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Análises Físico-

químicas em
Saneamento
Ambiental
Prof.ª Luciana Valgas de Souza

Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Prof. Luciana Valgas de Souza

Copyright © UNIASSELVI 2022

Revisão, Diagramação e Produção:


Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI

S729a

Souza, Luciana Valgas de

Análises físico-químicas em saneamento ambiental. / Luciana


Valgas de Souza – Indaial: UNIASSELVI, 2022.

230 p.; il.

ISBN 978-85-515-0504-5
ISBN Digital 978-85-515-0500-7

1. Saneamento básico. - Brasil. II. Centro Universitário


Leonardo da Vinci.
CDD 333.72

Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico. Seja bem-vindo ao Livro Didático da disciplina de Análises
Físico-Químicas em Saneamento Ambiental.

Até o presente momento já é de seu conhecimento que o saneamento básico é


composto pelo abastecimento de água potável, esgoto sanitário, e ainda inclui limpeza
urbana e manejo de resíduos sólidos, além da drenagem e manejo de águas pluviais
urbanas, sendo essencial para promover a melhora da saúde pública. Entretanto, o
conceito de saneamento ambiental é mais abrangente, pois envolve as ações que visam
a melhoria do saneamento básico. Atualmente, existem legislações que garantem os
padrões de qualidade para as quatro esferas que compõem o saneamento básico.

Nesse sentido, a fim de verificar os padrões estabelecidos pela legislação, as


análises físico-químicas são de grande importância. São empregadas para estudar os
constituintes de determinadas substâncias e estabelecer parâmetros de identificação,
associando conhecimentos das propriedades físicas e químicas dos átomos e moléculas
e suas interações, permitindo, assim, responder às perguntas, como: quais níveis são
prejudiciais ao ecossistema e à saúde humana.

Acadêmico, na Unidade 1, abordaremos o contexto histórico do saneamento ao


longo da história e a evolução da legislação. Em seguida, falaremos sobre a importância
das análises físico-químicas, conhecendo as técnicas de amostragem para as esferas
que constituem o saneamento básico (água, ar e solo), finalizando com abordagens da
química atmosférica e seus poluentes.

Em seguida, na Unidade 2, estudaremos as análises físico-químicas realizadas


em águas de consumo, abordando inicialmente os padrões de qualidade estabelecidos
pela legislação para as águas de consumo, águas subterrâneas e efluentes.

Por fim, na Unidade 3, aprenderemos sobre as análises físico-químicas em


solos, abordando os resíduos sólidos com sua classificação perante a legislação. Em
seguida, abordaremos as análises físicas e químicas realizadas em solos.

Prof. Luciana Valgas de Souza


GIO
Você lembra dos UNIs?

Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas


vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico
como um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará
você a entender melhor o que são essas informações
adicionais e por que poderá se beneficiar ao fazer a leitura
dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará
informações adicionais e outras fontes de conhecimento que
complementam o assunto estudado em questão.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os


acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir
de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual
– com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a
leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que
você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados
através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo
continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada
com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo
o espaço da página – o que também contribui para diminuir
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por
exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto
de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este
livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a
possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular,
tablet ou computador.

Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo


layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual
adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de
relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os
materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade,
possa continuar os seus estudos com um material atualizado
e de qualidade.

QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo
interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse
as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade
para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!

LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conheci-


mento, construímos, além do livro que está em
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem,
por meio dela você terá contato com o vídeo
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de
auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que


preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


SUMÁRIO
UNIDADE 1 - SANEAMENTO AMBIENTAL.............................................................................. 1

TÓPICO 1 - CONCEITOS INTRODUTÓRIOS............................................................................3


1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................3
2 BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DO SANEAMENTO BÁSICO..............................................4
3 SANEAMENTO BÁSICO E SUA LEGISLAÇÃO.................................................................... 10
3.1 LEGISLAÇÃO ........................................................................................................................................ 11
4 SANEAMENTO AMBIENTAL............................................................................................... 16
RESUMO DO TÓPICO 1.......................................................................................................... 19
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 20

TÓPICO 2 - INTRODUÇÃO À ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS............................................... 23


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 23
2 CONCEITO DE ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA...................................................................... 23
2.1 CONCEITOS BÁSICOS DE MEDIÇÃO.................................................................................................24
3 AMOSTRAGEM E COLETA..................................................................................................27
4 AMOSTRAGEM DE ÁGUAS................................................................................................ 28
4.1 DEFINIÇÃO DO PROGRAMA DE AMOSTRAGEM............................................................................30
4.1.1 Utilização do Corpo d’Água.......................................................................................................30
4.1.2. Natureza do corpo de água.....................................................................................................31
4.1.3 Área de estudo.............................................................................................................................31
4.1.4 Informações sobre a área de influência...............................................................................32
4.1.5 Local e pontos de coleta..........................................................................................................33
4.2 COLETA DE AMOSTRAS.....................................................................................................................36
4.2.1 Coletores para análise de água.............................................................................................. 37
5 AMOSTRAGEM DE SOLOS................................................................................................ 42
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................... 45
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 46

TÓPICO 3 - POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA............................................................................... 49


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 49
2 BREVE HISTÓRICO SOBRE A PREOCUPAÇÃO COM A QUALIDADE DO AR
3 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA................................................................................................ 55
3.1 TRANSPORTE E DIFUSÃO DA POLUIÇÃO....................................................................................... 57
3.2 LEGISLAÇÃO APLICÁVEL A EMISSÕES ATMOSFÉRICAS...........................................................58
4 PRINCIPAIS POLUENTES................................................................................................. 60
4.1 MONÓXIDO DE CARBONO (CO)..........................................................................................................60
4.2 ÓXIDOS DE NITROGÊNIO (NOx)........................................................................................................60
4.3 OZÔNIO (O3)...........................................................................................................................................60
4.4 DIÓXIDO DE ENXOFRE (SO2)..............................................................................................................61
4.5 MATERIAL PARTICULADO (MP).........................................................................................................61
5 AMOSTRAGEM DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS........................................................... 63
LEITURA COMPLEMENTAR..................................................................................................67
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................... 69
AUTOATIVIDADE...................................................................................................................70

REFERÊNCIAS.......................................................................................................................72
UNIDADE 2 — ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DE ÁGUAS....................................................79

TÓPICO 1 — LEGISLAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS................................................ 81


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 81
2 BREVE REVISÃO DA LEGISLAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS...................................... 81
2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS............................................................................................................85
3 IMPUREZAS ENCONTRADAS NA ÁGUA........................................................................... 89
3.1 SÓLIDOS PRESENTES NA ÁGUA.......................................................................................................89
3.2 CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DA ÁGUA.......................................................................................90
4 PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA......................................................................... 91
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................... 92
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 93

TÓPICO 2 - ÁGUAS DE CONSUMO........................................................................................95


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................95
2 PADRÕES DE QUALIDADE PARA ÁGUAS DE CONSUMO.................................................95
3 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS PARA ÁGUA DE CONSUMO............................................100
3.1 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS: PARÂMETROS ORGÂNICOS
E INORGÂNICOS..................................................................................................................................106
3.1.1 Potencial Hidrogeniônico (pH)...............................................................................................106
3.1.2 Turbidez....................................................................................................................................... 107
3.1.3 Cor aparente..............................................................................................................................108
3.1.4 Demanda Química de Oxigênio (DQO).................................................................................110
3.1.5 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)............................................................................110
3.1.6 Oxigênio Dissolvido (OD)...........................................................................................................111
3.1.7 Fósforo Total................................................................................................................................112
3.1.8 Nitrogênio Amoniacal Total.....................................................................................................113
3.1.9 Alcalinidade Total.......................................................................................................................115
3.1.10 Dureza Total...............................................................................................................................116
3.1.11 Condutividade Elétrica (CE)...................................................................................................116
3.1.12 Cloretos......................................................................................................................................116
3.1.13 Ferro e manganês.................................................................................................................... 117
3.1.14 Micropoluentes inorgânicos.................................................................................................. 117
3.1.15 Micropoluentes orgânicos.....................................................................................................118
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................ 119
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................120

TÓPICO 3 - EFLUENTES E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS........................................................123


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................123
2 EFLUENTES INDUSTRIAIS E DOMÉSTICOS...................................................................124
2.1 DEFINIÇÕES DE EFLUENTES PELA LEGISLAÇÃO...................................................................... 126
3 PADRÃO DE POTABILIDADE DE EFLUENTES.................................................................128
4 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS......................................................................................... 131
4.1 TEMPERATURA.................................................................................................................................... 132
4.2 pH.......................................................................................................................................................... 132
4.3 DEMANDA BIOLÓGICA DE OXIGÊNIO (DBO)................................................................................ 132
4.4 MATERIAIS SEDIMENTÁVEIS........................................................................................................... 133
4.5 ÓLEOS E GRAXAS.............................................................................................................................. 134
5 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS.................................................................................................135
6 PADRÕES DE QUALIDADE PARA ÁGUAS SUBTERRÂNEAS.......................................... 137
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................142
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................150
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 151

REFERÊNCIAS.....................................................................................................................153

UNIDADE 3 — ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA EM SOLOS/RESÍDUOS...................................159

TÓPICO 1 — RESÍDUOS SÓLIDOS....................................................................................... 161


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 161
2 BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................... 161
2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS E SUA CLASSIFICAÇÃO.............................................................................. 165
3 DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS............................................................................ 167
3.1 COMPOSTAGEM..................................................................................................................................168
3.2 LIXÕES A CÉU ABERTO OU VAZADOUROS.................................................................................. 169
3.3 ATERROS CONTROLADOS............................................................................................................... 169
3.4 ATERRO SANITÁRIO.......................................................................................................................... 170
3.5 INCINERAÇÃO...................................................................................................................................... 171
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................ 174
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 176

TÓPICO 2 - ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS EM RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.............. 179


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 179
2 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS PELA ABNT............................................................... 179
2.1 LAUDO DE CLASSIFICAÇÃO.............................................................................................................180
2.2 RESÍDUOS DE CLASSE I – PERIGOSOS........................................................................................180
2.2.1 Inflamabilidade..........................................................................................................................180
2.2.2 Corrosividade.............................................................................................................................181
2.2.3 Reatividade................................................................................................................................181
2.2.4 Toxicidade...................................................................................................................................181
2.3 RESÍDUOS CLASSE II – NÃO PERIGOSOS....................................................................................184
2.3.1 Resíduos de Classe II A – Não inertes.................................................................................184
2.3.2 Resíduos de Classe II B – Inertes........................................................................................184
3 AMOSTRAGEM DOS RESÍDUOS SÓLIDOS......................................................................184
4 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS..............................................186
5 ANÁLISE FÍSICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS..................................................187
5.1 COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA........................................................................................................ 187
5.2 DISTRIBUIÇÃO DO TAMANHO DAS PARTÍCULAS......................................................................188
5.3 TEOR DE UMIDADE............................................................................................................................189
5.4 TEMPERATURA...................................................................................................................................190
5.5 PESO ESPECÍFICO IN SITU..............................................................................................................190
5.6 PERMEABILIDADE DOSS RESÍDUO SÓLIDOS URBANOS..........................................................191
6 ANÁLISES QUÍMICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS......................................... 191
6.1 PH DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS..........................................................................................191
6.2 TEOR DE CARBONO, SÓLIDOS VOLÁTEIS E SÓLIDOS FIXOS.................................................. 192
6.3 PODER CALORÍFICO.......................................................................................................................... 192
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................193
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................194

TÓPICO 3 - ANÁLISE DO SOLO CONTAMINADO POR RESÍDUOS SÓLIDOS..................... 197


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 197
2 BREVE REVISÃO DO SOLO E SUAS CARACTERÍSTICAS............................................... 197
3 ASPECTOS DA CONTAMINAÇÃO DO SOLO.....................................................................201
3.1 CHORUME E SEUS CONSTITUINTES............................................................................................ 202
3.2 LEGISLAÇÃO DO SOLO E CONTAMINANTES.............................................................................. 203
3.2.1 Parâmetros e amostragem para analisar o solo contaminado.................................... 205
4 ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DO SOLO............................................................................. 206
4.1 CARBONO ORGÂNICO....................................................................................................................... 206
4.2 PH EM ÁGUA.......................................................................................................................................207
4.3 CAPACIDADE DE TROCA IÔNICA (CTC) .......................................................................................207
4.4 TEOR DE ARGILA, SILTE E AREIA.................................................................................................. 208
4.5 DETERMINAÇÃO DE ÓXIDO DE FERRO....................................................................................... 209
4.6 DETERMINAÇÃO DE ÓXIDO DE ALUMÍNIO E MANGANÊS....................................................... 209
4.7 SUBSTÂNCIAS INORGÂNICAS.........................................................................................................210
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................213
RESUMO DO TÓPICO 3....................................................................................................... 220
AUTOATIVIDADE................................................................................................................ 223

REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 225
UNIDADE 1 -

SANEAMENTO AMBIENTAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender o contexto histórico do saneamento básico no Brasil;

• diferenciar os conceitos entre saneamento básico e saneamento ambiental;

• interpretar a legislação do saneamento básico;

• relacionar as ações que envolvem o saneamento ambiental;

• conhecer as técnicas de amostragem para análises físico-químicas de águas e solos;

• compreender os conceitos de poluição ambiental e a legislação vigente;

• relacionar os poluentes atmosféricos a partir de sua origem;

• compreender os processos de amostragem de gases.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – CONCEITOS INTRODUTÓRIOS


TÓPICO 2 – INTRODUÇÃO À ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS
TÓPICO 3 – POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!

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2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
CONCEITOS INTRODUTÓRIOS

1 INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, a higiene básica se tornou tão comum que muitas pessoas
não têm o mínimo conhecimento sobre a sua importância para a qualidade de vida
da comunidade. Ao falar em saneamento básico, o que vem a sua mente? A primeira
definição que muitas pessoas pensam é "água potável e esgoto". Isso não deixa de
estar errado. No entanto, o saneamento básico engloba a limpeza urbana, a gestão de
resíduos sólidos, a drenagem e gestão de águas pluviais urbanas, além dos serviços
destinados ao tratamento de água e esgoto (DIAZ; NUNES, 2020).

Ao longo da história, pode-se afirmar que o desenvolvimento do saneamento


básico ocorreu de maneira lenta e gradual. No século XIX, o conhecimento científico
sobre a saúde das comunidades humanas se reflete na pesquisa em saúde, disciplina
que se formou sob a influência do intenso processo de transformação que a sociedade
europeia vivenciou com o advento da industrialização e da urbanização.

No entanto, o desenvolvimento social, a urbanização e o adensamento


populacional têm trazido fatores como o aumento da geração de resíduos líquidos e
sólidos e a impermeabilidade do solo, o que impõe novas ameaças à saúde humana.
Estas novas formas representativas prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente
são assimiladas em componentes dos serviços de promoção da saúde, nomeadamente
limpeza pública, descarga de águas pluviais e controlo de vetores de doenças, o que
pode ser atribuído à interpretação de um conjunto de benefícios relacionados com
estes domínios (FINKELMAN, 2002).

Falar em saneamento básico é falar em desenvolvido econômico. Nos dias


de hoje, para dizer que um país é desenvolvido precisamos falar sobre saneamento
ambiental, passando a ser um fator político. O problema básico de saúde do país é uma
questão importante que afeta o desenvolvimento do Brasil em áreas como a saúde,
a economia, a educação e a infraestrutura. Nas áreas rurais, a situação é mais grave
e são necessárias medidas sanitárias eficazes. Para tanto, a Lei Básica de Saúde nº
11.445, de 5 de janeiro de 2007, conforme alterada pela Lei nº 14.026, de 15 de julho de
2020, estabelece as Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico para a prestação de
serviços nas áreas urbana e rural. Além da gestão de resíduos sólidos, também fornece
a essas pessoas abastecimento de água, saneamento doméstico melhorado e esgoto
doméstico. Vale ressaltar que, antes de atingir as metas previsíveis, as instalações
de saneamento básico nas áreas rurais vêm e estão aplicando soluções alternativas
(SARAMENTO, 2021).

3
Acadêmico, ainda no Tópico 1, abordaremos alguns conceitos básicos da área
do saneamento ambiental, um breve contexto histórico do saneamento básico e um
panorama geral dele, incluindo a legislação e aspectos do Saneamento Ambiental.

2 BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DO SANEAMENTO


BÁSICO
Na antiguidade, povos devolveram tecnologias complexas para capturar,
transportar, armazenar e usar água. A civilização egípcia desenvolveu métodos para
armazenar a água, pois sofriam pela influência do Rio Nilo. Eles armazenavam a
água por longos períodos, com intuito de limpá-la e, assim, a sujeira se depositava
ao fundo. Embora não se acreditasse que muitas doenças fossem disseminadas por
microrganismos patogênicos, o processo de filtração e armazenamento removeu a
maioria desses patógenos. Portanto, as pessoas que bebem "água suja" ou não tratada
têm maior probabilidade de adoecer.

De acordo com Cavinatto (1992), as investigações arqueológicas descobriram


esse processo de purificação da água por meio de inscrições e entalhes em lápides. De
acordo com o processo capilar utilizado por egípcios, japoneses e chineses, a água é
transferida de um recipiente para outro por meio de uma tira de tecido para remover as
impurezas (CAVINATTO, 1992).

FIGURA 1 – EGÍPCIOS APRIMORANDO A TÉCNICA DA IRRIGAÇÃO

FONTE: <https://bit.ly/3uxve6Z>. Acesso em: 3 jan. 2022

No Brasil, as tribos indígenas são consideradas os primeiros habitantes do País;


assim, há registros que os índios faziam uso de água pura e a usavam para banhar-se,
pois esse era um dos hábitos saudáveis que eles possuíam. Outro aspecto salutar é que os
indígenas escolhiam os lugares para depositar suas necessidades fisiológicas, e tinham
hábito de recolher e separar o lixo, mesmo sem conhecimento algum. A preocupação
que tinham era apenas de sobrevivência, buscando suprir suas necessidades básicas
no vasto território brasileiro (RESENDE; HELLER, 2002).

4
No período da colonização portuguesa, no século XVI, juntamente com os
colonizadores, chegaram também os escravos negros, e com eles doenças se espalharam
entre os nossos nativos, pois eles não tinham defesa em seu organismo (DIAZ; NUNES,
2020). De acordo com Miranzi et al. (2010, p. 2), “a imagem do Brasil na Europa se tornou
diferente dos tempos de Pedro Álvares Cabral, e os europeus passaram a temer os ares
e o clima da Colônia”. Doenças epidêmicas como tuberculose, varíola e sarampo levaram
à morte diversas pessoas e, além de doenças, os colonizadores trouxeram alguns
hábitos sanitários, como a limpeza das ruas, e implantaram chafarizes para realizar a
distribuição de água à população (RIBEIRO; ROOKE, 2010).

Miranzi et al. (2010, p. 2) ainda destacam sobre a dificuldade da vinda de médicos


ao Brasil:

A guerra, o isolamento e a doença colocavam em perigo o projeto


de colonização e exploração econômica das terras brasileiras.
Eram raros os médicos que aceitavam transferir-se para o Brasil,
desestimulados pelos baixos salários e amedrontados com os perigos
que enfrentariam.

Dados mostram que em 1561 o fundador Estácio de Sá foi o responsável por


mandar criar o primeiro poço para abastecer a cidade do Rio de Janeiro. E, no ano de 1744,
há registros do primeiro chafariz construído (BARROS, 2014). Dessa forma, o abastecimento
de água era feito principalmente por meio de chafarizes próprios e mananciais, cabendo à
aldeia a coleta e distribuição de água durante o qual o processo de coleta de lixo é realizado
pela família. No período de governo de Gomes Freire de Andrade, em 1750, foram construídos
os famosos “Arcos da Lapa” existente no Rio de Janeiro.

Em 1750, durante o governo de Gomes Freire de Andrade, ficaram


prontos os Arcos de pedra e cal que hoje chamamos de Arcos da
Lapa. Com o crescimento da cidade ao longo do século XIX, outros
rios são canalizados e, aos poucos, o sistema do Carioca passa a não
ter mais importância. No final do século, o velho aqueduto, obsoleto,
deixa de funcionar e é transformado em 1896 em viaduto para o
bonde de Santa Teresa (HERMAN, 2012, p.111).

Segundo Ribeiro e Rooke (2010), o crescimento industrial fez com que os


camponeses migrassem para os centros urbanos, tornando as cidades mais populosas.
Os hábitos higiênicos eram precários, o que causou um aumento de problemas ligados
à saúde pública e ao meio ambiente. As ruas das cidades do século XVIII, época do
iluminismo e da Revolução Industrial (1750-1850), eram sujas e cobertas de águas de
esgoto e dejetos, tornando assim um ambiente insalubre e fétido. A população tinha o
mau hábito de jogar através da janela de suas residências o lixo que gerava, não havendo
a menor preocupação com higiene; os animais eram abatidos em locais impróprios e
sem qualquer cuidado.

5
Miranzi et al. (2010) atribuíram à sujeira a causa das doenças e foco de infecção
da população. Doenças como Cólera e Febre Tifoide eram transmitidas pela água
contaminada, causando a morte de milhares de pessoas, assim como a Peste Negra,
doença que é transmitida pela pulga de ratos que se acumulavam junto com a sujeira
das ruas (CAVINATTO, 1992).

No Brasil do século XIX, as pessoas com maior poder aquisitivo tinham casas
mais sofisticadas e, ainda assim, não possuíam sanitários. Os colonos faziam uso da mão
de obra dos escravos em larga escala, e muitos deles eram usados para carregar fezes
e urina em potes e barricas até os rios, sendo ali despejados e lavados. Esses escravos
eram chamados de “Tigres”, conforme a figura a seguir. Não é de se espantar que a
saúde pública estava piorando e doenças epidêmicas como a cólera e a Tifo retornaram.
Com a abolição da escravatura os colonos precisavam encontrar outras maneiras para
solucionar o saneamento no país (RIBEIRO; ROOKE, 2010).

FIGURA 2 – ESCRAVOS CHAMADOS DE TIGRE, CARREGANDO URINA E FEZES ATÉ O DESPEJO NO RIO

FONTE: Adaptada pelo autor

O principal modelo da saúde pública na segunda metade do século XVIII


era uma política voltada para os problemas de saúde. A aplicação deste modelo nas
questões de saúde é amplamente utilizada pelos Estados alemães, que destacavam
que a principal fonte de infecção era causada pela sujeira. Dessa forma, ambientes
limpos eram considerados seguros e a melhor forma para prevenir doenças. As
fracas medidas de higiene levaram o povo a combater as doenças por conta própria,
evitando, assim, a internação de seus familiares em hospitais públicos. Em casos mais
sérios, pacientes ricos procuravam aconselhamento médico na Europa ou em clínicas
privadas (MIRANZI et al., 2010).

6
Na Inglaterra, já nos anos finais do século XVIII, aumentava entre os trabalhadores
das fábricas o número de doentes, e epidemias emergiam devido às consequências
da Revolução Industrial, causando, assim um agravo ao bem-estar dos trabalhadores
(MIRANZI et al., 2010). Por um lado, as indústrias estavam em desenvolvimento, por
outro, no quesito saúde, a qualidade de vida da população estava caótica.

No que se refere à higiene e a saúde pública, Miranzi et al. (2010, p. 3) destacam:

A concepção de higiene que surge na França no final do século XVIII


norteia a medicina socioambiental e focaliza a doença enquanto
patologia social. Com o advento da urbanização e industrialização, surge
um cenário social baseado na ideia Maquiana, na qual o meio ambiente
influenciava os seres vivos. A concepção vigente era influenciada pelo
meio ambiente da Europa e o surgimento de uma nova classe social: o
proletariado. Tanto o ambiente social “moradia – saneamento”, como o
cultural e o natural “clima, solo, atmosfera” interessavam ao higienista
que era capaz de recolher e cruzar as variáveis ambientais tentando
esclarecer as causas das doenças coletivas.

Em meados do século XIX, o Estado passou a intervir na saúde, mas o objetivo


era reter mão de obra responsável pelo desenvolvimento e o crescimento do país
(MIRANZI, 2010).

A prática médica enfrentará um conflito entre o conceito tradicional de atribuir


epidemias ao ar corrupto e as teorias médicas modernas - essas teorias são baseadas
nos conceitos de bacteriologia e fisiologia desenvolvidos na Europa, sendo Louis Pasteur
e Claude Bernard os principais comunicadores. No final da década de 1860 e início da
de 1870, Pasteur propôs o conceito de que as doenças são infecciosas e causadas
por bactérias. Dessa forma, tornou-se possível elucidar e compreender como ocorre a
transmissão de doenças.

Além da revolução de Pasteur, também se iniciou o campo da medicina tropical,


que estudou a patogênese das doenças tropicais e introduziu o conceito de vetores.
No Brasil, uma área do conhecimento passou a ter como foco a pesquisa e prevenção
de doenças, além do desenvolvimento de ações em surtos epidêmicos (MIRAZI, 2010;
CAVINATTO, 1992).

De acordo com Cavinatto (1992 apud RIBEIRO; ROOKE, 2010), foi o Reino Unido
e outros países europeus que iniciaram as principais reformas sanitárias, exigindo que
a população removesse fezes e entulhos acumulados nos prédios. Foram utilizados
sistemas de descargas líquidas semelhantes às utilizadas hoje, tinham o objetivo de
realizar o transporte dos entulhos para os encanamentos de águas pluviais. No entanto,
a poluição que era para ser contida tomou outras proporções, pois a grande quantidade
de esgoto descartado foi aliada aos resíduos de efluentes industriais, ambos descartados
nos rios, espalhando-se, assim, odores fétidos e doenças por toda a cidade.

7
Segundo Cavinatto (1992 apud RIBEIRO; ROOKE, 2010), o famoso higienista
Osvaldo Cruz, diretor-geral de Saúde Pública do Governo Federal, no início do século XX,
lutou fortemente para erradicar a epidemia da cidade do Rio de Janeiro. Com intuito de
evitar a proliferação de roedores e insetos, causadores de doenças, utilizou toda equipe
disponível para promover a limpeza das casas, ruas, terrenos etc.

De acordo com Ribeiro e Rooke (2010), o Patrono da Engenharia Sanitária e


Ambiental, Engenheiro Saturnino de Brito, tem um grande papel na história do nosso país,
por ser o responsável por implantar obras de distribuição de águas e coleta de esgoto. Em
destaque, os canais de drenagem da cidade de Santos, inaugurados em 1907, que tinham
o objetivo de afastar os roedores e insetos das regiões alagadas, os quais funcionam até os
dias de hoje e, principalmente, a função de drenar o solo encharcado.

FIGURA 3 – A FILA DE POPULARES PARA EMBARCAR EM BARCO DE PASSEIO NO CANAL 1, EM 1907

FONTE: <https://bit.ly/3xrMVqN>. Acesso em: 4 jan. 2022

As condições de saneamento foram fortalecidas e os empreendimentos de


saúde pública se desenvolveram cientificamente. A gestão da saúde pública na cidade
durante o Renascimento era semelhante à gestão das cidades medievais. Moradores
eram responsáveis por
​​ limpar ruas e aqueles que poluíam as águas para abastecimento
eram punidos (LAMB; SCAPIN, 2015). Durante a Revolução Industrial, o trabalho
remunerado tornou-se um elemento básico de uma geração de riqueza nacional e
aumentou a procura de mecanismos para tentar reduzir os problemas relacionados
à saúde dos trabalhadores. De acordo com Lamb e Scapin (2015, p. 6), “a evolução
tecnológica e a industrialização nos países capitalistas possibilitaram a execução em
larga escala de sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário”.

Para compreender melhor os fatos que ocorreram no século XX, até os dias
de hoje, é apresentada uma linha do tempo (FIGURA 4) com as ações mais relevantes
voltadas ao saneamento básico.

8
QUADRO 1 – LINHA DO TEMPO DOS FATOS RELEVANTES DAS AÇÕES VOLTADAS AO SANEAMENTO

FONTE: Saramento (2021)

Acadêmico, agora que já compreendemos a história do saneamento desde os


primórdios, vamos conhecer sua legislação que faz referência ao saneamento

9
3 SANEAMENTO BÁSICO E SUA LEGISLAÇÃO
No capítulo anterior, acompanhamos os principais fatos históricos voltados
para a área do saneamento. Vimos que o saneamento se consolidou no século XIX,
sendo compreendido como o fator causador de doenças na população. Assim como
a comprovação de que lixos acumulados nas ruas, esgotos despejados em águas de
abastecimento e o lixo a céu aberto eram os vilões e responsáveis pelas doenças que
surgiram e tornaram-se epidemias nesta época.

Quando se analisa a Constituição da República, notamos que a saúde é citada


no Capítulo II, que trata dos Direitos Sociais em seu Art. 6º, preconizando:

São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho,


a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados,
na forma desta Constituição (BRASIL, 1988).

Assim, a Constituição dispõe na Seção II que se refere à Saúde em seu Art. 196:

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante


políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação
(BRASIL, 1988).

O texto constitucional que garante o direito à saúde afirma que o direito à saúde
deve ser assegurado por meio de políticas sociais e econômicas que visem reduzir o
risco de doenças e agravamento por carências sociais. Por outro lado, a Constituição
estipula que o acesso à saúde deve ser universal, ou seja, todas as pessoas são iguais,
sejam ações e serviços voltados para a promoção, proteção ou restauração.

Conclui-se, portanto, que a saúde não se opõe à doença, tampouco se


relaciona apenas à medicação e à hospitalização. Qualquer ação que vise prevenir os
desequilíbrios socioambientais dos indivíduos e promover sua inserção no meio social
em que vive, o gozo da liberdade pessoal e a utilização dos recursos disponíveis, é
também uma preocupação com a saúde. Segundo a Organização das Nações Unidas, a
saúde é o estado perfeito de bem-estar físico, mental e social de uma pessoa.

O termo “saneamento básico” é estipulado em três parágrafos na Constituição.


O primeiro encontra-se no Art. 21, XX, que designa à União “estabelecer diretrizes para o
desenvolvimento urbano, incluindo habitação, saneamento básico e transporte urbano”
(BRASIL, 1988). A segunda referência está em 23, IX. Este prevê competência comum
da União, do Estado, do Distrito Federal e do Município para promover “planos de
construção de moradias e melhoria das condições de habitação e saneamento básico”
(BRASIL, 1988). Finalmente, o Art. 200, IV, estipula que, de acordo com a lei, o Sistema
Único de Saúde (SUS) tem a responsabilidade de “participar da formulação das políticas
e da implementação das ações básicas de saúde” (BRASIL, 1988).
10
Conforme o supracitado, podemos perceber que a definição de saneamento
básico não foi incluída na Constituição do Brasil e, dessa forma, é necessário ampliar
a compreensão sobre o significado de saneamento. Portanto, podemos dizer que
o saneamento básico é resultante de uma série de serviços que promovem a saúde
pública, a sustentabilidade ambiental, a proteção dos recursos hídricos, a qualidade de
vida e o desenvolvimento social e econômico sustentável.

O saneamento está consubstanciado na infraestrutura que leva ao domicílio, por


meio da rede pública de abastecimento, processando água em quantidade e qualidade
suficientes para o consumo humano, captando e processando o esgoto gerado após o
uso da água pela família. O saneamento básico é também a coleta e destinação adequada
e segura dos resíduos sólidos (lixo) gerados na família e no meio ambiente área urbana.
A drenagem planejada e gestão das águas pluviais é para prevenir e minimizar o impacto
dos eventos hidrológicos (escoamento e inundações) no ambiente urbano.

Nesse momento, conseguimos chegar no ponto em que definimos o saneamento,


de acordo com o Instituto Trata Brasil (2012, p. 9):

Saneamento é o conjunto de medidas que visa preservar ou modificar


as condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças
e promover a saúde, melhorar a qualidade de vida da população e a
produtividade do indivíduo e facilitar a atividade econômica.

IMPORTANTE
O Brasil teve mais de 273 internações por doenças de veiculação
hídrica em 2019 (Painel Saneamento Brasil, 2019). Quase 100 milhões
de brasileiros (46%) não tem acesso à coleta de esgoto (SNIS, 2019).

FONTE: https://bit.ly/368TwuU Acesso em: 4 jan. 2022.

Acadêmico, em seguida discutiremos em específico o marco regulatório do


Saneamento Básico no Brasil.

3.1 LEGISLAÇÃO
Em relação ao marco legal, embora haja dispositivos na Constituição em 1988,
a União só promulgou uma lei contendo diretrizes para instalações de saneamento
básico em 2007 (Lei nº 11.445/2007). O país viveu em um vácuo jurídico há quase duas
décadas, o que impactou negativamente a prestação de serviços e investimento.

Segundo Brasil (2007), o saneamento básico:

11
É o conjunto de serviços públicos, infraestruturas e instalações
operacionais de abastecimento de água potável, esgotamento
sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, drenagem e
manejo das águas pluviais urbanas.

Percebe-se que o saneamento básico engloba ações ligadas à aspectos da saúde


e sustentabilidade. Portanto, a lei do saneamento básico é assegurada pela legislação
federal, de acordo com a Lei nº. 11.445/2007 que visa estabelecer diretrizes nacionais.

De acordo com a Lei em seu Art. 2o, que preconiza os princípios fundamentais


de como será realizado a prestação de serviços públicos de saneamento:

I - universalização do acesso e efetiva prestação do serviço;


II - integralidade, compreendida como o conjunto de atividades
e componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento
que propicie à população o acesso a eles em conformidade com suas
necessidades e maximize a eficácia das ações e dos resultados;
III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana
e manejo dos resíduos sólidos realizados de forma adequada à saúde
pública, à conservação dos recursos naturais e à proteção do meio
ambiente;
IV - disponibilidade, nas áreas urbanas, de serviços de drenagem
e manejo das águas pluviais, tratamento, limpeza e fiscalização
preventiva das redes, adequados à saúde pública, à proteção do meio
ambiente e à segurança da vida e do patrimônio público e privado;
V - adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as
peculiaridades locais e regionais;
VI - articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e
regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação,
de proteção ambiental, de promoção da saúde, de recursos hídricos
e outras de interesse social relevante, destinadas à melhoria da
qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator
determinante [...];
VII - eficiência e sustentabilidade econômica;
VIII - estímulo à pesquisa, ao desenvolvimento e à utilização de
tecnologias apropriadas, consideradas a capacidade de alagamento
dos usuários, a adoção de soluções graduais e progressivas e a
melhoria da qualidade com ganhos de eficiência e redução dos
custos para os usuários¹;
IX - transparência das ações, baseada em sistemas de informações
e processos decisórios institucionalizados;
X - controle social;
XI - segurança, qualidade, regularidade e continuidade¹;
XII - integração das infraestruturas e dos serviços com a gestão
eficiente dos recursos hídricos¹;
XIII - redução e controle das perdas de água, inclusive na distribuição
de água tratada, estímulo à racionalização de seu consumo pelos
usuários e fomento à eficiência energética, ao reúso de efluentes
sanitários e ao aproveitamento de águas de chuva¹;
XIV - prestação regionalizada dos serviços, com vistas à geração de
ganhos de escala e à garantia da universalização e da viabilidade
técnica e econômico-financeira dos serviços²;
XV - seleção competitiva do prestador dos serviços²; e
XVI - prestação concomitante dos serviços de abastecimento de
água e de esgotamento sanitário² (BRASIL, 2007).

12
Conforme o exposto, percebemos que a lei tem como princípio a universalização
dos serviços de saneamento básico, garantido que toda a população tenha acesso ao
abastecimento de água com padrões de qualidade e o suficiente para atender suas
demandas. O documento inclui também serviços de coleta e tratamento de esgoto e
lixo, além do manejo de águas da chuva (BRASIL, 2007).

De acordo com a lei do Saneamento Básico, podemos destacar, conforme a


figura a seguir, os quatro componentes que compõe a Lei nº. 11.445/2007.

FIGURA 4 – OS QUATRO COMPONENTES DO SANEAMENTO BÁSICO

FONTE: <https://bit.ly/368TwuU>. Acesso em: 4 jan. 2022

De acordo com as pesquisas realizadas e publicadas sobre o painel de


abastecimento de água no Brasil, pelo Sistema Nacional de Informações sobre o
Saneamento em 2019, 83,7 % dos brasileiros possuem abastecimento de água tratada.
Entretanto, 35 milhões de brasileiros não têm acesso a esse serviço básico. Na figura a
seguir, podemos observar o índice de atendimento total de água por região.

13
FIGURA 5 – ÍNDICE DE ATENDIMENTO TOTAL DE ÁGUA

FONTE: <https://bit.ly/3rjQyLx>. Acesso em: 4 jan. 2021.

Um novo marco legal para o saneamento básico foi consolidado em 2020.


O objetivo dessas alterações na lei é garantir que diferentes setores da sociedade
implementem políticas públicas, formulem soluções e disponibilizem um pacote de
recursos para oferecer saneamento básico de qualidade, especialmente para os grupos
mais vulneráveis. Diante de tantos problemas, a promulgação da nova lei "Estrutura
de Gestão do Saneamento Básico" mudou muitos aspectos da legislação existente,
para promover a melhoria da distribuição de água potável e dos serviços de tratamento
de esgoto. Para tal, o novo quadro assenta em novas possibilidades de aplicação de
recursos financeiros nesta área. Otimizar e, primeiro, popularizar serviços básicos de
saúde de alta qualidade é o objetivo central da nova lei.

Dessa forma, o novo marco regulatório atualizou a Lei nº 11.445/2007, ocorrendo


em julho de 2020 e, assim, foi promulgada a Lei nº 14.026/2020. Este marco foi instituído
para orientar o desenvolvimento de projetos, planos e ações para os quatro componentes
do saneamento básico de forma abrangente. Devem também ser consistentes com as
políticas de desenvolvimento urbano e regional, destinadas a melhorar a qualidade de
vida, habitação, erradicação e erradicação da pobreza, proteção ambiental, promoção
da saúde, recursos hídricos e outros interesses sociais relacionados (SNIS, 2019).

A nova legislação em seu artigo 1º criou a ANA (Agência Nacional de águas e


Saneamento Básico). Esta Lei cria a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico
(ANA), entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos,
integrante do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh) e
responsável pela instituição de normas de referência para a regulação dos serviços
públicos de saneamento básico. Ela estabelece regras para sua atuação, sua estrutura
administrativa e suas fontes de recursos.

14
Dessa forma o novo marco regulatório visa universalizar o atendimento para a
população com ações direcionadas e responsáveis pelo saneamento básico. O governo
federal espera aumentar o índice de saneamento básico em um prazo de 13 anos.

Portanto, a partir da data de promulgação da nova lei, cabe à Agência Nacional


de Águas e Saneamento Básico (ANA) definir normas de referência para titulares e
entidades reguladoras e fiscalizadoras da prestação dos serviços públicos.

As normas de referência estão incluídas no Art. 4º § 1º da supracitada lei.


Portanto, caberá à ANA estabelecer normas de referência sobre:

• I - padrões de qualidade e eficiência na prestação, na manutenção


e na operação dos sistemas de saneamento básico;
• II - regulação tarifária dos serviços públicos de saneamento
básico, com vistas a promover a prestação adequada, o uso
racional de recursos naturais, o equilíbrio econômico-financeiro
e a universalização do acesso ao saneamento básico;
• III - padronização dos instrumentos negociais de prestação
de serviços públicos de saneamento básico firmados entre o
titular do serviço público e o delegatário, os quais contemplarão
metas de qualidade, eficiência e ampliação da cobertura dos
serviços, bem como especificação da matriz de riscos e dos
mecanismos de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro
das atividades;
• IV - metas de universalização dos serviços públicos de
saneamento básico para concessões que considerem, entre
outras condições, o nível de cobertura de serviço existente, a
viabilidade econômico-financeira da expansão da prestação do
serviço e o número de Municípios atendidos;
• V - critérios para a contabilidade regulatória;
• VI - redução progressiva e controle da perda de água;
• VII - metodologia de cálculo de indenizações devidas em razão
dos investimentos realizados e ainda não amortizados ou
depreciados;
• VIII - governança das entidades reguladoras, conforme princípios
estabelecidos no art. 21 da Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007;
• IX - reúso dos efluentes sanitários tratados, em conformidade
com as normas ambientais e de saúde pública;
• X - parâmetros para determinação de caducidade na prestação
dos serviços públicos de saneamento básico;
• XI - normas e metas de substituição do sistema unitário pelo
sistema separador absoluto de tratamento de efluentes;
• XII - sistema de avaliação do cumprimento de metas de
ampliação e universalização da cobertura dos serviços públicos
de saneamento básico;
• XIII - conteúdo mínimo para a prestação universalizada e para a
sustentabilidade econômico-financeira dos serviços públicos de
saneamento básico (BRASIL, 2020).

15
IMPORTANTE
A lei n°11.445/2007 prevê a responsabilidade do poder público na definição da
política de saneamento básico e o papel dos Planos Municipais de Saneamento
Básico, do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) e a participação e
o controle social por meio de audiências e consultas públicas, bem como via
conselhos, especialmente pelo Conselho das Cidades (BRASIL, 2007).

Acadêmico, agora que compreendemos a legislação do marco histórico


do saneamento básico, temos subsídios para analisar e entender o conceito de
saneamento ambiental.

4 SANEAMENTO AMBIENTAL
Até o presente momento, compreendemos o significado de saneamento básico,
assim como sua legislação. A partir de agora, ampliaremos nosso conhecimento e
compreenderemos o significado de saneamento ambiental.

Como qualquer outro conceito, o conceito de saneamento foi socialmente


construído ao longo da história humana, dependendo das condições materiais e
sociais em diferentes épocas. O conceito de saneamento ambiental possui conteúdos
diferenciados em cada cultura, pois a relação entre homem-natureza era distinta,
variando conforme o avanço científico de cada época.

Com o avanço social, intelectual e de acordo com as situações que a população


enfrentava na época, veio a consciência que os problemas de saúde estavam diretamente
relacionados com o contato com ambientes poluídos. Portanto, as águas contaminadas,
o lixo acumulado, o despejo de esgoto nos rios, as chuvas manejadas de forma incorreta,
o alto ruído das fábricas e o ar impuro eram atribuídos como os vilões que prejudicavam
a saúde da população (SOUZA; FREITAS; MORAES, 2007). Desta forma, nasceu a ideia
de saneamento, ou seja, sanear ou limpar o ambiente, tornando-o um espaço salubre,
saudável e higiênico.

Antes da promulgação da Lei 11.445/2007, havia uma distinção entre os


conceitos de "saneamento ambiental" e "saneamento básico". Na versão de 1999, do
Manual de Saneamento da FUNASA, até a promulgação da Lei nº 11.445/2007, o conceito
de saneamento ambiental surge, sendo definido como:

O conjunto de ações socioeconômicas que têm por objetivo alcançar


a Salubridade Ambiental, por meio de abastecimento de água
potável, coleta e disposição sanitária de resíduos sólidos, líquidos e
gasosos, promoção da disciplina sanitária de uso do solo, drenagem
urbana, controle de doenças transmissíveis e demais serviços e obras
especializadas, com a finalidade de proteger e melhorar as condições
de vida urbana e rural (FUNASA, 2018, p. 21).

16
De acordo com Brasil (2006, p.31) sobre a ação do saneamento ambiental:

[...] o saneamento ambiental possui uma abrangência que


historicamente foi construída com o objetivo de alcançar
níveis crescentes de salubridade ambiental, compreendendo o
abastecimento de água, o esgotamento sanitário, o manejo de
resíduos sólidos urbanos, o manejo de águas pluviais urbanas, o
controle de vetores de doenças, a disciplina de ocupação e uso do
solo, a fim de promover a melhoria das condições de vida urbana e
rural. Dentro desse conceito mais amplo, um recorte cada vez mais
utilizado para uma parte do saneamento ambiental é a classificação
de Saneamento Básico, que envolve os sistemas e serviços para o
abastecimento de água, o esgotamento sanitário, a limpeza pública
ou manejo dos resíduos sólidos e o manejo de águas pluviais.

A fraca infraestrutura de saúde está claramente relacionada às condições


de saúde e de vida da população dos países em desenvolvimento, assim como as
doenças infecciosas, que ainda são importantes causadoras morbidade e mortalidade.
A prevalência dessas doenças indica fortemente a fragilidade do sistema público de
saúde. Dessa forma, é necessária uma reorganização dos indicadores para avaliar as
condições ambientais em que vivem a população, utilizando instrumentos que possam
ser utilizados para acompanhar a execução e avaliação das ações públicas.

No campo do saneamento ambiental, é urgente a estruturação de um sistema


de indicadores para avaliar as condições ambientais, principalmente pela necessidade
de se dispor de instrumentos confiáveis que respaldem o planejamento, a execução e
a avaliação da ação pública, e não apenas pela fragilidade dos indicadores existentes
(CALIJURI et al., 2009).

O Saneamento básico adequado representa, por exemplo, melhoria da saúde


pública, com eliminação e redução de ambientes de proliferação de doenças, em
especial as de origem hídricas. Também significa proteção e preservação de ambientes
naturais, com a eliminação e redução de vetores de poluição hídrica, como esgotos sem
tratamento, lixo não coletado e impactos de chuvas em ambientes urbanos. Portanto,
o conceito de saneamento ambiental está ligado com as ações para melhorias do
saneamento básico.

Acadêmico, nesse momento, encerramos nosso Tópico 1, concluindo que


o conceito de saneamento ambiental é historicamente baseado em alcançar a meta
de melhorar a saúde ambiental, incluindo abastecimento de água, esgoto doméstico,
gestão de resíduos sólidos municipais, gestão de águas pluviais urbanas, controle de
vetores de doenças, ocupação e aproveitamento do solo para promover a melhoria das
condições de vida urbana e interior.

17
INTERESSANTE
Acadêmico, a seguir sugerimos a leitura do texto “Quem eram os escravos
'tigres', marcantes na história do saneamento básico no Brasil “, do autor
Vinicius Pereira, que traz informações importantes para o seu conhecimento.
Acesse em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-50526902.

18
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Na antiguidade, povos da época devolveram tecnologias complexas na época para


capturar, transportar, armazenar e usar água.

• A civilização egípcia desenvolveu métodos para armazenar a água, pois sofria pela
influência do Rio Nilo. A população armazenava a água por longos períodos, com
intuito de limpá-la, assim a sujeira se depositava ao fundo.

• As cidades tornaram-se populosas com o adensamento urbano, causando problemas


ligados à saúde.

• Teorias baseadas em conceitos de bacteriologia e fisiologia foram desenvolvidos na


Europa, e os principais comunicadores foram Louis Pasteur e Claude Bernard.

• O Engenheiro Saturnino de Brito tem um grande papel na história do nosso país, por
ser o responsável por implantar obras de distribuição de águas e coleta de esgoto.

• O saneamento básico é atribuído como o conjunto de serviços públicos, instalações


e infraestrutura para abastecimento de água potável, limpeza urbana, disposição de
resíduos sólidos, drenagem e despejo de esgoto sanitário.

• A Lei n° 11.455, de 5 de janeiro de 2007, alterada pela Lei n° 14.026, de 15 de julho


de 2020, conhecida como a lei do saneamento ou como o marco regulatório do
saneamento básico, estabeleceu as diretrizes nacionais para a organização dos
serviços de saneamento básico.

• O saneamento ambiental é definido como um conjunto de ações que visam alcançar o


saneamento por meio dos quatro componentes que englobam o saneamento básico.

19
AUTOATIVIDADE
1 O Saneamento Básico em centros urbanos é um tema que vem sendo discutido
com mais detalhes. Recentemente, apesar do aumento, nos últimos anos, nos
investimentos e programas, o problema ainda não foi resolvido em níveis aceitáveis.
Uma das formas nas quais podemos identificar problemas de saneamento urbano é
quando se multiplica o número de doenças causadas pelo ambiente. Sobre o exposto,
assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As doenças podem ser veiculadas pela água e pelo esgoto quando há tratamento
adequado.
b) ( ) A poluição atmosférica das grandes cidades afeta principalmente a população
de baixa renda.  
c) ( ) O mau cheiro e impactos visuais na água apontam riscos de disseminação de
doenças.  
d) ( ) As faixas sociais de menores rendas normalmente estão mais expostas à água
contaminada e resíduos sólidos urbanos.

2 A Lei 11.445/2007 fala que o saneamento básico é composto por um conjunto de


infraestruturas. Sobre esse conjunto, analise as sentenças a seguir:

I- Abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraestruturas


e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a
captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição.
II- Esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações
operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequadas dos
esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio
ambiente.
III- Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infraestruturas
e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino
do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias
públicas.
IV- Drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades,
infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais,
de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias,
tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Somente a sentença I está correta.
b) ( ) Somente a sentença IV está correta.
c) ( ) As sentenças I, II, III e IV estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença II está correta.

20
3 O termo saneamento ambiental foi construído ao longo da história, pois era alterado
conforme as condições materiais e sociais em diferentes épocas. Possui um
conteúdo diferenciado em cada cultura, analisando as relações do homem-natureza,
e dependia do avanço científico e tecnológico da época. Sobre o saneamento
ambiental, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Saneamento ambiental tem como objetivo aumentar os níveis de salubridade


ambiental, através da melhoria no abastecimento de água, no esgotamento
sanitário apenas.
( ) Ações socioeconômicas que possam ser desenvolvidas com intuito de atingir níveis
mais altos de salubridade ambiental.
( ) Os conceitos de saneamento básico e ambiental são distintos e não possuem
relação.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V - F - F.
b) ( ) F - V - F.
c) ( ) F - V - V.
d) ( ) V - F - V.

4 A Revolução Industrial é um conjunto de transformações técnicas e econômicas


iniciadas na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, e que se espalharam
pelo resto do continente europeu e América do Norte, ao longo do século XIX. A
Revolução Industrial provocou mudanças nas questões de saneamento nas cidades.
Disserte, em forma de uma comparação detalhada, sobre os seguintes aspectos do
saneamento ambiental: água potável, esgoto sanitário e resíduos sólidos, antes e
depois da Revolução Industrial.

5 Antes da promulgação da legislação do saneamento básico no Brasil, os conceitos


de saneamento básico e saneamento ambiental eram diferenciados e, muitas
vezes, levavam à confusão. Disserte sobre os conceitos de saneamento ambiental e
saneamento básico.

21
22
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
INTRODUÇÃO À ANÁLISES
FÍSICO-QUÍMICAS

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, como vimos até agora, o saneamento básico é composto por: a)
abastecimento de água potável; b) esgotamento sanitário, c) limpeza urbana e manejo
de resíduos sólidos; e d) drenagem e manejo de águas pluviais urbanas. Este se constitui
de um dos serviços de grande relevância para promover a melhora da saúde pública.

Já o conceito de saneamento ambiental está ligado a ações de melhorias do


saneamento básico e, portanto, foram desenvolvidas ao longo da história e legislações,
visando definir características e padrões de qualidade para as quatro esferas que
compõe o saneamento básico.

Nesse sentido, a fim de verificar os padrões estabelecidos pela legislação, as


análises físico-químicas são de grande importância. Elas são empregadas para estudar
os constituintes de determinadas substâncias e estabelecer parâmetros de identificação,
associando conhecimentos das propriedades físicas e químicas dos átomos e moléculas
e suas interações, permitindo, assim, responder a perguntas como quais os níveis são
prejudiciais ao ecossistema e à saúde humana (PARRON; MUNIZ, PEREIRA, 2011).

Acadêmico, nesse tópico, abordaremos os conceitos básicos em análises


físico-químicas, além do procedimento de coleta de líquidos (águas) e sólidos (solo)
para realização de análises físico-químicas.

2 CONCEITO DE ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA


Os elementos químicos são responsáveis por sustentar a vida que conhecemos
na terra. Dentre os principais elementos estão o carbono, o hidrogênio, o oxigênio, o
nitrogênio e o enxofre (C, H, O, N, S), além de outros. A interação desses elementos ocorre
de diferentes formas, dependendo exclusivamente do movimento desses elementos em
formas orgânicas ou inorgânicas na natureza. Muitas dessas interações têm impacto
sobre os processos básicos do ecossistema, como a produção de matéria orgânica pelas
plantas ou ainda a decomposição da matéria orgânica por microrganismos. As atividades
humanas como agricultura, urbanização, industrialização e mineração mudaram a
interação entre os elementos (PARRON; MUNIZ, PEREIRA, 2011). A compreensão dessas
interações envolve componentes biológicos (plantas, animais e decompositores) e
não biológicos (rochas, solos minerais, água e atmosfera), o que torna esses estudos

23
interdisciplinares, reunindo principalmente áreas como a biologia, a química, a geologia,
a engenharia, o planejamento e a saúde pública. Dessa forma, a pesquisa conjunta ajuda
a compreender as funções dos ecossistemas, seus problemas ambientais e propostas
de soluções viáveis ​​para esses problemas (PARRON; MUNIZ, PEREIRA, 2011).

Nesse contexto, as análises físico-químicas surgem como técnica de


caracterização de soluções aquosas, por exemplo análise de água, objetivando qualificar
ou quantificar substâncias, elementos ou espécies iônicas presentes em compostos,
estabelecendo assim, relações entre suas propriedades e o meio ambiente. Portanto,
nos permite compreender como ocorrem os fenômenos naturais e suas alterações no
ambiente (PARRON; MUNIZ, PEREIRA, 2011).

Amplamente empregadas em diversos segmentos, como alimentos, água,


carnes, peixes, cerveja, solo etc., as análises físico-químicas utilizam metodologias
variadas. Assim, possuem a finalidade de quantificar, determinar ou ainda qualificar
substâncias específicas em um determinado produto (PARRON; MUNIZ, PEREIRA, 2011).
Nesse sentido, há laboratórios certificados que prestam serviços de análises físico-
químicas; portanto, quando obtidos, os resultados dessas análises, que são realizadas
conforme o supracitado, são obtidos valores que são comparados aos padrões pré-
estabelecidos em resoluções legais, leis e portarias. Dessa forma, os laboratórios que
executam essas análises possuem respaldo para emitir seus laudos com base legal
(PARRON; MUNIZ, PEREIRA, 2011).

Acadêmico, agora que já introduzimos o conceito de análise físico-química, é


crucial compreendermos os conceitos básicos para realização da medida, ou seja, da
análise química.

2.1 CONCEITOS BÁSICOS DE MEDIÇÃO


Para se obter bons resultados de uma análise química é necessário garantir
alguns fatores determinantes para o sucesso da análise, como a aplicação correta
da metodologia utilizada. Dessa forma, descuidos mínimos podem causar grandes
erros, especialmente ao determinar os parâmetros da amostra que levam em conta
a determinação de valores que fazem uso de unidades de concentração da ordem
miligrama por litro (mg/L) (GARCEZ, 2004).

Quando executamos uma medida experimental é necessário estabelecer o


nível de confiança representado pelo valor encontrado na medida. Toda medida está
associada a certa incerteza, a que denominamos de erro experimental. A medição é um
tipo de comparação, que envolve erros tanto do operador como do instrumento utilizado
no momento da medição. O procedimento de medição geralmente leva a dois tipos de
erros: a) erros sistemáticos: que ocorrem devido à falha do método utilizado, defeito
do instrumento etc.; e b) erros acidentais: causados ​​pelo operador devido à operação
inadequada, como o erro de leitura nas escalas de vidrarias etc. (GARCEZ, 2004)
24
IMPORTANTE
Acadêmico, lembre-se que o volume de uma amostra pode ser medido
através do auxílio confiável de pipetas, que permitem transferir volumes
conhecidos de um recipiente para outro; buretas, que possuem maior
precisão do que as pipetas, tornando possível escoar líquidos até sua
capacidade máxima; e frascos volumétricos, que variam sua capacidade
de 5mL a 5L, calibrados para conter um determinado volume quando
preenchidos até uma linha gravada no frasco,

FIGURA 6 – VIDRARIAS VOLUMÉTRICAS A) PIPETA VOLUMÉTRICA, B) PIPETA GRADUADA, C) BURETA E


D) BALÃO VOLUMÉTRICO (FRASCO VOLUMÉTRICO)

FONTE: Adaptada de SKOOG et al. (2008, p. 37).

Portanto, a preparação técnica é necessária para a realização de uma análise,


assim como fazer uso dos equipamentos adequados e vidrarias em boas condições. Uma
das fontes mais comuns de erros encontrados durante a preparação ou processamento
de uma análise química está na manipulação experimental, que faz uso de vidrarias
volumétricas. Esses erros são considerados primários e, uma vez evitados, podem
significar aumentar o grau de confiabilidade do resultado (GARCEZ, 2004).

Entre os procedimentos que auxiliam a evitar esses tipos de erros, temos:

• Temperatura: as vidrarias volumétricas (pipetas, provetas etc.), que sofrem variação


com a temperatura, e não devem ser submetidas à secagem em altas temperaturas.
Deve-se utilizar as vidrarias volumétricas em temperaturas próximas à aferição.
Assim como os líquidos, sofrem dilatação térmica com o aumento da temperatura;
utilizá-las somente em temperatura ambiente. (SKOOG et al., 2008).

25
• Limpeza da vidraria: a presença de sujeiras, como a gordura nas vidrarias
volumétricas, pode alterar a leitura do volume final (leitura do menisco) e, além disso,
essas sujeiras presentes podem alterar o valor do resultado da análise, pois podem
atuar como interferentes durante a análise. Para limpeza das vidrarias recomenda-
se fazer uso de água morna com uso de detergentes para remoção de sujeiras e
impurezas. Após a limpeza, a vidraria precisa passar por enxague com água de torneira
e, então, com três ou quatro porções de água destilada. Raramente é necessário
secar um material volumétrico (SKOOG et al., 2008).
• Ajuste do menisco: um líquido que está inserido em um tubo estreito apresenta
uma curvatura característica, ou menisco. É comum durante a prática experimental
tomar como base o menisco como ponto de referência para calibração e medição
de volume. Deve-se tomar muito cuidado com o erro de paralaxe, assim o menisco
deve estar posicionado na parte inferior da marcação do volume. O observador deve
posicionar-se de modo que seus olhos fiquem na linha de visão do menisco, para que
seja possível efetuar a leitura do volume medido (SKOOG et al., 2008).

FIGURA 7 – LEITURA DO MENISCO DURANTE UMA MEDIÇÃO DE VOLUME

FONTE: Adaptada de SKOOG et al. (2008, p. 40).

• Pipetas volumétricas e graduadas: para transferir líquidos utilizando pipetas é


utilizada a pera, também chamada de pipetadores de sucção, feitas em borracha,
e possuindo três válvulas de entrada de ar, saída de ar e abertura para inserir no
topo da pipeta, para realizar a sucção do líquido. Para que a transferência do líquido
seja realizada de maneira correta, recomenda-se, no momento da sucção do líquido,
passar alguns milímetros acima da linha de graduação final, secando em seguida
a ponta da pipeta com papel absorvente e, então, ajustar o menisco. Após esta
operação, o líquido já pode ser transferido.
• Detergentes: recomenda-se que seja utilizado um detergente para limpeza das
vidrarias da marca EXTRAN; pode-se optar por outras marcas, entretanto, é necessário
cuidado na escolha, devido aos grupos fosfatos, precisando atender aos quesitos da
biodegradabilidade. Após a lavagem das vidrarias com o detergente, é recomendado
que seja realizado o enxágue com água para remoção completa do detergente, e
finalizar com enxague com água destilada (SKOOG et al., 2008).

26
• Solução sulfocrômica: constituída por ácido sulfúrico concentrado e dicromato
de potássio, possui caráter ácido. Essa solução é eficiente para remoção de
contaminantes orgânicos e inorgânicos, e seu uso é na forma diluída, deixando a
vidraria de molho por algumas horas. Após este passo, deve-se proceder a lavagem
da vidraria com água em abundância e finaliza-se com a lavagem de água destilada
(SKOOG et al., 2008).

Em seguida, abordaremos como é realizada a amostragem e coleta para


realização da análise-físico-química.

3 AMOSTRAGEM E COLETA
A análise química é geralmente realizada em apenas uma pequena parte
do material de interesse. Claro, se quisermos que o resultado tenha algum valor, a
composição desta parte precisa refletir a composição total do material tanto quanto
possível. O processo de coleta de uma amostra representativa é denominado amostragem.
A amostragem é geralmente a etapa mais difícil em todo o processo de análise e é
uma etapa que limita a precisão do procedimento. Essa afirmação é especialmente
verdadeira quando o material a ser analisado consiste em uma grande quantidade de
líquido heterogêneo (como um lago) ou sólido heterogêneo (como minério, solo ou um
pedaço de tecido animal). A amostragem para análise química envolve necessariamente
dados estatísticos, porque serão obtidos resultados de uma fração de uma amostra que
representa uma quantidade maior do material. Dessa forma, uma análise envolvendo um
pequeno número de amostras de laboratório tirará conclusões sobre muitos materiais
(SKOOG et al., 2008).

A amostragem precisa assegurar que a fração retirada represente o todo do


material ou população a ser analisado, ou seja, deverá ser representativa. Nesse contexto
estatístico, uma amostra deve ser retirada de diferentes partes do material, os químicos
comumente as chamam de coleção de unidades de amostragem ou ainda de amostra
bruta (SKOOG et al., 2008).

Nesse contexto, antes de realizar uma análise em laboratório, deve-se reduzir o


tamanho da amostra bruta para um material homogêneo com intuito de se tornar uma
amostra de laboratório. Em alguns casos, como amostras de pós, líquidos e gases, não
temos itens discretos. Esses materiais podem não ser homogêneos, podem consistir em
partículas microscópicas de diferentes composições ou, no caso de líquidos, consistir
em áreas de diferentes concentrações. Com esses materiais, podemos garantir a
representatividade da amostra, obtendo nossos incrementos de diferentes áreas de
todo o material. As etapas envolvidas na obtenção de uma amostra de laboratório estão
descritas na figura a seguir.

27
FIGURA 8 – ETAPAS ENVOLVIDAS NA OBTENÇÃO DE UMA AMOSTRA DE LABORATÓRIO

FONTE: SKOOG et al. (2008, p.167).

A Figura 8 ilustra um diagrama de três etapas, normalmente envolvidas na


obtenção de uma amostra de laboratório. Idealmente, a amostra bruta é uma réplica em
miniatura da massa inteira do material a ser analisado. Deve corresponder ao todo do
material em sua composição química e, se composto por partículas, na distribuição do
tamanho das partículas (SKOOG et al., 2008).

Sabido da importância do procedimento de amostragem e coleta, agora


partiremos para compreender como é realizado a amostragem de líquidos, mais
especificamente de águas.

4 AMOSTRAGEM DE ÁGUAS
Acadêmico, uma das ideias que nos pode vir a mente quando falamos em
coleta de amostra líquida é a análise de água. Muitos imaginam que esta análise é muito
simples. Podem imaginar, por exemplo, alguém segurando uma garrafa (ou frasco) de
vidro e mergulhando-a em um rio, lago, lagoa, tanque etc. e levando-a ao laboratório
para realizar a análise. Entretanto, o procedimento de coleta da amostra é muito mais
do que isto, é um ato a ser planejado se desejamos garantir resultados confiáveis ao final
da análise laboratorial (PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011).

Antes de realizar qualquer análise, inicialmente é preciso ter claramente definido


o plano de trabalho, que deve ser elaborado a partir dos objetivos da análise, considerando
o corpo de água a ser analisado. Dessa forma, na execução do planejamento, cada
coleta realizada deverá levar em conta as condições ambientais no momento da
coleta, portanto, não existem amostras iguais. As concentrações e proporções relativas
de todos os constituintes das amostras devem corresponder ao todo, ou seja, ser
representativas, além de que o manuseio da amostra deve ser adequado para garantir
28
que não ocorra nenhuma alteração na composição até a realização das análises
(PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011). Em trabalhos de análise ambiental é necessário
realizar o estudo das condições do ambiente, como a topografia da região; devem ser
observadas e acompanhadas as precipitações atmosféricas; a coleta das amostras, que
deve ser realizada em um maior intervalo de tempo; e devem, obrigatoriamente, ser
representativas do objeto de estudo (PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011).

Dessa forma, estabelecer critérios para o planejamento da coleta deve ser levado
em conta, assim será coletada a quantidade de amostras suficiente para a realização
de todos os testes requeridos. (GARCEZ, 2004). A Figura 9 ilustra o planejamento para
seleção de locais e posições de monitoramento para um corpo de água.

FIGURA 9 – PLANEJAMENTO PARA SELEÇÃO DE LOCAIS E POSIÇÕES DE MONITORAMENTO

CONHECER OS OBJETIVOS DO PROGRAMA

LEVANTAR OS DADOS EXISTENTES NA ÁREA DE


INFLUÊNCIA A SER ESTUDADA E PROCEDER A UM
RECONHECER DELA

SELECIONAR POSSÍVEIS LOCAIS DE AMOSTRAGEM,


EXAMINANDO A HOMOGENEIDADE ESPECIAL E TEMPORAL

LOCAL HOMOGÊNEO LOCAL NÃO HOMOGÊNEO

SELECIONAR LOCAIS
ALTERNATIVOS

NÃO SE OBTENDO LOCAIS


ALTERNATIVOS, DEFINIR
DIFERENTES PONTOS DE
COLETA NO MESMO LOCAL

VERIFICAR SE O PROGRAMA É
ECONOMICAMENTE VIÁCEL

ELABORAR PLANO DE AMOSTRAGEM

INICIAR O PROGRAMA DE
AMOSTRAGEM E ANÁLISES

FONTE: < https://arquivos.ana.gov.br/institucional/sge/CEDOC/Catalogo/2012/GuiaNacionalDeColeta.pdf>.


Acesso em: 4 jan. 2022

29
É de grande importância destacar que todos os procedimentos para realização
da coleta de amostras de águas são regidos com base nas referências estipuladas
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através das Normas Brasileiras
Registradas (NBR) e do Standard Methods for Water and Wastewater 21 ed. Dentre as
normas, temos:

• NBR 9896 - Glossário de poluição das águas - AGO 1993.


• NBR 9897 - Planejamento de amostragem de efluentes líquidos e corpos receptores
– jun. 1987.
• NBR 9898 - Preservação e técnicas de amostragem de efluentes líquidos e corpos
receptores - jun. 1987.
• NBR ISO/IEC 17025 - Requisitos gerais para competência de laboratório de ensaio e
calibração - jan. 2001.

Standard Methods for Examination of Water and Wastewater, 21 ed. (2005).

De posse das informações sobre as legislações que estabelecem as normas e


os procedimentos de amostragem, vamos abordar nesse momento como é realizada a
definição e o programa de amostragem.

4.1 DEFINIÇÃO DO PROGRAMA DE AMOSTRAGEM


Para que seja possível definir um programa para coleta de amostras de água,
é necessário considerar alguns fatores, tais como: “usos, natureza, área de influência e
características da área de estudo, pois a definição da metodologia de coleta, preservação
de amostras e dos métodos analíticos depende desses fatores” (CETESB, 2011, p. 35).

4.1.1 Utilização do Corpo d’Água


Deve ser considerado a finalidade do corpo de água, como: consumo humano,
preservação da vida aquática, água de irrigação e dessedentação de animais,
abastecimento industrial, esgoto, efluentes etc. (CETESB, 2011).

4.1.2. Natureza do corpo de água


Sabemos que as amostras de água podem ser coletadas em águas de diferentes
classificações (aqui citamos água bruta, residuária ou tratada, superficial ou subterrânea,
salina ou salobra). Sem conhecermos a natureza do corpo hídrico, não é possível realizar
um planejamento e coleta de amostras corretamente (CETESB, 2011).

30
4.1.3 Área de estudo
Atualmente, existem centenas de variáveis ou​​ determinantes que podem ser
utilizadas para analisar corpos d'água, incluindo alguns parâmetros físicos, químicos,
biológicos e microbiológicos. Esses parâmetros devem ser definidos com base no amplo
conhecimento sobre todos os aspectos que envolvem a realização da análise, como a
confiabilidade da técnica, suas limitações, sua abrangência e os custos envolvidos. Não
existe um método padrão, cada objetivo da análise envolve um planejamento único e é
baseado na legislação em vigor (CETESB, 2011).

A formulação do procedimento ainda requer definições relacionadas aos


seguintes parâmetros:

Variabilidade espacial: os corpos de água possuem em diferentes pontos


alterações referentes à concentração de seus constituintes em pontos de uma seção
transversal, assim como longo do eixo longitudinal de deslocamento. Em corpos de
água com grande profundidade há uma variação no eixo vertical (CETESB, 2011).

Variação temporal: devido às alterações meteorológicas um corpo de água pode


apresentar alterações nas concentrações de seus constituintes, isto em um mesmo
ponto ao longo de um certo tempo, de forma aleatória ou cíclica. Em zonas estuarinas,
podemos citar a influência das marés, que provoca de forma cíclica profundas alterações
nas características dessas águas. (CETESB, 2011).

Nesse contexto, ter um objetivo claro do estudo a ser realizado para uma
amostra de um corpo de água é de grande importância para definição prévia do que
se espera obter dos resultados, como uma característica média, valores máximos ou
mínimos, ou a caracterização instantânea de um ponto do corpo receptor. Falhas no
planejamento da amostragem podem levar a resultados não representativos, devido
também à desconsideração da variabilidade temporal e espacial (CETESB, 2011).

Assim, podemos visualizar, na figura a seguir, duas representações gráficas


indicando a variação temporal da concentração de um certo parâmetro. O gráfico (A)
indica uma coleta de dados que envolve a concentração versus o tempo, além de
observarmos que há uma variação aleatória, que pode ser resultado, como exemplo,
pelos lançamentos descontínuos ou ainda pelo efeito do grande volume de chuvas,
que causa lixiviação do escoamento superficial. Já a o gráfico (B) indica uma variação
cíclica, e podemos atribuir esse comportamento devido ao lançamento de esgotos
domésticos, à variação diária da temperatura, lançamento de esgotos domésticos,
variações sazonais etc.

31
FIGURA 10 – EFEITO DA VARIABILIDADE TEMPORAL PARA ESTIMAR A CONCENTRAÇÃO DE UMA CERTA
VARIÁVEL (A) VARIAÇÕES ALEATÓRIAS; (B) VARIAÇÕES ALEATÓRIAS E CÍCLICAS

FONTE: CETESB (2011, p. 37)

Na medida que o ponto de amostragem se afasta do lançamento pode haver


uma menor variação da intensidade destes resultados. Isso justifica a importância de
estabelecer a frequência da coleta, estabelecendo, assim, a variabilidade temporal por
local de amostragem (CETESB, 2011).

4.1.4 Informações sobre a área de influência.


Um planejamento bem elaborado coleta informações prévias em relação à
influência do corpo de água na região a ser amostrado (CETESB, 2011):

• Elaborar e definir os possíveis pontos de coleta.


• Pesquisar dados anteriores de estudos já realizados, que possam contribuir com o
atual estudo.
• Levantamento fotográfico da região com dados e registros característicos da região
e com as pessoas do local. O objetivo é esclarecer os dados que serão obtidos como
lançamento de lixo, efluentes industriais ou domésticos no corpo de água ou ainda
em seu entorno.
• Estudo monitorando o local com auxílio do georreferenciamento coletado por meio
do GPD (Global Position System).
• Acesso seguro aos locais definidos para coleta, tempo total de execução das
atividades, armazenamento e transporte das amostras coletas.
• Avaliação de possíveis interferências nos resultados.

32
4.1.5 Local e pontos de coleta
Quando se realiza uma análise físico-química os objetivos nos auxiliam a definir
os pontos de coleta, para avaliar a eficiência de um corpo de água proveniente de
uma unidade de tratamento de água ou esgoto, como, por exemplo, a necessidade de
coletar amostras do afluente e do efluente desta unidade. Já quando os objetivos visam
fornecer uma avaliação geral, como uma avaliação de água potável de abastecimento, é
recomendado escolher os pontos de coleta de forma estratégica. (CETESB, 2011).

Dessa forma, de acordo com o uso do corpo de água, podemos estabelecer os


critérios para definição do ponto de amostragem, em relação à natureza das águas, como:

• Água bruta

É todo corpo de água considerado heterogêneo, o que significa que a amostra


não será representativa e, devido a isso, é necessário levar em conta os locais mais
adequados para realizar a amostragem.

Podemos citar fatores atribuídos à heterogeneidade do corpo de água a ser


estudado: a) Estratificação térmica vertical, decorrente de variação da temperatura ao
longo da coluna d’água e do encontro de massa de água; b) Zona de mistura, formada
por dois ou mais tipos de águas que estão em processo de mistura (rio logo a jusante
da descarga de um efluente ou tributário), sendo que a coleta deve ser realizada após
a completa mistura; c) Distribuição heterogênea de determinadas substâncias ou
organismos em um sistema hídrico homogêneo.

Isso ocorre quando os materiais não dissolvidos, com densidade diferente da


água, tendem a ficar heterogeneamente distribuídos (por exemplo, o óleo tende a flutuar
na superfície da água, enquanto os sólidos em suspensão tendem a se depositar) ou
quando ocorrem reações químicas ou biológicas na coluna d’água, como o crescimento
de algas nas camadas superiores em função da penetração de luz, com as consequentes
mudanças no pH e concentração de oxigênio dissolvido.

A Figura 14, representa um esquema mostrando a mistura de efluente com o


rio: vista superior - com dispersão lateral do efluente; corte lateral: dispersão lateral e
vertical do efluente. Assim, destacamos a zona de mistura e o procedimento de coleta
seria atribuir o trecho A-A.

33
FIGURA 14 – A ESQUEMA MOSTRANDO A MISTURA DE EFLUENTE COM O RIO: VISTA SUPERIOR - COM
DISPERSÃO LATERAL DO EFLUENTE; CORTE LATERAL: DISPERSÃO LATERAL E VERTICAL DO EFLUENTE

FONTE: CETESB (2011, p. 41)

Quando não há uma ampla compreensão sobre um certo sistema em detalhes,


recomenda-se uma investigação preliminar, de preferência com base no planejamento
elaborado para que se possa ter uma visão plena do grau de heterogeneidade do corpo
hídrico. Segundo a CETESB (2011), deve-se recorrer a testes que possam ser executados
rapidamente como condutividade, eletricidade, temperatura e oxigênio dissolvido
podem ser usados. A utilização de técnicas de detecção de corantes, por exemplo, pode
ser útil durante a avaliação de processos com misturas de água. No entanto, ao planejar
esses testes é importante lembrar que o grau de heterogeneidade pode depender do
tipo de trabalho em questão e, portanto, essa avaliação deve ser baseada em vários
ensaios. A heterogeneidade do corpo hídrico deve ser estudada para verificar como as
características de qualidade variam com o espaço e o tempo.

• Água tratada

Devemos lembrar que a característica do corpo de água é influenciada


diretamente pelo seu percurso. Sendo assim, conhecer seu trajeto é crucial para orientar
o princípio de amostragem e compreender quais as soluções que podem ser empregadas
para melhorar as condições de abastecimento de água (CETESB, 2011). Dessa forma,
essas variações precisam ser conhecidas, pois trazem informações de elementos para:
(1) analisar o risco ao consumidor; e (2) corrigir um problema de contaminação, assim
como problemas operacionais geradores da anomalia.

34
Para análises que envolvem o controle de qualidade da água para consumo
humano devem ser considerados alguns fatores, como a definição dos pontos e locais
de coleta CETESB (2011, p. 41):

(i) o monitoramento operacional para avaliar o desempenho das


medidas de controle nas diversas etapas de tratamento, desde a
captação no manancial até o consumidor, e (ii) o monitoramento
para garantir que o processo de tratamento como um todo esteja
operando de forma segura (verificação).

Nesse contexto, para monitorar águas para o consumo humano é necessário


estabelecer uma frequência de monitoramento, levando em conta os custos e os
benefícios do acompanhamento. Destacamos aqui que o número de amostras, assim
como a frequência de análises, é referenciado a partir da população beneficiada com o
abastecimento, ou ainda, no volume de água distribuído, pois assim o acompanhamento
de coleta e análises refletirá quais os riscos para população (GARCEZ, 2004).

• Sedimento

Para realizar a escolha do ponto de coleta de sedimentos deve ser considerado,


segundo a CETESB (2011, p.44), “o objetivo do estudo, os tipos de ambiente, os locais de
lançamento da carga poluente e padrões de vazão, velocidade e sentido da corrente”.
Pesquisam apontam que tem sido largamente utilizado o método de ponto de referência,
que tem como base escolher o ponto menos impactado ou ainda um ambiente livre de
atividade humana. Isso para que se possa colher informações físicas e geológicas entre
os pontos que estejam sendo analisados, para que sejam comparados. Dessa forma, é
possível estabelecer resultados com parâmetros esperados de um ambiente preservado
e não preservado.

Independente do ambiente a ser analisado e amostrado como rios, lagos,


estuários, oceanos etc., a coleta de sedimentos para posterior análise acontece nas
áreas nas quais ocorrem um depósito de sedimentos finos (argila), pois nesses locais há
maior probabilidade de encontrar possíveis contaminantes, além do que há um maior
desenvolvimento da comunidade bentônica (GARCEZ, 2004).

Durante a amostragem é necessário considerar a variabilidade do sedimento,


pois ocorre uma alteração da heterogeneidade espacial ao nível vertical e horizontal,
conforme CETESB (2011, p.45): “a heterogeneidade vertical é, principalmente,
consequência da oscilação histórica da contaminação; e a horizontal é formada pela
dinâmica de deposição das partículas (apresentando-se quimicamente em mosaicos) e
pela distribuição agrupada das populações bentônicas”. Para compreender melhor essa
variabilidade, recomenda-se utilizar um número maior de amostras.

35
4.2 COLETA DE AMOSTRAS
A escolha do programa de coleta de amostras de água deve levar em conta
a matriz a ser analisada em relação ao uso (água superficial, subterrânea, encanada,
residuária, sedimento de fundo e biota aquática), o tipo de amostragem (amostra
simples ou composta) e, também, da natureza do exame a ser efetuado (análises físico-
químicas ou microbiológicas) (GARCEZ, 2004).

Portanto, independente do parâmetro que se deseja determinar, é necessário


observar as seguintes condições para realização da coleta, conforme as normas da
ABNT (1987):

• Representatividade da amostra: a amostragem deve ser planejada obedecendo os


objetivos propostos da análise a ser realizada. Para efluentes ou corpos de água
deve-se escolher o número mínimo de amostras para realizar o procedimento de
coleta de maneira adequada, garantindo, assim, a representatividade do todo. Assim
como devem-se escolher os pontos para efetuar a coleta.

• Uso de pessoal capacitado: a coleta é parte de grande importância para obter


resultados confiáveis, portanto, os profissionais devem ser capacitados em realizar os
procedimentos de manuseio de equipamentos, coleta, armazenamento, transporte,
pontos de coleta e registro das condições de coleta no local escolhido.

• Coleta das amostras: deve-se adotar cuidados no procedimento.

De acordo com Garcez (2004, p. 15), temos:

• As amostras não devem incluir folhas, partículas grandes,


detritos ou outro tipo de material acidental, salvo quando se
tratar de amostra de sedimento.
• Para minimizar a contaminação da amostra convém recolhê-la
com a boca do frasco de coleta contra a corrente.
• Coletar volume suficiente de amostra para eventual necessidade
de se repetir alguma análise no laboratório.
• Fazer todas as determinações de campo em alíquotas de
amostra separadas das que serão enviadas ao laboratório.
• Empregar os frascos e as preservações adequadas a cada
análise no ato da coleta.
• As amostras que exigem refrigeração devem ser acondicionadas
em caixas de isopor com gelo.
• Etiquetar e identificar bem o frasco com a amostra.
• Respeitar o “prazo de validade” para cada análise em questão.

De acordo com Garcez (2004), outro fator que deve ser levado em consideração
é o tempo necessário, desde a coleta até a realização das análises laboratoriais. Esse
é extremamente importante para a validar os resultados, pois mesmo empregando
técnicas de preservação das amostras é impossível preservá-las integralmente.
Mudanças químicas podem ocorrer na estrutura dos componentes em função das

36
condições físicas e químicas da amostra; como por exemplo os metais que podem sofrer
precipitação na forma de hidróxidos ou formar complexos com outros componentes,
e cátions e ânions podem alterar o estado de oxidação e outros compostos podem
ser dissolvidos ou volatilizados com o tempo; mudanças nos níveis biológicos também
podem ser notadas, especialmente em medição indireta de matéria orgânica ou
nutriente de fósforo e nitrogênio.

De acordo com a análise realizada na amostra são empregadas as seguintes


técnicas de preservação, segundo a ABNT (1987):

• Estocagem do material: métodos utilizados para preservar e minimizar possíveis


alterações das amostras, dentre eles temos: congelamento, que é o método utilizado
para aumentar o tempo entre a coleta e a análise a ser realizada; pode ser empregado
para grande parte dos parâmetros a ser analisados para maior parte dos parâmetros
de composição química. Refrigeração, que é utilizado para preservar as amostras, em
um menor prazo de tempo (inferior a 24h), recomendado um intervalo de temperatura
entre 1°C e 4°C, conservando, assim, características físico-químicas e biológicas. E a
adição de agentes químicos, que é utilizada para preservar amostras por um período
maior. Quando se objetiva analisar parâmetros biológicos como a demanda bioquímica
de oxigênio (DBO) ou ainda análises microbiológicas, não se recomenda utilizar este
método de preservação, pois podem ocorrer interferências nos resultados.

4.2.1 Coletores para análise de água


Conforme o supracitado, a coleta de amostras de água é uma das etapas
determinantes para se obter resultados confiáveis para monitorar a qualidade de um
corpo hídrico. Descreveremos alguns coletores utilizados, de acordo com Parron, Muniz
e Pereira (2011):

• Coletores de superfície

- Balde de aço inox: largamente utilizado para coletar amostras de superfície


de corpos hídricos em geral, constituído de aço inox AISI 3166L, com polimento, para
evitar que haja deposito de incrustações em seu interior.

37
FIGURA 15 ­– BALDE EM AÇO INOX AISI 3166L PARA AMOSTRAS DE SUPERFÍCIE

FONTE: CETESB (2011, p. 84)

Antes de realizar a coleta é necessário passar por procedimento de limpeza em


autoclave, caso sejam realizadas análises microbiológicas. No caso das demais análises,
deve-se efetuar a lavagem com a própria água a ser coletada (CETESB, 2011).

- Coletor com braço retrátil: utilizado para realizar coleta de amostras


superficiais de difícil acesso, como saídas de efluentes.

FIGURA 16 ­– COLETOR COM BRAÇO RETRÁTIL: (A) VISTA LATERAL DO EQUIPAMENTO MONTADO; (B)
VISTA DO BALDE E DO BRAÇO RETRÁTIL DESMONTADO; E (C) VISTA SUPERIOR DO BALDE COLETOR

FONTE: CETESB (2011, p 84)

Com o braço retrátil torna-se fácil realizar a amostragem em locais de longo


alcance. Esse coletor pode ser de inox AISI 316L liso e polido ou ainda pode ser de
plástico inerte (CETESB, 2011).

- Batiscafo: quando se coleta amostras que não podem ter contato com
oxigênio, ou seja, sofrer aeração, como os ensaios para determinar oxigênio dissolvido
e sulfetos. Atinge até 30 cm da lâmina de água, permitindo, assim, coletar amostras
superficiais ou subsuperficiais. De acordo com a Figura 17, consiste em um tubo
cilíndrico, também feito em aço inox AISI 316L, liso e polido.

38
FIGURA 17 – BATISCAFO: (A) BATISCAFO FECHADO; (B) ESQUEMA ILUSTRATIVO EM CORTE
DO EQUIPAMENTO; E (C) BATISCAFO ABERTO

FONTE: CETESB (2011, p. 84)

Podemos observar na figura anterior, em (B), que no interior há um frasco em


vidro com boca esmerilhada de capacidade de 300 mL, frasco para análise de demanda
bioquímica de oxigênio (DBO). Quando se coleta a amostra de água ela entra pelo tubo
localizado na parte superior da tampa (A) e permite que a água seja enviada para o
interior do recipiente, expulsando o ar contido em seu interior através de um orifício
localizado na lateral.

• Coletores de Profundidade

- Garrafas de van Dorn: utilizadas para coleta de água de reservatórios ou córregos,


rios e lagos, em diferentes profundidades. Esses recipientes de coleta recebem o nome
de garrafas de Van Dorn. Geralmente feitas em tubos de PVC, têm suas extremidades
lacradas por uma tampa flexível.

A coleta ocorre mergulhando a garrafa e interrompendo o fluxo livre da água


em seu interior pelo fechamento das aberturas das extremidades.

FIGURA 18 – GARRAFA DE VAN DORN

FONTE: <https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRJO_tTMhoYZRIlyKl6uOIVGS-
MYn3EDvyooRA&usqp=CAU>. Acesso em: 4 jan. 2022

39
De acordo com Parron, Muniz e Pereira (2011, p. 34), é recomendado alguns
cuidados no momento da coleta:

• Evitar a coleta de amostras em áreas estagnadas ou em locais


próximos às margens.
• Remover a tampa do frasco, segurá-lo pela base, mergulhar
rapidamente com a boca para baixo, de 15 cm a 30 cm
abaixo da superfície da água, para evitar a introdução de
contaminantes superficiais.
• Direcionar o frasco de modo que a boca fique em sentido
contrário à correnteza.
• Se o corpo de água for estático, deverá ser criada uma corrente
superficial, através da movimentação do frasco na direção
horizontal (sempre para frente).
• Inclinar o frasco lentamente para cima, a fim de permitir a saída
de ar e seu subsequente enchimento.
• Fechar o frasco e acondicioná-lo sob refrigeração.

O uso desses coletores permite atingir grandes profundidades se desejável,


pois possuem capacidade variando de 1L a 30L (PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011).

• Coletores de água subterrânea

Para realizar a coleta de amostras de água em poços subterrâneos são


utilizados os coletores chamados bailers, que tem a função de realizar o purgeamento
dos poços. Esses coletores podem ser feitos de material descartável em plástico
de polietileno, e podem também ser reutilizáveis. Neste caso, são feitos à base de
policarbonatos ou aço (PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011).

FIGURA 19 – COLETORES DO TIPO BAILERS UTILIZADOS PARA COLETAR ÁGUA SUBTERRÂNEA:


A) PURGEAMENTO DOS POÇOS E B) COLETA DA AMOSTRA DE ÁGUA PARA ARMAZENAMENTO
TEMPORÁRIO, RESPECTIVAMENTE

FONTE: Adaptado de < https://www.abas.org/xixcabas/anais/102982_113_Artigo_ABAS_2_Monielen_


Betio_e_Mauricio_dos_Santos.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2022
40
Esses coletores variam seu comprimento para que atinjam as águas subterrâneas
e no momento da coleta a inserção e a retira do coletor deve ser lenta, pois deve evitar
agitações e possíveis aumento de turbidez na amostra (PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011).

• Coletores de água de escoamento superficial

Para esse tipo de coleta já há disponível coletores automatizados,


entretanto, ainda, se utilizam os coletores manuais de baixo custo. O que
abordamos aqui é um coletor automatizado construído por plástico rígido com
dimensões de 3,5 metros de comprimento com bordas de em média 3 cm acima
do solo, conforme ilustra a figura a seguir (PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011).

FIGURA 20 – AMOSTRADOR AUTOMATIZADO DE ÁGUA DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL, VISTA DE CIMA

FONTE: Parron, Muniz e Pereira (2011, p. 35)

O coletor supracitado deverá ser instalado de maneira que represente as


condições ambientais da região analisada. Dessa forma, a água será escoada pela
superfície e deverá fluir para seu interior em um recipiente coletor, e depois fluir para
um tubo de dreno central que está acoplado a um balde para depósito (PARRON; MUNIZ;
PEREIRA, 2011).

Acadêmico, destacamos diversos métodos de coleta diferenciando, a natureza


do corpo de água que se deseja analisar. Devemos deixar evidente que há outros
coletores para outras determinações que fogem do escopo desse livro didático. Em
seguida, veremos como é realizado o procedimento de amostragem para os solos.

41
5 AMOSTRAGEM DE SOLOS
Acadêmico, para realizar a escolha da técnica de amostragem do solo, é
necessário compreender que a técnica dependerá da localização dos resíduos no perfil do
solo, tipo de solo e características dos poluentes que serão monitorados. Existem várias
técnicas de coleta de solo na zona insaturada, e dois tipos de técnicas: amostragem
contínua por tubos inseridos no solo, manualmente ou por equipamento hidráulico; e a
técnica em que o solo é coletado em seções por trados contínuos (FILIZOLA; GOMES;
SOUZA, 2006).

LEMBRETE
Acadêmico, lembre-se que o perfil do solo é referente à seção vertical,
iniciando na camada superior até atingir maiores profundidades e
atingir a rocha. Os solos possuem várias camadas sobrepostas que
recebem o nome de horizontes, sendo formados pelos processos
pedogenéticos (processo de formação do solo).
FONTE: https://www.embrapa.br/solos/sibcs/formacao-do-solo. Acesso
em: 4 jan. 2022.

• Amostragem contínua com tubo

Na amostragem contínua de solo não perturbado, se houver necessidade de


análises repetidas, utilizam-se os tubos com diâmetro de pelo menos 50 mm para
garantir a quantidade de solo necessária para mais de uma análise. Tubos com este
diâmetro geralmente podem ser inseridos manualmente até uma profundidade de
aproximadamente 0,5 m. De 1 a 2 m de profundidade, devem ser usadas pequenas
sondas de perfuração de percussão, e equipamentos de perfuração convencionais
devem ser usados ​​em locais mais profundos. Deve haver uma limpeza prévia dos tubos
de amostragem, assim se realiza uma análise completa do perfil do solo (FILIZOLA;
GOMES; SOUZA, 2006).

Essa técnica apresenta algumas dificuldades, uma delas está relacionada com a
estrutura do solo superior. Normalmente, essa região superior apresenta grânulos soltos
que podem ser deslocados ao longo das laterais do tubo, quando pressionado para baixo,
causando uma contaminação nas regiões mais profundas. Segundo Norris et al. (1991
apud FILIZOLA; GOMES; SOUZA, 2006, p. 26), uma forma de evitar esse transtorno é
congelar o solo coletado no tubo, abri-lo, e remover manualmente o material deslocado
ao longo do tubo.

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Ainda, segundo o autor supracitado, para tentar resolver esse problema, pode-se
recolher através da amostragem o horizonte superior separadamente, alargar o buraco
criado no solo e forrá-lo para evitar que o material da parte superior se mova, para, então,
inserir novos tubos a partir dessa profundidade (FILIZOLA; GOMES; SOUZA, 2006).

Outra dificuldade mencionada por Filizola, Gomes e Souza (2006) é que o solo
no tubo pode ser compactado ou dilatado, resultando em um comprimento de amostra
maior. Podemos atribuir esse comportamento à mudança da textura do solo, ou ainda
quando encontramos a rocha.

• Amostragem por tradagens sucessivas

Mais comumente empregado, pode coletar mais de 10m de profundidade sem


equipamento pesado ou de precisão. A forma final do trado manual de aço inoxidável
a ser usada depende do tipo de solo a ser coletado: geralmente rocas são usadas ​​para
materiais viscosos (argila), e canecos são usados para materiais granulares (areia).
Esse tipo de coleta não compacta o solo, portanto, a profundidade de amostragem é,
na verdade, a profundidade atingida pelo trado. Outra vantagem é que as amostras
coletadas com o trado serão representativas devido ao diâmetro do trado (entre 7 e 8,5
cm) (FILIZOLA; GOMES; SOUZA, 2006).

FIGURA 21 – TRADOS PARA AMOSTRAGEM DE SOLOS

FONTE: <https://bit.ly/3jwhhjz>. Acesso em: 4 jan. 2022

É de grande importância destacar que no momento da amostragem deve-se ter


cuidado ao introduzir o trado no solo, pois deve-se evitar que o material da superfície e
de menores profundidades se agreguem ao solo de maior profundidade.

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Em cada ponto de amostragem, a vegetação, a cobertura morta e os materiais
ásperos do solo devem ser removidos usando uma enxada, levando em conta que não
se pode remover um superfícies de solo muito espessas. A camada superficial deve ser
coletada manualmente, com o auxílio de um anel de aço inoxidável com diâmetro de 5 cm
e altura de acordo com a profundidade a ser coletada (FILIZOLA; GOMES; SOUZA, 2006).

Após cada perfuração, retirar o solo do trado, utilizando uma espátula e, em


seguida, homogeneizando em uma bandeja, caso a amostra seja composta. Ainda sobre
a amostragem de solos, segundo Filizola, Gomes e Souza (2006, p. 27):

A porção superior da amostra deve ser descartada, quando esta não for a coleta
dos 10 primeiros centímetros; a porção aderida ao trado também deverá ser desprezada,
de modo a evitar a contaminação da amostra com metais originários da ferramenta,
assim como as laterais da amostra, para eliminar ao máximo qualquer possibilidade de
contaminação do solo acima. As amostras simples deverão ser colocadas diretamente
no saco plástico ou no frasco de boca larga, etiquetadas e identificadas.

Em relação às quantidades a serem amostradas de solos, segundo os autores


supracitados, recomenda-se 100g, e geralmente são utilizados em torno de 10 a 20g
para análises físico-químicas. Deve-se ter um cuidado a cada amostragem em maior
profundidade, pois todos os equipamentos precisam ser higienizados antes de uma
nova coleta.

E, dessa forma, finalizamos o Tópico 2, compreendendo que as técnicas


de amostragem e coleta são baseadas nos objetivos da análise a ser realizada.
Percebemos que diversos são os fatores que devem ser considerados e planejados
para obter bons resultados.

INTERESSANTE
Prezado acadêmico, sugerimos a leitura do texto “Pessoas atingidas
pelo desastre de Mariana (MG) denunciam problemas de saúde
relacionados à tragédia”, de
Manuel Carlos Montenegro, que traz informações importantes para o
seu conhecimento.
Acesse em: https://bit.ly/3xlhP3M

44
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Análises físico-químicas são técnicas empregadas para caracterização de soluções


aquosas (água) com intuito de quantificar ou qualificar substâncias, elementos ou
espécies iônicas presentes em compostos, estabelecendo, assim, relações entre
suas propriedades e o meio ambiente.

• Essas análises físico-químicas podem ser empregadas em diversos ramos, como na


indústria de carnes, alimentos, pescados e solo, possuindo metodologias diferenciadas.

• Em uma análise química a medição é um tipo de comparação que envolve erros


tanto do operador como do instrumento utilizado no momento da medição. Portanto,
temos os erros sistemáticos (falha equipamento) e os erros acidentais (operador).

• Para evitar erros é necessário cuidados no procedimento de preparo do material


a ser utilizado para coletar as amostras a serem analisadas. Os procedimentos
empregados são: cuidado com a temperatura de secagem das vidrarias, limpeza da
vidraria, o ajuste do menisco no preparo de soluções, cuidados na sucção de volume
com pipetas volumétricas e graduadas, emprego de soluções de limpeza adequados
como detergente e solução sulfocrômica.

• Para realizar a amostragem de águas (líquidos) recomenda-se ter um plano de


trabalho claro e bem planejado. A coleta da amostra deve ser representativa e de
acordo com a legislação estabelecida.

• O programa de amostragem deverá depender de fatores como a natureza do corpo


d´água, área de estudo, informações sobre a área de influência, local e pontos de coleta.

• Os coletores utilizados são escolhidos conforme o tipo de análise e o tipo de água a


ser analisada.

• A escolha da técnica de amostragem depende da localização dos resíduos


no perfil do solo, tipo de solo e características dos poluentes que serão
monitorados. Existem várias técnicas de coleta de solo na zona insaturada.
Existem dois tipos de técnicas: amostragem contínua por tubos inseridos no
solo, manualmente ou por equipamento hidráulico, e o solo é coletado em
seções por trados contínuos.

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AUTOATIVIDADE
1 Os resultados das análises laboratoriais são dependentes da coleta e transporte das
amostras, e contaminações podem ocorrer ao longo dos dois processos além de
outros momentos da análise. Com o objetivo de controlar esse tipo de erro deve-se
adotar alguns cuidados. Sobre o exposto, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Vidrarias volumétricas não possuem erro associado durante a aferição do volume.


b) ( ) Os erros que podem ocorrer durante o processo de análise podem não ocorrer se
o operador for cauteloso.  
c) ( ) O erro mais comum do operador é o erro de coleta de líquidos, utilizando pipetas
e na aferição do volume em vidrarias volumétrica e graduadas.
d) ( ) Durante a coleta de água é recomendado coletar apenas a quantidade necessária
para realizar a análise.

2 Conforme nossos estudos, vimos que são vários os procedimentos de coleta e


amostragem para líquidos, como as águas. Sobre esses processos, analise as
sentenças a seguir:

I- A coleta de água em um rio pode ser realizada facilmente apenas enchendo o frasco
coletor com a amostra em questão.
II- As etapas envolvidas para obter uma amostra para realizar uma análise envolvem
a identificação da população, coleta de amostra bruta e redução da amostra bruta
para uma amostra de laboratório.
III- Um dos fatores que é necessário conhecer para realizar uma análise físico-química
é a natureza do corpo de água, dentre outras.
IV- As amostras não devem incluir folhas, partículas grandes, detritos ou outro tipo de
material acidental, salvo quando se tratar de amostra de sedimento.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
b) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas.

46
3 A coleta de amostras é, provavelmente, o passo mais importante para a avaliação da
área de estudo. De uma maneira geral, a amostragem em rios, riachos e pequenos
cursos d’água é feita com base no curso de água e da sua área de estudo. Após a
coleta, é necessário estocar e preservar a amostra. Com relação aos métodos de
preservação de amostras de água, classifique V para as sentenças verdadeiras e F
para as falsas:

( ) A técnica de congelamento da amostra permite a preservação em uma faixa de


temperatura entre 1°C e 4°C.
( ) Para as análises de DBO é recomendado utilizar a técnica de conservação por
adição de agentes químicos, pois preserva-se os parâmetros biológicos a seres
estudados.
( ) Refrigeração é a técnica utilizada quando se deseja analisar amostras em um
período inferior a 24h.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V - V - F.
b) ( ) F - V - F.
c) ( ) F - F - V.
d) ( ) V - F - V.

4 Antes da realização de qualquer análise química é necessário ter claramente definido o


plano de trabalho, que deve ser elaborado a partir dos objetivos da análise, considerando
o corpo de água a ser analisado. Dessa forma, na execução do planejamento, cada
coleta realizada deverá levar em conta as condições ambientais no momento da coleta.
Nesse contexto, disserte sobre o como executar um planejamento para seleção de
locais de posições do monitoramento de um corpo hídrico.

5 Para executar uma análise solo é necessário levar em consideração alguns fatores,
como conhecer o perfil do solo, o tipo de solo e as características dos poluentes
que serão monitorados. Sabendo que temos dois tipos de técnicas utilizadas para
amostragem de solos, disserte sobre essas duas técnicas.

47
48
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA

1 INTRODUÇÃO
A revolução industrial trouxe grandes modificações econômicas e tecnológicas,
incluindo o crescimento desordenado da população. Dessa forma, o nascimento da
indústria trouxe novos estilos de vida, mudanças nos padrões de consumo, dinâmica de
trabalho, economia e até mesmo nas funções naturais da terra (REZENDE, 2021).

Nesse contexto, esses avanços tecnológicos ajudaram a consolidar o sistema


capitalista, permitindo o surgimento de novas formas de organização social, sendo que
a energia passou a ser produzida pelo carvão em vez de ser produzida pelo trabalho
humano e, em outro momento, produzida a partir do petróleo. O símbolo do progresso
nessa época era uma imagem de fumaça saindo pelas chaminés das indústrias. No
passado, a produção manual passou a ocorrer em menor tempo e em maior quantidade,
o que favoreceu a distribuição das mercadorias produzidas, consolidando a formação do
capitalismo industrial. Contudo, tudo isso sem monitorar os danos que esses poluentes
podem causar à saúde humana (REZENDE, 2021).

É fato que a preocupação com o meio ambiente é um assunto de grande


interesse em todo o mundo, pois ele tem sido atingido de diferentes formas por ações
antrópicas: o que pode ser atribuído pelo crescimento desordenado da população e pelo
crescimento econômico e tecnológico aliado à alta exploração de recursos naturais.
Nossos problemas consistem em baixos índices de saneamento básico, poluição das
águas, degradação do solo, poluição atmosférica e alta geração de resíduos (lixo)
(REZENDE, 2021).

Portanto, o saneamento ambiental nos auxilia a planejar ações socioeconômicas


na tentativa de assegurar um ambiente favorável à vida humana, auxiliando o controle
da poluição hídrica, da poluição do solo e da poluição atmosférica.

Nesse contexto, este tópico aborda a temática da poluição atmosférica,


contribuindo com informações sobre o histórico sobre a preocupação com a qualidade
do ar. Da mesma forma, abordaremos a poluição atmosférica e seus principais poluentes,
além dos processos de amostragem de gases.

49
2 BREVE HISTÓRICO SOBRE A PREOCUPAÇÃO COM
A QUALIDADE DO AR
Acadêmico, podemos dizer que há aproximadamente um milhão de anos surgiu
o primeiro ancestral da humanidade na superfície da terra. Após a descoberta do fogo,
cerca de 800 mil anos antes de Cristo, os humanos começaram a contribuir para a
deterioração da qualidade do ar de forma não consciente. As primeiras preocupações
com a qualidade do ar surgiram na era pré-cristã, pois usava-se o carvão como
combustível e as cidades da época já sentiam que a qualidade do ar não era ideal (LIMA
et al., 2012).

Nesse contexto, de acordo com Cavalcanti (2010, p.10):

Quando as tribos humanas aprenderam a usar o fogo, eles o utilizaram,


durante milênios, de uma forma que alterava a qualidade do ar no
interior do local onde viviam, respirando os produtos da combustão
incompleta. Em algumas partes primitivas do mundo, onde ainda
vivem algumas tribos, tal fato ainda pode ser observado.

Com as novas invenções como a chaminé, as casas ficaram livres do cheiro dos
produtos de combustão, entretanto segundo Calvalcanti (2010) destaca que por longos
anos essas emissões poluentes afetaram a vida dos moradores e trouxeram prejuízos
na saúde da população.

No século XIII (1273), o Rei Eduardo, da Inglaterra, promulgou as primeiras


medidas de controle relativas à qualidade do ar, abolindo o uso de carvão com alto
teor de enxofre. Tempos depois, a rainha Elizabeth I, em uma tentativa par minimizar
a fumaça e os odores gerado pela queima do carvão, proibiu seu uso em Londres.
Cavalcanti (2010) relata que durante o reinado de Eduardo II houve a prisão seguida de
tortura devido a um homem realizar a queima do carvão, liberando na atmosfera fumaça
e odores desagradáveis. Entretanto, apesar de tantas restrições, o carvão continuou a
ser utilizado.

De acordo com Silva e Vieira (2017), as atividades antrópicas, atividades do


homem sobre o meio ambiente, aumentaram significativamente a partir da Revolução
Industrial, pois as indústrias necessitavam de energia para produzirem suas demandas.
Mesmo estando alocadas em regiões específicas, a falta de cuidado e informação sobre a
qualidade do ar foi a responsável por gerar doenças de saúde na população e problemas
relativos à poluição do ar nos locais de maior concentração das fábricas. Segundo
Cavalcanti (2010), a Revolução Industrial ocorreu no século XVIII, com o surgimento das
primeiras máquinas a vapor; já as máquinas com motor de combustão interna e vapor,
datam de 1784. No século XX, esses motores foram substituídos por turbinas a vapor,
que faziam o uso de carvão para o seu funcionamento.

50
Durante o século XX, com o crescimento da demanda dos produtos, intensificou-
se a queima de combustíveis fósseis, como carvão e petróleo. Eles têm sido usados ​​para
produção de energia, mineração e processamento de matérias-primas, como minério
e, até mesmo, fundição, fábricas de cimento, vidro etc. Estes tornaram-se as principais
fontes de emissão de poluentes atmosféricos.

Neste contexto, os atuais conceitos e legislações de alguns países do mundo


sobre os danos causados ​​pela emissão de poluentes na atmosfera são resultados dos
eventos que ocorreram no século XX (CAVALCANTI, 2010). Em relação a estes eventos,
Silva e Vieira (2017) afirmam que os fatores que levaram à poluição do ar, como as
condições climáticas, topografia da localidade e densidade industrial ocorreram em
regiões de baixa altitude.

Assim, podemos listar alguns episódios de maior relevância que causaram


uma poluição excessiva e até a morte da população em diversas regiões do mundo
(CAVALCANTI, 2010; SILVA; VIEIRA, 2017):

• Escócia, Glasglow - 1909: formou-se uma neblina por toda a cidade, causando a
morte de 1063 pessoas; relacionado com um evento de inversão térmica que ocorreu
no inverso. Mais tarde, atribuiu-se o termo smog para atribuir a neblina causada por
ação de gases poluentes.

• Bélgica, Vale do Rio Meuse - 1930: a região concentrava muitas indústrias nos ramos
siderúrgico, metalúrgicos, centrais de produção de energia elétrica, minas de carvão,
e geradoras de energia, fábricas de vidro, pólvora, indústria de beneficiamento de
minérios e fábrica de ácido sulfúrico distribuídas ao longo de 20 km. No mês de
dezembro ocorreram algumas alterações climáticas desfavoráveis, como a ausência
de ventos. Sabemos que é necessário o movimento dos gases poluentes para que
se dispersem e, sem a ação dos ventos, os poluentes ficaram concentrados sobre a
região. Logo, a população adoeceu, apresentando doenças respiratórias, e houve 60
mortes após dois dias do episódio.

• Pensilvânia, Distrito de Donora, Estados Unidos - 1948: a região possuía indústrias


que fabricavam aço e zinco. Em um determinado dia daquele ano formou-se uma
neblina tóxica causada pelo processo de inversão térmica: nuvem composta por
gases sulfurados expelidos pelas chaminés das fábricas, o que levou a óbito 40
pessoas por doenças respiratórias (CAVALCANTI, 2010; SILVA; VIEIRA, 2017).

• Inglaterra, Londres - 1952: no inverno a cidade de Londres ficou coberta durante


cinco dias por uma neblina que continha uma alta concentração de gases poluentes,
material particulado. O ambiente propício a este fenômeno foi a falta de ventos aliado
com o processo de inversão térmica e poluentes gerados pelas indústrias e residências
(pelo uso do carvão nos aquecedores). O resultado foi a morte de aproximadamente
quatro mil londrinos, com doenças respiratórias e cardíacas (CAVALCANTI, 2010;
SILVA; VIEIRA, 2017).

51
Esses eventos contribuíram para que as pessoas ficassem atentas para
os efeitos da poluição atmosférica e, dessa forma, estudos foram iniciados para
compreender esses fenômenos, o que culminou em legislações para o controle dos
poluentes atmosféricos (SILVA; VIEIRA, 2017):

• 1945: o país norte americano investiu cinco milhões de dólares em estudos


direcionados ao impacto da poluição atmosférica sobre a população e economia.

• 1960: os Estados Unidos desenvolveram um programa à nível federal que tratava da


poluição atmosférica. Os estados no país não tinham conhecimento e treinamento
para controlar as emissões poluentes da atmosfera.

• 1966: os Estados Unidos tiveram outro episódio de inversão térmica: poluentes


atmosféricos ficaram novamente presos sob a cidade de Nova York, levando pessoas
a óbito.

• 1990: criação da EPA (Environmental Protection Agency) - Agência de Proteção


Ambiental dos Estados Unidos, inaugurada com o intuito de promover o controle dos
poluentes atmosféricos (SILVA; VIEIRA, 2017).

O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)


desenvolvido pelas agências das Nações Unidas (ONU), Organização Meteorológica
Mundial (OMM) e Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONu Meio
Ambiente) foi lançado em 1988 para conscientizar o mundo sobre o impacto das
ações humanas no clima mudança, devido à emissão de poluentes atmosféricos. A
consistência do relatório mostra que o aumento da concentração de gases de efeito
estufa na atmosfera é a causa do aumento da temperatura global. As consequências de
um aumento na temperatura média da Terra variam desde a elevação do nível do mar
(devido ao derretimento das geleiras) até eventos climáticos extremos, como furacões
mais fortes e mais frequentes (SILVA; VIEIRA, 2017).

De acordo com Tannous e Garcia (2008), o mundo passou a ter a preocupação


com o meio ambiente e sobre a sua ação devastadora sobre o planeta Terra; assim
surgiram tratados internacionais e as conferências do clima. Serão listados os principais
tratados realizados pelas organizações mundiais:

• 1972: surgiu a Conferência de Estocolmo, em que 113 países enviaram seus


representantes para que juntos pudessem estabelecer princípios para preservar
o meio ambiente. O resultado foi a declaração sobre o Ambiente Humano ou a
Declaração de Estocolmo. Essa declaração alertava sobre os problemas ambientais
que o mundo sofreria no futuro, preocupando-se com a melhora das condições do
meio ambiente para as gerações presentes e futuras (desenvolvimento sustentável)
(TANNOUS; GARCIA, 2008).

52
• 1975: em Belgrado na Iugoslávia, ocorreu o encontro internacional de educação
ambiental, no qual formulou a carta de Belgrado. Este é um dos documentos
mais importantes dos últimos dez anos e chamou a atenção do mundo para as
necessidades de uma nova ética ambiental. Segundo Tannous e Garcia (2008, p. 4):
“Definido que a educação Ambiental deve ser multidisciplinar, contínua e integrada às
diferenças regionais e voltada para os interesses nacionais”. O documento fala sobre
como atender às necessidades e desejos de todos os cidadãos da terra. Por exemplo,
elimina as causas profundas da pobreza, analfabetismo, fome e poluição, defendendo,
assim, a reforma da ética global e dos processos e sistemas educacionais.

• 1977: aconteceu a Conferência de Tbilisi, publicando a Declaração da Conferência


Intergovernamental sobre a educação ambiental, ficou estabelecido que é necessário
desenvolver uma consciência ambiental para haver uma maior compreensão dos
problemas ambientais. Somente dessa forma poderemos estimular essa consciência
(TANNOUS, 2008; FELDMANN, 1997).

• Década de 1980: o Brasil, estimulado pelos eventos relacionados ao meio ambiente,


estabeleceu sua legislação sobre o tema, destacando a responsabilidade civil do
poluidor sobre o meio ambiente. A Constituição em 1988 trouxe a legislação com
intuito de preservar o meio ambiente, com um capítulo dedicado a ele (TANNOUS;
GARCIA, 2008).

• 1987: fundação da Comissão conhecida como Brundtland ou Comissão Mundial


para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas. Decorridos
quatro anos de sua criação, foi publicado o relatório “Nosso Futuro Comum” (Relatório
Brundtland), que alertava para a importância do desenvolvimento sustentável, marco
histórico de nascimento do termo (TANNOUS; GARCIA, 2008).

INTERESSANTE
Acadêmico, para aprofundar seus conhecimentos, acesse o documento
“Nosso Futuro em Comum”, lançado pela ONU, a partir da comissão de
Brundland. Disponível em: https://bit.ly/3JEVxwu

• 1987: realizou-se a Conferência na cidade de Moscou, UNESCO-PNUMA, atualmente


conhecida como o Congresso de Moscou. Foram discutidas as dificuldades para
atingir os objetivos visando preservar o meio ambiente, além de discussões sobre
educação ambiental.

53
• 1988: a Assembleia Geral da ONU convocou a realização, até o ano de 1992, de uma
conferência sobre o Meio Ambiente (FELDMANN, 1997). O Brasil sediou, então, a
Rio 92, uma conferência que ficou conhecida como a “Cúpula da Terra”; a data de
realização foi no dia do Meio Ambiente Podemos destacar os objetivos elaborados na
conferência, conforme Feldmann (1997, p.16):

- examinar a situação ambiental mundial desde 1972 e suas relações


com o estilo de desenvolvimento vigente;
- estabelecer mecanismos de transferência de tecnologias não-
poluentes aos países subdesenvolvidos;
- examinar estratégias nacionais e internacionais para incorporação
de critérios ambientais ao processo de desenvolvimento;
- estabelecer um sistema de cooperação internacional para prever
ameaças ambientais e prestar socorro em casos emergenciais;
- reavaliar o sistema de organismos da ONU, eventualmente criando
novas instituições para implementar as decisões da conferência.

Ainda, conforme Tannous e Garcia (2008), neste evento foram assinados cinco
documentos de grande relevância para área ambiental, como: (1) Declaração do Rio sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, a carta continha 27 metas para preservar o meio
ambiente com base na proteção dos recursos ambientais visando o desenvolvimento
sustentável; (2) Agenda 21, que estabeleceu um plano de ação à nível global, local e
nacional, com intuito de minimizar a ação humana sobre o ambiente; (3) Princípios
para a Administração Sustentável das Florestas, que fazia referência à conservação
das florestas, visando o desenvolvimento sustentável (primeiro tratado para preservar
as florestas); (4) Convenção da Biodiversidade; e (5) Convenção sobre Mudança do
Clima, assinada por 154 países, destacava a preocupação com os gases estufa e com
o aquecimento global, estabelecendo objetivos que visavam a diminuição da produção
dos gases poluentes.

INTERESSANTE
Acadêmico, a Organização das Nações Unidas – ONU realizou, no Rio de
Janeiro, em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
e o Desenvolvimento (CNUMAD). Mais conhecida como Rio 92 ou como
“Cúpula da Terra”. Deixamos aqui o link para que você tenha acesso à
leitura na íntegra do documento. Disponível em: https://antigo.mma.gov.
br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda-21-global.html.

• 1997: ocorreu a Convenção do Quadro das Nações Unidas sobre as alterações


climáticas, o que surgiu dessa convenção foi o Protocolo de Quioto, que trata das
emissões dos gases estufa. Dentre os 160 países que participaram do evento, apenas
39 países se comprometeram a reduzir suas emissões de gases poluentes em um
período pré-estabelecido em pelo menos 5%. (SILVA; VIEIRA, 2017).

54
Outros eventos ocorreram, todos voltados às preocupações com o clima nos anos
subsequentes (TANNOUS; GARCIA 2008). Ainda podemos citar a Cúpula Mundial sobre o
Desenvolvimento Sustentável (Rio+10), realizada em 2002, na cidade de Johannesburgo
(África do Sul). Nesse evento houve retomadas dos objetivos estabelecidos na Rio 92
e houve avanços para alcançar metas mais ambiciosas para os principais problemas
ambientais a nível global.

Percebemos que preocupações existem sobre a ação do homem sobre o meio


ambiente. Convenções, conferências, encontros e discussões sobre o clima foram
promovidos nos anos subsequentes. Para concluir, citamos o acordo de Paris, que
ocorreu em 2015 durante a Conferência das Partes (COP 21), com intuito de fortalecer
os acordos fixados em eventos anteriores e garantir o compromisso da redução de
gases estufa. Destacamos que o Brasil encaminhou suas metas e ratificou o acordo em
2016, ou seja, nos comprometemos a reduzir os gases estufa (TANNOUS; GARCIA, 2008;
FELDMANN, 1997).

Acadêmico, agora que compreendemos as preocupações acerca da


qualidade do ar, assim como os eventos marcantes na história que contribuíram
para a conscientização e tomada de decisão, visando a melhora da qualidade do ar,
compreenderemos o contexto da poluição atmosférica.

3 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
Acadêmico, você já estudou ao longo da sua vida os principais conceitos da
atmosfera, entretanto, relembrar é aprender. Sabemos que a atmosfera é a camada
que protege o planeta Terra, e atua como um “cobertor” invisível de gases, constituída
principalmente pelos gases oxigênio e nitrogênio, entre outros gases em menor
quantidade. Ela é considerada como a camada que contém gases acumulados além de
partículas, compostos derivados de nitrogênio produzidos por bactérias e plantas, que
se utilizam do nitrogênio (N2) atmosférico (RESENDE, 2007).

Dessa forma, a atmosfera desempenha um importante papel de proteger a


vida no planeta, e atua absorvendo grande parte da radiação eletromagnética do Sol. A
radiação que nos atinge diariamente compreende a região do espectro eletromagnético
na faixa de 300 -2500nm; nela temos a região ultravioleta (UV), região do visível e região
do infravermelho (IV) (MOZETO, 2001).

A atmosfera é caracterizada como um sistema dinâmico e está exposta


a variações de duas características, apontadas em nível local e a nível global.
Constantemente é modificada por fatores naturais, como as atividades vulcânicas e
queimadas, ou, ainda, pela ação do homem sobre a natureza.

55
Nesse contexto, podemos introduzir aqui o conceito de poluição atmosférica,
de acordo com a Resolução do CONAMA, nº 3, de 28 de junho de 1990, em seu artigo 1º:

Parágrafo único. Entende-se como poluente atmosférico qualquer


forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade,
concentração, tempo ou características em desacordo com os níveis
estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar: I - impróprio,
nocivo ou ofensivo à saúde; II - inconveniente ao bem-estar público;
III - danoso aos materiais, à fauna e flora. IV - prejudicial à segurança,
ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade.

Segundo o CETESB (2017), o conceito de poluente atmosférico é atribuído a


toda e qualquer substância que se encontre presente na atmosfera em condições pré-
determinadas e que podem prejudicar o meio ambiente, causando danos à flora e à
fauna, além de causar males ao bem-estar público em geral.

De acordo com Cavalcanti (2010), a poluição do ar é definida como qualquer


presença de substâncias ou materiais considerados estranhos na atmosfera, ou, ainda,
tudo que possa permanecer no ar, podendo ser transformado em partículas ou vaporizado.

Cavalcanti (2010) destaca que, em relação ao estado físico, os poluentes


atmosféricos podem pertencer a dois grupos: (1) material particulado: originados de
partículas sólidas ou líquidas oriundas de fontes poluidoras, ou, ainda, formadas por
partículas contendo sulfato; (2) Gases e vapores: podemos citar aqui os poluentes como
o dióxido de carbono, o ozônio troposférico, derivados de óxidos de nitrogênio e óxidos
de enxofre, na forma vapor.

Quanto à origem dos poluentes temos os poluentes emitidos diretamente pelas


fontes emissoras, como: o monóxido de carbono, o dióxido de enxofre, NOx, entre outros.
Esses poluentes são identificados como poluentes primários. Estes podem dar origem aos
poluentes chamados de poluentes secundários, pois são formados a partir de reações
químicas e fotoquímicas que envolvem os poluentes primários (CAVALCANTI, 2010).

Quanto à fonte de emissão dos poluentes temos aquelas feitas pelo homem
(antrópicas), que são divididas em duas categorias: fontes móveis e fontes fixas. A
principal fonte de emissões móveis são automóveis, como carros, caminhões e tratores.
As fontes estacionárias vêm de processos industriais, geralmente caldeiras, fornos,
termelétricas e sistemas de exaustão (SILVA; VIEIRA, 2017).

Acadêmico, estamos abordando a poluição atmosférica, entretanto, é de suma


importância lembrar que os seres com vida do planeta Terra são os corpos receptores
destes poluentes e, dessa forma, a vida terrena sofre com os impactos da exposição
da poluição (LOUREIRO, 2005). Veremos agora como ocorre o processo de transporte e
difusão da poluição.

56
3.1 TRANSPORTE E DIFUSÃO DA POLUIÇÃO

A presença de corpos ou substâncias na atmosfera caracteriza a poluição do
ar, entretanto, o importante, neste momento, acadêmico, é compreendermos como
ocorre o transporte dessas substâncias e sua difusão. Segundo Loureiro (2005), esses
mecanismos de dispersão de poluentes na atmosfera envolvem diretamente processos
de transporte e difusão.

Nesse contexto, o processo de difusão ocorre naturalmente, o que ocorre pelas


variações de quantidades dos poluentes em lugares distintos; enquanto o transporte
dos poluentes está associado à velocidade do vento e pelo que Loureiro (2005)
chama de “turbulência atmosférica”, que se caracteriza em dois tipos. O primeiro tipo
é mecânico, caracterizado pela presença de objetos que impedem a direção do vento,
como prédios, edifícios, terrenos irregulares etc. Quanto ao segundo tipo está associado
ao aumento da temperatura. Ambos contribuem para o transporte do material estranho
na atmosfera (LOUREIRO, 2005).

Dessa forma, é entendível que para executar análises com intuito de determinar
a concentração de poluentes é necessário estabelecer o tempo de exposição dos
receptores, assim como suas interações e participações em reações químicas na
atmosfera, ampliando o conhecimento para compreensão do comportamento físico-
químico (LOUREIRO, 2005). A seguir, ilustramos o sistema (fonte – receptor).

FIGURA 22 – SISTEMA FONTE-RECEPTOR

FONTE: Adaptada de Loureiro (2005, p.15)

Não obstante, verificamos que os poluentes emitidos diretamente das fontes


poluidoras sofrem processos de transporte, misturando-se com outros poluentes,
podendo levar a uma transformação química, e originando concentrações variadas na
atmosfera. No que diz respeito aos poluentes secundários, eles se formam em tempos
maiores, pois é necessário que haja difusão e transporte dos poluentes primários.
Esses poluentes são encontrados em regiões mais afastadas das fontes primárias e em
concentrações mais elevadas (DRUMM et al., 2014).

Acadêmico, nesse momento, abordaremos a legislação, para que possamos


comentar dos poluentes atmosféricos.

57
3.2 LEGISLAÇÃO APLICÁVEL A EMISSÕES ATMOSFÉRICAS
É de grande importância conhecer a legislação aplicável a emissões atmosféricas
à nível Federal. Dessa forma, listamos:

• Resolução CONAMA nº 18/86: dispõe sobre a criação do Programa de Controle de


Poluição do Ar por veículos Automotores – PROCONVE.

• Resolução CONAMA nº 5/89: dispõe sobre o Programa Nacional de Controle da


Poluição do Ar – PRONAR.

• Resolução CONAMA nº 3/90: dispõe sobre padrões de qualidade do ar, previstos no


PRONAR.

• Resolução CONAMA nº 8/90: dispõe sobre o estabelecimento de limites máximos de


emissão de poluentes no ar para processos de combustão externa de fontes fixas de
poluição.

• Resolução CONAMA nº 382/06: estabelece os limites máximos de emissão de


poluentes atmosféricos para fontes fixas instaladas após 02 de janeiro de 2007.

• Resolução CONAMA nº 436/11: estabelece os limites máximos de emissão de


poluentes atmosféricos para fontes fixas instaladas ou com pedido de licença de
instalação anteriores a 02 de janeiro de 2007.

• Resolução CONAMA nº 491/2018: dispõe sobre padrões de qualidade do ar.

• Lei Federal nº 8.723/ 93: dispõe sobre a redução de emissão de poluentes por veículos
automotores e dá outras providências.

• Lei Federal nº 10.203/01: Dá nova redação aos arts. 9º e 12 da Lei nº 8.723, de 28 de


outubro de 1993, que dispõe sobre a redução de emissão de poluentes por veículos
automotores, e dá outras providências.

O nível de poluição da atmosfera se dá pela quantificação dos poluentes


presentes. Dessa forma, há alguns poluentes que são indicadores da qualidade do ar
mundialmente, pois são os que aparecem com frequência nos eventos ocorridos no
mundo todo. Dentre eles, temos: dióxido de enxofre (SO2), material particulado em
suspensão, monóxido de carbono (CO), ozônio (O3) e dióxido de nitrogênio (NO2) (DRUMM
et al., 2014; CAVALCANTI, 2010).

58
De acordo com a Resolução Normativa nº348/90, temos os padrões
atmosféricos referentes à qualidade do ar, dessa forma fica estabelecido que o que
se refere aos padrões primários da qualidade do ar: referentes às concentrações que,
quando ultrapassam os padrões permitidos, afetam diretamente a vida humana. Já
para os padrões secundários da qualidade do ar, no que se refere à concentração destes
poluentes, quando abaixo do que estipula a legislação afetam a fauna, flora e o meio
ambiente em geral (LOUREIRO, 2005).

Nesse contexto, a legislação brasileira, baseada na Resolução do CONAMA


nº3/90, faz referência e diferenciação dos padrões primários e secundários no território
nacional, e divide a presença de poluentes em classes, com intuito de implementar uma
política de não deterioração da qualidade do ar:

Classe I: Áreas de preservação, lazer e turismo, tais como Parques


Nacionais e Estaduais, Reservas e Estações Ecológicas, Estâncias
Hidrominerais e Hidrotermais. Nestas áreas deverá ser mantida a
qualidade do ar em nível o mais próximo possível do verificado sem a
intervenção antropogênica.
Classe II: Áreas onde o nível de deterioração da qualidade do ar seja
limitado pelo padrão secundário de qualidade.
Classe III: Áreas de desenvolvimento onde o nível de deterioração da
qualidade do ar seja limitado pelo padrão primário de qualidade.

No que se refere aos padrões para avaliação da qualidade do ar, fica estabelecido,
de acordo com a Resolução do CONAMA nº 3/90, os poluentes e valores mostrados no
quadro a seguir.

QUADRO 2 – PADRÕES NACIONAIS DE QUALIDADE DO AR

FONTE: Adaptado de <https://www.ibram.df.gov.br/images/resol_03.pdf>. Acesso em: 5 jan. 2022

Acadêmico, seguimos abordando os principais poluentes estabelecidos na


legislação e, neste momento, falaremos sobre suas principais fontes e características.

59
4 PRINCIPAIS POLUENTES

Abordaremos os principais poluentes considerados no Brasil como referências
para qualidade do ar, bem como suas características, quais suas origens principais e
seus efeitos ao meio ambiente.

4.1 MONÓXIDO DE CARBONO (CO)


O monóxido de carbono (CO) se apresenta na forma de gás, é incolor e inodoro,
sendo um poluente que afeta diretamente pessoas que fazem uso de automóveis ou
ainda andam pelas ruas e estão expostas diretamente à ação desse poluente. Este é
fruto da combustão incompleta de derivados do petróleo e carvão (CAVALCANTI, 2010;
DRUMM et al., 2014).

4.2 ÓXIDOS DE NITROGÊNIO (NOx)


Incluem o óxido nítrico (NO), o dióxido de nitrogênio (NO2) e o óxido nitroso (N2O).
É um gás com alta toxicidade aos humanos, possui odor forte, cor marrom alaranjada,
causando irritação no trato respiratório. É um dos responsáveis por reagir com a água
na atmosfera e formar o ácido nítrico (HNO3), sendo um dos compostos da chuva ácida.
Nos dias atuais, utilizamos o termo deposição ácida (pode ocorrer por via seca, adsorvida
em partículas de poeira, ou via úmida, precipitação) (SILVA; VIEIRA, 2017).

De acordo com Loureiro (2005, p.17): “os óxidos de nitrogênio são produzidos por
fenômenos naturais, como os relâmpagos, erupções vulcânicas e ações bacteriológicas
no solo”. Eles causam danos aos bens materiais e a fauna e flora, e sua origem na
atmosfera pode ser atribuída a fatores antrópicos, como a utilização de veículos, sendo
um produto da combustão. Também pode ser formado a partir de processos industriais
no qual fazem uso de gás ou óleo. (CAVALCANTI, 2010; DRUMM et al., 2014).

Esses óxidos de nitrogênio podem participar de diversas reações na atmosfera


sob presença de radiação solar, e são os responsáveis por formarem o evento smog
fotoquímico, que reduz a visibilidade e forma-se a névoa sobre o local (LOUREIRO, 2005).

4.3 OZÔNIO (O3)


O ozônio é definido com um poluente secundário, o que significa que não
é emitido diretamente, mas sim formado em regiões distintas na atmosfera. Na
troposfera é formado a partir de reações de compostos orgânicos voláteis (COV’s) e de
óxidos nitrogenados, com a presença de energia eletromagnética (solar). Causa sérios

60
problemas no trato respiratório, e é responsável por piorar quadros de asma e bronquite
(CAVALCANTI, 2010; DRUMM et al., 2014). Quanto as suas características, segundo
Drumm et al. (2014), apresenta alta reatividade, é incolor e inodoro.

4.4 DIÓXIDO DE ENXOFRE (SO2)


A maior parte de dióxido de enxofre encontrado na atmosfera tem origem vulcânica,
isso a nível global, e são formados por reações de oxidação de gases sulfurados, oriundos
de processos de degradação da flora. Esse gás pode atingir grandes altitudes nos centros
urbanos (SILVA; VIEIRA, 2017), e sua principal geração é a partir de fontes antrópicas, como
a queima de combustíveis fósseis proveniente de veículos ou indústrias.

Considerado outro precursor da chuva ácida (deposição acida, como o


supracitado), reage com vapor de água da atmosfera e forma o ácido sulfúrico (H2SO4)
(SILVA; VIEIRA, 2017).

4.5 MATERIAL PARTICULADO (MP)


Acadêmico, daremos mais ênfase nesse parâmetro, pois as análises físico-químicas
são realizadas em materiais particulados. Dessa forma, os materiais particulados podem ser
originados por eventos naturais, por exemplo, partículas geradas por erupções vulcânicas,
fuligem de incêndios florestais e poeira. Eles também podem ter sua origem a partir de
fontes antropogênicas, gerados por processos de combustão industrial e termoelétricas,
combustão de combustíveis fósseis e poeiras provenientes do intemperismo em regiões em
que a vegetação natural não existe mais (REZENDE, 2021).

Nesse contexto, de acordo com Loureiro (2005), elas são pequenas partículas
finas com tamanhos, formas e composição química variados, e encontram-se em
suspensão na forma de materiais sólidos e líquidos (aerossóis) (MAGALHÃES et al., 2010).
Elas apresentam diâmetro menor do que 100 μm, podendo ser classificadas quanto a
sua formação e ao seu tamanho.

61
FIGURA 23 – MATERIAL PARTICULADO COM DIMENSÕES VARIADAS COMPARADAS COM O FIO DE CABELO
HUMANO E O GRÃO DA PRAIA.

FONTE: <http://sistemas.meioambiente.mg.gov.br/reunioes/uploads/OdcyOwi55H-xZl8O4PeTAfGtvl2o-
cX5H.pdf>. Acesso em: 5 jan. 2022

Acadêmico, observe que foi atribuído a forma esférica para o MP (Figura 23) em
um contexto geral, contudo, por convenção, nem sempre ele possui esse formato. O
tamanho médio das partículas é determinado pelo seu diâmetro e, dessa forma, podem
ser classificadas como partículas grossas e final; entretanto, elas não são totalmente
esféricas (LOUREIRO, 2005). Segundo CETESB (2011), quanto menor o tamanho do
particulado, mais profunda ocorre a sua penetração no sistema respiratório, o que
ocasiona diversas doenças, como inflamação no pulmão, câncer, entre outros.

As partículas inaláveis ou grossas são aquelas que tem seu diâmetro entre 2,5
e 10 μm (MP10) e, devido ao seu peso, elas se sedimentam (Figura 24). São oriundas do
intemperismo do solo e acabam sendo retidas no trato respiratório. Já as partículas finas
têm diâmetro menor que 2,5 μm (MP2,5) e devido ao seu tamanho e peso permanecem
em suspensão na atmosfera e atingem grandes distâncias, sendo aquelas partículas que
sofrem ação de transporte e difusão, atingindo outras regiões e continentes. Juntamente
com essas partículas, há compostos orgânicos adsorvidos em sua superfície, devido ao
fato que possuem grande área superficial (LOUREIRO, 2005).

Em relação às fontes emissoras, temos as partículas emitidas diretamente por


processos naturais, como fuligem, fragmentos de pneus, pólen e cinzas vulcânicas.
Aquelas chamadas de partículas secundárias provêm de reações químicas que ocorre
na atmosfera entre os gases poluentes (LOUREIRO, 2005).

62
Vale destacar que as emissões produzidas por automóveis a gasolina apresentam
menor taxa de MP comparado com os automóveis a diesel. A queima incompleta de
combustível, óleo lubrificante e aditivos resultam na emissão de MP, contudo, durante
a combustão do óleo diesel, o MP formado é na forma de fuligem, e contém adsorvido
hidrocarbonetos poli aromáticos e sulfatos sobre sua superfície (LOUREIRO, 2005).

De acordo com Loureiro (2005, p. 24), no que diz respeito à fumaça negra
expelida por veículos automotores:

Associada com a porção de fuligem da emissão de MP dos veículos a


diesel, é causada pela deficiência de oxigênio durante a combustão
ou na fase de expansão. Fumaça azul, cinza e branca podem ser
causadas pela condensação de hidrocarbonetos (HC) na exaustão
dos veículos a diesel. As de cor cinza ou as azuis resultam da
vaporização do óleo lubrificante e as brancas ocorrem durante a
partida do motor em tempo frio.

Acadêmico, até agora compreendemos os conceitos relacionados


à poluição atmosférica, sua legislação e os parâmetros analisados pela legislação
brasileira. A partir de agora, conheceremos como é realizado o processo de amostragem,
os processos mais comuns, para realizar a coleta de poluentes atmosféricos.

5 AMOSTRAGEM DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS



Acadêmico, vamos compreender como é realizado o processo de amostragem
poluentes gasosos e vamos conhecer alguns equipamentos para coletar amostras dos
poluentes, aqueles considerados indicadores de qualidade no Brasil.

Conforme Trentin (2003), a etapa de amostragem é considerada um ponto


crítico na análise de compostos traços na atmosfera, pois sabemos que a atmosfera
é uma mistura gasosa homogênea e multifásica, ou seja, é constituída por partículas
sólidas e líquidas em suspensão, caracterizando-se como um aerossol (uma mistura
de gases e líquidos em suspensão). Percebe-se que uma amostra gasosa apresenta
uma alta complexidade de amostragem, pois deve-se manter a integridade da fração de
amostragem de modo que se evite reações químicas indesejadas que possam acabar
por mudar as substâncias e compostos de uma fase para outra. Conforme Palhares
(1992 apud Trentin, 2003, p. 47):

A seleção da técnica de amostragem atmosférica a ser escolhida,


depende, dentre outros fatores, do conhecimento profundo das
formas químicas e físicas com que o poluente se apresenta na
atmosfera, sua reatividade, suas interações com outros compostos,
bem como seus níveis de concentração.

Podemos comentar aqui três modos de realizar a amostragem de poluentes que


se encontram na atmosfera, de maneira simplificada.

63
Ainda de acordo com Trentin (2003), o primeiro método e ainda o mais utilizado
é chamado de amostragem ativa, que consiste na passagem forçada do ar através
de um meio (líquido ou sólido) no qual o poluente a ser analisado fica retido de forma
química ou fisicamente (Figura 24).

FIGURA 24 – AMOSTRADOR DE GRANDE VOLUME (AGV) PARA A DETERMINAÇÃO DA


CONCENTRAÇÃO DE PARTÍCULAS RESPIRÁVEIS (DE ATÉ 2,5 µM) NO AR AMBIENTE

FONTE: <https://www.energetica.ind.br/wp-content/uploads/2016/01/env1_mp25-01.jpg>. Acesso em: 5


jan. 2022

Esse tipo de amostragem possui um alto custo, devido ao equipamento utilizado,


além de envolver profissionais capacitados e requerer um alto custo em energia elétrica.
Dessa forma, esse método requer um meio para que os poluentes sejam absorvidos ou
adsorvidos, além de uma bomba de aspiração do ar e de um dispositivo que medirá o
volume de ar no qual se encontrava o poluente.

O segundo método para realizar a amostragem do ar atmosférico é a amostragem


passiva, de acordo com Cruz e Campos (2002, p. 46):

[...] também conhecidos como monitores ou dosímetros passivos,


são dispositivos capazes de fixar compostos gasosos ou vapores
da atmosfera, a uma taxa controlada por processos físicos, tais
como difusão e permeação, não envolvendo o movimento ativo do
ar através do amostrador, ou seja, não necessitando de bomba de
sucção para forçar o ar a ser amostrado.

Ainda de acordo com Cruz e Campos (2002), esses amostradores são


relativamente mais simples, o que faz com que seu custo seja menor em relação aos
outros amostradores, pois não necessitam de energia externa (bateria ou bombeamento
doar), tem baixa manutenção, são fáceis de operação, além de serem bem-vistos pelos

64
usuários. São utilizados principalmente em indústrias, para amostragem dos poluentes
no ar ambiente, sendo afixados nos uniformes dos funcionários; assim é possível medir
através do amostrador a dosagem de poluição que circula na indústria, conforme
determinar a taxa de exposição pessoal que cada funcionário está exposto.

FIGURA 25 – AMOSTRADORES PASSIVOS

FONTE: <https://www.analyticsbrasil.com.br/wp-content/uploads/2018/03/amostragem-passiva.jpg>.
Acesso em: 5 jan. 2022

Esse amostrador apresenta, entretanto, algumas desvantagens e, segundo


Trentin (2003), requer um tempo de exposição maior para realizar a coleta, além de não
fornecerem resultados instantâneos. Sua utilização é requerida para coletar amostras
de poluentes atmosféricos em ambientes em que estas concentrações atmosféricas
são maiores.

Outro método utilizado para coletar poluentes atmosféricos envolve técnicas


de amostragem com utilização de recipientes evacuados, no qual o ar é acondicionado
integralmente no local de amostragem e, em seguida, é analisado em laboratório.
Podemos citar os mais utilizados, que recebem o nome de “cannisters”, e consistem em
botijões de aço inox contendo em seu interior “bags”, ou seja, sacos (feitos de teflon ou
polipropileno) (TRENTIN, 2003).

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FIGURA 26 – BOTIJÕES DE AÇO INOX, “CANNISTERS”, E “BAGS” SACOS DE AMOSTRAGEM,
RESPECTIVAMENTE

FONTE: Adaptado de <https://www.ufjf.br/baccan/files/2012/11/Aula-7-Qu%c3%admica-atmosfera-Par-


te-3_2S2016.pdf>. Acesso em: 5 jan. 2022

Esses amostradores possuem a vantagem de serem de fácil operação, entretanto,


possuem um alto custo, e uma provável perda da integridade da amostra, o que pode ser atribuída
à adsorção dos poluentes no caso do uso dos sacos, “bags” e de amostragem; além da dificuldade
de promover uma limpeza eficiente antes de serem reutilizados (TRENTIN, 2003).

66
LEITURA
COMPLEMENTAR
O estado da qualidade do ar no Brasil

A poluição do ar é um grande desafio para cidades e estados em todo o Brasil,


sendo responsável por mais de 51 mil mortes anuais, de acordo com relatório publicado
pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS, 2018b).

Historicamente, o controle da poluição do ar é tratado como um


tema limitado à área ambiental, mas avanços no conhecimento científico
evidenciam que o desafio vai além e é transversal em áreas estratégicas para
o desenvolvimento sustentável do país. Novos estudos e políticas que tratam do
assunto de forma mais ampla, abrangendo setores como economia, saúde e clima,
são fundamentais para melhores entendimento e gestão da poluição do ar em todo o
território brasileiro, tanto em áreas urbanas quanto rurais.

Os impactos da poluição do ar na saúde humana estão conectados com


a incidência de mortes prematuras, doenças pulmonares, cardiovasculares,
acidentes vasculares cerebrais, disposição ao câncer e ao diabetes, além de
prejuízo do desenvolvimento cognitivo em crianças e demência em idosos.
Esses impactos são bem estabelecidos dentro do conhecimento científico e afetam
mais profundamente grupos vulneráveis, como crianças e idosos. O setor de saúde é
notoriamente ausente de governança da qualidade do ar em nível nacional.

A poluição do ar afeta negativamente a economia brasileira devido à


queda de produtividade de trabalhadores, a mortes prematuras, às limitações
para a aquisição de habilidades cognitivas relevantes para educação e a perdas
na produtividade agrícola. Estima-se que os custos associados a mortes prematuras
equivaleram, em 2015, a 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro (Roy e Braathen,
2017). Além disso, o ozônio troposférico é responsável por perdas consideráveis na
produção agrícola, em especial em regiões periurbanas e naquelas afetadas por
queimadas associadas a mudança de uso do solo.

Poluentes como o ozônio e o carbono negro contribuem tanto para a


poluição do ar quanto para mudanças climáticas. Essa sobreposição de efeitos
adversos aponta que ganhos no controle desses poluentes, conhecidos como poluentes
climáticos de vida curta (PCVC), geram benefícios em termos de qualidade do ar, bem
como para a mitigação das mudanças climáticas.

67
No setor de transporte, os modos rodoviários são os principais responsáveis
pela poluição local, considerando o transporte de carga e de passageiros, por
caminhões e automóveis. Para reduzir as emissões desse setor, são necessários avanços
tecnológicos em veículos e combustíveis, assim como estratégias e políticas robustas de
planejamento territorial e de logística, minorando a dependência sobre esses modos.

Os setores industrial e de transportes são importantes emissores de


poluentes no país devido à queima de combustíveis fósseis. O desenvolvimento
industrial, acompanhado do crescimento urbano, causou um aumento das emissões
associadas à queima de combustíveis fósseis e biocombustíveis, que, por sua vez,
aumentaram a poluição atmosférica em todas as escalas, local, regional e global, afetando
a saúde da população.

As queimadas de vegetação e florestas são uma realidade em todas as


regiões brasileiras. As queimadas prejudicam a saúde de populações, emitem
gases de efeito estufa (GEE) e comprometem o desenvolvimento econômico. Os
biomas Amazônia, Pantanal e Cerrado são muito afetados pela mudança do uso do solo e
pelas queimadas, mas essa realidade não está restrita a esses biomas. O desmatamento
da Amazônia é a principal fonte de emissão de GEE no Brasil.

Observa-se um aumento recente no uso de lenha para cocção em


residências. Seu emprego como combustível merece destaque, pois em 2018, 14
milhões de famílias usavam lenha ou carvão vegetal, um aumento de 3 milhões de
residências em relação a 2016, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2019).

O Brasil possui uma série de leis e normas que estabelecem a gestão da


qualidade do ar e o controle da poluição, mas grande parte da base normativa
que dá sustentação ao Programa Nacional de Controle de Qualidade do Ar
(Pronar) é infralegal, pois consta apenas em resoluções do Conselho Nacional
do Meio Ambiente (Conama). Isso representa uma relevante fragilidade para a criação
de uma política nacional de controle de poluição do ar que seja robusta, integrada e
transparente e, também, para a segurança jurídica a quem a lei é dirigida (emissores).

Para ler o artigo na íntegra, acesse:


https://wribrasil.org.br/sites/default/files/wri-o-estado-da-_qualidade-do-ar-no-brasil.pdf

68
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Durante a revolução industrial ocorrida no século XVIII intensificou-se a queima de


combustíveis fósseis como o carvão e petróleo.

• A população sentiu efeitos das fumaças em suas residências e efeitos no ar no local


em que viviam, devido à instalação de fábricas e indústrias.

• Fenômenos ligados à poluição atmosférica ocorreram ao redor do mundo em


diferentes épocas, mas todos contribuíram para despertar a preocupação com o
meio ambiente e com a saúde humana.

• A atmosfera é um sistema dinâmico e tem como função criar um manto de proteção


e, assim, protege a vida na terra.

• Poluente atmosférico é definido como qualquer forma de matéria/energia em


concentração superior ou em desacordo com os níveis estabelecidos pela legislação.

• A poluição do ar é atribuída a qualquer presença de substâncias ou materiais


considerados estranhos presentes na atmosfera.

• Os padrões de qualidade do ar estão definidos pela Resolução CONAMA n° 491, de 19


de novembro de 2018.

• Temos dois tipos de poluentes, os primários, lançados diretamente pelas fontes


emissores; enquanto os poluentes secundários são originados de reações químicas
ou fotoquímicas dos poluentes primários.

• A emissão de poluentes pode ser a partir de fontes móveis ou fixas.

• Os poluentes atmosféricos passam por processos de transporte e difusão na atmosfera.

• Os principais poluentes atmosféricos no Brasil são: monóxido de carbono, dióxido de


carbono, dióxido de enxofre, óxidos de nitrogênio, ozônio e material particulado.

• Material particulado (MP) definido como partículas finas que possuem forma, tamanho
e composição química diferentes e estão em suspensão na atmosfera encontram-se
na forma de líquidos ou sólidos (aerossóis).

• A amostragem de gases pode ser realizada por amostragem ativa, amostragem


passiva e utilização de recipientes evacuados.

69
AUTOATIVIDADE
1 A poluição atmosférica pode ser causada por fontes fixas, como indústrias, usinas
termoelétricas, vulcões e fontes móveis. Os veículos automotores se destacam nas
cidades como fontes poluidoras móveis. Sobre a poluição atmosférica, assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) Os compostos químicos, como monóxido de carbono, dióxido de carbono, óxidos


de enxofre, hidrocarbonetos aromáticos e material particulado são os principais
poluentes do ar.
b) ( ) A presença de altas concentrações de poluentes na atmosfera por longo período de
tempo, resultante da ocorrência de condições meteorológicas desfavoráveis a sua
dispersão, pode causar danos aos seres humanos, podendo levar até a morte.
c) ( ) O ozônio apresenta cheiro característico, e um dos indicativos de sua presença é
a coloração avermelhada do gás.
d) ( ) Os materiais particulados têm sua origem principal a partir de processos
antropogênicos.

2 Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os principais poluentes atmosféricos


utilizados como indicadores da qualidade do ar são os gases monóxido de carbono
(CO), dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2) e ozônio (O3) e o material
particulado MP2,5 e MP10. Tais poluentes foram selecionados como parâmetros de
qualidade do ar por serem mais abundantes e por provocarem efeitos adversos.
Sobre o exposto, analise as sentenças a seguir:

I- O material particulado identificado como MP2,5 permanece em suspensão por longos


períodos na atmosfera, pois é muito leve.
II- Quanto menor o tamanho do MP mais profundo ele penetra no sistema respiratório.
III- O dióxido de enxofre (SO) tem sua principal origem as fontes antrópicas sendo
considerado poluentes secundários.
IV- O ozônio (O3) é o responsável pela formação do smog, névoa que recobre cidade e
já causou a morte de diversas pessoas em algumas regiões do mundo.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I, e III estão corretas.
b) ( ) As sentenças II e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças, I e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças I e II estão corretas.

70
3 Os poluentes presentes na atmosfera podem ser classificados quanto as suas
fontes emissoras, em duas categorias: as fontes fixas e móveis. Com relação a essa
classificação, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Como fonte de emissão fixas temos as caldeiras, termoelétricas e os sistemas


de exaustão.
( ) O ozônio é um poluente secundário e é gerado a partir de reações químicas dos
poluentes primários.
( ) Dentre as fontes fixas de emissão de poluentes podemos destacar os geradores
como automóveis, carros, caminhões etc.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V - F - F.
b) ( ) F - V - F.
c) ( ) F - V - V.
d) ( ) V - F - V.

4 Com base no processo de amostragem de poluentes atmosféricos, disserte sobre os


principais amostradores utilizados.

5 Sabemos que os poluentes se difundem naturalmente na atmosfera, entretanto, essa


difusão depende do que chamamos de turbulência do ar. Sobre o exposto, disserte
sobre os tipos de turbulência atmosférica.

71
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amostragem de efluentes líquidos e corpos receptores. Rio de Janeiro, ABNT, 1987.
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poluentes por veículos automotores, e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial
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13 de fevereiro de 1995; e revoga a Lei nº 6.528, de 11 de maio de 1978. Brasília, DF:
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saneamento básico e altera a Lei n° 9.984, de 17 de julho de 2000, para atribuir à
Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) competência para editar
normas de referência sobre o serviço de saneamento, a Lei n° 10.768, de 19 de
novembro de 2003, para alterar o nome e as atribuições do cargo de Especialista em
Recursos Hídricos, a Lei n° 11.107, de 6 de abril de 2005, para vedar a prestação por

72
contrato de programa dos serviços públicos de que trata o art. 175 da Constituição
Federal, a Lei n° 11.445, de 5 de janeiro de 2007, para aprimorar as condições
estruturais do saneamento básico no País, a Lei n° 12.305, de 2 de agosto de 2010,
para tratar dos prazos para a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos,
a Lei n° 13.089, de 12 de janeiro de 2015 (Estatuto da Metrópole), para estender seu
âmbito de aplicação às microrregiões, e a Lei n° 13.529, de 4 de dezembro de 2017,
para autorizar a União a participar de fundo com a finalidade exclusiva de financiar
serviços técnicos especializados. Brasília, DF: Diário Oficial [da] República Federativa
do Brasil, 15 de julho de 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
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Acesso em: 5 jan. 2022.

77
78
UNIDADE 2 —

ANÁLISES FÍSICO-
QUÍMICAS DE ÁGUAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender o contexto histórico da legislação dos recursos hídricos;

• interpretar a legislação acerca da classificação das águas;

• conhecer o enquadramento das classes de água de acordo com a legislação;

• identificar as impurezas presentes na água a partir das características físicas,


químicas e biológicas;

• relacionar as características físicas, químicas e biológicas com os parâmetros de


qualidade da água;

• compreender as legislações que estabelecem os padrões de qualidade para águas de


consumo, efluentes e águas subterrâneas;

• identificar as análises físico-químicas realizadas para controlar a qualidade das águas


para diferentes usos.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – LEGISLAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS


TÓPICO 2 – ÁGUAS DE CONSUMO
TÓPICO 3 – EFLUENTES E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

79
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!

Acesse o
QR Code abaixo:

80
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
LEGISLAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO
DAS ÁGUAS

1 INTRODUÇÃO
A água é necessária para sustentar a vida e é o componente inorgânico
mais abundante nos organismos vivos. Desde os tempos antigos, seu papel no
desenvolvimento da civilização foi reconhecido. No início, o consumo humano de
água limitava-se, na verdade, a propósitos básicos de manutenção da vida: beber e
preparar comida. Nos dias de hoje, a água continua sendo extremamente importante
para o desenvolvimento humano porque é usada como meio de transporte, irrigação e
abastecimento para famílias e indústrias.

O desenvolvimento de hábitos higiênicos e industriais têm levado a um aumento


no consumo humano de água, portanto, é de grande valia que ela esteja com qualidade
para ser utilizada pelo homem em todas as suas necessidades.

Dessa forma, a legislação brasileira evoluiu ao longo do tempo, se adaptando


em função da necessidade da época dispondo normas, estabelecendo regras e padrões
com intuito de preservar um bem que hoje sabemos que possui valor econômico e é
essencial à manutenção de vida no planeta: a água.

Acadêmico, dessa forma, abordaremos nesta unidade como a legislação evoluiu


ao longo da história, destacando suas principais determinações envolvendo os recursos
hídricos. Iremos conhecer a classificação das águas conforme seu uso de acordo
com as leis brasileiras, assim como compreenderemos que a água contém impurezas
determinadas por características físicas, químicas e biológicas. Por fim, serão estudados
os indicadores de qualidade da água que estão relacionados com suas características.

2 BREVE REVISÃO DA LEGISLAÇÃO DOS RECURSOS


HÍDRICOS
Acadêmico, para abordarmos a Classificação das Águas, precisamos falar da
história da legislação dos recursos hídricos. Para tanto, é necessário lembrarmos que a
água é indispensável à vida e está diretamente ligada ao desenvolvimento econômico.

81
Com o passar dos anos, o homem vem utilizando esse recurso de forma
desenfreada, lançando efluentes domésticos e industriais nos corpos de água e assim a
poluindo. É de grande importância lembrar que além do uso que fazemos, para atender
nossas necessidades pessoais relacionadas à higiene e consumo, a água é utilizada
para geração de energia elétrica e para o nosso lazer. Dessa forma, é necessário cuidar
deste bem comum, preservando-o (GONÇALVES et al. 2017).

Acadêmico, vamos iniciar nossos estudos introduzindo a legislação a respeito


dos recursos hídricos no Brasil. Você sabia que a legislação acerca do tema teve início com
a promulgação do Decreto nº 24.643/1934? Você já deve ter ouvido falar no conhecido
Código das Águas ou Lei das Águas. Esse decreto teve o intuito de regulamentar às
necessidades da época, tratando da propriedade e estabelecendo as águas comuns
ou particulares (GONÇALVES et al., 2017). Este decreto foi necessário para elaborar leis
e regras de utilização dos recursos hídricos, pois o Brasil passou a utilizar cada vez
mais a água, seja para seu desenvolvimento nas indústrias, pela utilização da energia
elétrica, ou ainda para ser utilizada com intuito de suprir as necessidades da população.
De acordo com Gonçalves et al. (2017, p. 808):

O decreto definiu as competências em relação águas públicas de


uso comum, dividindo-as entre União, Estados e Municípios, a fim
de facilitar a fiscalização e controle da sua utilização, bem como
impor limites garantindo a autonomia de cada ente da federação
dando, por exemplo, aos estados a competência para autorizar ou
conceder o aproveitamento industrial das quedas d’água e outras
fontes de energia hidráulica.

Já na década de 1980, a necessidade para controlar o uso da água trouxe novos


insights e gerou intensas discussões entre especialistas da área. Realizou-se um debate
internacional e, como resultado, chegou-se a um consenso sobre o estabelecimento de
um sistema abrangente e descentralizado, criando um modelo de gestão descentralizada
no nível da bacia hidrológica e agregando a água valor econômico. Em 1981, foi publicada
a Lei nº 6.938, que contribuiu para a construção das políticas ambientais, implantando o
sistema nacional de gestão ambiental além de dar suporte técnico por meio da criação
de sistemas e entidades, tornando mais efetivas as ações nacionais.

Visando atender diversos princípios relacionados às questões ambientais,


principalmente o uso racional dos recursos naturais como solo, subsolo, água e ar foi
estabelecido o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) de acordo com a Lei
nº 6.938 de 31, de agosto de 1981, que estipula que o SISNAMA é definido como “um
conjunto articulado de órgãos, entidades, regras e práticas responsáveis pela proteção
e pela melhoria da qualidade ambiental” (GONÇALVES et al., 2017, p. 808).

82
Em 1986, é promulgada a Resolução nº 20/1986 pelo Conselho Nacional
do Meio Ambiente, a qual classifica as águas em: água doce, água salobra e água
salgada, com intuito de priorizar o uso responsável dos diferentes tipos de água,
assim como os parâmetros técnicos para garantir o uso correto de forma que possam
ser utilizados de acordo com suas finalidades e assim reduzir os custos de controle
da poluição (GONÇALVES et al. 2017).

A Constituição da República (BRASIL, 1988) em seu Art. 21 determina que


compete à União implementar o sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos
com intuito de definir os direitos ao uso da água e os direitos a outorga, dividindo assim
“o domínio das águas entre a União e os Estados” (GRANGEIRO; PINHEIRO; MIRANDA,
2020, p. 421). Nesse contexto, surge a Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997 (BRASIL,
1997), que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), estabelecendo que
a água é um bem de domínio público, sendo um recurso natural finito e atribuindo a ela
valor econômico, além de determinar que seu uso é prioritário para consumo humano
e animal, em caso de escassez. O objetivo da política nacional de recursos hídricos é
garantir que as gerações atuais e futuras obtenham os recursos hídricos necessários
com padrões de qualidade adequados aos seus respectivos usos, utilização racional
e abrangente dos recursos hídricos, incluindo o transporte hídrico, para alcançar o
desenvolvimento sustentável (BRASIL, 1997; GONÇALVES et al. 2017).

A supracitada lei, em seu Art. 32 cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de


Recursos Hídricos (Singreh), com intuito de coordenar e resolver conflitos relacionados
aos recursos hídricos além de ficar responsável por estabelecer a Política Nacional
de Recursos Hídricos. No Art. 33 da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, constam as
agências e comitês que integram o Singreh:

I – o Conselho Nacional de Recursos Hídricos; (Redação dada pela


Lei 9.984, de 2000)
I- A. – a Agência Nacional de Águas; (Incluído pela Lei 9.984, de
2000)
II – os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito
Federal; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)
III – os Comitês de Bacia Hidrográfica; (Redação dada pela Lei 9.984,
de 2000)
IV – os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais do Distrito
Federal e municipais cujas competências se relacionem com a
gestão de recursos hídricos; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)
V – as Agências de Água (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)
(BRASIL, 1997).

Já no ano 2000 é criada a Lei nº 9.984, que cria a Agência Nacional de Águas
(ANA) e deve implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos:

Esta Lei cria a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA),


entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos
Hídricos, integrante do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos (Singreh) e responsável pela instituição de normas de referência
para a regulação dos serviços públicos de saneamento básico, e
estabelece regras para sua atuação, sua estrutura administrativa e suas
fontes de recursos (BRASIL, 2000, s. p.).

83
Para além de classificar as águas dos rios e barragens e definir outros direitos
de consumo, a ANA também tem como missão implementar e coordenar a partilha e
gestão integrada dos recursos hídricos, regulamentar a aquisição de recursos hídricos
e promover o seu desenvolvimento sustentável com benefício das gerações presentes
e futuras. Ainda, a ANA é encarregada de estabelecer normas de referência para
implementação do Sistema Nacional de Recursos Hídricos, a lei implantou em conjunto
com os Estados, Comitês próprios para as Bacias hidrográficas (GONÇALVES et al. 2017).
A Figura 1 ilustra a linha do tempo das legislações referentes às gestões dos recursos
hídricos no Brasil.

FIGURA 1 – LINHA DO TEMPO DAS LEGISLAÇÕES DAS GESTÕES DE RECURSOS HÍDRICOS E URBANA
NO BRASIL

FONTE: Grangeiro, Pinheiro e Miranda (2020, p. 421)

Podemos observar na imagem que após o ano 2000 foram criadas outras
legislações que envolvem os recursos hídricos. Podemos citar a publicação da resolução
nº 58, de 30 de janeiro de 2006 (Publicada em 8 de março de 2006), a qual aprova o Plano
Nacional de Recursos Hídricos. Desde sua aprovação são lançadas publicações com
informes anuais sobre o Panorama dos recursos hídricos no Brasil, além do panorama
de águas para o futuro.

Acadêmico, iremos abordar em seguida as resoluções que classificam os corpos


de água e os padrões de lançamento dos efluentes.

84
DICA
Acadêmico, você pode acessar os arquivos publicados pelo Plano Nacional
de Recursos Hídricos e manter-se informado no que diz respeito às
projeções do uso da água e sua disponibilidade para o futuro. Disponível
em: https://bit.ly/3xcaunk.

2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS


Acadêmico, vamos abordar agora a legislação vigente que classifica as águas de
acordo com o seu uso. Para tanto, vamos relembrar que, de acordo com a Lei nº 9.433/97, o
primeiro objetivo da Política Nacional de Recursos Hídricos, em seu Art. 2º, visa “assegurar à
atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade
adequados aos respectivos usos” (BRASIL, 1997). Isso quer dizer que o enquadramento,
referente aos padrões de qualidade, serão utilizados como formas de planejamento visando
criar maneiras para que se possa atingir os objetivos desejados.

O Sistema Nacional de Recursos Hídricos, criado pela Lei nº 9.433/97, definiu


em seu Art. 5º “o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos
preponderantes da água” (BRASIL, 1997), e de acordo com o Art. 9º da referida lei, o
objetivo da estrutura é garantir a qualidade da água de acordo com o uso a que se
destinam e reduzir o custo de prevenção e controle da poluição da água por meio de
medidas preventivas. Esta lei também estipula que o tipo de corpo d'água será definido
pela legislação ambiental. Qualquer concessão de direitos de água deve respeitar a
categoria a que pertence o corpo d'água (Art. 13).

De acordo com a ANA (2020a), o enquadramento é uma ferramenta de


planejamento, pois além de classificar o estado de qualidade de alguns corpos d'água,
também determina a meta de qualidade da água que deverá ser alcançada ou mantida,
ou seja, a qualidade da água que o corpo hídrico deve ou deveria apresentar. Assim,
devemos alcançar os padrões de qualidade com intuito de atender às necessidades
acordadas pela sociedade, conforme a finalidade de uso.

A agência nacional de águas (ANA) é responsável pela implementação das


políticas nacionais dentro da sua competência, além de organizar e implementar e
gerenciar o SINGREH (Decreto nº 7.402/2010).

À ANA também cabe disciplinar, em caráter normativo, a implementa­


ção, a operacionalização, o controle e a avaliação dos instrumentos
da Política Nacio­nal de Recursos Hídricos, dentre eles o instrumento
de enquadramento dos corpos d’água em classes, segundo os usos
preponderantes da água (Lei nº 9.984/2000) (ANA, 2020a, p. 9).

85
Qualquer reservatório, lago, estuaria, águas costeiras ou subterrâneas podem ser
enquadradas. Dessa forma, sabemos que a gestão dos recursos hídricos deve garantir que
a água possa ser utilizada para diversas finalidades, como recreação, irrigação, navegação,
dessedentação animal, entre outras. Portanto, de acordo com a finalidade e uso haverá
padrões pré-estabelecidos que irão garantir a qualidade da água (ANA, 2020a).

Com isso, é necessário destacar a primeira normativa publicada que trata da


classificação das águas no Brasil, a qual foi publicada pela portaria nº 13, de 15 de janeiro
de 1976, do Ministério do Interior, e dessa forma, surgiu a divisão de águas doces que foi
realizada de acordo com seu uso preponderante a que se destinam (ANA, 2020a).

Em seguida, a Portaria nº 536/76 estabeleceu os padrões de qualidade de


águas superficiais em nosso país. Após um estudo aprofundado, o qual foi solicitado
pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), em 1984, através da Resolução
03, ficou determinado que a secretaria executiva promovesse uma revisão da primeira
normativa. Passados dois anos foi publicada a Resolução do CONAMA nº 20/86, que
estabeleceu a classificação das águas no território nacional, permanecendo em vigor por
quase 20 anos. Enfim, conforme aborda ANA (2020a), a Resolução do CONAMA nº 20/86
foi substituída pela Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005, e estabelece
o enquadramento dos corpos de água superficiais, de acordo com o seu uso. Segundo
essa resolução, temos águas doces, salinas e salobras. Dessa forma, cada tipo de água
será enquadrado em uma classe específica de acordo com sua finalidade de uso.

Vamos compreender melhor cada tipo de classe? Acadêmico, pense no seguinte


questionamento, a água que você toma em sua casa, considerando a água da torneira, é
a mesma água que é utilizada na piscina do seu clube? Você deve estar se perguntando:
mas não é tudo água? A água não é a mesma? Sim, a água possui a mesma composição
química, H2O, mas os padrões de qualidade mudam da água utilizada para consumo
humano para a água utilizada para recreação. Portanto, vamos inicialmente conhecer as
o enquadramento para as águas doces, conforme consta no Quadro 1.

QUADRO 1 – ÁGUAS DOCES - ENQUADRAMENTO EM CLASSES

Classes Águas que podem ser destinadas


I - Classe a) ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção; b) à
especial preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e, c) à
preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação
de proteção integral.
II - Classe 1 a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento
simplificado; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à recreação
de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho,
conforme Resolução CONAMA n° 274, de 2000; d) à irrigação de
hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam
rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película;
e e) à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.

86
III - Classe 2 a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento
convencional; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à
recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático
e mergulho, conforme Resolução CONAMA n° 274, de 2000; d)
à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins,
campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter
contato direto; e e) à aquicultura e à atividade de pesca.
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento
IV - Classe 3 convencional ou avançado; b) à irrigação de culturas arbóreas,
cerealíferas e forrageiras; c) à pesca amadora; d) à recreação de
contato secundário; e e) à dessedentação de animais.
V - Classe 4: a) à navegação; e b) à harmonia paisagística.
FONTE: Adaptado de CONAMA (2005)

Acadêmico, vamos abordar a classificação de águas doces, o que vai de encontro


a proposta deste livro de estudos. Assim, ilustramos as diferentes classes que foram
apresentadas no Quadro 1, agora na Figura 2. Dessa forma, visualizamos as diferentes
classes para que possamos compreender melhor os parâmetros que são exigidos para
cada uma delas.

FIGURA 2 – CLASSES DE ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUAS DOCES

87
FONTE: ANA (2020a, p. 12)

De acordo com as imagens supracitadas, o enquadramento dos corpos d’água se


dá em forma de classes. A classe especial faz parte de uma categoria que exige uma melhor
qualidade de água e tem o máximo de restrições de atividades humanas que possam
interferir em sua qualidade, portanto, é proibido o despejo de efluentes mesmo tratados.

Como temos as classes 1, 2, 3 e 4, a legislação afirma que quanto maior o número


da classe, menos exigências são requeridas para atender aos critérios da qualidade da
água, reduzindo as restrições que podem afetar a qualidade. Vamos observar a Figura 3,
que ilustra a qualidade da água frente suas classes.

FIGURA 3 – ENQUADRAMENTO DAS CLASSES DA ÁGUA E SEUS REQUISITOS DE

FONTE: ANA (2020a, p. 11)

Na Classe 4, por exemplo, por mais que seja a classe com padrões mais inferiores,
há condições e padrões estabelecidos de acordo com seu enquadramento.

INTERESSANTE
Acadêmico, você já ouviu falar em crise hídrica? Recomendamos a leitura da
seguinte reportagem: https://bit.ly/38oDzkS.

88
3 IMPUREZAS ENCONTRADAS NA ÁGUA
Na água podemos encontrar vários componentes que podem alterar sua
pureza, assim como as características químicas, físicas e biológicas. De acordo com
Von Sperling (1996), essas características (Figura 4) refletem na forma dos parâmetros
de qualidade da água. As principais características são representadas pelas:

• Características físicas: consistem na sua maior parte de sólidos presentes na água e


eles são classificados conforme o tamanho das partículas.
• Características químicas: são representadas pela matéria orgânica ou inorgânica.
• Características biológicas: correspondem aos seres vivos ou mortos que se encontram
nas águas, assim temos a classificação do reino animal e vegetal, além dos protistas.

FIGURA 4 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS ÁGUAS

FONTE: Adaptada de Von Sperling (1996, p. 18)

Portanto, vamos abordar em maiores detalhes as características físicas da água,


mais especificamente os sólidos e as características químicas da água. Já as características
biológicas não serão abordadas, pois fogem do escopo desse caderno de estudos.

3.1 SÓLIDOS PRESENTES NA ÁGUA


De acordo com Von Sperling (1996), a presença de sólidos na água se deve à
contribuição a todas as impurezas presentes. Assim, os sólidos são classificados de
acordo com o tamanho das suas partículas. Dizem que as menores partículas podem
atravessar um papel filtro (tamanho específico), são os chamados sólidos dissolvidos.

89
Já aquelas que tem diâmetro maior são retidas pelo filtro e são chamadas de
sólidos em suspensão. Seria mais adequado utilizar as expressões sólidos filtráveis e não
filtráveis. No tratamento da água, temos as partículas que se encontram com diâmetro
intermediário, chamadas de sólidos coloidais. Essas partículas são difíceis de separar
por métodos de filtração e muitas vezes acabam sendo caracterizadas como sólidos
dissolvidos e as demais como sólidos em suspensão.

FIGURA 5 – DISTRIBUIÇÃO DOS SÓLIDOS

FONTE: Von Sperling (1996, p. 19)

A Figura 5 ilustra a distribuição dos sólidos de acordo com o diâmetro das


partículas. Assim, temos as menores partículas com diâmetro menor que 10-3 µm, que
são chamadas de sólidos dissolvidos. As partículas que se situam entre 10-3 e 100 µm
de diâmetro são chamadas de sólidos coloidais e as partículas que possuem diâmetro
acima de 100 µm são classificadas como sólidos suspensos (VON SPERLING, 1996).

3.2 CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DA ÁGUA


As características químicas da água englobam as substâncias inorgânicas e
orgânicas que são obtidas após submissão dos sólidos a uma elevada temperatura, em
torno de 550°C. Nessa temperatura, a parte orgânica é volatilizada, restando apenas a
parte inorgânica. Dessa forma, recebe o nome de sólidos voláteis a fração orgânica da
amostra e sólidos não voláteis a parte inorgânica (VON SPERLING, 1996).

90
4 PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA
Acadêmico, quando falamos da qualidade da água estamos nos referindo a
propriedades químicas, físicas e biológicas que representam seus principais parâmetros.
Todos os parâmetros que serão abordados detalhadamente no Tópico 2 servem de
base para realizar caracterização de águas de abastecimentos, mananciais, corpos
receptores e águas industriais através das análises físico-químicas. Aqui, citaremos
esses parâmetros (VON SPERLING, 1996):

• Parâmetros físicos: dentre os parâmetros físicos que são analisados para estimar a
qualidade da água, temos: cor, turbidez, sabor e odor.
• Parâmetros químicos: temperatura, pH, alcalinidade, acidez, dureza, ferro e manganês,
cloretos, nitrogênio, fósforo, oxigênio dissolvido, matéria orgânica, micropoluentes
inorgânicos, micropoluentes orgânicos.
• Parâmetros biológicos: envolvem os microrganismos que apresentam diversas
funções e estão relacionados com os ciclos biogeoquímicos, assim como os
microrganismos presentes na água por ação antrópica e que causam doenças de
veiculação hídrica.

Acadêmico, agora você já está apto para avançar no conhecimento e


compreender melhor as análises físico-químicas que são realizadas em águas.

91
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A água é indispensável à vida e está ligada diretamente com o desenvolvimento


econômico de um País, atendendo as nossas necessidades pessoais relacionadas à
higiene, consumo, lazer e até mesmo para geração de energia elétrica.

• A legislação dos recursos hídricos teve início com a promulgação do Decreto nº


24.643/1934, conhecido como Código das Águas ou Lei das Águas, com intuito de
regulamentar as necessidades da época, tratando da propriedade e estabelecendo
as águas comuns ou particulares.

• Em 1981 foi estabelecido o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), de acordo


com a Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981, como uma entidade responsável pela
proteção e melhoria da qualidade ambiental.

• Em 1986 foi promulgada a Resolução nº 20/86 pelo Conselho Nacional do Meio


Ambiente, a qual classifica as águas em: água doce, água salobra e água salgada.

• Em 1997, surge a Lei nº 9.433, instituindo a Política Nacional de Recursos Hídricos


(PNRH) e estabelecendo que a água é um bem de domínio público, sendo um recurso
natural finito e atribuindo a ela valor econômico, além de determinar que seu uso é
prioritário para consumo humano e animal, em caso de escassez. A referida lei ainda
traz o enquadramento das classes de água.

• Há impurezas presentes na água que podem alterar suas propriedades e características


químicas, físicas e biológicas.

• As características são divididas em físicas, que envolvem sólidos (suspensos,


coloidais e dissolvidos) e gases, e as características químicas são divididas em fração
orgânica e fração orgânica. Por último, as características biológicas são divididas em
seres vivos, animais e vegetais e reino protista.

• Os sólidos na água são divididos em sólidos suspensos, coloidais e dissolvidos,


diferindo apenas no diâmetro das partículas.

• Os parâmetros químicos, físicos e biológicos são utilizados para avaliar a qualidade


da água.

92
AUTOATIVIDADE
1 Sabemos que a água é indispensável à vida e nos dias de hoje está ligada ao
desenvolvimento econômico de um país. A legislação brasileira tem uma história que é
iniciada com a promulgação do Decreto nº 26.643, do ano de 1934, conhecido como o
Código das Águas ou Lei das Águas. Sobre este decreto, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Este decreto visava estipular parâmetros de qualidade da água que a população


e também as empresas utilizavam na época.
b) ( ) O referido decreto auxiliou estabelecer as questões ambientais relacionadas ao
solo, água e ar.
c) ( ) O decreto veio auxiliar e estabeleceu o uso da água, regulamentando as
necessidades da época, assim como estabeleceu as competências e dividiu-as
entre União, Estados e Municípios.
d) ( ) O decreto criou o Conselho Nacional do Meio ambiente estabelecendo o uso
comum da água.

2 O Brasil conseguiu estabelecer a Lei nº 9.433, em 1997, instituindo a Política


Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), estabelecendo que a água é um bem de
domínio público, possuindo valor econômico. Ela possui grande importância para a
sobrevivência dos seres vivos e é considerada um recurso finito. A referida legislação
determinou o enquadramento de corpos de água em classes, de acordo com o uso
da água e posteriormente a Resolução do CONAMA nº 357, de 2005, estabeleceu o
enquadramento dos corpos de águas superficiais. Com base no conhecimento sobre
a legislação e as classes da água, analise as sentenças a seguir:

I- As águas doces podem ser classificadas em classe especial, classe I, II, III e IV.
Sendo a classe IV destinada a navegação e a harmonia paisagística.
II- A classe III são as águas destinadas ao abastecimento para o consumo humano,
após tratamento convencional avançado, à pesca amadora, à recreação de contato
secundário e à dessedentação de animais.
III- Todas as classes que englobam as águas doces podem ser utilizadas para consumo
sem restrições.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

93
3 Sabemos que a água utilizada para consumo humano deve atender critérios
estabelecidos com intuito de proporcionar ao seu consumidor aceitação e não rejeição.
Dessa forma, há diversos parâmetros que refletem as principais características da
água, como as físicas, químicas e biológicas. De acordo com o exposto, classifique V
para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Os microrganismos podem estar presente em grande quantidade em certos


ambientes, devido a processos de despejos.
( ) A qualidade das águas está relacionada com os parâmetros químicos, dentre eles
temos: pH, dureza, turbidez, cloretos, nitrogênio, fósforo entre outros.
( ) Os parâmetros físicos, químicos e biológicos são utilizados para relacionar a
qualidade das águas e servem de base para caracterizar a amostra de água através
de análises físico-químicas.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – V.
b) ( ) V – V – F.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 Para caracterizar a água são atribuídos diversos parâmetros, que são indicadores
de qualidade da água. As propriedades físicas, químicas e biológicas da água estão
relacionadas a uma série de processos que ocorrem dentro do corpo hídrico e de sua
bacia hidrográfica. Assim as análises físico-químicas são empregadas para auxiliar
a identificar essas propriedades. Diante do exposto, disserte sobre os parâmetros
químicos, físicos e biológicos.

5 Água pura seria a água que é formada apenas pelos elementos químicos hidrogênio
e oxigênio. A água que utilizamos em nossas residências contém substâncias e
elementos químicos que se encontram dentro de um valor máximo permitido,
conforme legislação, para não causar males à saúde humana. Esses parâmetros
dependem da finalidade do uso da água, assim sabemos que a água apresenta
impurezas. Uma delas está relacionada às características físicas da água, os sólidos.
Neste contexto, disserte sobre os principais tipos de sólidos que se encontram
presentes nas águas.

94
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -

ÁGUAS DE CONSUMO

1 INTRODUÇÃO
O uso da água pela humanidade sempre esteve ligado as atividades
consideradas essenciais para a manutenção da vida: consumo e preparo de alimentos.
Com o aumento populacional nos grandes centros urbanos e a revolução industrial o
consumo de água aumentou, devido a esses fatores vieram os problemas ligados aos
despejos de dejetos domésticos em lugares inadequados levando a população uma
série de doenças relacionadas com a veiculação hídrica.

Sabemos que as alterações em propriedades físico-químicas e microbianas da


água poderão afetar sua qualidade, criando um ambiente favorável para que patógenos
possam se desenvolver e causar assim doenças, além de causar o surgimento e
agravamento de problemas de saúde da população, o que pode alterar e / ou inibir
ecossistemas e comunidades biológicas. Devido a isto, a nível federal foi criado legislações
que vem se atualizando conforme o passar dos anos, com intuito de preservar a saúde
humana, estabelecendo normas e padrões de qualidade da água, independente da sua
finalidade, a lei garante sua qualidade.

Acadêmico, nesse contexto serão abordados nesta unidade os padrões


de qualidade para águas de consumo (abastecimento) estabelecidos pela legislação
vigente. Conheceremos os parâmetros estabelecidos, assim como compreenderemos
as análises físico-químicas que são realizadas para garantir a qualidade da água.

2 PADRÕES DE QUALIDADE PARA ÁGUAS DE CONSUMO


Acadêmico, você sabia que o Brasil segue os padrões de potabilidade
recomendados pela OMS? Esses padrões constam no “Guidelines for Drinking Water
Quality”. A partir disso, podemos relembrar importantes publicações para chegarmos
nos padrões de qualidade de água que temos hoje, é importante compreendermos o
contexto histórico (FORTES; BARROCAS; KLIGERMAN, 2019).

De acordo com Fortes, Barrocas e Kligerman (2019), o Ministério da Saúde


foi incumbido de estabelecer normas e definir padrões de potabilidade da água para
consumo humano, pelo Decreto Federal nº 79.367 de 1977.

95
Dessa forma, foi promulgada a Portaria nº 56 sendo a primeira legislação para
definir os padrões de potabilidade da água em todo o território nacional, estipulando
valores máximos permitidos de acordo com cada característica da água para consumo
como: características físicas, químicas e biológicas. É importante destacar que essa
portaria atribuiu que os sistemas de abastecimento de água tivessem responsabilidade
sobre os padrões de qualidade estabelecidos. Com o passar dos anos em meados de
1986 foi criado o Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo
Humano, pelo Ministério da Saúde. Nesse contexto, em janeiro de 1990 foi promulgada
a Portaria nº 36, desta vez com intuito de acrescentar mais parâmetros para qualidade
da água com ênfase nos limites máximos permitidos. Ainda segundo Fortes, Barrocas e
Kligerman (2019, p. 25), “a Portaria nº 36/1990 inova ao dividir o padrão de potabilidade
em três categorias: um referente às características físicas, organolépticas e químicas;
uma relativa às características bacteriológicas e outra às características radioativas”.

Em janeiro de 2003 foi instituída a Portaria nº 1.469 e, com a reestruturação do


Ministério da Saúde, instituindo a Secretaria de Vigilância em Saúde, a referida portaria foi
extinta. Seguindo a linha do tempo da legislação, entra em vigor a Portaria nº 518/2004,
que atribui padrões de potabilidade da água para consumo, essa portaria define ainda o
conceito de água potável, em seu Art. 4º “água potável – água para consumo humano
cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de
potabilidade e que não oferece riscos à saúde”. Dessa forma, listamos os padrões de
potabilidade em território nacional (BRASIL, 2006):

• microbiológicos;
• turbidez da água, após tratamento de filtração ou ainda desinfecção;
• substâncias químicas que podem acarretar prejuízo à saúde humana, fazendo
parte os compostos orgânicos, inorgânicos, substâncias presente em agrotóxicos,
desinfetantes e produtos gerados pelo tratamento de desinfecção;
• radioatividade;
• limites aceitáveis para consumo humano.

A legislação foi atualizada com a publicação da Portaria nº 2.914 de 2011, do


Ministério da Saúde, que em seu Art. 5º adotou uma série de definições como: “padrão de
potabilidade: conjunto de valores permitidos como parâmetro da qualidade da água para
consumo” (BRASIL, 2011, s. p.), outras definições envolveram o padrão organoléptico,
água tratada, sistemas de abastecimento etc.

A portaria referida ainda regulamentou os limites máximos e mínimos aceitáveis


para várias substâncias que representam risco à saúde humana, aumentando o número
dessas substâncias de 74 para 87.

96
A portaria supracitada foi revogada em 2017 pelo Ministério da Saúde através da
Portaria da Consolidação nº 5, que integrou o Programa de Vigilância da Qualidade da
Água em seu anexo XX. Podem ser observadas, no Quadro 2, as principais mudanças
nas portarias que foram consolidadas ao longo dos anos com relação aos padrões
de potabilidade de água para consumo. Acadêmico, perceba que os parâmetros de
qualidade foram aumentando e a legislação se tornou mais rigorosa.

QUADRO 2 – PORTARIAS CONSOLIDADAS AO LONGO DA HISTÓRIA QUANTO ÀS DEFINIÇÕES E


PARÂMETROS DE CONTROLE

Portaria Ministério Portaria Ministério Portaria Ministério da Portaria Ministério da Portaria Ministério da
da Saúde nº 56, da Saúde nº 36, Saúde nº 1.469, 2000 Saúde nº 518, 2004 Saúde nº 2.914, 2011*
1977 1990
- Valor Máximo - Extinção do - Define controle - São mantidas. - Definição de água
Desejável (VMD). Valor Máximo e vigilância da para consumo
Desejável (VMD) qualidade de água humano e água
e substituição de abastecimento potável, padrão de
pelo Valor Máximo público. potabilidade, padrão
Definições

Permissível (VMP). - Pouco explícita organoléptico, água


quanto às funções, tratada, solução
competências e alternativa individual,
responsabilidades. coletiva.

97
- Total de 36 - Padrão de - Padrão - Padrão - Padrão
parâmetros potabilidade microbiológico microbiológico microbiológico
microbiológicos, dividido em distinto para água distinto para água distinto para água
físico, químicos 3 categorias: para consumo para consumo para consumo
e organolépticos: características humano, na saída humano, na saída humano, água
12 substâncias físicas, do tratamento do tratamento tratada na saída do
orgânicas, 10 organolépticas e e no sistema de e no sistema de tratamento. Água
inorgânicas e 14 químicas (4 físicas, distribuição. distribuição. tratada no sistema de
organolépticas. 10 componentes - Padrão de - Padrão de distribuição.
que afetam turbidez para água turbidez para água - Padrão de
a qualidade pós-filtração ou pós-filtração ou turbidez para água
organoléptica, 31 pré-desinfecção pré-desinfecção pós-filtração ou
químicos, sendo 11 definido para definido para pré-desinfecção
inorgânicos e 20 água subterrânea, água subterrânea, definido para
orgânicos, incluem submetidas à filtração submetidas à água subterrânea,
os subprodutos lenta e filtração filtração lenta e submetidas à filtração
de desinfecção); rápida. - Padrão de filtração rápida. lenta e filtração
características potabilidade pra Padrão de rápida. - Padrão de
Parâmetros

bacteriológicas substâncias químicas potabilidade pra potabilidade para


(tolerante a que representam substâncias químicas substâncias químicas
coliformes risco à saúde: que representam que representem
termotolerantes) 13 inorgânicas, risco à saúde: riscos à saúde:
e características 12 orgânicas, 21 13 inorgânicas, 15 inorgânicos,
radioativas. agrotóxicos, 6 12 orgânicas, 15 orgânicos, 27
desinfetantes e 22 agrotóxicos agrotóxicos, 7
produtos secundários (acrescenta o desinfetantes e
a desinfecção, 1 hexaclorobenzeno), produtos secundários
cianotoxina. 6 desinfetantes e à desinfecção,
- Padrão de produtos secundários cianotoxinas.
radioatividade: alfa a desinfecção, 1 - Padrão de
global e beta global. cianotoxina. radioatividade da
- Padrão de aceitação água: rádio 226 (alfa)
para consumo e 228. - Padrão
humano: 20. organoléptico:
21 substâncias
e parâmetros
que alteram
características
organolépticas.

98
- Não define - Define controle - Define controle - Define controle - Esclarece a atuação
vigilância, e vigilância da e vigilância da e vigilância da municipal no contexto
mas obriga qualidade de água qualidade de água qualidade de água do Vigiagua.
as secretarias de abastecimento para consumo para consumo - Estabelece
estaduais de público. humano. humano. procedimentos de
saúde a efetuar - Pouco - Torna mais clara - Torna mais clara controle operacional
Vigilância

registro contínuo explícita quanto as competências, as competências, tanto para sistemas


das informações às funções, procedimentos e procedimentos e como para soluções
sobre qualidade de competências e responsabilidades responsabilidades alternativas.
água. responsabilidades. das três esferas das três esferas
considerando as considerando as
diretrizes e modelo de diretrizes e modelo
organização do SUS. de organização do
SUS.
*A Portaria de Consolidação nº 5/2017 não modificou definições, nem parâmetros.

FONTE: Fortes, Barrocas e Kligerman (2019, p. 26)

No dia 4 de maio de 2021 a Portaria GM/MS Nº 888 alterou o anexo XX da Portaria


de Consolidação nº 5/2017 com intuito de dispor procedimentos de controle e vigilância
da qualidade da água de consumo humano e seus padrões de potabilidade. Segundo a
Portaria GM/MS nº 888 de 2021, Art. 22.

Art. 22. As metodologias analíticas para determinação dos parâmetros


previstos neste Anexo devem atender às normas nacionais ou
internacionais mais recentes, tais como:
I - Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater,
de autoria das instituições American Public Health Association
(APHA), American Water Works Association (AWWA) e Water
Environment Federation (WEF).
II - United States Environmental Protection Agency (USEPA).
III - Normas publicadas pela International Standartization
Organization (ISO).
IV - Metodologias propostas pela Organização Mundial à Saúde (OMS).
§ 1º O Limite de quantificação (LQ) das metodologias utilizadas deve
ser menor ou igual ao valor máximo permitido para cada parâmetro
analisado.
§ 2º Os Limites de detecção (LD) e quantificação (LQ) devem ser
inseridos no Sisagua.
§ 3º Outras metodologias que não estejam relacionadas nas normas
citadas no caput deste artigo podem ser utilizadas desde que
sejam devidamente validadas e registradas conforme os requisitos
especificados na NBR ISO/IEC 17025 (BRASIL, 2021).

Acadêmico, a partir do conhecimento das portarias consolidadas ao longo da


história, podemos de fato abordar os padrões de potabilidade para águas de consumo,
no que se refere as análises físicas e químicas dessas substâncias, destacando que
todas as metodologias para quantificar e determinar os parâmetros de substâncias
orgânicas, inorgânicas, agrotóxicos, entre outros, foram previamente estabelecidos pela
legislação vigente.

99
DICA
Acadêmico, acesse na íntegra a Portaria nº 888, de 4 de maio de 2021 em:
https://bit.ly/3v1Tk95.

3 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS PARA ÁGUA DE CONSUMO


A água doce é um recurso natural limitado e à medida que a demanda de água
aumenta, sua qualidade piora cada vez mais. Podemos atribuir essa piora devido ao aumento
da população e pela ausência de políticas públicas voltadas para estimular a preservação e o
uso consciente da água (MERTEN; MINELLA, 2002). A queda da qualidade da água pode ser
atribuída ​​por diferentes tipos de poluição como os efluentes domésticos e industriais, entre
outros. O conceito de qualidade da água está relacionado às características inerentes da
água, determinada por seus parâmetros. Água "pura" é um conceito hipotético, pois a água
é considerada um solvente universal, dissolvendo e transportando substâncias ao longo
do seu percurso, superficial ou subterrâneo. No entanto, a atividade antrópica do homem
pode incorporar substâncias e compostos indesejáveis na água e assim prejudicar seu uso
(FORTES; BARROCAS; KLIGERMAN, 2019).

A água para consumo humano deve atender critérios estabelecidos como


padrões estéticos, organoléticos com intuito de proporcionar ao seu consumidor
aceitação e não rejeição. Existem substâncias que quando presentes na água podem
alterar o sabor, odor e as características físico-químicas fazendo com que haja perigo
para saúde humana.

Dessa forma, a legislação vem em favor da população, estabelecendo padrões e


limites de concentração para diversas substâncias orgânicas, inorgânicas, entre outras
(BRASIL, 2006). As análises realizadas para águas de abastecimento precisam ter
padrões organolépticos, como os apresentados na Tabela 1, esses parâmetros podem
ser avaliados pelas análises físico-químicas.

TABELA 1 – PADRÃO ORGANOLÉPTICO DE POTABILIDADE

Parâmetro Unidade VMP (¹)


Alumínio mg/L 0,2
Amônia (como N) mg/L 1,2
Cloreto mg/L 250
Cor Aparente (²) uH 15
1,2 diclorobenzeno mg/L 0,001
1,4 diclorobenzeno mg/L 0,0003

100
Dureza total mg/L 300
Ferro mg/L 0,3
Gosto e odor Intensidade 6
Manganês mg/L 0,1
Monoclorobenzeno mg/L 0,02
Sódio mg/L 200
Sólidos dissolvidos totais mg/L 500
Sulfato mg/L 250
Sulfeto de hidrogênio mg/L 0,05
Turbidez (3) uT 5
Zinco mg/L 5
Valor Máximo Permitido
FONTE: Adaptado de BRASIL (2021)

Nesse contexto, existem diferentes métodos para realizar a avaliação da


qualidade da água, dentre elas podemos citar, de especial interesse nesse livro, as
análises físico-químicas. Essas análises têm como principal objetivo identificar, assim
como quantificar elementos químicos orgânicos e inorgânicos, além de espécies iônicas
em águas. As análises físico-químicas podem avaliar a qualidade da água e conseguem
com êxito, relacionar as propriedades químicas e físicas dos parâmetros analisados com
as interações sobre os ecossistemas à saúde humana (PARRON; et al., 2011).

Podemos encontrar diversas substâncias de origem orgânica ou inorgânica


presentes e dissolvidas na água. Podem ser provenientes de fenômenos naturais ou
por meio da ação antropogênica. Muitas dessas substâncias apresentam risco à saúde
humana. A seguir, a Tabela 2 e a Tabela 3 evidenciam as substâncias inorgânicas e
orgânicas, respectivamente, informando os valores máximos permitidos de acordo com
a Portaria GM/MS nº 888 de 2021.

101
TABELA 2 – PADRÃO DE POTABILIDADE PARA SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS INORGÂNICAS QUE REPRESENTAM
RISCO À SAÚDE.

Parâmetro Unidade VMP (2)


Antimônio mg/L 0,006
Arsênio mg/L 0,01
Bário mg/L 0,7
Cádmio mg/L 0,003
Chumbo mg/L 0,01
Cobre mg/L 2
Cromo mg/L 0,05
Fluoreto mg/L 1,5
Mercúrio Total mg/L 0,001
Níquel mg/L 0,07
Nitrato (como N) (3) mg/L 10
Nitrito (como N) (3) mg/L 1
Selênio mg/L 0,04
Urânio mg/L 0,03
(2) Valor Máximo Permitido

FONTE: Adaptado de BRASIL (2021)

IMPORTANTE
Acadêmico, as unidades de medida são regidas pelo Sistema Internacional
de Medidas (SI), assim observamos, na legislação que se refere ao padrão
de potabilidade de água, unidades de medida como a micrograma (μg). Esta
unidade é totalmente mensurável em laboratório durante uma análise química,
desde que os equipamentos sejam de alta precisão. Assim lembre-se que:

102
TABELA 3 – PADRÃO DE POTABILIDADE PARA SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS QUE REPRESENTAM RISCO
À SAÚDE

Parâmetro Unidade VMP (2)


1,2 Dicloroetano μg/L 5
Acrilamida μg/L 0,5
Benzeno μg/L 5
Benzo[a]pireno μg/L 0,4
Cloreto de Vinila μg/L 0,5
Di(2-etilhexil) ftalato μg/L 8
Diclorometano μg/L 20
Dioxano μg/L 48
Epicloridrina μg/L 0,4
Etilbenzeno μg/L 300
Pentaclorofenol μg/L 9
Tetracloreto de Carbono μg/L 4
Tetracloroeteno μg/L 40
Tolueno μg/L 30
Tricloroeteno μg/L 4
Xilenos μg/L 2
(2) Valor Máximo Permitido

FONTE: Adaptado de BRASIL (2021)

A Portaria supracitada também se refere ao padrão de potabilidade para


agrotóxicos e metabólitos que representam risco à saúde humana, como mostra a
Tabela 4. Um exemplo do perigo dessas substâncias é o DDT, um inseticida, amplamente
utilizado e banido em alguns países, pois são substâncias lipossolúveis e podem
bioacumular em organismos vivos. O que significa que a concentração encontrada nos
organismos vivos é maior que a presente no ambiente que o circunda, possuem ainda
um alto valor de meia vida o que significa que não se decompões rapidamente (CETESB,
2016; BRASIL, 2014).

103
TABELA 4 – PADRÃO DE POTABILIDADE PARA AGROTÓXICOS E METABÓLITOS QUE REPRESENTAM
RISCO À SAÚDE

Parâmetro Unidade VMP (2)


2,4 D μg/L 30
Alacloro μg/L 20
Aldicarbe + Aldicarbesulfona +Aldicarbesulfóxido μg/L 10
Aldrin + Dieldrin μg/L 0,03
Ametrina μg/L 60
Atrazina +
S-Clorotriazinas (Deetil-Atrazina - Dea,
μg/L 2,0
Deisopropil-Atrazina - Dia e
Diaminoclorotriazina -Dact)
Carbendazim μg/L 120
Carbofurano μg/L 7
Ciproconazol μg/L 30
Clordano μg/L 0,2
Clorotalonil μg/L 45
Clorpirifós + clorpirifós-oxon μg/L 30,0
DDT+DDD+DDE μg/L 1
Difenoconazol μg/L 30
Dimetoato +
μg/L 1,2
ometoato
Diuron μg/L 20
Epoxiconazol μg/L 60
Fipronil μg/L 1,2
Flutriafol μg/L 30
Glifosato + AMPA μg/L 500
Hidroxi-Atrazina μg/L 120,0
Lindano (gama HCH) μg/L 2
Malationa μg/L 60
Mancozebe +
μg/L 8
ETU
Metamidofós +
μg/L 7
Acefato

104
Metolacloro μg/L 10
Metribuzim μg/L 25
Molinato μg/L 6
Paraquate μg/L 13
Picloram μg/L 60
Profenofós μg/L 0,3
Propargito μg/L 30
Protioconazol +
μg/L 3
ProticonazolDestio
Simazina μg/L 2
Tebuconazol μg/L 180
Terbufós μg/L 1,2
Tiametoxam μg/L 36
Tiodicarbe μg/L 90
Tiram μg/L 6
Trifluralina μg/L 20
(2) Valor Máximo Permitido

FONTE: Adaptado de BRASIL (2021)

NOTA
Conhecido como DDT, o diclorodifeniltricloroetano é popular e de baixo custo
sendo largamente utilizado como inseticida. O entomologista Paul Miller em 1939
ganhou o Prêmio Nobel de Medicina utilizando o DDT para combater a malária, na Segunda
Guerra Mundial o DDT era empregado para prevenir a tifo e febre amarela. Anos depois
passou a ser empregada no Brasil e em todo mundo como um inseticida de baixo custo,
posteriormente seu uso começou a ser relacionado com a morte de aves e assim, foi
banido de alguns países, como a Suécia. O Brasil lançou suas primeiras medidas proibindo
a fabricação do DDT em 1971 com a Portaria nº 356, tinha como fundamento que o DDD
deixava resíduos em alimentos como carne e leite e sofria acumulação após seguidos
tratamentos. Dessa forma, a OMS recomendou que esse inseticida fosse substituído por
outros produtos (D´AMATO; TORRES; MALM, 2002). Para ler o artigo na íntegra acesse:
https://bit.ly/3LNY357

105
3.1 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS: PARÂMETROS ORGÂNICOS
E INORGÂNICOS
Acadêmico, na sequência serão apresentados definições e métodos de análise
de parâmetros físico-químicos utilizados na determinação de substâncias orgânicas e
inorgânicas que se encontram presentes em águas.

3.1.1 Potencial Hidrogeniônico (pH)


O termo pH indica a presença de íons hidrogênio (H+) em uma determinada
solução. Define o caráter ácido ou básico de uma solução com base em uma escala
que varia de 0 a 14. Os valores de pH são obtidos através de uma escala antilogarítmica,
assim para valores de pH > 7 a solução é considerada básica, quando o valor do pH é
7 a solução é neutra e para valores de pH < 7 a solução é considerada ácida (BRASIL,
2009). A análise do pH é de crucial importância para avaliar o ecossistema aquático, pois
influencia diretamente na solubilidade de substâncias, definindo assim o potencial de
toxicidade para diversos elementos químicos, como por exemplo, os metais pesados.
Alterações bruscas no valor do pH pode levar ao desaparecimento das espécies
aquáticas, assim como os valores que se situam fora do limite máximo permitido podem
alterar as características organolépticas (odor, sabor) contribuindo para acelerar os
processos de corrosão da tubulação do sistema de abastecimento de água (PARRON;
MUNIZ; PEREIRA, 2011; BRASIL, 2006).

A Portaria GM/MS Nº 888 estabelece que os valores de pH da água sejam mantidos


na faixa de 6,0 e 9,0 no sistema de distribuição para as águas de consumo. Dentre os
métodos utilizados para determinação do pH, há métodos colorimétricos (indicadores
de pH) e potenciométricos. O método mais utilizado e preciso para determinar valores
de pH é o método potenciométrico, sendo empregado um equipamento chamado
peagâmetro ou pHmetro, conforme ilustrado na Figura 6. O pHmetro é composto por
um eletrodo, chamado eletrodo de referência, um eletrodo indicador e um dispositivo
eletrônico que realiza a medida de potencial. A determinação do pH ocorre quando os
eletrodos são mergulhados na amostra, neste caso, água. O sinal elétrico é dado na
unidade de milivolts, é obtido pelo eletrodo de medida (mergulhado na amostra), a leitura
direta do valor de pH é lida diretamente no mostrador (PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011).

106
FIGURA 6 – MEDIDA DE PH DE UMA AMOSTRA DE ÁGUA, MÉTODO POTENCIOMÉTRICO, UTILIZANDO
UM PHMETRO

FONTE: Parron, Muniz a Pereira (2006, p. 55)

Acadêmico, lembre-se que o sistema converte o sinal através de uma escala


antilogarítmica em valores que compreendem a faixa de pH de 0 a 14. Para que esses
valores estejam corretos, é necessário realizar o que chamamos de calibração do
equipamento antes de realizar a medida. Essa calibração é realizada com auxílio de
soluções trampão.

3.1.2 Turbidez
A turbidez é uma característica da água representando sua transparência, é
analisada por meio da propriedade ótica que se baseia na incidência de luz sobre uma
amostra de água, dessa forma, a luz ao atravessar a água (amostra analisada) pode ser
espalhada e absorvida em vez de atravessar em linha reta a amostra. Essa interferência
no caminho da luz pode ser causada pela presença de partículas em suspensão,
partículas coloidais, presença de matéria orgânica ou inorgânica, microrganismos,
compostos solúveis que apresentam coloração, e até mesmo plâncton (PARRON;
MUNIZ; PEREIRA, 2011).

A turbidez é considerada um parâmetro que determina a qualidade da água,


sendo um indicador sanitário, portanto, é um parâmetro de aspecto estético de aceitação
ou rejeição para o consumo de água pela população (SABESP, 1999). O método utilizado
para determinação da turbidez é o método nefelométrico, o qual se baseia na dispersão
da luz ao incidir um foco de luz à um ângulo de 90° sobre a amostra.

107
Conforme a SABESP (1999), a análise de turbidez utiliza um padrão para comparar
a amostra de água que está sendo analisada e ao realizar a medida, a intensidade da luz
espalhada é diretamente proporcional à turbidez.

O equipamento que mede a turbidez da água pelo método citado é o turbidímetro,


que consiste em uma fonte de luz que ilumina a amostra e um fotodetector com
dispositivo que indica a intensidade da luz espalhada perpendicularmente ao caminho
da luz incidente (Figura 7).

FIGURA 7 – TURBIDÍMETRO DE LABORATÓRIO (BANCADA) COM PRINCÍPIO DE MEDIÇÃO NEFELOMÉTRICO

FONTE: <https://bit.ly/3r5TyLe>. Acesso em: 20 dez. 2021.

No que se refere à legislação vigente, a Portaria nº 888/2021, em seu Art. 28,


inciso 2º, diz que: “Em toda a extensão do sistema de distribuição (reservatório e rede)
ou pontos de consumo deverá atender ao VMP (valores máximos permitidos) de 5,0 uT
para turbidez”.

3.1.3 Cor aparente


Acadêmico, quando falamos de qualidade de água para consumo, esperamos
que pela nossa percepção, com base no uso de nossos sentidos que a água seja
incolor, translúcida e sem aroma. Na realidade, de acordo com Veiga (2005), a água que
encontramos na natureza pode apresentar cor, cheiro e gosto, pois estas características
resultam diretamente de processos que continuamente ocorrem no meio ambiente,
como a decomposição da matéria orgânica, por exemplo.

Nesse contexto, a decomposição da matéria orgânica envolve a presença de


ácidos húmicos e taninos. Essas substâncias orgânicas estão presentes na parte externa
das plantas, como as folhas e caule, e são responsáveis por alterarem a coloração da água,
assim como a presença de partículas em suspensão, sólidos dissolvidos na forma coloidal
orgânica ou inorgânica, além da presença de íons metálicos dissolvidos. Os compostos
inorgânicos que se apresentam na forma coloidal e alteram a cor da água são os óxidos de
ferro e manganês, essas alterações podem ser ainda devido a contaminação de efluentes
industriais ou esgoto doméstico (VEIGA, 2005; FUNASA, 2021).

108
De acordo com Lucido (2010), é de grande importância destacarmos dois
conceitos relativos à cor, a cor aparente e a cor verdadeira. Assim, cor aparente é a
aquela inclui a presença dos sólidos dissolvidos e partículas coloidais, destacamos aqui
a presença do ácido húmico e taninos que conferem a coloração da água, conforme
supracitado. Já a cor verdadeira ou real, se diferencia da cor aparente por não apresentar
sólidos dissolvidos e partículas coloidais, impurezas retiradas previamente em processos
de limpeza, como filtração.

A determinação da cor pode ser realizada diferentes métodos como os


colorimétricos e espectrométricos, de acordo com Hunter e Harold (1996, apud LUCIDO,
2010, p. 50), basicamente os métodos colorimétricos

São normalmente utilizados para medir a quantidade de luz aditiva primária


necessária para combinar a cor refletida ou transmitida por uma amostra. Esta luz primária
pode ser uma das três luzes (luz vermelha, verde ou azul) que formam uma cor específica
na quantidade necessária para duplicá-la através de uma combinação aditiva.

Já o método espectrofotométrico utiliza um equipamento chamado de


espectrofotômetro que registra a intensidade da luz em comprimentos de onda, na
unidade de nanômetros (nm), de toda a luz que compõe o espectro eletromagnético,
seja ela absorvida ou refletida (LUCIDO, 2010). Existem duas categorias quando se utiliza
equipamentos precisos para realizar as medidas de transmissão, para turbidez por
exemplo encontramos os medidores de transmissão difusa, translucidez e medidores de
soluções opacas, ou ainda os medidores que determinam a absorbância para aquelas
medidas que envolvem luminosidade e as análises químicas pelo método de absorção
(LUCIDO, 2010; PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011).

Nesse contexto, quando há necessidade de precisão para determinação da cor,


recomenda-se a técnica de espectrofotometria que se baseia em uma metodologia
internacional (APHA, 2005). Para análises rotineiras recomenda-se a técnica por
comparação visual, que utiliza como referência uma solução padrão de cloroplatinato
de cobalto em diferentes concentrações para efeito de comparação (LUCIDO, 2010).

De acordo com a legislação vigente a Portaria nº 888/2021 os valores máximos


permitidos para cor aparente em águas de consumo é de 15 uH, é a unidade de escala
de Hazen (platina-cobalto, mgPt-Co/L).

109
3.1.4 Demanda Química de Oxigênio (DQO)
A demanda química de oxigênio (DQO) é um parâmetro que indica a quantidade
de oxigênio requerida para oxidar substâncias orgânicas e inorgânicas em condições
específicas em corpos de águas, ou seja, corresponde à oxidação química em águas
residuais e superficiais. É um importante indicador de poluição em sistemas de
abastecimento, tratamento de efluentes domésticos e industriais (AQUINO; SILVA;
CHERNICHARO, 2016).

Na prática algumas vezes torna-se difícil quantificar a DQO, dessa forma,


convencionalmente é empregado soluções químicas contendo agentes oxidantes para
realizar a análise.

Outrossim, a DQO em amostras de águas pode ser analisada utilizando métodos


titulométrico e colorimétrico, a principal diferença entre os métodos reside no fato que,
amostras de água com elevada turbidez e cor residual só podem ser analisadas pelo
método titulométrico, após digestão da amostra com o agente oxidante, dicromato de
potássio. Por sua vez, o método colorimétrico pode ser empregado para amostras de
águas que não possuam turbidez ou cor que persistam após a digestão com dicromato
de potássio (AQUINO; SILVA; CHERNICHARO, 2016).

O método mais utilizado para determinação da DQO segue o método descrito


pela APHA (2005), que consiste no princípio de oxidar a matéria orgânica ou inorgânica
em meio ácido (ácido sulfúrico H2SO4) com um agente oxidante forte, o dicromato de
potássio (K2Cr2O7). Na forma oxidada temos a coloração laranja, característica do cromo
hexavalente, após ser reduzido muda sua coloração para verde assumindo a forma do
cromo trivalente. Ambos os compostos como apresentam cores podem ser analisados
em um espectrofotômetro em comprimento de onda específico (LUCIDO, 2010).

Como a determinação da DQO se baseia na oxidação química toda substância


orgânica ou inorgânica, assim temos a degradação completa dessas substâncias,
este é um fator que justifica porque os valores de DQO são sempre maiores do que os
valores do parâmetro da demanda bioquímica de oxigênio (DBO) (ZUCCARI; GRANER;
LEOPOLDO, 2005).

3.1.5 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)


O parâmetro chamado por demanda bioquímica de oxigênio (DBO) é um dos
mais úteis para caracterizar a contaminação, ou seja, matéria orgânica, em águas.
Caracterizada por quantificar a quantidade de oxigênio que pode ser consumida por
microrganismos aeróbios (presença de oxigênio) enquanto utilizam a matéria orgânica
presente na água (PARRON; MUNIZ; PEREIRA; 2011).

110
Os microrganismos presentes em águas necessitam direta ou indiretamente
consumir oxigênio para executar suas atividades metabólicas com intuito de obter
energia, crescer e se reproduzir, são chamados de microrganismos aeróbios. Assim eles
requerem e dependem do oxigênio livre para mineralizar a matéria orgânica e produzir
CO2, NH3 etc.

A matéria orgânica presente na água natural, em águas residuais domésticas


e industriais é frequentemente mineralizada naturalmente pelos microrganismos, que
consomem o oxigênio dissolvido no meio aquoso. Devido a este fato, a análise de DBO
surge para relacionar a quantidade de matéria orgânica com a quantidade de oxigênio
consumido em uma amostra de água (MANUAL DE PROCEDIMENTOS, 2004).

A realização da determinação da DBO envolve o método da diluição seguido de


incubação da amostra por um período de cinco dias a 20 °C (DBO520) em ausência de luz, os
níveis de oxigênio são determinados por técnica química ou eletroquímica monitoradas no
início e no final do período de incubação (PARRON; MUNIZ; PEREIRA; 2011).

3.1.6 Oxigênio Dissolvido (OD)


Um parâmetro de grande importância e determinante para a manutenção
de um corpo aquático é o oxigênio dissolvido (OD), sem ele os sistemas aquáticos
não conseguem restabelecer suas características se houver uma contaminação de
poluentes, estamos falando do processo de autodepuração de águas. Lembramos que
para degradar a matéria orgânica é necessário a ação de bactérias aeróbias, ou seja, as
bactérias consomem o oxigênio dissolvido na água para decompor a matéria orgânica,
o que leva a uma redução de sua concentração no corpo hídrico (PARRON; MUNIZ;
PEREIRA; 2011).

A mortandade da vida aquática está ligada diretamente com a quantidade


de oxigênio dissolvido na água. De acordo com a resolução do CONAMA nº 357/2005
recomenda-se um valor de OD de 5,0 mg / L. É de grande importância lembrar que a
quantidade de oxigênio em águas pode ser aumentada pelo processo de fotossíntese
das plantas aquáticas ou ainda tem um decréscimo de sua concentração com um
aumento da temperatura no corpo hídrico, ou ainda quando ocorre o processo de
eutrofização (PARRON; MUNIZ; PEREIRA; 2011).

Segundo Parron, Muniz e Pereira (2011), há métodos volumétricos e


potenciométricos para determinação do oxigênio dissolvido em corpo de água. Uma das
técnicas muito utilizadas foi descrita por L. W. Winkler (1863-1939) em 1888. Ao longo
do tempo foi alterada por outros pesquisadores, sendo considerada a mais aceita para
essa determinação. Dessa forma, o método de Winkler é um procedimento volumétrico
de óxido-redução no qual o oxigênio (O2) se combina com o hidróxido de manganês

111
II, Mn (OH)2, formando o hidróxido de manganês IV, Mn (OH)4, através do processo de
oxidação. Em seguida, o Mn (IV) é redissolvido e em meio ácido é reduzido pelo iodeto,
dando origem ao iodo (I2), o qual é quantificado com tiossulfato de sódio e dessa forma,
sua quantificação equivale ao oxigênio dissolvido na amostra original.

O método potenciométrico envolve a utilização de um dispositivo chamado


oxímetro (Figura 8) ou medidor de OD, consiste em um eletrodo que possui uma
membrana seletiva, esta irá adsorver seletivamente o OD com base em seu raio de
difusão molecular (PIVELI, 2005).

FIGURA 8 – OXÍMETRO PORTÁTIL MEDIDOR DE OXIGÊNIO DISSOLVIDO

FONTE: <https://bit.ly/3jilVBw>. Acesso em: 7 jan. 2022.

Antes da utilização destes dispositivos é necessário realizar a calibração com


uma solução padrão (sulfito de sódio), uma vez calibrado é só realizar a medição direta,
é utilizado para realizar medidas direto nos corpos de água como em sistemas de
abastecimento (PIVELI, 2005).

3.1.7 Fósforo Total


O fósforo é um elemento essencial para a vida aquática sendo limitante na
proliferação de algas em diferentes contextos, é um macronutriente necessário para a
manutenção das células em processos biológicos. Segundo Manahan (2013, p. 138), “a
troca com sedimentos desempenha um papel importante na disponibilização do fósforo
para algas e, portanto, contribui para a eutrofização”. Acadêmico, vamos relembrar o que
é a eutrofização? Esse termo deriva da palavra grega e podemos traduzi-la para “bem
nutrido”, é uma condição de um rio, lago, lagoa ou ainda um reservatório de água que
tem um excesso de algas, muitas vezes é um fenômeno natural.

A presença do fósforo pode em águas pode ser atribuída pelo despejo de


efluentes domésticos e industriais, o polifosfato é um dos componentes do detergente
utilizados em residências, os fertilizantes podem ser encontrados como uma fonte de
fósforo antropogênica, pois ao contaminar o solo podem ser carreados pelas águas da

112
chuva ou percolarem para os lenções freáticos (CETESB, 2016). Os processos naturais
como dissolução das rochas e decomposição da matéria orgânica também podem ser
atribuídos por incorporar o fósforo e aumentar sua concentração em águas naturais.

O fósforo pode se apresentar em quatro formas distintas (MANAHAN, 2013):

• Minerais de fosfato: na forma de hidroxiapatita, Ca5OH(PO4)3.


• Fósforo não ocluído: aparece ligado à superfície do dióxido de silício (SiO2) ou no
carbonato de cálcio (CaCO3) na forma iônica, íon ortofosfato.
• Fósforo ocluído: o nome já diz, não se encontra tão disponível, contido na estrutura
matricial de compostos inorgânicos como óxidos amorfos hidratados de alumínio e ferro.
• Fósforos orgânicos: formados por bactérias e algas fazendo parte da biomassa aquática.

Para realizar a análise de fósforo em corpos de água é necessário primeiro


realizar a conversão de todos os compostos que possuem fósforo na forma de
ortofosfatos dissolvidos, através de uma digestão ácida sob calor, seguido de análise
colorimétrica. Após um processo de filtração é possível separar e quantificar as formas
de fósforo, para facilitar a compreensão é utilizado a denominação de Fósforo Total para
as determinações de todos os tipos de fósforo encontrados nas amostras, os produtos
da digestão ácida.

A outra denominação é o Fósforo Solúvel, definidas como as formas de fósforo


que foram dissolvidas no processo de filtração da amostra (MANUAL DE PROCEDIMENTOS,
2004). A determinação final das formas de fósforo é realizada em espectrofotômetro,
seguindo um procedimento padrão e fazendo a leitura no comprimento de onda de 650 nm.

3.1.8 Nitrogênio Amoniacal Total


Existem várias fontes de nitrogênio em corpos de água, no geral temos uma
grande participação da fonte dos esgotos domésticos, liberando nitrogênio orgânico nas
águas, principalmente por causa das proteínas, assim como a presença do nitrogênio
na forma amoniacal gerado pela hidrolise da ureia presente na urina com a água. Os
efluentes industriais provenientes das indústrias químicas, farmacêuticas, petroquímicas,
curtumes, matadouros tendem a descarregar nitrogênio orgânico e amoniacal em
águas (CETESB, 2016). Microrganismos intermediam reações de grande importância que
ocorrem nos sistemas aquáticos e no solo envolvendo compostos com nitrogênio. Com
relação às transformações bioquímicas no ciclo, temos: a fixação do nitrogênio molecular
em nitrogênio orgânico, a nitrificação no qual amônia se oxida para nitrato, a redução
de nitratos em que o nitrogênio presente no íon nitrato sofre redução para originar
compostos com nitrogênio ( compostos com números de oxidação mais baixos) e por
último a desnitrificação, em que ocorre a transformação de nitrato em nitrito (processo de
redução) com liberação de gás nitrogênio para atmosfera (MANHAHAN, 2013).

113
De acordo com o exposto, podemos encontrar o nitrogênio sob as formas oxidadas
e reduzidas, vamos descrever as formas e ordem decrescente de estado de oxidação, assim
temos o nitrato, nitrito, amônio (nitrogênio amoniacal) e nitrogênio orgânico.

• Nitrato (N – NO3-)

A origem do nitrato se dá pela etapa de nitrificação, que envolve a conversão


de amônia em nitrato por ação de bactérias (Nitrosomas e Nitrobacter). Essa etapa é de
grande importância na natureza, pois uma grande quantidade de nitrogênio é absorvida
pelas plantas sob a forma de amônio e nitratos. O nitrogênio pode ser incorporado em
excesso ao solo chegando a contaminar as águas superficiais e subterrâneas devido ao
uso dos fertilizantes, o que ocasiona perda de nitrato através do processo de lixiviação
do solo (MANAHAN, 2013; PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011).

A Portaria GM/MS nº 888 de 2021 recomenda o valor máximo permitido para


nitrato seja de 10 mg/L, faz parte das substâncias inorgânicas que apresentam risco
à saúde, pode causar uma doença chamada Metaemoglobinemia, especialmente em
crianças (MANUAL DE PROCEDIMENTOS, 2004).

A quantidade de nitrato pode ser realizada pela técnica de espectrometria UV


visível (método colorimétrico) ou cromatografia iônica (PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011).

• Nitrito (N – NO2-)

O nitrito (NO2-) corresponde a um estado de oxidação intermediário do nitrogênio,


formado pela etapa de redução de nitratos no ciclo do nitrogênio, ou ainda pode ser
formado pela oxidação do amônio. Esses processos de oxidação e redução ocorrem
em águas de abastecimento, águas naturais e nas estações de tratamento de esgoto
(MANAHAN, 2013; PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011).

A Portaria GM/MS nº 888 de 2021 recomenda o valor máximo permitido para


nitrito em águas de abastecimento é de 1,0 mg/L, faz parte das substâncias inorgânicas
que apresentam risco à saúde. A análise de nitrito pode ser realizada por espectrometria
UV visível (método colorimétrico) ou ainda cromatografia iônica (PARRON; MUNIZ;
PEREIRA, 2011).

• Amônio (N – NH4+)

O íon amônio (NH4+) pode ser chamado se amônia ionizada em função da carga
elétrica positiva, que o torna um cátion. A amônia (NH3) se forma em águas devido a
degradação da matéria orgânica, que se encontra dissolvida ou particulada, através da
ação de microrganismos em presença ou ausência de oxigênio. Compostos nitrogenados
como a ureia se decompõem dando origem a amônia, sua formação depende de fatores
como temperatura e pH, em condições específicas se torna instável e converte-se para
íon amônio (MANAHAN, 2013; PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011).

114
A determinação de amônio pode ser realizada por espectrofotometria UV visível
(Método Nessler) ou cromatografia iônica (PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011).

• Nitrogênio total

A combinação do nitrogênio presente no íon amônio e o nitrogênio orgânica


da origem ao termo nitrogênio total (Ntotal). O método para determinação de nitrogênio
total foi criado em 1883 por Johan Kjeldahl, e até os dias de hoje é referência para esta
determinação. O princípio do método consiste na conversão de nitrogênio em sulfato
de amônio através da digestão ácida com uso de catalisadores, o amônio pode ser
determinado pelo Método de Nessler em espectrofotômetro UV visível (PARRON; MUNIZ;
PEREIRA, 2011).

3.1.9 Alcalinidade Total


Esse parâmetro se refere à capacidade que a água apresenta para neutralizar
ácidos, ou seja, determina quantas substâncias são capazes de atuar como sistemas
tampão, caracterizada pela soma das bases que podem ser tituladas (BRASIL, 2014). A
capacidade de neutralizar ácidos está relacionada à presença de bases fortes e fracas
além de sais provenientes de ácidos fracos (PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011).

Segundo a CESTEB (2016), as substâncias que conferem a alcalinidade são


os carbonatos (CO32-), bicarbonatos (HCO3-), hidróxidos (OH-), além de sais de ácidos
fracos inorgânicos, como cálcio, magnésio, silicatos, boratos, amônia etc. Minerais
como a calcita (carbonato de cálcio) magnetita (carbonato de magnésio) e a dolomita
apresentam capacidade tamponante em águas, é importante destacar que fatores
como pH, temperatura, força iônica são determinantes para a alcalinidade em águas.

Nas águas para consumo humano a alcalinidade não consta na legislação e não
tem riscos sanitários, entretanto, pode gerar um sabor desagradável na água. É possível
correlacionar o valor determinado de alcalinidade com a dureza da água (parâmetro
discutido no item 3.2.2), pois há cátions (íons positivos) comuns a eles, como os íons
cálcio e magnésio (CETESB, 2016).

A determinação de alcalinidade pode ser determinada empregando titulometria,


baseada em uma reação que ocorre entre um ácido e uma base gerando sal e água.

O ponto de equivalência, definido como o ponto de neutralização pode ser


determinado com auxílio de um eletrodo (titulação potenciométrica) ou ainda com um
indicador ácido-base. Dessa forma, é possível realizar a titulação da amostra de água
com ácido clorídrico e assim, determinar a concentração das substâncias supracitadas
que caracterizam a alcalinidade total da água (PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011; MANUAL
DE PROCEDIMENTOS, 2004).

115
3.1.10 Dureza Total
A dureza da água é um fenômeno atribuído aos cátions, como o cálcio e
magnésio presentes na água. De acordo com a Funasa (BRASIL, 2014, p. 100), “a dureza
pode ser definida como a resistência oposta à ação do sabão”, é expressa em termos
de mg CaCO3/L. Dentre os íons que são responsáveis pela dureza nas águas, temos os
metais alcalinos terrosos, assim como cátions como manganês, ferro, zinco e alumínio.
Existem dois tipos de dureza (BRASIL, 2014).

• Dureza temporário ou de carbonatos: causada pela presença de bicarbonatos tanto)


de cálcio quanto de magnésio, são responsáveis pelas incrustações em tubulações,
além de resistir à ação dos sabões. Recebe o nome de temporária pois pode ser
decomposta por ação do calor gerando gás carbônico, água e compostos insolúveis
como os carbonatos que acabam por precipitar.
• Dureza Permanente ou de não carbonatos: causada pela presença de sulfatos,
cloretos, nitratos de cálcio e magnésio que se encontram dissolvidos na água. Não
produzem as incrustações, mas resistem a ação dos sabões. Recebem o nome de
permanente pois não sofrem decomposição.

A dureza é determinada pelo método titulométrico e, segundo a Portaria GM/MS


Nº 888/2021, seu valor máximo permitido é de 300 mg/L CaCO3.

3.1.11 Condutividade Elétrica (CE)


A condutividade elétrica diz respeito à capacidade que a solução aquosa
possui para conduzir corrente elétrica. Esta capacidade depende da presença e da
concentração de íons e sais assim como, de fatores como a temperatura, a presença
de compostos inorgânicos como ácidos e bases podem influenciar no aumento da
condutividade. Já compostos orgânicos não influenciam diretamente a condutividade,
pois não se dissociam (PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011).

A medida de condutividade é realizada com um condutivímetro e sua unidade é


microsiemens por centímetro (µS cm-1) ou milisiemens por centímetro (mS cm-1). Níveis
elevados acima de 100 µS cm-1 indicam variação dos minerais dissolvidos (CETESB, 2016).

3.1.12 Cloretos
Cloreto, representado por Cl-, é um dos principais ânions inorgânicos encontrados
em concentrações elevadas em água residuais, fator atribuído ao uso de sal de cozinha,
cloreto de sódio (NaCl) na dieta humana. É encontrado também em águas naturais,
esgotos domésticos e industriais, não causa danos para à saúde humana, entretanto,
confere a água saber salgado, esse sabor da composição global da água (PARRON;
MUNIZ; PEREIRA, 2011).
116
Os cloretos podem ser introduzidos pelas águas do mar ou ainda a partir da
dissolução de minerais. O método para a determinação de cloretos, segundo o “Manual
de procedimentos e técnicas laboratoriais voltado para análises de águas e esgotos
sanitário e industrial” (2004), é o argentométrico que se baseia na volumetria de
precipitação e faz uso do nitrato de prata.

3.1.13 Ferro e manganês


Ferro e manganês são elementos similares no que diz respeito ao comportamento
químico, possuem grande afinidade química que geralmente ocorrem na natureza
juntos. Podem originar de minerais como a magnetita, biotita, pirita entre outros, não
causam males a saúde humana nas concentrações que são encontrados na água, porém
causam problemas estéticos conferindo cor amarelada e alterando o sabor da água.
No uso cotidiano da água contendo esses elementos aparecem manchas nas roupas
e nos vasos sanitários. Já o manganês se apresenta na forma bivalente, como óxido
de manganês (MnO) e sofre oxidação em presença de oxigênio atmosférico originando
precipitados negros na água (PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011; BRASIL, 2014).

3.1.14 Micropoluentes inorgânicos


A presença de alguns compostos químicos, até mesmo em baixas concentrações,
tornam a água contaminada e tóxica, podendo levar a prejuízos à saúde. Esses compostos
ou elementos químicos são considerados micropoluentes inorgânicos, recebendo maior
atenção os metais pesados que são solúveis em água, como: arsênio, cádmio, cromo,
cobre, chumbo, mercúrio, níquel, prata, zinco. Além de apresentarem toxicidade se
acumulam no corpo hídrico, assim os organismos vivos ingerem esses elementos e com
o passar do tempo sua concentração aumenta à medida que a cadeia alimentar evolui
(fenômeno de biomagnificação) (PARRON; MUNIZ; PEREIRA, 2011; BRASIL, 2014).

Os micropoluentes inorgânicos são encontrados em concentrações maiores


em águas residuárias, por ação antrópica de despejos, atividades de mineração,
garimpo e agricultura. já nos ambientes aquáticos naturais sua ocorrência é menor.
Outros micropoluentes como os cianetos e flúor são tóxicos e apresentam risco à
saúde (VON SPERLING, 1996).

A forma do constituinte responsável dos micropoluentes é em sólidos em


suspensão e sólidos dissolvidos, é um importante parâmetro para caracterizar as
águas brutas, tratadas, residuárias e corpos hídricos no geral. Sua unidade de medida
comumente é micrograma por ml ou por litro, µg/mL ou µg/ L. (VON SPERLING, 1996).

117
3.1.15 Micropoluentes orgânicos
Micropoluentes orgânicos contém carbono em sua constituição combinados
com um ou mais elementos químicos, o que varia conforme o grupo de hidrocarbonetos.
Esses compostos têm característica de resistir a degradação biológica, não fazem parte
dos ciclos biogeoquímicos e acumulam-se em um determinado ponto do ciclo.

Dentre eles, podemos destacar os compostos que apresentam toxicidade como


os defensivos agrícolas, detergentes (ABS, com estrutura molecular fechada) e uma
variedade de produtos químicos elaborados artificialmente. Esses compostos orgânicos
são tóxicos e podem causar doenças como o câncer, além de mutações nas células
reprodutoras e até mesmo teratogênicas (gerando fetos com deficiências físicas graves)
(BRASIL, 2014; VON SPERLING, 1996).

Se encontram na forma de sólidos dissolvidos em corpo de água, podendo ser


de origem natural (madeira, tanino, celulose, fenóis) ou ainda introduzidos pelo homem a
partir de efluentes, detergentes, processos de refino do petróleo e defensivos agrícolas.
É um importante parâmetro para caracterizar as águas brutas, tratadas, residuárias e
corpos hídricos no geral. Sua unidade de medida comumente é micrograma por ml ou
miligrama por litro, µg/mL ou mg/ L, respectivamente (VON SPERLING, 1996).

Os parâmetros de controle de qualidade de águas são estabelecidos de acordo


com a Portaria GM/MS nº 888 de 2021, como cita o Art. 42 devem ser analisados pelo
menos por uma amostra semestral em cada ponto de captação, análises são: pH,
Turbidez, Cor Aparente, Demanda Química de Oxigênio (DQO), Demanda Bioquímica de
Oxigênio (DBO), Oxigênio Dissolvido (OD), Fósforo Total, Nitrogênio Amoniacal Total e dos
parâmetros inorgânicos, orgânicos e agrotóxicos.

Acadêmico, até o presente momento conhecemos as definições e métodos


de análise de parâmetros físico-químicos utilizados na determinação de substâncias
orgânicas e inorgânicas que se encontram presentes em águas.

118
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O uso da água sempre esteve associado às atividades que garantem a manutenção


à vida e, com o aumento populacional e o crescimento industrial, a demanda da água
aumentou. Com ela, vieram os problemas de saúde causados pela veiculação hídrica.

• Políticas públicas introduziram legislações que garantiram a qualidade da água,


estabelecendo padrões que se relacionam com as características físicas, químicas
e biológicas.

• A Portaria nº 56, sendo a primeira legislação para definir os padrões de potabilidade da


água em todo o território nacional, estipulou valores máximos permitidos de acordo
com cada característica da água para consumo. Em seguida, a Portaria nº 36/1990
acrescentou mais parâmetros para qualidade da água. Logo após, a Portaria nº 1.469
de 2003 instituiu a Secretaria de Vigilância em Saúde.

• Seguindo a linha do tempo da legislação, quando entrou em vigor a Portaria nº


518/2004, esta atribui padrões de potabilidade da água para consumo. A legislação
foi atualizada com a publicação da Portaria nº 2.914 de 2011, que em seu Art. 5º
adotou uma série de definições como: padrão de potabilidade, padrão organoléptico,
água tratada e sistemas de abastecimento.

• A Portaria GM/MS Nº 888, de 4 de maio de 2021, é a última portaria atualizada que


dispõe dos procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água de consumo
humano e seus padrões de potabilidade.

• As análises físico-químicas têm o principal objetivo identificar e quantificar elementos


químicos orgânicos e inorgânicos, além de espécies iônicas em águas.

• Os parâmetros de controle de qualidade de águas estabelecidos de acordo com a


Portaria GM/MS nº 888, de 4 de maio de 2021, deverão ser analisados pelo menos
por uma amostra semestral em cada ponto de captação. Devem ser analisados: pH,
Turbidez, Cor Aparente, Demanda Química de Oxigênio (DQO), Demanda Bioquímica
de Oxigênio (DBO), Oxigênio Dissolvido (OD), Fósforo Total, Nitrogênio Amoniacal Total
e dos parâmetros inorgânicos, orgânicos e agrotóxicos.

119
AUTOATIVIDADE
1 Muitas legislações fizeram parte da história do Brasil do que diz respeito a regras,
padrões de potabilidade dos diferentes tipos de água. No ano de 2004, uma portaria
entrou em vigor e foi crucial para estabelecer os padrões de potabilidade para o
consumo humano. Trata-se de Portaria nº 518/2004. De acordo com essa portaria,
assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A portaria listou os parâmetros de potabilidade variando de estado para estado,


pois cada estado possui características geológicas que são capazes de influenciar
a concentração dos padrões estabelecidos.
b) ( ) Dentre os padrões de potabilidade temos apenas os microbiológicos, a turbidez
da água, algumas substâncias químicas de origem orgânica que podem acarretar
males à saúde humana.
c) ( ) Todos os padrões de potabilidade lançados pela portaria apresentaram um valor
máximo permitido, ou seja, o limite que é tolerável para o consumo humano.
d) ( ) Os defensivos agrícolas não entraram nesses padrões de potabilidade, pois em
2004 não se conhecia os males que causavam para a vida aquática.

2 Sabemos que as análises físico-químicas vêm contribuir para quantificar elementos


químicos orgânicos e inorgânicos, além de espécies iônicas em águas, podendo avaliar
a qualidade dos diferentes tipos de água e relacionar as propriedades químicas e
físicas dos parâmetros analisados com as interações sobre os ecossistemas à saúde
humana. Sobre o exposto, analise as sentenças a seguir:

I- Os micropoluentes orgânicos envolvem compostos de carbono com diferentes


arranjos químicos, podendo ser classificados dependendo dos seus constituintes.
São tóxicos e podem levar a graves doenças como a deficiência física grave em
fetos, por afetar as células teratogênicas.
II- Nitratos são formados por ação de bactérias conhecidas como Nitrosomas e
Nitrobacter, em que a amônia é convertida em nitrato.
III- A DBO corresponde à demanda química de oxigênio sendo um dos parâmetros
mais úteis para caracterizar a contaminação em águas.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

120
3 Sabemos que para a água utilizada para consumo humano deve atender a critérios
estabelecidos, como padrões estéticos e organoléticos, com intuito de proporcionar
ao seu consumidor a aceitação e não rejeição. Existem substâncias que quando
presentes na água podem alterar o sabor, odor e as características físico-químicas
fazendo com que haja perigo para saúde humana. De acordo com os parâmetros
analisados para controlar a qualidade da água, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) A turbidez é um dos parâmetros analisados para determinar a qualidade da água,


sendo uma característica da água que é causada pelas partículas em suspensão,
assim como até a presença de matéria orgânica ou inorgânica na água.
( ) A demanda química de oxigênio (DQO) é um indicador da presença de matéria
orgânica e é obtida no laboratório com a inserção de um forte oxidante.
( ) O nitrogênio na forma molecular (N2) está associado a doenças como a
metaemoglobinemia, também conhecida como doença do bebê azul..

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – V – F.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 Uma água de qualidade deve ter características específicas previstas na legislação


brasileira. Assim, esperamos que a água seja potável aos nossos olhos, apresentando
translucidez, ausência de aroma e cor. Entretanto, na natureza a água apresenta cor
devido aos processos naturais que ocorrem no ambiente. Diante do exposto, disserte
sobre o parâmetro de qualidade da água a cor e indicando os conceitos relativos à
cor, a cor aparente e a cor verdadeira.

5 A Portaria GM/MS nº 888, de 4 de maio de 2021, estabeleceu os parâmetros de


controle para a qualidade de águas de consumo e abastecimento. São análises que,
de acordo com a lei, deverão ser executadas pelo menos uma vez ao mês, devendo
ser coletadas em cada ponto de captação. Neste contexto, disserte sobre as análises
que deverão ser realizadas.

121
122
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
EFLUENTES E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

1 INTRODUÇÃO
A água subterrânea faz parte do ciclo hidrológico e existe em poros e vazios
em formações geológicas sedimentares, ou até mesmo em planos estruturalmente
fracos em formações geológicas ígneas ou metamórficas, representados por falhas e
fissuras. Segundo dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (2020),
a disponibilidade de água subterrânea no Brasil é estimada em cerca de 14.650 m³/s,
e assim como as águas superficiais, não está distribuída uniformemente pelo país. As
características hidrogeológicas e a produtividade dos aquíferos são variáveis, tendo
áreas de escassez e outras relativamente abundantes.

Quando falamos da quantidade de água utilizada podemos destacar a indústria


brasileira, que responde por uma média de 9,6% das necessidades de água do país a
cada ano, de acordo com dados de 2018 da Agência Nacional de Águas (ANA). A indústria
utiliza a água em diversos processos, tais como: lavagens de máquinas, sistemas de
resfriamento de equipamentos, tubulações, lavagens em geral e ainda incorpora a água
em processos industriais diretamente nos produtos. Dessa forma, após utilização da
água nesses processos, ela passa a ser um efluente, pois incorpora poluentes e resíduos
do processo industrial.

O efluente industrial corresponde à descarga líquida de um determinado


processo de produção. As propriedades dos efluentes industriais variam de acordo com
as características de cada indústria, e dentre as propriedades diretamente relacionadas,
a composição, volume, concentração e temperatura são as mais destacadas. Com
a diversidade de características dos efluentes industriais e a alta variabilidade de
poluentes devido à diversidade de indústrias existentes, é necessário determinar as
normas, parâmetros, requisitos e diretrizes para lançamento de efluentes em corpos
hídricos, os quais são regulamentados pelo CONAMA.

Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos conceitos sobre os efluentes domésticos
e industriais, assim como a legislação vigente que regulamenta o lançamento dos
efluentes e seus parâmetros de qualidade. Conheceremos as análises físico-químicas
realizadas para controlar a qualidade dos efluentes, de acordo com a legislação, assim
como iremos compreender a legislação das águas subterrâneas, seus padrões de
qualidade e suas análises.

123
2 EFLUENTES INDUSTRIAIS E DOMÉSTICOS
O desenvolvimento caótico das cidades, aliado à ocupação de áreas onde há
presença de água de nascente e o crescimento populacional, tem levado ao esgotamento
das reservas naturais de água, obrigando as pessoas a buscarem fontes de captação
em outros locais. De acordo com Funasa (BRASIL, 2014, p. 38), “a escassez é resultado
do consumo cada vez maior, do mau uso dos recursos naturais, do desmatamento, da
poluição, do desperdício, da falta de políticas públicas que estimulem o uso sustentável,
a participação da sociedade e a educação ambiental”.

A água utilizada em território brasileiro é requerida “principalmente para


irrigação, abastecimento humano e animal, indústria, geração de energia, mineração,
aquicultura, navegação, recreação e lazer” (ANA, 2020b, p. 25). O consumo de água
pode ser dividido em retirada, consumo e retorno. A captação (retirada) de água refere-
se à quantidade total de água captada para uma finalidade, como para o abastecimento
urbano de água. A água de retorno refere-se ao retorno de uma parcela da água retirada
para uma finalidade específica, como esgoto de abastecimento urbano. Já o consumo
é a água utilizada que não retorna ao corpo hídrico, ou seja, é a diferença entre uma
retirada e um retorno (ANA, 2020b).

Pesquisas realizadas pela Agência Nacional de Águas (ANA) em 2019, segundo o


Relatório da Conjuntura de 2020 (ANA, 2020b), constataram que a cada ano a indústria
brasileira utiliza uma média de 9,7% da necessidade de água do país por ano. A Figura
9 ilustra a porcentagem com relação ao total de água retirada nas bacias hidrográficas
em 2019. Vale destacar que o abastecimento urbano é a segunda maior porcentagem
de água utilizada.

FIGURA 9 – TOTAL DE ÁGUA RETIRADA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS (2019)

FONTE: Ana (2020b, p. 32)

124
Podemos observar na Figura 9 a demanda da quantidade de água por finalidade
no Brasil no ano de 2019. A porcentagem utilizada pela indústria equivale a uma
estimativa de 202,3 𝑚3/s, deste total, 108,7 𝑚3/s são utilizados para consumo e 93,6 𝑚3/s
são retornados a corpos hídricos, que corresponde à porção dos efluentes industriais, a
qual representa uma enorme quantidade.

Nota-se que o abastecimento urbano (Figura 9) corresponde ao segundo maior


uso de água, com uma porcentagem de 24,3%. Assim, o total e água retirada é de 505,7
𝑚3/s, deste total, 101,1 𝑚3/s são utilizados para consumo e 404,6 𝑚3/s são retornados a
corpos hídricos, que corresponde à porção dos efluentes domésticos.

FIGURA 10 – TOTAL DE ÁGUA RETIRADA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS (2019)

FONTE: Ana (2020b, p. 31)

O aumento da população e atividades econômicas no Brasil faz com que a


demanda por recursos hídricos aumente, sendo que para suprir essa demanda, a
água é retirada de mananciais aquáticos, rios, lagos, represas e aquíferos. O Brasil
é rico em reservas subterrâneas de água doce, no entanto, sofre com a escassez de
água, assim, a preocupação com o meio ambiente é urgente, pois o acelerado avanço
demográfico e econômico leva a processos de poluição e degradação ambiental em
sistemas aquáticos (ANA, 2020b).

125
Acadêmico, é importante refletirmos quanto ao uso da água. Aqui, gostaríamos
de lhe proporcionar uma reflexão com alguns questionamentos. Na sua opinião, em sua
residência ocorre o desperdício de água? A água para uso doméstico corre na torneira
durante a lavagem dos utensílios sujos? Durante a higiene pessoal, na hora do banho, a água
fica correndo na hora de ensaboar os cabelos e o corpo? Se a sua resposta for afirmativa,
vamos repensar o uso da água, um bem tão valioso e finito, como já mencionado.

O desperdício de água ocorre em residências, mas não podemos deixar


de destacar as perdas que ocorrem nas redes de distribuição de água, geradas por
vazamentos, que muitas vezes são provocados por problemas com encanamentos e
tubulações (BRASIL, 2014).

ATENÇÃO
Segundo dados do site Trata Brasil, do Governo Federal, com relação às
perdas de água pelos sistemas de distribuição, a média nacional alcança
a faixa de 40% de perda, o que corresponde a, aproximadamente, 7,5
mil piscinas olímpicas de água potável sendo perdida todos os dias. A
quantidade dessa perda massiva de água seria suficiente para abastecer
63 milhões de brasileiros em um ano, o que seria equivalente a 30% da
população brasileira em 2019.

FONTE: <https://bit.ly/3NV49T1>. Acesso em: 4 abr. 2022.

2.1 DEFINIÇÕES DE EFLUENTES PELA LEGISLAÇÃO


Nas últimas décadas, há uma grande preocupação com a poluição causada
por efluentes industriais e domésticos. Para compreendermos melhor a distinção entre
esses termos utilizados, a Resolução nº 430, de 13 de maio de 2011, em seu Art. 4º, adota
alguns conceitos, como:

• Efluente: termo utilizado para caracterizar despejos líquidos oriundos de diversas


atividades e processos.
• Esgotos sanitários: termo utilizado para despejos líquidos residenciais, comerciais,
águas que podem infiltrar na rede coletora, podendo conter uma quantidade de
efluentes industriais e não domésticos.
• Lançamento direto: efluente lançado diretamente no corpo de água receptor.
• Lançamento indireto: quando o efluente é conduzido, submetido ou não a tratamento,
através da rede coleta que recebe ainda outras parcelas de contribuições antes de
chegar no corpo de água receptor.
• Parâmetro de qualidade do efluente: compostos e substâncias ou outros indicadores
que representam os contaminantes.

126
A Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, possui a NBR 9648 (ABNT,
1986), que trata da definição de esgoto sanitário como sendo o despejo líquido composto
de esgotos do­méstico e industrial, água infiltrada e a contribuição parasitária de origem
pluvial. Ainda, define: esgoto doméstico é o resíduo líquido produzido em função de
necessidades fisiológicas humanas; esgoto industrial é resíduo líquido produzido por
processos industriais e atende aos padrões de descarte estabelecidos; água infiltrada é
toda água oriunda do subsolo, que é prejudicial ao sistema; e as contribuições parasitas
de águas pluviais são a porção do escoamento superficial que é inevitavelmente
absorvida pela rede de esgoto sanitário (MICHALAKE; SILVA; SILVA, 2016).

O governo sempre se preocupou em distribuir água potável para a população,


e infelizmente não se preocupou tanto com o tratamento do esgoto sanitário. Para a
qualidade da água, ambos são importantes. Sem o tratamento adequado, a água torna-
se contaminada, o que prejudica a saúde humana (MICHALAKE; SILVA; SILVA, 2016).

De acordo com Merten e Minella (2002, p. 34), “os efluentes domésticos, por
exemplo, são constituídos basicamente por contaminantes orgânicos, nutrientes e
microorganismos, que podem ser patogênicos”. A contaminação por efluentes industriais
é decorrente das matérias-primas e dos processos industriais utilizados, podendo ser
complexa, devido à natureza, concentração e volume dos resíduos produzidos.

Dados do painel de esgoto de 2020, do Sistema Nacional de Informações sobre


Saneamento (SNIS, 2020), indicam que 55% da população é atendida pela rede esgoto,
o que corresponde a 114,6 milhões de pessoas e 50,8% do esgoto gerado é tratado.

Lembramos que a Lei das Diretrizes Básicas para o Saneamento Básico, Lei
nº 11.445/2007 (BRASIL, 2007), instituiu os quatro serviços: abastecimento de água;
esgotamento sanitário (coleta e tratamento), limpeza urbana e drenagem. A legislação
ambiental tem estabelecido regras para o lançamento de efluentes industriais e a
tendência é de existir um maior controle desses poluentes.

DICA
Acesse os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
(SNIS) de 2020 em: https://bit.ly/3ujk0TH.

127
3 PADRÃO DE POTABILIDADE DE EFLUENTES
A nível federal, o órgão responsável por regulamentar os padrões de lançamento
de efluentes é o Conselho Nacional do Meio Ambiente, CONAMA. Em seu Art. 24º,
menciona que (BRASIL, 2005, p. 27):

Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados,


direta ou indiretamente, nos corpos de água, após o devido tratamento e desde que
obedeçam às condições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e em outras
normas aplicáveis.

Acadêmico, a legislação atualmente em vigor, a nível Federal, é a Resolução nº


430, de 13 de maio de 2011. Dessa forma, dispõe sobre condições, parâmetros, padrões
e diretrizes para lançamento de efluentes em corpos de água, altera parcialmente e
complementa a Resolução CONAMA nº 357/2005.

Na seção II da referida Resolução, temos as condições e padrões de lançamento


de efluentes, que destaca em seu Art. 16 que “Os efluentes de qualquer fonte poluidora
somente poderão ser lançados diretamente no corpo receptor desde que obedeçam às
condições e padrões previstos neste artigo, resguardadas outras exigências cabíveis”.

Portanto, acadêmico, na Tabela 5 são apresentadas as condições de lançamento


de efluentes de acordo com a Resolução nº 430/2011.

TABELA 5 – CONDIÇÕES DE LANÇAMENTO DE EFLUENTES

Padrões Valores máximos

pH 5a9
Inferior a 40 °C, sendo que a variação de temperatura do corpo
Temperatura
receptor não deverá exceder a 3 °C no limite da zona de mistura.
Até 1 ml/L em teste de 1 hora em cone Inmhoff. Para o
Materiais lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação
sedimentáveis seja praticamente nula, os materiais sedimentáveis deverão estar
virtualmente ausentes.
- óleos minerais: até 20 mg/L;
Óleos e graxas
- óleos vegetais e gorduras animais: até 50 mg/L;
Materiais
Ausência
flutuantes
Demanda (DBO 5 dias a 20 °C): remoção mínima de 60% de DBO sendo que
Bioquímica de este limite só poderá ser reduzido no caso de existência de estudo
Oxigênio (DBO) de autodepuração do corpo hídrico que comprove atendimento às
metas do enquadramento do corpo receptor.

128
De acordo com a supracitada Resolução vigente, as Tabelas 6 e 7 mostram os
parâmetros inorgânicos e orgânicos, respectivamente, de lançamento de efluentes.

Os valores máximos apresentados na tabela são estabelecidos de modo que


se ultrapassarem esse valor, causam malefícios a vida humana e muitas vezes causam
efeitos estéticos que prejudicam a qualidade da água.

TABELA 6 – PADRÕES DE LANÇAMENTO DE EFLUENTES, PARÂMETROS INORGÂNICOS

Parâmetros inorgânicos Valores máximos


Arsênio total 0,5 mg/L As
Bário total 5,0 mg/L Ba
Boro total (Não se aplica para o lançamento em
5,0 mg/L B
águas salinas)
Cádmio total 0,2 mg/L Cd
Chumbo total 0,5 mg/L Pb
Cianeto total 1,0 mg/L CN
Cianeto livre (destilável por ácidos fracos) 0,2 mg/L CN
Cobre dissolvido 1,0 mg/L Cu
Cromo hexavalente 0,1 mg/L Cr+6
Cromo trivalente 1,0 mg/L Cr+3
Estanho total 4,0 mg/L Sn
Fluoreto total 10,0 mg/L F
Manganês dissolvido 1,0 mg/L Mn
Mercúrio total 0,01 mg/L Hg
Níquel total 2,0 mg/L Ni
Nitrogênio amoniacal total 20,0
Nitrogênio amoniacal total
mg/L N
Prata total Prata total 0,1 mg/L Ag
Selênio total Selênio total 0,30 mg/L Se
Sulfeto Sulfeto 1,0 mg/L S
Zinco total Zinco total 5,0 mg/L Zn
FONTE: FONTE: (BRASIL, 2011)

129
TABELA 7 – PADRÕES DE LANÇAMENTO DE EFLUENTES, PARÂMETROS ORGÂNICOS

Parâmetros Orgânicos Valores máximos


Benzeno 1,2 mg/L
Clorofórmio 1,0 mg/L
Dicloroeteno (somatório de 1,1 + 1,2 cis + 1,2 trans) 1,0 mg/L
Estireno 0,07 mg/L
Etilbenzeno 0,84 mg/L
fenóis totais (substâncias que reagem com
0,5 mg/L C6H5OH
4-aminoantipirina)
Tetracloreto de carbono 1,0 mg/L
Tricloroeteno 1,0 mg/L
Tolueno 1,2 mg/L
Xileno 1,6 mg/L
FONTE: FONTE: (BRASIL, 2011)

Na seção III da supracitada Resolução, o Art. 21 estabelece as condições e os


padrões a serem seguidos para que haja o lançamento direto do efluente proveniente
de sistemas de tratamento de esgotos sanitários, conforme mostra a Tabela 8.

TABELA 8 – CONDIÇÕES DE LANÇAMENTO DE EFLUENTES DE SISTEMAS DE TRATAMENTO DE


ESGOTOS SANITÁRIOS

Padrões Valores máximos


pH 5a9
Inferior a 40 °C, sendo que a variação de temperatura do corpo
Temperatura
receptor não deverá exceder a 3 °C no limite da zona de mistura;
(DBO 5 dias a 20 °C): remoção mínima de 60% de DBO sendo que
Demanda
este limite só poderá ser reduzido no caso de existência de estudo
Bioquímica de
de autodepuração do corpo hídrico que comprove atendimento às
Oxigênio (DBO)
metas do enquadramento do corpo receptor;
Até 1 ml/L em teste de 1 hora em cone Inmhoff. Para o
Materiais lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação
sedimentáveis seja praticamente nula, os materiais sedimentáveis deverão estar
virtualmente ausentes;
Óleos e graxas
(substâncias
Até 100 mg/L
solúveis em
hexano)

130
Materiais
Ausência
flutuantes
FONTE: FONTE: (BRASIL, 2011)

Os parâmetros inorgânicos e orgânicos para o lançamento de efluentes sanitários


diretamente no corpo receptor seguem os mesmos apresentados nas Tabelas 5 e 6.

Portanto, acadêmico, na sequência, serão apresentados definições e métodos


de análise de parâmetros físico-químicos utilizados na determinação de substâncias
orgânicas e inorgânicas que se encontram presentes em águas.

4 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS
O processo de tratamento do esgoto sanitário é estabelecido pela legislação e
visa a remoção dos poluentes. São empregadas diversas tecnologias e processos para
tratar esses efluentes, garantindo, assim, seu lançamento no corpo hídrico obedecendo
os padrões pela legislação vigente.

ATENÇÃO
Acadêmico, para relembrar quais são as etapas do processo de tratamento
de esgoto sanitário, lembramos que o caderno de estudos da disciplina
Introdução ao Saneamento Básico tem muita informação que você
pode utilizar. Na Unidade 3, que aborda a “Introdução aos Sistemas de
Saneamento Básico”, o Tópico 2 apresenta os sistemas de esgotamento e
o tratamento de esgoto sanitário.

Acadêmico, é importante lembrar que nas estações de tratamento de esgoto


(ETE) há diferentes métodos e processos para tratar os efluentes. Esses métodos são
empregados de acordo com a carga poluidora do efluente produzido. Estes tratamentos
são classificados como tratamento físico, químico e biológico. A fim de verificar a
eficiência do processo, há análises que são realizadas em amostras coletadas antes
da etapa de tratamento (amostras brutas) e após o tratamento (amostras tratadas)
(ZANITH, 2016; MICHALAKE; SILVA; SILVA, 2016).

A partir da análise de amostras de ETE torna-se possível determinar as


propriedades físico-químicas dos efluentes como: pH, temperatura, turbidez, sólidos
precipitados, sólidos suspensos, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), demanda
química de oxigênio (DQO) etc. (ZANITH, 2016).

131
Todas as análises realizadas seguem a metodologia Standard Methods for the
Examination of Water and Wastewater, American Public Health Association (APHA),
American Water Works Association (AWWA) e Water Environment Federation (WEF).

4.1 TEMPERATURA
A temperatura mede o grau de agitação térmica das moléculas de um corpo. Um
corpo hídrico pode ter sua temperatura alterada por fenômenos naturais (energia solar)
ou por ação antropogênica, através do despejo de efluentes industriais, como a água
utilizada para resfriar as máquinas. A temperatura influencia diretamente na velocidade
das reações químicas, acelerando processos metabólicos que ocorrem nos organismos
vivos, além de influenciar a solubilidade de substâncias, favorece a dissolução de gases
(temperaturas mais elevadas), influencia em propriedades como a viscosidade, tensão
superficial, dentre outras. Desse modo o aumento da temperatura em corpos hídricos
pode causar danos para a vida aquática (BRASIL, 2014; ZANITH, 2016).

Para realizar a determinação da temperatura a amostra é transferida para um


béquer (vidraria de laboratório) sendo inserido um termômetro para leitura na escala
graus Celsius (°C).

4.2 pH.
Acadêmico, no Tópico 1 desta Unidade, o Subtópico 3.1.1 aborda a definição
do potencial Hidrogeniônico (pH). O conceito e a técnica não se alteram, entretanto,
precisamos destacar algumas informações para os efluentes.

No sistema de tratamento de efluentes, o valor do pH influencia diretamente


diversos processos de tratamento empregados, como a etapa da coagulação e floculação.
Para que essas etapas ocorram com êxito, é necessário um valor de “pH ótimo” para a
etapa da coagulação, ou seja, o pH no qual as partículas coloidais apresentam baixa
carga eletrostática superficial. Outro processo influenciado pelo pH que podemos citar é
o processo de desinfecção com cloro. O pH ácido (pH < 7) favorece a ionização do ácido
hipocloroso o que forma o hipoclorito tornando o processo eficaz (CETESB, 2016).

4.3 DEMANDA BIOLÓGICA DE OXIGÊNIO (DBO)


A demanda bioquímica de oxigênio, como vimos no Tópico 2, segundo definição
de Von Sperling (1996, p. 66), “retrata a quantidade de oxigênio requerida para estabilizar,
através de processos bioquímicos, a matéria orgânica carbonácea”. É um indicativo de
poluição orgânica em um corpo hídrico e seu principal efeito é a diminuição de oxigênio

132
dissolvido (OD). A DBO520 é um ensaio realizado no 5º dia, considerando os efluentes
domésticos, o consumo de oxigênio no quinto dia é relacionado com o consumo final,
o ensaio é realizado a 20 °C, a análise se baseia na medição de OD no primeiro dia e no
quinto dia, após a incubação (VON SPERLING, 1996).

O que precisa ser levado em conta é que nos efluentes domésticos o oxigênio
dissolvido é consumido antes dos 5 dias de incubação, devido à alta carga de matéria
orgânica, portanto, se faz necessário realizar diluições da amostra para reduzir a
concentração de matéria orgânica e dessa forma possibilitar o estudo da DBO em 5 dias
de incubação (VON SPERLING, 1996).

A análise de DBO apresenta vantagens que até o presente momento nenhuma


outra análise conseguiu substitui-la, no que diz respeito à determinação da matéria
orgânica. Assim, segundo Von Sperling (1996), o teste permite:

• Indicar a velocidade de degradação do despejo (efluente).


• Quantificar o consumo de oxigênio em função do tempo.
• Determinar a quantidade de oxigênio necessário para estabilizar a matéria orgânica.

Como toda análise realizada apresenta limitações, para a DBO, podemos listar
algumas:

• Os microrganismos podem não estar aptos para aquele despejo, resultando em


valores baixos de DBO.
• A presença de metais pesados e substâncias tóxicas pode matar ou inativar os
microrganismos.
• O teste de DBO leva 5 dias para ser realizado e muitas vezes é necessário realizar a
diluição.

A legislação que dispõe o padrão de lançamento de efluentes é normalmente


baseada em valores de DBO.

4.4 MATERIAIS SEDIMENTÁVEIS


A presença de sólidos se deve às substâncias orgânicas e ou inorgânicas que se
encontram em suspensão ou dissolvidas na água. A classificação de sólidos está relacionada
a alguns parâmetros como: tamanho, decantabilidade e caraterísticas químicas.

Quanto ao tamanho dos sólidos temos (GIORDANO, 2004):

• sólidos dissolvidos: definidos por substâncias ou partículas que possuem diâmetros


menores do que 1,2 µm;
• sólidos em suspensão: definidos por substâncias ou partículas que possuem
diâmetros acima de 1,2 µm.
133
As características químicas dos sólidos se baseiam em submeter a amostra a
uma temperatura de 550 °C. Nessas condições, a parte orgânica é totalmente oxidada
(volatilizada) e o que resta após a combustão é a parte que não foi oxidada, inerte.
Assim, temos os sólidos totais que se dividem em sólidos voláteis (matéria orgânica) e
sólidos fixos (matéria inorgânica) (VON SPERLING, 1996).

Quanto à decantabilidade dos sólidos, temos:

Sólidos sedimentáveis: substâncias ou partículas que se sedimentam no período


de uma hora, ou seja, se separam da fase líquida em função da densidade. A unidade é
dada em mg/L e é realizado em um cone de Imhoff (Figura 11).

FIGURA 11 – CONE DE IMHOFF, SÓLIDOS SEDIMENTÁVEIS

FONTE: <https://bit.ly/37qmMxg>. Acesso em: 15 jan. 2022.

Sólidos em coloidais: são formados por substâncias ou partículas no estado


coloidal, possui um pequeno diâmetro (0,001 e 1,2 e em função de sua camada de
solvatação impedem que a partícula cresça. As partículas permanecem em suspensão
(GIORDANO, 2004; MICHALAKE; SILVA; SILVA, 2016).

4.5 ÓLEOS E GRAXAS


Óleos e graxas são compostos chamados de hidrocarbonetos, são substâncias
orgânicas podendo ser de origem animal, vegetal ou mineral. Sua presença em águas
se deve por ação antrópica, oriundas de despejos industriais, domésticos, postos de
gasolina, vias públicas, oficinas mecânicas. A decomposição de óleos e graxas causa
uma redução da quantidade de oxigênio dissolvido, o que implica elevados valores da
DBO e DQO causando impactos negativos no corpo hídrico (KICH; BÖCKEL, 2017).

134
O método gravimétrico é realizado dissolvendo o óleo e a graxa da amostra
em um solvente apropriado. A amostra é acidificada e filtrada para que o óleo e a graxa
permaneçam no filtro. O filtro foi seco em estufa e então extraído com solvente. Em
seguida, o solvente foi evaporado e o teor de óleo e graxa foi obtido gravimetricamente
(KICH; BÖCKEL, 2017). Outro método que pode ser utilizado é o da espectrofotometria
em amostras líquidas.

IMPORTANTE
Acadêmico, os primeiros lubrificantes a aparecerem no mercado foram os
óleos animais, mas com a modernização e necessidade da indústria, a base
dos lubrificantes atuais passou a ser os óleos minerais, óleos sintéticos e óleos
semissintéticos. Como fonte mineral mais utilizada, sua composição contém uma
mistura de hidrocarbonetos, derivados do refino do petróleo. Os óleos lubrificantes
possuem moléculas de diferentes tamanhos e formas, e sua composição química é
nitrogênio, enxofre e metais. Lubrificantes sintéticos são cada vez mais utilizados devido
à dificuldade em controlar quimicamente materiais indesejáveis ​​durante o processo, são
produzidos em laboratório. Entretanto, o óleo mineral deriva do petróleo e represente 2%
dos seus derivados, não sendo consumido pelo motor do automóvel por completo leva a
impactos ambientais (KICH; BÖCKEL, 2017).

5 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
De acordo com os dados lançados pela Conjuntura de Recursos Hídrico no
Brasil em 2020, elaborado pela Agência Nacional de Águas (ANA), a disponibilidade
de água subterrânea no Brasil é estimada em cerca de 14.650 m³/s, e assim como as
águas superficiais, não está distribuída uniformemente pelo país. As características
hidrogeológicas e a produtividade dos aquíferos são variáveis, ocorrem em áreas de
escassez e outras relativamente abundantes (ANA, 2020b).

NOTA
Acadêmico, a hidrogeologia é uma ciência que estuda as águas subterrâneas,
de acordo com Domenico e Schwartz (apud RIBEIRO et al., 2007, p. 688):
“Hidrogeologia é o estudo das leis que governam o movimento das águas
subterrâneas, as interações mecânicas, físicas e termais dessa água com o
sólido poroso, e o transporte de energia, constituintes químicos e a matéria
particulada pelo fluxo”.

135
As águas subterrâneas fazem parte do processo dinâmico conhecido por ciclo
hidrológico, circulando em todas as partes do ciclo. Aproximadamente 97% da água no
Planeta Terra se encontra nos oceanos, uma outra parte está disposta na atmosfera
na forma de vapor de água (nuvens), outra parte é encontrada na forma sólida (gelo,
massas de neve, calotas polares).

A água superficial encontrada na forma de rios, lagos e reservatórios e as


águas subterrâneas estão localizadas nos aquíferos subterrâneas. Dessa forma, a água
consegue circular do oceano para atmosfera e precipitando nos continentes atingindo
os mananciais superficiais e subterrâneos (MANAHA, 2013). Pormos observar na Figura
12 as relações que a água subterrânea faz com vários sistemas.

FIGURA 12 – CICLO HIDROLÓGICO E AS INTER-RELAÇÕES COM OS SISTEMAS

FONTE: Ribeiro et al. (2007, p. 688)

Ao atingir a zona de saturação abaixo do lençol freático, a água move-se de


acordo com as condições da rocha hospedeira. As rochas hospedeiras saturadas
permitem que grandes volumes de água passem por seu interior.

Tudo ocorre em condições naturais. Na natureza, estas rochas podem ser


encontradas em diversas condições, definindo-as como livres, restritas, de drenagem
restrita e em suspensão, e dependendo do tipo de litologia, em porosas, fraturada
(fissural) e cárstica (formados por rochas carbonáticas) (RIBEIRO et al., 2007). Podemos
visualizar as formas de ocorrência da água subterrânea na Figura 13.

136
FIGURA 13 – FORMAS E OCORRÊNCIA DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

FONTE: Ribeiro et al. (2007, p. 688)

Pela sua própria dinâmica, a água consegue se infiltrar tornando-se, então água
subterrânea, o que varia em função do aquífero. Pode sofrer recarga a partir da água
da chuva e infiltração dos corpos hídricos, pode sofrer uma descarga (escoamento
básico) e ainda processos que possam vir a interferir na dinâmica do movimento, como
a evapotranspiração e capilaridade. E o principal e mais preocupante: pode sofrer por
ações antrópicas do homem (RIBEIRO et al., 2007).

As características que envolvem a composição físico-química das águas


subterrâneas são resultantes do processo natural a partir do enriquecimento mineral
das águas que compõe o ciclo hidrológico (ar, superfície e solo), e claro, o tempo de
residência que a água permanece na rocha hospedeira (aquífero). As águas subterrâneas
apresentam composição variada em funções de processos de mineralização e da
composição da rocha hospedeira (RIBEIRO et al., 2007).

Considerada uma fonte essencial para o abastecimento do consumo humano,


as águas subterrâneas são utilizadas principalmente por aquelas regiões que não tem
acesso ao abastecimento público. As águas subterrâneas, como dito, podem sofrer
infiltração de águas residuais do solo, de águas da chuva, sendo assim, as atividades
que ocorrem no solo, como a aplicação de pesticidas, agrotóxicos, atividade de
mineração, despejos industriais e domésticos podem colocar em risco a qualidade da
água subterrânea (SANTOS; MOHR, 2013). Portanto, há grandes preocupações que vem
sendo refletidas na forma de legislações, com intuito de proteger esses aquíferos. Assim,
para que a água subterrânea seja considerada como água potável, é necessário um
tratamento adequado para que ela assuma padrões e tenha os parâmetros de qualidade
dentro do limite de aceitação da legislação.

6 PADRÕES DE QUALIDADE PARA ÁGUAS SUBTERRÂNEAS



Os aquíferos e rochas que armazenam as águas subterrâneas refletem as
características químicas delas. Dessa forma, segundo a CETESB (2005), os processos
químicos, físicos e biológicos que ocorrem de forma natural interferem na qualidade

137
da água subterrânea. O ciclo hidrológico possibilita a renovação da água, e com isso
é incorporada uma variedade de substâncias nela. Os parâmetros químicos, físicos
e biológicos auxiliam a verificar a qualidade das águas subterrâneas, fazendo a sua
caracterização e monitoramento. Segundo a CETESB (2005, p. 35), são eles:

Parâmetros Físicos: temperatura da água e do ar, sólidos dissolvidos


totais e sólidos totais.
Parâmetros Químicos: pH, alcalinidade bicarbonato, alcalinidade
carbonato, alcalinidade hidróxido, condutividade elétrica, dureza
total, nitrogênio nitrato, nitrogênio nitrito, nitrogênio amoniacal
total, nitrogênio kjeldhal total, carbono orgânico dissolvido, cloreto,
fluoreto, sulfato e as concentrações totais de alumínio, antimônio,
arsênio, bário, berílio, boro, cádmio, cálcio, chumbo, cobalto, cobre,
crômio, crômio hexavalente, estanho, estrôncio, ferro, lítio, magnésio,
manganês, mercúrio, molibdênio, níquel, potássio, prata, selênio,
sódio, titânio, urânio, vanádio e zinco.
Parâmetros Microbiológicos: bactérias heterotróficas, Escherichia
coli, coliformes totais e bacterió­fagos F-específicos.

A nível federal, temos no Brasil a Resolução do CONAMA nº 396, de 3 de


abril (BRASIL, 2008), que dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o
enquadramento das águas subterrâneas e dá outras providências. Já em seu Art. 1º,
além de dispor sobre a classificação e diretrizes para o enquadramento, dita ainda
acerca da prevenção e o controle de poluição para águas subterrâneas. A supracitada
resolução do Conama classificou as águas subterrâneas em classes de acordo com o
uso preponderante, como mostrado no Quadro 3.

QUADRO 3 – ENQUADRAMENTO EM CLASSES DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Classe águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses destinadas a


Especial preservação de ecossistemas em unidades de conservação de proteção integral
e as que contribuam diretamente para os trechos de corpos de água superficial
enquadrados como classe especial;

Classe 1 águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses, sem alteração de sua
qualidade por atividades antrópicas, e que não exigem tratamento para quaisquer
usos preponderantes devido as suas características hidro geoquímicas naturais;

Classe 2 águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses, sem alteração de
sua qualidade por atividades antrópicas, e que podem exigir tratamento adequado,
dependendo do uso preponderante, devido as suas características hidro
geoquímicas naturais;

Classe 3 águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses, com alteração de sua
qualidade por atividades antrópicas, para as quais não e necessário o tratamento em
função dessas alterações, mas que podem exigir tratamento adequado, dependendo
do uso preponderante, devido as suas características hidro geoquímicas naturais;

Classe 4 águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses, com alteração de
sua qualidade por atividades antrópicas, e que somente possam ser utilizadas, sem
tratamento, para o uso preponderante menos restritivo; e

138
Classe 5 águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses, que possam estar
com alteração de sua qualidade por atividades antrópicas, destinadas a atividades
que não tem requisitos de qualidade para uso.

FONTE: (BRASIL, 2008)

De acordo com a legislação, para cada classe há valores máximos permitidos


estabelecidos para as substâncias de interesse, garantindo assim a qualidade adequada
a cada uso específico de água subterrânea.

Acadêmico, neste tópico não abordaremos as definições de cada um dos


parâmetros que a legislação dispõe sobre as águas subterrâneas, visto que esses
parâmetros são os mesmos definidos para as águas de consumo (abastecimento) e
efluentes, ou seja, a definição e técnica são as mesmas. Sendo assim, iremos apenas
mostrar os valores máximos permitidos para as diferentes substâncias que compõe as
características físico-químicas das águas subterrâneas.

Vale lembrar que no Art. 2º, a Resolução nº 396/2008 adota algumas definições
que são úteis conhecer para que possamos compreender os valores estabelecidos
para todos os parâmetros, como a definição de limite de detecção praticável (LPQ),
que se trata da menor concentração a ser determinada com total precisão e exatidão
pelo método escolhido (BRASIL, 2008). No Quadro 4 podemos observar os parâmetros
inorgânicos estabelecidos, assim como o limite para o consumo humano, dessedentação
de animais, irrigação e recreação, assim como o LPQ.

QUADRO 4 – PARÂMETROS INORGÂNICOS PARA ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Parâmetros N° CAS Usos Preponderantes da Água LQP


Consumo Dessedentação Praticável
Irrigação Recreação – LQP
Humano de animais

Inorgânicos µg.L-1

Alumínio 7429-90-5 200 (1) 5.000 5.000 200 50

Antimônio 7440-36-0 5 5

Arsênio 7440-38-2 10 200 50 8

Bário 7440-39-3 700 1.000 20

Berílio 7440-41-7 4 100 100 4

Boro 7440-42-8 500 (2) 5.000 500 (4) 1.000 200

Cádmio 7440-43-9 5 50 10 5 5

Chumbo 7439-92-1 10 100 5.000 50 10

Cianeto 57-12-5 70 100 50

139
Cloreto 100.000 –
16887-00-6 250.000 (1) 400.000 2.000
700.000

Cobalto 7440-48-4 1.000 50 10

Cobre 7440-50-8 2.000 500 200 1.000 50

Crômio Cr III
(Cr III + Cr VI) (16065831)
50 1.000 100 50 10
Cr VI
(18540299)

Ferro 7439-89-6 300 (1) 5.000 300 100

Fluoreto 7782-41-4 1.500 2.000 1.000 500

Lítio 7439-93-2 2.500 100

Manganês 7439-96-5 100 (1) 50 200 100 25

Mercúrio 7439-97-6 1 10 2 1 1

Molibdênio 7439-98-7 70 150 10 10

Níquel 7440-02-0 20 (3) 1.000 200 100 10

Nitrato
(expresso 14797-55-8 10.000 90.000 10.000 300
em N)

Nitrito
(expresso 14797-65-0 1.000 10.000 1.000 1.000 20
em N)

Prata 7440-22-4 100 50 10

Selênio 7782-49-2 10 50 20 10 10

Sódio 7440-23-5 200.000 (1) 300.000 1000

Sólidos Totais
1.000.000
Dissolvidos 2000
(1)
(STD)

Sulfato 250.000 (1) 1.000.000 400.000 5.000

Urânio 7440-61-1 15 (2,3) 200 10 (4)

100 (5) 50

Vanádio 7440-62-2 50 100 100 20

Zinco 7440-66-6 5.000 (1) 24.000 2.000 2.000 100

FONTE: Brasil (2008, p. 315)

Acadêmico, para sua formação, é extremamente importante conhecer a


legislação e as formas de análise físico-químicas para as diferentes classes de água
subterrâneas, assim como seus parâmetros.

140
DICA
A resolução do CONAMA nº 396 de 2008 é de grande valia para se conhecer todos
os parâmetros inorgânicos, orgânicos, agrotóxicos e biológicos estabelecidos
para as águas subterrâneas. Para saber mais, acesse: https://bit.ly/3LMePRX.

141
LEITURA
COMPLEMENTAR
CONTAMINAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS POR DERRAMAMENTOS
DE GASOLINA: O PROBLEMA É GRAVE?

Henry Xavier Corseuil



A contaminação de águas subterrâneas por vazamentos em postos de
combustíveis vem merecendo cada vez mais atenção tanto da população em geral
como dos órgãos estaduais de controle ambiental. Este trabalho avalia o problema e
analisa as formas mais adequadas de remediação dos locais contaminados. Ênfase é
dada as ações corretivas baseadas no risco ambiental, ao uso da remediação natural
e aos possíveis efeitos que a mistura do etanol `a gasolina pode causar em caso de
contaminação de aquíferos.

Palavras chaves: águas subterrâneas, derramamentos de gasolina, compostos


BTEX, etanol, biorremediação.

Introdução

As indústrias de petróleo lidam diariamente com problemas decorrentes de


vazamentos, derrames e acidentes durante a exploração, refinamento, transporte, e
operações de armazenamento do petróleo e seus derivados. Para se ter uma ideia da
magnitude do problema, a Agência de Proteção Ambiental Norte-Americana (EPA) estima
que existem mais de 1,5 milhões de tanques subterrâneos de armazenamento de gasolina
nos Estados Unidos, destes, 400.000 já foram substituídos ou adaptados `as legislações
federais que entram em vigor no final de 1998. Ainda em função destas legislações, mais
de 250.000 casos de vazamentos já foram identificados e mais de 97.000 remediações
completadas. Semanalmente mais de 1.000 novos vazamentos estão sendo encontrados
em todo o território norte-americano (BRATBERG E HOPKINS, 1995).

No Brasil existem aproximadamente 27.000 postos de gasolina. No ano de 1995


o consumo de álcool, gasolina e diesel no país foi de 33, 38 e 82 milhões de litros/
dia, respectivamente (PETROBRÁS, 1995). As preocupações relacionadas ao potencial
de contaminação de águas subterrâneas por derramamentos de combustível vêm
crescendo em São Paulo, e em diversas outras cidades do país, como Curitiba, que já
possui legislação sobre o tema, e Joinville (SC). Em Joinville, a Prefeitura local, realizou
estudos com os 65 postos da cidade e constatou que somente um não continha nenhum
problema de contaminação do lençol freático (CADORIN, 1996).

142
Como na década de 1970 houve um grande aumento do número de postos de
gasolina no país, é de se supor que a vida útil dos tanques de armazenamento, que é
de aproximadamente 25 anos, esteja próxima do final, o que consequentemente pode
aumentar a ocorrência de vazamentos nos postos do país. Em um derramamento de
gasolina, uma das principais preocupações é a contaminação de aquíferos que sejam
usados como fonte de abastecimento de água para consumo humano. Por ser muito
pouco solúvel em água, a gasolina derramada, contendo mais de uma centena de
componentes, inicialmente estará presente no subsolo como líquido de fase não aquosa
(NAPL). Em contato com a água subterrânea a gasolina se dissolverá parcialmente. Os
hidrocarbonetos monoaromáticos, benzeno, tolueno, etilbenzeno e os três xilenos orto,
meta e para, chamados compostos BTEX, são os constituintes da gasolina que têm
maior solubilidade em água e, portanto, são os contaminantes que primeiro irão atingir
o lençol freático (CORSEUIL, 1992). Estes contaminantes são considerados substâncias
perigosas por serem depressantes do sistema nervoso central e por causarem leucemia
em exposições crônicas. Dentre os BTEX, o benzeno é considerado o mais tóxico com
padrão de potabilidade de 10 µg/l, segundo as normas do Ministério da Saúde.

Uma grande variedade de processos físico-químicos e biológicos tem sido


utilizados na remoção de hidrocarbonetos de petróleo puros e dissolvidos na água
subterrânea. Processos como extração de vapores do solo (SVE), recuperação de
produto livre, bioventilação, extração com solventes, incineração, torres de aeração,
adsorção em carvão ativado, biorreatores, biorremediação no local, entre outros, têm
sido usados para remover contaminantes orgânicos de águas subterrâneas e sistemas
de solo subsuperficial. Estes processos podem ser implementados para controlar o
movimento de plumas (contaminantes), tratar águas subterrâneas, e/ou descontaminar
solos (CORSEUIL E WEBER, 1994). No entanto, longos períodos de tempo e altos custos
estão normalmente associados com a grande maioria dos processos utilizados para
remediação de áreas contaminadas. Por outro lado, a biorremediação no local, processo
economicamente mais viável, é muitas vezes limitada por dificuldades no transporte de
nutrientes ou receptores de elétrons e no controle das condições para aclimatação e
degradação dos contaminantes nos sistemas subsuperficiais (WEBER E CORSEUIL, 1994;
CORSEUIL E ALVAREZ, 1996). Mesmo que todos os problemas operacionais dos processos
de remediação sejam resolvidos, vários anos são necessários para que os padrões de
qualidade de água sejam atingidos. Nos Estados Unidos, país que já investiu bilhões de
dólares na recuperação de solos e águas subterrâneas, está se chegando à conclusão
de que a grande maioria dos locais contaminados não foi remediada a níveis de padrões
de potabilidade, e os benefícios esperados não estão correspondendo às expectativas
da população (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1993). No entanto, a biorremediação
continua sendo a arma mais usada e pesquisada para a descontaminação de aquíferos
contendo compostos tóxicos.

143
Remediação natural

Uma nova abordagem para a contaminação de solos e águas subterrâneas,


chamada de remediação natural, vem, recentemente, ganhando aceitação
principalmente em locais contaminados por derramamentos de derivados de petróleo,
como o que acontece em postos de gasolina. A remediação natural é uma estratégia
de gerenciamento que se baseia em mecanismos naturais de atenuação para remediar
contaminantes dissolvidos na água. A atenuação natural refere-se aos processos físicos,
químicos e biológicos que facilitam a remediação natural (WIEDMEIER et al., 1996).

Dados de campo de vários pesquisadores (BARKER et al., 1987, CHIANG et al.,


1989; CHAPELLE, 1994; DAVIS; KLIER 1994; WIEDEMEIER et al. 1995) tem comprovado
que a atenuação natural limita bastante o deslocamento dos contaminantes e, portanto,
reduz a extensão da contaminação ao meio ambiente. A remediação natural não é uma
alternativa de "nenhuma ação de tratamento", mas uma forma de minimizar os riscos
para a saúde humana e para o meio ambiente, monitorando-se o deslocamento da
pluma e assegurando-se que os pontos receptores (poços de abastecimento de água,
rios, lagos etc.) não serão contaminados.

Após a contaminação do lençol freático, a pluma irá se deslocar e será atenuada


por diluição, dispersão, adsorção, volatilização e biodegradação, que é o único destes
mecanismos que transforma os contaminantes em compostos inócuos a saúde. A
biodegradação dos compostos BTEX pode ser representada por uma reação química,
na qual os hidrocarbonetos, em presença de um aceptor de elétrons, nutrientes e
microrganismos são transformados em água, dióxido de carbono, e mais microrganismos.
Os aceptores de elétrons, compostos que recebem elétrons e são, portanto, reduzidos,
são principalmente o oxigênio, nitrato, ferro férrico e sulfato (CORSEUIL et al., 1996). A
mineralização de tolueno e xileno também pode ocorrer em condições metanogênica/
fermentativas (CHAPELLE, 1993).

Dependendo das condições hidrogeológicas do local contaminado, a taxa da


reação de biodegradação será mais rápida ou mais lenta. Uma vez que a biodegradação
é o principal mecanismo de transformação dos hidrocarbonetos de petróleo, a
determinação da taxa de transformação é de grande importância para se prever até
onde a pluma irá se deslocar. Quando a taxa de biodegradação for igual ou maior que a
taxa de deslocamento dos contaminantes a pluma deixará de se deslocar e diminuirá de
tamanho (Figura 1). Neste caso, se a fonte receptora não fosse atingida, não haveria a
necessidade de implantação de tecnologias ativas de remediação, como as citadas, e a
remediação natural seria a opção mais econômica de recuperação da área contaminada.
direção do fluxo da água subterrânea ponto de risco T= 0 anos T= 2 anos T= 5 anos fonte
de contaminação T= 8 anos, Figura 1.

144
FIGURA 1 – EXEMPLO DE ATENUAÇÃO NATURAL DE UMA PLUMA DE HIDROCARBONETOS DE PETRÓLEO

Para que se possa demonstrar que a remediação natural é uma forma adequada
de descontaminação de hidrocarbonetos de petróleo é necessário que se faça uma
completa caracterização hidrogeológica da área degradada, se determine a magnitude
e extensão da contaminação e se demonstre que a pluma não irá migrar para regiões
de risco potencial. Para tal, é necessário que se determine as taxas de migração e
de redução de tamanho da pluma através de estudos de campo e de laboratório. No
entanto, se o processo natural de atenuação não evitar o deslocamento da pluma até
locais de risco, tecnologias que acelerem a transformação dos contaminantes deverão
ser implementadas.

Análise de riscos

As dificuldades tecnológicas e econômicas associadas a remediação de solos


e aquíferos e a falta de critérios de qualidade ambiental que levem em consideração
fatores específicos do local contaminado têm dificuldade tanto as ações dos órgãos
de controle ambiental como a das partes responsáveis pela contaminação. A utilização
dos mesmos critérios utilizados para padrões de potabilidade de água não é adequada,
uma vez que grandes gastos podem ser feitos em locais de poucos riscos ao meio
ambiente. Em função da necessidade da implantação de regras específicas para solos,
países como os Estados Unidos e a Holanda desenvolveram metodologias de avaliação
de áreas degradadas que levam em consideração análises de risco como ferramenta
de tomada de decisão. Deste modo, os padrões são estabelecidos considerando as
condições e os riscos do local contaminando.

Nos Estados Unidos, baseado ainda na confirmação de que hidrocarbonetos de


petróleo podem ser naturalmente decompostos pela ação microbiana, foi criada pela
American Society for Testing Materials (ASTM) a ASTM ES 38-94 “Guia de Ação Corretiva
Baseada no Risco para Locais com Derramamentos de Petróleo” (STANLEY et al., 1994).
Esta norma, chamada de “Rebeca” (RBCA), está ganhando aceitação pela grande
maioria dos órgãos estaduais de controle ambiental porque define regras claras para
a avaliação dos locais contaminados com derramamentos de petróleo (BAGLEY, 1996).
As atividades básicas de avaliação dos riscos são a identificação dos contaminantes
principais e dos receptores, análise de exposição, análise dose-resposta, quantificação
e gerenciamento dos riscos.

145
Na Holanda existe uma classificação para tipos de solo conforme os níveis de
contaminação, de ocupação da área e dos riscos potenciais. Os solos são classificados
em níveis S, I, ou T, sendo S considerado um solo não contaminado, I, quando existe a
necessidade de remediação e, T, um valor médio entre S e I, que indica a necessidade
de investigações mais detalhadas (VISSER, 1993). A CETESB está implantando em São
Paulo regulamentações para contaminação de solos e águas subterrâneas baseada nas
normas holandesas (CETESB, 1996; CASARINI, 1996).

Efeitos da presença de etanol na gasolina brasileira

A gasolina comercializada no Brasil é bastante diferenciada de outros países,


pois é misturada com 22% de etanol. Deste modo, as interações entre o etanol e os
compostos BTEX podem causar um comportamento completamente diferente no
deslocamento da pluma do que aquele observado em países que utilizam gasolina pura.
Os três aspectos 5 principais que podem afetar o comportamento dos hidrocarbonetos
monoaromáticos benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno em sistemas subsuperficiais
em presença de etanol são (FERNANDES E CORSEUIL, 1996; SANTOS et al., 1996):

• a possibilidade do aumento da solubilidade dos BTEX em água;


• a possibilidade do aumento da mobilidade dos BTEX dissolvidos na água subterrânea;
• a possibilidade de que a presença do etanol possa dificultar a biodegradação natural
dos BTEX aumentando a persistência destes compostos na água subterrânea.

Uma vez que o etanol é completamente solúvel em água, a sua concentração


deverá ser maior que a dos compostos BTEX em águas subterrâneas contaminadas
com misturas de etanol e gasolina. Como compostos altamente solúveis tem um menor
potencial de sorção, o etanol terá uma mobilidade maior que a dos compostos BTEX na
água subterrânea. O etanol, quando presente em altas concentrações, pode diminuir o
retardo no deslocamento dos BTEX na água subterrânea causado pela sorção no solo. O
etanol pode também ser biodegradado em preferência aos BTEX e consumir todo o oxigênio
necessário para a degradação dos hidrocarbonetos monoaromáticos. Além disso, o etanol
pode ser tóxico ou inibitório para os microrganismos degradadores de BTEX.

No caso da gasolina brasileira, em função da especificidade do problema, existem


poucos estudos que relacionem o impacto da presença do etanol na biodegradação dos
compostos BTEX. Em estudos com metanol e compostos, Btex e Barker et al. (1992)
concluíram que a maior persistência dos BTEX em presença do metanol era causada
pela inibição da biodegradação pela alta concentração de metanol e também devido a
remoção de oxigênio pela biodegradação do metanol.

No experimento de campo realizado no aquífero experimental de Borden,


Canadá, após 500 dias do início dos testes, a pluma contendo BTEX estava muito maior
na área onde foi aplicado metanol do que na área sem a sua adição. Em função do
exposto, pode-se concluir que a contaminação de aquíferos por misturas de álcool

146
e gasolina será mais complexa do que a produzida somente pela gasolina pura. Os
países em desenvolvimento como o Brasil geralmente têm como base as tecnologias
de remediação ambiental largamente empregadas na Europa e EUA. A extrapolação
desta experiência para a remediação dos locais contaminados por derramamentos de
gasolina no Brasil tem que levar em conta a especificidade da nossa gasolina.

Conclusão

O objetivo deste artigo foi abordar a problemática da contaminação de solos


e aquíferos por derramamentos em tanques de armazenamento de combustíveis. A
pergunta formulada no título “contaminação de águas subterrâneas por derramamentos
de gasolina: o problema é grave?” poderia ser respondida dizendo-se que depende de o
risco desta contaminação atingir uma fonte receptora, como um poço de abastecimento
de água, por exemplo. No entanto, está cada vez mais evidente que as tecnologias
de remediação ativa como a extração de vapores do solo ou a biorremediação com
injeção de oxigênio e nutrientes só devem ser aplicadas nos locais de mais alto risco.
Os critérios para a definição destes locais deve ser prioridade tanto para as empresas
potencialmente poluidoras como para os órgãos de controle ambiental.

A remediação natural deveria ser também incorporada as estratégias de


recuperação de áreas degradadas. Se a migração dos contaminantes até locais receptores
for evitada pelos processos de atenuação natural, a aplicação de altas investimentos
com remediação somente seriam empregados em locais prioritários. O monitoramento
da pluma seria suficiente para indicar se as fontes receptoras serão atingidas. No entanto,
tendo em vista a peculiaridade da gasolina brasileira que é misturada com 22% de etanol,
é necessário que se conheça detalhadamente as interações físico-químicas e biológicas
do etanol com os constituintes da gasolina para que se obtenha total vantagem da
remediação natural. Perguntas que necessitam ser ainda respondidas incluem: (1) como
o etanol afeta a solubilização, o transporte, a cinética de biodegradação dos compostos
BTEX em condições aeróbicas, sulfidogênicas ou metanogênicas?; (2) quando e onde
a remediação natural é apropriada?; (3) com que grau de certeza é possível se prever
se uma pluma irá se expandir ou parar de se deslocar?; (4) quais são as informações
hidrogeológicas, geoquímicas e microbiológicas necessárias para responder estas
questões?. Um melhor entendimento destas questões pode levar ao desenvolvimento
de uma base racional para a seleção, modelagem matemática, e monitoramento de
sistemas apropriados de remediação natural adequados a realidade brasileira.

A contaminação da água subterrânea foi a única rota de exposição avaliada


neste artigo. Em derramamentos de combustíveis todas as rotas prováveis de exposição,
como a causada por vapores, devem ser investigadas. Além disso, a abordagem foi para
as ações corretivas. A prevenção de vazamentos por falhas na estrutura, corrosão,
derramamentos, transbordamentos sempre será mais adequada e econômica que
a remediação. Trabalhos ligados a contaminação de aquíferos por misturas de álcool

147
e gasolina estão sendo realizados nos Laboratórios do Departamento de Engenharia
Sanitária e Ambiental e no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental da
Universidade Federal de Santa Catarina em parceria com o Cenpes/Petrobrás desde
1994. Resultados destas pesquisas serão apresentados futuramente nesta revista.

FONTE: CORSEUIL, H. X.; MARINS, M. D. M. Contaminação de águas subterrâneas por derramamentos de


gasolina: o problema é grave? Revista Engenharia Sanitária e Ambiental, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p.
50-54, 1997. Disponível em: https://bit.ly/3v4LonF. Acesso em: 24 jan. 2022.

148
149
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A água utilizada em nosso país é requerida principalmente para irrigação e


abastecimento humano e animal.

• Efluente é um termo que é utilizado para identificar os despejos líquidos provenientes


de diversas atividades e processos, já a definição de esgoto sanitário engloba todos
os despejos líquidos, podendo ser originados a partir de despejos domésticos,
industriais, comerciais e águas que podem se infiltrar na rede coletora.

• A resolução do CONAMA nº 357, de 2005, determina que os efluentes só poderão ser


lançados em corpo hídricos desde que tenham os limites máximos permitidos de
substâncias orgânicas, inorgânicas e biológicas.

• A legislação em vigor que determina os padrões de qualidade e regulamenta as


diretrizes do lançamento de efluentes é a Resolução de nº 430 de 2011, estabelecendo
valores de pH, temperatura, materiais sedimentáveis, óleos e graxas, materiais
flutuantes e DBO.

• Resolução de nº 430 de 2011 também estabelece os valores máximos permitidos para


o lançamento de efluentes sanitários.

• As águas subterrâneas fazem parte do ciclo hidrológico e suas propriedades e


características físico-químicas são oriundas do tempo de residência da água no
aquífero (rocha hospedeira), assim como do seu processo de mineralização. Devido
ao ciclo hidrológico, a água percorre processos dinâmicos incorporando substâncias
de forma natural.

• Ações antrópicos do homem podem afetar a qualidade das águas subterrâneas,


e para que as águas subterrâneas possam servir para o abastecimento público é
necessário que elas passem por processos de tratamento.

150
AUTOATIVIDADE
1 O aumento populacional vem acompanhado do desenvolvimento das cidades, da
economia e das indústrias, o que tem levado a uma grande preocupação com os
recursos hídricos. O consumo de água aumenta a cada ano e pesquisas mostram que
apenas 55% do esgoto é tratado no Brasil, mostrando a necessidade de avançar no
tratamento dos efluentes. A Resolução nº 430 de 2011 esclarece diversos conceitos
que são utilizados para compreender melhor os efluentes. Sobre o conceito de esgoto
sanitário que esta resolução aborda, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) É o termo utilizado que caracteriza desejos líquidos provenientes de residências,


engloba apenas o esgoto doméstico.
b) ( ) É o termo utilizado para os despejos líquido de residenciais, comerciais, de águas
que se infiltram na rede coletora e pode ainda ter uma parcela de efluentes
industriais e não domésticos.
c) ( ) Termos que se origina dos despejos de qualquer tipo de atividade industrial.
d) ( ) Termos utilizado para identificar compostos e substâncias que indicam
contaminação em águas.

2 Considera-se como modalidade de Engenharia apenas a primeira denominação do curso,


não contabilizando em separado as ênfases de uma mesma modalidade. Por exemplo, o
curso de Engenharia de Produção pode ter ênfase em Mecânica, Civil, Elétrica ou mesmo
um curso pleno de Engenharia de Produção. Com base nas definições dos enfoques das
modalidades de Engenharia, analise as sentenças a seguir:

I- O enfoque tradicional da modalidade de Engenharia contempla as modalidades


pioneiras ou as que se desdobraram da Engenharia Militar e que passaram a ser
também cursadas por civis.
II- Exemplos de modalidades tradicionais de Engenharia são a Engenharia Ambiental
e a Engenharia Mecatrônica.
III- As modalidades de Engenharia focadas em um produto são as que surgiram
em função da necessidade de intervenção integrada na cadeia produtiva de um
determinado produto ou empreendimento com base nos conhecimentos inerentes
a outras modalidades.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

151
3 A Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO) é uma entidade
representativa de docentes, discentes e profissionais que atuam nas grandes
áreas de conhecimento da Engenharia de Produção. De acordo com os princípios
e as normativas elencadas no estatuto da ABEPRO, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) A entidade tem como objetivo a inserção da Engenharia de Produção na comunidade


científica e produtiva no sentido de promover o desenvolvimento social. 
( ) A ABEPRO Jovem é responsável pela congregação de todos os profissionais
inativos de Engenharia de Produção e busca articular com empresas e instituições
de ensino.
( ) A ABEPRO tem como missão assegurar à sociedade a busca permanente de uma
prática correta e responsável dos profissionais de Engenharia de Produção.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 A ABEPRO organiza as áreas de estudo acadêmico e profissional com base nas


diretrizes de referência de conteúdos dos cursos de Engenharia de Produção. As
publicações científicas estão inseridas nas temáticas de dez grandes áreas de
concentração. Uma das grandes áreas de concentração é a Educação em Engenharia
de Produção. Disserte sobre esta área de concentração e as temáticas dos trabalhos
científicos publicados nesta área.

5 A água subterrânea faz parte do ciclo hidrológico e existe em poros e vazios em


formações geológicas sedimentares, ou em planos estruturalmente fracos em
formações geológicas ígneas ou metamórficas, representados por falhas, fissuras,
fissuras e fissuras. Assim, a água assume características físico-químicas únicas.
Disserte sobre como a água subterrânea adquire essas características físico-químicas.

152
REFERÊNCIAS
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concepção de sistemas de esgoto sanitário. Rio de Janiro: ABNT, 1986.

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regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº
8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de
1989. Brasília, DF: Presidência da República, 1997. Disponível em: http://www.planalto.
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Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), entidade federal de implementação
da Política Nacional de Recursos Hídricos, integrante do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh) e responsável pela instituição de
normas de referência para a regulação dos serviços públicos de saneamento básico
(Redação dada pela Lei nº 14.026, de 2020). Brasília, DF: Presidência da República,
2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9984.htm. Acesso em
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BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente.


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como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras
providências. Brasília, DF: MMA/CONAMA, 2005. Disponível em: https://www.icmbio.
gov.br/cepsul/images/stories/legislacao/Resolucao/2005/res_conama_357_2005_
classificacao_corpos_agua_rtfcda_altrd_res_393_2007_397_2008_410_2009_4
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13 de fevereiro de 1995; e revoga a Lei nº 6.528, de 11 de maio de 1978 (Redação pela
Lei nº 14.026, de 2020). Brasília, DF: Presidência da República, 2007. Disponível em:
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BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente.


Resolução CONAMA nº 430, de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições
e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução nº 357,
de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA.
Brasília, DF: MMA/CONAMA, 2011a. Disponível em: https://www.legisweb.com.br/
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Manual+de+controle+da+qualidade+da+%C3%A1gua+para+t%C3%A9cnicos+que
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2017, para dispor sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da
água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Brasília, DF: Ministério da
Saúde, 2021. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2021/
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das_%C3%A1guas_e_ao_tratamento_de_esgotos. Acesso em: 5 abr. 2022.

ZANITH, C. C. Z. Análise química de efluentes líquidos industriais. 2016. 23 f.


Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Química) – Departamento de Química,
Universidade Federal de São João Del-Rei, São João Del-Rei, 2016. Disponível em:
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Zanith-20162.pdf. Acesso em: 5 abr. 2022.

ZUCCARI, M. L.; GRANER, C. A. F.; LEOPOLDO, P. R. Determinação da demanda química


de oxigênio (DQO) em águas e efluentes por método colorimétrico alternativo. Energ.
Agric., Goiânia, v. 20, n. 4, p. 69-82, nov. 2005. Disponível em: http://professor.
pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/3280/material/wwwfcaunespbr.
pdf. Acesso em: 5 abr. 2022.

158
UNIDADE 3 —

ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA
EM SOLOS/RESÍDUOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender o histórico da legislação dos resíduos sólidos;

• identificar as diferentes classes dos resíduos sólidos;

• diferenciar os principais tipos de disposição dos resíduos sólidos;

• entender como é realizada a classificação de resíduos sólidos mediantes;

• relacionar os planos de amostragem dos resíduos sólidos;

• identificar as características físicas dos resíduos sólidos

• compreender o conceito de disposição incorreta de resíduos sólidos e sua contaminação;

• identificar as camadas do solo e a sua origem;

• diferenciar as classes dos solos de acordo com o sistema brasileiro;

• analisar a legislação a respeito da contaminação do solo;

• entender as análises físico-químicas do solo contaminado.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – RESÍDUOS SÓLIDOS


TÓPICO 2 – ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS EM RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
TÓPICO 3 – ANÁLISE DO SOLO CONTAMINADO POR RESÍDUOS SÓLIDOS

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

159
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A TRILHA DA
UNIDADE 3!

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160
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —

RESÍDUOS SÓLIDOS

1 INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas o desenvolvimento industrial veio acompanhado do
aumento populacional aliado à melhoria na qualidade de vida, tudo isso contribuiu para
a expansão dos centros urbanos e causou um aumento da demanda dos produtos
industrializados, o que gerou um aumento significativo dos resíduos sólidos urbanos.

A preocupação com a contaminação do solo por resíduos sólidos urbanos tornou-


se um desafio, são bem conhecidos o potencial poluidor e o grande volume de resíduos
gerados por dia. Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS,
2020) os dados coletados mostram que 66,6 milhões de toneladas foram coletados de
resíduos sólidos domiciliares, o que gera a quantidade de resíduo gerado de 1,01 kg/hab/dia.

A contaminação dos solos é uma das causas que leva a contaminação dos
corpos hídricos, superficiais e subterrâneos, pois os poluentes se infiltram no solo e por
ações do intemperismo escoam, e se infiltram causando a contaminação das águas. É
de extrema importância conhecer mais a fundo esse tema.

Dessa forma, no Tópico 1 abordaremos os resíduos sólidos, contaminação de


solos e poluição, iremos conhecer legislação voltada para resíduos sólidos que estão
em vigor, falaremos do preparo e coleta de amostras de solo para realização de análises
físico-químicas

2 BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


Desde o surgimento das primeiras comunidades e/ou pequenos centros urbanos,
o lixo ou resíduo sempre se fez presente. Nas últimas décadas o desenvolvimento
industrial veio acompanhado do aumento populacional aliado à melhoria na qualidade
de vida, tudo isso contribuiu para a expansão dos centros urbanos e causou um aumento
da demanda dos produtos industrializados, o que gerou um aumento significativo dos
resíduos sólidos urbanos (FÁVARO, 2014).

A preocupação crescente com a disposição dos resíduos sólidos é recorrente,


pois de acordo com as pesquisas realizadas pelo Sistema Nacional de Informações
sobre Saneamento (SNIS, 2020), uma única pessoa é capaz de gerar 1,01 kg/hab/dia,
enquanto no ano de 2020 o total de lixo coletado foi de 66,6 milhões de toneladas de

161
resíduos sólidos urbanos e resíduos sólidos públicos. Portanto, há de se preparar os
locais, para que este resíduo seja disposto, em conformidade com a legislação para
que não contaminem o solo, água e ar, não causando males a saúde humana e ao meio
ambiente (KRELING, 2006).

Diante deste contexto, há eventos que marcaram a área ambiental. No ano de


1981 foi promulgada a Lei de nº 6.938, que dispõe a Política Nacional do Meio Ambiente
(PNMA) que tem o objetivo, conforme consta em seu Art. 2º:

A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação,


melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida,
visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento
socioeconômico, aos interesses da segurança na­cional e à proteção
da dignidade da vida humana (BRASIL, 1981).

Essa legislação é considerada um marco na história do Brasil, entretanto, apenas


em 1988 com a promulgação da Constituição Federal surgiu a preocupação em defender o
meio ambiente e preservá-lo para as atuais e futuras gerações, conforme diz o Art. 225. A
constituição atribui autonomia e responsabilidade aos municípios, sendo ele o responsável
pela limpeza urbana e pela disposição de resíduos sólidos (SILVA et al., 2016).

Outro marco na história é a criação da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998,


a Lei de Crimes Ambientais (LCA), que prevê penalidades criminais e administrativas
derivadas de comportamentos e atividades prejudiciais ao meio ambiente.

Vale destacar que essa lei tramitou pelo Congresso por sete longos anos até a
sua publicação. O principal destaque dessa lei é atribuir responsabilidade penal a pessoa
jurídica. Complementando a supracitada lei, surge o Decreto nº 6.514, de 22 de julho de
2008, regulamentando a Lei de Crimes Ambientais e estabelecendo um processo para
infrações ambientais e penalidades administrativas. As autoridades executivas federais
são responsáveis ​​por investigar essas violações e outras medidas (SILVA et al., 2016).

A LCA ainda traz importantes determinações em seu Art. 54 como a reclusão de


um a cinco anos por lanças resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou ainda substâncias
oleosas descumprindo as leis e regulamentos. Ainda em seu artigo 56 estabelece crime
com pena de reclusão “quem “manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta,
reutiliza, recicla ou dá destinação final a resíduos perigosos de forma diversa da
estabelecida em lei ou regulamento” (BRASIL, 2008).

Já no ano de 2007 surge a Política Nacional de Saneamento Básico, de acordo


com a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro, dispondo diretrizes para o saneamento básico.
Destacamos a referida lei como marco histórico, pois vem a se preocupar com a limpeza
urbana e com a disposição de resíduos sólidos (NAZARI et al., 2019). No ano de 2010
foi implementada a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) com a Lei nº 12.305,
regulamentada pelo Decreto nº 7.404, e em seu Art. 1º 

162
Esta Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo
sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre
as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de
resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos
geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos
aplicáveis (BRASIL, 2010a). 

Em seu Art. 13 a referida lei traz a classificação de resíduos sólidos:

I - quanto à origem: 
a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em
residências urbanas; 
b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de
logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana; 
c) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”; 
d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de
serviços: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas
alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”; 
e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados
nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”; 
f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e
instalações industriais; 
g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde,
conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas
pelos órgãos do Sisnama e do SNVS; 
h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções,
reformas, reparos e demolições de obras de construção civil,
incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para
obras civis; 
i) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades
agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos
utilizados nessas atividades; 
j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos,
aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e
passagens de fronteira; 
k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa,
extração ou beneficiamento de minérios; 
II - quanto à periculosidade: 
a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade,
carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam
significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo
com lei, regulamento ou norma técnica; 
b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea “a”
(BRASIL, 2010a).

A Política Nacional de Resíduos Sólidos trouxe grandes contribuições


implementando a responsabilidade compartilhada, chamando a responsabilidade não
só para o Poder Público, mas também para a sociedade, para que façam corretamente a
destinação de seus resíduos (NAZARI et al., 2019). Outro destaque é o reconhecimento
que o resíduo pode ser reciclado ou reutilizado, atribuindo a ele um valor econômico.
Dessa forma, no Art. 7 a lei destaca a importância dos catadores de materiais recicláveis,
com destaque na gestão integrada dos resíduos sólidos.

163
A supracitada lei incentiva a criação de cooperativas e formas de associação
para os catadores de recicláveis com intuito de proporcionar emprego a pessoas com
baixa renda e ainda visando reduzir a disposição desses resíduos em aterros sanitários
e lixões. Um dos grandes objetivos da PNRS é o de, dentro de um prazo de 20 anos,
conforme cita o Art. 15, eliminar e recuperar os lixões, promovendo assim a inclusão
social e emancipando economicamente os catadores de recicláveis (NAZARI et al., 2019).

Em 15 de julho de 2020 há uma atualização do marco legal do saneamento


básico (Lei 9.984/2000) com a promulgação da Lei nº 14.026, um dos principais da lei é a
atribuição à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) a responsabilidade
de implementar normas de referência para regularizar os serviços públicos de
saneamento básico (BRASIL, 2020). Um dos destaques desta lei é a universalização do
acesso e efetiva prestação de serviços de água e esgoto.

Todos os anos é lançado o Panorama de Resíduos Sólidos divulgado pela


ABRELPE (2020) trazendo dados importantes. Segundo esse relatório, uma comparação
foi realizada entre os anos de 2010 e 2019 sobre a destinação dos resíduos sólidos
urbanos (RSU) de forma correta e de forma incorreta.

Foi observado que grande parte dos RSU coletados foi destinado aos aterros
sanitários nos anos de 2010 e 2019, entretanto, os resíduos em uma década cresceram
em 10 milhões de toneladas, passando de 33 milhões de toneladas para 43 milhões de
toneladas. Infelizmente, o que acompanhou o crescimento foi a destinação incorreta
de RSU, esses resíduos foram encaminhados para os lixões e aterros controlados, a
quantidade passou de 25 milhões de toneladas para pouco mais de 29 milhões de
toneladas por ano, como ilustra a Figura 1.

FIGURA 1 – GRÁFICOS QUE MSOTRAM A DISPOSIÇÃO CORRETA VERSUS A DISPOSIÇÃO INCORRETA


DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM 2010 E 2019

FONTE: ABRELPE (2020, p. 20)

Esses dados ainda são preocupantes, pois esse destino incorreto, em lixões
e aterros controlados causam inúmero problemas ambientais, como a infestação de
insetos, roedores, mau cheiro e propagando doenças, além de favorecer a poluição do
solo, da água e do ar (FÁVARO, 2014).

164
2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS E SUA CLASSIFICAÇÃO
De acordo com Kreling (2006) podemos chamar de resíduo sólido aquele
produto que é descartado por alguma atividade comercial, industrial, urbana, rural,
privada ou pública.

Já de acordo com a PNRS, Lei nº 12.305, de 2010, em seu Art. 3º, XVI aborda:

resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado


resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação
final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder,
nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em
recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu
lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou
exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em
face da melhor tecnologia disponível (BRASIL, 2010b) 

Outras definições para resíduos sólidos surgem da Associação Brasileira de


Normas Técnicas (ABNT) com a Norma Brasileira NBR 10004:2004, que se refere aos
resíduos sólidos como:

Resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades


de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola,
de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos
provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados
em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como
determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu
lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam
para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à
melhor tecnologia disponível (ABNT, 2004a, s. p.).

A normativa evidencia a complexidade e variedade dos resíduos sólidos gerados


nas cidades, aqueles de características domésticas ou similares, como limpeza pública
e comercial, que geralmente são dispostos em aterros pelo município. Para os resíduos
de origem não doméstica, como de serviços de saúde ou construção civil, eles são
gerenciados por seus respectivos produtores (LIMA, 2015).

Portanto, a NBR 10004 (ABNT, 2004a) auxilia trazendo a classificação dos


resíduos sólidos a qual se baseia na identificação do processo que deu origem ao resíduo,
assim como nas suas características físicas e químicas, relacionando sua composição
com as substâncias conhecidas por causal males à saúde. A classificação dos resíduos
sólidos divide-os em duas classes: Classe I resíduos perigosos e Classe II resíduos não
perigosos, conforme mostra o Quadro 1.

165
QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS QUANTO À PERICULOSIDADE

São aqueles que, em função de suas características


intrínsecas de inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade ou patogenicidade,
RESÍDUOS
CLASSE I apresentam riscos à saúde pública através do
PERIGOSOS
aumento da mortalidade ou da morbidade, ou ainda
provocam efeitos adversos ao meio ambiente quando
manuseados ou dispostos de forma inadequada.
IIA – Resíduos sólidos que não se enquadram na
Classe I (perigosos) ou na Classe III (inertes).
Estes resíduos podem ter propriedades tais como:
combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade
em água. Estão incluídos nessa categoria os papéis,
papelão, restos vegetais e outros.
RESÍDUOS NÃO IIB – Resíduos sólidos que, submetidos a testes
CLASSE II
PERIGOSOS de solubilização não tenham nenhum de seus
constituintes solubilizados, em concentrações
superiores aos padrões de potabilidade de águas,
excetuando-se os padrões: aspecto, cor, turbidez e
sabor. Como exemplo destes materiais podemos citar:
rochas, tijolos, vidros e certos plásticos e borrachas
que não são decompostos prontamente.
FONTE: Adaptado de ABNT (2004a)

As leis, resoluções e normativas brasileiras são de grande valia para auxiliar


a identificar os resíduos sólidos, somente conhecendo suas classificações pode ser
realizado um estudo mais profundo dos impactos que estes resíduos causam ao longo
do tempo, quando disposto de maneira incorreta (SILVA et al., 2016). De acordo com
Nascimento (2007), existe outra forma de classificar os resíduos sólidos, relacionando
com o grau de degradação, como:

• facilmente degradáveis: são os resíduos urbanos de matéria orgânica;


• moderadamente degradáveis: como os papéis, papelão etc.;
• dificilmente degradáveis: podemos citar retalhos, serragens de couro, madeira, borracha;
• não degradáveis: entre eles temos os vidros, metais, plásticos, pedras, entre outros.

Outros autores sugerem outras classificações baseadas nas características


físicas dos resíduos sólidos urbanos (NASCIMENTO, 2007).

166
DICA
Caro acadêmico, você pode ampliar o seu conhecimento fazendo a leitura
na íntegra a Norma Brasileira, NBR 10004 de 2004. Disponível em: https://
bit.ly/3KqzzhX.

3 DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS


De acordo com o Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil, realizado pela ABRELPE
(2020), a geração de resíduos sólidos urbanos vem crescendo exponencialmente e os
valores demonstram um aumento na quantidade total dos resíduos.

No ano de 2020 foram gerados 79,6 milhões de toneladas de RSU, o que reflete
um alto padrão de consumo da população devido a variação do poder aquisitivo da
sociedade, o que pode ser representado pelos valores do produto interno bruto (PIB).

A legislação que dispõe a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) auxiliou


a esclarecer o termo “disposição final ambientalmente adequada”, como sendo a
disposição adequada dos rejeitos em aterros sanitários, o qual obedece às normas
operacionais, sem causar prejuízo à saúde pública e de forma que minimizem o impacto
adverso no meio ambiente (ABRELPE, 2020). Quando falamos de rejeito na definição
citada estamos nos referindo aqueles resíduos sólidos que não podem ser recuperados
por processos físicos e químicos conhecidos e economicamente inviáveis, a única
opção para esse rejeito é a disposição adequada.

A disposição direta de resíduos sólidos no solo requer o estudo das condições


ambientais, incluindo geologia, hidrologia, ecologia, topografia, áreas culturais etc., com
intuito de obedecer e respeitar as legislações ambientais e preservar o meio ambiente. Se
isto não ocorrer, as consequências podem afetar os recursos naturais, pois dependendo
do tipo do resíduo depositado no solo, eles poderão contaminar águas superficiais ou
subterrâneas (LIMA, 2015).

Caro acadêmico, veremos a seguir os métodos mais comuns de disposição final


de resíduos sólidos, sendo o principal deles o aterro sanitário, que é a solução mais
adequada. O aterro controlado minimiza o impacto ao meio ambiente, enquanto o lixão
apenas descarrega acima do solo. Temos ainda a incineração e a compostagem.

167
3.1 COMPOSTAGEM
Uma grande quantidade de resíduos é produzida pela indústria, pela agricultura
e pecuária, podemos citar, restos de culturas, palhas, resíduos agroindustriais etc.,
que causam diversos problemas quando deixados no ambiente, muitas vezes podem
sofrer pelas queimadas e causarem sérios problemas ambientais. Quando dispostos
corretamente podem ser reciclados e podem se transformar em um composto orgânico
utilizado como fertilizante (OLIVEIRA, LIMA e CAJAZEIRA, 2004).

A compostagem é definida como um processo biológico aeróbio de decomposição


microbiana, que ocorre de maneira controlada e resulta na transformação da matéria
orgânica em um composto com características distintas, diferindo do material que lhe
deu origem. Os microrganismos presentes fazem a decomposição aeróbica do material
orgânico, mas para que isso ocorra, é necessário que existe algumas condições ideais.
De acordo com Nascimento (2007) temos:

• Microrganismos: para realizar a degradação da matéria orgânica é necessário bactérias


e fungos, presentes em estercos, resíduos de frigoríficos, tortas oleaginosas, devido a
isso é necessário incorporar esses resíduos para a eficiência do processo.
• Aeração: o processo de compostagem ocorre em presença de oxigênio, aeróbico, ou
seja, a fermentação da matéria orgânica necessita de oxigênio, é necessário aerar,
revirar periodicamente o material empilhado.
• Umidade: A umidade deve estar presente na pilha de compostagem com valores
compreendendo 30% e 70%, valores abaixo de 30% dificultam a fermentação e acima
de 70% acabam removendo o oxigênio.
• Temperatura: a degradação de matéria orgânica libera calor, aumentando a
temperatura do meio, uma faixa ideal seria de 60% a 70% o que auxilia para esterilizar
o material, ou seja, eliminar os organismos que podem prejudicar às plantas.

O processo de compostagem leva em conta fatores como a estabilização e


maturação e o processo completo pode levar algumas semanas. O composto orgânico é
obtido ao final do processo de compostagem possuindo algumas características, como:
apresenta coloração escura, rico em humus, é constituído de 50% a 70% de matéria
orgânica, sendo classificado como um fertilizante orgânico (NASCIMENTO, 2007).

As vantagens do processo de compostagem para o solo são inúmeras pois


enriquecem o solo com nutrientes lançando nitrogênio, fósforo, potássio, zinco e boro.
Há uma melhora significativa da granulação do solo, tornando-o com uma capacidade de
absorção e armazenamento da água maior, entre outras vantagens (NASCIMENTO, 2007).

168
3.2 LIXÕES A CÉU ABERTO OU VAZADOUROS
A Política Nacional de Resíduos Sólidos não está de acordo com as práticas
inadequadas para disposição dos resíduos sólidos. Assim, os lixões a céu aberto ou
vazadouros são condenados pela PNRS e infelizmente estão espalhados por todo o
Brasil (ABRELPE, 2020).

Os lixões são um método inadequado de despejar os resíduos sólidos sobre o


solo, o qual não possui nenhuma preparação para receber o lixo, não há controle do
grau de periculosidade do resíduo que está sendo despejado. Grandes pilhas de lixo se
formam a céu aberto (Figura 2), sendo o ambiente propício para proliferação de insetos,
roedores e aves, lembrando que bactérias promovem a degradação da matéria orgânica
ali presente e ocorre a liberação de gás metano (CH4), quando entra em contato com o
ar pode levar a explosões ou provocar incêndios (BARBOSA, 2018).

FIGURA 2 – LIXÃO A CÉU ABERTO

FONTE: <https://bit.ly/3Kq1iiX>. Acesso em: 22 jan. 2022.

Um dos problemas que podemos destacar é a formação do chorume, o líquido


formado pela decomposição da matéria orgânica, é um líquido escuro, de odor forte e
em sua composição pode apresentar concentrações consideráveis de metais pesados
(BARBOSA, 2018). O chorume percola pelo solo, contaminando-o e pode atingir os
corpos hídricos subterrâneos. Infelizmente a realidade dos lixões ainda faz parte do
nosso País e diversas famílias dependem do lixo para sobreviver, os catadores sabem o
risco de saúde que estão expostos.

3.3 ATERROS CONTROLADOS


Assim como os lixões, os aterros controlados não são aprovados pela PNRS, pois
são fontes de poluição que funcionam a céu aberto em todo o país (ABRELPE, 2020). Os
aterros controlados são preparados adotando algumas precauções para receber o lixo.

169
Conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, a normativa NBR
8849 define aterro controlado de resíduos sólidos urbanos, como: “método este que
utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos, cobrindo-os com uma
camada de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho” (ABNT, 1985, p.
2). Considerado um melhor destino do que o lixão, o aterro controlado é um método de
despejo dos resíduos sólidos, é uma forma menos agressiva de destinar o lixo.

Os aterros controlados geram problemas ambientais, pois não há tratamento


para o chorume produzido, pela decomposição da matéria orgânica, podendo ser
lixiviado pela água da chuva e atingir as águas superfícies ou ainda percolado pelo solo
atingindo as águas subterrâneas (NASCIMENTO, 2007).

3.4 ATERRO SANITÁRIO


Em 2019, segundo dados da ABRELPE (2020), do total de resíduos sólidos
urbanos produzidos pela população brasileira 59,7% dos foram enviados para aterros
sanitários, esse método de disposição é aprovado e recomendado pela PNRS. O aterro
sanitário é definido pela ABNT, de acordo com a NBR 8419, como:

Técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos


à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais, método este
que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área
possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de
terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário
(ABNT, 1992. p.1).

Para dispor adequadamente os RSU sem causar males ao ambiente e à saúde
humana, a NBR 8419 (ABNT, 1992) apresenta as regulamentações para o desenvolvimento
de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos, desse modo ele necessita
de recursos de engenharia para elaborar o projeto e conseguir armazenar os RSU em um
espaço compactado, sempre cobrindo-os com uma camada de terra quando necessário
(Figura 3). De acordo com Ferreira (2018) envolve:

• Impermeabilização do solo com geomembrana.


• Sistema de drenagem superficial de gás e de líquido percolado.
• Cada camada de lixo depositado é chamada de célula, cada célula deve ser recoberta
e compactada.
• Sistema de tratamento para os líquidos produzidos pela decomposição da matéria
orgânica;
• Liner de fundo.

170
FIGURA 3 – CORTE TRANSVERSAL DE UM ATERRO SANITÁRIO

FONTE: <https://bit.ly/371ZkGQ>. Acesso em: 8 abr. 2022.

Diferentes tipos de resíduos podem ser dispostos em aterros sanitários, como


os resíduos sólidos de Classe II, caracterizados como não inertes (NBR 10004:2004).
Assim como os resíduos da área da saúde, os da construção civil, entre outros, podem
ser dispostos em aterros sanitários, criando células específicas para cada resíduo, desde
que estejam em acordo com a legislação vigente (FERREIRA, 2018)

DICA
Caro acadêmico, aprofunde os seus conhecimentos acerca do processo de
construção do aterro sanitário. Acesse: https://youtu.be/CPoH4avGufI.

3.5 INCINERAÇÃO
Há algumas décadas, o principal objetivo da tecnologia de incineração de
resíduos sólidos era reduzir a massa, o volume e o perigo dos resíduos. Atualmente, além
desses objetivos, destacamos que o volume dos resíduos pode ser reduzido em mais
de 90%, além de que a tecnologia de incineração utiliza o poder calorífico de resíduos
combustíveis e aproveita a energia térmica gerada pelo próprio processo de combustão
(MACHADO, 2015).

A tecnologia de incineração utilizada no mundo hoje, além de gerar energia


elétrica a partir da energia térmica, utiliza sistemas de tratamento e purificação de
gases que podem controlar significativamente as emissões de poluentes atmosféricos
e geralmente atendem aos padrões ambientais (MACHADO, 2015).

171
O princípio do processo de incineração se baseia no emprego de altas
temperaturas para possibilitar a queima dos RSU com potencial combustível, em
fornos contendo gás oxigênio em excesso para garantir o processo de combustão.
Como produto é obtido materiais inorgânicos na forma de cinzas (NASCIMENTO 2007;
MACHADO, 2015).

Há diferentes tipos de incineradores disponíveis, as técnicas que são vastamente


empregadas recebem o nome de Mass Burning, a qual envolve a combustão dos
resíduos sem pré-tratamento, e temos ainda Resuse-derived Fuel, a técnica consiste em
processar previamente os resíduos, selecionando os materiais recicláveis e garantindo a
homogeneidade da massa a ser incinerada (NASCIMENTO 2007; MACHADO, 2015).

A Figura 4 representa o processo da incineração (MACHADO, 2015). As etapas


identificadas pelos números na figura ilustram as etapas do processo:

• Chegada do caminhão com os resíduos sólidos.


• Introdução dos resíduos sólidos.
• Pré-câmara de combustão à uma temperatura de 250º, objetivo de volatilizar e retirar
a umidade.
• Câmara de combustão, resíduo submetido a uma temperatura que se situa entre 600
°C e 1300 °C.
• Resíduos, cinzas formadas no processo de combustão.
• Sistemas de controle ambiental que depuram os gases para minimizar a poluição
gerada pelos gases do processo.
• Câmara de poeira, (também chamada de chicana), objetivo de reter o material
particulado ao longo do caminho da câmara com intuito de liberar gases do processo.

FIGURA 4 – INCINERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Geração de
Energia Eletrecidade

Turbina Gerador
Combustão a Vapor
Recebimento de
Resíduos

Cinzas da
caldeira
Controles Ambientais
Fosso Grelha

Cinzas da
Combustão

FONTE: <https://bit.ly/3uYz0Wa>. Acesso em: 8 abr. 2022.

172
De acordo com Nascimento (2007), a incineração tem algumas vantagens e é
uma boa alternativa para regiões que não possuem uma grande quantidade de aterros
sanitários. Entretanto, apresenta um alto custo de instalação, requer mão de obra
qualificada e há presença de resíduos que acabam por gerar substâncias tóxicas.

A incineração gera emissões de gases que resultam do processo de queima de


RSU, gerando impactos ambientais graves. Há liberação de gases como o gás carbônico
(CO2), óxidos de enxofre (SOx), material particulado, óxidos de nitrogênio (NOx), e pode
ocorrer a liberação de ácidos no estado gasoso como o ácido clorídrico e fluorídrico.
A queima incompleta dos RSU pode gerar quantidades expressivas de monóxido de
carbono (CO), dioxinas, furanos e metais pesados para atmosfera (MACHADO, 2015)

173
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A produção de lixo (resíduo) vem aumentado com o passar dos anos. Podemos atribuir
esse aumento ao desenvolvimento tecnológico, à expansão urbana, ao crescimento
populacional e à melhoria da qualidade de vida da população.

• A primeira legislação que se preocupou com o meio ambiente é de 1981 e traz a Política
Nacional do Meio Ambiente (PNMA) com a Lei nº 6.938. Objetiva a preservação do meio
ambiente e garante o desenvolvimento socioeconômico protegendo o meio ambiente.

• A Constituição Federal em 1988, em seu artigo 225, visa dar mais liberdade para os
municípios e atribui a limpeza urbana e a disposição de resíduos sólidos a eles.

• Em 1998, a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro, dispõe sobre Crimes Ambientais


(LCA). A lei prevê penalidades criminais e administrativas derivadas de
comportamentos e atividades prejudiciais ao meio ambiente. A LCA atribuir
responsabilidade penal à pessoa jurídica e estabelece um processo para
infrações ambientais e penalidades administrativas.

• Em 2007 surge a Política Nacional de Saneamento Básico em acordo com a Lei nº


11.445, de 5 de janeiro, que se destaca como um marco histórico, pois vem a se
preocupar com a limpeza urbana e com a disposição de resíduos sólidos.

• Em 2010, foi implementada a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) com a


Lei nº 12.035, estabelecendo a classificação de resíduos sólidos quanto à origem
e periculosidade.

• Em 15 de julho de 2020 há uma atualização do marco legal do saneamento


básico (Lei 9.984, de 2000) com a promulgação da Lei 14.026. Um dos princípios
da lei é a atribuição à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) da
responsabilidade de implementar normas de referência para regularizar os serviços
públicos de saneamento básico

• A definição de resíduos sólidos pode ser encontrada na legislação da PNRS, assim


como, na normativa brasileira NBR 10004. Ainda traz a classificação dos resíduos em
duas classes. A Classe I se refere aos resíduos perigosos e a Classe II se refere aos
produtos não perigosos.

• Dentre os métodos de disposição dos resíduos sólidos, temos: compostagem, lixões


a céu aberto ou vazadouro, aterro controlado, aterro sanitário e incineração.

174
• Compostagem é o processo biológico de degradação da matéria orgânica na
presença de oxigênio (aeróbico) e ocorre de maneira controlada. Gera um composto
com qualidade mineral superior que o material que lhe deu origem. Esse composto
orgânico é rico em humus e pode ser utilizado coo um fertilizante orgânico.

• Lixões a céu aberto ou vazadouros são um método de disposição dos resíduos sólidos
urbanos que não tem nenhum preparo do solo para receber o material, não consta
com sistema para drenar o chorume produzido e não tem cobertura, atraindo, assim,
roedores, insetos, aves etc.

• Aterros controlados não são aprovados pela PNRS, são fonte de poluição a céu
aberto, entretanto, recebem denominação e há a normativa da ABNT 8849:1985, que
dita como se constrói um aterro controlado.

• Incineração é um método de dispor resíduos sólidos submetendo-os a uma


combustão em alta temperatura. Apresenta a vantagem de reduzir drasticamente o
volume do resíduo.

175
AUTOATIVIDADE
1 Vários são os tipos de destinação final de resíduos, contudo, nem sempre as
destinações finais são as mais adequadas. O lixão, por exemplo, é um tipo de
destinação final de resíduos sólidos; contudo, neste tipo de acondicionamento, a
falta de tratamento apropriado para o resíduo gera inúmeros problemas de ordem
sanitária e ambiental. Desta maneira, qual o método de disposição final consegue
reduzir o volume do resíduo sólido em até 90%?

a) ( ) Aterro Sanitário.
b) ( ) Compostagem.
c) ( ) Vazadouros.
d) ( ) Incineração.

2 Dentro os métodos mais comuns de disposição final de resíduos sólidos temos o


aterro sanitário, o aterro controlado, lixões a céu aberto ou vazadouros a incineração
e a compostagem. Com base nos conhecimentos desses métodos, analise as
sentenças a seguir:

I- O aterro sanitário é a disposição final mais adequada para os resíduos sólidos, possui
seu sistema operacional todo regulado e autorizado com licenças ambientais e
absorve um volume substancial de resíduos de toda parte.
II- A incineração é uma tipologia de procedimento viável para resíduos tóxicos ou que
apresentem características patogênicas, devido seu poder calorifico de destruição,
sendo muito válido para resíduos sólidos da saúde.
III- A compostagem é um tratamento final adequado para resíduos compostos de
matéria orgânica.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Somente a sentença I está correta.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

176
3 A compostagem é também uma maneira de reduzir o lixo produzido pela sociedade,
evitando que esses restos sejam depositados em aterros ou lixões, onde liberam gás
metano (de efeito estufa) e chorume (líquido que contamina o solo e as águas). Esse
método de disposição de resíduos é simples e eficiente, entretanto, requer algumas
condições para que o processo de degradação da matéria orgânica ocorra de maneira
satisfatório. De acordo com as condições ideias para esse processo, classifique V
para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

FONTE: <https://www.camara.leg.br/noticias/680176-especialistas-defendem-politica-de-longo-prazo-
para-compostagem/>. Acesso em: 22 jan. 2022

( ) Os microrganismos já se encontram presentes nos diversos resíduos que são


depositados para compostagem, pois toda matéria orgânica ao se degrada por
ação dos microrganismos presentes. 
( ) O aumento da temperatura é devido a ação dos microrganismos que degradam a
matéria orgânica, consumindo oxigênio e liberam nesse processo calor.
( ) O composto final produzido pelo processo de compostagem é um líquido escuro,
viscoso denominado de chorume.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 Uma das grandes problemáticas que envolvem os resíduos sólidos é a sua disposição
inadequada. A contaminação de água, solo e atmosfera, além da proliferação de animais
transmissores de doenças, são alguns dos problemas do mau acondicionamento
de resíduos. Contudo, para que se dê uma destinação adequada a cada um dos
tipos de resíduos, faz-se necessário conhecer suas características e seu grau de
periculosidade. Neste contexto, disserte sobre as três classes de resíduos industriais
estabelecidas pela norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR
10004:2004.

5 O tratamento térmico consiste em um conjunto de tecnologias que permite diminuir


a quantidade de resíduos sólidos a serem posteriormente dispostos em aterros
sanitários. Um dos tratamentos térmicos mais conhecidos é a incineração. Estes
resíduos sólidos são submetidos a um processo de combustão e ao final dele tem-
se gases, cinzas e águas residuais.  Neste contexto, disserte sobre as etapas do
processo de incineração.

177
178
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS EM
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

1 INTRODUÇÃO
A disposição de resíduos sólidos urbanos ambientalmente adequada, como
preconiza a Política Nacional de Resíduos Sólidos, exige que os rejeitos sejam enviados
para aterros obedecendo às normas técnicas, com intuito de evitar problemas para à
saúde humana e gerar impactos ambientais (BRASIL, 2010b). Para que esses aspectos
técnicos possam ser cumpridos, é necessário realizar um estudo do ambiente envolvendo
área geológica, hidrológica, topográfica da região e um estudo cultural e local.

Nesse contexto, com base na problemática global envolvendo o descarte


correto de resíduos sólidos urbanos (RSU), é necessário realizar estudos para conhecer
a produção, a constituição química e física, assim como todas as características que
possam ser coletadas para orientar e direcionar seu destino correto.

Acadêmico, iremos abordar neste tópico o procedimento de classificação dos


resíduos sólidos urbanos de acordo com as normas da ABNT e o processo de coleta de
amostras de resíduos sólidos segundo as normativas. Em seguida, iremos conhecer as
características físicas e químicas dos resíduos sólidos.

2 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS PELA ABNT


Para garantir a qualidade de vida de uma comunidade, é necessário que haja
uma gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos, ou seja, ações em conjunto
para solucionar problemas relacionados aos RSU, considerando fatores ambientais,
econômicos, políticos, culturais e sociais visando sempre o desenvolvimento sustentável.

Os resíduos sólidos precisam ser dispostos locais ambientalmente adequados,


para que não causem males à saúde humana e sejam dispostos minimizando os
impactos ambientais gerados pela degradação desses rejeitos (BRASIL, 2010b). Visando
esse descarte seguro, faz-se necessário adquirir o conhecimento sobre os resíduos
sólidos urbanos, conhecendo sua produção, composição física e química e demais
características, esses constituem os elementos básicos para orientar e planejar um
sistema de gestão de resíduos sólidos (LANGE et al., 2002).

179
De acordo com ABNT NBR 10004 de 2004, para que um resíduo seja classificado
conforme a normativa ou ainda conforme a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, PNPR,
Lei nº 12.305 de 2010, é necessário que seja realizada uma investigação para conhecer
o processo que deu origem aos resíduos, assim como, conhecer suas propriedades e
características físicas e químicas. Deve-se comparar seus constituintes com a tabela
que traz a listagem das substâncias que causam risco à saúde, anexos C, D e E da NBR
10004 (ABNT, 2004a).

2.1 LAUDO DE CLASSIFICAÇÃO


É necessário emitir um laudo contendo toda a identificação do processo
produtivo e o seu enquadramento na classificação de resíduos de Classe I ou Classe
II. Deve constar: origem do produto, processo de segregação, laudos das análises de
laboratório, parâmetros analisados (ABNT, 2004a).

2.2 RESÍDUOS DE CLASSE I – PERIGOSOS


A definição, segundo a normativa, você consegue encontrar no Tópico 1, Quadro
1, desta Unidade. Para que os resíduos sejam considerados perigosos, eles precisam
apresentar algumas características que listaremos a seguir. Destacaremos algumas
destas características.

As características completas você pode encontrar na NBR 10004 de 2004.

2.2.1 Inflamabilidade
É caracterizado como inflamável se a sua amostra apresentar qualquer uma das
seguintes propriedades:

• Estar no estado líquido, ponto de fulgor menor do que 60 °C, exceto soluções com
menor do que 24% (volume) de álcool.
• Não ser líquida e sob condições específicas produz fogo por fricção (25 °C e 0,1 MPa =
1 atm), absorve umidade e altera suas propriedades químicas de modo natural, quando
inflamada entra em combustão, queima rapidamente e dificulta a extinção do fogo.
• Possuir características oxidantes, liberando oxigênio e assim implicando no estímulo
de processos de combustão de outro material.
• Ser um gás comprimido e inflamável (Portaria nº 204/1997 do Ministério dos Transportes).

180
2.2.2 Corrosividade
É caracterizado como corrosivo se apresentar qualquer uma das seguintes
propriedades:

• Ser aquosa ou se a solução aquosa estiver na proporção 1:1 (em peso) apresentar
valores de pH < 2 ou com pH > 12,5.
• “Ser líquida ou, quando misturada em peso equivalente de água, produzir um líquido e
corroer o aço (COPANT 1020) a uma razão maior que 6,35 mm ao ano, a uma temperatura
de 55 °C, de acordo com US EPA SW-846 ou equivalente” (ABNT, 2004a, p. 4).

2.2.3 Reatividade
Um resíduo é considerado reativo se após a análise apresentar as seguintes
propriedades:

• Ser instável e reagir de forma extremamente violenta, sem detonar.


• Reagir de forma violenta com água.
• Originar misturas com potencial explosivo com água, vapores, gases tóxicos que
provoquem danos à saúde humana ou ao meio ambiente quando em solução aquosa.
• Ter em sua composição íons cianeto (CN-) ou sulfeto (S2-) que ultrapassem os
valores máximos permitidos de acordo com SW-846 (US EPA, 2021), de 250 mg/
kg de resíduo contendo ácido cianídrico (HCN) ou 500 mg/kg de resíduo contendo
ácido sulfídrico (H2S).
• Se sob um forte estímulo apresentar a capacidade de explosão ou capacidade
detonante;
• Apresentar de imediato reação ou decomposição que cause detonação ou seja
explosiva a condições específicas (25 °C e 0,1 Mpa =1 atm).
• “Ser explosivo, definido como uma substância fabricada para produzir um resultado
prático, através de explosão ou efeito pirotécnico, esteja ou não esta substância
contida em dispositivo preparado para este fim” (ABNT, 2004a, p. 4).

2.2.4 Toxicidade
O resíduo para ser considerado tóxico precisa apresentar em uma amostra que
represente o seu todo algumas das propriedades a seguir:

• Se a amostra analisada foi obtida a partir do extrato lixiviado e contiver substâncias


que estejam em concentrações superiores as permitidas, Quadro 2.

181
DICA
Para que você tenha acesso completo às substâncias que apresentam
toxicidade, acesse a normativa da ABNT NRB 10004:2004, mais precisamente
o anexo F, em: https://bit.ly/3r723FZ.

QUADRO 2 – LIMITE MÁXIMO NO EXTRATO OBTIDO NO ENSIAO DE LIXIVIAÇÃO DO RESÍDUO

Código de Limite máximo no CAS – Chemical


Parâmetro
identificação lixiviado mg/L Abstrat Substance
Inorgânicos
Arsênio D005 1,0 7440-38-2
Bário D006 70,0 7440-39-3
Cádmio D007 0,5 7440-43-9
Chumbo D008 1,0 7439-92-1
Cromo total D009 5,0 7440-47-3
Fluoreto D010 150,0**
Mercúrio D011 0,1 7439-97-6
Prata D012 5,0* 7440-22-4
Selênio D013 1,0 7782-49-2
Pesticidas
Aldrin + dieldrin D014 0,003** 309-00-2; 60-57-1
Clordano (todos os
D015 0,02 57-74-9
isômeros)
DDT (p, p´ DDT+ p, p´
D016 0,2 50-29-3
DDD + p, p´ DDE)
2,4-D D026 3,0 94-75-7
Endrin D018 0,06 72-20-8
Heptacloro e seus
D019 0,003 76-44-8
epóxidos
Lindano D022 0,2 58-89-9
Metoxicloro D023 2,0 72-43-5
Pentaclorofenol D024 0,9 87-86-5
Toxafeno D025 0,5* 8001-35-2
2,4,5-T D027 0,2** 93-76-5
2,4,5-TP D028 0,07 93-72-1

182
* Parâmetros e limites máximos no lixiviado extraídos da US EPA – Environmental Protection
Agency 40 CFR - Part 261 - 24 - “Toxicity Characteristcs”.
** Parâmetro e limite máximo no lixiviado mantido, extraído da versão anterior da ABNT NBR
10004:1987.
*** O parâmetro Cresol total somente deve ser utilizado nos casos em que não for possível
identificar separadamente cada um dos isômeros.
NOTA Os demais poluentes e limites máximos no lixiviado deste anexo foram baseados na
Portaria nº 1469/2000 do MS, multiplicados pelo fator 100.

FONTE: ABNT (2004a, p. 67)

Outro requisito que o resíduo precisa apresentar é ter em uma composição com
uma ou mais substâncias orgânicas que apresentam toxicidade. Destacamos que são
inúmeras as substâncias orgânicas que são consideradas tóxicas. Veja, no Quadro 3,
algumas destas substâncias.

QUADRO 3 – SUBSTÂNCIAS QUE CONFEREM TOXICIDADE AOS RESÍDUOS

Substâncias CAS –
Código de Chemical
Nome comum Outra denominação identificação Abstract
Substance

N,N-Dimetil-
A2213 metilcarbanoiloximino-2- U394 30558-43-1
(metiltio) acetamid

Acetato de chumbo (II) U144 301-04-2

Acetato de etila U112 141-78-6

Acetato de
P092 62-38-4
fenilmercúrio

Acetato de tálio (I) U214 563-68-8

1-Acetil-2-tiouréia N-(Aminotioxometil)-acetamida P002 591-08-2

2-Acetilaminofluoreno N-9H-Fluoreno-2-il-acetamida U005 53-96-3

Acetofenona Fenilmetilcetona U004 98-86-2

Acetonitrila U003 75-05-8

Ácido arsênico P010 7778-39-4

Ácido benzenoarsênico 98-05-5

Ácido cacodílico Óxido de hidroximetilarsina U136 75-60-5

Ácido cianídrico P063 74-90-8

Ácido fluorídrico Fluoreto de hidrogênio U134 7664-39-3

Ácido fórmico Ácido metanóico U123 64-18-6

Acrilamida 2-Propenamida U007 79-06-1

183
Éster etílico do ácido
Acrilato de etila U113 140-88-5
2-propenóico

Acrilonitrila U009 107-13-1

Acroleína 2-Propenal P003 107-02-8

Aflatoxinas 1402-68-2

Alcatrão de carvão 8007-45-2

FONTE: ABNT (2004a, p. 33)

Acadêmico, mais uma vez destacamos que nos Quadros 2 e 3 estão apenas
uma fração das substâncias que a normativa cita que apresentam toxicidade à saúde
humana e o ambiente. Para ter acesso às demais substâncias não deixe de conferir a
GIO DICA disponibilizada anteriormente.

2.3 RESÍDUOS CLASSE II – NÃO PERIGOSOS


Dentre os resíduos não perigosos, temos os resíduos de restaurante (restos de
alimentos), sucata de metais ferrosos, resíduo de materiais têxteis, resíduos de madeira,
bagaço de cana, areia de fundição, plásticos não polimerizado, papel e papelão, borracha,
minerais não-metálicos (ABNT, 2004a). A Classe II é dividida em duas classes:

2.3.1 Resíduos de Classe II A – Não inertes


Definidos como resíduos não inertes aqueles que possuem propriedades como
biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.

2.3.2 Resíduos de Classe II B – Inertes


Os resíduos inertes em contato com a água não têm seus constituintes
solubilizados e concentrações superiores as determinadas pela legislação de
potabilidade de água, exceto aspectos como cor, turbidez, dureza e sabor.

3 AMOSTRAGEM DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


Para realizar todos os ensaios de classificação dos resíduos sólidos, é necessário
conhecer a normativa ABNT NBR 10007 de 2004, que traz a amostragem dos resíduos
sólidos. Alguns termos são importantes para compreendermos posteriores análises que
serão abordadas nesse Tópico, como:

184
2.1. amostra composta: soma de parcelas individuais do resíduo a
ser estudada, obtidas em pontos, profundidades e/ou instantes
diferentes, através dos processos de amostragem. Estas parcelas
devem ser misturadas de forma a se obter uma amostra homogênea.
2.2. amostra homogênea: amostra obtida pela melhor mistura
possível das alíquotas dos resíduos.
NOTA Esta mistura deve ser feita de modo que a amostra resultante
apresente características semelhantes em todos os seus pontos.
Para resíduos no estado sólido, esta homogeneização deve ser obtida
por quarteamento.
2.3. amostra representativa: parcela do resíduo a ser estudada, obtida
através de um processo de
amostragem, e que, quando analisada, apresenta as mesmas
características e propriedades da massa total do resíduo.
2.4. amostra simples: parcela do resíduo a ser estudada, obtida
através de um processo de amostragem em um único ponto ou
profundidade.
2.5 amostrador: equipamento ou aparelho utilizado para coleta de
amostras.
2.6. contêiner de resíduos: qualquer recipiente portátil no qual o
resíduo pode ser transportado, armazenado, tratado ou, de outra
forma, manuseado.
2.7. pilha ou monte: qualquer acúmulo de resíduo não contido, que
não apresente escoamento superficial.
2.8. quarteamento: processo de divisão em quatro partes iguais
de uma amostra pré-homogeneizada, sendo tomadas duas partes
opostas entre si para constituir uma nova amostra e descartadas
as partes restantes. As partes não descartadas são misturadas
totalmente e o processo de quarteamento é repetido até que se
obtenha o volume desejado.
2.9. tambor: recipiente portátil, cilíndrico, feito de chapa metálica ou
material plástico, com capacidade máxima de 250 L.
2.10. tanque de armazenagem: construção destinada ao
armazenamento de líquidos, com capacidade superior a 250 L.
2.11. técnico de amostragem: profissional técnico responsável pela
execução da coleta de amostra (ABNT, 2004b, p. 1).

DICA
Caro acadêmico, a normativa brasileira ABNT NBR 10007:2004 se refere
à amostragem de resíduos sólidos. No documento, você pode encontrar
todas as informações importantes do procedimento de coleta de amostras,
da temperatura de armazenagem das amostras e quais são os coletores
indicados para cada tipo de análise. Disponível em: https://bit.ly/35TosPJ.

Acadêmico, o processo de classificação de resíduos é fundamental para


determinar seus parâmetros físico-químicos, biológicos, qualitativos e/ou quantitativos
do resíduo produzido.

Todas essas características obtidas ajudam na classificação do resíduo em


sua devida classe e principalmente auxilia na escolha da disposição mais adequada
para o tipo do resíduo.
185
A seguir, iremos abordar os parâmetros dos resíduos sólidos que podem ser
coletadas a partir de suas características físicas.

4 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


Quando falamos em analisar os resíduos sólidos, surgem algumas dificuldades de
como realizar de maneira correta as análises físico-químicas, pois de acordo com Lange et
al. (2002, p. 67), “a literatura específica existente é escassa e imprecisa”. Quando se analisa
águas e efluentes, há métodos que são utilizados em todo mundo como, “Standard Methods
for the Examination of Water and Waste Water”, já para os resíduos sólidos não há métodos
adotados universalmente e sim alguns métodos adaptados de literaturas.

As principais normativas brasileiras sobre resíduos sólidos são fornecidas pela


Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e estão listadas no Quadro 4.

QUADRO 4 – REFERÊNCIAS NORMATIVAS, ABNT.

Referências Normativas
NBR 10004:2004 Resíduos sólidos – Classificação.
NBR 10005:2004 Procedimento para obtenção de extrato lixiviado de resíduos
sólidos.
NBR 10006:2004 Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de
resíduos sólidos.
NBR 10007:2004 Amostragem de resíduos sólidos.
NBR 12808:1993 Resíduos de serviço de saúde – Classificação.
NBR 14598:2000 Produtos de petróleo – Determinação do ponto de fulgor pelo
aparelho de vaso fechado Pensky-Martens.
US EPA SW-846 Test methods for evaluating solid waste – Physical/chemical
methods.
FONTE: O autor

As análises dos resíduos sólidos seguem o Compêndio de Métodos de Teste


para Avaliação de Resíduos Sólidos, chamados de Compêndio de Métodos Físico-
Químico, conhecido também como SW-846 (solid waste-846), fazendo parte da United
States Environmental Protection Agency (US EPA), ou seja, agência de proteção do
meio ambiente (US EPA 2021). Nesse compêndio, é possível localizar pelo índice quais
substâncias orgânicas ou inorgânicas que se deseja analisar, a informação é completa.
Acadêmico, como são inúmeras técnicas para inúmeros compostos.

186
Acadêmico, até o presente momento conhecemos como é o procedimento
para classificação dos resíduos sólidos urbanos, para que possam ser destinados de
forma correta. A seguir iremos conhecer as características físicas dos resíduos sólidos,
já classificados de acordo com a ABNT.

5 ANÁLISE FÍSICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS


De acordo com Knochenmus et al. (1998) e Konig e Jessberger (1997) citados
por Carvalho (1999, p. 36), “os resíduos podem ser classificados em materiais como solos
e materiais diferentes de solos”. Podemos comparar os resíduos com os solos, pois
seu comportamento é similar aos solos, enquanto aqueles resíduos com classificação
diferente de solos, não possui os fundamentos de mecânica dos solos ou são limitados.

A análise dos resíduos sólidos urbanos (RSU) é realizada de acordo com


alguns parâmetros como: composição gravimétrica, teor de umidade, distribuição das
partículas, temperatura, peso específico in situ e permeabilidade.

5.1 COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA


A análise da composição gravimétrica dos RSU, de acordo com a ABRELPE
(2020), tem o objetivo de definir quais os materiais descartados pela população. Há
diferenças significativas nos valores dos principais componentes do lixo urbano entre
as cidades e regiões, o que pode estar relacionado ao poder econômico, tecnológico
ou cultural. Carvalho (1999) destaca que regiões com maior poder econômico, ou seja,
mais desenvolvidas apresentam baixo teor de matéria orgânica na composição dos
RSU. Essa informação do que compõe o lixo é de crucial importância para elaborar uma
gestão integrada e eficiente dos RSU.

Podemos dizer, de acordo com Carvalho (1999), que os resíduos sólidos


apresentam características similares aos solos, portanto, são multifásicos, têm as fases
sólida, líquida e gasosa. Nos primeiros instantes, a fase sólida predomina, após um certo
tempo os processos de degradação da matéria orgânica geram a fase líquida e gasosa,
reconhecida pelo chorume e gás metano, respectivamente. A Figura 5 ilustra a análise
gravimétrica dos RSU no Brasil no ano de 2020 (ABRELPE, 2020).

187
FIGURA 5 – ANÁLISE GRAVIMÉTRICA DOS RSU NO BRASIL

FONTE: ABRELPE (2020, p. 39

Podemos perceber que a fase sólida dos RSU é formada por diferentes
categorias de materiais (previamente classificados ABNT NBR 10004:2004), tendo
sua composição muito heterogênea com a presença de vidros, cerâmicas, solos,
cinzas, restos de construção, segundo categoria temos os plásticos, papéis, borracha,
plástico, papelão etc.

Há diferentes métodos para determinar a composição gravimétrica dos RSU, a


maior parte se baseia no quarteamento da amostra,

5.2 DISTRIBUIÇÃO DO TAMANHO DAS PARTÍCULAS


Acadêmico, acabamos de estudar que a fase sólida dos RSU é heterogênea,
sendo composta por diversos resíduos. Dessa forma, a realização da determinação da
dimensão das partículas fica comprometida e limitada, não havendo uma padronização
da análise. Dessa forma, de acordo com Tchonobanoglous et al. (1993 apud CARVALHO,
1999) estudos tem procurado atribuir o tamanho dos componentes correlacionando
com seus diâmetros equivalentes, conforme o Quadro 5.

QUADRO 5 – COMPONENTES VERSUS A VARIAÇÃO E O VALOR MÉDIO DO TAMANHO DOS COMPONENTES (MM)

188
FONTE: Tchonobanoglous et al. (1993 apud CARVALHO, 1999, p. 47)

A determinação do tamanho das partículas pode ser realizada utilizando


peneiras com diferentes granulometrias, conforme Nascimento (2007).

5.3 TEOR DE UMIDADE


O teor de umidade dos resíduos sólidos nos aterros depende de diversos fatores
que devem ser levados em conta, são eles: composição inicial, condições climáticas
(época de chuvas), sistema de trabalho do aterro, degradação de compostos orgânicos,
eficiência do processo de coleta dos líquidos percolados, do sistema de recobrimento
do aterro, entre outros (NASCIMENTO, 2007; CARVALHO 1999). O teor de umidade
encontrados em aterros pode apresentar variação do teor de umidade, o que está
relacionado com a profundidade entre um ponto e outro. Dessa forma, o teor de umidade
pode ser obtido utilizando sonda de nêutrons ou ainda utilizar a estufa com temperatura
entre 70 °C e 105 °C (NASCIMENTO, 2007).

De acordo com Knochenmus et al. (1998 apud CARVALHO, 1999), as altas


porcentagens do teor de umidade são provenientes da degradação do lixo orgânico
(restos de comida, jardim e poda de árvores). Já os valores baixos de teor de umidade
correspondem aos componentes inorgânicos como papéis e plásticos. Os valores
encontrados ficam abaixo de 10%.

O teor de umidade fornece o valor da quantidade de água presente em uma


amostra de resíduo sólido, é calculado em percentual de seu peso. Este parâmetro se
altera em função das estações do ano e da incidência de chuvas, podendo-se estimar
um teor de umidade variando em torno de 40 a 60% (NASCIMENTO, 2007).

189
5.4 TEMPERATURA
Estudos demonstram que quanto maior a profundidade maior a temperatura.
Esse maior valor encontrado é devido ao processo de degradação da matéria orgânica,
conforme a Figura 6.

FIGURA 6 – VARIAÇÃO DA TEMPERATURA DOS RSU COM A PROFUNDIDADE, ATERRO DA MURIBECA, RECIFE

FONTE: Mariano e Jucá (1998 apud CARVALHO, 1999, p.43)

Podemos observar na Figura 6 que a medição da temperatura foi realizada


para o aterro localizado em Recife (Brasil), que na profundidade de 5 metros a
temperatura de 43 °C e conforme a profundidade vai aumentando a temperatura a
acompanha. Em aproximadamente 15 metros, a temperatura atinge seu máximo e
depois tende a se estabilizar

5.5 PESO ESPECÍFICO IN SITU


De acordo com Carvalho (1999), o peso específico in situ do resíduo que se
encontra no aterro sofre influência de parâmetros como a composição e umidade
nos RSU, assim como das camadas diárias de recobrimento, pela compactação e
decomposição do resíduo com o tempo. Como o resíduo é uma mistura heterogênea,
seu peso pode variar de acordo com os seus diversos constituintes, fatores como a
porosidade, o grau de saturação e a quantidade em porcentagem que cada constituinte
se faz presente pode alterar o peso específico total médio.

Nesse contexto, para determinar o peso específico é empregado a técnica do poço


escavado com profundidade entre 2 e 4 metros, ou ainda, trincheira e outros que utilizam a
radiação gama. “Os ensaios em poços consistem na pesagem do material e determinação
do volume a partir do preenchimento da cava devidamente impermeabilizada com manta
sintética” (GOTTELAND et al., 1995 apud CARVALHO1999, p. 46).

190
5.6 PERMEABILIDADE DOSS RESÍDUO SÓLIDOS URBANOS
É um parâmetro que está mais relacionado com a estabilidade do aterro
sanitário e infiltração do líquido percolado. São realizados pelos ensaios de trincheira e
poços escavados (ensaios in situ) com um diâmetro grande ou ainda fazendo furos de
sondagem (NASCIMENTO, 2007).

Acadêmico, a partir de agora iremos estudar as características químicas dos


resíduos sólidos urbanos.

6 ANÁLISES QUÍMICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


URBANOS
De acordo com Lange et al. (2002, p.62), “o que se encontra na literatura são
métodos analíticos adaptados de outras áreas de conhecimento que muitas vezes não
fornecem resultados satisfatórios devido à natureza química e física heterogênea dos RSU”.

Nesse contexto, abordaremos algumas características químicas dos resíduos


sólidos urbanos, como: pH, teor de umidade, teor de carbono, sólidos voláteis e sólidos fixos.

6.1 PH DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS


Para monitorar o processo de degradação da matéria orgânica, o pH entra como
um parâmetro importante, que indica como a decomposição microbiana da matéria
orgânica evolui e permite analisar as etapas que envolvem a estabilização da massa dos
resíduos (LANGE et al., 2002). Um pH baixo no resíduo já decomposto pode indicar a
presença de altas concentrações de ácidos graxos voláteis, o que pode levar à inibição
da atividade ou crescimento de bactérias metanogênicas. Após as etapas do processo
anaeróbio, chamadas de hidrólise e produção de ácido (acidogênese), se dá origem aos
compostos formadores dos ácidos graxos, são eles: ácido acético, ácido propiônico,
ácido butírico, ácido valérico e ácido isovalérico (LANGE et al., 2002).

Durante o processo anaeróbio, devido à reação de hidrólise, o pH tende a


diminuir, pois são geradas grandes quantidades de substâncias ácidas, o que tende a
variar de acordo com a capacidade tamponante do meio (LANGE et al., 2002). Quem gera
a capacidade tamponante é um parâmetro chamado alcalinidade. Para determinação do
pH dos RSU, as amostras devem ser coletadas e quarteadas de acordo com as normas
da ABNT NBR 10007:2004. Em seguida o método consiste em manter a amostra em
uma temperatura adequada, deve-se solubilizar a amostra em água, separar seu sólido
e realizar a medição do pH, com um phmetro digital.

191
NOTA
Capacidade tamponante é compreendida como a quantidade de
substâncias que, ao reagirem com íons H+, não alteram o seu pH, ou seja,
de acordo com Atkins (2021), é a quantidade de ácido ou base que pode ser
adicionada em uma solução sem alterar o pH, parâmetro que determina a
capacidade tamponante é a alcalinidade.

6.2 TEOR DE CARBONO, SÓLIDOS VOLÁTEIS E SÓLIDOS FIXOS


Para acompanhar o processo de degradação dos RSU, faz se necessário o
ensaio de calcinação, o qual resulta em informações do teor da matéria orgânica e do
teor de carbono. Juntamente ao teor de nitrogênio total, este parâmetro de teor de
carbono, através da relação C:N, indica o estágio de estabilização biológica da qualidade
do resíduo. A importância dessa se baseia que esses macronutrientes são essenciais
para o crescimento e desenvolvimento microbiano. O carbono representa o material
energético necessário para ativar a síntese celular, enquanto o nitrogênio é o material
básico que constitui os materiais celulares sintéticos. Portanto, a razão C:N pode ser
usada como um indicador do estágio do processo bioestável. O conteúdo orgânico é
dado como uma porcentagem da massa perdida durante a calcinação em relação à
massa total original (LANGE et al., 2002).

Para obter o teor de carbono, é necessário submeter a amostra a testes


gravimétricos com aquecimento. Lange et al. (2002) fazem referência a temperatura
de 480 °C e destacam que a partir dessa temperatura ocorre a total queima do resíduo
sólido fresco. Na temperatura de 660 °C há calcinação e todas as substâncias.

6.3 PODER CALORÍFICO


O poder calorífico está relacionado à quantidade de calor que é desprendida
quando a amostra é submetida a queima. O poder calorífico médio do lixo domiciliar se
situa na faixa de 5.000kcal/kg (NASCIMENTO, 2007).

Nesse contexto, a determinação do calor específico é realizada em um aparelho


chamado calorímetro, nele ocorre a combustão completa da amostra em unidade
de massa ou volume. A combustão ocorre nas condições ambientes (1 atm, 25 °C)
(NASCIMENTO, 2007)

192
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Os resíduos sólidos urbanos (RSU) precisam ser dispostos em locais ambientalmente


adequados, para que não causem males à saúde humana e sejam dispostos
minimizando os impactos ambientais gerados pela degradação desses rejeitos.

• Para que os RSU sejam descartados corretamente, faz-se necessário adquirir o


conhecimento sobre seu processo que lhe deu origem, sua composição física e
química e demais características.

• A NBR 10007:2004 é a normativa que realiza a classificação dos resíduos sólidos


para que sejam então dispostos em ambientes corretos. No Laudo do RSU é
necessário constar informações como a identificação, o enquadramento da classe
dos resíduos, sua origem, sua composição, suas análises de laboratórios e todos os
seus parâmetros analisados.

• Para que os resíduos sejam considerados perigosos, Classe I, é necessário que


apresentem características como inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade.

• A Amostragem dos RSU é estabelecida de acordo com ABNT NBR 10007:2004 e


traz informações importantes das definições de alguns termos, como: amostra
representativa: representa o todo, parcela retira que apresenta as mesmas
características e propriedades da massa total do resíduo.

• O quarteamento, processo de divisão da amostra em quatro partes iguais, tomadas duas


partes opostas entre si para constituir nova amostra e assim descarta-se o resto.

• As análises físico-químicas dos RSU não se encontram material preciso na literatura.


A análise de sólidos não apresenta um manual ou métodos consagrados como
acontece para análise de águas, são apenas as normativas brasileiras e o compêndio
da Agência de proteção do meio ambiente (EPA) que se encontram disponíveis para
realizar uma adaptação do método.

• As análises físicas dos RSU envolvem parâmetros como composição gravimétrica,


teor de umidade, distribuição das partículas, temperatura, peso específico in situ
e permeabilidade.

• As análises químicas do resíduo sólido urbano envolvem análises de pH, teor de


carbono, sólidos voláteis, sólidos fixos e poder calorífico.

193
AUTOATIVIDADE
1 A classificação de resíduos sólidos e semissólidos industriais é regida pela NBR
10004:2004. Esta norma tem como principal objetivo padronizar a classificação de
resíduos industriais fortalecendo sua destinação adequada. Acerca das classes de
resíduos, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A Classe II se refere aos resíduos perigosos.


b) ( ) A Classe I apresenta os resíduos não inertes (I A).
c) ( ) A Classe II apresenta subdivisão de resíduos perigosos, Classe II A e Classe II B.
d) ( ) Os resíduos da Classe II A, não inertes, podem possuir propriedades de
biodegrabilidade, solubilidade ou combustibilidade em água.

2 Após determinar a origem de um resíduo, é preciso verificar as suas caraterísticas


físicas, químicas e biológicas, para podermos determinar qual a sua melhor forma
de disposição. Partindo deste princípio, de quais seriam as características químicas,
analise as sentenças a seguir:

I- Com intuito de monitorar a degradação da matéria orgânica, o pH pode ser um


parâmetro útil, permitindo acompanhar as etapas que envolvem a estabilização da
massa do resíduo.
II- Para uma melhor determinação do pH as amostras devem ser obtidas retirando-se
uma fração de grande profundidade pois assim irá representar o todo.
III- O teor de carbono é obtido a partir de testes gravimétricos após calcinação da
amostra, a amostra é pesada antes e após a calcinação.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

194
3 A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que, por meio da NBR 10004:2004,
além de definir os resíduos sólidos, classifica-os quanto a sua periculosidade,
considerando seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, no intuito
de que sejam gerenciados adequadamente. Desta maneira, quanto à classificação
de resíduos sólidos estabelecida por esta norma, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) Um resíduo apresenta corrosividade se quando misturado com a água corroer


o aço.
( ) A inflamabilidade se refere ao ponto de fulgor que precisa ser inferior a 60 °C e a
substância pode estar em qualquer estado físico.
( ) Reatividade se refere a ser explosivo, instável, reagir de forma violenta ou ainda ter
uma capacidade detonante.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 Para realizar as análises adequados a fim de dispor corretamente os resíduos sólidos


urbanos, há necessidade de utilizar as normativas para auxiliar esse processo. A
normativa ABNT NBR 10007:2004 orienta a realização de coleta das amostras de
resíduos sólido, trazem definições importantes dos diferentes tipos de amostragem.
Disserte sobre dois métodos de amostragem, quarteamento comentando como é
realizada o procedimento.

5 As análises físicas dos resíduos são realizadas com intuito de obter mais informações
para que seu destino seja correto. A análise dos RSU é realizada de acordo com
alguns parâmetros como: composição gravimétrica, teor de umidade, distribuição
das partículas, temperatura, peso específico in situ e permeabilidade. Nesse contexto,
disserte sobre a composição gravimétrica dos resíduos sólidos.

195
196
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
ANÁLISE DO SOLO CONTAMINADO POR
RESÍDUOS SÓLIDOS
1 INTRODUÇÃO
De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, realizado todos os
anos, a geração dos RSU está em crescimento e a cada ano aumenta a quantidade total
de resíduos gerados.

Em 2020 foram geradas 79,6 milhões de toneladas de resíduos sólidos. Vimos


que esse aumento reflete o poder econômico, o desenvolvimento tecnológico, dentre
outros fatores.

Nesse sentido, a legislação PNRS contempla o destino ambientalmente adequado


dos resíduos sólidos urbanos, entretanto, de acordo com ABRELPE (2020), pouco se
investiu em extinguir ou minimizar o destino incorreto dos RSU. Dados mostram que
houve uma redução da disposição incorreta de apenas 0,72%. Portanto, quem sofre é o
solo, as águas, as comunidades locais que são afetadas continuamente pela percolação
do chorume produzido pelos resíduos sólidos, pela proliferação de insetos e doenças.

Assim, destacamos a importância de realizar monitoramento nos aterros


sanitários, avaliando constantemente as propriedades físico-químicas dos resíduos e
o seu impacto no solo.

Acadêmico, nesse contexto, o Tópico 3 abordará as principais características do


solo, a contaminação do solo por resíduos sólidos urbanos, o processo de amostragem
para análise do solo/resíduos sólidos e as análises físico-químicas empregadas.

2 BREVE REVISÃO DO SOLO E SUAS CARACTERÍSTICAS


O solo apresenta quatro fases distintas entre elas temos: fase sólida, líquida,
gasosa e biológica.

A partir da interação dessas fases o solo se torna apto para proporcionar


o desenvolvimento de vegetais, aliado a isso, há um conjunto de propriedades e
processos que permitem que o solo retenha água, adsorva nutrientes e os carregue
até suas raízes (RAIJ, 1981).

197
De acordo com Fiúza (2009), o solo é formado por apenas quatro fases: sólida,
a qual possui uma determinada quantidade de compostos inorgânicos (produtos que
resultam de erosão da crosta terrestre) e uma quantidade de compostos orgânicos que
derivam da degradação da matéria orgânica; a fração líquida, que contém substâncias
minerais que a tornam enriquecida; a fase gasosa, que contém gás oxigênio em pequena
quantidade, entretanto, contém dióxido de carbono em uma maior concentração; e, por
fim, a fase biológica, com inúmeras colônias de microrganismos de diversas espécies.

As partículas que se encontram na fração mineral do solo, apresentam tamanhos


e composição variados, podendo ser agrupadas em grupos em função da granulometria,
como a argila (0-2 µm), silte (2-63 μm) e areia (63-2000 μm) (LIMA, 2015).

Em função do intemperismo físico, químico e biológico, as rochas acabam


se transformando em solos, que acabam por se organizar conforme o tempo em
camadas paralelas a superfície, variando de região para região possuem diferentes
composições. Dessa forma, temos as camadas que compõe o solo, sabemos que o
solo é a camada superficial da crosta terrestre e nela há matéria orgânica e seres
vivos. Os vegetais se desenvolvem utilizando os recursos existentes no solo como
água e nutrientes. O solo é formado por camadas ou horizontes, chamados de O, A, B
e C, conforme a Figura 7 (RAIJ, 1981).

FIGURA 7 – CAMADAS DO SOLO

FONTE: <https://bit.ly/35RKmTg>. Acesso em: 28 jan. 2022.

Como podemos observar na Figura 7, o horizonte O ocorre em alguns solos,


formado por uma camada delgada de restos orgânicos como folhas, galhos, restos de
vegetais e animais em decomposição. O horizonte A do solo é a camada mais próxima
a superfície, possui uma maior concentração de matéria orgânica, parte já humidificada
(húmus), pode perder seu enriquecimento por perdas de materiais sólidos que acabam
migrando para o horizonte B. Abaixo do horizonte A encontra-se o horizonte B, possui

198
cores mais claras que o horizonte A pois tem menor concentração de matéria orgânica.
O horizonte C sofre pouco influência de seres vivos, possui uma característica mais
próxima do material que deu origem ao solo. Por fim, abaixo do horizonte C encontra-se
a rocha-mãe, a qual deu origem ao solo (RAIJ, 1981).

O perfil do solo é formado pelo conjunto de horizontes. Para realizar a


classificação dos solos estuda-se o perfil de cada solo, para realizar este estudo é
necessário abrir trincheiras ou barrancos nas estradas para observar os horizontes.
Após a coleta de amostras e realização de análises dentro dos padrões recomendados
é possível classificar o solo. No Brasil, conforme o sistema Brasileiro de Classificação de
solos, temos 13 tipos diferentes de solo, conforme o Quadro 6.

QUADRO 6 – TIPOS DE SOLO DE ACORDO COM O SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

1. Argissolos – apresentam maior teor de argila nas camadas subsuperficiais em


relação aos superficiais. Sua cor pode variar de acinzentada a avermelhada sendo
as tonalidades amarelas e vermelhas as mais comuns. Podem ser encontrados em
praticamente todas as regiões brasileiras e representam aproximadamente 24% da
superfície do País.
2. Cambissolos – compreendem solos em fases iniciais de desenvolvimento.
Apresentam pouca diferenciação das camadas, principalmente pela cor e estrutura.
Ocupam cerca de 2,5% do território brasileiro.
3. Chernossolos – são solos muito férteis e caracterizados pela presença da camada
superficial densa e escura e apresentam boa agregação de argila. Esse tipo de solo
ocupa 0,5% do território nacional. Ocorrem no Sul e no Nordeste e em pequenas áreas
no Centro-Oeste.
4. Espodossolos – apresentam acúmulo de matéria orgânica e alumínio. Têm
predomínio de areia em sua composição, sendo considerados solos muito pobres
e ácidos. Sua camada subsuperficial pode apresentar cor escura, acinzentada,
amarelada e avermelhada. Sua ocorrência é de aproximadamente 2% do território do
País, sendo distribuído por toda a costa brasileira e oeste da Amazônia.
5. Gleissolos – possuem material predominantemente argiloso e geralmente
estão associados às proximidades de cursos d’água. As cores predominantes na
subsuperfície são acinzentadas, podendo apresentar mosqueados devido à oxidação
e redução em ambiente saturado por água. Sua composição química e física é bastante
variável devido à natureza do ambiente em que se encontra (várzea ou depressão).
Os gleissolos ocupam 4% do território nacional e estão presentes nas regiões Norte,
Centro-oeste, Sudeste e Sul do País.
6. Latossolos – esses tipos de solos sofreram diversas transformações em seu
processo de formação. Suas cores variam de avermelhadas a amareladas. Apresentam
textura argilosa e podem ter estrutura de grãos. São os solos mais representativos do
Brasil, ocupando aproximadamente 39% da área total do País e sendo distribuídos
praticamente por todo o território nacional.

199
7. Luvissolos – apresentam significativos teores de argila nas camadas subsuperficias.
São geralmente rasos, de coloração avermelhada ou amarelada. São amplamente
encontrados no nordeste do País, ocorrendo em 3% da área do território brasileiro.
8. Neossolos – são solos jovens por consequência de reduzida ação dos fatores
de formação. Constituídos por material mineral ou por material orgânico. Ocorrem
aproximadamente em 15% do território brasileiro.
9. Nitossolos – são geralmente profundos, com textura argilosa e coloração
avermelhada, sendo observada pouca diferenciação de cores entre as camadas.
São bem drenados, estruturados, moderadamente ácidos e de fertilidade natural
muito variável. Em períodos secos, devido ao elevado teor de argila, podem formar
fendas no sentido vertical. Sua ocorrência no Brasil é de aproximadamente 1,5% e são
encontrados nas regiões Sudeste e Sul do País.
10. Organossolos – são formados por material orgânicos em diferentes estágios de
decomposição. Esse material é proveniente da deposição e acúmulo de resíduos
vegetais, com ou sem mistura de materiais minerais. Por essa razão, apresentam
coloração escura, pois possuem elevados teores de carbono devido à decomposição
da matéria orgânica. Não possuem áreas representativas de ocorrência no País, pois
ocorrem em pequenas manchas e de maneira dispersa.
11. Planossolos – possuem grande aumento de argila na subsuperfície. São
extremamente duros quando secos e possuem baixa permeabilidade. Isso condiciona
ciclos de redução e oxidação do ferro, propiciando as cores acinzentadas e mosqueados.
Possuem maior ocorrência no Rio Grande do Sul, Nordeste e no Pantanal, ocupando
aproximadamente 2% da área do País.
12; Plintossolos – esse tipo de solo leva à formação de uma condição destacável da
matriz do solo, denominada plintita. Essa formação ocorre devido à drenagem imperfeita
e ciclos de redução e oxidação do ferro. As cores são predominantemente cinzentas,
vermelhas e amareladas ou mosqueado e muitas vezes com moderado aumento de
argila em subsuperfície. São encontrados na região Norte do País, principalmente na
região Amazônica. Também são encontrados nas regiões Nordeste, Centro-oeste e
Sudeste do Brasil. Ocupam aproximadamente 6% da área do território nacional.
13. Vertissolos – apresentam altos teores de argila, com expressiva movimentação
da massa do solo. No período seco ocorre formação de fendas largas e profundas.
São de coloração acinzentada ou preta, sem diferença significativa no teor de argila
entre a parte superficial e subsuperficial do solo. São bastante férteis, ricos em cálcio,
magnésio e rochas básicas. No entanto possuem baixa permeabilidade e drenagem
lenta. São predominantes na zona seca do Nordeste, no Pantanal Mato-grossense, na
Campanha Gaúcha e no Recôncavo Baiano, totalizando cerca de 2% da área do Brasil.
FONTE: Saramento (2021, p. 140).

200
O solo possui uma grande capacidade de depuração, atuando como um filtro,
sendo capaz de reter impurezas e substâncias que entram em contato com ele. Há
diversas propriedades do solo que se diferenciam de fragmentos moídos de rochas o
que pode ser atribuído a constituição e a interação de seres vivos com substâncias
inorgânicas (RAIJ, 1981).

3 ASPECTOS DA CONTAMINAÇÃO DO SOLO


Os avanços tecnológicos aliados ao desenvolvimento econômico e o crescimento
populacional alavancaram os danos causados pelo homem no meio ambiente, seja na
exploração dos recursos naturais ou ainda lançando substâncias tóxicas e prejudiciais
nas águas, no solo, e no ar, na forma de resíduos (sólido, líquido ou gasoso).

Nesse sentido, durante longos anos o solo foi considerado como um local seguro
para depositar resíduos de todos os tipos, pois era considerado o lugar que realiza a
degradação natural dos resíduos (lixo).

Muito tempo se passou até que a sociedade percebesse que o manejo inadequado
dos resíduos sólidos afetaria o solo, o ar, as águas e a vida da população (POLICARPO,
2008), o que pode ser atribuído a sua grande capacidade de armazenamento.

De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, realizado todos os


anos, a geração dos RSU está em crescimento e a cada ano aumenta exponencialmente.
A quantidade total de resíduos gerados em 2020 foi de 79,6 milhões de toneladas de
resíduos sólidos.

Os dados ainda mostram que no ano de 2019, apenas 59,5% do total de resíduo
gerado chegou nos aterros sanitários. No entanto, 40,5% dos RSU foram destinados de
forma incorreta, indo para aterros controlados e lixões.

Os lixões ou vazadouros a céu aberto apresentam todos os fatores para causar


a poluição do ambiente, pois o solo não tem preparação para receber o resíduo, assim
ocorre a produção do chorume que acaba por ser diluído sob ação da chuva, em seguia
ocorre a infiltração, prejudicando a qualidade do solo e consequentemente podendo
atingir as águas subterrâneas, contaminando-a (FÁVARO, 2014).

Acadêmico, a seguir iremos conhecer melhor as definições para o chorume e


seus constituintes.

201
DICA
Acadêmico, vamos assistir a um filme? Nossa indicação é Erin Brockovich:
uma mulher de talento, com a premiada estrela do cinema Julia Roberts,
que interpreta Erin, uma mãe de três filhos que trabalha em um escritório
de advocacia e descobre que a água de uma cidade no deserto está
sendo contaminada e espalhando doenças entre seus habitantes. O filme
destaca a contaminação do solo e da água por metais pesados e mostra
a consequência dessa poluição na vida da população local e vizinhas.

FONTE: <https://www.adorocinema.com/filmes/filme-23980/>. Acesso


em: 8 abr. 2022.

3.1 CHORUME E SEUS CONSTITUINTES


Com a disposição do resíduo sólido em aterro sanitário, lixão ou aterro controlado,
o resíduo (lixo) inicia seus processos físicos, químicos e biológicos de degradação
resultando em frações gasosas e líquidas (PACHECO; PERALTA-ZAMORA, 2004). A parte
líquida produzida resulta da decomposição da matéria orgânica, esse líquido é escuro e
é chamado de chorume.

O chorume está associado à umidade, o que aumenta no período de chuva, a


temperatura do local e da constituição dos resíduos depositados, sendo produzido por
bactérias acetogênicas que aceleram a degradação da matéria orgânica e fornecem um
caráter ácido ao chorume.

Não podemos afirmar que estas áreas a que se destinam os resíduos sólidos,
sejam o último local para as substâncias que compõe os resíduos, o destino delas
depende de fatores climáticos, como a água da chuva. Quando ocorre precipitação a
água percola pelo solo e com ela transporta as substâncias orgânicas e inorgânicas
que estão presentes no chorume ou foram incorporadas pelo processo de degradação
(CELERE et al., 2007; PACHECO; PERALTA-ZAMORA, 2004).

NOTA
Bactérias acetogênicas, são bactérias que promovem a degradação na
ausência de oxigênio (aeróbias), produzindo acetato, hidrogênio e monóxido
de carbono. Essas bactérias fazem parte da etapa de fermentação da matéria
orgânica chamada acetogênese.

FONTE: <https://www.biodieselbr.com/energia/biogas/biodigestor>. Acesso em: 8 abr. 2022.

202
De acordo com Celere et al. (2007), é difícil expressar com precisão a composição
do chorume, pois são inúmeros fatores que podem alterar suas características finais.
Ele pode conter a presença de metais pesados em diferentes concentrações, sólidos
e compostos orgânicos, proteínas, gorduras, diversas espécies de microrganismos etc.

Devido a esses fatores surge a preocupação ambiental, pois o chorume pode


percolar pelo solo e atingir os lençóis freáticos e assim, comprometer a qualidade da água
e seu uso (FÁVARO, 2014). O Quadro 7 mostra alguns íons que podem ser encontrados
no chorume e suas possíveis origens.

QUADRO 7 – ÍONS QUE PODEM SER ENCONTRADOS NO CHORUME E SUAS FONTES

Íons Fontes
Na, k, Ca, Mg Material orgânico, entulhos de construção, casas de ovos
P, N, C Material orgânico
Al Latas descartáveis, cosméticos, embalagens laminadas em geral
Cu, Fe, Sn Material eletrônico, latas, tampas de garrafas
Hg, Mn Pilhas comuns e alcalinas, lâmpadas fluorescentes
Ni, Cd, Pb Baterias recarregáveis (celular, telefone sem fio, automóveis)
As, Sb, Cr Embalagens de tintas, vernizes, solventes orgânicos
Cl, Br, Ag Tubos de PVC, negativos de filmes e raio-X
FONTE: Fávaro (2014, p. 20)

A normativa NBR 8419 (ABNT, 1992, p.1) se refere à lixiviação como “deslocamento
ou arraste, por meio líquido, de certas substâncias contidas no nos resíduos sólidos
urbanos”. Assim, o lixiviado (chorume) como o líquido gerado pela degradação de
substâncias presentes nos resíduos sólidos, com mau cheiro e de coloração escura. Ele
é considerado um efluente e em aterros sanitários há local específico para proceder o
tratamento (RODRIGUES, 2004).

3.2 LEGISLAÇÃO DO SOLO E CONTAMINANTES


Em 2009 surge a Resolução de nº 420 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(BRASIL, 2009, p. 1), que em seu Art. 1º diz: “esta resolução dispõe sobre critérios e
valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas e
estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas
substâncias em decorrência de atividades antrópicas”.

A resolução estabelece que a proteção do solo deve agir de maneira preventiva


preservando suas funcionalidades ou ainda, restaurando ou recuperando as
áreas contaminadas.

203
O Art. 4º se preocupa em destacar que todas as diretrizes ambientais são válidas
para solos e subsolos em áreas contaminadas e incluem seus componentes: sólidos,
líquidos e gasosos (BRASIL, 2009). Em seu Art. 6º, a resolução estabelece termos e
definições, como:

XXI - Valor de referência de qualidade – VRQ: é a concentração


de determinada substância que define a qualidade natural do solo,
sendo determinado com base em interpretação estatística de
análises físico-químicas de amostras de diversos tipos de solos; (O
VRQ é estabelecido pelos Estados);
XXII - Valor de prevenção – VP: é a concentração de valor limite de
determinada substância no solo, tal que ele seja capaz de sustentar
as suas funções principais de acordo com o Art. 3°.
XXIII - Valor de investigação – VI: é a concentração de determinada
substância no solo ou na água subterrânea acima da qual existem
riscos potenciais, diretos ou indiretos, à saúde humana, considerando
um cenário de exposição padronizado (BRASIL, 2009, p.3).

A avaliação da qualidade do solo leva em conta valor de referência de qualidade


(VRQ), valor de prevenção (VP) e Valor de Investigação (VI), no que se refere a presença
de substâncias químicas, conforme cita o Art. 7º (BRASIL, 2009).

A resolução ainda faz referência que os valores VP e VI, que estão disponíveis
no anexo II da Resolução Conama nº 420/2009 e identificam os limites para substâncias
inorgânicas e orgânicas que são prejudiciais ao ambiente. Já os valores de VRQ devem
ser estabelecidos pelos respectivos órgãos estaduais, de acordo com o estudo da sua
região.

Ainda no que diz respeito à qualidade dos solos, o Art. 13 estabelece as classes
de qualidade dos solos:

I - Classe 1 – Solos que apresentam concentrações de substâncias


químicas menores ou iguais ao VRQ;
II - Classe 2 – Solos que apresentam concentrações de pelo menos
uma substância química maior do que o VRQ e menor ou igual ao VP;
III - Classe 3 – Solos que apresentam concentrações de pelo menos
uma substância química maior que o VP e menor ou igual ao VI; e
IV - Classe 4 – Solos que apresentam concentrações de pelo menos
uma substância química maior que o VI (BRASIL, 2009, p. 4).

Depois de determinada a classe dos solos, conforme a resolução, a classificação


do solo deverá ser realizada obedecendo normas para prevenir e monitorar a qualidade
do solo, de acordo com o que consta no Art. 20.

I – Classe 1: não requer ações;


II – Classe 2: poderá requerer uma avaliação do órgão ambiental,
incluindo a verificação da possibilidade de ocorrência natural da
substância ou da existência de fontes de poluição, com indicativos
de ações preventivas de controle, quando couber, não envolvendo
necessariamente investigação;

204
III – Classe 3: requer identificação da fonte potencial de
contaminação, avaliação da ocorrência natural da substância,
controle das fontes de contaminação e monitoramento da qualidade
do solo e da água subterrânea; e
IV – Classe 4: requer as ações estabelecidas no Capítulo IV (BRASIL,
2009, p.5).

3.2.1 Parâmetros e amostragem para analisar o solo


contaminado
A Resolução Conama nº 420/2009 estabelece diretrizes a serem seguidas para
avaliar e monitorar a região de solos contaminados em cada Estado.

Inicialmente recomenda-se que seja realizada uma investigação do solo, com


informações da origem do solo, clima e relevo com intuito de coletar maiores informações
geológicas, morfológicas e geológicas que sejam representativas do estado.

Nesse sentido, os parâmetros para caracterização (BRASIL, 2009) do solo em


áreas contaminadas, são:

• Carbono orgânico.
• pH em água.
• Capacidade de troca iônica (CTC).
• Teor de argila, silte, areia e óxidos de alumínio, ferro e manganês.

A amostragem será realiza a partir de subamostras com 10 pontos amostrais,


obtidas do solo em uma profundidade de 0-20 cm. Todos os procedimentos de coleta,
manuseio e preservação das amostras devem ser utilizados em respeito às normas
nacionais e os prazos devem ser cumpridos (BRASIL, 2009).

A supracitada resolução ainda estipula as metodologias analíticas para


determinação das substâncias inorgânicas e orgânicas com os valores orientadores
para solos e águas subterrâneas, são elas:

QUADRO 8 – METODOLOGIAS ANALÍTICAS ADOTADAS PAA ANÁLISE DE SOLO CONTMAINDAO

Substâncias/ análises Metodologia


Substâncias inorgânicas, exceto Hg US EPA 3050 ou US EPA 3051
Teor de carbono EMBRAPA
pH em água EMBRAPA
Capacidade de troca iônica (CTC) EMBRAPA

205
Teor de argila, silte, areia e óxidos de
alumínio, ferro e manganês. EMBRAPA
*US EPA – United States Environmental Protection Agency.
FONTE: Adaptada de Brasil (2009, p.16)

Acadêmico, de acordo com a agência de proteção do meio ambientes dos


Estados Unidos (US EPA), as metodologias que a resolução adota devem atender às
especificações e normas internacionais, como os métodos da série SW-846 – Test
Methods for Evaluating Solid Waste.

4 ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DO SOLO


Acadêmico, agora iremos abordar as análises que são realizadas em solos
contaminados por resíduos sólidos. De acordo com a resolução nº 420/2009 do Conama,
iremos compreender as análises de carbono orgânico, pH em água, capacidade de troca
iônica (CTC), teor de argila, silte, areia e óxidos de alumínio, ferro e manganês.

4.1 CARBONO ORGÂNICO


No solo, o carbono pode ser encontrado na forma de componentes minerais,
fazendo parte das estruturas com carbonato (CaCO3, MgCO3 etc.) ou estruturas
orgânicas, pode ser encontrado na forma de resíduos vegetais e animais em vários
estágios de transformação, ou carvão (carbono pirogênico) resultante de fenômenos
naturais, pode ser aplicado ao solo como biochar ou como biocarvão (TEIXEIRA, 2017).

O processo para determinação do carbono orgânico no solo ocorre por via


úmida, assim, a matéria orgânica é submetida a oxidação com dicromato de potássio.
De acordo com Teixeira (2017), apenas o carbono orgânico de materiais orgânicos
prontamente oxidáveis ​​ou decomponíveis é quantificado.

NOTA
O termo  biochar  é a união das palavras em inglês  biomass  (biomassa)
e charcoal (carvão), e identifica um biocarvão obtido pela pirólise (queima)
de biomassa de origem animal ou vegetal, em baixas quantidades ou
ausência de oxigênio. O processo de obtenção é semelhante ao utilizado
para a produção de carvão vegetal.

FONTE: <https://bit.ly/35S65KP>. Acesso em: 8 abr. 2022.

206
4.2 PH EM ÁGUA
De acordo com Teixeira (2017), a análise de pH, potencial hidrogeniônico,
determina a concentração de íons H+, é um fator químico que influencia a disponibilidade
de nutrientes no solo. A faixa do pH varia de 0 a 14 indicando as condições de acidez ou
basicidade. Na estrutura do solo, os valores de pH correspondem: para valores menores
do que 7, condições ácidas prevalecem e favorece a capacidade de troca de cátions,
enquanto em pH com valores maiores do que 7 as condições alcalinas predominam
favorecendo a precipitação de íons.

De acordo com Fávaro (2014), o pH influencia diretamente a interação do solo


com o contaminante influenciando na precipitação de metais. O valor obtido do pH
fornece informações importantes a respeito do processo de degradação dos resíduos
sólidos em aterros e lixões. Para valores menores do que 6,0, temos uma indicação que
o local está na fase ácida de degradação e para valores acima de 8,0 representa a fase
metanogênica, última fase do processo de degradação anaeróbia.

A medida do pH envolve o peagâmetro, por meio do uso de um eletrodo


combinado que será mergulhado na amostra contendo sólido e líquido (TEIXEIRA, 2017).

4.3 CAPACIDADE DE TROCA IÔNICA (CTC)


As partículas que realizam a troca de íons no solo recebem o nome de complexo
sortivo. Assim, temos como cátions os íons carregados com cargas positivas como:
potássio (K+), sódio (Na+), alumínio (Al3+), ferro (Fe2+), manganês (Mn2+) e o cobre (Cu2+)
(TEIXEIRA, 2017). Com isso, para que o solo consiga manter seus cátions ele precisa ter
uma certa capacidade, a qual chamamos de capacidade de troca iônica (CTC).

De acordo com Teixeira (2017, p. 240). no que se refere à CTC:

Esses cátions são mantidos pela argila carregada negativamente e


partículas de matéria orgânica no solo por meio de forças eletrostáticas
(partículas negativas do solo atraem os cátions positivos). Os cátions
na CTC das partículas do solo são facilmente trocáveis com outros
cátions e, como resultado, são disponíveis para as plantas. Assim, a
CTC de um solo representa a quantidade total de cátions trocáveis
que o solo pode adsorver.

Atuando como um sistema tampão, o solo consegue resistir as alterações do


pH, o tipo do solo interfere em sua capacidade tamponante (MANAHAN, 2013).

Para determinar a capacidade de troca catiônica (CTC) total é necessário


determinar o valor total das cargas negativas, o que pode ser feito pela soma entre
a soma das bases trocáveis (em cmol/kg) e a acidez potencial dada pela soma dos

207
íons H+ com a concentração de alumínio (Al3+) trocável no solo (cmol/kg) (TEIXEIRA,
2017). Quanto maiores forem os valores de CTC, mais fértil é o solo, pois temos uma
grande quantidade de cátions armazenados no solo e que podem estar disponíveis para
o desenvolvimento de novos vegetais pela troca iônica

4.4 TEOR DE ARGILA, SILTE E AREIA


A análise granulométrica tem o objetivo de quantificar a distribuição
granulométrica em função do tamanho das partículas minerais individuais do solo.
As partículas individuais são chamadas de grãos únicos formados por fragmentação
de rochas que não sofreram alteração ou ainda que contém mais de um mineral no
grão. Esses materiais no grão estão cimentados, ou seja, não podem ser retirados com
facilidade a não ser que se aplica demasiada energia, como por exemplo utilizar um
martelo (TEIXEIRA, 2017).

Nesse sentido, para que ocorra o rompimento dos agregados presentes no grão
é necessário empregar uma combinação de energia mecânica e química, inicialmente
estabilizando a suspensão e após realizar a separação das fases e quantificar. De acordo
com Teixeira (2017, p. 96), o princípio da técnica consiste em: “dispersão mecânica e
estabilização da amostra por meio de agitador em uma solução dispersante adequada,
seguida da separação das frações por peneiramento e sedimentação”.

Um dos métodos para determinar o teor de areia é através da medição de


granulometria. O processo envolve a separação da areia fina e grosa, sendo realizado
pelo método da tamisação, utilizando as peneiras granulométrica ou Tamis, como na
Figura 8 (DOS SANTOS et al., 2013).

FIGURA 8– PENEIRAS GRANULOMÉTRICAS OU TAMIS

FONTE: <https://bit.ly/3DS85iR>. Acesso em: 29 jan. 2022.

208
Já a argila e silte são separadas utilizando o princípio da sedimentação, com
base na Lei de Stokes, no qual o processo de sedimentação ocorre em função do
diâmetro e densidade das partículas ou grãos e da viscosidade do líquido (DOS SANTOS
et al., 2013). Após a completa sedimentação, a argila pode ser determinada utilizando
dois métodos distintos, por pesagem, conhecido como método da pipeta ou o método
do densímetro (TEIXEIRA, 2017).

4.5 DETERMINAÇÃO DE ÓXIDO DE FERRO


A presença de óxidos de ferro no solo ocorre pela presença dos minerais hematita
e goethita, estando ligados aos fenômenos estruturais e de agregação dos solos,
conferindo características benéfica. Dentre elas, temos o aumento da permeabilidade
à água e resistência do solo a erosão esses óxidos estão associados a capacidade de
troca aniônica (CTC), a fixação de fósforo (P) e de metais pesados.

Os óxidos de ferro conferem cor característica e avermelhada ao solo e auxiliam


a caracterização dos diferentes tipos de solos, a coloração avermelhada corresponde ao
mineral hematita e a cor amarelada do solo corresponde ao mineral goethita (CORREA,
2008). Os óxidos de Fe são dependentes do pH do solo pois apresentam cargas que podem
variar, demonstrando assim, influência nas propriedades físicas e químicas do solo.

A determinação de ferro ocorre a partir do extrato sulfúrico e seu princípio


envolve a determinação por complexometria com o titulante EDTA ou ainda a técnica de
espectroscopia de absorção atômica pode ser empregada (TEIXEIRA, 2017).

4.6 DETERMINAÇÃO DE ÓXIDO DE ALUMÍNIO E MANGANÊS


Os óxidos de alumínio são encontrados em solos na forma do mineral gibbsita.
Sua presença pode ser atribuída ao intemperismo, à circulação da água repetidas vezes
e às altas temperaturas auxiliam a saída de bases do sistema (VENDRAME et al., 2011).
São influenciados pelos valores de pH e auxiliam na retenção de ânions e cátions, é
considerado um dos minerais inorgânicos que mais adsorve o fósforo. Nesse sentido,
a determinação de óxido de alumínio ocorre por complexometria com EDTA ou ainda a
técnica de espectroscopia de absorção atômica pode ser empregada (TEIXEIRA, 2017).

A determinação para manganês é realizada pela técnica espectrométrica


utilizando uma solução de lantânio ou ainda uma solução de extrato sulfúrico pela
técnica de absorção atômica (TEIXEIRA, 2017)

209
4.7 SUBSTÂNCIAS INORGÂNICAS
Para analisar as substâncias inorgânicas, conforme a Resolução nº 420 de 2009
determina, deve ser seguida a metodologia disponibilizada internacionalmente US EPA
3050 ou US EPA 3051 (United States Environmental Protection Agency). Independente
das substâncias inorgânicas, é necessário realizar um processo de digestão ácida para
destruir toda a matéria orgânica presente na amostra de solo para que seja possível
realizar a técnica adequada para identificação e quantificação da substância.

Nesse contexto, o método US EPA 3050 B traz dois procedimentos de digestão


separados, um para a preparação de sedimentos, lodos e amostras de solo para análise
por absorção atômica por chama espectrometria (FLAA) ou espectrometria de emissão
atômica com plasma indutivamente acoplado (ICP-AES) e um para preparação de
sedimentos, lodos e amostras de solo para análise de amostras por Grafite Forno AA
(GFAA) ou espectrometria de massa de plasma indutivamente acoplado (ICP-MS). A
supracitada resolução traz em seu Anexo II a lista de valores orientadores tanto para o
solo quanto para as águas subterrâneas, conforme o Quadros 9.

QUADRO 9 – VALORES ORIENTADORES TANTO PARA O SOLO QUANTO PARA AS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

210
FONTE: Brasil (2009, p. 12-14)

Acadêmico, é importante destacar que o anexo II da Resolução Conama nº


420/2009 possui mais dados das substâncias orgânicas com seus devidos valores de
referência para solos e para águas subterrâneas.

211
DICA
Caro acadêmico, para aprofundar seus conhecimentos, recomendamos que
você acesse o Compêndio SW-846, US EPA (United States Environmental
Protection Agency), que consiste em três parte principais – capítulos,
métodos e documentos de apoio. Os capítulos fornecem informações de
como usar com sucesso os métodos de análise, os documentos informam
a organização e o histórico dos documentos do compêndio, e o índice
mostra o status do método e sua frequência de uso. Você pode acessar
desde procedimentos de coleta e análise de substâncias orgânicas e
inorgânicas, entre outras análises. Confira em: https://bit.ly/3DXf367

212
LEITURA
COMPLEMENTAR
O AUMENTO DOS NÍVEIS DE METAIS PESADOS NOS RIOS E NO SOLO DE MINAS
GERAIS E ESPÍRITO SANTO, APÓS O ACIDENTE DE MARIANA: SEUS EFEITOS
E CONSEQUÊNCIAS

Renata Naigeboren Benzecry

Qualificado como o maior acidente da História com barragens de rejeitos e o maior


desastre ambiental ocorrido no Brasil, o acidente que envolveu as barragens de Santarém e
Fundão, da Mina Germano, no distrito de Bento Rodrigues, município de Mariana, estado de
Minas Gerais, ocorreu em 05 de novembro de 2015, por volta das 16 horas.

As barragens de propriedade da Samarco Mineração S.A., uma empresa fundada


no ano de 1977, que atualmente é controlada pela Companhia Vale do Rio Doce S.A.
e pela anglo-australiana BHP Billinton, foram projetadas e construídas para acomodar
os rejeitos provenientes da extração do minério de ferro da região. O rompimento, que
acarretou a erosão da barragem de Santarém, despejou cerca de 43,7 milhões de metros
cúbicos de lama no vale do rio Doce (IBAMA, 2016).

De acordo com o que foi noticiado e com relatórios posteriores, pós-rompimento,


a lama alcançou o distrito de Bento Rodrigues, destruindo completamente o local. Como
as medidas de contenção não foram tomadas a tempo ou não foram executadas de
forma efetiva, em poucas horas, os rejeitos soterraram também casas do distrito de
Paracatu de Baixo e causaram sérios transtornos em outros distritos de Mariana/MG,
além de contaminar importantes rios como Gualaxo do Norte, Carmo e Doce. A lama
chegou a atingir o mar, na região de Abrolhos/ES (BRASIL, 2016).

Em um laudo técnico realizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e


dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), em dezembro de 2015, ficou constatado
que o desastre acarretou: a morte de trabalhadores da Samarco e de moradores das
comunidades afetadas; o desalojamento de populações, a devastação de localidades
e a consequente desagregação dos vínculos sociais das comunidades; a perda de
estruturas públicas e privadas; a destruição de áreas de preservação permanente e
vegetação nativa de Mata Atlântica; o assoreamento de cursos d’água; a mortandade
de biodiversidade aquática e fauna terrestre; a perda e a fragmentação de habitats; a
interrupção da pesca por tempo indeterminado; a interrupção do turismo; a alteração dos
padrões de qualidade da água doce, salobra e salgada; a interrupção do abastecimento
de água e a dificuldade de geração de energia elétrica pelas hidrelétricas atingidas,
entre outros (IBAMA, 2015).
213
Inicialmente, a Samarco S.A. informou que a lama formada pelos rejeitos era
composta de materiais inertes, ou seja, inofensivos ao meio ambiente. No entanto,
segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos (2015),
o alegado pela Companhia mineradora faltava com a verdade (EXAME, 2015), pois a
lama era composta de resíduos de minério de ferro, contendo altos níveis de metais
pesados e outros produtos químicos tóxicos, como elevados índices de mercúrio.

A partir de então, inúmeras medidas judiciais e extrajudiciais estão sendo


adotadas pelas autoridades, com o intuito de responsabilizar a mineradora Samarco e
suas controladoras, bem como de reparar os prejuízos causados pelo rompimento. No
dia 2 de março de 2016, foi assinado em Brasília um Termo de Transação de Ajustamento
de Conduta (TTAC) junto aos governos federal e dos estados de Minas Gerais e Espírito
Santo, com o compromisso de garantir “a recuperação de 42 mil hectares de áreas de
preservação degradadas e 5 mil nascentes na bacia do rio Doce” (IBAMA, 2016, p. 1). A
assinatura desse TTAC, no entanto, não eximiu a mineradora e alguns de seus funcionários
de toda responsabilidade civil pelos danos ambientais causados, tampouco de quaisquer
responsabilidades criminal e administrativa decorrentes do mesmo evento danoso.

São indiscutíveis os danos civis causados pela tragédia, porém, o presente artigo
propõe-se a investigar o dano ambiental propriamente dito e o que está sendo feito para
que ele seja amenizado. Valendo-se de raciocínio hipotético-dedutivo, por meio de pesquisa
exploratória, buscar-se-á analisar os fatos e verificar a situação atual do solo e dos rios
afetados pelo acidente, em especial, a contaminação deles por metais pesados.

EXPOSIÇÃO DO CASO SAMARCO

De acordo com a Fundação RENOVA, entidade que nasceu após a assinatura do


TTAC entre Samarco, com o apoio de suas acionistas, Vale e BHP Billiton, e o Governo
Federal, os Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), o Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Agência Nacional de Águas (ANA), o
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), a Fundação Nacional do Índio
(Funai), o Instituto Estadual de Florestas (IEF), o Instituto Mineiro de Gestão das Águas
(IGAM), a Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM), o Instituto Estadual de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal
do Espírito Santo (IDAF) e a Agência Estadual de Recursos Hídricos (AGERH), quando
a barragem do reservatório de Fundão se rompeu, uma onda de rejeitos começou a
percorrer os rios da região em direção ao mar. A lama causou impactos de diferentes
tipos e intensidades ao longo de quase 670 km.

214
No rompimento, 43,7 milhões de metros cúbicos de rejeito vazaram e seguiram
o curso do córrego Santarém, situado em um vale estreito e íngreme. A vazão deste
grande volume de lama formou uma onda que chegou a atingir 30 metros de altura e
fez desaparecer o leito e as margens do córrego. Em um trecho curto, de pouco mais
de 1 km até a barragem de Santarém, toda vegetação e grossas camadas de solo foram
arrancadas, expondo as rochas das encostas (RENOVA, 2017).

Ao chegar ao reservatório de Santarém, a avalanche de detritos perdeu


movimento e velocidade, diminuindo sua altura para picos de no máximo 15 metros,
mas continuou arrastando a vegetação pelo caminho (RENOVA, 2017).

Um estreitamento de relevo, onde o Santarém se encontra com o córrego


Mirandinha, quase 6 km a frente de Fundão, uma barreira natural bloqueou a passagem
da massa, fazendo com que elas retornassem para o córrego por cerca de 3 km, até que
a pressão do próprio acúmulo de materiais rompesse o bloqueio e fizesse a onda avançar.
Essa mesma situação de represamento da massa repetiu-se em outros estreitamentos
do rio Gualaxo do Norte (RENOVA, 2017).

Cerca de trinta minutos após o rompimento, e quase 8 km adiante de Fundão,


a avalanche chegou ao distrito de Bento Rodrigues, localizado em uma área aberta
que precede outro vale estreito, onde o Santarém se encontra com o Rio Gualaxo do
Norte. Ali, uma nova obstrução fez com que a lama se espalhasse lateralmente por
um raio de 4 km, com ondas de 30 metros de altura, soterrando o povoado de Bento
Rodrigues (RENOVA, 2017).

Para chegar ao Distrito de Paracatu de Baixo, a onda avançou por 70 km depois de


ultrapassar o estreitamento do Gualaxo do Norte, percorrendo o rio Carmo. Em seu caminho,
a massa encontrou outras gargantas e espalhou-se por até 50 metros nas margens das
áreas abertas. Florestas, pastos, plantações, antigas lagoas de mineração e mesmo lagoas
naturais ficaram encobertas. No município de Mariana, a população já havia sido avisada e
retirada do local, mesmo assim, mais da metade de sua área foi destruída.

O Rio Carmo possui um leito largo e fica localizado numa região mais plana.
Tal topografia propiciou que a lama se espalhasse pelas planícies que o rio costuma
encobrir nas épocas de cheia sem que a avalanche atingisse grandes alturas. Mesmo
com esse atenuante, uma parte urbana do município ribeirinho de Barra Longa e do
Distrito de Gesteira foi atingida.

Ao chegar a 100 km de distância de Fundão, a massa de rejeitos atingiu o rio


Doce, que é formado pela junção do rio Carmo com o rio Piranga. Nesse momento, a
onda já não se espalhava para muito longe do leito do rio.

215
A 113 km, a lama alcançou a Usina de Candonga (Hidrelétrica Risoleta Neves),
no município de Rio Doce. Nesse ponto, a tragédia ambiental foi reduzida, pois o
reservatório da usina conteve boa parte do material pesado do rejeito. Estima-se que
20 milhões de metros cúbicos de material tenham ficado espalhados pelas margens e
planícies até chegar a Candonga. Calcula-se que 10,5 de milhões de metros cúbicos
tenham se depositado no fundo do reservatório da usina, ou seja, um quarto de toda a
lama que vazou de Fundão.

Como medida de segurança, as comportas da Hidrelétrica foram abertas,


dando vazão à parte residual da lama, composta por partículas mais finas e leves que se
misturaram à água do rio Doce por mais 550 km até encontrar o mar. Nesse longo trecho
até o mar, o rejeito ficou praticamente restrito ao leito do rio.

A partir da foz do rio Doce, no município de Linhares, o rejeito misturou-se ao


oceano, espalhando-se pela costa litorânea. Parte dele se depositou no fundo do mar e
outra parte foi levada para a praia. A dispersão do rejeito no mar, bem como os impactos
na flora e na fauna marinha, é objeto de estudo atualmente.

A RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO AMBIENTAL

A Lei n° 6.938/81, que criou a política Nacional do Meio Ambiente, em seu artigo
3º definiu meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e interações
de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas
formas” (BRASIL, 2017).

De acordo com o artigo 225, § 3°, da Constituição de 1988 “As condutas e


atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas
físicas ou jurídicas, às sanções penais e administrativas independentemente da
obrigação de reparar o dano causado”.

Ainda em relação ao Direito brasileiro, a Lei 6.938/81, em seu Art. 14, § 1°, prevê
que o poluidor é “obrigado, independentemente da existência da culpa, a indenizar ou
reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade”
(BRASIL, 1981).

Assim, à primeira vista, em matéria de dano ambiental, a dimensão e o alcance do


dispositivo constitucional impõem a Samarco e suas controladoras a responsabilidade
civil objetiva, sem a necessidade de se discutir a culpa.

O Código Civil de 2002, artigo 927, Parágrafo único, reforça as determinações


legais anteriores positivando, de forma ampla e genérica, a irrelevância da culpa para
a responsabilização civil do autor do dano, quando a atividade por ele desenvolvida
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

216
A atividade de mineração, desenvolvida pela empresa Samarco, por sua
natureza, já interfere no meio ambiente de forma agressiva, de onde se conclui que esse
é um dos ramos de atividade empresarial mais perverso à vida ambiental. A necessidade
de mantê-la exige controle e regulamentação intensos, inclusive para sua autorização
e na utilização de tecnologias que minorem ou eliminem os riscos. Sobre o tema, Milaré
(2009, p. 205-206) elucida:

Atento a isso e ciente da impossibilidade física de se atingir o


subsolo sem interferir nas áreas superficiais da jazida mineral e
no seu entorno, o legislador constituinte, após ter consagrado o
interesse público existente sobre o aproveitamento desse bem,
impôs ao minerador a responsabilidade de ‘recuperar o meio
ambiente degradado’, segundo a solução técnica exigida pelo órgão
público, na forma preconizada no Art. 225, § 2°, da Lei Maior.

Pinto (2007, p. 141-145) aponta que a legislação brasileira entende que não
há como proteger o meio ambiente da exploração mineral, pois sempre haverá um
determinado tipo de consequência e alteração do bem, e é dever do Estado regular para
que, ainda que minimamente, sejam tomadas todas as medidas assecuratórias capazes
de não afetar de modo drástico e finito; pelo contrário, mesmo havendo o interesse
econômico e social da utilização daquele bem, exigem-se determinadas condutas
para que não haja prejuízos aos demais membros da sociedade, uma vez que parcelas
minoritárias da população podem ser atingidas.

A única forma de impossibilidade da aplicação da responsabilidade seria no caso


de não se conseguir determinar o responsável pelo dano ambiental. No caso de Mariana,
em Minas Gerais, a causadora do dano é a Samarco, uma joint venture entre as empresas
Vale e a BHP Biliton. Nesse caso, as controladoras da Samarco são corresponsáveis pelo
dano ambiental, em que a responsabilidade civil é objetiva, integral e solidária. Sendo
assim, a reparação pode ser exigida de todos e de qualquer um dos responsáveis.

Milaré (2009, p. 885) aponta que a Lei nº 6.938/81 estabelece por meio da
responsabilidade objetiva, fundamentada no risco da atividade, no caso do desastre
ambiental de Mariana, a responsabilidade, independentemente do estabelecimento
de culpa, de indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros,
afetados por sua atividade. Enquanto atribui a competência ao Ministério Público da
União e dos Estados a legitimidade para ingressarem com ações de responsabilidade
civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.

Assim, os Ministérios Públicos dos Estados afetados e da União ingressaram


com a ação civil pública contra a Samarco Mineração S.A. Desde então, foram adotadas
diversas medidas extrajudiciais e judiciais, pelas autoridades federais e estaduais,
visando responsabilizar a Samarco, e suas controladoras, bem como reparar os
prejuízos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, a exemplo da assinatura

217
de Termo de Compromisso Preliminar entre a Companhia, o Ministério Público de Minas
Gerais e o Ministério Público Federal, com a prestação de caução para tutela ambiental
emergencial; da instauração de inquéritos civis e criminais e do ajuizamento de ações
civis públicas.

No caso de Mariana, importante destacar ainda o que diz Steigleder (2011, p. 156):
a responsabilidade civil por dano ambiental deve contemplar as funções reparatória,
punitiva e preventiva, além de uma quarta, a função social, vinculada aos princípios
da responsabilidade social e da solidariedade social, surgidos com a superação do
individualismo que caracterizava as relações econômicas, visto o complexo de interesses
ambientais atingidos.

O rompimento da barragem de Fundão representa a concretização de um


risco abstrato, típico da sociedade de risco e da modernidade reflexiva. Conforme já
demonstrado, o impacto ambiental dessa tragédia e a magnitude dos prejuízos causados
são sem precedentes no Brasil. O episódio provocou a consumação de danos ambientais
ecológicos puros, de danos individuais via ricochete e ainda de danos ao meio ambiente
cultural, os quais, certamente, ainda terão impacto nas gerações futuras.

O IMPACTO DO DESASTRE NO SOLO E NA ÁGUA DA REGIÃO AFETADA

O rejeito que vazou de Fundão é o resíduo do processo de mineração. Na região


de Mariana, o ferro fica misturado às rochas que compõem o solo, por isso, o processo
de mineração acontece através da trituração de grandes blocos de pedra. Esse material
triturado é lavado e peneirado continuamente; assim, o ferro fica isolado e o material
residual é o chamado rejeito, mantido nas barragens. O processo também utiliza alguns
aditivos, semelhantes aos presentes em produtos de limpeza doméstica.

A barragem de Fundão armazenava esse rejeito que, como demonstrado, não era
tóxico, uma vez que sua composição era basicamente de elementos do solo (rico em ferro,
manganês e alumínio), sílica e água. Como o nome do Estado deixa claro, Minas Gerais é
uma região rica em minérios, principalmente, ouro, diamante e ferro. A extração mineral
ocorre no Estado desde o século 16. Esse fato explica as altas concentrações de metais e
de outros contaminantes encontradas nos rios da região após o rompimento de Fundão.

Segundo a Fundação RENOVA (2017), por causa de suas proporções, a onda de


rejeito foi se misturando a tudo que arrastou pelas margens e revolveu do fundo dos
rios, trazendo à tona uma grande quantidade de substâncias, potencialmente tóxicas,
depositadas ao longo de séculos de exploração econômica da região.

O maior exemplo de atividade que propiciou o aparecimento de altos níveis


de metais pesados no resíduo depois da tragédia são os garimpos manuais, comuns
na região desde o século 18. Esse tipo de mineração, muitas vezes clandestina, utiliza
metais pesados — como o mercúrio para identificar ouro — e explosivos para abrir grutas
e perfurações no solo a ser escavado. Além do garimpo, merecem destaque as Indústrias

218
de diversos ramos que lançaram resíduos nos rios e o esgoto doméstico não tratado que
também foi parar nos cursos d’água. Ao mesmo tempo, lavouras cultivadas com o uso
de agrotóxicos contribuíram para erosão das margens e acúmulo de agentes nocivos ao
meio ambiente e à saúde humana.

FONTE: BENZECRY, R. N. O aumento dos níveis de metais pesados nos rios e no solo de Minas Gerais e
Espírito Santo após o acidente de Mariana: seus efeitos e consequências. FESPPR Publica, Curitiba, v. 2,
n. 1, p. 17, 2018.

219
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O solo apresenta quatro fases distintas. Dentre elas temos: fase sólida, líquida, gasosa
e biológica. A fase sólida contém uma fração de compostos inorgânicos (produtos
que resultam de erosão da crosta terrestre) e uma fração de compostos orgânicos
que derivam da degradação da matéria orgânica.

• A fase líquida contém substâncias minerais que a tornam enriquecida e a fase gasosa
contém gás oxigênio em pequena quantidade, entretanto, contém dióxido de carbono
em uma maior concentração.

• A camada O é a camada superficial da crosta terrestre e nela há matéria orgânica e


seres vivos. Os vegetais se desenvolvem utilizando os recursos existentes no solo
como água e nutrientes.

• O solo é formado por camadas ou horizontes, chamados de O, A, B e C. Horizonte


O é a camada de restos de plantas e animais na superfície do solo. Horizonte A:
Apresenta solo mais escuro, rixo em húmus. Horizonte C: formado por partes pouco
desagregadas da rocha-mãe. Horizonte R: Rocha-mãe, sofre intemperismo se
desagrega e origina o solo.

• A classificação dos solos é realizada a partir do estudo do perfil do solo, sendo


necessário abrir trincheiras ou barrancos nas estradas para observar os horizontes.
Há 13 solos classificados pelas normas brasileiras.

• Os danos ao meio ambiente aumentaram devido ao crescimento populacional,


desenvolvimento econômico e avanço tecnológico, causando danos ao ambiente,
utilizando os recursos naturais e poluindo ar, água e solo.

• No ano de 2019, apenas 59,5% do total de resíduo gerado chegou nos aterros
sanitários. No entanto, 40,5% dos RSU foram destinados de forma incorreta, indo
para aterros controlados e lixões.

• A parte líquida produzida resulta da decomposição da matéria orgânica. Esse líquido


é escuro e é chamado de chorume.

• O chorume está associado à umidade, o que aumenta no período de chuva, a


temperatura do local e da constituição dos resíduos depositados, sendo produzido por
bactérias acetogênicas que aceleram a degradação da matéria orgânica e fornecem
um caráter ácido ao chorume.

220
• É difícil expressar com precisão a composição do chorume, pois são inúmeros fatores
que podem alterar suas características finais. Ele pode conter a presença de metais
pesados em diferentes concentrações, sólidos e compostos orgânicos, proteínas,
gorduras, diversas espécies de microrganismos etc.

• Em 2009 surge a Resolução de nº 420 do Conselho Nacional do Meio Ambiente


(CONAMA, 2009) a qual estabelece diretrizes a serem seguidas para avaliar e monitorar
a região de solos contaminados em cada Estado.

• Nesse sentido, os parâmetros para caracterização do solo em áreas contaminadas,


são: Carbono orgânico; pH em água; capacidade de troca iônica (CTC); teor de argila,
silte, areia e óxidos de alumínio, ferro e manganês (BRASIL, 2009).

• As metodologias que a resolução adota devem atender às especificações e normas


internacionais, como os métodos da série SW-846 – Test Methods for Evaluating
Solid Waste – para determinação das substâncias inorgânicas.

• No solo o carbono pode ser encontrado na forma de componentes minerais, fazendo


parte das estruturas com carbonato (CaCO3, MgCO3 etc.) ou estruturas orgânicas.

• O processo para determinação do carbono orgânico no solo ocorre por via úmida,
assim a matéria orgânica é submetida a oxidação com dicromato de potássio, de
acordo com Teixeira (2017) apenas o carbono orgânico de materiais orgânicos
prontamente oxidáveis ​​ou decomponíveis é quantificado.

• pH em água é determinado para amostras de solo através do método potenciométrico,


o pH influencia as características físico-químicas do solo.

• As partículas que realizam a troca de íons no solo recebem o nome de complexo


sortivo. Assim temos como cátions os íons carregados com cargas positivas como:
potássio (K+), sódio (Na+), alumínio (Al3+), ferro (Fe2+), manganês (Mn2+) e o cobre (Cu2+).

• Para determinar a capacidade de troca catiônica (CTC) total é necessário determinar


o valor total das cargas negativas, o que pode ser feito pela soma entre a soma das
bases trocáveis (em cmol/kg) e a acidez potencial dada pela soma dos íons H+ com
a concentração de alumínio trocável no solo (cmol/kg).

• Um dos métodos para determinar o teor de areia é através da medição de granulometria


(DOS SANTOS et al., 2013) o processo envolve a separação da areia fina e grosa sendo
realizado pelo método da tamisação, utilizando as peneiras granulométrica ou Tamis.

221
• A presença de óxidos de ferro no solo ocorre pela presença dos minerais hematita
e goethita, estando ligados aos fenômenos estruturais e de agregação dos solos,
conferindo características benéfica. Dentre elas temos o aumento da permeabilidade
à água e resistência do solo a erosão esses óxidos estão associados a capacidade de
troca aniônica (CTC), a fixação de fósforo (P) e de metais pesados.

• A determinação de óxido de ferro, manganês e alumínio ocorre a partir do extrato


sulfúrico e seu princípio envolve a determinação por complexometria com o titulante
EDTA ou ainda a técnica de espectroscopia de absorção atômica pode ser empregada.

• Para analisar as substâncias inorgânicas, conforme a Resolução nº 420 de 2009


determina que seja seguido a metodologia disponibilizada internacionalmente US
EPA 3050 ou US EPA 3051 (United States Environmental Protection Agency).

222
AUTOATIVIDADE
1 Em função dos processos químicos, físicos e biológicos, as rochas sofrem
intemperismo e dão origem aos solos, esses se formam por deposição de camadas
que ficam dispostas a superfície. O solo varia de uma região para outra apresentando
distintas composições distintas, o que não se altera são as definições em relação aos
horizontes, camadas, do solo. Nesse contexto, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Localizado abaixo do horizonte B, o horizonte C apresenta coloração mais escura,


indicando uma maior presença de húmus.
b) ( ) A camada O é uma camada superficial e é a primeiro horizonte do solo.
c) ( ) A camada A tem a formação de rochas desagregadas e fica abaixo da camada O.
d) ( ) A rocha-mãe é a camada mais profunda, sofre os processos de intemperismo e
através de sua desagregação e decomposição origina o solo.

2 O Brasil, em decorrência da sua grande extensão territorial, possui diversos tipos de


solo. Se observamos diferentes paisagens brasileiras, verificaremos que os solos do
país apresentam cor e textura diferentes em cada lugar observado. Com base na
classificação dos solos de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação dos solos,
analise as sentenças a seguir:

I- O Neosssolos são solos jovens, constituído de matéria mineral e material ou material


orgânico, 15% da superfície brasileira tem esse tipo de solo
II- Argissolos são os tipos de solo que são encontrados em quase todo o Brasil, com
cores variando de acinzentado a avermelhado.
III- Vertissolos são aqueles solos que tem sua ocorrência principalmente na região
amazônica, apresentam altos terrores de argila e são solos considerados
bastante férteis.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

223
3 O solo é um composto mineral e orgânico e pode ser estudado através de suas
propriedades físico-químicas. A capacidade de troca catiônica ou CTC do solo, por
exemplo, está relacionada à quantidade de cátions, íons carregados positivamente,
presentes no solo. Com relação à capacidade de troca catiônica, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) A atração eletrostática entre a argila mantém os cátions adsorvidos.


( ) Na troca catiônica, os ânions são facilmente trocáveis e assim ficam disponíveis
para as plantas.
( ) Na CTC, cátions são liberados às plantas no solo.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 Os resíduos sólidos geram muitos danos ao meio ambiente, afetando inclusive a


saúde de todos os seres que habitam o planeta. Em lixões e aterros controlados, o
solo não tem preparo algum para receber o lixo, o que gera inúmeros problemas como
mau cheiro, proliferação e insetos transmissores de doenças e ocorre principalmente
a formação do chorume. Nesse contexto, disserte sobre o conceito do chorume e
seus problemas ambientais.

5 O solo apresenta quatro fases distintas entre elas temos: fase sólida, líquida, gasosa
e biológica. A partir da interação dessas fases o solo se torna apto para proporcionar
o desenvolvimento de vegetais, aliado a isso, há um conjunto de propriedades e
processos que permitem que o solo retenha água, adsorva nutrientes e os carregue
até suas raízes, o solo é formado por horizontes que se depositam paralelos a
superfície. Neste contexto, disserte sobre os horizontes, ou seja, o perfil do solo
destacando suas principais características.

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