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AA4 Geopolítica

UD IV: América do Sul

 Caracterização geral:
→ possui 12 países e 2 possessões (Guiana Francesa e Falklands);
→ tem 6 entre os maiores países mineiros do mundo (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Peru,
Venezuela);
→ possui 4 dos 10 países com maior biodiversidade (Brasil, Colômbia, Equador e Peru);
→ tem grande estoque de terras cultiváveis;
→ população: aproximadamente 400 milhões (mais da metade brasileira);
→ vazios demográficos (desertos e florestas) e concentrações populacionais (regiões
metropolitanas);
→ crônicos problemas educacionais = anafalbetismo, deficiências e carências em cursos técnicos
superiores;
→ inchaço urbano e hipertrofia do setor terciário (informalidade e subemprego);
→ grandes produtores e exportadores de commodities (soja, trigo, minério de ferro, petróleo e
gás natural), além de outros produtos primários de baixo valor agregado (carnes, frutas, café, flores,
esmeraldas, açúcar, couros, madeiras, laticínios);
→ forte dependência tecnológica e de investimentos e externos;
→ setor público inchado;
→ elevada carga tributária;
→ crescente presença chinesa (investimentos e comércio);
→ espaço de disputa entre EUA x UE x China x Japão;

 Paradoxo Sul-Americano:
→ alto grau de violência social x ausência de guerras formais = região que não possui guerras
declaradas, mas em contrapartida a violência é muito grande;

 Subdivisão Regional Tradicional:


→ América do Sul é tradicionalmente dividida nessas regiões:
(1) Caribenha (países banhados pelo mar do Caribe);
(2) Andina (países que estão dentro da Cordilheira dos Andes);
(3) Amazônica (países que possuem o bioma amazônico em seu território);
(4) Platina (Bacia do Prata);
→ a partir daqui, surgem também outros pensadores / geopolíticos que propõem uma nova
subdivisão pro continente sul americano

 Diversidades Subregionais:
→ uma proposta de divisão (Medeiros Filhos):
(1) Amazônia: países da OTCA (cobiça internacional);
(2) Cone-Sul: espaço do Mercosul (espaço mais desenvolvido, países membros do bloco);
(3) Andes: integração mais difícil = diversos pontos de fricção (dificuldades de acesso, altitude);
(4) Guianas: difícil integração (dificuldades de acesso por meio terrestre);
(5) Brasil;
→ Arco da Estabilidade: corresponde à faixa Atlântica; região mais desenvolvida a América do
Sul; países membros do Mercosul; região de mais fácil acesso, desenvolvimento econômico;
→ Arco da Instabilidade: porção onde persistem zonas potenciais de conflito (Amazônia e
Andes); focos de tensão históricos e atuais; menos desenvolvimento econômico;

→ os níveis de integração geopolítica na América do Sul parecem obedecer a uma linha de


gradação crescente, vindo da vertente do Pacífico (instabilidade) para a vertente do Atlântico
(estabilidade);

 Espaço estratégico dentro da América do Sul:


→ Travassos: Heartland Sul Americano;
→ Golbery: preocupado com a segurança, divide o continente em 5 pontos, e no centro estava a
Área Continental de Soldadura, que seria a principal área de defesa (área mais importante) dentro
da América do Sul;
(1) Área Amazônica;
(2) Área do Nordeste Brasileiro;
(3) Área de Reserva Geral ou Plataforma Central de Manobra;
(4) Área Continental de Soldadura;
(5) Área Platino-Patagônica;
→ relação entre Área Continental de Soldadura e Heartland Sul-Americano = praticamente a
mesma área; porém a diferença é que Travassos, quando demarcou o Heartland Sul-Americano,
pensava em uma área de projeção do Brasil dentro do continente, queria que o Brasil se
aproximasse da Bolívia porque ali era um local de projeção da influência; já Golbery estava
preocupado apenas com a segurança;

 Processos de Integração Regional:


(1) Pacto Andino (1969) / Comunidade Andina de Nações (1997):
→ zona de livre comércio = zona de facilitação comercial entre países membros (exemplo: isento
de tarifa, isento de imposto);
→ países dos Andes com exceção do Chile;

(2) OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica);


→ criado a partir do Tratado de Cooperação Amazônica (1978);
→ bloco socioambiental voltado para a região amazônica;
→ países membros: todos aqueles países da região amazônica com exceção da Guiana Francesa;

(3) Mercosul (1991);


→ união aduaneira = tem facilitação de comércio entre países membros e exerce uma tarifa
externa comum;
→ Venezuela: suspensa de 2017 (infringiu normas);
→ Bolívia: em processo de adesão;

(4) Aliança do Pacífico (2012);


→ zona de livre comércio;
→ países do Pacífico (México, Peru, Colômbia, Chile);

(5) Unasul (União Sul-Americana das Nações) – 2008;


→ não é bloco econômico:
→ foro de discussão entre os países membros com alguns conselhos internos (Conselho de Defesa
Sul-Americano – CDS e Conselho de Infraestrutura e Planejamento – Cosiplan);
→ Cosiplan: possuía grande relação com a Iniciativa de Integração Regional Sul-Americana
(IIRSA);
→ objetiva discutir problemas e tentar resolvê-los; e promover integração entre os membros;
→ foi deixada de lado por conto de viés político = em 2008 (quando foi criada) até 2014, o
cenário político do continente era de ideologia de centro esquerda, em maioria; a partir de
2014/2016, ocorre a mudança desse cenário = deixa de ser de maioria esquerda e passa a ser de
maioria centro direita = Unasul deixada de lado e é criado o Prosul;

(6) Foro para o Progresso e Desenvolvimento da Ámerica do Sul (2019):


→ foro de discussão (também não é bloco econômico);
→ Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru e Uruguai, que saíram da
Unasul;
→ Venezuela não foi convidada;
→ Bolívia não aceitou participar;
→ Uruguai foi o mais recente país a aderir;

(7) Iniciativa para Integração Regional Sul-Americana (IIRSA):


→ desenvolver uma visão estratégica de infraestrutura regional = desenvolver a região por meio
de construção de estradas, ferrovias, telecomunicações;
→ consolidar eixos regionais existentes;
→ promover uma visão integrada nas áreas de energia, transportes e telecomunicações =
logística regional (discutir e realizar projetos dentro dessa áreas) = por questões financeiras,
econômicas e sociais, acontece que muitos projetos nem saem do papel;
→ fomentar joint ventures para o desenvolvimento da infraestrutura física da América do Sul;

→ Obs.: saber relacionar a imagem com seu eixo (!!!);

 Principais focos de tensão:


(1) Guerra das Malvinas:
→ Argentina x Inglaterra;
→ 1982;

(2) Perdas territoriais da Bolívia:


→ rosa: perdas pro Brasil;
→ laranja: perdas para o Paraguai (Guerra do Chaco);
→ verde claro: ao sul, perdas para a Argentina;
→ verde mais escuro: noroeste, território anexado pelo Peru;
→ lilás: perda de aproximadamente 400km de litoral (guerra do pacífico, contra o Chile);

(3) Guiana x Suriname:


→ litígios (conflitos de interesse) fronteiriços na região das Guianas;

(4) Venezuela x Guiana:


→ questões fronteiriças;

(5) Chile x Peru:


→ questões fronteiriças;
(6) Venezuela x Colômbia:
→ questões fronteiriças;

 Texto 1:
→ paradoxo sul-americano: ausência de guerras formais mas um alto número de mortes
decorrentes de violência = região isenta de guerras mas morre tanta gente quanto em regiões
com guerras formais declaradas;
→OTCA: bloco voltado para resolver os problemas internos da Amazônia (desmatamento,
garimpo ilegal) e desenvolver essa área;
→ cobiça internacional pela região Amazônica: aspecto comum que pode contribuir para uma
cooperação regional dos países sulamericanos amazônicos e para a formação de uma identidade
regional;
→ fases de integração regional da América do Sul;
(1) contenção (década de 1970) = instabilidades políticas entre países do continente (Brasil x
Argentina e Chile x Argentina); ameaças de contenciosos fronteiriços e de conflitos territoriais; um
país desconfiando do outro; não havia políticas de aproximação nem blocos econômicos ligados a
esses países = problema de BORDER;

(2) inflexão (início da década de 1980) = nessa época, esse cenário começa a mudar, tomar outro
rumo, e entra essa nova fase; os motivos que geraram essa mudança = OTCA, primeiro acordo que
surge entre os países sul americanos; questão da hidrelétrica de Itaipu (Paraguai assina um acordo
com a Argentina, marco início da parceria estratégica que dá início ao Mercosul); o fato de a
Argentina ter perdido a Guerra das Malvinas, que o tonou um “exército perdedor” e fez com
que o Brasil parasse de ver o país como uma ameaça; a parceria Brasil-Argentina se aprofunda em
novembro de 1985 com a assinatura da Declaração de Iguaçu, tratando de temas nucleares; em 1991
é assinado o Tratado de Assunção, criando o Mercosul;

(3) cooperação (acentuada na década de 1990): a partir de meados da década de 1980, tem início
um novo momento nas relações entre os países sul-americanos, fortemente marcado pela
perspectiva cooperativa no campo econômico e pela defesa da democracia no campo político =
essa tendência cooperativa acabará por resultar na criação da UNASUL = o que marca essa fase é a
assinatura do Tratado de Assunção;

(4) institucionalização/fragmentação (década atual);

→ Conselho de Defesa Sul-Americano:


(1) objetivos gerais:
a) Consolidação da América do Sul como uma zona de paz, base para a estabilidade democrática;
b) Construção de uma identidade sul-americana em matéria de defesa;
c) Criação de consensos para fortalecer a cooperação regional em matéria de defesa;
(2) objetivos específicos:
a) a construção de visão conjunta em matéria de defesa;
b) o intercâmbio de informação para identificar os fatores de risco e ameaça que possam afetar a
paz regional e mundial;
c) a cooperação no âmbito da indústria de defesa;
d) o intercâmbio em matéria de formação e capacitação militar;
e) o compartilhamento de experiências em operações de manutenção de paz das Nações Unidas;
→ a formação de blocos regionais de defesa sugerem 2 tipos: um modelo de segurança cooperativa
e um de segurança coletiva; o Conselho de Defesa Sul-Americano representava um órgão do
tipo segurança cooperativa;
→ modelo de segurança cooperativa: se restringe à construção de confiança entre os membros
pra alcançar um ambiente de paz e estabilidade; notificação de manobras militares, troca de
informações sobre gastos com defesa, intercâmbio entre estabelecimentos de formação militar;
→ modelo de segurança coletiva: maior grau de integração; a noção de ameaça comum constitui
elemento motivacional pra formação de identidade regional; se um país é atacado, todos se unem
pra combater juntos (na cooperativa não);

 Texto 2:
→ texto compara Mackinder com Travassos: Mackinder projetou a área pivô da eurásia com uma
escala mundial (quem a comandasse, comandaria o mundo) e Travassos o heartland sul-americano
com uma escala regional (quem o comandasse, comandaria o continente);
→ heartland sul-americano (!!!): área localizada entre 3 cidades = Cochabamba, Santa Cruz de La
Sierra e Sucre; é uma região que eu tenho passagem com facilidade pro Pacífico e pro Atlântico
pelas Bacias Platina e Amazônica;
→ Projeção Continental do Brasil, de Travassos: defende políticas de desenvolvimento nos
setores de transporte, minérios, energia, para garantir ao país a exploração de recursos minerais e
energéticos; numa visão ampliada do conceito de heartland sul-americano, o Paraguai também
seria colocado ao lado da Bolívia como Estados-chave para o controle geopolítico da “área pivô”
sul-americana;
→ Hidrovia Sul-Americana e hidrelétricas Santo Antônio e Jirau: transformar toda esse trecho
navegável e assim ligar o Brasil até o Pacífico e facilitar o comércio de soja do Brasil pra Ásia e pra
costa dos EUA;
→ condição de isolamento mediterrâneo: os dois países da América do Sul que são mediterrâneos
são o Paraguai e Bolívia; se tornam dependentes de países que têm acesso ao mar; afeta seu campo
de poder econômico;
→ Andes e Hileia Amazônica: contribuíram com a questão da defesa sul-americana = Cordilheira
dos Andes formando uma barreira natural e a floresta amazônica como uma área de difícil
acesso (não é possível, por exemplo, uma tropa pesada, blindada sair do Pacífico e atacar essa área
– lembrar da área de soldadura de Golbery – com facilidade);

 Texto 3:
→ objetivo da IIRSA (!!!): discutir e elaborar projetos voltados para a infraestrutura, porém,
além disso, é a formaçao de um bloco único dos países da América do Sul pra facilitar o
comércio no cenário internacional (muito mais fácil eu impor vontades quando tenho um bloco
coeso do que se eu realizo trocar comerciais sozinho);
→ 2 principais conceitos principais do IIRSA (!!!): no texto há 6 conceitos, porém fala que esses
6 podem ser sintetizados em 2 = regionalismo aberto e Eixo de Integração e Desenvolvimento
(EID);
→ regionalismo aberto: criação de um bloco para facilidar a economia e o comércio (diminuir a
burocracia, facilitar trocas, facilitar a imposição de suas vontades no comércio mundial);
→ EID (ver foto do início do resumo): projetos do iirsa são os projetos voltados para os eixos de
integração (capricórnio, guianês, do amazonas, interoceânico, Peru-Brasil-Bolívia, Mercosul-Chile,
hidrovia Paraguai-Paraná);
→ relação de projetos da IIRSA com o pensamento geopolítico brasileiro: Terezinha de Castro –
Eixo Mercosul-Chile;
→ eixo interoceânico e eixo Peru-Brasil-Bolívia = relacionados ao pensamento de heartland
sul-americano, de Travassos (!!!);
 Texto 4:
→ lítio vem ganhando atenção a partir do início do século XXI devido à alta demanda da
indústria de tecnologia para fazer baterias iônicas de litio (não é só usado para baterias = pode
ser usado em outras coisas, até medicamentos);
→ países no âmbito mundial que possuem maior interesse em lítio = Coreia do Sul, China e
Japão: devido justamente à indústria de alta teconologia = precisam do lítio para produzir
principalmente baterias;
→ distribuição mundial do lítio: 71% do lítio mundial está concentrado na América do Sul; há
outros países no mundo que têm minerio de litio, por exemplo a Austrália = porém o lítio da
América do Sul é de maior pureza (lítio da Austrália é retirado em pedra maciça = mais difícil de
extrair, fica mais caro e de menor pureza do que o sul-americano, que é retirado do deserto;
→ onde está concentrada a maior quantidade de lítio no continente sul-americano = ABC =
Argentina, Bolívia e Chile (!!!);
→ Argentina e Chile usam capital estrangeiro para extrair lítio; já a Bolívia não, por questões
características do próprio governo; na Bolívia, as próprias empresas estatais que realizam a
extração = no que isso resulta?= empresas privadas extraem em grande escala, o que torna
mais barato do que a extração por empresas estatais, que é feita em menor escala = assim, a
Bolívia, embora tenha grande concentração de reserva de lítio, tem pouca exploração e,
consequentemente, vende pouco lítio pra fora do continente (Argetina e Chile exploram e
vendem bem mais);
→ texto defende a criação um bloco regional em torno desse minério: um acordo entre os 3 países
visando vender o lítio com mais facilidade, impor suas vontades, valorizar o produto;
→ maldição dos recursos naturais = você é visto como uma eterna colônia de exploração /
mero exportador de matéria-prima / exporta commodities de baixo custo e importa produtos
de alto valor agregado = vende o minério (lítio) bruto, mais barato, e importa alta teconologia mais
cara, porque não têm indústrias aqui = texto defende que o ABC poderiam criar indústrias pra
poder tratar o lítio e já vender, por exemplo, a bateria, com valor mais agregado = ou seja,
ainda se vê a maldição dos recursos naturais e a DIT (Divisão Internacional do Trabalho) ainda
se mantém do jeito que sempre foi;

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