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químicas em
Saneamento
Ambiental
Prof.ª Luciana Valgas de Souza
Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Prof. Luciana Valgas de Souza
S729a
ISBN 978-85-515-0504-5
ISBN Digital 978-85-515-0500-7
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico. Seja bem-vindo ao Livro Didático da disciplina de Análises
Físico-Químicas em Saneamento Ambiental.
QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo
interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse
as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade
para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................72
UNIDADE 2 — ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DE ÁGUAS....................................................79
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................153
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 225
UNIDADE 1 -
SANEAMENTO AMBIENTAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
CONCEITOS INTRODUTÓRIOS
1 INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, a higiene básica se tornou tão comum que muitas pessoas
não têm o mínimo conhecimento sobre a sua importância para a qualidade de vida
da comunidade. Ao falar em saneamento básico, o que vem a sua mente? A primeira
definição que muitas pessoas pensam é "água potável e esgoto". Isso não deixa de
estar errado. No entanto, o saneamento básico engloba a limpeza urbana, a gestão de
resíduos sólidos, a drenagem e gestão de águas pluviais urbanas, além dos serviços
destinados ao tratamento de água e esgoto (DIAZ; NUNES, 2020).
3
Acadêmico, ainda no Tópico 1, abordaremos alguns conceitos básicos da área
do saneamento ambiental, um breve contexto histórico do saneamento básico e um
panorama geral dele, incluindo a legislação e aspectos do Saneamento Ambiental.
4
No período da colonização portuguesa, no século XVI, juntamente com os
colonizadores, chegaram também os escravos negros, e com eles doenças se espalharam
entre os nossos nativos, pois eles não tinham defesa em seu organismo (DIAZ; NUNES,
2020). De acordo com Miranzi et al. (2010, p. 2), “a imagem do Brasil na Europa se tornou
diferente dos tempos de Pedro Álvares Cabral, e os europeus passaram a temer os ares
e o clima da Colônia”. Doenças epidêmicas como tuberculose, varíola e sarampo levaram
à morte diversas pessoas e, além de doenças, os colonizadores trouxeram alguns
hábitos sanitários, como a limpeza das ruas, e implantaram chafarizes para realizar a
distribuição de água à população (RIBEIRO; ROOKE, 2010).
5
Miranzi et al. (2010) atribuíram à sujeira a causa das doenças e foco de infecção
da população. Doenças como Cólera e Febre Tifoide eram transmitidas pela água
contaminada, causando a morte de milhares de pessoas, assim como a Peste Negra,
doença que é transmitida pela pulga de ratos que se acumulavam junto com a sujeira
das ruas (CAVINATTO, 1992).
No Brasil do século XIX, as pessoas com maior poder aquisitivo tinham casas
mais sofisticadas e, ainda assim, não possuíam sanitários. Os colonos faziam uso da mão
de obra dos escravos em larga escala, e muitos deles eram usados para carregar fezes
e urina em potes e barricas até os rios, sendo ali despejados e lavados. Esses escravos
eram chamados de “Tigres”, conforme a figura a seguir. Não é de se espantar que a
saúde pública estava piorando e doenças epidêmicas como a cólera e a Tifo retornaram.
Com a abolição da escravatura os colonos precisavam encontrar outras maneiras para
solucionar o saneamento no país (RIBEIRO; ROOKE, 2010).
FIGURA 2 – ESCRAVOS CHAMADOS DE TIGRE, CARREGANDO URINA E FEZES ATÉ O DESPEJO NO RIO
6
Na Inglaterra, já nos anos finais do século XVIII, aumentava entre os trabalhadores
das fábricas o número de doentes, e epidemias emergiam devido às consequências
da Revolução Industrial, causando, assim um agravo ao bem-estar dos trabalhadores
(MIRANZI et al., 2010). Por um lado, as indústrias estavam em desenvolvimento, por
outro, no quesito saúde, a qualidade de vida da população estava caótica.
De acordo com Cavinatto (1992 apud RIBEIRO; ROOKE, 2010), foi o Reino Unido
e outros países europeus que iniciaram as principais reformas sanitárias, exigindo que
a população removesse fezes e entulhos acumulados nos prédios. Foram utilizados
sistemas de descargas líquidas semelhantes às utilizadas hoje, tinham o objetivo de
realizar o transporte dos entulhos para os encanamentos de águas pluviais. No entanto,
a poluição que era para ser contida tomou outras proporções, pois a grande quantidade
de esgoto descartado foi aliada aos resíduos de efluentes industriais, ambos descartados
nos rios, espalhando-se, assim, odores fétidos e doenças por toda a cidade.
7
Segundo Cavinatto (1992 apud RIBEIRO; ROOKE, 2010), o famoso higienista
Osvaldo Cruz, diretor-geral de Saúde Pública do Governo Federal, no início do século XX,
lutou fortemente para erradicar a epidemia da cidade do Rio de Janeiro. Com intuito de
evitar a proliferação de roedores e insetos, causadores de doenças, utilizou toda equipe
disponível para promover a limpeza das casas, ruas, terrenos etc.
Para compreender melhor os fatos que ocorreram no século XX, até os dias
de hoje, é apresentada uma linha do tempo (FIGURA 4) com as ações mais relevantes
voltadas ao saneamento básico.
8
QUADRO 1 – LINHA DO TEMPO DOS FATOS RELEVANTES DAS AÇÕES VOLTADAS AO SANEAMENTO
9
3 SANEAMENTO BÁSICO E SUA LEGISLAÇÃO
No capítulo anterior, acompanhamos os principais fatos históricos voltados
para a área do saneamento. Vimos que o saneamento se consolidou no século XIX,
sendo compreendido como o fator causador de doenças na população. Assim como
a comprovação de que lixos acumulados nas ruas, esgotos despejados em águas de
abastecimento e o lixo a céu aberto eram os vilões e responsáveis pelas doenças que
surgiram e tornaram-se epidemias nesta época.
Assim, a Constituição dispõe na Seção II que se refere à Saúde em seu Art. 196:
O texto constitucional que garante o direito à saúde afirma que o direito à saúde
deve ser assegurado por meio de políticas sociais e econômicas que visem reduzir o
risco de doenças e agravamento por carências sociais. Por outro lado, a Constituição
estipula que o acesso à saúde deve ser universal, ou seja, todas as pessoas são iguais,
sejam ações e serviços voltados para a promoção, proteção ou restauração.
IMPORTANTE
O Brasil teve mais de 273 internações por doenças de veiculação
hídrica em 2019 (Painel Saneamento Brasil, 2019). Quase 100 milhões
de brasileiros (46%) não tem acesso à coleta de esgoto (SNIS, 2019).
3.1 LEGISLAÇÃO
Em relação ao marco legal, embora haja dispositivos na Constituição em 1988,
a União só promulgou uma lei contendo diretrizes para instalações de saneamento
básico em 2007 (Lei nº 11.445/2007). O país viveu em um vácuo jurídico há quase duas
décadas, o que impactou negativamente a prestação de serviços e investimento.
11
É o conjunto de serviços públicos, infraestruturas e instalações
operacionais de abastecimento de água potável, esgotamento
sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, drenagem e
manejo das águas pluviais urbanas.
12
Conforme o exposto, percebemos que a lei tem como princípio a universalização
dos serviços de saneamento básico, garantido que toda a população tenha acesso ao
abastecimento de água com padrões de qualidade e o suficiente para atender suas
demandas. O documento inclui também serviços de coleta e tratamento de esgoto e
lixo, além do manejo de águas da chuva (BRASIL, 2007).
13
FIGURA 5 – ÍNDICE DE ATENDIMENTO TOTAL DE ÁGUA
14
Dessa forma o novo marco regulatório visa universalizar o atendimento para a
população com ações direcionadas e responsáveis pelo saneamento básico. O governo
federal espera aumentar o índice de saneamento básico em um prazo de 13 anos.
15
IMPORTANTE
A lei n°11.445/2007 prevê a responsabilidade do poder público na definição da
política de saneamento básico e o papel dos Planos Municipais de Saneamento
Básico, do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) e a participação e
o controle social por meio de audiências e consultas públicas, bem como via
conselhos, especialmente pelo Conselho das Cidades (BRASIL, 2007).
4 SANEAMENTO AMBIENTAL
Até o presente momento, compreendemos o significado de saneamento básico,
assim como sua legislação. A partir de agora, ampliaremos nosso conhecimento e
compreenderemos o significado de saneamento ambiental.
16
De acordo com Brasil (2006, p.31) sobre a ação do saneamento ambiental:
17
INTERESSANTE
Acadêmico, a seguir sugerimos a leitura do texto “Quem eram os escravos
'tigres', marcantes na história do saneamento básico no Brasil “, do autor
Vinicius Pereira, que traz informações importantes para o seu conhecimento.
Acesse em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-50526902.
18
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A civilização egípcia desenvolveu métodos para armazenar a água, pois sofria pela
influência do Rio Nilo. A população armazenava a água por longos períodos, com
intuito de limpá-la, assim a sujeira se depositava ao fundo.
• O Engenheiro Saturnino de Brito tem um grande papel na história do nosso país, por
ser o responsável por implantar obras de distribuição de águas e coleta de esgoto.
19
AUTOATIVIDADE
1 O Saneamento Básico em centros urbanos é um tema que vem sendo discutido
com mais detalhes. Recentemente, apesar do aumento, nos últimos anos, nos
investimentos e programas, o problema ainda não foi resolvido em níveis aceitáveis.
Uma das formas nas quais podemos identificar problemas de saneamento urbano é
quando se multiplica o número de doenças causadas pelo ambiente. Sobre o exposto,
assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As doenças podem ser veiculadas pela água e pelo esgoto quando há tratamento
adequado.
b) ( ) A poluição atmosférica das grandes cidades afeta principalmente a população
de baixa renda.
c) ( ) O mau cheiro e impactos visuais na água apontam riscos de disseminação de
doenças.
d) ( ) As faixas sociais de menores rendas normalmente estão mais expostas à água
contaminada e resíduos sólidos urbanos.
20
3 O termo saneamento ambiental foi construído ao longo da história, pois era alterado
conforme as condições materiais e sociais em diferentes épocas. Possui um
conteúdo diferenciado em cada cultura, analisando as relações do homem-natureza,
e dependia do avanço científico e tecnológico da época. Sobre o saneamento
ambiental, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
21
22
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
INTRODUÇÃO À ANÁLISES
FÍSICO-QUÍMICAS
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, como vimos até agora, o saneamento básico é composto por: a)
abastecimento de água potável; b) esgotamento sanitário, c) limpeza urbana e manejo
de resíduos sólidos; e d) drenagem e manejo de águas pluviais urbanas. Este se constitui
de um dos serviços de grande relevância para promover a melhora da saúde pública.
23
interdisciplinares, reunindo principalmente áreas como a biologia, a química, a geologia,
a engenharia, o planejamento e a saúde pública. Dessa forma, a pesquisa conjunta ajuda
a compreender as funções dos ecossistemas, seus problemas ambientais e propostas
de soluções viáveis para esses problemas (PARRON; MUNIZ, PEREIRA, 2011).
25
• Limpeza da vidraria: a presença de sujeiras, como a gordura nas vidrarias
volumétricas, pode alterar a leitura do volume final (leitura do menisco) e, além disso,
essas sujeiras presentes podem alterar o valor do resultado da análise, pois podem
atuar como interferentes durante a análise. Para limpeza das vidrarias recomenda-
se fazer uso de água morna com uso de detergentes para remoção de sujeiras e
impurezas. Após a limpeza, a vidraria precisa passar por enxague com água de torneira
e, então, com três ou quatro porções de água destilada. Raramente é necessário
secar um material volumétrico (SKOOG et al., 2008).
• Ajuste do menisco: um líquido que está inserido em um tubo estreito apresenta
uma curvatura característica, ou menisco. É comum durante a prática experimental
tomar como base o menisco como ponto de referência para calibração e medição
de volume. Deve-se tomar muito cuidado com o erro de paralaxe, assim o menisco
deve estar posicionado na parte inferior da marcação do volume. O observador deve
posicionar-se de modo que seus olhos fiquem na linha de visão do menisco, para que
seja possível efetuar a leitura do volume medido (SKOOG et al., 2008).
26
• Solução sulfocrômica: constituída por ácido sulfúrico concentrado e dicromato
de potássio, possui caráter ácido. Essa solução é eficiente para remoção de
contaminantes orgânicos e inorgânicos, e seu uso é na forma diluída, deixando a
vidraria de molho por algumas horas. Após este passo, deve-se proceder a lavagem
da vidraria com água em abundância e finaliza-se com a lavagem de água destilada
(SKOOG et al., 2008).
3 AMOSTRAGEM E COLETA
A análise química é geralmente realizada em apenas uma pequena parte
do material de interesse. Claro, se quisermos que o resultado tenha algum valor, a
composição desta parte precisa refletir a composição total do material tanto quanto
possível. O processo de coleta de uma amostra representativa é denominado amostragem.
A amostragem é geralmente a etapa mais difícil em todo o processo de análise e é
uma etapa que limita a precisão do procedimento. Essa afirmação é especialmente
verdadeira quando o material a ser analisado consiste em uma grande quantidade de
líquido heterogêneo (como um lago) ou sólido heterogêneo (como minério, solo ou um
pedaço de tecido animal). A amostragem para análise química envolve necessariamente
dados estatísticos, porque serão obtidos resultados de uma fração de uma amostra que
representa uma quantidade maior do material. Dessa forma, uma análise envolvendo um
pequeno número de amostras de laboratório tirará conclusões sobre muitos materiais
(SKOOG et al., 2008).
27
FIGURA 8 – ETAPAS ENVOLVIDAS NA OBTENÇÃO DE UMA AMOSTRA DE LABORATÓRIO
4 AMOSTRAGEM DE ÁGUAS
Acadêmico, uma das ideias que nos pode vir a mente quando falamos em
coleta de amostra líquida é a análise de água. Muitos imaginam que esta análise é muito
simples. Podem imaginar, por exemplo, alguém segurando uma garrafa (ou frasco) de
vidro e mergulhando-a em um rio, lago, lagoa, tanque etc. e levando-a ao laboratório
para realizar a análise. Entretanto, o procedimento de coleta da amostra é muito mais
do que isto, é um ato a ser planejado se desejamos garantir resultados confiáveis ao final
da análise laboratorial (PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011).
Dessa forma, estabelecer critérios para o planejamento da coleta deve ser levado
em conta, assim será coletada a quantidade de amostras suficiente para a realização
de todos os testes requeridos. (GARCEZ, 2004). A Figura 9 ilustra o planejamento para
seleção de locais e posições de monitoramento para um corpo de água.
SELECIONAR LOCAIS
ALTERNATIVOS
VERIFICAR SE O PROGRAMA É
ECONOMICAMENTE VIÁCEL
INICIAR O PROGRAMA DE
AMOSTRAGEM E ANÁLISES
29
É de grande importância destacar que todos os procedimentos para realização
da coleta de amostras de águas são regidos com base nas referências estipuladas
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através das Normas Brasileiras
Registradas (NBR) e do Standard Methods for Water and Wastewater 21 ed. Dentre as
normas, temos:
30
4.1.3 Área de estudo
Atualmente, existem centenas de variáveis ou determinantes que podem ser
utilizadas para analisar corpos d'água, incluindo alguns parâmetros físicos, químicos,
biológicos e microbiológicos. Esses parâmetros devem ser definidos com base no amplo
conhecimento sobre todos os aspectos que envolvem a realização da análise, como a
confiabilidade da técnica, suas limitações, sua abrangência e os custos envolvidos. Não
existe um método padrão, cada objetivo da análise envolve um planejamento único e é
baseado na legislação em vigor (CETESB, 2011).
Nesse contexto, ter um objetivo claro do estudo a ser realizado para uma
amostra de um corpo de água é de grande importância para definição prévia do que
se espera obter dos resultados, como uma característica média, valores máximos ou
mínimos, ou a caracterização instantânea de um ponto do corpo receptor. Falhas no
planejamento da amostragem podem levar a resultados não representativos, devido
também à desconsideração da variabilidade temporal e espacial (CETESB, 2011).
31
FIGURA 10 – EFEITO DA VARIABILIDADE TEMPORAL PARA ESTIMAR A CONCENTRAÇÃO DE UMA CERTA
VARIÁVEL (A) VARIAÇÕES ALEATÓRIAS; (B) VARIAÇÕES ALEATÓRIAS E CÍCLICAS
32
4.1.5 Local e pontos de coleta
Quando se realiza uma análise físico-química os objetivos nos auxiliam a definir
os pontos de coleta, para avaliar a eficiência de um corpo de água proveniente de
uma unidade de tratamento de água ou esgoto, como, por exemplo, a necessidade de
coletar amostras do afluente e do efluente desta unidade. Já quando os objetivos visam
fornecer uma avaliação geral, como uma avaliação de água potável de abastecimento, é
recomendado escolher os pontos de coleta de forma estratégica. (CETESB, 2011).
• Água bruta
33
FIGURA 14 – A ESQUEMA MOSTRANDO A MISTURA DE EFLUENTE COM O RIO: VISTA SUPERIOR - COM
DISPERSÃO LATERAL DO EFLUENTE; CORTE LATERAL: DISPERSÃO LATERAL E VERTICAL DO EFLUENTE
• Água tratada
34
Para análises que envolvem o controle de qualidade da água para consumo
humano devem ser considerados alguns fatores, como a definição dos pontos e locais
de coleta CETESB (2011, p. 41):
• Sedimento
35
4.2 COLETA DE AMOSTRAS
A escolha do programa de coleta de amostras de água deve levar em conta
a matriz a ser analisada em relação ao uso (água superficial, subterrânea, encanada,
residuária, sedimento de fundo e biota aquática), o tipo de amostragem (amostra
simples ou composta) e, também, da natureza do exame a ser efetuado (análises físico-
químicas ou microbiológicas) (GARCEZ, 2004).
De acordo com Garcez (2004), outro fator que deve ser levado em consideração
é o tempo necessário, desde a coleta até a realização das análises laboratoriais. Esse
é extremamente importante para a validar os resultados, pois mesmo empregando
técnicas de preservação das amostras é impossível preservá-las integralmente.
Mudanças químicas podem ocorrer na estrutura dos componentes em função das
36
condições físicas e químicas da amostra; como por exemplo os metais que podem sofrer
precipitação na forma de hidróxidos ou formar complexos com outros componentes,
e cátions e ânions podem alterar o estado de oxidação e outros compostos podem
ser dissolvidos ou volatilizados com o tempo; mudanças nos níveis biológicos também
podem ser notadas, especialmente em medição indireta de matéria orgânica ou
nutriente de fósforo e nitrogênio.
• Coletores de superfície
37
FIGURA 15 – BALDE EM AÇO INOX AISI 3166L PARA AMOSTRAS DE SUPERFÍCIE
FIGURA 16 – COLETOR COM BRAÇO RETRÁTIL: (A) VISTA LATERAL DO EQUIPAMENTO MONTADO; (B)
VISTA DO BALDE E DO BRAÇO RETRÁTIL DESMONTADO; E (C) VISTA SUPERIOR DO BALDE COLETOR
- Batiscafo: quando se coleta amostras que não podem ter contato com
oxigênio, ou seja, sofrer aeração, como os ensaios para determinar oxigênio dissolvido
e sulfetos. Atinge até 30 cm da lâmina de água, permitindo, assim, coletar amostras
superficiais ou subsuperficiais. De acordo com a Figura 17, consiste em um tubo
cilíndrico, também feito em aço inox AISI 316L, liso e polido.
38
FIGURA 17 – BATISCAFO: (A) BATISCAFO FECHADO; (B) ESQUEMA ILUSTRATIVO EM CORTE
DO EQUIPAMENTO; E (C) BATISCAFO ABERTO
• Coletores de Profundidade
FONTE: <https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRJO_tTMhoYZRIlyKl6uOIVGS-
MYn3EDvyooRA&usqp=CAU>. Acesso em: 4 jan. 2022
39
De acordo com Parron, Muniz e Pereira (2011, p. 34), é recomendado alguns
cuidados no momento da coleta:
41
5 AMOSTRAGEM DE SOLOS
Acadêmico, para realizar a escolha da técnica de amostragem do solo, é
necessário compreender que a técnica dependerá da localização dos resíduos no perfil do
solo, tipo de solo e características dos poluentes que serão monitorados. Existem várias
técnicas de coleta de solo na zona insaturada, e dois tipos de técnicas: amostragem
contínua por tubos inseridos no solo, manualmente ou por equipamento hidráulico; e a
técnica em que o solo é coletado em seções por trados contínuos (FILIZOLA; GOMES;
SOUZA, 2006).
LEMBRETE
Acadêmico, lembre-se que o perfil do solo é referente à seção vertical,
iniciando na camada superior até atingir maiores profundidades e
atingir a rocha. Os solos possuem várias camadas sobrepostas que
recebem o nome de horizontes, sendo formados pelos processos
pedogenéticos (processo de formação do solo).
FONTE: https://www.embrapa.br/solos/sibcs/formacao-do-solo. Acesso
em: 4 jan. 2022.
Essa técnica apresenta algumas dificuldades, uma delas está relacionada com a
estrutura do solo superior. Normalmente, essa região superior apresenta grânulos soltos
que podem ser deslocados ao longo das laterais do tubo, quando pressionado para baixo,
causando uma contaminação nas regiões mais profundas. Segundo Norris et al. (1991
apud FILIZOLA; GOMES; SOUZA, 2006, p. 26), uma forma de evitar esse transtorno é
congelar o solo coletado no tubo, abri-lo, e remover manualmente o material deslocado
ao longo do tubo.
42
Ainda, segundo o autor supracitado, para tentar resolver esse problema, pode-se
recolher através da amostragem o horizonte superior separadamente, alargar o buraco
criado no solo e forrá-lo para evitar que o material da parte superior se mova, para, então,
inserir novos tubos a partir dessa profundidade (FILIZOLA; GOMES; SOUZA, 2006).
Outra dificuldade mencionada por Filizola, Gomes e Souza (2006) é que o solo
no tubo pode ser compactado ou dilatado, resultando em um comprimento de amostra
maior. Podemos atribuir esse comportamento à mudança da textura do solo, ou ainda
quando encontramos a rocha.
43
Em cada ponto de amostragem, a vegetação, a cobertura morta e os materiais
ásperos do solo devem ser removidos usando uma enxada, levando em conta que não
se pode remover um superfícies de solo muito espessas. A camada superficial deve ser
coletada manualmente, com o auxílio de um anel de aço inoxidável com diâmetro de 5 cm
e altura de acordo com a profundidade a ser coletada (FILIZOLA; GOMES; SOUZA, 2006).
A porção superior da amostra deve ser descartada, quando esta não for a coleta
dos 10 primeiros centímetros; a porção aderida ao trado também deverá ser desprezada,
de modo a evitar a contaminação da amostra com metais originários da ferramenta,
assim como as laterais da amostra, para eliminar ao máximo qualquer possibilidade de
contaminação do solo acima. As amostras simples deverão ser colocadas diretamente
no saco plástico ou no frasco de boca larga, etiquetadas e identificadas.
INTERESSANTE
Prezado acadêmico, sugerimos a leitura do texto “Pessoas atingidas
pelo desastre de Mariana (MG) denunciam problemas de saúde
relacionados à tragédia”, de
Manuel Carlos Montenegro, que traz informações importantes para o
seu conhecimento.
Acesse em: https://bit.ly/3xlhP3M
44
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
45
AUTOATIVIDADE
1 Os resultados das análises laboratoriais são dependentes da coleta e transporte das
amostras, e contaminações podem ocorrer ao longo dos dois processos além de
outros momentos da análise. Com o objetivo de controlar esse tipo de erro deve-se
adotar alguns cuidados. Sobre o exposto, assinale a alternativa CORRETA:
I- A coleta de água em um rio pode ser realizada facilmente apenas enchendo o frasco
coletor com a amostra em questão.
II- As etapas envolvidas para obter uma amostra para realizar uma análise envolvem
a identificação da população, coleta de amostra bruta e redução da amostra bruta
para uma amostra de laboratório.
III- Um dos fatores que é necessário conhecer para realizar uma análise físico-química
é a natureza do corpo de água, dentre outras.
IV- As amostras não devem incluir folhas, partículas grandes, detritos ou outro tipo de
material acidental, salvo quando se tratar de amostra de sedimento.
46
3 A coleta de amostras é, provavelmente, o passo mais importante para a avaliação da
área de estudo. De uma maneira geral, a amostragem em rios, riachos e pequenos
cursos d’água é feita com base no curso de água e da sua área de estudo. Após a
coleta, é necessário estocar e preservar a amostra. Com relação aos métodos de
preservação de amostras de água, classifique V para as sentenças verdadeiras e F
para as falsas:
5 Para executar uma análise solo é necessário levar em consideração alguns fatores,
como conhecer o perfil do solo, o tipo de solo e as características dos poluentes
que serão monitorados. Sabendo que temos dois tipos de técnicas utilizadas para
amostragem de solos, disserte sobre essas duas técnicas.
47
48
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
1 INTRODUÇÃO
A revolução industrial trouxe grandes modificações econômicas e tecnológicas,
incluindo o crescimento desordenado da população. Dessa forma, o nascimento da
indústria trouxe novos estilos de vida, mudanças nos padrões de consumo, dinâmica de
trabalho, economia e até mesmo nas funções naturais da terra (REZENDE, 2021).
49
2 BREVE HISTÓRICO SOBRE A PREOCUPAÇÃO COM
A QUALIDADE DO AR
Acadêmico, podemos dizer que há aproximadamente um milhão de anos surgiu
o primeiro ancestral da humanidade na superfície da terra. Após a descoberta do fogo,
cerca de 800 mil anos antes de Cristo, os humanos começaram a contribuir para a
deterioração da qualidade do ar de forma não consciente. As primeiras preocupações
com a qualidade do ar surgiram na era pré-cristã, pois usava-se o carvão como
combustível e as cidades da época já sentiam que a qualidade do ar não era ideal (LIMA
et al., 2012).
50
Durante o século XX, com o crescimento da demanda dos produtos, intensificou-
se a queima de combustíveis fósseis, como carvão e petróleo. Eles têm sido usados para
produção de energia, mineração e processamento de matérias-primas, como minério
e, até mesmo, fundição, fábricas de cimento, vidro etc. Estes tornaram-se as principais
fontes de emissão de poluentes atmosféricos.
• Escócia, Glasglow - 1909: formou-se uma neblina por toda a cidade, causando a
morte de 1063 pessoas; relacionado com um evento de inversão térmica que ocorreu
no inverso. Mais tarde, atribuiu-se o termo smog para atribuir a neblina causada por
ação de gases poluentes.
• Bélgica, Vale do Rio Meuse - 1930: a região concentrava muitas indústrias nos ramos
siderúrgico, metalúrgicos, centrais de produção de energia elétrica, minas de carvão,
e geradoras de energia, fábricas de vidro, pólvora, indústria de beneficiamento de
minérios e fábrica de ácido sulfúrico distribuídas ao longo de 20 km. No mês de
dezembro ocorreram algumas alterações climáticas desfavoráveis, como a ausência
de ventos. Sabemos que é necessário o movimento dos gases poluentes para que
se dispersem e, sem a ação dos ventos, os poluentes ficaram concentrados sobre a
região. Logo, a população adoeceu, apresentando doenças respiratórias, e houve 60
mortes após dois dias do episódio.
51
Esses eventos contribuíram para que as pessoas ficassem atentas para
os efeitos da poluição atmosférica e, dessa forma, estudos foram iniciados para
compreender esses fenômenos, o que culminou em legislações para o controle dos
poluentes atmosféricos (SILVA; VIEIRA, 2017):
52
• 1975: em Belgrado na Iugoslávia, ocorreu o encontro internacional de educação
ambiental, no qual formulou a carta de Belgrado. Este é um dos documentos
mais importantes dos últimos dez anos e chamou a atenção do mundo para as
necessidades de uma nova ética ambiental. Segundo Tannous e Garcia (2008, p. 4):
“Definido que a educação Ambiental deve ser multidisciplinar, contínua e integrada às
diferenças regionais e voltada para os interesses nacionais”. O documento fala sobre
como atender às necessidades e desejos de todos os cidadãos da terra. Por exemplo,
elimina as causas profundas da pobreza, analfabetismo, fome e poluição, defendendo,
assim, a reforma da ética global e dos processos e sistemas educacionais.
INTERESSANTE
Acadêmico, para aprofundar seus conhecimentos, acesse o documento
“Nosso Futuro em Comum”, lançado pela ONU, a partir da comissão de
Brundland. Disponível em: https://bit.ly/3JEVxwu
53
• 1988: a Assembleia Geral da ONU convocou a realização, até o ano de 1992, de uma
conferência sobre o Meio Ambiente (FELDMANN, 1997). O Brasil sediou, então, a
Rio 92, uma conferência que ficou conhecida como a “Cúpula da Terra”; a data de
realização foi no dia do Meio Ambiente Podemos destacar os objetivos elaborados na
conferência, conforme Feldmann (1997, p.16):
Ainda, conforme Tannous e Garcia (2008), neste evento foram assinados cinco
documentos de grande relevância para área ambiental, como: (1) Declaração do Rio sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, a carta continha 27 metas para preservar o meio
ambiente com base na proteção dos recursos ambientais visando o desenvolvimento
sustentável; (2) Agenda 21, que estabeleceu um plano de ação à nível global, local e
nacional, com intuito de minimizar a ação humana sobre o ambiente; (3) Princípios
para a Administração Sustentável das Florestas, que fazia referência à conservação
das florestas, visando o desenvolvimento sustentável (primeiro tratado para preservar
as florestas); (4) Convenção da Biodiversidade; e (5) Convenção sobre Mudança do
Clima, assinada por 154 países, destacava a preocupação com os gases estufa e com
o aquecimento global, estabelecendo objetivos que visavam a diminuição da produção
dos gases poluentes.
INTERESSANTE
Acadêmico, a Organização das Nações Unidas – ONU realizou, no Rio de
Janeiro, em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
e o Desenvolvimento (CNUMAD). Mais conhecida como Rio 92 ou como
“Cúpula da Terra”. Deixamos aqui o link para que você tenha acesso à
leitura na íntegra do documento. Disponível em: https://antigo.mma.gov.
br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda-21-global.html.
54
Outros eventos ocorreram, todos voltados às preocupações com o clima nos anos
subsequentes (TANNOUS; GARCIA 2008). Ainda podemos citar a Cúpula Mundial sobre o
Desenvolvimento Sustentável (Rio+10), realizada em 2002, na cidade de Johannesburgo
(África do Sul). Nesse evento houve retomadas dos objetivos estabelecidos na Rio 92
e houve avanços para alcançar metas mais ambiciosas para os principais problemas
ambientais a nível global.
3 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
Acadêmico, você já estudou ao longo da sua vida os principais conceitos da
atmosfera, entretanto, relembrar é aprender. Sabemos que a atmosfera é a camada
que protege o planeta Terra, e atua como um “cobertor” invisível de gases, constituída
principalmente pelos gases oxigênio e nitrogênio, entre outros gases em menor
quantidade. Ela é considerada como a camada que contém gases acumulados além de
partículas, compostos derivados de nitrogênio produzidos por bactérias e plantas, que
se utilizam do nitrogênio (N2) atmosférico (RESENDE, 2007).
55
Nesse contexto, podemos introduzir aqui o conceito de poluição atmosférica,
de acordo com a Resolução do CONAMA, nº 3, de 28 de junho de 1990, em seu artigo 1º:
Quanto à fonte de emissão dos poluentes temos aquelas feitas pelo homem
(antrópicas), que são divididas em duas categorias: fontes móveis e fontes fixas. A
principal fonte de emissões móveis são automóveis, como carros, caminhões e tratores.
As fontes estacionárias vêm de processos industriais, geralmente caldeiras, fornos,
termelétricas e sistemas de exaustão (SILVA; VIEIRA, 2017).
56
3.1 TRANSPORTE E DIFUSÃO DA POLUIÇÃO
A presença de corpos ou substâncias na atmosfera caracteriza a poluição do
ar, entretanto, o importante, neste momento, acadêmico, é compreendermos como
ocorre o transporte dessas substâncias e sua difusão. Segundo Loureiro (2005), esses
mecanismos de dispersão de poluentes na atmosfera envolvem diretamente processos
de transporte e difusão.
Dessa forma, é entendível que para executar análises com intuito de determinar
a concentração de poluentes é necessário estabelecer o tempo de exposição dos
receptores, assim como suas interações e participações em reações químicas na
atmosfera, ampliando o conhecimento para compreensão do comportamento físico-
químico (LOUREIRO, 2005). A seguir, ilustramos o sistema (fonte – receptor).
57
3.2 LEGISLAÇÃO APLICÁVEL A EMISSÕES ATMOSFÉRICAS
É de grande importância conhecer a legislação aplicável a emissões atmosféricas
à nível Federal. Dessa forma, listamos:
• Lei Federal nº 8.723/ 93: dispõe sobre a redução de emissão de poluentes por veículos
automotores e dá outras providências.
58
De acordo com a Resolução Normativa nº348/90, temos os padrões
atmosféricos referentes à qualidade do ar, dessa forma fica estabelecido que o que
se refere aos padrões primários da qualidade do ar: referentes às concentrações que,
quando ultrapassam os padrões permitidos, afetam diretamente a vida humana. Já
para os padrões secundários da qualidade do ar, no que se refere à concentração destes
poluentes, quando abaixo do que estipula a legislação afetam a fauna, flora e o meio
ambiente em geral (LOUREIRO, 2005).
No que se refere aos padrões para avaliação da qualidade do ar, fica estabelecido,
de acordo com a Resolução do CONAMA nº 3/90, os poluentes e valores mostrados no
quadro a seguir.
59
4 PRINCIPAIS POLUENTES
Abordaremos os principais poluentes considerados no Brasil como referências
para qualidade do ar, bem como suas características, quais suas origens principais e
seus efeitos ao meio ambiente.
De acordo com Loureiro (2005, p.17): “os óxidos de nitrogênio são produzidos por
fenômenos naturais, como os relâmpagos, erupções vulcânicas e ações bacteriológicas
no solo”. Eles causam danos aos bens materiais e a fauna e flora, e sua origem na
atmosfera pode ser atribuída a fatores antrópicos, como a utilização de veículos, sendo
um produto da combustão. Também pode ser formado a partir de processos industriais
no qual fazem uso de gás ou óleo. (CAVALCANTI, 2010; DRUMM et al., 2014).
60
problemas no trato respiratório, e é responsável por piorar quadros de asma e bronquite
(CAVALCANTI, 2010; DRUMM et al., 2014). Quanto as suas características, segundo
Drumm et al. (2014), apresenta alta reatividade, é incolor e inodoro.
Nesse contexto, de acordo com Loureiro (2005), elas são pequenas partículas
finas com tamanhos, formas e composição química variados, e encontram-se em
suspensão na forma de materiais sólidos e líquidos (aerossóis) (MAGALHÃES et al., 2010).
Elas apresentam diâmetro menor do que 100 μm, podendo ser classificadas quanto a
sua formação e ao seu tamanho.
61
FIGURA 23 – MATERIAL PARTICULADO COM DIMENSÕES VARIADAS COMPARADAS COM O FIO DE CABELO
HUMANO E O GRÃO DA PRAIA.
FONTE: <http://sistemas.meioambiente.mg.gov.br/reunioes/uploads/OdcyOwi55H-xZl8O4PeTAfGtvl2o-
cX5H.pdf>. Acesso em: 5 jan. 2022
Acadêmico, observe que foi atribuído a forma esférica para o MP (Figura 23) em
um contexto geral, contudo, por convenção, nem sempre ele possui esse formato. O
tamanho médio das partículas é determinado pelo seu diâmetro e, dessa forma, podem
ser classificadas como partículas grossas e final; entretanto, elas não são totalmente
esféricas (LOUREIRO, 2005). Segundo CETESB (2011), quanto menor o tamanho do
particulado, mais profunda ocorre a sua penetração no sistema respiratório, o que
ocasiona diversas doenças, como inflamação no pulmão, câncer, entre outros.
As partículas inaláveis ou grossas são aquelas que tem seu diâmetro entre 2,5
e 10 μm (MP10) e, devido ao seu peso, elas se sedimentam (Figura 24). São oriundas do
intemperismo do solo e acabam sendo retidas no trato respiratório. Já as partículas finas
têm diâmetro menor que 2,5 μm (MP2,5) e devido ao seu tamanho e peso permanecem
em suspensão na atmosfera e atingem grandes distâncias, sendo aquelas partículas que
sofrem ação de transporte e difusão, atingindo outras regiões e continentes. Juntamente
com essas partículas, há compostos orgânicos adsorvidos em sua superfície, devido ao
fato que possuem grande área superficial (LOUREIRO, 2005).
62
Vale destacar que as emissões produzidas por automóveis a gasolina apresentam
menor taxa de MP comparado com os automóveis a diesel. A queima incompleta de
combustível, óleo lubrificante e aditivos resultam na emissão de MP, contudo, durante
a combustão do óleo diesel, o MP formado é na forma de fuligem, e contém adsorvido
hidrocarbonetos poli aromáticos e sulfatos sobre sua superfície (LOUREIRO, 2005).
De acordo com Loureiro (2005, p. 24), no que diz respeito à fumaça negra
expelida por veículos automotores:
63
Ainda de acordo com Trentin (2003), o primeiro método e ainda o mais utilizado
é chamado de amostragem ativa, que consiste na passagem forçada do ar através
de um meio (líquido ou sólido) no qual o poluente a ser analisado fica retido de forma
química ou fisicamente (Figura 24).
64
usuários. São utilizados principalmente em indústrias, para amostragem dos poluentes
no ar ambiente, sendo afixados nos uniformes dos funcionários; assim é possível medir
através do amostrador a dosagem de poluição que circula na indústria, conforme
determinar a taxa de exposição pessoal que cada funcionário está exposto.
FONTE: <https://www.analyticsbrasil.com.br/wp-content/uploads/2018/03/amostragem-passiva.jpg>.
Acesso em: 5 jan. 2022
65
FIGURA 26 – BOTIJÕES DE AÇO INOX, “CANNISTERS”, E “BAGS” SACOS DE AMOSTRAGEM,
RESPECTIVAMENTE
66
LEITURA
COMPLEMENTAR
O estado da qualidade do ar no Brasil
67
No setor de transporte, os modos rodoviários são os principais responsáveis
pela poluição local, considerando o transporte de carga e de passageiros, por
caminhões e automóveis. Para reduzir as emissões desse setor, são necessários avanços
tecnológicos em veículos e combustíveis, assim como estratégias e políticas robustas de
planejamento territorial e de logística, minorando a dependência sobre esses modos.
68
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Material particulado (MP) definido como partículas finas que possuem forma, tamanho
e composição química diferentes e estão em suspensão na atmosfera encontram-se
na forma de líquidos ou sólidos (aerossóis).
69
AUTOATIVIDADE
1 A poluição atmosférica pode ser causada por fontes fixas, como indústrias, usinas
termoelétricas, vulcões e fontes móveis. Os veículos automotores se destacam nas
cidades como fontes poluidoras móveis. Sobre a poluição atmosférica, assinale a
alternativa CORRETA:
70
3 Os poluentes presentes na atmosfera podem ser classificados quanto as suas
fontes emissoras, em duas categorias: as fontes fixas e móveis. Com relação a essa
classificação, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
71
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9897: planejamento e
amostragem de efluentes líquidos e corpos receptores. Rio de Janeiro, ABNT, 1987.
Disponível em: http://licenciadorambiental.com.br/wp-content/uploads/2015/01/NBR-
9.897-Planejamento-de-amostras.pdf. Acesso em: 4 jan. 2022.
BRASIL. Lei nº 10.203, de 22 de fevereiro de 2001. Dá nova redação aos arts. 9o e 12
da Lei no 8.723, de 28 de outubro de 1993, que dispõe sobre a redução de emissão de
poluentes por veículos automotores, e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil, 22 de fevereiro de 2001. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10203.htm. Acesso em: 5 jan. 2022.
72
contrato de programa dos serviços públicos de que trata o art. 175 da Constituição
Federal, a Lei n° 11.445, de 5 de janeiro de 2007, para aprimorar as condições
estruturais do saneamento básico no País, a Lei n° 12.305, de 2 de agosto de 2010,
para tratar dos prazos para a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos,
a Lei n° 13.089, de 12 de janeiro de 2015 (Estatuto da Metrópole), para estender seu
âmbito de aplicação às microrregiões, e a Lei n° 13.529, de 4 de dezembro de 2017,
para autorizar a União a participar de fundo com a finalidade exclusiva de financiar
serviços técnicos especializados. Brasília, DF: Diário Oficial [da] República Federativa
do Brasil, 15 de julho de 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2019-2022/2020/lei/l14026.htm. Acesso em: 3 jan. 2022.
Brasil. Ministério das Cidades. Organização Pan-Americana da Saúde. Política e plano
municipal de saneamento ambiental: experiências e recomendações. Organização
Panamericana da Saúde; Ministério das Cidades, Programa de Modernização do Setor
de Saneamento. Brasília: OPAS, 2005.
73
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução Conama nº 18, de 6 de maio
de 1986. Disponível em: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/ambiente/
RESOLUcaO%20CONAMA%2018%20de%206%20de%20maio%20de%201986.pdf.
Acesso em: 5 jan. 2022.
74
DIAZ, R. R. L.; NUNES, L. dos R. A evolução do saneamento básico na história e o
debate de sua privatização no Brasil. Revista de Direito da Faculdade Guanambi,
[s. l.], v. 7, n. 2, p. 292-303, 17 dez. 2020. Disponível em: http://dx.doi.org/10.29293/rdfg.
v7i02.292. Acesso em: 3 jan. 2022.
FINKELMAN, J. Caminhos da saúde pública no Brasil. 20. ed. Rio de Janeiro: Fio
Cruz, 2002.
75
LIMA, Y. da L. et al. Poluição atmosférica e clima: refletindo sobre os padrões de
qualidade do ar no Brasil. Revista Geonorte: edição especial 2, Amazonas, v. 2, n. 5,
p. 555-564, ago. 2012. Disponível em: https://www.periodicos.ufam.edu.br/index.php/
revista-geonorte/article/view/2515/2323. Acesso em: 5 jan. 2022.
RIBEIRO, J. W.; ROOKE, J. M. S. Saneamento Básico e Sua Relação com o Meio Ambiente
e a Saúde Pública. 2010. 36 p. Monografia (Especialização em Análise Ambiental) -
Colegiado do Curso de Especialização em Análise Ambiental, Universidade Federal de
Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2010. Disponível em: https://www.ufjf.br/analiseambiental/
files/2009/11/TCC-SaneamentoeSa%C3%BAde.pdf. Acesso em: 3 jan. 2022.
76
SARAMENTO, E. Introdução ao saneamento ambiental. Indaial: Uniasselvi, 2021.
77
78
UNIDADE 2 —
ANÁLISES FÍSICO-
QUÍMICAS DE ÁGUAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
79
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
Acesse o
QR Code abaixo:
80
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
LEGISLAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO
DAS ÁGUAS
1 INTRODUÇÃO
A água é necessária para sustentar a vida e é o componente inorgânico
mais abundante nos organismos vivos. Desde os tempos antigos, seu papel no
desenvolvimento da civilização foi reconhecido. No início, o consumo humano de
água limitava-se, na verdade, a propósitos básicos de manutenção da vida: beber e
preparar comida. Nos dias de hoje, a água continua sendo extremamente importante
para o desenvolvimento humano porque é usada como meio de transporte, irrigação e
abastecimento para famílias e indústrias.
81
Com o passar dos anos, o homem vem utilizando esse recurso de forma
desenfreada, lançando efluentes domésticos e industriais nos corpos de água e assim a
poluindo. É de grande importância lembrar que além do uso que fazemos, para atender
nossas necessidades pessoais relacionadas à higiene e consumo, a água é utilizada
para geração de energia elétrica e para o nosso lazer. Dessa forma, é necessário cuidar
deste bem comum, preservando-o (GONÇALVES et al. 2017).
82
Em 1986, é promulgada a Resolução nº 20/1986 pelo Conselho Nacional
do Meio Ambiente, a qual classifica as águas em: água doce, água salobra e água
salgada, com intuito de priorizar o uso responsável dos diferentes tipos de água,
assim como os parâmetros técnicos para garantir o uso correto de forma que possam
ser utilizados de acordo com suas finalidades e assim reduzir os custos de controle
da poluição (GONÇALVES et al. 2017).
Já no ano 2000 é criada a Lei nº 9.984, que cria a Agência Nacional de Águas
(ANA) e deve implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos:
83
Para além de classificar as águas dos rios e barragens e definir outros direitos
de consumo, a ANA também tem como missão implementar e coordenar a partilha e
gestão integrada dos recursos hídricos, regulamentar a aquisição de recursos hídricos
e promover o seu desenvolvimento sustentável com benefício das gerações presentes
e futuras. Ainda, a ANA é encarregada de estabelecer normas de referência para
implementação do Sistema Nacional de Recursos Hídricos, a lei implantou em conjunto
com os Estados, Comitês próprios para as Bacias hidrográficas (GONÇALVES et al. 2017).
A Figura 1 ilustra a linha do tempo das legislações referentes às gestões dos recursos
hídricos no Brasil.
FIGURA 1 – LINHA DO TEMPO DAS LEGISLAÇÕES DAS GESTÕES DE RECURSOS HÍDRICOS E URBANA
NO BRASIL
Podemos observar na imagem que após o ano 2000 foram criadas outras
legislações que envolvem os recursos hídricos. Podemos citar a publicação da resolução
nº 58, de 30 de janeiro de 2006 (Publicada em 8 de março de 2006), a qual aprova o Plano
Nacional de Recursos Hídricos. Desde sua aprovação são lançadas publicações com
informes anuais sobre o Panorama dos recursos hídricos no Brasil, além do panorama
de águas para o futuro.
84
DICA
Acadêmico, você pode acessar os arquivos publicados pelo Plano Nacional
de Recursos Hídricos e manter-se informado no que diz respeito às
projeções do uso da água e sua disponibilidade para o futuro. Disponível
em: https://bit.ly/3xcaunk.
85
Qualquer reservatório, lago, estuaria, águas costeiras ou subterrâneas podem ser
enquadradas. Dessa forma, sabemos que a gestão dos recursos hídricos deve garantir que
a água possa ser utilizada para diversas finalidades, como recreação, irrigação, navegação,
dessedentação animal, entre outras. Portanto, de acordo com a finalidade e uso haverá
padrões pré-estabelecidos que irão garantir a qualidade da água (ANA, 2020a).
86
III - Classe 2 a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento
convencional; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à
recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático
e mergulho, conforme Resolução CONAMA n° 274, de 2000; d)
à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins,
campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter
contato direto; e e) à aquicultura e à atividade de pesca.
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento
IV - Classe 3 convencional ou avançado; b) à irrigação de culturas arbóreas,
cerealíferas e forrageiras; c) à pesca amadora; d) à recreação de
contato secundário; e e) à dessedentação de animais.
V - Classe 4: a) à navegação; e b) à harmonia paisagística.
FONTE: Adaptado de CONAMA (2005)
87
FONTE: ANA (2020a, p. 12)
Na Classe 4, por exemplo, por mais que seja a classe com padrões mais inferiores,
há condições e padrões estabelecidos de acordo com seu enquadramento.
INTERESSANTE
Acadêmico, você já ouviu falar em crise hídrica? Recomendamos a leitura da
seguinte reportagem: https://bit.ly/38oDzkS.
88
3 IMPUREZAS ENCONTRADAS NA ÁGUA
Na água podemos encontrar vários componentes que podem alterar sua
pureza, assim como as características químicas, físicas e biológicas. De acordo com
Von Sperling (1996), essas características (Figura 4) refletem na forma dos parâmetros
de qualidade da água. As principais características são representadas pelas:
89
Já aquelas que tem diâmetro maior são retidas pelo filtro e são chamadas de
sólidos em suspensão. Seria mais adequado utilizar as expressões sólidos filtráveis e não
filtráveis. No tratamento da água, temos as partículas que se encontram com diâmetro
intermediário, chamadas de sólidos coloidais. Essas partículas são difíceis de separar
por métodos de filtração e muitas vezes acabam sendo caracterizadas como sólidos
dissolvidos e as demais como sólidos em suspensão.
90
4 PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA
Acadêmico, quando falamos da qualidade da água estamos nos referindo a
propriedades químicas, físicas e biológicas que representam seus principais parâmetros.
Todos os parâmetros que serão abordados detalhadamente no Tópico 2 servem de
base para realizar caracterização de águas de abastecimentos, mananciais, corpos
receptores e águas industriais através das análises físico-químicas. Aqui, citaremos
esses parâmetros (VON SPERLING, 1996):
• Parâmetros físicos: dentre os parâmetros físicos que são analisados para estimar a
qualidade da água, temos: cor, turbidez, sabor e odor.
• Parâmetros químicos: temperatura, pH, alcalinidade, acidez, dureza, ferro e manganês,
cloretos, nitrogênio, fósforo, oxigênio dissolvido, matéria orgânica, micropoluentes
inorgânicos, micropoluentes orgânicos.
• Parâmetros biológicos: envolvem os microrganismos que apresentam diversas
funções e estão relacionados com os ciclos biogeoquímicos, assim como os
microrganismos presentes na água por ação antrópica e que causam doenças de
veiculação hídrica.
91
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
92
AUTOATIVIDADE
1 Sabemos que a água é indispensável à vida e nos dias de hoje está ligada ao
desenvolvimento econômico de um país. A legislação brasileira tem uma história que é
iniciada com a promulgação do Decreto nº 26.643, do ano de 1934, conhecido como o
Código das Águas ou Lei das Águas. Sobre este decreto, assinale a alternativa CORRETA:
I- As águas doces podem ser classificadas em classe especial, classe I, II, III e IV.
Sendo a classe IV destinada a navegação e a harmonia paisagística.
II- A classe III são as águas destinadas ao abastecimento para o consumo humano,
após tratamento convencional avançado, à pesca amadora, à recreação de contato
secundário e à dessedentação de animais.
III- Todas as classes que englobam as águas doces podem ser utilizadas para consumo
sem restrições.
93
3 Sabemos que a água utilizada para consumo humano deve atender critérios
estabelecidos com intuito de proporcionar ao seu consumidor aceitação e não rejeição.
Dessa forma, há diversos parâmetros que refletem as principais características da
água, como as físicas, químicas e biológicas. De acordo com o exposto, classifique V
para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
4 Para caracterizar a água são atribuídos diversos parâmetros, que são indicadores
de qualidade da água. As propriedades físicas, químicas e biológicas da água estão
relacionadas a uma série de processos que ocorrem dentro do corpo hídrico e de sua
bacia hidrográfica. Assim as análises físico-químicas são empregadas para auxiliar
a identificar essas propriedades. Diante do exposto, disserte sobre os parâmetros
químicos, físicos e biológicos.
5 Água pura seria a água que é formada apenas pelos elementos químicos hidrogênio
e oxigênio. A água que utilizamos em nossas residências contém substâncias e
elementos químicos que se encontram dentro de um valor máximo permitido,
conforme legislação, para não causar males à saúde humana. Esses parâmetros
dependem da finalidade do uso da água, assim sabemos que a água apresenta
impurezas. Uma delas está relacionada às características físicas da água, os sólidos.
Neste contexto, disserte sobre os principais tipos de sólidos que se encontram
presentes nas águas.
94
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
ÁGUAS DE CONSUMO
1 INTRODUÇÃO
O uso da água pela humanidade sempre esteve ligado as atividades
consideradas essenciais para a manutenção da vida: consumo e preparo de alimentos.
Com o aumento populacional nos grandes centros urbanos e a revolução industrial o
consumo de água aumentou, devido a esses fatores vieram os problemas ligados aos
despejos de dejetos domésticos em lugares inadequados levando a população uma
série de doenças relacionadas com a veiculação hídrica.
95
Dessa forma, foi promulgada a Portaria nº 56 sendo a primeira legislação para
definir os padrões de potabilidade da água em todo o território nacional, estipulando
valores máximos permitidos de acordo com cada característica da água para consumo
como: características físicas, químicas e biológicas. É importante destacar que essa
portaria atribuiu que os sistemas de abastecimento de água tivessem responsabilidade
sobre os padrões de qualidade estabelecidos. Com o passar dos anos em meados de
1986 foi criado o Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo
Humano, pelo Ministério da Saúde. Nesse contexto, em janeiro de 1990 foi promulgada
a Portaria nº 36, desta vez com intuito de acrescentar mais parâmetros para qualidade
da água com ênfase nos limites máximos permitidos. Ainda segundo Fortes, Barrocas e
Kligerman (2019, p. 25), “a Portaria nº 36/1990 inova ao dividir o padrão de potabilidade
em três categorias: um referente às características físicas, organolépticas e químicas;
uma relativa às características bacteriológicas e outra às características radioativas”.
• microbiológicos;
• turbidez da água, após tratamento de filtração ou ainda desinfecção;
• substâncias químicas que podem acarretar prejuízo à saúde humana, fazendo
parte os compostos orgânicos, inorgânicos, substâncias presente em agrotóxicos,
desinfetantes e produtos gerados pelo tratamento de desinfecção;
• radioatividade;
• limites aceitáveis para consumo humano.
96
A portaria supracitada foi revogada em 2017 pelo Ministério da Saúde através da
Portaria da Consolidação nº 5, que integrou o Programa de Vigilância da Qualidade da
Água em seu anexo XX. Podem ser observadas, no Quadro 2, as principais mudanças
nas portarias que foram consolidadas ao longo dos anos com relação aos padrões
de potabilidade de água para consumo. Acadêmico, perceba que os parâmetros de
qualidade foram aumentando e a legislação se tornou mais rigorosa.
Portaria Ministério Portaria Ministério Portaria Ministério da Portaria Ministério da Portaria Ministério da
da Saúde nº 56, da Saúde nº 36, Saúde nº 1.469, 2000 Saúde nº 518, 2004 Saúde nº 2.914, 2011*
1977 1990
- Valor Máximo - Extinção do - Define controle - São mantidas. - Definição de água
Desejável (VMD). Valor Máximo e vigilância da para consumo
Desejável (VMD) qualidade de água humano e água
e substituição de abastecimento potável, padrão de
pelo Valor Máximo público. potabilidade, padrão
Definições
97
- Total de 36 - Padrão de - Padrão - Padrão - Padrão
parâmetros potabilidade microbiológico microbiológico microbiológico
microbiológicos, dividido em distinto para água distinto para água distinto para água
físico, químicos 3 categorias: para consumo para consumo para consumo
e organolépticos: características humano, na saída humano, na saída humano, água
12 substâncias físicas, do tratamento do tratamento tratada na saída do
orgânicas, 10 organolépticas e e no sistema de e no sistema de tratamento. Água
inorgânicas e 14 químicas (4 físicas, distribuição. distribuição. tratada no sistema de
organolépticas. 10 componentes - Padrão de - Padrão de distribuição.
que afetam turbidez para água turbidez para água - Padrão de
a qualidade pós-filtração ou pós-filtração ou turbidez para água
organoléptica, 31 pré-desinfecção pré-desinfecção pós-filtração ou
químicos, sendo 11 definido para definido para pré-desinfecção
inorgânicos e 20 água subterrânea, água subterrânea, definido para
orgânicos, incluem submetidas à filtração submetidas à água subterrânea,
os subprodutos lenta e filtração filtração lenta e submetidas à filtração
de desinfecção); rápida. - Padrão de filtração rápida. lenta e filtração
características potabilidade pra Padrão de rápida. - Padrão de
Parâmetros
98
- Não define - Define controle - Define controle - Define controle - Esclarece a atuação
vigilância, e vigilância da e vigilância da e vigilância da municipal no contexto
mas obriga qualidade de água qualidade de água qualidade de água do Vigiagua.
as secretarias de abastecimento para consumo para consumo - Estabelece
estaduais de público. humano. humano. procedimentos de
saúde a efetuar - Pouco - Torna mais clara - Torna mais clara controle operacional
Vigilância
99
DICA
Acadêmico, acesse na íntegra a Portaria nº 888, de 4 de maio de 2021 em:
https://bit.ly/3v1Tk95.
100
Dureza total mg/L 300
Ferro mg/L 0,3
Gosto e odor Intensidade 6
Manganês mg/L 0,1
Monoclorobenzeno mg/L 0,02
Sódio mg/L 200
Sólidos dissolvidos totais mg/L 500
Sulfato mg/L 250
Sulfeto de hidrogênio mg/L 0,05
Turbidez (3) uT 5
Zinco mg/L 5
Valor Máximo Permitido
FONTE: Adaptado de BRASIL (2021)
101
TABELA 2 – PADRÃO DE POTABILIDADE PARA SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS INORGÂNICAS QUE REPRESENTAM
RISCO À SAÚDE.
IMPORTANTE
Acadêmico, as unidades de medida são regidas pelo Sistema Internacional
de Medidas (SI), assim observamos, na legislação que se refere ao padrão
de potabilidade de água, unidades de medida como a micrograma (μg). Esta
unidade é totalmente mensurável em laboratório durante uma análise química,
desde que os equipamentos sejam de alta precisão. Assim lembre-se que:
102
TABELA 3 – PADRÃO DE POTABILIDADE PARA SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS QUE REPRESENTAM RISCO
À SAÚDE
103
TABELA 4 – PADRÃO DE POTABILIDADE PARA AGROTÓXICOS E METABÓLITOS QUE REPRESENTAM
RISCO À SAÚDE
104
Metolacloro μg/L 10
Metribuzim μg/L 25
Molinato μg/L 6
Paraquate μg/L 13
Picloram μg/L 60
Profenofós μg/L 0,3
Propargito μg/L 30
Protioconazol +
μg/L 3
ProticonazolDestio
Simazina μg/L 2
Tebuconazol μg/L 180
Terbufós μg/L 1,2
Tiametoxam μg/L 36
Tiodicarbe μg/L 90
Tiram μg/L 6
Trifluralina μg/L 20
(2) Valor Máximo Permitido
NOTA
Conhecido como DDT, o diclorodifeniltricloroetano é popular e de baixo custo
sendo largamente utilizado como inseticida. O entomologista Paul Miller em 1939
ganhou o Prêmio Nobel de Medicina utilizando o DDT para combater a malária, na Segunda
Guerra Mundial o DDT era empregado para prevenir a tifo e febre amarela. Anos depois
passou a ser empregada no Brasil e em todo mundo como um inseticida de baixo custo,
posteriormente seu uso começou a ser relacionado com a morte de aves e assim, foi
banido de alguns países, como a Suécia. O Brasil lançou suas primeiras medidas proibindo
a fabricação do DDT em 1971 com a Portaria nº 356, tinha como fundamento que o DDD
deixava resíduos em alimentos como carne e leite e sofria acumulação após seguidos
tratamentos. Dessa forma, a OMS recomendou que esse inseticida fosse substituído por
outros produtos (D´AMATO; TORRES; MALM, 2002). Para ler o artigo na íntegra acesse:
https://bit.ly/3LNY357
105
3.1 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS: PARÂMETROS ORGÂNICOS
E INORGÂNICOS
Acadêmico, na sequência serão apresentados definições e métodos de análise
de parâmetros físico-químicos utilizados na determinação de substâncias orgânicas e
inorgânicas que se encontram presentes em águas.
106
FIGURA 6 – MEDIDA DE PH DE UMA AMOSTRA DE ÁGUA, MÉTODO POTENCIOMÉTRICO, UTILIZANDO
UM PHMETRO
3.1.2 Turbidez
A turbidez é uma característica da água representando sua transparência, é
analisada por meio da propriedade ótica que se baseia na incidência de luz sobre uma
amostra de água, dessa forma, a luz ao atravessar a água (amostra analisada) pode ser
espalhada e absorvida em vez de atravessar em linha reta a amostra. Essa interferência
no caminho da luz pode ser causada pela presença de partículas em suspensão,
partículas coloidais, presença de matéria orgânica ou inorgânica, microrganismos,
compostos solúveis que apresentam coloração, e até mesmo plâncton (PARRON;
MUNIZ; PEREIRA, 2011).
107
Conforme a SABESP (1999), a análise de turbidez utiliza um padrão para comparar
a amostra de água que está sendo analisada e ao realizar a medida, a intensidade da luz
espalhada é diretamente proporcional à turbidez.
108
De acordo com Lucido (2010), é de grande importância destacarmos dois
conceitos relativos à cor, a cor aparente e a cor verdadeira. Assim, cor aparente é a
aquela inclui a presença dos sólidos dissolvidos e partículas coloidais, destacamos aqui
a presença do ácido húmico e taninos que conferem a coloração da água, conforme
supracitado. Já a cor verdadeira ou real, se diferencia da cor aparente por não apresentar
sólidos dissolvidos e partículas coloidais, impurezas retiradas previamente em processos
de limpeza, como filtração.
109
3.1.4 Demanda Química de Oxigênio (DQO)
A demanda química de oxigênio (DQO) é um parâmetro que indica a quantidade
de oxigênio requerida para oxidar substâncias orgânicas e inorgânicas em condições
específicas em corpos de águas, ou seja, corresponde à oxidação química em águas
residuais e superficiais. É um importante indicador de poluição em sistemas de
abastecimento, tratamento de efluentes domésticos e industriais (AQUINO; SILVA;
CHERNICHARO, 2016).
110
Os microrganismos presentes em águas necessitam direta ou indiretamente
consumir oxigênio para executar suas atividades metabólicas com intuito de obter
energia, crescer e se reproduzir, são chamados de microrganismos aeróbios. Assim eles
requerem e dependem do oxigênio livre para mineralizar a matéria orgânica e produzir
CO2, NH3 etc.
111
II, Mn (OH)2, formando o hidróxido de manganês IV, Mn (OH)4, através do processo de
oxidação. Em seguida, o Mn (IV) é redissolvido e em meio ácido é reduzido pelo iodeto,
dando origem ao iodo (I2), o qual é quantificado com tiossulfato de sódio e dessa forma,
sua quantificação equivale ao oxigênio dissolvido na amostra original.
112
chuva ou percolarem para os lenções freáticos (CETESB, 2016). Os processos naturais
como dissolução das rochas e decomposição da matéria orgânica também podem ser
atribuídos por incorporar o fósforo e aumentar sua concentração em águas naturais.
113
De acordo com o exposto, podemos encontrar o nitrogênio sob as formas oxidadas
e reduzidas, vamos descrever as formas e ordem decrescente de estado de oxidação, assim
temos o nitrato, nitrito, amônio (nitrogênio amoniacal) e nitrogênio orgânico.
• Nitrato (N – NO3-)
• Nitrito (N – NO2-)
• Amônio (N – NH4+)
O íon amônio (NH4+) pode ser chamado se amônia ionizada em função da carga
elétrica positiva, que o torna um cátion. A amônia (NH3) se forma em águas devido a
degradação da matéria orgânica, que se encontra dissolvida ou particulada, através da
ação de microrganismos em presença ou ausência de oxigênio. Compostos nitrogenados
como a ureia se decompõem dando origem a amônia, sua formação depende de fatores
como temperatura e pH, em condições específicas se torna instável e converte-se para
íon amônio (MANAHAN, 2013; PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011).
114
A determinação de amônio pode ser realizada por espectrofotometria UV visível
(Método Nessler) ou cromatografia iônica (PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011).
• Nitrogênio total
Nas águas para consumo humano a alcalinidade não consta na legislação e não
tem riscos sanitários, entretanto, pode gerar um sabor desagradável na água. É possível
correlacionar o valor determinado de alcalinidade com a dureza da água (parâmetro
discutido no item 3.2.2), pois há cátions (íons positivos) comuns a eles, como os íons
cálcio e magnésio (CETESB, 2016).
115
3.1.10 Dureza Total
A dureza da água é um fenômeno atribuído aos cátions, como o cálcio e
magnésio presentes na água. De acordo com a Funasa (BRASIL, 2014, p. 100), “a dureza
pode ser definida como a resistência oposta à ação do sabão”, é expressa em termos
de mg CaCO3/L. Dentre os íons que são responsáveis pela dureza nas águas, temos os
metais alcalinos terrosos, assim como cátions como manganês, ferro, zinco e alumínio.
Existem dois tipos de dureza (BRASIL, 2014).
3.1.12 Cloretos
Cloreto, representado por Cl-, é um dos principais ânions inorgânicos encontrados
em concentrações elevadas em água residuais, fator atribuído ao uso de sal de cozinha,
cloreto de sódio (NaCl) na dieta humana. É encontrado também em águas naturais,
esgotos domésticos e industriais, não causa danos para à saúde humana, entretanto,
confere a água saber salgado, esse sabor da composição global da água (PARRON;
MUNIZ; PEREIRA, 2011).
116
Os cloretos podem ser introduzidos pelas águas do mar ou ainda a partir da
dissolução de minerais. O método para a determinação de cloretos, segundo o “Manual
de procedimentos e técnicas laboratoriais voltado para análises de águas e esgotos
sanitário e industrial” (2004), é o argentométrico que se baseia na volumetria de
precipitação e faz uso do nitrato de prata.
117
3.1.15 Micropoluentes orgânicos
Micropoluentes orgânicos contém carbono em sua constituição combinados
com um ou mais elementos químicos, o que varia conforme o grupo de hidrocarbonetos.
Esses compostos têm característica de resistir a degradação biológica, não fazem parte
dos ciclos biogeoquímicos e acumulam-se em um determinado ponto do ciclo.
118
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
119
AUTOATIVIDADE
1 Muitas legislações fizeram parte da história do Brasil do que diz respeito a regras,
padrões de potabilidade dos diferentes tipos de água. No ano de 2004, uma portaria
entrou em vigor e foi crucial para estabelecer os padrões de potabilidade para o
consumo humano. Trata-se de Portaria nº 518/2004. De acordo com essa portaria,
assinale a alternativa CORRETA:
120
3 Sabemos que para a água utilizada para consumo humano deve atender a critérios
estabelecidos, como padrões estéticos e organoléticos, com intuito de proporcionar
ao seu consumidor a aceitação e não rejeição. Existem substâncias que quando
presentes na água podem alterar o sabor, odor e as características físico-químicas
fazendo com que haja perigo para saúde humana. De acordo com os parâmetros
analisados para controlar a qualidade da água, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:
121
122
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
EFLUENTES E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
1 INTRODUÇÃO
A água subterrânea faz parte do ciclo hidrológico e existe em poros e vazios
em formações geológicas sedimentares, ou até mesmo em planos estruturalmente
fracos em formações geológicas ígneas ou metamórficas, representados por falhas e
fissuras. Segundo dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (2020),
a disponibilidade de água subterrânea no Brasil é estimada em cerca de 14.650 m³/s,
e assim como as águas superficiais, não está distribuída uniformemente pelo país. As
características hidrogeológicas e a produtividade dos aquíferos são variáveis, tendo
áreas de escassez e outras relativamente abundantes.
123
2 EFLUENTES INDUSTRIAIS E DOMÉSTICOS
O desenvolvimento caótico das cidades, aliado à ocupação de áreas onde há
presença de água de nascente e o crescimento populacional, tem levado ao esgotamento
das reservas naturais de água, obrigando as pessoas a buscarem fontes de captação
em outros locais. De acordo com Funasa (BRASIL, 2014, p. 38), “a escassez é resultado
do consumo cada vez maior, do mau uso dos recursos naturais, do desmatamento, da
poluição, do desperdício, da falta de políticas públicas que estimulem o uso sustentável,
a participação da sociedade e a educação ambiental”.
124
Podemos observar na Figura 9 a demanda da quantidade de água por finalidade
no Brasil no ano de 2019. A porcentagem utilizada pela indústria equivale a uma
estimativa de 202,3 𝑚3/s, deste total, 108,7 𝑚3/s são utilizados para consumo e 93,6 𝑚3/s
são retornados a corpos hídricos, que corresponde à porção dos efluentes industriais, a
qual representa uma enorme quantidade.
125
Acadêmico, é importante refletirmos quanto ao uso da água. Aqui, gostaríamos
de lhe proporcionar uma reflexão com alguns questionamentos. Na sua opinião, em sua
residência ocorre o desperdício de água? A água para uso doméstico corre na torneira
durante a lavagem dos utensílios sujos? Durante a higiene pessoal, na hora do banho, a água
fica correndo na hora de ensaboar os cabelos e o corpo? Se a sua resposta for afirmativa,
vamos repensar o uso da água, um bem tão valioso e finito, como já mencionado.
ATENÇÃO
Segundo dados do site Trata Brasil, do Governo Federal, com relação às
perdas de água pelos sistemas de distribuição, a média nacional alcança
a faixa de 40% de perda, o que corresponde a, aproximadamente, 7,5
mil piscinas olímpicas de água potável sendo perdida todos os dias. A
quantidade dessa perda massiva de água seria suficiente para abastecer
63 milhões de brasileiros em um ano, o que seria equivalente a 30% da
população brasileira em 2019.
126
A Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, possui a NBR 9648 (ABNT,
1986), que trata da definição de esgoto sanitário como sendo o despejo líquido composto
de esgotos doméstico e industrial, água infiltrada e a contribuição parasitária de origem
pluvial. Ainda, define: esgoto doméstico é o resíduo líquido produzido em função de
necessidades fisiológicas humanas; esgoto industrial é resíduo líquido produzido por
processos industriais e atende aos padrões de descarte estabelecidos; água infiltrada é
toda água oriunda do subsolo, que é prejudicial ao sistema; e as contribuições parasitas
de águas pluviais são a porção do escoamento superficial que é inevitavelmente
absorvida pela rede de esgoto sanitário (MICHALAKE; SILVA; SILVA, 2016).
De acordo com Merten e Minella (2002, p. 34), “os efluentes domésticos, por
exemplo, são constituídos basicamente por contaminantes orgânicos, nutrientes e
microorganismos, que podem ser patogênicos”. A contaminação por efluentes industriais
é decorrente das matérias-primas e dos processos industriais utilizados, podendo ser
complexa, devido à natureza, concentração e volume dos resíduos produzidos.
Lembramos que a Lei das Diretrizes Básicas para o Saneamento Básico, Lei
nº 11.445/2007 (BRASIL, 2007), instituiu os quatro serviços: abastecimento de água;
esgotamento sanitário (coleta e tratamento), limpeza urbana e drenagem. A legislação
ambiental tem estabelecido regras para o lançamento de efluentes industriais e a
tendência é de existir um maior controle desses poluentes.
DICA
Acesse os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
(SNIS) de 2020 em: https://bit.ly/3ujk0TH.
127
3 PADRÃO DE POTABILIDADE DE EFLUENTES
A nível federal, o órgão responsável por regulamentar os padrões de lançamento
de efluentes é o Conselho Nacional do Meio Ambiente, CONAMA. Em seu Art. 24º,
menciona que (BRASIL, 2005, p. 27):
pH 5a9
Inferior a 40 °C, sendo que a variação de temperatura do corpo
Temperatura
receptor não deverá exceder a 3 °C no limite da zona de mistura.
Até 1 ml/L em teste de 1 hora em cone Inmhoff. Para o
Materiais lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação
sedimentáveis seja praticamente nula, os materiais sedimentáveis deverão estar
virtualmente ausentes.
- óleos minerais: até 20 mg/L;
Óleos e graxas
- óleos vegetais e gorduras animais: até 50 mg/L;
Materiais
Ausência
flutuantes
Demanda (DBO 5 dias a 20 °C): remoção mínima de 60% de DBO sendo que
Bioquímica de este limite só poderá ser reduzido no caso de existência de estudo
Oxigênio (DBO) de autodepuração do corpo hídrico que comprove atendimento às
metas do enquadramento do corpo receptor.
128
De acordo com a supracitada Resolução vigente, as Tabelas 6 e 7 mostram os
parâmetros inorgânicos e orgânicos, respectivamente, de lançamento de efluentes.
129
TABELA 7 – PADRÕES DE LANÇAMENTO DE EFLUENTES, PARÂMETROS ORGÂNICOS
130
Materiais
Ausência
flutuantes
FONTE: FONTE: (BRASIL, 2011)
4 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS
O processo de tratamento do esgoto sanitário é estabelecido pela legislação e
visa a remoção dos poluentes. São empregadas diversas tecnologias e processos para
tratar esses efluentes, garantindo, assim, seu lançamento no corpo hídrico obedecendo
os padrões pela legislação vigente.
ATENÇÃO
Acadêmico, para relembrar quais são as etapas do processo de tratamento
de esgoto sanitário, lembramos que o caderno de estudos da disciplina
Introdução ao Saneamento Básico tem muita informação que você
pode utilizar. Na Unidade 3, que aborda a “Introdução aos Sistemas de
Saneamento Básico”, o Tópico 2 apresenta os sistemas de esgotamento e
o tratamento de esgoto sanitário.
131
Todas as análises realizadas seguem a metodologia Standard Methods for the
Examination of Water and Wastewater, American Public Health Association (APHA),
American Water Works Association (AWWA) e Water Environment Federation (WEF).
4.1 TEMPERATURA
A temperatura mede o grau de agitação térmica das moléculas de um corpo. Um
corpo hídrico pode ter sua temperatura alterada por fenômenos naturais (energia solar)
ou por ação antropogênica, através do despejo de efluentes industriais, como a água
utilizada para resfriar as máquinas. A temperatura influencia diretamente na velocidade
das reações químicas, acelerando processos metabólicos que ocorrem nos organismos
vivos, além de influenciar a solubilidade de substâncias, favorece a dissolução de gases
(temperaturas mais elevadas), influencia em propriedades como a viscosidade, tensão
superficial, dentre outras. Desse modo o aumento da temperatura em corpos hídricos
pode causar danos para a vida aquática (BRASIL, 2014; ZANITH, 2016).
4.2 pH.
Acadêmico, no Tópico 1 desta Unidade, o Subtópico 3.1.1 aborda a definição
do potencial Hidrogeniônico (pH). O conceito e a técnica não se alteram, entretanto,
precisamos destacar algumas informações para os efluentes.
132
dissolvido (OD). A DBO520 é um ensaio realizado no 5º dia, considerando os efluentes
domésticos, o consumo de oxigênio no quinto dia é relacionado com o consumo final,
o ensaio é realizado a 20 °C, a análise se baseia na medição de OD no primeiro dia e no
quinto dia, após a incubação (VON SPERLING, 1996).
O que precisa ser levado em conta é que nos efluentes domésticos o oxigênio
dissolvido é consumido antes dos 5 dias de incubação, devido à alta carga de matéria
orgânica, portanto, se faz necessário realizar diluições da amostra para reduzir a
concentração de matéria orgânica e dessa forma possibilitar o estudo da DBO em 5 dias
de incubação (VON SPERLING, 1996).
Como toda análise realizada apresenta limitações, para a DBO, podemos listar
algumas:
134
O método gravimétrico é realizado dissolvendo o óleo e a graxa da amostra
em um solvente apropriado. A amostra é acidificada e filtrada para que o óleo e a graxa
permaneçam no filtro. O filtro foi seco em estufa e então extraído com solvente. Em
seguida, o solvente foi evaporado e o teor de óleo e graxa foi obtido gravimetricamente
(KICH; BÖCKEL, 2017). Outro método que pode ser utilizado é o da espectrofotometria
em amostras líquidas.
IMPORTANTE
Acadêmico, os primeiros lubrificantes a aparecerem no mercado foram os
óleos animais, mas com a modernização e necessidade da indústria, a base
dos lubrificantes atuais passou a ser os óleos minerais, óleos sintéticos e óleos
semissintéticos. Como fonte mineral mais utilizada, sua composição contém uma
mistura de hidrocarbonetos, derivados do refino do petróleo. Os óleos lubrificantes
possuem moléculas de diferentes tamanhos e formas, e sua composição química é
nitrogênio, enxofre e metais. Lubrificantes sintéticos são cada vez mais utilizados devido
à dificuldade em controlar quimicamente materiais indesejáveis durante o processo, são
produzidos em laboratório. Entretanto, o óleo mineral deriva do petróleo e represente 2%
dos seus derivados, não sendo consumido pelo motor do automóvel por completo leva a
impactos ambientais (KICH; BÖCKEL, 2017).
5 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
De acordo com os dados lançados pela Conjuntura de Recursos Hídrico no
Brasil em 2020, elaborado pela Agência Nacional de Águas (ANA), a disponibilidade
de água subterrânea no Brasil é estimada em cerca de 14.650 m³/s, e assim como as
águas superficiais, não está distribuída uniformemente pelo país. As características
hidrogeológicas e a produtividade dos aquíferos são variáveis, ocorrem em áreas de
escassez e outras relativamente abundantes (ANA, 2020b).
NOTA
Acadêmico, a hidrogeologia é uma ciência que estuda as águas subterrâneas,
de acordo com Domenico e Schwartz (apud RIBEIRO et al., 2007, p. 688):
“Hidrogeologia é o estudo das leis que governam o movimento das águas
subterrâneas, as interações mecânicas, físicas e termais dessa água com o
sólido poroso, e o transporte de energia, constituintes químicos e a matéria
particulada pelo fluxo”.
135
As águas subterrâneas fazem parte do processo dinâmico conhecido por ciclo
hidrológico, circulando em todas as partes do ciclo. Aproximadamente 97% da água no
Planeta Terra se encontra nos oceanos, uma outra parte está disposta na atmosfera
na forma de vapor de água (nuvens), outra parte é encontrada na forma sólida (gelo,
massas de neve, calotas polares).
136
FIGURA 13 – FORMAS E OCORRÊNCIA DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
Pela sua própria dinâmica, a água consegue se infiltrar tornando-se, então água
subterrânea, o que varia em função do aquífero. Pode sofrer recarga a partir da água
da chuva e infiltração dos corpos hídricos, pode sofrer uma descarga (escoamento
básico) e ainda processos que possam vir a interferir na dinâmica do movimento, como
a evapotranspiração e capilaridade. E o principal e mais preocupante: pode sofrer por
ações antrópicas do homem (RIBEIRO et al., 2007).
137
da água subterrânea. O ciclo hidrológico possibilita a renovação da água, e com isso
é incorporada uma variedade de substâncias nela. Os parâmetros químicos, físicos
e biológicos auxiliam a verificar a qualidade das águas subterrâneas, fazendo a sua
caracterização e monitoramento. Segundo a CETESB (2005, p. 35), são eles:
Classe 1 águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses, sem alteração de sua
qualidade por atividades antrópicas, e que não exigem tratamento para quaisquer
usos preponderantes devido as suas características hidro geoquímicas naturais;
Classe 2 águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses, sem alteração de
sua qualidade por atividades antrópicas, e que podem exigir tratamento adequado,
dependendo do uso preponderante, devido as suas características hidro
geoquímicas naturais;
Classe 3 águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses, com alteração de sua
qualidade por atividades antrópicas, para as quais não e necessário o tratamento em
função dessas alterações, mas que podem exigir tratamento adequado, dependendo
do uso preponderante, devido as suas características hidro geoquímicas naturais;
Classe 4 águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses, com alteração de
sua qualidade por atividades antrópicas, e que somente possam ser utilizadas, sem
tratamento, para o uso preponderante menos restritivo; e
138
Classe 5 águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses, que possam estar
com alteração de sua qualidade por atividades antrópicas, destinadas a atividades
que não tem requisitos de qualidade para uso.
Vale lembrar que no Art. 2º, a Resolução nº 396/2008 adota algumas definições
que são úteis conhecer para que possamos compreender os valores estabelecidos
para todos os parâmetros, como a definição de limite de detecção praticável (LPQ),
que se trata da menor concentração a ser determinada com total precisão e exatidão
pelo método escolhido (BRASIL, 2008). No Quadro 4 podemos observar os parâmetros
inorgânicos estabelecidos, assim como o limite para o consumo humano, dessedentação
de animais, irrigação e recreação, assim como o LPQ.
Inorgânicos µg.L-1
Antimônio 7440-36-0 5 5
Cádmio 7440-43-9 5 50 10 5 5
139
Cloreto 100.000 –
16887-00-6 250.000 (1) 400.000 2.000
700.000
Crômio Cr III
(Cr III + Cr VI) (16065831)
50 1.000 100 50 10
Cr VI
(18540299)
Mercúrio 7439-97-6 1 10 2 1 1
Nitrato
(expresso 14797-55-8 10.000 90.000 10.000 300
em N)
Nitrito
(expresso 14797-65-0 1.000 10.000 1.000 1.000 20
em N)
Selênio 7782-49-2 10 50 20 10 10
Sólidos Totais
1.000.000
Dissolvidos 2000
(1)
(STD)
100 (5) 50
140
DICA
A resolução do CONAMA nº 396 de 2008 é de grande valia para se conhecer todos
os parâmetros inorgânicos, orgânicos, agrotóxicos e biológicos estabelecidos
para as águas subterrâneas. Para saber mais, acesse: https://bit.ly/3LMePRX.
141
LEITURA
COMPLEMENTAR
CONTAMINAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS POR DERRAMAMENTOS
DE GASOLINA: O PROBLEMA É GRAVE?
Introdução
142
Como na década de 1970 houve um grande aumento do número de postos de
gasolina no país, é de se supor que a vida útil dos tanques de armazenamento, que é
de aproximadamente 25 anos, esteja próxima do final, o que consequentemente pode
aumentar a ocorrência de vazamentos nos postos do país. Em um derramamento de
gasolina, uma das principais preocupações é a contaminação de aquíferos que sejam
usados como fonte de abastecimento de água para consumo humano. Por ser muito
pouco solúvel em água, a gasolina derramada, contendo mais de uma centena de
componentes, inicialmente estará presente no subsolo como líquido de fase não aquosa
(NAPL). Em contato com a água subterrânea a gasolina se dissolverá parcialmente. Os
hidrocarbonetos monoaromáticos, benzeno, tolueno, etilbenzeno e os três xilenos orto,
meta e para, chamados compostos BTEX, são os constituintes da gasolina que têm
maior solubilidade em água e, portanto, são os contaminantes que primeiro irão atingir
o lençol freático (CORSEUIL, 1992). Estes contaminantes são considerados substâncias
perigosas por serem depressantes do sistema nervoso central e por causarem leucemia
em exposições crônicas. Dentre os BTEX, o benzeno é considerado o mais tóxico com
padrão de potabilidade de 10 µg/l, segundo as normas do Ministério da Saúde.
143
Remediação natural
144
FIGURA 1 – EXEMPLO DE ATENUAÇÃO NATURAL DE UMA PLUMA DE HIDROCARBONETOS DE PETRÓLEO
Para que se possa demonstrar que a remediação natural é uma forma adequada
de descontaminação de hidrocarbonetos de petróleo é necessário que se faça uma
completa caracterização hidrogeológica da área degradada, se determine a magnitude
e extensão da contaminação e se demonstre que a pluma não irá migrar para regiões
de risco potencial. Para tal, é necessário que se determine as taxas de migração e
de redução de tamanho da pluma através de estudos de campo e de laboratório. No
entanto, se o processo natural de atenuação não evitar o deslocamento da pluma até
locais de risco, tecnologias que acelerem a transformação dos contaminantes deverão
ser implementadas.
Análise de riscos
145
Na Holanda existe uma classificação para tipos de solo conforme os níveis de
contaminação, de ocupação da área e dos riscos potenciais. Os solos são classificados
em níveis S, I, ou T, sendo S considerado um solo não contaminado, I, quando existe a
necessidade de remediação e, T, um valor médio entre S e I, que indica a necessidade
de investigações mais detalhadas (VISSER, 1993). A CETESB está implantando em São
Paulo regulamentações para contaminação de solos e águas subterrâneas baseada nas
normas holandesas (CETESB, 1996; CASARINI, 1996).
146
e gasolina será mais complexa do que a produzida somente pela gasolina pura. Os
países em desenvolvimento como o Brasil geralmente têm como base as tecnologias
de remediação ambiental largamente empregadas na Europa e EUA. A extrapolação
desta experiência para a remediação dos locais contaminados por derramamentos de
gasolina no Brasil tem que levar em conta a especificidade da nossa gasolina.
Conclusão
147
e gasolina estão sendo realizados nos Laboratórios do Departamento de Engenharia
Sanitária e Ambiental e no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental da
Universidade Federal de Santa Catarina em parceria com o Cenpes/Petrobrás desde
1994. Resultados destas pesquisas serão apresentados futuramente nesta revista.
148
149
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
150
AUTOATIVIDADE
1 O aumento populacional vem acompanhado do desenvolvimento das cidades, da
economia e das indústrias, o que tem levado a uma grande preocupação com os
recursos hídricos. O consumo de água aumenta a cada ano e pesquisas mostram que
apenas 55% do esgoto é tratado no Brasil, mostrando a necessidade de avançar no
tratamento dos efluentes. A Resolução nº 430 de 2011 esclarece diversos conceitos
que são utilizados para compreender melhor os efluentes. Sobre o conceito de esgoto
sanitário que esta resolução aborda, assinale a alternativa CORRETA:
151
3 A Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO) é uma entidade
representativa de docentes, discentes e profissionais que atuam nas grandes
áreas de conhecimento da Engenharia de Produção. De acordo com os princípios
e as normativas elencadas no estatuto da ABEPRO, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:
152
REFERÊNCIAS
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9648. Estudo de
concepção de sistemas de esgoto sanitário. Rio de Janiro: ABNT, 1986.
153
BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de
Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº
8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de
1989. Brasília, DF: Presidência da República, 1997. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm. Acesso em 11 out. 2021.
154
BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Manual prático de análise de água. 3. ed. rev.
Brasília, DF: Fundação Nacional de Saúde, 2009. Disponível em: http://www.funasa.
gov.br/site/wp-content/files_mf/eng_analAgua.pdf. Acesso em: 5 jul. 2021.
155
D´AMATO, C.; TORRES, J. P.M.; MALM, O. DDT (diclorodifeniltricloroetano): toxicidade
e contaminação ambiental – uma revisão. Química Nova, Rio de Janeiro, v.
25, n. 6, p. 995-1002, mar. 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/qn/a/
BzwjyybkzCgvjX6tpykf9gf/?lang=pt. Acesso em: 1º jan. 2022.
HUNTER, R., HAROLD, R. The measurement of color. New York: John Wiley & Sons, 1996;
156
MERTEN, G. H.; MINELLA, J. P. Qualidade da água em bacias hidrográficas rurais: um
desafio atual para a sobrevivência futura. Agroecol. e Desenvol. Rur. Sustent. Porto
Alegre, v. 3, n. 4, p. 33-38, out/dez 2002
MICHALAKE, A. E.; SILVA, C. R. da; SILVA, F. F. da. Análise dos parâmetros físico-
químicos do esgoto tratado de Curitiba (PR) –Estação Belém. Ciência e Natura,
Santa Maria, v. 38, n. 3, p. 1560–1569, 2016. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/
cienciaenatura/article/view/22180. Acesso em: 5 abr. 2022.
157
VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento
de esgotos. 2. ed. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e
Ambiental; Universidade Federal de Minas Gerais, 1996. Disponível em: https://
www.academia.edu/39149408/Introdu%C3%A7%C3%A3o_%C3%A0_qualidade_
das_%C3%A1guas_e_ao_tratamento_de_esgotos. Acesso em: 5 abr. 2022.
158
UNIDADE 3 —
ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA
EM SOLOS/RESÍDUOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
159
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
Acesse o
QR Code abaixo:
160
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
RESÍDUOS SÓLIDOS
1 INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas o desenvolvimento industrial veio acompanhado do
aumento populacional aliado à melhoria na qualidade de vida, tudo isso contribuiu para
a expansão dos centros urbanos e causou um aumento da demanda dos produtos
industrializados, o que gerou um aumento significativo dos resíduos sólidos urbanos.
A contaminação dos solos é uma das causas que leva a contaminação dos
corpos hídricos, superficiais e subterrâneos, pois os poluentes se infiltram no solo e por
ações do intemperismo escoam, e se infiltram causando a contaminação das águas. É
de extrema importância conhecer mais a fundo esse tema.
161
resíduos sólidos urbanos e resíduos sólidos públicos. Portanto, há de se preparar os
locais, para que este resíduo seja disposto, em conformidade com a legislação para
que não contaminem o solo, água e ar, não causando males a saúde humana e ao meio
ambiente (KRELING, 2006).
Vale destacar que essa lei tramitou pelo Congresso por sete longos anos até a
sua publicação. O principal destaque dessa lei é atribuir responsabilidade penal a pessoa
jurídica. Complementando a supracitada lei, surge o Decreto nº 6.514, de 22 de julho de
2008, regulamentando a Lei de Crimes Ambientais e estabelecendo um processo para
infrações ambientais e penalidades administrativas. As autoridades executivas federais
são responsáveis por investigar essas violações e outras medidas (SILVA et al., 2016).
162
Esta Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo
sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre
as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de
resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos
geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos
aplicáveis (BRASIL, 2010a).
I - quanto à origem:
a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em
residências urbanas;
b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de
logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana;
c) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”;
d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de
serviços: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas
alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”;
e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados
nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”;
f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e
instalações industriais;
g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde,
conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas
pelos órgãos do Sisnama e do SNVS;
h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções,
reformas, reparos e demolições de obras de construção civil,
incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para
obras civis;
i) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades
agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos
utilizados nessas atividades;
j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos,
aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e
passagens de fronteira;
k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa,
extração ou beneficiamento de minérios;
II - quanto à periculosidade:
a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade,
carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam
significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo
com lei, regulamento ou norma técnica;
b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea “a”
(BRASIL, 2010a).
163
A supracitada lei incentiva a criação de cooperativas e formas de associação
para os catadores de recicláveis com intuito de proporcionar emprego a pessoas com
baixa renda e ainda visando reduzir a disposição desses resíduos em aterros sanitários
e lixões. Um dos grandes objetivos da PNRS é o de, dentro de um prazo de 20 anos,
conforme cita o Art. 15, eliminar e recuperar os lixões, promovendo assim a inclusão
social e emancipando economicamente os catadores de recicláveis (NAZARI et al., 2019).
Foi observado que grande parte dos RSU coletados foi destinado aos aterros
sanitários nos anos de 2010 e 2019, entretanto, os resíduos em uma década cresceram
em 10 milhões de toneladas, passando de 33 milhões de toneladas para 43 milhões de
toneladas. Infelizmente, o que acompanhou o crescimento foi a destinação incorreta
de RSU, esses resíduos foram encaminhados para os lixões e aterros controlados, a
quantidade passou de 25 milhões de toneladas para pouco mais de 29 milhões de
toneladas por ano, como ilustra a Figura 1.
Esses dados ainda são preocupantes, pois esse destino incorreto, em lixões
e aterros controlados causam inúmero problemas ambientais, como a infestação de
insetos, roedores, mau cheiro e propagando doenças, além de favorecer a poluição do
solo, da água e do ar (FÁVARO, 2014).
164
2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS E SUA CLASSIFICAÇÃO
De acordo com Kreling (2006) podemos chamar de resíduo sólido aquele
produto que é descartado por alguma atividade comercial, industrial, urbana, rural,
privada ou pública.
Já de acordo com a PNRS, Lei nº 12.305, de 2010, em seu Art. 3º, XVI aborda:
165
QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS QUANTO À PERICULOSIDADE
166
DICA
Caro acadêmico, você pode ampliar o seu conhecimento fazendo a leitura
na íntegra a Norma Brasileira, NBR 10004 de 2004. Disponível em: https://
bit.ly/3KqzzhX.
No ano de 2020 foram gerados 79,6 milhões de toneladas de RSU, o que reflete
um alto padrão de consumo da população devido a variação do poder aquisitivo da
sociedade, o que pode ser representado pelos valores do produto interno bruto (PIB).
167
3.1 COMPOSTAGEM
Uma grande quantidade de resíduos é produzida pela indústria, pela agricultura
e pecuária, podemos citar, restos de culturas, palhas, resíduos agroindustriais etc.,
que causam diversos problemas quando deixados no ambiente, muitas vezes podem
sofrer pelas queimadas e causarem sérios problemas ambientais. Quando dispostos
corretamente podem ser reciclados e podem se transformar em um composto orgânico
utilizado como fertilizante (OLIVEIRA, LIMA e CAJAZEIRA, 2004).
168
3.2 LIXÕES A CÉU ABERTO OU VAZADOUROS
A Política Nacional de Resíduos Sólidos não está de acordo com as práticas
inadequadas para disposição dos resíduos sólidos. Assim, os lixões a céu aberto ou
vazadouros são condenados pela PNRS e infelizmente estão espalhados por todo o
Brasil (ABRELPE, 2020).
169
Conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, a normativa NBR
8849 define aterro controlado de resíduos sólidos urbanos, como: “método este que
utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos, cobrindo-os com uma
camada de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho” (ABNT, 1985, p.
2). Considerado um melhor destino do que o lixão, o aterro controlado é um método de
despejo dos resíduos sólidos, é uma forma menos agressiva de destinar o lixo.
170
FIGURA 3 – CORTE TRANSVERSAL DE UM ATERRO SANITÁRIO
DICA
Caro acadêmico, aprofunde os seus conhecimentos acerca do processo de
construção do aterro sanitário. Acesse: https://youtu.be/CPoH4avGufI.
3.5 INCINERAÇÃO
Há algumas décadas, o principal objetivo da tecnologia de incineração de
resíduos sólidos era reduzir a massa, o volume e o perigo dos resíduos. Atualmente, além
desses objetivos, destacamos que o volume dos resíduos pode ser reduzido em mais
de 90%, além de que a tecnologia de incineração utiliza o poder calorífico de resíduos
combustíveis e aproveita a energia térmica gerada pelo próprio processo de combustão
(MACHADO, 2015).
171
O princípio do processo de incineração se baseia no emprego de altas
temperaturas para possibilitar a queima dos RSU com potencial combustível, em
fornos contendo gás oxigênio em excesso para garantir o processo de combustão.
Como produto é obtido materiais inorgânicos na forma de cinzas (NASCIMENTO 2007;
MACHADO, 2015).
Geração de
Energia Eletrecidade
Turbina Gerador
Combustão a Vapor
Recebimento de
Resíduos
Cinzas da
caldeira
Controles Ambientais
Fosso Grelha
Cinzas da
Combustão
172
De acordo com Nascimento (2007), a incineração tem algumas vantagens e é
uma boa alternativa para regiões que não possuem uma grande quantidade de aterros
sanitários. Entretanto, apresenta um alto custo de instalação, requer mão de obra
qualificada e há presença de resíduos que acabam por gerar substâncias tóxicas.
173
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A produção de lixo (resíduo) vem aumentado com o passar dos anos. Podemos atribuir
esse aumento ao desenvolvimento tecnológico, à expansão urbana, ao crescimento
populacional e à melhoria da qualidade de vida da população.
• A primeira legislação que se preocupou com o meio ambiente é de 1981 e traz a Política
Nacional do Meio Ambiente (PNMA) com a Lei nº 6.938. Objetiva a preservação do meio
ambiente e garante o desenvolvimento socioeconômico protegendo o meio ambiente.
• A Constituição Federal em 1988, em seu artigo 225, visa dar mais liberdade para os
municípios e atribui a limpeza urbana e a disposição de resíduos sólidos a eles.
174
• Compostagem é o processo biológico de degradação da matéria orgânica na
presença de oxigênio (aeróbico) e ocorre de maneira controlada. Gera um composto
com qualidade mineral superior que o material que lhe deu origem. Esse composto
orgânico é rico em humus e pode ser utilizado coo um fertilizante orgânico.
• Lixões a céu aberto ou vazadouros são um método de disposição dos resíduos sólidos
urbanos que não tem nenhum preparo do solo para receber o material, não consta
com sistema para drenar o chorume produzido e não tem cobertura, atraindo, assim,
roedores, insetos, aves etc.
• Aterros controlados não são aprovados pela PNRS, são fonte de poluição a céu
aberto, entretanto, recebem denominação e há a normativa da ABNT 8849:1985, que
dita como se constrói um aterro controlado.
175
AUTOATIVIDADE
1 Vários são os tipos de destinação final de resíduos, contudo, nem sempre as
destinações finais são as mais adequadas. O lixão, por exemplo, é um tipo de
destinação final de resíduos sólidos; contudo, neste tipo de acondicionamento, a
falta de tratamento apropriado para o resíduo gera inúmeros problemas de ordem
sanitária e ambiental. Desta maneira, qual o método de disposição final consegue
reduzir o volume do resíduo sólido em até 90%?
a) ( ) Aterro Sanitário.
b) ( ) Compostagem.
c) ( ) Vazadouros.
d) ( ) Incineração.
I- O aterro sanitário é a disposição final mais adequada para os resíduos sólidos, possui
seu sistema operacional todo regulado e autorizado com licenças ambientais e
absorve um volume substancial de resíduos de toda parte.
II- A incineração é uma tipologia de procedimento viável para resíduos tóxicos ou que
apresentem características patogênicas, devido seu poder calorifico de destruição,
sendo muito válido para resíduos sólidos da saúde.
III- A compostagem é um tratamento final adequado para resíduos compostos de
matéria orgânica.
176
3 A compostagem é também uma maneira de reduzir o lixo produzido pela sociedade,
evitando que esses restos sejam depositados em aterros ou lixões, onde liberam gás
metano (de efeito estufa) e chorume (líquido que contamina o solo e as águas). Esse
método de disposição de resíduos é simples e eficiente, entretanto, requer algumas
condições para que o processo de degradação da matéria orgânica ocorra de maneira
satisfatório. De acordo com as condições ideias para esse processo, classifique V
para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
FONTE: <https://www.camara.leg.br/noticias/680176-especialistas-defendem-politica-de-longo-prazo-
para-compostagem/>. Acesso em: 22 jan. 2022
4 Uma das grandes problemáticas que envolvem os resíduos sólidos é a sua disposição
inadequada. A contaminação de água, solo e atmosfera, além da proliferação de animais
transmissores de doenças, são alguns dos problemas do mau acondicionamento
de resíduos. Contudo, para que se dê uma destinação adequada a cada um dos
tipos de resíduos, faz-se necessário conhecer suas características e seu grau de
periculosidade. Neste contexto, disserte sobre as três classes de resíduos industriais
estabelecidas pela norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR
10004:2004.
177
178
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS EM
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
1 INTRODUÇÃO
A disposição de resíduos sólidos urbanos ambientalmente adequada, como
preconiza a Política Nacional de Resíduos Sólidos, exige que os rejeitos sejam enviados
para aterros obedecendo às normas técnicas, com intuito de evitar problemas para à
saúde humana e gerar impactos ambientais (BRASIL, 2010b). Para que esses aspectos
técnicos possam ser cumpridos, é necessário realizar um estudo do ambiente envolvendo
área geológica, hidrológica, topográfica da região e um estudo cultural e local.
179
De acordo com ABNT NBR 10004 de 2004, para que um resíduo seja classificado
conforme a normativa ou ainda conforme a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, PNPR,
Lei nº 12.305 de 2010, é necessário que seja realizada uma investigação para conhecer
o processo que deu origem aos resíduos, assim como, conhecer suas propriedades e
características físicas e químicas. Deve-se comparar seus constituintes com a tabela
que traz a listagem das substâncias que causam risco à saúde, anexos C, D e E da NBR
10004 (ABNT, 2004a).
2.2.1 Inflamabilidade
É caracterizado como inflamável se a sua amostra apresentar qualquer uma das
seguintes propriedades:
• Estar no estado líquido, ponto de fulgor menor do que 60 °C, exceto soluções com
menor do que 24% (volume) de álcool.
• Não ser líquida e sob condições específicas produz fogo por fricção (25 °C e 0,1 MPa =
1 atm), absorve umidade e altera suas propriedades químicas de modo natural, quando
inflamada entra em combustão, queima rapidamente e dificulta a extinção do fogo.
• Possuir características oxidantes, liberando oxigênio e assim implicando no estímulo
de processos de combustão de outro material.
• Ser um gás comprimido e inflamável (Portaria nº 204/1997 do Ministério dos Transportes).
180
2.2.2 Corrosividade
É caracterizado como corrosivo se apresentar qualquer uma das seguintes
propriedades:
• Ser aquosa ou se a solução aquosa estiver na proporção 1:1 (em peso) apresentar
valores de pH < 2 ou com pH > 12,5.
• “Ser líquida ou, quando misturada em peso equivalente de água, produzir um líquido e
corroer o aço (COPANT 1020) a uma razão maior que 6,35 mm ao ano, a uma temperatura
de 55 °C, de acordo com US EPA SW-846 ou equivalente” (ABNT, 2004a, p. 4).
2.2.3 Reatividade
Um resíduo é considerado reativo se após a análise apresentar as seguintes
propriedades:
2.2.4 Toxicidade
O resíduo para ser considerado tóxico precisa apresentar em uma amostra que
represente o seu todo algumas das propriedades a seguir:
181
DICA
Para que você tenha acesso completo às substâncias que apresentam
toxicidade, acesse a normativa da ABNT NRB 10004:2004, mais precisamente
o anexo F, em: https://bit.ly/3r723FZ.
182
* Parâmetros e limites máximos no lixiviado extraídos da US EPA – Environmental Protection
Agency 40 CFR - Part 261 - 24 - “Toxicity Characteristcs”.
** Parâmetro e limite máximo no lixiviado mantido, extraído da versão anterior da ABNT NBR
10004:1987.
*** O parâmetro Cresol total somente deve ser utilizado nos casos em que não for possível
identificar separadamente cada um dos isômeros.
NOTA Os demais poluentes e limites máximos no lixiviado deste anexo foram baseados na
Portaria nº 1469/2000 do MS, multiplicados pelo fator 100.
Outro requisito que o resíduo precisa apresentar é ter em uma composição com
uma ou mais substâncias orgânicas que apresentam toxicidade. Destacamos que são
inúmeras as substâncias orgânicas que são consideradas tóxicas. Veja, no Quadro 3,
algumas destas substâncias.
Substâncias CAS –
Código de Chemical
Nome comum Outra denominação identificação Abstract
Substance
N,N-Dimetil-
A2213 metilcarbanoiloximino-2- U394 30558-43-1
(metiltio) acetamid
Acetato de
P092 62-38-4
fenilmercúrio
183
Éster etílico do ácido
Acrilato de etila U113 140-88-5
2-propenóico
Aflatoxinas 1402-68-2
Acadêmico, mais uma vez destacamos que nos Quadros 2 e 3 estão apenas
uma fração das substâncias que a normativa cita que apresentam toxicidade à saúde
humana e o ambiente. Para ter acesso às demais substâncias não deixe de conferir a
GIO DICA disponibilizada anteriormente.
184
2.1. amostra composta: soma de parcelas individuais do resíduo a
ser estudada, obtidas em pontos, profundidades e/ou instantes
diferentes, através dos processos de amostragem. Estas parcelas
devem ser misturadas de forma a se obter uma amostra homogênea.
2.2. amostra homogênea: amostra obtida pela melhor mistura
possível das alíquotas dos resíduos.
NOTA Esta mistura deve ser feita de modo que a amostra resultante
apresente características semelhantes em todos os seus pontos.
Para resíduos no estado sólido, esta homogeneização deve ser obtida
por quarteamento.
2.3. amostra representativa: parcela do resíduo a ser estudada, obtida
através de um processo de
amostragem, e que, quando analisada, apresenta as mesmas
características e propriedades da massa total do resíduo.
2.4. amostra simples: parcela do resíduo a ser estudada, obtida
através de um processo de amostragem em um único ponto ou
profundidade.
2.5 amostrador: equipamento ou aparelho utilizado para coleta de
amostras.
2.6. contêiner de resíduos: qualquer recipiente portátil no qual o
resíduo pode ser transportado, armazenado, tratado ou, de outra
forma, manuseado.
2.7. pilha ou monte: qualquer acúmulo de resíduo não contido, que
não apresente escoamento superficial.
2.8. quarteamento: processo de divisão em quatro partes iguais
de uma amostra pré-homogeneizada, sendo tomadas duas partes
opostas entre si para constituir uma nova amostra e descartadas
as partes restantes. As partes não descartadas são misturadas
totalmente e o processo de quarteamento é repetido até que se
obtenha o volume desejado.
2.9. tambor: recipiente portátil, cilíndrico, feito de chapa metálica ou
material plástico, com capacidade máxima de 250 L.
2.10. tanque de armazenagem: construção destinada ao
armazenamento de líquidos, com capacidade superior a 250 L.
2.11. técnico de amostragem: profissional técnico responsável pela
execução da coleta de amostra (ABNT, 2004b, p. 1).
DICA
Caro acadêmico, a normativa brasileira ABNT NBR 10007:2004 se refere
à amostragem de resíduos sólidos. No documento, você pode encontrar
todas as informações importantes do procedimento de coleta de amostras,
da temperatura de armazenagem das amostras e quais são os coletores
indicados para cada tipo de análise. Disponível em: https://bit.ly/35TosPJ.
Referências Normativas
NBR 10004:2004 Resíduos sólidos – Classificação.
NBR 10005:2004 Procedimento para obtenção de extrato lixiviado de resíduos
sólidos.
NBR 10006:2004 Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de
resíduos sólidos.
NBR 10007:2004 Amostragem de resíduos sólidos.
NBR 12808:1993 Resíduos de serviço de saúde – Classificação.
NBR 14598:2000 Produtos de petróleo – Determinação do ponto de fulgor pelo
aparelho de vaso fechado Pensky-Martens.
US EPA SW-846 Test methods for evaluating solid waste – Physical/chemical
methods.
FONTE: O autor
186
Acadêmico, até o presente momento conhecemos como é o procedimento
para classificação dos resíduos sólidos urbanos, para que possam ser destinados de
forma correta. A seguir iremos conhecer as características físicas dos resíduos sólidos,
já classificados de acordo com a ABNT.
187
FIGURA 5 – ANÁLISE GRAVIMÉTRICA DOS RSU NO BRASIL
Podemos perceber que a fase sólida dos RSU é formada por diferentes
categorias de materiais (previamente classificados ABNT NBR 10004:2004), tendo
sua composição muito heterogênea com a presença de vidros, cerâmicas, solos,
cinzas, restos de construção, segundo categoria temos os plásticos, papéis, borracha,
plástico, papelão etc.
QUADRO 5 – COMPONENTES VERSUS A VARIAÇÃO E O VALOR MÉDIO DO TAMANHO DOS COMPONENTES (MM)
188
FONTE: Tchonobanoglous et al. (1993 apud CARVALHO, 1999, p. 47)
189
5.4 TEMPERATURA
Estudos demonstram que quanto maior a profundidade maior a temperatura.
Esse maior valor encontrado é devido ao processo de degradação da matéria orgânica,
conforme a Figura 6.
FIGURA 6 – VARIAÇÃO DA TEMPERATURA DOS RSU COM A PROFUNDIDADE, ATERRO DA MURIBECA, RECIFE
190
5.6 PERMEABILIDADE DOSS RESÍDUO SÓLIDOS URBANOS
É um parâmetro que está mais relacionado com a estabilidade do aterro
sanitário e infiltração do líquido percolado. São realizados pelos ensaios de trincheira e
poços escavados (ensaios in situ) com um diâmetro grande ou ainda fazendo furos de
sondagem (NASCIMENTO, 2007).
191
NOTA
Capacidade tamponante é compreendida como a quantidade de
substâncias que, ao reagirem com íons H+, não alteram o seu pH, ou seja,
de acordo com Atkins (2021), é a quantidade de ácido ou base que pode ser
adicionada em uma solução sem alterar o pH, parâmetro que determina a
capacidade tamponante é a alcalinidade.
192
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
193
AUTOATIVIDADE
1 A classificação de resíduos sólidos e semissólidos industriais é regida pela NBR
10004:2004. Esta norma tem como principal objetivo padronizar a classificação de
resíduos industriais fortalecendo sua destinação adequada. Acerca das classes de
resíduos, assinale a alternativa CORRETA:
194
3 A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que, por meio da NBR 10004:2004,
além de definir os resíduos sólidos, classifica-os quanto a sua periculosidade,
considerando seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, no intuito
de que sejam gerenciados adequadamente. Desta maneira, quanto à classificação
de resíduos sólidos estabelecida por esta norma, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:
5 As análises físicas dos resíduos são realizadas com intuito de obter mais informações
para que seu destino seja correto. A análise dos RSU é realizada de acordo com
alguns parâmetros como: composição gravimétrica, teor de umidade, distribuição
das partículas, temperatura, peso específico in situ e permeabilidade. Nesse contexto,
disserte sobre a composição gravimétrica dos resíduos sólidos.
195
196
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
ANÁLISE DO SOLO CONTAMINADO POR
RESÍDUOS SÓLIDOS
1 INTRODUÇÃO
De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, realizado todos os
anos, a geração dos RSU está em crescimento e a cada ano aumenta a quantidade total
de resíduos gerados.
197
De acordo com Fiúza (2009), o solo é formado por apenas quatro fases: sólida,
a qual possui uma determinada quantidade de compostos inorgânicos (produtos que
resultam de erosão da crosta terrestre) e uma quantidade de compostos orgânicos que
derivam da degradação da matéria orgânica; a fração líquida, que contém substâncias
minerais que a tornam enriquecida; a fase gasosa, que contém gás oxigênio em pequena
quantidade, entretanto, contém dióxido de carbono em uma maior concentração; e, por
fim, a fase biológica, com inúmeras colônias de microrganismos de diversas espécies.
198
cores mais claras que o horizonte A pois tem menor concentração de matéria orgânica.
O horizonte C sofre pouco influência de seres vivos, possui uma característica mais
próxima do material que deu origem ao solo. Por fim, abaixo do horizonte C encontra-se
a rocha-mãe, a qual deu origem ao solo (RAIJ, 1981).
QUADRO 6 – TIPOS DE SOLO DE ACORDO COM O SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS
199
7. Luvissolos – apresentam significativos teores de argila nas camadas subsuperficias.
São geralmente rasos, de coloração avermelhada ou amarelada. São amplamente
encontrados no nordeste do País, ocorrendo em 3% da área do território brasileiro.
8. Neossolos – são solos jovens por consequência de reduzida ação dos fatores
de formação. Constituídos por material mineral ou por material orgânico. Ocorrem
aproximadamente em 15% do território brasileiro.
9. Nitossolos – são geralmente profundos, com textura argilosa e coloração
avermelhada, sendo observada pouca diferenciação de cores entre as camadas.
São bem drenados, estruturados, moderadamente ácidos e de fertilidade natural
muito variável. Em períodos secos, devido ao elevado teor de argila, podem formar
fendas no sentido vertical. Sua ocorrência no Brasil é de aproximadamente 1,5% e são
encontrados nas regiões Sudeste e Sul do País.
10. Organossolos – são formados por material orgânicos em diferentes estágios de
decomposição. Esse material é proveniente da deposição e acúmulo de resíduos
vegetais, com ou sem mistura de materiais minerais. Por essa razão, apresentam
coloração escura, pois possuem elevados teores de carbono devido à decomposição
da matéria orgânica. Não possuem áreas representativas de ocorrência no País, pois
ocorrem em pequenas manchas e de maneira dispersa.
11. Planossolos – possuem grande aumento de argila na subsuperfície. São
extremamente duros quando secos e possuem baixa permeabilidade. Isso condiciona
ciclos de redução e oxidação do ferro, propiciando as cores acinzentadas e mosqueados.
Possuem maior ocorrência no Rio Grande do Sul, Nordeste e no Pantanal, ocupando
aproximadamente 2% da área do País.
12; Plintossolos – esse tipo de solo leva à formação de uma condição destacável da
matriz do solo, denominada plintita. Essa formação ocorre devido à drenagem imperfeita
e ciclos de redução e oxidação do ferro. As cores são predominantemente cinzentas,
vermelhas e amareladas ou mosqueado e muitas vezes com moderado aumento de
argila em subsuperfície. São encontrados na região Norte do País, principalmente na
região Amazônica. Também são encontrados nas regiões Nordeste, Centro-oeste e
Sudeste do Brasil. Ocupam aproximadamente 6% da área do território nacional.
13. Vertissolos – apresentam altos teores de argila, com expressiva movimentação
da massa do solo. No período seco ocorre formação de fendas largas e profundas.
São de coloração acinzentada ou preta, sem diferença significativa no teor de argila
entre a parte superficial e subsuperficial do solo. São bastante férteis, ricos em cálcio,
magnésio e rochas básicas. No entanto possuem baixa permeabilidade e drenagem
lenta. São predominantes na zona seca do Nordeste, no Pantanal Mato-grossense, na
Campanha Gaúcha e no Recôncavo Baiano, totalizando cerca de 2% da área do Brasil.
FONTE: Saramento (2021, p. 140).
200
O solo possui uma grande capacidade de depuração, atuando como um filtro,
sendo capaz de reter impurezas e substâncias que entram em contato com ele. Há
diversas propriedades do solo que se diferenciam de fragmentos moídos de rochas o
que pode ser atribuído a constituição e a interação de seres vivos com substâncias
inorgânicas (RAIJ, 1981).
Nesse sentido, durante longos anos o solo foi considerado como um local seguro
para depositar resíduos de todos os tipos, pois era considerado o lugar que realiza a
degradação natural dos resíduos (lixo).
Muito tempo se passou até que a sociedade percebesse que o manejo inadequado
dos resíduos sólidos afetaria o solo, o ar, as águas e a vida da população (POLICARPO,
2008), o que pode ser atribuído a sua grande capacidade de armazenamento.
Os dados ainda mostram que no ano de 2019, apenas 59,5% do total de resíduo
gerado chegou nos aterros sanitários. No entanto, 40,5% dos RSU foram destinados de
forma incorreta, indo para aterros controlados e lixões.
201
DICA
Acadêmico, vamos assistir a um filme? Nossa indicação é Erin Brockovich:
uma mulher de talento, com a premiada estrela do cinema Julia Roberts,
que interpreta Erin, uma mãe de três filhos que trabalha em um escritório
de advocacia e descobre que a água de uma cidade no deserto está
sendo contaminada e espalhando doenças entre seus habitantes. O filme
destaca a contaminação do solo e da água por metais pesados e mostra
a consequência dessa poluição na vida da população local e vizinhas.
Não podemos afirmar que estas áreas a que se destinam os resíduos sólidos,
sejam o último local para as substâncias que compõe os resíduos, o destino delas
depende de fatores climáticos, como a água da chuva. Quando ocorre precipitação a
água percola pelo solo e com ela transporta as substâncias orgânicas e inorgânicas
que estão presentes no chorume ou foram incorporadas pelo processo de degradação
(CELERE et al., 2007; PACHECO; PERALTA-ZAMORA, 2004).
NOTA
Bactérias acetogênicas, são bactérias que promovem a degradação na
ausência de oxigênio (aeróbias), produzindo acetato, hidrogênio e monóxido
de carbono. Essas bactérias fazem parte da etapa de fermentação da matéria
orgânica chamada acetogênese.
202
De acordo com Celere et al. (2007), é difícil expressar com precisão a composição
do chorume, pois são inúmeros fatores que podem alterar suas características finais.
Ele pode conter a presença de metais pesados em diferentes concentrações, sólidos
e compostos orgânicos, proteínas, gorduras, diversas espécies de microrganismos etc.
Íons Fontes
Na, k, Ca, Mg Material orgânico, entulhos de construção, casas de ovos
P, N, C Material orgânico
Al Latas descartáveis, cosméticos, embalagens laminadas em geral
Cu, Fe, Sn Material eletrônico, latas, tampas de garrafas
Hg, Mn Pilhas comuns e alcalinas, lâmpadas fluorescentes
Ni, Cd, Pb Baterias recarregáveis (celular, telefone sem fio, automóveis)
As, Sb, Cr Embalagens de tintas, vernizes, solventes orgânicos
Cl, Br, Ag Tubos de PVC, negativos de filmes e raio-X
FONTE: Fávaro (2014, p. 20)
A normativa NBR 8419 (ABNT, 1992, p.1) se refere à lixiviação como “deslocamento
ou arraste, por meio líquido, de certas substâncias contidas no nos resíduos sólidos
urbanos”. Assim, o lixiviado (chorume) como o líquido gerado pela degradação de
substâncias presentes nos resíduos sólidos, com mau cheiro e de coloração escura. Ele
é considerado um efluente e em aterros sanitários há local específico para proceder o
tratamento (RODRIGUES, 2004).
203
O Art. 4º se preocupa em destacar que todas as diretrizes ambientais são válidas
para solos e subsolos em áreas contaminadas e incluem seus componentes: sólidos,
líquidos e gasosos (BRASIL, 2009). Em seu Art. 6º, a resolução estabelece termos e
definições, como:
A resolução ainda faz referência que os valores VP e VI, que estão disponíveis
no anexo II da Resolução Conama nº 420/2009 e identificam os limites para substâncias
inorgânicas e orgânicas que são prejudiciais ao ambiente. Já os valores de VRQ devem
ser estabelecidos pelos respectivos órgãos estaduais, de acordo com o estudo da sua
região.
Ainda no que diz respeito à qualidade dos solos, o Art. 13 estabelece as classes
de qualidade dos solos:
204
III – Classe 3: requer identificação da fonte potencial de
contaminação, avaliação da ocorrência natural da substância,
controle das fontes de contaminação e monitoramento da qualidade
do solo e da água subterrânea; e
IV – Classe 4: requer as ações estabelecidas no Capítulo IV (BRASIL,
2009, p.5).
• Carbono orgânico.
• pH em água.
• Capacidade de troca iônica (CTC).
• Teor de argila, silte, areia e óxidos de alumínio, ferro e manganês.
205
Teor de argila, silte, areia e óxidos de
alumínio, ferro e manganês. EMBRAPA
*US EPA – United States Environmental Protection Agency.
FONTE: Adaptada de Brasil (2009, p.16)
NOTA
O termo biochar é a união das palavras em inglês biomass (biomassa)
e charcoal (carvão), e identifica um biocarvão obtido pela pirólise (queima)
de biomassa de origem animal ou vegetal, em baixas quantidades ou
ausência de oxigênio. O processo de obtenção é semelhante ao utilizado
para a produção de carvão vegetal.
206
4.2 PH EM ÁGUA
De acordo com Teixeira (2017), a análise de pH, potencial hidrogeniônico,
determina a concentração de íons H+, é um fator químico que influencia a disponibilidade
de nutrientes no solo. A faixa do pH varia de 0 a 14 indicando as condições de acidez ou
basicidade. Na estrutura do solo, os valores de pH correspondem: para valores menores
do que 7, condições ácidas prevalecem e favorece a capacidade de troca de cátions,
enquanto em pH com valores maiores do que 7 as condições alcalinas predominam
favorecendo a precipitação de íons.
207
íons H+ com a concentração de alumínio (Al3+) trocável no solo (cmol/kg) (TEIXEIRA,
2017). Quanto maiores forem os valores de CTC, mais fértil é o solo, pois temos uma
grande quantidade de cátions armazenados no solo e que podem estar disponíveis para
o desenvolvimento de novos vegetais pela troca iônica
Nesse sentido, para que ocorra o rompimento dos agregados presentes no grão
é necessário empregar uma combinação de energia mecânica e química, inicialmente
estabilizando a suspensão e após realizar a separação das fases e quantificar. De acordo
com Teixeira (2017, p. 96), o princípio da técnica consiste em: “dispersão mecânica e
estabilização da amostra por meio de agitador em uma solução dispersante adequada,
seguida da separação das frações por peneiramento e sedimentação”.
208
Já a argila e silte são separadas utilizando o princípio da sedimentação, com
base na Lei de Stokes, no qual o processo de sedimentação ocorre em função do
diâmetro e densidade das partículas ou grãos e da viscosidade do líquido (DOS SANTOS
et al., 2013). Após a completa sedimentação, a argila pode ser determinada utilizando
dois métodos distintos, por pesagem, conhecido como método da pipeta ou o método
do densímetro (TEIXEIRA, 2017).
209
4.7 SUBSTÂNCIAS INORGÂNICAS
Para analisar as substâncias inorgânicas, conforme a Resolução nº 420 de 2009
determina, deve ser seguida a metodologia disponibilizada internacionalmente US EPA
3050 ou US EPA 3051 (United States Environmental Protection Agency). Independente
das substâncias inorgânicas, é necessário realizar um processo de digestão ácida para
destruir toda a matéria orgânica presente na amostra de solo para que seja possível
realizar a técnica adequada para identificação e quantificação da substância.
QUADRO 9 – VALORES ORIENTADORES TANTO PARA O SOLO QUANTO PARA AS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
210
FONTE: Brasil (2009, p. 12-14)
211
DICA
Caro acadêmico, para aprofundar seus conhecimentos, recomendamos que
você acesse o Compêndio SW-846, US EPA (United States Environmental
Protection Agency), que consiste em três parte principais – capítulos,
métodos e documentos de apoio. Os capítulos fornecem informações de
como usar com sucesso os métodos de análise, os documentos informam
a organização e o histórico dos documentos do compêndio, e o índice
mostra o status do método e sua frequência de uso. Você pode acessar
desde procedimentos de coleta e análise de substâncias orgânicas e
inorgânicas, entre outras análises. Confira em: https://bit.ly/3DXf367
212
LEITURA
COMPLEMENTAR
O AUMENTO DOS NÍVEIS DE METAIS PESADOS NOS RIOS E NO SOLO DE MINAS
GERAIS E ESPÍRITO SANTO, APÓS O ACIDENTE DE MARIANA: SEUS EFEITOS
E CONSEQUÊNCIAS
São indiscutíveis os danos civis causados pela tragédia, porém, o presente artigo
propõe-se a investigar o dano ambiental propriamente dito e o que está sendo feito para
que ele seja amenizado. Valendo-se de raciocínio hipotético-dedutivo, por meio de pesquisa
exploratória, buscar-se-á analisar os fatos e verificar a situação atual do solo e dos rios
afetados pelo acidente, em especial, a contaminação deles por metais pesados.
214
No rompimento, 43,7 milhões de metros cúbicos de rejeito vazaram e seguiram
o curso do córrego Santarém, situado em um vale estreito e íngreme. A vazão deste
grande volume de lama formou uma onda que chegou a atingir 30 metros de altura e
fez desaparecer o leito e as margens do córrego. Em um trecho curto, de pouco mais
de 1 km até a barragem de Santarém, toda vegetação e grossas camadas de solo foram
arrancadas, expondo as rochas das encostas (RENOVA, 2017).
O Rio Carmo possui um leito largo e fica localizado numa região mais plana.
Tal topografia propiciou que a lama se espalhasse pelas planícies que o rio costuma
encobrir nas épocas de cheia sem que a avalanche atingisse grandes alturas. Mesmo
com esse atenuante, uma parte urbana do município ribeirinho de Barra Longa e do
Distrito de Gesteira foi atingida.
215
A 113 km, a lama alcançou a Usina de Candonga (Hidrelétrica Risoleta Neves),
no município de Rio Doce. Nesse ponto, a tragédia ambiental foi reduzida, pois o
reservatório da usina conteve boa parte do material pesado do rejeito. Estima-se que
20 milhões de metros cúbicos de material tenham ficado espalhados pelas margens e
planícies até chegar a Candonga. Calcula-se que 10,5 de milhões de metros cúbicos
tenham se depositado no fundo do reservatório da usina, ou seja, um quarto de toda a
lama que vazou de Fundão.
A Lei n° 6.938/81, que criou a política Nacional do Meio Ambiente, em seu artigo
3º definiu meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e interações
de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas
formas” (BRASIL, 2017).
Ainda em relação ao Direito brasileiro, a Lei 6.938/81, em seu Art. 14, § 1°, prevê
que o poluidor é “obrigado, independentemente da existência da culpa, a indenizar ou
reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade”
(BRASIL, 1981).
216
A atividade de mineração, desenvolvida pela empresa Samarco, por sua
natureza, já interfere no meio ambiente de forma agressiva, de onde se conclui que esse
é um dos ramos de atividade empresarial mais perverso à vida ambiental. A necessidade
de mantê-la exige controle e regulamentação intensos, inclusive para sua autorização
e na utilização de tecnologias que minorem ou eliminem os riscos. Sobre o tema, Milaré
(2009, p. 205-206) elucida:
Pinto (2007, p. 141-145) aponta que a legislação brasileira entende que não
há como proteger o meio ambiente da exploração mineral, pois sempre haverá um
determinado tipo de consequência e alteração do bem, e é dever do Estado regular para
que, ainda que minimamente, sejam tomadas todas as medidas assecuratórias capazes
de não afetar de modo drástico e finito; pelo contrário, mesmo havendo o interesse
econômico e social da utilização daquele bem, exigem-se determinadas condutas
para que não haja prejuízos aos demais membros da sociedade, uma vez que parcelas
minoritárias da população podem ser atingidas.
Milaré (2009, p. 885) aponta que a Lei nº 6.938/81 estabelece por meio da
responsabilidade objetiva, fundamentada no risco da atividade, no caso do desastre
ambiental de Mariana, a responsabilidade, independentemente do estabelecimento
de culpa, de indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros,
afetados por sua atividade. Enquanto atribui a competência ao Ministério Público da
União e dos Estados a legitimidade para ingressarem com ações de responsabilidade
civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
217
de Termo de Compromisso Preliminar entre a Companhia, o Ministério Público de Minas
Gerais e o Ministério Público Federal, com a prestação de caução para tutela ambiental
emergencial; da instauração de inquéritos civis e criminais e do ajuizamento de ações
civis públicas.
No caso de Mariana, importante destacar ainda o que diz Steigleder (2011, p. 156):
a responsabilidade civil por dano ambiental deve contemplar as funções reparatória,
punitiva e preventiva, além de uma quarta, a função social, vinculada aos princípios
da responsabilidade social e da solidariedade social, surgidos com a superação do
individualismo que caracterizava as relações econômicas, visto o complexo de interesses
ambientais atingidos.
A barragem de Fundão armazenava esse rejeito que, como demonstrado, não era
tóxico, uma vez que sua composição era basicamente de elementos do solo (rico em ferro,
manganês e alumínio), sílica e água. Como o nome do Estado deixa claro, Minas Gerais é
uma região rica em minérios, principalmente, ouro, diamante e ferro. A extração mineral
ocorre no Estado desde o século 16. Esse fato explica as altas concentrações de metais e
de outros contaminantes encontradas nos rios da região após o rompimento de Fundão.
218
de diversos ramos que lançaram resíduos nos rios e o esgoto doméstico não tratado que
também foi parar nos cursos d’água. Ao mesmo tempo, lavouras cultivadas com o uso
de agrotóxicos contribuíram para erosão das margens e acúmulo de agentes nocivos ao
meio ambiente e à saúde humana.
FONTE: BENZECRY, R. N. O aumento dos níveis de metais pesados nos rios e no solo de Minas Gerais e
Espírito Santo após o acidente de Mariana: seus efeitos e consequências. FESPPR Publica, Curitiba, v. 2,
n. 1, p. 17, 2018.
219
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O solo apresenta quatro fases distintas. Dentre elas temos: fase sólida, líquida, gasosa
e biológica. A fase sólida contém uma fração de compostos inorgânicos (produtos
que resultam de erosão da crosta terrestre) e uma fração de compostos orgânicos
que derivam da degradação da matéria orgânica.
• A fase líquida contém substâncias minerais que a tornam enriquecida e a fase gasosa
contém gás oxigênio em pequena quantidade, entretanto, contém dióxido de carbono
em uma maior concentração.
• No ano de 2019, apenas 59,5% do total de resíduo gerado chegou nos aterros
sanitários. No entanto, 40,5% dos RSU foram destinados de forma incorreta, indo
para aterros controlados e lixões.
220
• É difícil expressar com precisão a composição do chorume, pois são inúmeros fatores
que podem alterar suas características finais. Ele pode conter a presença de metais
pesados em diferentes concentrações, sólidos e compostos orgânicos, proteínas,
gorduras, diversas espécies de microrganismos etc.
• O processo para determinação do carbono orgânico no solo ocorre por via úmida,
assim a matéria orgânica é submetida a oxidação com dicromato de potássio, de
acordo com Teixeira (2017) apenas o carbono orgânico de materiais orgânicos
prontamente oxidáveis ou decomponíveis é quantificado.
221
• A presença de óxidos de ferro no solo ocorre pela presença dos minerais hematita
e goethita, estando ligados aos fenômenos estruturais e de agregação dos solos,
conferindo características benéfica. Dentre elas temos o aumento da permeabilidade
à água e resistência do solo a erosão esses óxidos estão associados a capacidade de
troca aniônica (CTC), a fixação de fósforo (P) e de metais pesados.
222
AUTOATIVIDADE
1 Em função dos processos químicos, físicos e biológicos, as rochas sofrem
intemperismo e dão origem aos solos, esses se formam por deposição de camadas
que ficam dispostas a superfície. O solo varia de uma região para outra apresentando
distintas composições distintas, o que não se altera são as definições em relação aos
horizontes, camadas, do solo. Nesse contexto, assinale a alternativa CORRETA:
223
3 O solo é um composto mineral e orgânico e pode ser estudado através de suas
propriedades físico-químicas. A capacidade de troca catiônica ou CTC do solo, por
exemplo, está relacionada à quantidade de cátions, íons carregados positivamente,
presentes no solo. Com relação à capacidade de troca catiônica, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:
5 O solo apresenta quatro fases distintas entre elas temos: fase sólida, líquida, gasosa
e biológica. A partir da interação dessas fases o solo se torna apto para proporcionar
o desenvolvimento de vegetais, aliado a isso, há um conjunto de propriedades e
processos que permitem que o solo retenha água, adsorva nutrientes e os carregue
até suas raízes, o solo é formado por horizontes que se depositam paralelos a
superfície. Neste contexto, disserte sobre os horizontes, ou seja, o perfil do solo
destacando suas principais características.
224
REFERÊNCIAS
ABRELPE – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E
RESÍDUOS ESPECIAIS. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil – 2020.
São Paulo: ABRELPE, 2020. Disponível em: https://abrelpe.org.br/download-
panorama-2018-2019/. Acesso em: 7 abr. 2022.
225
BRASIL. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Institui a Política Nacional do
Saneamento Básico. Brasília, DF: Presidência da República, 2007. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm. Acesso
em: 7 abr. 2022.
226
CORREA, M. M. et al. Caracterização de óxidos de ferro de solos do ambiente tabuleiros
costeiros. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 32, p. 1017-1031, 2008.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbcs/a/6dB3LsXsr838J8G5KGkS8yk/?format=p
df&lang=pt. Acesso em: 7 abr. 2022.
227
NASCIMENTO, J. C. F. do. Comportamento mecânico de resíduos sólidos urbanos.
2007. 160 f. Dissertação (Mestrado em Geotecnia) – Escola de Engenharia de São
Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2007.
228
SILVA, A. da R. et al. Os obstáculos para uma efetiva política de gestão dos resíduos
sólidos no Brasil. Veredas do Direito, Belo Horizonte, v. 13, n. 26, p. 211-234,
2016. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/309470826_OS_
OBSTACULOS_PARA_UMA_EFETIVA_POLITICA_DE_GESTAO_DOS_RESIDUOS_
SOLIDOS_NO_BRASIL. Acesso em: 7 abr. 2022.
TEIXEIRA, P.C. et al. Manual de métodos de análise do solo.3. ed rev. e ampl. Brasília.
DF. Embrapa, 2017.
229
230