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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO


CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

THALIANE VALENTE SOARES

BIBLIOTECA ITINERANTE NAS EMPRESAS: O CASO DO SERVIÇO SOCIAL DO


COMÉRCIO (SESC) - AMAZONAS

MANAUS
2021
THALIANE VALENTE SOARES

BIBLIOTECA ITINERANTE NAS EMPRESAS: O CASO DO SERVIÇO SOCIAL DO


COMÉRCIO (SESC) - AMAZONAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


curso de Biblioteconomia da Universidade Federal
do Amazonas, como requisito parcial à obtenção do
título de Bacharel em Biblioteconomia.

Orientadora: Profa. Me. Amanda de Queiroz Bessa

MANAUS
2021
Biblioteca itinerante nas empresas: o caso do Serviço Social do
Comércio (SESC) – Amazonas / Thaliane Valente Soares. 2021.

CDD 027.6
CDU 021.65
THALIANE VALENTE SOARES

BIBLIOTECA ITINERANTE NAS EMPRESAS: O CASO DO SERVIÇO SOCIAL DO


COMÉRCIO (SESC) - AMAZONAS

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao curso de
Biblioteconomia da Universidade
Federal do Amazonas, como requisito
parcial à obtenção do título de Bacharel
em Biblioteconomia.

Aprovada em: 06 /12 /2021.

BANCA EXAMINADORA

Profa. Me. Amanda de Queiroz Bessa,


PresidenteUniversidade Federal do Amazonas

Profa. Me. Vanusa Jardim Borges, Membro


Universidade Federal do Amazonas

Bibliotecário Esp. David Carvalho de Lima, Membro


Biblioteca Pública do Amazonas
Dedico este trabalho aos meus pais, por todo
o suporte oferecido até aqui. Este é fruto do
trabalho árduo tanto meu quanto de vocês.
Dedico também aos colegas de sala pela rede
de cooperação, representados pela colega
Rebeca Josiane (promessa cumprida).
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais Tereza Valente e Valciney Soares, que desde cedo
me mostraram que a educação é importante e se esforçaram sempre para me permitir
chegar até aqui;
À minha irmã Thalia Soares e o mais novo agregado Klysman da Silva, pelo
apoio;
Ao Lucas da Silva e Aparecida da Silva, pelo apoio e carinho prestados.
Obrigada por tudo e mais um pouco.
Agradeço a todos os profissionais bibliotecários que me inspiraram a escolher
essa área ainda no ensino médio: Marcionília Filgueira, Odimar Porto, Mirlândia
Amazonas, Márcia Auzier e Jeane Macelino. Talvez nem tenham noção da
influência que possuíram na escolha da minha profissão;
Agradeço à minha orientadora Amanda Bessa por sua paciência e motivação.
Foi o farol que me guiou durante todo o processo, assim como os outros docentes no
decorrer do curso;
Agradeço pela parceria, apoio e pela paciência de meus amigos: Paulo Paiva,
Taiwany Rodrigues, Hugo Lira, Lindice Marinho, Rebeca Holanda, Siellenn
Barreto e outros que me acompanharam na jornada. Suas confianças em mim me
incentivam sempre.
Ao SESC-AM e suas bibliotecárias, pela contribuição, autorização e
disponibilidade para a elaboração da pesquisa.
Agradeço também aos meus companheiros de estágio do IDAM, Pedro
Chaves, Samara França e Lucyete Wanzeler que sempre acreditaram em mim e me
deram auxílio necessário para a elaboração deste trabalho.
–Diga-me, descobriu algo especial durante o
caminho, algo que queira partilhar com seu
velho amigo?
– Sim Blackie, descobri. Acredito que aprendi
o segredo da vida.
Blackie olhou-a com atenção.
– E qual é ele, mavourneen?
Emma retribuiu-lhe o olhar por um longo
momento. E, então, abriu aquele sorriso
incomparável que parecia encher seu rosto
de luz.
– É permanecer firme – disse ela.
Uma mulher de fibra
RESUMO

Esta pesquisa possuiu como objetivo geral compreender de que forma o Projeto
Biblioteca Itinerante nas Empresas, desenvolvido pelo SESC – AM, promove o
incentivo à leitura. Para o alcance do objetivo geral, foram traçados os seguintes
objetivos específicos: a) mostrar a relevância da biblioteca itinerante para o incentivo
à leitura na sociedade contemporânea; b) descrever como se estruturou o Projeto
Biblioteca Itinerante nas Empresas, desde a sua criação; c) identificar as estratégias
de incentivo à leitura adotadas pelo Projeto Biblioteca Itinerante nas Empresas e d)
apontar os resultados obtidos mediante a oferta do Projeto Biblioteca Itinerante nas
Empresas, a partir do início de sua execução. Foi realizada uma pesquisa qualitativa,
exploratória, descritiva, bibliográfica e pesquisa de campo. A Biblioteca do SESC-AM
constituiu o universo da pesquisa de campo e, as bibliotecárias da instituição, os
sujeitos ou participantes da pesquisa, cujo instrumento de coleta de dados foi a
entrevista semiestruturada aplicada aos responsáveis pelo projeto analisado na
pesquisa. A partir da análise dos dados, feita esta a partir da análise de conteúdo,
percebeu-se que se faz necessária a realização de projetos que incentivem a leitura
e estes são ferramentas importantes para a satisfação do colaborador se for
implantada no ambiente de trabalho, além de necessitar da contribuição de todas as
partes envolvidas para ser executado. Concluiu-se que, por meio deste estudo de caso
foi possível constatar que o projeto Biblioteca Itinerante nas Empresas do SESC
Amazonas, incentiva a leitura nos ambientes em que é aplicado, contribuindo para a
formação de novos leitores, e consequentemente, promovendo o desenvolvimento
intelectual e social da comunidade.

Palavras-chave: biblioteca itinerante; empresas; Projeto Biblioteca Itinerante nas


Empresas; incentivo à leitura; leitura.
ABSTRACT

This research had as a general objective to understand how the Itinerant Library
Project in Companies, developed by SESC – AM, promotes the encouragement of
reading. To achieve the general objective, the following specific objectives were
outlined: a) to show the relevance of the traveling library to encourage reading in
contemporary society; b) describe how the Traveling Library Project in Companies was
structured, since its creation; c) identify the reading incentive strategies adopted by the
Itinerant Library Project in Companies and d) point out the results obtained through the
offer of the Itinerant Library Project in Companies, from the beginning of its
implementation. A qualitative, exploratory, descriptive, bibliographical and field
research research was carried out. The SESC-AM Library constituted the universe of
field research, and the institution's librarians, the research subjects or participants,
whose data collection instrument was the semi-structured interview applied to those
responsible for the project analyzed in the research. From the analysis of the data,
made from the content analysis, it was realized that it is necessary to carry out projects
that encourage reading and these are important tools for employee satisfaction if
implemented in the work environment, in addition to of needing input from all parties
involved in order to be implemented. It was concluded that, through this case study, it
was possible to verify that the Itinerant Library project in SESC Amazonas Companies
encourages reading in the environments in which it is applied, contributing to the
formation of new readers, and consequently, promoting intellectual development and
social of the community.

Keywords: traveling library; companies; Itinerant Library Project in Companies;


encouraging reading; reading.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 9
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................... 12
2.1 Incentivo à Leitura ....................................................................................................... 12
2.2 Biblioteca Itinerante ..................................................................................................... 17
2.3 Bibliotecário e o Incentivo à Leitura na Biblioteca Itinerante ................................... 25
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ......................................................................... 31
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................................ 35
4.1 Estruturação do projeto Biblioteca Itinerante nas Empresas ................................... 35
4.1.1 Início do projeto .......................................................................................................... 36
4.1.2 Processo de execução ................................................................................................ 36
4.1.3 Desafios ...................................................................................................................... 38
4.2 Estratégias de Incentivo à Leitura no Projeto Biblioteca Itinerante nas Empresas 39
4.3 Resultados Obtidos com o Projeto Biblioteca Itinerante nas Empresas ................. 40
5 CONCLUSÃO................................................................................................................... 44
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 46
ANEXO – DIVULGAÇÃO DO PROJETO BIBLIOTECA ITINERANTES NAS EMPRESAS
NO FACEBOOK .................................................................................................................. 50
APÊNDICE – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA .................................... 51
9

1 INTRODUÇÃO

Sendo de senso comum que o Brasil é um país pouco reconhecido por seus
cidadãos serem grandes leitores, é possível afirmar que são necessárias ações que
incentivem a leitura, independente do perfil do leitor. Em um momento em que a
informação bombardeia os cidadãos de diversas maneiras, faz-se necessária a
realização de projetos que incluam o grupo de pessoas que por motivos diversos não
possuem fácil acesso a atividades de lazer que envolvam a leitura. Nesse contexto,
as bibliotecas itinerantes destacam-se por sua mobilidade e fácil alcance dos leitores,
por não estarem fixas em determinado local.
A biblioteca facilita o acesso democratiza o conhecimento, como afirmado por
Assis e Palhares: “A biblioteca é um espaço privilegiado de aprendizagem, de
aprimoramento do ensino, de desenvolvimento cultural, entre outros aspectos”
(ASSIS; PALHARES, 2015, p. 494). Não obstante, as bibliotecas itinerantes, quando
atrelada à uma biblioteca, cumpre o papel de expandir esses privilégios, possuindo
como vantagem a mobilidade. Assim, a biblioteca itinerante pode ofertar atividades
que incentivem a leitura dos usuários que possam ter dificuldades de acessar a
informação situada na sede fixa da biblioteca.
Este estudo tem como justificativa pessoal o intuito de possuir maior
conhecimento sobre o tema, a fim de contribuir futuramente para a ampliação do
projeto de leitura em diversas localidades. Além disso, há a curiosidade necessária
para a elaboração de estudos científicos; disseminar mais projetos como o estudado,
que incentivem a leitura em ambientes como o trabalho, contribuem com a perspectiva
de a informação poder ser alcançada em locais além de escolas, universidades ou
bibliotecas.
Além disso, no âmbito profissional, a temática pode trazer conhecimento
suficiente para exercer funções sobre esse tipo de trabalho e sendo observado que
produz resultados positivos, sirva de ampliação de horizontes sobre como o
bibliotecário deve estar preparado para elaborar projetos que não sejam limitados a
espaços e serviços tradicionais.
Bem como para a sociedade, há contribuição científica sobre projetos que
envolvam a temática de projetos que incentivem a leitura em ambientes pouco
discutidos na literatura; o estudo deste projeto pode servir de base para pesquisas
10

futuras envolvendo a temática. Além disso, corrobora com uma das principais funções
da Biblioteconomia: disseminar a informação.
Como questão norteadora, delimitou-se o seguinte: Como o Projeto Biblioteca
Itinerante nas Empresas (BIE), desenvolvido pelo SESC – AM, promove o incentivo à
leitura? Para tanto, o objetivo geral da pesquisa correspondeu a: Compreender de que
forma o Projeto Biblioteca Itinerante nas Empresas, desenvolvido pelo SESC – AM,
promove o incentivo à leitura.
Para o alcance do objetivo geral, foram traçados os seguintes objetivos
específicos: a) Mostrar a relevância da biblioteca itinerante para o incentivo à leitura
na sociedade contemporânea; b) Descrever como se estruturou o Projeto Biblioteca
Itinerante nas Empresas, desde a sua criação; c) Identificar as estratégias de incentivo
à leitura adotadas pelo Projeto Biblioteca Itinerante nas Empresas; d) Apontar os
resultados obtidos mediante a oferta do Projeto Biblioteca Itinerante nas Empresas, a
partir do início de sua execução.
Esta pesquisa é classificada como qualitativa, exploratória e descritiva, tendo
como procedimentos a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo. Para a coleta
de dados, foi utilizada a entrevista semiestruturada, aplicada com as bibliotecárias do
SESC-AM que são as responsáveis pelo projeto da biblioteca itinerante, por meio de
reuniões virtuais utilizando o programa Google Meet. A Biblioteca do SESC-AM
constituiu, portanto, o universo da pesquisa de campo e, as bibliotecárias da
instituição, os sujeitos ou participantes da pesquisa.
O trabalho está estruturado em cinco seções, contando com a introdução. Na
segunda seção, apresenta-se o referencial teórico: neste tópico foram abordados
conceitos e conhecimentos da temática abordada, através de revisão de literatura
sobre incentivo à leitura, bibliotecas itinerantes e o papel do profissional que atua
nestas: o bibliotecário. Na terceira seção, são apresentados os procedimentos
metodológicos seguidos para a realização da pesquisa, além de proporcionar
conceitos e a relação existente com o estudo.
Na quarta seção, são apresentados os dados e a análise resultante da coleta
de dados por meio da entrevista semiestruturada. Sendo a análise categorizada
seguindo os objetivos específicos, estas foram agrupadas em tópicos por serem
extensas bem como para melhor compreensão. Na quinta seção, são apresentadas
as considerações sobre a pesquisa, apresentando um apanhado de informações que
11

incluem as dificuldades da pesquisa, suas contribuições em âmbito profissional,


científico e social.
Pretende-se, com essa pesquisa, contribuir para o conhecimento de projetos
de incentivo à leitura em ambientes pouco tratados na literatura, aumentando assim o
conhecimento sobre o campo de atuação do bibliotecário, além de explorar um projeto
de incentivo à leitura desenvolvido por uma empresa privada, como o SESC-AM.
12

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A fim de melhor compreensão sobre o tema tratado, será apresentada


contextualização com embasamento em pesquisas anteriores, sobre os conceitos a
serem discutidos, tais como: incentivo à leitura e sua importância, biblioteca itinerante
e posteriormente sobre o papel do bibliotecário nestes projetos.

2.1 Incentivo à Leitura

A leitura possui um papel fundamental para aqueles que possuem esta


capacidade em diversos níveis. Em uma sociedade onde é perceptível que a escrita
é um importante meio de comunicação, a independência e autonomia pode ser
comprometida se uma pessoa não conseguir comprar um produto específico no
supermercado ou não souber o nome da rua em que precisa estar. Para uma melhor
compreensão do papel da leitura, é necessário apresentar concepções ao seu
respeito.
Silva (1999) apresenta a reprodução do texto escrito para o oral como uma das
conceituações que limitam a função da leitura, dando margem para que o leitor apenas
reproduza o que foi escrito, sem de fato compreender; já em outra conceituação, a
leitura é a que recebe as informações contidas no texto; depois aponta a leitura
provinda do esquema estímulo-resposta, onde o texto é o estímulo e a leitura a
resposta, sendo dada ao leitor apenas a opção de errar ou acertar o que foi
reproduzido no texto a ele repassado; já a última concepção considerada redutora de
leitura para Silva (1999), é aquela na qual o leitor precisa apenas extrair a ideia central
do texto.
Assim como em outras áreas do conhecimento, o entendimento da concepção
de leitura precisa ser desenvolvido segundo a evolução da sociedade, para melhor se
adequar ao momento histórico e suas necessidades, como podemos exemplificar em
observando a evolução do termo para pessoas com deficiência. Na Constituição de
1934, na qual pessoas com deficiências eram denominadas como “aleijadas” ou
“defeituosas”: com os valores aceitos hoje em dia, isso é considerado inadequado,
mas na época em que o documento foi redigido isso era o normal (BRASIL, 1935).
E é por este motivo que há a necessidade de atualização do que é considerado
correto e adequado para a sociedade; o que é considerado normal hoje pode ser
13

reavaliado e ser considerado inadmissível amanhã. A sociedade vive em um


constante estado de evolução, logo, as necessidades e o modo de supri-las também
precisam ser adaptados.
A concepção mais aceita sobre a leitura a defende como uma ação em que há
uma concepção interacionista, onde o leitor interage, produz sentido, compreende e
interpreta (SILVA, 1999). A leitura é um processo de absorção de informação e
transformação para conhecimento em um nível que não poderia ser alcançado sem a
invenção da escrita, uma vez que a informação oral pode ser comprometida nos
possíveis ruídos da comunicação. Com o registro da informação, além de aumentar a
disseminação da informação há longo prazo (havendo sua conservação), há a
possibilidade do aumento de seu alcance (rompendo barreiras geográficas)
dependendo de onde a informação é armazenada.
Nesta linha de raciocínio, o conhecimento produzido nas ciências é publicado
em diversas plataformas e cada um coopera para o avanço do conhecimento
produzido pela sociedade. Ao olhar para a história da leitura no Brasil, pode-se
observar consequências do modo com que foi sendo desenvolvido mais de um século
depois, como aponta El Far (2006).
A leitura pode ser percebida na História do Brasil como algo limitado a uma
pequena parcela da população. No século 19, a disseminação do conhecimento pelo
livro era algo pouco comum no Brasil, tanto por haver poucos livros para leitura quanto
por existirem poucas pessoas que os pudessem ler (EL FAR, 2006). Por esse motivo,
além do caro processo de produção do livro dificultar o alcance de um público mais
diversificado, os grandiosos acervos chegados do continente europeu (ou até mesmo
os já produzidos aqui), tornavam-se um elemento de diferenciação sobre as classes
existentes na sociedade: poder praticar a leitura era destinada a um povo seleto (EL
FAR, 2006).
Após essa primeira fase, os responsáveis pela fabricação do livro passaram a
objetivar um público maior; isso sendo possível com o barateamento da produção de
livros com versões simples, sem brochuras e depois sem tantas gravuras luxuosas.
Isso pode ser visto na Livraria do Povo, comandada por Pedro Quaresma, na Casa
Garraux, Livraria Teixeira, entre outros (EL FAR, 2006). Estas livrarias buscavam um
público mais diversificado e com poder de compra, mesmo que menor do que a elite
brasileira. Isso disseminou versões de bolso de obras clássicas bem como livros com
14

assuntos que despertariam maior interesse do público: histórias naturalistas que


apresentavam situações mais sombrias do ser humano.
Assim como no contexto da sociedade contemporânea, esse barateamento e
divulgação dos produtos através de listagem de gêneros que estão com maior procura
no momento, contribui para dispersão do ato de ler. No entanto, essa prática objetiva
o lucro de quem produz, ficando em segundo plano o desenvolvimento do leitor.
Gazola (2008) afirma que a biblioteca escolar, onde diversas vezes a criança
possui acesso aos livros, acaba sendo apresentado como obrigatoriedade, através de
leituras apenas para a realização de provas em que é avaliada a capacidade do leitor
de lembrar do que foi apresentado no texto. Em casos assim a leitura pode ser para a
maioria da sociedade algo apresentado apenas como obrigatório e se não for bem
trabalhado, pode acabar atrapalhando o vínculo entre o gosto pela leitura que poderia
ter sido desenvolvido.
Mais à frente em seu trabalho, Gazola sugere que nos casos de incentivo à
leitura nas escolas, devem ser apresentados os livros descrevendo de modo a “[...]
intrigar o gosto do leitor [...]” (GAZOLA, 2008, p. 16) dando-lhe a liberdade de escolher
o que é mais compatível com o perfil literário de cada leitor.
Ao lembrar como o ser humano é influenciado pela sociedade (ou influencia a
sociedade, dependendo da concepção defendida e seguida), é importante apontar
que o incentivo deve ser “sentido” de diferentes maneiras, desde aquisição do gosto
pela leitura por admirar pessoas que possuem o gosto (geralmente membros da
família), divulgação de como a leitura é algo admirável, até o contato com programas
sociais que possuam como princípio o estímulo do ato como lazer.
Assim como uma comunidade pode por iniciativa própria desenvolver ações
que estimulem a leitura, empresas e/ou instituições que pratiquem a filantropia podem
contribuir para o desenvolvimento dessas práticas, mas não são as únicas formas de
incentivo. Enquanto uma comunidade local exibe filmes que foram baseados em
livros, por exemplo, O Estado continua possuindo responsabilidade social em
desenvolver ações para o lazer da comunidade. Para isso, pode ser citada a
responsabilidade dos representantes de apoiar executar ações que objetivem o
desenvolvimento intelectual do brasileiro, além de assegurar o direito de todo cidadão
de ter acesso à educação e/ou ao lazer, leitura etc. por meio de políticas públicas, por
exemplo (HOLANDA; OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2013).
Percebe-se um esforço do Estado para realizar atividades que impulsionem a
15

sociedade para o desenvolvimento, mostrando assim que desde cedo o cidadão é


estimulado dentro das escolas, em projetos sociais ou até mesmo por propagandas
divulgadas em diversos meios de comunicação. Se há preocupação das autoridades
representantes da comunidade, há importância no processo de desenvolvimento da
sociedade.
São analisadas por Holanda, Oliveira e Oliveira (2013), Fadanelli e Dall’agnol
(2020) e Silva (2015), políticas públicas sobre a educação, como por exemplo, o Plano
Nacional do Livro e da Leitura (PNLL) instituído em 2006 sobre o incentivo à cultura e
ações realizadas por autoridades para atingir o objetivo de ampliação de atividades
culturais e democratização do acesso ao livro (FADANELLI; DALL'AGNOL, 2020).
Estruturado com o objetivo de tornar o país reconhecido pela leitura, o PNLL
possuía como um de seus quatro eixos formadores o de fomento à leitura e formação
de mediadores, sendo estes auxiliadores da criação de novos leitores. De acordo com
Silva (2015), o projeto não definia diretamente os projetos ou ações a serem
realizadas em cada eixo. Porém, os projetos de pontos de leitura podem facilmente
ser aplicados no segundo eixo descrito no parágrafo anterior. Deste modo, pode-se
observar a implantação de projetos que incentivem a leitura em locais diversos atende
solicitações de iniciativas que desenvolvam a leitura.
Segundo Araújo e Brasilino (2013), as bibliotecas e o bibliotecário possuem
pouco reconhecimento perante a sociedade em relação à sua importância como
agentes disseminadores da informação. Um dos motivos podem ser, segundo os
autores, por possuírem atuação em comunidades específicas, apesar de os projetos
desenvolvidos pela biblioteca possuírem potencial de atingir um público maior.
Pessoas às vezes possuem habilidades, que para serem desenvolvidas
precisam de oportunidades. Para alguns, por querer praticar uma ação considerada
digna de pessoas cultas e/ou intelectuais, para outros, pode ser por meio de
dificuldades pessoais e o vislumbre de um futuro melhor alcançado pela educação, e
outros por contato com projetos sociais. Assim como o tipo de material lido, o motivo
da leitura é por muitas vezes individual, sendo o mais importante, a sua prática.
Embora possuam programas governamentais que incentivem a leitura, sabe-
se que não são raras as vezes em que os projetos não são utilizados amplamente
pelo público-alvo, tanto por desinteresse do público quanto por falta de divulgação do
material disponível (CONDINI, 1999).
16

Sobre a importância da leitura para o desenvolvimento pessoal e oferecer a


oportunidade de escolher seu futuro através do conhecimento:
Na verdade, quando afirmamos que o Brasil não é um País leitor, estamos
nos referindo a uma outra dimensão da leitura, fruto de uma [131] outra
qualidade de compromisso: o de inserir o homem também no universo da
Antropologia Cultural, abrindo-lhe as portas para a fruição do patrimônio geral
da humanidade; para a expansão ilimitada do seu espírito e, como
conseqüência [sic], para transformá-lo em um ser civilizador. (CONDINI,
2009, p. 139)
Com a consciência da herança cultural da sociedade, há a verdadeira “[...]
dimensão de nossa humanidade [...]” (CONDINI, 2009, p. 139). Quando concentrarem
os esforços no desenvolvimento da comunidade, haverá mudanças cada vez mais
significativas.
Assim como todos os projetos sociais, os projetos que incentivam a leitura
surgem para suprir uma necessidade. Neste caso, para suprir a necessidade
informacional seja para aquisição da informação, ou de aprendizado, quando há
demanda de material específico. Com a falta de ações em determinadas
comunidades, podem surgir atividades que incentivem a leitura como: eventos em
bibliotecas para o público em geral, divulgação de doação de livros, amostras
literárias, pontos de leitura como gelatecas, projetos de extensão em universidades,
rodas de leitura etc.
Percebe-se que a maioria dos projetos que incentivam a leitura são oriundos
de políticas públicas que desenvolvam a leitura, uma vez que estes necessitam de
subsídios para serem postos em prática (FERNANDES, 2012). Porém, há exceções
como iniciativas com origens de empresas privadas.
Assim como defendido por El Far (2006), cada um possui necessidades e
incentivos para exercitar a leitura, tomando como base as suas experiências pessoais.
Uma pessoa que foi obrigada quando criança a ler senão era punida fisicamente pode
acabar associando a leitura a algo ruim; não há como praticar uma ação que
contemple todo o público. Por isso, faz-se necessária a execução de projetos diversos
que incentivem a leitura, de modo a contemplar o maior número possível de pessoas
de acordo com o que for considerado mais adequado para elas.
No caso de pessoas que possuam uma rotina agitada, levar a leitura até os
leitores poderá aumentar as chances de envolvimento com o projeto uma vez que o
estes deve ter seu tempo poupado, para então ser utilizado em outra atividade de seu
interesse. Nesse sentido, as bibliotecas itinerantes exercem a função de caminho
17

entre o incentivo à leitura indo ao encontro do usuário, ultrapassando barreiras como


distância dos centros urbanos por exemplo.
Com iniciativas que incentivam a leitura e disseminem a informação para um
número maior de pessoas, as bibliotecas itinerantes possuem como a sua vantagem
(mobilidade) o seu maior trunfo. Além disso, contribuem para o desenvolvimento da
sociedade por facilitar para o cidadão desenvolver o senso crítico através do
conhecimento.

2.2 Biblioteca Itinerante

Desde as bibliotecas da Antiguidade e depois no Período Medieval, as


bibliotecas eram definidas seguindo sua etimologia: um local onde os livros eram
armazenados (livros ou outros materiais que serviam como suporte da informação,
como papiros, pergaminhos etc.) para atribuir status e poder a seus proprietários
(MORIGI; SOUTO, 2005).
Deste modo, tanto bibliotecas particulares quanto bibliotecas pertencentes ao
clero eram de difícil acesso, por serem restritas, além de ser grande a população que
era analfabeta. Mesmo os poucos que eram aceitos para frequentar as bibliotecas (no
caso das controladas pelo clero) possuíam acesso limitado por haver obras
consideradas inadequadas, segundo Morigi e Souto (2005). Após o período de criação
das universidades e desenvolvimento mais amplo da Ciência é que a concepção da
biblioteca foi modificada para algo parecido com a concepção atual: destinada a
ofertar serviços voltados à comunidade em que está inserida.
Após a Segunda Guerra Mundial, as bibliotecas, bem como toda a sociedade,
puderam usufruir das ferramentas desenvolvidas para a guerra, como o computador,
informática e a internet. Após o barateamento e melhoramento das ferramentas, as
bibliotecas puderam aperfeiçoar e ampliar os serviços ofertados aos usuários,
facilitando ainda mais o acesso à informação (MORIGI; SOUTO, 2005).
Já na contemporaneidade, não é difícil encontrar opiniões controversas: alguns
defendem que a biblioteca vai acabar por não ser mais necessária, uma vez que o
fácil acesso à internet dispensa o uso desta. Nestes casos, como defendido por Morigi
e Souto (2005), a informação apenas muda de suporte, podendo assim ser modificado
o papel da biblioteca com os usuários.
18

Assim como para a biblioteca, o papel do bibliotecário é alterado de guardião


da informação para um mediador, uma vez que a informação ainda precisa ser tratada.
Neste constante período de mudança, é evidente que as bibliotecas continuam
exercendo um papel importante para a comunidade em que está inserida e está se
adaptando para conhecer as necessidades do seu público e tornar-se vista, assim
como o profissional que trabalha nela.
Devido ao fato de o Brasil ser um país em desenvolvimento, a sociedade luta
para conseguir uma melhora da qualidade de vida de forma digna, ética. Ações do
governo que incentivem a educação são timidamente aceitas pela comunidade que
possui outras necessidades a serem supridas, como alimentação ou habitação.
Porém, mesmo com muitas dificuldades, algumas pessoas conseguem driblar as
dificuldades do meio em que vivem e com muito esforço alcançam o sucesso através
da educação.
Nos casos onde estas pessoas em situação de vulnerabilidade social enxergam
a educação como ascensão social, são incentivados pela família (geralmente por
estes não terem tido acesso à educação quando jovens) bem como por conta própria.
Enquanto para algumas pessoas projetos que incentivem a leitura podem ser
recebidos como lazer, para outros, pode ser o impulso ou oportunidade que mudará o
seu futuro. Algo indiscutível, é a contribuição dos projetos que incentivem a leitura,
como as bibliotecas itinerantes, nas experiências individuais de cada pessoa, em
níveis diferentes.
De acordo com Bambeger (2008, p. 50 apud AGUIAR; CORREIA, 2014, p.
210), a “oportunidade de ler” ou “disponibilidade de livros” pode ser considerado o
fator essencial para despertar o gosto pela leitura, corroborando com a ideia de
estímulos serem necessários para a leitura ser bem recebida no público-alvo dos
projetos em comunidades, que geralmente não são contempladas por ações
desenvolvidas em centros culturais, por exemplo.
Para um melhor entendimento sobre a biblioteca itinerante, é válido ressaltar
primeiramente os tipos de biblioteca que existem, que variam segundo a fonte
consultada, apesar de haver pontos em comum sobre isso na literatura. O tipo de
biblioteca, de acordo com o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP): “[...] é
determinado pelas funções e serviços que oferecem, pela comunidade que atende, e
pelo seu vínculo institucional” (SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS,
s.d.). Segundo o SNBP, os tipos de bibliotecas são: pública, pública temática,
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comunitária, ponto de leitura, nacional, escolar, universitária, especializada, e


biblioteca como centro de referência.
A biblioteca pública atende por meio de seus serviços e acervo, as
necessidades informacionais da comunidade em que está inserida. Seu diferencial é
sua generalização quanto ao público e o acervo, devendo assim estar apta para
atender desde crianças até idosos, além de ser mantida sempre pelo Estado, tendo
vínculo municipal, estadual ou federal (SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS
PÚBLICAS, s.d.). Há outro tipo de biblioteca pública, a temática, mas estas se
diferenciam por possuírem acervo especializado para determinado público, como a
biblioteca pública infantil ou a biblioteca especial (que atende pessoas com algum tipo
de deficiência), ou com determinado assunto.
As bibliotecas comunitárias e ponto de leitura são considerados “[...] espaços
de incentivo à leitura e acesso ao livro” (SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS
PÚBLICAS, s.d.), sendo a primeira geralmente criada e mantida pela comunidade em
que está inserida, e o segundo possui como propósito estimular a criação de
bibliotecas comunitárias, pois podem ser inseridas em diversos ambientes como
fábricas, hospitais ou locais a céu aberto, facilitando assim o acesso ao material
disponibilizado ao público.
Sobre as bibliotecas como instrumento de ensino ou auxílio pedagógico, há as
escolares e as universitárias. Enquanto a biblioteca escolar segue as diretrizes do
projeto pedagógico de curso da escola em que está inserida e atende o público que
possua algum tipo de vínculo com a escola ou esteja em sua proximidade, a biblioteca
universitária foca-se no apoio de ações de ensino, pesquisa e extensão e está
vinculada a uma unidade de ensino superior (SISTEMA NACIONAL DE
BIBLIOTECAS PÚBLICAS, s.d.). Vale ressaltar que, mesmo sendo sobre níveis de
ensino diferentes, a de nível superior “[...] dá continuidade ao trabalho iniciado pela
Biblioteca Escolar” (SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS, s.d.), uma
vez que o contato com a biblioteca para suprir a necessidade informacional, começa
(ou deveria começar) nessa fase de aprendizado.
Já as bibliotecas que possuem um acervo com assunto específico e para um
público específico (diferente da pública temática, que quando possui acervo com tema
específico possui público generalizado), são denominadas de biblioteca especializada
e centro de referência. Enquanto os centros de referência focam em “[...] acesso,
disseminação, produção e utilização da informação para um determinado público”
20

(SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS, s.d.), a especializada possui


como principal característica atender necessidades informacionais sobre uma área
especifica do conhecimento (podendo possuir mais).
Com a consideração dos tipos de biblioteca citados existirem para o mesmo fim
(disseminar a informação), chega-se a um dos mecanismos de disseminação
denominado biblioteca itinerante. Também conhecido como “[...] carro-biblioteca,
biblioteca-volante, caminhão biblioteca, biblioteca ambulante, Caixa-Estante,
bibliônibus [...]” (FREIRE, 1997, p. 2 apud SILVA, 2009, p. 29) entre outros, as
bibliotecas itinerantes são geralmente destinadas a comunidade distantes do centro
urbano ou com outras dificuldades de acesso à informação contida em bibliotecas
fixas.
Para a International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA),
a biblioteca itinerante é utilizada por bibliotecários da Austrália e do Reino Unido para
descrever um material bibliotecário que seja transportado em um veículo, ou também
como todos os serviços de uma biblioteca que não esteja em um local fixo
(INTERNATIONAL FEDERATION OF LIBRARY ASSOCIATIONS AND
INSTITUTIONS, 2014). Assim, é adotado o conceito de biblioteca itinerante na qual o
material do projeto que incentive a leitura e o público atendido não é atendido na sede
da biblioteca, se a desenvolvedora do projeto possuir ligação com uma unidade de
informação.
Segundo o Boletim Informativo nº 2 da Fundação portuguesa Calouste
Gulbekian, do ano de 1961, as bibliotecas itinerantes, que possuem origens no século
19 “[...] eram vistas como extensões móveis das Bibliotecas fixas, com o objetivo de
levar aos núcleos populacionais mais afastados [...] o conhecimento e a cultura a que
habitualmente não têm acesso[...]” (MAGALHÃES, 2012 p. 52) por motivos diversos.
Facilita perceber o propósito da biblioteca itinerante, quando esta é relacionada ao
papel da biblioteca pública, mas vale ressaltar que estes projetos não são
obrigatoriamente responsabilidade de bibliotecas públicas para serem executados.
Como exemplo de as bibliotecas públicas não serem as únicas responsáveis
pela prática de bibliotecas itinerantes, pode ser citado as bibliotecas volantes do
SESC, a BiblioSesc. No total, o SESC possuía em 2014 um total de 52 bibliotecas
itinerantes em todo o Brasil, ofertando atividades lúdicas de leitura entre outras
atividades, e um acervo de em média três mil livros (AGUIAR; CORREIA, 2014).
21

Considerando-se o fato de apenas tal organização possuir esta quantidade de


bibliotecas itinerantes e de haver se passado 7 anos após a pesquisa de Aguiar e
Correia (2014), as bibliotecas itinerantes são projetos que são desenvolvidos em um
âmbito nacional em grande escala, uma vez que as bibliotecas públicas possuem
limitações geográficas as quais as unidades de informação móveis podem suprir.
Como já mencionado na seção anterior, a biblioteca itinerante possui como
principal benefício a conveniência do deslocamento do material contido até o local
onde o público a qual ela é destinada está inserido. Se um dia a biblioteca itinerante
foi vista como algo destinado apenas para quem não possuía fácil acesso ao material
por falta de recursos financeiros, hoje essa imagem pode ser mais ampla, envolvendo
a praticidade em sua oferta. Possuir acesso a livros em um local cômodo, como o
trabalho, pode ser o elemento-chave para a exercício do ato de ler, sendo este
pensamento corroborado com outros projetos de igual estrutura já consolidados.
Como exemplos da percepção sobre a bibliotecas móveis, pode-se citar a
Biblioteca Volkswagen, citada na pesquisa de Silva (2016), inaugurada em 2008 em
São Bernardo do Campo, São Paulo. O gerente de Recursos Humanos da Empresa
informa que investimentos em programas de leitura dessa natureza, trazem possíveis
retornos do trabalhador à empresa, usufruindo do ambiente para a busca do
conhecimento, entretenimento ou apenas como local de descanso.
Para exemplificar os projetos que incentivam a leitura levando a informação
para o usuário onde ele estiver, pode-se citar também os pontos de leitura em
ambientes de trabalho, como o “Leitura nas Fábricas”. Realizado primeiramente em
Diadema pelo governo municipal da cidade, o projeto estava em consonância com o
objetivo do PNLL, de ampliar a quantidade de leitores no país (SILVA, 2016). O
projeto, que consistia em disponibilizar livros e tornar os colaboradores da empresa
responsáveis por seu controle, foi iniciado em 2010, e visou inserir um ambiente que
incentivasse a leitura em fábricas, com a finalidade de "[...] incluir socialmente e tornar
o trabalhador ciente de seus direitos de cidadão através da leitura.” (SILVA, 2016, p.
14).
Projetos como esses, desenvolvidos em organizações para os colaboradores,
podem ser necessários para o bom funcionamento da organização. Uma das
sugestões de Marqueze e Moreno (2005), sobre medidas coletivas que amenizam a
insatisfação no trabalho, corresponde à realização de atividades sociais. Atividades
sociais trarão benefícios para os usuários, tanto como funcionários quanto integrantes
22

da sociedade, pois tendo os trabalhadores ciência de seus direitos por meio de


atividades sociais, estes poderão exercer plenamente sua cidadania. Com uma boa
recepção do projeto pelos usuários, há aumento das chances de ampliação deste.
No caso do projeto “Leitura nas Fábricas”, iniciado pela prefeitura de Diadema,
houve amplo reconhecimento regional, o que tornou possível expandir para outros
locais e com o apoio do Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura, tendo em
vista haver embasamento no primeiro eixo do PNLL, que se refere à democratização
do acesso e conquista de novos espaços de leitura (SILVA, 2016).
Com isso, é possível afirmar que no ano em que foi realizado o estudo, houve
e há respaldo legislativo para a realização dessas atividades, mas perdura a
necessidade de compreensão da importância de projetos que incentivem a leitura em
ambientes de trabalho, para se impulsionar a continuidade de projetos já
desenvolvidos e apresentar a uma parcela maior da sociedade, a existência destas
ações.
Além disso, este tipo de ação serve tanto para a resolução de conflitos internos
sobre a satisfação do trabalhador, quanto para contribuir para o desenvolvimento
pessoal deste (SILVA, 2016). Percebe-se que a realização de programas que
incentivem a leitura em qualquer ambiente trará benefícios a todos os envolvidos, não
limitando-os a comunidades distantes dos centros urbanos. Comparado ao local de
sua origem, as bibliotecas tradicionais, a biblioteca itinerante é desenvolvida segundo
o perfil do público-alvo e contribui para alcançar um objetivo já existente. No caso do
exemplo citado, o projeto “Leitura nas Fábricas”, o objetivo principal foi de cunhar os
alicerces da sempre em mudança sociedade da informação. Quando os projetos de
incentivo à leitura possuem vínculo direto aos órgãos do Ministério da Educação
(MEC), eles contribuem para o desenvolvimento e disseminação da leitura na
sociedade.
Com a queda de leitores no Brasil nos últimos anos (ALVES, 2020), a
disponibilidade de material para leitura pode ser um incentivo a mais para a prática de
leitura. É inegável que são muitos os motivos que possam impedir uma pessoa a
possuir gosto pela leitura, mas a falta de acesso à informação é possivelmente o
impedimento mais simples de ser solucionado com investimento a projetos de leitura.
No caso de pessoas que não possuam interesse em ações dessa natureza,
faz-se necessário a adequada estratégia de marketing para despertar interesse do
potencial frequentador do projeto. Assim como em organizações, o marketing de
23

projetos deve abranger uma grande porcentagem do público-alvo e os apontar os


benefícios advindos do projeto. Em caso de falha na divulgação, o público será menor
do que o esperado, e sem interferência nessa deficiência, a falha pode comprometer
a continuidade do projeto. Logo, não só a criação quanto uma boa administração das
bibliotecas itinerantes é importante; estas exercem um papel crucial para a sociedade
contemporânea, uma vez que contribuem para a disseminação da informação.
Segundo Araújo e Brasilino (2013), as bibliotecas itinerantes podem
representar um modo mais versátil de atingir comunidades ou grupos sociais que não
possuam acesso à informação, bibliotecas ou centros de informação. Deste modo,
projetos que promovam atividades para o desenvolvimento pessoal possuem
potencial de atingir a comunidade em que estão inseridos de modo imensurável,
principalmente se esta comunidade possui dificuldades que estão sendo supridas
majoritariamente por estes tipos de iniciativas.
Assim como outras ações sociais, as bibliotecas itinerantes desempenham uma
função extremamente importante na comunidade em que está inserida, pois estará
contribuindo para o desenvolvimento pessoal de quem usufrui do projeto. Aguiar e
Correia (2014) apontam que dentre diversas barreiras que o cidadão encontra para
ascender socialmente, a barreira educacional pode ser removida com o
desenvolvimento de ações que incentivem a leitura, a qual por sua vez contribui para
o acesso ao conhecimento.
Assim como qualquer projeto que envolva mobilidade, há casos de bibliotecas
itinerantes que são adaptadas para o ambiente em que estão sendo desenvolvidas.
Em nível internacional, apontando que as bibliotecas itinerantes também são
desenvolvidas mundo afora, pode-se citar: a Noruega, com bibliotecas itinerantes
utilizando barcos; bicicletas na Ucrânia; elefante na Tailândia; camelo na Mongólia e
Quênia; tratores na China e mula em diversos países, como Etiópia e Venezuela
(MENDES, 2018).
Com esses exemplos, torna-se visível as barreiras existentes na necessidade
de disseminação da informação, independente da localidade. Porém, também é
apontado que, assim como qualquer projeto, o reconhecimento do ambiente e o
planejamento estratégico a fim de superar as dificuldades e atingir os objetivos
definidos. Sem visão, não haverá planejamento para possíveis dificuldades que
possam surgir durante a execução de um projeto, o que pode até impedi-lo de ser
continuado por adversidades sequer pensadas.
24

Ainda segundo Mendes (2018), a biblioteca itinerante é bem reconhecida em


outros países, ao ponto de existirem encontros científicos, como o Congresso
Nacional de Bibliotecas Móviles, na Espanha. Ao observar estes fatos, é possível
refletir sobre quão valorizado e discutido é este tema, uma vez que o incentivo à leitura
pode ser o principal motivo para a aquisição do gosto pela leitura, a qual facilita a
aquisição do conhecimento. Com a aquisição do conhecimento, o leitor pode
desenvolver indiretamente o senso crítico e este sendo ciente de seus direitos,
podendo este cumprir com seus deveres de modo consciente e assim contribuindo
para o desenvolvimento da sociedade.
Assim como qualquer projeto, as bibliotecas itinerantes necessitam de
especificações para o seu funcionamento, desde materiais necessários ao modo de
organização. Porém, uma padronização obrigatória para todas as bibliotecas
itinerantes, seria inalcançável. Nas Diretrizes Para Bibliotecas Itinerantes da IFLA, de
2014, estas recomendações podem não ser universalmente aceitáveis por fatores
como “[...] diferenças de governo, geografia, demografia e fatores econômicos [...]”
(INTERNATIONAL FEDERATION OF LIBRARY ASSOCIATIONS AND
INSTITUTIONS, 2014, p. 8).
Segundo a IFLA (2014), há características específicas que devem ser
consideradas para um bom funcionamento de uma biblioteca itinerante, como
computadores para os responsáveis, acesso à internet, veículo onde funcionará a
biblioteca, mobiliário como estantes, balcão, catálogos (em casos de não haver
sistema online) e assentos, ou até equipamentos para procedimentos de emergência,
desde fogo a animais maltratados. Muitos desses equipamentos, acabam limitando-
se ao espaço utilizado na biblioteca itinerante, ficando a cargo de quem está
desenvolvendo o projeto decidir o que pode ser incluído. Não é possível utilizar
computadores de mesa, caso a biblioteca itinerante empregue como meio de
transporte uma mula, por exemplo.
Os recursos humanos necessários para o funcionamento da biblioteca
itinerante fazem-se tão importante quanto qualquer outro tópico, uma vez que a oferta
de um serviço eficiente pode ser o motivo de um bom recebimento do projeto por parte
do público ou não. Ainda de acordo com a IFLA (2014), são considerados três tipos
de pessoal: profissionais, paraprofissionais e não profissionais. No primeiro tipo,
encaixam-se os bibliotecários que possuem formação adequada a este tipo de
serviço; os paraprofissionais são pessoas com formação qualificada em áreas como
25

da Ciência da Informação e Documentação, mas não adequados para as funções de


um bibliotecário; e no terceiro tipo, não há qualificação formal para o trabalho.
Independentemente da qualificação do capital humano, é recomendado que
todos possuam oportunidade para participar ativamente de reuniões, capacitações,
planejamentos e atividades de promoção da biblioteca itinerante, rotina de atividades
estabelecida, formação contínua, avaliação periódica sobre o desempenho e
igualdade das condições de trabalho comparada aos outros membros
(INTERNATIONAL FEDERATION OF LIBRARY ASSOCIATIONS AND
INSTITUTIONS, 2014). Em suma, assim como em qualquer atividade, as pessoas
envolvidas precisam de empenho, dedicação e envolvimento para atingir bons
resultados.
Sendo o bibliotecário, um dos profissionais mais qualificado a desenvolver
projetos que incentivem a leitura na organização em que ele está inserido, é valido
ressaltar que o seu nível de conhecimento irá afetar diretamente o serviço ofertado, o
que será demonstrado na subseção seguinte.

2.3 Bibliotecário e o Incentivo à Leitura na Biblioteca Itinerante

Na medida que as informações registradas e conservadas se tornaram mais


importantes para o desenvolvimento da sociedade e exercendo um papel para
preservação do conhecimento gerado ao longo dos anos, surgiu a necessidade de um
profissional que possuísse um domínio sobre como tratar deste local onde tanta
informação era conservada.
É possível observar a seguir, como na Antiguidade, a biblioteca possuía como
objetivo principal manter a integridade e preservação dos documentos:
a) A entrada de crianças e de iletrados na biblioteca era terminantemente
proibida;
b) Os membros da sociedade deveriam devidamente trajados com beca
e boné;
c) O uso de fogo e luz era proibido;
d) Nenhum volume deveria ser retirado da biblioteca sem o
consentimento da sociedade;
e) Não era permitido escrever ou rasurar as obras;
f) Não era permitido dobrar as folhas. (MARTINS, 2002 apud SOUSA,
2017, p. 19)

Em algumas bibliotecas tradicionais mais restritivas, ainda é possível observar


regras como estas no regulamento da biblioteca. Essas regras possuem como objetivo
principal manter a integridade do documento, uma vez que estes documentos podem
26

possuir valor alto, serem únicos ou simplesmente para preservar o seu estado quando
outro usuário for utilizá-lo. Assim como em outras organizações, na biblioteca, o
profissional que nela atua, reflete o seu perfil.
Para uma visualização mais prática sobre o perfil do bibliotecário na
Antiguidade, pode ser citada a obra de Umberto Eco denominada O nome da rosa.
No enredo, onde é retratada uma abadia onde assassinatos ocorrem, um dos
personagens principais descobre após investigação que há uma biblioteca secreta
com obras censuradas pela igreja, e um monge comete os assassinatos para impedir
o acesso às obras (ECO, 2011). Com esta retratação literária, fica claro como o acesso
à informação era preservado para um grupo seleto.
Todo o mistério em que o chamado guardião dos livros era envolto, possuía
ligação direta com a dificuldade de divulgação da informação, se comparado ao tempo
contemporâneo. Se for considerado o fato de que o processo de reprodução de um
livro era caro e demorado, entende-se o porquê de as pessoas que tinham posse
dessas obras possuírem o poder de decidir quem e como poderiam ter acesso aos
documentos.
Esse é um dos motivos que, em senso comum, o bibliotecário é visto como um
profissional severo e mal humorado, uma vez que, o usuário em diversos momentos
é levado a acreditar que a biblioteca deve ser sempre um local silencioso para não
atrapalhar o estudo de outros. Vale ressaltar que, segundo Martins (2002 apud
SOUSA, 2017), os responsáveis pelas bibliotecas no período medieval ainda não
eram considerados bibliotecários, surgindo este termo para denominar a pessoa que
possui conhecimentos e habilidades para administrar a biblioteca apenas no período
da renascença.
Após este início conturbado e mal visto por alguns que não podiam ter acesso
aos documentos (apesar de ser pequeno o número de letrados naquela época), a
percepção acerca do profissional bibliotecário vem sendo alterada de acordo com as
mudanças da sociedade e a função que a informação vem desempenhando na
sociedade contemporânea. Desde o período da Antiguidade, o bibliotecário possui o
papel de organizar e preservar a informação, sendo este papel nunca reduzido, mas
sim ampliado.
Com o desenvolvimento das ferramentas de comunicação, a informação pode
ser consultada através de um smartphone, por qualquer pessoa que possua acesso à
internet, mas a informação disponível só poderá ser encontrada se já houver um
27

sistema que permita a recuperação dos dados de forma adequada. O navegador


Google, por exemplo, classifica e indexa os servidores para uma recuperação mais
adequada e eficiente. Com isso em vista, não é difícil enxergar o fazer tradicional do
bibliotecário, mas em larga escala e de modo robotizado.
Apesar de isso poder passar a impressão de o trabalho do bibliotecário ser
superado por máquinas, este pensamento está equivocado. Com a velocidade em que
as informações são geradas e disseminadas, o fato de algumas tarefas serem
realizadas por inteligências artificiais previamente configuradas, são um auxílio
benéfico. Assim como sobre os usuários das bibliotecas, um tempo poupado pode ser
utilizado executando outra tarefa.
Além disso, com esses recursos tecnológicos de fácil acesso com a internet, o
usuário passa a ser mais ativo e independente no ciclo informacional, que inicia com
a necessidade informacional do sujeito.
No mundo contemporâneo, com a introdução das tecnologias de informação
e comunicação as bibliotecas passaram a ter os seus serviços
automatizados, serviços de referência à distância, obras digitalizadas, acesso
a catálogos, à bases de dados on line [sic], serviço de comutação com outras
bibliotecas, etc. Os novos recursos da informática fizeram dessa biblioteca
um lugar diferente daquele local percebido como depósito de livros no
passado. Mesmo com tais mudanças, o nome biblioteca e bibliotecário
permanecem. No presente criaram-se novas denominações para a atual
biblioteca como unidade de informação e para os bibliotecários, profissionais
da informação, porém esses novos termos são mais usados em meio
acadêmico e não pelos usuários em geral. (MORIGI; SOUTO, 2005, p.194)

Como apontado, as denominações utilizadas pelo público em geral não


sofreram muita alteração ao longo dos anos, sendo provável que por este motivo que
o pensamento popular de os bibliotecários serem profissionais que desempenharem
uma função pouco útil vem sendo formada no imaginário popular. No entanto, com
uma maior disseminação da informação, os bibliotecários e os outros profissionais da
área da Informação, exercem uma função tão importante quanto antes.
Com a facilidade do acesso a bases de dados e outros meios de informação,
aumenta a demanda de capacitação do público para uma utilização que gere
independência; autonomia. Ao observar o histórico da Biblioteconomia no Brasil, é
possível identificar o desenvolvimento do bibliotecário e compreender o grau de
notoriedade deste na contemporaneidade.
O primeiro curso de Biblioteconomia foi criado no Brasil apenas em 1911, na
Biblioteca Nacional, sendo necessário para a admissão no curso possuir
conhecimento sobre cultura em geral (ALMEIDA; BAPTISTA, 2013). Assim, explica-
28

se o motivo de ser um pensamento popular, o bibliotecário possuir conhecimento que


abrange muitas áreas do conhecimento, ou que leram todas as obras da biblioteca em
que atua. No entanto, esta tarefa seria muito difícil, sendo o bibliotecário capacitado
para realizar uma leitura técnica do material, na qual podem ser tiradas as informações
necessárias para uma representação do assunto do documento.
Por muitas vezes considerada uma profissão tecnicista desde o seu início,
justifica-se o fato de a profissão ser elaborada para suprir as necessidades de
organização e tratamento da informação contida nas bibliotecas, tornando-se no Brasil
um curso superior apenas em 1962, com disciplinas técnicas (influenciada pela escola
francesa) e culturais, eruditas (com influência da escola americana fundada por Melvil
Dewey) (ALMEIDA; BAPTISTA, 2013). É necessário que o bibliotecário possua
conhecimento sobre a necessidade dos usuários a partir do contexto social e cultural,
para ofertar um serviço satisfatório.
A função do bibliotecário da sociedade contemporânea torna o usuário mais
independente, sendo assim, o bibliotecário atua como o mediador da informação.
Azevedo e Ogécime (2020), apontam a mediação como uma resposta à demanda e
práticas da diversificação dos usuários, em uma era em que o consumo informacional
possui um processo aperfeiçoado. De modo indireto, a biblioteca é criada e
desenvolvida pelo usuário, uma vez que as informações sobre o perfil do público-alvo
são consideradas tanto na constituição do acervo quanto em sua atualização.
Apenas no surgimento das bibliotecas públicas, em meados de 1850, foi
quando o bibliotecário passou a ser reconhecido como um disseminador da
informação (TAUILY, 2016). Com essa responsabilidade, é importante frisar que o
bibliotecário deve possuir uma qualificação alta para exercer sua função de modo
eficiente, o que não é diferente no caso dos profissionais que atuam em bibliotecas
itinerantes.
Nas Diretrizes para Bibliotecas Itinerantes da IFLA (2014), as qualificações do
bibliotecário que atua em bibliotecas itinerantes devem ser as mesmas solicitadas
para uma biblioteca fixa, sendo apenas os recursos disponíveis mais limitados em
bibliotecas itinerantes. Também é recomendado que estes e quaisquer profissionais
que exerçam funções nessas bibliotecas, possuam formação em primeiros socorros,
saúde, atendimento ao público e também segurança no trabalho.
O bibliotecário contribui juntamente com a biblioteca itinerante para o incentivo
à leitura, principalmente no planejamento das atividades a serem executadas no
29

projeto. Para tal contribuição, é necessário utilizar a formação acadêmica e


experiências em campo, além de formação complementar para a adequação dos
serviços ofertados na biblioteca itinerante.
Uma vez que o bibliotecário seja um agente mediador da informação, este
necessita de um preparo prévio para solucionar possíveis dilemas que possam surgir
durante o exercício de sua função. Nas bibliotecas itinerantes não é diferente: o local
de atuação do bibliotecário é relevante quanto às suas especificidades, mas não em
seus propósitos. Assim, bem como em qualquer outro campo de atuação, o
bibliotecário que vá trabalhar em uma biblioteca itinerante precisará de uma formação
específica sobre esta temática.
Ao possuir conhecimentos que foram adquiridos na base curricular, durante o
curso de graduação, o bibliotecário poderá adequar o conhecimento teórico à
realidade em que a biblioteca está inserida. Aspectos como levantamento de perfil do
usuário, estratégias de disseminação da informação, utilização de ferramentas de
informação e comunicação e gestão, são alguns dos conhecimentos adquiridos
durante o curso superior, que podem ser aproveitados em um projeto que incentive a
leitura, como a biblioteca itinerante.
Como a área da Pedagogia possui ligação com o incentivo à leitura por meio
de atividades lúdicas, ao procurar uma formação complementar é possível optar por
esta área. No caso de uma biblioteca itinerante que possua como público alvo alunos
de uma escola de ensino básico por exemplo, o incentivo à leitura terá ligação com o
Projeto Pedagógico da escola. Para isso, o bibliotecário precisa de conhecimentos
sobre esse documento e como atuar neste tipo de biblioteca e com este tipo de
usuários.
Por isso a colaboração coletiva possui extrema importância nas organizações:
unificando saberes, o conhecimento gerado será mais desenvolvido. Assim como o
bibliotecário, pedagogos e professores almejam o incentivo à leitura e educação dos
alunos, mas com ferramentas distintas. Com uma biblioteca itinerante na escola, o
bibliotecário juntamente com os outros membros da equipe disseminarão a leitura e
atingindo um número de pessoas maior fora dos limites da escola.
Além disso, a experiência proporcionada por conta da participação em uma
biblioteca itinerante, assim como a atuação em qualquer biblioteca, originará novas
perspectivas para o bibliotecário ou qualquer um dos envolvidos no projeto, e com o
passar do tempo, tende-se a observar lacunas no aprendizado, que podem ser
30

preenchidas com capacitações. Estas capacitações poderão aperfeiçoar as técnicas


utilizadas em seu serviço, uma vez que as necessidades informacionais dos usuários
estão em constante mudança com a acelerada criação e disseminação do
conhecimento.
Deste modo, o bibliotecário possui um papel social muito importante para a
disseminação da informação e a democratização do conhecimento, uma vez que este
torna-se o elo entre a informação e o usuário. Por isso, o bibliotecário deve estar ciente
dessa responsabilidade, a fim de tratá-la de modo adequado e cauteloso:
Nossa missão mais importante é dar informações, dar respostas. Devemos
colocar explicitamente, aberta e publicamente a aprendizagem recíproca
como mediação das relações entre as pessoas disseminando informações.
O bibliotecário deve estar consciente deste fazer, consciente que é um agente
de mudanças ou que pode tornar-se um agente de mudanças. (CUNHA,
2003, p. 45)

Tendo a noção da responsabilidade social, a missão de facilitar o acesso à


informação aos usuários poderá ser realizado com eficiência. Assim como em
qualquer outra biblioteca, haverá orientações para o seu desenvolvimento, mas
apenas os profissionais que possuam contato direto com o ambiente poderão
aprimorar aspectos que sejam necessários para um melhor funcionamento da ação.
Com avaliações periódicas da biblioteca, serão apontadas quais as
necessidades do ambiente e as medidas necessárias para a solução do problema
poderão ser definidas. Neste processo, conhecer o público para o qual a biblioteca é
desenvolvida é essencial para um melhoramento dos serviços e satisfação do usuário.
Morigi e Souto (2005) apontam que os usuários possuem necessidades
particulares e, é dever do bibliotecário, possuir a capacidade de auxiliar o usuário na
recuperação da informação desejada, seja por meio de treinamento ou filtração da
necessidade informacional.
Assim como em bibliotecas especializadas, nas bibliotecas itinerantes faz-se
necessária uma formação complementar para refinar sua área de atuação (podendo
ser pós-graduação), bem como para um serviço ofertado possuir maior qualidade,
tornando-se assim vantajoso para o usuário, que terá sua necessidade informacional
suprida, bem como para o bibliotecário, que possuirá uma complementação de seus
saberes, tornando-o mais capacitado para exercer suas funções.
31

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Com a metodologia a ser utilizada na pesquisa, foi possível definir os


procedimentos que envolvem a implantação de um projeto de incentivo à leitura
específico, suas motivações e os resultados de sua realização.
Para este estudo foi utilizada a pesquisa de natureza qualitativa, uma vez que
haverá uma investigação acerca de um caso específico da execução de um projeto
de incentivo à leitura. Sobre a pesquisa qualitativa, Angers (1992 apud POUPART et
al., 2008, p. 255) afirma que neste tipo de pesquisa “[...] entram em jogo anotações
para descrever e compreender uma situação, mais do que números para enumerar as
frequências de comportamentos”. Deste modo, esta pesquisa pode ser assim descrita,
por tratar-se de um caso específico em que as informações coletadas serão
analisadas em suas várias nuances.
Também foi realizada a pesquisa bibliográfica, uma vez que foi executado
levantamento bibliográfico sobre a temática que envolve o incentivo à leitura, a
biblioteca itinerante e o papel do bibliotecário em projetos desta tipologia. Segundo
Severino (2017, p. 90), “O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores
dos estudos analíticos constantes dos textos”. Com isso, há o avanço do
conhecimento científico através da colaboração de diversos pesquisadores que
contribuem para validar, desvalidar informações ou dar continuidade a uma pesquisa.
Gil (2002, p. 41 apud SILVA, 2009) caracteriza a pesquisa exploratória, como
aquela que objetiva proporcionar durante o estudo “[...] maior familiaridade com o
problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses”. Dessa forma,
a pesquisa é exploratória porque objetivou-se compreender de que forma o Projeto
Biblioteca Itinerante nas Empresas, desenvolvido pelo SESC – AM, promove o
incentivo à leitura, possibilitando maior familiaridade com essa problemática.
Além disso, a pesquisa possui caráter descritivo, por investigar o
comportamento de fatores e elementos ocorridos em um fenômeno (SILVA, 2009) e
ser realizado o registro e descrição dos fatos sem interferência do pesquisador
(PRODANOV; FREITAS, 2013). No caso desta pesquisa em específico, foi realizada
a investigação tendo como sujeitos da pesquisa as responsáveis pelo projeto
Biblioteca Itinerante nas Empresas, isto é, as bibliotecárias da instituição, sendo o
papel da pesquisa relatar informações acerca do projeto para esclarecimento sobre
seu funcionamento e características.
32

A realização de uma pesquisa de campo também foi necessária. De acordo


com Prodanov e Freitas (2013), a pesquisa de campo objetiva coletar informações
sobre um questionamento que pretende-se “[...] comprovar, ou ainda, descobrir novos
fenômenos ou as relações entre eles” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 59) além de
consistir em observar como ocorrem os fatos e fenômenos decorrentes em
determinado caso “[...] tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles
referentes e no registro de variáveis que presumimos relevantes, para analisá-los”
(PRODANOV; FREITAS, 2013, p.59).
Por esse motivo, a pesquisa deve ser identificada e delimitada, uma vez que
cada fenômeno estudado possui suas especificidades, além de ser necessária a
utilização dos métodos e instrumentos de coleta adequados a cada estudo.
Segundo Prodanov e Freitas (2013), na pesquisa de campo são seguidas três
fases, as quais foram percorridas nesta pesquisa: primeiramente é realizada a
pesquisa bibliográfica, em seguida determinada a técnica de pesquisa e por último é
estabelecida a técnica de registro e análise dos dados.
Quanto ao instrumento de coleta de dados utilizado na pesquisa de campo,
optou-se pela realização da entrevista semiestruturada, aplicada com as responsáveis
pelo projeto, para se compreender suas visões sobre o mesmo e coletar informações
de relato de experiência pessoal durante o período de envolvimento do projeto. Este
instrumento foi selecionado, pois permite que a pessoa entrevistada discorra de modo
informal sobre o tema, dando ao entrevistado liberdade para comentar sobre outros
assuntos além do tema principal (GERHARDT; SILVEIRA, 2009).
Enfatiza-se ainda que com o uso da entrevista semiestruturada, há a
possibilidade de coletar informações que podem escapar durante a elaboração das
pesquisas, tornando o entrevistado uma rica fonte de informação. Logo, foi elaborado
um roteiro com perguntas baseados nos objetivos da pesquisa e de modo com que o
entrevistado ficasse mais confortável e disposto a discorrer sobre o tema.
Mediante o exposto, o universo da pesquisa de campo foi a Biblioteca do SESC-
AM e, os sujeitos ou participantes da pesquisa, correspondem às duas bibliotecárias
da referida instituição, com as quais foram realizadas as entrevistas semiestruturadas.
Além disso, foram assegurados os cuidados éticos durante a pesquisa, no qual
para a realização da pesquisa de campo, foi necessário primeiramente requerer um
documento da universidade, solicitando a autorização e a colaboração da empresa
pesquisada.
33

Após se entrar em contato com a responsável pelas Bibliotecas do SESC-AM,


foram coletadas informações sobre os trâmites necessários para a autorização da
pesquisa. Com os dados da instituição, um ofício foi elaborado pela Coordenação do
Curso para solicitar a colaboração do SESC-AM, contendo os dados da pesquisa
como objetivos e autoria do trabalho. Após isso, foi protocolada a solicitação na
unidade do SESC-AM, localizada no Centro da cidade de Manaus-AM para decidir
sobre a liberação da pesquisa. Apesar de haver atraso no prazo estipulado para a
resposta da instituição (10 dias), foi autorizada a coleta de dados.
Após a autorização, foi necessário apenas o agendamento das entrevistas,
considerando a disponibilidade das bibliotecárias e sua modalidade (presencial ou
virtual), sendo escolhido pelas duas bibliotecárias, o modo virtual. O programa
utilizado para os encontros foi a videoconferência Google Meet, sendo a conversa
registrada com o gravador de voz, contido no smartphone da autora do trabalho.
Durante as reuniões, ocorridas no mês de novembro de 2021, as duas entrevistadas
se dispuseram a repassar informações posteriormente pelo aplicativo Whatsapp, caso
alguma informação não fosse apurada durante a entrevista.
Após as reuniões no Google Meet, as entrevistas foram transcritas de modo a
poder serem tratados e organizados os dados. Vale ressaltar que foram transcritos de
modo literal ao que foi dito, para manter os dados fidedignos. Após isso, foram
separadas as repostas de cada questão para melhor visualização dos dados na
análise, além de separação das informações previstas no roteiro de entrevista das
questões surgidas durante a realização da entrevista, a fim de observar quais
deficiências foram apresentadas na estruturação da coleta de dados.
É importante informar a adoção de códigos para cada bibliotecária entrevistada,
de modo a manter suas identidades reservadas, sem declarar o que cada uma relatou.
Assim, as entrevistadas serão denominadas de B1 e B2, sendo que estas foram
selecionadas por possuírem o conhecimento necessário para suprir as necessidades
de informação do estudo.
No que diz respeito à técnica utilizada para a análise dos resultados, a análise
de conteúdo foi a escolhida, uma vez que esta observa diversos parâmetros durante
a coleta de dados: “[...] sob forma de discursos pronunciados em diferentes
linguagens: escritos, orais, imagens, gestos.” (SEVERINO, 2017, p. 89). Dessa forma,
os dados coletados na pesquisa foram organizados e agrupados de forma a serem
relacionados aos problemas centrais sobre o tema e objetivos específicos propostos,
34

servindo como base para categorização da análise para os resultados. Estabeleceu-


se, portanto, categorias de análise com base nos objetivos específicos da pesquisa, a
saber: a) Mostrar a relevância da biblioteca itinerante para o incentivo à leitura na
sociedade contemporânea; b) Descrever como se estruturou o Projeto Biblioteca
Itinerante nas Empresas, desde a sua criação; c) Identificar as estratégias de incentivo
à leitura adotadas pelo Projeto Biblioteca Itinerante nas Empresas; d) Apontar os
resultados obtidos mediante a oferta do Projeto Biblioteca Itinerante nas Empresas, a
partir do início de sua execução.
Para melhor visualização, foi elaborado a ilustração a seguir:

Ilustração 1 – Procedimentos metodológicos

Natureza Universo
Aplicada Bibliotecas
com projetos
de incentivo à
Abordagem leitura
Qualitativa
Sujeito da pesquisa
Fins Bibliotecárias do
Exploratória Descritiva SESC-AM

Procedimentos
Bibliográfica Estudo de Campo Ferramentas utilizadas para a entrevista
Instrumento de coleta Google Meet, Gravador de Voz e WhatsApp
Entrevista
Semiestruturada Técnica de análise
Análise de conteúdo

Fonte: elaborado pela autora

Para o tratamento dos dados coletados nas entrevistas, primeiramente foram


separados as perguntas e respostas elaboradas previamente das que surgiram
posteriormente durante o diálogo, sendo esta uma das vantagens da entrevista
semiestruturada: a possibilidade de questionar além do que foi inicialmente planejado
e assim, conseguir maiores informações. Posteriormente, foram agrupadas as
respostas para poder ser elaborada a análise de dados sobre o Projeto Biblioteca
Itinerante nas Empresas.
35

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

A seguir, foram estabelecidas categorias de análise para a apresentação dos


resultados da pesquisa. Os resultados foram organizados de acordo com a proposta
metodológica, sendo os objetivos específicos os norteadores do agrupamento. As
bibliotecárias entrevistadas são denominadas como B1 de B2. A bibliotecária B1
formou-se em 2016 em Biblioteconomia, atuando na área há 7 anos, possuindo MBA
em Gestão da Informação e especialização em Leitura, literatura infantil e contações
de histórias.
Já a segunda bibliotecária entrevistada, denominada por B2, é formada em
Biblioteconomia e atua na área desde sua formação, há 13 anos e possui
especialização no curso de Bibliotecas Escolares.
Ressalta-se que, para o primeiro objetivo específico, não será elencada
categoria de análise, pois a pesquisa bibliográfica foi suficiente para alcançá-lo,
mostrando a relevância da biblioteca itinerante para o incentivo à leitura na sociedade
contemporânea.

4.1 Estruturação do projeto Biblioteca Itinerante nas Empresas

Para responder a esta categoria de análise, será utilizada a questão de número


2, 3, 4 e 5 da entrevista semiestruturada, além de outras pontuações surgidas no
decorrer do diálogo. As perguntas foram:
• Poderia descrever quais procedimentos são necessários para realizar a
implantação do projeto? Tente descrever desde o surgimento de interesse (se parte
da empresa ou não) até o momento da chegada do material no local onde será
desenvolvido o projeto.
• Como pode ser descrito o suporte e as estruturas necessárias para a
realização do projeto? (recursos humanos, mobiliário, transporte etc.)
• Você sentiu alguma dificuldade para exercer as funções do projeto,
algum conhecimento que não possuía? (se foi necessária alguma formação
complementar etc.
Para uma melhor visualização das informações acerca de como é realizado o
projeto, foram organizadas no surgimento, execução e dificuldades durante o período
de execução do projeto Biblioteca Itinerante nas Empresas (BIE).
36

4.1.1 Início do projeto

Primeiramente, foi questionado sobre o surgimento do projeto. Segundo a


entrevistada B2, o projeto que inspirou o BIE era executado em outras sedes regionais
do SESC (o qual não foi informado, apenas mencionado sem nomeação), então a
ideia do projeto pode ter partido do compartilhamento do projeto por outros colegas
integrantes do grupo SESC.
Segundo a entrevistada B1, o projeto BIE iniciou-se de fato em 2019, uma vez
que existia desde de 2016, mas não era executado. Antes de seu funcionamento, foi
necessário um trabalho conjunto com a central de atendimento do SESC para
conhecimento do público alvo (colaboradores de empresas) e defesa do projeto em
processos internos.
Ainda segundo B1, neste período não havia estrutura ou acervo para sua
execução, e a bibliotecária à frente vislumbrou a oportunidade e recursos, iniciando o
projeto. Inicialmente houve resistência das empresas por não praticarem em seu
ambiente projetos como esse, porém, após explicação dos benefícios e como era
implantado sem custos adicionais para a empresa já que estas possuíam vínculo com
o desenvolvedor (SESC-AM). Com os esclarecimentos acerca de como o projeto
funcionava, as empresas tornaram-se mais receptivas à ação. Assim, ao ser iniciado,
o projeto foi implantado em 8 empresas vinculadas ao SESC-AM.

4.1.2 Processo de execução

Quando perguntado sobre os procedimentos necessários para a realização do


projeto, B1 informou que inicialmente, é realizado um levantamento juntamente com
a central do SESC para apurar quais empresas podem participar do projeto e acertado
o acordo com estas, os livros são alocados em mini estantes 100 livros que comporão
o acervo do projeto. B1 salienta que após o aceite da implantação, é assinado um
contrato de um ano de execução do projeto, no qual o acervo é trocado a cada três
meses com outras empresas participantes do projeto.
Em seguida, as entrevistadas foram questionadas sobre quais suportes e
estruturas são necessárias para a execução do projeto. Sobre o processo
desenvolvido antes do material chegar à empresa, B1 relatou que é necessária uma
equipe da biblioteca para o processamento técnico, além de elaborar o marketing que
promove e divulga o projeto. Esta etapa do desenvolvimento de qualquer projeto que
objetive atingir um público, o de divulgação, é muito importante, como afirmado por
37

Condini (1999) pois segundo ele a baixa utilização de projetos de incentivo à leitura
dá-se não somente por desinteresse do público, mas também por falta de divulgação.
Sobre as etapas anteriores e necessários à implantação do projeto B2 também
aponta que o modo como o público sabe da existência do projeto leva ao
conhecimento e criação de demanda. Há como exemplo dado por ela uma parceria
que surgiu na participação de outro projeto do SESC que incentiva a leitura com base
não fixa, o BiblioSesc. Com o surgimento do interesse sobre a iniciativa, foi
apresentado ao público interessado a existência do projeto BIE. Em situações como
esta, é apontado como a participação de projetos em ações culturais não apenas
contribuem para o exercício da cultura, mas também aumenta o conhecimento de
ações sociais.
Voltando aos procedimentos para a implantação do projeto, B1 detalhou sobre
o acervo do projeto. Como há material adquirido para o BIE, é necessária apenas a
distribuição para as empresas das caixas (onde o material fica trancado se não estiver
em funcionamento), da qual o colaborador responsável pelo projeto na empresa
possui o controle. Além disso, B1 discorreu que devido ao SESC-AM realizar o
procedimento até a chegada do material na empresa, há a equipe que transporta o
material do projeto até a empresa participante.
Uma vez que o projeto já esteja sendo executado, há a necessidade de um ou
mais colaboradores da empresa para se responsabilizarem pelo material, controle de
empréstimos e levantamento sobre o material desejado pelos usuários. Segundo a
entrevistada B2, a equipe da empresa responsável na maioria das vezes é do setor
de Recursos Humanos (RH), sendo necessário uma preparação destes para
assumirem o papel de responsáveis pelo projeto no ambiente de trabalho.
Para preparar o colaborador responsável pelo controle, empréstimo e guarda
do material, são dadas orientações pelo pessoal da biblioteca de modo resumido. Não
só para os responsáveis, mas para a empresa em geral é explicado como é o projeto,
seus benefícios para a empresa e para os colaboradores. Para usufruir do projeto, o
colaborador realiza um cadastro manual com suas informações pessoais e no mesmo
momento consegue realizar o empréstimo, facilitando assim o acesso ao material.
Entre os temas dos livros, segundo a entrevistada B1 e corroborado pela
entrevistada B2, estão: material de estudo para concurso, livros infantis, infantojuvenil
e obras clássicas de literatura brasileira, juvenil, norte-americana e também inglesa.
Porém, a maioria dos usuários prefere literatura mais atual.
38

Durante a entrevista de B1, surgiu dúvidas sobre aquisição de novos materiais


para compor o acervo pertencente ao projeto. Questionada, a entrevistada esclareceu
que após esse período inicial, são incorporadas novas obras ao acervo, considerando
as sugestões dos colaboradores que utilizam o material disponível. Sobre a
conservação e zelo do material, foi informado por B1 também que no contrato firmado
com a empresa é esclarecido que é de responsabilidade da empresa caso algum
colaborador danifique ou perca o livro, bem como desligamento da empresa sem
devolver o material, situação já ocorrida.
Sobre isso, foi dito:
Então os livros que a gente (SESC-AM) recebe por doação ou mesmo adquire
por compra incorporamos para não perder o volume de 100 livros. Pra não
perder a continuidade do projeto, é necessário fazer essa aquisição. (B1)
Esta preocupação com a zelo do acervo é bastante admirável, visto que objetiva
não apenas estimular uma maior responsabilidade dos usuários e da empresa, mas
também garantir que o material esteja disponível para o uso em outras empresas em
que o projeto é executado.
Ainda segundo a entrevistada B1, na aquisição de novo material com
destinação específica para o projeto BIE é realizado um levantamento das obras
lançadas no mercado. Esse levantamento considera também pesquisas em site e
sugestões dos colaboradores da biblioteca. Ainda sobre o assunto do material, é
salientado que os livros são selecionados para a aquisição a partir de sugestões dos
usuários podem ser enviados materiais mais específicos segundo seu gosto.
Em suma, considerando os dizeres de B2, os itens utilizados no projeto BIE
são: mini estantes com fechadura, banner, adesivo do projeto para a mini estante
garantindo o reconhecimento da responsabilidade do SESC-AM e os livros que
compõem o acervo. Sobre a responsabilidade na empresa ser de um membro interno,
B2 relatou que eles trabalham com um grupo bem reduzido no SESC-AM. Assim, com
a cooperação de pessoas responsáveis é possível dar continuidade em outros
projetos desenvolvido pelo SESC-AM.

4.1.3 Desafios

Na questão que aborda as dificuldades encontradas para exercer as funções


no projeto, há distinção nas respostas, dependendo de qual momento a pessoa
começou a participar do projeto BIE. A equipe que iniciou o projeto sentiu necessidade
no sentindo de não possuir familiaridade com a atividade bastante específica,
39

buscando assim conhecer outros projetos de incentivo à leitura semelhantes com o


BIE. Segundo B1, as pessoas responsáveis pelo projeto nas empresas também
encontram dificuldade no início, sendo necessária a explicação de como funciona e
os responsáveis pelo projeto.
Futuramente, segundo B2, pode ser necessária essa formação complementar,
uma vez que no futuro os serviços serão mais utilizados pelos colaboradores e estes
darão feedback sobre possíveis melhorias tanto do acervo quanto do atendimento.
Há casos onde é necessário realizar manutenção dos itens do projeto, mas são
realizados esporadicamente, quando há demanda. Ao ser questionada quais ações
de manutenção ou reparos eram feitos, B1 afirmou que os reparos mais comuns são
a troca do adesivo (pelo material ser movimentado de uma empresa a outra), troca de
fechadura por perca de chaves ou as rodinhas do carrinho, uma vez que este não
suporta a quantidade de material nele contido.
Outras ações de planejamento podem surgir, mas como o projeto está com
pouco tempo de execução e sendo apurados agora os pontos que necessitam de
atenção, é comum que sejam observadas dificuldades a serem superadas.
4.2 Estratégias de Incentivo à Leitura no Projeto Biblioteca Itinerante nas
Empresas

Em relação à questão que abordava os serviços ofertados que incentivam a


leitura (Quais são as atividades ou serviços ofertados no projeto que incentivem
à leitura?), B2 informou que há o empréstimo de livros local ou domiciliar, controlado
por cadastro manual, sendo possível o empréstimo domiciliar do material por 12 dias
com possibilidade de renovação. O público-alvo, colaboradores das empresas
atendidas pelo projeto, precisam informar dados pessoais para poder ser realizado o
controle que gerará as estatísticas de empréstimo.
Pelo exposto na entrevista de B2, o SESC se preocupa com a realização de
ações culturais que incentivem a leitura, como informado a seguir:
BiblioSesc a gente tem, acho que todas as unidades tem no brasil, que é a
(biblioteca) móvel né. (B2)
Esta fala entra em conformidade com o apontado na pesquisa de Aguiar e
Correia(2014), a qual apresenta dados sobre o SESC possuir 52 bibliotecas
itinerantes no Brasil (projeto BiblioSesc), número este que pode ter sido ampliado no
intervalo de 2014 para 2021.Com a oferta de atividades lúdicas de leitura entre outras
40

no projeto BiblioSesc, percebe-se que esta instituição executa ações de âmbito social
e o projeto BIE é mais um reflexo disso, mas focando em um público mais específico:
os colaboradores das empresas que possuem vínculo.
Sobre as estratégias que incentivam a leitura no projeto, pode ser citada a
necessidade de preparação dos responsáveis pelo projeto. Isso dá-se uma vez que
caso alguém responda que os colaboradores devem fazer algum curso de capacitação
para a realização de suas funções, é um tipo de planejamento que visa elaborar
estratégias que incentivem a leitura.
Baseando-se nos dizeres da IFLA (2014), sempre é recomendado que os
responsáveis pelo projeto não apenas participem ativamente, mas também sejam
capacitados para tal. Sem conhecimento das bases teóricas, as atividades podem ser
elaboradas de modo “automático”, sem consciência do propósito da atividade bem
como sua importância.
4.3 Resultados Obtidos com o Projeto Biblioteca Itinerante nas Empresas

A esta categoria, foram utilizadas as respostas das perguntas 1 e 7 da


entrevista semiestruturada, além de outras pontuações. As perguntas elaboradas para
esta categoria foram:
• Você acha que o projeto impacta o nível de leitura do público para qual
este projeto é destinado? Se sim, como?
• Quais resultados já foram obtidos durante esse período de execução do
projeto Biblioteca Itinerante nas Empresas?
Sobre o impacto não apenas para os colaboradores, pode-se citar a fala de B2:
Os resultados, eu acredito que a pessoa pode ter de levar aquele material pra
casa, porque quando ela leva para os seus filhos tem esse incentivo pra ela
e pra família né (B2)
Assim, o propósito seguido pelo projeto de incentivar a leitura é atingido
completamente, visto que acabam impactando não apenas a leitura dos
colaboradores, mas de pessoas ligadas a eles: seus familiares.
Segundo a entrevistada B1, atualmente o projeto contempla 10 empresas que
possuem parceria com o SESC-AM, as quais enviam periodicamente um relatório
contendo as estatísticas de empréstimos na unidade. Segundo B1, é visível que o
projeto apresenta resultados positivos, como por exemplo, ao apontar o impacto
também nos filhos dos colaboradores, tornando-os também o público ao qual o projeto
é destinado:
41

[...] a maioria dos participantes, colaboradores das empresas, têm filhos, tanto
que é quando o acervo foi adquirido para compor este projeto, ele foi pensado
num acervo infantil, destinado às crianças, aos filhos destes colaboradores.
Não é em grande quantidade, mas cada caixa tem livros destinados ao
público infantil” (B1)
Projetos como o Biblioteca Itinerante nas Empresas, possuem como propósito
o incentivo à leitura assim como facilitar o acesso à informação, como afirmado pelas
duas entrevistadas. Segundo a entrevistada B2, são comuns os casos em que as
pessoas não possuem acesso à livros, ou mesmo não dispõem de tempo para
deslocar-se até o local onde atividades como estas são desenvolvidas, como por
exemplo, as bibliotecas públicas. No caso do BIE, os livros alcançam os colaboradores
no local de trabalho, facilitando assim o acesso a estes.
Com isso, é possível afirmar que com a leitura sendo praticada, o usuário
indiretamente aumenta a oportunidade de exercer a cidadania e também acrescenta
à sua carga de conhecimento autores e obras conceituadas; tudo isso por intermédio
de um projeto realizado no local de trabalho que apresenta aos usuários a leitura como
lazer. Como modo de corroborar o pensamento, pode-se relembrar o projeto
semelhante ao BIE realizado pela prefeitura de Diadema, o projeto Leitura nas
Fábricas, com apoio do Governo Federal por intermédio de política pública que
incentiva a leitura, o PNLL (SILVA, 2016).
Assim, o projeto Leitura nas Fábricas alcançou sua finalidade de "[...] incluir
socialmente e tornar o trabalhador ciente de seus direitos de cidadão através da
leitura.” (SILVA, 2016, p. 14) bem como contribuiu com a conquista de novos espaços
de leitura. Como se trata de projetos semelhantes, pode-se afirmar que possuem o
mesmo propósito, sendo possível o atingimento destes observando a boa recepção e
utilização do projeto por parte dos usuários, como citado por B1 na renovação do
contrato pelas empresas participantes do projeto.
Além de ultrapassar a barreira geográfica, o projeto facilita o contato com o
material que muitas vezes pode estar acima da capacidade de aquisição, por meio de
compra do colaborador. Realizando o empréstimo, mesmo que local e em seu horário
de trabalho, o colaborador estará desenvolvendo a leitura além da escrita e
criatividade advindas desta.
Segundo B1, o resultado de modo qualitativo foi o despertar do interesse pela
leitura de modo geral ou por uma temática específica, além de a atividade motivar
algumas equipes. Para confirmar a ideia de boa recepção do projeto, citou-se uma
42

empresa que promove concurso para premiar com folga, por exemplo, quem mais
emprestou materiais (não citado o nome da empresa pela entrevistada).
Durante a entrevista de B1, foi questionado se mais empresas foram
contempladas além das 8 iniciais. Segundo a entrevistada após o início do projeto,
mais duas empresas foram contempladas, totalizando assim 10 empresas que
recebem o projeto BIE. Isso aponta que como houve resultados positivos nas
empresas que receberam o projeto, algo que é ponderado quando há dúvidas em
aceitar novos desafios com os quais não há familiaridade. Apontado por Araújo e
Brasilino (2013), esta falta de familiaridade é decorrente do pouco reconhecimento
pela sociedade tanto de projetos que incentivem a leitura quanto de seus
idealizadores: as bibliotecas e os bibliotecários.
Apesar de ter iniciado de fato há dois anos e ser interrompido em algumas
empresas devido ao trabalho em home office, consequência da pandemia de
Coronavírus (Covid-19), segundo as pessoas entrevistadas os resultados do projeto
BIE são positivos.
As empresas que receberam o projeto obtiveram boa recepção dos
colaboradores, renovando o contrato por mais um ano, além de solicitarem a troca de
material, como afirmou B1. Essa troca é um indicativo de utilização do material e
desejo do usuário de ter contato com materiais diferentes a partir de seu feedback.
Segundo B1, há planos para novas empresas serem contempladas:
Em 2022 vão ser substituídas as empresas, serão novas para a gente poder
contemplar o maior número de comerciários possíveis dentro de nossas
possibilidades (B1)
Com o feedback das empresas sobre melhorias para o projeto, é possível
observar a adaptação de projetos que envolvam a mediação da informação, assim
como em bibliotecas:
Tem uma empresa que é voltada para a área de construção. Então assim,
eles fazem muito treinamento com os colaboradores deles, eles querem um
acervo mais voltado para isso, então o que eu tenho cadastrado no meu
sistema que é direcionado a essa temática eu já tento colocar um pouco a
mais para eles, aí tem outros que já não tem tanto. (B1)
A demanda de materiais específicos, como por exemplo sobre literatura
infantojuvenil ou sobre concurso é acatada pelos desenvolvedores do projeto, o que
permite contemplar todos os usuários e suas necessidades informacionais, sejam elas
de caráter profissional, educacional ou qualquer outro.
Cabe ao disseminador da informação apenas satisfazer as necessidades
informacionais do seu usuário, principalmente se estiver dentro do proposto a ser
43

ofertado no projeto ao qual desenvolve suas atividades. Assim, o papel de disseminar


a informação é cumprido e o usuário se sentirá satisfeito com a boa experiência, sendo
isto essencial quando se trata de atividades que lidem diretamente com o público.
44

5 CONCLUSÃO

Projetos que incentivam a leitura são importantes para o desenvolvimento da


leitura; para a sociedade como um todo. Quando aplicadas sob formato móvel,
desempenham um papel imprescindível, visto que muitas vezes a dificuldade de
acesso ao local onde projetos ou informações estão disponíveis. A facilidade trazida
pelo projeto Biblioteca Itinerante nas Empresas para acesso à informação é um
exemplo de ações desenvolvidas que possuem como foco o leitor,
independentemente de onde ele estiver.
Relembrando a questão norteadora da pesquisa (como o Projeto Biblioteca
Itinerante nas Empresas (BIE), desenvolvido pelo SESC – AM, promove o
incentivo à leitura?), pode-se afirmar que o projeto BIE promove o incentivo à leitura
por meio de atividades que incentivem a leitura no ambiente de trabalho. Tais
atividades são: empréstimo local e domiciliar aos colaboradores de empresas que
possuam vínculo com o SESC-AM e aceitem participar do projeto e se
responsabilizando por seu zelo e controle estatístico para conhecimento do perfil dos
usuários.
Para uma melhor compreensão da análise de dados, faz-se necessário
relembrar os objetivos específicos da pesquisa:
a) Mostrar a relevância da biblioteca itinerante para o incentivo à leitura na
sociedade contemporânea;
b) Descrever como se estruturou o Projeto Biblioteca Itinerante nas
Empresas, desde a sua criação;
c) Identificar as estratégias de incentivo à leitura adotadas pelo Projeto
Biblioteca Itinerante nas Empresas;
d) Apontar os resultados obtidos mediante a oferta do Projeto “Biblioteca
Itinerante nas Empresas”, a partir do início de sua execução.
A partir da revisão de literatura, foi possível observar que a biblioteca itinerante
é relevante para o incentivo à leitura na sociedade contemporânea, devido ao fato de
haver uma mobilização da sociedade, para a transformação do cenário atual em
relação ao nível de leitura da sociedade. Pode-se afirmar que as ações que promovem
a leitura, contribuem para o desenvolvimento dos indivíduos na sociedade, tornando-
os pessoas críticas e conscientes de seu papel perante a sociedade, por possuírem
acesso à informação.
45

O projeto BIE iniciou-se a partir de outro projeto desenvolvido pelo SESC em


outra sede, o qual não foi informado pelas entrevistadas, sendo este adaptado ao
público ao qual é destinado: colaboradores de empresas que possuam vínculo com o
SESC-AM. Ao dispor de livros para incentivar a leitura e ofertar uma opção de lazer
aos colaboradores, o projeto não apenas cumpre seu propósito, como também
contribui para o bem-estar e satisfação do colaborador na empresa, preocupando-se
com seus membros e, indiretamente, possibilitando um melhor desempenho destes.
Além de servir como justificativa para outras pesquisas com a mesma temática,
pôde-se observar que a dificuldade em acessar estudos que tratem de projetos como
o Biblioteca Itinerante nas Empresas limita a continuidade de estudos sobre o mesmo,
inclusive sua reprodução por outras organizações. Tomando como exemplo o projeto
estudado, pode-se concluir que há também a falta de divulgação dessas ações, o que
pode impedir a sua ampliação por falta de conhecimento e consequentemente, de
interesse.
Com esta pesquisa, o projeto pode ser disseminado e também justificado, como
apontado na análise de dados, os resultados positivos e boa recepção dos
colaboradores das empresas; uma ideia é melhor aceita quando é testada e é
proveitosa para todos os envolvidos. Além disso, sugere-se temáticas de pesquisas
que envolvam outros projetos relacionados ao incentivo à leitura, ou até mesmo
adaptações do projeto para outras realidades, como por exemplo em organizações
públicas que firmem contrato com bibliotecas dispostas a executar o projeto.
Apesar de ações culturais serem importantes para a sociedade no geral, vale
ressaltar que é necessário o planejamento sobre quais recursos (físicos e humanos)
serão necessários para sua execução de modo a ser um projeto frutífero e duradouro.
Assim como políticas públicas objetivam o desenvolvimento da sociedade, este
projeto utilizou como base as necessidades de uma comunidade para sua
implantação. Desse modo, estas ações possuem como propósito, tornar o país uma
nação de leitores, e fomentando atuais e possíveis leitores com informação como lazer
de modo prático.
46

REFERÊNCIAS

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50

ANEXO – DIVULGAÇÃO DO PROJETO BIBLIOTECA ITINERANTES NAS


EMPRESAS NO FACEBOOK

Fonte: SESC Amazonas


51

APÊNDICE – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

1) Você acha que o projeto impacta o nível de leitura do público para qual este projeto
é destinado? Se sim, como?

2) Como surgiu a ideia do projeto?

3) Poderia descrever quais procedimentos são necessários para realizar a


implantação do projeto? Tente descrever desde o surgimento de interesse (se
parte da empresa ou não) até o momento da chegada do material no local onde
será desenvolvido o projeto.

4) Como pode ser descrito o suporte e as estruturas necessárias para a realização


do projeto? (recursos humanos, mobiliário, transporte etc.)

5) Você sentiu alguma dificuldade para exercer as funções do projeto, algum


conhecimento que não possuía? (se foi necessária alguma formação
complementar etc.)

6) Quais atividades/serviços são ofertadas no projeto que incentivem a leitura? Você


pode comentar sobre como esse processo ocorre?

7) Quais resultados já foram obtidos durante esse período de execução do projeto


Biblioteca Itinerante nas Empresas?

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