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DISCIPLINA DE ARTES

PROFESSORA TAINÁ VITÓRIA


2º ano C

PEÇA: A MORENINHA

Allana Vitória, Antônio Gabriel, Enilton Rosa, Fernanda Beatriz, Geovana Isabela Campos,
Iasmim Vitória da Silva, Janaíno Guedes, João Lucas Carneiro, João Victor Moura, Kaio
Vinícius, Luiz Gustavo Pinheiro, Manoel Bezerra, Maria Cláudia Ferreira, Maria Geovana
Nascimento, Maria Suelen, Nicholas Moraes, Rafaela Nunes, Samara Vitória, Wasterson
Aksynoan.

NAZARÉ
2021
A MORENINHA

Narrador: Depois de uma bebedeira em plena segunda-feira, Felipe chega à casa que
divide com seus amigos Augusto, Fabrício e Leopoldo.

Felipe: Onde vocês vão passar o dia de Santa Ana?


Fabrício: Por quê? Temos uma festa?
Felipe: Bom, a minha avó que se chama Ana convidou vocês para passar a véspera do dia
de Santa Ana na casa dela, lá na ilha.
Fabrício: Eu vou.
Leopoldo: Eu também.
Felipe: E você, Augusto? Você vai, né?
Augusto: Eu? Mas eu nem conheço a sua avó.
Leopoldo: E qual o problema? Eu também não conheço.
Fabrício: Nem eu, e irei assim mesmo.
Felipe: Você não conhece minha avó, mas me conhece. Isso já basta, né?
Augusto: Ok, mas mesmo assim eu não vou.
Felipe: Tem certeza? Ó, a ilha é bonita, as pessoas que estarão por lá são todas
selecionadas e no domingo à noite a gente vai ter um baile.
Augusto: Bom para vocês.
Felipe: E tem um detalhe: as minhas primas estarão por lá, e olha que elas são bonitas.
Augusto: Felipe, para com essa insistência, você sabe que o meu fraco são as mulheres.
Leopoldo: Ahh, deixa esse chato do Augusto. Mas e aí, as suas primas são legais?
Felipe: A mais velha tem 17 anos, ela se chama Joana e tem os cabelos e olhos castanhos
e é branca.
Fabrício: Ai meu Deus!
Felipe: ... A mais nova tem um ano a menos e os olhos azuis.
Augusto: Como é o nome dessa?
Felipe: Joaquina.
Augusto: Ai, Ai, Ai.
Leopoldo: Felipe, você tem uma irmã, não tem?
Felipe: Sim, uma moreninha de 14 anos.
Fabrício: Eita! Meu Deus, moreninha? Ta ficando interessante essa festa em...
Felipe: E você, Augusto, vai ou não para a casa da minha vó?
Augusto: Olha, meu camarada, você me convenceu, eu irei à casa da sua vó com certeza!

(Fabrício sai)

Augusto: Gente, só uma coisa, vocês perceberam como o Fabrício ficou amuado quando o
Felipe falou das primas dele?
Felipe: É, eu percebi… eu fiquei sabendo que ele andou se engraçando com a minha prima
Joaninha.
Leopoldo: A branca!? Então eu fico com a loira.
Felipe: E você, Augusto?... Vai tentar conquistar a minha irmã é?
Augusto: Quem sabe? Na verdade eu acho que eu vou gostar de todas.
Felipe: Lá vem Augusto, com essa sua mania de instabilidade amorosa.
Leopoldo: Vixe, lá vem o papo de que ele se apaixona por todas.
Augusto: Pelo menos eu sou sincero e já falo isso para elas de antemão, eu não iludo
ninguém...
Felipe: Nossa, Augusto, que horror...
Augusto: E afirmo que a minha paixão não dura mais de 15 dias...
Felipe: A é? Então eu aposto que você voltará da ilha apaixonado por uma de minhas
primas.
Augusto: É provável... e pelas duas.
Felipe: E passará o resto do ano atrás delas.
Augusto: Claro que não.
Felipe: Claro que sim. Que tal apostarmos? Papel e caneta na mão!
Leopoldo: E quem perder?
Augusto: Quem perder vai pagar um almoço daqueles no Forró.
Leopoldo: Que almoço, quem perder vai pagar camarote na nova peça do João Caetano.
Felipe: Para, gente. Se o Augusto perder ele terá de escrever a sua história de derrota, a
sua história de amor. Se eu perder, irei escrever o triunfo da inconstância amorosa do
Augusto.
Leopoldo e Augusto: Boa!!!
Narrador: A sexta-feira chega e Felipe, Fabrício e Leopoldo decidem ir à ilha; Augusto
prefere ir depois. Fabrício deixa uma carta para Augusto.

(Augusto lendo a carta): “Me ajude, meu amigo, quero muito me livrar de Joaninha. Ela é
muito exigente e isso tá saindo muito caro, literalmente falando. Ela me impôs condições
absurdas, como escrever 4 cartas por semana a ela, teatro toda vez que ela for, dentre
outras... Conto com você, Augusto. Abraços, Fabrício.” HaHa, tinha que ser o Fabrício, esse
meu amigo só se mete em furada.

Narrador: Augusto chega na Ilha e Leopoldo e ele vão à casa de Dona Ana.

Felipe: E aí, meu amigo, vem aqui que eu vou te apresentar para minha vó.
(Algumas meninas falam oi para ele)
Felipe: Vó, esse aqui é meu amigo, Augusto.
Ana: Oi, meu filho, seja bem-vindo à minha casa. É um prazer recebê-lo aqui.
Augusto: Oi dona Ana, o prazer é todo meu.
Ana: Fique à vontade, meu filho.

Narrador: Ao lado de Dona Ana estão Joaninha e Joaquina. Augusto não deixa de notá-las,
mas existe uma menina mais inquieta que está fazendo algumas traquinagens, como ficar
irritando o próprio irmão, Felipe, e sair correndo para não ser pega.

Felipe: Ai menina, você vai ver só!

Narrador: Após conversar um pouco, Augusto encontra dona Ana acompanhada por sua
neta Carolina.

Ana: Oi, meu filho, eu já sei quem pode lhe fazer companhia: a minha neta Carolina.
Carolina: Mas vó...
Ana: Menina, anda logo, vai fazer companhia para o Augusto.
Carolina: Tá bem. Será uma honra acompanhá-lo, Augusto.

Narrador: Fabrício encontra com os dois e pergunta se pode conversar com Augusto. Após
um tempo ambos se dirigem até o gabinete para conversarem melhor.

Fabrício: E aí, tô aguardando sua resposta.


Augusto: Que resposta?
Fabrício: À carta que lhe enviei.
Augusto: Ah sim, eu li, mas não tem resposta àquela carta, tá doido?
Fabrício: Talvez tenha e a culpa é sua que não quer me ajudar... Conquista ela que assim
ela me esquece...
Augusto: Não, Fabrício, você já está emocionalmente ligado a Joaninha e não tem nada
que eu possa fazer por você. A única pessoa que pode resolver isso é você.
Fabrício: Pois você irá se arrepender, eu vou me vingar.
Augusto: Pois eu te desafio.
Fabrício: Eu vou falar para todas as mulheres que você é um namorador!
Augusto: Ótimo, faça como quiser, pois eu vou me divertir esses dois dias.
Narrador: No jantar, Fabrício pede a atenção de todos e começa a falar.

Fabrício: Senhoras, como amigo de Augusto, só posso lamentar por quem o acompanha,
tenho pena da moça que acompanha um rapaz que não fica mais de 3 dias apaixonado por
alguém. Vamos lá Augusto, confesse sobre sua inconsistência amorosa, sobre a sua
habilidade de enganar todas as mulheres com quem se envolve.
Ana: Isso é possível?
Carolina: Como pode isso?
Augusto: Para quê negar? Confirmo o que ele disse...
Joana: Você ainda tem coragem de repetir?
Augusto: Sim, mas quem me conhece sabe que não existe amante mais firme do que eu:
quando eu vejo uma mulher, eu a admiro por sua beleza, mas não há apenas uma mulher
bonita no mundo, por isso quando eu encontro outra é uma injustiça que eu despreze-a.
Fabrício: Proponho então um brinde para dar um fim às discussões, mas como castigo por
suas inconstâncias Augusto não deverá participar.
Felipe: Proponho então que falemos as iniciais das mulheres por quem somos
apaixonados...
(Cada um fala uma letra)
Joaquina: Ânimo Augusto!
Augusto: Se eles deixarem eu posso tentar contar algumas… são menos que 23.

Narrador: Ao saírem da sala de jantar, Leopoldo aborda Augusto.

Leopoldo: E aí meu camarada, quem vai ganhar a aposta?


Augusto: Eu, é claro.
Leopoldo: E por qual das meninas você está mais apaixonado?
Augusto: Ah, por umas 3.
Leopoldo: O que me diz da irmã do Felipe?
Augusto: Sinceramente, não sei te dizer. Inicialmente achei a travessa e feia, mas depois
do jantar ainda não formei minha opinião.

Narrador: Um tempo depois do jantar todos se dirigem ao jardim e Dona Ana se dirige a
Augusto.

Ana: Nossa Augusto, fiquei assustada com a sua revelação. Essa sua opinião é um erro
que pode te causar grandes males.
Augusto: Não é nada demais, Dona Ana.
Ana: Vou te dizer uma coisa, você fala muito diferente de como você age.
Augusto: Não, Dona Ana, eu vou lhe contar uma história e a senhora vai entender o porquê
de eu ser assim. Vamos para a gruta, onde ninguém irá nos ouvir.

Narrador: Dona Ana e Augusto se dirigem até a gruta.

Augusto: Há 7 anos o meu pai teve de viajar até à corte, eu tinha uns 13 anos, até que um
dia avistei numa praia uma garotinha que aparentava ter uns 7 ou 8 anos, ela era linda. Ela
correu para a borda do mar, atrás de uma concha, mas acabou caindo, sem gravidade. Ela
olhou para mim e nós começamos a rir, daí fui pegar a concha para ela e a partir disso
viramos grandes amigos. Até que ela me faz uma pergunta estranha: "Eu sou bonita ou
feia?". Eu disse a ela que ela era linda e ela disse: "Pois então quando crescermos vamos
nos casar, tá? Você pode pegar conchinhas para mim, só não vale quebrar as minhas
bonecas". Eu, assustado, aceitei a proposta da linda menina, quando de repente corre um
menino desesperado gritando: "Socorro, o meu pai acabou de morrer, ajudem-me por
favor". Eu e a minha camarada corremos na direção de onde o menino vinha e dentro de
uma das casas nos deparamos com a viúva em prantos e 3 meninos em volta do leito de
um ancião que deveria ter por volta de 50 anos. Ele nos olhou e disse "Eu ainda não morri,
e quem são vocês?". Seus familiares continuavam a chorar compulsivamente e nós ficamos
extremamente assustados, até que minha companheira perguntou a mulher o que ele tinha
e ela disse: "Uma doença que não é mortal, mas como não temos dinheiro... ele está
morrendo de fome, da miséria”. Então minha colega tirou uma moeda do bolso e entregou à
mulher, já eu tirei uma nota e entreguei para ela. Diante de nossa atitude a viúva se mostrou
grata e se ajoelhou agradecendo. O ancião, por sua vez, nos chamou e perguntou quem
nós éramos. "Duas crianças apenas", e ele respondeu: "dois anjos é o que são e
futuramente serão unidos". O ancião abriu uma gaveta e tirou dela dois breves, um verde e
um branco, e disse: "O que você oferece para sua futura esposa?". No momento ofereci
para ela um alfinete de camafeu, ele fez a mesma pergunta para a menina e ela respondeu:
"Eu ofereço ao meu futuro marido o meu botão de esmeralda". O ancião pediu que sua
esposa constasse o meu camafeu no breve branco e o botão da menina no verde. Após
isso ele disse: "Agora quero que vocês troquem os breves como um compromisso para se
casarem no futuro". Depois disso voltamos para a praia e choramos muito pensando no
ancião. Quando a noite começou a chegar, a menina correu para sua casa sem se despedir
de mim e eu não a vi desde então. Depois dos 18 anos eu me apaixonei por uma Moreninha
de 16, uma branquinha e uma mais pálida, me decepcionei com as 3 e concluí que deveria
virar padre. Jurei não me apaixonar mais por nenhum tipo de mulher, mas mudei meu
pensamento e hoje irei amar qualquer tipo de mulher.
Ana: Pois então posso te contar uma história, Augusto?
Augusto: Pode, só me desculpe por falar tanto, eu precisava desabafar.
Ana: Vou te contar a lenda desta Gruta em que nos encontramos. Há muito tempo, uma
índia morava nesta Gruta. Ela se apaixonou por um membro de sua tribo, um amor
platônico que a fez chorar e cantar durante todas as noites, até que um dia as lágrimas da
moça caíram sobre as pálpebras do seu amado e isso fez com que o rapaz se apaixonasse
pela moça.
Augusto: Nossa, Dona Ana, que história interessante. Mas a senhora ouviu alguma coisa?

Narrador: Augusto vê a neta de Dona Ana cantando sob um rochedo a música que a índia
cantava para seu amado; então Dona Ana e Augusto saem da gruta para ouvir a bela
moreninha cantar.

Ana: Então Augusto, o que você acha da Carolina agora?


Augusto: Acho que ela é interessante e tem uma vivacidade ímpar, além de ser bonita.

Narrador: Após um tempo todos se dirigem ao chalé para o café e Dona Ana percebe que
Augusto está bem desanimado.

Ana: O que foi Augusto?


Augusto: A Carolina, Dona Ana, ela não está aqui.
Ana: Então porque não vai buscá-la, rapaz?
Narrador: Augusto então se dirige ao quarto em que Carolina está, mas fica na porta, que
está meio aberta, enquanto admira a moreninha.

Augusto: Perdoe incomodá-la mas vim levá-la até a sala.


Carolina: Então vamos.

Narrador: Carolina e Augusto chegam na sala, mas como está tarde decidem ir dormir. No
outro dia todos acordam normalmente e é iniciado os preparativos para o grande sarau que
irá acontecer ao final do dia. Na hora do sarau todos estão presentes e muito bem
arrumados, sendo o destaque da festa, a moreninha. Durante a festa Augusto faz
promessas de amor a todas as moças ali presentes. Quando elas descobrem, se reúnem na
gruta para expor os segredos dele. Carolina começa a expor segredos de Augusto, desde a
história que contou a dona Ana até as suas decepções amorosas depois de adulto.

Augusto: Antes de você continuar eu tenho que dizer uma coisa: eu tô apaixonado, mas
não pela menina da praia e sim por outra pessoa.

Narrador: Augusto ouve um barulho e vai verificar o que pode ser. Ao voltar a Gruta ele
percebe que Carolina já não está mais lá. Assim termina a viagem e Augusto e seus amigos
voltam para a sua normalidade.
Leopoldo: Mas e aí, como ela fugiu da gruta?
Augusto: Não sei também, só consigo pensar em como ela é linda.

Narrador: Enquanto isso, na ilha, Felipe combinava com a sua avó sobre passar mais um
final de semana com Augusto na ilha e Carolina ansiava muito pelo próximo encontro com
Augusto. Após um tempo, Augusto chega até a ilha e encontra Carolina. Nesse final de
semana tudo ocorreu bem e no fim Augusto volta para sua casa, mas com a promessa de
que voltaria no próximo final de semana e assim o fez. Na semana seguinte ele volta à ilha
e reencontra Carolina e ambos decidem fazer um passeio.

Augusto: Você já amou, Carolina?


Carolina: Eu? E você?
Augusto: Sim comecei a amar faz poucos dias, mas e você?
Carolina: Não... Não sei... Talvez.
Augusto: E quem é?
Carolina: Eu não vou responder, eu não perguntei quem você ama.
Augusto: Quer saber?
Carolina: Eu não vou perguntar, mas se quiser responder...
Augusto: É você quem eu amo Carolina.
Carolina: Isso é verdade?
Augusto: A mais pura verdade.
Carolina: E quantos dias esse amor vai durar?
Augusto: Para sempre. Mas e você, não vai falar o nome do feliz?
Carolina: Não!
Augusto: Por acaso sou eu?
Carolina: Talvez...

Narrador: Augusto conta os dias para encontrar sua amada, só que seu pai o deixa de
castigo, o impossibilitando de ir à ilha ver sua moreninha. Augusto sai do castigo e vai até a
casa de Dona Ana.

Ana: Você por aqui, Augusto?


Augusto: Sim Dona Ana, vim pedir a sua neta em casamento.
Ana: Meu Deus! Eu os abençoo com certeza, agora pergunte para ela.
Augusto: Carolina, você quer se casar comigo?
Carolina: Não posso me casar com você, pois você está prometido para outra pessoa.
Augusto: Mas como assim? Aquela promessa foi há muito tempo e eu nem amo mais
aquela menina, é você o amor da minha vida.
Carolina: Não posso, vá atrás dessa menina e se case com ela, eu não posso interferir
numa promessa.
Augusto: Mesmo se um dia eu encontrar ela, eu não quero mais ela, eu quero você, só
você... Eu não quero mais esse breve, eu não tenho motivos para guardá-lo.
Carolina: O breve verde... Eu também conheci um menino na praia... Fui a casa de um
ancião.... Ganhei um breve e prometi me casar com um menino.
Augusto: Meu camafeu... É você a minha prometida.

Narrador: Ao saber do casamento, os amigos de Augusto se dirigem até a ilha.


Augusto: Tá arrependido, Felipe?
Felipe: Não, apesar de você ter roubado a minha irmã eu não me arrependo... Mas peraí,
hoje é dia 20, então faz um mês da aposta e você me deve um romance.
Augusto: Já está pronto cunhado.
Felipe: E qual é o título?
Augusto: A moreninha.

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