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PILOTO PRIVADO
Denis Bianchini
5ª Edição
2015
Copyright 2014 by Denis Bianchini
ISBN 978-85-901314-6-5
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A reprodução não autorizada deste material, no todo ou em parte, constitui violação do copyright-Lei no 9.610/98.
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Capa: Bianch Pilot Training
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dúvida conceitual. Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação à nossa Central de Atendimento, para que
possamos esclarecer ou encaminhar a questão.
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Bianchini, Denis
Navegação aérea visual para piloto privado / Denis Bianchini.
5. ed. - São Paulo: Editora Bianch, 2014 .
14-10461 Bibliografia
ISBN 978-85-901314-6-5
1. Aviadores - Estudo e ensino I. Título.
CDD-629.1307
Capa
Folha de rosto
Expediente
Ficha catalográfica
Apresentação
1 | MÉTODOS DE NAVEGAÇÃO
Navegação visual ou por contato
Navegação estimada
Navegação eletrônica
Radio navegação
Navegação celestial
Navegação por satélite
4 | UNIDADES DE MEDIDA
Unidades de medida de distância
Quilômetro
Milha terrestre
Milha náutica
Unidades de medida de velocidade
Unidades geodésicas
Obtenção da distância em uma carta aeronáutica
Obtenção da distância através da diferença de latitude e longitude
5 | TIPOS DE ROTAS
Rota ortodrômica
Rota loxodrômica
6 | MAPAS E CARTAS
Tipos de projeções
Origem das projeções
Tipos de projeções
Carta Mercator
Carta Lambert
Escala das cartas
Leitura de direção e distância nas cartas
Interpretação das cartas WAC
Características gerais da WAC
Divisão do território brasileiro
Identificação da WAC
Legenda da WAC
Detalhes da WAC
7 | PROAS E RUMOS
Influência do vento
Magnetismo terrestre
Declinação magnética
Inclinação magnética
Desvio bússola
Construção da calunga ou pé-de-galinha
8 | INSTRUMENTOS
Sistema de Pitot estático
Pressão estática
Pressão dinâmica
Velocímetro
Indicações do velocímetro
Velocidades
Altímetro
Indicações do altímetro
Altitudes
Erros do altímetro
Ajuste do altímetro
Cheque do altímetro no solo
Climb
Turn coordinator
Horizonte artificial
Giro direcional
Alinhamento do giro direcional
Cheque do giro direcional
Bússola magnética
Relógio
11 | COMPUTADOR DE VOO
Faces do computador de voo
Face de cálculo (A)
Face do vento (B)
Conversões
Massa
Capacidade volumétrica
Unidades de medida de velocidade
Unidades de medida de distância
Longitude
Cálculos envolvendo regra de três simples
Velocidade, tempo e distância
Consumo e gasto de combustível
Razão, quantidade e tempo de subida ou descida
Cálculos de velocidade
Velocidade aerodinâmica
Número Mach
Cálculos de altitude
Altitude densidade
Altitude verdadeira
Cálculos de vento
Cálculo da proa verdadeira (PV) e velocidade no solo (VS)
Cálculo do rumo verdadeiro (RV) e velocidade no solo (VS)
Cálculo da direção e velocidade do vento
12 | CÁLCULOS DE NAVEGAÇÃO
Autonomia e alcance
Subida
Descida
Cruzeiro
13 | PLANEJAMENTO DO VOO
Condição da tripulação
Condição da aeronave
Condições meteorológicas
ROTAER
NOTAM
Definição da rota
Cálculos de subida, cruzeiro e descida
Autonomia
Cálculo de combustível
Preenchimento do plano de voo
Plano de contingência
Simulando o planejamento do voo
1 - Análise das condições meteorológicas
2 - Definição da rota (navegação horizontal)
3 - Dados de subida, cruzeiro e descida (navegação vertical)
4 - Autonomia
5 - Cálculo de combustível
6 - Plano de contingência
7 - Dados finais do planejamento
15 | GPS
Princípios de funcionamento
Possíveis erros
O uso do GPS num voo visual
16 | EXERCÍCIOS
Métodos de navegação
A Terra e a navegação aérea
Orientação sobre a superfície da Terra
Unidades de medida
Tipos de rotas
Mapas e cartas
Proas e rumos
Instrumentos
Tempo e fusos horários
A influência do vento na navegação
Computador de voo
Cálculos de navegação
Gabarito
Glossário
Abreviaturas
Bibliografia
Outras publicações
Sobre a Editora
Editora Bianch
Sobre o Autor
Apresentação
Este livro faz parte da coleção de livros da Editora Bianch, para o treinamento de piloto
privado, que visa qualificar o aluno para a realização da prova de conhecimentos teóricos
da ANAC.
No livro Navegação Aérea Visual para Piloto Privado o aluno terá a oportunidade de se
preparar para a prova de navegação da ANAC, estudando por um material
cuidadosamente preparado para que o aluno absorva todo o assunto de forma sucinta e
eficaz.
Este livro, assim como todos os outros que compõem esta coleção, foi escrito com uma
linguagem simples e direta, a fim de tornar a leitura leve e produtiva. Foram utilizadas
dezenas de figuras e imagens, pois temos a certeza que tais ilustrações tornam a
absorção do assunto mais fácil.
Todo o conteúdo deste livro está baseado no conteúdo programático estabelecido pela
ANAC para a prova teórica de navegação aérea para piloto privado, porém, foi incluído
um capítulo extracurricular, sobre o GPS. Neste capítulo o leitor poderá encontrar as
informações básicas deste, que é um dos sistemas que vem ganhando mais espaço na
navegação aérea nos últimos anos e tende a se consolidar cada vez mais nesta área.
Nos capítulos iniciais tratamos de assuntos mais teóricos, como os métodos de
navegação utilizados, a análise da superfície da Terra e suas características e
posteriormente ingressamos na parte mais prática da navegação. Inicialmente
discutiremos os mapas e as cartas utilizadas na navegação, as unidades de medidas
utilizadas como padrão na aviação e as formas de orientação.
Prosseguindo com a leitura do livro, o aluno encontrará a definição e a forma correta
de utilizar os instrumentos básicos empregados na navegação visual. Em seguida
falaremos sobre o tempo e o fuso horário, assuntos teóricos, mas de grande
aplicabilidade prática.
Em seguida começa a parte do livro em que os cálculos não mais se restringem à teoria,
quando o aluno iniciará os treinamentos com o computador de voo, para aprender a
manusear e executar os principais cálculos realizados neste aparelho.
Para finalizar a parte de navegação visual, há um capítulo muito importante e de
grande aplicabilidade prática, o de planejamento do voo. Neste capítulo o aluno será
introduzido ao dia a dia de um voo visual, onde será realizado um voo simulado para que
o aluno comece a ter contato com a rotina operacional, desde a análise das condições
meteorológicas até a autoanálise de suas condições físicas e mentais para a realização do
voo.
Em seguida o aluno será apresentado aos conceitos básicos do voo por instrumento,
que para quem irá prosseguir carreira na aviação, este é o próximo passo após a obtenção
da habilitação de piloto privado.
Por último, o aluno encontrará várias questões no padrão da prova da ANAC, para que
possa treinar tudo aquilo que foi estudado.
Temos a certeza que após a leitura deste livro, aliado a um estudo dedicado e constante
em relação a esta matéria, você estará preparado para a realização da prova teórica de
navegação aérea visual da ANAC. Portanto, estude e bons voos!
São Paulo, 08 de novembro de 2014
Denis Bianchini
1
MÉTODOS DE NAVEGAÇÃO
Na ilustração acima, temos o exemplo de uma aeronave que utiliza as ondas emitidas
por uma estação VOR para determinar a sua posição.
Navegação celestial
Neste método, também conhecido como navegação astronômica, o navegador se
localiza utilizando o Sol, a Lua ou outro corpo celestial como referência para a
determinação da posição. Este tipo de navegação é mais difundido na navegação
marítima.
Basicamente o navegador utiliza um sextante, que é o instrumento utilizado para
determinar a altitude de um corpo celestial, em graus, em relação ao horizonte, e a partir
dai determinar a sua própria localização.
Por ser muito pouco empregado na aviação, não nos aprofundaremos neste método de
navegação, o importante é que você saiba em que se baseia esta forma tão antiga de
navegar.
Navegação por satélite
A navegação por satélite tem o GPS (Global Positioning System) como seu principal
expoente. Sem dúvida alguma o método de navegação que mais vem se expandindo a
cada dia, não só na aviação mas também em outros meios, basta analisarmos os veículos
atuais, aonde muitos deles já vêm com o GPS de fábrica, para que o motorista possa se
localizar com imensa precisão e facilidade. Os motivos pelos quais o uso do GPS tem se
expandido tanto é a sua facilidade de uso, baixo custo e precisão.
Basicamente, este sistema é composto por uma constelação de 24 satélites em órbita
sobre a Terra, que transmitem sinais a receptores permitindo a determinação precisa da
posição geográfica.
Não entraremos agora em mais detalhes sobre o funcionamento do GPS, pois no final
do livro há um capítulo inteiramente dedicado ao seu funcionamento e suas
características básicas.
2
A TERRA E A NAVEGAÇÃO AÉREA
Círculo máximo
Quando uma esfera é dividida em duas partes iguais, por um plano, este plano passa
pelo centro da esfera formando o círculo máximo. São exemplos de círculo máximo a
linha do Equador, os meridianos (inclusive o meridiano de Greenwich) e qualquer outro
plano que passe pelo centro da Terra.
Círculo menor
Quando uma esfera é dividida em duas partes desiguais, por um plano que não passa
pelo centro da esfera, este plano é denominado de círculo menor. São exemplos de círculo
menor, os paralelos, os trópicos, e qualquer outro plano que divida a Terra em partes
desiguais.
Movimentos da Terra
Rotação
A Terra gira em torno de seu eixo imaginário, num movimento conhecido como
rotação. Este eixo possui uma inclinação de 23,5°, e essa inclinação causa algumas
alterações, principalmente nas estações do ano.
O movimento de rotação da Terra tem duração de 24 horas, sendo realizado no sentido
anti-horário. Este movimento é o responsável pela sucessão dos dias e das noites.
Translação
O movimento que a Terra executa ao redor do Sol é denominado de translação. Este
movimento, que leva aproximadamente 365 dias e 6 horas para se completar, o
equivalente a um ano, é o responsável pelas estações do ano.
Me ridianos
Meridiano de Greenwich
O mais conhecido dos meridianos, é o de Greenwich, também conhecido como
primeiro meridiano. Este meridiano passa sobre a localidade de Greenwich, no
Observatório Real, nos arredores de Londres, e que, por convenção, divide o globo
terrestre em ocidente e oriente, permitindo medir a longitude.
Meridiano 180° ou Linha Internacional de Data
Este meridiano também conhecido como Linha Internacional de Mudança de Data, é o
antimeridiano (oposto 180°) do meridiano de Greenwich, e marca o ponto no qual ocorre
a mudança de data.
Esta linha imaginária que atravessa o Oceano Pacífico separa o mundo em dois: a leste
é um dia a menos do que a oeste dela. Ou seja, quando nos países localizados a oeste (o
Japão, por exemplo) deste meridiano for dia 6, nos países localizados a leste (as
Américas) desta linha, será dia 05.
Paralelos
É todo círculo menor perpendicular ao eixo da Terra e, portanto, paralelo ao Equador.
Os paralelos variam de 0 a 90°, tendo o Equador como linha divisória. A principal função
dos paralelos é indicar a posição norte ou sul, em relação à linha do Equador.
Linha do Equador
A linha do Equador é um círculo máximo perpendicular ao eixo polar da Terra, cuja
principal finalidade é dividir a Terra em hemisfério norte e sul.
Sistema de coordenadas geográficas
O sistema de posicionamento de um ponto na superfície da Terra através de
coordenadas geográficas emprega a latitude e a longitude para definir a posição exata do
ponto. A latitude informará a localização do ponto em relação ao Equador e a longitude
indicará a localização do ponto em relação ao meridiano de Greenwich. A união destas
duas posições, latitude e longitude, possibilitará a definição exata de um ponto na
superfície terrestre.
Inicialmente analisaremos os conceitos de latitude e longitude, que por serem a base
do sistema de coordenadas geográficas, devem ser analisados com mais atenção.
Posteriormente será estudado a maneira correta de se expressar a coordenada de um
ponto. E para finalizar, estudaremos como encontrar um ponto numa carta, através de
coordenadas geográficas.
Latitude
A latitude de um ponto é um arco (distância angular) medido ao longo do meridiano,
até o ponto estipulado, e a linha do Equador. A latitude é expressa em graus, minutos e
segundos, compreendidos entre 0° e 90°, sendo até 90° para o norte ou 90° para o sul do
Equador. No Equador a latitude é igual a 0°.
Na figura 1, o ponto A está localizado na latitude 30°N, ou seja, a abertura angular
entre este ponto e a linha do Equador é de 30° ao norte.
Longitude
A longitude de um ponto, é a menor distância de um arco ao longo do Equador, entre o
meridiano de Greenwich e o meridiano em que se localiza o ponto estabelecido. A
longitude também é expressa em graus, minutos e segundos, porém, compreendidos
entre 0° e 180°, sendo até 180° para oeste (W) ou 180° pra leste (E), em relação ao
meridiano de Greenwich.
Na figura 1, o ponto A está localizado na longitude 60°E, ou seja, a abertura angular
entre este ponto e o meridiano de Greenwich é de 60° ao leste.
Operações angulares
Recordaremos a forma correta de se somar, subtrair, dividir e realizar conversões
envolvendo ângulos. Abaixo temos o valor a que corresponde cada ângulo.
DIVISÃO: veremos a divisão por 2, que será a mais utilizada por nós. É importante
transformar graus, minutos e segundos em números pares antes de dar início a operação.
Diferença de latitude (DLA)
O cálculo de diferença de latitude nos permite conhecer a menor distância entre duas
latitudes. Há dois cálculos distintos, um envolvendo latitudes num mesmo hemisfério e o
outro, latitudes em hemisférios distintos.
No cálculo de diferença de latitude, a longitude do ponto é desprezível, não se fazendo
necessário o seu conhecimento para o cálculo.
Lembre-se que para latitudes no mesmo hemisfério você deve SOMAR e depois dividir
o resultado por 2!
Para o cálculo da latitude média entre latitudes de hemisférios diferentes, você deverá
subtrair a maior latitude pela menor, e dividir o resultado por dois. É importante
ressaltar, que a latitude média receberá a letra (N ou S) da maior latitude. Veja o exemplo
abaixo:
Calcule a latitude média entre as latitudes A (66°58´S) e B (30°16´N).
Lembre-se que para latitudes de hemisférios diferentes você deve SUBTRAIR e depois
dividir o resultado por 2! O hemisfério da latitude média será o referente a maior latitude
do cálculo.
Colatitude
É a distância angular, a partir do Equador, entre uma determinada latitude e o polo
mais próximo. O cálculo é bastante simples, basta subtrair a latitude por 90°.
Vamos aos cálculos. Como dito anteriormente, iremos subtrair a latitude por 90°, veja o
exemplo abaixo.
Calcule a colatitude da latitude A (30°16´N).
Para o cálculo da longitude média, entre longitudes no mesmo hemisfério você deverá
somar ambas as longitudes e dividir o resultado por dois. Veja o exemplo na página a
seguir.
Calcule a longitude média entre as longitudes A (126°11´E) e B (062°34´E).
Lembre-se que para longitudes no mesmo hemisfério você deve SOMAR e depois
dividir o resultado por 2!
Para o cálculo entre longitudes de hemisférios diferentes, você deverá subtrair a maior
longitude pela menor, e dividir o resultado por dois. É importante ressaltar, que a
longitude média receberá a letra (W ou E) da maior longitude. Veja o exemplo abaixo:
Calcule a longitude média entre as longitudes A (076°20´W) e B (062°34´E).
Antimeridiano
É o meridiano que está localizado exatamente no lado oposto (180°) ao meridiano
considerado. O cálculo é bastante simples, basta subtrair a longitude por 180°.
Vamos aos cálculos. Como dito anteriormente, iremos subtrair a longitude por 180°, e o
hemisfério do antimeridiano será sempre oposto ao do meridiano considerado, veja o
exemplo abaixo.
Calcule a antimeridiano da longitude A (062°34´E).
3
ORIENTAÇÃO SOBRE A SUPERFÍCIE DA
TERRA
Neste capítulo abordaremos a maneira pela qual devemos nos orientar sobre a
superfície da Terra, a fim de conseguirmos navegar de forma precisa. Inicialmente
veremos alguns conceitos pertinentes a este assunto e em seguida passaremos a parte
prática, onde será analisada a forma correta de se orientar e calcular as direções numa
carta aeronáutica.
Orientação
Ao decidirmos ir de um ponto a outro, traçamos uma rota que os une, porém qual o
sentido que deveremos adotar para chegar ao nosso destino. Para saber o sentido que
devemos ir, temos que nos orientar de alguma forma, ou seja, devemos ter alguma
referência que nos faça ter a certeza de que estamos no sentido correto.
Por exemplo, você está nadando no mar, e depois de criar rugas nas mãos resolve sair
para descansar um pouco, porém qual o sentido que você irá adotar para chegar à praia?
Você deverá ter alguma referência para se orientar, e assim adotar o sentido correto para
chegar ao seu destino, a praia. A sua referência provavelmente será a própria praia,
abarrotada de guarda-sol, e com base nestas informações você saberá para onde se
orientar.
Num voo a referência obviamente não será o próprio destino, como a praia citada
acima, logo, deveremos adotar outras formas de orientação. Uma das referências mais
antigas é o sol, que nasce e se põe praticamente no mesmo lugar. Outra referência muito
utilizada deste os primórdios da navegação são as estrelas. E uma das formas mais
utilizadas é a bússola, que têm como referência o norte magnético, e será uma de nossas
principais referências durante uma navegação aérea.
Direção
Como vimos na página anterior, para saber o sentido de nossa rota devemos nos
orientar de alguma forma, porém, após termos a absoluta certeza de que estamos nos
orientando corretamente, precisamos definir a direção exata da rota. O conhecimento da
direção facilitará o nosso senso de direção e tornará a navegação muito mais precisa.
Analisaremos duas formas de se definir a direção, a rosa-dos-ventos e o sistema de
graus direcionais.
Rosa-dos-ventos
Criada pelos navegadores do mediterrâneo, esta é uma das formas mais antigas de se
expressar a orientação. A rosa-dos-ventos indica a orientação das direções cardeais num
mapa ou carta. Como podemos notar na figura abaixo, a rosa-dos-ventos é constituída
por diversas divisões, que são os pontos cardeais, colaterais e subcolaterais.
Graus direcionais
A rosa-dos-ventos com seus pontos cardeais foi utilizada por muito tempo como único
meio de indicação de direção, porém como podemos observar na figura acima, há apenas
dezesseis divisões dos pontos cardeais e suas subdivisões. Mas e se a direção que
devemos adotar ficar entre N e NNE? Com base nesta argumentação, percebeu-se que o
uso exclusivo do sistema através de pontos cardeais, para a definição da direção, era
impreciso e por diversas vezes confuso. Já imaginou ter que usar todos estes nomes dos
pontos sub-colaterais para informar a nossa direção! Certamente o percentual de erros
em nossas navegações seria mais elevado.
O cientista grego Hiparco (190-126 a.C), através de seus trabalhos na época alexandrina
introduziu a divisão do círculo em 360°, cada um divisível em 60 minutos de 60 segundos.
O emprego deste método aliado ao já conhecido método de pontos cardeais, tornou
possível a orientação através de graus direcionais, um método muito mais eficaz e
preciso.
O norte (N) é o azimute 0°, e as demais divisões têm o norte como referência.
Quilômetro
Apesar de fazer parte do sistema métrico adotado pelo Brasil, o quilômetro (Km), de
um modo geral, é pouco utilizado na navegação aérea. Geralmente convertemos as
medidas para quilômetro por estarmos mais familiarizados com tal medida.
Milha terrestre
Muito utilizada pelos Estados Unidos, a milha terrestre, cuja sigla é ST (Statute Mile),
também é pouco empregada na navegação aérea.
Milha náutica
A milha náutica, cuja sigla é NM (Nautical Mile), é a unidade de medida mais utilizada
na navegação aérea. A milha náutica deriva diretamente da milha geográfica, que
corresponde ao valor aproximado de 1 minuto de círculo máximo, como veremos a seguir.
Esta unidade de medida é tão difundida na navegação aérea, por poder ser medida
diretamente sobre as cartas, nos meridianos e sobre o Equador, independentemente da
escala empregada, tornando assim o seu uso muito conveniente.
Abaixo a correlação entre as unidades de medida de distância.
1nm = 1852m ou 1,852km
1nm = 1,150st
1st = 1609m ou 1,609km
Unidades de medida de velocidade
As unidades de medida de velocidade derivam das unidades de medida de distância,
ou seja, como o cálculo da velocidade é a razão entre a distância percorrida e o intervalo
de tempo, a unidade de medida de velocidade está diretamente relacionada a unidade de
medida de distância empregada no cálculo para a obtenção da velocidade do
deslocamento. Portanto, uma aeronave que se desloca a uma velocidade de 80kt, percorre
em 1 hora a distância de 80 milhas náuticas.
Com base nestas informações há três unidades de medida de velocidade:
Km/h = quilômetro por hora
Mi = milha terrestre por hora
Kt = milha náutica por hora
Como vimos anteriormente, na navegação aérea e na aviação de um modo geral, a
unidade de medida de distância padrão é a milha náutica (nm), portanto, a unidade de
medida de velocidade padrão também deriva da milha náutica, e corresponde ao nó (kt).
Abaixo a correlação entre as unidades de medida de velocidade.
1kt = 1,852km/h
1kt = 1,15mi/h
1mi/h = 1,609km/h
Unidades geodésicas
A análise das unidades geodésicas, que apesar do nome um pouco desconhecido, nada
mais é do que o estudo que tem como finalidade a medição e representação da superfície
terrestre, ou seja, para o uso na navegação aérea é a relação entre grau, arco e distância.
Como vimos anteriormente cada minuto de um círculo máximo (Equador e
meridianos) equivale a uma milha náutica, com base nessa relação analisaremos agora a
maneira pela qual podemos obter a distância entre dois pontos, tendo como informação
apenas os graus e minutos que os separam. Veremos três formas de se obter a distância;
através de uma carta aeronáutica, através da diferença de latitude e pela diferença de
longitude.
Com base nos cálculos acima encontramos a distância de 1551nm entre os dois pontos
supramencionados. É um cálculo trabalho, mas que não apresenta muita complexidade,
deve-se apenas seguir uma ordem lógica para que você não se perca com os dados do
problema.
5
TIPOS DE ROTAS
Durante o planejamento da rota de um voo, podemos optar por diversos caminhos até
o nosso destino, e na navegação aérea temos sempre o interesse de percorrer a rota mais
curta, por diversos benefícios, como economia de combustível, redução do tempo da
viagem, redução de custos operacionais, etc. Porém, pela Terra ser esférica, a navegação
apresenta algumas particularidades, que fazem com que o piloto tenha duas opções de
rotas a seguir, a ortodrômica e a loxodrômica, como veremos a seguir.
Rota ortodrômica
Ortodromia é qualquer segmento de um círculo máximo da esfera terrestre, portanto, a
menor distância entre dois pontos. Uma rota ortodrômica é caracterizada por ser a menor
distância entre a origem e o destino, porém, como podemos notar na figura a seguir, esta
rota corta os sucessivos meridianos em ângulos diferentes.
Desta forma, para manter-se sobre a ortodromia entre dois pontos, o piloto deverá
variar o rumo
constantemente, para conseguir navegar sobre o arco de círculo máximo entre os
referidos pontos. A exceção a esta regra se dará apenas quando os dois pontos se
encontrarem sobre o mesmo meridiano ou sobre o Equador.
Rota loxodrômica
Loxodromia é a linha que intercepta os vários meridianos em ângulos constantes, como
é possível notar na figura a seguir. Embora a menor distância entre dois pontos na
superfície da Terra seja obtida através de uma rota ortodrômica, é quase sempre mais
conveniente navegar por uma rota loxodrômica, uma vez que neste tipo de rota o piloto
navega com o rumo constante.
Para pequenas distâncias, a loxodromia e a ortodromia praticamente se confundem,
assim como em voos realizados na linha do Equador e sobre meridianos.
Uma maior diferença entre as duas rotas se dará principalmente em latitudes elevadas
e em rotas de grande distância. Por exemplo, num voo entre Valparaíso, Chile, e Sydney,
Austrália, a distância ortodrômica é de 6.115nm enquanto a distância loxodrômica é de
6.899nm, o que corresponde a uma diferença significativa de 784nm.
Por este motivo, para voos de longa distância deve ser considerado o uso de uma rota
ortodrômica decomposta em arcos de loxodromia, porém, não entraremos mais a fundo
neste assunto, pois as nossas navegações serão sempre mais curtas, tornando-se
desnecessário uma abordagem tão específica sobre este assunto.
O que será cobrado de você, é que você saiba as principais diferenças entre ortodromia
e loxodromia. Para resumir tudo o que foi dito até então, temos:
- ortodromia: é a menor distância entre dois pontos, que corta os sucessivos
meridianos em ângulos diferentes, tornando necessária a mudança constante de rumo.
- loxodromia: é a linha que intercepta os vários meridianos em ângulos constantes, é
mais conveniente do que a rota ortodrômica, porém é mais longa.
No voo visual, geralmente de curta distância, predomina o uso da rota loxodrômica,
por ser mais simples e fácil.
6
MAPAS E CARTAS
Um dos conhecimentos básicos que o piloto deve ter é o da navegação aérea. Os atuais
equipamentos disponíveis para auxiliar o piloto na navegação, diminuem muito a carga
de trabalho na cabine, porém, para que o piloto tenha a capacidade de interpretá-los, ou
até mesmo se orientar numa eventual falha destes equipamentos, é necessário que ele
saiba utilizar corretamente os mapas e cartas disponíveis, material indispensável para o
planejamento e o acompanhamento da navegação.
Abordaremos neste capítulo toda a parte teórica e prática que envolve a utilização dos
mapas e cartas empregadas na aviação. Na parte teórica analisaremos os tipos de
projeções, representações, construções e escalas geográficas de uma carta. Em seguida
daremos ênfase a sua utilização prática, ou seja, a maneira correta de se ler e interpretar
uma carta aeronáutica e as regras básicas para a plotagem e o manuseio.
Embora a distinção seja um tanto convencional, é oportuno iniciar este capítulo
estabelecendo a diferença entre os conceitos de mapa e carta.
Mapa: é a representação geográfica da superfície curva e esférica do planeta Terra,
sobre uma superfície plana numa determinada escala. Os mapas são geralmente
representações mais simplórias e generalizadas, com menos detalhes sobre a área
representada, não tendo caráter técnico ou científico especializado.
Carta: é um mapa com finalidade especial, destinado geralmente, à navegação ou a
outra atividade técnica ou científica, em que a informação cartográfica essencial se
combina com diversos elementos decisivos ao uso proposto. As cartas permitem a
avaliação mais precisa de distâncias, direções e a localização plana, geralmente em média
ou grande escala.
Em suma, mapa é o termo mais geral, enquanto carta refere-se unicamente à
representação aeronáutica, ou de outros fins, com uma concentração maior de detalhes
úteis a atividade proposta.
Tipos de projeções
Para a criação de uma carta ou mapa, é necessário realizar a transposição da superfície
esférica da Terra para uma superfície plana, ou seja, o cartógrafo deverá projetar a
superfície esférica numa superfície plana. Ao realizar esta projeção, invariavelmente
ocorrerão distorções, independente do tipo de projeção utilizado. Quando se trabalha
com pequenas extensões da superfície terrestre, como por exemplo, um município, quase
não se percebe as distorções ocasionadas pela curvatura da Terra, pois a superfície se
aproxima de um plano. Já em grandes extensões, como um continente, essa distorção é
mais visível. Nesta parte analisaremos as origens, os tipos e a finalidade das projeções
mais utilizadas.
Tipos de projeções
Apesar de não ser possível criar uma carta sem nenhuma distorção, é possível escolher
o tipo de projeção que se adéqua melhor as finalidades da carta. Basicamente são três os
métodos ou tipos de projeções: cilíndrica, cônica e plana ou azimutal.
Projeção cilíndrica: são denominadas assim porque são feitas pelo envolvimento da
esfera terrestre por um cilindro tangente a ela, geralmente tangente ao Equador (veja a
figura da página a seguir). Neste tipo de projeção as distorções próximas ao meio do
cilindro, ou seja, as latitudes mais baixas são pequenas. O inconveniente desta projeção é
a deformação das superfícies localizadas nas altas latitudes.
As duas projeções cilíndricas mais conhecidas são as de Mercator e a de Peters.
Analisaremos mais a frente com mais detalhes apenas a de Mercator. Abaixo a figura
referente à projeção cilíndrica, note que a origem é gnomônica.
Vantagens:
- os meridianos são representados por linhas retas, os paralelos e o equador são
representados por um segundo sistema de linhas retas, perpendicular à família de linhas
que representam os meridianos.
- facilidade em identificar os pontos cardeais numa carta de Mercator.
- facilidade em plotar um ponto numa carta de Mercator conhecendo-se suas
coordenadas geográficas. É fácil determinar as coordenadas de qualquer ponto
representado numa Carta de Mercator.
- os ângulos medidos na superfície da Terra são representados por ângulos idênticos na
carta, assim, direções podem ser medidas diretamente na carta. Na prática, distâncias
também podem ser medidas diretamente na carta.
- as rotas loxodrômicas são representadas por linhas retas.
- facilidade de construção (construção por meio de elementos retilíneos).
- existência de tábuas para o traçado do reticulado.
Desvantagens:
- deformação excessiva nas altas latitudes.
- impossibilidade de representação dos polos.
- círculos máximos, exceto o equador e os meridianos, não são representados por linhas
retas (limitação notável nas cartas de Mercator de pequena escala, representando uma
grande área).
Carta Lambert
Idealizada por Johann Heinrich Lambert no Século XVIII, é a projeção cônica mais
utilizada em navegação, principalmente na navegação aérea. Uma linha reta na projeção
conforme de Lambert aproxima-se tanto de um círculo máximo que os dois podem ser
considerados idênticos para os propósitos de navegação. Marcações radiogoniométricas,
de sinais de rádio que se propagam por círculos máximos, podem ser plotadas nesta
projeção sem as correções necessárias quando plotadas em uma carta de Mercator. Essa
característica tornou a projeção conforme de Lambert adequada para as cartas
aeronáuticas, pois em navegação aérea faz-se intenso uso de marcações-rádio. As cartas
WAC, que serão exaustivamente analisadas neste livro, são exemplos de uma carta de
projeção conforme Lambert.
Na carta Lambert a origem da projeção também é gnomônica.
Vantagens:
- escala de latitude constante, o que possibilita a medição da distância em qualquer
meridiano.
- facilidade para a plotagem de marcações radiogoniométricas.
- uma linha reta representa com grande precisão um círculo máximo (rota
ortodrômica).
Desvantagens:
- difícil construção.
- a plotagem de coordenadas geográficas é mais difícil.
- a rota loxodrômica é representada por uma curva.
- leitura da direção no meridiano médio da rota traçada.
- a quadrícula não é retangular, e a plotagem da posição não é tão simples quanto na
carta Mercator.
Abaixo um quadro comparativo entre as principais características das cartas Mercator e
Lambert.
Até aqui vimos muita teoria a respeito das cartas aeronáuticas, e você deve estar um
pouco preocupado com tanta informação teórica sobre o assunto, porém não precisa se
preocupar em decorar tudo o que foi explicado até aqui, é importante apenas que você
tenha um conhecimento geral sobre o assunto, para que a partir das próximas páginas
seja possível compreender de forma clara a utilização prática das cartas.
Escala das cartas
A escala de uma carta é definida como a relação entre um valor gráfico, na carta, e o
valor real correspondente, na superfície da Terra. A escala de uma carta proporciona uma
ideia da relação existente entre o trecho da Terra abrangido pela carta e sua
representação na mesma.
Por exemplo, uma carta cuja escala é de 1:1.000.000 (1cm na carta equivale a
1.000.000cm, ou 10km, na superfície da Terra) indica que a área da carta é 1.000.000 vezes
menor do que a área real.
De acordo com a escala, uma carta pode apresentar uma quantidade maior ou menor
de informações. Uma carta com escala maior é capaz de representar uma pequena área
com mais riqueza de detalhes. Por exemplo, uma carta cuja escala é de 1:250.000 irá
apresentar muito mais detalhes do que uma outra com escala de 1:1.000.000.
As escalas podem ser representadas de duas formas, veja:
Escala gráfica: a escala é representada por um segmento de reta graduada em diversas
unidades de medidas de distância, como a milha náutica, quilômetro e milha terrestre. A
escala gráfica fica geralmente localizada na parte de baixo da carta. Abaixo o exemplo de
uma escala graduada da carta WAC. Ao utilizar esta escala preste atenção à linha da
escala, de acordo com a unidade desejada.
Escala fracionária: a escala é representada por uma fração matemática, cuja unidade
mais utilizada é o centímetro (cm). Abaixo temos o exemplo da escala fracionária da carta
WAC, que sempre será de 1:1.000.000, ou seja, 1cm equivale a 1.000.000cm ou 10km na
superfície terrestre.
Veja abaixo um exercício para que você relembre a maneira correta de transformar a
escala em distância, é bem simples. Lembre-se que o valor encontrado será sempre em
centímetros (cm) ou quilômetro (km) e em navegação utilizamos milhas náuticas (nm),
portanto, preste atenção a formulação da pergunta durante a prova, para não cair em
nenhuma “pegadinha”, pois a questão poderá estar pedindo a resposta em milhas
náuticas e não em quilômetros que será o valor encontrado.
- Numa carta cuja escala é de 1:1.000.000, obteve-se com o auxílio de uma régua o valor
de 5cm. Com base nestes dados, informe a distância correspondente em quilômetros.
Resposta: 1:1.000.000 -> 1cm = 1.000.000cm na superfície da Terra
1cm na carta = 10km -> portanto com os 5cm encontrados teremos
5 x 10 = 50km -> chegamos a seguinte conclusão: 5cm na carta equivalem a 50km
É importante converter o valor de centímetros em quilômetros, pois não nos interessa
o valor em centímetro, uma vez que dificulta os nossos cálculos. Para fazer tal conversão
lembre: 100.000cm = 1km (você deve cortar os cinco zeros para obter o valor em Km).
Leitura de direção e distância nas cartas
A leitura da direção e distância nas cartas é algo que você precisa realmente saber, pois
irá utilizar estas técnicas tanto no planejamento da rota quanto em voo. Nos capítulos III
e IV já foi explicado detalhadamente a forma correta de efetuar estas leituras nas cartas
WAC, portanto, creio que seja desnecessário analisarmos novamente este assunto.
Interpretação das cartas WAC
Considero esta, uma das principais partes deste capítulo, uma vez que as cartas WAC
(World Aeronautical Chart) estarão presentes em praticamente todos os seus voos
visuais. Portanto, estude com atenção, pois apesar deste assunto não ser tão requerido na
prova da ANAC, ele será extremamente exigido durante a parte prática do seu curso de
piloto privado, ou seja, durante o planejamento e os voos de treinamento.
Inicialmente analisaremos as características gerais da WAC para em seguida
analisarmos diretamente os principais detalhes da carta.
Na figura acima a MEF é de 5.600 pés acima do nível médio do mar (MSL). Portanto, ao
traçar uma rota que passe por esta quadrícula, o piloto deverá escolher um nível de voo
ao menos 500 pés acima da MEF, que é a menor altitude para se livrar de obstáculos
quando em voo VFR em áreas despovoadas. E caso seja uma área povoada, deverá ser
utilizado 1000 pés acima da MEF. Portanto, a fim de não haver nenhum equívoco, e para
tornar o seu voo mais seguro, habitue-se a utilizar ao menos 1000 pés de separação entre
a maior MEF encontrada na rota traçada.
Por exemplo, vamos supor que o piloto esteja planejando um voo do aeródromo A para
o B. Após traçar a rota ele verificou que a mesma passará por duas quadrículas, e que a
maior MEF encontrada durante a sua rota é de 5.600 pés MSL, portanto, com mais 1.000
pés de separação teremos uma altitude de 6.600 pés. Como o nível de voo FL066 não é o
padrão, o piloto deverá utilizar o FL075 ou FL085, dependendo do sentido do voo. Neste
exemplo, de acordo com a tabela de níveis de voo em rota, o nível mínimo para o voo em
rota deveria ser o FL075. Voando no FL075, o piloto terá a certeza de que estará mantendo
uma separação segura de todos os obstáculos presentes em sua rota.
Estamos dando tanta ênfase a análise das altitudes numa WAC, porque mesmo o voo
sendo visual, é importante que você já tenha ciência da elevação e do relevo presentes em
rota, para que não ocorra nenhuma surpresa no meio do caminho. Portanto, durante o
planejamento lembre-se sempre de verificar a MEF presente em sua rota!
Obstáculos verticais e pontos de referência: na carta WAC da página 55 apontamos
alguns obstáculos e referências que são úteis durante um voo visual. Agora, tentaremos
mostrar como o que está ilustrado na carta corresponde ao que será encontrado durante
o voo. Conseguimos obter as imagens reais de uma determinada área ilustrada na WAC
que estamos analisando, para que você veja como na prática é possível visualizar o que
está presente na carta. A cidade que corresponde a nossa área de análise é a cidade de
Governador Valadares, MG.
Estradas e ferrovias são ótimos pontos de referência para você se localizar durante um
voo visual, principalmente em voos que ligam cidades mais populosas, pois sempre
haverá estradas ou rodovias ao longo deste trecho.Outro importante ponto de referência
são os rios, geralmente cercados de cidades ao longo da margem de seu curso, tornando a
localização do voo visual mais precisa.
Esteja atento às linhas de transmissão de energia, que próximo às estradas costumam
ser sinalizadas, mas que ao longo da rota são de difícil visualização.
Durante toda a análise da carta WAC conseguimos abordar os principais detalhes
relacionados a esta carta de navegação para voo visual. Claro que sempre falta algum
aspecto, mas creio que o principal tópico, relacionado à identificação das elevações,
relevo e obstáculos contidos numa WAC, foi exaustivamente analisado por nós, uma vez
que se trata de um tema de grande importância.
Alguns detalhes relativos ao uso diário e ao manuseio desta carta você só aprenderá na
prática, durante o treinamento em aeroclube ou escola de aviação. Nestes locais o seu
instrutor de voo passará mais alguns detalhes importantes, no momento do briefing e do
planejamento do voo.
Atualmente, com o uso massivo do GPS muitos pilotos têm deixado de lado a
utilização das cartas, e saem para os seus voos visuais apenas com este equipamento. É
indiscutível a precisão que este equipamento oferece, porém, é indispensável que você
tenha sempre em mãos as cartas aeronáuticas da área a ser voada, para que seja possível
fazer um cross-check de informações e acompanhar de forma mais exata e segura o
andamento do voo.
Informações magnéticas: é importante que você saiba localizar as linhas de mesma
declinação magnética, isogônicas, pois é através do conhecimento da declinação
magnética média em rota que você poderá calcular a proa e o rumo magnético da
aeronave, como veremos no capítulo seguinte. Na carta a seguir a declinação magnética
da linha isogônica é de 22°W.
7
PROAS E RUMOS
Ao definir a rota, durante o planejamento do voo, o piloto traça uma linha ligando o
ponto de partida ao ponto de destino. Então teoricamente, a aeronave deveria manter a
proa na direção exata do ponto de destino para chegar àquela localidade. Porém, a
aeronave é envolvida por uma massa de ar que esta em constante movimento, e que afeta
diretamente o voo, assim como as correntes marítimas afetam o deslocamento de um
navio.
Pois bem, neste capítulo analisaremos as maneiras para se neutralizar alguns fatores
que afetam diretamente a navegação horizontal da aeronave. Inicialmente veremos
algumas das principais definições a cerca deste assunto, e em seguida analisaremos a
influência do vento e do magnetismo terrestre na navegação. Para finalizar, abordaremos
a parte mais prática sobre este assunto, que envolve alguns cálculos que são necessários
para nos mantermos na rota inicialmente planejada, e conseguirmos assim, chegar ao
nosso destino.
Abaixo a definição dos principais pontos que serão abordados neste capítulo.
Proa: é a direção do eixo longitudinal da aeronave, ou seja, a direção para onde o nariz
da aeronave está apontado.
Rota: é a projeção na superfície da Terra, da trajetória prevista ou percorrida por uma
aeronave.
Rumo: é a direção da trajetória (rota) expressa em graus em relação ao norte. A rota
coincidirá com o rumo quando a correção de deriva for realizada corretamente.
Deriva: é o ângulo formado entre a proa e a rota, no sentido do vento.
Correção de deriva: é o ângulo formado entre a proa e o rumo, no sentido contrário ao
vento.
A proa e o rumo poderão sofrer algumas variações, que ocorrem devido a existência de
um norte geográfico e outro magnético. Essa variação é causada devido ao magnetismo
terrestre, como veremos nas páginas seguintes.
Abaixo uma ilustração que nos permite visualizar melhor as definições conceituais
expressas na página anterior. Neste exemplo, o piloto traçou uma rota ligando o ponto A
ao ponto B, porém durante o voo o vento encontrado tinha velocidade superior a que ele
tinha utilizado para os cálculos de planejamento do voo. A consequência disso é que a
correção de deriva não foi suficiente para anular os efeitos do vento, e a aeronave derivou
ainda mais para a direita, indo parar no ponto C.
Influência do vento
Como já foi possível perceber, o vento tem uma influência significativa na navegação
horizontal, e esta influência é tanta que o capítulo dez trata apenas da influência do
vento na navegação e no voo em si.
No exemplo acima, o piloto encontrou um vento superior ao que ele previu e calculou,
o resultado foi a alteração na sua rota, e consequentemente ele terá que percorrer uma
maior distância para chegar ao seu destino, o que consumirá mais combustível. É muito
difícil sabermos com precisão o vento que será encontrado durante toda a rota. Através
de determinadas cartas podemos conhecer o vento predominante, mas sempre há uma
variação, por menor que seja, entre o que é previsto e o que é real.
Este é o motivo pelo qual o piloto deve estar sempre conferindo os seus estimados,
para fazer um cross-check com o que foi planejado, e a partir daí efetuar as devidas
correções, já adequadas às mudanças encontradas no voo em rota.
Agora vamos supor que o vento na navegação planejada pelo piloto do exemplo acima
correspondesse ao vento encontrado durante o voo. Neste caso a rota planejada ou
pretendida seria exatamente igual a rota percorrida, e a aeronave chegaria ao seu destino
sem a necessidade de efetuar grandes correções. A figura da página seguinte ilustra bem
esta situação.
Note que a deriva será sempre no sentido do vento, ou seja, no caso analisado a deriva
será para a direita. Já a correção de deriva será sempre no sentido contrário ao vento, com
o objetivo de anular o seu efeito e permitir que a aeronave se mantenha na rota
pretendida.
Na figura abaixo, é possível notar que ao adotar a correção de deriva correta a aeronave
manteve a rota pretendida. Porém, caso o piloto não tivesse adotado correção de deriva
alguma, a aeronave iria se afastar cada vez mais da rota pré-estabelecida durante o
planejamento do voo.
Caso não haja vento algum, ou este seja de proa ou de cauda, obviamente não será
necessário efetuar a correção de deriva, pois o vento não terá influência na navegação
horizontal da aeronave. Note que neste caso a proa e o rumo são idênticos, bem como a
rota pretendida e a rota percorrida. Veja a ilustração abaixo.
Magnetismo terrestre
A Terra pode ser considerada um grande imã, tendo dois polos magnéticos de
polaridades opostas (polo norte magnético e polo sul magnético). Os polos magnéticos
não coincidem com os polos verdadeiros ou geográficos. O polo norte magnético, em
2005, estava localizado aproximadamente na coordenada 78°18’N/104°11’W, e esta
localização sofre uma pequena variação anual. Já o polo norte verdadeiro está localizado
na latitude 90°N, sendo o ponto de encontro de todos os meridianos. Atualmente a
diferença entre ambos os polos norte, magnético e verdadeiro, é de aproximadamente
720nm.
A diferença angular entre o norte verdadeiro e o norte magnético é chamada de
declinação magnética (Dmg), e este valor será muito utilizado por nós, como veremos
mais adiante.
Numa carta aeronáutica os meridianos são em relação ao norte verdadeiro, porém a
bússola da aeronave aponta sempre para o norte magnético, desta forma, é necessário
realizar algumas correções para que a aeronave voe na rota pré-determinada.
Mas então porque as cartas não são confeccionadas com os meridianos voltados ao
norte magnético, para facilitar os cálculos de navegação? Por diversos fatores, primeiro
porque o polo norte magnético não é exatamente oposto ao polo sul magnético, segundo
que há áreas em que a distorção magnética é bastante diferente, o que impossibilita a
criação de uma quadrícula correta.
Mas como esse magnetismo terrestre irá influir em nossa navegação? Ora, como foi
dito acima, nas cartas aeronáuticas os meridianos têm como referência o norte
verdadeiro, e quando traçamos nossa rota, utilizamos o meridiano para calcularmos o
rumo da rota. Porém, durante o nosso voo nos orientaremos pela bússola que tem o norte
magnético como referência, então a conta não fecha. Pois como podemos traçar uma rota
em relação ao norte verdadeiro e durante o voo só termos o norte magnético como
referência? Obviamente que haverá um erro na navegação. Para neutralizarmos esse erro,
as cartas de navegação exibem as linhas isogônicas, ou seja, de mesma variação
magnética, para que durante o planejamento possamos calcular o rumo magnético até o
nosso destino.
É sobre todos esses assuntos tratados acima que falaremos ao longo desta parte do
sétimo capítulo.
Declinação magnética
É o ângulo formado entre o norte verdadeiro (ou geográfico) e o norte magnético. A
declinação magnética (Dmg) é expressa em graus, e recebe a designação leste (E) ou
oeste (W) para indicar de que lado o meridiano magnético está em relação ao meridiano
verdadeiro.
A declinação magnética (Dmg) varia de um local para outro na superfície da Terra, em
virtude das irregularidades das linhas de força do campo magnético terrestre. Enquanto
os polos verdadeiros são fixos, os polos magnéticos da Terra variam de posição. Sendo
assim, a declinação magnética de um local também varia ao longo do tempo.
As cartas aeronáuticas informam nas áreas nela representadas, o valor da declinação
magnética. Essas informações podem ser representadas por linhas isogônicas e agônicas,
veja a definição abaixo.
Linhas Isogônicas: são linhas que unem pontos de mesma declinação magnética.
Linhas Agônicas: são linhas que unem pontos onde a declinação magnética é nula (0°).
Na figura abaixo, uma carta contendo as declinações magnéticas de toda a superfície
terrestre, é possível notar de forma mais clara que o valor da Dmg varia nas diversas
regiões do nosso planeta.
Numa carta aeronáutica, como por exemplo, uma WAC ou ENRC, a declinação
magnética é expressa conforme ilustrado na figura abaixo. Neste exemplo, a Dmg
equivale a 09°W, ou seja, o norte magnético está localizado 9° a oeste do norte verdadeiro.
Abaixo a representação das declinações magnéticas para o oeste (W) e leste (E), onde é
possível observar que quando a declinação magnética for nula, a direção para o norte
magnético e para o norte verdadeiro será a mesma. É possível verificar também a
diferença entre a proa verdadeira (PV) e a magnética (PM), uma é em relação ao norte
verdadeiro e a outra em relação ao norte magnético. A mesma lógica é aplicável ao rumo,
que poderá ser verdadeiro (RV) ou magnético (RM).
Durante a navegação é possível que a rota traçada cruze mais de uma linha isogônica,
portanto, para evitar ficar recalculando novos valores de proa e rumo magnético ao longo
do voo, utiliza-se a declinação magnética média. A declinação magnética média é o
resultado do cálculo da média entre as Dmg encontradas ao longo da rota. Vamos supor
que durante o voo, a rota traçada cruze as Dmg de 15°W, 16°W e 17°W, portanto ao fazer a
média destas três Dmg, obteremos a declinação magnética média equivalente a 16°W,
Dmg esta que deverá ser utilizada nos cálculos de navegação.
Inclinação magnética
Considerando o campo magnético terrestre em um determinado local decomposto
segundo o horizonte e o vertical do lugar, obtêm-se o componente horizontal (H) e
vertical (Z) do magnetismo terrestre, variáveis de lugar para lugar e cujos valores vêm
indicados em cartas especiais.
A componente horizontal (H) é zero nos polos magnéticos e alcança máximo valor no
Equador magnético.
A componente vertical (Z) é zero no Equador magnético e alcança máximo valor nos
polos magnéticos.
A componente horizontal (H) é a responsável pela orientação da agulha magnética da
bússola. Como o seu componente horizontal diminui a medida que a latitude aumenta
(tornando-se nulo no polo magnético), o desempenho da agulha magnética fica
prejudicado nas altas latitudes (maiores que 60º). Para garantir que a agulha esteja
sempre na horizontal, é necessário que ela tenha um contrapeso em sua haste de forma a
compensar esta inclinação.
O que foi dito acima não precisa ser decorado, basta que você entenda a lógica acerca
desta questão. Ao lado um quadro resumindo tudo o que foi dito acima, e abaixo mais
um exemplo para você fixar melhor o que foi apreendido até aqui.
Para treinarmos o que foi apreendido até aqui, vamos fazer alguns exercícios. O
objetivo destes exercícios é calcular os dados que estão faltando na tabela. Para
solucioná-los lembre-se da regra exposta acima.
Exercício 1: Dados: PV=260°, PM=291° e DB=3°E, calcule a Dmg e a PB.
Exercício 2: Dados: PV=230°, Dmg=3°E, DB=2°E e DR=-3°, calcule a PM, PB, RV, RM e
CD.
Exercício 3: Dados: Dmg=3°W, DB=1°E, PB=140°, RV=134°, calcule a PV, PM, DR, CD e
RM.
Exercício 4: Dados: Dmg=4°E, DB=1°W, PM=092° e RV=100°, calcule a PV, PB, DR, CD e
RM.
Exercício 5: Dados: PV=315°, Dmg=3°E, DB=3°E e RV=320°, calcule a PM, PB, RM, DR e
CD.
Terminamos assim este capítulo. Creio que através destes exercícios você poderá
memorizar de forma mais eficaz os conceitos aqui expostos. Lembre-se que não é
necessário decorar nenhuma fórmula, sendo importante apenas que você entenda a
lógica que envolve os cálculos aqui realizados.
8
INSTRUMENTOS
Pressão estática
A pressão atmosférica envolve todo e qualquer corpo na superfície terrestre, e em
qualquer ponto da atmosfera terrestre é possível medir a pressão exercida sobre um
determinado corpo. Para se efetuar esta medição não é necessário que este corpo esteja
em movimento. Na aeronave, as tomadas estáticas são responsáveis em captar a pressão
estática, e em enviá-la para as linhas que alimentam os instrumentos que a necessitam
para o correto funcionamento.
As tomadas estáticas, geralmente ficam localizadas na fuselagem da aeronave,
conforme nos mostram as figuras a seguir. Algumas aeronaves possuem uma tomada
estática alternada, pois caso haja uma obstrução na tomada principal, a alternada é capaz
de suprir o sistema.
Durante a inspeção externa, realizada antes do voo, lembre-se de verificar se as
tomadas estáticas não estão obstruídas, o que poderá causar erro na indicação dos
instrumentos alimentados pelo sistema de pitot.
Pressão dinâmica
A pressão estática é exercida em qualquer corpo, esteja ele em movimento ou não. Já a
pressão dinâmica é o resultado do movimento deste corpo. Vamos imaginar que você
esteja num carro a 100km/h, quando resolve abrir o vidro e colocar a mão para fora. Neste
instante você vai sentir a pressão do vento sobre a sua mão, está força é chamada de
pressão dinâmica ou de impacto.
A pressão dinâmica varia com a altitude e com o vento relativo. Quanto mais rápido o
vento relativo ou maior a densidade do ar, maior será a pressão dinâmica.
Durante a inspeção externa, é importante que você também inspecione o tubo de pitot,
para verificar alguma possível obstrução. Durante os pernoites, é conveniente que você
proteja o tubo de pitot com uma capa própria para este fim, cuja finalidade é evitar o
acumulo de impurezas que possam obstruí-lo. Veja a figura a seguir.
A soma da pressão estática com a pressão dinâmica resultará na pressão total.
É importante que o tubo de pitot e a tomada estática estejam sempre desobstruídos.
Insistimos tanto neste assunto, pois o altímetro e o velocímetro são alimentados por este
sistema, e uma eventual obstrução causará a indicação errada da altitude e da velocidade,
duas informações imprescindíveis para a condução de um voo seguro.
Velocímetro
O velocímetro é o instrumento capaz de calcular a diferença entre a pressão estática e a
pressão dinâmica, e o resultado deste cálculo é a informação da velocidade do
deslocamento da aeronave.
Velocidades
A velocidade da aeronave indicada pelo velocímetro não corresponde exatamente a
velocidade real da aeronave, portanto, há algumas variações que devem ser consideradas
a partir da velocidade lida diretamente no velocímetro.
Velocidade indicada (VI): indicated airspeed (IAS), inglês. É a velocidade lida diretamente
no instrumento da aeronave, sem nenhuma correção.
Velocidade calibrada (VC): calibrated airspeed (CAS), inglês. É a velocidade indicada
corrigida para os erros de instalação e os erros do próprio instrumento.
Velocidade aerodinâmica ou verdadeira (VA): true airspeed (TAS), inglês. É a velocidade
calibrada corrigida para os erros da densidade atmosférica. Como a densidade do ar
diminui com o aumento da altitude, a VA aumentará a medida que a aeronave ganha
altitude, e a VI se manterá constante.
O piloto pode calcular a VA de duas formas. A primeira, e mais precisa, é através do
computador de voo, como veremos nos próximos capítulos. A segunda, é mais simples
porém dará uma VA aproximada, consiste em adicionar 2% a VC ou VI para cada 1000 pés
que a aeronave subir.
Veja na figura abaixo como a VA varia com a altitude, mantendo a VI constante.
Velocidade solo (VS): groundspeed (GS), inglês. É a velocidade real da aeronave em
relação ao solo. A VS na realidade é a VA ajustada para a influência do vento, portanto,
teremos:
- vento de proa, VS é menor que VA.
- vento de cauda, VS é maior que VA.
Algumas considerações devem ser feitas sobre este assunto.
Primeiro, para fins de cálculos nas provas da ANAC, não se considera a VC, assume-se
que a VC é igual a VI. Portanto, adotaremos este mesmo princípio nos cálculos de
navegação deste livro.
Segundo, é muito comum o aluno ter dúvidas sobre quando utilizar a VI e quando
utilizar a VA, então vejamos:
- Velocidade indicada (VI): será utilizada como referência para a performance da
aeronave, é a velocidade que constará nos manuais e nas limitações de operação da
aeronave. Portanto, velocidades como: de estol, decolagem, aproximação e as velocidades
analisadas na página 77, serão todas velocidades indicadas (VI), lidas no próprio
instrumento. Quando em voo, o controlador de tráfego poderá indagar sobre a sua
velocidade, então, você deverá informar a VI.
- Velocidade aerodinâmica (VA): será utilizada principalmente nos cálculos de
navegação, pois através dela é possível calcular a VS. No preenchimento do plano de voo,
o campo relativo a velocidade, deverá ser preenchido com a velocidade aerodinâmica
(VA) da aeronave em rota.
Altímetro
Um dos principais instrumentos de uma aeronave, o altímetro é o instrumento
responsável pela navegação vertical, ou seja, informa ao piloto a altitude da aeronave
para que possa ser mantida uma separação segura entre o solo e as outras aeronaves,
quando em voo.
Indicações do altímetro
A leitura da altitude num altímetro é bem simples, conforme é mostrado na figura
abaixo, e a lógica de leitura lembra a de um relógio. Nas aeronaves modernas os
altímetros principais são digitais, porém, não os analisaremos neste livro.
Altitudes
A altitude indicada pelo altímetro só é correta quando as condições da atmosfera são
idênticas as da atmosfera padrão, ou seja, pressão de 1013,2 hPa, temperatura de 15°C e
redução da temperatura com o aumento da altitude numa razão de 2°C para cada 1000
pés.
No entanto, as condições atmosféricas nos diversos locais da Terra dificilmente se
igualam a essa atmosfera padrão estabelecida pela ICAO, e a consequência disso é que se
mantivermos o ajuste padrão (1013,2 hPa) na janela de Kollsman, e as condições da
atmosfera forem diferentes do padrão, o altímetro estará nos apresentando uma altitude
incorreta, o que é extremamente perigoso ao voo.
Para corrigir esta diferença de pressão deve-se ajustar o altímetro com a pressão do
local. Por exemplo, o piloto decolou de Recife onde a pressão era de 1016,0 hPa e no
momento do pouso em Fortaleza a pressão era de 1009,0 hPa. Se o piloto não efetuar
nenhuma correção no altímetro durante o voo e pousar em Fortaleza com o ajuste de
Recife (1016,0 hPa), este altímetro apresentará um erro de 210 pés em Fortaleza. Para
piorar esse erro será para mais, ou seja, o piloto estará voando a 790 pés e o altímetro
indicará 1000 pés de altitude, o que é perigoso, visto ser esta uma diferença considerável
de altitude.
Se no exemplo acima, o piloto ao cruzar o nível de transição tivesse ajustado o
altímetro em 1009,0 hPa, tal diferença de 210 pés não teria ocorrido, e o altímetro estaria
informando a altitude correta da aeronave. Isso mostra o quão importante é ter o
conhecimento da pressão local e acima de tudo, inserir essa pressão no altímetro.
Comentaremos com mais detalhes o ajuste do altímetro nas páginas seguintes.
Antes de entrarmos em mais detalhes relativos a alguns erros de indicação do
altímetro, causado por diversos fatores, é conveniente que seja analisado o conceito de
alguns tipos de altitudes. Cada uma dessas altitudes têm uma referência para a qual é
calculada, e uma razão específica.
Altitude indicada: é a altitude lida diretamente no altímetro, quando este está ajustado
com a pressão do local (QNH) na janela de ajuste de pressão.
Altitude calibrada: é a altitude indicada corrigida para os erros do instrumento.
Altitude pressão: é a altitude lida quando o altímetro é ajustado com a pressão padrão
de 1013,2 hPa (QNE). O ajuste QNE é inserido quando a aeronave está acima da altitude
de transição, quando então a altitude será lida como nível de voo (ex. FL085).
Altitude verdadeira: é a altitude atual da aeronave acima do nível médio do mar (MSL).
Esta altitude leva em consideração os erros de temperatura e pressão, e pode ser
calculada através do computador de voo. Na prática ela é pouco requerida em voo. As
altitudes dos aeroportos e dos obstáculos e elevações contidas nas cartas aeronáuticas
são altitudes verdadeiras.
Altitude absoluta: é a altura da aeronave em relação ao terreno. Para se determinar a
altitude absoluta, ou altura, é preciso conhecer a altitude da aeronave e da elevação do
terreno.
Altitude densidade: é a altitude pressão corrigida para a variação da temperatura
padrão. Quando as condições são idênticas a padrão, a altitude pressão e a altitude
densidade são iguais. Se a temperatura local é maior do que a padrão, a altitude
densidade será maior do que a altitude pressão. Se a temperatura local é menor do que a
padrão, a altitude densidade será menor do que a altitude pressão. A altitude densidade
está diretamente relacionada à performance da aeronave, principalmente na decolagem.
Ela pode ser calculada através do computador de voo.
Erros do altímetro
A indicação do altímetro pode apresentar alguns erros, relativos a imperfeições do
próprio instrumento, obstrução da tomada estática de pressão e principalmente relativas
à pressão e à temperatura.
Quando em nível de cruzeiro o altímetro da aeronave é ajustado em 1013,2 hPa, e
passará a indicar a altitude pressão. Este ajuste é inserido por todas as aeronaves que
voam em nível de voo, pois assim é possível manter a separação constante entre as
aeronaves, mesmo com a variação de pressão e temperatura ao longo da rota.
Porém, quando em nível de cruzeiro, a altitude lida no altímetro na maioria das vezes
não equivale à altitude verdadeira. Essa diferença ocorre por dois fatores: a variação da
pressão e da temperatura em relação aos valores da atmosfera padrão.
Variação da pressão: voando de uma área de alta pressão para uma área de baixa
pressão, a altitude verdadeira será menor do que a altitude indicada pelo altímetro, e
vice-versa.
Variação da temperatura: voando de uma área de alta temperatura para uma área de
baixa temperatura, a altitude verdadeira será menor do que a altitude indicada pelo
altímetro, e vice-versa.
Portanto, voando de uma área de alta pressão e alta temperatura, para uma área de
baixa pressão e baixa temperatura, a altitude verdadeira será menor do que a altitude
indicada pelo altímetro. Veja a ilustração a seguir.
Ajuste do altímetro
O piloto deverá ajustar o altímetro em determinadas fases do voo para que as
indicações sejam corretas e proporcionem uma separação segura entre obstáculos e as
demais aeronaves em voo. Basicamente há dois ajustes que o piloto deverá fazer ao longo
do voo, o QNH e o QNE.
QNH: para que o piloto consiga a correta indicação da altitude em relação ao nível
médio do mar, o altímetro deverá estar ajustado em QNH. Este ajuste é utilizado nas
fases de decolagem, aproximação e pouso, para que o piloto tenha a indicação correta da
altitude da aeronave, corrigida para os erros de pressão.
Esse ajuste é fornecido pelo ATIS do aeródromo, ou caso o mesmo não disponha dessa
facilidade, pela TWR ou APP do local. Quando no solo com o altímetro ajustado em
QNH, este informará a altitude do aeródromo.
QNE: também conhecido como ajuste padrão (1013,2 hPa ou 29,92 in Hg). Ajustado em
QNE o altímetro informará a altitude em nível de voo (ex. 065), e devido a erros de
pressão e temperatura, esta altitude poderá não coincidir com a altitude verdadeira,
conforme ilustrado na figura acima.
No voo de cruzeiro em rota, o altímetro deve estar ajustado em QNE, para que a
separação entre as aeronaves em nível de voo se mantenha constante.
A troca de QNH para QNE se dará na altitude de transição, durante a subida. E a troca
de QNE para QNH ocorrerá no cruzamento do nível de transição, durante a descida,
conforme ilustrado na figura abaixo.
Há três páginas citamos um exemplo da aeronave que decola de Recife com destino a
Fortaleza, e o piloto se esquece de ajustar o altímetro e pousa em Fortaleza com o mesmo
ajuste de Recife, e a consequência disso foi um erro de indicação de 210 pés.
Mas como evitar que esse tipo de esquecimento, que torna o voo inseguro de diversas
formas, aconteça? Ainda com base neste exemplo, veja a sequência abaixo. Informações:
ajuste do altímetro em Recife 1016,0 hPa e em Fortaleza 1009,0 hPa.
1) Antes do acionamento dos motores, ainda na preparação da cabine para a
decolagem, o piloto já deve ter o conhecimento do ajuste de altímetro do aeródromo local
(QNH) e inserir esse ajuste no altímetro. Portanto, o piloto deverá inserir o ajuste de
1016,0 hPa na janela de ajuste de altímetro, feito isso, a altitude indicada no altímetro
será igual a altitude do aeródromo.
2) Ao cruzar a altitude de transição o piloto deverá inserir na janela de ajuste de
altímetro, a pressão padrão (QNE), 1013,2 hPa, pois acima da altitude de transição esta
passa a ser lida em nível de voo. Portanto, a altitude indicada no altímetro será em nível
de voo, ou seja altitude pressão.
3) Na descida para pouso ao cruzar o nível de transição, o piloto deverá ajustar o
altímetro com o ajuste de altímetro do aeródromo local (QNH), que neste exemplo
corresponde a 1009,0 hPa. Este ajuste deverá ser mantido até o pouso, e quando no solo,
no aeroporto de Fortaleza, o altímetro indicará a altitude deste aeródromo.
Cheque do altímetro no solo
No momento da preparação da cabine para o voo, o piloto deve inserir o ajuste QNH
no altímetro, como já foi visto acima. Após inseri-lo, deverá verificar se a altitude
indicada corresponde à altitude do aeródromo indicada nas cartas. A diferença máxima
entre a indicação do altímetro e a elevação do aeródromo deverá ser de +/- 75 pés. Caso
ocorra uma variação superior a este valor, ou haja dúvidas quanto a confiabilidade do
altímetro, informe imediatamente ao mecânico responsável e não prossiga com o voo.
Climb
Também conhecido como variômetro e indicador de velocidade vertical, o climb tem a
função de indicar se a aeronave está subindo, descendo ou nivelada. A razão de descida
ou subida é indicada em pés por minuto, e quando em solo a indicação do climb será
igual a zero.
O climb utiliza a pressão fornecida pela linha da tomada estática. Esta pressão é jogada
para dentro da caixa do instrumento, onde há uma cápsula aneroide sensível às variações
de pressão. A medida que a pressão diminui ou aumenta, essa cápsula transmite a razão
com que isso ocorre através do ponteiro do mostrador calibrado em centenas de pés por
minuto.
Exemplo 1: Quando a HLO na posição 45°N/000° é 1200hs, qual será a hora UTC?
Resolução: a latitude é desprezada nos cálculos envolvendo horas, portanto, como a
longitude 000° é a mesma do meridiano de Greenwich, a HLO será igual a UTC.
Resposta: hora UTC é igual a 1200Z.
Exemplo 3: A hora UTC é igual a 0300Z. Qual a hora da zona na longitude 124°E?
Resolução: primeiramente deveremos encontrar o meridiano central da faixa da
longitude 124°E. Para isso, deveremos dividir a longitude por 15, então teremos:
124 : 15 = 8 horas -> desta divisão sobraram 4°, como este valor é inferior a 07°30´, o
meridiano central desta faixa será 120° (15 x 8 = 120).
Agora que sabemos o meridiano central, deveremos calcular a diferença horária entre
as longitudes 120°E (meridiano central da faixa) e 000° (meridiano de Greenwich).
120° - 000° = 120° -> 120° = 8 horas
Após encontrarmos a diferença horária entre as duas longitudes, pegaremos esse valor
e somaremos (pois o meridiano 120°E é para E) à hora UTC.
0300 - 0800 = 1100hs
Resposta: a HZ será igual a 1100hs.
10
A INFLUÊNCIA DO VENTO NA NAVEGAÇÃO
Decolagem
Durante a decolagem é preferível que a aeronave utilize a menor distância de pista
possível para atingir a velocidade de rotação. A velocidade de rotação é baseada na
velocidade indicada (VI), portanto, ao receber um vento de proa durante a corrida de
decolagem a velocidade em relação ao solo (VS) será menor do que a VI. O resultado
disso é a menor utilização de pista durante a corrida de decolagem. Eis o motivo pelo
qual a decolagem deverá ser realizada preferencialmente com vento de proa.
De uma forma geral, decolar com vento de cauda superior a 5kt não é recomendado.
Veja abaixo a relação entre a distância de corrida de decolagem da aeronave e o vento.
Massa
Na conversão das unidades de medida de massa, será necessário converter o valor de
quilograma em libras ou vice-versa.
O cálculo é bem simples, basta ajustar a seta de libras (LBS), na escala exterior, sobre a
seta de quilogramas (KG), na escala inferior. Em seguida, e só fazer a conversão do valor
proposto. Veja o exemplo abaixo.
Capacidade volumétrica
Na conversão das unidades de capacidade volumétrica, será necessário converter o
valor de litros (LITERS) em galões americanos (US GAL) ou galões imperiais (IMP GAL),
ou vice-versa. Essas medidas são muito utilizadas nos cálculos de combustível, onde
muitas vezes é solicitada tal conversão.
Temperatura
Para realizar a conversão das unidades de medida de temperatura, Celsius e
Fahrenheit, basta consultar a escala localizada na parte inferior da face A.
O processo é muito simples, não sendo necessário nenhum ajuste no computador de
voo. Basta localizar a temperatura desejada na escala, e encontrar a temperatura
correspondente em Celsius ou Fahrenheit.
Ex. 10°C equivalem a quantos graus Fahrenheit?
1 - na parte superior da escala localizar a temperatura de 10°C.
2 - sob o valor de 10°C, ler o valor correspondente em oF (escala inferior).
Resposta: 10°C = 50°F
Longitude
A conversão de graus de longitude em tempo é facilmente realizada no computador de
voo. Devemos partir do princípio de que 15° de longitude equivalem a 60 minutos, ou 1
hora. Portanto, deveremos ajustar a seta horária (escala interna) sobre o valor 15 (escala
externa), e em seguida efetuar a conversão do valor requerido.
Esta lógica se aplica a todos os cálculos envolvendo regra de três simples, que serão
úteis em diversos cálculos de navegação.
Velocidade aerodinâmica
É sabido que a velocidade aerodinâmica (VA ou TAS) da aeronave aumenta
aproximadamente 2% em relação à velocidade indicada (VI ou IAS) a cada 1.000ft que se
sobre. Porém, uma forma mais precisa de se calcular a VA é através do computador de
voo, onde será analisada a temperatura na altitude do voo.
O processo para a obtenção da VA é muito simples, veja:
- na janela indicada, ajuste a altitude pressão com a temperatura deste nível.
- na escala interna localizar o valor correspondente a VI da aeronave.
- na escala externa ler o valor correspondente a VA da aeronave.
Vamos ao exemplo prático:
Uma aeronave voa com VI=90kt no FL050. Neste nível de voo a temperatura é de 0°C.
Qual a VA desta aeronave?
Número Mach
Pouco utilizado nas navegações visuais, o número Mach será bastante requerido nos
cálculos relativos à navegação por instrumentos, principalmente para as aeronaves de
alta performance.
O número Mach é a velocidade aerodinâmica comparada à velocidade do som, então
quando dizemos que uma aeronave voa com Mach 0.74, por exemplo, indica que esta
velocidade equivale a 74% da velocidade do som.
O número Mach varia com a temperatura, logo, será esta a única informação que
iremos inserir na janela indicada com computador de voo. Em seguida faremos a
comparação entre a VA e o número Mach da aeronave.
O processo para a obtenção do número Mach é o seguinte:
- na janela indicada, ajuste a temperatura do nível de voo.
- na escala externa localizar o valor correspondente a VA da aeronave.
- na escala interna ler o valor correspondente ao número Mach da aeronave.
Veja o exemplo prático:
Uma aeronave voa no FL200 com VA=360kt. Neste nível de voo a temperatura é de
-15°C. Qual o número Mach desta aeronave?
1 - na janela indicada, ajustar o valor da temperatura (-15°C) no nível de voo.
2- na escala externa, localizar o valor da VA (360kt). Na escala interna ler o valor do
número Mach correspondente (no caso 0.57).
Resposta: número Mach é 0.57
Em algumas questões poderá ser dado o número Mach da aeronave para que seja
calculado a VA, veja:
Uma aeronave voa no FL100 com Mach 0.25. Sabendo que a temperatura neste nível é
de 10°C, calcule a VA desta aeronave.
Altitude densidade
A performance da aeronave e do motor está diretamente relacionada a densidade do ar.
A densidade do ar, por sua vez, varia com a altitude pressão e com a temperatura, dados
estes que serão utilizados pelo piloto no cálculo da altitude densidade.
O processo para se calcular a altitude densidade no computador de voo é o seguinte:
- na janela indicada (a mesma utilizada para o cálculo da VA), inserir a altitude pressão
e a temperatura neste nível.
- na janela de altitude densidade (density altitude), ler o valor correspondente.
Vamos ao exemplo prático:
Uma aeronave voa no FL200, e a temperatura neste nível é de -10°C. Calcule a altitude
densidade.
Altitude verdadeira
A altitude verdadeira é a altitude atual da aeronave acima do nível médio do mar
(MSL). Esta altitude leva em consideração os erros de temperatura e pressão, e pode ser
calculada através do computador de voo. Na prática ela é pouco requerida em voo.
O processo para se calcular a altitude verdadeira no computador de voo, é o seguinte:
- na janela indicada, inserir a altitude pressão e a temperatura neste nível.
- na escala interna localizar a altitude indicada, corrigida para o QNH local.
- na escala externa ler o valor da altitude verdadeira correspondente.
Vamos ao exemplo prático:
Uma aeronave voa no FL150, neste nível a temperatura é de -20°C. A altitude indicada,
corrigida com o QNH local é de 14.000ft. Com base nestes dados calcule a altitude
verdadeira.
Autonomia e alcance
Primeiramente vamos aos conceitos de autonomia e alcance.
Autonomia: tempo que a aeronave é capaz de permanecer em voo com uma
determinada quantidade de combustível.
Alcance: distância que a aeronave é capaz de percorrer em voo com uma determinada
quantidade de combustível.
A legislação vigente, referente à regra para a autonomia mínima exigida para voos VFR,
em avião, de acordo com a seção 91.151 da RBHA 91 (Regras Gerais de Operação de
Aeronaves Civis) e seção 135.209 da RBHA 135 (Requisitos operacionais: operações
complementares e por demanda), estabelece que:
Nenhuma pessoa pode iniciar uma operação VFR em um avião, a menos que,
considerando o vento e as condições meteorológicas conhecidas, esse avião tenha
combustível suficiente para voar até o aeródromo de destino e, assumindo consumo
normal de combustível em cruzeiro:
- durante o dia, voar pelo menos mais 30 minutos, ou
- durante a noite, voar pelo menos mais 45 minutos.
Então, para simplificar o que diz o RBHA 91 e 135, teremos a seguinte regra para a
autonomia de aeronaves em voo VFR.
- durante o dia: A (origem) + B (destino) + 30 minutos
- durante a noite: A (origem) + B (destino) + 45 minutos
É importante ressaltar que a regulamentação trata apenas da autonomia da aeronave, e
nunca do alcance da mesma. A regulamentação parte do princípio de que o piloto tenha
conhecimento das condições meteorológicas e da performance da aeronave, no momento
em que calcula a autonomia da aeronave para o voo.
Durante o planejamento do voo, o piloto traça a rota do voo, calcula a distância, o
tempo previsto, o alcance da aeronave e o combustível requerido para a etapa, de acordo
com a regulamentação.
Porém, este planejamento sofre alterações quando o vento passa a ser inserido nos
cálculos de navegação. Como vimos nos capítulos anteriores, ao se deparar com um vento
de proa ou de cauda, o tempo de voo, o consumo de combustível e o alcance da aeronave
serão alterados na proporção da intensidade deste vento. E quanto maior a distância ou
duração do voo, maior será a influência do vento na navegação e no alcance da aeronave.
Estamos sendo tão incisivos no assunto relativo ao vento, pois ele afetará diretamente
os cálculos de autonomia e alcance do voo. Veja abaixo alguns exemplos para que você
possa visualizar melhor tudo o que foi dito até aqui.
Vamos supor que iremos realizar um voo no período diurno do aeroporto A até o B.
Após realizarmos um planejamento inicial chegamos aos seguintes dados:
- distância de A para B: 450nm
- velocidade de cruzeiro: 140kt (VA)
- consumo horário de combustível: 60l/h
- vento: desconhecido
Com base nestes dados preliminares, que não levam em consideração as etapas de
subida e descida, iremos calcular o tempo de voo, a autonomia mínima requerida para o
voo, o alcance da aeronave e o combustível necessário para a etapa. Todos estes cálculos
podem ser realizados através de um computador de voo, porém, não analisaremos a
forma de efetuar estes cálculos, uma vez que o capítulo anterior já discorreu sobre este
assunto.
- tempo de voo:
- combustível requerido:
Após estes cálculos levando-se em consideração o vento, obtivemos os seguintes
dados:
- tempo de voo: 04h05
- autonomia mínima: 04h35
- alcance: 504nm
- combustível requerido: 275l
Note que há uma diferença significativa entre os resultados obtidos sem e com a
influência do vento, sendo este o motivo pelo qual a regulamentação atribui ao piloto a
análise das condições meteorológicas, para que o cálculo da autonomia do voo seja o
mais preciso possível. Veja que entre um caso e outro há uma diferença de 52 minutos na
autonomia, referente ao mesmo trecho planejado.
Nestes cálculos não levamos em consideração as etapas de subida e descida, o que
torna o planejamento menos preciso. Porém, o objetivo destes cálculos era apenas
ilustrar a maneira pela qual o vento influi na navegação, tanto negativa quanto
positivamente. No próximo capítulo abordaremos todo o processo de planejamento do
voo, e voltaremos a ser mais incisivos neste assunto relacionado à autonomia do voo.
Nas páginas seguintes falaremos sobre os cálculos de navegação realizados nas três
etapas do voo: subida, cruzeiro e descida. Estes cálculos possibilitam que você faça um
planejamento mais preciso e eficaz do seu voo, evitando assim surpresas futuras quando
já em voo, o que não é nada agradável. Pois imagine você em voo de cruzeiro,
constatando que abasteceu a aeronave com alguns litros a menos de combustível!
Situação nada confortável, não é mesmo?
Subida
A fase de subida tem início após a decolagem (DEP - Departure), e encerra-se no
momento em que a aeronave atinge o nível de cruzeiro (TOC - Top of Climb). Nesta etapa
calcularemos alguns dados que farão parte do planejamento do voo, como:
- altitude a ser subida
- tempo de subida
- distância percorrida na subida
- combustível gasto na subida
VA média de subida: é a VA média durante toda a subida até o nível de cruzeiro. Para os
cálculos da VA média de subida (VAMS) assumiremos que a velocidade indicada (VI)
empregada na subida é constante. Para obter a VAMS utilizaremos os dados obtidos com
os cálculos da AMS e TMS, portanto, iremos inserir estes dados no computador de voo
para que seja obtido um resultado preciso.
Após obter a VA média de subida poderemos prosseguir com os cálculos dos outros
dados relativos à fase da subida. Inicialmente calcularemos a quantidade a ser subida,
em seguida o tempo e a distância percorrida durante a subida e, para finalizar, o
combustível gasto nesta etapa.
Altitude a ser subida: é a altitude que efetivamente iremos subir, do aeródromo de
decolagem (DEP) até o ponto de nivelamento (TOC) em cruzeiro. O cálculo é muito
simples, basta subtrairmos a altitude do aeródromo de decolagem da altitude do nível de
cruzeiro.
Agora que já analisamos todos os cálculos para a obtenção dos dados que nos serão
úteis durante a subida, vamos aos exemplos práticos, para que você possa visualizar de
uma maneira mais clara tudo o que foi visto até aqui.
Combustível gasto na subida: este cálculo é bem simples e rápido, basta realizar uma
regra de três ou utilizar o computador de voo. Utilizaremos o consumo horário de
combustível na subida e o tempo de subida, então teremos:
8-
Chegamos assim ao final de nossos cálculos de subida, e conseguimos obter todos os
dados solicitados:
Hora do nivelamento: 1114Z
Distância percorrida na subida: 19,8 nm
Combustível gasto na subida: 12,8l
Como é possível perceber, praticamente todos os dados dos cálculos de subida estão
interligados, portanto, ao calcular um determinado valor erroneamente os dados
subsequentes provavelmente também estarão errados.
Para a prova da ANAC, se ao terminar um exercício não houver resposta correta dentre
as alternativas propostas, certifique-se de que os cálculos iniciais foram realizados
corretamente, e caso haja alguma discrepância, refaça-os!
Vamos a mais um exemplo para que você possa praticar outra vez os cálculos
relacionados à fase da subida.
Combustível gasto na subida: conforme analisado, para este cálculo devemos utilizar o
consumo horário de combustível na subida e o tempo de subida.
8-
Como já foi dito, a lógica dos cálculos de descida é exatamente igual a de subida,
portanto, vamos direto aos exemplos práticos. A figura abaixo indica os valores médios
que deverão ser calculados na descida, igualmente aos calculados na subida.
Exemplo 1: para este exemplo, considerar os seguintes dados:
Altitude do aeródromo de pouso (ARR): 3.500ft
Altitude do nível de cruzeiro: FL105
Razão de descida: 500ft/min
VI de descida: 80kt
Consumo horário de combustível na descida: 30l/h
Temperatura no AD de ARR: 10°C
Vento na descida: calmo
Com base nestes dados calcule:
Tempo de descida:_______
Distância percorrida na descida:_______
Combustível gasto na descida:_______
Tempo de descida: primeiramente devemos obter a quantidade que será descida, para
isso basta subtrairmos a altitude do nível de cruzeiro pela altitude do aeródromo de
pouso.
1 - altitude a ser descida:
10.500ft (ALT do FL de cruzeiro) - 3.500ft (ALT do AD de ARR) = 7.000ft (ALT a descer)
2-
Combustível gasto na descida: este cálculo é bem simples e rápido, basta fazermos uma
regra de três, ou utilizar o computador de voo. Utilizaremos o consumo horário de
combustível na descida e o tempo de descida, então teremos:
8-
Distância percorrida na descida: para obter estes dados calcularemos a altitude média de
descida (AMD), temperatura média de descida (TMD) e VA média de descida (VAMD).
Ao obter a VA média de descida calcularemos a VS na descida para que finalmente
possamos encontrar a distância percorrida.
3 - Altitude média de descida: 200ft + 6.500ft = 6.700ft --> 6.700ft : 2 = 3.350ft
4 - Temperatura média de descida: 30° + 17,4° = 47,4° --> 47,4° : 2 = 23.7°
5 - VA média de descida: através de cálculo no computador de voo, tendo como
parâmetro a AMD e a TMD, obteve-se a VAMD = 118kt
6 - VS de descida: como o vento na descida é calmo, a VAMD e a VS de descida serão
iguais.
7 - Após todos estes cálculos finalmente calcularemos a distância percorrida.
Os cálculos relativos a esta fase do voo são mais simples do que os efetuados na subida
e descida, pois aqui não teremos que calcular valores médios, ou seja, o cálculo será
rápido e direto.
Por ser geralmente a fase mais longa do voo é importante realizarmos estes cálculos
com bastante atenção. Um erro muito acentuado nos cálculos de cruzeiro poderá refletir
no abastecimento da aeronave, e se este erro ocasionar o abastecimento da aeronave com
uma quantidade menor de combustível, você poderá se deparar com uma situação não
muito confortável.
Os dados que serão obtidos com os cálculos da fase de cruzeiro são:
- distância percorrida em cruzeiro
- tempo de voo em cruzeiro
- combustível gasto em cruzeiro
Os cálculos relativos a esta fase do voo são realizados somente após os cálculos de
subida e descida, pois só após a obtenção do TOC e do TOD é possível determinar os
dados do voo em cruzeiro.
Como já foi dito anteriormente, de um modo geral todos os cálculos de navegação são
interligados entre si, pois observe que os cálculos do TOC e do TOD terão influência
direta com os cálculos do voo em cruzeiro.
Distância percorrida em cruzeiro: é a distância que a aeronave permanecerá em voo
reto e nivelado, esta distância é medida entre o TOC e o TOD.
Durante a plotagem da rota na carta aeronáutica, obtém-se a distância total do voo. Em
seguida, durante os cálculos do planejamento da navegação, obtém-se a distância da
decolagem até o TOC, e do TOD até o pouso. Só após a obtenção destes dados, é possível
calcular a distância percorrida em cruzeiro.
Portanto, a distância percorrida em cruzeiro é igual a distância total do voo, menos a
distância da DEP até o TOC, e do TOD até o ARR. Então teremos:
A figura acima ilustra a distância do voo em cruzeiro, que fica compreendida entre o
TOC e o TOD.
Tempo em voo de cruzeiro: é o tempo que a aeronave permanecerá em voo reto e
nivelado do TOC até o TOD. Para realizar este cálculo presumiremos que a velocidade é
constante durante toda esta fase do voo. Este cálculo pode ser realizado através do
computador de voo ou através de uma regra de três simples. Os dados utilizados neste
cálculo são: velocidade no solo (VS) e distância percorrida em cruzeiro.
Para obter a VS em cruzeiro é necessário calcularmos a VA de cruzeiro. Para obter a VA
precisaremos calcular a temperatura no nível de cruzeiro, realizando aquela regra de
redução de 2°C para cada 1.000ft em subida.
Em seguida, basta inserir no campo adequado do computador de voo a VI e a
temperatura no FL de cruzeiro, para se obter a VA.
Combustível gasto em cruzeiro: é o combustível gasto na etapa do voo de cruzeiro. Este
cálculo pode ser realizado através de um computador de voo ou através de uma regra de
três simples. Os dados utilizados neste cálculo são: tempo de voo em cruzeiro e consumo
horário de combustível em cruzeiro.
Como é possível perceber, os cálculos para o voo de cruzeiro são bem simples,
portanto, vamos praticar!
Combustível gasto em cruzeiro: para obter este dado utilizamos as seguintes informações:
consumo horário de combustível em cruzeiro e tempo de voo em cruzeiro.
6-
Através destes cálculos, obtivemos todos os dados solicitados:
Distância percorrida em cruzeiro: 275nm
Tempo de voo em cruzeiro: 02h00
Combustível gasto em cruzeiro: 100l
Um voo tem início muito antes de a aeronave dar início ao acionamento dos motores.
Até a chegada deste momento há uma preparação e um planejamento intenso para que o
voo possa ser executado com eficiência e segurança. Um voo sem um planejamento
adequado já se inicia de uma maneira errada, pois o piloto sai para o voo sem ter o amplo
conhecimento do que poderá encontrar pela frente.
O planejamento de um voo não se limita à navegação aérea, este é apenas mais um dos
elementos que fazem parte deste planejamento. Porém, como o objetivo principal deste
livro é a navegação aérea por instrumentos nos aprofundaremos mais neste assunto.
Ao longo deste capítulo faremos uma análise dos principais aspectos que envolvem o
planejamento de um voo, dando mais ênfase aos tópicos relacionados à navegação aérea,
e, abordando de forma mais ampla a estrutura geral de um voo. Este capítulo é mais
voltado à parte prática do voo, e não tanto ao aspecto teórico da navegação cobrado na
prova da ANAC.
Inicialmente analisaremos as condições da tripulação e da aeronave, aspectos
essenciais para o início de qualquer voo. Em seguida faremos a análise da meteorologia
relativa à rota prevista e aos aeródromos envolvidos. Passaremos então a parte prática do
planejamento, onde traçaremos a rota do voo e realizaremos os cálculos de navegação.
Para finalizar abordaremos os planos de contingência, para que o piloto esteja preparado
para adotar uma ação correta, no que diz respeito à navegação, numa eventual situação
anormal que venha a ocorrer durante o voo.
Na última parte deste capítulo faremos um voo simulado entre dois aeroportos, e
durante esta simulação realizaremos todo o processo de planejamento que antecede um
voo, desde a conferência da documentação dos tripulantes até a análise dos aeródromos
envolvidos. Esta simulação lhe dará uma noção mais ampla de todo o processo que
envolve esta etapa.
Condição da tripulação
A primeira análise antes da realização de qualquer voo é a condição da tripulação
envolvida no voo. Primeiramente você deve ter ciência da validade de suas carteiras e das
dos demais membros que compõem a tripulação, mais especificamente a validade do
CHT e do CMA. Através do site da ANAC (www.anac.gov.br) é possível verificar a
validade destas carteiras.
É proibido voar com qualquer uma destas carteiras vencidas! Sempre há inspetores da
ANAC nos principais aeroportos do país que eventualmente fazem este tipo de
conferência, antes ou após um voo. Independentemente de haver inspetores ou não para
fazer esta fiscalização, não se deve iniciar um voo de forma irregular, pois além de estar
colocando em risco a sua vida, estará também expondo outras pessoas a um risco
desnecessário.
Num voo por instrumentos, principalmente na aviação geral, muitas vezes você irá
voar sozinho, sem o auxílio de outro piloto, portanto, é importante fazer uma auto
avaliação das suas condições físicas e técnicas para a condução do voo. Caso não se sinta
apto ou confiante para a realização do voo, não o faça. Há dias em que devido a algum
problema de saúde ou um problema pessoal, não estamos dispostos para a realização do
voo, portanto, se você perceber que o seu nível de concentração será afetado, opte por
adiar o voo.
Longo período sem voar também causa certa insegurança ao piloto, portanto, nestes
casos opte pela realização do voo com mais um piloto habilitado, para que você tenha
alguém para auxiliá-lo e lhe transmitir mais segurança na condução do voo.
É importante que você tenha humildade para reconhecer quando não há condições
para o voo, por qualquer que seja o motivo. Forçar uma situação poderá trazer problemas
sérios ao voo.
Veja o que deve ser analisado pela tripulação antes da realização do voo:
1 - validade do CHT e do CMA
2 - condições técnicas
3 - condições físicas e mentais
Na figura a seguir é possível visualizar a tela que abrirá no site da ANAC, para que o
piloto possa verificar a validade de suas habilitações (CHT) e do certificado médico
aeronáutico (CMA). O que estiver vencido será indicado por uma cor vermelha, alertando
o piloto sobre o vencimento de determinada habilitação. Para a realização de um voo IFR,
verifique se a sua habilitação está válida. É obrigatório portar a sua documentação
durante a realização de um voo.
Condição da aeronave
Após avaliar que a tripulação envolvida na operação está apta à condução do voo, o
piloto deverá analisar as condições da aeronave. Esta análise tem o intuito de verificar a
documentação e as condições técnicas da aeronave.
Antes do voo é sempre bom conversar com o mecânico responsável pela manutenção,
para que ele lhe transmita as condições reais da aeronave. Em seguida, você deverá
verificar o diário de bordo, para consultar possíveis reportes de falhas técnicas ocorridas
nos últimos voos.
Após a análise das condições técnicas da aeronave, você deverá consultar se a
documentação da aeronave encontra-se a bordo e se está válida e de acordo com o
previsto pela regulamentação.
É importante ressaltar que conforme a legislação vigente é de responsabilidade do
comandante do voo a verificação das condições da aeronave. Veja abaixo o que consta na
RBHA 91.
- nenhuma pessoa pode operar uma aeronave civil, a menos que ela esteja em
condições aeronavegáveis.
- o piloto em comando de uma aeronave civil é responsável pela verificação das
condições da aeronave quanto à segurança do voo. Ele deve descontinuar o voo quando
ocorrerem problemas de manutenção ou estruturais degradando a aeronavegabilidade
da aeronave.
Abaixo a documentação requerida a bordo da aeronave, de acordo com o RBHA 91:
1 - diário de bordo
2 - certificado de matrícula e certificado de aeronavegabilidade, válidos, emitidos pelo
Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB);
3 - manual de voo e lista de verificações;
4 - NSCA 3-5 e 3-71, expedidas pelo CENIPA;
5 - exceto para aeronaves operadas segundo o RBHA 121 ou 135:
(i) apólice de seguro ou certificado de seguro com comprovante de pagamento
(ii) licença de estação da aeronave
(iii) Ficha de Inspeção Anual de Manutenção (FIAM) ou registro dos últimos serviços
de manutenção que atestaram a IAM; e
6 - para aeronaves operando segundo os RBHA 121 ou 135, os documentos e manuais
requeridos pelo RBHA aplicável.
A consulta da validade do certificado de aeronavegabilidade (CA), da IAM e do seguro,
bem como a situação de aeronavegabilidade da aeronave, poderá ser consultada através
do site da ANAC na internet. Na página a seguir, é possível visualizar a imagem da tela
que abrirá no site da ANAC durante a consulta ao RAB (Registro Aeronáutico Brasileiro).
Note que há a identificação da aeronave, as suas características, a validade do CA, IAM
e seguro, e por fim a situação de aeronavegabilidade desta aeronave.
Condições meteorológicas
Como realizaremos um voo VFR, é importante consultar as condições meteorológicas
dos aeródromos envolvidos no voo e da rota traçada. É importante ressaltar que é
proibida a decolagem para a realização de um voo visual, se o aeródromo de partida ou
de destino estiver abaixo dos mínimos exigidos para voo VFR.
Inicialmente analisaremos as condições nos aeródromos de partida e destino, e em
seguida verificaremos as condições da rota.
Para as condições nos aeródromos é importante a análise do METAR e do TAF. Para a
análise das condições do aeródromo de destino é importante a análise do METAR e do
TAF, dando bastante ênfase ao TAF por se tratar de uma previsão.
Em aeródromos que não dispõem de estação meteorológica para a confecção destas
mensagens, é conveniente que você ligue para o aeródromo para verificar as
condições. Apesar de não ser uma forma oficial para a consulta, é uma maneira de você
ter uma ideia das condições meteorológicas no local de pouso.
Em seguida analisaremos as condições da rota. Para esta análise utilizaremos as
imagens de satélite, a carta SIGWX e a carta de vento, todas referentes ao nível e a região
do voo em questão.
A análise destas cartas terá influência direta sobre a escolha do nível de voo e até
mesmo sobre a navegação horizontal da aeronave, uma vez que eventuais desvios
poderão ser necessários para evitar uma área de mau tempo.
A consulta das mensagens e cartas meteorológicas poderá ser realizada na sala AIS
(em aeródromos que dispuserem desta facilidade) ou através do site da REDEMET
(www.redemet.aer.mil.br).
Na sala AIS há uma pessoa especializada em meteorologia, e no momento da
consultada das condições meteorológicas é interessante solicitar a ajuda desta pessoa,
pois ela lhe transmitirá com muita presteza e de forma clara, as informações de toda a
condição meteorológica que você encontrará ao longo da rota pré-estabelecida. Este é um
serviço muito útil e eficiente, porém utilizado por poucas pessoas, pois muitas
desconhecem a existência desta facilidade.
Análise dos aeródromos envolvidos no voo
Nesta etapa do planejamento iremos analisar as condições dos aeródromos envolvidos
na operação, mais precisamente os aeródromos de partida e destino. Para realizarmos a
análise de cada um destes aeródromos utilizaremos o ROTAER e o NOTAM.
ROTAER
O ROTAER (Manual Auxiliar de Rotas Aéreas), manual indispensável no planejamento
e na realização do voo, será utilizado para a consulta de diversas informações pertinentes
ao aeródromo, como:
- indicador de localidade
- coordenadas geográficas
- horário de operação
- dimensões e pavimento da pista
- iluminação da pista
- fuso horário do aeródromo
- telefones úteis
- tipos de combustível para o abastecimento
- frequências de auxílios-rádio
- frequências de comunicação
- informações gerais
Através dos dados obtidos no ROTAER você terá condições de analisar se este
aeródromo comporta a operação da sua aeronave. Muitas vezes, na pressa, o piloto
despreza a consulta do ROTAER, e este tipo de displicência poderá resultar numa
situação desagradável, como por exemplo, pousar num aeródromo e só depois descobrir
que não há abastecimento naquela localidade, ou durante a aproximação para o pouso
noturno, notar que aquele aeródromo não dispõe de balizamento. Situações como estas
teriam sido evitadas com uma rápida consulta ao ROTAER.
A figura abaixo ilustra a apresentação das informações de um aeródromo no ROTAER.
A análise completa destas informações poderá ser encontrada na seção inicial do
ROTAER.
NOTAM
O NOTAM (Notice to Airmen) é um aviso que contém informações relativas ao
estabelecimento, condição ou modificação de quaisquer instalações, serviços,
procedimentos ou perigos aeronáuticos, cujo pronto conhecimento seja indispensável ao
pessoal ligado à operação do voo.
É possível consultar o NOTAM das localidades desejadas através do site AIS WEB
(www.aisweb.aer.mil.br).
Definição da rota
Para o planejamento da navegação horizontal de um voo VFR, utilizaremos a carta
WAC da região a ser voada. A análise desta carta, que já foi amplamente discutida, visa o
reconhecimento da região pela qual a rota traçada irá cruzar. Durante esta análise,
verificaremos alguns aspectos da região, como:
- relevo
- obstáculos
- classificação do espaço aéreo
- possíveis áreas proibidas, restritas ou perigosas ao voo
- pontos de referência
- aeródromos disponíveis nas adjacências da rota
- declinação magnética
Após a análise destes dados, traçaremos a rota do voo, que de preferência deverá ser
uma linha reta, ligando os aeródromos de partida e destino, a fim de se percorrer a
menor distância possível. A definição da rota a ser traçada deverá levar em consideração
as condições meteorológicas, o relevo presente e os pontos de referência.
Definida a rota do voo, iremos obter alguns dados, que serão utilizados para os
cálculos de navegação, como:
- distância
- waypoints
- rumo verdadeiro (RV)
- declinação magnética (Dmg)
- rumo magnético (RM)
- correção de deriva (CD)
- proa verdadeira (PV)
- proa magnética (PM)
- desvio bússola (DB)
- proa bússola (PB)
A obtenção dos dados acima já foi analisada com detalhes nos capítulos VI e VII,
portanto, é desnecessário abordarmos novamente o cálculo destes valores.
Ao final deste capítulo será apresentado um formulário para o planejamento do voo,
onde haverá os campos apropriados para o preenchimento dos dados citados acima. Este
formulário visa facilitar o planejamento, evitando que o piloto se atrapalhe com a grande
quantidade de dados referentes à navegação do voo.
Navegação vertical
Definida a rota do voo, passaremos aos cálculos referentes à navegação vertical. Estes
cálculos visam a obtenção dos dados relativos às fases de subida, cruzeiro e descida.
Para obtermos os dados referentes à navegação vertical do voo seguiremos a sequência
abaixo:
- análise do relevo da região a ser sobrevoada
- definição da altitude ou nível de cruzeiro
- cálculos de subida
- cálculos de descida
- cálculos de cruzeiro
Análise do relevo da região a ser sobrevoada
Basicamente analisaremos os MEFs constantes nas quadrículas da carta WAC,
referente à região que sobrevoaremos ao longo da rota. A descrição e o estudo detalhado
sobre o MEF (Maximum elevation figures; Valores das Elevações Máximas) foram vistos
no capítulo VI.
Apenas para relembrar o MEF informa as elevações máximas indicadas nas quadrículas
limitadas pelas linhas graduadas de paralelos e meridianos, são representados em
milhares (algarismos grandes) e centenas (algarismos pequenos) de pés acima do nível
médio do mar.
Definição da altitude ou nível de cruzeiro
Esta escolha do nível apropriado ao voo VFR leva em consideração diversos fatores,
como:
- MEF
- performance da aeronave
- distância do voo
- teto de serviço da aeronave
- tabela de níveis de voo
- vento em cruzeiro
MEF: após a obtenção do maior MEF presente em rota, deveremos adotar uma altitude
de cruzeiro de no mínimo 1.000ft a mais do que este valor, o que nos garante uma
separação segura dos obstáculos presentes ao longo da rota.
Performance da aeronave: para a performance da aeronave deveríamos analisar alguns
gráficos e tabelas para que tivéssemos informações suficientes para determinar o nível de
voo ideal, porém, este assunto será visto com detalhes no livro de teoria de voo. Nos
exemplos aqui adotados, partiremos do princípio que a aeronave está operando dentro
dos limites operacionais, inclusive do teto de serviço, estipulados pelo fabricante.
Distância do voo: vamos supor que o teto de serviço da aeronave seja de 14.000ft, e
após a análise da performance, percebe-se que esta aeronave tem condições de operar
neste nível de voo. Porém, vamos supor que a distância entre o aeródromo de origem e
destino seja de 70nm, e a aeronave adote 500ft de razão tanto para subir quanto para
descer. Isso quer dizer que, muito provavelmente, a aeronave irá atingir o ponto ideal de
descida antes de atingir o nível de voo desejado (FL140), pois a distância do voo é
extremamente curta. Este tipo de situação é muito comum em voos de curta distância,
como na ponte-aérea Rio-São Paulo, por exemplo.
Tabela de níveis de voo: exceto quando autorizado pelo órgão ATC os voos IFR em nível
de cruzeiro serão efetuados em um nível apropriado à rota, de acordo com a tabela de
níveis de cruzeiro, em função do rumo magnético. Veja abaixo a tabela de níveis de voo
IFR.
Vento em cruzeiro: para verificar o vento em rota, o piloto deverá analisar a carta de
vento do nível no qual deseja realizar o voo. De um modo geral, as aeronaves que fazem
uma navegação visual, realizam o voo a uma altitude relativamente baixa, e a variação de
vento entre estes níveis não é tão acentuada. Porém, este tipo de análise é realizada com
mais afinco em voos de longa distância e para aeronaves de grande performance, que
adotam níveis elevados, onde a variação de vento entre os níveis é mais significante.
Logo, para os voos visuais, o vento em cruzeiro apresenta pouca variação, não sendo o
principal fator para a escolha do nível de cruzeiro do voo.
Cálculos de subida, cruzeiro e descida
Estes cálculos visam obter os dados relativos às fases de subida, cruzeiro e descida, ou
seja, os dados da navegação vertical. A análise destes cálculos já foi amplamente
abordada no início deste livro, logo, não se faz necessário relembrarmos novamente este
assunto.
Após estes cálculos já teremos os dados gerais da navegação, dados estes que deverão
ser levados para o voo para que possam ser conferidos no decorrer da viagem. Esta
conferência visa à análise entre o que foi planejado e o que está sendo executado, e de
acordo com o cross-check destas informações você deverá readequar a navegação e os
estimados.
Autonomia
Com base nos dados obtidos no tópico anterior, após a definição da rota, já teremos
informações suficientes para o calculo da autonomia do voo.
Para o cálculo da autonomia mínima do voo consideraremos o que está previsto na
regulamentação, mais precisamente na RBHA 91 e 135, veja:
- durante o dia: A (origem) + B (destino) + 30 minutos
- durante a noite: A (origem) + B (destino) + 45 minutos
Portanto, após obtermos o tempo do voo, do aeródromo de destino ao aeródromo de
partida, iremos calcular a autonomia. Somaremos a reserva de 30 minutos ao tempo do
voo, caso o voo seja realizado no período diurno. E somaremos a reserva de 45 minutos
ao tempo do voo, caso o voo seja realizado no período noturno.
O valor obtido com esta soma corresponde à autonomia mínima regulamentar para
que o voo possa prosseguir conforme a regulamentação vigente.
Cálculo de combustível
Após definida a autonomia do voo, teremos condições de efetuar o cálculo do
combustível requerido para a etapa. Este cálculo leva em consideração o consumo horário
de combustível do motor, para as diversas fases do voo.
Portanto, o combustível mínimo para o voo será:
- combustível para a etapa (A + B)
- combustível de reserva para se voar mais 30 minutos (diurno) ou 45 minutos
(noturno)
Você poderá abastecer a aeronave com uma quantidade de combustível superior a
mínima regulamentar, desde que, de acordo com os cálculos de peso e balanceamento da
aeronave, haja disponibilidade para se adicionar mais peso.
Preenchimento do plano de voo
Este tópico não tem como objetivo ensiná-lo a preencher todos os campos de um plano
de voo, algo que é analisado com detalhes no livro de regulamento de tráfego aéreo.
Analisaremos aqui, os campos que utilizarão os dados obtidos após o planejamento da
navegação do voo, veja:
1 - velocidade aerodinâmica da aeronave em voo de cruzeiro. Pode ser expressa das
seguintes formas:
- nós (kt), forma mais comum. Para o correto preenchimento utilizar a letra “N” e
posteriormente os 4 números que indicarão a velocidade. Ex.: N0110 ou N0090.
- quilômetros por hora (km/h). Para o correto preenchimento utilizar a letra “K” e
posteriormente os 4 números que indicarão a velocidade. Ex.: K0220 ou K0160.
- número Mach, forma mais utilizada em aeronaves de maior performance. Para o
correto preenchimento utilizar a letra “M” e posteriormente os 3 números que indicarão
a velocidade. Ex.: M078 ou M100
2 - nível de cruzeiro do voo. Para o correto preenchimento utilizar a letra “F” e
posteriormente os 3 números que indicarão o nível de voo escolhido. Ex.: F145 ou F075. Se
o voo for realizado a uma altitude inferior a 3.000 pés, deverá ser inserida a sigla VFR.
3 - rota do voo. Indicar a rota que a aeronave pretende seguir. Para um voo direto
(numa FIR), este campo poderá ser preenchido com a sigla DCT.
4 - tempo de voo. Preencher com o tempo estimado do voo, de acordo com o
planejamento do mesmo.
5 - autonomia da aeronave. Preencher este campo com a autonomia da aeronave, com
base no combustível abastecido. Esta autonomia não deverá ser inferior a mínima
regulamentar, conforme estabelecido pelo RBHA.
Plano de contingência
Se durante o voo algo fora do programado ocorrer, o que fazer? Para que no instante
em que ocorra algo de anormal no voo você não perca tempo em excesso para responder
a esta pergunta, é conveniente que durante o planejamento do voo já se tenha em mente
as possíveis decisões a serem adotadas, para os problemas de mais provável ocorrência,
como por exemplo:
- falha do motor em rota ou após a decolagem;
- fechamento do aeródromo de destino por um motivo qualquer;
- consumo de combustível superior ao previsto; e
- condições meteorológicas abaixo dos mínimos.
Vamos supor que num voo de 4 horas, após a primeira hora a pressão do óleo do motor
começa a cair gradativamente, aproximando-se da faixa vermelha, o que fazer? Aguardar
mais 3 horas para que após o pouso no destino o motor possa ser inspecionado, ou,
pousar no aeródromo que se encontra a poucas milhas do local que está sendo
sobrevoado no momento?
Creio que a atitude mais sensata seja a decisão pelo pouso no aeródromo próximo à
posição atual da aeronave, pois se a pressão já caiu a ponto de se aproximar da faixa
vermelha, esperar mais 3 horas para verificar o que está ocorrendo com este motor é
apostar demais na sorte.
Se este piloto não tivesse feito um bom planejamento do voo, localizando os
aeródromos disponíveis ao longo da rota, ele perderia tempo em excesso tentando
encontrar algum aeródromo adequado e disponível, enquanto deveria estar concentrado
nos procedimentos operacionais relativos à pane em questão.
Outra situação que muitas vezes requer uma mudança no voo é a degradação das
condições meteorológicas no aeródromo de destino.
Fica evidente que devemos nos antecipar, pois quando um eventual problema ocorrer
não precisaremos perder tanto tempo no que diz respeito à navegação do voo.
Durante o planejamento do voo é importante que você analise os seguintes dados, que
poderão ser úteis numa eventual situação anormal:
- aeródromos adequados ao pouso disponíveis ao longo da rota traçada;
- aeródromos adequados ao pouso para o caso do aeródromo de destino estar fechado e
a aeronave precisar alternar;
- aeródromos que dispõem de abastecimento de combustível apropriado ao motor da
aeronave; e
- procedimentos IFR disponíveis nos aeródromos citados acima.
Quanto mais informações você dispuser mais fácil será a tomada de decisão numa
eventual situação fora do programado, pois haverá mais elementos para embasar a
atitude que vier a ser adotada.
Simulando o planejamento do voo
Nesta última parte deste capítulo realizaremos o planejamento de um voo simulado,
para que possamos colocar em prática tudo aquilo que foi explanado ao longo deste
capítulo. Tudo será analisado como se estivéssemos realmente nos preparando para a
realização de um voo.
2 - Após obtermos o tempo de subida, basta adicionar este valor à hora de decolagem,
para obtermos a hora do nivelamento.
1000Z (hora de DEP) + 0021 (tempo de subida) = 1021Z (hora do nivelamento)
Distância percorrida na subida: este cálculo é um pouco mais trabalhoso, pois
precisaremos calcular diversos dados como: altitude média de subida, temperatura
média de subida e VA média de subida. Ao obtermos a VA média de subida calcularemos
a VS na subida para que finalmente possamos encontrar a distância percorrida. Então
teremos:
3 - Altitude média de subida: 33ft + 8.500ft = 8.533ft --> 8.533ft : 2 = 4.266ft
4 - Temperatura média de subida: 28° + 11° = 39° --> 39° : 2 = 19.5°
O valor 11° obtivemos através daquela razão que indica queda de 2°C para cada 1.000ft
que subimos. Logo, como subiremos 8.467ft, haverá uma queda de 17°C na temperatura
(28° - 17° = 11°).
5 - VA média de subida: através de cálculo no computador de voo, tendo como
parâmetro a AMS e a TMS, obteve-se a VAMS = 96 kt
6 - VS de subida: considerando a VAMS = 96kt e vento na subida = 150/10, obteremos
através do cálculo no computador de voo a VS = 92kt
7 - Após todos estes cálculos finalmente calcularemos a distância percorrida.
Combustível gasto na subida: este cálculo é bem simples e rápido, basta realizarmos uma
regra de três simples ou utilizar o computador de voo. Utilizaremos o consumo horário
de combustível na subida e o tempo de subida, então teremos:
8-
Combustível gasto na descida: este cálculo é bem simples e rápido, basta realizarmos
uma regra de três simples ou utilizar o computador de voo. Utilizaremos o consumo
horário de combustível na descida e o tempo de descida, então teremos:
8-
6 - Plano de contingência
Analisaremos os seguintes dados que poderão ser úteis numa eventual situação
anormal:
- aeródromos adequados ao pouso, disponíveis ao longo da rota traçada.
- aeródromos adequados ao pouso, para o caso do aeródromo de destino estar fechado,
e a aeronave precisar alternar.
- aeródromos que dispõem de abastecimento de combustível apropriado ao motor da
aeronave.
- relevo nas adjacências dos aeródromos citados acima.
Utilizaremos a carta WAC e o ROTAER para encontrarmos as informações descritas
acima. Na página a seguir temos a carta WAC referente ao trecho a ser sobrevoado, com
as devidas anotações dos aeródromos que poderão ser utilizados numa eventual situação
anormal ou de emergência.
Os aeródromos e as informações descritas após esta análise você deve anotar nos seus
papéis relativos aos dados do planejamento do voo, pois caso seja necessário consultar
estas informações você terá fácil acesso a elas.
O conteúdo deste capítulo não faz parte do programa teórico para o curso de piloto
privado estipulado pela ANAC, não sendo requisitado na prova teórica para a obtenção
do CCT de piloto privado.
Achamos conveniente a inclusão deste capítulo para que o aluno, e futuro piloto, possa
ter a noção básica a respeito dos principais instrumentos de navegação utilizados
atualmente.
Num voo visual, o piloto tem referência visual com toda a superfície do terreno,
possibilitando a separação de obstáculos, a percepção dos movimentos e atitude da
aeronave, e através de uma simples bússola é capaz de efetuar uma navegação.
Porém, é sabido que a natureza está em constante mudança, então é muito comum o
piloto se deparar com condições meteorológicas que restrinjam o seu contato com o
horizonte. Sob estas circunstâncias, todo aquele imenso horizonte desaparece, e o piloto
se vê obrigado a utilizar os instrumentos de voo e de navegação para manter a aeronave
num voo seguro e estável.
O voo IFR não é obrigatoriamente realizado em condições meteorológicas adversas,
muito pelo contrário, devemos entender como voo IFR aquele voo em que o piloto se
baseia exclusivamente na leitura dos instrumentos e cartas presentes a bordo da
aeronave, dispensando as referências visuais externas para a navegação.
Este capítulo tem como objetivo transmitir ao leitor os aspectos básicos dos
instrumentos de navegação, como o ADF, VOR, ILS e DME, além de uma rápida análise
das cartas utilizadas num voo IFR.
ADF
Criado na década de 20, o ADF (Automatic Direction Finder) é um dos meios de
navegação mais antigos e simples ainda em uso na aviação.
O ADF é um rádio receptor instalado no painel da aeronave que capta as ondas de
baixa frequência não direcionais, na faixa compreendida geralmente entre 190 a 535 kHz
emitidas por um rádio farol NDB (No Directional Beacon), ou ondas na faixa de 190 a
1750 kHz emitidas por uma Emissora AM (Broadcast). A identificação de um NDB é
fornecida por um sinal audível em código Morse, constando de duas ou três letras,
emitidas periodicamente a pequenos intervalos.
Por emitir ondas não direcionais, o NDB torna o ADF um instrumento de navegação de
não precisão, uma vez que mudanças na direção nas ondas emitidas pelo NDB podem
sofrer alterações por diversos fatores, como efeito noturno, montanha, atmosférico ou
efeito de costa.
Estes fatores aliados às ondas não direcionais reduzem a eficácia e precisão do NDB,
de modo que ele vem sendo utilizado em alguns países, como os Estados Unidos, apenas
como marcador do sistema ILS. No Brasil o NDB ainda é utilizado para balizar
procedimentos IFR, principalmente em aeroportos com pouco fluxo de tráfego aéreo.
A figura abaixo mostra o princípio de funcionamento do ADF. O ponteiro do ADF
sempre apontará para a estação NDB, ou seja, a indicação do ponteiro depende da proa
da aeronave. Através das indicações do ponteiro podemos saber se estamos nos
aproximando, afastando, passando ao lado, enfim, saber a posição da aeronave em
relação ao NDB.
Se no ADF do tipo limbo móvel manual é necessário ajustar o ADF toda vez que a proa
é alterada, com o RMI este processo é feito automaticamente. Por ser acoplado ao HSI ou
ao giro direcional, o RMI indica automaticamente a proa atual da aeronave, desta
maneira o ponteiro sempre indicará o QDM ou
QDR, sem a necessidade do ajuste constantemente do instrumento, minimizando a
carga de trabalho do piloto e aumentado a consciência situacional.
O RMI recebe os sinais tanto de um NDB quanto de um VOR, deste modo, cada
ponteiro terá uma função, um receberá os sinais do NDB e outro do VOR. Nos modelos
atuais cabe ao piloto selecionar a função de cada ponteiro, podendo optar tanto pelo
NDB quanto pelo VOR, de acordo com a necessidade.
Para que o ADF capte a frequência do NDB é necessário sintonizá-la no painel
apropriado, conforme indicado pela figura abaixo.
Bloqueando o NDB
Bloquear um NDB significa passar na vertical (sobre) desta estação. Algumas
considerações devem ser feitas sobre o bloqueio de um NDB, visto que durante o
bloqueio a aeronave estará sobrevoando o “cone de silêncio”.
Marcação relativa
Marcação relativa é o ângulo formado (sentido horário) entre o eixo longitudinal (proa)
da aeronave e a linha da estação.
Na figura a seguir o ponteiro está apontando para o 3 (MR = 030°), o que significa que o
NDB está 30° a direita da aeronave, então, se o piloto desejar aproar este NDB deverá
realizar curva à direita para uma proa 30° maior que a atual.
A figura abaixo ilustra claramente o que foi dito, e exibe a diferença entre marcação
relativa e marcação magnética, que será explicada em seguida.
Vamos analisar o exemplo acima. A aeronave está mantendo a proa magnética 030°
com a MR=060° e o QDM=090°. Logo, se o piloto quiser aproar o NDB deverá curvar 60° à
direita e estabilizar a aeronave na proa 090°, visto que o QDM é o 090°. Chegamos a
seguinte conclusão:
QDM = PROA + MARCAÇÃO RELATIVA
Linha de posição (QDR)
A linha de posição (QDR) é a linha a partir do NDB, sobre a qual está o avião, medida a
partir do norte magnético. A linha de posição é oposta a da marcação magnética. Veja a
maneira mais fácil de diferenciarmos o QDM do QDR:
RMI (Radio Magnetic Indicator; Indicador Rádio Magnético): este instrumento já foi
visto no tópico sobre o ADF, onde foi comentado apenas as suas funções em relação
aquele instrumento, agora será explicado o seu funcionamento para o VOR. Num
instrumento RMI, com o ponteiro operando em VOR, este apontará sempre para a
estação VOR, de forma semelhante ao ADF. A cauda do ponteiro indicará a radial e a
ponta indicará o curso para o VOR.
Radial
Radial é um rumo magnético que parte do transmissor VOR. Ao todo são 360 radiais
que o piloto poderá utilizar para se aproximar ou afastar de um VOR. Um exemplo bem
simples e muito utilizado para definir o conceito de uma radial é a roda da bicicleta, onde
os raios representam as radiais e o eixo o VOR.
A figura abaixo ilustra um transmissor VOR (localizado ao centro) e as radiais partindo
dele, e dois aviões para exemplificar a maneira pela qual deve ser interpretada a leitura
de uma radial num instrumento VOR.
O avião (1) se aproxima do VOR pelo curso 360 (radial 180), note que a seta do
indicador TO/FROM está para frente (TO), o CDI centralizado e o curso selecionado no
índice de topo é o 360 (N).
O avião (2) se afasta do VOR pelo curso 150 (radial 150), a seta do indicador TO/FROM
está para trás (FROM), o CDI centralizado e o curso selecionado no índice de topo é o
150.
Indicações do instrumento VOR
Abaixo todas as possíveis indicações de um receptor VOR. São seis aeronaves, cada
uma delas em setores diferentes de um VOR, as aeronaves 1, 2 e 3 estão se afastando do
VOR, enquanto as aeronaves 4, 5 e 6 estão se aproximando.
Aeronave 1: está mantendo a proa 360° (N), com o curso 360 selecionado no índice topo,
o CDI a direita e o indicador TO/FROM apontando para trás, portanto a aeronave está se
afastando à esquerda da radial 360 e caso ela mantivesse esta proa se afastaria do VOR
paralela à radial 360. Para interceptar a radial 360 seria necessário realizar curva à direita
para uma proa maior que a radial selecionada.
Aeronave 2: está mantendo a proa 360° (N), com o curso 360 selecionado no índice topo,
o CDI centralizado e o indicador TO/FROM apontando para trás, portanto a aeronave
está se afastando exatamente na radial 360.
Aeronave 3: está mantendo a proa 360° (N), com o curso 360 selecionado no índice topo,
o CDI à esquerda e o indicador TO/FROM apontando para trás, portanto a aeronave está
se afastando a direita da radial 360 e caso ela mantivesse esta proa se afastaria do VOR
paralela à radial 360. Para interceptar a radial 360 seria necessário realizar curva à
esquerda para uma proa menor que a radial selecionada.
Aeronave 4: está mantendo a proa 360° (N), com o curso 360 selecionado no índice topo,
o CDI à direita e o indicador TO/FROM apontando para frente. Portanto a aeronave está
se aproximando a esquerda da radial 180, caso ela mantivesse esta proa passaria a
esquerda do VOR.
Aeronave 5: está mantendo a proa 360° (N), com o curso 360 selecionado no índice topo,
o CDI centralizado e o indicador TO/FROM apontando para frente. Portanto a aeronave
está se aproximando exatamente na radial 180, e se mantiver esta proa bloqueará o VOR.
Aeronave 6: está mantendo a proa 360° (N), com o curso 360 selecionado no índice topo,
o CDI à esquerda e o indicador TO/FROM apontando para frente, portanto a aeronave
está se aproximando a direita da radial 180, se mantiver esta proa passará a direita do
VOR.
Além dessas seis indicações, há outra, que ocorre durante o bloqueio do VOR.
Analisaremos o bloqueio nas páginas seguintes.
É comum que neste momento surja a seguinte dúvida, por que as aeronaves 4, 5 e 6
estavam se aproximando pela radial 180, mas com o índice topo ajustado no curso 360?
Antes de responder a esta pergunta, vamos analisar a figura a seguir.
A aeronave 1 está se aproximando do VOR pela radial 180 com o curso 360 selecionado.
A aeronave 2 está se afastando do VOR pela radial 180 com o curso 180 selecionado no
índice topo.
Concluímos que quando o indicador TO/FROM estiver com a seta para trás (FROM), o
curso selecionado no índice topo coincide com a radial. E quando o indicador TO/FROM
estiver com a seta para frente (TO), o curso selecionado no índice topo será recíproco a
radial, que neste caso será lida no índice de 180°. Resumindo, sempre devemos voar
olhando para o curso selecionado no índice topo e não para a radial, e através do
indicador TO/FROM saberemos se estamos nos aproximando ou afastando do VOR.
Bloqueando o VOR
Assim como no ADF, o VOR também possui algumas indicações que acusam o
bloqueio da estação, são elas: o indicador TO/FROM indicará OFF e o CDI se moverá para
um dos lados do receptor VOR.
Na figura abaixo temos a aeronave (1) mantendo a proa 090° e se aproximando do VOR
pelo curso 090 (radial 270). A aeronave (2) está mantendo a proa 090° já no bloqueio do
VOR, note que o CDI se moveu para o lado e o indicador TO/FROM passou a indicar OFF
(barra hachurada). A aeronave (3) está mantendo a proa 090° e após o bloqueio se afasta
do VOR pelo curso 090 (radial 090).
Componentes do ILS
Transmissor do localizador (LLZ - Localizer): é um transmissor VHF altamente
direcional que fica localizado na cabeceira oposta à do pouso. Fornece rádio frequência
(entre 108.10 e 111.96 MHz), transportando sinais de 90 e 150 Hertz, destinados a fornecer
no espaço aéreo o curso do localizador, ou o curso da direção da linha central (eixo) da
pista. Estes sinais são captados pelo receptor de bordo que interpreta e transmite o
resultado ao ponteiro vertical (CDI). Por ser VHF, seu alcance irá variar de acordo com a
distância e a altitude. A figura abaixo exibe o alcance padrão do localizador.
Transmissor da rampa eletrônica de planeio (GS - Glide Slope): é um transmissor UHF
que transmite sinais de modulação de 90 e 150 Hertz. Esses sinais são captados pelo
receptor de bordo, que os interpreta e transmite o resultado ao ponteiro horizontal (GSI).
A finalidade do GS é indicar o ângulo ideal (rampa) de descida até o pouso. O ângulo
padrão do GS é de 3°, no entanto, este valor exato pode ser encontrado na carta do
procedimento.
Este capítulo, assim como o anterior, não faz parte do conteúdo programático da
ANAC para o curso de piloto privado.
Achamos conveniente a inclusão deste capítulo, pois o GPS tem se tornado um grande
aliado do piloto no auxílio à navegação do voo, aumentando a precisão do voo e
minimizando possíveis erros na determinação do posicionamento da aeronave.
Durante este capítulo faremos uma abordagem rápida sobre as principais
características deste equipamento, sem nos aprofundarmos nos detalhes técnicos e no
manuseio do aparelho de bordo.
Inicialmente desenvolvido pelos Estados Unidos para fins militares, o GPS se tornou
totalmente disponível para o uso civil no fim dos anos 80, e desde então tem se
popularizado cada vez mais, devido a sua facilidade de uso, baixo custo e precisão.
Para a aviação o GPS é um importante equipamento que permite ao piloto saber com
precisão a exata posição da aeronave na superfície terrestre, facilitando a navegação e
diminuindo a carga de trabalho na cabine.
Aparelhos de GPS portáteis, que custam pouco mais de R$2.000,00, permitem ao piloto
de uma aeronave de
pequeno porte realizar um voo visual com grande precisão, pois terá uma quantidade
muito maior de informações para a determinação de seus estimados e para a localização
da posição da aeronave ao longo da rota estipulada.
Princípios de funcionamento
O GPS (Global Positioning System/Sistema de Posicionamento Global) é um sofisticado
sistema eletrônico de navegação mantido pelo Departamento de Defesa dos Estados
Unidos (DoD - Department of Defense), que consiste em uma rede de no mínimo 24
satélites NavStar em 6 planos orbitais a aproximadamente 20.200km da Terra, que
possibilitam, através da comparação dos sinais desta rede, computar com extrema
precisão a posição (latitude e longitude) e a altitude da aeronave na superfície terrestre.
Apesar da complexidade dos equipamentos que compõem este sistema, os princípios
básicos de funcionamento da navegação por satélite são simples, pois todo o sistema tem
como base a triangulação dos satélites, cujos sinais são captados através dos receptores.
Esta constelação de satélites visa garantir um mínimo de quatro satélites disponíveis
para prover informações ao equipamento de bordo da aeronave. Ao obter os sinais de
três satélites (modo 2D) o aparelho receptor já é capaz de determinar o correto
posicionamento, porém, ao receber os sinais de quatro ou mais satélites (modo 3D), este
receptor passa a ter condições de determinar com maior rapidez e precisão o
posicionamento e também a altitude da aeronave.
O sistema GPS consiste basicamente de três partes:
- segmento espacial (SS): um complexo sistema de satélites orbitando ao redor da Terra.
- segmento de controle (CS): estações rastreadoras localizadas em diferentes pontos da
Terra, que monitoram os movimentos orbitais dos satélites e checam eventuais
anormalidades.
- segmento do usuário (US): os aparelhos receptores GPS, utilizados pelos usuários.
Possíveis erros
Alguns fatores podem degradar os sinais GPS e afetar a sua precisão, conforme listado
abaixo:
- atrasos na ionosfera e troposfera: os sinais dos satélites diminuem de intensidade à
medida que atravessam a atmosfera. No entanto, o sistema é capaz de calcular uma
média do atraso para corrigir parcialmente esse tipo de erro.
- erros de órbita: também conhecidos como erros de efeméride, os erros de órbita
representam erros nas informações das posições dos satélites.
- erros do relógio do receptor: o relógio interno do receptor não é tão preciso quanto o
relógio atômico dos satélites GPS. Assim, podem ocorrer pequenos erros na medição do
tempo.
- número de satélites visíveis: quanto mais satélites um receptor GPS puder visualizar,
melhor será a precisão. Prédios, terrenos, interferências eletrônicas ou uma cobertura
densa de uma floresta, por exemplo, podem bloquear a recepção do sinal, causando erros
de posição ou possivelmente nenhuma leitura de posição no receptor. As unidades GPS
geralmente não funcionam dentro de casas ou outras coberturas, debaixo d’água ou da
terra.
- geometria dos satélites: refere-se à posição relativa dos satélites a qualquer hora. A
geometria ideal dos satélites é alcançada quando estes estão localizados em grandes
ângulos em relação a outros satélites. Uma geometria ruim de satélites ocorre quando
estão alinhados em linha reta ou num grupo muito unido.
- sinal com caminhos múltiplos: ocorre quando o sinal GPS é refletido por objetos como
prédios altos ou montanhas, antes de alcançarem o receptor. Isto aumenta o tempo que o
sinal leva do satélite até o receptor, causando erros.
O único erro sobre o qual o usuário tem algum controle é o relacionado a antena do
receptor. Muitas vezes, por desconhecimento ou descuido, o usuário posiciona de
maneira inadequada a antena do seu receptor GPS, ocasionando problemas na recepção
dos sinais e ineficiência na operação do aparelho. Portanto, é conveniente posicionar a
antena para que o ângulo de visão seja o máximo possível, evitando que a mesma
encontre-se em locais que possam obstruir a recepção do sinal.
O uso do GPS num voo visual
Cada vez mais o GPS vem sendo utilizado em voo pelos pilotos, pelos motivos que já
foram citados, inclusive nos voos visuais onde há certa deficiência na determinação exata
da posição da aeronave em relação à superfície terrestre.
A disponibilidade do GPS portátil, permitiu ao piloto utilizá-lo nos voos em aeronaves
de pequeno porte, é comum o piloto ir voar um “Paulistinha” e ter a bordo este moderno
equipamento de auxílio a navegação.
Num voo visual, como já foi visto, o piloto faz o planejamento do voo em cima de
estimados, e quando em voo, confere estes dados com os dados reais, para estipular o
posicionamento da aeronave. Com o GPS o piloto pode plotar, dependendo do modelo do
aparelho utilizado, os waypoints ao longo da rota e utilizar as informações obtidas pelo
receptor do GPS para se manter na rota planejada, e obter com precisão a posição da
aeronave.
Pela enorme facilidade que o GPS traz ao piloto, é comum o negligenciamento da
navegação visual em si, adotando este equipamento como única fonte de informação
sobre o posicionamento da aeronave. O problema de se utilizar o GPS como fonte
exclusiva para a navegação visual, é que na grande maioria das vezes o piloto fica tão
dependente deste equipamento, que numa eventual interrupção de seu funcionamento,
este piloto não será capaz de determinar a localização aproximada da aeronave para dar
prosseguimento à navegação.
Este é o motivo pelo qual sugerimos que o piloto sempre faça um cross-check das
informações, ou seja, compare os dados obtidos através do GPS com os dados do
planejamento da navegação. Este simples procedimento permitirá que você tenha uma
percepção mais clara sobre a sua localização, e se por algum motivo você deixar de
receber as informações do GPS, terá a sua navegação convencional para orientá-lo na
condução do voo até o seu destino, sem nenhum susto ou equívoco.
O que queremos mostrar é que principalmente na fase inicial do seu treinamento, é
importante que você não fique tão dependente deste equipamento, e aprenda a navegar
utilizando as técnicas que lhe foram apresentadas sobre o planejamento e a condução de
um voo visual. É importante que você crie o hábito de planejar a navegação e o voo, e não
apenas chegar no avião ligar o GPS, inserir o destino e pronto!
O planejamento, o constante cross-check de informações e o uso do GPS, tornarão a
sua navegação visual precisa e segura, dando a você total confiança na condução da
navegação da aeronave.
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EXERCÍCIOS
Neste capítulo você terá a oportunidade realizar diversas questões referentes aos
assuntos abordados neste livro. São aproximadamente 300 questões no formato das
questões da prova teórica da ANAC, divididas por capítulos.
Recomendamos também que você pratique através do livro “Simulado de Provas para
Piloto Privado”, também da Editora Bianch Pilot Training. São aproximadamente 2.000
questões, no formato de prova, relativas às cinco matérias que compõe a prova teórica da
ANAC.
Métodos de navegação
01) O processo de navegação onde o piloto utiliza referências terrestres como rios,
lagos, ferrovias, etc., é conhecida como:
a) navegação estimada
b) navegação visual
c) navegação astronômica
d) navegação eletrônica
02) O processo de navegação onde o piloto utiliza instrumentos como VOR e ADF, é
conhecido como:
a) navegação visual
b) navegação por satélite
c) navegação eletrônica
d) radionavegação
03) O processo de navegação no qual o piloto se orienta através das estrelas e do Sol, é
denominado:
a) navegação celestial
b) navegação por satélite
c) navegação eletrônica
d) radionavegação
02) Quando uma esfera é dividida em duas partes desiguais, por um plano que não
passa pelo centro da esfera, este plano é denominado:
a) círculo máximo
b) meridiano
c) raio máximo
d) círculo menor
07) O círculo máximo perpendicular ao eixo polar da Terra, cuja principal finalidade é
dividir a Terra em hemisfério norte e sul, é conhecido como:
a) linha do Equador
b) Meridiano 180°
c) Greenwich
d) Capricórnio
08) Qual das latitudes abaixo está expressa corretamente?
a) 20°N
b) 120°W
c) 020°E
d) 020°86´S
04) O acessório utilizado para a obtenção da direção, numa carta aeronáutica é a(o):
a) bússola
b) compasso
c) transferidor
d) régua
Unidades de medida
01) A unidade de medida de velocidade mais utilizada na aviação é:
a) KM/h
b) Mi/h
c) Kt
d) M/s
10) Qual a menor distância, em milhas náuticas (nm), entre as posições A (22°20
´N/033°00´E) e B (22°20´N/037°00´W)?
a) 4.200nm
b) 64nm
c) 7.778nm
d) 3.688nm
12) Qual a menor distância, em milhas náuticas (nm), entre as posições A (00°08
´S/176°00´E) e B (00°08´S/173°00´W)?
a) 1.220nm
b) 20.940nm
c) 660nm
d) 9.556nm
15) Qual a menor distância, em milhas náuticas (nm), entre as posições A (74°08
´S/080°48´W) e B (74°08´S/004°08´W)?
a) 4.600nm
b) 8.519nm
c) 5.096nm
d) 4.560nm
22) Um ponto localizado na latitude 80º30´N, está a quantas milhas náuticas do polo
norte?
a) 864nm
b) 540nm
c) 570nm
d) 1.055nm
23) Uma cidade localizada nas coordenadas 52º06´N - 002º 36´E, está a que distância,
em milhas náuticas, do Equador?
a) 3.120nm
b) 3.126nm
c) 2.286nm
d) 5.206nm
Tipos de rotas
01) A menor distância entre dois pontos é obtida através da rota:
a) paralela
b) loxodrômica
c) horizontal
d) ortodrômica
04) Qual rota é caracterizada como sendo o segmento de um círculo máximo da esfera
terrestre?
a) ortodrômica
b) direta
c) equatorial
d) loxodrômica
06) A rota em que a direção mantém o mesmo ângulo com os meridianos, chama-se:
a) rota loxodrômica
b) rota ortodrômica
c) rota direta
d) rota curta
Mapas e cartas
01) A projeção cujo ponto de vista é o centro da esfera, é denominada:
a) ortográfica
b) estereográfica
c) gnomônica
d) geográfica
04) As cartas baseadas nas projeções cilíndricas e cônicas são amplamente utilizadas
na navegação aérea, porque:
a) preservam a forma, minimizando as distorções
b) preservam a relação angular
c) mantêm uma razoável constância da escala
d) todas as anteriores
05) São algumas vantagens da carta Mercator, exceto:
a) deformação excessiva nas altas latitudes
b) rotas loxodrômicas são representadas por linhas retas
c) facilidade de construção
d) meridianos são representados por linhas retas
08) Numa projeção Mercator, a rota loxodrômica é representada por uma linha:
a) reta
b) paralela ao Equador
c) curva
d) tracejada
14) Uma linha de rota traçada numa carta Mercator, será uma rota:
a) loxodrômica
b) paralela
c) equidistante
d) ortodrômica
16) Numa projeção Lambert, a rota loxodrômica é representada por uma linha:
a) curva
b) reta
c) perpendicular ao Equador
d) paralela ao meridiano
18) Uma carta cuja escala é de 1:500.000, 50cm equivalem a quantos quilômetros?
a) 50km
b) 250km
c) 500km
d) 2.500km
Proas e rumos
01) Numa carta aeronáutica, a linha que une pontos de declinação magnética nula,
chama-se:
a) isogônica
b) agônica
c) isoípsa
d) isóbara
02) Numa carta aeronáutica, a linha que une pontos de mesma declinação magnética,
chama-se:
a) isogônica
b) agônica
c) isoípsa
d) isóbara
03) O ângulo formado entre o norte verdadeiro (NV) e o norte magnético (NM),
chama-se:
a) deriva
b) correção de deriva
c) declinação magnética
d) agônica
12) Dados: proa verdadeira = 105º e Dmg = 17ºW, qual a proa magnética?
a) 088º
b) 122º
c) 105º
d) 112º
13) Dados: proa magnética = 088º e Dmg = 17ºE, qual a proa verdadeira?
a) 105º
b) 071º
c) 088º
d) 100º
14) Dados: PV = 100º, Dmg = 25ºW e desvio bússola 10ºW, calcule a proa bússola.
a) 125º
b) 135º
c) 065º
d) 075º
15) Dados: PV=100º , Dmg = 20ºW e desvio bússola 15ºW, calcule a proa bússola.
a) 125º
b) 095º
c) 135º
d) 105º
16) Dados: PV=260º, PM=291º e desvio bússola = 3ºE, calcule a declinação magnética e a
proa bússola.
a) Dmg = 31ºW e PB = 294º
b) Dmg = 31ºE e PB = 288º
c) Dmg = 31ºW e PB = 288º
d) Dmg = 31ºE e PB = 294º
17) Dados: Dmg = 10ºW, desvio bússola = 1ºE e PB = 070º, calcule a PV e PM.
a) PV = 061º e PM = 071º
b) PV = 059º e PM = 069º
c) PV = 081º e PM = 071º
d) PV = 071º e PM = 061º
18) Dados: Dmg = 7ºW, PM = 001º e desvio bússola = 2ºE , calcule PV e PB.
a) PV = 354º e PB = 359º
b) PV = 008º e PB = 003º
c) PV = 008º e PB = 359º
d) PV = 354º e PB = 003º
19) Dados: PV = 306º, Dmg = 10ºE e desvio bússola = 1ºW, calcule PM e PB.
a) PM = 316º e PB = 317º
b) PM = 316º e PB = 315º
c) PM = 296º e PB = 297º
d) PM = 295º e PB = 296º
22) Dados: PV = 260º, PM = 291º e desvio bússola = 3E, calcule Dmg e PB.
a) Dmg = 31E e PB = 294º
b) Dmg = 31E e PB = 288º
c) Dmg = 31W e PB =294º
d) Dmg = 31W e PB = 288º
23) Dados: PV = 002º, Dmg = 3ºW e desvio bússola = 1ºW, calcule PM e PB.
a) PM = 359º e PB = 001º
b) PM = 005º e PB = 004º
c) PM = 359º e PB = 004º
d) PM = 005º e PB = 006º
24) Dados: Dmg = 3ºW, PM = 001º e desvio bússola = 2ºW, calcule PV e PB.
a) PV = 358º e PB = 003º
b) PV = 358º e PB = 357º
c) PV = 004º e PB = 353º
d) PV = 004º e PB = 359º
25) Dados: PV = 188º, Dmg = 15ºW e desvio bússola 03ºW, calcule a proa bússola.
a) 206º
b) 200º
c) 203º
d) 167º
Instrumentos
01) São exemplos de instrumentos giroscópicos, exceto:
a) turn and bank
b) giro direcional
c) climb
d) horizonte artificial
02) São exemplos de instrumentos que utilizam o tubo de Pitot, para o seu correto
funcionamento:
a) velocímetro e bússola magnética
b) altímetro e climb
c) horizonte artificial e altímetro
d) turn and bank e climb
06) Uma aeronave recebe um vento de través com intensidade de 15kt, portanto:
a) VI = VS
b) VA = VS
c) VS > VA
d) VS < VA
15) Uma aeronave voando em rota, no FL100, terá o altímetro ajustado em:
a) QFF
b) QFE
c) QNH
d) QNE
17) Uma aeronave no solo, com ajuste em QNH, o altímetro irá indicar:
a) o nível de voo
b) a altura da pista
c) zero
d) a altitude da pista
19) Quando o altímetro está ajustado em QNE, pode-se concluir que a aeronave:
a) está no solo
b) está decolando
c) está em um determinado nível de voo
d) está pousando
20) Uma aeronave no solo, tem o altímetro ajustado em QFE, portanto, ele indicará:
a) o nível de voo
b) a altitude da pista
c) a altura da aeronave
d) a altitude pressão
04) Na longitude 090º W são 10:26Z, qual será a hora UTC na longitude 045º E:
a) 17h26
b) 10h26
c) 03h26
d) 15h26
05) Na posição 48º 30´N - 103º 15´E a Hora Local (HLO) é 10h45 do dia 17 de julho.
Qual a Hora Local (HLO) e a data na posição 48º 30´N – 007º 15´E?
a) 04h21 do dia 17 de julho
b) 04h00 do dia 16 de julho
c) 04h21 do dia 18 de julho
d) 04h21 do dia 16 de julho
06) Quando a Hora Local (HLO) na posição 46º 00´N – 008º 30´W é 23h00 do dia 9 de
agosto, qual será a Hora Local (HLO) na posição 46º 00´N – 108º 30´W?
a) 16h20 do dia 9 de agosto
b) 16h20 do dia 8 de agosto
c) 16h20 do dia 7 de agosto
d) 16h42 do dia 8 de agosto
07) Quando a Hora Local (HLO) na posição 46º 00´N – 008º 30´W é 23h00 do dia 16 de
agosto, qual será a Hora Local (HLO) na posição 46º 00´N – 108º 30´E?
a) 06h48 do dia 17 de agosto
b) 06h48 do dia 16 de agosto
c) 06h00 do dia 17 de agosto
d) 06h00 do dia 15 de agosto
08) Qual a Hora Local (HLO) e a data na posição 54º 30´N – 007º 15´E, quando a hora
UTC é 13h00 do dia 2 de agosto?
a) 13h00 do dia 2 de agosto
b) 13h29 do dia 1 de agosto
c) 13h00 do dia 1 de agosto
d) 13h29 do dia 2 de agosto
13) Qual a diferença horária entre as posições 05º00´S – 090º00´E e 05º00´S - 075º 00´W?
a) 7h
b) 11h
c) 17h
d) 8h
14) Qual a diferença horária entre as posições 22º05´S – 015º00´E e 22º05´S - 090º 00´W?
a) 11h
b) 8h
c) 7h
d) 12h
15) Qual o número da Zona de Fuso Horário para a longitude 165º 03´W?
a) + 10
b) + 11
c) - 11
d) - 10
16) Qual o número da Zona de Fuso Horário para a longitude 033º 06´E?
a) + 2
b) + 1
c) - 1
d) - 2
Computador de voo
01) 5.200 libras (Lb) equivalem a quantos quilos (Kg)?
a) 7.832 kg
b) 2.775 kg
c) 3.457 kg
d) 2.358 kg
07) 76 galões americanos (US GAL) equivalem a quantos galões imperiais (IMP GAL)?
a) 38 IMP GAL
b) 63 IMP GAL
c) 211 IMP GAL
d) 152 IMP GAL
08) 12 galões americanos (US GAL) equivalem a quantos galões imperiais (IMP GAL)?
a) 6 IMP GAL
b) 10 IMP GAL
c) 22 IMP GAL
d) 18 IMP GAL
10) 166 galões americanos (US GAL) equivalem a quantos litros (L)?
a) 88l
b) 628l
c) 456l
d) 166l
17) Uma aeronave percorre 210nm em 30 minutos. Qual a velocidade em nós (kt) desta
aeronave?
a) 158kt
b) 258kt
c) 420kt
d) 366kt
18) Empregando uma velocidade de 105kt, uma aeronave percorrerá 33nm em quanto
tempo?
a) 19 minutos
b) 22 minutos
c) 14 minutos
d) 25 minutos
19) Empregando uma velocidade de 86kt, em 22 minutos esta aeronave percorrerá qual
distância?
a) 10nm
b) 22nm
c) 48nm
d) 32nm
21) Uma aeronave cujo consumo horário de combustível é de 100l/h, consumirá quanto
em 22 minutos?
a) 22l
b) 44l
c) 37l
d) 56l
22) Uma aeronave cujo consumo horário de combustível é de 88l/h, é abastecida com
200l. Qual a autonomia desta aeronave?
a) 04h36min
b) 05h20min
c) 03h22min
d) 02h18min
23) Uma aeronave gasta 47 US GAL em 01h33min de voo. Qual o consumo horário
desta aeronave?
a) 48 US GAL/h
b) 38 US GAL/h
c) 30 US GAL/h
d) 22 US GAL/h
24) Uma aeronave cujo consumo horário de combustível é de 120l/h, é abastecida com
470l. Qual a autonomia desta aeronave?
a) 04h33min
b) 05h02min
c) 03h08min
d) 03h57min
25) Uma aeronave sobe com uma razão de 700ft/min, em 8 minutos qual terá sido o
ganho de altitude?
a) 5.600ft
b) 6.400ft
c) 3.600ft
d) 10.500ft
26) Uma aeronave desce 8.000ft em 16 minutos. Qual a razão de descida empregada?
a) 500ft/min
b) 600ft/min
c) 300ft/min
d) 700ft/min
27) Uma aeronave sobe 4.500ft com uma razão de 300ft/min. Qual será o tempo gasto
durante a subida?
a) 15 minutos
b) 20 minutos
c) 18 minutos
d) 11 minutos
28) Uma aeronave desce com uma razão de 900ft/min, em 18 minutos qual terá sido a
perda de altitude?
a) 18.000ft
b) 8.600ft
c) 16.200ft
d) 14.400ft
29) Uma aeronave voa com VI=150kt no FL160. Neste nível de voo a temperatura é de
2°C. Qual a VA desta aeronave?
a) 198kt
b) 160kt
c) 182kt
d) 219kt
30) Uma aeronave voa com VI=88kt no FL065. Neste nível de voo a temperatura é de
10°C. Qual a VA desta aeronave?
a) 90kt
b) 111kt
c) 99kt
d) 108kt
31) Uma aeronave voa com VI=122kt no FL090. Neste nível de voo a temperatura é de-
3°C. Qual a VA desta aeronave?
a) 141kt
b) 128kt
c) 154kt
d) 133kt
32) Uma aeronave voa com VI=107t no FL115. Neste nível de voo a temperatura é de
11°C. Qual a VA desta aeronave?
a) 116kt
b) 122kt
c) 145kt
d) 132kt
33) Uma aeronave voa no FL250 com VA=350kt. Neste nível a temperatura é de -10°C.
Qual o número Mach desta aeronave?
a) M.35
b) M.55
c) M.76
d) M.67
34) Uma aeronave voa no FL320 com VA=287kt. Neste nível a temperatura é de -22°C.
Qual o número Mach desta aeronave?
a) M.28
b) M.55
c) M.77
d) M.46
35) Uma aeronave voa no FL180, e a temperatura neste nível é de -5°C. Calcule a
altitude densidade.
a) 18.000ft
b) 18.700ft
c) 19.800ft
d) 21.100ft
36) Uma aeronave voa no FL145, e a temperatura neste nível é de 3°C. Calcule a
altitude densidade.
a) 15.000ft
b) 15.400ft
c) 13.450ft
d) 16.500ft
Cálculos de navegação
01) O tempo de voo do aeródromo de origem ao de destino é de 01h00. Para um voo
realizado no período diurno, com a aeronave operando sob as regras do RBHA 91, qual
deverá ser a autonomia mínima desta aeronave?
a) 01h45
b) 01h00
c) 01h30
d) 02h00
05) Qual a distância percorrida durante a subida até o TOC? Considerar vento calmo.
a) 19nm
b) 32nm
c) 12nm
d) 26nm
ADF: é um rádio receptor instalado no painel da aeronave que capta as ondas de baixa
frequência não direcionais, na faixa compreendida entre 200 a 415 kHz emitidas por
um rádio farol NDB (No Directional Beacon).
Alcance: distância que a aeronave é capaz de percorrer em voo, com uma determinada
quantidade de combustível.
Altitude indicada: é a altitude lida diretamente no altímetro, quando este está ajustado
com a pressão do local (QNH) na janela de ajuste de pressão.
Altitude pressão: é a altitude lida quando o altímetro é ajustado com a pressão padrão de
1013,2 hPa (QNE). O ajuste QNE é inserido quando a aeronave está acima da altitude
de transição, quando então a altitude será lida como nível de voo (ex. FL085).
Altitude verdadeira: é a altitude atual da aeronave acima do nível médio do mar (MSL).
Esta altitude leva em consideração os erros de temperatura e pressão, e pode ser
calculada através do computador de voo. Na prática ela é pouco requerida em voo. As
altitudes dos aeroportos e dos obstáculos e elevações contidas nas cartas aeronáuticas
são altitudes verdadeiras.
Altitude de transição: altitude na qual ou abaixo da qual a posição vertical de uma
aeronave é controlada por referência de altitudes.
Autonomia: tempo que a aeronave é capaz de permanecer em voo, com uma determinada
quantidade de combustível.
Para o cálculo da autonomia mínima do voo consideraremos o que está previsto na
regulamentação, mais precisamente na RBHA 91 e 135, veja:
- durante o dia: A (origem) + B (destino) + 30 minutos
- durante a noite: A (origem) + B (destino) + 45 minutos
Círculo máximo: quando uma esfera é dividida em duas partes iguais, por um plano, este
plano passa pelo centro da esfera formando o círculo máximo.
Círculo menor: quando uma esfera é dividida em duas partes desiguais, por um plano que
não passa pelo centro da esfera, este plano é denominado de círculo menor.
Cruzeiro: etapa do voo que tem início no ponto de nivelamento (TOC - Top of Climb) e
termino no ponto de descida (TOD - Top of Descent).
Escala das cartas: é definida como a relação entre um valor gráfico, na carta, e o valor real
correspondente, na superfície da Terra.
Hora da Zona (HZ): é baseada no fato do Sol se mover a uma razão de 15° a cada hora.
Logo, são 24 faixas de zonas de fusos, sendo 12 para o oeste e 12 para o leste, tendo o
meridiano de Greenwich como a faixa zero, ou ponto de referência.
Hora Legal (HLE): cada país, ainda que tome como base a sua localização geográfica, tem
a liberdade de instituir seu conjunto de horas legais, levando em conta suas
peculiaridades e aspectos políticos.
Hora Local (HLO): é a hora específica de cada ponto na superfície da Terra, tendo como
referência o meridiano no qual tal ponto esta localizado. Para o cálculo da HLO leva-se
em consideração a relação entre o movimento da Terra e o tempo.
Instrumentos magnéticos: são aqueles que utilizam o campo magnético da Terra como
referência. Ex. bússola magnética.
Instrumentos por pressão: são aqueles que utilizam a variação da pressão do ar como
referência para as suas indicações. Ex. velocímetro, altímetro e climb.
Linha de posição (QDR): é a linha a partir do NDB, sobre a qual está o avião, medida a
partir do norte magnético.
Linhas Agônicas: são linhas que unem pontos onde a declinação magnética é nula (0°).
Linhas Isoclínicas: são linhas que unem pontos de mesma inclinação magnética. As
linhas isoclínicas são apenas representadas nas cartas que cobrem regiões de alta
latitude.
Linhas Isogônicas: são linhas que unem pontos de mesma declinação magnética.
Meridiano 180° ou Linha Internacional de Data: este meridiano também conhecido como
Linha Internacional de Mudança de Data, é o antimeridiano (oposto 180°) do
meridiano de Greenwich, e marca o ponto no qual ocorre a mudança de data.
Proa: é a direção do eixo longitudinal da aeronave, ou seja, a direção para onde o nariz da
aeronave está apontado.
Proa bússola (PB): é o ângulo formado, no sentido horário, entre o norte bússola (NB) e o
eixo longitudinal da aeronave.
Proa magnética (PM): é o ângulo formado, no sentido horário, entre o norte magnético
(NM) e o eixo longitudinal da aeronave.
Proa verdadeira (PV): é o ângulo formado, no sentido horário, entre o norte verdadeiro
(NV) e o eixo longitudinal da aeronave.
Projeção cilíndrica: são denominadas assim porque são feitas pelo envolvimento da
esfera terrestre por um cilindro tangente a ela.
QNE: também conhecido como ajuste ou pressão padrão (1013,2 hPa ou 29,92 in Hg).
Ajustado em QNE o altímetro informará a altitude em nível de voo (ex. FL065), e
devido a erros de pressão e temperatura, esta altitude poderá não coincidir com a
altitude verdadeira.
QNH: para que o piloto tenha a correta indicação da altitude em relação ao nível médio
do mar, o altímetro deverá estar ajustado em QNH. Este ajuste é utilizado nas fases de
decolagem, aproximação e pouso, para que o piloto tenha a indicação correta da
altitude da aeronave, corrigida para os erros de pressão.
Radial: é um rumo magnético que parte do transmissor VOR, num total de 360 radiais
que o piloto poderá utilizar para se aproximar ou afastar de um VOR.
Rumo magnético (RM): é o ângulo formado entre o norte magnético (NM) e a linha
traçada da rota planejada.
Rumo verdadeiro (RV): é o ângulo formado entre o norte verdadeiro (NV) e a linha
traçada da rota planejada.
Subida: etapa do voo que tem início após a decolagem (DEP - Departure), e encerra-se no
momento em que a aeronave atingir o nível de cruzeiro (TOC - Top of Climb).
Turn coordinator: também conhecido como inclinômetro, “pau e bola” e “turn and bank”,
este é um instrumento que utiliza o princípio de giroscópio em seu funcionamento.
Este instrumento tem duas funções, indicar a velocidade de inclinação da curva (e não
o ângulo de inclinação) e a coordenação da curva.
Velocidade indicada (VI), indicated airspeed (IAS), inglês: é a velocidade lida diretamente
no instrumento da aeronave, sem nenhuma correção.
Velocidade solo (VS), groundspeed (GS), inglês: é a velocidade real da aeronave em relação
ao solo. A VS na realidade é a VA ajustada para influência do vento.
VNE: velocidade nunca exceder. Como o próprio nome já diz esta velocidade não deve ser
excedida em hipótese alguma, sob pena de causar danos estruturais a aeronave. A VNE
é indicada pela linha vermelha.
VNO: velocidade máxima estrutural de operação na faixa verde. Não deve ser excedida,
exceto com o ar calmo.
VS1: velocidade mínima para operação na faixa verde com a aeronave limpa e com peso
máximo de decolagem. A aeronave é caracterizada “limpa” quando o trem de pouso
está recolhido, os flapes estão recolhidos e as asas niveladas. Portanto, abaixo desta
velocidade, na configuração descrita acima a aeronave irá estolar.
VS0: velocidade de estol ou velocidade mínima de segurança para o voo com a aeronave
configurada para pouso e com peso máximo de pouso. Em aeronaves de menor porte,
esta configuração para pouso (aeronave “suja”) caracteriza-se pelo trem de pouso
estendido, flapes estendidos, potência reduzida e asas niveladas. Ou seja, foi
considerada a configuração descrita acima, para se calcular a VS0.
VY: velocidade de melhor razão de subida, esta velocidade oferece o maior ganho de
altitude no menor espaço de tempo.
VOR: é um transmissor de frequência muito alta (operando na faixa VHF entre 108.0 a
117.95 Khz) que transmite sinais direcionais em todas as direções.
WAC: é uma carta composta essencialmente de uma base geográfica sobre a qual são
adicionadas as informações aeronáuticas. Sua escala é de 1:1.000.000.
Abreviaturas
A
ABM Abeam; través
ABV Above; acima
ACC Area control center; centro de controle de área
ACFT Aircraft; aeronave
ACN Aircraft classification number; número de classificação da aeronave
AD Aerodrome; aeródromo
ADC Aerodrome chart; carta de aeródromo
ADF Automatic direction-finding
AFIL Flight plan filed in the air; plano de voo apresentado em voo
AFIS Aerodrome flight information service; serviço de informação de voo de aeródromo
AGA Aerodromes, air routes and ground AIDS; aeródromos, rotas aéreas e auxílios terrestres
AGL Above ground level; acima do nível do solo
AIP Aeronautical information publication; publicação de informação aeronáutica
ALT Altitude
ALTN Alternado ou alternativa
AP Airport; aeroporto
APP Approach control; controle de aproximação
ARR Arrive or arrival; chegada
ASDA Accelerate-stop distance available;distância utilizável para parada de decolagem
ATA Actual time of arrival; hora real de chegada
ATC Air traffic control (in general),controle de tráfego aéreo
ATD Actual time of departure; hora real de saída (ou decolagem)
ATIS Automatic terminal information service; serviço automático de informação em terminal
ATS Air traffic services; serviço de tráfego aéreo
AUX Auxiliary; auxiliar
AVBL Available or availability, disponível
AVGAS Aviation gasoline; gasolina de aviação
AWY Airway; aerovia
AZM Azimuth; azimute
B
BCN Beacon; farol
BCST Broadcast; radiodifusão
BECMG Becoming; transformando-se
BLW Below; abaixo de
C
CAS calibrated airspeed; velocidade calibrada
CHG Modificação
CIV Civil
CLSD Close; fechado
CNL Cancelado
COM Comunicação
CTN Caution; cuidado
D
DEP Departure; partida, saída
DEST Destino
DEV Desvio
DIST Distância
DLA Delay or delayed; atraso
DME Distance measuring equipment
DMG Declinação magnética
E
E East, leste
EET Estimated elapsed time; tempo decorrido estimado
ELEV Elevação
ENR En route; em rota
EOBT Estimated off-block time; hora estimada de calços fora
EQPT Equipamento
EST Estimate or estimated or estimation; estimado
ETA Estimated time of arrival or estimating arrival; hora estimada de chegada
ETD Estimated time of departure or estimating departure; hora estimada de partida ou saída
ETO Estimated time over significant point; hora estimado sobre ponto significativo
F
FIR Flight information region; região de informação de voo
FIS Flight information service; serviço de informação de voo
FL Flight level; nível de voo
FLT Flight; voo
FT Feet; pés
G
GEN Generalidades
GND Ground; solo
GPS Global positioning system
GS Ground speed, velocidade em relação ao solo
H
H24 Serviço contínuo de dia e de noite
HDG Heading, proa
HF High frequency; alta frequência
HPA Hectopascal
HR Horas
I
IAS Indicated air speed; velocidade indicada
IDENT Identificação
IFR Instrument flight rules; regras de voo por instrumento
ILS Instrument landing system; sistema de pouso por instrumentos
INFO Informação
INOP Inoperante
INTL Internacional
ISA International standard atmosphere; atmosfera padrão internacional
K
KG Quilograma
KM Quilômetro
KMH Quilômetro por hora
KT Knots; nós
L
LAT Latitude
LDA Landing distance available; distância utilizável para pouso
LLZ Localizer; localizador
LONG Longitude
M
M.. Número Mach
M Metros
MAP Mapas e cartas aeronáuticas
MEA Minimum en-route altitude; altitude mínima em rota
MEF Maximum elevation figures, valores das elevações máximas
MET Meteorologia
METAR Informe meteorológico aeronáutico regular
MN Minutos
MNM Mínimo
MSA Minimum safe altitude; altitude mínima de segurança
MSL Mean sea level; nível médio do mar
N
N Norte
NAV Navegação
NDB Non-directional radio beacon; rádio farol não direcional
NE Nordeste
NIL Nada
NM Nautical Miles; milhas náuticas
NNE Norte-nordeste
NNW Norte-noroeste
NOTAM Notice to airmen; aviso para os aeronavegantes
NW Noroeste
O
OBS Observação
OBST Obstáculo
OPS Operações
P
PAPI Precision approach path indicator; indicador de trajetória de aproximação de precisão
PAX Passageiros
PB Proa bússola
PCN Pavement classification number; número de classificação de pavimento
PLN Plano de voo
PM Proa magnética
PNR Point of no return; ponto de não retorno
POB People on board; pessoas a bordo
PRIV Privado
PROB Probabilidade
PROC Procedimento
PSN Posição
PUB Público
PV Proa verdadeira
R
RAB Registro aeronáutico brasileiro
RDL Radial
REQ Request; solicitar
RM Rumo magnético
RMK Remark; observação
RNAV Navegação de área
RTE Rota
RV Rumo verdadeiro
RVSM Reduced vertical separation minimum; separação vertical mínima reduzida
RWY Runway; pista
S
S Sul
SE Sudeste
SEE Sul-sudeste
SSW Sul-sudoeste
SUP Suplemento (suplemento AIP)
SW Sudoeste
T
T Temperatura
TA Transition altitude; altitude de transição
TAF Aerodrome forecast; previsão de aeródromo
TAS True airspeed, velocidade aerodinâmica ou verdadeira
TIL Until, até
TOC Top of climb; topo da subida
TOD Top of descent; topo da descida
TODA Take-off distance available;distância utilizável para decolagem
TORA Take-off run available; superfície utilizável para decolagem
TR Tracking; rota
TWR Tower; torre de controle
TWY Taxiway; pista de táxi
U
UTC Coordinated Universal Time; tempo universal coordenado
V
VA Velocidade aerodinâmica
VAC Visual approach chart ; carta de aproximação visual
Visual approach slope indicator systems; sistema indicador da rampa de aproximação
VASIS
visual
VC Velocidade calibrada
VFE Velocidade máxima para a operação com os flapes estendidos
VFR Visual flight rules; regras de voo visual
VI Velocidade indicada
VLE Velocidade máxima para operação com o trem de pouso estendido
VLO Velocidade máxima para retração e extensão do trem de pouso
VMC Visual meteorological conditions; condições meteorológicas de voo visual
VMC Velocidade de mínimo controle com motor crítico inoperante
VNE Velocidade nunca exceder
VNO Velocidade máxima estrutural de operação
VOR VHF omnidirectional radio range
VS Velocidade solo
VS Velocidade de estol
VS0 Velocidade de estol com a aeronave configurada para o pouso
VS1 Velocidade de estol com a aeronave “limpa”
VX Velocidade de melhor ângulo de subida
VXE Velocidade de melhor ângulo de subida monomotor
VY Velocidade de melhor razão de subida
VYSE Velocidade de melhor razão de subida monomotor
W
W Oeste
WAC World Aeronautical Chart; carta aeronáutica mundial
WIP Work in progress; obras em andamento
WX Weather; meteorologia
Bibliografia
MACHADO, Rod. Rod Machado´s Private Pilot Handbook. São Clemente: The
Aviation Speakers Bureau, 2006
WEBB, Jim e WALKER, Billy. Fly the wing. Washington: ASA Publications,
2004
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A Editora Bianch é uma empresa que foi criada com o objetivo de proporcionar
materiais de alta qualidade para o treinamento de pilotos. Após constatarmos uma
imensa lacuna no setor literário relacionado à aviação, mais especificamente na área de
treinamento, decidimos ingressar neste mercado, visando trazer aos pilotos um novo
conceito de treinamento e estudo da parte teórica que um piloto necessita.
Todo material editado pela Editora Bianch é cuidadosamente elaborado, utilizando
como referência importantes obras literárias publicadas nos Estados Unidos e Europa,
para que o aluno no Brasil possa estudar por um material rico em informações
atualizadas e de acordo com todo o conteúdo especificado pelo órgão que regula a
aviação civil brasileira, a ANAC.
A nossa principal preocupação ao iniciar o desenvolvimento destes livros era a
linguagem e a forma com que as informações seriam transmitidas ao leitor. Por ser um
tema muito técnico e específico, não queríamos publicar livros com uma leitura muito
carregada, sob pena de torná-los desinteressantes e cansativos ao leitor. Portanto, você
perceberá que a escrita é feita de uma forma simples e direta, como se o aluno estive-se
conversando com o professor. Buscamos também, sempre aliar os textos à gráficos e
figuras, pois acreditamos que isso tem um papel fundamental na absorção do conteúdo
que foi estudado.
Temos a certeza que o nosso trabalho irá proporcionar aos alunos e futuros
comandantes da aviação brasileira uma base sólida para que, ao iniciar a fase prática, ou
o voo propriamente dito, este aluno tenha o conhecimento necessário para empregar em
voo o que aqui foi aprendido.
Denis Bianchini
Editor-chefe
DENIS BIANCHINI
Denis Bianchini nasceu em São Paulo em julho de 1982. Iniciou sua carreira na aviação
no início de 2000 e desde então acumulou aproximadamente 8000 horas de voo.
Atualmente trabalha na Gol Linhas Aéreas como comandante do Boeing 737-700/800.
Paralelamente à aviação administra as empresas Bianch.com e a Editora Bianch.