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Motores Walbro – funcionamento, amaciamento e regulagem

Tradução livre de Ricardo Caetano, ric.caetano@bol.com.br, do original em https://www.helifreak.com/showthread.php?t=326599.

1 - Funcionamento
1.1 - Visão geral
Este texto usa como referência o carburador walbro WT644, muito usado nos motores
Zenoah para helicópteros. Mas a ideia básica é comum a quase todos os carburadores Walbro.

Eles têm uma bomba de combustível interna para abastecer o carburador, um acelerador para
controlar a velocidade do motor (controlando a mistura entre combustível e o ar que entra), um
afogador para facilitar a partida do motor e um sistema de bomba manual para colocar o
combustível no carburador mais rapidamente para a partida.
Estes são carburadores alimentados a vácuo, e o combustível não é bombeado ou forçado a
entrar no motor como em um sistema de injeção de combustível. A baixa pressão criada na câmara
do pistão literalmente suga o combustível do carburador. Tecnicamente, eles são conhecidos como
carburadores de diafragma. Ficará óbvio por que um pouco mais adiante.

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Aqui estão algumas vistas do carburador:

WT644 - lado da entrada de ar - afogador aberto

WT644 - lado do motor - acelerador fechado

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WT644 – bomba manual de combustível

WT644 – tampa da lateral de acesso à bomba interna de combustível

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Aqui está uma visão de todas as peças que podem ser removidas e substituídas.

WT644 – visão explodida

1.2 - Bomba interna de combustível


Atualmente, a maioria dos carburadores usados nos motores glow são alimentados por
pressão. O tanque é pressurizado pela mufla e a pressão regulada no motor.
Os Walbro têm bombas de combustível internas, portanto o combustível é puxado do tanque.
Ironicamente, ele usa os mesmos pulsos de pressão do cárter que os sistemas pressurizados usam
nos sistemas glow, mas nesse caso esses pulsos são usados para mover o diafragma da bomba de
combustível.

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A bomba de combustível está localizada no lado do carburador mostrado na foto seguinte. A


placa é mantida apenas pelo grande parafuso no centro.

Lateral de acesso à bomba interna de combustível

Bomba desmontada

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À medida que o pistão se move para cima e para baixo, a pressão na caixa da manivela
alterna entre positiva e negativa. Como você verá, esses pulsos são canalizados para a bomba e
fazem com que o combustível flua através de uma variedade de pequenos furos e canais.
Veja como o combustível flui quando a bomba está em seu pulso de admissão (o pistão está
se movendo para cima criando um vácuo).

Bomba de combustível - diagrama do Manual de Serviços da Walbro


Veja como o combustível flui quando a bomba está em seu pulso de descarga (o pistão está
se movendo para baixo e pressionando a caixa).

Bomba de combustível - diagrama do Manual de Serviços da Walbro

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O pulso vem do cárter através de um pequeno orifício no cilindro que você verá na face
onde um bloco isolador é montado. Esse pulso atravessa o orifício no bloco isolador com o qual ele
se alinha.

Bloco isolador entre o carburador e o motor

Quando o carburador é instalado no bloco isolador, é imperativo que o furo no carburador


esteja alinhada com o furo no bloco isolador. Caso contrário, a bomba não obterá o pulso, não
bombeará combustível e o motor só funcionará até consumir o combustível que foi inserido no
sistema de regulagem pela bomba manual.
Essa é também uma das razões pelas quais é importante ter uma boa vedação entre o bloco
isolador e o carburador. Se houver vazamento, a pressão total do pulso não será transferida do motor
para a bomba interna de combustível.

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Posição, no carburador, do furo de captação do pulso de pressão

Olhando mais de perto o buraco no carburador, no lado do acelerador, você pode ver como
ele se comunica com a bomba.

O caminho do pulso para bombear

No lado da bomba o buraco é canalizado através desse orifício para a tampa da bomba e atua
na membrana da bomba.

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Você pode ver as pequenas cavidades nesta tampa que permitem mover a membrana da
bomba, bem como as pequenas válvulas de retenção. Cada componente é selado em seções pela
junta que fica no topo da membrana da bomba.

Tampa da bomba de combustível - recantos e furos


Aqui está o lado do corpo da bomba do carburador. Na parte inferior o reservatório da
bomba de combustível.

Face do corpo da bomba - sem a membrana da bomba

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Na próxima foto está o equivalente fotográfico dos diagramas anteriores. Como nos
diagramas, vermelho indica fluxo de combustível e amarelo indica os pulsos do motor.

Caminho do combustível através da bomba


A variação de pressão captada no corpo do motor é transmitida à membrana que cobre o
reservatório de combustível fazendo-a mover-se para cima e para baixo. Quando isso acontece, o
combustível é bombeado através dele da seguinte maneira:
Quando a bomba está em seu ciclo de admissão (pistão subindo):
1. a membrana é puxada para fora pelo vácuo;
2. faz com que a válvula de retenção de entrada se abra;
3. puxa combustível através da entrada de combustível do tanque;
4. o combustível é puxado do tanque para o reservatório de combustível.
Quando a bomba está em seu ciclo de descarga (pistão se movendo para baixo):
1. a membrana é empurrada pela pressão;
2. faz com que a válvula de retenção de saída se abra;
3. empurra o combustível do reservatório para o filtro de entrada do carburador;
4. o combustível viaja para o filtro de entrada do carburador.
E o ciclo se repete; em marcha lenta, isto ocorre a aprox. 60 vezes por segundo. A Walbro
informa que a bomba pode produzir pressões entre 5-7 PSI durante a operação.

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Aqui é onde o combustível precisa chegar. E é a primeira vez que é filtrado dentro do
carburador.

Todo o combustível passará por este filtro de tela

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1.3 - Regulagem da vazão do combustível


Agora que você sabe como o combustível entra no carburador, vamos ver como ele chega no
lado onde sua vazão é controlada para que a mistura desejada seja obtida.
A alimentação principal de combustível tem uma tela que pode filtrar partículas grandes.
Tirando o filtro, é possível ver um buraco que atravessa o corpo do carburador até o outro lado,
levando a área de controle da vazão do combustível.

Lado da bomba - alimentação principal de combustível

O mecanismo de regulagem fica, então, logo embaixo da bomba manual de combustível.

Localização do sistema regulador da mistura do carburador

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Na foto abaixo, o lado superior do diafragma do regulador. Não deve haver combustível
neste lado do diafragma.

Posição do diafragma

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Debaixo do diafragma está o principal reservatório de combustível do carburador. Essa


cavidade conterá combustível quando o motor estiver funcionando. As partes do sistema regulador
são:
1. o diafragma - observe o anel e o botão de metal;
2. a alavanca do regulador;
3. a agulha de entrada do regulador;
4. a mola do regulador;
5. eixo de montagem / parafuso.

Layout das peças do regulador


Aqui estão as peças desmontadas.

Componentes do regulador

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A ponta da agulha é emborrachada.

Agulha do regulador

Dentro da cavidade da agulha do regulador um assento usinado ao fundo (este assento


normalmente não poderá ser reparado pelo usuário) garantirá uma perfeita vedação feita pela
agulha.
É aqui que o combustível chega vindo da bomba do carburador. Lembra-se da saída de
combustível no lado da bomba após o filtro de tela? É aqui que vai dar.

Assento da agulha

Por ser uma câmara selada a vácuo, o diafragma se moverá acompanhando a quantidade de
combustível que está dentro dela.
Se a câmara fosse selada dos dois lados, o diafragma não se moveria com facilidade.
Portanto, o outro lado (seco, que não está em contado com o combustível) tem uma saída de ar para
o exterior.

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Você pode vê-lo aqui no interior do conjunto da bomba manual.

Furo no conjunto da bomba manual

E aqui, no lado de fora.

Entrada de ar - visão externa


Quando esses motores são instalados dentro de espaços fechados (cowls, nos aviões), eles
podem apresentar problemas na mistura do combustível. Uma razão é que, se o cowl não tiver área
adequada para que o ar se movimente em seu interior, o ar que entra no cowl aumenta a pressão
afetando a ação do diafragma do regulador. A solução é melhorar a ventilação dentro do cowl,
colocando um tubo que conecte o interior e o exterior do cowl garantindo que a pressão interna se
iguale a pressão externa.

Ok, então, como tudo isso funciona?


Lembre-se de que a bomba de combustível está gerando alguns PSI de pressão. Se não
houvesse algum tipo de sistema regulador, o combustível seria bombeado para o motor em um fluxo
constante e ele rapidamente afogaria. Portanto, é necessário um regulador para controlar a
quantidade de combustível disponível.

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Quando o motor está funcionando, ele puxa o combustível do reservatório principal de


combustível, no lado do regulador do carburador para os circuitos de regulação de baixa e alta
velocidade para o motor. Abordaremos esse fluxo em detalhes um pouco mais tarde.
Por enquanto, vamos nos concentrar no que o sistema regulador está fazendo.
Em baixa velocidade, não está sendo puxado tanto combustível para o motor. Portanto, o
regulador precisa permitir que menos combustível flua da bomba para o reservatório. Com pouco
combustível sendo retirado do reservatório, a câmara se enche e o diafragma fica relativamente
esticado. Com o diafragma esticado, o pino no centro quase não pressiona a alavanca que aciona a
agulha e a mola embaixo da alavanca empurra-a para cima.

Operação da agulha reguladora

À medida que a mola empurra a alavanca, empurra a agulha de entrada ainda mais no
assento e fechando mais e mais a entrada de combustível.

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Segue um diagrama disso. Preste atenção à forma do diafragma na parte inferior do diagrama.

Baixa velocidade - agulha reguladora mais fechada - diagrama do Manual de Serviços da Walbro

Em velocidades mais altas, mais combustível está sendo puxado para dentro do motor e a
câmara se esvazia. Portanto, o regulador precisa permitir que mais combustível flua da bomba para
o reservatório. À medida que o combustível sai do reservatório, o diafragma é puxado mais para
dentro. Quando o diafragma é puxado para dentro, o pino no centro começa a empurrar a alavanca
do regulador, afastando a agulha da entrada do assento e deixando entrar mais combustível.

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Segue um diagrama disso. Preste atenção novamente à forma do diafragma na parte inferior
do diagrama.

Alta velocidade - agulha do regulador aberta - diagrama do manual de Serviços da Walbro

Então, como você pode ver, esse sistema é autoajustável. Quanto mais combustível o motor
usar, mais combustível será disponibilizado para ele.
Existem alguns detalhes sutis sobre esse sistema que podem impactar seu funcionamento,
em especial, a flexibilidade do diafragma e a tensão da mola que afetarão a disponibilidade da
mistura durante uma aceleração repentina, por ex..

1.4 - A bomba manual


Como você pode ver, o carburador possui um reservatório que precisa ser preenchido com
combustível para que o motor dê partida. Como ele tem sua própria bomba, o carburador irá
preenchê-lo à medida que o motor girar. Ou você começar a bobear a bomba manual e jogar
combustível para o carburador por conta própria. Também existe um método usado pelos pilotos de
avião, em que a hélice é alternada em um movimento circular objetivando mover o pistão e gerar a
diferença de pressão necessária para a bomba funcionar.

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Aqui estão os componentes da bomba manual.

O corpo e o bulbo da bomba manual

Parece bastante simples, você empurra e solta o bulbo até que ele se encha de combustível.
Mas como isso acontece?
Bem, o pequeno círculo vermelho é uma válvula unidirecional. A pressão pode passar por
ela, mas depois ela se fecha para impedir que o vácuo retorne.
Se você olhar atentamente para a parte superior do corpo da bomba, poderá ver que a
válvula unidirecional se encaixa em um furo no centro da peça, mas existe, também, um ranhura
que se comunica com o outro lado do diafragma do regulador.

Quando você empurra o bulbo:


• a pressão passa por ambos os furos;

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• a pressão através da ranhura chega ao outro lado do diafragma;


• lembre-se de que o regulador abre com vácuo no lado oposto ao seco, então essa pressão faz
com que ele se feche;
• então com a câmara fechada a pressão escapa pela abertura de equalização de pressão no
corpo da bomba manual.

Quando você solta ao bulbo:


• a válvula unidirecional fecha o acesso ao lado seco do diafragma;
• No entanto, ele não fecha o buraco acessado pela ranhura que dá acesso ao outro lado do
diafragma;

Válvula e aberturas da bomba manual

Caminho da bomba manual até o lado oposto do diafragma

Então, quando você solta o bulbo da bomba manual, forma-se vácuo sob o diafragma do
regulador.

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• como você se lembra, o vácuo sob o diafragma faz com que a válvula reguladora abra o
combustível para entrar na câmara do diafragma;
• o vácuo puxa o combustível;
• como o bulbo fica antes da válvula unidirecional, ao puxar combustível para dentro dele, o
combustível não pode escapar. Portanto, o bulbo da bomba se enche de combustível.

1.5 - Componentes comuns na alta e baixa velocidade


O combustível precisa passar do reservatório principal de combustível para a garganta do
carburador para poder entrar no motor. Existem sistemas separados de controle de alta e baixa
velocidade no carburador, que serão abordados mais tarde, mas também existem partes comuns para
o controle de fornecimento de combustível. Esses serão abordados aqui.

No carburador, do lado que vai no motor está a válvula borboleta. Aqui você pode vê-la
fechada.

Acelerador – borboleta fechada

E aqui, os componentes desmontados.

Peças da placa do acelerador

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Observe que a placa do acelerador possui um pequeno orifício. Isso garante que, mesmo que
o acelerador esteja fechado, uma pequena quantidade de ar ainda passará pelo carburador. Por esse
motivo, o motor ainda pode funcionar com o acelerador fechado.

Afogador aberto

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E do outro lado do carburador está o afogador.

Aqui, as peças do afogador.

Peças do afogador

Novamente, mesmo fechado, existe um pequeno orifício para permitir a passagem de um


pouco de ar. Isso é necessário para garantir o fluxo de combustível através dos sistemas de controle
de combustível.

Por fim, uma forma mais precisa de regular o combustível antes dele entrar definitivamente
no motor é implementado na forma de válvulas de agulha. Portanto, o combustível precisa ir do
reservatório e passar pelas agulhas de controle. Isso é feito ao ser o combustível puxado pelo vácuo
do venturi do carburador aos compartimentos de alimentação da agulha.

O acesso ao compartimento é lacrado ao corpo do carburador e não pode ser reparado se


movido (na figura Needle Fuel Feed).

Circuitos de combustível

Basicamente, atua como uma válvula unidirecional, deixando o combustível apenas entrar

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na cavidade de alimentação da agulha. Se você olhar a foto anterior, poderá ver esta placa dentro da
cavidade.

Se você removê-la (e esse é um processo destrutivo), poderá ver que na parte inferior
existem dois buracos, cada um direcionado para cada uma das agulhas.

Portas de alimentação de agulha

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Se você observar o corpo do carburador, onde as agulhas de alta e baixa velocidade se


instalam você pode ver, em cada um, que lá no fundo existem assentos usinados, onde as agulhas se
encaixam. Os buracos de alimentação da agulha saem próximos aos assentos das agulhas, para que
o controle do fluxo de combustível no restante do sistema seja feito pela abertura ou fechamento das
agulhas.

Assentos de agulhas de alta / baixa velocidade


Finalmente, as agulhas de regulagem. Você pode ver que as pontas se encaixam nos assentos
no interior do carburador e que elas têm formados ligeiramente diferentes, responsáveis por
diferentes fluxos de combustível.

Agulhas de velocidade alta / baixa

1.6 - O circuito de controle de baixa velocidade


Então aqui é onde as peças de controle de combustível abordadas na última seção começam
a trabalhar juntas.
Este carburador possui dois sistemas básicos de controle do combustível. Esta seção se
concentrará na operação do sistema de controle de combustível de baixa velocidade.

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Como discutido anteriormente, esse carburador específico possui um afogador para ajudar a
dar partida no motor. Nessa configuração, a placa do afogador está fechada assim como o
acelerador (lembre-se de nunca estarão totalmente fechadas).
Aqui está o caminho do combustível. Com as placas fechadas, um grande vácuo é criado na
garganta do carburador. Isso faz com que o combustível seja puxado de todos os sistemas de
controle de combustível para dar partida no motor para a partida.

Caminho do fluxo de combustível – afogador fechado - partida do motor - Diagrama do Manual de


Serviços da Walbro

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Em marcha lenta, apenas uma das saídas de combustível está desobstruída pelo acelerador.
Aqui está o fluxo de combustível da configuração da marcha lenta.

Caminho do fluxo de combustível - Motor em marcha lenta -Diagrama do Manual de Serviços


Walbro

Observe também que, em modo em marcha lenta, o ar que se move através do carburador na
verdade bloqueia o combustível nas saídas expostas de alta velocidade e baixa velocidade e atua
para puxar o combustível da única saída de marcha lenta livre.

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Aqui está como o combustível chega lá. Para esta foto, a tampa sobre a cavidade de
combustível de baixa velocidade foi retirada para expor as saídas. Aliás, essa tampa é conhecida
como plug Welch (assim chamado por conta de uma invenção da Welch Car Company).
Você pode ver onde o combustível já regulado pela válvula de agulha entra nessa cavidade.
NOTA - não há filtros aqui.

Cavidade de combustível de baixa velocidade

Na marcha lenta, apenas uma delas é exposta ao vácuo do motor, a saída de marcha lenta.
Aqui você pode ver que, quando o acelerador está fechado, essa é a única saída exposta.

Porta inativa na garganta do carburador

À medida que o acelerador é aberto mais, as saídas adicionais de baixa velocidade são
expostas, assim como a porta de alta velocidade mais atrás na garganta do carburador.

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Aqui você pode veja o fluxo de combustível para aberturas parciais do acelerador.

Caminho do fluxo de combustível – Regulador de pressão parcial - Diagrama do Manual de


Serviços Walbro

E aqui estão as portas adicionais dentro da garganta do carburador.

Portas de baixa velocidade na garganta do carburador

1.7 - O circuito de controle de alta velocidade


Finalmente, é necessário um sistema de controle para fornecer combustível adicional para
quando o motor estiver operando a altas rotações. A abertura exata do acelerador na qual esse
circuito começará a fornecer combustível será baseada em várias circunstâncias e configurações da
agulha, mas normalmente fornece algum combustível a meia abertura do acelerador em diante.

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Aqui está o fluxo de combustível para o sistema de entrega de combustível de alta


velocidade.

Fluxo de combustível em alta velocidade - Diagrama do Manual de Serviços Walbro

A cavidade de controle da alta velocidade é coberta com um plug de latão (se retirado,
deverá ser substituído). O combustível regulado é entregue na cavidade da de alta velocidade
através deste orifício, que fica no final da válvula da agulha de alta velocidade.

Alimentação de combustível de alta velocidade a partir da válvula de agulha

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E aqui é para onde ele vai, uma passagem muito maior que as saídas do circuito de baixa
velocidade.

Saída de combustível do circuito de alta velocidade

Também é coberta por uma pequena tela. Mantida no lugar com um clipe circular (esta peça
é reparável, mas muito difícil de remover), além de filtrar, fornece uma função capilar que permitir
que o combustível passe através dele, mas o ar não.

Tela e retentor de circuito de alta velocidade

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Se você olhar na garganta do carburador, poderá ver a saída de combustível de alta


velocidade. É mais do lado da entrada do carburador na sua parte mais estreita. Se você estiver
familiarizado com o conceito de um venturi você vai saber por que.

porta de combustível de alta velocidade no carburador garganta

Assim, o controle de combustível de alta velocidade trabalha com o sistema de baixa


velocidade para fornecer combustível total do motor na alta.

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2 – Amaciamento
2.1 – Aspectos Gerais
2.1.1 – Nos textos abaixo, nos referiremos a agulha de baixa apenas por B e a de alta por A.
2.1.2 – Abrir uma agulha significa aumentar o fluxo de gasolina, assim enriquecendo a mistura;
fechar faz o oposto, empobrecendo;
2.1.3 - Normalmente nos carburadores Walbro a B sempre fica próxima ao bloco do motor; a de A
do lado do afogador.
2.1.4 - RPM em lenta = aprox. 1800 a 2000 RPM.
2.1.5 - RPM em alta:
DLE 20 cc = 9000 RPM.
2.1.6 - Ajustes de fábrica:
DLE 20 cc ou outros: B = A = 1,5 voltas.
2.1.7 - Para evitar superaquecimento, é recomendável usar durante a fase de amaciamento a menor
hélice sugerida para o motor.
2.1.8 - Se não possuir a informação sugerida pelo manual do fabricante para seu motor quanto à
mistura de óleo e gasolina, a tabela abaixo servirá de guia.

Gasolina Óleo Mistura Uso


1.000 ml 33,3 ml 30:1 Amaciamento
1.000 ml 25 ml 40:1 Pós amaciamento

2.1.9 - Para os muito perfeccionistas, usar óleo mineral (ex: Sthil 8017h) durante a fase de
amaciamento e um óleo totalmente sintético (ex: Motul 800) somente após o amaciamento.

2.2 – Fase Um
Para a primeira partida do motor coloque as agulhas no padrão sugerido pelo fabricante do
motor. A partir dai feche o afogador e comece a girar a hélice. Logo que a gasolina chegar ao
carburador, com umas 7 ou 8 batidas, o motor já começará a dar sinal de que pegará. Abra o
afogador e continue o processo; com mais umas 2 ou 3 batidas ele deverá ligar.
Pode ser que abrir a agulha de B, um pouquinho, facilite que o motor rode um pouco acima
da lenta, de qualquer maneira, mexe nas agulhas nesta fase o mínimo necessário.
Agora com o motor ligado e ainda no chão, coloque-o para rodar mais ou menos a 4000 rpm
por umas 2 horas, aprox..

2.3 – Fase Dois


Após as 2 horas iniciais já podemos começar a aumentar a rotação do motor, a princípio
dando leves bombadas no acelerador. Nesta segunda fase vamos permanecer por mais umas 2 horas.

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2.4 – Fase Três


Agora já podemos colocar o aeromodelo para voar. Nesta fase, vamos voar com o motor sem
exigir muito dele, evitando fazê-lo rodar em regimes altos de rpm por longos períodos. Antes do
primeiro voo proceda a uma regulagem mais criteriosa do motor, fazendo pequenos ajustes após
cada voo até que o motor esteja amaciado, o que deverá ocorrer somente após 12 a 20 horas de
funcionamento.

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3 – Regulagem
3.1) Método 1
Traduzido e compilado do site https://rckavalaacroteam.com/walbro-carburetor-tuning

3.1.1 - Coloque as agulhas em suas posições padrão definidas pelo fabricante, ligue o motor
e deixe-o aquecer;
3.1.2 – Ajuste da B
3.1.2.1 – Coloque o motor para rodar numa baixa rotação um pouco acima do mínimo (aprox. 1800
rpm);
3.1.2.2 – Coloque a agulha de B no meio entre os pontos em que a rotação começa a cair com
mistura pobre (fechando a B) e rica (abrindo a B).
3.1.3 – Ajuste da A
3.1.3.1 – Com o acelerador em sua posição de máximo abra a agulha de A para a
máxima rotação, então, feche a A levemente;
3.1.4 – Para uma resposta estável em toda extensão do acelerador e facilitar que o motor pegue a
frio, a mistura pode ser levemente enriquecida abrindo-se a agulha de B.

3.2) Método 2
Traduzido e compilado do site https://www.flyinggiants.com/forums/showthread.php?t=427

3.2.1 - Coloque as agulhas em suas posições padrão definidas pelo fabricante, ligue o motor
e deixe-o aquecer;
3.2.2 - Coloque o acelerador na posição de máximo e ajuste a A (provavelmente fechando)
até que o motor girar em sua máxima rotação;
3.2.3 - Deixe na alta por algum tempo; se a rotação cair abra a B. Se isto não resolver, a
altura da alavanca do regulador do fluxo de gasolina precisará ser ajustada;
3.2.4 - Vá reduzindo o acelerador até que o motor comece a soar “4 tempos”. Ajuste a B
(provavelmente fechando) até corrigir. Repita a operação até que o acelerador chegue em sua
posição de mínimo;
3.2.5 - Da lenta, vá acelerando até que o motor começa a engasgar. Abra a B até corrigir.
Repita a operação até que o acelerador chegue em sua posição de máximo;
3.2.6 - O motor estará regulado. Para facilitar a partida a frio, o motor poderá rodar levemente na
condição de “4 tempos”, abrindo a B.
3.2.7 – Se precisar mexer no ajuste da alavanca do regulador do fluxo de gasolina, o filme
ajuste_alavanca_regulador_walbro.mp4 mostra como fazer isto.
Abaixo, uma ideia geral:

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3.2.7.1 – O nível da alavanca fica perfeitamente paralelo a base do carburador.


3.2.7.2 – Se o nível estiver alto: a baixa ficará instável;
3.2.7.3 – Se o nível estiver baixo: a baixa ficará ok, mas a média e alta rotação ficarão prejudicadas.
Se muito fechada, provavelmente o motor morrerá na alta.

3.3) Método 3
Traduzido e compilado do manual da Walbro para carburadores série WT

3.3.1 - Coloque as agulhas em suas posições padrão (1 ¼ voltas), ligue o motor e deixe-o
aquecer;
3.3.2 – Ajuste da B
3.3.2.1 – Coloque o motor para rodar numa baixa rotação um pouco acima do mínimo (aprox. 1800
rpm);
3.1.3.2 – Feche a agulha de B até que o motor gire suave;
3.1.3.3 – Reajuste o acelerador para a rotação em baixa desejada;
3.1.3.4 – Continue fechando a B até que a rotação comece a cair;
3.1.3.5 – Abre a B para uma rotação em baixa ótima.
3.3.3 – Ajuste da A
3.3.3.1 – Com o acelerador em sua posição de máximo feche a A até obter uma
rotação “2 tempos” suave;
3.3.3.2 – Ainda com o acelerador no máximo, abra a A até que um leve som de “4
tempos” seja ouvido.

ric.caetano@bol.com.br 29/01/2022 pg: 37

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