronucleares e das centrais termoelétricas clássi-
relativo aos recursos de urânio.
cas criou um novo setor de atividade que consome grandes
Um reator de 1.000 megawatts necessita de 150 tone-
quantidades de água. Estes recursos em água, que dimi-
ladas de urânio natural por ano e as reservas metropolita-
nuem dia a dia, devem fazer face a necessidades cada vez
nas comprovadas de urânio são de 60.000 toneladas, com
maiores, nos países industrializados.
uma estimativa otimista de 120.000 toneladas, contidas no A construção de grandes barragens vem sempre acom-
subsolo francês. Nestas condições, a potência eletronuclear panhada de efeitos negativos tais como a inundação de
de 50 gigawatts prevista para 1985 esgotaria em oito anos áreas, significando a perda de vastas superfícies de terras
as reservas já comprovadas na França. Para a meta de se aluviais muito férteis, que ficarão definitivamente submer-
chegar a 170 gigawatts no ano 2000, as 120.000 toneladas sas, pois o fundo dos vales é sempre recoberto por solos
de matéria físsil contida nos minérios de alto teor estariam limosos depositados em períodos geológicos recentes. A
esgotadas em menos de cinco anos. Outras prospecções barragem retém os sedimentos que antes iam depositar-
levam a conclusões idênticas, não só para a França, como se à jusante, por ocasião das enchentes, levando aos solos
para o mundo todo. Se os programas eletronucleares atuais preciosos elementos fertilizantes.
forem levados a termo, nas nações industrializadas, as re- A civilização tecnológica é responsável por um verda-
servas de urânio não passarão de dez anos. deiro ecocídio, que vem destruindo, uns após os outros, to-
Os países consumidores de matérias-primas devem dos os ecossistemas naturais e substituindo-os por zonas
empregar técnicas eficazes de reciclagem, pois é prevista urbanizadas ou por agroecossistemas destinados à cultura
uma séria escassez de metais não ferrosos, a partir do pró- industrial e, portanto muito artificiais. Como resultado da
ximo século. alteração ou do desaparecimento puro e simples dos ecos-
As reservas de ouro, prata, platina, chumbo, zinco e sistemas continentais temos as agressões sofridas por dois
estanho, não são suficientes para suprir as necessidades de seus componentes fundamentais: o biótipo, conjunto de
industriais. As reservas mundiais de cobre e tungstênio fi- elementos abióticos que constituem o meio, e a biocenose,
carão esgotadas. As reservas de cobalto, níquel e manga- conjunto de comunidades vegetais e animais próprias do
nês não chegarão a passar muito além do fim do próximo ecossistema considerado.
século. A urbanização e a industrialização traduzem-se pelo
Os fosfatos constituem um problema pouco conheci- aniquilamento de numerosos biótipos, já que o concreto e
do, embora muito angustiante, pois nenhuma agricultura o betume destroem inelutavelmente o meio onde são im-
intensiva é possível sem adubos fosfatados. A humanidade plantados. Desde tempos remotos, o homem habituou-se a
está em plena explosão demográfica e a intensificação da edificar suas cidades no coração das bacias aluviais ou nas
produção agrícola vai provocar um aumento considerável planícies litorâneas mais férteis. Esta prática não teve gran-
no consumo de adubos fosfatados. de importância até o efeito do crescimento demográfico e
do êxodo rural.
7
GEOGRAFIA
O chamado ”manejo turístico” das costas deferiu um anteriormente vão devastando cada vez mais os solos si-
golpe fatal nos ecossistemas muito frágeis das dunas que tuados dos dois lados de seu leito. A ausência de vegeta-
antigamente cobriam milhares de quilômetros, nas facha- ção favorece a correnteza e o despejamento de grandes
das atlânticas e mediterrâneas. A apropriação do litoral massas de água recebidas das vertentes, cuja ação destrui-
por particulares, tolerada e até encorajada, permite que se dora é aumentada pelo desnivelamento.
construam imóveis quase junto ao mar. Além de prejudicar Com a destruição das florestas, porém, a erosão será
a paisagem, esta invasão acarreta uma séria destruição dos acelerada pela violência do impacto das gotas de chuva
biótipos das dunas, provindas de uma vegetação e uma sobre a terra descoberta e pelos riachos que se formarão.
fauna muito particular. A promoção imobiliária também Muitas montanhas, outrora cobertas por densas florestas e
maltrata as montanhas, onde as zonas superiores, com hoje desnudadas, são vítimas da erosão, que põe à mostra
suas florestas bem como os prados são loteados ou trans- o abstrato rochoso. A pastagem excessiva também con-
formados em grandes conjuntos de férias. É óbvio que a tribui para a ruína dos solos nas montanhas devido ao pi-
apropriação dos locais e das paisagens pelos particulares soteamento aliado ao consumo voraz da vegetação, que
deve cessar o mais breve possível. pode deixar a terra nua se a carga de herbívoros passar de
A destruição dos biótipos tem como causa, também, a um certo limite por hectare.
construção de vias de comunicação, especialmente de es- É muito variável o efeito das culturas sobre a estabi-
tradas. Os responsáveis pela economia dos países ociden- lidade dos solos. De todas as culturas, as mais perigosas
tais parecem ter esquecido que a estrada de ferro é o meio para as terras frágeis são as das plantas mondadas como
de transporte que menos afeta o meio, inclusive o aquáti- milho e batata, por exemplo, por deixarem a terra despro-
co, além de ser menos dispendioso em espaço e energia. A tegida, com isso favorecendo a ação do vento e o escoa-
influência das rodovias sobre a paisagem é muito mais ne- mento superficial das águas.
fasta que a das ferrovias, pois, além de consumirem muito Para suprir as necessidades alimentares da humanida-
mais espaço, as autoestradas são construídas sobre aterros de, antes de começar a cultivar novas terras é preciso con-
e desaterros, a fim de economizar obras de engenharia. Em servar a integralidade do potencial produtivo das terras já
zonas acidentadas, os viadutos e túneis permitem a inte- cultivadas atualmente. Um balanço mundial dos prejuízos
gração da via férrea no meio ambiente, com um mínimo de ameaçados pela erosão não seria otimista.
danos. As rodovias, porém, escavam imensas colinas, muti- Em terras cultivadas intempestivamente, que apre-
lando-as, provocam erosões dos solos e perturbam a rede sentam uma estrutura pedológica frágil, a destruição ou
hidrológica local rasgando estradas nos morros e aterran- a modificação brutal da cobertura vegetal, pode também
do pequenos vales, provocar, não uma erosão, mas uma alteração química ir-
As zonas úmidas estão entre os biótipos mais amea- reversível dos solos, que os torna impróprios a qualquer
çados, devido à ideia que os homens têm de lagoa, pânta- cultura e mesmo à reconstituição de sua vegetação primi-
no, laguna costeira como símbolo de insalubridade. Assim, tiva. A alteração pode se dar pelo sal, através da irrigação
através da história, o homem obstinou-se em aterrar ou se- das terras salgadas de países de clima semiárido ou desér-
car essas zonas úmidas. As zonas úmidas representam um tico. Após algum tempo ocorre o fenômeno denominado
papel essencial na regularização do ciclo da água. Os pân- solontchaks, quando uma franja capilar aflora à superfície
tanos funcionam como gigantescas esponjas que retêm a provocando no solo a formação de eflorescências brancas,
massa hídrica durante os períodos de precipitação, resti- que resultam da acumulação de placas de sal (fenômeno
tuindo-a posteriormente aos cursos de água e aos lençóis das salinas). Outra alteração chamada lateritização refere-
freáticos. Verifica-se, então, duas funções: proteção contra se a solos ferralíticos e encontram-se em todas as regiões
as inundações e reserva de água doce para os períodos de tropicais do globo. Caracterizam-se por um elevado teor
relativa seca. de ferro e alumínio, uma reação ácida e uma fraca concen-
Outro tipo de destruição de biótipos está relacionada tração em silício.
a diversas operações de manejo agrícola que convergem Quando a floresta, ou a vegetação secundária que a
todas para um mesmo fim: promover desenvolvimento substituiu, é destruída para dar lugar a uma plantação,
da agricultura industrial intensiva, quaisquer que sejam ou quando a exploração abusiva da madeira em pé (cor-
as consequências ecológicas e econômicas. Um frenesi de tes radicais) expõe o solo ao sol e às fortes precipitações
nivelação vem acompanhado da retificação dos cursos de características dos climas tropicais, verifica-se a formação
água, com a ajuda da pá mecânica. de uma couraça laterítica, cuja cor e consistência lembram
Grandes superfícies ficaram expostas à erosão dos so- a do tijolo. Por esta razão, o desmatamento das florestas
los devido ao cultivo intempestivo de terras cuja estrutura umbrófilas equatoriais vai muitas vezes transformar em
pedológica não se prestava a atividades agrícolas, ao efeito regiões nuas e estéreis vastos territórios que eram antes
conjunto do desmatamento e da pastagem excessiva. cobertos por exuberantes florestas. A enorme gravidade do
A erosão hídrica foi a primeira a se manifestar na his- problema apresentado pela fragilidade dos solos ferralíti-
tória. Sua ação máxima verifica-se nas zonas montanhosas. cos tropicais sugere que a única forma racional de aprovei-
O desmatamento de encostas íngremes facilita a formação tamento consiste em uma exploração seletiva e controlada
de sulcos por ocasião das precipitações. Criam-se, assim, das essências de madeiras preciosas que crescem nessas
novas torrentes, ao passo que as correntes que já existiam regiões.
8
GEOGRAFIA
A ação conjunta dos incêndios, dos rebanhos, das der- sagem. As sementes de algumas espécies vegetais racham-
rubadas para plantio e para a extração da madeira, cada se com o calor e germinam depois do incêndio. Assim, a
vez mais utilizada como combustível e como matéria-pri- floresta meridional incendiada cede lugar a matas de resi-
ma, ameaçam todos os biomas florestais do planeta, que nosas (pinheiro-de-alepo, pinheiro-marítimo) sob os quais
estão regredindo com uma rapidez inquietante. cresce um estrato arbustivo bem diversificado, constituído
A floresta presta serviços ao homem tais como a pro- por vários arbustos e outras plantas lenhosas xerófilas.
teção contra a erosão hídrica nas regiões montanhosas; Porém, quando o fogo se repete demasiadamente, a
a redução do ciclo da água, o abastecimento dos lençóis floresta secundária de pinheiros é substituída por um ou-
freáticos, a proteção da fauna e do espaço de lazer e, final- tro tipo de formação vegetal: o maquis ou a garringue de
mente o principal: a produção de uma matéria-prima in- carvalhos-quermes. Esta pequena árvore pirófita, raramen-
substituível, a madeira, mas na medida em que o ritmo das te atingindo mais de três metros de altura, resiste bem ao
derrubadas seja inferior ao do crescimento médio anual. fogo graças a um sistema de raízes bem desenvolvido,
Segundo peritos, o consumo mundial de madeira cres- cujos brotos dormentes desenvolvem-se muito depressa
ce de modo ininterrupto, a uma velocidade superior às após a destruição das partes aéreas. O fogo provoca enfim,
previsões. No Terceiro Mundo a madeira tem sido utilizada profundas modificações nas comunidades vegetais das re-
como combustível causando um desmatamento catastró- giões tropicais.
fico. Pouco mais da metade da madeira abatida tem usos As savanas tropicais foram profundamente modifica-
industriais; todo o restante destina-se ao aquecimento ou das pelo uso do fogo, ateado intencionalmente pelos pas-
à cocção de alimentos, seja diretamente ou após sua trans- tores a fim de fazer brotar novamente as ervas verdes assim
formação em carvão de lenha. que terminava a estação da seca. Ainda assim, a vegetação
O emprego de madeira como combustível provoca clímax cede lugar às pirófitas. De modo geral, os incêndios
maiores consequências nefastas para os ecossistemas flo- dessas zonas provocam um empobrecimento do solo em
restais do que o uso industrial, pois não apenas os troncos, matéria de humo, a solubilização maciça dos sais minerais
mas todas as partes lenhosas, são exportados, excluindo a nutritivos, a elevação do pH em consequência da forma-
possibilidade de serem devolvidos aos solos os elementos ção de compostos alcalinos e alcalino-terrosos básicos e,
minerais nutritivos que a madeira encerra. finalmente, uma diminuição da capacidade de retenção de
A pastagem na floresta constitui um flagelo para as água dos solos.
florestas do Terceiro Mundo e mesmo nos países do Medi- O rebanho mundial atinge atualmente, da mesma for-
terrâneo setentrional. Os rebanhos são levados para a som- ma que as populações que ele ajuda a alimentar, valores
bra dos bosques, durante a estação seca. Bovinos, ovinos numéricos tais que na maioria das estepes e pradarias do
e caprinos, que exploram, cada um, um estrato diferente mundo já existe um excesso de animais domésticos, em
da vegetação subarbórea, impedem qualquer regeneração proporção à produtividade primárias desses ecossistemas.
ao devorar os brotos novos. O desmatamento da floresta Motivações econômicas aliadas a uma pressão demográfi-
constitui um importante fator de regressão desses ecossis- ca exagerada, particularmente no Terceiro Mundo, fazem
temas. A floresta amazônica está hoje ameaçada também com que os criadores esqueçam a existência de um limite
de desmatamento, devido à meta oficial de implantar a de capacidade para cada pasto. Esse limite não pode ser ul-
agricultura e a criação de gado nessa região. São tama- trapassado, sob pena de se comprometer a produtividade
nha, hoje em dia, as ameaças que pesam sobre as flores- dos prados naturais ou das pastagens.
tas umbrófilas tropicais, que muitos peritos preveem o seu Devido às preferências dos animais por certas plantas,
completo desaparecimento antes do fim deste século. O os terrenos de percurso acabam sendo invadidos pelas
fogo constitui, hoje em dia, um elemento geralmente aci- plantas que eles desdenham, com a proliferação de di-
dental de degradação das matas, ao contrário dos fatores versos cardos, podendo acontecer também a proliferação
precedentes desflorestamento. Desde a mais remota An- de pequenos roedores terrícolas e de insetos migradores.
tiguidade até ao alvorecer do século XXI, e ainda hoje em Assim, tanto o homem como seu rebanho ajudam a criar
muitos países do Terceiro Mundo, o fogo foi empregado habitats particularmente favoráveis à instalação e perma-
intencionalmente como meio de desmatamento, transfor- nência de populações de insetos, como as que vivem em
mando ecossistemas florestais em habitats abertos: landas, relevos descontínuos.
garrigues, chaparral, estepe, savanas, são exemplos de pai- A fauna selvagem é eliminada progressivamente devi-
sagens vegetais moldadas pelo fogo. do a vários fatores do mundo moderno. O desaparecimen-
O incêndio influi diretamente sobre as biocenoses ve- to de numerosas espécies animais no decorrer do último
getais, pois modifica a concorrência interespecífica entre as século resulta de uma modificação da concorrência inte-
plantas, favorecendo algumas delas que se adaptam à pas- respecífica pela introdução de comunidades de espécies
sagem do fogo, as quais são chamadas de pirófitas. Nume- originárias de outros continentes. Esses seres vivos quan-
rosas espécies vegetais linhosas ou herbáceas são elimina- do liberados em um novo ecossistema desprovido de seus
das pelo fogo cedendo o lugar às pirófitas. A disseminação predadores e competidores naturais, multiplicam-se sem
das sementes de certas pirófitas é, no entanto, favorecida entraves, em detrimento das espécies endêmicas, cujo ni-
pelo incêndio. Os cones de certas coníferas protegem as cho ecológico pode ficar muito reduzido, ou ser mesmo
sementes contra o fogo e liberam-nas depois de sua pas- totalmente ocupado pela espécie recém-chegada.
9
GEOGRAFIA
Atualmente, a caça constitui uma causa essencial de Há múltiplos exemplos de etnias primitivas para as
destruição da fauna, motivada por diversas razões: comer- quais foi fatal o contato com os civilizadores europeus
ciais, pela venda de peles e da carne; alimentares em certas no decorrer do século passado. Os antigos habitantes da
regiões do Terceiro Mundo, onde a caça constitui, ainda Terra do Fogo, os Yahgans, povo de resistência fisiológica
hoje, para várias populações, um complemento de proteí- extraordinária, homens que enfrentavam quase nus o frio
nas animais; e, acima de tudo, uma atividade de lazer, se do inverno antártico. Em seu convívio com os europeus,
não um “esporte” como pretendem os adeptos desta ati- os Yahgans aprenderam a vestir-se. Como navegavam em
vidade. canoas expostas aos respingos de água, as roupas foram
O comércio de pele representa, ainda hoje, um impor- fatais, pois sem poder secar as vestimentas molhadas, con-
tante fator de rarefação de numerosas espécies de mamí- traíram graves pneumonias. Também a gripe, a varíola, a
feros, constituindo uma ameaça permanente de aniquila- tuberculose, moléstias importadas através dos europeus,
mento para todos os carnívoros de pelagem desenhada: como a febre tifoide, devastaram as populações.
panteras, leopardos, tigres, ocelotes. Apesar do efeito irreversível da civilização tecnológica,
A venda de pássaros e mamíferos como animais de sobrevivem ainda algumas etnias primitivas, cujo estágio
viveiros e exposições, particularmente a venda de repre- cultural é, no melhor dos casos, comparável ao do médio
sentantes de espécies já raras para jardins zoológicos par- Neolítico (início da Idade do Ferro). Esses povos vivem nas
ticulares represente um fator importante na destruição zonas mais longínquas do planeta: regiões árticas ou su-
da fauna. A avifauna sempre sofreu e sofre ainda perdas bárticas, desertos, florestas tropicais.
irremediáveis devido a certas atividades comerciais espe- Sempre é possível questionar o valor da contribuição
cíficas. Também o comércio de plumas, muito praticado que a civilização ocidental trouxe aos povos aculturados. A
no primeiro quarto de nosso século, foi catastrófico para sociedade de consumo não traz felicidade. Os homens das
muitas espécies de aves. A coleta de ovos no ninho, por etnias arcaicas, confrontados de repente com um sistema
colecionadores, é particularmente nefasta para diversas es- de valores estranhos a suas estruturas sociais e a suas an-
pécies pouco prolíficas, como as rapaces. tigas tradições, privados da segurança psicológica propor-
De modo abrangente, a caça abusiva, a que estão su-
cionada por seus ritos e crenças, são brutalmente lançados
jeitas tantas espécies de pássaros e de mamíferos, constitui
na confusão da civilização industrial.
um desperdício escandaloso de riquezas naturais insubs-
Dentre os todos os graves problemas inerentes à crise
tituíveis. As gerações futuras saberão utilizar melhor que
atual do meio ambiente, a crise dos recursos alimentares
nós os herbívoros selvagens e muitas espécies de aves que
não representa uma ameaça para o futuro: ela impera já,
oferecem possibilidades zootécnicas ainda inexploradas.
às vezes mesmo há muito tempo, em diversos continentes.
Examinada nessa perspectiva, a proteção da fauna torna-se
não um luxo justificado por considerações estéticas, mas É verdade que durante o período histórico, terríveis cri-
uma imperiosa necessidade. ses de fome afligiram as regiões mais povoadas do mundo,
O etnocídio dos povos primitivos ou massacre de abo- manifestando-se de modo quase regular em certas épocas.
rígines, subsistiam ainda, no começo do século XIX, em O espectro da fome apareceu cada vez que a densidade
diversos continentes, por numerosas populações humanas das populações humanas alcançou um valor tal que o nível
de cultura primitiva, que tinham atingido estágios de acul- das técnicas agrícolas não foi suficiente para garantir uma
turação muito diversos, segundo a importância dos con- produção capaz de suprir às necessidades.
tatos mantidos com outros povos tecnologicamente mais Apesar da atitude deliberadamente otimista de certos
adiantados. “peritos” dos organismos internacionais, basta uma análise
A ampliação da colonização europeia no decorrer do um pouco mais profunda da situação alimentar mundial
século passado foi frequentemente acompanhada do et- para nos levar a encarar os fatos sob perspectivas muito
nocídio e, às vezes, do genocídio de muitos desses po- mais sombrias. A Conferência da FAO de novembro de
voamentos arcaicos. Os índios da América do Norte e os 1974 vem confirmar essa afirmação com dados que infor-
aborígines australianos figuram entre as principais vítimas, mam que perto de um terço da humanidade estava sendo
pelo menos entre as mais conhecidas, deste contato com vítima de desnutrição. Em 1967, R. Dumont confirmou que
os “civilizadores” brancos. 20% dos habitantes do Terceiro Mundo sofriam de fome
O povoamento da Austrália era avaliado em 300.000 permanente e que 60% destes eram carentes de proteínas
homens no fim do século XVIII, quando começou a colo- animais. Desde então, a situação alimentar piorou em todo
nização desse continente. Esta etnia, de cultura paleolítica, o Mundo.
levava a vida dos caçadores-predadores pré-históricos, re- Salientamos que, em todo o mundo, as reservas de ce-
presentando uma fase da evolução dos grupos humanos reais somam apenas o suficiente para um mês de consumo,
ainda mais arcaica que a dos índios. Os colonos britânicos lembrando também que o preço dos combustíveis e dos
foram responsáveis por um verdadeiro genocídio desta adubos quadruplicou, enquanto que as secas e inundações
raça. Organizaram-se verdadeiras caças aos aborígines, contribuem para agravar a situação já crítica.
que nem ao menos eram considerados homens, que per- Nações como a Venezuela, Nigéria ou Irã, e países in-
duraram até o século XX; a última caçada teria ocorrido em dustrializados superpovoados têm possibilidade de adqui-
1934. Subsistiram 46.000 indivíduos de raça pura em todo rir, graças a seus excedentes comerciais, os alimentos que
o continente, na maior parte rechaçados para as zonas não produzem em quantidade suficiente.
mais desérticas de acordo com o recenseamento de 1947.
10
GEOGRAFIA
11
GEOGRAFIA
Não é possível comparar a reação de uma árvore iso- parte, são tão pouco rentáveis ou acessíveis que podemos
lada com a de um bosquete e, ainda menos com a de uma esperar que se decida, de uma vez por todas, pela sua pro-
floresta. Basicamente podemos citar algumas funções das teção a nível nacional. O território urbano, ainda que não
árvores e dos espaços abertos. A primeira função diz res- seja considerado pelo grande público como paisagem,
peito à poluição atmosférica por exercerem uma ação par- possui também todos os elementos constitutivos de uma
ticularmente eficaz no que se refere à despoluição do ar. A paisagem. A degradação das paisagens urbanas está assu-
luta contra a poluição da água é outra função dos espaços mindo proporções insustentáveis, no que diz respeito tanto
abertos na cidade. Destaca-se aqui a captação dos poluen- à quantidade como à qualidade.
tes contidos nas águas pluviais pelas folhas, que assim im- As paisagens são brutalmente envolvidas pelo rede-
pedem a sua penetração no solo. Mantendo as superfícies, moinho das aglomerações próximas, tremem diante das
sem impermeabilizá-las, as áreas verdes e abertas partici- novas implantações industriais ou comerciais, fragmen-
pam também da luta contra a poluição da água. O poder tam-se segundo o traçado dos eixos rodoviários. A paisa-
auto depurador do solo conserva assim todas as suas fa- gem só pode ser compreendida a partir do trabalho que
culdades, recebendo e tratando apenas quantidades redu- a transformou gradativamente, a partir do espaço natural,
zidas de água poluída que provém geralmente das chuvas através dos meios e estruturas sociais próprios de cada
ou das áreas de estacionamento. conjunto histórico. É uma obra completada pela continui-
Na luta contra o barulho, admite-se que a floresta, as dade de todas as gerações, um trabalho antigo que nunca
sebes ou as cortinas de árvores agem unicamente em fun- cessou. Existe uma grande tentação em querer estabilizar
ção da importância de sua superfície foliar. O efeito varia as formas, deter a progressão do quadro, do envoltório. A
conforme a frequência dos sons, a posição das árvores em grande maioria das áreas que sofrem transformações, que
relação à fonte emissora do ruído, a espécie, estrutura e foram sujeitas a diferentes formas de aproveitamento e por
composição do povoamento vegetal, a estação do ano. Já isso exigem ou já exigiram uma eventual conservação, são
se demonstrou que, no caso do ruído de veículos, 200 a espaços desde há muito conquistados ao meio natural, que
250 metros de floresta têm o mesmo efeito de dois quilô- trazem todas as marcas de seus destinos anteriores.
metros de terreno descoberto. Uma outra função das ár- A evolução das tendências atuais de implantação de
vores e espaços abertos que não deve ser negligenciada é áreas industriais vão progressivamente se libertando das
a conservação do clima regional. Uma harmoniosa mistura restrições impostas pelo local enquanto suporte físico. A
faz com que se reduzam ou desapareçam totalmente as presença de matérias-primas ou de fontes de energia, li-
perturbações climáticas, especialmente devidas à existên- gava antigamente a empresa a um meio geográfico espe-
cia de polos frios. O efeito que exercem depende da mor- cífico. A paisagem de alguma maneira determinava o local
fologia e da fisiologia das espécies presentes e dos raios de da indústria. A transformação e a distribuição da energia,
sol. Através da grande quantidade de água absorvida do o aparecimento de novas matérias-primas sintéticas, a ra-
solo, fomentam os ciclos hidrológicos devolvendo a maior pidez dos transportes e dos meios de comunicação, entre
parte à atmosfera em forma de vapor. outros fatores, permitem hoje que uma empresa se insta-
A manutenção é um aspecto importante para o bom le segundo critérios que destroem sua solidariedade com
êxito de uma área verde. Trabalhos clássicos de rotina, um meio particular, para inseri-la numa rede de trocas e
como o arejamento da superfície do solo, eliminação dos de distribuições, nas proximidades da mão-de-obra, dos
vegetais concorrentes e a irrigação, devem ser aliados à eventuais empreiteiros, dos equipamentos terciários ou de
poda. A podadura é um verdadeiro ato cirúrgico que deve toda espécie de motivações complexas que a situem numa
ser realizado por um especialista e só em casos extremos. paisagem abstrata, sócio econômica e técnica.
A política das áreas abertas tornou-se, sob a pressão da O remanejamento progressivo de todo o espaço urba-
opinião pública, um reativo social cheio de ensinamentos, no substitui os antigos bairros por unidades de conteúdo
capaz de sublevar conflitos e paixões. É o reflexo direto de social homogêneo que contrasta fortemente com o das
um modo de vida, que valoriza o qualitativo em relação ao unidades exteriores. Isto foi possível através da banalização
quantitativo, o ser em relação ao ter, para que haja mais do espaço, que permitiu a intermutabilidade, facilitando
harmonia entre o homem e seu ambiente. assim todas as estratégias a este respeito. As ciências de
hoje permitem abrir o espaço, multiplicar suas dimensões e
A Proteção dos Sítios e das Paisagens sua sociabilidade, porém as condições impostas pela Geo-
grafia de troca polarizam muito fortemente o espaço em
As paisagens mais ameaçadas são as paisagens rurais, torno de núcleos de atividades abusivamente concentradas
seja pela transformação dos modos de produção, seja pelo como centros urbanos, centros de lazer, centros industriais.
abandono puro e simples de superfícies cultivadas não Esta polarização é resultado de uma saturação do espaço
rentáveis, seja ainda pela extensão das zonas urbanas. Em em pontos obrigatórios e, consequentemente, o aumento
seguida vêm os territórios florestais ou naturais, embora de valor dos mesmos. É a escassez e o aumento da procura
sua economia, em todos os sentidos, seja diferente, todo que, conjuntamente, conferem valor ao espaço, transfor-
o mundo está de acordo, hoje em dia, em dizer que não é mando-o em um produto como outro qualquer, integrado
mais possível fazer extrações suplementares. Os grandes no sistema mercante.
espaços naturais, isto é, aqueles que ainda não foram afe-
tados pela produção, já existem tão poucos e, na maior
12
GEOGRAFIA
Essa nova valorização será naturalmente transforma- social com o meio ambiente de forma que o problema da
da em novos lucros. Já se vende ecologia, saúde, ar puro. degradação não seja maior que o benefício do crescimen-
Já existe um mercado alimentício, turístico, residencial, to econômico. Nesse sentido a PNMA instituiu o Sistema
que permite vender a natureza, a água pura, a saúde. Esta Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), constituído pela
prodigalidade se apoia na rarefação artificial desses bens, União, Estados e Municípios, dando ao Estado uma maior
até então inalienáveis, que aliás não estão em falta. Lem- responsabilidade na execução das normas protetoras ao
bremo-nos que não se poderia falar em Ecologia, sítio ou meio ambiente, permitindo que estes estabeleçam normas
paisagem sem falar igualmente de cidade, pois o quadro próprias.
de vida tende a ser cada vez mais urbano. A questão não O SISNAMA tem por órgão superior o Conselho Nacio-
apenas proteger unicamente o verde do mineral, de con- nal do Meio Ambiente (CONAMA) que editou normas de
servar o equilíbrio chamado natural e de viver em cidades grande valia, dentre elas o licenciamento ambiental, trazido
monstruosas, mas sim de criar condições deste novo equi- pela PNMA, como um de seus instrumentos, capaz de coi-
líbrio que é a cidade. Portanto, concluímos que a ecologia bir a ação de atividades ou obras potencialmente causado-
é também urbana pois dentro do nosso dia-a-dia, ela nos ras de significativa degradação ambiental.
diz respeito diretamente.
O papel essencial das coletividades no problema da Licenciamento Ambiental
proteção dos sítios é a possibilidade que elas têm de to-
mar a iniciativa da criação de zonas particulares, adquirindo Licenciamento Ambiental é um procedimento adminis-
terrenos que virão a ser reservas territoriais ou Zonas de trativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia
Manejo Diferenciado. De acordo com a lei de orientação a localização, instalação, ampliação e a operação de em-
territorial, as coletividades podem adquirir terrenos, mes- preendimentos e atividades utilizadoras de recursos am-
mo construídos, usando, se for necessário, do direito de bientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluido-
expropriação, com o fim de constituir reservas cujo manejo ras, ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar
obedecerá a uma política determinada. degradação ambiental, considerando as disposições legais
É necessário que os verdadeiros poderes de decisão e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.
sejam restituídos à própria escala das paisagens que de- O licenciamento ambiental é ato único, porém dividido
vem ser defendidas, isto é, à escala da população que as em etapas, fazendo-se necessário a intervenção de vários
ocupa. As paisagens pertencem às pessoas que as habi- agentes, devendo ser precedido de estudo de impacto am-
tam, e nenhum olhar poderia melhor que o delas definir biental (EIA) e relatório de impacto ambiental (RIMA), sem-
os critérios de mutação ou de preservação. As cidades ou pre que presente a relevância do impacto ambiental.
agrupamento de cidades que vivem em um sítio ecologi-
camente homogêneo devem opor-se a todas as estratégias Estudo de Impacto Ambiental
de conjunto que visem a retirar-lhes a posse total ou parcial
de seu território para integrá-lo sem discernimento, e aos O Estudo de Impacto Ambiental é requisito indispen-
pedaços, no sistema geopolítico ou econômico do Estado. sável para a concessão do licenciamento Ambiental, pois
A paisagem não é um quadro estático preso à moldura dos serve para oferecer uma análise técnica dos efeitos que de-
lazeres. Ela se oferece à percepção como um livro de histó- correrão da implantação do projeto. O estudo deve ofere-
ria, e propõe-se ao mesmo tempo como o suporte de seu cer uma visão abrangente das consequências da instalação
futuro. de determinada atividade e o Órgão público competente
deverá realizar um balanço entre todas as opções conside-
Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA radas. Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos
relativos aos aspectos ambientais relacionados à localiza-
Surgiu no Brasil, em 1981, o instituto legal chamado: ção, instalação, operação e ampliação de uma atividade
Política Nacional do Meio Ambiente, posteriormente re- ou empreendimento, apresentado como subsídio para a
cepcionado pela Constituição da República. A Política Na- análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental
cional do meio Ambiente, Lei 6.938 de 31 de agosto de preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano
1981, tem por objetivo geral, o disposto em seu artigo 2º: de recuperação de área degradada e análise preliminar de
[...] preservação, melhoria e recuperação da qualidade risco. Hoje podemos contar com esses instrumentos de
ambiental propícia à vida, visando assegurar ao país, con- proteção ao meio ambiente, porém cabe à coletividade, e à
dições de desenvolvimento socioeconômico, aos interesses Administração Pública fiscalizar e dar cumprimento a esses
da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida instrumentos para minimizar os danos ambientais.
humana [...] Com a revolução agrícola, há aproximadamente 10.000
A PNMA traça uma lista mais ampla de objetivos, a.C, o impacto sobre a natureza começou a aumentar gra-
dentre eles a “compatibilização do desenvolvimento eco- dativamente, devido a derrubada das florestas em alguns
nômico-social com a preservação da qualidade do meio lugares para permitir a pratica da agricultura e pecuária.
ambiente e do equilíbrio ecológico”. A proteção do meio Além disso, a derrubada de matas proporcionava madei-
ambiente, como objetivo da Política Nacional do Meio Am- ra para a construção de abrigos mais confortáveis e para
biente, não visa coibir o desenvolvimento econômico em a obtenção de lenha. A partir de então, alguns impactos
nosso país, mas busca o equilíbrio desse desenvolvimento sobre o meio ambiente já começaram a se fazer notar: al-
13
GEOGRAFIA
terações em algumas cadeias alimentares, como resultado Os incêndios ou queimadas de florestas, que conso-
da extinção de espécies animais e vegetais; erosão do solo, mem uma quantidade incalculável de biomassa todos os
como resultado de pratica agrícolas impróprias; poluição anos, são provocados para o desenvolvimento de ativida-
do ar, em alguns lugares, ela queima das florestas e da le- des agropecuárias. Podem também ser resultado de uma
nha; poluição do solo e da água, em pontos localizados, prática criminosa difícil de cobrir ou ainda de acidentes,
por excesso de matéria orgânica. inclusive naturais. A primeira consequência do desmata-
Outro importante resultado da revolução agrícola foi o mento é a destruição da biodiversidade, como resultado
surgimento das primeiras cidades, há mais ou menos 4.500 da diminuição ou, muitas vezes, da extinção de espécies
anos. A população humana passou a crescer num ritmo mais vegetais e animais. Um efeito muito sério, do desmatamen-
rápido do que até então. Paralelamente a espantosa acelera- to é o agravamento dos processos erosivos. Em uma flores-
ção do crescimento demográfica, ocorreu avanços técnicos ta, as árvores servem de anteparo para as gotas de chuva,
inimagináveis para o homem antigo, que aumentaram cada que escorrem pelos seus troncos, infiltrando-se no subsolo.
vez mais capacidade de transformação da natureza. Assim, Além de diminuir a velocidade de escoamento superficial,
o limiar entre o homem submisso a natureza e senhor dela é as árvores evitam o impacto direto da chuva com o solo e
marcado, pela Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX. suas raízes ajudam a retê-lo, evitando a sua desagregação.
Os impactos ambientais passaram acrescer em ritmo ace- A retirada da cobertura vegetal expõe o solo ao impacto
lerado, chegando a provocar desequilíbrio não mais loca- das chuvas. As consequências dessa interferência humana
lizado, mas em escala global. Os ecossistemas têm incrível são várias.
capacidade de regeneração e recuperação contra eventuais
impactos esporádicos, descontínuos ou localizados, muitos - Aumento do processo erosivo, o que leva a um em-
dos quais provocados pela própria natureza, mas a agressão pobrecimento dos solos, como resultado da retirada de sua
causada pelo homem e contínua, não dando chance nem camada superficial, e, muitas vezes, acaba inviabilizando a
tempo para a regeneração do meio ambiente. agricultura;
- Assoreamento de rios e lagos, como resultado da ele-
Principais impactos vação da sedimentação, que provoca desequilíbrios nesses
ecossistemas aquáticos, além de causar enchentes e, muitas
Impacto ambiental deve ser entendido como um dese- vezes, trazer dificuldades para a navegação;
quilíbrio provocado por um choque, resultante da ação do - A elevação das temperaturas locais e regionais, como
homem sobre o meio ambiente. No entanto, pode ser re- consequência da maior irradiação e calor para atmosfera
sultados de acidentes naturais: a explosão de vulcão pode
a partir do solo exposto. Boa parte da energia solar é ab-
provocar poluição atmosférica. Mas devemos dar cada vez
sorvida pela floresta para o processo de fotossíntese e eva-
mais atenção aos impactos causados pela ação do homem.
potranspiração, Sem a floresta, quase toda essa energia é
Quando dizemos que o homem causa desequilíbrios, ob-
devolvida para a atmosfera em forma de calor, elevando as
viamente estamos falando do sistema produtivo construí-
temperaturas médias.
do pela humanidade ao longo de sua historia. Um impacto
- Agravamento dos processos de desertificação
ocorrido em escala local, posa ter também consequências
- Proliferação de pragas e doenças, como resultado de
em escala global. Por exemplo, a devastação de florestas
tropicais por queimadas para a introdução de pastagens desequilíbrio nas cadeias alimentares. Algumas espécies, ge-
pode provocar desequilíbrios nesse ecossistema natu- ralmente insetos, antes sem nenhuma nocividade, passam
ral. Mas a emissão de gás carbônico como resultado da a proliferar exponencialmente com a eliminação de seus
combustão das árvores vai colaborar para o aumento da predadores, causando graves prejuízos, principalmente para
concentração desse gás na atmosfera, agravando o “efei- agricultura.
to estufa”. Assim, os impactos localizados, ao se somarem,
acabam tendo um efeito também em escala global. Além desses impactos locais e regionais da devastação
das florestas, há também a queima das florestas que tem
As florestas tropicais colaborado para aumentar a concentração de gás carbôni-
co na atmosfera. É importante lembrar que esse gás é um
Um dos principais impactos ambientais que ocorrem dos principais responsáveis pelo efeito estufa.
em um ecossistema natural é a devastação das florestas,
notadamente das florestas tropicais, as mais ricas em bio- O desmatamento no Brasil
diversidades. Essa devastação ocorre basicamente por fa-
tores econômicos, tanto na Amazônia quanto nas florestas Há três importantes fatores responsáveis pelo desflo-
africanas e nas do Sul e Sudeste Asiático. O desmatamento restamento no Brasil: as madeireiras, a pecuária e o cultivo
ocorre principalmente como consequência da: da soja. Como boa parte opera ilegalmente, principalmente
na Amazônia, os estragos na floresta são cada vez maiores.
- Extração da madeira para fins comerciais; Os estados mais atingidos pelo desflorestamento são Pará
- Instalação de projetos agropecuários; e Mato Grosso. A média de madeira movimentada na Ama-
- Implantação de projetos de mineração; zônia - é de aproximadamente 40 milhões de m³. Apenas
- Construção de usinas hidrelétricas; 3% desse total é de madeira legalizada.
- Propagação do fogo resultante de incêndios;
14
GEOGRAFIA
15
GEOGRAFIA
16
GEOGRAFIA
emprestados no início de 1995 ao México por instituições Por outro lado, apesar do seu domínio sobre a reprodu-
que cumpriam a função de “fiadores em última instância”, ção do capital, a sua ação enfraquece-se sensivelmente. A
para evitar que a bancarrota do Estado mexicano desen- transnacionalização do capital torna praticamente impossí-
cadeasse um processo de desvalorização dos créditos em vel qualquer ação do poder central visando corrigir as desi-
nível mundial. (Chesnais, 1997: p. 14) gualdades regionais. Com efeito, o próprio conceito de Es-
Com efeito, o capital utiliza a liberdade de se deslocar tado entrou em crise. Como bem afirma Bihr (1998: p. 114),
entre um país ou continente ao outro. Essa liberdade impôs nenhum Estado solitário possui força suficiente, seja ela
à classe operária dos países mais avançados, as condições tecnológica, financeira, comercial ou militar, para reconstruir
de exploração que já existiam nos não avançados. A miséria uma nova ordem sob a sua própria égide. O mundo que
se transnacionalizou. Chesnais (1997: p. 15) entende que produz a transnacionalização do capital é extremamente
o conceito de capital deve ser visto como uma totalidade, complexo para ser dominado por um único Estado.
composto de diferenciações e hierarquizações. Ele pode A transnacionalização também atingiu as empresas,
ser dividido nas seguintes categorias: capital produtivo, transformando os seus conceitos e atuações, mexendo com
empregado na indústria em sentido amplo; capital comer- sua distribuição pelo planeta. As empresas transnacionais
cial, empregado na intermediação e na grande distribuição assumiram claramente a liderança do desenvolvimento
concentrada; e capital-dinheiro, entendido como capital econômico mundial, gerando uma dinâmica sobre a qual
monetário. mesmo os países mais avançados têm pouca influência. Em
A transnacionalização do capital colocou em cheque termos de volume de produção, passaram a ser responsá-
as relações fordistas. O pacto entre o Estado e os oligo- veis por um faturamento da ordem de US$ 5 trilhões, algo
pólios não foi mais possível, pois uma grande parcela dos como 25% do Produto Interno Bruto mundial.
aparelhos produtivos nacionais passou para as mãos de Dowbor (1997: p. 46) afirma que é importante discutir o
grupos internacionais, sobre os quais o Estado tem pou- poder dos países que lhes dão origem. As 24 economias de
cos meios de pressão. Ao mesmo tempo, com a difusão da alta renda, entre elas, Europa Ocidental, América do Norte,
transnacionalização do capital, a classe dominante, nota- Japão, Austrália, Nova Zelândia, além de alguns pequenos e
damente a representada pelos capitais financeiro, industrial riquíssimos produtores de petróleo, com uma população de
e comercial, começam a se interessar por uma difusão do 812 milhões de habitantes, detinham em 1993 cerca de US$
mercado internacional em detrimento do nacional. Essas 18,2 trilhões dos US$ 23,1 trilhões da produção mundial de
mudanças na política de acumulação acabam por penalizar bens e serviços. A totalidade dos países de baixa renda, com
os próprios capitalistas, visto que nem todos conseguem uma população na ordem de 3,1 bilhões de habitantes, de-
se adaptar às suas transformações. Em um contexto de tinha, no mesmo ano, apenas US$ 990 bilhões. Essa concen-
mundialização dos mercados, as empresas que operam so- tração de riqueza está assentada no controle da tecnologia.
mente nos mercados nacionais são duramente atingidas, As Nações Unidas estimam que, no início da Década de
agravando o desemprego estrutural e a difusão da miséria. 1990, os países do Terceiro Mundo detinham cerca de 4%
De acordo com Chesnais (1997: p. 19), a análise da eco- do investimento mundial em pesquisa e desenvolvimento,
nomia e das sociedades mundiais devem ser compreendi- apesar de contarem com 80% da população mundial.
das por dois ângulos. Por um lado, a ofensiva do capital Para Dowbor (1997: p. 47), existe uma tendência em
contra a classe operária, a juventude e as massas oprimi- considerar as empresas transnacionais como “apátridas”,
das, uma vez que o que está em discussão é a perpetuação sem bases nacionais. Isso em parte é verdade, pois não se-
da miséria permanente e da exclusão de seres humanos. O guem dinâmicas internas e não servem propriamente a ne-
capital visa perpetuar o seu reinado, não importa o custo nhum interesse nacional. Porém, essas firmas aproveitam-se
que isso signifique. Por outro, observa-se a multiplicação da força política que as suas raízes nacionais lhe conferem,
das manifestações, não apenas devido ao impasse da eco- mobilizando, aos seus interesses, os Congressos, Execu-
nomia capitalista em geral, mas das contradições próprias tivos e se necessário até a força militar. As atividades dos
ao funcionamento da economia capitalista mundial, de- departamentos jurídicos norte-americanos para proteger
tentora de uma crise econômica maior. O setor financeiro os interesses da Microsoft no mundo inteiro, ou a pressão
constitui-se na essência do parasitismo, atacando o próprio Clinton sobre o governo brasileiro para ser aprovado o con-
capitalismo e ameaçando o futuro da humanidade. trato com a Raytheon referente à segurança da Amazônia,
O Estado passou por profundas transformações no ce- ou mesmo o tráfico de influência para a privatização da Pe-
nário da transnacionalização do capital. O mesmo, no qua- trobrás e a abertura para a exploração do petróleo nacional
dro do fordismo, foi um verdadeiro mestre-de-obras no por empresas internacionais são exemplos.
processo global de reprodução do capital. De acordo com No início da Década de 1990, existiam 37 mil empresas
Bihr (1998: p. 114), o capital transnacionalizado provoca um transnacionais matrizes e 200 mil filiais. Surgem de 4 mil a
profundo divórcio entre o espaço econômico e o político, 5 mil novas empresas por ano. O controle das atividades
sendo que ao mesmo tempo em que o capital se transna- econômicas, por sua vez, é feito por cerca de 500 a 600 em-
cionaliza, o Estado permanece essencialmente nacional. A presas, constituindo aquilo que as Nações Unidas chamam
gestão estatal torna-se contraditória por essência. Por um de “galáxias econômicas”. As mesmas são responsáveis por
lado deve continuar a desempenhar o seu papel de mes- 20 a 25% da produção mundial de bens e serviços. A con-
tre-de-obras na reprodução do capital nos níveis sociais e, siderar que estas empresas monopolizam a renovação tec-
sobretudo, políticos. Ele deve garantir as políticas de domi- nológica, cerca de 80 a 90% das novas tecnologias surgem
nação nos limites do espaço nacional. em seu interior.
17
GEOGRAFIA
O poder das transnacionais reforça-se pelo fato de que Com a concentração de forças das transnacionais, as
se trata cada vez menos de simples empresas que produzem decisões econômicas distanciam-se dos espaços comuni-
em escala mundial, a cada vez mais de empresas organizado- tários, da sociedade em geral. Às estruturas globais de es-
ras da produção, comercialização, financiamento e promoção, peculação financeiras pouco interessam se os recursos es-
com um impacto de reordenamento do universo econômico tão indo dos países pobres para os ricos. O distanciamento
que vai muito além das fronteiras da propriedade empresarial. dos centros de decisão e a fragilização das estruturas po-
De acordo com Dowbor (1997: pp. 48-49), as grandes líticas do Estado-Nação não permitem que haja políticas
produtoras de automóveis são na realidade montadoras que econômicas correspondentes.
gerem um conjunto de relações onde o que importa são as A transnacionalização do capital correspondeu à res-
patentes, a tecnologia, as marcas. À medida que as transnacio- posta econômica do capital à crise. Porém, ocorreram tam-
nais evoluem do conceito de produtor para o de organizador, bém respostas em nível da organização técnica e social da
passam a organizar um sistema complexo de relacionamentos produção capitalista. Com efeito, houve uma reorganização
que envolve a mídia, financiadores, distribuidoras, advogados da produção capitalista no cotidiano fabril, um processo
e sistemas de pressão política nos países onde exercem ativi- que consistiu em ações do capital para superar a fábrica for-
dades. Esses grupos empresariais transnacionais exercem um dista, através da instauração de estratégias de dominação e
poder extremamente vasto. Baseados no poderio dos países exploração do trabalho. (Texto adaptado de Carlos Lucena).
do Primeiro Mundo, transformam a maior parte dos atores
sociais do planeta – os do Terceiro Mundo – em meros espec- Economia Industrial
tadores que tentam, sempre com atraso, se adaptar de forma
menos prejudicial às transformações do capitalismo mono- A concentração das indústrias é uma tendência do sis-
polista. Mas, ao mesmo tempo, essas estruturas também se tema econômico mundial. Tanto no setor de bens como no
impõem aos países desenvolvidos. As mil maiores empresas de serviços, algumas poucas empresas dominam seus res-
americanas são responsáveis por mais de 60% do produto pectivos mercados, que compreendem, em grande parte
nacional bruto, deixando o restante para 11 milhões de pe- das vezes, não um determinado país ou região, mas vários
quenas empresas. O processo de contratação externa cria
ou todos os países.
efetivamente novas oportunidades para as empresas meno-
O modelo de oferta predominante na economia mun-
res, mas o controle permanece com as maiores. As pequenas
dial é o oligopólio (a prática de mercado em que a oferta
empresas não dispõem de acesso independente ao mercado,
de um produto ou serviço, que tem vários compradores, é
atuando mais como apêndices dependentes das grandes cor-
controlada por pequeno grupo de vendedores). O oligo-
porações do que como negociadores independentes.
pólio é favorecido, inclusive, pela própria relação entre as
As transnacionais são controladas pelo poder da tecno-
cracia dos seus gestores, enquanto a propriedade dilui-se nos empresas competidoras, que não é apenas de concorrên-
sistemas de investimento de longo prazo de fundos de pen- cia, mas também de cooperação.
são e seguradoras. Há dois tipos de concentração industrial: vertical e ho-
Dowbor (1997: p. 49) afirma que o poder de seus lobbies jun- rizontal.
to aos governos, seus bilhões de dólares utilizados na mídia, sua Quando uma indústria concentra todas as fases da pro-
capacidade de compra, transformação, revenda ou controle de dução de uma matéria-prima, da extração até a colocação
empresas concorrentes ou complementares, sua direção é mane- do produto final no mercado, trata-se de uma concentra-
jada cada vez mais por especialistas multinacionais que formam ção vertical. Como exemplo, podemos citar o empresário
uma casta política em termos sociais, econômicos e culturais. têxtil que possui áreas de plantação de algodão, fábricas
Com efeito, formou-se uma classe em nível mundial, e de fios, tecelagens para produção de tecidos e, finalmente,
não mais no âmbito nacional, que concentra a tomada de de- uma confecção de roupas.
cisões. Suas mensagens, valores e opiniões são rapidamente A concentração horizontal ocorre pela fusão ou ab-
absorvidos pelo planeta. Suas opções tecnológicas definem sorção de empresas que trabalham com o mesmo tipo de
o que e quem deve consumir. Esses especialistas gerem um produção industrial, ou seja, consiste no agrupamento de
universo que drena recursos de bilhões de seres humanos, empresas que produzem determinado produto, porém,
através de um universo complexo de serviços de intermedia- sem controlar os produtores de matéria-prima. No Brasil,
ção, uma fase do capitalismo monopolista onde a produção um exemplo é a AMBEV: as maiores cervejarias brasileiras
segue sendo importante, mas cresce a importância do direito uniram-se formando a AMBEV, uma grande empresa que
de trânsito da mercadoria na esfera econômica mundial. praticamente controla o setor.
O que importa é a “griffe” e não onde a mercadoria foi O crescimento econômico, gerado por esses modelos
produzida. Um exemplo é a Nike, onde a produção de tênis, de concentração industrial, acabou criando sistemas de in-
independente de o mesmo ter sido produzido em Hong Kong tegração mistos:
ou no Paraguai, a um custo de US$ 6 o par, com o acréscimo - Integração complementar - ocorre pela fusão de em-
da marca passa a valer entre US$ 70 e US$ 130. O salto do pre- presas que produzem bens que se relacionam. Por exem-
ço se dá na intermediação global e não no produtor. O cam- plo, uma fábrica de automóveis e pneus.
ponês que produz ópio para a fabricação de drogas concen- - Integração lateral - é a fusão de empresas que pro-
tradas, na Tailândia, recebe cerca de US$ 150 por mês, menos duzem bens diferentes, mas com processos de produção
de um centésimo do preço do produto no mercado. Porém, similares.
quem controla a intermediação capta bilhões de dólares.
18
GEOGRAFIA
19
GEOGRAFIA
20
GEOGRAFIA
a qual gostaria de ter o seu próprio Estado, independente cisa de autorização do governo para ser realizada. Ninguém
do atual, onde predominam as pessoas de origem inglesa. pode construir uma casa, por exemplo, sem a autorização da
Também o povo basco – ou pelo menos uma parte dele –, repartição pública responsável. Dessa forma, mesmo quando
que vive numa região fronteiriça entre a Espanha e a Fran- as atividades de grande porte, que causam maiores modifi-
ça, almeja criar um Estado independente , da mesma forma cações no espaço geográfico, não são realizadas pelo Estado,
que o povo curdo, que vive numa região que abrange par- este tem o dever de fiscalizar ou coordenar essas ações.
tes do Irã, do Iraque, da Síria e da Turquia. Outro exemplo O Estado também age diretamente sobre o espaço. Po-
é o povo tibetano, que vive na China. É o Estado chinês demos afirmar que ele é o seu principal agente transforma-
que controla o Tibete desde que o invadiu em 1959. Os dor, praticamente no mundo todo. Com raras exceções, é ele
tibetanos, contudo, mantém um ideal separatista, pois são quem constrói obras gigantescas, como usinas hidrelétricas
um povo diferente dos chineses, no idioma, na história e ou nucleares, imensas estradas, grandes ferrovias e pontes
nas tradições. sobre o mar ou sobre grandes lagos. E, em geral, é ele quem
A palavra Estado pode ter ainda outro significado, o possui recursos para fabricar e lançar no espaço satélites arti-
de indicar as divisões territoriais de um país. No Brasil, por ficiais, para financiar a realização de grandes projetos agrope-
exemplo, Minas Gerais, Paraná e Amazonas são tidos como cuários, para abrir linhas de metrô nas grandes cidades, para
Estado, ou seja, são unidades que compõem o território produzir e distribuir energia elétrica, para construir extensos
brasileiro. Em alguns países, essas divisões territoriais rece- sistemas de reservatório onde a água é tratada e distribuída
bem o nome de províncias e, em outros, de cantões ou de à população, etc. Isso quer dizer que, normalmente, o Estado
departamentos. constrói a infraestrutura – serviços de eletricidade, transporte
coletivo, asfalto, água encanada, comunicações, etc. – que é
Quais as funções do Estado? necessária à população e às empresas em geral.
A importância do Estado na produção do espaço geográ-
Em síntese, o Estado engloba todas as funções e ati- fico mundial pode ser percebida com clareza quando obser-
vidades que não são privadas ou particulares, e sim pu- vamos um mapa-múndi político. O que vemos nesse mapa é
blicas ou coletivas: da escola pública ou a arrecadação de um conjunto de Estados, separados por mares ou por linhas
impostos, da polícia ao poder judiciário, das relações ex- divisórias, que são as fronteiras.
As fronteiras marcam os limites de da soberania de cada
ternas à fiscalização das atividades privadas, do controle
Estado-nação. São elas que estabelecem onde começa e onde
das estradas ao governo federal, etc. A função principal do
termina a hegemonia ou a dominação de cada Estado. Não
Estado é servir a sociedade: ele existe para controlar a lei e
são eternas, mas um determinado equilíbrio entre povos ou
a ordem, para defender o território das ameaças externas
Estado. Assim, podem ser alteradas: recuam, avançam ou dei-
e para organizar certos serviços básicos à população (edu-
xam de existir. Essas alterações são determinadas por várias
cação, saúde, aposentadoria). É o Estado – principalmente
causas: guerras (conquista e perda de territórios por um Esta-
as autoridades governamentais – que representa a socie- do), rebeliões internas (independência de uma colônia ou de
dade ou nação nas relações exteriores, isto é, nas relações uma região, por exemplo), reunificações ou uniões de Estado
internacionais, que podem ser diplomáticas, comerciais, fi- que eram distintos ou tratados diplomáticos, que podem ser
nanceiras, militares, culturais, etc. É o Estado, portanto, que impostos pelo vencedor de uma guerra ou negociados, esta-
faz a geopolítica: ele representa a sociedade nacional nas belecendo a troca de território por dinheiro ou outros bens.
relações internacionais e realiza tanto a diplomacia quanto Se observássemos o mapa-múndi de 50 anos atrás, no-
as guerras. taríamos grandes diferenças em relação ao de hoje. Muitos
países possuíam um território maior; outros eram menores;
O papel do Estado na produção do espaço geográ- um grande número de países, principalmente na África, ain-
fico da não existia, pois seus territórios eram colônias europeias,
com fronteiras diferentes das atuais. Portanto, determinadas
Na sociedade moderna, o papel do Estado na produção mudanças que ocorrem nos Estado podem ser observadas no
do espaço geográfico é muito importante. Como ele repre- próprio espaço geográfico e, consequentemente, nos mapas.
senta o poder público de uma sociedade, praticamente todas
as grandes obras, aquelas que ocasionam maiores modifica- Criação de empresas estatais
ções na paisagem, são realizadas pelo Estado ou precisam de
sua aprovação para serem realizadas. As atividades estatais cresceram muito durante uma boa
O espaço onde vivemos, o espaço geográfico é per- parte do séc. XX, dos anos 1930 até a década de 1970. O Es-
manentemente modificado pela ação humana. A natureza tado, que até o séc. XVIII era percebido quase somente na
original é transformada em áreas construídas, que também capital ou nas principais cidades, passou a estar presente em
sofrem constantes alterações. E normalmente é o Estado todas as regiões de qualquer país, mesmo nos vilarejos. Inú-
que coordena essas grandes ações que modificam muito meras empresas estatais foram criadas e diversos serviços,
esse espaço. Entre essas ações ou atividades, muitas não são antes realizados apenas por empresas particulares, pouco a
realizadas diretamente pelo Estado, como desmatamentos, pouco foram se tornando públicas ou estatais: o combate aos
construção de edifícios, cultivos no meio rural e algumas es- incêndios, o fornecimento de água encanada e de eletricida-
tradas; em geral, elas são feitas por construtoras ou pelos de, os transportes coletivos, inúmeros serviços médicos e até
proprietários das áreas. Porém, a maioria dessas áreas pre- mesmo bancos e fábricas. (Texto adaptado).
21
GEOGRAFIA
Em se tratando de comércio internacional, o pós-guer- Vejamos abaixo as principais organizações e seus obje-
ra foi caracterizado por mudanças relacionadas aos produ- tivos:
tos a serem comercializados e à participação dos países, BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento –
como: uma organização financeira internacional que financiava
- A superioridade dos EUA no comercio entre os países projetos de desenvolvimento econômico, social e institu-
capitalistas. cional pra a integração comercial regional na área da Amé-
- Com a visão de proteger suas produções internas, rica latina e o Caribe.
alguns países acabaram criando obstáculos ao comercio BIRD - Banco Internacional para a Reconstrução e o
externo. Desenvolvimento – financiava a reconstrução dos países
- O Japão participava cada vez mais do comercio inter- arruinados durante a Segunda Guerra Mundial, atualmente
nacional. luta contra a pobreza por meio de financiamento e em-
- Constituíram-se uniões alfandegárias como: préstimos aos países em desenvolvimento.
CECA- Comunidade Europeia do carvão e do Aço FMI - Fundo Monetário Internacional – certificar o bom
AELC- Associação Europeia de Livre Comércio. funcionamento do sistema financeiro mundial através do
CEE- Comunidade Econômica Europeia, que posterior- monitoramento das taxas de câmbio e da balança de paga-
mente daria origem ao processo de unificação da europa mentos, pela assistência técnica e financeira.
(entre outros).
- Em 1990, as organizações de comércio dos países so- As Principais Organizações Militares
cialistas, tendo a ex-URSS o maior número de transações,
foram desativadas. Vejamos abaixo as principais organizações e seus ob-
- Já os países de terceiro mundo substituíram as impor- jetivos:
tações por parques industriais. OTAN - Organização do Tratado do Atlântico norte –
- Em 1948 foram criados a GATT e UNCTAD, para de- constitui uma frente oposta ao bloco socialista.
fender e regular o comércio internacional, seus objetivos PACTO DE VARSVIA- Tratado de Assistência Mútua da
eram: Europa Oriental – comprometimento de uma nação ajudar
GATT – (acordo geral sobre Tarifas Aduaneiras e Co- a outra em caso de agressões armadas de outras nações.
mércios) – eliminar as tarifas restritivas atualmente atribui-
ções da OMC (organização Mundial do Comercio). Mobilidade espacial
UNCTAD – (Conferência das Nações Unidas sobre Co-
mércio e Desenvolvimento), firmar acordos e regras para Refere-se ao direito e capacidade individual de “ir e vir”
transações comerciais. nos espaços públicos da cidade, dentro da nação e entre
Mesmo diante disso os problemas de integração entre nações. Em princípio, todos tem este direito, próprio do
os países continuavam, em destaque na América latina. exercício da cidadania e o mesmo só é restrito aos indiví-
duos, por ação judicial que resulte em prisão. Porém, reco-
AS Principais Organizações Econômicas nhece-se na prática, as dificuldades de garantir este pleno
acesso à todos. A organização de rotas de transporte pú-
Foram criadas torno de 29 Organizações Econômicas, blico, os horários de funcionamento do mesmo, pode difi-
vejamos abaixo algumas delas e seus objetivos: cultar o acesso dos pobres a certas regiões, que só podem
apec- Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico – ser atingidas pelo transporte individual privado. A maior ou
diminuir taxas e obstáculos alfandegários da região Pací- menor restrição ao pleno direito de mobilidade, vincula-se
fico-asiática, impulsionando o desenvolvimento da econo- as condições das redes, as tecnologias dos meios disponí-
mia da região. veis e, as diferenças de renda da população usuária. Como
OMC- Organização Mundial do Comércio – inspecio- a mobilidade é afetada pelas diferenças dos preços dos
nar acordos sobre as “regras do comércio” entre os seus transportes, resulta em maior liberdade de movimentos es-
estados/membros. paciais aos detentores de mais altas rendas.
ALADI - Associação Latino-Americana de Integração
– aumenta a integração da região, para garantir seu desen- O Crescimento Populacional No Mundo
volvimento econômico e social.
OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvi- O mundo está cada vez mais populoso. No mundo
mento Econômico – ajudar o desenvolvimento econômico atual existem bilhões de pessoas, mas nem sempre foi as-
e social pelo mundo inteiro, despertando o interesse dos sim, houve períodos na história da humanidade em que o
países nos desenvolvidos em relação aos investimentos número de habitantes era muito reduzido, no ano de 400
CEI - Comunidade dos Estados Independentes – faz a.C o mundo detinha uma população de somente 250 mi-
parte de organização que envolve 11 repúblicas que per- lhões de pessoas. Para dobrar a população mundial foram
tenciam à antiga União Soviética. necessários cerca de 1.250 anos. No ano de 1.850 a po-
pulação mundial pela primeira vez ultrapassou a casa dos
bilhões, apresentando um número jamais alcançado, 1,2
22
GEOGRAFIA
bilhão de habitantes. Em 1900, a população total somava A população continuará aumentando, porém as por-
1,6 bilhão, 50 anos depois o número saltou para 2,4 bi- centagens de crescimento estão despencando. A urbani-
lhões de pessoas. Na década de 70 a população teve um zação, a queda da fecundidade da mulher, o planejamento
considerável aumento, alcançando a marca de3,6 bilhões, familiar, a utilização de métodos de prevenção à gravidez,
em 1980 somavam 4,5 bilhões de pessoas e no ano 2.000 a mudança ideológica da população, são todos fatores que
cerca de 6bilhões de habitantes. Diante desses dados fi- contribuem para a redução do crescimento populacional.
cam explícitas as mudanças modestas e lentas em certos Nos anos de 1960, as mulheres brasileiras tinham uma mé-
períodos e mudanças extremamente rápidas quanto ao dia de 6,3 filhos, atualmente essa média é de 2,3 filhos,
crescimento populacional, especialmente no século XX. A que está abaixo da média mundial, que é de 2,6. Conforme
explicação para esse fato é voltada para as imensas evolu- estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ções ocorridas na tecnologia, que favoreceram melhorias e (IBGE), em 2050 a população brasileira será de aproximada-
avanços na medicina, agricultura, transporte, informação, mente 259,8 milhões de pessoas, nesse mesmo ano a taxa
sanitária entre muitas outras. A ONU (Organização das Na- de crescimento vegetativo será de 0,24, bem diferente da
ções Unidas) divulgou no dia 05 de agosto de 2008 um re- década de 1950, que apresentou taxa de crescimento ve-
latório que apresentava as perspectivas de crescimento da getativo positivo de 2,40%. Apesar dessa queda brusca no
população mundial para o futuro. De acordo com o estudo crescimento vegetativo, a população brasileira não irá re-
realizado, a população mundial, em julho de 2008, é de 6,7 duzir rapidamente, pois a expectativa de vida está aumen-
bilhões de pessoas. Outro dado de grande relevância divul- tando, em virtude do desenvolvimento de novas tecnolo-
gado no relatório é quanto à expectativa de crescimento gias medicinais, além de cuidados e preocupação com a
da população mundial, essa alcançará no ano de 2050 o saúde, o que não ocorria com tanta frequência nas décadas
incrível contingente de 9,2 bilhões de habitantes. O alicerce anteriores. Ocorrerá sim, o envelhecimento da população.
para a consolidação dessa perspectiva partiu de mudanças
sociais no planeta, que são determinantes para tal cresci- Origem da Divisão Internacional do Trabalho
mento, como maior abrangência no tratamento da AIDS e
aumento da esperança de vida, isso de acordo com a pes- No final do século 15, o ciclo de reprodução do ca-
pital estava assentado, principalmente, na circulação e na
quisa conduzida pelo Departamento de Assuntos Sociais e
distribuição de mercadorias entre metrópoles e colônias.
Econômicos (DESA).O relatório afirma ainda que os índices
As regiões do mundo passaram a desenvolver funções
de crescimento da população vão ocorrer basicamente em
diferenciadas, uma vez que cada uma se especializou em
países em desenvolvimento. Nos países centrais não serão
fornecer produtos manufaturados, matérias-primas, metais
percebidas grandes alterações, uma vez que alguns países
preciosos, etc.
europeus desenvolvidos não a presentam crescimento al-
Os diferentes papéis assumidos pelos países inaugura-
gum nesse sentido. ram a divisão internacional do trabalho, inicialmente carac-
O crescimento da população brasileira Em razão do terizada pela exportação de manufaturas pelas metrópoles
constante aumento populacional ocorrido no Brasil, princi- e pela produção de matérias-primas pelas colônias.
palmente a partir da década de 1960, se intensificando nas A necessidade europeia de expandir seu capital mer-
últimas décadas, o país ocupa hoje a quinta posição dos cantil resultou na conquista de novas terras. A partir des-
países mais populosos do planeta, ficando atrás apenas se momento, várias partes do mundo foram submetidas a
da China, Índia, Estados Unidos e Indonésia. A população uma dinâmica de produção e circulação comandada pelos
brasileira atualmente é de, aproximadamente, 191.806.911 europeus. Ou seja, a Europa impunha funções econômicas
milhões de pessoas. O crescimento populacional de um a vários outros países. Foi o início de um domínio que se
determinado território ocorre através de dois fatores: a mi- estende até os nossos dias.
gração e o crescimento vegetativo, esse último é a relação
entre as taxas de natalidade e as de mortalidade. Quando Primeira Divisão Internacional do Trabalho
a taxa de natalidade é maior que a de mortalidade, tem-
se um crescimento vegetativo positivo; caso contrário, o Com a consolidação do sistema capitalista no século
crescimento é negativo; e quando as duas taxas são equi- 18, ocorreu uma intensa transformação no processo pro-
valentes, o crescimento vegetativo é nulo. No Brasil, o cres- dutivo, a Revolução Industrial. Nesse período, a Divisão In-
cimento vegetativo é o principal responsável pelo aumento ternacional do Trabalho sofre modificações, causadas pelo
populacional, já que os fluxos migratórios ocorreram de surgimento de um novo modelo de produção, no qual as
forma mais intensa entre 1800e 1950. Nesse período, a fábricas tomam o lugar da produção artesanal. Essa nova
população brasileira totalizava 51.944,397 habitantes, bem fase irá se estender da Revolução Industrial até a Segunda
longe dos atuais 191.806.911. Guerra Mundial.
Nos últimos 50 anos houve uma explosão demográfica Com a primeira Revolução Industrial (1780-1820), a In-
no território brasileiro, o país teve um aumento de aproxi- glaterra surgiu como o país da industrialização, transfor-
madamente 130 milhões de pessoas. No curto período de mando-se na grande oficina do mundo ao longo do século
1991 a 2005, a população brasileira teve um crescimento 19. A combinação entre seu poder militar e as formas supe-
próximo a 38 milhões de indivíduos. No entanto, acompa- riores de produção industrial colocou a Inglaterra em uma
nhando uma tendência mundial, o crescimento demográfi- posição de hegemonia na economia mundial, assumindo o
co brasileiro vem sofrendo reduções nos últimos anos. centro do capitalismo mundial.
23
GEOGRAFIA
Nesse momento, o mundo está dividido em países que Cada vez mais indústrias poluidoras tendem a se insta-
se especializaram em fornecer matérias-primas e países lar nos países subdesenvolvidos, pois elas consomem gran-
que, utilizando essas matérias-primas, fornecem produtos des quantidades de matéria-prima e de energia, além de
industrializados. De forma geral, os primeiros ficaram atre- necessitarem de muita mão-de-obra. Em outras palavras,
lados ao subdesenvolvimento - e os demais, especializados as empresas transnacionais têm buscado seus próprios
em produzir produtos de maior valor, desenvolveram-se e interesses, sem considerar as consequências sociais, eco-
tornaram-se líderes do sistema capitalista. nômicas e ambientais que ocorrem nos países onde suas
filiais estão instaladas.
Segunda Divisão Internacional do Trabalho
A Divisão Territorial Do Trabalho
A partir do início do século 20, a Inglaterra passou a
registrar sinais de fragilidade na sua condição de potência Quando a sociedade humana começa a interferir na
hegemônica, agravada por duas guerras mundiais e tam- paisagem natural modificando-a de acordo com suas ne-
bém pela crise de 1929. Depois da Segunda Guerra Mun- cessidades e não mais apenas aproveitando o que esta lhe
dial, os Estados Unidos assumem, então, a posição de na- oferecia, criando outros gêneros de vida além do extrativo,
ção hegemônica. tais como o pastoril e o agrícola, começa a haver a fixação
Essa nova fase do desenvolvimento do capitalismo desta sociedade em determinados locais que lhes eram fa-
ficou conhecida como capitalismo financeiro - e causou voráveis.
novas modificações na Divisão Internacional do Trabalho. Mas a divisão do trabalho só surgirá quando aqueles
Nessa época, os países subdesenvolvidos começaram a ser que produzem, sentindo-se ameaçados por invasores que
financiados pelos países detentores de capital, e muitas vinham em busca da produção e das boas condições exis-
empresas passaram a instalar filiais em diferentes nações tentes no local, solo fértil, água potável entre outras, con-
do mundo, o que acabou transformando muitos países cordaram em produzir além de suas necessidades de so-
subdesenvolvidos - que eram apenas produtores primários brevivência para que outros se encarregassem da proteção
e, sentindo-se impotentes contra a fúria da natureza, que,
- em exportadores de produtos industrializados, alterando
de tempos em tempos, lhes ceifava vidas e lhes destruía
as relações comerciais que predominavam no mundo.
ou impedia a produção de alimentos, acharam justo que
Outro fato a ser destacado é que o modelo de pro-
uma parte deste excedente de produção fosse destinada a
dução começou a ser substituído, uma vez que o fordis-
alguns que lidassem apenas com o culto aos deuses.
mo não dava mais conta da demanda e não atendia mais
A cidade surge quando os “soldados” se reúnem em
às exigências do mercado internacional.
fortificações e os religiosos em templos e mosteiros, ao
redor dos quais outras habitações, a dos servos especiali-
Terceira Divisão Internacional do Trabalho zados, que igualmente deixaram de ser produtores diretos,
são edificadas.
Superada a destruição provocada pela Segunda Guerra Com a instituição da propriedade privada, até então
Mundial, a economia mundial voltou a crescer num ritmo tudo era apropriado em comum, consolidam-se as classes
mais acelerado do que antes. As empresas dos países in- sociais e a luta de classes, que, por sua vez, faz surgir o
dustrializados assumiram proporções gigantescas, torna- Estado cuja função é a de atenuar o choque entre ricos e
ram-se grandes conglomerados e se expandiram cada vez pobres, protegendo o direito à propriedade.
mais pelo mundo, encarregando-se de globalizar não ape- Nesse ínterim, a cidade diferencia-se enormemente do
nas a produção, mas também o consumo. campo, conforme Singer (1978):
Assim, desde a década de 1970 assiste-se uma modi- A cidade não inventa o comércio, mas muda-lhe o ca-
ficação substancial na Divisão Internacional do Trabalho, ráter, transformando-o de mero escambo irregular de ex-
ocasionada por dois vetores principais: o processo de rees- cedentes agrícolas em intercâmbio regular de bens de luxo,
truturação empresarial, acompanhado da uma nova Revo- em geral manufaturados. Com a cidade surge a produção
lução Tecnológica, e a expansão de investimentos de gran- regular e especializada de bens mais sofisticados (amule-
des empresas no exterior. tos, joias, armas) de cujo intercâmbio generalizado se des-
Gradativamente, grandes empresas construíram filiais taca uma mercadoria que, pouco a pouco, se transforma
em vários países (inclusive subdesenvolvidos e recém-inde- em equivalente geral de todas as outras, tornando-se moe-
pendentes, na Ásia e na África). Esse processo, intensificado da, e é a troca monetária que finalmente torna possível a
pela globalização, transformou muitos países subdesenvol- ampliação da divisão social do trabalho...
vidos - que, no passado, eram meros produtores primários A constituição da cidade é, ao mesmo tempo, uma ino-
- em exportadores de produtos industrializados, alterando vação na técnica de dominação e na organização da pro-
as relações comerciais que predominavam no mundo. dução.
Essas empresas tornaram-se, assim, multinacionais ou As novas técnicas criadas pela cidade, tais como a roda,
transnacionais. É o que explica, fundamentalmente, o fato diminuem distâncias, dominam outros territórios antes im-
de alguns países subdesenvolvidos terem se industrializado próprios à produção (drenagem de pântanos, irrigação de
nesse período. No entanto, esse processo de industrializa- terras secas etc.) e impõem modas de vestuário, desperso-
ção é desigual, uma vez que os tipos de indústria e tecno- nalizando o campo para torná-lo dependente dos produ-
logia empregados não são os mesmos das matrizes. tos manufaturados.
24
GEOGRAFIA
Moreira (1998) faz referência ao surgimento dos três mo- Fim da Guerra Fria
dos de produção, que, nesta transição, aglutinam os gêneros
de vida: A Guerra Fria começou a esfriar durante a década de
- Modo de produção asiático: comunidades de aldeia 1980. Em 1989, a queda do muro de Berlim foi o ato simbó-
circundadas pelos campos, dominadas por uma comunidade lico que decretou o encerramento de décadas de disputas
superior, em geral com uma cidade central. econômicas, ideológicas e militares entre o bloco capitalis-
- Modo escravista: latifúndios no campo, poder centrali- ta, comandado por Estados Unidos e o socialista, dirigido
zado fortemente na elite urbana. pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Na
- Modo feudal: paisagem atomizada e celularmente arru- sequência deste fato, ocorreu a reunificação da Alemanha
mada em anéis concêntricos do feudo, cada anel diferencian- (Ocidental com Oriental).
do-se do outro por sua atividade de produção específica (po- Podemos afirmar que a crise nos países socialistas fun-
mares, cereais, gado comunitário, reserva florestal, na ordem cionou como um catalisador do fim da Guerra Fria. Os paí-
do afastamento da aldeia central), o conjunto compondo o ses do bloco socialistas, incluindo a União Soviética, pas-
domínio territorial inconteste do senhor. savam por uma grave crise econômica na década de 1980.
A partir do momento em que o excedente de produção A falta de concorrência, os baixos salários e a falta de pro-
é apropriado pela elite urbana, não mais apenas como valor dutos causaram uma grave crise econômica. A falta de de-
de uso, subsistência, mas como valor de troca, mercadoria, mocracia também gerava uma grande insatisfação popular.
a cidade transforma-se em centro de produção, surge uma No começo da década de 1990, o presidente da União
nova classe de “produtores urbanos”, outrora trabalhadores Soviética Mikhail Gorbachev começou a implementar a
rurais, que será explorada por uma nova classe dominante Glasnost (reformas políticas priorizando a liberdade) e a
que acumula “riqueza móvel”, os comerciantes. Segundo Sin- Perestroika (reestruturação econômica). A União Soviética
ger (1978): estava pronta para deixar o socialismo, ruma a economia
Nesta fase, a cidade deixa de ser meramente a sede da de mercado capitalista, com mais abertura política e demo-
antiga classe dominante para tornar-se o centro de uma nova crática. Na sequência, as diversas repúblicas que compu-
classe rival de mercadores, usurários, especuladores, coleto-
nham a União Soviética foram retomando sua independên-
res de impostos etc. (...) Tudo isso colocou pressupostos so-
cia política. Futuros acordos militares entre Estados Unidos
ciais e econômicos que possibilitaram um notável avanço das
e Rússia garantiriam o início de um processo de desarma-
forças produtivas.
mento nuclear.
A necessidade cada vez maior de novos mercados força
Na década de 1990, sem a pressão soviética, os outros
a união de várias cidades-estado formando impérios, no inte-
países socialistas (Polônia, Hungria, Romênia, Bulgária, en-
rior dos quais surgirá a divisão regional do trabalho devido à
criação de especializações produtivas em cada local, as quais tre outros) também foram implementando mudanças polí-
nascem interdependentes entre si de modo a manter a uni- ticas e econômica no sentido do retorno da democracia e
dade do território. engajamento na economia de mercado.
Com a acumulação de capital e com os avanços técni- Portanto, a década de 1990 marcou o fim da Guerra
cos, surge a primeira revolução industrial que irá redefinir a Fria e também da divisão do mundo em dois blocos ideoló-
divisão territorial do trabalho, atraindo o camponês para a gicos. O temor de uma guerra nuclear e as disputas arma-
cidade, gerando um verdadeiro esvaziamento do campo. mentistas e ideológicas também foram sepultadas.
A imigração do campo para a cidade desliga o campo-
nês de seu meio de produção, a terra, enquanto, simultanea- Desagregação Da URSS
mente, a técnica impõe ao artesão novos meios de produção
mais sofisticados, dos quais ele não é mais o proprietário. Em abril de 1985, Mikhail Gorbachev assumiu o poder
Ambos são obrigados a alienar ou o fruto de seu trabalho, ou da União Soviética e lançou um programa de reformas que
sua força de trabalho. provocaram transformações profundas no mundo sovié-
Segundo Moreira (1998): tico. Esses programas ficaram conhecidos como Glasnot
A divisão territorial do trabalho é o esqueleto dessa arru- (transparência) e Perestroika (reestruturação).
mação do espaço industrial (...) aprofundando sua distinção Através da glasnot, Gorbachev pretendia provocar uma
pela diferença funcional. Doravante, campo é sinônimo de gradual abertura política do regime soviético, como a di-
agricultura e pecuária. Fragmentação em múltiplos espaços minuição da censura na imprensa e maior liberdade de ex-
especializados e diversificados de produção, que elevam a pressão nas artes. Dentro desse processo presos políticos
produtividade agrícola, liberam excedentes para a cidade e ganharam a liberdade e velhos políticos foram substituídos
diminuem rapidamente sua população. Cidade é sinônimo por reformistas.
de centro exclusivo da produção industrial e prestação de Através da Perestroika, Gorbachev almejava reorgani-
serviços. Ponto destacado na paisagem do território para zar a economia, tornando-a menos controlada pelo Estado
onde e de onde fluem as linhas de comunicação e transporte. e mais dinâmica. Estas reformas se faziam imprescindíveis,
Ainda segundo o autor, logo a indústria transporá para tendo em vista o arcaísmo das estruturas políticas e eco-
o plano mundial essa diferenciação cidade-campo, onde a nômicas que engessavam a vida soviética. A corrida arma-
cidade serão os países desenvolvidos e o campo os subde- mentista da Guerra Fria, havia canalizado os investimentos
senvolvidos, mas isso já é assunto para um próximo artigo, A e o trabalho das Nações Soviéticas e prejudicara o desen-
Divisão Internacional do Trabalho. volvimento dos setores produtivos voltados para a paz.
25
GEOGRAFIA
26
GEOGRAFIA
À fragmentação do socialismo somaram-se as profun- Por produzirem seus diferentes produtos em muitos
das transformações que já vinham afetando as principais países, tais empresas ficaram consagradas como multina-
economias capitalistas desde a segunda metade do séc. cionais. Nesse contexto, opera-se pois, uma profunda alte-
XX, resultando na chamada nova ordem mundial. ração na divisão internacional do trabalho, porquanto mui-
As origens dessa nova ordem estão no período imedia- tos países deixam de ser apenas fornecedores de alimentos
tamente posterior à Segunda Guerra Mundial, no momen- e matérias-primas para o mercado internacional para se
to em que os Estados Unidos assumiram a supremacia do tornarem produtores e até exportadores de produtos in-
sistema capitalista. A supremacia dos EUA se fundamentava dustrializados. O Brasil é um bom exemplo.
no segredo da arma nuclear, no uso do dólar como pa-
drão monetário internacional, na capacidade de financiar A globalização
a reconstrução dos países destruídos com a guerra e na
ampliação dos investimentos das empresas transnacionais Nos anos 80, a maior parte da riqueza mundial perten-
nos países subdesenvolvidos. cia às grandes corporações internacionais. Pôr outro lado,
Durante a Segunda Guerra, os EUA atravessaram um os Estados desenvolvidos revelaram finanças arruinadas,
período de crescimento econômico acelerado. Assim, depois de se mostrarem incapazes de continuar atendendo
quando o conflito terminou, sua economia estava dinami- às onerosas demandas da sua população: aposentadoria,
zada, e esse país assumia o papel de maior credor do mun- amparo à velhice, assistência médica, salário-desemprego,
do capitalista. Além disso, a conferência de Bretton Woods, etc. Com o esgotamento do Estado do bem-estar Social
que em 1944 estabeleceu as regras da economia mundial, (Welfare state), o neoliberalismo ganhou prestigio e força.
determinou que o dólar substituiria o ouro como padrão Agora, a lucratividade tem de ser obtida mediante van-
monetário internacional. tagens sobre a concorrência, para o que é necessário ofe-
Os EUA também financiaram a reconstrução da econo- recer ao mercado produtos mais baratos, preferentemente
mia japonesa, visando criar um polo capitalista desenvol- de melhor qualidade. Para tanto, urge reduzir custos de
vido na Ásia e, desse modo, também impedir o avançado produção.
socialismo no continente.
Então, os avanços tecnológicos, particularmente nos
A ascensão da economia japonesa foi acompanhada
transportes e comunicações, permitiram que as grandes
de uma expansão econômica e financeira do país em di-
corporações adotassem um novo procedimento - a estra-
reção aos seus vizinhos da Ásia, originando uma região de
tégia global de fabricação - que consiste em decompor
forte dinamismo econômico.
o processo produtivo e dispersar suas etapas em escala
mundial, cada qual em busca de menores custos opera-
A internacionalização do capital
cionais. A produção deixa de ser local para ser mundial, o
que também ocorre com o consumo, uma vez que os mes-
Desde que surgiu, e devido à sua essência - produzir
para o mercado, objetivando o lucro e, consequentemente, mos produtos são oferecidos à venda nos mais diversos
a acumulação da riqueza - o capitalismo sempre tendeu à recantos do planeta. Os fluxos econômicos se intensificam
internacionalização, ou seja, à incorporação do maior nú- extraordinariamente, promovidos sobretudo pelas grandes
mero possível de povos ou nações ao espaço sob o seu empresas, agora chamadas de transnacionais. A divisão in-
domínio. ternacional do trabalho fica subvertida, pois torna-se difícil
No princípio, a Divisão Internacional do Trabalho fun- identificar o lugar em que determinado artigo industrial foi
cionava através do chamado pacto colonial, segundo o produzido.
qual a atividade industrial era privilégio das metrópoles Após a derrocada do socialismo, a internacionaliza-
que vendiam seus produtos às colônias. ção do capitalismo atinge praticamente todo o planeta e
Agora, para escapar dos pesados encargos sociais e do se intensifica a tal ponto que merece uma denominação
pagamento dos altos salários conquistados pelos trabalha- especial - globalização -, marcada basicamente pela mun-
dores de seus países, as grandes empresas industriais dos dialização da produção, da circulação e do consumo, vale
países desenvolvidos optaram pela estratégia de, em vez dizer, de todo o ciclo de reprodução do capital. Nessas con-
de apenas continuarem exportando seus produtos, tam- dições, a eliminação de barreiras entre as nações torna-se
bém produzi-los nos países subdesenvolvidos, até então uma necessidade, a fim de que o capital possa fluir sem
importadores dos produtos industrializados que consu- obstáculos. Daí o enfraquecimento do Estado, que perde
miam. Dessa maneira, barateando custos, graças ao em- poder face ao das grandes corporações.
prego de mão-de-obra bem mais barata, menos encargos O “motor” da globalização é a competitividade. Visan-
sociais, incentivos fiscais etc., e, assim, mantendo , ou até do à obtenção de produtos competitivos no mercado, as
aumentando, lucros, puderam praticar altas taxas de inves- grandes empresas financiam ou promovem pesquisa, do
timento e acumulação. que resulta um acelerado avanço tecnológico. Esse avanço
Grandes empresas de países desenvolvidos, também implica informatização de atividades e automatização da
conhecidas como corporações, instalaram filiais em países indústria, incluindo até a robotização de fábricas. Em con-
subdesenvolvidos, onde passaram a produzir um elenco sequência, o desemprego torna-se o maior problema da
cada vez maior de produtos. atual fase do capitalismo.
27
GEOGRAFIA
Embora a globalização seja mais intensa na economia, Países Emergentes - Alguns países, mesmo que sub-
ela também ocorre na informação, na cultura, na ciência, na desenvolvidos, são industrializados ou estão em fase de in-
política e no espaço. Não se pode pensar, contudo, que a dustrialização; por isso, oferecem boas oportunidades para
globalização tende a homogeneizar o espaço mundial. Ao investimentos internacionais. Entre os países emergentes
contrário, ela é seletiva. Assim, enquanto muitos lugares e destacam-se a China, a Rússia e o Brasil. Para os grandes
grupos de pessoas se globalizam, outros, ficam excluídos investidores, esse grupo representa um atraente mercado
do processo. Por esse motivo, a globalização tende a tornar consumidor, devido ao volume de sua população. Apesar
o espaço mundial cada vez mais heterogêneo. Além disso, disso, são países que oferecem grandes riscos, se for consi-
ela tem provocado uma imensa concentração de riqueza, derada sua instabilidade econômica ou política.
aumentando as diferenças entre países e, no interior de Com o objetivo de construir uma imagem atraente aos
cada um deles, entre classes e segmentos sociais. investidores, os países emergentes tentam se adequar aos
De qualquer modo, para se entender melhor o espaço padrões da economia global. Para isso, têm sempre em vista
de hoje, com as profundas alterações causadas pela globa- os critérios utilizados internacionalmente por quem preten-
lização, é preciso ter presente alguns conceitos essenciais: de selecionar um país para receber investimentos:
- cultura compatível com o desenvolvimento capitalista;
Fábrica Global - A expressão indica que a produção e - governo que administra bem os seus gastos;
- disponibilidade de recursos para crescer sem inflação
o consumo se mundializaram de tal forma que cada etapa
e sem depender excessivamente de recursos externos;
do processo produtivo é desenvolvida em um país diferen-
- estímulo às empresas nacionais para aprimorarem sua
te, de acordo com as vantagens e as possibilidades de lucro
produção;
que oferece. - custo da mão-de-obra adequado à competição inter-
nacional;
Aldeia Global - Essa expressão reflete a existência de - existência de investimentos para educar a população
uma comunidade mundial integrada pela grande possibi- e reciclar os trabalhadores.
lidade de comunicação e informação. Com os diferentes
sistemas de comunicação, uma pessoa pode acompanhar Regionalização: uma face da globalização
os acontecimentos de qualquer parte do mundo no exato
momento em que ocorrem. Uma só imagem é transmitida Aos agentes da globalização – as grandes corporações
para o mundo todo, uma só visão. Os avanço possibilitam internacionais – interessa a eliminação das fronteiras nacio-
a criação de uma opinião pública mundial. Nesse contexto nais, mais precisamente a remoção de qualquer entrave à li-
de massificação da informação é que surgiu a IINTERNET, vre circulação do capital. Por outro lado, ao Estado interessa
uma rede mundial de comunicação por computador que defender a nacionalidade, cujo sentimento não desaparece
liga a quase totalidade dos países. Estima-se que, hoje, facilmente junto à população; em muitos casos, inclusive,
mais de 100 milhões de pessoas estejam se comunicando ele permanece forte. Por isso, embora enfraquecidos diante
pela Internet. Esse sistema permite troca de informações, do poder do grande capital privado, os Estados resistem à
com a transferência de arquivos de som, imagem e texto. É ideia de perda do poder político sobre o seu território.
possível conversar por escrito ou de viva voz, mandar fotos Os resultados desse jogo de interesses, face à acirra-
e até fazer compras em qualquer país conectado. da competição internacional, é a formação de blocos, cada
qual reunindo um conjunto de países, em geral, vizinhos
Economia Mundo - Ao se difundir mundialmente, as ou próximos territorialmente. Os blocos ou alianças, consti-
empresas transnacionais romperam as fronteiras nacionais tuídos por acordos ou tratados, representam pois uma for-
e estabeleceram uma relação de interdependência econô- ma conciliatória de atender aos interesses tanto dos países
mica com raízes muito profundas, inaugurando a chamada quanto da economia mundo.
economia mundo. A formação de blocos econômicos significa uma forma
de regionalização do espaço mundial
Interdependência - No sistema globalizado, os con-
Etapas da integração econômica
ceitos de conceitos descritos anteriormente envolvem a
interdependência. Os países são dependentes uns dos ou- A integração de economias regionais obtém-se pela
tros, pois os governos nacionais não conseguem resolver aproximação das políticas econômicas e da pertinente le-
individualmente seus principais problemas econômicos, gislação dos países que fazem parte de uma aliança. Com
sociais ou ambientais. isso, pretende-se criar um bloco econômico que possibilite
As novas questões relacionadas com a economia glo- um maior desenvolvimento para todos os membros da as-
balizada fazem parte de um contexto mundial, refletem os sociação. Vejamos a seguir cada etapa do processo:
grandes problemas internacionais, e as soluções depen- Primeira etapa: zona de livre comércio – criação de uma
dem de medidas que devem ser tomadas por um grande zona em que as mercadorias provenientes dos países mem-
conjunto de países. bros podem circular livremente. Nessa zona, as tarifas alfan-
degárias são eliminadas e há flexibilidade nos padrões de
produção, controle sanitário e de fronteiras.
28
GEOGRAFIA
Na nova ordem mundial, a bipolaridade representada A formação do relevo brasileiro decorre da ação de di-
por Estados Unidos e União Soviética foram substituídas versos elementos, como a estrutura geológica do território, os
pela multipolaridade. Os polos de poder econômico são agentes internos, o tectonismo e o vulcanismo, e os agentes
União Europeia, Nafta e Apec; os de importância secundá- externos: as águas correntes e o intemperismo.
ria, Mercosul e Asean. Entre as principais características do nosso relevo, desta-
Apesar de a economia globalizada ser definida como ca-se o predomínio das formações sedimentares recentes, que
multipolar, os principais dados referentes ao desempenho ocupam 64% da superfície. Tais formações se sobrepõem aos
terrenos pré-cambrianos, mais antigos, que formam o emba-
econômico internacional demonstram que existem três
samento de nosso relevo, de origem cristalina, e que afloram
grandes polos que lideram a economia do mundo: o bloco
em 36% do território. Como reflexo dessa estrutura geológi-
americano, o asiático e o europeu, que controlam mais de
ca, de base sedimentar, a altimetria de do relevo brasileiro vai
80% dos investimentos mundiais. caracterizar-se pelo predomínio das baixas e médias altitudes.
O bloco americano, liderado pelos Estados Unidos, rea- O relevo brasileiro, em sua formação, não sofreu a ação
liza grande parte de seus negócios na América Latina, sua dos movimentos orogenéticos recentes, responsáveis pelo
tradicional área de influência: o bloco asiático, liderado pelo surgimento dos chamados dobramentos modernos e, por
Japão, faz mais de 50% de seus investimentos no leste e no isso, caracteriza-se pela presença de três grandes formas: os
sudeste da Ásia: e a União europeia concentra dois terços planaltos as depressões e as planícies. Os planaltos e as de-
de sua atuação econômica nos países do leste europeu. pressões representam as formas predominantes, ocupando
Pode-se observar, portanto, que a economia globaliza- cerca de 95% do território, e têm origem e tanto cristalina
da é, na verdade, tripolar. A influência econômica está nas quanto sedimentar. Em alguns pontos do território, especial-
mãos dos países que representam as sete maiores econo- mente nas bordas dos planaltos, o relevo apresenta-se muito
mias do mundo: Estados unidos, Japão, Alemanha, França, acidentado, como a ocorrência de serras e escarpas. As planí-
Itália, Reino Unido e Canadá. Por sua vez, no interior desses cies representam os 5% restantes do território brasileiro e são
países são principalmente as grandes empresas transnacio- exclusivamente de origem sedimentar.
nais que têm condições de liderar o mercado internacional.
Classificação do relevo brasileiro
29
GEOGRAFIA
No final da década de 50, o professor Aziz Nacib Ab’Sa- O clima subtropical predomina ao sul do Trópico de
ber apresentou uma nova classificação, com maior rigor Capricórnio, compreendendo parte de São Paulo, Paraná e
científico, que utilizava como critério para a definição das Mato Grosso do Sul e os Estados de Santa Catarina e Rio
formas o tipo de alteração dominante na superfície, ou seja, Grande do Sul. Caracteriza-se por temperaturas médias infe-
o processo de erosão e sedimentação. Planalto correspon- riores a 18º C, com amplitude térmica entre 9º C e 13º C. Nas
deria a superfície aplainada, onde o processo erosivo esta- áreas mais elevadas, o verão é suave e o inverno frio, com
ria predominando sobre o sedimentar, enquanto a planície nevascas ocasionais. Chove entre 1.500 mm e 2.000 mm.
(ou terras baixas) se caracterizaria pelo inverso, ou seja, o A mais recente classificação do relevo brasileiro é a
processo sedimentar estaria se sobrepondo ao processo proposta pelo professor Jurandyr Ross, divulgada em 1995.
erosivo. Por essa divisão, o relevo brasileiro se compunha Fundamentando suas pesquisas nos dados obtidos a partir
de 10 unidades, sendo 7 planaltos, que ocupavam 75% do de um detalhado levantamento da superfície do território
território, e três planícies, que ocupavam os 25 restantes. brasileiro, realizado através de sistema de radares do projeto
A localização de 92% do território brasileiro na zona Radambrasil, do Ministério de Minas e Energia, o professor
intertropical e as baixas altitudes do relevo explicam a pre- Ross apresenta uma subdivisão do relevo brasileiro em 28
dominância de climas quentes, com médias de temperatu- unidades, sendo 11 planaltos,11 depressões e 6 planícies.
ra superiores a 20º C. Os tipos de clima presentes no Brasil Essa nova classificação utilizou como critério a associa-
são: equatorial, tropical, tropical de altitude, tropical atlân- ção de informações sobre o processo de erosão, sedimenta-
tico, semi-árido e subtropical. ção dominante na atualidade, com a base geológica e estru-
O clima equatorial domina a região amazônica e se tural do terreno e ainda com o nível altimétrico do lugar. As-
caracteriza por temperaturas médias entre 24º C e 26º C sim, define-se planalto como uma superfície irregular, com
e amplitude térmica anual (diferença entre a máxima e a altitudes superiores a 300 m, e que teve origem a partir da
mínima registrada durante um ano) de até 3º C. As chuvas erosão sobre rochas cristalinas ou sedimentares; depressão
são abundantes (mais de 2.500 mm/ano) e regulares, cau- é uma superfície mais plana, com altitudes entre 100 e 500
sadas pela ação da massa equatorial continental. No inver- m, apresentando inclinação suave, resultante de prolongado
no, a região pode receber frentes frias originárias da massa processo erosivo, também sobre rochas cristalinas ou sedi-
polar atlântica. Elas são as responsáveis pelo fenômeno da mentares; e planície é uma superfície extremamente plana e
friagem, a queda brusca na temperatura, que pode chegar formada pelo acúmulo recente de sedimentos fluviais, mari-
a 10º C. nhos ou lacustres.
Extensas áreas do planalto central e das regiões Nor- Vejamos uma síntese com as características mais impor-
deste e Sudeste são dominadas pelo clima tropical. Nelas, o tantes de cada uma das subunidades do relevo brasileiro,
verão é quente e úmido e o inverno, frio e seco. As tempe- segundo a mais recente classificação (a do professor Juran-
raturas médias excedem os 20º C, com amplitude térmica dyr Ross).
anual de até 7º C. As chuvas variam de 1.000 a 1.500 mm/
ano. Planaltos
O tropical de altitude predomina nas partes altas do
Planalto Atlântico do Sudeste, estendendo-se pelo norte 1) Planalto da Amazônia Oriental - constitui-se de ter-
do Paraná e sul do Mato Grosso do Sul. Apresenta tem- renos de uma bacia sedimentar e localiza-se na metade leste
peraturas médias entre 18º C e 22º C e amplitude térmica da região, numa estreita faixa que acompanha o rio Amazo-
anual entre 7º C e 9º C. O comportamento pluviométrico nas, do curso médio até a foz. Suas altitudes atingem cerca
é igual ao do clima tropical. As chuvas de verão são mais de 400 m na porção norte e 300 m na porção sul.
intensas devido à ação da massa tropical atlântica. No in-
verno, as frentes frias originárias da massa polar atlântica 2) Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba - cons-
podem provocar geadas. tituem-se também de terrenos de uma bacia sedimentar,
A faixa litorânea que vai do Rio Grande do Norte ao Pa- estendendo-se das áreas centrais do país (GO-TO), até as
raná sofre atuação do clima tropical atlântico. As tempera- proximidades do litoral, onde se alargam, na faixa entre Pará
turas variam entre 18º C e 26º C, com amplitudes térmicas e Piauí, sendo cortados de norte a sul, pelas águas do rio
crescentes conforme se avança para o sul. Chove cerca de Parnaíba. Aí encontramos a predominância das formas tabu-
1.500 mm/ano. No litoral do Nordeste, as chuvas intensi- lares, conhecidas como chapadas.
ficam-se no outono e no inverno. Mais ao sul, são mais
fortes no verão. 3) Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná - carac-
O clima semi-árido predomina nas depressões entre terizam-se pela presença de terrenos sedimentares e pelos
planaltos do sertão nordestino e no trecho baiano do vale depósitos de rocha de origem vulcânica, da era mesozoica.
do Rio São Francisco. Suas características são temperaturas Localizam-se na porção meridional do país, acompanhando
médias elevadas, em torno de 27º C, e amplitude térmica os cursos dos afluentes do rio Paraná, estendendo-se desde
em torno de 5º C. As chuvas, além de irregulares, não exce- os estados de Mato Grosso e Goiás, até o Rio Grande do Sul,
dem os 800 mm/ano, o que leva às “secas do Nordeste”, os ocupando a faixa ocidental dessa região, atingindo altitudes
longos períodos de estiagem. em torno de 1.000 m.
30
GEOGRAFIA
4) Planalto e Chapada dos Parecis - estendendo-se por 11) Planalto Sul-rio-grandense - superfície caracteriza-
uma larga faixa no sentido leste-oeste na porção centro-oci- da pela presença de rochas de diversas origens geológicas,
dental do país, indo do Mato Grosso até Rondônia. Domina- apresenta um certo predomínio de material pré cambriano.
dos pela presença de terrenos sedimentares, suas altitudes Localiza-se na extremidade meridional do país, no sul do Rio
atingem cerca de 800 m, exercendo a função de divisor de Grande do Sul, onde encontramos as famosas “coxilhas”, que
águas das bacias dos rios Amazonas, Paraguai e Guaporé. são superfícies convexas, caracterizadas por colinas suave-
mente onduladas, com altitudes inferiores a 450 m.
5) Planaltos Residuais Norte-Amazônicos - ocupam
uma área onde se mesclam terrenos sedimentares e crista- Depressões
linos, na porção mais setentrional do país, do Amapá até o
Amazonas, caracterizando-se em alguns pontos pela defini- 12) Depressão da Amazônia Ocidental - corresponde
ção das fronteiras brasileiras e em outros, pela presença das a uma enorme área de origem sedimentar no oeste da Ama-
maiores altitudes do Brasil, como o Pico da Neblina (3014 zônia, com altitudes em torno de 200 m, apresentando uma
m), na divisa do estado de Roraima com a Venezuela. superfície aplainada, atravessada ao centro pelas águas do
rio Amazonas.
6) Planaltos Residuais Sul-Amazônicos - também
ocupam terrenos onde se mesclam o rochas sedimentares 13) Depressão Marginal Norte Amazônia - localizada
e cristalinas, estendendo se por uma larga faixa de terras ao na porção norte da Amazônia, entre o planalto da Amazônia
sul do Rio Amazonas, desde a porção meridional do Pará até oriental e os planaltos residuais norte amazônicos, com alti-
Rondônia. O destaque dessa subunidade é a presença de al- tudes que variam entre 200 e 300 m. Com rochas cristalinas e
gumas formações em que são encontradas jazidas minerais sedimentares antigas, e estende-se entre o litoral do Amapá
de grande porte (é o caso da serra dos Carajás, no Pará). e a fronteira do estado do Amazonas com a Colômbia.
7) Planaltos e Serras do Atlântico Leste e Sudeste - 14) Depressão Marginal Sul Amazônia - com terrenos
ocupam uma larga faixa de terras na porção oriental do país predominantemente sedimentares e altitudes variando en-
e, em terrenos predominantemente cristalinos, onde obser- tre 100 e 400 m, está localizado na porção meridional da
vamos a presença de superfícies bastante acidentadas, com Amazônia, intercalando-se com as terras dos planaltos resi-
sucessivas escarpas de planalto; daí o fato de ser chamada a duais sul amazônicos.
região de “domínio dos mares de morros”. Aí encontramos
também formações de elevadas altitudes, como as serras do 15) Depressão do Araguaia - acompanha quase todo
Mar e da Mantiqueira, que caracterizam este planalto como o vale do rio Araguaia e apresenta terrenos sedimentares,
sendo a “região das terras altas”. Na porção mais interior com uma topografia muito plana e altitudes entre 200 e 350
dessas subunidade, em Minas Gerais, encontramos uma m. Em seu interior encontramos a planície do rio Araguaia.
importante área rica em minério, na serra do Espinhaço, na
região denominada Quadrilátero Ferrífero. 16) Depressão Cuiabana - localizada no centro do país,
encaixada entre os planaltos da bacia do Paraná, dos Parecis
8) Planaltos Serras de Goiás-Minas - terrenos de for- e do alto Paraguai, caracteriza-se pelo predomínio dos ter-
mação antiga, predominantemente cristalinos, que se esten- renos sedimentares de baixa altitude, variando entre 150 e
dem do sul de Tocantins até Minas Gerais, caracterizando-se 400 m.
por formas muito acidentadas que como a serra da Canastra,
onde estão as nascentes do rio São Francisco - entremeadas 17) Depressão do Alto Paraguai-Guaporé - superfície
de formas tabulares, como as chapadas nas proximidades do caracterizada pelo predomínio das rochas sedimentares, lo-
Distrito Federal. caliza-se entre os rios Jauru e Guaporé, no estado de Mato
Grosso.
9) Serras e Residuais do Alto Paraguai - ocupam uma
área de rochas cristalinas e rochas sedimentares antigas, que 18) Depressão do Miranda - atravessada pelo rio Mi-
se concentram ao norte e ao sul da grande planície do Pan- randa, localiza-se no MS, ao sul do Pantanal. É uma área em
tanal, no oeste brasileiro. Aí, na porção meridional, destaca- que predominam rochas cristalinas pré cambrianas, com al-
se a serra da Bodoquena, onde as altitudes alcançam cerca titudes extremamente baixas, entre 100 e 150 m.
de 800 m.
19) Depressão Sertaneja e do São Francisco - ocupam
10) Planalto da Borborema - corresponde a uma área uma extensa faixa de terras que se alonga desde as proxi-
de terrenos formados de rochas pré cambrianos e sedimen- midades do litoral do Ceará e Rio Grande do Norte, até o
tares antigas, aparecendo na porção oriental no nordeste interior de Minas Gerais, acompanhando quase todo o curso
brasileiro, a leste do estado de Pernambuco, como um gran- do rio São Francisco. Apresentam variedade de formas e de
de núcleo cristalino e isolado, atingindo altitudes em torno estruturas geológicas, porém destaca-se a presença do re-
de 1.000 m. levo tabular, as chapadas, como as do Araripe (PE-CE) e do
Apodi (RN).
31
GEOGRAFIA
20) Depressão do Tocantins - acompanha todo o trajeto Passado o verão, com a estiagem do inverno, o rio retorna
do Rio Tocantins, quase sempre em terrenos de formação cris- ao seu leito normal, e o Pantanal transforma-se então numa
talinas pré cambriana. Suas altitudes declinam de norte para enorme área plana, coberta de campos, como uma planície
sul, variando entre 200 e 500 m. comum.
21) Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do 27) Planície da Lagoa dos Patos e Mirim - ocupa quase
Paraná - caracterizada pelo predomínio dos terrenos sedi- a totalidade do litoral gaúcho, expandindo-se na porção mais
mentares das eras Paleozoica e Mesozoica, aparece como meridional até o território do Uruguai. A originalidade dessa
uma larga faixa de terras, localizada entre as terras dos pla- planície está em sua formação dominantemente marinha e
naltos da bacia do Paraná e do Atlântico leste e sudeste. Suas lacustres, com mínima participação da deposição de origem
altitudes oscilam entre 600 e 700 m. fluvial.
22) Depressão Periféricas sul-rio-grandense - ocupam 28) Planícies e Tabuleiros Litorâneos - correspondem
as terras sedimentares drenadas pelas águas do rio Jacuí e a inúmeras porções do litoral brasileiro e quase sempre ocu-
do Rio Ibicuí, no Rio Grande do Sul. Caracteriza-se por baixas pam áreas muito pequenas. Geralmente localizam se na foz
altitudes, que variam em torno dos 200 m. de rios que deságuam no mar, especialmente daqueles de
menor porte. Apresentam-se muito largas no litoral norte e
Planícies quase desaparecem no litoral sudeste. E em trechos do litoral
nordestino, essas pequenas planícies apresentam-se interca-
23) Planície do Rio Amazonas - a região das terras bai- ladas com áreas de maior elevação as barreiras-, também de
xas amazônicas era considerada uma das maiores planícies do origem sedimentar.
mundo, mas atualmente todo esse espaço divide-se em várias
unidades, classificadas como planaltos, depressões e planície. Indústria Brasileira
Se considerássemos apenas a origem, seus,1,6 milhões de
quilômetros quadrados formariam uma grande planície, pois A produção da indústria brasileira registrou leve alta de
a origem é sedimentar. Se considerássemos a altimetria, tam-
0,3% em julho, na comparação com o mês anterior de acordo
bém denominaríamos esta região de planície, pois não ultra-
com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Es-
passa 150 m de altitude. Considerando-se, no entanto, o pro-
tatística (IBGE), divulgado nesta terça-feira. Esse é o segundo
cesso erosivo e deposicional, percebemos que mais de 95%
resultado positivo seguido. Na comparação com o mesmo
dessas terras baixas são, na verdade, planaltos ou depressões
período de 2011, a atividade fabril brasileira recuou 2,9% - a
de baixa altitude, onde o processo erosivo se sobrepõe ao
de sedimentação restando à planície verdadeira uma estreita 11ª taxa negativa seguida nesse tipo de comparação, no en-
faixa de terras às margens dos grandes rios da região. tanto, a menos intensa desde março, quando registrara queda
de 2,3%.
24) Planície do Rio Araguaia - é uma planície estreita De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de
que se estende no sentido norte-sul, margeando o trecho Veículos Automotores (Anfavea), esse foi o melhor julho e o
médio do rio Araguaia, em terras dos estados de Goiás e 2º melhor mês da história do setor automotivo. Na avaliação
Tocantins. Em seu interior, o maior destaque fica com a ilha da associação, os bons resultados de julho vieram da redu-
do Bananal que, com uma área de cerca de 20.000 km2 , é a ção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que foi
maior ilha fluvial do planeta. prorrogada na última semana. O resultado pode sinalizar uma
retomada da indústria no terceiro trimestre de 2012, já que,
25) Planície e Pantanal do Rio Guaporé - trata-se de de abril a junho, o setor registrou recuo de 2,5%, segundo os
uma faixa bastante estreita de terras planas e muito baixas, números do PIB, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geo-
que se alonga pelas fronteiras ocidentais do país, penetrando grafia e Estatística (IBGE) na semana passada. Nos sete primei-
a noroeste, no território boliviano, tendo seu eixo marcado ros meses do ano, o índice acumula queda de 3,7%, abaixo
pelas águas do rio Guaporé. do observado no fechamento do primeiro semestre do ano
(-3,8%). Já nos últimos 12 meses, a taxa tem recuo de 2,5%.
26) Planície e Pantanal Mato-grossense - correspon- Na comparação mensal, dos 27 ramos da indústria pes-
de a uma grande área que ocupa porção mais ocidental do quisados pelo IBGE, 12 tiveram alta, com destaque para os
Brasil Central. É de formação extremamente recente, datando setores de veículos automotores (4,9%), de alimentos (2,1%) e
do período quaternário da era Cenozoica; por isso apresen- de máquinas e equipamentos (3,0%). Outros aumentos foram
ta altitudes muito modestas, em torno de 100 m acima do observados nos setores de equipamentos de instrumentação
nível do mar. É considerada a mais típica planície brasileira, médico-hospitalar, ópticos e outros (16,8%), outros produtos
pois está em constante processo de sedimentação. Todo ano, químicos (1,8%), borracha e plástico (3,2%) e minerais não
durante o verão, as chuvas aumentam o nível de águas dos metálicos (2,7%). Entre os tipos de atividade que mostraram
rios, que transbordam. Como o declive do relevo é mínimo, baixa na produção estão produtos de metal (-6,7%), outros
o fluxo maior das águas que descem para o Pantanal supe- equipamentos de transporte (-7,4%), farmacêutica (-4,8%),
ra a capacidade de escoamento do rio Paraguai, eixo fluvial material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunica-
que atravessa a planície de norte a sul, ocasionando, então, ções (-4,1%) e máquinas para escritório e equipamentos de
as grandes enchentes que transformam toda a planície numa informática (-4,8%).
enorme área alagada (vem daí o nome “pantanal”).
32
GEOGRAFIA
Na comparação entre as categorias de uso, a maior alta Indústria brasileira reage e empregos no setor cres-
partiu de bens de capital (1,0%), que registrou o segundo re- cem 0,2% em julho, diz IBGE
sultado positivo consecutivo. Os setores produtores de bens
de consumo duráveis cresceram 0,8% e de bens intermediá- A indústria brasileira apresentou reação positiva em
rios, 0,5%. Na contramão, só o segmento de bens de consu- julho, após uma série de medidas de estímulo à economia
mo semi e não duráveis tiveram recuo, de 0,6%. anunciadas pelo governo neste ano. Os empregos no se-
tor voltaram a crescer e registraram alta de 0,2% no mês,
Na comparação com o ano passado em relação a junho, segundo pesquisa divulgada nesta se-
gunda-feira (12), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Sobre julho de 2011, a produção industrial recuou 2,9% Estatística (IBGE). A alta interrompe uma série de quatro
em julho de 2012, ritmo de queda menor que o observado meses seguidos de queda. Os números são da série livre
em abril (-3,5%), maio (-4,4%) e junho (-5,6%). Do total de de influências sazonais (temporárias).
atividades, 17 registraram queda na produção. Ao contrário Segundo o IBGE, as variações mais positivas foram re-
do que ocorreu na comparação mensal, os ramos de veículos gistradas no Paraná (1,5%) e Minas Gerais (1,0%), com des-
automotores (-12,3%) e de edição, impressão e reprodução taque para os setores de máquinas e aparelhos eletroele-
de gravações (-22,0%) pressionaram o resultado para bai- trônicos e de comunicações (32,5%) e alimentos e bebidas
xo. “Houve queda na fabricação de caminhões, caminhão-tra- (5,7%), na indústria paranaense, e de produtos de metal
tor para reboques e semirreboques, motores diesel para ca- (8,9%), indústrias extrativas (8,4%) e meios de transporte
minhões e ônibus, autopeças e chassis com motor para cami- (4,5%), no setor industrial mineiro.
nhões e ônibus, no primeiro setor, e de livros, revistas, jornais, Para o presidente do Banco Central (BC), Alexandre
cds e impressos diversos para fins comerciais, no segundo.” Tombini, a indústria começou a apresentar sinais modera-
Também registraram queda as produções dos seto- dos de recuperação na produção porque o ambiente está
res de alimentos (-5,3%), material eletrônico, aparelhos e mais favorável: os estoques estão em níveis adequados,
equipamentos de comunicações (-20,0%), metalurgia bási- o nível da capacidade de utilização das empresas voltou
ca (-4,9%), fumo (-14,5%), máquinas, aparelhos e materiais a subir, a produção vem crescendo nos últimos meses e
elétricos (-6,2%) e máquinas para escritório e equipamen- observa-se uma expansão do emprego industrial, além da
tos de informática (-6,7%). Já entre os dez setores que tive- melhora na confiança dos empresários e nas condições de
ram aumento na produção, os de maior destaque são pro- competitividade.
dutos químicos (5,4%), máquinas e equipamentos (4,0%), Esse ambiente mais favorável se deve a um conjunto
farmacêutica (7,5%), refino de petróleo e produção de ál- de estímulos introduzidos desde o ano passado, com o
cool (3,9%) e outros equipamentos de transportes (8,3%), objetivo de favorecer a retomada da economia, como a
“impulsionados em grande parte pelos itens herbicidas redução da taxa básica de juros (Selic), em queda desde
para uso na agricultura, no primeiro ramo, refrigeradores e agosto do ano passado, para os atuais 7,5% ao ano, dis-
congeladores, no segundo, medicamentos, no terceiro, ga- se Alexandre Tobini durante audiência pública no Senado
solina automotiva, óleo diesel e outros óleos combustíveis, nesta quarta-feira. Nesta terça-feira (11), a presidenta Dil-
no quarto, e aviões no último”, disse o IBGE. Por categorias ma Rousseff anunciou uma de até 28% na tarifa de energia
de uso, a indústria de bens de capital recuou 9,1%, acima elétrica do setor industrial. Tombini também destacou a
do total da indústria (-2,9%). Tiveram recuos menores bens melhoria da liquidez por meio da redução dos depósitos
de consumo duráveis (-2,7%), bens de consumo semi e não compulsórios, o que resultou na injeção de quase R$ 70
duráveis (-2,3%) e bens intermediários (-1,7%). bilhões na economia desde dezembro de 2011, e a me-
lhoria das condições de financiamento para as empresas e
Em 2012 famílias, ao lado de incentivos fiscais e tributários. Apesar
da reação favorável que começa a se desenhar, a indústria
Nos sete primeiros meses do ano, o recuo foi de 3,7% ainda está negativa, na comparação com os resultados do
para o total da indústria. Dezoito ramos dos 27 pesquisa- ano passado. Em relação a julho de 2011, o emprego in-
dos tiveram queda, puxada pelo recuo de 17,2% de veículos dustrial caiu 1,6% neste ano.
automotores,. Também tiveram resultado negativo as pro- Em sua apresentação, o presidente do Banco Central
duções de material eletrônico, aparelhos e equipamentos citou ainda, como fatores positivos para a retomada do
de comunicações (-17,6%), alimentos (-2,8%), metalurgia crescimento da economia, que a safra de grãos deve bater
básica (-4,8%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos novo recorde em 2012. O setor de serviços continua cres-
(-9,0%), máquinas e equipamentos (-2,7%), máquinas para cendo acima do produto interno bruto, mas o ritmo vem
escritório e equipamentos de informática (-11,1%), edição, moderando e continuam presentes importantes fatores de
impressão e reprodução de gravações (-4,8%), borracha sustentação da demanda (emprego, renda e crédito)”, dis-
e plástico (-4,6%), fumo (-17,4%) e vestuário e acessórios se ele.
(-12,0%). Entre as categorias de uso, a de bens de capi-
tal apresentou a maior queda, de 12,0%, seguida por bens
de consumo duráveis (-8,4%), e por bens intermediários, -
2,5%. A de bens de consumo semi e não duráveis mostrou
variação negativa de 0,5%.
33
GEOGRAFIA
34
GEOGRAFIA
Desse modo, se em 1940, a população urbana brasileira Com cerca de 50 milhões de habitantes e peculiarida-
se compunha de 31,2% do total dos habitantes do país, esse des geográficas como as secas, nunca efetivamente com-
percentual cresceu aceleradamente: em 1970, mais da metade batidas desde os tempos do Império, o Nordeste é a região
dos brasileiros já viviam nas cidades (55,9%). De acordo com o brasileira com o maior número de municípios (1.792), mas
censo de 2000, a população brasileira é agora majoritariamen- somente 65% de sua população é urbana. Só recentemen-
te urbana (81,2%). O país, entretanto, sempre foi uma terra de te as cidades de Recife, Salvador e Fortaleza se tornaram
contrastes e, nesse aspecto, também não ocorrerá uma exce- pólos industriais.
ção: a urbanização do país não se distribui igualitariamente por
todo o território nacional. Muito pelo contrário, ela se concen- Agricultura Brasileira
tra na Região Sudeste, formada pelos Estados de São Paulo, Rio
de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Organização econômica
35
GEOGRAFIA
Os números se referem à safra 2011/2012 e foram le- Pulverizadores e colhedeiras incorporando os mais re-
vantados de 22 a 28 de julho. Apesar de a safra ainda não centes avanços tecnológicos estão sendo oferecidos, onde
estar encerrada, o levantamento já aponta produção recor- os operadores destes equipamentos trabalham com todo o
de, de acordo com o ministro. O valor fechado da produção conforto possível, com toda sorte de parafernálias eletrô-
de grãos será divulgado em setembro. A quantidade de nicas embarcadas que lhes proporcionam condições para
grãos produzidas até o final de julho já representa aumento trabalhos eficientes. Ar condicionado e GPS já é coisa co-
de 1,9% em relação à safra passada, quando atingiu 162,8 mum, mas computadores fornecem informações imediatas
milhões de toneladas. Mendes Ribeiro fez o anúncio após sobre as produções que estão sendo alcançadas, e todos
reunir-se nesta manhã com a presidente Dilma Rousseff, os sistemas hidráulicos permitem manobras mais sofistica-
no Palácio do Planalto. “Eu comuniquei a presidente Dilma, das com o mínimo esforço, tirando o máximo proveito da
que ficou enormemente feliz, a maior safra da história do maneabilidade dos novos equipamentos.
país”, disse a jornalistas após a reunião. Tantas são as oportunidades para verificar o funcio-
O ministro estuda revisar o Plano Safra deste ano (safra namento destes equipamentos avançados que foram di-
2012/2013), lançado em junho de 2012 e que prevê dispo- vididos em quatro grupos: agricultura (preparo do solo,
nibilização de R$ 115,2 bilhões para a agricultura empre- cultivadores, plantio, pulverizações, colheita e tecnologias
sarial e mais R$ 22,3 bilhões para agricultores familiares. diversas); agricultura (demonstrações por grandes empre-
“Alcançamos 165,92 milhões de toneladas na produção sas); agricultura de pequenas áreas (demonstrações de
brasileira com uma área plantada referente a 50,81 milhões campo por empresa, hortifruticultura, pulverizações, plan-
de hectares e, se nós reparamos, o numero que nós chega- tios, colheita de milho, tecnologias diversas, máquinas es-
mos, isso pode nos levar a uma situação que talvez tenha- tacionárias) e pecuária (forrageira de milho, forrageira de
mos que revisar a nossa projeção da safra que nós fizemos capim, recolhedora de forragem, fenação, vagões e mistu-
quando lançamos o Plano Safra”, afirmou. Ribeiro espera radores, forrageira de cana, manejo animal).
que o país atinja, até o final do ano, 170 milhões de tone- Programas governamentais procuram dar suporte a
ladas de alimentos. A safra recorde, afirmou, mostra que estas atividades, que por seu dinamismo acabam exigindo
política agrícola brasileira é eficiente. No próximo ano os
aperfeiçoamentos constantes para acompanhar o que vem
resultados poderão ainda ser melhores devido à maior dis-
sendo inovado pelo setor privado, não somente de grandes
ponibilização de crédito, o Plano Nacional de Armazena-
empresas, como até de pequenos produtores que necessi-
mento e ao maior volume de recursos ao médio produtor.
tam de novas tecnologias para se manterem competitivos
“Tenho certeza que no ano que vem isso ficará mais claro
num mercado cada vez mais sofisticado.
e será mais significativo nos números”, disse. “Eu acredito
Aqueles que imaginam os agricultores brasileiros como
que as noticias são boas”.
pobres produtores das décadas passadas devem efetuar
Mendes Ribeiro destacou a produção de milho, cuja
suas revisões. Um professor titular da Universidade de São
produção saltou de 16,10 milhões de toneladas na safra
Paulo imaginava que DNA era um conhecimento científico
2010/2011 para 22,46 milhões de toneladas, aumento de
71%. “A safrinha do milho se tornou ‘safrão’. Foi surpreen- da área médica. Hoje, muitos produtores agrícolas contam
dente e, sem dúvida, contribuiu de forma decisiva para que com sofisticados laboratórios para a criação e seleção de
elevassem esses números”, afirmou. novas variedades inclusive em pequenas propriedades,
tudo exigindo tecnologias de ponta, que estão sendo
Um Retrato da Situação da Agricultura no Brasil transferidos para ganhos de produtividade, fazendo com
Atual que a agropecuária brasileira continue ampliando suas ex-
portações, apesar do câmbio desfavorável, juros elevados,
O suplemento agrícola do jornal O Estado de S.Paulo e custos das ineficiências da infraestrutura.
de hoje dá um bom retrato de como se encontra a agri- Com um pouco de melhoria fora da porteira, o Brasil
cultura brasileira no momento. A exposição que se repe- poderia se consolidar realmente como o celeiro do mun-
te pela décima oitava vez na região mais desenvolvida da do, pois até empresários agrícolas de países desenvolvidos
agricultura brasileira, Ribeirão Preto, dando sequência ao estão procurando acompanhar e participar do que se faz
que vem ocorrendo em outras “capitais” agrícolas de todo por aqui.
o Brasil, reflete bem a euforia que toma conta do setor. A Existe a ação das cooperativas agrícolas e das empre-
safra agrícola em andamento é recorde, bem como os pre- sas industriais, que, ao assegurarem a aquisição da safra
ços das principais commodities agropecuárias no mercado (seja elas em moldes capitalistas ou de base familiar cam-
internacional estão em patamares elevados. A marca mais ponesa), estimulam o cultivo e a especialização agrícola em
expressiva é a intensa apresentação e demonstrações de determinadas áreas do país. Frutas tropicais e soja são os
equipamentos de alta tecnologia que estão sendo ofereci- principais produtos, cujos espaços de produção mais mar-
dos e negociados, nacionais como importados, com o su- cantes são, respectivamente, os vales irrigados do Sertão
porte dos financiamentos do sistema bancário que chega Nordestino (rios São Francisco e Açu) e o oeste baiano.
ao número de 800 exibições.
36
GEOGRAFIA
37
GEOGRAFIA
38
GEOGRAFIA
Divisão Político-Administrativa
39
GEOGRAFIA
A forma como foi feita a divisão revela que, na épo- Divisão para valer
ca, havia uma preocupação muito grande em fortalecer a
imagem do Brasil como uma nação, uma vez que a Re- Após fazer estudos e analisar diferentes propostas, o
pública havia sido proclamada há poucos anos, em 15 de IBGE sugeriu que fosse adotada a divisão feita em 1913
novembro de 1889. A divisão em grandes regiões proposta com algumas mudanças nos nomes das regiões. A escolha
em 1913 influenciou estudos e pesquisas até a década de foi aceita pelo presidente da República e adotada em 1942.
1930. Nesse período, surgiram muitas divisões do território Logo ela seria alterada com a criação de novos Territórios
do Brasil, cada uma usando um critério diferente. Acontece Federais. Em 1942, o arquipélago de Fernando de Noronha
que, em 1938, foi preciso escolher uma delas para fazer o foi transformado em território e incluído na região Nordes-
Anuário Estatístico do Brasil, um documento que contém te. Em 1943, foram fundados os territórios de Guaporé, Rio
informações sobre a população, o território e o desenvolvi- Branco e Amapá - todos parte da região Norte, o território
mento da economia que é atualizado todos os anos. Mas, de Iguaçu foi anexado à região Sul e o de Ponta Porã, colo-
para organizar as informações, era necessário adotar uma cado na região Centro-Oeste. É bom lembrar que a divisão
divisão regional para o país. Então, a divisão usada pelo em grandes regiões tinha de acompanhar as transforma-
Ministério da Agricultura foi a escolhida. Observe o mapa e ções que estavam ocorrendo na divisão em estados e terri-
note quantas diferenças! tórios do país. Assim, a divisão regional do Brasil em 1945
era a seguinte:
Maranhão e Piauí - que atualmente fazem parte da re- Na região Norte, estavam os estados do Amazonas e
gião Nordeste - foram incluídos na região Norte, junto com Pará, os territórios do Acre, Amapá, Rio Branco e Guaporé.
o território do Acre e os estados do Amazonas e do Pará. A região Nordeste foi dividida em ocidental e oriental. No
No Nordeste, ficavam Ceará, Rio Grande do Norte, Paraí- Nordeste ocidental, encontravam-se Maranhão e Piauí. No
ba, Pernambuco e Alagoas. Não existia a região Sudeste, oriental, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco
mas, sim, uma região chamada Este, onde se localizavam e Alagoas, além do território de Fernando de Noronha. Ain-
os estados de Sergipe, Bahia e Espírito Santo. Na região da não existia a região Sudeste, mas uma região chamada
Sul, veja só, estavam o Rio de Janeiro - que, na época, era Leste, dividida em setentrional e meridional. Sergipe e Bah-
a capital do país - e São Paulo, que hoje fazem parte da re- ia estavam na parte setentrional. Na meridional, ficavam
gião Sudeste. Além deles, ficavam na região Sul os estados Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro (na época,
do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A região sede do Distrito Federal). A região Sul incluía os estados de
Centro-Oeste não existia, mas, sim, a região chamada Cen- São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, além
tro, onde estavam Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, que do território de Iguaçu. E, na região Centro-Oeste, os esta-
hoje em dia localiza-se na região Sudeste. Como a divisão dos de Mato Grosso e Goiás e o território de Ponta Porã.
proposta em 1913, esta organização do território brasileiro Em 1946, os territórios federais de Iguaçu e Ponta Porã
não era oficial. Mas, em 1936, o Instituto Brasileiro de Geo- foram extintos. Em 1960, Brasília foi construída e o Distrito
grafia e Estatística (IBGE) foi criado. E começou uma cam- Federal, capital do país, foi transferido para o Centro-Oes-
panha para adotar uma divisão regional oficial para o Brasil. te. Na região Leste, o antigo Distrito Federal tornou-se o
estado da Guanabara. Em 1969, uma nova divisão regional
foi proposta porque a divisão de 1942 já não era consi-
derada útil para o ensino de geografia ou para a coleta e
divulgação de dados sobre o país. Veja como ficou o mapa
do Brasil em 1970:
40
GEOGRAFIA
41
GEOGRAFIA
Região Centro-Oeste
- Goiás - GO (Capital: Goiânia)
- Mato Grosso - MT (Capital: Cuiabá)
- Mato Grosso do Sul - MS (Capital: Campo Grande)
- Distrito Federal – DF
Região Sudeste
- São Paulo – SP (Capital: São Paulo)
- Rio de Janeiro - RJ (Capital: Rio de Janeiro)
- Espírito Santo - ES (Capital: Vitória)
- Minas Gerais - MG (Capital: Belo Horizonte)
Região Sul
- Paraná – PR (Capital: Curitiba)
- Rio Grande do Sul – RS (Capital: Porto Alegre)
- Santa Catarina – SC (Capital: Florianópolis).
Censos Demográficos
Os censos populacionais produzem informações imprescindíveis para a definição de políticas públicas e a tomada de
decisões de investimento, sejam eles provenientes da iniciativa privada ou de qualquer nível de governo, e constituem a
única fonte de referência sobre a situação de vida da população nos municípios e em seus recortes internos, como distritos,
bairros e localidades, rurais ou urbanas, cujas realidades dependem de seus resultados para serem conhecidas e terem seus
dados atualizados. A realização de um levantamento como o Censo Demográfico representa o desafio mais importante
para um instituto de estatística, sobretudo em um país de dimensões continentais como o Brasil, com 8.514.215,3 km2,
composto por 27 Unidades da Federação e 5.507 municípios existentes na data de referência da pesquisa, abrangendo um
total de 54.265.618 de domicílios pesquisados.
QUESTÕES
01. Dono de belezas naturais exuberantes o rio de janeiro tem na floresta da tijuca uma de suas glórias. Na floresta da
tijuca podemos encontrar preservada áreas de:
a) Tundra
b) Savana
c) Deserto
d) Mata atlântica
e) Cerrado amazônico
02. Mata de baixada, restingas e manguezais podem ser encontradas preservadas nas seguintes localidades:
a) Madureira e Copacabana
b) Méier e Grumari
c) Prainha e Grumari
d) Copacabana e São Cristóvão
e) Penha e Barra da Tijuca
03. O ponto mais alto do relevo do Rio de Janeiro é:
a) Pico das agulhas negras
b) Pico maior de Friburgo
c) Pedra do sino
d) Pedra – Açu
e) Morro cara de cão
42
GEOGRAFIA
TEXTO 1
[...] Crateras imensas, chamadas de voçorocas, estão engolindo quilômetros de terras produtivas no Centro-Oeste do
país. É um alerta a todos que se preocupam com o meio ambiente. Do alto, um imenso tapete verde. É lavoura de soja que
só acaba na cabeceira de uma voçoroca.
[...] A delegacia do Meio Ambiente de Goiás sobrevoou nove municípios do estado. Localizou 50 voçorocas de todos
os tamanhos. Algumas até ganharam nome para facilitar a identificação. Uma delas, no município de Mineiros, é a Urtiga.
Dentro dela cabem cinco estádios de futebol, dos grandes. A profundidade em alguns pontos equivale a um prédio de
quinze andares. Os investigadores descobriram a área há cerca de três anos [...] e, desde então, eles vêm acompanhando o
avanço da degradação do meio ambiente.
[...] Outra voçoroca, que não tem nome, está perto do Parque Nacional das Emas, patrimônio natural da humanidade.
Não muito longe, há um trecho de cerrado virando deserto.
[...] O agricultor Milton Fries gastou R$ 800 mil reais na tentativa de controlar a Chitolina, uma das maiores voçorocas
do país. Ela tem 2,5 km de extensão e até 80 metros de largura.
A) não têm relação uma vez que o primeiro mostra um esquema de uso correto de solo de áreas íngremes e o segundo
trata do surgimento de voçorocas, crateras provocadas apenas pelas chuvas fortes sobre terrenos planos e argilosos como
os do Centro-Oeste do Brasil.
B) se complementam, pois evidenciam a erosão pluvial em áreas de relevo acidentado e solos litólicos lateríticos, are-
nosos e profundos, com grande incidência de chuvas. Trata-se de um contexto único que ocorre na região Centro-Oeste,
onde não há meteorização intensa.
C) têm íntima relação uma vez que abordam o uso incorreto do solo, o que poderá ocasionar a perda de milhares de
toneladas desse recurso, sobretudo em consequência do intemperismo químico, associado ao desgaste, transporte e acú-
mulo de sedimentos.
D) abordam o uso incorreto do solo que pode levar à formação de voçorocas, uma vez que, sendo provocadas pelas
chuvas, um fator natural, o movimento de massas é inevitável em áreas planas, de climas quentes e com alto índice de
pluviosidade, como o estado de Goiás.
43
GEOGRAFIA
06. (VUNESP) Assinale a alternativa que apresenta o (B) pela ação deliberada do Estado em fazer investi-
que têm em comum as seguintes cadeias montanhosas: mentos em infraestrutura nas áreas mais pobres como res-
Andes, Himalaia, Alpes e Rochosas. posta à necessidade de melhorar o equilíbrio intrarregional;
a) Geologicamente recentes e resultantes de desdobra- (C) pelos vetores externos comandados pelo capital
mentos. financeiro e pelas grandes corporações, que concentram
b) Geologicamente antigas e resultantes de desdobra- seus investimentos em pesquisa e tecnologia nos espaços
mentos. das suas matrizes;
c) Localizam-se nas porções orientais dos continentes (D) com a guerra fiscal entre as unidades da federação
por onde ocorrem. brasileira, que favorece os investimentos nas áreas mais di-
d) Geologicamente constituídas por terrenos cristali- nâmicas em detrimento das atividades das mais atrasadas;
nos antigos. (E) pelas migrações internas, que favorecem o desloca-
e) Os grandes desníveis foram provocados por falha- mento da força de trabalho mais qualificada para os bol-
mentos em terrenos cristalinos. sões tradicionais de emprego.
07. Área localizada entre as serras do Mar e Manti- 12. (GRF49) A Amazônia brasileira constitui imenso
queira. Ocupada por extensos cafezais no século passado, patrimônio de terras e de capital natural onde ocorrem dis-
atualmente se caracteriza por atividades pecuárias e gran- putas pelo uso do território segundo interesses de diferen-
de desenvolvimento urbano industrial. O texto se refere ao tes atores, que expressam visões distintas das potencialida-
Vale do Rio des desse patrimônio. Um grande conflito contemporâneo
a) Ribeira. ocorre entre:
b) Paranapanema. (A) os interesses dos seringueiros que exploram a relva
c) Paraíba do Sul. nativa e os investimentos nas plantações de novos serin-
d) Piracicaba. gais;
e) Jundiaí. (B) a atuação das ONGs nacionais que defendem as re-
servas de extrativistas e as internacionais que defendem a
08. Os terrenos cristalinos de origem proterozoica do
exploração da biodiversidade;
Brasil caracterizam-se:
(C) a fronteira do capital natural valorizado pela escala
a) por formarem extensas planícies aluvionais.
global e a fronteira de recursos ainda dominante na escala
b) pela grande riqueza em minerais metálicos.
nacional;
c) pelas altitudes superiores a 3000m.
(D) os plantadores de soja articulados com o merca-
d) pela ocorrência de combustíveis fósseis.
do internacional e os pecuaristas voltados para o mercado
e) pelo solo tipo terra roxa.
nacional;
09. Geomorfologicamente a Serra do Mar é classifica- (E) os investimentos privados para a expansão da fron-
da como: teira de recursos e os investimentos públicos na política de
a) uma escarpa de planalto. preservação do meio ambiente.
b) um altiplano.
c) uma sucessão de montanhas. 13. (GRF49) Ao longo do tempo, cada lugar é alvo de
d) uma bacia de sedimentação. um movimento de sucessivas divisões do trabalho que se
e) um dobramento terciário. superpõem em cortes temporais específicos. Isso quer di-
zer que formas novas convivem com formas antigas e as-
10. Os escudos ou maciços antigos brasileiros forma- sinalam, a cada momento histórico, distintas combinações
ram-se na era: técnicas e sociais do trabalho. No período atual, esse movi-
a) cenozoica mento é comandado por fluxos muitas vezes não materiais,
b) terciária compostos de:
c) pré-cambriana (A) capital, informações, ordens e mensagens;
d) mesozoica (B) pessoas, tecnologia, ideologia e cultura;
e) quaternária (C) poder, crenças, ajuda humanitária e solidariedade;
(D) trocas simbólicas, influência e bens materiais;
11. (GRF49) - No contexto atual existem forças que (E) inteligência, cooperação e solidariedade.
impactam de modo diferenciado a dinâmica regional do
Brasil, opondo o dinamismo de “ilhas dinâmicas” localiza- 14. (GRF49) Informações do Banco Mundial apontam
das nas distintas macro regiões às áreas menos competi- que as políticas protecionistas para a agricultura, pratica-
tivas. As forças que tendem a ampliar a heterogeneidade das pelos países desenvolvidos, causam anualmente sérios
intrarregional no país têm sido estimuladas: prejuízos para os países em desenvolvimento. A razão des-
(A) pela abertura comercial que favorece as áreas vol- ses subsídios é:
tadas para exportação e a seletividade dos investimentos (A) a proteção das culturas alimentares em pequenas
industriais devido à competitividade e às mudanças tec- propriedades familiares frente à competição dos grandes
nológicas; latifúndios do Terceiro Mundo;
44
GEOGRAFIA
(B) a proteção do trabalhador assalariado frente à super 18. Nos últimos dias o Supremo Tribunal Federal to-
exploração da mão-de-obra “escrava” nos países em desen- mou uma decisão sobre a Lei da Ficha Limpa que impedia
volvimento; 149 candidatos de tomar posse por causa de condenações
(C) o forte “lobby” dos produtores rurais nos parlamen- judiciais, assinale a decisão tomada pelo STF:
tos desses países que reforça a lógica nacionalista do capital a) Anulou
agrícola; b) Aumentou o prazo
(D) a proteção dos lucros dos produtores nacionais frente c) Impetrou
à maior competitividade dos produtos agrícolas de exporta- d) promulgou
ção dos países em desenvolvimento; e) sancionou
(E) o esgotamento dos solos da agricultura desses países,
que resulta em produtividade muito baixa e exigência de gran- 19. Com a visita do presidente Barack Obama a presi-
des investimentos de capital. denta Dilma bateu de frente com os EUA com dois assuntos
polêmicos:
15. A cidade do rio de janeiro tem, hoje, o status político de: a) A intervenção na crise política em Honduras e a De-
a) Capital da república fesa do programa nuclear iraniano.
b) Patrimônio da humanidade b) A exploração de petróleo da reserva Pré-sal e a cria-
c) Cidade irmã de Boston ção de novas usinas nucleares.
d) Capital cultural do Brasil c) A guerra cambial diante da baixa do dólar e o valor
e) Capital do estado do Rio de Janeiro da baixa taxa de importação.
d) A crise do dólar por causa das exportações e o in-
16. (GRF49) Em cerimônia no plenário da Câmara dos centivo as importações.
Deputados, em 5 de outubro de 1988, o deputado Ulysses e) Apoio ao governo da Líbia e o incentivo a constru-
Guimarães, presidente da Constituinte, declarou promulgada ções de novas usinas nucleares.
a nova Constituição. Sobre a Constituição Brasileira, analise as
afirmativas a seguir: 20. Leia a notícia a seguir.
I. Estabeleceu o Estado de direito, ou seja, uma estrutura A Comissão Europeia autorizou ontem a Espanha a
política e jurídica a serviço da liberdade e dos direitos indivi- barrar a entrada de trabalhadores da Romênia até o fim de
duais. 2012, depois de avaliar a “dramática situação” do desem-
II. Decidiu que os representantes do Poder Executivo, do prego no país, que chegou a 21%. É a primeira vez que a
Legislativo e do Judiciário seriam eleitos pelo voto direto e se- União Europeia permite a volta das fronteiras em um caso
creto dos cidadãos brasileiros. concreto desde que alguns países do Leste Europeu foram
III. Criou o Ministério Público que tem, entre suas atribui- incorporados ao bloco e a livre circulação transformou-se
ções, a defesa da sociedade contra os abusos do poder pú- em lei.
blico. (http://www.estadao.com.br)
IV. Aprovou medidas com vistas a reduzir as desigualdades
socioeconômicas, como a ampliação dos direitos trabalhistas. Além da Romênia e da Espanha, também fazem parte
As afirmativas corretas são somente: da União Europeia:
(A) I e III; (A) Suíça e Rússia.
(B) II e IV; (B) Noruega e Geórgia.
(C) I, II e III; (C) Portugal e Armênia.
(D) I, III e IV; (D) Macedônia e Ucrânia.
(E) I, II, III e IV. (E) França e Itália.
45
GEOGRAFIA
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
46
LÍNGUA PORTUGUESA
1. NORMA ORTOGRÁFICA..................................................................................................................................................................................... 01
2. MORFOSSINTAXE................................................................................................................................................................................................. 08
2.1. Classes de palavras..................................................................................................................................................................................... 08
2.2. Processos de derivação............................................................................................................................................................................ 08
2.3. Processos de flexão verbal e nominal................................................................................................................................................. 08
2.4. Concordância nominal e verbal............................................................................................................................................................. 08
2.5. Regência nominal e verbal...................................................................................................................................................................... 08
2.6. Coordenação e subordinação................................................................................................................................................................ 08
3. COLOCAÇÃO DAS PALAVRAS......................................................................................................................................................................... 08
4. CRASE....................................................................................................................................................................................................................... 71
5. PONTUAÇÃO......................................................................................................................................................................................................... 76
6. LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO....................................................................................................................................................... 79
7. ORGANIZAÇÃO TEXTUAL................................................................................................................................................................................. 84
7.1. Mecanismos de Coesão e Coerência.................................................................................................................................................. 84
8. FIGURAS DE LINGUAGEM................................................................................................................................................................................. 87
9. SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS...................................................................................................................................................................... 91
10. LITERATURA BRASILEIRA: desde as origens até a atualidade.......................................................................................................... 96
11. LITERATURA PORTUGUESA: desde as origens até o Primeiro Modernismo (século XX)....................................................108
LÍNGUA PORTUGUESA
O fonema z:
1. NORMA ORTOGRÁFICA.
Escreve-se com S e não com Z:
*os sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs-
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês,
ORTOGRAFIA freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa, etc.
*os sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, me-
A ortografia é a parte da língua responsável pela gra- tamorfose.
fia correta das palavras. Essa grafia baseia-se no padrão *as formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis,
culto da língua. quiseste.
As palavras podem apresentar igualdade total ou par- *nomes derivados de verbos com radicais terminados
cial no que se refere a sua grafia e pronúncia, mesmo ten- em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender -
do significados diferentes. Essas palavras são chamadas empresa / difundir - difusão
de homônimas (canto, do grego, significa ângulo / canto, *os diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís -
do latim, significa música vocal). As palavras homônimas Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis - lapisinho
dividem-se em homógrafas, quando têm a mesma grafia *após ditongos: coisa, pausa, pouso
(gosto, substantivo e gosto, 1ª pessoa do singular do verbo *em verbos derivados de nomes cujo radical termina
gostar) e homófonas, quando têm o mesmo som (paço, pa- com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar - pesquisar
lácio ou passo, movimento durante o andar).
Quanto à grafia correta em língua portuguesa, devem- Escreve-se com Z e não com S:
se observar as seguintes regras: *os sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adje-
tivo: macio - maciez / rico - riqueza
O fonema s: *os sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de
origem não termine com s): final - finalizar / concreto - con-
Escreve-se com S e não com C/Ç as palavras substan- cretizar
tivadas derivadas de verbos com radicais em nd, rg, rt, pel, *como consoante de ligação se o radical não terminar
corr e sent: pretender - pretensão / expandir - expansão / com s: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal ≠ lápis +
ascender - ascensão / inverter - inversão / aspergir aspersão inho - lapisinho
/ submergir - submersão / divertir - diversão / impelir - im-
pulsivo / compelir - compulsório / repelir - repulsa / recorrer O fonema j:
- recurso / discorrer - discurso / sentir - sensível / consentir
- consensual Escreve-se com G e não com J:
*as palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
Escreve-se com SS e não com C e Ç os nomes deri- gesso.
vados dos verbos cujos radicais terminem em gred, ced, *estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim.
prim ou com verbos terminados por tir ou meter: agredir *as terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com
- agressivo / imprimir - impressão / admitir - admissão / poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge.
ceder - cessão / exceder - excesso / percutir - percussão /
regredir - regressão / oprimir - opressão / comprometer - Observação: Exceção: pajem
compromisso / submeter - submissão *as terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio,
*quando o prefixo termina com vogal que se junta com litígio, relógio, refúgio.
a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimé- *os verbos terminados em ger e gir: eleger, mugir.
trico / re + surgir - ressurgir *depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur-
*no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exem- gir.
plos: ficasse, falasse *depois da letra “a”, desde que não seja radical termi-
nado com j: ágil, agente.
Escreve-se com C ou Ç e não com S e SS os vocábulos
de origem árabe: cetim, açucena, açúcar Escreve-se com J e não com G:
*os vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, *as palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
Juçara, caçula, cachaça, cacique *as palavras de origem árabe, africana ou exótica: ji-
*os sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu, boia, manjerona.
uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço, *as palavras terminada com aje: aje, ultraje.
esperança, carapuça, dentuço
*nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / O fonema ch:
deter - detenção / ater - atenção / reter - retenção
*após ditongos: foice, coice, traição Escreve-se com X e não com CH:
*palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r): *as palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba-
marte - marciano / infrator - infração / absorto - absorção caxi, muxoxo, xucro.
1
LÍNGUA PORTUGUESA
*as palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J): Confira o dia e a estação em que os artistas se apresen-
xampu, lagartixa. tarão e divirta-se!
*depois de ditongo: frouxo, feixe. Para que o texto atenda à norma-padrão, devem-se
*depois de “en”: enxurrada, enxoval. preencher as lacunas, correta e respectivamente, com as
expressões
Observação: Exceção: quando a palavra de origem A) A fim ...a partir ... as
não derive de outra iniciada com ch - Cheio - (enchente) B) A fim ...à partir ... às
C) A fim ...a partir ... às
Escreve-se com CH e não com X: D) Afim ...a partir ... às
*as palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, E) Afim ...à partir ... as
chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
04. Assinale a alternativa que não apresenta erro de
As letras e e i: ortografia:
A) Ela interrompeu a reunião derrepente.
*os ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. B) O governador poderá ter seu mandato caçado.
Com “i”, só o ditongo interno cãibra. C) Os espectadores aplaudiram o ministro.
*os verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são D) Saiu com descrição da sala.
escritos com “e”: caçoe, tumultue. Escrevemos com “i”, os
verbos com infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói, possui. 05.Em qual das alternativas a frase está corretamente
- atenção para as palavras que mudam de sentido escrita?
quando substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (su- A) O mindingo não depositou na cardeneta de pou-
perfície), ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expan- pansa.
dir) / emergir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de B) O mendigo não depositou na caderneta de poupan-
estância, que anda a pé), pião (brinquedo). ça.
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupans-
Fonte: sa.
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
D) O mendingo não depozitou na carderneta de pou-
tografia
pansa.
Questões sobre Ortografia
06. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
LO – ADVOGADO - VUNESP/2013) Analise a propaganda
01. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013) Assinale a alter-
do programa 5inco Minutos.
nativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas
do trecho a seguir, de acordo com a norma-padrão.
Além disso, ___certamente ____entre nós ____do fenôme-
no da corrupção e das fraudes.
(A) a … concenso … acerca
(B) há … consenso … acerca
(C) a … concenso … a cerca
(D) a … consenso … há cerca
(E) há … consenço … a cerca
2
LÍNGUA PORTUGUESA
3
LÍNGUA PORTUGUESA
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudo prefixo D) Nossos antepassados realizaram vários anteproje-
termina na mesma vogal do segundo elemento: micro-on- tos.
das, eletro-ótica, semi-interno, auto-observação, etc. E) O autodidata fez uma autoanálise.
Obs: O hífen é suprimido quando para formar outros 03.Assinale a alternativa incorreta quanto ao emprego
termos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar. do hífen, respeitando-se o novo Acordo.
A) O semi-analfabeto desenhou um semicírculo.
- Lembre-se: ao separar palavras na translineação (mu- B) O meia-direita fez um gol de sem-pulo na semifinal
dança de linha), caso a última palavra a ser escrita seja for- do campeonato.
mada por hífen, repita-o na próxima linha. Exemplo: escre- C) Era um sem-vergonha, pois andava seminu.
verei anti-inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. Na D) O recém-chegado veio de além-mar.
linha debaixo escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas E) O vice-reitor está em estado pós-operatório.
as linhas).
04.Segundo o novo Acordo, entre as palavras pão duro
Não se emprega o hífen:
(avarento), copo de leite (planta) e pé de moleque (doce) o
hífen é obrigatório:
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo
termina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou A) em nenhuma delas.
“s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: antir- B) na segunda palavra.
religioso, contrarregra, infrassom, microssistema, minissaia, C) na terceira palavra.
microrradiografia, etc. D) em todas as palavras.
E) na primeira e na segunda palavra.
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se com 05.Fez um esforço __ para vencer o campeonato __.
vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoes- Qual alternativa completa corretamente as lacunas?
trada, autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoes- A) sobreumano/interregional
cola, infraestrutura, etc. B) sobrehumano-interregional
C) sobre-humano / inter-regional
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos D) sobrehumano/ inter-regional
“dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o h inicial: desu- E) sobre-humano /interegional
mano, inábil, desabilitar, etc.
GABARITO
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
o segundo elemento começar com “o”: cooperação, coo-
brigação, coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, 01. B 02. B 03. A 04. E 05. C
etc.
RESOLUÇÃO
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
de composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedis- 1-)
ta, etc. A) autocrítica
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei- C) pontapé
to, benquerer, benquerido, etc.
D) supermercado
E) infravermelhos
Questões sobre Hífen
2-)B) Nas circunvizinhanças há uma casa mal-assom-
01.Assinale a alternativa em que o hífen, conforme o
novo Acordo, está sendo usado corretamente: brada.
A) Ele fez sua auto-crítica ontem. 3-) A) O semianalfabeto desenhou um semicírculo.
B) Ela é muito mal-educada.
C) Ele tomou um belo ponta-pé. 4-)
D) Fui ao super-mercado, mas não entrei. a) pão-duro / b) copo-de-leite (planta) / c) pé de mo-
E) Os raios infra-vermelhos ajudam em lesões. leque (doce)
a) Usa-se o hífen nas palavras compostas que não
02.Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do apresentam elementos de ligação.
hífen: b) Usa-se o hífen nos compostos que designam espé-
A) Pelo interfone ele comunicou bem-humorado que cies animais e botânicas (nomes de plantas, flores, frutos,
faria uma superalimentação. raízes, sementes), tenham ou não elementos de ligação.
B) Nas circunvizinhanças há uma casa malassombrada. c) Não se usa o hífen em compostos que apresentam
C) Depois de comer a sobrecoxa, tomou um antiácido. elementos de ligação.
4
LÍNGUA PORTUGUESA
5-) Fez um esforço sobre-humano para vencer o cam- acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”,
peonato inter-regional. “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: Ex.:
- Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h. tâmara – Atlântico – pêssego – supôs
- Usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma
letra com que se inicia a outra palavra acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com
artigos e pronomes. Ex.: à – às – àquelas – àqueles
ACENTUAÇÃO
trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi total-
A acentuação é um dos requisitos que perfazem as re- mente abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado
gras estabelecidas pela Gramática Normativa. Esta se com-
em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros. Ex.:
põe de algumas particularidades, às quais devemos estar
mülleriano (de Müller)
atentos, procurando estabelecer uma relação de familia-
ridade e, consequentemente, colocando-as em prática na
linguagem escrita. til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vo-
À medida que desenvolvemos o hábito da leitura e a gais nasais. Ex.: coração – melão – órgão – ímã
prática de redigir, automaticamente aprimoramos essas
competências, e logo nos adequamos à forma padrão. Regras fundamentais:
5
LÍNGUA PORTUGUESA
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti- 03. Em “O resultado da experiência foi, literalmen-
verem seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha. te, aterrador.” a palavra destacada encontra-se acentuada
pelo mesmo motivo que:
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem A) túnel
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba B) voluntário
As formas verbais que possuíam o acento tônico na C) até
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de D) insólito
“e” ou “i” não serão mais acentuadas. Ex.: E) rótulos
6
LÍNGUA PORTUGUESA
7
LÍNGUA PORTUGUESA
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acor-
Observe alguns deles: do com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos
Estados e cidades brasileiros: substantivos simples. Por exemplo: mau e maus, feliz e feli-
Alagoas alagoano zes, ruim e ruins boa e boas
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça
Amazonas amazonense ou baré função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra
Belo Horizonte belo-horizontino que estiver qualificando um elemento for, originalmente,
Brasília brasiliense um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo:
Cabo Frio cabo-friense a palavra cinza é originalmente um substantivo; porém, se
Campinas campineiro ou campinense estiver qualificando um elemento, funcionará como adje-
tivo. Ficará, então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos
Adjetivo Pátrio Composto cinza.
Veja outros exemplos:
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro Motos vinho (mas: motos verdes)
elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, eru- Paredes musgo (mas: paredes brancas).
dita. Observe alguns exemplos: Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
8
LÍNGUA PORTUGUESA
9
LÍNGUA PORTUGUESA
ou érrimo. Por exemplo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em
forma popular é constituída do radical do adjetivo portu- quando, de quando em quando, a qualquer momento, de
guês + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. tempos em tempos, em breve, hoje em dia
3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, preca- de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá,
riíssimo, necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí,
as formas seríssimo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o de- abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures,
sagradável hiato i-í. adentro, afora, alhures, nenhures, aquém, embaixo, exter-
namente, a distância, à distancia de, de longe, de perto, em
Advérbio cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta
de negação : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum
O advérbio, assim como muitas outras palavras exis-
de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, provavel-
tentes na Língua Portuguesa, advém de outras línguas.
mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe
Assim sendo, tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a
de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, efe-
ideia de proximidade, contiguidade. Essa proximidade faz tivamente, certo, decididamente, realmente, deveras, indubi-
referência ao processo verbal, no sentido de caracterizá-lo, tavelmente (=sem dúvida).
ou seja, indicando as circunstâncias em que esse processo de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, so-
se desenvolve. mente, simplesmente, só, unicamente
O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no sen- de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam-
tido de caracterizar os processos expressos por ele. Contu- bém
do, ele não é modificador exclusivo desta classe (verbos), de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente
pois também modifica o adjetivo e até outro advérbio. Se- de designação: Eis
guem alguns exemplos: de interrogação: onde? (lugar), como? (modo), quan-
Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto, do? (tempo), por quê? (causa), quanto? (preço e intensidade),
você está até bem informado. para quê? (finalidade)
Temos o advérbio “distantemente” que modifica o ad-
jetivo alheio, representando uma qualidade, característica. Locução adverbial
O artista canta muito mal. É reunião de duas ou mais palavras com valor de ad-
vérbio. Exemplo:
Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifi-
Carlos saiu às pressas. (indicando modo)
ca outro advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos
Maria saiu à tarde. (indicando tempo)
pudemos verificar que se tratava de somente uma palavra
funcionando como advérbio. No entanto, ele pode estar Há locuções adverbiais que possuem advérbios corres-
demarcado por mais de uma palavra, que mesmo assim pondentes. Exemplo: Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu
não deixará de ocupar tal função. Temos aí o que chama- apressadamente.
mos de locução adverbial, representada por algumas ex- Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de
pressões, tais como: às vezes, sem dúvida, frente a frente, de modo são flexionados, sendo que os demais são todos in-
modo algum, entre outras. variáveis. A única flexão propriamente dita que existe na
Dependendo das circunstâncias expressas pelos advér- categoria dos advérbios é a de grau:
bios, eles se classificam em distintas categorias, uma vez Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe
expressas por: - longíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente -
de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pres- inconstitucionalissimamente, etc.;
sas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos Diminutivo: diminui a intensidade. Exemplos: perto -
poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, pertinho, pouco - pouquinho, devagar - devagarinho.
frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior
parte dos que terminam em -”mente”: calmamente, triste- Artigo
mente, propositadamente, pacientemente, amorosamente,
docemente, escandalosamente, bondosamente, generosa- Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo,
indica se ele está sendo empregado de maneira definida ou
mente
indefinida. Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o
de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em
gênero e o número dos substantivos.
excesso, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto,
quão, tanto, que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, Classificação dos Artigos
de todo, de muito, por completo.
de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora, Artigos Definidos: determinam os substantivos de
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, maneira precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal.
doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, en- Artigos Indefinidos: determinam os substantivos de
fim, afinal, breve, constantemente, entrementes, imediata- maneira vaga: um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu matei
mente, primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às um animal.
10
LÍNGUA PORTUGUESA
Morfossintaxe
- Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do
numeral “ambos”: Ambos os garotos decidiram participar
Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas
das olimpíadas.
relações com o substantivo. Assim, nas orações da língua
portuguesa, o artigo exerce a função de adjunto adnominal
- Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso
do substantivo a que se refere. Tal função independe da
do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza,
função exercida pelo substantivo:
A Bahia...
A existência é uma poesia.
Uma existência é a poesia.
- Quando indicado no singular, o artigo definido pode
indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem. Conjunção
- No caso de nomes próprios personativos, denotando Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso ou dois termos semelhantes de uma mesma oração. Por
do artigo: O Pedro é o xodó da família. exemplo:
A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as
- No caso de os nomes próprios personativos estarem amiguinhas.
no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias,
os Incas, Os Astecas... Deste exemplo podem ser retiradas três informações:
1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu
- Usa-se o artigo depois do pronome indefinido to- as amiguinhas
do(a) para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele
(o artigo), o pronome assume a noção de qualquer. Cada informação está estruturada em torno de um ver-
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) bo: segurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três ora-
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- ções:
dos. (qualquer classe) 1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e
mostrou 3ª oração: quando viu as amiguinhas.
- Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e
facultativo: a terceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”.
Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo. As palavras “e” e “quando” ligam, portanto, orações.
Observe: Gosto de natação e de futebol.
- A utilização do artigo indefinido pode indicar uma Nessa frase as expressões de natação, de futebol são
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve ter partes ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra
é uns vinte anos. “e” está ligando termos de uma mesma oração.
11
LÍNGUA PORTUGUESA
12
LÍNGUA PORTUGUESA
No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo. A ideia expressa pela interjeição depende muitas ve-
Toda sua raiva se traduz numa palavra: Droga! Ele poderia zes da entonação com que é pronunciada; por isso, pode
ter dito: - Estou com muita raiva de você! Mas usou sim- ocorrer que uma interjeição tenha mais de um sentido. Por
plesmente uma palavra. Ele empregou a interjeição Droga! exemplo:
As sentenças da língua costumam se organizar de for- Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contra-
ma lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e riedade)
os distribui em posições adequadas a cada um deles. As in- Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria)
terjeições, por outro lado, são uma espécie de “palavra-fra-
se”, ou seja, há uma ideia expressa por uma palavra (ou um Classificação das Interjeições
conjunto de palavras - locução interjetiva) que poderia ser
colocada em termos de uma sentença. Veja os exemplos: Comumente, as interjeições expressam sentido de:
Bravo! Bis! - Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!,
bravo e bis: interjeição = sentença (sugestão): “Foi Atenção!, Olha!, Alerta!
muito bom! Repitam!” - Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!
Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé... ai: interjeição = senten- - Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva!
ça (sugestão): “Isso está doendo!” ou “Estou com dor!” - Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!
A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em - Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!,
Eia!, Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca!
que não há uma ideia organizada de maneira lógica, como
- Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!,
são as sentenças da língua, mas sim a manifestação de um
Boa!
suspiro, um estado da alma decorrente de uma situação
- Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã!
particular, um momento ou um contexto específico. Exem-
- Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!,
plos:
Safa!, Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora!
Ah, como eu queria voltar a ser criança!
- Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
- Desculpa: Perdão!
Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
- Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!,
hum: expressão de um pensamento súbito = interjei- Oh!, Eh!
ção - Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!,
Epa!, Ora!
O significado das interjeições está vinculado à maneira - Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!,
como elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que Quê!, Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?,
dita o sentido que a expressão vai adquirir em cada contex- Cruz!, Putz!
to de enunciação. Exemplos: - Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!,
Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expres- Raios!, Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora!
são na rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te - Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade!
chamando! Ei, espere!” - Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!,
Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expres- Adeus!, Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-
são em um hospital; significado da interjeição (sugestão): me, Deus!
“Por favor, faça silêncio!” - Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio!
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio! - Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh!
puxa: interjeição; tom da fala: euforia
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte! Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto
puxa: interjeição; tom da fala: decepção é, não sofrem variação em gênero, número e grau como
os nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções: e voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al-
1) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria, gumas interjeições sofrem variação em grau. Deve-se ter
tristeza, dor, etc. claro, neste caso, que não se trata de um processo natural
Você faz o que no Brasil? dessa classe de palavra, mas tão só uma variação que a
Eu? Eu negocio com madeiras. linguagem afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo,
Ah, deve ser muito interessante. até loguinho.
13
LÍNGUA PORTUGUESA
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma Numeral é a palavra que indica os seres em termos
expressão com sentido de interjeição. Por exemplo : Ora numéricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os
bolas! Quem me dera! Virgem Maria! Meu Deus! situa em determinada sequência.
Ó de casa! Ai de mim! Valha-me Deus! Graças a Deus! Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco.
Alto lá! Muito bem! [quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”]
14
LÍNGUA PORTUGUESA
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e con-
seguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas do
medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas terças
partes
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sen-
tido. É o que ocorre em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)
*Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo
e a partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo:
Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são lar-
gamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância da solidariedade. Ambos agora participam das atividades
comunitárias de seu bairro.
Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.
15
LÍNGUA PORTUGUESA
Preposição
Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normal-
mente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura
da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.
Tipos de Preposição
1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, con-
tra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições: como, durante,
exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma
delas: abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor
de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.
A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto pode unir-se a outras palavras e assim estabelecer concordância
em gênero ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela.
Vale ressaltar que essa concordância não é característica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com outra palavra pode se dar a partir de dois processos:
Preposição + Artigos
De + o(s) = do(s)
De + a(s) = da(s)
De + um = dum
De + uns = duns
De + uma = duma
De + umas = dumas
Em + o(s) = no(s)
Em + a(s) = na(s)
Em + um = num
Em + uma = numa
16
LÍNGUA PORTUGUESA
1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome Essa moça morava nos meus sonhos!
pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a” [qualificação do nome]
seja um artigo, virá precedendo um substantivo. Ele servirá
para determiná-lo como um substantivo singular e femi- Grande parte dos pronomes não possuem significados
nino. fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro
de um contexto, o qual nos permite recuperar a referên-
A dona da casa não quis nos atender.
cia exata daquilo que está sendo colocado por meio dos
Como posso fazer a Joana concordar comigo?
pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos pro-
nomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes
- Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
têm por função principal apontar para as pessoas do dis-
termos e estabelece relação de subordinação entre eles. curso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação
Cheguei a sua casa ontem pela manhã. no tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica,
Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para pro- os pronomes apresentam uma forma específica para cada
curar um tratamento adequado. pessoa do discurso.
- Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
lugar e/ou a função de um substantivo. [minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala]
Temos Maria como parte da família. / Nós a temos como
parte da família Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. [tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se
/ Creio que a conhecemos melhor que ninguém. fala]
17
LÍNGUA PORTUGUESA
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
se fala] dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
me até aqui”.
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme- Obs.: frequentemente observamos a omissão do pro-
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência nome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as pró-
através do pronome seja coerente em termos de gênero prias formas verbais marcam, através de suas desinências,
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto, as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado. boa viagem. (Nós)
18
LÍNGUA PORTUGUESA
No português do Brasil, essas combinações não são - A combinação da preposição “com” e alguns prono-
usadas; até mesmo na língua literária atual, seu emprego mes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo,
é muito raro. conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos fre-
quentemente exercem a função de adjunto adverbial de
Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas companhia.
especiais depois de certas terminações verbais. Quando o Ele carregava o documento consigo.
verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome assume a forma
lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a terminação verbal - As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
é suprimida. Por exemplo: por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais
fiz + o = fi-lo são reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios,
fazeis + o = fazei-lo todos, ambos ou algum numeral.
dizer + a = dizê-la
Você terá de viajar com nós todos.
Quando o verbo termina em som nasal, o pronome as- Estávamos com vós outros quando chegaram as más
sume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo: notícias.
viram + o: viram-no Ele disse que iria com nós três.
repõe + os = repõe-nos
retém + a: retém-na Pronome Reflexivo
tem + as = tem-nas
São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
Pronome Oblíquo Tônico nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito
da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos expressa pelo verbo.
por preposições, em geral as preposições a, para, de e com. O quadro dos pronomes reflexivos é assim configura-
Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função
do:
de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica
- 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
forte.
Eu não me vanglorio disso.
Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.
quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim con-
figurado:
- 2ª pessoa do singular (tu): te, ti.
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
Assim tu te prejudicas.
- 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
Conhece a ti mesmo.
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
- 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.
- 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas Guilherme já se preparou.
Ela deu a si um presente.
Observe que as únicas formas próprias do pronome tô- Antônio conversou consigo mesmo.
nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As
demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto. - 1ª pessoa do plural (nós): nos.
- As preposições essenciais introduzem sempre prono- Lavamo-nos no rio.
mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da - 2ª pessoa do plural (vós): vos.
língua formal, os pronomes costumam ser usados desta Vós vos beneficiastes com a esta conquista.
forma:
Não há mais nada entre mim e ti. - 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. Eles se conheceram.
Não há nenhuma acusação contra mim. Elas deram a si um dia de folga.
Não vá sem mim.
A Segunda Pessoa Indireta
Atenção: Há construções em que a preposição, apesar
de surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se
uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o quando utilizamos pronomes que, apesar de indicarem
verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pro- nosso interlocutor (portanto, a segunda pessoa), utilizam
nome, deverá ser do caso reto. o verbo na terceira pessoa. É o caso dos chamados prono-
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. mes de tratamento, que podem ser observados no quadro
Não vá sem eu mandar. seguinte:
19
LÍNGUA PORTUGUESA
Pronomes de Tratamento
Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no
tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são largamente empregados no português
do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito
à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.
Observações:
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em rela-
ção à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.
*Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.
- Os pronomes de tratamento representam uma forma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratar-
mos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos endereçando à excelência que esse deputado suposta-
mente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
- 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a
3ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar
na 3ª pessoa.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do
texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, não
poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (errado)
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus cabelos. (correto)
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (correto)
Pronomes Possessivos
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa
possuída).
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular)
20
LÍNGUA PORTUGUESA
Observações: No tempo:
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resul- Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se
tar da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, refere ao ano presente.
seu José. Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se
refere a um passado próximo.
2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele
posse. Podem ter outros empregos, como: está se referindo a um passado distante.
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
- Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 invariáveis, observe:
anos. Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
la(s).
Invariáveis: isto, isso, aquilo.
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
- Também aparecem como pronomes demonstrativos:
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
o pronome possessivo fica na 3ª pessoa: Vossa Excelência Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
trouxe sua mensagem? Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela
que te indiquei.)
4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi-
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e - mesmo(s), mesma(s): Estas são as mesmas pessoas
anotações. que o procuraram ontem.
21
LÍNGUA PORTUGUESA
22
LÍNGUA PORTUGUESA
- Os pronomes relativos permitem reunir duas orações A colocação pronominal é a posição que os prono-
numa só frase. mes pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação
O futebol é um esporte. ao verbo a que se referem. São pronomes oblíquos átonos:
O povo gosta muito deste esporte. me, te, se, o, os, a, as, lhe, lhes, nos e vos.
O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. O pronome oblíquo átono pode assumir três posições
na oração em relação ao verbo:
- Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode 1. próclise: pronome antes do verbo
ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de 2. ênclise: pronome depois do verbo
gente que conversava, (que) ria, (que) fumava. 3. mesóclise: pronome no meio do verbo
23
LÍNGUA PORTUGUESA
Próclise Mesóclise
A próclise é aplicada antes do verbo quando temos: A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado
- Palavras com sentido negativo: no futuro do presente ou no futuro do pretérito:
Nada me faz querer sair dessa cama. A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela
Não se trata de nenhuma novidade. se realizará)
Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma
- Advérbios: proposta a você)
Nesta casa se fala alemão.
Naquele dia me falaram que a professora não veio. Questões sobre Pronome
24
LÍNGUA PORTUGUESA
04. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VUNESP – 2013). 09. (TRF 3ª REGIÃO- TÉCNICO JUDICIÁRIO - /2014)
Assinale a alternativa em que o pronome destacado está As sereias então devoravam impiedosamente os tripu-
posicionado de acordo com a norma-padrão da língua. lantes.
(A) Ela não lembrava-se do caminho de volta. ... ele conseguiu impedir a tripulação de perder a ca-
(B) A menina tinha distanciado-se muito da família. beça...
(C) A garota disse que perdeu-se dos pais. ... e fez de tudo para convencer os tripulantes...
(D) O pai alegrou-se ao encontrar a filha.
(E) Ninguém comprometeu-se a ajudar a criança. Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
grifados acima foram corretamente substituídos por um
05. (ESCREVENTE TJ SP – VUNESP 2011). Assinale a pronome, na ordem dada, em:
alternativa cujo emprego do pronome está em conformi- (A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
dade com a norma padrão da língua. (B) devoravam-lhe − impedi-las − convencer-lhes
(A) Não autorizam-nos a ler os comentários sigilosos. (C) devoravam-no − impedi-las − convencer-lhes
(B) Nos falaram que a diplomacia americana está aba- (D) devoravam-nos − impedir-lhe − convencê-los
lada. (E) devoravam-lhes − impedi-la − convencê-los
(C) Ninguém o informou sobre o caso WikiLeaks.
(D) Conformado, se rendeu às punições. 10. (AGENTE DE VIGILÂNCIA E RECEPÇÃo – VUNESP
(E) Todos querem que combata-se a corrupção. – 2013- adap.). No trecho, – Em ambos os casos, as câmeras
dos estabelecimentos felizmente comprovam os aconteci-
06. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL - VUNESP - 2013). mentos, e testemunhas vão ajudar a polícia na investiga-
Assinale a alternativa correta quanto à colocação pronomi- ção. – de acordo com a norma-padrão, os pronomes que
nal, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. substituem, corretamente, os termos em destaque são:
(A) Para que se evite perder objetos, recomenda-se A) os comprovam … ajudá-la.
que eles sejam sempre trazidos junto ao corpo. B) os comprovam …ajudar-la.
(B) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situa- C) os comprovam … ajudar-lhe.
ção de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida. D) lhes comprovam … ajudar-lhe.
(C) Nos sentimos impotentes quando não consegui- E) lhes comprovam … ajudá-la.
mos restituir um objeto à pessoa que o perdeu.
(D) O homem se indignou quando propuseram-lhe GABARITO
que abrisse a bolsa que encontrara.
(E) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma 01. C 02. E 03. C 04. D 05. C
tendência natural das pessoas em devolvê-los a seus do- 06. A 07. C 08. E 09. A 10. A
nos.
RESOLUÇÃO
07. (AGENTE DE APOIO OPERACIONAL – VUNESP –
2013). 1-)
Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produ- Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro,
tos______ não necessitam e______ tendo de pagar tudo______ não está claro até onde pode realmente chegar uma po-
prazo. lítica baseada em melhorar a eficiência sem preços ade-
Assinale a alternativa que preenche as lacunas, correta quados para o carbono, a água e (na maioria dos países
e respectivamente, considerando a norma culta da língua. pobres) a terra. É verdade que mesmo que a ameaça dos
A) a que … acaba … à preços do carbono e da água faça em si diferença, as com-
B) com que … acabam … à panhias não podem suportar ter de pagar, de repente, di-
C) de que … acabam … a gamos, 40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer
D) em que … acaba … a preparação. Portanto, elas começam a usar preços-som-
E) dos quais … acaba … à bra. Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma-
neira de quantificar adequadamente os insumos básicos.
08. (AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO – VUNESP E sem eles a maioria das políticas de crescimento verde
– 2013-adap.). Assinale a alternativa que substitui, correta e sempre será a segunda opção.
respectivamente, as lacunas do trecho.
______alguns anos, num programa de televisão, uma jo- 2-)
vem fazia referência______ violência______ o brasileiro estava A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-los
sujeito de forma cômica. B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-os
A) Fazem... a ... de que desalentado
B) Faz ...a ... que C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de
C) Fazem ...à ... com que conhecê-las ?
D) Faz ...à ... que D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
E) Faz ...à ... a que parecia sê-lo
25
LÍNGUA PORTUGUESA
26
LÍNGUA PORTUGUESA
Observe agora:
Beleza exposta
Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual.
Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que dependem de outros para se manifestar ou existir.
Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou
coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser para se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo abstrato.
Os substantivos abstratos designam estados, qualidades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser abstraí-
dos, e sem os quais não podem existir: vida (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento).
3 - Substantivos Coletivos
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra abelha, mais outra abelha.
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi necessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, mais
outra abelha...
No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural.
No terceiro caso, empregou-se um substantivo no singular (enxame) para designar um conjunto de seres da mesma
espécie (abelhas).
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mesmo estando no singular, designa um conjunto de seres da mes-
ma espécie.
27
LÍNGUA PORTUGUESA
O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de nenhum outro dentro de língua portuguesa.
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O substan-
tivo limoeiro é derivado, pois se originou a partir da palavra limão.
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de outra palavra.
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por exemplo,
pode sofrer variações para indicar:
Plural: meninos Feminino: menina
Aumentativo: meninão Diminutivo: menininho
Flexão de Gênero
Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar sexo real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há dois
gêneros: masculino e feminino. Pertencem ao gênero masculino os substantivos que podem vir precedidos dos artigos o,
os, um, uns. Veja estes títulos de filmes:
28
LÍNGUA PORTUGUESA
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que - Substantivos que formam o feminino trocando o -e
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas: final por -a: elefante - elefanta
A história sem fim
Uma cidade sem passado - Substantivos que têm radicais diferentes no masculi-
As tartarugas ninjas no e no feminino: bode – cabra / boi - vaca
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes - Substantivos que formam o feminino de maneira es-
pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar no- czar – czarina réu - ré
mes de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está
relacionado ao sexo do ser, havendo, portanto, duas for- Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes
mas, uma para o masculino e outra para o feminino. Obser-
ve: gato – gata, homem – mulher, poeta – poetisa, prefeito Epicenos:
- prefeita Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso
uma única forma, que serve tanto para o masculino quanto ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma
para o feminino. Classificam-se em: para indicar o masculino e o feminino.
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
- Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos: a para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha-
mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver
cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré
a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras
fêmea.
macho e fêmea.
- Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pes-
A cobra macho picou o marinheiro.
soas: a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio,
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
o ídolo, o indivíduo.
- Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pes-
Sobrecomuns:
soas por meio do artigo: o colega e a colega, o doente e a
Entregue as crianças à natureza.
doente, o artista e a artista.
A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo mas-
Saiba que: Substantivos de origem grega terminados culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem
em ema ou oma, são masculinos: o fonema, o poema, o o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o
sistema, o sintoma, o teorema. sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
- Existem certos substantivos que, variando de gêne- A criança chorona chamava-se João.
ro, variam em seu significado: o rádio (aparelho receptor) A criança chorona chamava-se Maria.
e a rádio (estação emissora) o capital (dinheiro) e a capital
(cidade) Outros substantivos sobrecomuns:
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes criatura.
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
- Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno Marcela faleceu
- aluna.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao Comuns de Dois Gêneros:
masculino: freguês - freguesa Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
de três formas: Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma
- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme.
-troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona A distinção de gênero pode ser feita através da análise
Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti-
- sultana vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem
- uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran-
- Substantivos terminados em -or: cês - repórter francesa
- acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora - A palavra personagem é usada indistintamente nos
- troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz dois gêneros.
29
LÍNGUA PORTUGUESA
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada (recipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente
preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens (vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade,
os personagens dos contos de carochinha. bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o femini- nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva
no: O problema está nas mulheres de mais idade, que não a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala
aceitam a personagem. (poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, antepa-
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo ro), o rádio (aparelho receptor), a rádio (estação emissora), o
fotográfico Ana Belmonte. voga (remador), a voga (moda, popularidade).
Observe o gênero dos substantivos seguintes:
Flexão de Número do Substantivo
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó
(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o Em português, há dois números gramaticais: o singular,
maracajá, o clã, o hosana, o herpes, o pijama, o suéter, o que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
soprano, o proclama, o pernoite, o púbis. indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica
do plural é o “s” final.
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a
cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido, Plural dos Substantivos Simples
a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
- São geralmente masculinos os substantivos de ori- “n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo- ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon
grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o - cânones.
telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o - Os substantivos terminados em “m” fazem o plural
eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o traco- em “ns”: homem - homens.
ma, o hematoma.
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu-
ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
Atenção: O plural de caráter é caracteres.
Gênero dos Nomes de Cidades
- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
Com raras exceções, nomes de cidades são femininos.
se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
A histórica Ouro Preto.
col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul
A dinâmica São Paulo.
e cônsules.
A acolhedora Porto Alegre.
Uma Londres imensa e triste. - Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. duas maneiras:
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
Gênero e Significação - Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
Muitos substantivos têm uma significação no masculi- Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas
no e outra no feminino. Observe: o baliza (soldado que, que maneiras: répteis ou reptis (pouco usada).
à frente da tropa, indica os movimentos que se deve realizar
em conjunto; o que vai à frente de um bloco carnavalesco, - Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
manejando um bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que duas maneiras:
marca um limite ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe), - Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
a cabeça (parte do corpo), o cisma (separação religiosa, dissi- acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
dência), a cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor - Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva-
cinzenta), a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinhei- riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
ro), a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma
(cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), - Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural
a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na de três maneiras.
administração da crisma e de outros sacramentos), a crisma - substituindo o -ão por -ões: ação - ações
(sacramento da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de - substituindo o -ão por -ães: cão - cães
curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície - substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
de vegetação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (docu-
mento, pena grande das asas das aves), o grama (unidade de - Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis:
peso), a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa o látex - os látex.
30
LÍNGUA PORTUGUESA
- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando Plural dos Nomes Próprios Personativos
formados de:
substantivo + preposição clara + substantivo = água- Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
de-colônia e águas-de-colônia sempre que a terminação preste-se à flexão.
substantivo + preposição oculta + substantivo = cava- Os Napoleões também são derrotados.
lo-vapor e cavalos-vapor As Raquéis e Esteres.
substantivo + substantivo que funciona como deter-
minante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo Plural dos Substantivos Estrangeiros
do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba
-relógio - bombas-relógio, notícia-bomba - notícias-bomba, Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es-
homem-rã - homens-rã, peixe-espada - peixes-espada. critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exce-
to quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os
- Permanecem invariáveis, quando formados de:
jazz.
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa-
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acor-
ca-rolhas
do com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os
- Casos Especiais jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons,
o louva-a-deus e os louva-a-deus os réquiens.
o bem-te-vi e os bem-te-vis Observe o exemplo:
o bem-me-quer e os bem-me-queres Este jogador faz gols toda vez que joga.
o joão-ninguém e os joões-ninguém. O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras Certos substantivos formam o plural com mudança de
classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam, timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato
no plural, as flexões próprias dos substantivos. fonético chamado metafonia (plural metafônico).
31
LÍNGUA PORTUGUESA
corpo (ô) corpos (ó) Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pessoa,
esforço esforços número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros
fogo fogos processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover);
forno fornos ocorrência (nascer); desejo (querer).
fosso fossos
imposto impostos O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não
olho olhos os seus possíveis significados. Observe que palavras como
osso (ô) ossos (ó) corrida, chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo
ovo ovos ao de alguns verbos mencionados acima; não apresentam,
poço poços porém, todas as possibilidades de flexão que esses verbos
porto portos possuem.
posto postos
tijolo tijolos Estrutura das Formas Verbais
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol- Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc. apresentar os seguintes elementos:
32
LÍNGUA PORTUGUESA
Classificação dos Verbos * Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conju-
gam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do
Classificam-se em: plural.
A fruta amadureceu.
- Regulares: são aqueles que possuem as desinências As frutas amadureceram.
normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca alte-
rações no radical: canto cantei cantarei cantava Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como
cantasse. verbos pessoais na linguagem figurada: Teu irmão amadu-
receu bastante.
- Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca altera-
ções no radical ou nas desinências: faço fiz farei fi- Entre os unipessoais estão os verbos que significam
zesse. vozes de animais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodi-
lo, cacarejar: galinha, coaxar: sapo, cricrilar: grilo
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conju-
gação completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais Os principais verbos unipessoais são:
e pessoais: 1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser
* Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Nor- (preciso, necessário, etc.):
malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos
principais verbos impessoais são: bastante.)
** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali- Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
zar-se ou fazer (em orações temporais). É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram) 2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, segui-
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão) dos da conjunção que.
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz) Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de
fumar.)
** fazer, ser e estar (quando indicam tempo) Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo
Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil. Cláudia. (Sujeito: que não vejo Cláudia)
Era primavera quando a conheci.
Estava frio naquele dia. Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.
** Todos os verbos que indicam fenômenos da natu-
reza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, * Pessoais: não apresentam algumas flexões por moti-
amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, vos morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
“Amanheci mal- -humorado”, usa-se o verbo “ama-
nhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo impessoal, - verbo falir. Este verbo teria como formas do presente
empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal do indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o
para ser pessoal. que provavelmente causaria problemas de interpretação
Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu) em certos contextos.
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu) - verbo computar. Este verbo teria como formas do
presente do indicativo computo, computas, computa - for-
** São impessoais, ainda: mas de sonoridade considerada ofensiva por alguns ouvi-
1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando dos gramaticais. Essas razões muitas vezes não impedem o
tempo: Já passa das seis. uso efetivo de formas verbais repudiadas por alguns gra-
2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição máticos: exemplo disso é o próprio verbo computar, que,
de, indicando suficiência: Basta de tolices. Chega de blas- com o desenvolvimento e a popularização da informática,
fêmias. tem sido conjugado em todos os tempos, modos e pes-
3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está soas.
bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem re-
ferência a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda, - Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma
nesse caso, classificar o sujeito como hipotético, tornando- forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno
se, tais verbos, então, pessoais. costuma ocorrer no particípio, em que, além das formas re-
4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente gulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas
de “ser possível”. Por exemplo: formas curtas (particípio irregular). Observe:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uns trocados?
33
LÍNGUA PORTUGUESA
- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais,
ides, fui, foste, pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).
- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal,
quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar as moscas.
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)
Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.
Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês
34
LÍNGUA PORTUGUESA
Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Pret.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam
35
LÍNGUA PORTUGUESA
Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Preté.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
Tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam
- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no
próprio sentido do verbo (reflexivos essenciais). Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já
está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula inte-
grante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia
reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem
- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto repre-
sentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em
geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados,
formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: Maria se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo:
Maria penteou-me.
Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
36
LÍNGUA PORTUGUESA
- Há verbos que também são acompanhados de pro- Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em
nomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente curso; na forma composta, uma ação concluída. Por exem-
pronominais, são os verbos reflexivos. Nos verbos refle- plo:
xivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.
idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exem- Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.
plo:
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me - Particípio: quando não é empregado na formação
(objeto direto) - 1ª pessoa do singular dos tempos compostos, o particípio indica geralmente o
resultado de uma ação terminada, flexionando-se em gê-
Modos Verbais nero, número e grau. Por exemplo:
Terminados os exames, os candidatos saíram.
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas
pelo verbo na expressão de um fato. Em Português, exis- Quando o particípio exprime somente estado, sem
tem três modos: nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a
função de adjetivo (adjetivo verbal). Por exemplo: Ela foi a
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu aluna escolhida para representar a escola.
sempre estudo.
Tempos Verbais
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade:
Talvez eu estude amanhã. Tomando-se como referência o momento em que se
fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estuda tempos. Veja:
agora, menino.
1. Tempos do Indicativo
Formas Nominais
- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste
colégio.
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda for-
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido
mas que podem exercer funções de nomes (substantivo,
num momento anterior ao atual, mas que não foi comple-
adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas
tamente terminado: Ele estudava as lições quando foi inter-
nominais. Observe:
rompido.
- Infinitivo Impessoal: exprime a significação do ver-
- Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num
bo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função
momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado:
de substantivo. Por exemplo:
Ele estudou as lições ontem à noite.
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à) - Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato
ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já tinha es-
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presen- tudado as lições quando os amigos chegaram. (forma com-
te (forma simples) ou no passado (forma composta). Por posta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram.
exemplo: (forma simples).
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro. - Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve
ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento
- Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três atual: Ele estudará as lições amanhã.
pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do im- - Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode
pessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira: ocorrer posteriormente a um determinado fato passado:
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu) Se eu tivesse dinheiro, viajaria nas férias.
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós) 2. Tempos do Subjuntivo
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós)
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles) - Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no mo-
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma mento atual: É conveniente que estudes para o exame.
boa colocação. - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado,
mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele ven-
- Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo cesse o jogo.
ou advérbio. Por exemplo:
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de ad- Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas cons-
vérbio) truções em que se expressa a ideia de condição ou desejo.
Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do cam-
adjetivo) peonato.
37
LÍNGUA PORTUGUESA
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.
Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à
loja, levará as encomendas.
Presente do Indicativo
Pretérito mais-que-perfeito
38
LÍNGUA PORTUGUESA
Presente do Subjuntivo
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).
Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número
e pessoa correspondente.
Futuro do Subjuntivo
Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e
pessoa correspondente.
39
LÍNGUA PORTUGUESA
Modo Imperativo
Imperativo Afirmativo
Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:
Imperativo Negativo
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.
Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).
Infinitivo Pessoal
40
LÍNGUA PORTUGUESA
02. (MGS - TÉCNICO CONTÁBIL – IBFC/2017-adapta- (B) Não haverá prova do crime se o réu se manter em
da) silêncio.
Em “Assim, muitos casais têm quatro, seis, dez filhos”, (C) Vão pagar horas-extras aos que se disporem a tra-
nota--se que o acento do verbo em destaque deve-se a balhar no feriado.
uma exigência de concordância. Assinale a alternativa cor- (D) Ficarão surpresos quando o verem com a toga...
reta em relação ao emprego desse mesmo verbo. (E) Se você quer a promoção, é necessário que a reque-
a) No Brasil, a sociedade têm várias questões. ra a seu superior.
b) O jovem têm um grande desafio pela frente.
c) As pessoas tem muitos planos. 07. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL VUNESP 2013-adap.)
d) A mentira tem perna curta. Assinale a alternativa que substitui, corretamente e sem al-
terar o sentido da frase, a expressão destacada em – Se a
03. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013-adap.) Sem criança se perder, quem encontrá-la verá na pulseira ins-
querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de um truções para que envie uma mensagem eletrônica ao gru-
ser cujas interações sociais terminam, 99% das vezes, diante po ou acione o código na internet.
da pergunta “débito ou crédito?”. (A) Caso a criança se havia perdido…
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de (B) Caso a criança perdeu…
(A) considerar ao acaso, sem premeditação. (C) Caso a criança se perca…
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido (D) Caso a criança estivera perdida…
dela. (E) Caso a criança se perda…
(C) adotar como referência de qualidade.
(D) julgar de acordo com normas legais. 08. (AGENTE DE APOIO OPERACIONAL – VUNESP –
(E) classificar segundo ideias preconcebidas. 2013-adap.). Assinale a alternativa em que o verbo desta-
cado está no tempo futuro.
04. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013) Assinale a al- A) Os consumidores são assediados pelo marketing …
ternativa contendo a frase do texto na qual a expressão B) … somente eles podem decidir se irão ou não com-
verbal destacada exprime possibilidade. prar.
(A) ... o cientista Theodor Nelson sonhava com um sis- C) É como se abrissem em nós uma “caixa de neces-
tema capaz de disponibilizar um grande número de obras sidades”…
literárias... D) … de onde vem o produto…?
(B) Funcionando como um imenso sistema de informa- E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas…
ção e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme
arquivo virtual. 09. (AGERBA - TÉCNICO EM REGULAÇÃO – IBFC/
(C) Isso acarreta uma textualidade que funciona por 2017-adaptada)
associação, e não mais por sequências fixas previamente A flexão de alguns verbos, sobretudo os irregulares,
estabelecidas. pode causar confusão. O verbo “quis”, presente em “Minha
(D) Desde o surgimento da ideia de hipertexto, esse mãe sempre quis viajar” é um exemplo típico. Nesse sen-
conceito está ligado a uma nova concepção de textuali- tido, assinale a alternativa em que se indica INCORRETA-
dade... MENTE a sua flexão.
(E) Criou, então, o “Xanadu”, um projeto para disponi- a) queres – Presente do Indicativo.
bilizar toda a literatura do mundo... b) queria – Futuro do Pretérito do Indicativo.
c) quisera – Pretérito mais-que-perfeito do Indicativo.
05.(POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO d) queira – Presente do Subjuntivo.
SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) No trecho: “O e) quisesse – Pretérito Imperfeito do Subjuntivo.
crescimento econômico, se associado à ampliação do empre-
go, PODE melhorar o quadro aqui sumariamente descrito.”, 10. (AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA PENITEN-
se passarmos o verbo destacado para o futuro do pretérito CIÁRIA – VUNESP – 2013-adap.). Leia as frases a seguir.
do indicativo, teremos a forma: I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de ma-
A) puder. deira no animal.
B) poderia. II. Existiam muitos ferimentos no boi.
C) pôde. III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida
D) poderá. movimentada.
E) pudesse. Substituindo-se o verbo Haver pelo verbo Existir e este
pelo verbo Haver, nas frases, têm-se, respectivamente:
06. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013) Assinale a al- A) Existia – Haviam – Existiam
ternativa em que todos os verbos estão empregados de B) Existiam – Havia – Existiam
acordo com a norma- -padrão. C) Existiam – Haviam – Existiam
(A) Enviaram o texto, para que o revíssemos antes da D) Existiam – Havia – Existia
impressão definitiva. E) Existia – Havia – Existia
41
LÍNGUA PORTUGUESA
42
LÍNGUA PORTUGUESA
A voz passiva pode ser formada por dois processos: Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar subs-
analítico e sintético. tancialmente o sentido da frase.
Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa)
1- Voz Passiva Analítica Sujeito da Ativa objeto Direto
Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particí-
pio do verbo principal. Por exemplo: A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Pas-
A escola será pintada. siva)
O trabalho é feito por ele. Sujeito da Passiva Agente da Passiva
Obs.: o agente da passiva geralmente é acompanhado Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o
da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a sujeito da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo
assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de solda-
Observe mais exemplos:
dos.
- Os mestres têm constantemente aconselhado os alu-
- Pode acontecer ainda que o agente da passiva não
nos.
esteja explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar mestres.
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transforma-
ção das frases seguintes: - Eu o acompanharei.
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo) Ele será acompanhado por mim.
O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indi-
cativo) Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado,
não haverá complemento agente na passiva. Por exemplo:
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo)
Saiba que:
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) - Aos verbos que não são ativos nem passivos ou refle-
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) xivos, são chamados neutros.
O vinho é bom.
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume Aqui chove muito.
o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa.
Observe a transformação da frase seguinte: - Há formas passivas com sentido ativo:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio) É chegada a hora. (= Chegou a hora.)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nas-
cido.)
Obs.: é menos frequente a construção da voz passi- És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou)
va analítica com outros verbos que podem eventualmente
funcionar como auxiliares. Por exemplo: A moça ficou mar- - Inversamente, usamos formas ativas com sentido
cada pela doença. passivo:
Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas)
Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado)
2- Voz Passiva Sintética
- Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido
A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com
cirúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o
o verbo na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE.
sujeito é paciente.
Por exemplo: Chamo-me Luís.
Abriram-se as inscrições para o concurso. Batizei-me na Igreja do Carmo.
Destruiu-se o velho prédio da escola. Operou-se de hérnia.
Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva Vacinaram-se contra a gripe.
sintética. Fonte:
Curiosidade: A palavra passivo possui a mesma raiz la- http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.
tina de paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacio- php
nam com o significado sofrimento, padecimento. Daí vem Questões sobre Vozes dos Verbos
o significado de voz passiva como sendo a voz que expres-
sa a ação sofrida pelo sujeito. Na voz passiva temos dois 01. (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMI-
elementos que nem sempre aparecem: SUJEITO PACIENTE NISTRAÇÃO – AOCP/2010) Em “Os dados foram divulgados
e AGENTE DA PASSIVA. ontem pelo Instituto Sou da Paz.”, a expressão destacada é
43
LÍNGUA PORTUGUESA
44
LÍNGUA PORTUGUESA
45
LÍNGUA PORTUGUESA
46
LÍNGUA PORTUGUESA
47
LÍNGUA PORTUGUESA
10) No caso de o sujeito aparecer representado por ex- 5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinô-
pressões que indicam porcentagens, o verbo concordará nimas ou ordenado por elementos em gradação, o verbo
com o numeral ou com o substantivo a que se refere essa poderá permanecer no singular ou ir para o plural: Minha
porcentagem: 50% dos funcionários aprovaram a decisão vitória, minha conquista, minha premiação são frutos de
da diretoria. / 50% do eleitorado apoiou a decisão. meu esforço. / Minha vitória, minha conquista, minha pre-
miação é fruto de meu esforço.
Observações:
- Caso o verbo apareça anteposto à expressão de por-
centagem, esse deverá concordar com o numeral: Aprova- Concordância nominal é o ajuste que fazemos aos
ram a decisão da diretoria 50% dos funcionários. demais termos da oração para que concordem em gênero
- Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no sin- e número com o substantivo. Teremos que alterar, portan-
gular: 1% dos funcionários não aprovou a decisão da dire- to, o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso,
toria. temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira.
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o prono-
determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural: me concordam em gênero e número com o substantivo.
Os 50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria. - A pequena criança é uma gracinha.
- O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
11) Nos casos em que o sujeito estiver representado
por pronomes de tratamento, o verbo deverá ser empre-
gado na terceira pessoa do singular ou do plural: Vossas Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à
Majestades gostaram das homenagens. Vossa Majestade regra geral mostrada acima.
agradeceu o convite. a) Um adjetivo após vários substantivos
- Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o
12) Casos relativos a sujeito representado por substan- plural ou concorda com o substantivo mais próximo.
tivo próprio no plural se encontram relacionados a alguns - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
aspectos que os determinam: - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do ver-
bo ser, este permanece no singular, contanto que o predi- - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural
cativo também esteja no singular: Memórias póstumas de masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.
Brás Cubas é uma criação de Machado de Assis.
- Ela tem pai e mãe louros.
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo tam-
bém permanece no plural: Os Estados Unidos são uma po- - Ela tem pai e mãe loura.
tência mundial.
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoria-
ele nem aparece, o verbo permanece no singular: Estados mente para o plural.
Unidos é uma potência mundial. - O homem e o menino estavam perdidos.
- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.
Casos referentes a sujeito composto
b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos
1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas - Adjetivo anteposto normalmente concorda com o
gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, es-
mais próximo.
tando relacionado a dois pressupostos básicos:
Comi delicioso almoço e sobremesa.
- Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as
demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio. Provei deliciosa fruta e suco.
- Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexio-
nar na 2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. Tu e ele são - Adjetivo anteposto funcionando como predicativo:
primos. concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
Estavam feridos o pai e os filhos.
2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer an- Estava ferido o pai e os filhos.
teposto ao verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus
dois filhos compareceram ao evento. c) Um substantivo e mais de um adjetivo
- antecede todos os adjetivos com um artigo.
3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao ver-
Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
bo, este poderá concordar com o núcleo mais próximo ou
permanecer no plural: Compareceram ao evento o pai e seus
dois filhos. Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos. - coloca o substantivo no plural.
Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola.
4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém
com mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no d) Pronomes de tratamento
singular: Meu esposo e grande companheiro merece toda a - sempre concordam com a 3ª pessoa.
felicidade do mundo. Vossa Santidade esteve no Brasil.
48
LÍNGUA PORTUGUESA
49
LÍNGUA PORTUGUESA
E) Consta, na literatura mundial, obras-primas que Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases I e
constitui leitura obrigatória e se tornam referências por seu II, a concordância segue as mesmas regras, na ordem dos
conteúdo que ultrapassa os limites de tempo e de época. exemplos, em:
(A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o
03. (Escrevente TJ-SP – Vunesp/2012) Leia o texto para próximo ano. Será que alguém tem opinião diferente da
responder à questão. maioria?
_________dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, (B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas juninas.
não está claro até onde pode realmente chegar uma políti- Vêm pessoas de muito longe para brincar de quadrilha.
ca baseada em melhorar a eficiência sem preços adequados (C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. Quase
para o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a todos quiseram ficar até o nascer do sol na praia.
terra. É verdade que mesmo que a ameaça dos preços do (D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, mas
carbono e da água em si ___________diferença, as compa- também existem umas que não merecem nossa atenção.
nhias não podem suportar ter de pagar, de repente, digamos, (E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam.
40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer prepara-
ção. Portanto, elas começam a usar preços- -sombra. 06. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira Os folheteiros vivem em feiras, mercados, praças e locais de
de quantificar adequadamente os insumos básicos. E sem peregrinação.
eles a maioria das políticas de crescimento verde sempre O verbo da frase acima NÃO pode ser mantido no plu-
___________ a segunda opção. ral caso o segmento grifado seja substituído por:
(Carta Capital, (A) Há folheteiros que
27.06.2012. Adaptado) (B) A maior parte dos folheteiros
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, (C) O folheteiro e sua família
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e res- (D) O grosso dos folheteiros
pectivamente, com: (E) Cada um dos folheteiros
(A) Restam… faça… será
07. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
(B) Resta… faz… será
Todas as formas verbais estão corretamente flexionadas
(C) Restam… faz... serão
em:
(D) Restam… façam… serão
(A) Enquanto não se disporem a considerar o cordel
(E) Resta… fazem… será
sem preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir
dessas criações poéticas tão originais.
04 (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Assinale a alterna-
(B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status
tiva em que o trecho
atribuído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje
– Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma- nas melhores universidades do país.
neira de quantificar adequadamente os insumos básicos.– (C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que
está corretamente reescrito, de acordo com a norma-pa- a situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles
drão da língua portuguesa. mesmos requizessem o respeito que faziam por merecer.
(A) Ainda assim, temos certeza que ninguém encon- (D) Se não proveem do preconceito, a desvalorização e
trou até agora uma maneira adequada de se quantificar os a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode ser
insumos básicos. resultado do puro e simples desconhecimento.
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- (E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu que os proble-
trou até agora uma maneira adequada de os insumos bási- mas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta de
cos ser quantificados. representatividade.
(C) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou
até agora uma maneira adequada para que os insumos bá- 08. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
sicos sejam quantificado. FCC/2010) Observam-se corretamente as regras de con-
(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- cordância verbal e nominal em:
trou até agora uma maneira adequada para que os insu- a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como
mos básicos seja quantificado. entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofistica-
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- das às mais humildes, são cada vez mais comuns nos dias
trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem de hoje.
os insumos básicos. b) A importância de intelectuais como Edward Said e
Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões
05. (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINISTRATIVO polêmicas de seu tempo, não estão apenas nos livros que
- VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as frases do texto: escreveram.
I. Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota nega- c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre
tiva... árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto so-
II. ... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior classi- frimento, estejam próximos de serem resolvidos ou pelo
ficação do continente americano (2,0)... menos de terem alguma trégua.
50
LÍNGUA PORTUGUESA
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a (E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol-
verdade, ainda que conscientes de que esta é até certo tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex-
ponto relativa, costumam encontrar muito mais detratores põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade.
que admiradores.
e) No final do século XX já não se via muitos intelec- 2-)
tuais e escritores como Edward Said, que não apenas era A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa
notícia pelos livros que publicavam como pelas posições leitura, que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimo-
que corajosamente assumiam. ramento intelectual, estão na capacidade de criação do au-
tor, mediante palavras, sua matéria-prima. = correta
09. (TRF - 2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) B) Obras que se consideram clássicas na literatura sem-
O verbo que, dadas as alterações entre parênteses propos- pre delineiam novos caminhos, pois são capazes de encan-
tas para o segmento grifado, deverá ser colocado no plural, tar o leitor ao ultrapassarem os limites da época em que
está em: vivem seus autores, gênios no domínio das palavras, sua
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) matéria-prima.
(B) O que não se sabe... (ninguém nas regiões do pla- C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas,
neta) lhes permite criar todo um mundo de ficção, em que per-
(C) O consumo mundial não dá sinal de trégua... (O sonagens se transformam em seres vivos a acompanhar os
consumo mundial de barris de petróleo) leitores, numa verdadeira interação com a realidade.
(D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se D) As possibilidades de comunicação entre autor e lei-
no custo da matéria-prima... (Constantes aumentos) tor somente se realizam plenamente caso haja afinidade
(E) o tema das mudanças climáticas pressiona os es- de ideias entre ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o
forços mundiais... (a preocupação em torno das mudanças crescimento intelectual deste último e o prazer da leitura.
climáticas) E) Constam, na literatura mundial, obras-primas que
constituem leitura obrigatória e se tornam referências por
10. (CETESB/SP – ESCRITURÁRIO - VUNESP/2013) Assi- seu conteúdo que ultrapassa os limites de tempo e de épo-
nale a alternativa em que a concordância das formas ver- ca.
bais destacadas está de acordo com a norma-padrão da 3-) _Restam___dúvidas
língua. mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da
(A) Fazem dez anos que deixei de trabalhar em higie- água em si __faça __diferença
nização subterrânea. a maioria das políticas de crescimento verde sempre
(B) Ainda existe muitas pessoas que discriminam os ____será_____ a segunda opção.
trabalhadores da área de limpeza. Em “a maioria de”, a concordância pode ser dupla: tan-
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos to no plural quanto no singular. Nas alternativas não há
riscos de se contrair alguma doença. “restam/faça/serão”, portanto a A é que apresenta as op-
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era ções adequadas.
sete da manhã, eu já estava fazendo meu serviço.
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, 4-)
começou a adotar medidas mais rigorosas para a proteção (A) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
de seus funcionários. trou até agora uma maneira adequada de se quantificar os
insumos básicos.
GABARITO (B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
trou até agora uma maneira adequada de os insumos bási-
01. A 02. A 03. A 04. E 05. A cos serem quantificados.
06. E 07. |B 08. D 09. D 10. C (C) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
trou até agora uma maneira adequada para que os insu-
RESOLUÇÃO mos básicos sejam quantificados.
(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
1-) Fiz os acertos entre parênteses: trou até agora uma maneira adequada para que os insu-
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e va- mos básicos sejam quantificados.
lores que determinam as escolhas dos governantes, para (E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
conferir legitimidade a suas decisões. trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de- os insumos básicos. = correta
vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos
valores e princípios que regem a prática política. 5-) Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos
(C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver- aos itens:
dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei- (A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém
tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas. tem (singular)
(D) As instituições fundamentais de um regime demo- (B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural)
crático não pode (podem) estar subordinado (subordina- (C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quise-
das) às ordens indiscriminadas de um único poder central. ram (plural)
51
LÍNGUA PORTUGUESA
(D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem (C) O consumo mundial não dá sinal de trégua ... (O
umas (plural) consumo mundial de barris de petróleo) = “dá” permane-
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas ceria no singular
as formas estão no plural) (D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se
no custo da matéria-prima... Constantes aumentos) = “re-
6-) flete” passaria para “refletem-se”
A - Há folheteiros que vivem (concorda com o objeto (E) o tema das mudanças climáticas pressiona os es-
“folheterios”) forços mundiais... (a preocupação em torno das mudanças
B – A maior parte dos folheteiros vivem/vive (opcional) climáticas) = “pressiona” permaneceria no singular
C – O folheteiro e sua família vivem (sujeito composto)
D – O grosso dos folheteiros vive/vivem (opcional)
10-) Fiz as correções:
E – Cada um dos folheteiros vive = somente no singular
(A) Fazem dez anos = faz (sentido de tempo = singular)
7-) Coloquei entre parênteses a forma verbal correta: (B) Ainda existe muitas pessoas = existem
(A) Enquanto não se disporem (dispuserem) a conside- (C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos
rar o cordel sem preconceitos, as pessoas não serão capa- riscos
zes de fruir dessas criações poéticas tão originais. (D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era
(B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status sete da manhã = eram
atribuído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje (E) As companhias de limpeza, apenas recentemente,
nas melhores universidades do país. começou = começaram
(C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que
a situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles
mesmos requizessem (requeressem) o respeito que faziam REGÊNCIA
por merecer.
(D) Se não proveem (provêm) do preconceito, a desva- Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
lorização e a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica que ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus comple-
só pode (podem) ser resultado do puro e simples desco- mentos. Ocupa-se em estabelecer relações entre as pala-
nhecimento. vras, criando frases não ambíguas, que expressem efetiva-
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu (entreviu) que
mente o sentido desejado, que sejam corretas e claras.
os problemas dos cordelistas estavam diretamente ligados
à falta de representatividade.
Regência Verbal
8-) Fiz as correções entre parênteses:
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como Termo Regente: VERBO
entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofis-
ticadas às mais humildes, são (é) cada vez mais comuns A regência verbal estuda a relação que se estabelece
(comum) nos dias de hoje. entre os verbos e os termos que os complementam (obje-
b) A importância de intelectuais como Edward Said e tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos
Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões adverbiais).
polêmicas de seu tempo, não estão (está) apenas nos livros O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nos-
que escreveram. sa capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio en- conhecermos as diversas significações que um verbo pode
tre árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto assumir com a simples mudança ou retirada de uma pre-
sofrimento, estejam (esteja) próximos (próximo) de serem posição. Observe:
(ser) resolvidos (resolvido) ou pelo menos de terem (ter) A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar,
alguma trégua. contentar.
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar
verdade, ainda que conscientes de que esta é até certo
agrado ou prazer”, satisfazer.
ponto relativa, costumam encontrar muito mais detratores
Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
que admiradores.
e) No final do século XX já não se via (viam) muitos “agradar a alguém”.
intelectuais e escritores como Edward Said, que não apenas
era (eram) notícia pelos livros que publicavam como pelas Saiba que:
posições que corajosamente assumiam. O conhecimento do uso adequado das preposições é
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência ver-
9-) bal (e também nominal). As preposições são capazes de
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) = modificar completamente o sentido do que se está sendo
“há” permaneceria no singular dito. Veja os exemplos:
(B) O que não se sabe ... (ninguém nas regiões do pla- Cheguei ao metrô.
neta) = “sabe” permaneceria no singular Cheguei no metrô.
52
LÍNGUA PORTUGUESA
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se- Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses ver-
gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A bos para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos
oração “Cheguei no metrô”, popularmente usada a fim de adnominais).
indicar o lugar a que se vai, possui, no padrão culto da lín- Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
gua, sentido diferente. Aliás, é muito comum existirem di- Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car-
vergências entre a regência coloquial, cotidiana de alguns reira)
verbos, e a regência culta. Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu-
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos mor)
de acordo com sua transitividade. A transitividade, porém,
não é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de Verbos Transitivos Indiretos
diferentes formas em frases distintas.
Os verbos transitivos indiretos são complementados
por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
Verbos Intransitivos
gem uma preposição para o estabelecimento da relação de
regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de ter-
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
ceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos são
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los. os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não re-
- Chegar, Ir presentam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver- de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos
biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para lhe, lhes.
indicar destino ou direção são: a, para. Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
Fui ao teatro. - Consistir - Tem complemento introduzido pela pre-
Adjunto Adverbial de Lugar posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direi-
tos iguais para todos.
Ricardo foi para a Espanha.
Adjunto Adverbial de Lugar - Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple-
mentos introduzidos pela preposição “a”:
- Comparecer Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por Eles desobedeceram às leis do trânsito.
em ou a.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o - Responder - Tem complemento introduzido pela pre-
último jogo. posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a
quem” ou “ao que” se responde.
Verbos Transitivos Diretos Respondi ao meu patrão.
Respondemos às perguntas.
Os verbos transitivos diretos são complementados por Respondeu-lhe à altura.
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
para o estabelecimento da relação de regência. Ao em- Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto
pregar esses verbos, devemos lembrar que os pronomes quando exprime aquilo a que se responde, admite voz pas-
siva analítica. Veja:
oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pro-
O questionário foi respondido corretamente.
nomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamen-
verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após
te.
formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e
lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos. - Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abando- tos introduzidos pela preposição “com”.
nar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, ad- Antipatizo com aquela apresentadora.
mirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, Simpatizo com os que condenam os políticos que gover-
castigar, condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, nam para uma minoria privilegiada.
eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar,
proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar. Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
como o verbo amar: Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa-
Amo aquele rapaz. / Amo-o. nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem desta-
Amo aquela moça. / Amo-a. que, nesse grupo: Agradecer, Perdoar e Pagar. São verbos
Amam aquele rapaz. / Amam-no. que apresentam objeto direto relacionado a coisas e obje-
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. to indireto relacionado a pessoas. Veja os exemplos:
53
LÍNGUA PORTUGUESA
Agradeço aos ouvintes a audiência. Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
Objeto Indireto Objeto Direto Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
uma oração subordinada adverbial final reduzida de infini-
Paguei o débito ao cobrador. tivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
Objeto Direto Objeto Indireto
- A construção “dizer para”, também muito usada po-
pularmente, é igualmente considerada incorreta.
- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
com particular cuidado. Observe: Preferir
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto in-
Agradeci o presente. / Agradeci-o. direto introduzido pela preposição “a”. Por Exemplo:
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. Prefiro trem a ônibus.
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Paguei minhas contas. / Paguei-as. Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado
sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo
prefixo existente no próprio verbo (pre).
Informar
- Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto Mudança de Transitividade X Mudança de Signifi-
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa. cado
Informe os novos preços aos clientes. Há verbos que, de acordo com a mudança de transitivi-
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos dade, apresentam mudança de significado. O conhecimen-
preços) to das diferentes regências desses verbos é um recurso lin-
- Na utilização de pronomes como complementos, veja guístico muito importante, pois além de permitir a correta
interpretação de passagens escritas, oferece possibilidades
as construções:
expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais,
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços. estão:
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so-
bre eles) AGRADAR
- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada nhos, acariciar.
para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, pre- Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada
venir. quando o revê.
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. /
Cláudia não perde oportunidade de agradá-lo.
Comparar
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as - Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento
indireto. introduzido pela preposição “a”.
Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma O cantor não agradou aos presentes.
criança. O cantor não lhes agradou.
Pedir ASPIRAR
- Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspi-
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na
rar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
forma de oração subordinada substantiva) e indireto de
pessoa. - Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
como ambição: Aspirávamos a melhores condições de vida.
Pedi-lhe favores. (Aspirávamos a elas)
Objeto Indireto Objeto Direto
Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. pessoa, mas coisa, não se usam as formas pronominais áto-
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva nas “lhe” e “lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela
(s)”. Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
Objetiva Direta
Aspiravam a ela)
Saiba que: ASSISTIR
- A construção “pedir para”, muito comum na lingua- - Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua tar assistência a, auxiliar. Por exemplo:
culta. No entanto, é considerada correta quando a palavra As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
licença estiver subentendida. As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
54
LÍNGUA PORTUGUESA
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é tran-
ciar, estar presente, caber, pertencer. Exemplos: sitivo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com
Assistimos ao documentário. quem não trabalhasse arduamente.
Não assisti às últimas sessões.
Essa lei assiste ao inquilino. PROCEDER
- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se,
intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de agir. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa de adjunto adverbial de modo.
conturbada cidade. As afirmações da testemunha procediam, não havia
como refutá-las.
CHAMAR Você procede muito mal.
- Chamar é transitivo direto no sentido de convocar,
solicitar a atenção ou a presença de.
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo-
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá cha-
sição” de”) e fazer, executar (rege complemento introduzi-
má-la.
do pela preposição “a”) é transitivo indireto.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
O avião procede de Maceió.
- Chamar no sentido de denominar, apelidar pode Procedeu-se aos exames.
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predi- O delegado procederá ao inquérito.
cativo preposicionado ou não.
A torcida chamou o jogador mercenário. QUERER
A torcida chamou ao jogador mercenário. - Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
A torcida chamou o jogador de mercenário. vontade de, cobiçar.
A torcida chamou ao jogador de mercenário. Querem melhor atendimento.
CUSTAR Queremos um país melhor.
- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: - Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
Frutas e verduras não deveriam custar muito. estimar, amar.
Quero muito aos meus amigos.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo Ele quer bem à linda menina.
ou transitivo indireto. Despede-se o filho que muito lhe quer.
Muito custa viver tão longe da família.
Verbo Oração Subordinada Substantiva VISAR
Subjetiva - Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi-
Intransitivo Reduzida de Infinitivo rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela O gerente não quis visar o cheque.
atitude.
Objeto Oração Subordinada Substantiva - No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como
Subjetiva objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
Indireto Reduzida de Infinitivo
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções
público.
que atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado
por pessoa. Observe:
Custei para entender o problema. ESQUECER – LEMBRAR
Forma correta: Custou-me entender o problema. - Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (prono-
IMPLICAR minal)
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,
implicavam um firme propósito. exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
b) Ter como consequência, trazer como consequência, No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e
acarretar, provocar: Liberdade de escolha implica amadure- exigem complemento com a preposição “de”. São, portan-
cimento político de um povo. to, transitivos indiretos:
- Ele se esqueceu do caderno.
- Como transitivo direto e indireto, significa compro- - Eu me esqueci da chave.
meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões - Eles se esqueceram da prova.
econômicas. - Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
55
LÍNGUA PORTUGUESA
Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve altera-
ção de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto
brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
- Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
- Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma
coisa).
SIMPATIZAR
Transitivo indireto e exige a preposição “com”: Não simpatizei com os jurados.
NAMORAR
É transitivo direto, ou seja, não admite preposição: Maria namora João.
OBEDECER
É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a preposição “a” (obedecer a): Devemos obedecer aos pais.
Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado na voz passiva: A fila não foi obedecida.
VER
É transitivo direto, ou seja, não exige preposição: Ele viu o filme.
Regência Nominal
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome.
Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vá-
rios nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa,
nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspondentes:
todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atenta-
mente e procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.
Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
56
LÍNGUA PORTUGUESA
Advérbios
Longe de Perto de
Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
paralelamente a; relativa a; relativamente a.
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alternativa em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp de
junho de 2012, está correto quanto à regência nominal e à pontuação.
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço seja
mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em outros.
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço seja
mais notável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!, do que em outros.
57
LÍNGUA PORTUGUESA
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam ra- Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de
pidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o direitos dos trabalhadores domésticos.
avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um A) da
exemplo, do que em outros. B) na
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida- C) pela
mente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço D) sob a
seja mais notável em alguns países – o Brasil é um exemplo E) sobre a
– do que em outros.
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapida- GABARITO
mente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avan-
ço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exem-
01. D 02. D 03. A 04. A 05. D
plo) do que em outros.
06. A 07. C 08. A 09. C
06. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assina-
le a alternativa correta quanto à regência dos termos em RESOLUÇÃO
destaque.
(A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a 1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das
responsabilidade pelo problema. outras ciências ...
(B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter Facilitar – verbo transitivo direto
se perdido. A) ...astros que ficam tão distantes ... = verbo de li-
(C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho gação
de um índio na porta do prédio. B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo
(D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se de ligação
perdido de sua família. C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo tran-
(E) A família toda se organizou para realizar a procura sitivo direto e indireto
à garotinha. E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro =
verbo transitivo indireto
07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale
a alternativa que completa, correta e respectivamente, as
2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito
lacunas do texto, de acordo com as regras de regência.
nos filhos do sueco.
Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já
assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem Pedir = verbo transitivo direto e indireto
corporal e a exposição a imagens idealizadas pela mídia. A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = tran-
A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que sitivo direto
a mídia pode exercer sobre os jovens. B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de
A) dos … na ligação
B) nos … entre a C) ...compareceu em companhia da mulher à delega-
C) aos … para a cia... =verbo intransitivo
D) sobre os … pela E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevi-
E) pelos … sob a mento. =transitivo direto
08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças 3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada
Públicas – VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão em partes desiguais...
da língua, assinale a alternativa em que os trechos desta- Constar = verbo intransitivo
cados estão corretos quanto à regência, verbal ou nominal. B) ...eram comumente assinalados a golpes de macha-
A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais do nos troncos mais robustos. =ligação
de dez mil tomadas. C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso-
B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver
rientam, não raro, quem... =transitivo direto
um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho
C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de
criar logotipos e negociar. na serra de Tunuí... = transitivo direto
D) O taxista levou o autor a indagar no número de E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o
tomadas do edifício. gentio, mestre e colaborador...=transitivo direto
E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor re-
parasse a um prédio na marginal. 4-) ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça...
Lidar = transitivo indireto
09. (Assistente de Informática II – VUNESP – 2013). As- B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das
sinale a alternativa que substitui a expressão destacada na sociedades... =transitivo direto
frase, conforme as regras de regência da norma-padrão da C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado
língua e sem alteração de sentido. pela justiça. =ligação
58
LÍNGUA PORTUGUESA
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspira- indicação de qualidade, estado ou modo de ser do sujeito,
ções da justiça... =transitivo direto e indireto se ele pratica uma ação ou se a sofre, se há complemento
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o verbal, se há circunstância (adjunto adverbial), etc.
sentimento de justiça. =transitivo direto Nem sempre o verbo se apresenta sozinho em uma
oração. Em muitos casos, surgem dois ou mais verbos jun-
5-) A correção do item deve respeitar as regras de pon- tos, para indicar que se pratica ou se sofre uma ação, ou
tuação também. Assinalei apenas os desvios quanto à re- que o sujeito possui uma qualidade. A essa junção, dá-se
gência (pontuação encontra-se em tópico específico) o nome de locução verbal. Toda locução verbal é formada
(A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam, por um verbo auxiliar (ou mais de um) e um verbo principal
(B) Não há dúvida de que (erros quanto à pon- (somente um).
tuação) O verbo auxiliar é o que se relaciona com o sujeito,
(C) Não há dúvida de que as mulheres, (erros quanto por isso concorda com este, ou seja, se o sujeito estiver
à pontuação) no singular, o verbo auxiliar também ficará no singular; se
(E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapi- o sujeito estiver no plural, o verbo auxiliar também ficará
no plural. Na Língua Portuguesa os verbos auxiliares são os
damente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o
seguintes: ser, estar, ter, haver, dever, poder, ir, dentre outros.
avanço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um
O verbo principal é o que indica se o sujeito possui
exemplo) do que em outros.
uma qualidade, se ele pratica uma ação ou se a sofre. É o
6-)
mais importante da locução. Na Língua Portuguesa, o verbo
(B) A menina tinha o receio de levar uma bronca por principal surge sempre no infinitivo (terminado em –ar, -er,
ter se perdido. ou –ir), no gerúndio (terminado em –ndo) ou no particípio
(C) A garota tinha apenas a lembrança do desenho de (terminado em –ado ou –ido, dentre outras terminações).
um índio na porta do prédio. Veja alguns exemplos de locuções verbais:
(D) A menina não tinha orgulho do fato de ter se per-
dido de sua família. Os funcionários FORAM CONVOCADOS pelo diretor.
(E) A família toda se organizou para realizar a procura (aux.: SER; princ.: CONVOCAR)
pela garotinha.
Os estudantes ESTÃO RESPONDENDO às questões.
7-) Os estudos aos quais a pesquisadora se re- (aux.: ESTAR; princ.: RESPONDER)
portou já assinalavam uma relação entre os distúrbios da
imagem corporal e a exposição a imagens idealizadas pela Os trabalhadores TÊM ENFRENTADO muitos proble-
mídia. mas.(aux.: TER; princ.: ENFRENTAR)
A pesquisa faz um alerta para a influência negativa
que a mídia pode exercer sobre os jovens. O vereador HAVIA DENUNCIADO seus companheiros.
(aux.: HAVER; princ.: DENUNCIAR)
8-)
B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de ha- Os alunos DEVEM ESTUDAR todos os dias. (aux.: DE-
ver um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé. VER; princ.: ESTUDAR)
C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em
criar logotipos e negociar. Sujeito
D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de
tomadas do edifício. Para se descobrir qual o sujeito do verbo (ou da locu-
E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor re- ção verbal), deve-se perguntar a ele (ou a ela) o seguinte:
Que(m) é que ..........? A resposta será o sujeito. Por exemplo,
parasse em um prédio na marginal.
analisemos a primeira frase dentre as apresentadas acima:
Os funcionários foram convocados pelo diretor.
9-) Muitas organizações lutaram pela igualdade de
direitos dos trabalhadores domésticos.
O princípio é o verbo. Procura-se, portanto, o verbo: é
a locução verbal foram convocados. - - Pergunta-se a ela:
SINTAXE Que(m) é que foi convocado?
- Resposta: Os funcionários.
O princípio é o verbo. - O sujeito da oração, então, é o seguinte: os funcio-
nários.
Essa é a premissa fundamental da Sintaxe, que é a par- Encontrado o sujeito, parte-se para a análise do verbo:
te da gramática que estuda as palavras enquanto elementos Se ele indicar que o sujeito possui uma qualidade, um
de uma frase, as suas relações de concordância, de subor- estado ou um modo de ser, sem praticar ação alguma, será
dinação e de ordem. Significa que, ao se realizar a análise denominado de VERBO DE LIGAÇÃO. Os verbos de ligação
sintática de uma oração, sempre se inicia pelo verbo. É a mais comuns são os seguintes: ser, estar, parecer, ficar, per-
partir dele que se descobre qual o sujeito da oração, se há a manecer e continuar. Não se esqueça, porém, de que só
59
LÍNGUA PORTUGUESA
será verbo de ligação o que indicar qualidade, estado ou Os verbos “dar” e “emprestar” são, aparentemente,
modo de ser do sujeito, sem praticar ação alguma. Observe transitivos diretos e indiretos, uma vez que se encaixam nas
as seguintes frases: frases Quem dá, dá algo a alguém e Quem empresta, em-
O político continuou seu discurso mesmo com todas as presta algo a alguém. Ocorre, porém, que não há o “algo”.
vaias recebidas. Quem dá o que aos pobres empresta o que a Deus? Não
Continuar, nesta frase, não é de ligação já que não in- aparece na oração; não há, portanto, o objeto direto. Como
dica qualidade do sujeito, e sim ação. não o há, os verbos não podem ser transitivos diretos e
A professora estava na sala de aula. indiretos, e sim somente transitivos indiretos.
Estar, nesta frase, não é de ligação já que não indica
qualidade do sujeito, e sim fato. FONTE:
http://www.gramaticaonline.com.br/texto/1231
A garota estava muito alegre.
Estar é verbo de ligação porque indica qualidade do Questões sobre Análise Sintática
sujeito.
01. (AGENTE DE APOIO ADMINISTRATIVO – FCC –
Se o verbo indicar que o sujeito pratica uma ação, ou 2013). Os trabalhadores passaram mais tempo na escola...
que participa ativamente de um fato, será denominado de O segmento grifado acima possui a mesma função sin-
VERBO INTRANSITIVO ou VERBO TRANSITIVO, de acordo tática que o destacado em:
com o seguinte: A) ...o que reduz a média de ganho da categoria.
B) ...houve mais ofertas de trabalhadores dessa clas-
- Quem ............ , ................. : Todo verbo que se encaixar se.
nessa frase será INTRANSITIVO. Por exemplo, o verbo cor- C) O crescimento da escolaridade também foi impul-
rer: Quem corre, corre. sionado...
D) ...elevando a fatia dos brasileiros com ensino mé-
- Quem ............ , ................. algo/alguém: Todo verbo dio...
que se encaixar nessa frase será TRANSITIVO DIRETO. Por E) ...impulsionado pelo aumento do número de uni-
versidades...
exemplo, o verbo comer: Quem come, come algo; ou o ver-
bo amar: Quem ama, ama alguém.
02.(AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC – 2013).
Donos de uma capacidade de orientação nas brenhas selva-
- Quem ............ , ................. + prep. + algo/alguém: Todo
gens [...], sabiam os paulistas como...
verbo que se encaixar nessa frase será TRANSITIVO INDI-
O segmento em destaque na frase acima exerce a mes-
RETO. Por exemplo, o verbo gostar: Quem gosta, gosta de
ma função sintática que o elemento grifado em:
algo ou de alguém. As preposições mais comuns são as
A) Nas expedições breves serviam de balizas ou mos-
seguintes: a, de, em, por, para, sem e com. tradores para a volta.
B) Às estreitas veredas e atalhos [...], nada acrescenta-
- Quem ............ , ................. algo/alguém + prep. + algo/ riam aqueles de considerável...
alguém: Todo verbo que se encaixar nessa frase será TRAN- C) Só a um olhar muito exercitado seria perceptível o
SITIVO DIRETO E INDIRETO - também denominado de BI- sinal.
TRANSITIVO. Por exemplo, o verbo mostrar: Quem mostra, D) Uma sequência de tais galhos, em qualquer flores-
mostra algo a alguém; ou o verbo informar: Quem informa, ta, podia significar uma pista.
informa alguém de algo ou Quem informa, informa algo a E) Alguns mapas e textos do século XVII apresentam-
alguém. nos a vila de São Paulo como centro...
É importante salientar que um verbo só será TRAN- 03. Há complemento nominal em:
SITIVO se houver complemento (objeto direto ou objeto A)Você devia vir cá fora receber o beijo da madrugada.
indireto). A análise de um verbo depende, portanto, do B)... embora fosse quase certa a sua possibilidade de
ambiente sintático em que ele se encontra. Um verbo que ganhar a vida.
aparentemente seja transitivo direto pode ser, na realida- C)Ela estava na janela do edifício.
de, intransitivo, caso não haja complemento. Por exemplo, D)... sem saber ao certo se gostávamos dele.
observe a seguinte frase: E)Pouco depois começaram a brincar de bandido e
O pior cego é aquele que não quer ver. mocinho de cinema.
O verbo “ver” é, aparentemente, transitivo direto, uma
vez que se encaixa na frase Quem vê, vê algo. Ocorre, po- 04. (ESPM-SP) Em “esta lhe deu cem mil contos”, o ter-
rém, que não há o “algo”. O pior cego é aquele que não mo destacado é:
quer ver o quê? Não aparece na oração; não há, portanto, A) pronome possessivo
o objeto direto. Como não o há, o verbo não pode ser tran- B) complemento nominal
sitivo direto, e sim intransitivo. C) objeto indireto
Observe, agora, esta frase: Quem dá aos pobres, em- D) adjunto adnominal
presta a Deus. E) objeto direto
60
LÍNGUA PORTUGUESA
05. Assinale a alternativa correta e identifique o sujeito C) seria perceptível o sinal. = predicativo
das seguintes orações em relação aos verbos destacados: D) Uma sequência de tais galhos = sujeito
- Amanhã teremos uma palestra sobre qualidade de E) apresentam-nos a vila de São Paulo como = objeto
vida. direto
- Neste ano, quero prestar serviço voluntário.
3-)
A)Tu – vós A) o beijo da madrugada. = adjunto adnominal
B)Nós – eu B)a sua possibilidade de ganhar a vida. = complemento
C)Vós – nós nominal (possibilidade de quê?)
D) Ele - tu C)na janela do edifício. = adjunto adnominal
D)... sem saber ao certo se gostávamos dele. = objeto
06. Classifique o sujeito das orações destacadas no tex- indireto
to seguinte e, a seguir, assinale a sequência correta. E) a brincar de bandido e mocinho de cinema = objeto
É notável, nos textos épicos, a participação do sobrena- indireto
tural. É frequente a mistura de assuntos relativos ao nacio- 4-)
nalismo com o caráter maravilhoso. Nas epopeias, os deu- esta lhe deu cem mil contos = o verbo DAR é bitransiti-
ses tomam partido e interferem nas aventuras dos heróis, vo, ou seja, transitivo direto e indireto, portanto precisa de
ajudando-os ou atrapalhando- -os. dois complementos – dois objetos: direto e indireto.
A)simples, composto Deu o quê? = cem mil contos (direto)
B)indeterminado, composto Deu a quem? lhe (=a ele, a ela) = indireto
C)simples, simples
D) oculto, indeterminado 5-)
- Amanhã ( nós ) teremos uma palestra sobre qualida-
07. (ESPM-SP) “Surgiram fotógrafos e repórteres”. de de vida.
- Neste ano, ( eu ) quero prestar serviço voluntário.
Identifique a alternativa que classifica corretamente a fun-
ção sintática e a classe morfológica dos termos destacados:
6-)
A) objeto indireto – substantivo
É notável, nos textos épicos, a participação do sobrena-
B) objeto direto - substantivo
tural. É frequente a mistura de assuntos relativos ao nacio-
C) sujeito – adjetivo
nalismo com o caráter maravilhoso. Nas epopeias, os deu-
D) objeto direto – adjetivo
ses tomam partido e interferem nas aventuras dos heróis,
E) sujeito - substantivo
ajudando-os ou atrapalhando-os.
Ambos os termos apresentam sujeito simples
GABARITO
7-)
01. C 02. D 03. B 04. C 05. B 06. C 07. E Surgiram fotógrafos e repórteres.
O sujeito está deslocado, colocado na ordem indireta
RESOLUÇÃO (final da oração). Portanto: função sintática: sujeito (com-
posto); classe morfológica (classe de palavras): substanti-
1-) vos.
Os trabalhadores passaram mais tempo na escola
= SUJEITO Frase é todo enunciado de sentido completo, podendo
A) ...o que reduz a média de ganho da categoria. = ob- ser formada por uma só palavra ou por várias, ter verbos ou
jeto direto não. A frase exprime, através da fala ou da escrita: ideias,
B) ...houve mais ofertas de trabalhadores dessa classe. emoções, ordens, apelos. Define-se pelo seu propósito co-
= objeto direto municativo, ou seja, pela sua capacidade de, num intercâm-
C) O crescimento da escolaridade também foi impul- bio linguístico, transmitir um conteúdo satisfatório para a
sionado... = sujeito paciente situação em que é utilizada. Exemplos:
D) ...elevando a fatia dos brasileiros com ensino mé- O Brasil possui um grande potencial turístico.
dio... = objeto direto Espantoso!
E) ...impulsionado pelo aumento do número de univer- Não vá embora.
sidades... = agente da passiva Silêncio!
O telefone está tocando.
2-)
Donos de uma capacidade de orientação nas brenhas Observação: a frase que não possui verbo denomina-
selvagens [...], sabiam os paulistas como... = SUJEITO se Frase Nominal.
A) Nas expedições breves = ADJUNTO ADVERBIAL Na língua falada, a frase é caracterizada pela entoa-
B) nada acrescentariam aqueles de considerável...= ad- ção, que indica nitidamente seu início e seu fim. A entoação
junto adverbial pode vir acompanhada por gestos, expressões do rosto, do
61
LÍNGUA PORTUGUESA
olhar, além de ser complementada pela situação em que o - Frases Exclamativas: nesse tipo de frase o emissor
falante se encontra. Esses fatos contribuem para que fre- exterioriza um estado afetivo. Apresentam entoação ligei-
quentemente surjam frases muito simples, formadas por ramente prolongada. Por Exemplo:
apenas uma palavra. Observe: Que prova difícil!
Rua! É uma delícia esse bolo!
Ai!
- Frases Declarativas: ocorrem quando o emissor
Essas palavras, dotadas de entoação própria, e acom- constata um fato. Esse tipo de frase informa ou declara al-
panhadas de gestos peculiares, são suficientes para satisfa- guma coisa. Podem ser afirmativas ou negativas.
zer suas necessidades expressivas. Obrigaram o rapaz a sair. (Afirmativa)
Na língua escrita, a entoação é representada pelos si- Ela não está em casa. (Negativa)
nais de pontuação, os quais procuram sugerir a melodia
- Frases Optativas: são usadas para exprimir um dese-
frasal. Desaparecendo a situação viva, o contexto é forne-
jo. Por Exemplo:
cido pelo próprio texto, o que acaba tornando necessário
Deus te acompanhe!
que as frases escritas sejam linguisticamente mais comple-
Bons ventos o levem!
tas. Essa maior complexidade linguística leva a frase a obe-
decer às regras gerais da língua. Portanto, a organização De acordo com a construção, as frases classificam-se
e a ordenação dos elementos formadores da frase devem em:
seguir os padrões da língua. Por isso é que: As meninas Frase Nominal: é a frase construída sem verbos. Exem-
estavam alegres. = constitui uma frase, enquanto: Alegres plos:
meninas estavam as. = não é considerada uma frase da lín- Fogo!
gua portuguesa. Cuidado!
Belo serviço o seu!
Tipos de Frases Trabalho digno desse feirante.
Muitas vezes, as frases assumem sentidos que só po- Frase Verbal: é a frase construída com verbo. Por
dem ser integralmente captados se atentarmos para o con- Exemplo:
texto em que são empregadas. É o caso, por exemplo, das O sol ilumina a cidade e aquece os dias.
situações em que se explora a ironia. Pense, por exemplo, Os casais saíram para jantar.
na frase “Que educação!”, usada quando se vê alguém in- A bola rolou escada abaixo.
vadindo, com seu carro, a faixa de pedestres. Nesse caso,
ela expressa exatamente o contrário do que aparentemen- Estrutura da Frase
te diz.
A entoação é um elemento muito importante da frase As frases que possuem verbo são geralmente estrutu-
falada, pois nos dá uma ampla possibilidade de expressão. radas a partir de dois elementos essenciais: sujeito e pre-
Dependendo de como é dita, uma frase simples como “É dicado. Isso não significa, no entanto, que tais frases de-
ela.” pode indicar constatação, dúvida, surpresa, indigna- vam ser formadas, no mínimo, por dois vocábulos. Na frase
ção, decepção, etc. Na língua escrita, os sinais de pontua- “Saímos”, por exemplo, há um sujeito implícito na termina-
ção podem agir como definidores do sentido das frases. ção do verbo: nós.
Existem alguns tipos de frases cuja entoação é mais ou O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo
em número e pessoa. É normalmente o “ser de quem se
menos previsível, de acordo com o sentido que transmi-
declara algo”, “o tema do que se vai comunicar”.
tem. São elas:
O predicado é a parte da frase que contém “a infor-
- Frases Interrogativas: ocorrem quando uma per-
mação nova para o ouvinte”. Normalmente, ele se refere
gunta é feita pelo emissor da mensagem. São empregadas
ao sujeito, constituindo a declaração do que se atribui ao
quando se deseja obter alguma informação. A interrogação sujeito. É sempre muito importante analisar qual é o nú-
pode ser direta ou indireta. cleo significativo da declaração: se o núcleo da declaração
Você aceita um copo de suco? (Interrogação direta) estiver no verbo, teremos um predicado verbal (ocorre nas
Desejo saber se você aceita um copo de suco. (Interro- frases verbais); se o núcleo da declaração estiver em algum
gação indireta) nome, teremos um predicado nominal (ocorre nas frases
nominais que possuem verbo de ligação). Observe: O amor
- Frases Imperativas: ocorrem quando o emissor da é eterno.
mensagem dá uma ordem, um conselho ou faz um pedido, O tema, o ser de quem se declara algo, o sujeito, é “O
utilizando o verbo no modo imperativo. Podem ser afirma- amor”. A declaração referente a “o amor”, ou seja, o predi-
tivas ou negativas. cado, é «é eterno». É um predicado nominal, pois seu nú-
Faça-o entrar no carro! (Afirmativa) cleo significativo é o nome «eterno». Já na frase: Os rapazes
Não faça isso. (Negativa) jogam futebol. O sujeito é “Os rapazes”, que identificamos
Dê-me uma ajudinha com isso! (Afirmativa) por ser o termo que concorda em número e pessoa com o
62
LÍNGUA PORTUGUESA
verbo “jogam”. O predicado é “jogam futebol”, cujo núcleo - Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
significativo é o verbo “jogam”. Temos, assim, um predica- (Período Composto =locução verbal, verbo, duas orações)
do verbal. - Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um
protetor solar. (Período Composto = três verbos, três ora-
Oração ções).
Uma frase verbal pode ser também uma oração. Para Cada verbo ou locução verbal sublinhada acima cor-
isso é necessário: responde a uma oração. Isso implica que o primeiro exem-
- que o enunciado tenha sentido completo; plo é um período simples, pois tem apenas uma oração, os
- que o enunciado tenha verbo (ou locução verbal). dois outros exemplos são períodos compostos, pois têm
Por Exemplo: Camila terminou a leitura do livro. mais de uma oração.
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer
Obs.: Na oração as palavras estão relacionadas entre si, entre as orações de um período composto: uma relação de
como partes de um conjunto harmônico: elas são os ter-
coordenação ou uma relação de subordinação.
mos ou as unidades sintáticas da oração. Assim, cada ter-
Duas orações são coordenadas quando estão juntas
mo da oração desempenha uma função sintática.
em um mesmo período (ou seja, em um mesmo bloco de
Atenção: Nem toda frase é oração. Por Exemplo: Que informações, marcado pela pontuação final), mas têm, am-
dia lindo! bas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
Esse enunciado é frase, pois tem sentido. Esse enun- - Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
ciado não é oração, pois não possui verbo. Assim, não pos- (Período Composto)
suem estrutura sintática, portanto não são orações, frases Podemos dizer:
como: 1. Estou comprando um protetor solar.
Socorro! - Com Licença! - Que rapaz ignorante! 2. Irei à praia.
A frase pode conter uma ou mais orações. Veja: Separando as duas, vemos que elas são independentes.
Brinquei no parque. (uma oração) É esse tipo de período que veremos: o Período Com-
Entrei na casa e sentei-me. (duas orações) posto por Coordenação.
Cheguei, vi, venci. (três orações) Quanto à classificação das orações coordenadas, te-
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas
Período Sindéticas.
63
LÍNGUA PORTUGUESA
Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como
principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer; quase toda a cultura humanística, têm pouca relevância
seja...seja. para nossa vida prática.
- Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador. C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase
- Ora sei que carreira seguir, ora penso em várias carrei- toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos-
ras diferentes. sa vida prática.
- Quer eu durma quer eu fique acordado, ficarei no D) Joyce e Mozart são ótimos, todavia eles, como qua-
quarto. se toda a cultura humanística, têm pouca relevância para
nossa vida prática.
Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase
principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por con- toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos-
seguinte, consequentemente, pois (posposto ao verbo) sa vida prática.
- Passei no vestibular, portanto irei comemorar.
- Conclui o meu projeto, logo posso descansar. 04. (ANALISTA ADMINISTRATIVO – VUNESP – 2013-
- Tomou muito sol, consequentemente ficou adoentada. adap.) Em – ...fruto não só do novo acesso da população
- A situação é delicada; devemos, pois, agir ao automóvel mas também da necessidade de maior nú-
Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas mero de viagens... –, os termos em destaque estabelecem
principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verda- relação de
de, pois (anteposto ao verbo). A) explicação.
- Só passei na prova porque me esforcei por muito tem- B) oposição.
po. C) alternância.
- Só fiquei triste por você não ter viajado comigo. D) conclusão.
- Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do- E) adição.
mingo.
05. Analise a oração destacada: Não se desespere, que
Fonte: estaremos a seu lado sempre.
Marque a opção correta quanto à sua classificação:
http://www.infoescola.com/portugues/oracoes-coor-
A) Coordenada sindética aditiva.
denadas-assindeticas-e-sindeticas/
B) Coordenada sindética alternativa.
C) Coordenada sindética conclusiva.
Questões sobre Orações Coordenadas
D) Coordenada sindética explicativa.
01. A oração “Não se verificou, todavia, uma transplan-
GABARITO
tação integral de gosto e de estilo” tem valor:
A) conclusivo 01. B 02. E 03. D 04. E 05. D
B) adversativo
C) concessivo RESOLUÇÃO
D) explicativo
E) alternativo 1-)
“Não se verificou, todavia, uma transplantação integral
02. “Estudamos, logo deveremos passar nos exames”. de gosto e de estilo” = conjunção adversativa, portanto:
A oração em destaque é: oração coordenada sindética adversativa
a) coordenada explicativa
b) coordenada adversativa 2-)
c) coordenada aditiva Estudamos, logo deveremos passar nos exames = a
d) coordenada conclusiva oração em destaque não é introduzida por conjunção, en-
e) coordenada assindética tão: coordenada assindética
64
LÍNGUA PORTUGUESA
E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida
prática. = explicativa
Dica: conjunção pois como explicativa = dá para eu substituir por porque; como conclusiva: substituo por portanto.
4-)
fruto não só do novo acesso da população ao automóvel mas também da necessidade de maior número de viagens...
estabelecem relação de adição de ideias, de fatos
5-)
Não se desespere, que estaremos a seu lado sempre.
= conjunção explicativa (= porque) - coordenada sindética explicativa
Subordinação
Observe que na oração subordinada temos o verbo “existe”, que está conjugado na terceira pessoa do singular do pre-
sente do indicativo. As orações subordinadas que apresentam verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do
indicativo, subjuntivo e imperativo), são chamadas de orações desenvolvidas ou explícitas. Podemos modificar o período
acima. Veja:
A análise das orações continua sendo a mesma: “Eu sinto” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração subordi-
nada “existir em meu gesto o teu gesto”. Note que a oração subordinada apresenta agora verbo no infinitivo. Além disso,
a conjunção “que”, conectivo que unia as duas orações, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo surge numa das
formas nominais (infinitivo - flexionado ou não -, gerúndio ou particípio) chamamos orações reduzidas ou implícitas.
Obs.: as orações reduzidas não são introduzidas por conjunções nem pronomes relativos. Podem ser, eventualmente,
introduzidas por preposição.
A oração subordinada substantiva tem valor de substantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção integrante
(que, se).
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também introduzem as orações subordinadas substantivas, bem como
os advérbios interrogativos (por que, quando, onde, como). Veja os exemplos:
65
LÍNGUA PORTUGUESA
Classificação das Orações Subordinadas - Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e
Substantivas “se”:
A professora verificou se todos alunos estavam presen-
De acordo com a função que exerce no período, a ora- tes.
ção subordinada substantiva pode ser: - Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às
vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
a) Subjetiva O pessoal queria saber quem era o dono do carro im-
portado.
É subjetiva quando exerce a função sintática de sujeito
do verbo da oração principal. Observe: - Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às
É fundamental o seu comparecimento à reunião. vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
Sujeito Eu não sei por que ela fez isso.
A oração subordinada substantiva objetiva direta exer- Sentimos orgulho de que você se comportou. (=
ce função de objeto direto do verbo da oração principal. Sentimos orgulho disso.)
Oração Subordinada Substantiva
Todos querem sua aprovação no concurso. Completiva Nominal
Objeto Direto
Lembre-se: as orações subordinadas substantivas ob-
Todos querem que você seja aprovado. (= Todos jetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto
querem isso) que orações subordinadas substantivas completivas nomi-
Oração Principal oração Subordinada Substantiva nais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma
Objetiva Direta da outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
tado. Essa é, aliás, a diferença entre o objeto indireto e o
As orações subordinadas substantivas objetivas diretas complemento nominal: o primeiro complementa um verbo,
desenvolvidas são iniciadas por: o segundo, um nome.
66
LÍNGUA PORTUGUESA
2) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS Na relação que estabelecem com o termo que caracte-
rizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de
Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou
valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As especificam o sentido do termo a que se referem, indivi-
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem dualizando-o. Nessas orações não há marcação de pausa,
a função de adjunto adnominal do antecedente. Observe sendo chamadas subordinadas adjetivas restritivas. Existem
o exemplo: também orações que realçam um detalhe ou amplificam
dados sobre o antecedente, que já se encontra suficiente-
Esta foi uma redação bem-sucedida. mente definido, as quais denominam-se subordinadas ad-
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal) jetivas explicativas.
Exemplo 1:
Note que o substantivo redação foi caracterizado pelo Jamais teria chegado aqui, não fosse a gentileza de um
adjetivo bem-sucedida. Nesse caso, é possível formarmos homem que passava naquele momento.
outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo pa- Oração Subordinada Adjetiva
pel. Veja: Restritiva
Esta foi uma redação que fez sucesso. Nesse período, observe que a oração em destaque res-
Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva tringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: trata-
se de um homem específico, único. A oração limita o uni-
Perceba que a conexão entre a oração subordinada ad- verso de homens, isto é, não se refere a todos os homens,
jetiva e o termo da oração principal que ela modifica é feita mas sim àquele que estava passando naquele momento.
pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou relacio- Exemplo 2:
nar) duas orações, o pronome relativo desempenha uma O homem, que se considera racional, muitas vezes
função sintática na oração subordinada: ocupa o papel que age animalescamente.
seria exercido pelo termo que o antecede. Oração Subordinada Adjetiva Explicativa
67
LÍNGUA PORTUGUESA
No primeiro período, “naquele momento” é um ad- Condição é aquilo que se impõe como necessário para
junto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal a realização ou não de um fato. As orações subordinadas
“senti”. No segundo período, esse papel é exercido pela adverbiais condicionais exprimem o que deve ou não ocor-
oração “Quando vi a estátua”, que é, portanto, uma oração rer para que se realize ou deixe de se realizar o fato expres-
subordinada adverbial temporal. Essa oração é desenvol- so na oração principal.
vida, pois é introduzida por uma conjunção subordinativa Principal conjunção subordinativa condicional: SE
(quando) e apresenta uma forma verbal do modo indicati- Outras conjunções condicionais: caso, contanto que,
vo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria possível desde que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que,
reduzi-la, obtendo-se: sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo).
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado,
Ao ver a estátua, senti uma das maiores emoções de certamente o melhor time será campeão.
minha vida. Uma vez que todos aceitem a proposta, assinaremos o
contrato.
A oração em destaque é reduzida, pois apresenta uma Caso você se case, convide-me para a festa.
das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é
introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma d) Concessão
preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
As orações subordinadas adverbiais concessivas in-
Obs.: a classificação das orações subordinadas adver- dicam concessão às ações do verbo da oração principal,
biais é feita do mesmo modo que a classificação dos ad- isto é, admitem uma contradição ou um fato inesperado. A
juntos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela ideia de concessão está diretamente ligada ao contraste, à
oração. quebra de expectativa.
68
LÍNGUA PORTUGUESA
Principal conjunção subordinativa concessiva: EMBORA Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigos.
Utiliza-se também a conjunção: conquanto e as locu- Felipe abriu a porta do carro para que sua namorada
ções ainda que, ainda quando, mesmo que, se bem que, pos- entrasse.
to que, apesar de que.
Só irei se ele for. h) Proporção
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” As orações subordinadas adverbiais proporcionais ex-
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita. Com- primem ideia de proporção, ou seja, um fato simultâneo ao
pare agora com: expresso na oração principal.
Irei mesmo que ele não vá. Principal locução conjuntiva subordinativa proporcio-
nal: À PROPORÇÃO QUE
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: Outras locuções conjuntivas proporcionais: à medida
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A que, ao passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...
oração destacada é, portanto, subordinada adverbial con- (maior), quanto maior...(menor), quanto menor...(maior),
cessiva. Observe outros exemplos: quanto menor...(menor), quanto mais...(mais), quanto mais...
Embora fizesse calor, levei agasalho. (menos), quanto menos...(mais), quanto menos...(menos).
Conquanto a economia tenha crescido, pelo menos me- À proporção que estudávamos, acertávamos mais ques-
tade da população continua à margem do mercado de con- tões.
sumo. Visito meus amigos à medida que eles me convidam.
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em- Quanto maior for a altura, maior será o tombo.
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
i) Tempo
e) Comparação
As orações subordinadas adverbiais temporais acres-
As orações subordinadas adverbiais comparativas es- centam uma ideia de tempo ao fato expresso na oração
tabelecem uma comparação com a ação indicada pelo ver-
principal, podendo exprimir noções de simultaneidade, an-
bo da oração principal.
terioridade ou posterioridade.
Principal conjunção subordinativa comparativa: COMO
Principal conjunção subordinativa temporal: QUANDO
Ele dorme como um urso.
Outras conjunções subordinativas temporais: enquan-
to, mal e locuções conjuntivas: assim que, logo que, todas as
Saiba que: É comum a omissão do verbo nas orações
vezes que, antes que, depois que, sempre que, desde que, etc.
subordinadas adverbiais comparativas. Por exemplo:
Agem como crianças. (agem) Quando você foi embora, chegaram outros convidados.
Oração Subordinada Adverbial Comparativa Sempre que ele vem, ocorrem problemas.
No entanto, quando se comparam ações diferentes, Mal você saiu, ela chegou.
isso não ocorre. Por exemplo: Ela fala mais do que faz. Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi-
(comparação do verbo falar e do verbo fazer). nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
f) Conformidade Fonte:
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint29.
As orações subordinadas adverbiais conformativas in- php
dicam ideia de conformidade, ou seja, exprimem uma re-
gra, um modelo adotado para a execução do que se decla- Questões sobre Orações Subordinadas
ra na oração principal.
Principal conjunção subordinativa conformativa: CON- 01. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VUNESp/2013).
FORME Mais denso, menos trânsito
Outras conjunções conformativas: como, consoante e
segundo (todas com o mesmo valor de conforme). As grandes cidades brasileiras estão congestionadas e
Fiz o bolo conforme ensina a receita. em processo de deterioração agudizado pelo crescimento
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm econômico da última década. Existem deficiências evidentes
direitos iguais. em infraestrutura, mas é importante também considerar o
planejamento urbano.
g) Finalidade Muitas grandes cidades adotaram uma abordagem de
desconcentração, incentivando a criação de diversos centros
As orações subordinadas adverbiais finais indicam a urbanos, na visão de que isso levaria a uma maior facilidade
intenção, a finalidade daquilo que se declara na oração de deslocamento.
principal. Mas o efeito tem sido o inverso. A criação de diversos
Principal conjunção subordinativa final: A FIM DE QUE centros e o aumento das distâncias multiplicam o número de
Outras conjunções finais: que, porque (= para que) e a viagens, dificultando o investimento em transporte coletivo e
locução conjuntiva para que. aumentando a necessidade do transporte individual.
69
LÍNGUA PORTUGUESA
70
LÍNGUA PORTUGUESA
E) De maneira que, com a desconcentração e o aumen- A oração não atende aos requisitos de tais orações, ou
to da extensão urbana verificados no Brasil, é importante seja, não se inicia com verbo de ligação, tampouco pelos
desenvolver e adensar ainda mais os diversos centros já verbos “convir”, “parecer”, “importar”, “constar” etc., e tam-
existentes... bém não inicia com as conjunções integrantes “que” e “se”.
71
LÍNGUA PORTUGUESA
nino igreja. Quando ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem, a união delas é indicada pelo acento grave.
Observe os outros exemplos:
Conheço a aluna.
Refiro-me à aluna.
No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não
pode ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto (referir--se a algo ou a alguém) e exige a preposição “a”.
Portanto, a crase é possível, desde que o termo seguinte seja feminino e admita o artigo feminino “a” ou um dos pronomes
já especificados.
- diante da maioria dos pronomes e das expressões de tratamento, com exceção das formas senhora, senhorita
e dona:
Diga a ela que não estarei em casa amanhã.
Entreguei a todos os documentos necessários.
Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem.
Peço a Vossa Senhoria que aguarde alguns minutos.
Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes podem ser identificados pelo método: troque a palavra
feminina por uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao, ocorrerá crase. Por exemplo:
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.)
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao senhor.)
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio Cláudio para sair mais cedo.)
- diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de” (mesmo que a expressão moda de fique subentendida):
O jogador fez um gol à (moda de) Pelé.
Usava sapatos à (moda de) Luís XV.
Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho.
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro.
- na indicação de horas:
Acordei às sete horas da manhã.
Elas chegaram às dez horas.
Foram dormir à meia-noite.
72
LÍNGUA PORTUGUESA
- em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de que participam palavras femininas. Por exemplo:
à tarde às ocultas às pressas à medida que
à noite às claras às escondidas à força
à vontade à beça à larga à escuta
às avessas à revelia à exceção de à imitação de
à esquerda às turras às vezes à chave
à direita à procura à deriva à toa
à luz à sombra de à frente de à proporção que
à semelhança de às ordens à beira de
Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo “a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que
diante deles haverá crase, desde que o termo regente exija a preposição “a”. Para saber se um nome de lugar admite ou não
a anteposição do artigo feminino “a”, deve-se substituir o termo regente por um verbo que peça a preposição “de” ou “em”.
A ocorrência da contração “da” ou “na” prova que esse nome de lugar aceita o artigo e, por isso, haverá crase. Por exemplo:
Vou à França. (Vim da [de+a] França. Estou na [em+a] França.)
Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto Alegre.)
*- Dica da Zê!: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou A volto DE, crase PRA QUÊ?”
Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
Vou à praia. = Volto da praia.
Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo regente exigir a preposição “a”. Por exemplo:
Refiro-me a + aquele atentado.
Preposição Pronome
Refiro-me àquele atentado.
O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo indireto referir (referir-se a algo ou alguém) e exige preposição,
portanto, ocorre a crase. Observe este outro exemplo:
Aluguei aquela casa.
O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não exige preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Veja
outros exemplos:
Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho.
Quero agradecer àqueles que me socorreram.
Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai.
Não obedecerei àquele sujeito.
Assisti àquele filme três vezes.
Espero aquele rapaz.
Fiz aquilo que você disse.
Comprei aquela caneta.
A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e as quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses pro-
nomes exigir a preposição “a”, haverá crase. É possível detectar a ocorrência da crase nesses casos utilizando a substituição
do termo regido feminino por um termo regido masculino. Por exemplo:
73
LÍNGUA PORTUGUESA
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade. Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a Ro-
O monumento ao qual me refiro fica no centro da ci- berto.
dade. Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao Ro-
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a berto.
crase. Veja outros exemplos: - diante de pronome possessivo feminino:
São normas às quais todos os alunos devem obedecer. Observação: é facultativo o uso da crase diante de pro-
Esta foi conclusão à qual ele chegou. nomes possessivos femininos porque é facultativo o uso do
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam artigo. Observe:
responder nenhuma das questões. Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está esperan-
A sessão à qual assisti estava vazia. do por você.
A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está es-
Crase com o Pronome Demonstrativo “a” perando por você.
Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de
A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo
pronomes possessivos femininos, então podemos escrever
“a” também pode ser detectada através da substituição do
as frases abaixo das seguintes formas:
termo regente feminino por um termo regido masculino.
Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.
Veja:
Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.
Minha revolta é ligada à do meu país.
Meu luto é ligado ao do meu país.
As orações são semelhantes às de antes. - depois da preposição até:
Os exemplos são semelhantes aos de antes. Fui até a praia. ou Fui até à praia.
Suas perguntas são superiores às dele. Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o
Seus argumentos são superiores aos dele. até à porta.
Sua blusa é idêntica à de minha colega. A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A
Seu casaco é idêntico ao de minha colega. palestra vai até às cinco horas da tarde.
Se a palavra distância estiver especificada, determina- 01.( Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) No Brasil, as dis-
da, a crase deve ocorrer. Por exemplo: Sua casa fica à dis- cussões sobre drogas parecem limitar-se ______aspectos ju-
tância de 100km daqui. (A palavra está determinada) rídicos ou policiais. É como se suas únicas consequências
Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A estivessem em legalismos, tecnicalidades e estatísticas cri-
palavra está especificada.) minais. Raro ler ____respeito envolvendo questões de saúde
pública como programas de esclarecimento e prevenção, de
Se a palavra distância não estiver especificada, a crase tratamento para dependentes e de reintegração desses____
não pode ocorrer. Por exemplo: vida. Quantos de nós sabemos o nome de um médico ou
Os militares ficaram a distância. clínica ____quem tentar encaminhar um drogado da nossa
Gostava de fotografar a distância. própria família?
Ensinou a distância. (Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Pau-
Dizem que aquele médico cura a distância. lo, 17.09.2012. Adaptado)
Reconheci o menino a distância. As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e
respectivamente, com:
Observação: por motivo de clareza, para evitar ambi-
(A) aos … à … a … a
guidade, pode-se usar a crase. Veja:
(B) aos … a … à … a
Gostava de fotografar à distância.
(C) a … a … à … à
Ensinou à distância.
Dizem que aquele médico cura à distância. (D) à … à … à … à
(E) a … a … a … a
Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA
02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013).Leia
- diante de nomes próprios femininos: o texto a seguir.
Observação: é facultativo o uso da crase diante de no- Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, cor-
mes próprios femininos porque é facultativo o uso do ar- reu ______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira
tigo. Observe: causa do procedimento de Camilo. Vimos que ______ carto-
Paula é muito bonita. Laura é minha amiga. mante restituiu--lhe ______ confiança, e que o rapaz repreen-
A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga. deu-a por ter feito o que fez.
(Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias.
Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo Rio de Janeiro: Globo, 1997, p. 6)
feminino diante de nomes próprios femininos, então pode- Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na
mos escrever as frases abaixo das seguintes formas: ordem dada:
74
LÍNGUA PORTUGUESA
75
LÍNGUA PORTUGUESA
3-) “Nesta oportunidade, volto _a_ referir-me àqueles__ C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar
problemas já expostos a _ V. Sª _há_ alguns dias”. as instalações do prédio. (verbo no infinitivo)
- a referir = antes de verbo no infinito não há crase; D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer
- quem faz referência, faz referência A algo ou A al- detalhe que envolva a segurança das pessoas. (pronome
guém ( a regência do verbo pede preposição) indefinido)
- antes de pronome de tratamento não há crase (exce- E) É função da política é dedicar-se à todo problema
ção à senhora, que admite artigo); que comprometa o bem-estar do cidadão. (pronome in-
- há no sentido de tempo passado.
definido)
9-) Um bom conhecimento de matemática é indispen-
4-) Claro que não me estou referindo à leitura apressa-
da e sem profundidade. sável à construção do saber nas mais diversas áreas.
a cada um de nós neste formigueiro. (antes de prono- A) à todo e qualquer estudante. (pronome indefinido)
me indefinido) B) à estudantes de nível superior. (“a” no singular antes
a exemplo de obras publicadas recentemente. (palavra de palavra no plural)
masculina) C) à quem pretende carreiras no campo de exatas.
a uma comunicação festiva e virtual. (artigo indefini- (pronome indefinido/relativo)
do) E) à uma boa formação profissional. (artigo indefinido)
a respeito de autores reconhecidos pelo público. (pa-
lavra masculina)
76
LÍNGUA PORTUGUESA
Reticências Fontes:
1- Indica que palavras foram suprimidas. http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
- Comprei lápis, canetas, cadernos... http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgu-
la.htm
2- Indica interrupção violenta da frase.
“- Não... quero dizer... é verdad... Ah!” Questões sobre Pontuação
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida
01. (Agente Policial – Vunesp – 2013). Assinale a alter-
- Este mal... pega doutor?
nativa em que a pontuação está corretamente empregada,
4- Indica que o sentido vai além do que foi dito de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
- Deixa, depois, o coração falar... (A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,
embora, experimentasse, a sensação de violar uma intimi-
Vírgula dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando en-
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua
Não se usa vírgula dona.
*separando termos que, do ponto de vista sintático, li- (B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e,
gam-se diretamente entre si: embora experimentasse a sensação, de violar uma intimi-
- entre sujeito e predicado. dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando en-
Todos os alunos da sala foram advertidos. contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua
Sujeito predicado dona.
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,
- entre o verbo e seus objetos.
embora experimentasse a sensação de violar uma intimida-
O trabalho custou sacrifício aos realiza-
de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar
dores.
V.T.D.I. O.D. O.I. algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e,
Usa-se a vírgula: embora experimentasse a sensação de violar uma intimi-
- Para marcar intercalação: dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, en-
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun- contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua
dância, vem caindo de preço. dona.
77
LÍNGUA PORTUGUESA
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, (D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida-
embora, experimentasse a sensação de violar uma intimi- mente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço
dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, en- seja mais notável em alguns países – o Brasil é um exemplo
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua – do que em outros.
dona. (E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapida-
02. Assinale a opção em que está corretamente indica- mente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avan-
ço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exem-
da a ordem dos sinais de pontuação que devem preencher
plo) do que em outros.
as lacunas da frase abaixo: 05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.).
“Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas Assinale a alternativa em que a frase mantém-se correta
devem ser consideradas ____ uma é a contribuição teórica após o acréscimo das vírgulas.
que o trabalho oferece ___ a outra é o valor prático que possa (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na
ter. pulseira instruções para que envie, uma mensagem eletrô-
nica ao grupo ou acione o código na internet.
A) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula (B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de
B) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula; onde o código foi acionado.
C) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula; (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastra-
D) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula; dos, recebem automaticamente, uma mensagem dizendo
E) ponto e vírgula, vírgula, vírgula. que a criança foi encontrada.
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega
03. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013). Os primeiro às, areias do Guarujá.
(E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o te-
sinais de pontuação estão empregados corretamente em:
lefone de quem a encontrou e informar um ponto de re-
A) Duas explicações, do treinamento para consultores ferência
iniciantes receberam destaque, o conceito de PPD e a cons-
trução de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar das 06. Assinale a série de sinais cujo emprego correspon-
metas de vendas associadas aos dois temas. de, na mesma ordem, aos parênteses indicados no texto:
B) Duas explicações do treinamento para consultores “Pergunta-se ( ) qual é a ideia principal desse pará-
iniciantes receberam destaque: o conceito de PPD e a cons- grafo ( ) A chegada de reforços ( ) a condecoração ( ) o
trução de tabelas Price; mas, por outro lado, faltou falar das escândalo da opinião pública ou a renúncia do presidente (
metas de vendas associadas aos dois temas. ) Se é a chegada de reforços ( ) que relação há ( ) ou mos-
C) Duas explicações do treinamento para consultores trou seu autor haver ( ) entre esse fato e os restantes ( )”.
iniciantes receberam destaque; o conceito de PPD e a cons- A) vírgula, vírgula, interrogação, interrogação, interro-
trução de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das gação, vírgula, vírgula, vírgula, ponto final
metas de vendas associadas aos dois temas. B) dois pontos, interrogação, vírgula, vírgula, interroga-
ção, vírgula, travessão, travessão, interrogação
D) Duas explicações do treinamento para consulto-
C) travessão, interrogação, vírgula, vírgula, ponto final,
res iniciantes, receberam destaque: o conceito de PPD e travessão, travessão, ponto final, ponto final
a construção de tabelas Price, mas, por outro lado, faltou D) dois pontos, interrogação, vírgula, ponto final, tra-
falar das metas de vendas associadas aos dois temas. vessão, vírgula, vírgula, vírgula, interrogação
E) Duas explicações, do treinamento para consulto- E) dois pontos, ponto final, vírgula, vírgula, interroga-
res iniciantes, receberam destaque; o conceito de PPD e a ção, vírgula, vírgula, travessão, interrogação
construção de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar
das metas, de vendas associadas aos dois temas. 07. (SRF) Das redações abaixo, assinale a que não está
pontuada corretamente:
04.(Escrevente TJ SP – Vunesp 2012). Assinale a alter- A) Os candidatos, em fila, aguardavam ansiosos o re-
nativa em que o período, adaptado da revista Pesquisa sultado do concurso.
Fapesp de junho de 2012, está correto quanto à regência B) Em fila, os candidatos, aguardavam, ansiosos, o re-
nominal e à pontuação. sultado do concurso.
C) Ansiosos, os candidatos aguardavam, em fila, o re-
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapida-
sultado do concurso.
mente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço D) Os candidatos ansiosos aguardavam o resultado do
seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, concurso, em fila.
do que em outros. E) Os candidatos aguardavam ansiosos, em fila, o resul-
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam ra- tado do concurso.
pidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o
avanço seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um 08. A frase em que deveria haver uma vírgula é:
exemplo!, do que em outros. A) Comi uma fruta pela manhã e outra à tarde.
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam ra- B) Eu usei um vestido vermelho na festa e minha irmã
pidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o usou um vestido azul.
avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um C) Ela tem lábios e nariz vermelhos.
exemplo, do que em outros. D) Não limparam a sala nem a cozinha.
78
LÍNGUA PORTUGUESA
2-) Quando se trata de trabalho científico , duas coisas 6-) Pergunta-se ( : ) qual é a ideia principal desse pa-
rágrafo
devem ser consideradas : uma é a contribuição teórica
( ? ) A chegada de reforços ( , ) a condecoração ( , ) o
que o trabalho oferece ; a outra é o valor prático que pos-
escândalo da opinião pública ou a renúncia do presidente
sa ter. vírgula, dois pontos, ponto e vírgula (? ) Se é a chegada de reforços ( , ) que relação há ( - )
ou mostrou seu autor haver ( - ) entre esse fato e os res-
3-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inade- tantes ( ? )
quadas
A) Duas explicações , (X) do treinamento para consul- 7-) Em fila, os candidatos , (X) aguardavam, ansiosos, o
tores iniciantes receberam destaque , (X) o conceito de resultado do concurso.
PPD e a construção de tabelas Price; mas por outro lado,
8-) Eu usei um vestido vermelho na festa , e minha
faltou falar das metas de vendas associadas aos dois temas.
irmã usou um vestido azul.
C) Duas explicações do treinamento para consultores
Há situações em que é possível usar a vírgula antes do
iniciantes receberam destaque ; (X) o conceito de PPD e a “e”. Isso ocorre quando a conjunção aditiva coordena ora-
construção de tabelas Price , (X) mas por outro lado, faltou ções de sujeitos diferentes nas quais a leitura fluente pode
falar das metas de vendas associadas aos dois temas. ser prejudicada pela ausência da pontuação.
D) Duas explicações do treinamento para consultores
iniciantes , (X) receberam destaque: o conceito de PPD e a
construção de tabelas Price , (X) mas, por outro lado, faltou 6. LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO.
falar das metas de vendas associadas aos dois temas.
E) Duas explicações , (X) do treinamento para consul-
tores iniciantes , (X) receberam destaque ; (X) o conceito
É muito comum, entre os candidatos a um cargo públi-
de PPD e a construção de tabelas Price , (X) mas por outro co, a preocupação com a interpretação de textos. Por isso,
lado, faltou falar das metas , (X) de vendas associadas aos vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar no momento
dois temas. de responder às questões relacionadas a textos.
79
LÍNGUA PORTUGUESA
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia de erros de interpretação. Os mais frequentes são:
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, - Extrapolação (viagem): Ocorre quando se sai do con-
ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, texto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer por
conhecimento prévio do tema quer pela imaginação.
que levem ao esclarecimento das questões apresentadas
na prova.
- Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção
apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um con-
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a: junto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do
entendimento do tema desenvolvido.
- Identificar – é reconhecer os elementos fundamen-
tais de uma argumentação, de um processo, de uma época - Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias con-
(neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo-
definem o tempo). cadas e, consequentemente, errando a questão.
- Comparar – é descobrir as relações de semelhança Observação - Muitos pensam que há a ótica do es-
ou de diferenças entre as situações do texto. critor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa
- Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado prova de concurso, o que deve ser levado em consideração
com uma realidade, opinando a respeito. é o que o autor diz e nada mais.
- Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secun-
dárias em um só parágrafo. Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
- Parafrasear – é reescrever o texto com outras pala- relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si.
vras. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um
pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono-
Condições básicas para interpretar me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se
vai dizer e o que já foi dito.
Fazem-se necessários:
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia
- Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros
-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e
literários, estrutura do texto), leitura e prática; do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do
- Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode esquecer
texto) e semântico; também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante-
Observação – na semântica (significado das palavras) cedente.
incluem--se: homônimos e parônimos, denotação e cono- Os pronomes relativos são muito importantes na in-
tação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua- terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
gem, entre outros. coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
- Capacidade de observação e de síntese e existe um pronome relativo adequado a cada circunstância,
- Capacidade de raciocínio. a saber:
80
LÍNGUA PORTUGUESA
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden- No texto, o substantivo usado para ressaltar o universo
te, mas depende das condições da frase. reduzido no qual o menino detém sua atenção é
- qual (neutro) idem ao anterior. (A) fresta.
- quem (pessoa) (B) marca.
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois (C) alma.
o objeto possuído. (D) solidão.
- como (modo) (E) penumbra.
- onde (lugar)
quando (tempo) 2-) (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
quanto (montante) PE/2012)
O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca a
Exemplo: totalidade do universo, toda a sociedade, a história, a con-
Falou tudo QUANTO queria (correto) cepção de mundo. É uma verdade que se diz sobre o mundo,
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria que se estende a todas as coisas e à qual nada escapa. É,
aparecer o demonstrativo O ). de alguma maneira, o aspecto festivo do mundo inteiro, em
todos os seus níveis, uma espécie de segunda revelação do
Dicas para melhorar a interpretação de textos mundo.
Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo:
assunto; Hucitec, 1987, p. 73 (com adaptações).
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa
a leitura; Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente tex-
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto tual “O riso”.
pelo menos duas vezes; ( ) CERTO ( ) ERRADO
- Inferir;
3-) (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE/2010)
- Voltar ao texto quantas vezes precisar;
Só agora, quase cinco meses depois do apagão que atin-
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do
giu pelo menos 1.800 cidades em 18 estados do país, surge
autor;
uma explicação oficial satisfatória para o corte abrupto e
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor
generalizado de energia no final de 2009.
compreensão;
Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elé-
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de
trica (ANEEL), a responsabilidade recai sobre a empresa es-
cada questão;
tatal Furnas, cujas linhas de transmissão cruzam os mais de
- O autor defende ideias e você deve percebê-las.
900 km que separam Itaipu de São Paulo.
Equipamentos obsoletos, falta de manutenção e de in-
Fonte:
vestimentos e também erros operacionais conspiraram para
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu- produzir a mais séria falha do sistema de geração e distri-
gues/como-interpretar-textos buição de energia do país desde o traumático racionamento
de 2001.
QUESTÕES Folha de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adapta-
ções).
1-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 –
FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à ques- Considerando os sentidos e as estruturas linguísticas
tão, considere o texto abaixo. do texto acima apresentado, julgue os próximos itens.
A marca da solidão A oração “que atingiu pelo menos 1.800 cidades em 18
Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de estados do país” tem, nesse contexto, valor restritivo.
paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a ( ) CERTO ( ) ERRADO
testa pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de
penumbra na tarde quente. 4-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011)
Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, den- Um carteiro chega ao portão do hospício e grita:
tro de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com — Carta para o 9.326!!!
pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando peque- Um louco pega o envelope, abre-o e vê que a carta está
nas plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de quem é em
capaz de parar de viver para, apenas, ver. Quando se tem a branco, e um outro pergunta:
marca da solidão na alma, o mundo cabe numa fresta. — Quem te mandou essa carta?
(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Ja- — Minha irmã.
neiro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47) — Mas por que não está escrito nada?
81
LÍNGUA PORTUGUESA
— Ah, porque nós brigamos e não estamos nos falando! Meus amigos partem para as suas férias, cansados de
Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com tanto trabalho; de tanta luta com os motoristas da contra-
adaptações). mão; enfim, cansados, cansados de serem obrigados a viver
numa grande cidade, isto que já está sendo a negação da
O efeito surpresa e de humor que se extrai do texto própria vida.
acima decorre E eu vou para a Ilha do Nanja.
A) da identificação numérica atribuída ao louco. Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui. Passarei as
B) da expressão utilizada pelo carteiro ao entregar a férias lá, onde, à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio
carta no hospício. cresce como um bosque. Nem preciso fechar os olhos: já es-
C) do fato de outro louco querer saber quem enviou tou vendo os pescadores com suas barcas de sardinha, e a
a carta. moça à janela a namorar um moço na outra janela de outra
D) da explicação dada pelo louco para a carta em bran- ilha.
co. (Cecília Meireles, O que se diz e o que se entende.
E) do fato de a irmã do louco ter brigado com ele. Adaptado)
Considerando o tipo textual apresentado, algumas ex- 8-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO
pressões demonstram o posicionamento pessoal do leitor – VUNESP/2013) Ao descrever a Ilha do Nanja como um
diante do fato por ele narrado. Tais marcas textuais podem lugar onde, “à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio
ser encontradas nos trechos a seguir, EXCETO: cresce como um bosque” (último parágrafo), a autora su-
A) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...” gere que viajará para um lugar
B) “... após 69 dias de permanência no fundo de uma (A) repulsivo e populoso.
mina de cobre e ouro no Chile.” (B) sombrio e desabitado.
C) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e material...” (C) comercial e movimentado.
D) “... gesto humanitário que só enobrece esses países.” (D) bucólico e sossegado.
E) “... demonstrando coragem e desprendimento, des- (E) opressivo e agitado.
ceram na mina...”
(DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO – 9-) (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013)
VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder às Grandes metrópoles em diversos países já aderiram. E
questões de números 6 a 8. o Brasil já está falando sobre isso. O pedágio urbano divide
opiniões e gera debates acalorados. Mas, afinal, o que é mais
Férias na Ilha do Nanja justo? O que fazer para desafogar a cidade de tantos carros?
Prepare-se para o debate que está apenas começando.
Meus amigos estão fazendo as malas, arrumando as (Adaptado de Superinteressante, dezembro2012, p.34)
malas nos seus carros, olhando o céu para verem que tempo
faz, pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas, Marque N(não) para os argumentos contra o pedágio
fissuras* – sem falar em bandidos, milhões de bandidos entre urbano; marque S(sim) para os argumentos a favor do pe-
as fissuras, as pedras soltas e as barreiras... dágio urbano.
82
LÍNGUA PORTUGUESA
83
LÍNGUA PORTUGUESA
Coesão
7. ORGANIZAÇÃO TEXTUAL.
7.1. Mecanismos de Coesão e Coerência. - assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
- situa-se na superfície do texto, estabelece conexão
sequencial;
Coesão e Coerência - relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as
partes componentes do texto;
Não basta conhecer o conteúdo das partes de um tra- - Estabelece relações entre os vocábulos no interior
balho: introdução, desenvolvimento e conclusão. Além de
das frases.
saber o que se deve (e o que não se deve) escrever em
cada parte constituinte do texto, é preciso saber escrever
obedecendo às normas de coerência e coesão. Antes de Coerência e coesão são responsáveis pela inteligibili-
mais nada, é necessário definir os termos: coerência diz res- dade ou compreensão do texto. Um texto bem redigido
peito à articulação do texto, à compatibilidade das ideias, tem parágrafos bem estruturados e articulados pelo enca-
à lógica do raciocínio, a seu conteúdo. Coesão refere-se à deamento das ideias neles contidas. As estruturas frasais
expressão linguística, ao nível gramatical, às estruturas fra- devem ser coerentes e gramaticalmente corretas, no que
sais e ao emprego do vocabulário. diz respeito à sintaxe. O vocabulário precisa ser adequado
Coerência e coesão relacionam-se com o processo de e essa adequação só se consegue pelo conhecimento dos
produção e compreensão do texto. A coesão contribui para significados possíveis de cada palavra. Talvez os erros mais
a coerência, mas nem sempre um texto coerente apresenta comuns de redação sejam devidos à impropriedade do vo-
coesão. Pode ocorrer que o texto sem coerência apresente cabulário e ao mau emprego dos conectivos (conjunções,
coesão, ou que um texto tenha coesão sem coerência. Em que têm por função ligar uma frase ou período a outro). Eis
outras palavras: um texto pode ser gramaticalmente bem
alguns exemplos de impropriedade do vocabulário, colhi-
construído, com frases bem estruturadas, vocabulário cor-
dos em redações sobre censura e os meios de comunica-
reto, mas apresentar ideias sem nexo, sem uma sequência
lógica: há coesão, mas não coerência. Por outro lado, um ção e outras.
texto pode apresentar ideias coerentes e bem encadeadas,
sem que no plano da expressão as estruturas frasais sejam “Nosso direito é frisado na Constituição.”
gramaticalmente aceitáveis: há coerência, mas não coesão. Nosso direito é assegurado pela Constituição. = correta
A coerência textual subjaz ao texto e é responsável
pela hierarquização dos elementos textuais, ou seja, ela “Estabelecer os limites as quais a programação deveria
tem origem nas estruturas profundas, no conhecimento do estar exposta.”
mundo de cada pessoa, aliada à competência linguística. Estabelecer os limites aos quais a programação deveria
Deduz-se que é difícil ensinar coerência textual, intima- estar sujeita. = correta
mente ligada à visão de mundo, à origem das ideias no
pensamento. A coesão, porém, refere-se à expressão lin- “A censura deveria punir as notícias sensacionalistas.”
guística, aos processos sintáticos e gramaticais do texto. A censura deveria proibir (ou coibir) as notícias sensa-
O seguinte resumo caracteriza coerência e coesão:
cionalistas ou punir os meios de comunicação que veiculam
Coerência: rede de sintonia entre as partes e o todo de tais notícias. = correta
um texto. Conjunto de unidades sistematizadas numa ade-
quada relação semântica, que se manifesta na compatibi- “Retomada das rédeas da programação.”
lidade entre as ideias. (Na linguagem popular: “dizer coisa Retomada das rédeas dos meios de comunicação, no
com coisa” ou “uma coisa bate com outra”). que diz respeito à programação. = correta
Coesão: conjunto de elementos posicionados ao longo
do texto, numa linha de sequência e com os quais se es- O emprego de vocabulário inadequado prejudica mui-
tabelece um vínculo ou conexão sequencial. Se o vínculo tas vezes a compreensão das ideias. É importante, ao redi-
coesivo faz-se via gramática, fala-se em coesão gramatical. gir, empregar palavras cujo significado seja conhecido pelo
Se se faz por meio do vocabulário, tem-se a coesão lexical. enunciador, e cujo emprego faça parte de seus conheci-
mentos linguísticos. Muitas vezes, quem redige conhece o
Coerência significado de determinada palavra, mas não sabe empre-
gá-la adequadamente, isso ocorre frequentemente com o
- assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do
emprego dos conectivos (preposições e conjunções). Não
texto;
- situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão basta saber que as preposições ligam nomes ou sintagmas
conceitual; nominais no interior das frases e que as conjunções ligam
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o frases dentro do período; é necessário empregar adequa-
todo, com o aspecto global do texto; damente tanto umas como outras. É bem verdade que, na
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e fra- maioria das vezes, o emprego inadequado dos conectivos
ses. remete aos problemas de regência verbal e nominal.
84
LÍNGUA PORTUGUESA
85
LÍNGUA PORTUGUESA
86
LÍNGUA PORTUGUESA
2-)
Fiz as correções necessárias: 8. FIGURAS DE LINGUAGEM.
(A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o plane-
ta não resistiu = resistirá
(B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto FIGURAS DE LINGUAGEM.
poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um colapso.
(C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebida,
o do jogo, o do sexo e o do consumo não conhecesse dis- Segundo Mauro Ferreira, a importância em reconhecer
torções patológicas, não haverá = haveria figuras de linguagem está no fato de que tal conhecimento,
(D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tornado além de auxiliar a compreender melhor os textos literários,
tão eficientes, talvez as coisas não ficaram = ficariam (ou deixa-nos mais sensíveis à beleza da linguagem e ao
teriam ficado) significado simbólico das palavras e dos textos.
(E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons- Definição: Figuras de linguagem são certos recursos
cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia = não--convencionais que o falante ou escritor cria para dar
crescerá maior expressividade à sua mensagem.
RESPOSTA: “B”.
3-) Metáfora
O verbo “faria” está no futuro do pretérito, ou seja, in- É o emprego de uma palavra com o significado de outra
dica que é uma ação que, para acontecer, depende de ou- em vista de uma relação de semelhanças entre ambas. É
tra. Exemplo: Quando um candidato entrasse, eu faria / Se uma comparação subentendida.
ele entrar, eu farei / Caso ele entre, eu faço... Minha boca é um túmulo.
RESPOSTA: “A”. Essa rua é um verdadeiro deserto.
87
LÍNGUA PORTUGUESA
Comparação Eufemismo
Consiste em atribuir características de um ser a outro, Consiste em suavizar palavras ou expressões que são
em virtude de uma determinada semelhança. desagradáveis.
O meu coração está igual a um céu cinzento. Ele foi repousar no céu, junto ao Pai. (repousar no céu
O carro dele é rápido como um avião. = morrer)
Os homens públicos envergonham o povo. (homens
Prosopopeia públicos = políticos)
É uma figura de linguagem que atribui características
humanas a seres inanimados. Também podemos chamá-la Hipérbole
de PERSONIFICAÇÃO. É um exagero intencional com a finalidade de tornar
O céu está mostrando sua face mais bela. mais expressiva a ideia.
O cão mostrou grande sisudez. Ela chorou rios de lágrimas.
Muitas pessoas morriam de medo da perna cabeluda.
Sinestesia
Consiste na fusão de impressões sensoriais diferentes Ironia
(mistura dos cinco sentidos). Consiste na inversão dos sentidos, ou seja, afirmamos o
Raquel tem um olhar frio, desesperador. contrário do que pensamos.
Aquela criança tem um olhar tão doce. Que alunos inteligentes, não sabem nem somar.
Se você gritar mais alto, eu agradeço.
Catacrese
É o emprego de uma palavra no sentido figurado por Onomatopeia
falta de um termo próprio. Consiste na reprodução ou imitação do som ou voz
O menino quebrou o braço da cadeira. natural dos seres.
A manga da camisa rasgou. Com o au-au dos cachorros, os gatos desapareceram.
Miau-miau. – Eram os gatos miando no telhado a noite
Metonímia toda.
É a substituição de uma palavra por outra, quando
existe uma relação lógica, uma proximidade de sentidos Aliteração
que permite essa troca. Ocorre metonímia quando Consiste na repetição de um determinado som
empregamos: consonantal no início ou interior das palavras.
O rato roeu a roupa do rei de Roma.
- O autor pela obra.
Li Jô Soares dezenas de vezes. (a obra de Jô Soares) Elipse
Consiste na omissão de um termo que fica subentendido
- o continente pelo conteúdo. no contexto, identificado facilmente.
O ginásio aplaudiu a seleção. (ginásio está substituindo Após a queda, nenhuma fratura.
os torcedores)
Zeugma
- a parte pelo todo. Consiste na omissão de um termo já empregado
Vários brasileiros vivem sem teto, ao relento. (teto anteriormente.
substitui casa) Ele come carne, eu verduras.
88
LÍNGUA PORTUGUESA
Anacoluto 3) Paradoxo
Consiste numa mudança repentina da construção É uma proposição aparentemente absurda, resultante
sintática da frase. da união de ideias que se contradizem referindo-se ao
Ele, nada podia assustá-lo. mesmo termo. Os paradoxos viciosos são denominados
- Nota: o anacoluto ocorre com frequência na linguagem Oxímoros (ou oximoron). Exemplos:
falada, quando o falante interrompe a frase, abandonando “Menino do Rio / Calor que provoca arrepio...”
o que havia dito para reconstruí-la novamente. “Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e
não se sente; / É um contentamento descontente; / É dor que
Anáfora desatina sem doer;” (Camões)
Consiste na repetição de uma palavra ou expressão
para reforçar o sentido, contribuindo para uma maior 4) Eufemismo
expressividade. Consiste em empregar uma expressão mais suave,
Cada alma é uma escada para Deus, mais nobre ou menos agressiva, para atenuar uma verdade
Cada alma é um corredor-Universo para Deus,
tida como penosa, desagradável ou chocante. Exemplos:
Cada alma é um rio correndo por margens de Externo
“E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir Deus
Para Deus e em Deus com um sussurro noturno.
lhe pague”. (Chico Buarque).
(Fernando Pessoa)
paz derradeira = morte
Silepse
Ocorre quando a concordância é realizada com a ideia 5) Gradação
e não sua forma gramatical. Existem três tipos de silepse: Na gradação temos uma sequência de palavras que
gênero, número e pessoa. intensificam a mesma ideia. Exemplo:
- De gênero: Vossa excelência está preocupado com as “Aqui... além... mais longe por onde eu movo o passo.”
notícias. (a palavra vossa excelência é feminina quanto à (Castro Alves).
forma, mas nesse exemplo a concordância se deu com a
pessoa a que se refere o pronome de tratamento e não 6) Hipérbole
com o sujeito). É a expressão intencionalmente exagerada com o
- De número: A boiada ficou furiosa com o peão e intuito de realçar uma ideia, proporcionando uma imagem
derrubaram a cerca. (nesse caso a concordância se deu com emocionante e de impacto. Exemplos:
a ideia de plural da palavra boiada). “Faz umas dez horas que essa menina penteia esse
- De pessoa: As mulheres decidimos não votar em cabelo”.
determinado partido até prestarem conta ao povo. (nesse Ele morreu de tanto rir.
tipo de silepse, o falante se inclui mentalmente entre os
participantes de um sujeito em 3ª pessoa). 7) Ironia
Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação,
Fonte:http://juliobattisti.com.br/tutoriais/josebferraz/ pela contradição de termos, pretende-se questionar
figuraslinguagem001.asp certo tipo de pensamento. A intenção é depreciativa ou
sarcástica. Exemplos:
São conhecidas pelo nome de figuras de pensamento Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que
os recursos estilísticos utilizados para incrementar o estão por perto.
significado das palavras no seu aspecto semântico. “Moça linda, bem tratada, / três séculos de família, /
São oito as figuras de pensamento: burra como uma porta: / um amor.” (Mário de Andrade).
1) Antítese
É a aproximação de palavras ou expressões de sentidos
8) Prosopopeia ou Personificação
opostos. O contraste que se estabelece serve para dar uma
Consiste na atribuição de ações, qualidades ou
ênfase aos conceitos envolvidos, o que não ocorreria com
características humanas a seres não humanos. Exemplos:
a exposição isolada dos mesmos. Exemplos:
Viverei para sempre ou morrerei tentando. Chora, viola.
Do riso se fez o pranto. A morte mostrou sua face mais sinistra.
Hoje fez sol, ontem, porém, choveu muito. O morro dos ventos uivantes.
89
LÍNGUA PORTUGUESA
Podemos afirmar que assim se denominam em virtude Era uma estrela tão alta!
de apresentarem algum tipo de modificação na estrutura Era uma estrela tão fria!
da oração, tendo em vista os reais e já ressaltados objetivos Era uma estrela sozinha
da enunciação (do discurso) – sendo o principal conferir Luzindo no fim do dia.
ênfase a ela. [...]
Assim sendo, comecemos entendendo que, em termos Manuel Bandeira
convencionais, a estrutura sintática da nossa língua se
perfaz de uma sequência, demarcada pelos seguintes Notamos a utilização de termos que se repetem
elementos: sucessivamente em cada verso da criação de Manuel
Bandeira.
SUJEITO + PREDICADO + COMPLEMENTO
Polissíndeto
(Nós) CHEGAMOS ATRASADOS À REUNIÃO. Figura cuja principal característica se define pela
repetição enfática do conectivo, geralmente representado
Temos, assim, um sujeito oculto – nós; um predicado pela conjunção coordenada “e”. Observemos um verso
verbal – chegamos atrasados; e um complemento,
extraído de uma criação de Olavo Bilac, intitulada “A um
representado por um adjunto adverbial de lugar – à reunião.
poeta”: “Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!”
Quando há uma ruptura dessa sequência lógica,
materializada pela inversão de termos, repetição ou até
mesmo omissão destes, é justamente aí que as figuras em Assíndeto
questão se manifestam. Desse modo, elas se encontram Diferentemente do que ocorre no polissíndeto,
muito presentes na linguagem literária, na publicitária e manifestado pela repetição da conjunção, no assíndeto
na linguagem cotidiana de forma geral. Vejamos cada uma ocorre a omissão deste. Vejamos: Vim, vi, venci (Júlio César)
delas de modo particular: Depreendemos que se trata de orações assindéticas,
justamente pela omissão do conectivo “e”.
Elipse
Tal figura se caracteriza pela omissão de um termo na Anacoluto
oração não expresso anteriormente, contudo, facilmente Trata-se de uma figura que se caracteriza pela
identificado pelo contexto. Vejamos um exemplo: interrupção da sequência lógica do pensamento, ou seja,
em termos sintáticos, afirma-se que há uma mudança na
Rondó dos cavalinhos construção do período, deixando algum termo desligado
[...] do restante dos elementos. Vejamos:
Essas crianças de hoje, elas estão muito evoluídas.
Os cavalinhos correndo, Notamos que o termo em destaque, que era para
E nós, cavalões, comendo... representar o sujeito da oração, encontra-se desligado dos
O Brasil politicando, demais termos, não cumprindo, portanto, nenhuma função
Nossa! A poesia morrendo... sintática.
O sol tão claro lá fora,
O sol tão claro, Esmeralda, Inversão (ou Hipérbato)
E em minhalma — anoitecendo! Trata-se da inversão da ordem direta dos termos da
Manuel Bandeira oração. Constatemos: Eufórico chegou o menino.
Deduzimos que o predicativo do sujeito (pois se trata
Notamos que em todos os versos há a omissão do verbo de um predicado verbo-nominal) encontra-se no início da
estar, sendo este facilmente identificado pelo contexto.
oração, quando este deveria estar expresso no final, ou
seja: O menino chegou eufórico.
Zeugma
Ao contrário da elipse, na zeugma ocorre a omissão
de um termo já expresso no discurso. Constatemos: Maria Pleonasmo
gosta de Matemática, eu de Português. Figura que consiste na repetição enfática de uma ideia
Observamos que houve a omissão do verbo gostar. antes expressa, tanto do ponto de vista sintático quanto
semântico, no intuito de reforçar a mensagem. Exemplo:
Anáfora Vivemos uma vida tranquila.
Essa figura de linguagem se caracteriza pela repetição O termo em destaque reforça uma ideia antes
intencional de um termo no início de um período, frase ou ressaltada, uma vez que viver já diz respeito à vida. Temos
verso. Observemos um caso representativo: uma repetição de ordem semântica.
A Estrela A ele nada lhe devo.
Vi uma estrela tão alta, Percebemos que o pronome oblíquo (lhe) faz referência
Vi uma estrela tão fria! à terceira pessoa do singular, já expressa. Trata-se, portanto,
Vi uma estrela luzindo de uma repetição de ordem sintática demarcada pelo que
Na minha vida vazia. chamamos de objeto direto pleonástico.
90
LÍNGUA PORTUGUESA
Observação importante: O pleonasmo utilizado sem A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
a intenção de conferir ênfase ao discurso, torna-se o que significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é
denominamos de vício de linguagem – ocorrência que deve polissemia porque os diferentes significados para a palavra
ser evitada. Como, por exemplo: subir para cima, descer manga têm origens diferentes, e por isso alguns estudiosos
para baixo, entrar para dentro, entre outras circunstâncias mencionam que a palavra manga deveria ter mais do que
linguísticas. uma entrada no dicionário.
“Letra” é uma palavra polissêmica. Letra pode significar
o elemento básico do alfabeto, o texto de uma canção ou
9. SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS. a caligrafia de um determinado indivíduo. Neste caso, os
diferentes significados estão interligados porque remetem
para o mesmo conceito, o da escrita.
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
Polissemia e ambiguidade
91
LÍNGUA PORTUGUESA
No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido co- Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de
mum (ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado (A) considerar ao acaso, sem premeditação.
em sentido figurado. (B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido
Podemos então concluir que um mesmo significante dela.
(parte concreta) pode ter vários significados (conceitos). (C) adotar como referência de qualidade.
(D) julgar de acordo com normas legais.
(E) classificar segundo ideias preconcebidas.
Denotação e Conotação
3-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
- Denotação: verifica-se quando utilizamos a palavra
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 -
com o seu significado primitivo e original, com o sentido ADAPTADA) Para responder a esta questão, considere as
do dicionário; usada de modo automatizado; linguagem palavras destacadas nas seguintes passagens do texto:
comum. Veja este exemplo: Cortaram as asas da ave para Desde o surgimento da ideia de hipertexto...
que não voasse mais. ... informações ligadas especialmente à pesquisa aca-
Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido dêmica,
próprio, comum, usual, literal. ... uma “máquina poética”, algo que funcionasse por
analogia e associação...
MINHA DICA - Procure associar Denotação com Di- Quando o cientista Vannevar Bush [...] concebeu a
cionário: trata-se de definição literal, quando o termo é uti- ideia de hipertexto...
lizado em seu sentido dicionarístico. ... 20 anos depois de seu artigo fundador...
- Conotação: verifica-se quando utilizamos a palavra As palavras destacadas que expressam ideia de tempo
com o seu significado secundário, com o sentido amplo (ou são:
simbólico); usada de modo criativo, figurado, numa lingua- (A) algo, especialmente e Quando.
gem rica e expressiva. Veja este exemplo: (B) Desde, especialmente e algo.
Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes (C) especialmente, Quando e depois.
(D) Desde, Quando e depois.
que seja tarde demais.
(E) Desde, algo e depois.
Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma
figurada, fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle 4-) (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
de ações; disciplina, limitação de conduta e comportamen- A importância de Rodolfo Coelho Cavalcante para o mo-
to. vimento cordelista pode ser comparada à de outros dois
grandes nomes...
Fonte: Sem qualquer outra alteração da frase acima e sem
http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/oficial-de- prejuízo da correção, o elemento grifado pode ser subs-
justica-tjm-sp/lingua-portuguesa-sentido-proprio-e-figu- tituído por:
rado-das-palavras.html (A) contrastada.
(B) confrontada.
Questões sobre Denotação e Conotação (C) ombreada.
(D) rivalizada.
1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- (E) equiparada.
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013) O
sentido de marmóreo (adjetivo) equivale ao da expressão 5-) (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO – AGENTE COMU-
de mármore. Assinale a alternativa contendo as expressões NITÁRIO DE SAÚDE – VUNESP/2012) No verso – Não te
com sentidos equivalentes, respectivamente, aos das pala- abras com teu amigo – o verbo em destaque foi emprega-
do em sentido figurado.
vras ígneo e pétreo.
Assinale a alternativa em que esse mesmo verbo “abrir”
(A) De corda; de plástico.
continua sendo empregado em sentido figurado.
(B) De fogo; de madeira.
(A) Ao abrir a porta, não havia ninguém.
(C) De madeira; de pedra. (B) Ele não pôde abrir a lata porque não tinha um abri-
(D) De fogo; de pedra. dor.
(E) De plástico; de cinza. (C) Para aprender, é preciso abrir a mente.
(D) Pela manhã, quando abri os olhos, já estava em
2-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- casa.
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 (E) Os ladrões abriram o cofre com um maçarico.
- ADAPTADO) Para responder à questão, considere a se-
guinte passagem: Sem querer estereotipar, mas já estereoti- 6-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 –
pando: trata-se de um ser cujas interações sociais terminam, FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à ques-
99% das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”. tão, considere o texto abaixo.
92
LÍNGUA PORTUGUESA
93
LÍNGUA PORTUGUESA
94
LÍNGUA PORTUGUESA
95
LÍNGUA PORTUGUESA
5-)
1 - Assisti ao concerto do balé Bolshoi; Literatura Brasileira
2 - Daqui a pouco vão dizer que há (= existe)
Quinhentismo
vida em Marte.
3 – As sessões da câmara são verdadeiros pro-
Todas as manifestações literárias produzidas no Brasil,
gramas de humor.
durante o séc. XVI à época do seu descobrimento corres-
4- Há dias que não falo com Alfredo. (=
ponde ao Quinhentismo. Muitos viajantes, navegadores,
tempo passado) missionários e aventureiros que aqui estiveram escreveram
relatos sobre o que viam no Brasil, seus habitantes, suas
6-) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes características físicas, sua fauna e flora, etc. Esses escritos
transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e formam o que chamamos de Literatura informativa.
não lhes impuseram limites de disciplina.
O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse O primeiro documento oficial sobre o Brasil foi a carta
trecho, é de egoísmo escrita por Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel I, infor-
mando-o de que foram encontradas novas terras no cami-
Altruísmo é um tipo de comportamento encontrado nho para as Índias. Essa carta descrevia o Brasil e as impres-
nos seres humanos e outros seres vivos, em que as ações sões de Pero Vaz de Caminha acerca desta terra. Hoje ela
de um indivíduo beneficiam outros. É sinônimo de filan- está guardada na Torre do Tombo, arquivo nacional portu-
tropia. No sentido comum do termo, é muitas vezes per- guês, em Lisboa.
cebida, também, como sinônimo de solidariedade. Esse
conceito opõe-se, portanto, ao egoísmo, que são as incli- Principais obras da literatura informativa
nações específica e exclusivamente individuais (pessoais ou
coletivas). - Diálogo sobre a conversão do gentio, padre Manuel
da Nóbrega.
7-) - Tratado da Terra do Brasil e história da Província de
A) Estou aqui a fim de de ajudar os flagelados das Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil, Pero de
enchentes. (afim = O adjetivo “afim” é empregado para in- Magalhães Gandavo.
dicar que uma coisa tem afinidade com a outra. Há pessoas - Tratado descritivo do Brasil, Gabriel Soares Souza.
que têm temperamentos afins, ou seja, parecidos) - História do Brasil, Frei Vicente do Salvador.
B) A bandeira está arriada . (arrear = colocar - Diálogos das grandezas do Brasil, Ambrósio Fernan-
arreio no cavalo) des Brandão.
- Tratados da terra e da gente do Brasil, Fernão Cardim.
C) Serão punidos os que infringirem o regulamen-
to. (inflingirem = aplicarem a pena)
O autor mais importante do séc. XVI foi José de An-
D) São sempre valiosos os conselhos dos mais ve-
chieta que nasceu em 1534, nas Ilhas Canárias (Espanha).
lhos; (concelhos= Porção territorial ou parte administrativa
Aos 17 anos ingressou na Companhia de Jesus e em 1553
de um distrito).
veio para o Brasil e aqui ficou até morrer em 1597. Par-
E) Moro a cerca de cem metros da praça principal. ticipou da fundação da cidade de São Paulo e trabalhou
(acerca de = Acerca de é sinônimo de “a respeito de”.). com a catequização dos índios. Anchieta produziu poesias
líricas, épicas, peças de teatro e uma importante gramática
8-) da língua tupi.
b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país) =
significados invertidos Barroco
c) delatar = expandir; dilatar = denunciar = signifi-
cados invertidos O Barroco foi um movimento literário e artístico que
d) deferir = diferenciar; diferir = conceder = signifi- se estendeu do séc. XVII ao séc. XVIII por isso podendo ser
cados invertidos chamado também de Seiscentismo. Tendo surgido com a
e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação = unificação da Península Ibérica, o que culminou num for-
significados invertidos te domínio espanhol em todas as suas atividades. Daí o
nome Escola Espanhola ou Barroco Lusitano. Surgiu após
o Renascimento e manteve-se até 1756 com a fundação
96
LÍNGUA PORTUGUESA
da Arcádia Lusitana dando origem ao Arcadismo. No Bra- Esta razão me obriga a confiar,
sil teve seu marco inicial com Bento Teixeira com sua obra que, por mais que pequei, neste conflito
“Prosopopeia”. No campo da literatura podemos destacar: espero em vosso amor de me salvar.
- Gregório de Matos (1663-1696): baiano, era conside- Nesta poesia está presente a preocupação do poeta
rado o maior barroco do país; cultista por fazer uso de uma com sua salvação espiritual, teme pelos seus pecados, mas,
linguagem culta. Era um escritor satírico, irônico e crítico. espera pela bondade de Deus em salvá-lo. Nela podemos
Todo esse senso crítico lhe rendeu o apelido de “Boca do perceber a angústia de ter pecado agravada pela sensação
Inferno”. Não teve nenhum livro publicado em vida, o que de brevidade da vida humana e efemeridade do tempo,
se conhece é fruto de pesquisas em coletâneas. onde tudo passa muito rápido. Estas constituem algumas
- Bento Teixeira Pinto (1560-1618): Poeta português, das características marcantes do estilo barroco em sua
nascido na cidade do Porto, escreveu a primeira obra bar- construção literária.
roca brasileira: Prosopopeia (1601), considerada pobre e
uma cópia mal escrita de “Os Lusíadas” de Camões. Foi a O Barroco nas Artes Plásticas
sua única obra.
- Padre Antônio Vieira (1608-1697): Era conceptista O estilo barroco nas artes plásticas foi bastante difun-
(ideias complicadas), nasceu em Lisboa e faleceu na Bahia dido. Na escultura, suas obras são marcadas pela religio-
em 1697. Foi um grande orador religioso e foi marcante sidade e seus momentos dolorosos, como a crucificação
por ter escrito sermões admiráveis com o “Sermão da Sexa- de Cristo, por exemplo. Na arquitetura rompeu com o es-
gésima”, onde apresentou uma teoria sobre a arte de pre- tilo renascentista de linhas retas e rígidas e propôs linhas
gar. Seus sermões eram cheios de crítica às causas políticas. sinuosas. O que o Barroco mais buscava era embelezar
- Manuel Botelho de Oliveira e Frei Manuel de Santa portas e janelas e ornamentar interiores. Colunas, altares
Maria Itaparica também marcaram o movimento com suas e púlpitos eram decorados com figuras de anjos, monstros
obras. e flores.
Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814):
Alguns aspectos são marcantes neste movimento, é considerado por suas obras de esculturas e arquiteturas
onde podemos elencar: como um dos maiores representantes do movimento bar-
- O cultismo, definido pelo uso de linguagem culta; roco.
- O conceptismo, definido pelo jogo de ideias, de con-
ceitos; Arcadismo Ou Neoclassicismo
- O escritor barroco sempre marca seus textos com as-
pectos religiosos conflitantes, onde o homem está sempre O Arcadismo foi um estilo literário bastante influencia-
dividido entre fé e razão, corpo e alma, material e espiritual, do pelos acontecimentos do séc. XVIII, que foi marcado por
Deus e diabo, vida e morte, amor e ódio, entre outros. grandes revoltas que buscavam a Independência.
- Sempre coloca a emoção acima da razão, são satíri-
cos, apresentam características de homens atormentados Cronologia dos fatos históricos do séc. XVIII
e confusos. Preocupam sobremaneira com a brevidade da
vida humana e a efemeridade do tempo. 1720- Revolta em Vila Rica em oposição às Casas de
- Também é comum o uso de figuras de linguagem Fundição;
como hipérboles, metáforas, anacolutos e antíteses. 1750- Marquês de Pombal é nomeado ministro do rei
D. José I;
Como exemplo deste movimento apresentamos a poe- 1751- Pensadores franceses, como Voltaire, Diderot
sia sacra de Gregório de Matos para elucidar os aspectos publicam obras que combatem a religião e colocam a ra-
barrocos: zão e a ciência como responsáveis pelo progresso social,
político e econômico.
A Jesus Cristo Crucificado 1756- Fundação da Arcádia Lusitana, o que dá início ao
Estando o Poeta para Morrer Arcadismo em Portugal;
1759- Expulsão dos jesuítas de Portugal e do Brasil
Meu Deus, que estais pendente de um madeiro, pelo Marquês de Pombal;
em cuja lei protesto de viver, 1783- Independência dos Estados Unidos;
em cuja santa lei hei de morrer 1789- Inicia-se a Revolução Francesa;
animoso, constante , firme e inteiro: 1792- Tiradentes é enforcado no Rio de Janeiro;
1798- Conjuração Baiana que termina com a execução
neste lance, por ser o derradeiro, e exílio de vários participantes.
pois vejo a minha vida anoitecer,
é, meu Jesus, a hora de se ver Foi esse clima de luta por liberdade e igualdade espa-
a brandura de um pai, manso cordeiro. lhado pela Revolução Francesa que acabou por influenciar
Mui grande é o vosso amor e o meu delito; movimentos de independência em vários países, inclusive
porém pode ter fim todo o pecar, no Brasil. Teve grande influência de filósofos iluministas
E não o vosso amor, que é infinito. como Montesquieu, Rousseau, Diderot e D’Alembert. Dian-
97
LÍNGUA PORTUGUESA
te desse cenário surgiu o Arcadismo no Brasil que já estava Principais obras do Arcadismo brasileiro:
em ascensão em Portugal e tinha por característica um es-
tilo diferente do Barroco. - Obras (1768): poesias de Cláudio Manuel da Costa;
O Arcadismo expressava uma visão mais materialista - O Uraguai (1769): poema de Basílio da Gama;
da existência, pregando o gozo pelo momento presente, os - Caramuru (1781): poema de José de Santa Rita Durão
prazeres do amor físico, uma vida simples em contato com e;
a natureza. Era uma ideologia pela vida campestre, onde os - Marília de Dirceu (1792): poesias de Tomás Antonio
textos eram povoados por pastores e pastoras que viviam Gonzaga.
felizes cuidando de sues rebanhos. Defendiam o bucolismo Romantismo
(vida simples e em contato com a natureza). Os poetas ár-
cades, por identificarem-se com os pastores, criaram pseu- O Romantismo surgiu na Inglaterra e na Alemanha na
dônimos gregos e latinos; entre eles o mais conhecido é metade do séc. XVIII a partir de escritores que descreviam
os tempos medievais; valorizavam os heróis nacionais e os
“Dirceu”, pseudônimo de Tomás Antonio Gonzaga.
sentimentos populares; falavam de amor e saudade de for-
A figura da mulher era idealizada, nutriam por elas
ma pessoal e íntima. Esse subjetivismo era intenso na nova
um amor platônico, como foi o caso de Dirceu por Marília,
literatura e então surgiu o Romantismo. Esse estilo chega
Daí a coletânea de poesias “Marília de Dirceu”. No Brasil, o
à França e estende-se aos demais países da Europa. É um
Arcadismo encontrou suas maiores expressões em Minas estilo rico de características, onde algumas delas são:
Gerais em torno de Vila Rica (a atual Ouro Preto). Vila Rica - busca por liberdade política;
era um dos principais centros econômicos do país devi- - valorização da natureza, sinal da manifestação divina
do à descoberta de ouro e diamante naquela região, daí que serve como refúgio para o homem angustiado;
o surgimento da Conjuração mineira que lutava contra os - exposição de sentimentos íntimos, dos estados da
abusos da cobrança de impostos sobre as pedras preciosas alma e das paixões;
encontradas. - preferência por ambientes noturnos, solitários que
propiciam aos desabafos mais íntimos.
Os principais poetas árcades no Brasil foram: - descarta a ideia centrada na razão do estilo anterior e
inspira-se em subjetividades como a fé, o sonho, a intuição,
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810): Nasceu em a saudade e as lendas nacionais.
Portugal, viveu alguns anos no Brasil e foi exilado para
Moçambique por ter se envolvido com o movimento da O que propiciou que o Romantismo se difundisse com
Conjuração mineira. Lá ele constituiu família e morreu. Em maior velocidade foi o desenvolvimento do meio de comu-
seu exílio escreveu sob o pseudônimo de Dirceu, poesias nicação jornalístico e a ascensão da classe burguesa que
líricas que falavam do amor que sentia pela pastora Marí- tinha acesso aos jornais, onde começaram a ser publicados
lia. Escreveu também, uma obra satírica em versos: “Cartas os folhetins com histórias românticas e de suspense publi-
chilenas”, que circulou anonimamente ridicularizando o cadas em capítulos. Então, a literatura começou a popula-
governador da capitania de Minas, Cunha Meneses. Os no- rizar-se.
mes das pessoas e da região foram substituídos. Também
escreveu sobre o tempo que passou na prisão onde refletia O Romantismo no Brasil
sobre o destino e a justiça dos homens.
No Brasil, o Romantismo inicia-se com a publicação
Cláudio Manuel da Costa (1729-1789): Mineiro, escre- do livro de poesias de Gonçalves de Magalhães, “Suspiros
poéticos e saudades” e no mesmo ano é lançada em Pa-
veu um livro de poesias líricas chamado “Obras”. Um poe-
ris a revista “Niterói” por iniciativa de Araujo Porto Alegre,
meto épico chamado Vila Rica e outras obras de menor
Torres Homem, Pereira da Silva e Gonçalves de Magalhães.
importância.
Tornando uma porta-voz dos ideais românticos. Também,
junto à política o Romantismo se expressou envolvido pelo
Basílio da Gama (1740-1795): Também mineiro; mor- entusiasmo da independência proclamada em 1822, sur-
reu em Portugal. Escreveu o poema épico “O Uraguai” que gindo daí o desejo de criar uma literatura com autentici-
criticava a atitude dos jesuítas que incitaram a guerra de dade nacional, apesar dessa atitude ser bastante criticada
espanhóis e portugueses contra os índios na região dos por alguns autores puristas que prezavam pela linguagem
Sete Povos das Missões do Uruguai. poética praticada em Portugal.
98
LÍNGUA PORTUGUESA
brasileiro. O ator e empresário João Caetano fundou, em rabá”. Como poeta lírico-amoroso escreveu: “Se se morre
1834, a Companhia Dramática Nacional e deu a seu teatro de amor”, “Como? és tu?”, “Ainda uma vez – adeus!”, “Seus
o nome de Teatro Nacional. Em 1836, o poeta Gonçalves de olhos”.
Magalhães lhe entregou a peça “Antônio José ou o Poeta
e a Inquisição”, encenada em 1838, representando a pri- Álvares de Azevedo: Manuel Antônio Álvares de Aze-
meira obra teatral de assunto e autor brasileiros. O teatro vedo nasceu em São Paulo, em 1831 e faleceu em 1852.
brasileiro ampliou-se com o comediógrafo Martins Pena Considerado o melhor autor ultra-romântico, com influên-
tornando-se autenticamente popular. Em 1843, foi criado cia dos poetas europeus como Byron. Seus poemas são
o Conservatório Dramático e em 1855, o teatro Ginásio marcados por mulheres perfeitas e inacessíveis, por isso se
Dramático, recebendo o apoio de escritores como José de lamenta. Também é marcante em sua obra o tema “morte”,
Alencar e Joaquim Manuel de Macedo. cheios de carga emotiva, fazendo dele um dos poetas mais
lidos do nosso Romantismo. Escreveu o poema “Lira dos
O Indianismo romântico
vinte anos”, uma obra dramática “Macário” e um volume de
contos “Noite na taverna”.
Nos países da Europa os autores voltavam-se aos he-
róis nacionais dos tempos medievais. No Brasil, a literatura
Castro Alves: Antônio de Castro Alves nasceu na Bahia
desenvolveu a corrente indianista responsável pelo nacio-
nalismo romântico. Como exemplo dessa linha podemos em 1847 e ali morreu em 1871. Abolicionista, ficou conhe-
citar o romance “O guarani”, de José de Alencar, onde o cido como “Poeta dos escravos” por manifestar em seus
índio Peri salva Cecília, filha do colonizador português D. versos a indignação perante a escravidão.
Antônio de Mariz em razão de um ataque indígena onde Também escreveu poesias amorosas, diferentemente
toda a família de Cecília é morta. Os índios ganham uma dos outros românticos, a mulher tinha uma imagem bas-
imagem de herói neste estilo literário, é considerado no- tante erótica e sensual. Suas obras mais importantes são:
bre, valoroso, fiel e cavalheiro na intenção de valorizar as “Espumas flutuantes”, “A cachoeira de Paulo Afonso”, “Os
origens da nacionalidade. O índio surge com símbolo do escravos”, “Navio negreiro” e a “Canção do africano”.
nacionalismo romântico, umas das características básicas
do Romantismo. Outros poetas românticos e suas obras
99
LÍNGUA PORTUGUESA
Joaquim Manuel de Macedo: Nasceu no Rio de Janeiro, meses devolve à Aurélia o dinheiro que recebeu por ter se
em 1820 e ali morreu em 1882. Escrevia textos com assun- casado com ela. Sem terem mais motivo para ficarem sepa-
tos corriqueiros e tradicionais, reproduzia a vida social da rados, os dois se reconciliam e vivem um grande amor. Esse
burguesia, com seus mocinhos e mocinhas, casos amoro- romance é uma crítica à sociedade que dava mais valor ao
sos, cenas engraçadas e finais felizes. Não há análises so- dinheiro do que ao caráter e por isso, seu livro é dividido
ciais, mas um pouco de suspense e muita emoção passa- em quatro capítulos que representam o sistema financeiro:
geira. preço, quitação, posse e resgate.
100
LÍNGUA PORTUGUESA
era adquirir boa posição social com a de seu patrício Mi- - a raça, que determina o comportamento humano
randa, que tinha um sobrado ao lado do cortiço, e ficar previsível.
noivo de sua filha. Mas para isso ele tinha de se livrar de - o meio, que forma o homem em seus aspectos mo-
Bertoleza que poderia atrapalhar sua ascensão. Então, ele a rais, e
delata como escrava fugida. Ao perceber a traição de João, - a situação social, que define o homem social e cultu-
Bertoleza suicida-se. É um texto povoado de tipos huma- ralmente.
nos como lavadeiras, operários, prostitutas, mascates que
vivem num ambiente marginalizado, degradante e corrup- Portanto, o ser humano era fruto da ação do meio so-
tor. cial em que vivia e da sua hereditariedade. Então, o homem
era previsível, teria sempre as mesmas reações, instintivas e
Machado de Assis: Joaquim Maria Machado de As- incontroláveis. Era uma análise dessas reações com base na
sis nasceu no Rio de Janeiro, em 1839, e ali morreu em Biologia, na Psicologia e na Sociologia sem interferência de
1908. Mestiço, gago, epilético foi considerado símbolo de ordem pessoal ou moral.
esforço por nunca ter ido à escola. Foi tipógrafo, revisor, Esses escritores sofreram a influência do francês Émi-
colaborador da imprensa da época e primeiro presidente le Zola, um dos mais importantes autores naturalistas. No
da Academia Brasileira de Letras, que ajudou a fundar em Brasil, o primeiro romance naturalista publicado foi “O mu-
1897; o melhor escritor brasileiro do séc. XIX e um dos mais lato”, de Aluísio Azevedo.
importantes de toda a história literária em língua portu-
guesa. Possuía um estilo preciso, não falava demais nem Parnasianismo
de menos, usava frases curtas, tinha um misto de graça e
amargura. O Parnasianismo é um estilo poético que teve origem
na França, em 1866, com a publicação do livro “O Parnaso
Os contos: Machado de Assis tinha uma grande habi- contemporâneo”. Parnaso era o nome de uma montanha,
lidade para escrever histórias curtas baseadas na realida- na Grécia, consagrada a Apolo, deus da luz e das artes, e
de e na análise do comportamento humano (os contos). às musas, entidades mitológicas ligadas às artes. No Bra-
sil, a publicação que deu início ao Parnasianismo foi a do
Seus contos eram verdadeiras obras-primas. Dentre eles,
livro “Fanfarras”, de Teófilo Dias. A principal característica
estão: “O enfermeiro”, “ A cartomante”,”A igreja do diabo”,
do Parnasianismo é o cuidado com a forma do poema que
“O alienista”, “Pai contra mãe”, “A causa secreta”,”Conto de
deve ser objetivo, deve prezar pelas rimas ricas e raras e
escola”, “Umas férias”, “Noite de almirante”, “O espelho”,
pelo uso de linguagem elaborada e perfeita. A expressão
“Missa do galo”, “Uns braços” etc.
poética não era o fundamental. Era um estilo bastante des-
critivo e detalhista. É o que podemos observar neste sone-
Os romances: Na primeira fase de sua produção, Ma-
to de Alberto de Oliveira:
chado de Assis, escreveu quatro romances com traços ro-
mânticos: Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Hele- Vaso chinês
na (1876), Iaiá Garcia (1878). Após essa fase ele assume um
aspecto realista em suas obras com Memórias póstumas Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o
de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891), Dom casmurro Casualmente, uma vez, de um perfumado
(1899), Esaú e Jacó (1904), Memorial de Aires (1908) e apro- Contador sobre o mármor luzidio,
funda suas análises psicológicas dos personagens. Entre um leque e o começo de um bordado.
Dom Casmurro: É um de seus romances mais famosos
pela incerteza que ele nos causa em relação à ambigüidade Fino artista chinês, enamorado,
da personagem Capitu, onde ao final da história, não se Nele pusera o coração doentio
sabe se ela traiu ou não seu marido Bentinho com seu ami- Em rubras flores de um sutil lavrado,
go Escobar. Bentinho fez o seminário, mas, por influência Na tinta ardente, de um calor sombrio.
de Capitu, não se ordenou padre para casar-se com ela e, Mas, talvez por contraste à desventura-
Escobar, seu amigo de seminário, casou-se com a melhor Quem o sabe?- de um velho mandarim
amiga de Capitu, tornando-se muito próximos. Bentinho Também lá estava a singular figura:
e Capitu têm um filho, mas ele desconfia que o filho seja Que arte, em pintá-la! A gente acaso vendo-a
do suposto amante de Capitu. Bentinho é apelidado Dom Sentia um não-sei-quê com aquele chim
Casmurro por viver recluso e o texto é uma retrospectiva De olhos cortados à feição de amêndoa.
de sua vida.
Estilo de texto descritivo comum ao Parnasianismo
Naturalismo onde o autor descreve detalhes de um vaso chinês, um
objeto de arte. O texto é construído sob formas perfeitas,
Em obras de alguns autores brasileiros realistas pode- com rimas ricas, bem trabalhadas, porém, é um texto sem
mos notar certas características que definem o Realismo expressão, o que se percebe é a impessoalidade e a inex-
extremo como Naturalismo. É um estilo que classifica os pressividade do autor. É um texto bem escrito, porém po-
homens de acordo com: bre de conteúdo.
101
LÍNGUA PORTUGUESA
Nem todos os poetas conseguiam construir o poema ou sílabas numa mesma oração) e das assonâncias (repeti-
com a perfeição das rimas e quando isso acontecia e o sen- ção fônica das vogais). Todo esse jogo de palavras causa o
timento fluía nos versos, belas poesias eram escritas. que os poetas simbolistas tanto buscam, que é transmitir
Os principais poetas do Parnasianismo foram: seus anseios e angustias com musicalidade.
Os maiores representantes deste movimento no Brasil
Alberto de Oliveira (1857-1937): Canções românticas, foram Cruz e Sousa e Alphonsus Guimaraens. O Simbolis-
Meridionais, Sonetos e poemas, Versos e rimas. mo teve origem com a publicação de dois livros de Cruz e
Raimundo Correia (1860-1911): Primeiros sonhos, Sin- Sousa “Missal” e “Broquéis”.
fonias, Versos e versões, Aleluias, Poesias.
Olavo Bilac (1856-1918): Via láctea, Sarças de fogo, Cruz e Sousa: João da Cruz e Sousa nasceu em 1861,
Alma inquieta, O caçador de esmeraldas, Tarde. em Santa Catarina, e morreu em 1898, em Minas Gerais.
Vicente de Carvalho (1866-1924): Ardentias, Relicário, Um dos poetas mais importantes da nossa literatura, filho
Rosa, rosa de amor, Poemas e canções. de escravos, de vida difícil. Todas essas condições fizeram
com que ele voltasse seus versos para os marginalizados
O parnasianismo continua manifestando-se paralela- da sociedade. Cruz e Sousa escreveram os livros: Faróis, Úl-
mente ao surgimento do Simbolismo e início do Moder- timos sonetos e Evocações. Com Virgilio Várzea escreveu
nismo. Tropos e Fantasias.
No Brasil, o Simbolismo surge numa época de conflitos Sonho profundo, ó Sonho doloroso,
políticos, marcados pela transição do regime escravocrata Doloroso e profundo Sentimento!
para o regime assalariado, onde alguns escritores defen- Vai, vai às harpas trêmulas do vento
diam a causa das liberdades civis. O Simbolismo foi uma Chorar o teu mistério tenebroso.
reação ao materialismo e ao cientificismo preconizados
pelo Realismo e pelo Parnasianismo. Surgiu na França no fi- Sobe dos astros ao clarão radioso,
nal do séc.XIX e foi um movimento poético de revalorização Aos leves fluidos do luar nevoento,
do poder sugestivo das imagens poéticas, do subjetivismo Às urnas de cristal do firmamento,
e da vida espiritual. Deu ao estilo poético uma musicalida- Ó velho Sonho amargo e majestoso!
de inexistente nos estilos anteriores. Vejamos estes versos
do poeta Cruz e Souza com sua expressão simbolista: Sobe às estrelas rútilas e frias,
Brancas e virginais eucaristias,
Busca palavras límpidas e castas, De onde uma luz de eterna paz escorre.
Novas e raras, de clarões ruidosos,
Dentre as ondas mais pródigas, mais vastas Nessa Amplidão das Amplidões austeras
Dos sentimentos mais maravilhosos. Chora o Sonho profundo das Esferas,
Que nas azuis melancolias morre...
Enche de estranhas vibrações sonoras
A tua estrofe, majestosamente... Perceba neste poema uma característica marcante de
Põe nela todo o incêndio das auroras Cruz e Sousa e outros poetas simbolistas, que é a utilização
para torná-la emocional e ardente. de palavras iniciadas com letra maiúscula no meio do poe-
ma. Também faz uso dos sentidos quando se refere a cores,
Derrama luz e cânticos e poemas sons, perfumes e sensações.
No verso, e torna-o musical e doce,
Como se o coração nesses supremas Alphonsus de Guimaraens: Afonso Henrique da Costa
Estrofes, puro e diluído fosse. Guimarães, nasceu em 1870 em Minas Gerais e ali faleceu
É um poema que ensina como deve ser escrito um em 1921. Teve uma vida solitária e sua poesia remetia ao
poema, que ele transmita musicalidade, que seja român- espiritualismo, carregada de rituais católicos, sonhos e de-
tico sem ser sofrido. Vai na contramão do Parnasianismo vaneios. Muito se preocupava com a morte, um dos seus
que considera o poeta um escultor de obras perfeitas e va- temas. Escreveu Sentenário das dores de Nossa Senhora,
loriza o ritmo, as sensações, o uso dos sentidos ( o cheiro, Câmara ardente, Dona mística, Kiriale, Pastoral aos crentes
o sabor), das sugestões. Retratam anseios e angústias que do amor e da morte.
atormentam o espírito sensível do poeta. Augusto dos Anjos: Augusto de Carvalho Rodrigues
Os poetas simbolistas fazem uso da sinestesia (sensa- dos Anjos nasceu na Paraíba, em 1884, e morreu em 1914,
ção produzida pela interpenetração dos órgãos do sentido: em Minas Gerais. Foi considerado um poeta original, ocu-
(cheiro doce), de figuras de linguagem para melhor expres- pando um lugar á parte em nossa literatura por revelar tra-
sar seus sentimentos, como aliterações (repetição de letras ços parnasianos e simbolistas ao usar a beleza do simbolis-
102
LÍNGUA PORTUGUESA
mo e as ciências biológicas do parnasianismo. Seus o que era influenciou bastante o seu trabalho. Seu estilo é
temas preferidos eram a morte, a decomposição da maté- simples e comunicativo, por isso o chamavam de deslei-
ria e o vazio da existência. Auto intitulava-se o poeta das xado. Tinha uma visão crítica da sociedade e sensibilidade
coisas mortas e deixei apenas um livro publicado chamado para representar a população humilde e marginalizada do
“Eu”, em 1912. subúrbio. Sua visão critica da realidade o fez ocupar um lu-
gar de destaque na literatura brasileira, no entanto, nunca
Pré-Modernismo foi convidado a participar da Academia Brasileira de Letras.
Escreveu crônicas, contos e romances, deixou também
O Pré-Modernismo não é um movimento literário um livro de memórias “O cemitério dos vivos”, fruto de sua
como vimos acontecer até o momento, não se resume a dolorosa experiência passada no Hospício Nacional, onde
textos para distrair. É o período dos primeiros 20 anos do esteve internado por causa de suas crise de alcoolismo.
Séc.XX onde as mudanças políticas e sociais estavam alte- Suas obras de destaque são Triste fim de Policarpo Quares-
rando a sociedade brasileira e alguns escritores usavam de ma, Recordações do escrivão Isaías Caminha, Vida e morte
suas obras para fazer uma análise crítica da realidade bra- de M. J. Gonzaga de Sá e os contos resumidos no volume
sileira. Seus maiores representantes foram Monteiro Loba- Histórias e sonhos.
to, Euclides da Cunha, Lima Barreto e Graça Aranha. Esses Monteiro Lobato: José Bento Renato Monteiro Lobato
escritores queriam despertar seus leitores para a realidade nasceu em Taubaté, em 1882, e morreu em 1948. Exerceu
e usavam de sua literatura para isso. Vejamos os aconteci- muitas funções; foi promotor, fazendeiro, jornalista, adido
mentos sociais importantes dessa época: comercial nos Estados Unidos e lutou arduamente na cam-
panha pela nacionalização do petróleo. Ficou por algum
1903- Osvaldo Cruz é nomeado diretor-geral da saúde tempo preso, devido à pressão de empresas estrangeiras.
pública para combater a febre amarela que dizimou quase Depois, foi um exímio editor, contribuindo muito com nos-
mil pessoas em 1902 só no Rio de Janeiro. so mercado editorial. A estética de Monteiro Lobato
1906- Começa a política do café-com-leite. Afonso tem traços clássicos, conservadores e puristas, por isso ele
Pena é eleito Presidente. Explodem as greves dos operários. não pode ser considerado como genuíno modernista já
1907- Uma grande greve operária explode em São que temia que essa nova linguagem pudesse ser apenas
Paulo. O movimento é duramente reprimido pela polícia uma influência estrangeira passageira. Mas sua face mo-
e os operários se unem por uma jornada de trabalho de 8 derna é revelada quanto faz críticas à sociedade e quando
horas.
demonstra um nacionalismo lúcido e objetivo.
1908-Sancionada a lei do serviço militar obrigatório.
Ele tornou-se bastante popular pelos livros infantis
1910- rebelam-se mais de dois mil marinheiros contra
que constituem metade de sua obra, onde as mais famosas
os maus tratos e castigos físicos recebidos de oficiais. Nes-
são “Reinações de Narizinho (1931), Caçadas de Pedrinho
sa revolta o Rio de Janeiro fica sob a mira de canhões. Dois
(1933) e O Picapau Amarelo (1939).” Seu primeiro livro im-
meses após solucionada a revolta vários de seus líderes são
portante foi “A menina do narizinho arrebitado”, em 1920,
presos e desaparecem.
que nunca foi re-editado, apenas por uma edição fac simi-
1912- Eclosão da Guerra do Contestado no sul do país.
le em 1981. Suas histórias infantis normalmente passavam
1913- Mobilização dos operários que lutam por melho-
res condições de trabalho e ainda pela jornada de 8 horas. em um sítio no interior do Brasil, que tinham como perso-
1914- No dia 28 de julho começa a Primeira Guerra nagens a Dona Benta, seus netos Narizinho e Pedrinho e a
Mundial. empregada Tia Anastácia. As histórias eram complementa-
1971- O Brasil declara guerra à Alemanha. das por personagens do folclore brasileiro e animais que
1918-Termina, no dia 11 de novembro, a Primeira ganhavam características humanas, e se passavam em lu-
Guerra Mundial. gares fantasiosos como o fundo do mar, por exemplo. Tam-
1919- Mais greves operárias explodem no país. bém escreveu contos,crônicas, romances, artigos e ensaio.
1920- A população do país atinge a marca de 30,6 mi- Alguns dos livros de conto são “Urupês”, “Cidades mortas”
lhões de habitantes, onde 800 mil são de operários. e “Negrinha”.
103
LÍNGUA PORTUGUESA
Dividindo didaticamente o Modernismo temos duas cada poema; Paulicéia desvairada; Losango Cáqui; Clã do
fases: jabuti; Remate de males; Poesias; Lira paulistana. Prosas:
1ª fase, de 1922-1930, marcada pela “destruição” ou Primeiro andar;Amar, verbo intransitivo; Macunaíma; O he-
“combate” das antigas construções, principalmente do Par- rói sem nenhum caráter; Belazarte; Contos novos.
nasianismo.
2ª fase, de1930-1945, período chamado de “constru- Antônio de Alcântara Machado (1901-1935): Apesar de
ção”, é quando se consolidam as ideias do Modernismo e o ter morrido jovem, ele contribui bastante com o Modernis-
movimento assume características definidas. mo tendo colaborado com as revistas Terra roxa e outras
A Semana de Arte Moderna ocorreu entre 13 e 18 de terras, Revista de Antropofagia e Revista nova. Suas me-
fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo. Muitas lhores obras são os contos de Brás, Bexiga e Barra Funda e
foram as atividades realizadas neste evento. Havia confe- Laranja da China, que hoje estão reunidos no livro Novelas
rências, dança, música e leitura de poemas. O grupo que li- paulistanas.
derou a Semana foi chamado de Grupo dos cinco, formado
pelos escritores Mário de Andrade, Oswald de Andrade e A segunda fase (1930-1945)
Menotti Del Picchia e pelas pintoras Anita Malfatti e Tarsila
do Amaral, que contou com a participação de Manuel Ban- Nesta fase, o romance apresenta várias tendências:
deira, Di Cavalcanti, Graça Aranha, Guilherme de Almeida e - Romance social nordestino: Jorge Amado, José Lins
muitos outros. do Rego, José Américo de Almeida, Rachel de Queiroz, Gra-
Foi um evento bastante criticado, principalmente por ciliano Ramos e outros.
um artigo publicado por Monteiro Lobato no jornal “O - Romance intimista e psicológico: Lúcio Cardoso, Cor-
Estado de S. Paulo” intitulado “Paranóia ou mistificação?”. nélio Pires e Ciro dos Anjos.
Neste artigo, Monteiro Lobato mostrou-se bastante avesso - Romance de temática social urbana: Érico Veríssimo,
ao que era considerado moderno, chegando a ridicularizar Dionélio Machado e Marques Rebelo.
a pintura de Anita Malfatti. A repercussão do artigo foi ins-
tantânea, quadros que haviam sido comprados foram de- O romance social nordestino neo-realista é considera-
volvidos. Apesar das críticas, a Semana de Arte Moderna foi do o estilo mais importante desse período. O início desse
uma das maiores influências sobre a arte até os dias atuais. trabalho acontece com a publicação do livro “A bagaceira”,
de José Américo de Almeida, que tem por principal objeti-
A primeira fase (1922-1930) vo denunciar as injustiças sócias no Nordeste, a exploração
do povo e o drama dos retirantes da seca.
Apontaremos algumas características desta fase:
- conquista definitiva do verso livre; Rachel de Queiroz (1910-2003): destacou-se ainda bem
- acentuada inspiração nacionalista; jovem com a publicação do romance O quinze. Também
- grande liberdade de criação; conhecida por outras obras, como: João Miguel, Caminhos
- maior aproximação entre a língua falada e a escrita. de Pedra, As três Marias, Memorial de Maria Moura.
Alguns autores desse período: Jorge Amado (1912-2001): um dos maiores escritores
brasileiros. Em seus primeiros romances fazia denúncia so-
Oswald de Andrade (1890-1954): inovador, dinânmi- cial e participava na política. Dessa fase constam Cacau,
co, polêmico. Foi jornalista, poeta, romancista e autor de Jubiabá, Mar morto, Capitães da areia, Terras do sem-fim.
peças teatrais. Suas principais obras são: Poesia Pau-Brasil; Posteriormente modifica suas obras e passa a predominar
Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald De Andrade; a crítica aos costumes e a sátira. Dessa fase destacam-se
Poesias reunidas; Memórias sentimentais de João Miramar; Gabriela, cravo e canela; Os pastores da noite, Dona flor
Serafim Ponte Grande;Os condenados e peças teatrais: O e seus dois maridos; Tenda dos milagres, Tieta do agreste,
homem e o cavalo, A morta, O rei da vela. entre outros.
Manuel Bandeira (1886-1968): professor de literatura,- Graciliano Ramos (1892-1953): considerado o mais im-
tradutor e crítico literário. Escreveu os seguintes livros de portante prosador do Modernismo. Escreveu os romances
poesia: A cinza das horas; Carnaval; Ritmo dissoluto; Liber- Caetés, São Bernardo; Angústia, Vidas secas, o conto Insô-
tinagem; Estrela da manhã; Lira dos Cinquent’anos; Mafuá nia, memórias Infância e memórias do cárcere e literatura
do Malungo; Belo belo;Opus; Estrela da tarde. Em prosa infantil Histórias de Alexandre.
escreveu: Crônicas da Província do Brasil, Itinerário de Pa-
sárgada; Os reis vagabundos e mais cinquenta crônicas; José Lins do Rego (1901-1957): suas obras têm um
Andorinha, andorinha. aspecto memorialista, faz alusão à época da Infância e da
adolescência passadas no engenho do avô, na Paraíba.
Mário de Andrade (1893-1945): foi um escritor mui- Tratava nestes textos da decadência das estruturas eco-
to fecundo, escreveu poesias, contos, romances, crônicas nômicas do Nordeste e dos desmandos dos senhores de
e ensaios. Exerceu grande influência no Modernismo por engenho. Suas obras “Menino de Engenho”. “Doidinho”,
ser crítico e dinâmico. Poesias: Há uma gota de sangue em “Bangüê”, “Usina” e “Fogo morto”, formam o ciclo que
104
LÍNGUA PORTUGUESA
ele classifica de ciclo da cana-de-açúcar. “Pedra bonita” e 1- Uma de suas principais características é o bucolis-
“Cangaceiros” compõem o ciclo do cangaço e “O moleque mo, a idealização da vida campestre. ( )
Ricardo”, “Pureza”, “Riacho doce”, “Água-mãe” e “Eurídice”, 2- Estilo que faz uso exagerado de hipérboles e antí-
falam do misticismo e da seca. teses. ( )
3- Movimento político de revalorização do subjetivis-
Érico Veríssimo (1905-1975): nasceu no Rio Grande do mo e da vida espiritual, que desprezava a descrição deta-
Sul e por isso algumas de suas histórias são naquele ce-
lhada do Parnasianismo. ( )
nário. Na primeira fase de suas obras os romances trans-
4- Estilo literário em que foi escrito “Macunaíma”. (
correm em ambiente urbano e contemporâneo. As obras
dessa fase são: ”Clarissa”, “Música ao longe”, “Um lugar ao )
sol”,” Olhai os lírios do campo”, “Saga” e “O resto é silên-
cio”. Sua segunda fase é um retorno aos tempos passados 3) Os autores das obras “Marília de Dirceu” e “A mo-
do Rio Grande do Sul, onde ele discute sua formação social. reninha”, respectivamente, são:
Os romances que compõem essa fase recebem o título de a) Santa Rita Durão e Basílio da Gama.
“O tempo e o vento”, do qual fazem parte os romances “O b) Gonçalves Dias e Joaquim Manuel de Macedo.
continente”, “ O retrato” e “O arquipélago”. Em seus últi- c) Tomás Antônio Gonzaga e Joaquim Manuel de
mos trabalhos há um retorno a contemporaneidade quan- Macedo.
do escreve “O prisioneiro”, “O senhor embaixador” e “Inci- d) Gregório de Matos e Tomás Antônio Gonzaga.
dente em Antares”. Após, publica seu último livro, um livro
de memórias “Solo de Clarineta”. 4) Podemos afirmar sobre Gregório de Matos:
No estilo poético dessa segunda fase do Modernismo
os principais poetas foram: Carlos Drummond de Andrade
I) escreveu apenas poesias satíricas, razão pela qual fi-
(além de ser o mais importante poeta desta fase, também
cou conhecido pelo apelido de “Boca do Inferno”.
foi cronista, contista e tradutor), Cecília Meireles, Murilo
Mendes, Mário Quintana e Vinícius de Moraes. II) escreveu o “ Sermão da Sexagésima” e outros ser-
mões.
Neo-Realismo III) não teve nenhum livro publicado em vida, o que
conhecemos é fruto de pesquisas em coletâneas da época.
O neo-realismo foi um movimento que aconteceu em IV) escreveu o poema “Caramuru”.
meados do séc.XX; um estilo que resgata o realismo, ba-
seado na veracidade das situações e tem o intuito de inter- a) I e III são verdadeiras
vir e lutar contra as injustiças sociais. É um retorno ao estilo b) I, II e IV são verdadeiras
realista e naturalista com forte influência do Modernismo c) II, III e IV são verdadeiras
e do Marxismo. Este estilo é iniciado com a publicação do d ) todas as alternativas são verdadeiras
livro de José Américo de Almeida, “A bagaceira” e outros
autores como, Jorge Amado, José Lins do Rego, Rachel de 5) Que obra representou uma crítica à Cunha Mene-
Queiroz, Graciliano Ramos adotam este estilo em suas pro-
ses, governador da capitania de Minas?
duções literárias.
a) Marília de Dirceu.
Questões b) O sermão da sexagésima.
c) Cartas chilenas
1) A história da literatura passou por vários estilos. d) Prosopopeia.
Cada estilo recebeu um nome, como Barroco, por exemplo,
que foi um estilo que predominou no séc. XVIII. Então, po- 6) Leia este trecho do texto do padre Vieira:
demos dizer que estilo literário:
a) É a exata expressão do modo de pensar de todos “Os senhores poucos, os escravos muitos; os senho-
os escritores de uma certa época. res rompendo galas, os escravos despidos e nus; os senho-
b) É o conjunto dos estilos individuais de todos os res banqueteando, os escravos perecendo á fome; os se-
autores de uma certa época. nhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados
c) É a forma como cada autor escreve. de ferros”.
d) São os procedimentos artísticos e as concepções
do mundo predominante nas obras de uma certa época.
A que estilo literário pertence este texto? Qual a figura
de linguagem utilizada pelo autor?
2) Relacione:
(a) Arcadismo a) Simbolismo e pleonasmo.
(b) Barroco b) Arcadismo e hipérbole.
(c) Modernismo c) Barroco e antítese.
(d) Simbolismo d) Realismo e aliteração.
105
LÍNGUA PORTUGUESA
7) Complete as lacunas com as palavras correspon- 13) Lima Barreto é um autor que se caracteriza por criar
dentes: tipos:
a) aristocratas do campo.
Podemos dizer que, historicamente, o Parnasianismo b) aristocratas da cidade
brasileiro teve início no século _____, com a publicação do c) popular do subúrbio
livro ____ em ___ pelo escritor ____. d) rústico do campo
a) século XIX, Fanfarras, 1882, Teófilo Dias. 14) Coloque V para verdadeiro e F para falso:
b) século XIX, Fanfarras, 1886, Olavo Bilac.
I- a análise crítica da realidade brasileira é uma das
c) século XVIII, O Parnaso contemporâneo, 1780, Teó-
características em comum entre Monteiro Lobato e Lima
filo Dias.
Barreto.( )
d) século XVIII, O Parnaso contemporâneo, 1780, Olavo II- Lima Barreto produziu dois livros de memórias:
Bilac. Diário íntimo e O cemitério dos vivos. ( )
III- Negrinha e Cidades mortas são contos de Montei-
8) Relacione autores e obras: ro Lobato. ( )
(a ) Bernardo Guimarães ( ) Lucíola IV- Os sertões, de Euclides da Cunha, pode ser consi-
(b ) José de Alencar ( ) Inocência derado uma obra de história e literatura. ( )
(c ) Joaquim M. de Macedo ( ) A escrava
Isaura a) III e IV são verdadeiras,
(d ) Taunay ( ) O moço loiro b) I,II e III são verdadeiras,
c) I e III são verdadeiras
9) Qual das obras citadas abaixo não foi escrita por d) Todas as alternativas são verdadeiras.
José de Alencar?
a) O guarani. 15) Os romances abaixo citados estão numa sequencia
b) Cinco minutos. cronologicamente correta, exceto na alternativa:
c) A viuvinha. a) A moreninha - Grande sertão: veredas – O Ateneu.
d) O seminarista. b) Iracema – O cortiço – Triste fim de Policarpo Qua-
resma.
10) Assinale dois importantes autores que se destaca-
c) Senhora – Quincas Borba – O quinze.
ram no Romantismo e seus respectivos estilos literários.
d) Lucíola – Dom Casmurro – Fogo morto.
16) Assinale a alternativa correta:
a) Gonçalves Dias (prosa) e José de Alencar (poesia). a) Cecília Meireles – Modernismo – séc. XX.
b) Tomás Antônio Gonzaga (poesia) e Basílio da Gama b) Cruz e Sousa – Simbolismo – Séc.XVII
(poesia). c) Graciliano Ramos – Realismo – séc. XVI
c) Aluísio Azevedo (romance) e Machado de Assis (con- d) Érico Veríssimo – Modernismo – séc.XIX.
to)
d) Gonçalves Dias (poesia) e José de Alencar (prosa). 17) Assinale a alternativa incorreta:
a) O autor de Fogo morto também escreveu Menino
11) Qual estilo literário tem as seguintes característi- de engenho.
cas? b) O autor de O quinze também escreveu Memorial
- Apresenta como uma de suas principais característi- de Maria Moura.
cas o bucolismo e a idealização da vida campestre. c) O autor de Incidente em Antares também escre-
- Uso da razão em contraposição à fé. veu Clarissa.
- Sofreu influências dos filósofos iluministas. d) O autor de Vidas Secas também escreveu Capitães
a) Barroco da areia.
b) Arcadismo
18) Assinale a cronologia correta dos movimentos lite-
c) Romantismo
rários no Brasil:
d) Neo-realismo
a) Quinhentismo – Barroco – Romantismo.
b) Quinhentismo – Arcadismo – Simbolismo.
12) Podemos dizer que o Simbolismo: c) Quinhentismo – Romantismo – Barroco.
a) retoma o espírito nacionalista do Romantismo. d) Quinhentismo – Barroco – Arcadismo.
b) Valoriza o poder sugestivo das imagens poéticas e
a musicalidade da linguagem. 19) Quais acontecimentos históricos marcaram o Ar-
c) busca obsessivamente a objetividade, por isso dá cadismo?
preferência ao soneto descritivo. a) Primeira Guerra Mundial e Conjuração Mineira.
d) faz da poesia uma forma de denúncia social, asse- b) Conjuração Mineira e Fundação da Arcádia Lusita-
melhando-se, nesse ponto ao Realismo. na.
106
LÍNGUA PORTUGUESA
c) Revolução Francesa e Segunda Guerra Mundial. 7) a, Foi com o livro “Fanfarras”, de Teófilo Dias, que
d) Semana de Arte Moderna e Fundação da Arcádia o Parnasianismo tem início em 1882. Foi o livro que crista-
Lusitana. lizou o estilo naquele século.
8) Bernardo Guimarães escreveu “A escrava Isaura”,
20) Formaram o Grupo dos cinco na Semana de Arte seu livro mais conhecido, foi publicado em 1875, o roman-
moderna: ce virou novelas em algumas redes de televisão do país e
a) Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti foi exportado para mais de 150 países.
Del Picchia, Anita Malfatti e Tarsila do Amaral. José de Alencar escreveu “Lucíola”, que faz parte dos
b) Mário de Andrade, Monteiro Lobato, Menotti Del vários livros a quem ele intitula com adjetivos ou nomes
Picchia, Anita Malfatti e Tarsila do Amaral. femininos: Senhora, Diva e Lucíola.
c) José Lins do Rego, Oswald de Andrade, Menotti Joaquim Manuel de Macedo escreveu “O moço loiro”
Del Picchia, Anita Malfatti e Tarsila do Amaral. em 1845.
d) Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Érico Ve- Alfredo Maria Adriano d’EscragnolleTaunay, primeiro e
ríssimo, Anita Malfatti e Tarsila do Amaral. único Visconde de Taunay escreveu “Inocência” em 1872.
9) d, os livros “O guarani”, ”Cinco minutos” e “A viu-
Respostas vinha” foram escritos por José de Alencar. “O seminarista”
foi escrito por Bernardo Guimarães em 1872.
1) d, em cada época predomina um estilo literário, 10) d, Gonçalves Dias foi um importante poeta do Ro-
geralmente baseado nos acontecimentos históricos e na mantismo e José de Alencar teve a prosa romântica como
cultura vigente naquele momento. Mas, nem todos que fa- uma de suas principais vertentes e seus livros são bastante
zem parte deste contexto produzem sua obra da mesma requisitados em vestibulares.
forma, é apenas algo predominante. 11) b, o estilo que assume estas características é o Ar-
2) 1-a, os poetas árcades prezavam por uma vida cadismo, são bucólicos; e por valorizarem o material estão
simples em contato com a natureza, o que é chamado de sempre a favor da razão e não usam a fé com tábua de
bucolismo. salvação e acima de tudo porque eram influenciados por
2-b, os escritores barrocos faziam uso de uma lingua- filósofos iluministas que buscavam na razão reformar a so-
ciedade. Foi um movimento contra os abusos da igreja e do
gem bastante trabalhada, culta, por isso em seus textos
estado.
sempre havia figuras de linguagem.
12) b, o Simbolismo foi um estilo marcado pela subje-
3-d, os simbolistas estavam cansados do estilo deta-
tividade, pela musicalidade, por aquilo que a imagem su-
lhista e sem expressão do Parnasianismo, por isso resgata-
gere e não pelo que ela é fisicamente, como é o caso do
ram a expressividade e a musicalidade em suas obras.
Parnasianismo, que dá riqueza de detalhes mas tem pobre-
4-c, Macunaíma, foi um rapsódia (compilação numa
za de expressões e de sentimentos.
mesma obra de temas ou assuntos heterogêneos) cons-
13) c, Lima Barreto, por ser filho de mestiços e pobres,
truída a partir de um conjunto de escritos folclóricos, por
foi vítima de preconceito e esse preconceito marcou toda
Mário de Andrade em 1928, durante, portanto, o Moder-
a sua obra onde ele criou tipos populares que viviam nos
nismo. subúrbios do Rio de Janeiro. Sentia-se em suas obras, um
3) c, Tomás Antônio Gonzaga, escrevia sob o pseu- pouco de sua própria história.
dônimo de Dirceu à sua amada Marília, daí a coletânea de 14) d, todas as alternativas são verdadeiras porque,
poesias que formou um livro chamado “Marília de Dirceu”. Monteiro Lobato e Lima Barreto fizeram, cada um a seu
Joaquim Manuel Macedo escrevia textos com assuntos modo, críticas à sociedade, Monteiro preza pelo naciona-
corriqueiros e tradicionais, reproduzia a vida social da bur- lismo tentando proteger o nosso petróleo de empresas
guesia, com mocinhos e mocinhas, daí nasceu o romance estrangeiras e Lima Barreto defende as classes menos fa-
“A moreninha”. vorecidas da sociedade. As obras destacadas na alterna-
4) a, Gregório de Matos em suas obras fazia críticas tiva II foram produzidas por Lima Barreto; as destacadas
ao governo, por isso suas poesias são consideradas satíri- na alternativa III são, de fato, de Monteiro Lobato e “Os
cas e recebeu o apelido de “Boca do Inferno”. Quem escre- sertões”, de Euclides da Cunha, pode ser considerado tanto
veu o Sermão da sexagésima foi o padre Vieira e caramuru literatura quanto história, porque é um livro baseado em
foi escrito por Santa Rita Durão em 1781. fatos reais pois ele esteve na Guerra de Canudos, no sertão,
5) c, Cartas chilenas são poemas satíricos que critica- como jornalista.
vam o governador. Tinha esse nome porque supostamente 15) a,
sua história se passava no Chile. Esta era uma forma das A moreninha – 1844
poesias não serem censuradas e seu autor punido. Grande sertão: veredas – 1956
6) c, esse trecho é considerado Barroco porque foi O Ateneu-1888
escrito no séc.XVII, onde predominava esse estilo e o uso
da figura de linguagem Antítese se prova quando o autor Iracema – 1865
faz uso de ideias contrárias, opostas. Ele fala de banquete e O cortiço – 1890
de fome, de poucos e de muitos, entre outros. Triste fim de Policarpo Quaresma -1911
107
LÍNGUA PORTUGUESA
108
LÍNGUA PORTUGUESA
Tratam, geralmente, de um relacionamento amoroso, respeito à temática e à forma, além de serem mais antigas.
em que o trovador canta seu amor a uma dama, normal- Diferentemente da cantiga de amor, na qual o sentimento
mente de posição social superior, inatingível. Refletindo expresso é masculino, a cantiga de amigo é expressa em
a relação social de servidão, o trovador roga a dama que uma voz feminina, embora seja de autoria masculina, em
aceite sua dedicação e submissão. Eu-lírico – masculino virtude de que naquela época às mulheres não era conce-
O sentimento oriundo da submissão entre o servo e o dido o direito de alfabetização.
senhor feudal transformou-se no que chamamos de vas- Tais cantigas tinham como cenário a vida campesina ou
salagem amorosa, preconizando, assim, um amor cortês. nas aldeias, e geralmente exprimiam o sofrimento da mu-
O amante vive sempre em estado de sofrimento, também
lher separada de seu amado (também chamado de amigo),
chamado de coita, visto que não é correspondido. Ainda
vivendo sempre ausente em virtude de guerras ou viagens
assim dedica à mulher amada (senhor) fidelidade, respeito
e submissão. Nesse cenário, a mulher é tida como um ser inexplicadas. O eu lírico, materializado pela voz feminina,
inatingível, à qual o cavaleiro deseja servir como vassalo. A sempre tinha um confidente com o qual compartilhava
título de ilustração, observemos, pois, um exemplo: seus sentimentos, representado pela figura da mãe, amigas
ou os próprios elementos da natureza, tais como pássaros,
Cantiga da Ribeirinha fontes, árvores ou o mar. Constatemos um exemplo:
Surgidas na própria Península Ibérica, as cantigas de Nas cantigas de maldizer, como bem nos retrata o
amigo eram inspiradas em cantigas populares, fato que as nome, a crítica era feita de maneira direta, e mencionava
concebe como sendo mais ricas e mais variadas no que diz o nome da pessoa satirizada. Assim, envolvidas por uma
109
LÍNGUA PORTUGUESA
linguagem chula, destacavam-se palavrões, geralmente Durante o período renascentista várias mudanças
envoltos por um tom de obscenidade, fazendo referência a ocorreram. A princípio, a denominação deste movimen-
situações relacionadas a adultério, prostituição, imoralida- to cultural propõe uma ressurreição do passado clássico,
de dos padres, entre outros aspectos. Vejamos, pois: fonte de inspiração e modelo seguido. Durante os séculos
XV e XVI intensificou-se, na Europa, a produção artística e
Roi queimado morreu con amor científica. Esse período ficou conhecido como Renascimen-
Em seus cantares por Sancta Maria to ou Renascença. Logo, o homem é valorizado, bem como
por ua dona que gran bem queria a natureza, pois é concreta e visível. O humanismo e antro-
e por se meter por mais trovador pocentrismo se despontam em oposição ao teocentrismo,
porque lhela non quis [o] benfazer ao divino, ao sobrenatural.
fez-sel en seus cantares morrer O ser humano começa a se vangloriar por sua razão,
mas ressurgiu depois ao tercer dia!... por sua capacidade de raciocínio, por seu cientificismo.
Pero Garcia Burgalês Logo, todas as formas de arte refletem esse ideário: a li-
teratura, a filosofia, a escultura e a pintura. Nessa última
Renascimento destacam-se: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael e
Botticelli.
Contexto histórico
características principais deste período são as seguin-
O Renascimento em Portugal refere-se à influência e tes :
evolução do Renascimento em Portugal, de meados do sé- - Valorização da cultura greco-romana. Para os artis-
culo XV a finais do século XVI. O movimento cultural que tas da época renascentista, os gregos e romanos possuíam
assinalou o final da Idade Média e o início da Idade Mo- uma visão completa e humana da natureza, ao contrário
derna foi marcado por transformações em muitas áreas da dos homens medievais;
vida humana. Renascimento, nome que designa o período - As qualidades mais valorizadas no ser humano pas-
das grandes transformações culturais, políticas e econômi-
sam a ser a inteligência, o conhecimento e o dom artístico;
cas, ocorridas nos séculos XVI e XVII. Essas transformações
- Enquanto na Idade Média a vida do homem devia
trouxeram profundas mudanças para toda a sociedade da
estar centrada em Deus (teocentrismo), nos séculos XV e
época, o estabelecimento definitivo do capitalismo, criou
XVI o homem passa a ser o principal personagem (antro-
novas relações de trabalho, firmou o comércio e este pas-
pocentrismo).
sou a ter grande importância, introduziu novos valores, tais
- A razão e a natureza passam a ser valorizados com
como o dinheiro e a vida nas cidades, que não existiam
grande intensidade. O homem renascentista, principal-
no período medieval, várias invenções e melhoramentos
mente os cientistas, passam a utilizar métodos experimen-
técnicos foram criados em função da crescente procura de
tais e de observação da natureza e universo.
mercadorias. Houve uma crise religiosa pois, a Igreja teve
que enfrentar os protestantes liderados por Martinho Lu-
tero, que contava com o apoio da burguesia. Essa foi tam- Renascimento Cultural
bém a época dos grandes descobrimentos, que levaram o
homem a encarar o Universo e o próprio homem de ma- Durante os séculos XIV e XV as cidades italianas como,
neira diferente daquela pregada pela Igreja. Foi inventada por exemplo Gênova, Veneza e Florença, passam a acumu-
a imprensa, que possibilitou uma maior circulação de escri- lar grandes riquezas provenientes do comércio. Estes ricos
tos e portanto de cultura. Copérnico formulou a teoria do comerciantes começam a investir nas artes, aumentando
heliocentrismo que propunha o Sol como centro do Uni- assim o desenvolvimento artístico e cultural. Por isso, a
verso e Galileu comprovou o duplo movimento da Terra. Itália é conhecida como o berço do Renascimento. Porém,
Todos esses fatores levaram a velha ordem feudal a um este movimento cultural não se limitou à Península Itálica.
desgaste e conseqüente desmoronamento, sendo necessá- Espalhou-se para outros países europeus como, por exem-
ria uma nova organização nos planos político, econômico e plo, Inglaterra, Espanha, Portugal, França e Países Baixos.
social.As produções artísticas desse período refletem essas Principais representantes do Renascimento Italiano e
profundas mudanças. suas principais obras:
Como pioneiro da exploração europeia, Portugal flo- - Michelangelo Buonarroti (1475-1564)- destacou-se
resceu no final do século XV com as navegações para o em arquitetura, pintura e escultura.
oriente, auferindo lucros imensos que fizeram crescer a - obras principais: Davi, Pietá, Moisés, pinturas da Ca-
burguesia comercial e enriquecer a nobreza, permitindo pela Sistina.
luxos e o cultivar do espírito. O contacto com o Renasci- - Rafael Sanzio (1483-1520) - pintou várias madonas
mento chegou através da influência de ricos mercadores (representações da Virgem Maria com o menino Jesus).
italianos e flamengos que investiam no comércio marítimo. - Leonardo da Vinci (1452-1519)- pintor, escultor, cien-
O contato comercial com a França, Espanha e Inglaterra era tista, engenheiro, físico, escritor, etc obras principais :Mona
assíduo, e o intercâmbio cultural se intensificou. Lisa, Última Ceia.
110
LÍNGUA PORTUGUESA
111
LÍNGUA PORTUGUESA
112
LÍNGUA PORTUGUESA
a passagem de uma perspectiva filosófica e cultural centra- conhecê-lo totalmente e de fruir as delícias e os prazeres
da em Deus a uma outra, centrada no homem – ainda que da vida. Daí a exaltação do homem-aventura (Os Lusía-
esse modelo tenha sido reiteradamente questionado por das), do homem-cortesão, que canta, sabe da música e da
numerosos autores que buscaram mostrar a continuidade poesia, e do homem-soldado, que luta, não para ganhar o
entre a perspectiva medieval e a renascentista. céu, mas para deixar no mundo a sua presença. Equilíbrio
e harmonia de forma e fundo. Clareza, mentalidade aber-
Hedonismo ta, intensidade vital, ímpeto progressista, euforia, ânsia de
glória e perenidade, apreço pelo humano, sentido do nu
O hedonismo é uma teoria ou doutrina filosófico-mo- artístico, ausência de afetações. Universalismo, apego aos
ral que afirma ser o prazer individual e imediato o supremo valores transcendentais (o Belo, o Bem, a Verdade, a Perfei-
bem da vida humana. Surgiu na Grécia, na época pós-so- ção) e aos sistemas racionais; simplificação por lucidez téc-
crática, e um dos maiores defensores da doutrina foi Aris- nica, simetria. Cultivo da antigüidade Greco-Latina. Deuses
tipo de Cirene. O hedonismo moderno procura fundamen- pagãos usados como figuras literárias e claras alegorias.
tar-se numa concepção ampla de prazer entendida como
felicidade para o maior número de pessoas. Humanismo
113
LÍNGUA PORTUGUESA
desapareceu) e o teocentrismo deu lugar ao antropocen- de 1502, quando na noite de 7 para 8 de junho, recitou
trismo, ou seja, o homem passou a ser o centro de tudo e o Monologo do vaqueiro no quarto de D. Maria, esposa
não mais Deus. de D. Manuel, que acabava de dar a luz ao futuro rei D.
Os artistas começaram a dar mais valor às emoções João III. Durante 34 anos produziu textos teatrais e algumas
humanas. É bom ressaltar que todas essas mudanças não poesias, sendo que sua última peça – Floresta de enganos
ocorreram do dia para a noite. – data de 1536. Se nada se sabe a respeito de sua origem,
podemos afirmar com certeza que viveu a vida palaciana
Humanismo = Teocentrismo X Antropocentrismo como funcionário da corte e que possuía bons conheci-
mentos da língua portuguesa, bem como do castelhano,
Humanismo deriva, etimologicamente, da palavra fran- do latim e de assuntos teológicos. O teatro vicentino é ba-
cesa humanisme. Segundo alguns autores, Humanismo é sicamente caracterizado pela sátira, criticando o compor-
a “doutrina dos humanistas da Renascença que ressusci- tamento de todas as camadas sociais: a nobreza, o clero e
taram o culto da línguas e das literaturas antigas”. No en- o povo.
tanto, literariamente, convencionou-se relacionar a palavra
Humanismo ao movimento artístico iniciado na Itália no - Poesia: Em 1516 foi publicada a obra “Cancioneiro
século XIV. Petrarca, poeta italiano, é considerado o pai do Geral”, uma coletânea de poemas de época. O cancioneiro
Humanismo, pois foi o principal precursor desse movimen- geral resume 2865 autores que tratam de diversos assuntos
to que espalhou-se pela Europa, no período que corres- em poemas amorosos, satíricos, religiosos entre outros.
ponde à transição da Idade Média à Idade Moderna.
O Humanismo abrange praticamente todas as artes - Prosa: Crônicas: registravam a vida dos personagens
como por exemplo a pintura, a arquitetura, a escultura, a e acontecimentos históricos. Fernão Lopes foi o mais im-
música e a literatura. As obras desse período tinham como portante cronista(historiador) da época, tendo sido consi-
centro de interesse o próprio homem. Assim, enquanto no derado o “Pai da História de Portugal”. Foi também o 1º
Trovadorismo Deus era o centro de tudo (teocentrismo) no cronista que atribuiu ao povo um papel importante nas
Humanismo o homem passa a ser o centro de interesse mudanças da história, essa importância era, anteriormente
da cultura (antropocentrismo). O Humanismo foi a própria atribuída somente à nobreza.
alma do Renascimento. Era um apelo ao homem universal.
Traduzia-se sobretudo pelo enaltecimento da cultura da Obras
Antiguidade Clássica”. “Crônica d’El-Rei D. Pedro”
Os principais destaques do Humanismo são: na Itália, “Crônica d’El-Rei D. Fernando”
berço do Renascimento, Dante Alighieri, Giovanni Boccac- “Crônica d’El-Rei D. João I”
cio e Francesco Petrarca. Em Portugal merece destaque o
teatro poético de Gil Vicente Classicismo
114
LÍNGUA PORTUGUESA
Antiguidade. Na época renascentista, por exemplo, a alta da. Racionalismo: a razão predomina sobre o sentimento,
burguesia italiana em ascensão, na disputa de luxo e poder ou seja, a expressão dos sentimentos era controlada pela
com a nobreza, identifica-se com os valores laicos da arte razão.
greco-romana.
O aperfeiçoamento da imprensa possibilitou uma - Universalismo: os assuntos pessoais ficaram de lado
maior difusão de idéias novas, contribuindo para o enri- e as verdades universais (de preocupação universal) passa-
quecimento do ambiente cultural. As grandes navegações ram a ser privilegiadas.
alargaram a visão de mundo do europeu, que entrou em
contato com culturas diferentes. A matemática se desen-
- Perfeição formal: métrica, rima, correção gramatical,
volveu, bem como o estudo das línguas, surgindo as pri-
meiras gramáticas de língua portuguesa. Todo esse con- tudo isso passa a ser motivo de atenção e preocupação.
texto fez nascer uma visão antropocêntrica de mundo. Ou
seja, o homem é visto como centro do universo. O cristia- - Presença da mitologia greco-latina.
nismo continua imperando, mas o homem renascentista já
não é tão angustiado com as questões religiosas como o - Humanismo: o homem dessa época se liberta dos
era o homem medieval. dogmas da Igreja e passa a se preocupar com si próprio,
valorizando a sua vida aqui na Terra e cultivando a sua ca-
Os artistas – pintores, escultores, arquitetos – inspira- pacidade de produzir e conquistar. Porém, a religiosidade
vam-se nas obras dos antigos gregos e romanos, que se não desapareceu por completo.
transformaram em modelos. Por isso mesmo, dizia-se que
a gloriosa arte antiga estava renascendo. Em seu conteúdo, Classicismo em Portugal
mostravam o paganismo, o ideal platônico de amor e ou-
tras marcas específicas da tradição antiga. As notas medie-
O marco inicial do Classicismo português é em 1527,
vais quinhentistas contêm um impulso que se tornou pre-
quando se dá o retorno do escritor Sá de Miranda de uma
sente, explicitamente ou não, ao longo de toda a literatura
portuguesa, cruzando os séculos. viagem feita à Itália, de onde trouxe as idéias de renovação
literária e as novas formas de composição poética, como o
Seus lirismos tradicionais, caracterizados por ser anti- soneto. O período encerra em 1580, ano da morte de Luís
metafísico, popular, sentimental e individualista, irá dialo- Vaz de Camões e do domínio espanhol sobre Portugal.
gar com as novas modas e sobreviverá. A própria força da
terra portuguesa, chamando os escritores para o seu con- Classicismo Literário
vívio, explica a permanência desse remoto lirismo através
dos séculos. A definição do novo ideário estético em Por- Os escritores classicistas retomaram a idéia de que a
tugal deu-se em 1527, com o regresso de Sá de Miranda arte deve fundamentar-se na razão, que controla a expres-
da Itália, trazendo uma valiosa bagagem doutrinária. Sua são das emoções. Por isso, buscavam o equilíbrio entre
influência foi decisiva na produção e promoção do novo os sentimentos e a razão, procurando assim alcançar uma
gosto literário. representação universal da realidade, desprezando o que
fosse puramente ocasional ou particular. Os versos deixam
Características
de ser escritos em redondilhas (cinco ou sete sílabas poé-
Busca do homem universal – passaram o mundo, o ticas) – que passa a ser chamada medida velha – e passam
homem e a vida a serem vistos sob o prisma da razão. O a ser escritos em decassílabos (dez sílabas poéticas) – que
homem renascentista procurou entender a harmonia do recebeu a denominação de medida nova. Introduz-se o so-
universo e suas noções de Beleza, Bem e Verdade, sem- neto, 14 versos decassilábicos distribuídos em dois quarte-
pre baseando seus conceitos no equilíbrio entre a razão tos e dois tercetos.
e a emoção. Estavam longe de aceitar a “arte pela arte”,
ao modo parnasiano do século XIX, mas apresentavam um Luís de Camões (1525-1580): poeta soldado Escritor de
alto objetivo ético: o do aperfeiçoamento do homem na dados biográficos muito obscuros, Camões é o maior autor
contemplação das paixões humanas postas em arte - a ca- do período. Sabe-se que, em 1547, embarcou como solda-
tarse grega. do para a África, onde, em combate, perdeu o olho direito.
Valores greco-latinos – os renascentistas adotaram a Em 1553, voltou a embarcar, dessa vez para as Índias, onde
mitologia pagã, própria dos antigos, recorrendo a entida- participou de várias expedições militares. Em 1572, Camões
des mitológicas para pedir inspiração, simbolizar emoções
publica Os Lusíadas, poema que celebrava os recentes fei-
e exemplificar comportamentos. Consideravam que os an-
tos marítimos e guerreiros de Portugal. A obra fez tanto
tigos haviam atingido a perfeição formal, desejando os ar-
tistas da Renascença reproduzi-la e perpetuá-la. sucesso que o escritor recebeu do rei D. Sebastião uma
Novas medidas e formatos – surgiram novas formas de pensão anual – que mesmo assim não o livrou da extrema
composição, como o soneto, o verso decassílabo e a oitava pobreza que vivia. Camões morreu no dia 10 de junho de
rima, que foram introduzidas em Portugal por Sá de Miran- 1580.
115
LÍNGUA PORTUGUESA
A Poesia Épica de Camões em língua portuguesa, não por conter oito mil e oitocen-
tos e dezesseis verbos decassílabos distribuídos em 1102
Como tema para o seu poema épico, Luís de Camões estrofes de oito versos cada, mas pelo seu valor poético e
escolheu a história de Portugal, intenção explicitada no tí- histórico. Obedecendo com rigor às regras da Antigüidade
tulo do poema: Os lusíadas. O cerne da ação desenvolve-se clássica apresentam em suas estrofes os aspectos formais
em torno da viagem de Vasco da Gama às Índias. A palavra (métrica, ritmo e rima) com extrema regularidade, demons-
“lusíada” é um neologismo inventado por André de Resen- trando o engenho e a arte do poeta. Todas as estrofes
de para designar os portugueses como descendentes de apresentam o esquema conhecido como oitava-rima, com
Luso (filho ou companheiro do deus Baco). três rimas cruzadas seguidas de uma emparelhada (AB AB
AB CC). A palavra lusíadas significa “lusitanos”, e Camões
A Estrutura
foi buscá-la numa epístola de André de Resende. Os Lu-
síadas são os próprios lusos, tanto em sua alma como em
Os lusíadas apresenta 1102 estrofes, todas em oitava
-rima (esquema ABABABCC), organizadas em dez cantos. sua ação. O herói da epopéia é o próprio povo português
Divisão dos Cantos e não apenas Vasco da Gama, como pode parecer à uma
1ª parte: Introdução leitura superficial da obra. Ao cantar “as armas e os ba-
Estende-se pelas 18 estrofes do Canto I e subdivide-se rões assinalados” que navegaram “por mares nunca dantes
em: navegados”, Camões engloba todo o povo lusitano nave-
Proposição: é a apresentação do poema, com a iden- gador, que enfrentou a morte pelos mares desconhecidos.
tificação do tema e do herói (constituem as três primeiras Pode-se afirmar, então, que o poema épico apresenta um
estrofes do canto I). herói coletivo.
Invocação: o poeta invoca as Tágides, ninfas do rio Tejo, O poeta deixou expresso o tema da epopéia já nas duas
pedindo a elas inspiração para fazer o poema. primeiras estrofes: a glória do povo navegador português,
Dedicatória: o poeta dedica o poema a D. Sebastião, que conquistou as Índias e edificou o Império Português
rei de Portugal. no Oriente, bem como a memória dos reis portugueses,
que tentaram ampliar o Império. Portanto, Camões cantou
2ª parte: Narração as conquistas de Portugal, a glória de seus navegadores e
Na narração (da estrofe 19 do Canto I até a estrofe 144 os reis do passado. Cantou, enfim, a História de Portugal.
do Canto X), o poeta relata a viagem propriamente dita dos Características de uma epopéia
portugueses ao Oriente.
- É escrita em versos.
- O tema é sempre grandioso e heróico e refere-se à
3ª parte: Epílogo
É a conclusão do poema (estrofes 145 a 156 do Canto história de um povo.
X), em que o poeta pede às musas que o inspiraram que - É composta de proposição, invocação, dedicatória,
calem a voz de sua lira, pois está desiludido com uma pátria narração e epílogo.
que já não merece as glórias do seu canto.
Principais Autoes e Obras
A Lírica Camoniana
- Luís Vaz de Camões: Um dos maiores nomes da Lite-
Camões escreveu versos tanto na medida velha quanto ratura Universal, e certamente, o maior nome da Literatu-
na medida nova. Seus poemas heptassílabos geralmente ra Portuguesa. Escreveu poesias (líricas e épicas) e peças
são compostos por um mote e uma ou mais estrofes que teatrais, porém sua obra mais conhecida e consagrada é a
constituíam glosas (ou voltas a ele). Os sonetos, porém, são epopéia “Os Lusíadas” considerada uma obra-prima. Essa
a parte mais conhecida da lírica camoniana. Com estrutu- obra é dividida em 10 partes (cantos) com 8816 versos dis-
ra tipicamente silogística, normalmente apresentam duas tribuídos em 1120 estrofes e narra a viagem de Vasco da
premissas e uma conclusão, que costuma ser revelada Gama às Índias enfatizando alguns momentos importantes
no último terceto, fechando, assim, o raciocínio. Camões da história de Portugal.
demonstra, em seus sonetos, uma luta constante entre o Outros escritores existiram, porém não tiveram tanto
amor material, manifestação da carnalidade e do desejo, e
destaque quanto Camões, são eles: Sá de Miranda, Bernar-
o amor idealizado, puro, espiritualizado, capaz de conduzir
dim Ribeiro e Antonio Ferreira. O Classicismo terminou em
o homem à realização plena. Nessa perspectiva, o poeta
concilia o amor como idéia e o amor como forma, tendo 1580, com a passagem de Portugal ao domínio espanhol e
a mulher como exemplo de perfeição, ansiando pelo amor também com a morte de Camões.
em sua integridade e universalidade.
Barroco
A Epopeia Camoniana
Teve início em 1580 após a morte de Camões, quando
Os Lusíadas, que narra a aventura marítima de Vasco Portugal entra em decadência após o desaparecimento do
da Gama, é a grande epopéia do povo lusitano. Publica- Rei D. Sebastião motivo pelo qual Portugal nunca mais teve
da em 1572, é considerada o maior poema épico escrito o mesmo prestígio ( início do Sebastianismo). O tempo
116
LÍNGUA PORTUGUESA
barroco denomina genericamente todas as manifestações Em Salvador, sobreviveu precariamente: advogado ser re-
artísticas dos anos 1600 e início dos anos 1700. Além da cursos, boêmio inveterado, satírico arrasador. Exilado em
literatura, estende-se à música, pintura, escultura e arqui- Angola, voltou ao Brasil em 1695, para o Recife. Morreu
tetura da época. no ano seguinte. Durante sua vida, sua obra permaneceu
A base para esse movimento foi o drama humano , que inédita.
na pintura barroca foi bem encenado com gestos teatrais Características:
muitíssimo expressivos, sendo iluminado por um extraordi- - A primeira grande voz da poesia brasileira.
nário claro-escuro e caracterizado por fortes combinações - Obra poética de múltiplas faces: lírica, satírica, filosó-
cromáticas.O termo Barroco é usado para designar o estilo fica, religiosa, pornográfica, encomiástica (elogiosa).
que, partindo das artes plásticas teve seu apogeu literário - Influenciado pela tradição portuguesa e espanhola e,
no século XVII, prolongando-se até meados do século XVIII. ao mesmo tempo, inventivo e original.
Essa época foi marcada pelas oposições e pelos confli- - Introdutor da linguagem coloquial, popular, “mesti-
tos espirituais. Esse contexto histórico acabou influencian- ça”, das ruas, na poesia brasileira.
- Poeta maldito – conhecido como “Boca do Inferno”, o
do na produção literária, gerando o fenômeno do barroco.
maior satírico da literatura brasileira.
As obras são marcadas pela angústia e pela oposição entre
o mundo material e o espiritual. Metáforas, antíteses e hi-
Análise do poema “a instabilidade das cousas do mun-
pérboles são as figuras de linguagem mais usadas neste
do” de Gregório de Matos
período. Podemos citar como principais representantes Nasce o sol e não dura mais que um dia. (antítese vida/
desta época: Bento Teixeira, autor de Prosopopéia; Gregó- morte)
rio de Matos Guerra ( Boca do Inferno ), autor de várias Depois da luz, se segue a noite escura, (ant. claro/es-
poesias críticas e satíricas; e padre Antônio Vieira, autor de curo)
Sermão de Santo Antônio ou dos Peixes. Num cenário em Em tristes sombras morre a formosura, (ant.feio/belo)
que se tenta fundir idéias opostas, as obras tratam de amor Em contínuas tristezas a alegria. (ant. tristeza/alegria)
e sofrimento, vida e morte, religiosidade e erotismo. São Porém, se acaba o sol, porque nascia? (dúvida)
frequentes a sátira social e a humanização do sobrenatural. Se é tão formosa a luz, porque não dura? Como a be-
Há convicção de que é preciso aproveitar a vida, porque leza assim se trasfigura? Como o gosto da pena assim se
valores e sentimentos são mutáveis. fia? (sofrimento)
A maior produção é a de poesia. A prosa se restringe Mas no sol e na luz falta a firmeza; Na formosura, não
aos sermões, cujo principal autor no Brasil é o orador sacro se dê constância
e missionário jesuíta português Antônio Vieira. E, na alegria, sinta-se tristeza. (ant. tristeza/alegria)
Período literário caracterizado pelos contrastes, oposi- Começa o mundo, enfim pela ignorância, E tem qual-
ções e dilemas. O homem do barroco buscava a salvação quer dos bens por natureza: A firmeza somente na incons-
ao mesmo tempo que queria usufruir dos prazeres mun- tância.
danos,daí surgiram os conflitos. É o antropocentrismo (ho- (Gregório de Matos.Obra Completa.)
mem) opondo-se ao Teocentrismo (Deus). O homem deste O poema acima é formado por 2 quartetos e 2 tercetos,
período está entre o céu e a Terra. Mesmo se valorizan- num total de 14 versos. Esta é a estrutura de um soneto. Se
do, ele vivia atormentado pela idéia do pecado,então vivia notarmos bem veremos que há uma figura constante: a an-
buscando a salvação. títese.Figura pela qual se faz a contraposição de palavras.
Exemplos.
Características Verso 1: vida/morte
Verso 2: claro/escuro
Verso 3: feio/belo
1-Culto dos contrastes.Presença da antítese.
Verso 4: tristeza/alegria
claro/escuro
Verso 11: tristeza/alegria
vida/morte
tristeza/alegria
O traço comum a todos os versos da segunda estrofe
2-Pessimismo é a interrogação, a dúvida e a incerteza. O Barroco enfatiza
3-Intensidade = presença da hipérbole (figura de lin- tudo que é inconstante,que muda de aparência,que está
guagem caracterizada pelo exagero da expressão) em movimento. Padre Antônio Vieira (Lisboa, 1608 – Mara-
4-Linguagem muito rebuscada nhão, 1697). Menino, veio com os pais para a Bahia. Estu-
dou no Colégio dos Jesuítas, ordenando-se em 1634. Com
Autores e obras a restauração portuguesa, após 60 anos de domínio espa-
nhol, mudou-se para Portugal. Duas idéias messiânicas, im-
Gregóriio de Matos (Bahia, 1636 – Recide, 1696). Filho pregnadas de sebastianismo, sobre um Império Português
de família abastada, estudou com os jesuítas em Salvador. e católico – o 5º Império – de ascendência sobre o mundo
Aos 14 anos, foi estudar em Portugal, formando-se em entraram em choque com a realidade da corte lusitana e
Direito na Universidade de Coimbra. Casou-se, tornou-se o momento histórico de Portugal, que caminhava para a
juiz, morou na metrópole até 1681. Viúvo, voltou ao Brasil. decadência.
117
LÍNGUA PORTUGUESA
118
LÍNGUA PORTUGUESA
- Academicismo e técnicas apuradas século, fazendo com que ele, acima das contingências polí-
- Culto a teoria de Aristóteles ticas, fosse o pintor oficial da revolução francesa e, depois,
- Ideal da época: democracia do regime de Napoleão Bonaparte. Outro pintor de desta-
- Pinceladas que não marcavam a superfície que é Dominique Ingres (1780-1867), de A Banhista de Val-
- Volta ao equilíbrio renascentista. pinçon. Entre os italianos, sobressai Tiepolo (1696-1770).
- Todo conhecimento vem da experiência e da reflexão.
- Afrancesamento da arte, da cultura e da vida. Escultura: Na escultura o movimento buscava inspira-
ção no passado. A estatuária grega foi o modelo favorito
- Campestre, bucólico e pastoril.
pela harmonia das proporções, regularidade das formas
- Razão e inteligência. e serenidade da expressão. Apesar disso, não atingiram a
- Objetivismo. amplitude nem o espírito da escultura grega. Também foi
- Temas pagãos e greco-latino, como a mitologia. menos ousada que a pintura e arquitetura de seu tempo.
Entre os principais escultores destaca-se o italiano Antonio
Literatura Canova (1757-1822), que retrata personagens contempo-
râneos como divindades mitológicas como Pauline Bo-
Os textos empregam linguagem clara, sintética, grama- naparte Borghese como Vênus.
ticalmente correta e nobre. A forma liberta-se um pouco
do rigor do Classicismo anterior. A principal expressão do Música: O período normalmente designado como
movimento na literatura é o Arcadismo, manifestado na neoclássico é, em música, reconhecido como classicismo,
Itália, em Portugal e no Brasil. ou período clássico. Grosso modo, a segunda metade do
A sua principal expressão na literatura, o Arcadismo foi século XVIII, período marcado pela simplificação das es-
truturas Barrocas, tornando a música mais simples através
um movimento literário que buscava basicamente a sim-
da mudança de um estilo contrapontístico para outro ho-
plicidade, oposto a confusão e do retrocedimento Barroco.
mofônico. São considerados o auge deste estilo os com-
Retrata a vida pastoril e harmônica do campo. As referên- positores Mozart e Haydn, pelo modo como sintetizaram
cias clássicas voltam, e as obras são recheadas de seres da os trabalhos de seus antecessores, dando forma definida
mitologia grega. Porém se observa que a mitologia, que à Sonata, à música de câmara, ao concerto e à Sinfonia.
era um acervo cultural concreto de Grécia, Roma e mesmo Beethoven é considerado o compositor responsável pela
do Renascimento, agora se converte apenas num recurso transição do estilo clássico para o romântico.
poético de valor duvidoso. Também se destaca Éclogas de Arquitetura neoclássica: A Arquitetura neoclássica foi
Virgílio e dos Idílios de Teócrito, obras clássicas que retra- produto da reacção antibarroco e antirococó, levada a
tam a natureza harmônica, e por isso são os dois autores cabo pelos novos artistas-intelectuais do século XVIII. Os
mais imitados pelos árcades. Arquitectos formados no clima cultural do racionalismo
Os árcades, ao contrario do Barroco, preferiam uma vi- iluminista e educados no entusiasmo crescente pela Civili-
são equilibrada do mundo. Sem exageros, sem conflitos, zação Clássica, cada vez mais conhecida e estudada devido
apenas a simplicidade. aos progressos da Arqueologia e da História.
119
LÍNGUA PORTUGUESA
120
LÍNGUA PORTUGUESA
121
LÍNGUA PORTUGUESA
122
LÍNGUA PORTUGUESA
Percepção intuitiva da realidade: Para interpretar a rea- onde Realismo e Naturalismo se confundem, a nova escola
lidade, os simbolistas se valem da intuição e não da razão implantava-se definitivamente. Mas na década de 1890, o
ou da lógica. Realismo, cada vez mais confundido com o Naturalismo, já
havia perdido muito de sua força.
Principais autores
Contexto Histórico
Cruz e Souza era brasileiro e é um dos principais repre-
sentantes do Simbolismo no Brasil. Seus textos eram carre- - Surgiu a partir da segunda metade do século XIX.
gados de erotismo e satanismo, e de vez quando misticis- - As ideias do Liberalismo e Democracia ganham mais
mo; apresentavam uma visão trágica da vida. Cruz e Souza espaço.
tinha uma obsessão pela cor branca, e criava analogias e - As ciências evoluem e os métodos de experimenta-
entre o abstrato e o concreto. Obras: Tropos e Fantasias; ção e observação da realidade passam a ser vistos como os
Missal e Broquéis, 1893 (poesia); Evocações, 1898(prosa); únicos capazes de explicar o mundo físico.
Faróis, 1900 (poesia); Últimos Sonetos, 1905 (poesia). - Em 1870, iniciam-se os primeiros sintomas da agita-
ção cultural, sobretudo nas academias de Recife, SP, Bahia
Eugênio de Castro é um autor português e foi o res- e RJ, devido aos seus contatos freqüentes com as grandes
ponsável por inaugurar o Simbolismo português. As obras cidades européias.
de Eugênio de Castro possuem versos livres, vocabulário - Houve também uma transformação no aspecto social
erudito, pessimismo e ambigüidade nos temas trabalha- com o surgimento da população urbana, a desigualdade
dos. Obras: Oaristo (1890), Horas (1891), Silva e Interlúdio econômica e o aparecimento do proletariado.
(1894). Características do Realismo
- Oposição ao idealismo romântico. Não há envolvi-
Realismo mento sentimental
- Representação mais fiel da realidade
O Realismo teve seu início na França em 1857, quando - Romance como meio de combate e crítica às institui-
Gustave Flaubert publicou sua obra Madame Bovary, em ções sociais decadentes, como o casamento, por exemplo.
que sua principal personagem buscava um amor românti- - Análise dos valores burgueses com visão crítica de-
co, perfeito e impossível, mas a dura realidade, sem emo- nunciando a hipocrisia e corrupção da classe
ções, não permitia realizar suas pretensões, e ela acabou - Influência dos métodos experimentais
por se suicidar. O Realismo se iniciou em Portugal com a - Narrativa minuciosa (com muitos detalhes)
Questão Coimbrã, polêmica literária entre Antero de Quen- - Personagens analisadas psicologicamente
tal, Teófilo Braga e os jovens literatos que surgiram na dé-
cada de 1860, e os representantes da geração anterior, en- Objetivismo, impassibilidade, observação e análise.
tre os quais se destacava Castilho. Busca de uma explicação lógica e cientificamente aceitável
As características principais do Realismo incluíam a para os fatos e ações.
busca da realidade de vida, mostrada como realmente é, Sensorialismo. Impressões sensoriais nítidas e precisas.
com os lados positivos e negativos; um pessimismo latente, Predomínio da descrição objetiva. Narrativa lenta, devido
onde as criaturas eram más e mal intencionadas, ao contrá- ao acúmulo de pormenores. A ação e o enredo perdem
rio do Romantismo, onde eram tratadas como bondosas; a importância para a caracterização das personagens. Per-
uso de temas de caráter grosseiro, para chocar os padrões sonagens esféricas, complexas, multiformes, imprevisíveis
morais do leitor; preocupação em relatar os fatos comuns e dinâmicas. Densidade psicológica. Ruptura com a linea-
do dia-a-dia, que no Romantismo eram preteridos pelo ridade das personagens românticas (Herói x Vilão, Bem x
extraordinário, pelo invulgar; tudo descrito com minúcias, Mal). O autor ausenta-se da narrativa, colocando-se como
muitas vezes em demasia. observador neutro. O “romance que se narra a si mesmo”
O Realismo não foi tanto uma escola literária como (Flaubert).
um sentimento novo, uma nova atitude espiritual em que Temas Contemporâneos. Crítica social à burguesia, ao
couberam direções muito divergentes, que se alçou con- clero, ao obscurantismo provinciano; ao capitalismo selva-
tra um idealismo sem ideias. A sua conseqüência mais vi- gem, ao preconceito racial, à monarquia. Romance social,
tal e duradoura foi romper com o patriotismo provinciano psicológico e de tese. Sexo, adultério, degradação das per-
dos ultra-românticos, abrindo o espírito nacional a todas sonagens, assassinatos, triunfo do mal.
influências externas e ampliando a gama de escolha dos Preocupação formal. Clareza, concisão, precisão lexical,
motivos literários. purismo, vernaculidade. Predomínio da denotação. A me-
Em Portugal, as semelhanças entre Realismo e Natura- táfora cede lugar à metonímia.
lismo eram muito fortes. O principal representante do Rea- As características da literatura realista se contrapõem
lismo português foi Eça de Queirós, com a publicação do com as românticas. Os cenários passaram a ser urbanos
conto Singularidades duma rapariga loira que, na opinião e o ambiente social passou a ser valorizado ao invés do
de Fialho de Almeida, foi a primeira narrativa realista escri- natural. O amor e o casamento, os quais eram elementos
ta em português. Com o aparecimento de O crime do pa- de felicidade no Romantismo, transformaram-se em con-
dre Amaro e de O primo Basílio, ambos de Eça de Queirós, venções sociais de aparência.
123
LÍNGUA PORTUGUESA
Machado de Assis: É considerado o maior escritor do Movimento artístico e literário que se desenvolveu na
século XIX, escreveu romances e contos, mas também última década do séc. XIX e na primeira metade do séc.
aventurou-se pelo mundo da poesia, teatro, crônica e cri- XX, que surgiu por oposição ao tradicional ou clássico. Ca-
tica literária. Nasceu no Rio de Janeiro em 1839 e morreu racterizou-se fundamental pelo progresso, da aceleração
em 1908. Foi tipógrafo e revisor tornando-se colaborador das inovações e experiências conduzidas pelos movimen-
da imprensa da época. Sua infância foi muito pobre e a sua tos da vanguarda, em função da ideologia do novo como
ascensão artística se deve a muito trabalho e dedicação. valor ético e estético, da autonomia da arte, e da recusa
Sua esposa, Carolina Xavier, o incentivou muito na carreira da realidade como modelo para esta última. Do ponto de
literária, tanto que foi o primeiro presidente da Academia vista literário, o modernismo apresenta várias correntes ou
Brasileira de Letras. Como romancista escreveu: ”A mão e a subcorrentes, de inspiração ideológica profundamente di-
luva”, “Ressurreição”, ”Helena” e “Iaiá Garcia”. vergente: do saudosismo e decadentismo ao futurismo, ao
Embora sejam romances, essas obras também revelam paulismo e ao interseccionismo, passando pelo simbolismo
algumas características que futuramente marcarão a fase e existencialismo. Razão pela qual é comum afirmar que o
realista e madura do autor, como a análise psicológica dos modernismo é uma corrente com muitos “ismos”.
personagens, o humor, monólogos interiores e cortes na No início da década de 1890, pensou-se que seria ne-
narrativa (uma das suas principais características). cessário mudar completamente as normas, e em vez de
“Memórias Póstumas da Brás Cubas” (considerado o apenas rever o conhecimento passado à luz das novas téc-
divisor de águas na obra machadiana) “Quincas Borba”, nicas, seria necessário fazer mudanças profundas.
“Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó” e “Memorial de Aires”, re- Paralelamente surgiram desenvolvimentos como a
velam o interesse cada vez maior do autor de aprofundar a Teoria da Relatividade na física, o aumento da integração
análise do comportamento do homem, revelando algumas do combustível interno na industrialização. As teorias de
características próprias do ser-humano como a inveja, a lu- Freud foram influenciadas pelo modernismo, que argu-
xúria, o egoísmo e a vaidade, todas encobertas por uma mentou que a mente tinha uma estrutura básica e funda-
aparência boa e honesta. mental, e que essa experiência subjetiva fora baseada na
Como contista Machado escreveu: ”A Cartomante”,”O interação das partes do cérebro. Isto representou o corte
Alienista”,”O Enfermeiro”,”O Espelho” dentre outros. Como com o passado, antes acreditava-se que a realidade externa
cronista escreveu, entre 1892 e 1897, para a Gazeta de No- e absoluta podia imprimir ela mesmo no indivíduo, como,
tícias, sob o título “A Semana”. Embora suas peças teatrais por exemplo, na doutrina da tábua rasa de John Locke.
não tenham o mesmo nível que seus contos e romances, A influência da comunicação, transportes e do rápido
ele nos deixou “Quase ministro” e “Os deuses da casaca”. desenvolvimento científico começaram a melhorar os esti-
Como crítico literário, além de vários prefácios e ensaios los arquiteturais, nos quais a construção era mais barata e
destacam-se 3 estudos: ”Instinto de nacionalidade”,”A nova menos ornamentada. A escrita era mais curta, mais clara,
geração” e “O primo Basílio” (a respeito do romance de e fácil de ler. A origem do cinema na primeira década do
mesmo nome de Eça de Queirós). século vinte deu ao modernismo uma forma de arte que
era unicamente dele Esta onda e tentou redefinir as várias
Outros Autores formas de arte de uma forma radical. O marco inicial do
Modernismo em Portugal foi a publicação da revista Or-
Raul Pompéia: “O Ateneu” pheu, em 1915, influenciada pelas grandes correntes esté-
Aluísio Azevedo: “O cortiço”,”O Mulato”, “Casa de pen- ticas europeias, como o Futurismo, o Expressionismo, etc.,
são” reunindo Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e Almada
Inglês de Souza: “O missionário” Negreiros, entre outros.
Adolfo Caminha: “A normalista”, “Bom-Crioulo”
Domingos Olímpio: ”Luzia-Homem” Características:
- Atitude irreverente em relação aos padrões estabe-
Cronologia dos principais romances do realismo lecidos;
- Reação contra o passado, o clássico e o estático;
1881 “O Mulato”, “Memórias póstumas de Brás Cubas” - Temática mais particular, individual e não tanto uni-
1884 “Casa de pensão” versal e genérica;
1888 “O missionário”, “O Ateneu” - Preferência pelo dinamismo e velocidade vitais;
1890 “O cortiço” - Busca do imprevisível e insólito
1891 “Quincas Borba” - Abstenção do sentimentalismo fácil e falso;
1893 “A normalista” - Comunicação direta das ideias: linguagem cotidiana.
1895 “Bom-Crioulo” - Esforço de originalidade e autenticidade;
1899 “Dom Casmurro” - Interesse pela vida interior (estados de alma, espíri-
1903 “Luzia-Homem” to..)
1904 “Esaú e Jacó” - Aparente hermetismo, expressão indireta pela suges-
1908 “Memorial de Aires” tão e associação verbal em vez de absoluta clareza.
124
LÍNGUA PORTUGUESA
- Valorização do prosaico e bom humor; Fernando Pessoa (ele mesmo) - considerado por al-
- Liberdade forma: verso livre, ritmo livre, sem rima, guns críticos também uma espécie de heterônimo, o Fer-
sem estrofação preestabelecida. nando Pessoa ortônimo produz uma poesia lírica de ten-
- Esquecimento do passado e o propósito de construir dência saudosista e nacionalista.
e criar o futuro;
- O desprezo por tudo o que é clássico, tradicional e Principais autores/obras do modernismo em portu-
estático (museus, academias, servilismo aos mestres, etc);
gal
- Repúdio de sentimentalismo pelo ingresso frenético
na vida ativa através da exaltação do homem de ação e
simultaneamente através do repúdio do homem contem- Primeira Geração: GERAÇÃO ORPHEU (predomínio
plativo; da poesia)
- Culto da liberdade, da veracidade, da energia, da for-
ça física, da máquina, da violência, do perigo; Mário de Sá Carneiro (1890-1916)
- Culto da originalidade através de uma busca inces- Poemas: “Dispersão” , “Indícios de Oiro “
sante de expressividade máxima; Prosa: “Princípio”, “Céu em Fogo” e “A Confissão de
- Novo conceito de arte: deve ser a força, o dinamismo, Lúcio”
o domínio dos outros; Teatro; “Amizade”
- O universalismo.
José Sobral de Almada Negreiros (1893-1970)
Três grandes gerações de autores: Poemas : “A Cena do Ódio” - Prosa : “Nome de Guer-
ra”
1ª geração - o Orfismo : Fernando Pessoa, Mário de Sá
Criador de quadros e gravuras de Fernando Pessoa.
Carneiro, Almada Negreiros e outros;
2ª geração - o Presencismo: José Régio, João Gaspar
Simões, Branquinho da Fonseca e outros; Segunda Geração: GERAÇÃO PRESENÇA (predomínio
3ª geração - o Neo-Realismo: Alves Redol, Ferreira de da poesia)
Castro, Jorge de Sena e outros.
As grandes revelações literárias desse período, Mário José Maria dos Reis Pereira, ou José Régio (1901-1969)
de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa, surgem justamente nas Poemas: “Poemas de Deus e do Diabo “, ‘As encruzilha-
páginas de Orpheu. Mário de Sá-Carneiro (1890 – 1916) - das de Deus” , “Fado “, “Mas Deus é grande “, “A chaga do
influenciado pelo decadentismo e pela estética simbolista, Fado” e “O Filho do Homem”.
construiu uma obra marcada por inesperada e inquietan- Prosa: “Jogo da Cabra Cega”, “O Príncipe com orelhas
te angustia existencialista. Afastando-se da preocupação de burro” (ambos infantis) e “A casa velha”.
meramente estética, aborda o tema da cisão do sujeito na Teatro: “Jacob e o Anjo” e “Benilde”
enunciação de si próprio e na formulação de sua percepção Adolfo Correia da Rocha ou Miguel Torga (1907)
de mundo. Fernando Pessoa (1888 – 1935) - sua obra é
Poesia: “Ansiedade”, “Tributo” , Cantiga do Homem” e
caracterizada pela busca da despersonalização e da frag-
mentação do “eu” do poeta em múltiplas personalidades – “Orpheu rebelde”
o que possibilita a criação de um universo literário em que Prosa: “A criação do mundo” e “Bichos”
sinceridade e fingimento são discutidos de maneira rica,
densa e intrigante. Para compreendê-lo é fundamental co- Adolfo Casais Monteiro (1908-1972, no Brasil)
nhecer a produção de seus heterônimos. Poesia: “Confusão”, “Poemas do tempo incerto”, “Sem-
pre e sem fim “, “Canções da terra”, “Voo sem pássaro den-
Heterônimos de Fernando Pessoa tro”
Destaque: é o primeiro a estudar Fernando Pessoa e
Alberto Caeiro: poeta bucólico, está em contato direto seus heterônimos
com a natureza, aproximando a sua lógica da ordem na-
tural das coisas. Caeiro “pensa” com os sentidos e vê as Antônio Tomás Botto (1902-1959, no Brasil) , com seu
coisas como elas são, desprovidas de conceitos e valores livros de poemas “Canções”
pré-concebidos.
Ricardo Reis - poeta de inspiração neoclássica, é um
Terceira Geração: GERAÇÃO NEO-REALISTA (predo-
latinista cuja preocupação em gozar o momento remete
ao carpe diem. Para ele, é preciso estar atento para apro- mínio da Prosa)
veitar os instantes volúveis da vida, com serenidade e sem
excessos. Antônio Alves Redol (1911-1969) : sua obra “Gaibéus”
Álvaro de Campos - poeta inquieto e adepto do de- inaugura a prosa neo-realista portuguesa , mas sua obra
cadentismo, constrói sua obra a partir de experiências fu- -prima é o romance “Barranco dos Cegos”.
turistas,nas quais é nítida a influência do norte americano
Walt Whitman. Mas Campos esgota essa vertente e adere à Fernando Namora (1919): com os romances “Retalhos
poesia intimista e melancólica, evoluindo ao sensacionismo da vida de um médico’, que o tornou famoso, “Casa de
– para o qual a sensação é a única realidade da vida. Malta” e o mais lido do autor; “Domingo à tarde”.
125
LÍNGUA PORTUGUESA
Fernando Monteiro de Castro Soromenho (1910-1968): os seus intelectuais bateram-se pelo primado do individual
nascido em Moçambique, mudou-se para Angola, lugar sobre o colectivo, do psicológico sobre o social, da intuição
que o inspirou a escrever sua obra-prima, “A terra morta”, sobre a razão.
em que caracteriza a cultura africana (em especial, a reli- - Além da produção nacional, a presença divulgou tam-
gião, com seus deuses e mitos) bém textos de escritores europeus, sobretudo franceses.
- Escritores do Segundo Modernismo: Miguel Torga,
José Maria Ferreira de Castro (1898-1974): é conside- Adolfo Casais Monteiro, Aquilino Ribeiro, Ferreira de Cas-
rado o melhor e mais importante neo-realista português. tro, Vitorino Nemésio, Pedro Homem de Mello, Tomás de
Em sua obra “A Selva”, retrata a exploração e os perigos Figueiredo e Eça Leal.
por que passa o seringueiro na selva amazônica. Escreveu
também “Emigrantes” (retirantes da seca do nordeste do Neo-Realismo
Brasil).
Aquilino Ribeiro (1885-1963) : era filósofo e quando Corrente literária de influência italiana que anexa algu-
morreu estava em liberdade condicional por causa de um mas componentes da literatura brasileira, nomeadamente
processo oriundo da publicação da obra “Quando os lobos a da denúncia das injustiças sociais do romance nordesti-
uivam “. Sua obra-prima é “Estrada de Santiago”, em que se no. Quer na poesia, quer na prosa, o neo-realismo assu-
destaca o conto “Malhadinhas” me uma dimensão de intervenção social, agudizada pelo
pós-guerra e pela sedução dos sistemas socialistas que o
O Modernismo na Literatura clima português de ditadura mitifica. A sua matriz poética
concentra-se no grupo do Novo Cancioneiro, colecção de
O modernismo na literatura foi praticado por duas ge- poesia, com Sidónio Muralha, João José Cochofel, Carlos
rações de intelectuais ligados a duas publicações literárias: de Oliveira, Manuel da Fonseca, Mário Dionísio, Fernando
um primeiro modernismo surgido em 1915, em torno da Namora e outros.
revista Orpheu; um segundo modernismo organizado em No romance, Soeiro Pereira Gomes, com Esteiros, e Al-
1927, em torno da revista Presença. ves Redol, com Gaibéus, de 1940, inauguraram, na ficção,
O Primeiro Modernismo – a Revista Orpheu uma obra extensa e representativa, que também muitos
- Os únicos dois números desta revista, lançados em
dos outros poetas mencionados (sobretudo os quatro pri-
Março e Junho de 1915, marcaram a introdução do moder-
meiros) contribuíram para enriquecer.
nismo em Portugal.
O romance neo-realista reactiva os mecanismos da
- Tratava-se de uma revista onde Mário de Sá-Carneiro,
representação narrativa, inspirando-se das categorias mar-
Almada Negreiros e Fernando Pessoa, entre outros inte-
xistas de consciência de classe e de luta de classes, fundan-
lectuais de menor vulto, subordinados às novas formas e
do-se nos conflitos sociais que põem sobretudo em cena
aos novos temas, publicaram os seus primeiros poemas de
intervenção na contestação da velha ordem literária. camponeses, operários, patrões e senhores da terra, mas os
- O primeiro número provocou o escândalo e a troça melhores dos seus textos analisam de forma acutilante as
dos críticos, conforme era desejo dos autores. O segun- facetas diversas dessas diversas entidades, o que se pode
do número, que já incluiu também pinturas futuristas de verificar, nomeadamente, em Uma Abelha na Chuva, de
Santa-Rita Pintor, suscitou as mesmas reacções. Perante o Carlos de Oliveira, Seara de Vento, de Manuel da Fonseca,
insucesso financeiro, a revista teve de «fechar portas». O Dia Cinzento, de Mário Dionísio e Domingo à Tarde, de
- No entanto, não se desfez o movimento organizado Fernando Namora.
em torno da publicação. Pelo contrário, reforçou-se com a Na confluência com o existencialismo e com certas
adesão de novos criadores e passou a desenvolver intensa componentes da modernidade, são de salientar as obras
actividade na denúncia inconformista da crise de consciên- mais tardias de José Cardoso Pires, O Anjo Ancorado e O
cia intelectual disfarçada pela mediocridade académica e Hóspede de Job, de Urbano Tavares Rodrigues, Bastardos
provinciana da produção literária instalada na cultura por- do Sol, de Alexandre Pinheiro Torres, A Nau de Quixibá, ou
tuguesa desde o fim da geração de 70, de que Júlio Dantas de Orlando da Costa, Podem Chamar-me Eurídice.
(alvo do Manifesto Anti-Dantas, de Almada) constituia um O neorrealismo foi uma corrente artística de meados
bom exemplo. do século XX, com um caráter ideológico marcadamente
de esquerda / marxista, que teve ramificações em várias
O Segundo Modernismo – a revista Presença formas de arte (literatura, pintura, música) mas atingiu o
- A revista Presença, ou «folha de arte e crítica», foi seu expoente máximo no Cinema neorrealista, sobretudo
fundada em 1927, em Coimbra, por Branquinho da Fon- no realismo poético francês e no neorrealismo italiano.
seca, João Gaspar Simões e José Régio. Não obstante ter Quer na poesia, quer na prosa, o neo-realismo assume
passado tempos difíceis, não só financeira como intelec- uma dimensão de intervenção social, firmada pelo pós-
tualmente, foi publicada até 1940. guerra e pela sedução dos sistemas socialistas que o clima
- O movimento que surgiu em torno desta publicação português de ditadura mitifica. Sua matriz poética concen-
inseriu-se intelectualmente na linha de pensamento e in- tra-se no grupo do Novo Cancioneiro, coleção de poesia,
tervenção iniciada com o movimento Orpheu, que acabou com Sidónio Muralha, João José Cochofel, Carlos de Olivei-
por integrar. Continuou a luta pela crítica livre contra o ra, Manuel da Fonseca, Mário Dionísio, Fernando Namora
academismo literário e, inspirados na psicanálise de Freud, e outros.
126
LÍNGUA PORTUGUESA
O romance neo-realista reativa os mecanismos da re- Essa ficção neorrealista e pós modernista (no sentido
presentação narrativa, inspirando-se das categorias mar- de ser posterior ao movimento modernista) sofre as in-
xistas de consciência de classe e de luta de classes, fun- fluências do Modernismo, especialmente a liberdade lin-
dando-se nos conflitos sociais que põem sobretudo em guística e o intimismo freudiano à Virginia Woolf. Elemen-
cena camponeses, operários, patrões e senhores da terra, tos que se tornarão mais fortes num segundo momento do
mas os melhores dos seus textos analisam de forma aguda neorrealismo, culminando na prosa existencialista do meio
as facetas diversas dessas várias entidades, o que se pode do século XX.
verificar, nomeadamente, em Uma Abelha na Chuva, de
Carlos de Oliveira, Seara de Vento, de Manuel da Fonseca, Neorrealismo na pintura
O Dia Cinzento, de Mário Dionísio e Domingo à Tarde, de
Fernando Namora. O neorrealismo marcou as propostas de pintura de
pendor social dos anos 30 e 40. Ligada às questões de
Características gerais do Neo-Realismo Português carácter social e de denúncia, marcada pelo fervor revo-
lucionário comunista, pelas vontades de demarcação das
Literatura “engajada”, antifascista, de denúncia social.
massas, pintores como Orozco e Rivera no México (exaltam
Busca a conscientização do leitor, a realidade social e a mi-
o povo mexicano e as suas origens pré-colombianas, valo-
séria moral. Tensão dialética: literatura ativa - instrumento
de transformação social. Reação contra a “alienação” e o rizando o seu esforço na luta pela liberdade-anticolonia-
evasionismo da Geração Presença. Negação da “arte pela lismo e na construção do progresso do seu país), Cândido
arte”, privilegiando o conteúdo e a função social da arte. Portinari no Brasil, artistas soviéticos e portugueses apro-
Simplificando da expressão artística, aproximações veitaram para gravar em grandes murais, no caso da Amé-
com a técnica jornalística e com a linguagem cinemato- rica Latina sobretudo, os grandes acontecimentos sociais e
gráfica, visando à comunicação com o grande público. Em históricos que marcaram a época. Pintura mural figurativa
seu limite inferior, o Neo-Realismo resvala no panfletário, de grandes dimensões em edíficios de encomenda pública.
na literatura “de comício”, desvitalizando o propósito de
denúncia pela dissociação entre o conteúdo e a forma ar- Cinema neo-realista Português
tística.
Influências Norte-Americanas (Steinbeck, Hemingway O Verismo havia decidido abrir mão dos floreios e ir di-
e John dos Passos), francesas (o Existencialismo e o “novo reto ao ponto. Mas como “Riso Amaro”, no entanto, aponta
romance”) e brasileiras (José Lins, Graciliano Ramos, Érico para um retorno ao melodrama e ao estrelismo glamouro-
Veríssimo e Jorge Amado). so, o movimento é posto em xeque. O “uso” (indevido?) de
uma estética, construída com firmes propósitos contesta-
Neorrealismo na literatura dores, para uma indústria cultural que, no final das contas,
servia à manutenção do status quo, decepciona alguns dos
A literatura neorrealista teve no Brasil e em Portugal mais engajados. Afinal, “a batalha foi perdida”? O Cinema
motivações semelhantes, resgatando valores do realismo submeteu-se à indústria? Não valeu o esforço de tentar
e naturalismo do fim do século XIX com forte influência do despir a sociedade? O Cinema, como instrumento de mobi-
modernismo, marxismo e da psicanálise freudiana. lização, foi percebido logo de início por vários realizadores
O determinismo social e psicológico do naturalismo é (e forças políticas). Bastaria citar o uso que os soviéticos e
mantido, assim como a analogia entre o homem e o bicho os nazistas fizeram dos filmes para corroborar essa afirma-
(vide Angústia - Filme, de 1936), a busca pela objetividade ção. É discutível, porém, até que ponto esse potencial de
e neutralidade como formas de dar credibilidade à narra-
influência cultural/ideológica se manteve, se reduziu ou se
ção.
ampliou a partir da introdução da televisão como meio de
Entretanto, se no naturalismo as mazelas da sociedade
eram expostas pelos romancistas com algum pessimismo, comunicação de massa, da década de 1950 em diante.
sem perspectiva de solução a não ser o resgate ao pas- Talvez houvesse, entre os cineastas Neo-realistas, um
sado A Ilustre Casa de Ramires, os escritores neorrealistas alto grau de ingenuidade em acreditar que a simples ex-
são sobretudo ativistas políticos, leitores de Marx, da pro- posição das mazelas sociais fosse mobilizar a sociedade
sa revolucionária de Górki e tomam posição na chamada italiana para uma reforma radical espontânea. Não basta
luta de classes, denunciando as desigualdades sociais e os conhecer um problema para querer (e poder) resolvê-lo.
desmandos das elites. Vale lembrar que a industrialização Ao mesmo tempo, não há como negar, por exemplo, a alta
somente no século XX deixou escancarada a distância entre penetração que as esquerdas críticas (desalinhadas com
os donos dos meios de produção e os trabalhadores. Moscou) tiveram entre os trabalhadores italianos no pós-
Enquanto internacionalmente a crise de 1929 foi es- Guerra, e é impossível desligar esse fato, nessa época, do
topim para o neorrealismo italiano e depois português, no comprometimento crítico da arte e da cultura (não só o
Brasil a situação precária dos nordestinos foi retratada já a cinema Neo-Realista).
partir de A bagaceira, de 1928. Os realizadores de um filme, quando inseridos numa
E se o neorrealismo optou pela ficção, tanto no Brasil indústria cultural que serve ao modo de produção capi-
quanto em Portugal, se deve principalmente aos governos talista, podem não perceber seu papel de “doutrinadores”
ditatoriais, quais sejam o Estado Novo de Getúlio Vargas no (ou agentes de um doutrinamento) ou, se percebem, não
Brasil e o Salazarismo em Portugal. combatem o sistema ao qual pertencem. Por outro lado, é
127
LÍNGUA PORTUGUESA
mais do que claro que o cineasta que identifica esse sis- Publicou ainda, em poesia, as seguintes obras: Planí-
tema e decide “nadar contra a corrente” tem noção exata cie (1941), Poemas Completos (1958) e Poemas Dispersos
do seu alcance e é consciente da sua capacidade de mo- (1958). Em ficção, publicou: Aldeia Nova (contos, 1942),
bilizar através da exposição pública do seu trabalho. Ele Cerromaior (romance, 1943), O Fogo e as Cinzas (contos,
é, ao mesmo tempo, artista e comunicador, e o produto 1951), Seara de Vento (romance, 1958), Um Anjo no Tra-
audiovisual é tanto seu suporte artístico como sua mídia. pézio (novela e contos, 1968), Tempo de Solidão (contos,
Analogamente, o cineasta e o designer gráfico são ambos, 1973). Publicou ainda a colectânea de crónicas intitulada
em última análise, comunicadores visuais, convergindo nos Crónicas Algarvias (1986).
fins e divergindo nos meios (o suporte).
Toda forma de arte pressupõe sua materialização em Carlos de Oliveira (1921-1981) nasceu em Belém do
obras de arte. Se o Cinema é a “Sétima Arte”, o filme é a Pará, Brasil, e faleceu em Lisboa. Licenciou-se na Univer-
obra — material — à qual se aplicam todas as “leis” do uni- sidade de Coimbra em Ciências Histórico-Filosóficas. A
verso da Arte. Entendendo uma obra como reflexo inevitá- sua obra poética e ficcional centra-se na vida campestre.
vel das condições em que é produzido (o seu tempo, o seu Obras poéticas: Turismo (1942), Mãe Pobre (1945), Desci-
local, o seu autor, o seu público...), é possível deduzir dela a da aos Infernos (1949), Terra de harmonia (1950), Canta-
visão de mundo predominante na sua origem. O filme Neo ta (1960), Sobre o Lado Esquerdo (1968), Micropaisagem
-realista, assim, é uma forma de encarar a realidade que (1969), Entre Duas Memórias (1971), Trabalho Poético (2
atendia ao momento e espaço da Itália arrasada do pós- vols., 1977-1978), Pastoral (1977). Obras de ficção: Casa na
Guerra, influenciada, em muito, por uma óptica marxista e Duna (1943), Alcateia (1944), Pequenos Burgueses (1948),
opositora da artificialidade da cultura de massas. Uma Abelha na Chuva (1953), Finisterra (1978). Crónicas: O
Aprendiz de Feiticeiro (1971).
Principais autores da poesia Neo-Realista
Surrealismo
João José Cochofel (1919-1982) natural de Coimbra
onde se licenciou em Ciências Histórico-Filosóficas. Al- O Surrealismo foi um movimento artístico e literário
gumas das suas obras: Os Dias Íntimos, poesia, Coimbra, surgido primeiramente em Paris nos anos 20, inserido no
1950; Uma Rosa no Tempo, poesia, Lisboa, 1970; Obra Poé-
contexto das vanguardas que viriam a definir o modernis-
tica, Lisboa, 1988
mo no período entre as duas Grandes Guerras Mundiais.
Reúne artistas anteriormente ligados ao Dadaísmo ga-
Joaquim Namorado (1914-1986) nasceu em Alter do
nhando dimensão internacional. Fortemente influenciado
Chão, Alentejo. Licenciou-se em Ciências Matemáticas pela
pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud (1856-1939),
Unviersidade de Coimbra, dedicando-se ao ensino. Nota-
bilizou-se como poeta neo-realista, tendo colaborado nas o surrealismo enfatiza o papel do inconsciente na atividade
revistas Seara Nova, Sol Nascente, Vértice, etc. Obras poé- criativa. Um dos seus objetivos foi produzir uma arte que,
ticas: Aviso à Navegação (1941), Incomodidade (1945), A segundo o movimento, estava sendo destruída pelo racio-
Poesia Necessária (1966). Ensaio: Uma Poética da Culutra nalismo. O poeta e crítico André Breton (1896-1966) é o
(1994). principal líder e mentor deste movimento.
A palavra surrealismo supõe-se ter sido criada em 1917
José Gomes Ferreira (1900-1985) nasceu no Porto e pelo poeta Guillaume Apollinaire (1886-1918), jovem artis-
faleceu em Lisboa. Foi poeta e ficcionista, tendo evoluído ta ligado ao Cubismo, e autor da peça teatral As Mamas
de um romantismo saudosista para uma postura literária de Tirésias (1917), considerada uma precursora do movi-
de algum modo ligada ao Neo-realismo. A sua poesia en- mento.
contra-se reunida em Poesia Militante (volumes I, II e III). Um dos principais manifestos do movimento é o Mani-
Aventuras de João Sem Medo (histórias humorísticas do festo Surrealista de (1924). Além de Breton, seus represen-
mundo juvenil), Tempo Escandinavo (contos, 1969) e O Sa- tantes mais conhecidos são Antonin Artaud no teatro, Luis
bor das Trevas (romance-alegoria, 1976) são algumas das Buñuel no cinema e Max Ernst, René Magritte e Salvador
suas obras de ficção. Dedicou-se igualmente à literatura de Dalí no campo das artes plásticas. Vale lembrar que nesse
memórias, tendo escrito: Imitação dos Dias – Diário Inven- momento, o pensamento do psicanalista Sigmund Freud
tado (1965), A Memória das Palavras ou o Gosto de Falar de trazia inovações ao revelar que muitos dos atos humanos
Mim (1965), Calçada do Sol (1983), Dias Comuns – I. Passos não estão ligados ao encadeamento lógico. A ausência de
Efémeros (obra póstuma, 1990), Dias Comuns – II. A Idade controle exercido pela razão e o “automatismo psíquico
do Malogro (obra póstuma, 1998). puro” indicavam os novos rumos da arte.
Manuel Dias da Fonseca nasceu no dia 15 de Outu- O marco de início do surrealismo foi a publicação do
bro de 1911 em Santiago do Cacém e faleceu no dia 11 Manifesto Surrealista, feito pelo poeta e psiquiatra francês
de Março de 1993. Fez os estudos secundários em Lisboa, André Breton, em 1924. Neste manifesto, foram declarados
tendo-se dedicado desde cedo ao jornalismo. Colaborou os principais princípios do movimento surrealista: ausência
em várias publicações, de que se destacam as revistas Afi- da lógica, adoção de uma realidade “maravilhosa” (supe-
nidades, Altitude, Árvore, Vértice e os jornais O Diabo e rior), exaltação da liberdade de criação, entre outros. Os ar-
Diário. Juntou-se ao grupo de escritores neo-realistas que tistas ligados ao surrealismo, além de rejeitarem os valores
publicaram no Novo Cancioneiro. Estreou-se em livro com ditados pela burguesia, vão criar obras repletas de humor,
a colectânea poética Rosa dos Ventos (1940). sonhos, utopias e qualquer informação contrária a lógica.
128
LÍNGUA PORTUGUESA
Outros marcos importantes do surrealismo foram a pu- O surrealismo, na sua origem, quis ser libertação inte-
blicação da revista A Revolução Socialista e o segundo Ma- gral da poesia, e, através dela, da vida. O que queremos: a
nifesto Surrealista, ambos de 1929. Os artistas do surrealis- independência da arte para a revolução, para a libertação
mo que de destacaram mais na década de 1920 foram: o definitiva da arte. (André Breton)
escultor italiano Alberto Giacometti, o dramaturgo francês
Antonin Artaud, os pintores espanhóis Salvador Dalí e Joan Questões
Miró, o belga René Magritte, o alemão Max Ernst, e o ci-
neasta espanhol Luis Buñuel e os escritores franceses Paul 1- Sobre a poesia trovadoresca em Portugal, é incorre-
Éluard, Louis Aragon e Jacques Prévert. A década de 1930 to afirmar que:
é conhecida como o período de expansão surrealista pelo a) refletiu o pensamento da época, marcada pelo teo-
mundo. Artistas, cineastas, dramaturgos e escritores do centrismo, o feudalismo e valores altamente moralistas.
mundo todo assimilam as idéias e o estilo do surrealismo. b) representou um claro apelo popular à arte, que pas-
Porém, no final da década de 1960 o grupo entra em crise sou a ser representada por setores mais baixos da socie-
e acaba se dissolvendo.
dade.
c) pode ser dividida em lírica e satírica.
Características do Surrealismo:
d) em boa parte de sua realização, teve influência pro-
Valoriza a intervenção fantasiosa na realidade; ressalta vençal.
o automatismo contra o domínio da consciência; as formas e) as cantigas de amigo, apesar de escritas por trova-
da realidade são completamente abandonadas. Explorar o dores, expressam o eu-lírico feminino.
inconsciente, o sonho, a loucura; aproximar-se de tudo que
fosse antagônico à lógica e estivesse fora do controle da 2- Interpretando historicamente a relação de vassa-
consciência. Atividade experimental na prática do automa- lagem entre homem amante/mulher amada, ou mulher
tismo e na prospecção dos estados segundos, através da amante/homem amado, pode-se afirmar que:
escrita automática e do sono provocado ou hipnótico. a) o Trovadorismo corresponde ao Renascimento.
- Preocupação em explorar o inconsciente b) o Trovadorismo corresponde ao movimento huma-
- Prospecção sistemática dos sonhos, das coincidên- nista.
cias, de fenômenos do acaso c) o Trovadorismo corresponde ao Feudalismo.
- Psicanálise d) o Trovadorismo e o Medievalismo só poderiam ser
- Inquéritos acerca da sexualidade e do amor provençais.
- Atividade lúdica - sobretudo através de jogos, como e) tanto o Trovadorismo como Humanismo são expres-
o cadáver exquisito sões da decadência
- Escrito e desenhado
- Esoterismo e magia 3- Relacionar autor e obra:
- Humor negro, cuja presença corrosiva é, por excelên- 1. Gil Vicente
cia,, o princípio de subversão da linguagem. 2. Luís Vaz de Camões
Os artistas do surrealismo que de destacaram mais na 3. Giovanni Boccaccio
década de 1920 foram: o escultor italiano Alberto Giaco- 4. Dante Alighieri
metti, o dramaturgo francês Antonin Artaud, os pintores 5. Erasmo de Rotherdan
espanhóis Salvador Dalí e Joan Miró, o belga René Magrit- 6. Ariosto
te, o alemão Max Ernst, e o cineasta espanhol Luis Buñuel e ( ) Os Lusíadas
os escritores franceses Paul Éluard, Louis Aragon e Jacques
( ) Decameron
Prévert. Surrealismo: O amor, o sonho, a liberdade.
( ) Orlando Furioso
- Superação da destrutividade radical da arte dadá e
inaugurada de um novo conceito do real: o surreal. ( ) O elogio da Loucura
- Principais expoentes: na literatura:André Breton; na ( ) Auto da Visitação
pintura: Salvador Dali. ( ) A Divina Comédia
Não será o temor da loucura que nos forçará a hastear
a bandeira da imaginação a meio pau (...) 4- Este famoso soneto corresponde às questões 4 e 5
Surrealismo: automatismo psíquico pelo qual alguém Amor é fogo que arde sem se ver;
se propõe a exprimir seja verbalmente, seja por escrito, seja É ferida que dói e não se sente;
de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pen- É um contentamento descontente;
samento. Ditado do pensamento, na ausência de todo con- É dor que desatina sem doer;
trole exercido pela razão, fora de qualquer preocupação É um não querer mais que
estética ou moral. O Surrealismo assenta na crença da rea- [bem-querer;
lidade superior de certas formas de associação, negligen- É andar solitário por entre a gente;
ciadas até aqui, no sonho todo-poderoso, no jogo desinte- É nunca contentar-se de contente;
ressado do pensamento. Tende a arruinar definitivamente É cuidar que se ganha em se perder.
todos os outros mecanismos psíquicos e a substituir-se a É querer estar preso por vontade;
eles na solução dos principais problemas da vida (...) É servir a quem vence, o vencedor;
(Gilberto Mendonça Teles ) É ter com quem nos mata lealdade.
129
LÍNGUA PORTUGUESA
Mas como causar pode seu favor g) ( ) apesar de refletir a ideologia do Renascimento há
Nos corações humanos amizade, em alguns episódios como Os Doze Pares da Inglaterra e
Se tão contrário a si é o mesmo O Velho do Restelo forte presença da mentalidade e gosto
[Amor? medievais.
h) ( ) na Literatura Brasileira, obras como: Prosopopéia
Este soneto, um dos mais perfeitos que foram produzi- (Bento Teixeira),
dos em Língua Portuguesa, pertence ao estilo de época do Vila Rica (Cláudio M. Da Costa),
Renascimento, portanto criado no século: Caramuru (Santa Rita Durão), Uraguai
a) XV. (Basílio da Gama – de forma não-sistemática), A Con-
b) XVI. federação dos Tamoios (Gonçalves de Magalhães) e até In-
c) XVII. venção do Orfeu (do modernista Jorge de Lima) – refletem,
d) XVIII em maior ou menor grau, a influência de Os Lusíadas.
e) XIX.
9- Assinale a alternativa correta, em relação às caracte-
5- Indique o nome do autor desse soneto: rísticas do classicismo:
a) Bocage. a) subjetivismo, função emotiva da linguagem, ideali-
b) Camilo Pessanha. zação, escapismo, mal do século e nacionalismo.
c) Camões. b) objetivismo, descritivismo, busca da forma perfeita,
d) Gil Vicente. aproximação de poesia e arte plásticas, não-envolvimento
e) Manuel Bandeira. emocional, temas arqueológicos, estética de nomeação.
c) objetividade, racionalismo, universalismo, antropo-
6- Assinale a alternativa incorreta: O classicismo centrismo, retomada de valores grego-latinos, referenciali-
a) é o estilo dominante na literatura ocidental durante dade, harmonia e equilíbrio.
o século XVI ou Quinhentismo. d) estética de sugestão, musicalidade, temas vagos e
b) correponde à época do Renascimento em que se místicos, conotação, sinestesia, não-separação de sujeito-
observa a recuperação dos valores culturais gregos e la- objeto.
tinos. e) dualismo, fusionismo, uso do contraste, bifrontismo,
c) é o estilo que incorpora os valores humanistas do metalinguagem, excesso de figuras de linguagem.
Renascimento: antropocentrismo, racionalismo, universa-
10- Sobre a lírica camoniana, é incorreto afirmar que:
lismo.
a) boa parte de sua realização se encontra na poesia de
d) começa no Brasil em 1500, com a carta, de Per Vaz
inspiração clássica.
de Caminha.
b) sua temática é variada, encontrando-se desde temas
abstratos até tradicionais.
7- As primeiras peças teatrais portuguesas escritas com c) no aspecto formal, é toda construída em versos de-
objetivo de serem levadas a público são de autoria de: cassílabos em oitava rima.
a) Manuel Maria Barbosa du Bocage. d) sonda o sombrio mundo do “eu” da mulher, da Pá-
b) Paio Soares de Taveirós. tria e de Deus.
c) D. Diniz. e) muitas vezes, o poeta procura conceituar o Amor,
d) Camões. lançando mão de antíteses e paradoxos.
e) Gil Vicente.
11- Sobre Os Lusíadas, é incorreto afirmar que:
8- Assinale a(s) alternativa(s) incorreta(s) sobre Os Lu- a) quando a ação do poema começa, as naus portu-
síadas: guesas estão navegando em pleno Oceano Índico, portan-
a) ( ) herói coletivo – o povo português; herói individual to a meio da viagem.
– Vasco da Gama. b) na invocação, o poeta se dirige às Tágides, musas
b) ( ) modelo: A Eneida de Virgílio; seguido das epo- do Rio Tejo.
péias de Homero: A Ilíada e A Odisseia. c) na Ilha dos Amores, após o banquete, Tethys conduz
c) ( ) estrutura clássica, 5 partes, dez cantos, 1.102 es- o capitão ao ponto mais alto da ilha, onde lhe desvenda “a
trofes, em oitavarima (ABABABCC), versos decassílabos he- máquina do mundo”.
róicos. d) tem como núcleo narrativo a viagem de Vasco da
d) ( ) concomitância do “maravilhoso”, pagão e cristão; Gama a fim de estabelecer contato marítimo com as Índias.
da ideologia burguesa, expansionista e do espírito de cru- e) é composto em sonetos decassílabos, mantendo,
zada medieval; do épico e do lírico; do plano histórico e do em 1102 estrofes, o mesmo esquema de rima.
mitológico.
e) ( ) a narrativa inicia-se já no meio da ação (viagem de 12- O digno representante do povo português, herói
Vasco da Gama às Índias). de Os Lusíadas, foi:
f ) ( ) na proposição o poeta privilegia: os navegadores a) Alexandre, o Grande.
(“as armas e os barões”); os reis de Portugal (“e as memó- b) Trajano.
rias gloriosas daqueles Reis que foram dilatando a fé”); e c) Vasco da Gama.
os heróis da pátria (“aqueles que se vão da lei da morte d) Ulisses.
libertando”). e) Virgílio.
130
LÍNGUA PORTUGUESA
131
LÍNGUA PORTUGUESA
132
LÍNGUA PORTUGUESA
06-) (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO bo “querer” pede objeto direto (quer o quê? quer quem?).
– POLÍCIA CIVIL – ASSISTENTE SOCIAL – FUNCAB/2013) Então, a função da oração destacada é de objeto direto:
Assinale a alternativa em que o complemento do verbo oração subordinada substantiva objetiva direta.
transitivo da frase foi, de acordo com a norma-padrão e as
regras de colocação pronominal, corretamente substituído RESPOSTA: “C”.
por um pronome oblíquo.
A) “e a própria noite aguçou SEUS OUVIDOS.” / e a 09-) (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SAN-
própria noite aguçou-OS. TO – POLÍCIA CIVIL – DELEGADO DE POLÍCIA – FUN-
B) “Romeu deu VOZ ao sublime Bardo” / Romeu deu- CAB/2013) Em: “dão satisfação À OPINIÃO PÚBLICA”, man-
LHE ao sublime Bardo. tém-se o acento grave no “a” caso se faça a substituição do
C) “Esquece ESTE ÚLTIMO SÍMILE. ” / Esquece-LHE. termo em destaque por:
D) É verdade que admirava A SUA BOCA/ É verdade A) a toda e qualquer opinião.
que admirava-A. B) a uma opinião pública por vezes desorientada.
E) As palavras do jovem desafiavam O SEU ENTENDI- C) a ela, opinião pública internacional.
MENTO. / As palavras do jovem desafiavam-LHES. D) as opiniões públicas mais variadas.
E) a opiniões muitas vezes forjadas pela mídia.
A) “e a própria noite aguçou SEUS OUVIDOS.” / e a
própria noite aguçou-OS. A) a toda = sem acento grave (pronome)
B) “Romeu deu VOZ ao sublime Bardo” / Romeu deu- B) a uma opinião = sem acento grave (artigo indefini-
LHE ao sublime Bardo. = deu-A do)
C) “Esquece ESTE ÚLTIMO SÍMILE. ” / Esquece-LHE.S = C) a ela = sem acento grave (pronome)
esquece-O D) as opiniões públicas = às opiniões (objeto indireto
D) É verdade que admirava A SUA BOCA/ É verdade do verbo “dar”)
que admirava-A. = que A admirava E) a opiniões = sem acento grave
E) As palavras do jovem desafiavam O SEU ENTENDI-
MENTO. / As palavras do jovem desafiavam-LHES. = desa- RESPOSTA: ‘D”.
fiavam-NO
10-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN-
RESPOSTA: “A”. DES/2012) As orações abaixo, separadas por vírgula, po-
dem ter a relação entre elas explicitada por meio de uma
07-) (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO expressão.
– POLÍCIA CIVIL – ASSISTENTE SOCIAL – FUNCAB/2013) “Algumas precisam beber mais água, outras precisam
A função sintática do segmento destacado em “[...] Romeu de isotônico.”
deu voz AO SUBLIME BARDO[...]” é: A expressão que mantém o sentido original está em-
A) adjunto adverbial. pregada em:
B) complemento nominal. (A) Algumas precisam beber mais água, a fim de que
C) agente da passiva. outras precisem de isotônico.
D) objeto indireto. (B) Algumas precisam beber mais água, ao passo que
E) objeto direto. outras precisam de isotônico.
(C) Já que algumas precisam beber mais água, outras
Romeu deu voz (objeto direto) ao sublime bardo (ob- precisam de isotônico.
jeto indireto). (D) Por mais que algumas precisem beber mais água,
outras precisam de isotônico.
RESPOSTA: ‘D”. (E) Contanto que algumas precisem beber mais água,
outras precisam de isotônico.
08-) (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
– POLÍCIA CIVIL – ASSISTENTE SOCIAL – FUNCAB/2013) O sentido exposto no período é de que, enquanto
A oração destacada em “Ela quer QUE EU A ESCUTE!” está umas algumas precisam beber água, outras precisam de
corretamente classificada em: isotônico. Analisando as opções apresentadas, a única coe-
A) subordinada adverbial consecutiva. rente com o que foi relatado é a “ao passo que”.
B) subordinada substantiva predicativa.
C) subordinada substantiva objetiva direta. RESPOSTA: “B”.
D) coordenada sindética explicativa.
E) subordinada adjetiva restritiva. 11-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN-
DES/2012) A frase em que o verbo concorda com o sujeito,
Ela quer “isso”. Se dá para substituirmos a oração su- de acordo com a norma-padrão, é
bordinada pelo pronome “isso”, “disso”, teremos uma su- (A) A desobediência às normas do comitê e a lesão do
bordinada substantiva. Agora analisemos qual tipo: O ver- atleta levará ao seu afastamento.
133
LÍNGUA PORTUGUESA
(B) Cada um dos atletas das Olimpíadas terá tratamen- (D) Este fato é comum à todo = a todo (pronome)
to individualizado. (E) Tenho todas essas contas à pagar.= a pagar (verbo
(C) Mais de um médico poderão impedir o atleta de no infinitivo)
participar de determinada prova.
(D) O comitê técnico sem a equipe de saúde deverão RESPOSTA: “A”.
avaliar os atletas periodicamente.
(E) A potencialidade do atleta e o arsenal de recurso 14-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN-
científico garantirá altas performances. DES/2012 - ADAPTADA) Em algumas circunstâncias, o ver-
bo poder apresenta mudança gráfica em seu radical, como
Grifei o sujeito: em “para que técnico e atleta possam utilizá-las”. Um verbo
(A) A desobediência às normas do comitê e a lesão do que sofre também alteração em seu radical é
atleta levará = levarão (A) sujar
(B) Cada um dos atletas das Olimpíadas terá (B) mostrar
(C) Mais de um médico poderão = poderá (C) morrer
(D) O comitê técnico sem a equipe de saúde deverão (D) valer
= deverá (E) sorrir
(E) A potencialidade do atleta e o arsenal de recurso Dentre os verbos apresentados, o que também sofre
científico garantirá = garantirão alteração em seu radical é o “valer”: presente do Indicativo:
eu valho / presente do Subjuntivo: que eu valha.
RESPOSTA: “B”.
RESPOSTA: “D”.
12-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN-
DES/2012 - ADAPTADA) Ao passar para o plural a palavra 15-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN-
atleta de “Na prática, o atleta de alto rendimento pode dis- DES/2012) Considere o emprego do verbo levar no trecho:
“Uma competição não dura apenas alguns minutos. Leva
por desde novos equipamentos”, o trecho ficará de acordo
anos”. A frase em que esse verbo está usado com o mesmo
com a norma-padrão em:
sentido é:
(A) Nas práticas, o atleta de alto rendimento pode dis-
(A) O menino leva o material adequado para a escola.
por desde novos equipamentos...
(B) João levou uma surra da mãe.
(B) Na prática, os atletas de altos rendimentos pode
(C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo.
disporem desde novos equipamentos...
(D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso.
(C) Na prática, os atletas de alto rendimento podem
(E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar
dispor desde novos equipamentos...
a prova.
(D) Na prática, os atletas de alto rendimentos podem
disporem desde novos equipamentos... No enunciado, o verbo “levar” está empregado com o
(E) Na prática, os atletas de alto rendimento podem sentido de “duração/tempo”
disporem desde novos equipamentos... (A) O menino leva o material adequado para a escola.
= carrega
Na prática, os atletas de alto rendimento podem dispor (B) João levou uma surra da mãe. = apanhou
desde novos equipamentos. (C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo. = arrasta
(D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso. =
RESPOSTA: “C”. direciona
(E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar a
13-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN- prova = duração/tempo
DES/2012) A frase em que o sinal indicativo de crase está
usado de acordo com a norma-padrão é: RESPOSTA: “E”.
(A) As determinações do comitê destinam-se àqueles
atletas indicados.
(B) Ele se apoderou à bola e saiu correndo.
(C) Ele ajuntou-se à um conjunto de mulheres inteli-
gentes.
(D) Este fato é comum à todo campeonato mundial.
(E) Tenho todas essas contas à pagar.
134
LÍNGUA INGLESA
1
LÍNGUA INGLESA
atingir certas formas de compreensão. Quanto mais ex- É preciso lembrar que estas estratégias serão mais ou
periente for o leitor, maior será sua capacidade de pre- menos eficazes dependendo do tamanho do vocabulário
ver. Nesta etapa, passamos a associar o assunto do texto que você possui e também do seu nível de conhecimento
com as dicas tipográficas usadas pelo autor para transmitir gramatical.
significados. Há estudos que relacionaram as palavras que mais apa-
Grifo de palavras cognatas, das palavras já conhe- recem em textos e livros técnicos em língua inglesa. Desses
cidas pelo leitor e das repetidas: Muito comuns entre as estudos foram feitas diferentes listas com as 500 palavras
línguas inglesa e portuguesa, os cognatos são termos bas- mais comuns, ou as 700 palavras mais comuns. Para faci-
tante parecidos tanto na escrita como no significado em litar seu estudo, incluímos aqui as 318 mais comuns para
ambas as línguas. Grifar todas estas palavras em um texto serem estudadas. Ao memorizar estas palavras você obterá
é um recurso psicológico e técnico que visa mostrar e pro- um magnífico subsídio preparando-se para enfrentar qual-
var visualmente para o leitor que ele tem conhecimento de quer texto. Você verá que várias destas palavras já são co-
muitas das palavras daquele texto e de que, assim, ele é nhecidas por você, assim, na verdade, terá que memorizar
capaz de fazer uso dessas informações para responder às
bem menos destas.
questões propostas. Trata-se de um recurso que usamos
para dar mais relevância e importância às palavras que já
DICAS TOPOGRÁFICAS
sabemos em um texto, pois é nelas que nos apoiaremos
Qualquer porção de linguagem, seja ela falada, escri-
para resolver exercícios e para entender os textos. É muito
mais inteligente voltar nosso foco para as palavras que têm ta, gesticulada, desenhada etc., pode ser considerada tex-
algum significado para nós do que destacar aquelas que to. Assim, um texto pode constituir-se de uma frase, uma
não conhecemos. Além disso, ao grifar, você acaba relen- palavra, um sinal, uma imagem, ou alguma porção maior
do as informações de uma maneira mais lenta, o que faz e mais longa como um romance ou uma novela. Por isso,
com que perceba certos detalhes que não havia percebido a comunicação não envolve somente a linguagem verbal,
antes. É uma forma de quantificar em porcentagem apro- como na escrita e na fala, mas também envolve a lingua-
ximada o quanto se sabe daquele texto. É preciso lembrar gem não-verbal. Este tipo de linguagem se desenvolve de
que há um número muito grande de palavras repetidas nos maneira complexa na sociedade contemporânea e relacio-
textos e isso facilita para o estudante, pois ele poderá grifar na-se com outras linguagens como a moda, os gestos, a
mais de uma vez a mesma palavra. arte, os sinais, etc.
Scanning: esta técnica de leitura visa dar agilidade na Além das técnicas mencionadas anteriormente, o leitor
busca por informações específicas. Muitas vezes, após ler deve sempre se apoiar em informações universais como
um texto, nós queremos reencontrar alguma frase ou al- imagens, números e símbolos. Neste exemplo a imagem
guma palavra já lida anteriormente. Para efetuar esta busca podemos identificar que se trata de uma propaganda de
não precisamos ler o texto inteiro de novo, podemos sim- fraldas. O estudante consegue identificar o preço de trinta
plesmente ir direto ao ponto aonde podemos encontrar tal e três centavos nos outros supermercados. O desconto de
informação. Isso é o scanning, significa encontrar respostas 45% oferecido fazendo com que o preço fique em dezoito
de uma forma rápida e direta sem perder tempo relendo centavos no local da promoção “ALDI”.
o texto todo. Esta técnica em geral deve ser aplicada após ? ! , ; 4 / A a % = @ + “. Símbolos, cores, formatos, fo-
uma ou mais leituras completas do texto em questão. As- tos, desenhos, tamanhos de letras utilizados, estilos de le-
sim o leitor diminuirá o risco de confundir informações, tras escolhidos, elementos de pontuação, algarismos, etc.,
perder tempo ou de dar respostas erradas. Se desejar, o es- ajudam-nos a desvendar muitas minúcias do conteúdo de
tudante pode ler o que os exercícios pedirão antes de fazer um texto.
o scanning, pois assim ele irá selecionar mais facilmente o Esses elementos são conhecidos como marcas, evi-
que for mais importante para responder àquelas questões
dências ou dicas tipográficas que os mais variados textos
direcionando-se melhor.
utilizam para comunicar. São elementos que transmitem
Lexical Inference (inferência lexical): Inferir significa
informações além das palavras, complementando-as. Sa-
deduzir. Às vezes será preciso deduzir o sentido de um ter-
ber reconhecê-las e também extrair delas algum sentido
mo, decifrando o que ele quer dizer. Mas isso não pode ser
feito de qualquer maneira. Para inferirmos bem, é necessá- complementar para o texto fornece um grande auxílio à
rio entender o significado daquela palavra desconhecida leitura e à interpretação das ideias transmitidas.
através do contexto no qual ela está inserida, observando
as palavras vizinhas, as frases anteriores e posteriores, o
parágrafo onde ela está, as noções gerais que temos do
texto, etc. Precisamos observar o meio no qual a palavra
está posta. Neste caso teremos de nos fazer valer de nos-
sos conhecimentos de classes gramaticais (substantivos,
adjetivos, preposições, verbo, etc.), de afixos, de singular
e plural, conhecimento sobre a estrutura de textos, etc.
Tudo isso em conjunto pode ajudar numa aproximação do
sentido real daquele termo que não sabemos.
2
LÍNGUA INGLESA
3
LÍNGUA INGLESA
4
LÍNGUA INGLESA
VOCABULÁRIO CORPORATIVO
B2B – Business to Business - É o comércio entre empre-
sas sem a participação do consumidor.
B2C – Business to Consumer – É a venda direta da em-
presa para o consumidor.
Benchmark - Parâmetros de excelência, exemplos de
coisas boas.
Board - Conselho diretor.
Brainstorm - literalmente, significa “tempestade cere-
bral”. É uma reunião para se fazer exatamente isso: trocar
ideias, geralmente para se criar algo novo.
Breakthrough - trata-se de um avanço em determinada
área, quando um desafio é vencido.
5
LÍNGUA INGLESA
6
LÍNGUA INGLESA
7
LÍNGUA INGLESA
Locução Adverbial de Tempo: all of a sudden, subita- Em Inglês, existe um “atalho” para este tipo de situação
mente; at first, a princípio; at present, atualmente; at once, usando o ‘s.
imediatamente; from now on, doravante, daqui em diante;
in after years, em anos vindouros; sooner or late, mais cedo Exemplos:
ou mais tarde; up to now, até agora; in a jiffy, in a trice, in Maria’s car.
a twinkling of an eye, in two shakes of a dog’s tail, in two João’s pen.
ticks, em um momento, num abrir e fechar de olhos; etc.
ATENÇAO: Não podemos confundir este ‹s possessivo
Mais exemplos: com o ‹s (abreviação to verbo TO BE “is”).
She has lived on the island all her life. (Ela viveu na ilha
a vida toda) Exemplos:
She takes the boat every day. (Ela pega o barco todos João’s a doctor.
os dias) João é um médico.
He ate too much and felt sick. (Ele comeu em excesso
e ficou enjoado) João’s doctor.
I like studying English very much. (Gosto muito de es- O médico de João.
tudar Inglês)
Para evitar esse tipo de confusão quando formos uti-
Cláusulas Subordinadas lizar o to be diretamente com um nome nós não abre-
Elas são também chamadas de dependent clauses ou viamos este to be “is” com ‘s. Deixamos o ‘s com nomes
cláusulas dependentes. Vejamos a definição de cláusula: sempre para os possessivos.
são grupos de palavras com um sujeito e um verbo. Lem-
bremos que os sujeitos nos falam sobre quem ou sobre o Exemplos:
quê a sentença se refere, e verbos mostram uma ação ou He’s a good friend.
um estado do ser. Alguns exemplos de cláusulas: Ele é um bom amigo.
8
LÍNGUA INGLESA
Exemplos:
Jack is my father’s brother.
Jack é o irmão de meu pai.
Peter is her brother’s best friend.
Peter é o melhor amigo do irmão dela.
Exemplos:
She loves him a lot.
Ela ama ele muito.
Alguns verbos podem ter dois objetos. A coisa é como objeto direto e a pessoa como objeto indireto. Assim podemos
alternar a posição dos dois na frase.
Exemplo:
Give me that letter.
Me dê esta carta.
Quando a pessoa (objeto indireto) é usado logo após o verbo, nós não utilizamos a preposição to. No outro caso
quando a pessoa (objeto indireto) vem após a coisa (objeto direto) nós precisamos utilizar a preposição to para a maioria
dos verbos (exemplo: show, give, tell, send, write, etc.) ou a preposição for com a minoria dos verbos (exemplo: buy, bring,
find, cook, etc.)
9
LÍNGUA INGLESA
Exemplos:
Write them an e-mail.
Escreva a eles um e-mail.
Na tirinha:
Ok, Ok I’ll put mine down if you put yours down first.
Ok, Ok, eu irei abaixar o meu se você abaixar o seu primeiro.
10
LÍNGUA INGLESA
Os pronomes possessivos substantivos podem vir após o substantivo ou podem substituir o substantivo a qual se re-
ferem assim reduzindo a frase.
Para facilitar o entendimento do candidato, nos exemplos abaixos os substantivos ficarão sublinhados.
Exemplos:
His kid is playing with hers.
O filho dele está brincando com o dela.
No exemplo acima:
His – pronome possessivo adjetivo, antes do substantivo “kid”.
Hers – pronome possessivo substantivo, substituindo o substantivo “kid”, para evitar a repetição da mesma palavra
várias vezes na mesma frase.
Exemplos:
My friends went to the club with yours.
Meus amigos foram ao clube com os seus.
11
LÍNGUA INGLESA
Na ilustração:
Nós usamos os pronomes reflexivos quando o pronome faz e recebe a ação. (Pronomes reflexivos agem como objetos
e não como sujeitos).
Certo:
“Eu me machuquei.”
“Ela se vestiu.”
“Eles se contradisseram.”
“Ele se trancou para fora do carro.”
Errado:
“John e eu mesmo estamos doentes.”
“Eles amaram Sam e eles mesmos.”
Os Pronomes reflexivos são usados quando a ação do verbo recai sobre o próprio sujeito. O pronome reflexivo vem
logo após o verbo e concorda com o sujeito. Eles se caracterizam pelas terminações -self (nas pessoas do singular) e -sel-
ves (nas pessoas do plural).
12
LÍNGUA INGLESA
Exemplos:
Myself A mim mesmo Somebody / someone - alguém.
Somewhere - algum lugar.
Yourself A ti, a você mesmo(a)
Something - alguma coisa.
Himself A si, a ele mesmo Sometime - alguma vez / alguma hora.
Herself A si, a ela mesma
Exemplos:
Itself A si mesmo(a)
There is somebody at the door.
Ourselves A nós mesmos Tem alguém na porta.
Yourselves A vós, a vocês mesmos
Liz lives somewhere in Atlanta.
Themselves A si, a eles mesmos Liz vive em algum lugar em Atlanta.
Exemplos: I need something from the drugstore.
She is looking at herself in the mirror. Eu preciso de alguma coisa da farmácia.
Ela está olhando para si mesma no espelho.
Let’s have dinner together sometime tonight.
He hurt himself with a knife.
Vamos jantar juntos alguma hora hoje a noite.
Ele machucou a si mesmo com a faca.
ANY
O Pronome reflexivo também é empregado certas ve-
Algum, nenhum, qualquer.
zes para dar ênfase à pessoa que pratica a ação dizendo
Utilizamos any nas perguntas e respostas negativas,
que ele mesmo por si só praticou tal ação. Para tanto, po-
antes do substantivo.
demos posicioná-lo logo após o sujeito ou no fim da frase.
Este tipo de estrutura também é conhecida como Emphatic Nas perguntas any se refere a qualquer quantidade,
pronouns. por exemplo quando perguntamos se você tem alguma
quantidade de dinheiro.
Exemplos:
Carlos himself did the homework. Exemplo:
O próprio Carlos fez a tarefa. Do you have any money?
Você tem qualquer (quantidade de) dinheiro?
Marilyn herself wrote that message.
A própria Marilyn escreveu aquela mensagem. Nas negativas, any tem a função de nada, zero, vazio,
Os Pronomes reflexivos podem ser precedidos pela etc. Porém não podemos fazer negativas em Inglês negan-
preposição by. Nesse caso, dão o sentido de que alguém do no auxiliar e em seguida com no quando queremos em-
fez algo sozinho, sem ajuda ou companhia de ninguém. pregar esta função:
Exemplos: Exemplos:
Did you go to the party by yourself? There aren’t no fruits in the kitchen.
Você foi à festa sozinho? Não tem nenhuma fruta na cozinha.
That old man wants to live by himself. There aren’t any fruits in the kitchen.
Aquele senhor quer viver sozinho. Não tem qualquer fruta na cozinha.
Os pronomes indefinidos, também conhecidos como There are no fruits in the kitchen.
Indefinite Pronouns são utilizados para falarmos de lugares, Tem nenhuma fruta na cozinha.
coisas e pessoas indefinidas, de modo vago ou impreciso. Auxiliar na afirmativa seguido de no também está cor-
reto.
SOME
Algum, alguma, alguns, algumas Lembre-se que não existe o que chamamos de dupla
É utilizado nas frases afirmativas e antes do substantivo. negativa. Ou se nega no auxiliar ou se nega no pronome
indefinido, não em ambos ao mesmo tempo.
Exemplos:
There are some trees in the park.
I have no wine Correto
Tem algumas árvores no parquet.
I don’t have any wine Correto
Paul and Linda have some money. I don’t have no wine Errado
Paul e Linda tem algum dinheiro.
13
LÍNGUA INGLESA
14
LÍNGUA INGLESA
Exemplo:
I stayed in a hotel last night. In the hotel I saw Michael Jordan.
Eu fiquei em um hotel ontem a noite. No hotel eu vi Michael Jordan.
Exemplo:
This is the boy. The boy’s father is my boss.
Este é o menino. O pai do menino é meu chefe.
That – que - Refere-se a coisas e pessoas. Ou seja, tem a mesma função que who e which.
Exemplo:
My city has a nice club. This club is promoting a big party.
Minha cidade tem um belo clube. Este clube está promovendo uma grande festa.
15
LÍNGUA INGLESA
Os Pronomes Interrogativos também chamados de To whom were you speaking last night?
Question Words, são utilizados para obtermos informações Com quem você estava falando ontem à noite?
mais específicas a respeito de algo ou alguém. As pergun- Whose – De quem
tas formuladas com eles são conhecidas também como
wh-questions porque todos estes pronomes interrogati- Exemplos:
vos possuem as letras wh. Na grande maioria das vezes, os Whose pen is this?
pronomes interrogativos são posicionados antes de verbos De quem é esta caneta?
auxiliares ou modais, no início de frases.
Whose mansion is that?
What – O que, que, qual - usado para questões com De quem é aquela mansão?
opções mais amplas de resposta.
Which – Qual, quais - usado para questões com opções
Exemplos: limitadas de resposta.
What time is it now?
Que horas são agora?
Exemplos:
Which of those girls is your sister?
What are you doing here?
Qual daquelas meninas é a sua irmã?
O que você está fazendo aqui?
Where – Onde
Which color do you prefer: yellow or blue?
Exemplos: Qual cor você prefere: amarelo ou azul?
Where do you work?
Onde você trabalha? Existem diversas formas compostas dos pronomes in-
terrogativos. Podemos juntar outras palavras a estes antes
Where do your kids study? dos verbos auxiliares, para especificar alguma informação.
Onde seus filhos estudam?
Exemplos:
When – Quando What kind of movies do you like?
Que tipo de filmes você gosta?
Exemplos:
When did they move? What sports do you practice?
Quando eles se mudaram? Que esportes você pratica?
When did you travel to Europe? What soccer team are you a fan of?
Quando você viajou para a Europa? Para que time de futebol você torce?
16
LÍNGUA INGLESA
Quando uma pergunta questiona sobre o sujeito da oração, não se usa verbo auxiliar. Assim, o pronome interrogativo
inicia a pergunta seguido das outras palavras na ordem afirmativa. Observe:
Exemplos:
Who likes to eat vegetables?
Quem gosta de comer vegetais?
Em muitos casos, as perguntas são finalizadas por preposições que complementam seu sentido:
Exemplos:
Where are you from?
De onde você é?
17
LÍNGUA INGLESA
VERBS
Exemplo:
Play – plays, sing – sings
No caso do passado, verbos regulares são aqueles que recebem -ed:
Exemplo:
Play – played, cook – cooked
Verbos irregulares são aqueles que não seguem uma mesma regra.
Tanto no caso do presente ou do passado, os verbos sofrem modificações individuais.
Exemplos:
Presente:
have – has, do – does
Passado:
Sing – sang, eat – ate
Os verbos irregulares não têm uniformidade quanto à escrita do passado simples e do particípio. Confira os três últimos
exemplos na tabela abaixo.
18
LÍNGUA INGLESA
Abaixo segue uma tabela dos verbos mais utilizados na língua inglesa. Assim como as palavras mais comuns (aquela
lista não possui verbos) os verbos também são parte fundamental das frases. Quanto mais verbos o estudante souber –
mais facilmente ele entenderá todas as frases de um texto.
19
LÍNGUA INGLESA
20
LÍNGUA INGLESA
21
LÍNGUA INGLESA
22
LÍNGUA INGLESA
PRESENTE CONTÍNUO: indica algo que acontece no exato momento da fala. As frases neste tempo verbal mostram o
que alguém está fazendo (gerúndio). Necessita do verbo to be (am, is, are) e mais algum outro verbo com terminação -ing
(-ando, endo, -indo, -ondo):
Exemplos:
I am writing a book.
Eu estou escrevendo um livro.
He is listening to music.
Ele está escutando música.
*O pronome it é usado para coisas e animais. Pode referir-se a pessoas quando não se sabe o sexo.
Tudo o que foi descrito nestas frases está acontecendo agora, neste exato momento. Por isso usamos o presente con-
tínuo. Para tornar todas estas frases negativas, basta posicionar a palavra not após o to be, ou fazer uma contração ente
eles (am not, isn’t, aren’t).
Exemplos:
I am not writing a book. (O to be am negativo não possui forma contraida)
23
LÍNGUA INGLESA
You were reading. Para interrogar, faz-se a colocação do auxiliar will antes
Você estava lendo. do sujeito das frases (Will I...?, Will you...?).
24
LÍNGUA INGLESA
PRESENTE SIMPLES: este tempo verbal nos fala de si- I don’t work in the evening.
tuações que acontecem rotineiramente. Estas situações Eu não trabalho a noite (no período da noite).
não acontecem no exato momento da fala, mas usual-
mente durante o dia a dia. Por exemplo, você pode dizer You don’t like to dance.
em português “eu trabalho”. Essas suas palavras indicam Você não gosta de dançar.
algo rotineiro para você, não querem dizer que você es-
teja trabalhando agora, neste exato momento. É essa no- He doesn’t sleep a lot.
ção de que algo acontece no presente mas como uma Ele não dorme muito.
rotina é o que o presente simples indica. Vamos ver a
conjugação de alguns verbos no presente simples com She doesn’t cook well.
frases afirmativas primeiro: Ela não cozinha bem.
Perceba que basta seguir a ordem “sujeito + verbo no Does she cook well?
infinitivo sem to (+complemento)” para formar algumas Ela cozinha bem?
sentenças. É a ordem natural das palavras em Português
também. Assim, se você souber uma boa gama de ver- Does it bark too much?
bos, poderá montar muitas frases para praticar. Ele/ela* late muito? (Lembrando que o pronome it é
utilizado como ele/ela quando se refere a animais ou ob-
Neste caso de sentenças afirmativas somente neces- jetos, neste caso um cachorro ou cadela).
sitamos tomar cuidado com os detalhes em negrito e em
sublinhado. Todas as vezes em que o sujeito da frase for Do we speak English fluently?
a terceira pessoa do singular (he/she/it), devemos acres- Nós falamos Inglês fluentemente?
centar um -s no final do verbo. Em algumas situações
será um -es, e no caso do verbo ter (to have) a forma será Do you drive fast?
has. Repito: só nas afirmativas com 3ª pessoa singular. Você dirige rapidamente?
As negativas precisam fazer o uso dos verbos auxilia- Do they drink beer?
res do e does, acrescidos de not (do+not=don’t / does+- Eles bebem cerveja?
not=doesn’t). Doesn’t será usado somente com 3ª pes-
soa singular. Exemplos:
25
LÍNGUA INGLESA
Ótimo. Agora, para finalizarmos o presente simples, Finalizando, para transformarmos estas frases em in-
passemos ao principal verbo inglês: o to be. A conjugação terrogações, temos que por o to be antes dos sujeitos.
do presente do to be possui três formas: am, is e are. Este Lembrete: ponto de interrogação! Assim:
verbo significa duas coisas ao mesmo tempo: ser e estar.
Mas como identificar se numa frase ele quer se referir ao Am I a teacher?
verbo ser ou se ao verbo estar? Resposta: depende da fra- Eu sou um(a) professor(a)?
se, depende do contexto. Veja:
Are you a student?
I am a teacher. Você é um(a) aluno(a)?
Eu sou um(a) professor(a).
Is he late?
You are a student. Ele está atrasado?
Você é um(a) aluno(a).
Is she early?
He is late. Ela está adiantada?
Ele está atrasado.
Is it tall?
She is early. Ele/ela* é alto(a)?
Ela está adiantada. Are we Brazilians?
Nós somos brasileiros?
It is tall.
Ele/Ela é alto(a). Are you busy?
Você está ocupado?
We are Brazilians.
Nós somos brasileiros. Are they happy?
You are busy. Eles estão felizes?
Você(s) está(ão) ocupado(s).
26
LÍNGUA INGLESA
You didn’t answer my e-mail. She had a sister. (to have: ter)
Você não respondeu ao meu e-mail. Ela tinha uma irmã.
He didn’t travel a lot. It slept under the bed. (to sleep: dormir)
Ele não viajou muito. Ele/Ela* dormiu embaixo da cama.
We ate pizza last night. (to eat: comer)
She didn’t watch the movie. Nós comemos pizza ontem a noite.
Ela não assistiu o filme.
You won together. (to win: vencer, ganhar)
It didn’t bark all night. Vocês venceram juntos.
Ele/Ela* não latiu a noite toda.
They cut the meat. (to cut: cortar)
We didn’t stay here.
Eles cortaram a carne.
Nós não ficamos aqui.
FUTURO SIMPLES: Usamos o futuro simples para dizer
You didn’t play very well. que algo vai acontecer ou deverá acontecer, para expressar
Vocês não jogaram muito bem. ações que iremos fazer mas que não tínhamos planejado an-
teriormente, para fazer previsões sobre o futuro, uma vez que
They didn’t park far. não temos certeza se essa previsão irá mesmo se concretizar ou
Eles não estacionaram longe. não. Usamos também o futuro simples para promessas, ofertas
e propostas. A estrutura é formado pela utilização do auxiliar
Did I work yesterday? will após o sujeito seguido de algum verbo. A negativa é obtida
Eu trabalhei ontem? com will not ou com a contração won’t. Para perguntar no futu-
ro simples, é só colocar will antes do sujeito. Exemplos:
Did you answer my e-mail?
Você respondeu ao meu e-mail? I will buy a car.
Eu vou comprar um carro.
Did he travel a lot?
Ele viajou muito? You will have a baby.
Você vai ter um bebê.
Did she watch the movie?
Ela assistiu o filme? He will study abroad.
Ele irá estudar no exterior.
Did it bark all night?
Ele/Ela* latiu a noite toda? She will go to the park.
Ela irá para o parque.
Did we stay here?
Nós ficamos aqui? It will stay at the veterinarian.
Ele/ela* irá permanecer no veterinário.
Did you play very well?
We will make a barbecue.
Vocês jogaram muito bem?
Nós iremos fazer um churrasco.
Did they park far? You will help me later.
Eles estacionaram longe? Você irá me ajudar depois.
Quanto aos verbos irregulares, procederemos da mes- They will be partners.
ma forma. A única diferença é nas afirmações, pois eles não Eles serão parceiros.
recebem terminação -ed. É essencial memorizar as formas
irregulares. Vejamos: FUTURO IMEDIATO: Utilizamos o futuro imediato para ex-
pressar algo que já foi planejado e por isso existe a certeza de
I went to the beach. (to go: ir) que irá acontecer. Por ser algo que temos certeza que iremos
Eu fui para a praia. fazer o futuro imediato acaba sendo usado frequentemente
para expressar ações que acontecerão num futuro bem próxi-
You left early. (to leave: sair, deixar) mo, por isso chamado de imediato. A estrutura do futuro ime-
Você saiu cedo. diato é o sujeito + o verbo to be no presente (am, is, are) +
going to + verbo principal + complemento.
27
LÍNGUA INGLESA
I’m going to visit my mother tonight. Se quisermos, podemos acrescentar no final da frase a
Eu irei visitar minha mãe hoje a noite. palavra yet, que significa tal ação “ainda” não aconteceu.
(apenas nas negativas)
Jack is going to swim tomorrow.
Jack irá nadar amanhã. I haven’t made my bed yet.
Eu ainda não arrumei minha cama.
It is going to rain in a few minutes. Mike hasn’t seen the ocean yet.
Irá chover em alguns minutos. Mike ainda não viu o oceano.
Como o futuro imediato é composto do to be, para
fazermos frases interrogativas e negativas, basta utilizar as
Sheila and Susan haven’t been to New York yet.
mesmas regras acrescentando not após o to be, ou colocan-
do o mesmo antes do sujeito para a interrogativa. Sheila e Susan ainda não estiveram em Nova Iorque.
Steve is not going to dance samba. Para fazermos perguntas no present perfect, basta
Steve não irá dançar samba. colocar have ou has antes do sujeito da frase. Às vezes,
fazemos uso da palavra ever, que significa “alguma vez”,
They aren’t going to play soccer. em perguntas: (o uso da palavra ever é opcional)
Eles não irão jogar futebol.
Have you bought Milk for the baby?
Is he going to buy a new car? Você comprou leite para o bebê?
Ele vai comprar um carro novo?
Has he talked to the police officer?
Are you going to call Ann? Ele falou com o policial?
Você irá ligar pra Ann?
Has Tina ever traveled to Salvador?
Apenas em conversas e diálogos informais o going to A Tina viajou para Salvador alguma vez?
pode ser substituído pela expressão/abreviação gonna:
Have you ever seen a famous person?
I’m gonna study tonight.
Você alguma vez viu uma pessoa famosa?
Eu irei estudar hoje a noite.
Are you gonna help me? PRESENTE PERFEITO CONTÍNUO: formado pela uti-
Você irá me ajudar? lização do auxiliar have ou has (has para he, she, it) mais o
presente perfeito do verbo be e o gerúndio do verbo prin-
PRESENTE PERFEITO: formado pela utilização do auxiliar cipal. Esta forma verbal enfatiza uma ação que começou
have ou has (has para he, she, it) mais a forma do particípio de no passado e que contina se repetindo até hoje.
outro verbo (conhecida como “a terceira forma do verbo”). Indica
quando descrevemos situações que já ocorreram, mas que não I have been playing tennis for one hour.
sabemos quando. O tempo é indefinido, não interessa, ou sim- Eu estou jogando tennis há uma hora.
plesmente não importa, pois o que importa é o fato acontecido.
Daniel has been waiting for two hours.
Mike has seen the ocean many times. Daniel está esperando a duas horas.
Mike viu o oceano muitas vezes.
Anna has been teaching in the university since April.
Sheila and Susan have already been to New York. Anna tem lecionado na universidade desde Abril.
Sheila e Susan já estiveram em Nova Iorque.
As formas negativas:
I have already made my bed.
Eu já arrumei minha cama.
She has not been working at that company for three
As formas negativas serão: years.
Ela não tem trabalhado naquela companhia a três
I haven’t made my bed. anos.
Eu não arrumei minha cama.
I haven’t been watching much television lately.
Mike hasn’t seen the ocean. Eu não tenho assistido muita televisão ultimamente.
Mike não viu o oceano.
Roberto hasn’t been feeling well in the past few days.
Sheila and Susan haven’t been to New York. Roberto não tem se sentido bem nos últimos dias.
Sheila e Susan não estiveram em Nova Iorque.
28
LÍNGUA INGLESA
Para fazermos perguntas no present perfect conti- Os verbos auxiliares não possuem tradução nas frases:
nuos, basta colocar have ou has antes do sujeito da frase.
Do you play volleyball?
Has David been doing his homework everyday? Voce joga volei?
David está fazendo sua tarefa todos os dias?
A presença de um verbo auxiliar numa frase nos indica
Have Donald and Mike been training for the race? em que tempo verbal ela está (no presente, no passado
Donald e Mike estão treinando para aquela corrida? ou no futuro), dependendo do auxiliar que foi usado. Do e
does indicam tempo presente, did indica tempo passado, e
Have you been playing video games all day? will indica tempo futuro.
Você está jogando video games o dia inteiro?
Suas formas negativas são don’t (do not), didn’t (did
PASSADO PERFEITO: usado para dizer que alguma not) e won’t (will not).
coisa ocorreu antes de outra no passado. Formado por had
mais o particípio de algum verbo. Veja no próximo exemplo Para montarmos interrogações, basta posicionar o au-
que há duas situações acontecendo, mas, aquela que acon- xiliary desejado antes do sujeito da frase.
teceu primeiro está usando o past perfect. E aquela que
aconteceu em seguida está no passado simples. Ambas as O auxiliar também pode facilitar as coisas nas respos-
orações estão unidas por when. tas. Ele pode substituir o verbo e todos os seus comple-
mentos. Assim, se alguém faz um pergunta muito longa,
I had already left when my father called home. você pode responder rapidamente:
Eu já tinha saído quando meu pai ligou para casa.
Do you always go to work by car on weekdays?
She had called a taxi when I told her I would pick her Você sempre vai para o trabalho de carro nos dias da
up. semana?
Ela já tinha chamado um taxi quando eu disse a ela que
a pegaria. Sua resposta pode ser, simplesmente, “Yes, I do”.
Estas respostas curtas são conhecidas como short ans-
O passado perfeito não precisa acontecer obrigatoria- wers.
mente com as duas situações em uma mesma oração.
Os verbos auxiliares seguidos de um verbo principal
David had bought meat for the barbecue this morning. são usados praticamente só em perguntas ou frases ne-
David tinha comprado carne para o churrasco hoje de gativas:
manhã.
Do you like pizza?
A negativa é formada com had not ou hadn’t. Para per- Você gosta de pizza?
guntar, devemos posicionar o had antes do sujeito.
I don’t like pizza
He hadn’t gone to the bar. Eu não gosto de pizza.
Ele não tinha ido ao bar.
Numa frase afirmativa diríamos:
Had you brought me those documents?
Você tinha me trazido aqueles documentos? I like pizza.
Eu gosto de pizza.
Em perguntas você pode mudar o tempo verbal de As formas does e doesn’t são usadas quando o sujeito
uma frase simplesmente alterando o verbo auxiliar. Por da frase no presente for terceira pessoa do singular (he,
exemplo: she, it).
29
LÍNGUA INGLESA
It doesn’t eat pizza. Não temos como fazer essa frase usando um sujeito
Ela/Ele* não come pizza. pois ninguém possui, é dono do cachorro.
As estruturas gramaticais “there is” e “there are” são There were five good movies playing on TV last wee-
utilizada para apontarmos que algo existe sem a necessida- kend.
de de afirmarmos que um sujeito possui tal algo. Haviam cinco bons filmes passando na TV no final de
semana passado.
Exemplo:
My city has much crime.
Para as frases interrogativas, usamos o mesmo proces-
Minha cidade tem muito crime.
so do to be. Simplesmente colocamos o to be no começo
da frase.
Esta é a estrutura gramatical mais tradicional (Sujeito
+ verbo + objeto). A mesma frase com a estrutura “there
is” fica: Exemplos:
Is there a pharmacy near here?
Exemplo: Existe uma farmácia por perto?
There is much crime in my city.
Tem/Existe muito crime em minha cidade. Are there eleven or twelve desks in that classroom?
Tem onze ou doze carteiras naquela sala de aula?
Algumas frases não podemos fazer da forma tradicio-
nal (sujeito + verbo + objeto) pois algo simplesmente exis- Was there an apple on the table earlier?
te em algum lugar sem ligação direta de posse. Tinha uma maça na mesa agora pouco?
30
LÍNGUA INGLESA
Para as frases negativas, usamos o mesmo processo do to be. Simplesmente colocamos o not após o to be.
There are not two teacher in this school. There are six teachers.
There aren’t two teacher in this school. There are six teachers.
Não tem dois professores nesta escola. Existem seis professores.
There was not a party yesterday. It got canceled in the last minute.
There wasn’t a party yesterday. It got canceled in the last minute.
Não houve uma festa ontem. Ela foi cancelada na última hora.
O Inglês tem uma grande variedade de two-word verbs (verbos de duas palavras). Talvez o melhor termo para identifi-
cá-los seja phrasal verbs (verbos frasais), assim chamados pelo fato de serem compostos, possuindo mais de uma palavra,
parecendo-se com um tipo de frase. Um phrasal verb é composto por um verbo regular ou irregular junto com alguma
partícula, que pode ser uma preposição ou um advérbio, ou ambos. Os phrasal verbs têm significados novos, diferentes das
palavras que os compõem lidas separadamente. Eles precisam ser entendidos como um grupo e não com suas palavras de
forma isolada.
31
LÍNGUA INGLESA
Para ver a diferença, considere o significado do verbo The scientists wrote up their research.
to turn segundo o Dicionário Cambridge e, em seguida, as Os cientistas escreveram algo sobre sua pesquisa.
sentenças com phrasal verbs derivados do mesmo verbo:
The traffic cop wrote up the offender.
“TURN verb [I/T] (GO AROUND) to move or cause so- O guarda de trânsito deu uma multa ao infrator.
mething to move in a circle around a central point or line.”
= Mover ou fazer com que algo se movimente em círculos Fred flipped off the policeman.
ao redor de um ponto ou de uma linha central. Fred fez um gesto ofensivo para o policial.
Quanto a posição do phrasal verb.
Fred turned on the light. Quando falamos de substantivos a grande maioria dos
Fred acendeu a luz. phrasal verbs aceitam ser colocados de duas maneiras:
Muitos phrasal verbs não têm objeto: On: usado para dias da semana, datas (mês+dia), datas
comemorativas, ruas, praças e avenidas.
After their fight, Susan and Paul made up. I go to the church on Saturdays and on Sundays.
Após a briga, Susan e Paul fizeram as pazes. Their baby was born on April 10TH.
I always have fun on New Year’s Day.
During the wedding, the groom passed out. The supermarket is on Brazil street.
Durante o casamento, o noivo passou mal. The shopping mall is on Portugal square.
Contudo, outros phrasal verbs pedem objeto: At: usado com horas, com palavra night, com endere-
ços (rua+número), lugares numa cidade.
They put up with the inconvenience. I got up at 7:00.
Eles toleraram a inconveniência. The store is at 456 Lincoln street.
He arrived late at night.
We decided on the rose wallpaper. My father is at the airport now.
Nós selecionamos o papel de parede rosa.
32
LÍNGUA INGLESA
Na dúvida, algumas das seguintes sugestões podem Inside/outside: dentro de/fora de: Let the dog sleep in-
ajudar, mas lembre-se: o uso das preposições nem sempre side/outside the house.
segue a regra geral. Confira sempre num dicionário as pos- Instead of: em vez de: You should study more instead
sibilidades de uso. of playing video-games.
Into: para dentro, em: The plane disappeared into the
Use in para indicar “dentro de alguma coisa”: cloud.
In the box Near: perto de: The post office is near here.
In the refrigerator Off: para fora (de uma superfície): Mark fell off his mo-
In a shop torcycle.
In a garden Out of: para fora de: Put these books out of the box.
In France Over: sobre, acima de, por cima de, mais que: There
were over 1.000 people in the show.
Use on para indicar contato: Through: através de: The guys walked through the fo-
On a bookshelf rest.
On a plate Till/until: até (tempo): The message will arrive until to-
On the grass morrow.
To: para: Teresa will go to Italy next week.
Use at para indicar um lugar definido. Nesse caso, seu Towards: para, em direção a: The boy threw the rock
sentido é o de “junto a”, “na”: towards the window.
At the bus stop Under: em baixo de: The cat sleeps under the bed.
At the top With/without: com/sem: Come with me. I can’t live wi-
At the bottom thout you.
Within: dentro de: I will go there within a week.
Outras preposições, seus significados e exemplos
com frases:
About: sobre, a respeito de: Tell me about your expe-
riences.
Above: acima de: John’s apartment is above mine. 7. COMPREENSÃO DA FUNÇÃO DE ELEMENTOS
Across: através de, do outro lado: The dog ran across LINGUÍSTICOS ESPECÍFICOS NA PRODUÇÃO
the forest. DE SENTIDO NO CONTEXTO EM QUE SÃO
After: depois de: She always wakes up after 9:00. UTILIZADOS.
Against: contra: The car crashed against the wall.
Among: entre (vários ítens): The little boy was among
many criminals.
Around: em volta de: They traveled all around the cou- Ordem Das Palavras Na Oração
ntry.
Before: antes de: She always arrives before 7 o’clock. Para começar, vejamos a ordem das palavras em sen-
Behind: atrás de: Tim sits behind Peter. tenças afirmativas:
Below: abaixo de: Answer the questions below.
Beside/Next to: ao lado de: The microphone is beside/ sujeito verbo objeto
next to the monitor. I study English.
Besides: além de: Besides English, she can also speak I play tennis.
Spanish.
Between: entre (dois ítens): He was sitting between two Se você já é um estudante um pouco mais avançado,
beatuful girls. lembre-se da seguinte regra:
Beyond: além de, após, atrás de: The lake is beyond the
mountains.
But: exceto: Everybody went to the party, but Chris. Sujeito verbo objeto indireto objeto direto
By: por, junto, ao lado de: Let’s sleep by the fireplace. lugar tempo
Down: abaixo, para baixo: Their house is down the hill. I will tell you
Up: acima, para cima: Their house is halfway up the hill. the story at school tomorrow.
During: durante: He was in the army during the war.
For: a favor de: Who’s not for us is against us. A ordem das palavras em sentenças negativas é a
For: por, para, há (tempo): Do it for me! Fish is good for mesma que nas afirmativas. Note, entretanto, que nas
health. They’ve lived here for many years. negativas nós normalmente precisamos de um verbo
From: de (origem): Where is he from? auxiliar:
In front of: na frente de: Peter sits in front of the teacher
in the classroom.
33
LÍNGUA INGLESA
Em cláusulas subordinadas, a ordem das palavras é a mesma que nas sentenças afirmativas. Conjunções são frequen-
temente usadas entre duas cláusulas:
Se você não quiser dar ênfase ao tempo, você pode também posicionar o advérbio de tempo no início da sentença.
Tempo sujeito verbo objeto indireto objeto direto
Tomorrow I will tell you the story
Note que algumas expressões de tempo são advérbios de frequência (always, never, usually, seldom, sometimes, etc.).
Estas são normalmente postas antes do verbo principal da frase, exceto quando o “to be” é o verbo principal.
Estes são postos atrás do objeto direto, ou atrás do verbo se não houver objeto direto.
Assim como os advérbios de modo, estes são colocados atrás do objeto direto ou do verbo.
34
LÍNGUA INGLESA
Em perguntas, a ordem sujeito-verbo-objeto é a mesma que nas sentenças afirmativas. A única coisa que pode se al-
terar é que você normalmente tem que interpor o verbo auxiliar antes do sujeito. Pronomes Interrogativos são colocados
no início das sentenças:
nterrog. verbo aux. Suj. outro verbo obj. indireto obj. direto lugar tempo
What would you like to tell me?
Did you have a party at home yesterday?
When were you there?
Não podemos usar um verbo auxiliar quando procuramos ou perguntamos pelo sujeito da oração. Neste caso, o pro-
nome interrogativo simplesmente toma o lugar do sujeito.
Interrogativo verbo(s) objeto
Who invited you?
FORMA COM -ING – A forma –ing é usada quando a palavra em questão é o sujeito da frase.
Exemplos:
Swimming is good exercise. (Nadar é um bom exercício).
Doctors say that smoking is bad for you. (Os medicos dizem que fumar faz mal para você).
35
LÍNGUA INGLESA
Exemplos: Exemplo:
Would you mind opening the window? (Você se importa Mike is your father, isn’t he? (Mike é seu pai, não é?)
em abrir a janela?). Regras para question tags:
I avoid talking about my uncle. (Eu evito falar sobre o - A question tag sempre vem na forma oposta a frase.
meu tio). (Frase afirmativa, question tag na negativa. Frase na negativa,
Alguns verbos aceitam ambas as formas infinitivas ou –ing. question tag na afirmativa);
Alguns verbos: begin, continue, hate, intend, like, love, - A question tag sempre vem após virgula;
prefer, propose, start. - A question tag sempre vem no mesmo verbal que a
Exemplos: frase principal (e é importante que o leitor saiba qual tempo
It started to rain. It started raining. (Começou a chover). verbal a frase se encontra e qual o seu respectivo verbo auxi-
I like to play tennis. I like playing tennis. (Eu gosto de liar mesmo quando este não está evidente);
jogar tennis). Exemplos:
The company opened yesterday, didn’t it? (A empresa
Passemos a falar, então, de sentenças Condicionais com abriu onde, não abriu?)
a palavra if (tradução: se). Eles são normalmente usados para Marcus will travel to Spain, won’t he? (Marcus irá viajar
falar sobre possíveis eventos e seus efeitos. Existem quatro para Espanha, não irá?)
tipos principais: You should study more, shouldn’t you? (Você deveria es-
tudar mais, não deveria?)
-Zero Conditional: não é um condicional verdadeiro, pois Peter and Sue didn’t buy a new house, did they? (Peter e
ambos os eventos descritos vêm a ocorrer (If/When+present Sue não compraram uma casa nova, compraram?)
tense; present tense). Exemplos: Roberto speaks Chinese, doesn’t he? (Roberto fala Chi-
nês, não fala?)
If I stay up late, I feel awful the next day. (Se eu fico acor-
dado até tarde, sinto-me mau no outro dia) DISCURSO DIRETO E INDIRETO
When the moon passes between the earth and the sun, Podemos relatar o que alguém disse de duas maneiras:
there is an eclipse. (Quando a lua passa entre a terra e o sol, a) Pelo discurso direto (direct speech): quando repetimos
há um eclipse) o que foi dito por alguém usando as mesmas palavras desta
pessoa. Exemplo:
-First Conditional: usado para falar sobre prováveis even- -He said: “I feel well”.
tos no futuro se alguma coisa vier a acontecer (If+present -Ele disse: “Eu me sinto bem”.
tense; future tense will). Exemplos: b) Pelo discurso indireto (indirect speech): quando con-
If I pass the exam, I will have a big party! (Se eu passar no tamos usando nossas próprias palavras o que foi dito por
exame, eu farei uma grande festa!) alguém.
If you don’t stop talking, I will send you to the principal. Exemplo:
(Se você não parar de falar, eu vou te enviar ao diretor) -He said that he felt well.
-Ele disse que se sentia bem.
-Second Conditional: usado para falar sobre situações Ao reproduzir o que alguém disse de forma indireta pre-
improváveis ou impossíveis (If+past tense; would, could, cisamos efetuar algumas modificações na estrutura da frase.
might). Exemplos:’’ Veja algumas das mudanças mais frequentes:
If I won the lottery, I would give all the money to an or-
phanage. (Se eu ganhasse na loteria, eu daria todo dinheiro Direct Speech: Indirect Speech:(Simple Present) He said:
a um orfanato) She works with me. (Simple Past) He said (that) she worked
People might behave differently if they had the chance with him.
to repeat their lives. (As pessoas poderiam se comportar di- (Present Continuous) She is working with me. (Past Con-
ferentemente se elas tivessem a chance de repetir suas vidas) tinuous) She was working with him.(Past Continuous) She
was working with me. (Past Perfect Continuous) She had been
-Third Conditional: usado para especular sobre o passa- working with him.
do (If+past perfect; would have, could have, might have+past (Simple Future) She will work with me. (Simple Conditio-
participle). Exemplos: nal) She would work with him.
If we had saved more money, we would have gone to Outras trocas de palavras e expressões que devem ser
Canada last year. (Se nós tivéssemos economizado mais di- feitas do discurso direto para o indireto são as seguintes:
nheiro, nós teríamos ido ao Canadá ano passado) Direct Speech: Indirect Speech:
If you had told me the truth, I wouldn’t have asked the Today That day
teacher. (Se você tivesse me dito a verdade, eu não teria per- Yesterday The day before
guntado ao professor) Last night The night before
Now Then
Question Tags e Tag Answers Here There
Question tags são perguntas curtas que aparecem no Tomorrow The next day
final das frases com o intuito de questionar ou confirmar a This That
informação dita previamente. These Those
36
LÍNGUA INGLESA
-Quando se relata uma ordem ou comando de alguém, Usamos a passiva quando queremos dar mais ênfase ao
usa-se o infinitivo no discurso indireto. objeto do que ao agente, e também quando não conhece-
He said: “Close the door”. (Ele me disse: “Feche a porta”) mos o sujeito, o agente da voz ativa:
He told me to close the door. (Ele me disse para fechar Kennedy was killed by Lee Harvey Oswald. (Kennedy foi
a porta) He said: “Don’t close the door”. (Ele me disse: “Não morto por Lee Harvey Oswald)
feche a porta”) My wallet has been stolen. (Minha carteira foi roubada)
He told me not to close the door. (Ele me disse para não
fechar a porta) O primeiro exemplo dá mais importância ao objeto da
ativa. Já no segundo, o agente da ativa é desconhecido.
-Quando se relata uma pergunta, coloca-se a frase na Podemos conjugar a voz passiva em qualquer tempo.
forma afirmativa fazendo as devidas transformações: She Por exemplo:
said: Where is Bill? present simple: It is made in Brazil. (É feito no Brasil)
She asked where Bill was. (Ela perguntou onde Bill estava)
present continuous: It is being made in Brazil. (Está sen-
He said: “Is Mary here?”
do feito no Brasil)
He asked if Mary was there. (Ele perguntou se Mary es-
present perfect: It has been made in Brazil. (Tem sido
tava lá)
feito no Brasil)
-Should, Could, Must, Might e Would não alteram sua
forma: QUESTÕES
She said: “I could go”.
She said that she could go. (Ela disse que ela poderia ir) Leia o seguinte texto e responda às perguntas de 01 a 07:
Brazil is The “Economic World Cup Winner”
-Say é usado com ou sem objeto indireto precedido de According to CNN International
to. No discurso indireto, tell é usado com objeto indireto pre- Brazil may not have won the world cup but the Latin
cedido de to. American country’s story of success is an “Economic World
Bill said: “I love Ann”. (Bill disse: “Eu amo Ana”) Cup Winner” according to CNN International.
Bill said that he loved Ann. (Bill disse que amava Ana) Looking at the performance of the final 8 countries who
Bill said to Ann: “I love you”. (Bill disse para Ana: “Eu te made it through the group stages of the South Africa World
amo”) Cup, CNN’s Quest Means Business primetime programme
Bill told Ann that he loved her. (Bill disse para Ana que was keen to find out more about booming Brazil, one of
a amava) the hot favourites predicted to win the title. Seeking expert
-Em frases que apresentam sugestões o verbo introdutó- advice, CNN International visited the central London offi-
rio do discurso indireto é to suggest. E a forma let’s é alterada ces of Experience International where resident expert, Dale
para we should. Anderson, himself an investor in Brazil, talked passionately
He said: “Let’s take a taxi”. about why Brazil is such an attractive investment.
He suggested (that) we should take a taxi. Dale explained to viewers why Brazil provides investors
a strong opportunity due to its strong economic growth,
Voz Ativa e Voz Passiva. high volume of foreign direct investment, an abundance
Há duas vozes verbais: ativa e passiva of natural resources, no restrictions on foreign ownership,
A voz ativa é a voz “normal” do verbo, pois é com ela freehold titles available and a clear and simple buying pro-
que normalmente nos comunicamos. Nela, o objeto recebe
cess. In addition the quick increase of the Brazilian middle-
a ação do verbo. Observe os exemplos sob a ótica da ordem
class with access to mortgages provides a great exit strate-
normal das palavras numa frase (Sujeito+verbo+objeto):
gy for the future.
Cats eat fish. (Gatos comem peixes)
The World Cup Effect
A voz passiva é menos comum de ser usada. Ela é mais Dale also remarked on how the World Cup, which was
formal. Nela, o sujeito recebe a ação do verbo. Se comparar- watched by millions of people around the world, has ena-
mos com a voz ativa, veremos uma inversão no posiciona- bled South Africa to shine in a very positive light and now
mento do sujeito e do objeto. everyone will be looking to the next host nation – Brazil.
Fish are eaten by cats. (Peixes são comidos por gatos) He stated, “The effect of the 2014 World Cup on Brazil will
be significant with over 600,000 visitors expected, boosting
A estrutura da voz passiva é bem simples: sujeito + be + GDP by nearly $30 million.”
verbo principal no particípio. Around $310 million has already been invested into the
Exemplos: host cities which include Fortaleza, Recife and Natal in the
Parks are destroyed by our bad habits. (Parques são des- up and coming north east according to the Ministry of Tou-
truídos por nossos maus hábitos) rism for Brazil. The value of Land for sale in Brazil in this
Many people were called by this company. (Muitas pes- region are forecast to increase by up to twenty percent in
soas foram chamadas por esta empresa) the run up to the World Cup as demand for quality accom-
Note, também, que, às vezes, é necessário acrescentar a modation rises.
preposição by para apresentar o objeto da passiva.
37
LÍNGUA INGLESA
1. Qual foi o benefício que o Brasil teve, mesmo não 10) Assinale qual dos seguintes grupos de palavras pode
vencendo a Copa doo? ser encontrado no texto anterior:
____________________________________________________ a) Velejar / emergir / impossível de afundar / montanha
de gelo flutuante.
2. De acordo com o texto, podemos afirmar que o Brasil b) Linha férrea / vagões / estação / descarrilar.
está tendo um período de crescimento econômico maior?- c) Periscópio / escotilha / tripulação / submergir.
Justifique. d) Roda / aro / pedalar / selim.
____________________________________________________ e) Co-piloto / hélice / manche / pairar.
3. Seria correto substituir “over” por “more than”, no tre- 11) Qual o nome do diretor mencionado no texto?
cho “with over 600,000 visitors ________________________________________
____________________________________________________
4. Qual a melhor tradução para “Talked passionately 12) Transcreva do texto, em inglês, os seguintes grupos
about why Brazil is such an attractive ient”?___________________ nominais:
_____________________________________________________ a) “Amor proibido”: _______________________________________
_________________________________________
5. Retire do texto: b) “Caso de amor passional”:
a.Um verbo: ____________________ ____________________________________________________________
b.Um adjetivo: __________________
c.Um substantivo: _______________ RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS
6. A melhor tradução para “primetime programme” é:
1.Programa de auditório. 1. “The World Cup, which was watched by millions of peo-
2.Program de horário nobre. ple around the world, has enabled South Africa to shine in a very
3.Programa semanal positive light and now everyone will be looking to the next host
nation – Brazil. He stated.” A copa do mundo, que foi assistida por
milhões de pessoas ao redor do mundo, deu a chance à África do
7. No título do texto “Brazil is The “Economic World Cup
Sul de brilhar com uma luz muito positiva a agora todos estarão
Winner” According to CNN International”, podemos afirmar
olhando para a próxima nação sede – Brasil. Afirmou ele.
que “winner” é um adjetivo que significa _____________________
_____________________________________________________
2. Sim. Dale explicou aos telespectadores porque o Brasil
fornece aos investidores uma forte oportunidade graças ao
Leia o seguinte texto e responda às questões de 08 a 12:
seu forte crescimento econômico. “Dale explained to viewers
Nothing on earth can rival the epic spectacle and brea- why Brazil provides investors a strong opportunity due to its
thtaking grandeur of Titanic, the sweeping love story that sai- strong economic growth.”
led into the hearts of moviegoers around the world, ultima-
tely emerging as the most popular motion picture of all time. 3. .Sim,seria correto.
Leonardo DiCaprio and Oscar®-nominee Kate Winslet 4. “Falou empolgadamente sobre porque o Brasil é um
light up the screen as Jack and Rose, the young lovers who investimento tão chamativo.”
find one another on the maiden voyage of the “unsinkable”
R.M.S. Titanic. But when the doomed luxury liner collides with 5.a)Watch;
an iceberg in the frigid North Atlantic, their passionate love b)Strong;
affair becomes a thrilling race for survival. c)People.
From acclaimed filmmaker James Cameron comes a tale 6. Programa de horário nobre.
of forbidden love and courage in the face of disaster that
triumphs as true cinematic masterpiece. 7. Não.”Winner” é um substantivo que significa vencedor.
8) Em português, explique sobre o que fala o texto: 8. O texto fala sobre o fascinante filme “Titanic”, seus ato-
____________________________________________________________ res e personagens principais bem como de seu aclamado di-
________________________________________________________________ retor que o transformou numa obra-prima.
________________________________________________________________
_____________________________ 9. a) ultimately; b) around the world
9) Copie do texto, em inglês, os seguintes advérbio e lo- 10. a) Velejar / emergir / impossível de afundar / monta-
cução adverbial: nha de gelo flutuante.
38
Polícia Militar do Estado de São Paulo
PM-SPAluno - Oficial PM
Volume II
Edital de Concurso Público Nº DP-2/321/17
ST063-B-2017
DADOS DA OBRA
Volume I
• História
• Filosofia
• Sociologia
• Geografia
• Língua Portuguesa
• Língua Inglesa
Volume II
• Língua Espanhola
• Matemática
• Noções de Administração Pública
• Noções Básicas de Informática
Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza
Produção Editorial/Revisão
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Suelen Domenica Pereira
Camila Lopes
Capa
Bruno Fernandes
Editoração Eletrônica
Marlene Moreno
Gerente de Projetos
Bruno Fernandes
APRESENTAÇÃO
CURSO ONLINE
PASSO 1
Acesse:
www.novaconcursos.com.br/passaporte
PASSO 2
Digite o código do produto no campo indicado no
site.
O código encontra-se no verso da capa da apostila.
*Utilize sempre os 8 primeiros dígitos.
Ex: FV054-17
PASSO 3
Pronto!
Você já pode acessar os conteúdos online.
SUMÁRIO
Língua Espanhola
Matemática
1. CONJUNTOS NUMÉRICOS............................................................................................................................................................................... 01
1.1. Números naturais e números inteiros: indução finita, divisibilidade, máximo divisor comum e mínimo múltiplo
comum, decomposição em fatores primos.............................................................................................................................................. 01
1.2. Números racionais e noção elementar de números reais: operações e propriedades, ordem, valor absoluto,
desigualdades....................................................................................................................................................................................................... 01
1.3. Números complexos: representação e operações nas formas algébrica e trigonométrica, raízes da unidade..... 01
1.4. Sequências: noção de sequência, progressões aritmética e geométrica, noção de limite de uma sequência, soma
da série geométrica, representação decimal de um número real.................................................................................................... 01
1.5. Grandezas direta e inversamente proporcionais............................................................................................................................ 29
1.6. Porcentagem; juros simples e compostos......................................................................................................................................... 38
2. POLINÔMIOS......................................................................................................................................................................................................... 48
2.1. Polinômios: conceito, grau e propriedades fundamentais......................................................................................................... 48
2.2. Operações com polinômios, divisão de um polimônio por um binômio da forma x-a, divisão de um polinômio
por outro polinômio de grau menor ou igual......................................................................................................................................... 48
3. EQUAÇÕES ALGÉBRICAS................................................................................................................................................................................... 54
3.1. Equações algébricas: definição, conceito de raiz, multiplicidade de raízes, enunciado do Teorema Fundamental
da Álgebra.............................................................................................................................................................................................................. 54
3.2. Relações entre coeficientes e raízes. Pesquisa de raízes múltiplas. Raízes: racionais, reais e complexas................ 54
7.2. Equação da reta: formas reduzida, geral e segmentária; coeficiente angular. Intersecção de retas, retas paralelas
e perpendiculares. Feixe de retas. Distância de um ponto a uma reta. Área de um triângulo...........................................101
7.3. Equação da circunferência; tangentes a uma circunferência; intersecção de uma reta a uma circunferência.....101
7.4. Elipse, hipérbole e parábola: equações reduzidas.......................................................................................................................101
8. FUNÇÕES...............................................................................................................................................................................................................110
8.1. Gráficos de funções injetoras, sobrejetoras e bijetoras; função composta; função inversa........................................110
8.2. Função e função quadrática.................................................................................................................................................................110
8.3. Função exponencial e função logarítmica. Teoria dos logaritmos; uso de logaritmos em cálculos........................110
8.4. Equações e inequações: lineares, quadráticas, exponenciais e logarítmicas.....................................................................110
9. TRIGONOMETRIA...............................................................................................................................................................................................132
9.1. Arcos e ângulos: medidas, relações entre arcos...........................................................................................................................132
9.2. Razões trigonométricas: Cálculo dos valores em /6, /4 e /3....................................................................................................132
9.3. Resolução de triângulos retângulos..................................................................................................................................................132
9.4. Resolução de triângulos quaisquer: lei dos senos e lei dos cossenos.1.............................................................................132
9.5. Funções trigonométricas: periodicidade, gráficos, simetrias...................................................................................................132
9.6. Fórmulas de adição, subtração, duplicação e bissecção de arcos. Transformações de somas de funções
trigonométricas em produtos......................................................................................................................................................................132
9.7. Equações e inequações trigonométricas.........................................................................................................................................132
10. GEOMETRIA PLANA........................................................................................................................................................................................142
10.1. Figuras geométricas simples: reta, semirreta, segmento, ângulo plano, polígonos planos, circunferência e
círculo....................................................................................................................................................................................................................142
10.2. Congruência de figuras planas.........................................................................................................................................................142
10.3. Semelhança de triângulos...................................................................................................................................................................142
10.4. Relações métricas nos triângulos, polígonos regulares e círculos......................................................................................142
10.5. Áreas de polígonos, círculos, coroa e sector circular................................................................................................................142
11. GEOMETRIA ESPACIAL...................................................................................................................................................................................162
11.1. Retas e planos no espaço. Paralelismo e perpendicularismo...............................................................................................162
11.2. Ângulos diedros e ângulos poliédricos. Poliedros: poliedros regulares...........................................................................162
11.3. Prismas, pirâmides e respectivos troncos. Cálculo de áreas e volumes............................................................................162
11.4. Cilindro, cone e esfera: cálculo de áreas e volumes.................................................................................................................162
5. LEI COMPLEMENTAR Nº 893, de 09 de março de 2001 – Institui o Regulamento Disciplinar da Polícia Militar –
RDPM........................................................................................................................................................................................................................67
6. LEI COMPLEMENTAR Nº 1.080, de 17 de dezembro de 2008 – Institui Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários
para os servidores das classes que especifica............................................................................................................................................... 80
6.1. Capítulo I – Disposição Preliminar........................................................................................................................................................ 80
6.2. Capítulo II – Do Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários: Seção I – Disposições Gerais; Seção II – Do
Ingresso; Seção III – Do Estágio Probatório; Seção IV – Da Jornada de Trabalho, dos Vencimentos e das Vantagens
Pecuniárias; Seção VII – Da Progressão; Seção VIII – Da Promoção; Seção IX – Da Substituição....................................... 80
6.3. Capítulo IV – Disposições Finais: artigos 54 a 56........................................................................................................................... 83
7. LEI FEDERAL Nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 – Lei de Acesso à Informação; Decreto n° 58.052, de 16 de maio
de 2012.....................................................................................................................................................84
MS-Windows 7: conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos, área de trabalho, área de transferência, manipulação de
arquivos e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de aplicativos MS-Office 2010. ..............01
MS-Word 2010: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágrafos, fontes, colunas,
marcadores simbólicos e numéricos, tabelas, impressão, controle de quebras e numeração de páginas, legendas, índices,
inserção de objetos, campos predefinidos, caixas de texto. ...........................................................................................................................09
MS-Excel 2010: estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colunas, pastas e gráficos, elaboração de ta-
belas e gráficos, uso de fórmulas, funções e macros, impressão, inserção de objetos, campos predefinidos, controle de
quebras e numeração de páginas, obtenção de dados externos, classificação de dados. ...............................................................34
MS-PowerPoint 2010: estrutura básica das apresentações, conceitos de slides, anotações, régua, guias, cabeçalhos e ro-
dapés, noções de edição e formatação de apresentações, inserção de objetos, numeração de páginas, botões de ação,
animação e transição entre slides. ..............................................................................................................................................................................59
Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos. .....................................74
Internet: Navegação Internet, conceitos de URL, links, sites, busca e impressão de páginas...........................................................83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
MS-Windows 7: conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos, área de trabalho, área de transferência, manipulação de
arquivos e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de aplicativos MS-Office 2010. .............01
MS-Word 2010: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágrafos, fontes, colunas,
marcadores simbólicos e numéricos, tabelas, impressão, controle de quebras e numeração de páginas, legendas, índices,
inserção de objetos, campos predefinidos, caixas de texto. ..........................................................................................................................09
MS-Excel 2010: estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colunas, pastas e gráficos, elaboração de tabelas
e gráficos, uso de fórmulas, funções e macros, impressão, inserção de objetos, campos predefinidos, controle de quebras
e numeração de páginas, obtenção de dados externos, classificação de dados. .................................................................................34
MS-PowerPoint 2010: estrutura básica das apresentações, conceitos de slides, anotações, régua, guias, cabeçalhos e ro-
dapés, noções de edição e formatação de apresentações, inserção de objetos, numeração de páginas, botões de ação,
animação e transição entre slides. .............................................................................................................................................................................59
Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos. ....................................74
Internet: Navegação Internet, conceitos de URL, links, sites, busca e impressão de páginas...........................................................83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Grupo Doméstico
Snap
Ao se utilizar o Windows por muito tempo, é comum
ver várias janelas abertas pelo seu monitor. Com o recur-
so de Snap, você pode posicioná-las de um jeito prático e
divertido. Basta apenas clicar e arrastá-las pelas bordas da
tela para obter diferentes posicionamentos.
O Snap é útil tanto para a distribuição como para a
comparação de janelas. Por exemplo, jogue uma para a es-
querda e a outra na direita. Ambas ficaram abertas e divi-
dindo igualmente o espaço pela tela, permitindo que você
as veja ao mesmo tempo.
Windows Search
O sistema de buscas no Windows 7 está refinado e es-
tendido. Podemos fazer buscas mais simples e específicas
Microsoft Surface Collage, desenvolvido para usar tela diretamente do menu iniciar, mas foi mantida e melhorada
sensível ao toque. a busca enquanto você navega pelas pastas.
2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Abaixo as categorias nas quais o resultado de sua bus- A busca não se limita a digitação de palavras. Você
ca pode ser dividido. pode aplicar filtros, por exemplo, buscar, na pasta músicas,
· Programas todas as canções do gênero Rock. Existem outros, como
· Painel de Controle data, tamanho e tipo. Dependendo do arquivo que você
· Documentos procura, podem existir outras classificações disponíveis.
· Música Imagine que todo arquivo de texto sem seu computa-
· Arquivos dor possui um autor. Se você está buscando por arquivos
de texto, pode ter a opção de filtrar por autores.
Fonte: http://ead.go.gov.br/ficead/mod/book/tool/
print/index.php?id=53&chapterid=56
Central de ações
A central de ações consolida todas as mensagens de
segurança e manutenção do Windows. Elas são classifica-
das em vermelho (importante – deve ser resolvido rapida-
mente) e amarelas (tarefas recomendadas).
O painel também é útil caso você sinta algo de estra-
nho no computador. Basta checar o painel e ver se o Win-
Windows Explorer com a caixa de busca (Jim Boyce; dows detectou algo de errado.
Windows 7 Bible, pg 774).
3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Aplicativos novos
Uma das principais características do mundo Linux é
suas versões virem com muitos aplicativos, assim o usuário
não precisa ficar baixando arquivos após instalar o sistema,
o que não ocorre com as versões Windows.
O Windows 7 começa a mudar essa questão, agora
existe uma serie de aplicativos juntos com o Windows 7,
para que o usuário não precisa baixar programas para ati-
vidades básicas.
Com o Sticky Notes pode-se deixar lembretes no desk-
top e também suportar entrada por caneta e toque.
No Math Input Center, utilizando recursos multitoque,
equações matemáticas escritas na tela são convertidas em Calculadora: 2 novos modos.
texto, para poder adicioná-la em um processador de texto.
5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Atualização
“Atualizar é a forma mais conveniente de ter o Windows
7 em seu computador, pois mantém os arquivos, as configu-
rações e os programas do Windows Vista no lugar” (Site da
Microsoft, http://windows.microsoft.com/pt-
BR/windows7/help/upgrading-from-windows-vista-to-
windows-7).
É o método mais adequado, se o usuário não possui co-
nhecimento ou tempo para fazer uma instalação do método
tradicional. Optando por essa opção, ainda devesse tomar
cuidado com a compatibilidade dos programas, o que fun-
ciona no Vista nem sempre funcionará no 7.
Instalação
Por qualquer motivo que a atualização não possa ser
WordPad remodelado efetuada, a instalação completa se torna a opção mais viável.
Neste caso, é necessário fazer backup de dados que se
Requisitos deseja utilizar, como drivers e documentos de texto, pois to-
Apesar desta nova versão do Windows estar mais leve das as informações no computador serão perdidas. Quan-
em relação ao Vista, ainda é exigido uma configuração de do iniciar o Windows 7, ele vai estar sem os programas que
hardware (peças) relativamente boa, para que seja utilizado você havia instalado e com as configurações padrão.
sem problemas de desempenho.
Esta é a configuração mínima: Desempenho
· Processador de 1 GHz (32-bit)
De nada adiantariam os novos recursos do Windows 7
· Memória (RAM) de 1 GB
se ele mantivesse a fama de lento e paranóico, adquirida
· Placa de Vídeo compatível com DirectX 9.0 e 32 MB de
por seu antecessor. Testes indicam que a nova versão tem
memória (sem Windows Aero)
ganhou alguns pontos na velocidade.
· Espaço requerido de 16GB
O 7 te ajuda automaticamente com o desempenho:
· DVD-ROM
“Seu sistema operacional toma conta do gerenciamento do
· Saída de Áudio
processador e memória para você” (Jim Boyce; Windows 7
Bible, pg 1041, tradução nossa).
Se for desejado rodar o sistema sem problemas de len-
tidão e ainda usufruir de recursos como o Aero, o reco- Além disso, as tarefas recebem prioridades. Apesar de
mendado é a seguinte configuração. não ajudar efetivamente no desempenho, o Windows 7 prio-
Configuração Recomendada: riza o que o usuário está interagindo (tarefas “foreground”).
· Processador de 2 GHz (32 ou 64 bits) Outras, como uma impressão, tem baixa prioridade pois
· Memória (RAM) de 2 GB são naturalmente lentas e podem ser executadas “longe da
· Espaço requerido de disco rígido: 16 GB visão” do usuário, dando a impressão que o computador
· Placa de vídeo com suporte a elementos gráficos Di- não está lento.
rectX 9 com 256 MB de memória (para habilitar o tema do Essa característica permite que o usuário não sinta uma
Windows Aero) lentidão desnecessária no computador.
· Unidade de DVD-R/W Entretanto, não se pode ignorar o fato que, com cada
· Conexão com a Internet (para obter atualizações) vez mais recursos e “efeitos gráficos”, a tendência é que o
sistema operacional se torne um forte consumidor de me-
Atualizar de um SO antigo mória e processamento. O 7 disponibiliza vários recursos de
ponta e mantêm uma performance satisfatória.
O melhor cenário possível para a instalação do Win-
dows 7 é com uma máquina nova, com os requisitos apro- Monitor de desempenho
priados. Entretanto, é possível utilizá-lo num computador Apesar de não ser uma exclusividade do 7, é uma fer-
antigo, desde que atenda as especificações mínimas. ramenta poderosa para verificar como o sistema está se
Se o aparelho em questão possuir o Windows Vista portando. Podem-se adicionar contadores (além do que já
instalado, você terá a opção de atualizar o sistema opera- existe) para colher ainda mais informações e gerar relatórios.
cional. Caso sua máquina utilize Windows XP, você deverá
fazer a re-instalação do sistema operacional. Monitor de recursos
Utilizando uma versão anterior a do XP, muito prova- Com o monitor de recursos, uma série de abas mostra
velmente seu computador não atende aos requisitos míni- informações sobre o uso do processador, da memória, disco
mos. Entretanto, nada impede que você tente fazer a re- e conexão à rede.
instalação.
6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS VERSÕES Para isso foram desenvolvidos aplicativos como o
Domain Join, que ajuda os computadores de uma rede a
Windows 7 Starter “se enxergarem” e conseguirem se comunicar. O Location
Como o próprio título acima sugere, esta versão do Aware Printing, por sua vez, tem como objetivo tornar mui-
Windows é a mais simples e básica de todas. A Barra de to mais fácil o compartilhamento de impressoras.
Tarefas foi completamente redesenhada e não possui su- Como empresas sempre estão procurando maneiras
porte ao famoso Aero Glass. Uma limitação da versão é para se proteger de fraudes, o Windows 7 Professional traz
que o usuário não pode abrir mais do que três aplicativos o Encrypting File System, que dificulta a violação de dados.
ao mesmo tempo. Esta versão também será encontrada em lojas de varejo ou
Esta versão será instalada em computadores novo ape- computadores novos.
nas nos países em desenvolvimento, como Índia, Rússia e
Brasil. Disponível apenas na versão de 32 bits. Windows 7 Enterprise, apenas para vários
Sim, é “apenas para vários” mesmo. Como esta é uma
Windows 7 Home Basic versão mais voltada para empresas de médio e grande por-
Esta é uma versão intermediária entre as edições Star-
te, só poderá ser adquirida com licenciamento para diver-
ter e Home Premium (que será mostrada logo abaixo). Terá
sas máquinas. Acumula todas as funcionalidades citadas na
também a versão de 64 bits e permitirá a execução de mais
edição Professional e possui recursos mais sofisticados de
de três aplicativos ao mesmo tempo.
segurança.
Assim como a anterior, não terá suporte para o Aero Glass
nem para as funcionalidades sensíveis ao toque, fugindo um Dentre esses recursos estão o BitLocker, responsável
pouco da principal novidade do Windows 7. Computadores pela criptografia de dados e o AppLocker, que impede a
novos poderão contar também com a instalação desta edi- execução de programas não-autorizados. Além disso, há
ção, mas sua venda será proibida nos Estados Unidos. ainda o BrachCache, para turbinar transferência de arqui-
vos grandes e também o DirectAccess, que dá uma super
Windows 7 Home Premium ajuda com a configuração de redes corporativas.
Edição que os usuários domésticos podem chamar de
“completa”, a Home Premium acumula todas as funciona- Windows 7 Ultimate, o mais completo e mais caro
lidades das edições citadas anteriormente e soma mais al- Esta será, provavelmente, a versão mais cara de todas,
gumas ao pacote. pois contém todas as funcionalidades já citadas neste ar-
Dentre as funções adicionadas, as principais são o su- tigo e mais algumas. Apesar de sua venda não ser restrita
porte à interface Aero Glass e também aos recursos Touch às empresas, o Microsoft disponibilizará uma quantidade
Windows (tela sensível ao toque) e Aero Background, que limitada desta versão do sistema.
troca seu papel de parede automaticamente no intervalo Isso porque grande parte dos aplicativos e recursos
de tempo determinado. Haverá ainda um aplicativo nativo presentes na Ultimate são dedicados às corporações, não
para auxiliar no gerenciamento de redes wireless, conheci- interessando muito aos usuários comuns.
do como Mobility Center.
Esta edição será colocada à venda em lojas de varejo e Usando a Ajuda e Suporte do Windows
também poderá ser encontrada em computadores novos. A Ajuda e Suporte do Windows é um sistema de ajuda
interno do Windows, no qual você obtém respostas rápidas
Windows 7 Professional, voltado às pequenas empresas a dúvidas comuns, sugestões para solução de problemas e
Mais voltada para as pequenas empresas, a versão instruções sobre diversos itens e tarefas. Caso precise de
Professional do Windows 7 possuirá diversos recursos que ajuda com relação a um programa que não faz parte do
visam facilitar a comunicação entre computadores e até Windows, consulte a Ajuda desse programa (consulte “Ob-
mesmo impressoras de uma rede corporativa. tendo ajuda sobre um programa”, a seguir).
7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para abrir a Ajuda e Suporte do Windows, clique no botão Iniciar e, em seguida, clique em Ajuda e Suporte.
Obter o conteúdo mais recente da Ajuda
Se você estiver conectado à Internet, verifique se o Centro de Ajuda e Suporte do Windows está configurado como Aju-
da Online. A Ajuda Online inclui novos tópicos da Ajuda e as versões mais recentes dos tópicos existentes.
Clique no botão Iniciar e em Ajuda e Suporte.
Na barra de ferramentas Ajuda e Suporte do Windows, clique em Opções e em Configurações.
Em Resultados da pesquisa, marque a caixa de seleção Melhorar os resultados de pesquisa usando a Ajuda online
(recomendado) e clique em OK. Quando você estiver conectado, as palavras Ajuda Online serão exibidas no canto inferior
direito da janela Ajuda e Suporte.
Pesquisar na Ajuda
A maneira mais rápida de obter ajuda é digitar uma ou duas palavras na caixa de pesquisa. Por exemplo, para obter in-
formações sobre rede sem fio, digite rede sem fio e pressione Enter. Será exibida uma lista de resultados, com os mais úteis
na parte superior. Clique em um dos resultados para ler o tópico.
Pesquisar Ajuda
Você pode pesquisar tópicos da Ajuda por assunto. Clique no botão Pesquisar Ajuda e, em seguida, clique em um item na
lista de títulos de assuntos que será exibida. Esses títulos podem conter tópicos da Ajuda ou outros títulos de assuntos. Clique em
um tópico da Ajuda para abri-lo ou clique em outro título para investigar mais a fundo a lista de assuntos.
8
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
MS WORD
O Word faz parte da suíte de aplicativos Office, e é considerado um dos principais produtos da Microsoft sendo a suíte
que domina o mercado de suítes de escritório, mesmo com o crescimento de ferramentas gratuitas como Google Docs e
Open Office.
Interface
ABAS
Os comandos para a edição de nosso texto agora ficam agrupadas dentro destas guias. Dentro destas guias temos
os grupos de ferramentas, por exemplo, na guia Inicio, temos “Fonte”, “Parágrafo”, etc., nestes grupos fica visíveis para os
usuários os principais comandos, para acessar os demais comandos destes grupos de ferramentas, alguns destes grupos
possuem pequenas marcações na sua direita inferior.
9
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O Word possui também guias contextuais quando determinados elementos dentro de seu texto são selecionados, por
exemplo, ao selecionar uma imagem, ele criar na barra de guias, uma guia com a possibilidade de manipulação do elemen-
to selecionado.
10
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Visualização do Documento
11
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Configuração de Documentos
Um dos principais cuidados que se deve ter com seus
documentos é em relação à configuração da página. A
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) possui um
Os cinco primeiros botões são os mesmos que temos manual de regras para documentações, então é comum es-
em miniaturas no rodapé. cutar “o documento tem que estar dentro das normas”, não
• Layout de Impressão: Formato atual de seu docu- vou me atentar a nenhuma das normas especificas, porém
mento é o formato de como seu documento ficará na folha vou ensinar como e onde estão as opções de configuração
impressa. de um documento.
• Leitura em Tela Inteira: Ele oculta as barras de No Word 2010 a ABA que permite configurar sua pági-
seu documento, facilitando a leitura em tela, observe que na é a ABA Layout da Página.
no rodapé do documento à direita, ele possui uma flecha
apontado para a próxima página. Para sair desse modo de
visualização, clique no botão fechar no topo à direita da
tela.
• Layout da Web: Aproxima seu texto de uma visua-
lização na Internet, esse formato existe, pois muitos usuá-
rios postam textos produzidos no Word em sites e blogs
na Internet.
• Estrutura de Tópicos: Permite visualizar seu docu-
mento em tópicos, o formato terá melhor compreensão
quando trabalharmos com marcadores.
• Rascunho: É o formato bruto, permite aplicar di-
versos recursos de produção de texto, porém não visualiza
como impressão nem outro tipo de meio.
O terceiro grupo de ferramentas da Aba exibição per-
mite trabalhar com o Zoom da página. Ao clicar no botão
Zoom o Word apresenta a seguinte janela:
12
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Colunas
13
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Selecionando Textos
Copiar e Colar
O copiar e colar no Word funciona da mesma forma
que qualquer outro programa, pode-se utilizar as teclas de
atalho CTRL+C (copiar), CTRL+X (Recortar) e CTRL+V(Co-
lar), ou o primeiro grupo na ABA Inicio.
14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
matações e padrões deferentes dos editores de texto. Ao • Usar caracteres curinga: Procura somente as pa-
copiar um texto da Internet, se você precisa adequá-lo ao lavras que você especificou com o caractere coringa. Ex.
seu documento, não basta apenas clicar em colar, é ne- Se você digitou *ão o Word vai localizar todas as palavras
cessário clicar na setinha apontando para baixo no botão terminadas em ão.
Colar, escolher Colar Especial. • Semelhantes: Localiza palavras que tem a mesma
sonoridade, mas escrita diferente. Disponível somente para
palavras em inglês.
• Todas as formas de palavra: Localiza todas as for-
mas da palavra, não será permitida se as opções usar carac-
tere coringa e semelhantes estiverem marcadas.
• Formatar: Localiza e Substitui de acordo com o es-
pecificado como formatação.
• Especial: Adiciona caracteres especiais à caixa lo-
calizar. A caixa de seleção usar caracteres curinga.
Formatação de texto
Um dos maiores recursos de uma edição de texto é a
possibilidade de se formatar o texto. No Office 2010 a ABA
responsável pela formatação é a Inicio e os grupo Fonte,
Parágrafo e Estilo.
15
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
16
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Bordas no parágrafo.
Marcadores e Numeração
17
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A opção vários níveis é utilizada quando nosso texto Onde você poderá escolher a Fonte (No caso acon-
tenha níveis de marcação como, por exemplo, contratos e selha-se a utilizar fontes de símbolos como a Winddings,
petições. Os marcadores do tipo Símbolos como o nome já Webdings), e depois o símbolo. Ao clicar em Imagem, você
diz permite adicionar símbolos a frente de seus parágrafos. poderá utilizar uma imagem do Office, e ao clicar no botão
Se precisarmos criar níveis nos marcadores, basta clicar importar, poderá utilizar uma imagem externa.
antes do inicio da primeira palavra do parágrafo e pressio-
nar a tecla TAB no teclado. Bordas e Sombreamento
18
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Podemos começar escolhendo uma definição de borda (caixa, sombra, 3D e outra), ou pode-se especificar cada uma
das bordas na direita onde diz Visualização. Pode-se pelo meio da janela especificar cor e largura da linha da borda. A Guia
Sombreamento permite atribuir um preenchimento de fundo ao texto selecionado. Você pode escolher uma cor base, e
depois aplicar uma textura junto dessa cor.
Cabeçalho e Rodapé
O Word sempre reserva uma parte das margens para o cabeçalho e rodapé. Para acessar as opções de cabeçalho e
rodapé, clique na ABA Inserir, Grupo Cabeçalho e Rodapé.
19
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ao clicar em Cabeçalho o Word disponibiliza algumas opções de caixas para que você possa digitar seu texto. Ao clicar
em Editar Cabeçalho o Word edita a área de cabeçalho e a barra superior passa a ter comandos para alteração do cabeça-
lho.
A área do cabeçalho é exibida em um retângulo pontilhado, o restante do documento fica em segundo plano. Tudo
o que for inserido no cabeçalho será mostrado em todas as páginas, com exceção se você definiu seções diferentes nas
páginas.
Para aplicar números de páginas automaticamente em seu cabeçalho basta clicar em Números de Página, apenas tome
o cuidado de escolher Inicio da Página se optar por Fim da Página ele aplicará o número da página no rodapé. Podemos
também aplicar cabeçalhos e rodapés diferentes a um documento, para isso basta que ambos estejam em seções diferentes
do documento. O cuidado é ao aplicar o cabeçalho ou o rodapé, desmarcar a opção Vincular ao anterior.
O funcionamento para o rodapé é o mesmo para o cabeçalho, apenas deve-se clicar no botão Rodapé.
20
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Data e Hora
O Word Permite que você possa adicionar um campo de Data e Hora em seu texto, dentro da ABA Inserir, no grupo
Texto, temos o botão Data e Hora.
Basta escolher o formato a ser aplicado e clicar em OK. Se precisar que esse campo sempre atualize data, marque a
opção Atualizar automaticamente.
Imagens
O primeiro elemento gráfico que temos é o elemento Imagem. Para inserir uma imagem clique no botão com o mesmo
nome no grupo Ilustrações na ABA Inserir. Na janela que se abre, localize o arquivo de imagem em seu computador.
21
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O primeiro grupo é o Ajustar, dentre as opções temos Brilho e Contraste, que permite clarear ou escurecer a imagem e
adicionar ou remover o contraste. Podemos recolorir a imagem.
Entre as opções de recolorir podemos colocar nossa imagem em tons de cinza, preto e branco, desbotar a imagem e
remover uma cor da imagem. Este recurso permite definir uma imagem com fundo transparente. A opção Compactar Ima-
gens permite deixar sua imagem mais adequada ao editor de textos. Ao clicar nesta opção o Word mostra a seguinte janela:
Pode-se aplicar a compactação a imagem selecionada, ou a todas as imagens do texto. Podemos alterar a resolução
da imagem. A opção Redefinir Imagem retorna a imagem ao seu estado inicial, abandonando todas as alterações feitas.
O próximo grupo chama-se Sombra, como o próprio nome diz, permite adicionar uma sombra a imagem que foi inserida.
22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
23
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Formas
Podemos também adicionar formas ao nosso conteú-
do do texto
Clip Art
24
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
25
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
26
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
SmartArt
27
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
No grupo Layout podemos mudar a disposição de nos- Será solicitado a digitação do texto do WordArt. Digite
so organograma. seu texto e clique em OK. Será mostrada a barra do Wor-
O próximo grupo é o Estilos de SmartArt que permite dArt
mudar as cores e o estilo do organograma.
Tabelas
As tabelas são com certeza um dos elementos mais im-
portantes para colocar dados em seu documento.
Use tabelas para organizar informações e criar formas
de páginas interessantes e disponibilizar seus dados.
Para inserir uma tabela, na ABA Inserir clique no botão
Tabela.
WordArt
28
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Você pode criar facilmente uma tabela mais complexa, por exemplo, que contenha células de diferentes alturas ou um
número variável de colunas por linha semelhante à maneira como você usa uma caneta para desenhar uma tabela.
Ao desenhar a caixa que fará parte da tabela, você pode utilizar o topo
Ferramentas de Tabela.
Através do grupo Opções de Estilo de Tabela é possível definir células de cabeçalho. O grupo Estilos de Tabela permite
aplicar uma formatação a sua tabela e o grupo Desenhar Bordas permite definir o estilo, espessura e cor da linha. O botão
Desenhar Tabela transforma seu cursor em um lápis para desenhar as células de sua tabela, e o botão Borracha apaga as
linhas da tabela.
Você pode observar também que ao estar com alguma célula da tabela com o cursor o Word acrescenta mais uma ABA
ao final, chamada Layout, clique sobre essa ABA.
O primeiro grupo Tabela permite selecionar em sua tabela, apenas uma célula, uma linha, uma coluna ou toda a tabela.
29
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ao clicar na opção Propriedades será aberto uma jane- Ao clicar na Faixa deste grupo ele abre uma janela onde
la com as propriedades da janela. é possível deslocar células, inserir linhas e colunas. O ter-
ceiro grupo é referente à divisão e mesclagem de células.
30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A opção classificar como o próprio nome diz permite classificar os dados de sua tabela.
Ele abre a seguinte janela e coloca sua primeira linha como a linha de cabeçalho, você pode colocar até três colunas
como critérios de classificação.
O botão Converter em Texto permite transformar sua tabela em textos normal. A opção fórmula permite fazer cálculos
na tabela.
ABA Revisão
A ABA revisão é responsável por correção, proteção, comentários etc., de seu documento.
O primeiro grupo Revisão de Texto tem como principal botão o de ortografia e Gramática, clique sobre ele.
31
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O objetivo desta ferramenta e verificar todo o seu do- Para aplicar um estilo ao um texto é simples. Se você
cumento em busca de erros. clicar em seu texto sem selecioná-lo, e clicar sobre um esti-
lo existente, ele aplica o estilo ao parágrafo inteiro, porém
Os de ortografia ele marca em vermelho e os de gra- se algum texto estiver selecionado o estilo será aplicado
mática em verde. É importante lembrar que o fato dele somente ao que foi selecionado.
marcar com cores para verificação na impressão sairá com
as cores normais. Ao encontrar uma palavra considerada
pelo Word como errada você pode:
• Ignorar uma vez: Ignora a palavra somente nessa
parte do texto.
• Ignorar Todas: Ignora a palavra quando ela apare-
cer em qualquer parte do texto.
• Adicionar ao dicionário: Adiciona a palavra ao Observe na imagem acima que foi aplicado o estilo Tí-
dicionário do Word, ou seja, mesmo que ela apareça em tulo2 em ambos os textos, mas no de cima como foi clicado
outro texto ela não será grafada como errada. Esta opção somente no texto, o estilo está aplicado ao parágrafo, na
deve ser utilizada quando palavras que existam, mas que linha de baixo o texto foi selecionado, então a aplicação do
ainda não façam parte do Word. estilo foi somente no que estava selecionado. Ao clicar no
• Alterar: Altera a palavra. Você pode alterá-la por botão Alterar Estilos é possível acessar a diversas defini-
uma palavra que tenha aparecido na caixa de sugestões, ou ções de estilos através da opção Conjunto de Estilos.
se você a corrigiu no quadro superior.
• Alterar Todas: Faz a alteração em todas as palavras
que estejam da mesma forma no texto.
Impressão
Estilos
32
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Índices
Sumário
33
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
MS EXCEL
Interface
A interface do Excel segue o padrão dos aplicativos Of-
fice, com ABAS, Botão Office, controle de Zoom na direita.
Na janela que se abre escolha Atualizar o índice inteiro. O que muda são alguns grupos e botões exclusivos do Ex-
cel e as guias de planilha no rodapé à esquerda:
Guias de Planilha
34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Um arquivo do Excel ao iniciar com três guias de plani- Se precisar selecionar células alternadamente, clique
lha, estas guias permite que se possa em um único arqui- sobre a primeira célula a ser selecionada, pressione CTRL e
vo armazenar mais de uma planilha, inicialmente o Excel vá clicando nas que você quer selecionar.
possui três planilhas, e ao final da Plan3 temos o ícone de
inserir planilha que cria uma nova planilha. Você pode clicar
com o botão direito do mouse em uma planilha existente
para manipular as planilhas.
Movimentação na planilha
Para selecionar uma célula ou torná-la ativa, basta movi-
mentar o retângulo (cursor) de seleção para a posição desejada.
A movimentação poderá ser feita através do mouse ou teclado.
Com o mouse para selecionar uma célula basta dar um
clique em cima dela e observe que a célula na qual você
clicou é mostrada como referência na barra de fórmulas. Entrada de textos e números
Na área de trabalho do Excel podem ser digitados ca-
racteres, números e fórmulas. Ao finalizar a digitação de
seus dados, você pode pressionar a tecla ENTER, ou com
as setas mudar de célula, esse recurso somente não será
válido quando estiver efetuando um cálculo. Caso preci-
se alterar o conteúdo de uma célula sem precisar redigitar
tudo novamente, clique sobre ela e pressione F2, faça sua
alteração e pressione ENTER em seu teclado.
35
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Dê um nome ao seu arquivo, defina o local onde ele Vamos montar uma planilha simples.
deverá ser salvo e clique em Salvar, o formato padrão das
planilhas do Excel 2010 é o xlsx, se precisar salvar em xls
para manter compatibilidade com as versões anteriores é
preciso em tipo definir como Pasta de Trabalho do Excel
97 – 2003.
Para abrir um arquivo existente, clique no botão Office
e depois no botão Abrir, localize seu arquivo e clique sobre
ele e depois em abrir.
Operadores
Operadores são símbolos matemáticos que permitem
fazer cálculos e comparações entre as células. Os operado-
res são:
36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Poderíamos fazer o seguinte cálculo =1*20 que me Para calcular o total você poderia utilizar o seguinte
traria o resultado, porém bastaria alterar o valor da quan- cálculo D4+D5+D6+D7+D8, porém isso não seria nada
tidade ou o V. unitário que eu precisaria fazer novamente pratico em planilhas maiores. Quando tenho sequências
o cálculo. O correto é então é fazer =A4*C4 com isso eu de cálculos o Excel permite a utilização de funções.
multiplico referenciando as células, independente do con- No caso a função a ser utilizada é a função SOMA, a
teúdo dela, ele fará a multiplicação, desde que ali se tenha sua estrutura é =SOMA(CelIni:Celfim), ou seja, inicia-se
um número. com o sinal de igual (=), escreve-se o nome da função,
abrem-se parênteses, clica-se na célula inicial da soma
e arrasta-se até a última célula a ser somada, este intervalo
é representado pelo sinal de dois pontos (:), e fecham-se
os parênteses.
37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Formatação de células
A formatação de células é muito semelhante a que vimos para formatação de fonte no Word, basta apenas que a célula
onde será aplicada a formatação esteja selecionada, se precisar selecionar mais de uma célula, basta selecioná-las.
As opções de formatação de célula estão na ABA Inicio.
Temos o grupo Fonte que permite alterar a fonte a ser utilizada, o tamanho, aplicar negrito, itálico e sublinhado, linhas
de grade, cor de preenchimento e cor de fonte. Ao clicar na faixa do grupo será mostrada a janela de fonte.
A guia mostrada nesta janela é a Fonte nela temos o tipo da letra, estilo, tamanho, sublinhado e cor, observe que exis-
tem menos recursos de formatação do que no Word.
A guia Número permite que se formatem os números de suas células. Ele dividido em categorias e dentro de cada
categoria ele possui exemplos de utilização e algumas personalizações como, por exemplo, na categoria Moeda em que é
possível definir o símbolo a ser usado e o número de casas decimais.
38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
39
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
40
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Através da opção Formatar podemos também definir a largura das linhas e colunas.
Congelar Painéis
Algumas planilhas quando muito longas necessitam que sejam mantidos seus cabeçalho e primeiras linhas, evitando-se
assim a digitação de valores em locais errados. Esse recurso chama-se congelar painéis e está disponível na ABA exibição.
No grupo Janela temos o botão Congelar Painéis, clique na opção congelar primeira linha e mesmo que você role a
tela a primeira linha ficará estática.
41
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
42
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Porém se utilizarmos o conceito aprendido de copiar Pressione ENTER e agora você poderá copiar a sua cé-
a célula E4 para resolver os demais cálculos na célula E5 à lula.
fórmula ficará =D5/D10, porém se observarmos o correto
seria ficar =D5/D9, pois a célula D9 é a célula com o valor
total, ou seja, esta é a célula comum a todos os cálculos a
serem feitos, com isso não posso copiar a fórmula, pelo
menos não como está.
Uma solução seria fazer uma a uma, mas a ideia de
uma planilha é ganhar-se tempo.
A célula D9 então é um valor absoluto, ele não muda é
também chamado de valor constante.
A solução é então travar a célula dentro da formula,
para isso usamos o símbolo do cifrão ($), na célula que fize-
mos o cálculo E4 de clique sobre ela, depois clique na barra
de fórmulas sobre a referência da célula D9.
Pressione em seu teclado a tecla F4. Será então adi- Vamos inicialmente montar a seguinte planilha
cionado o símbolo de cifrão antes da letra D e antes do
número 9. $D$9.
43
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Máximo
44
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
45
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Vamos incrementar um pouco mais nossa planilha, va- Adicione as seguintes linhas abaixo de sua planilha
mos criar uma tabela em separado com a seguinte defini-
ção. Até 18 anos será juvenil, de 18 anos até 30 anos será
considerado profissional e acima dos 30 anos será consi-
derado Master.
46
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para exemplificar monte a seguinte planilha. Após isso coloque o valor em formato Moeda.
47
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O conceito de planilha 3D foi implantado no Excel Retorne a planilha resultado e coloque um valor qual-
na versão 5 do programa, ele é chamado dessa forma quer no campo onde será digitado valor.
pois permite que se façam referências de uma planilha
em outra.
Vamos a um exemplo
48
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O ideal nesta planilha é que a única célula onde o usuário possa manipular seja a célula onde será digitado valor em
real para a conversão, então vamos bloquear a planilha deixando essa célula desprotegia.
Clique na célula onde será digitado o valor em real depois na ABA Inicio no grupo Fonte clique na faixa e na janela que
se abre clique na guia Proteção.
Desmarque a opção Bloqueadas, isso é necessário, pois esta célula é a única que poderá receber dados.
Clique agora na ABA Revisão e no grupo Alterações clique no botão Proteger Planilha.
49
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Se precisar alterar alguma célula protegida basta clicar no botão Desproteger Planilha no grupo Alterações.
Inserção de Objetos
A inserção de objetos no Excel é muito semelhante ao que aprendemos no Word, as opções de inserção de objetos
estão na ABA Inserir.
Podemos inserir Imagens, clip-arts, formas, SmartArt, caixas de texto, WordArt, objetos, símbolos, etc.
Como a maioria dos elementos já sabemos como implementar vamos focar em Gráficos.
Gráficos
A utilização de um gráfico em uma planilha além de deixá-la com uma aparência melhor também facilita na hora de
mostrar resultados. As opções de gráficos, esta no grupo Gráficos na ABA Inserir do Excel
50
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para criar um gráfico é importante decidir quais dados serão avaliados para o gráfico. Vamos utilizar a planilha Atletas
para criarmos nosso gráfico, vamos criar um gráfico que mostre os atletas x peso.
Selecione a coluna com o nome dos atletas, pressione CTRL e selecione os valores do peso.
Ao clicar em um dos modelos de gráfico no grupo Gráficos você poderá selecionar um tipo de gráfico disponível, no
exemplo cliquei no estilo de gráfico de colunas.
51
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para mover o gráfico para qualquer parte de sua planilha basta clicar em uma área em branco de o gráfico manter o
mouse pressionado e arrastar para outra parte.
Na parte superior do Excel é mostrada a ABA Design (Acima dela Ferramentas de Gráfico).
Se você quiser mudar o estilo de seu gráfico, você pode clicar no botão Alterar Tipo de Gráfico.
Para alterar a exibição entre linhas e colunas, basta clicar no botão Alterar Linha/Coluna.
52
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ainda em Layout do Gráfico podemos modificar a dis- Podemos também deixar nosso gráfico isolado em
tribuição dos elementos do Gráfico. uma nova planilha, basta clicar no botão Mover Gráfico.
Classificação
53
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Você precisa definir quais serão os critérios de sua classificação, onde diz
Classificar por clique e escolha nome, depois clique no botão Adicionar Nível e coloque Modalidade.
54
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Antes de clicar em OK, verifique se está marcada a opção Meus dados contêm cabeçalhos, pois selecionamos a linha
de títulos em nossa planilha e clique em OK.
Você pode mudar a ordem de classificação sempre que for necessário, basta clicar no botão de Classificar.
Auto Filtro
Este é um recurso que permite listar somente os dados que você precisa visualizar no momento em sua planilha. Com
seus dados selecionados clique no botão Filtro e observe que será adicionado junto a cada célula do cabeçalho da planilha
uma seta.
Estas setas permite visualizar somente os dados que te interessam na planilha, por exemplo caso eu precise da relação
de atletas do sexo feminino, basta eu clicar na seta do cabeçalho sexo e marcar somente Feminino, que os demais dados
da planilha ficarão ocultos.
55
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Posso ainda refinar mais a minha filtragem, caso precise saber dentro do sexo feminino quantos atletas estão na cate-
goria Profissional, eu faço um novo filtro na coluna Categoria.
Observe que as colunas que estão com filtro possuem um ícone em forma de funil no lugar da seta.
Para remover os filtros, basta clicar nos cabeçalhos com filtro e escolher a opção selecionar tudo.
Você também pode personalizar seus filtros através da opção Filtros de Texto e Filtro de número (quando conteúdo da
célula for um número).
56
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Subtotais Impressão
Podemos agrupar nossos dados através de seus valo- O processo de impressão no Excel é muito parecido
res, vamos inicialmente classificar nossa planilha pelo sexo com o que fizemos no Word.
dos atletas relacionado com a idade. Clique no botão Office e depois em Imprimir e escolha
Visualizar Impressão.
57
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Marque a opção Paisagem e clique em OK. CTRL + Sinal de adição (+): quando você precisar inse-
rir células, linhas ou colunas no meio dos dados, ao invés
de clicar com o mouse no número da linha ou na letra da
coluna, basta pressionar esse comando.
*Utilize o sinal de adição do teclado numérico ou a
combinação CTRL + SHIFT + Sinal de adição que fica à es-
querda da tecla backspace, pois ela tem o mesmo efeito.
CTRL + Sinal de subtração (-): para excluir células, li-
nhas ou colunas inteiras, pressione essas teclas. Esse co-
mando funciona tanto no teclado normal quanto no tecla-
do numérico.
CTRL + D: você pode precisar que todas as células de
determinada coluna tenham o mesmo valor. Apertando
CTRL + D, você fará com que a célula ativa seja preenchi-
da com o mesmo valor da célula que está acima dela. Por
Teclas de atalho do Excel exemplo: você digitou o número 5432 na célula A1 e quer
que ele se repita até a linha 30. Selecione da célula A1 até
CTRL + !: quando se está trabalhando com planilhas a A30 e pressione o comando. Veja que todas as células
grandes, quando os dados precisam ser apresentados a um serão preenchidas com o valor 5432.
gerente, ou mesmo só para facilitar sua vida, a melhor ma- CTRL + R: funciona da mesma forma que o comando
neira de destacar certas informações é formatar a célula, de acima, mas para preenchimento de colunas. Exemplo: sele-
modo que a fonte, a cor do texto, as bordas e várias outras cione da célula A1 até a E1 e pressione CTRL + R. Todas as
configurações de formatação. Mas ter que usar o mouse células selecionadas terão o mesmo valor da A1.
para encontrar as opções de formatação faz você perder CTRL + ALT + V: você já deve ter cometido o erro de co-
muito tempo. Portanto, pressionando CTRL + !, você fará piar uma célula e colar em outro local, acabando com a for-
com que a janela de opções de formatação da célula seja matação que tinha definido anteriormente, pois as células
exibida. Lembre-se que você pode selecionar várias células de origem eram azuis e as de destino eram verdes. Ou seja,
para aplicar a formatação de uma só vez. você agora tem células azuis onde tudo deveria ser verde.
CTRL + (: muitas vezes você precisa visualizar dados Para que isso não aconteça, você pode utilizar o comando
que não estão próximos uns dos outros. Para isso o Excel “colar valores”, que fará com que somente os valores das
fornece a opção de ocultar células e colunas. Pressionan- células copiadas apareçam, sem qualquer formatação. Para
do CTRL + (, você fará com que as linhas correspondentes não precisar usar o mouse, copie as células desejadas e na
à seleção sejam ocultadas. Se houver somente uma célula hora de colar utilize as teclas CTRL + ALT + V.
ativa, só será ocultada a linha correspondente. Por exem- CTRL + PAGE DOWN: não há como ser rápido utilizan-
plo: se você selecionar células que estão nas linhas 1, 2, 3 do o mouse para alternar entre as planilhas de um mesmo
e 4 e pressionar as teclas mencionadas, essas quatro linhas arquivo. Utilize esse comando para mudar para a próxima
serão ocultadas. planilha da sua pasta de trabalho.
Para reexibir aquilo que você ocultou, selecione uma CTRL + PAGE UP: similar ao comando anterior. Porém,
célula da linha anterior e uma da próxima, depois utilize executando-o você muda para a planilha anterior.
as teclas CTRL + SHIFT + (. Por exemplo: se você ocultou a *É possível selecionar as planilhas que estão antes ou
linha 14 e precisa reexibi-la, selecione uma célula da linha depois da atual, pressionando também o SHIFT nos dois
13, uma da linha 15 e pressione as teclas de atalho. comando acima.
CTRL + ): esse atalho funciona exatamente como o
anterior, porém, ele não oculta linhas, mas sim COLUNAS. Teclas de função
Para reexibir as colunas que você ocultou, utilize as teclas Poucas pessoas conhecem todo o potencial das teclas
CTRL + SHIFT + ). Por exemplo: você ocultou a coluna C e que ficam na mesma linha do “Esc”. Assim como o CTRL,
quer reexibi-la. Selecione uma célula da coluna B e uma da as teclas de função podem ser utilizadas em combinação
célula D, depois pressione as teclas mencionadas. com outras, para produzir comandos diferentes do padrão
CTRL + SHIFT + $: quando estiver trabalhando com va- atribuído a elas. Veja alguns deles abaixo.
lores monetários, você pode aplicar o formato de moeda F2: se você cometer algum erro enquanto está inse-
utilizando esse atalho. Ele coloca o símbolo R$ no número rindo fórmulas em uma célula, pressione o F2 para poder
e duas casas decimais. Valores negativos são colocados en- mover o cursor do teclado dentro da célula, usando as se-
tre parênteses. tas para a direita e esquerda. Caso você pressione uma da
CTRL + SHIFT + Asterisco (*): esse comando é extre- setas sem usar o F2, o cursor será movido para outra célula.
mamente útil quando você precisa selecionar os dados ALT + SHIFT + F1: inserir novas planilhas dentro de um
que estão envolta da célula atualmente ativa. Caso existam arquivo do Excel também exige vários cliques com o mou-
células vazias no meio dos dados, elas também serão se- se, mas você pode usar o comando ALT + SHIFT + F1 para
lecionadas. Veja na imagem abaixo um exemplo. A célula ganhar algum tempo. As teclas SHIFT + F11 produzem o
selecionada era a D6. mesmo efeito.
58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
F8: use essa tecla para ligar ou desligar o modo de se- Etapa 1: Abrir o PowerPoint
leção estendida. Esse pode ser usado da mesma forma que Quando você inicia o PowerPoint, ele é aberto no modo
o SHIFT. Porém, ele só será desativado quando for pres- de exibição chamado Normal, onde você cria e trabalha em
sionado novamente, diferente do SHIFT, que precisa ser slides.
mantido pressionado para que você possa selecionar várias
células da planilha.
59
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
1. Aponte para a borda superior do painel Anota- Principais recursos da Faixa de Opções
ções.
2. Quando o ponteiro se transformar em uma , ar-
raste a borda para cima a fim de criar mais espaço para as
anotações do apresentador, como mostrado na ilustração
a seguir.
60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A guia Arquivo
A guia Arquivo é o local onde é possível criar um novo arquivo, abrir ou salvar um existente e imprimir sua apresenta-
ção.
1 Salvar como
2 Abrir
3 Novo
4 Imprimir
A guia Página Inicial é o local onde é possível inserir novos slides, agrupar objetos e formatar texto no slide.
1 Se você clicar na seta ao lado de Novo Slide, poderá escolher entre vários layouts de slide.
2 O grupo Fonte inclui os botões Fonte, Negrito, Itálico e Tamanho da Fonte.
3 O grupo Parágrafo inclui Alinhar Texto à Direita, Alinhar Texto à Esquerda, Justificar e Centralizar.
4 Para localizar o comando Agrupar, clique em Organizar e, em Agrupar Objetos, selecione Agrupar.
Guia Inserir
A guia Inserir é o local onde é possível inserir tabelas, formas, gráficos, cabeçalhos ou rodapés em sua apresentação.
1 Tabela
2 Formas
3 Gráfico
4 Cabeçalho e Rodapé
61
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Guia Design
A guia Design é o local onde é possível personalizar o plano de fundo, o design e as cores do tema ou a configuração
de página na apresentação.
1 Clique em Configurar Página para iniciar a caixa de diálogo Configurar Página.
2 No grupo Temas, clique em um tema para aplicá-lo à sua apresentação.
3 Clique em Estilos de Plano de Fundo para selecionar uma cor e design de plano de fundo para sua apresentação.
Guia Transições
A guia Transições é o local onde é possível aplicar, alterar ou remover transições no slide atual.
1 No grupo Transições para este Slide, clique em uma transição para aplicá-la ao slide atual.
2 Na lista Som, você pode selecionar entre vários sons que serão executados durante a transição.
3 Em Avançar Slide, você pode selecionar Ao Clicar com o Mouse para fazer com que a transição ocorra ao clicar.
Guia Animações
A guia Animações é o local onde é possível aplicar, alterar ou remover animações em objetos do slide.
1 Clique em Adicionar Animação e selecione uma animação que será aplicada ao objeto selecionado.
2 Clique em Painel de Animação para iniciar o painel de tarefas Painel de Animação.
3 O grupo Intervalo inclui áreas para definir o Página Inicial e a Duração.
A guia Apresentação de Slides é o local onde é possível iniciar uma apresentação de slides, personalizar as configura-
ções da apresentação de slides e ocultar slides individuais.
1 O grupo Iniciar Apresentação de Slides, que inclui Do Começo e Do Slide Atual.
2 Clique em Configurar Apresentação de Slides para iniciar a caixa de diálogo Configurar Apresentação.
3 Ocultar Slide
Guia Revisão
62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A guia Revisão é o local onde é possível verificar a ortografia, alterar o idioma da apresentação ou comparar alterações
na apresentação atual com outra.
1 Ortografia, para iniciar o verificador ortográfico.
2 O grupo Idioma, que inclui Editando Idiomas, onde é possível selecionar o idioma.
3 Comparar, onde é possível comparar as alterações na apresentação atual com outra.
Guia Exibir
A guia Exibir é o local onde é possível exibir o slide mestre, as anotações mestras, a classificação de slides. Você também
pode ativar ou desativar a régua, as linhas de grade e as guias de desenho.
1 Classificação de Slides
2 Slide Mestre
3 O grupo Mostrar, que inclui Régua e Linhas de Grade.
Observação- Você também pode pesquisar modelos no Office.com de dentro do PowerPoint. Na caixa Pesquisar mo-
delos no Office.com, digite um ou mais termos de pesquisa e clique no botão de seta para pesquisar.
63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Criar uma apresentação • Para que uma apresentação só possa ser aberta
1. Clique na guia Arquivo e clique em Novo. no PowerPoint 2010 ou no PowerPoint 2007, na lista Salvar
2. Siga um destes procedimentos: como tipo, selecione Apresentação do PowerPoint (*.pptx).
• Clique em Apresentação em Branco e em Criar. • Para uma apresentação que possa ser aberta no
• Aplique um modelo ou tema, seja interno forneci- PowerPoint 2010 ou em versões anteriores do PowerPoint,
do com o PowerPoint 2010 ou baixado do Office.com. selecione Apresentação do PowerPoint 97-2003 (*.ppt).
3. No painel esquerdo da caixa de diálogo Salvar
Abrir uma apresentação como, clique na pasta ou em outro local onde você queira
1. Clique na guia Arquivo e em Abrir. salvar sua apresentação.
2. No painel esquerdo da caixa de diálogo Abrir, cli- 4. Na caixa Nome de arquivo, digite um nome para a
que na unidade ou pasta que contém a apresentação de- apresentação ou aceite o nome padrão e clique em Salvar.
sejada. De agora em diante, você pode pressionar CTRL+S ou
3. No painel direito da caixa de diálogo Abrir, abra a pode clicar em Salvar, próximo à parte superior da tela, para
pasta que contém a apresentação.
salvar rapidamente a apresentação, a qualquer momento.
4. Clique na apresentação e clique em Abrir.
Observação: Para salvar a apresentação em um forma-
Observação Por padrão, o PowerPoint 2010 mostra
to diferente de .pptx, clique na lista Salvar como tipo e se-
somente apresentações do PowerPoint na caixa de diálogo
lecione o formato de arquivo desejado.
Abrir. Para exibir outros tipos de arquivos, clique em Todas
as Apresentações do PowerPoint e selecione o tipo de ar- O Microsoft PowerPoint 2010 oferece uma série de ti-
quivo que deseja exibir. pos de arquivo que você pode usar para salvar; por exem-
plo, JPEGs (.jpg), arquivos Portable Document Format (.pdf),
páginas da Web (.html), Apresentação OpenDocument
(.odp), inclusive como vídeo ou filme etc.
Também é possível abrir vários formatos de arquivo
diferentes com o PowerPoint 2010, como Apresentações
OpenDocument, páginas da Web e outros tipos de arqui-
vos.
64
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
65
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Excluir um slide
No modo de exibição Normal, no painel que contém as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides, clique com o botão
direito do mouse no slide que deseja excluir e clique em Excluir Slide.
2. Clique na forma desejada, clique em qualquer parte do slide e arraste para colocar a forma.
Para criar um quadrado ou círculo perfeito (ou restringir as dimensões de outras formas), pressione e mantenha a tecla
SHIFT pressionada ao arrastar.
Na guia Apresentação de Slides, no grupo Iniciar Apresentação de Slides, clique em Do Começo (ou pressione F5).
Para exibir a apresentação no modo de exibição Apresentação de Slides a partir do slide atual, siga este procedimen-
to(ou pressione Shift+F5):
Na guia Apresentação de Slides, no grupo Iniciar Apresentação de Slides, clique em Do Slide Atual.
66
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Observação Use vírgulas para separar os números, sem espaços. Por exemplo: 1,3,5-12.
3. Em Outras Configurações, clique na lista Cor e selecione a configuração desejada.
4. Ao concluir as seleções, clique em Imprimir.
O folheto com três slides por página possui espaços entre as linhas para anotações.
Você pode selecionar um layout para os folhetos em visualização de impressão (um modo de exibição de um documen-
to da maneira como ele aparecerá ao ser impresso).
Imprimir folhetos:
1. Abrir a apresentação em que deseja imprimir os folhetos.
2. Clicar na aba Arquivo, clicar na seleção de layout de slides para impressão na seção ‘Configurações’ e escolher o
modo de impressão(aqui também podemos selecionar os modos ‘Anotações’ e ‘Estrutura de tópicos’)
67
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Formatar texto
Para alterar um texto, é necessário primeiro selecioná
-lo. Para selecionar um texto ou palavra, basta clicar com
o boto esquerdo sobre o ponto em que se deseja iniciar
a seleção e manter o botão pressionado, arrastar o mouse
até o ponto desejado e soltar o botão esquerdo.
68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
4 – Itálico
Aplica Itálico ao texto selecionado. Também pode ser
acionado através do comando Ctrl+I.
5 – Sublinhado
Sublinha o texto selecionado. Também pode ser acio-
nado através do comando Ctrl+S.
6 – Tachado
Desenha uma linha no meio do texto selecionado.
7 – Sombra de Texto
Adiciona uma sombra atrás do texto selecionado para
destacá-lo no slide.
8 – Espaçamento entre Caracteres
Ajusta o espaçamento entre caracteres.
9 – Maiúsculas e Minúsculas
Altera todo o texto selecionado para MAIÚSCULAS, 5. Clicar em Inserir e em seguida Fechar.
minúsculas, ou outros usos comuns de maiúsculas/minús-
culas. Marcadores e numeração
10 – Cor da Fonte Com a guia Início acionada, clicar no botão , para
Altera a cor da fonte. criar parágrafos com marcadores. Para escolher o tipo de
11 – Alinhar Texto à Esquerda marcador clicar na seta.
Alinha o texto à esquerda. Também pode ser acionado
através do comando Ctrl+Q.
12 – Centralizar
Centraliza o texto. Também pode ser acionado através
do comando Ctrl+E.
13 – Alinhar Texto à Direita
Alinha o texto à direita. Também pode ser acionado
através do comando Ctrl+G.
14 – Justificar
Alinha o texto às margens esquerda e direita, adicio-
nando espaço extra entre as palavras conforme o neces-
sário, promovendo uma aparência organizada nas laterais
esquerda e direita da página.
15 – Colunas
Divide o texto em duas ou mais colunas.
Limpar formatação
Para limpar toda a formatação de um texto basta se-
lecioná-lo e clicar no botão , localizado na guia Início. Com a guia Início acionada, clicar no botão , para ini-
ciar uma lista numerada. Para escolher diferentes formatos
Inserir símbolos especiais de numeração clicar na seta.
Além dos caracteres que aparecem no teclado, é pos-
sível inserir no slide vários caracteres e símbolos especiais.
1. Posicionar o cursor no local que se deseja inserir o
símbolo.
2. Acionar a guia Inserir.
69
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
70
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
As configurações de Ação do objeto estarão disponí- 4. Para alterar a ordem em que os slides são exibidos,
veis somente se a sua apresentação contiver um objeto OLE em Slides na apresentação personalizada, clicar em um sli-
(uma tecnologia de integração de programa que pode ser de e, em seguida, clicar em uma das setas para mover o
usada para compartilhamento de informações entre pro- slide para cima ou para baixo na lista.
gramas. Todos os programas do Office oferecem suporte 5. Digitar um nome na caixa Nome da apresentação de
para OLE; por isso, você pode compartilhar informações slides e clicar em OK. Para criar apresentações personaliza-
por meio de objetos vinculados e incorporados). das adicionais com quaisquer slides da sua apresentação,
• Para tocar um som, marcar a caixa de seleção Tocar repetir as etapas de 1 a 5.
som e selecionar o som desejado. Para visualizar uma apresentação personalizada, clicar
no nome da apresentação na caixa de diálogo Apresenta-
Criar apresentação personalizada ções Personalizadas e, em seguida, clicar em Mostrar.
Existem dois tipos de apresentações personalizadas: 2 – Apresentação Personalizada com Hiperlink
básica e com hiperlinks. Utilizar uma apresentação personalizada com hiper-
Uma apresentação personalizada básica é uma apre- links para organizar o conteúdo de uma apresentação. Por
sentação separada ou uma apresentação que inclui alguns exemplo, se você cria uma apresentação personalizada
slides originais. principal sobre a nova organização geral da sua empresa,
Uma apresentação personalizada com hiperlinks é uma é possível criar uma apresentação personalizada para cada
forma rápida de navegar para uma ou mais apresentações departamento da sua organização e vinculá-los a essas exi-
separadas. bições da apresentação principal.
1 – Apresentação Personalizada Básica
Utilizar uma apresentação personalizada básica para
fornecer apresentações separadas para diferentes grupos
da sua organização. Por exemplo, se sua apresentação
contém um total de cinco slides, é possível criar uma apre-
sentação personalizada chamada “Site 1” que inclui apenas
os slides 1, 3 e 5. É possível criar uma segunda apresenta-
ção personalizada chamada “Site 2” que inclui os slides 1, 2,
4 e 5. Quando você criar uma apresentação personalizada
a partir de outra apresentação, é possível executá-la, na ín-
1. Na guia Apresentações, no grupo Iniciar Apresen-
tegra, em sua sequência original.
tação de Slides, clicar na seta ao lado de Apresentação de
Slides Personalizada e, em seguida, clicar em Apresenta-
ções Personalizadas.
2. Na caixa de diálogo Apresentações Personalizadas,
clicar em Novo.
3. Em Slides na apresentação, clicar nos slides que
você deseja incluir na apresentação personalizada principal
e, em seguida, clicar em Adicionar.
Para selecionar diversos slides sequenciais, clicar no
primeiro slide e, em seguida, manter pressionada a tecla
SHIFT enquanto clica no último slide que deseja selecio-
nar. Para selecionar diversos slides não sequenciais, manter
pressionada a tecla CTRL enquanto clica em cada slide que
queira selecionar.
4. Para alterar a ordem em que os slides são exibidos,
1. Na guia Apresentações de Slides, no grupo Iniciar em Slides na apresentação personalizada, clicar em um sli-
Apresentação de Slides, clicar na seta ao lado de Apre- de e, em seguida, clicar em uma das setas para mover o
sentação de Slides Personalizada e, em seguida, clicar em slide para cima ou para baixo na lista.
Apresentações Personalizadas. 5. Digitar um nome na caixa Nome da apresentação de
2. Na caixa de diálogo Apresentações Personalizadas, slides e clicar em OK. Para criar apresentações personaliza-
clicar em Novo. das adicionais com quaisquer slides da sua apresentação,
3. Em Slides na apresentação, clicar nos slides que repetir as etapas de 1 a 5.
você deseja incluir na apresentação personalizada e, em 6. Para criar um hiperlink da apresentação principal
seguida, clicar em Adicionar. para uma apresentação de suporte, selecionar o texto ou
Para selecionar diversos slides sequenciais, clicar no objeto que você deseja para representar o hiperlink.
primeiro slide e, em seguida, manter pressionada a tecla 7. Na guia Inserir, no grupo Vínculos, clicar na seta
SHIFT enquanto clica no último slide que deseja selecio- abaixo de Hiperlink.
nar. Para selecionar diversos slides não sequenciais, manter 8. Em Vincular para, clicar em Colocar Neste Docu-
pressionada a tecla CTRL enquanto clica em cada slide que mento.
queira selecionar. 9. Seguir um destes procedimentos:
71
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Para se vincular a uma apresentação personalizada, 3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este
na lista Selecionar um local neste documento, selecionar a Slide, clicar no efeito de transição de slides que você deseja
apresentação personalizada para a qual deseja ir e marcar para esse slide.
a caixa de seleção Mostrar e retornar. 4. Para consultar mais efeitos de transição, na lista Es-
• Para se vincular a um local na apresentação atual, na tilos Rápidos, clicar no botão Mais.
lista Selecione um local neste documento, selecionar o sli- 5. Para definir a velocidade de transição de slides, no
de para o qual você deseja ir. grupo Transição para Este Slide, clicar na seta ao lado de
Para visualizar uma apresentação personalizada, clicar Velocidade da Transição e, em seguida, selecionar a veloci-
no nome da apresentação na caixa de diálogo Apresenta- dade desejada.
ções Personalizadas e, em seguida, clicar em Mostrar. 6. Para adicionar uma transição de slides diferente a
outro slide em sua apresentação, repetir as etapas 2 a 4.
Transição de slides • Adicionar som a transições de slides
As transições de slide são os efeitos semelhantes à ani- 1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides,
mação que ocorrem no modo de exibição Apresentação clicar na guia Slides.
de Slides quando você move de um slide para o próximo. 2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide.
É possível controlar a velocidade de cada efeito de 3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este
transição de slides e também adicionar som. Slide, clicar na seta ao lado de Som de Transição e, em se-
O Microsoft Office PowerPoint 2010 inclui vários tipos guida, seguir um destes procedimentos:
diferentes de transições de slides, incluindo (mas não se • Para adicionar um som a partir da lista, selecionar o
limitando) as seguintes: som desejado.
• Para adicionar um som não encontrado na lista, se-
lecionar Outro Som, localizar o arquivo de som que você
deseja adicionar e, em seguida, clicar em OK.
4. Para adicionar som a uma transição de slides dife-
rente, repetir as etapas 2 e 3.
72
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
É possível executar sua apresentação do Microsoft Of- 1. Miniaturas dos slides que você pode clicar para
fice PowerPoint 2010 de um monitor (por exemplo, em um pular um slide ou retornar para um slide já apresentado.
pódio) enquanto o público a vê em um segundo monitor. 2. O slide que você está exibindo no momento para
Usando dois monitores, é possível executar outros pro- o público.
gramas que não são vistos pelo público e acessar o modo
3. O botão Finalizar Apresentação, que você pode
de exibição Apresentador. Este modo de exibição oferece
clicar a qualquer momento para finalizar a sua apresenta-
as seguintes ferramentas para facilitar a apresentação de
ção.
informação:
o É possível utilizar miniaturas para selecionar os slides 4. O botão Escurecer, que você pode clicar para es-
de uma sequência e criar uma apresentação personalizada curecer a tela do público temporariamente e, em seguida,
para o seu público. clicar de novo para exibir o slide atual.
o A visualização de texto mostra aquilo que o seu pró- 5. Avançar para cima, que indica o slide que o seu
ximo clique adicionará à tela, como um slide novo ou o público verá em seguida.
próximo marcador de uma lista. 6. Botões que você pode selecionar para mover para
o As anotações do orador são mostradas em letras frente ou para trás na sua apresentação.
grandes e claras, para que você possa utilizá-las como um 7. O Número do slide (por exemplo, Slide 7 de 12)
script para a sua apresentação. 8. O tempo decorrido, em horas e minutos, desde o
o É possível escurecer a tela durante sua apresenta- início da sua apresentação.
ção e, depois, prosseguir do ponto em que você parou. 9. As anotações do orador, que você pode usar como
Por exemplo, talvez você não queira exibir o conteúdo do um script para a sua apresentação.
slide durante um intervalo ou uma seção de perguntas e Requisitos para o uso do modo de exibição Apresen-
respostas. tador:
73
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
74
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
75
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
76
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
77
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Clique em Repetir ou marque a caixa de seleção Confi- 3. Em Perfis, clique em Mostrar Perfis.
gurar servidor manualmente. 4. Clique em Adicionar.
Depois que a conta for adicionada com êxito, você 5. Na caixa de diálogo Novo Perfil, digite um nome
poderá adicionar mais contas clicando em Adicionar outra para o perfil e, em seguida, clique em OK.
conta. Trata-se do nome que você vê ao iniciar o Outlook caso
configure o Outlook para solicitar o perfil a ser usado.
6. Clique em Contas de Email.
78
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Observação: Você tem a opção de salvar sua senha A configuração manual de contas do Microsoft Exchan-
digitando-a na caixa Senha e marcando a caixa de seleção ge não pode ser feita enquanto o Outlook estiver em exe-
Lembrar senha. Se você escolheu essa opção, não precisará cução. Para adicionar uma conta do Microsoft Exchange,
digitar a senha sempre que acessar a conta. No entanto, siga as etapas de Adicionar a um perfil existente ou Adi-
isso também torna a conta vulnerável a qualquer pessoa cionar a um novo perfil e siga um destes procedimentos:
que tenha acesso ao seu computador. 1. Clique em Definir manualmente as configurações
Opcionalmente, você poderá denominar sua conta de do servidor ou tipos de servidor adicionais e em Avançar.
email como ela aparece no Outlook. Isso será útil caso você 2. Clique em Microsoft Exchange e, em seguida, cli-
esteja usando mais de uma conta de email. Clique em Mais que em Avançar.
Configurações. Na guia Geral, em Conta de Email, digite 3. Digite o nome atribuído pelo administrador de
um nome que ajudará a identificar a conta, por exemplo, email para o servidor executando o Exchange.
Meu Email de Provedor de Serviços de Internet Residencial. 4. Para usar as Configurações do Modo Cache do Ex-
A sua conta de email pode exigir uma ou mais das con- change, marque a caixa de seleção Usar o Modo Cache do
figurações adicionais a seguir. Entre em contato com o seu Exchange.
ISP se tiver dúvidas sobre quais configurações usar para 5. Na caixa Nome de Usuário, digite o nome do
sua conta de email. usuário atribuído ao administrador de email. Ele não costu-
• Autenticação de SMTP Clique em Mais Confi- ma ser seu nome completo.
gurações. Na guia Saída, marque a caixa de seleção Meu 6. Opcionalmente, siga um destes procedimentos:
servidor de saída de emails requer autenticação, caso isso • Clique em Mais Configurações. Na guia Geral em
seja exigido pela conta. Conta de Email, digite o nome que ajudará a identificar a
• Criptografia de POP3 Para contas POP3, clique conta, por exemplo, Meu Email de Trabalho.
em Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números • Clique em Mais Configurações. Em qualquer uma
das portas do servidor, em Servidor de entrada (POP3), das guias, configure as opções desejadas.
marque a caixa de seleção O servidor requer uma conexão • Clique em Verificar Nomes para confirmar se o
criptografada (SSL), caso o provedor de serviços de Inter- servidor reconhece o seu nome e se o computador está
net instrua você a usar essa configuração. conectado com a rede. Os nomes de conta e de servidor
• Criptografia de IMAP Para contas IMAP, clique especificados nas etapas 3 e 5 devem se tornar sublinha-
em Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números dos. Se isso não acontecer, entre em contato com o admi-
das portas do servidor, em Servidor de entrada (IMAP), nistrador do Exchange.
7. Se você clicou em Mais Configurações e abriu a
para a opção Usar o seguinte tipo de conexão criptogra-
caixa de diálogo Microsoft Exchange Server, clique em OK.
fada, clique em Nenhuma, SSL, TLS ou Automática, caso o
8. Clique em Avançar.
provedor de serviços de Internet instrua você a usar uma
9. Clique em Concluir.
dessas configurações.
• Criptografia de SMTP Clique em Mais Configu-
Remover uma conta de email
rações. Na guia Avançada, em Números das portas do ser-
1. Clique na guia Arquivo.
vidor, em Servidor de saída (SMTP), para a opção Usar o
2. Em Informações da Conta, clique em Configura-
seguinte tipo de conexão criptografada, clique em Nenhu-
ções de Conta e depois em Configurações de Conta.
ma, SSL, TLS ou Automática, caso o provedor de serviços
de internet instrua você a usar uma dessas configurações.
Opcionalmente, clique em Testar Configurações da
Conta para verificar se a conta está funcionando. Se houver
informações ausentes ou incorretas, como a senha, será so-
licitado que sejam fornecidas ou corrigidas. Verifique se o
computador está conectado com a Internet.
Clique em Avançar.
Clique em Concluir.
79
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Responder ou encaminhar uma mensagem de email Adicionar um anexo a uma mensagem de email
Quando você responde a uma mensagem de email, o Arquivos podem ser anexados a uma mensagem de
remetente da mensagem original é automaticamente adi- email. Além disso, outros itens do Outlook, como men-
cionado à caixa Para. De modo semelhante, quando você sagens, contatos ou tarefas, podem ser incluídos com as
usa Responder a Todos, uma mensagem é criada e endere- mensagens enviadas.
çada ao remetente e a todos os destinatários adicionais da 1. Crie uma mensagem ou, para uma mensagem
mensagem original. Seja qual for sua escolha, você poderá existente, clique em Responder, Responder a Todos ou En-
alterar os destinatários nas caixas Para, Cc e Cco. caminhar.
2. Na janela da mensagem, na guia Mensagem, no
Ao encaminhar uma mensagem, as caixas Para, Cc e grupo Incluir, clique em Anexar Arquivo.
Cco ficam vazias e é preciso fornecer pelo menos um des-
tinatário.
80
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Salvar um anexo
Após abrir e exibir um anexo, você pode preferir salvá
-lo em uma unidade de disco. Se a mensagem tiver mais de
um anexo, você poderá salvar os vários anexos como um
grupo ou um de cada vez.
Salvar um único anexo de mensagem
Execute um dos seguintes procedimentos:
• Se a mensagem estiver no formato HTML ou de
Abrir e salvar anexos texto sem formatação Clique no anexo, no Painel de
Anexos são arquivos ou itens que podem ser incluídos Leitura, ou abra a mensagem. Na guia Anexos, no grupo
em uma mensagem de email. As mensagens com anexos Ações, clique em Salvar como. É possível clicar com o botão
são identificadas por um ícone de clipe de papel na lis- direito do mouse no anexo e então clicar em Salvar como.
ta de mensagens. Dependendo do formato da mensagem • Se a mensagem estiver no formato RTF No Pai-
recebida, os anexos são exibidos em um de dois locais na nel de Leitura ou na mensagem aberta, clique com o botão
mensagem. direito do mouse no anexo e clique em Salvar como.
• Se o formato da mensagem for HTML ou texto Escolha uma local de pasta e clique em Salvar.
sem formatação, os anexos serão exibidos na caixa de ane- Salvar vários anexos de uma mensagem
xo, sob a linha Assunto. 1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, se-
• Se o formato da mensagem for o formato menos lecione os anexos a serem salvos. Para selecionar vários
comum RTF (Rich Text Format), os anexos serão exibidos anexos, clique neles mantendo pressionada a tecla CTRL.
no corpo da mensagem. Mesmo que o arquivo apareça no 2. Execute um dos seguintes procedimentos:
corpo da mensagem, ele continua sendo um anexo sepa- • Se a mensagem estiver no formato HTML ou de
rado. texto sem formatação Na guia Anexos, no grupo Ações,
Observação O formato utilizado na criação da men- clique em Salvar como.
sagem é indicado na barra de título, na parte superior da • Se a mensagem estiver no formato RTF Clique
mensagem. com o botão direito do mouse em uma das mensagens
selecionadas e depois clique em Salvar como.
3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.
Abrir um anexo Salvar todos os anexos de uma mensagem
Um anexo pode ser aberto no Painel de Leitura ou em 1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, cli-
uma mensagem aberta. Em qualquer um dos casos, clique que em um anexo.
duas vezes no anexo para abri-lo. 2. Siga um destes procedimentos:
Para abrir um anexo na lista de mensagens, clique com • Se a mensagem estiver no formato HTML ou de
o botão direito do mouse na mensagem que contém o texto sem formatação Na guia Anexos, no grupo Ações,
anexo, clique em Exibir Anexos e clique no nome do anexo. clique em Salvar Todos os Anexos.
Observações • Se a mensagem estiver no formato RTF Clique
• Você pode visualizar anexos de mensagens HTML na guia Arquivo para abrir o modo de exibição Backstage.
ou com texto sem formatação no Painel de Leitura e em Em seguida, clique em Salvar anexos e depois em OK.
mensagens abertas. Clique no anexo a ser visualizado e ele 3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.
será exibido no corpo da mensagem. Para voltar à mensa-
gem, na guia Ferramentas de Anexo, no grupo Mensagem, Adicionar uma assinatura de email às mensagens
clique em Mostrar Mensagem. O recurso de visualização Você pode criar assinaturas personalizadas para suas
não está disponível para mensagens RTF. mensagens de email que incluem texto, imagens, seu Car-
• Por padrão, o Microsoft Outlook bloqueia arqui- tão de Visita Eletrônico, um logotipo ou até mesmo uma
vos de anexo potencialmente perigosos (inclusive os ar- imagem da sua assinatura manuscrita.
quivos .bat, .exe, .vbs e .js), os quais possam conter vírus. Criar uma assinatura
Se o Outlook bloquear algum arquivo de anexo em uma • Abra uma nova mensagem. Na guia Mensagem,
mensagem, uma lista dos tipos de arquivos bloqueados no grupo Incluir, clique em Assinatura e em Assinaturas.
será exibida na Barra de Informações, na parte superior da
mensagem.
81
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Criar um contato
Atalho do teclado: Para criar um compromisso, pressio- Contatos podem ser tão simples quanto um nome e
ne CTRL+SHIFT+A. endereço de email ou incluir outras informações detalha-
Agendar uma reunião com outras pessoas das, como endereço físico, vários telefones, uma imagem,
Uma reunião é um compromisso que inclui outras pes- datas de aniversário e quaisquer outras informações que se
soas e pode incluir recursos como salas de conferência. As relacionem ao contato.
respostas às suas solicitações de reunião são exibidas na • Em Contatos, na guia Página Inicial, no grupo
Caixa de Entrada. Novo, clique em Novo Contato.
• Em Calendário, na guia Página Inicial, no grupo
Novo, clique em Nova Reunião.
82
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
84
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
85
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
86
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Provedor
O provedor é uma empresa prestadora de serviços que
oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é neces-
sário conectar-se com um computador que já esteja na In-
ternet (no caso, o provedor) e esse computador deve per-
mitir que seus usuários também tenham acesso a Internet.
87
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
88
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Shareware: Programa demonstração que pode ser O WWW não dispunha de gráficos em seus primór-
utilizado por um determinado prazo ou que contém alguns dios, apenas de hipertexto. Entretanto, em 1993, o projeto
limites, para ser utilizado apenas como um teste do progra- WWW ganhou força extra com a inserção de um visualiza-
ma. Se o usuário gostar ele compra, caso contrário, não usa dor (também conhecido como browser) de páginas capaz
mais o programa. Na maioria das vezes, esses programas não apenas de formatar texto, mas também de exibir grá-
exibem, de tempos em tempos, uma mensagem avisando ficos, som e vídeo. Este browser chamava-se Mosaic e foi
que ele deve ser registrado. Outros tipos de shareware têm desenvolvido dentro da NCSA, por um time chefiado por
tempo de uso limitado. Depois de expirado este tempo de Mark Andreesen. O sucesso do Mosaic foi espetacular.
teste, é necessário que seja feito a compra deste programa. Depois disto, várias outras companhias passaram a
produzir browsers que deveriam fazer concorrência ao
Navegar nas páginas Mosaic. Mark Andreesen partiu para a criação da Netscape
Consiste percorrer as páginas na internet a partir de Communications, criadora do browser Netscape.
um documento normal e de links das próprias páginas. Surgiram ainda o Cello, o AIR Mosaic, o SPRY Mosaic,
o Microsoft Internet Explorer, o Mozilla Firefox e muitos
Como salvar documentos, arquivos e sites outros browsers.
Clique no menu Arquivo e na opção Salvar como.
89
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Os sites de pesquisa em geral não fazem distinção na • menos são excluídas da pesquisa.
pesquisa com letras maiúsculas e minúsculas e nem pala- • Resultado de um cálculo: pode ser efetuado um
vras com ou sem acento. cálculo em um site de pesquisa.
Irá retornar:
INTRANET
A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de
uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma
Grupos: pesquisa nos grupos de discussão da Usenet. empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes de
Exemplo: comunicação internas baseadas na tecnologia usada na In-
ternet. Como um jornal editado internamente, e que pode
ser acessado apenas pelos funcionários da empresa.
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais e
departamentos, mesclando (com segurança) as suas infor-
mações particulares dentro da estrutura de comunicações
da empresa.
O grande sucesso da Internet, é particularmente da
World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na
evolução da informática nos últimos anos.
Diretórios: pesquisa o conteúdo da internet organiza- Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos
dos por assunto em categorias. Exemplo: interligados através de vínculos, ou links) e a enorme fa-
cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos
multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democratiza-
ram o acesso à informação através de redes de computa-
dores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca base de
usuários, já familiarizados com conhecimentos básicos de
informática e de navegação na Internet. Finalmente, surgi-
ram muitas ferramentas de software de custo zero ou pe-
queno, que permitem a qualquer organização ou empresa,
Como escolher palavra-chave sem muito esforço, “entrar na rede” e começar a acessar e
colocar informação. O resultado inevitável foi a impressio-
• Busca com uma palavra: retorna páginas que in- nante explosão na informação disponível na Internet, que
cluam a palavra digitada. segundo consta, está dobrando de tamanho a cada mês.
• “Busca entre aspas”: a pesquisa só retorna páginas Assim, não demorou muito a surgir um novo conceito,
que incluam todos os seus termos de busca, ou seja, toda a que tem interessado um número cada vez maior de em-
sequência de termos que foram digitadas. presas, hospitais, faculdades e outras organizações interes-
• Busca com sinal de mais (+): a pesquisa retorna sadas em integrar informações e usuários: a intranet. Seu
páginas que incluam todas advento e disseminação promete operar uma revolução
• as palavras aleatoriamente na página. tão profunda para a vida organizacional quanto o apare-
• Busca com sinal de menos (-): as palavras que fi- cimento das primeiras redes locais de computadores, no
cam antes do sinal de final da década de 80.
90
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
91
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A Internet e a Web ficaram famosas, com justa razão, • Ausência de Replicação Embutida – As intranets não
por serem uma mistura caótica de informações úteis e ir- apresentam nenhuma replicação embutida para usuários
relevantes, o meteórico aumento da popularidade de sites remotos. A HMTL não é poderosa o suficiente para desen-
da Web dedicados a índices e mecanismos de busca é uma volver aplicativos cliente/servidor.
medida da necessidade de uma abordagem organizada. Como a Intranet é ligada à Internet
Uma intranet aproveita a utilidade da Internet e da Web
num ambiente controlado e seguro.
92
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
93
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
94
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
95
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
- HTTP(Hypertext Transfer Protocol) – Protocole de car- Os funcionários serão estimulados a realizar pesquisas
regamento de páginas de Hipertexto – HTML na internet visando o atendimento do nível de qualidade da
- IP (Internet Protocol) – Identificação lógica de uma informação prestada à sociedade, pelo órgão.
máquina na rede O ambiente operacional de computação disponível para
- POP (Post Office Protocol) – Protocolo de recebimen- realizar estas operações envolve o uso do MS-Windows, do
to de emails direto no PC via gerenciador de emails MS-Office, das ferramentas Internet Explorer e de correio
- SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) – Protocolo pa- eletrônico, em português e em suas versões padrões mais
drão de envio de emails utilizadas atualmente.
- IMAP(Internet Message Access Protocol) – Semelhan- Observação: Entenda-se por mídia removível disquetes,
te ao POP, no entanto, possui mais recursos e dá ao usuário CD’s e DVD’s graváveis, Pen Drives (mídia removível acopla-
a possibilidade de armazenamento e acesso a suas mensa- da em portas do tipo USB) e outras funcionalmente seme-
gens de email direto no servidor. lhantes.
- FTP(File Transfer Protocol) – Protocolo para transfe-
rência de arquivos 12- As células que contêm cálculos feitos na planilha
Resposta: D eletrônica,
(A) quando “coladas” no editor de textos, apresentarão
resultados diferentes do original.
11- Quanto ao Windows Explorer, assinale a opção cor- (B) não podem ser “coladas” no editor de textos.
reta. (C) somente podem ser copiadas para o editor de tex-
(A) O Windows Explorer é utilizado para gerenciar pas- tos dentro de um limite máximo de dez linhas e cinco co-
tas e arquivos e por seu intermédio não é possível acessar o lunas.
Painel de Controle, o qual só pode ser acessado pelo botão (D) só podem ser copiadas para o editor de texto uma
Iniciar do Windows. a uma.
(B) Para se obter a listagem completa dos arquivos sal- (E) quando integralmente selecionadas, copiadas e
vos em um diretório, exibindo-se tamanho, tipo e data de “coladas” no editor de textos, serão exibidas na forma de
modificação, deve-se selecionar Detalhes nas opções de tabela.
Modos de Exibição.
(C) No Windows Explorer, o item Meus Locais de Rede Comentários: Sempre que se copia células de uma pla-
oferece um histórico de páginas visitadas na Internet para nilha eletrônica e cola-se no Word, estas se apresentam
acesso direto a elas. como uma tabela simples, onde as fórmulas são esqueci-
(D) Quando um arquivo estiver aberto no Windows e das e só os números são colados.
a opção Renomear for acionada no Windows Explorer com Resposta: E
o botão direito do mouse,será salva uma nova versão do
arquivo e a anterior continuará aberta com o nome antigo.
(E) Para se encontrar arquivos armazenados na estrutu- 13- O envio do arquivo que contém o texto, por meio
ra de diretórios do Windows, deve-se utilizar o sítio de bus- do correio eletrônico, deve considerar as operações de
ca Google, pois é ele que dá acesso a todos os diretórios de (A) anexação de arquivos e de inserção dos endereços
máquinas ligadas à Internet. eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”.
(B) de desanexação de arquivos e de inserção dos en-
Comentários: Na opção Modos de Exibição, os arqui- dereços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”.
vos são mostrados de várias formas como Listas, Miniatu- (C) de anexação de arquivos e de inserção dos endere-
ras e Detalhes. ços eletrônicos dos destinatários no campo “Cc”.
Resposta: B (D) de desanexação de arquivos e de inserção dos en-
dereços eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”.
Atenção: Para responder às questões de números (E) de anexação de arquivos e de inserção dos endere-
12 e 13, considere integralmente o texto abaixo: ços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”.
Todos os textos produzidos no editor de textos padrão
deverão ser publicados em rede interna de uso exclusivo do Comentários: Claro que, para se enviar arquivos pelo
órgão, com tecnologia semelhante à usada na rede mundial correio eletrônico deve-se recorrer ao uso de anexação, ou
de computadores. seja, anexar o arquivo à mensagem. Quando colocamos
Antes da impressão e/ou da publicação os textos deve- os endereços dos destinatários no campo Cco, ou seja, no
rão ser verificados para que não contenham erros. Alguns campo “com cópia oculta”, um destinatário não ficará sa-
artigos digitados deverão conter a imagem dos resultados bendo quem mais recebeu aquela mensagem, o que aten-
obtidos em planilhas eletrônicas, ou seja, linhas, colunas, va- de a segurança solicitada no enunciado.
lores e totais. Resposta: A
Todo trabalho produzido deverá ser salvo e cuidados de-
vem ser tomados para a recuperação em caso de perda e
também para evitar o acesso por pessoas não autorizadas às
informações guardadas.
96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Resposta: “C”
a) 3, 0 e 7.
Comentários: b) 5, 0 e 7.
Temos 3 itens com a formatação taxado aplicada: c, d, c) 5, 1 e 2.
e. Entretanto, temos que observar que na questão os itens d) 7, 5 e 2.
d, e, além de receberem taxado, também ficaram em caixa e) 8, 3 e 4.
alta. O único que recebe apenas o taxada, sem alterar outras
formatações foi o item c. Resposta: “C”
97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5 20- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No Po-
werPoint 2007, a inserção de um novo comentário pode
Resposta: “D” ser feita na guia
a) Geral.
Comentário: b) Inserir.
Passo 1 c) Animações.
A célula A1 contém a fórmula =B$1+C1 d) Apresentação de slides.
e) Revisão.
Resposta: “E”
Comentário:
Resposta: “C”
Comentários:
a) protocolo. protocolo HTTP
b) xxx. o nome do domínio
c) zzz. o tipo de domínio
d) yyy. subdomínios
Click na imagem para melhor visualizar e) br. indicação do país ao qual pertence o domínio
98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Resposta: C
Comentário:
Resposta: E
Comentário:
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das
pastas em seu computador e todos os arquivos e pastas loca-
lizados em cada pasta selecionada. Ele é especialmente útil
para copiar e mover arquivos.
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis:
O painel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquiza-
da que mostra todas as unidades de disco, a Lixeira, a área
de trabalho ou Desktop (também tratada como uma pasta);
O painel da direita exibe o conteúdo do item selecionado à Este botão, contido na barra de ferramentas, exibe/
esquerda e funciona de maneira idêntica às janelas do Meu oculta o painel PASTAS.
Computador (no Meu Computador, como padrão ele traz a
janela sem divisão, as é possível dividi-la também clicando
no ícone Pastas na Barra de Ferramentas)
100
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
101
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
02. (UFFS - TÉCNICO DE LABORATÓRIO ÁREA por esses conectores é a Plugand Play, onde basta conectar
INFORMÁTICA – FEPESE/2012)- São componentes de o dispositivo para que o sistema o reconheça precisando
hardware de um micro-computador: de poucos ou quase nenhum caminho de configuração
a. ( ) Disco rígido, patch-panel, BIOS, firmware, para poder utilizá-lo.
mouse. O tipo de memória que o pendrive utiliza - memó-
b. ( ) RJ-11, processador, memória RAM, placa de ria flash - é do tipo EEPROM (Electrically-ErasablePro-
rede, pen-drive. grammableRead-OnlyMemory), uma memória não vo-
c. ( ) Memória ROM, placa de vídeo, BIOS, proces- látil, ou seja, não depende da permanência de energia
sador, placa mãe. elétrica para manter os dados,de leitura e gravação. Os
d. ( ) Memória RAM, Memória ROM, Disco rígido, chips de memória flash ocupam pouco espaço físico, mas
processador, placa e rede. grande poder de armazenamento.
e. ( ) Memória RAM, BIOS, Disco rígido, processa- Veja imagens de pendrives:
dor, placa de rede.
Tipos de pendrive
102
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Veja a seguir imagens ilustrativas da memória RAM. (D)O estabilizador é um equipamento eletrônico exter-
no ao gabinete do computador, onde os demais cabos de
energia da máquina são ligados. Geralmente, o estabiliza-
dor é ligado diretamente na rede elétrica e tem a função de
estabilizar a tensão desta para evitar danos ao equipamen-
to devido às variações e picos de tensão.
(E)BIT é a sigla para BinaryDigit, ou Dígito Binário, que
pode ser representado apenas pelo 0 ou pelo 1 (verdadeiro
ou falso) que representam a menor unidade de informação
transmitida na computação ou informática.
RESPOSTA: “C”.
103
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Em um computador, a velocidade do clock se refere ao Dizemos que um computador está travado quando sua
número de pulsos por segundo gerados por um oscilador tela fica estática, impossibilitando abertura, fechamento ou
(dispositivo eletrônico que gera sinais), que determina o execução de qualquer tarefa no computador. Um trava-
tempo necessário para o processador executar uma instru- mento aleatório é aquele que não ocorre sempre em um
ção. Assim para avaliar a performance de um processador, mesmo programa ou em determinado momento do traba-
medimos a quantidade de pulsos gerados em 1 segundo e, lho do computador.
para tanto, utilizamos uma unidade de medida de frequên- I – O processador é a peça do computador responsável
cia, o Hertz. pela execução lógica e aritmética das tarefas e operações
de busca, leitura e gravação de dados do computador. A
RESPOSTA: “E”. entrada e saída contínua de informações transformadas
em linguagem de máquina e os registradores presentes no
07. (TCE/SP - AGENTE DE FISCALIZAÇÃO FINAN-
processador são todos mantidos por pulsos elétricos e o
CEIRA – FCC/2012) - O armazenamento de informações
em computadores é feito pela utilização de dispositivos aquecimento é resultado da aceleração dos processadores.
chamados de memória, que as mantêm de forma volátil Processadores mais velozes tendem a ser mais aquecidos.
ou permanente. Entre esses dispositivos, está a memó- Por esse motivo os processadores são utilizados sob pastas
ria RAM ou memória térmicas e coolers, que são apropriados para cada tipo de
a) magnética. processador. O aquecimento do processador pode causar
b) secundária. travamentos e inclusive o desligamento inesperado da má-
c) cache. quina.
d) principal. II- A memória RAM é o hardware responsável pelo
e) de armazenamento em massa. armazenamento temporário das informações que serão
usadas pelo computador. Essas informações também são
A memória RAM, sigla de Random Access Memory, ou mantidas por pulsos elétricos, o que faz com que se per-
memória de acesso randômico, é um dispositivo eletrôni- cam caso haja a interrupção no fornecimento de energia.
co de armazenamento temporário de dados que permite a Vários erros no sistema são causados por defeitos na me-
leitura e escrita, ou seja, as informações ocupam lugar nes- mória RAM como a “tela azul”, a reinicialização inesperada
sa memória enquanto aguardam serem usadas pelo pro- do sistema e travamentos aleatórios. Um dos motivos des-
cessador. Os dados da memória RAM são representados ses travamentos ocorre quando o computador tenta gravar
por pulsos elétricos e são descartados assim que o forne-
momentaneamente uma informação na RAM e não recebe
cimento de energia elétrica é interrompido, seja pelo des-
ligamento do computador, ou por uma queda de energia. permissão para essa tarefa devido a um defeito no local de
Por esse motivo, essas memórias também são chamadas locação da memória, ou quando a informação não conse-
de memórias voláteis. Devido a sua importância para o fun- gue ser lida pelo processador.
cionamento do computador, a memória RAM é considera- III – Todo o funcionamento do computador é impulsio-
da um tipo de memória principal. Existem ainda outros ti- nado pela eletricidade. Picos ou ausências dela causam de-
pos de memórias que são consideradas desse grupo, como feitos em hardware, problemas no funcionamento correto
a memória ROM, sigla de ReadOnlyMemory, ou memória dos procedimentos computacionais e podem ocasionar os
de somente leitura, onde os dados são geralmente grava- travamentos aleatórios.
dos na fábrica e não são perdidos em caso de ausência de
energia. Por esse motivo, a memória ROM é considerada RESPOSTA: “C”.
memória não volátil. 09. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO EM
MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) -
RESPOSTA: “D”. São vários os fatores que causam a não detecção do HD
pelo Setup. Assim sendo, todas as alternativas abaixo
08. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO EM são responsáveis por esse defeito, EXCETO:
MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012)- a) HD com defeito físico
Com relação aos fatores que podem levar ao travamen- b) Defeito na placamãe
to aleatório em um computador:
c) Defeito no cabo de alimentação do HD
I. Aquecimento excessivo do processador;
II. Defeito na memória RAM; d) Defeito no cabo de dados do HD
III. Inconstância na rede elétrica; e) HD sem formatação
IV. Bateria da placamãe descarregada.
HD é a sigla para Hard Disk e representa o hardwa-
Dentre os fatores listados anteriormente, estão cor- re responsável pelo armazenamento das informações de
retos dados salvos pelo usuário, de programas instalados e até
a) apenas I, III e IV. informações presentes em memória virtual para posterior
b) apenas II, III e IV. uso em processamentos de informação.
c) apenas I, II e III. O HD é ligado por um cabo flat ao conector IDE da
d) apenas I e II. placa mãe. Além dessa conexão, há também a conexão do
e) apenas III e IV. cabo da fonte de alimentação de energia.
104
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Se conectarmos um HD não formatado e ligarmos o CD é a sigla para CompactDisc, que pode ser um CD
computador, a mensagem de detecção ocorrerá normal- -RCompactDiscRecordable) e CD-RW (CompactDiscRecor-
mente, mas aparecerá outra mensagem que indica que não dableRewritable),respectivamente gravado uma única vez e
há sistema operacional instalado. depois apenas lido e gravado e regravado.
A informação de quantos minutos a reprodução terá
RESPOSTA: “E”. em um CD de 650 MB pode ser conseguida através dos
seguintes dados:
10. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO EM
MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012)- X = 150 KB por segundo
Quando o computador começa a exibir a mensagem de 1Byte= 8 bits
erro “CMOS CHECKSUM FAILURE” após ser ligado, sig- 1kiloByte ( kb ) = 1 024 Bytes
nifica que o usuário deve realizar 1megaByte(Mb) = 1 024 kb = 1 048 576 Bytes
a) a substituição da RAM. 1 gigaByte (Gb) = 1 024 Mb = 1 073 741 824 Bytes
b) a troca da bateria da placamãe. 1 teraByte (Tb) = 1 024 Gb = 1 099 511 627 776 Bytes
c) a formatação do HD. 1 petaByte (Pb) = 1 024 Tb = 1 125 899 906 842 624
d) a inicialização do computador. Bytes
e) a operação de Boot pelo CD. 650 MB = 665600 kb
665600/150=4437,33 (dados gravados por segundo).
CMOS é a sigla para Complementary Metal Oxide Se-
miconductor, uma tecnologia usada em semicondutores Um minuto tem 60 segundos, então,4437,33/60=
que requerem pouquíssima energia. O termo se popula- 73,9555 que, aproximando e devido à dízima periódica,
rizou com o significado de uma pequena área de arma- será equivalente a 74 minutos.
zenamento em que o sistema controla determinados pa-
râmetros de hardware como, por exemplo, o tamanho do RESPOSTA: “D”.
disco rígido, o número de portas seriais que o computador
possui e assim por diante. 12. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO EM
Checksum é um controlador de erro que funciona rea- MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012)-
lizando soma e conferência de bits. Todas as alternativas abaixo representam as partes de
Failure significa falha. um disco rígido, EXCETO:
Então, com a mensagem CMOS CHECKSUM FAILURE, a) placa controladora lógica;
nós temos a informação de que houve uma falha na checa- b) conectores internos padrão IDE;
gem dos dados que o CMOS é responsável por armazenar. c) cabeças de leitura e gravação;
Esses dados são preservados pela bateria da placa mãe e d) platter;
por esse motivo sua troca pode resolver o problema. e) componentes internos de controle do atuador.
RESPOSTA: “B”.
105
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
RESPOSTA: “B”.
HD indicando os discos, motor, atuador, cabeça de
leitura e gravação e braço 14. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO EM
MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) -
IDE é a sigla para Intergrated Drive Electronics e trata- Qual das alternativas abaixo especifica a menor quan-
se dos conectores presentes na placa mãe para o encaixe tidade de informação que um sistema operacional con-
do cabo flat que terá uma de suas extremidades ligadas ao segue gerenciar em um disco rígido?
HD ou a um drive de gravação de CD/DVD. a) cilindro.
b) cluster.
c) trilha.
d) segmento.
e) setor.
Um cluster é a menor parte do disco rígido reconheci-
da pelo sistema operacional, e pode ser formada por vários
setores. Um cluster não armazena mais de um arquivo, mas
se o tamanho do arquivo exceder o tamanho do cluster, ele
será gravado em mais de um cluster.
Conectores IDE em uma placa mãe
RESPOSTA: “B”.
106
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
a) DDR utiliza o laser azul para leitura e gravação, o que permite ar-
b) PCI mazenar mais dados que um DVD ou um CD. Os discos para
c) DIMM esse formato são de BD, existindo os modelos BD-ROM, disco
d) USB de somente leitura, o BR-R, disco gravável e o BD-RW disco
e) AGP regravável. Os discos BDs suportam camadas únicas 23,3 /
25 /27 GB ou em camada dupla 46,6 / 50 / 54 GB.
Conector USB, ou Universal Serial BUS, é um barramen-
to com uma entrada (porta-conector) única para diversos
tipos de periféricos como teclados, mouses, impressoras e
outros. Além de simplificar a vida do usuário na hora de co-
nectar os periféricos, esse padrão utiliza a tecnologia plug
and play, que oferece suporte rápido para a configuração
do software necessário para o funcionamento do hardware
conectado, com poucos ou nenhum clique do usuário.
RESPOSTA: “E”.
17. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO MA-
NUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012)-Em
Detalhes do conector USB relação aos componentes de um processador, analise as
sentenças abaixo:
I. A Unidade de Controle é responsável por executar
instruções lógicas;
II. Registrador de Instrução registra a execução de
uma instrução;
III. A Unidade de Gerenciamento de Memória é um
dispositivo de hardware que transforma endereços físi-
cos em virtuais.
Dentre os componentes listados anteriormente, en-
tão corretos
a) apenas a sentença I
b) apenas a sentença III
Detalhes do barramento da placa de circuitos. c) apenas a sentença II
d) apenas as sentenças I e II
RESPOSTA: “D”. e) apenas as sentenças II e III
16. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO MA- Veja o esquema a seguir que representa um proces-
NUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) - A sador:
capacidade de armazenamento de um disco Blu-ray,ge-
ralmente, pode ser classificada em camada simples ou
camada dupla. Assim sendo, qual das alternativas abai-
xo define, corretamente, a capacidade em Gigabytes de
um disco Blu-ray de camada simples:
a) 15GB
b) 30GB
c) 40GB
d) 50GB
e) 25GB
Esquema das unidades do processador
Blu-ray: vem se consagrando como o formato de disco
óptico da nova geração para uso de vídeo de alta definição Esse esquema demonstra a troca de informações entre a
e grande volume de armazenamento de dados. O blu-ray Unidade de controle e a Unidade lógica e aritmética.
107
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
As principais funções da Unidade de controle são: Memória RAM, que é uma das memórias principais do
- Controle de entrada de dados computador, conhecida pela sua capacidade de armazena-
- Interpretação de cada instrução de um programa mento temporário das informações que serão usadas pelo
- Coordenação do armazenamento de informações processador; mantém seu conteúdo por pulsos elétricos e
- Análise das instruções dos programas por isso os perde quando há a interrupção de energia. Pelo
- Controle de saída dos dados mesmo motivo é conhecida como memória volátil.
Quando um programa solicita uma operação matemáti-
ca ao computador, a unidade de controle entrega para a uni- RESPOSTA: “D”.
dade de lógica e aritmética os dados envolvidos e a operação
a ser utilizada. A unidade de aritmética e lógica executa o 20. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO MA-
NUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) - O
cálculo, e imediatamente devolve os dados para a unidade
barramento HyperTransport 3.0 é utilizado por proces-
de controle.
sadores com soquete
a) de 775 pinos.
RESPOSTA: “C”. b) Socket A.
c) AM3.
d) de 482 pinos.
18. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO e) Socket 7.
MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) -
Marque a alternativa correta, que define o tipo de me- Soquete é o encaixe do processador na placa mãe.
mória, nos computadores atuais, cuja função é atender
as demandas de velocidade do processador.
a) cache.
b) EEPROM.
c) RAM.
d) principal.
e) ROM.
108
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
RESPOSTA: “E”.
109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
27. (TRE/SP - TÉCNICO JUDICIÁRIO ÁREA ADMI- 29. (BRDE – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
NISTRATIVA – FCC/2012) - Para que o computador de AOCP/2012) - Qual é o tipo de memória RAM que é
uma residência possa se conectar à Internet, utilizando uma memória estática, que tem baixo consumo de
a rede telefônica fixa, é indispensável o uso de um har- energia e é extremamente rápida?
dware chamado
a) hub. a) SSDRAM
b) modem. b) SRAM
c) acess point. c) SDRAM
d) adaptador 3G. d) DRAM
e) switch. e) EPRAM
O modem é uma peça de computador capaz de co-
nectar uma linha telefônica ao computador, modular e de- SRAM é a sigla para StaticRandom - Acess Memory, ou
modular dados para que esses sejam interpretados pelo seja, memória estática de acesso randômico. É o tipo de
computador e pela estrutura física da rede. Esse tipo de memória usada como cache L1 e L2, que tem uma perfor-
conexão é chamado conexão discada ou dial up. mance que permite a troca de informações entre elas e o
processador de forma que este perca menos desempenho.
RESPOSTA: “B”. É considerada uma memória estática, pois os dados ficam
armazenados nela, desde que sua alimentação de energia
28. (TRE/SP - TÉCNICO JUDICIÁRIO ÁREA ADMI- externa seja mantida, sem a necessidade de refresh (atuali-
NISTRATIVA – FCC/2012) - O sistema operacional de um zação contínua) como é o caso de outros tipos de memó-
computador consiste em um ria, pelo fato de usar vários transistores por bit.
a) conjunto de procedimentos programados, arma-
zenados na CMOS, que é ativado tão logo o computa- RESPOSTA: “B”.
dor seja ligado.
b) conjunto de procedimentos programados, arma- 30. (PC/AL - DELEGADO DE POLÍCIA - CESPE –
zenados na BIOS, que é ativado tão logo o computador 2012) - A respeito de conceitos básicos relacionados à
seja ligado. informática e dosmodos de utilização das tecnologias
c) conjunto de dispositivos de hardware para pro- de informação, julgue os itensque se seguem.A memó-
ver gerenciamento e controle de uso dos componentes ria RAM (Random Access Memory) permite apenas a
de hardware, software e firmware. leitura de dados, pois é gravada pelos fabricantes, não
d) hardware de gerenciamento que serve de inter- podendo ser alterada.
face entre os recursos disponíveis para uso do compu-
tador e o usuário, sem que este tenha que se preocupar ( ) Certo
com aspectos técnicos do software. ( ) Errado
e) software de gerenciamento, que serve de inter-
face entre os recursos disponíveis para uso do compu- A memória RAM armazena dados que serão usados
tador e o usuário, sem que este tenha que se preocupar pelo processador, por exemplo, durante a execução de um
com aspectos técnicos do hardware. programa. Esses dados ficam alocados na memória RAM
enquanto estiverem recebendo pulsos elétricos. Quando
O sistema operacional é uma espécie de gerente execu- há a interrupção do fornecimento de energia, os dados ar-
tivo, ou seja, aquela parte de um sistema de computador que mazenados temporariamente nela são perdidos. Dizemos
administra todos os componentes de hardware e de softwa- que a RAM é uma memória de leitura e gravação, pois os
re. Em termos mais específicos, o sistema operacional con- dados são armazenados nela (gravação) e usados pelo pro-
trola cada arquivo, dispositivo, seção de memória principal e cessador (leitura). A descrição do enunciado seria apropria-
nanossegundo de tempo de processamento. Controla quem da para a memória ROM, sigla que se refere à memória de
pode utilizar o sistema e de que maneira. somente leitura.
Portanto, quando o usuário envia um comando, o siste-
ma operacional deve garantir que esse comando seja execu- RESPOSTA: “ERRADO”.
tado ou, caso isso não seja possível, providenciar uma men-
sagem que explique ao usuário o que aconteceu. Isso não
significa necessariamente que o sistema operacional executa
o comando ou envia a mensagem de erro – mas que ele con-
trola as partes do sistema que o fazem.
(FORTE: INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS OPERACIO-
NAIS - POR IDA M FLYNN)
RESPOSTA: “E”.
110
NOME DA MATÉRIA
É importante que você tome cuidado com os “falsos amigos” na prova de espanhol, ou seja, palavras que são pare-
cidas em ambas as línguas mas possuem significados diferentes. Por isso, é importante revisar a gramática espanhola e
estar familiarizado com os significados das palavras que parecem iguais ao português.
Quando o texto é em uma língua diferente da nossa língua materna é preciso ter mais cautela ao lê-lo e interpretá-lo,
principalmente se o texto for em Espanhol, onde os falsos amigos às vezes nos pregam peças…
Não existe uma regra especifica para se interpretar textos. Cada pessoa tem o seu método: uns preferem ler o texto
todo e depois responder às questões. Outros preferem ir direto para as questões e depois voltar ao texto para encontrar
a resposta.
O importante é entender a ideia central do texto e escolher a melhor alternativa para as questões.
1
NOME DA MATÉRIA
4. IDENTIFICAÇÃO DE MARCADORES
TEXTUAIS COMO CONJUNÇÕES, ADVÉRBIOS,
PREPOSIÇÕES ETC. E COMPREENSÃO DE SUA
FUNÇÃO ESSENCIAL NO TEXTO.
CONJUNÇÕES - CONJUNCIONES
As conjunções são palavras que unem dois termos de uma mesma oração ou duas orações. Estas orações podem
estabelecer uma relação de coordenação, ou seja, uma está relacionada à outra mas não há dependência entre elas, ou
estabelecem relação de subordinação, ou seja, uma depende da outra para ter sentido completo.
Adversativas
Unem termos ou orações que se contrapõem entre si:
Concesivas
Expressam concessão ou ainda uma oposição à ideia expressa pelo verbo da oração principal:
Aunque no lo merezcas, te ayudaré. (embora)
(Embora não mereças, te ajudarei.)
Outras conjunções que designam concessão: a pesar de que, y eso que, si bien, etc.
2
NOME DA MATÉRIA
Temporales
Expressam diferentes matrizes do tempo em que ocorre a ação expressa pelo verbo da oração principal:
- Aos falsos cognatos, que são palavras semelhantes no português e no espanhol, mas com sentidos totalmente dife-
rentes, como acordar (chegar a um acordo), luego (depois) etc.
Os falsos amigos costumam ser palavras derivadas do latim, as quais aparecem em idiomas com morfologia seme-
lhante, e que têm, portanto, a mesma origem. No entanto, muitas vezes o falante pode estabelecer uma correspondência
de significados inadequada, acreditando numa relação de amizade semântica falsa. Assim, pode confundir-se diante de
palavras com grafia ou pronúncia parecidas, mas que na realidade possuem significados totalmente diferentes. Entre o
espanhol e o português, são frequentes os falsos amigos, também chamados heterosemânticos. Observe:
3
NOME DA MATÉRIA
Apócope
Chama-se apócope a supressão da letra ou da sílaba final em alguns adjetivos.
a) Os adjetivos alguno, bueno, malo, ninguno, primero, postrero, tercero e uno perdem a letra o final quando pre-
cedem um substantivo masculino singular:
b) O adjetivo ciento perde a sílaba final to quando precede substantivos plurais, masculinos ou femininos, mesmo que
se interponha um adjetivo:
Cien hombres (cem homens)
Cien mujeres (cem mulheres)
Cienlindas muchachas (cem lindas mulheres)
c) O adjetivo cualquiera perde a letra a final quando precede substantivos singulares, masculinos ou femininos:
4
NOME DA MATÉRIA
d) O adjetivo grande perde a sílaba final de quando b) Os quatro adverbios; más, menos, antes e después.
precede substantivos singulares, masculinos ou femininos: Exemplos:Mucho más, mucho menos, mucho antes,
Gran chico (grande menino) mucho después
Gran chica (grande menina)
- Às palavras heterogenéricas, que possuem for-
e) O adjetivo santo perde a sílaba final to quando pre- ma igual ou semelhante em espanhol e português, mas
cede nomes próprios masculinos de santos, exceto diante pertencem a gêneros diferentes (“el color” e “a cor”, por
de Domingo, Tomás, Tomé e Toribio: exemplo).
San Juán
Palavras que têm gêneros diferentes em cada uma
- À diferença entre Haber y Tener. das línguas, ou seja, em português são femininas e em
espanhol masculinas ou vice-versa.... ai vai:
USOS DEL VERBO HABER: Espanhol Português
- FORMA IMPERSONAL DEL VERBO HABER: Masculino Feminino
* HAY: el árbol a árvore
el color a cor
- expresa existencia de algo. Ej. Hay gente/ libros en la el cuchillo a faca
clase el cútis a cútis
- para preguntar o informar sobre algo que no se ha el desorden a desordem
mencionado. Ej. el dolor a dor
¿Dónde hay una gasolinera? el equipo a equipe
+ artículo indeterminado un/una/unos/unas. Ej. Hay un el estreno a estreia
libro en la mesa el lavarropas a lava-roupas
+ números. Ej. Hay 3 libros sobre la mesa el lunes, el martes, el miércoles, el jueves, el viernes
+ partitivo (muchos). Ej. Hay muchos libros en la mesa
a segunda-feira, a terça-feira, a quarta-feira, a quin-
+ partícula (nada). Ej. No hay nada encima de la mesa
ta-feira, a sexta-feira
+ sin ningún tipo de partícula. Ej. ¿Hay pan en casa?
el manzano (e outras árvores frutíferas) a macieira
+ con la pregunta: ¿Qué hay….? Hay un libro en la mesa
el mensaje (e outras palavras terminadas en -AJE) a
mensagem
* Hay es una forma impersonal del verbo Haber. Por lo
el puente a ponte
tanto, es una forma única y no tiene plural.
el vals a valsa
•USOS DEL VERBO TENER:
el vértigo a vertigem
TENER:
el viaje a viagem
- posesión. Ej. Tengo un coche
Espanhol Português
- edad. Ej. Juan tiene 40 años Feminino Masculino
locuciones: tener frío/ hambre/ calor/ sueño/ miedo/ la a, la be, la ce (nombre de letras) o a, o bê, o cê
ganas de… Ej. Tengo mucho frío la aspiradora de polvo o aspirador de pó
la computadora o computador
- À diferença entre os advérbios muy (usado antes de la costumbre (e outros terminados em -UMBRE) o
adjetivo e advérbio) e mucho (usado antes de substantivos costume
e depois de verbos). la estufa o aquecedor (de ambiente)
Muy e mucho ambos tem o mesmo significado, que é la leche o leite
muito. la licuadora o liquidificador
Mas como posso saber se devo usar muy ou mucho?, la miel o mel
veja as regras abaixo: la multiprocesadora o multiprocessador
la nariz o nariz
Regras la protesta o protesto
Muy + adjetivo advérbio la radio (medio de difusión / aparato) o rádio (apa-
É usado o «muy» antes destes adjetivos e advérbios ; relho)
a) adjetivo: muy alto, muy fácill, muy malo etc. la rodilla o joelho
b) adverbios: muy bien, muy mal, muy tarde. la sal o sal
la sangre o sangue
Mas existem algumas exceções que não seguem a la sonrisa o sorriso
regra; la tiza o giz
a) Esses quatro adjetivos:mejor,peor, mayor, menor.
Exemplos: mucho mejor, mucho peor, mucho menor.
5
NOME DA MATÉRIA
6
NOME DA MATÉRIA
- Às palavras homônimas, que têm significado diferente de acordo com o artigo que a antecede (por exemplo,
el cólera, que é a doença, e la cólera, que significa raiva).
Substantivos Homônimos
São palavras com a mesma grafia que, ao mudarem de gênero, mudam também de significado.
el cólera (doença) / la cólera (raiva)
el guarda (cobrador de ônibus) / la guarda (tutela)
el policía (agente) / la policía (administração)
el mañana (futuro) / la mañana (parte do dia)
¡Ojo!
Alguns nomes tem uma só forma para designar o masculino e o feminino, determinando o gênero pelo artigo que se
emprega.
- Às conjunções y/e (usa-se “e” antes de palavras iniciadas em “i” ou “hi”, e “y” antes das outras) e às conjunções o/u
(usa-se “u” antes de palavras iniciadas em “o” ou “ho” e “u” antes das outras).
A conjunção y muda para e quando a palavra que segue começa por i, hi, seguida de consoante.
Unem termos ou orações que expressam ideias opostas, estabelecendo relação de exclusão:
Hay que tener dos o tres alumnos.
(Tem que ter dois ou três alunos.)
Cuidado!
A conjunção o muda para u quando a palavra que segue começa por o, ho.
¿Son siete u ocho?
(São sete ou oito?)
¿Tu perro es mujer u hombre?
(Teu cachorro é mulher ou homem?)
7
NOME DA MATÉRIA
São palavras variáveis que se antepõem ao substantivo ou a qualquer palavra /oração que tenha valor de substantivo,
indicando-lhe o gênero e o número.
Definidos Indefinidos
Masculino Masculino
El Un
Singular Singular
Masculino Plural Los Masculino Plural Unos
Feminino Singular La Feminino Singular Una
Feminino Plural Las Feminino Plural Unas
Exemplos:
Definidos Indefinidos
El auto (O carro) Um hombre (Um homem)
Unos hombres (Uns
Los autos (Os carros)
homens)
La casa (A casa) Una mujer (Uma mulher)
Unas mujeres (Umas
Las casas (As casas)
mulheres)
Casos Particulares
1) É obrigatório o uso de artigo determinado para informar as horas, dias da semana e datas.
Son las seis en punto.
(São seis em ponto.)
El resultado de los exámenes saldrá el lunes.
(O resultado dos exames sairá segunda-feira.)
Nascí el 19 de febrero de 1982.
(Nasci dia 19 de fevereiro de 1982.)
8
NOME DA MATÉRIA
2) Diante de um nome de pessoa, país, região ou con- Também se utiliza diante do pronome relativo que.
tinente, não se usa o artigo, salvo quando estiver deter- Equivale a aquilo que, o que.
minado por um adjetivo, oração relativa ou complemento. Lo que me encanta en ti es tu inteligencia.
España es un Estado de la Unión Europea. (O que me fascina em ti é a tua inteligência.)
(Espanha é um Estado da União Europeia.)
La Italia del Norte es muy linda. ¡Atención!
(A Itália do Norte é muito linda.) Nunca coloque o artigo neutro “lo” na frente de
Exceções: La Habana, La Argentina, La India, Los Esta- substantivos masculinos. É muito comum os brasileiros
dos Unidos, El Japón, etc. cometerem esse erro, confundindo lo com o (artigo mas-
culino, em português). Substantivos masculinos aceitam
3) Diante das formas de tratamento, exceto Don. somente o artigo el.
El general San Martín vino cenar conmigo. Expressões coloquiais com Lo
(O general São Martín veio jantar comigo.) Emprega-se o artigo neutro lo em diversas expres-
La señora Mercedes duerme mucho.
sões coloquiais. Por ele não apresentar variação para gê-
(A senhora Mercedes dorme muito.)
nero e número, chama-se neutro. Veja alguns exemplos:
Don Ricardo es muy guapo.
(Don Ricardo é muito bonito.)
Lo + adjetivo + que: intensifica o valor do adjetivo.
No sabes lo complicada que es mi situación en la ofi-
4) Emprega-se el no lugar de la e un no lugar de una
cina.
diante de um substantivo feminino singular iniciado por a
(Você não sabe o quanto é complicada minha situa-
ou por ha tônico para evitar cacofonia.
ção no escritório.)
el agua (a água) / el alma (a alma)
un águila (uma águia) / un hada (uma fada)
Lo + advérbio + que: intensifica o valor do advérbio.
Quando o substantivo feminino estiver no plural, man- No me di cuenta de lo rápido que pasó este año.
tém-se a forma original: (Não me dei conta do quanto passou rápido este
las aguas / las almas / las águilas / las hadas ano.)
5) Artigos não precedem adjetivos possessivos, mas Lo + participio + que: intensifica o valor do particípio.
precedem pronomes. Em português, para esse caso o uso Mira lo roto que está este traje!
do artigo é facultativo. (Olha que rasgada que está esta roupa!)
Los mis libros. (errado) / Los míos. (correto)
Mi familia es enorme. Contração do Artigo (Contracción del Artículo)
(Minha família é enorme.) A língua espanhola possui apenas dois tipos de con-
Me entregaron su periódico. tração: al e del.
Entregaram-me seu jornal.) AL: Preposição a + artigo el
Voy al puerto.
O Artigo Neutro Lo (El Artículo Neutro Lo) (Vou ao porto.)
O artigo neutro lo, inexistente em língua portuguesa, é
utilizado para substantivar adjetivos e advérbios. DEL: Preposição de + artigo el
Lo mejor de todo fue la fiesta. (mejor = melhor - ad- Vengo del puerto.
jetivo) (Venho do porto.)
(O melhor de tudo foi a festa.) Os substantivos são palavras variáveis - possuem
gênero masculino ou feminino - que nomeiam os se-
La paz es lo más valioso sentimiento. (más = mais - res, pessoas, objetos, ações, lugares, sentimentos e es-
advérbio) tados. Além do gênero, podem variar de acordo com o
(A paz é o mais valioso sentimento.) número ou o grau.
9
NOME DA MATÉRIA
10
NOME DA MATÉRIA
Antónimos Complementarios
Es cuando el significado de una elimina a la otra.
Por ejemplo: vivo y muerto, feliz y triste, difícil y fácil,
día y noche
11
NOME DA MATÉRIA
PRESENTE
Indica um fato atual, contínuo ou permanente.
Exemplo: Yo hablo. (agora, sempre)
Irregulares!
O - UE E - IE C - ZC acrescenta G
Acordar Pensar Tener
Conocer
acuerdo pienso tengo
conozco
acuerdas piensas tienes
conoces
acuerda piensa tiene
conoce
acordamos pensamos tenemos
conocemos
acordáis pensáis tenéis
conocéis
acuerdan piensan tienen
conocen
* concordar, almorzar, colar, * acertar, cerrar, comenzar, em- * salir, poner, caer,
* nacer, reconocer, dedu-
contar, encontrar, recordar, pezar, despertar, negar, sentar, decir, hacer, oír, traer,
cir, producir, traducir, etc.
llover, mover, dormir, etc. entender, encender, etc. valer, venir, etc.
Cuidado!
* A 1ª e a 2ª pessoa do plural não são afetadas pelas irregularidades UE e IE.
* As irregularidades ZC e G ocorrem apenas na 1ª pessoa do singular.
* essas irregularidades também aparecem no Modo Subjuntivo.
12
NOME DA MATÉRIA
PRETÉRITO IMPERFECTO
Indica uma ação habitual ocorrida no passado, mas que pode perdurar até o presente.
Exemplos: Él cantaba cuando era chico. (Ele cantava quando era menino.)
Él cantaba y sigue cantando. (Ele cantava e segue/continua cantando.)
FUTURO IMPERFECTO
Indica uma ação que ocorrerá depois do momento atual.
Exemplo: Ellos vendrán. (Eles virão.)
Irregulares!
13
NOME DA MATÉRIA
Esteban se lava.
(Esteban lava-se.)
14
NOME DA MATÉRIA
15
NOME DA MATÉRIA
Pronome Neutro LO Esta regra tem por ordem acentuar as palavras que
O pronome neutro lo é empregado como complemen- formam um hiato, que é a separação de uma vogal forte
to direto quando se refere a um substantivo masculino e de uma vogal fraca. Neste caso, colocamos um acento
singular ou a uma frase já mencionada anteriormente. na vogal fraca para assinalar a sílaba tônica da palavra.
Vogais fortes: A, E e O.
Yo tengo dinero, tú no lo tienes. Vogais fracas: I e U.
(Eu tenho dinheiro, tu não o tens.) Exemplos: todaví a (ainda), dí a, frí o, analogí a, tecno-
Me dijo que no tenía dinero, pero no se lo crí. logí a, ba ú, garú a (garoa), pa ís, grú a (guincho), ma íz (mi-
(Disse-me que não tinha dinheiro, mas não acreditei.) lho), continú a,...
Heterotônicos
São palavras que possuem a mesma grafia do portu-
guês, ou semelhante, mas que a sílaba tônica se desloca.
Português Espanhol
academia academia
hidrogênio hidrógeno
nostalgia nostalgia
- Às conjunções, dando especial atenção às adver- elogio elogio
sativas e concessivas (pero, sino, sin embargo, aunque, cérebro cerebro
mientras, etc.). aristocrata aristócrata
nível... nivel...
16
NOME DA MATÉRIA
e) O adjetivo santo perde a sílaba final to quando precede nomes próprios masculinos de santos, exceto diante de
Domingo, Tomás, Tomé e Toribio:
San Juán
- Los heterotónicos son palabras con grafia semejante en portugués y en español, pero tienen la pronunciación de la
sílaba tónica diferente. Ex:
Democracia, academia, demócrata, etc.
- Los heterosemánticos son palabras muy semejantes en la grafía y en la pronunciación del portugués y del español,
pero poseen significados diferentes en cada lengua. Ex:
- Los heterogenéricos son los sustantivos que cambian de género de un idioma a otro, es decir, poseen un género en
portugués y otro en español. Son sustantivos que son masculinos en español y femeninos en portugués o viceversa. Ex:
el árbol a árvore
el color a cor
el contestador automático a secretária eletrônica
17
NOME DA MATÉRIA
QUESTÕES
a) Com base nos elementos apresentados no anúncio, estabeleça a relação entre o produto anunciado e a afirmação de Marta.
b) A que se refere cada uma das partículas destacadas nos fragmentos de texto a seguir?
1. La Ley de Marta dice que si no podemos salir fuera
con los amigos, será porque es un buen día para
invitarlos a comer a casa.
Respostas:
Conteúdo: Compreensão de texto: chegar a conclusões relacionando argumentos à ideia principal; fazer inferências lógicas;
compreender a organização textual; estabelecer relações entre diferentes partes do texto; identificar ideias no texto e relações
entre elas, como, por exemplo, probabilidade, causa e efeito; explicar possíveis leituras ou interpretações de um texto.
18
NOME DA MATÉRIA
a) Relação estabelecida é de que sempre é tempo de estar com os amigos. E, para recebê-los bem, é importante ofe-
recer-lhes o que há de melhor, incluindo bons produtos como a água mineral Bezoya.
Carlos Fuentes llegó a Buenos Aires a comienzos de mayo para asistir a la Feria del Libro. Acababa de entregar un libro
a su editorial y ya tenía otro en la cabeza, iba de un almuerzo a una cena, firmó ejemplares durante tres horas, recibió a
decenas de periodistas, uno detrás de otro, respondió a cientos de preguntas sin titubear, sin demorarse, sin dudar en un
nombre ni una fecha. Y siguió paseando sus 83 años entre América y Europa, sin atisbo de cansancio. El secreto tiene mucho
que ver con su pasión por la escritura.
“Mi sistema de juventud es trabajar mucho, tener siempre un proyecto pendiente. Ahora he terminado un libro, Federico
en su balcón, pero ya tengo uno nuevo, El baile del centenario, que empiezo a escribirlo el lunes em México”.
Pregunta. ¿Sin horror al vacío de la página en blanco?
Respuesta. Miedos literarios no tengo ninguno. Siempre he sabido muy bien lo que quiero hacer y me levanto y lo hago.
Me levanto por la mañana y a las siete y ocho estoy escribiendo. Ya tengo mis notas y ya empiezo.
Así que entre mis libros, mi mujer, mis amigos y mis amores, ya tengo bastantes razones para seguir viviendo.
(Adaptado de: <http://cultura.elpais.com/cultura/2012/05/14/actualidad/1336991040_045502.html>. Acesso em: 20
jun. 2012.)
Respostas:
Conteúdo: Compreensão de texto: reconhecer relações ou contradições entre textos; reconhecer valores e crenças sub-
jacentes ao texto; chegar a conclusões relacionando argumentos à ideia principal; localizar e interpretar informações de um
texto; identificar, distinguir e interpretar recursos e segmentos do texto que sustentam a argumentação.
b) A relação do autor com seu trabalho é de intensidade e vivacidade. De acordo com o texto, o trabalho é sua fórmula
de juventude e ter sempre novos projetos é fundamental para que ele mantenha seu vigor.
Citação: “Mi sistema de juventud es trabajar mucho, tener siempre un proyecto pendiente.”
19
NOME DA MATÉRIA
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
20
NOME DA MATÉRIA
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
21
NOME DA MATÉRIA
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
22
MATEMÁTICA
1. CONJUNTOS NUMÉRICOS............................................................................................................................................................................... 01
1.1. Números naturais e números inteiros: indução finita, divisibilidade, máximo divisor comum e mínimo múltiplo
comum, decomposição em fatores primos.............................................................................................................................................. 01
1.2. Números racionais e noção elementar de números reais: operações e propriedades, ordem, valor absoluto,
desigualdades....................................................................................................................................................................................................... 01
1.3. Números complexos: representação e operações nas formas algébrica e trigonométrica, raízes da unidade..... 01
1.4. Sequências: noção de sequência, progressões aritmética e geométrica, noção de limite de uma sequência, soma
da série geométrica, representação decimal de um número real.................................................................................................... 01
1.5. Grandezas direta e inversamente proporcionais............................................................................................................................ 29
1.6. Porcentagem; juros simples e compostos......................................................................................................................................... 38
2. POLINÔMIOS......................................................................................................................................................................................................... 48
2.1. Polinômios: conceito, grau e propriedades fundamentais......................................................................................................... 48
2.2. Operações com polinômios, divisão de um polimônio por um binômio da forma x-a, divisão de um polinômio
por outro polinômio de grau menor ou igual......................................................................................................................................... 48
3. EQUAÇÕES ALGÉBRICAS................................................................................................................................................................................... 54
3.1. Equações algébricas: definição, conceito de raiz, multiplicidade de raízes, enunciado do Teorema Fundamental da
Álgebra.................................................................................................................................................................................................................... 54
3.2. Relações entre coeficientes e raízes. Pesquisa de raízes múltiplas. Raízes: racionais, reais e complexas................ 54
4. ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE.......................................................................................................................................... 56
4.1. Princípio fundamental de contagem................................................................................................................................................... 56
4.2. Arranjos, permutações e combinações simples.............................................................................................................................. 56
4.3. Binômio de Newton................................................................................................................................................................................... 56
4.4. Eventos. Conjunto universo. Conceituação de probabilidade................................................................................................... 56
4.5. Eventos mutuamente exclusivos. Probabilidade da união e da intersecção de dois ou mais eventos..................... 56
4.6. Probabilidade condicional. Eventos independentes..................................................................................................................... 56
5. NOÇÕES BÁSICAS DE ESTATÍSTICA.............................................................................................................................................................. 64
5.1. Representação gráfica (barras, segmentos, setores, histogramas).......................................................................................... 64
5.2. Medidas de tendência central (média, mediana e moda).......................................................................................................... 64
6. MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS LINEARES............................................................................................................................ 79
6.1. Matrizes: operações, matriz inversa..................................................................................................................................................... 79
6.2. Sistemas lineares. Matriz associada a um sistema. Resolução e discussão de um sistema linear............................... 79
6.3. Determinante de uma matriz quadrada: propriedades e aplicações, regras de Cramer................................................ 79
7. GEOMETRIA ANALÍTICA..................................................................................................................................................................................101
7.1. Coordenadas cartesianas na reta e no plano. Distância entre dois pontos.......................................................................101
7.2. Equação da reta: formas reduzida, geral e segmentária; coeficiente angular. Intersecção de retas, retas paralelas
e perpendiculares. Feixe de retas. Distância de um ponto a uma reta. Área de um triângulo...........................................101
7.3. Equação da circunferência; tangentes a uma circunferência; intersecção de uma reta a uma circunferência.....101
7.4. Elipse, hipérbole e parábola: equações reduzidas.......................................................................................................................101
8. FUNÇÕES...............................................................................................................................................................................................................110
8.1. Gráficos de funções injetoras, sobrejetoras e bijetoras; função composta; função inversa........................................110
8.2. Função e função quadrática.................................................................................................................................................................110
8.3. Função exponencial e função logarítmica. Teoria dos logaritmos; uso de logaritmos em cálculos........................110
8.4. Equações e inequações: lineares, quadráticas, exponenciais e logarítmicas.....................................................................110
9. TRIGONOMETRIA...............................................................................................................................................................................................132
9.1. Arcos e ângulos: medidas, relações entre arcos...........................................................................................................................132
9.2. Razões trigonométricas: Cálculo dos valores em /6, /4 e /3....................................................................................................132
9.3. Resolução de triângulos retângulos..................................................................................................................................................132
9.4. Resolução de triângulos quaisquer: lei dos senos e lei dos cossenos.1.............................................................................132
9.5. Funções trigonométricas: periodicidade, gráficos, simetrias...................................................................................................132
9.6. Fórmulas de adição, subtração, duplicação e bissecção de arcos. Transformações de somas de funções
trigonométricas em produtos......................................................................................................................................................................132
9.7. Equações e inequações trigonométricas.........................................................................................................................................132
MATEMÁTICA
1
MATEMÁTICA
2
MATEMÁTICA
3
MATEMÁTICA
2 - RESPOSTA: “B”.
2000-200=1800-35=1765
O salário líquido de José é R$1765,00. NÚMEROS INTEIROS – Z
Pela nova divisão temos: - O conjunto dos números inteiros não nulos:
Z* = {..., -4, -3, -2, -1, 1, 2, 3, 4,...};
Z* = Z – {0}
4
MATEMÁTICA
Módulo: chama-se módulo de um número inteiro a dis- A subtração é a operação inversa da adição.
tância ou afastamento desse número até o zero, na reta numé-
rica inteira. Representa-se o módulo por | |. Observe que: 9 – 5 = 4 4+5=9
O módulo de 0 é 0 e indica-se |0| = 0 diferença
O módulo de +7 é 7 e indica-se |+7| = 7 subtraendo
O módulo de –9 é 9 e indica-se |–9| = 9 minuendo
O módulo de qualquer número inteiro, diferente de zero,
é sempre positivo. Considere as seguintes situações:
Números Opostos: Dois números inteiros são ditos 1- Na segunda-feira, a temperatura de Monte Sião
opostos um do outro quando apresentam soma zero; assim, passou de +3 graus para +6 graus. Qual foi a variação da
os pontos que os representam distam igualmente da origem. temperatura?
Exemplo: O oposto do número 2 é -2, e o oposto de -2 é Esse fato pode ser representado pela subtração: (+6)
2, pois 2 + (-2) = (-2) + 2 = 0 – (+3) = +3
No geral, dizemos que o oposto, ou simétrico, de a é – a, e
vice-versa; particularmente o oposto de zero é o próprio zero. 2- Na terça-feira, a temperatura de Monte Sião, duran-
te o dia, era de +6 graus. À Noite, a temperatura baixou de
Adição de Números Inteiros 3 graus. Qual a temperatura registrada na noite de terça-
feira?
Para melhor entendimento desta operação, associaremos Esse fato pode ser representado pela adição: (+6) +
aos números inteiros positivos a idéia de ganhar e aos núme- (–3) = +3
ros inteiros negativos a idéia de perder. Se compararmos as duas igualdades, verificamos que
Ganhar 5 + ganhar 3 = ganhar 8 (+5) + (+3) = (+8) (+6) – (+3) é o mesmo que (+6) + (–3).
Perder 3 + perder 4 = perder 7 (-3) + (-4) = (-7)
Ganhar 8 + perder 5 = ganhar 3 (+8) + (-5) = (+3)
Temos:
Perder 8 + ganhar 5 = perder 3 (-8) + (+5) = (-3)
(+6) – (+3) = (+6) + (–3) = +3
(+3) – (+6) = (+3) + (–6) = –3
O sinal (+) antes do número positivo pode ser dispensa-
(–6) – (–3) = (–6) + (+3) = –3
do, mas o sinal (–) antes do número negativo nunca pode ser
dispensado.
Daí podemos afirmar: Subtrair dois números inteiros
é o mesmo que adicionar o primeiro com o oposto do se-
Propriedades da adição de números inteiros: O conjun-
to Z é fechado para a adição, isto é, a soma de dois números gundo.
inteiros ainda é um número inteiro.
Multiplicação de Números Inteiros
Associativa: Para todos a,b,c em Z:
a + (b + c) = (a + b) + c A multiplicação funciona como uma forma simplificada
2 + (3 + 7) = (2 + 3) + 7 de uma adição quando os números são repetidos. Podería-
mos analisar tal situação como o fato de estarmos ganhan-
Comutativa: Para todos a,b em Z: do repetidamente alguma quantidade, como por exemplo,
a+b=b+a ganhar 1 objeto por 30 vezes consecutivas, significa ganhar
3+7=7+3 30 objetos e esta repetição pode ser indicada por um x,
isto é: 1 + 1 + 1 ... + 1 + 1 = 30 x 1 = 30
Elemento Neutro: Existe 0 em Z, que adicionado a cada z Se trocarmos o número 1 pelo número 2, obteremos: 2
em Z, proporciona o próprio z, isto é: + 2 + 2 + ... + 2 + 2 = 30 x 2 = 60
z+0=z Se trocarmos o número 2 pelo número -2, obteremos:
7+0=7 (–2) + (–2) + ... + (–2) = 30 x (-2) = –60
Observamos que a multiplicação é um caso particular
Elemento Oposto: Para todo z em Z, existe (-z) em Z, tal que da adição onde os valores são repetidos.
z + (–z) = 0 Na multiplicação o produto dos números a e b, pode
9 + (–9) = 0 ser indicado por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal
entre as letras.
Subtração de Números Inteiros Para realizar a multiplicação de números inteiros, deve-
mos obedecer à seguinte regra de sinais:
A subtração é empregada quando: (+1) x (+1) = (+1)
- Precisamos tirar uma quantidade de outra quantidade; (+1) x (-1) = (-1)
- Temos duas quantidades e queremos saber quanto uma (-1) x (+1) = (-1)
delas tem a mais que a outra; (-1) x (-1) = (+1)
- Temos duas quantidades e queremos saber quanto falta
a uma delas para atingir a outra.
5
MATEMÁTICA
Com o uso das regras acima, podemos concluir que: - A divisão nem sempre pode ser realizada no conjunto
Z. Por exemplo, (+7) : (–2) ou (–19) : (–5) são divisões que
não podem ser realizadas em Z, pois o resultado não é um
Sinais dos números Resultado do produto
número inteiro.
Iguais Positivo - No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é as-
sociativa e não tem a propriedade da existência do ele-
Diferentes Negativo mento neutro.
1- Não existe divisão por zero.
Propriedades da multiplicação de números intei- Exemplo: (–15) : 0 não tem significado, pois não existe
ros: O conjunto Z é fechado para a multiplicação, isto é, a um número inteiro cujo produto por zero seja igual a –15.
multiplicação de dois números inteiros ainda é um número 2- Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente
inteiro. de zero, é zero, pois o produto de qualquer número inteiro
por zero é igual a zero.
Associativa: Para todos a,b,c em Z: Exemplos: a) 0 : (–10) = 0 b) 0 : (+6) = 0 c) 0 : (–1)
a x (b x c) = (a x b) x c =0
2 x (3 x 7) = (2 x 3) x 7
Potenciação de Números Inteiros
Comutativa: Para todos a,b em Z:
axb=bxa A potência an do número inteiro a, é definida como um
3x7=7x3 produto de n fatores iguais. O número a é denominado a
base e o número n é o expoente.
Elemento neutro: Existe 1 em Z, que multiplicado por an = a x a x a x a x ... x a
todo z em Z, proporciona o próprio z, isto é: a é multiplicado por a n vezes
zx1=z
7x1=7 Exemplos:33 = (3) x (3) x (3) = 27
(-5)5 = (-5) x (-5) x (-5) x (-5) x (-5) = -3125
Elemento inverso: Para todo inteiro z diferente de (-7)² = (-7) x (-7) = 49
zero, existe um inverso z–1=1/z em Z, tal que (+9)² = (+9) x (+9) = 81
z x z–1 = z x (1/z) = 1
9 x 9–1 = 9 x (1/9) = 1 - Toda potência de base positiva é um número inteiro
positivo.
Distributiva: Para todos a,b,c em Z: Exemplo: (+3)2 = (+3) . (+3) = +9
a x (b + c) = (a x b) + (a x c)
3 x (4+5) = (3 x 4) + (3 x 5) - Toda potência de base negativa e expoente par é
um número inteiro positivo.
Divisão de Números Inteiros Exemplo: (– 8)2 = (–8) . (–8) = +64
Propriedades da Potenciação:
Sabemos que na divisão exata dos números naturais:
40 : 5 = 8, pois 5 . 8 = 40 Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-
36 : 9 = 4, pois 9 . 4 = 36 se a base e somam-se os expoentes. (–7)3 . (–7)6 = (–7)3+6
= (–7)9
Vamos aplicar esses conhecimentos para estudar a di-
visão exata de números inteiros. Veja o cálculo: Quocientes de Potências com bases iguais: Conser-
(–20) : (+5) = q (+5) . q = (–20) q = (–4) va-se a base e subtraem-se os expoentes. (+13)8 : (+13)6 =
Logo: (–20) : (+5) = - 4 (+13)8 – 6 = (+13)2
Considerando os exemplos dados, concluímos que, Potência de Potência: Conserva-se a base e multipli-
para efetuar a divisão exata de um número inteiro por ou- cam-se os expoentes. [(+4)5]2 = (+4)5 . 2 = (+4)10
tro número inteiro, diferente de zero, dividimos o módulo
do dividendo pelo módulo do divisor. Daí: Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (+9)1
- Quando o dividendo e o divisor têm o mesmo sinal, o = +9 (–13)1 = –13
quociente é um número inteiro positivo.
- Quando o dividendo e o divisor têm sinais diferentes, Potência de expoente zero e base diferente de zero:
o quociente é um número inteiro negativo. É igual a 1. Exemplo: (+14)0 = 1 (–35)0 = 1
6
MATEMÁTICA
A raiz n-ésima (de ordem n) de um número inteiro a é 1 - (TRF 2ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2012) Uma
a operação que resulta em outro número inteiro não ne- operação λ é definida por:
gativo b que elevado à potência n fornece o número a. O wλ = 1 − 6w, para todo inteiro w.
número n é o índice da raiz enquanto que o número a é o Com base nessa definição, é correto afirmar que a
radicando (que fica sob o sinal do radical). soma 2λ + (1λ) λ é igual a
A raiz quadrada (de ordem 2) de um número inteiro a A) −20.
B) −15.
é a operação que resulta em outro número inteiro não ne-
C) −12.
gativo que elevado ao quadrado coincide com o número a.
D) 15.
E) 20.
Observação: Não existe a raiz quadrada de um núme-
ro inteiro negativo no conjunto dos números inteiros. 2 - (UEM/PR – AUXILIAR OPERACIONAL – UEM/2014)
Ruth tem somente R$ 2.200,00 e deseja gastar a maior
Erro comum: Frequentemente lemos em materiais di- quantidade possível, sem ficar devendo na loja.
dáticos e até mesmo ocorre em algumas aulas aparecimen- Verificou o preço de alguns produtos:
to de: TV: R$ 562,00
√9 = ±3 DVD: R$ 399,00
mas isto está errado. O certo é: Micro-ondas: R$ 429,00
√9 = +3 Geladeira: R$ 1.213,00
Na aquisição dos produtos, conforme as condições
Observamos que não existe um número inteiro não mencionadas, e pagando a compra em dinheiro, o troco
negativo que multiplicado por ele mesmo resulte em um recebido será de:
número negativo. A) R$ 84,00
A raiz cúbica (de ordem 3) de um número inteiro a é a B) R$ 74,00
operação que resulta em outro número inteiro que elevado C) R$ 36,00
D) R$ 26,00
ao cubo seja igual ao número a. Aqui não restringimos os
E) R$ 16,00
nossos cálculos somente aos números não negativos.
3 - (PREF. JUNDIAI/SP – ELETRICISTA – MAKIYA-
Exemplos MA/2013) Analise as operações a seguir:
3
(a) 8 = 2, pois 2³ = 8. I abac=ax
(b)
3
− 8 = –2, pois (–2)³ = -8.
3
(c) 27 = 3, pois 3³ = 27.
II
(d)
3
− 27 = –3, pois (–3)³ = -27.
7
MATEMÁTICA
6 – (Operador de máq./Pref.Coronel Fabriciano/MG) Quantos são os valores inteiros e positivos de x para os quais
é um número inteiro?
A) 0
B) 1
C) 2
D) 3
E) 4
7- (CASA DA MOEDA) O quadro abaixo indica o número de passageiros num vôo entre Curitiba e Belém, com duas
escalas, uma no Rio de Janeiro e outra em Brasília. Os números indicam a quantidade de passageiros que subiram no avião
e os negativos, a quantidade dos que desceram em cada cidade.
Curtiba +240
-194
Rio de Janeiro
+158
-108
Brasília
+94
RESPOSTAS
1 - RESPOSTA:“E”.
Pela definição:
Fazendo w=2
8
MATEMÁTICA
III 2 = 0,4
5
1 = 0,25
4 - RESPOSTA: “D”. 4
Maior inteiro menor que 8 é o 7
Menor inteiro maior que -8 é o -7. 35 = 8,75
Portanto: 7⋅(-7)=-49 4
5 - RESPOSTA: “C”. 153 = 3,06
Carla: 520-220-485+635=450 pontos 50
Mateus: -280+675+295-115=575 pontos
Diferença: 575-450=125 pontos
2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula,
infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se
6 - RESPOSTA:“C”.
periodicamente. Decimais Periódicos ou Dízimas Periódicas:
Fazendo substituição dos valores de x, dentro dos con-
juntos do inteiros positivos temos: 1
= 0,333...
3
x=0 ; x=1
1 = 0,04545...
22
167 = 2,53030...
, logo os únicos números que satisfa- 66
zem a condição é x= 0 e x=5 , dois números apenas.
Representação Fracionária dos Números Decimais
7 - RESPOSTA:“D”.
240- 194 +158 -108 +94 = 190 Trata-se do problema inverso: estando o número
racional escrito na forma decimal, procuremos escrevê-lo
NÚMEROS RACIONAIS – Q na forma de fração. Temos dois casos:
1º) Transformamos o número em uma fração cujo
m Um número racional é o que pode ser escrito na forma numerador é o número decimal sem a vírgula e o denominador
, onde m e n são números inteiros, sendo que n deve é composto pelo numeral 1, seguido de tantos zeros quantas
n
forem as casas decimais do número decimal dado:
ser diferente de zero. Frequentemente usamos m/n para
significar a divisão de m por n. 0,9 = 9
Como podemos observar, números racionais podem 10
ser obtidos através da razão entre dois números inteiros,
57
razão pela qual, o conjunto de todos os números racionais 5,7 =
é denotado por Q. Assim, é comum encontrarmos na lite- 10
ratura a notação:
0,76 = 76
m
Q={ : m e n em Z, n diferente de zero} 100
n
9
MATEMÁTICA
10
MATEMÁTICA
- Elemento neutro: Existe 1 em Q, que multiplicado por - Toda potência com expoente par é um número
todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q × 1 = q positivo.
- Elemento inverso: Para todo q = a em Q, q diferente 2
de zero, existe q-1 = b em Q: q × q-1 b= 1 a x ⎛ 1⎞ ⎛ 1⎞ ⎛ 1⎞ 1
b =1 a b ⎜⎝ − ⎟⎠ = ⎜⎝ − ⎟⎠ .⎜⎝ − ⎟⎠ =
5 5 5 25
a - Distributiva: Para todos a, b, c em Q: a × ( b + c ) = (
a×b)+(a×c) ‘- Produto de potências de mesma base. Para reduzir
um produto de potências de mesma base a uma só
Divisão de Números Racionais
potência, conservamos a base e somamos os expoentes.
A divisão de dois números racionais p e q é a própria
operação de multiplicação do número p pelo inverso de q,
2 3 2+3 5
⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2 2⎞ ⎛ 2 2 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞
isto é: p ÷ q = ⎜⎝ ⎟⎠ .⎜ ⎟ = ⎜ . ⎟ .⎜ . . ⎟ = ⎜ ⎟ =⎜ ⎟
5 ⎝ 5⎠ ⎝ 5 5⎠ ⎝ 5 5 5⎠ ⎝ 5⎠ ⎝ 5⎠
Potenciação de Números Racionais
- Quociente de potências de mesma base. Para reduzir
A potência qn do número racional q é um produto de um quociente de potências de mesma base a uma só
n fatores iguais. O número q é denominado a base e o potência, conservamos a base e subtraímos os expoentes.
número n é o expoente.
qn = q × q × q × q × ... × q, (q aparece n vezes)
Exemplos:
3
⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ 8
a) ⎜ ⎟ = ⎜ ⎟ .⎜ ⎟ .⎜ ⎟ =
⎝ 5 ⎠ ⎝ 5 ⎠ ⎝ 5 ⎠ ⎝ 5 ⎠ 125
- Potência de Potência. Para reduzir uma potência de
potência a uma potência de um só expoente, conservamos
a base e multiplicamos os expoentes
b)
11
MATEMÁTICA
Um número racional, quando elevado ao quadrado, dá 5 - (Pref. Niterói) Simplificando a expressão abaixo
o número zero ou um número racional positivo. Logo, os
números racionais negativos não têm raiz quadrada em Q. Obtém-se :
-100
A) ½
O número 9 não tem raiz quadrada em Q, pois tanto B) 1
-10
como +10 , quando elevados ao quadrado, dão 100 . C) 3/2
3 9
Um número
3 racional positivo só tem raiz quadrada no D) 2
conjunto dos números racionais se ele for um quadrado E) 3
perfeito.
2 6 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Em um jogo
O número 3 não tem raiz quadrada em Q, pois não matemático, cada jogador tem direito a 5 cartões marcados
existe número racional que elevado ao quadrado dê 2 . com um número, sendo que todos os jogadores recebem
3 os mesmos números. Após todos os jogadores receberem
Questões seus cartões, aleatoriamente, realizam uma determinada
tarefa que também é sorteada. Vence o jogo quem cumprir
1 - (PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPE- a tarefa corretamente. Em uma rodada em que a tarefa era
RACIONAIS – MAKIYAMA/2013) Na escola onde estudo, colocar os números marcados nos cartões em ordem cres-
¼ dos alunos tem a língua portuguesa como disciplina favo- cente, venceu o jogador que apresentou a sequência
rita, 9/20 têm a matemática como favorita e os demais têm
ciências como favorita. Sendo assim, qual fração representa
os alunos que têm ciências como disciplina favorita?
A) 1/4
B) 3/10
C) 2/9
D) 4/5
E) 3/2
12
MATEMÁTICA
1 - RESPOSTA: “B”.
Somando português e matemática:
8 - RESPOSTA: “A”.
2 - RESPOSTA: “B”.
3 - RESPOSTA: “C”.
Mmc(3,5,9)=45
Como 3/4 eram homens, 1/4 eram mulheres
ou 800-600=200 mulheres
O restante estuda alemão: 2/45
13
MATEMÁTICA
- Reflexiva: a ≤ a
- Transitiva: a ≤ b e b ≤ c → a ≤ c
- Anti-simétrica: a ≤ b e b ≤ a → a = b
Ao conjunto formado pelos números Irracionais e pelos
números Racionais chamamos de conjunto dos números Reais. - Ordem total: a < b ou b < a ou a = b
Ao unirmos o conjunto dos números Irracionais com o conjunto
dos números Racionais, formando o conjunto dos números Expressão aproximada dos números Reais
Reais, todas as distâncias representadas por eles sobre uma
reta preenchem-na por completo; isto é, ocupam todos os seus
pontos. Por isso, essa reta é denominada reta Real.
14
MATEMÁTICA
Aproximação por
Falta Excesso
Erro menor que π π
1 unidade 1 3 2 4
1 décimo 1,4 3,1 1,5 3,2
1 centésimo 1,41 3,14 1,42 3,15
1 milésimo 1,414 3,141 1,415 3,142
1 décimo de
1,4142 3,1415 1,4134 3,1416
milésimo
15
MATEMÁTICA
16
MATEMÁTICA
9 - RESPOSTA: “C”.
1 a 9 =9 algarismos=0,001⋅9=0,009 ml
De 10 a 99, temos que saber quantos números tem.
4 - RESPOSTA “B”. 99-10+1=90.
OBS: soma 1, pois quanto subtraímos exclui-se o primeiro
número.
90 números de 2 algarismos: 0,002⋅90=0,18ml
De 100 a 999
Sobrou 1/4 do bolo. 999-100+1=900 números
900⋅0,003=2,7ml
1000=0,004ml
Somando: 0,009+0,18+2,7+0,004=2,893
10 - RESPOSTA: “E”.
5 - RESPOSTA: “B”. Supondo que as quatro primeiras moedas sejam as 3 de
R$ 0,50 e 1 de R$ 0,25(maiores valores).
Aluguel: Um filho receberia : 1,50+0,25=R$1,75
E as ouras quatro moedas sejam de menor valor: 4 de R$
Outras despesas: 0,10=R$ 0,40.
A maior diferença seria de 1,75-0,40=1,35
Dica: sempre que fala a maior diferença tem que o maior
valor possível – o menor valor.
Restam :1000-850=R$150,00
MMC
17
MATEMÁTICA
18
MATEMÁTICA
Igualdade entre números complexos: Dois números Interpretação geométrica: Como dissemos, no início,
complexos são iguais se, e somente se, apresentam a interpretação geométrica dos números complexos é que
simultaneamente iguais a parte real e a parte imaginária. deu o impulso para o seu estudo. Assim, representamos o
Assim, se z1=a+bi e z2=c+di, temos que: complexo z = a+bi da seguinte maneira
z1=z2<==> a=c e b=d
19
MATEMÁTICA
Respostas
Resolução 01.
Temos que:
z1 + z2 = (2x + 1 -y) + (y +2) = 0
logo, é preciso que:
2x+1 - y =0 e y+2 = 0
Resolvendo, temos que y = -2 e x = -3/2
Resolução 02.
Forma polar dos números complexos: Da Efetuando a multiplicação, temos que:
interpretação geométrica, temos que: z = x + (x+2)i + 2i2
z= (x-2) + (x+2)i
Para z ser imaginário puro é necessário que (x-2)=0,
logo x=2
Resolução 03.
Efetuando a divisão, temos que:
que é conhecida como forma polar ou trigonométrica z = (2+i) / (7-3i) . (7+3i) / (7+3i) = (11 + 3i) / 58
de um número complexo. O conjugado de Z seria, então z- = 11/58 - 13i/58
20
MATEMÁTICA
Exemplos: Teremos:
- Sequência dos números primos positivos: (2, 3, 5, a12 = 45 – 4 . 12 a a12 = -3
7, 11, 13, 17, 19, ...). Notemos que esta é uma sequência a23 = 45 – 4 . 23 a a23 = -47
infinita com a1 = 2; a2 = 3; a3 = 5; a4 = 7; a5 = 11; a6 = 13 etc.
- Sequência dos números ímpares positivos: (1, 3, 5, 7, 3. Lei de Recorrências
9, 11, ...). Notemos que esta é uma sequência infinita com Uma sequência pode ser definida quando oferecemos
a1 = 1; a2 = 3; a3 = 5; a4 = 7; a5 = 9; a6 = 11 etc. o valor do primeiro termo e um “caminho” (uma formula)
- Sequência dos algarismos do sistema decimal de que permite a determinação de cada termo conhecendo-
numeração: (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9). Notemos que esta é se o seu antecedente. Essa forma de apresentação de uma
uma sequência finita com a1 = 0; a2 = 1; a3 = 2; a4 = 3; a5 = sucessão é dita de recorrências.
4; a6 = 5; a7 = 6; a8 = 7; a9 = 8; a10 = 9.
Exemplos
1. Igualdade - Escrever os cinco primeiros termos de uma sequência
As sequências são apresentadas com os seus termos em que:
entre parênteses colocados de forma ordenada. Sucessões a1 = 3 e an+1 = 2 . an - 4, em que n € N*.
que apresentarem os mesmos termos em ordem diferente
serão consideradas sucessões diferentes. Teremos:
Duas sequências só poderão ser consideradas iguais a1 = 3
se, e somente se, apresentarem os mesmos termos, na a2 = 2 . a1 – 4 a a2 = 2 . 3 – 4 a a2 = 2
mesma ordem. a3 = 2 . a2 – 4 a a3 = 2 . 2 - 4 a a3 = 0
a4 = 2 . a3 – 4 a a4 = 2 . 0 - 4 a a4 = -4
Exemplo a5 = 2 . a4 – 4 a a5 = 2 .(-4) – 4 a a5 = -12
A sequência (x, y, z, t) poderá ser considerada igual à
sequência (5, 8, 15, 17) se, e somente se, x = 5; y = 8; z = - Determinar o termo a5 de uma sequência em que:
15; e t = 17. a1 = 12 e an+ 1 = an – 2, em que n € N*.
Notemos que as sequências (0, 1, 2, 3, 4, 5) e (5, 4, 3,
2, 1) são diferentes, pois, embora apresentem os mesmos a2 = a1 – 2 → a2 = 12 – 2 → a2=10
elementos, eles estão em ordem diferente. a3 = a2 – 2 → a3 = 10 – 2 → a3 = 8
a4 = a3 – 2 → a4 = 8 – 2 → a4 = 6
2. Formula Termo Geral a5 = a4 – 2 → a5 = 6 – 2 → a5 = 4
Podemos apresentar uma sequência através de uma
determina o valor de cada termo an em função do valor de Observação 1
n, ou seja, dependendo da posição do termo. Esta formula
que determina o valor do termo an e chamada formula do Devemos observar que a apresentação de uma se-
termo geral da sucessão. quência através do termo geral é mais pratica, visto que
podemos determinar um termo no “meio” da sequência
Exemplos sem a necessidade de determinarmos os termos interme-
- Determinar os cincos primeiros termos da sequência diários, como ocorre na apresentação da sequência através
cujo termo geral e igual a: da lei de recorrências.
an = n – 2n,com n € N* a
Teremos: Observação 2
A1 = 12 – 2 . 1 a a1 = 1
A2 = 22 – 2 . 2 a a2 = 0 Algumas sequências não podem, pela sua forma “de-
A3 = 32 – 2 . 3 a a3 = 3 sorganizada” de se apresentarem, ser definidas nem pela
A4 = 42 – 4 . 2 a a4 = 8 lei das recorrências, nem pela formula do termo geral. Um
A5 = 55 – 5 . 2 a a5 = 15 exemplo de uma sequência como esta é a sucessão de nú-
meros naturais primos que já “destruiu” todas as tentativas
- Determinar os cinco primeiros termos da seqüência de se encontrar uma formula geral para seus termos.
cujo termo geral é igual a:
an = 3 . n + 2, com n € N*. 4. Artifícios de Resolução
a1 = 3 . 1 + 2 a a1 = 5
a2 = 3 . 2 + 2 a a2 = 8 Em diversas situações, quando fazemos uso de apenas
a3 = 3 . 3 + 2 a a3 = 11 alguns elementos da PA, é possível, através de artifícios de
a4 = 3 . 4 + 2 a a4 = 14 resolução, tornar o procedimento mais simples:
a5 = 3 . 5 + 2 a a5 = 17 PA com três termos: (a – r), a e (a + r), razão igual a r.
PA com quatro termos: (a – 3r), (a – r), (a + r) e (a + 3r),
- Determinar os termos a12 e a23 da sequência cujo razão igual a 2r.
termo geral é igual a: PA com cinco termos: (a – 2r), (a – r), a, (a + r) e (a + 2r),
an = 45 – 4 + n, com n € N*. razão igual a r.
21
MATEMÁTICA
Exemplo Propriedade
Numa PA com n termos, a soma de dois termos
- Determinar os números a, b e c cuja soma é, igual a equidistantes dos extremos é igual à soma destes extremos.
15, o produto é igual a 105 e formam uma PA crescente.
Exemplo
Teremos: Sejam, numa PA de n termos, ap e ak termos equidistantes
Fazendo a = (b – r) e c = (b + r) e sendo a + b + c = dos extremos.
15, teremos:
(b – r) + b + (b + r) = 15 → 3b = 15 → b = 5. Teremos, então:
I - ap = a1 + (p – 1) . r a ap = a1 + p . r – r
Assim, um dos números, o termo médio da PA, já é II - ak = a1 + (k – 1) . r a ak = a1 + k . r – r
conhecido. Fazendo I + II, teremos:
Dessa forma a sequência passa a ser: Ap + ak = a1 + p . r – r + a1 + k . r – r
(5 – r), 5 e ( 5 + r ), cujo produto é igual a 105, ou seja: Ap + ak = a1 + a1 + (p + k – 1 – 1) . r
Numa sequência finita, dizemos que dois termos são Considerando que todas estas parcelas, colocadas
equidistantes dos extremos se a quantidade de termos que entre parênteses, são formadas por termos equidistantes
precederem o primeiro deles for igual à quantidade de ter- dos extremos e que a soma destes termos é igual à soma
mos que sucederem ao outro termo. Assim, na sucessão: dos extremos, temos:
(a1, a2, a3, a4,..., ap,..., ak,..., an-3, an-2, an-1, an), temos: 2Sn = (a1 + an) + (a1 + an) + (a1 + an) + (a1 + an) +
+… + (a1 + an) → 2Sn = ( a1 + an) . n
a2 e an-1 são termos equidistantes dos extremos;
a3 e an-2 são termos equidistantes dos extremos; E, assim, finalmente:
a4 an-3 são termos equidistantes dos extremos. (a1 + an ).n
Sn =
Notemos que sempre que dois termos são equidistantes 2
dos extremos, a soma dos seus índices é igual ao valor de
n + 1. Assim sendo, podemos generalizar que, se os termos
ap e ak são equidistantes dos extremos, então: p + k = n+1.
22
MATEMÁTICA
Exemplo Classificação
- Ache a soma dos sessenta primeiros termos da PA (2
, 5, 8,...). As classificações geométricas são classificadas assim:
Dados: a1 = 2 - Crescente: Quando cada termo é maior que o anterior.
Isto ocorre quando a1 > 0 e q > 1 ou quando a1 < 0 e 0 < q < 1.
r=5–2=3 - Decrescente: Quando cada termo é menor que o an-
terior. Isto ocorre quando a1 > 0 e 0 < q < 1 ou quando a1
Calculo de a60: < 0 e q > 1.
- Alternante: Quando cada termo apresenta sinal con-
A60 = a1 + 59r → a60 = 2 + 59 . 3 trario ao do anterior. Isto ocorre quando q < 0.
a60 = 2 + 177 - Constante: Quando todos os termos são iguais. Isto
a60 = 179 ocorre quando q = 1. Uma PG constante é também uma PA
de razão r = 0. A PG constante é também chamada de PG
Calculo da soma: estacionaria.
]
(a1 + an )n (a + a ).60 - Singular: Quando zero é um dos seus termos. Isto
Sn = → S60 = 1 60 ocorre quando a1 = 0 ou q = 0.
2 2
23
MATEMÁTICA
24
MATEMÁTICA
a1 .(1+ q n )
Sn =
1− q
25
MATEMÁTICA
26
MATEMÁTICA
27
MATEMÁTICA
7) Resposta “B”. x1/2. x1/4 . x1/8 . x1/16 . ... = x1/2 + 1 / 4 + 1/8 + 1/16 + ...
Solução: Observe que podemos escrever a soma S
como: O expoente é a soma dos termos de uma PG infinita de
S = (10 – 1) + (100 – 1) + (1000 – 1) + (10000 – 1) + ... primeiro termo a1 = 1 /2 e razão q = 1 /2.
+ (10n – 1)
S = (10 – 1) + (102 – 1) + (103 – 1) + (104 – 1) + ... + Logo, a soma valerá:
(10 – 1)
n
S = a1 / (1 – q) = (1 /2) / 1 – (1 /2) = 1
Como existem n parcelas, observe que o número (– 1) Então, x1/2 + 1 / 4 + 1/8 + 1/16 + ... = x1 = x
é somado n vezes, resultando em n(-1) = - n. 10) Resposta “6171”.
Logo, poderemos escrever: Solução: Dados:
S = (10 + 102 + 103 + 104 + ... + 10n ) – n M(5) = 1000, 1005, ..., 9995, 10000.
Vamos calcular a soma Sn = 10 + 102 + 103 + 104 + ... + M(7) = 1001, 1008, ..., 9996.
10n, que é uma PG de primeiro termo a1 = 10, razão q = 10 M(35) = 1015, 1050, ... , 9975.
e último termo an = 10n. M(1) = 1, 2, ..., 10000.
Teremos: Para múltiplos de 5, temos: an = a1+ (n-1).r → 10000 =
Sn = (an.q – a1) / (q –1) = (10n . 10 – 10) / (10 – 1) = 1000 + (n - 1). 5 → n = 9005/5 → n = 1801.
(10n+1 – 10) / 9 Para múltiplos de 7, temos: an = a1+ (n-1).r → 9996 =
1001 + (n - 1). 7 → n = 9002/7 → n = 1286.
Substituindo em S, vem: Para múltiplos de 35, temos: an = a1 + (n - 1).r → 9975
S = [(10n+1 – 10) / 9] – n = 1015 + (n - 1).35 → n = 8995/35 → n = 257.
Para múltiplos de 1, temos: an = a1 = (n -1).r → 10000
Deseja-se calcular o valor de 10n+1 - 9(S + n) = 1000 + (n - 1).1 → n = 9001.
Temos que S + n = [(10n+1 – 10) / 9] – n + n = (10n+1 – Sabemos que os múltiplos de 35 são múltiplos comuns
10) / 9 de 5 e 7, isto é, eles aparecem no conjunto dos múltiplos de
5 e no conjunto dos múltiplos de 7 (daí adicionarmos uma
Substituindo o valor de S + n encontrado acima, fica: vez tal conjunto de múltiplos).
10n+1 – 9(S + n) = 10n+1 – 9(10n+1 – 10) / 9 = 10n+1 – Total = M(1) - M(5) - M(7) + M(35).
(10n+1 – 10) = 10. Total = 9001 - 1801 - 1286 + 257 = 6171
8) Resposta “819”.
Solução: Sendo q a razão da PG, poderemos escrever
a sua forma genérica: (x/q, x, xq).
Como o produto dos 3 termos vale 729, vem:
x/q . x . xq = 729 de onde concluímos que: x3 = 729 =
3 = 33 . 33 = 93 , logo, x = 9.
6
28
MATEMÁTICA
6 9 12 3
Assim: = = = 10x = 96 000
4 6 8 2
x = 9 600
Dizemos, então, que: y 4
=
27000 10
- os números da sucessão 6, 9, 12 são diretamente pro-
porcionais aos da sucessão 4, 6, 8;
- o número 2 , que é a razão entre dois termos corres- 10y = 108 000
3
29
MATEMÁTICA
Observe agora as duas sucessões de números: Exemplo 2: Vamos dividir o número 104 em partes
inversamente proporcionais aos números 2, 3 e 4.
Sucessão do número de máquinas: 1 2 4 6
Sucessão do número de minutos: 120 60 30 20 Representamos os números procurados por x, y e z. E
como as sucessões (x, y, z) e (2, 3, 4) devem ser inversamente
Nessas sucessões as razões entre cada termo da proporcionais, escrevemos:
primeira sucessão e o inverso do termo correspondente da
104
segunda são iguais: x y z x y z x+ y+z
= = = = =
1
=
2
=
4
=
6
= 120 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 + +
120 60 30 20
2 3 4 2 3 4 2 3 4
Observando que
1 4 é mesmo que
é o mesmo que 1.120=120
1 1
Logo, os números procurados são 48, 32 e 24.
20 30
4.30=120 Grandezas Diretamente Proporcionais
2 é o mesmo que 2.60=120 6 é o mesmo que Considere uma usina de açúcar cuja produção, nos
cinco primeiros dias da safra de 2005, foi a seguinte:
1 1
60 20 Dias Sacos de açúcar
6.20= 120 1 5 000
2 10 000
Podemos dizer que: Duas sucessões de números 3 15 000
não-nulos são inversamente proporcionais quando os 4 20 000
produtos de cada termo da primeira sucessão pelo termo 5 25 000
correspondente da segunda sucessão são iguais.
Com base na tabela apresentada observamos que:
Exemplo 1: Vamos determinar x e y, de modo que as
sucessões sejam inversamente proporcionais: - duplicando o número de dias, duplicou a
produção de açúcar;
4 x 8 - triplicando o número de dias, triplicou a produção
20 16 y de açúcar, e assim por diante.
30
MATEMÁTICA
30 3 inverso da razão 12
=
120 12 3
60 4 6
= inverso da razão
90 6 4
Isso nos leva a estabelecer que: Duas grandezas são
diretamente proporcionais quando a razão entre os valores 60 3
= inverso da razão 6
da primeira é igual à razão entre os valores da segunda. 120 6 3
90 3 inverso da razão 4
Tomemos agora outro exemplo. =
120 6 3
Com 1 tonelada de cana-de-açúcar, uma usina produz
70l de álcool.
De acordo com esses dados podemos supor que: Podemos, então, estabelecer que: Duas grandezas são
inversamente proporcionais quando a razão entre os valores da
primeira é igual ao inverso da razão entre os valores da segunda.
- com o dobro do número de toneladas de cana, a usina
Acompanhe o exemplo a seguir:
produza o dobro do número de litros de álcool, isto é, 140l;
- com o triplo do número de toneladas de cana, a usina Cinco máquinas iguais realizam um trabalho em 36 dias. De
produza o triplo do número de litros de álcool, isto é, 210l. acordo com esses dados, podemos supor que:
- o dobro do número de máquinas realiza o mesmo trabalho
Então concluímos que as grandezas quantidade de cana- na metade do tempo, isto é, 18 dias;
de-açúcar e número de litros de álcool são diretamente - o triplo do número de máquinas realiza o mesmo trabalho
proporcionais. na terça parte do tempo, isto é, 12 dias.
Então concluímos que as grandezas quantidade de
Grandezas Inversamente Proporcionais máquinas e tempo são inversamente proporcionais.
31
MATEMÁTICA
4 - RESPOSTA: “B”.
A) 90.
B) 80.
C) 96.
D) 84.
E) 72.
189-162= 27
32
MATEMÁTICA
Exemplo
Uma sala tem 18 m2. Um tapete que ocupar o centro
dessa sala mede 384 dm2. Vamos calcular a razão entre a
área do tapete e a área da sala.
382 ➜Somamos os inversos dos números, ou seja: Primeiro, devemos transformar as duas grandezas em
uma mesma unidade:
. Dividindo-se os denominadores por 4, Área da sala: 18 m2 = 1 800 dm2
Área do tapete: 384 dm2
ficamos com: = . Eliminando- Estando as duas áreas na mesma unidade, podemos
se os denominadores, temos 191 que corresponde a uma escrever a razão:
soma. Dividindo-se a soma pela soma: 384dm 2 384 16
2
= =
1800dm 1800 75
33
MATEMÁTICA
6628000
≅ 71,5hab. / km 2 Na bula de um remédio pediátrico recomenda-se a
927286 seguinte dosagem: 5 gotas para cada 2 kg do “peso” da
A esse tipo de razão dá-se o nome de densidade de- criança.
mográfica.
A notação hab./km2 (lê-se: ”habitantes por quilômetro Se uma criança tem 12 kg, a dosagem correta x é dada
quadrado”) deve acompanhar a razão. por:
Exemplo 3 5gotas x
= → x = 30gotas
2kg 12kg
Um carro percorreu, na cidade, 83,76 km com 8 L de
gasolina. Dividindo-se o número de quilômetros percor- Por outro lado, se soubermos que foram corretamente
ridos pelo número de litros de combustível consumidos, ministradas 20 gotas a uma criança, podemos concluir que
teremos o número de quilômetros que esse carro percorre seu “peso” é 8 kg, pois:
com um litro de gasolina:
5gotas
83, 76km = 20gotas / p → p = 8kg
≅ 10, 47km / l 2kg
8l
(nota: o procedimento utilizado nesse exemplo é co-
A esse tipo de razão dá-se o nome de consumo mé- mumente chamado de regra de três simples.)
dio.
A notação km/l (lê-se: “quilômetro por litro”) deve
acompanhar a razão.
34
MATEMÁTICA
O produto dos extremos é igual ao produto dos meios: 1 - (VUNESP - AgSegPenClasseI-V1 - 2012) – Em um con-
essa propriedade possibilita reconhecer quando duas ra- curso participaram 3000 pessoas e foram aprovadas 1800. A
zões formam ou não uma proporção. razão do número de candidatos aprovados para o total de
candidatos participantes do concurso é:
4 12 A) 2/3
e B) 3/5
3 9 formam uma proporção, pois
C) 5/10
Produtos dos extremos ← 4.9
= 3.12
→ Produtos dos D) 2/7
meios. 36 36 E) 6/7
A soma dos dois primeiros termos está para o primeiro 2 – (VNSP1214/001-AssistenteAdministrativo-I – 2012)
(ou para o segundo termo) assim como a soma dos dois – Em uma padaria, a razão entre o número de pessoas que
últimos está para o terceiro (ou para o quarto termo). tomam café puro e o número de pessoas que tomam café com
leite, de manhã, é 2/3. Se durante uma semana, 180 pessoas
tomarem café de manhã nessa padaria, e supondo que essa
5 10 ⎧ 5 + 2 10 + 4 7 14 razão permaneça a mesma, pode-se concluir que o número de
= ⇒⎨ = ⇒ =
2 4 ⎩ 5 10 5 10 pessoas que tomarão café puro será:
ou A) 72
B) 86
5 10 ⎧ 5 + 2 10 + 4 7 14 C) 94
= ⇒⎨ = ⇒ = D) 105
2 4 ⎩ 2 4 2 4
E) 112
A diferença entre os dois primeiros termos está para
3 - (PREF. NEPOMUCENO/MG – TÉCNICO EM SEGURAN-
o primeiro (ou para o segundo termo) assim como a dife-
ÇA DO TRABALHO – CONSULPLAN/2013) Num zoológico, a
rença entre os dois últimos está para o terceiro (ou para o
razão entre o número de aves e mamíferos é igual à razão en-
quarto termo).
tre o número de anfíbios e répteis. Considerando que o núme-
4 8 4 − 3 8 − 6 1 2 ro de aves, mamíferos e anfíbios são, respectivamente, iguais a
= ⇒ = ⇒ = 39, 57 e 26, quantos répteis existem neste zoológico?
3 6 4 8 4 8
A) 31
ou B) 34
4 8 4 − 3 8 − 6 1 2 C) 36
= ⇒ = ⇒ = D) 38
3 6 3 6 3 6
E) 43
A soma dos antecedentes está para a soma dos con-
sequentes assim como cada antecedente está para o seu 4 - (TRT - Técnico Judiciário) Na figura abaixo, os pontos E
consequente. e F dividem o lado AB do retângulo ABCD em segmentos de
mesma medida.
12 3 ⎧12 + 3 12 15 12
= ⇒⎨ = ⇒ =
8 2 ⎩ 8+2 8 10 8
ou
12 3 ⎧12 + 3 3 15 3
= ⇒⎨ = ⇒ =
8 2 ⎩ 8 + 2 2 10 2
3 1 ⎧ 3−1 3 2 3
= ⇒⎨ = ⇒ = A razão entre a área do triângulo (CEF) e a área do retân-
15 5 ⎩15 − 5 15 10 15 gulo é:
ou a) 1/8
3 1 ⎧ 3−1 1 2 1 b) 1/6
= ⇒⎨ = ⇒ = c) 1/2
15 5 ⎩15 − 5 5 10 5 d) 2/3
e) 3/4
35
MATEMÁTICA
36
MATEMÁTICA
Respostas
1 – Resposta “B”
2 – Resposta “A”
Sejam CP e CL o número de pessoas que consumiram café puro e café com leite respectivamente. Como na semana o
número total de pessoas que consumiram café foi de 180, temos que:
CP+CL = 180
180.2 = CP.5 CP = CP = 72
3 - RESPOSTA: “D”
4 - Resposta “B”
5 - RESPOSTA: “A”
Para cada 1 livro temos 4 revistas
Significa que o número de revistas é 4x o número de livros.
50 livros: 200 revistas
Depois da compra
2 livros :3 revistas
200 livros: 300 revistas
37
MATEMÁTICA
6 - RESPOSTA: “C”
1.6. PORCENTAGEM; JUROS SIMPLES E
COMPOSTOS.
38
MATEMÁTICA
Aumento Percentual: Consideremos um valor inicial Sendo V1 o valor após o primeiro desconto, temos:
V que deve sofrer um aumento de p% de seu valor. V1 = V. (1 – p1 )
100
Chamemos de A o valor do aumento e VA o valor após o
aumento. Então, A = p% de V = p . V Sendo V2 o valor após o segundo desconto, temos:
100
p2
V2 = V1 . (1 – )
p 100
VA = V + A = V + .V
100 V2 = V . (1 – p1 ) . (1 – p2 )
p 100 100
VA = ( 1 + ).V
100
p
Sendo V um valor inicial, vamos considerar que ele irá
Em que (1 + 100 ) é o fator de aumento. sofrer um aumento de p1% e, sucessivamente, um desconto
de p2%.
Sendo V1 o valor após o aumento, temos:
p
Desconto V1 = V . (1+ 1 )
100
Desconto Percentual: Consideremos um valor inicial Sendo V2 o valor após o desconto, temos:
V que deve sofrer um desconto de p% de seu valor. V2 = V1 . (1 – p2 )
Chamemos de D o valor do desconto e VD o valor após o 100
desconto. Então, D = p% de V = p . V V2 = V . (1 + p1 ) . (1 – p2 )
100 100 100
p Exemplo
VD = V – D = V – .V (VUNESP-SP) Uma instituição bancária oferece um
100
p rendimento de 15% ao ano para depósitos feitos numa
VD = (1 – ).V certa modalidade de aplicação financeira. Um cliente deste
100
banco deposita 1 000 reais nessa aplicação. Ao final de n
p anos, o capital que esse cliente terá em reais, relativo a esse
Em que (1 – ) é o fator de desconto.
100 depósito, são:
Exemplo
n
p
Resolução: VA = 1 + .v
100
Uma empresa admite um funcionário no mês de janeiro
sabendo que, já em março, ele terá 40% de aumento. Se a n
Resposta: R$ 2 500,00
39
MATEMÁTICA
QUESTÕES
1 - (PREF. AMPARO/SP – AGENTE ESCOLAR – CONRIO/2014) Se em um tanque de um carro for misturado 45 litros de
etanol em 28 litros de gasolina, qual será o percentual aproximado de gasolina nesse tanque?
A) 38,357%
B) 38,356%
C) 38,358%
D) 38,359%
2 - (CEF / Escriturário) Uma pessoa x pode realizar uma certa tarefa em 12 horas. Outra pessoa, y, é 50% mais eficiente
que x. Nessas condições, o número de horas necessárias para que y realize essa tarefa é :
A) 4
B) 5
C) 6
D) 7
E) 8
3 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Observe a tabela que indica o consumo mensal de uma mesma torneira da pia
de uma cozinha, aberta meia volta por um minuto, uma vez ao dia.
Em relação ao cosumo mensal da torneira alimentada pela água da rua, o da torneira alimentada pela água da caixa
representa, aproximadamente,
A) 20%
B) 26%
C) 30%
D) 35%
E) 40%
4 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FCC/2014) O preço de uma mercadoria, na loja J, é
de R$ 50,00. O dono da loja J resolve reajustar o preço dessa mercadoria em 20%. A mesma mercadoria, na loja K, é vendida
por R$ 40,00. O dono da loja K resolve reajustar o preço dessa mercadoria de maneira a igualar o preço praticado na loja J
após o reajuste de 20%. Dessa maneira o dono da loja K deve reajustar o preço em
A) 20%.
B) 50%.
C) 10%.
D) 15%.
E) 60%.
5 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FCC/2014) O preço de venda de um produto, des-
contado um imposto de 16% que incide sobre esse mesmo preço, supera o preço de compra em 40%, os quais constituem
o lucro líquido do vendedor. Em quantos por cento, aproximadamente, o preço de venda é superior ao de compra?
A) 67%.
B) 61%.
C) 65%.
D) 63%.
E) 69%.
6 - (DPE/SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC/2013) Um comerciante comprou uma mercadoria por R$
350,00. Para estabelecer o preço de venda desse produto em sua loja, o comerciante decidiu que o valor deveria ser suficiente
para dar 30% de desconto sobre o preço de venda e ainda assim garantir lucro de 20% sobre o preço de compra. Nessas
condições, o preço que o comerciante deve vender essa mercadoria é igual a
A) R$ 620,00.
B) R$ 580,00.
C) R$ 600,00.
D) R$ 590,00.
E) R$ 610,00.
40
MATEMÁTICA
7 - (DPE/SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – Vitor arrematou um lote, pagou o combinado no ato
FCC/2013) Uma bolsa contém apenas 5 bolas brancas e 7 da arrematação e os R$28.800,00 restantes no dia 10 de
bolas pretas. Sorteando ao acaso uma bola dessa bolsa, a dezembro. Com base nas informações contidas no texto,
probabilidade de que ela seja preta é calcule o valor total gasto por Vitor nesse leilão.
A) maior do que 55% e menor do que 60%. A) R$34.600,00
B) menor do que 50%. B) R$36.000,00
C) maior do que 65%. C) R$35.400,00
D) maior do que 50% e menor do que 55%. D) R$32.000,00
E) maior do que 60% e menor do que 65%. E) R$37.800,00
3 - RESPOSTA: “B”.
41
MATEMÁTICA
J=C.i.t
42
MATEMÁTICA
M=C+ j
Exemplo
43
MATEMÁTICA
44
MATEMÁTICA
8. (PM/SP – OFICIAL – VUNESP/2013) Pretendendo aplicar em um fundo que rende juros compostos, um investidor
fez uma simulação. Na simulação feita, se ele aplicar hoje R$ 10.000,00 e R$ 20.000,00 daqui a um ano, e não fizer nenhuma
retirada, o saldo daqui a dois anos será de R$ 38.400,00. Desse modo, é correto afirmar que a taxa anual de juros conside-
rada nessa simulação foi de
A) 12%.
B) 15%.
C) 18%.
D) 20%.
E) 21%.
9. (TRT 1ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC/2013) Juliano possui R$ 29.000,00 aplicados em
um regime de juros compostos e deseja comprar um carro cujo preço à vista é R$30.000,00. Se nos próximos meses essa
aplicação render 1% ao mês e o preço do carro se mantiver, o número mínimo de meses necessário para que Juliano tenha
em sua aplicação uma quantia suficiente para comprar o carro é
A) 7.
B) 4.
C) 5.
D) 6.
E) 3.
10. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – CESGRANRIO/2012) João tomou um empréstimo de R$900,00 a juros com-
postos de 10% ao mês. Dois meses depois, João pagou R$600,00 e, um mês após esse pagamento, liquidou o empréstimo.
O valor desse último pagamento foi, em reais, aproximadamente,
A) 240,00
B) 330,00
C) 429,00
D) 489,00
E) 538,00
RESPOSTAS
1 - RESPOSTA: “B”.
Quantia inicial: C= 25.000 ; i=1,25% a.m = 0,0125 ; t= 1 ano = 12 meses
M= J+C e J= C.i.t da junção dessas duas fórmulas temos : M=C.(1+i.t),aplicando
Como ele gastou metade e a outra metade ele aplicou a uma taxa i=1,5% a.m=0,015 e t=4m e sacou após esse período
R$ 95.082,00
45
MATEMÁTICA
2 - RESPOSTA: “B”.
C=60.000 ; i = 2% a.m = 0,02 ; t = 3m
3 - RESPOSTA: “D”.
J=C.i.t C = 50.000 ; i = 2,5% a.m = 0,025 ; t = 5m
J=50 000.0,025.5
J=6250
M=C+J
M=50 000+6 250=56250
O valor da dívida é R$56.250,00.
4 – RESPOSTA: “B”.
5 - RESPOSTA: “C”.
6 - RESPOSTA: “D”.
i = 0,72%a.m = 0,0072 ; t = 3m ; C = 14.000
7 - RESPOSTA: “C”.
C = 5.000 ; J = 420 ; t = 6m
J=C.i.t ➜ 420=5000.i.6
46
MATEMÁTICA
8 - RESPOSTA: “D”.
C1º ano = 10.000 ; C2º ano = 20.000
M1+M2 = 384000
9 - RESPOSTA: “B”.
C=29.000 ; M=30.000 ; i=1%a.m = 0,01
Teremos que substituir os valores de t, portanto vamos começar dos números mais baixos:
1,013=1,0303, está próximo, mas ainda é menor
1,014=1,0406
Como t=4 passou o número que precisava(1,0344), então ele tem que aplicar no mínimo por 4 meses.
10 - RESPOSTA: “E”.
C = 900 ; i = 10% a.m=0,10 ; t = 2m ; pagou 2 meses depois R$ 600,00 e liquidou após 1 mês
47
MATEMÁTICA
Exemplo 2
Adicionando 4x2 – 10x – 5 e 6x + 12, teremos:
2. POLINÔMIOS. (4x2 – 10x – 5) + (6x + 12) → eliminar os parênteses
2.1. Polinômios: conceito, grau e propriedades utilizando o jogo de sinal.
fundamentais. 4x2 – 10x – 5 + 6x + 12 → reduzir os termos semelhantes.
2.2. Operações com polinômios, divisão de 4x2 – 10x + 6x – 5 + 12
um polimônio por um binômio da forma x-a, 4x2 – 4x + 7
divisão de um polinômio por outro polinômio Portanto: (4x2 – 10x – 5) + (6x + 12) = 4x2 – 4x + 7
de grau menor ou igual. Subtração
Exemplo 1
Polinômios Subtraindo –3x2 + 10x – 6 de 5x2 – 9x – 8.
(5x2 – 9x – 8) – (–3x2 + 10x – 6) → eliminar os parênteses
Para polinômios podemos encontrar várias definições utilizando o jogo de sinal.
diferentes como: – (–3x2) = +3x2
Polinômio é uma expressão algébrica com todos os – (+10x) = –10x
termos semelhantes reduzidos. Polinômio é um ou mais – (–6) = +6
monômios separados por operações.
As duas podem ser aceitas, pois se pegarmos um 5x2 – 9x – 8 + 3x2 –10x +6 → reduzir os termos semelhantes.
polinômio encontraremos nele uma expressão algébrica e 5x2 + 3x2 – 9x –10x – 8 + 6
monômios separados por operações. 8x2 – 19x – 2
Portanto: (5x2 – 9x – 8) – (–3x2 + 10x – 6) = 8x2 – 19x – 2
- 3xy é monômio, mas também considerado polinômio,
Exemplo 2
assim podemos dividir os polinômios em monômios
Se subtrairmos 2x³ – 5x² – x + 21 e 2x³ + x² – 2x + 5
(apenas um monômio), binômio (dois monômios) e
teremos:
trinômio (três monômios).
(2x³ – 5x² – x + 21) – (2x³ + x² – 2x + 5) → eliminando os
parênteses através do jogo de sinais.
- 3x + 5 é um polinômio e uma expressão algébrica.
2x³ – 5x² – x + 21 – 2x³ – x² + 2x – 5 → redução de termos
semelhantes.
Como os monômios, os polinômios também possuem
2x³ – 2x³ – 5x² – x² – x + 2x + 21 – 5
grau e é assim que eles são separados. Para identificar o 0x³ – 6x² + x + 16
seu grau, basta observar o grau do maior monômio, esse – 6x² + x + 16
será o grau do polinômio. Portanto: (2x³ – 5x² – x + 21) – (2x³ + x² – 2x + 5) = – 6x²
Com os polinômios podemos efetuar todas as + x + 16
operações: adição, subtração, divisão, multiplicação,
potenciação. Exemplo 3
O procedimento utilizado na adição e subtração Considerando os polinômios A = 6x³ + 5x² – 8x + 15, B =
de polinômios envolve técnicas de redução de termos 2x³ – 6x² – 9x + 10 e C = x³ + 7x² + 9x + 20. Calcule:
semelhantes, jogo de sinal, operações envolvendo sinais a) A + B + C
iguais e sinais diferentes. Observe os exemplos a seguir: (6x³ + 5x² – 8x + 15) + (2x³ – 6x² – 9x + 10) + (x³ + 7x² +
9x + 20)
Adição 6x³ + 5x² – 8x + 15 + 2x³ – 6x² – 9x + 10 + x³ + 7x² + 9x
+ 20
Exemplo 1 6x³ + 2x³ + x³ + 5x² – 6x² + 7x² – 8x – 9x + 9x + 15 + 10
+ 20
Adicionar x2 – 3x – 1 com –3x2 + 8x – 6. 9x³ + 6x² – 8x + 45
(x2 – 3x – 1) + (–3x2 + 8x – 6) → eliminar o segundo
parênteses através do jogo de sinal. A + B + C = 9x³ + 6x² – 8x + 45
+(–3x2) = –3x2
+(+8x) = +8x b) A – B – C
+(–6) = –6 (6x³ + 5x² – 8x + 15) – (2x³ – 6x² – 9x + 10) – (x³ + 7x² +
x2 – 3x – 1 –3x2 + 8x – 6 → reduzir os termos semelhantes. 9x + 20)
6x³ + 5x² – 8x + 15 – 2x³ + 6x² + 9x – 10 – x³ – 7x² – 9x – 20
x2 – 3x2 – 3x + 8x – 1 – 6 6x³ – 2x³ – x³ + 5x² + 6x² – 7x² – 8x + 9x – 9x + 15 – 10 – 20
–2x2 + 5x – 7 6x³ – 3x³ + 11x² – 7x² – 17x + 9x + 15 – 30
Portanto: (x2 – 3x – 1) + (–3x2 + 8x – 6) = –2x2 + 5x – 7 3x³ + 4x² – 8x – 15
A – B – C = 3x³ + 4x² – 8x – 15
48
MATEMÁTICA
A multiplicação com polinômio (com dois ou mais • Polinômio é uma expressão algébrica racional e
monômios) pode ser realizada de três formas: inteira, por exemplo:
Multiplicação de monômio com polinômio. x2y
Multiplicação de número natural com polinômio. 3x – 2y
Multiplicação de polinômio com polinômio. x + y5 + ab
As multiplicações serão efetuadas utilizando as seguintes
propriedades: • Monômio é um tipo de polinômio que possui apenas
- Propriedade da base igual e expoente diferente: an . am um termo, ou seja, que possui apenas coeficiente e parte
=a n+m literal. Por exemplo:
- Monômio multiplicado por monômio é o mesmo que a2 → 1 é o coeficiente e a2 parte literal.
multiplicar parte literal com parte literal e coeficiente com 3x2y → 3 é o coeficiente e x2y parte literal.
coeficiente. -5xy6 → -5 é o coeficiente e xy6 parte literal.
• Divisão de monômio por monômio
Multiplicação de monômio com polinômio
Ao resolvermos uma divisão onde o dividendo e o
- Se multiplicarmos 3x por (5x + 3x – 1), teremos:
2 divisor são monômios devemos seguir a regra: dividimos
3x . (5x2 + 3x – 1) → aplicar a propriedade distributiva. coeficiente com coeficiente e parte literal com parte literal.
3x . 5x2 + 3x . 3x + 3x . (-1) Exemplos: 6x3 : 3x = 6 . x3 = 2x2 3x2
15x3 + 9x2 – 3x
Portanto: 3x (5x2 + 3x – 1) = 15x3 + 9x2 – 3x
- Se multiplicarmos -2x2 por (5x – 1), teremos: Observação: ao dividirmos as partes literais temos
-2x2 (5x – 1) → aplicando a propriedade distributiva. que estar atentos à propriedade que diz que base igual na
-2x2 . 5x – 2x2 . (-1) divisão, repete a base e subtrai os expoentes.
Depois de relembrar essas definições veja alguns
- 10x3 + 2x2
exemplos de como resolver divisões de polinômio por
monômio.
Portanto: -2x2 (5x – 1) = - 10x3 + 2x2
Exemplo: (10a3b3 + 8ab2) : (2ab2)
Multiplicação de número natural
O dividendo 10a3b3 + 8ab2 é formado por dois
monômios. Dessa forma, o divisor 2ab2, que é um monômio,
- Se multiplicarmos 3 por (2x2 + x + 5), teremos: irá dividir cada um deles, veja:
3 (2x2 + x + 5) → aplicar a propriedade distributiva. (10a3b3 + 8ab2) : (2ab2)
3 . 2x2 + 3 . x + 3 . 5
6x2 + 3x + 15.
49
MATEMÁTICA
2) Resposta “36x4”.
Solução:
Portanto, Área: (6x²)² = (6)² . (x)² = 36x4
Logo, a área é expressa por 36x4.
50
MATEMÁTICA
7) Resposta “y5 + y4 – 2y3 + y² + y – 2”. Monômio: os números e letras estão ligados apenas
Solução: por produtos.
P + (2y5 – 3y4 + y² – 5y + 3) = (3y5 – 2y4 – 2y3 + 2y² – 4y Ex : 4x
+ 1). Daí:
P = (3y5 – 2y4 – 2y3 + 2y² – 4y + 1) – (2y5 – 3y4 + y² – 5y Polinômio: é a soma ou subtração de monômios.
+ 3) = Ex: 4x+2y
= 3y5 – 2y4 – 2y3 + 2y² – 4y + 1 – 2y5 + 3y4 – y² + 5y – 3 =
= 3y5 – 2y5 – 2y4 + 3y4 – 2y3 + 2y² – y² – 4y + 5y + 1 – 3 = Termos semelhantes: são aqueles que possuem partes
= y5 + y4 – 2y3 + y² + y – 2. literais iguais ( variáveis )
Ex: 2 x³ y² z e 3 x³ y² z » são termos semelhantes pois
Logo, o polinômio P procurado é y5 + y4 – 2y3 + y² + possuem a mesma parte literal.
y – 2.
Adição e Subtração de expressões algébricas
8)Resposta “5ax – 7x² – a²”. Para determinarmos a soma ou subtração de expressões
Solução: algébricas, basta somar ou subtrair os termos semelhantes.
2x(3a – 2x) + a(2x – a) – 3x(a + x) = Assim: 2 x³ y² z + 3x³ y² z = 5x³ y² z ou 2 x³ y² z - 3x³
= 6ax – 4x² + 2ax – a² – 3ax – 3x² = y² z = -x³ y² z
= 6ax + 2ax – 3ax – 4x² – 3x² – a² =
= 5ax – 7x² – a² Convém lembrar dos jogos de sinais.
Na expressão ( x³ + 2 y² + 1 ) – ( y ² - 2 ) = x³ +2 y² +
9) Resposta “6x² – xy – 2y²”. 1 – y² + 2 = x³ + y² +3
Solução: Nesse caso podemos resolve de duas
maneiras: Multiplicação e Divisão de expressões algébricas
1˚ Maneira: (2x + y)(3x – 2y) = Na multiplicação e divisão de expressões algébricas, de-
= 2x . 3x – 2x . 2y + y . 3x – y . 2y = vemos usar a propriedade distributiva.
= 6x² – 4xy + 3xy – 2y² = Exemplos:
= 6x² – xy – 2y² 1) a ( x+y ) = ax + ay
2) (a+b)(x+y) = ax + ay + bx + by
2˚ Maneira: 3) x ( x ² + y ) = x³ + xy
3x – 2y
x 2x + y Para multiplicarmos potências de mesma base, conser-
------------------- vamos a base e somamos os expoentes.
6x² – 4xy Na divisão de potências devemos conservar a base e
+ 3xy – 2y² subtrair os expoentes
--------------------- Exemplos:
6x² – xy – 2y² 1) 4x² : 2 x = 2 x
2) ( 6 x³ - 8 x ) : 2 x = 3 x² - 4
10) Resposta “3a4b – 5a³b² + 12a²b³”. 3) (x4 - 5x3 + 9x2 - 7x+2) :(x2 - 2x + 1) = x2 - 3x +2
Solução:
(12a5b² – 20a4b³ + 48a³b4) (4ab) = Resolução:
= (12a5b² 4ab) – (20a4b³ 4ab) + (48a³b4 4ab) = x4 - 5x3 + 9x2 - 7x+2 x2 - 2x + 1
= 3a4b – 5a³b² + 12a²b³ -x4 + 2x3 - x2 x2 - 3x + 2
3 2
-3x + 8x -7x
Cálculos Algébricos 3x3 - 6x2 -3x
2x2 - 4x + 2
Expressões Algébricas são aquelas que contêm nú- -2x2 + 4x - 2
meros e letras. 0
Ex: 2ax²+bx
Para iniciarmos as operações devemos saber o que são
Variáveis são as letras das expressões algébricas que termos semelhantes.
representam um número real e que de princípio não pos- Dizemos que um termo é semelhante do outro quando
suem um valor definido. suas partes literais são idênticas.
Valor numérico de uma expressão algébrica é o nú-
mero que obtemos substituindo as variáveis por números e Veja:
efetuamos suas operações. 5x2 e 42x são dois termos, as suas partes literais são x2
e x, as letras são iguais, mas o expoente não, então esses
Ex: Sendo x =1 e y = 2, calcule o valor numérico (VN) termos não são semelhantes.
da expressão: 7ab2 e 20ab2 são dois termos, suas partes literais são ab2
x² + y » 1² + 2 =3 Portando o valor numérico da e ab2, observamos que elas são idênticas, então podemos
expressão é 3. dizer que são semelhantes.
51
MATEMÁTICA
52
MATEMÁTICA
53
MATEMÁTICA
Multiplicidade
Se um polinômio fatorado resulta a seguinte expres- Raízes racionais
são: “Se um número racional p/q , com p e q primos entre si,
é raiz de uma equação polinomial de coeficientes inteiros
do tipo P(x)=anxn+an−1xn−1+…+a2x2+a1x+a0então p é
divisor de a0 e q é divisor de an “.
54
MATEMÁTICA
RESPOSTAS
1. RESPOSTA: “A”.
X=1
3-15-3+m=0
m=15 𝑥2 + 2𝑥 + 2 = 0
Dividindo por 3:
x³-5x²-x+5=0
∆= 4 − 8 = −4
−2 ± 2𝑖
𝑥=
2
𝑥1 = −1 + 𝑖
x²-4x-5=0 𝑥2 = −1 − 𝑖
∆= 16 + 20 = 36
4±6
𝑥= 2
𝑥1 = 5 𝑥2 = −1
2.
𝑥−2 2 𝑥+ 1 = 0
𝑥3 − 3𝑥2 + 4 = 0
55
MATEMÁTICA
Análise Combinatória
56
MATEMÁTICA
Pode ocorrer: O conjunto A é formado por pontos e o No Princípio Fundamental da Contagem (An, k), o número
problema é saber quantas retas esses pontos determinam. total de arranjos simples dos n elementos de A (tomados k a
2. Quando se diferir tanto pela natureza quanto pela k), temos:
ordem de seus elementos, os problemas de contagem
serão agrupados e considerados distintos. An,k = n (n - 1) . (n - 2) . ... . (n – k + 1)
ac ≠ ca, neste caso os agrupamentos são denominados (é o produto de k fatores)
arranjos.
Multiplicando e dividindo por (n – k)!
Pode ocorrer: O conjunto A é formado por algarismos
e o problema é contar os números por eles determinados.
Portanto: Pn = n!
57
MATEMÁTICA
58
MATEMÁTICA
09. Seis pessoas serão distribuídas em duas equipes para A 73.ª palavra nessa lista é a primeira permutação que
concorrer a uma gincana. O número de maneiras diferentes de começa por R. Ela é RAOPV.
formar duas equipes é
(A) 10
(B) 15 06. Se, do total de 10 diretores, 6 estão sob suspeita de
(C) 20 corrupção, 4 não estão. Assim, para formar uma comissão
(D) 25 de 5 diretores na qual os suspeitos não sejam maioria,
(E) 30 podem ser escolhidos, no máximo, 2 suspeitos. Portanto, o
número de possíveis comissões é
10. Considere os números de quatro algarismos do sistema
decimal de numeração. Calcule:
a) quantos são no total;
b) quantos não possuem o algarismo 2;
c) em quantos deles o algarismo 2 aparece ao menos uma vez;
d) quantos têm os algarismos distintos;
e) quantos têm pelo menos dois algarismos iguais.
59
MATEMÁTICA
07. C5,3 . C4,2 . C4,3 = 10 . 6 . 4 = 240 Multiplicamos o coeficiente de a pelo seu expoente e
dividimos o resultado pela ordem do termo. O resultado
será o coeficiente do próximo termo. Assim por exemplo,
08. para obter o coeficiente do terceiro termo do item (d) aci-
I) Existem 5 enfermeiros disponíveis: 2 mais experientes ma teríamos:
e outros 3. 5.4 = 20; agora dividimos 20 pela ordem do termo an-
II) Para formar grupos com 3 enfermeiros, conforme o terior (2 por se tratar do segundo termo) 20:2 = 10 que é o
enunciado, devemos escolher 1 entre os 2 mais experientes e coeficiente do terceiro termo procurado.
2 entre os 3 restantes. Observe que os expoentes da variável a decrescem de
III) O número de possibilidades para se escolher 1 entre n até 0 e os expoentes de b crescem de 0 até n. Assim o
os 2 mais experientes é terceiro termo é 10 a3b2 (observe que o expoente de a de-
cresceu de 4 para 3 e o de b cresceu de 1 para 2).
Usando a regra prática acima, o desenvolvimento do
binômio de Newton (a + b)7 será:
IV) O número de possibilidades para se escolher 2 entre (a + b)7 = a7 + 7 a6b + 21 a5b2 + 35 a4b3 + 35 a3b4 + 21
3 restantes é a b + 7 ab6 + b7
2 5
Observações:
1) o desenvolvimento do binômio (a + b)n é um poli-
10.
nômio.
a) 9 . A*10,3 = 9 . 103 = 9 . 10 . 10 . 10 = 9000
2) o desenvolvimento de (a + b)n possui n + 1 termos .
b) 8 . A*9,3 = 8 . 93 = 8 . 9 . 9 . 9 = 5832
3) os coeficientes dos termos equidistantes dos extre-
c) (a) – (b): 9000 – 5832 = 3168
mos , no desenvolvimento De (a + b)n são iguais .
d) 9 . A9,3 = 9 . 9 . 8 . 7 = 4536
4) a soma dos coeficientes de (a + b)n é igual a 2n .
e) (a) – (d): 9000 – 4536 = 4464 Fórmula do termo geral de um Binômio de Newton
Binômio de Newton Um termo genérico Tp+1 do desenvolvimento de (a+b)n
, sendo p um número natural, é dado por
Denomina-se Binômio de Newton , a todo binômio da
forma (a + b)n , sendo n um número natural . ⎛ n⎞
T p+1 = ⎜ ⎟ .a n− p .b p
Exemplo: ⎝ p⎠
B = (3x - 2y)4 ( onde a = 3x, b = -2y e n = 4 [grau do onde
binômio] ).
⎛ n⎞ n!
Exemplos de desenvolvimento de binômios de Newton : ⎜⎝ p ⎟⎠ = Cn. p = p!(n − p)!
a) (a + b)2 = a2 + 2ab + b2
b) (a + b)3 = a3 + 3 a2b + 3ab2 + b3
c) (a + b)4 = a4 + 4 a3b + 6 a2b2 + 4ab3 + b4 é denominado Número Binomial e Cn.p é o número de
d) (a + b)5 = a5 + 5 a4b + 10 a3b2 + 10 a2b3 + 5ab4 + b5 combinações simples de n elementos, agrupados p a p, ou
seja, o número de combinações simples de n elementos
Nota: de taxa p.
Este número é também conhecido como Número
Não é necessário memorizar as fórmulas acima, já que Combinatório.
elas possuem uma lei de formação bem definida, senão ve-
jamos: Probabilidade
Vamos tomar, por exemplo, o item (d) acima:
Observe que o expoente do primeiro e últimos termos Ponto Amostral, Espaço Amostral e Evento
são iguais ao expoente do binômio, ou seja, igual a 5. Em uma tentativa com um número limitado de
A partir do segundo termo, os coeficientes podem ser resultados, todos com chances iguais, devemos considerar:
obtidos a partir da seguinte regra prática de fácil memori- Ponto Amostral: Corresponde a qualquer um dos
zação: resultados possíveis.
60
MATEMÁTICA
Conceito de Probabilidade B
As probabilidades têm a função de mostrar a chance S
de ocorrência de um evento. A probabilidade de ocorrer
um determinado evento A, que é simbolizada por P(A), de
um espaço amostral S ≠ Ø, é dada pelo quociente entre
o número de elementos A e o número de elemento S.
Representando:
Logo: P(A B) = P(A) + P(B) - P(A B)
Então, logo:
61
MATEMÁTICA
62
MATEMÁTICA
63
MATEMÁTICA
09. Representando por a Em linhas gerais a Estatística fornece métodos que auxi-
probabilidade pedida, temos: liam o processo de tomada de decisão através da análise dos
dados que possuímos.
Em Estatística, um resultado é significante, portanto, tem
=
significância estatística, se for improvável que tenha ocorrido
por acaso (que em estatística e probabilidade é tratado pelo
= conceito de chance), caso uma determinada hipótese nula
seja verdadeira, mas não sendo improvável caso a hipótese
base seja falsa. A expressão teste de significância foi cunhada
por Ronald Fisher.
Mais concretamente, no teste de hipóteses com base em
frequência estatística, a significância de um teste é a probabi-
lidade máxima de rejeitar acidentalmente uma hipótese nula
verdadeira (uma decisão conhecida como erro de tipo I). O
nível de significância de um resultado é também chamado de
α e não deve ser confundido com o valor p (p-value).
64
MATEMÁTICA
65
MATEMÁTICA
- Variáveis nominais permitem apenas classificação qua- Aspectos básicos da relação entre variáveis: As duas
litativa. Ou seja, elas podem ser medidas apenas em termos propriedades formais mais elementares de qualquer relação
de quais itens pertencem a diferentes categorias, mas não entre variáveis são a magnitude (“tamanho”) e a confiabilida-
se pode quantificar nem mesmo ordenar tais categorias. Por de da relação.
exemplo, pode-se dizer que 2 indivíduos são diferentes em - Magnitude é muito mais fácil de entender e medir do
termos da variável A (sexo, por exemplo), mas não se pode que a confiabilidade. Por exemplo, se cada homem em nossa
dizer qual deles “tem mais” da qualidade representada pela amostra tem um WCC maior do que o de qualquer mulher da
variável. Exemplos típicos de variáveis nominais são sexo, amostra, poderia-se dizer que a magnitude da relação entre
raça, cidade, etc. as duas variáveis (sexo e WCC) é muito alta em nossa amos-
- Variáveis ordinais permitem ordenar os itens medidos tra. Em outras palavras, poderia-se prever uma baseada na
em termos de qual tem menos e qual tem mais da qualidade outra (ao menos na amostra em questão).
representada pela variável, mas ainda não permitem que se - Confiabilidade é um conceito muito menos intuitivo,
diga “o quanto mais”. Um exemplo típico de uma variável or- mas extremamente importante. Relaciona-se à “representati-
dinal é o status sócio-econômico das famílias residentes em vidade” do resultado encontrado em uma amostra específica
uma localidade: sabe-se que média-alta é mais “alta” do que de toda a população. Em outras palavras, diz quão provável
média, mas não se pode dizer, por exemplo, que é 18% mais será encontrar uma relação similar se o experimento fosse
alta. A própria distinção entre mensuração nominal, ordinal e feito com outras amostras retiradas da mesma população,
intervalar representa um bom exemplo de uma variável or- lembrando que o maior interesse está na população. O inte-
dinal: pode-se dizer que uma medida nominal provê menos resse na amostra reside na informação que ela pode prover
informação do que uma medida ordinal, mas não se pode sobre a população. Se o estudo atender certos critérios es-
dizer “quanto menos” ou como esta diferença se compara à pecíficos (que serão mencionados posteriormente) então a
diferença entre mensuração ordinal e intervalar. confiabilidade de uma relação observada entre variáveis na
- Variáveis intervalares permitem não apenas ordenar amostra pode ser estimada quantitativamente e representa-
em postos os itens que estão sendo medidos, mas também da usando uma medida padrão (chamada tecnicamente de
nível-p ou nível de significância estatística).
quantificar e comparar o tamanho das diferenças entre eles.
Por exemplo, temperatura, medida em graus Celsius constitui
Significância Estatística (nível-p): A significância es-
uma variável intervalar. Pode-se dizer que a temperatura de
tatística de um resultado é uma medida estimada do grau
40C é maior do que 30C e que um aumento de 20C para 40C
em que este resultado é “verdadeiro” (no sentido de que seja
é duas vezes maior do que um aumento de 30C para 40C.
realmente o que ocorre na população, ou seja no sentido de
“representatividade da população”). Mais tecnicamente, o va-
Relações entre variáveis: Duas ou mais variáveis quais-
lor do nível-p representa um índice decrescente da confiabi-
quer estão relacionadas se em uma amostra de observações
lidade de um resultado. Quanto mais alto o nível-p, menos
os valores dessas variáveis são distribuídos de forma consis- se pode acreditar que a relação observada entre as variáveis
tente. Em outras palavras, as variáveis estão relacionadas se na amostra é um indicador confiável da relação entre as res-
seus valores correspondem sistematicamente uns aos outros pectivas variáveis na população. Especificamente, o nível-p
para aquela amostra de observações. Por exemplo, sexo e representa a probabilidade de erro envolvida em aceitar o
WCC seriam relacionados se a maioria dos homens tivesse resultado observado como válido, isto é, como “representa-
alta WCC e a maioria das mulheres baixa WCC, ou vice-versa; tivo da população”. Por exemplo, um nível-p de 0,05 (1/20)
altura é relacionada ao peso porque tipicamente indivíduos indica que há 5% de probabilidade de que a relação entre as
altos são mais pesados do que indivíduos baixos; Q.I. está variáveis, encontrada na amostra, seja um “acaso feliz”. Em
relacionado ao número de erros em um teste se pessoas com outras palavras, assumindo que não haja relação entre aque-
Q.I.’s mais altos cometem menos erros. las variáveis na população, e o experimento de interesse seja
repetido várias vezes, poderia-se esperar que em aproxima-
Importância das relações entre variáveis: Geralmente damente 20 realizações do experimento haveria apenas uma
o objetivo principal de toda pesquisa ou análise científica é em que a relação entre as variáveis em questão seria igual
encontrar relações entre variáveis. A filosofia da ciência ensi- ou mais forte do que a que foi observada naquela amostra
na que não há outro meio de representar “significado” exceto anterior. Em muitas áreas de pesquisa, o nível-p de 0,05 é
em termos de relações entre quantidades ou qualidades, e costumeiramente tratado como um “limite aceitável” de erro.
ambos os casos envolvem relações entre variáveis. Assim, o
avanço da ciência sempre tem que envolver a descoberta de Como determinar que um resultado é “realmente”
novas relações entre variáveis. Em pesquisas correlacionais significante: Não há meio de evitar arbitrariedade na decisão
a medida destas relações é feita de forma bastante direta, final de qual nível de significância será tratado como realmen-
bem como nas pesquisas experimentais. Por exemplo, o ex- te “significante”. Ou seja, a seleção de um nível de significância
perimento já mencionado de comparar WCC em homens e acima do qual os resultados serão rejeitados como inválidos
mulheres pode ser descrito como procura de uma correla- é arbitrária. Na prática, a decisão final depende usualmente
ção entre 2 variáveis: sexo e WCC. A Estatística nada mais de: se o resultado foi previsto a priori ou apenas a posteriori
faz do que auxiliar na avaliação de relações entre variáveis. no curso de muitas análises e comparações efetuadas no con-
junto de dados; no total de evidências consistentes do con-
66
MATEMÁTICA
junto de dados; e nas “tradições” existentes na área particular Há interesse em duas variáveis (sexo: homem, mulher;
de pesquisa. Tipicamente, em muitas ciências resultados que WCC: alta, baixa) e há apenas quatro sujeitos na amostra (2
atingem nível-p 0,05 são considerados estatisticamente signi- homens e 2 mulheres). A probabilidade de se encontrar, pu-
ficantes, mas este nível ainda envolve uma probabilidade de ramente por acaso, uma relação de 100% entre as duas variá-
erro razoável (5%). Resultados com um nível-p 0,01 são co- veis pode ser tão alta quanto 1/8. Explicando, há uma chan-
mumente considerados estatisticamente significantes, e com ce em oito de que os dois homens tenham alta WCC e que
nível-p 0,005 ou nível-p 0,001 são freqüentemente chamados as duas mulheres tenham baixa WCC, ou vice-versa, mesmo
“altamente” significantes. Estas classificações, porém, são con- que tal relação não exista na população. Agora considere-se
venções arbitrárias e apenas informalmente baseadas em ex- a probabilidade de obter tal resultado por acaso se a amostra
periência geral de pesquisa. Uma conseqüência óbvia é que consistisse de 100 sujeitos: a probabilidade de obter aquele
um resultado considerado significante a 0,05, por exemplo, resultado por acaso seria praticamente zero.
pode não sê-lo a 0,01. Observando um exemplo mais geral. Imagine-se uma po-
pulação teórica em que a média de WCC em homens e mu-
Significância estatística e o número de análises rea- lheres é exatamente a mesma. Supondo um experimento em
lizadas: Desnecessário dizer quanto mais análises sejam que se retiram pares de amostras (homens e mulheres) de um
realizadas em um conjunto de dados, mais os resultados certo tamanho da população e calcula-se a diferença entre a
atingirão “por acaso” o nível de significância convenciona- média de WCC em cada par de amostras (supor ainda que o
do. Por exemplo, ao calcular correlações entre dez variáveis experimento será repetido várias vezes). Na maioria dos expe-
(45 diferentes coeficientes de correlação), seria razoável es- rimento os resultados das diferenças serão próximos de zero.
perar encontrar por acaso que cerca de dois (um em cada Contudo, de vez em quando, um par de amostra apresentará
20) coeficientes de correlação são significantes ao nível-p uma diferença entre homens e mulheres consideravelmente
0,05, mesmo que os valores das variáveis sejam totalmente diferente de zero. Com que freqüência isso acontece? Quanto
aleatórios, e aquelas variáveis não se correlacionem na po- menor a amostra em cada experimento maior a probabilidade
pulação. Alguns métodos estatísticos que envolvem muitas de obter esses resultados errôneos, que, neste caso, indica-
comparações, e portanto uma boa chance para tais erros, riam a existência de uma relação entre sexo e WCC obtida
incluem alguma “correção” ou ajuste para o número total de uma população em que tal relação não existe. Observe-se
de comparações. Entretanto, muitos métodos estatísticos mais um exemplo (“razão meninos para meninas”, Nisbett et
(especialmente análises exploratórias simples de dados) não al., 1987):
oferecem nenhum remédio direto para este problema. Cabe Há dois hospitais: no primeiro nascem 120 bebês a cada
então ao pesquisador avaliar cuidadosamente a confiabili- dia e no outro apenas 12. Em média a razão de meninos para
dade de descobertas não esperadas. meninas nascidos a cada dia em cada hospital é de 50/50.
Contudo, certo dia, em um dos hospitais nasceram duas vezes
Força X Confiabilidade de uma relação entre variá- mais meninas do que meninos. Em que hospital isso prova-
veis: Foi dito anteriormente que força (magnitude) e confia- velmente aconteceu? A resposta é óbvia para um estatístico,
bilidade são dois aspectos diferentes dos relacionamentos mas não tão óbvia para os leigos: é muito mais provável que
entre variáveis. Contudo, eles não são totalmente indepen- tal fato tenha ocorrido no hospital menor. A razão para isso é
dentes. Em geral, em uma amostra de um certo tamanho que a probabilidade de um desvio aleatório da média da po-
quanto maior a magnitude da relação entre variáveis, mais pulação aumenta com a diminuição do tamanho da amostra
confiável a relação. (e diminui com o aumento do tamanho da amostra).
Assumindo que não há relação entre as variáveis na po-
pulação, o resultado mais provável deveria ser também não Por que pequenas relações podem ser provadas como
encontrar relação entre as mesmas variáveis na amostra da significantes apenas por grandes amostras: Os exemplos
pesquisa. Assim, quanto mais forte a relação encontrada na dos parágrafos anteriores indicam que se um relacionamento
amostra menos provável é a não existência da relação corres- entre as variáveis em questão (na população) é pequeno, en-
pondente na população. Então a magnitude e a significância tão não há meio de identificar tal relação em um estudo a não
de uma relação aparentam estar fortemente relacionadas, e ser que a amostra seja correspondentemente grande. Mesmo
seria possível calcular a significância a partir da magnitude que a amostra seja de fato “perfeitamente representativa” da
e vice-versa. Entretanto, isso é válido apenas se o tamanho população o efeito não será estatisticamente significante se a
da amostra é mantido constante, porque uma relação de amostra for pequena. Analogamente, se a relação em questão
certa força poderia ser tanto altamente significante ou não é muito grande na população então poderá ser constatada
significante de todo dependendo do tamanho da amostra. como altamente significante mesmo em um estudo baseado
Por que a significância de uma relação entre variá- em uma pequena amostra. Mais um exemplo:
veis depende do tamanho da amostra: Se há muito pou- Se uma moeda é ligeiramente viciada, de tal forma que
cas observações então há também poucas possibilidades quando lançada é ligeiramente mais provável que ocorram ca-
de combinação dos valores das variáveis, e então a probabi- ras do que coroas (por exemplo uma proporção 60% para 40%).
lidade de obter por acaso uma combinação desses valores Então dez lançamentos não seriam suficientes para convencer
que indique uma forte relação é relativamente alta. Consi- alguém de que a moeda é viciada, mesmo que o resultado ob-
dere-se o seguinte exemplo: tido (6 caras e 4 coroas) seja perfeitamente representativo do
viesamento da moeda. Entretanto, dez lançamentos não são
67
MATEMÁTICA
suficientes para provar nada? Não, se o efeito em questão for - Se todos os valore de WCC de homens são exatamente
grande o bastante, os dez lançamentos serão suficientes. Por iguais a 100 e os das mulheres iguais a 102 então todos os
exemplo, imagine-se que a moeda seja tão viciada que não im- desvios da média conjunta na amostra seriam inteiramente
porte como venha a ser lançada o resultado será cara. Se tal causados pelo sexo. Poderia-se dizer que nesta amostra sexo
moeda fosse lançada dez vezes, e cada lançamento produzisse é perfeitamente correlacionado a WCC, ou seja, 100% das di-
caras, muitas pessoas considerariam isso prova suficiente de ferenças observadas entre os sujeitos relativas a suas WCC’s
que há “algo errado” com a moeda. Em outras palavras, seria devem-se a seu sexo.
considerada prova convincente de que a população teórica de - Se todos os valores de WCC estão em um intervalo de 0
um número infinito de lançamentos desta moeda teria mais a 1000, a mesma diferença (de 2) entre a WCC média de ho-
caras do que coroas. Assim, se a relação é grande, então poderá mens e mulheres encontrada no estudo seria uma parte tão
ser considerada significante mesmo em uma pequena amostra. pequena na diferença global dos valores que muito provavel-
mente seria considerada desprezível. Por exemplo, um sujei-
Pode uma “relação inexistente” ser um resultado sig- to a mais que fosse considerado poderia mudar, ou mesmo
nificante: Quanto menor a relação entre as variáveis maior reverter, a direção da diferença. Portanto, toda boa medida
o tamanho de amostra necessário para prová-la significante. das relações entre variáveis tem que levar em conta a dife-
Por exemplo, imagine-se quantos lançamentos seriam neces- renciação global dos valores individuais na amostra e avaliar
sários para provar que uma moeda é viciada se seu viesa- a relação em termos (relativos) de quanto desta diferenciação
mento for de apenas 0,000001 %! Então, o tamanho mínimo se deve à relação em questão.
de amostra necessário cresce na mesma proporção em que
a magnitude do efeito a ser demonstrado decresce. Quan- “Formato geral” de muitos testes estatísticos: Como
do a magnitude do efeito aproxima-se de zero, o tamanho o objetivo principal de muitos testes estatísticos é avaliar re-
de amostra necessário para prová-lo aproxima-se do infini- lações entre variáveis, muitos desses testes seguem o princí-
to. Isso quer dizer que, se quase não há relação entre duas pio exposto no item anterior. Tecnicamente, eles representam
variáveis o tamanho da amostra precisa quase ser igual ao uma razão de alguma medida da diferenciação comum nas
tamanho da população, que teoricamente é considerado variáveis em análise (devido à sua relação) pela diferenciação
infinitamente grande. A significância estatística representa global daquelas variáveis. Por exemplo, teria-se uma razão
a probabilidade de que um resultado similar seja obtido se da parte da diferenciação global dos valores de WCC que
toda a população fosse testada. Assim, qualquer coisa que podem se dever ao sexo pela diferenciação global dos valo-
fosse encontrada após testar toda a população seria, por de- res de WCC. Esta razão é usualmente chamada de razão da
finição, significante ao mais alto nível possível, e isso também variação explicada pela variação total. Em estatística o termo
inclui todos os resultados de “relação inexistente”. variação explicada não implica necessariamente que tal va-
riação é “compreendida conceitualmente”. O termo é usado
Como medir a magnitude (força) das relações entre apenas para denotar a variação comum às variáveis em ques-
variáveis: Há muitas medidas da magnitude do relaciona- tão, ou seja, a parte da variação de uma variável que é “expli-
mento entre variáveis que foram desenvolvidas por estatísti- cada” pelos valores específicos da outra variável e vice-versa.
cos: a escolha de uma medida específica em dadas circuns-
tâncias depende do número de variáveis envolvidas, níveis de Como é calculado o nível de significância estatístico:
mensuração usados, natureza das relações, etc. Quase todas, Assuma-se que já tenha sido calculada uma medida da rela-
porém, seguem um princípio geral: elas procuram avaliar a ção entre duas variáveis (como explicado acima). A próxima
relação comparando-a de alguma forma com a “máxima re- questão é “quão significante é esta relação”? Por exemplo,
lação imaginável” entre aquelas variáveis específicas. Tecnica- 40% da variação global ser explicada pela relação entre duas
mente, um modo comum de realizar tais avaliações é obser- variáveis é suficiente para considerar a relação significante?
var quão diferenciados são os valores das variáveis, e então “Depende”. Especificamente, a significância depende princi-
calcular qual parte desta “diferença global disponível” seria palmente do tamanho da amostra. Como já foi explicado, em
detectada na ocasião se aquela diferença fosse “comum” amostras muito grandes mesmo relações muito pequenas
(fosse apenas devida à relação entre as variáveis) nas duas entre variáveis serão significantes, enquanto que em amos-
(ou mais) variáveis em questão. Falando menos tecnicamen- tras muito pequenas mesmo relações muito grandes não
te, compara-se “o que é comum naquelas variáveis” com “o poderão ser consideradas confiáveis (significantes). Assim,
que potencialmente poderia haver em comum se as variáveis para determinar o nível de significância estatística torna-se
fossem perfeitamente relacionadas”. Outro exemplo: necessária uma função que represente o relacionamento en-
Em uma amostra o índice médio de WCC é igual a 100 em tre “magnitude” e “significância” das relações entre duas va-
homens e 102 em mulheres. Assim, poderia-se dizer que, em riáveis, dependendo do tamanho da amostra. Tal função di-
média, o desvio de cada valor da média de ambos (101) con- ria exatamente “quão provável é obter uma relação de dada
tém uma componente devida ao sexo do sujeito, e o tamanho magnitude (ou maior) de uma amostra de dado tamanho,
desta componente é 1. Este valor, em certo sentido, representa assumindo que não há tal relação entre aquelas variáveis na
uma medida da relação entre sexo e WCC. Contudo, este valor população”. Em outras palavras, aquela função forneceria o
é uma medida muito pobre, porque não diz quão relativamen- nível de significância (nível-p), e isso permitiria conhecer a
te grande é aquela componente em relação à “diferença glo- probabilidade de erro envolvida em rejeitar a idéia de que a
bal” dos valores de WCC. Há duas possibilidades extremas: S relação em questão não existe na população. Esta hipótese
“alternativa” (de que não há relação na população) é usual-
68
MATEMÁTICA
mente chamada de hipótese nula. Seria ideal se a função de Todos os testes estatísticos são normalmente dis-
probabilidade fosse linear, e por exemplo, apenas tivesse di- tribuídos: Não todos, mas muitos são ou baseados na
ferentes inclinações para diferentes tamanhos de amostra. distribuição normal diretamente ou em distribuições a ela
Infelizmente, a função é mais complexa, e não é sempre exa- relacionadas, e que podem ser derivadas da normal, como
tamente a mesma. Entretanto, em muitos casos, sua forma é as distribuições t, F ou Chi-quadrado (Qui-quadrado). Tipi-
conhecida e isso pode ser usado para determinar os níveis camente, estes testes requerem que as variáveis analisadas
de significância para os resultados obtidos em amostras de sejam normalmente distribuídas na população, ou seja, que
certo tamanho. Muitas daquelas funções são relacionadas a elas atendam à “suposição de normalidade”. Muitas variá-
um tipo geral de função que é chamada de normal (ou gaus- veis observadas realmente são normalmente distribuídas,
siana). o que é outra razão por que a distribuição normal repre-
senta uma “característica geral” da realidade empírica. O
Por que a distribuição normal é importante: A “dis- problema pode surgir quando se tenta usar um teste ba-
tribuição normal” é importante porque em muitos casos ela seado na distribuição normal para analisar dados de variá-
se aproxima bem da função introduzida no item anterior. A veis que não são normalmente distribuídas. Em tais casos
distribuição de muitas estatísticas de teste é normal ou segue há duas opções. Primeiramente, pode-se usar algum teste
alguma forma que pode ser derivada da distribuição normal. “não paramétrico” alternativo (ou teste “livre de distribui-
Neste sentido, filosoficamente, a distribuição normal repre- ção”); mas isso é freqüentemente inconveniente porque
senta uma das elementares “verdades acerca da natureza ge- tais testes são tipicamente menos poderosos e menos fle-
ral da realidade”, verificada empiricamente, e seu status pode xíveis em termos dos tipos de conclusões que eles podem
ser comparado a uma das leis fundamentais das ciências na- proporcionar. Alternativamente, em muitos casos ainda
turais. A forma exata da distribuição normal (a característica se pode usar um teste baseado na distribuição normal se
“curva do sino”) é definida por uma função que tem apenas apenas houver certeza de que o tamanho das amostras é
dois parâmetros: média e desvio padrão. suficientemente grande. Esta última opção é baseada em
Uma propriedade característica da distribuição normal é um princípio extremamente importante que é largamente
que 68% de todas as suas observações caem dentro de um
responsável pela popularidade dos testes baseados na dis-
intervalo de 1 desvio padrão da média, um intervalo de 2
tribuição normal. Nominalmente, quanto mais o tamanho
desvios padrões inclui 95% dos valores, e 99% das observa-
da amostra aumente, mais a forma da distribuição amos-
ções caem dentro de um intervalo de 3 desvios padrões da
tral (a distribuição de uma estatística da amostra) da média
média. Em outras palavras, em uma distribuição normal as
aproxima-se da forma da normal, mesmo que a distribui-
observações que tem um valor padronizado de menos do
ção da variável em questão não seja normal. Este princípio
que -2 ou mais do que +2 tem uma freqüência relativa de
5% ou menos (valor padronizado significa que um valor é é chamado de Teorema Central do Limite.
expresso em termos de sua diferença em relação à média,
dividida pelo desvio padrão). Como se conhece as consequências de violar a supo-
Ilustração de como a distribuição normal é usada em sição de normalidade: Embora muitas das declarações fei-
raciocínio estatístico (indução): Retomando o exemplo já tas anteriormente possam ser provadas matematicamente,
discutido, onde pares de amostras de homens e mulheres algumas não têm provas teóricas e podem demonstradas
foram retirados de uma população em que o valor médio de apenas empiricamente via experimentos Monte Carlo (si-
WCC em homens e mulheres era exatamente o mesmo. Em- mulações usando geração aleatória de números). Nestes
bora o resultado mais provável para tais experimentos (um experimentos grandes números de amostras são geradas
par de amostras por experimento) é que a diferença entre a por um computador seguindo especificações pré-designa-
WCC média em homens e mulheres em cada par seja pró- das e os resultados de tais amostras são analisados usando
xima de zero, de vez em quando um par de amostras apre- uma grande variedade de testes. Este é o modo empírico
sentará uma diferença substancialmente diferente de zero. de avaliar o tipo e magnitude dos erros ou viesamentos a
Quão freqüentemente isso ocorre? Se o tamanho da amos- que se expõe o pesquisador quando certas suposições teó-
tra é grande o bastante, os resultados de tais repetições são ricas dos testes usados não são verificadas nos dados sob
“normalmente distribuídos”, e assim, conhecendo a forma da análise. Especificamente, os estudos de Monte Carlo foram
curva normal pode-se calcular precisamente a probabilidade usados extensivamente com testes baseados na distribui-
de obter “por acaso” resultados representando vários níveis ção normal para determinar quão sensíveis eles eram à vio-
de desvio da hipotética média populacional 0 (zero). Se tal lações da suposição de que as variáveis analisadas tinham
probabilidade calculada é tão pequena que satisfaz ao cri- distribuição normal na população. A conclusão geral destes
tério previamente aceito de significância estatística, então estudos é que as conseqüências de tais violações são me-
pode-se concluir que o resultado obtido produz uma melhor nos severas do que se tinha pensado a princípio. Embora
aproximação do que está acontecendo na população do que estas conclusões não devam desencorajar ninguém de se
a “hipótese nula”. Lembrando ainda que a hipótese nula foi preocupar com a suposição de normalidade, elas aumenta-
considerada apenas por “razões técnicas” como uma refe- ram a popularidade geral dos testes estatísticos dependen-
rência contra a qual o resultado empírico (dos experimentos) tes da distribuição normal em todas as áreas de pesquisa.
foi avaliado.
69
MATEMÁTICA
Resolução
Se x for a média aritmética ponderada, então:
n parcelas 2.35 + 3.20 + 5.10 70 + 60 + 50 180
e, portanto, x= ↔x= ↔x= ↔ x = 18
2 + 3+ 5 10 10
x1; x2 ; x3;...; xn A média aritmética ponderada é 18.
x= Observação: A palavra média, sem especificar se é
n
aritmética, deve ser entendida como média aritmética.
70
MATEMÁTICA
3) Resposta “10”.
Solução: Para resolver esse exercício basta fazer a soma 8) Resposta “ ±14,93 ”
dos números e dividi-los por quatro, que é a quantidade de Solução:
números, portanto:
14.10 + 15.12 + 16.8 140 + 180 + 128 448
11+ 7 + 13 + 9 40 MP = = = = ±14,93
M .A = = = 10 10 + 12 + 8 30 30
4 4
Logo, a média aritmética é 10.
71
MATEMÁTICA
9) Resposta “ ≅ R$651, 43 ”
Solução: Estamos diante de um problema de média aritmética ponderada, onde as quantidades de profissionais serão
os pesos. E com isso calcularemos a média ponderada entre R$ 320,00 , R$ 840,00 e R$ 1 600,00 e seus respectivos pesos
20 , 10 e 5. Portanto:
320.20 + 840.10 + 1600.5 22.800
MP = = ≅ R$651, 43
20 + 10 + 5 35
Média Geométrica
Este tipo de média é calculado multiplicando-se todos os valores e extraindo-se a raiz de índice n deste produto.
Digamos que tenhamos os números 4, 6 e 9, para obtermos o valor médio geométrico deste conjunto, multiplicamos
os elementos e obtemos o produto 216.
Pegamos então este produto e extraímos a sua raiz cúbica, chegando ao valor médio 6.
Extraímos a raiz cúbica, pois o conjunto é composto de 3 elementos. Se fossem n elementos, extrairíamos a raiz de
índice n.
Neste exemplo teríamos a seguinte solução:
3
4.6.9 ⇒ 3 216 ⇒ 6
Progressão Geométrica
Uma das utilizações deste tipo de média é na definição de uma progressão geométrica que diz que em toda PG.,
qualquer termo é média geométrica entre o seu antecedente e o seu consequente:
an = an−1 .an+1
Tomemos como exemplo três termos consecutivos de uma PG.: 7, 21 e 63.
Temos então que o termo 21 é média geométrica dos termos 7 e 63.
Vejamos:
7.63 ⇒ 441 ⇒ 21
Exemplo
Digamos que uma categoria de operários tenha um aumento salarial de 20% após um mês, 12% após dois meses
e 7% após três meses. Qual o percentual médio mensal de aumento desta categoria?
Sabemos que para acumularmos um aumento de 20%, 12% e 7% sobre o valor de um salário, devemos multiplicá-lo
sucessivamente por 1,2, 1,12 e 1,07 que são os fatores correspondentes a tais percentuais.
A partir dai podemos calcular a média geométrica destes fatores:
3
1,2.1,12.1,07 ⇒ 3 1, 43808 ⇒ 1,128741
72
MATEMÁTICA
Digamos que o salário desta categoria de operários seja de R$ 1.000,00, aplicando-se os sucessivos aumentos temos:
Salário Inicial + % Informado Salário final Salário inicial + % médio Salário final
R$ 1.000,00 20% R$ 1.200,00 R$ 1.000,00 12, 8417 R$ 1.128,74
R$ 1.200,00 12% R$ 1.334,00 R$ 1.287,74 12, 8417 R$ 1.274,06
R$ 1.334,00 7% R$ 1.438,00 R$ 1.274,06 12, 8417 R$ 1.438,08
Observe que o resultado final de R$ 1.438,08 é o mesmo nos dois casos. Se tivéssemos utilizado a média aritmética no
lugar da média geométrica, os valores finais seriam distintos, pois a média aritmética de 13% resultaria em um salário final
de R$ 1.442,90, ligeiramente maior como já era esperado, já que o percentual de 13% utilizado é ligeiramente maior que
os 12, 8417% da média geométrica.
A média geométrica de um conjunto de números é sempre menor ou igual à média aritmética dos membros desse
conjunto (as duas médias são iguais se e somente se todos os membros do conjunto são iguais). Isso permite a definição
da média aritmética geométrica, uma mistura das duas que sempre tem um valor intermediário às duas.
A média geométrica é também a média aritmética harmônica no sentido que, se duas sequências (an) e (hn) são definidas:
an + hn x+y
an+1 = ,a1 =
2 2
E
2 2
hn+1 = ,h =
1 1 1 1 1
+ +
an hn x y
então an e hn convergem para a média geométrica de x e y.
Aplicação Prática
Dentre todos os retângulos com a área igual a 64 cm², qual é o retângulo cujo perímetro é o menor possível, isto é, o
mais econômico? A resposta a este tipo de questão é dada pela média geométrica entre as medidas do comprimento a e
da largura b, uma vez que a.b = 64.
A média geométrica G entre a e b fornece a medida desejada.
G = R[a × b] = R[64] = 8
Resposta
É o retângulo cujo comprimento mede 8 cm e é lógico que a altura também mede 8 cm, logo só pode ser um quadrado!
O perímetro neste caso é p = 32 cm. Em qualquer outra situação em que as medidas dos comprimentos forem diferentes
das alturas, teremos perímetros maiores do que 32 cm.
73
MATEMÁTICA
3) Resposta “6”.
Dessa junção aparecerá um novo segmento AC.
Solução: Aplicando a relação: g2 = a.h, teremos:
Obtenha o ponto médio O deste segmento e com um
compasso centrado em O e raio OA, trace uma semi- g2 = 4.9 → g2 = 36 → g = 6 → MG. (4, 9) = 6.
circunferência começando em A e terminando em C. O
segmento vertical traçado para cima a partir de B encontrará
o ponto D na semi-circunferência. A medida do segmento 27
4) Resposta “ ”
BD corresponde à média geométrica das medidas dos 8
segmentos AB e BC. Solução: Se a média geométrica entre 3 números é 4,
podemos escrever:
Exercícios
M .G. = 3 x.y.z ⇒ 4 = 3 x.y.z ⇒ x.y.z = 64
1. Determine a média proporcional ou geométrica
entre 2 e 8. Se multiplicarmos um deles por m, a nova média será:
4 + 2 = 3 x.y.z.m ⇒ 6 = 3 x.y.z.m ⇒ x.y.z.m = 216
2. Determine a média geométrica entre 1, 2 e 4. 216 27
e como x . y . z = 64 → 64 . m = 216 → m = =
64 8
3. Determine a média geométrica entre dois números
sabendo que a média aritmética e a média harmônica entre 5) Resposta “8”.
eles são, respectivamente, iguais a 4 e 9. Solução: Se dispusermos de uma calculadora científica,
este exercício pode ser solucionado multiplicando-se todos
4. A média geométrica entre 3 números é 4. Quanto os números e extraindo-se do produto final, a raiz de índice
devo multiplicar um desses números para que a média cinco, pois se tratam de cinco números:
aumente 2 unidades ? 5
2.4.8.16.32 ⇒ 5 32768 ⇒ 8
5. Qual é a média geométrica dos núme-
ros 2, 4, 8, 16 e 32?
Se não dispusermos de uma calculadora científica esta
solução ficaria meio inviável, pois como iríamos extrair tal
6. Dados dois números quaisquer, a média aritmética
raiz, isto sem contar na dificuldade em realizarmos as mul-
simples e a média geométrica deles são respectivamente
tiplicações?
20 e 20,5. Quais são estes dois números? Repare que todos os números são potência de 2, pode-
mos então escrever:
7. A média geométrica entre dois números é igual a 6.
Se a eles juntarmos o número 48, qual será a média geo- 5
2.4.8.16.32 ⇒ 5 2.2 2.2 3.2 4.2 5
métrica entre estes três números?
Como dentro do radical temos um produto de potên-
8. Calcule a média geométrica entre 4 e 9. cias de mesma base, somando-se os expoentes temos:
10. Calcule a média geométrica entre 1, 1, 1, 32 e 234. Finalmente dividindo-se o índice e o expoente por 5 e
resolvendo a potência resultante:
5
215 ⇒ 1 2 3 ⇒ 2 3 ⇒ 8
Logo, a média geométrica deste conjunto é 8.
74
MATEMÁTICA
75
MATEMÁTICA
=10.75 e =11
76
MATEMÁTICA
Vejamos de uma outra forma: Sabes, quando a distribui- noção de quartil de ordem p, com 0<p<1, como sendo
ção dos dados é simétrica ou aproximadamente simétrica, o valor Qp tal que 100p% dos elementos da amostra são
as medidas de localização do centro da amostra (média e menores ou iguais a Qp e os restantes 100 (1-p)% dos ele-
mediana) coincidem ou são muito semelhantes. O mesmo mentos da amostra são maiores ou iguais a Qp.
não se passa quando a distribuição dos dados é assimétrica, Tal como a mediana, é uma medida que se calcula a partir
fato que se prende com a pouca resistência da média. da amostra ordenada. Um processo de obter os quartis é uti-
lizando a Função Distribuição Empírica.
Representando as distribuições dos dados (esta obser- Generalizando ainda a expressão para o cálculo da media-
vação é válida para as representações gráficas na forma de na, temos uma expressão análoga para o cálculo dos quartis:
diagramas de barras ou de histograma) na forma de uma
mancha, temos, de um modo geral:
Qp =
77
MATEMÁTICA
Histogramas
1ª (10)
2ª (8)
3ª (4)
4ª (5)
5ª (4)
= 1 unidade
78
MATEMÁTICA
79
MATEMÁTICA
Definições ⎡ ⎤
a11 a12 a13 ... a1n
⎢ ⎥
Chamamos de matriz m x n (m Є N* e n Є N*) qualquer ⎢ a21 a22 a23 ... a2n ⎥
tabela formada por m . n elementos (informações) dispostos ⎢ ⎥
A=⎢ ⎥
em m linhas e n colunas ... a32 a33 ... a3n
⎢ ⎥
⎢ ⎥
Exemplos ⎢⎣ am1 am 2 am 3 ... amn ⎥⎦
1°) Ou com a notação abreviada: A = (aij)m x n
⎡ 1 0 −2 3 ⎤
⎢ ⎥ Matrizes Especiais
⎣ 1 1 3 2 ⎦ é uma matriz 2 x 4
Apresentamos aqui a nomenclatura de algumas
2º) matrizes especiais:
⎡ 1 0 1 ⎤
⎢ ⎥ 1ª. Matriz Linha
⎢ 2 3 3 ⎥ É a matriz que possui uma única linha.
⎢⎣ 1 4 2 ⎥⎦
é uma matriz 3 x 3
Exemplos
3º) - A = [-1, 0]
- B = [1 0 0 2]
⎡⎣ 1 0 3 ⎤⎦
é uma matriz 1 x 3
2ª. Matriz Coluna
4º) É a matriz que possui uma única coluna.
⎡ 2 ⎤
⎢ ⎥ Exemplos
⎣ 0 ⎦ é uma matriz 2 x 1 ⎡ 0 ⎤
⎡ 2 ⎤ ⎢ ⎥
−A = ⎢ ⎥ −B = ⎢ −1 ⎥
O nome de uma matriz é dado utilizando letras ⎣ 1 ⎦ ⎢⎣ 3 ⎥⎦
maiúsculas do alfabeto latino, A, por exemplo, enquanto
os elementos da matriz são indicados por letras latinas
minúsculas, a mesma do nome de matriz, afetadas por dois 3ª) Matriz Nula
índices, que indicam a linha e a coluna que o elemento É a matriz que possui todos os elementos iguais a
ocupa na matriz. zero.
Assim, um elemento genérico da matriz A é
representado por aij. Exemplos
O primeiro índice, i, indica a linha que esse elemento
⎡ 0 0 ⎤ ⎡ 0 0 0 ⎤
ocupa na matriz, e o segundo índice, j, a coluna desse
1 )A = ⎢ ⎥ 2 )B = ⎢ ⎥
comando. ⎢⎣ 0 0 ⎥⎦ ⎢⎣ 0 0 0 ⎥⎦
A = ⎡⎣ aij ⎤⎦ ← i − ésima ⋅linha
4ª. Matriz Quadrada
↑ É a matriz que possui o número de linhas igual ao
j − ésima ⋅ coluna número de linhas igual ao número de colunas.
Exemplos
Exemplo
Na matriz B de ordem 2 x 3 temos: ⎡ 1 3 ⎤
1 )A = ⎢ ⎥
⎡ 1 0 3 ⎤ ⎢⎣ 2 −1 ⎥⎦ É a matriz quadrada de ordem 2.
B=⎢ ⎥
⎢⎣ 2 −1 4 ⎥⎦
Observações: Quando uma matriz não é quadrada, ela
b11 = 1; b12 = 0; b13 = 3; é chamada de retangular.
b21 = 2; b22 = -1; b23 = 4 Dada uma matriz quadrada de ordem n, chamamos de
Observação: O elemento b23, por exemplo, lemos assim: diagonal principal da matriz ao conjunto dos elementos
“b dois três” que possuem índices iguais.
Exemplo
De uma forma geral, a matriz A, de ordem m x n, é {a11, a22, a33, a44} é a diagonal principal da matriz A.
representada por:
80
MATEMÁTICA
81
MATEMÁTICA
Exemplo Propriedades
Sendo: Sendo A uma matriz de ordem m x n, B e C matrizes
convenientes e, são válidas as seguintes propriedades.
⎡ 3 2 ⎤ ⎡ 4 5 ⎤ - ( A . B) . C = A . (B . C) (associativa)
A=⎢ ⎥ e B=⎢ ⎥ - C . (A + B) = C . A + C . B (distributiva pela esquerda)
⎢⎣ 1 −2 ⎥⎦ ⎢⎣ −2 1 ⎥⎦ , então - (A + B) . C = A . C + B (distributiva pela direita)
- A . In = Im . A = A (elemento neutro)
⎡ 3 2 ⎤ ⎡ 4 5 ⎤
A− B= ⎢ ⎥−⎢ ⎥ - (α . A) . B = A . (α . B ) = . (A . B)
⎢⎣ 1 −2 ⎥⎦ ⎢⎣ −2 1 ⎥⎦ - A . On x p = Om x p e Op x m . A = Op x n
- (A . B)t = Bt . At
⎡ 3 2 ⎤ ⎡ −4 −5 ⎤
A− B= ⎢ ⎥+⎢ ⎥
⎢⎣ 1 −2 ⎥⎦ ⎢⎣ 2 −1 ⎥⎦ Observação: Para a multiplicação de matrizes não vale
a propriedade comutativa (A . B ≠ B . A). Esta propriedade
só é verdadeira em situações especiais, quando dizemos
A-B= que as matrizes são comutáveis.
⎡ −1 −3 ⎤
A− B= ⎢ ⎥ Devemos levar em consideração os fatos seguintes:
⎢⎣ 3 −3 ⎥⎦ 1º) (A + B) ≠ A2 + 2AB + B2, pois (A + B)2 = (A + B)(A+B)
+ A + AB + BA + B2
2
82
MATEMÁTICA
Resolução Determinantes
a b
Supondo que B= é a matriz inversa de A, temos: Chamamos de determinante a teoria desenvolvida por
c d matemáticos dos séculos XVII e XVIII, como Leibniz e Seki
3 1 a b 1 0 Shinsuke Kowa, que procuravam uma fórmula para determi-
A.B= . = nar as soluções de um “Sistema linear”, assunto que estuda-
2 1 c d 0 1
remos a seguir.
3a + c 3b + d 1 0 Esta teoria consiste em associar a cada matriz quadrada A,
2a + c 2b + d = 0 1 um único número real que denominamos determinante de
A e que indicamos por det A ou colocamos os elementos da
matriz A entre duas barras verticais, como no exemplo abaixo:
Assim:
1 2 12
3a + c = 1 e 3b + d = 0 A= → det A=
4 5 45
2a + c = 0 2b + d = 1
Definições
Resolvendo os sistemas, encontramos:
A=1,b=-1,c=-2 e d=3 Determinante de uma Matriz de Ordem 1
1 −1 Seja a matriz quadrada de ordem 1: A=[a11]
Assim, B= Chamamos determinante dessa matriz o número:
− 2 3
det A=[ a11]= a11
Por outro lado:
1 − 1 3 1 1 0 Exemplos
B.A= . = 1º) A=[-2] → det A= -2
− 2 3 2 1 0 1
2º) B=[5] → det B=5
Portanto, a matriz A é inversível e sua inversa é a matriz:
3º) C=[0] → det C=0
1 −1
B=A-1= − 2 3
Determinante de uma Matriz de ordem 2
Observação: Quando uma matriz é inversível, dizemos
Seja a matriz quadrada de ordem 2:
que ela é uma matriz não-singular; caso a matriz não seja
inversível, dizemos que ela é uma matriz singular. ⎡ a11 a12 ⎤
A=⎢ ⎥
Propriedades ⎢ a a ⎥
Sendo A e B matrizes quadradas de ordem n e ⎣ 21 22 ⎦
inversíveis, temos as seguintes propriedades:
- (A-1)-1=A Chamamos de determinante dessa matriz o número:
- (A-1)t= At)-1 ⎡ a11 a12 ⎤
- (A.B)-1=B-1..A-1 det A = ⎢ ⎥=a . a −a . a
- Dada A, se existir A-1, então A-1 é única. ⎢ a a ⎥ 11 22 21 12
⎣ 21 22 ⎦
Exemplo
Sendo A, B e X matrizes inversíveis de ordem n, isolar Para facilitar a memorização desse número, podemos
X em (X.A)-1‑=B. dizer que o determinante é a diferença entre o produto dos
elementos da diagonal principal e o produto dos elemen-
Resolução tos da diagonal secundária. Esquematicamente:
(X.A)-1=B⇒ A-1.X-1=B ⎡ a11 a12 ⎤
det A = ⎢ ⎥=a . a −a . a
Multiplicando os dois membros à esquerda por A, ⎢ a a ⎥ 11 22 21 12
encontramos: ⎣ 21 22 ⎦
A.A-1.X-1=A.B
Como A.A-1=In, então: Exemplos
In.X-1=A.B 1 2
Como In é elemento neutro na multiplicação de - A=
matrizes, temos: 5 3
X-1=A.B det A=1.3-5.2=-7
Elevando os dois membros da igualdade, ao expoente
-1, temos: 2 − 1
(X-1)-1=(A.B)-1 - B=
Assim, X=(A.B)-1, ou então X=B-1.A-1 2 3
O sistema obtido está escalonado e é do 2º det B=2.3-2.(-1)=8
83
MATEMÁTICA
Exemplo
ka kb ⎡ a b ⎤
detA= a11 a22 a33+ a12 a23 a31+a13 a21 a32-a13 a22 a31+ = k. ⎢ ⎥
-a11 a23 a32-a12 a21 a33
c d ⎢⎣ c d ⎥⎦
- Sendo A uma matriz quadrada de ordem n, a matriz k. A
Observação: A regra de Sarrus também pode ser utilizada é obtida multiplicando todos os elementos de A por k, então:
repetindo a 1º e 2º linhas, ao invés de repetirmos a 1º e 2º
colunas. det(k.A)=kn.detA
det At = ad − bc Assim:
det(k.A)=k3.detA
84
MATEMÁTICA
Propriedade 4: Se A, B e C são matrizes quadradas de Em seguida, vamos multiplicar a 1ª coluna por 2, somar
mesma ordem, tais que os elementos correspondentes de com a 3ª coluna e calcular:
A, B e C são iguais entre si, exceto os de uma fila, em que
os elementos de C são iguais às somas dos seus elementos
correspondentes de A e B, então.
detC = detA + detB
D1=48+0+0-100-0-0=-52
Exemplos:
Observe que D1=D, de acordo com a propriedade.
a b x a b r a b x + r
Consequência
c d y + c d s = c d y + s Quando uma fila de um determinante é igual à soma
de múltiplos de filas paralelas (combinação linear de filas
e f z e f z e f z + t paralelas), o determinante é igual a zero.
Exemplo
Propriedades dos Determinantes
1 2 8
Propriedades 5 (Teorema de Jacobi) SejaD = 3 2 12
O determinante não se altera, quando adicionamos
uma fila qualquer com outra fila paralela multiplicada por 4 −1 05
um número.
Observe que cada elemento de 3ª coluna é igual à
abc 1ª coluna multiplicada por 2 somada com a 2ª coluna
Exemplo multiplicada por 3.
Considere o determinante detA= d e f 8 = 2(1) + 3(2) = 2 + 6
g hi 12 = 2(3) + 3(2) = 6 + 6
5 = 2(4) + 3(-1) = 8 - 3
Somando a 3ª coluna com a 1ª multiplicada por m, Portanto, pela consequência da propriedade 5, D = 0
teremos: Use a regra de Sarrus e verifique.
g h i + mg g h i g h mg Exemplo
1 2
A= ⇒ detA=3
a b c + ma a b a 0 3
4 3
d e f + md = det A + m d e d B= ⇒ detB=-2
2 1
g h i + mg g h g
8 5
A.B= ⇒ det(A.B)=-6
6 3
Igual a zero Logo, det(AB)=detA. detB
a b c + ma Consequências: Sendo A uma matriz quadrada e n ∈ N*,
temos:
d e f + md = det A det(An) = (detA)n
Sendo A uma matriz inversível, temos:
g h i + mg
1
detA-1=
det A
Exemplo Justificativa: Seja A matriz inversível.
A-1.A=I
Vamos calcular o determinante D abaixo. det(A-1.A)=det I
detA-1.detA=det I
1
detA-1=
det A
D=8+0+0-60-0-0=-52
Uma vez que det I=1, onde i é a matriz identidade.
85
MATEMÁTICA
Exemplo an1 an 2 ... an
1 3 2
Sendo A= 1 0 − 1 , temos: ou seja:
detA = a11.A11+a12.A12+…+a1n.A1n
4 2 1
0 −1 Então, o determinante de uma matriz quadrada de
A11=(-1)1+1. =2 ordem n, n ≥ 2 é a soma dos produtos dos elementos da
2 1
primeira linha da matriz pelos respectivos co-fatores.
1 −1
A12=(-1)1+2. 4 1 =-5 Exemplos
⎡ a11 a12 ⎤
1º) Sendo A = ⎢ ⎥ , temos:
1 0 ⎢ a a ⎥
A13=(-1)1+3. =2 ⎣ 21 22 ⎦
4 2
86
MATEMÁTICA
Teorema de Laplace −1 2 1 −1 2 1
4 = 7
Seja A uma matriz quadrada de ordem n, n ⇒ 2, seu detA=1.(-1)1+1. 7 7
7 4
determinante é a soma dos produtos dos elementos de − 2 − 3 0 − 2 − 3 0
uma fila (linha ou coluna) qualquer pelos respectivos co-
fatores. Aplicamos a regra de Sarrus,
Exemplo
5 0 1 2
3 2 1 0
Sendo A=
4 1 0 0
3 − 2 2 0
Devemos escolher a 4ª coluna para a aplicação do det A=(0-16-21)-(-14+12+0)
teorema de Laplace, pois, neste caso, teremos que calcular detA=0-16-21+14-12-0=-49+14
apenas um co-fator. detA=-35
87
MATEMÁTICA
Assim: Propriedade
1ª) A é triangular superior Um determinante de Vandermonde é igual ao produto
de todas as diferenças que se obtêm subtraindo-se de
a11 a12 a13 .... a1n cada um dos elementos característicos os elementos
0 precedentes, independente da ordem do determinante.
a22 a23 ... a2 n
A= 0 0 a33 ... a3n Exemplo
... ... ... ... ...
0 Calcule o determinante:
0 0 ... ann
1 2 4
detA=a11.a22.a33. ... .ann
2ª) A é triangular inferior det A = 1 4 16
Exemplos
4. Calcule o valor a e b, sabendo que =
1º) Determinante de Vandermonde de ordem 3
1 1 1
a b c
a 2 b2 c2 5. Sabendo que a matriz A = é
matriz diagonal, calcule x, y e z.
2º) Determinante de Vandermonde de ordem 4
1 1 1 1
6. Sabendo que I2 = calcule x e y.
a b c d
a2 b2 c2 d 2 7. Escreva a matriz oposta de A = (aij) 2x 2 sabendo que
aij = i + j.
a 3 b3 c3 d 3 8. Escreva a matriz transposta A = (aij)3 x 3 dada por
aij = i – 2j.
Os elementos da 2ª linha são denominados elementos
característicos.
88
MATEMÁTICA
B=
8) Solução:
Respostas ⎡ a11 a12 a13 ⎤
⎢ ⎥
1) Solução: Sendo a matriz A do tipo 2 x 3, temos: A = ⎢ a 21 a22 a23 ⎥
⎢ ⎥
⎡ a11 a12 a13 ⎤ ⎢ ⎥
A=⎢ ⎥ ⎢⎣ a31 a32 a33 ⎥⎦
⎢ a a a23 ⎥
⎣ 21 22 ⎦ a11 = 1 – 2 . 1 = -1
a12 = 1 – 2 . 2 = -3
a11 = 2 . 1 + 1 = 3 a13 = 1 – 2 . 3 = -5
a12 = 2 . 1 + 2 = 4 a21 = 2 – 2 . 1 = 0
a13 = 2 . 1 + 3 = 5 a22 = 2 – 2 . 2 = -2
a21 = 2 . 2 + 1 = 5 a23 = 2 – 2 . 3 = -4
a22 = 2 . 2 + 2 = 6 a31 = 3 – 2 . 1 = 1
a23 = 2 . 2 + 3 = 7 a32 = 3 – 2 . 2 = -1
a33 = 3 – 2 . 3 = -3
Portanto, A = ⎡ −1 −3 −5 ⎤ ⎡ −1 0 1 ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
2) Solução: Como a matriz A é nula, então todos os Portanto, A = ⎢ 0 −2 −4 ⎥ e At = ⎢ −3 −2 −1 ⎥
seus elementos são nulos. Logo: . ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢⎣ 1 −1 −3 ⎥⎦ ⎢⎣ −5 −4 −3 ⎥⎦
x + 1 = 0 → x = -1
y – 2 = 0 → y = -2
4) Solução: Como as matrizes são iguais, devemos ter: Então devemos ter → a² = 4
a+4=5→a=1
b² = 4 → b = 2 ou b = -2 Portanto, a = 2 ou a = -2.
7) Solução:
⎡ a11 a12 ⎤
A=⎢ ⎥
⎢ a a ⎥
⎣ 21 22 ⎦ → a11 = 1 + 1 = 2, a12 = 1 + 2 = 3, a21
= 2 + 1 = 3, a22 = 2 + 2 = 4.
89
MATEMÁTICA
Equações Lineares
Equação linear é toda equação do tipo a1x1 + a2x2 +
a3x3+...anxn = b, onde a1, a2, a3,.., an e b são números reais e
x1, x2, x3,.., xn são as incógnitas.
Os números reais a1, a2, a3,.., an são chamados de
coeficientes e b é o termo independente.
Exemplos
- São equações lineares:
x1 - 5x2 + 3x3 = 3 Equação Linear Homogênea
2x – y + 2z = 1 Uma equação linear é chamada homogênea quando o
seu termo independente for nulo.
0x + 0y + 0z = 2
0x + 0y + 0z = 0
Exemplo
- Não são equações lineares:
2x1 + 3x2 - 4x3 + 5x4 - x5 = 0
x3-2y+z = 3
(x3 é o impedimento)
Observação: Toda equação homogênea admite como
2x1 – 3x1x2 + x3 = -1
solução o conjunto ordenado de “zeros” que chamamos
(-3x1x2 é o impedimento)
solução nula ou solução trivial.
2x1 – 3 3 + x3 = 0 Exemplo
x2
(0, 0, 0) é solução de 3x + y - z – 0
( 3 é o impedimento)
x2
Equações Lineares Especiais
Observação: Uma equação é linear quando os Dada a equação:
expoentes das incógnitas forem iguais a l e em cada termo a1x1 + a2x2 +a3x3+...anxn = b, temos:
da equação existir uma única incógnita.
- Se a1 = a2 = a3 =...= na = b = 0, ficamos com:
Solução de ama Equação Linear 0x1 + 0x2 +0x3 +...+0xn, e, neste caso, qualquer
Uma solução de uma equação linear a1xl +a2x2 +a3x3+... seqüências (α1, α2, α3,..., αn) será solução da equação dada.
anxn = b, é um conjunto ordenado de números reais α1, α2, - Se a1 = a2 = a3 =... = an = 0 e b ≠ 0, ficamos com:
α3,..., αn para o qual a sentença a1{α1) + a2{αa2) + a3(α3) +... 0x1 +0x2 + 0x3 +...+0xn= b ≠0, e, neste caso, não existe
+ an(αn) = b é verdadeira. seqüências de reais (α1, α2, α3,...,αn) que seja solução da
equação dada.
Exemplos
- A terna (2, 3, 1) é solução da equação: Sistema Linear 2 x 2
x1 – 2x2 + 3x3 = -1 pois: Chamamos de sistema linear 2 x 2 o conjunto de
(2) – 2.((3) + 3.(1) = -1 equações lineares a duas incógnitas, consideradas
- A quadra (5, 2, 7, 4) é solução da equação: simultaneamente.
0x1 - 0x2 + 0x3 + 0x4 = 0 pois: Todo sistema linear 2 x 2 admite a forma geral abaixo:
0.(5) + 0.(2) + 0.(7) + 0.(4) = 0
a1 x + b1 y = c1
Conjunto Solução a2 + b2 y = c2
Chamamos de conjunto solução de uma equação linear
o conjunto formado por todas as suas soluções. Um par (α1, α2) é solução do sistema linear 2 x 2 se, e
somente se, for solução das duas equações do sistema.
90
MATEMÁTICA
91
MATEMÁTICA
92
MATEMÁTICA
Resolução
a11 a12 a13 a1n Isolando a incógnita x na equação (I) e substituindo nas
x1 b1 equações (II) e (III), temos:
a a a a x2 b2
21 22 23 2n
x3 b3 x + 2y – z = -1 → x = -2y + z - 1
a31 a32 a33 a3n
Na equação (II)
...................................
xn bm 2(-2y + z - 1) – y + z = 5 →5y + 3z = 7 (IV)
am1 am 2 am 3 amn
Na equação (III)
(-2y + z - 1) + 3y - 2z = -4 → y – z = -3 (V)
Sistemas Lineares – Escalonamento (I)
Resolução de um Sistema por Substituição Tomando agora o sistema formado pelas equações (IV) e
Resolvemos um sistema linear m x n por substituição, (V):
do mesmo modo que fazemos num sistema linear 2 x 2.
Assim, observemos os exemplos a seguir.
⎧⎪−5y + 3z = 7 (IV )
⎨
⎩⎪ y − z = −3 (V )
Exemplos
- Resolver o sistema pelo método da substituição.
Isolando a incógnita y na equação (V) e substituindo na
x + 2 y − z = −1 ( I ) equação (IV), temos:
2 x − y + z = 5 ( II ) y – z = -3 → y = z - 3
-5(z - 3) + 3z = 7 → z = 4
x + 3 y − 2 z = −4( III )
Substituindo z = 4 na equação (V)
y – 4 = -3 → y = 1
Resolução
Isolando a incógnita x na equação (I) e substituindo nas
Substituindo y = 1 e z = 4 na equação (I)
equações (II) e (III), temos:
x + 2(1) - (4) = -1 → x = 1
x + 2y – z - 1→ x = -2y + z - 1
Na equação (II)
Assim:
2(-2y + z - 1) – y + z = 5 → -5y + 3z = 7 (IV) S={(1, 1, 4)}
Na equação (III)
(-2y + z - 1) + 3y - 2z = -4 → y – z = -3 (V) 2º) Resolver o sistema pelo método da substituição:
Tomando agora o sistema formado pelas equações (IV)
e (V): ⎧ x + 3y − z = 1 (I )
⎪
⎨ y + 2z = 10 (II )
⎪⎧−5y + 3z = 7 (IV ) ⎪
⎨ 3z = 12 (III )
⎪⎩ y − z = −3 (V ) ⎩
Isolando a incógnita y na equação (V) e substituindo na Resolução
equação (IV), temos: Na equação (III), obtemos:
y – z = -3 → y = z - 3 3z = 12 → z = 4
-5 (z - 3) + 3z = 7→ z = 4 Substituindo z = 4 na equação (II), obtemos:
y + 2 . 4 = 10 → y = 2
Substituindo z = 4 na equação (V) Substituindo z = 4 e y = 2 na equação (I), obtemos:
y – 4 = -3 → y = 1 x + 3 . 2 – 4 = 1 → x = -1
Substituindo y = 1 e z = 4 na equação (I) Assim:
x + 2 (1) - (4) = -1 →x = 1 S{(-1, 2, 4)}
Assim:
S={(1, 1, 4)} Observação: Podemos observar que a resolução de sistemas
pelo método da substituição pode ser demasiadamente longa e
2º) Resolver o sistema pelo método da substituição: trabalhosa, quando os sistemas não apresentam alguma forma
simplificada como no primeiro exemplo. No entanto, quando o
⎧ x + 3y − z = 1 (I ) sistema apresenta a forma simples do segundo exemplo, que
⎪ denominamos “forma escalonada”, a resolução pelo método
⎨ y + 2z = 10 (II ) da substituição é rápida e fácil.
⎪ Veremos, a seguir, como transformar um sistema linear m x
⎩ 3z = 12 (III )
n qualquer em um sistema equivalente na “forma escalonada”.
93
MATEMÁTICA
................. x + y = 1 − 2 z
2y = 2 + z
0 0 0 ann
94
MATEMÁTICA
95
MATEMÁTICA
(*) A terceira equação foi eliminada do sistema, visto Quando o sistema linear apresenta nº de equações
igual ao nº de incógnitas, para discutirmos o sistema,
que ela é equivalente à segunda equação. Se nós não
inicialmente calculamos o determinante D da matriz dos
tivéssemos percebido essa equivalência, no passo seguinte
coeficientes (incompleta), e:
obteríamos na terceira equação: 0x+0z=0, que é uma
1º) Se D ≠ 0, o sistema é possível e determinado.
equação satisfeita para todos os valores reais de x e z. 2º) Se D = 0, o sistema é possível e indeterminado ou
impossível.
3º) Escalonar e classificar o sistema: Para identificarmos se o sistema é possível, indeterminado
ou impossível, devemos conseguir um sistema escalonado
2 x + 5 y + z = 5 equivalente pelo método de eliminação de Gauss.
x + 2y − z = 3
Exemplos
4 x + 9 y − z = 8 01 – Discutir, em função de a, o sistema:
⎧ x + 3y = 5
⎨
Resolução
⎩2x + ay = 1
Resolução
1 3
D= = a−6
2 a
D = 0⇒ a−6 = 0⇒ a = 6
96
MATEMÁTICA
⎧x + y − z = 1
⎪
⎨2x + 3y + az = 3
⎪ x + ay + 3z = 2
⎩ Se k2+k=0, ou seja, k=0 k=-1, o sistema é possível e
indeterminado.
Resolução Se k2+k≠0, ou seja, k≠0 k≠-1, o sistema é indeterminado.
1 1−1 Assim, temos:
D2 3 1 = 9 + a − 2a + 3 − 6 − a 2 m = +1 e k = 0 ou k = 1 ⎫
⎪
1 a 3 ou ⎬ ⇒ SPI
m = −1 e k = 0 ou k = −1⎪⎪
D=0 → -a2-a+6=0 → a=-3 ou a=2 ⎭
m = +1 e k ≠ 0 ou k ≠ 1 ⎫
Assim, para a≠-3 e a≠2, o sistema é possível e ⎪
determinado. ou ⎬ ⇒ SI
Para a=-3, temos: m = −1 e k ≠ 0 ou k ≠ −1⎪⎪
⎭
x + y − z =1
x + y − z = 1 x + y − z = 1
2 x + 3 y − 3 z = 3 ← −2 ~ y − z =1 ~ y − z =1 Sistemas com Número de Equações Diferente do
x − 3 y + 3z = 2 ← −1
− 4 y + 4 z = 1 ←4
y + z = 5 sistema impossível Número de Incógnitas
Quando o sistema linear apresenta número de equa-
Para a=2, temos: ções diferente do número de incógnitas, para discuti-lo,
devemos obter um sistema escalonado equivalente pelo
x + y − z =1
x + y − z = 1
método de eliminar de Gauss.
x + y − z = 1
2 x + 3 y + 2 z = 3 ← −2 ~ y + 4z = 1 ~
y + 4z = 1 sistema possível in det er min ado
x + 2 y + 3 z = 2 ← −1
y + 4z = 1
Exemplos
⎧ x+y= 3
Resolução ⎪⎪
m 1 ⎨2z + 3y = 8 → −2 ~
⎪
D= = m2 −1 ⎪⎩ x − my = 3 → −1
1 m
⎧ x+y= 3 ⎧x + y = 3
D=0 → m2-1=0→ m=+1 ou m=-1 ⎪⎪ ⎪
~⎨ y=2 ~ ⎨y = 2
Assim, para m≠+1 e m≠-1, o sistema é possível e ⎪ ⎪0y = 2 + 2m
determinado. ⎪⎩(−1− m)y = 0 → 1+ m ⎩
Para m=1, temos: 2+2m=0→m=-1
x + y = K x + y = K Assim, temos:
x + y = K 2 ← −1 ~ m≠-1→ SI
0 x + 0 y = − K + K
2
m=-1→ SPD
Se –k + k2=0, ou seja, k=0 ou k=1, o sistema é possível
e indeterminado.
97
MATEMÁTICA
Resolução: Resolução
3 1 1
D = 1 5 − 1 = −12
1 2 −1
Como D≠0, o sistema é possível e determinado
admitindo só a solução trivial, logo:
98
MATEMÁTICA
03 – Determine K de modo que o sistema abaixo tenha 9. Resolva o seguinte sistema usando a regra de
solução diferente da trivial. Cramer:
x + 3y - 2z = 3
⎧x + y + z = 0 2x - y + z = 12
⎪
⎨ x − ky + z = 0 4x + 3y - 5z = 6
⎪ kx − y − z = 0
⎩ 2 x − y = 7
10. Resolver o sistema .
Resolução x + 5 y = −2
O sistema é homogêneo e, para apresentar soluções
diferentes da trivial, devemos ter D=0
1 1 1 Respostas
99
MATEMÁTICA
7) Solução:
Teremos, expressando x em função de m, na primeira
equação:
x = (10 + my) / 2
100
MATEMÁTICA
-2 a - 4b = 10
Somando membro a membro esta equação obtida 7. GEOMETRIA ANALÍTICA.
com a segunda equação, fica: 7.1. Coordenadas cartesianas na reta e no
-3b = 9 \ b = - 3 plano. Distância entre dois pontos.
Substituindo o valor encontrado para b na equação em 7.2. Equação da reta: formas reduzida, geral e
vermelho acima (poderia ser também na outra equação em
segmentária; coeficiente angular. Intersecção
azul), teremos:
2 a + (-3) = -1 \ a = 1. de retas, retas paralelas e perpendiculares.
Portanto, a2 + b2 = 12 + (-3)2 = 1 + 9 = 10. Feixe de retas. Distância de um ponto a uma
reta. Área de um triângulo.
9) Resposta “S = {(5, 2, 4)}”. 7.3. Equação da circunferência; tangentes a
Solução: Teremos: uma circunferência; intersecção de uma reta a
uma circunferência.
1 3 −2 7.4. Elipse, hipérbole e parábola: equações
Δ = 2 −1 1 = 24 reduzidas.
4 3 −5
101
MATEMÁTICA
Exemplo 2
B O A r
a) A(3)
3 = XB – XA = 10 – 3 = 7
-2 B(10)
Calcular:
A B
a)
b)
3- Medida Algébrica
102
MATEMÁTICA
Exemplo 7
Exemplo 5Dados os pontos A(1) e B(9), determinar o Determinar o ponto médio M do segmento , nos
ponto C tal que . seguintes casos:
a) A(1) e B(7)
Resolução
Seja XC a abscisssa do ponto C: Resolução
Resposta: M(4).
Substituindo-se as coordenadas dos pontos:
XC – 1 = 3(9 - XC) → XC = 7 b) A(-3) e B(15)
Resposta: C(7).
Resolução
Exemplo 6
Dado o ponto A(3), determinar um ponto B que diste 5 Resposta: M(6).
unidades do ponto A.
c) A(-1) e B(-12)
Resolução
Seja XB a abscissa de B. Tem-se: = 5, ou seja, |XB - Resolução
XA| = 5
XB – 3 = 5 → XB = 8
Então |XB – 3| = 5 ou Resposta: M .
XB – 3 = -5 → XB = -2
4- Ponto Médio A R S B
Como são iguais, pode-se escrever
Considerem-se os pontos A(XA) e B(XB). Sendo M(XM) o , ou seja,
ponto médio de (ou de ), tem-se: XS – XA = 2(XB – XS)
XS – 1 = 2(16 – XS) ∴ XS = 11
Sendo R o ponto médio de , vem:
A B B 1- Coordenadas de um ponto
103
MATEMÁTICA
y Nota
Neste estudo, será utilizado somente o sistema cartesiano
retangular, que se chamará simplesmente sistema cartesiano.
Observações
1 x 1) Os eixos x e y dividem o plano cartesiano em quatro
regiões ou quadrantes (Q), que são numeradas, como na
0 1 figura abaixo.
y
2º Q 1º Q
2- Propriedades
Exemplo 1
1) Todo ponto P(a, b) do 1º quadrante tem abscissa
Os pontos, no sistema cartesiano abaixo, têm suas positiva (a > 0) e ordenada positiva (b > 0) e reciprocamente.
coordenadas escritas ao lado da figura.
A (3, 2) P(a, b) 1º Q a>0eb>0
B (0, 2)
C (-3, 2) Assim P(3, 2) 1º Q
D (-3, 0) y
E (-3, -2)
F (0, -2) 2 P
G (3, -2) x
H (3, 0)
0
O (0, 0)
3
y
2) Todo ponto P(a, b) do 2º quadrante tem abscissa
negativa (a < 0) e ordenada positiva (B > 0) e reciprocamente.
C B A
2
P(a, b) 2º Q a<0eb>0
1 1 2 3 x
-3 -2 -1
•
104
MATEMÁTICA
3) Todo ponto P(a, b) do 3º quadrante tem abscissa 6) Todo ponto do eixo das ordenadas tem abscissa nula
negativa (a < 0) e ordenada negativa (b < 0) e reciprocamente. e reciprocamente.
x
3 P
-3
0
P -2
x
0
4) Todo ponto P(a, b) do 4º quadrante tem abscissa
positiva (a > 0) e ordenada negativa (B < 0) e reciprocamente.
7) Todo ponto P(a, b) da bissetriz dos quadrantes ímpares
P(a, b) 4º Q a>0eb<0 tem abscissa e ordenada iguais (a = b) e reciprocamente.
3 x
0
-2
P -2 0 x
P(a, b) Ox b=0
8) Todo ponto P(a, b) da bissetriz dos quadrantes pares
Assim P(3, 0) Ox
tem abscissa e ordenada opostas (a = -b) e reciprocamente.
y
P(a, b) bp a = -b
Assim P(-2, 2) bp
P x
0
y
3
P
2
x
-2 0
105
MATEMÁTICA
Exemplo 4
Exemplo 3
Obter o ponto médio M do segmento , sendo dados:
Obter m, sabendo-se que o ponto M(2m – 1, m + 3) A(-1, 3) e B(0, 1).
está na bissetriz dos quadrantes ímpares.
Resolução
Resolução
M bi 2m – 1 = m + 3 ∴ m = 4
Resposta: 4.
3- Ponto Médio
Resposta: .
Considerem-se os pontoa A(xA, yA) e B(xB, yB). Sendo
M(xM, yM) o ponto médio de (ou ), tem-se:
4 – Baricentro
e , ou seja,
Seja o triângulo ABC de vértices A(xA, yA), B(xB, yB) e C(xC,
o ponto médio é dado por: yC). sendo G(xG, yG) o baricentro (ponto de encontro das
medianas) do triângulo ABC, tem-se:
B’’ (yB)
M’’ (yM)
y
C
A’’ (yA)
x
M
0 A’ (yA) M’ (yM) B’ (yB) G
De fato:
Se M é o ponto médio de (ou ), pelo teorema de A
Tales, para o eixo x pode-se escrever:
B x
106
MATEMÁTICA
Observações
e, como , vem
1) Como (xB - xA)2 = (xA - xB)2, a ordem escolhida para a
diferença das abscissas não altera o cálculo de d. O mesmo
ocorre com a diferença das ordenadas.
ou seja,
2) A fórmula para o cálculo da distância continua válida
Analogamente, para o eixo y, tem-se se o segmento é paralelo a um dos eixos, ou ainda se
os pontos A e B coincidem, caso em que d = 0.
Exemplo 6
Portanto, as coordenadas do baricentro de um triângulo
ABC são, respectivamente, as médias aritméticas das Calcular a distância entre os pontos A e B, nos seguintes
abscissas de A, B e C e das ordenadas A, B e C. casos:
a) A(1, 8) e B(4, 12)
Exemplo 5
Resolução
Sendo A(1, -1), B(0, 2) e C(11, 5) os vértices de um
triângulo, obter o baricentro G desse triângulo.
Resolução
b) A(0, 2) e B(-1, -1)
Resolução
Logo, G(4, 2).
Quadrando
A
•
C
(2 – a)2 + (2 + a )2 = 16
x
0 a=2
4 – 4a + a2 + 4 + 4a + a2 = 16 ∴ a2 = 4 ou
A distância entre os pontos A e B qie se indica por d é a = -2
tal que
Assim se a = 2, tem-se o ponto (2, -2)
se a = -2, tem-se o ponto (-2, 2)
107
MATEMÁTICA
De fato, existem dois pontos P da bissetriz dos 05- A distância entre dois pontos (2, -1) e (-1, 3) é igual a:
quadrantes pares (bp) cuja distância ao ponto A(2, 2) é 4. a) zero
Observe-se a figura:
b)
y
bp c)
P 2 A d) 5
e) n.d.a.
Respostas
B
C
A 01- Resposta: A(5, 1); B(0, 3); C(-3, 2); D(-2, 0); E(-1, -4);
D
1
x F(0, -2); G(4, -3).
•
02- Resposta: E.
F
Resolução
G
Como A pertence à bissetriz dos quadrantes ímapres xA
E = yA ⇒ 3p – 1 = p – 3 ⇒ p = 1.
Logo, o ponto A(-4, -4) tem ordenada igual a -4.
02- Seja o ponto A(3p – 1, p – 3) um ponto pertencente
à bissetriz dos quadrantes ímpares, então a ordenada do 03- Resposta: B’(5, 3).
ponto A é:
a) 0 Resolução
b) –1 Se A pertence ao eixo das ordenadas, temos que p – 2
c) –2 = 0 ⇒ p = 2, logo, B(5, –3).
Como B’ é o simétrico de B em relação ao eixo das
d) abscissas, temos a mesma abscissa e a ordenada oposta,
logo, B’(5, 3) é o ponto procurado.
e) –4
108
MATEMÁTICA
T
x
A (0, 0) B (6, 0) y
•
B
C (3, )
⇒
Assim:
[(x - 2)2 + (x - 1)2] + [(x – 5)2 (x – 2)2] = [(2 – 5)2 + (1 – 2)2]
X2 – 4x + 4 + x2 – 2x + 1 + x2 – 10x + 25 + x2 – 4x + 4 =
9+1
05- Resposta: D 4x2 – 20x + 24 = 0
X2 – 5x + 6 = 0 ⇒ x = 2 ou x = 3.
Resolução
Δx = 2 – (–1) = 3 e Δy = –1 –3 = –4
08- Resposta: C(12, 2).
Resolução
d=5
B (4,2) C(a, b)
06- Resposta: D
Resolução M
A (0,0) D (8,0)
109
MATEMÁTICA
Função do 1˚ Grau f: A → B
y = f(x) = x + 1
Dados dois conjuntos A e B, não-vazios, função é
uma relação binária de A em B de tal maneira que todo Tipos de Função
elemento x, pertencente ao conjunto A, tem para si um
único correspondente y, pertencente ao conjunto B, que é Injetora: Quando para ela elementos distintos do
chamado de imagem de x. domínio apresentam imagens também distintas no
contradomínio.
Domínio: Conjunto dos elementos que possuem f(x) é injetora g(x) não é injetora
imagem. Portanto, todo o conjunto A, ou seja, D = A. (interceptou o gráfico mais
de uma vez)
Contradomínio: Conjunto dos elementos que se
colocam à disposição para serem ou não imagem dos Sobrejetora: Quando todos os elementos do
elementos de A. Portanto, todo conjunto B, ou seja, CD = B. contradomínio forem imagens de pelo menos um elemento
do domínio.
Conjunto Imagem: Subconjunto do conjunto B
formado por todos os elementos que são imagens dos
elementos do conjunto A, ou seja, no exemplo anterior: Im
= {a, b, c}.
Exemplo
110
MATEMÁTICA
Reconhecemos, graficamente, uma função sobrejetora Função constante: A função f(x), num determinado
quando, qualquer que seja a reta horizontal que interceptar intervalo, é constante se, para quaisquer x1 < x2, tivermos
o eixo no contradomínio, interceptar, também, pelo menos f(x1) = f(x2).
uma vez o gráfico da função.
x y = 2x – 1
–2 –5
–1 –3
0 –1
1 1
Função crescente: A função f(x), num determinado
intervalo, é crescente se, para quaisquer x1 e x2 pertencentes 2 3
a este intervalo, com x1<x2, tivermos f(x1)<f(x2). 3 5
x1<x2 → f(x1)<f(x2)
x1<x2 → f(x1)>f(x2)
111
MATEMÁTICA
x= 4
2
x=2
O zero da função y = 2x – 4 é 2.
No plano cartesiano, o zero da função do 1º grau é
Exemplo para a < 0
representado pela abscissa do ponto onde a reta corta o
Consideremos f(x) = –x + 1.
eixo x.
x f(x)
x y (x,y)
-1 2
1 -2 (1, -2)
0 1
3 2 (3,2)
1 0
2 -1
Exemplo
Estudar o sinal da função y = 2x – 4 (a = 2 > 0).
a) Qual o valor de x que anula a função?
y=0
x>x0⇒f(x)>0 x>x0⇒f(x)<0 2x – 4 = 0
2x = 4
x=x0⇒f(x)=0 x=x0⇒f(x)=0
4
x<x0⇒f(x)<0 x<x0⇒f(x)>0 x=
2
Conclusão: O gráfico de uma função do 1º grau é uma x=2
reta crescente para a > 0 e uma reta decrescente para a < 0. A função se anula para x = 2.
112
MATEMÁTICA
b) Quais valores de x tornam positiva a função? Portanto, quando tivermos para outra equipe a
y>0 informação de que a sua situação é (2, -8) entenderemos,
2x – 4 > 0 que esta equipe apresenta 2 pontos ganhos e saldo de gols
2x > 4 -8. Note que é importante a ordem em que se apresenta
este par de números, pois a situação (3, 5) é totalmente
x> 4 diferente da situação (5,3). Fica, assim, estabelecida a
2
idéia de par ordenado: um par de valores cuja ordem de
x>2 apresentação é importante.
Observações: (a, b) = (c, d) se, e somente se, a = c e b
A função é positiva para todo x real maior que 2. =d
(a, b) = (b, a) se, o somente se, a = b
c) Quais valores de x tornam negativa a função?
Produto Cartesiano
y<0 Dados dois conjuntos A e B, chamamos de produto
2x – 4 < 0 cartesiano A x B ao conjunto de todos os possíveis pares
2x < 4 ordenados, de tal maneira que o 1º elemento pertença ao
4 1º conjunto (A) e o 2º elemento pertença ao 2º conjunto
x< (B).
2
x<2 A x B= {(x,y) / x ∈ A e y ∈ B}
A função é negativa para todo x real menor que 2. Quando o produto cartesiano for efetuado entre o
conjunto A e o conjunto A, podemos representar A x A =
Podemos também estudar o sinal da função por meio de A2. Vejamos, por meio de o exemplo a seguir, as formas de
seu gráfico:
apresentação do produto cartesiano.
Exemplo
113
MATEMÁTICA
- f(x)=3x2 + 7x – 8
D=R
- f(x)=√x+7
x – 7 ≥ 0→ x ≥ 7
c) Plano cartesiano D = {x∈R/x ≥ 7}
Apresentamos o produto cartesiano, no plano
- f(x)= √x+1
3
cartesiano, quando representamos o 1º conjunto num eixo
horizontal, e o 2º conjunto num eixo vertical de mesma D=R
origem e, por meio de pontos, marcamos os elementos
desses conjuntos. Em cada um dos pontos que representam Observação: Devemos notar que, para raiz de índice
os elementos passamos retas (horizontais ou verticais). Nos impar, o radicando pode assumir qualquer valor real,
cruzamentos dessas retas, teremos pontos que estarão inclusive o valor negativo.
representando, no plano cartesiano, cada um dos pares 3
- f(x)=
ordenados do conjunto A cartesiano B (B x A). √x+8
x + 8 > 0 → x > -8
D = {x∈R/x > -8}
- f(x)= √x+5
x-8
x–5≥0→x≥5
x–8≥0→x≠8
D = {x∈R/x ≥ 5 e x ≠ 8}
Exercícios
114
MATEMÁTICA
c) x + 2 ≥ 0
x ≥ -2
D = {x ∈ R/ x ≥ -2}
d) D = R
Devemos observar que o radicando deve ser maior ou
igual a zero para raízes de índice par.
115
MATEMÁTICA
Exemplo
- y = x2 – 5x + 4, sendo a = 1, b = –5 e c = 4
- y = x2 – 9, sendo a = 1, b = 0 e c = –9
- y = x2, sendo a = 1, b = 0 e c = 0
Exemplo
b) y = f(x) = -x + 1
* -x + 1 > 0
-x > -1
x<1
Logo, f(x) será maior que 0 quando x < 1
-x + 1 < 0
-x < -1
x>1
Logo, f(x) será menor que 0 quando x > 1
(*ao multiplicar por -1, inverte-se o sinal da desigual-
dade).
9) Solução:
f(1) = 1 + 1 = 2
f(2) = 2 + 1 = 3
f(3) = 3 + 1 = 4
Logo: Im(f) = {2, 3, 4}.
116
MATEMÁTICA
O gráfico da função de 2º grau é uma curva aberta Conjunto Imagem: Projeção ortogonal do gráfico da
chamada parábola. função no eixo y. Assim, Im = [c, d].
O ponto V indicado na figura chama-se vértice da
parábola.
Concavidade da Parábola
No caso das funções do 2º grau, a parábola pode ter
sua concavidade voltada para cima (a > 0) ou voltada para
baixo (a < 0).
Δ
-b +- √
x=
2.a Onde Δ = b2 – 4.a.c
117
MATEMÁTICA
Vértice (V)
Construção do gráfico da função do 2º grau
- Determinamos as coordenadas do vértice;
- Atribuímos a x valores menores e maiores que xv e
calculamos os correspondentes valores de y;
- Construímos assim uma tabela de valores;
- Marcamos os pontos obtidos no sistema cartesiano;
O Conjunto Imagem de uma função do 2º grau está - Traçamos a curva.
associado ao seu ponto extremo, ou seja, à ordenada do
vértice (yv). Exemplo
y = x2 – 4x + 3
Coordenadas do vértice:
-(-4)
xv = -b = = 4 =2 V (2, –1)
2a 2(1) 2
yV = (2)2 – 4(2) + 3 = 4 – 8 + 3 = –1
Tabela:
Para x = 0 temos y = (0)2 – 4(0) + 3 = 0 – 0 + 3 = 3
Para x = 1 temos y = (1)2 – 4(1) + 3 = 1 – 4 + 3 = 0
Exemplo Para x = 3 temos y = (3)2 – 4(3) + 3 = 9 – 12 + 3 = 0
Para x = 4 temos y = (4)2 – 4(4) + 3 = 16 – 16 + 3 = 3
Vamos determinar as coordenadas do vértice da
parábola da seguinte função quadrática: y = x2 – 8x + 15.
x y (x,y)
Cálculo da abscissa do vértice: 0 3 (0,3)
1 0 (1,0)
xv= -b =
-(-8)
= 8 =4 2 –1 (2,–1)Vértice
2a 2(1) 2 3 0 (3,0)
4 3 (4,3)
Cálculo da ordenada do vértice:
Substituindo x por 4 na função dada: Gráfico:
yV = (4)2 – 8(4) + 15 = 16 – 32 + 15 = –1
118
MATEMÁTICA
119
MATEMÁTICA
Como 1,5x representa a largura da tela, temos então 5) Resposta “22; 17”.
que ela será de 1,5 . 80 = 120. Solução: Se chamarmos de x a idade de Pedro, teremos
Portanto, esta tela tem as dimensões de 80cm de altu- que x - 5 será a idade de Paulo. Como o produto das idades
ra, por 120cm de largura. é igual a 374, temos que x . (x - 5) = 374.
Esta sentença matemática também pode ser expressa
como:
3) Resposta “45”. x.(x - 5) = 374 ⇒ x2 - 5x = 374 ⇒ x2 - 5x - 374 = 0
Solução: Denominando x a minha idade atual, a partir
do enunciado podemos montar a seguinte equação: Primeiramente para obtermos a idade de Pedro, vamos
x2 - (x - 20) = 2000 solucionar a equação:
Ou ainda:
-(-5) ± √(-5)2 - 4 . 1 . (-374)
x2 - (x - 20) = 2000 ⇒ x2 - x + 20 = 2000 ⇒ x2 - x - 1980 x2 - 5x - 374 = 0 ⇒
=0 2.1
A solução desta equação do 2° grau completa nós dará 5 ± √1521
⇒x=
a resposta deste problema. Vejamos: 2 5 + 39
x1 = ⇒ x1 = 22
-(-1) ± √(-1)2 - 4 . 1 . (-1980) 2
x2 - x - 1980 = ⇒ x = ⇒ x=
5 ± 39
⇒
2.1 2 5 - 39
x2 = ⇒ x2 = -17
1 ± √7921 2
⇒x=
2
1 + 89 As raízes reais encontradas são -17 e 22, por ser nega-
x1 = ⇒ x1 = 45
1 ± 89 2 tiva, a raiz -17 deve ser descartada.
⇒x= ⇒ 1 - 89 Logo a idade de Pedro é de 22 anos.
2 x2 = ⇒ x2 = -44
2 Como Pedro é 5 anos mais velho que Paulo, Paulo tem
então 17 anos.
Logo, Pedro tem 22 anos e Paulo tem 17 anos.
As raízes reais da equação são -44 e 45. Como eu não
posso ter -44 anos, é óbvio que só posso ter 45 anos.
6) Resposta “0; 5”.
Logo, agora eu tenho 45 anos.
Solução: Em notação matemática, definindo a incóg-
nita como x, podemos escrever esta sentença da seguinte
forma:
4) Resposta “12”.
3x2 = 15x
Solução: O enunciado nos diz que os dois tipos de lan-
che têm o mesmo valor unitário. Vamos denominá-lo então Ou ainda como:
de x. 3x2 - 15x = 0
Ainda segundo o enunciado, de um dos produtos eu A fórmula geral de resolução ou fórmula de Bhaskara
comprei 4 unidades e do outro eu comprei x unidades. pode ser utilizada na resolução desta equação, mas por se
Sabendo-se que recebi R$ 8,00 de troco ao pa- tratar de uma equação incompleta, podemos solucioná-la
gar R$ 200,00 pela mercadoria, temos as informações ne- de outra forma.
cessárias para montarmos a seguinte equação: Como apenas o coeficiente c é igual a zero, sabemos
4 . x + x . x + 8 = 200 que esta equação possui duas raízes reais. Uma é igual aze-
Ou então: ro e a outra é dada pelo oposto do coeficiente b dividido
4.x + x . x + 8 = 200 ⇒ 4x + x2 + 8 = 200 ⇒ x2 + 4x - pelo coeficiente a. Resumindo podemos dizer que:
192=0
x1 = 0
Como x representa o valor unitário de cada lanche, va- ax2 + bx = 0 ⇒ b
x2 = -
mos solucionar a equação para descobrimos que valor é a
este:
Temos então:
-4 ± √42 - 4 . 1 . (-192)
x2 + 4x - 192 = 0 ⇒ x = b -15
2.1 x=- ⇒x= ⇒x=5
-4 ± √784 a 3
⇒x=
2 -4 + 28
x1 = ⇒ x1 = 12
2 7) Resposta “6; 8”.
-4 ± 28
⇒x= ⇒ -4 - 89 Solução: Podemos resolver esta equação simplesmente
2 x2 = ⇒ x2 = -16 respondendo esta pergunta:
2
Quais são os dois números que somados totalizam 14
As raízes reais da equação são -16 e 12. Como o preço e que multiplicados resultam em 48?
não pode ser negativo, a raiz igual -16 deve ser descartada. Sem qualquer esforço chegamos a 6 e 8, pois 6 + 8 =
Assim, o preço unitário de cada produto é de R$ 12,00. 14 e 6 . 8 = 48.
120
MATEMÁTICA
121
MATEMÁTICA
A palavra função foi posteriormente usada por Euler em Gráficos da Função Exponencial
meados do século XVIII para descrever uma expressão envol-
vendo vários argumentos; i.e:y = F(x). Ampliando a definição de
funções, os matemáticos foram capazes de estudar “estranhos”
objetos matemáticos tais como funções que não são diferen-
ciáveis em qualquer de seus pontos. Tais funções, inicialmente
tidas como puramente imaginárias e chamadas genericamen-
te de “monstros”, foram já no final do século XX, identificadas
como importantes para a construção de modelos físicos de fe-
nômenos tais como o movimento Browniano.
Durante o Século XIX, os matemáticos começaram a for-
malizar todos os diferentes ramos da matemática. Weierstrass
defendia que se construisse o cálculo infinitesimal sobre a Arit-
mética ao invés de sobre a Geometria, o que favorecia a defi-
nição de Euler em relação à de Leibniz (veja aritmetização da
análise). Mais para o final do século, os matemáticos começa-
ram a tentar formalizar toda a Matemática usando Teoria dos
conjuntos, e eles conseguiram obter definições de todos os
objetos matemáticos em termos do conceito de conjunto. Foi
Dirichlet quem criou a definição “formal” de função moderna.
Função Exponencial
Propriedades da Função Exponencial
Conta a lenda que um rei solicitou aos seus súditos que
lhe inventassem um novo jogo, a fim de diminuir o seu té-
Se a, x e y são dois números reais quaisquer e k é um
dio. O melhor jogo teria direito a realizar qualquer desejo. Um
número racional, então:
dos seus súditos inventou, então, o jogo de xadrez. O Rei ficou
- ax ay= ax + y
maravilhado com o jogo e viu-se obrigado a cumprir a sua
- ax / ay= ax - y
promessa. Chamou, então, o inventor do jogo e disse que ele
- (ax) y= ax.y
poderia pedir o que desejasse. O astuto inventor pediu então
- (a b)x = ax bx
que as 64 casas do tabuleiro do jogo de xadrez fossem preen-
- (a / b)x = ax / bx
chidas com moedas de ouro, seguindo a seguinte condição:
na primeira casa seria colocada uma moeda e em cada casa - a-x = 1 / ax
seguinte seria colocado o dobro de moedas que havia na casa Estas relações também são válidas para exponenciais
anterior. O Rei considerou o pedido fácil de ser atendido e or- de base e (e = número de Euller = 2,718...)
denou que providenciassem o pagamento. Tal foi sua surpresa - y = ex se, e somente se, x = ln(y)
quando os tesoureiros do reino lhe apresentaram a suposta - ln(ex) =x
conta, pois apenas na última casa o total de moedas era de - ex+y= ex.ey
263, o que corresponde a aproximadamente 9 223 300 000 - ex-y = ex/ey
000 000 000 = 9,2233.1018. Não se pode esquecer ainda que - ex.k = (ex)k
o valor entregue ao inventor seria a soma de todas as moedas
contidas em todas as casas. O rei estava falido! A Constante de Euler
A lenda nos apresenta uma aplicação de funções expo- Existe uma importantíssima constante matemática de-
nenciais, especialmente da função y = 2x. finida por
As funções exponenciais são aquelas que crescem ou de- e = exp(1)
crescem muito rapidamente. Elas desempenham papéis fun- O número e é um número irracional e positivo e em
damentais na Matemática e nas ciências envolvidas com ela, função da definição da função exponencial, temos que:
como: Física, Química, Engenharia, Astronomia, Economia, Ln(e) = 1
Biologia, Psicologia e outras. Este número é denotado por e em homenagem ao ma-
Definição temático suíço Leonhard Euler (1707-1783), um dos primei-
ros a estudar as propriedades desse número.
A função exponencial é a definida como sendo a inversa O valor deste número expresso com 40 dígitos deci-
da função logarítmica natural, isto é: mais, é:
logab = x ⇔ ax = b e = 2,718281828459045235360287471352662497757
Podemos concluir, então, que a função exponencial é de- Se x é um número real, a função exponencial exp(.)
finida por: pode ser escrita como a potência de base e com expoente
y= ax , com 1 ≠ a > 0 x, isto é:
ex = exp(x)
122
MATEMÁTICA
Perceba que nestas equações a incógnita encontra-se Lembre-se que logb(M.N) = logb M + logb N e que log5 625
ou no logaritmando, ou na base de um logaritmo. Para = 4, pois 54 = 625.
solucionarmos equações logarítmicas recorremos a mui- 3log2x64 = 9
tas das propriedades dos logaritmos.
Neste caso a condição de existência em função da base do
Solucionando Equações Logarítmicas logaritmo é um pouco mais complexa:
0
2x > 0 ⇒ x > ⇒x>0
Vamos solucionar cada uma das equações acima, co- 2
meçando pela primeira: log2 x = 3
E, além disto, temos também a seguinte condição:
Segundo a definição de logaritmo nós sabemos que: 1
log2 x = 3 ⇔ 23 = x 2x ≠ 1 ⇒ x ≠
2
Logo x é igual a 8:23 = x ⇒ X = 2.2.2 ⇒ x= 8 ⎧1 ⎫
Portanto a condição de existência é: x ∈R+ − ⎨ ⎬
*
⎩2 ⎭
De acordo com a definição de logaritmo o logarit-
Agora podemos proceder de forma semelhante ao exem-
mando deve ser um número real positivo e já que 8 é um
plo anterior: Como x = 2 satisfaz a condição de existência da
número real positivo, podemos aceitá-lo como solução da equação logarítmica, então 2 é solução da equação. Assim
equação. A esta restrição damos o nome de condição de como no exercício anterior, este também pode ser solucionado
existência. recorrendo-se à outra propriedade dos logaritmos: log-6-x 2x = 1
logx 100 = 2 Neste caso vamos fazer um pouco diferente. Primeiro va-
mos solucionar a equação e depois vamos verificar quais são as
Pela definição de logaritmo a base deve ser um núme- condições de existência: Então x = -2 é um valor candidato à
ro real e positivo além de ser diferente de 1. Então a nossa solução da equação. Vamos analisar as condições de existência
condição de existência da equação acima é que: da base -6 - x:
x ∈R+* − {1} Veja que embora x ≠ -7, x não é menor que -6, portanto x
= -2 não satisfaz a condição de existência e não pode ser solu-
ção da equação. Embora não seja necessário, vamos analisar a
Em relação a esta segunda equação nós podemos es- condição de existência do logaritmando 2x:
crever a seguinte sentença: logx 100 = 2 ⇔ x2 = 100 2x > 0 ⇒ x > 0
Como x = -2, então x também não satisfaz esta condição
Que nos leva aos seguintes valores de x: de existência, mas não é isto que eu quero que você veja. O que
⎧ x = −10 eu quero que você perceba, é que enquanto uma condição diz
x 2 = 100 ⇒ x = ± 100 ⇒ ⎨ que x < -6, a outra diz que x > 0. Qual é o número real que
⎩ x = 10 além de ser menor que -6 é também maior que 0?
Como não existe um número real negativo, que sendo
Note que x = -10 não pode ser solução desta equação, menor que -6, também seja positivo para que seja maior que
pois este valor de x não satisfaz a condição de existência, já zero, então sem solucionarmos a equação nós podemos per-
que -10 é um número negativo. ceber que a mesma não possui solução, já que nunca con-
Já no caso de x = 10 temos uma solução da equação, seguiremos satisfazer as duas condições simultaneamente. O
pois 10 é um valor que atribuído a x satisfaz a condição de conjunto solução da equação é portanto S = {}, já que não
existência, visto que 10 é positivo e diferente de 1. existe nenhuma solução real que satisfaça as condições de
7log5 625x = 42 existência da equação.
123
MATEMÁTICA
124
MATEMÁTICA
Ao lado temos o gráfico desta função logarítmica, no Se 0 < a < 1 temos uma função logarítmica decres-
qual localizamos cada um dos pontos obtidos da tabela e cente em todo o domínio da função. Neste outro gráfico
os interligamos através da curva da função: Veja que para podemos observar que à medida que x aumenta, y dimi-
valores de y < 0,01 os pontos estão quase sobre o eixo nui. Graficamente observamos que a curva da função é de-
das ordenadas, mas de fato nunca chegam a estar. Note crescente. No gráfico também observamos que para dois
também que neste tipo de função uma grande variação no valores de x (x1 e x2), que log a x2 < log a x1 ⇔ x2 > x1 , isto
valor de x implica numa variação bem inferior no valor de y. para x1, x2 e a números reais positivos, com 0 < a < 1. É
Por exemplo, se passarmos de x = 100 para x = 1000000, a importante frisar que independentemente de a função ser
variação de y será apenas de 2 para 6. Isto porque: crescente ou decrescente, o gráfico da função sempre cruza
o eixo das abscissas no ponto (1, 0), além de nunca cruzar
⎧ f (100) = log100 = 2 o eixo das ordenadas e que o log a x2 = log a x1 ⇔ x2 = x1 ,
⎨ isto para x1, x2 e a números reais positivos, com a ≠ 1.
⎩ f (1000000) = log1000000 = 6
Função Polinomial
Função Crescente e Decrescente
Assim como no caso das funções exponenciais, as fun- Um polinômio (função polinomial) com coeficientes
ções logarítmicas também podem ser classificadas como reais na variável x é uma função matemática f: R R
função crescente ou função decrescente. Isto se dará em definida por: p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn, onde
função da base a ser maior ou menor que 1. Lembre-se que ao, a1, a2, ..., an são números reais, denominados coeficientes
segundo a definição da função logarítmica f : + → , do polinômio. O coeficiente ao é o termo constante.
*
definida por f(x) = Loga x, temos que e a > 0 e a ≠ 1 Se os coeficientes são números inteiros, o polinômio é
denominado polinômio inteiro em x.
Função Logarítmica Crescente Uma das funções polinomiais mais importantes é f: R
R definida por:
f(x) = a x² + b x + c
Exemplo
125
MATEMÁTICA
São iguais se, e somente se, para todo k = 0,1,2,3,...,n: Produto de polinômios
ak = bk
Sejam p, q em P[x], dados por:
Teorema p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn
q(x) = bo + b1x + b2x² + b3x³ +...+ bnxn
Uma condição necessária e suficiente para que um
polinômio inteiro seja identicamente nulo é que todos os Definimos o produto de p e q, como outro polinômio
seus coeficientes sejam nulos. r em P[x]:
r(x) = p(x) · q(x) = co + c1x + c2x² + c3x³ +...+ cnxn
Assim, um polinômio: p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+
Tal que:
anxn será nulo se, e somente se, para todo k = 0,1,2,3,...,n: ck = aobk + a1bk-1 + a2 bk-2 + a3bk-3 +...+ ak-1 b1 + akbo
ak= 0
Para cada ck (k = 1, 2, 3,..., m+n). Observamos que para
O polinômio nulo é denotado por po= 0 em P[x]. cada termo da soma que gera ck, a soma do índice de a
O polinômio unidade (identidade para o produto) p1 = com o índice de b sempre fornece o mesmo resultado k.
1 em P[x], é o polinômio: A estrutura matemática (P[x],·) formada pelo conjunto
de todos os polinômios com o produto definido acima,
p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ + ...+ anxn possui várias propriedades:
tal que ao = 1 e ak = 0, para todo k = 1, 2, 3,..., n.
Associativa
Soma de polinômio
Quaisquer que sejam p, q, r em P[x], tem-se que:
Consideremos p e q polinômios em P[x], definidos por: (p · q) · r = p · (q · r)
p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +... + anxn
q(x) = bo + b1x + b2x² + b3x³ +... + bnxn Comutativa
Quaisquer que sejam p, q, r em P[x], tem-se que: Existe um polinômio p1(x) = 1 tal que
(p + q) + r = p + (q + r) po · p = po, qualquer que seja p em P[x]. A unidade
polinomial é simplesmente denotada por p1 = 1.
Existe uma propriedade mista ligando a soma e o
produto de polinômios:
126
MATEMÁTICA
127
MATEMÁTICA
Pa+3+10=2Pa+3
Pa=10
Pi=Pa+3
Pi=10+3=13
Pe=40+6=46
Soma das idades: 10+13+46=69
Quando passamos de um lado para o outro invertemos Onde a, b e c são números reais,
o sinal
3x-x=1500-300 Discussão das Raízes
2x=1200
X=600
1.
Exemplo
(PREF. DE NITERÓI/RJ – Fiscal de Posturas –
FGV/2015) A idade de Pedro hoje, em anos, é igual ao do-
bro da soma das idades de seus dois filhos, Paulo e Pierre.
Pierre é três anos mais velho do que Paulo. Daqui a dez
anos, a idade de Pierre será a metade da idade que Pedro Se for negativo, não há solução no conjunto dos
tem hoje. números reais.
A soma das idades que Pedro, Paulo e Pierre têm hoje é:
(A) 72; Se for positivo, a equação tem duas soluções:
(B) 69;
(C) 66;
(D) 63;
(E) 60. Exemplo
Resolução
A ideia de resolver as equações é literalmente colocar
na linguagem matemática o que está no texto.
“Pierre é três anos mais velho do que Paulo”
Pi=Pa+3
“Daqui a dez anos, a idade de Pierre será a metade da
idade que Pedro tem hoje.”
, portanto não há solução real.
128
MATEMÁTICA
Exemplo
2.
Dada as raízes -2 e 7. Componha a equação do 2º grau.
Solução
S=x1+x2=-2+7=5
P=x1.x2=-2.7=-14
Então a equação é: x²-5x-14=0
Exemplo
(44-J)²+J²=1000
1936-88J+J²+J²=1000
Se , há soluções reais diferentes:
2J²-88J+936=0
Dividindo por2:
J²-44J+468=0
∆=(-44)²-4.1.468
∆=1936-1872=64
Relações entre Coeficientes e Raízes
Inequação
Uma inequação é uma sentença matemática expressa
por uma ou mais incógnitas, que ao contrário da equação
Produto das Raízes que utiliza um sinal de igualdade, apresenta sinais de desi-
gualdade. Veja os sinais de desigualdade:
>: maior
<: menor
Composição de uma equação do 2ºgrau, conhecidas ≥: maior ou igual
as raízes ≤: menor ou igual
O princípio resolutivo de uma inequação é o mesmo da
Podemos escrever a equação da seguinte maneira: equação, onde temos que organizar os termos semelhan-
tes em cada membro, realizando as operações indicadas.
No caso das inequações, ao realizarmos uma multiplicação
x²-Sx+P=0
de seus elementos por –1 com o intuito de deixar a parte
da incógnita positiva, invertemos o sinal representativo da
desigualdade.
129
MATEMÁTICA
S1 = {x R | x ≤ - 1}
x-2≠0
x≠2
Portanto:
S = { x R | x ≤ - 1} ou S = ] - ∞ ; -1]
Substituindo em A
A=44-26=18
Ou A=44-18=26
Resposta: B.
130
MATEMÁTICA
Método da adição
Esse método consiste em adicionar as duas equações
de tal forma que a soma de uma das incógnitas seja zero.
Para que isso aconteça será preciso que multipliquemos
algumas vezes as duas equações ou apenas uma equação
por números inteiros para que a soma de uma das incóg-
nitas seja zero.
Dado o sistema:
Método da substituição
Esse método consiste em escolher uma das duas equa-
ções, isolar uma das incógnitas e substituir na outra equa- Agora, o sistema fica assim:
ção, veja como:
131
MATEMÁTICA
Substituindo III em I
A+A+13+C=30
2A+C=30-13
2A+C=17
C=17-2A (IV) Lembremo-nos de que, qualquer que seja o triângulo,
Substituindo III e IV em II a soma dos seus três ângulos internos vale 180º. Logo, a
7A+10(A+13)+15(17-2A)=333
respeito do triângulo ABC apresentado, dizemos que:
7A+10A +130+255-30A=333
-13A=-52
α + β + 90 = 180 ⇒ α + β = 90
A=4
Trabalhou 4 dias produzindo a peça A.
Com isso, podemos concluir:
C=17-8=9 dias produzindo a peça C
- Que os ângulos α e β são complementares, isto é, são
Devemos multiplicar por 15, pois ele produz 15 peças
ângulos cujas medidas somam 90º;
por dia de C
- Uma vez que são complementares ambos terão me-
9x15=135 peças
dida inferior a 90º.
132
MATEMÁTICA
Lembremo-nos de que a hipotenusa será sempre o Ao que acabamos de ver, aliemos um conhecimento
lado oposto ao ângulo reto em, ainda, o lado maior do adquirido da Geometria. Ela nos ensina que dois triângulos
triângulo. Podemos relacioná-los através do Teorema de de lados proporcionais são semelhantes.
Pitágoras, o qual enuncia que o quadrado sobre a hipo- Se multiplicarmos, então, os comprimentos dos lados
tenusa de um triângulo retângulo é igual à soma dos qua- de nosso triângulo pitagórico semelhante, com os novos
drados sobre os catetos (sic) ou, em linguajar moderno, “a lados (6, ,8 e 10) igualmente satisfazendo o Teorema de
soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da Pitágoras.
hipotenusa de um triângulo retângulo”.
Aplicado ao nosso triângulo, e escrito em linguagem Na fig. 3, apresentamos o resultado dessa operação,
matemática, o teorema seria expresso como segue: em que mostramos o triângulo ABC, já conhecido na fig.
a2 = b2 + c2 1 e A1BC1.
Seno, Co-seno e Tangente de um Ângulo Agudo
sen α = 3 = 0,6 Além das razões com que trabalhamos até aqui, são
5 definidas a co-tangente, secante e co-secante de um ângu-
lo agudo de triângulo retângulo através de relações entre
cos α = 4 = 0,8 seus lados, como definimos no quadro a seguir:
5
cot do ângulo = cateto ⋅ adjacente ⋅ ao ⋅ ângulo
tg α = 3 = 0,75 cateto ⋅ oposto ⋅ ao ⋅ ângulo
4
133
MATEMÁTICA
hipotenusa c b
sec do ângulo = cotg α = cotg β =
cateto ⋅ adjacente ⋅ ao ⋅ ângulo b c
cosec do ângulo = hipotenusa Verifica-se facilmente que:
cateto ⋅ oposto ⋅ ao ⋅ ângulo
sen α = cos β; cos α = sen β;
Por exemplo, para um triângulo retângulo de lados 3, tg α = cotg β; cotg α = tg β.
4 e 5 unidades de comprimento, como exibido na fig. 6,
teríamos, para o ângulo α, Exemplo
Um triângulo retângulo tem catetos cujas medidas são
cotg α = 4 5 cm e 12 cm. Determine o valor de seno, co-seno e tan-
3 gente dos seus ângulos agudos.
sec α = 5
4
cosec α = 5
3
Resolução
Para respondermos ao que se pede, necessitaremos do
comprimento da hipotenusa do triângulo. Aplicando o Teo-
rema de Pitágoras, temos que:
a2 = b2 + c2 → a2 = 52 + 122 = 169
Ângulos Notáveis
134
MATEMÁTICA
l 3
tg 60o= h 3 2
= 2 = . = 3
l l 2 1
2 2
Seno, Co-seno e Tangente de 45o
∴d = a 2 tg 45 o =
a
=1
a
Quanto ao triângulo equilátero, podemos escrever o
seguinte: Os resultados que obtivemos nos permitem definir, a
seguir, uma tabela de valores de seno, co-seno e tangente
2
⎛ 1⎞ l2 3l 2 l 3
l = ⎜ ⎟ + h2 ⇒ h2 = l 2 − ⇒ h2 =
2
⇒∴ h = dos ângulos notáveis, que nos será extremamente útil.
⎝ 2⎠ 4 4 2
l 2 l 2 Identidades Trigonométricas
É comum a necessidade de obtermos uma razão tri-
l 3 gonométrica, para um ângulo, a partir de outra razão cujo
cos 30 = = 2 = 3
h o valor seja conhecido, ou mesmo simplificar expressões ex-
l l 2 tensas envolvendo várias relações trigonométricas para um
mesmo ângulo.
l l Nesses casos, as identidades trigonométricas que ire-
tg 30o= 2 l 2 1 3 3 mos deduzir neste tópico são ferramentas de grande apli-
= 2 = . . = cabilidade.
h l 3 2 l 3= 3 3 3
Antes de demonstrá-las, é necessário que definamos o
2 que vem a ser uma identidade.
135
MATEMÁTICA
Identidade em uma ou mais variáveis é toda igualdade Façamos outro desenvolvimento. Tomemos um dos
verdadeira para quaisquer valores a elas atribuídos, desde ângulos agudos do triângulo ABC, da figura A. Por exem-
que verifiquem as condições de existência de expressão. plo, α. Dividindo-se sen α por cos α, obtemos:
2 2x + 4
2
cosec x = 1
Expliquemos o significado da partícula co, que inicia o
nome das relações co-seno, cotangente e co-secante. Ela foi sen x
introduzida por Edmund Gunter, em 1620, querendo indicar
a razão trigonométrica do complemento. Por exemplo, co- Desde que seja respeitada a condição de os denomi-
seno de 22o tem valor idêntico ao seno de 68o (complemen- nadores dos segundos membros dessas identidades não
tar de 22o) serem nulos.
Assim, as relações co-seno, co-tangente e co-secante
de um ângulo indicam, respectivamente, seno, tangente e Exercícios
secante do complemento desse ângulo.
Assim, indicando seno, tangente e secante simplesmen- 1. Sabe-se que, em qualquer triângulo retângulo,
te pelo nome de razão, podemos dizer que: a medida da mediana relativa à hipotenusa é igual à
metade da medida da hipotenusa. Se um triângulo re-
co-razão x = razão (90o –x) tângulo tem catetos medindo 5cm e 2cm, calcule a re-
presentação decimal da medida da mediana relativa a
Facilmente podemos concluir, com base no triângulo hipotenusa nesse triângulo.
apresentado na figura A, que:
2. Um quadrado e um triângulo equilátero têm o
sen α=cos β sen β=cos α mesmo perímetro. Sendo h a medida da altura do triângulo
tg α=cotg β tg β=cotg α e d a medida da diagonal do quadrado. Determine o valor
sec α=cossec β sec β=cossec α da razão h/d.
136
MATEMÁTICA
Respostas
1) Solução:
h2 = 52 + 22
h 2 = 25 + 4
h 2 = 29
h = 29
3. As raízes da equação x² - 14x + 48 = 0 expressam 29 5, 38
em centímetros as medidas dos catetos de um triângu- mediana = = = 2,69
lo retângulo. Determine a medida da hipotenusa e o 2 2
perímetro desse triângulo.
137
MATEMÁTICA
138
MATEMÁTICA
Circunferência Trigonométrica
139
MATEMÁTICA
140
MATEMÁTICA
Uma maneira de obter o valor do seno e cosseno de Outra relação fundamental na trigonometria, muitas
alguns ângulos que aparecem com muita frequência em vezes tomada como a definição da função tangente, é dada
exercícios e aplicações, sem necessidade de memorização, por:
é através de simples observação no círculo trigonométrico.
sen(a)
tan(a) =
cos(a)
Se M é um ponto da circunferência trigonométrica, cujas Um número complexo não nulo z=x+yi, pode ser re-
coordenadas são indicadas por (cos(a),sen(a)) e a distância presentado pela sua forma polar:
deste ponto até a origem (0,0) é igual a 1. Utilizando a fór- z = r [cos(c) + i sen(c)]
mula da distância, aplicada a estes pontos, d(M,0)=[(cos(a)
-0)²+(sen(a)-0)²]1/2, de onde segue que 1=cos²(a)+sin²(a). onde r=|z|=R[x²+y²], i²=-1 e c é o argumento (ângulo
formado entre o segmento Oz e o eixo OX) do número
complexo z.
141
MATEMÁTICA
A multiplicação de dois números complexos na forma Dividindo a expressão de cima pela de baixo, obtemos:
polar:
A = |A| [cos(a)+isen(a)] sen(a)cos(b) + cos(a)sen(b)
B = |B| [cos(b)+isen(b)] tan(a + b) =
cos(a)cos(b) − sen(a)sen(b)
é dada pela Fórmula de De Moivre:
AB = |A||B| [cos(a+b)+isen(a+b)]
Isto é, para multiplicar dois números complexos em Dividindo todos os quatro termos da fração por cos(a)
suas formas trigonométricas, devemos multiplicar os seus cos(b), segue a fórmula:
módulos e somar os seus argumentos.
Se os números complexos A e B são unitários então tan(a) + tan(b)
tan(a + b) =
|A|=1 e |B|=1, e nesse caso 1− tan(a)tan(b)
A = cos(a) + i sen(a)
B = cos(b) + i sen(b)
Como
Multiplicando A e B, obtemos sen(a-b) = sen(a)cos(b) - cos(a)sen(b)
AB = cos(a+b) + i sen(a+b) cos(a-b) = cos(a)cos(b) + sen(a)sen(b)
podemos dividir a expressão de cima pela de baixo,
Existe uma importantíssima relação matemática, atri- para obter:
buída a Euler (lê-se “óiler”), garantindo que para todo nú- tan(a) − tan(b)
mero complexo z e também para todo número real z: tan(a − b) =
eiz = cos(z) + i sen(z) 1+ tan(a)tan(b)
Tal relação, normalmente é demonstrada em um curso
de Cálculo Diferencial, e, ela permite uma outra forma para
representar números complexos unitários A e B, como: 10. GEOMETRIA PLANA.
A = eia = cos(a) + i sen(a) 10.1. Figuras geométricas simples: reta,
B = eib = cos(b) + i sen(b) semirreta, segmento, ângulo plano, polígonos
planos, circunferência e círculo.
onde a é o argumento de A e b é o argumento de B. 10.2. Congruência de figuras planas.
Assim, ei(a+b) = cos(a+b)+isen(a+b)
10.3. Semelhança de triângulos.
10.4. Relações métricas nos triângulos,
Por outro lado ei(a+b) = eia . eib = [cos(a)+isen(a)]
[cos(b)+isen(b)] polígonos regulares e círculos.
e desse modo ei(a+b) = cos(a)cos(b) - sen(a)sen(b) + i 10.5. Áreas de polígonos, círculos, coroa e
[cos(a)sen(b) + cos(b)sen(a)] sector circular.
142
MATEMÁTICA
Definições.
a) Segmentos congruentes.
Dois segmentos são congruentes se têm a mesma
medida.
c) Mediatriz de um segmento.
É a reta perpendicular ao segmento no seu ponto Colocaríamos 25m de rodapé.
médio A soma de todos os lados da planta baixa se chama
Perímetro.
Ângulo Portanto, Perímetro é a soma dos lados de uma figura
plana.
Área
Área é a medida de uma superfície.
A área do campo de futebol é a medida de sua
superfície (gramado).
Se pegarmos outro campo de futebol e colocarmos
em uma malha quadriculada, a sua área será equivalente
à quantidade de quadradinho. Se cada quadrado for uma
Definições. unidade de área:
a) Ângulo é a região plana limitada por duas semirretas
de mesma origem.
A conta que faríamos seria somar todos os lados da Sua área será um valor aproximado. Cada é uma
sala, menos 1m da largura da porta, ou seja: unidade, então a área aproximada dessa figura será de 4
P = (5 + 5 + 8 + 8) – 1 unidades.
P = 26 – 1 No estudo da matemática calculamos áreas de figuras
P = 25 planas e para cada figura há uma fórmula pra calcular a
sua área.
143
MATEMÁTICA
Retângulo Quadrado
É o quadrilátero que tem os lados congruentes e todos
É o quadrilátero que tem todos os ângulos internos os ângulos internos a congruentes (90º).
congruentes e iguais a 90º.
A= .
Pegamos um retângulo e colocamos em uma malha A= ²
quadriculada onde cada quadrado tem dimensões de 1
cm. Se contarmos, veremos que há 24 quadrados de 1 cm Trapézio
de dimensões no retângulo. Como sabemos que a área é É o quadrilátero que tem dois lados paralelos. A altura de
a medida da superfície de uma figuras podemos dizer que um trapézio é a distância entre as retas suporte de suas bases.
24 quadrados de 1 cm de dimensões é a área do retângulo.
A=b
.h A área do trapézio está relacionada com a área do
triângulo que é calculada utilizando a seguinte fórmula:
A = b . h (b = base e h = altura).
2
144
MATEMÁTICA
AT = h (B + b)
2
Losango
A∆2 = b . h
2
Somando as duas áreas encontradas, teremos o cálculo
da área de um trapézio qualquer:
AT = A∆1 + A∆2
AT = B . h + b . h
2 2
145
MATEMÁTICA
Ângulo externo. O ângulo externo de qualquer 4) Em todo triângulo isósceles, os ângulos da base são
polígono convexo é o ângulo formado entre um lado e o congruentes. Observação - A base de um triângulo isósceles
prolongamento do outro lado. é o seu lado diferente.
Segmentos proporcionais
Teorema de Tales.
Semelhança de triângulos
146
MATEMÁTICA
a)6
b)4
c)3
d)2
e) 3
Substituindo na fórmula:
l² 3 5² 3
=
S ⇒=S = 6, 25 3 ⇒ =
S 10,8
4 4
3. Sabemos que 2 dm equivalem a 20 cm, temos:
h=10
b=20
Considerando AF=16cm e CB=9cm, determine: Substituindo na fórmula:
a) as dimensões do cartão;
b) o comprimento do vinco AC =
S b= = 100cm
.h 20.10 = ² 2dm²
147
MATEMÁTICA
5. 4 6 36
= ⇒ PR = =6 10.
PR 9 6
x 9 6.
= ⇒ x ² = 144 ⇒ x = 12
16 x
= =
a ) x 12( altura ); 2 x 24(comprimento)
b) AC = 9² + x ² = 81 + 144 = 15
Ângulos
7.
Ângulo: Do latim - angulu (canto, esquina), do grego
- gonas; reunião de duas semi-retas de mesma origem não
colineares.
8.
148
MATEMÁTICA
Ângulo Raso:
Ângulo Reto:
149
MATEMÁTICA
Ângulos Congruentes: São ângulos que possuem a Poligonal: Linha quebrada, formada por vários seg-
mesma medida. mentos formando ângulos.
Ângulos Opostos pelo Vértice: Dois ângulos são Grado: (gr.): Do latim - gradu; dividindo a circunferên-
opostos pelo vértice se os lados de um são as respectivas cia em 400 partes iguais, a cada arco unitário que corres-
semi-retas opostas aos lados do outro. ponde a 1/400 da circunferência denominamos de grado.
Exercícios
a)
Ângulos Replementares: Dois ângulos são ditos re-
0
plementares se a soma das suas medidas é 360 .
b)
c)
150
MATEMÁTICA
2. As retas a e b são paralelas. Quanto mede o ângulo î? 4. Usando uma equação, determine a medida de cada
ângulo do triângulo:
b)
c)
d)
151
MATEMÁTICA
10. Determine o valor de a na figura seguinte: d) Sabemos que os ângulos laranja + verde formam
180°, pois são exatamente a metade de um círculo.
Então, 138° + x = 180°
x = 180° - 138°
x = 42°
Logo, o ângulo x mede 42°.
6) Resposta “80˚”.
Sendo assim, ê = 80° e ô = 50°, pois o ângulo ô é igual Solução: (a metade de um ângulo) menos seu a [quinta
ao complemento de 130° na reta b. parte] de seu [complemento] mede 38º.
Logo, î = 80° + 50° = 130°. [a/2] – [1/5] [(90-a)] = 38
a/2 – 90/5 + a/5 = 38
3) Solução: a/2 + a/5 = 38 + 90/5
a) 160° - 3x = x + 100° 7a/10 = 38 + 18
160° - 100° = x + 3x a = 10/7 * 56
60° = 4x a = 80º
x = 60°/4
x = 15° 7) Resposta “180˚”.
Então 15°+100° = 115° e 160°-3*15° = 115° Solução: Seja x a constante de proporcionalidade, te-
mos para os ângulos: a, b, c, d, e…, a seguinte proporção
b) 6x + 15° + 2x + 5º = 180° com os números 2, 3, 4, 5 e 6:
6x + 2x = 180° -15° - 5° a/2 = x → a = 2x
8x = 160° b/3 = x → b = 3x
x = 160°/8 c/4 = x → c = 4x
x = 20° d/5 = x → d = 5x
Então, 6*20°+15° = 135° e 2*20°+5° = 45° e/6 = x → e = 6x
Assim as semi-retas: a + b + c + d + e = 2x + 3x + 4x
c) Sabemos que a figura tem 90°. + 5x + 6x = 360º
Agora a soma das retas: 20x
Então x + (x + 10°) + (x + 20°) + (x + 20°) = 90°
4x + 50° = 90° Então: 20x = 360º → x = 360°/20
4x = 40° x = 18°
x = 40°/4 Agora sabemos que o maior é 6x, então 6 . 18° = 108°.
x = 10°
152
MATEMÁTICA
x = y/6 + z/2
Agora vamos substituir lembrando que y = 180 - x e x
=z
Então:
1. Vértices: A,B,C.
x = 180° - x/6 + x/2 agora resolvendo fatoração: 2. Lados: AB,BC e AC.
6x = 180°- x + 3x | 6x = 180° + 2x 3. Ângulos internos: a, b e c.
6x – 2x = 180°
4x = 180°
x=180°/4 Altura: É um segmento de reta traçada a partir de um
x=45º vértice de forma a encontrar o lado oposto ao vértice for-
mando um ângulo reto. BH é uma altura do triângulo.
Agora achar y, sabendo que y = 180° - x
y=180º - 45°
y=135°.
153
MATEMÁTICA
Ângulo Interno: É formado por dois lados do triângulo. Classificação dos triângulos quanto às medidas dos
Todo triângulo possui três ângulos internos. ângulos
Triângulo Equilátero: Os três lados têm medidas Triângulo Obtusângulo: Um ângulo interno é obtuso,
iguais. m(AB) = m(BC) = m(CA) isto é, possui um ângulo com medida maior do que 90º.
154
MATEMÁTICA
Congruência de Triângulos
A idéia de congruência: Duas figuras planas são con- ALA (Ângulo, Lado, Ângulo): Dados dois ângulos e
gruentes quando têm a mesma forma e as mesmas dimen- um lado
sões, isto é, o mesmo tamanho. Dois triângulos são congruentes quando têm um lado
Para escrever que dois triângulos ABC e DEF são con- e dois ângulos adjacentes a esse lado, respectivamente,
gruentes, usaremos a notação: ABC ~ DEF congruentes.
Para os triângulos das figuras abaixo, existe a con-
gruência entre os lados, tal que:
AB ~ RS, BC ~ ST, CA ~ T e entre os ângulos: A ~ R , B
~S,C~T
155
MATEMÁTICA
A idéia de semelhança: Duas figuras são semelhantes Dois lados congruentes: Se dois triângulos tem dois
quando têm a mesma forma, mas não necessariamente o lados correspondentes proporcionais e os ângulos forma-
mesmo tamanho. dos por esses lados também são congruentes, então os
Se duas figuras R e S são semelhantes, denotamos: R~S. triângulos são semelhantes.
Exemplo
As ampliações e as reduções fotográficas são figuras
semelhantes. Para os triângulos:
Como as razões acima são todas iguais a 2, este valor Três lados proporcionais: Se dois triângulos têm os
comum é chamado razão de semelhança entre os triângu- três lados correspondentes proporcionais, então os triân-
los. Podemos concluir que o triângulo ABC é semelhante gulos são semelhantes.
ao triângulo RST.
Dois triângulos são semelhantes se, têm os 3 ângulos
e os 3 lados correspondentes proporcionais, mas existem
alguns casos interessantes a analisar.
156
MATEMÁTICA
157
MATEMÁTICA
32 = 5m
9
m=
5
4 = 5n
2
4) Solução:
AC = 10 → e ← AB = 24
(O é o centro da circunferência)
Solução:
Respostas (BC)2 = 10 2 + 24 2
1) Solução: (BC)2 = 100 + 576
a² = b² + c² → a² = 6² + 8² → a² = 100 → a = 10
b.c = a.h → 8.6 = 10.h → h = 48/10 = 4,8
c² = a.m → 6² = 10.m → m = 36/10 = 3,6
(BC)2 = 676
b² = a.n → 8² = 10.n → n = 64/10 = 6,4
BC = 676 = 26
2) Solução: 26
13² = 12² + x² x= = 13
169 = 144 + x² 2
x² = 25
x=5 5) Solução:
d2 = 52 + 42
5.12 = 13.y d2 = 25 + 16
y = 60/13 d2 = 41
d = √41
158
MATEMÁTICA
4
12
h2 = l 2 −
4
4l − l 2
2
h2 =
4
2
10 2 = 5 2 + h 2
3l
h2 = h 2 = 100 − 25
4 h 2 = 75
2
3l l 3 h = 75 = 5 2.3 = 5 3cm
h= =
4 2
Quadrilátero
8) Solução:
d2 = l2 + 12
d2 = 2l2
d = √2l2
d = 1√2
9) Solução:
No quadrilátero acima, observamos alguns elementos
x
cos α = geométricos:
10 - Os vértices são os pontos: A, B, C e D.
- Os ângulos internos são A, B, C e D.
3 x - Os lados são os segmentos AB, BC, CD e DA.
=
5 10
Observação: Ao unir os vértices opostos de um quadri-
5x = 30 látero qualquer, obtemos sempre dois triângulos e como a
soma das medidas dos ângulos internos de um triângulo é
30 180 graus, concluímos que a soma dos ângulos internos de
x= =6 um quadrilátero é igual a 360 graus.
5
10 2 = 6 2 + y 2
100 = 36 + y2
y 2 = 100 − 36
y 2 = 64 ⇒ y = 64 = 8
P = 10 + 6 + 8 = 24m
159
MATEMÁTICA
Paralelogramo: É o quadrilátero que tem lados opos- 1. Determine a medida dos ângulos indicados:
tos paralelos. Num paralelogramo, os ângulos opostos são a)
congruentes. Os paralelogramos mais importantes rece-
bem nomes especiais:
- Losango: 4 lados congruentes
- Retângulo: 4 ângulos retos (90 graus)
- Quadrado: 4 lados congruentes e 4 ângulos retos.
b)
160
MATEMÁTICA
c) 3a / 2 + 2a + a / 2 + a = 360º
(3a + 4a + a + 2a) / 2 = 720° /2
10a = 720º
a = 720° / 10
a = 72°
72° + b + 90° = 180°
7. A figura abaixo é um trapézio isósceles, onde a, b, c b + 162° = 180°
representam medidas dos ângulos internos desse trapézio. b = 180° - 162°
Determine a medida de a, b, c. b = 18°.
2) Solução:
x + 17° + x + 37° + x + 45° + x + 13° = 360°
4x + 112° = 360°
4x = 360° - 112°
x = 248° / 4
x = 62°
Então:
x + (7 * 12° + 40°) = 180°
x = 180º - 124°
x = 56°
161
MATEMÁTICA
4) Solução: 2x + 0 = 16
x = 15 2x = 16/2
y = 20 x=8
AC = 20 + 20 = 40
BD = 15 + 15 = 30 x + y = 11
BMC = 15 + 20 + 25 = 60. 8 + y = 11
y = 11 – 8
y=3
5) Solução:
12 x + 2° + 5 x + 3° = 90°
17 x + 5° = 90° 9) Solução:
17 x = 90° - 5° A2 = (2b)(2h) = 4 bh = 4 A1
17 x = 85°
x = 85° / 17° = 5°
y = 5x + 3° 10) Solução:
y = 5 (5°) + 3° Não, pois os ângulos entre os lados de dois losangos,
y = 28° podem ser diferentes.
6) Solução:
x + 27° + 90° = 180°
x + 117° = 180° 11. GEOMETRIA ESPACIAL.
x = 180° - 117° 11.1. Retas e planos no espaço. Paralelismo e
x = 63° perpendicularismo.
11.2. Ângulos diedros e ângulos poliédricos.
y + 34° + 90° = 180° Poliedros: poliedros regulares.
y + 124° = 180° 11.3. Prismas, pirâmides e respectivos troncos.
y = 180° - 124° Cálculo de áreas e volumes.
y = 56° 11.4. Cilindro, cone e esfera: cálculo de áreas e
volumes.
As medidas dos ângulos são:
63° ; 56° ; 90° + 27° = 117° ; 90 + 34° = 124°.
Sólidos Geométricos
7) Solução:
c = 117° Para explicar o cálculo do volume de figuras geométri-
a + 117° = 180° cas, podemos pedir que visualizem a seguinte figura:
a = 180° - 117°
a = 63°
b = 63°
8) Solução:
⎧x + y ⎫
⎪ = 5,5 ⎪
⎨ 2 ⎬ a) A figura representa a planificação de um prisma reto;
b) O volume de um prisma reto é igual ao produto da
⎪⎩ x − y = 5 ⎪⎭ área da base pela altura do sólido, isto é
x+y V = Ab x a
= 5,5
2 c) O cubo e o paralelepípedo retângulo são prismas;
d) O volume do cilindro também se pode calcular da
x + y = 11 mesma forma que o volume de um prisma reto.
Os formulários seguintes, das figuras geométricas são
x + y = 11 para calcular da mesma forma que as acima apresentadas:
x-y=5
__________
162
MATEMÁTICA
O conceito de cone
163
MATEMÁTICA
Assim:
h=R
Como o volume do cone é obtido por 1/3 do produto
da área da base pela altura, então: A seguir apresentaremos elementos esféricos básicos e
algumas fórmulas para cálculos de áreas na esfera e volu-
V = (1/3) Pi R3 mes em um sólido esférico.
Como a área lateral pode ser obtida por:
ALat = Pi R g = Pi R 2R = 2 Pi R2 A superfície esférica
então a área total será dada por: A esfera no espaço R³ é o conjunto de todos os pontos
ATotal = 3 Pi R2 do espaço que estão localizados a uma mesma distância
denominada raio de um ponto fixo chamado centro.
Uma notação para a esfera com raio unitário centrada
O conceito de esfera na origem de R³ é:
S² = { (x,y,z) em R³: x² + y² + z² = 1 }
A esfera no espaço R³ é uma superfície muito impor- Uma esfera de raio unitário centrada na origem de R4
tante em função de suas aplicações a problemas da vida. é dada por:
Do ponto de vista matemático, a esfera no espaço R³ é con- S³ = { (w,x,y,z) em R4: w² + x² + y² + z² = 1 }
fundida com o sólido geométrico (disco esférico) envolvido
Você conseguiria imaginar espacialmente tal esfera?
pela mesma, razão pela quais muitas pessoas calculam o
Do ponto de vista prático, a esfera pode ser pensada
volume da esfera. Na maioria dos livros elementares sobre
como a película fina que envolve um sólido esférico. Em
Geometria, a esfera é tratada como se fosse um sólido, he-
uma melancia esférica, a esfera poderia ser considerada a
rança da Geometria Euclidiana. película verde (casca) que envolve a fruta.
Embora não seja correto, muitas vezes necessitamos É comum encontrarmos na literatura básica a definição
falar palavras que sejam entendidas pela coletividade. De de esfera como sendo o sólido esférico, no entanto não
um ponto de vista mais cuidadoso, a esfera no espaço R³ é se devem confundir estes conceitos. Se houver interesse
um objeto matemático parametrizado por duas dimensões, em aprofundar os estudos desses detalhes, deve-se tomar
o que significa que podemos obter medidas de área e de algum bom livro de Geometria Diferencial que é a área da
comprimento, mas o volume tem medida nula. Há outras Matemática que trata do detalhamento de tais situações.
esferas, cada uma definida no seu respectivo espaço n-di-
mensional. Um caso interessante é a esfera na reta unidi-
mensional:
So = {x em R: x²=1} = {+1,-1}
Por exemplo, a esfera
S1 = { (x,y) em R²: x² + y² = 1 }
é conhecida por nós como uma circunferência de raio
unitário centrada na origem do plano cartesiano.
164
MATEMÁTICA
O disco esférico é o conjunto de todos os pontos do es- Se tomarmos um arco contido na circunferência ma-
paço que estão localizados na casca e dentro da esfera. Do ximal cujas extremidades são os pontos (0,0,R) e (0,p,q) tal
ponto de vista prático, o disco esférico pode ser pensado que p²+q²=R² e rodarmos este arco em torno do eixo OZ,
como a reunião da película fina que envolve o sólido esféri- obteremos uma superfície denominada calota esférica.
co com a região sólida dentro da esfera. Em uma melancia
esférica, o disco esférico pode ser visto como toda a fruta.
Quando indicamos o raio da esfera pela letra R e o cen-
tro da esfera pelo ponto (0,0,0), a equação da esfera é dada
por:
x² + y² + z² = R²
165
MATEMÁTICA
Algumas fórmulas (relações) para objetos esféricos A integral dupla que representa o volume da calota em
função da altura h é dada por:
Objeto Relações e fórmulas Vc(h) = ∫ ∫ s (h − z)dxdy
Volume = (4/3) Pi R³
Esfera
A(total) = 4 Pi R²
ou seja
R² = h (2R-h)
A(lateral) = 2 Pi R h Vc(h) = ∫ ∫ s (h − R + R 2 − (x 2 + y 2 ))dxdy
Calota esférica (altura h,
A(total) = Pi h (4R-h)
raio da base r)
V=Pi.h²(3R- Escrita em Coordenadas Polares, esta integral fica na
h)/3=Pi(3R²+h²)/6 forma:
R² = a² + [(r1² -r2²-h²)/2h)]²
Segmento esférico
2x R
166
MATEMÁTICA
167
MATEMÁTICA
168
MATEMÁTICA
Respostas
Alat = 2 r. 2r = 4 r2
Atot = Alat + 2 Abase
Atot = 4 r2 + 2 r2 = 6 r2
V = Abase h = r2. 2r = 2 r3
169
MATEMÁTICA
170
MATEMÁTICA
171
MATEMÁTICA
172
MATEMÁTICA
RESPOSTA: “A”.
RESPOSTA: “D”.
173
MATEMÁTICA
Amarela: x
!!"#$%#$& = ! ! Vermelha: y
Branca: z
100 = ! ! X=y+50
! 10 Y=z-30
! = 10 ∴ ! = = =5 Z=y+30
2 2
!
!!"#! = !! = 3,14 ∙ 5² = 78,5 ! + ! + ! = 1040
!!"#$ã! = !!"#$%#$& − !!"#! = 100 − 78,5 = 21,5!"² ! = ! + 50
! ! = ! + 30
RESPOSTA: “C”. !
Substituindo a II e a III equação na I:
20. (PGE/BA – ASSISTENTE DE PROCURADORIA – ! + 50 + ! + ! + 30 = 1040
FCC/2013) Uma faculdade irá inaugurar um novo espaço 3! = 1040 − 80
para sua biblioteca, composto por três salões. Estima-se ! Y=320
que, nesse espaço, poderão ser armazenados até 120.000
livros, sendo 60.000 no salão maior, 15.000 no menor e os Substituindo na equação II
demais no intermediário. Como a faculdade conta atual- X=320+50=370
mente com apenas 44.000 livros, a bibliotecária decidiu co- Z=320+30=350
locar, em cada salão, uma quantidade de livros diretamente A equipe que mais arrecadou foi a amarela com 370kg
proporcional à respectiva capacidade máxima de armaze- RESPOSTA: “E”.
namento. Considerando a estimativa feita, a quantidade de
livros que a bibliotecária colocará no salão intermediário é 22. (PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB/2014)
igual a Os cidadãos que aderem voluntariamente à Campanha Na-
A) 17.000. cional de Desarmamento recebem valores de indenização
B) 17.500. entre R$150,00 e R$450,00 de acordo com o tipo e calibre
C) 16.500. do armamento. Em uma determinada semana, a campa-
D) 18.500. nha arrecadou 30 armas e pagou indenizações somente de
E) 18.000. R$150,00 e R$450,00, num total de R$7.500,00.
Como é diretamente proporcional, podemos analisar Determine o total de indenizações pagas no valor de
da seguinte forma: No salão maior, percebe-se que é a me- R$150,00.
tade dos livros, no salão menor é 1/8 dos livros. A) 20
Então, como tem 44.000 livros, no salão maior ficará B) 25
com 22.000 e no salão menor é 5.500 livros. C) 22
D) 24
22000+5500=27500 E) 18
Salão intermediário:44.000=27.500=16.500 livros
RESPOSTA: “C”.
Armas de R$150,00: x
Armas de R$450,00: y
21. (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Em uma gincana
entre as três equipes de uma escola (amarela, vermelha e 150! + 450! = 7500
branca), foram arrecadados 1 040 quilogramas de alimen- !
! + ! = 30
tos. A equipe amarela arrecadou 50 quilogramas a mais
x=30-y
que a equipe vermelha e esta arrecadou 30 quilogramas
a menos que a equipe branca. A quantidade de alimen- Substituindo na 1ªequação:
tos arrecadada pela equipe vencedora foi, em quilogramas,
igual a
150 30 − ! + 450! = 7500
A) 310 4500 − 150! + 450! = 7500
B) 320 300! = 3000
C) 330 ! = 10
D) 350 ! = 30 − 10 = 20
E) 370 !
O total de indenizações foi de 20.
RESPOSTA: “A”.
174
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial, Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de ser-
que tem por fulcro limitar a discricionariedade político-ad- viço.
ministrativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas a
serem seguidas, sob pena de caber a intervenção do Poder Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para pro-
Judiciário em prol de sua efetivação. teger o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é
constituído de contas vinculadas, abertas em nome de
Princípio da proibição do retrocesso cada trabalhador, quando o empregador efetua o primeiro
Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que uma depósito. O saldo da conta vinculada é formado pelos de-
conquista garantida na Constituição Federal sofra um retro- pósitos mensais efetivados pelo empregador, equivalentes
cesso, de modo que um direito social garantido não pode a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de atua-
deixar de o ser. lização monetária e juros. Com o FGTS, o trabalhador tem
Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso deve a oportunidade de formar um patrimônio, que pode ser
ser tomada com reservas, até mesmo porque segundo en- sacado em momentos especiais, como o da aquisição da
tendimento predominante as normas do artigo 7º, CF não casa própria ou da aposentadoria e em situações de dificul-
são cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alteração. Se for dades, que podem ocorrer com a demissão sem justa causa
alterada normativa sobre direito trabalhista assegurado no ou em caso de algumas doenças graves.
referido dispositivo, não sendo o prejuízo evidente, entende-
se válida (por exemplo, houve alteração do prazo prescricio- Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacio-
nal diferenciado para os trabalhadores agrícolas). O que, em nalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades
hipótese alguma, pode ser aceito é um retrocesso evidente, vitais básicas e às de sua família com moradia, alimenta-
seja excluindo uma categoria de direitos (ex.: abolir o Sistema ção, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, trans-
Único de Saúde), seja diminuindo sensivelmente a abrangên- porte e previdência social, com reajustes periódicos que
cia da proteção (ex.: excluindo o ensino médio gratuito). lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincula-
Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso: ção para qualquer fim.
se uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direi-
T
to social, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador
rata-se de uma visível norma programática da Cons-
alterar a Constituição para retirar este avanço? Por um lado,
tituição que tem por pretensão um salário mínimo que
a proibição do retrocesso merece ser tomada em conceito
atenda a todas as necessidades básicas de uma pessoa e
amplo, abrangendo inclusive decisões judiciais; por outro
de sua família. Em pesquisa que tomou por parâmetro o
lado, a decisão judicial não tem por fulcro alterar a norma,
preceito constitucional, detectou-se que “o salário mínimo
o que somente é feito pelo legislador, e ele teria o direito
de prever que aquela decisão judicial não está incorporada do trabalhador brasileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47
na proibição do retrocesso. A questão é polêmica e não há em abril para que ele suprisse suas necessidades básicas e
entendimento dominante. da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, 07,
pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Direito individual do trabalho Socioeconômicos (Dieese)”3.
O artigo 7º da Constituição enumera os direitos individuais
dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos individuais Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e
tipicamente trabalhistas, mas que não excluem os demais di- à complexidade do trabalho.
reitos fundamentais (ex.: honra é um direito no espaço de tra-
balho, sob pena de se incidir em prática de assédio moral). Cada trabalhador, dentro de sua categoria de empre-
go, seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário,
Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra construtor civil, enfermeiro, recebe um salário base, chama-
despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei do de Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento den-
complementar, que preverá indenização compensatória, den- tro de seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é esta-
tre outros direitos. belecido em conformidade com a data base da categoria,
por isso ele é definido em conformidade com um acordo,
Significa que a demissão, se não for motivada por justa cau- ou ainda com um entendimento entre patrão e trabalhador.
sa, assegura ao trabalhador direitos como indenização compen-
satória, entre outros, a serem arcados pelo empregador. Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o
disposto em convenção ou acordo coletivo.
Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de desem-
prego involuntário. O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão
redução implique num prejuízo maior, por exemplo, demis-
Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida do são em massa durante uma crise, situações que devem ser
empregador, o trabalhador que fique involuntariamente desem- negociadas em convenção ou acordo coletivo.
pregado – entendendo-se por desemprego involuntário o que
tenha origem num acordo de cessação do contrato de trabalho
– tem direito ao seguro-desemprego, a ser arcado pela previdên- 3 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario-minimo-
cia social, que tem o caráter de assistência financeira temporária. -deveria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril
2
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do
ao mínimo, para os que percebem remuneração variável. dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.
3
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, pre- Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tempo
ferencialmente aos domingos. de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei.
O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e Nas relações de emprego, quando uma das partes de-
quatro) horas consecutivas, devendo ser concedido prefe- seja rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por
rencialmente aos domingos, sendo garantido a todo traba- prazo indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar à
lhador urbano, rural ou doméstico. Havendo necessidade outra parte, através do aviso prévio. O aviso prévio tem por
de trabalho aos domingos, desde que previamente auto- finalidade evitar a surpresa na ruptura do contrato de traba-
rizados pelo Ministério do Trabalho, aos trabalhadores é lho, possibilitando ao empregador o preenchimento do car-
assegurado pelo menos um dia de repouso semanal re- go vago e ao empregado uma nova colocação no mercado
munerado coincidente com um domingo a cada período, de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser trabalhado
dependendo da atividade (artigo 67, CLT). ou indenizado.
Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao tra-
com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. balho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
O salário das férias deve ser superior em pelo menos Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambien-
um terço ao valor da remuneração normal, com todos os te do trabalho salubre. Fiorillo4 destaca que o equilíbrio do
adicionais e benefícios aos quais o trabalhador tem direi- meio ambiente do trabalho está sedimentado na salubrida-
to. A cada doze meses de trabalho – denominado período de e na ausência de agentes que possam comprometer a
aquisitivo – o empregado terá direito a trinta dias corridos incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores.
de férias, se não tiver faltado injustificadamente mais de
cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias das férias Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as
serão diminuídos de acordo com o número de faltas). atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da
lei.
Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo
do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, mo-
dias. lesto, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que
não é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção
O salário da trabalhadora em licença é chamado de e vigilância acima do comum. Ainda não há na legislação
salário-maternidade, é pago pelo empregador e por ele específica previsão sobre o adicional de penosidade.
descontado dos recolhimentos habituais devidos à Previ- São consideradas atividades ou operações insalubres as
dência Social. A trabalhadora pode sair de licença a partir que se desenvolvem excesso de limites de tolerância para:
do último mês de gestação, sendo que o período de licen- ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto, exposi-
ça é de 120 dias. A Constituição também garante que, do ção ao calor e ao frio, radiações, certos agentes químicos e
momento em que se confirma a gravidez até cinco meses biológicos, vibrações, umidade, etc. O exercício de trabalho
após o parto, a mulher não pode ser demitida. em condições de insalubridade assegura ao trabalhador a
percepção de adicional, incidente sobre o salário base do
Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fi- empregado (súmula 228 do TST), ou previsão mais benéfi-
xados em lei. ca em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalente a 40%
(quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo;
O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio;
para estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a 10% (dez por cento), para insalubridade de grau mínimo.
mãe nos processos pós-operatórios. O adicional de periculosidade é um valor devido ao em-
pregado exposto a atividades perigosas. São consideradas
Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da atividades ou operações perigosas, aquelas que, por sua na-
mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei. tureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado
em virtude de exposição permanente do trabalhador a infla-
Embora as mulheres sejam maioria na população de máveis, explosivos ou energia elétrica; e a roubos ou outras
10 anos ou mais de idade, elas são minoria na população espécies de violência física nas atividades profissionais de
ocupada, mas estão em maioria entre os desocupados. segurança pessoal ou patrimonial. O valor do adicional de
Acrescenta-se ainda, que elas são maioria também na po- periculosidade será o salário do empregado acrescido de
pulação não economicamente ativa. Além disso, ainda há 30%, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prê-
relevante diferença salarial entre homens e mulheres, sen- mios ou participações nos lucros da empresa.
do que os homens recebem mais porque os empregadores O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem entendi-
entendem que eles necessitam de um salário maior para mento unânime sobre a possibilidade de cumulação destes
manter a família. Tais disparidades colocam em evidência adicionais.
que o mercado de trabalho da mulher deve ser protegido 4 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambien-
de forma especial. tal brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21.
4
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. lho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho, pro-
vocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause
A aposentadoria é um benefício garantido a todo traba- a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária,
lhador brasileiro que pode ser usufruído por aquele que te- da capacidade para o trabalho.
nha contribuído ao Instituto Nacional de Seguridade Social Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contribui-
(INSS) pelos prazos estipulados nas regras da Previdência ção com natureza de tributo que as empresas pagam para
Social e tenha atingido as idades mínimas previstas. Aliás, o custear benefícios do INSS oriundos de acidente de trabalho
direito à previdência social é considerado um direito social ou doença ocupacional, cobrindo a aposentadoria especial.
no próprio artigo 6º, CF. A alíquota normal é de um, dois ou três por cento sobre
a remuneração do empregado, mas as empresas que ex-
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e de- põem os trabalhadores a agentes nocivos químicos, físicos
pendentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em e biológicos precisam pagar adicionais diferenciados. Assim,
creches e pré-escolas. quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas atualmente o
Ministério da Previdência Social pode alterar a alíquota se a
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias com empresa investir na segurança do trabalho.
mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um espaço físi- Neste sentido, nada impede que a empresa seja res-
co para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, enquan- ponsabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando o
to elas trabalham. Caso não ofereçam esse espaço aos be- trabalhador. Na atualidade entende-se que a possibilidade
bês, a empresa é obrigada a dar auxílio-creche a mulher para de cumulação do benefício previdenciário, assim compreen-
que ela pague uma creche para o bebê de até 6 meses. O dido como prestação garantida pelo Estado ao trabalhador
valor desse auxílio será determinado conforme negociação acidentado (responsabilidade objetiva) com a indenização
coletiva na empresa (acordo da categoria ou convenção). A devida pelo empregador em caso de culpa (responsabilida-
empresa que tiver menos de 30 funcionárias registradas não de subjetiva), é pacífica, estando amplamente difundida na
tem obrigação de conceder o benefício. É facultativo (ela jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho;
pode oferecer ou não). Existe a possibilidade de o benefício
ser estendido até os 6 anos de idade e incluir o trabalhador Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultan-
homem. A duração do auxílio-creche e o valor envolvido va- tes das relações de trabalho, com prazo prescricional de
riarão conforme negociação coletiva na empresa. cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
limite de dois anos após a extinção do contrato de tra-
Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e balho.
acordos coletivos de trabalho.
Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela
Neste dispositivo se funda o direito coletivo do trabalho, jurisdicional para assegurar direitos violados. Sendo assim,
que encontra regulamentação constitucional nos artigo 8º há um período de tempo que o empregado tem para re-
a 11 da Constituição. Pelas convenções e acordos coletivos, querer seu direito na Justiça do Trabalho. A prescrição tra-
entidades representativas da categoria dos trabalhadores balhista é sempre de 2 (dois) anos a partir do término do
entram em negociação com as empresas na defesa dos inte- contrato de trabalho, atingindo as parcelas relativas aos 5
resses da classe, assegurando o respeito aos direitos sociais; (cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante a
vigência do contrato de trabalho.
Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação, na
forma da lei. Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários,
de exercício de funções e de critério de admissão por motivo
Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo de sexo, idade, cor ou estado civil.
homem, que pode ser feita, notadamente, qualificando o
profissional para exercer trabalhos que não possam ser de- Há uma tendência de se remunerar melhor homens
sempenhados por uma máquina (ex.: se criada uma máquina brancos na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo
que substitui o trabalhador, deve ser ele qualificado para que patente a diferença remuneratória para com pessoas de
possa operá-la). diferente etnia, faixa etária ou sexo. Esta distinção atenta
contra o princípio da igualdade e não é aceita pelo consti-
Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de traba- tuinte, sendo possível inclusive invocar a equiparação sala-
lho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que rial judicialmente.
este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discrimina-
Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tratar ção no tocante a salário e critérios de admissão do trabalha-
do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a defi- dor portador de deficiência.
nição de doenças e acidentes do trabalho. Não se trata de
legislação específica sobre o tema, mas sim de uma norma A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas li-
que dispõe sobre as modalidades de benefícios da previdên- mitações, possui condições de ingressar no mercado de
cia social. Referida Lei, em seu artigo 19 da preceitua que trabalho e não pode ser preterida meramente por conta de
acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do traba- sua deficiência.
5
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre traba- II - é vedada a criação de mais de uma organização
lho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
respectivos. profissional ou econômica, na mesma base territorial, que
será definida pelos trabalhadores ou empregadores interes-
Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igual- sados, não podendo ser inferior à área de um Município;
mente relevantes e contribuem todos para a sociedade, III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes-
não cabendo a desvalorização de um trabalho apenas por ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
se enquadrar numa ou outra categoria. questões judiciais ou administrativas;
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno, se tratando de categoria profissional, será descontada em
perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qual- folha, para custeio do sistema confederativo da representa-
quer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na ção sindical respectiva, independentemente da contribuição
prevista em lei;
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos.
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
filiado a sindicato;
Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabele-
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
cendo-se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se
negociações coletivas de trabalho;
o trabalho em condições desfavoráveis. VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo-
tado nas organizações sindicais;
Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o tra- VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicali-
balhador com vínculo empregatício permanente e o tra- zado a partir do registro da candidatura a cargo de direção
balhador avulso. ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente,
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta
Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias em- grave nos termos da lei.
presas, mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se
de mão-de-obra, possuindo os mesmos direitos que um à organização de sindicatos rurais e de colônias de pes-
trabalhador com vínculo empregatício permanente. cadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como
PEC das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único O direito de greve, por seu turno, está previsto no ar-
do artigo 7º: tigo 9º, CF:
Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à cate- Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos
goria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, sobre os interesses que devam por meio dele defender.
XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais
estabelecidas em lei e observada a simplificação do cum- e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis
primento das obrigações tributárias, principais e acessórias, da comunidade.
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às
previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como penas da lei.
a sua integração à previdência social.
A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe so-
bre o exercício do direito de greve, define as atividades es-
Direito coletivo do trabalho
senciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis
Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos
da comunidade, e dá outras providências. Enquanto não
dos trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalha-
for disciplinado o direito de greve dos servidores públicos,
dores, coletivamente ou no interesse de uma coletivida- esta é a legislação que se aplica, segundo o STF.
de, quais sejam: associação profissional ou sindical, greve, O direito de participação é previsto no artigo 10, CF:
substituição processual, participação e representação clas-
sista5. Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos traba-
A liberdade de associação profissional ou sindical tem lhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos pú-
escopo no artigo 8º, CF: blicos em que seus interesses profissionais ou previdenciá-
rios sejam objeto de discussão e deliberação.
Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindi-
cal, observado o seguinte: Por fim, aborda-se o direito de representação classista
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para no artigo 11, CF:
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos em-
intervenção na organização sindical; pregados, é assegurada a eleição de um representante
5 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematiza- destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o enten-
do. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. dimento direto com os empregadores.
6
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
7
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Somente pela publicidade os indivíduos controlarão a lega- Em relação à necessidade de motivação dos atos admi-
lidade e a eficiência dos atos administrativos. Os instrumentos nistrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um único
para proteção são o direito de petição e as certidões (art. 5°, comportamento possível) e dos atos discricionários (aqueles
XXXIV, CF), além do habeas data e - residualmente - do mandado que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta um ou mais
de segurança. Neste viés, ainda, prevê o artigo 37, CF em seu §3º: comportamentos possíveis, de acordo com um juízo de con-
veniência e oportunidade), a doutrina é uníssona na determi-
Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de participa- nação da obrigatoriedade de motivação com relação aos atos
ção do usuário na administração pública direta e indireta, administrativos vinculados; todavia, diverge quanto à referida
regulando especialmente: necessidade quanto aos atos discricionários.
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públi- Meirelles9 entende que o ato discricionário, editado sob os
cos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendi- limites da Lei, confere ao administrador uma margem de liberda-
mento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da de para fazer um juízo de conveniência e oportunidade, não sen-
qualidade dos serviços; do necessária a motivação. No entanto, se houver tal fundamen-
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a tação, o ato deverá condicionar-se a esta, em razão da necessi-
informações sobre atos de governo, observado o disposto no art. dade de observância da Teoria dos Motivos Determinantes. O
5º, X e XXXIII; entendimento majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente no ato discricionário, é necessária a motivação para que se sai-
ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública. ba qual o caminho adotado pelo administrador. Gasparini10, com
respaldo no art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive a supera-
e) Princípio da eficiência: A administração pública deve ção de tais discussões doutrinárias, pois o referido artigo exige a
manter o ampliar a qualidade de seus serviços com controle de motivação para todos os atos nele elencados, compreendendo
gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pessoas (o concurso entre estes, tanto os atos discricionários quanto os vinculados.
público seleciona os mais qualificados ao exercício do cargo),
ao manter tais pessoas em seus cargos (pois é possível exone- 2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos servi-
rar um servidor público por ineficiência) e ao controlar gastos dores
(limitando o teto de remuneração), por exemplo. O núcleo des- O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os princí-
te princípio é a procura por produtividade e economicidade. pios da administração pública estudados no tópico anterior,
Alcança os serviços públicos e os serviços administrativos inter- aos quais estão sujeitos servidores de quaisquer dos Poderes
nos, se referindo diretamente à conduta dos agentes. em qualquer das esferas federativas, e, em seus incisos, regras
Além destes cinco princípios administrativo-constitucio- mínimas sobre o serviço público:
nais diretamente selecionados pelo constituinte, podem ser
apontados como princípios de natureza ética relacionados à Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas são
função pública a probidade e a motivação: acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabe-
a) Princípio da probidade: um princípio constitucional lecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei.
incluído dentro dos princípios específicos da licitação, é o de-
ver de todo o administrador público, o dever de honestidade Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº
e fidelidade com o Estado, com a população, no desempenho 8.112/1990, que prevê:
de suas funções. Possui contornos mais definidos do que a mo-
ralidade. Diógenes Gasparini8 alerta que alguns autores tratam Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para in-
veem como distintos os princípios da moralidade e da probi- vestidura em cargo público:
dade administrativa, mas não há características que permitam I - a nacionalidade brasileira;
tratar os mesmos como procedimentos distintos, sendo no II - o gozo dos direitos políticos;
máximo possível afirmar que a probidade administrativa é um III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
aspecto particular da moralidade administrativa. IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao V - a idade mínima de dezoito anos;
administrador de motivar todos os atos que edita, gerais ou VI - aptidão física e mental.
de efeitos concretos. É considerado, entre os demais princípios, § 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência
um dos mais importantes, uma vez que sem a motivação não de outros requisitos estabelecidos em lei. [...]
há o devido processo legal, uma vez que a fundamentação sur- § 3º As universidades e instituições de pesquisa científica
ge como meio interpretativo da decisão que levou à prática e tecnológica federais poderão prover seus cargos com pro-
do ato impugnado, sendo verdadeiro meio de viabilização do fessores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as
controle da legalidade dos atos da Administração. normas e os procedimentos desta Lei.
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicável ao
caso concreto e relacionar os fatos que concretamente levaram Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº
à aplicação daquele dispositivo legal. Todos os atos administra- 8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no artigo 207
tivos devem ser motivados para que o Judiciário possa contro- da Constituição, permitindo que estrangeiros assumam cargos
lar o mérito do ato administrativo quanto à sua legalidade. Para no ramo da pesquisa, ciência e tecnologia.
efetuar esse controle, devem ser observados os motivos dos 9 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro.
atos administrativos. São Paulo: Malheiros, 1993.
8 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Pau- 10 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Pau-
lo: Saraiva, 2004. lo: Saraiva, 2004.
8
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas
ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.
No concurso de provas o candidato é avaliado apenas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos concursos de provas
e títulos o seu currículo em toda sua atividade profissional também é considerado. Cargo em comissão é o cargo de confiança, que
não exige concurso público, sendo exceção à regra geral.
Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de
provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira.
Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá validade de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por
igual período.
§1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário
Oficial da União e em jornal diário de grande circulação.
§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com prazo de validade não
expirado.
O edital delimita questões como valor da taxa de inscrição, casos de isenção, número de vagas e prazo de validade. Havendo
candidatos aprovados na vigência do prazo do concurso, ele deve ser chamado para assumir eventual vaga e não ser realizado novo
concurso.
Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê:
Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade
responsável, nos termos da lei.
Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabilização daquele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingresso no serviço
público, que em regra se dá por concurso de provas ou de provas e títulos.
Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-
se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.
11 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/quadro-comparativo-funcao-de-confianca.html
9
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores públi-
direito à livre associação sindical. cos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente po-
derão ser fixados ou alterados por lei específica, observada
A liberdade de associação é garantida aos servidores a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral
públicos tal como é garantida a todos na condição de di- anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices.
reito individual e de direito social.
Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos ocu-
Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos pantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, res-
termos e nos limites definidos em lei específica. salvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts.
39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores
públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea
pela preservação da sociedade quando exercê-lo. Enquan- de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou
to não for elaborada uma legislação específica para os fun- dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, empre-
cionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral de gre- go ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na
ve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89 forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em
(Mandado de Injunção nº 20). comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração.
Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos car- Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos arti-
gos e empregos públicos para as pessoas portadoras de gos 40 e 41:
deficiência e definirá os critérios de sua admissão.
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercí-
Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990: cio de cargo público, com valor fixado em lei.
Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de de- Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
ficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabeleci-
público para provimento de cargo cujas atribuições sejam das em lei.
compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para § 1º A remuneração do servidor investido em função ou
tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das cargo em comissão será paga na forma prevista no art. 62.
vagas oferecidas no concurso. § 2º O servidor investido em cargo em comissão de órgão
ou entidade diversa da de sua lotação receberá a remunera-
Prossegue o artigo 37, CF: ção de acordo com o estabelecido no § 1º do art. 93.
§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vanta-
Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contra- gens de caráter permanente, é irredutível.
tação por tempo determinado para atender a necessidade § 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos
temporária de excepcional interesse público. de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou
entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens
A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Cons- de caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de
tituição, definindo a natureza da relação estabelecida en- trabalho.
tre o servidor contratado e a Administração Pública, para § 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao
atender à “necessidade temporária de excepcional interes- salário mínimo.
se público”.
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de rela- Ainda, o artigo 37 da Constituição:
ção que comporta dependência jurídica do servidor peran-
te o Estado, duas opções se ofereciam: ou a relação seria Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos ocu-
trabalhista, agindo o Estado iure gestionis, sem usar das pantes de cargos, funções e empregos públicos da admi-
prerrogativas de Poder Público, ou institucional, estatutária, nistração direta, autárquica e fundacional, dos membros
preponderando o ius imperii do Estado. Melhor dizendo: de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
o sistema preconizado pela Carta Política de 1988 é o do Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo
contrato, que tanto pode ser trabalhista (inserindo-se na e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou
esfera do Direito Privado) quanto administrativo (situando- outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou
se no campo do Direito Público). [...] Uma solução inter- não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer ou-
mediária não deixa, entretanto, de ser legítima. Pode-se, tra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em
com certeza, abonar um sistema híbrido, eclético, no qual espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, apli-
coexistam normas trabalhistas e estatutárias, pondo-se em cando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefei-
contiguidade os vínculos privado e administrativo, no sen- to, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do
tido de atender às exigências do Estado moderno, que pro- Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos
cura alcançar os seus objetivos com a mesma eficácia dos para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público.
empreendimentos não-governamentais”12. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_39/Arti-
12 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servidores gos/Art_Gustavo.htm>. Acesso em: 23 dez. 2014.
10
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Le- A preocupação do constituinte, ao implantar tal pre-
gislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de ceito, foi de que não eclodisse no sistema remuneratório
Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centé- dos servidores, ou seja, evitar que se utilize uma vantagem
simos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Mi- como base de cálculo de um outro benefício. Dessa forma,
nistros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder qualquer gratificação que venha a ser concedida ao servi-
Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério dor só pode ter como base de cálculo o próprio vencimen-
Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos. to básico. É inaceitável que se leve em consideração outra
vantagem até então percebida.
Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder
Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superio- Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remune-
res aos pagos pelo Poder Executivo. rada de cargos públicos, exceto, quando houver com-
patibilidade de horários, observado em qualquer caso o
Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42: disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro, técnico ou
Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá per- científico; c) a de dois cargos ou empregos privativos
ceber, mensalmente, a título de remuneração, importância de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.
superior à soma dos valores percebidos como remuneração,
em espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos Po- Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se
deres, pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso a empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal. Parágra- empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
fo único. Excluem-se do teto de remuneração as vantagens subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indire-
previstas nos incisos II a VII do art. 61. tamente, pelo poder público.
Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem apro- Segundo Carvalho Filho13, “o fundamento da proibição
fundamentos sobre o mencionado inciso XI: é impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que
o servidor não execute qualquer delas com a necessária efi-
Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efei- ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons-
to dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em
caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota-
previstas em lei. se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em
consequência, se a acumulação só encerra a percepção de
Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso vencimentos por uma das fontes, não incide a regra cons-
XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao titucional proibitiva”.
Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a ques-
respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite úni- tão:
co, o subsídio mensal dos Desembargadores do respec-
tivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e Artigo 118, Lei nº 8.112/1990. Ressalvados os casos pre-
vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos vistos na Constituição, é vedada a acumulação remunera-
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o da de cargos públicos.
disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Esta- § 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, em-
duais e Distritais e dos Vereadores. pregos e funções em autarquias, fundações públicas, em-
presas públicas, sociedades de economia mista da União,
Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equi- do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Mu-
paração salarial: nicípios.
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica con-
Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equipara- dicionada à comprovação da compatibilidade de horá-
ção de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de rios.
remuneração de pessoal do serviço público. § 3o Considera-se acumulação proibida a percepção
de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com
Os padrões de vencimentos são fixados por conselho proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que
de política de administração e remuneração de pessoal, decorram essas remunerações forem acumuláveis na ati-
integrado por servidores designados pelos respectivos vidade.
Poderes (artigo 39, caput e § 1º), sem qualquer garantia
constitucional de tratamento igualitário aos cargos que se Art. 119, Lei nº 8.112/1990. O servidor não poderá
mostrem similares. exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso
previsto no parágrafo único do art. 9o, nem ser remunerado
Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebi- pela participação em órgão de deliberação coletiva.
dos por servidor público não serão computados nem acu- 13 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
mulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores. nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
11
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se apli- Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica pode-
ca à remuneração devida pela participação em conselhos de rá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso,
quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou in- definir as áreas de sua atuação.
diretamente, detenha participação no capital social, observado
o que, a respeito, dispuser legislação específica. Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislati-
va, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
Art. 120, Lei nº 8.112/1990. O servidor vinculado ao re-
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação
gime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos,
de qualquer delas em empresa privada.
quando investido em cargo de provimento em comissão, ficará
afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que
houver compatibilidade de horário e local com o exercício de Órgãos da administração indireta somente podem ser
um deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou criados por lei específica e a criação de subsidiárias des-
entidades envolvidos. tes dependem de autorização legislativa (o Estado cria e
controla diretamente determinada empresa pública ou so-
“Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da ciedade de economia mista, e estas, por sua vez, passam
acumulação de cargos e funções públicas, regulamentam, no a gerir uma nova empresa, denominada subsidiária. Ex.:
âmbito do serviço público federal a vedação genérica cons- Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos um parên-
tante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da Repúbli- tese para observar que quase todos os autores que abor-
ca. De fato, a acumulação ilícita de cargos públicos constitui dam o assunto afirmam categoricamente que, a despeito
uma das infrações mais comuns praticadas por servidores da referência no texto constitucional a ‘subsidiárias das
públicos, o que se constata observando o elevado número entidades mencionadas no inciso anterior’, somente em-
de processos administrativos instaurados com esse objeto. O presas públicas e sociedades de economia mista podem ter
sistema adotado pela Lei nº 8.112/90 é relativamente bran- subsidiárias, pois a relação de controle que existe entre a
do, quando cotejado com outros estatutos de alguns Estados, pessoa jurídica matriz e a subsidiária seria própria de pes-
visto que propicia ao servidor incurso nessa ilicitude diver- soas com estrutura empresarial, e inadequada a autarquias
sas oportunidades para regularizar sua situação e escapar da
e fundações públicas. OUSAMOS DISCORDAR. Parece-nos
pena de demissão. Também prevê a lei em comentário, um
que, se o legislador de um ente federado pretendesse, por
processo administrativo simplificado (processo disciplinar de
rito sumário) para a apuração dessa infração – art. 133” 14. exemplo, autorizar a criação de uma subsidiária de uma
fundação pública, NÃO haveria base constitucional para
Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e seus considerar inválida sua autorização”16.
servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e Ainda sobre a questão do funcionamento da adminis-
jurisdição, precedência sobre os demais setores administra- tração indireta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto
tivos, na forma da lei. nos §§ 8º e 9º do artigo 37, CF:
Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamen-
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, tária e financeira dos órgãos e entidades da administração
atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato,
por servidores de carreiras específicas, terão recursos priori- a ser firmado entre seus administradores e o poder público,
tários para a realização de suas atividades e atuarão de que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho
forma integrada, inclusive com o compartilhamento de ca- para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
dastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. I - o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho,
“O Estado tem como finalidade essencial a garantia do bem direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
-estar de seus cidadãos, seja através dos serviços públicos que
III - a remuneração do pessoal.
disponibiliza, seja através de investimentos na área social (edu-
cação, saúde, segurança pública). Para atingir esses objetivos pri-
mários, deve desenvolver uma atividade financeira, com o intuito Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às
de obter recursos indispensáveis às necessidades cuja satisfação empresas públicas e às sociedades de economia mista
se comprometeu quando estabeleceu o “pacto” constitucional e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos
de 1988. [...] A importância da Administração Tributária foi re- Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para paga-
conhecida expressamente pelo constituinte que acrescentou, no mento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
artigo 37 da Carta Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a sua
precedência e de seus servidores sobre os demais setores da
Administração Pública, dentro de suas áreas de competência”15.
14 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Pú-
blicos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.br/ sao_paulo.htm
artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013. 16 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo Descom-
15 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_tributaria_ plicado. São Paulo: GEN, 2014.
12
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Continua o artigo 37, CF: tagem do prazo para que, retornando, comece do zero. Da
abertura da sindicância ou processo administrativo discipli-
Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados nar até a decisão final proferida por autoridade competente
na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo começa
contratados mediante processo de licitação pública que a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais propor
assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, ação disciplinar.
com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação restrições ao ocupante de cargo ou emprego da adminis-
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumpri- tração direta e indireta que possibilite o acesso a informações
mento das obrigações. privilegiadas.
A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta o A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre o
art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego do
para licitações e contratos da Administração Pública e dá Poder Executivo federal e impedimentos posteriores ao exer-
outras providências. Licitação nada mais é que o conjunto cício do cargo ou emprego; e revoga dispositivos da Lei nº
de procedimentos administrativos (administrativos porque 9.986, de 18 de julho de 2000, e das Medidas Provisórias nºs
parte da administração pública) para as compras ou serviços 2.216-37, de 31 de agosto de 2001, e 2.225-45, de 4 de setem-
contratados pelos governos Federal, Estadual ou Municipal, bro de 2001.
ou seja todos os entes federativos. De forma mais simples, Neste sentido, conforme seu artigo 1º:
podemos dizer que o governo deve comprar e contratar
serviços seguindo regras de lei, assim a licitação é um pro- Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configuram
cesso formal onde há a competição entre os interessados. conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou em-
prego no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos e res-
Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de pres- trições a ocupantes de cargo ou emprego que tenham acesso a
crição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor informações privilegiadas, os impedimentos posteriores ao exer-
ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as res- cício do cargo ou emprego e as competências para fiscalização,
pectivas ações de ressarcimento. avaliação e prevenção de conflitos de interesses regulam-se pelo
disposto nesta Lei.
A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encon-
tra disciplina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990: 3) Responsabilidade civil do Estado e de seus ser-
vidores
Art. 142, Lei nº 8.112/1990. A ação disciplinar pres- O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do
creverá: direito obrigacional, uma vez que a principal consequência da
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com prática de um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e de reparar o dano, mediante o pagamento de indenização que
destituição de cargo em comissão; se refere às perdas e danos. Afinal, quem pratica um ato ou in-
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; corre em omissão que gere dano deve suportar as consequên-
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. cias jurídicas decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.17
§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, poden-
que o fato se tornou conhecido. do recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os limites
§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal apli- da herança, embora existam reflexos na ação que apure a res-
cam-se às infrações disciplinares capituladas também como ponsabilidade civil conforme o resultado na esfera penal (por
crime. exemplo, uma absolvição por negativa de autoria impede a
§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de pro- condenação na esfera cível, ao passo que uma absolvição por
cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final falta de provas não o faz).
proferida por autoridade competente. A responsabilidade civil do Estado acompanha o raciocí-
§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo co- nio de que a principal consequência da prática de um ato ilícito
meçará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção. é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o dano,
mediante o pagamento de indenização que se refere às per-
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do das e danos. Todos os cidadãos se sujeitam às regras da res-
direito de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5 ponsabilidade civil, tanto podendo buscar o ressarcimento do
anos para as infrações mais graves, 2 para as de gravidade dano que sofreu quanto respondendo por aqueles danos que
intermediária (pena de suspensão) e 180 dias para as menos causar. Da mesma forma, o Estado tem o dever de indenizar os
graves (pena de advertência), contados da data em que o membros da sociedade pelos danos que seus agentes causem
fato se tornou conhecido pela administração pública. Se a durante a prestação do serviço, inclusive se tais danos caracte-
infração disciplinar for crime, valerão os prazos prescricio- rizarem uma violação aos direitos humanos reconhecidos.
nais do direito penal, mais longos, logo, menos favoráveis 17 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed.
ao servidor. Interrupção da prescrição significa parar a con- São Paulo: Saraiva, 2005.
13
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Trata-se de responsabilidade extracontratual porque Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:
não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de
elementos genéricos pré-determinados, que perpassam Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito público
pela leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187 e as de direito privado prestadoras de serviços públicos res-
e 927) com a Constituição Federal (artigo 37, §6°). ponderão pelos danos que seus agentes, nessa qualida-
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil de, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
se encontram no art. 186 do Código Civil: contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão vo- Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurídi-
luntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar ca autônoma entre o Estado e o agente público que causou
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato o dano no desempenho de suas funções. Nesta relação, a
ilícito. responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá ao Es-
tado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao qual
Este é o artigo central do instituto da responsabilidade foi anteriormente condenado a reparar. Direito de regresso
civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária é justamente o direito de acionar o causador direto do dano
(agir como não se deve ou deixar de agir como se deve), para obter de volta aquilo que pagou à vítima, considerada a
culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma existência de uma relação obrigacional que se forma entre a
violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo cau- vítima e a instituição que o agente compõe.
sal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e o dano Assim, o Estado responde pelos danos que seu agente
causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo agente, que causar aos membros da sociedade, mas se este agente agiu
pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econô- com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que foi pago
mico e não econômico). à vítima. O agente causará danos ao praticar condutas in-
1) Dano - somente é indenizável o dano certo, especial compatíveis com o comportamento ético dele esperado.18
e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é o dano A responsabilidade civil do servidor exige prévio proces-
específico, individualizado, que atinge determinada ou de- so administrativo disciplinar no qual seja assegurado contra-
terminadas pessoas. Anormal é o dano que ultrapassa os ditório e ampla defesa. Trata-se de responsabilidade civil
problemas comuns da vida em sociedade (por exemplo, in- subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou omissão com cul-
felizmente os assaltos são comuns e o Estado não responde pa do servidor que gere dano ao erário (Administração) ou a
por todo assalto que ocorra, a não ser que na circunstância terceiro (administrado), o servidor terá o dever de indenizar.
específica possuía o dever de impedir o assalto, como no Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos vio-
caso de uma viatura presente no local - muito embora o ladores de direitos humanos se sujeitam à responsabilidade
direito à segurança pessoal seja um direito humano reco- penal e à responsabilidade administrativa, todas autôno-
nhecido). mas uma com relação à outra e à já mencionada responsa-
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe den- bilidade civil. Neste sentido, o artigo 125 da Lei nº 8.112/90:
tro da administração pública, tenha ingressado ou não por
concurso, possua cargo, emprego ou função. Envolve os Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais e
agentes políticos, os servidores públicos em geral (funcio- administrativas poderão cumular-se, sendo independentes en-
nários, empregados ou temporários) e os particulares em tre si.
colaboração (por exemplo, jurado ou mesário).
3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta No caso da responsabilidade civil, o Estado é diretamen-
qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão te acionado e responde pelos atos de seus servidores que
das prerrogativas do cargo, não agindo como um particular. violem direitos humanos, cabendo eventualmente ação de
Sem estes três requisitos, não será possível acionar o regresso contra ele. Contudo, nos casos da responsabilidade
Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por penal e da responsabilidade administrativa aciona-se o agen-
mais relevante que tenha sido a esfera de direitos atingida. te público que praticou o ato.
Assim, não é qualquer dano que permite a responsabiliza- São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser
ção civil do Estado, mas somente aquele que é causado por praticados pelo agente público no exercício de sua função
um agente público no exercício de suas funções e que ex- que violam direitos humanos. A título de exemplo, peculato,
ceda as expectativas do lesado quanto à atuação do Estado. consistente em apropriação ou desvio de dinheiro público
É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os (art. 312, CP), que viola o bem comum e o interesse da cole-
direitos humanos, porque o Estado é uma ficção formada tividade; concussão, que é a exigência de vantagem indevida
por um grupo de pessoas que desempenham as atividades (art. 316, CP), expondo a vítima a uma situação de constran-
estatais diversas. Assim, viola direitos humanos não o Esta- gimento e medo que viola diretamente sua dignidade; tor-
do em si, mas o agente que o representa, fazendo com que tura, a mais cruel forma de tratamento humano, cuja pena é
o próprio Estado seja responsabilizado por isso civilmente, agravada quando praticada por funcionário público (art. 1º,
pagando pela indenização (reparação dos danos materiais §4º, I, Lei nº 9.455/97); etc.
e morais). Sem prejuízo, com relação a eles, caberá ação de 18 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
regresso se agiram com dolo ou culpa. Paulo: Método, 2011.
14
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Quanto à responsabilidade administrativa, menciona- IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
se, a título de exemplo, as penalidades cabíveis descritas exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
no art. 127 da Lei nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo contado para todos os efeitos legais, exceto para promo-
funcionário que violar a ética do serviço público, como ad- ção por merecimento;
vertência, suspensão e demissão. V - para efeito de benefício previdenciário, no caso
Evidencia-se a independência entre as esferas civil, pe- de afastamento, os valores serão determinados como se no
nal e administrativa no que tange à responsabilização do exercício estivesse.
agente público que cometa ato ilícito.
Tomadas as exigências de características dos danos aci- 5) Regime de remuneração e previdência dos servi-
ma colacionadas, notadamente a anormalidade, considera- dores públicos
se que para o Estado ser responsabilizado por um dano, ele Regulamenta-se o regime de remuneração e previdên-
deve exceder expectativas cotidianas, isto é, não cabe exigir cia dos servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Consti-
do Estado uma excepcional vigilância da sociedade e a ple- tuição Federal:
na cobertura de todas as fatalidades que possam acontecer
em território nacional. Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Diante de tal premissa, entende-se que a responsa- Municípios instituirão conselho de política de administra-
bilidade civil do Estado será objetiva apenas no caso de ção e remuneração de pessoal, integrado por servidores
ações, mas subjetiva no caso de omissões. Em outras pa- designados pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela
lavras, verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas con- Emenda Constitucional nº 19, de 1998 e aplicação suspensa
dições de não ter se omitido, isto é, ter deixado de agir pela ADIN nº 2.135-4, destacando-se a redação anterior: “A
quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarretando em União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios institui-
prejuízo dentro de sua previsibilidade. rão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e
São casos nos quais se reconheceu a responsabilida- planos de carreira para os servidores da administração pú-
de omissiva do Estado: morte de filho menor em creche blica direta, das autarquias e das fundações públicas”).
municipal, buracos não sinalizados na via pública, tentativa § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos de-
de assalto a usuário do metrô resultando em morte, danos mais componentes do sistema remuneratório observará:
provocados por enchentes e escoamento de águas pluviais I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexi-
quando o Estado sabia da problemática e não tomou pro- dade dos cargos componentes de cada carreira;
vidência para evitá-las, morte de detento em prisão, incên- II - os requisitos para a investidura;
dio em casa de shows fiscalizada com negligência, etc. III - as peculiaridades dos cargos.
Logo, não é sempre que o Estado será responsabili- § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
zado. Há excludentes da responsabilidade estatal, nota- escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento
damente: a) caso fortuito (fato de terceiro) ou força maior dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos
(fato da natureza) fora dos alcances da previsibilidade do cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, fa-
dano; b) culpa exclusiva da vítima. cultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos
entre os entes federados.
4) Exercício de mandato eletivo por servidores pú- § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo
blicos público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,
A questão do exercício de mandato eletivo pelo servi- XV,XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei
dor público encontra previsão constitucional em seu artigo estabelecer requisitos diferenciados de admissão quan-
38, que notadamente estabelece quais tipos de mandatos do a natureza do cargo o exigir.
geram incompatibilidade ao serviço público e regulamenta § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eleti-
a questão remuneratória: vo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Mu-
nicipais serão remunerados exclusivamente por subsídio
Artigo 38, CF. Ao servidor público da administração fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer
direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de represen-
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: tação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qual-
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou quer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido,
sua remuneração; em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.
III - investido no mandato de Vereador, havendo compa- § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pu-
tibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, blicarão anualmente os valores do subsídio e da remunera-
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo ção dos cargos e empregos públicos.
eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a
norma do inciso anterior;
15
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos § 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribuição
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamen- serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no §
tários provenientes da economia com despesas correntes 1º, III, a, para o professor que comprove exclusivamente tem-
em cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no po de efetivo exercício das funções de magistério na educa-
desenvolvimento de programas de qualidade e produtivi- ção infantil e no ensino fundamental e médio.
dade, treinamento e desenvolvimento, modernização, rea- § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos car-
parelhamento e racionalização do serviço público, inclusive gos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a
sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade. percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regi-
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organiza- me de previdência previsto neste artigo.
dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. § 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pen-
são por morte, que será igual:
Artigo 40, CF. Aos servidores titulares de cargos efeti- I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor faleci-
vos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- do, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regi-
cípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado me geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido
regime de previdência de caráter contributivo e solidário, de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso
mediante contribuição do respectivo ente público, dos ser- aposentado à data do óbito; ou
vidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados cri- II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no
térios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo
disposto neste artigo. estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previ- social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da
dência de que trata este artigo serão aposentados, calcula- parcela excedente a este limite, caso em atividade na data do
dos os seus proventos a partir dos valores fixados na forma óbito.
dos §§ 3º e 17: § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro- preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decor- critérios estabelecidos em lei.
rente de acidente em serviço, moléstia profissional ou § 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou muni-
doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; cipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais de serviço correspondente para efeito de disponibilidade.
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, § 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de con-
ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de tagem de tempo de contribuição fictício.
lei complementar; § 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma to-
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mí- tal dos proventos de inatividade, inclusive quando decorren-
nimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público tes da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como
e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposenta- de outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral
doria, observadas as seguintes condições: de previdência social, e ao montante resultante da adição de
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui- proventos de inatividade com remuneração de cargo acumulá-
ção, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta vel na forma desta Constituição, cargo em comissão declarado
de contribuição, se mulher; em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses- § 12. Além do disposto neste artigo, o regime de previ-
senta anos de idade, se mulher, com proventos propor- dência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo ob-
cionais ao tempo de contribuição. servará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para
§ 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por o regime geral de previdência social.
ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remu- § 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em
neração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração
se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a bem como de outro cargo temporário ou de emprego público,
concessão da pensão. aplica-se o regime geral de previdência social.
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
por ocasião da sua concessão, serão consideradas as re- pios, desde que instituam regime de previdência complemen-
munerações utilizadas como base para as contribuições do tar para os seus respectivos servidores titulares de cargo efe-
servidor aos regimes de previdência de que tratam este ar- tivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pensões
tigo e o art. 201, na forma da lei. a serem concedidas pelo regime de que trata este artigo, o
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios dife- limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
renciados para a concessão de aposentadoria aos abran- geral de previdência social de que trata o art. 201.
gidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos § 15. O regime de previdência complementar de que trata
termos definidos em leis complementares, os casos de ser- o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder
vidores: Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos,
I - portadores de deficiência; no que couber, por intermédio de entidades fechadas de pre-
II - que exerçam atividades de risco; vidência complementar, de natureza pública, que oferecerão
III - cujas atividades sejam exercidas sob condições es- aos respectivos participantes planos de benefícios somente
peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. na modalidade de contribuição definida.
16
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o ser-
disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que vidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará su-
tiver ingressado no serviço público até a data da publicação jeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro)
do ato de instituição do correspondente regime de previ- meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão ob-
dência complementar. jeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados os seguinte fatores:
para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devida- I - assiduidade;
mente atualizados, na forma da lei. II - disciplina;
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de apo- III - capacidade de iniciativa;
sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata IV - produtividade;
este artigo que superem o limite máximo estabelecido para V - responsabilidade.
os benefícios do regime geral de previdência social de que tra- § 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do está-
ta o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os gio probatório, será submetida à homologação da autori-
servidores titulares de cargos efetivos. dade competente a avaliação do desempenho do servidor,
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha realizada por comissão constituída para essa finalidade,
completado as exigências para aposentadoria voluntária de acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da
estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade
atividade fará jus a um abono de permanência equivalente ao de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do
valor da sua contribuição previdenciária até completar as exi- caput deste artigo.
gências para aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II. § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo an-
próprio de previdência social para os servidores titulares teriormente ocupado, observado o disposto no parágrafo
de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do único do art. 29.
respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o dispos- § 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer
to no art. 142, § 3º, X.
quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá
de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou enti-
apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e
dade de lotação, e somente poderá ser cedido a outro ór-
de pensão que superem o dobro do limite máximo estabeleci-
gão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Especial,
do para os benefícios do regime geral de previdência social de
cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e
que trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário,
Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou
na forma da lei, for portador de doença incapacitante.
equivalentes.
6) Estágio probatório e perda do cargo § 4º Ao servidor em estágio probatório somente pode-
Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a rão ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos
ser lido em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990: nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afasta-
mento para participar de curso de formação decorrente de
Artigo 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo aprovação em concurso para outro cargo na Administração
exercício os servidores nomeados para cargo de provi- Pública Federal.
mento efetivo em virtude de concurso público. § 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o,
I - em virtude de sentença judicial transitada em jul- 86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso de
gado; formação, e será retomado a partir do término do impedi-
II - mediante processo administrativo em que lhe seja mento.
assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação periódica O estágio probatório pode ser definido como um lapso
de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada de tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor serão
ampla defesa. avaliadas de acordo com critérios de assiduidade, discipli-
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do ser- na, capacidade de iniciativa, produtividade e responsabili-
vidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante dade. O servidor não aprovado no estágio probatório será
da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anterior-
direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto mente ocupado. Não existe vedação para um servidor em
em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo estágio probatório exercer quaisquer cargos de provimen-
de serviço. to em comissão ou funções de direção, chefia ou assesso-
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, ramento no órgão ou entidade de lotação.
o servidor estável ficará em disponibilidade, com remune- Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disci-
ração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado plina do estágio probatório mudou, notadamente aumen-
aproveitamento em outro cargo. tando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista que a
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é norma constitucional prevalece sobre a lei federal, mesmo
obrigatória a avaliação especial de desempenho por comis- que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir o dispos-
são instituída para essa finalidade. to no artigo 41 da Constituição Federal.
17
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Uma vez adquirida a aprovação no estágio probató- A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de im-
rio, o servidor público somente poderá ser exonerado nos probidade administrativa em três categorias:
casos do §1º do artigo 40 da Constituição Federal, notada- a) Ato de improbidade administrativa que importe en-
mente: em virtude de sentença judicial transitada em jul- riquecimento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992)
gado; mediante processo administrativo em que lhe seja O grupo mais grave de atos de improbidade administrativa
assegurada ampla defesa; ou mediante procedimento se caracteriza pelos elementos: enriquecimento + ilícito + re-
de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei sultante de uma vantagem patrimonial indevida + em razão
complementar, assegurada ampla defesa (sendo esta lei do exercício de cargo, mandato, emprego, função ou outra ati-
complementar ainda inexistente no âmbito federal. vidade nas entidades do artigo 1° da Lei nº 8.429/1992.
O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não se
7) Atos de improbidade administrativa opõe que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos dita-
A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administra- mes morais, notadamente no desempenho de função de inte-
tiva, que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinôni- resse estatal.
mo de desonestidade administrativa. A improbidade é uma Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimonial ilícita.
lesão ao princípio da moralidade, que deve ser respeita- Contudo, é dispensável que efetivamente tenha ocorrido dano
do estritamente pelo servidor público. O agente ímprobo aos cofres públicos (por exemplo, quando um policial recebe
sempre será um violador do princípio da moralidade, pelo propina pratica ato de improbidade administrativa, mas não
qual “a Administração Pública deve agir com boa-fé, since- atinge diretamente os cofres públicos).
ridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”19. Como fica difícil imaginar que alguém possa se enriquecer
A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada ilicitamente por negligência, imprudência ou imperícia, todas as
devido ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes condutas configuram atos dolosos (com intenção). Não cabe
do serviço público que se intensificavam com a ineficácia prática por omissão.20
do diploma então vigente, o Decreto-Lei nº 3240/41. De- b) Ato de improbidade administrativa que importe le-
correu, assim, da necessidade de acabar com os atos aten- são ao erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992)
O grupo intermediário de atos de improbidade administra-
tatórios à moralidade administrativa e causadores de pre-
tiva se caracteriza pelos elementos: causar dano ao erário ou
juízo ao erário público ou ensejadores de enriquecimento
aos cofres públicos + gerando perda patrimonial ou dilapi-
ilícito, infelizmente tão comuns no Brasil.
dação do patrimônio público. Assim como o artigo anterior, o
Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes públi-
caput descreve a fórmula genérica e os incisos algumas atitudes
cos passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos
específicas que exemplificam o seu conteúdo21.
atos de improbidade administrativa descritos nos artigos
Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies: desvio,
9º, 10 e 11, ficando sujeitos às penas do art. 12. A exis- que é o direcionamento indevido; apropriação, que é a transfe-
tência de esferas distintas de responsabilidade (civil, penal rência indevida para a própria propriedade; malbaratamento, que
e administrativa) impede falar-se em bis in idem, já que, significa desperdício; e dilapidação, que se refere a destruição22.
ontologicamente, não se trata de punições idênticas, em- O objeto da tutela é a preservação do patrimônio público,
bora baseadas no mesmo fato, mas de responsabilização em todos seus bens e valores. O pressuposto exigível é a ocor-
em esferas distintas do Direito. rência de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos.
Destaca-se um conceito mais amplo de agente públi- Este artigo admite expressamente a variante culposa, o
co previsto pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e 2º que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no REsp n°
porque o agente público pode ser ou não um servidor pú- 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconstituciona-
blico. Ele poderá estar vinculado a qualquer instituição ou lidade do artigo. Contudo, “a jurisprudência do STJ con-
órgão que desempenhe diretamente o interesse do Estado. solidou a tese de que é indispensável a existência de dolo nas
Assim, estão incluídos todos os integrantes da administra- condutas descritas nos artigos 9º e 11 e ao menos de culpa nas
ção direta, indireta e fundacional, conforme o preâmbulo hipóteses do artigo 10, nas quais o dano ao erário precisa ser
da legislação. Pode até mesmo ser uma entidade privada comprovado. De acordo com o ministro Castro Meira, a con-
que desempenhe tais fins, desde que a verba de criação duta culposa ocorre quando o agente não pretende atingir o
ou custeio tenha sido ou seja pública em mais de 50% resultado danoso, mas atua com negligência, imprudência ou
do patrimônio ou receita anual. Caso a verba pública que imperícia (REsp n° 1.127.143)”23. Para Carvalho Filho24, não há
tenha auxiliado uma entidade privada a qual o Estado não inconstitucionalidade na modalidade culposa, lembrando que é
tenha concorrido para criação ou custeio, também have- possível dosar a pena conforme o agente aja com dolo ou culpa.
rá sujeição às penalidades da lei. Em caso de custeio/cria-
ção pelo Estado que seja inferior a 50% do patrimônio ou 20 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
Paulo: Método, 2011.
receita anual, a legislação ainda se aplica. Entretanto, nes-
tes dois casos, a sanção patrimonial se limitará ao que o 21 Ibid.
ilícito repercutiu sobre a contribuição dos cofres públicos. 22 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
Significa que se o prejuízo causado for maior que a efetiva
contribuição por parte do poder público, o ressarcimento 23 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade ad-
ministrativa: desonestidade na gestão dos recursos públicos. Disponí-
terá que ser buscado por outra via que não a ação de im- vel em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.
probidade administrativa. area=398&tmp.texto=103422>. Acesso em: 26 mar. 2013.
19 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematiza- 24 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
do. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
18
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O ponto central é lembrar que neste artigo não se exi- mento ilícito, devendo o valor adquirido ser tomado pelo
ge que o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevi- Estado). Já no artigo 11, o máximo que pode ocorrer é o
das, basta o dano ao erário. Se tiver recebido vantagem dano ao erário, com o devido ressarcimento. Além disso,
indevida, incide no artigo anterior. Exceto pela não per- em todos os casos há perda da função pública. Nas três
cepção da vantagem indevida, os tipos exemplificados se categorias, são estabelecidas sanções de suspensão dos
aproximam muito dos previstos nos incisos do art. 9°. direitos políticos, multa e vedação de contratação ou per-
c) Ato de improbidade administrativa que atente cepção de vantagem, graduadas conforme a gravidade do
contra os princípios da administração pública (artigo ato. É o que se depreende da leitura do artigo 12 da Lei nº
11, Lei nº 8.429/1992) 8.929/1992 como §4º do artigo 37, CF, que prevê: “Os atos
Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “cons- de improbidade administrativa importarão a suspensão
titui ato de improbidade administrativa que atenta contra dos direitos políticos, a perda da função pública, a in-
os princípios da administração pública qualquer ação ou disponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
omissão que viole os deveres de honestidade, imparciali- na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
dade, legalidade, e lealdade às instituições [...]”. O grupo penal cabível”.
mais ameno de atos de improbidade administrativa se A única sanção que se encontra prevista na Lei nº
caracteriza pela simples violação a princípios da admi- 8.429/1992 mas não na Constituição Federal é a de mul-
nistração pública, ou seja, aplica-se a qualquer atitude do ta. (art. 37, §4°, CF). Não há nenhuma inconstitucionalidade
sujeito ativo que viole os ditames éticos do serviço público. disto, pois nada impediria que o legislador infraconstitu-
Isto é, o legislador pretende a preservação dos princípios cional ampliasse a relação mínima de penalidades da Cons-
gerais da administração pública25. tituição, pois esta não limitou tal possibilidade e porque a
O objeto de tutela são os princípios constitucionais. lei é o instrumento adequado para tanto26.
Basta a vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis Carvalho Filho27 tece considerações a respeito de algu-
o enriquecimento ilícito e o dano ao erário. Somente é pos- mas das sanções:
sível a prática de algum destes atos com dolo (intenção), - Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre
embora caiba a prática por ação ou omissão.
os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade.
Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalidade
Se alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria
para não permitir a caracterização de abuso de poder, dian-
sem escora constitucional. Além disso, o acréscimo deve
te do conteúdo aberto do dispositivo. Na verdade, trata-
derivar de origem ilícita”.
se de tipo subsidiário, ou seja, que se aplica quando o ato
- Ressarcimento integral do dano: há quem entenda
de improbidade administrativa não tiver gerado obtenção
que engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção mo-
de vantagem
netária e juros de mora.
Com efeito, os atos de improbidade administrativa não
são crimes de responsabilidade. Trata-se de punição na - Perda de função pública: “se o agente é titular de
esfera cível, não criminal. Por isso, caso o ato configure mandato, a perda se processa pelo instrumento de cassa-
simultaneamente um ato de improbidade administrativa ção. Sendo servidor estatutário, sujeitar-se-á à demissão
desta lei e um crime previsto na legislação penal, o que do serviço público. Havendo contrato de trabalho (servido-
é comum no caso do artigo 9°, responderá o agente por res trabalhistas e temporários), a perda da função pública
ambos, nas duas esferas. se consubstancia pela rescisão do contrato com culpa do
Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte empregado. No caso de exercer apenas uma função públi-
forma: inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito pas- ca, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação
sivo) e daqueles que podem praticar os atos de improbida- da designação”. Lembra-se que determinadas autoridades
de administrativa (sujeito ativo); ainda, aborda a reparação se sujeitam a procedimento especial para perda da função
do dano ao lesionado e o ressarcimento ao patrimônio pú- pública, ponto em que não se aplica a Lei de Improbidade
blico; após, traz a tipologia dos atos de improbidade ad- Administrativa.
ministrativa, isto é, enumera condutas de tal natureza; se- - Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo,
guindo-se à definição das sanções aplicáveis; e, finalmente, mas flexibilidade dentro deste limite, podendo os julga-
descreve os procedimentos administrativo e judicial. dos nesta margem optar pela mais adequada. Há ainda
No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente ob- variabilidade na base de cálculo, conforme o tipo de ato
tém um enriquecimento ilícito (vantagem econômica inde- de improbidade (a base será o valor do enriquecimento ou
vida) e pode ainda causar dano ao erário, por isso, deverá o valor do dano ou o valor da remuneração do agente). A
não só reparar eventual dano causado mas também co- natureza da multa é de sanção civil, não possuindo caráter
locar nos cofres públicos tudo o que adquiriu indevida- indenizatório, mas punitivo.
mente. Ou seja, poderá pagar somente o que enriqueceu - Proibição de receber benefícios: não se incluem as
indevidamente ou este valor acrescido do valor do prejuízo imunidades genéricas e o agente punido deve ser ao me-
causado aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou nos sócio majoritário da instituição vitimada.
deixou de ganhar). No caso do artigo 10, não haverá en- - Proibição de contratar: o agente punido não pode
riquecimento ilícito, mas sempre existirá dano ao erário, o participar de processos licitatórios.
qual será reparado (eventualmente, ocorrerá o enriqueci- 26 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
25 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
Paulo: Método, 2011. 27 Ibid.
19
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Seção III
DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDE-
2. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO.
RAL E DOS TERRITÓRIOS
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18,
2.1. TÍTULO I – DOS FUNDAMENTOS
de 1998) DO ESTADO.
20
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 7º - São símbolos do Estado a bandeira, o brasão - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 12, de
de armas e o hino. 28/6/2001.
Artigo 8º - Além dos indicados no artigo 26 da Consti- Artigo 11 - Os membros da Mesa e seus substitutos
tuição Federal, incluem-se entre os bens do Estado os terre- serão eleitos para um mandato de dois anos.
nos reservados às margens dos rios e lagos do seu domínio. § 1º - A eleição far-se-á, em primeiro escrutínio, pela
maioria absoluta da Assembleia Legislativa.
CAPÍTULO II § 2º - É vedada a recondução para o mesmo cargo na
Do Poder Legislativo eleição imediatamente subsequente.
SEÇÃO I Artigo 12 - Na constituição da Mesa e das Comissões
Da Organização do Poder Legislativo assegurar-se-á, tanto quanto possível, a representação pro-
porcional dos partidos políticos com assento na Assembleia
Artigo 9º - O Poder Legislativo é exercido pela Assem- Legislativa.
bleia Legislativa, constituída de Deputados, eleitos e investi- Artigo 13 - A Assembleia Legislativa terá Comissões
dos na forma da legislação federal, para uma legislatura de permanentes e temporárias, na forma e com as atribuições
quatro anos. previstas no Regimento Interno.
§ 1º - A Assembleia Legislativa reunir-se-á, em sessão le- § 1º - Às comissões, em razão da matéria de sua com-
gislativa anual, independentemente de convocação, de 1º de petência, cabe:
fevereiro a 30 de junho e de 1º de agosto a 15 de dezembro. 1 - discutir e votar projetos de lei que dispensarem, na
§ 2º - No primeiro ano da legislatura, a Assembleia Legis- forma do Regimento Interno, a competência do Plenário,
lativa reunir-se-á, da mesma forma, em sessões preparatórias, salvo se houver, para decisão deste, requerimento de um
a partir de 15 de março, para a posse de seus membros e
décimo dos membros da Assembleia Legislativa;
eleição da Mesa. (NR)
2 - convocar Secretário de Estado, sem prejuízo do dis-
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de
posto no artigo 52-A, para prestar pessoalmente, no prazo
11/11/1996.
de 30 (trinta dias), informações sobre assunto previamente
§ 3º - As reuniões marcadas para as datas fixadas no §
determinado, importando crime de responsabilidade a au-
1º serão transferidas para o primeiro dia útil subsequente,
sência sem justificação adequada; (NR)
quando recaírem em sábado, domingo ou feriado.
-item 2 acrescentado pela Emenda Constitucional nº 27,
§ 4º - A sessão legislativa não será interrompida sem
aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias e de 15 /6/2009.
sem deliberação sobre o projeto de lei do orçamento e sobre 3 - convocar dirigentes de autarquias, empresas públi-
as contas prestadas pelo Governador, referentes ao exercício cas, sociedades de economia mista e fundações instituídas
anterior. (NR) ou mantidas pelo Poder Público, para prestar informações
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de sobre assuntos de área de sua competência, previamente
18/12/1998. determinados, no prazo de trinta dias, sujeitando-se, pelo
§ 5º - A convocação extraordinária da Assembleia Legis- não comparecimento sem justificação adequada, às penas
lativa far-se-á: da lei;
1 - pelo Presidente, nos seguintes casos: 4 - convocar o Procurador-Geral de Justiça, o Procura-
a) decretação de estado de sítio ou de estado de defesa dor-Geral do Estado e o Defensor Público Geral, para prestar
que atinja todo ou parte do território estadual; informações a respeito de assuntos previamente fixados, re-
b) intervenção no Estado ou em Município; lacionados com a respectiva área;
c) recebimento dos autos de prisão de Deputado, na hi- 5 - acompanhar a execução orçamentária;
pótese de crime inafiançável. 6 - realizar audiências públicas dentro ou fora da sede
2 - pela maioria absoluta dos membros da Assembleia do Poder Legislativo;
Legislativa ou pelo Governador, em caso de urgência ou inte- 7 - receber petições, reclamações, representações ou
resse público relevante. queixas, de qualquer pessoa contra atos ou omissões das
§ 6º - Na sessão legislativa extraordinária, a Assembleia autoridades ou entidades públicas;
Legislativa somente deliberará sobre a matéria para a qual 8 - velar pela completa adequação dos atos do Poder
foi convocada, vedado o pagamento de parcela indenizatória Executivo que regulamentem dispositivos legais;
de valor superior ao subsídio mensal. (NR) 9 - tomar o depoimento de autoridade e solicitar o de
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de cidadão;
14/2/2006. 10 - fiscalizar e apreciar programas de obras, planos es-
Artigo 10 – A Assembleia Legislativa funcionará em ses- taduais, regionais e setoriais de desenvolvimento e, sobre
sões públicas, presente, nas sessões deliberativas, pelo menos eles, emitir parecer;
um quarto de seus membros e, nas sessões exclusivamente 11 - convocar representantes de empresa resultante
de debates, pelo menos um oitavo de seus membros.” (NR) de sociedade desestatizada e representantes de empresa
§ 1º - Salvo disposição constitucional em contrário, as prestadora de serviço público concedido ou permitido, para
deliberações da Assembleia Legislativa e de suas Comissões prestar informações sobre assuntos de sua área de compe-
serão tomadas por maioria de votos, presente a maioria ab- tência, previamente determinados, no prazo de 30 (trinta)
soluta de seus membros. dias, sujeitando-se, pelo não comparecimento sem adequa-
§ 2º - O voto será público. (NR) da justificação, às penas da lei. (NR)
21
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
- Item acrescentado pela Emenda Constitucional nº 10, § 6º - Os Deputados não serão obrigados a testemunhar
de 20/2/2001. sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exer-
§ 2º - As comissões parlamentares de inquérito, que te- cício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram
rão poderes de investigação próprios das autoridades judi- ou deles receberam informações. (NR)
ciais, além de outros previstos no Regimento Interno, serão - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de
criadas mediante requerimento de um terço dos membros 12/3/2002.
da Assembleia Legislativa, para apuração de fato determi- § 7º - A incorporação às Forças Armadas de Deputados,
nado e por prazo certo, sendo suas conclusões, quando for embora militares e ainda que em tempo de guerra, depende-
o caso, encaminhadas aos órgãos competentes do Estado rá de prévia licença da Assembleia Legislativa. (NR)
para que promovam a responsabilidade civil e criminal de - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de
quem de direito. 12/3/2002.
§ 3º - O Regimento Interno disporá sobre a competência § 8º - As imunidades de Deputados subsistirão durante o
da comissão representativa da Assembleia Legislativa que estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de
funcionará durante o recesso, quando não houver convoca- dois terços dos membros da Assembleia Legislativa, nos casos
ção extraordinária. de atos praticados fora do recinto dessa Casa, que sejam in-
§ 4º – Aplicam-se ao Conselho de Defesa das Prerro- compatíveis com a execução da medida. (NR)
gativas Parlamentares da Assembleia Legislativa as compe- - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14,
tências previstas nos itens 2, 3, 7 e 11 do § 1º deste artigo, de 12/03/2002.
para apuração de fatos e informações estritamente afetos à § 9º - O Deputado ou Deputada, sempre que represen-
inobservância ou infringência das prerrogativas das Deputa- tando uma das Comissões Permanentes ou a Assembleia Le-
das e Deputados. gislativa, neste último caso mediante deliberação do Plenário,
terá livre acesso às repartições públicas, podendo diligenciar
SEÇÃO II pessoalmente junto aos órgãos da administração direta e in-
Dos Deputados direta, sujeitando-se os respectivos responsáveis às sanções
civis, administrativas e penais previstas em lei, na hipótese de
Artigo 14 - Os Deputados são invioláveis, civil e pe- recusa ou omissão. (NR)
nalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28 de
(NR) 2/9/2009.
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de § 9º-A - Em cumprimento a decisão de comissão parla-
12/3/2002. mentar de inquérito ou de comissão permanente da Assem-
§ 1º - Os Deputados, desde a expedição do diploma, bleia Legislativa, o Deputado poderá diligenciar pessoalmen-
serão submetidos a julgamento perante o Tribunal de Jus- te junto aos órgãos da administração direta e indireta, e às
tiça. (NR) Agências Reguladoras, devendo ser atendido pelos respecti-
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de vos responsáveis. (NR)
14/2/2006. - Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional nº
§ 2º - Desde a expedição do diploma, os membros da 24, de 23/1/2008.
Assembleia Legislativa não poderão ser presos, salvo em § 10 - No caso de inviolabilidade por quaisquer opiniões,
flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão palavras, votos e manifestações verbais ou escritas de depu-
remetidos dentro de vinte e quatro horas à Assembleia Le- tado em razão de sua atividade parlamentar, impende-se o
gislativa, para que, pelo voto da maioria de seus membros, arquivamento de inquérito policial e o imediato não-conhe-
resolva sobre a prisão. (NR) cimento de ação civil ou penal promovida com inobservância
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de deste direito do Poder Legislativo, independentemente de
12/3/2002. prévia comunicação ao deputado ou à Assembleia Legislativa.
§ 3º - Recebida a denúncia contra Deputado, por cri- (NR)
me ocorrido após a diplomação, o Tribunal de Justiça dará - Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional nº
ciência à Assembleia Legislativa que, por iniciativa de partido 15, de 15/5/2002.
político nela representado e pelo voto da maioria de seus § 11 - Salvo as hipóteses do § 10, os procedimentos inves-
membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento tigatórios e as suas diligências de caráter instrutório somen-
da ação. (NR) te serão promovidos perante o Tribunal de Justiça, e sob seu
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de controle, a quem caberá ordenar toda e qualquer providência
12/3/2002. necessária à obtenção de dados probatórios para demonstra-
§ 4º - O pedido de sustação será apreciado pela Assem- ção de alegado delito de deputado. (NR)
bleia Legislativa no prazo improrrogável de quarenta e cinco - Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional nº
dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. (NR) 15, de 15/5/2002.
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de Artigo 15 - Os Deputados não poderão:
12/3/2002. I - desde a expedição do diploma:
§ 5º - A sustação do processo suspende a prescrição, a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de di-
enquanto durar o mandato. (NR) reito público, autarquia, empresa pública, sociedade de eco-
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de nomia mista ou empresa concessionária de serviço público,
12/03/2002. salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;
22
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remune- § 3º - Na hipótese do inciso I deste artigo, o Deputado po-
rado, incluindo os de que sejam demissíveis “ad nutum”, nas derá optar pelo subsídio fixado aos parlamentares estaduais. (NR)
entidades constantes da alínea anterior; - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
II - desde a posse: 14/2/2006.
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empre- Artigo 18 - O subsídio dos Deputados Estaduais será
sa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa ju- fixado por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão
rídica de direito público, ou nela exercer função remunerada; de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele estabe-
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis “ad lecido, em espécie, para os Deputados Federais, observado
nutum”, nas entidades referidas na alínea “a” do inciso I; o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153,
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das § 2º, I, da Constituição Federal. (NR)
entidades a que se refere a alínea “a” do inciso I; - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato eletivo 14/2/2006.
federal, estadual ou municipal. Parágrafo único - Os Deputados farão declaração públi-
Artigo 16 - Perderá o mandato o Deputado: ca de bens, no ato da posse e no término do mandato.
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no
artigo anterior; SEÇÃO III
II - cujo procedimento for declarado incompatível com o Das Atribuições do Poder Legislativo
decoro parlamentar;
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, Artigo 19 - Compete à Assembleia Legislativa, com a
à terça-parte das sessões ordinárias, salvo licença ou missão sanção do Governador, dispor sobre todas as matérias de
autorizada pela Assembleia Legislativa; competência do Estado, ressalvadas as especificadas no art.
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; 20, e especialmente sobre:
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previs- I - sistema tributário estadual, instituição de impostos,
tos na Constituição Federal; taxas, contribuições de melhoria e contribuição social;
VI - que sofrer condenação criminal em sentença transi-
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamen-
tada em julgado, nos crimes apenados com reclusão, atenta-
to anual, operações de crédito, dívida pública e empréstimos
tórios ao decoro parlamentar. (NR)
externos, a qualquer título, pelo Poder Executivo;
- Inciso acrescentado pela Emenda Constitucional nº 18,
III - criação, transformação e extinção de cargos, empre-
de 30/3/2004.
gos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 47,
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos
XIX, “b”; (NR)
casos definidos no Regimento Interno, o abuso das prerroga-
tivas asseguradas ao Deputado ou a percepção de vantagens - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
indevidas. 14/2/2006.
§ 2º - Nos casos dos incisos I, II e VI deste artigo, a per- IV - autorização para a alienação de bens imóveis do Es-
da do mandato será decidida pela Assembleia Legislativa, por tado ou a cessão de direitos reais a eles relativos, bem como
votação nominal e maioria absoluta, mediante provocação da o recebimento, pelo Estado, de doações com encargo, não se
Mesa ou de partido político representado no Legislativo, as- considerando como tal a simples destinação específica do bem;
segurada ampla defesa. (NR) V - autorização para cessão ou para concessão de uso
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 11, de de bens imóveis do Estado para particulares, dispensado o
28/6/2001. consentimento nos casos de permissão e autorização de uso,
§ 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será outorgada a título precário, para atendimento de sua desti-
declarada pela Mesa, de ofício ou mediante provocação de nação específica;
qualquer dos membros da Assembleia Legislativa ou de parti- VI - criação e extinção de Secretarias de Estado e órgãos
do político nela representado, assegurada ampla defesa. da administração pública; (NR)
Artigo 17 - Não perderá o mandato o Deputado: - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
I - investido na função de Ministro de Estado, Governa- 14/2/2006.
dor de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de VII - bens do domínio do Estado e proteção do patrimô-
Território, de Prefeitura de Capital ou Chefe de Missão Diplo- nio público;
mática temporária; VIII - organização administrativa, judiciária, do Ministé-
II - licenciado pela Assembleia Legislativa por motivo de rio Público, da Defensoria Pública e da Procuradoria Geral do
doença ou para tratar, sem subsídio, de interesse particular, Estado;
desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e IX - normas de direito financeiro.
vinte dias por sessão legislativa. (NR) Artigo 20 - Compete exclusivamente à Assembleia Le-
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de gislativa:
14/2/2006. I - eleger a Mesa e constituir as comissões;
§ 1º - O Suplente será convocado nos casos de vaga, com II - elaborar seu Regimento Interno;
a investidura nas funções previstas neste artigo ou de licença III- dispor sobre a organização de sua Secretaria, funcio-
superior a cento e vinte dias. namento, polícia, criação, transformação ou extinção dos car-
§ 2º - Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á gos, empregos e funções de seus serviços ea iniciativa de lei
eleição, se faltarem mais de quinze meses para o término do para fixação da respectiva remuneração, observados os parâ-
mandato. metros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (NR)
23
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de
14/2/2006. 23/1/2008.
IV - dar posse ao Governador e ao Vice-Governador XVII - declarar a perda do mandato do Governador;
eleitos e conceder-lhes licença para ausentar-se do Estado, XVIII - autorizar referendo e convocar plebiscito, exceto
por mais de quinze dias; nos casos previstos nesta Constituição;
V - apresentar projeto de lei para fixar, para cada exercí- XIX - autorizar ou aprovar convênios, acordos ou con-
cio financeiro, os subsídios do Governador, do Vice-Gover- tratos de que resultem para o Estado encargos não previstos
nador, dos Secretários de Estado e dos Deputados Estaduais; na lei orçamentária;
(NR) XX - mudar temporariamente sua sede;
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, XXI - zelar pela preservação de sua competência legis-
de 8/4/2005. lativa em face da atribuição normativa de outros Poderes;
VI - tomar e julgar, anualmente, as contas prestadas pela XXII - solicitar intervenção federal, se necessário, para
Mesa da Assembleia Legislativa, pelo Governador e pelo assegurar o livre exercício de suas funções;
Presidente do Tribunal de Justiça, respectivamente do Poder XXIII - destituir o Procurador-Geral de Justiça, por deli-
Legislativo, do Poder Executivo e do Poder Judiciário, e apre- beração da maioria absoluta de seus membros;
ciar os relatórios sobre a execução dos Planos de Governo; XXIV – solicitar ao Governador, na forma do Regimento
VII - decidir, quando for o caso, sobre intervenção esta- Interno, informações sobre atos de sua competência privati-
dual em Município; va, bem como ao Presidente do Tribunal de Justiça, informa-
VIII - autorizar o Governador a efetuar ou contrair em- ções de natureza eminentemente administrativa;
préstimos, salvo com Município do Estado, suas entidades (**) Redação dada pela Emenda Constitucional nº
descentralizadas e órgãos ou entidades federais; 41, de 17 de setembro de 2015
IX - sustar os atos normativos do Poder Executivo que XXV - receber a denúncia e promover o respectivo pro-
exorbitem do poder regulamentar; cesso, no caso de crime de responsabilidade do Governador
X - fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo, in- do Estado;
clusive os da administração descentralizada; XXVI - apreciar, anualmente, as contas do Tribunal de
XI - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas.
Contas do Estado, após arguição em sessão pública;
XII - aprovar previamente, após arguição em sessão pú- SEÇÃO IV
blica, a escolha dos titulares dos cargos de Conselheiros do Do Processo Legislativo
Tribunal de Contas, indicados pelo Governador do Estado;
(NR) Artigo 21 - O processo legislativo compreende a ela-
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 12, de boração de:
28/6/2001. I - emenda à Constituição;
XIII - suspender, no todo ou em parte, a execução de II - lei complementar;
lei ou ato normativo declarado inconstitucional em decisão III - lei ordinária;
irrecorrível do Tribunal de Justiça; IV - decreto legislativo;
XIV - convocar Secretários de Estado, dirigentes, direto- V - resolução.
res e Superintendentes de órgãos da administração pública Artigo 22 - A Constituição poderá ser emendada me-
indireta e fundacional e Reitores das universidades públicas diante proposta:
estaduais para prestar, pessoalmente, informações sobre as- I - de um terço, no mínimo, dos membros da Assembleia
suntos previamente determinados, no prazo de trinta dias, Legislativa;
importando crime de responsabilidade a ausência sem jus- II - do Governador do Estado;
tificativa; (NR) III - de mais de um terço das Câmaras Municipais do Es-
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 9, de tado, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa
19/5/2000. de seus membros;
XV - convocar o Procurador-Geral de Justiça, o Procura- IV - de cidadãos, mediante iniciativa popular assinada,
dor-Geral do Estado e o Defensor Público Geral, para prestar no mínimo, por um por cento dos eleitores.
informações sobre assuntos previamente determinados, no § 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vi-
prazo de trinta dias, sujeitando-se às penas da lei, na ausên- gência de estado de defesa ou de estado de sítio.
cia sem justificativa; § 2º - A proposta será discutida e votada em dois tur-
XVI - requisitar informações dos Secretários de Estado, nos, considerando-se aprovada quando obtiver, em ambas
dirigentes, diretores e superintendentes de órgãos da admi- as votações, o voto favorável de três quintos dos membros
nistração pública indireta e fundacional, do Procurador-Ge- da Assembleia Legislativa.
ral de Justiça, dos Reitores das universidades públicas esta- § 3º - A emenda à Constituição será promulgada pela
duais e dos diretores de Agência Reguladora sobre assunto Mesa da Assembleia Legislativa, com o respectivo número
relacionado com sua pasta ou instituição, importando crime de ordem.
de responsabilidade não só a recusa ou o não atendimento, § 4º - A matéria constante de proposta de emenda re-
no prazo de trinta dias, bem como o fornecimento de infor- jeitada não poderá ser objeto de nova proposta na mesma
mações falsas; (NR) sessão legislativa.
24
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 23 - As leis complementares serão aprovadas - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
pela maioria absoluta dos membros da Assembleia Legis- 14/2/2006.
lativa, observados os demais termos da votação das leis or- 3 - organização da Procuradoria Geral do Estado e da Defen-
dinárias. soria Pública do Estado, observadas as normas gerais da União;
Parágrafo único - Para os fins deste artigo consideram- 4 - servidores públicos do Estado, seu regime jurídico,
se complementares: provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; (NR)
1 - a Lei de Organização Judiciária; - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
2 - a Lei Orgânica do Ministério Público; 14/2/2006.
3 - a Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Estado; 5 - militares, seu regime jurídico, provimento de cargos,
4 - a Lei Orgânica da Defensoria Pública; promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferên-
5 - a Lei Orgânica da Polícia Civil; cia para inatividade, bem como fixação ou alteração do efetivo
6 - a Lei Orgânica da Polícia Militar; da Polícia Militar; (NR)
7 - a Lei Orgânica do Tribunal de Contas; - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
8 - a Lei Orgânica das Entidades Descentralizadas; 14/2/2006.
9 - a Lei Orgânica do Fisco Estadual; 6 - criação, alteração ou supressão de cartórios notariais e
10 - os Estatutos dos Servidores Civis e dos Militares; de registros públicos.
11 - o Código de Educação; § 3º - O exercício direto da soberania popular realizar-se-á
12 - o Código de Saúde; da seguinte forma:
13 - o Código de Saneamento Básico; 1 - a iniciativa popular pode ser exercida pela apresenta-
14 - o Código de Proteção ao Meio Ambiente; ção de projeto de lei subscrito por, no mínimo, cinco décimos
15 - o Código Estadual de Proteção contra Incêndios e de unidade por cento do eleitorado do Estado, assegurada a
Emergências; defesa do projeto, por representante dos respectivos respon-
16 - a Lei sobre Normas Técnicas de Elaboração Legis- sáveis, perante as comissões pelas quais tramitar;
lativa; 2 - um por cento do eleitorado do Estado poderá requerer
17 - a Lei que institui regiões metropolitanas, aglomera- à Assembleia Legislativa a realização de referendo sobre lei;
ções urbanas e microrregiões; 3 - as questões relevantes aos destinos do Estado poderão
18 - a Lei que impuser requisitos para a criação, a incor- ser submetidas a plebiscito, quando, pelo menos um por cento
poração, a fusão e o desmembramento de Municípios ou do eleitorado o requerer ao Tribunal Regional Eleitoral, ouvida
para a sua classificação como estância de qualquer natureza. a Assembleia Legislativa;
Artigo 24 - A iniciativa das leis complementares e ordi- 4 - o eleitorado referido nos itens anteriores deverá estar
nárias cabe a qualquer membro ou comissão da Assembleia distribuído em, pelo menos, cinco dentre os quinze maiores
Legislativa, ao Governador do Estado, ao Tribunal de Justiça, Municípios com não menos de dois décimos de unidade por
ao Procurador-Geral de Justiça e aos cidadãos, na forma e cento de eleitores em cada um deles;
nos casos previstos nesta Constituição. 5 - não serão suscetíveis de iniciativa popular matérias de
§ 1º - Compete, exclusivamente, à Assembleia Legislati- iniciativa exclusiva, definidas nesta Constituição;
va a iniciativa das leis que disponham sobre: 6 - o Tribunal Regional Eleitoral, observada a legislação
1 - criação, incorporação, fusão e desmembramento de federal pertinente, providenciará a consulta popular prevista
Municípios; nos itens 2 e 3, no prazo de sessenta dias.
2 - regras de criação, organização e supressão de distri- § 4º - Compete, exclusivamente, ao Tribunal de Justiça a
tos nos Municípios. (NR) iniciativa das leis que disponham sobre:
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 2, de 1 - criação e extinção de cargos e a remuneração dos seus
21/2/1995. serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem
3 - subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes,
Secretários de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, incluído o Tribunal de Justiça Militar; (NR)
XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I, da Constituição Fe- - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
deral. (NR) 14/2/2006.
- Item acrescentado pela Emenda Constitucional nº 21, 2 - organização e divisão judiciárias, bem como criação,
de 14/2/2006. alteração ou supressão de ofícios e cartórios judiciários.
4 - declaração de utilidade pública de entidades de di- § 5º - Não será admitido o aumento da despesa prevista:
reito privado. (NR) 1 - nos projetos de iniciativa exclusiva do Governador, res-
- Item acrescentado pela Emenda Constitucional nº 24, salvado o disposto no art. 174, §§ 1º e 2º;
de 23/1/2008. 2 - nos projetos sobre organização dos serviços adminis-
§ 2º - Compete, exclusivamente, ao Governador do Esta- trativos da Assembleia Legislativa, do Poder Judiciário e do Mi-
do a iniciativa das leis que disponham sobre: nistério Público.
1 - criação e extinção de cargos, funções ou empregos § 6º – A atribuição de denominação de próprio públi-
públicos na administração direta e autárquica, bem como a co dar-se-á concorrentemente pela Assembleia Legislativa e
fixação da respectiva remuneração; Governador do Estado, na forma de legislação competente a
2 - criação e extinção das Secretarias de Estado e órgãos cada um, atendidas as regras da legislação específica.
da administração pública, observado o disposto no art. 47, (**) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 43,
XIX; (NR) de 10 de novembro de 2016
25
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
26
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
SEÇÃO VII X - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote
Da Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária as providências necessárias ao exato cumprimento da lei,
se verificada a ilegalidade;
Artigo 32 - A fiscalização contábil, financeira, orçamen- XI - sustar, se não atendido, a execução do ato impug-
tária, operacional e patrimonial do Estado, das entidades da nado, comunicando a decisão à Assembleia Legislativa;
administração direta e indireta e das fundações instituídas ou XII - representar ao Poder competente sobre irregula-
mantidas pelo Poder Público, quanto à legalidade, legitimi- ridades ou abusos apurados;
dade, economicidade, aplicação de subvenções e renúncia XIII - emitir parecer sobre a prestação anual de contas
de receitas, será exercida pela Assembleia Legislativa, me- da administração financeira dos Municípios, exceto a dos
diante controle externo, e pelo sistema de controle interno que tiverem Tribunal próprio;
de cada Poder. XIV - comunicar à Assembleia Legislativa qualquer ir-
Parágrafo único - Prestará contas qualquer pessoa física regularidade verificada nas contas ou na gestão públicas,
ou jurídica, de direito público ou de direito privado que uti- enviando-lhe cópia dos respectivos documentos.
lize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens § 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será ado-
e valores públicos ou pelos quais o Estado responda, ou que, tado diretamente pela Assembleia Legislativa que solicita-
em nome deste, assuma obrigações de natureza pecuniária. rá, de imediato, ao Poder Executivo, as medidas cabíveis.
Artigo 33 - O controle externo, a cargo da Assembleia § 2º - Se a Assembleia Legislativa ou o Poder Executivo,
Legislativa, será exercido com auxílio do Tribunal de Contas no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas
do Estado, ao qual compete: no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Gover- § 3º - O Tribunal encaminhará à Assembleia Legislativa,
nador do Estado, mediante parecer prévio que deverá ser trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
elaborado em sessenta dias, a contar do seu recebimento; Artigo 34 - A Comissão a que se refere o art. 33, inciso
II - julgar as contas dos administradores e demais res- V, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda
ponsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da adminis- que sob a forma de investimentos não programados ou
de subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade
tração direta e autarquias, empresas públicas e sociedades de
governamental responsável que, no prazo de cinco dias,
economia mista, incluídas as fundações instituídas ou man-
preste os esclarecimentos necessários.
tidas pelo Poder Público estadual, e as contas daqueles que
§ 1º - Não prestados os esclarecimentos, ou conside-
derem perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
rados esses, insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal
prejuízo ao erário;
pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos
trinta dias.
de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração § 2º - Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Co-
direta e autarquias, empresas públicas e empresas de eco- missão, se julgar que o gasto possa causar dano irreparável
nomia mista, incluídas as fundações instituídas ou mantidas ou grave lesão à economia pública, proporá à Assembleia
pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de Legislativa sua sustação.
provimento em comissão, bem como a das concessões de Artigo 35 - Os Poderes Legislativo, Executivo e Judi-
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melho- ciário manterão, de forma integrada, sistema de controle
rias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato interno com a finalidade de:
concessório; I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano
IV - avaliar a execução das metas previstas no plano plu- plurianual, a execução dos programas de governo e dos
rianual, nas diretrizes orçamentárias e no orçamento anual; orçamentos do Estado;
V - realizar, por iniciativa própria, da Assembleia Legisla- II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados
tiva, de comissão técnica ou de inquérito, inspeções e audito- quanto à eficácia e eficiência da gestão orçamentária, fi-
ria de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacio- nanceira e patrimonial nos órgãos e entidades da adminis-
nal e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes tração estadual, bem como da aplicação de recursos públi-
Legislativo, Executivo e Judiciário, do Ministério Público e cos por entidades de direito privado;
demais entidades referidas no inciso II; III - exercer o controle sobre o deferimento de van-
VI - fiscalizar as aplicações estaduais em empresas de tagens e a forma de calcular qualquer parcela integrante
cujo capital social o Estado participe de forma direta ou indi- do subsídio, vencimento ou salário de seus membros ou
reta, nos termos do respectivo ato constitutivo; servidores; (NR)
VII - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repas- - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
sados ao Estado e pelo Estado, mediante convênio, acordo, 14/2/2006.
ajuste ou outros instrumentos congêneres; IV - exercer o controle das operações de crédito, avais
VIII - prestar as informações solicitadas pela Assembleia e garantias, bem como dos direitos e haveres do Estado;
Legislativa ou por comissão técnica sobre a fiscalização con- V - apoiar o controle externo, no exercício de sua mis-
tábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e são institucional.
sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; § 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao toma-
IX - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de rem conhecimento de qualquer irregularidade, ilegalidade,
despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em ou ofensa aos princípios do artigo 37 da Constituição Fe-
lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa propor- deral, dela darão ciência ao Tribunal de Contas do Estado,
cional ao dano causado ao erário; sob pena de responsabilidade solidária.
27
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 2º - Qualquer cidadão, partido político, associação Artigo 113 - A lei deverá fixar prazos para a prática
ou entidade sindical é parte legítima para, na forma da lei, dos atos administrativos e estabelecer recursos adequados
denunciar irregularidades ao Tribunal de Contas ou à As- à sua revisão, indicando seus efeitos e forma de processa-
sembleia Legislativa. mento.
Artigo 36 - O Tribunal de Contas prestará suas contas, Artigo 114 - A administração é obrigada a fornecer a
anualmente, à Assembleia Legislativa, no prazo de sessenta qualquer cidadão, para a defesa de seus direitos e esclare-
dias, a contar da abertura da sessão legislativa. cimentos de situações de seu interesse pessoal, no prazo
máximo de dez dias úteis, certidão de atos, contratos, deci-
sões ou pareceres, sob pena de responsabilidade da auto-
ridade ou servidor que negar ou retardar a sua expedição.
2.3. TÍTULO III – DA ORGANIZAÇÃO DO No mesmo prazo deverá atender às requisições judiciais, se
ESTADO: CAPÍTULO I – DA ADMINISTRAÇÃO outro não for fixado pela autoridade judiciária.
PÚBLICA: SEÇÃO I – DISPOSIÇÕES GERAIS: Artigo 115 - Para a organização da administração pú-
ARTIGOS 111 A 114, E 115 CAPUT E INCISOS I blica direta e indireta, inclusive as fundações instituídas ou
A X, XVIII, XIX, XXIV, XXVI E XXVII; CAPÍTULO mantidas por qualquer dos Poderes do Estado, é obrigató-
II – DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO: rio o cumprimento das seguintes normas:
SEÇÃO I – DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS: I - os cargos, empregos e funções públicas são aces-
ARTIGO 124 “CAPUT”, E ARTIGOS 125 A síveis aos brasileiros que preenchem os requisitos estabe-
lecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da
137; SEÇÃO II – DOS SERVIDORES PÚBLICOS
lei; (NR)
MILITARES; CAPÍTULO III – DA SEGURANÇA
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
PÚBLICA: SEÇÃO I – DISPOSIÇÕES GERAIS; 14/2/2006.
SEÇÃO III – DA POLÍCIA MILITAR. II - a investidura em cargo ou emprego público depen-
de de aprovação prévia, em concurso público de provas ou
de provas e títulos, ressalvadas as nomeações para cargo
em comissão, declarado em lei, de livre nomeação e exo-
TÍTULO III neração;
Da Organização do Estado III - o prazo de validade do concurso público será de
CAPÍTULO I até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período. A
Da Administração Pública nomeação do candidato aprovado obedecerá à ordem de
SEÇÃO I classificação;
Disposições Gerais IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital
de convocação, o aprovado em concurso público de pro-
Artigo 111 - A administração pública direta, indireta vas ou de provas e títulos será convocado com priorida-
ou fundacional, de qualquer dos Poderes do Estado, obe- de sobre novos concursados para assumir cargo ou empre-
decerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mo- go, na carreira;
ralidade, publicidade, razoabilidade, finalidade, motivação, V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente
interesse público e eficiência. (NR) por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira
14/2/2006. nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em
Artigo 111-A – É vedada a nomeação de pessoas que lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e
se enquadram nas condições de inelegibilidade nos termos assessoramento; (NR)
da legislação federal para os cargos de Secretário de Estado, - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
Secretário-Adjunto, Procurador Geral de Justiça, Procurador 14/2/2006.
Geral do Estado, Defensor Público Geral, Superintendentes VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre
e Diretores de órgãos da administração pública indireta, associação sindical, obedecido o disposto no artigo 8º da
fundacional, de agências reguladoras e autarquias, Dele- Constituição Federal;
gado Geral de Polícia, Reitores das universidades públicas VII - o servidor e empregado público gozarão de es-
estaduais e ainda para todos os cargos de livre provimento tabilidade no cargo ou emprego desde o registro de sua
dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do Estado. candidatura para o exercício de cargo de representação
sindical ou no caso previsto no inciso XXIII deste artigo,
(**) Redação dada pela Emenda Constitucional nº até um ano após o término do mandato, se eleito, salvo se
34, de 21 de março de 2012 cometer falta grave definida em lei;
VIII - o direito de greve será exercido nos termos e nos
Artigo 112 - As leis e atos administrativos externos de- limites definidos em lei específica; (NR)
verão ser publicados no órgão oficial do Estado, para que - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
produzam os seus efeitos regulares. A publicação dos atos 14/2/2006.
não normativos poderá ser resumida.
28
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
29
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
3 - voluntariamente, desde que cumprido tempo míni- 1 - ao valor da totalidade dos proventos do servidor
mo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e falecido, até o limite máximo estabelecido para os benefí-
cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentado- cios do regime geral de previdência social de que trata o
ria, observadas as seguintes condições: art. 201 da Constituição Federal, acrescido de setenta por
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui- cento da parcela excedente a este limite, caso aposentado
ção, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta à data do óbito; ou
de contribuição, se mulher; 2 - ao valor da totalidade da remuneração do servidor
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessen- no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite
ta anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais máximo estabelecido para os benefícios do regime geral
ao tempo de contribuição. (NR) de previdência social de que trata o art. 201 da Constitui-
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de ção Federal, acrescido de setenta por cento da parcela ex-
14/2/2006. cedente a este limite, caso em atividade na data do óbito.
§ 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, (NR)
por ocasião de sua concessão, não poderão exceder a re- - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
muneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que 14/2/2006.
se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a § 8º - Declarado inconstitucional, em controle con-
concessão da pensão. (NR) centrado, pelo Supremo Tribunal Federal;
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de § 8º A - É assegurado o reajustamento dos benefícios
14/2/2006. para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real,
§ 3º - Para o cálculo dos proventos de aposentado- conforme critérios estabelecidos em lei. (NR)
ria, por ocasião da sua concessão, serão consideradas as - Redação dada pela Emenda Constitucional nº
remunerações utilizadas como base para as contribuições 21, de 14/2/2006.
do servidor aos regimes de previdência de que tratam este § 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou
artigo e o art. 201 da Constituição Federal, na forma da lei. municipal será contado para efeito de aposentadoria e o
(NR) tempo de serviço correspondente para efeito de disponi-
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de bilidade. (NR)
14/02/2006. - Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional
§ 4º - É vedada a adoção de requisitos e critérios dife- nº 21, de 14/2/2006.
renciados para a concessão de aposentadoria aos abran- § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
gidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, contagem de tempo de contribuição fictício. (NR)
nos termos definidos em leis complementares, os casos de - Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional
servidores: nº 21, de 14/2/2006.
1 - portadores de deficiência; § 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 115, XII, des-
2 - que exerçam atividades de risco; ta Constituição e do art. 37, XI, da Constituição Federal à
3 - cujas atividades sejam exercidas sob condições es- soma total dos proventos de inatividade, inclusive quando
peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. decorrentes da acumulação de cargos ou empregos públi-
(NR) cos, bem como de outras atividades sujeitas a contribuição
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de para o regime geral de previdência social, e ao montante
14/2/2006. resultante da adição de proventos de inatividade com re-
§ 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribui- muneração de cargo acumulável na forma desta Constitui-
ção serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto ção, cargo em comissão declarado em lei de livre nomea-
no § 1º, 3, “a”, para o professor que comprove exclusiva- ção e exoneração, e de cargo eletivo. (NR)
mente tempo de efetivo exercício das funções de magisté- - Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional
rio na educação infantil e no ensino fundamental e médio. nº 21, de 14/2/2006.
(NR) § 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de pre-
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de vidência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo
14/2/2006. observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados
§ 6º - Declarado inconstitucional, em controle con- para o regime geral de previdência social. (NR)
centrado, pelo Supremo Tribunal Federal; - Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional
§ 6º A - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes nº 21, de 14/2/2006.
dos cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é ve- § 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo
dada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone-
do regime de previdência previsto neste artigo. (NR) ração bem como de outro cargo temporário ou de empre-
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de go público, aplica-se o regime geral de previdência social.
14/2/2006. (NR)
§ 7º - Lei disporá sobre a concessão do benefício de - Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional
pensão por morte, que será igual: nº 21, de 14/02/2006.
30
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 14 - O Estado, desde que institua regime de previ- estabelecido para os benefícios do regime geral de previ-
dência complementar para os seus respectivos servidores dência social de que trata o art. 201 da Constituição Fede-
titulares de cargo efetivo, poderá fixar, para o valor das ral, quando o beneficiário, na forma da lei, for portador de
aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime doença incapacitante. (NR)
de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para - Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional
os benefícios do regime geral de previdência social de que nº 21, de 14/2/2006.
trata o art. 201 da Constituição Federal. (NR) § 22 - O servidor, após noventa dias decorridos da
- Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional apresentação do pedido de aposentadoria voluntária, ins-
nº 21, de 14/2/2006. truído com prova de ter completado o tempo de contribui-
§ 15 - O regime de previdência complementar de que ção necessário à obtenção do direito, poderá cessar o exer-
trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respec- cício da função pública, independentemente de qualquer
tivo Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e formalidade. (NR)
seus parágrafos, da Constituição Federal, no que couber, - Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional
por intermédio de entidades fechadas de previdência com- nº 21, de 14/2/2006.
plementar, de natureza pública, que oferecerão aos respec- Artigo 127 - Aplica-se aos servidores públicos esta-
tivos participantes planos de benefícios somente na moda- duais, para efeito de estabilidade, o disposto no art. 41 da
lidade de contribuição definida. (NR) Constituição Federal.
- Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional Artigo 128 - As vantagens de qualquer natureza só
nº 21, de 14/2/2006. poderão ser instituídas por lei e quando atendam efetiva-
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, mente ao interesse público e às exigências do serviço.
o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor Artigo 129 - Ao servidor público estadual é assegu-
que tiver ingressado no serviço público até a data da publi- rado o percebimento do adicional por tempo de servi-
cação do ato de instituição do correspondente regime de ço, concedido no mínimo, por quinquênio, e vedada a sua
previdência complementar. (NR) limitação, bem como a sexta-parte dos vencimentos inte-
- Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional grais, concedida aos vinte anos de efetivo exercício, que se
nº 21, de 14/2/2006. incorporarão aos vencimentos para todos os efeitos, ob-
§ 17 - Todos os valores de remuneração considerados servado o disposto no artigo 115, XVI, desta Constituição.
para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devida- Artigo 130 - Ao servidor será assegurado o direito de
mente atualizados, na forma da lei. (NR) remoção para igual cargo ou função, no lugar de residência
- Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional do cônjuge, se este também for servidor e houver vaga,
nº 21, de 14/2/2006. nos termos da lei.
§ 18 - Incidirá contribuição sobre os proventos de apo- Parágrafo único - O disposto neste artigo aplica-se
sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata também ao servidor cônjuge de titular de mandato eletivo
este artigo que superem o limite máximo estabelecido para estadual ou municipal.
os benefícios do regime geral de previdência social de que Artigo 131 - O Estado responsabilizará os seus ser-
trata o art. 201 da Constituição Federal, com percentual vidores por alcance e outros danos causados à adminis-
igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos tração, ou por pagamentos efetuados em desacordo com
efetivos. (NR) as normas legais, sujeitando-os ao sequestro e perdimento
- Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional dos bens, nos termos da lei.
nº 21, de 14/2/2006. Artigo 132 - Os servidores titulares de cargos efetivos
§ 19 - O servidor de que trata este artigo que tenha do Estado, incluídas suas autarquias e fundações, desde que
completado as exigências para aposentadoria voluntária tenham completado cinco anos de efetivo exercício, terão
estabelecidas no § 1º, 3, “a”, e que opte por permanecer em computado, para efeito de aposentadoria, nos termos da
atividade fará jus a um abono de permanência equivalente lei, o tempo de contribuição ao regime geral de previdên-
ao valor da sua contribuição previdenciária até completar cia social decorrente de atividade de natureza privada, rural
as exigências para aposentadoria compulsória contidas no ou urbana, hipótese em que os diversos sistemas de previ-
§ 1º, 2. (NR) dência social se compensarão financeiramente, segundo os
- Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional critérios estabelecidos em lei. (NR)
nº 21, de 14/2/2006. - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
§ 20 - Fica vedada a existência de mais de um regime 14/2/2006.
próprio de previdência social para os servidores titulares de Artigo 133 - O servidor, com mais de cinco anos de
cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do res- efetivo exercício, que tenha exercido ou venha a exercer
pectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o disposto cargo ou função que lhe proporcione remuneração supe-
no art. 142, § 3º, X, da Constituição Federal. (NR) rior à do cargo de que seja titular, ou função para a qual foi
- Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional admitido, incorporará um décimo dessa diferença, por ano,
nº 21, de 14/02/2006. até o limite de dez décimos.
§ 21 - A contribuição prevista no § 18 deste artigo in- - A expressão “a qualquer título”, que integrava o dispo-
cidirá apenas sobre as parcelas de proventos de aposenta- sitivo, teve a sua execução suspensa pela Resolução nº 51, de
doria e de pensão que superem o dobro do limite máximo 13/07/2005, do Senado Federal.
31
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
32
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
V - o preparo do indivíduo e da sociedade para o do- Artigo 245 - Nos três níveis de ensino, será estimulada
mínio dos conhecimentos científicos e tecnológicos que a prática de esportes individuais e coletivos, como comple-
lhes permitam utilizar as possibilidades e vencer as dificul- mento à formação integral do indivíduo.
dades do meio, preservando-o; Parágrafo Único - A prática referida no “caput”, sempre
VI - a preservação, difusão e expansão do patrimônio que possível, será levada em conta em face das necessida-
cultural; des dos portadores de deficiências.
VII - a condenação a qualquer tratamento desigual por Artigo 246 - É vedada a cessão de uso de próprios pú-
motivo de convicção filosófica, política ou religiosa, bem blicos estaduais, para o funcionamento de estabelecimen-
como a quaisquer preconceitos de classe, raça ou sexo; tos de ensino privado de qualquer natureza.
VIII - o desenvolvimento da capacidade de elaboração Artigo 247 - A educação da criança de zero a seis anos,
e reflexão crítica da realidade. integrada ao sistema de ensino, respeitará as características
Artigo 238 - A lei organizará o Sistema de Ensino do próprias dessa faixa etária.
Artigo 248 - O órgão próprio de educação do Estado
Estado de São Paulo, levando em conta o princípio da des-
será responsável pela definição de normas, autorização de
centralização.
funcionamento, supervisão e fiscalização das creches e pré
Artigo 239 - O Poder Público organizará o Sistema Es-
-escolas públicas e privadas no Estado.
tadual de Ensino, abrangendo todos os níveis e modalida-
Parágrafo único - Aos Municípios, cujos sistemas de
des, incluindo a especial, estabelecendo normas gerais de ensino estejam organizados, será delegada competência
funcionamento para as escolas públicas estaduais e muni- para autorizar o funcionamento e supervisionar as institui-
cipais, bem como para as particulares. ções de educação das crianças de zero a seis anos de idade.
§ 1º - Os Municípios organizarão, igualmente, seus sis- Artigo 249 - O ensino fundamental, com oito anos de
temas de ensino. duração é obrigatório para todas as crianças, a partir dos
§ 2º - O Poder Público oferecerá atendimento espe- sete anos de idade, visando a propiciar formação básica e
cializado aos portadores de deficiências, preferencialmen- comum indispensável a todos.
te na rede regular de ensino. § 1º - É dever do Poder Público o provimento, em todo
§ 3º - As escolas particulares estarão sujeitas à fiscali- o território paulista, de vagas em número suficiente para
zação, controle e avaliação, na forma da lei. atender à demanda do ensino fundamental obrigatório e
§ 4° – O Poder Público adequará as escolas e tomará gratuito.
as medidas necessárias quando da construção de novos § 2º - A atuação da administração pública estadual no
prédios, visando promover a acessibilidade das pessoas ensino público fundamental dar-se-á por meio de rede pró-
com deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a pria ou em cooperação técnica e financeira com os Muni-
supressão de barreiras e obstáculos nos espaços e mobi- cípios, nos termos do art. 30, VI, da Constituição Federal,
liários. assegurando a existência de escolas com corpo técnico
(**) Acrescido pela Emenda Constitucional nº 39, qualificado e elevado padrão de qualidade, devendo ser de-
de 27 de janeiro de 2014 . finidas com os Municípios formas de colaboração, de modo
Artigo 240 - Os Municípios responsabilizar-se-ão a assegurar a universalização do ensino obrigatório. (NR)
prioritariamente pelo ensino fundamental, inclusive para - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de
os que a ele não tiveram acesso na idade própria, e pré-es- 14/2/2006.
colar, só podendo atuar nos níveis mais elevados quando § 3º - O ensino fundamental público e gratuito será
a demanda naqueles níveis estiver plena e satisfatoriamen- também garantido aos jovens e adultos que, na idade pró-
pria, a ele não tiveram acesso, e terá organização adequada
te atendida, do ponto de vista qualitativo e quantitativo.
às características dos alunos.
Artigo 241 - O Plano Estadual de Educação, estabe-
§ 4º - Caberá ao Poder Público prover o ensino funda-
lecido em lei, é de responsabilidade do Poder Público Es-
mental diurno e noturno, regular e supletivo, adequado às
tadual, tendo sua elaboração coordenada pelo Executivo,
condições de vida do educando que já tenha ingressado no
consultados os órgãos descentralizados do Sistema Esta- mercado de trabalho.
dual de Ensino, a comunidade educacional, e considerados § 5º - É permitida a matrícula no ensino fundamental, a
os diagnósticos e necessidades apontados nos Planos Mu- partir dos seis anos de idade, desde que plenamente aten-
nicipais de Educação. dida a demanda das crianças de sete anos de idade.
Artigo 242 - O Conselho Estadual de Educação é órgão Artigo 251 - A lei assegurará a valorização dos pro-
normativo, consultivo e deliberativo do sistema de ensino fissionais de ensino, mediante fixação de planos de carrei-
do Estado de São Paulo, com suas atribuições, organização ra para o magistério público, com piso salarial profissional,
e composição definidas em lei. carga horária compatível com o exercício das funções e
Artigo 243 - Os critérios para criação de Conselhos ingresso exclusivamente por concurso público de provas e
Regionais e Municipais de Educação, sua composição e títulos.
atribuições, bem como as normas para seu funcionamento, Artigo 252 - O Estado manterá seu próprio sistema de
serão estabelecidos e regulamentados por lei. ensino superior, articulado com os demais níveis.
Artigo 244 - O ensino religioso, de matrícula faculta- Parágrafo único - O sistema de ensino superior do Es-
tiva, constituirá disciplina dos horários normais das esco- tado de São Paulo incluirá universidades e outros estabele-
las públicas de ensino fundamental. cimentos.
33
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
34
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
35
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
TÍTULO II
3. LEI Nº 10.261, DE 28 DE OUTUBRO DE 1968 DO PROVIMENTO, DO EXERCÍCIO E DA VACÂNCIA
– ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DOS CARGOS PÚBLICOS
CIVIS DO ESTADO. CAPÍTULO I
Do Provimento
36
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
III - o tipo e conteúdo das provas e as categorias de títulos; Artigo 28 - A transferência será feita para cargo do mesmo
IV - a forma de julgamento das provas e dos títulos; padrão de vencimento ou de igual remuneração, ressalvados
V - os critérios de habilitação e de classificação; e os casos de transferência a pedido, em que o vencimento ou a
VI - o prazo de validade do concurso. remuneração poderá ser inferior.
Artigo 19 - As instruções especiais poderão determinar Artigo 29 - A transferência por permuta se processará a
que a execução do concurso, bem como a classificação dos requerimento de ambos os interessados e de acordo com o
habilitados, seja feita por regiões. prescrito neste capítulo.
Artigo 20 - A nomeação obedecerá à ordem de classifica- - Nota: vide Decreto nº 4.633, de 01/10/1974.
ção no concurso.
CAPÍTULO V
SUBSEÇÃO II Da Reintegração
Das Provas de Habilitação
Artigo 30 - A reintegração é o reingresso no serviço pú-
Artigo 21 - As provas de habilitação serão realizadas pelo blico, decorrente da decisão judicial passada em julgado, com
órgão encarregado dos concursos, para fins de transferência e ressarcimento de prejuízos resultantes do afastamento.
de outras formas de provimento que não impliquem em crité- Artigo 31 - A reintegração será feita no cargo anterior-
rio competitivo. mente ocupado e, se este houver sido transformado, no cargo
Artigo 22 - As normas gerais para realização das provas de resultante.
habilitação serão estabelecidas em regulamento, obedecendo, § 1º - Se o cargo estiver preenchido, o seu ocupante será
no que couber, ao estabelecido para os concursos. exonerado, ou, se ocupava outro cargo, a este será reconduzi-
do, sem direito a indenização.
CAPÍTULO III § 2º - Se o cargo houver sido extinto, a reintegração se
Das Substituições fará em cargo equivalente, respeitada a habilitação profissio-
nal, ou, não sendo possível, ficará o reintegrado em disponibi-
lidade no cargo que exercia.
Artigo 23 - Haverá substituição no impedimento legal e
Artigo 32 - Transitada em julgado a sentença, será expedi-
temporário do ocupante de cargo de chefia ou de direção.
do o decreto de reintegração no prazo máximo de 30 (trinta)
Parágrafo único - Ocorrendo a vacância, o substituto pas-
dias.
sará a responder pelo expediente da unidade ou órgão corres-
pondente até o provimento do cargo.
CAPÍTULO VI
Artigo 24 - A substituição, que recairá sempre em funcio-
Do Acesso
nário público, quando não for automática, dependerá da ex-
pedição de ato de autoridade competente. Artigo 33 - Acesso é a elevação do funcionário, dentro do
§ 1º - O substituto exercerá o cargo enquanto durar o im- respectivo quadro a cargo da mesma natureza de trabalho,
pedimento do respectivo ocupante. de maior grau de responsabilidade e maior complexidade de
§ 2º - O substituto, durante todo o tempo em que exer- atribuições, obedecido o interstício na classe e as exigências a
cer a substituição terá direito a perceber o valor do padrão e serem instituídas em regulamento.
as vantagens pecuniárias inerentes ao cargo do substituído e § 1º - Serão reservados para acesso os cargos cujas atri-
mais as vantagens pessoais a que fizer jus. buições exijam experiência prévia do exercício de outro cargo.
§ 3º - O substituto perderá, durante o tempo da substi- § 2º - O acesso será feito mediante aferição do mérito
tuição, o vencimento ou a remuneração e demais vantagens dentre titulares de cargos cujo exercício proporcione a expe-
pecuniárias inerentes ao seu cargo, se pelo mesmo não optar. riência necessária ao desempenho das atribuições dos cargos
Artigo 25 - Exclusivamente para atender à necessidade referidos no parágrafo anterior.
de serviço, os tesoureiros, caixas e outros funcionários que te- Artigo 34 - Será de 3 (três) anos de efetivo exercício o in-
nham valores sob sua guarda, em caso de impedimento, serão terstício para concorrer ao acesso.
substituídos por funcionários de sua confiança, que indicarem,
respondendo a sua fiança pela gestão do substituto. CAPÍTULO VII
Parágrafo único - Feita a indicação, por escrito, ao chefe da Da Reversão
repartição ou do serviço, este proporá a expedição do ato de
designação, aplicando-se ao substituto a partir da data em que Artigo 35 - Reversão é o ato pelo qual o aposentado rein-
assumir as funções do cargo, o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 24. gressa no serviço público a pedido ou ex-officio.
§ 1º - A reversão ex-officio será feita quando insubsisten-
CAPÍTULO IV tes as razões que determinaram a aposentadoria por invalidez.
Da Transferência § 2º - Não poderá reverter à atividade o aposentado que
contar mais de 58 (cinquenta e oito) anos de idade.
Artigo 26 - O funcionário poderá ser transferido de um § 3º - No caso de reversão ex-officio, será permitido o
para outro cargo de provimento efetivo. reingresso além do limite previsto no parágrafo anterior.
Artigo 27 - As transferências serão feitas a pedido do § 4º - A reversão só poderá efetivar-se quando, em inspe-
funcionário ou “ex-officio”, atendidos sempre a conveniência ção médica, ficar comprovada a capacidade para o exercício
do serviço e os requisitos necessários ao provimento do cargo. do cargo.
37
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 5º - Se o laudo médico não for favorável, poderá ser pro- § 2º - Observado o disposto no parágrafo anterior, se a
cedida nova inspeção de saúde, para o mesmo fim, decorridos demissão tiver sido a bem do serviço público, a readmissão
pelo menos 90 (noventa) dias. não poderá ser decretada antes de decorridos 5 (cinco) anos
§ 6º - Será tornada sem efeito a reversão ex-officio e cas- do ato demissório.
sada a aposentadoria do funcionário que reverter e não tomar Artigo 40 - A readmissão será feita no cargo anteriormen-
posse ou não entrar em exercício dentro do prazo legal. te exercido pelo ex-funcionário ou, se transformado, no cargo
Artigo 36 - A reversão far-se-á no mesmo cargo. resultante da transformação.
§ 1º - Em casos especiais, a juízo do Governo, poderá o
aposentado reverter em outro cargo, de igual padrão de ven- CAPÍTULO X
cimentos, respeitada a habilitação profissional. Da Readaptação
§ 2º - A reversão a pedido, que será feita a critério da Ad-
ministração, dependerá também da existência de cargo vago, Artigo 41 - Readaptação é a investidura em cargo mais
que deva ser provido mediante promoção por merecimento. compatível com a capacidade do funcionário e dependerá
sempre de inspeção médica.
CAPÍTULO VIII Artigo 42 - A readaptação não acarretará diminuição,
Do Aproveitamento nem aumento de vencimento ou remuneração e será feita
mediante transferência.
Artigo 37 - Aproveitamento é o reingresso no serviço pú-
blico do funcionário em disponibilidade. CAPÍTULO XI
Artigo 38 - O obrigatório aproveitamento do funcionário Da Remoção
em disponibilidade ocorrerá em vagas existentes ou que se
verificarem nos quadros do funcionalismo. Artigo 43 - A remoção, que se processará a pedido do
§ 1º - O aproveitamento dar-se-á, tanto quanto possível, funcionário ou ex-officio, só poderá ser feita:
em cargo de natureza e padrão de vencimentos correspon- I - de uma para outra repartição, da mesma Secretaria; e
dentes ao que ocupava, não podendo ser feito em cargo de II - de um para outro órgão da mesma repartição.
padrão superior. Parágrafo único - A remoção só poderá ser feita respeita-
§ 2º - Se o aproveitamento se der em cargo de padrão da a lotação de cada repartição.
inferior ao provento da disponibilidade, terá o funcionário di- Artigo 44 - A remoção por permuta será processada a re-
reito à diferença. querimento de ambos os interessados, com anuência dos res-
§ 3º - Em nenhum caso poderá efetuar -se o aproveita- pectivos chefes e de acordo com o prescrito neste Capítulo.
mento sem que, mediante inspeção médica, fique provada a Artigo 45 - O funcionário não poderá ser removido ou
capacidade para o exercício do cargo. transferido ex-officio para cargo que deva exercer fora da lo-
§ 4º - Se o laudo médico não for favorável, poderá ser calidade de sua residência, no período de 6 (seis) meses antes
procedida nova inspeção de saúde, para o mesmo fim, decor- e até 3 (três) meses após a data das eleições.
ridos no mínimo 90 (noventa) dias. Parágrafo único - Essa proibição vigorará no caso de elei-
§ 5º - Será tornado sem efeito o aproveitamento e cas- ções federais, estaduais ou municipais, isolada ou simultanea-
sada a disponibilidade do funcionário que, aproveitado, não mente realizadas.
tomar posse e não entrar em exercício dentro do prazo legal.
§ 6º - Será aposentado no cargo anteriormente ocupado, CAPÍTULO XII
o funcionário em disponibilidade que for julgado incapaz para Da Posse
o serviço público, em inspeção médica.
§ 7º - Se o aproveitamento se der em cargo de provi- Artigo 46 - Posse é o ato que investe o cidadão em cargo
mento em comissão, terá o aproveitado assegurado, no novo público.
Artigo 47 - São requisitos para a posse em cargo público:
cargo, a condição de efetividade que tinha no cargo anterior-
I - ser brasileiro;
mente ocupado. (NR)
II - ter completado 18 (dezoito) anos de idade;
- § 7º acrescentado pelo Decreto-Lei nº 76, de 27/05/1969.
III - estar em dia com as obrigações militares;
IV - estar no gozo dos direitos políticos;
CAPÍTULO IX
V - ter boa conduta;
Da Readmissão
VI - gozar de boa saúde, comprovada em inspeção rea-
lizada por órgão médico oficial do Estado, para provimento
Artigo 39 - Readmissão é o ato pelo qual o ex-funcio- de cargo efetivo, ou mediante apresentação de Atestado de
nário, demitido ou exonerado, reingressa no serviço público, Saúde Ocupacional, expedido por médico registrado no Con-
sem direito a ressarcimento de prejuízos, assegurada, apenas, selho Regional correspondente, para provimento de cargo em
a contagem de tempo de serviço em cargos anteriores, para comissão; (NR)
efeito de aposentadoria e disponibilidade. - Inciso VI com redação dada pela Lei Complementar nº
§ 1º - A readmissão do ex-funcionário demitido será obri- 1.123, de 01/07/2010.
gatoriamente precedida de reexame do respectivo processo VII - possuir aptidão para o exercício do cargo; e
administrativo, em que fique demonstrado não haver incon- VIII - ter atendido às condições especiais prescritas para
veniente, para o serviço público, na decretação da medida. o cargo.
38
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
39
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
40
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
41
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Parágrafo único - Ao funcionário que não estiver em IV - a partir da data em que o funcionário assumir o
efetivo exercício, só se abonarão as vantagens a partir da exercício do cargo reclassificado ou transformado.
data da reassunção. Artigo 103 - Será contado como tempo no cargo o efe-
Artigo 93 - Será declarada sem efeito a promoção inde- tivo exercício que o funcionário houver prestado no mesmo
vida, não ficando o funcionário, nesse caso, obrigado a res- cargo, sem solução de continuidade, desde que por prazo
tituições, salvo na hipótese de declaração falsa ou omissão superior a 6 (seis) meses:
intencional. I - como substituto; e
Artigo 94 - Só poderão ser promovidos os servidores II - no desempenho de função gratificada, em período
que tiverem o interstício de efetivo exercício no grau. anterior à criação do respectivo cargo.
Parágrafo único - O interstício a que se refere este artigo Artigo 104 - As promoções obedecerão à ordem de
será estabelecido em regulamento. classificação.
Artigo 95 - Dentro de cada quadro, haverá para cada Artigo 105 - Haverá em cada Secretaria de Estado uma
classe, nos respectivos graus, uma lista de classificação, para Comissão de Promoção que terá as seguintes atribuições:
os critérios de merecimento e antiguidade. I - eleger o respectivo presidente;
Parágrafo único - Ocorrendo empate terão preferência, II - decidir as reclamações contra a avaliação do mérito,
sucessivamente: podendo alterar, fundamentalmente, os pontos atribuídos
1 - na classificação por merecimento: ao reclamante ou a outros funcionários;
a) os títulos e os comprovantes de conclusão de cursos, III - avaliar o mérito do funcionário quando houver di-
relacionados com a função exercida; vergência igual ou superior a 20 (vinte) pontos entre os to-
b) a assiduidade; tais atribuídos pelas autoridades avaliadoras;
c) a antiguidade no cargo; IV - propor à autoridade competente a penalidade que
d) os encargos de família; e couber ao responsável pelo atraso na expedição e remessa
e) a idade; do Boletim de Promoção, pela falta de qualquer informação
2 - na classificação por antiguidade: ou de elementos solicitados, pelos fatos de que decorram
a) o tempo no cargo; irregularidade ou parcialidade no processamento das pro-
b) o tempo de serviço prestado ao Estado; moções;
c) o tempo de serviço público; V - Avaliar os títulos e os certificados de cursos apresen-
d) os encargos de família; e tados pelos funcionários; e
e) a idade. VI - dar conhecimento aos interessados mediante afixa-
Artigo 96 - O funcionário em exercício de mandato ele- ção na repartição:
tivo federal ou estadual ou de mandato de prefeito, somente 1 - das alterações de pontos feitos nos Boletins de Pro-
poderá ser promovido por antiguidade. moção; e
Artigo 97 - Não serão promovidos por merecimento, 2 - dos pontos atribuídos pelos títulos e certificados de
ainda que classificados dentro dos limites estabelecidos no cursos.
regulamento, os funcionários que tiverem sofrido qualquer Artigo 106 - No processamento das promoções cabem
penalidade nos dois anos anteriores à data de vigência da as seguintes reclamações:
promoção. I - da avaliação do mérito; e
Artigo 98 - O funcionário submetido a processo admi- II - da classificação final.
nistrativo poderá ser promovido, ficando, porém, sem efeito § 1º - Da avaliação do mérito podem ser interpostos pe-
a promoção por merecimento no caso de o processo resul- didos de reconsideração e recurso, e, da classificação final,
tar em penalidade. apenas recurso.
Artigo 99 - Para promoção por merecimento é indispen- § 2º - Terão efeito suspensivo as reclamações relativas à
sável que o funcionário obtenha número de pontos não in- avaliação do mérito.
ferior à metade do máximo atribuível. § 3º - Serão estabelecidos em regulamento as normas
Artigo 100 - O merecimento do funcionário é adquirido e os prazos para o processamento das reclamações de que
na classe. trata este artigo.
Artigo 101 - Revogado. Artigo 107 - A orientação das promoções do funciona-
- Artigo 101 revogado pela Lei Complementar nº 318, de lismo público civil será centralizada, cabendo ao órgão a que
10/03/1983. for deferida tal competência:
Artigo 102 - O tempo no cargo será o efetivo exercício, I - expedir normas relativas ao processamento das pro-
contado na seguinte conformidade: moções e elaborar as respectivas escalas de avaliação, com a
I - a partir da data em que o funcionário assumir o exer- aprovação do Governador;
cício do cargo, nos casos de nomeação, transferência a pedi- II - orientar as autoridades competentes quanto à ava-
do, reversão e aproveitamento; liação das condições de promoção;
II - como se o funcionário estivesse em exercício, no III - realizar estudos e pesquisas no sentido de averiguar
caso de reintegração; a eficiência do sistema em vigor, propondo medidas tenden-
III - a partir da data em que o funcionário assumir o tes ao seu aperfeiçoamento; e
exercício do cargo do qual foi transferido, no caso de trans- IV - opinar em processos sobre assuntos de promoção,
ferência ex-officio; e sempre que solicitado.
42
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
43
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
VIII - honorários, quando fora do período normal ou Artigo 130 - O funcionário que completar 25 (vinte e cin-
extraordinário de trabalho a que estiver sujeito, for designa- co) anos de efetivo exercício perceberá mais a sexta-parte do
do para realizar investigações ou pesquisas científicas, bem vencimento ou remuneração, a estes incorporada para todos
como para exercer as funções de auxiliar ou membro de ban- os efeitos.
cas e comissões de concurso ou prova, ou de professor de Artigo 131 - O funcionário que exercer cumulativamente
cursos de seleção e aperfeiçoamento ou especialização de cargos ou funções, terá direito aos adicionais de que trata esta
servidores, legalmente instituídos, observadas as proibições Seção, isoladamente, referentes a cada cargo ou a função.
atinentes a regimes especiais de trabalho fixados em lei; Artigo 132 - O ocupante de cargo em comissão fará jus
IX - honorários pela prestação de serviço peculiar à pro- aos adicionais previstos nesta Seção, calculados sobre o ven-
fissão que exercer e, em função dela, à Justiça, desde que cimento que perceber no exercício desse cargo, enquanto
não a execute dentro do período normal ou extraordinário nele permanecer.
de trabalho a que estiver sujeito e sejam respeitadas as res- Artigo 133 - Ao funcionário no exercício de cargo em
trições estabelecidas em lei pela subordinação a regimes es- substituição aplica-se o disposto no artigo anterior.
peciais de trabalho; e Artigo 134 - Para efeito dos adicionais a que se refere esta
X - outras vantagens ou concessões pecuniárias previs- Seção, será computado o tempo de serviço, na forma estabe-
tas em leis especiais ou neste Estatuto. lecida nos arts. 76 e 78.
§ 1º - Excetuados os casos expressamente previstos nes-
te artigo, o funcionário não poderá receber, a qualquer títu- SEÇÃO III
lo, seja qual for o motivo ou forma de pagamento, nenhuma Das Gratificações
outra vantagem pecuniária dos órgãos do serviço público,
das entidades autárquicas ou paraestatais ou outras organi- Artigo 135 - Poderá ser concedida gratificação ao fun-
zações públicas, em razão de seu cargo ou função nos quais cionário:
tenha sido mandado servir. I - pela prestação de serviço extraordinário;
§ 2º - O não cumprimento do que preceitua este artigo II - pela elaboração ou execução de trabalho técnico ou
científico ou de utilidade para o serviço público;
importará na demissão do funcionário, por procedimento
III - a título de representação, quando em função de ga-
irregular, e na imediata reposição, pela autoridade ordena-
binete, missão ou estudo fora do Estado ou designação para
dora do pagamento, da importância indevidamente paga.
função de confiança do Governador;
§ 3º - Nenhuma importância relativa às vantagens cons-
IV - quando designado para fazer parte de órgão legal de
tantes deste artigo será paga ou devida ao funcionário, seja
deliberação coletiva; e
qual for o seu fundamento, se não houver crédito próprio,
V - outras que forem previstas em lei.
orçamentário ou adicional.
Artigo 136 - A gratificação pela prestação de serviço ex-
Artigo 125 - As porcentagens ou quotas-partes, atri- traordinário será paga por hora de trabalho prorrogado ou
buídas em virtude de multas ou serviços de fiscalização e antecipado, na mesma razão percebida pelo funcionário em
inspeção, só serão creditadas ao funcionário após a entrada cada hora de período normal de trabalho a que estiver sujeito.
da importância respectiva, a título definitivo, para os cofres Parágrafo único - A prestação de serviço extraordinário
públicos. não poderá exceder a duas horas diárias de trabalho.
Artigo 126 - O funcionário não fará jus à percepção de Artigo 137 - É vedado conceder gratificação por serviço
quaisquer vantagens pecuniárias, nos casos em que deixar extraordinário, com o objetivo de remunerar outros serviços
de perceber o vencimento ou remuneração, ressalvado o ou encargos.
disposto no parágrafo único do art. 160. § 1º - O funcionário que receber importância relativa a
serviço extraordinário que não prestou, será obrigado a res-
SEÇÃO Il tituí-la de uma só vez, ficando ainda sujeito à punição disci-
Dos Adicionais por Tempo de Serviço plinar.
§ 2º - Será responsabilizada a autoridade que infringir o
Artigo 127 - O funcionário terá direito, após cada perío- disposto no caput deste artigo.
do de 5 (cinco) anos, contínuos, ou não, à percepção de adi- Artigo 138 - Será punido com pena de suspensão e, na
cional por tempo de serviço, calculado à razão de 5% (cinco reincidência, com a de demissão, a bem do serviço público, o
por cento) sobre o vencimento ou remuneração, a que se funcionário:
incorpora para todos os efeitos. I - que atestar falsamente a prestação de serviço extraor-
Nota: A Lei Complementar nº 792, de 20/3/1995 foi de- dinário; e
clarada Inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal nos II - que se recusar, sem justo motivo, à prestação de ser-
autos da ADI nº 3.167, julgada em 18/06/2007. viço extraordinário.
Parágrafo único — O adicional por tempo de serviço Artigo 139 - O funcionário que exercer cargo de direção
será concedido pela autoridade competente, na forma que não poderá perceber gratificação por serviço extraordinário.
fôr estabelecida em regulamento. § 1º - O disposto neste artigo não se aplica durante o
Artigo 128 - A apuração do quinquênio será feita em período em que subordinado de titular de cargo nele men-
dias e o total convertido em anos, considerados estes sem- cionado venha a perceber, em consequência do acréscimo da
pre como de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias. gratificação por serviço extraordinário, quantia que iguale ou
Artigo 129 - Vetado. ultrapasse o valor do padrão do cargo de direção.
44
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 2º - Aos titulares de cargos de direção, para efeito do § 1º - A ajuda de custo destina-se a indenizar o funcio-
parágrafo anterior, apenas será paga gratificação por serviço nário das despesas de viagem e de nova instalação .
extraordinário correspondente à quantia a esse título perce- § 2º - O transporte do funcionário e de sua família com-
bida pelo subordinado de padrão mais elevado. preende passagem e bagagem e correrá por conta do Go-
Artigo 140 - A gratificação pela elaboração ou execu- verno.
ção de trabalho técnico ou científico, ou de utilidade para o Artigo 150 - A ajuda de custo, desde que em território
serviço, será arbitrada pelo Governador, após sua conclusão. do País, será arbitrada pelos Secretários de Estado, não po-
Artigo 141 - A gratificação a título de representação, dendo exceder importância correspondente a 3 (três) vezes
quando o funcionário for designado para serviço ou estudo o valor do padrão do cargo.
fora do Estado, será arbitrada pelo Governador, ou por auto- Parágrafo único - O regulamento fixará o critério para
ridade que a lei determinar, podendo ser percebida cumula- o arbitramento, tendo em vista o número de pessoas que
tivamente com a diária. acompanham o funcionário, as condições de vida na nova
Artigo 142 - A gratificação relativa ao exercício em órgão sede, a distância a ser percorrida, o tempo de viagem e os
legal de deliberação coletiva, será fixada pelo Governador. recursos orçamentários disponíveis.
Artigo 143 - A gratificação de representação de gabine- Artigo 151 - Não será concedida ajuda de custo:
te, fixada em regulamento, não poderá ser percebida cumu- I - ao funcionário que se afastar da sede ou a ela voltar,
lativamente com a referida no inciso I do art. 135. em virtude de mandato eletivo; e
II - ao que for afastado junto a outras Administrações.
SEÇÃO IV Parágrafo único - O funcionário que recebeu ajuda de
Das Diárias custo, se for obrigado a mudar de sede dentro do período
de 2 (dois) anos poderá receber, apenas, 2/3 (dois terços) do
Artigo 144 - Ao funcionário que se deslocar temporaria- benefício que lhe caberia.
mente da respectiva sede, no desempenho de suas atribui- Artigo 152 - Quando o funcionário for incumbido de
ções, ou em missão ou estudo, desde que relacionados com serviço que o obrigue a permanecer fora da sede por mais
o cargo que exerce, poderá ser concedida, além do trans- de 30 (trinta) dias, poderá receber ajuda de custo sem pre-
porte, uma diária a título de indenização das despesas de juízos das diárias que lhe couberem.
alimentação e pousada. Parágrafo único - A importância dessa ajuda de custo
§ 1º - Não será concedida diária ao funcionário removi- será fixada na forma do art. 150, não podendo exceder a
do ou transferido, durante o período de trânsito. quantia relativa a 1 (uma) vez o valor do padrão do cargo.
§ 2º - Não caberá a concessão de diária quando o des- Artigo 153 - Restituirá a ajuda de custo que tiver rece-
locamento de funcionário constituir exigência permanente bido:
do cargo ou função. I - o funcionário que não seguir para a nova sede den-
§ 3º - Entende-se por sede o município onde o funcio- tro dos prazos fixados, salvo motivo independente de sua
nário tem exercício. vontade, devidamente comprovado sem prejuízo da pena
§ 4º - O disposto no “caput” deste artigo não se aplica disciplinar cabível;
aos casos de missão ou estudo fora do País. II - o funcionário que, antes de concluir o serviço que lhe
§ 5º - As diárias relativas aos deslocamentos de funcio- foi cometido, regressar da nova sede, pedir exoneração ou
nários para outros Estados e Distrito Federal, serão fixadas abandonar o cargo.
por decreto. § 1º - A restituição poderá ser feita parceladamente, a
Artigo 145 - O valor das diárias será fixado em decreto. juízo da autoridade que houver concedido a ajuda de custo,
(NR) salvo no caso de recebimento indevido, em que a impor-
- Artigo 145 com redação dada pela Lei Complementar tância por devolver será descontada integralmente do ven-
nº 556, de 15/07/1988. cimento ou remuneração, sem prejuízo da pena disciplinar
Artigo 146 - A tabela de diárias, bem como as autorida- cabível.
des que as concederem, deverão constar de decreto. § 2º - A responsabilidade pela restituição de que trata
Artigo 147 - O funcionário que indevidamente receber este artigo, atinge exclusivamente a pessoa do funcionário.
diária, será obrigado a restituí-la de uma só vez, ficando ain- § 3º - Se o regresso do funcionário for determinado pela
da sujeito à punição disciplinar. autoridade competente ou por motivo de força maior devi-
Artigo 148 - É vedado conceder diárias com o objetivo damente comprovado, não ficará ele obrigado a restituir a
de remunerar outros encargos ou serviços. ajuda de custo.
Parágrafo único - Será responsabilizada a autoridade Artigo 154 - Caberá também ajuda de custo ao funcio-
que infringir o disposto neste artigo. nário designado para serviço ou estudo no estrangeiro.
Parágrafo único - A ajuda de custo de que trata este
SEÇÃO V artigo será arbitrada pelo Governador.
Das Ajudas de Custo
45
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 163 - O Estado assegurará ao funcionário o direi- Artigo 171 - É vedada a acumulação remunerada, ex-
to de pleno ressarcimento de danos ou prejuízos, decorren- ceto:
tes de acidentes no trabalho, do exercício em determinadas I - a de um juiz e um cargo de professor;
zonas ou locais e da execução de trabalho especial, com ris- II - a de dois cargos de professor;
co de vida ou saúde. III - a de um cargo de professor e outro técnico ou cien-
Artigo 164 - Ao funcionário licenciado, para tratamento tífico; e
de saúde poderá ser concedido transporte, se decorrente do IV - a de dois cargos privativos de médico.
tratamento, inclusive para pessoa de sua família.
46
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
- Nota: vide art. 37, XVI da Constituição Federal. § 4º - Durante as férias, o funcionário terá direito a todas
§ 1º - Em qualquer dos casos, a acumulação somente é as vantagens, como se estivesse em exercício.
permitida quando haja correlação de matérias e compatibili- Artigo 177 - Atendido o interesse do serviço, o funcio-
dade de horários. nário poderá gozar férias de uma só vez ou em dois perío-
§ 2º - A proibição de acumular se estende a cargos, fun- dos iguais.
ções ou empregos em autarquias, empresas públicas e socie- Artigo 178 - Somente depois do primeiro ano de exercí-
dades de economia mista. cio no serviço público, adquirirá o funcionário direito a férias.
§ 3º - A proibição de acumular proventos não se aplica Parágrafo único - Será contado para efeito deste artigo
aos aposentados, quanto ao exercício de mandato eletivo, o tempo de serviço prestado em outro cargo público, desde
cargo em comissão ou ao contrato para prestação de serviços que entre a cessação do anterior e o início do subsequente
técnicos ou especializados. exercício não haja interrupção superior a 10 (dez) dias.
Artigo 172 - O funcionário ocupante de cargo efetivo, ou Artigo 179 - Caberá ao chefe da repartição ou do servi-
em disponibilidade, poderá ser nomeado para cargo em co- ço, organizar, no mês de dezembro, a escala de férias para
missão, perdendo, durante o exercício desse cargo, o venci- o ano seguinte, que poderá alterar de acordo com a conve-
mento ou remuneração do cargo efetivo ou o provento, salvo niência do serviço.
se optar pelo mesmo. Artigo 180 - O funcionário transferido ou removido,
Artigo 173 - Não se compreende na proibição de acumu- quando em gozo de férias, não será obrigado a apresentar-
lar, desde que tenha correspondência com a função principal, se antes de terminá-las.
a percepção das vantagens enumeradas no art. 124.
Artigo 174 - Verificado, mediante processo administrati- CAPÍTULO II
vo, que o funcionário está acumulando, fora das condições Das Licenças
previstas neste Capítulo, será ele demitido de todos os cargos SEÇÃO I
e funções e obrigado a restituir o que indevidamente houver Disposições Gerais
recebido.
§ 1º - Provada a boa-fé, o funcionário será mantido no
Artigo 181 - O funcionário efetivo poderá ser licencia-
cargo ou função que exercer há mais tempo.
do:(NR)
§ 2º - Em caso contrário, o funcionário demitido ficará
I - para tratamento de saúde; (NR)
ainda inabilitado pelo prazo de 5 (cinco) anos, para o exercí-
II - quando acidentado no exercício de suas atribuições
cio de função ou cargo público, inclusive em entidades que
ou acometido por doença profissional; (NR)
exerçam função delegada do poder público ou são por este
III - no caso previsto no artigo 198; (NR)
mantidas ou administradas.
IV - por motivo de doença em pessoa de sua família;
Artigo 175 - As autoridades civis e os chefes de servi-
ço, bem como os diretores ou responsáveis pelas entidades (NR)
referidas no parágrafo 2º do artigo anterior e os fiscais ou V - para cumprir obrigações concernentes ao serviço
representantes dos poderes públicos junto às mesmas, que militar; (NR)
tiverem conhecimento de que qualquer dos seus subordina- VI - para tratar de interesses particulares; (NR)
dos ou qualquer empregado da empresa sujeita à fiscalização VII - no caso previsto no artigo 205; (NR)
está no exercício de acumulação proibida, farão a devida co- VIII - compulsoriamente, como medida profilática; (NR)
municação ao órgão competente, para os fins indicados no IX - como prêmio de assiduidade. (NR)
artigo anterior. § 1º - Ao funcionário ocupante exclusivamente de cargo
Parágrafo único - Qualquer cidadão poderá denunciar a em comissão serão concedidas as licenças previstas neste
existência de acumulação ilegal. artigo, salvo as referidas nos incisos IV, VI e VII. (NR)
§ 2º - As licenças previstas nos incisos I a III serão con-
TÍTULO V cedidas ao funcionário de que trata o § 1º deste artigo me-
DOS DIREITOS E VANTAGENS EM GERAL diante regras estabelecidas pelo regime geral de previdência
CAPÍTULO I social. (NR)
Das Férias - Artigo 181 com redação dada pela Lei Complementar
nº 1.123, de 01/07/2010.
Artigo 176 - O funcionário terá direito ao gozo de 30 (trin- Artigo 182 - As licenças dependentes de inspeção mé-
ta) dias de férias anuais, observada a escala que for aprovada. dica serão concedidas pelo prazo indicado pelos órgãos ofi-
§ 1º - É proibido levar à conta de férias qualquer falta ao ciais competentes. (NR)
trabalho. - Artigo 182 com redação dada pela Lei Complementar
§ 2º - É proibida a acumulação de férias, salvo por abso- nº 1.123, de 01/07/2010.
luta necessidade de serviço e pelo máximo de 2 (dois) anos Artigo 183 - Finda a licença, o funcionário deverá reas-
consecutivos. sumir, imediatamente, o exercício do cargo.(NR)
§ 3º - O período de férias será reduzido para 20 (vinte) § 1º - o disposto no “caput” deste artigo não se aplica às
dias, se o servidor, no exercício anterior, tiver, considerados licenças previstas nos incisos V e VII do artigo 181, quando
em conjunto, mais de 10 (dez) não comparecimentos corres- em prorrogação. (NR)
pondentes a faltas abonadas, justificadas e injustificadas ou às
licenças previstas nos itens IV, VI e VII do art. 181.
47
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 2º - a infração do disposto no “caput” deste artigo Artigo 193 - A licença para tratamento de saúde depen-
importará em perda total do vencimento ou remuneração derá de inspeção médica oficial e poderá ser concedida: (NR)
correspondente ao período de ausência e, se esta exceder a I - a pedido do funcionário; (NR)
30 (trinta) dias, ficará o funcionário sujeito à pena de demis- II - “ex officio”. (NR)
são por abandono de cargo. (NR) § 1º - A inspeção médica de que trata o “caput” des-
- Artigo 183 com redação dada pela Lei Complementar te artigo poderá ser dispensada, a critério do órgão oficial,
nº 1.123, de 01/07/2010. quando a análise documental for suficiente para comprovar
Artigo 184 - O funcionário licenciado nos termos dos a incapacidade laboral, observado o estabelecido em decre-
itens I a IV do art. 181, é obrigado a reassumir o exercício, se to. (NR)
for considerado apto em inspeção médica realizada ex-of- § 2º - A licença “ex officio” de que trata o inciso II deste
ficio ou se não subsistir a doença na pessoa de sua família. artigo será concedida por decisão do órgão oficial: (NR)
Parágrafo único - O funcionário poderá desistir da licen- 1 - quando as condições de saúde do funcionário assim
ça, desde que em inspeção médica fique comprovada a ces- o determinarem; (NR)
sação dos motivos determinantes da licença. 2 - a pedido do órgão de origem do funcionário. (NR)
Artigo 185 - As licenças previstas nos incisos I, II e IV do § 3º - O funcionário poderá ser dispensado da inspeção
artigo 181 não serão concedidas em prorrogação, cabendo médica de que trata o “caput” deste artigo em caso de licen-
ao funcionário ou à autoridade competente ingressar, quan- ça para tratamento de saúde de curta duração, conforme
do for o caso, com um novo pedido. (NR) estabelecido em decreto. (NR);
- Artigo 185 com redação dada pela Lei Complementar - Artigo 193 com redação dada pela Lei complementar nº
nº 1.123, de 01/07/2010. 1.196, de 27/02/2013.
Artigo 186 - Revogado.
- Artigo 186 revogado pela Lei Complementar nº 1.123, SEÇÃO III
de 01/07/2010. Da Licença ao Funcionário Acidentado no Exercício
Artigo 187 - O funcionário licenciado nos termos dos de suas Atribuições ou Atacado de Doença Profissional
itens I e II do art. 181 não poderá dedicar-se a qualquer ati-
Artigo 194 - O funcionário acidentado no exercício de
vidade remunerada, sob pena de ser cassada a licença e de
suas atribuições ou que tenha adquirido doença profissional
ser demitido por abandono do cargo, caso não reassuma o
terá direito à licença com vencimento ou remuneração. (NR)
seu exercício dentro do prazo de 30 (trinta) dias.
Parágrafo único - Considera-se também acidente: (NR)
Artigo 188 - Revogado.
1 - a agressão sofrida e não provocada pelo funcionário,
- Artigo 188 revogado pela Lei Complementar nº 1.123,
no exercício de suas funções; (NR)
de 01/07/2010.
2 - a lesão sofrida pelo funcionário, quando em trânsito,
Artigo 189 - Revogado.
no percurso usual para o trabalho. (NR)
- Artigo 189 revogado pela Lei Complementar nº 1.123, - Artigo 194 com redação dada pela Lei Complementar
de 01/07/2010. nº 1.123, de 01/07/2010.
Artigo 190 - O funcionário que se recusar a submeter-se Artigo 195 - A licença prevista no artigo anterior não
à inspeção médica, quando julgada necessária, será punido poderá exceder de 4 (quatro) anos.
com pena de suspensão. Parágrafo único - No caso de acidente, verificada a in-
Parágrafo único - A suspensão cessará no dia em que se capacidade total para qualquer função pública, será desde
realizar a inspeção. logo concedida aposentadoria ao funcionário.
Artigo 196 - A comprovação do acidente, indispensá-
SEÇÃO II vel para a concessão da licença, será feita em procedimento
Da Licença para Tratamento de Saúde próprio, que deverá iniciar-se no prazo de 10 (dez) dias, con-
tados da data do acidente. (NR)
Artigo 191 - Ao funcionário que, por motivo de saúde, § 1º - O funcionário deverá requerer a concessão da li-
estiver impossibilitado para o exercício do cargo, será con- cença de que trata o “caput” deste artigo junto ao órgão de
cedida licença até o máximo de 4 (quatro) anos, com venci- origem. (NR)
mento ou remuneração. (NR) § 2º - Concluído o procedimento de que trata o “caput”
- Artigo 191 com redação dada pela Lei complementar nº deste artigo caberá ao órgão médico oficial a decisão. (NR)
1.196, de 27/02/2013. § 3º - O procedimento para a comprovação do acidente
§ 1º - Findo o prazo, previsto neste artigo, o funcionário de que trata este artigo deverá ser cumprido pelo órgão de
será submetido à inspeção médica e aposentado, desde que origem do funcionário, ainda que não venha a ser objeto de
verificada a sua invalidez, permitindo-se o licenciamento licença. (NR)
além desse prazo, quando não se justificar a aposentadoria. - Artigo 196 com redação dada pela Lei Complementar
§ 2º - Será obrigatória a reversão do aposentado, desde nº 1.123, de 01/07/2010.
que cessados os motivos determinantes da aposentadoria. Artigo 197 - Para a conceituação do acidente da doença
Artigo 192 - O funcionário ocupante de cargo em co- profissional, serão adotados os critérios da legislação federal
missão poderá ser aposentado, nas condições do artigo an- de acidentes do trabalho.
terior, desde que preencha os requisitos do art. 227.
48
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
49
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 209 - O funcionário terá direito, como prêmio de Artigo 217 - É assegurada a estabilidade somente ao
assiduidade, à licença de 90 (noventa) dias em cada período funcionário que, nomeado por concurso, contar mais de 2
de 5 (cinco) anos de exercício ininterrupto, em que não haja (dois) anos de efetivo exercício.
sofrido qualquer penalidade administrativa. Artigo 218 - O funcionário estável só poderá ser demi-
Parágrafo único - O período da licença será considerado tido em virtude de sentença judicial ou mediante processo
de efetivo exercício para todos os efeitos legais, e não acarre- administrativo, assegurada ampla defesa.
tará desconto algum no vencimento ou remuneração. Parágrafo único - A estabilidade diz respeito ao serviço
Artigo 210 - Para fins da licença prevista nesta Seção, não público e não ao cargo, ressalvando-se à Administração o
se consideram interrupção de exercício: direito de aproveitar o funcionário em outro cargo de igual
I - os afastamentos enumerados no art. 78, excetuado o padrão, de acordo com as suas aptidões.
previsto no item X; e
II - as faltas abonadas, as justificadas e os dias de licença CAPÍTULO IV
a que se referem os itens I e IV do art. 181 desde que o total Da Disponibilidade
de todas essas ausências não exceda o limite máximo de 30
(trinta) dias, no período de 5 (cinco) anos. Artigo 219 - O funcionário poderá ser posto em dispo-
Artigo 211 - Revogado. nibilidade remunerada:
- Artigo 211 revogado pela Lei Complementar nº 318, de I - no caso previsto no § 2º do art. 31; e
10/03/1983. II - quando, tendo adquirido estabilidade, o cargo for
Artigo 212 - A licença-prêmio será concedida mediante extinto por lei.
certidão de tempo de serviço, independente de requerimento Parágrafo único - O funcionário ficará em disponibilida-
do funcionário, e será publicada no Diário Oficial do Estado, de até o seu obrigatório aproveitamento em cargo equiva-
nos termos da legislação em vigor. (NR) lente.
- Artigo 212 com redação dada pela Lei Complementar nº Artigo 220 - O provento da disponibilidade não pode-
1048, de 10/06/2008. rá ser superior ao vencimento ou remuneração e vantagens
Artigo 213 - O funcionário poderá requerer o gozo da li- percebidos pelo funcionário.
cença-prêmio: (NR) Artigo 221 - Qualquer alteração do vencimento ou re-
I - por inteiro ou em parcelas não inferiores a 15 (quinze) muneração e vantagens percebidas pelo funcionário em vir-
dias; (NR) tude de medida geral, será extensiva ao provento do dispo-
II - até o implemento das condições para a aposentadoria nível, na mesma proporção.
voluntária. (NR)
§ 1º - Caberá à autoridade competente: (NR) CAPÍTULO V
1 - adotar, após manifestação do chefe imediato, sem pre- Da Aposentadoria
juízo para o serviço, as medidas necessárias para que o funcio-
nário possa gozar a licença-prêmio a que tenha direito; (NR) Artigo 222 - O funcionário será aposentado:
2 - decidir, após manifestação do chefe imediato, observa- I - por invalidez;
da a opção do funcionário e respeitado o interesse do serviço, II - compulsoriamente, aos 70 (setenta) anos; e
pelo gozo da licença-prêmio por inteiro ou parceladamente. III - voluntariamente, após 35 (trinta e cinco) anos de
(NR) serviço.
§ 2º - A apresentação de pedido de passagem à inativida- § 1º - No caso do item III, o prazo é reduzido a 30 (trinta)
de, sem a prévia e oportuna apresentação do requerimento de anos para as mulheres.
gozo, implicará perda do direito à licença-prêmio. (NR) § 2º - Os limites de idade e de tempo de serviço para
- Artigo 213 com redação dada pela Lei Complementar nº a aposentadoria poderão ser reduzidos, nos termos do pa-
1.048, de 10/06/2008. rágrafo único do art. 94 da Constituição do Estado de São
Artigo 214 - O funcionário deverá aguardar em exercício a Paulo.
apreciação do requerimento de gozo da licença-prêmio. (NR) Artigo 223 - A aposentadoria prevista no item I do arti-
Parágrafo único - O gozo da licença-prêmio dependerá de go anterior, só será concedida, após a comprovação da inva-
novo requerimento, caso não se inicie em até 30 (trinta) dias lidez do funcionário, mediante inspeção de saúde realizada
contados da publicação do ato que o houver autorizado. (NR) em órgão médico oficial.
- Artigo 214 com redação dada pela Lei Complementar nº Artigo 224 - A aposentadoria compulsória prevista no
1.048, de 10/06/2008. item II do art. 222 é automática.
Artigo 215 - Revogado. Parágrafo único - O funcionário se afastará no dia ime-
- Artigo 215 revogado pela Lei Complementar nº 644, de diato àquele em que atingir a idade limite, independente-
26/12/1989. mente da publicação do ato declaratório da aposentadoria.
Artigo 216 - Revogado. Artigo 225 - O funcionário em disponibilidade poderá
- Artigo 216 revogado pela Lei Complementar nº 644, de ser aposentado nos termos do art. 222.
26/12/1989.
50
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
51
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
52
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 3º - O processo administrativo só poderá ser sobresta- - Inciso II com redação dada pela Lei Complementar n°
do para aguardar decisão judicial por despacho motivado da 942, de 06/06/2003.
autoridade competente para aplicar a pena.(NR) III - revelar segredos de que tenha conhecimento em ra-
- §§ 1º ao 3º acrescentados pela Lei Complementar n° 942, zão do cargo, desde que o faça dolosamente e com prejuízo
de 06/06/2003. para o Estado ou particulares;
IV - praticar insubordinação grave;
TÍTULO VII V - praticar, em serviço, ofensas físicas contra funcioná-
DAS PENALIDADES, DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDA- rios ou particulares, salvo se em legítima defesa;
DE E DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES (NR) VI - lesar o patrimônio ou os cofres públicos;
- Título VII com redação dada pela Lei Complemen- VII - receber ou solicitar propinas, comissões, presen-
tar n° 942, de 06/06/2003 tes ou vantagens de qualquer espécie, diretamente ou por
CAPÍTULO I intermédio de outrem, ainda que fora de suas funções mas
Das Penalidades e de sua Aplicação em razão delas;
VIII - pedir, por empréstimo, dinheiro ou quaisquer va-
Artigo 251 - São penas disciplinares: lores a pessoas que tratem de interesses ou o tenham na
I - repreensão; repartição, ou estejam sujeitos à sua fiscalização;
II - suspensão; IX - exercer advocacia administrativa; e
III - multa; X - apresentar com dolo declaração falsa em matéria de
IV - demissão; salário-família, sem prejuízo da responsabilidade civil e de
V - demissão a bem do serviço público; e procedimento criminal, que no caso couber.
VI - cassação de aposentadoria ou disponibilidade XI - praticar ato definido como crime hediondo, tortura,
Artigo 252 - Na aplicação das penas disciplinares serão tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e terrorismo;
consideradas a natureza e a gravidade da infração e os danos (NR)
que dela provierem para o serviço público. XII - praticar ato definido como crime contra o Sistema
Artigo 253 - A pena de repreensão será aplicada por es- Financeiro, ou de lavagem ou ocultação de bens, direitos ou
crito, nos casos de indisciplina ou falta de cumprimento dos valores; (NR)
deveres. XIII - praticar ato definido em lei como de improbidade.
Artigo 254 - A pena de suspensão, que não excederá de (NR)
90 (noventa) dias, será aplicada em caso de falta grave ou de - Incisos XI ao XIII acrescentados pela Lei Complementar
reincidência. n° 942, de 06/06/2003.
§ 1º - O funcionário suspenso perderá todas as vanta- Artigo 258 - O ato que demitir o funcionário mencionará
gens e direitos decorrentes do exercício do cargo. sempre a disposição legal em que se fundamenta.
§ 2º - A autoridade que aplicar a pena de suspensão po- Artigo 259 - Será aplicada a pena de cassação de apo-
derá converter essa penalidade em multa, na base de 50% sentadoria ou disponibilidade, se ficar provado que o inativo:
(cinquenta por cento) por dia de vencimento ou remunera- I - praticou, quando em atividade, falta grave para a qual
ção, sendo o funcionário, nesse caso, obrigado a permanecer é cominada nesta lei a pena de demissão ou de demissão a
em serviço. bem do serviço público;
Artigo 255 - A pena de multa será aplicada na forma e II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública;
nos casos expressamente previstos em lei ou regulamento. III - aceitou representação de Estado estrangeiro sem
Artigo 256 - Será aplicada a pena de demissão nos casos de: prévia autorização do Presidente da República; e
I - abandono de cargo; IV - praticou a usura em qualquer de suas formas.
II - procedimento irregular, de natureza grave; Artigo 260 - Para aplicação das penalidades previstas no
III - ineficiência no serviço; artigo 251, são competentes: (NR)
IV - aplicação indevida de dinheiros públicos, e I - o Governador; (NR)
V - ausência ao serviço, sem causa justificável, por mais II - os Secretários de Estado, o Procurador Geral do Esta-
de 45 (quarenta e cinco) dias, interpoladamente, durante 1 do e os Superintendentes de Autarquia; (NR)
(um) ano. III - os Chefes de Gabinete, até a de suspensão; (NR)
§ 1º - Considerar-se-á abandono de cargo, o não compa- IV - os Coordenadores, até a de suspensão limitada a 60
recimento do funcionário por mais de (30) dias consecutivos (sessenta) dias; e (NR)
ex-vi do art. 63. V - os Diretores de Departamento e Divisão, até a de
§ 2º - A pena de demissão por ineficiência no serviço, só suspensão limitada a 30 (trinta) dias. (NR)
será aplicada quando verificada a impossibilidade de readap- Parágrafo único - Havendo mais de um infrator e diver-
tação. sidade de sanções, a competência será da autoridade res-
Artigo 257 - Será aplicada a pena de demissão a bem do ponsável pela imposição da penalidade mais grave. (NR)
serviço público ao funcionário que: - Artigo 260 com redação dada pela Lei Complementar
I - for convencido de incontinência pública e escandalosa n° 942, de 06/06/2003.
e de vício de jogos proibidos; Artigo 261 - Extingue-se a punibilidade pela prescrição:
II - praticar ato definido como crime contra a administra- (NR)
ção pública, a fé pública e a Fazenda Estadual, ou previsto nas I - da falta sujeita à pena de repreensão, suspensão ou
leis relativas à segurança e à defesa nacional; (NR) multa, em 2 (dois) anos; (NR)
53
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
II - da falta sujeita à pena de demissão, de demissão a § 2º - Não concluída no prazo a apuração, a autoridade
bem do serviço público e de cassação da aposentadoria ou deverá imediatamente encaminhar ao Chefe de Gabinete re-
disponibilidade, em 5 (cinco) anos; (NR) latório das diligências realizadas e definir o tempo necessário
III - da falta prevista em lei como infração penal, no pra- para o término dos trabalhos. (NR)
zo de prescrição em abstrato da pena criminal, se for supe- § 3º - Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade de-
rior a 5 (cinco) anos. (NR) verá opinar fundamentadamente pelo arquivamento ou pela
§ 1º - A prescrição começa a correr: (NR) instauração de sindicância ou de processo administrativo. (NR)
1 - do dia em que a falta for cometida; (NR) - Artigo 265 com redação dada pela Lei Complementar n°
2 - do dia em que tenha cessado a continuação ou a 942, de 06/06/2003.
permanência, nas faltas continuadas ou permanentes. (NR) Artigo 266 - Determinada a instauração de sindicância
§ 2º - Interrompem a prescrição a portaria que instaura ou processo administrativo, ou no seu curso, havendo conve-
sindicância e a que instaura processo administrativo.(NR) niência para a instrução ou para o serviço, poderá o Chefe de
§ 3º - O lapso prescricional corresponde: (NR) Gabinete, por despacho fundamentado, ordenar as seguintes
1 - na hipótese de desclassificação da infração, ao da providências: (NR)
pena efetivamente aplicada; (NR) I - afastamento preventivo do servidor, quando o reco-
2 - na hipótese de mitigação ou atenuação, ao da pena mendar a moralidade administrativa ou a apuração do fato,
em tese cabível. (NR) sem prejuízo de vencimentos ou vantagens, até 180 (cento e oi-
§ 4º - A prescrição não corre: (NR) tenta) dias, prorrogáveis uma única vez por igual período; (NR)
1 - enquanto sobrestado o processo administrativo para II - designação do servidor acusado para o exercício de
aguardar decisão judicial, na forma do § 3º do artigo 250; atividades exclusivamente burocráticas até decisão final do
(NR) procedimento; (NR)
2 - enquanto insubsistente o vínculo funcional que ve- III - recolhimento de carteira funcional, distintivo, armas e
nha a ser restabelecido. (NR) algemas; (NR)
§ 5º - Extinta a punibilidade pela prescrição, a autori- IV - proibição do porte de armas; (NR)
dade julgadora determinará o registro do fato nos assenta- V - comparecimento obrigatório, em periodicidade a ser
mentos individuais do servidor. (NR) estabelecida, para tomar ciência dos atos do procedimento.
§ 6º - A decisão que reconhecer a existência de pres- (NR)
crição deverá desde logo determinar, quando for o caso, as § 1º - A autoridade que determinar a instauração ou pre-
providências necessárias à apuração da responsabilidade sidir sindicância ou processo administrativo poderá represen-
pela sua ocorrência. (NR) tar ao Chefe de Gabinete para propor a aplicação das medidas
- Artigo 261 com redação dada pela Lei Complementar previstas neste artigo, bem como sua cessação ou alteração.
n° 942, de 06/06/2003. (NR)
Artigo 262 - O funcionário que, sem justa causa, deixar § 2º - O Chefe de Gabinete poderá, a qualquer momento,
de atender a qualquer exigência para cujo cumprimento seja por despacho fundamentado, fazer cessar ou alterar as medi-
marcado prazo certo, terá suspenso o pagamento de seu das previstas neste artigo. (NR)
vencimento ou remuneração até que satisfaça essa exigên- - Artigo 266 com redação dada pela Lei Complementar n°
cia. 942, de 06/06/2003.
Parágrafo único - Aplica-se aos aposentados ou em dis- Artigo 267 - O período de afastamento preventivo com-
ponibilidade o disposto neste artigo. puta-se como de efetivo exercício, não sendo descontado da
Artigo 263 - Deverão constar do assentamento indivi- pena de suspensão eventualmente aplicada. (NR)
dual do funcionário todas as penas que lhe forem impostas. - Artigo 267 com redação dada pela Lei Complementar n°
942, de 06/06/2003.
CAPÍTULO II
Das Providências Preliminares (NR) TÍTULO VIII
- Capítulo II com redação dada pela Lei Comple- DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR (NR)
mentar n° 942, de 06/06/2003 CAPÍTULO I
Das Disposições Gerais (NR)
Artigo 264 - A autoridade que, por qualquer meio, ti- - Título VIII e Capítulo I com redação dada pela Lei
ver conhecimento de irregularidade praticada por servidor é Complementar n° 942, de 06/06/2003.
obrigada a adotar providências visando à sua imediata apu-
ração, sem prejuízo das medidas urgentes que o caso exigir. Artigo 268 - A apuração das infrações será feita mediante
(NR) sindicância ou processo administrativo, assegurados o contra-
- Artigo 264 com redação dada pela Lei Complementar ditório e a ampla defesa. (NR)
n° 942, de 06/06/2003. - Artigo 268 com redação dada pela Lei Complementar n°
Artigo 265 - A autoridade realizará apuração preliminar, 942, de 06/06/2003.
de natureza simplesmente investigativa, quando a infração Artigo 269 - Será instaurada sindicância quando a falta
não estiver suficientemente caracterizada ou definida auto- disciplinar, por sua natureza, possa determinar as penas de
ria. (NR) repreensão, suspensão ou multa. (NR)
§ 1º - A apuração preliminar deverá ser concluída no - Artigo 269 com redação dada pela Lei Complementar n°
prazo de 30 (trinta) dias. (NR) 942, de 06/06/2003.
54
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 270 - Será obrigatório o processo administrativo Artigo 277 - O processo administrativo deverá ser ins-
quando a falta disciplinar, por sua natureza, possa determi- taurado por portaria, no prazo improrrogável de 8 (oito) dias
nar as penas de demissão, de demissão a bem do serviço do recebimento da determinação, e concluído no de 90 (no-
público e de cassação de aposentadoria ou disponibilidade. venta) dias da citação do acusado. (NR)
(NR) § 1º - Da portaria deverão constar o nome e a identifica-
- Artigo 270 com redação dada pela Lei Complementar n° ção do acusado, a infração que lhe é atribuída, com descri-
942, de 06/06/2003. ção sucinta dos fatos, a indicação das normas infringidas e a
Artigo 271 - Os procedimentos disciplinares punitivos penalidade mais elevada em tese cabível. (NR)
serão realizados pela Procuradoria Geral do Estado e presi- § 2º - Vencido o prazo, caso não concluído o processo, o
didos por Procurador do Estado confirmado na carreira. (NR) Procurador do Estado que o presidir deverá imediatamente
- Artigo 271 com redação dada pela Lei Complementar n° encaminhar ao seu superior hierárquico relatório indicando
942, de 06/06/2003. as providências faltantes e o tempo necessário para término
dos trabalhos. (NR)
CAPÍTULO II § 3º - O superior hierárquico dará ciência dos fatos a
Da Sindicância que se refere o parágrafo anterior e das providências que
houver adotado à autoridade que determinou a instauração
Artigo 272 - São competentes para determinar a instau- do processo. (NR)
ração de sindicância as autoridades enumeradas no artigo - Artigo 277 com redação dada pela Lei Complementar n°
260. (NR) 942, de 06/06/2003.
Parágrafo único - Instaurada a sindicância, o Procurador Artigo 278 - Autuada a portaria e demais peças pree-
do Estado que a presidir comunicará o fato ao órgão setorial xistentes, designará o presidente dia e hora para audiência
de pessoal. (NR) de interrogatório, determinando a citação do acusado e a
- Artigo 272 com redação dada pela Lei Complementar notificação do denunciante, se houver. (NR)
n° 942, de 06/06/2003. § 1º - O mandado de citação deverá conter: (NR)
Artigo 273 - Aplicam-se à sindicância as regras previstas 1 - cópia da portaria; (NR)
nesta lei complementar para o processo administrativo, com 2 - data, hora e local do interrogatório, que poderá ser
as seguintes modificações: (NR) acompanhado pelo advogado do acusado; (NR)
I - a autoridade sindicante e cada acusado poderão ar- 3 - data, hora e local da oitiva do denunciante, se hou-
rolar até 3 (três) testemunhas; (NR) ver, que deverá ser acompanhada pelo advogado do acusa-
II - a sindicância deverá estar concluída no prazo de 60 do; (NR)
(sessenta) dias; (NR) 4 - esclarecimento de que o acusado será defendido
III - com o relatório, a sindicância será enviada à autori- por advogado dativo, caso não constitua advogado próprio;
dade competente para a decisão. (NR) (NR)
- Artigo 273 com redação dada pela Lei Complementar 5 - informação de que o acusado poderá arrolar teste-
n° 942, de 06/06/2003. munhas e requerer provas, no prazo de 3 (três) dias após a
data designada para seu interrogatório; (NR)
CAPÍTULO III 6 - advertência de que o processo será extinto se o acu-
Do Processo Administrativo (NR) sado pedir exoneração até o interrogatório, quando se tra-
- Capítulo III com redação dada pela Lei Comple- tar exclusivamente de abandono de cargo ou função, bem
mentar n° 942, de 06/06/2003. como inassiduidade. (NR)
§ 2º - A citação do acusado será feita pessoalmente, no
Artigo 274 - São competentes para determinar a instau- mínimo 2 (dois) dias antes do interrogatório, por intermédio
ração de processo administrativo as autoridades enumera- do respectivo superior hierárquico, ou diretamente, onde
das no artigo 260, até o inciso IV, inclusive. (NR) possa ser encontrado. (NR)
- Artigo 274 com redação dada pela Lei Complementar n° § 3º - Não sendo encontrado em seu local de trabalho
942, de 06/06/2003. ou no endereço constante de seu assentamento individual,
Artigo 275 - Não poderá ser encarregado da apuração, furtando-se o acusado à citação ou ignorando-se seu pa-
nem atuar como secretário, amigo íntimo ou inimigo, pa- radeiro, a citação far-se-á por edital, publicado uma vez no
rente consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até Diário Oficial do Estado, no mínimo 10 (dez) dias antes do
o terceiro grau inclusive, cônjuge, companheiro ou qualquer interrogatório. (NR)
integrante do núcleo familiar do denunciante ou do acusa- - Artigo 278 com redação dada pela Lei Complementar n°
do, bem assim o subordinado deste. (NR) 942, de 06/06/2003.
- Artigo 275 com redação dada pela Lei Complementar n° Artigo 279 - Havendo denunciante, este deverá prestar
942, de 06/06/2003. declarações, no interregno entre a data da citação e a fixada
Artigo 276 - A autoridade ou o funcionário designado para o interrogatório do acusado, sendo notificado para tal
deverão comunicar, desde logo, à autoridade competente, o fim. (NR)
impedimento que houver. (NR) § 1º - A oitiva do denunciante deverá ser acompanhada
- Artigo 276 com redação dada pela Lei Complementar n° pelo advogado do acusado, próprio ou dativo. (NR)
942, de 06/06/2003.
55
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 2º - O acusado não assistirá à inquirição do denun- § 2º - Ao servidor que se recusar a depor, sem justa cau-
ciante; antes porém de ser interrogado, poderá ter ciência sa, será pela autoridade competente adotada a providência
das declarações que aquele houver prestado. (NR) a que se refere o artigo 262, mediante comunicação do pre-
- Artigo 279 com redação dada pela Lei Complementar n° sidente. (NR)
942, de 06/06/2003. § 3º - O servidor que tiver de depor como testemunha
Artigo 280 - Não comparecendo o acusado, será, por fora da sede de seu exercício, terá direito a transporte e diá-
despacho, decretada sua revelia, prosseguindo-se nos de- rias na forma da legislação em vigor, podendo ainda expe-
mais atos e termos do processo. (NR) dir-se precatória para esse efeito à autoridade do domicílio
- Artigo 280 com redação dada pela Lei Complementar n° do depoente. (NR)
942, de 06/06/2003. § 4º - São proibidas de depor as pessoas que, em razão
Artigo 281 - Ao acusado revel será nomeado advogado de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar se-
dativo. (NR) gredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quise-
- Artigo 281 com redação dada pela Lei Complementar n° rem dar o seu testemunho. (NR)
942, de 06/06/2003. - Artigo 285 com redação dada pela Lei Complementar n°
Artigo 282 - O acusado poderá constituir advogado que 942, de 06/06/2003.
o representará em todos os atos e termos do processo. (NR) Artigo 286 - A testemunha que morar em comarca di-
§ 1º - É faculdade do acusado tomar ciência ou assistir versa poderá ser inquirida pela autoridade do lugar de sua
aos atos e termos do processo, não sendo obrigatória qual- residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória,
quer notificação. (NR) com prazo razoável, intimada a defesa. (NR)
§ 2º - O advogado será intimado por publicação no Diá- § 1º - Deverá constar da precatória a síntese da impu-
rio Oficial do Estado, de que conste seu nome e número de tação e os esclarecimentos pretendidos, bem como a adver-
inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, bem como os tência sobre a necessidade da presença de advogado. (NR)
dados necessários à identificação do procedimento. (NR) § 2º - A expedição da precatória não suspenderá a ins-
§ 3º - Não tendo o acusado recursos financeiros ou ne- trução do procedimento. (NR)
§ 3º - Findo o prazo marcado, o procedimento poderá
gando-se a constituir advogado, o presidente nomeará ad-
prosseguir até final decisão; a todo tempo, a precatória, uma
vogado dativo. (NR)
vez devolvida, será juntada aos autos. (NR)
§ 4º — O acusado poderá, a qualquer tempo, constituir
- Artigo 286 com redação dada pela Lei Complementar n°
advogado para prosseguir na sua defesa. (NR)
942, de 06/06/2003
- Artigo 282 com redação dada pela Lei Complementar n°
Artigo 287 - As testemunhas arroladas pelo acusado
942, de 06/06/2003.
comparecerão à audiência designada independente de no-
Artigo 283 - Comparecendo ou não o acusado ao in-
tificação. (NR)
terrogatório, inicia-se o prazo de 3 (três) dias para requerer a
§ 1º - Deverá ser notificada a testemunha cujo depoi-
produção de provas, ou apresentá-las. (NR) mento for relevante e que não comparecer espontaneamen-
§ 1º - O presidente e cada acusado poderão arrolar até te. (NR)
5 (cinco) testemunhas. (NR) § 2º - Se a testemunha não for localizada, a defesa po-
§ 2º - A prova de antecedentes do acusado será feita ex- derá substituí-la, se quiser, levando na mesma data desig-
clusivamente por documentos, até as alegações finais. (NR) nada para a audiência outra testemunha, independente de
§ 3º - Até a data do interrogatório, será designada a notificação. (NR)
audiência de instrução. (NR) - Artigo 287 com redação dada pela Lei Complementar n°
- Artigo 283 com redação dada pela Lei Complementar n° 942, de 06/06/2003.
942, de 06/06/2003 Artigo 288 - Em qualquer fase do processo, poderá o
Artigo 284 - Na audiência de instrução, serão ouvidas, presidente, de ofício ou a requerimento da defesa, ordenar
pela ordem, as testemunhas arroladas pelo presidente e diligências que entenda convenientes. (NR)
pelo acusado. (NR) § 1º - As informações necessárias à instrução do pro-
Parágrafo único - Tratando-se de servidor público, seu cesso serão solicitadas diretamente, sem observância de
comparecimento poderá ser solicitado ao respectivo supe- vinculação hierárquica, mediante ofício, do qual cópia será
rior imediato com as indicações necessárias. (NR) juntada aos autos. (NR)
- Artigo 284 com redação dada pela Lei Complementar n° § 2º - Sendo necessário o concurso de técnicos ou peri-
942, de 06/06/2003. tos oficiais, o presidente os requisitará, observados os impe-
Artigo 285 - A testemunha não poderá eximir-se de dimentos do artigo 275. (NR)
depor, salvo se for ascendente, descendente, cônjuge, ain- - Artigo 288 com redação dada pela Lei Complementar n°
da que legalmente separado, companheiro, irmão, sogro 942, de 06/06/2003.
e cunhado, pai, mãe ou filho adotivo do acusado, exceto Artigo 289 - Durante a instrução, os autos do procedi-
quando não for possível, por outro modo, obter-se ou inte- mento administrativo permanecerão na repartição compe-
grar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. (NR) tente. (NR)
§ 1º - Se o parentesco das pessoas referidas for com § 1º - Será concedida vista dos autos ao acusado, me-
o denunciante, ficam elas proibidas de depor, observada a diante simples solicitação, sempre que não prejudicar o cur-
exceção deste artigo.(NR) so do procedimento. (NR)
56
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 2º - A concessão de vista será obrigatória, no prazo Artigo 295 - Recebendo o processo relatado, a autori-
para manifestação do acusado ou para apresentação de dade que houver determinado sua instauração deverá, no
recursos, mediante publicação no Diário Oficial do Estado. prazo de 20 (vinte) dias, proferir o julgamento ou determinar
(NR) a realização de diligência, sempre que necessária ao esclare-
§ 3º - Não corre o prazo senão depois da publicação cimento de fatos. (NR)
a que se refere o parágrafo anterior e desde que os autos - Artigo 295 com redação dada pela Lei Complementar n°
estejam efetivamente disponíveis para vista. (NR) 942, de 06/06/2003.
§ 4º - Ao advogado é assegurado o direito de retirar os Artigo 296 - Determinada a diligência, a autoridade
autos da repartição, mediante recibo, durante o prazo para encarregada do processo administrativo terá prazo de 15
manifestação de seu representado, salvo na hipótese de pra- (quinze) dias para seu cumprimento, abrindo vista à defesa
zo comum, de processo sob regime de segredo de justiça ou para manifestar-se em 5 (cinco) dias. (NR)
quando existirem nos autos documentos originais de difícil - Artigo 296 com redação dada pela Lei Complementar n°
restauração ou ocorrer circunstância relevante que justifique 942, de 06/06/2003.
a permanência dos autos na repartição, reconhecida pela Artigo 297 - Quando escaparem à sua alçada as penali-
autoridade em despacho motivado. (NR) dades e providências que lhe parecerem cabíveis, a autorida-
- Artigo 289 com redação dada pela Lei Complementar n° de que determinou a instauração do processo administrati-
942, de 06/06/2003. vo deverá propô-las, justificadamente, dentro do prazo para
Artigo 290 - Somente poderão ser indeferidos pelo pre- julgamento, à autoridade competente. (NR)
sidente, mediante decisão fundamentada, os requerimentos - Artigo 297 com redação dada pela Lei Complementar
de nenhum interesse para o esclarecimento do fato, bem n° 942, de 06/06/2003.
como as provas ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou Artigo 298 - A autoridade que proferir decisão determi-
protelatórias. (NR) nará os atos dela decorrentes e as providências necessárias
- Artigo 290 com redação dada pela Lei Complementar n° a sua execução. (NR)
942, de 06/06/2003. - Artigo 298 com redação dada pela Lei Complementar
n° 942, de 06/06/2003.
Artigo 291 - Quando, no curso do procedimento, surgi-
Artigo 299 - As decisões serão sempre publicadas no
rem fatos novos imputáveis ao acusado, poderá ser promo-
Diário Oficial do Estado, dentro do prazo de 8 (oito) dias,
vida a instauração de novo procedimento para sua apura-
bem como averbadas no registro funcional do servidor. (NR)
ção, ou, caso conveniente, aditada a portaria, reabrindo-se
- Artigo 299 com redação dada pela Lei Complementar
oportunidade de defesa. (NR)
n° 942, de 06/06/2003.
- Artigo 291 com redação dada pela Lei Complementar n°
Artigo 300 - Terão forma processual resumida, quando
942, de 06/06/2003.
possível, todos os termos lavrados pelo secretário, quais se-
Artigo 292 - Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista
jam: autuação, juntada, conclusão, intimação, data de rece-
dos autos à defesa, que poderá apresentar alegações finais, bimento, bem como certidões e compromissos. (NR)
no prazo de 7 (sete) dias. (NR) § 1º - Toda e qualquer juntada aos autos se fará na or-
Parágrafo único - Não apresentadas no prazo as alega- dem cronológica da apresentação, rubricando o presidente
ções finais, o presidente designará advogado dativo, assi- as folhas acrescidas. (NR)
nando-lhe novo prazo. (NR) § 2º - Todos os atos ou decisões, cujo original não cons-
- Artigo 292 com redação dada pela Lei Complementar n° te do processo, nele deverão figurar por cópia. (NR)
942, de 06/06/2003. - Artigo 300 com redação dada pela Lei Complementar
Artigo 293 - O relatório deverá ser apresentado no pra- n° 942, de 06/06/2003.
zo de 10 (dez) dias, contados da apresentação das alegações Artigo 301 - Constará sempre dos autos da sindicância
finais. (NR) ou do processo a folha de serviço do indiciado. (NR)
§ 1º - O relatório deverá descrever, em relação a cada - Artigo 301 com redação dada pela Lei Complementar
acusado, separadamente, as irregularidades imputadas, as n° 942, de 06/06/2003.
provas colhidas e as razões de defesa, propondo a absolvi- Artigo 302 - Quando ao funcionário se imputar crime,
ção ou punição e indicando, nesse caso, a pena que enten- praticado na esfera administrativa, a autoridade que deter-
der cabível. (NR) minou a instauração do processo administrativo providen-
§ 2º - O relatório deverá conter, também, a sugestão de ciará para que se instaure, simultaneamente, o inquérito
quaisquer outras providências de interesse do serviço pú- policial. (NR)
blico. (NR) Parágrafo único - Quando se tratar de crime praticado
- Artigo 293 com redação dada pela Lei Complementar n° fora da esfera administrativa, a autoridade policial dará ciên-
942, de 06/06/2003. cia dele à autoridade administrativa. (NR)
Artigo 294 - Relatado, o processo será encaminhado à - Artigo 302 com redação dada pela Lei Complementar
autoridade que determinou sua instauração. (NR) n° 942, de 06/06/2003.
- Artigo 294 com redação dada pela Lei Complementar n° Artigo 303 - As autoridades responsáveis pela condução
942, de 06/06/2003. do processo administrativo e do inquérito policial se auxi-
liarão para que os mesmos se concluam dentro dos prazos
respectivos. (NR)
57
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
- Artigo 303 com redação dada pela Lei Complementar Artigo 311 - A defesa só poderá versar sobre força maior,
n° 942, de 06/06/2003. coação ilegal ou motivo legalmente justificável. (NR)
Artigo 304 - Quando o ato atribuído ao funcionário for - Artigo 311 com redação dada pela Lei Complementar
considerado criminoso, serão remetidas à autoridade com- n° 942, de 06/06/2003.
petente cópias autenticadas das peças essenciais do proces-
so. (NR) CAPÍTULO V
- Artigo 304 com redação dada pela Lei Complementar Dos Recursos (NR)
n° 942, de 06/06/2003. - Capítulo V com redação dada pela Lei Comple-
Artigo 305 - Não será declarada a nulidade de nenhum mentar n° 942, de 06/06/2003.
ato processual que não houver influído na apuração da ver-
dade substancial ou diretamente na decisão do processo ou Artigo 312 - Caberá recurso, por uma única vez, da deci-
sindicância. (NR) são que aplicar penalidade. (NR)
- Artigo 305 com redação dada pela Lei Complementar § 1º - O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, conta-
n° 942, de 06/06/2003. dos da publicação da decisão impugnada no Diário Oficial
Artigo 306 - É defeso fornecer à imprensa ou a outros do Estado ou da intimação pessoal do servidor, quando for
meios de divulgação notas sobre os atos processuais, salvo o caso. (NR)
no interesse da Administração, a juízo do Secretário de Esta- § 2º - Do recurso deverá constar, além do nome e qua-
do ou do Procurador Geral do Estado. (NR) lificação do recorrente, a exposição das razões de inconfor-
- Artigo 306 com redação dada pela Lei Complementar mismo. (NR)
n° 942, de 06/06/2003. § 3º - O recurso será apresentado à autoridade que apli-
Artigo 307 - Decorridos 5 (cinco) anos de efetivo exer- cou a pena, que terá o prazo de 10 (dez) dias para, motiva-
cício, contados do cumprimento da sanção disciplinar, sem damente, manter sua decisão ou reformá-la. (NR)
cometimento de nova infração, não mais poderá aquela ser § 4º - Mantida a decisão, ou reformada parcialmente,
considerada em prejuízo do infrator, inclusive para efeito de será imediatamente encaminhada a reexame pelo superior
hierárquico. (NR)
reincidência. (NR)
§ 5º - O recurso será apreciado pela autoridade compe-
Parágrafo único - A demissão e a demissão a bem do
tente ainda que incorretamente denominado ou endereça-
serviço público acarretam a incompatibilidade para nova in-
do. (NR)
vestidura em cargo, função ou emprego público, pelo prazo
- Artigo 312 com redação dada pela Lei Complementar
de 5 (cinco) e 10 (dez) anos, respectivamente. (NR)
n° 942, de 06/06/2003.
- Artigo 307 com redação dada pela Lei Complementar
Artigo 313 - Caberá pedido de reconsideração, que não
n° 942, de 06/06/2003.
poderá ser renovado, de decisão tomada pelo Governador
do Estado em única instância, no prazo de 30 (trinta) dias.
CAPÍTULO IV (NR)
Do Processo por Abandono do Cargo ou Função e - Artigo 313 com redação dada pela Lei Complementar n°
por Inassiduidade (NR) 942, de 06/06/2003.
- Capítulo IV com redação dada pela Lei Comple- Artigo 314 - Os recursos de que trata esta lei comple-
mentar n° 942, de 06/06/2003. mentar não têm efeito suspensivo; os que forem providos
darão lugar às retificações necessárias, retroagindo seus
Artigo 308 - Verificada a ocorrência de faltas ao serviço efeitos à data do ato punitivo. (NR)
que caracterizem abandono de cargo ou função, bem como - Artigo 314 com redação dada pela Lei Complementar n°
inassiduidade, o superior imediato comunicará o fato à au- 942, de 06/06/2003.
toridade competente para determinar a instauração de pro-
cesso disciplinar, instruindo a representação com cópia da CAPÍTULO VI
ficha funcional do servidor e atestados de frequência. (NR) Da Revisão (NR)
- Artigo 308 com redação dada pela Lei Complementar - Capítulo VI com redação dada pela Lei Comple-
n° 942, de 06/06/2003. mentar n° 942, de 06/06/2003.
Artigo 309 - Não será instaurado processo para apurar
abandono de cargo ou função, bem como inassiduidade, se Artigo 315 - Admitir-se-á, a qualquer tempo, a revisão
o servidor tiver pedido exoneração. (NR) de punição disciplinar de que não caiba mais recurso, se sur-
- Artigo 309 com redação dada pela Lei Complementar girem fatos ou circunstâncias ainda não apreciados, ou vícios
n° 942, de 06/06/2003. insanáveis de procedimento, que possam justificar redução
Artigo 310 - Extingue-se o processo instaurado exclu- ou anulação da pena aplicada. (NR)
sivamente para apurar abandono de cargo ou função, bem § 1º - A simples alegação da injustiça da decisão não
como inassiduidade, se o indiciado pedir exoneração até a constitui fundamento do pedido. (NR)
data designada para o interrogatório, ou por ocasião deste. § 2º - Não será admitida reiteração de pedido pelo mes-
(NR) mo fundamento. (NR)
- Artigo 310 com redação dada pela Lei Complementar n° § 3º - Os pedidos formulados em desacordo com este
942, de 06/06/2003. artigo serão indeferidos. (NR)
§ 4º - O ônus da prova cabe ao requerente. (NR)
58
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
59
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO II
4. LEI Nº 10.177, DE 30 DE DEZEMBRO DE 1998 Da Invalidade dos Atos
– REGULA O PROCESSO ADMINISTRATIVO
Artigo 8.º - São inválidos os atos administrativos que
NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA desatendam os pressupostos legais e regulamentares de sua
ESTADUAL. edição, ou os princípios da Administração, especialmente nos
casos de:
I - incompetência da pessoa jurídica, órgão ou agente de
LEI N.º 10.177, DE 30 DE DEZEMBRO DE 1998 que emane;
II - omissão de formalidades ou procedimentos essen-
Regula o processo administrativo no âmbito da Adminis- ciais;
tração Pública Estadual III - impropriedade do objeto;
IV - inexistência ou impropriedade do motivo de fato ou
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO: de direito;
Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu V - desvio de poder;
promulgo a seguinte lei: VI - falta ou insuficiência de motivação.
Parágrafo único - Nos atos discricionários, será razão de
TÍTULO I invalidade a falta de correlação lógica entre o motivo e o con-
Das Disposições Preliminares teúdo do ato, tendo em vista sua finalidade.
Artigo 9.º - A motivação indicará as razões que justifi-
Artigo 1.º - Esta lei regula os atos e procedimentos ad- quem a edição do ato, especialmente a regra de competência,
ministrativos da Administração Pública centralizada e des- os fundamentos de fato e de direito e a finalidade objetivada.
centralizada do Estado de São Paulo, que não tenham disci- Parágrafo único - A motivação do ato no procedimen-
plina legal específica. to administrativo poderá consistir na remissão a pareceres ou
manifestações nele proferidos.
Parágrafo único - Considera-se integrante da Adminis-
Artigo 10 - A Administração anulará seus atos inválidos,
tração descentralizada estadual toda pessoa jurídica contro-
de ofício ou por provocação de pessoa interessada, salvo
lada ou mantida, direta ou indiretamente, pelo Poder Públi-
quando:
co estadual, seja qual for seu regime jurídico.
I - ultrapassado o prazo de 10 (dez) anos contado de sua
Artigo 2.º - As normas desta lei aplicam-se subsidiaria-
produção;
mente aos atos e procedimentos administrativos com disci-
II - da irregularidade não resultar qualquer prejuízo;
plina legal específica.
III - forem passíveis de convalidação.
Artigo 3.º - Os prazos fixados em normas legais especí- Artigo 11 - A Administração poderá convalidar seus atos
ficas prevalecem sobre os desta lei. inválidos, quando a invalidade decorrer de vício de compe-
tência ou de ordem formal, desde que:
TÍTULO II I - na hipótese de vício de competência, a convalidação
Dos Princípios da Administração Pública seja feita pela autoridade titulada para a prática do ato, e não
se trate de competência indelegável;
Artigo 4.º - A Administração Pública atuará em obe- II - na hipótese de vício formal, este possa ser suprido de
diência aos princípios da legalidade, impessoalidade, mora- modo eficaz.
lidade, publicidade, razoabilidade, finalidade, interesse pú- § 1.º - Não será admitida a convalidação quando dela
blico e motivação dos atos administrativos. resultar prejuízo à Administração ou a terceiros ou quando se
Artigo 5.º - A norma administrativa deve ser interpreta- tratar de ato impugnado.
da e aplicada da forma que melhor garanta a realização do § 2.º - A convalidação será sempre formalizada por ato
fim público a que se dirige. motivado.
Artigo 6.º - Somente a lei poderá:
I - criar condicionamentos aos direitos dos particulares CAPÍTULO III
ou impor-lhes deveres de qualquer espécie; e Da Formalização dos Atos
II - prever infrações ou prescrever sanções.
Artigo 12 - São atos administrativos:
TÍTULO III I - de competência privativa:
Dos Atos Administrativos a) do Governador do Estado, o Decreto;
CAPÍTULO I b) dos Secretários de Estado, do Procurador Geral do Es-
Disposição Preliminar tado e dos Reitores das Universidades, a Resolução;
c) dos órgãos colegiados, a Deliberação;
Artigo 7.º - A Administração não iniciará qualquer atua- II - de competência comum:
ção material relacionada com a esfera jurídica dos particu- a) à todas as autoridades, até o nível de Diretor de Servi-
lares sem a prévia expedição do ato administrativo que lhe ço; as autoridades policiais; aos dirigentes das entidades des-
sirva de fundamento, salvo na hipótese de expressa previsão centralizadas, bem como, quando estabelecido em norma le-
legal. gal específica, a outras autoridades administrativas, a Portaria;
60
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
61
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Seção III § 1.º - O prazo fluirá a partir do momento em que, à vista
Da Instrução das circunstâncias, tornar-se logicamente possível a produção
do ato ou a adoção da providência.
Artigo 25 - Os procedimentos serão impulsionados e § 2.º - Os prazos previstos neste artigo poderão ser, caso
instruídos de ofício, atendendo-se à celeridade, economia, a caso, prorrogados uma vez, por igual período, pela auto-
simplicidade e utilidade dos trâmites. ridade superior, à vista de representação fundamentada do
Artigo 26 - O órgão ou entidade da Administração esta- agente responsável por seu cumprimento.
dual que necessitar de informações de outro, para instrução Artigo 33 - O prazo máximo para decisão de requeri-
de procedimento administrativo, poderá requisitá-las direta- mentos de qualquer espécie apresentados à Administração
mente, sem observância da vinculação hierárquica, mediante será de 120 (cento e vinte) dias, se outro não for legalmente
ofício, do qual uma cópia será juntada aos autos. estabelecido.
Artigo 27 - Durante a instrução, os autos do procedimen- § 1.º - Ultrapassado o prazo sem decisão, o interessado
to administrativo permanecerão na repartição competente. poderá considerar rejeitado o requerimento na esfera admi-
Artigo 28 - Quando a matéria do processo envolver as- nistrativa, salvo previsão legal ou regulamentar em contrário.
sunto de interesse geral, o órgão competente poderá, me- § 2.º - Quando a complexidade da questão envolvida não
diante despacho motivado, autorizar consulta pública para permitir o atendimento do prazo previsto neste artigo, a au-
manifestação de terceiros, antes da decisão do pedido, se não toridade cientificará o interessado das providências até então
houver prejuízo para a parte interessada. tomadas, sem prejuízo do disposto no parágrafo anterior.
§ 1.º - A abertura da consulta pública será objeto de di- § 3.º - O disposto no § 1.° deste artigo não desonera a
vulgação pelos meios oficiais, a fim de que os autos possam autoridade do dever de apreciar o requerimento.
ser examinados pelos interessados, fixando-se prazo para
oferecimento de alegações escritas. Seção V
§ 2.º - O comparecimento à consulta pública não confere, Da Publicidade
por si, a condição de interessado no processo, mas constitui
o direito de obter da Administração resposta fundamentada. Artigo 34 - No curso de qualquer procedimento admi-
Artigo 29 - Antes da tomada de decisão, a juízo da auto- nistrativo, as citações, intimações e notificações, quando feitas
ridade, diante da relevância da questão, poderá ser realizada pessoalmente ou por carta com aviso de recebimento, obser-
audiência pública para debates sobre a matéria do processo. varão as seguintes regras:
Artigo 30 - Os órgãos e entidades administrativas, em I - constitui ônus do requerente informar seu endereço
matéria relevante, poderão estabelecer outros meios de parti- para correspondência, bem como alterações posteriores;
cipação dos administrados, diretamente ou por meio de orga- II - considera-se efetivada a intimação ou notificação por
nizações e associações legalmente reconhecidas. carta com sua entrega no endereço fornecido pelo interes-
Artigo 31 - Os resultados da consulta e audiência pública sado;
e de outros meios de participação dos administrados deverão III - será obrigatoriamente pessoal a citação do acusado,
ser acompanhados da indicação do procedimento adotado. em procedimento sancionatório, e a intimação do terceiro in-
teressado, em procedimento de invalidação;
Seção IV IV - na citação, notificação ou intimação pessoal, caso o
Dos Prazos destinatário se recuse a assinar o comprovante de recebimen-
to, o servidor encarregado certificará a entrega e a recusa;
Artigo 32 - Quando outros não estiverem previstos nesta V - quando o particular estiver representado nos autos
lei ou em disposições especiais, serão obedecidos os seguin- por procurador, a este serão dirigidas as notificações e intima-
tes prazos máximos nos procedimentos administrativos: ções, salvo disposição em contrário.
I - para autuação, juntada aos autos de quaisquer ele- Parágrafo único - Na hipótese do inciso III, não encon-
mentos, publicação e outras providências de mero expedien- trado o interessado, a citação ou a intimação serão feitas por
te: 2 (dois) dias; edital publicado no Diário Oficial do Estado.
II - para expedição de notificação ou intimação pessoal: Artigo 35 - Durante a instrução, será concedida vista dos
6 (seis) dias; autos ao interessado, mediante simples solicitação, sempre
III - para elaboração e apresentação de informes sem ca- que não prejudicar o curso do procedimento.
ráter técnico ou jurídico: 7 (sete) dias; Parágrafo único - A concessão de vista será obrigatória,
IV - para elaboração e apresentação de pareceres ou in- no prazo para manifestação do interessado ou para apresen-
formes de caráter técnico ou jurídico: 20 (vinte) dias, prorro- tação de recursos, mediante publicação no Diário Oficial do
gáveis por 10 (dez) dias quando a diligência requerer o deslo- Estado.
camento do agente para localidade diversa daquela onde tem Artigo 36 - Ao advogado e assegurado o direito de reti-
sua sede de exercício; rar os autos da repartição, mediante recibo, durante o prazo
V - para decisões no curso do procedimento: 7 (sete) dias; para manifestação de seu constituinte, salvo na hipótese de
VI - para manifestações do particular ou providências a prazo comum.
seu cargo: 7 (sete) dias;
VII - para decisão final: 20 (vinte) dias;
VIII - para outras providências da Administração: 5 (cinco) dias.
62
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
63
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
64
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
65
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 69 - Concluindo-se pela responsabilidade civil I - o interessado apresentará, ao órgão ou entidade do
do agente, será ele intimado para, em 30 (trinta) dias, reco- qual pretende as informações, requerimento escrito manifes-
lher aos cofres públicos o valor do prejuízo suportado pela tando o desejo de conhecer tudo o que a seu respeito conste
Fazenda, atualizado monetariamente. das fichas ou registros existentes;
Artigo 70 - Vencido, sem o pagamento, o prazo estipu- II - as informações serão fornecidas no prazo máximo de
lado no artigo anterior, será proposta, de imediato, a respec- 10 (dez) dias úteis, contados do protocolo do requerimento;
tiva ação judicial para cobrança do débito. III - as informações serão transmitidas em linguagem clara
Artigo 71 - Aplica-se o disposto nesta Seção às entida- e indicarão, conforme for requerido pelo interessado:
des descentralizadas, observada a respectiva estrutura ad- a) o conteúdo integral do que existir registrado;
ministrativa. b) a fonte das informações e dos registros;
c) o prazo até o qual os registros serão mantidos;
Seção V d) as categorias de pessoas que, por suas funções ou por
Do Procedimento para Obtenção de Certidão necessidade do serviço, tem, diretamente, acesso aos registros;
e) as categorias de destinatários habilitados a receber co-
Artigo 72 - É assegurada, nos termos do Artigo 5.° , municação desses registros; e
XXXIV, «b», da Constituição Federal, a expedição de certidão f) se tais registros são transmitidos a outros órgãos esta-
sobre atos, contratos, decisões ou pareceres constantes de duais, e quais são esses órgãos.
registros ou autos de procedimentos em poder da Adminis- Artigo 79 - Os dados existentes, cujo conhecimento hou-
tração Pública, ressalvado o disposto no Artigo 75. ver sido ocultado ao interessado, quando de sua solicitação de
Parágrafo único - As certidões serão expedidas sob a informações, não poderão, em hipótese alguma, ser utilizados
forma de relato ou mediante cópia reprográfica dos elemen- em quaisquer procedimentos que vierem a ser contra o mes-
tos pretendidos. mo instaurados.
Artigo 73 - Para o exercício do direito previsto no ar- Artigo 80 - Os órgãos ou entidades da Administração, ao
tigo anterior, o interessado deverá protocolar requerimen- coletar informações, devem esclarecer aos interessados:
I - o caráter obrigatório ou facultativo das respostas;
to no órgão competente, independentemente de qualquer
II - as consequências de qualquer incorreção nas respos-
pagamento, especificando os elementos que pretende ver
tas;
certificados.
III - os órgãos aos quais se destinam as informações; e
Artigo 74 - O requerimento será apreciado, em 5 (cinco)
IV - a existência do direito de acesso e de retificação das
dias úteis, pela autoridade competente, que determinará a
informações.
expedição da certidão requerida em prazo não superior a 5
Parágrafo único - Quando as informações forem colhi-
(cinco) dias úteis.
das mediante questionários impressos, devem eles conter os
Artigo 75 - O requerimento será indeferido, em despa- esclarecimentos de que trata este artigo.
cho motivado, se a divulgação da informação solicitada co- Artigo 81 - É proibida a inserção ou conservação em fi-
locar em comprovado risco a segurança da sociedade ou do chário ou registro de dados nominais relativos a opiniões po-
Estado, violar a intimidade de terceiros ou não se enquadrar líticas, filosóficas ou religiosas, origem racial, orientação sexual
na hipótese constitucional. e filiação sindical ou partidária.
§ 1.º - Na hipótese deste artigo, a autoridade compe- Artigo 82 - É vedada a utilização, sem autorização prévia
tente, antes de sua decisão, ouvirá o órgão de consultoria do interessado, de dados pessoais para outros fins que não
jurídica, que se manifestará em 3 (três) dias úteis. aqueles para os quais foram prestados.
§ 2.º - Do indeferimento do pedido de certidão caberá
recurso. Seção VII
Artigo 76 - A expedição da certidão independerá de Do Procedimento para Retificação de Informações
qualquer pagamento quando o requerente demonstrar sua Pessoais
necessidade para a defesa de direitos ou esclarecimento de
situações de interesse pessoal. Artigo 83 - Qualquer pessoa tem o direito de exigir, da
Parágrafo único - Nas demais hipóteses, o interessado Administração:
deverá recolher o valor correspondente, conforme legislação I - a eliminação completa de registros de dados falsos a
específica. seu respeito, os quais tenham sido obtidos por meios ilícitos,
ou se refiram às hipóteses vedadas pelo Artigo 81;
Seção VI II - a retificação, complementação, esclarecimento ou
Do Procedimento para Obtenção de Informações atualização de dados incorretos, incompletos, dúbios ou de-
Pessoais satualizados.
Parágrafo único - Aplicam-se ao procedimento de retifi-
Artigo 77 - Toda pessoa terá direito de acesso aos re- cação as regras contidas nos Artigos 54 e 55.
gistros nominais que a seu respeito constem em qualquer Artigo 84 - O fichário ou o registro nominal devem ser
espécie de fichário ou registro, informatizado ou não, dos completados ou corrigidos, de ofício, assim que a entidade ou
órgãos ou entidades da Administração, inclusive policiais. órgão por eles responsável tome conhecimento da incorreção,
Artigo 78 - O requerimento para obtenção de informa- desatualização ou caráter incompleto de informações neles
ções observará as seguintes regras: contidas.
66
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 85 - No caso de informação já fornecida a tercei- Palácio dos Bandeirantes, 30 de dezembro de 1998.
ros, sua alteração será comunicada a estes, desde que requeri- MÁRIO COVAS
da pelo interessado, a quem dará cópia da retificação. Belisário dos Santos Júnior
Secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania
Seção VIII Fernando Leça
Do Procedimento de Denúncia Secretário-Chefe da Casa Civil
Antonio Angarita
Artigo 86 - Qualquer pessoa que tiver conhecimento de Secretário do Governo e Gestão Estratégica
violação da ordem jurídica, praticada por agentes administra- Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 30 de de-
tivos, poderá denunciá-la à Administração. zembro de 1998.
Artigo 87 - A denúncia conterá a identificação do seu au-
tor, devendo indicar o fato e suas circunstâncias, e, se possível,
seus responsáveis ou beneficiários.
5. LEI COMPLEMENTAR Nº 893, DE 09 DE
Parágrafo único - Quando a denúncia for apresentada ver-
balmente, a autoridade lavrará termo, assinado pelo denunciante. MARÇO DE 2001 – INSTITUI O REGULAMENTO
Artigo 88 - Instaurado o procedimento administrativo, a DISCIPLINAR DA POLÍCIA MILITAR – RDPM.
autoridade responsável determinará as providências necessá-
rias à sua instrução, observando-se os prazos legais e as se-
guintes regras:
I - é obrigatória a manifestação do órgão de consultoria LEI COMPLEMENTAR Nº 893, DE 09 DE MARÇO DE
jurídica; 2001
II - o denunciante não é parte no procedimento, podendo, (Atualizada até a Lei Complementar nº 915, de 22 de
entretanto, ser convocado para depor; março de 2002)
III - o resultado da denúncia será comunicado ao autor, se
este assim o solicitar. Institui o Regulamento Disciplinar da Polícia Militar
Artigo 89 - Incidirá em infração disciplinar grave a autori-
dade que não der andamento imediato, rápido e eficiente ao O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
procedimento regulado nesta Seção. Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu
promulgo a seguinte lei complementar:
TÍTULO V
Disposições Finais CAPÍTULO I
Das Disposições Gerais
Artigo 90 - O descumprimento injustificado, pela Admi-
nistração, dos prazos previstos nesta lei gera responsabilidade
Artigo 1º - A hierarquia e a disciplina são as bases da
disciplinar, imputável aos agentes públicos encarregados do
organização da Polícia Militar.
assunto, não implicando, necessariamente, em nulidade do
Artigo 2º - Estão sujeitos ao Regulamento Disciplinar
procedimento.
da Polícia Militar os militares do Estado do serviço ativo, da
§ 1.º - Respondem também os superiores hierárquicos
reserva remunerada, os reformados e os agregados, nos ter-
que se omitirem na fiscalização dos serviços de seus subor-
mos da legislação vigente.
dinados, ou que de algum modo concorram para a infração.
Parágrafo único - O disposto neste artigo não se aplica:
§ 2.º - Os prazos concedidos aos particulares poderão ser
devolvidos, mediante requerimento do interessado, quando 1 - aos militares do Estado, ocupantes de cargos públi-
óbices injustificados, causados pela Administração, resultarem cos ou eletivos;
na impossibilidade de atendimento do prazo fixado. 2 - aos Magistrados da Justiça Militar.
Artigo 91 - Os prazos previstos nesta lei são contínuos, Artigo 3º - Hierarquia policial-militar é a ordenação
salvo disposição expressa em contrário, não se interrompendo progressiva da autoridade, em graus diferentes, da qual
aos domingos ou feriados. decorre a obediência, dentro da estrutura da Polícia Militar,
Artigo 92 - Quando norma não dispuser de forma diver- culminando no Governador do Estado, Chefe Supremo da
sa, os prazos serão computados excluindo-se o dia do começo Polícia Militar.
e incluindo-se o do vencimento. § 1º - A ordenação da autoridade se faz por postos e
§ 1.º - Só se iniciam e vencem os prazos em dia de expe- graduações, de acordo com o escalonamento hierárquico, a
diente no órgão ou entidade. antiguidade e a precedência funcional.
§ 2.º - Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia § 2º - Posto é o grau hierárquico dos oficiais, conferido
útil subsequente se, no dia do vencimento, o expediente for por ato do Governador do Estado e confirmado em Carta
encerrado antes do horário normal. Patente ou Folha de Apostila.
Artigo 93 - Esta lei entrará em vigor em 120 (cento e § 3º - Graduação é o grau hierárquico das praças, confe-
vinte) dias contados da data de sua publicação. rida pelo Comandante Geral da Polícia Militar.
Artigo 94 - Revogam-se as disposições em contrário, es- Artigo 4º - A antiguidade entre os militares do Estado,
pecialmente o Decreto-lei n. 104, de 20 de junho de 1969 e a em igualdade de posto ou graduação, será definida pela:
Lei n. 5.702, de 5 de junho de 1987. I - data da última promoção;
67
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
II - prevalência sucessiva dos graus hierárquicos anteriores; I - cultuar os símbolos e as tradições da Pátria, do Estado
III - classificação no curso de formação ou habilitação; de São Paulo e da Polícia Militar e zelar por sua inviolabilidade;
IV - data de nomeação ou admissão; II - cumprir os deveres de cidadão;
V - maior idade. III - preservar a natureza e o meio ambiente;
Parágrafo único - Nos casos de promoção a aspirante-a IV - servir à comunidade, procurando, no exercício da su-
-oficial, a aluno-oficial, a 3º sargento, a cabo ou nos casos de prema missão de preservar a ordem pública, promover, sempre,
nomeação de oficiais, alunos-oficiais ou admissão de soldados o bem estar comum, dentro da estrita observância das normas
prevalecerá, para efeito de antiguidade, a ordem de classifica- jurídicas e das disposições deste Regulamento;
ção obtida nos respectivos cursos ou concursos. V - atuar com devotamento ao interesse público, colocan-
Artigo 5º - A precedência funcional ocorrerá quando, em do-o acima dos anseios particulares;
igualdade de posto ou graduação, o oficial ou a praça: VI - atuar de forma disciplinada e disciplinadora, com res-
I - ocupar cargo ou função que lhe atribua superioridade peito mútuo de superiores e subordinados, e preocupação com
funcional sobre os integrantes do órgão ou serviço que dirige, a integridade física, moral e psíquica de todos os militares do
comanda ou chefia; Estado, inclusive dos agregados, envidando esforços para bem
II - estiver no serviço ativo, em relação aos inativos. encaminhar a solução dos problemas apresentados;
VII - ser justo na apreciação de atos e méritos dos subor-
CAPÍTULO II dinados;
Da Deontologia Policial-Militar VIII - cumprir e fazer cumprir, dentro de suas atribuições
SEÇÃO I legalmente definidas, a Constituição, as leis e as ordens legais
Disposições Preliminares das autoridades competentes, exercendo suas atividades com
responsabilidade, incutindo-a em seus subordinados;
Artigo 6º - A deontologia policial-militar é constituída pe- IX - dedicar-se integralmente ao serviço policial-militar,
los valores e deveres éticos, traduzidos em normas de conduta, buscando, com todas as energias, o êxito e o aprimoramento
que se impõem para que o exercício da profissão policial-mili- técnico-profissional e moral;
X - estar sempre preparado para as missões que desem-
tar atinja plenamente os ideais de realização do bem comum,
penhe;
mediante a preservação da ordem pública.
XI - exercer as funções com integridade e equilíbrio, se-
§ 1º - Aplicada aos componentes da Polícia Militar, inde-
gundo os princípios que regem a administração pública, não
pendentemente de posto ou graduação, a deontologia po-
sujeitando o cumprimento do dever a influências indevidas;
licial-militar reúne valores úteis e lógicos a valores espirituais
XII - procurar manter boas relações com outras catego-
superiores, destinados a elevar a profissão policial-militar à
rias profissionais, conhecendo e respeitando-lhes os limites de
condição de missão. competência, mas elevando o conceito e os padrões da própria
§ 2º - O militar do Estado prestará compromisso de honra, profissão, zelando por sua competência e autoridade;
em caráter solene, afirmando a consciente aceitação dos va- XIII - ser fiel na vida policial-militar, cumprindo os com-
lores e deveres policiais-militares e a firme disposição de bem promissos relacionados às suas atribuições de agente público;
cumpri-los. XIV - manter ânimo forte e fé na missão policial-militar,
mesmo diante das dificuldades, demonstrando persistência no
SEÇÃO II trabalho para solucioná-las;
Dos Valores Policiais-Militares XV - zelar pelo bom nome da Instituição Policial-Militar
e de seus componentes, aceitando seus valores e cumprindo
Artigo 7º - Os valores fundamentais, determinantes da seus deveres éticos e legais;
moral policial-militar, são os seguintes: XVI - manter ambiente de harmonia e camaradagem na
I - o patriotismo; vida profissional, solidarizando-se nas dificuldades que esteja
II - o civismo; ao seu alcance minimizar e evitando comentários desairosos
III - a hierarquia; sobre os componentes das Instituições Policiais;
IV - a disciplina; XVII - não pleitear para si, por meio de terceiros, cargo ou
V - o profissionalismo; função que esteja sendo exercido por outro militar do Estado;
VI - a lealdade; XVIII - proceder de maneira ilibada na vida pública e par-
VII - a constância; ticular;
VIII - a verdade real; XIX - conduzir-se de modo não subserviente sem ferir os
IX - a honra; princípios de respeito e decoro;
X - a dignidade humana; XX - abster-se do uso do posto, graduação ou cargo para
XI - a honestidade; obter facilidades pessoais de qualquer natureza ou para enca-
XII - a coragem. minhar negócios particulares ou de terceiros;
XXI - abster-se, ainda que na inatividade, do uso das desig-
SEÇÃO III nações hierárquicas em:
Dos Deveres Policiais-Militares a) atividade político-partidária, salvo quando candidato a
cargo eletivo;
Artigo 8º - Os deveres éticos, emanados dos valores po- b) atividade comercial ou industrial;
liciais-militares e que conduzem a atividade profissional sob o c) pronunciamento público a respeito de assunto policial,
signo da retidão moral, são os seguintes: salvo os de natureza técnica;
68
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
69
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
70
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
33 - aconselhar ou concorrer para não ser cumprida qual- 57 - deixar de encaminhar à autoridade competente, no
quer ordem legal de autoridade competente, ou serviço, ou mais curto prazo e pela via hierárquica, documento ou pro-
para que seja retardada, prejudicada ou embaraçada a sua cesso que receber, se não for de sua alçada a solução (M);
execução (G); 58 - omitir, em boletim de ocorrência, relatório ou qual-
34 - interferir na administração de serviço ou na execução quer documento, dados indispensáveis ao esclarecimento
de ordem ou missão sem ter a devida competência para tal (M); dos fatos (G);
35 - deixar de comunicar ao superior a execução de or- 59 - subtrair, extraviar, danificar ou inutilizar documentos
dem dele recebida, no mais curto prazo possível (L); de interesse da administração pública ou de terceiros (G);
36 - dirigir-se, referir-se ou responder a superior de modo 60 - trabalhar mal, intencionalmente ou por desídia, em
desrespeitoso (G); qualquer serviço, instrução ou missão (M);
37 - recriminar ato legal de superior ou procurar descon- 61 - deixar de assumir, orientar ou auxiliar o atendimento
siderá-lo (G); de ocorrência, quando esta, por sua natureza ou amplitude,
38 - ofender, provocar ou desafiar superior ou subordina- assim o exigir (G);
do hierárquico (G); 62 - retardar ou prejudicar o serviço de polícia judiciária
39 - promover ou participar de luta corporal com supe- militar que deva promover ou em que esteja investido (M);
rior, igual, ou subordinado hierárquico (G); 63 - desrespeitar medidas gerais de ordem policial, judi-
40 - procurar desacreditar seu superior ou subordinado ciária ou administrativa, ou embaraçar sua execução (M);
hierárquico (M); 64 - não ter, pelo preparo próprio ou de seus subordina-
41 - ofender a moral e os bons costumes por atos, pala- dos ou instruendos, a dedicação imposta pelo sentimento do
vras ou gestos (G); dever (M);
42 - desconsiderar ou desrespeitar, em público ou pela 65 - causar ou contribuir para a ocorrência de acidente de
imprensa, os atos ou decisões das autoridades civis ou dos serviço ou instrução (M);
órgãos dos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário ou de 66 - consentir, o responsável pelo posto de serviço ou a
qualquer de seus representantes (G); sentinela, na formação de grupo ou permanência de pessoas
43 - desrespeitar, desconsiderar ou ofender pessoa por
junto ao seu posto (L);
palavras, atos ou gestos, no atendimento de ocorrência poli-
67 - içar ou arriar, sem ordem, bandeira ou insígnia de
cial ou em outras situações de serviço (G);
autoridade (L);
44 - deixar de prestar a superior hierárquico continência ou
68 - dar toques ou fazer sinais, previstos nos regulamen-
outros sinais de honra e respeito previstos em regulamento (M);
tos, sem ordem de autoridade competente (L);
45 - deixar de corresponder a cumprimento de seu su-
69 - conversar ou fazer ruídos em ocasiões ou lugares
bordinado (M);
46 - deixar de exibir, estando ou não uniformizado, docu- impróprios (L);
mento de identidade funcional ou recusar-se a declarar seus 70 - deixar de comunicar a alteração de dados de qualifi-
dados de identificação quando lhe for exigido por autoridade cação pessoal ou mudança de endereço residencial (L);
competente (M); 71 - apresentar comunicação disciplinar ou representa-
47 - evadir-se ou tentar evadir-se de escolta, bem como ção sem fundamento ou interpor recurso disciplinar sem ob-
resistir a ela (G); servar as prescrições regulamentares (M);
48 - retirar-se da presença do superior hierárquico sem 72 - dificultar ao subordinado o oferecimento de repre-
obediência às normas regulamentares (L); sentação ou o exercício do direito de petição (M);
49 - deixar, tão logo seus afazeres o permitam, de apre- 73 - passar a ausente (G);
sentar-se ao seu superior funcional, conforme prescrições re- 74 - abandonar serviço para o qual tenha sido desig-
gulamentares (L); nado ou recusar-se a executá-lo na forma determinada (G);
50 - deixar, nas solenidades, de apresentar-se ao superior 75 - faltar ao expediente ou ao serviço para o qual esteja
hierárquico de posto ou graduação mais elevada e de saudar nominalmente escalado (G);
os demais, de acordo com as normas regulamentares (L); 76 - faltar a qualquer ato em que deva tomar parte ou
51 - deixar de fazer a devida comunicação disciplinar (M); assistir, ou ainda, retirar-se antes de seu encerramento sem a
52 - tendo conhecimento de transgressão disciplinar, dei- devida autorização (M);
xar de apurá-la (G); 77 - afastar-se, quando em atividade policial-militar com
53 - deixar de punir o transgressor da disciplina, salvo se veículo automotor, aeronave, embarcação ou a pé, da área
houver causa de justificação (M); em que deveria permanecer ou não cumprir roteiro de pa-
54 - não levar fato ilegal ou irregularidade que presenciar trulhamento predeterminado (G);
ou de que tiver ciência, e não lhe couber reprimir, ao conheci- 78 - afastar-se de qualquer lugar em que deva estar por
mento da autoridade para isso competente (M); força de dispositivo ou ordem legal (M);
55 - deixar de comunicar ao superior imediato ou, na ausência 79 - chegar atrasado ao expediente, ao serviço para o
deste, a qualquer autoridade superior toda informação que tiver qual esteja nominalmente escalado ou a qualquer ato em
sobre iminente perturbação da ordem pública ou grave alteração que deva tomar parte ou assistir (L);
do serviço ou de sua marcha, logo que tenha conhecimento (G); 80 - deixar de comunicar a tempo, à autoridade compe-
56 - deixar de manifestar-se nos processos que lhe fo- tente, a impossibilidade de comparecer à Organização Poli-
rem encaminhados, exceto nos casos de suspeição ou impe- cial Militar (OPM) ou a qualquer ato ou serviço de que deva
dimento, ou de absoluta falta de elementos, hipótese em que participar ou a que deva assistir (L);
essas circunstâncias serão fundamentadas (M);
71
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
81 - permutar serviço sem permissão da autoridade com- 105 - não ter o devido zelo, danificar, extraviar ou inuti-
petente (M); lizar, por ação ou omissão, bens ou animais pertencentes ao
82 - simular doença para esquivar-se ao cumprimento do patrimônio público ou particular, que estejam ou não sob sua
dever (M); responsabilidade (M);
83 - deixar de se apresentar às autoridades competentes 106 - negar-se a utilizar ou a receber do Estado farda-
nos casos de movimentação ou quando designado para co- mento, armamento, equipamento ou bens que lhe sejam des-
missão ou serviço extraordinário (M); tinados ou devam ficar em seu poder ou sob sua responsa-
84 - não se apresentar ao seu superior imediato ao tér- bilidade (M);
mino de qualquer afastamento do serviço ou, ainda, logo que 107 - retirar ou tentar retirar de local sob administração
souber que o mesmo tenha sido interrompido ou suspenso policial-militar material, viatura, aeronave, embarcação ou ani-
(M); mal, ou mesmo deles servir-se, sem ordem do responsável ou
85 - dormir em serviço de policiamento, vigilância ou se- proprietário (G);
gurança de pessoas ou instalações (G); 108 - entrar, sair ou tentar fazê-lo, de OPM, com tropa,
86 - dormir em serviço, salvo quando autorizado (M); sem prévio conhecimento da autoridade competente, salvo
87 - permanecer, alojado ou não, deitado em horário de para fins de instrução autorizada pelo comando (G);
expediente no interior da OPM, sem autorização de quem de 109 - deixar o responsável pela segurança da OPM de
direito (L); cumprir as prescrições regulamentares com respeito a entra-
88 - fazer uso, estar sob ação ou induzir outrem ao uso de da, saída e permanência de pessoa estranha (M);
substância proibida, entorpecente ou que determine depen- 110 - permitir que pessoa não autorizada adentre prédio
dência física ou psíquica, ou introduzi-las em local sob admi- ou local interditado (M);
nistração policial-militar (G); 111 - deixar, ao entrar ou sair de OPM onde não sirva, de
89 - embriagar-se quando em serviço ou apresentar-se dar ciência da sua presença ao Oficial-de-Dia ou de serviço e,
embriagado para prestá-lo (G); em seguida, se oficial, de procurar o comandante ou o oficial
90 - ingerir bebida alcoólica quando em serviço ou apre- de posto mais elevado ou seu substituto legal para expor a
sentar-se alcoolizado para prestá-lo (M); razão de sua presença, salvo as exceções regulamentares pre-
91 - introduzir bebidas alcoólicas em local sob adminis- vistas (M);
tração policial-militar, salvo se devidamente autorizado (M); 112 - adentrar, sem permissão ou ordem, aposentos des-
92 - fumar em local não permitido (L); tinados a superior ou onde este se encontre, bem como qual-
93 - tomar parte em jogos proibidos ou jogar a dinheiro quer outro lugar cuja entrada lhe seja vedada (M);
os permitidos, em local sob administração policial-militar, ou 113 - abrir ou tentar abrir qualquer dependência da OPM,
em qualquer outro, quando uniformizado (L); desde que não seja a autoridade competente ou sem sua or-
94 - portar ou possuir arma em desacordo com as nor- dem, salvo em situações de emergência (M);
mas vigentes (G); 114 - permanecer em dependência de outra OPM ou lo-
95 - andar ostensivamente armado, em trajes civis, não se cal de serviço sem consentimento ou ordem da autoridade
achando de serviço (G); competente (M);
96 - disparar arma por imprudência, negligência, imperí- 115 - permanecer em dependência da própria OPM ou
cia, ou desnecessariamente (G); local de serviço, desde que a ele estranho, sem consentimen-
97 - não obedecer às regras básicas de segurança ou não to ou ordem da autoridade competente (L);
ter cautela na guarda de arma própria ou sob sua responsa- 116 - entrar ou sair, de qualquer OPM, por lugares que
bilidade (G); não sejam para isso designados (L);
98 - ter em seu poder, introduzir, ou distribuir em local 117 - deixar de exibir a superior hierárquico, quando por
sob administração policial-militar, substância ou material in- ele solicitado, objeto ou volume, ao entrar ou sair de qualquer
flamável ou explosivo sem permissão da autoridade compe- OPM (M);
tente (M); 118 - ter em seu poder, introduzir ou distribuir, em local
99 - dirigir viatura policial com imprudência, imperícia, sob administração policial-militar, publicações, estampas ou
negligência, ou sem habilitação legal (G); jornais que atentem contra a disciplina, a moral ou as insti-
100 - desrespeitar regras de trânsito, de tráfego aéreo ou tuições (L);
de navegação marítima, lacustre ou fluvial (M); 119 - apresentar-se, em qualquer situação, mal unifor-
101 - autorizar, promover ou executar manobras perigo- mizado, com o uniforme alterado ou diferente do previsto,
sas com viaturas, aeronaves, embarcações ou animais (M); contrariando o Regulamento de Uniformes da Polícia Militar
102 - conduzir veículo, pilotar aeronave ou embarcação ou norma a respeito (M);
oficial, sem autorização do órgão competente da Polícia Mili- 120 - usar no uniforme, insígnia, medalha, condecoração
tar, mesmo estando habilitado (L); ou distintivo, não regulamentares ou de forma indevida (M);
103 - transportar na viatura, aeronave ou embarcação 121 - usar vestuário incompatível com a função ou des-
que esteja sob seu comando ou responsabilidade, pessoal ou curar do asseio próprio ou prejudicar o de outrem (L);
material, sem autorização da autoridade competente (L); 122 - estar em desacordo com as normas regulamentares
104 - andar a cavalo, a trote ou galope, sem necessidade, de apresentação pessoal (L);
pelas ruas da cidade ou castigar inutilmente a montada (L); 123 - recusar ou devolver insígnia, salvo quando a regu-
lamentação o permitir (L);
72
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
SEÇÃO II SEÇÃO V
Da Advertência Da Detenção
73
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
74
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
75
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
76
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
77
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
78
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
79
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
SEÇÃO IV
Do Processo Administrativo Disciplinar LEI COMPLEMENTAR Nº 1.080, DE 17 DE DEZEMBRO
DE 2008
Artigo 84 - O Processo Administrativo Disciplinar segui-
rá rito próprio ao qual se aplica o disposto nos incisos I, II e Institui Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários para
parágrafo único do artigo 76 e os artigos 79, 80 e 82 deste os servidores das classes que especifica
Regulamento.
Parágrafo único - Recebido o processo, o Comandan- O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
te Geral emitirá a decisão final, da qual não caberá recurso, Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu pro-
salvo na hipótese do que dispõe o § 3º do artigo 138 da mulgo a seguinte lei complementar:
Constituição do Estado. (NR)
CAPÍTULO I
- Parágrafo único com redação dada pela Lei Comple-
Disposição Preliminar
mentar nº 915, de 22/03/2002.
Artigo 1º - Fica instituído, na forma desta lei complemen-
CAPÍTULO XIV tar, Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários aplicável aos
Disposições Finais servidores das Secretarias de Estado, da Procuradoria Geral do
Estado e das Autarquias, titulares de cargos e ocupantes de
Artigo 85 - A ação disciplinar da Administração prescre- funções-atividades expressamente indicados nos Anexos I e II.
verá em 5 (cinco) anos, contados da data do cometimento
da transgressão disciplinar.
§ 1º - A punibilidade da transgressão disciplinar tam-
6.2. CAPÍTULO II – DO PLANO GERAL DE
bém prevista como crime prescreve nos prazos estabeleci-
dos para o tipo previsto na legislação penal, salvo se esta CARGOS, VENCIMENTOS E SALÁRIOS:
prescrição ocorrer em prazo inferior a 5 (cinco) anos. SEÇÃO I – DISPOSIÇÕES GERAIS; SEÇÃO
§ 2º - A interposição de recurso disciplinar interrompe II – DO INGRESSO; SEÇÃO III – DO ESTÁGIO
a prescrição da punibilidade até a solução final do recurso. PROBATÓRIO; SEÇÃO IV – DA JORNADA
Artigo 86 - Para os efeitos deste Regulamento, conside- DE TRABALHO, DOS VENCIMENTOS E DAS
ra-se Comandante de Unidade o oficial que estiver exercen- VANTAGENS PECUNIÁRIAS; SEÇÃO VII – DA
do funções privativas dos postos de coronel e de tenente- PROGRESSÃO; SEÇÃO VIII – DA PROMOÇÃO;
coronel. SEÇÃO IX – DA SUBSTITUIÇÃO.
Parágrafo único - As expressões diretor, corregedor e
chefe têm o mesmo significado de Comandante de Unidade.
Artigo 87 - Aplicam-se, supletivamente, ao Conselho CAPÍTULO II
de Disciplina as disposições do Código de Processo Penal Do Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários
Militar. SEÇÃO I
Artigo 88 - O Comandante Geral baixará instruções Disposições Gerais
complementares, necessárias à interpretação, orientação e
Artigo 2º - O Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários,
fiel aplicação do disposto neste Regulamento.
de que trata esta lei complementar, organiza as classes que o in-
Artigo 89 - Esta lei complementar entra em vigor na
tegram, tendo em vista a complexidade das atribuições, os graus
data de sua publicação, revogadas as disposições em con-
diferenciados de formação, de responsabilidade e de experiência
trário. profissional requeridos, bem como as demais condições e requi-
Palácio dos Bandeirantes, aos 09 de março de 2001. sitos específicos exigíveis para seu exercício, compreendendo:
Geraldo Alckmin I - a identificação, agregação e alteração de nomenclatura
Marco Vinicio Petrelluzzi de cargos e funções-atividades e suas respectivas atribuições,
Secretário da Segurança Pública na forma indicada nos Anexos I a III;
João Caramez II - o estabelecimento de um sistema retribuitório que
Secretário - Chefe da Casa Civil estrutura os vencimentos e salários de acordo com o nível de
Antonio Angarita escolaridade e o grau de complexidade das atribuições dos car-
Secretário do Governo e Gestão Estratégica gos e funções-atividades, por intermédio de 5 (cinco) escalas
Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 09 de de vencimentos, compostas de referências e graus ou de refe-
março de 2001. rências, na forma indicada nos Anexos V a XII;
80
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
81
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 10 - O servidor confirmado no cargo de provimen- V - acréscimo de 1/3 (um terço) das férias;
to efetivo fará jus à progressão automática do grau “A” para VI - ajuda de custo;
o grau “B” da respectiva referência da classe a que pertença, VII - diárias;
independentemente do limite estabelecido no artigo 23 desta VIII - gratificações e outras vantagens pecuniárias previs-
lei complementar. tas em lei.
82
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
83
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
I - será efetivado no 5º dia útil do mês de aniversário do Art. 2o Aplicam-se as disposições desta Lei, no que cou-
requerente; ber, às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam,
II - corresponderá ao valor da remuneração do servidor para realização de ações de interesse público, recursos pú-
no mês-referência de que trata o inciso anterior. blicos diretamente do orçamento ou mediante subvenções
Artigo 56 - O servidor de que trata o artigo 54 desta sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios,
lei complementar que optar pela conversão em pecúnia, de acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres.
30 (trinta) dias de licença-prêmio, deverá apresentar reque- Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas
rimento no prazo de 3 (três) meses antes do mês do seu as entidades citadas no caput refere-se à parcela dos recur-
aniversário. sos públicos recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das
§ 1º - O órgão setorial ou subsetorial de recursos huma- prestações de contas a que estejam legalmente obrigadas.
nos competente deverá instruir o requerimento com: Art. 3o Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-
1 - informações relativas à publicação do ato de conces- se a assegurar o direito fundamental de acesso à informação
são da licença-prêmio e ao período aquisitivo; e devem ser executados em conformidade com os princí-
2 - declaração de não-fruição de parcela de licença-prê- pios básicos da administração pública e com as seguintes
mio no ano considerado, relativa ao mesmo período aqui- diretrizes:
sitivo. I - observância da publicidade como preceito geral e do
§ 2º - Caberá à autoridade competente decidir sobre o sigilo como exceção;
deferimento do pedido, com observância: II - divulgação de informações de interesse público, in-
1 - da necessidade do serviço; dependentemente de solicitações;
2 - da assiduidade e da ausência de penas disciplinares, III - utilização de meios de comunicação viabilizados
no período de 1 (um) ano imediatamente anterior à data do pela tecnologia da informação;
requerimento do servidor. IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transpa-
rência na administração pública;
V - desenvolvimento do controle social da administra-
ção pública.
7. LEI FEDERAL Nº 12.527, DE 18 DE Art. 4o Para os efeitos desta Lei, considera-se:
NOVEMBRO DE 2011 – LEI DE ACESSO À I - informação: dados, processados ou não, que podem
INFORMAÇÃO; DECRETO N° 58.052, DE 16 DE ser utilizados para produção e transmissão de conhecimen-
MAIO DE 2012. to, contidos em qualquer meio, suporte ou formato;
II - documento: unidade de registro de informações,
qualquer que seja o suporte ou formato;
LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011. III - informação sigilosa: aquela submetida temporaria-
mente à restrição de acesso público em razão de sua impres-
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII cindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado;
do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa na-
216 da Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de tural identificada ou identificável;
dezembro de 1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de V - tratamento da informação: conjunto de ações refe-
2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; rentes à produção, recepção, classificação, utilização, acesso,
e dá outras providências. reprodução, transporte, transmissão, distribuição, arquiva-
mento, armazenamento, eliminação, avaliação, destinação
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- ou controle da informação;
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: VI - disponibilidade: qualidade da informação que pode
ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou
CAPÍTULO I sistemas autorizados;
DISPOSIÇÕES GERAIS VII - autenticidade: qualidade da informação que tenha
sido produzida, expedida, recebida ou modificada por deter-
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem minado indivíduo, equipamento ou sistema;
observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municí- VIII - integridade: qualidade da informação não modifi-
pios, com o fim de garantir o acesso a informações previsto cada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino;
no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § IX - primariedade: qualidade da informação coletada na
2º do art. 216 da Constituição Federal. fonte, com o máximo de detalhamento possível, sem modi-
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei: ficações.
I - os órgãos públicos integrantes da administração dire- Art. 5o É dever do Estado garantir o direito de acesso à
ta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de informação, que será franqueada, mediante procedimentos
Contas, e Judiciário e do Ministério Público; objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em lingua-
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas gem de fácil compreensão.
públicas, as sociedades de economia mista e demais entida-
des controladas direta ou indiretamente pela União, Estados,
Distrito Federal e Municípios.
84
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
85
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 9o O acesso a informações públicas será assegurado § 5o A informação armazenada em formato digital será
mediante: fornecida nesse formato, caso haja anuência do requerente.
I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos ór- § 6o Caso a informação solicitada esteja disponível ao pú-
gãos e entidades do poder público, em local com condições blico em formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro
apropriadas para: meio de acesso universal, serão informados ao requerente, por
a) atender e orientar o público quanto ao acesso a infor- escrito, o lugar e a forma pela qual se poderá consultar, obter
mações; ou reproduzir a referida informação, procedimento esse que
b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas desonerará o órgão ou entidade pública da obrigação de seu
respectivas unidades; fornecimento direto, salvo se o requerente declarar não dispor
c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a de meios para realizar por si mesmo tais procedimentos.
informações; e Art. 12. O serviço de busca e fornecimento da informação
II - realização de audiências ou consultas públicas, incen- é gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de documen-
tivo à participação popular ou a outras formas de divulgação. tos pelo órgão ou entidade pública consultada, situação em
que poderá ser cobrado exclusivamente o valor necessário ao
CAPÍTULO III ressarcimento do custo dos serviços e dos materiais utilizados.
DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos previs-
Seção I tos no caput todo aquele cuja situação econômica não lhe per-
Do Pedido de Acesso mita fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da família, de-
clarada nos termos da Lei no 7.115, de 29 de agosto de 1983.
Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação contida
de acesso a informações aos órgãos e entidades referidos no em documento cuja manipulação possa prejudicar sua inte-
art. 1o desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedi- gridade, deverá ser oferecida a consulta de cópia, com certifi-
do conter a identificação do requerente e a especificação da cação de que esta confere com o original.
informação requerida. Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de có-
§ 1o Para o acesso a informações de interesse público, a pias, o interessado poderá solicitar que, a suas expensas e sob
identificação do requerente não pode conter exigências que supervisão de servidor público, a reprodução seja feita por
inviabilizem a solicitação. outro meio que não ponha em risco a conservação do docu-
§ 2o Os órgãos e entidades do poder público devem via- mento original.
bilizar alternativa de encaminhamento de pedidos de acesso Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor de
por meio de seus sítios oficiais na internet. decisão de negativa de acesso, por certidão ou cópia.
§ 3o São vedadas quaisquer exigências relativas aos moti-
vos determinantes da solicitação de informações de interesse Seção II
público. Dos Recursos
Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou
conceder o acesso imediato à informação disponível. Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informa-
§ 1o Não sendo possível conceder o acesso imediato, na ções ou às razões da negativa do acesso, poderá o interessa-
forma disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o do interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias
pedido deverá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias: a contar da sua ciência.
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a con- Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade hie-
sulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão; rarquicamente superior à que exarou a decisão impugnada,
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total que deverá se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias.
ou parcial, do acesso pretendido; ou Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou
III - comunicar que não possui a informação, indicar, se entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá
for do seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no
ou, ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, prazo de 5 (cinco) dias se:
cientificando o interessado da remessa de seu pedido de in- I - o acesso à informação não classificada como sigilosa
formação. for negado;
§ 2o O prazo referido no § 1o poderá ser prorrogado por II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou
mais 10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual parcialmente classificada como sigilosa não indicar a autori-
será cientificado o requerente. dade classificadora ou a hierarquicamente superior a quem
§ 3o Sem prejuízo da segurança e da proteção das infor- possa ser dirigido pedido de acesso ou desclassificação;
mações e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou III - os procedimentos de classificação de informação si-
entidade poderá oferecer meios para que o próprio requeren- gilosa estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e
te possa pesquisar a informação de que necessitar. IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros pro-
§ 4o Quando não for autorizado o acesso por se tratar de cedimentos previstos nesta Lei.
informação total ou parcialmente sigilosa, o requerente de- § 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser
verá ser informado sobre a possibilidade de recurso, prazos e dirigido à Controladoria-Geral da União depois de submetido
condições para sua interposição, devendo, ainda, ser-lhe indi- à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamen-
cada a autoridade competente para sua apreciação. te superior àquela que exarou a decisão impugnada, que de-
liberará no prazo de 5 (cinco) dias.
86
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
87
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
88
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
I - terão seu acesso restrito, independentemente de clas- I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Ar-
sificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a madas, transgressões militares médias ou graves, segundo os
contar da sua data de produção, a agentes públicos legalmente critérios neles estabelecidos, desde que não tipificadas em lei
autorizados e à pessoa a que elas se referirem; e como crime ou contravenção penal; ou
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por II - para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11 de dezem-
terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso da bro de 1990, e suas alterações, infrações administrativas, que
pessoa a que elas se referirem. deverão ser apenadas, no mínimo, com suspensão, segundo
§ 2o Aquele que obtiver acesso às informações de que trata os critérios nela estabelecidos.
este artigo será responsabilizado por seu uso indevido. § 2o Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar
§ 3o O consentimento referido no inciso II do § 1o não será ou agente público responder, também, por improbidade ad-
exigido quando as informações forem necessárias: ministrativa, conforme o disposto nas Leis nos 1.079, de 10 de
I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa es- abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho de 1992.
tiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única e exclu- Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que detiver in-
sivamente para o tratamento médico; formações em virtude de vínculo de qualquer natureza com o
II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evi- poder público e deixar de observar o disposto nesta Lei estará
dente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo vedada sujeita às seguintes sanções:
a identificação da pessoa a que as informações se referirem; I - advertência;
III - ao cumprimento de ordem judicial; II - multa;
IV - à defesa de direitos humanos; ou III - rescisão do vínculo com o poder público;
V - à proteção do interesse público e geral preponderante. IV - suspensão temporária de participar em licitação e
§ 4o A restrição de acesso à informação relativa à vida pri- impedimento de contratar com a administração pública por
vada, honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada com prazo não superior a 2 (dois) anos; e
o intuito de prejudicar processo de apuração de irregularidades V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
em que o titular das informações estiver envolvido, bem como com a administração pública, até que seja promovida a reabi-
litação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade.
em ações voltadas para a recuperação de fatos históricos de
§ 1o As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser
maior relevância.
aplicadas juntamente com a do inciso II, assegurado o direito
§ 5o Regulamento disporá sobre os procedimentos para
de defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo de
tratamento de informação pessoal.
10 (dez) dias.
§ 2o A reabilitação referida no inciso V será autorizada
CAPÍTULO V
somente quando o interessado efetivar o ressarcimento ao ór-
DAS RESPONSABILIDADES
gão ou entidade dos prejuízos resultantes e após decorrido o
prazo da sanção aplicada com base no inciso IV.
Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam respon- § 3o A aplicação da sanção prevista no inciso V é de com-
sabilidade do agente público ou militar: petência exclusiva da autoridade máxima do órgão ou entida-
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos de pública, facultada a defesa do interessado, no respectivo
desta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou for- processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista.
necê-la intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem dire-
imprecisa; tamente pelos danos causados em decorrência da divulgação
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inu- não autorizada ou utilização indevida de informações sigilosas
tilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, infor- ou informações pessoais, cabendo a apuração de responsa-
mação que se encontre sob sua guarda ou a que tenha acesso bilidade funcional nos casos de dolo ou culpa, assegurado o
ou conhecimento em razão do exercício das atribuições de car- respectivo direito de regresso.
go, emprego ou função pública; Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à pes-
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de soa física ou entidade privada que, em virtude de vínculo de
acesso à informação; qualquer natureza com órgãos ou entidades, tenha acesso a
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir informação sigilosa ou pessoal e a submeta a tratamento in-
acesso indevido à informação sigilosa ou informação pessoal; devido.
V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal
ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido CAPÍTULO VI
por si ou por outrem; DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente
informação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em pre- Art. 35. (VETADO).
juízo de terceiros; e § 1o É instituída a Comissão Mista de Reavaliação de In-
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos formações, que decidirá, no âmbito da administração pública
concernentes a possíveis violações de direitos humanos por federal, sobre o tratamento e a classificação de informações
parte de agentes do Estado. sigilosas e terá competência para:
§ 1o Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa I - requisitar da autoridade que classificar informação
e do devido processo legal, as condutas descritas no caput se- como ultrassecreta e secreta esclarecimento ou conteúdo, par-
rão consideradas: cial ou integral da informação;
89
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
II - rever a classificação de informações ultrassecretas ou § 4o As informações classificadas como secretas e ultras-
secretas, de ofício ou mediante provocação de pessoa interes- secretas não reavaliadas no prazo previsto no caput serão
sada, observado o disposto no art. 7o e demais dispositivos consideradas, automaticamente, de acesso público.
desta Lei; e Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vigên-
III - prorrogar o prazo de sigilo de informação classificada cia desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou entidade
como ultrassecreta, sempre por prazo determinado, enquanto da administração pública federal direta e indireta designará
o seu acesso ou divulgação puder ocasionar ameaça externa autoridade que lhe seja diretamente subordinada para, no
à soberania nacional ou à integridade do território nacional âmbito do respectivo órgão ou entidade, exercer as seguintes
ou grave risco às relações internacionais do País, observado o atribuições:
prazo previsto no § 1o do art. 24. I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao aces-
§ 2o O prazo referido no inciso III é limitado a uma única so a informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos
renovação. desta Lei;
§ 3o A revisão de ofício a que se refere o inciso II do § II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e
1o deverá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após a apresentar relatórios periódicos sobre o seu cumprimento;
reavaliação prevista no art. 39, quando se tratar de documen- III - recomendar as medidas indispensáveis à implemen-
tos ultrassecretos ou secretos. tação e ao aperfeiçoamento das normas e procedimentos ne-
§ 4o A não deliberação sobre a revisão pela Comissão cessários ao correto cumprimento do disposto nesta Lei; e
Mista de Reavaliação de Informações nos prazos previstos no IV - orientar as respectivas unidades no que se refere ao
§ 3o implicará a desclassificação automática das informações. cumprimento do disposto nesta Lei e seus regulamentos.
§ 5o Regulamento disporá sobre a composição, organi- Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão da
zação e funcionamento da Comissão Mista de Reavaliação de administração pública federal responsável:
Informações, observado o mandato de 2 (dois) anos para seus I - pela promoção de campanha de abrangência nacio-
integrantes e demais disposições desta Lei. (Regulamento) nal de fomento à cultura da transparência na administração
Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resultante de pública e conscientização do direito fundamental de acesso à
tratados, acordos ou atos internacionais atenderá às normas e informação;
recomendações constantes desses instrumentos. II - pelo treinamento de agentes públicos no que se refere
Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Segurança ao desenvolvimento de práticas relacionadas à transparência
Institucional da Presidência da República, o Núcleo de Segu- na administração pública;
rança e Credenciamento (NSC), que tem por objetivos: (Regu- III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito da
lamento) administração pública federal, concentrando e consolidando a
I - promover e propor a regulamentação do credencia- publicação de informações estatísticas relacionadas no art. 30;
mento de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de
entidades para tratamento de informações sigilosas; e relatório anual com informações atinentes à implementação
II - garantir a segurança de informações sigilosas, inclusive desta Lei.
aquelas provenientes de países ou organizações internacionais Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o disposto nes-
com os quais a República Federativa do Brasil tenha firmado ta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data
tratado, acordo, contrato ou qualquer outro ato internacional, de sua publicação.
sem prejuízo das atribuições do Ministério das Relações Exte- Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11 de
riores e dos demais órgãos competentes. dezembro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:
Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a composi- “Art. 116. ...................................................................
ção, organização e funcionamento do NSC. ............................................................................................
Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei no 9.507, de 12 de VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão
novembro de 1997, em relação à informação de pessoa, física do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando
ou jurídica, constante de registro ou banco de dados de enti- houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de
dades governamentais ou de caráter público. outra autoridade competente para apuração;
Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão proceder .................................................................................” (NR)
à reavaliação das informações classificadas como ultrassecre- Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei no 8.112, de 1990,
tas e secretas no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A:
termo inicial de vigência desta Lei. “Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado
§ 1o A restrição de acesso a informações, em razão da civil, penal ou administrativamente por dar ciência à autorida-
reavaliação prevista no caput, deverá observar os prazos e de superior ou, quando houver suspeita de envolvimento des-
condições previstos nesta Lei. ta, a outra autoridade competente para apuração de informa-
§ 2o No âmbito da administração pública federal, a reava- ção concernente à prática de crimes ou improbidade de que
liação prevista no caput poderá ser revista, a qualquer tempo, tenha conhecimento, ainda que em decorrência do exercício
pela Comissão Mista de Reavaliação de Informações, observa- de cargo, emprego ou função pública.”
dos os termos desta Lei. Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni-
§ 3o Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação cípios, em legislação própria, obedecidas as normas gerais es-
previsto no caput, será mantida a classificação da informação tabelecidas nesta Lei, definir regras específicas, especialmente
nos termos da legislação precedente. quanto ao disposto no art. 9o e na Seção II do Capítulo III.
Art. 46. Revogam-se:
90
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
91
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
92
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
I - realizar atendimento presencial e/ou eletrônico na II - dado ou informação contida em registros ou docu-
sede e nas unidades subordinadas, prestando orientação ao mentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou enti-
público sobre os direitos do requerente, o funcionamento do dades, recolhidos ou não a arquivos públicos;
Serviço de Informações ao Cidadão - SIC, a tramitação de do- III - documento, dado ou informação produzida ou cus-
cumentos, bem como sobre os serviços prestados pelas res- todiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de
pectivas unidades do órgão ou entidade; qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que
II - protocolar documentos e requerimentos de acesso a esse vínculo já tenha cessado;
informações, bem como encaminhar os pedidos de informa- IV - dado ou informação primária, íntegra, autêntica e
ção aos setores produtores ou detentores de documentos, atualizada;
dados e informações; V - documento, dado ou informação sobre atividades
III - controlar o cumprimento de prazos por parte dos exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua
setores produtores ou detentores de documentos, dados e política, organização e serviços;
informações, previstos no artigo 15 deste decreto; VI - documento, dado ou informação pertinente à admi-
IV - realizar o serviço de busca e fornecimento de docu- nistração do patrimônio público, utilização de recursos públi-
mentos, dados e informações sob custódia do respectivo ór- cos, licitação, contratos administrativos;
gão ou entidade, ou fornecer ao requerente orientação sobre VII - documento, dado ou informação relativa:
o local onde encontrá-los. a) à implementação, acompanhamento e resultados dos
§ 1º - As autoridades máximas dos órgãos e entidades da programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas,
Administração Pública Estadual deverão designar, no prazo de bem como metas e indicadores propostos;
30 (trinta) dias, os responsáveis pelos Serviços de Informações b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e to-
ao Cidadão - SIC. madas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno
§ 2º - Para o pleno desempenho de suas atribuições, os e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios
Serviços de Informações ao Cidadão - SIC deverão: anteriores.
1. manter intercâmbio permanente com os serviços de § 1º - O acesso aos documentos, dados e informações
protocolo e arquivo; previsto no «caput» deste artigo não compreende as infor-
mações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento
2. buscar informações junto aos gestores de sistemas in-
científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à se-
formatizados e bases de dados, inclusive de portais e sítios
gurança da sociedade e do Estado.
institucionais;
§ 2º - Quando não for autorizado acesso integral ao docu-
3. atuar de forma integrada com as Ouvidorias, instituídas
mento, dado ou informação por ser ela parcialmente sigilosa, é
pela Lei estadual nº 10.294, de 20 de abril de 1999, e organiza-
assegurado o acesso à parte não sigilosa por meio de certidão,
das pelo Decreto nº 44.074, de 1º de julho de 1999.
extrato ou cópia com ocultação da parte sob sigilo.
§ 3º - Os Serviços de Informações ao Cidadão - SIC, inde- § 3º - O direito de acesso aos documentos, aos dados ou
pendentemente do meio utilizado, deverão ser identificados às informações neles contidas utilizados como fundamento da
com ampla visibilidade. tomada de decisão e do ato administrativo será assegurado
Artigo 8º - A Casa Civil deverá providenciar a contratação com a edição do ato decisório respectivo.
de serviços para o desenvolvimento de “Sistema Integrado de § 4º - A negativa de acesso aos documentos, dados e in-
Informações ao Cidadão”, capaz de interoperar com o SPdoc, formações objeto de pedido formulado aos órgãos e entida-
a ser utilizado por todos os órgãos e entidades nos seus res- des referidas no artigo 1º deste decreto, quando não funda-
pectivos Serviços de Informações ao Cidadão - SIC. mentada, sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos
Artigo 9º - A Unidade do Arquivo Público do Estado, da termos do artigo 32 da Lei federal nº 12.527, de 18 de novem-
Casa Civil, deverá adotar as providências necessárias para a bro de 2011.
organização dos serviços da Central de Atendimento ao Cida- § 5º - Informado do extravio da informação solicitada,
dão - CAC, instituída pelo Decreto nº 54.276, de 27 de abril de poderá o interessado requerer à autoridade competente a
2009, com a finalidade de: imediata instauração de apuração preliminar para investigar o
I - coordenar a integração sistêmica dos Serviços de Infor- desaparecimento da respectiva documentação.
mações ao Cidadão - SIC, instituídos nos órgãos e entidades; § 6º - Verificada a hipótese prevista no § 5º deste artigo, o
II - realizar a consolidação e sistematização de dados a responsável pela guarda da informação extraviada deverá, no
que se refere o artigo 26 deste decreto, bem como a elabora- prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas
ção de estatísticas sobre as demandas de consulta e os perfis que comprovem sua alegação.
de usuários, visando o aprimoramento dos serviços.
Parágrafo único - Os Serviços de Informações ao Cidadão SEÇÃO III
- SIC deverão fornecer, periodicamente, à Central de Atendi- Das Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso
mento ao Cidadão - CAC, dados atualizados dos atendimen-
tos prestados. Artigo 11 - As Comissões de Avaliação de Documentos de
Artigo 10 - O acesso aos documentos, dados e informa- Arquivo, a que se referem os Decretos nº 29.838, de 18 de abril
ções compreende, entre outros, os direitos de obter: de 1989, e nº 48.897, de 27 de agosto de 2004, instituídas nos
I - orientação sobre os procedimentos para a consecução órgãos e entidades da Administração Pública Estadual, passa-
de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encon- rão a ser denominadas Comissões de Avaliação de Documen-
trado ou obtido o documento, dado ou informação almejada; tos e Acesso - CADA.
93
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
94
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Parágrafo único - Estará isento de ressarcir os custos previs- § 2º - Verificada a procedência das razões do recurso, a
tos no “caput” deste artigo todo aquele cuja situação econômica Corregedoria Geral da Administração determinará ao órgão
não lhe permita fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da ou entidade que adote as providências necessárias para dar
família, declarada nos termos da Lei federal nº 7.115, de 29 de cumprimento ao disposto na Lei federal nº 12.527, de 18 de
agosto de 1983. novembro de 2011, e neste decreto.
Artigo 17 - Quando se tratar de acesso à informação conti- (*) Nova redação dada pelo Decreto nº 61.175, de 18 de
da em documento cuja manipulação possa prejudicar sua inte- março de 2015 (art.32) Legislação do Estado :
gridade, deverá ser oferecida a consulta de cópia, com certifica- “§ 1º - O recurso previsto neste artigo somente poderá ser
ção de que esta confere com o original. dirigido à Ouvidoria Geral do Estado depois de submetido à
Parágrafo único - Na impossibilidade de obtenção de có- apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente
pias, o interessado poderá solicitar que, a suas expensas e sob superior àquela que exarou a decisão impugnada, nos termos
Grupo Técnico supervisão de servidor público, a reprodução do parágrafo único do artigo 19 deste decreto.”; (NR)
seja feita por outro meio que não ponha em risco a conservação “§ 2º - Verificada a procedência das razões do recurso, a
do documento original. Ouvidoria Geral do Estado determinará ao órgão ou entidade
Artigo 18 - É direito do interessado obter o inteiro teor de que adote as providências necessárias para dar cumprimento
decisão de negativa de acesso, por certidão ou cópia. ao disposto na Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de
2011, e neste decreto.”; (NR)
SEÇÃO V Artigo 21 - Negado o acesso ao documento, dado ou in-
Dos Recursos formação pela Corregedoria Geral da Administração, o reque-
rente poderá, no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência,
Artigo 19 - No caso de indeferimento de acesso aos do- interpor recurso à Comissão Estadual de Acesso à Informação,
cumentos, dados e informações ou às razões da negativa do de que trata o artigo 76 deste decreto.
acesso, bem como o não atendimento do pedido, poderá o (*) Nova redação dada pelo Decreto nº 61.175, de 18 de
interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 março de 2015 (art.32) Legislação do Estado :
(dez) dias a contar de sua ciência. “Artigo 21 – Negado o acesso ao documento, dado ou
Parágrafo único - O recurso será dirigido à apreciação de informação pela Ouvidoria Geral do Estado, o requerente po-
pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior à que derá, no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência, interpor
exarou a decisão impugnada, que deverá se manifestar, após recurso à Comissão Estadual de Acesso à Informação, de que
eventual consulta à Comissão de Avaliação de Documentos e trata o artigo 76 deste decreto.”; (NR)
Acesso - CADA, a que se referem os artigos 11 e 12 deste de-
creto, e ao órgão jurídico, no prazo de 5 (cinco) dias. Artigo 22 - Aplica-se, no que couber, a Lei estadual nº
Artigo 20 - Negado o acesso ao documento, dado e infor- 10.177, de 30 de dezembro de 1998, ao procedimento de que
mação pelos órgãos ou entidades da Administração Pública trata este Capítulo.
Estadual, o interessado poderá recorrer à Corregedoria Geral
da Administração, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: CAPÍTULO III
(*) Nova redação dada pelo Decreto nº 61.175, de 18 de Da Divulgação de Documentos, Dados e Informações
março de 2015 (art.32) Legislação do Estado :
“Artigo 20 – Negado o acesso ao documento, dado e in- Artigo 23 - É dever dos órgãos e entidades da Administra-
formação pelos órgãos ou entidades da Administração Pública ção Pública Estadual promover, independentemente de reque-
Estadual, o interessado poderá recorrer, no prazo de 10 (dez) rimentos, a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de
dias, à Ouvidoria Geral do Estado, da Secretaria de Governo, suas competências, de documentos, dados e informações de
que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se:”; (NR) interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas.
I - o acesso ao documento, dado ou informação não clas- § 1º - Na divulgação das informações a que se refere o
sificada como sigilosa for negado; «caput» deste artigo, deverão constar, no mínimo:
II - a decisão de negativa de acesso ao documento, dado 1. registro das competências e estrutura organizacional,
ou informação, total ou parcialmente classificada como sigi- endereços e telefones das respectivas unidades e horários de
losa, não indicar a autoridade classificadora ou a hierarquica- atendimento ao público;
mente superior a quem possa ser dirigido o pedido de acesso 2. registros de quaisquer repasses ou transferências de re-
ou desclassificação; cursos financeiros;
III - os procedimentos de classificação de sigilo estabeleci- 3. registros de receitas e despesas;
dos na Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, não 4. informações concernentes a procedimentos licitatórios,
tiverem sido observados; inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos
IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros pro- os contratos celebrados;
cedimentos previstos na Lei federal nº 12.527, de 18 de no- 5. relatórios, estudos e pesquisas;
vembro de 2011. 6. dados gerais para o acompanhamento da execução or-
§ 1º - O recurso previsto neste artigo somente poderá ser çamentária, de programas, ações, projetos e obras de órgãos
dirigido à Corregedoria Geral da Administração depois de sub- e entidades;
metido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierar- 7. respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.
quicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada,
nos termos do parágrafo único do artigo 19 deste decreto.
95
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
96
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 28 - Não poderá ser negado acesso à informa- § 2º - Os documentos, dados e informações que puderem
ção necessária à tutela judicial ou administrativa de direitos colocar em risco a segurança do Governador e Vice-Governa-
fundamentais. dor do Estado e respectivos cônjuges e filhos (as) serão clas-
Parágrafo único - Os documentos, dados e informações sificados como reservados e ficarão sob sigilo até o término
que versem sobre condutas que impliquem violação dos di- do mandato em exercício ou do último mandato, em caso de
reitos humanos praticada por agentes públicos ou a mando reeleição.
de autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição § 3º - Alternativamente aos prazos previstos no § 1º deste
de acesso. artigo, poderá ser estabelecida como termo final de restrição
Artigo 29 - O disposto neste decreto não exclui as de- de acesso a ocorrência de determinado evento, desde que este
mais hipóteses legais de sigilo e de segredo de justiça nem ocorra antes do transcurso do prazo máximo de classificação.
as hipóteses de segredo industrial decorrentes da explora- § 4º - Transcorrido o prazo de classificação ou consumado
ção direta de atividade econômica pelo Estado ou por pes- o evento que defina o seu termo final, o documento, dado ou
soa física ou entidade privada que tenha qualquer vínculo informação tornar-se-á, automaticamente, de acesso público.
com o poder público. § 5º - Para a classificação do documento, dado ou infor-
mação em determinado grau de sigilo, deverá ser observado
SEÇÃO II o interesse público da informação, e utilizado o critério menos
Da Classificação, Reclassificação e Desclassificação restritivo possível, considerados:
de Documentos, Dados e Informações Sigilosas 1. a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade
e do Estado;
Artigo 30 - São considerados imprescindíveis à segu- 2. o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que
rança da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de defina seu termo final.
classificação de sigilo, os documentos, dados e informações Artigo 32 - A classificação de sigilo de documentos, dados
cuja divulgação ou acesso irrestrito possam: e informações no âmbito da Administração Pública Estadual
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a deverá ser realizada mediante:
integridade do território nacional; I - publicação oficial, pela autoridade máxima do órgão ou
entidade, de tabela de documentos, dados e informações sigi-
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negocia-
losas e pessoais, que em razão de seu teor e de sua imprescin-
ções ou as relações internacionais do País, ou as que tenham
dibilidade à segurança da sociedade e do Estado ou à proteção
sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e or-
da intimidade, da vida privada, da honra e imagem das pessoas,
ganismos internacionais;
sejam passíveis de restrição de acesso, a partir do momento de
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da po-
sua produção,
pulação;
(*) Revogado pelo Decreto nº 61.836, de 18 de fevereiro de
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, eco- 2016 Legislação do Estado
nômica ou monetária do País; II - análise do caso concreto pela autoridade responsável
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações es- ou agente público competente, e formalização da decisão de
tratégicos das Forças Armadas; classificação, reclassificação ou desclassificação de sigilo, bem
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa como de restrição de acesso à informação pessoal, que conte-
e desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como a rá, no mínimo, os seguintes elementos:
sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estratégico a) assunto sobre o qual versa a informação;
nacional; b) fundamento da classificação, reclassificação ou desclas-
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas sificação de sigilo, observados os critérios estabelecidos no
autoridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; artigo 31 deste decreto, bem como da restrição de acesso à
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como informação pessoal;
de investigação ou fiscalização em andamento, relacionadas c) indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou
com a prevenção ou repressão de infrações. dias, ou do evento que defina o seu termo final, conforme limi-
Artigo 31 - Os documentos, dados e informações si- tes previstos no artigo 31 deste decreto, bem como a indicação
gilosas em poder de órgãos e entidades da Administração do prazo mínimo de restrição de acesso à informação pessoal;
Pública Estadual, observado o seu teor e em razão de sua d) identificação da autoridade que a classificou, reclassifi-
imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, cou ou desclassificou.
poderão ser classificados nos seguintes graus: Parágrafo único - O prazo de restrição de acesso contar-
I - ultrassecreto; se-á da data da produção do documento, dado ou informação.
II - secreto; Artigo 33 - A classificação de sigilo de documentos, dados
III - reservado. e informações no âmbito da Administração Pública Estadual, a que
§ 1º - Os prazos máximos de restrição de acesso aos se refere o inciso II do artigo 32 deste decreto, é de competência:
documentos, dados e informações, conforme a classificação I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:
prevista no «caput» e incisos deste artigo, vigoram a partir a) Governador do Estado;
da data de sua produção e são os seguintes: b) Vice-Governador do Estado;
1. ultrassecreto: até 25 (vinte e cinco) anos; c) Secretários de Estado e Procurador Geral do Estado;
2. secreto: até 15 (quinze) anos; d) Delegado Geral de Polícia e Comandante Geral da Po-
3. reservado: até 5 (cinco) anos. lícia Militar;
97
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
98
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 37 - As autoridades públicas adotarão as providên- Artigo 43 - Cabe aos agentes públicos credenciados res-
cias necessárias para que o pessoal a elas subordinado hierar- ponsáveis pelo recebimento de documentos sigilosos:
quicamente conheça as normas e observe as medidas e pro- I - verificar a integridade na correspondência recebida e
cedimentos de segurança para tratamento de documentos, registrar indícios de violação ou de qualquer irregularidade,
dados e informações sigilosos e pessoais. dando ciência do fato ao seu superior hierárquico e ao desti-
Parágrafo único - A pessoa física ou entidade privada que, natário, o qual informará imediatamente ao remetente;
em razão de qualquer vínculo com o poder público executar II - proceder ao registro do documento e ao controle de
atividades de tratamento de documentos, dados e informa- sua tramitação.
ções sigilosos e pessoais adotará as providências necessárias Artigo 44 - O envelope interno só será aberto pelo desti-
para que seus empregados, prepostos ou representantes ob- natário, seu representante autorizado ou autoridade compe-
servem as medidas e procedimentos de segurança das infor- tente hierarquicamente superior, observados os requisitos do
mações resultantes da aplicação deste decreto. artigo 62 deste decreto.
Artigo 38 - O acesso a documentos, dados e informações Artigo 45 - O destinatário de documento sigiloso comuni-
sigilosos, originários de outros órgãos ou instituições privadas, cará imediatamente ao remetente qualquer indício de violação
custodiados para fins de instrução de procedimento, processo ou adulteração do documento.
administrativo ou judicial, somente poderá ser realizado para Artigo 46 - Os documentos, dados e informações sigilosos
outra finalidade se autorizado pelo agente credenciado do serão mantidos em condições especiais de segurança, na for-
respectivo órgão, entidade ou instituição de origem. ma do regulamento interno de cada órgão ou entidade.
Parágrafo único - Para a guarda de documentos secretos e
SUBSEÇÃO I ultrassecretos deverá ser utilizado cofre forte ou estrutura que
Da Produção, do Registro, Expedição, Tramitação e ofereça segurança equivalente ou superior.
Guarda Artigo 47 - Os agentes públicos responsáveis pela guarda
ou custódia de documentos sigilosos os transmitirão a seus
Artigo 39 - A produção, manuseio, consulta, transmissão, substitutos, devidamente conferidos, quando da passagem ou
manutenção e guarda de documentos, dados e informações transferência de responsabilidade.
sigilosos observarão medidas especiais de segurança.
Artigo 40 - Os documentos sigilosos em sua expedição e SUBSEÇÃO II
tramitação obedecerão às seguintes prescrições: Da Marcação
I - deverão ser registrados no momento de sua produção,
prioritariamente em sistema informatizado de gestão arquivís- Artigo 48 - O grau de sigilo será indicado em todas as
tica de documentos; páginas do documento, nas capas e nas cópias, se houver,
II - serão acondicionados em envelopes duplos; pelo produtor do documento, dado ou informação, após
III - no envelope externo não constará qualquer indicação classificação, ou pelo agente classificador que juntar a ele
do grau de sigilo ou do teor do documento; documento ou informação com alguma restrição de acesso.
IV - o envelope interno será fechado, lacrado e expedido § 1º - Os documentos, dados ou informações cujas par-
mediante relação de remessa, que indicará, necessariamente, tes contenham diferentes níveis de restrição de acesso de-
remetente, destinatário, número de registro e o grau de sigilo vem receber diferentes marcações, mas no seu todo, será
do documento; tratado nos termos de seu grau de sigilo mais elevado.
V - para os documentos sigilosos digitais deverão ser ob- § 2º - A marcação será feita em local que não compro-
servadas as prescrições referentes à criptografia. meta a leitura e compreensão do conteúdo do documento
Artigo 41 - A expedição, tramitação e entrega de docu- e em local que possibilite sua reprodução em eventuais có-
mento ultrassecreto e secreto, deverá ser efetuadas pessoal- pias.
mente, por agente público credenciado, sendo vedada a sua § 3º - As páginas serão numeradas seguidamente, de-
postagem. vendo a juntada ser precedida de termo próprio consignan-
Parágrafo único - A comunicação de informação de natu- do o número total de folhas acrescidas ao documento.
reza ultrassecreta e secreta, de outra forma que não a prescrita § 4º - A marcação deverá ser necessariamente datada.
no “caput” deste artigo, só será permitida excepcionalmente e Artigo 49 - A marcação em extratos de documentos, es-
em casos extremos, que requeiram tramitação e solução ime- boços, desenhos, fotografias, imagens digitais, multimídia,
diatas, em atendimento ao princípio da oportunidade e consi-
negativos, diapositivos, mapas, cartas e fotocartas obedece-
derados os interesses da segurança da sociedade e do Estado,
rá ao prescrito no artigo 48 deste decreto.
utilizando-se o adequado meio de criptografia.
§ 1º - Em fotografias e reproduções de negativos sem
Artigo 42 - A expedição de documento reservado poderá
legenda, a indicação do grau de sigilo será no verso e nas
ser feita mediante serviço postal, com opção de registro, men-
respectivas embalagens.
sageiro oficialmente designado, sistema de encomendas ou,
§ 2º - Em filmes cinematográficos, negativos em rolos
quando for o caso, mala diplomática.
contínuos e microfilmes, a categoria e o grau de sigilo serão
Parágrafo único - A comunicação dos documentos de que
trata este artigo poderá ser feita por outros meios, desde que indicados nas imagens de abertura e de encerramento de
sejam usados recursos de criptografia compatíveis com o grau cada rolo, cuja embalagem será tecnicamente segura e exi-
de sigilo do documento, conforme previsto nos artigos 51 a birá a classificação do conteúdo.
56 deste decreto.
99
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 3º - Os esboços, desenhos, fotografias, imagens digi- § 2º - O agente público referido no § 1º deste artigo
tais, multimídia, negativos, diapositivos, mapas, cartas e fo- deverá providenciar as condições de segurança necessárias
tocartas de que trata esta seção, que não apresentem con- ao resguardo do sigilo de documentos, dados e informações
dições para a indicação do grau de sigilo, serão guardados durante sua produção, tramitação e guarda, em suporte
em embalagens que exibam a classificação correspondente magnético ou óptico, bem como a segurança dos equipa-
à classificação do conteúdo. mentos e sistemas utilizados.
Artigo 50 - A marcação da reclassificação e da desclas- § 3º - As cópias de segurança de documentos, dados e
sificação de documentos, dados ou informações sigilosos informações sigilosos deverão ser criptografados, observa-
obedecerá às mesmas regras da marcação da classificação. das as disposições dos §§ 1º e 2º deste artigo.
Parágrafo único - Havendo mais de uma marcação, pre- Artigo 55 - Os equipamentos e sistemas utilizados para
valecerá a mais recente. a produção e guarda de documentos, dados e informações
sigilosos poderão estar ligados a redes de comunicação de
SUBSEÇÃO III dados desde que possuam sistemas de proteção e seguran-
Da Criptografia ça adequados, nos termos das normas gerais baixadas pelo
Comitê de Qualidade da Gestão Pública - CQGP.
Artigo 51 - Fica autorizado o uso de código, cifra ou Artigo 56 - Cabe ao órgão responsável pela criptografia
sistema de criptografia no âmbito da Administração Pública de documentos, dados e informações sigilosos providenciar
Estadual e das instituições de caráter público para assegurar a sua descriptação após a sua desclassificação.
o sigilo de documentos, dados e informações.
Artigo 52 - Para circularem fora de área ou instalação SUBSEÇÃO IV
sigilosa, os documentos, dados e informações sigilosos, pro- Da Preservação e Eliminação
duzidos em suporte magnético ou óptico, deverão necessa-
riamente estar criptografados. Artigo 57 - Aplicam-se aos documentos, dados e in-
Artigo 53 - A aquisição e uso de aplicativos de cripto- formações sigilosos os prazos de guarda estabelecidos na
grafia no âmbito da Administração Pública Estadual sujeitar- Tabela de Temporalidade de Documentos das Atividades-
se-ão às normas gerais baixadas pelo Comitê de Qualidade Meio, oficializada pelo Decreto nº 48.898, de 27 de agosto
da Gestão Pública - CQGP. de 2004 Legislação do Estado, e nas Tabelas de Temporali-
Parágrafo único - Os programas, aplicativos, sistemas e dade de Documentos das Atividades-Fim, oficializadas pelos
equipamentos de criptografia são considerados sigilosos e órgãos e entidades da Administração Pública Estadual, res-
deverão, antecipadamente, ser submetidos à certificação de salvado o disposto no artigo 59 deste decreto.
conformidade. Artigo 58 - Os documentos, dados e informações sigi-
Artigo 54 - Aplicam-se aos programas, aplicativos, sis- losos considerados de guarda permanente, nos termos dos
temas e equipamentos de criptografia todas as medidas de Decretos nº 48.897 Legislação do Estado e nº 48.898, ambos
segurança previstas neste decreto para os documentos, da- de 27 de agosto de 2004 Legislação do Estado, somente po-
dos e informações sigilosos e também os seguintes proce- derão ser recolhidos à Unidade do Arquivo Público do Esta-
dimentos: do após a sua desclassificação.
I - realização de vistorias periódicas, com a finalidade Parágrafo único - Excetuam-se do disposto no “caput”
de assegurar uma perfeita execução das operações cripto- deste artigo, os documentos de guarda permanente de ór-
gráficas; gãos ou entidades extintos ou que cessaram suas ativida-
II - elaboração de inventários completos e atualizados des, em conformidade com o artigo 7, § 2º, da Lei federal nº
do material de criptografia existente; 8.159, de 8 de janeiro de 1991, e com o artigo 1º, § 2º, do
III - escolha de sistemas criptográficos adequados a Decreto nº 48.897, de 27 de agosto de 2004.
cada destinatário, quando necessário; Artigo 59 - Decorridos os prazos previstos nas tabelas
IV - comunicação, ao superior hierárquico ou à autorida- de temporalidade de documentos, os documentos, dados e
de competente, de qualquer anormalidade relativa ao sigilo, informações sigilosos de guarda temporária somente pode-
à inviolabilidade, à integridade, à autenticidade, à legitimi- rão ser eliminados após 1 (um) ano, a contar da data de sua
dade e à disponibilidade de documentos, dados e informa- desclassificação, a fim de garantir o pleno acesso às informa-
ções sigilosos criptografados; ções neles contidas.
V - identificação e registro de indícios de violação ou in- Artigo 60 - A eliminação de documentos dados ou in-
terceptação ou de irregularidades na transmissão ou recebi- formações sigilosos em suporte magnético ou ótico que não
mento de documentos, dados e informações criptografados. possuam valor permanente deve ser feita, por método que
§ 1º - A autoridade máxima do órgão ou entidade da sobrescreva as informações armazenadas, após sua desclas-
Administração Pública Estadual responsável pela custódia sificação.
de documentos, dados e informações sigilosos e detentor Parágrafo único - Se não estiver ao alcance do órgão a
de material criptográfico designará um agente público res- eliminação que se refere o “caput” deste artigo, deverá ser
ponsável pela segurança criptográfica, devidamente creden- providenciada a destruição física dos dispositivos de arma-
ciado, que deverá observar os procedimentos previstos no zenamento.
«caput» deste artigo.
100
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
101
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de Artigo 75 - Os órgãos e entidades estaduais respondem
acesso a documento, dado e informação; diretamente pelos danos causados em decorrência da divul-
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou per- gação não autorizada ou utilização indevida de documentos,
mitir acesso indevido ao documento, dado e informação sigi- dados e informações sigilosos ou pessoais, cabendo a apura-
losos ou pessoal; ção de responsabilidade funcional nos casos de dolo ou culpa,
V - impor sigilo a documento, dado e informação para ob- assegurado o respectivo direito de regresso.
ter proveito pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação Parágrafo único - O disposto neste artigo aplica-se à pes-
de ato ilegal cometido por si ou por outrem; soa física ou entidade privada que, em virtude de vínculo de
VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente qualquer natureza com órgãos ou entidades estaduais, tenha
documento, dado ou informação sigilosos para beneficiar a si acesso a documento, dado ou informação sigilosos ou pessoal
ou a outrem, ou em prejuízo de terceiros; e a submeta a tratamento indevido.
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos
concernentes a possíveis violações de direitos humanos por CAPÍTULO VI
parte de agentes do Estado. Disposições Finais
§ 1º - Atendido o princípio do contraditório, da ampla
defesa e do devido processo legal, as condutas descritas no Artigo 76 - O tratamento de documento, dado ou infor-
«caput» deste artigo serão apuradas e punidas na forma da mação sigilosos resultante de tratados, acordos ou atos inter-
legislação em vigor. nacionais atenderá às normas e recomendações constantes
§ 2º - Pelas condutas descritas no «caput» deste artigo, desses instrumentos.
poderá o agente público responder, também, por improbida- Artigo 77 - Aplica-se, no que couber, a Lei federal nº 9.507,
de administrativa, conforme o disposto na Lei federal nº 8.429, de 12 de novembro de 1997, em relação à informação de pes-
de 2 de junho de 1992. soa, física ou jurídica, constante de registro ou banco de dados
Artigo 72 - O agente público que tiver acesso a documen- de entidades governamentais ou de caráter público.
tos, dados ou informações sigilosos, nos termos deste decreto, Artigo 78 - Cabe à Secretaria de Gestão Pública:
é responsável pela preservação de seu sigilo, ficando sujeito às (*) Nova redação dada pelo Decreto nº 61.175, de 18 de
sanções administrativas, civis e penais previstas na legislação, março de 2015 (art.32) Legislação do Estado :
em caso de eventual divulgação não autorizada. “Artigo 78 – Cabe à Secretaria de Governo:”; (NR)
Artigo 73 - Os agentes responsáveis pela custódia de I - realizar campanha de abrangência estadual de fomento
documentos e informações sigilosos sujeitam-se às normas à cultura da transparência na Administração Pública Estadual e
referentes ao sigilo profissional, em razão do ofício, e ao seu conscientização do direito fundamental de acesso à informação;
código de ética específico, sem prejuízo das sanções legais. II - promover treinamento de agentes públicos no que se
Artigo 74 - A pessoa física ou entidade privada que detiver refere ao desenvolvimento de práticas relacionadas à transpa-
documentos, dados e informações em virtude de vínculo de rência na Administração Pública Estadual;
qualquer natureza com o poder público e deixar de observar o III - formular e implementar política de segurança da infor-
disposto na Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, mação, em consonância com as diretrizes da política estadual
e neste decreto estará sujeita às seguintes sanções: de arquivos e gestão de documentos;
I - advertência; IV - propor e promover a regulamentação do credencia-
II - multa; mento de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e
III - rescisão do vínculo com o poder público; entidades da Administração Pública Estadual para tratamento
IV - suspensão temporária de participar em licitação e im- de informações sigilosas e pessoais.
pedimento de contratar com a Administração Pública Estadual Artigo 79 - A Corregedoria Geral da Administração será
por prazo não superior a 2 (dois) anos; responsável pela fiscalização da aplicação da Lei federal nº
V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar 12.527, de 18 de novembro de 2011, e deste decreto no âmbi-
com a Administração Pública Estadual, até que seja promovi- to da Administração Pública Estadual, sem prejuízo da atuação
da a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a dos órgãos de controle interno.
penalidade. (*) Nova redação dada pelo Decreto nº 61.175, de 18 de
§ 1º - As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste artigo março de 2015 (art.32) Legislação do Estado :
poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso II, assegura- “Artigo 79 – A Ouvidoria Geral do Estado, será responsável
do o direito de defesa do interessado, no respectivo processo, pela fiscalização da aplicação da Lei federal nº 12.527, de 18 de
no prazo de 10 (dez) dias. novembro de 2011, e deste decreto no âmbito da Administra-
§ 2º - A reabilitação referida no inciso V deste artigo será ção Pública Estadual, sem prejuízo da atuação dos órgãos de
autorizada somente quando o interessado efetivar o ressarci- controle interno.”. (NR)
mento ao órgão ou entidade dos prejuízos resultantes e de- Artigo 80 - Este decreto e suas disposições transitórias en-
corrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso IV. tram em vigor na data de sua publicação.
§ 3º - A aplicação da sanção prevista no inciso V deste
artigo é de competência exclusiva da autoridade máxima do DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
órgão ou entidade pública, facultada a defesa do interessado, Artigo 1º - Fica instituído Grupo Técnico, junto ao Comitê
no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de Qualidade da Gestão Pública - CQGP, visando a promover
de vista. os estudos necessários à criação, composição, organização e
funcionamento da Comissão Estadual de Acesso à Informação.
102
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
103
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
6. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Cons- (B) a República Federativa do Brasil tem como objeti-
tituição brasileira inicia com o Título I dedicado aos “princí- vos fundamentais: construir uma sociedade livre, justa e so-
pios fundamentais”, que são as regras informadoras de todo lidária; garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a po-
um sistema de normas, as diretrizes básicas do ordenamento breza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais
constitucional brasileiro. São regras que contêm os mais im- e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de
portantes valores que informam a elaboração da Constitui- origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
ção da República Federativa do Brasil. discriminação.
Diante dessa afirmação, analise as questões a seguir e (C) todo o poder emana do povo, que o exerce unica-
assinale a alternativa correta. mente por meio de representantes eleitos.
I - Nas relações internacionais, a República brasileira re- (D) entre outros, são princípios adotados pela Repúbli-
ge-se, entre outros, pelos seguintes princípios: autodetermi- ca Federativa do Brasil nas suas relações internacionais, os
nação dos povos, defesa da paz, igualdade entre os Estados, seguintes: a independência nacional, a prevalência dos direi-
concessão de asilo político. tos humanos e o repúdio ao terrorismo e ao racismo.
II - Os princípios não são dotados de normatividade, ou (E) a autodeterminação dos povos, a não intervenção e
seja, possuem efeito vinculante, mas constituem regras jurí- a defesa da paz são princípios regedores das relações inter-
nacionais da República Federativa do Brasil.
dicas efetivas.
III - Violar um princípio é muito mais grave que trans-
9. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O art.
gredir uma norma qualquer, pois implica ofensa a todo o
5º da Constituição Federal trata dos direitos e deveres in-
sistema de comandos.
dividuais e coletivos, espécie do gênero direitos e garantias
IV - São princípios que norteiam a atividade econômica fundamentais (Título II). Assim, apesar de referir-se, de modo
no Brasil: a soberania nacional, a função social da proprieda- expresso, apenas a direitos e deveres, também consagrou as
de, a livre concorrência, a defesa do consumidor; a proprie- garantias fundamentais. (LENZA, Pedro. Direito Constitucio-
dade privada. nal Esquematizado, São Paulo: Saraiva, 2009,13ª. ed., p. 671).
V - A diferença de salários, de critério de admissão por Com base na afirmação acima, analise as questões a se-
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil a qualquer dos guir e assinale a alternativa correta.
trabalhadores urbanos e rurais fere o princípio da igualdade I - Os direitos são bens e vantagens prescritos na norma
do caput do art. 5º da Constituição Federal. constitucional, enquanto as garantias são os instrumentos
(A) Apenas I, II, III estão corretas. através dos quais se assegura o exercício dos aludidos di-
(B) Apenas II e IV estão corretas. reitos.
(C) Apenas III e V estão corretas. II - O rol dos direitos expressos nos 78 incisos e parágra-
(D) Apenas I, III, IV e V estão corretas. fos do art. 5º da Constituição Federal é meramente exem-
(E) Todas as afirmações estão corretas. plificativo.
III - Os direitos e garantias expressos na Constituição
7. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A propó- Federal não excluem outros decorrentes do regime e dos
sito dos princípios fundamentais da República Federativa do princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais
Brasil, reconhece-se que: em que o Brasil seja parte.
(A) o pluralismo político está inserido entre seus ob- IV - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
jetivos. e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização
(B) a livre iniciativa é um de seus fundamentos e se pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
contrapõe ao valor social do trabalho. V - É inviolável a liberdade de consciência e de cren-
(C) a dignidade é também do nascituro, o que desau- ça, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
toriza, portanto, a prática da interrupção da gravidez quan- e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto
do decorrente de estupro. e suas liturgias.
(A) Apenas I, II e III estão corretas.
(D) a promoção do bem de todos, sem preconceito de
(B) Apenas II, III e IV estão corretas.
origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outra forma de dis-
(C) Apenas III e V estão corretas.
criminação, é um de seus objetivos.
(D) Apenas IV e V estão corretas.
(E) o legislativo, o executivo e o judiciário, dependen-
(E) Todas as questões estão corretas.
tes e harmônicos entre si, são poderes da união.
10. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Os
8. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária - remédios constitucionais são as formas estabelecidas pela
FGV/2014) Sobre os Princípios Fundamentais da República Constituição Federal para concretizar e proteger os direitos
Federativa do Brasil, à luz do texto constitucional de 1988, é fundamentais a fim de que sejam assegurados os valores es-
INCORRETO afirmar que: senciais e indisponíveis do ser humano.
(A) a República Federativa do Brasil tem como funda- Assim, é correto afirmar, exceto:
mentos: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa hu- (A) O habeas corpus pode ser formulado sem advoga-
mana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o do, não tendo de obedecer a qualquer formalidade proces-
pluralismo político. sual, e o próprio cidadão prejudicado pode ser o autor.
104
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
(B) O habeas corpus é utilizado sempre que alguém so- (A) Apenas I, II e IV estão corretas.
frer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em (B) Apenas I, III e V estão corretas.
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de (C) Apenas III e IV estão corretas.
poder. (D) Apenas IV e V estão corretas.
(C) O autor da ação constitucional de habeas corpus (E) Todas as questões estão corretas.
recebe o nome de impetrante; o indivíduo em favor do qual
se impetra, paciente, podendo ser o mesmo impetrante, e 13. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
a autoridade que pratica a ilegalidade, autoridade coatora. Sobre a Lei Penal, é CORRETO afirmar que
(D) Caberá habeas corpus em relação a punições disci- (A) não retroage, salvo para beneficiar o réu.
plinares militares. (B) não retroage, salvo se o fato criminoso ainda não
(E) O habeas corpus será preventivo quando alguém se for conhecido.
achar ameaçado de sofrer violência, ou repressivo, quando (C) retroage, salvo disposição expressa em contrário.
for concreta a lesão. (D) retroage, se ainda não houver processo penal ins-
taurado.
11. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Ainda
em relação aos outros remédios constitucionais analise as 14. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
questões a seguir e assinale a alternativa correta. Sobre as garantias fundamentais estabelecidas na Constitui-
I - O habeas data assegura o conhecimento de informa- ção Federal, é CORRETO afirmar que
ções relativas à pessoa do impetrante, constantes de regis- (A) a Lei Penal é sempre irretroativa.
tros ou banco de dados de entidades governamentais ou de (B) a prática do racismo constitui crime inafiançável e
caráter público. imprescritível.
II - Será concedido habeas data para a retificação de (C) não haverá pena de morte em nenhuma circuns-
dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, tância.
judicial ou administrativo. (D) os templos religiosos, entendidos como casas de
III - Em se tratando de registro ou banco de dados de
Deus, possuem garantia de inviolabilidade domiciliar.
entidade governamental, o sujeito passivo na ação de ha-
beas data será a pessoa jurídica componente da administra-
15. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
ção direta e indireta do Estado.
NÃO figura entre as garantias expressas no artigo 5º da
IV - O mandado de injunção serve para requerer à au-
Constituição Federal:
toridade competente que faça uma lei para tornar viável o
(A) a obtenção de certidões em repartições públicas.
exercício dos direitos e liberdades constitucionais.
(B) a defesa do consumidor, prevista em estatuto próprio.
V - O pressuposto lógico do mandado de injunção é a
demora legislativa que impede um direito de ser efetivado (C) o respeito à integridade física dos presos, garantido
pela falta de complementação de uma lei. pela lei de execução penal.
(A) Todas as afirmações estão corretas. (D) a remuneração do trabalho noturno superior ao
(B) Apenas I, II e III estão corretas. diurno, posto que contido na legislação ordinária trabalhista.
(C) Apenas II, III e IV estão corretas.
(D) Apenas II, III e V estão corretas. 16. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
(E) Apenas IV e V estão corretas. A casa é asilo inviolável do indivíduo, podendo-se nela en-
trar, sem permissão do morador, EXCETO
12. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O devi- (A) em caso de desastre.
do processo legal estabelecido como direito do cidadão na (B) em caso de flagrante delito.
Constituição Federal configura dupla proteção ao indivíduo, (C) para prestar socorro.
pois atua no âmbito material de proteção ao direito de li- (D) por determinação judicial, a qualquer hora.
berdade e no âmbito formal, ao assegurar-lhe paridade de
condições com o Estado para defender-se. 17. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Administrador
Com base na afirmação acima, analise as questões a se- - FGV/2014) Em tema de direitos e garantias fundamentais,
guir e assinale a alternativa correta. o artigo 5º da Constituição da República estabelece que é:
I - Ninguém será processado nem sentenciado senão (A) livre a manifestação do pensamento, sendo fomen-
pela autoridade competente. tado o anonimato;
II - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos pro- (B) assegurado o direito de resposta, proporcional ao
cessuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social agravo, que substitui o direito à indenização por dano mate-
o exigirem. rial, moral ou à imagem;
III - São admissíveis, no processo, as provas obtidas por (C) assegurado a todos o acesso à informação e resguarda-
meios ilícitos. do o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
IV - Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, (D) livre a expressão da atividade intelectual, artística, cientí-
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fica e de comunicação, ressalvados os casos de censura ou licença;
fiança. (E) direito de todos receber dos órgãos públicos informa-
V - Não haverá prisão civil por dívida, nem mesmo a do ções de seu interesse particular, sendo vedada a alegação de sigi-
depositário infiel. lo por imprescindibilidade à segurança da sociedade e do Estado.
105
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
18. (TJ-RJ - Técnico de Atividade Judiciária - (C) não encontra amparo constitucional, uma vez que a
FGV/2014) A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004, obtenção de certidões em repartições públicas será atendida
os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu- apenas se o objeto do pedido for para defesa de direitos ou
manos: para esclarecimento de situações de interesse pessoal.
(A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a (D) encontra amparo constitucional, pois todos têm direi-
sua aprovação, pelo Congresso Nacional e a promulgação, to a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
na ordem interna, pelo Chefe do Poder Executivo; particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão presta-
(B) sempre terão a natureza jurídica de emenda cons- das no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
titucional, exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo Con- aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da socieda-
gresso Nacional, se dê em dois turnos de votação, com o de e do Estado.
voto favorável de dois terços dos respectivos membros; (E) é constitucionalmente previsto, devendo ser respondi-
(C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitu- do em 48 (quarenta e oito) horas, pois a todos, no âmbito judicial
cional, desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacional, e administrativo, são assegurados a razoável duração do proces-
se dê em dois turnos de votação, com o voto favorável de so e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
três quintos dos respectivos membros;
(D) podem ter a natureza jurídica de lei complementar, 21. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) A teoria da
desde que o Congresso Nacional venha a aprová-los com reserva do possível
observância do processo legislativo ordinário; (A) significa a inoponibilidade do arbítrio estatal à efetiva-
(E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito ção dos direitos sociais, econômicos e culturais.
internacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à (B) gira em torno da legitimidade constitucional do con-
ordem jurídica interna. trole e da intervenção do poder judiciário em tema de imple-
mentação de políticas públicas, quando caracterizada hipótese
19. (OAB - Exame de Ordem Unificado - FGV/2014) de omissão governamental.
Pedro promoveu ação em face da União Federal e seu pedi- (C) considera que as políticas públicas são reservadas
discricionariamente à análise e intervenção do poder judiciário,
do foi julgado procedente, com efeitos patrimoniais venci-
que as limitará ou ampliará, de acordo com o caso concreto.
dos e vincendos, não havendo mais recurso a ser interposto.
(D) é sinônima, em significado e extensão, à teoria do
Posteriormente, o Congresso Nacional aprovou lei, que foi
mínimo existencial, examinado à luz da violação dos direitos
sancionada, extinguindo o direito reconhecido a Pedro. Após
fundamentais sociais, culturais e econômicos, como o direito à
a publicação da referida lei, a Administração Pública federal
saúde e à educação básica.
notificou Pedro para devolver os valores recebidos, comuni-
(E) defende a integridade e a intangibilidade dos direitos
cando que não mais ocorreriam os pagamentos futuros, em
fundamentais, independentemente das possibilidades finan-
decorrência da norma em foco.
ceiras e orçamentárias do estado.
Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção
correta 22. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador - FCC/2014)
(A) A lei não pode retroagir, porque a situação versa A Emenda Constitucional nº 72, promulgada em 2 de abril de
sobre direitos indisponíveis de Pedro 2013, tem por finalidade estabelecer a igualdade de direitos
(B) A lei não pode retroagir para prejudicar a coisa jul- entre os trabalhadores domésticos e os demais trabalhadores
gada formada em favor de Pedro. urbanos e rurais. Nos termos de suas disposições, a Emenda
(C) A lei pode retroagir, pois não há direito adquirido (A) determinou a extensão ao trabalhador doméstico,
de Pedro diante de nova legislação. dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço extraor-
(D) A lei pode retroagir, porque não há ato jurídico per- dinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento a do nor-
feito em favor de Pedro diante de pagamentos pendentes. mal e à proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
incentivos específicos.
20. (SP-URBANISMO - Analista Administrativo - Ju- (A) instituiu vedação ao legislador para conferir trata-
rídico - VUNESP/2014) João apresenta requerimento jun- mento diferenciado aos trabalhadores domésticos, em relação
to à Prefeitura do Município de São Paulo, pleiteando que aos trabalhadores urbanos e rurais.
lhe seja informado o número de licitações, na modalidade (B) não determinou a extensão ao trabalhador domésti-
pregão, realizadas pela São Paulo Urbanismo desde 2010. O co, dentre outros, dos direitos à proteção em face da automa-
pleito de João ção e à proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
(A) não encontra previsão expressa como direito fun- incentivos específicos.
damental na Constituição Federal, mas, todavia, deverá ser (C) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, den-
acolhido em virtude do texto constitucional prever que a tre outros, dos direitos à proteção em face da automação e ao piso
lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho.
ameaça a direito (D) não determinou a extensão ao trabalhador domésti-
(B) é constitucionalmente previsto, pois é a todos asse- co, dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço ex-
gurado, mediante o pagamento de taxa, o direito de petição traordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento a do
aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilega- normal e ao piso salarial proporcional à extensão e à comple-
lidade ou abuso de poder xidade do trabalho.
106
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
23. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) 27. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) No
Com referência à CF, aos direitos e garantias fundamentais, caso de condenação criminal transitada em julgado, enquanto
à organização político-administrativa, à administração pú- durarem seus efeitos, o condenado terá seus direitos políticos:
blica e ao Poder Judiciário, julgue os itens subsecutivos. (A) mantidos.
A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e (B) cassados.
determina que cabe à lei definir os serviços ou atividades (C) perdidos.
essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades (D) suspensos.
inadiáveis da comunidade.
Certo ( ) 28. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) No que con-
Errado ( ) cerne às condições de elegibilidade para o cargo de prefeito
previstas na CRFB/88, assinale a opção correta.
24. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a (A) José, ex-prefeito, que renunciou ao cargo 120 dias
alternativa correta. antes da eleição poderá candidatar-se à reeleição ao cargo de
(A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e se- prefeito.
guintes é exaustivo. (B) João, brasileiro, solteiro, 22 anos, poderá candidatar-
(B) É vedada a redução proporcional do salário do tra- se, pela primeira vez, ao cargo de prefeito.
balhador sob qualquer hipótese. (C) Marcos, brasileiro, 35 anos e analfabeto, poderá can-
(C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias didatar-se ao cargo de prefeito.
anuais remuneradas com, no mínimo, um terço a mais do (D) Luís, capitão do exército com 5 anos de serviço, mas
que o salário normal. que não pretende e nem irá afastar-se das atividades militares,
(D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e poderá candidatar-se ao cargo de prefeito.
do salário, não está constitucionalmente prevista, mas é de-
terminada pela CLT. 29. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) Assinale a alternativa
(E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do correta a respeito dos partidos políticos.
emprego e do salário, não está constitucionalmente previs- (A) É vedado a eles o recebimento de recursos financeiros
to, mas é determinado pela CLT. por parte de empresas transnacionais.
(B) É assegurado a eles o acesso gratuito à propaganda
25. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário - no rádio e na televisão, exceto aqueles que não possuam repre-
FCC/2014) Pietro, nascido na Itália, naturalizou-se brasileiro sentação no Congresso Nacional.
no ano de 2012. No ano de 2011, Pietro acabou cometendo (C) Os partidos devem, obrigatoriamente, ter caráter na-
um crime de roubo, cuja autoria foi apurada apenas no ano cional.
de 2013, sendo instaurada a competente ação penal, culmi- (D) Os partidos devem, após cada campanha, apresentar
nando com a condenação de Pietro, pela Justiça Pública, ao ao Congresso Nacional a sua prestação de contas para apro-
cumprimento da pena de 05 anos e 04 meses de reclusão, em vação.
regime inicial fechado, por sentença transitada em julgado. (E) Em razão de sua importante função institucional, os
Neste caso, nos termos estabelecidos pela Constituição fede- partidos políticos possuem natureza jurídica de direito público.
ral, Pietro
(A) não poderá ser extraditado, tendo em vista a quanti- 30. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - CES-
dade de pena que lhe foi imposta pelo Poder Judiciário. PE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à organização
(B) não poderá ser extraditado, pois o crime foi cometi- político-administrativa da República Federativa do Brasil.
do antes da sua naturalização. O poder constituinte dos estados, dada a sua condição de
(C) poderá ser extraditado. ente federativo autônomo, é soberano e ilimitado.
(D) não poderá ser extraditado, pois não cometeu crime Certo ( )
hediondo ou de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afim. Errado ( )
(E) não poderá ser extraditado, pois a sentença conde-
natória transitou em julgado após a naturalização. 31. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - CES-
PE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à organização
26. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) É pri- político-administrativa da República Federativa do Brasil.
vativo de brasileiro nato o cargo de A despeito de serem entes federativos, os territórios fede-
(A) Ministro do Supremo Tribunal Federal. rais carecem de autonomia.
(B) Senador. Certo ( )
(C) Juiz de Direito. Errado ( )
(D) Delegado de Polícia.
(E) Deputado Federal.
107
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
32. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT 35. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside-
23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a alterna- rando as regras constitucionais sobre a administração públi-
tiva INCORRETA: ca, analise as afirmativas.
(A) A administração pública direta e indireta de qualquer I. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, moralida- Poder Executivo.
de, publicidade, eficiência e impessoalidade. II. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,
(B) É garantido ao servidor público civil o direito à livre funções e empregos públicos da administração direta, autár-
associação sindical. quica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes
(C) A administração fazendária e seus servidores fiscais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, prece- dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
dência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei. políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remu-
(D) A proibição de acumulação remunerada de cargos neratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as
públicos se estende a emprego e funções, não abrangendo, vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não po-
pois, sociedades de economia mista. derão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros
(E) As funções de confiança, exercidas exclusivamente por do Supremo Tribunal Federal.
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comis- III. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer
são, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de
condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se, pessoal do serviço público.
apenas, às atribuições de direção, chefia e assessoramento. Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
(A) I, II e III.
33. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A ad- (B) I, apenas.
ministração pública pode ser definida objetivamente como a (C) I e II, apenas.
atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve para a (D) I e III, apenas.
consecução dos interesses coletivos e subjetivamente como o (E) II e III, apenas.
conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei atri-
bui o exercício da função administrativa do Estado”. (MORAES, 36. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) Assinale
Alexandre de, Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2007, 22. a alternativa que está de acordo com o disposto na Consti-
ed., p. 310) tuição Federal.
Com base no que determina a Constituição Federal a res- (A) Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino
peito da administração pública é correto afirmar, exceto: fundamental e na educação infantil, enquanto os Estados e
(A) A investidura em cargo ou emprego público depende o Distrito Federal atuarão exclusivamente nos ensinos fun-
de aprovação prévia em concurso público de provas e títulos, damental e médio.
de acordo com a natureza e complexidade do cargo, ressalva- (B) As pessoas físicas que praticarem condutas e ati-
das as nomeações para cargo em comissão. vidades consideradas lesivas ao meio ambiente ficarão su-
(B) A Administração pública direta e indireta obedecerá jeitas às respectivas sanções penais e administrativas, e as
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, pu- pessoas jurídicas serão obrigadas, exclusivamente, a reparar
blicidade e eficiência. os danos causados ao meio ambiente.
(C) O prazo de validade do concurso público será de até (C) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
dois anos, prorrogável uma vez, por igual período. destinam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usu-
(D) A Constituição Federal não veda a acumulação remu- fruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos
nerada de cargos públicos. nelas existentes.
(E) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos (D) É vedado às universidades e às instituições de pes-
praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem quisa científica e tecnológica admitir professores, técnicos e
prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressar- cientistas estrangeiros.
cimento.
37. (SEAP/DF - Analista Direito - IADES/2014) Acerca
34. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Com relação da organização do Estado, em consonância com a Constitui-
à competência privativa da União para legislar, é INCORRETO ção Federal, assinale a alternativa correta.
afirmar que compete privativamente à União legislar sobre (A) É competência comum da União, dos estados, do
(A) registros públicos. Distrito Federal e dos municípios proporcionar os meios de
(B) comércio exterior e interestadual. acesso à cultura, à educação e à ciência.
(C) organização do sistema nacional de emprego e con- (B) É competência exclusiva da União proteger os do-
dições para o exercício de profissões. cumentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico
(D) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho. os sítios arqueológicos.
(E) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, (C) É competência exclusiva dos estados impedir a eva-
defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio am- são, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de
biente e controle da poluição. outros bens de valor histórico, artístico ou cultural.
108
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
(D) Compete, exclusivamente, à União legislar sobre a 40. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014)
proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico Compete privativamente à União legislar sobre
e paisagístico. (A) produção e consumo.
(E) Compete, exclusivamente, aos estados legislar so- (B) assistência jurídica e defensoria pública.
bre educação, cultura, ensino e desporto. (C) trânsito e transporte.
(D) direito tributário, financeiro, penitenciário, econô-
38. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - mico e urbanístico.
FCC/2014) O exercício do direito de greve pelos servidores (E) educação, cultura, ensino e desporto.
públicos civis da Administração direta
(A) deve ser considerado inconstitucional, até que seja 41. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) Os
editada a lei definidora dos termos e limites em que possa atos de improbidade administrativa importarão, nos termos
ser exercido, a fim de preservar a continuidade da prestação da Constituição Federal, dentre outros,
(A) a prisão provisória, sem direito à fiança.
dos serviços públicos.
(B) a indisponibilidade dos bens.
(B) deve ser considerado abusivo se exercido por servi-
(C) a impossibilidade de deixar o país.
dores públicos em estágio probatório.
(D) a suspensão dos direitos civis.
(C) é constitucional, visto que previsto em norma da
(E) o pagamento de multa ao fundo de proteção social.
constituição federal com aplicabilidade imediata, não neces-
sitando de regulamentação, nem de integração normativa, 42. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) José é ci-
para que o direito nela previsto possa ser exercido. dadão do município W, onde está localizado o distrito de B.
(D) é constitucional, devendo, no entanto, observar a Após consultas informais, José verifica o desejo da popula-
regulamentação legislativa da greve dos trabalhadores em ção distrital de obter a emancipação do distrito em relação
geral, que se aplica, naquilo que couber, aos servidores pú- ao município de origem.
blicos enquanto não for promulgada lei específica para o De acordo com as normas constitucionais federais, den-
exercício desse direito. tre outros requisitos para legitimar a criação de um novo
(E) é constitucional e poderá ensejar convenção cole- Município, são indispensáveis:
tiva em que seja prevista a majoração dos vencimentos dos (A) lei estadual e referendo.
servidores públicos. (B) lei municipal e plebiscito.
(C) lei municipal e referendo.
39. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - (D) lei estadual e plebiscito.
FCC/2014) Certo Município editou lei municipal que disci-
plinou o horário de funcionamento de farmácias e droga- 43. (MPE/MG - Promotor de Justiça - MPE/2014) As-
rias. O sindicato dos empregados do comércio da região sinale a afirmativa INCORRETA:
pretende impugnar judicialmente a referida norma, sob o (A) O federalismo por agregação surge quando Esta-
argumento de que o Município não teria competência para dos soberanos cedem uma parcela de sua soberania para
legislar sobre a matéria, mesmo na ausência de lei federal e formar um ente único.
estadual sobre o tema. Considerando a Constituição Federal (B) O federalismo dualista caracteriza-se pela sujeição
e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a pretensão dos Estados federados à União.
do sindicato (C) O federalismo centrípeto se caracteriza pelo forta-
(A) não encontra fundamento constitucional, uma vez lecimento do poder central decorrente da predominância de
atribuições conferidas à União.
que cabe aos Municípios fixar o horário de funcionamen-
(D) No federalismo atípico, constata-se a existência de
to desses estabelecimentos, inserindo-se a matéria na sua
três esferas de competências: União, Estados e Municípios.
competência para legislar sobre assuntos de interesse local.
(B) não encontra fundamento constitucional, uma vez
44. (UNICAMP - Procurador - VUNESP/2014) Consi-
que, apesar da matéria se inserir na competência residual derando o disposto na Constituição Federal sobre o Poder
dos Estados, cabe aos Municípios suprir a ausência de lei Judiciário, assinale a alternativa correta.
estadual para atender as suas peculiaridades locais. (A) As decisões administrativas dos tribunais serão mo-
(C) encontra fundamento constitucional, uma vez que tivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas
a ausência de norma federal disciplinando a matéria não po- pelo voto da maioria absoluta de seus membros, em sessão
deria ser suprida por lei estadual, nem por lei municipal. secreta.
(D) encontra fundamento constitucional, uma vez que, (B) Os servidores dos cartórios judiciais receberão de-
inexistindo lei federal a respeito, apenas os Estados pode- legação para a prática de atos de administração e atos de
riam legislar sobre a matéria para atender as suas peculia- mero expediente, limitados às decisões de caráter interlo-
ridades. cutório.
(E) encontra fundamento constitucional, uma vez que (C) Um quinto dos lugares dos Tribunais dos Estados
a matéria insere-se na competência residual dos Estados será composto de advogados de notório saber jurídico e de
para legislar sobre as competências que não lhes sejam ve- reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade
dadas pela Constituição. profissional, indicados em lista tríplice pelos órgãos de re-
presentação das respectivas classes.
109
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
(D) Aos juízes é vedado exercer a advocacia no juízo ou 47. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
tribunal do qual se afastou, antes de decorridos cinco anos 23ªR/2014) Sob a égide da Constituição Federal, assinale a
do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. alternativa INCORRETA:
(E) O juiz goza da garantia da inamovibilidade, mas, (A) é vedada a edição de medida provisória sobre maté-
havendo interesse público, poderá ser removido, por deci- ria já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo congresso
são da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conse- nacional e pendente de sanção ou veto presidencial.
lho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa. (B) as decisões administrativas dos tribunais serão mo-
tivadas e em sessão pública.
45. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT (C) as decisões administrativas de natureza disciplinar
23ªR/2014) Assinale a alternativa CORRETA: serão tomadas pelo voto de dois terços dos membros do tri-
(A) Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e bunal.
julgar, originariamente, o litígio entre Estado estrangeiro ou (D) o número de juízes na unidade jurisdicional será
proporcional à efetiva demanda judicial com à Respectiva
organismo internacional e a União, Estados, Distrito Federal
população.
ou Município.
(E) a inamovibilidade e a irredutibilidade salarial são
(B) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em
garantias da magistratura, mas não são absolutas, posto que
recurso extraordinário, o habeas corpus, habeas data, man-
comportem exceções, ditadas em lei.
dado de segurança e mandado de injunção decididos, em
instância única, pelos Tribunais Superiores, se denegatória 48. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside-
a decisão. rando as regras constitucionais sobre as funções essenciais
(C) Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em da justiça, analise.
grau de recurso especial, os conflitos de competência entre I. Constituem garantias do Ministério Público: vitalicie-
quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no artigo 102, I, dade, após 2 anos de exercício, não podendo perder o cargo
“o”, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados, e senão por sentença judicial transitada em julgado, e inamovi-
entre juízes vinculados a tribunais diversos. bilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante de-
(D) Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar cisão do órgão colegiado competente do Ministério Público,
e julgar, originariamente, os conflitos de atribuições entre pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada
autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre ampla defesa. Constituem vedações do Ministério Público:
autoridades Judiciárias de um Estado e administrativas de participar de sociedade comercial, na forma da lei, exercer
outro ou do Distrito Federal, ou entre as destes e da União. atividade político-partidária e exercer, ainda que em disponi-
(E) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em bilidade, qualquer outra função pública, sem exceções.
recurso ordinário, os conflitos de competência entre o Supe- II. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, direta-
rior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais. mente ou por meio de órgão vinculado, representa a União,
judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei
46. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT complementar que dispuser sobre sua organização e fun-
23ªR/2014) Sobre o Estatuto da Magistratura, NÃO É COR- cionamento, as atividades de consultoria e assessoramento
RETO afirmar: jurídico do Poder Executivo e a representação da União na
(A) A aferição do merecimento, para fins de promoção, execução da dívida ativa de natureza tributária.
ocorrerá conforme o desempenho e pelos critérios objetivos III. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal,
de produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de
concurso público de provas e títulos, com a participação fa-
frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhe-
cultativa da Ordem dos Advogados do Brasil, exercerão a re-
cidos de aperfeiçoamento.
presentação judicial e a consultoria jurídica das respectivas
(B) Não será promovido o juiz que, injustificadamente,
unidades federadas.
retiver os autos em seu poder além do prazo legal, não po-
Está(ão) INCORRETA(S) a(s) afirmativa(s):
dendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou (A) I, II e III.
decisão. (B) II, apenas.
(C) Na apuração da antiguidade, o Tribunal somente (C) I e II, apenas.
poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado (D) I e III, apenas.
de dois terços dos membros presentes à sessão, conforme (E) II e III, apenas.
procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetin-
do-se a votação até fixar-se a indicação. 49. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) “Joaquina
(D) O juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo impetra mandado de segurança no Tribunal de Justiça do lo-
autorização do Tribunal. cal em que reside por ter direito líquido e certo que foi viola-
(E) A distribuição de processos será imediata em todos do por abuso de autoridade da autoridade coatora envolvi-
os graus de jurisdição. da na situação. Considere que, nessa hipótese, a autoridade
coatora era o Governador do Estado, que possuía foro por
prerrogativa de função e que, por essa razão, a competência
para julgamento do writ era mesmo do Tribunal de Justiça
local. Considere, ainda, que a impetração ocorreu tempesti-
110
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
vamente, e que todos os requisitos de admissibilidade foram 53. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária -
observados. Entretanto, mesmo com a observância de todos FGV/2014) A Emenda Constitucional nº 45, de 2004, adi-
os requisitos formais, meritoriamente, foi denegatória a de- cionou o art. 103-B na Constituição da República, criando o
cisão do mandado de segurança impetrado por Joaquina.” Conselho Nacional de Justiça, órgão composto por membros
Tendo em vista todos os aspectos apresentados no caso do Judiciário, do Ministério Público, advogados e cidadãos,
anterior, assinale a opção que indica, acertadamente, o re- com o intuito mor de supervisionar a atuação administrativa
curso a ser interposto por Joaquina. e financeira do Poder Judiciário e o cumprimento dos deve-
(A) Recurso especial para o STJ. res funcionais dos juízes, além de outras atribuições constan-
(B) Recurso ordinário para o STJ. tes no Estatuto da Magistratura e outras que a própria Cons-
(C) Embargos infringentes para o STJ. tituição lhe atribui. Com base no disposto na Constituição da
(D) Agravo de instrumento para o STJ. República, constitui uma atribuição do Conselho Nacional de
(E) Recurso extraordinário para o STF. Justiça:
(A) determinar a aposentadoria de juiz federal com sub-
50. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) De acordo sídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço, asse-
com o texto constitucional, lei complementar, de iniciativa do gurada a ampla defesa.
Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Ma- (B) encaminhar projeto de lei orçamentária referente a
gistratura, observados, entre outros, os seguintes princípios: tribunal de justiça que não o tenha feito no prazo devido.
(A) o ato de remoção, disponibilidade, demissão e apo- (C) expedir atos regulamentares, no âmbito de sua
sentadoria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á competência, que só terão eficácia depois de sancionados
em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal pelo presidente da república.
ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa. (D) rever unicamente, mediante provocação, os proces-
(B) um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Fe- sos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados
derais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Ter- há menos de um ano.
ritórios será composto de membros, do Ministério Público, (E) declarar, observando a reserva de plenário, a incons-
com mais de dez anos de carreira, e de advogados de no- titucionalidade das leis que envolvam conflitos de massa.
tório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez
anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêx- 54. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) A respeito do Conse-
tupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. lho Nacional de Justiça, assinale a alternativa correta.
(C) todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judi- (A) Possui como função a fiscalização do Poder Judiciá-
ciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, rio e, eminentemente, função jurisdicional.
sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em (B) Tem competência para julgar magistrados por crime
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, de autoridade
ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do (C) Tem como função apreciar a legalidade dos atos
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique administrativos praticados por membros do Poder Judiciário.
o interesse da Administração Pública. (D) Não possui competência para rever processos disci-
(D) nos tribunais com número superior a vinte e cinco plinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos
julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mí- de um ano.
nimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para (E) O CNJ pode suspender e fiscalizar decisão concessi-
o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais va de mandado de segurança.
delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se
metade das vagas por antiguidade, e a outra metade por 55. (TRT 3ª Região/MG - Juiz do Trabalho - TRT
merecimento. 3R/2014) Sobre as funções institucionais do Ministério Pú-
blico é incorreto afirmar:
51. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) M. (A) Defender judicialmente os direitos e interesses das
T. foi condenado, em primeira instância, pela prática de crime populações indígenas, inclusive através de Promotor de Jus-
político. Contra a referida sentença condenatória é cabível: tiça ad hoc.
(A) recurso em sentido estrito para o Tribunal de Justiça. (B) Promover, privativamente, a ação penal pública, na
(B) apelação para o Tribunal Regional Federal. forma da lei.
(C) recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal. (C) Promover o inquérito civil e a ação civil pública, para
(D) recurso inominado para o Superior Tribunal de Justiça. a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente
e de outros interesses difusos e coletivos.
52. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) O (D) Expedir notificações nos procedimentos adminis-
processo e julgamento da execução de carta rogatória, após trativos de sua competência, requisitando informações e
o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homologa- documentos para instruí-los, na forma da lei complementar
ção, é de competência: respectiva.
(A) dos Tribunais Regionais Federais. (E) Exercer o controle externo da atividade policial, na
(B) dos juízes federais. forma da lei complementar.
(C) do Supremo Tribunal Federal.
(D) do Superior Tribunal de Justiça.
111
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
56. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) No (B) As denominadas normas constitucionais de eficá-
que se refere aos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, cia plena não necessitam de providência ulterior para sua
bem como às funções essenciais à justiça, julgue os seguin- aplicação, a exemplo do disposto no art. 37, I, da CF, que
tes itens. prevê o acesso a cargos, empregos e funções públicas a
A CF garante autonomia funcional e administrativa à de- brasileiros e estrangeiros.
fensoria pública estadual e ao Ministério Público. (C) O dispositivo constitucional que assegura a gra-
tuidade nos transportes coletivos urbanos aos maiores de
Certo ( )
sessenta e cinco anos não configura norma de eficácia ple-
Errado ( )
na e aplicabilidade imediata, pois demanda uma lei inte-
grativa infraconstitucional para produzir efeitos.
57. (TJ/SE - Titular de Serviços de Notas e de Regis- (D) A norma constitucional de eficácia contida é aque-
tro - CESPE/2014) No que se refere às funções essenciais à la que, embora tenha aplicabilidade direta e imediata, pode
justiça, assinale a opção correta de acordo com a CF. ter sua abrangência reduzida pela norma infraconstitucio-
(A) De acordo com a CF, a representação judicial dos nal, como ocorre com o artigo da CF que confere aos es-
Estados, do Distrito Federal e dos municípios cabe exclusi- tados a competência para a instituição de regiões metro-
vamente aos procuradores organizados em carreira, depen- politanas.
dendo o ingresso nessa carreira de aprovação em concurso (E) Conforme o método jurídico ou hermenêutico
público de provas e títulos. clássico, a Constituição deve ser considerada como uma lei
(B) As defensorias públicas dos Estados, do Distrito Fe- e, em decorrência, todos os métodos tradicionais de her-
deral e da União possuem autonomia funcional e adminis- menêutica devem ser utilizados na atividade interpretativa,
trativa, sendo-lhes assegurada a iniciativa de suas propostas mediante a utilização de vários elementos de exegese, tais
como o filológico, o histórico, o lógico e o teleológico.
orçamentárias na forma estabelecida na CF.
(C) Cabe ao Ministério Público Federal representar a
60. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) No to-
União na execução de sua dívida ativa de natureza tributária. cante à eficácia e à aplicabilidade das normas constitucio-
(D) A CF estabelece um rol exemplificativo de funções nais, as
institucionais do MP, como, por exemplo, a função de pro- (A) definidoras dos direitos e garantias fundamentais
mover, privativamente, as ações civil e penal públicas, na for- são programáticas, dependendo sempre de regulamenta-
ma da lei. ção infraconstitucional.
(E) À imunidade profissional do advogado não se po- (B) de eficácia contida ou prospectiva têm aplicabili-
dem aplicar restrições de qualquer natureza. dade indireta e imediata, não integral, produzindo efeitos
restritos e limitados infraconstitucionalmente quando de
58. (PGE/PI - Procurador do Estado Substituto - sua promulgação.
CESPE/2014) Acerca da interpretação das normas consti- (C) de eficácia limitada são de aplicabilidade mediata
tucionais, assinale a opção correta. e diferida, mas sem vinculação com as normas infracons-
(A) Em razão do caráter aberto e indeterminado de titucionais subsequentes, ou seja, sem relevância jurídica
muitas de suas normas, a CF admite o fenômeno da cons- interpretativa e integrativa.
trução jurídica, sem que isso configure necessariamente (D) de eficácia plena e aplicabilidade direta, imediata
usurpação de poder constituinte. e integral são aquelas normas que, no momento em que a
constituição entra em vigor, já estão aptas a produzir todos
(B) Lacunas constitucionais devem ser preenchidas
os seus efeitos, independentemente de norma integrativa
por meio dos processos formais de mudança constitucio-
infraconstitucional.
nal, não se admitindo a via interpretativa como mecanismo
(E) declaratórias de princípios programáticos veicu-
de solução dessas deficiências.
lam programas a serem implementados pelos cidadãos,
(C) A existência de métodos específicos de interpre- sem interferência estatal, visando à realização de fins so-
tação constitucional exclui a incidência dos métodos tra- ciais e culturais.
dicionais.
(D) A normatividade constitucional não é compatível 61. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário -
com as chamadas normas implícitas. FCC/2014) Nos termos estabelecidos pela Constituição fe-
(E) Interpretação extensiva e analogia são procedi- deral NÃO é atribuição constitucional do Tribunal de Con-
mentos estranhos ao direito constitucional. tas da União
(A) julgar as contas as contas dos administradores e
59. (TJ/DF - Juiz - CESPE/2014) No que se refere à demais responsáveis por recursos públicos.
aplicabilidade e à interpretação das normas constitucio- (B) julgar as contas do presidente da república.
nais, assinale a opção correta. (C) sustar, se não atendido, a execução de ato impug-
(A) Conforme o método de interpretação denomina- nado, comunicando à câmara dos deputados e ao senado
do científico-espiritual, a análise da norma constitucional federal.
deve-se fixar na literalidade da norma, de modo a extrair (D) apreciar, em regra, para fins de registro, a legalida-
seu sentido sem que se leve em consideração a realidade de dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
social. administração direta.
112
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
(E) fiscalizar as contas nacionais das empresas supra- (B) A vacância dos cargos de Presidente e Vice-Pre-
nacionais de cujo capital social a união participe, de forma sidente da República, verificada nos últimos dois anos do
direta ou indireta, nos termos do tratado consultivo. mandato, ensejará a realização de eleição, pelo Congresso
Nacional, para ambos os cargos vagos, a ser realizada trinta
62. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador- FCC/2014) dias depois da última vaga.
Ao analisar o funcionamento do bicameralismo brasileiro (C) Do Conselho da República participam, também,
no âmbito do processo legislativo, Manoel Gonçalves Fer- seis cidadãos brasileiros, com mais de trinta e cinco anos
reira Filho apresenta a seguinte lição: “as Câmaras no pro- de idade, nomeados pelo Presidente da República, todos
cesso legislativo brasileiro não estão em pé de igualdade” com mandato de quatro anos, admitida uma única recon-
(cf. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 39. dução.
ed., 2013). Alude, assim, o autor ao caráter assimétrico, im- (D) Os requisitos constitucionais para assumir o cargo
perfeito ou desigual que informa a atuação das Casas do de Ministro de Estado, auxiliar do Presidente da República,
são os seguintes: ter mais de vinte e um anos de idade; es-
Congresso Nacional nos processos de
tar no exercício dos direitos políticos; e ser brasileiro nato.
(A) apreciação dos vetos presidenciais e de elabora-
(E) Nos crimes de responsabilidade, o Presidente da
ção das leis ordinárias e complementares.
República é julgado pela Câmara dos Deputados, sob a di-
(B) conversão de medida provisória em lei e de elabo-
reção do Presidente do Supremo Tribunal Federal, com a
ração das leis ordinárias e complementares. necessária autorização prévia do Senado Federal.
(C) revisão constitucional e de elaboração das leis or-
dinárias e complementares. 66. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) Imagine
(D) conversão de medida provisória em lei e de elabo- a hipótese na qual o avião presidencial sofre um acidente,
ração das emendas constitucionais. vindo a vitimar o Presidente da República e seu Vice, após
(E) elaboração das emendas constitucionais e de a conclusão do terceiro ano de mandato.
aprovação de tratados e convenções internacionais sobre A partir da hipótese apresentada, assinale a afirmativa
direitos humanos com estatura equivalente às emendas correta.
constitucionais. (A) O Presidente do Senado Federal assume o cargo e
completa o mandato.
63. (PC-SE - Escrivão substituto - IBFC/2014) Segun- (B) O Presidente da Câmara dos Deputados assume o
do a Constituição Federal, no capítulo “Do Poder Executi- cargo e convoca eleições que realizar-se-ão noventa dias
vo”, compete ao Presidente da República, exceto: depois de abertas as vagas.
(A) Manter relações com Estados estrangeiros e acre- (C) O Presidente do Congresso Nacional assume o
ditar seus representantes diplomáticos. cargo e completa o mandato.
(B) Conceder indulto e comutar penas, com audiência, (D) O Presidente da Câmara dos Deputados assume
se necessário, dos órgãos instituídos em lei. o cargo e convoca eleições que serão realizadas trinta dias
(C) Suspender a execução, no todo ou em parte, de lei após a abertura das vagas, pelo Congresso Nacional, na
declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supre- forma da lei.
mo Tribunal Federal
(D) Dispor, mediante decreto, sobre organização e RESPOSTAS
funcionamento da administração federal, quando não im-
plicar aumento de despesa nem criação ou extinção de ór- 1. Resposta: “C”. Constituição é muito mais do que
gãos públicos. um documento escrito que fica no ápice do ordenamento
jurídico nacional estabelecendo normas de limitação e or-
64. (PC-SE - Agente de Polícia Judiciária - IBFC/2014) ganização do Estado, mas tem um significado intrínseco so-
Segundo a Constituição Federal, no capítulo “Do Poder ciológico, político, cultural e econômico. Independente do
Executivo”, o Presidente e o Vice-Presidente da República conceito, percebe-se que o foco é a organização do Estado
poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se e a limitação de seu poder.
do país, sob pena de perda do cargo, por até:
(A) 15 dias. 2. Resposta: “D”. Quanto à origem, a Constituição pode
(B) 30 dias. ser outorgada, quando imposta unilateralmente pelo agen-
(C) 45 dias. te revolucionário, ou promulgada, quando é votada, sendo
(D) 60 dias. também conhecida como democrática ou popular.
65. (PC/PI - Delegado de Polícia – UESPI/2014) Con- 3. Resposta: “B”. A Constituição Federal e os demais
siderando o que estabelecem as normas constitucionais atos normativos que compõem o denominado bloco de
sobre o Poder Executivo, assinale a alternativa CORRETA. constitucionalidade, notadamente, emendas constitucio-
(A) A perda do cargo é a consequência inafastável nais e tratados internacionais de direitos humanos aprova-
para o Prefeito que assumir outro cargo ou função na Ad- dos com quórum especial após a Emenda Constitucional nº
ministração Pública, seja direta ou indireta. 45/2004, estão no topo do ordenamento jurídico. Sendo as-
113
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
sim, todos os atos abaixo deles devem guardar uma estrita restritas, pode-se afirmar que a democracia indireta é predo-
compatibilidade, sob pena de serem inconstitucionais. Por minantemente adotada no Brasil, por meio do sufrágio uni-
isso, estes atos que estão abaixo na pirâmide, se sujeitam a versal e do voto direto e secreto com igual valor para todos.
controle de constitucionalidade. Contudo, não é a única maneira de se exercer o poder (artigo
14, CF e artigo 1º, parágrafo único, CF).
4. Resposta: “A”. Carl Schmitt propõe que o conceito de
Constituição não está na Constituição em si, mas nas deci- 9. Resposta: “E”. “I” está correta porque a principal di-
sões políticas tomadas antes de sua elaboração. Sendo assim, ferença entre direitos e garantias é que os primeiros servem
o conceito de Constituição será estruturado por fatores como para determinar os bens jurídicos tutelados e as segundas
o regime de governo e a forma de Estado vigentes no mo- são os instrumentos para assegurar estes (ex: direito de li-
mento de elaboração da lei maior. A Constituição é o produto berdade de locomoção – garantia do habeas corpus). “II”
de uma decisão política e variará conforme o modelo político está correta, afinal, o próprio artigo 5º prevê em seu §2º que
à época de sua elaboração. “os direitos e garantias expressos nesta Constituição não ex-
cluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
5. Resposta: “B”. Todas as alternativas descrevem carac- adotados, ou dos tratados internacionais em que a Repú-
terísticas, atributos do Estado Democrático de Direito que é blica Federativa do Brasil seja parte”, fundamento que tam-
a República Federativa brasileira, notadamente: erradicação bém demonstra que o item “III” está correto. O item IV traz
da pobreza e diminuição de desigualdades (artigo 3º, III, CF); cópia do artigo 5º, X, CF, que prevê que “são invioláveis a
soberania, cidadania e pluralismo político (artigo 1º, I, II e V, intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
CF); princípio da legalidade (artigo 5º, II, CF); liberdade de ex- assegurado o direito a indenização pelo dano material ou
pressão (artigo 5º, IV, CF); construção de sociedade justa, livre moral decorrente de sua violação”; o que faz também o item
e solidária (artigo 3º, I, CF). Sendo assim, incorreta a afirma- V com relação ao artigo 5º, VI, CF que diz que “é inviolável
ção de que soberania, cidadania e pluralismo político não são a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o
fundamentos da República Federativa do Brasil, pois estão livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da
como tais enumerados no artigo 1º, CF, além de decorrerem lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”. Sendo
da própria estrutura de um Estado Democrático de Direito. assim, todas afirmativas estão corretas.
6. Resposta: “D”. O item “I” descreve alguns dos prin- 10. Resposta: “D”. O habeas corpus é garantia pre-
cípios que regem as relações internacionais brasileiras, enu- vista no artigo 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus
merados no artigo 4º, CF, estando correto; o item “II” afasta a sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
normatividade dos princípios, o que é incorreto, pois os prin- violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
cípios têm forma normativa e, inclusive, podem ser aplicados ilegalidade ou abuso de poder”. A respeito dele, a lei bus-
de forma autônoma se não houver lei específica a respeito ca torná-lo o mais acessível possível, por ser diretamente
ou se esta se mostrar inadequada, por isso mesmo, correta relacionado a um direito fundamental da pessoa humana.
a afirmação do item “III”; os princípios descritos no item “IV” O objeto de tutela é a liberdade de locomoção; a propo-
são alguns dos que regem a ordem econômica, enumerados situra não depende de advogado; o que propõe a ação é
no artigo 170, CF, restando correta; o item “V” traz um exem- denominado impetrante e quem será por ela beneficiado é
plo de violação ao princípio da igualdade material, assegura- chamado paciente (podendo a mesma pessoa ser os dois),
do no artigo 5º, CF e refletido em todo texto constitucional, contra quem é proposta a ação é a denominada autoridade
estando assim correto. Logo, apenas o item “II” está incorreto. coatora; e é possível utilizar habeas corpus repressivamente
e preventivamente. Por sua vez, a Constituição Federal prevê
7. Resposta: “D”. O artigo 1º, CF traz os princípios fun- no artigo 142, §2º que “não caberá habeas corpus em relação
damentais (fundamentos) da República Federativa do Brasil: a punições disciplinares militares”.
“I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa
humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre inicia- 11. Resposta: “A”. No que tange ao tema, destaque
tiva; V - o pluralismo político”. O princípio de “A” se encontra para os seguintes incisos do artigo 5º da CF: “LXXI - conce-
no inciso V; o de “B” no inciso IV; o de “C” no inciso III, pois der-se-á mandado de injunção sempre que a falta de nor-
viola a dignidade humana da mãe forçá-la a dar luz à um ma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos
filho que resulte de estupro; o de “E” decorre dos incisos I e e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
II e é previsão do artigo 2º, que dispõe que “são Poderes da nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXII - conceder-
União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de in-
Executivo e o Judiciário”. Somente resta a alternativa “D”, que formações relativas à pessoa do impetrante, constantes de
apesar de realmente trazer um objetivo da República Federa- registros ou bancos de dados de entidades governamentais
tiva brasileira – previsto no artigo 3º, IV, não tem a ver com os ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quan-
princípios fundamentais, mas sim com os objetivos. do não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo”. Os itens “I” e “II” repetem o teor do artigo
8. Resposta: “C”. A democracia brasileira adota a moda- 5º, LXXII, CF. Já o item “III” decorre logicamente da previsão
lidade semidireta, porque possibilita a participação popular dos direitos fundamentais como limitadores da atuação do
direta no poder por intermédio de processos como o plebis- Estado, logo, as informações requeridas serão contra uma
cito, o referendo e a iniciativa popular. Como são hipóteses entidade governamental da administração direta ou indire-
114
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ta. Por sua vez, o item “IV” reflete o artigo 5º, LXXI, CF, do 18. Resposta: “C”. Estabelece o §3º do artigo 5º,CF: “Os
qual decorre logicamente o item “V”, posto que a demora tratados e convenções internacionais sobre direitos hu-
do legislador em regulamentar uma norma constitucional de manos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
aplicabilidade mediata, que necessita do preenchimento de Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
seu conteúdo, evidencia-se em risco aos direitos fundamen- respectivos membros, serão equivalentes às emendas cons-
tais garantidos pela Constituição Federal. titucionais”. Logo, é necessário o preenchimento de determi-
nados requisitos para a incorporação.
12. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 5º, LIII, CF, “nin-
guém será processado nem sentenciado senão pela autori- 19. Resposta: “B”. No que tange à segurança jurídica,
dade competente”, restando o item “I” correto; pelo artigo tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: “XXXVI - a lei não
5º, LX, CF, “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coi-
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse sa julgada”. A coisa julgada se formou a favor de Pedro e
social o exigirem”, motivo pelo qual o item “II” está correto; não pode ser quebrada por lei posterior que altere a situação
e prevê o artigo 5º, LXVI, CF que “ninguém será levado à pri- fático-jurídica, sob pena de se atentar contra a segurança ju-
são ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provi- rídica.
sória, com ou sem fiança”, confirmando o item “IV”. Por sua
vez, o item “III” está incorreto porque “são inadmissíveis, no 20. Resposta: “D”. Trata-se de garantia constitucional
processo, as provas obtidas por meios ilícitos” (artigo 5º, LVI, prevista no artigo 5º, XXXIII, CF: “todos têm direito a receber
CF); e o item “V” está incorreto porque a jurisprudência atual dos órgãos públicos informações de seu interesse particular,
ainda aceita a prisão civil do devedor de alimentos, sendo ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra-
que o texto constitucional autoriza tanto esta quanto a do zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas
depositário infiel (artigo 5º, LXVII, CF). cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado”.
13. Resposta: “A”. Preconiza o artigo 5º, XL, CF: “XL - a
lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. Assim, 21. Resposta: “B”. A teoria da reserva do possível busca
se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de cri- impedir que se argumente por uma obrigação infinita do Es-
mes ou que confira tratamento mais benéfico (diminuindo a tado de atender direitos econômicos, sociais e culturais. No
pena ou alterando o regime de cumprimento, notadamen- entanto, não pode ser invocada como muleta para impedir
te), ela será aplicada. que estes direitos adquiram efetividade. Se a invocação da
reserva do possível não demonstrar cabalmente que o Es-
14. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, tado não tem condições de arcar com as despesas, o Poder
CF: “XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável Judiciário irá intervir e sanar a omissão.
e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da
lei”, restando “B” correta. “A” é incorreta porque a lei penal 22. Resposta: “C”. A Emenda Constitucional nº 72/2013,
retroage para beneficiar o réu; “C” é incorreta porque é acei- que ficou conhecida no curso de seu processo de votação
ta a pena de morte para os crimes militares praticados em como PEC das domésticas, deu redação ao parágrafo único
tempo de guerra; “D” é incorreta porque igrejas não pos- do artigo 7º, o qual estende alguns dos direitos enumera-
suem inviolabilidade domiciliar. dos nos incisos do caput para a categoria dos trabalhadores
domésticos, quais sejam: “IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII,
15. Resposta: “D”. Embora o direito previsto na alterna- XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas
tiva “D” seja um direito fundamental, não é um direito indi- as condições estabelecidas em lei e observada a simplifica-
vidual, logo, não está previsto no artigo 5º, e sim no artigo ção do cumprimento das obrigações tributárias, principais e
7º, CF, em seu inciso IX (“remuneração do trabalho noturno acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas pecu-
superior à do diurno”). liaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII,
bem como a sua integração à previdência social”. Os direitos
16. Resposta: “D”. A propósito, o artigo 5º, XI, CF dis- descritos na alternativa “C” estão previstos nos incisos XXVII e
põe: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela po- XX do artigo 7º da Constituição, não estendidos aos empre-
dendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em gados domésticos pela emenda.
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro,
ou, durante o dia, por determinação judicial”. Sendo assim, 23. Resposta: “Certo”. O artigo 9º, CF disciplina o direito
não cabe o ingresso por determinação judicial a qualquer de greve: “É assegurado o direito de greve, competindo aos
hora, mas somente durante o dia. trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e
sobre os interesses que devam por meio dele defender. § 1º
17. Resposta: C. Dispõe o artigo 5º, CF em seu inciso A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá
XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e resguar- sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comu-
dado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício pro- nidade. § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis
fissional”. às penas da lei”.
115
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
24. Resposta: “C”. “A” está incorreta porque o rol de di- pessoa humana e observados os seguintes preceitos: I - ca-
reitos sociais do artigo 7º é apenas exemplificativo, não ex- ráter nacional; II - proibição de recebimento de recursos
cluindo outros que decorram das normas trabalhistas, dos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de su-
direitos humanos internacionais e das convenções e acordos bordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça Eleito-
coletivos; “B” está incorreta porque a redução proporcional ral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. § 1º
pode ser aceita se intermediada por negociação coletiva, evi- É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir
tando cenário de demissão em massa; “D” está incorreta por- sua estrutura interna, organização e funcionamento e para
que a licença-gestante encontra arcabouço constitucional, tal adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações
como a licença-paternidade, restando “E” também incorreta eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candi-
(artigo 7º, XVIII e XIX, CF. Sendo assim, “C” está correta, con- daturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal,
forme disposto no artigo 7º: “gozo de férias anuais remu- devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e
neradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário fidelidade partidária. § 2º Os partidos políticos, após adqui-
normal” (artigo 7º, XVII, CF). rirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão
seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. § 3º Os parti-
25. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 5º, LI, CF, “ne- dos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e
nhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei. § 4º É
caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou vedada a utilização pelos partidos políticos de organização
de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpe- paramilitar”.
centes e drogas afins, na forma da lei”. Embora a condena-
ção tenha ocorrido após a naturalização, o crime comum foi 30. Resposta: “Errado”. A soberania é elemento intrín-
praticado antes dela, permitindo a extradição de Pietro. seco ao Estado nacional, ou seja, à União. O Brasil, enquan-
to Estado Nacional, é soberano. Suas unidades federativas,
26. Resposta: “A”. Conforme disciplina o artigo 12, § por seu turno, não possuem o atributo da soberania, tanto
3º, CF, “São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de que não podem dele se desvincularem (atitudes neste sen-
Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente tido podem gerar intervenção federal por atentarem contra
da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Fe- o regime federativo). Logo, os Estados-membros possuem
deral; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da autonomia relativa, limitada ao previsto pela Constituição, e
carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas; VII não possuem soberania.
- de Ministro de Estado da Defesa”. O motivo da vedação é
que em determinadas circunstâncias o Ministro do Supremo 31. Resposta: “Errado”. Os Territórios, atualmente não
Tribunal Federal pode assumir substitutivamente a Presidên- existentes no país, se vierem a existir, possuem vinculação
cia da República. com a União e não a autonomia enquanto entes federativos.
Somente são entes federativos a União, os Estados, O distri-
27. Resposta: “D”. Os direitos políticos nunca podem to Federal e os Municípios.
ser cassados ou perdidos, mas no máximo suspensos. A con-
denação criminal transitada em julgado justifica a suspensão 32. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição
dos direitos políticos, o que é disposto no artigo 15, III, CF: Federal colaciona os cinco princípios descritos na alterna-
“é vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou sus- tiva “A” como de necessária observância na Administração
pensão só se dará nos casos de: [...] III - condenação criminal Pública em todas suas esferas e em todos os seus Poderes.
transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos”. Já a alternativa “B” repete previsão expressa do artigo 37, VI,
CF; assim como a alternativa “C” traz a previsão do artigo
28. Resposta: “B”. Prevê o artigo 14, § 3º, CF: São con- 37, XVIII, CF; e a alternativa “E” repete o previsto no artigo
dições de elegibilidade, na forma da lei: [...] VI - a idade míni- 37, V, CF.
ma de: c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Somente resta a alternativa “D”, que contraria o teor do
artigo 37, XVII, CF: “A proibição de acumular estende-se a
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz”, de
empregos e funções e abrange autarquias, fundações, em-
modo que João preenche o requisito etário para a candida-
presas públicas, sociedades de economia mista, suas subsi-
tura. “A” está errada porque a renúncia é exigida para cargo
diárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente,
diverso (artigo 14, §6º, CF); “C” está errada porque o analfa-
pelo poder público”. Com efeito, as sociedades de economia
beto não pode se eleger (artigo 14, §4º, CF); “D” está errada
mista não estão excluídas da proibição de acumulação re-
porque o afastamento neste caso é exigido (artigo 14, §8º,
munerada de cargos, razão pela qual a alternativa é incor-
I, CF).
reta.
29. Resposta: “C”. O artigo 17 da Constituição Federal 33. Resposta: “D”. A alternativa “A” colaciona a exigên-
regulamenta os partidos políticos e coloca o caráter nacional cia do artigo 37, II, CF; a alternativa “B” traz os clássicos prin-
como preceito que deva necessariamente se observado: “É cípios da Administração Pública previstos no caput do artigo
livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos 37; em “C” percebe-se o prazo de validade de um concurso
políticos, resguardados a soberania nacional, o regime de- público e sua possibilidade de prorrogação nos moldes exa-
mocrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da
116
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
tos do artigo 37, III, CF; e “E” repete o teor do artigo 37, §5º, 37. Resposta: “A”. A alternativa “A” traz competência
CF. Por sua vez, a vedação de acumulações ao servidor públi- descrita no artigo 23, V, CF: “Art. 23. É competência comum
co está prevista no artigo 37, XVI, CF: “é vedada a acumula- da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
ção remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver pios: [...] V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à
compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o educação e à ciência”. Todas as demais estão incorretas: “B”
disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de professor; b) a competência concorrente entre todos os entes federados
de um cargo de professor com outro técnico ou científico; c) (artigo 24, III, CF); “C” competência concorrente entre todos
a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de os entes federados (artigo 24, IV, CF); “D” competência con-
saúde, com profissões regulamentadas”. corrente entre União, estados e DF (artigo 24, VII, CF); “E”
competência concorrente entre União, estados e DF (artigo
34. Resposta: “E”. A competência descrita em “E” é co- 24, IX, CF).
mum entre União, Estados e Distrito Federal: “Art. 24. Compe-
te à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concor- 38. Resposta: “D”. A greve é um direito do servidor
rentemente sobre: [...] VI - florestas, caça, pesca, fauna, con- público, previsto no inciso VII do artigo 37 da Constituição
servação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, Federal de 1988, portanto, trata-se de um direito consti-
proteção do meio ambiente e controle da poluição”. O artigo tucional. Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de
22, CF descreve nos incisos XXV, VIII, XVI e I competências Justiça ao julgar o recurso no Mandado de Segurança nº
privativas da União que constam, nesta ordem, as alternativas
2.677, que, em suas razões, aduziu que “o servidor público,
“A”, “B”, “C” e “D”.
independente da lei complementar, tem o direito público,
subjetivo, constitucionalizado de declarar greve”. Esse di-
35. Resposta: “A”. O item I traz o teor do artigo 37, XII,
CF: “os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do reito abrange o servidor público em estágio probatório,
Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo não podendo ser penalizado pelo exercício de um direito
Poder Executivo”. O item II corresponde ao artigo 37, XI, CF: constitucionalmente garantido.
“XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,
funções e empregos públicos da administração direta, autár- 39. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 30, I, CF,
quica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes “Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de in-
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, teresse local”. A questão é que o Município tem autonomia
dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes para legislar sobre temas de seu particularizado interesse
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remu- e não de forma privativa. A mera alegação de que se faz
neratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as necessária a existência de lei delimitando o interesse local
vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não po- do Município apresenta-se apenas como outra possibilida-
derão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros de de atuação. Nada impede a elaboração de legislação
do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos definindo o que seria de interesse do Município, mas em
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito sua ausência, a Carta Constitucional conferiu-lhe autono-
Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Po- mia para decidir o que seria de seu interesse.
der Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais
no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembar- 40. Resposta: “C”. A competência privativa legislativa
gadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e da União está descrita no artigo 22 da Constituição e a pre-
vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em visão da alternativa “C” é a do seu inciso XI. Sobre produção
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âm- e consumo, a competência é legislativa concorrente entre
bito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros União, estados e Distrito Federal (artigo 24, V, CF), assim
do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Pú- como a de legislar sobre assistência jurídica e Defensoria
blicos”. O item III refere-se ao inciso XIII do artigo 37, CF: “é Pública (artigo 24, XIII, CF), a de legislar sobre direito tri-
vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies butário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico
remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
(artigo 24, I, CF) e a de legislar sobre educação, cultura,
serviço público”. Logo, as três afirmativas estão corretas.
ensino e desporto (artigo 24, IX, CF).
36. Resposta: “C”. A alternativa “C” traz o teor do arti-
go 231, §2º, CF: “As terras tradicionalmente ocupadas pelos 41. Resposta: “B”. Nos moldes do artigo 37, §4º, CF,
índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o “os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
nelas existentes”, restando correta. “A” está errada porque o indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
artigo 211, §3º, CF prevê que “os Estados e o Distrito Federal na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio”, penal cabível”. Dentre as alternativas, somente “B” descreve
não exclusivamente nestes. “B” está errada porque pessoas previsão do dispositivo retro.
jurídicas se sujeitam também a sanções penais e administra-
tivas (artigo 225, §3º, CF). “D” está incorreta porque nestes
casos estrangeiros podem ser admitidos (artigo 207, §1º, CF).
117
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
42. Resposta: “D”. Disciplina o artigo 18, §4º, CF: “§ 4º Resta a alternativa “D”, que vai de encontro com o artigo
A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de 105, I, “g”, CF, competindo originariamente ao Superior Tribu-
Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período de- nal de Justiça processar e julgar “os conflitos de atribuições
terminado por Lei Complementar Federal, e dependerão de entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou
consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Mu- entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas
nicípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabili- de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União”.
dade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei”.
46. Resposta: “C”. O Estatuto da Magistratura tem suas
43. Resposta: “B”. O federalismo dualista é caracterizado regulamentações gerais descritas no artigo 93 da CF, sendo
por uma rígida separação de competências entre o ente cen- que todas as alternativas, exceto a “C” estão em compatibili-
tral (união) e os entes regionais (estados-membros). Sendo dade com este dispositivo. Neste sentido, o artigo 93, II, “d”,
assim, não há uma relação mais intensa de submissão e sim CF prevê que “na apuração de antiguidade, o tribunal somente
de autonomia. poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de
dois terços de seus membros, conforme procedimento pró-
44. Resposta: “E”. “A” está incorreta porque a decisão, prio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até
mesmo sobre infrações disciplinares, é tomada em sessão fixar-se a indicação”. Sendo assim, não consideram-se apenas
pública; “B” está incorreta porque o único legitimado para os membros presentes, mas todos os membros do Tribunal.
decidir é o juiz e não seu servidor, ainda que por delegação;
“C” está incorreta porque a lista é sêxtupla; “D” está incorreta 47. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 93, X, CF, “as
porque o prazo em que se proíbe o exercício é de três anos. decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em
Somente resta a alternativa “D”, aplicando-se o artigo 95, CF: sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da
Os juízes gozam das seguintes garantias: [...] II - inamovibilida- maioria absoluta de seus membros”, logo, o quórum é de
de, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, maioria absoluta e não de 2/3, e as decisões são motivadas e
VIII”. Logo, o motivo de interesse público pode gerar a quebra tomadas em sessão pública, afastando-se a alternativa “C” e
da garantia da inamovibilidade. confirmando-se a alternativa “B”. A alternativa “A” está de acor-
do com o artigo 62, §1º, IV, CF; a “D” com o artigo 93, XIII, CF; e
a “E” segue o disposto no artigo 95, II e III, CF.
45. Resposta: “D”. As competências de processamento e
julgamento estão previstas nos artigos 102, CF – em relação
48. Resposta: “A”. O item I está praticamente inteiro corre-
ao Supremo Tribunal Federal – e 105, CF – quanto ao Superior
to, somente se percebendo o erro ao final, quando afirma que
Tribunal de Justiça. As regras de competências previstas nas
não há exceções para o exercício de outra função pública por-
alternativas “A”, “B”, “C” e “E” estão incorretas, pelos seguintes
que a própria Constituição prevê uma exceção no artigo 128,
motivos: §5º, II, “d” – uma atividade de magistério. II está incorreta porque
Quanto à alternativa “A”, o art. 102, I, “e”, CF prevê que o a Advocacia Geral da União não representa o Executivo fede-
Supremo Tribunal Federal processa e julga originariamente “o ral na execução de dívida ativa de natureza tributária: “Artigo
litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e 131, §3º, CF. Na execução da dívida ativa de natureza tributária,
a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território”, excluindo a representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda
os Municípios. Nacional, observado o disposto em lei”. III está incorreta porque
Em relação à alternativa “B”, o artigo 102, II, “a”, CF, prevê a participação da Ordem dos Advogados do Brasil no concurso
que compete ao Supremo Tribunal Federal “julgar, em recurso de provas e títulos é obrigatória em todas as fases (artigo 132,
ordinário: a) o ‘habeas corpus’, o mandado de segurança, o CF). Neste sentido, as três afirmativas estão incorretas.
‘habeas data’ e o mandado de injunção decididos em única
instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a deci- 49. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 105, I, “b”, CF:
são”, logo, o recurso é ordinário, não extraordinário. “Compete ao Superior Tribunal de Justiça: [...] II - julgar, em recurso
No que tange à alternativa “C”, o artigo 105, I, “d”, CF pre- ordinário: [...] b) os mandados de segurança decididos em única ins-
vê que o Superior Tribunal de Justiça processará e julgará ori- tância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Esta-
ginariamente “os conflitos de competência entre quaisquer dos, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão”.
tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, ‘o’, bem como
entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vin- 50. Resposta: “B”. A regra do quinto constitucional está
culados a tribunais diversos”, de modo que o julgamento é prevista na Constituição Federal com o seguinte teor: “Art. 94,
originário, não em sede de recurso especial. CF. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais,
Sobre a alternativa “E”, “os conflitos de competência en- dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios
tre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre será composto de membros, do Ministério Público, com mais
Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal” de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber ju-
são julgados pelo Supremo Tribunal Federal, conforme artigo rídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva
102, I, “o”, CF, mas não em sede de recurso ordinário, e sim atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos ór-
originariamente. gãos de representação das respectivas classes. Parágrafo úni-
co. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice,
enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subse-
quentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação”.
118
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
51. Resposta: “C”. Os crimes políticos são julgados em 54. Resposta: “C”. Preconiza o artigo 103-B, § 4º, II:
recurso ordinário pelo Supremo Tribunal Federal sempre, con- “Compete ao Conselho o controle da atuação administra-
forme artigo 102, II, “b”, CF: “Compete ao Supremo Tribunal tiva e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos
Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo- deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras
lhe: [...] II - julgar, em recurso ordinário: [...] b) o crime político”. atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Ma-
gistratura: [...] II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar,
52. Resposta: “B”. Nos termos do artigo 109, X, CF, “aos de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos
juízes federais compete processar e julgar: [...] X - os crimes de administrativos praticados por membros ou órgãos do
ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fi-
de carta rogatória, após o exequatur, e de sentença estrangei- xar prazo para que se adotem as providências necessárias ao
ra, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do
inclusive a respectiva opção, e à naturalização”. Nota para a Tribunal de Contas da União” (grifo nosso).
pergunta capciosa do examinador, afinal, a competência para
conceder o exequatur é do Superior Tribunal de Justiça (artigo 55. Resposta: “A”. O artigo 129, CF, estabelece as fun-
105, I, “i”, CF). ções institucionais do Ministério Público, nos seguintes ter-
mos: “Art. 129. São funções institucionais do Ministério Pú-
53. Resposta: “A”. As competências do Conselho Na- blico: I - promover, privativamente, a ação penal pública,
cional de Justiça estão descritas no artigo 103-B, § 4º, CF: “§ na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes
4º Compete ao Conselho o controle da atuação administra- Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos as-
tiva e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos segurados nesta Constituição, promovendo as medidas ne-
deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras cessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil e a
atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Ma- ação civil pública, para a proteção do patrimônio público
gistratura: I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos
cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir e coletivos; IV - promover a ação de inconstitucionalidade
atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou re- ou representação para fins de intervenção da União e dos
comendar providências; II - zelar pela observância do art. 37 Estados, nos casos previstos nesta Constituição; V - defen-
e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade der judicialmente os direitos e interesses das populações
dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos indígenas; VI - expedir notificações nos procedimentos
do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou administrativos de sua competência, requisitando infor-
fixar prazo para que se adotem as providências necessárias mações e documentos para instruí-los, na forma da lei
ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência complementar respectiva; VII - exercer o controle exter-
do Tribunal de Contas da União; III - receber e conhecer das no da atividade policial, na forma da lei complementar
reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judi- mencionada no artigo anterior; VIII - requisitar diligências
ciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e investigatórias e a instauração de inquérito policial, indica-
órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que dos os fundamentos jurídicos de suas manifestações pro-
atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem cessuais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferi-
prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribu- das, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe
nais, podendo avocar processos disciplinares em curso e de- vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de
terminar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria entidades públicas”. Com efeito, embora o Ministério Públi-
com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de co possa promover a defesa dos direitos e dos interessas
serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegura- das populações indígenas, não o faz por promotor ad hoc,
da ampla defesa; IV - representar ao Ministério Público, no figura não mais aceita, nos termos do artigo 129, §2º, CF,
caso de crime contra a administração pública ou de abuso que prevê: “As funções do Ministério Público só podem ser
de autoridade; V - rever, de ofício ou mediante provocação, exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na
os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe
julgados há menos de um ano; VI - elaborar semestralmente da instituição”.
relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas,
por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder 56. Resposta: “Certo”. A autonomia funcional e admi-
Judiciário; VII - elaborar relatório anual, propondo as provi- nistrativa do Ministério Público é garantida no artigo 127,
dências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder §2º, CF e a autonomia funcional e administrativa da Defen-
Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve soria Pública estadual é garantida no artigo 134, §2º, CF.
integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Fe-
deral a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da 57. Resposta: “B”. “B” está correta porque autonomia
abertura da sessão legislativa”. Conforme grifos no inciso III funcional e administrativa pertencem às Defensorias Públi-
do referido dispositivo, um juiz federal, como funcionário do cas como um todo, conforme artigo 134, CF: “§ 2º Às De-
Poder Judiciário, pode ter sua aposentadoria determinada fensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia
pelo Conselho Nacional de Justiça com subsídios ou proven- funcional e administrativa e a iniciativa de sua propos-
tos proporcionais ao tempo de serviço, tendo preservado ta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de
seu direito à ampla defesa. diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art.
119
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
99, § 2º. § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias 61. Resposta: “A”. As atribuições do Tribunal de Con-
Públicas da União e do Distrito Federal” (grifo nosso). Por tas da União estão descritas no artigo 71 da Constituição
seu turno, “A” está incorreta porque nas carreiras iniciais de Federal, sendo a competência descrita na letra “A” prevista
fato o ingresso se dá por concurso de provas e títulos, mas logo no inciso II: “Art. 71. O controle externo, a cargo do
o Advogado-Geral da União é de livre nomeação do Presi- Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tri-
dente da República (artigo 131, §1º, CF); “C” está incorreta bunal de Contas da União, ao qual compete: I - apreciar
porque tal incumbência é da Procuradoria-Geral da Fazenda as contas prestadas anualmente pelo Presidente da Repú-
Nacional (artigo 131, §1º, CF); “D” está incorreta porque a blica, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado
competência de promover ação civil pública não é privativa
em sessenta dias a contar de seu recebimento; II - julgar
do Ministério Público e nem mesmo a de promover a ação
as contas dos administradores e demais responsáveis
penal, já que o constituinte assegura a ação penal subsidiária
da pública; “E” está incorreta porque logicamente a imunida- por dinheiros, bens e valores públicos da administra-
de profissional do advogado sofre restrições. ção direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as con-
58. Resposta: “A”. Desde a metade do século XX, o tas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra
discurso do Positivismo não mais se adéqua às exigências irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; III
jurídicas; no entanto, o pós-positivismo não promoveu um - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de
simples retorno ao jusnaturalismo, mas uma inclusão no admissão de pessoal, a qualquer título, na administração
ordenamento jurídico das ideias de justiça e legitimidade, direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e manti-
bem como dos princípios como o da dignidade humana, das pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para car-
da razoabilidade, da solidariedade e da reserva de justiça. go de provimento em comissão, bem como a das conces-
No Brasil, desde o ano de 2001, 13 anos depois da Consti- sões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as
tuição Federal de 1988, parece estar se formando um novo melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal
direito constitucional. Neste novo Direito constitucional se do ato concessório; IV - realizar, por iniciativa própria, da
percebe uma onda de ativismo na qual o intérprete assume Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
o papel de efetivador da norma, não mais se contentando técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza
com a interpretação literal. Quando se vai além no proces- contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimo-
so de interpretação, num fenômeno de construção jurídica,
nial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo,
se está legitimado pela própria ordem constitucional, salvo
Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inci-
se houver evidente abuso da prerrogativa.
so II; V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supra-
59. Resposta: “E”. O método científico-espiritual vai nacionais de cujo capital social a União participe, de forma
além da literalidade da norma, envolvendo a compreen- direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; VI
são da Constituição como uma ordem de valores e como - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados
elemento do processo de integração. O artigo 37, I, CF pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros
não traz norma de aplicabilidade plena. Conforme doutri- instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou
na constitucionalista o art. 230, §2º, CF trata-se de norma a Município; VII - prestar as informações solicitadas pelo
de eficácia plena, produzindo ampla e irrestritamente seus Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
efeitos. A regulamentação sobre a competência de institui- qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização
ção de regiões metropolitanas é norma de eficácia plena, contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimo-
não contida. nial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;
Com efeito, somente resta a alternativa “E”, consideran- VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de
do que o método jurídico ou hermenêutico-clássico parte despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas
da premissa de que a Constituição é uma lei, devendo ser em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa
interpretada como tal, dispondo o intérprete dos seguintes proporcional ao dano causado ao erário; IX - assinar prazo
elementos tradicionais ou clássicos da hermenêutica jurídi- para que o órgão ou entidade adote as providências neces-
ca, que remontam à Escola Histórica do Direito de Savigny,
sárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalida-
de 1840: gramatical (ou literal); histórico; sistemático (ou
de; X - sustar, se não atendido, a execução do ato impug-
lógico); teleológico (ou racional); e genético.
nado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e
60. Resposta: “D”. As normas que definem direitos e ao Senado Federal; XI - representar ao Poder competente
garantias fundamentais são de eficácia imediata, motivo sobre irregularidades ou abusos apurados”.
pelo qual “A” está incorreta. As de eficácia contida também,
mas podem ter a eficácia restringida por lei, estando “B” 62. Resposta: “B”. Na apreciação e elaboração de leis
incorreta. As normas de eficácia limitada possuem relevân- e emendas constitucionais, no geral, ambas Casas do Con-
cia jurídica interpretativa e integrativa, motivo pelo qual gresso Nacional possuem a mesma força, seja quando deli-
“C” está errada. E as normas programáticas trazem metas beram de forma conjunta, seja quando deliberam de forma
a serem atingidas e efetivadas pelo Estado, então “E” está autônoma. Na deliberação conjunta, como no caso do veto
incorreta. “D”, por seu turno, traz adequada conceituação (art. 66, §4º, CF) e da revisão constitucional (art. 3º, ADCT),
das normas de eficácia plena e aplicabilidade direta. a força dos membros é equivalente. Da mesma forma, em
120
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
121
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
122
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
123
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
124
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
125
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
126