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TRIBO YANOMAMI: UMA HISTÓRIA A SE CONTAR

INTRODUÇÃO

O presente ensaio acadêmico objetivou trazer características sobre a


história de uma tribo indígena chamada Yanonami, utilizando de recursos
descritos em artigos atuais e fatos narrados em uma obra documentada em
forma de filme chamada “A Última Floresta”. Trata-se do primeiro trabalho da
disciplina de Praticas Musicais no Brasil ofertada no curso de Licenciatura em
Música da Universidade de Caxias do Sul. Didaticamente, foram descritas
características gerais sobre a tribo nas primeiras páginas, em seguida,
características de guerra em situações de luta pelos direitos da terra e contra a
exploração do minério Crê-se que, para o leitor, seja interessante assistir a obra
documentada como filme na integra, cujo desfecho seria uma melhor
compreensão do que se argua neste trabalho.

OCUPAÇÃO YANOMAMI: MINHA FLORESTA ESTÁ VIVA

A floresta sempre foi acessível a todo ser humano que a deseja


frequentar, mas quando analisamos o fato de que, dividi-la com quem não a
entende como uma entidade viva e sim como um espaço inerte de exploração
econômica, fica difícil aceitar. Esse é o caso da tribo de indígenas Yanomami
que vamos retratar durante o ensaio.
A tribo Yanomami (pode ser traduzida como “seres humanos”) fica
distribuída em cerca de 350 aldeias, somam um pouco mais de 35 mil pessoas,
ocupando atualmente um território de cerca de 192.000 km2 de ambos os lados
da fronteira entre a Venezuela e o Brasil, como curiosidade, a densidade
demográfica decresce na medida em que nos aproximamos do limite desse
território.
A tribo Yanomami como mencionado anteriormente, considera a floresta
uma entidade viva, inserida numa complexa dinâmica cosmológica de
intercâmbios entre humanos e não-humanos, onde a depredação dela gera
doenças e traz espíritos maléficos. Algumas características desse cuidado com
a floresta pela tribo podem ser observadas no documentário “A Última Floresta”,
na colheita de frutos, na caça, obtenção de recursos como a madeira para os
arcos, que sempre são feitas com organização e desprovidas de abundancia,
além da proteção contra os “brancos” na exploração de minérios. Um fato curioso
sobre os Yanomami é que quando uma árvore cai na floresta e atravessa a trilha,
raramente é removida ou cortada. Contorna-se simplesmente o obstáculo e
segue-se em frente, onde aquela passagem que seria direta entre uma aldeia e
outra, torna-se algo parecido com uma serpente retorcida. Não se atravessa a
floresta aleatoriamente para ir de um ponto a outro: os arbustos, os espinhos, os
cipós e outros obstáculos tornariam o trajeto um suplício. Assim, há sempre uma
teia de trilhas ligando cada aldeia a outra, cada região a outra. Trilhas antigas,
incontáveis. Seu estado depende da importância e do uso que delas fazem os
Yanomami.
YANOMAMI: INICIO DA VIDA

O universo Yanomami é bem curioso sobre como tudo se originou. Deve-


se entender de que ele é povoado por uma infinidade de espíritos e imagens
cósmicas onde trata-se sobretudo, dos hekura, os “espíritos auxiliares” do xamã
(xapori), que são responsáveis pelo equilíbrio do mundo e pela manutenção da
vida tal como ela é. Na verdade, os hekura estão na origem de todas as coisas
e seres, pois estão presentes desde sempre. Todos os xamãs yanomami
afirmam categoricamente que, para conhecer os hekura, é preciso consumir
epena ou yakoana, a droga halucinógena que é inalada durante o rito xamânico.
Partindo do princípio, segundo Davi Kopenawa Yanomami (líder xamã
Yanomami) na obra documentada “A Última Floresta do autor Luiz Bolognesi
(2021):
No início, não existiam os rios, as águas corriam fundo debaixo da
terra, nenhum ser humano vivia ali, somente existiam seres
sobrenaturais, que eram os animais e os irmãos Omama e Yoasi. Certo
dia, Omama perfurou o solo da floresta, em seguida, a água foi se
acumulando na terra e começou a correr em todas as direções,
formando os rios e os lagos da floresta. Todas as árvores que temos
foram plantadas por eles. Certa vez, enquanto colhiam os frutos,
começaram uma grande ventania, surgiu o perfume da floresta,
perfume de todas as flores.

As crenças Yanomami de como tudo começou rodeiam sobre esses dois


irmãos, Omama e Yoasi. Remetem sua origem à copulação do demiurgo Omama
com a filha do monstro aquático Thuëyoma. A Omama é atribuída a origem das
regras da sociedade e da cultura Yanomami atual, bem como a criação dos
espíritos auxiliares dos pajés: os ''xapiripë ''(ou ''hekurapë''). Já o Yoasi, o irmão
ciumento e malvado de Omama, o consideram a origem da morte e dos males
do mundo.

YANOMAMI: ESPAÇO NOSSO

Dada a importância da preservação da floresta por parte dos Yanomamis,


a tribo não estava acostumada a receber “visitas” nas suas terras. Por sua vez,
surgiram os brancos (chamados de napëpë pela tribo) que começaram a explorar
as riquezas através do garimpo de rios em busca de minérios e ouro. Logo, os
Yanomamis começaram a “espantar” de suas terras os brancos. Observando a
obra documentada “A Última Floresta”, a tribo tem uma espécie de preparação
para entrar em guerra. Com exceção do líder, pintam todo seu corpo de preto,
deixando apenas os olhos e orelhas sem pintar, se armam de arcos e flechas,
se dividem em grupos e dialogam para a saída dos garimpeiros. É fomentada
situações de rios secos e negociação dos brancos para explorarem as terras,
onde, não devem aceitar, “espingarda não alimenta”.
Atualmente, os Yanomamis estão em estado de emergência devido as
invasões e exploração das terras pelo garimpo. O garimpo causou, entre outros
problemas, a contaminação do solo, deixando a terra improdutiva para a
agricultura, e dos rios que mata os peixes. Os animais (que serviam de caça)
também fugiram das redondezas.
Para ilustrar esse estado de emergência, observe a informação
contida na obra documentada “A Última Floresta”: do autor Luiz Bolognesi
(2021):
Em 2019, com a entrada de um novo presidente, mais de 20 mil
garimpeiros voltaram a invadir o território Yanomami, derrubando a
floresta, envenenando os rios com mercúrio e trazendo a covid-19 para
as aldeias. Em vez de cumprir a constituição e proteger os índios, o
novo governo tenta legalizar a invasão das terras indígenas por
garimpeiros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ensaio acadêmico não buscou responder tais questões polêmicas com


respeito a governos ou liberação do garimpo, embora opiniões tenham sido
emitidas, mas com a intenção de dar visibilidade para tais situações de
emergência que a tribo Yanomami está passando, que podem ser resolvidas
com intermédio de autoridades superiores. Lembrando de que se trata de vidas
que dependem unicamente de recursos diretos da floresta para sobreviver e
onde suas crenças e valores estão contidos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

A Última Floresta. Direção: Luiz Bolognesi. Produção de Caio Gullane: Brasil:


Gullane filmes, 2021.Netflix.

SANTOS, Gabriel. YANOMAMI O QUE ACONTECEU? Entenda resumo da


tragédia que acomete indígenas Yanomami no Brasil. Rádio Jornal, 2023.
Disponível em: https://radiojornal.ne10.uol.com.br/noticia/2023/02/15171142-
yanomami-o-que-aconteceu-entenda-resumo-da-tragedia-que-acomete-
indigenas-yanomami-no-brasil.html. Acesso em: 04 Abril. 2023.

PONTES, Nádia. Estamos em luto pela morte de crianças yanomami. DW,2021.


Disponível em: https://www.dw.com/pt-br/estamos-em-luto-pela-morte-de-crian
%C3%A7as-yanomami-diz-lideran%C3%A7a/a-59585207. Acesso em: 05 Abril.
2023.
REDACCIÓN NATIONAL GEOGRAPHIC. NATIONAL GEOGRAPHIC, 2023.
Quem são os yanomami e qual é o território que eles ocupam na Amazônia.
Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2023/01/quem
-sao-os-yanomami-e-qual-e-o-territorio-que-eles-ocupam-na-amazonia. Acesso
em: 02, Abril.2023.

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