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6.

ª CONFERÊNCIA ESTADUAL DE
SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
TEMA:
“ AGENDA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E
NUTRICIONAL: POSSIBILIDADES E
DESAFIOS”

2019
PROPOSTA DE ROTEIRO PARA OS
MUNICÍPIOS REALIZAREM SUAS
CONFERÊNCIAS OU REUNIÕES
AMPLIADAS DE SEGURANÇA ALIMENTAR
E NUTRICIONAL

2019
ASSUNTOS A SEREM ABORDADOS:

1. CONTEXTUALIZAÇÃO DA SEGURANÇA
ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO BRASIL;

2. EVOLUÇÃO TEÓRICA SOBRE O CONCEITO DE


SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL E AS
POLÍTICAS PÚBLICAS REALIZADAS NOS
PERÍODOS DA DÉCADA DE 1990 ATÉ 2000;

3. OS DESAFIOS DE REPENSAR OS ATUAIS


SISTEMA DE PRODUÇÃO E CONSUMO NO BRASIL.
CONTEXTUALIZAÇÃO DA SEGURANÇA
ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO BRASIL
A partir de meados dos anos de 1980, emergem no
váriBrasilas mobilizações e movimentos sociais com
reivindicações diversas, que vão desde a redemo
cratização do país, passando pela ampliação de
direitos, até a luta pela redução das desigualdades
sociais
A expressão “segurança alimentar” surgiu no
âmbito de dois eventos ocorridos em meados da
década de 1980:

• um foi o lançamento, em 1985, de uma


proposta de Política Nacional de Segurança
Alimentar por técnicos e pesquisadores ligados
ao Ministério da Agricultura,

• e o outro foi a realização da I Conferência


Nacional de Alimentação e Nutrição (I CNAN)
em 1986.
• A proposta da Política Nacional de Segurança
Alimentar tinha como foco principal o
abastecimento alimentar, isto é, a preocupação
em atender às necessidades alimentares da
população,

• Também queria garantir a autossuficiência


nacional na produção de alimentos, apontando no
sentido de que as políticas de segurança
alimentar fossem coordenadas por um conselho
nacional
• Mesmo que o termo segurança alimentar tenha
surgido, no Brasil, somente em meados dos anos
de 1980, sempre houve uma preocupação com a
SAN, e o Brasil sempre foi influenciado e
também influenciou as discussões mundiais sobre
o assunto

• O Brasil sempre manteve um papel


relativamente ativo neste tema
internacionalmente.
O sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, fundou
o Ibase em 1980 e, na década de 1990, tornou-
se símbolo de cidadania no Brasil ao liderar a
Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e
pela Vida, conhecida popularmente como a
campanha contra a fome.

Betinho mobilizou a sociedade brasileira para


enfrentar a pobreza e as desigualdades.
Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela
Vida não foi a única frente em que Betinho se
envolveu desde que voltara do exílio.

Ainda nos anos 1980 foi articulador da Campanha


Nacional pela Reforma Agrária.

Junto com outras entidades, o Ibase organizou em


1990 o evento “Terra e Democracia”, que levou 200
mil pessoas ao Aterro do Flamengo, no Rio de
Janeiro.
COLOCAR O BETINHOOOOOO
A década de 1990, no Brasil, foi marcada pela
hegemonia política neoliberal, caracterizada, dentre
outros aspectos, pela fragmentação, paralisia e
retrocesso nas políticas sociais.
Durante o governo de Fernando Collor de Mello
(1990-1992), instituições com relação direta à
SAN, como a Empresa Brasileira de Assistência
Técnica e Extensão Rural (EMBRATER) e o Instituto
Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN), foram
extintas ou desestruturadas.

Programas ligados à alimentação foram desativados,


ou sofreram grandes cortes em seus orçamentos,
num contexto de enxugamento da máquina pública.
Em meio aos graves problemas sociais que o Brasil
vivia neste período e do contexto instaurado pelo
afastamento do presidente Fernando Collor de Mello,
primeiro presidente eleito diretamente após a
redemocratização do país, surge o Movimento Pela
Ética na Política que, no transcorrer de suas ações e
processos, amplia sua atuação para outras áreas.
• A Ação da Cidadania ganha adesão social e
institucional, desdobrando-se, dentre outros, na forma
ção de milhares de comitês de solidariedade e combate
à fome (estimativas apontam que, no final de 1995,
existiam mais de cinco mil comitês operando em todo o
país)

• O que resultou na implantação de inúmeras


experiências de capacitação, geração de trabalho e
renda

• E na criação, em abril de 1993, do Conselho Nacional


de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) numa
parceria com o governo Itamar Franco.
EVOLUÇÃO TEÓRICA SOBRE O CONCEITO DE
SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
CONTEXTUALIZANDO

Em Julho de 1994, o Consea e outras


organizações realizaram a I Conferência Nacional
de Segurança Alimentar (I CNSA), em Brasília
(DF), reunindo cerca de dois mil delegados,
escolhidos a partir de uma ampla mobilização das
conferências municipais, microrregionais e
estaduais e comitês setoriais
CONTEXTUALIZANDO

• Com o tema “Fome: uma questão nacional”, a


Conferência, além de fazer um balanço das
ações em curso na área e do trabalho do
Consea, também apontou para a necessidade de
o país ter uma política nacional de segurança
alimentar.
CONTEXTUALIZANDO

• Havia a compreensão de que a fome resultava


da falta de produção de alimentos ou de
efeitos climáticos adversos,

• Assim, buscou-se discutir formas de como


prover a população dos meios necessários para
garantir a todos uma alimentação adequada e
uma vida digna.
APÓS MUITAS DISCUSSÕES DELINEOU-SE O
PRIMEIRO CONCEITO DE SEGURANÇA
ALIMENTAR E NUTRICIONAL- SAN:

“Um conjunto de princípios, políticas, medidas e


instrumentos que assegure permanentemente o
acesso de todos os habitantes em território
brasileiro aos alimentos, a preços adequados, em
quantidade e qualidade necessárias para satisfazer
as exigências nutricionais para uma vida digna e sau
dável bem como os demais direitos da cidadania
”(CONSEA, 1995, p. 134).
DEPOIS DE ITAMAR FRANCO ASSUME O GOVERNO
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO(1995-1998)

• Logo que assumiu FHC extinguiu o CONSEA

• Durante seus dois mandatos, o Consea deixou de


existir, sendo implantado em seu lugar o Conselho
do Programa de Comunidade Solidária PCS

• O Programa Comunidade Solidária (PCS), vinculado


à Casa Civil da Presidência da República, tinha o
objetivo de ser a principal estratégia do governo
no combate à fome e à pobreza.
NO GOVERNO DE FERNANDO HENRIQUE
CARDOSO(1995-1998)

• Apesar do PCS manter algumas ações e


discussões sobre SAN, principalmente através de
alguns de seus comitês, o mesmo não possuia a
representatividade do Consea e não conseguia
tornar a SAN uma prioridade de governo.
“O PCS não conseguiu apresentar uma
ação essencialmente estruturante no
combate à pobreza e seus flagelos sociais,
como a fome e a desnutrição.”
No segundo mandato de FHC (1999-2002), o PCS
sofre algumas alterações.

A principal missão o PCS passou a ser estimular


experiências de desenvolvimento local e parcerias
entre governo e sociedade civil, e a função
anterior, coordenar as ações de combate à fome e
à pobreza, foi repassada ao Programa Comunidade
Ativa (PCA).
Programas que visavam atender emergencialmente
populações vulneráveis:

• Programa Bolsa Alimentação, do Ministério da


Saúde (MS), dirigido a crianças e gestantes
vulneráveis;

• Vale Gás, do Ministério de Minas e Energia


(MME) e

• O Bolsa Escola, do Ministério da Educação (MEC)


(PINHEIRO, 2009a; IPEA, 2014).
Neste período de 1995 a 2002, não se obteve
maiores avanços em termos de efetivação de uma
proposta de segurança alimentar para o país, mas,
avançou-se significativamente na formulação
conceitual sobre o tema.
SEGUNDO CONCEITO DE SEGURANÇA
ALIMENTAR E NUTRICIONAL- SAN:

“Segurança Alimentar e Nutricional significa garantir a


todos o acesso a alimentos básicos de qualidade, em
quantidade suficiente, de modo permanente e sem
comprometer o acesso a outras necessidades essenciais,
com base em práticas alimentares saudáveis.

Contribuindo, assim, para uma existência digna em um


contexto de desenvolvimento integral da pessoa
humana.” (INSTITUTO CIDADANIA, 2001a, p. 13).
Num esforço de mobilização nacional, ao longo de
2001, o Instituto Cidadania, uma Organização
Não-Governamental (ONG), constrói, como parte
integrante do plano de governo da candidatura de
Luís Inácio Lula da Silva à presidência da
República, o “Projeto Fome Zero:
O Projeto Fome Zero foi uma proposta de
política de segurança alimentar para o
Brasil”13.

Este Projeto foi debatido nacionalmente e


construído a muitas mãos e que,
popularmente, ficou mais conhecido apenas
como “Fome Zero”.

Em 2003, o Presidente Luis Inácio Lula da


Silva, logo que assumiu reativou o CONSEA
Nacional.
O Projeto identificou que as causas da fome não
eram conjunturais, e sim estruturais, e estão
relacionadas ao modelo de desenvolvimento
adotado no país.

Que o problema da fome no Brasil “[...] não é a


falta de disponibilidade de alimentos, mas sim o
acesso a eles”
UM TERCEIRO CONCEITO DE SEGURANÇA
ALIMENTAR E NUTRICIONAL- SAN FOI
ENTÃO FORMULADO

E SAN foi definido como “a garantia do direito


ao acesso a alimentos de qualidade, em
quantidade suficiente e de modo permanente,
com base em práticas alimentares saudáveis e
sem comprometer o acesso a outras
necessidades essenciais e nem o sistema
alimentar futuro, devendo se realizar em bases
sustentáveis”.
Todo país deve ser soberano para assegurar
sua segurança alimentar, respeitando as
características culturais de cada povo,
manifestadas no ato de se alimentar.

É responsabilidade dos Estados assegurarem


este direito e devem fazê-lo em obrigatória
articulação com a sociedade civil, cada parte
cumprindo suas atribuições específicas.
A SEGUNDA CONFERÊNCIA DE SEGURANÇA
ALIMENTAR E NUTRICIONAL- SAN

TEMA:“A Construção da Política Nacional de


Segurança Alimentar e Nutricional”,

Realizado em março de 2004 em Olinda(PE) com a


participação de cerca de 1.300 delegados, escolhidos
em conferências municipais e estaduais que a
precederam.
As discussões da II CNSAN se concentraram em
ações e projetos que visavam assegurar o acesso à
alimentação, à soberania alimentar, à qualidade
alimentar, ao respeito às culturas alimentares, à
busca por sistemas mais sustentáveis de produção,
à institucionalização da SAN e à alimentação como
um direito humano.

Cabe ainda ressaltar que nesta conferência


incorporou-se, de vez, o aspecto nutricional e
da qualidade alimentar.
Em 15 de setembro de 2006, a segurança ali
mentar e nutricional torna-se lei no Brasil, com a
aprovação da Lei n.º 11.346- Lei Orgânica de
Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN).
Na Lei n.º11.436 se instituiu o Sistema
Nacional de Segurança Alimentar Nutricional
(SISAN), um sistema público, com previsão de
gestão Inter setorial e participativa, e que
visa articular os diversos setores, os três
níveis de governo e a sociedade civil
organizada (CAISAN, 2011).
UM QUARTO CONCEITO DE SAN FOI
INSTITUÍDO NO ARTIGO 3ºDA LEI
11.346/2006

Consiste na realização do direito de todos ao


acesso regular e permanente a alimentos de
qualidade, em quantidade suficiente, sem
comprometer o acesso a outras necessidades
essenciais, tendo como base práticas
alimentares promotoras de saúde que
respeitem a diversidade cultural e que sejam
ambiental, cultural, econômica e socialmente
sustentáveis.
Em 2007 houve a Realização da “III Conferência
Nacional de SAN” – (III CNSAN), em Fortaleza –
CE

Criação da CAISAN - DECRETO Nº 6.273, DE


23 DE NOVEMBRO DE 2007 - Câmara
Interministerial de Segurança Alimentar e
Nutricional.

DECRETO 6.272, de 23 de novembro de 2007 -


Dispõe sobre as competências, a composição e o
funcionamento do Conselho Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional –CONSEA
Em 2011- Houve a Realização da “IV
Conferência Nacional de SAN” – (IV CNSAN),
Em Salvador- BA

2011- Lançamento do Plano Brasil Sem Miséria

2012- O Brasil superou a meta dos Objetivos


do Desenvolvimento do Milênio das Nações
Unidas (ONU) de reduzir a mortalidade infantil
em dois terços até 2015.
Em 2014 O Brasil sai do Mapa da Fome.

2015 - Realização da “V Conferência


Nacional de SAN” – (III CNSAN), em
Brasília - DF
DESAFIOS DO CONSEA
NACIONAL NA 5ª.
CONFERENCIA + 2
Promover o acesso universal à alimentação adequada e
saudável, com prioridade para as famílias e pessoas
em situação de insegurança alimentar e nutricional.

Combater a insegurança alimentar e nutricional e


promover a inclusão produtiva rural em grupos
populacionais específicos, com ênfase em povos e
comunidades tradicionais e outros grupos sociais
vulneráveis no meio rural.

Promover a produção de alimentos saudáveis e


sustentáveis, a estruturação da agricultura familiar e
o fortalecimento de sistemas de produção de base
agroecológica.
Promover o abastecimento e o acesso regular e
permanente da população brasileira à alimentação
adequada e saudável.

Promover e proteger a alimentação adequada e


saudável da população brasileira, com estratégias
de educação alimentar e nutricional e medidas
regulatórias.
Ampliar a disponibilidade hídrica e o acesso à água
para a população, em especial a população pobre do
meio rural.

Apoio a iniciativas de promoção da soberania,


segurança alimentar e nutricional, do direito humano
à alimentação adequada e de sistemas alimentares
democráticos, saudáveis e sustentáveis em âmbito
internacional, por meio do diálogo e da cooperação
internacional.

Democratização do acesso à terra e ao crédito


A melhoria da renda


O acesso às políticas sociais, como forma de dar
maior consistência e perenidade às ações na área
da SAN


Busca por modelos sustentáveis de produção e
consumo

Acesso às políticas sociais, como forma de dar maior
consistência e perenidade às ações na área da SAN


Os aspectos nutricionais devem ganhar mais
importância na alimentação


Implantar um amplo e consistente processo de

reeducação alimentar
As dez empresas que monopolizam o
setor de alimentos no mundo e no Brasil
exclusão de
pequenos exploração de
exploração de
agricultores trabalhadores
trabalhadores
na indústria
no campo
IMPACTOS exclusão consumidores
remuneração
injusta dos
SOCIAS sem poder aquisitivo
produtores
emissão gases
IMPACTOS efeito estufa
monoculturas
em latifúndios
AMBIENTAIS transporte

desmatamento contaminação
agrotóxicos
uso IMPACTOS resíduos
indiscriminado
aditivos À SAÚDE agrotóxicos

alimentos industrializados alimentos ricos em publicidade de


pobres nutricionalmente açúcar, gordura e sal alimentos

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