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(Correção e esclarecimentos)
Rubens R. Câmara
“Antº f º de Mathias de Leão e de sua a mulher Mª Glz. da Rua das Carpas desta frgª naceo em dezasseis de ag to de
611 foi bautizado nesta Igra aos vinte e hu’ do mesmo de Seis Centos e onze forão padrinhos Antº Gomes mor. em casa
do Dr. Lopo Dias por ser seu neto e Mª Antª mulher de Mel. Bento e eu Bar. de Sousa q o bautizei. Bar. de Sousa"4.
Constatei, então, a errônea leitura de uma abreviatura, logo após o nome do padrinho,
como “mer.” que, certamente, induziu o pesquisador a entender que se referisse à qualificação de
“Antº Gomes” como “mercador”, concluindo, então, que o batismo havia sido realizado “em
casa do dr. Lopo Dias por ser [o batizando] seu neto”. Na verdade, a abreviatura no referido
assento é “mor.” de “morador” e não de “mercador”. Portanto o padrinho, Antônio Gomes, era
“morador em casa do dr. Lopo Dias por ser [Antônio Gomes] seu neto”, e, não, o batizando. Isso
ficou melhor esclarecido com a leitura do processo da Inquisição contra Inês Henriques de Leão,
neta de Lopo Dias, na qual ela afirmou que “[...] tem um irmão que se chama Antônio Gomes de
Leão [...]”, ambos filhos do licenciado Luís Gomes de Leão e Maria da Paz, esta, sim, filha do dr.
Lopo Dias. Além disso, no processo da Inquisição contra o dr. Lopo Dias, não consta que este
tivesse outra filha, também de prenome Maria, porém de sobrenome Gonçalves. Portanto, não
resta qualquer dúvida que o neto do dr. Lopo Dias, mencionado no referido assento de batizado,
era o padrinho do batizando. Circunstancialmente, pode-se perceber ligações de parentescos entre
todos os mencionados no referido registro, como, por exemplo, a hipótese de Mathias de Leão ter
parentesco próximo com Luís Gomes de Leão, pai de Antônio Gomes de Leão, o padrinho, de
quem o batizando recebeu o prenome. Mas, o importante desse esclarecimento é que meu
antepassado, Antônio de Leão, definitivamente não era neto do dr. Lopo Dias, e, em
consequência, este não é ascendente da família Silveira Leão de Minas Gerais.
Isso constatado, fiz publicar na edição de julho de 2002, Volume nº 11,
de GERAÇÕES / BRASIL - BOLETIM DA SOCIEDADE GENEALÓGICA JUDAICA DO
BRASIL, uma correção, desvinculando meus antepassados da descendência direta de Lopo Dias.
Passei, então, a refinar a pesquisa com o objetivo de confirmar se o assento de
batismo de Antônio, filho de Mathias de Leão, era, realmente, o de meu 10º avô, ainda que não
fosse neto do dr. Lopo Dias.
Mais recentemente, em pesquisa “on line” na Torre do Tombo, localizei dois
processos de habilitação a familiar do Santo Ofício requeridos por um neto e um bisneto de meu
10º avô, Antônio de Leão, o Frei Luís da Natividade5 e o Licenciado Miguel da Fonseca Leão6.
Com a leitura desses processos, esclareceram-se a naturalidade de meu antepassado (“lugar
Lidrais da Vila Boa do Bispo, Couto dos Religiosos Crúzios, Freguesia de Sobretâmega, Bispado
do Porto”), sua filiação (Antônio de Leão e Clara Soares), casamento em Vila Nova de Gaia aos
sete de janeiro de 16317 e seu óbito no lugar Lidrais, Vila Boa do Bispo, aos dez de janeiro de
16708. Constatou-se, também, que meus 10ºs avós, Antônio de Leão e Maria Álvares (ou Alves),
viveram na freguesia da Sé, cidade do Porto, por cerca de três décadas, onde nasceram seus
filhos.
Com essas informações, ficava também demonstrado que não é de meu 10º avô,
Antônio de Leão, o mencionado assento de batismo de Antônio, filho de Mathias de Leão e Maria
Gonçalves.
A homonímia, moldura temporal, vizinhança e a incorreta interpretação do registro
de batismo de Antônio, filho de Mathias de Leão, levaram o pesquisador a concluir que se tratava
do batismo de meu antepassado, equívoco a que também incorri, mas que espero, com o presente
esclarecimento, tê-lo sanado de vez, apresentando, por oportuno, minhas escusas.
Por fim, esclareço que o artigo “As Raízes Judaicas da Família Leão” continua
válido, salvo no que diz respeito à, já contestada, ligação de meu 10º avô, Antônio de Leão (filho
de Antônio de Leão e Clara Soares) e sua descendência, com o cristão-novo dr. Lopo Dias.
1
Sefarditas (em hebraico ספרדים, sefardi; no plural, sefardim) é o termo usado para referir aos descendentes
de judeus originários de Portugal e Espanha. A palavra tem origem na denominação hebraica para designar a Península
Ibérica (Sefarad, ) ספרד. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Sefardita).
6 Tribunal do Santo Ofício, Conselho Geral, Habilitações, Miguel, mç. 15, doc. 242
7https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-D1K3-P49?i=326&wc=MPDD-
4WL%3A197771501%2C218092001%2C218798201%2C201304902%2C218860501&cc=1913408
8
https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:3QS7-89ML-B9YY?i=16&wc=MP8S-
RS9%3A197771501%2C205378801%2C207593901%2C197771504%2C207624801&cc=1913408