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CL

curadoria de
charlene cabral
e diego groisman

Circuito
Latino-Americano
de Arte
Contemporânea
140 141

CL CL
AC AC
curadoria de
charlene cabral
e diego groisman

Circuito
Latino-Americano
de Arte
Contemporânea
No espectro dos fenômenos humanos
enfeixados no amplo conceito de cultura,
as artes, em suas variadas manifestações,
tornam-se um instrumento privilegiado para
expressar ideias, anseios e impasses de um
povo e de uma época.
Conscientes dos poderes representativo e
reflexivo provocados pela produção artística
contemporânea, tanto na esfera simbólica
quanto em seus efeitos imediatos nas
comunidades circundantes, a Secretaria
de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul
(Sedac), por meio da Casa de Cultura Mario
Quintana, teve a honra de promover a primeira
edição do projeto expositivo de caráter
internacional Circuito Latino-americano de
Artes Visuais – I CLAC –, entre os meses de
dezembro de 2021 e fevereiro de 2022.
Constituído a partir da proposta em apresentar
um conjunto de obras contemporâneas, com
temáticas que versassem sobre o impreciso
e controverso conceito de América Latina,
o I CLAC, ao todo, mobilizou cerca de 100
artistas e trabalhadores da cultura nas etapas
de seleção de obras, produção, transporte,
montagem, divulgação e mediação dos
trabalhos que integraram a mostra.
A realização de um evento com tal envergadura,
contando com obras de artistas de vários
estados do país e também estrangeiros, remete
às aspirações do então primeiro secretário
da Cultura do Rio Grande do Sul, Carlos
Appel, cuja cadeira, com muita alegria, hoje
ocupo. Em depoimento para o documentário
que celebra os 30 anos da Casa de Cultura,
Appel lembra que, além dos 11 mil m² que a
instituição ocupa no Centro Histórico de Porto
Alegre, compreende-se a importância de sua
presença e representatividade “[…] não só para
texto de Beatriz Araujo
Secretária de Estado da Cultura o Estado, não só para o Brasil, mas para toda a
do Rio Grande do Sul América Latina”.
texto de Diego Groisman No final da década de 1950, Porto Alegre O equívoco conceito de América Latina, que,
Diretor da Casa de Cultura
Mario Quintana
sediou dois acontecimentos de ambicioso em sua base, agrega diferentes países a partir
alcance: o I Salão Pan-americano de Arte de convergências linguísticas, históricas, sociais
e o I Congresso Brasileiro de Arte, ambos e culturais, inspirou a elaboração deste Circuito
idealizados para celebrar o cinquentenário do que acentua, de imediato, o viés político da arte,
Instituto de Belas Artes (atual Instituto de Artes em contrastada convivência com as demandas
da UFGRS). À época, a realização dos eventos do sistema capitalista, fortemente representado
demarcava a força do sistema das artes local pelo norte global. Em convocatória aberta
em interlocução com o contexto internacional aos países da chamada América Latina, a
e convocava intelectuais, artistas e críticos de primeira edição do CLAC recebeu mais de 300
todo Brasil ao debate de questões relacionadas propostas de diversos pontos do continente,
à produção artística e seus impactos em intencionando promover o diálogo entre
múltiplas esferas — filosófica, social e distintas percepções artísticas, a partir de um
política. Com um parentesco longínquo, a suposto denominador comum: a relação do
Casa de Cultura Mario Quintana apresenta pensamento e fabricação da arte, forjados
agora o I Circuito Latino-Americano de Arte em contextos de generalizada injustiça social.
Contemporânea, mostra que traz a Porto Seis espaços expositivos, espalhados por
Alegre uma seleção de trabalhos artísticos toda a extensão da Casa de Cultura, exibem
sintonizados à complexa cena contemporânea, proposições artísticas que incitam a reflexão
repercutindo em seus formatos e provocações, sobre os limites, contradições e sentidos de uma
os anseios, dilemas e questionamentos identidade latino-americana no mundo atual.
apresentados sob o signo da pluralidade.
Se, em seu significado estrito, um circuito é a
trajetória estabelecida de um ponto a outro,
tendo como chegada o ponto de partida,
é possível conciliar a realização do CLAC às
pretensões iniciais de uma instituição como a
Casa de Cultura Mario Quintana. Ocupando
lugar privilegiado no Centro Histórico de Porto
Alegre, o centro cultural, representativamente,
tem uma importância simbólica para além
das fronteiras do Brasil. Na esteira semântica
do termo circuito, ainda tem-se a associação
às ideias de ciclo e de acontecimentos em
movimentos periódicos. Com isso, enseja-
se que a realização do I CLAC estabeleça
um marco inicial para uma discussão—não
estática ou encerrada em si mesma —, sobre
latinoamericanidade, suas contingências e
possibilidades, fertilizada a partir da relação
com os públicos.
texto de Charlene Cabral O Circuito Latino-Americano de identidade, fragmentada e trôpega
Circuito co-curadora do CLAC Arte Contemporânea acontece, em em suas próprias contradições.
Latino-Americano sua primeira edição, sob o tema Frágeis, ainda, porque no próprio
de Arte (des)territórios e (des)identidades. É nome latina, que remete à alcunha
Contemporânea imediato perceber que as palavras forjada pela diplomacia francesa
territórios e identidades, ao flertar do século XIX, cuja nomeação do
com o prefixo des, se auto anulam, território levava embutido o desejo de
indicando negação ou oposição, dominação, não estão consideradas
em um visível posicionamento de as culturas e os muitos idiomas nativos
relativização desses importantes – vivos, mortos e em perigo – dos

(des) termos que historicamente vêm sendo


manuseados como ferramentas de
habitantes originários dessa porção da
América. Frágeis, mais uma vez, pela

territórios construções narrativas: sejam elas


dominantes e arraigadas ou libertárias
distância simbólica que se estabelece
entre as (des)identidades latino-

e (des) em relação a tais dominações e, por americanas e um país como o Brasil,

identidades
isso, necessárias para que comunidades tradicionalmente “de costas” para a
usurpadas possam lutar por seus América Latina.
direitos e dignidades. Ao encontro
Entre a potência e a fragilidade, a
dessa segunda possibilidade, aparece
opção por fortalecer o elo sempre
outro uso do prefixo des, que também
existe. Ela vem sendo praticada
pode significar reforço de uma ideia,
por alguns ao longo do tempo; há
conferindo-lhe intensidade. Um
momentos históricos que se alimentam
Nós, latino-americanos desvario, por exemplo, nada mais é do
das energias revolucionárias e de
que uma loucura enfatizada, inclusive
fraternidade entre pares latino-
poética. De um modo ou de outro,
americanos. Redes de pessoas,
Somos todos irmãos pela negação ou reiteração, o fato é
mas não porque tenhamos projetos e trabalhos são realizados
que identidades não são esquemas
a mesma mãe e o mesmo pai: em nome dessa grande e diversa
fechados, e os territórios são, antes de
temos é o mesmo parceiro América Latina. O I Circuito Latino-
qualquer apropriação humana, terra
que nos trai. Somos todos irmãos Americano de Arte Contemporânea
que não entende de propriedade,
não porque dividamos acontece nesse espírito, ciente dos
o mesmo teto e a mesma mesa: nome ou cultura.
elos rotos e das falhas desse tipo de
divisamos a mesma espada Unidos por uma suposta identidade lugar comum. Acontece como um
sobre nossa cabeça. comum, que reúne situação geográfica dispositivo de arranque, jamais de
com língua oficial, os países da fim. Os movimentos aqui propostos
Somos todos irmãos
denominada América Latina se tocam se apresentam como uma grande teia
não porque tenhamos • A escrita deste texto não
o mesmo braço, o mesmo sobrenome: foi solitária. Essenciais foram
por elos potentes e frágeis a um formada por diferentes visualidades,
temos um mesmo trajeto as contribuições de Diego só tempo. Potentes pela bandeira falas, escutas, pesquisas e saberes
Groisman, diretor da CCMQ alinhavados pelo tempo e no espaço
de sanha e fome. Somos todos irmãos política que permitem ensaiar: ex-
e também curador do CLAC,
não porque seja o mesmo sangue que muito bem recordou desse colônias vizinhas e com importantes de uma exposição. Os trabalhos e
que no corpo levamos: certeiro poema de Ferreira problemas políticos, econômicos e atividades aqui reunidos não buscam
Gullar; e de Germano Scheller,
o que é o mesmo é o modo pesquisador sobre arte e sociais, muitas vezes semelhantes apaziguamentos, muito pelo contrário,
como o derramamos.  América Latina, a respeito da entre si: essa mesma “espada sobre a se colocam como testemunhos e
atribuição colonialista de uma
latinidade comum a essa parcela
cabeça” sobre a qual comenta Ferreira agentes incômodos dessas terras
Ferreira Gullar, Barulhos, 1989 do continente Americano. Gullar. Frágeis pela condição de toda arrasadas.
14 34 62 82
36
16 64
84
38 86
18 66
20 42 88
68
22 46
90
48 70
24 92
50 72 96
26 56 74
98
32 60 76 108
12 13

CL CL
AC AC
14 O trabalho se liga ao questionamento sobre 15
quais identidades são de fato representadas
pelas palavras utilizadas no circuito artístico.
O processo de “surizar” consiste em cortar
as palavras ao meio, mantendo apenas sua
parte sul. Nesse sentido, “surizar” resulta
da destruição e do repensar do sentido da
palavra “orientar”, em que é retido o sentido
orientador do termo, também abrindo
espaço a uma perspectiva histórico-poética
de resistência.

Surizado de palabras, 2021


Instalação, medidas variáveis

fernando
villalpando
Naucalpan/México, 2001.
Vive em Huixquilucan/México

CL CL
AC AC
16 Vazio demográfico, 2018 17
Registro de intervenção,
impressão em papel de outdoor,
coletivo
inço
86x43 cm (cada)

Audrian Cassaneli Diana Chiodelli


Xanxerê/SC, 1989 Nonoai/RS, 1994
Vive em Chapecó/SC Vive em Chapecó/SC

A partir dos olhares voltados à cidade de Chapecó


(SC), os artistas passaram a observar a constituição
de seu perímetro urbano sob o pressuposto da
colonização, uma vez que ela costumava ser
interior no centro de seu atual perímetro urbano,
mas, com sua expansão e crescimento, tem
expulsado o interior para as margens, fazendo-
se centro. Desde sua constituição, Chapecó
ocupou territórios extensos, na justificativa de
colonizar para fertilizar áreas até então inférteis.
A esse processo de propaganda e venda, deu-
se a justificativa de “vazio demográfico”, termo
apresentado no texto de referência de Rosa Alba:
“Chapecó, localizada no oeste do estado de Santa
Catarina, pode ser analisada na ótica da expansão
capitalista. A história do início de sua colonização
fazia parte de um projeto de colonização feito
pelo governo estadual que objetivava colonizar
todo o oeste de Santa Catarina considerado pelas
autoridades da época como um vazio demográfico
(ALBA, 2006)”.

Através dos embasamentos teóricos estruturados


na pesquisa, desenvolveu-se a demarcação do
mapa atual da cidade, num formato de cruz,
sendo este desenvolvido a partir do marco zero
— ponto inicial de constituição da cidade, a partir
da igreja matriz — estruturando os quatro eixos
demarcados nas divisas dos limites de município,
circundando-o. Após a demarcação, realizou-se
visita a estes pontos, onde foram colocadas placas
com a seguinte descrição: “Vazio Demográfico”.
Simbolicamente, pretendeu-se justificar o conceito
através dos critérios utilizados no passado,
CL
desconsiderando populações de indígenas e CL
AC caboclos residentes e domiciliados neste espaço. AC
18 A instalação parte da premissa da re-distribuição dos 19

camila países da América Latina a partir das suas incidências


literárias, ou melhor, “do que se escuta” em cada região

proto
de cada país. O projeto teve início durante a Residência
Artística do Vila Flores (POA), realizada em 2019, com
financiamento do Fundo de Cultura do Estado do Rio
Grande do Sul, e desdobrou-se em 2020 para o X Festival
Porto Alegre/RS, 1996
Novas Frequências (RJ). No Circuito Latino-Americano
Vive no Rio de Janeiro/RJ
de Arte Contemporânea, a instalação remonta algumas
etapas processuais para uma composição inédita da
obra. A instalação é composta por: um mapa sublimado
em tecido do “novo” continente, um mapa em papel
vegetal do processo de mapeamento sonoro, uma lista
dos livros utilizados durante a pesquisa e uma carta
ficcional da expedição a esta outra América Latina.
Conceitualmente, a obra propõe uma reflexão coletiva
sobre acordos, fronteiras, e principalmente sobre as
relações possíveis de serem tramadas entre os países
da América Latina. Ultrapassando os limites geográficos
e políticos implicados na distribuição de um continente,
interessa para este trabalho a possibilidade ficcional de
invenção de novos territórios móveis, que se conectam
através do som.

Zonas de escuta:
América Latina, 2021
Instalação, medidas variáveis

CL CL
AC AC
20 “Mapa Mundi é um têxtil costurado à mão que reúne 21
centenas de etiquetas industriais provenientes,
principalmente, de roupas, mas também de utensílios
domésticos, como toalhas, lençóis e cobertores. Com
etiquetas de mais de 40 países e territórios, a maioria delas,
além de informar a marca da peça e as condições ideais
de lavagem, informa o país em que a peça foi fabricada,
algumas vezes trazendo também sua bandeira ou algum
referencial geográfico estampado. Se observadas mais
atentamente, muitas etiquetas refletem características
do país de onde provêm, marcando diferentes aspectos
geográficos, políticos, históricos, culturais e sociológicos
desses lugares: suas estratégias de autoafirmação
e consolidação de identidade, ecos do colonialismo,
vulgarização da língua inglesa, suas concepções territoriais
baseadas no geográfico, na relação com a paisagem e
sua cultura. Nomeei meu trabalho de Mapa Mundi por uma
analogia à cartografia, pois nela convergem geografia,
ideologia e política. De origem fundamentalmente
ideológica, os mapas são instrumentos fundadores da
história das nações, são construções ficcionais — tanto
quanto as próprias nações. Os mapas podem ser entendidos
como um tipo de linguagem usada para mediar uma visão
particular de nosso mundo. Quando vistos desta forma, eles
podem ser associados a certos ‘discursos cartográficos’ ou
a aplicações persuasivas e retóricas, e não apenas como
algo destinado a nomear e localizar. Esses mecanismos
discursivos dos mapas — e seus representantes modernos,
como as próprias etiquetas com que construo o “mapa” —,
mostram como se tornaram uma força política em nossa
sociedade. Mais importante ainda é o que eles nos dizem
à segunda vista, o que realmente está sendo mapeado por
trás de sua camada mais externa.” [M.F.]

Mapa Mundi, 2021


Têxtil, 104x206 cm

maíra artista
convidada
pela curadoria

flores
do CLAC

CL Porto Alegre/RS, 1990 CL


AC Vive em Lisboa/Portugal AC
22 desacostumar o absurdo revisitar a 23
temporalidade irreplicável

Antes da invasão Brasil, a região onde laryssa


está situado o Rio Grande do Sul era
habitada por tapes, charruas e guaranis –
os últimos, há mais de mil e quatrocentos
anos. Um dos primeiros registros data de
machada
Porto Alegre/RS, 1993
1531, por navegadores de passagem pela Vive em Salvador/BA
costa (na qual não desembarcaram). Por
um grande período, a região foi visitada
apenas por “aventureiros”, em busca de
indígenas para capturar e escravizar.” No
início do século XVII, a região até então
considerada “terra de ninguém”, começou
a ser ocupada com a chegada dos padres,
que fundaram as missões jesuíticas
pela região onde hoje estão situados
os estados do Rio Grande do Sul, do
Paraná e os países Paraguai e Argentina.
Reduções/missões jesuíticas > campo de
trabalho forçado > reinvenção autoritária
do espaço e do tempo.

[...]
no momento não tenho vontade de contar
nenhuma história
exótica pra você
está tudo vivo
estou tão feliz de estar aqui de novo
y,
na presença de tantas,
prometemos ou lembramos
de criar espaços de liberdade

prêmio-aquisição
do CLAC 2021
Terra de ninguém, 2021
CL Fotografia digital impressa sobre tecido CL
AC de algodão, 250x160 cm AC
24 25

enero
y abril
Xalapa/México, 1992
Vive em Ciudad de México/México

Parte da série documental Made in La Charca, 2018-2019


Como una película, vídeo, cor e som, 4’56
Calor, vídeo, cor e som, 41”
New York, vídeo, cor e som, 2”41”

Documentário
experimental sobre
a migração ilegal da
família da artista de
Veracruz aos Estados
Unidos, o trabalho está
baseado na memória
oral e joga com
diferentes formatos:
vídeo, fotografia,
áudio, instalação e
impressões.

“Este arquivo é uma


homenagem ao amor,
ao enraizamento, à
condição humana
e a esse fazer das
tripas o coração para
sobreviver aos diversos
deslocamentos a que
nos empurra o sistema.
La Charca é o nome
popular da cidade de
onde vem meu pai,
CL
em Veracruz, México”. CL
AC [E. y A.] AC
26 27

onde você
âmbitos e níveis. A outras, pode emergir a lembrança de
nossa majoritária ignorância — exceto por essas cartes du

está quando tendre contemporâneas que eventualmente consultamos,


mapas fabulados sobre o que há em cada canto, e esses

está aqui? cantos simplificados ao máximo — sobre o que ultrapassa


a esquina de nossas uma, duas, três, vinte casas (as que
residimos e aquelas pelas quais nos movemos no tabuleiro
desse jogo de vida e morte). Juntando esses pontos com os de
Na conferência O antropoceno e a destruição (da imagem) Latour, se descortinam alguns aspectos amplamente retóricos
do globo1, Bruno Latour se posiciona criticamente em relação 1 Publicada em: do processo globalizante colonial. Globos e mapas têm seus
LATOUR, Bruno.
à comum concepção — de trajetória platônica, teológica e Diante de Gaia:
pesos, senhores e mitologias; e os fluxos comunicantes dessa
epistemológica — do Globo como uma esfera visualizável, oito conferências grande e, em muitos aspectos, opaca Terra, são complexos e
sobre a natureza do
que compreende a totalidade do mundo. Para ele, não existe antropoceno. São sempre históricos.
nada mais provinciano do que fingir uma “visão global”, seja Paulo: Ubu Editora,
2020.
3 Maíra Flores O trabalho Mapa Mundi (2021), de Maíra Flores3 — em certos
sobre a esfera azul que identificamos como nosso planeta ou foi uma das duas
artistas convidadas sentidos um abre alas do I CLAC — é uma costura literal de
sobre outros chamados “superorganismos” — verdadeiros a integrar o I CLAC, símbolos territoriais originários de países integrantes de cinco
nomes próprios, com maiúsculas —, tais como Natureza, precisamente
em razão desse (dos seis) continentes. Trata-se de uma coleção de etiquetas
Deus ou Capitalismo. Ele dialoga com Peter Sloterdijk citando trabalho, que, ao de roupas e outros têxteis, reunidas pela artista ao longo de
algumas de suas diretas e incisivas perguntas: “Onde você ver da curadoria,
ofereceria um 15 anos e costuradas por ela em cinco, durações comoventes
mora quando diz que tem uma ‘visão global’ do universo? importante ponto se pensarmos em seu ano de nascimento — 1990 —, labor
Como você está protegido contra a aniquilação? O que vê? de partida para
as relações que demorado para os tempos que correm e uma meia vida de
Que ar você respira? Como se aquece, se veste, se alimenta?”2 2 Sloterdijk
se desejavam
apud Latour, coleta. Talvez fossem necessários dias, semanas, ou muito
Como lição do Antropoceno (ou de como queiramos chamar 2020, p. 200.
estabelecer
na exposição mais do que isso, talvez fosse necessário ser a própria Maíra —
essa possível era geológica que constata a humanidade como de trabalhos
que costurou uma etiqueta na outra, lenta e minuciosamente,
principal força modificadora da Terra), Latour pontua que “não selecionados
via convocatória com foco e atenção — para compreender tudo o que se
há por que confundir uma localidade bem conectada com a aberta. Também,
pareceu simbólico
mostra nesses pedaços de marca, pátria, nação, construção,
utopia do Globo”, pois essa imagem de Globo vem sendo, na
o fato de que mito, delírio. “[...] muitas vezes, as etiquetas têm estampadas
verdade, construída sobre um amálgama de mitologias, que ela, natural de
Porto Alegre, em si as características geográficas de seus locais de origem
vão dos deuses gregos e do Deus cristão ao trabalho da NASA resida atualmente (montanhas, rios, animais, nome de cidades, desenhos
e à difusão da representação (ou melhor dito, composição) do em Portugal,
da colônia ao de seus pontos turísticos) ou até mesmo suas bandeiras e
‘planeta azul’ mídias afora. Da mesma forma, portanto, que colonizador. símbolos nacionais. Também as marcas dessas etiquetas ou
o Antropoceno não é produto igualitário de todas as mãos Mapa Mundi
esteve exposto no seus elementos decorativos podem ser muito eloquentes”,
humanas, o Globo não é uma esfera visualizável a não ser como Espaço Majestic, escreve a artista em uma de nossas trocas de e-mails sobre
produto cartográfico materializado em um objeto em cima da andar térreo da
CCMQ, sala que o trabalho. Como qualquer mapa, então, esse passa por
mesa ou em uma imagem por satélite. Ou, na alegoria que simbolicamente escolhas e se coloca a interpretações, o que ele comunica pede
Latour oferece sobre a maldição de Atlas, que foi condenado a “abria” o trajeto da
mostra. por atenção. Mas, diferente dos mapas políticos dos territórios
carregar os céus — em formato esférico — nas costas.
que, em certa medida convencionados, circulam e mostram
Ao deparar-se com esse tipo de problematização, a algumas às pessoas onde se encontram (sempre me fascinou a frase
pessoas pode vir à mente a já batida e rebatida palavra “você se encontra aqui”, como se isso fosse possível), ele se
globalização, que supõe processos de integração entre sabe parcial e, mais, exige a atenção de quem olha, plena,
CL diferentes nações e sociedades deste planeta, em diversos concentrada, interpretativa e crítica. E não pretende situar CL
AC AC
28 29
ninguém para além das invenções simbólicas da mercadoria. imagens da metrópole estadunidense, conferindo assim uma
O mapa político-econômico-mitológico de Maíra Flores, moldura kitsch para o show daquele sujeito que emposta
quando visto “globalmente”, é uma bonita colcha formada por a voz para cantar frases como “un rascacielo subir, siempre
pequenas partes ininteligíveis; e somente quando dissecado subir”, ou “no habrá fronteras para mi”. Nesses vídeos de
é que ele se torna, de fato, uma cartografia possível e jamais Enero y Abril são convocados alguns clichês sobre a promessa
finita, pois induz a pensar em todas as etiquetas do mundo de uma vida melhor, tratados pelo viés anedótico, ainda que
que não entraram ali e na infinidade de Mapas Mundi que jamais leve. Seu assunto é o imaginário vinculado ao sonho
formariam. Nesse sentido, talvez seja possível dizer que é um americano e certas vias de acesso — e a exaustiva, quando
mapa também em negativo. não intransponível, distância — até ele.
Na mesma sala de abertura do CLAC, foram exibidos, em um Vários outros trabalhos que compuseram o I CLAC investigam
televisor de tubo, três vídeos curtos da artista mexicana Enero temáticas ligadas às territorialidades esgarçadas de alguns
y Abril, os quais compõem a série Made in La Charca, que trata lugares desta Terra, inscritos no que se convencionou chamar
sobre a imigração ilegal de sua família aos Estados Unidos. América Latina. São eles os marcos constituintes da cidade de
Calor, Como una película e New York experimentam com o Chapecó sinalizados em Vazio demográfico, do Coletivo Inço;
gênero documental, mas não se dobram a ele, prescindindo as cartografias literárias de Camila Proto formadas a partir
de demasiadas explicações sobre o antes ou depois dos de uma escuta dentro dos livros; as paisagens incendiadas de
fragmentos narrativos que apresentam. Em Calor, é mostrada Yucatán trabalhadas por Carlos A. Mora, em que a artificial
uma paisagem cálida enquanto uma voz em off nos convida a separação entre natureza e cultura é desmentida; a tipologia
imaginar o oposto, uma Manhattan fria, de neve estrangeira. arquitetônica da segurança existente na capital peruana,
Como una película é composto de dois movimentos, o fotografada por Giuliana Migliori; as provocações sobre
primeiro deles mostra imagens de vegetação enquanto a voz os espaços de turismo no Brasil feitas por Luisa Brandelli; a
de um homem narra a experiência de cruzar a fronteira de intervenção da comunicação humana proposta por Fran
Tijuana e adentrar o país estrangeiro; no segundo movimento Favero na tríplice fronteira de Brasil, Paraguai e Argentina; ou
essa voz toma corpo (mas não rosto) e passa a executar um o refúgio, que também pode ser lugar de desaparecimento,
balé mecânico de ações repetitivas enquanto narra, em um cavado pela pá de Ale Montiel.
dialeto de expressões mexicanas, seu trabalho na condição
Outros trabalhos exibidos na mostra coletiva têm seu “você se
de imigrante ilegal em uma padaria nos Estados Unidos. Por
encontra aqui” menos marcado, mas nem por isso prescindem
fim, New York coroa e transcende o relato, de certa maneira
de ser localizados em contextos e situações históricas concretas
tradicional, dos outros vídeos, ao constituir-se em uma espécie
— exceção aparente poderia ser a terrível ausência de endereço
de videoclipe em que nos é mostrado, em preto e branco, um
dos corpos desovados em covas rasas, aqui metaforizados por
homem cantando ao microfone a famosa canção New York,
Yara Pina, mas esses paradeiros desconhecidos também são
de Frank Sinatra. Em uma paisagem campestre ensolarada,
pura geopolítica. Tudo e todos estão ligados à sua terra ou à
vemos o cantor em sua performance, vestindo um traje
falta dela, mesmo quando não se percebem assim. O que a
que aparenta ser grosso demais para aquela temperatura e
Globalização faz, bem como outras formas coloniais, é ajudar
apresentando-se para um público duvidosamente engajado.
a maquiar as conexões primordiais, fazendo o espaço parecer
Compõem o quadro alguns carros estacionados e grupos
um empecilho fácil de transpor através dos meios, acordos e
de pessoas, algumas delas em uniforme esportivo, as quais
passaportes corretos.
comem, dançam ou simplesmente cruzam a imagem em
atitudes despreocupadas. Na montagem final do vídeo, a “A colônia era um laboratório a céu aberto. Era? Sob o fogo
artista faz ecoar as palavras da música, desde o início entoada da extinção não somos todos pássaros que gritam?”, pergunta
CL em uma versão em espanhol, inserindo ao fundo e na abertura Amanda Teixeira no vídeo Cantar é com os passarinhos — CL
AC AC
30 31
trabalho que se desloca entre tempos, traçando pontos entre homens atuando como seguranças institucionais e colocados
a memória pessoal, certas imagens e seus fantasmas, que diante de uma das salas da exposição, simbolicamente aquela
nos olham como a pedir que não deixemos nunca passar as que continha as representações mais suscetíveis de violências
oportunidades de tecer relações entre as infinitas coisas do no mundo aqui fora. Mas esses tótens, como seria de se
mundo. E que nos convidam ao conhecimento, que só se esperar de objetos inertes e bidimensionais, em verdade não
chama assim porque se sabe incompleto. tinham o poder de salvaguardar existências, e provavelmente
não o teriam mesmo se materializados em terceira dimensão
Continuando em direção oposta ao jogo retórico da
e presença viva. Nessa representação de uma ideia de
“visão global”, e convidando a exercícios de aproximação e
segurança — promovida pela dupla Amador e Jr. Segurança
afastamento, está o trabalho Topografia de cratera #1, de
Patrimonial LTDA., aqui sob o título de Trabalho remoto — é
Marina Camargo4, artista natural de Maceió e que reside 4 Marina Camargo
foi a segunda artis- justamente a falha de proteção que estrutura o trabalho: os
entre Porto Alegre e Berlim. A obra, adquirida para integrar ta convidada pela
artistas performam a atuação de profissionais da segurança
o acervo da Casa de Cultura Mario Quintana, foi instalada no curadoria a integrar
a mostra do CLAC, do patrimônio (privado? público? artístico? humano?) que,
edifício somente após o encerramento do CLAC, sugerindo e a decisão de que
no exercício de uma condição de trabalho, coloca em xeque a
um enlace com o que está por vir, em mais de um sentido. sua obra fosse
adquirida também ideia de proteção – de quem e para quem, com que sucesso
Primeiro, e mais óbvio, aponta para o desejo de que se realize precede o evento.
e às custas de quê? Amador e Jr. falam, principalmente, de
uma segunda edição do Circuito, mas, para além disso, está Sua pesquisa, que
privilegia elemen- nexos sociais e efetuam uma crítica ácida às relações sistêmicas
sua chave poética, que pede uma leitura a passos mais lentos. tos cartográficos
no campo da arte, conscientes de que essas relações não são
Por definição, uma cratera se caracteriza como um grande e espaciais — em
uma trajetória já desterritorializadas, muito pelo contrário, e que elas tocam
buraco, geralmente formado pela incidência de uma força consolidada que
com pesos diversos os diferentes atores que dele participam.
considerável — impacto, explosão, atividade geológica; a já ultrapassa uma
década — serviu Nessa esteira, algumas perguntas simples e diretas, como as
topografia, por sua vez, sendo uma descrição minuciosa de como uma espécie
de “imagem de Sloterdijk, talvez caibam para finalizar este texto em uma
determinado lugar. Nesse trabalho, tal ciência, mais do que mental” inspiradora chave inconclusa/provocadora. O que significa, hoje, ser um
esclarecer, confunde o observador sobre a formação dessa dessa exposição.
artista latino-americano? Que posição esse rótulo denota
cratera, que se dá a ver em razão de um jogo óptico entre
dentro de um sistema de tendências globalizantes? O que une
paisagens montanhosas dispostas em linhas. A cratera, de
este Sul entre si e com outros? O que os separa? Quem vem
fato, não existe, só há a sugestão de uma. Como as figuras-
pagando as contas da arte e o quanto isso tem custado, e a
fantasma deixadas pelos pássaros do livro de Amanda Teixeira,
quem? Onde estamos quando afirmamos estar aqui?
é uma imagem latente que parece prenunciar uma perda,
nesse caso um engolimento de terra que se esvai, sugerindo
incertezas quanto a qualquer porvir.
Enfim, apostando em ligar pontos para além de nossas
texto de Charlene Cabral
terras à vista, o CLAC pretendeu aproximar pesquisas curadora da mostra
diversas e externas ao radar da curadoria5, dentro ou a partir 5 Acreditamos que
isso foi possível
da chamada América Latina, buscando comprometer-se graças ao formato
com representações atuais em posição de peleja contra os de convocatória
aberta internacio-
colonialismos instalados. Um percurso foi ficando visível a nal e também pela
partir daí, e também uma abordagem crítica ao nosso entorno participação, no
júri de seleção de
profissional — esse algo que chamamos arte, que envolve obras, de Luana
e é envolvido por tantos mundos — teve também lugar. Vitra (MG) e Oendu
de Mendonça (RS).
Integrando a mostra, e ao mesmo tempo guardando-a, havia
CL
AC
dois totens em tamanho real humano, com as figuras de dois CL
AC
32 Em Corpos à flor da terra, a artista Corpos à flor da terra, 2021 33
reflete sobre a desumanização 28 cabos de madeira cravados na terra contendo marcas que
post mortem que atinge as vítimas remetem às profundidades das covas onde foram encontrados corpos
de vários cenários de violência de pessoas desaparecidas no Brasil. instalação, medidas variáveis.
envolvendo não apenas a ausência
de sepultura e ritos funerários, mas
também o desaparecimento de seus
corpos como forma de apagar a
autoria e os rastros das barbáries de
suas mortes. Neste último caso, para
que não sejam localizados, para que
não reste qualquer traço humano,
os corpos, quando não destruídos
devem ser descartados nas covas
rasas, desovados em cemitérios
clandestinos, ou ainda deixados
em terrenos baldios, matagais ou
zonas de difícil acesso. Podemos
chamar de corpos à flor da terra,
os cativos dos navios negreiros
enterrados a um palmo da terra no
cemitério do Valongo, os indigentes
dos cemitérios públicos, as vítimas
da repressão da Ditadura Militar,
dos esquadrões da morte, dos
grupos de extermínios, do tribunal
do narcotráfico, das milícias, das
operações policiais, assim como, as
vítimas do feminicídio, da transfobia
e da homofobia.

yara
pina
Goiânia/GO, 1979
Vive em Goiânia/GO
CL CL
AC AC
34 Ka’adela é um projeto criado por Idylla Silmarovi, articulado junto 35

coletivo de Avelin Buniacá Kambiwá, em parceria com uma rede de artistas


majoritariamente LGBTQIA+, racializades ou, como preferimos chamar,

autônomo
um coletivo autônomo temporário de corpos dissidentes, que procura
cartografar na cidade de Belo Horizonte monumentos, ruas e trajetos
que dão manutenção ao imaginário colonial na cidade. [...] Reescrever

temporário com as cinzas a história sobre as marcas de sangue deixadas nos


vincos da terra. Ka’adela é um animal sem direito ao pertencimento,
que busca farejando nos bueiros da história a sua própria. Ela se
encontra com a onça e as duas constroem alianças com outros sujeitos
que tecem junto delas a criação de uma linguagem artística híbrida,
fronteiriça e ancestral, como os próprios corpos. Ka’adela é um projeto,
uma pesquisa em desenvolvimento, um grito compartilhado.

Ka’adela: uma cartografia destituinte, 2021


Vídeo, cor e som, 14’31”

Performers/onças Idylla Silmarovi (Contagem/MG, 1991) e Avelin


Buniacá Kambiw (Ibimirim/PE, 1980) | Direção Rafael Bacelar (Belo
Horizonte/MG, 1987) | Dramaturgia David Maurity (Belo Horizonte/MG,
1987) | Direção de fotografia Edgar Kanayko Xakriabá (São João das
Missões/MG, 1990) | Provocações Juão Nyn (Natal/RN, 1989) | Com
a colaboração de Marina Arthuzzi (iluminação) e Alexandre Hugo
(câmera, edição e finalização)

CL CL
AC AC
36 ​A representação do relevo de uma cratera se divide em 20 artista 37
desenhos. Cada desenho mostra uma visão frontal de parte convidada
pela curadoria
da topografia, remetendo a imagens de paisagem, como
do CLAC

marina
silhuetas de montanhas. Há duas dimensões distintas do
trabalho: ao ser observado de perto, os desenhos remetem a
imagens de silhuetas de montanhas; quando visto de longe, o
desenho da cratera fica mais evidente​.
camargo
Maceió/AL, 1980
Vive entre Porto Alegre/RS e Berlim/Alemanha

Topografia de cratera #1, 2019


20 desenhos recortados em alumínio com
pintura eletrostática, 114x114 cm

trabalho adquirido
CL para integrar o CL
AC acervo da CCMQ AC
38 “Manual de conduta de corpo docente 39
é uma compilação de normas presentes
em regulamentos internos de escolas
contemporâneas ao nosso tempo. Sejam
colégios nos quais trabalhei nos últimos
anos como educador ou outros recolhidos
pela internet e por colegas professores.
Este apanhado de regras constrói uma
publicação de distribuição gratuita. Esta
é mostrada junto a dez desenhos do
ambiente escolar, feitos em nanquim,
que destacam ordens contidas no livreto.
[...] Vejo neste conjunto de trabalhos as
subjetividades de um currículo oculto
e suas presenças para além da escola.
Práticas dialógicas e colaborativas se
friccionam com narrativas auto-ficcionais
e misturam intimidade e exibição. A
palavra e o desenho são meios recorrentes
de repensar um arquivo que se tensiona
entre o potencial criativo e o fingimento
em potencial, revelando mundos a partir
das margens. Me interessa um riso torto
que, afetuosamente e com certa sutileza
didática, reage às falhas das situações de
controle impreciso.” [B.N.]

Manual de conduta de corpo docente, 2018


Nanquim sobre papel, políptico com 10 desenhos
de 35x30 cm cada + livreto distribuição gratuita

bruno
novaes
São Bernardo do Campo/SP, 1985
Vive em São Paulo/SP

CL CL
AC AC
40 “Bruno tende para a ambiguidade 41
das formas exibidas — cuidadosas,
delicadas, nostálgicas — em confronto
com os elementos de opressão daquele
ambiente, em particular no que diz
respeito às questões de gênero e de
orientação sexual, apontando o bullying
violento e tradicional que caracteriza a
manifestação de preconceitos sociais
sobre essas questões. Há no conjunto de
obras uma outra evocação do ambiente
educacional, a presença e importância
da palavra, que designa, restringe, mas
amplia o mundo. Muito atento à sua
potência a partir de seu uso, o artista
identifica sua violência, demonstrando
as contradições presentes nos
enunciados e como a palavra serve
também para a denúncia, reflexão e
ação”. [Mirtes Marins de Oliveira, trechos
do catálogo da Temporada de Projetos
do Paço das Artes 2019, onde a obra foi
também exposta]

Corpo decente, 2018


Instalação sonora
50 minutos de áudio de depoimentos de
professores que sofreram censura ou
discriminação, em looping, 300 quilos de
giz branco e tinta esmalte brilhante

CL CL
AC AC
42 43

CL CL
AC AC
44 prêmio-aquisição 45
do CLAC 2021

Falha nº5, 2015


Óleo sobre tela, 80x60 cm

Falha nº6, 2015


Óleo sobre tela, 80x60 cm

A falha representa um desacordo em relação aos Para lembrar o que não se


modelos ideais. Assim, falhar significa interromper esquece, 2020
o curso habitual de algo. Sob essa ótica, o Técnica mista, impresso em
fracasso, em sua gênese, surge como um elemento postal para distribuição gratuita
revolucionário, visto que rompe com os padrões durante a mostra
vigentes. Pinturas construídas a partir de fotografias
falhas dos álbuns de família permitem evidenciar o
erro enquanto elemento de estudo. Transformar o
“incorreto” em pesquisa revela a possibilidade de
construção poética fundamentada no descontrole,
no feio, no marginal. [...] Pintar significa remoer as
carnes. Aquele que constrói uma pintura atualmente
não faz algo circunscrito apenas no hodierno,
evoca também todo o corpo pictórico que existe
marcel
diogo
desde quando essa técnica constituía o principal
dispositivo propagador de imagens. A pintura,
mesmo post mortem, existe enquanto matéria,
corpo, carne. As pinturas aqui apresentadas, que
reproduzem fotografias desprezíveis, evocam, Belo Horizonte/MG, 1983
CL CL
AC portanto, corpos marginalizados. Vive em Contagem/MG AC
46 O políptico “paisagem municipal” é uma série fotográfica composta por 25 peças de Paisaje municipal, 2017 47
pequenas formato, que tematiza o vácuo entre o desejo do cidadão de “segurança”
privada em suas áreas residenciais e a estética da geo prevenção da cidade de Lima que
Fotografia digital impressa em pigmento
mineral sobre papel de algodão, políptico, giuliana
migliori
seu governo administra de várias maneiras – de acordo com os bairros e orçamentos. 25x30 cm (cada)
[...] O ensaio traz uma amostra da diversidade de símbolos existentes nas cidades
relacionados à vigilância coletiva de um público-privado em resposta ao paradigma
global de segurança em regimes de modernização neoliberal, como é o caso da
sociedade peruana. Lima/Peru, 1968
Vive em Lima/Peru

CL CL
AC AC
48 Qual o tamanho de um refúgio? Dimensiones necesarias para el evento, 2021 49

ale Quanto tempo demora sua


configuração? A presença de um
Videoperformance, 12’21”

montiel
corpo em constante trabalho e
mudança, como o território que
é transformado por suas ações.
Uma insistência motivada por
Córdoba/Argentina, 1979 certa certeza, uma incorporação
Vive em El Calafate/Argentina
processual de um corpo na
paisagem. Um som que é fluxo e
refluxo de um corpo expandido.
Uma ação que promove e projeta
novas formas de se relacionar
com o território.

CL CL
AC AC
nós latino-americanos
50 51
Considerando-se que, por diferentes caminhos, as ciências
humanas, na atualidade, têm desmontado e problematizado
a ideia da identidade individual como algo estático, fixo e de
fácil decodificação; e, cada vez mais, as identidades têm sido
reconhecidas em seus caracteres lábeis, múltiplos e flutuantes,
a proposição de uma identidade coletiva abrangente, como
— A gente é do Sul do Brasil. Uma a da latino-americana, parece ir no contrafluxo dos avanços
região muito rica, com colônias alemãs e das teses contemporâneas. Contudo, se nos propusermos
italianas. Somos mais como vocês. a um breve exercício imaginativo, a partir do qual liberamos
o pensamento para o acesso a imagens, cores e sons
— Eles não são brancos, são? Como imediatamente ativados na memória ao ouvirmos falar de
podem ser como a gente? Nós somos América Latina, provavelmente, teremos como primeiras
brancos. Vocês não são brancos. imagens generalizações, figuras estereotipadas, o acento
hispânico e uma série de caricaturas. Mesmo para nós, latino-
americanos, as respostas imagéticas geradas em torno do
conceito de latino-américa revelam algo que a realidade factual
e cotidiana trata logo de negar, contradizer e/ou complexificar.
O diálogo transcrito faz parte do filme brasileiro “Bacurau”, de Diante disso, é legítimo o questionamento acerca dos
2019, dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. propósitos históricos, sociais e políticos a que tal identificação
Situada no sertão nordestino brasileiro, a fictícia cidade que ou negação tem servido. E mais, onde essa identidade latino-
dá nome à narrativa é o cenário onde transcorre a ação do americana, velada e desvelada, recusada ou afirmada, surgiria
longa. Classificado pela crítica especializada como um western em toda a força, senão neste espelho transverso das artes,
contemporâneo ambientado em um futuro distópico, o filme em suas mais variadas linguagens e proposições? Esta é
apresenta uma aguda crítica social ao Brasil de hoje e à sua uma das questões que mobilizou a realização do I CLAC. A
relação com o imperialismo estadunidense: entre a docilidade mostra apresentou trabalhos de artistas de diferentes regiões
colonizada dos “brancos” brasileiros e a força de resistência e a e contextos, reunidos a partir do conceito de latinidade como
insubmissão dos habitantes locais da cidade. O trecho no qual ponto de convergência ou ressonância.
um casal sudestino — ele de São Paulo, ela do Rio de Janeiro
— destila seu preconceito relativo ao norte e nordeste do Um paralelo pode ser traçado entre essa mostra e um remoto
Brasil, afirmando sua pretensa superioridade, no ensejo de se predecessor: o I Salão Pan-Americano de Arte, de 1958 —
equiparar a um grupo de supremacistas brancos estrangeiros, não por coincidência —, um dos objetos centrais da minha
retrata, ainda que com tinta forte, as relações de opressão pesquisa de mestrado. Situado em uma Porto Alegre muito
e submissão desencadeadas a partir das categorias de raça, diferente da atual, que usufruía de elevada posição entre as
etnia e nacionalidade. Os personagens do filme não poderiam capitais brasileiras, o Salão foi um ambicioso acontecimento
ser reconhecidos como suficientemente brancos como os na segunda metade do século XX. De âmbito internacional,
outros, porque eram latinos, e, embora suas peles fossem a programação ocorreu no ano em que o Instituto de Belas
claras, alguns traços fisionômicos revelavam o processo de Artes do Rio Grande do Sul (IBA-RS), atual Instituto de Artes
1 Erico Verissimo
miscigenação, característico não só de brasileiros, mas de foi Diretor do da UFRGS, completava seu cinquentenário. O escritor Erico
latinos, em geral. O episódio demonstra como a formação das
Departamento de Verissimo (1905–1975), figura central para a realização do
Assuntos Culturais
identidades acontece de forma relacional e serve de ponto de da Organização evento, mantinha, à época, posição diplomática, cultural e
partida para a reflexão sobre a relevância do debate em torno
dos Estados política nas relações internacionais entre Brasil e Estados
Americanos (OEA)
CL da identidade latino-americana. entre 1953 e Unidos.1 Em um dos discursos de sua autoria, realizado em CL
AC 1956. AC
52 53
uma universidade norte-americana, o intelectual refletiu sobre implicados no conceito, mas também para uma agenda
a problemática relação da América Latina com uma identidade assertiva diante das problemáticas sociais pelas quais os
reducionista. países que o integram, historicamente foram constituídos e,
“[...] é impossível falar da América Latina como um na atualidade, ainda se fazem sentir os efeitos. Nem tudo,
bloco, uma unidade, uma região cultural uniforme. Que portanto, é (des)identidade.
o americano das ruas – o homem de apenas educação
3 Trecho do poema O poema de Ferreira Gullar (1930–2016)3, que, em parte,
básica – continue acreditando na imagem da América “Nós, Latino-
Latina que os filmes padrão de Hollywood apresentam americanos”. In:
inspirou o pensamento curatorial sobre o CLAC, destaca a
– a dança do mambo, señoritas, alegres caballeros com Barulhos (1989). identidade latino-americana pelas confluências e não pelas
Chamo a atenção
grandes sombreros tocando violão ou desfrutando de que o título deste
diversidades: “Somos todos irmãos, não porque seja o mesmo
siestas e fiestas intermináveis. Mas os senhores, que texto utiliza sangue que no corpo levamos: o que é o mesmo é o modo
estudam na faculdade, que leem e querem aprender, propositalmente as
como o derramamos”. A astuta inversão lírica proposta para a
mesmas palavras
deveriam conhecer melhor e evitar todos esses clichês escolhidas no definição de irmandade — não pelo sangue que corre nas veias,
e fórmulas tolas. A imagem inteira da América Latina título do poema
é muito mais estimulante do que todas as artificiais de Gullar, porém mas pelo que delas escorre — parece criar um ponto de apoio
e fantásticas imagens dos filmes technicolor em altera o sentido para pensar as obras de arte presentes na mostra, nas suas
pela supressão da
CinemaScope que lhes dão dos países da América vírgula. ressonâncias semióticas e semânticas, diálogos e contradições.
Central e do Sul”.2 2 In: BORDINI, Mais uma vez, se reconhece no fenômeno artístico a captação
Maria da Glória;
FAURI, Ana Leticia. e a presença de sutilezas e conteúdos denegados que nos
Erico Verissimo rondam e se manifestam como metáfora ou interrogação.
É como se Erico pudesse antecipar, por exemplo, a atual na União Pan-
Americana:
crítica em relação ao uso do filtro amarelo pelos estúdios de discursos Neste sentido, alguns trabalhos presentes na mostra mais
Hollywood no intuito de retratar países da América Latina, (1953–1956). Rio incisivamente instigam o olhar para a questão da identidade
de Janeiro: Edições
assim como países do sul da Ásia e da Índia, imprimindo uma Makunaima, 2020, e trazem elementos robustos para a reflexão que proponho.
unidade estereotipada às localidades, atribuindo-as à ideia p. 139. É o caso da fotografia da série “Vinhadinho” (2021), do
de sujeira, atraso e perigo. Com o debate transferido para a artista Breno de Sant’ana (2001). O nome da série, uma
contemporaneidade, de saída, defendo que, sim, existe uma deturpação da gíria “viado”, atribuída a gays masculinos (no
identidade latino-americana, ainda que, com razão, venha princípio pejorativa e, hoje, revalorizada como afirmação),
sendo rechaçada, posta em perspectiva, ou nuançada. Afinal, sugere a interposição de camadas de sentido, manipulações
toda formulação identitária é um perigoso girar de pratos, e ressignificações do termo, análoga aos matizes que uma
com o risco da queda e da quebra. Compreendamos que a mesma identidade — homossexual — pode comportar.
identidade cultural de vários povos, ao mesmo tempo em que A corruptela linguística é um indicador do recorte social
equilibra-se em uma porosa unidade, está aberta à pluralidade periférico ao qual o artista pertence, reforçado na imagem
inerente à sua própria constituição. Em outras palavras, como pelos demais elementos que compõem o cenário: a casa com
comportar as facetas, idiossincrasias e contrariedades dentro pintura descascada, o carro velho e a vegetação desordenada.
do apertado termo “identidade”, sem perder de vista cada uma O cruzamento dos braços do artista acima da cabeça alude aos
destas diferenças que o compõem, sem distinção hierárquica? chifres do veado, ao mesmo tempo em que sugere posição de
defesa ou ataque.
A indexação do prefixo “des”, antecedendo a palavra, colocado
entre parênteses, no subtítulo do I CLAC, pode parecer apenas Ponto comum entre nações latino-americanas: o passado
um artifício que abranda os ânimos, mas não encoraja um colonial, a exploração exacerbada e o morticínio dos povos
posicionamento firme e não titubeante. A identidade latino- originários são tematizados pela obra Terra de Ninguém
americana, ou as identidades latino-americanas, existe(m), (2021), da artista Laryssa Machada (1993). Como o próprio
e me parece que tomar partido desta consciência pode ser título indica, há uma remissão ao território do Sul do País,
CL CL
AC frutífero para o nosso entendimento como sujeitos coletivos antes da invasão dos colonizadores: “A região onde hoje AC
54 55
está o Rio Grande do Sul era habitada por tapes, charruas e da obra no CLAC. Além da relação mais evidente com a
guaranis — os últimos, há mais de mil e quatrocentos anos. expressão já mencionada, o formato fálico das bananas, seu
[...] No início do século XVII, a região, até então considerada processo de amadurecimento e deterioração, pode remeter
“terra de ninguém”, começou a ser ocupada com a chegada à forma de um pênis, às construções sociais falocêntricas,
dos padres que fundaram as missões jesuíticas pela região na bem como às disparidades entre gêneros, sobretudo em
qual, hoje, estão situados os estados do Rio Grande do Sul, termos de representação nas instâncias do poder instituído,
do Paraná e os países do Paraguai e Argentina” — informa fato radicalizado, devido ao machismo estrutural da cultura
o texto da artista sobre o trabalho. A identidade fisionômica latino-americana. A localização da cúpula, de onde se avista,
das pessoas indígenas em destaque na fotografia provoca o ao mesmo tempo, a Igreja Nossa Senhora das Dores e o
pensamento acerca da complexa relação destes povos com Comando Militar do Sul, termina por sublinhar as relações
a própria identidade e cultura, dado o violento processo de entre a potência subversiva da arte e o poder estabelecido.
catequização ao qual foram submetidos. Como punctum, a
A proposição do CLAC, assim como a produção de seu registro
cor vermelha evoca o sangue derramado dos ancestrais.
catalográfico, confirma, por fim, o que desde o princípio da sua
Em outra direção, dentro do mesmo escopo, a artista Julha concepção já se anunciava: o debate acerca da problemática da
Franz (1993), com a videoperformance Carmen (2019), identidade latino-americana é de larga amplitude, sendo que
debate o tema da identidade a partir de uma relação o ensaio de uma conclusão sobre o tema apresenta lacunas,
ambígua e ambivalente, entre o desejo e a repulsa à ideia controvérsias e incompletudes maiores do que a elaboração
de pertencimento. A obra nasce da experiência de Julha em de um estudo, por sua vez, traria. O debate e a pesquisa sobre
uma temporada nos EUA: “Carmen fala da objetificação e as identidades têm sua importância atrelada à sua condição de
sexualização da mulher brasileira. [...] Evidencia a contradição provisoriedade e abertura às novas contribuições, na medida
entre a luta contra o estereótipo e, ao mesmo tempo, a em que as identidades estão em constante construção, são
vontade de fazer parte dele. O uso das frutas e o nome [da maleáveis, dinâmicas, e mais do que uma resposta definitiva,
obra] remetem à Carmen Miranda”. Além da relação com nos devolvem interrogações, cujas respostas requerem
a icônica artista brasileira, aqui também pode-se pensar profunda e demorada reflexão. Neste ponto, cria-se uma
nas famigeradas mulheres-fruta no cenário brasileiro e na instigante intersecção entre essas discussões e o próprio
objetificação erótica do corpo feminino, alinhada às demandas fenômeno artístico: são esferas vivas que demandam atenção
do sistema capitalista e aos faturamentos decorrentes dessa e percepção ativa daqueles que se arriscam a, com elas, entrar
exploração midiática e mercadológica. em contato.
Em caminho paralelo, a instalação Bananas da Terra (2021),
da artista Cecilia Cipriano (1954), faz relembrar a expressão
“República das bananas”, utilizada em referência aos países
da América-Latina e Caribe. A depreciação do termo alude
à instabilidade política e à dependência de uma economia texto de Diego Groisman
curador da mostra
primária, em geral tributária de uma cultura agrícola,
capitaneada por governos oligárquicos e corruptos. A obra
de Cecilia, alocada em uma das cúpulas da Casa de Cultura
Mario Quintana, consistiu na (de)composição da bandeira do
Brasil, a partir da integração entre bananas verdes e amarelas.
Inicialmente, o trabalho foi apresentado como site specific
em um bananal da Serra do Mar/RJ, e filmado por 12 dias,
CL
AC
dando origem a um vídeo, que acompanhou a exposição CL
AC
56 57

CL CL
AC AC
58 Turismo Exótico Espiritual (Ayahuasca), 2017 59

Latão, 40x75x3 cm

sem título (pulseiras), 2016 “[...] Eu pensei nesse trabalho


Miçanga, fio de nylon, alfinete, dimensões variáveis ao me dar conta da minha
ignorância sobre as culturas
indígenas: a minha relação com
elas, independente de qual etnia,
passava sempre pelo comércio,
na relação capitalista de compra
e venda. Tão ignorante que os
padrões estampados nas jóias de
miçangas ou sementes, pinturas de
cesto, tecelagens, sempre foram
puramente estéticos para mim.
Por isso pensei nessa relação de
símbolos que transitam de cultura
em cultura e que perdem seus
usos originais. Pensei também,
o que é uma coisa que eu penso

luisa
“Desenvolvi essa obra durante uma viagem ao Acre, na cidade de Jordão [...]. A cidade, que dá frequentemente, nos símbolos
acesso a várias aldeias huni kuin, é muito pequena. [...] a maior parte da sua população é indígena da branquitude... Quais seriam?
e mesmo assim existem processos de racismo e predomínio da branquitude, mesmo sendo os As celebridades? Os programas
indígenas os responsáveis por todo o turismo e interesse cultural na região. [...] Foi na relação
com a cidade que pensei nesse trabalho. Como disse, o turismo acontece só por causa dos
indígenas e sua cultura. Principalmente por causa dos rituais de Ayahuasca. Os brancos chegam
até lá de muitos lugares do mundo em busca de uma experiência autêntica, única, exótica e
brandelli
Porto Alegre/RS, 1990
do governo [...]? Os destinos
turísticos? Enfim, símbolos de
consumo ocidentais”. [L.B.]
CL CL
A C espiritual”. [L.B.] Vive em São Paulo/SP AC
“Partindo do livro Pássaros do

amanda
60 61
Brasil como disparador, busco
pensar relações entre ausência e

teixeira
transformação na maneira como
organizamos e narramos memória e
história. O livro é uma enciclopédia
organizada por Eurico Santos,
Porto Alegre/RS, 1991
que me foi dado pelo meu pai
Vive entre Porto Alegre/BR
e Los Angeles/EUA antes de seu falecimento. Sempre
me interessei por esse exemplar,
com ilustrações e descrições de
cada ave, porém recentemente o
redescobri pelas marcas do tempo
— suas páginas de ilustrações
deixaram fantasmas sobre as
páginas de texto”. [A.T.]

Cantar é com os passarinhos, 2020


Vídeo, cor e som, 9’41” Projeto financiado pelo FAC/RS

CL CL
AC AC
62 Como falar entre fronteiras, 2015 63
Publicação desdobrável e mini-CD,
editada pelo selo Armazém, 10x15 cm
(fechada)

A publicação é resultante de intervenção


sonora realizada simultaneamente no
Marco das Três Fronteiras do Brasil,
Paraguai e Argentina. Estes são
pontos turísticos que ficam às margens
da confluência dos rios Paraná e
Iguaçu, permitindo ver os três países
simultaneamente no maior ponto de
proximidade entre eles. Apesar da
proximidade, não é permitida a travessia
neste ponto. A intervenção consistiu
na instalação de três pedestais com
radiotransmissores nas três margens, ao
lado dos marcos de cada país, permitindo
que as pessoas pudessem falar entre
fronteiras. Trechos das trocas sonoras e
da conversa multilíngue entre estranhos
que resultaram da intervenção estão
registradas no mini-CD que acompanha
a publicação, bem como fotografias da

fran (a)Hendu/Escutar, 2019 ação, de um lado, e da travessia de mais


Publicação, tiragem de 30 exemplares de 80 quilômetros por entre alfândegas
para a realização da ação, do outro lado

favero
numerados, editada pelo selo Céu da Boca,
21x14,8 cm (fechada) da publicação.

Chopinzinho/PR, 1987 Escrita por erosão/apagamento do dicionário


Vive em Florianópolis/SC português-guarani de Cecy Fernandes de
Assis. O apagamento de palavras e frases
do dicionário resulta em novos sentidos e
cria uma narrativa a partir dos trechos que
permanecem em suas posições originais
na página. São mantidos os destaques,
símbolos e o fio tipográfico do dicionário.
Desse processo resulta um texto bilíngue e
fronteiriço, escrito em primeira pessoa. O
poema é aberto e inexato, mas nele parecem
ressoar questões que concernem à língua
guarani e aos acontecimentos ocorridos
da zona fronteiriça entre Brasil, Paraguai e
Argentina, local de origem da artista, como a
inundação do Rio Paraná para a construção
da barragem de Itaipu, a violência, o
CL
extermínio e a expulsão de povos originários CL
AC de seus territórios. AC
64 Esqueci de chorar, 2021 65
Acrílica e recorte sobre papelão, 40x40 cm

Aquele outro além de mim, 2021


Acrílica e recorte sobre papelão, 40x40 cm

“Meu trabalho artístico tem uma visão crítica sobre


questões sociais, que envolvem corpos negres, indígenas
e/ou povos tradicionais. Usando de referências da
geo-história brasileira e africana não contada na

paty
literatura formal, represento corpos tensionados em
diáspora ou colonizados atravessados por memórias
coletivas e individuais. Para além, percorro caminhos

wolff
Cacoal/RO, 1989
para uma decolonização do olhar e da representação,
ressignificação pelo afeto, pela resistência e por um
religare à ancestralidade e à Natureza. A saturação das
cores e as pinceladas aparentes compõem a intensidade e
CL CL
AC Vive em Cuiabá/MT visibilização dos temas”. [P.W.] AC
66 Duas formas de segurar A série de pinturas “amigos fazendo 67

sofia uma galinha (série Amigos


fazendo munganga), 2021
munganga” capta momentos de uma
geração de jovens-adultos brasileiros

ramos Acrílica sobre tela, 100x90 cm que partilham de modos sociais,


costumes e culturas. Na tela Duas
formas de se segurar uma galinha,
são retratados dois jovens negros,
Boa Vista/RR, 1998
amigos da artista, em uma cena de
Vive em Brasília/DF
fazenda no interior do Goiás, em que,
pelo olhar, questionam um ao outro
sobre suas diferentes formas de
segurar a galinha. Sofia Ramos adota
um estilo pictórico que faz referência
explícita a uma visualidade popular.

CL CL
AC AC
Travessias, 2021

louise
68 69
Vídeo, cor e som, 12’23” Travessias, 2021

lucena
Performance apresentada em duas
Concepção, direção geral e performance Louise ocasiões ao longo da exposição,
Lucena | Co-direção artística e técnica, registro de sendo uma delas a noite de abertura.
imagem (foto e vídeo) Thayan Martins | Montagem A segunda apresentação foi finalizada
Rondônia/RO, 1982 e assistência técnica Tomás Piccinini | Trilha sonora
com uma roda de conversa.
Vive em Porto Alegre/RS e consultoria artístico-cultural africana do povo
yorùbá Ìlú Akin Produções e Ìdòwú Akínrúlí

Travessias é uma proposta artística de formação continuada


sobre a diáspora negra nas Américas, mais especificamente
no Brasil. A obra é composta por três momentos
transversalizados entre si: um vídeo, uma performance e
uma roda de conversa. O vídeo, com duração de 12 minutos,
trata sobre o processo de escravização e travessia dos
navios negreiros. Já a performance, consiste em uma
caminhada dançada do oceano, inspirado na divindade
Olókun, representante do povo Yorùbá.

CL CL
AC AC
70 Y cayó el aro de la mano de 71

carlos
*obra doada pelo
una rama, 2021 artista ao acervo
da CCMQ
Instalação formada por:
Portales (Uxmal)*, 2021
Acrílica e carvão sobre tela,
madeira de cedro, 116 x 78 cm
a. mora
Ollamaliztli derrotado, 2021 Guadalajara/México, 1983
Acrílica sobre aros de concreto Vive em Guadalajara/México
em cama de terra, medidas
variáveis
Naturaleza muerta, série
Folhetos disponibilizados aos
visitantes com imagens da série
de desenhos e texto crítico

“A partir de uma lógica colonialista, o Ocidente


tem procurado marcar uma certa distinção e
distanciamento do ser humano com seu ambiente
natural. Em tal configuração, a natureza funciona
quase exclusivamente como matéria-prima, como
recurso disponível e útil para a atividade humana. A
conceituação de recurso natural em seu uso excessivo
e voraz implica essa condição histórica colonial,
acentuado, por exemplo, na falsa divisão entre cultura e
natureza, natural e artificial. Tal ponto de vista ocidental
e antropocêntrico contrasta significativamente com o
ponto de vista de civilizações antigas e povos indígenas.
[...] Carlos A. Mora continua a explorar uma série de
intersecções e relações entre ecologia e política;
arquitetura e meio ambiente para chamar a atenção
para a desapropriação da natureza; desmatamento;
reivindicações; deterioração, especialmente na
península de Yucatán, um dos territórios do país
CL
[México] mais devastados por incêndios florestais” CL
AC [tradução de trecho do texto de Marco Valtierra] AC
anna
72 73

ortega
Porto Alegre/RS, 2000
Vive em Porto Alegre/RS

A obra apresenta esta pergunta,


disposta no espaço expositivo, em cor:
“Qual é o nome da sua vó?” O convite
vem da percepção de que o nome, por
si, ativa memórias, afetos, sensações,
diálogos, origens. O nome de nossas
avós é um corpo que vive aqui, no
presente. Lembrar é fazer existir. A
artista também compilou, junto à equipe
da exposição e outros trabalhadores
da CCMQ, os nomes das avós dessas
pessoas e os dispôs em uma grande
linha adesivada no espaço expositivo.

CL CL
AC AC
74 Bananas da terra, 2021 75
Vídeo, cor e som, 3’08”

Bananas da Terra
consiste na instalação
física da bandeira
brasileira estilizada
construída com bananas
verdes e amarelas
dispostas no chão da
cúpula da Casa de
Cultura Mario Quintana.
A obra foi inicialmente
construída como um site
specific, em um bananal
na Serra do Mar/RJ, e
filmada ao longo de 12
(doze) dias consecutivos,
cuja edição deu origem
ao vídeo intitulado
Bananas da Terra. A
lenta e contínua ação do
tempo sobre as bananas
pôde ser observada
Bananas da terra, 2021 ao vivo, durante

cecilia Instalação efêmera composta de cachos de


bananas, 140x200 cm
aproximadamente duas
semanas, e também no

cipriano Obra instalada na cúpula durante o período vídeo inédito que integrou
de sua degradação natural, com acesso pela o eixo expositivo do
escada de caracol do Jardim Lutzenberger. CLAC, acompanhando a
instalação.
Cachoeira do Itapemirim/ES, 1954
Vive no Rio de Janeiro/RJ
CL CL
AC AC
76 77

estratégias artísticas
famoso) salão carioca, já durante as redemocratizações.
Não obstante, tive a estranha sensação de estar diante da

durante as ditaduras cama-viva-mato de Manuel quando me deparei, no final de


2021, com as Bananas da terra, de Cecilia Cipriano (1954).

na América Latina: Instalada no chão da cúpula do quinto andar da Casa de


Cultura Mario Quintana (CCMQ), em Porto Alegre, durante o
debater os passados I Circuito Latino-Americano de Arte Contemporânea (CLAC),

com as urgências dos a obra consistia em uma grande (140 x 200 cm) bandeira do
Brasil preenchida por cachos de bananas verdes e amarelas.

futuros As frutas, como se vê em vídeo correlato, apodrecem com o


passar do tempo, atraindo uma fauna própria, uma “nova”
vida após a decomposição.

Quero algum dia que cada trabalho Uma série de coincidências formais poderia embasar a
seja visto não como um objeto de aproximação dos trabalhos, aplacando a distância de mais
elucubrações esterilizadas, mas de cinquenta anos entre eles. Por exemplo: o uso de matéria
como marcos, como recordações e orgânica, perecível, cujo apodrecimento é, aliás, parte da
evocações de conquistas reais e visíveis. proposta; o flerte com símbolos oficiais, marcadores de
identidade (mapas, bandeiras); as dimensões similares ao
Cildo Meireles, Cruzeiro do Sul (1970) corpo do espectador; a invocação de outros sentidos (tato,
olfato) que não a visão na experiência da obra. Várias dessas
circunstâncias, no mais, refletem rupturas — realizadas justo
Quem visitasse o Salão da Bússola, em 1969, encontraria uma
nos anos 1960/1970 — com o conceito “tradicional” de obra
peculiar cabine. Dentro dela, uma cama “estofada” com mato
de arte; isto é, objetos, via de regra pinturas ou esculturas,
e disposta em face de um grande painel coberto por tecido
facilmente acomodáveis no interior de instituições artísticas
preto. O público era, silenciosamente, convidado a deitar-se e
e com ares de perenidade. O estranhamento, todavia, não
puxar uma corda que pairava sobre a cama, ligada ao pano, de
vinha daí.
modo a revelar um mapa da América Latina em vermelho vivo.
Tratava-se da obra Soy loco por ti, de Antonio Manuel (1947). Creio que o desconforto derivava da frase de Manuel: tantas
décadas depois, finda a ditadura, o Brasil, mais uma vez,
No decorrer da mostra, o convite a desfrutar — da cama, mas
está assim uma coisa podre. Diante do recente (e infame)
também do mapa — tornava-se menos agradável: a matéria 1 O ápice ocorreu,
provavelmente, recrudescimento do autoritarismo no país — inclusive
orgânica do “colchão” apodrecia com o passar do tempo. em 2016, com toques de admiração pelos militares do passado1 —,
Algo natural, mas capaz de causar escândalo no arrojado quando o então
deputado, hoje eu percebia, na cúpula da CCMQ, um eco das estratégias
prédio do Museu de Arte Moderna do Rio Janeiro; sobretudo presidente, Jair artísticas desenvolvidas durante o período ditatorial; não só
entre alguns críticos, nem tão arrojados, da época. Manuel Bolsonaro prestou
“homenagem” ao aqui, mas por toda a América Latina. Inclusive, vale lembrar
justificava-se de forma sucinta: “era uma obra viva, pois ‘a torturador Carlos que, também no presente, vários países da região amargam
América Latina estava fedendo, estava assim uma coisa podre’” Brilhante Ustra,
durante a sessão governos de extrema-direita, insinuando-se uma (bem-vinda)
(JAREMTCHUK, 2007, p. 45). O continente encontrava-se, pública de votação inflexão no Peru ou no Chile, por exemplo.
então, tomado por ditaduras militares. do impeachment
da ex-presidente
Dilma Roussef,
Se, por um lado, não é (nunca foi) fácil falar de uma
Soy loco por ti existe, para mim, apenas em descrições — uma das vítimas “identidade” latino-americana, ainda mais no Brasil; por
como a que acabo de fazer —, ou em raras imagens online. do regime militar
(DELLA BARBA;
outro lado, houve esforços palpáveis nesse sentido por parte
CL Nasci, afinal, vinte e um anos após o encerramento do (hoje CL
AC WENTZEL, 2016). de artistas e de teóricos nos anos 1960/1970, vide os vários AC
78 79
congressos, encontros e debates de arte latino-americana América Latina, marcada por um viés ideológico e batizada
realizados à época. Não por acaso, críticos de diferentes países de conceitualismo, a fim de diferenciá-la da outra (LONGONI
escreveram, quase que simultaneamente, sobre uma possível in FREIRE; LONGONI, 2009, pp. 173-183; LÓPEZ, 2017,
arte de guerrilha: Julio Le Parc (Guerrila cultural?, Argentina, pp. 19-45). A tese “ideológica” se tornou hegemônica e, a
1968); Luis Camnitzer (Arte colonial contemporáneo, Uruguai, despeito de seus inegáveis méritos, sobretudo o de reivindicar
1969)2; Frederico Morais (Contra a arte afluente, Brasil, 1970); 2 Versões em a autonomia da arte latino-americana em relação à afluência
português dos
Juan Acha (Peru, 1970). textos de Le Parc
(diria Morais) europeia e estadunidense, são vários os autores
e de Camnitzer que atualmente a questionam.
Em comum, as ideias de uma produção artística que não estão compiladas
resulta em objetos, mas em interferências no campo político e em: FERREIRA, A crítica e psicanalista Suely Rolnik chama de lapso infeliz
Glória; COTRIM,
social, de modo a relativizar a hegemonia cultural dos regimes Cecília (org.). a consagração, pela história da arte, do conceitualismo
militares, e também dos chamados países de Primeiro Escritos de artistas: ideológico. Nas palavras dela: “ao generalizar a qualificação
anos 60/70. Rio
Mundo.3 Transcrevo excerto do texto de Frederico Morais de Janeiro: Zahar, para o conjunto das ações artísticas propostas nos anos
sobre contra-arte ou arte de guerrilha – inspirado, aliás, pelos 2006. 1960/1970 latino-americanos, perdeu-se a essência da
trabalhos que o crítico viu no antes referido Salão da Bússola: 3 “No contexto singularidade de tais ações e o deslocamento que provocaram
A contestação da arte afluente [vinda do primeiro
da Guerra Fria, na relação entre poética e política” (ROLNIK in FREIRE;
surgiam esforços
mundo] deve ser, sobretudo, tarefa do terceiro mundo, dos países LONGONI, 2009, p. 162). No mesmo sentido, o curador
da América Latina, de países como o nosso. […] No ‘não alinhados’ peruano Miguel López propõe recuperar nomenclaturas
para organizar
caso brasileiro, o importante é fazer da miséria, do autonomamente outras, propostas por artistas e críticos do período — por
subdesenvolvimento, nossa principal riqueza. […] O o que então ficou exemplo, as práticas “revulsivas” de Edgardo Antonio Vigo
que importa, não custa repetir, é a ideia, a proposta. conhecido como
Terceiro Mundo, (1928–1997) ou o “não-objetualismo” do já citado Juan Acha
Se for necessário, usaremos o próprio corpo como
canal da mensagem, como motor da obra. O corpo, e
para além do —; de modo a evitar “a estandardização das experiências
Primeiro Mundo
nele os músculos, o sangue, as vísceras, o excremento, alinhado aos radicais a fim de que estabeleçam um intercâmbio ‘correto’
norte-americanos com os discursos dominantes” (LÓPEZ, 2017, p. 32).
sobretudo, a inteligência (MORAIS, 1970, p. 59). e do Segundo
Mundo, na órbita
soviética. Todo O que eu busco sugerir com essa (apertada) síntese sobre os
o globo vivia o principais discursos a respeito da arte latino-americana nas
As guerrilhas artísticas, tal qual as guerrilhas “reais”, tiveram clima do ‘terceiro-
últimas décadas é: a questão segue em aberto. Mais ainda,
vida curta sob a repressão ditatorial. A propósito, o viés mundismo’,
da libertação segue permeada por debates, posicionamentos e reflexões
paradigmático (hoje) atribuído às práticas “radicais” de artistas nacional diante
do colonialismo e potentes, corajosas, que nos convidam a encarar as práticas
latino-americanos nos anos 1960/1970 só se construiu nos do imperialismo, artísticas, políticas e a própria história da América Latina, com
anos 1990. São fundamentais nesse processo duas mostras da solidariedade
internacional 4 Especifico a seus repetidos traumas, sem vitimismo, nem conformidade.
realizadas nos Estados Unidos: Latin american artists of the com os povos “metade” ocidental Com ares renovados de luta. O CLAC, a meu ver, ecoa esse
twentieth century (MoMA, Nova York, 1992), cujo catálogo subdesenvolvidos da Europa pois
que se libertavam há autores que convite — aqui e agora, por que não? Desde Porto Alegre,
traz o relevante ensaio Blueprint circuits: conceptual art and associam a
em Cuba, no do Rio Grande do Sul, em suas coordenadas de paradoxal
politics in Latin America de Mari Carmen Ramírez (1993); e Vietnã, na Argélia produção da
e em outros países” Europa oriental, proximidade com os vizinhos latino-americanos.
Global conceptualism: points of origin, 1950s-1980s (Queens (RIDENTI, 2005, também marcada
Museum of Art, Nova York, 1999), com curadoria de Luis p. 89). pelo autoritarismo O estímulo a repensar a arte latino-americana repercute
soviético nos anos
Camnitzer, Jane Farver e Rachel Weiss. 1960/1970, ao no CLAC não apenas no título, mas nas oportunidades de
conceitualismo conhecer artistas de diferentes regiões do Brasil, e também
Formula-se, nesse contexto, a ideia de que existiria uma dito ideológico.
Ver, a propósito: da Argentina, México e Peru, ou de acompanhar a farta lista
oposição entre a arte conceitual criada durante os anos 1960 WOOD, Paul. Arte de atividades educativas paralelas à mostra — uma das quais
nos Estados Unidos e na Europa ocidental4, de viés tautológico conceitual. São
Paulo: Cosac Naify, pude conduzir, aliás. A proposta curatorial — (des)territórios
CL e analítico, e uma “recém-descoberta” arte conceitual da 2002.
CL
AC AC
80 81
e (des)identidades — reflete, da mesma forma, a potência Suely Rolnik (in FREIRE; LONGONI, 2009, p. 163), ou nas
crítica que eu mencionava, assim como as obras selecionadas. palavras de Miguel López: não “se recupera o passado para
Várias delas, por exemplo, pensam os limites da América fazê-lo existir como um cúmulo de esqueletos, mas sim
Latina: Camila Proto (1996) reconfigura o mapa da região a para perturbar profundamente as ordens e as garantias do
partir de incidências literárias e sonoras em Zonas de escuta; presente” (2017, p. 43).
Fernando Villalpando (2001) propõe uma solução estética para
Diante dos sempre renovados autoritarismos na América
as longas discussões teóricas sobre a existência de uma arte
Latina, impõe-se o dever ético-político-estético de renovar
do “sul global”, ao surizar as palavras, cortar-lhes a metade
as resistências, os circuitos, os territórios, as identidades, as
norte; Fran Favero (1987) projeta a cacofonia latino-americana
5 Disponível estratégias artísticas. Hasta o próximo CLAC.
em Rádio triangulação, site que mistura emissões de rádio da em: http://
tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina.5 radiotriangulacao.
com/.
Outras tantas propostas abordam questões político-
texto de Juliana Proenço de Oliveira
identitárias sem ligação direta com as fronteiras nacionais-
historiadora e crítica de arte
regionais, mas que incidem sobre toda a América Latina, como
eco uniformemente heterogêneo das feridas coloniais. Refiro-
me às resistências dos povos indígenas, que aparece, por
exemplo, nas fotografias de Abimael Salinas (1994); de pessoas
Referências
LGBTQIA+, retratada com fina ironia na série Vinhadinho,
de Breno Sant’anna (2001); de populações racializadas, vide DELLA BARBA, Mariana; WENTZEL, Marina. Discurso
de Bolsonaro deixa ativistas ‘estarrecidos’ e leva OAB a
a ficção afetiva de Adriano Machado (1986), na série Cobra pedir sua cassação. BBC News Brasil, São Paulo, 19 abril
verde; e de mulheres, que se apresenta em Carmen, de Julha 2016. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/
noticias/2016/04/160415_bolsonaro_ ongs_oab_mdb. Acesso:
Franz (1993), e Corpos à flor da terra, de Yara Pina (1979), entre 17 jun. 2021.
outras. Não são novidade as violências contra nenhum desses FREIRE, Cristina; LONGONI, Ana (orgs.). Conceitualismos do Sul /
grupos, mas elas ganham, nas práticas artísticas atuais, uma Sur. São Paulo: Annablume; USP-MAC; AECID, 2009.
JAREMTCHUK, Dária. Anna Bella Geiger: passagens conceituais.
atenção sem paralelo durante as ditaduras militares. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Belo
Horizonte: C/Arte, 2007.
Caberia aqui reconhecer uma atualização, um desdobramento LÓPEZ, Miguel A. Robar la historia: contrarrelatos y prácticas
das batalhas e das estratégias da arte no presente. Mesmo artísticas de oposición. Santiago: Ediciones Metales Pesados,
2017.
porque não busco afirmar a infalibilidade das produções
MEIRELES, Cildo. Cruzeiro do Sul, 1970. In: FERREIRA, Glória.
dos anos 1960/1970, situá-las em um passado nostálgico Crítica de arte no Brasil: temáticas contemporâneas. Rio de
e insuperável. Isto, a meu ver, recairia nas “elucubrações Janeiro: Funarte, 2006, p. 253.
esterilizadas” sobre as quais alerta Cildo Meireles, ainda em MORAIS, Frederico. Contra a arte afluente: o corpo é o motor
da obra. In: Revista de Cultura Vozes, Rio de Janeiro, n. 1, jan-fev.
1970, no terrivelmente atual ensaio Cruzeiro do Sul. Pelo 1970. Disponível em: https://icaa.mfah.org/s/ en/item/1110685.
contrário, interessa-me pensá-las como conquistas reais, Acesso: 09 out. 2021.
visíveis e vivas — tal qual o substrato das obras de Manuel RAMÍREZ, Mari Carmen. Blueprint circuits: conceptual art and
politics in Latin America, 1993. Disponível em: https://monoskop.
e de Cipriano. Matéria não-perene, perecível, que pode até org/File:Ramirez_Mari_Carmen_1993_Blueprint_Circuits_
desaparecer, mas apenas de maneira precária, até encontrar Conceptual_Art_and_Politics_in_Latin_America.pdf. Acesso: 17
mar. 2022.
caminhos outros, fagulhas outras para ressurgir.
RIDENTI, Marcelo. Artistas e intelectuais no Brasil pós-1960.
Encarar, enfim, o passado (ditatorial), mas sem a pretensão In: Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 17, n. 1, 2005,
pp. 81-110. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ ts/a/
de encerrá-lo, categorizá-lo, reduzi-lo a uma versão definitiva. f4Ztm8ZzQsWhgywLyjWNWJq/?lang=pt&format=pdf. Acesso:

CL
Encarar o passado com a urgência do presente e em prol da 07 out. 2021.
CL
AC criação de outros futuros; a serem desentranhados, conforme AC
82 83

O ano de 2020 foi paradigmático para as relações de trabalho.


Empresas e trabalhadores tiveram que se reinventar para
conseguir lidar com o problema de uma pandemia em escala
global. A primeira e mais responsiva solução foi a adaptação
das jornadas de trabalhos, dos escritórios para a segurança
de cada lar. Começou-se a experimentar diversas formas de
reuniões por videoconferências, aplicativos de gerenciamento
de projetos e outras soluções, desde o campo da informática e
outras tecnologias, para suprir as necessidades de proximidade
no âmbito empresarial. Com o passar desse período e as
diversas experimentações nos modelos de trabalho remoto,
pudemos pensar em soluções híbridas, entre a presença física
e virtual. Todavia, e não por acaso, a segurança patrimonial

amador e jr.
já é pioneira em imaginar soluções de trabalhos híbridos, Trabalho remoto, 2021
como a presença física de seguranças concomitante ao uso Fotografia e totens, 180 cm
de circuitos fechados de câmeras, com suas imagens sendo e 170 cm de altura
armazenadas em nuvens de dados.

Na esteira da vanguarda da segurança patrimonial, a Amador segurança


e Jr. Segurança Patrimonial Ltda. apresenta seu novo serviço,
chamado Trabalho remoto. Esse serviço consiste em produzir
uma presença material e virtual do segurança no espaço
patrimonial ltda.
expositivo que será salvaguardado. Para isso, será disposta Jandir Jr. Antonio Gonzaga Amador
uma reprodução em escala natural do corpo uniformizado de Rio de Janeiro/RJ 1989 Rio de Janeiro/RJ, 1991
nosso funcionário. De modo que o segurança estará agindo Vive no Rio de Janeiro/RJ Vive no Rio de Janeiro/RJ
remotamente, através da sua imagem reproduzida e de todo o
aparato de seguridade que a acompanha.

Entre no século XXI e proponha o Trabalho remoto na sua


CL exposição! CL
AC AC
84 Registros do manifesto indígena contra o Projeto de Lei 490 (PL 85
490), que determina que são terras indígenas somente aquelas
terras que estavam ocupadas pelos povos tradicionais em 5 de
outubro de 1988. Ou seja, é necessária a comprovação da posse
da terra no dia da promulgação da Constituição Federal. Todos
os territórios que vieram depois disso não são válidos e são
apagados. Em meio à pandemia e no centro de uma das maiores
cidades do Brasil, indígenas de todas as etnias saíram às ruas para
protestar contra o marco temporal, intitulado PL 490. O ato teve
início no Parque do Jaraguá, território indígena que hoje abriga
seis aldeias: Pyau, Itakupe, Yvy Porã, Ita Endy, Ita Verá e Ytu.

abimael
salinas
Rio de Janeiro/RJ, 1994
Vive em São Luís/MA

Wescritor, Tupinambá, 2021


Guerreiro Guarani, 2021
Wallace Tupinambá, 2021
Jason Tupi, 2021
Edivan Fulni-Ô, 2021
Fotografia digital impressa em pigmento
mineral sobre papel Canson Photo Matte
200gsm, 60x40 cm (cada)

CL CL
AC AC
86 “Na série Cobra Verde recrio, 87
através da fotografia e vídeo,
a história de vida de minhas
adriano
machado
avós. Nas imagens, os temas
relacionados à memória e
formação de identidade são
apresentados através da Feira de Santana/BA, 1986
abstração e da recriação de Vive em Feira de Santana/BA
vivências e lendas. Como
retalhos de memória, esses
fragmentos do passado e
do presente se misturam
para permitir uma busca
por autonomia e identidade
narrativa. Oriundas de Feira
de Santana, na Bahia, a
cidade conhecida como
Portal do Sertão, um grande
entroncamento rodoviário do
Nordeste, a memória dessas
duas mulheres é o registro
da migração interna que o
Brasil produziu; entrelaçadas
na sua racialidade. Seus
retratos apontam para a
história de luta e resistência e
transformação da identidade
afro-brasileira, moldada
por luta, trabalho, amor em
diálogo incessante com
os mistérios, o silêncio e a
própria fabulação enquanto
matéria de vida.

O título da série surge de um


sonho: “Eu sonhei com uma
cobra, uma cobra verde” me
prêmio-aquisição
do CLAC 2021 disse minha avó” e minha
Cobra Verde, 2013 mãe depois explicou: “sonhar
Fotografia digital impressa em pigmento mineral sobre com verde é sempre coisa Fé e mistério, 2013
papel Hahnemühle Photo Rag 308gsm 110x73 cm boa.” É nesse território Vídeo, cor, sem som, 720p, 2’11”
inventivo que estabeleço a
origem da minha fotografia,
para reorganizar estereótipos
e atrair mais questionamento
à hegemonia dos discursos
fotográficos”. [A.M.]

CL CL
AC AC
88 “O que faz a gente olhar alguém e identificar como 89
“feminino”? Carmen é sobre (de)forma. Mulher
fruta, dizem. O que comunica minha carne? Meu
julha
franz
formato me define? “Oh, you’re from Brazil? “How
much do you charge?”, “your body tells everything
for you” são as frases que mais escutei morando no
exterior, quando me liam como trabalhadora sexual
apenas por ser brasileira. A ação de comer as frutas Porto Alegre/RS, 1993
é importante para o conceito da obra, porque fala Vive em Porto Alegre/RS
sobre a vontade que temos de fazer parte daquilo,
ao mesmo tempo em que desprezamos. Toda a
cultura faz com que a gente deseje ser assim, deseje
ser desejada. Mas e quando o desejo vira abuso? Em
“Carmen”, me aproprio dos paddings (enchimentos)
usados por drag queens para deixar o corpo mais
“feminino” e crio um corpo antropofágico. A partir
da minha vivência nos Estados Unidos, “Carmen”
fala da objetificação e sexualização da mulher
brasileira, em um vídeo que evidencia a contradição
entre a luta contra o estereótipo e, ao mesmo
tempo, a vontade de fazer parte dele. O uso das
frutas e o nome remetem à Carmen Miranda”. [J.F.]

Carmen, 2019
Videoperformance, vídeo, cor e som, 6’29”

CL CL
AC AC
90 91

breno de
sant’ana
Rio de Janeiro/RJ, 2001
Vive no Rio de Janeiro/RJ

prêmio-aquisição
do CLAC 2021
sem título (série Vinhadinho), 2021
Fotografia digital impressa em pigmento
mineral sobre papel Canson Photo Matte
200gsm, 60x90 cm

VINHADINHO é uma espécie ultra-


humana que existe independente da
autorização de existir. Apresenta-se
como espécie pitoresca, mamífero e
está localizada em Santíssimo, Zona
Oeste do Rio de Janeiro. É um animal de
grande porte, chega a uma altura de 1,2
até 2,4 metros. Este, especificamente,
mede 1,88 metros de altura. O peso
varia dependendo da região e do estilo
da dieta, mas os vinhadinhos másculos
podem ter mais massa corporal.

Possui uma perna longa para fugir de


emboscadas que a sociedade opressora
cria, olhos grandes e bem abertos para
detectar preconceituosos a mil metros
de distância. Possui alta elasticidade
para desviar de piadinhas mortais e, às
vezes, unhas afiadas para se defender
de predadores.

CL CL
AC AC
A obra alia a resistência de unhas longas e a

cyshimi
92 93
resistência que bandeiras de emoji podem
representar. É comum a utilização de bandeiras
de emoji como um representante de identidade,
São Paulo/SP, 1998 território e ancestralidade na linguagem virtual.
Vive em São Paulo/SP As bandeiras dispostas em dimensões e ordens
diferentes evidenciam uma cronologia de
pertencimento da artista com sua ancestralidade,
sendo a bandeira branca a maior e primeira a
aparecer, seguida da chinesa, brasileira e, por
última e menor, a bandeira taiwanesa.

CL
Bandeira de emoji, 2020 CL
AC Escultura, 30x7x4 cm AC
94 95

CL CL
AC AC
96 97
Abimael Salinas p. 84-85 estratégias, resistências e divergências a partir da
fotografia. Em sua maioria, artistas não herdeiros de
Todos os verbetes sobre as obras, bem
Artista visual e diretor audiovisual, Abimael espólios, mas detentores de tecnologias do olhar, da
como as biografias, foram fornecidos pelos
Salinas é Indígena do Povo Potiguara, nascido oralidade e do barulho de seus quintais, que a partir
artistas e eventualmente editados para a daí vêm tentando remontar a história da visualidade
e criado na comunidade do Acari, Zona
publicação. brasileira, quiçá latino-americana. A aula propôs o
Norte do Rio de Janeiro. Encontrou em suas
que o artista chama de “tomada da lente”, pois esses
raízes ancestrais potências e forças para
artistas fotografam a si mesmos, seu entorno, seus
abrir caminhos e traçar o mundo com suas
parentes e vizinhos à procura do avesso da fotografia
tecnologias ancestrais. Em seus trabalhos, usa
tradicional. Mesmo embebidos pelos cânones
as técnicas da colagem digital, da fotografia e eurocêntricos da fotografia, eles desvirtuam a função
da videoperformance. de captura que os é ensinado e assim projetam
curadoria comissão de seleção de trabalhos
políticas de vida, pulsões insistentes, sons da mata
Charlene Cabral Luana Vitra e oroboros inflamados para re-lembrar aos vivos de
Adriano Machado p. 86-87 onde vieram e para qual futuro desejam apontar - com
Pesquisadora, curadora e publicadora Luana Vitra é artista plástica, dançarina e a imagem.
independente. Mestre em História, Crítica performer. Cresceu em Contagem, cidade Artista visual, mestre em Artes Visuais pela
e Teoria da Arte pela ECA-USP e bacharel industrial que fez seu corpo experimentar o UFBA. Desenvolve projetos artísticos em
em História da Arte pela UFRGS, com ferro e a fuligem. Gestada entre a marcenaria fotografia, vídeo e objetos que buscam discutir
Ale Montiel p. 48-49
especialização em fotografia pela GrisArt (pai) e a palavra (mãe), se movimenta como questões sobre identidade, território, ficção e
Escola Internacional de Fotografía (Barcelona). reza em busca da sobrevivência e da cura memória, investigando processos de políticas Graduada em pintura pela Universidad
Em 2018, recebeu o Prêmio Açorianos Jovem das paisagens que habita. Entende o próprio de vida. Suas obras apontam para a condição Nacional de Córdoda (UNC), participa de
Curador, oferecido pela Secretaria de Cultura da corpo como armadilha, e sua ação como humana entre os espaços de convivência e os exposições individuais e coletivas desde 1997.
Prefeitura de Porto Alegre e Aliança Francesa/ micropolítica na lida com a espacialidade que territórios afro-inventivos. Recentemente, foi selecionada para a mostra
Institut Français. É fundadora do selo Meteoro seu trabalho evoca, confronta e confunde. Federico Klemm 2021. Participa do “Projeto
Participou de exposições como 31º Programa
Edições e da Folhagem, feira e banca coletiva de 2x36”, plataforma virtual para trabalhos
de Exposições CCSP (2021); Valongo Festival
publicações de artista. artísticos de 36 artistas com produções
Internacional da Imagem (Santos/SP, 2019);
Oendu de Mendonça Concerto para pássaros (Goethe Institut,
próximas a Ana Mendieta, Argentina-Brasil. Foi
selecionada pelo II Concurso Internacional de
Trans não binário. Pesquisa a partir de sua Salvador, 2019); Panapaná vamos de mãos
Diego Groisman Vídeo Performance LPG 2021, no Laboratório
descendência Guarani o etnocídio dos povos dadas (João Pessoa, 2018). Ganhou o prêmio
de Performance e Gênero da Universidade
Diego Groisman é curador independente, indígenas e a luta por terras. Sua poética no principal no Salão de Artes Visuais da Bahia
Autônoma de Querétaro, México, e, no mesmo
pesquisador, tradutor e produtor cultural. campo da performance trava um diálogo de 2013 e menções especiais em 2011 e 2014;
ano, no programa de residência “Escuchar
Atualmente dirige a Casa de Cultura Mario com áreas como antropologia e história. É também foi contemplado com o Prêmio
la fotografia” ArtexArte. Em 2020, foi
Quintana, e é doutorando na linha História, mestrando no Programa de Pós-Graduação Funarte de Residências Artísticas 2019. Realizou
em Performances Culturais UFG, integrante selecionada pelo Prêmio Bienal Bit 3ª Edição
Teoria e Crítica no Programa de Pós-Graduação residências artísticas na Pivô Pesquisa Ciclo III
do Núcleo de Práticas e Saberes Decoloniais Federal “Mundos transmutados” e pelo projeto
em Artes Visuais da Universidade Federal do (São Paulo, 2020); Fluxos: Acervos do Atlântico
Takinahaky formação superior indígena curatorial: The long game of patience, Zona
Rio Grande do Sul (UFRGS) e bacharel em Sul (Salvador, 2019) e VerdeVEZ, no Campo
UFG. Pós-graduanda em Gestão de Projetos Liminal, do coletivo internacionalista La Pan-
História da Arte pela mesma universidade. É Arte Contemporânea (Teresina, 2019). Artista
Culturais USP e licenciade em Artes Visuais caput, Chile.
diretor e curador do espaço cultural Casa Baka, selecionado junto ao Coletivo Intervalo (BA),
pela UFRGS.
dentro do qual desenvolve uma programação para Bienal de Dakar 2022 (Senegal) e para o Na sua prática artística, Ale Montiel trabalha
voltada à arte contemporânea. Em 2019, Latitude Artist Residence 2022 (Chicago,EUA). em torno do conceito do corpo como primeiro
recebeu o Prêmio Açorianos Incentivo Jovem território, pelo fato de ambos carregarem a
[obra exposta + aula on-line na programação
Curador, oferecido pela Secretaria da Cultura da história da vida material, emocional e espiritual
paralela]
Prefeitura de Porto Alegre/Aliança Francesa/ das pessoas. Recorre a diversos suportes como
Institut Français. Aula on-line O Avesso da Lente fotografia, vídeos e intervenções efêmeras
no espaço natural. Em suas obras, evidencia-
Um olhar pela fotografia não hegemônica e seus
atravessamentos. O que acontece quando quem é
se um exercício de vinculação/internalização
fotografado passa a fotografar? Nessa aula foram com o território, consequência de um diálogo
apresentados ao público artistas do norte e nordeste constante com os elementos naturais e o que os
CL e centro-oeste brasileiros que reelaboram conceitos, rodeia. CL
AC AC
98 Anna Ortega p. 72-73 Breno de Sant’ana p. 90-91 99
Amador e Jr. Segurança Ana María Noguera Durán
Patrimonial Ltda. p. 82-83 Fotógrafa, artista visual e estudante jornalismo Nascido e criado na favela do Cavalo de
Mulher colombiana, artista cênica, atriz, na UFRGS. Interessada na possibilidade de Aço, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Estudou
Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda., professora de artes e pesquisadora do diálogo entre as diferentes linguagens, busca na fotografia na Escola de Artes Visuais do Parque
série de propostas performáticas concebidas corpo e das corporeidades. Com estudos em imagem a possibilidade do encontro. Costuma Lage. A partir da experiência fotográfica, escreve,
por Antonio Gonzaga Amador e Jandir Jr., é Comunicação Social e Jornalismo, é licenciada olhar para o cotidiano procurando o miúdo do descreve, destrói e reconstrói narrativas e
realizada em instituições de arte pelos próprios em Artes Cênicas pela Universidade Pedagógica afeto, da casa e da memória. Tem pesquisado situações de caráter social e autobiográfico.
artistas trajados com uniformes de segurança, Nacional de Colombia (2012) e mestra (2016) também as imagens afetivas mobilizadas por Seus trabalhos são desenvolvidos através da
e tem seus problemas centrais vindos das e doutoranda em Educação da UFRGS, na nossas avós. sua experiência na cidade e acabam abordando
relações entre instituições como essas e as linha dos Estudos Culturais - Concentração de questões sobre identidade, violência e memória.
pessoas que trabalham cotidianamente em suas Políticas do Corpo e da Saúde. Integra o Núcleo Desde 2019, desenvolve Não há casa sem flores, Usa o próprio corpo como elemento poético
salvaguardas. de Estudos de Currículo e Cultura, Neccso. pesquisa poética protagonizada por sua Mãe, central em fotoperformance e objeto. Já
Vó e Tia. Com este projeto, foi uma das artistas participou de exposições na Anita Schwartz
Sua trajetória como pesquisadora, atriz e premiadas com o 11º Diário Contemporâneo galeria de arte, Galeria Oásis, entre outras.
professora está marcada pela experiênciado
Amanda Teixeira p. 60-61 de Fotografia, em 2020. Em 2021, publicou
impacto da guerra e violência na Colômbia. o foto-zine O carnaval é uma memória da
Amanda Teixeira é artista visual e designer. Sua Desse modo, nos últimos dez anos seu minha Vó pelo selo Austral Edições. Em 2019, Bruno Novaes p. 38-41
produção se desdobra em vídeo, fotografia, trabalho criativo, docente e investigativo tem participou da expo-ação Registro nº3, na
objeto e instalação. Expõe desde 2010, tendo se focado em problematizar como o corpo Bruno Novaes é artista e educador, com
Casa Baka (Porto Alegre), onde apresentou
participado de diversas exposições e feiras de das mulheres em zonas de conflito e guerra, licenciatura em Arte pela Faculdade Belas
o trabalho O mar verde foi tecido, uma série
livro de artista no Brasil, Uruguai, Alemanha, marcando, inscrevendo e registrando tal Artes de São Paulo e especialização em Artes
fotográfica sobre as mulheres argentinas na luta
França e Portugal. conflito. Suas aproximações são articuladas a Visuais pela UNESP. Em sua prática, olha para
de legalização do aborto no país. Na ocasião,
partir da pesquisa em performance,a partir identidades, memórias e afetos das margens,
É mestranda em Artes Visuais na California foi propositora da atividade Conversas latino-
na qual se coloca a seguir, acompanhar e misturando o que é público e o que é íntimo em
Institute of Arts (2023), nos Estados Unidos, e americanas: mulheres, pañuelos e identidades, contranarrativas que borram ficção e realidade.
tornar visíveis processos criativos em que as um diálogo que reuniu cerca de 40 pessoas que
bacharel em Artes Visuais pelo Instituto de Artes Seu trabalho acontece, sobretudo, por meio
vítimas e sobreviventes, além de denunciar compartilharam experiências e histórias sobre
da UFRGS (2015), com mobilidade acadêmica da palavra e do desenho, como instalação,
as violências vividas e fazer um clamor pela o assunto.
pela Universidad de Buenos Aires (2012). Em publicação e processos de encontro.
verdade, reparação e justiça por meio das artes,
dezembro de 2019 teve sua segunda exposição [obra exposta + rodas de conversa na
também afirmam caminhos de sobrevivência e ​Seus principais trabalhos incluem O professor
individual tudo está cuidadosamente envolto programação paralela]
resistência na latino américa. Estas indagações deverá ser o último a se retirar, mesmo nos dias
em pó, com curadoria de Eduardo Veras, no
têm sido apresentadas de diferentes maneiras de chuva (Temporada de Projetos do Paço das
Instituto Goethe, em Porto Alegre. Realizou Rodas de conversa Abuelas: conte sobre sua vó
teórico/práticas e artísticas em eventos Artes); Intervalo (Programa de Exposições do
residência artística em Isafjordur, noroeste da Um convite para sentarmos em roda e juntes Centro Cultural São Paulo); Alugo para rapazes
acadêmicos e de artes em cidades da Colômbia,
Islândia, em 2017, após finalizar dois semestres lembramos o lugar das avós em cada um de nós. “Qual (prêmio-publicação Lamparina Luminosa);
México e Brasil.
como bolsista DAAD na Academia de Artes e é o nome da sua vó?” é uma pergunta que foi feita escola de faz-de-conta (ProAC LAB) e Diário
Mídias de Colônia, na Alemanha. É co-criadora, [aula presencial na programação paralela] aos artistas do CLAC, aos trabalhadores da CCMQ e 366 (Centro Cultural dos Correios São Paulo
editora e designer na micro-editora Azulejo aos visitantes do circuito. A ideia era que a pergunta e livro premiado pela LAB SBC/Paradoxa
Oficina Repositórios Simbólicos
Arte Impressa. Recebeu dois Prêmios Açorianos pudesse se desdobrar em um espaço de escuta e
Cultural). Participou da 33ª Bienal de Arte
pela editora e dois por sua produção individual: A oficina objetivou investigar teorias sobre os Estudos partilha de histórias sobre avós. O local que abrigou os
de São Paulo, como artista residente na obra
da Performance, em particular no que corresponde encontros foi o Jardim Lutzenberger - lugar de cultivo,
em 2013 de Artista Revelação por sua primeira de Mark Dion, da 21ª Bienal Internacional de
aos repertórios e arquivos como fontes de transmissão de terra e de raiz dentro da Casa de Cultura. Falar de
exposição individual, e em 2021, pela segunda. Arte de Cerveira, da residência internacional
de conhecimento e construção de memória viva. avós é movimentar os lugares de onde se parte (e
por isso, pautar também que latinidade é esta sobre
ACHO - arquivo coleção histórias ordinárias e
Propôs refletir de modo prático-teórico sobre
a qual falamos), é falar de origens afetivas diversas do programa de residência AZERO, da editora
estratégias interdisciplinares de indagações corpo-
performáticas para elaboração de memórias poéticas e de territórios-mãe. Quando abrimos este diálogo, Medusa. Integra o grupo Práticas Compartidas
em contextos de violência social e conflito armado na o que se convoca é a colheita da memória e o desejo e tem trabalhos publicados em livros e revistas
América Latina, indagando especialmente a dimensão de tecer conversas. É o convite para habitarmos este do país e exterior. Além de diversos prêmios-
corporal e performativa involucrada na prática teatral espaço que chamamos carinhosamente de “Casa”, aquisição em salões de arte, suas obras
e performática de mulheres vítimas e sobreviventes da transformando-o em uma casa de abuelas, um jardim compõem também acervos públicos como o do
guerra na Colômbia. de avós. Museu da Diversidade Sexual de São Paulo e do
CL CL
AC MAR - Museu de Arte do Rio de Janeiro. AC
100 integrante do Coletivo Estopô Balaio de Criação, 101
Cecilia Cipriano p. 72-73 Avelin Buniacá Kambiwá (Ibimirim/PE, 1980),
Camila Proto p. 18-19 pertencente ao povo Kambiwá (Serra Negra – Memória e Narrativa, da Cia. de Arte Teatro
Cecilia Cipriano é artista visual, sua pesquisa se PE), vive na cidade de Belo Horizonte. Liderança Interrompido e vocalista/compositor da banda
Artista multimídia, mestra em Artes Visuais desenvolve no espaço urbano onde consegue indígena, representa seu povo e os indígenas em Androide Sem Par. Autor da peça Tybyra: uma
pela UFRGS e doutoranda pelo PPGAV- infiltrar-se e viver os meandros e a estranheza contexto urbano de Minas Gerais em diversos tragédia indígena brasileira, publicada pelo
EBA-UFRJ. Sua pesquisa percorre o universo do seu cotidiano. Produz práticas com enfoque movimentos em âmbito municipal, estadual e Selo do Burro em 2020. Licenciado em Teatro
intersemiótico, tensionando as relações entre poético para criar pontes e pensar questões que nacional. É socióloga, especialista em gestão de pela UFRN, vive há cinco anos em trânsito entre
arte, ciência e filosofia. Lhe interessa o trânsito contribuam na criação de forças de combate políticas públicas em gênero e raça. Professora Natal e São Paulo.
e as intersecções como metodologia de criação, de infinitas lutas, que podem variar desde a da rede estadual de ensino. Coordenadora do
colocando em xeque a ideia de tradução luta contra o imobilismo às retóricas do mundo Rafael Bacelar (Belo Horizonte/MG, 1987)
Comitê Mineiro de Apoio às Causas Indígenas e
como motor inventivo de diferença. Entre suas contemporâneo. Sua trajetória artística passou é ator, diretor, bailarino, drag queen,
performer em diversas ações de luta em defesa
principais participações, destacam-se: Circuito por uma carreira universitária como professora performer e pesquisador. Seus pensamentos
da vida dos povos indígenas.
Universitário da Bienal Internacional de Curitiba e pesquisadora do Instituto de Química da e desejos percorrem os espaços do teatro, da
(2017, Curitiba), exposição de selecionados UFRJ. A aproximação mais efetiva com as artes David Maurity (Belo Horizonte/MG, 1987) é dança, filosofias queer, estudos culturais, de
pelo Prêmio de Arte Contemporânea Aliança se deu na Escola de Artes Visuais do Parque co-fundador, ator e dramaturgo da Companhia sexualidade & gênero. É co-fundador e diretor
Francesa (2019 e 2020, Porto Alegre), Festival Lage e posteriormente como aluna no curso de de teatro Toda Deseo, grupo de artistas artístico da companhia de teatro TODA DESEO/
10 Novas Frequências (2020, Rio de Janeiro) graduação em Artes Visuais/Escultura da Escola mineiros que tem sua pesquisa voltada para MG, co-fundador do Cabaré das Divinas Tetas/
e Exposição Internacional ComCiência (2019, de Belas Artes da UFRJ, completado em 2018. novas formas de ocupação teatral e para a MG e foi co-fundador do coletivo Bacurinhas/
Belo Horizonte). Foi indicada ao XIII Prêmio criação contemporânea a partir de questões MG. Também trabalha como ator colaborador
Açorianos de Artes Plásticas (2020, Porto relacionadas a identidades de gênero, na Companhia Brasileira de Teatro/PR.
Alegre), na categoria “Artista em Início de Coletivo Autônomo multiplicidades e orientação sexual. Como
Carreira”. Em 2021 integrou o comitê curatorial Temporário p. 34-35 dramaturgo, David é responsável pelos textos
do Festival 7 KinoBeat. Ainda, foi recentemente de Ser: Experimento para tempos sombrios Coletivo Inço p. 16-17
selecionada para a programação da Galeria O Coletivo Autonomo Temporário é uma (2016), GLÓRIA (2018), Conselheira (2019, em
articulação idealizada pela artista Idylla Audrian Cassanelli é mestrando no Programa
Refresco (RJ) e do Museu de Arte de Rio Grande parceria com Idylla Silmarovi) e SPUR (2020).
Silmarovi com Avelin Buniacá Kambiwá e de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFSM,
do Sul (RS) para a realização de exposições Selecionado para compor a coletânea Cenas
formada pelos artistas David Maurity, Edgar na linha de pesquisa de Arte e Tecnologia,
individuais. do Confinamento, editada e lançada pelo selo
Kanaykõ Xakriabá, Juão Nyn e Rafael Lucas sob Orientação da Prof.a Dr.a Darci Raquel
CPTM, do Centro Cultural Galpão Cine Horto).
Bacelar. Juntes desenvolvem o projeto Fonseca. É bolsista CAPES e atualmente
Também é Bacharel em Estudos Literários em
KA’ADELA – uma cartografia destituinte. integra o Grupo de Pesquisa em Fotografia
Carlos A. Mora p. 70-71 Letras pela UFMG e Mestre em Literaturas
LabFoto. Possui graduação em Artes Visuais
Idylla Silmarovi (Contagem/MG, 1991) é Modernas e Contemporâneas pelo Programa de
Carlos A. Mora explora em sua prática artística - Licenciatura Plena pela Unochapecó.
artista da cena e pesquisadora. Mestranda Pós-Graduação em Estudos Literários, PósLit, da
uma série de intersecções e relações entre Membro fundador do Coletivo Inço, tendo
no Programa de Pós-Graduação em Artes Faculdade de Letras pela mesma universidade.
ecologia e política; arquitetura e ambiente, participado de inúmeras exposições pelo
Cênicas da UFOP. Investiga as interseções Edgar Kanaykõ Xakriabá (São João das Missões/ país, destaque para participação no Edital
para atrair a atenção sobre a degradação
entre a arte e o ativismo dentro das artes MG, 1990) pertence ao povo indígena Xakriabá Nacional - ArteSesc Conuências (2015), Bienal
e exploração do território natural, através
cênicas, principalmente no que tange o no norte do Estado de Minas Gerais. É mestre Internacional de Curitiba-Polo SC (2017 e 2019)
do desenho, pintura, escultura, fotografia e
debate em torno da memória como um direito em Antropologia pela UFMG, é cineasta e e IV Bienal do Sertão de Artes Visuais (2019).
instalação. Está interessado em trabalhar com
negado pela colonialidade. É pesquisadora e diretor de diversos documentários já exibidos Sua pesquisa busca, através do autorretrato
conhecimentos não hegemônicos do ambiente
atriz no projeto GUERRILHA – experimento em festivais como FórumDoc.. Tem atuação fotográfico, verificar as possíveis relações
natural e suas ligações com o ser humano.
para tempos sombrios. Faz parte do coletivo livre na área de Etnofotografia: “um meio de dos inços com o corpo do artista, entre suas
Seus processos contemplam o uso de materiais
Academia TransLiterária e do Comitê Mineiro registrar aspecto da cultura – a vida de um resistências e a hibridação artística. A partir da
naturais e a investigação de campo. Expôs
de Apoio às Causas Indígenas. Trabalha em povo”. Ele utiliza a fotografia como ferramenta observação de inços existentes nos entornos
coletivamente em espaços independentes,
rede com diversos movimentos sociais de Belo de luta, revelando ao mundo a realidade sobre das monoculturas,objetiva criar um corpo em
museus e feiras em Guadalajara, Cidade do
Horizonte e em parceria do coletivo Toda Deseo, os povos indígenas. metamorfose que será aqui nomeado corpo-
México e Monterrey. Em 2021, realizou sua
Bacurinhas e outres artistas. Diretora artística inço.
primeira exposição individual Um paisaje nunca
e idealizadora da plataforma/residência Zona Juão Nyn (Natal/RN, 1989) é multiartista,
es ceniza, no Proyecto Arte (Guadalajara,
de Encontro. Criadora do projeto de pesquisa e atua na performance, no teatro, no cinema Diana Leticia Chiodelli é mestranda no
México).
experimentação E.C.O.S - experimentos cênicos e na música. Potyguar(a), 31 anos, militante Programa de Pós-Graduação em Artes
CL de orientação sudaka. do movimento Indígena do RN pela APIRN, Visuais da UFSM, na linha de pesquisa de CL
AC AC
102 103
Arte e Visualidade, sob Orientação da Prof.a Enero y Abril p. 24-25 do workshop de Teoria da Performance, Giuliana Migliori p. 46-47
ministrado por Abel Azcona, e do LAP II –
Dr.a Rebeca Lenize Stumm. É professora da Artista visual. Realiza projetos artísticos que Possui estudos em pintura pela Faculdade de
Laboratório de Videoarte Online, ministrado
rede municipal de ensino em Chapecó-SC. atravessam fotografia, colagem, intervenção Artes da Pontifícia Universidade Católica do
por Mario Gutierrez Cru. Teve seu trabalho
Atualmente, integra o Grupo de Pesquisa em de imagens, publicações e experimentação Peru e mestrado em antropologia visual. Sua
exibido na plataforma digital The Homeostasis
Arte: momentos-específicos. Possui graduação audiovisual. A auto-edição tem permitido fazer trajetória artística acontece em concomitância
Lab e na Bienal en Resistencia 2021, Guatemala.
em Artes Visuais - Licenciatura Plena pela circular seu trabalho de forma independente, com sua docência no FAD. Participou de
Unochapecó. Membro fundadora do Coletivo explorando a linguagem da mídia impressa, na diversas exposições, como a II Bienal Nacional
Inço, tem participado de exposições no estado qual comumente materializa seu trabalho. Le de Lima (2000), Concurso Nacional do Ano
Fran Favero p. 62-63
de Santa Catarina, destaques para Redesesc agrada ministrar oficinas de experimentação Internacional da Batata, no Centro Cultural
de Galerias (2018) e Bienal Internacional de na criação de ensaios com imagens, como Fran Favero é artista visual, professora e de Espanha (2008), I Festival de Vídeo Arte,
Curitiba-Polo SC (2017 e 2019). forma de estimular o surgimento de outras curadora. Vive e trabalha em Florianópolis/SC, Camagüey, Cuba (2009), Prêmio ICPNA de
vozes. Estudou fotografia na Universidade de mas cresceu na tríplice fronteira entre Brasil, Arte Contemporânea (2019), VIII Concurso
[obra exposta + conversa on-line na
Veracruz. Cursou o Seminário de Fotografia Paraguai e Argentina. É mestra e graduada em Nacional de Pintura do Museu do Banco
programação paralela]
Contemporânea no Centro de la Imagen e no Artes Visuais pela UDESC, com intercâmbio Central do Peru (2016), entre outras. Em seus
Conversa on-line Vazios demográficos e Centro de las artes de San Agustín, além de para a UQÀM, em Montreal. Pesquisa as projetos individuais convergem interesses
a colonialidade, mediação de Oendu de participar do Seminário de Gênero MUAC- relações fronteiriças que permeiam territórios, temáticos Interesses temáticos relacionados
Mendonça INAM. Foi premiada com a bolsa de Jovens corpos e memórias, atuando no campo dos a processos intermediais, semiose social
Criadores do Fonca e PECDAV na categoria multimeios, incluindo produções em fotografia, e experiência estética: SUBLIMA Migliori,
meios alternativos; foi selecionada para as vídeo, publicações de artistas e instalações. chocolate neoconceitual de leite que contém
Cyshimi p. 92-93 nresidências comunitárias Me sobra barrio Entre suas principais exposições estão as um conteúdo, ação urbana e gráfica (Lima,
(2019) do Centro de la Imagem; conquistou o individuais Ninguém consegue segurar o ar, 1998) e Ensaio sobre a recuperação da
“CYSHIMI”, nome artístico formado pela
primeiro lugar na V Benal de Arte de Veracruz 14a Bienal Internacional de Curitiba, MASC moléculas de DNA em hematócito de
junção entre as palavras ‘Cyber’ e ‘Sashimi’. Sua
(2020). (SC, 2019); REDECHOQUE apresenta Fran rato I e II, objeto sonoro/pinturas, Galeria
pesquisa é baseada no ambiente cibernético em
Favero, Galeria Choque Cultural (SP, 2019) e Y/ Parafernália (Lima, 1996). Em seus trabalhos,
que vive. Permeiam questões de ancestralidade Recentemente, participou do terceiro encontro Rembe´y, Museu Victor Meirelles (SC, 2016); e são frequentes as apropriações e incidências
decolonial, identidade, beleza e corpo. A em torno ao fotolivro contemporâneo as mostras coletivas 15º Salão Nacional de Artes nas traduções, a palavra, o som ou a pintura
partir disso, investiga sentimentos, relações e.folio.003 «articulação e montagem» do de Itajaí (SC, 2021); Prêmio Aliança Francesa de como escrita, conceitualidade e técnica para
e traumas por meio da ficcionalidade e do Centro de la Imagen e cursou o programa de Arte Contemporânea (SC, 2021); What’s going conjugar discursos visuais que especulam
íntimo. Sua produção se dá através de arte produção campo_fotolibros (2021). Colaborou on in Brazil, Les Rencontres de la Photographie sobre alegorias e fatos de cultura e história,
digital, performance, instalação, design, em diferentes projetos de autogestão e d’Arles (França, 2019); Confluências: arte linguagem e modernidade, portanto também
pinturas, esculturas, unhas e mais. Em 2018 autopublicação, como o Coletivo Ediciones em intercâmbio, Sesc Interlagos, (SP, 2017) indagações sobre processos de globalização,
apresentou a exposição individual Identidades Estridentes.Também tem colaborado em e Antípodas Contemporâneas, 13ª Bienal subjetividade e materialidades. Sua recente
Importadas Compactadas Demarcadas.Zip, projetos pedagógicos de arte contemporânea Internacional de Curitiba, MESC (SC, 2017). exposição individual, Arabesques, ode
sobreidentidades asiáticas-brasileiras, sendo e ministrado oficinas sobre processos criativos Em 2021, participou das residências artísticas fragmentária em Laboraleatorio, Espaço de
um marco para essa comunidade na cena e laboratórios de criação e publicações em A Zero – publicações de artista, Curitiba/PR e Arte (Lima, 2021) faz parte de um período
artística. Passou por instituições como Centro diferentes espaços no México. SomaRumor - Arte Sonora, UFF/RJ. Atualmente de treze anos de experiências entrelaçadas
Cultural São Paulo, EAV Parque Lage, Instituto
é professora colaboradora do Departamento de de mudança e memória, em que os cânones
Adelina, SP-Arte, Quadrienal de Praga - PQ
Artes Visuais da UDESC e integrante da equipe aportados pela pintura são tanto suas grafias
Brasil e Salão de Arte Contemporânea Luiz Fernando Villalpando p. 14-15 do Projeto Armazém – exposição e feira de como a estética de suas narrativas. A alegoria,
Sacilotto. Foi mencionada em plataformas como
Cursou o Bacharelado em Artes Plásticas na múltiplos. o ornamento e os códigos usurpados se filiam
Arte Brasileiros, Elle Brasil e Kura Arte. Co-
fundadore da Inserto, coletivo de arte, moda e UDLAP, ingressando mais tarde na Faculdade à tradição orientalista para escutar o rumor
design, participante da LÓTUS - Plataforma de de Artes e Design da UNAM, onde atualmente dos totalitarismo e seus conflitos globais;
feminismo asiático e solidariedade antirracista, cursa licenciatura em Artes Visuais. Desde 2019 enquanto o corpus simulado dos arabescos
e do TROVOA - Levante Nacional de mulheres é assistente no círculo de Pesquisa artística ensaia a abstração de sua retórica ou a
e pessoas não-bináries racializades nas artes (CIA). Como formação complementar, em substituição de seus vínculos com o sistema
visuais. 2020 foi participante em diversas oficinas irracional que os aninha.
artísticas e laboratórios, como a Oficina Corpo
CL e Ação, ministrada por Regina José Galindo, CL
AC AC
104 Alegre. Desenvolveu, junto com Ariane Oliveira, Leeds, Faculdade de Artes. Recebeu o Prêmio com instituição de ensino da Dinamarca no 105
a mostra-processo arte advocacia, que recebeu Vozes Agudas para mulheres artistas em memorial dos povos indígenas, em Brasília, no
Julha Franz p. 88-89 os Destaques em Curadoria e em Exposição outubro do mesmo ano. Em 2021, participou ano de 2017. Em 2018 fez parte do coletivo
Utilizando seu corpo como matéria-prima, Julha Coletiva no XIV Prêmio Açorianos (2021) da do Programa Pivô Pesquisa e integrou a Mostra Ceda-si (coletivo Estudos em Dança, educAção
Franz tensiona fronteiras entre gênero, sexo Prefeitura de Porto Alegre. Todos os Gêneros, do Itaú Cultural, além de Somática e Improvisação), coordenado por
e tecnologia. Lésbica, exagerada e agressiva, integrar a exposição A máquina lírica, na Galeria Diego Pizarro. Em 2020, produziu a live
Aula on-line: Repertorios simbólicos y otras
busca expandir os pré-conceitos binários que Luisa Strina (São Paulo). Performance #1Traço, em parceria com o
acciones de resistencia en contextos de guerra y
ditam comportamentos sociais. Tem passagem músico percussionista Ìdòwú Akínrúlí, as vídeos
violencia
pela New York University (NYU), onde cursou performances ọnà e criadx mudx, além de
o programa EMERGENYC, oferecido pelo A aula abordou estratégias de resistência e de denúncia Louise Lucena p. 68-69 ser contemplada pelo edital da Funarte com
Hemispheric Institute of Performance and desenvolvidas por artistas visuais durante os regimes material sobre processos metodológicos em
militares na América Latina, bem como suas possíveis Louise Lucena é artista negra e performer da
Politics, 2019. No mesmo ano, realizou a dança e Educação baseado em uma cosmologia
reverberações no presente. Foram apresentadas dança, que se propõe a pesquisar e trabalhar
exposição Layers of Erasure, no AC Institute afro referenciada. Em 2021 participou da Bienal
iniciativas como os Siluetazos e Tucumán Arde, na com as interfaces da arte, promovendo
(Nova Iorque), em parceria com a artista Brasil Black Art; da 3° temporada do podcast
Argentina; Colectivo Acciones de Arte (CADA), no fluxo e atravessamentos pelas linguagens da
argentina Natacha Voliakovsky; participou A Cor da voz; do festival FIA de intervenção
Chile; e propostas de artistas como Artur Barrio e Cildo fotografia, audiovisual, dança e performance
de residências artísticas nas cidades de Meireles, no Brasil. O repertório dos anos 1960/1980 urbana e performática; é uma das escritoras da
art. Dessa maneira, seu trabalho dialoga com
Veneza (2017), durante a Venice International serviu de base para leituras e abordagens de algumas coletânea Todas Escrevemos, produzido pela
sua brasilidade e corpa negre, as invisibilidades,
Performance Art Week; em Buenos Aires obras atualmente em exposição no CLAC, oferecendo Fora da Asa Experiências Plurais; produziu a 2°
silenciamentos e tensionamentos produzidos
(2015), no Club Cultural Matienzo; e no Porto uma espécie de percurso da mostra pelo viés da Temporada do Travessia Live Performance com
desde a Diáspora Negra e confluências com os
Alegre Em Cena (2020), na Residência FORTE. duradoura oposição aos autoritarismos na região. co-produção de Thayãn Martins, contemplado
saberes pindorâmicos, na fissura abissal de sua
Participou de exposições coletivas e festivais pela Lei Aldir Blanc e Fundação Marcopolo;
existência desde a margem social. Vinda do hip
de performance, como o ITINERANT Festival, e possui um ensaio de foto Performance em
hop, foi profissional de dança e competidora
realizado anualmente em Nova Iorque (2019); Laryssa Machada p. 22-23 colaboração com o fotógrafo e cineasta Martino
de breaking durante 12 anos, construindo uma
VERBO - Galeria Vermelho, São Paulo, da Piccinini, chamado Corpo Oralidade.
Nascida em Porto Alegre, vive na Bahia há mais carreira de sucesso nacional e internacional.
qual participou em duas edições seguidas, em de cinco anos. Estudou Jornalismo, Ciências Em 2013, decidiu se voltar para o estudo e
2017 e 2018; foi Indicada ao Prêmio Aliança Sociais e atualmente cursa Artes com ênfase pesquisa da cultura afro-brasileira com mais
Francesa de Arte Contemporânea 2018; finalista Luisa Brandelli p. 58-59
em Cinema na UFBA. É artista visual, fotógrafa profundidade e desde então, teve o privilégio do
do BIG Awards Competition 2019, premiação e filmmaker. Pensa sua criação enquanto convívio de muitos mestres da cultura popular Mestra em Práticas e Procedimentos Artísticos
que ocorre durante a Barcelona Art Week rituais de descolonização e novas narrativas brasileira, africana e indígena. Desse modo, pela Universidade Estadual Paulista (Unesp),
(SWAB); e recentemente realizou sua primeira de presente/futuro. Seus trabalhos discutem seu trabalho e processos artísticos se voltam com bolsa de pesquisa CNPq. Foi selecionada
exposição individual, chamada Antes do Grito, a construção de imagem sobre LGBTQIA+’s, para a práxis da educação a partir de uma para o Seminário Tropicalização do Norte, da
na Fundação Ecarta, em Porto Alegre. Durante indígenas, afrodiaspóricas - caminhando cosmologia afro referenciada e em alinhamento Escola de Artes Visuais do Parque Lage, em
a pandemia, foi contemplada em vários editais, pela “desinvasão brazil” enquanto prática de com as leis 10.639/03 e 11.645/08 de reparação 2017, quando também esteve em residência
como o RespirArte, oferecido pela Funarte; educação visual. sócio-histórica e cultural dos povos negros e com o coletivo MAHKU no Jordão (Acre).
indígenas. Atualmente residente em Porto Participou do programa de residências Pivô
Em 2018, trabalhou durante quatro meses no
Alegre, a artista procura conhecer a cultura Pesquisa (2019). Entre 2015 e 2021 frequentou
Juliana Proenço de Oliveira Projeto Memória Viva, pela ONG Thydewá,
negra da região, ter o convívio de seus mestres grupos de discussão e estudos com Maria
dentro do qual percorreu oito aldeias do
[aula on-line na programação paralela] e artistas locais para sua produção, arte e helena Bernardes (Porto Alegre), Jailton
nordeste do Brasil (Bahia, Pernambuco,
construção de conhecimento. Moreira (Porto Alegre), Paulo Miyada e Pedro
Mestra em História, Teoria e Crítica de Arte Sergipe e Alagoas) com oficinas de audiovisual
FRança (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo) e
pelo PPGAV/UFRGS (2021), com dissertação em que jovens indígenas produziram mais de Formada em Educação Física pela Universidade
João Loureiro (São Paulo)>
intitulada Interrupções e retomadas: projetos 60 mini-documentários com anciãos de suas de Brasília - UnB, possui curso em Estudos
artísticos irrealizados da ditadura no Brasil respectivas comunidades. Em julho de 2019 Decoloniais pela Clacso e foi aluna especial
(1960–2010)” sob orientação da Profa. Dra. foi selecionada para a residência PANDEO, na do PPGEDU da UFRGS, sendo integrante do
Mônica Zielinsky. Formou-se em Direito (2014) Cidade do México, onde desenvolveu produções grupo de pesquisa Geafro. Já no fluxo dos
e História da Arte (2018), ambos pela UFRGS, artísticas a partir da fotografia ritual. Em 2020, atravessamentos artísticos em suas múltiplas
e estudou Ciência Política na França (Sciences desenvolveu o projeto fotográfico ORIGEM linguagens, participou de residência artística
Po Rennes) entre 2012 e 2013. Atua como (com indígenas LGBTQIA+), junto a Antônio com os Corpos Informáticos coordenado por
CL CL
A C professora e curadora independente em Porto
Vittal Pankarau e com o apoio da University of Bia Madeiros e de um Twin Labs em parceria AC
106 107
Morte e Magia nas artes visuais, em Conceição Paty Wolff p. 64-65 Yara Pina p. 32-33
Maíra Flores p. 20-21 do Mato Dentro, em Minas Gerais; Arkane -
Residência artística em Casablanca, Marrocos; Paty Wolff é uma multiartista brasileira, que Yara Pina é artista e bibliotecária. Graduada
Maíra Flores é graduada em História da Arte vive e trabalha atualmente em Cuiabá/MT. em Biblioteconomia e Artes Visuais pela
e Residência Artística no Espaço Quilombola
pela UFRGS e trabalha com artes visuais e Possui mestrado e graduação em Geografia e Universidade Federal de Goiás. No início de
Teto Aberto - EQTA, em Pinhões, Santa Luzia/
cinema. A obra Mapa Mundi integra sua pesquisa a decolonização da representação e do sua trajetória artística, desenvolveu trabalhos
MG. Atualmente é representado pela Diáspora
produção recente, que envolve uma série olhar sobre corpos negres em diáspora africana, que abordavam principalmente a relação
galeria.
de têxteis sobre o tema da territorialidade e povos indígenas e tradicionais brasileiros. Suas entre performatividade, arte e destruição. Nos
sua definição crítica em termos geográficos, criações transitam entre a pintura, o muralismo, últimos anos, seu interesse tem sido pesquisar
políticos, culturais e econômicos. O trabalho foi o desenho, a ilustração, a escultura, a cerâmica diferentes contextos sociais e históricos,
Marina Camargo p. 36-37
exposto pela primeira vez em Las Palmas, nas e a escrita, entre outras experimentações. explorando os rastros da memória da violência
Ilhas Canárias, integrando uma das mostras da Marina Camargo estudou em Porto Alegre, Participa de exposições coletivas desde 2016, e suas inscrições sobre os corpos violados
BienalSur de 2021. Seu filme Sem título (5), co- onde concluiu bacharelado e mestrado em Artes com destaque para BRAVA - Festival de Artes e ausentes. Propor reflexões envolvendo
dirigido com Luciano Scherer, recebeu prêmios Visuais no Instituto de Artes da Universidade Visuais de Mulheres Negras, no Museu da a desaparição do corpo na performance,
e menções honrosas em festivais internacionais Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Desde os Imagem e do Som de Cuiabá (MISC, 2021); também, sempre fez parte da proposta de suas
e é parte da coleção do Museu de Arte, anos iniciais, suas pesquisas estiveram marcadas Experimental, na Galeria Sesc Arsenal (2019) ações. Ao realizá-las longe da vista do público,
Arquitetura e Tecnologia de Lisboa (MAAT). por uma noção expandida de desenho, na e Natureza: Substantivo Feminino, no Museu a artista busca transitar entre a presença e
Além do Brasil, expôs em países como Equador, qual imagem e pensamento se constituem de Arte de Mato Grosso ( MAMT, 2016). a ausência para deixar no espaço expositivo
Portugal, Espanha, Itália, Grécia e China. Desde mutuamente e, assim, estruturam o próprio Selecionada para o 26º Salão Jovem Arte apenas vestígios da passagem de seu corpo.
2018 vive e trabalha em Portugal. processo de trabalho. Questões relacionadas à de Mato Grosso (Cuiabá, 2021). Recebeu o
cartografia começaram a interessá-la durante Prêmio Díxtopia, na categoria Pintura em Foi premiada no Salão de Abril de Fortaleza
o período em que viveu em Barcelona, Espanha 2021 (Cuiabá). Na literatura, ilustrou livros e (Fortaleza, 2012) e pelo FID Prize 2017
capas, e publicou Como pássaros no céu de (Foire Internationale du Dessin, Paris, 2016).
Marcel Diogo p. 42-45 (onde estudou Cultura Visual na Universitat de
Barcelona), a partir de quando o sentido de Aruanda (2021), premiado pelo Edital Estevão Participou do Pivô Pesquisa 2020, Mother, I
Antes de tudo negro, marginal, periférico, de Mendonça de Literatura Matogrossense, e see my self in your eyes (Laundromat Art Space,
deslocamento físico passou a ser recorrente em
suburbano. Graduado em Pintura e Licenciatura Thehcitura, fomentado pela Lei Aldir Blanc de 2019 / Concrete Art Space, Flórida, 2019, USA);
seus trabalhos. Em 2010, a artista recebeu uma
pela EBA, UFMG. Coordena o Atelier do Cuiabá, ambos escritos e ilustrados pela artista. Frestas Trienal de Artes, Entre pós-verdades
bolsa do DAAD para estudar com Peter Kogler
Ressaca, na fronteira entre as cidades de Belo Integra os coletivos Ceramistas do Mato e o e acontecimentos (SESC Sorocaba, 2017);
na Akademie der Bildenden Künste em Munique
Horizonte e Contagem e leciona em uma Coletivo Maria Taquara - Mulherio das Letras de Performatus 2, O que está a luz de nosso tempo
(Alemanha), onde posteriormente concluiu sua
escola pública. Desenvolve pesquisas em Mato Grosso. discernimos no escuro (SESC Santos,
formação. Durante esse período, seu trabalho
diversos meios, dentre os quais destacam-se
voltou-se para questões relacionadas a lugares 2017); Das Virgens em Cardumes e da Cor
sua produção pictórica e projetos curatoriais
específicos, explorando dimensões diversas das Auras (Museu Bispo do Rosário Arte
independentes. Em curadoria concebeu a Sofia Ramos p. 66-67
da paisagem e da representação dos lugares. Contemporânea, Rio de Janeiro, 2016); Bienal
Exposição de pessoas que constantemente são Sofia Ramos realiza trabalhos em pintura,
Obras da artista fazem parte das coleções do Internacional Desde Aquí (Bucaramanga,
abordadas pela polícia, projeto contemplado fotografia, instalação, vídeo-arte e
Museu de Arte do Rio (MAR), Museu de Arte do Colômbia, 2014); Open Sessions (Drawing
com o prêmio de curadoria do Festival Camelo performance. Experimenta construções e
Rio Grande do Sul (MARGS), Centro Cultural São Center, Nova York, 2014-2015); Act + Object +
de Arte Contemporânea. Desenvolveu, em visualidades em memória, identificação e família
Paulo (CCSP), Museu de Arte Contemporânea
conjunto com outras três pessoas, a proposta a partir de contextos sócio-culturais na América Exchange (Drawing Center, New York, 2014);
do Rio Grande do Sul (MAC-RS), Museu de Arte
curatorial Suspeite Silva para a feira latino- Latina. A artista utiliza o espaço urbano como Name it by trying to name it (Drawing Center,
Aloísio Magalhães (Recife), Casa de Cultura
americana Equinox. Coordenou duas residências ateliê aberto, com o olhar atento para catação New York, 2015); A Bela Morte: confrontos com
Mario Quintana (Porto Alegre), entre outras.
artísticas em Minas Gerais, pela iniciativa de objetos descartados, para com isso repensar a natureza morta no século XXI (Margs, Porto
CERCA, nas cidades de Cordisburgo e em a arte a partir de sua decolonialidade. Participou Alegre); Arte Pará 2012 (Museu Histórico do
parceria com o Museu Casa Guimarães Rosa, e das exposições Caderno Obra, na Fábrica Estado do Pará, Belém, 2012).
em Congonhas, com o Atelier Kayab. Concebeu Behring (Rio de Janeiro), Histórias que nos
Possui obras nos acervos do Museu de Arte do
em 2019 a exposição BRAsA, Brasil + África, movem, no Espaço Cultural Vilarejo 21 (Brasília),
Rio Grande do Sul, (Porto Alegre, RS), Centro
mostra que reuniu artistas de diversas partes do Casa Aberta, na 3ª edição da Residência
Cultural da Universidade Federal de Goiás
território brasileiro e países africanos. Participou Hospitalidade, Vozes Agudas, projeto do Ateliê
(Goiânia, GO) e Museu de Artes Plásticas de
das residências artísticas Barda del Desierto 397 (São Paulo), Capadócia é aqui n’Olugar (Rio
Anápolis (Anápolis, GO).
CL
na Patagônia e Crudo Arte Contemporáneo, de Janeiro) e na Galeria Karla Osório (Brasília). CL
A C em Rosário, Argentina; Cemitério do Peixe, AC
108 A finales de la década de 1950, Porto Alegre de Brasil. En la estela semántica del término sean dominantes y arraigadas, o liberadoras 109
En el espectro de los fenómenos humanos acogió dos eventos de ambicioso alcance: el I circuito, sigue existiendo la asociación a las ideas en relación a dichas dominaciones y, por lo
englobados en el amplio concepto de cultura, Salón Panamericano de Arte y el I Congreso de de ciclo y eventos en movimientos periódicos. tanto, necesarias para que las comunidades
las artes, en sus diversas manifestaciones, se Arte Brasileño, ambos creados para celebrar Así, se espera que el I CLAC establezca un marco usurpadas puedan luchar por sus derechos y
convierten en un instrumento privilegiado el quincuagésimo aniversario del Instituto inicial para una discusión -no estática ni cerrada dignidad. Junto a esta segunda posibilidad,
para expresar ideas, anhelos e impasses de un de Bellas Artes (actual Instituto de Artes en sí misma- sobre la latinoamericanidad, sus existe otro uso del prefijo des, que también
pueblo y de una época. de la UFGRS). En su momento, los eventos contingencias y posibilidades, beneficiada a puede significar el refuerzo de una idea,
Consciente de los poderes representativos demarcaron la fuerza del sistema artístico partir de la relación con los públicos. dándole intensidad. Un desvarío, por ejemplo,
y reflexivos provocados por la producción local en diálogo con el contexto internacional y es una locura enfatizada, incluso poética. De
artística contemporánea, tanto en la esfera convocaron a intelectuales, artistas y críticos de Diego Groisman un modo u otro, por negación o reiteración, el
simbólica como en sus efectos inmediatos en todo Brasil para debatir cuestiones relacionadas Secretaria Casa de Cultura Mario hecho es que las identidades no son esquemas
las comunidades circundantes, la Secretaría de Quintana y cocurador del CLAC
con la producción artística y su impacto en cerrados, y los territorios son, antes de cualquier
Estado de Cultura de Rio Grande do Sul (Sedac), múltiples esferas - filosófica, social y política. apropiación humana, tierras que no entienden
a través de la Casa de Cultura Mario Quintana, Con un parentesco lejano, la Casa de Cultura de propiedad, nombre o cultura.
tuvo el honor de promover la primera edición Mario Quintana presenta ahora el I Circuito Unidos por una supuesta identidad común, que
del proyecto expositivo internacional Circuito Latinoamericano de Arte Contemporáneo, (des) combina la ubicación geográfica con la lengua
Latinoamericano de Artes Visuales - I CLAC -, una exposición que trae a Porto Alegre una territorios oficial, los países de la llamada América Latina
entre los meses de diciembre de 2021 y febrero selección de obras artísticas en sintonía con la y (des) se tocan entre sí mediante vínculos poderosos
de 2022. compleja escena contemporánea, reflejando en identidades y frágiles al mismo tiempo. Potentes por la
Formado a partir de la propuesta de presentar sus formatos y provocaciones las ansiedades, bandera política que enarbolan: ex colonias
un conjunto de obras contemporáneas con dilemas y preguntas que se presentan bajo el Nosotros, los latinoamericanos vecinas y con importantes problemas políticos,
temas que abordan el impreciso y controvertido signo de la pluralidad. somos todos hermanos económicos y sociales, a menudo similares entre
concepto de América Latina, el I CLAC movilizó El equívoco concepto de América Latina que, pero no porque tengamos sí: esa misma “espada sobre la cabeza” de la
a cerca de 100 artistas y trabajadores culturales en su base, agrega diferentes países a partir de la misma madre y el mismo padre: que habla Ferreira Gullar. Frágil por la condición
en las etapas de selección de obras, producción, convergencias lingüísticas, históricas, sociales sino por el mismo compañero de toda identidad, fragmentada e inestable en
transporte, montaje, difusión y mediación de las y culturales, inspiró la elaboración de este que nos traiciona. Todos somos hermanos sus propias contradicciones. Frágil, además,
español

español
obras que formaron parte de la exposición. Circuito que acentúa inmediatamente el sesgo no porque compartamos porque en el propio nombre latina, que remite
político del arte en convivencia contrastada el mismo techo y la misma mesa: al apelativo forjado por la diplomacia francesa
La realización de un evento de tal magnitud,
con las exigencias del sistema capitalista, divisamos la misma espada del siglo XIX, cuya denominación del territorio
con obras de artistas de varios estados del
fuertemente representado por el norte global. sobre nuestras cabezas. llevaba implícito el deseo de dominación, no se
país y también del extranjero, recuerda las
aspiraciones del entonces primer secretario de En una convocatoria abierta a los países de tienen en cuenta las culturas y las numerosas
la llamada América Latina, la primera edición Somos todos hermanos lenguas autóctonas -vivas, muertas y en
Cultura de Rio Grande do Sul, Carlos Appel,
del CLAC recibió más de 300 propuestas no porque tengamos peligro- de los habitantes originales de esta
cuya silla, con mucha alegría, ocupo hoy. En una
procedentes de diversos puntos del continente, el mismo brazo, el mismo apellido: porción de América. Frágil, una vez más, por
declaración para el documental que celebra los
con la intención de promover el diálogo entre tenemos el mismo camino la distancia simbólica que se establece entre
30 años de la Casa de Cultura, Appel recuerda
diferentes percepciones artísticas a partir de un de saña y de hambre. Todos somos hermanos las (des)identidades latinoamericanas y un país
que, más allá de los 11 mil m² que la institución
supuesto denominador común: la relación entre no porque compartamos la misma sangre como Brasil, tradicionalmente “de espaldas” a
ocupa en el Centro Histórico de Porto Alegre,
el pensamiento y la realización del arte, forjada que llevamos en nuestro cuerpo: América Latina.
se comprende la importancia de su presencia y
en contextos de injusticia social generalizada. lo que es igual es la forma
representatividad “(...) no sólo para el Estado, Entre el poder y la fragilidad siempre existe
Seis espacios expositivos, repartidos por la de derramarla.
no sólo para Brasil, sino para toda América la opción de reforzar el vínculo. Algunos lo
Latina”. Casa de Cultura, muestran propuestas artísticas han practicado a lo largo del tiempo; hay
que incitan a la reflexión sobre los límites, las Ferreira Gullar, Ruidos, 1989
momentos históricos que se alimentan de las
Beatriz Araujo contradicciones y los significados de la identidad energías revolucionarias y de la fraternidad
Secretaria de Estado de latinoamericana en el mundo actual. El Circuito Latinoamericano de Arte entre los pares latinoamericanos. Redes de
Cultura de Rio Grande do Sul
Si, en su sentido estricto, un circuito es la Contemporáneo se desarrolla, en su primera personas, proyectos y obras se llevan a cabo
trayectoria establecida de un punto a otro con edición, bajo el tema (des)territorios y (des) en nombre de esta gran y diversa América
el punto de llegada como punto de partida, es identidades. Es inmediato notar que las Latina. El I Circuito Latinoamericano de Arte
posible conciliar la realización del CLAC con las palabras territorios e identidades, al coquetear Contemporáneo se desarrolla con este espíritu,
aspiraciones iniciales de una institución como con el prefijo des, se anulan, indicando negación consciente de los desajustes y las fallas de
la Casa de Cultura Mario Quintana. Ocupando u oposición, en un visible posicionamiento de este tipo de lugar común. Se produce como
una ubicación privilegiada en el Centro Histórico relativización de estos importantes términos un dispositivo de partida, nunca como un fin.
de Porto Alegre, el centro cultural tiene una que históricamente se han manejado como Los movimientos que aquí se proponen se
CL importancia simbólica más allá de las fronteras presentan como un gran entramado formado CL
herramientas de construcciones narrativas: ya
AC AC
110 por diferentes visualidades, conversaciones, una localidad bien conectada con la utopía del telas, recogidas por la artista a lo largo de 15 Como una película está compuesto por dos 111
escuchas, investigaciones y conocimientos Globo”, porque esta imagen del Globo se ha años y cosidas por ella en cinco, duraciones movimientos, el primero muestra imágenes de
alineados a través del tiempo y el espacio de construido de hecho sobre una amalgama de conmovedoras si pensamos en su año de vegetación mientras la voz de un hombre narra
una exposición. Las obras y actividades aquí mitologías, que van desde los dioses griegos nacimiento, 1990, una labor larga para los la experiencia de cruzar la frontera de Tijuana
reunidas no buscan el apaciguamiento, sino y el Dios cristiano hasta el trabajo de la NASA tiempos que corren y la mitad de una vida y entrar en el país extranjero; en el segundo
todo lo contrario, se erigen como testimonios y y la difusión de la representación (o más bien, recolectando. Tal vez se necesiten días, semanas, movimiento esta voz toma cuerpo (pero no
agentes incómodos de estas tierras devastadas. composición) de los medios de comunicación o mucho más que eso, tal vez sea necesario rostro) y comienza a realizar un ballet mecánico
del “planeta azul”. De la misma manera, pues, ser la propia Maíra -que cosió una etiqueta al de acciones repetitivas mientras narra, en un
que el Antropoceno no es el producto igual lado de la otra, lenta y minuciosamente, con dialecto de expresiones mexicanas, su trabajo
Charlene Cabral
cocuradora del CLAC de todas las manos humanas, el Globo no es concentración y atención- para entender todo como inmigrante ilegal en una panadería de
una esfera visualizable a no ser como producto lo que se muestra en estas piezas de marca, Estados Unidos. Por último, New York corona
• La redacción de este texto no fue solitaria. Fueron cartográfico materializado en un objeto sobre patria, nación, construcción, mito, delirio. “[...] y trasciende la historia un tanto tradicional de
esenciales los aportes de Diego Groisman, director de la mesa o en una imagen de satélite. O, en la a menudo, las etiquetas llevan estampados los otros vídeos al convertirse en una especie
la CCMQ y también curador del CLAC, quien recordó alegoría que Latour ofrece sobre la maldición de los accidentes geográficos de sus lugares de de vídeo musical en el que se nos muestra,
muy bien este preciso poema de Ferreira Gullar; y de Atlas, que fue condenado a llevar los cielos -en origen (montañas, ríos, animales, nombres en blanco y negro, a un hombre cantando
Germano Scheller, investigador sobre arte y América forma esférica- sobre su espalda. de ciudades, dibujos de sus vistas) o incluso al micrófono la famosa canción New York
Latina, respecto a la atribución colonialista de una de Frank Sinatra. En un paisaje campestre
Ante este tipo de problematización, algunos sus banderas y símbolos nacionales. También
latinidad común a esta parte del continente americano.
pueden pensar en la trillada y manida las marcas de estas etiquetas o sus elementos soleado, vemos al cantante en su actuación,
palabra globalización, que implica procesos decorativos pueden ser muy elocuentes”, escribe con un traje que parece demasiado grueso para
de integración entre diferentes naciones la artista en uno de nuestros intercambios de esa temperatura y actuando para un público
y sociedades de este planeta, en varios correos electrónicos sobre la obra. Como todo dudosamente comprometido. El marco está
¿dónde estás ámbitos y niveles. Para otros, puede surgir el mapa, pues, éste pasa por elecciones y está compuesto por algunos coches estacionados
cuando estás recuerdo de nuestra ignorancia mayoritaria abierto a interpretaciones, lo que comunica y grupos de personas, algunas de ellas con
aquí? -salvo esas cartes du tendre contemporáneas pide atención. Pero, a diferencia de los mapas uniformes deportivos, que comen, bailan o
que eventualmente consultamos, mapas políticos de los territorios que, hasta cierto simplemente cruzan la imagen en actitud
confeccionados sobre lo que hay en cada punto consensuados, circulan y muestran a la despreocupada. En el montaje final del vídeo,
En la conferencia O Antropoceno e a destruição esquina, y estas esquinas simplificadas al gente dónde está (siempre me ha fascinado la la artista se hace eco de la letra de la canción,
frase “estás aquí”, como si eso fuera posible), cantada desde el principio en una versión en
español

español
(da imagem) do globo1, Bruno Latour se máximo- sobre lo que va más allá de la esquina
posiciona críticamente frente a la concepción de nuestras una, dos, tres, veinte casas (las que se sabe parcial y, además, exige una atención español, insertándose en el fondo y en las
común -de trayectoria platónica, teológica habitamos y por las que nos movemos en el plena, concentrada, interpretativa y crítica por imágenes iniciales de la metrópolis americana,
y epistemológica- del globo como esfera tablero de este juego de la vida y la muerte). parte de quien la contempla. Y no pretende confiriendo así un marco kitsch al espectáculo
visualizable, que comprende la totalidad del Uniendo estos puntos con los de Latour, se situar a nadie más allá de las invenciones de ese personaje que imposta su voz para cantar
mundo. Para él, no hay nada más provinciano desvelan algunos aspectos, en gran medida simbólicas de la mercancía. El mapa político- frases como “un rascacielos subir, siempre
que pretender una “visión global”, ya sea retóricos, del proceso globalizador colonial. Los económico-mitológico de Maíra Flores, cuando subir”, o “no habrá fronteras para mí”. En estos
sobre la esfera azul que identificamos como globos y los mapas tienen sus pesos, señores y se ve “globalmente”, es una hermosa colcha vídeos de Enero y Abril se convocan algunos
nuestro planeta o sobre otros llamados mitologías; y los flujos de comunicación de esta formada por pequeñas partes ininteligibles; tópicos sobre la promesa de una vida mejor,
“superorganismos” -verdaderos nombres gran y, en muchos sentidos, opaca Tierra son y sólo cuando se disecciona se convierte, de tratados por el sesgo anecdótico, aunque nunca
propios, con mayúsculas- como la Naturaleza, complejos y siempre históricos. hecho, en una cartografía posible y nunca finita, a la ligera. Su tema es el imaginario ligado al
Dios o el Capitalismo. Dialoga con Peter porque induce a pensar en todas las etiquetas sueño americano y a ciertas vías de acceso -y la
La obra Mapa Mundi (2021), de Maíra Flores3
Sloterdijk citando algunas de sus preguntas del mundo que no están incluidas allí y en la agotadora, si no insuperable, distancia hasta él.
-en ciertos sentidos un iniciador del I CLAC- es infinidad de Mapas Mundi que formarían. En
directas e incisivas: “¿Dónde vive usted cuando Varias otras obras que compusieron el I
una costura literal de símbolos territoriales este sentido, quizás se pueda decir que también
dice que tiene una “visión global” del universo? CLAC investigan temas vinculados a las
procedentes de países pertenecientes a es un mapa en negativo.
¿Cómo protegerse de la aniquilación? ¿Qué ve? territorialidades deshilachadas de algunos
cinco (de los seis) continentes. Se trata de
¿Qué aire respira? ¿Cómo se calienta, se viste, En la misma sala de inauguración del CLAC se lugares de esta Tierra, inscritos en lo que
una colección de etiquetas de ropa y otras
se alimenta?2”. Como lección del Antropoceno proyectaron en un televisor de tubo tres vídeos convencionalmente se llama América Latina.
(o como queramos llamar a esta posible era cortos de la artista mexicana Enero y Abril, que Son los marcos constitutivos de la ciudad de
geológica que ve a la humanidad como la componen la serie Made in La Charca, que trata Chapecó señalados en Vazio demográfico,
principal fuerza modificadora de la Tierra), 3 Maíra Flores fue una de las dos artistas invitadas a de la inmigración ilegal de su familia a Estados del Colectivo Inço; las cartografías literarias
Latour señala que “no hay razón para confundir formar parte del I CLAC, precisamente por esta obra
Unidos. Calor, Como una película y New York de Camila Proto formadas a partir de un
que, a juicio de los curadores, ofrecería un importante
punto de partida para las relaciones que se querían experimentan con el género documental, pero grabador dentro de los libros; los paisajes
establecer en la exposición de obras seleccionadas me- no se pliegan a él, prescindiendo de demasiadas quemados de Yucatán trabajados por Carlos
1 Publicada en: LATOUR, Bruno. Diante de Gaia: oito diante convocatoria abierta. También parecía simbólico explicaciones sobre el antes o el después de A. Mora, en la que se niega la separación
conferências sobre a natureza do Antropoceno. São que ella, oriunda de Porto Alegre, residiera actualmen- los fragmentos narrativos que presentan. En artificial entre naturaleza y cultura; la tipología
Paulo: Ubu Editora, 2020. te en Portugal, de colonia a colonizador. Mapa Mundi Calor, se muestra un paisaje cálido mientras arquitectónica de la seguridad en la capital
se expuso en el Espaço Majestic, en la planta baja una voz en off nos invita a imaginar lo contrario, peruana, fotografiada por Giuliana Migliori;
C L 2 Sloterdijk apud Latour, 2020, p. 200.  de la CCMQ, una sala que “abría” simbólicamente el un Manhattan extranjero, frío y nevado. las provocaciones sobre los espacios turísticos CL
AC recorrido del salón. AC
112 en Brasil de Luisa Brandelli; la intervención de Circuito, pero más allá de eso, está su clave que estructura la obra: los artistas interpretan resistencia y no sumisión de los habitantes 113
la comunicación humana propuesta por Fran poética, que pide una lectura a ritmo más la actuación de profesionales de la seguridad del pueblo. El pasaje en el que una pareja del
Favero en la triple frontera de Brasil, Paraguay y lento. Por definición, un cráter se caracteriza del patrimonio (¿privado? ¿público? ¿artístico? sudeste -él de São Paulo, ella de Río de Janeiro-
Argentina; o el refugio, que también puede ser por ser un gran agujero, generalmente ¿humano?) que, en el ejercicio de una condición destila sus prejuicios contra el norte y el noreste
un lugar de desaparición, excavado por la pala formado por la incidencia de una gran fuerza laboral, ponen en cuestión la idea de protección de Brasil, afirmando su supuesta superioridad
de Ale Montiel. -impacto, explosión, actividad geológica-; la - ¿de quién y a quién, con qué éxito y a costa para equipararse a un grupo de supremacistas
Otras obras expuestas en la muestra colectiva topografía, por su parte, es una descripción de qué? Amador e Jr. hablan principalmente blancos extranjeros, retrata, aunque con tinta
tienen su “te encuentras aquí” menos marcado, detallada de un determinado lugar. En esta de nexos sociales y realizan una ácida crítica de fuerte, las relaciones de opresión y servilismo
pero eso no significa que no necesiten ser obra, dicha ciencia, más que aclarar, confunde las relaciones sistémicas en el campo del arte,
desencadenadas a partir de las categorías de
ubicadas en contextos concretos y situaciones al observador sobre la formación de este cráter, conscientes de que estas relaciones no están
raza, etnia y nacionalidad. Los personajes de
históricas -una aparente excepción podría que se aprecia debido a un juego óptico entre desterritorializadas, sino todo lo contrario, y
la película no podían ser reconocidos como
ser la terrible ausencia de dirección de los paisajes montañosos dispuestos en líneas. El que tocan con distinto peso a los diferentes
cráter, de hecho, no existe, sólo se lo sugiere. Al actores que participan en él. En este sentido, suficientemente blancos, porque eran latinos,
cuerpos arrojados en fosas poco profundas, y aunque sus pieles eran claras, algunos rasgos
metaforizados aquí por Yara Pina, pero igual que las figuras fantasmas dejadas por los algunas preguntas simples y directas, como
pájaros en el libro de Amanda Teixeira, se trata las de Sloterdijk, pueden ser apropiadas fisonómicos revelaban el proceso de mestizaje,
este paradero desconocido también es pura
de una imagen latente que parece presagiar para terminar este texto en clave inconclusa/ característico no sólo de los brasileños, sino de
geopolítica. Todo y todos están conectados
una pérdida, en este caso la de una tierra que se provocadora. ¿Qué significa, hoy en día, ser un los latinos en general. El episodio demuestra
a su tierra o a la falta de ella, incluso cuando
desvanece, sugiriendo la incertidumbre sobre artista latinoamericano? ¿Qué posición denota cómo las identidades se forman de manera
no se perciben como tales. Lo que hace
la globalización, al igual que otras formas cualquier futuro. este rótulo dentro de un sistema de tendencias relacional y sirve como punto de partida para
coloniales, es ayudar a maquillar las conexiones Finalmente, apostando por conectar puntos globalizadoras? ¿Qué une a este Sur entre sí reflexionar sobre la relevancia del debate sobre
primordiales, haciendo que el espacio parezca más allá de nuestra tierra a la vista, el CLAC y con los demás? ¿Qué los separa? ¿Quién la identidad latinoamericana.
un obstáculo fácil de cruzar a través de los pretendía reunir investigaciones diversas ha pagado las facturas del arte y cuánto ha Considerando que, por distintos caminos,
medios, acuerdos y pasaportes adecuados. y externas al radar curatorial5, dentro o costado, y a quién? ¿Dónde estamos cuando las ciencias humanas han desmontado
desde la llamada América Latina, buscando afirmamos estar aquí?
“La colonia era un laboratorio al aire libre. ¿Lo y problematizado la idea de la identidad
era? Bajo el fuego de la extinción, ¿no somos comprometerse con las representaciones individual como algo estático, fijo y fácil de
actuales en una posición de lucha contra los Charlene Cabral
todos pájaros que gritan?”, se pregunta Amanda cocuradora del CLAC
descifrar; y, cada vez más, las identidades han
Teixeira en el vídeo Cantar é com os passarinhos, colonialismos instalados. A partir de ahí se sido reconocidas en su carácter lábil, múltiple
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una obra que se mueve entre tiempos, trazando hizo visible un camino y también se produjo y fluctuante, la proposición de una identidad
puntos entre la memoria personal, ciertas un acercamiento crítico a nuestro entorno
colectiva integral, como la latinoamericana,
imágenes y sus fantasmas, que nos miran como profesional, esto que llamamos arte, que
parece ir en contra de los avances de las
pidiéndonos que no dejemos pasar nunca las implica y está implicado por tantos mundos.
nodos tesis contemporáneas. Sin embargo, si nos
oportunidades de tejer relaciones entre las Integrando la exposición, y al mismo tiempo
custodiándola, había dos tótems humanos
latinoamericanos proponemos un breve ejercicio imaginativo, a
infinitas cosas del mundo. Y que nos invitan al partir del cual liberamos nuestro pensamiento
conocimiento, que sólo se llama así porque se de tamaño natural, con las figuras de dos
hombres que hacían las veces de guardias - Somos del sur de Brasil. Una región muy para acceder a las imágenes, colores y sonidos
sabe que es incompleto.
de seguridad institucionales y que estaban rica, con colonias alemanas e italianas. que se activan inmediatamente en nuestra
Siguiendo en la dirección opuesta al juego colocados frente a una de las salas de la Somos más parecidos con ustedes. memoria cuando oímos hablar de América
retórico de la “visión global”, e invitando a exposición, simbólicamente la que contenía Latina, probablemente tendremos como
- No son blancos, ¿verdad? ¿Cómo pueden ser
ejercicios de acercamiento y distanciamiento, las representaciones más susceptibles de la primeras imágenes las generalizaciones, las
como nosotros? Somos blancos. Ustedes no
está la obra Topografia da cratera, de Marina violencia en el mundo exterior. Pero estos figuras estereotipadas, el acento hispano y una
son blancos.
Camargo4, artista nacida en Maceió que vive tótems, como cabría esperar de objetos serie de caricaturas. Incluso para nosotros, los
entre Porto Alegre y Berlín. La obra, adquirida inertes y bidimensionales, no tenían realmente latinoamericanos, las respuestas imaginativas
para integrar la colección de la Casa de Cultura el poder de salvaguardar las existencias, y El diálogo transcrito forma parte de la película generadas en torno al concepto de América
Mario Quintana, se instaló en el edificio sólo probablemente no lo tendrían ni siquiera si brasileña de 2019 “Bacurau”, dirigida por Latina revelan algo que la realidad fáctica
después del cierre del CLAC, lo que sugiere un se materializaran en tercera dimensión y con Kleber Mendonça Filho y Juliano Dornelles.
vínculo con lo que está por venir, en más de y cotidiana trata de negar, contradecir y/o
presencia viva. En esta representación de Situada en el interior del nordeste brasileño, complejizar. En vista de ello, es legítimo
un sentido. En primer lugar, y lo más obvio, una idea de seguridad -promovida por el dúo la ciudad ficticia que da nombre a la narración cuestionar los fines históricos, sociales y políticos
apunta al deseo de una segunda edición del Amador e Jr. Segurança Patrimonial LTDA., es el escenario donde se desarrolla la acción a los que ha servido dicha identificación o
aquí bajo el título de Trabalho remoto- es del largometraje. Clasificada por la crítica negación. Además, ¿dónde emergería con toda
precisamente el fracaso de la protección lo especializada como un western contemporáneo su fuerza esta identidad latinoamericana, velada
4 Marina Camargo fue la segunda artista invitada por ambientado en un futuro distópico, la película y desvelada, rechazada o afirmada, si no es en
la curadoría para formar parte de la muestra del CLAC, presenta una aguda crítica social del Brasil
y la decisión de adquirir su obra también fue anterior al
este espejo transversal de las artes, en sus más
actual y de su relación con el imperialismo variados lenguajes y propuestas? Esta es una de
evento. Su investigación, que privilegia los elementos 5 Creemos que esto ha sido posible gracias al formato
cartográficos y espaciales -en una trayectoria ya con- de convocatoria abierta internacional y también a la estadounidense: entre la docilidad colonizada las cuestiones que movilizaron la realización del
C L solidada que supera la década- sirvió como una especie participación, en el jurado de selección, de los artistas de los “blancos” brasileños y la fuerza de I CLAC. La exposición presentó obras de artistas C L
A C de “imagen mental” que inspiró esta exposición. Luana Vitra (MG) y Oendu de Mendonça (RS). AC
114 de diferentes regiones y contextos, reunidas en relativizada o matizada. Al fin y al cabo, toda de la serie, una distorsión del argot “viado”1, de la cosificación y sexualización de la mujer 115
torno al concepto de latinidad como punto de formulación de identidad es un peligroso atribuido a los hombres homosexuales (en un brasileña. [...] Destaca la contradicción entre
convergencia o resonancia. malabarismo de platos, con riesgo de caída y principio peyorativo y hoy revalorizado como la lucha contra el estereotipo y, al mismo
rotura. Entendamos que la identidad cultural afirmación), sugiere la interposición de capas de tiempo, el deseo de formar parte de él. El uso
Se puede establecer un paralelismo entre
de varios pueblos, al tiempo que se equilibra significado, manipulaciones y resignificaciones de las frutas y el nombre [de la obra] hacen
esta muestra y un antecedente remoto: el I
en una unidad porosa, está abierta a la del término, análogas a los matices que la referencia a Carmen Miranda”. Además de la
Salón Panamericano de Arte de 1958 -no por
pluralidad inherente a su propia constitución. misma identidad -homosexual- puede albergar. relación con la icónica artista brasileña, aquí
casualidad-, uno de los objetos centrales de mi
En otras palabras, ¿cómo dar cabida a las La corrupción lingüística es un indicador del también podemos pensar en las notorias
investigación de maestría. Situado en un Porto
facetas, idiosincrasias y contradicciones dentro recorte social periférico al que pertenece el mujeres fruteras de la escena brasileña y en
Alegre muy diferente del actual, que gozaba de
del apretado término “identidad”, sin perder artista, reforzado en la imagen por los demás la cosificación erótica del cuerpo femenino,
un alto rango entre las capitales brasileñas, el
de vista cada una de las diferencias que la elementos que componen la escena: la casa alineada con las exigencias del sistema
Salón fue un evento ambicioso en la segunda
componen, sin distinción jerárquica? con la pintura descascarada, el coche viejo y capitalista y los beneficios resultantes de esta
mitad del siglo XX. De alcance internacional,
la vegetación desordenada. El cruce de brazos explotación mediática y de marketing.
el programa tuvo lugar en el año en que el La indexación del prefijo “des”, que precede
del artista por encima de su cabeza alude a los
Instituto de Bellas Artes de Rio Grande do Sul a la palabra, colocada entre paréntesis, en En un camino paralelo, la instalación Bananas
cuernos del ciervo, sugiriendo al mismo tiempo
(IBA-RS), actual Instituto de Artes de la UFRGS, el subtítulo del I CLAC, puede parecer sólo da Terra (2021), de la artista Cecilia Cipriano
una posición de defensa o de ataque.
celebró su quincuagésimo aniversario. El escritor un artificio que ablanda los ánimos, pero (1954), recuerda la expresión “república
Érico Veríssimo (1905-1975), figura central no favorece un posicionamiento firme y sin Un punto común entre las naciones bananera”, utilizada en referencia a los países
del evento, ocupaba en la época una posición fisuras. La identidad latinoamericana, o las latinoamericanas: el pasado colonial, la de América Latina y el Caribe. La depreciación
diplomática, cultural y política en las relaciones identidades latinoamericanas, existen, y me explotación exacerbada y la matanza de los del término alude a la inestabilidad política
internacionales entre Brasil y Estados Unidos. parece que participar de esta conciencia puede pueblos nativos son temas de la obra Terra y a la dependencia de una economía
En uno de sus discursos, pronunciado en una ser fructífero para nuestra comprensión como de Ninguém (2021), de la artista Laryssa primaria, generalmente dependiente de un
universidad norteamericana, el intelectual sujetos colectivos implicados en el concepto, Machada (1993). Como el propio título indica, cultivo agrícola, capitaneada por gobiernos
reflexionó sobre la problemática relación de pero también para una agenda asertiva frente hay una referencia al territorio del sur del país, oligárquicos y corruptos. La obra de Cecilia,
América Latina con una identidad reduccionista. a los problemas sociales a través de los cuales antes de la invasión de los colonizadores: “La colocada en una de las cúpulas de la Casa de
los países que la integran se constituyeron región donde hoy se encuentra el Rio Grande Cultura Mario Quintana, consistía en la (des)
“[...] es imposible hablar de América Latina
históricamente y, en la actualidad, se siguen do Sul estuvo habitada por tapes, charrúas y composición de la bandera brasileña, a partir
como un bloque, una unidad, una región cultural
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sintiendo los efectos. Por tanto, no todo es (des) guaraníes -estos últimos- durante más de mil de la integración entre las bananas verdes y
uniforme. Dejemos que el estadounidense
identidad. cuatrocientos años. [...] A principios del siglo amarillas. Inicialmente, la obra se presentó
de la calle -el hombre con sólo una educación
XVII, la región, hasta entonces considerada como site specific en un bananal de la Serra do
básica- siga creyendo en la imagen de El poema de Ferreira Gullar (1930-2016), que,
“tierra de nadie”, comenzó a ser ocupada con la Mar/RJ, y se filmó durante 12 días, dando lugar
Latinoamérica que presentan las películas en parte, inspiró la reflexión curatorial sobre
llegada de sacerdotes que fundaron misiones a un vídeo, que acompañó la exposición de la
estándar de Hollywood: el baile del mambo, el CLAC, destaca la identidad latinoamericana
jesuíticas en la región donde hoy se encuentran obra en el CLAC. Además de la relación más
las señoritas, los alegres caballeros con grandes a través de las confluencias y no de las
los estados de Rio Grande do Sul, Paraná y obvia con la expresión ya mencionada, la forma
sombreros tocando la guitarra o disfrutando diversidades: “Todos somos hermanos, no
los países de Paraguay y Argentina” - dice el fálica de los plátanos, su proceso de maduración
de interminables siestas y fiestas. Pero tú, que porque sea la misma sangre la que llevamos
texto del artista sobre la obra. La identidad y deterioro, puede remitir a la forma de un
estudias en la universidad, que lees y quieres en el cuerpo: lo que es igual es la forma de
fisonómica de los indígenas que se destaca pene, a las construcciones sociales falo céntricas,
aprender, deberías saberlo mejor y evitar todos derramarla”. La astuta inversión lírica propuesta
en la fotografía hace pensar en la compleja así como a las disparidades entre géneros,
estos clichés y fórmulas tontas. Toda la imagen para la definición de la hermandad -no por la
relación de estos pueblos con su propia especialmente en cuanto a la representación
de América Latina es mucho más estimulante sangre que corre por nuestras venas, sino por
identidad y cultura, dado el violento proceso en las instancias de poder instituidas, hecho
que todas las imágenes artificiales y fantásticas lo que fluye de ellas- parece crear un punto de
de catequización al que fueron sometidos. radicalizado, debido al machismo estructural
de las películas en tecnicolor en Cinemascope apoyo para pensar las obras de arte presentes
Como punctum, el color rojo evoca la sangre de la cultura latinoamericana. La ubicación de
que te dan de los países de América Central y en la exposición, en sus resonancias semióticas y
derramada de los antepasados. la cúpula, desde la que se puede ver tanto la
del Sur”. semánticas, diálogos y contradicciones. Una vez
más, el fenómeno artístico se reconoce como la En otra dirección, dentro del mismo ámbito, Iglesia de Nossa Senhora das Dores como la
Es como si Érico pudiera anticiparse, por
captación y presencia de sutilezas y contenidos la artista Julha Franz (1993), con la video Comandancia Militar del Sur, acaba subrayando
ejemplo, a las críticas actuales sobre el uso
negados que nos rodean y se manifiestan como performance Carmen (2019), debate el la relación entre el poder subversivo del arte y el
del filtro amarillo por parte de los estudios
metáfora o interrogación. tema de la identidad desde una relación poder establecido.
de Hollywood para retratar a los países
ambigua y ambivalente, entre el deseo y la La propuesta del CLAC, así como la producción
latinoamericanos, así como a los del sur de En este sentido, algunas obras presentes en la
repulsión a la idea de pertenencia. La obra de su registro catalográfico, confirma,
Asia y la India, imprimiendo una unidad muestra instigan más incisivamente la mirada a
nace de la experiencia de Julha durante una finalmente, lo que ya se anunciaba desde
estereotipada a las localidades, atribuyéndoles la cuestión de la identidad y aportan elementos
temporada en Estados Unidos: “Carmen habla el inicio de su planteamiento: el debate
la idea de suciedad, atraso y peligro. Trasladado robustos a la reflexión que propongo. Es el caso
el debate a la contemporaneidad, sostengo que de la fotografía de la serie “Vinhadinho” (2021), sobre la problemática de la identidad
sí, que existe una identidad latinoamericana, del artista Breno de Sant’ana (2001). El nombre latinoamericana es amplio, y el ensayo de
CL una conclusión sobre el tema presenta vacíos, CL
A C aunque con razón haya sido rechazada, 1 N. del T. Ciervo AC
116 controversias e imperfecciones mayores estrategias artísticas gran bandera brasileña (140 x 200 cm) rellena No por casualidad, críticos de distintos países 117
que las que aportaría la elaboración de un durante las dictaduras de cachos de bananas verdes y amarillas. Los escribieron, casi simultáneamente, sobre un
estudio. El debate y la investigación sobre en américa latina: frutos, como se ve en un vídeo relacionado, se posible arte guerrillero: Julio Le Parc (¿Guerrilla
las identidades tienen su importancia ligada debatiendo el pasado pudren con el tiempo, atrayendo una fauna cultural?, Argentina, 1968); Luis Camnitzer (Arte
a su condición de temporalidad y apertura a con las urgencias propia, una “nueva” vida tras la descomposición. colonial contemporáneo, Uruguay, 1969)2;
nuevas contribuciones, en la medida en que las del futuro Una serie de coincidencias formales podrían Frederico Morais (Contra a arte afluente, Brasil,
identidades están en constante construcción, ser la base de la aproximación de las obras, 1970); Juan Acha (Perú, 1970).
son maleables, dinámicas, y más que una Un día quiero que cada obra sea vista no suavizando la distancia de más de cincuenta En común, las ideas de una producción
respuesta definitiva, nos devuelven preguntas como un objeto de elucubraciones estériles, años entre ellas. Por ejemplo: el uso de materia artística que no se traduce en objetos, sino en
cuyas respuestas requieren una profunda y sino como marcos, como recuerdos y orgánica, perecedera, cuya putrefacción es, de interferencias en el campo político y social,
larga reflexión. En este punto, se crea una evocaciones de conquistas reales y visibles. hecho, parte de la propuesta; el coqueteo con para relativizar la hegemonía cultural de los
intersección instigadora entre estos debates y símbolos oficiales, marcadores de identidad regímenes militares, y también de los países
el propio fenómeno artístico: son esferas vivas (mapas, banderas); las dimensiones similares del llamado Primer Mundo3. Transcribo un
que exigen la atención y la percepción activa de Cildo Meireles, Cruzeiro do Sul (1970) fragmento del texto de Frederico Morais sobre
al cuerpo del espectador; la invocación de
quienes se arriesgan a entrar en contacto con sentidos (tacto, olfato) distintos a la vista el contra arte o arte de guerrilla - inspirado,
ellas. en la experiencia de la obra. Varias de estas de hecho, en las obras que el crítico vio en el ya
Cualquiera que visitara el Salón de la Brújula
en 1969 se encontraría con un stand peculiar. circunstancias, además, reflejan rupturas mencionado Salón de la Brújula:
Diego Groisman -realizadas justamente en la década de
cocuradora del CLAC En su interior, una cama “rellena” con pasto y La impugnación del arte afluente [procedente
dispuesta frente a un gran panel cubierto de 1960/1970 - con el concepto “tradicional” de del primer mundo] debería ser, sobre todo,
tela negra. Se invitó al público a tumbarse en obra de arte; es decir, objetos, generalmente tarea del tercer mundo, de América Latina,
silencio y a tirar de una cuerda que colgaba pinturas o esculturas, fácilmente acomodables de países como el nuestro. […] En el caso
dentro de las instituciones artísticas y con un brasileño, lo importante es hacer de la miseria,
sobre la cama, conectada a la tela, para revelar
del subdesarrollo, nuestra principal riqueza.
un mapa de América Latina en rojo vivo. Se aire de perennidad. El distanciamiento, sin
Lo que importa, conviene repetirlo, es la idea,
trataba de la obra Soy loco por ti, de Antonio embargo, no vino de ahí.
la propuesta. Si es necesario, utilizaremos
Manuel (1947). Creo que el malestar derivó de la frase de el propio cuerpo como canalizador del
Manuel: tantas décadas después, tras el fin mensaje, como motor del trabajo. El cuerpo,
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En el transcurso de la exposición, la invitación a
disfrutar - de la cama, pero también del mapa de la dictadura, Brasil, una vez más, es una y en él los músculos, la sangre, las vísceras,
cosa podrida. Ante el reciente (e infame) los excrementos, sobre todo, la inteligencia
- se hizo menos agradable: el material orgánico
resurgimiento del autoritarismo en el país (MORAIS, 1970, p. 59).
del “colchón” se pudrió con el tiempo. Algo
natural, pero capaz de causar escándalo en el -incluso con toques de admiración por los
osado edificio del Museo de Arte Moderno de militares del pasado1-, pude percibir, en la Las guerrillas artísticas, al igual que las guerrillas
Río de Janeiro; especialmente entre algunos cúpula de la CCMQ, un eco de las estrategias “reales”, duraron poco bajo la represión
críticos no tan osados de la época. Manuel artísticas desarrolladas durante el periodo dictatorial. Por cierto, el sesgo paradigmático
se justificó sucintamente: “era una obra viva, dictatorial; no sólo aquí, sino en toda América (hoy en día) que se atribuye a las prácticas
porque ‘América Latina estaba apestando, Latina. Incluso, vale la pena recordar que “radicales” de los artistas latinoamericanos en
era una cosa podrida’” (JAREMTCHUK, 2007, también en la actualidad, varios países de los años sesenta y setenta no se construyó hasta
p. 45). El continente se encontraba, en aquel la región sufren con gobiernos de extrema los años noventa. Dos exposiciones celebradas
entonces, tomado por dictaduras militares. derecha, insinuando una (bienvenida) inflexión en Estados Unidos son fundamentales en
en Perú o Chile, por ejemplo.
Soy loco por ti existe, para mí, sólo en
descripciones -como la que acabo de hacer- Si, por un lado, no es (ni nunca ha sido) fácil
o en raras imágenes online. Nací, después hablar de una “identidad” latinoamericana, más 2 Las versiones en portugués de los textos de Le Parc
de todo, veintiún años después del cierre aún en Brasil; por otro lado, hubo esfuerzos y Camnitzer están recopiladas en: FERREIRA, Glória;
del (ahora famoso) salón de Río, ya durante palpables en este sentido por parte de artistas COTRIM, Cecília (org.) Escritos de artistas: años 60/70.
la redemocratización. Sin embargo, tuve la y teóricos en los años 60 y 70, véanse los Río de Janeiro: Zahar, 2006.
extraña sensación de estar frente a la cama- diversos congresos, encuentros y debates sobre
3 “En el contexto de la Guerra Fría, los países ‘no
viva de Manuel cuando me encontré, a finales arte latinoamericano celebrados en la época. alineados’ se esforzaban por organizar de forma autó-
de 2021, con Bananas da Terra, de Cecilia noma lo que entonces se denominaba el Tercer Mundo,
Cipriano (1954). Instalada en el suelo de la más allá del Primer Mundo alineado con Norteamérica
cúpula del quinto piso de la Casa de Cultura 1 El ápice probablemente ocurrió en 2016, cuando y del Segundo Mundo orbitado por la Unión Soviética.
el entonces diputado, hoy presidente, Jair Bolsonaro El mundo entero vivía el clima del ‘tercermundismo’, de
Mario Quintana (CCMQ) de Porto Alegre
rindió “homenaje” al torturador Carlos Brilhante Ustra, la liberación nacional del colonialismo y del imperia-
durante el I Circuito Latinoamericano de Arte durante la sesión pública de votación del impeachment lismo, de la solidaridad internacional con los pueblos
CL Contemporáneo (CLAC), la obra consistía en una de la ex presidente Dilma Roussef, una de las víctimas subdesarrollados que se liberaban en Cuba, Vietnam, CL
AC del régimen militar (DELLA BARBA; WENTZEL, 2016). Argelia y otros países” (RIDENTI, 2005, p. 89). AC
118 este proceso: Latin American artists of the Lo que pretendo sugerir con esta (breve) Machado (1986), en la serie Cobra verde; y curaduría 119
twentieth century (MoMA, Nueva York, 1992), síntesis de los principales discursos sobre el de las mujeres, que aparece en Carmen, de
cuyo catálogo incluye el relevante ensayo arte latinoamericano de las últimas décadas Julha Franz (1993), y en Corpos à flor da terra, Charlene Cabral
Blueprint circuits: conceptual art and politics es: la cuestión sigue abierta. Más aún, sigue de Yara Pina (1979), entre otras. La violencia Investigadora, curadora y editora independiente.
in Latin America de Mari Carmen Ramírez impregnada de poderosos y valientes debates, contra cualquiera de estos grupos no es nada Máster en Historia, Crítica y Teoría del Arte por
(1993); y Global conceptualism: points of origin, posturas y reflexiones que invitan a enfrentarse nuevo, pero en las prácticas artísticas actuales la ECA-USP, y licenciada en Historia del Arte por
la UFRGS, con especialización en fotografía por
1950s-1980s (Queens Museum of Art, Nueva a las prácticas artísticas, políticas y a la propia ha adquirido una atención sin parangón durante
la GrisArt Escuela Internacional de Fotografía
York, 1999), con curadoría de Luis Camnitzer, historia de América Latina, con sus reiterados las dictaduras militares. (Barcelona). En 2018 recibió el Premio Açorianos
Jane Farver y Rachel Weiss. traumas, sin victimismos ni conformismos. Sería conveniente reconocer aquí una Joven Curador, ofrecido por la Secretaría de
Se formula, en este contexto, la idea de que Con renovados aires de lucha. El CLAC, en mi actualización, un despliegue de las batallas Cultura del Ayuntamiento de Porto Alegre y Alianza
habría una oposición entre el arte conceptual opinión, se hace eco de esta invitación: aquí y y estrategias del arte en el presente. Incluso Francesa/Institut Français. Es fundadora del sello
creado durante la década de 1960 en Estados ahora, ¿por qué no? Desde Porto Alegre, desde porque no pretendo afirmar la infalibilidad Meteoro Edições y de Folhagem, feria y banca
Rio Grande do Sul, en su paradójica proximidad colectiva de publicaciones de artistas.
Unidos y Europa Occidental4, de sesgo de las producciones de los años 1960/1970,
tautológico y analítico, y un “recién descubierto” con sus vecinos latinoamericanos. para situarlas en un pasado nostálgico e
arte conceptual latinoamericano, marcado El estímulo para repensar el arte insuperable. Esto, en mi opinión, caería en Diego Groisman
por un sesgo ideológico y bautizado como latinoamericano resuena en el CLAC no sólo las “elucubraciones estériles” sobre las que Diego Groisman es curador independiente,
conceptualismo, para diferenciarlo del otro en el título, sino también en las oportunidades alerta Cildo Meireles, todavía en 1970, en su investigador, traductor y productor cultural.
(LONGONI in FREIRE; LONGONI, 2009, pp. de conocer a artistas de diferentes regiones terriblemente actual ensayo Cruzeiro do Sul. Actualmente dirige la Casa de Cultura Mario
173-183; LÓPEZ, 2017, pp. 19-45). La tesis de Brasil, y también de Argentina, México y Por el contrario, me interesa pensar en ellas Quintana, y es estudiante de doctorado en la línea de
Historia, Teoría y Crítica del Programa de Postgrado
“ideológica” se ha convertido en hegemónica Perú, o de seguir la extensa lista de actividades como conquistas reales, visibles y vivas, como el
en Artes Visuales de la Universidad Federal del Rio
y, a pesar de sus innegables méritos, educativas paralelas a la muestra -una de las sustrato de las obras de Manuel y de Cipriano.
Grande do Sul (UFRGS), y licenciado en Historia del
especialmente el de reivindicar la autonomía del cuales pude dirigir, por cierto-. La propuesta Materia no perenne, perecedera, que puede Arte por la misma universidad. Es director y curador
arte latinoamericano frente a la afluencia (diría curatorial - (des)territorios y (des)identidades llegar a desaparecer, pero sólo precariamente, del espacio cultural Casa Baka, donde desarrolla una
Morais) europea y americana, son varios los - refleja, del mismo modo, el poder crítico hasta encontrar otros caminos, otras chispas programación centrada en el arte contemporáneo.
autores que la cuestionan actualmente. que he mencionado, al igual que las obras para resurgir. En 2019 recibió el Premio Açorianos Incentivo Joven
seleccionadas. Varios de ellos, por ejemplo, Curador, ofrecido por la Secretaría de Cultura del
La crítica y psicoanalista Suely Rolnik califica la Enfrentar, por fin, al pasado (dictatorial), pero
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piensan los límites de América Latina: Camila Ayuntamiento de Porto Alegre/Alianza Francesa/
consagración, por parte de la historia del arte, sin la pretensión de cerrarlo, categorizarlo,
Proto (1996) reconfigura el mapa de la región Institut Française.
del conceptualismo ideológico como un lapsus reducirlo a una versión definitiva. Enfrentarse
desafortunado. En sus palabras: “al generalizar a partir de incidencias literarias y sonoras en al pasado con la urgencia del presente y a favor
la calificación del conjunto de acciones artísticas Zonas de escuta; Fernando Villalpando (2001) de la creación de otros futuros; desentrañarse, comisión de selección de trabajos
propuestas en la década de 1960/1970 en propone una solución estética a las largas según Suely Rolnik (in FREIRE; LONGONI,
América Latina, se perdió la esencia de la discusiones teóricas sobre la existencia de un 2009, p. 163), o en palabras de Miguel López:
Luana Vitra
singularidad de dichas acciones y el cambio arte del “sur global”, surizando las palabras, “el pasado no se recupera para hacerlo existir Luana Vitra es artista plástica, bailarina e intérprete.
que provocaron en la relación entre poética cortando su mitad norte; Fran Favero (1987) como un cúmulo de esqueletos, sino para Creció en Contagem, ciudad industrial que hizo
proyecta la cacofonía latinoamericana en Rádio que su cuerpo experimentara el hierro y el hollín.
y política” (ROLNIK in FREIRE; LONGONI, perturbar profundamente los órdenes y
triangulação, un sitio que mezcla emisiones de Nacida entre la carpintería (su padre) y la palabra (su
2009, p. 162). En el mismo sentido, el curador garantías del presente” (2017, p. 43). madre), se mueve como una oración en búsqueda
peruano Miguel López propone recuperar radio de la triple frontera entre Brasil, Paraguay
Frente a los autoritarismos siempre renovados de la supervivencia y de la cura de los paisajes
otras nomenclaturas, propuestas por artistas y y Argentina5.
en América Latina, se impone el deber ético- que habita. Entiende el propio cuerpo como una
críticos de la época -por ejemplo, las prácticas Otras muchas propuestas abordan cuestiones político-estético de renovar resistencias, armadilla y su acción como una micropolítica al
“revulsivas” de Edgardo Antonio Vigo (1928- político-identitarias sin relación directa con circuitos, territorios, identidades, estrategias tratar la espacialidad que su obra evoca, confronta
1997) o el “no objetivismo” del citado Juan las fronteras nacionales-regionales, pero y confunde.
artísticas. Hasta el próximo CLAC.
Acha-; para así evitar “la estandarización de que afectan a toda América Latina, como
las experiencias radicales para que establezcan un eco uniformemente heterogéneo de las Juliana Proenço de Oliveira Oendu de Mendonça
un intercambio ‘correcto’ con los discursos heridas coloniales. Me refiero a la resistencia historiadora y critica de arte Trans no binario. Investiga desde su ascendencia
dominantes” (LÓPEZ, 2017, p. 32). de los pueblos indígenas, que aparece, por guaraní el etnocidio de los pueblos indígenas
ejemplo, en las fotografías de Abimael Salinas y la lucha por la tierra. Su poética en el campo
(1994); de las personas LGBTQIA+, retratadas de la performance dialoga con áreas como la
con fina ironía en la serie Vinhadinho, de antropología y la historia. Es estudiante de maestría
Breno Sant’anna (2001); de las poblaciones en el Programa de Postgrado en Performances
4 Especifico la “mitad” occidental de Europa porque
racializadas, véase la ficción afectiva de Adriano Culturales UFG, miembro del Núcleo de Prácticas
hay autores que asocian la producción de Europa del
y Saberes Decoloniales Takinahaky de educación
Este, también marcada por el autoritarismo soviético
en los años 60 y 70, con el llamado conceptualismo Todas las entradas sobre las obras, así como superior indígena UFG. Estudiante de postgrado
C L ideológico. Sobre este tema, ver: WOOD, Paul. Arte las biografías, fueron enviadas por los artistas y en Gestión de Proyectos Culturales en la USP y CL
A C conceptual. São Paulo: Cosac Naify, 2002. 5 Disponible en: http://radiotriangulacao.com/. eventualmente editadas para la publicación. licenciado en Artes Visuales en la UFRGS. AC
120 Abimael Salinas Campo Arte Contemporânea (Teresina, 2019). Artista distorsionan la función de captura que se les enseña y Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda., una 121
seleccionado con el Coletivo Intervalo (BA), para la así proyectan políticas de vida, pulsiones insistentes, serie de propuestas performativas concebidas por
Río de Janeiro/RJ, 1994. Vive en São Paulo/SP Bienal de Dakar 2022 (Senegal) y para la Residencia sonidos de la selva y uróboros inflamados para Antonio Gonzaga Amador y Jandir Jr., es realizada en
Artista visual y director audiovisual, Abimael de Artistas Latitude 2022 (Chicago, USA). recordar a los vivos de dónde vienen y a qué futuro instituciones de arte por los propios artistas vestidos
Salinas es un indígena potiguar, nacido y criado en quieren apuntar - con la imagen. con uniformes de seguridad, y tiene su problemática
la comunidad de Acari, al norte de Río de Janeiro. Sobre la obra: central en las relaciones entre dichas instituciones
Encontró en sus raíces ancestrales poderes y Cobra verde*, 2013, fotografía digital impresa en y las personas que trabajan diariamente en su
fuerzas para abrir caminos y trazar el mundo con pigmento mineral sobre papel Hahnemühle Photo Ale Montiel resguardo.
sus tecnologías ancestrales. En sus obras, utiliza las Rag 308gsm 110 x 73 cm Córdoba/Argentina, 1979. Vive en El Calafate/Argentina.
técnicas del collage digital, la fotografía y la video * Premio Adquisición del CLAC 2021 Sobre la obra:
Licenciada en pintura por la Universidad Nacional
performance. Fe e mistério, 2013, vídeo, color, sin sonido, 720 p, Trabalho remoto, 2021, fotografía y tótems, 180 cm y
de Córdoba (UNC), ha participado en exposiciones
2’11” 170 cm de altura
individuales y colectivas desde 1997. Recientemente,
Sobre la obra: “En la serie Cobra Verde recreo, a través de la ha sido seleccionada para la exposición Federico El año 2020 fue paradigmático para las relaciones
Wescritor, Tupinambá, 2021 fotografía y el vídeo, la historia de vida de mis Klemm 2021. Participa en el “Proyecto 2x36”, laborales. Las empresas y los trabajadores tuvieron
Guerrero Guaraní, 2021 abuelas. En las imágenes se presentan temas plataforma virtual de obras de 36 artistas con que reinventarse para poder afrontar el problema de
Wallace Tupinambá, 2021 relacionados con la memoria y la formación de la producciones cercanas a Ana Mendieta, Argentina- una pandemia a escala mundial. La primera solución,
Jason Tupi, 2021 identidad a través de la abstracción y la recreación de Brasil. Fue seleccionada por el II Concurso y la más acertada, fue adaptar los horarios de
Edivan Fulni-Ô, 2021 experiencias y leyendas. Como jirones de memoria, Internacional de Video Performance LPG 2021, trabajo, desde la oficina a la seguridad de cada hogar.
Fotografía digital impresa en pigmento mineral sobre estos fragmentos del pasado y presente se mezclan en el Laboratorio de Performance y Género de la Empezamos a experimentar con diversas formas
papel Canson Photo Matte 200gsm, 60 x 40 cm (cada para permitir una búsqueda de autonomía e identidad Universidad Autónoma de Querétaro, México, y, en el de reuniones por videoconferencia, aplicaciones de
una) narrativa. Procedentes de Feira de Santana, en mismo año, en el programa de residencia “Escuchar gestión de proyectos y otras soluciones, procedentes
Registros del manifiesto indígena contra el proyecto Bahía, la ciudad conocida como Portal do Sertão, un la fotografía” ArtexArte. En 2020, fue seleccionada del ámbito de la informática y otras tecnologías,
de ley 490 (PL 490), que determina que sólo son importante cruce de carreteras de la región noreste, para el Premio Bienal Bit 3ª Edición Federal “Mundos para satisfacer las necesidades de proximidad en
tierras indígenas las que estaban ocupadas por los recuerdos de estas dos mujeres son un registro de transmutados” y para el proyecto curatorial: The el entorno empresarial. Con el paso de este periodo
los pueblos tradicionales el 5 de octubre de 1988. la migración interna que produjo Brasil; entrelazados long game of patience, Zona Liminal, del colectivo y los diversos experimentos en modelos de trabajo
Es decir, es necesaria la prueba de la posesión del en su racialidad. Sus retratos apuntan a la historia de internacionalista La Pan-caput, Chile. a distancia, se pudo pensar en soluciones híbridas,
terreno el día de la promulgación de la Constitución lucha, resistencia y transformación de la identidad entre la presencia física y la virtual. Sin embargo, y
En su práctica artística, Ale Montiel trabaja en torno
Federal. Todos los territorios que vinieron después afrobrasileña, moldeada por la lucha, el trabajo, no por casualidad, la seguridad patrimonial ya es
al concepto del cuerpo como primer territorio,
el amor en incesante diálogo con los misterios, el
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no son válidos y se desconsideran. En medio de debido a que ambos llevan la historia de la vida pionera en imaginar soluciones de trabajo híbridas,
la pandemia y en el centro de una de las mayores silencio y la propia fabulación como materia de vida. como la presencia física de guardias de seguridad
material, emocional y espiritual de las personas.
ciudades de Brasil, indígenas de todas las etnias El título de la serie proviene de un sueño: “Soñé Utiliza diferentes medios como la fotografía, el vídeo concomitante con el uso de cámaras de circuito
salieron a la calle para protestar contra el marco con una serpiente, una serpiente verde”, me dijo y las intervenciones efímeras en el espacio natural. cerrado, cuyas imágenes se almacenan en nubes de
temporal, titulado PL 490. El acto comenzó en el mi abuela, y mi madre me explicó después: “soñar En sus obras es evidente un ejercicio de vinculación/ datos.
Parque Jaraguá, un territorio indígena que hoy con el verde siempre es bueno”. Es en este territorio interiorización con el territorio, consecuencia de un En la vanguardia de la seguridad patrimonial,
alberga seis pueblos: Pyau, Itakupe, Yvy Porã, Ita inventivo donde establezco el origen de mi fotografía, diálogo constante con los elementos naturales y lo Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda. presentan
Endy, Ita Verá y Ytu. para reorganizar los estereotipos y atraer más que le rodea. su nuevo servicio, llamado Trabalho remoto. Este
cuestionamientos a la hegemonía de los discursos servicio consiste en producir una presencia material
fotográficos” (Adriano Machado). y virtual del vigilante de seguridad en el espacio de
Sobre la obra:
Adriano Machado la exposición que se quiere salvaguardar. Para ello,
Dimensiones necesarias para el evento, 2021, video
Feira de Santana/BA, 1986. Vive en Feira de Santana/BA
[obras expuestas + clase en línea en el programa paralelo] se dispondrá una reproducción a escala natural del
performance, 12’21”
cuerpo uniformado de nuestro empleado. De este
Artista visual, maestría en Artes Visuales por la UFBA. Clase en línea O Avesso da Lente: ¿Qué tamaño tiene un refugio? ¿Cuánto tiempo
modo, el vigilante de seguridad actuará a distancia, a
Desarrolla proyectos artísticos en fotografía, vídeo y tarda en configurarse? La presencia de un cuerpo
Una mirada a través de la fotografía no hegemónica y través de su imagen reproducida y de todo el aparato
objetos que buscan discutir cuestiones de identidad, en constante trabajo y cambio, como el territorio
sus cruces. ¿Qué pasa cuando el que es fotografiado de seguridad que le acompaña.
territorio, ficción y memoria, investigando procesos que se transforma con sus acciones. Una insistencia
empieza a fotografiar? En esta clase se presentaron ¡Entre en el siglo XXI y proponga el Trabalho remoto
de política de vida. Sus obras apuntan a la condición motivada por una cierta certeza, una incorporación
al público artistas del norte, noreste y centro-oeste en su exposición!
humana, condición entre los espacios de convivencia procesal de un cuerpo al paisaje. Un sonido que es el
de Brasil que reelaboran conceptos, estrategias,
y los territorios afro-inventivos. flujo y reflujo de un cuerpo expandido. Una acción que
resistencias y divergencias a través de la fotografía.
promueve y proyecta nuevas formas de relacionarse
Participó en exposiciones como el 31º Programa En su mayoría, artistas no herederos de patrimonios, Amanda Teixeira
con el territorio.
de Exposiciones del CCSP (2021); Valongo Festival pero poseedores de tecnologías de la mirada, de la
Internacional da Imagem (Santos/SP, 2019); Concerto Porto Alegre/RS, 1991. Vive en Valencia/USA
oralidad y del ruido de sus patios, que a partir de ahí
for birds (Goethe Institut, Salvador, 2019); Panapaná intentan rearmar la historia de la visualidad brasileña, Amanda Teixeira es artista visual y diseñadora. Su
vamos de mãos dadas (João Pessoa, 2018). Ganó tal vez incluso de América Latina. La clase propuso
Amador e Jr. Segurança Patrimonial
producción se desarrolla en vídeo, fotografía, objeto e
el premio principal en el Salón de Artes Visuales de lo que el artista llama “tomar la lente”, ya que estos Ltda. instalación. Expone desde 2010, habiendo participado
Bahía 2013 y menciones especiales en 2011 y 2014; artistas se fotografían a sí mismos, a su entorno, a Jandir Gomes dos Santos Junior en varias exposiciones y ferias de libros de artista en
también recibió el Premio Funarte de Residencias sus familiares y vecinos en busca de la otra cara de Río de Janeiro/RJ, 1989. Vive en Río de Janeiro/RJ. Brasil, Uruguay, Alemania, Francia y Portugal.
Artísticas 2019. Realizó residencias artísticas en Pivô la fotografía tradicional. Aunque empapados por
Antonio João Gonzaga Amador Es estudiante de Maestría en Artes Visuales en el
C L Pesquisa Ciclo III (São Paulo, 2020); Fluxos: Acervos los cánones eurocéntricos de la fotografía, ellos Río de Janeiro/RJ, 1991. Vive en Río de Janeiro/RJ. CL
California Institute of Arts (2023), en Estados Unidos,
A C do Atlântico Sul (Salvador, 2019) y VerdeVEZ, en AC
122 y Licenciada en Artes Visuales en el Instituto de Artes propone seguir y visibilizar procesos creativos en abuela?” La invitación proviene de la percepción Es un animal grande, que alcanza una altura de 1,2 123
de la UFRGS (2015), con movilidad académica en la los que las víctimas y supervivientes, además de de que el propio nombre activa recuerdos, afectos, a 2,4 metros. Este, concretamente, mide 1m 88 cm
Universidad de Buenos Aires (2012). En diciembre denunciar la violencia y clamar por la verdad, la sensaciones, diálogos, orígenes. El nombre de de altura. El peso varía según la región y el estilo de
de 2019 tuvo su segunda exposición individual: tudo reparación y la justicia a través de las artes, también nuestras abuelas es un cuerpo que vive aquí, en el alimentación, pero los ejemplares masculinos pueden
está cuidadosamente envolto em pó, con curaduría afirman caminos de supervivencia y resistencia presente. La artista también recopiló, junto con el tener más masa corporal.
de Eduardo Veras, en el Instituto Goethe de Porto en América Latina. Estas indagaciones han sido equipo de la exposición y otros trabajadores de la Tiene una pierna larga para escapar de las
Alegre. Realizó una residencia artística en Isafjordur, presentadas de diferentes maneras teórico-prácticas CCMQ, los nombres de las abuelas de estas personas emboscadas que crea la sociedad opresora, ojos
al noroeste de Islandia, en 2017, tras finalizar dos y artísticas en eventos académicos y artísticos en y los dispuso en una gran línea adhesiva en el espacio grandes y bien abiertos para detectar a los prejuicios
semestres como becaria del DAAD en la Academia ciudades de Colombia, México y Brasil. de la exposición. a mil metros de distancia. Tiene una gran elasticidad
de Artes y Medios de Comunicación de Colonia, para esquivar las pequeñas bromas mortales y,
Alemania. Es cocreadora, editora y diseñadora en [única clase presencial en el programa paralelo] a veces, las uñas afiladas para defenderse de los
[obras expuestas + debate en el programa paralelo]
la micro edición Azulejo Arte Impressa. Recibió depredadores.
Sobre la obra:
dos premios Açorianos por la editorial y dos por su Círculo de conversación Abuelas: conte sobre sua vó
producción individual: en 2013 Artista Revelación Taller presencial Repositorios simbólicos
Una invitación a sentarse en círculo y recordar juntos
por su primera exposición individual, y en 2021, por la El taller tenía como objetivo investigar teorías sobre el lugar de las abuelas en cada uno de nosotros. Bruno Novaes
segunda. los Estudios de la Performance, en particular en lo que “¿Cómo se llama tu abuela?” es una pregunta que se São Bernardo do Campo/SP, 1985. Vive en São Paulo/SP
respecta a los repertorios y archivos como fuentes hizo a los artistas del CLAC, a los trabajadores de la
de transmisión de conocimientos y construcción CCMQ y a los visitantes del circuito. La idea era que la Bruno Novaes es artista y educador, licenciado en
Sobre la obra:
de la memoria viva. Se propuso reflexionar de pregunta se convirtiera en un espacio para escuchar Arte por la Facultad de Bellas Artes de São Paulo y
Cantar é com os passarinhos, 2020, vídeo, color y manera práctico-teórica sobre las estrategias y compartir historias sobre las abuelas. El lugar que especializado en Artes Visuales por la UNESP. En su
sonido, 9’41”. interdisciplinarias de investigación corporal- acogió las reuniones fue el Jardín Lutzenberger, un práctica, examina las identidades, los recuerdos y los
“Partiendo del libro Pássaros do Brasil como performática para la elaboración de memorias lugar de cultivo, tierra y raíces dentro de la Casa de afectos desde los márgenes, mezclando lo público
disparador, busco pensar las relaciones entre poéticas en contextos de violencia social y conflicto Cultura. Hablar de abuelos es mover los lugares de los y lo íntimo en contra narraciones que desdibujan
la ausencia y la transformación en la forma de armado en América Latina, indagando especialmente que partimos (y por tanto también establecer de qué la ficción y la realidad. Su trabajo pasa, sobre todo,
organizar y narrar la memoria y la historia. El libro en la dimensión corporal y performativa involucrada latinidad estamos hablando); es hablar de orígenes por la palabra y el dibujo, como instalaciones,
es una enciclopedia organizada por Eurico Santos, en la práctica teatral y performática de las mujeres afectivos y patrias diversas. Al abrir este diálogo, publicaciones y procesos de encuentro.
que me regaló mi padre antes de fallecer. Siempre víctimas y sobrevivientes de la guerra en Colombia. lo que se convoca es la cosecha de la memoria y el Entre sus principales obras destacan O professor
me ha interesado este ejemplar, con ilustraciones deseo de tejer conversaciones. Es una invitación a deverá ser o último a se retirar, mesmo nos dias de
y descripciones de cada ave, pero hace poco lo habitar este espacio que llamamos cariñosamente chuva (Temporada de Proyectos en el Paço das
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redescubrí por las marcas del tiempo: sus páginas de Anna Ortega “Casa”, transformándolo en una casa de abuelas, un Artes); Intervalo (Programa de Exposiciones del
ilustraciones dejaron fantasmas en las páginas del Porto Alegre/RS, 2000. Vive en Porto Alegre/RS jardín de abuelas. Centro Cultural São Paulo); Alugo para rapazes
texto” (Amanda Teixeira). (premio-publicación Lamparina Luminosa); escola
Fotógrafa, artista visual y estudiante de periodismo
Proyecto seleccionado por el edicto de Financiación de de faz-de-conta (ProAC LAB) y Diário 366 (Centro
en la UFRGS. Interesada en la posibilidad de diálogo Breno de Sant’ana
Proyectos Culturales Digitales, del Pro Cultura RS FAC Fondo de Cultural de Correos de São Paulo y libro premiado
entre diferentes lenguas, busca en la imagen
Apoyo a la Cultura en colaboración con la Universidad Feevale. Río de Janeiro/RJ, 2001. Vive en Río de Janeiro/RJ por LAB SBC/Paradoxa Cultural). Participó en
la posibilidad de encuentro. Suele mirar la vida
la 33ª Bienal de Arte de São Paulo, como artista
cotidiana buscando el más mínimo afecto, la casa Nació y creció en la favela de Cavalo de Aço, en la residente en la obra de Mark Dion, en la 21ª Bienal
y el recuerdo. También ha investigado las imágenes zona oeste de Río de Janeiro. Estudió fotografía en
Ana María Noguera Durán afectivas movilizadas por nuestras abuelas.
Internacional de Arte de Cerveira, en la residencia
la Escuela de Artes Visuales de Parque Lage. A partir internacional ACHO – arquivo coleção historias
Bogotá/Colombia, 1987. Vive en Porto Alegre/RS de su experiencia fotográfica, escribe, describe,
Desde 2019, desarrolla Não há casa sem flores, ordinarias y en el programa de residencia AZERO, de
Colombiana, artista escénica, actriz, profesora de una investigación poética protagonizada por su destruye y reconstruye narraciones y situaciones la editorial Medusa. Forma parte del grupo Práticas
arte e investigadora del cuerpo y las corporalidades. madre, abuela y tía. Con este proyecto, fue una de carácter social y autobiográfico. Sus obras se Compartidas y ha publicado su obra en libros y
Con estudios en Comunicación Social y Periodismo, de las artistas premiadas con el 11º Premio de Arte desarrollan a través de su experiencia en la ciudad y revistas del país y del extranjero. Además de varios
es licenciada en Artes Escénicas de la Universidad Contemporáneo de Fotografía, en 2020. En 2021, acaban abordando cuestiones de identidad, violencia premios-adquisiciones en salones de arte, sus obras
Pedagógica Nacional de Colombia (2012) y publicó el fotozine O carnaval é uma memória da y memoria. Utiliza su propio cuerpo como elemento forman parte de colecciones públicas como el Museo
estudiante de maestría (2016) y doctorado en minha Vó por el sello Austral Edições. En 2019, poético central en foto performance y objeto. Ha de la Diversidad Sexual de São Paulo y el MAR -
Educación de la UFRGS, en la línea de Estudios participó en la exposición-acción Registro nº3, en la participado en exposiciones en la galería de arte Museo de Arte de Río de Janeiro.
Culturales - Concentración de Políticas del Cuerpo Casa Baka (Porto Alegre), donde presentó la obra O Anita Schwartz y en la Galería Oásis, entre otras.
y la Salud. Es miembro del Núcleo de Estudios de mar verde foi tecido, una serie fotográfica sobre las
Currículo y Cultura, Neccso. mujeres argentinas en la lucha por la legalización del Sobre la obra:
Sobre la obra
aborto en el país. En la ocasión, fue proponente de la Corpo decente, 2018, instalación sonora.
Su trayectoria como investigadora, actriz y profesora sem título* (serie Vinhadinho), 2021, fotografía digital
actividad Conversaciones latinoamericanas: mujeres,
está marcada por la experiencia del impacto de impresa en pigmento mineral sobre papel Canson 50 minutos de audio en looping de testimonios
pañuelos e identidades, un diálogo que reunió a
la guerra y la violencia en Colombia. Así, en los Photo Matte 200gsm, 60 x 90 cm de profesores que han sufrido la censura o la
unas 40 personas que compartieron experiencias e
últimos diez años, su labor creativa, docente e discriminación, 300 kilos de tiza blanca y pintura de
historias sobre el tema. * Premio CLAC-adquisición 2021
investigadora se ha centrado en problematizar cómo esmalte brillante.
el cuerpo de las mujeres en zonas de conflicto y VINHADINHO es una especie ultra humana que existe “Bruno tiende a la ambigüedad de las formas
guerra, marca, inscribe y registra dicho conflicto. Sobre la obra: independientemente del permiso para existir. Se exhibidas -cuidadosas, delicadas, nostálgicas- en
Sus planteamientos se articulan a partir de la presenta como una especie pintoresca, mamífero y confrontación con los elementos de opresión de
CL La obra presenta esta pregunta, dispuesta en el CL
investigación en performance, desde la que se ubicada en Santíssimo, Zona Oeste de Río de Janeiro. ese entorno, en particular en lo que respecta a las
AC espacio expositivo, en color: “¿Cómo se llama tu AC
124 cuestiones de género y orientación sexual, señalando Horizonte). Fue nominada al XIII Premio Açorianos de otra cartografía posible para América Latina, desde ecología y la política; la arquitectura y el medio 125
el acoso violento y tradicional que caracteriza la Artes Plásticas (2020, Porto Alegre), en la categoría sus sonidos, presenta al público tanto las fragilidades ambiente para llamar la atención sobre el despojo de
manifestación de los prejuicios sociales sobre de “Artista en inicio de carrera”. En 2021 se incorporó intrínsecas de las líneas de poder legitimadas en la naturaleza; la deforestación; las reivindicaciones;
estas cuestiones. Hay en el conjunto de obras otra al comité curatorial del 7º Festival KinoBeat. un tratado geopolítico, como la potencia del acto el deterioro, especialmente en la península de
evocación del entorno educativo, la presencia y la Además, recientemente ha sido seleccionada para de trazar un territorio, desde las resonancias de las Yucatán, uno de los territorios del país [México] más
importancia de la palabra que designa, restringe, pero la programación de la Galería Refresco (RJ) y del comunidades vecinas. De este modo, esta obra devastados por los incendios forestales.
expande el mundo. Muy atento a su poder a partir de Museo de Arte de Rio Grande do Sul (RS) para presenta un paisaje de otra latinidad, sin considerar el
su uso, el artista identifica su violencia, demuestra las exposiciones individuales. medio, el exterior o la margen. Otro continente, otra
contradicciones presentes en los enunciados y cómo América Latina posible de sonar. Cecilia Cipriano
la palabra también sirve para la denuncia, la reflexión Cachoeira do Itapemirim/ES, 1954. Vive en Río de Janeiro/RJ
y la acción” (Mirtes Marins de Oliveira, extractos del Sobre la obra:
catálogo de la Temporada de Proyectos del Paço das Zonas de escuta: América Latina, 2021, instalación, Carlos A. Mora Cecilia Cipriano es una artista visual, su investigación
Artes 2019, donde también se expuso la obra). medidas variables se desarrolla en el espacio urbano donde puede
Guadalajara/México, 1983. Vive en Guadalajara/México infiltrarse y vivir los meandros y la extrañeza de su
La instalación Zonas de Escucha: América Latina
parte de la premisa de la redistribución de los países Carlos A. Mora explora en su práctica artística una vida cotidiana. Produce prácticas con un enfoque
Manual de conduta de corpo docente, 2018 poético para crear puentes y reflexionar sobre
latinoamericanos en función de sus incidencias serie de intersecciones y relaciones entre la ecología
Tinta china sobre papel, políptico con 10 dibujos de literarias, o, mejor dicho, de “lo que se escucha” y la política; la arquitectura y el medio ambiente, temas que contribuyen en la creación de fuerzas
35x30cm cada uno + folleto de distribución gratuita en cada región de cada país. El proyecto se inició para llamar la atención sobre la degradación y de combate de infinitas luchas, que pueden variar
“El Manual de conducta del cuerpo docente es una durante la Residencia Artística de Vila Flores (POA), la explotación del territorio natural, a través del desde la lucha contra el inmovilismo a la retórica
recopilación de normas presentes en los reglamentos celebrado en 2019 con financiación del Fondo dibujo, la pintura, la escultura, la fotografía y la del mundo contemporáneo. Su trayectoria artística
internos de las escuelas contemporáneas a nuestro de Cultura del Estado de Río Grande do Sul, que instalación. Le interesa trabajar con conocimientos pasó por una carrera universitaria como profesora e
tiempo. Ya sea en las escuelas en las que he trabajado se desdobló en 2020 para el 10º Festival Novas no hegemónicos del entorno natural y sus vínculos investigadora en el Instituto de Química de la UFRJ.
en los últimos años como educador o en otras Frequências (RJ). En el Circuito Latinoamericano de con el ser humano. Sus procesos contemplan el El acercamiento más efectivo a las artes ocurrió
recogidas en Internet y por compañeros docentes. Arte Contemporáneo, la instalación remonta algunas uso de materiales naturales y la investigación de en la Escuela de Artes Visuales de Parque Lage
Esta colección de normas constituye una publicación etapas procesuales para una composición inédita campo. Ha expuesto colectivamente en espacios y posteriormente como estudiante del curso de
de distribución gratuita. Se muestra junto con diez de la obra. La instalación se compone de un mapa independientes, museos y ferias en Guadalajara, pregrado en Artes Visuales/Escultura en la Escuela
dibujos del entorno escolar, realizados con tinta sublimado en tela del “nuevo” continente, un mapa en Ciudad de México y Monterrey. En 2021, realizó su de Bellas Artes de la UFRJ, finalizado en 2018.
china, que ponen de relieve las órdenes contenidas papel de calco del proceso de cartografía sonora, una primera exposición individual Un paisaje nunca es
en el folleto […] Veo en este conjunto de trabajos las lista de los libros utilizados durante la investigación y ceniza, en Proyecto Arte (Guadalajara, México). Sobre la obra:
español

español
subjetividades de un currículo oculto y su presencia una carta ficticia de la expedición a esta otra América
Bananas da Terra, 2021, instalación efímera
más allá de la escuela. Prácticas dialógicas y Latina. Conceptualmente, la obra propone una
Sobre la obra: compuesta por racimos de bananas, 140 x 200 cm
colaborativas se friccionan con narraciones auto reflexión colectiva sobre los acuerdos, las fronteras y,
ficcionales y mezclan intimidad y exhibición. La sobre todo, sobre las posibles relaciones a forjar entre Y cayó el aro de la mano de una rama, 2021, Bananas da Terra, 2021, vídeo, color y sonido, 3’08”.
palabra y el dibujo son medios recurrentes para los países de América Latina. Más allá de los límites instalación formada por:
Bananas da Terra consiste en la instalación física
repensar un archivo que se tensa entre el potencial geográficos y políticos que implica la distribución de Portales (Uxmal)*, 2021, acrílico y carboncillo sobre de una estilizada bandera brasileña construida con
creativo y el fingimiento potencial, revelando mundos un continente, esta obra se interesa por la posibilidad lienzo, madera de cedro, 116 x 78 cm bananas verdes y amarillas dispuestas en el suelo
a partir de las márgenes. Me interesa una sonrisa ficticia de invención de nuevos territorios móviles, que
Ollamaliztli derrotado, 2021, instalación, acrílico sobre del espacio expositivo de la Casa de Cultura Mario
torcida que, afectuosamente y con cierta sutileza se conectan a través del sonido. Así, son los sonares
aros de hormigón en cama de tierra, dimensiones Quintana. La obra se construyó inicialmente como
didáctica, reacciona a los fracasos de las situaciones que se encuentran en la literatura (lo que oyen los
variables site specific, en una plantación de bananas en la
de control impreciso” (Bruno Novaes). personajes, o incluso los sonidos que componen
Naturaleza muerta, serie, folletos a disposición de los Serra do Mar/RJ, y se filmó durante 12 (doce) días
el entorno y la narración), como lugar abstracto de
visitantes con imágenes de la serie de dibujos y texto consecutivos, cuya edición dio lugar al vídeo titulado
expresión cultural e histórica, los que se convierten
crítico Bananas da Terra. La acción lenta y continua del
Camila Proto en referencia para una constitución geopolítica más
tiempo sobre las bananas puede observarse en el
Porto Alegre/RS, 1996. Vive en Río de Janeiro/RJ intensa. El mapa central de la instalación presenta *Obra donada por el artista a la colección de la vídeo inédito que también integró el eje expositivo del
una distribución cartográfica ficticia del continente, CCMQ
Artista multimedia, con maestría en Artes Visuales CLAC, acompañando a la instalación.
por zonas de escucha, en la que los territorios están
por la UFRGS y doctoranda en el PPGAV-EBA- formados por pasajes sonoros: sonidos escritos “Desde una lógica colonialista, Occidente ha querido
UFRJ. Sus investigaciones recorren el universo como texto, de los fragmentos extraídos de más de marcar una cierta distinción y distanciamiento del ser
inter semiótico, tensando las relaciones entre arte, 80 libros recorridos durante la investigación. Estas humano de su entorno natural. En esta configuración, Colectivo Autónomo Temporal
ciencia y filosofía. Se interesa por el tránsito y las zonas se configuran por la incidencia, la repetición la naturaleza funciona casi exclusivamente como El Colectivo Autónomo Temporal es una articulación
intersecciones como metodología de creación, o la proximidad de ciertos temas “escuchados” en materia prima, como recurso disponible y útil para idealizada por la artista Idylla Silmarovi con Avelin
poniendo en jaque la idea de traducción como motor los libros de diferentes países. El mapa en papel de la actividad humana. La conceptualización del Buniacá Kambiwá y formada por los artistas David
inventivo de la diferencia. Entre sus principales calco presenta al público el proceso de mapeo de recurso natural en su uso excesivo y voraz implica Maurity, Edgar Kanaykõ Xakriabá, Juão Nyn y
participaciones, destacan las siguientes: Circuito los sonidos, en composición con la lista de libros esta condición histórica colonial, acentuada, por Rafael Lucas Bacelar. Juntos desarrollan el proyecto
Universitario de la Bienal Internacional de Curitiba utilizados. En diálogo con el mapa central, hay una ejemplo, en la falsa división entre cultura y naturaleza, KA’ADELA - una cartografía destituyente.
(2017, Curitiba), exposición de los seleccionados carta ficticia escrita durante la “expedición” realizada natural y artificial. Este punto de vista occidental,
antropocéntrico, contrasta significativamente con el Idylla Silmarovi (Contagem/MG, 1991) es artista
por el Premio de Arte Contemporáneo de la Alianza a esta “nueva” América Latina, accesible para que el
punto de vista de las antiguas civilizaciones y pueblos de performance e investigadora. Es estudiante de
Francesa (2019 y 2020, Porto Alegre), Festival público la lea. En el espacio de la exposición, la carta
indígenas. [...] Carlos A. Mora continúa explorando maestría de Artes Escénicas de la UFOP. Investiga
C L 10 Nuevas Frecuencias (2020, Río de Janeiro) y se encuentra bajo una pequeña mesa, entre los dos
las intersecciones entre el arte y el activismo dentro CL
A C Exposición Internacional ComCiência (2019, Belo mapas. En definitiva, se entiende que la creación de una serie de intersecciones y relaciones entre la AC
126 de las artes escénicas, especialmente en lo que música. Potiguar, 31 años, militante del movimiento Audrian Cassanelli es estudiante de maestría en el la época como un vacío demográfico. (ALBA,2006)” 127
respecta al debate en torno a la memoria como indígena del Rio Grande do Norte a través de APIRN, Programa de Posgrado en Artes Visuales de la UFSM, A través de los fundamentos teóricos estructurados
derecho negado por la colonialidad. Es investigadora miembro del colectivo Estopô Balaio de Criação, en la línea de investigación de Arte y Tecnología, en la investigación, los artistas realizaron la
y actriz en el proyecto GUERRILHA - experimento Memória e Narrativa, de la Cia. de Arte Teatro bajo la dirección de la profesora Darci Raquel demarcación del mapa actual de la ciudad, en
para tempos sombrios. Forma parte del colectivo Interrompido y vocalista/compositor del grupo Fonseca. Es becario de CAPES y actualmente integra formato de cruz, siendo esta desarrollada a partir
Academia TransLiterária y del Comité Minero de Androide Sem Par. Autor de la obra Tybyra: uma el Grupo de Investigación Fotográfica LabFoto. del marco cero - punto inicial de constitución de la
Apoyo a las Causas Indígenas. Trabaja en red con tragédia indígena brasileira, publicada por la editorial Graduado en Artes Visuales - Licenciatura Plena por ciudad, a partir de la iglesia madre - estructurando los
varios movimientos sociales de Belo Horizonte Selo do Burro en 2020. Es licenciado en teatro por Unochapecó. Miembro fundador del Colectivo Inço, cuatro ejes demarcados en los límites del municipio,
y en colaboración con el colectivo Toda Deseo, la UFRN y vive en tránsito entre Natal y São Paulo habiendo participado en numerosas exposiciones rodeándolo. Tras la demarcación, se realizaron
Bacurinhas y otros artistas. Directora artística y desde hace cinco años. en todo el país, destacando la participación en visitas a estos puntos, donde se insertaron carteles
creadora de la plataforma/residencia Zona de Rafael Bacelar (Belo Horizonte/MG, 1987) es actor, la Edital Nacional-ArteSesc Conuências (2015), con la siguiente descripción “Vacío demográfico”.
Encontro. Creadora del proyecto de investigación y director, bailarín, drag queen, performancer e Bienal Internacional de Curitiba-Polo SC (2017 y Simbólicamente, se pretendía justificar el concepto a
experimentación E.C.O.S - experimentos escénicos investigador. Sus pensamientos y deseos atraviesan 2019) y IV Bienal do Sertão de Artes Visuais (2019). través de los criterios utilizados en el pasado, sin tener
de orientación sudaca. los espacios del teatro, la danza, las filosofías queer, Su investigación busca, a través del autorretrato en cuenta a las poblaciones indígenas y caboclos
Avelin Buniacá Kambiwá (Ibimirim/PE, 1980), los estudios culturales, la sexualidad y el género. Es fotográfico, verificar las posibles relaciones de los residentes y domiciliados en este espacio.
perteneciente al pueblo Kambiwá (Serra Negra cofundador y director artístico de la compañía de inços (malas hierbas) con el cuerpo del artista, entre
- PE), vive en la ciudad de Belo Horizonte. Líder teatro TODA DESEO/MG, cofundador de Cabaré sus resistencias y la hibridación artística. A partir de
indígena, representa a su pueblo y a los indígenas das Divinas Tetas/MG y cofundador del colectivo la observación de los inços existentes en el entorno Conversación en línea Vazío demográfico e a
en el contexto urbano de Minas Gerais en varios Bacurinhas/MG. También trabaja como actor de los monocultivos, pretende crear un cuerpo en colonialidade, mediación de Oendu de Mendonça
movimientos a nivel municipal, estatal y nacional. colaborador en la Companhia Brasileira de Teatro/PR. metamorfosis que se denominará aquí cuerpo-inço.
Es socióloga, especialista en gestión de políticas Diana Leticia Chiodelli es estudiante de maestría
públicas de género y raza. Es profesora de la red en el Programa de Posgrado en Artes Visuales
Cyshimi
estatal de educación. Coordinadora del Comité Sobre la obra: de la UFSM, en la línea de investigación de Arte y São Paulo/SP, 1998. Vive en São Paulo/SP
Estatal de Apoyo a las Causas Indígenas de Minas Ka’adela: uma cartografía destituinte, 2021, vídeo, Visualidad, bajo la dirección de la profesora Dra.
“CYSHIMI”, nombre artístico formado por la unión de
Gerais y ejecutora de varias acciones en defensa de color y sonido, 14’31 “MG) Rebeca Lenize Stumm. Es profesora del sistema
las palabras ‘Cyber’ y ‘Sashimi’.
la vida de los pueblos indígenas. Intérpretes: Idylla Silmarovi y Avelin Buniacá Kambiw educativo municipal de Chapecó-SC. Actualmente,
Dirigido por: Rafael Bacelar es miembro del Grupo de Investigación de Arte: Su investigación se basa en el entorno
David Maurity (Belo Horizonte/MG, 1987) es
Dramaturgia: David Maurity Momentos Específicos. Es licenciada en Artes cibernético en el que vive. Entrelazan cuestiones
cofundador, actor y dramaturgo de la compañía
Cinematografía y fotografía: Edgar Kanayko Xakriabá Visuales - Licenciatura Plena por Unochapecó. de descolonización, ascendencia decolonial,
de teatro Toda Deseo, un grupo de artistas de
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Provocaciones: Juão Nyn Miembro fundador del Coletivo Inço, ha participado identidad, belleza y cuerpo. A partir de ahí, investiga
Minas Gerais que tiene su investigación centrada
Colaboraciones: en exposiciones en el estado de Santa Catarina, sentimientos, relaciones y traumas a través de
en nuevas formas de ocupación teatral y creación
Diseño de iluminación: Marina Arthuzzi destacando la Redesesc de Galerías (2018) y la Bienal la ficcionalidad y la intimidad. Su producción se
contemporánea a partir de cuestiones relacionadas
Cámara, edición y finalización: Alexandre Hugo Internacional de Curitiba-Polo SC (2017 y 2019). desarrolla a través del arte digital, performance,
con las identidades de género, las multiplicidades y
instalación, diseño, pinturas, esculturas, uñas y
la orientación sexual. Como dramaturgo, David es Ka’adela es un proyecto creado por Idylla mucho más. En 2018 presentó la exposición individual
responsable de los textos de Ser: Experimento para Silmarovi, articulado junto a Avelin Buniacá [trabajo expuesto + chat online en programación paralela] IdentidadesImportadasCompactadasDemarcadas.
tempos sombrios (2016), GLÓRIA (2018), Conselheira Kambiwá, en colaboración con una red de artistas Sobre la obra: Zip, sobre las identidades asiático-brasileñas,
(2019, en colaboración con Idylla Silmarovi) y SPUR mayoritariamente LGBTQIA+, racializades o, como constituyendo un marco para esta comunidad en
(2020). Seleccionado para componer la colección preferimos llamarlo, un colectivo autónomo temporal Vazío demográfico, 2018, registro de intervención,
la escena artística. Pasó por instituciones como
Cenas do Confinamento, editada y publicada por de cuerpos disidentes que busca mapear en la ciudad impresión sobre papel de cartelería, 86 x 43 cm (cada
el Centro Cultural São Paulo, la EAV Parque Lage,
el sello CPTM, del Centro Cultural Galpão Cine de Belo Horizonte monumentos, calles y caminos uno).
Instituto Adelina, SP-Arte, Cuadrienal de Praga
Horto). También es licenciado en Estudios Literarios que mantienen el imaginario colonial en la ciudad. A partir de las miradas dirigidas a la ciudad - PQ Brasil y Salón de Arte Contemporáneo Luiz
en Letras por la UFMG y tiene una maestría en (...) Reescribiendo con las cenizas la historia sobre de Chapecó - SC, comenzamos a observar la Sacilotto. Fue mencionada en plataformas como
Literaturas Modernas y Contemporáneas por el las marcas de sangre dejadas en los pliegues de la constitución de su perímetro urbano bajo el supuesto Arte Brasileiros, Elle Brasil y Kura Arte. Cofundadora
Programa de Postgrado en Estudios Literarios, tierra. Ka’adela es un animal que no tiene derecho a de la colonización, una vez que ella solía ser interior de Inserto, colectivo de arte, moda y diseño,
PósLit, de la Facultad de Letras de la misma pertenecer, que busca a los suyos, husmeando en en el centro de su actual perímetro urbano, pero con participante de LÓTUS - Plataforma de feminismo
universidad. las cunetas de la historia. Se encuentra con el jaguar su expansión y crecimiento ha expulsado el interior asiático y solidaridad antirracista, y de TROVOA -
Edgar Kanaykõ Xakriabá (São João das Missões/MG, y ambos construyen alianzas con otros sujetos que hacia los márgenes, convirtiéndose en el centro. Levantamiento nacional de mujeres y personas no
1990) pertenece al pueblo indígena xakriabá del norte tejen la creación de un lenguaje artístico híbrido, Desde su constitución, Chapecó ya ha ocupado binarias racializadas en las artes visuales.
del estado de Minas Gerais. Tiene una maestría en fronterizo y ancestral, como sus propios cuerpos. extensos territorios con la justificación de colonizar
Antropología por la UFMG, es cineasta y director de Ka’adela es un proyecto, una investigación en para fertilizar áreas hasta entonces infértiles. Este
varios documentales ya exhibidos en festivales como desarrollo, un grito compartido. Sobre la obra:
proceso de propaganda y venta fue justificado por
ForumDoc. Con actuación libre en el ámbito de la el “vacío demográfico”, término presentado en el Bandera de Emoji, 2020, escultura, 30 x 7 x 4 cm
Etnofotografía: “un medio para registrar aspectos de texto de referencia de Rosa Alba: “Chapecó, ubicado La obra combina la resistencia de uñas largas y la
la cultura - la vida de un pueblo”. Utiliza la fotografía Colectivo Inço en el oeste del estado de Santa Catarina, puede resistencia que pueden representar las banderas
como herramienta de lucha, revelando al mundo la Audrian Cassaneli ser analizado desde la perspectiva de la expansión emoji. Es habitual el uso de banderas emoji como
realidad de los pueblos indígenas. Xanxerê/SC, 1989. Vive en Chapecó/SC capitalista. La historia del inicio de su colonización fue representante de la identidad, el territorio y la
Juão Nyn (Natal/RN, 1989) es un artista múltiple, Diana Chiodelli parte de un proyecto de colonización realizado por el ascendencia en el lenguaje virtual. Las banderas
C L activo en la performance, el teatro, el cine y la Nonoai/RS, 1994. Vive en Chapecó/SC gobierno estatal que pretendía colonizar todo el oeste dispuestas en diferentes tamaños y órdenes CL
AC de Santa Catarina considerado por las autoridades de AC
128 evidencian una cronología de pertenencia de la artista Fernando Villalpando Contemporáneas, 13ª Bienal Internacional de Giuliana Migliori 129
con su ascendencia, siendo la bandera blanca la más Curitiba, MESC (SC, 2017). En 2021, participó en
Naucalpan/México, 2001. Vive en Huixquilucan/México Lima/Perú, 1968. Vive en Lima/Perú
grande y la primera en aparecer, seguida de la china, las residencias artísticas A Zero - publicaciones de
la brasileña y la última y más pequeña, la taiwanesa. Cursó Licenciatura en Artes Plásticas en la UDLAP, artistas, Curitiba/PR y SomaRumor - Arte Sonoro, Tiene estudios de pintura en la Facultad de Artes
para después ingresar a la Facultad de Artes y Diseño UFF/RJ. Actualmente es profesora colaboradora de la Pontificia Universidad Católica del Perú y
de la UNAM, donde actualmente cursa Licenciatura del Departamento de Artes Visuales de la UDESC una maestría en antropología visual. Su trayectoria
Enero y abril en Artes Visuales. Desde 2019 es asistente del Círculo y miembro del equipo del Proyecto Armazém - artística se desarrolla de forma concomitante con
Xalapa/México, 1992. Vive en Ciudad de México/México de Investigación Artística (CIA). Como formación exposición y feria de múltiples. su labor docente en la FAD. Ha participado en varias
complementaria, en 2020 fue partícipe de varios exposiciones, como la II Bienal Nacional de Lima
Artista visual. Realiza proyectos artísticos que (2000), Concurso Nacional del Año Internacional de
talleres y laboratorios artísticos, como el Taller de Sobre la obra:
atraviesan la fotografía, el collage, la intervención la Papa en el Centro Cultural de
Cuerpo y Acción, impartido por Regina José Galindo,
de imágenes, publicaciones y experimentación el taller de Teoría de la Performance, impartido por (a)Hendu/Escutar, 2019, publicación, tirada de 30
España (2008), I Festival de Videoarte, Camagüey,
audiovisual. La auto publicación le ha permitido hacer Abel Azcona, y el LAP II - Laboratorio de Videoarte ejemplares numerados, editado por el sello Céu da
Cuba (2009), Premio ICPNA de Arte Contemporáneo
circular su obra de forma independiente, explorando Online, impartido por Mario Gutiérrez Cru. Su Boca, 21 x 14,8 cm (cerrada).
(2019), VIII Concurso Nacional de Pintura del Museo
el lenguaje de los medios impresos, en los que suele obra fue expuesta en la plataforma digital The Escritura por erosión/borrado del diccionario del Banco Central del Perú (2016), entre otros. En sus
materializar su trabajo. Le gusta impartir talleres Homeostasis Lab y en la Bienal en Resistencia 2021, portugués-guaraní de Cecy Fernandes de Assis. El proyectos individuales confluyen intereses temáticos
de experimentación en la creación de ensayos con Guatemala. borrado de palabras y frases del diccionario da lugar relacionados con los procesos intermedios, la
imágenes, como forma de estimular la aparición de a nuevos significados y crea una narrativa a partir semiosis social y la experiencia estética: SUBLIMA
otras voces. Estudió fotografía en la Universidad de los trechos que permanecen en sus posiciones Migliori, chocolate neoconceptual de leche que
de Veracruz. Asistió al Seminario de Fotografía Sobre la obra: originales en la página. Se mantienen los resaltes, contiene un contenido, acción urbana y gráfica
Contemporánea en el Centro de la Imagen y en Surizado de palabras, 2021, instalación, adhesivo de los símbolos y el hilo tipográfico del diccionario. El (Lima, 1998) y Ensayo sobre la recuperación de las
el Centro de las Artes de San Agustín, además de recorte. resultado es un texto bilingüe y fronterizo escrito en moléculas de ADN en el hematocito de rata I y II,
participar en el Seminario de Género MUAC-INAM. primera persona. El poema es abierto e inexacto, pero objeto sonoro/pinturas, Galería Parafernalia (Lima,
Obtuvo la beca del Fonca y PECDAV para Jóvenes Este trabajo conecta con el cuestionamiento de en él parecen resonar cuestiones que atañen a la 1996). En sus obras son frecuentes las apropiaciones
Creadores en la categoría de medios alternativos; qué identidades están realmente representadas lengua guaraní y a los acontecimientos ocurridos en e incidencias sobre las traducciones, la palabra, el
fue seleccionada para las residencias comunitarias por las palabras utilizadas en el circuito artístico. El la zona fronteriza entre Brasil, Paraguay y Argentina, sonido o la pintura como escritura, la conceptualidad
Me sobra barrio (2019) del Centro de la Imagen; ganó proceso de “surizar” consiste en cortar las palabras lugar de origen del artista, como la inundación del río y la técnica para conjugar discursos visuales que
el primer lugar en el V Bienal de Arte de Veracruz por la mitad, conservando sólo su parte sur. En Paraná para la construcción de la represa de Itaipú, la especulan sobre alegorías y hechos de la cultura y la
(2020). este sentido, “surizar” resulta de la destrucción y violencia, el exterminio y la expulsión de los pueblos historia, el lenguaje y la modernidad, por lo que
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el replanteamiento del significado de la palabra indígenas de sus territorios.
Recientemente participó en el tercer encuentro “orientar”, en el que se mantiene el sentido orientador también indaga sobre los procesos de globalización,
en torno al foto libro contemporáneo e.folio.003 del término, pero también se abre espacio a una la subjetividad y las materialidades. Su reciente
“articulación y edición” del Centro de la Imagen y ha perspectiva histórico-poética de resistencia. Como falar entre fronteiras, 2015, publicación exposición individual, Arabesques, oda fragmentaria
asistido al programa de producción campo_fotolibros desplegable y mini-CD, editado por el sello Armazém, en Laboraleatorio, Espacio de Arte (Lima, 2021) forma
(2021). Ha colaborado en diferentes proyectos de 10 x 15 cm (cerrado). parte de un periodo de trece años de experiencias
autogestión. También ha colaborado en proyectos Fran Favero entrelazadas de cambios y memorias, en las que los
pedagógicos de arte contemporáneo e impartido La publicación es el resultado de una sólida
Chopinzinho/PR, 1987. Vive en Florianópolis/SC cánones que aporta la pintura son tanto su grafía
talleres sobre procesos creativos y laboratorios de intervención realizada simultáneamente en el
como la estética de sus narraciones. La alegoría, el
creación y edición en diferentes espacios de México. Marco de las Tres Fronteras de Brasil, Paraguay y
Fran Favero es artista visual, profesora y curadora. ornamento y los códigos usurpados se afilian a la
Argentina. Se trata de puntos turísticos a orillas
Vive y trabaja en Florianópolis/SC, pero creció en tradición orientalista para escuchar los estruendos
de la confluencia de los ríos Paraná e Iguazú, que
Sobre la obra: la triple frontera entre Brasil, Paraguay y Argentina. del totalitarismo y sus conflictos globales; mientras
permiten ver simultáneamente los tres países en el
Parte de la serie documental Made in La Charca, Tiene una maestría y una licenciatura en Artes que el corpus simulado de arabescos ensaya la
punto de mayor proximidad entre ellos. A pesar de la
2018-2019. Visuales por la UDESC, con un programa de abstracción de su retórica o la sustitución de sus
proximidad, el cruce no está permitido en este punto.
Como una película, vídeo, color y sonido, 4’56 intercambio en la UQÀM, en Montreal. Investiga las vínculos con el sistema irracional que los anida.
La intervención consistió en la instalación de tres
Calor, vídeo, color y sonido, 41”. relaciones fronterizas que atraviesan los territorios,
pedestales con radiotransmisores en las tres orillas,
New York, vídeo, color y sonido, 2’41”. los cuerpos y las memorias, trabajando en el
junto a los marcos de cada país, lo que permitió a la Sobre la obra:
campo de multimedia, incluyendo producciones
gente hablar a través de las fronteras. En el mini-CD
Se trata de un documental experimental sobre la en fotografía, vídeo, publicaciones de artistas e Paisaje municipal, 2017, fotografía digital impresa en
que acompaña a la publicación se recogen extractos
migración ilegal de la familia de la artista desde instalaciones. Entre sus principales exposiciones pigmento mineral sobre papel de algodón, políptico,
de los intercambios sonoros y de la conversación
Veracruz a Estados Unidos, la obra se basa en la se encuentran las individuales Ninguém consegue 25 x 30 cm (cada uno)
multilingüe entre desconocidos que se produjo a raíz
memoria oral y juega con diferentes formatos: vídeo, segurar o ar, 14ª Bienal Internacional de Curitiba,
de la intervención, así como fotografías de la acción, El políptico “paisaje municipal”, de la artista peruana
fotografía, audio, instalación y grabados. MASC (SC, 2019); REDECHOQUE apresenta Fran
por un lado, y de la travesía de más de 80 kilómetros Giuliana Migliori, es una serie fotográfica compuesta
“Este archivo es un homenaje al amor, al arraigo, a la Favero, Galería Cultural Choque (SP, 2019) e Y/
por las aduanas para llevarla a cabo, del otro lado por 25 piezas de pequeño formato, que tematiza
condición humana y a ese hacer de las tripas corazón Rembe’y, Museo Victor Meirelles (SC, 2016); y las
de la publicación. (Texto de presentación de la obra el vacío entre el deseo ciudadano de “seguridad”
para sobrevivir a los diversos desplazamientos a los muestras colectivas 15º Salón Nacional de las Artes
escrito por el artista) privada en sus zonas residenciales y la estética de la
que nos empuja el sistema. La Charca es el nombre de Itajaí (SC, 2021); Premio de Arte Contemporáneo
geo-prevención de la ciudad de Lima que su gobierno
popular del pueblo de donde viene mi padre, en de la Alianza Francesa (SC, 2021); What’s going
gestiona de diversas maneras - según barrios y
Veracruz, México” [Enero y Abril]. on in Brazil, Les Rencontres de la Photographie
presupuestos. (...) El ensayo aporta una muestra de
d’Arles (Francia, 2019); Confluences: Arte en
CL la diversidad de símbolos existentes en las ciudades CL
Intercambio, Sesc Interlagos, (SP, 2017) y Antípodas
AC AC
130 relacionados con la vigilancia colectiva público- cuerpo antropofágico. Basada en mi experiencia en indígenas, afrodiaspóricas - caminando a través Louise Lucena 131
privada en respuesta al paradigma de seguridad Estados Unidos, “Carmen” habla de la cosificación y de la “desinvasión brasileña” como una práctica de
global en regímenes de modernización neoliberal, sexualización de la mujer brasileña, en un vídeo que educación visual. Rondônia/RO, 1982. Vive en Porto Alegre/RS
como es el caso de la sociedad peruana. [extractos pone de manifiesto la contradicción entre la lucha En 2018, trabajó durante cuatro meses en el Proyecto Louise Lucena es una artista negra e intérprete
del texto del artista sobre la obra]. contra el estereotipo y, al mismo tiempo, el deseo de Memoria Viva de la ONG Thydewá, dentro del cual de danza que se propone investigar y trabajar
formar parte de él. El uso de las frutas y el nombre recorrió ocho aldeas del noreste de Brasil (Bahía, con interfaces de arte, promoviendo el flujo y
recuerdan a Carmen Miranda” [Julha Franz]. Pernambuco, Sergipe y Alagoas) con talleres la confluencia a través de los lenguajes de la
Julha Franz audiovisuales en los que los jóvenes indígenas fotografía, el audiovisual, la danza y las artes
Porto Alegre/RS, 1993. Vive en Porto Alegre/RS produjeron más de 60 minidocumentales con los escénicas. De esta manera, su cuerpo dialoga con
Juliana Proenço de Oliveira ancianos de sus respectivas comunidades. En su brasileñidad y cuerpo negro, las invisibilidades,
Utilizando su cuerpo como materia prima, Julha los silencios y las tensiones producidas desde la
Caxias do Sul/RS, 1990. Vive en Porto Alegre/RS julio de 2019 fue seleccionada para la residencia
Franz pone en tensión los límites entre género, sexo diáspora negra y el encuentro con el conocimiento
PANDEO en la Ciudad de México, donde desarrolló
y tecnología. Lesbiana, exagerada y agresiva, busca Maestría en Historia, Teoría y Crítica del Arte por el pindorámico, en la fisura abisal de su existencia
producciones artísticas a partir de la fotografía ritual.
ampliar los preconceptos binarios que dictan el PPGAV/UFRGS (2021), con la disertación titulada desde el margen social. Viniendo del hip hop, fue
En 2020, desarrolló el proyecto fotográfico ORIGEM
comportamiento social. Estudió en la Universidad Interrupções e retomadas: projetos artísticos profesional de danza y competidora de breaking
(con indígenas LGBTQIA+), junto con Antônio Vittal
de Nueva York (NYU), donde asistió al programa irrealizados da ditadura no Brasil (1960-2010)” bajo durante 12 años, construyendo una exitosa carrera
Pankarau y con el apoyo de la University of Leeds,
EMERGENYC, ofrecido por el Hemispheric Institute la dirección de la Prof. Dra. Mônica Zielinsky. Es nacional e internacional. En 2013, decidió volcarse
Facultad de Artes. En octubre de ese mismo año
of Performance and Politic, 2019. Ese mismo año, licenciada en Derecho (2014) e Historia del Arte al estudio e investigación de la cultura afrobrasileña
recibió el premio Voces Agudas para mujeres artistas.
realizó la exposición Layers of Erasure, en el AC (2018), ambas por la UFRGS, y estudió Ciencias con más profundidad y desde entonces, tuvo el
En 2021, participó en el Programa Pivô Pesquisa y
Institute (Nueva York), en colaboración con la Políticas en Francia (Sciences Po Rennes) entre privilegio de conocer a muchos maestros de la
formó parte de la exposición Todos os Gêneros, en
artista argentina Natacha Voliakovsky; participó en 2012 y 2013. Trabaja como profesora y curadora cultura popular brasileña, africana e indígena. De
Itaú Cultural, además de formar parte de la exposición
residencias artísticas en las ciudades de Venecia independiente en Porto Alegre. Desarrolló, junto con este modo, su obra y sus procesos artísticos se
A máquina lírica, en la Galería Luisa Strina (São Paulo).
(2017), durante la Venice International Performance Ariane Oliveira, el proceso expositivo arte abogacía, dirigen a la praxis de la educación a partir de una
Art Week; en Buenos Aires (2015), en el Club Cultural que recibió los premios de Destaque en Curaduría y cosmología afro referenciada y en consonancia
Matienzo; y en Porto Alegre Em Cena (2020), en la en Exposición Colectiva en el XIV Premio Açorianos Sobre la obra: con las leyes 10.639/03 y 11.645/08 de reparación
Residencia FORTE. Ha participado en exposiciones (2021) del Ayuntamiento de Porto Alegre. Terra de Ninguém*, 2021, fotografía digital impresa socio-histórica y cultural de los pueblos negros e
colectivas y festivales de performance, como el sobre tela de algodón, 250 x 160 cm indígenas. Actualmente vive en Porto Alegre, donde
Festival ITINERANT, que se celebra anualmente en la artista busca conocer la cultura negra de la región,
Nueva York (2019); VERBO - Galeria Vermelho, São [única clase presencial en el programa paralelo] * Premio CLAC-adquisición 2021
convivir con sus maestros y artistas locales para su
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Paulo, participando en dos ediciones consecutivas, Sobre la clase: Desacostumbrar el absurdo, revisar la temporalidad producción, arte y construcción de conocimiento.
en 2017 y 2018; fue nominada al Premio Alianza Clase online: Repertorios simbólicos y otras acciones irreplicable
Es licenciada en Educación Física por la Universidad
Francesa de Arte Contemporáneo 2018; finalista de resistencia en contextos de guerra y violencia Antes de la invasión de Brasil, “la región donde se de Brasilia - UnB. Posee curso en Estudios
en el BIG Awards Competition 2019, premio que encuentra Rio Grande do Sul estaba habitada por Decoloniales de Clacso y fue estudiante especial en
La clase abordó las estrategias de resistencia y
tiene lugar durante la Barcelona Art Week (SWAB); tapes, charrúas y guaraníes, estos últimos desde hace el PPGEDU de la UFRGS, siendo miembro del grupo
denuncia desarrolladas por los artistas visuales
y recientemente realizó su primera exposición más de mil cuatrocientos años. Uno de los primeros de investigación Geafro. Ya en el flujo de cruces
durante los regímenes militares en América Latina, así
individual, llamada Antes do Grito, en la Fundación registros se remonta a 1531, realizado por marineros artísticos en sus múltiples lenguajes, participó en
como sus posibles reverberaciones en el presente. Se
Ecarta, en Porto Alegre. Durante la pandemia, fue que pasaban por la costa (donde no desembarcaron). una residencia artística con Corpos Informáticos,
presentaron iniciativas como Siluetazos y Tucumán
contemplada en varios edictos, como RespirArte, Durante un largo período, la región fue visitada coordinado por Bia Madeiros y en un Twin Labs
Arde, en Argentina; Colectivo Acciones de Arte
ofrecido por la Funarte. únicamente por “aventureros”, en busca de indios en colaboración con una institución educativa de
(CADA), en Chile; y propuestas de artistas como
Artur Barrio y Cildo Meireles, en Brasil. El repertorio para capturar y esclavizar”. A principios del siglo Dinamarca en el memorial de los pueblos indígenas
Sobre la obra: de los años sesenta y ochenta sirvió de base para XVII, la región hasta entonces considerada “tierra de en Brasilia en 2017. En 2018, formó parte del colectivo
las lecturas y aproximaciones a algunas de las obras nadie”, comenzó a ser ocupada con la llegada de los Ceda-si (colectivo Estudios de Danza, Educación
Carmen, 2019, vídeo performance, vídeo, color y sacerdotes, que fundaron las misiones jesuitas en Somática e Improvisación), coordinado por Diego
sonido, 6’29” actualmente expuestas en el CLAC, ofreciendo
una especie de recorrido por la exposición desde la toda la región donde hoy se encuentran los estados Pizarro. En 2020, produjo la actuación en directo
“¿Qué hace que uno mire a alguien y lo identifique perspectiva de la larga oposición al autoritarismo en de Rio Grande do Sul, Paraná y los países Paraguay Performance #1Traço, en colaboración con el músico
como “femenino”? Carmen tiene que ver con la la región. y Argentina. Reducciones/misiones jesuitas > campo percusionista Ìdòwú Akínrúlí, las actuaciones en vídeo
(des)forma. La mujer fruta, dicen. ¿Qué comunica de trabajos forzados > reinvención autoritaria del ọnà e criadx mudx, además de ser contemplada por
mi carne? ¿Mi forma me define? “Oh, you’re from espacio y el tiempo. el edicto de la Funarte con material sobre procesos
Brasil?”, “how much do you charge?”, “your body Laryssa Machada metodológicos en danza y educación basados en
[...]
tell everything for you” fueron las frases que más una cosmología afro-referenciada. En 2021 participó
Porto Alegre/RS, 1993. Vive en Salvador/BA por el momento no tengo ganas de contarle ninguna
escuché viviendo en el extranjero, cuando me leían en la Bienal Brasil Black Art; en la 3ª temporada de la
historia exótica
como trabajadora del sexo sólo por ser brasileña. Nacida en Porto Alegre, lleva más de cinco podcast A Cor da voz; el festival FIA de intervención
todo está vivo
La acción de comer las frutas es importante para años viviendo en Bahía. Estudió Periodismo, urbana y performance; es una de las escritoras de
Estoy tan feliz de estar aquí de nuevo
el concepto de la obra, porque habla del deseo que Ciencias Sociales y actualmente estudia Artes la colección Todas Escrevemos, producida por Fora
y,
tenemos de formar parte de eso, al mismo tiempo con énfasis en Cine en la UFBA. Es artista visual, da Asa Experiências Plurais; produjo la 2ª temporada
en presencia de tantas,
que lo despreciamos. Toda la cultura nos hace fotógrafa y cineasta. Piensa en su creación como de Travessia Live Performance, coproducida por
prometemos o recordamos
querer ser así, ser deseados. ¿Pero qué pasa cuando rituales de descolonización y nuevas narrativas Thayãn Martins, financiado por la Lei Aldir Blanc y
crear espacios de libertad
el deseo se convierte en abuso? En “Carmen” me de presente/futuro. Sus trabajos discuten la la Fundação Marcopolo; y tiene un ensayo de foto
[extractos del texto de la artista sobre la obra] performance en colaboración con el fotógrafo y
C L apropio de los rellenos que utilizan las drag queens construcción de imágenes sobre LGBTQIA+, CL
A C para hacer sus cuerpos más “femeninos” y crear un cineasta Martino Piccinini llamado Corpo Oralidade. AC
132 Sobre la obra: ayahuasca. Los blancos llegan allí desde muchos del que proceden, marcando diferentes aspectos MG. Actualmente está representado por la galería 133
Travessias, 2021, una performance presentada en dos lugares del mundo en busca de una experiencia geográficos, políticos, históricos, culturales y Diáspora.
ocasiones a lo largo de la exposición, una de ellas la auténtica, única, exótica y espiritual” [Luisa Brandelli]. sociológicos de estos lugares: sus estrategias de
noche de la inauguración. La segunda presentación autoafirmación y consolidación de la identidad, los
ecos del colonialismo, la vulgarización de la lengua Sobre la obra:
concluyó con una ronda de conversación. sin título (pulseras), 2016, cuentas, hilo de nylon, inglesa, sus concepciones territoriales basadas en Falla #5*, 2015, óleo sobre lienzo, 80x60 cm
Travessias, 2021, vídeo, color y sonido, 12’23”. alfiler, dimensiones variables lo geográfico, la relación con el paisaje y su cultura. Falla nº6, 2015, óleo sobre lienzo, 80x60 cm
Concepción, dirección general y ejecución: Louise “(...) Pensé en esta obra cuando me di cuenta de mi Llamé a mi obra Map Mundi por una analogía con la
Lucena ignorancia sobre las culturas indígenas: mi relación * Premio CLAC-adquisición 2021
cartografía, ya que en ella convergen la geografía, la
Codirección artística y técnica, registro de imágenes con ellas, independientemente de la etnia, siempre ideología y la política. De origen fundamentalmente “El fracaso representa un desacuerdo con respecto
(foto y vídeo) Thayan Martins pasó por el comercio, en la relación capitalista de ideológico, los mapas son instrumentos fundacionales a los modelos ideales. Así, fracasar significa
compra y venta. Tan ignorante que los motivos de la historia de las naciones, son construcciones interrumpir el curso habitual de algo. Desde esta
Edición y asistencia técnica: Tomás Piccinini estampados en las joyas de cuentas o semillas, perspectiva, el fracaso, en su génesis, surge como
ficticias, tanto como las propias naciones. Los mapas
Banda sonora y asesoría artística cultural africana del los cuadros de cestería, los tejidos, siempre fueron pueden entenderse como una especie de lenguaje un elemento revolucionario, ya que rompe con las
pueblo yorùbá: Ìlú Akin Produções y Ìdòwú Akínrúlí. para mí puramente estéticos. Así que pensé en esta utilizado para mediar una visión particular de nuestro normas imperantes. Los cuadros construidos a
relación de símbolos que pasan de una cultura a otra mundo. Visto así, pueden asociarse a determinados partir de fotografías fallidas en álbumes familiares
Travessias es una propuesta artística de educación permiten destacar el error como elemento de estudio.
y pierden sus usos originales. También pensé, que “discursos cartográficos” o aplicaciones persuasivas
continua sobre la diáspora negra en las Américas, Transformar lo “incorrecto” en investigación revela
es algo que pienso a menudo, en los símbolos de y retóricas, y no sólo como algo destinado a nombrar
más concretamente en Brasil. La obra se compone la posibilidad de una construcción poética basada
la blancura... ¿Cuáles serían? ¿Los famosos? ¿Los y localizar. Estos mecanismos discursivos de los
de tres momentos: un vídeo (proyectado en la 7ª en lo incontrolado, lo feo, lo marginal. [...] Pintar
programas del gobierno (?)? ¿Los destinos turísticos? mapas -y sus representantes modernos, como las
planta de la CCMQ), una performance y una ronda de significa reflexionar sobre la carne. Quien construye
En definitiva, símbolos del consumo occidental” propias etiquetas con las que construyo el “mapa”-
conversación. El vídeo, que dura 12 minutos, trata del un cuadro hoy en día no hace algo circunscrito sólo a
[Luisa Brandelli]. muestran cómo se han convertido en una fuerza
proceso de esclavitud y de la travesía de los barcos la actualidad, sino que evoca todo el cuerpo pictórico
política en nuestra sociedad. Más importante aún es
negreros. El espectáculo, por su parte, consiste en un que ha existido desde que esta técnica constituía el
lo que nos dicen a segunda vista, lo que realmente
paseo de baile por el océano, inspirado en la deidad Maíra Flores principal dispositivo de propagación de imágenes. La
se está mapeando detrás de su capa más externa”
Olókun, representante del pueblo yorùbá. [extracto pintura, incluso post mortem, existe como materia,
Porto Alegre/RS, 1990. Vive en Lisboa/Portugal [Maíra Flores].
del texto presentado por el artista]. cuerpo, carne. Los cuadros que aquí se presentan,
*Artista invitada por la curadoría del CLAC que reproducen fotografías despreciables, evocan
Maíra Flores es licenciada en Historia del Arte por la Marcel Diogo por tanto los cuerpos marginados” [Marcel Diogo].
Luisa Brandelli
español

español
UFRGS y trabaja con artes visuales y cine. La obra Belo Horizonte/MG, 1983. Vive en Contagem/MG
Porto Alegre/RS, 1990. Vive en São Paulo/SP
Mapa Mundi integra su producción reciente, que
consiste en una serie de materiales textiles sobre En primer lugar, negro, marginal, periférico, Marina Camargo
Maestría en Prácticas y Procedimientos Artísticos
el tema de la territorialidad y su definición crítica suburbano. Licenciado en pintura y graduado en Maceió/AL, 1980. Vive entre Porto Alegre/RS y Berlín/Alemania
por la Universidad Estadual Paulista (Unesp), con una
en términos geográficos, políticos, culturales y la EBA, UFMG. Coordina el Atelier do Ressaca, en
beca de investigación del CNPq. Fue seleccionada *Artista invitada por la curadoría del CLAC
económicos. La obra se expuso por primera vez en la frontera entre las ciudades de Belo Horizonte
para el Seminario Tropicalización del Norte, en
Las Palmas, en las Islas Canarias, integrando una y Contagem, y da clases en una escuela pública. Marina Camargo estudió en Porto Alegre, donde
la Escola de Artes Visuais do Parque Lage, en
de las exposiciones de la BienalSur 2021. Su película Desarrolla investigaciones en diversos medios, realizó su licenciatura y maestría en Artes Visuales en
2017, cuando también estuvo en residencia con el
Sem título (5), codirigida con Luciano Scherer, ha entre los que destacan su producción pictórica y el Instituto de Artes de la Universidad Federal de Río
colectivo MAHKU en Jordão (Acre). Participó en el
recibido premios y menciones de honor en festivales sus proyectos de curadoría independiente. En la Grande del Sur (UFRGS). Desde sus primeros años,
programa de residencia Pivô Pesquisa (2019). Entre
internacionales y forma parte de la colección del curaduría se concibió la Exposição de pessoas que su investigación ha estado marcada por una noción
2015 y 2021 asistió a grupos de discusión y estudio
Museo de Arte, Arquitectura y Tecnología de Lisboa constantemente são abordadas pela polícia, un ampliada del dibujo, en la que imagen y pensamiento
con Maria Helena Bernardes (Porto Alegre), Jailton
(MAAT). Además de Brasil, ha expuesto en países proyecto galardonado con el premio de curadoría del se constituyen mutuamente y, así, estructuran el
Moreira (Porto Alegre), Paulo Miyada y Pedro França
como Ecuador, Portugal, España, Italia, Grecia y Festival Camelo de Arte Contemporáneo. Desarrolló, propio proceso de trabajo. Los temas relacionados
(Instituto Tomie Ohtake, São Paulo) y João Loureiro
China. Desde 2018 vive y trabaja en Portugal. junto con otras tres personas, la propuesta curatorial con la cartografía comenzaron a interesarle durante
(São Paulo).
Suspeite Silva para la feria latinoamericana Equinox. el período en que vivió en Barcelona, España
Coordinó dos residencias artísticas en Minas (donde estudió Cultura Visual en la Universitat de
Sobre la obra Sobre la obra: Gerais, por la iniciativa CERCA, en las ciudades de Barcelona), momento a partir del cual la sensación
Mapa mundi, 2021, textil, 104 x 206 cm Cordisburgo y en colaboración con el Museo Casa de desplazamiento físico comenzó a ser recurrente
Turismo espiritual exótico (Ayahuasca), 2017, latón,
Guimarães Rosa, y en Congonhas, con el Atelier en su obra. En 2010, la artista recibió una beca del
40x75x3 cm “Mapa Mundi” es una tela cosida a mano que reúne
Kayab. Concibió en 2019 la exposición BRAsA, DAAD para estudiar con Peter Kogler en la Akademie
“Desarrollé este trabajo durante un viaje a Acre, en cientos de etiquetas industriales procedentes
Brasil + África, una muestra que reunió a artistas de der Bildenden Künste de Múnich (Alemania), donde
la ciudad de Jordão [...]. La ciudad, que da acceso principalmente de la ropa, pero también de utensilios
diversas partes del territorio brasileño y de países posteriormente completó su formación. Durante
a varias aldeas huni kuin, es muy pequeña. [...] la domésticos como toallas, sábanas y mantas. Con
africanos. Participó en las residencias artísticas este periodo, su trabajo se centró en cuestiones
mayor parte de su población es indígena y aun así hay etiquetas de más de 40 países y territorios, la mayoría
Barda del Desierto en Patagonia y Crudo Arte relacionadas con lugares concretos, explorando
procesos de racismo y predominio blanco, aunque de ellas, además de informar de la marca de la prenda
Contemporáneo, en Rosario, Argentina; Cemitério diversas dimensiones del paisaje y la representación
los indígenas son los responsables de todo el interés y de las condiciones idóneas de lavado, informan del
do Peixe, Morte e Magia nas artes visuais, en de los lugares. Las obras de la artista forman parte
turístico y cultural de la región. [...] Fue en la relación país donde se ha fabricado la prenda, a veces incluso
Conceição do Mato Dentro, en Minas Gerais; Arkane de las colecciones del Museo de Arte do Rio (MAR),
con la ciudad que pensé en esta obra. Como he dicho, con su bandera o alguna referencia geográfica
- Residencia de artistas en Casablanca, Marruecos; Museo de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS),
el turismo sólo se produce gracias a los indígenas impresa. Si se observan con más detenimiento,
y Residencia Artística en el Espaço Quilombola Centro Cultural São Paulo (CCSP), Museo de Arte
C L y a su cultura. Principalmente por los rituales de muchas etiquetas reflejan características del país CL
AC Teto Aberto - EQTA, en Pinhões, Santa Luzia/ Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC-RS), AC
134 Museo de Arte Aloísio Magalhães (Recife), Casa de negros, a los pueblos indígenas y/o tradicionales. Yara Pina quede ningún rastro humano, los cuerpos, cuando 135
Cultura Mario Quintana (Porto Alegre), entre otros. Utilizando referencias de la geohistoria brasileña y no son destruidos, deben ser desechados en fosas
africana no contada en la literatura formal, represento Goiânia/GO, 1979. Vive en Goiânia/GO) poco profundas, tirados en cementerios clandestinos,
cuerpos tensionados en la diáspora o colonizados Yara Pina es artista y bibliotecaria. Graduada en o incluso dejados en terrenos baldíos, matorrales o
Sobre la obra: atravesados por memorias colectivas e individuales. zonas de difícil acceso. Podemos llamar cuerpos a
Biblioteconomía y Artes Visuales por la Universidad
Topografía del cráter #1*, 2019, 20 dibujos Más allá de esto, recorro caminos hacia una Federal de Goiás. Al principio de su carrera artística, flor de tierra a los cautivos de los barcos negreros
recortados en aluminio y pintura electrostática, 114 x descolonización de la mirada y de la representación, desarrolló obras que abordaban principalmente la enterrados a un palmo del suelo en el cementerio de
114 cm la resignificación a través del afecto, a través de la relación entre performatividad, arte y destrucción. Valongo, a los indigentes de los cementerios públicos,
*Trabajo adquirido para integrar la colección de la resistencia y a través de un religare a la ancestralidad En los últimos años, su interés ha sido investigar a las víctimas de la represión de la Dictadura Militar,
CCMQ. y a la Naturaleza. La saturación de los colores y las diferentes contextos sociales e históricos, explorar de los escuadrones de la muerte, de los grupos
pinceladas aparentes conforman la intensidad y la las huellas de la memoria de la violencia y sus de exterminio, del tribunal del narcotráfico, de las
La representación del relieve de un cráter se divide visibilidad de los temas”. [Paty Wolf] milicias, de las operaciones policiales, así como a
inscripciones en los cuerpos violados y ausentes.
en 20 dibujos. Cada dibujo muestra una vista frontal las víctimas de los feminicidios, la transfobia y la
Proponer reflexiones que impliquen la desaparición
de una parte de la topografía, haciendo referencia a homofobia.
del cuerpo en la performance siempre forma parte
imágenes de paisajes, como siluetas de montañas. La Sofía Ramos de la propuesta de sus acciones. Al realizarlas fuera
obra tiene dos dimensiones distintas: cuando se ve Boa Vista/RR, 1998. Vive en Brasilia/DF de la vista del público, la artista busca transitar entre
de cerca, los dibujos parecen imágenes de siluetas
la presencia y la ausencia para dejar en el espacio
de montañas; cuando se ve de lejos, el diseño del Sofía Ramos trabaja en pintura, fotografía,
expositivo sólo las huellas del paso de su cuerpo.
cráter se hace más evidente. instalación, videoarte y performance. Experimenta
con construcciones y visualidades en la memoria, Fue premiada en el Salón de Abril de Fortaleza
la identificación y la familia desde contextos (Fortaleza, 2012) y por el Premio FID 2017 (Foire
Paty Wolff socioculturales en América Latina. La artista utiliza Internationale du Dessin, París, 2016). Participó
el espacio urbano como un estudio abierto, con una en Pivot Pesquisa 2020, Mother, I see my self in
Cacoal/RO, 1989. Vive en Cuiabá/MT
mirada atenta a la recogida de objetos desechados, your eyes (Laundromat Art Space, 2019 / Concrete
Paty Wolff es una multiartista brasileña que para repensar el arte desde su decolonialidad. Ha Art Space, Florida, 2019, USA); Frestas Trienal de
actualmente vive y trabaja en Cuiabá/MT. Con participado en las exposiciones Caderno Obra, Artes, Entre pós-verdades e acontecimentos (SESC
maestría y licenciatura en Geografía, investiga la en la Fábrica Behring (Río de Janeiro), Histórias Sorocaba, 2017); Performatus 2,  O que está a luz de
descolonización de la representación y de la mirada que nos movem, en el Espacio Cultural Vilarejo 21 nosso tempo discernimos no escuro (SESC Santos,
sobre los cuerpos negros en la diáspora africana y en (Brasilia), Casa Aberta, en la 3ª edición de Residência 2017); Das Virgens em Cardumes e da Cor das Auras
los pueblos indígenas y tradicionales brasileños. Sus (Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, Río
español

español
Hospitalidade, Vozes Agudas, proyecto de Ateliê
creaciones se mueven entre la pintura, el muralismo, 397 (São Paulo), Capadócia é aqui n’Olugar (Río de de Janeiro, 2016); Bienal Internacional Desde Aquí
el dibujo, la ilustración, la escultura, la cerámica y la Janeiro) y en la Galería Karla Osório (Brasilia). (Bucaramanga, Colombia, 2014); Open Sessions
escritura, entre otros experimentos. Ha participado (Drawing Center, Nueva York, 2014-2015); Act +
en exposiciones colectivas desde 2016, con énfasis Object + Exchange (Drawing Center, Nueva York,
en BRAVA - Festival de Artes Visuales de Mujeres Sobre la obra: 2014); Name it by trying to name it (Drawing Center,
Negras, en el Museo de Imagen y Sonido de Cuiabá Duas formas de segurar uma galinha (serie Amigos Nueva York, 2015); A Bela Morte: confrontos com a
(MISC, 2021); Experimental, en la Galería Sesc fazendo munganga), 2021, acrílico sobre lienzo, 100 natureza morta no século XXI (Margs, Porto Alegre);
Arsenal (2019) y Natureza: Sustantivo Feminino, en x 90 cm. Arte Pará 2012 (Museu Histórico do Estado do Pará,
el Museo de Arte de Mato Grosso (MAMT, 2016). Belém, 2012).
La serie de pinturas “amigos fazendo munganga”
Seleccionada para el 26º Salón de Arte Joven de capta momentos de una generación de jóvenes Tiene obras en las colecciones del Museo de Arte de
Mato Grosso (Cuiabá, 2021). Recibió el Premio adultos brasileños que comparten modos sociales, Rio Grande do Sul, (Porto Alegre, RS), Centro Cultural
Díxtopia en la categoría de Pintura en 2021 (Cuiabá). costumbres y culturas. En la pintura Duas formas de de la Universidad Federal de Goiás (Goiânia, GO) y
En literatura, ha ilustrado libros y portadas, y ha se segurar uma galinha, dos jóvenes negros, amigos Museo de Artes Plásticas de Anápolis (Anápolis, GO).
publicado Como pássaros no céu de Aruanda (2021), de la artista, son retratados en una escena de granja
premiado por el Edital Estevão de Mendonça de en el campo de Goiás, en que, a través de la mirada,
Literatura Matogrossense, y Thehcitura, promovido Sobre la obra:
se cuestionan mutuamente sobre sus diferentes
por la Ley Aldir Blanc de Cuiabá, ambos escritos e formas de sujetar a la gallina. Sofía Ramos adopta un Corpos à flor da terra, 2021, 28 cabos de madera
ilustrados por la artista. Forma parte de los colectivos estilo pictórico que hace referencia explícita a una clavados en la tierra que contienen marcas que
Ceramistas do Mato y del Coletivo Maria Taquara - visualidad popular. remiten a la profundidad de las fosas donde se
Mulherio das Letras de Mato Grosso. encontraron cuerpos de personas desaparecidas en
Brasil, instalación, medidas variables
Sobre la obra: En Corpos à flor da terra, la artista reflexiona sobre
Esqueci de chorar, 2021, acrílico y recorte sobre la deshumanización post mortem que afecta a
cartón, 40x40 cm las víctimas de diversos escenarios de violencia,
que implican no sólo la ausencia de tumba y ritos
Aquele outro além de mim, 2021, acrílico y recorte
funerarios, sino también la desaparición de sus
sobre cartón, 40x40 cm
cuerpos como forma de borrar la autoría y las huellas
“Mi trabajo artístico tiene una visión crítica de los de la barbarie de sus muertes. En este último caso,
C L problemas sociales que implican a los cuerpos para que no puedan ser localizados, para que no CL
AC AC
136 137

CL CL
AC AC
138 Governador do Estado do Rio Grande do Sul exposição 139
Eduardo Leite ( janeiro de 2019 a março de 2022)
Ranolfo Vieira Júnior curadoria
Charlene Cabral
Secretária de Estado da Cultura Diego Groisman
do Rio Grande do Sul
Beatriz Araujo júri de seleção de obras
Charlene Cabral
Secretária de Estado adjunta da Cultura Luana Vitra
do Rio Grande do Sul catálogo
Oendu de Mendonça
Gabriella Meindrad
organização e produção
produção Charlene Cabral
Assessora Especial de Artes Germano Scheller
e Economia Criativa Diego Groisman
Oendu de Mendonça
Ana Fagundes
tradução
assistente de produção Marcela Miranda
Diretor da Casa de Cultura Mario Quintana Vitoria Morlin
Diego Groisman
fotos da exposição
montagem Charlene Cabral
Associação dos Amigos da Kevin Nicolai
Casa de Cultura Mario Quintana Kevin Nicolai (pg 73 e 88)
Lucas Schultz
Nelson Rosa • fotos das obras em outros contextos
Presidente foram disponibilizadas pelos artistas
Liana Zogbi design exposição
Marla Pritsch imagem da quarta capa
Vice-presidente Marla Pritsch
Flávio Antônio Camargo Porcello apoio
(in memoriam) Alex da Cruz design
Paulo Roberto Amaro Lu Rabello [Vinco estúdio]
Tesoureiro
Eduardo Vital

Secretária
Evelize Zimmer Neves
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Circuito Latino-Americano de arte contemporânea /


curadoria Charlene Cabral, Diego Groisman. --
1. ed. -- Porto Alegre, RS : Meteoro Edições,
2022.

ISBN 978-65-999080-0-2

1. Arte - América Latina 2. Arte contemporânea -


Exposições I. Cabral, Charlene. II. Groisman, Diego.

22-133259 CDD-700.74

Índices para catálogo sistemático:


1. Arte contemporânea : Exposições : Catálogos
700.74
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129

ccmq.com.br
instagram.com/ccmarioquintana instagram.com/clac.ccmq

Casa de Cultura Mario Quintana


Rua dos Andradas, 736
C L Centro Histórico de Porto Alegre CL
A C Rio Grande do Sul, Brasil AC
Este catálogo foi composto nas
fontes Ofelia Display e Mori
Gothic.

A versão impressa foi feita pela


Ideograf com o miolo em papel
offset 90g/m2 e capa em papel
color plus 180g/m2.

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