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NHEENGATU
Tradicional
2) Os usos dos pronomes nominais xe, ae, yãdé, ĩdé, penhẽ e aĩtá nas frases verbais
são naturais porém não são necessários, sendo a fala com verbos explicitamente
pertencente aos pronomes verbais. Ex: ĩdé aputari – você quer, xe akíri – eu durmo,
etc. Podem muito bem serem substituídas por aputari, akíri, etc.
a) Determinante dizer que sua ausência na escrita é como negar a origem da língua e
sua história.
5) Porém, na transliteração, as letras J, H e L que compõe o grupo das “novas letras” são
usadas para que palavras estrangeiras não fiquem tão distantes da compreensão de
todos, mas somente nos casos mais extremos.
a) O ‘h’, como letra nova, ganha espaço ao substituir sons estrangeiros de
‘rr. Ex: haxinoré – gasolina, káhu – carro, etc.
6) Em Nheengatu, para as palavras tupis aportuguesadas e que tenham J, se usa o ‘y’. Ex:
pajé – payé, kajá – kayá, majé - mayé, japiim – yapĩĩ, etc.
7) É indispensável o uso da ‘letra ‘ç’ em lugar do ‘s’ quando anteceder a, ã, e, ē, u, ũ. E o
uso a letra ‘s’ antes de i, ĩ, o, õ. Como é tradição do nhēēgatú no Baixo Amazonas e
como foi nos repassados pelos mais velhos.
*Exemplos em ‘Ç’: çapó – bebida de guaraná ralado, waçaí – açaí, çukari – socar, çurí – alegre,
çēdú – ouvir, çairé – festejo religioso, etc
*Exemplos em ‘S’: sóra – ida, sika – cego, sipó – cipó, kuarasí – sol.
8) - O uso dos acentos gráficos das palavras do Nheengatu obedecem às regras aplicadas
aqui, onde toda pronúncia grave no final terá a acentuação gráfica. Assim: Nheengatu,
katú, kuarasí, etc. Portanto, assim como em ‘i’, ‘o’ e ‘u’ palavras oxítonas terminadas
em ‘a’ ou ‘e’ são também acentuadas: yuká, eré.
12) - Se diferenciando das penúltimas consoantes em ‘e’, ‘o’, ‘u’ que não aceitam
o acento agudo, as posposições puéra, wéra e kuéra que apontam o passado e o
antigo, são exceções.
14) - Assim, como a maioria das palavras são escritas na fonética do linguajar
amazônida ou caboquês, como tem sido durante séculos, mudando portanto a escrita
original tupi, Ex; boia – buya, supirõ – çupirũ, etc.
15) - A letra ‘d’ é quase inexistente, há, porém, novas palavras que delas
necessitam e palavras do nhēēgatú original que se mantiveram, como ‘ĩdé’, e ‘yãdé.
Mas quase sempre as palavras do tupi onde há o ‘d’ perde a letra ou ela é substituída
pelo N. ex: pindá – piná, pindoba – pinowa e sendub – çēnú, etc.
16) - O ‘g’ e o ‘b’, muito comuns no tupi, no encontro com o ‘u’ são substituídos
pelo ‘w’. Ex: pitãguá – pitãwá, biribá – wiriwá, guariba – wariwa, guarupé –
warupé
16- Apesar de que no yẽgatu (dialeto do rio Negro) o ‘y’ com som de u/e tenha caído em
todas as palavras e dado lugar ao aportuguesamento das palavras com som de ‘i’, no
Nheengatu propriamente dito aqui, mantem-se várias palavras como herdeiras da
fonética tupi. Ex: tywa, ywa, yy, etc. (Esse som inexiste em português).
17- O ‘til’ em Nheengatu é essencial para marcar o som nasal, pois na língua não existe a
regra portuguesa do ‘n’ ou ‘m’ como som. Ex: mãya – mãe, kũnhãtãi – menina,
wãkãkã – fantasmagórico, apuã – redondo, mamē – cadê, onde, kirĩrĩ – silêncio,
gapõga – artifício de pesca, etc.
18- O uso dos sufixos çawa, rawa e pawa de substantivos não é somente para manter a
língua original, mas é fundamental para o seu entendimento, nesse quesito também nos
diferenciamos do yẽgatu rionegrino, que em sua nova ortografia tende a abreviá-los.
Portanto, seu uso, para nós, é necessário.
ESTUDO DA LÍNGUA
NHẼẼGA MBUEÇAWA
O ALFABETO
As consoantes tradicionais
Pronomes possessivos
Çe Meu, minha
Ne Teu, tua
I Dele, dela
Yãné Nosso,
nossa
Pẽ De vocês
Ãitá Deles, delas
OS VERBOS
Os verbos em Nheengatu são vários e de origens diversas. Os de origem tupi quase
sempre são simplificação do original, já aos de origem portuguesa acrescenta-se o sufixo ari no
final. Em alguns casos, os verbos de origem tupi também têm como terminativas ari, eri ou iri.
Ex: kãtari – cantar, mãduari – lembrar, kuatiari – escrever, murari – morar.
Os verbos não têm ‘plural’. Não mudam por nenhum motivo.
Alguns verbos
Puká Rir Murari Morar
Xipiá Olhar Gustari Gostar
Çaiçú Amar Yupirũ Começar
Mẽdari Casar Mpawa Terminar
Wapika Sentar Nhẽẽ Falar
Kutuká Furar Murũgitá Conversar
Kuatiá Escrever Wewé Voar
Mupinima Pintar Ligari Ligar
Manũ Morrer Çãã Sentir
Rikué Viver Çaá Tentar
Yuká Matar Mupewa Achatar
Mũdá Roubar Munhã Fazer
Keri Dormir Mburi Por
Paka Acordar Nupá Bater
Bubuya Flutuar Çakari Escapulir
Mupurãga Embelezar Pisirũ Salvar
Musikié Fazer medo Çupirũ Proteger
Mukamẽ Mostrar Mupuruka Descarregar
Çarũ Esperar Kaaá Defecar
Yupukuí Remar Namurari Namorar
Putari Querer Mẽẽ Dar
O TEMPO DO VERBO
Quando se precisa explicar o tempo do verbo em passado e futuro, acrescentamos as
seguintes partículas:
No presente
Não há partícula. O verbo vem somente com o pronome, e é imutável. Ex:
Agustari – eu gosto / umẽdari – ele casa / rekutukari – você espeta
No passado
Usa-se a partícula ANA, junto ao verbo, somente separada pela apostrofe (‘). Ex:
Açaiçú’ana – eu amei, eresó’ana – você foi, yakarú’ana – nós comemos.
No futuro
Para o futuro usa-se KURÍ e nele vem a ideia do que irá acontecer. Ex:
Açaiçú kurí – eu amarei, ereputari kurí – você quererá, yawewé kurí – nós voaremos.
(No futuro).
Para o pretérito usa-se WÉRA. Ele dá a ideia do que ocorreu em tempos passados um tanto
distantes. Ex:
Açaiçuwéra – eu amava, pekaruwéra – vocês comiam, yamurũgetawéra – nós
conversávamos.
Já no gerúndio, o verbo sempre vem acompanhado de outro verbo: IKÚ – estar. Ex:
Apuraki aikú – eu estou trabalhando / açaiçú aikú – eu estou amando.
Para o condicional se pospõe ao verbo, a partícula ãmu após o adverbio: kurí. Ex.:
Arikú kurí ãmu – eu teria / Yamunhã kurí ãmu – nós faríamos
Obs 2 – A partícula I- (é, são) que antecede o adjetivo predicativo não é usado com
pronomes.
Quando é necessário usar o advérbio para indicar o tempo da ação do verbo, eles devem
ser postos sempre antes do verbo e não em seguida, como acontece regularmente nas orações
positivas. Ex.: Mãã kití kuéra remumĩ çerá aé? (Aonde você o escondeu?), Awá kurí uyuká aé?
(Quem o matará?).
Obs 3 – Diferente do português onde é necessário ser dito o tempo do verbo para que se
entenda a ideia de tempo, em Nheengatu e na maioria das línguas indígenas a regra não é
obrigatória. Para um falante prático, na maioria das vezes não se usa as partículas, uma vez que
basta o tempo presente e a frase completa pra dar a ideia dos demais tempos.
Ex: Aputari ae – eu a quis; eu o quero; eu a queria ou eu a quererei.
Aikú – eu estou; eu estava; eu estarei.
FORMAÇÃO DOS VERBOS
Os verbos no Nheengatu tem várias formações. A maioria é independente, mas há um
grande número de verbos que se formam a partir dos adjetivos ou substantivos, para isso, basta
usar as partículas MU (agente que faz) ou YU (agente que se faz). Ex: mirĩ – pequeno /mumirĩ –
diminuir, pituna – noite /mupituna – anoitecer, açú – grande / muaçú – aumentar, etc.
Outra formação muito usada é a junção de duas palavras, formando um verbo. Nisso
quase sempre é um substantivo e um verbo originador. Ex: Kaánupá - brocar o mato (de Kaá:
floresta ou vegetal e nupá: bater), kãbiyusi: mamar (de kãbí: leite e yusí: limpar). Mĩbirari: dar à
luz (de mĩbira: filho ou filha da mulher e ari: nascer). Itákuatiari: esculpir (de itá: pedra e
kuatiari: escrever). Marãmunhã: pelejar (de marã: mau e munhã: fazer).
CONJUGAÇÃO DOS VERBOS
Tempo presente
Ayaçuka Eu me banho
Reyaçuka Você se banha
Uyaçuka Ele/ ela se banha
Yayaçuka Nós nos banhamos
Peyaçuka Vocês se banham
Tauyaçuka Eles/ elas se banham
Tempo passado
Ayaçuka’ana Eu me banhei
Reyaçuka’ana Você se banhou
Oyaçuka’ana Ele/ela banhou-se
Yayaçuka’ana Nós nos banhamos
Peyaçuka’ana Vocês se banharam
Tauyaçuka’ana Eles se banharam
Pretérito
Ayaçukawéra Eu me banhava
Reyaçukawéra Você se banhava
Uyaçukawéra Ele/ ela se banhava
Yayaçukawéra Nós chorávamos
Peyaçukawéra Vocês se banhavam
Tauyaçukawéra Eles se banhavam
Tempo futuro
Ayaçuka kurí Eu me banharei
Reyaçuka kurí Você se banhará
Uyaçuka kurí Ele/ela se banhará
Yayaçuka kurí Nós nos banharemos
Peyaçuka kurí Vocês se banharão
Tauyaçuka kurí Eles se banharão
No gerúndio.
Ayaçuka aikú Eu estou me
banhando
Você está se
Reyaçuka reikú
banhando
Ele / ela está se
Uyaçuka uikú
banhando
Yayaçuka Nós estamos nos
yaikú banhando
Vocês estão se
Peyaçuka peikú
banhando
Tauyaçuka Eles/ elas estão se
uikú banhando.
A ACENTUAÇÃO
Em Nheengatu as palavras podem ter o acento tônico tanto na última como na penúltima
sílaba. Ex: katú (bom), parawá (papagaio), urubú (urubu), yuíri (também), katupíri (melhor),
etc. Porém, as palavras acentuadas na penúltima sílaba são especificas e valem somente para a
vogal I (ex.: yupíri, maíri, etc), e em alguns poucos casos, como elemento diferenciador de
palavras iguais.
O que realmente em tudo tem acentuação, independente da vogal, inclusive o I e o U são
as palavras com o som tônico na última sílaba. Ex: panakú, arakú, mirití, maré, maú, parú, kayá,
etc.
Há um diminuto número de palavras que são acentuadas na antepenúltima sílaba. Ex:
kérupi (sonhado).
Fora isso, os acentos só são usados para diferenciar palavras iguais ou para o leitor não
se confundir.
Ex: Mara - água / mará – vara, cacete / marã – mal.
Míra – gente / mirá – árvore / mirã– semente.
Kíri - dormir / kirí – calar / kirĩ – silêncio
Pira – pele / píra – doença de pele/ pirá – peixe / pirã – pirão / piira – corpo
As palavras compostas (união de duas palavras formando uma só) quase sempre
mantém os acentos originais. Ex: Itámaraká (itá- pedra + maraká – chocalho = sino ou
campainha) / porém, no caso dos verbos e suas terminativas, cai o acento do verbo original. Ex:
açaiçú – eu amo / açaiçuwéra – eu amava/ i çaiçuira – ele é amado. No caso dos substantivos e
adjetivos e suas terminativas também: katú – bom / katuçawa – bondade / katuana – perfeito /
katuara – bondoso.
Assim como no ‘Nheengatu antigo’, o til é necessário para a formação das palavras, e
substitui os n, m do português. Ex: kũnhãtãi (menina), marã (mau), Nheengatu, etc.
Nas palavras terminadas em Y sabe-se que ali há o elemento grave, mas não se acentua.
OS SUBSTANTIVOS
Substantivos concretos
Pupera, papera Livro Putira Flor
Uka, ruka, çuka Casa Kunhã Mulher
Mairí Cidade Mira Gente
Kaá Floresta Imirá, mirá Árvore
Kamixawa Camisa Ygarapawa Porto
Paranã Rio Ygara, yara Canoa
Wapikawa Banco Axirura, xirura Roupa
Iwikuítywa Praia Makira, iní, puçá Rede
Soó, roó Animal Yamũçawa Lençol
Corpo humano
Akã, akãga, rakãga Cabeça Tῖ Nariz
Reçá, çeçá, teçá Olho Putiá Peito
Tẽbé, rẽbé, çẽbé Lábios Etimã, retimã, çetimã Perna
Ruá, çuá Rosto, Pó Mão
face
Yurú Boca Pí Pé
Nãbí Orelha Kuruka Garganta
Tãnha, rãnha, çãnha Dente Ayura, rayura Pescoço
Apekũ, rapekũ, Língua Marika Barriga
çapekũ
Çũbí, rũbí Nádegas Marikakuara Estômago
Anaçũbí, awíra Coxa Anekuá, kupé Costas
Yuwá Braço Kama Seio
OS ADJETIVOS
Exemplos de adjetivos
Çãtá, atã, ratã Duro Kirá, kawa Gordo
Mẽbeka Mole Kiá Sujo
Puῖ Fino Purãga Bonito
Turuçú Grosso Puxiwera, puxí Feio
Açú Grande Puxí, puxinã Nojento
Mirῖ Pequeno Çaῖbé Amolado
Xixika, pixika Pequenino Çurí Alegre
Pixé Fede (pessoa) Pãnema Azarado
Nẽma, inẽma Fede (lugar) Marupiara Sortudo
Çakuena; Cheiroso Pewa, pema Chato
çukuena
Kãkãnẽma Assombrado Apara Torto
Apú, pura Cheio Piririka Mal lavado
Pirari Aberto Memuira Cozido
Sirika Escorregadio Mixira Assado
Pukú Comprido Xiririka Frito
Kirῖbawa Forte Ãgaí Magro
Awaeté Corajoso Siῖma Liso
Pena Quebrado Pukeka Embrulhado
Çarũana Esperado Pupeka Coberto
Ãbé Áspero Xirika Engelhado
OS ADVÉRBIOS
O advérbio em nhẽẽngatu é também a parte da oração que serve para modificar o verbo,
fazendo o tempo e o modo, assim como para modificar o sentido de qualquer outra parte da
oração.
Advérbios de tempo:
Kuíri (agora), raĩ (ainda), kuriwara (hoje), kuẽmana (cedo), tenũdé (antes), kuxiĩma
(antigamente), kuera (muito antes), wirãdé (amanhã), muiãdé (antes de amanhã), kueçé
(ontem), amũkueçé (antes de ontem), kurí (logo), kurimirĩ (logo mais), kuríeté (logo já), ramẽ
(quando, durante), açuí (então) tẽnhẽ (sempre), ũbá (nunca), karuka (tarde), kuíriramé (no
entretempo), kueçẽté (somente ontem), kueçẽtú (recentemente)
Advérbios de lugar:
Arupí (em cima), waripé (embaixo), açuí (aquém), akití (além), ape (lá), mimí (ai, ali),
çuĩdape (acolá), ukaripé (fora), iwaté (alto), iké (aqui), iké kuaye (aqui mesmo), mimí katú (aí
ou ali mesmo), apekatú (longe), ruaki (perto), kaçakiri (atrás), pitérupí (por aí).
Advérbios de modo:
Mayé ou Kuayé (assim), Kuayé kuaye (assim mesmo), yawá tenhé (isso mesmo),
yawé (como), kuayawé (deste modo; deste jeito, igual a este), yawéyawé (dessa forma),
ãmurupí (diferente; ao contrário), kureté kurumu (diversamente), teẽte (inutilmente),
xaiçucikiérupi (medrosamente), sipirupi (verdadeiramente).
Ouros advérbios:
Muíri (quanto), píri (mais), reté (de verdade), riré (depois), ariré (depois disso; mais
tarde), katú e purãga (bem), çupí (verdadeiramente), erekatú (perfeitamente) ĩtimãã, ãã (não),
ẽẽ (sim), ĩpú (talvez), çerané (quase), aeré e çeí (adeus), té kurí (até logo), retá, çetá, reté
(muito), pãnhé (todos; todo), opaĩ (tudo), kuaíra, xĩga (pouco), ayũ/anhũ (só, sozinho), ayũte
(unicamente, tão somente, apenas) e nhũtu (somente).
A RELAÇÃO GENITIVA OU DE PERTENCIMENTO
As outras quatro formas são aplicadas em regras um tanto pontuadas e que, muitas vezes,
ficam ao critério do falante.
O uso do PURA.
Para se dizer nãbipura – brinco, basta acrescentar o sufixo PURA – morador de... ao
substantivo. Assim: morador da orelha, morador da água, morador do rio, colher de pau, morador
da mata... Todos são usados com PURA. Algo que existe mas que sua existência se deve ao
outro.
Por ser uma língua diversificada e de muitas palavras pluriformes, o nhēēgatú tem alguns
substantivos que recebem “prefixos de relação” ou “prefixos possuidores”. Eles podem ser ‘R’
ou ‘Ç/S’ e variam de acordo com o caso:
1. Quando o substantivo for usado só, sem relação genitiva, usa-se a palavra integral, sem
nenhuma mudança. Mas quando começar com T e vier antecedido de um dono, o T é
substituído pelo R.
2. Quando o possuidor que anteceder o substantivo for a terceira pessoa do singular (ele,
ela), o T é substituído pelo S/Ç. Isso se aplica principalmente aos substantivos
necessariamente possuíveis (parentescos, partes do corpo, objetos próprio de dono).
7 Quando a letra inicial for consoante que não seja T nem for vogal, não muda na
genitiva nem na terceira pessoa.
8 Há as palavras variáveis que hora muda e hora não muda. Vai conforme a fala.
Akãga Cabeça Yakaré akãga Cabeça de jacaré
Akãga Cabeça Çe rakãga Minha cabeça
Akãga Cabeça Çakãga ou i Cabeça dele ou dela
rakãga
9 As exceções:
a) Por ser uma regra flexível há exceções. Uma das mais claras são as palavras ANAMA
– família, parente, que mesmo iniciando com vogal, não se aplica ao uso do ‘R’ nem
do ‘S/Ç’ ficando imutável em qualquer pessoa ou caso.
c) Também quando a palavra tiver ‘r’ na segunda casa antecedida de uma vogal não se
usa o R possuidor, ficando como está na origem. Arara, irara, íra, urukú, ura.
d) Sowa e rowa são duas palavras imutáveis. Nelas não se aplica os r, s/ç pertencentes
quando possuídos. Será sempre sowa – folha e rowa – amargo independente do
momento.
Em Nheengatu, assim como na maioria das línguas indígenas de origem tupi, existem
substantivos necessariamente possuíveis. São os nomes das partes do corpo, nomes de
parentesco, objetos próprios de donos e de relação social.
Exigem a anteposição de possessivos ou de substantivos: çe pó – minha mão (substantivo
possuível necessariamente). A mão está no corpo e não pode ser pensada sem ele. Não se diz
somente pó – mão.
Assim também pode-se falar de reçá – olho, mĩbira – filho (por parte da mulher), yurú –
boca, paya – pai, etc. Nenhuma dessas palavras podem ser ditas ou escritas sozinha. Somente
antecedidas de seus possuidores.
Ex: çe paya – meu pai, çe reçá – meu olho, ne reçá – teu olho, çeçá – olho dele.
POSPOSIÇÕES
UPÉ / PE / ME – em, no, na (com sentido ÇUPÉ ou XUPÉ - para, a (ref. a uma
locativo): ex: Maria uikú Manaus upé – Maria terceira pessoa, dativo): ex: Maria umẽẽ
está em Manaus/ Maria upitá çuka upé – apigá çupé – Maria deu para o homem.
Maria ficou em sua casa. Importante observar Quando segue o pronome I, assume a
as variações: patuá pe – na caixa / patuá upé – forma XUPÉ. Ex: umunhã i xupé – ela faz
na caixa. pra ele.
IRŨMU ou IRŨ – com. EX: asó ĩdé irũ – eu KITÍ - para, a (com sentido locativo):
vou com você. / xe aikú Maria irũmu – eu Pedro u só Parintins kiti. - Pedro
estou com Maria. vai para Parintins.
RUAKI ou ÇUAKI - perto de. Ex: Aikú ĩdé ARÃMA ou ARÃ – para (dativo). Refere-
ruaki. - Estou perto de você. Aikú çuaki. - se a 1º e 2º pessoa tanto do singular quanto
Estou perto dela. do plural. Em oposição a posposição
ÇUPÉ, não atende os pronomes da 3º
pessoa.
KAPAU – ao redor (por todos os lados). Ex: PÍRI - para (em direção de. Somente para
Yawareté uikú i ruka kapau – a onça está pessoas. Ex:Kurmῖ usó i mãya píri – o
ao redor da casa. menino foi para sua mãe.
RUPÍ 1. por (através de, ao longo de - MITERUPÍ e MITERUPÉ – entre, pelo
locativo): ex: Apigá usó kaá rupí - O homem meio de, em meio a, no meio
foi pela floresta. de: ex: uçēmu marãmunhã miterupí – ele
2. por, em (por meio de): saiu em meio da briga.
renhẽẽ kariwa nhẽẽga rupí - Fale em língua Uikú mukui apigáetá miterupé –
de brancos ele está entre dois homens.
REÇÉ – por (dativo), - pelo, por causa. ARARUPI (por cima de)
Ex: Amunhã ĩdé reçé – Eu faço por você Ex: wirá uçaçá ne ruka ararupí – O
Ex: Uyupíri imirá reçé – ele subiu pela pássaro passou por cima da canoa.
árvore, ele subiu na árvore.
WIRARUPÍ – por baixo de RIRÉ - depois de, após.
Ex: Pirarukú uçaçá’ana murumurú Ex: nhãã imirá riré – depois daquela
uirwarupí. – o pirarucu passou por baixo da árvore.
planta aquática
KUARUPÉ – no fundo de. RAMẼ – ao tempo em que, por ocasião
Ex: pirá uikú paranã kuarupé – o peixe está de, enquanto.
no fundo do rio. Ex: Ne ikúçara ramẽ – durante sua estadia
Exemplos:
Kuá gurupá i purãga – Esta margem é bonita
Kuá tawa i puxiwera, nhaã amũ i purãga – Esta aldeia é feia, aquela outra é bonita.
Kuáetá apigá i katú. Nhaãetá amũ i puxí – Esses homens são bons, aqueles outros são maus.
Yawá kuye – isso mesmo.
Nhaã mira uputari umẽdari – aquela pessoa quer casar.
Nhaãetá mira i puxí – aquelas pessoas são nojentas
Ti agustari kuá kunhã – não gosto dessa mulher
Amẽdari kurí nhaã kunhãmukú – eu casarei com aquela moça.
Maã taá yawá? – o que é isso?
Yawá reçé – por isso
NEGATIVO
Para dizer ‘não’ como resposta direta a uma interrogativa diz-se ÃÃ – Não. O oposto de
‘sim’- ĒĒ.
Às vezes a palavra ŨBÁ – nunca - também significa ‘não tem’.
Mas numa frase, a forma negativa se faz com ĨTI (ou TI, sua forma abreviada). Ex:
A pergunta onde, cadê? é expressa com o adverbio MAMĒ. Ele pode ser expresso
sozinho. Ex: mamẽ ĩdé? – Cadê você?
A pergunta ‘ã?’ O que? Traduz-se com MÃÃ, outro adverbio que pode ser expresso
sozinho. Ex: mãã? – O que?
Mas, para combinações de frases, usa-se o MÃÃ que se junta com posposições. Ex:
1) Com ‘çuí’ – Mãã çuí - de onde? De onde (na afirm.); donde: Ti akuau mãã çuí Pedro
usika. - Não sei donde Pedro chegou.
2) Com ‘kití’ – Mãã kití – para onde? Aonde (na afirm.): Mãã kití resó? - Aonde você
vai?
1 - Com ÇERÁ, as perguntas são para uma resposta direta: ĒĒ – (sim) ou ÃÃ – (não):
Maria uikú ygara upé Maria está na
çerá? canoa?
Reputari pirá çerá? Você quer peixe?
Remunhã mãã amunhã Você fez o que
çerá? eu fiz?
Ĩti çerá ĩdé? Não é você?
2 - Com TAÁ, as perguntas admitem muitas respostas diferentes. Todas as perguntas em que as
respostas forem explicativas são com TAÁ. Ex:
Kuíri taá? E agora?
Açuí? Maã taá yamunhã Então? Que
kurí? faremos?
Muíri kuya taá uú? Quantas cuias ele
bebeu?
Awá taá usika’ana? Quem chegou?
Em Nheengatu não há plural nos verbos nem em adjetivos, a não ser que o adjetivo seja
transformado em substantivo. Fica assim claro que há plural somete nos substantivos, e ele é
representado pela desinência – ETÁ. Ex:
Kũnhãetá tausika – As mulheres chegam.
Apigáetá tauçaçari – Os homens passam
Çe anamaetá – Meus parentes
Kuá mãétá i purãga – essas coisas são bonitas
Xe akuau awá kuá kunhãetá – eu sei quem são essas mulheres
Çe pietá – os meus pés
Obs: o ETÁ somente é usado quando é absolutamente necessário. Quando fica claro que se trata
do plural, ele é geralmente omitido. Em frases como Mukũi apigawa - dois homens - há o
numeral portanto não necessita usar ETÁ.
Obs: Não se usa o plural só por usar. Dificilmente em uma conversa haverá o uso do plural com
pessoas familiarizadas com o Nheengatu. Assim, na maioria das vezes, sabe-se que há o plural
ali sem necessariamente usá-lo.
O ARTIGO INDEFINIDO
RIKÚ é o verbo TER, em Nheengatu tradicional. Porém, ele só é usado em frases e após
o pronome verbal.
O termo que se referem diretamente a HAVER é o verbo AIKUÉ (há, existe, em) que
aparece sempre no início da frase e independe de pronomes:
Ex: Aikué yy katú nhãã paranã upé. – Tem água boa naquele rio.
Mas quando se fala algo que vai existir logo, que é iminente. Traduz-se por: haverá logo, já
haverá, acontecerá logo. Isso é com o termo AWÃ.
Amana awã. - Já vai Kurí urikú awã – Pituna awã. – A
chover logo vai ter noite já vem
AS POSPOSIÇÕES COM PRONOMES PESSOAIS
Nos substantivos
Há o futuro dos substantivos. Ele vem no substantivo RÃMA – futuro, transformado em
sufixo.
Ex.: kuá seniwá i mirárãma – essa muda futuramente será árvore (essa muda será uma
futura árvore).
Kuá kurumī i apigárãma – esse menino será um futuro homem.
Nos verbos
Nos verbos, para expressar o futuro, usa-se adverbio KURÍ - logo. Ele indica que um
fato deve ocorrer após o verbo: Ex:
Nos adjetivos
No futuro dos adjetivos (com a inexistência do verbo SER), usa-se o substantivo
RÃMA como sufixo.
Ex: Ae kurumĩ i purãga rãma – esse menino será bonito
Dabukurí i purãga rãma – a festa será boa.
Kuá i yurarewá rãma – esse será desligado
Kuéra é um adjetivo da 1ª classe, que significa o que foi; o passado. Porém é usado
também como sufixo e tem a finalidade de expressar o passado dos substantivos, adjetivos e
verbos. Ex.:
KUÉRA pode também ser usado como predicativo: Aé kuéra, taité! - Ele “já era”,
coitado!
KUÉRA é usado também com interrogativos. Ex: Awá kuéra? - Quem era?
Já o WÉRA é um sufixo que se atrelado a palavra expressa o passado dos substantivos,
adjetivos criando também com isso novas palavras. Quando vir atrelado ao verbo, expressa o
pretérito imperfeito.
O uso do sufixo PUÉRA se dá em algumas palavras: coisas e objetos tais como árvores,
florestas, vegetais, líquidos, rios. Transformam-se quase sempre em novas palavras com novos
sentidos.
Ex: tipuéra – o que era liquido. O caldo / Kaapuéra – o que era mata – capoeira /
mirápuéra – o que era árvore – madeira.
Obs: Não se tem ao certo regras para se saber onde colocar os sufixos nas palavras. Por
tanto, há nomes que cabem dois ou mais sufixos de passado. Ex: mirápuéra – árvore velha e
mirákuéra – árvore velha.
O passado do verbo
1. Para os verbos, o pretérito perfeito, se faz com ANA. O advérbio ANA também
significa já:
Maria usó’ana çuka kití. - Maria foi para sua casa
Xe apitá’ana çe retãma pe. - Eu fiquei na minha pátria
2 – assim como o WÉRA, o KUÉRA é usado também para formar o pretérito imperfeito,
como advérbio de tempo:
Nhãã çe anamakuéra. Ugustarikuéra ixé – Aquele era meu parente. Ele gostava de mim.
A CONJUNÇÃO MARÍ OU MA
Originalmente em Nheengatu não havia conjunção nativa que traduzisse, “mas”, sendo
MA ou MARI empréstimo do português, e hoje faz parte do idioma. Ex.:
Ĩdé reçaiçú ixé, ma, ti açaiçú ĩdé – você me ama, mas não te amo.
Aputari ma ti amurú – eu quero, mas não posso.
Ĩdé renhẽẽ ma ti remũnhã – você fala, mas não faz.
Resó mari ixé ũbá! – você vai, mas não eu.
Açaiçú ῖdé mari asó – eu amo você mas eu vou embora
I puxiwera mari i tekuaukatú – ele é feio mas inteligente.
A CONJUÇÃO ‘SE’
Para expressar SE, na ideia de acaso ou dúvida, usa-se ‘SI’ da mesma forma que em
português, sempre a frente da frase. Ex:
Si resó asó yuíri – se você for eu irei também
Si ugustari ῖdé, asó – se ele te ama, eu vou embora.
O RELATIVO ‘QUE’
O relativo que, em Nheengatu, é WAÁ, e se usa como uma posposição, logo após o
verbo.
Também se usa o KI. Este segue a mesma linha do ‘que’ português Ex:
E uma preposição: PIRÍ – para verbal, usada somente a frente de verbos e tem uma
finalidade. Ex: Asó pirí ayẽgá – eu vou para cantar / Umunhã pirí yupurú – ele fez para usar. /
Yatirika mitá pirí remupinima – nós tiramos a escada para você pintar.
O AUMENTATIVO E O DIMINUTIVO
Para o diminutivo, usa-se o sufixo ‘I’, que representa os sufixos ZINHO, INHO e
NINHO do português.
Na intensidade e na qualidade
Na quantidade
Para o pouco de intensidade e qualidade se usa o termo XĨGA. Tudo o que for
relacionado a tempo, qualidade, fabricação e aparência. Ex:
Arikú ara xĩga – tenho pouco tempo.
I purãga xĩga – ela é pouco bonita.
Para o pouco de quantidade usa-se o termo KUAÍRA – Este, porém, não
necessariamente é uma posposição. Ex:
Remẽẽ kuaíra yukira xe arã – me dê um pouco de sal
Aikué kuaíra mira iké – tem pouca gente aqui.
Há a expressão que une os dois termos – KUAÍRA XĨGA, e que significa: pouquinho,
um pouquinho.
AS ORAÇÕES SUBORDINADAS FINAIS COM ‘PIRÍ’
Yasó tawa kiti pirí yamũnhã kapixuna - Vamos à comunidade para fazer a roça.
Apitá ne ruka upé pirí anhẽẽ ĩdé irũ. - Fico na sua casa para falar com você.
Yayupika pirí yakarú – vamos sentar para comer
Xe awapika ana pirí amĩtuú – sentei para descansar
Resó pirí remaã çerá? – você foi para ver?
OS PRONOMES PESSOAIS COMO OBJETOS DIRETOS
Os pronomes pessoais da 1ª classe, que funcionam como sujeitos, também servem como
objetos diretos (me, te, o, a, nos, vos, os, as):
Ex: Maria umaã ixé. - Maria me vê.
Ixé aruri tẽmiú iké kití. - Eu o trago comida para cá.
O INFINITIVO
Ainda que os três verbos pareçam ter os mesmos significados numa tradução (ligar), não
são como os equivalentes em português que se misturam. Em Nheengatu, eles tem sentidos
individuais: LIGARI – ligar. É somente para “telefonar”, PUKUARÉ – ligar. É somente para
“ativar” ou “fazer funcionar” e PUKUARÍ – ligar. É para “amarrar”. Nisso, não se usa LIGARI
para telefonar, nem PUKUARÉ para amarrar.
A DIFERENÇA ENTRE AS POSPOSIÇÕES PÍRI e KITI
KITI indica movimento para um lugar e PÍRI para uma pessoa ou animal. Ex:
Kũnhã uyuri tawa kití - A mulher vem para a cidade
Aé usó Maria píri - Ele vai para junto de Maria.
O IMPERATIVO
E só! – vá!
E pitá! – fique!
E çaiçú! – ame!
E munhã! – faça!
E çupíri – suba!
Hoje, por conta da desconhecimento da língua e de sua gramática, muitas pessoas ignoram
o imperativo em Nheengatu e dão somente formas tomadas do indicativo na segunda pessoa do
singular, a partir do pronome RE, sem mudança nenhuma entre o imperativo e indicativo. O que
consideramos um empobrecimento da língua.
Na negativa usa-se o TE antes dos pronomes RE/PE:
Ex: E só paranã kití! - Vá para o rio! / Te resó paranã kití! - Não vá ao rio! / e mẽẽ
tẽmiú kurumĩ çupé! – Dê comida ao menino! / Te remẽẽ kuaye! – não dê mesmo! / E yuri iké! -
venha aqui! Te reyuri! – não venha! / Te rekeri – não durma! / Te remũnhã nẽmãã – não faça
nada.
OS NUMERAIS
O sistema de numeração aqui é o mesmo de muito tempo. Com o uso do waxiní – cinco,
ainda vigentes no Baixo Amazonas. Mantemos também o grafismo do nhēēgatú clássico. A
começar pelo Putimãã – o zero (0).
O numeral também pode ser usado sozinho, sem acompanhar um substantivo, tornando-se ele
próprio o substantivo:
ex: Mukũietá taukarú uputari. – Os dois querem comer.
Waxinietá tausó mairí kití – Os três foram para a cidade.
O USO DOS ADJETIVOS PIXÉ, KATĨGA e NEMA
Çakuena e pitiú são duas palavras que tem o mesmo significado: cheiro. Há porém
destinação diferente para as duas.
Çakuena é o cheiro referente a pessoa, a flores, a cosas agradáveis. Sua variante çukuena
também significa cheiroso. Assim çakuena pode ser substantivo e também adjetivo.
Pitiú é o cheiro referente unicamente ao peixe ou outro animal aquático (cobra, quelônios,
etc). Não se destina a palavra pitiú a outra coisa que não seja de dentro da água, com exceção do
cheiro do ovo. Assim como çakuena era pode ser substantivo e adjetivo. Ex:
O SUFIXO ÇAWA
A forma GAWA aparece quando o verbo ou o adjetivo termina com o som nasal.
O sufixo ĨMA significa sem, ausência de, falta de, não. Traduz-se
também pelo prefixo “des” do português. Ex:
Kuaye também está presente numa resposta de pronto, quando há uma indagação direta.
Ex:
Eresó? – você vai? / Asó kuaye! – irei mesmo!
Reçaiçú ixé? – você e ama? / Açaiçú kuaye! – amo mesmo!
Obs: Essa característica se encontra também na fala dos ribeirinhos do Baixo Amazonas.
KUAYÉ significa ‘assim’, porém sem comparação direta. A comparação direta é como,
igual, todas traduzidas para a posposição YAWÉ. Ex:
Kuayé asó – eu vou assim
Kuayé kuaye – assim mesmo
Ti remũnhã kuayé xe arã – não faz assim comigo (para mim)
O SUFIXO PURA
PURA é um sufixo que tem o sentido de: o que está em; morador, pertencente a;
habitante. Toda vez quando há um lugar e se acrescenta o sufixo pura que dizer que é alguém
que vive, pertence, mora ou habita. Quase sempre quando o lugar é natural ou que não tem nada
a ver com a sociedade política. Ex:
TUBA e DUBA têm sido substituídos pelo TYWA, com o ‘y’ Ex:
Araça tywa - araçazal, ajuntamento de araçás.
Akaiu tywa - cajual, plantação de cajueiros
Pakuã tywa – bananal.
O USO DO ‘RANA.
O sufixo ‘RANA significa falso, o que não é verdadeiro, que é parecido somente,
adulterado. É usado com substantivos:
José o rikó taira’rana – José tem um filho que não é dele.
Apigá’rana – que não é homem de verdade.
Limão’rana – que é parecido, mas não é o limão verdadeiro.
OS PREFIXOS VERBAIS YU E YE
Os prefixos YU e YE são os mesmos do tupi ‘ye’ e que representa o –se –te -me do verbo
em português. O que se faz. Ex: yumũnhã – fazer-se / yuréu – virar-se; virar-me; virar-te /
yuçẽmu – sair-se / yumaã – olhar-se / yeréu – rolar, etc. Ex:
Para formar uma frase com “no” ou “em” não se pode usar a posposição “PUPÉ”
(dentro de) ou KUARUPÉ (no fundo de), pois a ideia é simplesmente o uso da superfície, então
para isso, usa-se o “UPÉ ou PE” (no, na, em).
Ex: Estou na casa (dentro dela) – aikú uka pupé. / estou no rio (na superfície) – aikú
paranã me / estou na água (dentro dela) – aikú yy pupé / estou na esteira (na superfície) – aikú
tupé pe.
O uso do PE é ligado mais a palavras ou frases maiores, onde o “u” do upé pode ser
descartado. Ex:
Aikú Manaus pe – Eu estou em Manaus
Uikú çe rakãga pe – Ele está na minha cabeça
Kunhã uikú mairí pe – A mulher está na cidade
Aikué pirapuãma pará-w-açú pe – Tem baleia no oceano
Obs: (1) Frases em que se aplica o uso do PE não impedem de usar também o UPÉ.
(2) ME é a única variação onde a norma é obrigatória.
OS VERBOS MBURI, ENŨ, MUAPIKA e MUIKÉ
Quando a frase vier com o sentido de meter/ introduzir (dentro de), é necessário usar o
verbo MUIKÉ (mu- fazer / uiké – entrar). Com ele se usa a posposição PUPÉ (dentro de) ou
KUARUPÉ (no fundo de).
Ex: Amuiké yepe ‘disco’ kũputarawa pupé – eu coloco (meto) um disco no
computador. (Falando isso, especificamos a frase, dando a certeza de que o “colocar” não é na
superfície, mas dentro de algo).
Já para dizer “colocar”, “inserir” ou “por” – em ideias que não especifiquem detalhes
usa-se MBURI.
Ex: Apigá umburi kiçé ĩdé arã – o homem colocou a faca para você/ yãdé yamburi yy
pirí yaú – nós colocamos água para beber / uburí muçurú pirí umupupú – ele põe chá para
ferver (não houve especificação do lugar)
Os verbos ENŨ e MUAPIKA (por, colocar) são usados somente quando há a ideia clara
de superfície. Com ele usa-se também a posposição UPÉ e suas variações PE e ME.
Ex: Aenũ çe pó ne pó upé – ponho minhas mãos nas tuas mãos / Uenũ kiçé kupeá pe –
ele coloca a faca na varanda / Aenũ ygara paranã me – eu coloco a canoa no rio.
YARA E OS PRONOMES SUBSTANTIVOS POSSESSIVOS
O substantivo YARA significa dono, o que possui; o que domina. Tem sentido de posse,
propriedade, o que é de. Ex:
Ti a kuau mamẽ uikú kuá kũnhã yara xirura – Não sei onde está a roupa desta
senhora.
Awá taá amana yara? – quem é o dono da chuva?
O COMPARATIVO. AS POSPOSIÇÕES ÇUÇÉ, NŨGARA, YAWÉ E XIÍ.
Daí porque não tem como confundir com o ‘y’ comum. O falante distingue as palavras
necessárias. Ex:
Ãã (adv.) – não. Somente com resposta direta, nunca com frases. O oposto ao ēē – sim.
Ex: ῖdé resó çerá – você vai ? / ãã! não! Reçaiçu ixé? – você me ama?/ ãã! não !
Açakú (s.) – espécie de árvore da qual se usa o tronco para servir de base para casa flutuante.
Açarũ – eu espero
Açarũré – eu anseio
Ãdirá paranã (s.) – rio dos morcegos. Nome de um rio em território Sateré-Mawé.
Aewana – em seguida...
Ãgatú (s.) – alma boa, gente boa. Diz-se para pessoa bondosa. Ver piápurãga ou katuara.
Aikué¹ (v. impess.) – há, existe! Forma usada sem necessidade de um pronome.
Ex: aikué uí iké – tem farinha aqui
Ãitá (pron. nominal e possessivo da terceira pessoa do plural) – eles, elas; deles, delas. Índice de
indeterminação do sujeito. Do original aetá (eles)
Ex: Ãitá José anamaetá – eles são parentes de José.
Akará (s.) – nome genérico de designa várias espécies de peixes da bacia amazônica.
Akará-w-açú kaá (s.) – espécie de arbusto de que os peixes acarás comem a fruta.
Akira’rana (adj.) – falso “verde”. O que não parece, mas está maduro.
Akutí buya (s.) – a cobra Kutῖboya ou Kutũbuya. “cobra de cutia ou cobra cutia”. Do original:
akutí mboya.
Amaçũnia’rana (adj.) – falso amazônida. Que mora na Amazônia, mas não nasceu ou que não
vive como um amazônida.
Amana aywa (s.) – chuva má. Chuva de verão onde há muitos trovões. Ver amanuçú
(temporal).
Amana mãya (s.) – “mãe da chuva”. Espécie de sapo. Nome de uma entidade “espírito da
chuva”.
Amapá¹ (s.) – árvore da família das apocináceas cuja seiva dá leite, o leite de Amapá, usado na
culinária e na medicina indígena.
Amiasí (s./adj.) – faminto; com fome. Quando adjetivo, acrescenta-se um ‘r’. Ver yumasí
Ex: çe ramiasí – estou faminto. / kunhãtãi i ramiasí – a menina está com fome.
Amũçuidawa (s.) – outro lado. Outra banda. Lado oposto. O lugar do outro lado.
Amuyã (s.) – avó. Quando antecedido de um possuidor tem como modificação o acréscimo do r:
ver ramuyã
Ex: çe ramuyã – minha avó.
Amũ yawé (adv.) – outro tanto, igual outro.
Anamã¹ (adj) – grosso (para líquidos). A parte grossa do líquido. O líquido grosso.
Ex: y anamã – água grossa. / yukiçé anamã ou typuera anamã – caldo grosso.
Anama retãma (s.) – pátria dos parentes. País indígena. Diz-se da Bolívia, Peru, Guatemala,
Paraguai e Equador.
Ãnha, çãnha ou rãnha (s.) – dente. O ‘r’ e o ‘s’ ficam no início quando a palavra estiver
acompanhada de um possuidor. Ver çãnha e rãnha.
Ex: çe rãnha – meu dente, çãnha – dente dele.
Apara¹ (adj. de 2º classe) – torto (com pronomes, usa-se somente com pronomes possessivos).
Ex: imirá apara – árvore torta, mirápewa apara – tábua torta, ne apara – você está torto,
çe apara – sou torto.
Ape² (conj.) – aí. O mesmo que açuí. Dá a ideia de continuação num relato.
Ex: apiga isikié, apé unhãna – o homem ficou com medo, aí ele correu. / Ape yawareté
umukamẽ’ana çãnha - aí a onça mostrou seus dentes.
Apé, rapé, çapé (s.) – caminho.
Ex: çe rapé – meu caminho, tawa rapé – caminho da aldeia, tatu rapé – caminho de tatú,
apeyara – senhor do caminho.
Apé pukú (s.) – caminho comprido ou longo. Diz-se no sentido também de “estrada”.
Aperema (s.) – espécie de quelônio amazônico de habitat aquático. “cabeçudo”.
Apeyara (s.) – guia. “Senhor ou dono do caminho”. Quem conhece o caminho. Nome que se dá
ao líder de manadas ou grupos de animais. Também usado para pessoas.
Ex: maraguá’peyara – líder dos maraguás.
Apé yutuka (s.) – caminho curto. Diz-se para atalho. Ver papata. O mesmo que çuitiwá (atalho).
Apiã, çapiã ou rapiã (s.) – Testículos. Muda conforme o possuidor. O mesmo que apinã.
Ex: apigá çapiã – testículos do homem / çapiã – testículos dele / ne rapiã – teus
testículos.
A puká – eu ri
Arã (posp. dativa) – simplificação de arãma – para. Usado para (1ª e 2ª pess.)
Ex: ĩdé arã – para você, ixé arã – para mim. (Com rapidez da fala: xaram e indéram).
Ará ari (s.) – nascimento do mundo. O mesmo que ará yupirũgawa – origem do mundo.
Arapawaka (s.) – lombrigueira. Árvore amazônica cujo fruto é remédio para tratar doenças de
vermes.
Arapiú ou Arapiũ¹ (s.) – povo indígena de origem arawak habitante da região do rio Tapajós.
Desde seu reconhecimento étnico afirmou o Nheengatu como sua primeira língua.
Arapiũ² paranã (s.) – nome do rio que leva o nome do povo de origem, na região do baixo
Tapajós.
Arara kuara (s.) – buraco de arara. O “ninho” de arara que se localiza em buracos de árvores.
Arara retãma (s.) – a pátria das araras. País imaginário das araras.
Arara tukupí (s.) – “tucupi de arara”. Nome de uma árvore leguminosa cuja madeira é de média
qualidade.
Ararauna ou araruna (s.) – arara azul, “arara escura”. Ver arara çukiuna.
Areçé (conj.) – por isso, por causa disso. O mesmo que yawá reçé.
Ex: ti asó areçé – eu não vou por causa disso.
Ariré (adv.) – depois disso, mais tarde. Sempre no início da frase. A continuação de uma
história.
Arurá – (s.) espécie de árvore cuja madeira colorida é uma das mais bonitas entre as madeiras de
lei.
Ata (s.) – espécie de fruta parecida com pinho. Tem polpa saborosa.
Atã ou çãtá, ratã (adj.) – duro, sólido. Dependente do possuidor recebe a palavra certa.
Aturiá (s.) – cigana. Espécie de ave de aparecia exótica. O mesmo que tayoba yakú
Awa² (s.) – cabelo. Quando não tiver possuidor. Ver çawa e rawa
Awaĩma (adj.) – “sem cabelo”. Outra forma de dizer “careca” além de piroka
Awaripé (s.) – vitória-régia. Planta aquática símbolo da Amazônia. O mesmo que wapé yapuna
ou yapuna kaá.
Ayurikawa² (s.) – Ajuricaba. Nome do mais celebre herói indígena da Amazônia. Chefe do povo
Manau.
Baha (s.) – Barra. Nome que os indígenas do rio Negro dão a Manaus.
Baíra³ (s.) – nome de uma entidade cultural do povo indígena Kawaywa (parintintim), do alto rio
Madeira.
Baníwa (s.) – Povo indígena de origem arawak que vive no alto rio Negro. Um dos povos
falantes do nhēēgatú. No seu caso, metade fala o baníwa.
Barauna (s.) espécie de árvore de madeira de lei. Sobrenome brasileiro de origem indígena.
Baré¹ (s.) – Hanera. Povo indígena de origem arawak. O maior e mais destacado povo falante do
nhēēgatú da vertente do Rio Negro (NRN).
Baré² (adj.) – gentílico dado aos moradores de Manaus em razão de Manaus estar no lugar de
uma antiga aldeia dos barés.
Borarí (s.) – Povo arawak tradicional da região do baixo Tapajós, e falante do Nheengatu.
Buya çukiri (s.) – cobra verde. O mesmo que araãbuya (cobra papagaio).
Buya panã (s.) – cobra alada. (ser da mitologia sateré-mawé denominada Moi Wató Mãg’karú
Sése.
Buya panema (s.) – ‘cobra de azar’. Algumas pessoas tem a jiboia estendida no meio do
caminho como agourenta.
Buya pitῖga (s.) – nome que se dá a cobras não venenosas e que vivem na água, como a sucuri e
suas variedades.
Buya puçãga¹ (s.) – espécie de planta que dizem ser remédio para ou de feitiçaria.
Buya’rana (s.) – nome que se dá ao mussum, a cobra cega ou qualquer anelídeo comprido.
Buyuçú rẽdawa (s.) – em muitos lugares da Amazonia, serve como nome próprio de algum
lugar onde foi visto ou pensa-se existir a cobra grande.
Buyuna (s.) – Cobra escura. Boiuna. Entidade mitológica dos povos do Baixo Amazonas.
Buyuna ruka (s.) – casa de boiuna. Local em beiradões que dizem ser.
Çãburá kawa (s.) – variedade de vespa, cujo ninho lembra a forma do samburá.
Çaçawa (s.) – passagem (não é o lugar). Para o lugar de passagem diz-se çaçapawa.
Çãgawa (s.) – imagem, aparência. Quando antecedido de um possuidor muda-se o ç inicial pelo
r, porém não é regra.
Ex: pirá rãgawa ou pirá rãgawa – imagem de peixe / Tupana rãgawa – imagem de Deus.
,
Çãgawera (s.) – retrato, foto. Se antecedido por um possuidor ç inicial pode ser substituído pelo
r.
Ex: mamē ne rãgawera? – cadê teu retrato?
Çaití, raití, aití (s.) – ninho. (muda conforme o pronome). Ver aití
Çakaka (s.) – pajé de poderes especiais. Casta sacerdotal dos mais poderosos pajés. Os pajés
com poderes de conversar e curar através dos espíritos denominados ‘karuana’.
Çakaka’rana (s.) – pajé ou benzedor que finge ser poderoso e falar com espíritos. O pajé que
tem conversas com espíritos mas não atua.
Çakapíra (s.) – ponta. Com possuidor muda o ç pelo r. O mesmo que apíra.
Ex: Çararaka rakapira – ponta de flecha. / waka rakapira – ponta de chifre
Çakúa (s.) – febre. (na terceira pessoa). As demais são takúa ou rakúa.
Çakuã / rakuã / takuã (s.) – pentelho. Pelo do púbis. Quando acompanhado de um possuidor
que não seja na terceira pessoa, diz-se rakuã.
Çamauma (s.) – samaúma. Espécie de paineira gigante. A maior de região de várzea. Sumaúma.
Çãnha (s.) – dente dele ou dela. (o dente na terceira pessoa). Ver ãnha e rãnha.
Çapiã (s.) – testículos dele (na terceira pessoa). Ver apiã, rapiã e apinã.
Çapó¹ ou rapó (s.) – raiz. Com sotaque amazônida diz-se sapú ou rapú.
Çapó² (s.) – bebida tradicional do guaraná ralado, com água, porém, sem açúcar.
Çapopema ou rapopema (s.) – “raiz chata”. Raízes aéreas e grandes de algumas árvores.
Çapukaya pí (s.) – pé de galinha. Pés de galinha dos olhos. Tipo de brincadeira com cordas.
Çapukaya ruka (s.) – “casa de galinha”. Galinheiro. Talvez daí o nome de “sapucaia oroca” da
lenda de Borba.
Çarakura mirá (s.) – “árvore de saracura”. Espécie de arbusto cujo caule e folha são usados
como remédio.
Çaramũ – qualquer
Çawa (s.) – cabelo; pelo. Cabelo dele ou dela. Pelo dele ou dela. Quando acompanhado de
outros donos o ç muda para ‘r’. Ver rawa.
Çawaçú (s.) – cabelo grande. O mesmo que çawa pukú – cabelo comprido
Çẽbé (s.) – lábios (na terceira pessoa do singular). Lábios dele ou dela. Ver rēbé e tēbé.
Çeçá (s.) – olho. Olho dele ou dela. Variação de reçá: olho. Para a terceira pessoa.
Ex: çeçaĩma – cego (sem olho)
Çẽdawa (s.) – Lugar dele, dela. Variação de tẽdawa, rẽdawa. Usado para referir-se ao lugar de
uma terceira pessoa.
Çera (s.) – nome dele ou dela. Variação de rera. Quando se fala na terceira pessoa.
Çe rῖmawa (s.) – meu animal doméstico; meu bicho de estimação. O mesmo que xe rῖbabu.
Çeyara – o meu
Çuá (s.) – rosto dele ou dela. Quando antecedido de outros donos diz-se ruá.
Çuaçú anhãga (s.) – o veado quando possuído pelo espirito de anhãga. Dizem que pertence ao
grupo dos chamados “bichos-visajentos”
Çuaçú apara (s.) – veado campeiro
Çuaçú eté (s.) – veado verdadeiro. Veado de verdade, ou seja, que não esteja possuído pelo
espirito mal de anhãga (bicho-visajento).
Çuaçú’rana (s.) – “falso veado”. Suçuarana, puma ou onça vermelha. Uma das maiores espécies
de felinos da América.
Çuaitiwá (s.) – atalho. O mesmo que papata. Para caminho curto diz-se: apé yutuka.
Çuaki ou ruaki (adv.) – perto, próximo. Quando antecedido de algo se diz ruaki
Çuaya ou ruaya (s.) – rabo, cauda. Quando antecedido de um dono diz-se também ruaya.
Ex: arara çuaya – rabo de arara, yakú ruaya – rabo de jacu / çuaya – rabo dele / ne
ruaya – teu rabo.
Çũbí açú (s.) / (adj.) – bunda grande; grandes nádegas, bundudo, bunduda.
Çuiwara (posp.) – de, o que é de, (feito) de, o que é feito de.
Çukupira (s.) – uma das mais importantes espécies de árvores de madeira de lei da Amazônia.
Sucupira.
Çupitá² (s.) – firmamento. Variação de rupitá: quando estiver relacionado a terceira pessoa do
singular. O mesmo que taipara.
Çupiwara (adj.) – verdadeiro. Quando falado como substantivo ou diferencial. Ver eté/reté
Çurí (adj) – alegre. Quando vier após um possuidor, cai o “ç” e em lugar dele põe-se a letra “r”
Ex: çe rurí – eu sou feliz, çe rurí retãna – eu sou muito feliz, taῖna rurí – criança alegre,
xe aikú çurí – eu estou alegre.
Çurí akayupá (çoc. Adv.) – feliz aniversário.
Çuruki (v.) – meter, inserir, introduzir, aplicar, entrar com força, entrar escorregando. O mesmo
que muiké
Çurukukú tapuya (s.) – gente que faz pajelança usando cobra como remédio.
Darí darí (s.) – cigarra. O mesmo que ara mãya. Ver narí
Diskupa! – desculpe!
Ēē (part.) – Sim. É.
Ere – (pron. verbal) – você. Por ser pronome verbal usa-se somente antes de verbos. Usa-se
também sua simplificação re. Porem quando o verbo requer uma ordem, usa-se o pronome “e”.
Obs: quando for necessário ou possível, acrescenta-se antes de ere o pronome nominal
equivalente, o ĩdé.
Ex: eresó – você vai / ereputari – você quer / rexari – você deixa / ĩdé resó – você vai /
ĩdé rexári – você vai.
Eurupapura (adj.) – que vive na Europa; natural da Europa. (mais apropriado para coisas
naturais).
-gawa – sufixo. O mesmo que çawa. Usa-se com palavras que terminam com som nasal.
Gurupá¹ (s.) – margem; beira, beirada, litoral, margem. O mesmo que tēbiwa / rēbiwa.
Ex: paranã gurupá pe – na beira do rio.
Gurupá² (s.) – Município paraense as margens do rio Amazonas, região da ilha de Marajó.
Ĩbiaçawa tela yara ou ῖmiaçawa tela yara (s.) – captura de tela (informática)
Içayuba, Içayuwa ou Içá tawá (s.) – Sauba. Palavra original: içá – formiga + iuba – amarela.
Ĩdé yuaruwa ou Ĩdé pewa (loc. adv.) - você é chato, você é enjoado.
Ĩgua (s.) – caroço embaixo do braço e da perna que indica que o corpo está doente.
Iké rupí (posp.) – por aqui. O mesmo que kuarupí. Diz-se também sua simplificação: kerupí
Ikewara (s. / adj.) – daqui (o que mora), que é daqui, habitante daqui, originário daqui. Não é o
mesmo que iké çuí. Nativo; nativa. Local
Ikuçawa (s.) – costume. Forma usada quando a palavra não tiver possuidor. Ver rikuçawa e
sikuçawa
Ĩmiara (s.) – caça, animal capturado. O mesmo que ĩbiara. Quando possuído diz-se rĩmiara.
Ex: çe rĩmiara – minha caça
Imirá ou mirá (s.) – árvore. Nome genérico para todo vegetal que tenha caule, tronco e rama.
Inema – fedorento; fede. Usa-se quase sempre quando tiver o sujeito oculto.
I puderiwa – é possível
Irerú (s.) – vasilha, estojo; algo que serve para por e guardar; bacia.
Itainĩbú sirika (s.) – arame que não é farpado; arame liso. O mesmo que arãmi sirika.
Itá íwa (s.) – “pau-pedra”. Itaúba. Espécie de árvore de madeira-de-lei das mais valorizadas.
Itakuatiara¹ (s.) – pedra escrita ou desenhada. Muito comum na região amazônica. São
documentos arqueológicos dos povos nativos.
Itíka (v.) – jogar com proposito, lançar. Daí os tipos de pescaria: pináitika, puçaitika, pariitika,
çaraakaitika, etc.
Ĩtikawera – derrubável
Íwa (s.) – planta; o pé de planta, o caule dela. Vem sempre antecedido do nome da fruta
Ex: waçaí íwa – açaizeiro, pakuã íwa – bananeira.
Iwaçuĩma (adj.) – Sem ser difícil. Não é difícil. Dá a ideia de ‘fácil’. Ver Ĩtiwaçu
Iwí pixuna tapuyapura (s.) – terra preta do índio. Tipo de solo amazônico.
Kaá kirá (s.) – folha gorda. Folha ou vegetal grosso, cheio de sumo.
Kaá kíri (s.) – folha que dorme. Espécie de vegetais que tem folhas que quando se toca,
murcham.
Kaá mãya (s.) – “mãe da mata”. Espíritos protetores da floresta que recebem o nome generativo
acrescentado com o lugar ou vegetal onde se hospeda.
Kaá panema¹ (s.) – mata ou floresta de pouca madeira de lei. Floresta onde não há muitos
animais.
Kaá pawa (s) – a orla da mata, lugar onde a mata finda e começa o campo.
Kaá paya (s.) – “pai do mato”. Entidade mítica que habita a floresta e persegue caçadores e
madeireiros.
Kaá paya’rana (s.) – gente que ama a natureza. Quem luta por ela.
Kaá pepena (s.) – mato quebrado para sinalizar por onde o caçador andou.
Kaapí (s.) – espécie de cipó do qual se extrai uma essência alucinógena. A bebida extraída desse
cipó.
Kaá pirãga¹ (s.) – mato ou erva vemelha. Nome de diversos arbustos e plantas nativas.
Kaawara (s. / adj.) – o que não é urbano. Quem mora na mata (pessoa).
Kaba (s.) – palavra original de vespa. (Pouco usada no Nheengatu, substituída por kawa). Ver:
kawa.
Kabuku (s.) – caboclo. O descendente de indígena que não se considera indígena. Ver Kawoka.
Kãdirú (s.) – candiru. Espécie de peixe de tamanho minúsculo, porém, muito temido por
costumar em orifícios humanos durante o banho.
Kaiçuma (s.) – tipo de bebida comum na região de Parintins e Juruti. Bebida fermentada de
fruta, entre várias, a pupunha.
Kamaruara² (s.) – povo indígena do rio Tapajós, de origem arawak falante de Nheengatu.
Kamatiã pixé (s.) – vagina fede. Diz-se para a mulher que se deita com vários homens.
Kamatiã purãga (s.) – vagina bonita. Diz-se da mulher que não se relaciona com facilidade.
Kamitaú (s.) – alencorne. Espécie de ave de grande porte de cor preta e um “chifre” pelo qual
facilmente é reconhecido. Comum nos lagos de água barrenta. O mesmo que gõgõ. À fêmea dá-
se o nome de inhumã
Kamukamu (s.) – espécie de arbusto típico de região de água preta. Seu fruto.
Kamutĩ nãbí (s.) – orelha de pote. Peça pela qual se carrega o pote.
Kanumã paranã (s.) – o rio Canumã, no baixo rio Madeira (Território munduruku).
Karaipé (s.) – espécie de árvore, cujo caule ticado é usado para da consistência na vasilha de
barro durante a fabricação.
Karakará (s.) – espécie de gavião. Uma das várias espécies que habitam a terra-firme.
Karamurí¹ (s.) – espécie de árvore da família das sapotáceas. Seu fruto de um sabor único.
Karawarí (s.) – espécie de árvore de madeira de lei comum em terra-firme. Daí se originou o
nome do rio Carauiri, formador do rio Abacaxis.
Karayá² (s.) – apelido pejorativo dado ao povo Iní. Carajá. A língua carajá.
Kariamã (s.) – a festa da menina-moça. Ritual de iniciação para meninas. Rito de passagem
feminino.
Karuana¹ (s.) – o espírito particular do pajé. Entidade na pajelança. Atende por vários nomes ou
são vários.
Karuka pixuna (s.) – tarde escura e sem sol. Sempre em tempo de chuva. Tarde triste.
Karuka purãga! (loc. adv.) – tarde bonita! Não é o mesmo que purãga karuka.
Kawixí (s.) – sujeira acumulada na água ou na árvore lacustre e que provoca coceira.
Kawixí íwa (s.) – planta esponjosa típica de lagos onde se acumula o kawixí.
Kawoka (s.) – caboco. Inicialmente uma palavra pejorativa dada aos indígenas quando
chegavam aos aldeamentos. Ver kabuku.
Kauxiú (s.) – Caucho. Espécie de árvore da qual se extrai látex. Do termo: kaá uyaxiú – mata ou
vegetal que chora.
Kiĩnhapira (s.) – comida típica dos povos do rio Negro e Solimões. Molho feito de caldo com
pouca quantidade de peixe e muita pimenta.
Kíri rēdawa (s.) – dormitório, local de dormir, quarto de dormir (o mesmo que ukapí).
Kitã¹ (s.) – nó
Ex: mirá kitã – nó de madeira.
Kití¹ (posp.) - para (falar de lugar); Pode indicar localização vaga: para os lados de.
Ex: Asó Manaus kití – eu vou para Manaus / idé resó tawa kití? – você vai para aldeia?
Kĩwíra (s.) – irmão (da mulher). Palavra dita pela irmã em relação ao irmão: çe kiwira – meu
irmão.
Konorí (s.) – espécie de árvore típica de ygapó cujas raízes se espalham pela superfície.
Koré kãkãnema (s.) – a “porca visajenta”. Entidade maligna que vive em vilarejos e pequenas
cidades. Mulher que, segundo a crença, se transforma em porca.
Koyu (s.) – o lugar certo para boa pescaria. O lugar onde o pescador sabe que dá bem peixe.
(Região de Nova Olinda do Norte) Ex: ukuau mamē çe koyu – ele sabe onde é o lugar de minha
pescaria.
Kuá¹ (s.) – ânus. O mesmo que xikuara. Palavra tupi; em desuso em Nheengatu.
Kuaíra (pron. quantid.). Poucos, poucas, pouco, pouca, um pouco de (relacionado a quantidade).
Ex: e mēē kuaíra yukira xe arã – me dê um pouco de sal
Kuá opaĩ çui (adv.) – por isso tudo (por causa de tudo disso).
Kuaraῖma (adj.) – “sem buraco”. Diz-se de quem é virgem (em relação a ato sexual). Ver piçaῖ -
virgem.
Kuarasí purãga / warasí purãga (s.) – sol bonito. Diz-se quando o dia está ensolarado.
Kuarasi umanú putari / warasí umanú putari (s.) – eclipse do sol. Ver Yasí umanú putari.
Kuarasí una (s.) – sol escuro. Diz-se quando o dia está nublado.
Kuarí¹ (s.) – buraquinho. Grafia original de Coari. (Stradelli: nome de uma povoação do
Solimões).
Kuawara (adj.) – ‘ter juízo’. O mesmo que piaãga – consciente (no sentido de tem juízo – saber
o certo e o errado).
Kubiu (s.) – arbusto parecido com jurubeba, cujo fruto é bom condimento.
Kuecewara – de ontem.
Kuekatuĩma (adj.) – Ingrato. Não agradecido, pessoa que não reconhece (mal agradecido).
Kuéra¹ (adj.) – o que foi, passado, morto, finado, que “já era”, antigo. Ver wera, puéra.
Ex: tawa kuéra – aldeia em ruinas. / mira kuéra – o que era gente, defunto.
Kuéra² (adv) – no sentido de velho (relativo ao tempo). Tempo passado (muito antes...)
Kumã (s.) – sorva. Nome de uma árvore. Seu fruto. O mesmo que ananí
Kumarú (s.) – cumaru. Espécie de árvore cujo fruto é mito usada na medicina natural.
Kumaty (s.) – nome de uma espécie de árvore. Alguns chamam kumatê, sem levar em conta o
som tupi.
Kũnhãwéra (s.) – mulher antiga, que era mulher. Nome de uma entidade maligna da mitologia
maraguá (em maraguá: kunhãgwera)
Kupewara¹ (loc. posp.) – o que está atas ou por trás das costas, o dorso
Kurí (part./ posp.) – Logo. Expressa o futuro das palavras ou frase no sentido rápido ou não.
Mostra o futuro do verbo.
Ex: Asó kurí – eu já vou, eu irei
Kuruéra (s.) – resto de massa de mandioca que secado ao sol, é pilado para fazer mingau ou
biscoitos.
Kurumĩ² (adj.) – quando o substantivo requer uma explicativa sobre sua idade ou faixa etária.
Ex: çe mũ kurumĩ – meu irmão mais novo.
Kurumĩ kaá (s.) – espécie de planta cujas folhas são usadas para por em massa de tarubá.
Kuruperé (s.) – olho d’água, os primeiros córregos que irão se unir e formar o rio
Kurupíra (s.) – Curupira. Entidade da floresta. Ser que habita a floresta e que é tanto macho
quanto fêmea, podendo se procriar. De kurú – sapo / píra – pele: pele de sapo. Obs: kurũ piira –
corpo de rapaz; kurũ pira – pele de rapaz.
Kurupíra ruka (s.) – casa de curupira. Quase sempre se refere às grandes sapopembas onde
dizem serem as moradias dos curupiras.
Kuruté¹ (adv.) – depressa, ligeiro, rápido, cedo (no sentido de rapidez). O mesmo que kutē e
pirírí.
Kuruteĩma (adv.) – sem rapidez, devagar, lento. O mesmo que mewé – lento.
Kurutewa (adj.) – ágil; veloz.
Kuruwa (s.) – o mesmo que kuruba. Doença de pele comum em áreas ribeirinhas.
Kusikuí (verbo imperat.) – eis aqui, aqui está. (mostrando). Ver miçukuí
Kuya pewa (s.) – “cuia chata”. Vasilha feita de cuia, diferente da própria kuya
Kuya pinima (s.) – cuia pintada. Cuia bonita esculpida ou pintada com grafismos e desenhos.
Kuya’rana (s.) – falsa cuia. Vasilha de plástico hoje em dia substituta da kuya.
Kuyú kuyú (s.) – uma das muitas espécies de peixe liso ou de couro da Amazônia
Maãnhanaῖma (adj.) – sem cuidado; sem atenção; desatento. O mesmo que yumukuari
(descuidado)
Mãã reçé (adv.) – porque, por que? Pelo qual? (vale somente para perguntas).
Maã rupí?¹ (adv.) - (interr.) por onde? O mesmo que mamẽ rupi?
Maçawarí paranã (s.) – o rio Massauari, afluente do paraná do Ramos – município de Boa
Vista do Ramos.
Maçuka ou paçuka (s.) – paçoca. Alimento feito da castanha de caju ou da castanha do Pará.
Mãdakí (s.) – espécie de mucura que vive em igarapés e que se alimenta de camarão.
Maé tatá (s.) – “coisa de fogo”. Do original tupi: mbaetatá. Fogo-fátuo. Entidade maligna
conhecido na corruptela boitatá. Boi-tatá.
Maitá – O que tem? O que é? Que coisa? Simplificação de mãã taa? – O que?
Makaka¹ (s.) – macaco, símio; mono. (Nome genérico). Ver: kuxiú, wakarí, xuĩ, parawakú,
kuatá, kayarara, yurupixuna, marika-w-açú, kaité, aymuré, wariwa, pituna makaka, etc.
Makaka kiçawa ou Makaka makíra (s.) – “rede de macaco”. Variedade de cipós de terra-
firme.
Makaka kiwawa (s.) – “pente de macaco”. Espécie de árvore comum em terra-firme de onde se
extrai “bichos de coco” para fritar.
Makaka kũnhã (s.) – macaca. O feminino de macaco.
Makakarikuya (s.) – cuia de macaco. Espécie de árvore típica de região de água preta
Makaka turukarí (s.) – “castanha de macaco”. Espécie de árvore de várzea cujo fruto serve para
dar as galinhas
Makamira ou Makãbira (s.) – Do tupi: Makambira. Espécie de planta da família das meliáceas.
Makaxera (s.) – macaxeira. Mandioca mansa. Muito apreciada por toda Amazônia e da qual se
faz vários alimentos: macaxeira frita, macaxeira cozida, mingau de macaxeira, etc.
Makú (s.) - macu, apelido dado a família linguística puinawe, do alto rio Negro.
Makuá (v.) – reservar (separar pra um proposito).
Makukawa (s.) – espécie de ave galinácea muito comum na Amazônia (Tinamus brasiliensis) e
que a religiosidade tradicional diz se agourenta ou fazer parte dos bichos-visajentos. Macuco.
Makurú (s.) – armação feita de duas tripés para armar a rede da criança em lugares de trabalho o
que faz com que a criança fique próxima a mãe.
Maniaka puwa (s.) – mandioca mole. Mandioca amolecida na água e deixada para ser preparada
para outro dia.
Maníçawa (s.) – ver maní sowa.
Maní koré (s.) – “mandioca porco”. Variedade de mandioca brava. Talvez daí o nome da cidade
amazonense de Manicoré.
Manikuera³ (s.) - manipuéra, o líquido que sai da massa da mandioca depois que é prensado no
tipiti. O mesmo que tukupí.
Maní sowa² (s.) – comida originada na culinária indígena do baixo-Amazonas, hoje prato típico
do Pará.
Maníwa (s.) – a árvore da mandioca. Do tupi: manaíba, pelo nhēēgatú antigo: maníba.
Mapĩguarí (s.) – entidade da floresta. A mais terrível forma de demônio (segundo as tradições
religiosas indígenas). Com a boca no estômago, vaga pela mata sempre à procura de carne
humana. Termo maraguá e sateré: mapinguary.
Maraã¹ (s.) – varejão. Vara longa. Usado principalmente ou para apanhar frutas ou para
empurrar embarcação.
Maraguá (s.) – povo de origem arawak, porém, tupinizado. Falante de Nheengatu tradicional e
do maraguá. Tem laço cultural e social forte com o povo Mawé.
Marímarí’rana (s.) – “marimari sarro”. Espécie de árvore típica de várzea. Seu fruto.
Marõba (s.) – curral ou estrado sobre varas ou tábuas como assoalho para abrigar animais de
estimação em tempo de enchente amazônica.
Marõba ara (s.) – tempo de marõba. Termo que se refere a época da Enchente.
Marupiara (s. / adj.) - sortudo, (o) que tem sorte no amor, nas caçadas, nas pescarias etc. O bom
em tudo.
Matĩ² (s.) – assombração. Fantasma. Não é o mesmo que mira ãga – fantasma de pessoa.
Matĩ³ (s.) – entidade maligna das culturas tupis da Amazônia. Dizem ter duas formas ou duas
origens: a de pessoas que tem contrato com o diabo e podem se transformar em um pássaro
negro e agourento ou o próprio diabo.
Matĩ tapewera (s.) – junção dos termos: matĩ – fantasma + tawa – aldeia + wera – antiga ou
velha: “fantasma da casa abandonada”. Matita-pereira. Entidade malévola das culturas
amazônidas.
Matupirí² (s.) – casa de palha, porém com divisões. Bem mais organizada que o tapirí.
Mawarípawa (s.) – a “ponte” de madeira ou estrado de tabuas usado como porto e que cada casa
ribeirinha tem na beirada.
Mawé (s.) – também chamado de sateré-mawé. Um dos mais populosos povos da Amazônia.
Fala sateré, porém há muitos que usam a língua nhēēgatú tradicional como primeira língua.
Mayé (conj.) – como, da mesma forma que. Pode vir antes ou depois na frase.
Ex: - mayé ixé ti aikué nẽawa – como eu não tem ninguém.
Mayé reputari – como você quiser; como você quer, como quiser.
Mbaú (v.) – engolir, ingerir, comer. O mesmo que karú. Ver karú. (palavra usada
principalmente no rio Negro)
Ex: xe ambaú – eu engulo / ambaú riré – depois de eu ingerir / rembaú – você come.
Mbueçawaruka (s.) – escola. Junção de mbueçawa – ensino + ruka – casa: casa de ensino.
Mẽdaçaraĩma (s.) – solteira, solteiro de ambos os sexos. Diferente de menaĩma que só vale para
mulheres.
Mẽdaçara’rana (s.) – ‘companheiro’ ou ‘companheira’. Pessoa que vive com outra como
marido e mulher, porém sem ser casado.
Miaçua (s./adj.) – servo; serviçal; súdito; sujeito a alguém; sob o domínio de alguém.
Mĩbíra (s.) – filho ou filha por parte da mãe (o filho da mulher) Palavra de gênero indefinido,
porém pertencente somente à mulher.
Ex: Maria mĩbira – filho (ou filha) de Maria. / Kunhã mῖbira – filha da mulher.
Mĩbira ãgawa (s.) – afilhada da mulher
Mira’ãga kiçeçú (s.) – “espada dos espíritos”. Nome que se dá a pena de arara ungida e usada
pelos pajés na cura.
Mirakitã (s.) – não se sabe ao certo se o nome original é: mirá – madeira / kitã – nó: nó de
madeira, ou mira – gente / kitã – sedução: sedução de gente, ou ainda muraki – trabalho / itá –
pedra: pedra trabalhada (esculpida). Porém, é menos possível a primeira opção já que se trava de
uma pedra: jadeíta, e não de madeira. Diz-se do amuleto de cura esculpidos pelas Ikamiabas, as
mulheres guerreira do rio Nhamundá e presenteadas aos homens com quem elas copulavam,
segundo Frei Carvajal.
Mirá pinima (s.) – “madeira pintada”. Tipo de clava ou cacete de guerra, pintado de várias
cores.
Mira pinima (s.) – “gente pintada”. Nome de um antigo povo arawak da região da ilha
Tupinábá’rana, nas proximidades do rio Mamuru.
Mirĩ² (adj.) – novo; mais novo. Quando é necessário ter a ideia de idade.
Mirití tapuya (s.) – indígena-buriti. Apelido dado a um povo de família tukano, no rio Negro.
Mitirí (s.) – bolsa a tiracolo usada pelos caçadores para carregar pequenos utensílios.
Morototó (s.) – espécie árvore ou arbusto amazônico de cuja vagem se faz contas de artesanato.
Muã² – fingir
Muarixí (adj.) – o que faz metido, o que faz orgulhoso. O que faz faceiro.
Muçuẽ kũnhã (loc. adv.) – ‘adoçar mulher’. Flertar. Conquistar, bajular para conquistar mulher
através da bajulação.
Muçurãna (s.) – tipo de corda de fibras de warumã. De muçũ – musum + ‘rana – falso.
Mũdurukú (s.) – nome de um povo indígena localizado em algumas áreas indígenas entre o rio
Madeira e rio Tapajós. A língua falada por eles.
Mũdurukú retãma (s.) – ‘o país dos mundurukus’. Região tradicional do povo mundurucu entre
os rio Tapajós e Madeira.
Muíri rupí taá? (loc. adv.) – Qual o valor de? Quanto custa?
Ex: muíri rupí taá repiripana? – por quanto você comprou? / muíri rupí taá kuá
axirura? – quanto custa essa roupa?
Muiwatéçawa – elevação
Mukuau (v.) – fazer saber; declarar. Informar; habilitar; O mesmo que yũbeú.
Mukũipó (num.) – dez. Na pronúncia com sotaque amazônida se diz mucuinpu. O mesmo que
paĩpó.
Mukuraçú (s. / ad.) – “mucurão”, gambazão”. A ideia que se tem da raposa. Pessoa fedorenta.
Mumĩ rẽdawa (s.) – lugar de esconder, esconderijo. O mesmo que emumĩçara (escondedor).
Mũmuçaká (v.) – retirar; re-excluir. (tirar ou excluir mais de uma vez). O mesmo que amũçaká.
Mumuçaka² (s.) – vasilha ou cuia que serve para tirar água do porão da canoa ou de barco.
Munhãgara ãga – “espírito criador”. Deus. Na religiosidade tradicional, se refere aos espíritos
criadores.
Mupuiteçawa (s.) – desmentidora (mal jeito no corpo ou rompimento na junta dos ossos)
Mupuka¹ (v./s.) – romper; rompimento.
Mupuxí¹ (v.) – enfeiar, fazer ficar feio, fazer feio. Fazer ficar nojento.
Mura (s.) – nome de um dos mais importantes povos indígenas na história da Amazônia.
Inimigo dos colonizadores, lutou por muito tempo contra a invasão dos brancos em seu território.
Participou ativamente da revolução da Cabanagem. Deixou de falar sua língua e passou a falar
em Nheengatu, assim como muitos. Hoje é um dos povos que estão revitalizando a Língua Geral
da Amazônia.
Mura retãma (s.) – “o país dos muras”. Região histórica do rio Madeira pertencente ao povo
mura.
Muratu (adj.) – mulato. Pessoa que tem cabelo encaracolado. Ver xexeu
Murerú (s.) – planta aquática. Espécie de planta típica de beiradões de rios amazônicos.
Muruçãga (v.) – esfriar, resfriar, tornar frio. Ver iruçãga ou ruçãga. O mesmo que muruí.
Murũgú (s.) – molongó. Árvore de várzea em região de água preta, de cuja madeira leve se faz
artesanato.
Mururé² (s.) – espécie de árvore de terra-firme cuja resina ou “leite” é usada como remédio em
poucas doses.
Mururé³ (s.) – espécie de passarinho amazônico comum nas várzeas de água barrenta.
Mururú (v.) - molhar, regar, inundar. De mu – fazer, rerú – úmido: fazer úmido.
Mururuçara (adj.) – quem ou o que molha.
Murusí (v.) – Muruci. Espécie de árvore. Seu fruto. O mesmo que muruxí.
Múrutawa (s.) – aldeia ou cidade de muro. Diz-se das antigas cidades fortificadas segundo a
bíblia.
Mutĩburi yara (s.) – o dono da defumação. O pajé ou sacerdote que esteja fazendo a cura com
defumação.
Mutirika¹ (v.) – mudar de lugar, remover, afastar algo ou alguém, tirar do lugar.
Mutirika² (adj.) – mudado, removido, transferido (2° classe)
Mutũ ruaya² (s.) – tipo de abrigo na mata feita com palhas e cipós muito usado por caçadores.
Muturuçú (v.) – aumentar em grossura, tornar grande. Crescer em largura. Engrossar. Crescer-
se em largura – yumuturuçú
Muyada (adj.) – que não atende ninguém; quem não ouve conselho
Muyuréu (v.) - fazer virar. Ex: amuyereu pirá xiririkaçara upé – eu frito o peixe na frigideira.
Muyurú (v./s.) – clamar; clamor
Ex: Yamuyurú tupana çupé – vamos clamar a Deus.
NBA – Sigla de Nheengatu do baixo Amazonas. Uma das três vertentes da Língua Geral da
Amazônia. Nheengatu tradicional.
Nhamũdá (s.) – “vamos roubar”. Do original: nhá (nós) + mũdá – roubar. Hoje se diz ‘ya mũdá’.
Nome de uma cidade amazonense, fronteiriça com o Pará que ganhou esse nome por causa do
rio. A frase em si talvez tenha a ver com as riquezas dos povos indígenas da região (muiraquitãs
e icamiabas).
Nheengatu (s.) – “língua ou fala boa”. Nome atual da Língua Geral da Amazônia (LGA).
Ninaçawa – caricia
NRN (s.) – sigla de nhēēgatú do rio Negro, também chamada yēgatu. Das vertentes da Língua
Geral da Amazônia é a mais influente e a que mais sofreu modificações e influência de outras
línguas. Com gramática e ortografia próprias, representa o chamado “nhēēgatú moderno”.
NTJ (s.) – sigla de nhēēgatú do Tapajós. Vertente da Língua Geral da Amazônia com gramática
e ortografia própria falada e ensinada na região do baixo Tapajós.
O – (pronome verbal). 3ª pessoa do singular. Ele, ela. (com sotaque, diz-se “u” pouco ou muito
acentuado).
Ex: usó – ele vai (pronuncia-se usó ou usú), uputari – ele quer (diz-se “uputari”).
Omaguá (s.) – apelidado pejorativamente de akãbeba (cabeça chata), é povo tupi e habita o
médio Solimões. Antigamente foi um dos que mais se destacaram na fala do Nheengatu. Hoje há
projetos para a reinclusão da Língua Geral nas escolas das aldeias.
Omaguá retãma (s.) – região ou país dos omaguás chamado por eles de Macpharo.
Pá (pron. indef.) – todo (a), tudo. Significa a totalidade de algo. Forma simplificada de opaĩ.
Ex: ukarú pá pirá – ele comeu todo peixe.
Paá (part.) - dizem, dizem que, diz-se que contam, contam que.
Ex: unhẽẽ, paá, yãdé purãga – dizem que somos bonitos.
Panakarika² (s.) – Embarcação com essa cobertura cujo barco fica parecendo uma casa
flutuante. Hoje em dia está raro, porém, ainda em uso em áreas afastadas.
Panakú (s.) – cesto grande para por roupa. Em época que não havia guarda-roupa se usava
bastante pelo interior amazônico.
Panema (adj.) – azarado; sem sorte, quem nada dá certo. Ver mupanema.
Paranã itapema (s.) – laje de pedra de rio, pedra lajeada dentro do rio. Baixio de pedra perigoso
para embarcação.
Paranã mãya (s.) – a mãe do rio. A parte mais funda do rio, por onde passa o canal.
Paranãwara (s.) – quem mora a margem de rio, ribeirinho. Quem é do rio ou que pertence a ele.
Parawakaxí (s.) – espécie de árvore de médio porte cujas folhas miúdas fecham durante a noite.
Parawarí paranã (s.) – nome de um rio, afluente do rio maués-açú, no município amazonense
de Maués.
Parawarí tapuya (s.) – nome dado a um grupo isolado de origem sateré entre os rios Abacaxis e
Parauari. Também chamados de índios abelhas (awyá mi’yt)
Pariitíka (s.) – pesca com parí. Tapagem no lago ou no rio para pegar peixe.
Pariká (s.) – espécie de árvore. O alucinógeno extraído de sua fruta quando raspada, torrada e
secada.
Pauxí (s.) – nome de um povo indígena de origem Arawak que habitava o baixo-Amazonas
paraense. Hoje extinto como povo.
Paxiuba (s.) – espécie de palmeira amazônica.
Paxiká (s.) – comida preparada da carne da tartaruga ou tracajá feita no próprio casco.
Payé (s.) – pajé, feiticeiro, curandeiro, sacerdote de religião tradicional. (em algumas línguas
indígenas: sateré: painy, maraguá: malyli).
Payeçawa (s.) – pajelança. Tradição religiosa; cura através dos espíritos amazônicos.
Payé çakaka (s.) – pajé poderoso. Pajé que tem visões e viaja pelo mundo dos espíritos.
Payé’rana (s.) – falso pajé. A pessoa que tem o dom de pajelança, mas não exerce.
Payurá (s.) – pajurá. Nome de uma árvore amazônica. Seu fruto bastante apreciado.
Pẽ (pron. possessivo) vosso (-a, -os, -as); de vocês; seu (-a, -s, -as).
Ex: pẽ ruka – casa de vocês, pẽ kũnhãetá – mulheres de vocês.
Peku (adj.) – fruta ou outra coisa que cai antes de hora ou que não se desenvolve.
Piatã (adj.) – coração forte. O mesmo que piá kirimawa ou piá kirĩbawa. Diz-se de pessoa
corajosa, sem temor.
Pikuá (s.) – pequena cesta de fibra usada na pesca. Bolsa de pesca para se carregar pequenos
utensílios.
Piná aywa (s.) – pindaíba. “anzol ruim”. Diz-se de má sorte, “a ver navios”.
Pináitíka (v.) – pescar com anzol.
Piná siririka (s.) – currico. Tipo de anzol em cuja extremidade se põe algo que pareça peixe
justamente para atraí-lo. Empregado sobretudo para tucunaré e pirarucu pequeno.
Pipupeka³ – sapato
Pirá kuí (s.) – Farelo de peixe. Tipo de comida amazônica que consiste em assar, moquear, tirar
as espinhas e secar a carne do peixe tornando-a como farinha.
Piramũgawa – emergimento
Pirãnha (s.) – nome comum de várias espécies de peixe. De pirá: peixe + anha: dente.
Pirãnha kayú (s.) – “piranha caju”. Espécie de piranha, a mais temida por serem muitas.
Pirarukú (s.) – espécie de peixe. De pirá: peixe + urukú: espécie de vegetal vermelho.
Pirasipa puĩ (s.) – malhadeira fina. Diz-se da malhadeira de malha fina para pegar peixe
pequeno.
Pirasipa turuçú (s.) – malhadeira grossa. Diz-se da malhadeira que tem malha espaçosa para
pegar peixe grande.
Pirayawara (s.) – boto. Nome genérico, porém mais ligado ao boto vermelho. Ao outro se diz
tukuxí.
Piraywa (s.) – piraíba. Nome de um peixe bagre. O maior deles. Peixe ruim, mau.
Pirera (s.) - pele fora do corpo; casca, couro; casco. Ver píra.
Ex: kakau pirera – casca de cacau. / yawuty pirera – casco de jabuti
Piripiríoka (s.) – “casa de piripiri”. Espécie de vegetal de cuja raiz se extrai um dos aromas mais
famosos da Amazônia.
Pisikaçara² (s.) – “pegador”. A pessoa que “puxa desmentidura”. Quem faz massagem.
Pitá (v.) - ficar (também no sentido de tornar-se, passar a estar, passar a ser).
Pitama – fieira
Ex: pirá pitama – fieira de peixe.
Pitera¹ (s.) – beijar. O mesmo que pitã. Não é o mesmo que chupar (para a palavra chupar ver:
xipã ou xupã
Pitera²(s.) – beijo
Pituna purãga (s.) – noite bonita. Para dar boa noite a alguém se diz: purãga pituna.
Pixuíra (s.) – filho caçula. O mais novo dos filhos. O menorzinho da turma.
Pó (s.) – mão.
Pororoka¹ (s.) – Fenômeno natural hidrográfico que ocorre no encontro do das águas do rio
Amazonas com o oceano.
Potó (s.) – inseto ácido que provoca queimaduras na pele caso entre em contato com o corpo
humano.
Puçãga puxí (s.) – ‘feitiço’. Remédio maligno ou mau. O mesmo que maraçaimara.
Puçãga puxiçara (s.) – feiticeiro. Quem faz feitiço. O mesmo que mumaraçaiçara
Puçá muewa rẽdawa (s.) – área de rede móvel; área de cobertura de rede móvel
Puçá tirikawera rẽdawa (s.) – área de rede móvel (internet). O mesmo que puçá muewa
rẽdawa.
Puçé² (adj. de 2ª classe) – o substantivo “peso” vira adjetivo “pesado” sem precisar mudar de
forma, é só acrescentar a ele pronomes possesivos: çe, ne, yãné, aé. Daí porque se diz de segunda
classe.
Ex: çe puçé – eu sou pesado, i puçé – ele é pesado, yãné puçé – nós somos pesados.
Pukena – envolver (no sentido de melhorar o bem estar ou apaixonar). Dar prazer.
Purãduwa (s.) – história, mito. Do Nheengatu antigo: porãduba. O mesmo que marãduwa.
Purãga ara! (cumprim.) – bom dia! O mesmo que nanê kuẽma! e yãné kuẽma!
Purãga karuka (cumprimento) – boa tarde. O mesmo que nanê karurka ou yãné karuka.
Purãgamuaúçawa (s.) – confiança
Purãga pituna (cumprimento) – boa tarde! O mesmo que nanê pituna ou yãné pituna.
Puruí açú (s.) – variedade de puruí cujo fruto é muito apreciado como suco.
Putiá katú (s.) – peito bom. Diz-se para o peito do homem quando forte.
Putari (v.) - querer, desejar. Putari querer sempre que vem junto de outro verbo é esse outro
verbo que recebe o prefixo nominal.
Ex: xe asó putari – eu quero ir / uputari – ele quer.
Puxirũ¹ (s.) – trabalho comunitário onde as vizinhos ajudam o trabalho do vizinho e vice-versa.
Puxurí (s.) – espécie de árvore de cuja casca se faz chá muito apreciado.
Puxurũ² (v.) – trabalhar de maneira coletiva, em grupo; trabalhar comunitariamente. Ver puxirũ
Rãgawa (s.) – variação de çãgawa. Imagem. Quando este vier antecedido de pronomes de
primeira e segunda pessoa.
Ex: Ne rãgawa – tua imagem, çe rãgawa – minha imagem.
Raĩ (adv.) – ainda. Usado no final da frase, como posposição. Em yēgatu diz-se rē
Ex: ti akarú raĩ – eu não comi ainda
Raíra rãgawa (s.) – afilhado ou afilhada do homem. Oposto de mĩbira rãgawa – afilhado ou
afilhada da mulher.
Rakuã (s.) – quando o termo çakuã – pentelho, estiver antecedido com um possuidor que não
seja a terceira pessoa do singular. Ver çakuã
Ramẽ¹ (conj.) - por ocasião de; durante, no caso de; (posp.) em, de, a (com. palavras que
expressam tempo).
Ex: ĩdé re só ramẽ – quando você for. Ara ramẽ – durante o dia / a puraki a puderi ramē
– trabalho enquanto posso.
‘rana (suf.) – parecido mas não igual, falso, não verdadeiro, adulterado
Ex: limão’rana – falso limão, primo’rana – falso primo.
Rapé (s.) – variante de apé – caminho. Quando vier antecedido de um possuidor. Ver apé
Ex: ygarapé – caminho de canoa, tawa rapé – caminho da aldeia, ĩdé rapé – teu caminho.
Rawa (s.) – sufixo que como çawa, mawa, bawa e gawa; transforma verbos e adjetivos em
substantivos.
Rawa (s.) – cabelo. Quando vier antecedido de um dono na terceira pessoa, é çawa.
Reçá (s.) – olho. Variante de çeçá e de teçá. Quando este vier antecedido de um possuidor. Ver
çeçá ou teçá
Ex: çe reçá – meu olho
Reçewara¹ (çeçewara) (s. / adj.) - (o) que é a respeito de, (o) que é relativo a, a história de,
sobre... O mesmo que piari
Rẽdawa – variante de tēdawa: lugar. Diz-se assim quando vier antecedido de um possuidor.
Quando se junta a outro substantivo vira sufixo e dá origem a uma nova palavra.
Ex: itárẽdawa – pedreira.
Rẽdira (s.) – irmã, mana (do homem). Variação de tẽdira: Forma possuída. Quando o possuidor
estiver na terceira pessoa diz-se çẽdira.
Renũdé (s.) – Variante possuída de enũdé (posp.) - 1. adiante de, à frente de; 2. antes de; 3.
diante de.
Retãma – variante de tetãma e etãma, quando este vier antecedido de um possuidor. Pátria, país.
Ex: pinowa retãma – região de palmeira, yãné retãma – nossa pátria.
Retãna (adv. intensif.) – de mais, muito. O mesmo que eté ou reté. Adverbio de intensidade.
Reté (sufix.) o advérbio eté –: muito em qualidade e verdadeiro também pode ser sufixo, nesse
caso acrescenta-se o “r” no início.
Ex: katú reté – muito bom, kuekatú reté - muito obrigado, ygaraeté – tipo de canoa
(pronuncia-se igarité).
Retimã (s.) – variante de etimã: perna. Quando vier antecedido de um possuidor que não seja o
pronome possessivo da terceira pessoa.
Ex: çe retimã – minha perna.
Rikuçawa² (s.) – costume; tradição; cultura. Variante de ikuçawa quando vier antecedido de um
possuidor.
Ex: çe rikuçawa i purãga – minha cultura é boa.
Rikuwé pe – ao vivo
Rimirikú (s.) – variante de imirikú: esposa, quando vier antecedido de um possuidor que não
seja o terceiro pronome do singular, cuja forma é: çimirekú.
Ex: çe rimirikú – minha esposa.
Riputi (s.) – variante de Tiputi: excremento, cocô. Quando vier antecedido de um possuidor.
Ruakí ou ruaké (posp.) - perto de; próximo de. Forma possuída. Quando vier com a terceira
pessoa do singular diz-se çuaki.
Ruyaripawa (s.) – fé
Ruka (s.) – variante de uka: casa. Quando vier antecedido de um possuidor. Ver Çuka.
Ex: çe ruka – minha casa, Maria ruka – casa de Maria.
Rukena (s.) – variante de ukena: Porta. Quando este vier antecedido de um possuidor.
Ex: çe rukena – minha posta / çe ruka rukena – porta de casa ou porta de minha casa.
Rupiá (s.) – variante de çupiá: ovo. Quando vier após um possuidor, porém não é regra.
Rurí (adj. 2ª cl.) - variante de çurí: alegre, feliz. Quando vier antecedido de um possuidor.
Ex: çe rurí retãna – sou muito feliz.
Ruruaçawa – promoção
Sí (s.) – mãe. Palavra pouco usada. Está na formação de várias palavras, mas no geral, o termo
mãe se diz mãya.
Ex: yasí – lua, kuarasí – sol.
Siía (pron. quantif.) – muito, muita, muitos, muitas. (em desuso). Hoje superado pelo adverbio
piragaça
Siginiçawa – significado
Sῖĩma (adj.) – liso
Sikué (v.) – ele está ou é vivo (na terceira pessoa). Ver rikué e ikué.
Sikuçawa (s.) – costume, tradição quando o possuidor estiver na terceira pessoa (dele, dela). Ver
ikuçawa.
Simiaçuana – escravizado
Simiaçuçawa (s.) – escravidão
Sipó (s.) – cipó – (no sotaque amazônida ou caboquês se pronuncia sipú. Dependendo do lugar).
O mesmo que xipó
Sisikaçawa – aperto
Ex: pó sisikaçawa – aperto de mão.
Só (v.) – ir. (No sotaque amazônida ou “caboquês” o “o” tem quase o som de u).
Ex: Aso’ana – eu fui
Soó¹ (s.) – bicho. Todo animal que não esteja entre aves nem estre os peixes. (com sotaque
amazônida ou caboques pronuncia-se “suu”, o que não pode ser confundido com o verbo çuú).
Sookuéra (s.) – a carne depois de o animal morto. (Com sotaque amazônida, pronuncia-se
suucuera).
Tá – partícula de dúvida. –
Ex: Tá ukuau – quem sabe.
Taá - partícula interrogativa para questões abertas, que admitem muitas respostas. Não tem
significa próprio.
Ex: awá taá ĩdé? – Quem é você? Ixé taá? – eu?
Tãbakí rãnha (adj.) – “dente de tambaqui”. Diz-se de pessoas que deixaram seus dentes
crescerem um atrás do outro, sem tirar os dentes “de leite”.
Tãba tayá (s.) – tamba-tajá. A Crença tradicional de alguns povos em que a algumas variedades
de tajá tem o poder de se transformar em animais protetores da casa ao lado da qual esteja
plantado: tayá buya e tayá ywareté. Ver tayá.
Tãdaká (s.) – lenda ou mito amazônico originário da região do rio Urariá cuja entidade é uma
serpente espírito que cura as pessoas.
Tãĩnha¹ (rãĩnha, çãĩnha) (s.) – caroço, semente. Não é o mesmo que rĩbiá (botão)
Taipa (s.) – A ripa, que atravessada na parede, é revestida de barro (casa de barro).
Taíra (s.) – filho, filha (de homem). Quando sem possuidor diz-se taíra. Quando estiver
antecedido de um possuidor diz-se raíra.
Ex: Çe raíra – meu filho, Pedro raíra – filho de Pedro.
Takaká² (s.) – iguaria de goma de mandioca, tucupi, jambu, cebolinha e camarão. Comida típica
dos povos indígenas e hoje, de toda Amazônia.
Takana kaá (s.) – cana de flecha. Cana que dá em abundância nas margens dos rios e muito
apreciado para fabricação de flechas.
Takua (s.) – febre. Quando antecedido de um possuidor recebe as modificações: rakua (1° e 2°
pessoa) çakua (3° pessoa).
Takunhã, çakunhã, rakunhã (s.) – A genital ou região genital do macho. Não pode ser
confundido com títi que só se refere ao pênis.
Tamatiã, çamatiã, rãmatiã (s.) – a genital da mulher e das fêmeas em geral. O que inclui o xirí
(vagina) e região.
Tamatiãkawa (s.) – espécie de vespa que faz sua casa de barro com uma única abertura para
entrada, parecido com vagina. Daí o seu nome.
Tãni (s.) – embrulho em fasquias de cipó ou outro material, para conservação e facilitar o
transporte do gênero sem deteriorá-lo.
Tãníça (s.) – fasquias de cipó ou de outro material análogo, cuidadosamente limpas e alisadas,
para entaníçar molhos de tabaco, pacotes de salsa etc.
Tapakura (s.) – cinto; cinta, liga
Tapayú¹ (s.) – Tapajós. Nome de um dos maiores rio Amazônicos, afluente do Amazonas pelo
lado direito.
Tapayú¹ (s.) – povo indígena de origem arawak. Um dos vários povos tapajoaras que optou por
reavivar a língua Nheengatu.
Tapírayawara (s.) – “anta cachorro ou anta carnívora”. Nome de um animal fantástico das
crenças indígenas amazônicas. Metade anta, metade onça. Segundo a religião urutópiãg é o
espirito protetor dos felinos.
Tapirí (s.) – cabana, casa de palha improvisada e para passar certo tempo.
Tapiú kawa (s.) – tapiú. Espécie de vespa. Uma das mais temidas.
Tapixawa (s.) – vassoura comum de varrer dentro de casa. Quando tiver possuidor se modifica
para: rapixawa (minha, tua, etc) ou çapixawa (vassoura dele/dela).
Tapuyuna (s.) – homem negro. O que pertence a raça negra. Ver tapayuna
Tapuyu’rana (s.) – falso indígena. Quem gosta de viver como indígena, mas que não é. Quem
não é indígena mas tem jeito.
Tarakayá (s.) – tracajá. Espécie de quelônio da água. Ao macho dá-se o nome de anorí.
Tarú (s.) – objeto de madeira de uso na torração da farinha de mandioca. Usado tanto quanto o
remo.
Tarumã (s.) – árvore da família das verbenáceas, comum em região de águas pretas.
Tawá² (s.) – amarelo. Em alusão ao barro amarelo. O mesmo que yuwa /yuba
Tawaçú (s.) – cidade. De: tawa – aldeia + açú – grande. O mesmo quer mairí
Tawarí¹ (s.) – árvore da família das teticidaceas de cujo caule se extrai o “papel” para fazer
cigarro caseiro. Tauari.
Tau (pron.verbal e possessivo) - 1. Eles; elas. deles, delas. Indica a indeterminação do sujeito
Ex: tau kuau – eles sabem / tau witá – eles nadam.
Taxí² (s.) – designação comum a várias espécies de árvores da família das leguminosas.
Tayá (s.) – tajá. Nome comum a várias espécie vegetais comuns na Amazônia.
Tayá buya (s.) – tajá-jiboia. Espécie de tajá que dizem ter poderes para se transformar em jiboia
quando benzida segundo a crença do tãba tayá.
Tayana (adj.) – fiel
Tayera (rayera) (s.) - filho (do homem). Variação pouco usada de taira.
Tayoka – Espécie de formiga muito temida por sua voracidade e grandes presas. Taoca.
Té (adv.) – até.
Tẽbé (s.) – lábios. Quando vier antecedido de um possuidor recebe a modificação: rēbé.
Tẽbiwa (s.) - margem, borda. O mesmo que gurupá. Quando tiver um possuidor recebe as
formas rēbiwa, çēbiwa.
Tẽdawa (s.) – Lugar; sitio. Quando vier antecedido de um possuidor recebe as formas: rēdawa e
çēdawa.
Tẽdira (s.) – irmã do homem. Quando vier antecedida de um possuidor recebe as formas rēdira,
çēdira.
Tẽmiú (s.) – comida. O mesmo que ẽmiú. Quando vier antecedido de um possuidor cai o t e
recebe a letra r ou ç: rẽmiú (1° e 2° pessoa), çẽmiú (3° pessoa).
Tetãma (s.) – terra, região; pátria, país. Quando vier antecedido de um possuidor recebe as
modificações: retãma, çetãma.
Tẽtu (s.) – tento. Espécie de árvore. O caroço dela de vários “tipos” e dos quais se fabrica
artesanato.
Tĩ (s.) – nariz
Tipawa (adj.) – vazio (seco – no sentido de vazio, sem líquido ou outras coisas).
Ex: paranã tipawa – rio seco / teyupá tipawa – lamaçal seco / kamutí tipawa – pote seco /
marika tipawa – barriga vazia.
Tipípura (adj.) – o que mora no fundo. Em referência aos animais ou entidades mitológicas que
habitam o fundo dos rios amazônicos, os botos encantados que moram em cidades submersas.
Ver Wiara.
Tipitĩga² (s.) – fundo branco, fundo branquicento. Não é o mesmo que typitĩga – água clara no
sentido de estar suja.
Tiríka (v.) – afastar, separar (no sentido de sair de perto). Ver yutiríka
Tiritirí mãya (s.) – A mãe do terremoto. O jacaré-mãe ou a mãe das cobra-grandes que segundo
antiga crença, segura o mundo, é a causadora dos terremotos.
Toró (s.) – espécie de roedor comum nos charcos amazônicos. Espécie de rato d’agua.
-tuba – (suf.) – expressa abundância, grande número. Forma antiga da expressão moderna tywa.
-tywa (suf.) - expressa abundância, grande número. Forma substantivos coletivos. O equivalente
ao “zal” ou “nal” do português. -tiwa – a forma aportuguesada de tywa, usada no yẽgatu.
Tuí (ruí, tuí)¹ (s.) – sangue. O mesmo que tipirãga (liquido vermelho)
Tuí (ruí, tuí)² (v. 2ª cl.) – sangrar
Tukãdera (s.) – tocandira. Espécie de formiga. Usa-se também a forma aportuguesada: tukãdira.
Tukãdera ruwa (s.) – luva de tukãdera. Objeto tradicional sateré-mawé. Em sateré diz-se
sa’ary’pe
Tukarí pupeka (s.) – “castanha coberta”. Tipo de bombom de chocolate e castanha do Pará.
Tukuribá (s.) – espécie de árvore. Seu fruto comum em região de ygapó de água preta. De
tukura – gafanhoto + ibá – fruta: fruta de gafanhoto.
Tupaçama ou tupaxama (s.) – corda. Quando vier antecedido de um possuidor troca a letra “t”
pelo r.
Ex: çe makira rupaxama – a corda da minha rede.
Tupi² (s.) – a língua tupi. Antiga língua dos tupinambás, originadora do Nheengatu.
Tupinãbá (s.) – povo indígena de origem tupi do litoral, e que chegou a Amazônia refugiado dos
embates com os portugueses. Colonizou e influenciou a região a partir do Maranhão até a ilha de
Parintins, no Amazonas. De sua língua (uma variação tupi) nasceu o idioma Nheengatu.
Tupinãbá’rana¹ (s.) – Falso tupinambá. Nome pelo qual vários povos do baixo Amazonas que
tupinizados, receberam dos colonizadores. Desses podemos relacionar: povos maraguá, çapupé,
andirá, sateré, parintin e kuriató.
Tupinãbá’rana² (s.) – Nome da segunda maior ilha fluvial do mundo localizada no Baixo
Amazonas, estado do Amazonas.
Turú (s.) – verme de grande tamanho apreciado como alimento no noroeste do Pará.
Tyĩ (s.) – a bolha na água quando a tartaruga ou o peixe boia está se alimentando no fundo.
Tyĩtywa (s.) – o lugar onde aparecem as bolhas que indicam ao pecador onde a tartaruga ou o
peixe boi está.
Typitĩga (s.) – água suja; água turva ou branquicenta. Não é o mesmo que tipi tĩga (fundo
branco).
Wãbé ou ãbé (s.) – espécie de cipó muito usado em teçumes e no artesanato em geral. Junto
com o cipó titika é o mais durável e por isso mais procurado no interior amazônico.
Waçakú ou açakú (s.) – uma das maiores árvores amazônicas cujo tronco grosso é usado como
boia das casas flutuantes.
Wakurau ou Akurau (s.) – Bacurau. Nome de uma espécie de passarinho noturno que
acreditam ser agourento e que faça parte do grupo dos “bichos visajentos”.
Wanana’í ou nana’í (s.) – marrequinha. Muito comum nos lagos de água barrenta.
Wapé yapuna (s.) – “forno de piaçoca”. A vitória-régia também chamada Yapuna kaá e
awaripé.
Wapuí ou apuí (s.) – espécie vegetal comum na Amazônia. Planta que sobrevive em outras.
-wara (suf.) - o que está; o que é (de), o que está em, o habitante de, o natural de. Do tupi: guara.
Wará (s.) – guará. Espécie de ave litorânea cuja cor vai de branco a rosa.
Warakapá (s.) – o bico da proa da canoa ou a ponta da cumeeira onde os caibros se encontram.
Warasí ara (s.) – verão ou dia de sol. O mesmo que kuarasí ara.
Wariwa apeiyara ou waríba apeyara (s.) – o chefe das guaribas (diz-se uariuapeiara ou
uaribapeiara)
Warumã ou arumã (s.) – pequena palmeira cuja palha e as fibras servem para confecção de
artesanato ou cobertura de casa.
Wataçara (s.) – andador, andadora, o que anda. Do tupi: guatasara, pelo Nheengatu antigo:
guataçara.
Waturá ou aturá (s.) – tipo de cesta de carga feito de palha e trançado com cipó ãbé.
-wéra¹ – sufixo que expressa o passado dos substantivos e adjetivos criando também com isso
novas palavras.
Ex: kapumawera – o que era ilha, antiga ilha / kunhãwéra – o que era mulher, mulher
antiga / kãwéra – o que era osso, osso fora do corpo.
Werau – raio.
Ex: werawawerau – raio de luz
Wiara (s.) – nome pelo que são conhecidos os “Companheiros do fundo” em Nheengatu.
Entidade ou crença de que os botos se transformam em gente e moram em cidades no fundo do
rio.
Wirá payé (s.) – apelido que dão ao ticuã: “pássaro feiticeiro”. Espécie de pássaro que dizem ser
agourento. O mesmo que tikuã.
Wirá pixuna (s.) – ‘pássaro preto’. Diz-se de ave agourenta; ave de má sorte.
U – ele, ela (pronome verbal). Antigamente escrito em ‘o’ e separado do verbo. Hoje, é unido ao
verbo.
Ex: usó – ele vai, uputari – ela quer, ugustari’ana – ele gostou.
Uatumã (s.) – antigamente dito: ayuatumã. Espécie de árvore típica região de água preta.
Ũbá (s.) – nunca! Não tem. Palavra mais usada no rio Negro. Também tem o sinônimo de ‘não’.
Uçara (adj.) – engolidor; engolidora. Obs: Não é o mesmo que karuwara – comedor, comedora.
Uixí kurua (s.) – espécie de árvore. Seu fruto. ‘uixí encalombado ou cheio de calombos’.
Uka, çuka ou ruka (s.) – casa. Quando não tem possuidor diz-se somente uka.
Ukena, rukena, çukena (s.) – porta. Palavra quando não tiver um possuidor.
Ukitã-w-açú (s.) – esteião. O maior e principal dos esteios. Diz-se também uka pitaçuka.
Una² (sufixo) – o adjetivo uma também vira sufixo relativo de preto, escuro.
Ex: iwíuna – terra escura / ararauna – arara azul.
Upaka (adj.) – turvo; turva. Sem brilho; sem vivacidade. Meio escuro.
Ura (s.) – larva de mosca quando é depositada sob a pele ou na cabeça humana e que causa
moléstia.
Uruçukãga ou Uruçakãga (s.) – tipo de paneiro de carga tecido com cipó ãbé, cujo
conhecimento fabril foi esquecido.
Urukurí (s.) – urucuri. Espécie de vegetal. Palmeira comum nas várzeas amazônicas.
Uye reté (adv.) – hoje mesmo. O mesmo que uye kuaye e kuríwara kuaye.
X
Xaĩ (adj.) – cabelo enrolado, encaracolado.
Xiaçawa – chiado
Xií (posp. comparativa) – menos que. As vezes tem o mesmo sentido de xui – de.
Xipiá (v.) – espiar, avistar, assistir; olhar com atenção, observar. O mesmo que maã.
Xipiaketeçawa – contemplação
Xiríka¹ (s.) – seco, sem vida, seco ao sol. (para vegetais). Ver muxirika – secar
Ex: mirá xiríka – árvore seca
Xirí nema (s.) – vagina fede. O mesmo que ‘kamatiã pixé’. (sem levar em conta o sentido
original de nema – fedor na natureza).
Xirí piroka (s.) – vagina sem pelo. O mesmo que kamatiã piroka
Xũdarawa (s.) – o espírito protetor dos peixes-boi segunda a religiosidade de alguns povos. Em
maraguá se diz: guarũguámãya – mãe dos peixes-boi.
Xukui (v. impess.) - aqui está, está aqui, eis, olhe aqui.
Ex: xukui xirura – aqui está a roupa, xukui çe rumuara – eis aqui meu amigo.
Xupé (posp.) – para. Modificação de çupé. Propriamente usada para o pronome “i” ele.
Xukururú (s.) – entidade mitológica. Metade preguiça, metade homem. Em maraguá diz-se
jougororou.
Xupé (posp.) – forma variante de çupé após i (ele/ela nominal)
Yãbu kori (adj.) – cor de jambo; moreno/ morena. Pessoa cuja pele não é nem negra e nem
branca.
Yãdírawa ou Yãdirowa (s.) – “óleo amargo”. Andiroba. Nome de uma árvore amazônica. Seu
fruto da qual se extrai um óleo farmacêutico famoso na medicina tradicional. Diz-se também
ãdirowa.
Yãga (s.) – ar
Yakime – orvalhado
Yaki’rana-buya (s.) – inseto amazônico que parece cobra voadora. Espécie de inseto temido
pelos interioranos.
Yakuba (s.) – jacuba. Alimento composto de mel, água e farinha. Pirão de farinha e mel.
Yakumã (s.) – leme; timão. Qualquer objeto na popa da embarcação que sirva de leme.
Yakumã rẽdawa (s.) – “a sala de máquina”. Local da popa onde se encontra o leme ou a
máquina do barco
Yãne kuẽma – bom dia. O mesmo que Purãga ara (somente até ao meio-dia)
Yanomâmi (s.) – ianomâmi. Nome de um grupo étnico e de uma língua do Amazonas. Nome de
uma família etno-linguística.
Yapuna tawátĩga (s.) – forno de barro (comum em aldeias tradicionais, usado principalmente na
torração de guaraná).
Yapurá² (s.) – nome de um rio amazônico afluente do rio Amazonas pelo lado esquerdo.
Yapurá³ (s.) – cidade-município do estado do Amazonas.
Yará (s.) – algumas vezes a palavra ygara (canoa) é modificada para yará.
Yarakíçara (s.) – “jaraquizeira”. Rede de pesca (malhadeira), especial para capturar jaraquis.
Yasí kawa (s.) – “lua gorda”. Diz-se para a kawré – lua cheia.
Yasitara (s.) – jacitara. Espécie de palmeira cujas talas rijas e cortantes são usadas em fabricação
de peneiras.
Yasítatá (s.) – estrela
Yawá¹ – isso
Yawiçawa pe – no erro
Yẽgaçawa puxí (s.) – música de baixa qualidade. Musica mundana; musica feia.
Yepewarupí – unicamente
Ygapó (s.) – floresta cujo terreno baixo é inundado durante a estação cheia na Amazônia.
Ygarapé (s.) – “caminho de canoa”. Igarapé. Curso fluvial de tamanho inferior a rio.
Ygaraeté (s.) – “canoa verdadeira”. Canoa boa e de maior tamanho. Pronuncia-se igarité.
Ygaratá (s.) – barco. De ygara (canoa) e itá (pedra). Em alusão a barco de ferro.
Ygaratá mayanaçara (s.) – barco empurrador. Barco próprio para levar balsa.
Ygaratapema (s.) – balsa
Ykuara – “buraco de água. Furo. Nome dado a locais fluviais que dão acesso a dois lagos, rio e
lago ou dois rios.
Yu ou ye (prefixo verbal) – se; me; te, lhe. Serve como agente criador de verbos no sentido
pessoal.
Ex: yupena – quebrar-se; yukirá – engordar-se, etc.
Yú (s.) – espinho.
Yũma (s.) – Também chamado de Juma. Ser gigantesco com forma humana que habita os
centrões da floresta Amazônica.
Yumãã (v.) - olhar-se (refl.); olharem-se (recipr.).
Yumumunhãgarakatú – especializar-se.
Yupú – entre (na divisão de dois objetos, coisas ou pessoas) – algo localizado. Menos usado que
miterupé.
Yuruá (s.) – nome de um rio amazônico afluente do rio Amazonas pelo lado direito
Yuruparí¹ (s.) – Jurupari. Entidade mítica de origem tupi reverenciada na região do rio Negro.
Yutimakudaçawa – agricultura
NOTA 2
Do Português
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Gustari Gostar Kũyeçeri Conhecer Telefuni Telefone
Kahu Carro Murari Morar Burukeyari Bloquear
Rua Rua Kurukari Colocar Atiwí Funcionar
Nutari Anotar Xipora Espora Té Até
ALGUMAS HISTÓRIAS
AMŨAMŨ MARÃDUWAETÁ
YEPEWARA MARÃDUWA
Primeira história
Yepéruê’pe mukũi taĩna yepé paya uxaari aĩtá kaá peterpe. I raíra i tiaraeté. Itiana urikú tẽmiú
píri aĩtá çupé.
Uma vez um pai de dois filhos colocou eles no meio do mato. Seus filhos eram gulosos. Já não
tinha comida para eles.
Ariré, taupitá kaá rupí kaĩma. Aramẽ tauyupíri imirá-w-açú gapíra kití. Imirá iwatékuera.
Taῖnaetá kirirĩ o pitá’ana. Pituna uyuri... Aramẽ taumaã yepé tatá imirá wiripé.
Depois disso eles ficaram pelo mato perdidos. Então eles subiram para cima de uma arvorezona.
A árvore era alta. As crianças ficaram em silêncio. A noite veio... Então eles viram um fogo
embaixo da árvore
Tauuyé, tausó mamē urikú tatá kití. Apé tauaçẽmu kurupíra i mukaẽmi sookuéra
Eles desceram, eles foram onde o fogo estava. Ali eles acharam o kurupíra moqueando carne.
Aĩtá yumasí uikú, aramẽ, tauyeruré kurupíra xuí yepé mixíra xiwara.
Eles estavam com fome, então pediram do curupira um pedaço de assado
Aramẽ, kurupíra umunuká çetimã rookuéra açuí umēē aĩtá çupé. Taukarú sookuéra riré, taῖnaetá
upurãdú.
Então o kurupira cortou a carne de sua perna e deu para eles. Depois de comerem a carne as
crianças perguntaram.
- Mamẽ rupí apé çe ramuĩ?
- Por onde é o caminho meu avô?
Kurutéçawa kurupíra uçuaxari: - Pesó aperupí má ĩti peçemu apé xuí. Çe anãma Waribabuya ti o
gustari taĩna xuí.
E de pronto o curupira respondeu. Vão por ali, mas não saiam do caminho. Meu parente
Guaribaboia não gosta de criança.
Yaguarê Yamã
MUKŨIWARA MARÃDUWA
Segunda história
BUIUÇÚ MARÃDUWA
A cobra-grande
Mario José
MUÇAPÍWARA MARÃDUWA
Terceira história
Apé, umaã yy. Itú witéwera retãna. Kamũduçara usika’ana ypawa gurupá pe uú yy arãma
mairamẽ yepé yakaré açú uçuú usaá aé
Lá ele viu a água. Era uma cachoeira alta. O caçador ficou na beira do lago para beber água
quando um grande jacaré tentou mordê-lo.
Kamũduçara upisikari’ana i mukawa, aramẽ uatirari yakaré açú upé. Yakaré açú umanũ.
O caçador pegou sua espingarda, então ele atirou no jacaré. O jacaré grande morreu.
Ariré kamũduçara upisikari i kiçé, umuçaká’ana yakaré pirera. Aramẽ uywíri i tawa upé çurí
retãna.
Depois disso o caçador pegou sua faca, tirou o couro do jacaré. Então ele retornou para sua
aldeia.
Elias Yaguakãg
IXÉ TAPUYU
AGUSTARI ĨDÉ
PUTÍRA
MAÃ RE PUTARI?
IMAGENS ÇÃGAWAETÁ
ORGANIZADORES
Yaguarê Yamã é escritor renomado, professor pela SEDUC, formado em Geografia pela
UNISA-SP. Atua no movimento indígena há vinte anos. Faz parte da organização do movimento
indígena nas regiões ribeirinhas onde criou o projeto “de volta ás origens” para a inclusão dos
povos indígenas na sociedade brasileira e a preservação de sua cultura. Em Nova Olinda tem
atuado para a preservação da língua maraguá e Nheengatu.
Mario José de Almeida Silva é professor pelo ensino municipal de Nova Olinda do Norte.
Formado em pedagogia e pós-graduado em gestão educacional, atua no movimento indígena
desde 2016. Nascido no rio Abacaxis, é um dos organizadores do movimento indígena local.