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Outra alteração que ocorreu nas ver- “[...] título atribuído pela(o) enfermeira(o)
sões Beta e Beta 2 foi a adoção de enfoque a uma decisão sobre um fenômeno que é o
multiaxial para ambas as Classificações, a foco de intervenções de enfermagem”. Por
dos Fenômenos e a das Ações de Enferma- seu turno, resultado de enfermagem foi de-
gem, cada uma com oito eixos. Os oito eixos finido como “[...] a medida ou o estado de
da Classificação dos Fenômenos de Enfer- um diagnóstico de enfermagem em pontos
magem eram: foco da prática de enferma- no tempo, após uma intervenção de enfer-
gem, julgamento, frequência, duração, to- magem”.5 Ou seja, os resultados de enfer-
pologia, local do corpo, probabilidade e magem passavam a ser compreendidos, a
portador. Os oito eixos da Classificação das partir de então, como possíveis mudanças
Ações de Enfermagem eram: tipo de ação, ocorridas nos diagnósticos de enfermagem
alvo, meios, tempo, topologia, localização, em resposta a intervenções de enfermagem,
via e beneficiário.5 identificadas em pontos distintos no tem-
O enfoque multiaxial das duas Classi- po.4 As versões Beta e Beta 2 apresentaram
ficações, a de Fenômenos e a de Ações de uma representação gráfica da dinâmica dos
Enfermagem, passou a permitir combina- resultados de enfermagem em resposta às in-
ções de termos de distintos eixos, propor- tervenções de enfermagem (Figura 1).
cionando maior solidez à CIPE® e diversi- A utilização das versões Beta e Beta 2
ficando a expressão de seus conceitos. Os na prática profissional evidenciou que sua
termos desses eixos podem ser utilizados estrutura dificultava o alcance da meta de
para elaborar afirmativas de diagnósticos/ um sistema de linguagem unificada de en-
resultados de enfermagem e de interven- fermagem; e que não estava satisfazendo
ções de enfermagem, o que caracteriza a as necessidades das(os) enfermeiras(os).
CIPE® como uma terminologia combinató- Partindo dessa constatação, o Comitê de
ria, em que conceitos simples (atômicos) se Aconselhamento Estratégico da CIPE® de-
combinam para formar conceitos mais com- senvolveu uma investigação entre líderes
plexos (moleculares). Exemplo: os concei- mundiais no domínio de vocabulários usa-
tos simples (atômicos) “sono”, do eixo foco dos em cuidados de saúde, com a finalidade
da prática de enfermagem, e “perturbado”, de assegurar que a CIPE® Versão 1.0, cuja
do eixo julgamento, podem ser combinados construção já havia sido iniciada, fosse, de
para formar o conceito complexo (molecu- fato e de direito, consistente com os voca-
lar) “sono perturbado”, um diagnóstico de bulários e normas existentes.7
enfermagem (Quadro 1). Entre as principais recomendações
Nas versões Beta e Beta 2, fenômeno de dos participantes da investigação, afirma-
enfermagem foi definido como “aspecto de va-se ser imperativo prover uma base mais
saúde relevante para a prática de enferma- formal para a CIPE® e usar um software que
gem”; e diagnóstico de enfermagem como o fosse capaz, entre outros critérios, de evitar
Quadro 1
Combinação de conceitos simples (atômicos) para formação de um diagnóstico de enfermagem
(conceito molecular)
“sono” “perturbado” “sono perturbado”
Avaliação inicial
Primeiro diagnóstico
de enfermagem
Resultado:
Segundo diagnóstico
de enfermagem
Resultado:
Terceiro diagnóstico
de enfermagem
a redundância e a ambiguidade entre os ter- termos nela contidos. As versões Beta e Beta
mos da classificação. Assim, para a constru- 2 estavam estruturadas em duas classifica-
ção da Versão 1.0, divulgada em 2005, uti- ções (a de Fenômenos e a de Ações de Enfer-
lizou-se a Web Ontology Language (WOL) magem), com um total de dezesseis eixos,
em um ambiente de desenvolvimento de ao passo que a CIPE® Versão 1.0 contém
ontologia, o software Protegé.7,8 Ressalte-se uma única estrutura de classificação, orga-
que essa abordagem formal, ontológica, pa- nizada em sete eixos – o Modelo de Sete Ei-
ra lidar com os conceitos do domínio da en- xos (Figura 2).
fermagem, diferenciava a CIPE® de outros A nova estrutura simplificou a repre-
sistemas de classificação de enfermagem.9 sentação e resolveu, significativamente, os
A Versão 1.0, divulgada em 2005, tor- problemas de redundâncias e ambiguida-
na a CIPE® mais do que um mero vocabulá- des de termos, aspectos inerentes às ver-
rio especializado. Desde então, ela permite sões Beta e Beta 2. Os sete eixos da CIPE®
a acomodação de vocabulários existentes, Versão 1.0 estão definidos e exemplificados
por meio do mapeamento cruzado, o que a no Quadro 2.
caracteriza como um marco unificador dos O Modelo de Sete Eixos facilita a com-
diferentes sistemas de classificação dos ele- posição de afirmativas, que podem ser or-
mentos da prática de enfermagem. Além ganizadas de modo a se ter acesso rápido
disso, como uma terminologia combinató- a agrupamentos de “enunciados preestabe-
ria, a CIPE® permite o desenvolvimento de lecidos de diagnósticos, intervenções e re-
novos vocabulários, locais, e, como uma ter- sultados de enfermagem” – os Catálogos
minologia de referência, permite a identifi- CIPE®, direcionados a clientelas (indiví-
cação de relacionamentos entre conceitos e duo, família e comunidade), a prioridades
vocabulários disponíveis.7,8 de saúde (relacionadas a condições especí-
Uma das principais novidades da CIPE® ficas de saúde, ambientes ou especialidades
Versão 1.0 foi o modelo de organização dos de cuidado) ou a fenômenos de enferma-
Tipo de
Tempo Meios
ação
Benefi Alvo
ciário Ação
Via Meios
Modelo de Sete Eixos
Locali
zação Tempo
Figura 2 Da CIPE® Versão Beta 2 para o Modelo dos Sete Eixos da Versão 1.0.
Fonte: International Council of Nurses.7
Quadro 2
Eixos da CIPE® Versão 1.0
5.000
4.212 4.326
4.000 3.894
3.290
3.000 2.842
2.499
1.994
2.000
1.000
0
2005 2008 2009 2011 2013 2015 2017
Figura 3 Evolução do número total de conceitos da CIPE®, por versão divulgada, 2005 a 2017.
Fonte: Garcia e colaboradores,13 atualizado com dados da Versão 2017.
TABELA 1
Distribuição e número de ocorrências de conceitos da CIPE® Versão 2017 (n=4.326)
como parte integral da infraestrutura global Suíça, e por três grupos de usuários da
de informação sobre as políticas e práticas CIPE® desses países.
de cuidado à saúde.15 5. Centro Franco-Canadense para Pesquisa
Cada Centro CIPE® identifica suas e Desenvolvimento da CIPE®, localizado
especificidades de trabalho (tradução, va- na Escola de Enfermagem da Universi-
lidação, aplicação, identificação de novos dade Sherbrooke, em Quebec, Canadá.
termos para inserção na CIPE®, etc.), es- 6. Centro Italiano para Pesquisa e Desenvol-
paço geográfico de atuação (local, regio- vimento da CIPE®, localizado na Unidade
nal, nacional, interinstitucional, etc.) ou de Pesquisa em Enfermagem do Departa-
âmbito de organização (área de especia- mento de Saúde Pública e Doenças Infec-
lização, experiência em pesquisa, etc.). ciosas da Universidade Sapienza de Roma.
Trabalhando em seus próprios projetos
7. Centro Norueguês para Pesquisa e Desen-
e, ao mesmo tempo, comunicando-se en-
volvimento da CIPE®, localizado no De-
tre si, constituem o Consórcio de Centros
partamento de Ciência da Saúde e Enfer-
CIPE®, fortalecendo a enfermagem, seja
magem da Universidade de Agder, Kris-
no âmbito local, regional ou global.15
Há, hoje,* quinze Centros CIPE® tiansand, Noruega.
Acreditados pelo CIE em todo o mundo, as- 8. Centro para Descoberta de Conhecimen-
sim distribuídos: três na América do Nor- to sobre Dados Mínimos de Enfermagem
te, estando um deles localizado nos Es- da Escola de Enfermagem da Universida-
tados Unidos e dois no Canadá; dois na de de Minnesota, Estados Unidos.
América do Sul, um localizado no Chile 9. Centro para Pesquisa e Desenvolvimento
e um no Brasil; seis na Europa, sendo um da CIPE® da Associação Iraniana de En-
sediado em Berlim, um na Polônia, um na fermagem, localizado em Teerã, no Irã.
Itália, um em Portugal, um na Irlanda e 10. Centro para Pesquisa e Desenvolvimento
um na Noruega; três na Ásia, estando um da CIPE® da RNAO, localizado em On-
no Irã, um na Coreia e um em Singapu- tário, no Canadá, e vinculado à Associa-
ra; e um na Oceania, localizado na Aus- ção de Enfermeiras(os) Registradas(os)
trália. São eles: de Ontário (Registered Nurses’ Association
of Ontario – RNAO).
1. Centro Chileno para Pesquisa e Desen-
11. Centro para Pesquisa e Desenvolvimen-
volvimento da CIPE®, localizado no De-
to da CIPE® da Universidade Federal da
partamento de Enfermagem da Univer-
Paraíba, vinculado ao Programa de Pós-
sidade de Concepción, Chile.
-Graduação em Enfermagem, da Univer-
2. Centro Coreano para Pesquisa e Desen-
sidade Federal da Paraíba, Brasil.
volvimento da CIPE®, localizado na Fa-
culdade de Enfermagem da Universida- 12. Centro para Pesquisa e Desenvolvimen-
de Nacional de Seul. to da CIPE® da Universidade Médica de
Łódź, Polônia.
3. Centro de Enfermagem em Desastres
do Programa de Pesquisa da Universi- 13. Centro para Pesquisa e Desenvolvimento
dade Flinders, localizado em Adelaide, de Sistemas de Informação da Escola de
Austrália. Enfermagem do Porto, Portugal.
4. Centro do Grupo de Língua Alemã de 14. Grupo de Usuários da CIPE® da Escola de
Usuários da CIPE®, sediado em Berlim, Enfermagem e Ciências Humanas da Uni-
é composto pelas Associações Nacionais versidade da Cidade de Dublin, Irlanda.
de Enfermagem da Áustria, Alemanha e 15. Programa de Pesquisa em Enfermagem
Salutogênica (SUN), localizado no Cen-
* Disponível em: < http://www.icn.ch/what- tro de Estudos de Enfermagem Alice Lee
-we-do/icn-accredited-centres-for-icnpr-re- (ALCNS), Escola de Medicina Yong Loo
search-a-development/>. Acesso em 20 jul. Lin (NUSMed) da Universidade Nacio-
de 2017. nal de Singapura (NUS).
cesso alterado, uma estrutura alterada, uma do cuidador, competências parentais pobres.
função alterada ou um comportamento al- Uma afirmativa diagnóstica de enfermagem
terado que se observou em um sujeito do pode ser qualificada por grau (leve, mode-
cuidado (p.ex.: ferida, náusea, dor e de- rado, severo – p.ex.: ansiedade moderada,
pressão). Para o primeiro tipo de expressão dor severa), curso clínico (agudo, crônico,
(julgamento sobre um foco), são obrigatórios súbito – p.ex.: infecção aguda, redução sú-
um descritor para julgamento e um descritor bita no peso corporal) e tempo (p.ex.: náu-
para o foco. O foco pode ser qualificado, ain- sea matinal).18
da, pelo lugar em que ocorre (p.ex.: integri-
dade tissular do calcanhar esquerdo).18
A afirmativa diagnóstica de enferma-
gem pode ter um potencial associado, in- Estrutura categorial para
dicando que há um risco de ou chance de representar ações de enfermagem
ocorrência de um diagnóstico de enferma-
gem. Um risco é um potencial para ocorrên- Na ISO 18104:2014, ação de enfermagem é
cia de um diagnóstico negativo (p.ex.: risco considerada, de modo geral, como “atos in-
de depressão, risco de úlcera por pressão); tencionais aplicados a um ou mais alvos, por
uma chance (ou oportunidade) é um poten- meio de uma ação.” Mais particularmente, o
cial para ocorrência de um diagnóstico posi- termo é entendido como “atos realizados por
tivo (p.ex.: chance de peso corporal reduzi- uma(um) enfermeira(o), ou sob sua orien-
do, chance de interação social melhorada). tação, com a intenção de, direta ou indireta-
Uma afirmativa diagnóstica de enfermagem mente, melhorar ou manter a saúde de uma
também pode estar associada a um sujeito da pessoa, grupo ou população.”18
informação que não seja o sujeito do registro Na norma em tela, ressalta-se que o
(normalmente, o paciente) – p.ex.: estresse termo intervenção de enfermagem às vezes
Sujeito da informação
0..1
DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM
Grau [0..1]
Curso clínico [0..1]
Tempo [0..1] Potencial
{ou}
0..1
1 1 1
Achado clínico Foco Julgamento
{completo}
Risco de Chance de
0..1
Local
AÇÃO DE ENFERMAGEM
Nota
Via [0..1] Uma Ação de Enfermagem
Meio(s) [0..1] DEVE ser composta por uma
Tempo [0..1] Ação e pelo menos um alvo,
exceto onde/quando o único
{ou} alvo é o Sujeito do Registro.
1 1..*
Ação Alvo Local
0..1
1
Sujeito do registro