Você está na página 1de 47

Sistemas Elétricos Industriais

Instrutor : Thiago Caldeira


FUSÍVEIS
Os fusíveis são dispositivos destinados à proteção elétrica. Servem para interromper ou
desligar o circuito e proteger a instalação elétrica, no caso de curtos circuitos e
sobrecargas de longa duração. Uma vez rompidos (queimados), não é possível
reestabelecer novamente o funcionamento sem substituí-los, pois não são
reaproveitáveis. Os dispositivos eletroeletrônicos são identificados por símbolos definidos
por normas. Para representar todos os dispositivos apresentados neste livro, utilizaremos
as normas da ABNT e da IEC (International Electrotechnical Commission), ou Comissão
Eletrotécnica Internacional).
Veja na figura 17 o símbolo do fusível.
SAIBA MAIS
CURTO-CIRCUITO É uma ligação acidental, ou até intencional, entre duas ou mais partes
condutoras energizadas, de modo que a corrente elétrica ultrapasse valores acima do
normal, em função de baixa impedância no circuito, dissipando grande quantidade de
energia instantaneamente.

SOBRECARGA É um aumento de corrente elétrica acima dos valores normais especificados


para os circuitos, decorrente de acréscimo de carga ou de aumento do consumo. A
sobrecarga pode comprometer a vida útil dos componentes elétricos.
Os fusíveis são classificados e especificados de acordo com a velocidade de atuação,
podendo ser de ação retardada, rápida ou ultrarrápida. A seguir, conheça esses fusíveis
e suas aplicações mais usuais.
a) Fusíveis de ação retardada (especificação “aM”): oferecem proteção contra curtos-
circuitos aos circuitos sujeitos a picos elevados de corrente, tais como: circuitos que
alimentam os primários de transformadores ou eletroímãs, e circuitos de partida de
motores assíncronos. Toleram esses picos de corrente durante a energização ou partida
dessas cargas sem queimar, porém interrompem o circuito em casos de curto-circuito.
Esses fusíveis são inadequados para proteção dos circuitos contra sobrecarga.
b) Fusíveis de ação rápida (especificação “gG”): oferecem proteção contra curtos-
circuitos nos circuitos que não estão sujeitos a picos de corrente consideráveis, tais
como: circuitos resistivos de fornos elétricos e outros sistemas de aquecimento por
resistência elétrica. Esse fusível também protege contra sobrecargas. Sua especificação
antiga era gL, por isso encontramos ainda a especificação gL-gG indicada na face dos
fusíveis.
c) Fusíveis de ação ultrarrápida (especificação “aR”): são destinados à proteção de
circuitos com equipamentos eletrônicos tiristorizados , como os circuitos de sistemas de
controle de velocidade de motores elétricos.

Os fusíveis utilizados em painéis de comando, quanto a sua forma construtiva, são de


dois tipos:

a) D – também conhecidos por Diametral ou Diazed;


b) NH. Vamos conhecer melhor cada um deles.
SAIBA MAIS
PICOS DE CORRENTE As cargas indutivas são aquelas formadas por indutores ou
bobinas, como: motores elétricos, transformadores, reatores elétricos para lâmpadas
fluorescentes, entre outros. Essas cargas provocam elevadas correntes no instante da
energização.

TIRISTORES É o nome dado a uma família de componentes eletrônicos utilizados em


equipamentos para controle da velocidade de motores. Fazem parte dessa família: os
SCRs (retificadores controlados de silício), os TRIACs (triodo de corrente alternada), e os
IGBTs (transistores bipolares de porta isolada).
FUSÍVEIS TIPO D
São fusíveis de baixa tensão que abrangem a faixa de corrente nominal de 2 A a 63 A que
possuem capacidade de interromper de modo seguro (capacidade de ruptura ) correntes
de até 70 kA, ou seja, 70.000 A. Observe um deles na figura 18.
Esses fusíveis são muito utilizados para proteção do circuito de comando e de motores
elétricos, devido à sua ação de efeito retardado que suporta o pico da corrente de partida.
Observe no quadro 3 os valores de corrente dos fusíveis tipo D, e as cores do indicador de
queima (espoleta), correspondentes.
SAIBA MAIS
CORRENTE NOMINAL (IN) É o valor da corrente especificada pelo fabricante para a
operação normal de funcionamento de um dispositivo, equipamento ou sistema elétrico

CAPACIDADE DE RUPTURA É a capacidade máxima de corrente presumida que o dispositivo


é capaz de interromper com segurança, ou seja, o fusível não exercerá sua função, caso a
corrente seja superior à especificada, em caso de curto-circuito. A capacidade de ruptura é
expressa em quilo amperes (kA).
Os fusíveis com corrente nominal de até 25 A têm um diâmetro que se encaixa na base
com uma rosca E27, que é igual à dos receptáculos (soquetes) das lâmpadas comuns. Já
os fusíveis com corrente nominal de 35 A a 63 A possuem um diâmetro maior, padrão
DIII e não se encaixam na base Padrão DII, só se encaixam nas bases com rosca E33.
Essa rosca é igual à dos receptáculos de lâmpadas industriais tipo vapor de sódio alta
pressão, por exemplo.
Os fusíveis vêm acompanhados de um conjunto de componentes que possibilita sua
instalação nos trilhos DIN dos painéis de comando. Esse conjunto é composto de: base
de porcelana, anel de porcelana, parafuso de ajuste, fusível e tampa, conforme vemos
na figura 19.
Para montar esse conjunto, você deve seguir a sequência:
a) Conectar a base de porcelana ao trilho DIN do painel;
b) Rosquear o anel de porcelana, com a finalidade de proteger o usuário contra contato
acidental com a parte metálica passível de estar energizada;
c) Rosquear o parafuso de ajuste na base, porém antes verifique se ele tem a medida
correta de acordo com a corrente do fusível que será instalado;
d) Colocar o fusível conforme a corrente especificada no projeto;
e) Rosquear a tampa de porcelana. Essa operação pode ser feita juntamente com a
anterior, se o painel estiver energizado; nesse caso, encaixe o fusível na tampa e
depois leve os dois até a base e rosqueie, já com o fusível acoplado.

Para instalar o parafuso de ajuste na base de porcelana, você deve usar uma chave
plástica específica para rosqueá-lo no fundo da base.
Veja a figura 20.
Quanto à posição de instalação, normalmente a base do fusível tipo D é instalada na
vertical, sendo o terminal superior conectado à alimentação da rede elétrica e o terminal
inferior conectado ao circuito da carga a ser protegida.
Para fazer a conexão elétrica nos terminais da base, verifique qual condutor vem da rede
elétrica e qual vai para a carga a ser acionada e instale o fusível no caminho entre o
condutor da rede e o da carga.
Quando você for efetuar as ligações nas bases dos fusíveis, lembre-se que o fio da rede
deve ser conectado ao terminal metálico que tem contato com a base do parafuso de
ajuste; já o fio que vai para a carga deve ser conectado ao terminal que tem contato com a
rosca metálica da base.
Observe a figura 21.
O parafuso de ajuste é pintado com a mesma cor que a espoleta do fusível, e cada um
tem um diâmetro diferente, de modo que só permite encaixar fusíveis de valor igual ou
menor que a corrente nominal. Isso ocorre para evitar que alguém coloque um fusível de
corrente maior que a nominal que foi dimensionada para aquele circuito.
FUSÍVEIS TIPO NH
Os fusíveis de tipo NH são usados em baixas tensões e possuem elevada capacidade de
ruptura, podendo chegar até 120 kA. São indicados para circuitos aos quais o usuário
comum não tenha acesso, porque contêm partes metálicas expostas energizadas que
podem provocar acidentes graves. Por isso, só podem ser manipulados por pessoas
qualificadas e dependem de ferramentas adequadas para sua instalação e manutenção.
São mais robustos, pois abrangem uma faixa maior de corrente de 4 A a 1000 A.
Esses fusíveis possuem em seus dois extremos terminais tipo “faca” para serem
encaixados na base NH. Acompanhe pela figura 22.
Para encaixar ou retirar o fusível NH da base, você deve usar uma ferramenta apropriada
chamada de “punho para fusível NH”. Esse punho possui um gatilho na parte superior que
serve para engatar um fusível. Verifique os detalhes na figura 23.
A base NH não possui encaixe para trilhos, ela deve ser presa na placa de montagem por
meio de parafusos, e não tem lado certo para a instalação. Quanto à posição de
instalação, assim como o fusível tipo D, a base do NH é instalada na vertical, sendo o
terminal superior conectado à alimentação da rede elétrica, e o terminal inferior
conectado ao circuito da carga a ser protegida. Os fusíveis NH, assim como as bases NH,
são fabricados em quatro tamanhos padronizados NH00, NH1, NH2 e NH3, cada um com
sua faixa de corrente e de tamanhos diferentes, sendo o NH00 o de menor tamanho, e o
NH3 de maior corrente. Acompanhe, pela tabela 4, os valores e as faixas de corrente de
cada padrão.
DISJUNTORES
Os disjuntores são elementos que muitas pessoas conhecem, independentemente de
serem da área técnica ou não. É bem provável que você já tenha visto um destes em sua
casa, pois além de serem usados em instalações industriais, também são usados em
instalações elétricas residenciais. Esse dispositivo geralmente fica no quadro de força. Os
principais tipos são: termomagnéticos e diferenciais residuais.
SAIBA MAIS

DISJUNTOR Dispositivo elétrico de manobra manual é aquele que pode ser manuseado
para ligar ou desligar um circuito elétrico.
DISJUNTORES TERMOMAGNÉTICOS
Os disjuntores termomagnéticos são dispositivos eletromecânicos destinados a proteger
as instalações elétricas contra curtos-circuitos e sobrecargas de longa duração. Ao
contrário dos fusíveis, que podem ser utilizados apenas uma vez, os disjuntores permitem
o reestabelecimento do funcionamento do circuito após a ocorrência de alguma falha
elétrica. Veja o símbolo do disjuntores.
Pela norma NBR IEC 60947-1 (2006, p. 14), a definição de disjuntor é:

[...] dispositivo de manobra e de proteção capaz de estabelecer, conduzir e interromper


correntes em condições normais do circuito, assim como estabelecer, conduzir por
tempo especificado e interromper correntes em condições anormais especificadas do
circuito, tais como as de curto-circuito.
Os disjuntores podem ser classificados de acordo com o número de polos, como:

a) monopolares: para instalação em circuitos monofásicos, pois interrompem apenas


uma fase;
b) bipolares: para circuitos bifásicos, nos quais interrompem duas fases
simultaneamente;
c) tripolares: para instalação em redes trifásicas, pois interrompem simultaneamente as
três fases;
d) tetrapolares: para circuitos trifásicos com neutro. Interrompem-se as três fases e o
neutro, simultaneamente.

A figura 25 apresenta alguns exemplos desses disjuntores.


De acordo com a condição de corrente nominal e pico de corrente, os disjuntores podem
ser de quatro tipos de curvas: A, B, C e D, sendo que o disjuntor de curva A é indicado para
cargas com características eletrônicas, como semicondutores, mas é pouco utilizado no
país.
Para você fixar o disjuntor na placa de montagem, basta você encaixá-lo no trilho, pois ele
já possui suporte para instalação. Os disjuntores possuem terminais de entrada de tensão
da rede, que são os terminais identificados por rede ou linha, e os terminais de saída
identificados como carga. Esses terminais possuem parafusos para fixação dos
condutores do circuito.
Observe, na figura 26, a ligação dos condutores em seus devidos terminais.
Os disjuntores possuem gravação, símbolos ou/e cores que indicam se estão fechados ou
abertos.
DISJUNTORES DIFERENCIAIS RESIDUAIS (DISJUNTORES DR)
Você já levou um choque alguma vez? Nunca é bom levar choque, não é Ele traz várias
consequências ao ser humano e, inclusive, pode ser fatal. Mas como se proteger de
choques elétricos? Essa e outras formas de proteção são o que vamos estudar a seguir.
Os disjuntores DR são dispositivos que, além de ter a proteção contra curto-circuito,
também possuem proteção contra choque elétrico, ou proteção dos equipamentos
contra incêndio. A figura 27 apresenta esse dispositivo.
Para instalar um disjuntor DR você deve:
a) conhecer o valor de corrente em Amperes (A) do circuito a ser protegido pelo
disjuntor;
b) selecionar o tipo de curva de disparo do disjuntor, curva A, B, C ou D em função do
tipo de carga a ser instalada;
c) selecionar o tipo de proteção em função do que se deseja proteger:

• para proteção de pessoas contra choque elétrico, a corrente diferencial residual do DR


deve ser de no máximo 30 mA (alta sensibilidade);
• para proteção dos equipamentos contra incêndio, devido às faíscas provocadas pelas
correntes de fuga, ou proteção contra consumo excessivo de energia elétrica, a corrente
diferencial residual do DR pode ser de: 100 mA, 300 mA ou 500 mA.
SAIBA MAIS
CORRENTE DIFERENCIAL RESIDUAL Corrente diferencial residual, também conhecida como
corrente de fuga, é aquela que é conduzida de forma indesejável da fase para a terra,
internamente nos equipamentos elétricos e eletrônicos. Isso ocorre em alguns
equipamentos como, por exemplo, o chuveiro elétrico.
Veja, na figura 28, um exemplo de um diagrama de instalação de disjuntor DR em painéis
para proteção do comando contra curtos-circuitos, e proteção das pessoas contra
choques elétricos.
A representação T indica o botão de teste de corrente de fuga, que deverá ser usado após
a instalação para testar o funcionamento da instalação elétrica e do mecanismo interno
do disjuntor DR.
Uma dica de instalação de dispositivos DR é nunca conectar o condutor de aterramento
com o condutor neutro depois que este passou pelo disjuntor DR, pois se isto ocorrer, ao
energizar o circuito, o DR se desligará imediatamente.
Para que o DR funcione corretamente, é fundamental um aterramento de boa qualidade
com bom contato elétrico nas conexões, e baixa resistência elétrica de aterramento.
RELÉS TÉRMICOS
Os relés térmicos, ou relés de sobrecarga, são dispositivos elétricos que têm a finalidade
de desenergizar o circuito e proteger o motor no caso de uma corrente acima dos limites
que o motor foi projetado a suportar (sobrecarga). Os relés possuem terminais que são
conectados às três fases, que funcionam como sensores de corrente e terminais dos
contatos NA e NF e que atuam abrindo ou fechando o circuito de comando. Os relés
térmicos têm um ponto de ajuste da corrente que o instalador vai ajustar com o mesmo
valor da corrente nominal (In) do motor. Observe o detalhe na figura 29 a seguir.
A instalação física do relé térmico é feita conectando os terminais principais de saída do
contator às entradas do relé térmico, e as saídas principais do relé térmico ao motor.
Observe o símbolo do relé térmico a seguir:
DISJUNTOR-MOTOR
Você já sabe como funcionam o disjuntor termomagnético e o relé térmico. O
funcionamento desses dispositivos é importante para entender o disjuntor-motor. Os
disjuntores-motores são dispositivos que, além de proteger as instalações elétricas contra
curtos-circuitos, protegem o motor contra sobrecargas.
A figura 31, a seguir, apresenta alguns modelos de disjuntores-motores.
Eles oferecem uma proteção eficiente, porque incorporam as funções de disjuntor e relé
térmico em um mesmo dispositivo.
O símbolo do disjuntor-motor é mostrado na figura 32, a seguir.
Como o disjuntor-motor exerce a função de relé térmico, possui dispositivo para
regulagem de corrente. Você deve verificar a corrente nominal indicada na placa de
identificação do motor e regular o mesmo valor de corrente no disjuntormotor. Apesar de
o disjuntor-motor ser tripolar, você também poderá instalá-lo em motores monofásicos,
interligando dois polos do disjuntor-motor em série com um terminal do motor,
conectando o último polo diretamente ao outro terminal do motor.
Veja, na figura 33, o diagrama de instalação do disjuntor-motor em motores instalados em
redes monofásicas e bifásicas.
O disjuntor-motor possui também a função de seccionamento do circuito, ou seja, ligar,
desligar e proteger o equipamento diretamente. Por exemplo, no esmeril industrial de
bancada encontramos o disjuntor-motor instalado com essas finalidades. Os disjuntores-
motores também podem ser instalados para proteger motores de corrente contínua,
interligando os terminais dos três polos do disjuntor-motor em série com o motor.
Observe, no diagrama da figura 34, algumas possibilidades de instalação do disjuntor-
motor em motores de corrente contínua.

Os disjuntores-motores, assim como os demais dispositivos de comando, são dotados de


suporte para fixação em trilho DIN.

Você também pode gostar