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A cidade de Mutsu, no Japão é localizada no extremo norte de uma baía protegida da

prefeitura de Aomori, encontra-se encravada entre o mar e a montanha, rodeada pela


exuberante natureza típica da Península de Shimokita.
Conscientes da riqueza de seu contexto específico, os arquitetos conceberam o edifício
como uma fachada única e contínua, configurando um volume circular aberto 360
graus para a paisagem. A partir disso, a madeira foi escolhida como sistema estrutural
principal, não apenas como uma alternativa ao concreto e o aço, mas como uma
abordagem que procura criar pontes com a tradicional arquitetura japonesa.
Somando-se a isso, as atuais tecnologias nos permitem construir edifícios em madeira
que sejam duráveis, resistentes e seguros em um país onde as condições
meteorológicas e geológicas são bastante desafiadoras. Inspirados pela tradição
construtiva local, procuramos expôr a madeira e transformá-la no principal elemento
formal do projeto. Ao contrário do aço ou do concreto, a madeira é um material
bastante adequado para o acabamento dos espaços interiores, principalmente por
suas características táteis. As crianças são convidadas a tocá-la, a pisar no chão de uma
maneira que não seria possível se este edifício tivesse sido construído em concreto e
aço. As estruturas de madeira também envelhecem com dignidade, incorporando com
orgulho as marcas deixadas pelo tempo como um registro de sua própria história.
Tocando suavemente o solo em uma de suas tangentes, a cobertura elíptica da Escola
Infantil Yoshino é uma celebração à paisagem, uma homenagem à natureza. Desta
forma, a cobertura se inclina levemente para permitir que as crianças possam subir até

o ponto mais alto. Com algum esforço, até mesmo um cadeirante é capaz de subir até
o topo do telhado. Com uma inclinação de apenas 8 por cento, a cobertura acessível é
um convite para que as crianças explorem a arquitetura do edifício, uma paisagem
construída que encontra sintonia na geografia de Aomori. Crianças de todas as idades
aceitam o desafio, afinal, no mundo natural, superfícies perfeitamente planas são
realmente muito raras.
Inclinada em direção sul, a cobertura do edifício se aquece mais com a luz do sol do
que uma estrutura plana. Apesar de uma inclinação que não supera os 4,5 graus, essa
suave mudança de direção faz com que o telhado receba tanta luz do sol quanto um
edifício localizado 700 quilômetros mais ao sul. A superfície inclinada da cobertura
também desempenha a função de platéia, criando uma espécie de anfiteatro natural
para as crianças. Como um pequena encosta, a cobertura do edifício também incentiva
as crianças a brincarem durante o inverno, quando a neve se acumula sobre a grama.

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