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NA COLÔNIA PENAL
FRANZ KAFKA
ÍNDICE
ATO I
Cena I
Na colônia penal
VIAJANTE, homem que chega a uma colônia penal em uma ilha remota.
OFICIAL, militar responsável pela aplicação da pena.
COMANDANTE,
CONDENADO, militar culpado pelo crime de desrespeito ao superior.
ATO I
Cena I
Entra o narrador.
Narrador: Na colônia penal os personagens não têm nome, sendo chamado apenas de
Oficial, [...]
[...] Somos introduzidos (ou seria melhor arrastados) em uma paisagem desoladora e
claustrofóbica, onde estão o oficial da colônia penal, um soldado às suas ordens, o viajante
estrangeiro e o condenado, todos ao redor do aparelho executor inerte. Visto que o
estrangeiro está em visita a colônia penal para conhecer melhor os métodos e
procedimentos usuais do lugar, o oficial não poupa detalhes para apresentar o
funcionamento do julgamento (completamente injusto) e do aparelho que irá infringir a pena
ao condenado.
O Oficial chama o viajante para contemplar a máquina mais de perto e gesticula uma
explicação do funcionamento da máquina.
Narrador: Kafka nos mostra aqui toda a perturbação latente de sua obra, que aflora
pontualmente, mas que se arrasta nos subterrâneos de cada palavra e de cada parágrafo.
Somos convidados aqui a presenciar a tragédia em forma de literatura. Na colônia penal é o
relato incomodativo e mórbido dos meandros jurídicos e da punição, que se apresentam
quase como uma força autônoma, onipotente e que, pelo fato de estar nos mais diversos
rincões da sociedade, fazem da vida uma constante tensão. Na colônia penal mostra o
horror de forma aberta, crua, requintada com a crueldade de assassino para chocar e
mostrar a perversidade e injustiça inapelável que o cercavam de todos os lados,
esgueirando-se para dentro de sua obra tanto como em relação a sua vida.