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Gestão pública empreendedora

e ciclo do Governo Federal

Gustavo Justino de Oliveira* *


Pós-Doutor em Direi-
to Administrativo pela
Universidade de Coim-
bra (Portugal). Professor
Doutor de Direito Admi-
nistrativo na Faculdade de
Direito da USP (Largo São
Francisco), onde leciona

Gestão pública empreendedora na graduação e na pós-


graduação. Foi procurador
do estado do Paraná por
15 anos e hoje é consultor
Consoante documento1 elaborado pela Secretaria de Gestão do Ministé- em Direito Administrativo,
Constitucional e do Ter-
rio do Planejamento, Orçamento e Gestão, ceiro Setor, em São Paulo.
Autor dos livros Contrato
de Gestão (Ed. RT), Con-
empreender significa obter resultados e gestão empreendedora significa gestão voltada sórcios Públicos (Ed. RT),
Direito Administrativo
para resultados. Pressupõe agilidade, dinamismo, flexibilidade e assim por diante, mas Democrático (Ed. Fórum),
sua conexão filosófico-conceitual alinha-se com o que está descrito no plano de reforma Parcerias na Saúde (Ed.
Fórum), Direito do Ter-
do Estado. ceiro Setor (Ed. Fórum) e
Terceiro Setor, Empresas e
Estado (Ed. Fórum).  Autor
O governo empreendedor, diferentemente do modelo tradicional buro- de diversos artigos cientí-
ficos e diretor da Revista
crático, “não pretende controlar a economia, possuir empresas ou concen- de Direito do Terceiro
Setor - RDTS (Ed. Fórum).
trar-se no ‘fazer’ em ampla escala, mas sim estimular a ação e a parceria da
sociedade” (MATIAS-PEREIRA, 2009, p. 161). 1
Disponível em: <http://
empreende.org.br/
A gestão pública empreendedora é baseada em avaliações contínuas da pdf/Estado/Gestão%20
pública%20empreende-
dora.pdf>.
sociedade para ajustar suas estratégias, planos e metas, bem como sua ação
implementadora, visando resultados que melhor respondam às demandas
dos cidadãos como clientes (MATIAS-PEREIRA, 2009, p. 161-162).

O já referido documento sobre gestão pública empreendedora aponta


alguns aspectos relevantes acerca desse modelo de gestão.

Assim, pode-se destacar a importância do estímulo à parceria em oposi-


ção a ação isolada, tendo-se constatado que esta é menos eficiente, pouco
eficaz, tem custo alto, visão limitada e obtém resultados de menor quali-
dade.

Nesse sentido, a parceria deve ser incentivada, especialmente, na concep-


ção e formulação, etapa em que é recomendável reunir o máximo possível
de informações para discutir determinado problema, ampliando o conheci-
mento dele.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


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Outros três aspectos são apontados pelo documento da Secretaria de


Gestão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, quais sejam: a
questão da transparência, o controle social (diálogo público) e a gestão da in-
formação e avaliação. O mais importante é que o Estado esteja voltado para
o cidadão – não do ponto de vista teórico-conceitual, mas do ponto de vista
operacional. O Estado deve desenhar políticas e programas olhando para o
cidadão e seus problemas reais, com todas as implicações decorrentes.

Ciclo do Governo Federal


A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 165, institui os instrumen-
tos de planejamento e orçamento do atual modelo de gestão:

 plano plurianual (PPA);

 diretrizes orçamentárias (LDO);

 orçamentos anuais (LOA).

Dispõe o §9.º do artigo 165 da Constituição Federal que cabe à lei


complementar:
Art. 165. [...]

§9.º [...]

I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do


plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual;

II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta,


bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos.

Consoante o §1.º do mesmo artigo, “a lei que instituir o plano plurianual


estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da Ad-
ministração Pública Federal para as despesas de capital e outras dela decor-
rentes, e para as relativas aos programas de duração continuada”.

O projeto de PPA (PPPA) é elaborado pela Secretaria de Planejamento e


Investimentos Estratégicos (SPI) do Ministério do Planejamento, Orçamento
e Gestão e encaminhado ao Congresso Nacional pelo presidente da Repúbli-
ca, que possui exclusividade na iniciativa das leis orçamentárias. Composto
pelo texto da lei e diversos anexos, o projeto de lei deve ser encaminhado ao
Congresso Nacional até 31 de agosto do primeiro ano de mandato presiden-
cial, devendo vigorar por quatro anos.

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Constituem objetivos2 do PPA: 2


De acordo com: <www.
seplan.se.gov.br/modu-
les/wfdownloads/visit.
[...] php?cid=1&lid=45>.

 organizar em programas todas as ações desenvolvidas pela Administração Pública, asse-


gurando o alinhamento destes com a Orientação Estratégica do Chefe do Poder Executivo
e com as previsões de recursos por área; e desenvolver e aprimorar o planejamento, orça-
mento e gestão por programas em todos os órgãos da Administração Pública;

 tornar públicas as informações referentes à execução dos programas de governo possi-


bilitando um controle maior e de melhor qualidade no que se refere à aplicação dos re-
cursos públicos e aos resultados obtidos; e possibilitar uma participação mais efetiva da
sociedade no processo alocativo;

 estimular a participação de outras esferas de governo e da iniciativa privada como fontes


alternativas ao financiamento dos programas;

 dotar os administradores públicos de sistema gerencial estruturado e atualizado, visando


facilitar a tomada de decisões, corrigir desvios e direcionar a aplicação de recursos para o
alcance dos resultados pretendidos; e desenvolver a Administração Pública, de forma a me-
lhor definir responsabilidades, difundir a conscientização de custos, a melhoria contínua da
qualidade e, sobretudo, o comprometimento com resultados;

 criar condições para a avaliação e mensuração dos indicadores e dos efeitos destes sobre
a sociedade; e a partir da avaliação anual do PPA, compatibilizar a alocação de recursos orça-
mentários com a capacidade de execução e geração de resultados dos programas.

Nos termos do §2.º do artigo 165 da Constituição Federal,


a lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da Administração
Pública Federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente,
orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação
tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de
fomento.

De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar


101/2000), além do previsto no parágrafo anterior, a lei de diretrizes orça-
mentárias disporá também sobre:
Art. 4.º [...]

a) equilíbrio entre receitas e despesas;

b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada nas hipóteses previstas na


alínea b do inciso II deste artigo, no art. 9.º e no inciso II do §1.º do art. 31;

[...]

e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas


financiados com recursos dos orçamentos;

f ) demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e


privadas; [...]

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A lei orçamentária anual compreenderá, nos termos do parágrafo 5.º do


artigo 165 da Constituição Federal:

 Orçamento fiscal – referente aos poderes da União, seus fundos, ór-


gãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive funda-
ções instituídas e mantidas pelo Poder Público.

 Orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou


indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto.

 Orçamento da seguridade social – abrangendo todas as entidades e ór-


gãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como
os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.

O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo re-


gionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções,
anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária
e creditícia.

A referida lei não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fi-


xação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura
de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que
por antecipação de receita, nos termos da lei.

Os princípios básicos a serem seguidos na elaboração e para o con-


trole do orçamento estão definidos na Constituição Federal, na Lei 4.320
de 17 de março de 1964, na Lei do Plano Plurianual e na Lei de Diretrizes
Orçamentárias.

Nesse sentido, dispõe o artigo 2.º da Lei 4.320/64 que “a Lei do Orçamento
conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política
econômica financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os
princípios de unidade, universalidade e anualidade” (grifo nosso).

Por fim, cumpre lembrar que os projetos de lei relativos ao plano plurianual,
às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão
apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento
comum, e que tais projetos serão enviados pelo presidente da República.

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Dicas de estudo
Lei 4.320, de 17 de março de 1964.

Lei 10.180, de 6 de fevereiro de 2001.

Lei Complementar 101, de 4 de maio de 2000.

Referências
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Gestão.
Gestão Pública Empreendedora. Brasília: MP, SEGES, 2000. Disponível em: <http://
empreende.org.br/pdf/Estado/Gestão%20pública%20empreendedora.pdf>.

_____. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Gestão.


Gestão pública para um Brasil de todos: um plano de gestão para o Governo Lula
/ Secretaria de Gestão. Brasília: MP, SEGES, 2003.

MATIAS-PEREIRA, José. Manual de Gestão Pública Contemporânea. 2. ed. São


Paulo: Atlas, 2009.

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