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Resumo: O presente trabalho tem por objetivo demonstrar quais são os requisitos exigidos para a
elaboração de um anteprojeto de engenharia na contratação integrada, tanto no Regime Diferenciado
das Contratações Públicas (Lei nº 12.462/2011) quanto na Lei das Estatais (Lei nº 13.303/2016),
além de traçar um paralelo entre ambos, comparando-os com o Projeto de Lei nº 6.814/2017, que
pretende unificar todos os procedimentos de licitações, revogando as Leis nºs 8.666/93, 10.520/2002
e 12.462/2011, bem como apresentar o posicionamento do Tribunal de Contas da União.
Palavras-chave: Contratação integrada. Anteprojeto de engenharia. Exigências. Regime Diferenciado
das Contratações Públicas (Lei nº 13.462/2011). Lei das Estatais (Lei nº 13.303/2016). Direito
Comparado. Projeto de Lei nº 6.814/2017. Tribunal de Contas da União.
1 Introdução
A contratação integrada é um tema relativamente recente no Direito
Administrativo brasileiro que tem suscitado diversas discussões, principalmente
por atribuir o desenvolvimento dos projetos básico e executivo exclusivamente
1
Artigo apresentado à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Programa de Pós-Graduação em
Direito – Questões Contemporâneas das Contratações Públicas.
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4
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Malheiros, 2013.
5
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portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A81881F65AAE415016611F667447416.
Acesso em: 6 fev. 2019.
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Até a data de conclusão deste trabalho, o andamento do Projeto de Lei estava na comissão especial da
Câmara dos Deputados, que havia aprovado, por 17 votos a 1, um novo substitutivo apresentado pelo
relator, deputado João Arruda (MDB-PR), e que seguiria para análise do Plenário da Câmara (disponível em:
http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/ADMINISTRACAO-PUBLICA/566446-COMISSAO-
ESPECIAL-APROVA-PROPOSTA-DE-NOVA-LEI-DAS-LICITACOES-TEXTO-VAI-A-PLENARIO.html; acesso em: 6
fev. 2019).
7
No dia 12 de dezembro de 2018, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal assinaram um ato conjunto
segundo o qual, a partir de fevereiro de 2019, os projetos de lei terão numeração única, e, em razão disso,
provavelmente o Projeto de Lei nº 6.814/2017 terá uma numeração distinta (disponível em: https://
www12.senado.leg.br/noticias/materias/2018/12/19/projetos-terao-numeracao-unica-no-congresso-a-
partir-de-2019; acesso em: 13 dez. 2018).
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8
CÂMARA, Jacintho Arruda. Tratado de direito administrativo: licitação e contratos administrativos. Vol. 6.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 260. (Coordenação de Maria Sylvia Zanella Di Pietro).
9
DALLARI, Adilson Abreu. Sem planejamento orçamentário, licitação não evita corrupção. Consultor Jurídico,
16 fev. 2017. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2017-fev-16/interesse-publico-planejamento-
orcamentario-licitacao-nao-evita-corrupcao. Acesso em: 18 set. 2018.
10
Na visão do Tribunal de Contas da União, os custos de fiscalização e supervisão de uma obra executada
no regime de contratação integrada são menores em relação à contratação por preço unitário, haja vista
que nessa última a fiscalização da obra está sobremaneira focada no levantamento e medição de cada
um dos serviços executados, ao passo que na contratação integrada não é necessário o levantamento
pormenorizado dos quantitativos de serviços executados, havendo tão somente um foco na qualidade
da execução e do cumprimento dos cronogramas pactuados. Todavia, “os gastos do construtor com
o gerenciamento do empreendimento tendem a ser consideravelmente mais elevados na contratação
integrada do que na empreitada por preços unitários, pois este realiza a interface entre projetistas,
executores de obras civis, fornecedores de equipamentos e responsáveis pela montagem eletromecânica”
(Acórdão nº 1.850/2015, Plenário, rel. Min. Benjamin Zymler, j. em 29.07.2015).
11
Artigo 86. As sociedades de economia mista, empresas públicas, fundações sob supervisão ministerial e
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, até que editem regulamentos próprios,
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devidamente publicados, com procedimentos seletivos simplificados e observância dos princípios básicos
da licitação, ficarão sujeitas às disposições deste decreto-lei.
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A elaboração do projeto fica sob a responsabilidade do empreendedor (design). Na sequência são
apresentadas propostas (bid), e a conclusão se dá pela adjudicação de uma delas, finalizando-se com a
execução e a construção (build).
13
Para o Tribunal de Contas da União, suas auditorias devem analisar a observância de 4 (quatro) eixos em
todos os processos administrativos: (i) economicidade: minimizar os custos dos recursos; (ii) eficiência:
adequada correlação entre os recursos empregados e os produtos entregues em termos de quantidade,
qualidade e tempestividade; (iii) efetividade: atingir os objetivos estabelecidos e alcançar os resultados
pretendidos; e (iv) eficácia – grau de alcance das metas programadas. Fonte: ISSAI 3100 – Orientações
sobre Conceitos Centrais para Auditoria Operacional.
14
TOLEDO DA SILVA, Leonardo. Os contratos EPC e os pleitos de reequilíbrio contratual. Direito e
infraestrutura. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 23.
15
RODRÍGUEZ, Aurora Hernández. Disponível em: https://e-revistas.uc3m.es/index.php/CDT/article/
viewFile/1915/908. Acesso em: 20 nov. 2018.
16
UNIDO. Together for a sustainable future. Disponível em: https://open.unido.org/api/documents/4690826/
download/PRELIMINARY%20DRAFT%20OF%20THE%20MODEL%20FORM%20OF%20TURN-KEY%20LUMP-
SUM%20CONTRACT%20FOR%20THE%20CONSTRUCTION%20OF%20A%20FERTILIZER%20PLANT%20(0-
8808.en). Acesso em: 20 nov. 2018.
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4 Direito Comparado
O principal desiderato do Direito Comparado é reconhecer que a Ciência do
Direito inclui não apenas as técnicas de interpretação de textos de lei ou a desco-
berta de soluções para prevenir ou resolver conflitos sociais, mas também servir
de orientação para a análise de novas ideias.
Nesta senda, Konrad Zweigert e Hein Kötz propõem os seguintes
questionamentos:
(i) O modelo adotado se mostrou adequado ao atendimento das
necessidades em seu país de origem?
(ii) Tendo sido útil, também o será para o país que se dispõe a adotá-lo?20
No âmbito das contratações públicas do Direito argentino entendemos que
o regime de execução integrada foi oportunamente disciplinado pelo Decreto nº
893/2012, onde se permitiu a utilização do contrato llave en mano, ou contrato
de obra por empresa, permitindo a concentração em apenas uma pessoa jurídica
17
UNCITRAL. Legal Guide on Drawing Up International Contracts for the Construction of Industrial Works.
Disponível em: https://www.uncitral.org/pdf/english/texts/procurem/construction/Legal_Guide_e.pdf.
Acesso em: 20 nov. 2018.
18
SILVA, Leonardo Toledo da (Coord.). Melhores práticas em empreendimentos de infraestrutura: sistemas
contratuais complexos e tendências num ambiente de negócios globalizado. Direito e infraestrutura. São
Paulo: Saraiva, 2012, p. 65.
19
Idem, ibidem.
20
ZWEIGERT, Konrad; KÖTZ, Hein. Introduction to comparative law. Oxford: University Press, 2011, p. 17.
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ARTÍCULO 207. Las contrataciones llave en mano se efectuarán cuando se estime conveniente para
los fines públicos concentrar en un único proveedor la responsabilidad de la realización integral de un
proyecto. Se aplicará esta modalidad cuando la contratación tenga por objeto la provisión de elementos o
sistemas complejos a entregar instalados; o cuando comprenda, además de la provisión, la prestación de
servicios vinculados con la puesta en marcha, operación, coordinación o funcionamiento de dichos bienes
o sistemas entre sí o con otros existentes. Los pliegos de bases y condiciones particulares podrán prever
que los oferentes se hagan cargo de la provisión de repuestos, ofrezcan garantías de calidad y vigencia
apropiadas, detallen los trabajos de mantenimiento a realizar y todo otro requisito conducente al buen
resultado de la contratación.
22
STORTONI, Gabriela. Sobre el contrato llave en mano como modalidad de la contratación pública.
Disponível em: http://www.cba.gov.ar/wp-content/4p96humuzp/2017/10/Doctrina-Stortoni-Modalidad-
Llave-en-mano.pdf. Acesso em: 18 nov. 2018.
23
Article 33
I.-Les acheteurs peuvent conclure des marchés publics de conception-réalisation qui sont des marchés
publics de travaux permettant à l’acheteur de confier à un opérateur économique une mission portant à la
fois sur l’établissement des études et l’exécution des travaux.
Toutefois, sans préjudice des dispositions législatives spéciales, les acheteurs soumis aux dispositions
de la loi du 12 juillet 1985 susvisée ne peuvent recourir à un marché public de conception-réalisation, quel
qu’en soit le montant, que si des motifs d’ordre technique ou un engagement contractuel sur un niveau
d’amélioration de l’efficacité énergétique rendent nécessaire l’association de l’entrepreneur aux études
de l’ouvrage. Un tel marché public est confié à un groupement d’opérateurs économiques. Il peut toutefois
être confié à un seul opérateur économique pour les ouvrages d’infrastructures.
II.-Les conditions mentionnées au second alinéa du I ne sont pas applicables aux marchés publics de
conception-réalisation conclus, jusqu’au 31 décembre 2018, par les organismes d’habitations à loyer
modéré mentionnés à l’article L. 411-2 du code de la construction et de l’habitation et les sociétés
d’économie mixte de construction et de gestion de logements sociaux, soumis aux dispositions de la loi du
12 juillet 1985 susvisée, et qui sont relatifs à la réalisation de logements locatifs aidés par l’Etat financés
avec le concours des aides publiques mentionnées au 1º de l’article L. 301-2 du code de la construction
et de l’habitation.
24
Article 91
I.-Les motifs d’ordre technique mentionnés au I de l’article 33 de l’ordonnance du 23 juillet 2015 susvisée
sont liés à la destination ou à la mise en œuvre technique de l’ouvrage. Sont concernées des opérations
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dont la finalité majeure est une production dont le processus conditionne la conception, la réalisation
et la mise en œuvre ainsi que des opérations dont les caractéristiques, telles que des dimensions
exceptionnelles ou des difficultés techniques particulières, exigent de faire appel aux moyens et à la
technicité propres des opérateurs économiques.
II.-Lorsque la valeur estimée du besoin est égale ou supérieure aux seuils de procédure formalisée, les
acheteurs mentionnés à l’article 1er de la loi du 12 juillet 1985 susvisée passent des marchés publics
de conception-réalisation selon les procédures et dans les conditions mentionnées aux articles 25 ou 26
sous réserve des dispositions qui suivent:
1º Un jury est désigné par l’acheteur. Il est composé exclusivement de personnes indépendantes des
candidats. Lorsqu’une qualification professionnelle particulière est exigée pour participer à la procédure,
au moins un tiers des membres du jury doit posséder cette qualification ou une qualification équivalente.
Le jury dresse un procès-verbal d’examen des candidatures et formule un avis motivé sur la liste des
candidats à retenir. L’acheteur arrête la liste des candidats admis à réaliser des prestations.
Les candidats admis exécutent des prestations sur lesquelles se prononce le jury, après les avoir entendus.
Ces prestations comportent au moins un avant-projet sommaire pour un ouvrage de bâtiment ou, pour un
ouvrage d’infrastructure, un avant-projet accompagné de la définition des performances techniques de
l’ouvrage.
Le jury dresse un procès-verbal d’examen des prestations et d’audition des candidats et formule un avis
motivé.
L’acheteur peut demander des clarifications ou des précisions concernant les offres déposées par les
candidats. Ces précisions, clarifications ou compléments ne peuvent avoir pour effet de modifier des
éléments fondamentaux de l’offre ou des caractéristiques essentielles du marché public.
Le marché public est attribué au vu de l’avis du jury;
2º La désignation d’un jury est facultative dans les cas suivants:
a) Pour les marchés publics de conception-réalisation passés par les pouvoirs adjudicateurs dans les
hypothèses énumérées aux a à c du 1º du II de l’article 90;
b) Pour les marchés publics de conception-réalisation passés par les entités adjudicatrices en dialogue
compétitif ou en procédure négociée avec mise en concurrence préalable.
III.-Pour les marchés publics de conception-réalisation inférieurs aux seuils de procédure formalisée, les
acheteurs mentionnés au II peuvent recourir à une procédure adaptée.
IV.-Dans les cas prévus aux II et III, lorsque les documents de la consultation ont prévu la remise de
prestations, ils indiquent le montant des primes et les modalités de réduction ou de suppression des
primes des soumissionnaires dont les offres sont irrégulières.
Le montant de la prime attribuée à chaque soumissionnaire est égal au prix estimé des études de
conception à effectuer telles que définies par les documents de la consultation, affecté d’un abattement
au plus égal à 20 %.
La rémunération du titulaire du marché public tient compte de la prime qu’il a reçue.
25
Conception-réalisation: recommandations pour un bon usage du processus. Disponível em: https://www.
lemoniteur.fr/article/conception-realisation-recommandations-pour-un-bon-usage-du-processus.1319719.
Acesso em: 29 ago. 2018.
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26
Loi nº 1.691, du 9 décembre 2016, relative à la transparence, à la lutte contre la corruption et à la
modernisation de la vie économique. Disponível em: https://www.legifrance.gouv.fr/affichTexte.do?cidTe
xte=JORFTEXT000033558528&categorieLien=id. Acesso em: 12 fev. 2019.
27
Code de la commande publique: Version consolidée au 1 avril 2019. Disponível em: https://www.legifrance.
gouv.fr/affichCode.do?cidTexte=LEGITEXT000037701019&idSectionTA=&dateTexte=20190401. Acesso
em: 12 fev. 2019.
28
O Governo francês possui um sítio eletrônico para pesquisa de contratações públicas dividas por regiões
(http://www.e-marchespublics.com/), o que também é um dos objetivos do Projeto de Lei nº 6.814/2017:
Art. 17. Os órgãos da Administração com competências regulamentares relativas às atividades de
administração de materiais, de obras e serviços e de licitações e contratos deverão:
I – instituir instrumentos que permitam, preferencialmente, a centralização dos procedimentos de
aquisição e contratação de bens e serviços; [...].
29
O Projeto de Lei nº 6.814/2017 institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e
revoga a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, a Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, e dispositivos
da Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011.
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BID. Ventajas y riesgos de contratos llave en mano. Disponível em: https://publications.iadb.org/
bitstream/handle/11319/6006/Ventajas%20y%20riesgos%20de%20contrato%20llave%20en%20mano.
pdf?sequence=1. Acesso em: 10 set. 2018.
31
Acórdão nº 1.388/2016, Plenário, rel. Min. Ana Arraes, j. em 01.06.2016.
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32
Licitação Pública: a Lei Geral de Licitações/LGL e o Regime Diferenciado de Contratações/RDC. 2. ed. São
Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 175.
33
Ibidem, p. 176.
34
RIBEIRO, Maurício Portugal. O Regime diferenciado de contratação. Licitação de infraestrutura para copa
do mundo e olímpiadas. São Paulo: Atlas, 2012, p. 35.
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35
O artigo 1º da Lei nº 8.429, dispõe que os atos de improbidade praticados por qualquer agente público,
servidor ou não, podem ser praticados contra empresas públicas e sociedades de economia mista, e
a Lei nº 13.146/2015 passou a considerar como ato de improbidade deixar de cumprir a exigência de
requisitos de acessibilidade previstos na legislação. Logo, este é um dos requisitos obrigatórios nas
licitações das estatais.
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CAU/BR. Normas da ABNT sobre projetos arquitetônicos estão em consulta pública. Disponível em: http://
www.caubr.gov.br/normas-da-abnt-sobre-projetos-arquitetonicos-estao-em-consulta-publica-participe/.
Acesso em: 17 nov. 2018.
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Contudo, importa ressaltar que estes conceitos ainda merecem uma com-
plementação em razão de diretrizes do Tribunal de Contas da União, consoante a
seguir se demonstrará.
37
Acórdão nº 2.618/2018, Plenário, rel. Min. Benjamin Zymler, j. em 14.11.2018.
38
Acórdão nº 2.618/2018, Plenário, rel. Min. Benjamin Zymler, j. em 14.11.2018.
39
Acórdão nº 2.612/2018, Plenário, rel. Min. Vital do Rêgo, j. em 14.11.2018.
40
Acórdão nº 783/2018, Plenário, rel. Min. Augusto Sherman, j. em 11.04.2018.
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41
Acórdão nº 2.726/2016, Plenário, rel. Min. Walton Alencar Rodrigues, j. em 26.10.2016.
42
Acórdão nº 1.388/2016, Plenário, rel. Min. Ana Arraes, j. em 01.06.2016.
43
Acórdão nº 2.612/2018, Plenário, rel. Min. Vital do Rêgo, j. em 14.11.2018.
44
Acórdão nº 877/2016, Plenário, rel. Min. Weder de Oliveira, j. em 13.04.2016.
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Acórdão nº 2.075/2018, Plenário, rel. Min. Ana Arraes, j. em 05.09.2018.
46
Acórdão nº 2.980/2015, Plenário, rel. Min. Ana Arraes, j. em 18.11.2015.
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Acórdão nº 2.618/2018, Plenário, rel. Min. Benjamin Zymler, j. em 14.11.2018.
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7 Conclusões
Diante de todas as considerações, cumpre sintetizarmos alguns aspectos
que condensam as conclusões apresentadas ao longo do texto.
1. A contratação integrada é um tema ainda recente no Direito Administrativo
brasileiro e que tem suscitado diversas discussões, principalmente por atribuir o
desenvolvimento dos projetos básico e executivo exclusivamente ao contratado,
cuja legislação não elenca de maneira exaustiva os requisitos que devem estar
previstos no anteprojeto de engenharia.
2. Atualmente, o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (Lei nº
12.462/2011) possui um rol taxativo, constante de seu artigo 1º, que restringe a
contratação integrada a poucas hipóteses e, ainda, a condiciona ao preenchimen-
to dos seguintes requisitos: (i) inovação tecnológica ou técnica; (ii) possibilidade
de execução com diferentes metodologias; ou (iii) possibilidade de execução com
tecnologias de domínio restrito no mercado.
3. Considerando este peculiar panorama, torna-se imprescindível a análise
do Direito Comparado, onde citamos, a título de exemplo, tanto a Argentina quanto
a França.
4. No âmbito das contratações públicas do Direito argentino, regime de exe-
cução integrada, é assegurada a utilização do contrato llave en mano, ou contrato
de obra por empresa, para qualquer obra ou serviço, independentemente de valo-
res, ou observância de requisitos técnicos.
5. Em França, a contratação integrada é condicionada à observância de re-
quisitos de ordem técnica, mas não se exige um determinando montante para
investimento na contratação da obra ou serviço.
6. Além do Direito Comparado, ressaltamos que está pendente de análise
pelo Plenário da Câmara dos Deputados o Projeto de Lei nº 6.814/2017, que
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Acórdão nº 2.618/2018, Plenário, rel. Min. Benjamin Zymler, j. em 14.11.2018.
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Engineering preliminary draft in design-build contracting for the Special Public Contracting System
and in state-owned companies and the demands of the Federal Audit Court
Abstract: The present work has the goal to demonstrate the requirements of a preliminary engineering
project in Design-Build contracting, both in the Differentiated Regime of Public Contracting (Law nº
12.462/2011) and in the Law of State-owned Companies (Law nº 13.303/2016). in addition to
drawing a parallel between both, comparing them with Bill nº 6.814/2017, which intends to unify all
bidding procedures, repealing Laws nº 8.666/93, nº 10.520/2002 and nº 12.462/2011, as well as
presenting the position of the Federal Audit Court – TCU.
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