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RESUMO
Diversas formulações de cimento composto tem sido comercializadas, pela adição
de sulfato de cálcio hidratado, calcário, materiais pozolânicos ou escória de alto forno
granulada ao clinquer portland durante sua etapa de moagem. Os dois primeiros aditivos
podem ser utilizados ao mesmo tempo, em teores que podem chegar respectivamente a
5% e 10% da composição mássica total, tendo como objetivo principal a modificação do
tempo de início de pega. O uso alternativo de escória ou pozolana em teores máximos
respectivos de 70% e 50%, tem como objetivo a substituição de parte do clinquer por
materiais de composição equivalente disponíveis de outras fontes.
Para controle de qualidade de cimentos portland compostos a serem utilizados na
solidificação/estabilização de rejeitos industriais, foi desenvolvido um método para a
determinação dos teores de sulfato de cálcio hidratado, hidróxido de cálcio e calcário
através de análise termogravimétrica derivativa. São mostrados os resultados obtidos
para cimentos portland compostos tipo II e tipo III, que indicam resultados quantitativos
de forma mais rápida e precisa do que os obtidos por análise térmica diferencial,
identificando-se os referidos componentes por difratometria de Raios-X. O método
permite a obtenção dos três teores através de uma análise, permitindo também detectar
nível de hidratação ou carbonatação que tenha havido durante manuseio e ou
armazenamento do cimento.
INTRODUÇÃO
que tem sido aplicada mais recentemente ao controle de qualidade de cimentos, dos
seus produtos de hidrólise, produtos cerâmicos e matérias primas (7-9). Através de curvas
DTG mede-se a taxa de perda de massa em função da temperatura com muita precisão,
o que permite detectar e quantificar substâncias presentes em baixos teores usualmente
não identificáveis por difração de Raios-X (10) .
Tendo como objetivo um controle de qualidade complementar mais rápido para
cimentos portland compostos, tipos II e III, que estão sendo utilizados pelos autores na
solidificação/estabilização de rejeitos industriais, foram feitas análises analises térmicas
por DTA, TG e por DTG visando principalmente a determinação dos teores de sulfato de
cálcio hidratado, hidróxido de cálcio e carbonato de cálcio presentes nas amostras
analisadas. Para acompanhamento dos processo de solidificação de rejeitos por
cimentação estes teores são muito importantes, pois, além de serem parâmetros
característicos dos cimentos compostos, o valor inicial dos mesmos é fundamental para
o cálculo correto do grau de hidratação que ocorre durante o processo de solidificação.
Conforme será mostrado, por TG e DTG são obtidos resultados quantitativos de
forma mais precisa do que os obtidos por análise térmica diferencial. Os componentes
principais de maior teor foram identificados por difratometria de Raios-X. O método
permite a obtenção dos três teores através de uma análise, permitindo também detectar
nível de hidratação e/ou carbonatação que tenha havido durante a etapa de moagem,
manuseio ou armazenamento do cimento.
MATERIAIS E MÉTODOS
2M). Estas últimas retiradas de sacos plásticos vedados logo após a retirada de
alíquota(s) para aplicações na solidificação de rejeitos.
As análises térmicas foram realizadas na faixa de temperaturas ambientes até
1000oC, utilizando 100mL/min de ar de arraste, com razão de aquecimento de 10oC/min,
em dois equipamentos de análise simultânea TG/DTA. O primeiro da TA Instruments,
modelo SDT 2960, e o segundo da Seiko Instruments, modelo EXSTAR TG/DTA. A
amostra de referência para as análises térmicas diferenciais foi alfa-alumina. As curvas
de análise termogravimétrica derivativa (DTG) são obtidas por softwares específicos de
cada equipamento. Cabe informar que os resultados obtidos em ambos os equipamentos
foram praticamente idênticos para as mesmas amostras. Os arquivos originais foram
transformados para arquivos tipo ASCII, visando sua publicação neste trabalho através
de gráficos obtidos através do uso de planilhas de processamento de dados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ANÁLISES TÍPICAS
A Figura 1 mostra resultados típicos das curvas TG das amostras MA1 e AF1.
101
100 MA1
99
Massa %
AF1
98
97
96
95
94
0 200 400 600 800 1000
Temperatura oC
observa-se que ambas amostras apresentam sempre uma perda de massa contínua
com maior ou menor taxa de perda em toda a faixa de temperatura analisada. A amostra
AF1 apresenta entre 100oC e 150oC, uma perda de massa mais significativa, relativa à
maior perda de água de desidratação de sulfato de cálcio dihidratado que se encontra
em teor bem superior do que na amostra AM1. Entre 400oC e 500oC, por sua vez, a
amostra AM1 apresenta uma maior perda de massa do que a amostra AF1,
correspondente à desidroxilação de maior teor de hidróxido de cálcio. Já entre
aproximadamente 600oC C e 700oC, é a amostra AM1 que apresenta de novo maior
perda de massa, decorrente da perda de CO2 por decomposição do carbonato de cálcio
contido no calcário. Cabe ressaltar que a amostra AF1, que é de um cimento composto
que contem escória de alto forno, mostra a partir de 700oC, um aumento de massa
decorrente da oxidação do ferro presente na amostra, visto a análise ter sido feita em
presença de ar.
Conforme Figura 2, estas variações ficam bem mais identificáveis nas curvas
DTG, que mostram a evolução da taxa de perda de massa em cada etapa, pelos picos
respectivos observados, cabendo ressaltar que em ambas amostras há uma linha base
muito clara e praticamente horizontal, que permite observar quando cada uma das
decomposições citadas se inicia e termina em cada caso.
,180
,160
,140 MA1
,120
DTG %/min
,100 AF1
,080
,060
,040
,020
,000
-,020
0 200 400 600 800 1000
Temperatura oC
1,00
,500
MA1
AF1
oC
,00
Delta T
-,500
-1,00
-1,500
-2,00
0 200 400 600 800 1000
Temperatura (oC)
BASES DE CÁLCULO
b) para determinação do teor de sulfato de cálcio di-hidratado nas amostras MA, foram
consideradas as seguintes etapas(13):
(R-2) Ca SO4.2H2O CaSO4.1/2H2O + 3/2H2O (perda de massa = 15,71%)
RESULTADOS OBTIDOS
Pelos resultados da Tabela I, pode-se verificar que para amostras de uma mesma
fábrica MA1 e MA2, com amostragem em dias de fabricação diferente, os teores de
hidróxido de cálcio e carbonato de cálcio são praticamente os mesmos, enquanto que o
teor de sulfato de cálcio hemi-hidratado presente, aparentemente dependem da
campanha, pela maior ou menor decomposição térmica do sulfato de cálcio dihidratado
original. Para a amostra MA3 do mesmo tipo, porém produzida em outra fábrica, as
concentrações são distintas, estando porém dentro da faixa de especificação(1). A
amostra MA1-4M apresenta teor de sulfato de cálcio hemihidratado menor devido a
presença de gel de silicato de cálcio hidratado, cuja perda de água durante a análise, foi
constatada equivalente praticamente `a quantidade de perda de água a menor
observada na decomposição do sulfato de cálcio hemi hidratado, fruto de certo grau de
hidrólise do silicato de calcio durante o armazenamento.
CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
3. Lea’s, Chemistry of Cement and Concrete, 4th Ed. Arnold, London, (1988), 134.
8. Guirado, F.; Gali, S.; Chinchon, J. S, Cem. Concr. Res., 28(3),(1998) 381-390
9. Goni, S.; Macias, A.; Madrid, J.; Diez, J. M., J. Mater. Res., 13(1), (1998), 16-21
10. Dweck, J., Xavier, C., Souza Santos, P., Shanefield, D.J, Braz. J. Chem. Eng.
13(01), (1996), 22-28.