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Apolônio Alves dos Santos

A Discussão do Carioca com o Pau-de-Arara


Apolônio Alves dos Santos

Já que sou simples poeta


poesia é meu escudo
com ela é que me defendo
já que não tive outro estudo
vou mostrar para o leitor
que o poeta escritor
vive pesquisando tudo

Certo dia feriado


sendo o primeiro do mês
fui tomar uma cerveja
no bar de um português
lá assisti uma cena
agora pego na pena
para contar pra vocês

Quando eu estava sentado


chegou nessa ocasião
um velho pernambucano
daqueles lá do sertão
com a maior ligeireza
foi se sentando na mesa
pediu uma refeição

O português logo trouxe


um prato grande sortido
o nortista vendo aquilo
ficou logo enfurecido
com um gesto carrancudo
começou mexendo tudo
depois falou constrangido

Patrício não leve a mal


nem me queira achar ruim
toda espécie de comida
que você tem é assim?
desculpe minha expressão
mas a sua refeição
não vai servir para mim
Nesta hora o português
ficou zangado também
lhe respondeu ora bola
donde é que você vem?
difamando deste jeito
me diga qual o defeito
que esta comida tem?

O nortista disse eu sofro


um ataque entistinal
a carne está quase podre
o arroz tem muito sal
o feijão está azedo
de comer eu tenho medo
que pode me fazer mal

— O meu estômago não dá


pra receber este entulho
prefiro morrer de fome
mas não como este basculho
pois comendo sei que morro
lá no norte nem cachorro
não come todo bagulho

O português respondeu
você é péssimo freguês
vá embora e faz favor
não vir aqui outra vez
mas antes tem que pagar
não posso lhe perdoar
a desfeita que me fez

O nortista disse eu pago


que isto não me embaraça
para você não pensar
que eu vim comer de graça
mas o nortista de nome
embora morra de fome
mas não come esta desgraça.

(...)

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