Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
http://www.michelfoucault.com.br/
HOBSBAWM, Eric. RANGER, Terence. A invenção das Tradições. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1997. Coleção Pensamento Crítico; v.55.
Pode-se dizer, segundo Hobsbawm (p. 271, 1997), que as tradições foram inventadas a
partir de 30 a 40 anos antes da I Guerra Munidal e podiam ser oficiais, não oficiais, formais
informais, políticas e sociais.
“Após a década de 1870, portanto, quase que certamente junto com o surgimento da
política de massas, os governantes e observadores da classe média redescobriram a
importância dos elementos “irracionais” na manutenção da estrutura e da ordem social.”
(p.276)
“Tanto o esporte das massas quanto o da classe média uniam a invenção de tradições
sociais e políticas de uma outra forma: constituindo um meio de identificação nacional e
comunidade artificial.” (p. 309)
Por que não existem leis de incentivo a projetos como o Sonora? Por que instituições públicas
não fazem projetos assim sendo de interesse dele?
A Funarte (instituição pública) antigamente fazia projetos como o do Sonora, por exemplo o
Projeto Pixinguinha, e por que deixou de existir?
Edino Krieger era supervisor da Funarte quando se deu o Projeto Pixinguinha (Ler a biografia
dele) e depois que ele saiu o projeto acabou.
Escrever no projeto:
Analisar um projeto cultural focado em música brasileira de qualidade com vertentes de
cultura popular e erudita no contexto das diretrizes de uma entidade representativa com
objetivo de disseminação e preservação da cultura nacional e formação de platéias e
democratização da cultura dentro e fora dos centros urbanos contemporâneos, principalmente
pequenos municípios.
Resumo da proposta: fazer resumo histórico do projeto buscando entender o sentido de
tradição.
“Sonora como identidade de um povo a partir da raiz da música brasileira” – falar do espaço
da música de raiz (não só o samba) nos lugares/mídia e a busca de identificação pelo público,
ou seja, o público que freqüenta os espaços destinados aos shows do sonora pretendem
encontrar ali uma identificação representada, de alguma forma, pela música singular que
caracteriza as apresentações do mesmo. Identificação esta que não chega pelos meios de
comunicação tradicionais, pois não encontram aí acolhimento para florescer.
http://jornalismob.com/2012/10/26/encontro-em-santa-maria-debate-midia-contra-
hegemonica-e-democratizacao-da-comunicacao/
http://www4.fct.unesp.br/docentes/geo/cliff/CULTURA%20E%20IDENTIDADE/
BIBLIOGRAFIA/08A%20VILLAS%20BOAS%20Modernizacao%20Ind%20Cultural
%20Hegemonia%202010.pdf
Segundo Raymmond Williams: “A hegemonia é então não apenas o nível articulado superior e
“ideologia”, nem são as suas formas de controle apenas as vistas habitualmente como
“manipulação” ou “doutrinação”. É todo um conjunto de práticas e expectativas, sobre a
totalidade da vida: nossos sentidos e distribuição de energia, nossa percepção de nós mesmos e
nosso mundo. É um sistema vivido de significados e valores – constitutivo e constituidor –
que, ao serem experimentados como práticas, parecem confirmar-se reciprocamente. Constitui
assim um senso da realidade para a maioria das pessoas na sociedade, um senso de realidade
absoluta, porque experimentada, e além da qual é muito difícil para a maioria dos membros da
sociedade movimentar-se, na maioria das áreas de sua vida” (1979, p. 113). [pág 2]
Ricardo Cravo Albin: dar uma olhada nas obras dele (musicólogo, pesquisador da música
popular brasileira)
http://institutocravoalbin.com.br/ricardo-cravo-albin/perfil/
INSTITUTO CULTURAL CRAVO ALBIN - para Pesquisa e Fomento das Fontes da Música Popular
Brasileira
http://www.museusdorio.com.br/joomla/index.php?
option=com_k2&view=item&id=85:instituto-cultural-cravo-albin-icca
Rio de Janeiro, RJ
Av. São Sebastião, 2 - Urca
Telefone: (21) 2295-2532
icca3@iccacultural.com.br
Horário: 2ª a 6ª das 11h às 18h
MUSEUS DO RIO
http://www.museusdorio.com.br/joomla/index.php?
option=com_k2&view=latest&layout=latest&Itemid=234
PROBLEMATIZAÇÃO:
Fazer uma contraposição entre modernidade e tradição, pois o projeto nasceu justamente dessa
dialética. Tudo o que é moderno hoje veio de algo tradicional e, se o que é moderno se
estabilizar, irá se tornar tradicional, uma tradição.
O projeto nasceu para ir na contramão da indústria cultural, essa cultura pop, que é ditada pela
indústria fonográfica. O que a indústria vende como interessante, cool e consumível, o sonora
mostra o contrário e prova com seus shows o que é uma autêntica música de raiz, verdadeira e
singular.
Pesquisar as diferenças entre música oral e música escrita, que a indústria/mídia dá o nome de
música erudita/clássica e música popular. Termos estes difundidos pela mídia.
A música brasileira possui uma raiz? Onde estão as raízes da música brasileira? Existe uma
música genuinamente brasileira, desenvolvida em solo brasileiro e sem influência de outras
culturas (autóctone)?
Dicas do Marcelo:
Em vez de dizer que o Sonora tem por objetivo levar um pouco de cultura musical para a
população de baixa renda, dizer que ele nada mais é do que um ponto de disseminação da
cultura popular brasileira. E a partir daí explicar o que é cultura brasileira.
“...por isso o projeto busca bancar artistas para ir na contramão dessa indústria. O Sonora não
busca um artista massificado. Busca um artista regional visando torná-lo nacional.”
2. O que é o projeto?
3. Missão do projeto
4. Objetivo do projeto
objetivo do Sonora é despertar no público o olhar crítico sobre a produção e os mecanismos de difusão da
música no país.
5. Diretrizes do projeto
Se baseia nas diretrizes de nº 8, 9
8. Pesquisar que tipos de programas sérios voltados para a música brasileira existiam
nessa época (antes de 1998)
Projeto Pixinguinha e o projeto História da Música Popular Basileira "De Chiquinha Gonzaga
a Paulinho da Viola".
11. Perfil do público que é atingido pelo programa (quem são? Por que vão? O que
pensam? Como vivem?)
A seleção das atrações – descobertas e escolhidas em conjunto por técnicos da instituição em todo o país –,
segue a diretriz do “desenvolvimento histórico” de uma música “genuinamente brasileira” e carente de
divulgação. Alguns dos últimos temas foram o violão brasileiro e os compositores Heitor Villa-Lobos (1887–
1959), César Guerra-Peixe e Claudio Santoro.
“Todos os concertos são acústicos e, por isso, realizados em locais pequenos, com média de 150 a
180 pessoas na plateia”, explicou Gilberto Figueiredo, assessor técnico em música do Departamento
Nacional do Sesc, durante coletiva de imprensa, realizada em Salvador.
Ao ritmo de caixas, cinco senhoras cantam em uma ou duas vozes a devoção religiosa no
projeto Sonora Brasil, que mostra a diversidade de hábitos e costumes de que é feita a riqueza cultural
do país. Trata-se de um resgate histórico do repertório, da manutenção da tradição oral brasileira e do
maior projeto de circulação musical do país.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
2006
Banza
Gentil do Orocongo
Filhos da Pitangueira
Korin Orixá
2007
UFBA
Re-Toques
Raízes Caboclais
2008
Orquestra Sinfônica MT
Filarmônica Amazonas
Duo Eberhardt-Lherena
Conjunto Coral
2009 (violões)
Marcelo Fernandes
Henrique Annes
Salomão Habib
Fabrício Mattos
Aluísio L. Jr.
Nicolas de S. Barros
Daniel Wolff
João Pedro Borges
2010
Quarteto de Brasília
Quinteto Leão do Norte
Quinteto Latino-americano de Sopros
Grupo Gyn Câmara
2011
2012
2009
“É o maior projeto de circulação musical do Brasil. Em 2009 são 31 concertos, a maioria em cidades
distantes dos grandes centros urbanos. A ação possibilita às populações o contato com a qualidade e
diversidade da música brasileira, e contribui de forma significativa para o ocnjunto de ações
desenvolvidas pelo SESC, com vistas à formação de platéia.”
2012
“O Sonora Brasil democratiza o acesso à cultura, chegando a cidades distantes, com grande carência
de atividades artísticas.” (ver diretriz no. 9)
“(...) nossa intenção (...) não é apenas a divulgação das apresentações, ação esta já realizada
satisfatoriamente pelos DDRR, mas capturar sua visibilidade para o SESC, tornando suas atividades,
missão e visão conhecidas do grande público.” (ver Diretriz no 8)
xxxxxxxxxxxxxxxxxx
“A clientela do SESC se caracteriza pelo baixo nível de informação musical, face ao reduzido acesso
das grandes camadas a um universo mais amplo, e da precariedade da educação nas escolas.”
“O conteúdo musical de cada espetáculo (...) obedecerá uma ordem cronológica de desenvolvimento
da história da música no Brasil, priorizando aspectos de informação cultural fundamentais, aliados a
formas de entretenimento qualificado.”
“(...) soma-se a isto a total inexistência de programas sérios, educativos e culturais, sedimentados na
pluralidade da informação, em sintonia com o mundo contemporâneo.”
Artigo: O que representa a indústria fonográfica (...) nacional para o Brasil? (HERSCHMANN, pág,
15, ano?)
“Ao mesmo tempo, é preciso ressaltar também que o espaço espontâneo oferecido às indies nos
jornais w justamente com a mobilização dos consumidores alcançada pela internet e através da
divulgação boca aboca indicam que os agentes sociais não se movem apenas em função do mercado
e das ferramentas de comunicação, mas também em função de questões identitárias/culturais.”
(HERSCHMANN, pág. 15)
2003
2005
2010
Temas de 2013
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Características do Sonora
“O Sonora foi criado em 1998 pelo SESC com o objetivo de difundir a música brasileira de
qualidade, por meio da apresentação de grupos regionais espalhados pelo Brasil. O projeto busca
despertar no público um olhar crítico e incentiva novos hábitos de apreciação musical, com
apresentações essencialmente acústicas, que valorizam o som e a qualidade de seus intérpretes.”
(fonte: jornal O Liberal- PA 6/6/2011)
Ano 2001
Autor: Wagner Luiz Monteiro Campos
No. Chamada: 5378
DR/DE – DR/AL
Relatório feito em 05/11/2001
Relatório aborda a 3ª etapa do Sonora, realizado no Teatro Jofre Soares, do SESC Centro
Alagoas. AS outras etapas ocorreram em Maio e Julho.
Material de divulgação – veículos de comunicação local foram usados para divulgar o Sonora
(jornais e TV). Foram usadas também peças elaboradas pelo Departamento Nacional (cartaz-
convite, camisetas e banners).
Bibliografia Sonora:
Artigo de ADORNO:
http://pt.scribd.com/doc/33249591/O-FETICHISMO-NA-MUSICA-E-A-REGRESSAO-DA-
AUDICAO
www.constelaciones-rtc.net/03/03_08.pdf
google>theodor adorno>livros
“Theodor Adorno e a Crítica à Indústria Cultural” (tem um capítulo que fala do fetichismo)
Google>book.google.com.br
“Crítica dialética em Theodor Adorno- música e verdade nos anos 20” (Jorge de Almeida)
Número de Chamada: 780.1 ALM c
Ficha Catalográfica
sonoraorquestramt.blogspot.com.br
http://gpcomunicacaomusicaentretenimento.wordpress.com/sugestoes-de-leitura/
http://www.compos.org.br/seer/index.php/e-compos/article/viewFile/524/508
BOSWIJK, Albert; THIJSSEN, Thomas; ED, Peelen: the experience economy a new perspective
(pág 48 da dissertação)
CUMMINGS, Joanne: Sold out! Ethnographic study of indie music Festivals... (fala de identidade e
consumo) pág. 49
________ A indústria da música brasileira hoje – riscos e oportunidades. In: FREIRE FILHO,
João; JANOTTI JUNIOR, Jeder (orgs.). Comunicação e música popular massiva. Salvador:
EDUFBA, 2006.
IAZZETTA: A música, o corpo... (“essa projeção na direção do ouvinte é realçada pelos processos
de reprodução que vão impor, de certa forma, os padrões de recepção pág 56”)
SANTINI, Rose Marie: Admirável chip novo (fala da relação ouvinte-intérprete) pág. 55 da
dissertação
HERSCHMANN, M.: A indústria da música brasileira hoje. In: FREIRE, João F.: comunicação e
música popular massiva
NAPOLITANO, Marcos. A síncope das idéias: a questão da tradição na musica popular brasileira.
BARBERO, Jesus Martín. Pensar Juntos Espacios y territórios. D. Herrera y C.E. Piazzini (edits)
[Des] Territorialidades y [No] lugares,
ANDRADE, Mario de. Ensaio sobre a Música Brasileira (tem download no 4shared)
Número de Chamada: 780.981 AND e
Um dos conselhos europeus que tenho escutado bem é que a gente se quiser fazer música nacional
tem que campear elementos entre os aborígenes pois que só mesmo estes é que são legitimamente
brasileiros. Isso é uma puerilidade que inclui ignorância dos problemas sociológicos, étnicos
psicológicos e estéticos. Uma arte nacional não se faz com escolha discricionária e diletante de
elementos: uma arte nacional já esta feita na inconsciência do povo. O artista tem só que dar para os
elementos já existentes uma transposição erudita que faça da música popular, música artística, isto é:
imediatamente desinteressada. O homem da nação Brasil hoje, está mais afastado do ameríndio que
do japonês e do húngaro. O elemento ameríndio no populario brasileiro está psicologicamente
assimilado e praticamente já é quase nulo. Brasil é uma nação com normas sociais, elementos raciais
e limites geográficos. O ameríndio não participa dessas coisas e mesmo parando em nossa terra
continua ameríndio e não brasileiro. O que evidentemente não destrui nenhum dos nossos deveres
para com ele. Só mesmo depois de termos praticado os deveres globais que temos para com ele é que
podemos exigir dele a prática do dever brasileiro. (Pág 3. Mario de Andrade)
***************
ESCRITOS SOBRE MÚSICA DE MARIO DE ANDRADE
***************
Mas veremos, através de algumas das obras de Mário de Andrade, que o que ele desejava mesmo é
que a Discoteca estivesse a serviço de sua proposta de nacionalização musical a partir dos elementos
folclóricos da cultura tradicional brasileira. > tese da Fernanda pág 191
*******************
Mário de Andrade, por ocasião
de suas viagens ao Norte e Nordeste do Brasil entre 1927 e 1929, expôs o que viria a ser a sua
luta e a de Oneyda Alvarenga à frente da Discoteca Municipal: formar músicos e
compositores capazes de executar uma música verdadeiramente nacional e educar ouvintes
para o reconhecimento desta. Buscando essa finalidade, Mário também realizou diversos
estudos que resultaram nas obras expostas aqui. > tese da Fernanda pág 192
****************
Assim, essa crença numa arte “pura”, por vir do inconsciente de
seu criador, associada à valorização do primitivo sobre o civilizado e do natural sobre o
artificial, resultou num poderoso impulso de colecionamento de canções do povo por parte
dos intelectuais; além disso, esse material viria a dar respaldo aos estudos destes. Isso
aconteceu com Mário de Andrade aqui no Brasil e, no mesmo momento, acontecia na Europa. > tese
da Fernanda pág 192
**********************
ente, Mário de Andrade preocupou-se, muitas vezes, em definir o que é a
Música Popular. Para ele, esta seria a música “tradicionalmente nacional”, no sentido de
autóctone, ou seja, natural do lugar que quem a produz habita; que se origina na região onde é
encontrada; sem influências externas. Assim, a música adulterada pela cidade, influenciada
pelas “modas internacionais” e pelas indústrias fonográfica e radiofônica recebe do autor
modernista o rótulo de “popularesco” (Idem, p.167). pág 194
****************
seus artigos publicados pela coluna Mundo Musical do jornal Folha da Manhã em 8 de fevereiro de
1945, Mário fez uma distinção muito esclarecedora entre os seus conceitos popular e popularesco:
Popular e popularesco - uma diferença que, pelo menos em música, ajuda bem a distinguir o que é
apenas popularesco, como o samba carioca, do que é verdadeiramente popular, verdadeiramente
folclórico, como o ‘Tutú Marambá’, é que o popularesco tem por sua própria natureza, a condição de
se sujeitar à moda. Ao passo que na coisa folclórica, que tem por sua natureza ser ‘tradicional’
(mesmo transitoriamente tradicional), o elemento moda, a noção da moda está excluída. Diante
duma marchinha de Carnaval, diante dum ‘fox-trot’ que já serviram, que já tiveram seu tempo, seu
ano, até as pessoas incultas, até mesmo as pessoas folclóricas da população urbana, reagem, falando
que ‘isso foi do ano passado’ ou que ‘isso é música que já passou’. Passou de moda. Ao passo que
esse mesmo povo urbano, mesmo sem ser analfabeto, mesmo sem ser folclórico, jamais dirá isso
escutando na macumba um canto de Xangô que conhece de menino, uma melodia de Bumba-meu-
boi sabida desde sempre, e um refrão de coco de praia, que no entanto são festas anuais, tanto como
o Carnaval (ANDRADE In COLI, 1998, p.178). pág 194
*******************
Brasileira, concluiu o autor de Macunaíma, deveria significar toda música
nacional como criação tendo ou não algum caráter étnico: “(...) uma arte nacional já está feita
na inconsciência do povo. O artista tem só que dar pros elementos já existentes uma
transposição erudita que faça da música popular, música artística, isto é: imediatamente
desinteressada” (ANDRADE, 1962, p.16). Em outras palavras, o que Mário propunha era a
junção da música erudita à folclórica, resultando numa música facilmente identificável,
principalmente no estrangeiro, como sendo “a” música do Brasil. Pág. 195
**************
Nesse sentido, o modernista apontou o perigo de se cair num “exclusivismo” brasileiro,
reacionário, pois a própria expressão musical do nosso povo, original e étnica, provém de
fontes diversas (que Mário chamou de estranhas): ameríndia, africana e portuguesa; passando
pela influência espanhola, hispano-americana e, no período em que escreveu essas reflexões, a
influência do jazz e do tango (Idem, p.25). Da mesma forma, Mário defendeu que os
instrumentos estrangeiros também poderiam ter um caráter nacional: pág 196
*********
Segundo Mário, eram esses compositores “normais” que deveriam dedicar-se à diversidade das
manifestações nacionais,
também porque, de outra forma, dificilmente seriam reconhecidos:
A humanidade se enriquece pela grandeza e diversidade de suas manifestações. A
grandeza está mais no destino dos gênios (...) a diversidade é mais propícia aos
artistas mais comuns.
(...) São raríssimos os gênios que tiram a qualidade do seu gênio do coeficiente
racial (...) [já] pro artista em geral ser é ser principalmente nacional (ANDRADE,
1995, p.59). pág. 197
*************
Desde o aparecimento do "grande homem" no sentido romântico, desde Beethoven, a música sempre
mais se afasta do público, da sociedade, enquanto que na Idade Média existia uma rel Aação estrespectos
da Mita,úsica prof Brasileira). pág 198
**********************
arte interessada produzida e defendida por Mário, relacionada à sua concepção de arte popular,
encontra-se principalmente no campo das pesquisas musicais. As coletas que Mário de Andrade
realizou na década de 1920 e, em conjunto, as feitas pela Discoteca Pública, através das Missões de
Pesquisas Folclóricas, em 1938, fomentaram muitas dessas obras: As já citadas anteriormente e uitas
outras como Música de Feitiçaria do Brasil, Danças Dramáticas do Brasil, Os Cocos, Pequena
História da Música, Compêndio de História da Música, Dicionário Musical Brasileiro, Introdução à
estética musical etc. (pág. 203)
***********
Além de estudos de caráter pedagógico, como frisamos diversas vezes, esses livros eram importantes
para divulgar a música folclórica de lugares distantes. O intuito do funcionamento da Discoteca,
assim como os livros, portanto, prezava pela educação dos compositores nacionais e, assim sendo,
eram de importância extrema a riqueza e a diversidade desse material folclórico à disposição dos
músicos. (pág. 203)
**********
[A Música Brasileira] (...) está agora na fase nacionalista pela aquisição de
consciência de si mesma: ela terá que se elevar ainda um dia à fase que chamarei de
Cultural, livremente estética, e sempre se entendendo que não pode haver cultura
que não reflita as realidades profundas da terra em que se realiza. E então a nossa
música será, não mais nacionalista, mas simplesmente nacional (ANDRADE, 1991,
p.26 do princípio de utilidade, mesmo a tal dos valores eternos,será vã, será diletante, será pedante e
idealista". e In: http://www.atravez.org.br/ceem_6/dominio_musica_1.htm
*******************
A formação de uma verdadeira cultura depende, em primeiro lugar, da educação dos artistas e do público
para o serviço à causa comum e às idéias da comunidade. Os sentimentos individuais e pessoais de um
artista não contam, senão na medida em que tomam parte do patrimônio popular, das aspirações e dos
problemas do povo. Não pode haver música sem ideologia. É esta uma verdade que se tarda a
compreender.
Mas a educação da massa, num sentido moderno, é igualmente imperativa, afim de que o artista
possa criar algo de novo, seguindo a lei da evolução, pois toda a arte está classificada de acordo com
a teoria marxista dos valores e, segundo ela, a qualidade intrínseca de uma obra de-arte depende de
sua importância no progresso revolucionário da humanidade.
http://www.atravez.org.br/ceem_6/dominio_musica_1.htm
*******************
E mais: Mário de Andrade exige que o músico abandone, como ideal, a preocupação exclusiva de beleza,
de prazer desnecessário e "principalmente essa intenção estúpida, pueril mesmo e desmoralizadora de
criar obra-de-arte perfeitíssima e eterna". O artista moderno, adotando assim os princípios de arte-ação,
chegará a ser um "trabalhador intelectual", cujo apostulado principal é servir a uma causa comum,
sabendo que a sua arte é apenas a sublimação dos sentimentos e das idéias da coletividade. Sacrificando
as suas supostas liberdades, as veleidades e pretensõesinhas pessoais, o artista deve colocar como
cânone absoluto da sua estética o princípio de utilidade. "Toda arte brasileira de agora, que não se
organizar diretamente do princípio de utilidade, mesmo a tal dos valores eternos,será vã, será diletante,
será pedante e idealista".
Sem dúvida, a socialização do artista contribuirá decisivamente para a resolução de um problema que,
desde o século passado, agravou-se seriamente: o afastamento do público da criação viva, e a missão
entre a sociedade e o artista criador.
BIBLIOGRAFIA DE INTERNET
http://www.artnet.com.br/gramsci/arquiv169.htm
fim de que o
artista
As apresentações são gratuitas. No dia 21, o Teatro do Sesc contou com a performance da Banda de Congo Panela de
Barro, de Goiabeiras, Espírito Santo, que homenageou São Benedito. Como joinvilense, historiadora e apaixonada pelas
artes e cultura populares, saí de lá com a obrigação de escrever algo sobre essa proposta e o que tive o prazer de assistir.
No Espírito Santo, existem cerca de 60 grupos de congo, ritmo regido principalmente por um tambor confeccionado por
uma madeira chamada congo e uma casaca (origem africana), conforme nos contou o mestre Valdemiro Sales, que entre
as cantorias das cantadeiras ia proseando os causos da história do congo e a importância dessa cultura aos capixabas, e ao
Brasil, por causa do tombamento e da salvaguarda do congo e do ofício das paneleiras, enquanto patrimônios culturais
intangíveis pelo Iphan.
O percussionista Marcos Pereira, em um momento da apresentação, fez a seguinte ilação: “Estamos trazendo a nossa
cultura aqui, pra vocês conhecerem e pensarem ‘qual é a nossa cultura’ ‘qual a cultura de Joinville?’”. Achei emblemático!
A provocação de Pereira me fez pensar: quais são as nossas culturas? Como estão os nossos grupos locais? Conseguimos
contá-los? O que há efetivamente de salvaguarda para que nossos representantes de cultura popular não caiam no
esquecimento?
O exemplo me fez pensar sobre a cidade e viajei em pensamento até o Espírito Santo. Quero conhecer o Estado capixaba,
mas quero, sobretudo, conhecer e tentar entender os grupos culturais tradicionais locais que existem também na minha
cidade.
Pensei que talvez, num próximo Sonora Brasil, é possível que tenhamos um grupo de Joinville se apresentando em todos
os Sesc do Brasil. Pensei nos que nunca viram um fandango, um terno de reis, que na casa da minha mãe tem todo ano,
quando vizinhos amigos batem à porta, entram, contam causos, homenageiam o menino Jesus em cantoria, e se despedem
e vão para casa de outro vizinho. Lindo! Todo ano, minha mãe chora! Meu pai também. Eu corro o risco de não chorar
mais, porque a lembrança para mim torna-se vaga, esvazia-se pelo tempo. Por isso a necessidade de revivê-la. Salvem
todos os grupos tradicionais de cultura popular que existem e que não existem mais! Vida longa ao Sonora Brasil!
Trechos de dissertações
Felipe Pontes
Neste contexto, movimentos com forte identificação local, com referencias às raízes da própria
cultura e suas tradições, ganham corpo através de manifestações como o samba contemporâneo,
assistido no Rio de Janeiro. Essas manifestações seriam marcadas por um forte apelo ao resgate e à
memória do gênero, sublinhando seus elementos mais tradicionais, tendo como protagonistas não
apenas antigos atores desta herança viva, mas também um grupo de novos compositores e
arranjadores que anunciariam, com muito orgulho e prestígio, o fardo e a incumbência de pesquisar,
renovar, ressignificar, preservar e resgatar um cultura rica, construída através de décadas de lutas,
perseguições e conquistas. No Rio de Janeiro do século XXI, o samba surge como um produto
cultural de consumo amplo, ganhando destaque nos jornais e vivendo um intenso momento de
visibilidade midiática; tradições e saberes locais que, em contínuas negociações com forças
homogeneizantes da globalização, são retrabalhadas e reinventadas por atores dessa grande
comunidade sambista. (pág. ???)
A questão da identidade local, na Lapa, é um vetor importante, que agrega valor ao conjunto
das atividades que são realizadas na região. Herschmann lembra que o ato de ir assistir a um show
ao vivo (e/ou dançar) com músicas que são consideradas de “raiz”, genuinamente nacionais, é
encarado como um fator fundamental por parte dos consumidores em tempos de globalização. É
como se renovassem o seu compromisso59
com a cultura local, promovessem, ainda que de forma
pontual e através do consumo, a sua reterritorialização (Pereira, 1995; Ortiz, 1994; Canclini, 1997;
Hall, 1997). Página 61
As discussões entre cultura popular e cultura de massa, ou melhor, as tensões entre a atividade
criadora humana e a lógica do mercado e do consumo marcaram diferentes passagens do gênero,
desde a profissionalização dos sambistas, no início do século XX, aos lançamentos da indústria
fonográfica que se seguiram. (pág. 120)
Com o samba no século XXI isso não foi diferente. As frágeis linhas que separam a tradição do
tradicionalismo, a música popular da música de mercado, também marcaram as diferenças entre seus
protagonistas e seus produtos artísticos no começo do novo século. Concordamos que a tal
“musealização do presente” responda, em parte, a grande inquietação de uma geração ansiosa por
resgate e preservação, sentimento que já impulsionara um time de jornalistas e pesquisadores, como
Orestes Barbosa, Vagalume, Almirante, Ary Vasconcelos e Tinhorão, cada qual com seus pontos de
vista e linhas de pensamento. Mas a robustez desse movimento assistido no início deste século não
pode se limitar à uma obsessão memorialista e preservacionista. A tradição, que nutre as mais
diferentes manifestações do samba, não apenas ganhou status de protagonista como também serviu
para a reafirmação e legitimação de um grande número de artistas. A renovação que acompanhou
todo esse processo de resgate foi além da ação fossilizante do tradicionalismo: participou e se
reinventou, permitindo que novas vozes entoassem as cadências de ontem e de hoje.
Mas, como bem percebeu Debord, nada foge à sociedade do espetáculo. Mesmo as
manifestações culturais mais identificadas com o sujeito e a comunidade criadora, mesmo estas estão
vulneráveis a obedecer a um complexo sistema de articulações socio-culturais norteadas pela lógica
do mercado. Dentro dessa enorme esfera de consumo, existe um espaço, um nicho, ou melhor, uma
prateleira que sirva, por incrível que pareça, à desestruturação do próprio sistema. Este nicho de
resistência, muitas vezes passa despercebido, compartilhando entre seus comuns os códigos, as
ancestralidades, os ritos. O flerte com a indústria permite momentos de visibilidade e exposição que
lançam seus expoentes a alturas elevadas, tornando-se vozes frequentes nos produtos deste bios
midiático (SODRÉ, 2002).
O fenômeno da renovação e do resgate assistido no final dos anos 90 e início do século XXI
seguiu com grande apelo midiático. A tradição ajudou a pautar a maioria das peças comunicacionais,
realçando, sempre que possível, a história e a memória do gênero, iluminando a carreira de mestres e
jovens artistas. A herança cultural viva do samba ganhou páginas de jornais e revistas, destaques em
comerciais de TV e requintados produtos da grande indústria.
BIBLIOGRAFIA DE INTERNET