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Paty

Capítulo 2
Já estou pronta para ir pro internato e ainda mais ansiosa para o
primeiro dia de aula. O legal de morar na escola é que você já vê
todo mundo antes de ir para sala. Então já vou matar a saudade dos
meus amigos logo.

Eu tinha um antigo costume de mandar mensagem pros novatos antes de


chegar, mas esse ano decidi não fazer. Eu já sou loira, dos olhos
verdes, bem branquinha e do nariz pontudo, as pessoas sempre
confundem minha simpatia com eu ser metida. Eu queria poder só ser
a garota legal e simpática da escola, mas infelizmente os
estereótipos não deixam. O mais engraçado é que a minha autoestima
é um desastre.

As malas já estão todas no carro, a despedida da minha família


sempre é um drama. A mesma intensidade que temos para brigar é a do
choro na despedida. Eu amo o internato, mas as vezes sinto saudade
de ter minha família por perto.

Mãe – Beijos filha, se cuida e avise quando chegar. Mamãe te ama!


Paty – Está bem mãe, também te amo! Vou sentir saudades! Ah Gaby,
não mexe nas minhas coisas, viu? Quando eu voltar quero tudo no
mesmo lugar.

Ela acenou positivamente com a cabeça e eu entrei no carro.


A Gaby é a irmã do meio, eu sou a mais velha e o mais novo é o
Gabriel Henrique, mas isso por pouco tempo, porque mamãe está
grávida de novo.

Durante a viagem pensei mais uma vez como será o reencontro com o
Wisley. Decidi que não vou permitir que esse sentimento tome conta
de mim, aliás, não é isso que quero para minha vida, não foi esse
romance que sonhei.

3
Quem sabe não chega algum novato na escola, que seja bonito, legal e
cristão. É tão difícil essa combinação. Nessas férias eu comprei um
livro daqueles que a gente vai escrevendo junto com a autora. Tinha um
capítulo que a autora falava sobre a pessoa dos sonhos e em baixo
tinha dez espaços para preencher com as características dela. Bom, o
Wisley não se encaixava em praticamente nada.

Cheguei no internato e já fui ver qual seria meu novo quarto com a
preceptora. Eu ia ficar no mesmo, só trocou as meninas. Eu ia
finalmente poder morar com minhas melhores amigas, a Ellen e a Thatha
e a Rayssa.

Meu pai foi embora e eu já comecei desfazer a minhas malas, escolher


minha cama e guarda roupa. Depois de tudo pronto fui pro refeitório
com as meninas. Somos um grupinho meio fechado, as vezes eu sinto como
se fossemos as populares da escola, como nos filmes, mas talvez só
entre o ensino fundamental, o médio já tinha as suas.

Já estávamos todas juntas, nosso quartetinho, já fazendo amizade com


os novatos do internato e reparando se tinha alguém interessante.
Aliás, esse ano eu fazia 15 anos e meu pai disse que eu já poderia
namorar. Ele me fez prometer que não beijaria nem namoraria ninguém
até os 15 e se eu cumprisse minha palavra, ele me daria um carro aos
18 anos. Era uma ótima proposta na minha opinião e eu tinha cumprido
minha parte muito bem.

De repente a Thatha perguntou:

- E aí Paty? Como está com o Wisley? Já se resolveram?


Paty – Então... eu decidi seguir em frente, não é bem o que eu
queria.... mas sinto falta dele até porque somos amigos desde o 7°
anos... É muito tempo.
Thatha - Entendi, espero que não fique um clima chato, porque somos
amigas dele também.

Essa parte eu não tinha pensado, ele fazia parte do nosso grupinho, e
agora? Como vou fazer para esquecer ele? Como vai ser amanhã na
escola? Meu estômago chega embrulhou.
Paty- Espero que não...

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