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em Agrobom
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“Se fosse possível descobrir o primeiro e verdadeiro germe de todos os afetos
elevados e de todas as ações honestas e generosas de que nos orgulhamos,
encontrá-lo-íamos quase sempre no coração da nossa mãe.”
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Índice
Introdução ................................................................................................................. 5
I. Definições e conceitos ....................................................................................... 6
i. Mães-solteiras e filhos (i)legítimos ................................................................ 6
ii. Expostos ......................................................................................................... 8
II. Assentos de batismo .......................................................................................... 9
III. Contagem dos casos ..................................................................................... 11
i. Ilegitimidade Europeia Comparada .............................................................. 11
ii. Número de filhos por mulher ....................................................................... 13
IV. Análise dos assentos ..................................................................................... 15
i. Anna Maria e Luisa Moreiros ...................................................................... 15
ii. Maria, Rita e Marta Pinto ............................................................................. 15
iii. O caso de Anna Joaquina ............................................................................. 16
Conclusão ............................................................................................................... 17
Bibliografia ............................................................................................................. 18
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Introdução
O obje5vo da nossa pesquisa era descobrir o número de nacimentos ilegí5mos que aconteceram
na freguesia de Agrobom nesse período, e tentar iden5ficar um padrão nesses casos.
Entramos também em mais detalhe nas caracterís5cas específicas dos casos mais relevantes,
assim como nos casos específicos numa perspe5va comparada.
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I. Definições e conceitos
i. Mães-solteiras e filhos (i)legítimos
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No contexto jurídico, havia diferenças significativas entre os direitos e obrigações dos
filhos legítimos e ilegítimos. Os filhos legítimos tinham direito a herdar a propriedade da família,
enquanto os filhos ilegítimos geralmente não tinham direitos de herança.
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Definições e conceitos
ii. Expostos
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II. Assentos de batismo
Os registos paroquiais são livros nos quais o pároco, ou o seu representante, regista os
acontecimentos na paróquia. Em particular, os registos paroquiais registam os nascimentos, através
dos batismos, os óbitos, casamentos e as comunhões. Ou seja, os registos paroquiais servem para
a administração dos sacramentos numa determinada paróquia.
“Cân. 535 — § 1. Em cada paróquia haja os livros paroquiais, a saber: o livro dos baptismos, dos
matrimónios, dos óbitos e outros, de acordo com as determinações da Conferência episcopal ou do Bispo
diocesano; procure o pároco que estes mesmos livros sejam cuidadosamente preenchidos e diligentemente
guardados. § 2. No livro dos baptismos, averbem-se também a confirmação e aquelas circunstâncias que
acompanham o estado canónico dos fiéis, em razão do matrimónio, salvaguardado o prescrito no cân. 1133,
em razão da adopção, bem como a recepção de ordens sacras, a profissão perpétua emitida num instituto
religioso e ainda a mudança de rito; e refiram-se sempre estes averbamentos nas certidões do baptismo”
(Conferência Episcopal Portuguesa, Lisboa, 1983).
Um assento de batismo consiste na informação escrita pelo pároco nos livros de registos
paroquiais. No caso de Agrobom, a informação constada nos assentos consistia:
Filhos Legítimos
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Filhos Ilegítimos
Expostos
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III. Contagem dos casos
Após a leitura de todas os registos paroquiais de nacimentos em Agrobom entre as datas 1829 a
1860, foram contabilizados um total de 324 nascimentos, sendo 274 filhos legítimos, 31 filhos
ilegítimos e 19 expostos.
1829-1830 20 1 1 22
1831-1840 83 13 9 105
1841-1850 95 9 5 109
1851-1860 76 8 4 88
Total 274 31 19 324
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Gráfico 1- Percentagem de filhos legítimos, ilegítimos e expostos em Agrobom (1829-1860)
19; 6%
31; 10%
271; 84%
De acordo com o livro The Making of the Modern Family (1975), do historiador Edward Shorter,
nos séculos XVIII e XIX, a ilegitimidade na Europa atingia taxas de ilegitimidade, desde 1% a
4%. Estes números são significativamente mais baixos do que a percentagem de ilegítimos que
encontrámos, que equivale a 6%. Esta diferença faz com que surjam novas questões sobre o caso
da ilegitimidade em Portugal. Claro que a comparação das taxas de ilegitimidade não é
completamente conclusiva, uma vez que estamos a comparar o continente europeu inteiro com
apenas uma pequena freguesia em Portugal.
No entanto, podemos de facto afirmar, com os resultados retirados do nosso estudo, que, em
comparação, a ilegitimidade em Agrobom era mais elevada que o resto da Europa em meados do
século XIX.
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ii. Número de filhos por mulher
Neste breve ponto identificamos o número de filhos ilegítimos por mãe. Identificamos três grupos:
mulheres com um filho, mulheres com dois filhos e mulheres com três filhos.
3 filhos 5
2 filhos 4
1 filho 22
0 5 10 15 20 25
Na totalidade dos casos ilegítimos, nunca houve mais de três filhos por mulher. Há, precisamente,
cinco casos de mulheres com três filhos: Thereza Ferreirinho, Ana Joaquina, Maria Jozé,
Leocadia Maria Barroso e Maria Joana.
• Thereza Ferreirinho teve o seu primeiro filho em 1853, o segundo em 1857 e o terceiro em
1858.
• Ana Joaquina teve o seu primeiro filho em 1854, o segundo em 1858 e o terceiro em 1860.
• Maria Jozé teve o seu primeiro filho em 1846, o segundo em 1847 e o terceiro em 1848.
• Leocadia Maria Barroso teve o seu primeiro filho em 1840, o segundo em 1842 e o terceiro
em 1850.
• Maria Joana teve o seu primeiro filho em 1834, o segundo em 1839 e o terceiro em 1850
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Quanto às mulheres com 2 filhos, encontrámos 4 casos: Maria Chaves, Anna Valles, Rita Pinto e
Esperança Maria.
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IV. Análise dos assentos
Após a análise dos 324 casos de filhos legítimos, ilegítimos e expostos, considerámos que
apresentar os 31 casos de filhos ilegítimos, seria extremamente cansativo para o leitor, uma vez
que muitos dos casos, são mais simples e com pouca singularidade. Com isto, irão ser apresentados
os três casos, que na opinião do grupo, são os mais inusitados e que poderão ou não, traçar uma
linhagem familiar.
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iii. O caso de Anna Joaquina
O último caso que irá ser abordado, será o mais extenso, pois criou uma rede de relações familiares
um pouco peculiar. Após a pesquisa inicial que iria até 1850, foi requisitado por parte do professor
orientador que alargássemos o período de análise por mais 10 anos, sendo assim, até 1860. Com
isto, na análise dos assentos de 1853, encontrámos o caso de Fábio, filho natural de Umbelina Sá,
mãe solteira, tendo os avós maternos Joze António de Sá, da freguesia de Castro Vicente, e Maria
Bernarda. Em 1854, encontrámos o assento de Albino dos Santos, filho natural de Anna Joaquina
e com avós paternos Joze António de Sá e Maria Bernarda, ou seja, Anna Joaquina era cunhada de
Umbelina de Sá. Em 1858 e 1860, analisámos os assentos de batismo de Acácio Augusto e João
Agnnibal, ambos filhos naturais de Anna Joaquina e com avós maternos João Malheiro e Maria do
Carmo, o que para nossa surpresa, estes foram legitimados a 22 de maio de 1864, como filhos de
João António Augusto, da freguesia de Agrobom. Isto leva-nos a acreditar que João António
Augusto é pai de Acácio, Albino e de João, sendo que apenas dois foram legitimados, e filho de
Joze António de Sá e de Maria Bernarda, o que nos motivou a reconstruir uma provável “árvore
genealógica”.
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Conclusão
Em primeiro lugar, identificamos que a ilegitimidade enfrentada pelas mães solteiras surge, muitas
vezes, de construções sociais e preconceitos arraigados. A pressão social e o julgamento moral em
torno da maternidade fora do casamento têm consequências negativas, tanto para as próprias
mulheres quanto para os seus filhos. Essa visão estigmatizante contribui para a exclusão e para a
falta de apoio institucional e social enfrentada por essas famílias.
Além disso, evidenciamos que a ilegitimidade vivenciada pelas mães solteiras está relacionada à
falta de reconhecimento dos seus direitos e à limitação de acesso a recursos e oportunidades. A
ausência de políticas públicas adequadas para apoiar essas mulheres no exercício da maternidade
e para garantir o pleno desenvolvimento dos seus filhos contribui para a perpetuação de
desigualdades e vulnerabilidades.
No geral, este trabalho foi interessante e desafiador, analisar os vários casos que encontramos nas
fontes primárias e toda a pós analise e descobrir a relação entre os vários casos.
Teve como ponto negativo talvez as fontes que não eram tão percetíveis, já como pontos positivos
analisar o número de filhos por mãe e a ilegitimidade em comparação com a média europeia e
descobrir a relação entre as várias estatísticas.
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Bibliografia
• Porto Editora – Roda dos enjeitados na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult.
2023-04-28 19:48:12]. Disponível em https://www.infopedia.pt/$roda-dos-enjeitados
• MATOS, Paulo Lopes. O nascimento fora do matrimónio na Freguesia da Ribeira Seca da
Ilha de São Jorge (Açores): 1800-1910. Núcleo de Estudos de População e Sociedade (NESP)
Universidade do Minho – Instituto de Ciências Sociais, Guimarães, 2007
• LASLETT, Peter and OOSTERVEEN, Karla. Long-Term Trends in Bastardy in England: A
Study of the Illegitimacy Figures in the Parish Registers and in the Reports of the Registrar
General, 1561-1960. Population Studies, Vol. 27, No. 2 (1973), pp. 255-286 (32 pages), Taylor
& Francis, Ltd.
• SHORTER, Edward, The Making of The Modern Family, 1975
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