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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA I

Unidade II: Estado, Cultura e Trabalho nas décadas de 1930-50.


2.1- Estado, trabalhadores e cultura nacional nas décadas de 1930-40.

GOULART, Silvana. Sob a verdade oficial: ideologia, propaganda e


censura no Estado Novo. São Paulo: CNPq/Marco Zero, 1990. Pp. 11-76

INTRODUÇÃO: Mídias, comunicação e propaganda – recepção;


incorporação; recodificação.
Alemanha – Brasil : DIP, monopolização dos M.C , Estado – verdade oficial.
DIP – alcance, funções, ações e o contexto do Estado Novo.
Cap. 1 – O DIP e o Estado Novo
Estado Novo = antiliberal, nacionalista, centralizador, autoritário. P. 15
“ O novo regime buscava reorganizar a sociedade, visando o controle da
crise econômica e a neutralização das novas forças sociais que emergiam
na arena política, de modo a possibilitar o processo de expansão das
forças produtivas”.
- nacionalismo – p. 16. Coletividade histórica, valores morais, virtude cívica
– consciência do atraso = papel predominante do Estado.
O DIP: um órgão a serviço do Estado
- integrar as classes trabalhadoras ao jogo político pelo populismo.
- Eficácia e ineficácia da manipulação – articulação de elementos
populares para o convencimento. ( ética cristã e família)
- DIP – atingir também as classes dominantes. Crítica ao Estado liberal
para justificar o autoritarismo e o corporativismo na construção de uma
sociedade harmônica.
- controle e centralização dos meios de comunicação: divulgação,
propaganda, censura, fomento à produção artística cívica ( música, teatro,
cinema) – rádio e imprensa. ( maioria analfabeta)
- Imprensa e publicações: Cultura Política, Brasil Novo, Estudos e
Conferências, Planalto – Departamentos Estaduais (DEIPs), livros.
- A Hora do Brasil – uniformização da mensagem. Mitificação de Getúlio
Vargas, comemorações, rituais públicos.
- Ações:
p. 24 – 1- normalização, regulamentação, direcionamento dos M.C.
2- Produção de bens culturais ( Cine jornal, Cinédia) - imagem de Getúlio.
3- Orientação do conteúdo das mensagens ( Rádio Nacional – 1940,
jornais, Rádio Mauá, concursos e premiações);
4- Promoção e apoio de manifestações culturais – nacionalismo –p. 27.
- Villa Lobos e o canto orfeônico, ensino obrigatório de música - “elevar o
gosto popular e refinar suas preferências”.
- importância do rádio e analfabetismo – p. 28.
O Estado Novo traça o seu perfil
- Centralização – aparato burocrático e intervencionismo-p. 29
- DIP, DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público- p. 30 e 32.)
Ministérios – p. 31, interventorias, forças armadas.
- cooptação de intelectuais – cargos e projetos políticos, cultura nacional.
Política Econômica
- industrialização – alternativa para o crescimento econômico, 2ª guerra,
Estado como promotor do desenvolvimento, nacionalismo econômico.
Corporativismo
- constituição de 1937, tensões , dificuldades de afirmação – absorção
pelo estado das organizações de classe da sociedade civil. Ministério do
Trabalho – sindicatos – colaboração com o regime.
Relações de classe
- Populismo, manipulação, convencimento, Estado como árbitro das
relações sociais. Pp. 38-39. Questões ao texto – p. 40 e 41. “Capitalismo
tardio”.
- alta classe média – meritocracia, privilégio social, antiintervencionista.
UDN – elitista, anti-popular.
-classe média baixa – Estado como agente de inclusão, progresso, bem
estar.
O DIP e o DEIP de São Paulo : intervenção na cultura e na comunicação
- Regulamentação da Comunicação Social – censura prévia. P. 47-48
- Jornalismo – sacerdócio, tutelado pelo DIP.
- Cinema – censura, cinema educativo e produção pelo DIP.
- Teatro – p. 52. Proibição dos improvisos.
- Rádio – censura a programas e à propaganda comercial, gravações
patrióticas.
- controle sobre as informações – fechamento e intervenção em jornais,
DOP, DPDC, DNP, DIP , SIPS – manter a polícia informada sobre “o estado
de espírito das populações do interior”. P. 59
- fortalecimento do DIP – absorção de serviços de propaganda de outros
ministérios e órgãos, vinculação à Presidência da República, segurança
nacional – p. 61.
DIP – criação, objetivos e funções
- Divisões – p. 62.
- Divulgação – p. 63
-Imprensa – p. 65
- Rádio – p. 68
- Cinema – p. 70
- Turismo – p. 72
- Intercâmbio Luso-Brasileiro – p. 73
-Administração – p. 74
Extinção do DIP
- 1945 – Departamento Nacional de Informações – DNI – Extinto em 1946
– Agência Nacional – Governo Dutra.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE DIDÁTICA

Estrutura Curricular
Ensino Médio
Ensino Fundamental Final
Educação de Jovens e Adultos: 2º Ciclo

Componente Curricular
História

Tema
Estado, cultura e trabalho no Brasil Republicano
Estado, Cultura e Trabalho na Era Vargas:1930-45
O Estado Novo e o DIP ( Departamento de Imprensa e Propaganda): o
autoritarismo e a busca de uma cultura nacional.
Dados da Aula:
O que o aluno poderá aprender com esta aula:
O aluno poderá compreender os mecanismos utilizados pelo governo
Vargas para buscar o controle das manifestações sociais e culturais,
principalmente a censura e a regulamentação de atividades artísticas, por
meio do DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda - ao mesmo tempo
em que incentivava oficialmente ações de artistas e intelectuais para a
construção de um sentimento de brasilidade e patriotismo.

Duração das Atividades


01 aula – 50 minutos

Conhecimentos Prévios Trabalhados pelo Professor com o Aluno

- A conjuntura política, econômica e social no Brasil no início da década de


1930; os conceitos de Nação, Nacionalismo, Liberalismo, Corporativismo,
Pátria, Civismo; Integralismo; Fascismo; Autoritarismo; Golpe de Estado;
Estado Novo.

Estratégias e Recursos da Aula

Introduzindo o tema:

Aula 3
O Estado Novo e o DIP ( Departamento de Imprensa e Propaganda): o
autoritarismo e a busca de uma cultura nacional.

Atividades Propostas
3.1.1- Aula expositiva:
Nesta aula o professor poderá situar os alunos em relação ao tema “Estado
Novo e o DIP”, apresentando e elucidando conceitos importantes, tais
como: Autoritarismo, Pátria, Civismo, Nacionalismo, Meios de
Comunicação. O trabalho poderá ser feito de forma interdisciplinar com a
Filosofia e Sociologia.

3.1.2- Pesquisa de campo:


Nesta atividade o professor utilizará o método regressivo, partindo de
situações vividas pelos alunos no presente, a fim de dialogar com o passado
e suas interpretações, na época do Estado Novo. Para tanto, será utilizado o
método regressivo de análise histórica, proposto por Marc Bloch (
Apologia da História ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Zahar,
2001), no qual o passado e seus significados são lidos a partir de
indagações sobre o tempo presente. Assim, tendo como ponto de partida “
Estado e Meios de Comunicação: a legislação e o funcionamento do rádio,
televisão, cinema e jornalismo impresso no Brasil de hoje”, os alunos
realizarão uma pesquisa em jornais, revistas e na Internet a fim de
compreender como funciona o sistema de concessão destes serviços de
comunicação, em especial nos sites do Ministério das Comunicações,
Ministério da Cultura e Ministério da Justiça. Serão investigadas as
seguintes questões:
- A censura e a classificação de programas de rádio, TV e filmes;
- O controle e classificação sobre a propaganda nestes veículos;
-O funcionamento dos direitos de veiculação e propriedade destes veículos;
- O debate sobre a democratização dos meios de comunicação no Brasil
hoje.

3.1.3- Palestra e debate:

Após a realização da pesquisa em grupos de até 04 alunos, os resultados


serão apresentados em sala, quando será convidado um especialista da área
para debater o assunto com a turma (jornalista, locutor de rádio,profissional
de propaganda, empresário de comunicação, repórter fotográfico, redator
de jornal, entre outros). Neste debate os especialistas poderão ser indagados
acerca da sua compreensão e opinião sobre a relação entre o Estado Novo e
os meios de comunicação, entre 1937-45, e se os mesmos são favoráveis ou
contrários a um maior controle sobre a programação e produção de notícias
e reportagens por parte da sociedade hoje.

3.1.4- Análise de Documentos e Discursos de Época:


Entre as funções do DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda – além
de controlar o noticiário dos jornais e programas radiofônicos, estava a
realização e coordenação de eventos públicos para divulgar as realizações
do governo e comemorar várias datas nacionais, entre elas: o aniversário de
Getúlio Vargas ( 1 de abril), o Dia do Trabalho ( 1 de maio), a Semana da
Raça e da Pátria (Setembro), a Revolução de 30 ( 3 de outubro), e o
aniversário da implantação do Estado Novo ( 10 de novembro). Estas
celebrações públicas, realizadas em grandes estádios ( São Januário,
Pacaembu), praças ou avenidas, contavam com a participação de
estudantes, operários, militares, apresentações de grandes corais, bandas e
discursos de autoridades. Abaixo citamos dois registros destes momentos, a
fim de que os alunos compreendam os artifícios, metáforas e simbologias
utilizadas nos discursos para a formação de um espírito cívico, nacional e
patriótico em torno da figura de Getúlio Vargas:

A) Programa ‘A Hora do Brasil”, dia da Independência, 1942. Estádio São


Januário, Rio de Janeiro.

Locutor: “Um grande programa vai ser transmitido pelo Departamento


nesta Hora do Brasil do dia sete de setembro.(...) Logo após a chegada de
sua excelência e a execução do hino nacional, será pronunciado o discurso
do presidente Getúlio Vargas à nação brasileira. Em seguida, coros e
bandas, coros estes representados pelos 25.000 alunos e bandas militares,
representando 500 músicos das corporações militares do Rio de Janeiro. Os
ouvintes devem estar apreciando os ensaios do grande conjunto orfeônico
que é regido pelo maestro Villa-Lobos.”
Getúlio Vargas: “ (...) Eu fiz sempre a política dos homens que trabalham e
produzem(aplausos) nos campos e cidades, nas lavouras e nas fábricas
(aplausos ao longo desta oração), nas oficinas, nos escritórios, nas estradas
de ferro e nos navios (aplausos). Por toda parte eu procurei atender as
necessidades daqueles que trabalham (aplausos) (...) Não me querem os
forjadores de preços e dos monopólios. (...) Sem pretender comparar-me na
minha humildade (aplausos), eu sigo os preceitos do Divino Mestre
(aplausos) e com Ele restituirei a palavra do Evangelho (...). Perdoai-lhes,
Senhor, porque eles não sabem o que fazem ! ( aplausos, gritos, risos)”
Fonte: “Discurso de Getúlio Vargas aos trabalhadores”. Dia da
Independência, 1942. Estádio São Januário. Fita Cassete n.1, lado A, n.
254-359. Arquivo Nacional, Rio de Janeiro.

3.1.5 – Análise de Imagens de Época:

Após a análise do trecho do programa de rádio, os alunos interpretarão as


duas imagens a seguir, as quais apresentam, na ótica do fotógrafo oficial da
presidência, o clima pretendido de entusiasmo e comoção popular.

“Flagrante da multidão presente ao campo do Vasco da Gama por ocasião do


encerramento das comemorações da Semana da Pátria. Rio de Janeiro, 7 de setembro de
1941”.
Foto: Peter Lange. CPDOC/FGV. Arquivo Gustavo Capanema.
“Capanema, Vargas e outros por ocasião de cerimônia de comemoração da Semana da
Pátria.” Rio de Janeiro, 7 setembro de 1941.
Foto: Peter Lange. CPDOC/FGV. Arquivo Gustavo Capanema.

Proposta de roteiro de análise do programa radiofônico:


- Identifique os termos ou expressões que o locutor utiliza para criar o
sentimento de patriotismo.
- A quem Getúlio Vargas dirige seu discurso ?
- Qual é o assunto do documento? A quem ou a que se refere?
- De que forma são retratados os sujeitos citados pelo autor?
- Identifique termos ou expressões que expliquem o significado de
nacionalismo e civismo.
- Identifique trechos do discurso que expliquem o papel a ser
desempenhado pelo governo em relação à população brasileira, na ótica de
Vargas.
7- Identifique e encontre o significado de palavras ou expressões
desconhecidas.
8- Como e porque Getúlio Vargas procura associar sua imagem a temas
bíblicos?
9- O discurso demonstra preocupação com críticas da oposição. Como
Getúlio Vargas se utiliza destas pressões ?
Possibilidades Interpretativas

O primeiro governo de Vargas – 1930-45 - foi marcado pela criação de


diversos órgãos e ações direcionados à centralização de decisões, a fim de
estender por todo o território nacional as suas medidas nacionalizantes e de
controle social. Como exemplo, foram criados, entre outros, o Ministério
do Trabalho e o Ministério da Educação e Saúde. Esta tendência
centralizadora, todavia, não foi inaugurada em 1937, com o golpe de
Estado que criou o Estado Novo em 1937. Na área de propaganda, o
governo Vargas já havia criado outros órgãos para assumirem o controle da
comunicação e das mídias existentes ( rádio, cinema, discos e jornais) para
veicularem imagens favoráveis ao governo e para produzirem um
sentimento de civismo e patriotismo entre os brasileiros. Em 1931, foi
criado o Departamento Oficial de Publicidade- DOP; em 1934, o DPDC –
Departamento de Propaganda e Difusão Cultural, o qual, finalmente, em
1939, foi transformado em Departamento de Imprensa e Propaganda –DIP.
Os documentos apresentados possibilitam aos alunos o entendimento destes
instrumentos de controle social e as tentativas do Estado Novo de construir
um ideal de pátria e nação de forma autoritária:

1- Análise do programa de rádio: Os alunos poderão reconhecer as


estratégias de utilização do rádio como veículo de comunicação a serviço
do Estado Novo, buscando integrar os ouvintes a um clima de patriotismo,
civismo e cumplicidade com o “líder da nação”, apreendendo diferentes
recursos de linguagem, metáforas e expressões populares e religiosas. Ao
mesmo tempo, poderão ler nas entrelinhas destes discursos, a presença de
críticas oposicionistas e o reconhecimento da fragilidade do espírito
nacionalista de forma autoritária, num país com imensas desigualdades e
diversidades regionais e étnicas.

2- Análise das fotos: Trata-se de fotos oficiais, produzidas pelo fotógrafo


da presidência, e que procuram imprimir uma atmosfera de consenso
nacional e patriotismo. Na primeira, destaca-se a presença uniforme de
estudantes uniformizados nas arquibancadas, em que o indivíduo deveria
dar lugar ao propósito de nacionalização. Na segunda, destaca-se o ângulo
da foto, em que as autoridades, tendo Getúlio Vargas logo abaixo da
bandeira do Brasil, são captadas num plano superior, destacando-se da
multidão e representando o sentimento de pátria a ser dirigido pelo Estado.

Recursos Educacionais
Nome Tipo
Gravações de entrevistas Sonoro
Dicionários de Sociologia e Filosofia Impresso
Livros Didáticos Impresso
Documentos de época Impresso
Imagens Impresso

Recursos Complementares
- Charges de jornais e revistas de época
- Músicas de época
- Filmes:
Olga.
Narra a história da judia alemã Olga Benário Prestes (1908-1942). Militante comunista desde
jovem, Olga é perseguida pela polícia e foge para Moscou, onde faz treinamento militar. É
encarregada de acompanhar Luís Carlos Prestes ao Brasil para liderar a Intentona Comunista
de 1935, se apaixonando por ele na viagem.

Diretor: Jayme Monjardim


Ano: 2004
Duração: 2 horas e 21 minutos

Sites para consulta:


Arquivo Estadual de São Paulo: WWW.arquivoestado.sp.gov.br
CPDOC – FGV – RJ- Centro de Pesquisa em Documentação de História
Contemporânea do Brasil – Fundação Getúlio Vargas: WWW.cpdoc.fgv.br
Academia Brasileira de Letras – WWW.academia.org.br
Museu da Imagem e do Som – RJ- WWW.mis.rj.gov.br
Arquivo Nacional – RJ – WWW.arquivonacional.gov.br
Centro Cultural São Paulo – WWW.centrocultural.sp.gov.br

Livros:
BERCITO, Sônia de Deus Rodrigues. Nos tempos de Getúlio: da
Revolução de 30 ao fim do Estado Novo. 6 ed. São Paulo: Atual, 1990.
(História em Documentos).
FARIA, Antonio A. & BARROS, E. Luiz de. O retrato do velho. São
Paulo: Atual, 1984.
GOULART, Silvana. Sob a verdade oficial: ideologia, propaganda e
censura no Estado Novo. São Paulo: CNPq/Marco Zero, 1990.
LENHARO, Alcir. Sacralização da política. Campinas, SP: Papirus, 1986.
SCHWARTZMAN, Simon. Estado Novo, um auto-retrato. Brasília:
CPDOC/FGV, Editora da UNB, 1983. (Coleção Temas Brasileiros; 24).

Avaliação:
A Avaliação poderá ser feita na forma de redação individual de texto, em
que o aluno apresentará os seus conhecimentos sobre o assunto e os
resultados das atividades propostas. O professor poderá ainda avaliar a
participação dos alunos na montagem e apresentação da pesquisa e na
realização da palestra.

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