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CADERNO EDUCATIVO

Quando as línguas sonharam


subiram ao céu voando com os pássaros
lá contaram muitas histórias,
mares de memórias daquilo que já aconteceu
e cantaram os cantos do que ainda está por vir
tocaram as flautas e bateram nos tambores
então fez relâmpago de ideias
pensamento brilhou, o raio caiu
e de cada emoção, canção e lembrança
caiu uma gota
como semente do céu
foi chuva
choveu memória
choveu a palavra dos avós
para banhar os netos de sonhos
com cantos de força, paciência
dizendo que somos dessa terra
de muitos rios e florestas
onde mora muita gente mesmo
floresta de povos
floresta de pensamento
onde aprendemos a sonhar
e choveu pra levar as feridas abertas
onde estão as raízes
rios e raízes de pensamento
para contar e cantar
cantar os cantos dos netos e avós pássaros
cantar o rio.

Daiara Tukano, 2022


Esse rio que corre nestas terras ances-
trais conta muitas histórias em muitas
línguas. As línguas estão presentes nos
povos da floresta e em suas árvores.
No Brasil, existem diversos povos indí-
genas, também chamados de povos Yãn
o ma
originários, e cada um deles possui
uma história própria, uma cultura
am
e uma visão de mundo. Nin
Ya
Uma pessoa indígena é todo membro nom
am
de uma comunidade indígena, ou seja, i
um grupo de pessoas parentes entre Você sabia que os Yanomami vivem
si, povos que habitam esse continente am não só no Brasil, mas também na
nom
desde antes da invasão dos europeus e Ya Venezuela? Eles estão nos limi-
que apresentam modos de vida que se Ỹaro tes territoriais entre os dois países
a më
transformaram, ao longo dos séculos, e, por isso, chamamos essa área
até os dias de hoje. Sanöma
de fronteira. Nesse lugar existem
Uma floresta é feita de muitas dois rios, muito importantes para a
árvores. Cada árvore nasce de uma cultura yanomami, chamados Ori-
raiz e se ramifica em caule, galhos noco e Amazonas. Esse povo fala
fortes e folhas. As línguas são como as quatro línguas diferentes: yanomae,
árvores: elas se dividem em famílias, e yanõmami, sanima e ninam. Todas
podem ser agrupadas por relações de essas línguas fazem parte da mesma
proximidade. família linguística, a yanomami.
A palavra yanomami urihi tem
Pedra da aldeia diversos significados: a floresta e o
Demini. seu chão, pode significar território
e ipa urihi, que quer dizer “minha
terra”. Também pode significar a
região de nascimento ou de moradia
de um membro da comunidade, yano-
mae thëpë urihipë, em português, a
“floresta dos seres humanos”. Esta
Esta é a virola, uma árvore floresta é a mata que Omama criou
muito resistente que representa para os Yanomami viverem. Em outras
a família das línguas yanomani, palavras, é a terra Yanomami. Os
falada por um povo que é um Yanomami também usam urihi para
dos símbolos de resistência no designar o nome do mundo, urihi a
Brasil, e por isso visionário. pree, “a grande terra-floresta”.
DISPUTA DE PONTOS DE VISTA

As duas
pinturas
transmitem
as mesmas
ideias?

Como
interpretar
os possíveis
significados da
onça nestas
obras?
Evangelho na Selva (1893)
Benedicto Calixto
Foto: Isabella Matheus

As imagens dessa página retra-


tam diferentes visões de mundo
sobre os processos de coloni-
zação e catequização no Brasil,
ocorridos nos séculos 16 ao 19,
e que possuem consequências
até os dias de hoje. A primeira
é uma pintura de um artista
chamado Benedicto Calixto, um
pintor do século 19. A segunda
é uma obra de uma artista indí- Este espaço foi deixado para sua criação!
gena contemporânea chamada A redenção (2022) O que a onça representa para você?
Daiara Tukano. Daiara Tukano Desenhe acima a sua interpretação.
O QUE É O QUE É?
QUAIS BICHOS VOCÊ VÊ AQUI?

Todos os animais que


passam pela terra deixam
uma marca. A Terra e os
bichos são um único ser.
VOCÊ SABIA QUE O BRASIL As línguas da bicharada
NEM SEMPRE SE CHAMOU Somos muitos povos. Somos muitos seres: pessoas,
BRASIL? rios, árvores, nuvens, pedras, bichos que voam,
bichos que nadam, bichos que rastejam, monta-
As terras hoje chamadas Brasil têm muitos nhas, flores, florestas. Somos muitas memórias – e
nomes, atribuídos pelos povos originários, falamos muitas línguas.
como Pindorama e Yvy Rupa. Já o conti- Antes da invasão europeia no Brasil, eram fala-
nente que hoje vemos nos livros de história das mais de 1000 línguas! Mil formas de ver o sol
como América é conhecido também por nascer, de ouvir o rio correr entre as pedras, de
muitas nomeações: Abya Ayla, Tawantin- sentir a terra molhada embaixo dos pés. Mil jei-
suyu, Anáhuac, dados respectivamente pelos tos de explicar a chuva, e porque os relâmpagos
povos Kuna, Inca e Asteca. relampeiam e os trovões trovejam. Mil maneiras de
Com os nomes, aprendemos a importân- dar nomes aos pássaros, e de falar das cobras que
cia das coisas: dar um nome a uma região, a são venenosas e cuja picada pode matar alguém.
uma pessoa ou a um povo é um ato de iden- Enfim, mil jeitos de falar “mãe”, “pai”, “alegria”
tificar os lugares e os seres. Você conhece a e de falar da dor de dente, do espinho na ponta do
palavra identidade? Pois é, essa expressão pé, e da goiaba com bicho.
tem tudo a ver com identificar o mundo: as Hoje as línguas dos povos originários são, apro-
identidades são o que tornam as pessoas – e ximadamente, 180 em todo o território brasileiro.
os grupos de pessoas- únicas, assim como os
locais que conhecemos e os povos que vivem
nesses lugares.

A chegada dos europeus no século 15 foi uma


invasão que marcou um grande massacre
na América.
Você consegue
imaginar a perda
de línguas, culturas Essa invasão teve como resultado muitas
e seres vivos que mortes e perdas, além da extinção de culturas,
acontece há séculos de povos e de línguas. Isso sem falar na
no nosso país? extinção também de plantas e de bichos que
constituem a flora e a fauna desses territórios.

Ailton Krenak discursa


na Assembleia
Constituinte, 1987
(frame de vídeo)
OS KRENAK QUERO VOAR A Amazônia lança na atmosfera uma
quantidade de vapor d’água quase
Em Minas Gerais e em outros estados
COM OS RIOS igual à que o rio Amazonas, o maior
brasileiros – como São Paulo e Mato rio do mundo, despeja no mar todo dia.
Grosso – junto ao Rio Doce, vive o povo
Krenak. Até o século 19, eles eram
conhecidos como Botocudos. Este é um
jeito de falar bastante preconceituoso,
que foi usado para nomear muitos dos
povos de origem linguística Macro-Jê 1 Umidade vinda
no território brasileiro pelo uso dos do oceano entra
na Amazônia
botoques, um tipo de disco sagrado
usado nos lábios.
Como muitos outros povos indígenas
atuais, os Krenak se autodenominam
Borum e buscam viver em suas terras, 2 O encontro do vapor
d’água lançado pelas
ensinando a sua língua às novas gera- Orinoco, Tietê, árvores com a umidade
ções, apesar da atividade destruidora Tamanduateí, Xingu, forma os “rios voadores”
da mineração e da exploração da terra Juruá... Você
na região do Rio Doce. conhece algum
desses rios?

1 ÁRVORE 500 milhões Os rios voadores percorrem


3
500 LITROS de árvores o país pelo oeste, levando
Descubra outros 250 BILHÕES chuva para outras regiões.
aqui: DE LITROS

educa.ibge.gov.br/
jovens/
conheca-o-brasil/ Você já ouviu falar dos rios voadores? MENOS ÁRVORES
rios-do-brasil =
Os rios sonham e podem até voar alcançando os
MENOS CHUVAS
céus e viajando de Sul a Norte. Um rio que voa MAIS CALOR
leva água de um ponto ao outro. Em um ciclo que O desmatamento
depende de todos os ecossistemas que o compõem, da floresta reduz a
o rio é vida. Esse processo natural alimenta os quantidade de vapor
reservatórios de água e a sobrevivência das matas, d’água lançado na
mas quando um dos pontos deixa de existir, os rios atmosfera, diminuindo
voadores ficam ameaçados. Aí, ao invés de levar a produção de
água, podem levar fumaças de queimadas ilegais, chuvas e aumentando
envenenando o ar e matando os peixes. a temperatura.
O FUTURO É INDÍGENA Neste mapa temos a representação
das famílias de línguas indígenas
faladas no território brasileiro,
sendo a Tupi a maior delas.
A população indígena está
espalhada por todo território,
mas apenas 13% de suas terras
CARACAS
foram demarcadas. A demarcação
garante o direito indígena a terra
e tem como objetivo protegê-la de
invasões.
VENEZUELA GEORGETOWN
Você reparou que há poucas
PARAMARIBO
GUIANA terras indígenas demarcadas no
CAYENNE
Aruak GUIANA
nordeste brasileiro? Observe que há
FRANCESA Karipuna
BOGOTÁ Karib Karib SURINAME
Karib Aruak Karib Karib Galibi-Marworno
Arutani Karib
muitas línguas faladas fora das ter-
Aruak Karipuna Aruak
Aruak
Karib Aruak Karib Karipuna
COLÔMBIA Karib Boa Vista Aruak Galibi-Marworno ras indígenas.
Yanomami Karib Karib
Aruak Aruak
Aruak
AP
RR Karib
Naduhup Karib
Tukano Tupi
TukanoAruak Karib
Aruak
Aruak Tukano
Karib
Aruak Tukano Tupi Macapá
Karib
Tukano Aruak Naduhup Tukano
Karib Karib
Naduhup Aruak Tikuna-yuri
Tukano Aruak Naduhup
Katukina Karib Belém
Naduhup Naduhup
Katukina
Tikuna-yuri Tupi PA Tupi Tupi Tupi
Bora
Tupi Tupi Tupi Tupi
Tikuna-yuri Aruak Tupi Tupi Tupi São Luís
Tikuna-yuri AM Manaus Tupi
Tikuna-yuri Tupi Arawá Tukano Tupi Tupi
Tikuna-yuri Aruak Tupi
Tikuna-yuri Tupi Pano Tupi Tupi Tupi
TupiTupi Tupi
Tikuna-yuri Tikuna-yuri Tikuna-yuri Tupi Bora Tikuna-yuri Tikuna-yuri Katukina Tupi Karib Tupi Fortaleza
Tupi
Tupi Tupi Aruak Tupi
Tikuna-yuri Tikuna-yuri Tupi Macro-Jê
Bora
Tikuna-yuri Tupi Aruak Tupi Karib Tupi MA
Tikuna-yuri Tupi Tupi Tupi
Aruak Teresina
Katukina Tupi Macro-Jê Tupi Tupi
Tupi Macro-Jê
Tupi Tupi Tupi
Katukina Arawá Aruak Tupi Tupi Tupi RN
Arawá Aruak Tupi CE Natal
Pano Aruak Mura Tupi Tupi Macro-Jê Tupi PI
Aruak Mura Macro-Jê Macro-Jê Macro-Jê
Arawá Mura
Arawá Tupi Macro-Jê Macro-Jê Macro-Jê
Katukina Arawá Tupi
Katukina Arawá Tupi
Arawá Arawá Mura Macro-Jê PB João Pessoa
Pano Tupi Macro-Jê
Arawá Arawá Arawá Tupi Tupi
Pano Aruak Aruak Aruak Tupi Macro-Jê
Tupi
Pano Arawá Macro-Jê
Pano Pano Pano Aruak Aruak Arawá Tupi Recife
Aruak Aruak Tupi
Pano Pano Pano Aruak Tupi Tupi Macro-Jê PE
Aruak Macro-Jê
Pano Aruak Tupi Macro-Jê
Pano Arawá Aruak Porto Velho Tupi Macro-Jê Yaathe
Pano AC
Pano Macro-Jê Macro-Jê
Aruak Aruak Aruak Pano Tupi Macro-Jê
ArawáArawáArawá Macro-Jê
Pano Aruak Aruak Macro-Jê AL
RO Tupi Aruak
Pano Arawá Tupi Maceió
Rio Branco Txapakura
Tupi Macro-Jê
Pano Tupi Palmas SE
Tupi Macro-Jê Macro-Jê Tupi Macro-Jê
Aruak Txapakura Tupi
Pano Tupi Tupi Aracaju
Txapakura Txapakura Aruak Macro-Jê Macro-Jê
BRASIL
Tupi Tupi Macro-Jê Tupi Macro-Jê
Txapakura Tupi Macro-Jê Tupi BA
Macro-Jê Aruak Trumai Macro-Jê
ERU Txapakura Txapakura Tupi Macro-Jê Tupi
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Aruak Myky-Manoki TO
Macro-Jê Karib
Aikanã Aikanã
Aikanã Nambikwara ˜
Myky-Manoki Tupi
Kanoé Tupi Tupi
Tupi Nambikwara Myky-Manoki
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Kanoé Nambikwara
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Aruak Macro-Jê
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Aruak Karib Macro-Jê
Aruak Karib Macro-Jê
Aruak Aruak Aruak Macro-Jê GO
Nambikwara Macro-Jê Macro-Jê
Aruak Myky-Manoki
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Nambikwara Aruak Bororo Macro-Jê
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BOLÍVIA Cuiabá
Macro-Jê Bororo
LA PAZ Bororo Bororo
Guató Bororo Goiânia Macro-Jê

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MG

Macro-Jê ES
Macro-Jê
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Aruak Aruak Belo Horizonte Tupi
Aruak Aruak Aruak Vitória
Zamuco Aruak Aruak Campo Grande
Guaikuru Aruak Aruak
Aruak
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Tupi
Tupi Macro-Jê
Tupi AruakTupi Aruak RJ
PARAGUAI
Tupi Tupi Tupi Tupi SP
Tupi Tupi
Tupi Rio de Janeiro
Tupi Tupi
Macro-JêTupi Tupi
Tupi Tupi Tupi
Tupi Tupi Tupi
Macro-Jê Tupi Tupi Tupi São PauloTupi
CHILE Tupi Tupi
Tupi Macro-Jê Tupi Tupi
Tupi Tupi Macro-Jê Tupi Tupi
Tupi Tupi
Macro-Jê Macro-Jê Tupi Tupi
PR
Tupi Macro-Jê Tupi
ASUNCIÓN Tupi
Tupi Tupi Tupi
Macro-Jê Tupi Curitiba
Macro-Jê Tupi TupiTupi
Tupi
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Macro-Jê Macro-Jê
Macro-Jê Macro-Jê Tupi
Tupi Tupi
Macro-Jê Macro-Jê Tupi
Macro-Jê
Tupi SC Florianópolis
Tupi Tupi
Macro-Jê Macro-Jê Macro-Jê Tupi
Macro-JêTupiMacro-Jê Tupi

Tupi Macro-Jê
Tupi Macro-Jê
Tupi
Tupi Tupi
Porto Alegre
Charrua Famílias Linguísticas
Tupi Tupi Tupi
ARGENTINA Tupi
RS Tupi Faladas Em Terras Indígenas
Tupi

Reconhecidas No Brasil
URUGUAI

SANTIAGO
Terras Indígenas
Terras Indígenas
BUENOS AIRES
MONTEVIDEO

Família linguística
Família linguística
Língua isolada Lín ua isolada
Língua isolad
Língua de contato
contat
Língua de contato

0 100 200 300km

01 00 200 300km
Mapas em alta
resolução em:
g a
nhepora.mlp.org.br

o
OS CANTOS EM MARCHA A voz desses pássaros poliglotas se

a ?
ch ui
estende para as múltiplas dimen-
SE ENCONTRAM

ar aq
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sões de luta pelos direitos dos muitos

m a p
bé ra cê
povos indígenas.

m pa vo
ta io u,
Uma dessas dimensões é a Marcha

Ve exé

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O Japó, Japiim ou Guaxe é conhecido por ser mes- por Direitos Indígenas do Acampa-

X
tre das línguas e dos cantos, afinal, consegue imitar mento Terra Livre, um encontro que
vários animais, assim como outro pássaro da mesma acontece todos os anos desde 2004.
família, o Xexéu. Eles são conhecidos por alguns São mais de 8 mil lideranças de 200
povos indígenas. O Xexéu, por exemplo, é um pássaro povos originários, caminhando jun-
conhecido do povo Yudjá e o Japó está presente nas tos, ao som dos maracás, para reivin-
narrativas dos povos Sateré-Mawé e Maraguá, como dicar seus territórios ancestrais e o Somos sementes da
podemos observar abaixo: respeito às suas diferentes visões de Resistência Yacunã Tuxá
mundo.
Confira um trecho do documento

É
Entoando felicidade, os pássaros oficial do Acampamento Terra Livre

o
gr n
diziam: —Vamos! Cante Japĩĩ. publicado em 2022:

ito os É
de sos UR
Imite a todos nós! Imitou o inãbu,

so pa GE
o kakãmĩ, o mururé, o pitaguá, (..) Queremos ser protagonistas

co re NT
rr nt E!
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o tikuã... Todos que pediam, dos nossos planos de vida, exercer a

do .
O
i,

s
ele imitava. nossa autonomia em nossos territó-
Ja

rios e o nosso direito de participa-


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Yaguarê Yamã
ac

ue im ar re

ção na formulação, monitoramento


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bo de no nte
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e avaliação das políticas públicas


m lo sso s.
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que nos dizem respeito (...)


ve e
r.

Retomando o Brasil: demarcar territórios


Você sabia que antigamente o e aldear a política. Documento oficial

,
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povo Maraguá era tido como da ATL 2022

do
cu o
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u? ti to e
a olí
parte do povo Sateré- Mawé?

xé já en ão
nh p
Xe ocê am caç
Só em 2004 ele foi considerado

V e ar
al em
um povo diferente por causa

D
d
dos seus costumes e tradições.
Para saber mais sobre esses
dois povos você pode acessar: O escritor da narrativa acima,
pib.socioambiental.org/pt/ Yaguarê Yamã, traz a figura desse
Povo:Satere_Mawe e ler o livro pássaro poliglota, a partir do
Maraguápéyára, cuja coau- lugar da construção dos saberes
toria também é de Yaguarê de dois povos que o constituem:
Yamã. Sateré-Mawé e os Maraguá.
OS GUARANI VOCÊ VIU O XIVI POR AÍ?
Os Guarani Mbya vivem em várias A presença de diversos povos
regiões do Brasil, entre elas nas áreas indígenas não se restringe apenas
banhadas pelo oceano Atlântico das aos meios rurais ou às florestas,
regiões Sul e Sudeste do Brasil. Além estando também em meios urba-
desse povo, existem também outras nos, principalmente nas periferias.
comunidades indígenas Guarani, Esses espaços estão sujeitos às
como Ñandeva e Kaiowá, que estão intervenções o tempo todo.
espalhadas por outros espaços da O lambe-lambe é um bom
América Latina – Paraguai, Bolívia exemplo de intervenção artística
e Argentina. urbana que tem o intuito de
Esses dados são interessantes por- transmitir ideias e pensamentos,
que mostram como a noção de terri- divulgar as artes ou até mesmo
tório desses povos é muito diferente protestos por meio de imagens
do que a que aprendemos na escola. e textos.
Na sala de aula, “território” é um Observe ao lado os cartazes
local que pertence a um país. Para os produzidos coletivamente, nos
povos Guarani, a palavra território é anos de 2018 e 2019, pelos artis-
determinada pela própria natureza tas contemporâneos Denilson
dos rios e dos oceanos. Seu território, Baniwa, Jaider Esbell, Sallisa Rosa
portanto, está associado a uma visão e Gustavo Caboco.
de mundo. 
A preservação da cultura guarani
está diretamente ligada à preserva-
Que tal você
ção de sua língua, como mostra o pro-
produzir o seu
jeto de lei abaixo: lambe-lambe? O lambe-lambe é feito com papel, cola-
gens, estêncil e uma mistura proporcio-
nal de cola com água, como a técnica
utilizada na obra acima.
Pense sobre o que você gostaria de
expressar. Aproveite para fazer um
O projeto de Lei 436/2021 propõe a cooficialização da mural na sua escola ou no seu território.
língua guarani no município de São Paulo.
Para saber mais sobre essa linguagem
Junto com outras políticas públicas, visa garantir a exis- visual, você pode acessar: www.you-
tência desses povos, estimula a preservação de direitos tube.com/lambe-lambe
aos povos indígenas presentes no território paulistano,
além de permitir o acesso à serviços públicos.
DORMIR É VIAJAR ENTRE PLANOS NADA ESTÁ DESCONECTADO

Para muitos povos indígenas as palavras têm espírito e ao


Antigamente, os bichos falavam, longo desse caderno vimos termos importantes que serão
as plantas falavam e até as pessoas lembrados aqui. Você já resolveu um criptograma? É um Boa sorte e
falavam. Sela’ã foi o criador de todos jogo em que símbolos iguais equivalem às mesmas letras. bom jogo!
os seres vivos. Como as plantas e Ao completar o desafio, você irá descobrir o termo escon-
os bichos conversavam de maneira dido nos quadrados da primeira coluna.
diferente das pessoas, ele tirou delas Que tal você
o direito de falar. Um pouco antes tentar cantar a Conservar-se firme; não sucumbir,
disso acontecer, a kuli (cutia), que música em Yudjá? não ceder
era egoísta e não ensinava nada a Qual ritmo ela
teria? Nome de rio, cataratas,
ninguém, vivia o dia todo cantando
água grande
sua música:

Kuli, Kuli, Kuli Similar a orgânico


Kuli, Kuli, Kuli
Ume parara kuli Cobra que morde muitas vezes
Kuli
Ume parara kuli
Kuli, kuli, kuli Saiba mais sobre o povo Yudjá Aqueles que levam os rios voadores
Kuli-li, kuli O povo Yudjá vive no Parque Indí-
gena do Xingu, em Mato Grosso. Todo mundo tem menos a minhoca
Certa vez, uma Yudjá, caminhando pela Outros indígenas e não-indígenas
floresta, ouviu e aprendeu a música da chamavam esse povo de Juruna Estado que concentra a maior
floresta do Brasil
kuli. Ao cair da noite, ela cantou essa (yuru = boca e una = preta), uma
música ao seu filho e, neste momento, o referência à tatuagem preta facial Determinação de fronteiras ou
espírito da criança retornou ao tempo que usavam até meados do século limites de espaço através de marcos
ancestral em que os humanos podiam 19. Mas a autodenominação desse
É uma espécie de mamífero carnívoro,
conversar com as plantas e os animais. grupo – a maneira como eles se também chamado de jaguar
Essa cantiga, então, é uma espécie de nomeiam – é Yudjá (dono do rio),
passagem para que ao dormir seja pos- pois são excelentes canoeiros e Processo de retomar e reviver
sível viajar entre o plano espiritual e o pescadores. Ficou curioso? Acesse uma língua
terreno. o site abaixo e descubra mais:
pib.socioambiental.org/pt/Juruna Lugar que se aprende coletivamente

Ato ou efeito de sonhar


A INFÂNCIA É SAGRADA CARTA-CANTO AO MUNDO DO FUTURO
Todos os dias falamos um monte de em português e guarani Mbya
palavras indígenas e nem nos damos
conta disso. As cantigas de roda des-
tacadas aqui ilustram brevemente a Mundo,
contribuição das línguas indígenas no
um dia, todos os seres viverão em suas oo em paz. Os
português brasileiro. CASA
gûyrá kuery farão os seus ninhos, sem medo dos caçado-
PÁSSAROS
res. Os yakã correrão os seus caminhos, e o xivi virá à
RIO ONÇA
beira d’água matar a sede, sem se preocupar.
PÁSSAROS O japu e o xexéu baterão longos papos à luz do entardecer,
Ó
,p

SA i, s aia [..

POLIGLOTAS
Sa a, S oa
ia la

I, ai d .]  

tão longos que toda a mata irá parar para escutar as aves


b g

PI , s a

H
AB ai

N
poliglotas. Sob milhões de jaxy tata iluminando os céus,
TI
A ,

 
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LE

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iz e p ot ESTRELAS

[.
O

pi dro  
-p   
os avós se sentarão em torno das fogueiras, pytũn, e nos
ar d e P

au
RB

ca e
N o d i- t
BO

À NOITE
O rn Po

Lembrou de contarão histórias até adormecermos.


Pe ..]
a
 
[.

outra cantiga?
FU i a r á re ro

Haverá florestas para todos os lados por onde se olhe.


h
Fu ebe ont to
I A o t gu i be ró

Que tal verificar


l
b c no

O or a la dei

se alguma palavra
en ue

TO or e n m xe

O verde será a cor de todos os cantos. Nenhum ser mais


q

dela veio
RO ó ão ore i.

do Tupi? morrerá de fome: haverá comida para todos. O ouro

repousará o seu sono eterno sob a Terra, como deve ser,


ac na
he

e as ita mais bonitas serão todas as que existem no


i

PEDRAS
mundo. Brilhantes da água da oky, as flores serão um
CHUVA
Para isso você lago para as eiru, e o barulho das gotas caindo na terra
pode usar o ABELHAS
será como o som do mbaraka mirim. As minhocas dança-
www.dicionariotupiguarani. MARACÁ
com.br/ rão felizes nas raízes das árvores velhas.
Se divirta!   Os homens usarão os seus tembekua e os seus botoques,
TEMBETÁ
e falarão todas as línguas do mundo. E todos conhecerão

a textura e as cores do urukum e do jenipapo.


URUCUM
GOVERNO DO ESTADO MUSEU DA LÍNGUA Aline Anastácio, Alyce
DE SÃO PAULO PORTUGUESA Kowalkowski, Ana Paula de
Oliveira, Cainã Barbosa, Carlos
Governador Silva, Daniela Almeida, Ingrid
GESTÃO
Rodrigo Garcia Moraes, Jaqueline Reis, Jaz
IDBrasil Cultura, Educação e
Hausf, Jordana Oliveira, Kauê
Secretário de Esporte – Organização Social
Pontes, Leonardo Salvaterra,
Estado de Cultura de Cultura
Leticia Garcia, Marcelo Gomes,
e Economia Criativa
Nathalia Oliveira, Pedro
Sérgio Sá Leitão CONSELHO DE Gabriel, Rafaela Lopes, Raíssa
ADMINISTRAÇÃO Souza, Regina Santos, Rita
Secretário
Executivo de Estado Presidente Ferreira, Tatiane Silva, Vian
de Cultura e Economia Carlos Antonio Luque Tenório, Vitória Moreira
Criativa (ORIENTADORES)
Rogério Custódio de Vice-Presidente
Oliveira Clara de Assunção Azevedo

Chefe de Gabinete Diretora Executiva VALE | INSTITUTO


Frederico Mascarenhas Renata Vieira da Motta CULTURAL VALE

Coordenadora da Unidade Diretora Administrativa Vice-Presidente Executiva de


de Preservação do e Financeira Sustentabilidade da Vale e
Patrimônio Museológico Vitória Boldrin Presidente do Conselho do
Paula Paiva Ferreira Instituto Cultural Vale
Diretora técnica
Maria Luiza de Oliveira
Marília Bonas
Pinto e Paiva
Coordenadora do
Diretor Presidente do
Comitê Curatorial
Instituto Cultural Vale
Isa Grinspum Ferraz
Hugo Barreto
NÚCLEO DE EXPOSIÇÕES E
PROGRAMAÇÃO CULTURAL
Alita Mariah (Coordenadora) NHE’Ẽ PORÃ MEMÓRIA E
Clara Machado (Produtora) TRANSFORMAÇÃO
Vinicius Rigoletto (Produtor)
Letícia Leal (Produtora) Concepção e Curadoria
Daiara Tukano
NÚCLEO EDUCATIVO Assistência de Curadoria e
Marina Toledo (Coordenadora) Coordenação de Pesquisa
Amanda Cuesta (Assistente de Majoí Favero Gongora
Formação e Conteúdo)
Juliana Barreto Tavares Curadoria Especial para
(Assistente de Coordenação) Línguas Indígenas
Edson Ignácio (Supervisor) Luciana Raccanello Storto

Amanda Amaral, Anaily Sequera,


Billy Tupã Fernando, Daniela
Soares, Ellen Silva, Fauston Flora,
Heloísa Milena da Silva, Janaina
Eleutério, Jonatha Oliveira,
Luiza Colarino, Mariana Lachner,
Rafael Silva, Rafael Hernandez
Werá Mirim, Sidney Zonatto,
Stephanie Oliveira, Vanessa
Oliveira (EDUCADORES)

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