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INSTITUTO TECNOLÓGICO DO ESTADO DO PARÁ

APOSTILA DE DISPOSITIVOS DE CONTROLE E


PROTEÇÃO ELÉTRICA

Curso: Técnico em Eletromecânica


Nr° de encontros: 04
Periodicidade: Semanalmente

PROFESSOR: WERBETH CUNHA DA SILVA

Dom Eliseu – Pará


2020
1. INTRODUÇÃO:

Os dispositivos de proteção e manobra são componentes que, inseridos nos circuitos


elétricos, servem para proteção do circuito elétrico e para manobra e proteção do motor,
interrompendo a circulação de corrente quando alguma anomalia acontece.

Neste capítulo, veremos os dispositivos de proteção e manobra empregados para


proteger, ligar e desligar cargas (motores ou outros atuadores elétricos) e também
componentes dos circuitos de comando.

Para aprender esse conteúdo com mais facilidade, é necessário ter conhecimentos
anteriores sobre corrente elétrica, picos de correntes dos motores e sistemas de partida.

1.1 FUSÍVEIS:

Os fusíveis são dispositivos de proteção simples e econômicos e, por isso,


amplamente utilizados, encontrando-se presentes em instalações residenciais, em
automóveis, em equipamentos eletrônicos, máquinas, entre outros. Os fusíveis se destinam
à proteção contra correntes de curto-circuito ou contra sobrecargas de longa duração.
Entende-se por correntes de curto-circuito, situações anormais de corrente, devidas ao fato
de a impedância em determinado ramo do circuito assumir um valor praticamente nulo,
causando, assim, um repentino e significativo acréscimo da corrente. Isso pode ser
provocado, por exemplo, por erro na montagem do sistema ou por contato direto acidental
entre os condutores de uma rede, que pode ocorrer entre fases ou entre fase e neutro, ou
ainda por um defeito qualquer no interior de alguma máquina ou equipamento.

Sua atuação ocorre devido à fusão de um elemento elo fusível por efeito Joule, em
conseqüência da brusca elevação de corrente no circuito. O material utilizado na confecção
do elo fusível tem propriedades físicas tais que o seu ponto de fusão seja inferior ao da liga
de cobre com alumínio, que é o material mais utilizado na confecção de condutores de
aplicação geral.

Sem uma proteção adequada, a corrente atingiria valores muito elevados, limitados
apenas pela resistência ôhmica dos condutores ou capacidade da fonte geradora e
conseqüentemente danos graves ocorrerão, existindo inclusive o risco de incêndio.

1.1.1 Tipos De Fusíveis:


De modo geral, as seguranças fusíveis são classificadas segundo
as características de desligamento em efeito rápido ou retardado, segundo
a tensão de alimentação e também segundo a corrente nominal. Existem,
vários tipos de fusíveis. Para aplicações em equipamentos eletrônicos os
mais comuns são os fusíveis em cilindro de vidro (de 5x20mm e de 6.2
Fusível Cilindro de
Vidro
32mm, na faixa de 0,5A a 30A). Para aplicações em instalações elétricas residenciais existem
os fusíveis de rolha (obsoletos) e também os de cartucho. Já para aplicações industriais os
mais comuns são o NH e o DIAZED, dentre outros.

Os fusíveis de efeito rápido são empregados em circuitos em que não há variação


considerável entre a corrente de partida (primeiros instantes em que o circuito é energizado)
e a corrente de regime (funcionamento normal após a etapa de partida).

Esses fusíveis são ideais para a proteção de circuitos com semicondutores (diodos e
tiristores).

Por sua vez, os fusíveis de efeito retardado são apropriados para uso em circuitos
cuja corrente de partida atinge valores muitas vezes superiores ao valor da corrente nominal
e em circuitos que estejam sujeitos a sobrecargas de curta duração.

Como exemplo desses circuitos podemos citar motores elétricos, as cargas indutivas
e as cargas capacitivas em geral.

Vejamos detalhes de alguns destes tipos industriais:

1.1.2 Fusíveis NH:

Os fusíveis NH tipo faca cega são aplicados na proteção de


subcorrentes de curto-circuito e sobrecarga em instalações elétricas
industriais e são projetados para atender as Normas IEC60269-2-1 e DIN-
43620 (NBR 11.841). Possui categoria de utilização gL / gG, em cinco
tamanhos (NH000, NH00, NH1, NH2 e NH3) atendem as correntes
nominais de 6 a 1250A.

Limitadores de corrente, possuem elevada capacidade de


interrupção de 120kA em até 500VCA ou 100kA em até 250VCC.

Corpo isolante em cerâmica técnica; terminais em liga de cobre


com tratamento de superfície que garante baixas resistências de contato;
elemento fusível interno construído em prata pura
(99,99%), dielétrico interno areia de sílica de alto grau de pureza,
compactado sob vibração.

A montagem é feita de tal forma que o compartimento onde


ocorre a fusão do elemento fusível fica totalmente preenchido pela
areia de sílica.

Pino percursor para sinalização visual ou para acionar


“microswitch” quando da atuação do fusível.

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A base é fabricada de material isolante como a esteatita, ou plástico termofixo. Nela
são fixados os contatos em forma de garras às quais estão acopladas molas que aumentam a
pressão de contato.

Base NH

O uso de punhos apropriados para


montagem / substituição garante o seguro
manuseio dos fusíveis. Dados aos seus valores de
energia de fusão e interrupção os fusíveis NH
facilitam a determinação da seletividade e
Punho para
montagem / coordenação de proteção.
substituição de
Fusíveis NH

1.1.3 Fusíveis DIAZED:

Os fusíveis DIAZED são utilizados na proteção de curto-circuito em instalações


elétricas residenciais, comerciais e industriais, atendendo a norma Normas: NBR IEC
60269, NBR 11844 e VDE 0636 e que quando normalmente instalados, permitem o seu
manuseio sem riscos de toque acidental. Possuem categoria de utilização gL / gG (para
aplicação geral e com capacidade de interrupção em toda zona tempo-corrente), em três
tamanhos (DI, DII e DIII) atendem as correntes nominais de 2 a 100A.

Limitadores de correntes possuem elevadas capacidade de interrupção:

 2 a 20A - 100kA (até 220VCC)


 25 a 63A - 70kA (até 500VCA)
 80 e 100A - 50kA (até 500VCA)

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A base e a tampa são feitas de porcelana, dentro de ambas as quais estão um
elemento com rosca helicoidal feito de latão. O elemento com rosca helicoidal possui
continuidade elétrica direta com um dos bornes de ligação presente na base, enquanto que,
por sua vez, o segundo borne de ligação da base possui continuidade com a rosca de
fixação do parafuso de ajuste.

Uma base pode ser fixada nos painéis por meio de parafusos ou, como opcional, a
fixação pode ser feita por engate rápido sobre trilho DIN.

Indicador Janela de
do Fusível Inspeção
Elemento com
Base Rosca Helicoidal
Vão Interno
Borda Colorida

Parafuso de Anel de Fusível Tampa


Ajuste Proteção
Bornes Cobertura da Chave Especial Para
Base Parafuso de Ajuste

Através de parafusos de ajuste, impedem a troca do fusível para valores de


corrente nominais superiores, preservando as especificações do projeto. Os parafusos de
ajuste possuem diferentes diâmetros do vão interno e diferentes cores na pintura da borda
superior, de acordo com e de modo a identificar a corrente nominal ao qual ele se associa.

A tampa possui uma janela permite inspeção visual do indicador do fusível. A


tampa permite também a substituição do fusível mesmo com o circuito energizado.

O anel de proteção é feito de porcelana com rosca interna, tem como função
proteger a rosca metálica da base aberta, pois evita a possibilidade de contatos acidentais no
momento da troca do fusível.

O fusível é uma peça em porcelana, em cujas extremidades metálicas é fixado,


internamente, um fio de cobre puro ou de cobre recoberto por uma camada de zinco,
denominado elo fusível. Ele fica imerso em areia sílica cuja função é extinguir o arco
voltaico e evitar o perigo de explosão no momento da queima do fusível.

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O fusível possui um indicador, o qual se desprende em caso de queima, mas que
em funcionamento normal fica fixo e visível através da janela da tampa e cuja corrente
nominal é identificada por meio de cores. Veja na tabela a seguir, algumas cores e suas
correntes nominais correspondentes.

Cor Intensidade de Cor Intensidade de


corrente (A) corrente (A)
Rosa 2 Azul 20
Marrom 4 Amarelo 25
Verde 6 Preto 35
Vermelho 10 Branco 50
Cinza 16 Laranja 63

OBS: Estas mesmas cores são utilizadas para colorir as bordas superiores dos
parafusos de ajuste.

O elo indicador de queima é constituído de um fio muito fino ligado em paralelo ao


elo fusível. Em caso de queima do elo fusível, o indicador de queima também se funde e
provoca o desprendimento do indicador.

1.1.4 Características dos fusíveis NH e DIAZED:

As principais características dos fusíveis DIAZED e NH são:

 Corrente nominal - corrente máxima que o fusível suporta continuamente sem


interromper o funcionamento do circuito. Esse valor é marcado no corpo de
porcelana do fusível;

 Corrente de curto-circuito - corrente máxima que deve circular no circuito e que


deve ser interrompida instantaneamente;

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 Capacidade de ruptura (kA) - valor de corrente que o fusível é capaz de interromper
com segurança. Não depende da tensão nominal da instalação;

 Tensão nominal - tensão para a qual o fusível foi construído. Os fusíveis normais
para baixa tensão são indicados para tensões de serviço de até 500 V em CA e 600
V em CC;

 Resistência elétrica (ou resistência ôhmica) - grandeza elétrica que depende do


material e da pressão exercida. A resistência de contato entre a base e o fusível é a
responsável por eventuais aquecimentos que podem provocar a queima do fusível;

 Curva de relação Tempo de Fusão X Corrente: curvas que indicam o tempo que o
fusível leva para desligar o circuito. Elas são variáveis de acordo com o tempo, com
a corrente, e com o tipo de fusível. Dentro dessas curvas, quanto maior for a
corrente circulante, menor será o tempo em que o fusível terá que desligar. Veja
curva típica a seguir.

1.1.5 Instalação:

Os fusíveis DIAZED e NH devem ser colocados no inicio dos ramais dos circuitos
que se pretende proteger.

Os locais devem ser arejados para que a temperatura se conserve igual à do


ambiente. Esses locais devem ser de fácil acesso para facilitar a inspeção e a manutenção.

A instalação deve ser feita de tal modo que permita seu manejo sem perigo de
choque para o operador.

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1.1.6 Fusíveis NEOZED:

Os fusíveis NEOZED possuem tamanho reduzido e são aplicados na proteção de


curto-circuito em instalações típicas residenciais, comerciais e industriais.
Possui categoria de utilização gG, em dois tamanhos
(D01 e D02) atendendo as correntes nominais de 2 a 63A.
Limitadores
de corrente, são
aplicados para até
50kA em 400VCA
(8kA em 250VCC).

A sua forma
construtiva garante
total proteção de
toque acidental
quando da montagem ou substituição dos
fusíveis.

Possui anéis de ajuste evitam alteração


dos fusíveis para valores superiores, mantendo a
adequada qualidade de proteção da instalação.

A fixação pode ser rápida por engate sobre trilho ou por parafusos. Atendem a
norma IEC 269.

1.1.7 Fusíveis SITOR:

Os fusíveis SITOR são fusíveis ultra-rápidos apropriados para uso em instalações


industriais para a proteção de a proteção de equipamentos de eletrônica de potência dotados
semicondutores tais como tiristores, GTO's, diodos e IGBT's.

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Possui Categoria de utilização gR / aR, atendendo
as correntes nominais de 32 a 710 A.
Encontrado em dois tamanhos (1e 2), podendo ser
usado em AC (de 800 1000 V) ou DC (de 440 a 600 V).
O uso de punhos especiais garante o manuseio
seguro na montagem ou substituição dos fusíveis. Os
fusíveis Sitor atendem as normas IEC 269, DIN 43 653.

1.1.8 Fusíveis SILIZED:

Os fusíveis ultra-rápidos SILIZED são


utilizados na proteção de curto-circuito de
semicondutores, estão adaptados às curvas de
carga dos tiristores e diodos de potência,
permitindo quando da sua instalação seu
manuseio sem riscos de toque acidental. O
conjunto do receptáculo tem a mesma mecânica
da base utilizada com o fusível DIAZED.

Possui categoria de utilização gR, em três


tamanhos atendem as correntes nominais de 16 a
100A.

Limitadores de corrente, possuem


elevadas capacidade de interrupção: 50kA em até
500VCA.

Através de parafusos de ajuste, evitam


alterações dos fusíveis, preservando as especificações do projeto.

Permitem a fixação rápida por engate rápido sobre trilho ou parafusos. Atendem a
norma DIN VDE 0636.

1.1.9 Fusíveis MINIZED:

Compactos, mono, bi e tripolares, com os minifusíveis NEOZED são utilizados na


manobra e proteção de circuitos elétricos.
Podem ser encontrados nas seguintes correntes nominais:

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 até 63A AC-22
 até 50A AC-23 em 400VCA
A corrente presumida de curto-circuito de 50kA em até
400VCA.
Com alavanca de manejo confortável, possui
mecanismo de ação independente do operador, o que garante
manobra sob carga.
Fornecem total segurança ao toque acidental na
montagem ou substituição dos fusíveis e nos terminais de
ligação.

Possui bloqueio mecânico que impede a manobra do


seccionador sem fusíveis.

Além de possuir uma durabilidade mecânica de 10.000


manobras apresenta uma fixação rápida por engate sobre trilho.

1.1.10 Fusíveis do Tipo H-H:

Os fusíveis do tipo H-H são projetados para atender as Normas IEC-60282 e VDE-
0670 e DIN-43625. São excelentes
Limitadores de Corrente.

Corpo isolante em cerâmica técnica


vitrificada que suporta esforços mecânicos e
alta resistência térmica; Contatos em liga de
cobre estanhado com tratamento de superfície
que resulta baixas resistências de contato;
Elemento fusível interno construído em prata
pura (99,99%), com restrições estampadas ao
longo do elemento, cuja fusão simultânea
divide o arco voltaico em tensões menores, o
que garante a interrupção; Para posicionar e
sustentar o elemento fusível utiliza
internamente uma estrutura isolante especial.

A montagem é feita de tal forma que o compartimento onde ocorre a fusão do


elemento fica totalmente preenchida de areia de sílica de alto grau de pureza e submetida à
vibração. A areia de sílica absorve energia do arco voltaico através do fenômeno da
mudança de estado da forma granulométrica para a forma de fulgurito (estrutura tubular
rochosa e vítrea formada pelo material fundido pela descarga elétrica que penetra na areia);
Pino percursor com força estática de 5 kgf ou 12 kgf e curso de 30 mm.

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São utilizados para proteção de transformadores, motores, capacitores,
condensadores, cabos, etc. contra curtos-circuitos. Existem critérios específicos para a
seleção dos fusíveis H-H em cada uma destas aplicações.

1.1.11 Fusíveis da Série D70 (NH Ultra-Rápido):

Principais características:

 Padrão: DIN (europeu);


 Ação: Ultra-rápido;
 Tensão nominal: 660 V ou 1250 V;
 Corrente nominal: 10 A a 1800 A;
 Capacidade de interrupção: 120 kA

Aplicação: Apresentam como


principal característica, baixos valores de I2.t
e grande capacidade de limitação de corrente
o que os tornam indicados para proteção de
“soft-starters” inversores, conversores, relês
de estado sólido, retificadores, diodos e
tiristores em geral ou outras aplicações que
exijam baixos valores de I2.t.

 Tipo faca cega;


 Tipo faca C4;
 Tipo faca rasgo
combinado;
 Tipo Stud (Terminal Disco com Rosca).

As micro-chaves para os fusíveis NH série D70 são projetadas para serem acopladas
nas tampas dos fusíveis (tipo CIMT) ou nos adaptadores que já vêm montados nos fusíveis
(tipo CIML). Têm um contato aberto e um contato fechado, corrente nominal 5A e tensão
nominal 250V (5A 250V 1NA+1NF).

Carcaça em material de alta isolação, terminais em liga de cobre, haste de


acionamento em aço inoxidável. Terminais Faston 7 x 0,7 mm.

São utilizados para sinalização remota quando da queima do fusível, acionando


dispositivos.

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1.1.12 Fusíveis do Tipo DCKL / DCKU – Classe L:

Principais Características:

 Padrão NEMA (americano);


 Ação: Limitador com tempo de retardo / Limitador rápido;
 Tensão: 600 V;
 Classe: L;
 Corrente: 600 A a 6000 A;
 Interrupção: 200 kA

Utilizados para proteção de circuitos de alta


potência, circuitos de retaguarda na saída de
transformadores até 600V. Mantêm seletividade quando
utilizados em conjunto com disjuntores em entradas de
edifícios, indústrias, circuitos de iluminação,
acionamento de motores, etc.

2.2.10 Fusíveis do Tipo DCRN / DCRS / DCPN / DCPS – Classe RK:

Principais Características

 Padrão: NEMA (americano);


 Ação: Retardado / Limitador
(com tempo de retardo);
 Tensão: 250 V à 600 V;
 Classe: RK-5 / RK-1;
 Corrente: 1/10 A a 600 A;
 Interrupção: 200 kA;

Utilizados para proteção de circuitos


de baixa e alta potência, como motores e
circuitos de iluminação com altos valores de Inrush.

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1.1.14 Fusíveis do Tipo DCJ / DCKJ – Classe J:

Principais Características:

 Padrão: NEMA (americano);


 Ação: Limitador (com tempo
de retardo) / Rápido;
 Tensão: 600 V;
 Classe: J;
 Corrente: 1 A a 600 A;
 Interrupção 200 kA.

Utilizados para proteção de motores,


relés, contatores, disjuntores e chaves. Também
utilizados em circuitos de distribuição para limitar correntes de curto circuito.

1.1.15 Fusíveis do Tipo Tração – Classe Especial:

Principais Características:

 Ação: Limitador de corrente;


 Tensão: 600 V a 1500 V;
 Corrente: 5 A a 1000 A;
 Interrupção: 200 kA;

Os fusíveis do tipo tração são limitadores de baixa tensão destinados à proteção de


sistemas de tração, como trens, trólebus e metrôs. São desenvolvidos de acordo com a
particularidade de cada equipamento, obedecendo às suas características elétricas. Por se
tratar de equipamentos específicos, a dimensão dos fusíveis é desenvolvida de acordo com
a sua necessidade.

1.1.16 Fusíveis para Proteção de Cabos


DCBB / DCTB / DCTT:

Principais características:

 Padrão: NEMA (americano);


 Ação: Limitador de corrente;
 Tensão: 500 V a 600 V;
 Tipos de fixação:

DCBB ............ Barra – Barra


DCTB ........... Tubo – Barra
DCTT............ Tubo – Tubo

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Bitolas: 40 a 750 MCM

Os fusíveis para proteção de cabos são limitadores de corrente para proteção de


cabos em instalações externas ou subterrâneas.

1.1.17 Fusíveis do Tipo DCF 9 (FORM 101) - FORM 101:

Principais características:

 Padrão: NEMA (americano);


 Ação: Ultra-rápido;
 Tensão: 130 V / 1200 V;
 Corrente: 1 A a 6000 A;
 Interrupção: 200 kA

Para proteção de soft-starters,


inversores de freqüência, relés de estado
sólido, chaves estáticas, retificadores e
semicondutores em geral ou qualquer
outro tipo de aplicação que exija um baixo
i2t.

1.1.18 Dimensionamento de Fusíveis:


A escolha do fusível é feita considerando-se a corrente nominal do circuito a ser
protegido e a tensão nominal da rede. Os circuitos elétricos são dimensionados para uma
determinada carga nominal dada pela carga que se pretende ligar.

A escolha do fusível deve ser feita de modo que qualquer anormalidade elétrica no
circuito fique restrita ao setor onde ela ocorrer, sem afetar os outros.

Para dimensionar um fusível, é necessário levar em consideração as seguintes


grandezas elétricas:

 Corrente nominal do circuito ou ramal;


 Corrente de curto-circuito;
 Tensão nominal.

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1.2 Botoeira ou Botão de comando:

Quando se fala em ligar um motor, o primeiro elemento que vem a mente é o de uma
chave para ligá-lo. Só que no caso de comandos elétricos a “chave” que liga os motores,
normalmente é, diferente, de uma chave mais usual, destas que se tem em casa para ligar a
luz, por exemplo. A diferença principal está no fato de que, ao se manobrar uma “chave
residencial”, ela assume uma posição e nela permanece, mesmo quando se retira a pressão
do dedo. Já em “chave industrial” ou botoeira há o retorno para a posição de repouso
através de uma mola (retorno por mola), como pode ser observado na figura a seguir. O
entendimento deste conceito é fundamental para compreender o porque da existência de um
“contato de selo” no circuito de comando.

A botoeira faz parte da classe de componentes denominada “elementos de sinais”.


Estes são dispositivos pilotos e nunca são usados para acionar diretamente os motores.

A figura 2.1a mostra o caso de uma botoeira para comutação de 4 pólos. O contato
N.A. (Normalmente Aberto) pode ser utilizado como botão LIGA e o N.F. (Normalmente
Fechado) como botão DESLIGA. Esta é uma forma elementar de intertravamento. Note que
o retorno é feito de forma automática através de mola. Existem botoeiras com apenas um
contato. Estas últimas podem ser do tipo N.A. ou N.F..

Ao substituir o botão manual por um rolete, tem-se a chave fim de curso, muito
utilizada em circuitos pneumáticos e hidráulicos. Este é muito utilizado na movimentação
de cargas, acionado por toque no contato físico com uma peça ou uma embalagem, um
engradado, ou qualquer outra carga.

Outros tipos de elementos de sinais são os Termostatos, Pressostatos, as Chaves de


Nível e as chaves de fim de curso (que podem ser roletes).

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Todos estes elementos exercem uma ação de controle discreta, ou seja, liga / desliga.
Como por exemplo, se a pressão de um sistema atingir um valor máximo, a ação do
pressostato será o de mover os contatos desligando o sistema. Caso a pressão atinja
novamente um valor mínimo atua-se religando o mesmo.

1.3 Relés:

Os relés são os elementos fundamentais de manobra de cargas elétricas, pois


permitem a combinação de lógicas no comando, bem como a separação dos circuitos de
potência e comando. Os mais simples constituem-se de uma carcaça com cinco terminais.
Os terminais (1) e (2) correspondem à bobina de excitação. O terminal (3) é o de entrada, e
os terminais (4) e (5) correspondem aos contatos normalmente fechado (N.F.) e
normalmente aberto (N.A.), respectivamente.

Uma característica importante dos relés, como pode ser observado na figura a seguir
é que a tensão nos terminais (1) e (2) pode ser 5 VCC, 12 VCC ou 24 VCC, enquanto
simultaneamente os terminais (3), (4) e (5) podem trabalhar com 110 V CA ou 220 VCA, ou
seja não há contato físico entre os terminais de acionamento e os de trabalho. Este conceito
permitiu o surgimento de dois circuitos em um painel elétrico:

i. Circuito de comando: neste encontra-se a interface com o operador da máquina ou


dispositivo e, portanto, trabalha com baixas correntes (até 10 A) e / ou baixas
tensões.

Circuito de Potência: é o circuito onde se encontram as cargas a serem acionadas,


ii. tais como: motores, resistências de aquecimento, entre outras. Neste podem circular
correntes elétricas da ordem de 10 A ou mais, e atingir tensões de até 760 V.

Em um painel de comando, as botoeiras, sinaleiras e controladores diversos ficam


no circuito de comando.

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Do conceito de relés pode-se derivar o conceito de contatores, visto no próximo
item.

1.4 Contatores:

Para fins didáticos podemos considerar os contatores como relés expandidos, pois o
principio de funcionamento é similar. Conceituando de forma mais técnica, o contator é um
elemento eletro-mecânico de comando a distância, com uma única posição de repouso e
sem travamento.

Como pode ser observado na figura a seguir, o contator consiste basicamente de um


núcleo magnético excitado por uma bobina. Uma parte do núcleo magnético é móvel, e é
atraído por forças de ação magnética quando a bobina é percorrida por corrente e cria um
fluxo magnético. Quando não circula corrente pela bobina de excitação essa parte do núcleo
é repelida por ação de molas. Contatos elétricos são distribuídos solidariamente a esta parte
móvel do núcleo, constituindo um conjunto de contatos móveis. Solidário a carcaça do
contator existe um conjunto de contatos fixos. Cada conjunto de contatos fixos e móveis
pode conter contatos do tipo Normalmente aberto (N.A.), ou normalmente fechados (N.F.).

Os contatores podem ser classificados como principais (CW, CWM) ou auxiliares


(CAW). De forma simples pode-se afirmar que os contatores auxiliares têm contatos que
suportam uma corrente máxima de 10A e possuem de 4 a 8 contatos, podendo chegar a 12
contatos. Os contatores principais têm corrente máxima de até 600A. De uma maneira geral
possuem 3 contatos principais do tipo N.A., para manobra de cargas trifásicas a 3 fios.

Um fator importante a ser observando no uso dos contatores são as faíscas produzidas
pelo impacto, durante a comutação dos contatos. Isso promove o desgaste natural dos
mesmos, além de consistir em riscos a saúde humana. A intensidade das faíscas pode se
agravar em ambientes úmidos e também com a quantidade de corrente circulando no painel.
Dessa forma foram aplicadas diferentes formas de proteção, resultando em uma
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classificação destes elementos. A norma IEC 947-4 apresenta uma classificação em 4
categorias de emprego de contatores principais:

a. AC1: é aplicada em cargas com fator de potência  0,95 (basicamente cargas


ôhmicas ou pouco indutivas), como aquecedores e fornos a resistência;

b. AC2: é para acionamento de motores de indução com rotor bobinado,


motores de anéis com frenagem por contracorrente ou acionamento por
pulsos, atendendo as seguintes condições:

 No fechamento o contator deve permitir estabelecer uma corrente de


partida de até 2,5 . IN ;

 Na abertura de interromper a corrente de partida sob a tensão da rede


nominal.

c. AC3: é aplicação de motores com rotor de gaiola em cargas normais como:


elevadores, escadas rolantes, bombas, ventiladores, correias transportadoras
e compressores, atendendo as seguintes condições:

 No fechamento o contator deve permitir estabelecer uma corrente de


partida de até 7 . IN ;

 Na abertura de interromper a corrente de partida sob uma tensão da


ordem de 20% da tensão nominal.

d. AC4: é para manobras pesadas, como acionar o motor de indução em plena


carga, reversão em plena marcha e operação intermitente.

 No fechamento o contator deve permitir estabelecer uma corrente de


partida de até 7 . IN ;

 Na abertura de interromper a corrente de partida sob a tensão da rede


nominal.

A figura a seguir mostra o aspecto de um contator comum. Este elemento será mais
detalhado em capítulos posteriores.

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1.5 Proteção contra Sobrecorrentes:

Conforme dito anteriormente uma sobrecorrente é aquela cujo valor excede o valor
nominal de operação do circuito. Ela pode ser causada por dois fatores:

 Curto-circuito: quando não existe uma resistência (ou impedância) significativa


entre duas fases com diferenças de potencial. Neste caso a sobrecorrente excede em
muito a corrente nominal.

 Sobrecarga: não existe falha elétrica, mas um aumento da carga. Excede em


algumas vezes o valor nominal e o seu efeito é nocivo após o funcionamento do
circuito por um tempo longo, causando deterioração do material isolante dos cabos.

1.6 O Relé Bimetálico:

O Relé é um equipamento de proteção térmica para partida de motores que impede


que a variação da amperagem queime o motor. Ele possui dois dispositivos internos, sendo
um deles denominado compensado que impede que a temperatura do ambiente influencie
na temperatura interna do motor, e outro chamado diferencial, que monitoriza a passagem
de corrente nas três fases consecutivas do motor simultaneamente. Caso uma delas seja
interrompida, o relé desliga o motor e impede a queima do mesmo.

A proteção contra sobrecarga é feita através de um elemento bimetálico, como


mostra a figura a seguir. Quando se aumenta a corrente por efeito físico de dissipação da
energia (efeito Joule) a junta bimetálica se deforma abrindo os contatos de passagem da
corrente elétrica. Este elemento pode ser adquirido de forma separada, como no caso do
relé térmico, ou modernamente, vem acoplado nos disjuntores, permitindo economia de
espaço.

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A proteção contra o curto-circuito é feita através de um elemento magnético, que
nada mais é do que uma bobina. A variação brusca da corrente cria um campo magnético
que puxa o contato para baixo, abrindo o contato móvel, como pode ser visualizado na
figura a seguir, de forma esquemática.

Ao selecionar um disjuntor, algumas características técnicas são importantes, tais


como:

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 Corrente nominal (In): valor de corrente eficaz que o disjuntor deve conduzir
indefinidamente, sem a elevação da temperatura acima dos limites
especificados;

 Tensão nominal (Un): o valor da tensão deve ser igual ou superior a do circuito
onde o disjuntor está instalado;

 Capacidade de interrupção (Icn): valor máximo da corrente que o disjuntor


pode interromper. Este valor deve ser igual a corrente presumida de curto
circuito no ponto de instalação do disjuntor;

 Curvas de disparo: Indicam o tempo que o disjuntor leva para interromper a


corrente quando esta ultrapassa o valor da nominal. Um exemplo é mostrado na
figura a seguir: note que quanto maior a corrente menor o tempo para a
interrupção;

 Norma técnica: Indica a norma na qual o disjuntor foi projetado, as principais


são NBR5361, NBR IEC 60898, NBR IEC 60947-2.

 Número de pólos: os mais comuns são 1, 2 e 3 pólos.

1.6.1 Relé Térmico de Sobrecarga:

Até pouco tempo a proteção contra corrente de sobrecarga era feita por um elemento
em separado denominado de relé térmico de sobrecarga. Este elemento, constituído por
uma junta bimetálica que se dilata ao ser percorrido, por um certo período de tempo, por
uma corrente de valor acima da corrente nominal. Recentemente os disjuntores passaram a
englobar esta função e sendo assim os relés térmicos de sobrecarga tem caído em desuso.
27
1.7 Disjuntores:

Os disjuntores também estão presentes em algumas instalações residenciais, embora


sejam menos comuns do que os fusíveis. A aplicação de disjuntores normalmente interfere
com a aplicação dos fusíveis, pois os disjuntores são elementos que também se destinam à
proteção de circuitos contra correntes de curto-circuito. Em alguns casos, quando há o
elemento térmico os disjuntores também podem se destinar à proteção contra correntes de
sobrecarga.

A corrente de sobrecarga pode ser causada por uma súbita elevação na carga
mecânica, ou mesmo pela operação do motor em determinados ambientes fabris, onde a
temperatura é elevada.

A vantagem dos disjuntores é que permitem a re-ligação do sistema após a


ocorrência da elevação da corrente, enquanto os fusíveis devem ser substituídos antes de
uma nova operação.

Para a proteção contra a sobrecarga existe um elemento térmico (bimetálico). Para a


proteção contra curto-circuito existe um elemento magnético.

O disjuntor precisa ser caracterizado, além dos valores nominais de tensão, corrente
e freqüência, ainda pela sua capacidade de interrupção, e pelas demais indicações de
temperatura e altitude segundo a respectiva norma, e agrupamento de disjuntores, segundo
informações do fabricante, e outros, que podem influir no seu dimensionamento.

A figura a seguir, mostra o aspecto físico dos disjuntores comerciais:

28
1.7.1 Disjuntores-Motores:

Os disjuntores-motores têm como principal característica ser uma solução compacta


para a proteção do circuito elétrico (limitador de corrente) e manobra e proteção do motor.

Possuem alta capacidade de interrupção, permitindo sua utilização mesmo em


instalações com elevado nível de corrente de curto-circuito. Asseguram total proteção ao
circuito elétrico e ao motor através de seus disparadores térmico (ajustável para proteção
contra sobrecargas e dotado de mecanismo diferencial com sensibilidade à falta de fase) e
magnético (calibrado para proteção contra curtos-circuitos). Para essa proteção o Disjuntor-
Motor deve exercer 4 funções básicas:

 Seccionamento: Sua função é isolar da rede os condutores ativos quando o motor


está desligado e protege quando há queima de fases do motor;
 Proteção contra curto-circuitos: Essa função detém e interrompe, o mais rápido
possível, correntes elevadas de curto-circuitos para impedir a deterioração da
instalação;
 Proteção contra Sobrecargas: tem como função deter correntes de sobrecarga e
interromper a partida, antes que a temperatura do motor e dos condutores fique
muito elevada e deteriore os isolantes;
 Comutação: sua função é ligar e desligar o motor, podendo ser manual,
automático ou à distância. Possuem versões com acionamento através de botões
ou por acionamento rotativo e indicação de disparo (Trip), permitindo ao
operador a visualização do estado do disjuntor.

Tais disjuntores podem ser bloqueados com cadeado ou similar na posição


"desligado", garantindo assim a segurança em manutenções.

29
1.7.2 Características Gerais:

Disparador Magnético: Através do disparador magnético, oferece proteção contra


curto-circuito da instalação e do motor, com disparo fixo em
12 ou 13 vezes a máxima corrente da faixa de ajuste do
disjuntor-motor.

Disparador Térmico: O disparador térmico é ajustável e responsável pela proteção


contra sobrecarga e sensibilidade contra a falta de fase da
instalação e do motor conforme IEC60947-4-1, classe de
disparo 10.

Especificação: Para a especificação correta dos disjuntores-motores é


importante certificar-se das correntes de serviço e nominal do
motor a ser protegido. O ajuste de corrente no disjuntor-motor
deve estar de acordo com a corrente de serviço a fim de
obterem-se todas as proteções do mesmo.

Fixação: Podem ser instalado através de fixação rápida em trilho DIN


35mm ou com fixação por parafuso através de adaptador (vide
acessórios).

Acessórios: Os conectores trifásicos permitem o acoplamento direto dos


disjuntores-motores aos contatores e minicontatores.

As caixas de sobrepor permitem aos disjuntores-motores


serem instalados em ambientes externos, outros acessórios
permitem a instalação do disjuntor-motor na porta ou na
lateral de painéis.

Bobina de Desligamento por Subtensão, Bobina de


Desligamento à Distância e Bloco de sinalização de disparo
são também acessórios disponíveis.

1.7.2 Simbologia gráfica:

Até o presente momento mostrou-se a presença de diversos elementos constituintes


de um painel elétrico. Em um comando, para saber como estes elementos são ligados entre
si é necessário consultar um desenho chamado de esquema elétrico. No desenho elétrico
cada um dos elementos é representado através de um símbolo. A simbologia é padronizada
através das normas NBR, DIN e IEC.

Na tabela a seguir apresentamos alguns símbolos referentes aos elementos


estudados nos parágrafos anteriores

30
Simbologia em comandos elétricos:

SÍMBOLO DESCRIÇÃO SÍMBOLO DESCRIÇÃO


Botoeira NA Botoeira NF

Botoeira NA com Botoeira NF com retorno


retorno por mola por mola

Contatos tripolares Fusível


NA, ex: contator de
potência

Acionamento Contato normalmente


eletromagnético, ex: aberto (NA)
bobina do contator
Relé térmico Contato normalmente
fechado (NF)

Disjuntor com Acionamento


elementos térmicos e temporizado na ligação
magnéticos, proteção
contra correntes de
curto e sobrecarga

Disjuntor com Lâmpada / Sinalização


elemento magnético,
proteção contra
corrente de curto-
circuito
Transformador Motor Trifásico
trifásico

31
1.8 INTERRUPTOR DE CORRENTE DE FUGA

IDR, DR e DDR
IDR é a sigla para Interruptor Diferencial Residual, DR é a sigla para Diferencial Residual, o
que demonstra que DR é outra maneira de nomear o IDR. DDR é a sigla para Disjuntor Diferencial
Residual. O IDR se diferencia o DDR, pois ele não funciona como disjuntor, o que é o caso do DDR.
IDR atua somente em casos de corrente de fuga, não de curtos circuitos. Já o DDR funciona como
disjuntor e também em casos de corrente de fuga.
IDR é o dispositivo que acusa a fuga de corrente e desarma o circuito, seja por uma instalação
mal feita, desgastes do cabo ou até mesmo uma pessoa levando um choque. O uso do IDR não dispensa
o uso do disjuntor, já que ele não faz a função dos disjuntores.

Função do IDR
O Interruptor Diferencial Residual tem a função de desligar automaticamente o circuito caso
exista um corrente de fuga que ultrapasse 30 mA, ou seja, caso ocorra um fuga de corrente maior que 30
mA, o IDR reconhece e desliga automaticamente o circuito. O IDR tem essa característica para proteção
contra choques elétricos. Esse valo de 30 mA é justamente escolhido para proteção dos seres humanos,
pois está é a intensidade máxima que um ser humano pode suportar. Alguns IDRs também podem
apresentar este valor com variações, não exatamente 30 mA, pois são específicos para proteção de
máquinas ou equipamentos, e este de 30mA é exclusivo para proteção de seres humanos contra choques
elétricos.

Funcionamento do IDR
O IDR tem um funcionamento simples. Internamente ele possui um Núcleo Toroidal onde são
enrolados os cabos que se deseja monitorar. Nos polos de entrada do IDR são conectados os cabos fase e
neutro (dependendo do modelo usado). Entres esses cabos existe uma diferença de potencial (voltagem
ou tensão) e é a partir dela que flui a energia elétrica. Se pelo cabo fase entra 10 A e estes mesmo saem
pelo cabo neutro, o IDR permanece armado, mas caso isso não aconteça, o IDR entende que existe uma
fuga de corrente, a partir dai os dispositivos internos do IDR calculam este valor de fuga, caso ele seja
maior que 30 mA o IDR desarma o circuito. O neutro serve para fazer a leitura, para entender se está
sendo perdido em algum instante e por algum motivo o valor de corrente que entrou pelo cabo fase.
Na prática, imagine que alguma pessoa encostou-se a em algum ponto do circuito e está
submetido ao choque elétrico. Neste momento, parte da corrente elétrica é transferida para o seu corpo,
ao invés de fazer o “caminho” adequado, nisto o IDR sente falta desta parte da corrente e em função do
valor (30 mA) desarma este circuito, em questão de segundos, interrompendo também o choque que esta
pessoa está sofrendo.
Este contato com a energia elétrica pode ser direto, no caso de um condutor exposto ou contato
direto com o condutor energizado, ou indireto, que é quando existem falhas na instalação. Estas falhas
podem ser por desgastes dos condutores ou um trabalho mal feito como em emendas, por exemplo.

Características construtivas
O IDR possui o que chamamos de polos, por onde são conectados os cabos que se deseja
monitorar. A quantidade de polos do IDR pode variar de acordo com o modelo, que pode ser tetrapolar,
bipolar e etc.
32
Fig.01 Interruptor Diferencial Residual.

Algo peculiar do IDR é a existência de um botão para teste, ele simula uma fuga de corrente
para testar se o desarme vai ser realizado, é uma forma de verificar e também prevenir acidentes pois, se
no teste o desarme não foi realizado em uma situação real isso também não iria acontecer. No IDR
também existe o botão de liga e desliga, com sinalização verde para desligado e vermelho para ligado.
Algumas informações são dispostas na superfície do IDR, tais como:

 In = corrente de trabalho, quantificada em amperes em amperes;


 Corrente de desarme, quantificada em amperes;
 Tensão de trabalho, quantificada em volts;

IDR na norma NBR-5410


A NBR-5410 estipula as condições mínimas necessárias para um funcionamento adequando e
seguro das instalações de baixa tensão. A NBR-5410 no item 5.1.2.2 fala sobre a obrigatoriedade do uso
de IDRs em:

 Em circuitos que sirvam de ponto de utilização situados em locais que contenham chuveiro ou
banheira;
 Em circuitos que alimentem tomadas situadas em áreas externas à edificação;
 Em circuitos que alimentem tomadas em áreas internas que possam vir a alimentar equipamentos
nas áreas externas;
 Em circuitos que sirvam de pontos de utilização situados em cozinhas, copas, lavanderias, áreas de
serviço, garagem e demais dependências internas molhadas ou sujeitas à lavagem;

A norma não especifica a obrigatoriedade deste dispositivo por ponto, por circuito ou por grupo de
circuito. Mas não é recomendada a utilização de apenas um IDR para toda instalação elétrica
residencial.

33
1.9 CÉLULAS FOTOELÉTRICAS

O que são células fotoelétricas?

Fig. 1 - Células fotoelétricas

Células fotoelétricas ou fotovoltaicas são dispositivos capazes de transformar a energia luminosa,


proveniente do Sol ou de outra fonte de luz, em energia elétrica. Uma célula fotoelétrica pode funcionar
como geradora de energia elétrica a partir da luz, ou como um sensor capaz de medir a intensidade
luminosa.
Células geradoras de energia são chamadas também de "células solares", por aproveitarem
principalmente a luz solar para gerar energia elétrica. Atualmente, as células solares comerciais ainda
apresentam uma baixa eficiência de conversão, da ordem de 16%. Existem células fotovoltaicas com
eficiências de até 28%, fabricadas com arsenieto de gálio, mas o seu custo elevado limita a produção
destas células solares ao uso na indústria espacial.
Por não gerar nenhum tipo de resíduo, a célula solar é considerada uma forma de produção de energia
limpa, sendo alvo de estudos em diversos institutos de pesquisa, um pouco por todo o mundo. A luz
solar produz até 1.000 Watts de energia por metro quadrado, o que representa um enorme potencial
energético.
Como surgiram?
O efeito fotovoltaico foi descoberto pela primeira vez em 1839 por Edmond Becquerel. Entretanto, só
após 1883 que as primeiras células fotoelétricas foram construídas, por Charles Fritts, que cobriu o
Selénio semicondutor com uma camada extremamente fina de ouro de forma a formar junções.
Ao conjunto de células fotoelétricas chama-se painel fotovoltaico cujo uso hoje é bastante comum em
lugares afastados da rede elétrica convencional. Existem painéis de várias potências e tensões diferentes
para as mais diversas utilizações. Como exemplo, pode-se referir que a utilização de um painel
fotovoltaico com 75 W de pico e 12 V, guardando a energia em baterias de 100 Ah, permite produzir
energia suficiente para iluminar uma residência com 3 lâmpadas econónicas de 9W e uma tomada para
um rádio ou uma pequena televisão.

34
Tipos de células fotovoltaicas
Atualmente, as células fotovoltaicas apresentam eficiência de conversão da ordem de 16%. Existem
células fotovoltaicas com eficiências até 28%, fabricadas de arsenieto de gálio, mas o seu custo elevado
limita a produção dessas células solares para a utilização na indústria espacial.
A primeira geração fotovoltaica consiste numa camada única e de grande superfície p-n díodo de
junção, capaz de gerar energia elétrica utilizável a partir de fontes de luz com os comprimentos de onda
da luz solar. Estas células são normalmente feitas utilizando placas de silício. A primeira geração de
células constituem a tecnologia dominante na sua produção comercial, representando mais de 86% do
mercado.
A segunda geração de materiais fotovoltaicos está baseada no uso de películas finas de depósitos de
semi-condutores. A vantagem de utilizar estas películas é a de reduzir a quantidade de materiais
necessários para as produzir, bem como de custos. Em 2006 existiam diferentes tecnologias e materiais
semicondutores em investigação ou em produção de massa, como o silício amorfo, silício poli-cristalino
ou micro-cristalino, telurido de cádmio e Cobre-Índio-Gálio-Selénio (Tipo CIGS). Tipicamente, as
eficiências das células solares de películas são baixas quando comparadas com as de silício compacto,
mas os custos de manufactura são também mais baixos, pelo que se pode atingir um preço mais
reduzido por watt. Outra vantagem da reduzida massa é o menor suporte que é necessário quando se
colocam os painéis nos telhados e permite arrumá-los e dispô-los em materiais flexíveis, como os
têxteis.
A terceira geração fotovoltaica é muito diferente das duas anteriores, definida por utilizar
semicondutores que dependam da junção p-n para separar partículas carregadas por fotogestão. Estes
novos dispositivos incluem células fotoeletroquímicas e células de nanocristais.

1.10 SELETIVIDADE ELÉTRICA E PROTEÇÃO

Falhas elétricas são inevitáveis nas instalações prediais, industriais e residenciais. Elas podem
ter várias origens e podem também causar consequências de diversos níveis. Nos últimos anos, a
sociedade brasileira aumentou seu grau de conscientização quanto ao respeito às normas de instalações e
de equipamentos, normas de segurança do ministério do trabalho e melhores práticas de projeto e
engenharia, de uma maneira geral. A despeito disso, ainda assim, existe a possibilidade de uma falha
elétrica (ou a atuação dos sistemas de proteção) ocorrer inadvertidamente, criando constrangimentos ao
lazer ou à operação de indústrias ou atividades de serviços.

Uma falha elétrica, que interrompa o fornecimento de energia, pode causar desde um simples
descontentamento, como o impedimento de uma dona de casa assistir ao seu programa de TV favorito,
até elevadas perdas financeiras, como a indisponibilidade dos sistemas de informação de um banco.

Desta forma, a concepção ou a instalação de sistemas de proteção que minimizem a amplitude e


o tempo de parada, causados por uma falha, é mandatória nas práticas modernas de engenharia. Os
estudos de coordenação e seletividade claramente ajudam a aumentar a disponibilidade da energia nas
instalações residenciais, prediais, industriais, entre outras.
O curto-circuito, prejuízos patrimoniais e operacionais
35
Do ponto de vista do fenômeno, um curto-circuito ocorre quando surge uma resistência muito
baixa ou nula entre fases, fase-neutro e fase-terra de uma fonte de alimentação, de um dado circuito da
instalação. Funciona como se ligássemos diretamente os condutores de fase entre si ou a ligação de uma
das fases ao condutor terra da instalação. Quando isso ocorre e não há dispositivos de proteção, a
corrente do circuito se eleva da ordem de centenas ou milhares de vezes da corrente normal de operação,
causando a destruição de cabos, barramentos, isoladores e materiais isolantes que estão ligados ao
circuito. Esta destruição ocorre porque os condutores e sistemas foram dimensionados para trabalhar
com correntes de regime nominais, e não correntes de falta elevadas.

Fusíveis e disjuntores (os chamados dispositivos de proteção) são utilizados para evitar essas
consequências imediatas do curto-circuito. Eles são instalados a montante (antes) das cargas e abrem ou
interrompem o fluxo de corrente elétrica de falta, antes que ocorra a destruição ou o dano permanente
dos equipamentos a jusante (depois do disjuntor ou fusível).

Estes danos, que causam prejuízos à instalação são, em geral, danos patrimoniais. Causam
prejuízos ligados ao custo de repor os materiais ou sistemas danificados. Há outro prejuízo que também
precisa ser contabilizado, quando ocorre uma falha elétrica: o custo do tempo em que o sistema está
interrompido, impedindo o pleno desempenho das atividades de lazer ou atividades econômicas das
pessoas ou empresas. Vamos, simplificadamente, chamá-los de prejuízos ou danos operacionais. Eles
estão relacionados ao montante de dinheiro que as pessoas ou empresas deixam de ganhar devido à
interrupção. Estes danos serão tanto maiores, quanto maiores forem os tempos em que a instalação
permanecer sem energia.
Diminuindo os prejuízos operacionais com o uso da coordenação das proteções e da seletividade

Os dispositivos de proteção são amplamente empregados e obrigatórios nos projetos e nas


instalações. Isso significa que eles já são utilizados para a função de proteção patrimonial, impedindo a
destruição física dos componentes do circuito. O que ainda não é muito difundido é a correta aplicação
destes dispositivos para diminuir os prejuízos operacionais.

Além de interromper as correntes de falha, o ideal seria que os dispositivos fossem utilizados de
maneira consciente para garantir a máxima disponibilidade de energia da instalação, evitando assim os
prejuízos operacionais.

A disponibilidade do sistema elétrico e, por consequência, a redução dos prejuízos operacionais,


pode ser obtida pelo uso das técnicas da coordenação e seletividade das proteções.

Em termos de dispositivos de proteção, há duas tecnologias mais amplamente utilizadas nos


estudos de proteção: os disjuntores e os fusíveis. O fusível é a tecnologia mais simples, entretanto,
considerando a flexibilidade, segurança e confiabilidade dos ajustes conseguidos pelos disjuntores esta é
a tecnologia mais empregada atualmente.
Os disjuntores permitem maior continuidade de operação, dado que não é necessário trocar ou
manter peças sobressalentes em estoque. Fusíveis precisam ser trocados. Disjuntores podem ser
rearmados, após a identificação do fator causador da interrupção. Com o disjuntor não há custos com
inventários e estoques. Disjuntores são mais robustos e seguros produzidos com a mais avançada
tecnologia construtiva, garantindo a integridade das pessoas e das instalações quando da ocorrência de
uma falha elétrica, que possa eventualmente evoluir e criar um arco elétrico. Os disjuntores são
concebidos, atualmente, para eliminar rapidamente o
curto-circuito, evitando a propagação do arco elétrico.

36
Dizemos que um disjuntor é coordenado seletivamente quando, em uma associação, aquele que
estiver antes da falta (a montante) e somente ele interrompe a falha, mantendo os demais em
funcionamento, com a máxima continuidade de serviço ou operação do sistema. A Figura 1 mostra um
circuito provido de coordenação entre os dispositivos de proteção. Nele o ventilador número 2 sofre
uma falha, um curto-circuito, por exemplo. O disjuntor 3 abre, isolando o trecho em falta. O disjuntor 1
permanece fechado, garantindo que o restante do sistema continue em funcionamento.

Figura 1 – Circuito seletivo.

Nota: o disjuntor 3 é seletivo em relação ao disjuntor 1, pois na ocorrência da falha elétrica no


ventilador 2, o disjuntor 3, mais próximo da falha, atua e somente ele. Se o disjuntor 1 tivesse atuado, a
continuidade de operação seria comprometida, desligando todo o circuito, com prejuízo para o
ventilador 1.

Na Figura 2, vemos um exemplo de não seletividade dos dispositivos de proteção. O disjuntor


principal abre e desliga todo o sistema, prejudicando a operação do ventilador 1. Nesta situação, devido
a não coordenação de proteção entre os disjuntores (3) e (1), a alimentação para ventilador 1 é
interrompida. Esta interrupção poderá, então, acarretar perdas operacionais para a instalação.

Se imaginássemos que, em vez do ventilador 1, tivéssemos um processo fabril e o ventilador


fosse, em verdade, um motor da linha de montagem de uma indústria de automóveis, o dano causado
por um sistema de proteção não coordenado poderia ser a perda de produção de vários carros.

Figura 2 – Circuito não seletivo.


37
Nota: o disjuntor 3 NÃO é seletivo em relação ao disjuntor 1, pois na ocorrência da falha do
ventilador 2, o disjuntor 1 também atuou, desligando todo o circuito. Os prejuízos de operação, nesta
situação, são maiores do que quando o circuito é seletivo, pois todo o sistema fica indisponível.

As figuras anteriores mostram o quanto é importante a adoção das práticas de coordenação e


seletividade dos sistemas de proteção. Elas permitem a redução dos danos financeiros causados por uma
falha elétrica e pela não coordenação de proteção dos dispositivos.
Coordenação e seletividade das proteções: uma revisão das técnicas

Numa instalação elétrica, em configuração radial, o objetivo da seletividade é isolar a carga que
apresenta falha do restante da rede de distribuição, garantindo a continuidade de serviço/operação,
conforme vimos nos exemplos anteriores.

Existem vários tipos de falhas elétricas em uma instalação. As principais são: i) as sobrecargas
de corrente, ii) os curto-circuitos, ii) as correntes de energização, iv) as falhas a terra e v) as correntes
transitórias, causadas por afundamentos momentâneos de tensão. Para cada uma destas falhas, existe um
dispositivo de proteção que pode ser utilizado para garantir a segurança das pessoas e do patrimônio. Se
estes dispositivos não estiverem coordenados, a continuidade de operação poderá ser comprometida.

Vamos nos concentrar apenas nos dois primeiros tipos de falha: as sobrecargas, quando a
corrente de falha varia acima de 1 e até 10 vezes a corrente de serviço; e as correntes de curto-circuito,
quando as correntes de falha são acima de 10 vezes da corrente de serviço.

Se quando há a falha, apenas um dispositivo de proteção atua, sendo este o mais próximo da
falha, dizemos que há coordenação entre os dispositivos de proteção e que houve seletividade entre eles.
Se, por outro lado, quem atuar for o dispositivo de retaguarda, aquele à montante do dispositivo mais
próximo, dizemos que os dispositivos não são seletivos (embora eles possam estar, de alguma maneira,
coordenados).

Figura 3 – Curvas inversas, zonas de sobrecarga e curto-circuito.

38
A Figura 3 permite uma análise simplificada de como a coordenação de disjuntores funciona.
Mais ainda: permite mostrar como a seletividade é possível e como é a sua dinâmica de funcionamento.
Geralmente as curvas de abertura dos dispositivos de proteção são do tipo tempo-inverso, ou seja, o
disjuntor permite a passagem de correntes de sobrecarga (aproximadamente até 10 vezes a corrente de
serviço) por períodos de tempo mais longo. Entretanto, para correntes mais elevadas que isso, o tempo
de atuação do dispositivo de proteção é muito mais rápido, isolando as falhas de forma a preservar o
limite de suportabilidade das cargas, especialmente os dos cabos.

Ainda com base no exemplo da Figura 3, para que a seletividade seja assegurada o tempo de
abertura do disjuntor 2, deve ser menor que o tempo de abertura do disjuntor 1. Esta é a chamada
seletividade cronométrica.

Nas regiões de curto-circuito, a seletividade pode ser garantida ao se fazer comparações entre as
curvas dos dispositivos de proteção, à montante e à jusante dos circuitos. Os dispositivos devem ser
coordenados ou escolhidos de tal maneira que nunca as suas curvas se cruzem quando sobrepostos num
coordenograma (gráfico tempo-corrente), tal como vemos na Figura 4. Caso isso ocorra, dizemos que
não existe seletividade total entre as proteções e que a seletividade é parcial.

Figura 4 – Curvas inversas, zonas de sobrecarga e curto-circuito – Seletividade parcial.

Neste aspecto, os disjuntores se sobressaem diante dos fusíveis. Os fusíveis têm curvas tempo-
corrente fixas, enquanto os disjuntores permitem maior flexibilidade. Disjuntores de caixa moldada e
caixa aberta permitem ajustar o tempo e a corrente de atuação da proteção, com o ajuste da corrente
especificada no estudo de proteção. É também possível a utilização de tempos de retardo entre um
disjuntor e outro. Isso garante maior facilidade para se obter a coordenação e a seletividade das
proteções.

Atualmente existem várias técnicas de seletividade. Pode-se utilizá-las para aumentar a


disponibilidade de energia na instalação. São elas: i) seletividade por corrente ou amperométrica; ii)
seletividade por tempo ou cronométrica; iii) seletividade lógica; iv) seletividade energética.

39
Não vamos neste espaço discutir todas estas técnicas. Vamos nos concentrar no tema da
seletividade energética. Para uma discussão mais aprofundada sobre as demais, o leitor pode consultar
Nereau (2001) e Serpinet e Morel (1998).

A seletividade energética é bem difundida pelos fabricantes de disjuntores e pelos projetistas,


mas pouco se fala sobre suas vantagens: i) permite a seletividade total ou parcial nos estudos de
proteção; ii) reduz os custos de compra de cabos, barras e demais dispositivos que compõem os circuitos
de saídas dos disjuntores. Vejamos como isso acontece.

A seletividade energética ajudando a reduzir custos

A seletividade energética é baseada no domínio da técnica. Os fabricantes de disjuntores têm


desenvolvido e fabricado disjuntores de atuação rápida, com alto poder de limitar correntes de falha, os
chamados disjuntores limitadores de corrente.
Diferentemente da seletividade cronométrica e amperométrica, que são mais baseadas em curvas
de tempo-corrente, a seletividade energética se utiliza das curvas de energia-corrente, tendo como
variável de escolha o tempo de atuação da proteção, conforme se vê na Figura 5.

Figura 5 – Curva de energia-corrente dos disjuntores.

Serpinet e Morel (1998) explicam que os disjuntores limitadores se baseiam no conceito de


energia passante. Significa dizer que utilizam da integral Joule de energia para se encontrar as curvas de
seletividade. A expressão a seguir é utilizada para efeitos de cálculo:

40
Os autores revelam que o segredo da seletividade energética é o domínio da técnica de
fabricação – disjuntores com contatos repulsivos que abrem mais rapidamente – e o entendimento de
que correntes de curto-circuitos têm assimetrias, que duram menos de 1 ciclo de onda. Logo, os
disjuntores são projetados para atuarem na metade do ciclo de onda previsto e deixam passar menos
energia para as cargas.

A Figura 6 mostra uma curva ilustrativa do comportamento de disjuntor limitador e de um


disjuntor não limitador. A parte escura mostra a energia que o disjuntor limitador deixa passar para as
cargas, baseado na integral Joule, na atuação mais rápida do dispositivo de proteção e do seu menor
tempo de atuação (que é o inverso do ciclo de onda que mencionamos anteriormente). A curva maior,
mais clara, da Figura 6, baseia-se na mesma técnica, mas não levando em consideração a assimetria e o
menor tempo de atuação da proteção. Mais detalhes podem ser encontrados nos textos de Nereau (2001)
e Serpinet e Morel (1998).

Figura 6 – Curva esquemática. Disjuntor não limitador versus disjuntor limitador de corrente.

Nota: não confundir a curva esquematizada aqui com ciclo senoidal de onda inteira e meia onda,
mencionada no texto.

Os benefícios desta técnica, além da seletividade total ou parcial que ela proporciona, são a
redução das secções dos condutores, com a eventual vantagem de se utilizar painéis e outros
componentes de menor correntes nos circuitos jusantes.

Para concluir: a correta seleção dos dispositivos de proteção (coordenação e seletividade), com
especial destaque para o uso de disjuntores (não ter a necessidade de peças de reposição, como os
fusíveis, flexíveis nos ajustes de proteção, etc.), garante grandes benefícios aos usuários e donos de
instalações. Além de garantir a segurança, os dispositivos de proteção aumentam a disponibilidade de
energia (continuidade de serviço), diminuem os danos operacionais e reduzem os investimentos iniciais,
quando acompanhados de um correto estudo de proteção.

Atualmente os fabricantes de disjuntores podem disponibilizar uma série completa de


disjuntores limitadores, assim como uma farta documentação com informações que permitam os
usuários e projetistas elaborem seus estudos de coordenação e seletividade, com o objetivo de usufruir
dos benefícios mencionados neste texto. Ademais, é possível se utilizar de softwares de cálculo de
41
instalações, como o Ecodial, que, com uma interface bastante amigável e intuitiva, sugere os disjuntores
para garantir a seletividade para o projeto em elaboração. O software é disponibilizado sem custos aos
interessados.

Diante de tudo isso, é amplamente recomendável, aos usuários finais e projetistas, que levem em
consideração os estudos de proteção nos projetos elétricos de baixa tensão e que busquem informações
junto aos fabricantes. Com isso terão um sistema elétrico altamente disponível, seguro e custo-efetivo,
tanto na implantação quanto na operação.

1.11 PARA-RAIOS

Com a finalidade de evitar que casas e estabelecimentos em geral sejam atingidos diretamente
por descargas elétricas, diversos tipos de para-raios estão disponíveis no mercado de todo país. Embora
apresentem o mesmo objetivo, a escolha do modelo ideal faz diferença.

No Brasil, a queda de raios não é algo incomum. Constantemente, assistimos a matérias em


telejornais sobre pessoas e locais que foram atingidos por descargas elétricas. Por isso, tratando-se de
segurança, não vale a pena arriscar.

Para tirar quaisquer dúvidas sobre o funcionamento, os componentes e a instalação do


equipamento, apresentaremos, neste artigo, um detalhamento sobre os principais tipos de para-raio.
Continue a leitura e saiba mais!

Quais são os principais tipos de para-raios existentes no mercado?

Existem inúmeros tipos de para-raios no mundo. Atualmente, no Brasil, são utilizados dois
modelos: o de Franklin e o de Melsens. Todavia, no passado, o modelo radioativo também se
apresentava à disposição. A seguir, vamos entender melhor cada um.

Para-raios de Franklin

É o modelo mais comum no país e também o que apresenta maior eficácia. Em sua
configuração, conta com uma haste de metal, um cabo de condução e captadores. O cabo segue do para-
raios até o solo, dissipando a energia no aterramento.

Para-raios de Melsens

O modelo de Melsens adota a gaiola de Faraday. Basicamente, o local é envolvido por uma
espécie de armadura de metal, enquanto são colocados fios metálicos de 50 cm no telhado. Nesse caso,
as hastes são as responsáveis por receber e repassar a descarga elétrica.

Para-raios Radioativos

O modelo radioativo apresentava captadores no formato de disco e utilizava o radioisótopo


Américo-241 na fabricação — material altamente radioativo. Entre os anos 70 e 80, foi um equipamento
bastante utilizado no Brasil, pois havia uma ideia de que era um modelo muito mais eficiente que os
outros.

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Porém, por meio de estudos, foi comprovado que o material não apresentava nenhuma
superioridade em relação aos demais. Por isso, em 1989, a Comissão Nacional de Energia Nuclear
(CNEN) suspendeu a produção e a venda do equipamento.

Como funciona a instalação de um para-raios?

A instalação do para-raios não é algo de alta complexidade, mas exige alguns conhecimentos
básicos. Por isso, no Brasil, é preciso seguir as normas técnicas encontradas na ABNT 5419/2015 a fim
de garantir segurança durante todo o processo.

Também é importante ter consciência de que os para-raios não protegem alguns equipamentos
eletrônicos dos efeitos de uma descarga elétrica, como portões automáticos, geladeiras e elevadores.

Além disso, para que tudo ocorra dentro do esperado, é vital avaliar alguns fatores antes de iniciar a
instalação na prática:

 dimensão do local onde o para-raios será instalado;

 material de construção utilizado;

 índice ceraúnico do município;

 espaço disponível.

Em um país tropical como o Brasil, com alta incidência de descargas elétricas, conhecer os tipos de
para-raios é essencial para assegurar a eficiência necessária. Porém, por se tratar de um equipamento
que demanda noções mais técnicas, é importante contar com especialistas na hora de escolher o melhor
modelo, bem como no momento da instalação.

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REFERÊNCIAS

Apostila SENAI/SP 2009 Andrellenz


Sala da elétrica
https://aprendendoeletrica.com
https://blog.supereletrica.com.br/tipos-de-para-raios-quais-os-principais-seus-componentes-e-
como-funcionam/

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