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DISCIPLINA DE MÁQUINAS ELÉTRICAS E

ACIONAMENTOS.
INTRODUÇÃO A MOTORES ELÉTRICOS
Comandos Elétricos

2
Dispositivos de Proteção e Segurança
Fusíveis
Os fusíveis são dispositivos destinados à proteção elétrica. Eles servem para interromper ou desligar o
circuito e proteger a instalação elétrica, em situações de curtos circuitos e sobrecargas de longa duração.
Uma vez rompidos, não é possível reestabelecer novamente o funcionamento sem que os mesmos sejam
substituídos, pois eles não são reaproveitáveis. Veja abaixo a simbologia empregada pelas Normas NBR e
IEC para representar os fusíveis:

Simbologia Norma

NBR 12523
IEC 60617-7

Os fusíveis são classificados e especificados de acordo com a velocidade de atuação,


podendo ser de ação retardada, rápida ou ultrarrápida. As aplicações mais utilizadas são:
» Fusíveis de ação retardada (recebem a especificação “aM”): oferecem proteção contra curtos-
circuitos aos circuitos sujeitos a picos elevados de corrente, tais como

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circuitos que alimentam os primários de transformadores ou eletroímãs, e circuitos
de partida de motores assíncronos. Toleram esses picos de corrente durante a energização, ou partida dessas
cargas, sem queimar, porém, interrompem o circuito em casos de curto-circuito. Esses fusíveis são inadequados
para proteção dos circuitos contra sobrecarga.
» Fusíveis de ação rápida (recebem a especificação “gG”): oferecem proteção contra curtos-circuitos nos
circuitos que não estão sujeitos a picos de corrente consideráveis, tais como: circuitos resistivos de fornos
elétricos e outros sistemas de aquecimento por resistência elétrica. Esse fusível também protege contra
sobrecargas. Sua especificação antiga era gL, por isso encontramos ainda a especificação gL-gG indicada na face
dos fusíveis.
» Fusíveis de ação ultrarrápida (especificação “aR”): são destinados à proteção de circuitos com equipamentos
eletrônicos tiristorizados4, como os circuitos de sistemas de controle de velocidade de motores elétricos. As
formas construtivas dos fusíveis que são empregados nos painéis elétricos são:
- Tipo D – conhecido como Diazed;
- Tipo NH.
Fusíveis Tipo D
São fusíveis de baixa tensão que abrangem a faixa de corrente nominal de 2 A até 63
A que possuem capacidade de interromper de modo seguro (capacidade de ruptura)
correntes de até 70 kA. Veja abaixo o aspecto construtivo do fusível tipo D:
Esses fusíveis são muito utilizados para proteção do circuito de comando e de motores
elétricos, devido a sua ação de efeito retardado que suporta o pico da corrente de partida. Os fusíveis
com corrente nominal de até 25 A tem um diâmetro que se encaixa na base com uma rosca E27, que é
igual a dos receptáculos (soquetes) das lâmpadas comuns. Já os fusíveis com corrente nominal de 35 A
a, 63 A possuem um diâmetro maior, padrão DIII e não se encaixam na base Padrão DII, só se encaixam
nas bases com rosca E33 (iguais aos soquetes de lâmpadas industriais de vapor de sódio). O conjunto
formado por base, parafuso de ajuste, anel, fusível e tampa, facilita a instalação do componente em
trilhos do tipo DIN de painéis de comandos elétricos:

Com uma chave especial, é possível rosquear o parafuso de ajuste na base de porcelana:

Parafuso
de ajuste

Base
Tampa

Anel

Fusível
Fusíveis tipo NH
São usados em baixas tensões e possuem elevada capacidade de ruptura, chegando até 120
kA. São indicados para circuitos aos quais o usuário comum não tenha acesso, porque
contém partes metálicas expostas energizadas que podem provocar
acidentes graves. Para manipular este tipo de fusível, é necessário utilizar ferramentas
adequadas para sua instalação e manutenção.

Estes fusíveis são mais robustos e abrangem uma faixa de corrente de 4 A à 1000
A. Esses fusíveis possuem em seus dois extremos terminais tipo “faca” para serem
encaixados na base NH:

Para encaixar ou retirar o fusível NH da base, você deve usar uma ferramenta
apropriada chamada de “punho para fusível NH”. Esse punho possui um gatilho na parte
superior que serve para engatar um fusível:

Os fusíveis NH, assim como as bases NH, são fabricados em quatro tamanhos
padronizados NH00, NH1, NH2 e NH3, cada um com sua faixa de corrente e de tamanhos
diferentes, sendo o NH00 o de menor tamanho, e o NH3 de maior corrente.

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Disjuntores
O disjuntor é um dispositivo de manobra e proteção capaz de estabelecer, conduzir
e interromper correntes em condições normais de circuito, assim como estabelecer,
conduzir por tempo especificado e interromper correntes em condições anormais
especificadas no circuito, tais como as de curto-circuito.

D isjuntores Termoma gn ét ic os
Os disjuntores termomagnéticos são dispositivos eletromecânicos destinados a
proteger as instalações elétricas contra curtos-circuitos e sobrecargas de longa
duração.
Ao contrário dos fusíveis, que podem ser utilizados apenas uma vez, os disjuntores
permitem o reestabelecimento do funcionamento do circuito após a ocorrência de
alguma falha elétrica. Veja abaixo a simbologia para este dispositivo:

Simbologia Norma

NBR 12523

IEC 60617-7

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Os disjuntores podem ser classificados de acordo com o número de polos, como:
» monopolares: para instalação em circuitos monofásicos, pois interrompem apenas uma
fase;
» bipolares: para circuitos bifásicos, nos quais interrompem duas fases simultaneamente;
» tripolares: para instalação em redes trifásicas, pois interrompem simultaneamente as três
fases;
» tetras polares: para circuitos trifásicos com neutro. Interrompem-se as três fases e o neutro,
simultaneamente.

Os disjuntores podem ser de quatro tipos de curvas: A, B, C e D. O disjuntor de curva A


é indicado para cargas com características eletrônicas, como semicondutores, mas é pouco
utilizado no país. Para você fixar o disjuntor na placa de montagem, basta você encaixá-lo
no trilho, pois ele já possui suporte para instalação:

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D isjuntores D iferenciais Residuais (DR)
Os disjuntores DR são dispositivos que, além de ter a proteção contra curto-circuito,
também possuem proteção contra choque elétrico ou proteção dos equipamentos contra
incêndio:

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Relés Térmicos
São dispositivos elétricos que tem a finalidade de desenergizar o circuito e proteger o motor
no caso de uma corrente acima dos limites que o motor foi projetado a suportar (sobrecarga).
Também são chamados de relés de sobrecarga. Os relés possuem terminais que são
conectados às três fases, que funcionam como sensores de corrente e terminais dos contatos
NA e NF, que atuam abrindo ou fechando o circuito de comando. Os relés térmicos possuem
um ponto de ajuste da corrente que o instalador vai ajustar com o mesmo valor da corrente
nominal (In) do motor:
A instalação física do relé térmico é feita conectando os terminais principais de saída
do contato às entradas do relé térmico, e as saídas principais do relé térmico ao motor. Veja
abaixo a simbologia para o relé térmico:

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Simbologia Norma

NBR 12523

IEC 60617-7

Disjuntor-motor
O disjuntor-motor incorpora as funções de um disjuntor e de um relé térmico no mesmo dispositivo.
Você já sabe como funcionam o disjuntor termomagnético e o relé térmico. Os disjuntores-motores são
dispositivos que, além de proteger as instalações elétricas contra curtos-circuitos, protegem o motor
contra sobrecargas. Veja alguns modelos de disjuntores-motores:

Como o disjuntor-motor exerce a função de relé térmico, ele possui um dispositivo


para regulagem de corrente. Você deve verificar a corrente nominal indicada na placa de identificação
do motor e regular o mesmo valor de corrente no disjuntor motor. Veja abaixo a simbologia do
disjuntor-motor:
Apesar de o disjuntor-motor ser tripolar, você pode instalar em motores monofásicos,
interligando dois polos do disjuntor-motor em série com um terminal do motor, conectando o último
polo diretamente ao outro terminal do motor. Veja o esquema de conexão do disjuntor motor para o
sistema trifásico, bifásico e monofásico:

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Simbologia Norma

IEC 60617-7

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Bornes de Entrada

Bloco de contato
Auxiliar Lateral

Botão de rearme
e desligamento
com trava
Frontal
Tag do componente

Ajuste de Bornes de Saída


corrente
De atuação
O disjuntor-motor possui também a função de seccionamento do
circuito, ou seja,
ligar, desligar e proteger o equipamento diretamente.

L1 L3 L1 N

1L1 3L2 5L3 1L1 3L2 5L3

I> I> I> I> I> I>

2T1 4T2 6T3 2T1 4T2 6T3

Bifásico M2 Monofásico M1
2~ 1~

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Dispositivos de Manobra,
Acionamento e Controle
Chaves Seccionadoras
As chaves seccionadoras são utilizadas para energizar e desenergizar equipamentos e
máquinas industriais:
Exercem a função de chave geral, porque permitem o desligamento da tensão,
normalmente trifásica, do painel elétrico de comando da máquina. A figura a seguir
mostra a simbologia de uma chave seccionadora:

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Botões e Chaves Fim de Curso

Os botões e as chaves fim de curso são dispositivos que funcionam sob o mesmo
princípio, ou seja, quando acionados, movimentam seus contatos internos. No botão, o
acionamento é feito manualmente, enquanto que as chaves fim de curso são acionadas por partes
da máquina que se movimentam durante seu funcionamento.

Botões
Os botões possuem contatos que podem ser normalmente abertos (NA) e normalmente fechados (NF):
» contatos normalmente abertos são conhecidos como contatos NA ou contatos que se
fecham (fechadores). Em inglês, se usa a sigla NO (Normally Open);
» contatos normalmente fechados são conhecidos como contatos NF ou contatos que se abrem
(abridores). Em inglês, se usa a sigla NC (Normally Closed):
A norma utiliza dois dígitos para cada contato NA ou NF, sendo que o primeiro digito
da identificação, que é a dezena, significa a sequência. A ordem de numeração do contato: 1º contato, 2º
contato e assim por diante. O segundo dígito, a unidade, significa a função, ou seja, o tipo de contato, se ele é
NA ou se é NF. Se no segundo dígito tivermos 1 e 2, significa que o contato é NF, e se for 3 e 4, significa que é
NA.
No quadro a seguir, é possível ver a foto do tipo de botão, sua simbologia e as características:

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Botão Simbologia Característica

Botão pulsador de uso


NBR 12523 geral. É pressionado
IEC 60617-7 manualmente e retorna
por mola.

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Chaves Fim de Curso
As chaves de fim de curso, também conhecidas por interruptor de posição, ou por limite, foram criadas para
“avisarem” ao comando quando o came da máquina atinge uma determinada posição no curso de
deslocamento. As principais partes das chaves de fim de curso são: acionador e contatos. O acionador recebe o
movimento do processo e o transmite aos contatos elétricos NA e/ou NF, que mudam de posição.

Rolete
Mecânic
o
Contato NF

Bornes Bornes

Contato NA
Mola

As chaves de fim de curso são muito utilizadas em aplicações de grande porte devido
a sua robustez, característica que permite a instalação em ambientes industriais. São instaladas por
meio de parafusos e devem estar bem fixadas:
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Em muitos casos, as chaves de fim de curso são instaladas com a função de segurança,
assim, os testes após a instalação devem ser rigorosos, considerando todas as possíveis condições de
funcionamento para evitar acidentes. As chaves de fim de curso
também são utilizadas em outras aplicações não industriais. Um exemplo disso são os portões automáticos
deslizantes instalados na portaria das empresas. Nesse caso, temos sempre uma chave de fim de curso para
indicar ao comando que o portão está fechado, e outra para indicar que o portão está aberto.
Simbologias utilizadas para fim de curso:

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Contatores
A norma NBR IEC 60947-4-1 define que “os contatores são destinados a fechar e abrir circuitos elétricos.” Os
contatores são chaves eletromagnéticas destinadas a ligar ou desligar cargas elétricas como lâmpadas, motores,
válvulas, entre outras. Uma grande vantagem desse dispositivo é permitir o acionamento a distância, por comando
remoto. Veja na figura abaixo um exemplo de contator:

Contatores Principais ou de Po tência

O contator principal é utilizado para comandar cargas do circuito principal, também conhecido por circuito de
potência, tais como motores elétricos, resistências de fornos, transformadores, geradores, entre outros. Na área
industrial ele é muito utilizado em painéis elétricos no comando das máquinas. Por exemplo, para
acionarmos o motor de uma bomba de abastecimento a distância precisamos de um contator trifásico. O funcionamento
é o seguinte: quando o usuário aperta um botão no painel, a bobina do contator é energizada e produz um campo
eletromagnético que puxa o núcleo móvel e o conjunto de contatos móveis, que, quando se fecham, enviam energia para
ligar o motor trifásico e, então, a bomba inicia o deslocamento de água para a caixa. Os contatores são compostos
basicamente de: núcleo magnético fixo e móvel, bobina eletromagnética, contatos fixos e móveis, bornes ou terminais,
molas e o invólucro externo ou carcaça. A figura a seguir mostra as principais partes internas de um contator:

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A bobina de um contator é representada por um código alfanumérico:

A2

Quando a bobina for de tensão alternada e a alimentação da rede tiver um condutor


fase e outro neutro, devemos conectar a fase no A1, e o neutro no A2. Se o sistema
de alimentação tiver duas fases, ligamos a primeira fase no terminal A1 e a segunda no
terminal A2. No caso de a bobina ser de tensão contínua, é interessante conectar o
positivo no A1, e o negativo, ou GND ou 0 V, no A2. Os terminais dos contatores
principais ou de potência, de acordo com a mesma norma, são identificados pela
seguinte sequência: um número, uma letra maiúscula e um número.

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Veja abaixo a simbologia para os contatores de potência:

Número do primeiro Primeiro condutor da


terminal (entrada) de rede (L1)
potência do contator
(impar) 1 / L1

2 / T1

Número do primeiro Primeiro condutor (T1)


terminal a ser conectado ao
(de saída) de potência terminal 2 da carga
do contator (par)

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Contatores Auxiliares
Os contatores auxiliares, ou de comando, são aqueles usados para ligar e desligar circuitos de baixa
potência, pois tem capacidade de corrente da ordem de no máximo
10A. São utilizados, também, para fazer a lógica de comando, acionando bobinas dos contatores de
potência, lâmpadas do painel e solenoides (bobinas) de válvulas. A identificação da bobina do
contator auxiliar é igual a do contator de potência, e a identificação de seus terminais segue a mesma
norma vista anteriormente, NBR IEC 60947-4 (2008).
Quando necessitamos de mais contatos de comando do que o contator dispõe, podemos acrescentar
blocos aditivos de contatos em alguns modelos de contatores. Os blocos adicionais mais comuns são:
2NAs, 1NA e 1NF e, em um mesmo bloco: 2NAs mais 2NFs, ou ainda 4NAs.
Contatos NAs Contatos NFs
normais normais
abertos fechados

(ordem do contato)
1º 2º 3º 4º contato

Tipo do contato
NA = 3 e 4
13 21 33 43 NF = 1 e 2

KA1 Contatos NFs


Contatos NAs
normais normais
abertos fechados
14 22 34 42
Sinalizadores
Asinalização é normalmente utilizada a serviço da segurança e é um recurso eficiente
para advertir as pessoas sobre riscos que surjam durante algum momento do trabalho com máquinas
ou equipamentos. Basicamente, encontramos dois tipos de sinalização: a sonora e a luminosa.

Sinalizador Sonoro
Quando precisamos de maior potência sonora, as sirenes são utilizadas, ou buzzers quando necessitamos de
menor intensidade de som.
Esse tipo de sinalização é mais vantajoso comparado à sinalização luminosa, pois
chama a atenção mesmo quando a pessoa não está visualizando o processo ou a máquina. Um
cuidado que você deve ter ao instalar um sinalizador é observar o tipo da tensão de trabalho. Se
for tensão alternada, verifique o valor da tensão da rede e do sinalizador e, se for tensão contínua,
observe também a polaridade, ou seja, se tem um terminal exclusivo para a conexão do positivo e
outro para o negativo. Normalmente, o fio positivo (+) é vermelho e o negativo (-) é preto.

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Sinalizador Luminoso
Os sinalizadores luminosos são muito utilizados em máquinas e sistemas industriais devido a sua
grande variedade de aplicações. Encontramos esses sinalizadores de várias cores, com lâmpadas
incandescentes, lâmpadas neon, luz LED, entre outras. Os modelos que vamos exemplificar aqui
são os de embutir em painel e os de sobrepor, tipo coluna para máquinas. Ao montar um painel,
você deve observar, na
especificação, qual tipo de sinalizador deve usar: de lâmpada incandescente, de neon ou de LED;
o tipo de tensão de funcionamento: alternada ou contínua; e qual é seu valor de tensão: se é de
24 V, 127 V ou 220 V, por exemplo. Caso a tensão seja contínua, lembre-se da polaridade
correta, conforme já explicado no item anterior acerca do sinalizador sonoro.

Simbologia utilizada para os sinalizadores:

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Temporizadores
O temporizador tem a função de temporizar, como o próprio nome sugere “contar tempo”,
ou seja, ele controla eletronicamente o tempo de abertura ou de fechamento de seus
contatos. Alguns modelos temporizam quando são energizados, e outros quando são
desenergizados. Eles possuem os terminais A1 e A2 para conexão dos condutores que
fazem a energização da parte eletrônica e terminais para conexão dos contatos de comando
do temporizador. Um temporizador possui elemento de comando e contatos de
acionamento.
Muitos modelos de temporizadores possuem contatos comutadores ou reversíveis.
Nesse caso, o terminal identificado por 15 é o terminal comum, de modo que os terminais
15 e 16 fazem a função de contato NF, e os terminais 15 e 18 fazem a função de contato
NA.

Ton Toff
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Máquinas Elétricas Ro tativas
As máquinas elétricas rotativas correspondem aos motores elétricos e aos geradores
de energia elétrica.

Motores Elétricos
Os motores elétricos são máquinas que transformam energia elétrica em energia mecânica. A conversão
eletromecânica de energia se processa através da interação de campos magnéticos.

Se a energia elétrica que alimenta o motor for de corrente contínua, o motor é


denominado de motor C.C. e se a energia elétrica que alimenta o motor for de corrente alternada, o
motor é denominado de motor C.A., podendo ser monofásico ou trifásico.

Os princípios básicos que explicam a operação dos motores C.C. e dos motores C.A. são os mesmos e
utilizam das mesmas leis. Os motores C.C. e motores C.A. diferem entre si devido a detalhes de
construção e características de funcionamento, mas os princípios que regem a operação são os
mesmos.

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Fig. 1– Motores elétricos C.A. e C.C.

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Motores Trifásicos
Os motores mais utilizados são os trifásicos de C.A., tipo assíncronos, também denominados de
motores de indução. Atualmente, o Brasil fabrica mais de 100.000 unidades/mês de motores de
indução, desde os de potências de ¼ c.v. até os de grandes sistemas de bombeamento de 10.000 c.v. O
princípio de funcionamento desses motores fundamenta-se na indução eletromagnética
proporcionada por um campo magnético variável, atravessando os enrolamentos do rotor. Essa classe
de motores corresponde a mais de 90% dos motores instalados nos diversos setores de atividade
industrial e residencial.

Constituição de um Motor de Indução


O motor assíncrono é constituído basicamente pelos seguintes elementos:
» Circuito magnético estático, constituído por chapas ferromagnéticas empilhadas e isoladas entre si, ao
qual se dá o nome de estator;
» Bobinas localizadas em cavidades abertas no estator e alimentadas pela rede de corrente alternada;
» Rotor constituído por um núcleo ferromagnético, também laminado, sobre o qual se encontra um
enrolamento ou um conjunto de condutores paralelos, nos quais são induzidas correntes provocadas pela
corrente alternada das bobinas do estator.

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Rotor
O rotor dos motores de indução pode ser de dois tipos básicos: rotor do tipo gaiola de esquilo, que tem uma
maior quantidade de aplicações, e rotor bobinado ou de anéis, para aplicações especiais. Afinalidade do rotor
de anéis é permitir um ajuste da velocidade e do torque de partida pela inserção de uma resistência variável
externa
(reostato) nos enrolamentos do rotor, através de escovas de grafite (carvão), as quais deslizam e fazem
contato elétrico com os anéis.

Fig. 2 – Rotor de motores de indução

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Estator
O estator é constituído de chapas de aço-silício justapostas, as quais são de pequena
espessura (tipicamente de 0,25 a 0,6 mm) e que apresentam baixas perdas no ferro (histerese ou magnéticas
e Foucault, ou pelo efeito das correntes parasitas). Em motores de baixo custo, essas laminações são muitas
vezes fabricadas com aço convencional de baixo teor de carbono (aço 1006 ou 1008), acarretando um nível
mais elevado de perdas e, consequentemente, um rendimento menor do motor.

Os enrolamentos do estator são constituídos normalmente de espiras de fio de cobre esmaltado, as quais
são, convenientemente, alojadas nas ranhuras do seu núcleo. Tais enrolamentos são ligados à fonte de
energia elétrica de C.A. e são responsáveis pelo estabelecimento do campo magnético girante na região do
entreferro.

Fig. 4 – Enrolamentos do estator


Fig. 3 – Estatores para motores
Veja, abaixo, o exemplo de como é o enrolamento para um motor de 4 polos (bobina
concêntrica):

Fig. 5 – Enrolamento para motor de 4 polos

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Carcaça
O tipo de carcaça permite identificar grande parte de suas dimensões mecânicas. O tamanho da carcaça
é definido pela potência e rotação do motor e as formas construtivas definem como o motor vai ser
fixado e acoplado à carga. O tipo de carcaça também reduz a dispersão do fluxo de ar e contribui para o
aumento da troca térmica entre o motor e o ambiente, resultando em redução de pontos quentes na
superfície da carcaça e no aumento do intervalo de relubrificação dos rolamentos.

Fig. 6 – Carcaça de um motor

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Afigura abaixo mostra o motor por completo, com suas partes básicas e seus
complementos:

1. Carcaça
2. Núcleo de chapas em aço
magnético
3.
Núcleo de chapas iguais ao do
4. estator
5. Tampa frontal
6. Ventilador
Tampa defletora
7.
Eixo do motor
8. Enrolamento Trifásico
9. Caixa de ligação
10. Terminais
11. Rolamentos
12. Barras e anéis de curto-circuito

Fig. 7 – Motor completo


Campo Girante do Motor de Indução Trifásico (MIT)
Podemos fazer uma analogia entre um transformador elétrico e o conjunto estator e o rotor de um
motor de indução. Os enrolamentos do estator correspondem, nessa analogia, aos enrolamentos do
primário do transformador.As espiras do rotor (ou barras condutoras em curto-circuito no motor tipo
gaiola de esquilo) correspondem ao secundário do transformador. O fluxo magnético criado pelos
enrolamentos do estator induz tensões nas espiras do rotor, provocando a circulação de corrente nas
mesmas. As correntes do enrolamento do rotor interagem com o campo magnético do estator,
desenvolvendo um conjunto de forças tangenciais ao rotor resultando no conjugado motor ou torque,
causando a rotação do rotor a uma velocidade ligeiramente inferior à velocidade síncrona. Adiferença
entre a velocidade síncrona do campo do estator e a velocidade mecânica do rotor é denominada de
escorregamento. Quanto maior o carregamento do motor, maior é o escorregamento. O estator do motor
de indução corresponde ao núcleo ferromagnético estacionário. Nas ranhuras do estator são alojadas as
espiras de fio condutor que constituem os enrolamentos ou bobinas do estator. Dependendo do número
de ranhuras e da maneira como serão dispostas as espiras dos enrolamentos, poderemos ter dois, quatro,
seis ou oito polos magnéticos.

Inicialmente, considere três bobinas independentes no estator, as quais são montadas


com uma defasagem angular de 120˚ entre si.

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Se essas bobinas forem percorridas por correntes senoidais,
defasadas no tempo por 120˚, então teremos um campo
magnético girante de forma que:
Na bobina Ateremos: Ia =Im x sen (wt)
Na bobina B teremos: Ib =Im x sen (wt - 120°)
Na bobina C teremos: Ic =Im x sen (wt - 240°)

Fig. 8 – Bobinas com defasagem angular de 120º

Um motor de indução trifásico trabalha em qualquer sentido Fig. 9 – Campo girante trifásico
dependendo da conexão
com a fonte elétrica. Para inverter o sentido de rotação, inverte-
se qualquer par de conexões entre motor e fonte elétrica. É
necessário verificar se o ventilador do motor é bidirecional,
porque se o sentido de rotação for invertido, isto poderá
prejudicar a refrigeração do motor.
Parâmetros de Motores
Velocidade Síncrona (ns)
Avelocidade síncrona do motor é definida pela velocidade de rotação do campo
girante, a qual depende do número de polos (2p) do motor e da frequência (f) da rede, em Hertz. Os
enrolamentos podem ser construídos com um ou mais pares de polos, que se distribuem
alternadamente (um “norte” e um “sul”) ao longo da periferia do núcleo magnético. O campo girante
percorre um par de polos (p) a cada ciclo. Assim, como o enrolamento tem polos ou “p” pares de polos, a
velocidade do campo é:
(60 x f) (120 x f) Onde:
ns = = p = número de pares de polos
p 2p
2p = número de polos
f = frequência nominal da rede

Podemos exemplificar utilizando um cálculo para saber a rotação síncrona de um


motor de IV polos, 60Hz:

120 x 60
ns = = 1800 rpm
4

Observe a tabela das velocidades síncronas utilizando 60Hz e 50Hz:

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Tabela 1– Velocidades síncronas

Potência Nominal
É a potência que o motor pode fornecer dentro de suas características nominais, em regime contínuo. O conceito
de potência nominal, ou seja, a potência que o motor pode fornecer, está intimamente ligado à elevação de
temperatura do enrolamento. Sabemos que o motor pode acionar cargas de potências bem acima de sua potência
nominal, até quase atingir o conjugado máximo. O que acontece, porém, é que se
esta sobrecarga for excessiva, isto é, for exigida do motor uma potência muito acima daquela para a qual foi
projetado, o aquecimento normal será ultrapassado e a vida do motor será diminuída, podendo, até mesmo,
queimar rapidamente.

Deve-se sempre ter em mente que a potência solicitada ao motor é definida pelas
características da carga, isto é, independentemente da potência do motor, ou seja, uma carga de
90 c.v., independente se o motor for de 75 c.v. ou 100 c.v., será solicitado do motor 90 c.v.
Podemos converter essa relação em Watts, sendo:
» 1c.v. = 736W e
» 1hp = 746W.
Então, para um motor de 90 cv x 736 W = 66240W.
Tensão Nominal
É a tensão para a qual o motor foi projetado. Amaioria dos motores trabalham pelo menos com duas tensões
diferentes e isto só acontece devido aos tipos de ligação. As ligações podem ser em série ou paralela,
dependendo do número de enrolamentos do motor.

Ligações de um Motor Trifásico

- 6 Terminais:

Fig. 10– Ligações de motor trifásico – 6 terminais


- 12 Terminais:

Se ligarmos as três fases em estrela, o


motor pode ser ligado a uma tensão
igual a 220
x √3=380V. Se as três fases forem
ligadas em triângulo, cada fase
receberá a tensão da linha, como, por
exemplo, 220V.

Fig. 11 – Ligações de motor trifásico – 12 terminais

Escorre g a m e n to

Se o motor gira a uma velocidade diferente da velocidade síncrona, ou seja, diferente da velocidade do
campo girante, o enrolamento do rotor “corta” as linhas de força magnética do campo e, pelas leis do
eletromagnetismo, circularão nele correntes induzidas. Quanto maior a carga, maior terá que ser o
conjugado necessário para acioná-la. Para obter um maior conjugado, a diferença de velocidade terá que ser
maior, a fim de que as correntes induzidas e os campos produzidos sejam maiores. Portanto, à medida em
que a carga aumenta, a rotação do motor diminui. Quando a carga é zero, motor em vazio, o rotor girará
praticamente com a rotação síncrona.
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Adiferença entre a velocidade do motor (n) e a velocidade síncrona (ns) chama-se
escorregamento (s), que pode ser expresso em rotações por minuto (rpm), como fração da velocidade
síncrona, ou como, ainda, porcentagem desta:

s (rpm) =ns - n

ns - n ns - n
s= ou s(%) = x 100
ns ns

Conjugado
Conjugado é a medida do esforço necessário para girar um eixo, que também é chamado de torque ou
momento. O conjugado pode ser calculado usando a fórmula:

C =F . d (N . m)

Onde:
C = conjugado
F = força (N)
d = distância (m)

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Conforme as suas características de conjugado em relação à velocidade e
corrente
de partida, os motores de indução trifásicos com rotor de gaiola são classificados
em categorias, cada uma adequada a um tipo de carga. Estas categorias são
definidas em norma (ABNT NBR 17094 e IEC 60034-1) e são as seguintes:
» Categoria N: conjugado de partida normal, corrente de partida normal;
baixo escorregamento. Constituem a maioria dos motores encontrados no
mercado e prestam-se ao acionamento de cargas normais, como bombas,
máquinas operatrizes, ventiladores.
» Categoria H: conjugado de partida alto, corrente de partida normal; baixo
escorregamento. Usados para cargas que exigem maior conjugado na partida,
como peneiras, transportadores carregadores, cargas de alta inércia, britadores
Fig. 12– Cálculo do conjugado
e etc.
» Categoria D: conjugado de partida alto, corrente de partida normal; alto
escorregamento (+ de 5%). Usados em prensas excêntricas e máquinas
semelhantes, onde a carga apresenta picos periódicos. Usados também em
elevadores e cargas que necessitam de conjugados de partida muito altos e
corrente de partida limitada .

17/39
» Categoria NY: esta categoria inclui os motores semelhantes aos de categoria N, porém
previstos para partida estrela-triângulo. Para estes motores na ligação estrela, os valores mínimos do
conjugado com rotor bloqueado e do conjugado mínimo de partida são iguais a 25% dos valores indicados
para os motores categoria N.
» Categoria HY: esta categoria inclui os motores semelhantes aos de categoria H, porém previstos para
partida estrela-triângulo. Para estes motores na ligação estrela, os valores mínimos do conjugado com
rotor bloqueado e do conjugado mínimo de partida são iguais a 25% dos valores indicados para os
motores de categoria H.

Para motores da categoria D, de IV, VI e VIII polos e potência nominal igual ou inferior
a 150 cv, tem-se, segundo ABNT NBR 17094 e IEC 60034-1, que a razão do conjugado com rotor
bloqueado (Cp) para conjugado nominal (Cn) não deve ser inferior a 2,75.
Anorma não especifica os valores de Cmín e Cmáx.ANBR 17094 não especifica os
valores mínimos de conjugados exigidos para motores II polos, categorias H e D.

Fig. 13– Categorias de motores trifásicos com rotor de gaiola


Veja abaixo, os exemplos de aplicação dos motores em função da aceleração:

Fig. 14 – Aplicação dos motores em função da aceleração

Re n d i me n to
O rendimento define a eficiência com que é feita a conversão da energia elétrica absorvida da rede pelo
motor, em energia mecânica disponível no eixo. Chamamos de
“Potência útil” (Pu) a potência mecânica disponível no eixo e, de “Potência absorvida”
(Pa) a potência elétrica que o motor retira da rede, o rendimento será a relação entre as duas, ou seja:

Pu 736 x P (cv)
h= =
Pa √ 3 x U x I x cosf

Te m p e ratura
Os materiais e sistemas isolantes são classificados conforme a resistência à
temperatura por longo período de tempo. As normas citadas a seguir referem-se à
classificação de materiais e sistemas isolantes:

Tabela 2 – Materiais e sistemas isolantes

As classes térmicas definidas para os materiais e sistemas isolantes são as seguintes:

20/39
Tabela 3 – Classes de temperatura

Altitude
Motores funcionando em altitudes acima de 1.000 m. apresentam problemas de
aquecimento causados pela rarefação do ar e, consequentemente, diminuição do seu poder de arrefecimento
(esfriamento). Ainsuficiente troca de calor entre o motor
e o ar circundante, leva à exigência de redução de perdas, o que significa, também, redução de potência. Os
motores têm aquecimento diretamente proporcional às perdas e estas variam, aproximadamente, numa razão
quadrática com a potência. Existem algumas alternativas de aplicações a serem avaliadas:
a) Ainstalação de um motor em altitudes acima de 1.000 metros pode ser realizada usando-se material isolante
de classe superior.
b) Segundo as normas ABNT NBR 17094 e IEC 60034-1, a redução necessária na temperatura ambiente
deve ser de 1%dos limites de elevação de temperatura para cada 100 m de altitude acima de 1.000 m. Esta
regra é válida para altitudes de até
4.000 m.
21/39
Grau de Pro teção
Os invólucros dos equipamentos elétricos, conforme as características do local em que serão instalados
e de sua acessibilidade, devem oferecer um determinado grau
de proteção. Assim, por exemplo, um equipamento a ser instalado num local sujeito a jatos d’água deve
possuir um invólucro capaz de suportar tais jatos sob determinados valores de pressão e ângulo de
incidência, sem que haja penetração de água.
Anorma ABNT NBR-IEC 60034-5 define os graus de proteção dos equipamentos elétricos por meio
das letras características IP, seguidas por dois algarismos.
O 1ºAlgarismo indica o grau de proteção contra penetração de corpos sólidos estranhos e contato
acidental e o 2º Algarismo indica o grau de proteção contra penetração de água no interior do motor.
Veja abaixo as tabelas acerca do grau de proteção:

22/39
Tabela 4 – Grau de proteção contra penetração de
corpos sólidos estranhos

Tabela 5 – Grau de proteção contra penetração de água no


interior do motor

23/39
Fator de Serviço
Chama-se fator de serviço (FS) o fator que, aplicado à potência nominal, indica a carga permissível que
pode ser aplicada continuamente ao motor, sob condições especificadas. Note que se trata de uma
capacidade de sobrecarga contínua, ou seja, uma reserva de potência que dá ao motor uma capacidade de
suportar melhor o funcionamento em condições desfavoráveis.

O fator de serviço não deve ser confundido com a capacidade de sobrecarga


momentânea, durante alguns minutos. O fator de serviço FS = 1,0 significa que o motor não foi projetado
para funcionar continuamente acima de sua potência nominal. Isto, entretanto, não muda a sua capacidade
para sobrecargas momentâneas. AIEC 60034-1especifica os fatores de serviço usuais por potência.

Regime de Serviço
Segundo a IEC 60034-1, é o grau de regularidade da carga a que o motor é submetido.
Os motores normais são projetados para regime contínuo (a carga é constante), por tempo indefinido e
igual à potência nominal do motor.Aindicação do regime do motor deve ser feita pelo comprador, da
forma mais exata possível. Nos casos em que a carga não variar, ou nos quais variar de forma previsível, o
regime poderá ser indicado numericamente ou por meio de gráficos que representam a variação em
função do tempo das grandezas variáveis. Quando a sequência real dos valores no tempo for
indeterminada, deverá ser indicada uma sequência fictícia não menos
severa que a real. A utilização de outro regime de partida, em relação ao informado na placa de identificação,
pode levar o motor ao sobreaquecimento e consequente danos ao mesmo.
Placa de Identificação
Aplaca de identificação contém as informações que determinam as características construtivas e de
desempenho dos motores, que são definidas pela NBR-7094.

25/39
Linha 1: ~- Alternado.
3 - Trifásico.
132S - Modelo da carcaça
25MAR04 - Data de fabricação.
BM20035 - Nº de série do motor (certidão de nascimento).

Linha 2: Motor de Indução – Gaiola


Tipo de motor
Hz 60 - Frequência de 60Hz.
CAT N - Categoria de Conjugado N.

Linha 3: kW(cv) 7,5(10)


Potência nominal do motor: 7.5kW (10cv).
RPM 1760 - Rotação nominal do motor: 1760rpm.

Linha 4: FS 1.15 Fator de serviço: 1.15.


ISOL B Classe de isolamento: B.
Δt K Elevação de temperatura *.
Ip/In 7,8 Relação de corrente de partida pela nominal: 7,8.
IP55 Grau de proteção

*Quando não houver marcação, a elevação de temperatura é a normalizada. Para classe de


isolamento B, a elevação de temperatura é 80K.
Fig. 15– placa de identificação

26/39
Linha 5: 220/380/440 V
Tensões nominais de operação: 220V, 380V ou 440V.
26,4/15,3/13,2 A - Correntes nominais de operação: 26,4A em 220V, 15,3A em 380V em
13,2A em 440V.

Linha 6: REG S1- Regime de serviço S1: Contínuo.


MÁX AMB - Máxima temperatura ambiente **.
ALT m - Altitude máxima **.

**Quando não houver marcação, a temperatura ambiente máxima é 40°C e a altitude


máxima é 1000m.

Linha 7: REND.% - Rendimento do motor em condições nominais.


cos j - Fator de potência do motor em condições nominais.
SFA - Corrente no fator serviço, quando maior que 1,15.

Linha 8: ΔΔ - Esquema de ligação para tensão nominal de 220V.


YY- Esquema de ligação para tensão nominal de 380V.
Δ - Esquema de ligação para tensão nominal de 440V

Linha 9: 6308-ZZ - Tipo de rolamento dianteiro.


6207-ZZ - Tipo de rolamento traseiro.
MOBIL POLYREX EM - Tipo de graxa utilizada nos rolamentos.
64 Kg - Peso do motor.
Fig. 15– placa de identificação

27/39
Diagramas Elétricos de Potência e
Comando
O diagrama elétrico é um desenho que mostra como as várias partes de um dispositivo, rede,
instalação, grupo de aparelhos estão interconectados. É uma representação por meio de símbolos
definidos nas normas NBR 5259, NBR 5444, NBR
12519, entre outras.

É importante conhecer os diagramas elétricos de potência e o quanto os diagramas


de comando são essenciais para realizar montagens e executar manutenções na indústria. Um
projeto de potência e comando pode possuir dezenas de páginas, por isso é imprescindível saber
interpretar corretamente os símbolos, os métodos de organização e estruturação de um projeto.

Os diagramas podem ser multifilar completo, funcional ou de execução.

O diagrama multifilar completo representa o circuito elétrico da forma como é


montado. Este tipo de diagrama é difícil de ser interpretado e elaborado, pois torna os circuitos muito
complexos. :

1/8
Veja o exemplo de um diagrama multifilar
PE
L1
L2
L3

F.C1
REVERSÃO
START 3 3
S2_C2 1
S1_C1 F.C2 STOP
4 4 2
FUSÍVEIS 20A

C1 C1 13 21 C1
A1 C2 C2 13 C2
21
A1 A2 14 22 A2 14 22

95
RELÉ TÉRMICO
98
PE

M
3

O diagrama que representa os circuitos de uma forma prática, separando-os segundo


a sua função, é o diagrama funcional. O diagrama funcional em comandos elétricos é formado pelo
diagrama de potência e o diagrama de comando.
Os diagramas de potência apresentam os circuitos de potência, com os motores
instalados, banco de resistências, banco de capacitores, transformadores ou, ainda qualquer
outra carga que estiver ligada à potência. Neste diagrama podem ser
inseridos a instrumentação para medição de grandezas Os diagramas de comando apresentam a lógica do
em painéis, como voltímetros acionamento das cargas
e amperímetros, transformadores de potencial e de instaladas, e a sequência de funcionamento é definida
corrente associados a estes instrumentos. Veja o no sistema de controle.
exemplo de um diagrama de potência (funcional): A lógica de controle pode ser desenvolvida com
lógica de contatores e relés, ou com
controladores lógicos programáveis (CLP). Veja a
seguir o exemplo de um diagrama de comando:
L1
L2
L3
PE 1 3 5
Q1

I> I> I>


2 4 6

1
1 3 5 3 5
K10
K20

2 4 6 2 4 6

U1 V1 W1 PE

M1
M
3
~
Em ambos os diagramas é possível verificar que existem etiquetas
nomeando cada
um dos componentes. Estas etiquetas, ou rótulos, são importantes para
identificar os componentes, a quantidade deles dentro do circuito e a
localização no esquema. Exemplo:
1K2 – Contator K2, ou contator 2, na página 1;
3F0 – Elemento de proteção 0 na página 3.

Segue abaixo alguns exemplos de tags que podem ser utilizadas:


» Contatores e relés – K1, K2, K3...
» Relés Temporizadores – DT1, DT2, DT3, ou dT1, dT2, dT3...
» Elementos de proteção – F0, F1, F2...
» Elementos de sinalização – H1, H2, H3 ou E1, E2, E3...
» Botões pulsadores e chaves – S0, S1, S2...
» Motores – M1, M2, M3...
» Disjuntor-motor – Q1, Q2, Q3...

5/8
Tipos de Partida e
Máquinas Elétricas
Partida Direta
A partida direta é aquela que põe o motor elétrico em funcionamento de imediato ou no
menor tempo possível. É o tipo de partida por meio da qual energizamos um motor
elétrico trifásico diretamente pela tensão nominal da rede elétrica. A partida do motor é o
espaço de tempo compreendido entre o instante em que o motor está desenergizado, ou
seja, com o rotor parado até o instante em que o motor atinge plena velocidade ou
rotação nominal. Esse sistema é indicado para máquinas e equipamentos que partem sob
carga, pois, nesse caso, o motor desenvolve o torque nominal. No entanto, a corrente de
partida é elevada e pode atingir valores de até dez vezes o valor da corrente nominal do
motor.

Observe o diagrama de potência para uma partida direta. É possível verificar


pelo
diagrama que o motor será ligado à rede elétrica através de um contator (K1):

1/23
Q11 Q11
220 V/60 Hz 220 V/60 Hz
L1 L1
95 95
F10 F10
96 96

11 11
S0 S0
12 12

13 13 23 13 13 23
S1 K1 K1 S1 K1 K1
14 14 24 14 14 24

A1 A1
K1 E1 1 K1 E1
A2 A2
Q12 Q12

L2 L2

Botão S1 sendo pressionado Fechamento dos contatos de comando

Veja no gráfico a seguir que a corrente de partida do motor é alta, depois de algum
tempo ele atinge a corrente nominal.
O sistema de partida direta é muito utilizado nas industrias, nas máquinas equipadas
com motores de pequenas potências. A Norma Brasileira Regulamentadora 5410 (NBR
5410) recomenda que, para partida de motores alimentados pela rede pública
de baixa tensão com potência acima de 5cv, devemos consultar a concessionária local de
fornecimento de energia. Para potências superiores, dependendo da orientação
da fornecedora de energia, é importante e obrigatória a utilização de um sistema
alternativo para reduzir a corrente do motor na partida. Um dado importante e
disponível na placa de identificação do motor é o Ip/In, que indica quantas vezes a
corrente de partida (Ip) é maior que a corrente nominal (In) do motor.
Corrente
do motor
Ip = In X Ip/In
Ip

Partida
do motor

Pleno funcionamento
In

Tempo
Vejamos o funcionamento de cada um dos componentes do diagrama de comandos :

Disjuntor Termomagnético (Q11)


Protege o circuito de comando de sobrecorrentes na instalação, principalmente nos casos de
curto-circuito em dispositivos do comando. Quando a corrente ultrapassar
o valor nominal do disjuntor, ele se desliga, interrompendo a passagem da corrente e
inativando o circuito. Quando for solucionado o problema da instalação, e só rearmar o
disjuntor e o circuito voltará a funcionar.

Contato de comando do relé térmico (F10):


Abre o contato 95-96 e desliga a alimentação do circuito de comando, caso seja
detectado sobrecorrente no circuito de potência. Depois de solucionado o problema da
sobrecarga, basta rearmar o térmico pressionando o botão azul, na parte frontal do relé
térmico, para que o circuito possa funcionar novamente.
Botão Desligar (S0):
Serve para desligar o motor. Quando pressionado, o botão abre o contato 11-12 (NF),
interrompendo a tensão. Esse botão é do tipo pulsador e é vermelho.

Botão Ligar (S1):

Serve para ligar o motor. Quando pressionado, o botão fecha o contato 13-14 (NA),
permitindo que a bobina K1 seja energizada. Esse botão é do tipo pulsador e é verde.

5/23
Bobina de comando do contator (K1):
Fecha os contatos de potência, quando recebe tensão, para alimentar o motor, e fecha
os contatos auxiliares 13-14 e 23-24 no comando.
Contato 13-14 do contator (K1):

Após soltar o dedo do botão S1, o contator fecha o contato 13-14, que serve para manter
o caminho para a passagem da corrente. Esse contato é chamado de contato de selo ou de manutenção.

Contato 23-24 do contator (K1):

O contator fecha o contato 23-24 (NA) quando a bobina Q1 é energizada. Veja que no
diagrama da figura mostrada anteriormente, esse contato foi usado para alimentar o sinalizador
luminoso (lâmpada) E1.
Sinalizador luminoso (E1):

Acende uma luz verde ao receber tensão, indicando que o motor está em
funcionamento.

Partida Direta com Reversão


Na partida direta com reversão, note que no diagrama de potência foi acrescentado um contator
adicional. Este contator (K20) é responsável pela inversão do motor, visto que ele está invertendo pelo
menos uma das fases do motor de indução trifásico (MIT):

6/23
É possível notar que nas botoeiras S1 e S2, houve um
No diagrama de comando, é possível notar uma intertravamento, ou seja, quando
simetria nos componentes utilizados
for acionado S1, se o contator K20 estiver energizado pelo
para realizar a partida, porém agora temos um
contato de selo de K20, então este será desenergizado. Note
botão S1 para a partida direta no sentido horário e
que, neste circuito, não é necessário um botão “liga e
o botão S2 para a partida no sentido anti-horário:
desliga” para o sentido horário e um botão “liga e desliga”
no sentido anti- horário; da mesma forma isto acontece para
L1 o botão S2. Veja a representação a seguir:
L2
L3
1 3 5
PE
Q1

I> I> I>


2 4 6

1
1 3 5 3 5
K10 K20

2 4 6 2 4 6

U1 V1 W1 PE

M1 M
3
~
Diagrama principal
S1 13 13
K10 K20
14 14

11 11
S2
12

Primeiro abre o N.F. 11-12


Depois fecha o N.A. 13-14

Detalhe do diagram A -
Ordem de acionamento dos
contatos

Existem dois tipos de intertravamento elétrico: por contatos de botão e por contatos
do contator.
Partida Estrela-Triângulo (Y∆)
Dependendo da potência de um motor, é obrigatório o uso de um sistema indireto de partida que reduza o pico de
corrente durante o tempo da partida do motor elétrico. Nos casos em que a bitola dos condutores da instalação é
insuficiente para suportar a corrente de partida do motor, o sistema estrela-triângulo é uma boa alternativa.

Assim, seja por imposição da concessionária de energia, seja pelas limitações da


própria instalação elétrica, o fato é que a redução do pico de corrente traz vantagens aos usuários das
instalações elétricas – consumidores ou fornecedores –, já que a queda de tensão, ou a interferência, por
exemplo, faz com que os outros equipamentos instalados na mesma rede funcionem de forma deficiente.

Outra vantagem do sistema de partida estrela-triângulo é que ele permite a utilização


de condutores de bitola menores, o que reduz o custo da instalação. Ou, ainda, no caso de uma instalação já
existente, possibilita o uso de motores de maior potência, sem a necessidade da troca dos condutores por aqueles
de maior bitola. Esse tipo de partida pode ser aplicado em motores de qualquer potência, desde que possa
receber as tensões indicadas – a menor tensão é do mesmo valor da tensão da rede, e a maior tensão corresponde
a 3 (raiz de três) vezes maior do que a primeira. Como exemplos, temos motor que se liga às tensões 220 V/380
V, motor para tensões 440 V/760 V ou, ainda, motores especiais indicados para tensões como 380 V/660 V.

O sistema de partida estrela-triângulo é recomendado para partida de motores


em máquinas que partem em vazio ou sem carga, tais como tornos, fresadoras, retificadoras, furadeiras e outras
máquinas. Esse sistema também pode ser aplicado a cargas ou máquinas com baixo conjugado resistente, por
exemplo, dobradeiras e exaustores. A partida estrela-triângulo proporciona uma redução de corrente a um terço o
valor da corrente de partida se comparada ao sistema de partida direta em
triângulo, ou seja, há uma redução muito significativa.
Veja a comparação da corrente de partida em uma partida direta
e em uma partida estrela-triângulo.

Corrente (Ip)
de partida do
motor (A)
Comutação
de Estrela para Triângulo
Ip
diret
a
Partida direta

Ip
Y/∆ Partida
Estrela - Triângulo

In Pleno funcionament
o

0 > 90% rpm % Velocidade


nominal (rpm)

Para entender o funcionamento da partida Y∆, é preciso relémbrar a ligação do motor


trifásico em 380 V e 220 V:

11/23
Nessa partida, o motor trifásico, por meio dos contatores de potência, fica inicialmente
fechado em estrela, com os terminais 4-5-6 curto-circuitados, ou seja, preparado para
receber 380 V, tensão maior. No entanto, só aplicamos 220 V conectando R, S, T da rede
elétrica nos terminais 1, 2 e 3 do motor. Depois de energizado, o motor começa a girar e,
quando atinge no mínimo 90% da rotação nominal, o temporizador faz a comutação dos
contatores. Assim, o motor passa a ser fechado em triângulo, recebendo 220 V nos
seguintes terminais e com as respectivas fases: 1-6 R, 2-4 S, 3-5 T. Note que R, S e T já
alimentavam respectivamente os terminais 1, 2 e 3 e que, na ligação em triângulo, só
conectou o terminal 6 com o 1, o 4 com 2 e o 5 com o 3. Veja os diagramas de potência e
comando para uma partida Y∆:
Esquema elétrico da Partida Estrela Triângulo.

3~60 Hz 220 V
L1
L2
L3

F10

1 3 5 1 3 5 1 3 5
K1 K3 K2
2 4 6 2 4 6 2 4 6

1 3 5
F7
2 4 6

U1 V1 W1
3 6
2 M 4
3
1 ~ 5
M1

13/23
Alimentação

Liga em U1,V1,W1
Ligar 1com
3 e com 5
Principal
U1 V1 W1

∆ λ

U1 V1 W1
Liga em
Liga em W2,U2,V2
W2,U2,V2

U2 V2 W2
Note, pelo diagrama de comando, que existe um temporizador. Transpassado o tempo
determinado em que o motor atingir 90% de sua rotação nominal, o temporizador atua
comutando os contatores de Y para ∆.

Partida com Chave Compensadora


A partida com chave compensadora é um sistema indireto para reduzir a corrente de partida sem
perder muito o torque de um motor. Serve para muitas aplicações em que o sistema estrela-
triângulo não pode ser usado devido à necessidade da máquina ou
ao processo de partir o motor sob carga que requer, portanto, um torque mais elevado, como é o
caso dos compressores de ar a pistão. A partida com chave compensadora
é feita com o uso de um autotransformador, que fornece uma tensão menor para o motor.
Se compararmos a partida por autotransformador com a partida Y∆, veremos
que o autotransformador é mais vantajoso. Mesmo no tape de 65%, a tensão que alimenta o motor é,
proporcionalmente, um pouco maior. O pico na comutação da tensão reduzida do tap para a plena
tensão da rede é bem menor devido ao fato de
a bobina do autotransformador ficar em série com o motor, funcionando como uma reatância, no
instante da comutação. Outra vantagem em relação a Y∆ é que, com o autotransformador, o motor
não desliga durante a comutação da tensão reduzida para a plena tensão. Isso garante ao motor um
funcionamento ininterrupto durante toda
a manobra desde a partida até a plena tensão. A questão fundamental que define a necessidade de
uso do autotransformador é a necessidade de o processo ou a máquina partir com carga e exigir da
máquina um bom torque ou conjugado do motor na partida.
Veja a seguir os diagramas de potência e comando para um autotransformador:
15/23
16/23
Alimentação
Contator que alimenta o
Transformador

Principal

Tap do
transformador
que alimenta o
motor EX.: 80%

Contator que faz o


fechamento em
estrela do
Transformador

Motor de 3 pontas
Partida com M o tor Dahalander

O motor Dahlander é um tipo de motor de indução trifásico que tem como objetivo
oferecer duas velocidades diferentes. Isso é possível graças às suas bobinas que são conectadas de
maneira não convencional, pois podem funcionar com polarização ativa ou consequente. Na
indústria, muitas máquinas do processo de fabricação

trabalham com mais de uma velocidade, às vezes duas, quatro, oito ou até mais. No
motor Dahlander, de um mesmo enrolamento obtemos duas velocidades distintas, e a maior
velocidade é sempre o dobro da menor. Esse motor é muito utilizado em tornos do tipo
convencional que necessitam de diversas velocidades obtidas por meio de alavancas que alteram
engrenagens. Como o motor Dahlander oferece duas velocidades, essa combinação resulta no
dobro de velocidades que poderiam ser obtidas somente pelas engrenagens.
Observe o diagrama de potência e comando de um motor Dahlander:

3~60 Hz 220 V
L1
L2
L3

F1, 2, 3

1 3 5
1 3 5 1 3
5
K1 K2 K3
2 4 6 2 4 6 2 4 6

1 3 5 1 3 5
F7 F8

2 4 6 2 4 6

2U 1U

2V M 1V
3 ~
2W 1W
Observe que no circuito de potência, o contator K2 é responsável por ligar o
motor em
velocidade baixa, e K1 e K3, em velocidade alta. No comando, quando o usuário
aperta o botão S1, primeiro abre-se S1, 1-2, e depois se fecha S1, 3-4, fazendo a
energização
da bobina de K2. Enquanto isso acontece, K2, 31-32 se abre, intertravando K1 e
K3, e fechando o contato K2, 13- 14, de selo e mantendo K2 energizado, mesmo
depois de o usuário soltar o botão. No mesmo instante, no circuito principal, K2
liga o motor
para funcionar em velocidade baixa. Para fazermos a mudança para a velocidade
alta, devemos pressionar o botão S2 que, por meio do intertravamento, desliga K2
e, com K2 desligado, as bobinas de K1 e K3 são energizadas e acionam o motor
em velocidade alta.
Dispositivos Eletrônicos
de Partida
Soft Starters
O motor elétrico é um elemento essencial dentro de uma indústria. No entanto, para entrar em funcionamento ele traz
efeitos indesejados quando acionado de forma direta, dependendo da potência. O principal problema é a grande demanda de
corrente solicitada da rede pelo motor na sua partida. Para enfrentar esse problema, surgiram formas alternativas de partida
de motores, tais como a partida estrela-triângulo e a partida com autotransformador. Entretanto, esses sistemas de partidas
também possuem inconvenientes, como perda de torque na partida, custo elevado, limitação do número de partidas por hora,
desgaste dos componentes eletromecânicos, entre outros.
O soft starter, ou equipamento de partida suave, foi desenvolvido para minimizar
alguns desses problemas. Esse equipamento é utilizado na partida de motores elétricos trifásicos de indução sem causar
picos elevados de corrente, além de oferecer proteções ao motor. O soft starter recebe uma tensão trifásica fixa da rede
elétrica e fornece uma tensão variável para o motor, porém com a frequência fixa.

Na partida do motor, ele fornece uma tensão que vai aumentando cada vez mais,
proporcionando uma partida suave. No desligamento, o soft starter diminui a tensão de funcionamento do motor, fazendo
com que ele pare suavemente até que seja completamente desligado. Também dispõe da opção de desligar diretamente o
motor. Ele faz esse processo por meio de componentes eletrônicos e, portanto, sem desgaste mecânico, por isso também é
conhecido por chave estática de partida. O soft starter

1/5
é uma opção interessante e eficaz para a partida de motores elétricos, pois supera
com vantagens os sistemas eletromecânicos convencionais de partida. Você deve instalar
esses dispositivos em rede trifásica, protegidos por contadores e fusíveis ou disjuntores.

Nas entradas digitais (DI´s), você deve conectar os botões, chaves e sensores, e nas
saídas digitais (DO´s), os relés, contadores, sinalizadores e outras cargas de pequena
potência que são controladas pelo equipamento. Alguns soft starters mais sofisticados
possuem saída analógica na qual você pode conectar, por exemplo, instrumentos
de medição para indicar a corrente do motor. Outros modelos possuem entrada analógica
e nela você pode conectar, por exemplo, um sensor de temperatura do tipo

Entradas
digitais

Saídas
digitais
(a relé)
R S T L N

1 3 5
Q1

2 4 6

PTC instalado no motor, de forma que, ao chegar a uma determinada


temperatura, o soft starter desligue o motor ou
sinalize seu alarme. Veja o exemplo de instalação de um soft starter:

O valor da tensão de alimentação do controle eletrônico dos soft starters


varia de acordo com o fabricante: uns trabalham com a tensão da rede de 1L1 3L2 5L3 L N 4 5 8
110 VCA ou 220 VCA, enquanto outros usam tensões contínuas de +24
VCC.

2T1 4T2 6T3 X13 23 24

U1 V1 W1
V
M
M1
3~ 0 V a 10 V

+t°
Parametrização
Para que o soft starter possa controlar adequadamente a partida e a parada do motor, é preciso ajustar
algumas variáveis para um melhor controle. Essas variáveis são chamadas de parâmetros, e a ação de
modificá-los é conhecida como configuração de parâmetros ou parametrização do soft starter. Sempre que
for instalar um soft starter,
é preciso configurar alguns parâmetros básicos para realizar os testes com segurança. Esses testes são
necessários para que você possa validar a instalação. O ajuste de parâmetros pode ser feito por meio de
trimpots ou interface homem-máquina (IHM).

A configuração dos parâmetros por trimpots é muito simples e não varia,


independentemente do fabricante ou do modelo de soft start usado, pois eles têm como características
comuns:
» tempo de rampa de partida;
» valor inicial da tensão da rampa de partida (torque);
» rampa de tensão de parada ou desligamento natural (sem rampa de parada);
» tempo de rampa de parada.

Alguns soft starters possuem outros recursos, tais como limitação da corrente do
motor e frenagem do motor por injeção de corrente continua (CC).
Dispositivos Eletrônicos de
Partida e Controle de Velocidade
Inversor de Frequência
O inversor de frequência ou conversor CA/CA é um equipamento que permite controlar a velocidade de
um motor elétrico trifásico de indução. Muitos fabricantes denominam os inversores de drivers de
controle de motores:

O inversor recebe a tensão alternada da rede com a frequência fixa de 60 Hz e fornece


tensão alternada com frequência variável para controlar a rotação de um motor trifásico. Alguns
inversores podem ser alimentados por tensão contínua, ao invés de entrada de tensão alternada.
Além do controle da velocidade, o inversor oferece outras vantagens, tais como:
proteção do motor, principalmente contra sobrecorrente, e partida com baixa corrente.

Os pontos de entrada e saída de potência são os terminais onde conectamos a entrada


da alimentação da rede elétrica, o condutor de aterramento, a saída para o motor elétrico e, em
alguns casos, o resistor de frenagem.

Os inversores de frequência são fabricados para receberem tensão trifásica, alternada


ou contínua, de alimentação, e fornecerem uma tensão trifásica para o motor elétrico. Essa
alimentação 220 V pode ser:
» monofásica: com uma fase 220 V, conectada ao L/L1, e um neutro, ao N/L2; ou
» bifásica: com duas fases de 127 V cada, conectadas aos bornes L/L1 e N/L2.
Veja abaixo estas ligações:

Entrada de alimentação Entrada de alimentação

Fase Neutro Fase Fase


220 V 127 V 127 V

L/L1 N/L2 L3 U V W L/L1 N/L2 L3 U V W

Aterramento Aterramento
Saídas para o motor Saídas para o motor

Além da rede de alimentação elétrica, é indispensável conectar o aterramento


elétrico à todas as partes metálicas dos equipamentos do sistema, para prevenir que
a interferência eletromagnética produzida pelo inversor afete outros equipamentos.
Não é aconselhável instalar o inversor perto de equipamentos que possam sofrer interferência, tais como:
controladores programáveis, interfaces homem-máquina (IHMs), comandos numéricos computadorizados (CNCs)
e equipamentos com microprocessadores ou microcontroladores. Quanto maior a potência do inversor, maior deve
ser a distância em relação a esses dispositivos. As instalações elétricas do circuito do inversor e do motor também
emitem radiações eletromagnéticas
que causam interferências em outros equipamentos. Por isso, os condutores desses circuitos devem ser blindados
ou instalados em eletrodutos metálicos devidamente aterrados.

Parametrização
Os inversores são equipamentos que controlam várias grandezas de natureza elétrica (como frequência, tensão e
corrente elétrica), com a finalidade de controlar, além da velocidade do motor, alguns aspectos importantes de seu
funcionamento, tais como: sentido de giro, torque, tempo de aceleração e desaceleração, entre outros. Quando você
instalar um inversor, deve configurar alguns parâmetros básicos para que o conjunto inversor-motor funcione com
segurança. Independente do modelo ou do fabricante do inversor, os parâmetros que você deve configurar para
testar e validar a instalação são:
» liberar (senha) de acesso para alteração dos valores dos parâmetros;
» carregar os parâmetros com padrão de fábrica;
» limitar a corrente do motor;
» limitar a frequência (Hz) mínima e máxima de saída para o motor.

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Os parâmetros são alterados através da IHM, localizada na parte frontal do
equipamento. Os fabricantes indicam quais passos seguir para realizar a
parametrização. Com os parâmetros configurados, você pode fazer os testes básicos
para validar a instalação do inversor. Porém, para o pleno funcionamento em uma
máquina, é necessária uma leitura detalhada do manual do fabricante, visando
a configuração de outros parâmetros necessários ao funcionamento correto do
conjunto inversor-motor.

No caso de o inversor trabalhar com sinais de entrada ou saída analógicos, tipo


controle de velocidade por potenciômetro ou instrumento de medição, você tem ainda que
configurar os parâmetros referentes ao tipo de sinal analógico, verificando se deve
funcionar por tensão ou por corrente, e suas limitações de ganho. Veja no exemplo
abaixo, o desenho das entradas de um inversor da WEG (CFW08) e a tabela com as
parametrizações das entradas e saídas:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

DI-1 DI-2 DI-3 DI-4 0V AI-1 +10V AO-1


Com

P1
RPM
S1 S2 S3

de 0V a 10 V

Tipo de Entrada
Saída Analógica Função Parametrizada
Digital Analógica
DI-2 Seleção do sentido de giro (H ou AH)
DI-3 Resetar o inversor
DI-4 Ligar e desligar o motor
Receber tensão de 0V a 10V de referência
AI-1
da rotação
Fornecer tensão de 0 a 10V para
AO-1
instrumento de rotação do motor
Exemplos de Aplicações Industriais de Acordo
com as Normas Técnicas Vigentes
Atualmente não podemos falar de segurança em máquinas e equipamentos sem
mencionar a norma NR-12. A Norma Regulamentadora NR-12 do Ministério do
Trabalho define princípios e medidas de proteção aos trabalhadores em máquinas
e equipamentos. Ela tem abrangência nas etapas de projeto, fabricação, importação, comercialização e utilização de
diversos tipos de máquinas e equipamentos. Além de requisitos gerais de segurança descritos no texto principal, a NR-
12 apresenta
instruções detalhadas em doze anexos a respeito de diversos tipos de equipamentos.

A NR-12 foi publicada originalmente com a Portaria 3214, em 08 de junho de 1978. Em


dezembro de 2010 ela passou por uma profunda revisão, causando polêmica ao ser considerada impraticável e
inviável pelo empresariado nacional e por importadores de máquinas e equipamentos. Houve, por exemplo, o
aumento de 40 para 340 itens de verificação obrigatória em alguns equipamentos, com ação retroativa. Alguns
ajustes pontuais visando um consenso entre as partes foram realizados desde então, inclusive causando
suspensões nas autuações.

Independentemente da polêmica ou eventuais exageros, onze tipos de máquinas


causam cerca de 10% de todos os acidentes de trabalho ocorridos no Brasil, o que justifica a necessidade de se
ter um padrão de segurança para atividades com máquinas e equipamentos. Outro ponto de polêmica foi a
possível perda de
produtividade em função do excessivo número de checagens e sistemas de segurança
a serem acionados antes e durante a produção. Essa alegação vem sendo rebatida com
o argumento que um trabalho mais seguro torna os trabalhadores mais produtivos, e que as perdas, materiais e
humanas, causadas por acidentes e incidentes em máquinas e equipamentos são bem maiores que uma
eventual diminuição da produtividade ocasionada pela nova NR-12. A norma utiliza o conceito de falha
segura, que significa que caso haja uma falha de qualquer tipo durante a operação da máquina, ela será
reduzida a um nível de segurança tolerável que não ofereça riscos elevados aos trabalhadores. É o chamado
intertravamento.
A norma não se aplica a equipamentos movidos a força humana ou animal,
eletrodomésticos, peças de museu ou exposição, desde que sejam tomadas medidas para proteção do público. Veja
abaixo ao que se refere os 12 anexos da NR-12:
» Anexo I – Distâncias de Segurança e Requisitos para o Uso de Detectores de
Presença Optoeletrônicos: diz respeito a todo tipo de máquina e equipamento
onde há riscos quando acessadas as zonas perigosas, independente se por um dedo ou pelo corpo inteiro. Também
define como deve ser preparado um sistema de detecção de presença, inclusive com modelo de corpo de prova.
» Anexo II – Conteúdo Programático da Capacitação: descreve como um trabalhador que terá contato com uma
determinada máquina ou equipamento deve ser treinado. Inclui treinamento teórico e prático.
» Anexo III – Meios de Acesso Permanentes: se refere aos tipos de escadas e rampas, além do guarda-corpo do
equipamento.
» Anexo IV – Glossário: é um pequeno dicionário dos termos e nomes técnicos utilizados no decorrer da norma,
incluindo algumas figuras para melhor visualização e padronização da nomenclatura.
» Anexo V – Motosserras: apresenta os dispositivos e atitudes de segurança para a operação de motosserras,
independente da atividade.
» Anexo VI – Máquinas para Panificação e Confeitaria: o anexo traz especificações de
segurança para todo o maquinário utilizado em confeitarias e panificadoras, como amassadeiras, batedeiras,
cilindros, modeladoras, laminadoras, fatiadoras para pães e moinho para farinha de rosca. Divide esses
equipamentos conforme a capacidade e dá instruções a respeito da operação segura dos mesmos.
» Anexo VII – Máquinas para Açougue e Mercearia: cortadores, fatiadores e moedores, portanto de grande
potencial para acidentes envolvendo cortes.
» Anexo VIII – Prensas e Similares: são máquinas utilizadas na conformação e corte de materiais diversos,
através da pressão, contínua ou intermitente, de um martelo ou punção. Sobre as prensas e similares, há um
programa específico de proteção, o Programa de Prevenção a Riscos em Prensas e Similares.
» Anexo IX – Injetoras de Materiais Plásticos: trata das máquinas que fazem a conformação de plástico quente
através da injeção do material em um molde resfriado.
» Anexo X – Máquinas para Fabricação de Calçados e Afins: considerado um trabalho muito manual, a
fabricação de calçados expõe os trabalhadores a diversos riscos, especialmente as mãos e dedos. Este anexo
traz vários esquemas desenhados para ilustrar os sistemas de proteção necessários nas máquinas da atividade.
» Anexo XI – Máquinas e Implementos para Uso Agrícola e Florestal: ainda que o conceito de máquinas e
equipamentos esteja intimamente relacionado à indústria e ao ambiente fabril, a NR-12 não deixa de abordar os
equipamentos utilizados na agroindústria, com especial atenção a tratores e similares.
» Anexo XII – Equipamentos de Guindar para Elevação de Pessoas e Realização de Trabalho em Altura: trata
das plataformas elevatórias que irão levar trabalhadores a alturas elevadas para diversos tipos de atividades.
Muitos componentes eletroeletrônicos estão sendo desenvolvidos no intuito de
atender às normas da NR-12. Exemplo disto são os Relés de Segurança e de Movimento
Zero, utilizados nos painéis de comando já adequados segundo a norma. Os Relés de
Segurança são componentes apropriados para pequenas aplicações de segurança
onde se faz necessário promover o desligamento seguro de cargas, como motores ou
válvulas, por meio da monitoração de dispositivos de segurança, como grades
de proteção, botões de emergência, dispositivos ópticos, como cortinas de luz, entre outros.
E o relé de movimento zero é utilizado para detectar a condição de parada de motores
elétricos, através da tensão residual das tensões nas bobinas devido a inércia do rotor, ele
pode ser utilizado para detecção de movimento zero em qualquer tipo
de motor elétrico, CA ou CC, monofásico ou trifásico. Além disso, também pode ser
utilizado com inversores de frequência ou soft-starters. Veja abaixo o exemplo de um Relé
de Movimento zero e um Relé de Segurança.
Softwares para Projeto e
Simulação Virtual
O CADe_SIMU é um programa de CAD eletrotécnico que permite inserir os diferentes símbolos organizados em
bibliotecas e traçar um esquema de comandos elétricos de uma forma fácil e rápida para posteriormente realizar a
simulação. O programa em modo simulação visualiza o estado de cada componente elétrico quando está ativado, assim
como ressalta os condutores elétricos sujeitos à passagem de corrente elétrica.
O CADe SIMU dispõe das seguintes bibliotecas de simulação:
- Alimentações tanto de CA como de CC.
- Fusíveis e seccionadores.
- Interruptores automáticos, interruptores diferenciais, relé térmico e disjuntores.
- Contatores e interruptores de potência.
- Motores eléctricos.
- Variadores de velocidade para motores de CA e CC.
- Contatos auxiliares e contatos de temporizadores.
- Contatos com acionamento, botões de pressão, alarmes, interruptores, fins de curso e contatos de relés térmicos.
- Bobinas, temporizadores, sinalizações ópticas e acústicas.
- Detectores de proximidade e barreiras fotoelétricas.
- Ligação de cabos unipolares e tripolares, barramentos e réguas de bornes.

Afigura abaixo mostra a posição das ferramentas existente no CADe SIMU:


Após realizar o desenho elétrico através
das ferramentas disponíveis do CADe
SIMU, é
possível simular o circuito. O Botão para a
simulação do circuito é apontado na figura
abaixo:

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