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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

INSTITUTO SAÚDE E SOCIEDADE


CAMPUS BAIXADA SANTISTA

Guilherme Jhuann da Silva França

SOBREVIVÊNCIA ALIMENTAR: O USO DO TERRITÓRIO PELAS PESSOAS


QUE VIVEM NAS RUAS DA REGIÃO CENTRAL HISTÓRICA DE SANTOS (SP)

SANTOS
2018
Guilherme Jhuann da Silva França

SOBREVIVÊNCIA ALIMENTAR: O USO DO TERRITÓRIO PELAS PESSOAS


QUE VIVEM NAS RUAS DA REGIÃO CENTRAL HISTÓRICA DE SANTOS (SP)

Projeto de pesquisa de iniciação científica: sobrevivência


alimentar: o uso do território pela população em situação de rua da
Região Central Histórica de Santos (SP), elaborado no Núcleo de
Políticas Públicas Sociais do Instituto Saúde e Sociedade da
Universidade Federal de São Paulo - Campus Baixada Santista, sob
orientação da Professora Dra. Anita Burth Kurka e co-orientação
de Nathália Franco Macedo.

SANTOS
2018
Justificativa da solicitação
A presente pesquisa tem como principal objetivo compreender as estratégias de
sobrevivência utilizadas pelas pessoas que vivem nas ruas da Região Central Histórico de

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Santos (RCHS) com fins de acesso à alimentação, considerando a dinâmica existente entre os
diferentes sujeitos desta região nos processos cotidianos de sobrevivência no uso do
território.
Esta é uma proposta que se insere no Núcleo de Políticas Públicas Sociais (NPPS) da
UNIFESP - Baixada Santista formado por professores e estudantes de diferentes áreas do
conhecimento com atividades que entrelaçam ensino, pesquisa e extensão.
Com uma diversificada temática de pesquisas, tem-se um eixo comum a partir da
compreensão de método dialético no entendimento da totalidade da realidade social, no uso
do território da cidade, que contempla também o movimento e o conflito permanente dos
projetos em disputa e intencionalidades nas ações dos sujeitos.
Essa temática surgiu através da observação e do contato com as pessoas que vivem
nas ruas do entorno da universidade localizada na Vila Mathias, onde foi possível identificar
a variedade de estratégias com fins de acesso à alimentação e a incidência dos diferentes
sujeitos que vivem nas ruas neste processo de sobrevivência na região.
De acordo com Santos et col. (2010) algumas populações que se encontram na rua, ao
apropriar-se dos espaços públicos, usam de estratégias próprias de sobrevivência, sendo que a
principal delas é recorrer às chamadas “bocas de rango”, locais de distribuição gratuita de
comida, feita predominantemente em espaços públicos (praças, parques e viadutos), por
instituições filantrópicas de caráter social.
A Região Central Histórica de Santos (RCHS) concentra o maior número de entidades
filantrópicas da cidade, assim como também é a região com o maior número de pessoas
vivendo nas ruas da cidade de Santos. Há uma relação dada neste território: ocupação intensa
pela população em situação de rua e presença de entidades filantrópicas.
De acordo com o censo da população em situação de rua da cidade de Santos
realizado em 2014, que baseou-se numa divisão que considerou a Região Central Histórica de
Santos em: centro I (Centro, Paquetá e Valongo); centro II (Vila Nova e Vila Mathias), foram
registradas um total aproximado de 591 pessoas em situação de rua na cidade. Destas , 206
pessoas são atendidas pela rede de serviços da Assistência Social cidade.
Durante a realização do Censo (2014) as pessoas entrevistadas indicaram o local em
que se estabelecem. Dos vinte e dois bairros santistas a Vila Nova e a VIla Mathias foram os
locais mais citados . A Vila Nova responsável por abrigar 13,6% do total da população em
situação de rua da cidade e a Vila Mathias com 10% desse montante. Enquanto o Centro
registra 8,6%, o Paquetá 2,4% (8) e o Valongo 1,8%. Assim, a Região Central Histórica de
Santos, constituída pelos bairros citados acima possui 36,4% da população em situação de rua

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registrada em Santos em 2014.Nesse sentido, a Região Central Histórica de Santos (RCHS)
concentra o maior número de pessoas vivendo nas ruas.
Assim busca-se através dessa pesquisa compreender a relação entre esta região e a
população em situação de rua, considerando as estratégias de sobrevivência utilizadas por
esta população frente ao acesso à alimentação.
As estratégias de sobrevivência conduzem as escolhas dos espaços públicos a serem
usados pelas pessoas que vivem nas ruas, tanto no seu deslocamento, quanto no seu
estabelecimento. Quais fatores próprios dessa região implicam nas práticas alimentares
dessas pessoas, que numa análise territorial compõem as estratégias de sobrevivência da
população em situação de rua que estão atualmente nesta área da cidade?
As motivações dessas pessoas frente a ocupação dessa região são inúmeras, inclusive
há razões de ordem pessoais, singulares e outras comuns entre eles/as. Contudo, essa
dinâmica possibilita a formação de redes sociais territoriais de sobrevivência, e atentando-se
ao direito à alimentação e a Segurança Alimentar e Nutricional como um dos fatores
essenciais no processo de sobrevivência nas ruas.
O Decreto nº 7053 de 2009 institui a Política Nacional Para População em Situação
de rua, definindo como um grupo populacional de caráter heterogêneo que possui em comum
a pobreza extrema, vínculos familiares e comunitários interrompidos ou fragilizados, não
possuindo também moradia convencional regular. Levando-os a utilizar logradouros públicos
e áreas urbanas degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou
permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite .
A proposta deste trabalho de pesquisa portanto, com a finalidade de compreender essa
realidade tão singular se propõe a articular a categoria de análise social território usado,
baseado nas formulações de Milton Santos (1987), às estratégias de sobrevivência praticadas
no cotidiano dessas pessoas na busca pelo acesso à alimentação e garantia da Segurança
Alimentar e Nutricional.
Segundo Leite e Tomazini (2016) a crise alimentar associada a crise econômica
mundial no final do século XX reforçou o processo de politização da noção de alimento em
um contexto de combate à fome. Para elas, a noção de oferta suficiente de alimentos
incorpora-se neste momento à noção de acesso aos alimentos de qualidade, com a garantia de
sua regularidade.
Takagi (2006) apud Leite e Tomazini (2011) afirma que a noção de Segurança
Alimentar foi introduzida no Brasil a partir de um documento que circulou no Ministério da
Agricultura em 1985. Mas só em 1993 durante o governo de Itamar Franco, é criado o

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Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA)que pôs em questão o acesso à
alimentação como um direito básico. O CONSEA foi extinto no governo seguinte, de
Fernando Henrique Cardoso.
Em 2000 quando a situação de insegurança alimentar, que uma parcela significativa
da população brasileira vivia, torna-se amplamente debatida pela Organização das Nações
Unidas (ONU), uma vez que os dados relativos à fome no Brasil foram expostos pela
comunidade internacional a partir de um relatório, o governo brasileiro viu-se sob pressão e
inicia-se o processo de enfrentamento à fome de forma estratégica por parte do Estado
O principal marco histórico do combate à fome no Brasil é a criação e implantação do
Programa Fome Zero (PFZ) em 2003, dias após o presidente Lula assumir a presidência do
país. Leite e Tomazini (2016) afirmam que o principal objetivo do programa era garantir o
direito à alimentação por meio da promoção da Segurança Alimentar, a partir de ações e
programas articulados pela descentralização estratégica entre união, estado, município e
sociedade civil.
As observações feitas na Bacia do Mercado Municipal de Santos revelam a presença
dos armazéns de distribuição de alimentos da cidade de Santos e região. Embora seja pouco
utilizado no varejo pela população da cidade, é conhecido da população em situação de rua.
O antigo Mercado Municipal é a referência espacial na Vila Nova para a localização desta
população, como mencionado no censo realizado em 2014.
Nesta mesma região funciona o Restaurante Popular Bom ¹,subsidiado pela Prefeitura
Municipal . O funcionamento é restrito à oferta de café-da-manhã e almoço e se insere na
relação de sobrevivência e no o acesso à alimentação da população em situação de rua.
A articulação entre diversas áreas do conhecimento para elaboração de políticas
públicas é fundamental também para compreensão da dinâmica de determinadas realidades
sociais.
Esta pesquisa se mostra relevante ao contribuir na construção de conhecimentos
acerca da população em situação de rua, assim como servindo de instrumento para a reflexão
sobre a consolidação e ampliação dos direitos desta população já previsto pelo Art. 7º da
Política Nacional Para População em Situação de Rua:
“incentivar a pesquisa, produção e divulgação de conhecimentos sobre a população em
situação de rua, contemplando a diversidade humana em toda a sua amplitude étnico-racial,
sexual, de gênero e geracional, nas diversas áreas do conhecimento”.(ítem VI, 2009)

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Nesse contexto chegamos a pergunta central desta pesquisa: quais são as estratégias
na construção de redes sócio territoriais de sobrevivência alimentar na RCHS, diante dos
fatores e características sócio-espaciais culturais e econômicas da região?

Caracterização do problema
A definição de Segurança Alimentar é, para Walleser e Segall-Correa (2011) a
realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em
quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo
como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e
que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis.
Em 2006 é aprovada a Lei Orgânica da Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN)
nº 11.346, inserindo o debate da Segurança Alimentar e Nutricional nos processos de
combate à fome.
Segundo Pinto (2013) o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
(CONSEA) realizou campanhas para aprovação da Emenda Constitucional 64, que entrou em
vigor em 2010, considerando a alimentação como Direito Constitucional fundamental.
Para Silva (2010) fome e pobreza influenciam-se mutuamente. Assim, quanto mais
pobre é uma família, maior é o peso relativo dos gastos referentes à alimentação sobre sua
renda, o que compromete o acesso a outros bens e serviços necessários.
Logo, qualquer gasto eventual afeta a capacidade de satisfação das necessidades
alimentares mais básicas.
Leite e Silva (2011) apud Silva (2014) destacam a determinação territorial da pobreza,
uma vez que esta não se distribui de forma homogênea. O que se observa são os territórios de
exclusão, onde famílias e pessoas pobres se concentram e compartilham de uma mesma
situação precária, gerando solidariedades locais próprias, com a finalidade de garantir a
sobrevivência. Segundo Silva (1990):
Ao dizer Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) está-se afirmando o caráter
fundamental que a alimentação, em quantidade e qualidade, tem para a garantia da
sobrevivência humana. Sob essa ótica, o direito à alimentação adequada é encarado
como um direito humano básico e não uma mera ação assistencial do Estado, que estará
sujeita às vontades políticas dos governantes ou de arranjos favoráveis.

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A vida cotidiana das pessoas que vivem nas ruas é marcada por um processo contínuo
de sobrevivência que é caracterizado por diferentes práticas e possui variadas ligações entre
os sujeitos que colaboram com este processo direta ou indiretamente. Implicam entre si na
disputa cotidiana do território, enquanto uso.
Segundo Dias (2010) apud Santos et. al (2015) a escolha por determinado local para
realização das refeições depende de fatores, tais como: o modo como os indivíduos
organizam seu cotidiano; a dinâmica de funcionamento dos pontos de distribuição da
alimentação; e a qualidade e a variedade da alimentação oferecida.
Guimarães (2002) explora o conceito de vida cotidiana, definido por Heller (1994)
como a constituição e reprodução do próprio indivíduo e conseqüentemente da própria
sociedade, através das objetivações. O processo de objetivação se caracteriza por essa
reprodução, que não ocorre do nada para se efetivar, ela pressupõe uma ação do homem sob o
objeto, transformando-o para seu uso e benefício. Assim tudo pode ser objetivado, pois tudo
está em constante mutação, em todas as dimensões da vida.
Um estudo etnográfico sobre as estratégias de sobrevivência das famílias da região do
semi-árido baiano traz algumas reflexões sobre o ato de comer e o cotidiano, como afirma
Assis (2004)
O cotidiano da ação humana, enquanto um processo coletivo, é motivado por
conhecimentos construídos a partir das percepções das formas de como os indivíduos
viveram, vivem e se organizam em sociedade. A ação de alimentar-se é, assim, um processo
que incorpora um saber sobre a natureza e o corpo, um saber derivado dos encontros, das
experiências e das interações da vida diária. (p. 160)
O uso cotidiano do território pela população em situação de rua da RCHS em função
da sobrevivência alimentar, gera questionamentos quanto ao papel que cada sujeito cumpre
nessa relação: o que a movimentação portuária, comercial, universitária, residencial, entre
outras, implicam neste processo? A interação desses diversos usos do mesmo território
(RCHS) formam redes sociais e a dinâmica dessas redes que além de sociais, são também
territoriais, pois o uso do território é inerente à existência das mesmas.
Stötz (2009) distingue o conceito de rede social, reiterado por Costa e Mendes (2014)
a partir da dualidade entre as redes sociais primárias, que dizem respeito ao processo de
socialização, caracterizadas pela espontaneidade e familiaridade entre sujeitos e as redes
sociais secundárias, onde a coletividade é a principal característica e, manifestam-se em
grupos, que por vezes são articuladas com fins de alcançar objetivos comuns. Neste sentido,

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Costa e Mendes (2014) destacam a importância de sobressair este dualismo e considerar os
aspectos singulares e específicos do cotidiano dessas relações.
Ainda para Costa e Mendes (2014) as redes não são apenas sociais, mas são também
locais. Integram e dissolvem entre si no esforço solidário, contudo não podemos
desconsiderar as forças políticas em jogo nas relações e nas estruturas construídas e
construtoras de múltiplas redes territoriais. Nesse sentido, afirmam que:
As identidades coletivas geradas no interior dos grupos tendem a redimensionar a
extensão e o uso do território como estratégia política das relações em rede, uma vez que a
organização do território está centrada no pertencimento, na cultura e nas redes que delimitam
e definem. Portanto, o território se organiza a partir da relação entre as pessoas em um
espaço-tempo comum e portanto, solidário. (Costa e Mendes, 2014, p.24)
As redes sociais territoriais construídas pelas pessoas em situação de rua revelam um
cotidiano singular, o qual essa pesquisa se desdobra, com a finalidade de compreender a
dinâmica existente entre os diversos sujeitos que as constituem, a fins de acessar a
alimentação. O que torna esse cotidiano particular, sobretudo em relação à rua, é o sujeito que
a vive, pois a população em situação de rua, diferente de outros grupos sociais, encontra-se
nos espaços públicos da cidade, usando-os não apenas como abrigo, mas também como
recurso de sobrevivência.
De acordo com Silva (2006) a população em situação de rua possui um aspecto
fundamental para a sua compreensão que é a multiplicidade de fatores que corroboram para
constituição da “situação de rua.” .
Fatores estruturais como a ausência de moradia, de trabalho e renda, que estão
relacionadas a mudanças econômicas estruturais incidem diretamente na vida social. E
também os fatores biográficos que estão relacionados a trajetória de cada sujeito e sua
história de vida, envolvendo muitas vezes rupturas com vínculos familiares, comunitários,
uso abusivo de substâncias psicoativas e/ou questões de saúde mental.
A heterogeneidade deste grupo, que possui diferentes trajetórias evidentes nos centros
urbanos, revela as diferentes realidades vivenciadas por eles/elas e que muitas vezes é
retratada como um fenômeno da contemporaneidade. Como afirma Bursztyn (2000) viver nas
ruas não é um “problema” novo, talvez seja tão antigo quanto a própria existência das cidades
no início do capitalismo.
Muito além de não possuir residência regular, inexistência de renda e questões de
ordem particular, a população em situação de rua usa a rua com fins de sobreviver. A rua não
é em si, a residência dessas pessoas, é o espaço aos quais elas estão fisicamente e

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subjetivamente condicionadas, cujas trajetórias às direcionam a esses lugares, que são
territórios em disputa por diversos sujeitos, com diversas incidências nesses espaços, onde a
correlação de força desses diferentes sujeitos é expressa e determinada pela configuração
urbana. Como afirma Silva (2006):
O fenômeno “população em situação de rua” é uma expressão inconteste das
desigualdades sociais resultantes das relações sociais capitalistas, que se desenvolvem a partir
do eixo capital/trabalho. E, como tal é expressão da questão social. Na cena contemporânea
em face das mudanças no mundo do trabalho, advindas, principalmente da reestruturação
produtiva, o aprofundamento do desemprego e do trabalho precário consubstanciam a
expansão da superpopulação relativa ao exército industrial de reserva e dessa forma,
propiciam a elevação dos níveis de pobreza. Nesse contexto, cresce o fenômeno “população
em situação de rua”, como parte constitutiva da pobreza e da superpopulação relativa.
(SILVA, p. 21).
Considerando o uso do território pela população em situação de rua, na elaboração de
estratégias de sobrevivência alimentar, como objeto de análise, na proposta teórica do
território usado em Milton Santos, Macedo e Kurka (2018) afirmam:
Nenhuma abordagem sobre território pode deixar de considerar as
peculiaridades do sistema capitalista: o mercado, na ocupação e distribuição
socioespacial das populações; a centralidade do trabalho; a influência política das
instituições e do Estado. Nesse sentido o território usado também deve ser analisado
enquanto um campo de forças contraditórias em constante embate, atravessado pelas
mais diversas intencionalidades das esferas políticas, econômicas e sociais. (Macedo
e Kurka, 2018, p. 116)
Nesse contexto a Região Central Histórica de Santos aglutina tensões, criando
circuitos e redes sociais entre a população em situação de rua, que revelam contradições
acerca da ocupação e do uso desta região da cidade. A diversa composição populacional
revela a multiplicidade das relações deste território, como afirmam Kurka e Ferraz (2013):
Desde a metade final do século XX até início do XXI, a Região Central Histórica de Santos
esteve esquecida pelo poder público e por parte da sociedade. Ficou conhecida, a partir de então,
por suas habitações coletivas (cortiços), suas zonas de prostituição e de consumo de drogas, seu
grande contingente de população em situação de rua e de trabalhadores informais, tornando-se
sinônimo, no imaginário coletivo, de pobreza e periculosidade. (Kurka e Ferraz, 2013, p.67)
Com as mudanças advindas da implantação do edifício central da Universidade
Federal de São Paulo (UNIFESP-BS) na região em 2012, a região que, antes já possuía

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universidades, passa a ter mais uma. Os impactos e as influências geradas pela convivência
de diferentes sujeitos neste espaço, configura as relações sociais e territoriais diversas.
A realidade da RCHS está relacionada com o modo de produção capitalista, que é por
natureza desigual, e as expressões da desigualdade possuem aspectos territoriais.
As contradições conviventes na realidade urbana, são comuns e particulares, no caso
da população em situação de rua, é uma característica da urbanização brasileira, como
apontam Macedo e Kurka (2018):
Trata-se de uma urbanização e seu gerenciamento a serviço da especulação econômica, que carrega
como principal contradição uma urbanização desordenada nas periferias das cidades e o adensamento das
expressões da questão social, como a pobreza, para as populações que nelas habitam. (Macedo e Kurka,
2018, p. 115)
Dessa forma, pensar a elaboração das estratégias de sobrevivência alimentar das
pessoas que vivem nas ruas da RCHS, implica em indagar-nos o significado desta área para
essa população. Por se tratar de uma população que estabelece relações outras com as áreas
da cidade, consequentemente, faz um uso peculiar do território, as estratégias de
sobrevivência assumem neste contexto parte dessa reflexão. Segundo Macedo e Kurka
(2018):
As cidades também são aglutinadoras de lugares que carregam possibilidades de resistências
manifestadas a partir das ações humanas políticas, sejam elas organizadas ou de caráter de sobrevivência,
focalizadas na resolução de necessidades tidas como individuais. Com essa percepção faz-se importante
desdobrar as relações entre território e ação, buscando caminhos para melhor compreender as resoluções
elaboradas pelos sujeitos diante das necessidades e demandas concretas por eles vividas. (Macedo e
Kurka, 2018, p. 115)
Nessa relação, a população em situação de rua elabora suas estratégias de
sobrevivência alimentar a partir de quais relações? Quem são os sujeitos de maior
importância neste processo contínuo de sobrevivência nas ruas? Quais são as implicações dos
diferentes sujeitos nesta lógica?
A partir dessas reflexões, busca-se compreender as particularidades desta região na
construção de estratégias de sobrevivência alimentar pela população em situação de rua na
RCHS.

Objetivo geral
Compreender o processo de construção das estratégias de sobrevivência alimentar em
redes sociais-territoriais da população em situação de rua da Região Central Histórica de
Santos.

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Objetivos específicos

○ Identificar os diferentes sujeitos, organizações públicas e privadas, empresas


que constituem redes de sobrevivência no acesso a alimentação das pessoas
que vivem nas ruas da Região Central Histórica de Santos.
○ Refletir sobre o cotidiano nos lugares do território das pessoas que vivem nas
ruas e o acesso a alimentação como direito social.
○ Analisar a dinâmica existente entre os diferentes sujeitos que coexistem com
as pessoas que vivem nas ruas na construção das redes de sobrevivência.).

Metodologia e estratégia de ação

Este trabalho é uma pesquisa quantitativa e qualitativa que tem como principal

objetivo identificar as estratégias de sobrevivência alimentar das pessoas que vivem nas ruas

da Região Central Histórica de Santos e a sua relação com os diferentes sujeitos (residentes,

comerciantes, serviços públicos, organizações socioassistenciais, entre outros) que convivem

cotidianamente.

Trata-se de um processo de pesquisa que envolve a interação entre pesquisador e a

população em situação de rua, no contexto da Bacia do Mercado Municipal de Santos, em

função da produção e coleta de narrativas de pessoas em situação de rua que, cotidianamente,

utilizam deste espaço na manutenção de sua sobrevivência e seu circuito alimentar.

Assim, os/as narradores/as possibilitam identificar os aspectos mais significativos das

redes sociais, construídas por essas pessoas, na RCHS tendo em vista a sobrevivência no

espaço urbano, suas estratégias e forças em disputa.

As estratégias de sobrevivência se dão cotidianamente no espaço urbano. Sucessões

de experiências que refletem o caráter de continuidade das experiências vividas pelas pessoas

em situação de rua.

Para Minayo (2010) é possível criar um lastro de confiabilidade, a partir da técnica

chamada “bola de neve”, em que o pesquisador aproxima-se de outros interlocutores, uma

vez que estabelece o contato com um interlocutor, que antecede e indica o contato com os

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demais interlocutores, construindo assim, uma rede de contatos baseada na confiabilidade dos

sujeitos que ali estão inseridos.

O material coletado nesta pesquisa será analisado a partir das informações de natureza

quantitativa e qualitativa, uma vez que são capazes de revelar a dinâmica e as interações

existentes nos circuitos de sobrevivência alimentar com o apoio da análise de enunciação que,

Minayo (2010) descreve como uma técnica em que, o discurso opera transformações no

momento da produção da fala.

Entende-se que a análise de enunciação e a produção de narrativas são instrumentos

que viabilizam as reflexões desta pesquisa que, somadas, constroem a análise de conteúdo

quantitativo e qualitativo, pois tanto uma quanto a outra, são dados relevantes para a

compreensão das estratégias da sobrevivência alimentar das pessoas que vivem nas ruas da

RCHs.

O processo de pesquisa  evoca etapas metodológicas:

1. Submissão do projeto ao Comitê de Ética da Universidade Federal de São Paulo e à

Plataforma Brasil.

2. Levantamento e revisão bibliográfica de produções acerca da Geografia, da Região

Central Histórica de Santos e das Ciências Sociais em geral.

3. Levantamento documental: considerando a aproximação com a Fundação Arquivo e

Memória de Santos, onde é possível encontrar mapas, documentos, fotos e arquivos

que narram a história da cidade de Santos. Tendo em vista também a produção de

narrativas na região da Bacia do Mercado Municipal de Santos. Material este, que será

analisado ao longo desta pesquisa.

4. Aproximação com o campo de pesquisa através da observação participante na Bacia

do Mercado Municipal, junto ao restaurante popular Bom Prato (programa estadual de

alimentação) situado no bairro Vila Nova em Santos (SP).

Considerando que este equipamento é espaço aglutinador das pessoas que vivem nas

ruas e a sua dinâmica com diferentes sujeitos evoca aproximações com os possíveis

sujeitos narradores que irão colaborar com o desenvolvimento desta pesquisa.

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2. Elaboração de entrevistas abertas, que posteriormente resultará na produção de

narrativas pelos sujeitos inseridos nesta pesquisa, segundo critérios elaborados a

priori, onde será possível identificar nos relatos orais das pessoas que vivem nas ruas

as estratégias utilizadas por elas com fins de acesso à alimentação.

3. Interpretação e análise do conteúdo qualitativo obtido a partir da produção de

narrativas junto a população em situação de rua, considerando o território usado e as

estratégias de sobrevivência alimentar; o processo de construção das redes sociais

territoriais, elaboradas por esses sujeitos, na perspectiva de compreender a correlação

de forças existentes nesta região.

4. Relatório final.

5. Devolutiva dos resultados da pesquisa aos sujeitos participantes.

6. Apresentação no Congresso da Universidade Federal de São Paulo.

Resultados e impactos esperados


Esta pesquisa se mostra relevante ao contribuir na construção de conhecimentos,
assim como servindo de instrumento para a reflexão sobre a consolidação e ampliação dos
direitos previsto pelo Art. 7º da Política Nacional Para População em Situação de Rua:
“incentivar a pesquisa, produção e divulgação de conhecimentos sobre a população em
situação de rua, contemplando a diversidade humana em toda a sua amplitude étnico-racial,
sexual, de gênero e geracional, nas diversas áreas do conhecimento”.(ítem VI, 2009)
Com a finalidade de aprofundar os conhecimentos sobre Região Central Histórica de
Santos, essa pesquisa contribuirá com o Núcleo de Políticas Públicas Sociais através do
processo de construção de conhecimento, que neste presente momento soma algumas
categorias oriundas do método de pesquisa-narrativa e do território enquanto categoria de
análise, desdobrando-se junto à população em situação de rua, que possui uma profunda
escassez de produção teórica envolvendo esses sujeitos.
As estratégias de sobrevivência na Região Central Histórica de Santos, é um assunto
já abordado em pesquisas desenvolvidas pelo núcleo, por essa razão, trata-se de um objeto de
pesquisa em constante análise, uma vez que os dados revelam o aumento da concentração de
pessoas vivendo nas ruas desta região, entendemos que há uma emergente necessidade de

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explorar em termos acadêmicos o uso do território por essas pessoas, tendo em vista a
manutenção de suas vidas.
Com extinção do CONSEA em janeiro de 2019, as organizações da sociedade civil,
pesquisadores/as, profissionais das políticas públicas, estudantes e indivíduos em geral,
indagam quais são os caminhos possíveis que a Segurança Alimentar e Nutricional, assim
como a Soberania Alimentar irá trilhar neste contexto sociopolítico.
Dentre os inúmeros retrocessos, a extinção deste conselho, representa a urgente
necessidade de organizar política e cientificamente a discussão sobre o acesso a alimentos de
forma saudável, nutritiva e permanente. Fomentando assim, o acesso à alimentação como um
direito fundamental.
A ausência de políticas públicas em torno deste debate torna acentuada, ainda mais,
essa questão, visto que por se tratar de uma população que cotidianamente passar por
inúmeras violações de direitos, até mesmo pela negligência do Estado, esta pesquisa contribui
na perspectiva de corroborar com a organização popular e a participação social, a partir do
conteúdo elaborado

Riscos e dificuldades
A observação participante antecede o processo de produção de narrativas com a
finalidade de estreitar os laços estabelecidos entre pesquisador e sujeitos de pesquisa, para
que não haja preposições tendenciosas sobre o cotidiano explorado na pesquisa.
Esta pesquisa considera o processo de aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) e
pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) como parte fundamental e
determinante para a efetivação.
Não é possível realizar uma pesquisa-narrativa sem inserção em campo, assim como também
não é viável escrever sobre o cotidiano das pessoas em situação de rua a partir de uma
rigorosa revisão bibliográfica. Entretanto a inserção neste campo de pesquisa,
especificamente, conta com um aporte teórico capaz de elucidar questões básicas que envolve
esses sujeitos, como por exemplo, as relações que essas pessoas possuem com os serviços
públicos, os locais que encontram-se, entre outras questões.
A garantia do acordo referente sigilo dessas informações que serão confiadas ao
pesquisador, é uma exigência da resolução nº466 de 2012, elaborada pelo Conselho Nacional
de Saúde que dispõe sobre o engajamento ético e o desenvolvimento de pesquisas científicas.
Sem o cumprimento desta exigência, salientada pela resolução, os sujeitos envolvidos

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estariam expostos a riscos consideravelmente danosos, uma vez que são relatos que dizem
respeito ao seu processo de sobrevivência.
A perda dos registros escritos e gravados (por meio de recurso de áudio) ou roubo
deste material pode ocasionar numa situação de dispersão da informação obtida, tornando
públicos os relatos confidenciados à pesquisa. Em outras dimensões, considerando a
repressão policial sofrida por esses sujeitos, essas informações devem ser cautelosamente
armazenadas.
Com o intuito de racionalizar essas práticas, identificando as redes estabelecidas por
esses sujeitos, o trabalho deve buscar um rigor teórico que possibilite mensurar e investigar
essas estratégias com o menor grau de generalização dessas ações. Refletindo sobre as
singularidades da vida de cada participante dessa pesquisa, desconsiderando o preconceitos e
situações que envolvam juízo de valor no contato com essas pessoas e na produção escrita,
pois o contato com essas pessoas envolvem representações e construções sociais que são
também relações de poder, o que pode ocasionar constrangimento se ocorrer descuido nesse
processo.
Quanto ao desenvolvimento da pesquisa, a maior dificuldade é não encontrar as
pessoas que poderão participar desta pesquisa, devido às suas organizações cotidianas, o que
tardaria e levaria esta pesquisa ao processo de reelaboração. Assim como o pesquisador se vê
num contexto de múltiplas pulsões e contextos de vulnerabilidade social, há uma particular
necessidade de explicitar as intenções da pesquisa para que não haja interpretações
equivocadas que colocariam o pesquisador em risco.
Uma vez que esse trabalho propõe-se construir de forma sistemática o circuito
percorrido na elaboração de estratégias de sobrevivência da população em situação de rua,
presume-se que algumas informações a ser reveladas podem evidenciar situações
relacionadas a atos ilegais, desde pequenos furtos até violências relativas à pessoa humana.
Essas informações são passíveis de desconfiança e desconforto, por isso a necessidade do uso
do instrumento do “método bola de neve”, para que essas relações se dêem numa relação de
alteridade.
Viver nas ruas não exclui o direito à privacidade dos sujeitos como um fator
importante para suas vidas. Logo a garantia da privacidade nesse processo de pesquisa, é
considerado como uma questão de respeito, segurança e que senão materializada, ocasiona
em desconfortos que influenciarão os dados da pesquisa, o que impossibilita a viabilidade do
trabalho.

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Nesse contexto, as relações estabelecidas em campo devem resguardar a privacidade,
os limites impostos pelos sujeitos, as dinâmicas internas da população em situação de rua e o
sigilo de informações. Pois é suscetível a estigmatização e criminalização desses processos,
dada a complexidade desse modo de vida.
O esclarecimento quanto a natureza deste processo de pesquisa às pessoas que vivem
nas ruas, assim como a divulgação de seus objetivos, verificando a factibilidade e a
possibilidade de reflexão sobre a composição das redes sociais territoriais, a nível de sua
racionalização das estratégias de sobrevivência, considerando a ocupação e o uso deste
território nessa dinâmica, é fundamental para que o trabalho concretize sua dimensão política
em favorecimento da população sujeita desta pesquisa.

Financiamento
Esta pesquisa não prevê financiamento para ser desenvolvida, contudo, envolve
alguns custos que são relativos ao transporte, a compra de material para produção de
narrativas, entre outras questões. Contudo não envolve o investimento de equipamentos
tecnológicos.

Cronograma das atividades a serem realizadas

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

SUBMISSÃO AO COMITE DE ÉTICA E x x x


PLATAFORMA BRASIL
LEVANTAMENTO E Revisão bibliográfica e
documental

Observação participante x x x

ENTREVISAS ABERTAS COM Produção de x x


x

narrativas

Análise do conteúdo DA NARRATIVAS x x x x

Relatório parcial x x x x

Finalização da análise x x

15
Reunião com os sujeitos envolvidos na x
pesquisa PARA DEVOLUTIVA DOS
RESULTADOS

Relatório final x

Apresentação no Congresso Acadêmico da


UNIFESP

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