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A CHEGADA DE LAMPIÃO NO CÉU

CORDEL DE GUAIPUAN VIEIRA

ADAPTADO

Por

SARA JANE MATOS BEZERRA

COLÉGIO ESTADUAL ARTUR OLIVEIRA DA SILVA


RUA OURO PRETO, S/N, ANTÔNIO GONÇALVES, BA.
(74)3547-2082
ceaos.antoniogoncalves@educacao.ba.gov.br
ABERTURA DA CENA:

INTERNA. AUDITÓRIO DO COLÉGIO. [CÉU] — DIA

[AÇÃO]

São Pedro (Weverton) está sentado à mesa anotando os nomes dos santos faltosos, então percebe a
entrada repentina de Lampião (Geovane ou Ian) e Maria Bonita (Jorrana) no céu. Imediatamente ele,
de pé, toca o sino como sinal de alerta para os demais santos, os quais saem imediatamente do quarto
onde estão descansando para aparecer em cena, inicialmente São Jorge com sua lança e seus
guerreiros (Leandro, Manuel, Mateus e Rafael), em seguida os outros: a Santíssima Virgem (Geovana),
St. Antônio (Luíz Henrique) e São João (Richard). Eles tomam suas posições junto à mesa em que está
São Pedro, permanecendo de pé até que São Jorge dê o sinal para que sentem e rezem. Somente os
guerreiros ficam de pé.
[NARRADOR (Alison)]: FOI NUMA SEMANA SANTA, TAVA O CÉU EM ORAÇÃO. SÃO
PEDRO ESTAVA NA PORTA REFAZENDO ANOTAÇÃO DAQUELES SANTOS FALTOSOS,
QUANDO CHEGOU LAMPIÃO.

[SÃO PEDRO - pulando da cadeira, imediatamente puxa com


força as cordas do sino e, após a chegada dos santos, diz]:
Eu lhe peço com licença. Saia já da porta santa ou haverá
desavença!

[LAMPIÃO – dando risada]: Mas que santo é o senhor? Não


aprendeu com Jesus, excluir o ódio e o rancor? Trago paz
nesta missão, não precisa ter temor.

[SÃO PEDRO – irritado]: Isso é blasfêmia!!! É bastante


astucioso... Pistoleiro e cangaceiro, esse povo é
impiedoso! Não ganharão o perdão do Santo Pai Poderoso.
Inda mais tem sua má fama, vez por outra comentada...
Quando há um julgamento de uma alma tão penada???Porque
foi em violência a sua vida baseada.

[VIRGEM MARIA – calma e paciente]: Lampião é um bom


cristão. Pense Pedro, e reflita! [e olhando para Lampião]
Virgulino será aceito caso possa compreender que do que
fez no mundo precisa se arrepender.

[LAMPIÃO – angustiado]: Sei que sou um pecador. O meu erro


reconheço. Mas eu vivo injustiçado, um julgamento eu mereço
pra sanar as injustiças que só me causam tropeço.
[SÃO PEDRO - enrugando a testa e falando mais alto]: Mas
isso não faz sentido! Por uma tribuna livre você aqui foi
julgado e o nosso Onipotente deu seu caso encerrado.
[LAMPIÃO – andando de um lado para outro]: Como fazem
julgamento sem o réu estar presente? Sem ouvir sua defesa?
Isso é muito deprimente! Você, Pedro, está mentindo! Disso,
nunca esteve ausente.

[MARIA BONITA – arregalando os olhos e puxando lampião para


o centro do palco]: Virgulino!!! Enlouqueceu? Oh, homem
desmantelado! Você tenha mais cuidado, pois não é seu
criado! É o chaveiro do céu, que o poder Deus tem dado...

[SÃO PEDRO – incontrolável e bastante exaltado]: Te


excomungo, Virgulino! Cangaceiro endiabrado!!!

[NARRADOR (Alison)]:HOUVE UM GRANDE REBULIÇO... NAQUELE EXATO MOMENTO,


SÃO JORGE E SEUS GUERREIROS (CADA QUAL MAIS VIOLENTO) GRITARAM:

[SÃO JORGE – se levantando e com o braço erguido conduz


seus guerreiros furiosos]: Pega o jagunço! Ele aqui não
tem talento. [Os guerreiros expulsam Lampião do céu à
força]

[LAMPIÃO – extremamente bravo]: Deus não está sabendo do


que a na “santarada”!!! [De posse de um velho rifle,
Lampião atira para o ar e sai de cena]

CENA 2

[AÇÃO]

Após a expulsão de Lampião, um novo personagem entra em cena – é o Padre Cícero (Ian ou Geovane)
– a quem Lampião tinha profunda devoção. O santo padre também é a razão pela qual Lampião está
tentando entrar no céu; ele quer pedir a Pe. Cícero que interceda pelos nordestinos a quem São Pedro
não manda chuva, apenas trovão.

[NARRADOR (Alison)]: O PIPOCADO DE BALA, VOMITADO PELO CANO, CLAREOU


TODA A FACHADA DO REINO DO SOBERANO. A GUARNIÇÃO ASSOMBRADA FEZ PEDRO
MUDAR DE PLANO.

[SÃO PEDRO – desesperado e olhando para São João]: Vá


chamar Cícero Romão, pra acalmar seu afilhado que só causa
confusão. [São João se levanta e vai até Cícero Romão.
Enquanto isso, São Pedro e St. Antônio conversam]
continua...
[SÃO PEDRO – olhando para St. Antônio]: Não posso
compreender... este padre não é santo. O que aqui veio
fazer?!

[ST. ANTÔNIO – cochichando]: Fale baixo!!!De José é


convidado. Ele aqui ganhou adeptos por ser um padre
adorado no Nordeste brasileiro, onde é “santificado”.

...
[SÃO JOÃO – batendo nervosamente na porta do quarto onde
está Pe. Cícero]: Cícero Romão, Cícero Romão! Venha
acalmar seu afilhado que só causa confusão!

[PADRE CÍCERO – muito tranquilo]: Vá na frente! Fique


despreocupado. Diga a Pedro que se acalme, isso já será
sanado. [Segue São João e, com uma Bíblia na mão, fala
perante São Pedro]
continua...
[PADRE CÍCERO – olhando para São Pedro]: O que há para
aflição? Quem lá fora tenta entrar, é também um ser
cristão.

[SÃO PEDRO – debochando e mexendo a cabeça em sinal de


discordância]: Absurdo o que terminou de falar...

[PADRE CÍCERO – falando mais firme] Vim a confusão


sanar... só escute o réu primeiro, antes de você julgar!
Não precisa ele entrar nesta sagrada mansão; o receba na
guarita onde fica a guarnição. Com certeza há muitos anos
nos busca aproximação.

[SÃO PEDRO – calmo e flexível, mas meio a contragosto]:


Vou abrir esta exceção. O nosso reino sagrado merece muito
respeito... [e virando-se para São João] vá buscar este
sujeito!

[NARRADOR (ALISON) – aqui os personagens executam as ações descritas


pelo narrador]: LAMPIÃO TIROU O CHAPÉU, DESCALÇO TAMBÉM FICOU;
AVISTANDO O SEU PADRINHO, AOS SEUS PÉS SE AJOELHOU. O ENCONTRO FOI
MARCANTE; DE EMOÇÃO, PEDRO CHOROU.

[LAMPIÃO – ao perceber Pedro chorando, apela com mais


vontade para Pe. Cícero]: Sou um homem injustiçado, e por
isso estou sofrendo. Circula em torno de mim só mesmo o
lado ruim, como herói não estão me vendo. [Após uma
pequena pausa, levanta-se e caminha lentamente em direção
a São Pedro]: Sou o Capitão Virgulino, guerrilheiro do
sertão!!! Defendi o nordestino da mais terrível aflição,
por culpa duma polícia que promovia malícia extorquindo o
cidadão. Por um cruel fazendeiro foi meu pai assassinado;
tomaram dele o dinheiro de duro serviço honrado. Ao vingar
a sua morte, o destino, em má sorte, da Lei me fez um
soldado.

[SÃO PEDRO – com olhos arregalados e curiosos]: Mas a que


devo a visita?

[LAMPIÃO – responde com energia e apontando para Pe.


Cícero]: Vê padim Ciço Romão, pra antes do Ano Novo mandar
chuva pro meu povo... você só manda trovão!!!

[SÃO PEDRO – levantando-se da cadeira furioso]: É


malcriado! Nem o Diabo lhe aceitou... Saia já, seu
excomungado! Sua hora já se esgotou. Volte lá pro seu
Nordeste, que só o cabra da peste com você se acostumou.

[SÃO JORGE – se levantando de novo e, com seus guerreiros,


caminhando em direção a Lampião]: Volte pro seu Nordeste
de onde nunca deveria ter saído!

ENCERRAMENTO DA CENA.

FIM

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