môças tentou explicar a escolha da profissão em têrmos de necessidade
econômica. Devido a condições traumatizantes em seus ambientes, não podiam ajustar-se ao padrão monogâmico da sociedade, rebelando-se contra os contrôles impostos pela sociedade. Imigravam para os grandes centros, associavam"-se a elementos do "bas-fond", e começavam a vida de "call-girl". A quarta parte do livro nos parece fraca por deficiência de casos versados, limitando-se ao estudo de apenas um cáften e um freguês compulsivo das rameiras. Verifica o Dr. Green'Wald que o cáften possui muita coisa em comum, no plano emocional, com a prostituta. Provém êle também de lares desfeitos que lhe dificultara adotar um papel (role) sexual claramente definido. Alguns são impotentes e já tivram expe- riências homosexuais. O estudo do cliente compulsivo das prostitutas está repleto de implicações psicológicas. A maioria dos clientes dá preferência a práticas sexuais que poderiam ser classificadas como perv,ersões. Do ponto de vista da motivação psicológica da utilização sistemática da mulher pública sugere o Dr. Greenwald que a maioria destas pessoas ainda não resolveu satisfatoriamente sua situação edipiana, pois procura vingar-se da figura materna na prostituta, demonstrando ao mesmo tempo desejo e mêdo da mãe, o que impossibilitou o estabelecimento de relações com uma mulher "direita". Estamos certos que o livro proporcionará novos "insights" sôbre a dinâmica emocional da mais antiga das profissões. H.B.S.
Charles Nahoum - La Entrevista Psicológica -
Editorial Kapelusz, Buenos Aires, 1961, 169 págs.
Trata-se da tradução do original francês "L'Entretien Ps.ychologi-
que", publicada por "Presses Universitaires de France", em 1958. Con- forme declara no pjI'ólogo, o autor pretende abordar nessa obra os di- ferentes problemas da técnica da entrevista psicológica, a fim de tornar possível ao leitor a avaliação de sua própria atividade profissional como entrevistador, compreender o que ocorre e realizar entrevistas adequadas. O trabalho de Nahoum está dividido em sete capítulos, nos quais dis- corre sôbre os vários tipos de entrevistas, bem como os fatôres e ati- tudes que influenciam essa situação, tomando por paradigma as idéias apresentadas por Bingham e Moore no seu clássico livro "How to in- tervi~".
Inicialmente define e classifica as entrevistas, situando-as na sua
relação com os vários campos profissionais.Depois de examinar as defi- nições de entrevista de Bingham e Moore e de Symonds, o autor fornece a sua própria: "a entrevista é uma situação psico-social complexa cujas diferentes funções, ainda que formalmente analisáveis, dificilmente se dissociam na prática profissional". Passa, em seguida, a considerar 86 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOTlllCNICA
sucessivamente os vários tipos de entrevista que, de acôrdo com a sua
própria classificação, sãO' as seguintes: a entrevista de investigaçãO' ou de inquérito (cujO' persO'nagem central é o investigador); a entrevista comO' técnica de solução de um problema de O'rientaçãO' ou de adaptação (cujo principal personagem é o entrevistado); a entrevista de seleçãO' e d·e contratO' de trabalho (cujO' persO'nagem principal é a emprêsa à llual deve ser adaptadO' imediatamente o sujeito). OutrO'ssim, apresenta uma análise das táticas e erros no procedi- mento da entrevista. Aconselha O' uSO' dO' gravador como O' meio mais seguro de evitar distorções e omissões do material obtido. Chama atençãO' para o perigO' de atribuir-se ao sujeito declarações que são, na realidade, interpretações dO' entrevistador e vice-versa. O problema das informações falsas, mentiras e dO' valor do testemunho dO' sujeito é abordado com propriedade. Finaliza dissertando de maneira sucinta sôbre as características e formação dO' entrevistador. Entre outras sugere: bO'm nível intelectual, cultura geral bastante completa e uma experiência vivida em diversos meios sociais; estas características implicam em que o entrevistador tenha certa idade - em princípio mais de 25 anos. Em suma, "La Entrevista Psicológica", embora nãO' seja uma O'bra de profundidade, fornece subsídios interessantes e necessários para os que desejam iniciar-se na ativi.dade de entrevistador. R.S.
Klein, M. Riviere, J. - Vid,:t Emocio1tal dos Ci-
vilizados - Zahar Editõres, 1962 - 113 pâgs.
Aparece pela primeira vez em língua portuguêsa o resultado de uma
série de conferências realizadas por Melanie Klein e sua ex-assistente Joan Riviere, em Westminster, sO'b o patrocínio dO' Instituto de Psico- análise. A primeira parte cO'ube a J. Riviere, que nos fornece, em linguagem simples e cO'ncisa, considerações sôbre o ,ódiO', a Cobiça e a Agressão. Mostra-nos como O's indivíduos agem em face destas fôrças emocionais, e a maneira pela qual tentam reagir para obter segurança contra os podêres desintegradores do ódiO' e da agressividade que, se excessivos, podem conduzir a privações dO'lorosas ou, mesmO', à extinçãO'. A necessi- dade que O' homem tem de segurança cria reações de vários tipos, tais como: projeção distribuição, rejeiçãO', depreciação, desprezo, inveja, cobiça, ciúme, rivalidade, amor ao poder e outros. Umas servem de defe- sa do Eu, enquanto que outras agravam os sentimentos de insegurança. As manifestações emocionais das pessoas adultas, seriam, para a autO'ra, derivativos complexos, não só das experiências primárias, mas, .. :também, da necessidade de superá-las para conseguir-se uma vida razO'à- velmente satisfatória. CO'ntinuando a expor seus pontos-de-vista, afirma que os comportamentQ13 da idade adulta são, em sua maioria, resultantes