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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DE


PERNAMBUCO
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO
LOCAL SUSTENTÁVEL

BÁRBARA VIRGINIA PEREIRA CAVALCANTI

CONTRIBUIÇÃO À GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NUMA


INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: ANÁLISE DA
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – UPE

Recife

2016
BÁRBARA VIRGINIA PEREIRA CAVALCANTI

CONTRIBUIÇÃO À GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NUMA


INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: ANÁLISE DA
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – UPE

Dissertação apresentada ao Programa de


Mestrado Profissional em Gestão do
Desenvolvimento Local Sustentável da
Faculdade de Ciências da Administração de
Pernambuco, como requisito à obtenção do
grau de Mestre em Gestão do
Desenvolvimento Local Sustentável, sendo
objeto de defesa oral, perante banca
examinadora em sessão pública.

Área de Concentração: Gestão do


Desenvolvimento Local Sustentável.

Orientador: Prof. Dr. Fábio José de Araújo


Pedrosa.

Recife
2016
C376c Cavalcanti, Bárbara Virgínia Pereira.
Contribuição à gestão de resíduos sólidos numa instituição de ensino
superior: análise da Universidade de Pernambuco – UPE./ Bárbara
Virgínia Pereira Cavalcanti. – Recife: o autor, 2016.
103 f.: il.; tab.: 30 cm.

Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Ciências da Administração de


Pernambuco (FCAP). Programa de Mestrado Profissional em
Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável, 2016.
Orientador: Fábio José Pedrosa.

1. Gestão de resíduos. 2. Resíduos sólidos. 3. Educação Ambiental.


Pedrosa, Fábio José de Araújo. (Orientador). II. Título.

CDD: 363.728
FCAP-UPE 21-2016 Edna Meirelles – CRB-4/1022
FOLHA DE APROVAÇÃO

BÁRBARA VIRGINIA PEREIRA CAVALCANTI

CONTRIBUIÇÃO À GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NUMA


INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: ANÁLISE DA UNIVERSIDADE
DE PERNAMBUCO – UPE.

Dissertação apresentada ao Programa de


Mestrado Profissional em Gestão do
Desenvolvimento Local Sustentável da
Faculdade de Ciências da Administração de
Pernambuco, como requisito à obtenção do
grau de Mestre em Gestão do
Desenvolvimento Local Sustentável, sendo
objeto de defesa oral, perante banca
examinadora em sessão pública.

Área de Concentração: Gestão do


Desenvolvimento Local Sustentável.

Banca Examinadora

Prof. Dr. Sérgio Peres Ramos da Silva


Universidade de Pernambuco (UPE)

Prof. Dr. José Luiz Alves


Universidade de Pernambuco (UPE)

Prof. Dr. Sérgio Neves Dantas


Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Dissertação defendida em: 27 de julho de 2016.


Dedico aos meus amados: esposo Sérgio,
filhos Diogo e Murilo e
netinhos Vinicius e Beatriz.
AGRADECIMENTOS

"O que a gentileza livremente oferece, agradecimentos não podem pagá-lo".


John Masefield, 1878-1967

A Deus, ao Divino Espírito Santo, à Nossa Senhora, à Santa Bárbara e aos meus Guias
Espirituais por estarem ao meu lado, amparando-me e protegendo-me sempre.
À mãe terra que nos ama de forma incondicional, doando-nos o alimento, a água e o ar
e que continuará doando para nossas gerações futuras, caso tenhamos com Ela atitudes de
amor, respeito e preservação.
Aos meus amados pais Jorge e Lila (in memoriam), sempre presentes na minha vida e
primeiros professores.
Ao meu amado e amigo esposo Sérgio, por estimular e apoiar minha caminhada
pessoal e profissional e pelo apoio nas minhas ausências.
Aos meus filhos amados Diogo e Murilo, presentes Divinos, sempre hodiernos na
minha vida e pela compreensão nas minhas faltas. Vocês são meus portos seguro e meus
espelhos.
Aos meus netos Vinícius e Beatriz pelo sorriso que fortalece o caminhar do vovô
Sérgio e da vovó Bala e pelo ensinamento que eles me deram de que amor é desprendimento.
A meus irmãos Stella, Raimundo, Carla e meu cunhado Marquinhos e cunhada Meyre
pelo sentimento de irmandade que nos une.
A Ilka e Rafinha que tanto me estimularam, ajudaram e tornaram-se filhas de coração.
Ao meu orientador professor Fábio Pedrosa, com quem muito aprendi.
Aos membros da Banca, eternos professores, Profº Sérgio Peres, Profº Sérgio Dantas
e Profº José Luiz, agradecem aos ensinamentos, a disponibilidade e por avaliarem este
trabalho
Ao Prof. José Roberto, Diretor da POLI, pelo apoio.
A Profª Emília Rabanni pelo exemplo de compromisso, pelo ensino e disponibilidade.
Aos alunos do grupo de pesquisa em Desenvolvimento Seguro e Sustentável (DESS)
que colaboraram com esta pesquisa.
A Adalberto Freire, bolsista do Laboratório POLICOM, pelo apoio e presteza.
Ao amigo Everaldo, pelo compromisso com o meio ambiente e apoio nesta pesquisa.
A Marilza Lima e sua equipe pelo apoio e compromisso com o meio ambiente e com a
POLI.
Ao Pessoal de Serviços Gerais da FCAP pela amizade que construímos juntos e pelos
seus ensinamentos.
Ao Pessoal de Serviços Gerais da POLI pela amizade que construímos juntos e pelo
seus ensinamentos.
Ao Profº Múcio Banja, coordenador do mestrado GDLS/FCAP/UPE.
A Zeza e Angélica, secretária do Mestrado GDLS, sempre prontas para nos acolher.
A todos os professores do mestrado que contribuíram não só com os ensinamentos
acadêmicos, mas, sobretudo, com os ensinamentos de vida, por compartilharem seus
conhecimentos e experiências profissionais
Aos amigos Marilene Borges, Carlos Cassé e Daniela Câncio, vocês fazem parte de
minhas páginas da FCAP e do Mestrado.
Aos amigos que fazem parte da minha caminhada a favor das causas sociais e
ambientais.
Com cuidado para evitar algum esquecimento, agradeço às pessoas e instituições que,
direta ou indiretamente, contribuíram com essa pesquisa.
Ao ITEP pela acolhida.
A colega Dra.Sônia Pereira, pesquisadora do ITEP, pela alegria do reencontro e apoio.
A amiga Silvânia e ao amigo Valdemir, pelo exemplo do compromisso ambiental.
A todos catadores que, na honrada labuta diária, nas ruas e nos vazadouros a céu
aberto, retiram os resíduos sólidos para o próprio sustento e contribuem com dignidade para o
equilíbrio do meio ambiente.
A todos (as) guerreiros (as) das questões dos resíduos sólidos que, mesmo eu não os
conhecendo pessoalmente, tive a alegria de conhecê-los(as) através de seus artigos,
dissertações, teses e livros, os quais contribuíram no desenvolvimento desse estudo.
Ao eterno amigo Erik que, na sua breve passagem neste plano de vida, deixou seu
exemplo de luta e esperança pela causa dos catadores de materiais recicláveis.
À mãe terra que, de maneira incondicional, ama-nos com carinho, doando-nos o
alimento, a água e o ar e, também, mostra-nos, amavelmente, a necessidade de lembrarmos
das nossas gerações futuras. Assim, devemos fazer a nossa parte retribuindo e atendendo a Ela
com atitudes de amor, respeito e preservação à nossa casa coletiva: Planeta Terra.

Minha gratidão.
“Isto sabemos. Todas as coisas estão ligadas como o sangue que une
uma família […] Tudo o que acontece com a Terra, acontece com os
filhos e filhas da Terra. O homem não tece a teia da vida; ele é apenas
um fio. Tudo o que faz à teia, ele faz a si mesmo.”

Chefe Seattle
O lixo

Encontram-se na área de serviço. Cada um com seu pacote de lixo. É a


primeira vez que se falam.
- Bom dia [...]
- Bom dia.
- A senhora é do 610.
- E o senhor do 612.
- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente [...]
- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo [...]
- O meu quê?
- O seu lixo.
- Ah [...]
- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena [...]
- Na verdade sou só eu [...]
- A senhora [...] Você não tem família?
- Tenho, mas não aqui.
- No Espírito Santo.
- Como é que você sabe?
- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo [...]
- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro
amassadas no seu lixo.
- É verdade. Mas consegui parar outra vez.
- Eu, graças a Deus, nunca fumei.
- Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de comprimido no seu lixo [...]
- Tranquilizantes. Foi uma fase. Já passou.
- Você brigou com o namorado, certo?
- Isso você também descobriu no lixo?
- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois,
muito lenço de papel.
- É, chorei bastante, mas já passou [...]
- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até
bonitinha.
- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.
- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer
que ela volte.
- Você já está analisando o meu lixo!
- Não posso negar que o seu lixo me interessou.
- Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que gostaria de
conhecê-la. Acho que foi a poesia.
- Não! Você viu meus poemas? [...]
- Só não fiquei com eles porque, afinal, estaria roubando. Se bem que,
não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela?
- Acho que não. Lixo é domínio público.
- Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que
sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos outros. O lixo
é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso?
- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que [...]
- Ontem, no seu lixo [...]
- O quê?
- Me enganei, ou eram cascas de camarão?
- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.
- Eu adoro camarão.
- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode [...]
- Jantar juntos?
- Não quero dar trabalho.
- Trabalho nenhum.
- Vai sujar a sua cozinha?
- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.
- No seu lixo ou no meu?

Luiz Fernando Veríssimo


RESUMO

A Lei Federal Brasileira nº 12.305/2010 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos


(PNRS), dispondo sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de
resíduos sólidos. Contudo, diante da complexidade socioambiental, cultural e econômica da
temática de resíduos sólidos, a sua implementação encara grandes desafios que necessitam de
comprometimento entre os entes da federação brasileira, as instituições privadas, a sociedade
civil e as instituições de ensino. Estas últimas, além do dever legal de solucionar suas
questões internas referentes ao gerenciamento de resíduos sólidos, têm o compromisso de
fomentar uma consciência crítica para a tomada de novas práticas relativas ao consumo,
geração e descarte de resíduos. Nesse contexto, este estudo teve como objetivo investigar a
situação atual de gestão e de gerenciamento de resíduos sólidos, sob a luz da Lei nº
12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, nas unidades que
compõem o campus Benfica da Universidade de Pernambuco, a Escola Politécnica (POLI) e
Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco (FCAP). Para orientar o alcance do
objetivo geral, foram definidos os seguintes objetivos específicos: Caracterizar a composição
dos resíduos sólidos na POLI e na FCAP; Descrever a situação atual do gerenciamento dos
resíduos sólidos no âmbito da POLI e da FCAP; Propor contribuições para o atual modelo de
gerenciamento, sob a luz das legislações presentes. A metodologia de base para levantamento
das informações foi de ordem primária e secundária, tendo como instrumentos de coleta a
pesquisa de observação, a composição gravimétrica e a aplicação de entrevistas, com os
envolvidos diretamente com o gerenciamento e nos laboratórios e copiadoras, visando
conhecer os resíduos gerados e seu tratamento e descarte. A natureza da pesquisa foi
quantitativa e qualitativa. No estudo,foram verificadas iniciativas louváveis, como: coleta
seletiva de recicláveis na FCAP, através de um processo continuado e participativo da sua
comunidade desde 2000; projeto em andamento para implementar a coleta seletiva de
recicláveis na POLI, através da Equipe de Projeto em Desenvolvimento Sustentável e Seguro-
DESS.Porém, ao analisar a aplicação dos instrumentos da PNRS, pôde-se apresentar como
resultado quenão há consonância na gestão e nogerenciamento dos resíduos sólidos com as
orientações da Lei nº 12.305/2010, que, no seu artigo 9º, apresenta a hierarquização para o
gerenciamento de resíduos sólidos e, no artigo 8º, define a Educação Ambiental com
instrumento. Diante disso, recomenda-se que seja formada nessas Faculdades um Grupo de
Estudo para construir a Política de Resíduos Sólidos para o Campus Benfica e a elaboração e
implementação de um plano de gerenciamento de resíduos atendendo à determinação da
legislação vigente.

Palavras Chaves: Gestão e Gerenciamento de Resíduos Sólidos; Política Nacional de


Resíduos Sólidos; Educação Ambiental.
ABSTRACT

The Brazilian Federal Law nº 12.305/2010 established the National Policy on Solid Waste
(PNRS), providing for the guidelines on integrated management and solid waste management.
However, in view of the environmental, cultural and economic complexity of the subject of
solid waste, its implementation faces major challenges that require commitment among the
entities of the Brazilian federation, private institutions, civil society and educational
institutions. The latter, in addition to the legal duty to solve their internal issues related to
solid waste management, are committed to fostering a critical conscience for taking new
practices regarding consumption, waste generation and disposal. In this context, this study
aimed to investigate the current situation of management and solid waste management, in the
light of Law nº 12.305/2010, the units that constituite the Benfica Campus of the University
of Pernambuco, the Polytechnic School (POLI) and Faculty of Sciences of Pernambuco
Administration (FCAP). To guide the achievement of the overall objective, the following
specific objectives were defined: To characterize the composition of solid waste in POLI and
FCAP; Describe the current situation of solid waste management under the POLY and FCAP;
Propose contributions to the current management model, in the light of these laws. The basic
methodology for collecting the information was of primary and secondary order, with the
collection instruments to research observation, gravimetric composition and application of
interviews with those directly involved with the management, laboratories and copij centers,
aiming to meet the generated waste and its treatment and disposal. The nature of the research
was quantitative and qualitative. In the study, laudable initiatives were observed, such as:
selective collection of recyclables in FCAP, through sustained and participatory process of its
community since 2000; ongoing project to implement the selective collection of recyclable at
POLI through the Project Team on Sustainable Development and safe- DESS. However,
when considering the application of the tools of PNRS, could be presented as a result that
there is no line in the administration and management of solid waste with the guidelines of
Law No. 12.305 / 2010, which, in its Article 9, presents the ranking for the management of
solid waste and in Article 8 defines environmental education with instrument. Therefore, it is
recommended to be formed in these colleges a Study Group to build the Solid Waste Policy
for Campus Benfica and as a next step, the development and implementation of a waste
management plan in accordance with rules of the current legislation.
Keywords: Management and Solid Waste Management; National Policy on Solid Waste;
Environmental education
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Definição de Classes de resíduos sólidos 24


Figura 2 – Estrutura da Lei nº 12.305/2010 34
Figura 3 - Geração per capita dia no mundo 43
Figura 4– Geração de RS no Brasil – 2013 e 2014 46
Figura 5 - Geração de RS no Nordeste - 2013 e 2014 46
Figura 6 – Ordem de Prioridade na gestão e no gerenciamento de RS 51
Figura 7 – Evolução da coleta seletiva no Brasil 53
Figura 8 – Gravimetria dos Resíduos no Brasil 57
Figura 9 – Composição gravimétrica da coleta seletiva 58
Figura 10 – Dinâmica da relação da sociedade com a universidade 62
Figura 11 – Localização POLI e FCAP 76
Figura 12 - Depósito de resíduos da POLI e FCAP 81
Figura 13 - Resíduos para composição gravimétrica (POLI) 81
Figura 14 - Pesagem POLI 82
Figura 15 - Sacos sendo abertos 82
Figura 16 - Resíduos misturados (POLI) 82
Figura 17 - Material orgânico misturado com o inorgânico 83
Figura 18 - Plástico triados (FCAP) 83
Figura 19 - Registro dos materiais após a triagem 83
Figura 20 – Estudo em percentual composição gravimétrica em abril/2015 (POLI) 84
Figura 21 - Estudo em percentual composição gravimétrica em abril/2015 (FCAP) 84
Figura 22 - Estudo em percentual composição gravimétrica em julho/2015 (POLI) 85
Figura 23 - Estudo em percentual composição gravimétrica em julho/2015 (FCAP) 85
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Classificação dos resíduos sólidos quanto à periculosidade 25


Quadro 2 – Legislações, Decretos e Normatizações 41
Quadro 3–Ganhos com a reciclagem e dados referentes à produção, coleta
e percentual de reciclagem 43
Quadro 4 – Geração e Coleta de RSU RCD e RSS no Brasil 48
Quadro 5 – Quantitativo de entrevistados na POLI 74
Quadro 6 – Quantidade de entrevistados na FCAP 74
Quadro 7 – Observação in loco do gerenciamento de RS na POLI e na FCAP 77
Quadro 8 – Resultado das entrevistas na POLI e na FCAP 87
LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas


ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CEMPRE - Compromisso Empresarial para Reciclagem
CF - Constituição Federal Brasileira
CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear
CNUMAD - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
CTR - Aterro Sanitário de Candeias
DESS - Pesquisa em Desenvolvimento Seguro e Sustentável
EMLURB- Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana
FCAP - Faculdade de Ciências de administração
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IES - Instituições de Ensino Superior
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas
MBA –Master of Business Administration
MCID - Ministério das Cidades
MMA – Ministério do Meio Ambiente
NBR - Normas Brasileiras Registradas
NGA - Núcleo de Gestão Ambiental
PERS - Plano Estadual de Resíduos Sólidos
PNEA - Política Nacional de Educação Ambiental
PNMA - Política Nacional de Meio Ambiente
PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos
PNSA - Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
PNSB - Política Nacional de Saneamento Básico
PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
POLI - Escola Politécnica de Pernambuco
POLICOM - Laboratório de Combustível e Energia
POPs - Poluentes Orgânicos Persistentes
PSNB - Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
RDC- Resolução da Diretoria Colegiada
RMR - Região Metropolitana do Recife
RS - Resíduos Sólidos
RSS - Resíduos de Serviços de Saúde
RSU - Resíduos Sólidos Urbanos
SGA - Sistema de Gestão Ambiental
SINIMA - Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente
SINIR - Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos
SINISA - Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico
SINMETRO - Sistema nacional de metrologia, normalização e qualidade industrial
SISNAMA - Sistema Nacional de Meio Ambiente
SNIS - Sistema Nacional de Informação em Saneamento
SNSA - Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental
SNVS - Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
SUASA - Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
UPE - Universidade de Pernambuco
UTFPR-FB - Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Francisco Beltrão
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 16

2 OBJETIVOS 20

2.1 OBJETIVO GERAL 20

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 20

3 BASE TEÓRICA E LEGAL 21

3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS 21

3.1.1 Definições, caracterização e classificações dos Resíduos Sólidos – RS 22

3.1.2 Aspectos Legais e Normativos: A Política Nacional e Estadual

de Resíduos Sólidos 28

3.2 GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS – RS 42

3.3 GESTÃO E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS – RS 49

3.3.1 Composição Gravimétrica 56

3.4 UNIVERSIDADES: NO RUMO DO GERENCIAMENTO CORRETO

DOS RESÍDUOS SÓLIDOS 58

4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

SÓLIDOS 64

5 FUNDAMENTOS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 69

5.1 MÉTODOS DA PESQUISA 69

5.2 NATUREZA E OBJETIVOS DA PESQUISA 69

5.3 OS INSTRUMENTOS PARA A COLETA DOS DADOS 70

5.4 AS CATEGORIAS DE ANÁLISE 75

5.5 O LOCUS DA PESQUISA 75

6 RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS 77

7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 94

REFERÊNCIAS 97
16

1 INTRODUÇÃO

A história da geração dos resíduos sólidos tem sua ligação direta com a evolução do
homem e com sua apropriação dos recursos naturais, dos espaços físicos e suas práticas de
produção, consumo e descarte.
Assim sendo, no início do desenvolvimento da espécie humana, observa-se um
comportamento nômade e suas atividades, sobretudo, os resíduos gerados não comprometiam
o equilíbrio dos ecossistemas. Ao longo do processo de fixação do homem na terra, surgiu o
conceito de propriedade com a formação das vilas, das aldeias e das cidades. Diante deste
novo cenário e com o aumento populacional, ocorreu o aumento na geração dos resíduos
sólidos. Na idade Média (século V ao XV), as ruas de Londres e de Paris ficavam cheias de
dejetos, Eigenheer (2009).
Nos séculos XVIII e XIX, com o advento da industrialização, ocorreu uma grande
transformação nos arranjos produtivos e de consumo e, conforme apresenta Calderoni (2003),
após este marco, ocorreu um crescimento tanto na quantidade, como na diversidade dos
resíduos sólidos com características diferentes daquelas produzidas anteriormente, os quais se
constituíam, praticamente, de materiais orgânicos. Começava neste momento, uma questão
complexa e extremamente preocupante em escala mundial.
Apenas a partir da segunda metade do século XX, observa-se um novo olhar e
procedimentos, em escala global, sobre os resíduos sólidos, na busca de modelos adequados
de gestão e gerenciamento, visando enfrentar os diversos problemas derivados destes
materiais de ordem econômica, social e ambiental. Apesar desse entendimento, a humanidade
chegou ao século XXI sem equacionar as questões da crescente e diversificada geração dos
resíduos, bem como o correto tratamento e destino final dos mesmos.
Assim, estes problemas foram ocasionados pelo crescimento populacional do planeta
Terra que, segundo Alves (2014), vem ocorrendo a passos largos, tendo passado de 2,5
bilhões, em 1950, para a marca dos 7 bilhões de pessoas, em 2011, com perspectiva de
chegar a 9 bilhões em 2050. Neste caminho, Fadini e Barbosa (2001) dizem que esta realidade
conjugada à intensa urbanização, ao padrão de produção e consumo e à expansão da ciência e
da tecnologia são fatores determinantes para o aumento da geração dos resíduos tanto em
quantidade quanto em diversidade.
17

Aproximando-se desta discussão, Jacobi e Besen (2011) comentam que a sociedade


moderna tem como um dos mais expressivos desafios promover a redução da geração e o
destino final ambientalmente seguro dos resíduos sólidos.
O Brasil participa desta realidade com elevada geração sem os devidos cuidados no
tratamento e destino final. Assim, em 2010, dados do Instituto Brasileiro de Geografia
eEstatística -IBGE apresentaram que 50,8% dos municípios destinavam seus resíduos para
lixões (vazadores a céu aberto sem nenhum cuidado sanitário na disposição dos resíduos e com
presença de catadores de materiais recicláveis).
Visando combater os problemas derivados da geração e incorreto gerenciamento
destes materiais, após longos vinte anos de tramitação no Congresso Nacional, foi sancionada a
Lei nº 12.305, em 02 de agosto de 2010, instituindo a da Política Nacional de Resíduos Sólidos
– PNRS, regulamentada por meio do Decreto nº 7.404, em 23 dezembro de 2010, que reúne um
conjunto de diretrizes e ações a ser adotado com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento
adequado dos resíduos sólidos.
É importante destacar que o estabelecimento de um marco regulatório nessa área
configura-se como um instrumento indutor do desenvolvimento social, econômico e
ambiental.Porém, deve-se considerar que um problema tão antigo e complexo não se resolve de
imediato, logo, para contribuir na transformação deste cenário, faz-se preciso novas tecnologias
e um processo continuado de educação ambiental, visando à construção coletiva de novos
valores, hábitos e práticas com responsabilidade socioambiental e econômica.
De acordo com Conto (2010), nesta perspectiva de mudanças, é de extrema
importância a participação das universidades, que têm um relevante papel no
desenvolvimento de tecnologias, bem como na formação de profissionais comprometidos e
responsáveis com as questões socioambientais, contribuindo para construção de sociedades
sustentáveis e seguras. Vale destacar que, nestes espaços, são gerados resíduos sólidos em
larga escala e diversidade.
Outro aspectoimportante no envolvimento das universidades é a oportunidade de
realizar um processo continuado de educação ambiental, informando, sensibilizando, motivando
e capacitando sua comunidade e visitantes para as práticas ambientalmente sustentáveis, que vão
além do gerenciamento dos resíduos sólidos (que começa na redução destes materiais) e
alcançamo consumo responsável dos recursos naturais, o cuidado com o patrimônio e as compras
sustentáveis (CONTO, 2010).
É neste contexto que se apresenta o problema central desta dissertação: Será que o
gerenciamento dos resíduos sólidos nas unidades da UPECampus Benfica, Faculdade de
18

Ciências da Administração da Universidade de Pernambuco (FCAP) e Escola Politécnica


(POLI), é realizado sob as orientações da Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS (Lei nº
12.305/10)? Considerando esta indagação, a hipótese adotada é que as unidades têm um sistema
de coleta dos resíduos sólidos até eficiente, porém, sem a observância às legislações vigentes.
Assim sendo, não desenvolvem o correto gerenciamento, que têm como foco a redução da
geração, o reaproveitamento, o correto tratamento e destino final dos resíduos sólidos.
Neste foco, o objeto teórico desta pesquisa é a gestão e o gerenciamento dos resíduos
sólidos e o objeto empírico de estudo as duas unidades da UPE Campus Benfica.Vale ressaltar,
ainda que, sendo os resíduos sólidos um dos entraves para sustentabilidade ambiental, na
perspectiva de novas práticas de gerenciamento destes materiais, as Universidades ultrapassarão
o cumprimento das legislações, contribuindo para o exercício da cidadania e para o
desenvolvimento local sustentável.
Neste contexto, o objetivo geral desta pesquisa é a investigação da consonância da
gestão e do gerenciamento dos resíduos sólidos na Escola Politécnica - POLI e na Faculdade de
Ciências de Administração - FCAP da Universidade de Pernambuco - UPE com a Política
Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS, instituída pela Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010
(BRASIL, 2010).
Para orientar o alcance do objetivo geral, foram definidos os seguintes objetivos
específicos:Caracterizar a composição dos resíduos sólidos na POLI e na FCAP;Descrever a
situação atual do gerenciamento dos resíduos sólidos no âmbito da POLI e da FCAP;Propor
contribuições para a o atual modelo de gerenciamento, sob a luz das legislações presentes.
Visando alcançar os objetivos descritos, este estudo está organizado em sete capítulos,
sendo o primeiro esta introdução.
Neste primeiro capítulo definido como introdução está apresentado o contexto atual de
maneira sucinta dos resíduos sólidos, o objetivo da dissertação, a importância da contribuição
das universidades para o correto gerenciamento destes materiais e os conteúdos dos demais
capítulos.
No segundo capítulo está apresentado o objetivo geral que foi a investigação da gestão
e do gerenciamento de resíduos sólidos nas faculdades do Campus Benfica da UPE, sob a luz da
Lei Nº 12.305/2010 e os objetivos específicos que balizaram a investigação.
No terceiro capítulo, cujo título é Base Teórica são trabalhadosos seguintes temas: a
definição de lixo e a evolução do termo para resíduos sólidos a caracterização e a classificação
de resíduos sólidos; os aspectos legais e normativos com foco na Lei nº 12.305/2010; o
panorama da geração de resíduos sólidos; a conceituação para gestão e gerenciamento dos
19

resíduos sólidos, a hierarquia definida pela PNRS para a gestão e gerenciamento, a composição
gravimétrica como ferramenta para elaboração de plano de resíduos sólidos; as universidades no
caminho para o correto gerenciamento de resíduos sólidos.
No quarto capítulo, foi abordada a educação ambiental, sendo apresentada sua
conceituação e sua função de transformadora para novos valores, hábitos e comportamento e seu
papel no gerenciamento de resíduos sólidos.
No quinto capítulo, descreve-se a metodologia utilizada para atender aos objetivos
propostos; o locus da pesquisa e a coleta dos dados.
O sexto capítulo apresenta os resultados e analisa, sob a luz da Lei nº 12.305/2010, as
observações realizadas para acompanhar o processo de gerenciamento, identifica o tipo e
localização dos equipamentos existentes e sua utilização pela comunidade e visitantes das duas
Faculdades, apresentas composição gravimétrica para se ter conhecimento dos percentuais de
resíduos gerados, bem como, as entrevistas realizadas para esclarecer e completar os dados
obtidos na observação e composição gravimétrica.
O sétimo capítulo destina-se às conclusões e às considerações finais.
Com o resultado desta investigação, pretende-se contribuir para a construção de um
plano de resíduos sólidos para o Campus Benfica, desenvolvido sob a luz da Lei nº 12.305/2010,
o qual poderá ser ampliado e replicado para se tornar o PRS da UPE. Também,sirva de estímulo
às comunidades das faculdades para aadoção de novos valores e práticas em prol de um
desenvolvimento sustentável. Bem como, inserir na formação dos futuros gestores as questões
referentes ao meio ambiente, como é o caso dos resíduos sólidos,contribuindo, assim, para que
estes fiquem fortalecidos visando atender as novas demandas de mercado, as quais exigem
eficiência econômica, responsabilidade com o meio ambiente e equidade social.
20

2 OBJETIVOS
“Tudo é Interligado”.
Alexandre Von Humboldt

Nesse capítulo, serão apresentados o objetivo geral e os objetivos específicos deste


trabalho.

2.1 OBJETIVO GERAL

Constituiu-se como objetivo geral deste trabalho a investigação da consonância da


gestão e do gerenciamento dos resíduos sólidos na Escola Politécnica - POLI e na Faculdade
de Ciências de administração - FCAP da Universidade de Pernambuco – UPE, Campus
Benfíca, com a Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS, instituída pela Lei nº 12.305,
de 02 de agosto de 2010 (BRASIL, 2010).

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Para orientar o alcance do objetivo geral, foram definidos os seguintes objetivos


específicos:

1. Caracterizar a composição dos resíduos sólidos na POLI e na FCAP;


2. Descrever a situação atual do gerenciamento dos resíduos sólidos no âmbito da POLI e
da FCAP;
3. Propor contribuições para o processo de gerenciamento observado na pesquisa.
21

3 BASE TEÓRICA E LEGAL

"O planejamento de longo prazo não lida com decisões futuras, mas com o futuro de decisões
presentes”.
Peter Drucker

“Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez”.


Jean Cocteau

Nesse capítulo, será apresentado o aporte teórico e legal que foi utilizado para a
realização desta investigação. Assim sendo, serão discorridos a evolução do conceito de
resíduos sólidos; sua caracterização e classificação; as legislações pertinentes ao tema; o
cenário atual da geração destes materiais no Brasil, em Pernambuco e na cidade do Recife; o
entendimento conceitual de gestão e de gerenciamento; a competência do gerenciamento
destes materiais, sob a luz da Constituição Federal Brasileira de 1988, da Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS) e demais legislações, decretos e normatizações e o papel das
Instituições de Ensino Superior (IES) nos novos rumos da gestão e do gerenciamento de
resíduos sólidos. Além disso, será abordada a educação ambiental como ferramenta para o
correto gerenciamento destes materiais.

3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS

A sociedade moderna tem um singular desafio referente ao equacionamento do


crescimento desenfreado da geração de resíduos sólidos e do destino final ambientalmente
incorreto. Desde a Conferência Rio 92, o assunto tem se destacado globalmente tanto nos
países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento, haja vista que, de maneira direta
e indireta, contribui para o aquecimento global e as mudanças do clima (JACOBI; BESEN,
2011).
Segundo Padovani (2011), o crescimento da geração de lixo tem uma relação direta
com a Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, a qual foi um marco na utilização de
novas tecnologias, expansão da exploração de recursos naturais, descarte de resíduos sem o
devido cuidado com as consequências nocivas para o meio ambiente. Aquele momento
histórico também foi marcado pelo surgimento das metrópoles que, por conseguinte,
contribuíram para este cenário problemático.
Nesse entendimento, Fiorillo (2011) diz que os resíduos, quando inadequadamente
gerenciados, causam efeitos tais como contaminação do lençol freático, das águas, do solo e
22

do ar, a proliferação de vetores, doenças e deslizamentos de barreiras, muitas vezes


irreversíveis ao ambiente natural, ao ambiente urbano, promovendo riscos à saúde, à
segurança, à habitação e a outros elementos indispensáveis a uma vida saudável.

3.1.1 Definições, caracterização e classificações dos Resíduos Sólidos – RS

Antes do século XX, o termo “resíduos sólidos” era denominado “lixo”. Diante disso,
nesseitem, de início, será apresentada a definição de lixo e, posteriormente, a de resíduos
sólidos.
No dicionário Aurélio, a palavra lixo recebe a seguinte definição "1. O que se varre da
casa, da rua e se joga fora; entulho; 2. Coisa imprestável." (FERREIRA, 2006, p. 520). A
palavra lixo é derivada do latim lixe significa cinza, tal conotação se deve ao fato de que, na
antiguidade, a maior parte do lixo constituía-se fundamentalmente de cinzas, enquanto a
fração orgânica restante era aproveitada como alimento para animais ou adubos para horta e
pomares (SILVA; LEITE; CABRERA, 2014).
No século XX, em torno da década de 1960, os sanitaristas passaram a inserir o termo
“resíduos sólidos” em substituição a palavra “lixo”, e, igualmente, começaram a apresentar a
sua nova concepção (PEREIRA; CURI, 2013).
Por sua vez, Demajorovic (1995, p. 89) faz o seguinte comentário sobre estes dois
conceitos “resíduos sólidos diferenciam-se do termo „lixo‟ porque, enquanto este último não
possui qualquer tipo de valor, já que é aquilo que deve apenas ser descartado, os resíduos
sólidos possuem valor econômico agregado, por possibilitarem reaproveitamento no próprio
processo produtivo”.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) elaborou a norma NBR
10.004/2004 com o objetivo de “classificar os resíduos sólidos quanto aos seus riscos
potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados
adequadamente” (ABNT, 2004, p. 01). A NBR 10.004/2004apresenta como definição para
resíduos sólidos:
3.1 resíduos sólidos. Resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam
de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial,
agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos
provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em
equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados
líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas
e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.
(ABNT, 2004, p. 01)
23

Em 2010, com a promulgação da Lei nº 12.305/2010, que dispõe sobre a Política


Nacional de Resíduos Sólidos, foi definido no Capítulo II, Art. 3º, o conceito de resíduos
sólidos e, também, foi introduzida uma nova denominação de rejeito:

[…] XV - rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as


possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos
disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade
que não a disposição final ambientalmente adequada;
XVI - resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado
resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se
procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados
sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos
cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgotos ou em corpos d‟água, ou exijam para isso soluções técnicas ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível [...]
(BRASIL, 2010)

Diante do exposto, o termo “lixo” ao longo dos anos foi tomando outra conceituação.
De acordo com a Lei nº 12.305/2010, resíduo sólido é concebido como todo material que deve
ser reaproveitado ou inserido como insumo para produção de novos produtos, desta maneira,
estes materiais não devem ser encaminhados ao aterro sanitário1.
Os resíduos são caracterizados pelos aspectos físico-químicos, biológicos, qualitativos
e/ou quantitativos da amostra em estudo. A caracterização é baseada na normatização da
Associação Brasileira de Normas Técnicas, as Normas Brasileiras Registradas (NBR) nº
10.004, nº 10.005 e nº 10.006 e nº 10.007.
Os resultados analíticos da caracterização contribuem para a classificação do resíduo e
favorecem a otimização do seu tratamento e destinação final.
De acordo a norma NBR 10.004/2004 da ABNT, os resíduos são classificados pela
identificação do processo ou atividade que lhe deu origem, pela constituição e pelas
características de seus componentes e pela comparação destes constituintes com a listagem de
resíduos com potencial risco à saúde pública e ao meio ambiente (ABNT, 2004).
A identificação do processo produtivo, quando do enquadramento do resíduo nas
listagens A (resíduos perigosos de fontes não específicas) ou B (resíduos perigosos de fontes
específicas) da NBR 10.004/2004, pode ser o parâmetro utilizado para a definição do laudo.
Neste deve ser informada a origem do resíduo, a descrição do processo de segregação e a

1
Aterro sanitário de resíduos sólidos urbanos, segundo a NBR 8419/1992 (ABNT, 1992) é a técnica de
disposição de resíduos sólidos urbanos no solo que não causa danos à saúde pública e à sua segurança,
além de minimizar os impactos ambientais.
24

A classificação é definida nas três Classes dos resíduos segundo a ABNT NBR
10.004/2004 estão apresentadas na Figura 1

Figura 1 – Definição de Classes de resíduos sólidos

Fonte: Adaptado da NBR 10004/2004 (ABNT, 2004)

Como demonstrado na Figura 1(3), a classificação dos resíduos sólidos deve ser feita
tomando por base os potenciais riscos ao meio ambiente e à saúde. Após a identificação de
seus possíveis riscos, estes são agrupados em duas categorias: Classe I – resíduos perigosos e
Classe II – resíduos não perigosos. A Classe II, por sua vez, subdivide-se em não inerte e
inerte (II-A, II-B).
No Quadro 1(3), será apresentada a classificação dos resíduos sólidos quanto à
periculosidade, conforme a NBR 10.004/2004. A classificação desses materiais é uma
ferramenta indispensável para seu correto gerenciamento.
A Norma da ABNT NBR 10.004/2004 faz referência a outras Normas da ABNT tais
como:
NBR 10.006/2004–Esta Norma objetiva fixa os requisitos exigíveis para obtenção de
extrato solubilizado de resíduos sólidos, visando diferenciar os resíduos classificados na NBR
10004 como classe II A - não-inertes - e classe II B - inertes.
NBR 10.007/2004 –Esta Norma objetiva fixa os requisitos exigíveis para amostragem
de resíduos sólidos. Substituem as normas de 1987.
25

Quadro 1 – Classificação dos resíduos sólidos quanto à periculosidade


TIPOLOGIA DE RESÍDUOS
ORIGEM
SÓLIDOS
CLASSE I PERIGOSOS Suas propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas
podem acarretar em riscos à saúde pública e/ou riscos ao
meio ambiente. Ex.: Lâmpada Fluorescente, baterias, pilhas,
óleo usado, restos de tintas, resíduos de serviços de saúde
CLASSE II-A NÃO INERTES Podem apresentar propriedades como biodegradabilidade,
combustibilidade ou solubilidade em água. Ex.: Resto de
alimento, poda, lodos de estação de tratamento de água e
esgoto.
CLASSE II-B INERTE Quando amostrados de uma forma representativa, segundo a
ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato dinâmico e
estático com água destilada ou desionizada, à temperatura
ambiente, conforme ABNT NBR 10006, não tiverem
nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações
superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-
se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G,
da NBR 10004. Ex.: Vidros, entulho, concreto, tijolos,
plásticos, borrachas entre outros. etc.
Fonte: Adaptado da NBR 10.004/2004 (ABNT, 2004)

Como anteriormente mencionado, de acordo com NBR 10.004/2004, para se realizar a


classificação de resíduos sólidos deve-se seguir uma sequência de etapas cujo passo inicial é a
verificação dos materiais constantes nos Anexos A e B desta mesma norma. Caso os resíduos
estejam descritos nos Anexos da NBR 10.004, ele serão considerados resíduos Classe I –
Perigoso. Em caso negativo, retira-se uma amostra representativa do resíduo, conforme a
NBR 10.007/2004, e procede-se à obtenção de extratos lixiviados aos procedimentos descritos
nas NBR 10.005/2004 e NBR 10.006/2004. Com os resultados das análises, faz-se a
comparação entre os parâmetros encontrados com os que se apresentam nos Anexos C a G da
NBR 10.004/2004, e, após esta etapa, então, o resíduo é classificado.
Segundo Monteiro et. al. (2001), a classificação dos resíduos pode ser definida pela
natureza física, a qual se subdivide em seco (papel, plástico, vidro, metais, couros tratados,
madeiras, jornal, tolhas de papel, isopor, lâmpadas, parafina, cerâmicas, porcelana, tecidos,
26

espumas, cortiças entre outros) ou úmido (restos de comida, cascas e bagaços de frutas de
verduras e de ovos, legumes, alimentos estragados, etc.) e pela composição química, que, por
sua vez, subdivide-se em orgânica(alimentos, pó de café e chá, restos de alimento, cascas e
bagaços de frutas e verduras, ovos, legumes, alimentos estragados, aparas e podas de jardim
etc) ou inorgânica (por exemplo: vidros, metais, isopor, lâmpadas, cerâmicas, espumas e
porcelana).
De acordo com sua classificação, os resíduos recebem o gerenciamento específico, sob
orientação das legislações e normatizações pertinentes.
Em relação aos resíduos infectantes (classe I – perigoso), a NBR 12.807/1993
estabelece os requisitos aplicáveis às atividades de gerenciamento de resíduos sólidos de
serviços de saúde (RSSS) realizadas fora do estabelecimento gerador e define este tipo de
resíduo como “aquele gerado em serviço de saúde que, por suas características de maior
virulência, infectividade e concentração de patógenos, apresenta risco potencial adicional a
saúde pública” (ABNT, 1993, p. 02). Dessa maneira, concluímos que uma fração de resíduos
sólidos domiciliares seja composta por resíduos infectantes, já que sangue, perfil cortantes, e
secreções estão presentes em papéis higiênicos, fraldas, agulhas e similares.
A normatização do gerenciamento dos Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde é
regulada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por meio da Resolução da
Diretoria Colegiada (RDC) n° 306, de 07 de dezembro de 2004 (BRASIL, 2004), e pelo
Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, com a Resolução n° 358 de 29 de abril
de 2005 (BRASIL, 2005), que definiram as diretrizes sobre o gerenciamento dos RSSS,
considerando os princípios da biossegurança, preservação da saúde pública e do meio
ambiente.
Dessa maneira, a Resolução nº 358/05 do CONAMA (BRASIL, 2005) designa esses
materiais como aqueles provenientes de atividades relacionadas com o atendimento à saúde
humana ou animal. De acordo com a Resolução, esses materiais são classificados em cinco
grupos:
- Grupo A: Engloba componentes com possível presença de agentes biológicos que, por suas
características de maior virulência ou concentração, podem oferecer riscos de infecção.
Exemplo: placas e lâminas de laboratório; carcaças; peças anatômicas (membros); tecidos;
bolsas transfusionais contendo sangue, dentre outros;
- Grupo B: Contém substâncias químicas que podem oferecer riscos à saúde pública e/ou ao
meio ambiente. Exemplo: medicamentos apreendidos; reagentes de laboratório; resíduos
contendo metais pesados, dentre outros;
27

- Grupo C: Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham


radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas
da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), como, por exemplo, serviços de medicina
nuclear e radioterapia etc;
- Grupo D: Equiparados aos resíduos domiciliares. Exemplo: sobras de alimentos e do preparo
de alimentos; resíduos de áreas administrativas etc;
- Grupo E: Materiais perfuro-cortantes ou escarificantes, tais como lâminas de barbear;
agulhas; ampolas de vidro; pontas diamantadas; lâminas de bisturi; lancetas; espátulas; outros
similares.
Uma outra tipologia refere-se aos resíduos gerados pela construção civil em
construções, reformas, reparos e demolições, incluídos, também, os que resultam da
preparação e escavação de terrenos para obras civis (Resolução CONAMA nº 307/2002). A
resolução nº 307/2002 (BRASIL, 2002) classifica os resíduos de construção civil em:
- Classe A: Alvenaria; concreto; argamassas; solos. Destinação: reutilização ou reciclagem,
com uso na forma de agregados, além da disposição final em aterros licenciados;
- Classe B: Madeira; metal; plástico; papel. Destinação: reutilização, reciclagem ou
armazenamento temporário;
- Classe C: Produtos sem tecnologia disponível para recuperação, por exemplo, gesso.
Destinação: conforme norma técnica específica;
- Classe D: Resíduos perigosos, por exemplo, tintas; óleos; solventes etc; Resíduos
agrossilvopastoris, gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos, também,
os resíduos relacionados a insumos utilizados nessas atividades; Resíduos de serviços de
transportes, oriundos de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e
ferroviários, e passagens de fronteira; Resíduos de mineração, provenientes das atividades de
pesquisa, extração e/ou beneficiamento de minérios.
A Lei nº 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos no Brasil,
no seu Art. 13º, apresenta a seguinte classificação para os resíduos sólidos:

I - quanto à origem:
a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em
residências urbanas; os originários da varrição, limpeza de logradouros e
vias públicas e outros serviços de limpeza urbana;
b) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”;
c)resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os
gerados nessas atividades,excetuados os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”,
“h” e “j”;
d) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas
atividades, excetuados os referidos na alínea “c”;
28

e) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações


industriais;
f) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, conforme
definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do
Sisnama e do SNVS;
g) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas,
reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da
preparação e escavação de terrenos para obras civis;
h) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e
silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas
atividades;
i) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos,
terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira;
j) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou
beneficiamento de minérios;
II - quanto à periculosidade:
a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade,
carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam
significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com
lei, regulamento ou norma técnica;
b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea “a”

Parágrafo único. Respeitado o disposto no art. 20, os resíduos referidos na


alínea “d” do inciso I do caput, se caracterizados como não perigosos,
podem, em razão de sua natureza, composição ou volume, ser equiparados
aos resíduos domiciliares pelo poder público municipal. (BRASIL, 2010)

3.1.2 Aspectos Legais e Normativos: A Política Nacional e Estadual de Resíduos Sólidos

Segundo Leff (2003), a crise ambiental não só se manifesta na destruição do meio


físico e biológico, mas, também, põe em risco a qualidade de vida, tanto no âmbito urbano
como no rural, e um dos agentes desta crise é a geração de resíduos sólidos e o seu
gerenciamento inadequado.
Apenas a partir da segunda metade do século XX, observa-se um novo olhar e
procedimentos sobre os resíduos sólidos, em escala planetária, na busca de modelos
adequados de gestão e gerenciamento, visando enfrentar os diversos problemas derivados do
manejo incorreto destes materiais, considerando que o mesmo traz prejuízos de ordem
econômica, social e ambiental, tais como: poluição do ar e das águas e risco à saúde pública;
risco de deslizamento de barreiras;alto custo dos aterros sanitários; aquecimento global;
degradação dos espaços urbanos; efeito estufa agravado pelas emissões de gases como o
metano, gerados no processo de decomposição de resíduos orgânicos; dentre outros (LEFF,
2003).
29

Nessa conjuntura de preocupação e busca de soluções, entende-se que foram criadas


legislações, normatizações, decretos e convenções com o objetivo de promover a redução,
reutilização, tratamento, reciclagem e disposição final correta dos resíduos sólidos. Essas
iniciativas vão além de evitar impactos socioambientais negativos atingindo, também, a esfera
econômica. Nesse sentido, em escala internacional, existem duas convenções que merecem
atenção por tratarem da questão dos resíduos sólidos: a Convenção de Basiléia 2 e a
Convenção de Estocolmo, Tratado Internacional, sobre Poluentes Orgânicos Persistentes –
POPs. Os Poluentes Orgânicos Persistentes são substâncias químicas de alta persistência (não
são facilmente degradados), as quais têm sido utilizadas como agrotóxicos para fins
industriais ou liberados de modo não intencional em atividades antropogênicas (MMA, 2016).
A Convenção de Estocolmo, assinada pelo Brasil em 2001 por meio do Decreto nº
5.472, de 20 de junho de 2005 (BRASIL, 2005a), promulgou o texto desta Convenção,
assinada em 22 de maio de 2001.
O tema “resíduos sólidos” tem capítulo próprio e é levado em consideração em outros
capítulos, também, na Agenda 21 (MMA, 2016a), documento de 40 capítulos aprovado na
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, ou Rio 92,
realizada no Rio de Janeiro, em 1992, orienta a implantação de um novo padrão de
desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça, social e eficiência
econômica. Isto posto, o capítulo 21 discute o Manejo Ambientalmente Saudável dos
Resíduos Sólidos e Questões Relacionadas com os Esgotos (MMA, 2016a).
O capítulo 21 orienta que o manejo ambientalmente saudável desses resíduos deve
ultrapassar a iniciativa de aproveitamento e destino por métodos seguros e buscar resolver a
causa fundamental do problema, procurando mudar os padrões não sustentáveis de produção e
consumo e, além disso, sugere o emprego do conceito de manejo integrado do ciclo vital,
visando conciliar o desenvolvimento com a proteção do meio ambiente (MMA, 2016a).
O Brasil construiu sua Agenda 21 e nela a temática dos resíduos sólidos é citada em
vários capítulos, pois se trata de uma questão que permanece nas discussões sobre

2
A Convenção de Basiléia foi introduzida no Brasil em 1993, por meio do Decreto nº 875/93
(BRASIL, 1993), o qual tem como objetivo controlar, a nível internacional, os movimentos
transfronteiriços de resíduos perigosos e de outros resíduos, definindo as normas para esses mesmos
movimentos, buscando garantir a segurança ambiental e da saúde das sociedades, tanto em termos de
transporte, quanto em termos de produção e gestão destes resíduos, promovendo, também, a
transferência de tecnologia relativa à gestão segura de resíduos gerados nas localidades. No Brasil, os
procedimentos necessários para o cumprimento da Convenção estão na Resolução do Conselho
Nacional do Meio Ambiente - CONAMA nº 23/96.
30

desenvolvimento, padrões de consumo, saúde, saneamento básico, educação, cidadania,


parcerias, legislação, poluição, recursos financeiros dentre outros (MMA, 2016b).
A Constituição Federal Brasileira – CF/88foi o marco de singular envergadura para a
questão ambiental e social, pois, no seu capítulo VI, Artigo 225, do Meio Ambiente,
estabelece que:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as
presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público[...]
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente. [...]
(BRASIL, 1988)

A CF/88, no Capítulo II, da União, em seu Artigo 23, define a responsabilidade


compartilhada, delegando competências "à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios a missão de proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer das suas
formas" (BRASIL, 1988). Ainda no mesmo Artigo, é atribuída à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios, a competência comum para “IX- promover programas de
construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de Saneamento Básico” e
“X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração
social dos setores desfavorecidos” (BRASIL, 1988).
Quanto às competências dos municípios, está previsto no Artigo 30, “I - legislar sobre
assuntos de interesse local; V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão
ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que
tem caráter essencial” (BRASIL, 1988).
O Artigo 30 apresenta no seu § 1º que, para assegurar a efetividade desse direito,
incumbe ao Poder Público “VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino
e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente” (BRASIL, 1988).
Nesse sentido, concebe-se a administração pública municipal como ente responsável
pelo gerenciamento correto de resíduos sólidos, desde a sua coleta até a sua disposição final.
Esses materiais quando não coletados e quando dispostos de maneira irregular nas ruas,
córregos, rios, canais e terrenos vazios geram resultados como, por exemplo, “assoreamento
de rios e córregos, entupimento de bueiros com o consequente aumento de enchentes nas
épocas de chuva, além da destruição de áreas verdes, mau cheiro, proliferação de moscas,
31

baratas e ratos, todos com graves consequências diretas ou indiretas para a saúde pública”
(JACOBI; BESEN, 2011).
Portanto, percebe-se que na CF/88 as questões referentes ao meio ambiente e a
educação ambiental, como ferramenta indutora do exercício da cidadania tiveram destaque. A
atual Carta Magna do Brasil fortaleceu a Política Nacional de Meio Ambiente - PNMA,
instituída pela Lei nº 6.938/1981, a qual tem como objetivo maior a preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental favorável à vida (BRASIL, 1981).
Outro ponto relevante da Constituição Federal de 1988, conforme comenta Lopes et.al.
(1996), foram as condições criadas por ela para a descentralização da formulação de políticas,
consentindo que estados e municípios assumissem uma posição mais ativa nas questões
ambientais locais e regionais. Desta maneira, iniciou-se a formulação de políticas e programas
mais adaptados à realidade econômica e institucional de cada estado e munícipio, permitindo
maior integração entre as diversas esferas governamentais e os agentes econômicos. Porém,
apenas alguns estados e municípios apresentaram ter consciência da necessidade de conservar
seus recursos naturais remanescentes, talvez devido ao agravamento de seus problemas
ambientais ou por não terem melhor condição de informação sobre eles (LOPES et al., 1996).
A PNMA tem o intuito de assegurar o desenvolvimento socioeconômico, bem como
amparar uma vida humana de qualidade, sendo que por meio desta Lei foi instituído o
SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente) e criado o CONAMA (Conselho Nacional
do Meio Ambiente), orgãos formados por representantes do governo federal, governos
estaduais e governos municipais. No CONAMA, notadamente, destaca-se a participação da
sociedade civil, com poder de discutir e elaborar legislações específicas. Dessa maneira, com
essas iniciativas, nasce um novo modelo de gestão pública na área ambiental descentralizado
e articulador.
Na linha de criação dos diplomas legais, visando edificar alicerces para o almejado
“desenvolvimento sustentável”, destaca-se a Lei nº 9605, de 12 de fevereiro de 1998, a qual
dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao
meio ambiente (BRASIL, 1998).
Com relação ao termo “desenvolvimento sustentável” Monteiro, Leite e Melo (2012,
p.19) o designam como “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a
possibilidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias necessidades”. Esse conceito
foi definido no relatório intitulado Our common Future (Nosso Futuro Comum), apresentado
em 1987 pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, instituída pela
Organização Mundial das Nações Unidas – ONU, em 1983.
32

Na continuidade da construção do arcabouço legal com foco nas questões ambientais e


sociais, em 2001, foi criada a Lei nº 10.257/2001, denominada de Estatuto da Cidade, a qual
dispõe sobre as normas de interesse social, regulando o uso da propriedade urbana visando o
bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos e cidadãs, bem como do equilíbrio
ambiental (BRASIL, 2001).
O Estatuto da Cidade contribuiu com a CF/88 ao regulamentar o Artigo nº 182 e o
Artigo nº 183 e, também, estabeleceu as condições para uma reforma urbana nas cidades
brasileiras. Além disso, obrigou os municípios do país a formular o seu Plano Diretor,
objetivando a promoção do direito à cidade nos aglomerados humanos sob vários aspectos:
social, ambiental, econômico, da saúde, do lazer, da habitação, do transporte, saneamento
básico etc.
Em 2007, foi sancionada a Lei nº 11.445, que dispõe sobre a Política Nacional de
Saneamento Básico - PNSB, a qual definiu e estabeleceu as diretrizes nacionais para o
saneamento básico (BRASIL, 2007).
No Artigo 3º da Lei nº 11.445/2007, foi apresentado o entendimento de Saneamento
Básico como o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de: “a)
abastecimento de água potável; b) esgotamento sanitário; c) limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos; d) drenagem e manejo de águas pluviais” (BRASIL, 2007).
O Artigo 6º da mesma Lei estabelece que “o lixo originário de atividades comerciais,
industriais e de serviços cuja responsabilidade pelo manejo não seja atribuída ao gerador, por
decisão do poder público deve ser considerado resíduo sólido urbano”.
No que se refere ao serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos
urbanos, no Artigo 7º, são apresentadas as atividades:

I - de coleta, transbordo e transporte dos resíduos relacionados na alínea c do


inciso I do caput do art. 3º desta Lei;
II - de triagem para fins de reuso ou reciclagem, de tratamento, inclusive por
compostagem, e de disposição final dos resíduos relacionados na alínea c do
inciso I do caput do art. 3º desta Lei;
III - de varrição, capina e poda de árvores em vias e logradouros públicos e
outros eventuais serviços pertinentes à limpeza pública urbana. (BRASIL,
2007)

Conforme observado, a questão dos resíduos sólidos foi contemplada pela CF/88 e por
várias legislações, mas, apenas em 2010, foi sancionada a Lei nº 12.305, 02 de agosto de
2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS, após 20 anos de
tramitação no Congresso Nacional. A Lei nº 12.305/2010 altera a Lei nº 9.605/1998, a qual
33

dispunha sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas


ao meio ambiente.
Apesar de ter passado um longo período para ser sancionada, em 23 de dezembro de
2010, a Lei 12.305/2010 foi regulamentada pelo Decreto nº 7.404/2010. O Decreto também
orienta a criação do Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o
Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa, sendo o Plano
Nacional de Resíduos Sólidos um dos principais instrumentos deste regulamento.
O Decreto nº 7.404/2010 (BRASIL, 2010a), ainda, pormenoriza as disposições gerais
da lei, viabilizando sua aplicação, além de esclarecer e detalhar vários pontos relacionados aos
planos de resíduos sólidos elaborados pelo poder público e aqueles sob a responsabilidade do
setor privado. Ademais, também trata sobre proteção socioambiental, coleta seletiva,
reciclagem, catadores, logística reversa e a responsabilidade compartilhada.
A Lei nº 12.305/2010 dispõe no seu Artigo 1º, § 1º e § 2:

Art. 1ºEsta Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo


sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes
relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos
os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos
instrumentos econômicos aplicáveis.
§ 1ºEstão sujeitas à observância desta Lei as pessoas físicas ou jurídicas, de
direito público ou privado, responsáveis, direta ou indiretamente, pela
geração de resíduos sólidos e as que desenvolvam ações relacionadas à
gestão integrada ou ao gerenciamento de resíduos sólidos.
§ 2ºEsta Lei não se aplica aos rejeitos radioativos, que são regulados por
legislação específica. (BRASIL, 2010)

Salienta-se que a Lei nº 12.305/2010 não revoga o disposto nas seguintes Leis:

 Lei nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007, Política Nacional de Saneamento Básico, que


orienta acerca do gerenciamento dos resíduos sólidos;
 Lei nº 9.974, de 06 de junho de 2000, que altera a Lei nº 7.802, de 11 de julho de
1989, a qual dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e
rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda
comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e
embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de
agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências (BRASIL, 2000).
34

 Lei nº 9.966, de 28 de abril de 2000, que dispõe sobre a prevenção, o controle e a


fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou
perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências (BRASIL, 2000a).
Além disso, consta na Lei nº 12.305/2010 que as normas, que tratam também dos
resíduos, fundadas pelos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), do
Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (SINMETRO), do
Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA) e do Sistema Nacional de
Vigilância Sanitária (SNVS), permanecem vigentes.
De acordo com Rabbani et. al. (2015), a instituição da Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS), trouxe um caráter econômico, ambiental e social aos componentes
vinculados a essa problemática, sendo considerada como marco para o Brasil, definindo
diretrizes para o sistema de gerenciamento de resíduos. Os autores ressaltam ainda a
importância da política no fomento de projetos que envolvam a geração de energia, captura de
biogás em aterros e redução de emissões de gases causadores do efeito estufa, dentre outros.
A partir da Lei nº 12.305/2010, com seus 57 artigos, foi elaborada a Figura 2 que
permite uma visualização de sua estrutura:

Figura 2– Estrutura da Lei nº 12.305/2010

Fonte: Adaptado da Lei nº 12.305/2010 (BRASIL, 2010)

No Capítulo II, Artigo 6º, encontram-se os princípios da Política Nacional de Resíduos


Sólidos:
35

I - a prevenção e a precaução;
II - o poluidor-pagador e o protetor-recebedor;
III - a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as
variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde
pública;
IV - o desenvolvimento sustentável;
V - a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a
preços competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as
necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto
ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo,
equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta;
VI - a cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor
empresarial e demais segmentos da sociedade;
VII - a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;
VIII - o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um
bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de
cidadania;
IX - o respeito às diversidades locais e regionais;
X - o direito da sociedade à informação e ao controle social;
XI - a razoabilidade e a proporcionalidade. (BRASIL, 2010)

Observando o Artigo 6º, entende-se que a Lei tem um caráter marcadamente inovador
e abrangente com relação a legislações anteriores.
Quanto aos objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, o Artigo 7º apresenta:

I - proteção da saúde pública e da qualidade ambiental;


II - não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos
sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos;
III - estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de
bens e serviços;
IV - adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como
forma de minimizar impactos ambientais;
V - redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos
VI - incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de
matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados;
VII - gestão integrada de resíduos sólidos;
VIII - articulação entre as diferentes esferas do poder público, e destas com o
setor empresarial, com vistas à cooperação técnica e financeira para a gestão
integrada de resíduos sólidos;
IX - capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos;
X - regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da
prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos
sólidos, com adoção de mecanismos gerenciais e econômicos que assegurem
a recuperação dos custos dos serviços prestados, como forma de garantir sua
sustentabilidade operacional e financeira, observada a Lei nº 11.445, de
2007;
XI - prioridade, nas aquisições e contratações governamentais, para:
a) produtos reciclados e recicláveis;
b) bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com padrões
de consumo social e ambientalmente sustentáveis;
XII - integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas
ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos;
36

XIII - estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida do produto;


XIV - incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e
empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao
reaproveitamento dos resíduos sólidos, incluídos a recuperação e o
aproveitamento energético;
XV - estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável. (BRASIL,
2010)

No Artigo 8º da Lei 12.305/2010 são apresentados os instrumentos:

I - os planos de resíduos sólidos;


II - os inventários e o sistema declaratório anual de resíduos sólidos;
III - a coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e outras ferramentas
relacionadas à implementação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo
de vida dos produtos;
IV - o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas ou de outras
formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis;
V - o monitoramento e a fiscalização ambiental, sanitária e agropecuária;
VI - a cooperação técnica e financeira entre os setores público e privado para
o desenvolvimento de pesquisas de novos produtos, métodos,
processos e tecnologias de gestão, reciclagem, reutilização, tratamento de
resíduos e disposição final ambientalmente adequada de rejeitos;
VII - a pesquisa científica e tecnológica;
VIII - a educação ambiental;
IX - os incentivos fiscais, financeiros e creditícios;
X - o Fundo Nacional do Meio Ambiente e o Fundo Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico;
XI - o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos
Sólidos (Sinir);
XII - o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Sinisa);
XIII - os conselhos de meio ambiente e, no que couber, os de saúde;
XIV - os órgãos colegiados municipais destinados ao controle social dos
serviços de resíduos sólidos urbanos;
XV - o Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos;
XVI - os acordos setoriais;
XVII - no que couber, os instrumentos da Política Nacional de Meio
Ambiente, entre eles:
a) os padrões de qualidade ambiental;
b) o Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou
Utilizadoras de Recursos Ambientais;
c) o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa
Ambiental;
d) a avaliação de impactos ambientais;
e) o Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (Sinima);
f) o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras;
XVIII - os termos de compromisso e os termos de ajustamento de conduta;
XIX - o incentivo à adoção de consórcios ou de outras formas de cooperação
entre os entes federados, com vistas à elevação das escalas de
aproveitamento e à redução dos custos envolvidos. (BRASIL, 2010)

No quesito referente à coleta seletiva, a Lei nº 12.305/2010, em seu no Artigo 35,


dispõe que:
37

Sempre que estabelecido sistema de coleta seletiva pelo plano municipal de


gestão integrada de resíduos sólidos, os consumidores são obrigados a : I –
acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os resíduos sólidos
gerados; II - disponibilizar adequadamente os resíduos sólidos reutilizáveis e
recicláveis para coleta ou devolução.(BRASIL, 2010)

Ainda, de acordo com a PNRS, os catadores de matérias recicláveis desempenham


papel fundamental na implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, com destaque
para a gestão integrada dos resíduos sólidos. Com relação a esse aspecto, em seu Artigo 8º
(dos Instrumentos) a Lei pontua “[...] o incentivo à criação e ao desenvolvimento de
cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e
recicláveis”(BRASIL, 2010). Ela também define como prioridade a participação dos
catadores nos sistemas de coleta seletiva e de logística reversa.
No Artigo 9º, no que tange às diretrizes, a Lei apresenta a hierarquia para a gestão e o
gerenciamento de resíduos sólidos que são a “não geração, redução, reutilização, reciclagem,
tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos”
(BRASIL, 2010).
No Capítulo II, a Lei nº 12.305/2010 detalha o plano de gestão integrada e o plano de
gerenciamento, os quais serão trabalhados mais adiante neste trabalho.
É importante ressaltar que a Política Nacional de Resíduos Sólidos determina a gestão
e o gerenciamento de resíduos sólidos visando implementar infraestruturas, estratégias e
serviços capazes de pensar sistematicamente a problemática como um processo renovador e
duradouro que deve ser discutido por todos os atores da sociedade, envolvidos direta ou
indiretamente na questão.
No Capítulo III, “Das responsabilidades dos geradores e do poder público”, em seu
Artigo 25, fica estabelecido que “o poder público, o setor empresarial e a coletividade são
responsáveis pela efetividade das ações voltadas para assegurar a observância da Política
Nacional de Resíduos Sólidos e das diretrizes e demais determinações estabelecidas nesta Lei
e em seu regulamento” (BRASIL, 2010).
Nesta linha de definição, o Artigo 26 faz referência às responsabilidades do poder
público e o Artigo 27 trata das responsabilidades das pessoas físicas ou jurídicas:

Art. 26. O titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de


resíduos sólidos é responsável pela organização e prestação direta ou indireta
desses serviços, observados o respectivo plano municipal de gestão integrada
de resíduos sólidos, a Lei nº 11.445, de 2007, e as disposições desta Lei e
seu regulamento.
38

Art. 27. As pessoas físicas ou jurídicas referidas no art. 20 são responsáveis


pela implementação e operacionalização integral do plano de gerenciamento
de resíduos sólidos aprovado pelo órgão competente na forma do art. 24. (
BRASIL, 2010)

Ainda no Capítulo III da Lei, é apresentada a responsabilidade compartilhada sobre o


ciclo de vida de diversos produtos e da logística reversa, uma importante inovação trazida
pela PNRS. Com essa iniciativa, a questão dos resíduos sólidos tornou-se responsabilidade de
todos, consoante à compreensão de que o meio ambiente é um bem comum. Este princípio é
definido na mesma Lei em seu Artigo 30, que assim dispõe:

Art. 30. É instituída a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos


produtos, a ser implementada de forma individualizada e encadeada,
abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os
consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de
manejo de resíduos sólidos, consoante as atribuições eprocedimentos
previstos nesta Seção. (BRASIL, 2010)

Nesse entendimento, além do Estado, sendo este o maior responsável pelo


encaminhamento de ações e políticas públicas, o cidadão, enquanto gerador de resíduos
sólidos, assim como as indústrias e o setor agropastoril, também deve responder por prejuízos
ao meio ambiente e à saúde pública.
A Lei ao instituir a responsabilidade compartilhada pelo ciclo e vida dos produtos tem
o objetivo de:
I - compatibilizar interesses entre os agentes econômicos e sociais e os
processos de gestão empresarial e mercadológica com os de gestão
ambiental, desenvolvendo estratégias sustentáveis;
II - promover o aproveitamento de resíduos sólidos, direcionando-os para a
sua cadeia produtiva ou para outras cadeias produtivas;
III - reduzir a geração de resíduos sólidos, o desperdício de materiais, a
poluição e os danos ambientais;
IV - incentivar a utilização de insumos de menor agressividade ao meio
ambiente e de maior sustentabilidade;
V - estimular o desenvolvimento de mercado, a produção e o consumo de
produtos derivados de materiais reciclados e recicláveis;
VI - propiciar que as atividades produtivas alcancem eficiência e
sustentabilidade;
VII - incentivar as boas práticas de responsabilidade
socioambiental.(BRASIL, 2010)

Quanto à logística reversa, o Artigo 33 define que os fabricantes, importadores,


distribuidores e comerciantes (de agrotóxico; pilhas; baterias; pneus; óleos lubrificantes,
envolvendo seus resíduos e embalagens; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e
mercúrio e de luz mista, e produtos eletroeletrônicos e seus componentes) são obrigados a
39

estruturar e implementar sistemas de logística reversa, garantindo o retorno dos produtos após
o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de
manejo dos resíduos sólidos (BRASIL, 2010).
No entendimento de Xavier e Corrêa (2013) a logística reversa contribui para uma
sinergia entre as práticas de gestão ambiental e para a otimização econômica da cadeia de
suprimento.
Os resíduos perigosos definidos pela ABNT NBR 10.004/2004 são tratados no
Capítulo V da Lei nº 12.305/2010, em seu Artigo 37:
A instalação e o funcionamento de empreendimento ou atividade que gere ou
opere com resíduos perigosos somente podem ser autorizados ou licenciados
pelas autoridades competentes se o responsável comprovar, no mínimo,
capacidade técnica e econômica, além de condições para prover os cuidados
necessários ao gerenciamento desses resíduos. (BRASIL, 2010)

No Artigo 38, ainda quanto aos resíduos perigosos, a Lei diz que “as pessoas jurídicas
que operam com resíduos perigosos, em qualquer fase do seu gerenciamento, são obrigadas a
se cadastrar no Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos” (BRASIL, 2010).
Além disso, obriga-se a elaboração de planos de gerenciamento aos geradores deste tipo de
resíduos, conforme trata o Artigo 39.
Os rejeitos radioativos são regulados por legislação específica, Lei 10.308 de 20 de
novembro de 2001.
Quanto aos rejeitos radioativos, a Lei nº 10.308/2001 (BRASIL, 2001) dispõe que a
CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) é a responsável pelo recolhimento e
armazenamento desse material. Com relação ao tratamento de resíduos radioativos, a Norma
nº 358/05, Artigo 13, do CONAMA, diz que “os materiais radioativos ou contaminados com
radionuclídeos, provenientes de laboratórios de análises clínicas, serviços de medicina nuclear
e radioterapia obedecerão às exigências definidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear
– CNEN” (BRASIL, 2005).Na Lei nº 12.305/2010, o Artigo 47 define as proibições quanto à
destinação ou disposição final dos resíduos em questão:
I - lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos;
II - lançamento in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de
mineração;
III - queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não
licenciados para essa finalidade;
IV - outras formas vedadas pelo poder público (BRASIL, 2010).

Ainda sobre as proibições, o Artigo 49 diz que resíduos sólidos perigosos e rejeitos cujas
características causem dano ao meio ambiente, à saúde pública e animal e à sanidade vegetal,
40

ainda que para tratamento, reforma, reuso, reutilização ou recuperação, são impedidos de
importação (BRASIL, 2010).
Quanto aos Instrumentos Econômicos definidos na Lei nº 12.305/2010, no seu Capítulo
V, observa-se que o poder público poderá estabelecer medidas indutoras e linhas de
financiamento.
A PNRS, no Capítulo VI, Título IV, das Disposições Transitórias e Finais, apresenta o
prazo de quatro anos, após a data de publicação da Lei, para a disposição final
ambientalmente adequada aos rejeitos, bem como o prazo de dois anos para a elaboração dos
planos de resíduos sólidos.
Alinhado ao compromisso com o correto gerenciamento de resíduos sólidos, vale
lembrar que o Estado de Pernambuco, em 01 de junho de 2001, sancionou a Lei nº 12.008
(PERNAMBUCO, 2001), que dispõe sobre a Política Estadual de Resíduos Sólidos (PERS).
Esta foi revisada e aprovada em 13 de dezembro de 2010, culminando na publicação da Lei nº
14.236 (PERNAMBUCO, 2010).
De acordo com o exposto, pode-se afirmar que a PNRS e a PERS representam um
marco de singular envergadura, apresentando de maneira incisiva e clara as orientações para
um modelo de gestão e gerenciamento correto, sob a luz da visão sistêmica. Contemplando as
variáveis sociais, culturais, ambientais, tecnológicas, de saúde pública e econômica,
configurando-se como um indutor para o desenvolvimento sustentável.
A participação da sociedade no processo de implantação de Políticas Públicas, como é
o caso da Política de Resíduos Sólidos, é de extrema importância. Portanto, no intuito de
estimular o sentimento de pertencimento a esta política pública, faz-se necessário que as
comunidades participem ativamente de todo processo de sua construção.
Para Tonani (2011, p. 20) a gestão dos resíduos sólidos envolve uma descentralização
político-administrativa que integra diversas ações com a participação da sociedade e a
responsabilização dos geradores numa cooperação entre o poder público, o setor produtivo e a
sociedade civil no uso de matérias-primas e insumos, bem como o desenvolvimento de novos
produtos, tecnologias e processos em consonância com os objetivos legais.
Assim sendo, entende-se que a prática do gerenciamento de resíduos sólidos enfatiza o
poder de organização entre sociedade, estado e mercado, contribuindo para a consolidação de
uma gestão social com base na cidadania deliberativa e na participação social que envolve as
administrações públicas e as demais instituições em diversos territórios.
Por fim, para uma visão geral dos dispositivos legais, apresenta-se o Quadro 2 , com as
principais leis, normas e decretos sobre a temática de resíduos sólidos e outras correlatas.
41

Quadro 2 – Legislações, Decretos e Normatizações.


Tipo Nº Institui Disposição
Lei 6.938/1981 Institui a Política Estabelece a PNMA, seus fins e mecanismos
Federal Nacional do Meio de formulação e aplicação.
Ambiente - PNMA
Lei 9.605/1998 Lei dos crimes Dispõe sobre as sanções penais e
Federal ambientais administrativas contra atividades lesivas ao
meio ambiente.

Resolução 307/2002 Estabelece os critérios Responsabilização dos geradores de resíduos


CONAMA e procedimentos para pelo material produzido e sua destinação final.
gestão de resíduos na
construção civil.
Resolução 313/2002 Estabelece os critérios Dispõe sobre o Inventário Nacional de
CONAMA e procedimentos para Resíduos Sólidos Industriais.
a elaboração do
Inventário Nacional
de Resíduos Sólidos
Industriais.

Resolução 358/2005 Estabelece critérios e Responsabilização dos geradores de resíduos


CONAMA procedimentos para pelo material gerado e sua destinação final.
gestão de resíduos ABNT NBR 10.004/2004 – resíduos Classe I
serviços de saúde
Lei Federal 11.107/2005 Política Nacional de Dispõe sobre normas gerais para a União, os
Consórcio Público Estados, o Distrito Federal e os Municípios
contratarem consórcios públicos para a
realização de objetivos de interesse comum.
Decreto 5.940/2006 Coleta Seletiva Implementa a coleta seletiva solidária nos
Federal Solidária órgãos e entidades da administração pública
federal direta e indireta e a destinação dos
materiais para as associações e cooperativas
de catadores.

Lei Federal 11.445/2007 Política Nacional de Estabelece as diretrizes nacionais para o


Saneamento Básico saneamento básico.
Lei Federal 12.305/2010 Política Nacional de Dispõe sobre os princípios, objetivos e
Resíduos Sólidos - instrumentos, bem como sobre as diretrizes
PNRS; altera a Lei no relativas à gestão integrada e ao
9.605, de 12 de gerenciamento de resíduos sólidos.
fevereiro de 1998
Decreto 7.404/2010 Regulamenta a Lei no Estabelece normas para execução da Política
12.305, de 2 de Nacional de Resíduos Sólidos
Federal
agosto de 2010
Lei Estadual 14.236/2010 Política Estadual de Dispõe sobre as diretrizes gerais aplicáveis aos
Resíduos Sólidos resíduos sólidos no Estado de Pernambuco.
PE
PE
Decreto 7.405/2010 Institui o Programa Dispõe sobre diretrizes para inclusão social e
Pró-Catador econômica dos catadores de materiais
Federal
recicláveis.
Fonte: Elaborado pela autora (2016)
42

3.2 GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS – RS

Ao longo da história ocorreu um crescimento e um aumento na expectativa de vida da


população que aliado à intensa urbanização e à expansão do consumo de novas tecnologias
contribui para a produção crescente de resíduos (JACOBI E BESEN, 2011).
Moraes (2012, p.19) lembra que a questão da geração de resíduos não é recente e que
na sua trajetória o homem vem gerando “muito mais resíduos do que a natureza tem condição
de absorver; observa-se a proliferar ao redor das cidades os lixões a céu aberto, os depósitos
de lixo em alagadiços e aterros que contaminam o meio ambiente”. Dentre outras
consequências do gerenciamento inadequado desses resíduos, por exemplo, pode-se citar a
degradação dos corpos d‟água, impactos negativos na estética e proliferação de vetores de
doenças como ratos, moscas e baratas.
Em relação à geração de lixo mundial, o Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente - PNUMA (2015a) apresenta que a população mundial de sete bilhões de habitantes
produz aproximadamente 1,3 bilhões de toneladas por dia de resíduos sólidos, com uma
média de 1,2 kg por dia para cada habitante das cidades.
No relatório, fez-se o alerta com relação à taxa de geração de resíduos sólidos, em
escala mundial, que sinalizava um crescimento de 70% até 2025, passando de mais de 3,5
milhões de toneladas por dia (em 2010), para mais de 6 milhões de toneladas (em 2025)
(PNUMA, 2015a). Vale destacar que, associados a este crescimento, estão os custos para o
gerenciamento desses materiais e, também, sem perder de vista o impacto negativo na
qualidade de vida, no meio ambiente.
Esse mesmo relatório cita que os Estados Unidos da América ficam em primeiro lugar
na geração per capita. , com mais de 2,5 kg de resíduos produzidos em média por cada
cidadão. Panorama igual ao dos EUA é encontrado na Noruega (PNUMA, 2015a). A Itália
gera aproximadamente 89.000 toneladas de resíduos por dia, com 2,23 kg per capita
(considerando apenas a população urbana, cerca de 40 milhões de pessoas).
A humanidade precisa satisfazer suas necessidades básicas, como água potável, ar
puro e segurança alimentar, são prejudicadas devido as práticas de gerenciamento de resíduos
sólidos inadequada, causando graves consequências para a saúde pública e o meio ambiente.
A Figura 3 apresenta a geração média per capita no mundo. Nela, o Brasil apresenta
geração por habitante/dia situada no horizonte de 1,0 a 1,49 (geração per
capita).
43

Figura 3 - Geração per capita de resíduos sólidos no mundo.

Geração
per capta
no mundo

Fonte: Adaptado de Galeffi (2013)

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA (2012) diz que, segundo


projeções do Sistema Nacional de Informação em Saneamento – SNIS (2010) e da Pesquisa
Nacional de Saneamento Básico – PSNB (2010), a média de geração per capita no Brasil de
resíduos sólidos varia de 1 a 1,15 .
Com relação à geração per capita, Campos (2012)comenta que esta apresenta
variações em função de fatores culturais, hábitos de consumo, época do ano, padrão de vida e
renda familiar que define o poder de compra. Assim sendo, os resíduos sólidos podem ser
considerados como importante indicador socioeconômico tanto por sua quantidade quanto
pela sua caracterização. O Quadro 3 apresenta os dados de quatro países referentes à
produção, coleta, percentual de reciclagem e os ganhos com a reciclagem.

Quadro 3–Ganhos com a reciclagem e dados referentes à produção, coleta e percentual de reciclagem
GANHO
PRODUÇÃO COLETA
PERCENTUAL (por ano, em
PAÍS (milhões de (milhões de
RECICLAGEM bilhões
ton por ano) ton por ano)
dólares)
EUA 228 226 34% 57
UNIÃO EUROPEIA 238 226 45% 48
CHINA 300 148 30% 34
BRASIL 61 54 1,4% 10
Fonte: Adaptado de Padovani (2011)
44

A posição ocupada pelo Brasil no Quadro 3 demonstra uma situação preocupante, haja
vista que um percentual muito pequeno do material coletado é encaminhado para o ciclo
produtivo de novos materiais, através da reciclagem. Fato que sugerem as perguntas: Até
quando vamos continuar neste patamar tão insignificante de reciclagem? Nós, enquanto
geradores, qual é nosso papel? Apenas quando tivermos uma política pública que foque de
maneira incisiva a questão dos resíduos sólidos, promovendo além do correto gerenciamento e
gestão integrada também um processo continuado de educação ambiental. Assim sendo, nosso
papel como geradores é cobrar as devidas ações dos órgãos competentes, mas, em igual
patamar, reduzir a geração e assumir a nossa parcela de responsabilidade com os resíduos que
geramos.
Respondendo as perguntas acima podemos dizer, apoiando-se nas experiências
vivenciadas em países tais como Alemanha e China, que o processo de mudança de hábitos
quanto à geração e destino correto dos resíduos sólidos é uma questão que necessita de
decisões políticas, através da aplicação das legislações vigentes e, sobretudo de um processo
de educação continuada com participação ativa dos diversos setores da sociedade.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE realizou uma pesquisa sobre a
questão dos resíduos sólidos, em 2008, apresentada em 2010, em convênio com o Ministério
das Cidades, num momento em que a questão do saneamento básico ganhava uma atenção
mais destacada com a promulgação da Lei nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007. Essa lei
estabeleceu os marcos regulatórios do setor, nos seus quatro componentes: abastecimento de
água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos e manejo de águas pluviais
(BRASIL, 2007).
No relatório referente à pesquisa sobre resíduos sólidos foi apresentado que os
municípios com serviços de manejo dos resíduos sólidos localizados nas Regiões Nordeste e
Norte tinham as maiores proporções de destinação desses resíduos aos lixões (89,3% e
85,5%), enquanto que os situados nas Regiões Sul e Sudeste apresentaram as menores
proporções (15,8% e 18,7%) (IBGE, 2010).
De acordo com o IBGE (2010), os serviços de manejo dos resíduos sólidos são aqueles
que compreendem a coleta, a limpeza pública bem como a destinação final desses resíduos, os
quais podem atingir a 20% dos gastos da municipalidade, exercendo um significativo impacto
no orçamento das administrações municipais.
A Lei nº 12.305/2010 tem como intenção solucionar essas questões. Diante da questão
da geração dos resíduos, no Capítulo II, Artigo 3º, define como geradores de resíduos: “IX -
geradores de resíduos sólidos: pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, que
45

geram resíduos sólidos por meio de suas atividades, nelas incluído o consumo” (BRASIL,
2010). Assim, todos os geradores perante o entendimento da Lei têm sua parcela de
compromisso.
Vale dizer que, antes da Lei nº 12.305/2010, houve iniciativas de relevância no intuito
de coletar e sistematizar dados referentes aos resíduos sólidos, como, por exemplo, o SNIS-
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, no âmbito da Secretaria Nacional de
Saneamento Ambiental (SNSA) do Ministério das Cidades (MCID). O SNIS tem como
objetivo disponibilizar informações do setor saneamento no Brasil, através de coletas anuais
fornecidas por prestadores de serviços ou órgãos municipais encarregados da gestão dos
serviços. A base de dados coletados são disponibilizados para consulta pública.
O SNIS iniciou com o componente água e esgotos (SNIS-AE), em 1995, e, no ano de
2002 iniciou o componente resíduos sólidos (SNIS-RS), sendo este último composto das
seguintes famílias de informações “Gerais; Coleta; Resíduos construção civil; Coleta seletiva;
Resíduos serviços de saúde; Varrição; Capina e roçada; Catadores; Outros serviços; e
Unidades de processamento” (SNIS, 2016).
Outra fonte de informação referente aos resíduos sólidos é o relatório anual
desenvolvido pela ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e
Resíduos Especiais, no qual apresenta o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil cuja
primeira edição foi em 2003.
Segundo a ABRELPE, a geração de Resíduos Sólidos Urbanos – RSU, no Brasil,
cresceu 1,3% de 2011 para 2012, índice que é superior à taxa de crescimento populacional
urbano no país no período, que foi de 0,9%, tendo uma geração de 201.058 ton dia, em
2012 e apresentando o Nordeste a segunda maior geração. , no quantitativo de 51.689
ton. (ABRELPE, 2012).
A seguir serão apresentadas as Figuras 4 e 5. A primeira figura representa quanto o
Brasil gerou de resíduos sólidos nos anos 2013 e 2014. A segunda figura demonstra quanto
foi gerado no Nordeste nos mesmos anos.
Conforme a ABRELPE (2014), no Nordeste, a geração de resíduos sólidos, em 2013 e
2014, teve um acréscimo de cerca de 3,2% superior à geração nacional, como demonstrado na
Figura 5. Os 1.794 municípios dos nove Estados da região Nordeste geraram, em 2014, a
quantidade de 55.177 toneladas/dia de RSU, das quais 78,5% foram coletadas. Os dados
indicam crescimento de 3,6% no total coletado e aumento de 3,2% na geração de RSU
relativamente ao ano anterior.
46

Figura 4 - Geração de RS no Brasil – 2013 e 2014

Fonte: Abrelpe( 2014)

Figura 5 - Geração de RS no Nordeste – 2013 e 2014

Fonte: Abrelpe( 2014)

Em linhas gerais, quanto à coleta de resíduos sólidos, de acordo, com o Instituto de


Pesquisa de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA (2012), no Brasil, por dia são coletadas
183,5 mil toneladas de resíduos sólidos, sendo 51,4% de materiais orgânicos e 31,9% de
material reciclável (alumínio, plásticos, papel, aço, metais e vidro). De acordo com o IPEA
(2012) coleta ocorre em “90% do total de domicílios, o que representa 98% das moradias
urbanas, mas apenas 33% das rurais.”
Quanto aos resíduos eletroeletrônicos o PNUMA, em 2009, concluiu o relatório
intitulado “Recycling – From E-wastetoResources” (PNUMA, 2009), o qual foi realizado em
onze países em desenvolvimento, dentre os quais o Brasil. O relatório, apresentado em
fevereiro de 2010, refere-se à fabricação de eletroeletrônicos (refrigeradores, lavadoras,
47

celulares, computadores, brinquedos e televisores, por exemplo) com o uso de volume


significativo de minerais, promovendo impactos negativos desde a extração de minerais,
geração de dióxido de enxofre) e dióxido de carbono), expressivo consumo de
energia, bem como substâncias tóxicas e perigosas são originadas quando do manejo
inadequado dos resíduos eletrônicos, dentre os quais estão o amálgama mercúrio-ouro e as
dioxinas, resultado da incineração inapropriada (PNUMA, 2009).
A indústria eletrônica é uma das maiores e uma das que mais crescem no mundo e não
à toa, a cada ano, gera até 41 milhões de toneladas de lixo eletrônicos a cada ano, gera até 41
milhões de toneladas de lixo eletrônico de bens como computadores e celulares e smartphones
e, ainda, segundo previsões, este número pode chegar a 50 milhões de toneladas já em 2017
(PNUMA, 2015).
Saindo do cenário internacional e focando no estado de Pernambuco, conforme o
Censo Demográfico 2010, a população o Estado de Pernambuco é a sétima maior do país com
8.796.448 habitantes, equivalentes a 4,6% da população nacional, resultando em uma
densidade demográfica média de 89,63 hab/km² (IBGE, 2010, apud PERNAMBUCO,
2012).A taxa de urbanização do estado é de 80,2%, sendo que a maior parte da população se
encontra nas áreas urbanas dos grandes centros urbanos, apresentando a maior densidade nos
municípios da Região Metropolitana do Recife - RMR (PERNAMBUCO, 2012). Dessa
maneira, pode-se depreender que na RME a geração de resíduos se destaca perante as demais
regiões.
Em Pernambuco, como em diversos outros estados brasileiros em que há a mesma
realidade, apoiando-nos no Censo Demográfico 2010 do IBGE, historicamente, o crescimento
urbano vem acompanhado de desigualdades no acesso aos itens básicos que se fazem
necessários para a sobrevivência salutar, tais como educação, alimentação e saúde, sendo
preciso ampliar a infraestrutura urbana como o sistema viário e saneamento básico
(abastecimento de água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos e drenagem urbana).
Em atendimento a Lei nº 12.305/2010, o estado elaborou seu Plano Estadual de
Resíduos Sólidos - PERS, em 2012, o qual reuniu uma série de informações, que estavam até
então espalhadas em diversos documentos. No PERS, apresentou-se a realidade de cada
município sobre a geração de resíduos(PERNAMBUCO, 2012).
Segundo o PERS, no estado de Pernambuco, no ano 2012, a taxa de geração per capita
média foi de 1,05 e a produção total estimada girou em torno de 4 milhões de
toneladas de resíduos sólidos. Até 2032, horizonte trabalhado nesse Plano, o estado terá uma
produção anual da ordem de 4,3 milhões de resíduos, representando um crescimento na
48

produção total de quase 10%. Assim sendo, esse documento, além de atender às exigências
legais quanto à elaboração do plano de gestão de resíduos sólidos, também se torna uma fonte
de dados que poderá ser utilizada pelos municípios como elemento de consulta para a
elaboração e atualização dos seus planos de resíduos sólidos(PERNAMBUCO, 2012).
De acordo com o relatório da ABRELPE, a geração em Pernambuco, em 2013, foi de
8.561 ton e, em 2014, correspondeu a 8.830 ton (ABRELPE, 2014).
Com relação à geração dos resíduos sólidos na cidade do Recife, onde estão
localizadas as unidades em que esta investigação foi desenvolvida (POLI e FCAP), de acordo
com o Plano de Gestão de Resíduos Sólidos de Pernambuco (2012), são produzidas 2.462, 14
ton (PERNAMBUCO, 2012).
Quanto à geração de resíduos em universidades de acordo com Corrêa et. al. (2010)
ela é heterogênea, devido às especificidades das diversas atividades que ocorrem nestes
locais, as quais são de natureza administrativa, de ensino, de pesquisa e de extensão, fazendo
da gestão de resíduos um trabalho desafiador.
Nesse mesmo sentido, Martins e Silveira (2010), contribuem dizendo que, diante da
diversidade de resíduos, tipologias e fontes geradoras, muitas instituições possuem
características semelhantes de cidades e indústrias.
Diante do exposto, pode-se comentar que iniciativas orientadoras de novos paradigmas
de valores, comportamento, hábitos e procedimentos técnicos, com base em legislações e
educação ambiental, que venham garantir a redução da geração e a correta gestão e
gerenciamento, bem como o controle do crescimento populacional podem inibir a realidade de
crescimento de resíduos sólidos e promover o devido gerenciamento.
Concluindo esse item, será apresentado o Quadro 4 em que se registra geração de
resíduos sólidos no Brasil, nas tipologias de resíduos sólidos urbanos - RSU, resíduos sólidos
de serviço de saúde - RSS e resíduos sólidos de construção e demolição - RCD.

Quadro 4 – Geração e Coleta de RSU, RCD e RSS no Brasil

Resíduo Gerado (ton ) Coletado (ton )

RSU 78.600.000 71.260.045


RCD 55.020.000 44.625.63
RSS ____ 264.841
Fonte: ABRELPE, 2014
49

3.3 GESTÃO E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS – RS

A palavra gestão é um substantivo feminino que significa atividade de administrar, de


gerir, de governar, bem como de dirigir negócios públicos ou particulares (DICIO, 2016).
Aproximando o termo “gestão” à palavra “ambiental”, Silva Filho (2008) se observam
que gestão é uma palavra derivada do grego gestain, que significa conduzir, que, por sua vez,
significa governo, administração, gerenciamento e controle; já ambiente significa o meio em
que vivemos. Desta feita, pode-se entender por gestão ambiental a administração do “habitat”
e, considerando que o papel de administrar envolve a administração de conflitos e interesses,
logo, pode-se dizer que “gestão ambiental é um processo de mediação de interesses e conflitos
entre todos os influentes que atuam “no” e “sobre” o meio ambiente”.
Barbieri (2007, p. 25) apresenta a seguinte definição para gestão ambiental:

[...] as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, tais como,


planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras realizadas
com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer
reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações
humanas, quer evitando que elas surjam

Para Macêdo e Oliveira (2005), em escala mundial, nas sociedades observa-se a


mudança no perfil dos consumidores e as pressões dos movimentos sociais por uma melhor
performance das organizações quanto as questões sociais e ambientais, assim sendo, a gestão
ambiental deve ser contemplada no planejamento estratégico das organizações.
Esse entendimento foi se incorporando e se consolidando a passos largos nas empresas
públicas e privadas, diante das exigências legais e do mercado de trabalho, cada vez mais
atento para as demandas das sociedades por um ambiente saudável.
Nessa linha de raciocínio, Kraemer et.al. (2013) comentam que a variável ambiental
tem se tornado mais presente na gestão empresarial, buscando-se tecnologias mais adequadas
ao meio ambiente.
De acordo com o entendimento de Moreira (2001), a gestão ambiental diz respeito a
uma postura reativa perante as determinações legais no intuito de implantar sistemas
tecnológicos e equipamentos que venham a atenuar, reduzir determinado resíduo ou agressão
ambiental. A autora acrescenta que o Sistema de Gestão Ambiental - SGA é implementado
quando a empresa tem uma visão estratégica referente ao meio ambiente, bem como não tem
50

apenas o objetivo de agir em função dos riscos, mas, também, passa a entender as chances de
mercado com essa atitude (MOREIRA, 2001).
Para Moreira (2001), o SGA como instrumento de gestão é proativo ao investir e agir
na preservação do meio ambiente e na qualidade de vida, seja envolvendo toda a gestão e
colaboradores, fornecedores, prestadores de serviços e comunidades do entorno, seja
desenvolvendo ações, como gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, ou seja, promovendo
a economia de recursos naturais diretos, como a água e indiretos como a energia e o consumo
racional dos materiais de expedientes.
Nessa reflexão, a visão de gestão de resíduos sólidos para Calderoni (2003), consiste
no envolvimento das instituições públicas, privadas, de ensino e da sociedade civil no intuito
de juntos realizarem a redução da geração, a limpeza urbana, o reaproveitamento, a
reciclagem, tratamento e destino final, levando em consideração as características, culturais e
econômicas dos cidadãos e as peculiaridades demográficas, climáticas e urbanísticas locais.
De acordo com Philippi Jr et. al. (2012), a gestão dos resíduos sólidos é uma das
funções do saneamento básico e apresenta realidades distintas diferenciadas no âmbito das
regiões geográficas do país, bem como nas cidades. Os autores destacam que, em muitas
empresas e indústrias, a preocupação é com o atendimento da lei quanto ao tratamento e a
destinação final, sendo mínima a preocupação em resolver o problema na origem, quiçá de
pensar de maneira sistêmica e, mesmo, em desenvolver um processo permanente de educação
ambiental, pois, quando são realizados programas e/ou projetos com foco na reciclagem, as
maiores ações são voltadas para a coleta seletiva pós-consumo (PHILIPPI JR ET. AL., 2012).
Conforme já mencionado e reforçado por BESEN ET.AL.(2012), a disposição
inadequada dos resíduos sólidos causam impactos socioambientais, tais como degradação do
solo, comprometimento dos corpos d'água e mananciais, intensificação de enchentes,
contribuição para a poluição do ar e proliferação de vetores de importância sanitária nos
centros urbanos e catação em condições insalubres nas ruas e nas áreas de disposição final.
Logo, diante desse cenário de risco ao meio ambiente e a saúde pública decorrente da geração
e descarte de resíduos sem o devido cuidado, urge a necessidade de um processo de
gerenciamento correto para combater as práticas e os procedimentos inadequados.
Hoje, a gestão e o gerenciamento devem ser realizados sob a luz da Lei nº 12.305/2010
e do seu Decreto nº 7.404/2010. A Lei nº 12.305/2010 define tecnicamente o conceito de
gestão integrada e de gerenciamento destes materiais:

X - gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta


ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e
51

destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólido e disposição


final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal
de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de
resíduos sólidos, exigidos na forma desta Lei;
XI - gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas para a
de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões
política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a
premissa do desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2010)

De acordo, ainda, com a Lei n° 12.305/2010, no Capítulo I, Artigo 9º, na hierarquia da


gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de
prioridade a não-geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos,
bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, conforme apresentado na
Figura 6.
Figura 6 – Hierarquia na gestão e no gerenciamento de RS

Fonte: Adaptado da Lei nº 12.305/2010 (2016)


Silva et. al (2015) comentam que, na Lei nº 12.305/2010, os tratamentos de
reciclagem, compostagem e deposição em aterros sanitários, devem ser trabalhados de
maneira integrada no gerenciamento de resíduos sólidos. Ainda, no Artigo 9º, o § 1º destaca
que “Poderão ser utilizadas tecnologias visando à recuperação energética dos resíduos sólidos
urbanos, desde que tenha sido comprovada sua viabilidade técnica e ambiental e com a
implantação de programa de monitoramento de emissão de gases tóxicos aprovado pelo órgão
ambiental” (BRASIL, 2010).
Exemplificando o exposto anteriormente, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
- IPEA diz que, se todos os resíduos da produção da cana de açúcar fossem reaproveitados
para a geração de energia, o potencial energético gerado seria maior que o da usina de Itaipu
(IPEA, 2012)
52

Voltando o olhar para o processo hierárquico do Artigo 9º, a reciclagem não é


considerada como um tipo de tratamento, mas sim uma etapa na gestão e no gerenciamento
dos resíduos sólidos. Com a reciclagem, é possível inserir nos resíduos em uma nova cadeia
de valor e da reengenharia do processo produtivo.
Nessa linha de raciocínio, é primordial a realização da coleta seletiva, no intuito
atender a PNRS, objetivando a redução da massa de resíduos para a disposição final e garantir
maior volume e qualidade dos materiais encaminhados para reciclagem, além de contribuir
para geração e renda dos catadores.
De acordo com a Lei 12.305/2010 reciclagem é:
XIV - reciclagem: processo de transformação dos resíduos sólidos que
envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou
biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos,
observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos
competentes do SISNAMA e, se couber, do SNVS e do SUASA. (BRASIL,
2010).

É importante considerar as observações de Bidone (1999) quanto à reciclagem no


intuito de garantir sua operacionalização, haja vista depender de fatores como, por exemplo,
proximidade da instalação de reprocessamento, custos de transportes dos resíduos, empresas
interessadas em adquirir e reprocessar o resíduo, desenvolvimento de tecnologias
economicamente viáveis que possibilitem o reprocessamento de uma gama maior de resíduos,
fatores físicos, econômicos e sociológicos.
Já coleta seletiva recebe a definição na Lei nº 12.305/2010 “V - coleta seletiva: coleta
de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua constituição ou composição”
(BRASIL, 2010). Nesse diploma legal, a coleta seletiva quando definida pelo órgão
competente, os geradores são obrigados a “ I - acondicionar adequadamente e de forma
diferenciada os resíduos sólidos gerados; II - disponibilizar adequadamente os resíduos
sólidos reutilizáveis e recicláveis para coleta ou devolução” (BRASIL, 2010).
No Decreto nº 7.404/2010, Artigo 9º, “A coleta seletiva dar-se-á mediante a segregação
prévia dos resíduos sólidos, conforme sua constituição ou composição” (BRASIL, 2010a). O
Artigo 9º, ainda acrescenta:
§ 2o O sistema de coleta seletiva será implantado pelo titular do deverá
estabelecer, no mínimo, a separação de resíduos secos e úmidos e,
progressivamente, ser estendido à separação dos resíduos secos em suas
parcelas específicas, segundo metas estabelecidas nos respectivos planos.
§ 3o Para o atendimento ao disposto neste artigo, os geradores de resíduos
sólidos deverão segregá-los e disponibilizá-los adequadamente, na forma
estabelecida pelo titular do serviço público de limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos.
53

Sendo inseridos, outros Artigos:

Art. 10. Os titulares do serviço público de limpeza urbana e manejo de


resíduos sólidos, em sua área de abrangência, definirão os procedimentos
para o acondicionamento adequado e disponibilização dos resíduos sólidos
objeto da coleta seletiva.
Art. 11. O sistema de coleta seletiva de resíduos sólidos priorizará a
participação de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores
de materiais reutilizáveis e recicláveis constituídas por pessoas físicas de
baixa renda.
Art. 12. A coleta seletiva poderá ser implementada sem prejuízo da
implantação de sistemas de logística reversa. (BRASIL, 2010)

O processo de evolução da coleta seletiva no Brasil está retratado na Figura 7.

Figura 7 – Evolução da coleta seletiva no Brasil

Fonte: CEMPRE (2016)

Analisando a Figura 7, observa-se que, ao longo dos anos de 1994 até 2016, ocorreu
uma significativa evolução na coleta seletiva, chegando, neste último ano, a ser realizada em
1055 municípios brasileiros, porém, ainda, representa apenas um total de 18%, dos 5.570.
Outro ponto a ser considerado é que, nem sempre, toda a área geográfica do município tem a
cobertura da coleta seletiva. Além disso, a Figura 7 apresenta que, a partir de 2000, ano da
criação da PNRS, ocorreu um expressivo crescimento de municípios realizando a coleta
seletiva.
A última etapa da hierarquia no processo de gerenciamento diz respeito à disposição
final dos rejeitos. Para a Lei nº 12.305/2010, rejeito é todo material que, após esgotar todas as
possibilidades de reutilização, reciclagem e tratamento deve ser encaminhado a um local com
54

os devidos cuidados, ou seja, um aterro sanitário (BRASIL, 2010). Portanto, a Lei nº


12.305/2010 proíbe o destino dos rejeitos para “lixões” (também denominados vazadouros a
céu aberto) que, de acordo com o IPT (2000), é caracterizado como um local para a simples
descarga do lixo sobre o solo, sem medidas de proteção à saúde pública e ao meio ambiente.
Vale destacar que a existência de lixões é crime desde 1998, segundo a Lei de Crimes
Ambientais nº 9.605/98 que, em seu Artigo 54, institui que causar poluição pela disposição de
resíduos sólidos em desacordo com leis e regulamentos é crime ambiental (BRASIL, 1998).
A Lei nº 12.305/2010 ao destacar a exigência da elaboração de planos de gestão e
gerenciamento de resíduos sólidos orienta como devem ser desenvolvidos e de quem é essa
competência.
De acordo com o Artigo 14 da Lei nº 12.305/2010, são planos de resíduos sólidos:

I - o Plano Nacional de Resíduos Sólidos;


II - os planos estaduais de resíduos sólidos;
III - os planos microrregionais de resíduos sólidos e os planos de resíduos
sólidos de regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas;
IV - os planos intermunicipais de resíduos sólidos;
V - os planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos;
VI - os planos de gerenciamento de resíduos sólidos (BRASIL, 2010)

O Artigo 15 versa sobre a elaboração do plano pela União, sob a coordenação do


Ministério do Meio Ambiente, já os Artigos 16 e 18, abordam sobre a elaboração dos planos
estaduais e municipais. Esses planos terão vigência por prazo indeterminado e horizonte de 20
(vinte) anos, a ser atualizado a cada 4 (quatro) anos.
Quanto aos planos de gerenciamento, contemplados no Artigo 20, são obrigados a
desenvolvê-los, dentre outros, “II - os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços
que: a) gerem resíduos perigosos; b) gerem resíduos que, mesmo caracterizados como não
perigosos, por sua natureza, composição ou volume, não sejam equiparados aos resíduos
domiciliares pelo poder público municipal” (BRASIL, 2010). Assim sendo, as Instituições de
Ensino Superior estão inseridas neste compromisso, haja vista realizarem atividades de
ensino, pesquisa e extensão com possibilidade de gerir esses tipos de materiais, como no caso
dos laboratórios de materiais de construção civil e de química que geram resíduos em
pequeno volume e com concentração de elementos diluídos que não se configuram como
nocivos ao meio ambiente e à saúde de quem os manipula ou da coletividade.
O Artigo 22 da PNRS faz referência a todas as etapas para a elaboração,
implementação, operacionalização e monitoramento do plano de gerenciamento de resíduos
55

sólidos, incluindo o controle da disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos e como
deverá ser designado um responsável técnico devidamente habilitado.
No Artigo 23, ressalta-se a competência dos responsáveis pelo plano de gerenciamento
de resíduos sólidos por sua autorização, bem como sua disponibilização ao órgão municipal
competente, ao órgão licenciador do SISNAMA e às outras autoridades de todas as
informações sobre a implementação e da operacionalização do referido plano.
No Decreto nº 7.404/2010, o Artigo 78 apresenta que a elaboração dos planos de
gestão integrada de resíduos nos termos dos Artigos 16, 18 e 55 da Lei nº 12.305/2010, é
condição para que o Distrito Federal, os Estados e os Municípios tenham acesso a recursos da
União ou a recursos por ela controlados, bem como para que sejam beneficiados por
incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento destinados, no
âmbito de suas respectivas competências “I - a empreendimentos e serviços relacionados à
gestão de resíduos sólidos; ou II - à limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos” (BRASIL,
2010). Para o licenciamento de determinados empreendimento que possam causar risco ao
meio ambiente e à saúde pública devem ser apresentado os respectivos planos de
gerenciamento, conforme orientação das legislações e normatizações.
Para a elaboração e implementação do plano de resíduos sólidos, deve-se realizar uma
caracterização desses materiais. Essa caracterização pode e deve ser realizada em termos
físicos, químicos e biológicos, dependendo do objetivo do estudo. Entre as características
físicas dos resíduos sólidos deve ser considerado principalmente:
a) Composição Gravimétrica: é o percentual de cada tipo de material (vidro, papel, metal,
alimento, plásticos...) em relação ao peso total dos resíduos;
b) Peso Específico Aparente: é a massa do resíduo solto em função do volume ocupado
livremente, sem qualquer compactação;
c) Geração per capita: a relação da quantidade de resíduos urbanos gerada diariamente e
o número de habitantes da localidade onde ocorre a geração;
d) Teor de Umidade: é a quantidade de água presente no resíduo;
e) Compressividade: também conhecida como grau de compactação, indica a redução de
volume que uma massa de lixo pode sofrer, quando submetida a uma pressão
determinada. A compressividade do lixo situa-se entre 1:3 e 1:4 para uma pressão
equivalente a 4 kg/ Tais valores são utilizados para dimensionamento de
equipamentos compactadores.
Com relação às características químicas que podemos analisar nos resíduos coletados,
estão:
56

f) Poder Calorífico: é a capacidade potencial de um material desprender determinada


quantidade de calor quando submetido à queima;
g) pH:é uma escala para medida do potencial hidrogeniônico ou potencial de
hidrogénio,que indica a acidez ou basicidade de uma solução aquosa. Quando a
soluções com pHfor menor que 7 são ácidas, e com pH maior que 7, básicas ou
alcalinas e neutra para pH igual a 7. O valor do pH pode ser menor que 0 e maior que
14, para ácidos e bases muito fortes, respectivamente.
h) Composição Química: representa quais os elementos químicos presentes no resíduo;
i) Relação Carbono/Nitrogênio: é a relação que indica o grau de decomposição da
matéria orgânica. A relação C/N = 30 é a ideal para decomposição de materiais
orgânicos.
3.3.1 Composição Gravimétrica
A composição gravimétrica dos resíduos sólidos ou caracterização física expressa o
percentual de cada componente presente na amostra de resíduos estudada em relação ao peso
total desta (PEREIRA NETO, 2007).
A composição gravimétrica é utilizada para a caracterização física de resíduos sólidos,
consistindo em identificar os diferentes tipos de materiais que são encontrados na amostra da
massa de resíduos, tais como papel, vidro, plástico, metal, matéria orgânica e outros. É um
estudo que traduz o percentual de cada componente em relação ao peso total da amostra de
resíduos analisada, dentro de uma seleção heterogênica (MONTEIRO ET. AL., 2001).
De acordo com Fuzaro e Ribeiro (2003, apud COSTA ET.AL, 2012), a análise da
composição de resíduos sólidos viabiliza o conhecimento da geração desses materiais em
determinada localidade, identificando qual o percentual de cada tipo de resíduo. Esse estudo
constitui-se como fundamental para subsidiar o planejamento e implementação do
gerenciamento de resíduos, bem como pode ser utilizado para o planejamento de um processo
de educação ambiental e, até, a implementação da coleta seletiva de recicláveis como ação de
caráter preliminar, haja vista serem dados reais referentes à geração de resíduos.
A análise da composição gravimétrica de resíduos da construção e demolição – RCD é
um importante instrumento a ser considerado para a realização do adequado sistema de
tratamento e disposição final desses resíduos. De acordo com relatório da Abrelpe (2015),
mesmo não representando o total de RCD gerado pelos municípios, a parcela de 44.625.63
ton/ano, aponta um cenário desafiador para os RCD no Brasil.
Segundo o PROSAB (2003), diversos métodos para determinar a composição
gravimétrica dos resíduos sólidos são disponibilizados na literatura, sendo a maior parte com
57

base no quarteamento da amostra, conforme a ABNT NBR 10.007/2004, pois “esta norma
fixa os requisitos exigíveis para amostragem de resíduos sólidos” (ABNT, 2004a, p.1).
Assim, na ABNT NBR 10.007/2004, o método do quarteamento é definido como “a
determinação dos constituintes e de suas respectivas percentagens em peso e volume, em uma
amostra de resíduos sólidos, podendo ser físico, químico e biológico” (ABNT, 2004a, p.1).
A composição gravimétrica é um importante instrumento para a elaboração dos planos
de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, pois os resultados desse estudo são um dos
pilares para a tomada de decisão no manejo de resíduos sólidos, além de refletir a tendência
de consumo da sociedade (MAGALHÃES;MAGALHÃES, 2007).
Nesse entendimento, Thode Filho (2014) nos diz que a composição gravimétrica é
importante, sendo norteador e preliminar quando se pretende implementar a coleta seletiva de
recicláveis e, posteriormente, um sistema de gerenciamento de resíduos sólidos.
Na ocasião da elaboração do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, foi realizada a
caracterização desses materiais por meio da composição gravimétrica. A Figura 8retrata esse
estudo.
Figura 8– Gravimetria dos Resíduos - PNRS

Fonte: MMA (2012)

Os 51,4% de material orgânico poderiam ser utilizados para geração de energia ou


compostagem, conforme orienta a PNRS. Porém, têm como destino final os aterros sanitários.
Os 31,9% dos resíduos sólidos da Figura 8 (3) têm potencialidade para reciclagem e são
constituídos dos materiais cuja tipologia está definida na Figura 9, na página seguinte.
58

Figura 9 – Composição gravimétrica da coleta seletiva

Fonte: MMA (2012)

3.4 UNIVERSIDADES: NO RUMO DO GERENCIAMENTO CORRETO DOS


RESÍDUOSSÓLIDOS

O modelo de progresso econômico desordenado adotado no Brasil e no mundo


promoveu sérias questões de ordens sociais e ambientais, as quais trouxeram à humanidade o
grande desafio de buscar soluções corretivas de grande envergadura para o enfrentamento
destes problemas como o crescimento demográfico, o consumo incontrolável dos recursos
naturais e a degradação do meio ambiente (Ribeiro, 2015).
Ribeiro (2015) acrescenta que, para garantir o bem-estar das próximas gerações, urge a
necessidade de práticas e estratégias em conformidade com o desenvolvimento sustentável
(cujos pilares são equilíbrio ambiental, a eficiência econômica e a equidade social) atinjam
todos os setores da sociedade.
De acordo com Pedrosa (2000), “[...] a apropriação predatória dos recursos naturais
constitui um reflexo de nossos padrões sociais, econômicos e culturais” e os governos e a
sociedade global têm como desafio resolver o ritmo acelerado da degradação ambiental.
De acordo com Lahaise (2010), as universidades foram se inserindo no intuito de
promover reflexões e discussões sobre a temática ambiental buscando por iniciativas que
contribuíssem para criar campi universitários social e ambientalmente responsáveis.
59

Manzini (1994), por sua vez, diz que a universidade, também, tem o papel de um
laboratório para boas práticas de sustentabilidade, podendo, assim, contribuir numa mudança
para estilos de vida mais sustentáveis, pois as experiências vivenciadas no campus poderão
ser replicadas em toda a sociedade e, diante da diversidade de ações realizadas, há um
crescimento na geração de resíduos com tipologias distintas.
Corrêa et. al. (2012) se aproximam de Manzini (1994) enfatizando que a diversidade e
a complexidade que ocorrem nas atividades do ensino superior têm induzido um crescimento
no consumo e, por reflexo, propiciam um acréscimo na geração de resíduos sólidos.
As atividades realizadas no âmbito das universidades geram resíduos sólidos de
grande diversidade, dentre os quais estão resíduos orgânicos, resíduos inorgânicos com
possibilidade de serem reciclados, resíduos químicos, pesticidas, tintas, solventes e resíduos
radioativos. Portanto, sem o correto gerenciamento, tais resíduos podem causar sérios riscos à
saúde pública e um impacto negativo no meio ambiente (TAUCHEN;BRANDLI, 2006).
Tauchen e Brandli (2006) dizem que as instituições de ensino superior podem ser
comparadas com pequenos núcleos urbanos em relação à geração de resíduos, pois há o
desenvolvimento de diversas atividades de ensino, pesquisa e extensão e serviços referentes à
sua operação, tais como restaurantes, alojamentos, copiadora, dentre outros. Assim, ocorrem
problemas semelhantes aos vivenciados nas cidades com relação ao descarte e destino final de
resíduos.
Na mesma linha de análise Côrrea et. al. (2010) dizem que a geração de resíduos nas
universidades é heterogênea, tendo em vista a complexidade e as particularidades das diversas
atividades desenvolvidas, as quais podem ser classificadas como resíduos sólidos urbanos;
industriais; resíduos de serviços de saúde etc.
Conto (2010) comenta, ainda, que os problemas dos resíduos sólidos vão além dos
biológicos, físicos e químicos, sendo, também, de comportamento e de gestão acadêmica.
Assim sendo, requere-se um esforço integrado e multiprofissional, envolvendo as diversas
áreas do conhecimento, a aprovação e o apoio da alta direção, em prol de uma política de
gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos, ou seja, exigem-se soluções sistêmicas,
sobretudo, na prevenção.
Nessas instituições, mudanças comportamentais dos administradores, professores,
estudantes, colaboradores, locadores de espaço, fornecedores e terceirizados e a integração
das diferentes áreas do conhecimento são importantes para a adoção de uma política
ambiental e, consequentemente, para a solução de conflitos ambientais. As universidades,
60

como instituições no seu compromisso em produzir, socializar e formar respeitando o meio


ambiente devem servir de exemplo para toda a sociedade (CONTO, 2010).
Dessa maneira, observa-se uma crescente nas iniciativas para reverter o antigo modelo
de gerenciamento dos resíduos sólidos nas universidades que, em sua maioria se resume à
coleta de todos os resíduos misturados, acondicionamento para espera da coleta realizada pelo
poder público, exceto quando se tratar de resíduos perigosos, sobretudo, resíduos de saúde
que têm coleta especial, em atendimento das normatizações do CONAMA e da ANVISA.
Tauchen e Brandli (2006) afirmam que as universidades, além de atender as
legislações, devem servir de exemplo no compromisso social e ambiental. De acordo, ainda
com os autores, as universidades começaram a considerar a temática ambiental em seus
processos de gestão a partir dos anos 1960, sendo que as primeiras experiências surgiram nos
Estados Unidos, ao mesmo tempo em que ocorreram as ascensões de profissionais nas
ciências ambientais, desdobrando-se ao longo dos anos 1970 (TAUCHEN;BRANDLI, 2006).
Na década de 1980, iniciou-se um olhar mais específico para as políticas referentes à
gestão de resíduos e à eficiência energética e, nos anos 1990, foram desenvolvidas políticas
ambientais de esfera global que congregam todos os âmbitos das instituições, a exemplo do
Campus Ecology da University of Wisconsin at Madison ou o Brown is Green, da University
of Brown nos Estados Unidos (DELGADO;VÉLEZ, 2005, apud TAUCHEN;BRANDLI,
2006).
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(Cnumad), realizada em junho de 1992, no Rio de Janeiro, denominada, também, Rio-92, foi
determinante para que as universidades iniciassem o compromisso de atuar proativamente
pelas questões sociais, ambientais e econômicas, as quais, notadamente, são os pilares do
desenvolvimento sustentável.
Assim sendo, desde então, nas instituições de ensino superior, observa-se uma
crescente mobilização ao redor do que foi discutido e acordado na Rio-92, promovendo
contribuições de relevância e inovadoras, indo além do que a legislação exigia implantar
como práticas alinhadas a esse novo modo de conceber o desenvolvimento
(BARBIERI;SILVA, 2011).
Apesar dos avanços, segundo Rodrigues et. al. (2007), as universidades ainda
encontram dificuldades para incorporar a questão ambiental em suas atividades, sendo preciso
empregar esforços na busca de soluções visando ao enfrentamento de problemas, dentre os
quais está o correto gerenciamento dos resíduos.
61

Hoje, é consenso a necessidade de se elaborar estudos focados na gestão de resíduos


sólidos em universidades visando propor alternativas à solução dos problemas e políticas
eficientes e possíveis de serem por elas implementadas, além de serem referência para a
sociedade como um todo.
Nesse cenário, Moreira et. al.(2014) se aproximam e apresentam os fatores que
interferem de maneira negativa na implementação de uma gestão de resíduos em uma
universidade:
- Resistência à mudanças devido à comodidade e morosidade dos trâmites
burocráticos;
- Dificuldade de conscientizar os colaboradores sobre a importância de
construir, implementar e manter a política ambiental;
- Falta de recursos na composição do quadro de funcionários capacitados e
na estrutura logísticas necessários para a implantação da política;
- Estrutura descentralizada e fragmentada das instituições e mudança de
gestores ao longo do processo;
- Resistência dos docentes em incluir o discurso ambiental em suas
disciplinas e alocar recursos para essa questão;
- Falta de incentivo pelos órgãos de fomento, geralmente pela falta de
conhecimento da importância da gestão de resíduos em uma universidade;
- Falta de comprometimento da administração e da comunidade
universitária, diretamente ligada à falta de campanhas de educação
ambiental voltadas para a conscientização sobre os resíduos;
- Falta de tempo das pessoas envolvidas na gestão dos resíduos, pelas
demandas de produtividade de seus cargos. MOREIRA ET. AL. (2014)

Nos Campi universitários são produzidos resíduos de categoria semelhantes aos


urbanos (domésticos, de restaurantes e de escritórios), aos industriais (laboratoriais e
metalúrgicos), aos hospitalares, de obras civis e atividades rurais diversas (CONTO, 2010) e,
diante dessa diversidade de materiais que podem ser gerados nas universidades, faz-se preciso
ter conhecimento da quantidade e tipologia, para ser definida a política de gestão para o
correto gerenciamento, tendo como lastro o pensamento sistêmico.
No intuito de exemplificar iniciativas de gerenciamento de resíduos em universidade,
relataremos algumas experiências encontradas na literatura.
Segundo Gonçalves et. al. (2010), a Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Campus Francisco Beltrão, UTFPR-FB, em 2008, tomou consciência de sua responsabilidade
em termos educacionais, éticos e sociais, adotando metodologias de gestão dos resíduos
sólidos, iniciando a implementação do PGRS. Vale salientar que o plano é também uma
exigência federal instituída pelo Decreto Presidencial nº 5.940, de 25 de outubro de 2006.
O Decreto nº 5940/2006, instituiu a Coleta Seletiva Solidária que
determina a “separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da
administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às
62

associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis” (BRASIL, 2006). Essa


legislação, além de incentivar a reciclagem e diminuir a quantidade de resíduos destinados aos
aterros, possui um viés social muito forte, formalizando e apoiando as cooperativas e
associação de catadores.
Em 2009, na ocasião do início do curso de graduação de Engenharia Ambiental, a
UTFPR-FB começou as atividades para implantar o sistema de gerenciamento de RS, bem
como o respectivo Plano de Gerenciamento.
Albuquerque et. al. (2010) apresentam a iniciativa da Universidade Federal de Santa
Catarina – UFSC, através da Coordenadoria de Gestão Ambiental que, no intuito de
minimizar os impactos ambientais em prol do meio ambiente e da qualidade de vida da
comunidade universitária e da sociedade de modo geral, está trabalhando em quatro
programas abordando os seguintes temas: gerenciamento de resíduos sólidos secos, resíduos
sólidos orgânicos, resíduos sólidos do sistema da saúde e, por último, pilhas, baterias e
lâmpadas fluorescentes. A preocupação se deve, também, às exigências advindas da Lei
Estadual nº 11.347, de 17 de janeiro de 2000 que, em seu Artigo 1º, dispõe que pilhas,
baterias e lâmpadas, após seu uso ou esgotamento energético devem ser coletados, recolhidos
e ter um destino final adequado (SANTA CATARINA, 2000).
Para Conto (2010), a falta de estudos sistematizados faz com que as soluções sejam
pensadas apenas quando o resíduo é gerado e causam problemas para a saúde pública e o
meio ambiente, destacando, por outro lado, a necessidade de envolver a população como
protagonista na discussão e criação de novas práticas com responsabilidadesócio, econômico
e ambiental.
Focando os resíduos sólidos e refletindo sobre as palavras de Conto (2010), a seguir
será apresentada a Figura 10pela qual se apresenta a dinâmica relação da sociedade com a
universidade.
Figura 10 – Dinâmica da relação da sociedade com a universidade

Fonte: Elaborado pela autora (2016)


63

11
Portanto, a Figura 10 permite lembrar que a universidade está inserida na sociedade e
possui um papel fundamental para a sustentabilidade desta através de suas ações de ensino,
pesquisa e extensão. Entende-se, também, a necessidade de que esses três pilares da
universidade ao se integrarem formem um núcleo denso e transformador, contribuindo para o
pensamento sistêmico e holístico tão necessário no enfrentamento da crise ambiental que, na
verdade, é uma crise de valores.
64

4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS.

“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda.”
Paulo Freire

Apoiando-se nas palavras de Paulo Freire, para combater e evitar a problemática


relativa aos resíduos sólidos, com certeza, todo esforço de gestão e tecnologias são de extrema
importância, mas isso deve estar atrelado a um processo continuado de educação ambiental
para alcançar a almejada e necessária transformação para novas práticas, valores e hábitos
com responsabilidade socioambiental e econômica.
Assim sendo, esse capítulo tem o propósito de discutir sobre o papel da educação
ambiental para evitar e enfrentar os graves problemas ambientais vivenciados pela sociedade
e, em específico, a questão dos resíduos sólidos.
Morin (2013) inicia essa discussão dizendo que, para fazer frente aos graves
problemas que ameaçam a sobrevivência do planeta e da humanidade, é preciso apostar numa
educação, acessiva a todos os cidadãos, capaz de transformar nossa concepção acerca do saber
e do pensar.
Nessa linha de reflexão, para Leff (2008, p. 97), a atual crise não é apenas ambiental
ou econômica, mas civilizatória. Assim, o autor comenta que a questão ambiental emerge
como uma crise de civilização, tendo três aspectos fundamentais:

a) os limites do crescimento e a construção de novo paradigma de


produção sustentável; b) o fracionamento do conhecimento e a
emergência de teoria de sistemas e o pensamento da complexidade; c) o
questionamento à concentração do poder do Estado e do mercado, e as
reivindicações da cidadania por democracia, equidade, justiça e
autonomia.

Nesse entendimento, como ferramenta para novos paradigmas de valores, hábitos e


comportamento, destaca-se a educação ambiental como estímulo para odesenvolvimento de
um olhar crítico necessário para a desejada busca da transformação do cidadão, como sujeito
protagonista da justiça social, do equilíbrio dos ecossistemas e da eficiência econômica.
Dias (2000),nesse foco, diz que um programa de educação ambiental eficiente deve
promover, simultaneamente, o desenvolvimento de conhecimento, de atividades e de
habilidades necessárias à preservação e melhoria da qualidade ambiental, sendo capaz de
combater à crise vivenciada pelas comunidades de todo planeta.
Leff (2008, p. 97), considerandoa importância da educação ambiental, comenta que ela
está fundamentada em dois princípios básicos, os quais devem ser observados: “1) uma nova
65

ética que orienta os valores e comportamentos para os objetivos de sustentabilidade ecológica


e a equidade social; 2) uma nova concepção do mundo como sistemas complexos, a
reconstituição do conhecimento e o diálogo de saberes”
Segundo Reigota (1994),
[...] é consenso entre a comunidade internacional que Educação Ambiental
deve estar presente em todos os espaços que dotam os cidadãos de
aprendizado – formal, não formal ou informal. Nestecontexto, a escola,
como responsável pela formação integral decidadãos tem o dever social de
desenvolver sistemas de conhecimentos, preceitos e valores que construam a
conduta e fundamentem o comportamento próprio de proteção do meio
ambiente. Na comunidade escolar a reflexão compartilhada, conjugada,
traceja e esclarece o papel de cada ator social nostrabalhos com o meio
ambiente. A escola é de longe, o ambiente ideal para se trabalhar conteúdose
metodologias adequadas a esses propósitos. Com obviedade, a escola e a
Educação Ambiental - isoladamente, não trarão soluções para a
complexidade que se revestem os problemas socioambientais do planeta,
entretanto, oconvívio escolar exerce, decididamente, influência nas
práticascognitivas, bem como na formação de um novo sujeito social:
redefinindo a relação das pessoas na conjuntura cultural/ambiental, se
traduzindo no ponto de equilíbrio, de interligação na busca do convívio
coesivo entre o homem e o meio ambiente, redimensionando o
comportamento humano em relação ao planeta – nas formas local e global.

Nessa compreensão, Reigota (2009) enfatiza que, entre a comunidade internacional, é


consenso que aEducação Ambiental deve ser incluída em todos os espaços aprendizado –
formal, não formal ou informal, locais onde os cidadãos refletem de maneira compartilhada,
conjugada, esboçando e esclarecendo o papel de cada ator social nas ações para o meio
ambiente. Dessa maneira, formando um novo sujeito social e redimensionando o
comportamento humano em relação ao planeta – nas formas local e global, no intuito de
buscar o convívio harmônico entre os homens e destes com o meio ambiente.
Capra (1996) lembra que precisamos de uma alfabetização ecológica para
entendermos os problemas ambientais e suas soluções, sendo, portanto, uma das principais
ferramentas para a sustentabilidade planetária, através da apropriação dos princípios
ecológicos.
Nessa percepção de mudança através da educação, diversos estudiosos dizem que as
orientações para a educação ambiental têm seu marco a partir da Conferência de Estocolmo,
em 1972, quando foi discutida a introdução da temática da Educação Ambiental na agenda
internacional. Esse é o caso de Reigota (1994, p. xxx), ao afirmar que “uma resolução
importante da Conferência de Estocolmo foi a de que se deve educar o cidadão para a solução
dos problemas ambientais. Podemos então considerar que aí surge o que se convencionou
chamar de Educação Ambiental”.
66

Em 1975, ocorreu em Belgrado (na então Iugoslávia) o Encontro Internacional de


Educação Ambiental, objetivando a definição dos objetivos, conteúdos e métodos, e
orientação para um Programa Internacional de Educação Ambiental. Nessa ocasião foi
formulada a Carta de Belgrado, a qual chamava atenção para as possíveis consequências do
crescimento tecnológico e econômico sem limites.Na Carta de Belgrado, foi apresentada
como meta de ação ambiental: “Melhorar todas as relações ecológicas, incluindo a relação da
humanidade com a natureza edas pessoas entre si”.
Passados cinco anos da Conferência de Estocolmo, aconteceu em Tbilisi, 1977, na
Georgia (ex-União Soviética), a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental,
através de uma parceria entre a Unesco e o então recente Programa de Meio Ambiente da
ONU - Pnuma.
O Brasil participou do encontro em Tbilisi, quando foram discutidas e consolidadas as
definições, os objetivos, os princípios e as estratégias para a Educação Ambiental que até hoje
são adotados em todo o mundo.
Na ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (Rio 92), foi elaborado pela sociedade civil planetária, no Fórum Global, o
Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global.
Esse documentotevebastante relevância por ter sido elaborado no âmbito da sociedade civil e
por reconhecer a Educação Ambiental como um processo político dinâmico, em permanente
construção, orientado por valores baseados na transformação social.
Em 1999, no Brasil, foi promulgada a Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999, que
instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA, composta por 21 Artigos. Nos
Art 1º e Art 2ºestão apresentadas as seguintes orientações:
Art. 1. Entendem-se por educação ambiental os processospor meio dos quais
o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comumdo povo, essencial à
sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Art. 2. A educação ambiental é um componente essencial e permanente da
educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os
níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal.
(BRASIL, 1999)

Diante da importância da Educação Ambiental,ela foi destaque na Lei nº 12.305/2010,


que intituiu a PNRS, no Capítulo III, dos Instrumentos.
Nesse entendimento Gouveia (2012) fala que a redução e a reutilização, seja essa
última diretamente ou através dos processos de compostagem e reciclagem, podem ser
67

incentivadas por meio de ações educativas promotoras de reflexões sobre a necessidade de


novos padrões de consumo por parte da população.
Conto (2010),focando o ensino superior, conclui que, através da educação ambiental, é
possível estimular a comunidade acadêmica para novas práticas de ambientais sustentáveis,
instigando a revisão de suas concepções e seus hábitos para uma relação mais harmoniosa e
sustentável com o meio onde está inserida.
Barciott e Saccaro Júnior (2012) complementam Conto (2010) ao focarem na temática
do consumo responsável, bem como da redução na geração e das diversas formas de
desperdício que a sociedade atual tem adotado no processo de educação ambiental.
Pedrine (1999) corrobora com essa discussão ao dizer que a Educação Ambiental,
surge como um processo de conscientização para reverter ou, pelomenos, tentar minimizar as
agressões que o homem vem infringindo, ao meio ambiente e, lembra, ainda, que a
universidade não pode ficar distante do interesse da sociedade.
Rocha, Santos e Navarro (2012) apresentam que algumas universidades já consideram
a importância da educação ambiental, seja para mudanças de práticas e atitudes com
responsabilidade socioambiental e econômica nas suas atividades, seja para a formação de
profissionais comprometidos com estas questões, sendo uma das principais questões
socioambientais e econômica a referente aos resíduos sólidos.
Nolasco, Tavares e Bendassolli (2006) comentam que, em algumas universidades,
observam-se: a iniciativa de criar modelos de gerenciamento de resíduos, acompanhando,
assim, os vários segmentos produtivos e prestadores de serviços; o desenvolvimento de
programas de educação ambiental para redução e correto gerenciamento; uso de tecnologias
apropriadas para tratamento e destino final e respeito às determinações dos órgãos de
fiscalização ambiental Federal, Estadual e Municipal.
Nesse cenário de educação para mudanças e observando os resíduos sólidos, Barciott e
Saccaro Júnior (2012) explicam que a Educação Ambiental, quando aplicada a esse tema,
precisa abarcar formas distintas de comunicação e de relacionamento com os vários atores
sociais, comunidades e população.
Chaves e Souza (2013) dizem que os reflexos de uma gestão de resíduos
desorganizada, ou inexistente, incidem diretamente de maneira negativa na saúde da
população, bem como na deterioração dos recursos naturais, como, por exemplo, o solo, o
ar,os recursos hídricos e, adicionalmente, deixam à margem um segmento da sociedade que
garante a sua sobrevivênciaatravés dos resíduos recicláveis.
68

Jacobi (2000), envolvido nesse contexto diz que a educação ambiental tem um
singular papel para o adequado gerenciamento de resíduos sólidos, considerando quea partir
dela se estimula e inicia o processo de mudança de hábitos dos indivíduos visando a não
geração, a redução, a reutilização, a reciclagem, o tratamento e o destino final adequado dos
resíduos sólidos. Entende-se que um outro aspecto importante da educação ambiental é
incentivo à tomada de consciência individual e coletiva de que o meio ambiente saudável é
necessário para a existência da vida.
69

5. FUNDAMENTOS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

“Ninguém é suficientemente perfeito que não possa aprender com o outro e ninguém é
totalmente destituído de valores que não possa ensinar algo ao seu irmão”.
São Francisco de Assis

Nesse capítulo, serão abordados os procedimentos metodológicos que subsidiaram a


pesquisa.

5.1 MÉTODOS DA PESQUISA

Apoiando-se em Deslandes e Minayo (2011),Gil (2010), Lakatos e Marconi (2007), a


pesquisa utilizou os métodos quantitativo e qualitativo. A abordagem qualitativa teve por
objetivo buscar informações referentes ao processo atual de gestão de gerenciamento dos
resíduos sólidos à luz da PNRS. Na abordagem quantitativa, foi realizado o estudo da
caracterização dos resíduos gerados para se ter conhecimento tanto da tipologia quanto do
quantitativo gerado.
Esses dados qualitativos e quantitativos poderão subsidiar uma posterior elaboração e
implementação de um sistema de gestão e de gerenciamento de resíduos sólidos nas
instituições objeto desta pesquisa.

5.2 NATUREZA E OBJETIVOS DA PESQUISA

Do ponto de vista da natureza, a pesquisa foi do tipo aplicada que, segundo Prodanov
e Freitas (2013, p. 51), “objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à
solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais”.
Quanto aos objetivos, a pesquisa foi do tipo descritiva e exploratória, uma vez que,
conforme Prodanov e Freitas (2013, p.52), a descritiva tem como objetivo “classificar,
explicar e interpretar fatos que ocorrem, sem interferência do pesquisador”, enquanto que a
exploratória, de acordo com Gil (2008, p.27), é desenvolvida “...com objetivo de proporcionar
visão geral, do tipo aproximativo, cerca de determinado fato. ... Habitualmente envolve
levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e estudo de caso”.
Para Prodanov e Freitas (2013, p. 51 e 52), a pesquisa exploratória “tem como
finalidade proporcionar mais informações sobre o assunto que vamos investigar,
70

possibilitando sua definição e seu delineamento” e, em geral, envolvem “o levantamento


bibliográfico, a entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema
pesquisado e a análise de exemplos que estimulem a compreensão”.

5.3 OS INSTRUMENTOS PARA A COLETA DOS DADOS

Os instrumentos para coletar as informações necessárias para essa pesquisa foram:


bibliográfica/documental (etapa de pesquisa exploratória); composição gravimétrica;
observação direta extensiva e entrevistas.
Salienta-se que a pesquisa bibliográfica/documental, além de ter sido o ponto de
partida, ocorreu em todo período da pesquisa.
Para Gil (2008, p.100),“a observação constitui elemento fundamental para a pesquisa
[...]. É, todavia, na fase de coleta de dados que o seu papel se torna mais evidente. A
observação é sempre utilizada nessa etapa, conjugada a outras técnicas ou utilizada de forma
exclusiva”.
Para Lakatos e Marconi (1996, p.79), a observação ajuda a “identificar e obter provas
a respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam
seu comportamento”, e, portanto, é geralmente utilizada em estudo exploratório.
A observação é um instrumento de coleta de dados quando se almeja conseguir
informações sob determinados aspectos da realidade, ficando, assim, mais próximo desta.
Para Lakatos e Marconi (1996 p.79), ela ajuda o pesquisador a “[...] identificar e obter provas
a respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam
seu comportamento”.
De acordo com Gil, a observação permite que os fatos sejam percebidos diretamente
sem quaisquer intermediações e esta autonomia constitui-se como a principal vantagem da
observação em relação às demais técnicas de pesquisa, pois “desse modo a subjetividade, que
permeia todo o processo de investigação social, tende a ser reduzida” (GIL, 2008. P. 101)
Outro procedimento metodológico adotado por essa pesquisa diz respeito à “entrevista
despadronizada ou não-estruturada” que, conforme Lakatos e Marconi (2003, p.197) é onde

o entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer


direção que considere adequada. É uma forma de poder explorar mais
amplamente uma questão. Em geral, as perguntas são abertas e podem ser
respondidas dentro de uma conversação informal.
71

Diante do exposto, em fevereiro de 2015, antes de iniciar a coleta de dados, ocorreu


uma reunião com as diretorias das faculdades objetivando apresentar a proposta da pesquisa,
resultando no apoio das instituições.
Após a reunião, iniciou-se a coleta de dados que seguiu as seguintes etapas:
A) A observação in loco;
As observações ocorreram desde agosto de 2014 quando a pesquisadora iniciou as
aulas no mestrado. Assim, em agosto e setembro de 2014, a pesquisadora fez três visitas em
cada instituição, as quais foram denominadas “silenciosas” por serem realizadas sem qualquer
identificação enquanto pesquisadora e acontecerem nos espaços de acesso livre, visando o
primeiro reconhecimento do espaço objeto de estudo.
Vale destacar que o espaço da FCAP já era de conhecimento da pesquisadora, porém
este foi, a partir de então, revisitado com o olhar de investigação. Através dessas visitas, a
pesquisadora delineou os novos passos de observações, sobretudo, uma média temporal para
realizá-las.
Novas observações ocorreram de fevereiro de 2015 a abril de 2015, com dezesseis
visitas a cada instituição, nos três turnos, sendo a duração média de três horas em cada visita.
Em julho de 2015, foram realizadas quatro visitas, no período da manhã e tarde.
No segundo semestre de 2015, a pesquisadora retornou as observações em setembro,
fazendo três visitas a cada instituição no intuito de observar se ocorreu alguma mudança nos
aspectos investigados.
Em abril de 2016, foram realizadas duas visitas em cada instituição, focando nos
laboratórios e para observar o sistema de coleta de coleta e acondicionamento dos resíduos.
As observações foram realizadas com base nos seguintes critérios:
1. O tipo, a distribuição e o estado dos equipamentos de coleta;
2. Observar o manejo dos resíduos sólidos;
3. A presença X ausência e a clareza de informação nos equipamentos, quanto ao tipo
de resíduos a serem neles depositado;
4. O acondicionamento dos resíduos em salas de aula e pátio;
5. Os locais existentes para colocar os resíduos para posteriormente serem recolhido;
6. A existência de informação referente ao tema resíduos sólidos em ambiente de
acesso comum, em salas de aula, laboratórios e setores administrativos.
72

B) A composição gravimétrica:
As atividades de composição gravimétrica foram realizadas nas duas faculdades no
mesmo período. Antes ocorreram reuniões com o pessoal de serviços gerais para orientar com
relação aos cuidados pessoais no contato com os resíduos e a necessidade do uso de
equipamentos de proteção individual – EPI, como luva, bota ou sapato fechado e mascara.
Na Poli foram realizadas duas reuniões: uma com a gerente administrativa
operacional e o gerente da seção de serviços gerais e, a segunda, com o pessoal de serviços
gerais, cuja pauta foi para orientar quanto à coleta e ao acondicionamento dos resíduos que
seriam encaminhados para o estudo e para explicar o que é composição gravimétrica e como
realizá-la. Nessa ocasião, ficou definido o dia para se fazer o estudo, bem como as duas
pessoas que participariam do mesmo e o local definido foi próximo ao deposito visando
facilitar e agilizar o estudo.
Na FCAP o pessoal de serviços gerais já conhecia a prática da composição
gravimétrica, pois já tinham feito com a pesquisadora em outra ocasião. Diante disto, foi
comunicado e solicitado ao gerente administrativo o pessoal para participar do estudo.
A aluna de graduação da FCAP/UPE, bolsista da FACEPE no projeto “Análise das
Ações da Agenda Ambiental da FCAP-UPE com base nos eixos temáticos da A3P (Agenda
Ambiental da Administração Pública)”, desenvolvido no Núcleo de Gestão Ambiental - NGA
da FCAP/UPE, sob orientação do Professor que coordenava este núcleo, participou destas
reuniões, do processo de composição gravimétrica, tanto no planejamento e realização da
composição quanto em outros momentos de trabalho de campo até a conclusão de seu curso
em dezembro de 2015. O estudo de composição contou, também, com mais uma aluna de
graduação da FCAP/UPE, voluntária do NGA.
Participaram, ainda, do estudo da composição, os alunos de graduação e de pós-
graduação sob orientação da Professora que Coordena o Grupo de Pesquisa em
Desenvolvimento Sustentável e Seguro – DESS, da POLI.
Assim, no intuito de conhecer a geração no período de atividade das aulas e no
recesso, foram feitos dois estudos em cada instituição, nos meses abril e julho de 2015.
Os materiais utilizados para o desenvolvimento do estudo da composição gravimétrica
foram: equipamentos de segurança (luva e máscara); balança com capacidade de 20 e 100 kg;
baldes plásticos com capacidade de 100 l; lona plástica (4X4m) ; sacos plásticos; pá e
vassoura e calculadora. .
Etapas sequenciais da composição gravimétrica:
73

1. Pesagem do balde e das amostras (sacos) de resíduos, coletados pelo pessoal de


serviços gerais nas suas atividades rotineiras com a participação dos alunos e
do pessoal de serviço geral;
2. Abertura dos sacos sobre a lona de maneira aleatória. Os materiais coletados
nos banheiros não foram inseridos no estudo;
3. Revolvimento do material, buscando a homogeneização da massa de resíduo;
4. Separação dos resíduos por categoria, quais sejam: materiais recicláveis
(plásticos, papéis, metal ferroso e não ferroso e vidro), restos de alimentos,
aparas de árvores e jardim e outros não passíveis de reciclagem, como filtro de
café, clipes, papel carbono, madeira etc. Nessa etapa, os alunos foram
organizados em duplas para fazer a segregação, um ficou na balança e outro
anotando a pesagem;
5. Pesagem dos sacos provenientes da separação. Os materiais foram colocados
no balde e seus valores registrados tendo o cuidado de sempre subtrair a tara do
balde.
6. Pesagem do balde e das amostras (sacos) de resíduos, coletados pelo pessoal de
serviços gerais nas suas atividades rotineiras com a participação dos alunos e
do pessoal de serviço geral.
O planejamento do processo da caracterização teve como base de estudos diversas
fontes para escolha da metodologia, sendo a adotada aquela exposta no Manual de
Gerenciamento Integrado do IPT/CEMPRE (2000), haja vista atender ao propósito desta
pesquisa e ser de simples aplicação.
Esta escolha também se apoiou em Silveira (2004), por considerar “... que no caso em
que a quantidade de lixo é inferior a 1,5 ton, é recomendado que não se faça por quarteamento
e, sim com todo material coletado.”
A recomendação de Silveira se adequou à realidade encontrada nas duas faculdades,
onde o espaço definido para acondicionamento não tem capacidade para acumular mais de
três dias de resíduos, de maneira que o peso do material é inferior a 1,5 ton. A definição do
percentual de cada componente foi realizada através da fórmula:

massa da fração da categoria (kg)


Categoria (%): ================================== X 100
massa total do material coletado (Kg)
74

C) As entrevistas semiestruturadas.
As entrevistas foram realizadas com trinta pessoas da POLI e quinze da FCAP. No
período de março a abril de 2016. A seguir será apresentado o quantitativo de pessoal
entrevistado, por unidade, através dos quadros 6 e 7:

Quadro 5 – Quantitativo de entrevistados na POLI


SETOR QUANTITATIVO
Administrativo (gerente administrativo, gerente da seção de 03
serviços gerais, gerente da seção de patrimônio)
Laboratórios e Projeto Baja POLI (professores, bolsistas e 11
estagiários)
Serviços gerais (todo o pessoal envolvido com a operação de 13
limpeza e coleta de resíduos, sendo treze terceirizados e um
servidor da POLI)
Cantina 01
Copiadoras 02
Fonte: Elaborado pela autora (2016)

Quadro 6 – Quantidade de entrevistados na FCAP


SETOR QUANTITATIVO
Administrativo (gerente administrativo, gerente da seção de 02
patrimônio)
Serviços gerais (pessoal de limpeza e coleta de resíduos) 11
Cantina 01
Copiadoras 01
Fonte: Elaborado pela autora (2016)

As entrevistas seguiram o roteiro abaixo:


- Verificar conhecimento da Lei 12.305/2010 e outras legislações e normatizações
relativas à temática dos resíduos sólidos;
- Conhecer os resíduos gerados nos laboratório e seu tratamento e destino;
- Obter informações referentes aos procedimentos operacionais da coleta;
75

- Obter informações sobre o procedimento realizado com os resíduos tombado e com


outros não coletados pela EMLURB, por exemplo resíduos de demolição e
construção civil, equipamentos eletrônicos, lâmpadas;
- Identificar as dificuldades no gerenciamento dos resíduos;
-Obter informações de iniciativas referentes a práticas para redução, correto
tratamento e destino dos resíduos sólidos.

5.4 AS CATEGORIAS DE ANÁLISE

Foram adotadas as seguintes categorias de análise como base da pesquisa: gestão e


gerenciamento de resíduos sólidos, composição gravimétrica e educação ambiental como
ferramenta de transformação. Os dados empíricos resultantes dessas categorias foram
analisados mediante a Lei nº 12.305/2010, regulamentada pelo Decreto nº 7.404/2010, que
instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

5.5 O LOCUS DA PESQUISA

O locus da pesquisa foram as duas unidades da Universidade de Pernambuco (UPE),


que compõem o Campus Benfica, sendo elas a Faculdade de Ciências da Administração da
Universidade de Pernambuco (FCAP) e a Escola Politécnica de Pernambuco (POLI), no
bairro da Madalena, Recife – PE.
A Universidade de Pernambuco é uma instituição pública de ensino superior presente
em todas as regiões do Estado, a qual teve suas origens na Fundação de Ensino Superior de
Pernambuco, antiga FESP, criada pelo Estado como fundação pública de direito privado, em
25 de novembro de 1965.
Hoje, a UPE, em seu complexo multicampi, sendo formada por 15 unidades de ensino
e três grandes hospitais, distribuídos no Recife e Região Metropolitana, em Nazaré da Mata,
Caruaru, Garanhuns, Arcoverde, Salgueiro, Petrolina, Serra Talhada e Palmares (UPE, 2016).
Portanto, a escolha do Campus Benfica teve como critério ser composto pela Escola
Politécnica de Pernambuco – POLI que, criada em 1912, é uma das 10 mais antigas escolas de
engenharia do país e oferece cursos de graduações de referência (Engenharia Civil;
Engenharia da Computação; Engenharia Elétrica, Modalidades: Eletrônica, Telecomunicações
e Eletrotécnica, Automação e Controle e Engenharia Mecânica Industrial), bem como os de
lato sensu (também conhecidos como "cursos de especialização" e "máster of business
76

administration – MBA”) e de stricto sensu (mestrado), possuindo, assim, laboratórios de


pesquisas geradores de resíduos de classes variadas, os quais necessitam de um gerenciamento
apropriado, em conformidade com as leis vigentes.
A Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco, por sua vez, foi
selecionada por se tratar de uma faculdade de formação de gestores, os quais necessitam de
capacitação para atender ao mercado cada vez mais globalizado, competitivo e interessado no
controle dos impactos ambientais, buscando uma maior eficiência nos processos
administrativos.
A UPE ampliou a oferta de cursos na FCAP, disponibilizando, assim, além do curso
de Administração, o curso superior sequencial de Formação Específica em Gestão Imobiliária
e o de Graduação em Direto. Além disso, no seu espaço, está inserida a Escola de Aplicação
do Recife, com cursos de ensino Fundamental e Médio.
Outrossim, a instituição publica a Revista de Ciências da Administração, a qual tem
por objetivo principal a disseminação do conhecimento na área da administração e ciências
afins. No espaço da FCAP está o Mestrado em Desenvolvimento Local Sustentável.
A POLI está localizada na rua Benfica, 455 e a FCAP na Av. Sport Clube do Recife
(conhecida como Av. Abdias de Carvalho), no bairro da Madalena. Conforme mostra a
Figura 11 são próximas, praticamente vizinhas. Formando o Campus Benfica.

Figura 11 – Localização POLI e FCAP

Fonte: Google (2015)


77

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A etapa seguinte à coleta de dados foi a de análise e interpretação dos resultados.


Segundo apresenta Gil (2008), por meio da análise, os dados são organizados e os resultados
são sistematizados de maneira a contribuir para atingir os objetivos da pesquisa e a
interpretação tem o intento de fazer uma relação das respostas obtidas com conhecimentos
anteriormente alcançados. Dessa maneira, os dois processos, apesar de serem conceitualmente
distintos, guardam entre si uma relação estreita.
Nesse capítulo serão apresentados os resultados e a análise da coleta de dados
realizada através da metodologia definida no capítulo 5 deste estudo.

a) Observação in loco
Nas observações, foi possível verificar que ambas as Faculdades guardam questões
próximas, sobretudo no operacional. Desta maneira, a seguir será apresentado o Quadro 5,
resultado das observações na POLI e na FCAP, que iniciará nesta páginas e continuará nas
seguintes ( 78,79 e 80).
Quadro 7 – Observação in loco referente ao sistema de gerenciamento na POLI e na FCAP.
CRITÉRIOS: POLI FCAP
OBSERVAÇÃO
1.Tipo de coletores* 1. Variados: No pátio têm dois Variados: No pátio têm dois
2. Distribuição dos jogos de coletores para coleta jogos de coletores para coleta
coletores plástico, metal, vidro e papel; plástico, metal, vidro e papel e
3. Estado dos um jogo de dois coletores; um ECOPONTO (equipamento
coletores coletores individuais de plástico da Emlurb para acondicionar
e de metal; nos corredores recicláveis) e uma caçamba em
* coletores são os coletores de alumínio local coberto para acondicionar
equipamentos para identificado para papel, porém é os recicláveis coletados pelo
acondicionar os utilizado para todo tipologia de pessoal de serviço gerias; nas
resíduos sólidos resíduos; nas salas de aula e salas de aula coletores para
setores administrativos apenas recicláveis, não recicláveis e um
um coletor; na cantina um único para apenas papéis; nos
coletor para resíduos gerais no corredores apenas um tipo de
salão e um na cozinha e nas para todos os resíduos, na
copiadoras um único coletor. cantina existe um único coletor
78

Quadro 7 ( cont.)
CRITÉRIOS: POLI FCAP
OBSERVAÇÃO
CONT.. 2. Aparentemente aleatória/ falta para resíduos gerais no salão e
de coletores. um na cozinha e na copiadora
3. Limpos e a maioria em bom dois coletores para papel e
estado de uso. plástico.
*coletores do pátio com tampa 2. Distribuição com
aberta e com saco plástico. planejamento (nas salas de aulas
. * caçamba estacionária e e setores administrativos)
contêiner no pátio. 3. Limpos; maioria em bom
estado de uso.
*coletores nos locais coberto uns
com saco plástico outros não.
* a coleta de óleo comestível
uma parceria com a empresa
Asa-Indústria e Comércio Ltda.
4. Manejo dos Os resíduos sólidos das salas de Nas salas de aula existem
resíduos sólidos nas aula, setores administrativos, do coletores para papel, não
salas de aula, nos pátio são coletados em sacos e recicláveis e outros recicláveis
setores acondicionam em um deposito* (plástico, metal e vidro). Nos e
administrativos, no para posterior coleta pela setores administrativos têm
pátio, nos Emlurb. coletores para materiais
laboratórios, nas Policonsult - Associação recicláveis e não recicláveis.
copiadoras, nas Politécnica de Consultoria, Assim, nestes locais os materiais
cantinas e Banco responsável pela limpeza do seu são coletados em dois sacos,
espaço. Coleta os materiais em sendo um para recicláveis e
sacos plásticos e leva para o outro para não recicláveis.
deposito da POLI. Os não recicláveis são
* Deposito: No pátio da encaminhados para o deposito
faculdade existe um espaço que também tem uma porta para
revestido de azulejo para colocar a calçada.
os resíduos. Porta abre para a
79

Quadro 7 ( cont.)
CRITÉRIOS: POLI FCAP
OBSERVAÇÃO
CONT. calçada, visando facilitar a em espaço coberto, para
coleta realizada pela Emlurb. posterior encaminhamento
Nos laboratórios de para cooperativas de
Mecânica dos Solos, catadores através da Emlurb.
Materiais de Construção e ADM & TEC - Instituto de
Avançado de Construção Administração. e Tecnologia
Civil, os resíduos derivados é responsável pela limpeza
das pesquisas do tipo RCD ( do seu espaço. Coleta os
resíduos de construção e materiais não recicláveis em
demolição) são separados sacos plásticos e leva para o
dos demais como papel, deposito da FCAP. Os
plástico, por exemplo. Os recicláveis são levados para o
RCD são encaminhados para ECOPONTO.
local determinado no pátio da A copiadora, a cantina e o
POLI, não coberto, para Banco levam os seus
posterior destino. resíduos não recicláveis para
Os RCD gerados na o deposito e o reciclável para
faculdade têm o mesmo o contêiner.
manejo dos gerados nos Os resíduos de tipologia
laboratórios. RCD são acondicionados no
No Laboratório de Energia e pátio da faculdade.
Combustível – POLICOM,
os resíduos não perigosos são
coletados e levados para o
deposito. Os perigosos são
acondicionados de maneira
apropriada com as normas
existentes e posteriormente
destinados por empresas
80

Quadro 7 ( cont.)
CRITÉRIOS: POLI FCAP
OBSERVAÇÃO
CONT. habilitadas para o destino
final correto.
As copiadoras e a cantina
elas próprias levam os seus
resíduos para o deposito
existente na faculdade.
5. Presença X ausência de Ausência na grande maioria, Nas salas de aula, setores
informação nos apenas os coletores de administrativos e copiadora
equipamentos, quanto ao tipo alumínio, comprados já com os coletores são adesivados
de resíduos a serem neles a identificação de “papel”, com o tipo de material a ser
depositado. porém são utilizados para colocados, tais como
coleta de materiais de toda recicláveis, não recicláveis.
tipologia. Nas salas mais um para
papel.
8. A existência de Não há. Apenas nos coletores de sala
informação: tema RS em de aula e setores
ambiente de acesso comum, administrativos há
em salas de aula, laboratórios informação de recicláveis e
e setores administrativos. não recicláveis.

Diante do Quadro 7 pode-se dizer que as duas faculdades apresentam, nos oitos itens
observados, pontos comuns. Diferenciando-se em pontos como a existência de coletores para
recicláveis e nas copiadoras, por exemplo.

B) Composição Gravimétrica
Conforme mencionado anteriormente, composição gravimétrica é a determinação do
percentual de cada material existente no peso total de resíduos estudado (PEREIRA NETO,
2007).
Este estudo teve o objetivo de apresentar o percentual de cada componente de
materiais no peso de resíduos estudados, que será melhor discutido no processo de
81

investigação do cenário atual do gerenciamento de resíduos, sob a luz da Lei nº 12.305/2010,


objeto deste trabalho.
Diante do exposto, a seguir será apresentado o resultado em percentual dos materiais
contidos nos resíduos analisados. Para tal, foram realizados quatro estudos de composição,
duas em cada faculdade, no período de aula e no de recesso.
Os estudos, também, foram registrados com fotos que serão apresentadas nas Figuras
12, 13, 14, 15, 16, 17, 18 e 19.

Figura 12 - Depósito de resíduos da POLI e FCAP

Fonte: Produzido pela autora (2016)

Figura 13 - Resíduos para composição gravimétrica (POLI)

Fonte: Produzido pela autora (2016)


82

Figura 14 - Pesagem POLI

Fonte: Produzido pela autora (2016)

Figura 15 - Sacos sendo abertos( POLI)

Fonte: Produzido pela autora (2016)

Figura 16 - Resíduos misturados (POLI)

Fonte: Produzido pela autora (2016)


83

Figura 17 - Material orgânico misturado com o inorgânico ( FCAP)

Fonte: Produzido pela autora (2016)

Figura 18 - Plastico triados na fonte geradora (FCAP)

Fonte: Produzido pela autora (2016)

Figura 19 - Registro dos materiais após a triagem

BALANÇA

Fonte: Produzido pela autora (2016)


84

Figura 20 – Resultados do estudo em percentual composição gravimétrica em


abril/2015 (POLI)

Fonte:Autora e DESS (2016)

O item “outros”, o qual foi constituído por material orgânico e demais não recicláveis ou
recicláveis que, ainda não têm possibilidade de serem reciclados no Estado de Pernambuco.
Assim sendo, na categoria de outros foram encontrados: embalagem de alumínio, saco de
biscoito, filtro de café, tetra pack, canudinho, madeira, saco de pipoca, etc.

Figura 21 - Resultados do estudo em percentual composição gravimétrica em


abril/2015 (FCAP)

Fonte: Autora e DESS (2016)


85

Figura 22 - Resultados do estudo em percentual composição gravimétrica em


julho/2015 (POLI)

Fonte: Autora e DESS (2016)

Figura 23 - Resultados do estudo em percentual composição gravimétrica em


julho/2015 ( FCAP)

Composição Gravimétrica- Julho


/ 2015

29% 25%
Outros
3% Metal
Papel
43%
Plástico

Fonte: Autora e DESS (2016)

Vale destacar que nas figuras 22 e 23, observou-se também a presença do item
“outros”, o qual pode ser denominado de rejeito conforme foi apresentado na Figura 21.
A primeira observação a ser feita diz respeito ao percentual de “outros”, o qual foi
bastante expressivo na POLI. Diante deste resultado, vale comentar que o percentual de
material orgânico apresenta-se em maior escala em diversos documentos e estudos, como
exemplo, no Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS 2011). No Brasil, a geração anual de
resíduos foi de 188.815 toneladas, sendo que, desse montante, 94.335,10 toneladas são de
origem orgânica, os quais correspondem a 51,2% (PNRS 2011). Logo, o da POLI aproxima-
86

se deste percentual. Estudos demonstram que, nos locais em que se tem coleta seletiva, este
percentual é menor. Talvez seja este o motivo deste percentual ser tão elevado no Brasil, haja
vista os dados do Centro de Compromisso para a Reciclagem – CEMPRE (2016) terem
revelado que, no país, apenas 18% dos Municípios Brasileiros, ou seja, 1.055, fazem coleta
seletiva.
A coleta seletiva garante que não ocorra a mistura dos materiais orgânicos com os
inorgânicos, logo, não há perda de material, sobretudo, papel, que já foi o carro chefe no
quesito geração em instituição de ensino, hoje, perdendo para o plástico.
Quanto ao peso total dos materiais, em abril, na FCAP, foi de 27Kg, em dois dias de
coleta, já na POLI, 19Kg. Este valor menor na POLI, pode ser creditado à acessibilidade ao
local, que só ocorre quando o setor está aberto, como é o caso dos laboratórios. Em julho, este
valor, na FCAP, reduziu para 25Kg e da POLI para 15Kg.
Também há de se considerar que, na POLI, existe a prática de contratar a caçamba
estacionária para coleta de material da tipologia RCD. Assim sendo, é definido um local para
acondicionar os resíduos destinados dos laboratórios que trabalham com esse tipo de material.
Diante desse fato, pelo que foi observado, materiais de outras tipologias também são
acondicionados no mesmo espaço. Talvez seja essa a razão da redução desse volume em
comparação com o gerado na FCAP.
Também, outro ponto que deve ser percebido é que nas Faculdades existe volume
expressivo de resíduos, mas não peso, haja vista que o maior quantitativo de materiais é de
copos plástica, sacos de pipoca, sacos de biscoito e papel.
A geração de resíduos orgânicos das cantinas é bastante reduzida, pois os donos destes
estabelecimentos têm o cuidado em produzir um quantitativo suficiente para atender à
demanda dos clientes. Outro ponto que justifica esta redução é que o cliente paga por quilo,
na FCAP. Já na Poli estes têm o direito de se servir à vontade, mas caso deixe comida no
prato paga um valor de três reais.
Outro aspecto a ser discutido é o aumento de percentual nas duas Faculdades em julho.
A razão é que, no período de férias, as secretarias de graduação, pós-graduação e outros
setores fazem suas arrumações e descarte e, nestes locais, o maior percentual de resíduos é de
papel.
Quanto ao percentual mais expressivo de metal, na POLI, foi a presença de latas de
tinta.
Era de se esperar a não existência de vidro, pois estas instituições não têm a prática de
trabalhar com este material, porém, o vidro foi observado no POLICOM, mas neste
87

laboratório, após higienizar seus resíduos de vidro, são levados para local que recebem estes
materiais, como é o caso do ECOPONTOS da Prefeitura do Recife.
A FCAP gera materiais de categoria “outros” numa escala menor e esta realidade tem
uma relação direta com segregação na origem, pois ela garante que materiais como papel
continuem com suas características, quando não se misturam com os orgânicos, por exemplo.
A existência de coletores separados para resíduos orgânicos e não orgânicos (os conhecidos
recicláveis) também garante o seu maior aproveitamento.
É importante dizer que todos os materiais recicláveis gerados na FCAP ou trazidos
pela sua comunidade ou população do entorno são encaminhados ao projeto social
desenvolvido pela EMLURB que apoia a formação de cooperativas de catadores.
A composição gravimétrica, um dos estudos da caracterização de resíduos, é a base
para o planejamento de um projeto de gerenciamento de deste material, pois seus resultados,
além de apresentar os dados quantitativos de geração de resíduos, também, são uma
importante ferramenta para os estudos de comportamento quanto ao consumo e o descarte de
materiais. Vale dizer que, na ocasião de construção de um plano de gerenciamento, o estudo
deve ser feito para se ter a realidade do quantitativo e tipologia de resíduos.
Por fim, como fechamento deste item, apoiando-se em Dias (2000) a Educação
Ambiental é um importante instrumento para o envolvimento ativo da comunidade, para
mudanças de hábitos, mudança de valores e comportamentos, especialmente em projetos
relacionados à coleta seletiva.
c) Entrevistas
As entrevistas tiveram o intuito de completar as informações obtidas nas reuniões, na
observação e na composição gravimétrica.
As perguntas das entrevistas foram formuladas de acordo com a necessidade da pesquisa e
adequadas ao contexto dos entrevistados. Os resultados obtidos com a entrevista estão
apresentados no Quadro 8 que iniciará nesta página e será continuado nas páginas seguintes (
88,89,90,91 e 92).
Quadro 8 – Resultado das entrevistas na POLI e na FCAP
CRITÉRIOS: POLI FCAP
OBSERVAÇÃO
1.Verificar Mais de 70% disseram não Mais de 50% disseram não
conhecimento da Lei conhecer a Lei, mas já ter conhecer a Lei, mas já ter escutado
12.305/2010 escutado sobre ela. sobre ela.
88

CRITÉRIOS: POLI FCAP


OBSERVAÇÃO

2. Conhecer os - O POLICOM – Laboratório de


resíduos gerados nos Energia e Combustível faz todo
laboratório e seu o processo definido nas
tratamento e legislações e normatizações,
disposição final. desde manipulação dos
materiais, o acondicionamento, o
tratamento até o descarte, com
empresa licenciada por órgão
ambiental. Este Laboratório gera
resíduos de varias tipologias (a
depender da pesquisa
desenvolvida) e,
consequentemente, possui
variações na escala de risco à
saúde pública e ao meio
ambiente, porém, foi dito pelo
bolsista que nos recebeu e
observado pela pesquisadora,
que eles têm todo o cuidado com
o acondicionamento dos
resíduos derivados das
pesquisas.
- O laboratório de Química,
extensão da sala de aula, com
estudos sobre os princípios
básicos de química, também
informou trabalhar com
materiais bastante diluídos
89

Quadro 8 (cont)
CRITÉRIOS: POLI FCAP
OBSERVAÇÃO

CONT. evitando, assim, risco aos


alunos e ao meio ambiente
- No laboratório de
Robótica, são geradas
pequenas quantidades de
resíduos não perigosos, como
o cavaco de alumínio e de
naylon, que são dispostos nas
lixeiras. Também, geram-se
resíduos como as baterias,
porém, em larga escala de
tempo e estas são guardadas
para outro tipo de destino.
Foi dito que, em 2015, na
faculdade houve uma
campanha para recolher
resíduos desta tipologia,
ocasião que encaminharam
as baterias existentes.
- Laboratório de Eletrônica,
ao gerar resíduos de tamanho
mediano como os
disjuntores, placas, segundo
informaram procuram a
administração da POLI para
descartar. Estes não são
gerados com frequência.
Mas os capacitores, por
serem de pequeno tamanho e
pouca quantidade, jogam no
90

Quadro 8 (cont)
CRITÉRIOS: POLI FCAP
OBSERVAÇÃO
lixeiro existente na sala. -
Laboratório de Mecânica dos
Solos, Laboratório de Materiais
de Construção e o Laboratório
Avançado de Construção Civil
geram resíduos da Categoria
RCD e outros como papel,
plástico etc. Os RCD conforme
foi informado pela Gerencia de
Patrimônio são encaminhados
para o pátio da POLI e quando
atinge um volume que complete
uma caçamba estacionária é
contratada uma empresa
licenciada pelo órgão ambiental
para o destino final. Porém, o
local de encaminhamento não é
conhecido nem pelo gerador
nem pela administração da
POLI.
- Nos Laboratórios de
Informática não geram resíduos
eletrônicos com frequência.
Assim, quando ocorre a geração
é procurada a administração da
faculdade para o destino.
- No Projeto Baja, o problema
diz respeito ao descarte dos
pneus, quando necessário. Já
quanto ao óleo diesel, o
POLICOM doou um galão
91

Quadro 8 (cont)
CRITÉRIOS: POLI FCAP
OBSERVAÇÃO
CONT. para seu armazenamento e
posterior entrega ao laboratório.

3. Resíduos de demolição e RCD: contrata-se empresa RCD: contrata-se empresa


construção civil RCD, licenciada para coletar estes licenciada para coletar estes
equipamentos eletrônicos, materiais. Porém, não se tem materiais. Porém, não se tem
conhecimento do destino destes. conhecimento do destino destes.
lâmpadas.
Não sabem o que fazer com Não sabem o que fazer com
lâmpadas e eletroeletrônicos. lâmpadas e eletroeletrônicos.
Os resíduos tombados têm Os resíduos tombados têm
destinos especiais sob destinos especiais sob
orientação da Secretaria de orientação da Secretaria de
Administração de Pernambuco. Administração de Pernambuco.
4. Resíduos sólidos das -A cantina informou que gera A cantina informou que gera
cantinas e copiadoras. pouco resíduos orgânicos. Todo pouco resíduos orgânicos. Todo
resíduos colocam no deposito resíduos colocam no deposito
da faculdade. da faculdade. Apesar de
Geram material como resto de interesse não participam da
comida e casca de verduras, coleta seletiva.
latas de alumínio e plásticos. Geram material como resto de
- As duas copiadoras levam comida e casca de verduras,
seus resíduos, maior quantidade latas de alumínio e plásticos.
é de papel, para o deposito da - A copiadora participa da
faculdade. Também, geram coleta seletiva* existente na
embalagem de tonner, que FCAP, desde 2000.
deveria ter um tratamento Os materiais recicláveis,
especial, mas, talvez, por maior volume é papel, são
desinformação jogam no lixo encaminhados através da
comum. Emlurb para cooperativas de
catadores através da Emlurb.
Esta desenvolve projeto de
coleta seletiva
92

Quadro 8 (cont)
CRITÉRIOS: POLI FCAP
OBSERVAÇÃO
5. Procedimentos A coleta é realizada pelo A coleta é realizada pelo
operacionais da coleta de pessoal de serviços gerais. Nas pessoal de serviços gerais. Nas
resíduos sólidos e salas de aula logo no inicio da salas de aula logo no inicio da
manha. Nos setores manha e após o turno da tarde (
dificuldades para realização
administrativos e realiza no Bloco B). Nos setores
da coleta.
período da manhã. administrativos e realiza no
No banheiro realiza em dois período da manhã.
turnos: manhã e tarde. No banheiro realiza em dois
Nos laboratórios existem turnos: manhã e tarde. Quando
coletores para resíduos não preciso à noite.
perigosos (papel, plástico, Os resíduos do pátio são
vidro, alumínio etc). A coleta é coletados pela manha e
realizada quando os laboratórios encaminhados para o deposito,
estão abertos. tanto os materiais dos coletores
Os resíduos do pátio são quanto os da varrição.
coletados pela manha e De acordo com o pessoal de
encaminhados para o deposito, serviços gerais, a dificuldade
tanto os materiais dos coletores que encontram na atividade de
quanto os da varrição. coleta diz respeito ao material
De a acordo com o pessoal de descartado no chão das salas e
serviços gerais, a dificuldade no pátio. Também, perdem
que encontram na atividade de tempo ao separar os recicláveis
coleta diz respeito ao material colocados no deposito de não
descartado no chão das salas e recicláveis. No banheiro papel
no pátio. No banheiro papel no no chão.
chão.
6.Iniciativas referentes a Não há. Porém, foi identificado Iniciou um processo de
práticas para redução, correto que no Grupo de Pesquisa de educação ambiental na ocasião
tratamento e destino dos Desenvolvimento Seguro e da implementação da coleta
Sustentável – DESS existem seletiva de recicláveis em 2000.
resíduos sólidos.
iniciativas para implantação da
coleta seletiva de recicláveis.
93

Diante do que foi apresentado nas entrevistas a grande maioria dos laboratórios não
gera resíduos classificados com perigosos. Os laboratórios que declararam gerar resíduos
desta Classe disseram buscar atender às legislações tanto promovendo o correto tratamento,
acondicionamento e encaminhamento quanto solicitando o apoio da faculdade para o destino
adequado, quando estes se sentem impossibilitados.
Outro ponto de destaque observado é que os laboratórios na busca de solucionar suas
questões referentes aos resíduos gerados, fazem de maneira isoladas. Salvo o Laboratório de
Energia e Combustível e o Projeto Banja que dialogam quanto ao descarte do óleo diesel.
Na ocasião das visitas aos setores observou-se que a Pós-Graduação faz a separação dos
recicláveis por iniciativa de um professor que dava o destino aos recicláveis, com adesão da equipe do
setor. Os materiais eram encaminhados para uma cooperativa, porém hoje não está podendo receber.
Assim, a pesquisadora orientou que levasse para a FCAP, nas quintas-feira, dia da coleta dos
recicláveis pela Emlurb.
Um aspecto comum entre as faculdades no manejo dos resíduos sólidos e a dificuldade
vivenciada pelo pessoal de serviços gerais na limpeza das salas de aula, pois encontram resíduos no
chão, tais como: garrafas plásticas, sacos de pipoca e biscoito e papéis. Também, a mistura nos
coletores dos resíduos recicláveis e não recicláveis que atrapalha no tempo da atividade de limpeza e
coleta de resíduos nas salas de aula da FCAP, visto que eles separam estes materiais.
Durante a entrevista com a gerente de patrimônio das duas faculdades ficou-se sabendo que os
resíduos tombados quando não tem mais serventia são descaracterizados e sob a orientação da
Secretaria de Administração do Estado de Pernambuco é dado o correto destino.
Concluindo este item é importante reforçar que as duas instituições do Campus
Benfica muito têm em comum quanto ao gerenciamento destes materiais. Logo, conjugar
esforços será de grande valia para a prática do Art. 9º da Lei Nº 12.305/2010.
94

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Foi a primeira vez que foi feito um estudo deste porte no Campus Benfica buscando
conhecer o sistema de gerenciamento dos resíduos sólidos, visando analisar a consonância
deste com a PNRS. Também, conhecer a tipologia e os percentuais dos resíduos gerados,
através do estudo da composição gravimétrica para subsidiar as recomendações necessárias
para a aplicação da Lei nº 12.305/2010.
A composição gravimétrica apresentou uma expressiva geração de materiais com
potencialidade de reciclagem. No período de aulas do total de resíduos gerados na Poli 26%
de plástico e na FCAP 34%. Quanto ao papel o percentual gerado na Poli foi de 19% e na
FCAP de 27% em período de aula e no recesso na Poli elevou para 37% e na FCAP para
43%.
Quanto ao plástico, observa-se um percentual maior que o papel, haja vista o grande
consumo deste material em locais de grande circulação pela sua praticidade. Também,
observou-se que, no período de recesso, o percentual de papel aumentou, pois, nestes
momentos, ocorre a prática de descarte destes materiais nas secretarias de graduação, pós-
graduação e biblioteca, por exemplo.
Os percentuais de materiais recicláveis são maiores na FCAP. Este resultado tem uma
relação direta com a segregação feita na origem da geração por estímulo da coleta seletiva
existente nesta faculdade.
Vale ressaltar que na FCAP desde 2000 foi implantado um projeto de coleta seletiva
de materiais recicláveis, através de seu Núcleo de Gestão Ambiental - NGA, que vem sendo
realizada daquela data até o momento presente sem interrupção. Também, uma das atividades
deste núcleo foi a elaboração de uma Agenda Ambiental (CAVALCANTI et al, 2008),
revisada em 2012 que dentre os vários produtos destaca-se o Manual de Boas Práticas
Ambientais.
É importante destacar que com a coleta seletiva, os materiais, sobretudo, o papel, não
terá contato com os materiais orgânicos (molhados), tendo, assim, um aproveitamento maior.
Diante do que foi observado, na FCAP, apesar do projeto de coleta seletiva ainda são
colocados materiais recicláveis nos coletores para materiais não recicláveis. Não há perda
maior, sobretudo de papel, porque o pessoal de serviços gerais diariamente coleta os
recicláveis, assim o contato com material sólidos orgânico e restos de líquidos que ficam nas
garrafas é pequeno.
95

Na Poli nos coletores existentes no pátio para acondicionar separadamente papel,


plástico, vidro e metal encontrou-se plástico no coletor de vidro, por exemplo, bem como
outros materiais como resto de alimentos.
.Quanto aos laboratórios da Poli conforme foi visto não há uma geração expressiva de
materiais perigosos para a saúde pública e equilíbrio ambiental. Estes buscam se adequar ao
correto tratamento e disposição final por iniciativa própria.
Em todas essas ocasiões de visitas nos diversos espaço das faculdades e entrevistas,
perguntou-se aos presentes nos setores se eles conheciam a PNRS e, para surpresa da
pesquisadora, em torno de 70% das pessoas presentes nos locais de visitas, pelo menos uma
disse que “ter ouvido falar a respeito”.
Ao término de todos os passos desta pesquisa pode-se concluir que apesar dos
cuidados com a coleta e, de alguma maneira, com o destino dos resíduos e da coleta seletiva
na FCAP, não há nas faculdades que compõem o Campus Benfica uma política de resíduos
sólidos que promova a gestão e gerenciamento adequado dos resíduos sólidos sob orientações
da Lei nº 12 305/2010.
Diante desta conclusão, propomos que, nas faculdades, seja formado um Grupo de
Estudo para criar uma proposta de política de resíduos sólidos, que venha subsidiar o
desenvolvimento e implementação do plano de gerenciamento de resíduos sólidos, com
participação ativa das comunidades das faculdades, fortalecendo a integração destas e o
estimulo ao sentimento de pertencimento.
A elaboração do plano deve ter como linha condutora o Art 9º da Lei nº 12.305/2010,
o qual diz que na hierarquia da gestão e do gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser
observada a seguinte ordem de prioridade que são: não-geração, redução, reutilização,
reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final.
Visando que a hierarquia seja exercitada por toda comunidade, sobretudo, a não-
geração e a redução, neste plano deve ter como lastro um processo de “educação ambiental”
de maneira sistêmica, sob a luz da Política Nacional de Educação Ambiental e, com base nos
princípios da sustentabilidade.
É importante lembrar que a educação ambiental faz parte dos Instrumentos da Lei nº
12.305/2010.E, através da educação ambiental outros pontos relacionados à questão ambiental
sejam abordados, tais como consumo responsável, uso racional de energia e de água.
Também, utilizar e pesquisar tecnologias para otimizar o aproveitamento dos resíduos sólidos.
Recomendamos ainda, que não se perca de vista a possibilidade dos planos se
aproximarem para ser criado o plano integrado de resíduos sólidos no Campus Benfica e que
96

seja criada uma Política de Resíduos Sólidos. Nesta linha de reflexão, apoiamo-nos em Conto
(2010) ao defender que uma política integrada de resíduos exige conhecimentos, tecnologias e
envolvimento de diversas áreas.
Por fim, a recomendação para um sistema de gestão e gerenciamento integrado de
resíduos sólidos fortaleceria a comunicação das duas Faculdades. A conjugação de saberes
promoveria a busca de soluções compartilhadas para a questão de resíduos sólidos, podendo
ser estendida para outras questões ambientais, bem como seria um exemplo de vanguarda que
poderia ser replicado nos demais Campi da UPE e em outras instituições de ensino superior.
97

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